45
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE LICENCIAMENTO AMBIENTAL Por: Rosangela Lattanzi Orientador: Prof. Dr. Willian Lima Rocha Rio de Janeiro 2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Por: Rosangela Lattanzi

Orientador:

Prof. Dr. Willian Lima Rocha

Rio de Janeiro

2009

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-

Graduação “Lato Sensu” em Direito Ambiental.

Por: . Rosangela Lattanzi

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

3

AGRADECIMENTOS

ao meu orientador Profº. .Willian Lima

Rocha, pela forma paciente em que

conduzia e orientava o meu trabalho.

Ao Profº. Francisco Carrera pela

didática com que ministrava suas

aulas, tornando-as a cada dia mais

instrutivas e motivadoras.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

4

DEDICATÓRIA

a minha família e em especial ao

pequeno Breno que a cada dia nos

enche de alegria.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

5

RESUMO

O presente trabalho busca compreender o instrumento mais importante

da Política Nacional do Meio Ambiente: O Licenciamento Ambiental.

Numa visão geral, se pretende demonstrar o que é o Licenciamento

Ambiental e para que serve.

Inicialmente serão abordados como a humanidade historicamente

evoluiu para a conscientização ambiental. Em seguida, será demonstrado

como a reformulação da legislação foi um instrumento importante de proteção

ao meio ambiente.

Com o objetivo de melhor compreender o Licenciamento Ambiental é

feita uma análise de todo o seu procedimento. Definindo conceito, os tipos de

licenças obtidas durante o processo de licenciamento, os passos para sua

obtenção, os prazos de validade de cada licença, a competência e os critérios

para sua definição, os estudos ambientais necessários e por fim como o

licenciamento é importante para a evolução econômica, sendo certo que a

criação de uma Lei Complementar para dirimir conflitos e a estruturação de

todos os níveis dos Poderes da Administração Pública seria a resposta para

que o Licenciamento Ambiental não fosse desestimulante para novos

empreendimentos.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

6

METODOLOGIA

A pesquisa foi feita através da leitura de livros, pesquisa bibliográfica, sites da

internet.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - 10

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

7Fenômenos do ambientalismo:O Movimento Histórico da Transformação Civilizatória. 1. Da Conscientização Ambiental 12 1.1Da formulação da Legislação Ambiental - Dos Instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. 15 CAPÍTULO II - 18

Particularidades sobre o Meio Ambiente e o

Licenciamento Ambiental

1.Conceito Normativo 20

CAPÍTULO III – 22

Licenciamento Ambiental e Licença Ambiental

1. Tipos de Licença Ambiental 22

1.1.Das Espécies de Licença Ambiental 23

1.2.Passos para obtenção das Licenças Ambientais 26

1.3 Etapas do procedimento do Licenciamento

Ambiental 27

1.4.Prazo de Validade para cada tipo de Licença 29

CAPÍTULO IV - 31 Da Competência para o Licenciamento Ambiental 1.Distribuição de Competência para o Licenciamento Ambiental 1.1 Critérios para definição de competência: Dominialidade do Recurso Natural ou Abrangência do Impacto 33 CAPÍTULO V - 36 Os Estudos Ambientais para o Licenciamento Ambiental CAPÍTULO VI - 39 Licenciamento Ambiental como Instrumento imprescindível na evolução econômica CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 45

INTRODUÇÃO

Para proteger o meio ambiente, foi institucionalizado o Licenciamento

Ambiental como medida preventiva e corretiva. Ele é um processo obrigatório,

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

8definido em lei, representando uma intervenção do Poder Público nas

atividades empresariais.

É o instrumento mais importante da Política Nacional do Meio Ambiente,

pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação,

ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de

recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou

daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

É através da licença que o empreendedor inicia o seu contato com o

órgão ambiental e passa a conhecer suas obrigações quanto ao adequado

controle ambiental de sua atividade. O Licenciamento possui uma lista de

restrições ambientais que devem ser seguidas pela empresa.

No Brasil nos últimos anos aumentou muito a discussão sobre o impacto

do processo de Licenciamento ambiental na realização de novos e importantes

investimentos.

O longo caminho do processo de Licenciamento Ambiental

especialmente devido a demora na análise dos pedidos de licença e os

requisitos exagerados da regulamentação ambiental são motivos de

inviabilidade de investimentos.

Neste ponto convém questionar: O licenciamento Ambiental é um

incentivo para os investimentos ou a exigência do licenciamento ambiental

desestimularia atividades empresariais?

Por certo que a criação de uma Lei Complementar a fim de afastar as

dúvidas sobre a competência para licenciar as atividades, bem como a

estruturação de todos os níveis da administração pública federal, estaduais e

municipais, seriam meios pelo qual se estaria diminuindo a demora na

concessão do licenciamento ambiental.

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

9

CAPÍTULO I

FENÔMEMOS DO AMBIENTALISMO: O MOVIMENTO

HISTÓRICO DA TRANSFORMAÇÃO CIVILIZATÓRIA.

A manifestação a favor do meio ambiente vem assumindo as mais

diversas modalidades. Elas invadem a pesquisa de campo e a análise

laboratorial, fazem-se presentes em associações de bairro e propiciam até

mesmo a formação de partidos políticos específicos. É que o chamado

movimento ecológico se impõe, e cada vez mais, como um problema que se

estende a ponto de atingir as próprias raízes do homem e de sua

sobrevivência. E tudo é medido pela gravidade crescente das conseqüências

daquilo que o homem faz com a natureza e consigo mesmo: freqüentemente, o

resultado chega a tocar a calamidade.

Não foi o aparecimento do homem que introduziu o fator de

transformação na natureza. Sem sombra de dúvida, a vida, já na sua origem,

organizou-se em populações, comunidades e ecossistemas, e estes se

mantêm em contínua evolução, ou seja, desaparecem, constituem-se e se

transformam. Portanto, a vida sempre esteve enfrentando crises. No entanto, a

crise atual tem raiz antrópica e de proporções gigantescas, se comparadas

àquelas crises naturais pré-homínidas e até mesmo pré-industriais.

As sociedades nômades, tribais e algumas civilizadas, em que pese

transformarem a natureza, são também modificadas por ela. Trata-se de

grupos, cuja tecnologia rudimentar não infringe, de modo irreversível, os

processos naturais.

As sociedades “sapiens simples”, onde as tecnologias transgrediram as

regras ecológicas e também romperam, em diferentes níveis, o controle

místico-ideológico de bem natural, geraram crises ambientais.

Historicamente, a tradição judaico-cristã parece ter dado início ao

processo de dessacralização da natureza.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

10A consolidação da burguesia, no final do século XI, e a embriogênese

do capitalismo, ao transformarem as atividades mercantilistas, eliminarem mais

alguns pilares de sacralidade da natureza.

Nos séculos XV e XVI o capitalismo comercial demonstra grande vigor,

impulsionando pela ávida demanda de mercadorias.

A revolução científica, no século XVII, institui uma feição mecanicista à

natureza, despojando-a completamente de qualquer vestígio de sacralidade,

seja de concepção teológica, filosófica ou ideológica. Nomes destacados como

Francis Bacon, Isaac Newton e principalmente René Descartes conferem ao

universo uma ótica cibernética, mecanicista onde engrenagens funcionam

harmonicamente.

O sistema econômico, comandado pela alta burguesia, imprime o ritmo

do sistema produtivo, operado pela massa proletariada. O “modus operandi”

deste supersistema considera a natureza como amplas e inesgotáveis reservas

de matéria-prima e energia. Entendem, também, que o sistema natural é

completamente apto e capaz de assimilar e processar todas as formas de

poluição decorrentes das atividades produtivas e urbanas.

No final do milênio, finalmente a humanidade começa a tomar

consciência da crise ambiental. Reconhecidamente a depleção e eliminação de

recursos naturais participam do aumento de probabilidade de riscos globais.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

11

1 - Da Conscientização Ambiental

A partir da década de 70 começa um movimento de conscientização da

necessidade de se preservar o Meio Ambiente, como forma de afastar os

riscos de até uma possível extinção humana. Observa-se, que o progresso, o

desenvolvimento tecnológico e industrial, o crescimento populacional e a

urbanização, muitas vezes desordenada, acabam por provocar profundas

alterações aos ecossistemas naturais. Em muitos casos, as interferências que

visam beneficiar o ser humano podem resultar em profundas modificações,

causando sérios prejuízos ao Meio Ambiente. O grande desafio que se coloca

é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que

gerarão a energia necessária ou servirão de insumos para o desenvolvimento

tecnológico, o crescimento populacional e a poluição que fatalmente ocorrerá.

Este movimento teve inicio com o Clube de Roma, quando trinta

especialistas de várias áreas da ciência se reuniram em Roma com o objetivo

de discutir a crise e o futuro da humanidade. O resultado deste trabalho foi

publicado em 1972`”The Limits of Growth”, onde se alertava que o crescente

consumo mundial levaria a um limite de crescimento e possivelmente a um

colapso. Neste mesmo ano de 1972 em Estocolmo, Suécia, ocorreu a

Conferencia da ONU sobre o Meio Ambiente, conferindo o direito ao homem

de viver em um ambiente ecologicamente equilibrado e a categoria de Direito

Humano de “terceira geração”, sendo que pela primeira vez a Educação

Ambiental foi reconhecida como elemento vital para a conscientização da crise

ambiental mundial (Rivoir, 1998).

A Década de oitenta foi marcada pela difusão da consciência ambiental

expressa tanto em termos do crescimento das associações ambientais, como

de um maior espaço na mídia. O crescimento da consciência ecológica teve

uma influência direta na formulação da legislação ambiental, afetando

indelevelmente a Constituinte.

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

12A comissão Mundial sobre o Meio Ambiente, conhecida como Comissão

Brundtland produziu em 1987, o relatório “Our Common Future”, documento

que ressalta a importância da busca do equilíbrio entre desenvolvimento e

preservação dos recursos naturais. Ou seja, a economia global e a ecologia

estão inexoravelmente interligadas. Esta publicação permitiu difundir o conceito

de Desenvolvimento Sustentável (Sustentado), definido como “aquele que

atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as

gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”.

Este conceito se apóia em três aspectos principais: crescimento

econômico, equidade social e equilíbrio ecológico. A humanidade tem como

desafio gerenciar o planeta, comprometida com as bases do desenvolvimento

sustentável.

Durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento realizado no Rio de Janeiro em 1992, conhecida como Rio

92, os 170 (cento e setenta) países presentes assumiram o compromisso de

internalizar nas políticas publicas de seus países, as noções de

sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. A agenda 21 surgiu para

tentar organizar através de um documento este processo de transformação, a

partir da definição de alguns temas, como por exemplo, Agricultura

Sustentável, Cidades sustentáveis, Gestão de Recursos Naturais, redução das

Desigualdades Sociais, Ciência e tecnologia para o Desenvolvimento

Sustentável.

A implantação da Agenda pressupõe a conscientização dos cidadãos

sobre o papel ambiental, econômico, social e político. Uma nova Conferência

ocorreu em 2002, em Johanesburgo, África do Sul, denominada de Rio+10. A

plataforma principal dos países latino-americano e caribenho reivindica os

compromissos da Rio 92 especialmente quanto à transferência de recursos e

de tecnologia, à repartição dos benefícios do uso sustentável da

biodiversidade, e à abertura do mercado dos países industrializados para os

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

13produtos dos países em desenvolvimento. Defendem uma globalização, que

garante um desenvolvimento equitativo, inclusivo e sustentável.

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

14

1.1 - Da formulação da legislação ambiental – dos instrumentos

da política nacional do meio ambiente.

No Brasil no ano de 1974 foi criada a Secretaria Especial de Meio

Ambiente. Nesse mesmo ano ocorreu a criação de um mecanismo institucional

para tratar das questões ambientais no âmbito das Nações Unidas que é o

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) com sede na

cidade de Nairóbi, Quênia.

Em 1981 nasce a Lei 6.938/81 que define a Política Nacional de Meio

Ambiente, objetivando “a preservação, a melhoria e a recuperação da

qualidade ambiental, visando assegurar condições ao desenvolvimento

socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da

dignidade da vida humana”.

Entre os objetivos disponíveis para a consecução desse objetivo

encontrasse o licenciamento de atividades potencialmente poluidoras. Para

melhor compreensão da importância do licenciamento, faz-se necessária a

definição do que seja poluição a luz do Art. 3º inciso III da referida Lei,

significa: a degradação da qualidade ambiental que possa resultar em prejuízo

à saúde, ao bem estar da população, às atividades sociais e econômicas, à

biota, às condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, bem como o

lançamento de matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.

Importante ressaltar, que todas as atividades humanas das quais resulte

modificação adversa que possa causar prejuízo imediato ou em conseqüência

das quais exista risco de ocorrência futura estão sujeitas ao controle dos

órgãos competentes, conforme disposto nas normas correspondentes.

Objetivando uma maior integração e coordenação da Política Ambiental

em nível nacional e a compatibilização das atuações federal, estadual e

municipal, a Lei nº 6.938/81 cria o Sistema Nacional de Meio Ambiente –

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

15CONAMA que passa a ser o órgão responsável pelo estabelecimento de

normas de critérios para o licenciamento ambiental.

Dentro da atuação do CONAMA, vale ressaltar a Resolução 001, que

vem submeter o Licenciamento ambiental de determinadas atividades

modificadoras do nosso meio ambiente à elaboração do EIA/RIMA (Estudo de

Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental), ambos devendo ser

submetidos aos órgãos estaduais competentes ou ao IBAMA, no caso de

atividades de competência federal estabelecida por Lei. Em 1987, o CONAMA

determina que os EIAS E RIMAS sejam discutidos em audiência pública. Esta

exigência só entrou em vigor três anos depois.

A Constituição de 1988 em seu Artigo 225 vem definir os deveres e os

direitos do Poder Público Nacional e ao mesmo tempo o da coletividade, em

relação à conservação do meio ambiente como bem de uso comum.

Representa ainda outro marco na Legislação Ambiental, sendo a primeira no

mundo a prever a avaliação dos impactos ambientais, sendo exigida pelo

Poder Público para a instalação de obra ou atividade potencialmente

causadora de significativa degradação do meio ambiente.

A Resolução 237 de 19 de dezembro de 1997 do CONAMA

regulamentou em normas gerais, as competências para o licenciamento nas

esferas, federal, estadual e distrital, as etapas do procedimento de

licenciamento, entre outros fatores a serem observados pelos

empreendimentos passíveis de licenciamento ambiental, conferindo ainda ao

órgão ambiental a competência para a definição de outros estudos ambientais

pertinentes ao processo de licenciamento, em se verificando que o

empreendimento não é potencialmente causador de significativa degradação

ambiental.

A Lei nº 9.605/98 de Crimes ambientais vem complementar este

primeiro instante, elevando à condição de crimes aquelas condutas lesivas ao

meio ambiente, provenientes da não observância da regulamentação afeta ao

licenciamento ambiental.

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

16

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

17

CAPÍTULO II

PARTICULARIDADES SOBRE O MEIO AMBIENTE E O

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O meio ambiente é o conjunto de condições naturais influencias e

interações que atuam sobre os organismos ou seres vivos como os animais,

vegetais e os seres humanos, sendo dividido em meio físico como os fatores

abióticos ou não vivos, como luz, água, calor, etc. e meio biológico como os

fatores bióticos ou vivos como plantas e animais.

A poluição deve ser impedida. Deve-se adotar o principio da precaução.

A manutenção da integridade dos ecossistemas da Terra é necessária em uma

abordagem integrada, utilizando, quase sempre, as bacias hidrográficas dos

rios como unidade para o planejamento e controle do uso da terra. Os

ecossistemas naturais devem ser mantidos e os ecossistemas modificados

devem ser usados de maneira sustentável.

A conservação biológica deve ser realizada pelo estabelecimento e

manutenção de áreas protegidas, pela proteção de espécies e estoques

genéticos e por estratégias que combinem o uso econômico e conservação em

grandes áreas.

Para a utilização sustentável dos recursos biológicos, a exploração deve

ser regulada num estudo cuidadoso da existência de cada um e controlada de

forma que qualquer abuso possa ser rapidamente corrigido.

O Poder Público é legitimado como guardião do meio ambiente que é

qualificado como patrimônio público, sendo bem de todos e de ninguém em

particular, na definição de Edis Milaré.

Sendo o meio ambiente ecologicamente equilibrado um direito

inalienável da coletividade, a Constituição Federal promulgou em 05 de

outubro de 1988, um capitulo inteiro dedicado ao meio ambiente, que é o artigo

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

18225, com os deveres e os direitos do Poder Público Nacional e ao mesmo

tempo o da coletividade em relação à conservação do meio ambiente como

bem de uso comum, definindo no capitulo VI e no §1º, inciso VI a temática da

avaliação do impacto ambiental, exigida pelo poder público para a instalação

de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação

ambiental.

Para proteger o meio ambiente e sendo incumbência do Poder Público

ordenar e controlar as atividades que possam afetar esse equilíbrio foi

institucionalizado o licenciamento ambiental, que atua como medida preventiva

e corretiva.

É o instrumento mais importante da Política Nacional do Meio Ambiente.

Através dele, o Poder Público busca exercer o necessário controle sobre as

atividades humanas que interferem nas condições ambientais.

Importante ressaltar, que todas as atividades humanas das quais resulte

modificação adversa que possa causar prejuízo imediato ou em conseqüência

das quais exista risco de ocorrência futura estão sujeitas ao controle dos

órgãos competentes, conforme disposto nas normas correspondentes, na lição

de Antonio Herman Benjamin.

O Licenciamento é um poderoso mecanismo para incentivar o diálogo

setorial, rompendo com a tendência de ações corretivas e individualizadas ao

adotar uma postura preventiva, mas pró-ativa, com diferentes usuários dos

recursos naturais. É um momento de aplicação da transversalidade, nas

políticas setoriais públicas e privadas que interfaceiam a questão ambiental; e

esta política é por definição, de compartilhamento da responsabilidade para a

conservação ambiental por meio do desenvolvimento sustentável do país.

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

19

1. - Conceito Normativo:

É na resolução 237 do CONAMA que se encontra o conceito de

Licenciamento Ambiental, senão vejamos:

“procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente

licencia a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos

e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou

potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam

causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e

regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.”

Também há previsão nos artigos 10, caput, da Lei 6.938/81 e 17 do

Decreto 99.274, de 6 de junho de 1990, a saber:

“A construção, instalação, ampliação e funcionamento de

estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais,

consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os capazes, sob

qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio

licenciamento por órgão estadual, competente, integrante do Sistema nacional

de Meio Ambiente – SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e

Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em caráter supletivo sem prejuízo de

outras licenças exigíveis”.

Assim temos que o licenciamento é um instrumento que orienta o

empreendedor e previne que sejam consumados investimentos em

empreendimentos causadores de danos ao meio ambiente.

Na simplicidade da definição temos que a licença ambiental é o

documento, com prazo de validade definido, em que o órgão ambiental

estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a

serem seguidas, entre as principais características avaliadas no processo

podemos ressaltar: o potencial de geração de líquidos poluentes, despejos e

efluentes, resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e potencial de

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

20riscos de explosões e de incêndios. Ao receber a Licença Ambiental, o

empreendedor assume os compromissos para a manutenção da qualidade

ambiental do local em que se instala.

CAPITULO III

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

21

LICENCIAMENTO AMBIENTAL e LICENÇA AMBIENTAL

Diversos autores, ao definirem o conceito de licenciamento ambiental,

estabelecem a concessão da licença ambiental como o seu objetivo ou a sua

fase final.

Para Celso Antônio Pacheco Fiorillo, o licenciamento ambiental é o

conjunto de etapas que integra o procedimento administrativo que tem como

objetivo a concessão de licença ambiental.

Segundo Silviana Lúcia Henkes e Jairo Antônio Kohl defendem que o

licenciamento é um procedimento ou um conjunto de atos cujo objetivo final é a

concessão da licença ambiental.

De fato, o licenciamento ambiental deve ser compreendido como o

processo administrativo no decorrer ou ao final do qual a licença ambiental

poderá ou não ser concedida.

1 – Tipos de Licença Ambiental:

A Resolução nº 237/97 do Conselho Nacional do Meio Ambiente –

CONAMA estabelece no seu artigo 8º, os tipos de licenças Ambientais

expedidas pelo Poder Público:

Licença Prévia (LP)

Licença de Instalação (LI)

Licença de Operação (LO)

1.1 – Das Espécies de licença Ambiental

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

22Licença Prévia: É a primeira etapa do licenciamento, em que o órgão

licenciador avalia a localização, a instalação e a operação, observados os

planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo, atestando a sua

viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos para as próximas

fases. É nesta fase que deve ser solicitado, quando for o caso o Estudo do

Impacto Ambiental.

A licença prévia funciona como um alicerce para a edificação de todo o

empreendimento. Nesta etapa, são definidos todos os aspectos referentes ao

controle ambiental da empresa. De início o órgão licenciador determina, se a

área sugerida para a instalação da empresa é tecnicamente adequada. Este

estudo de viabilidade é baseado no Zoneamento Ambiental.

O zoneamento Ambiental é uma delimitação de áreas em que os

municípios são divididos em zonas de características comuns. Com base nesta

divisão, a área prevista no projeto é avaliada. Assim, esta avaliação prévia da

localização do empreendimento é importante para que no futuro não seja

necessária a realocação ou a aplicação de sanções, como multas e interdição

da atividade.

Nesta etapa pode ser requerido estudos ambientais complementares,

quando forem necessários, tais como EIA/RIMA E RCA. O estudo de Impacto

Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA E RCA – É uma

exigência legal, instituída pela Resolução CONAMA 001/86, na implantação de

projetos com significativo impacto ambiental. Consiste em um estudo realizado

no local, mais precisamente no solo, água e ar para verificar se a área contém

algum passivo ambiental além de prever como o meio sócio-econômico-

ambiental será afetado pela implantação do empreendimento. O RCA –

Relatório de Controle Ambiental – é o documento que fornece informações de

caracterização do empreendimento a ser licenciado. Deverá conter: descrição

do empreendimento; do processo de produção; caracterização das emissões

geradas nos diversos setores do empreendimento como ruídos, efluentes

líquidos, efluentes atmosféricos e resíduos sólidos. O órgão ambiental, de

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

23acordo com a Resolução CONAMA 10/90, pode requerer o RCA sempre que

houver a dispensa do EIA/RIMA.

A Licença Prévia é uma espécie de luz verde para o empreendedor

poder prosseguir na elaboração do projeto e solicitar os financiamentos para o

empreendimento que, sem a Licença prévia, não serão examinados pelos

órgãos financiadores.

Licença de Instalação – LI: Uma vez detalhado o projeto inicial e

definidas as medidas de proteção ambiental, deve ser requerida a licença de

Instalação, cuja concessão autoriza o início da construção do empreendimento

e a instalação dos equipamentos.

A execução do projeto deve ser feita conforme o modelo apresentado.

Qualquer alteração na planta ou nos sistemas instalados deve ser formalmente

enviada ao órgão licenciador para avaliação.

Licença de Operação – LO: A licença de Operação autoriza o

funcionamento do empreendimento. Ela deve ser requerida quando a empresa

estiver edificada e após a verificação da eficácia das medidas de controle

ambiental estabelecidas nas condicionantes das licenças anteriores. Nas

restrições da Licença de Operação, estão determinados os métodos de

controle e as condições de operação, de acordo com o estabelecido nas

licenças anteriores, prévia e de instalação.

A licença de Operação, portanto, deve ser requerida quando o

empreendimento, ou sua ampliação, está instalado e pronto para operar

(licenciamento preventivo) ou para regularizar a situação de atividades em

operação (licenciamento corretivo).

Normalmente, as licenças prévia, de instalação e de operação integram

um processo, são precedidas de estudos de impactos ambientais e outorgadas

em etapas. Importa registrar que as licenças ambientais mais comum são as

três acima citadas, seguindo a Resolução nº 237/97 do Conama, não querendo

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

24dizer que não existam outras, mas não de menor importância, como é o caso

da Licença de Operação Corretiva (LOC).

Para o licenciamento corretivo (LOC), a formalização do processo

requer a apresentação conjunta de documentos, estudos e projetos previstos

para as fases de licença prévia, licença de instalação e na licença de

operação. Deve-se formalizar o pedido à entidade responsável pelo

licenciamento ambiental, onde se iniciará um processo administrativo que

culminará em visitas técnicas de pessoal desse órgão às usinas, que

juntamente com técnicos daquela empresa, verificarão como está a situação

que envolve o meio ambiente naquele empreendimento, se elaborando dessa

troca de informações, um Plano de Controle Ambiental (PAC).

É um estudo que levará em conta os anos de funcionamento da

empresa, bem como sua relação com o meio ambiente durante todo esse

período. Finalizando, a Resolução do CONAMA impõe que, no caso de

desativação os estabelecimentos ficam obrigados a apresentar um plano de

encerramento de atividades a ser aprovado pelo órgão ambiental competente.

Por fim não podemos deixar de citar a Licença Ambiental Simplificada

que se encontra prevista no parágrafo único do artigo 8º da Resolução do

Conama que poderá estabelecer um procedimento simplificado para as

atividades potencial ou efetivamente poluidoras de menor porte ou de menor

potencial ofensivo.

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

25

1.2 – Passos para a obtenção das licenças ambientais:

1. Identificação do tipo de licença ambiental a ser requerida;

2. Identificação do órgão a quem solicitar a licença;

3. Solicitação de requerimento e cadastro industrial disponibilizado pelo órgão

licenciador. identifica a fase e, conseqüentemente, o tipo de licença, que será

requerida, é necessário procurar o órgão licenciador e solicitar os formulários

de requerimento adequados;

4. Coleta de dados e documentos. Conforme o tamanho da empresa, a

tipologia e a fase do licenciamento, poderá haver diferenciação em relação aos

documentos e procedimentos exigidos.

5. Preenchimento do cadastro de atividade industrial. O cadastro de atividade

industrial é um documento com informações da empresa que descreve a sua

atividade contendo endereço, produto fabricado, fontes de abastecimento de

água, efluentes gerados, destino de resíduo e produtos estocados. Outros

documentos tais como o levantamento de plantas e a descrição dos processos

industriais deverão ser anexados ao cadastro de atividade industrial.

6. Requerimento da Licença – Abertura de processo. Preenchido o cadastro

industrial e anexados os devidos documentos, deve-se procurar o órgão

licenciador para a abertura do processo de licenciamento ambiental.

7. Publicação da abertura de processo. Quando da abertura do processo, o

empreendedor deverá promover uma publicação em jornal de circulação e no

Diário Oficial do Rio de Janeiro. Depois de realizada a publicação, no prazo de

30 dias deverá ser protocolado um ofício com as publicações junto ao órgão

licenciador.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

26

1.3 - Etapas do Procedimento do Licenciamento Ambiental:

Em síntese, a primeira etapa o órgão ambiental definirá os documentos,

projetos e estudos ambientais pertinentes e necessários ao início do processo

de licenciamento de acordo com a licença a ser requerida. Neste caso

comparecendo o empreendedor pessoalmente ou através de notificação, deve-

se dar aquiescência àquele dos documentos necessários a instrução do

processo, concedendo-lhe um prazo para apresentação destes, que deverá ser

razoável, tendo em vista a necessidade de realização de alguns estudos.

Segundo a Resolução nº 237/97 os documentos e estudos necessários

ao procedimento do licenciamento ambiental, são a certidão da Prefeitura

Municipal, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade

estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso do solo e, quando

for o caso, a autorização para supressão de vegetação.

A outorga para o uso da água; os estudos necessários ao processo de

licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados,

às expensas do empreendedor.

Numa terceira etapa, o órgão ambiental deverá avaliar os documentos,

projetos e estudos, realizando as vistorias técnicas, quando necessárias. Após

esta avaliação, deve solicitar esclarecimentos e complementações. Embora a

Resolução diga que tais pedidos devam ser feitos uma única vez, permite a

reiteração do mesmo, caso não tenham sido satisfatórios.

A Resolução nº 237/97, no § 2º do artigo 10 permite novo pedido de

complementação pelo órgão ambiental, se verificada a necessidade e

mediante decisão motivada, com participação do empreendedor, nos casos de

exigência da realização do Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de

Impacto Ambiental EIA/RIMA e da audiência pública, em que tais

procedimentos não tenham sido satisfatórios.

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

27 Numa penúltima fase o órgão ambiental deverá emitir parecer técnico

conclusivo, motivando as razões que levaram a sua decisão e de parecer

jurídico, quando couber.

Por fim, define-se o deferimento ou não do pedido de licença, dando-se

a devida publicidade.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

28

1.4 – Prazo de validade para cada tipo de licença:

O licenciamento ambiental deve ser prévio, conforme expressa

disposição do artigo 10 da Lei nº 6.938/81, isto é, anterior a construção,

instalação, ampliação ou funcionamento.

As licenças ambientais possuem prazos distintos quanto a sua validade

e que são assim determinados:

O prazo de validade da Licença Prévia deverá ser no mínimo, o estabelecido

no cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao

empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a 5 (cinco) anos.

O prazo de validade da Licença de Instalação deverá ser no mínimo, o

estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento ou atividade,

não podendo ser superior a 6 (seis) anos.

O prazo de validade da Licença de Operação deverá considerar os planos de

controle ambiental e será de, no mínimo, 4 (quatro) anos, e, no máximo, 10

(dez) anos.

A licença prévia e a licença de Instalação poderão ter seus prazos de

validades prorrogados, desde que não ultrapassem os prazos máximos

estabelecidos acima.

Os órgãos ambientais poderão estabelecer prazos de validade

específicos para a Licença de Operação de empreendimentos ou atividades

que, por sua natureza e peculiaridades, estejam sujeitas a encerramentos ou

modificações em prazos inferiores.

A renovação da Licença de Operação deve ser requerida pelo

empreendedor com antecedência mínima de 120 dias da expiração de seu

prazo de validade, prevendo o § 4º do artigo 18 da norma do Conama que a

licença vincenda fica automaticamente prorrogada até a manifestação definitiva do órgão ambiental competente. Assim, protocolizado o pedido de

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

29renovação da licença no prazo estabelecido, mesmo que sejam feitas

exigências complementares, a autorização para a operação mantém sua

eficácia até sua renovação ou indeferimento do pedido.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

30

CAPITULO IV

DA COMPETÊNCIA PARA O LICENCIAMENTO

AMBIENTAL

1 - Distribuição de competência para o Licenciamento

Ambiental

No Estado do Rio de Janeiro, atuam os três órgãos ambientais ao lado

com diferentes responsabilidades nas esferas Federal, Estadual e Municipal.

Na esfera federal o IBAMA é o responsável pelo licenciamento de

empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito

nacional ou regional, a saber:

• localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em país

limítrofe; no mar territorial; na plataforma continental; na zona

econômica exclusiva; em terras indígenas ou em unidades de

conservação do domínio da União;

• em dois ou mais Estados;

• cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites territoriais do

País ou de um ou mais Estados;

• destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar,

armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que

utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações,

mediante parecer da Comissão nacional de Energia Nuclear – CNEN;

• bases ou empreendimentos militares, quanto couber, observada a

legislação específica.

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

31 Aos órgãos ambientais estaduais e do Distrito Federal, a Lei Federal

6.938/81 atribuiu a competência de licenciar os empreendimentos localizados

ou desenvolvidos em:

• em mais de um Município ou em unidades de conservação de

domínio estadual ou do Distrito Federal;

• nas florestas e demais formas de vegetação natural de

preservação permanente relacionadas no artigo 2º da Lei nº

4.771/65, e em todas as que assim forem consideradas por

normas federais, estaduais ou municipais;

• cujos impactos ambientais diretos ultrapassem os limites

territoriais de um ou mais Municípios;

• delegados pela União, por instrumento legal ou convênio.

Compete aos Municípios o licenciamento ambiental de

empreendimentos e atividades com impactos ambientais locais, bem como

daquelas cujas competências forem delegadas pelo Estado por instrumento

legal ou convênio.

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

32

1.1 – Critérios para a definição de competência: dominialidade

do recurso natural ou abrangência do impacto:

A questão da competência e dos critérios utilizados são um dos fatores

de dificuldades sem levar em consideração uma confusa regulamentação

dentro do SISNAMA, que tem inúmeras fragilidades de ordem estrutural e em

uma outra ponta do sistema, constituem uma realidade ambígua que são as

normas estabelecidas pelo CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente –

e que tem a companhia de outros setores, com edições e publicações de

circulares, portarias e resoluções cuja eficácia e efetividade são frágeis, sem

abordarmos ainda o fato de que a sua validade é sempre questionável por

praticamente todos os envolvidos nesta seara.

Dentro deste contexto tornou-se comum o embargo de atividades

licenciadas por um integrante do SISNAMA, por outro órgão que se entende

competente para tanto, como também em áreas de competência claramente

demarcadas por normas que permanecem em pleno vigor após a Constituição

de 1988.

Neste sentido se sobrepõe o entendimento de Vladimir Passos de

Freitas ao afirmar que:

“Há – é inegável – disputa de poder entre os órgãos ambientais, fazendo com que, normalmente, mais de um atribua a si mesmo competência legislativa e /+material. Há, também, uma controvérsia histórica que jamais desaparecerá: o poder central está distante e desconhece os problemas locais; o poder local está mais próximo dos fatos, porém é influenciado e envolvido nos seus próprios interesses”.

A falta de Lei Complementar conforme previsto no artigo 23 da

Constituição Federal, para definir de quem é a competência para o

licenciamento ambiental é o que vem acirrando as disputas entre os poderes.

As próprias normas são contraditórias. Algumas utilizam a localização do

empreendimento ou da atividade como critério para definir a competência,

outras a abrangência de seu impacto. A Resolução do Conama nº 237/97

utiliza vários critérios, ao mesmo tempo.

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

33 Celso Antonio Pacheco Fiorillo, comentando o domíno dos bens

estabelecido pela Constituição, ensina:

Dessa forma, temos que a Constituição Federal, ao outorgar o domínio de alguns bens à União ou aos Estados, não nos permite concluir que tenha atribuído a eles a titularidade de bens ambientais. Significa dizer tão somente que a União ou o Estado (dependendo do bem), serão seus gestores, de forma que toda vez que alguém quiser explorar algum doa aludidos bens deverá ser autorizado pelo respectivo ente federado, porquanto este será o ente responsável pela “administração” do bem e pelo dever de prezar pela sua preservação.

Contrapondo-se a esta corrente Patrícia Azevedo da Silveira entende

que:

“a atribuição de competência deve, na verdade, transcender a interpretação gramatical ou a definição tipológica apresentada pelo legislador e atender ao peso do interesse predominante (nacional, regional ou local), somado à possibilidade de execução”.

A corrente doutrinária mais difundida defende a tese que a competência

para o licenciamento decorre da preponderância dos interesses ambientais

envolvidos.

A competência para o licenciamento ambiental é, certamente, um dos

assuntos mais palpitantes do direito ambiental brasileiro, pois a falta de precisa

regulamentação permite diferentes interpretações e aplicações, visto como se

encontra a situação dos seus limites nas esferas federal, estadual e municipal,

tanto no que concernem as atribuições de poder de polícia, como na ação

fiscalizadora.

Aqui temos uma situação inusitada ao vermos no cotidiano a prática da

lavratura de autos de infração, consignando multas que são embasadas na

discricionariedade do agente fiscalizador, as quais podem atingir valores

exorbitantes, sem que haja o procedimento normal que é a notificação, a

retificação ou complemento de documentos.

Em cada caso, no entanto, até que se estabeleça, definitivamente e de

forma insofismável, o papel de cada integrante do SISNAMA no licenciamento

ambiental, os casos de conflito devem ser analisados a luz das disposições

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

34constitucionais, da legislação ordinária existente, da analogia, dos princípios

gerais do direito e da jurisprudência já firmada pelo poder Judiciário como

define o Profº. Terence Dornelles Trennepohl em sua obra Licenciamento

Ambiental, 2008.

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

35

CAPITULO V

OS ESTUDOS AMBIENTAIS PARA O LICENCIAMENTO

Um ponto importante encontrado dentro da Política Nacional do Meio

Ambiente em que envolve o Licenciamento Ambiental, é o Estudo de Impacto

Ambiental que é regulamentado rela Resolução do Conama 001/86,

representando um corolário de informações, análises e propostas destinadas a

nortear a decisão da autoridade competente sobre a concordância ou não do

Poder Público com a atividade que se pretende desenvolver ou o

empreendimento que se buscar implantar.

Conforme a exigência da norma, os estudos ambientais devem ser

apresentados ao órgão licenciador acompanhados dos projetos e demais

documentos exigidos. Este, por sua vez, analisa, os estudos e realiza as

vistorias que julgar necessárias, solicitando, se for o caso, esclarecimentos

satisfatórios. Depois disso, não sendo exigível a audiência pública para o

licenciamento, o órgão ambiental competente emite parecer técnico e, quando

for o caso, parecer jurídico, conclusivos, deferindo ou indeferindo o pedido de

licença.

Importante ressaltar que a Resolução nº 9/87 do Conama, estabelece,

no seu artigo 2º, que a audiência pública com a finalidade de expor aos

interessados o conteúdo do EIA/RIMA, poderá ser exigida pelo órgão

licenciado ou por entidade civil, pelo Ministério Público ou por requerimento

subscrito por 50 (cinqüenta) ou mais cidadãos.

Torna-se também necessário evidenciar que o EIA/RIMA não se destina

a tornar possível o licenciamento ambiental, isto é, sua finalidade não é

justificar o empreendimento em face da legislação ou das exigências dos

órgãos ambientais.

O EIA deve contemplar todas as alternativas tecnológicas e de

localização do projeto, confrontando-o com a hipótese de sua não execução.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

36É preciso que sejam demonstradas e analisadas, todas as alternativas

tecnológicas do projeto em questão.

Necessário ainda que o EIA inclua-se um diagnóstico ambiental da área

de influência e de estudos sobre o meio sócio-econômico - uso e ocupação do

solo, da água, de relações de dependências da sociedade local, dos recursos

ambientais e a potencial utilização no futuro destes recursos disponíveis, além

de contemplar as medidas mitigadoras e/ou compensatórias dos danos, que se

prevê.

Infelizmente, o que se tem visto em muitas oportunidades são estudos

ambientais que mais parecem defesas prévias do empreendimento contras as

normas ambientais, inclusive mediante a omissão de dados e informações

relevantes com a finalidade de conseguir as licenças ambientais. Diante dessa

prática, muito mais comum do que se imagina, os órgãos ambientais muitas

vezes não conseguem cumprir a liturgia dos prazos imposta pelo artigo 10 da

Resolução Conama 237/97, restando-lhes a pecha de entravar o progresso e o

desenvolvimento.

Na prática, o que ocorre são muitas idas e vindas, de pedidos de

esclarecimentos por parte dos órgãos ambientais e de pedidos de

reconsideração por parte dos empreendedores, de justificativas e de

alterações pontuais nos projetos, de adequações das obras ou

empreendimentos e de exigências sem previsão legal para a concessão das

licenças. Resumindo, muitos processos de licenciamento ambiental se afastam

da sistemática estabelecida e dos objetivos primários das normas aplicáveis,

chegando a merecer mais importância as medidas compensatórias propostas

pelo empreendedor que as medidas de minoração dos impactos sobre o meio

ambiente buscados pela legislação.

No caso do RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), constitui-se por

assim dizer em um resumo do EIA, redigido em linguagem mais acessível ao

público leigo, possibilitando-se desta forma, o conhecimento e a avaliação do

projeto em análise e as suas implicações e conseqüências, sendo, portanto

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

37acessível ao público envolvido neste processo, permanecendo as cópias

sempre à disposição de todos os interessados, fazendo com que participação

da comunidade seja uma das mais marcantes e importantes características do

EIA, proporcionando-se acesso aos dados deste estudo como pela realização

das audiências públicas.

Destaca-se nesta Resolução o artigo 11: “Respeitado o sigilo industrial,

assim solicitado e demonstrado pelo interessado, o RIMA será acessível ao

público”.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

38

CAPITULO VI

LICENCIAMENTO AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO

IMPRESCINDÍVEL NA EVOLUÇÃO ECONÔMICA

O Licenciamento Ambiental é o instrumento fundamental para a

execução da cidadania e para a democracia. Sob esta ótica, necessário

abordamos com ênfase as questões pertinentes a toda problemática que vem

à tona no bojo do processo de Licenciamento Ambiental, como é reconhecido

por todas as correntes doutrinárias e pelos grandes mestres como instrumento

imprescindível na evolução econômica do Estado Brasileiro e nas relações

internacionais que envolvem o capital externo.

E quais são estão essas questões senão a falta de transparência, de

otimização e eficácia na aplicação e na condução deste processo.

A discussão está focada na aplicação da legislação ambiental

brasileira e não na modernidade dessa nossa legislação.

O atual Sistema Nacional do Meio Ambiente em vigor em nosso Brasil

está diante da burocracia crescente e do exacerbado conflito, envolvendo

todos os órgãos ambientais, com conseqüências nefastas para os

empreendimentos econômicos e emperrando de vez o nosso sistema de

licenciamento ambiental, vital para a sociedade como um todo; causando no

investidor de boa fé, de boa índole, com visão de negócios avançada e que

busca justamente neste sistema a caracterização de sua vontade expressa de

seguir os trâmites legais vigentes, proporcionando uma sensação e um clima

de instabilidade generalizado, que corrobora para prejuízos econômicos,

sociais, ambientais e espaciais com dimensões desastrosas para o País.

Na opinião do eminente Prof.º Paulo Nogueira Neto, (2005), a lei

brasileira é boa, bastante aperfeiçoada e está funcionando relativamente bem

em vários lugares, como em São Paulo. O nosso grande desafio, hoje, está em

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

39partes da Amazônia, como Pará e Rondônia, onde a bandidagem, anda solta e

não obedece a lei nenhuma. A impunidade é total, absoluta, faço parte do

Conama e do Consema (SP). Não me lembro de eles terem aprovado alguma

medida que sacrificasse o desenvolvimento industrial.

Fernando Almeida, Presidente Executivo do Conselho Empresarial para

o Desenvolvimento Sustentável (2005), entende que a demora, de meses, até

anos, que as empresas enfrentam na espera por uma licença, com a excessiva

burocratização do processo de licenciamento ambiental, que resultaria em

demora e até desistência de novos empreendimentos.

Na visão do Ministro do Superior Tribunal de Justiça Herman Benjamin,

(apud FIORI, Ana Maria, 2005) um dos autores da Lei dos Crimes contra o

Meio Ambiente, “a falta de respeito às exigências de licenciamento ambiental é

que impede o desenvolvimento brasileiro. A empresa, quando não se licencia

adequadamente, cria para si um ambiente de insegurança jurídica. Ao mesmo

tempo, estabelece um clima de concorrência desleal com outras empresas”. E

vai mais além: “O Brasil não tem tradição jurídica de licenciamento ambiental e

existe um grupo minoritário de empresas que eu chamo de viúvas de Cubatão.

Elas imaginam que o país vive na década de 70, quando licenciamento

ambiental ou não era exigido ou era para inglês ver”.

Já o Professor José Goldemberg, entende que:

que a legislação brasileira é de Primeiro Mundo e o grau de exigência que é feito para o licenciamento ambiental é muito grande. Isso coloca uma enorme pressão sobre os grupos que quiseram fazer empreendimentos, porque eles precisam contratar consultores de Primeiro Mundo.

Morosidade é o item que mais preocupa os empresários. O

licenciamento ambiental tem três fases e a cada informação complementar

solicitada há suspensão do processo. A Confederação Nacional da Indústria

(CNI), em 2007 elaborou um levantamento para saber quais são os principais

entraves enfrentados pelos empreendedores na hora de se adequar às normas

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

40ambientais. O estudo aponta que: 64,5% se deve na demora na análise dos

pedidos: 54,6% nos custos dos investimentos necessários para atender às

exigências feitas pelo órgão ambiental; 46,3% nos custos de preparação de

estudos e projetos para apresentar ao órgão ambiental e 44,1% na dificuldade

de identificar e atender aos critérios técnicos exigidos.

E não são apenas os empresários que sofrem, a população também,

porque deixam de se beneficiar como por exemplo com a construção de um

novo hospital. Como é fácil de supor, quanto maior o empreendimento maior é

a dificuldade para a obtenção da licença ambiental. Hoje em dia muitas

instituições financeiras começaram a responder solidariamente a ações por

danos ambientais e com isso cresceram as exigências para a concessão de

crédito.

Quando o licenciamento ambiental ocorre dentro das condições e

prazos legais, não há que se falar em controle jurisdicional da atividade do

órgão administrativo, uma vez que os administrados, sejam empreendedores,

sejam pessoas interessadas, foram amplamente atendidas. O problema surge

à medida que anomalias ocorrem dentro do processo de licenciamento, ou

simplesmente quando ele não ocorre. Em sendo um procedimento

administrativo, o licenciamento se sujeita indubitavelmente a regras formais

procedimentais.

CONCLUSÃO

O desenvolvimento das sociedades humanas na Terra é marcado por

interações mais ou menos fortes com o ambiente. Os impactos negativos

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

41sobre o meio, advindos dessas interações foram absorvidas ao longo do tempo

e de maneira geral, sem problemas maiores.

A magnitude desses impactos, originados da ação de populações

pequenas e do uso de tecnologias pouco intensivas, tanto no consumo de

recursos quanto na geração de resíduos, era baixa.

A partir do século XX a capacidade do ambiente de absorver os

impactos tornou-se insuficiente não só em escala local, mas também em

escalas regional e global. Os problemas ambientais daí decorrentes passaram

a exigir das sociedades humanas um ordenamento de suas ações procurando

buscar um equilíbrio entre a satisfação de suas necessidades e a capacidade

do planeta de sustenta vida, em todos os níveis.

Os impactos ambientais, oriundos de mau uso do solo, extração

excessiva de determinado recurso, desflorestamento, contaminação de corpos

d’água, geração de resíduos e outras práticas existem desde a Antiguidade.

Na verdade, desde o homem primitivo, pois, a partir do tempo em que

se dá a chamada revolução agrícola e o homem deixa de ser caçador e

coletor, suas ações sobre o meio perdem um caráter estritamente individual e

biológico e passam a compor um conjunto de ações “sociais”. O potencial de

impactar que tem a sociedade da qual o homem faz parte é maior do que a

soma dos impactos individuais de cada homem caçador/coletor, o qual difere

pouco de outros mamíferos.

Esse potencial de impactar o meio de cada sociedade é função das

tecnologias disponíveis por aquela sociedade. As sociedades primitivas, na

Antiguidade e na Idade Média não dispunham de meios tecnológicos para

causar impactos profundos. Com o Advento dos tempos modernos, pode-se

observar significativas mudanças. Os problemas ambientais passaram então a

ser objeto de estudo reflexão e ações.

A preocupação com o meio ambiente e a sua proteção foi se tornando

cada vez mais constante até a completa conscientização da humanidade da

necessidade da busca de mecanismos jurídicos para a adequada proteção

ambiental.

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

42A legislação se aprimorou com a intenção de cobrir as omissões

passadas e com a finalidade de se preservar a qualidade do meio ambiente e

do equilíbrio ecológico foi criada a Política nacional do Meio Ambiente.

Dentro desta Política se encontra um dos mais importantes

instrumentos: o Licenciamento Ambiental. Por meio dele, a administração

pública busca exercer o necessário controle sobre as atividades humanas que

interferem nas condições ambientais.

O Licenciamento Ambiental é um poderoso mecanismo para incentivar o

diálogo setorial, rompendo com a tendência de ações corretivas e

individualizadas ao adotar uma postura preventiva, mas pró-ativa, com

diferentes usuários dos recursos naturais. Óbvio afirmar que o licenciamento é

um palco de conflitos, tendo de um lado a visão pública e de outro a do

empreendedor e, é nesta zona de turbulência que exige a prudência na

condução do processo de licenciamento.

O mercado cada vez mais exige empresas licenciadas e que cumpram a

legislação ambiental. Além disso, os órgãos de financiamento e de incentivos

governamentais, como o BNDS, condicionam a aprovação dos projetos à

apresentação da licença ambiental.

No entanto, os processos de pedidos de licença ambiental se arrastam e

o custo elevado para atender às exigências ambientais tem atrasado

investimentos que poderiam impulsionar o desenvolvimento. Seria o

Licenciamento Ambiental um incentivo para investimento ou a exigência do

Licenciamento Ambiental desestimularia atividades empresariais?

O Licenciamento Ambiental é o sustentáculo do desenvolvimento

econômico social, sendo desta forma e por esta análise um instrumento de

viabilização dos investimentos em todos os setores de nossa economia, quer

sejam pela iniciativa privada ou em parceria público-privadas, abrindo o leque

de opções ao crescimento sustentável.

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

43 A incerteza para obtenção de uma licença representaria uma incerteza

adicional para realizar um determinado investimento, no entanto para proteger

melhor o meio ambiente é justificável rigor na concessão das licenças, sem,

contudo que haja uma burocracia tão prolongada. Para tanto é necessário que

atitudes sejam implementadas em caráter emergencial, com solidez, como a

criação de uma Lei Complementar a fim de afastar as dúvidas sobre a

competência para licenciar as atividades, bem como estruturação de todos os

níveis da administração pública federal, estadual e municipal, através de

convênios que delegassem as competências para a otimização deste processo

imprescindível ao crescimento e ao desenvolvimento sustentável, que é o

licenciamento ambiental, proporcionando as condições necessárias para estas

realizações, dentre elas a constituição de um quadro independente de

consultores, os quais produziriam através da elaboração de um trabalho sério,

sem vínculos diretos com os órgãos públicos ou empresários, com base

técnica e científica, em uma análise do momento e para o futuro das diversas

situações e perspectivas; inclusive prevendo os efeitos e as causas

circunstanciais, os entornos gerais e específicos; além de considerarem como

um todo o complexo processo de sua elaboração; vislumbrando nesta análise

os espaços destinados as populações, ao lazer, a preservação, a implantação

de projetos sociais, ambientais, profissionais, de inclusões, respeitando-se

assim as culturas, patrimônios e outras importantes variáveis e, minimizando

possíveis impactos ambientes negativos.

BIBLIOGRAFIA

BENJAMIM, Antônio Herman. “Direito Constitucional Ambiental Brasileiro”. in:

Direito Constitucional Ambiental Brasileiro. CANOTILHO, José Joaquim Gomes

e Leite, José Rubens Morato (orgs.). São Paulo: Saraiva, 2007, p.58.

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

44BELTRÃO, Antonio F. G. Aspectos Jurídicos do Estudo de Impacto Ambiental

(EIA), São Paulo, MP Editora, 2008.

FREITAS, Vladimir passos de. A Constituição federal e a efetividade das

normas ambientais. 3ª Ed., São Paulo, RT, 2005, p.79.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –

FIRJAN, Disponível em: http://www.firjan.org.br/, acesso junho 2009.

HENKES, Silviana Lúcia; Kohl, Jairo Antonio. Licenciamento Ambiental: um

instrumento Jurídico disposto à persecução do desenvolvimento sustentável.

in: BENJAMIN, Antonio Herman de Vasconcelos e (org). Paisagem, natureza e

Direito. São Paulo: Instituto o Direito por um Planeta Verde, 2005, v.2, p.403.

IBAMA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/licenciamento/, acesso

09/07/2009.

NOGUEIRA Neto, Paulo., apud Fiori, Ana Maria. Licenciamento Ambiental, um

desafio que exige apenas o velho e necessário bom senso. Revista Ambiental

legal. São Paulo, ano 1, p.8, Nov/Dez.2005.

NOGUEIRA, Sandro D”Amato, resumo de Direito Ambiental, Leme/SP: BH

Editora 2008.

MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 14 ª Ed. São

Paulo: Malheiros, 2006, p.121.

MILARÉ, Edis. I Curso de Direito Ambiental da Costa do Descobrimento, Porto

Seguro, BA, 2006.

Ministério do Meio Ambiente. Portal nacional de Licenciamento Ambiental.

Disponível em: http://www.mma.gov.br , acesso em junho 2009.

MACIEL, Tânia (org.), O Ambiente Inteiro, Rio de Janeiro, Editora UFRJ.

SILVEIRA, Patrícia Azevedo, 2003, pp. 136/137.

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é que se alcance o equilíbrio entre a utilização dos recursos naturais, que gerarão a energia necessária ou servirão de

45TRENNEPHL, Curt, Licenciamento Ambiental, 2ª Ed., Ed. Impetus, 2008.