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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A EVOLUÇÃO CONTÁBIL MARIANA RODRIGUES PEREIRA DA SILVA. ORIENTADOR: LUCIANO GERARD RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A EVOLUÇÃO CONTÁBIL

MARIANA RODRIGUES PEREIRA DA SILVA.

ORIENTADOR: LUCIANO GERARD

RIO DE JANEIRO

2010

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A EVOLUÇÃO CONTÁBIL

A apresentação da monografia à

Universidade Cândido Mendes como

condição prévia para a conclusão do curso

de Pós-Graduação “Lato sensu” em

Auditoria e Controladoria.

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RESUMO

Este trabalho oferece uma retrospectiva histórica sobre a evolução da Contabilidade no Brasil, tende a responder quais os benefícios que esta evolução trouxe para o Brasil? Trazendo assim, a história da contabilidade ( De 8000 a.C até os dias atuais), Os Princípios contábeis, a contabilidade no Brasil e seus principais pensadores, a comparação entre as duas principais escolas doutrinárias (Escola Européia e a Escola Norte-Americana), surgimento da profissão e a educação contábil no Brasil e suas perspectivas e o que os principais autores acham em relação ao futuro da contabilidade.

O objetivo desse estudo é analisar como a contabilidade desenvolveu-se no Brasil, identificar as mudanças decorrentes à evolução contábil e Evidenciar o pensamento dos diversos pesquisadores sobre contabilidade, através de uma pesquisa descritiva, com utilização de consulta documental e bibliográfica, Buscando ilustrar a evolução da contabilidade no Brasil.

Concluindo com esse trabalho que nas últimas décadas, graças aos avanços tecnológicos e aos sistemas informatizados que permitiram que o trabalho de registro de dados fosse feito de forma mais rápida, o contador moderno possui mais tempo para analisar as informações constantes nos relatórios gerados pela contabilidade. E, ainda, pode criar diversos relatórios que auxiliem o administrador, pois geralmente é o próprio proprietário que se encontra mergulhado nas rotinas operacionais e não tem tempo para controle e planejamento dos negócios.

Palavras- chave: Evolução contábil, História da contabilidade, Contabilidade no Brasil, Profissão e a educação contábil no Brasil e Futuro da contabilidade.

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METODOLOGIA

Serão adotadas as técnicas de documentação direta e indireta, com utilização de

consulta documental e bibliográfica, com o objetivo de avaliar a evolução contábil

permitindo fazer inferência sobre o papel da teoria da contabilidade.

A pesquisa é descritiva, baseada em fontes primárias e secundárias, trabalhos

acadêmicos, periódicos editados por órgão de classe e obras históricas. Busca ilustrar a

evolução da contabilidade no Brasil.

Partindo da classificação dos gêneros da pesquisa observada pelo método

dedutivo, e com a finalidade de se atingir o objetivo proposto nesta pesquisa, a

metodologia do trabalho é de natureza teórica no que diz respeito aos seus fins. Será

adotado o método histórico em virtude da natureza da pesquisa, que visa à investigação das

teorias, conceitos, instituições e processos relacionados com o tema no passado e suas

influências no momento atual.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO....................................................................................................................6

CAPÍTULO I - A história da contabilidade ..........................................................................8

CAPÍTULO II – Princípios Fundamentais de Contabilidade...............................................15

CAPÍTULO III - A contabilidade no Brasil.........................................................................20

CAPÍTULO IV - Evolução contábil ....................................................................................32

CONCLUSÃO ....................................................................................................................43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................45

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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da Contabilidade sempre esteve associado à evolução da

humanidade. Esta associação é ressaltada e abordada por estudiosos, sob distintas

perspectivas.

Hendriksen (1950) destaca que:

[...]A Contabilidade, e sua principal e mais característica manifestação - a conta -

é tão antiga quanto é a civilização construída pelos homens... A história da

Contabilidade é, em certo ponto, uma conseqüência da história da civilização,

tanto em suas vicissitudes como nas mais altas manifestações da referida

civilização, sobretudo no campo econômico[...]

A contabilidade, foi evoluindo, adquirindo normas até chegar a dinâmica de

controle atual, foi ganhando espaço no mercado de trabalho, surgindo o controle do

desenvolvimento dessa ciência no seu aspecto profissional acompanhando os avanços do

contexto sócio econômico e financeiro nas suas funções de controle e orientação da

atividade contábil.

O estudo da evolução da contabilidade torna-se relevante em virtude da

necessidade de analisar se as mesmas acompanham a evolução que ocorre no cenário

econômico - financeiro.

Com o desenvolvimento da economia, detectou-se que a exigência por parte

dos usuários por mais informações, diante da complexidade das transações; à necessidade

de procedimentos contábeis; a falta de um referencial conceitual para a Contabilidade;

infindáveis discussões sobre a adoção de princípios ou padrões; e o surgimento de diversas

entidades da classe contábil, dificultou a harmonização das idéias, gerando

consequentemente conflito de interesse.

As constantes mudanças no cenário econômico - financeiro obrigam a

contabilidade a rever seus conceitos e procedimentos adotados, e buscar a consolidação de

um referencial teórico que possa atender ao objetivo da mesma.

O problema de pesquisa consiste em responder os seguintes questionamentos

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“A evolução contábil trouxe várias facilidades para o contador, quais os benefícios que esta

evolução trouxe para o Brasil?”

A importância desse estudo está na necessidade de se saber como e de que

forma se processaram as suas evoluções ou decadência, a origem dos seus termos e das

suas aplicações.

Ao profissional da disciplina não é suficiente fazer lançamentos, balancetes,

balanços, análises ou conhecer a nomenclatura contábil. É preciso indagar das suas

origens, e que a consciência e a cultura contábil se solidifiquem com os conhecimentos

históricos.

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CAPÍTULO I

HISTÓRIA DA CONTABILIDADE

A contabilidade é uma ciência social que estuda o patrimônio das entidades

observando os aspectos quantitativos e qualitativos devendo a contabilidade ser capaz de

explicar as causas de suas mutações. Se distancia desta forma do direito, pois este observa

o patrimônio sendo capaz de gerar diretos e obrigações; da economia, o qual observa o

patrimônio sendo capaz de suprir a necessidade coletiva; e da administração, o qual

observa o patrimônio como um fundo de recursos que quando bem administrados são

capazes de gerar riqueza para os seus proprietários.

Devido ao fato da contabilidade delimitar o seu objeto de estudo: patrimônio

sob o aspecto quantitativo e qualitativo, conclui-se que a contabilidade é uma ciência social

aplicada.

A contabilidade hoje utilizada é uma herança dos antigos profissionais e

usuários de contabilidade. Conhecer como se utilizava contabilidade no passado, faz-nos

esclarecer o que nos fez chegar até aqui: o período da contabilidade científica.

Na evolução da história contábil juntamente com as doutrinas podemos dividir

em períodos, a saber: contabilidade antiga, contabilidade medieval, contabilidade moderna

e a contabilidade científica.

Cada período é marcado por um feito ou por uma obra literária ou até pela

própria mudança na economia. Dentro de cada período contábil (antigo, medieval,

moderno e científico) existiram pensadores doutrinários, o qual criaram ou defenderam as

idéias de seus ancestrais. A chegada de cada escola doutrinária, seja ela criticando ou

mesmo defendendo os assuntos já comentados fazia com que gradativamente a

contabilidade evoluísse. Para a construção do conhecimento e evolução da ciência é

necessário críticas.

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Iudícibus (1993), destaca que:

[...] em termos de entendimento da evolução histórica da disciplina, é importante reconhecer que raramente o “estado da arte” se adianta muito em relação ao grau de desenvolvimento econômico, institucional, e social das sociedades analisadas, em cada época. O grau de desenvolvimento das teorias contábeis e de suas práticas está diretamente associado, na maioria das vezes, ao grau de desenvolvimento comercial, social e institucional das sociedades, cidades ou nações[...]

1.1 OS PERÍODOS

A história da contabilidade é dividida em períodos. Explanaremos de maneira

mais aprofundada os períodos, as práticas contábeis e os pensadores mais importantes de

cada período.

1.1.1 PERÍODO DA CONTABILIDADE ANTIGA OU EMPÍRICA – DE 8000 a.C.

ATÉ 1202 DA ERA CRISTÃ.

Segundo o historiador Frederico Melis, os primeiros vestígios de utilização da

contabilidade foi aproximadamente há 8000 a.C. Os primórdios da civilização utilizavam-

se dos poucos recursos que continham para controlar os seus rebanhos e a produção

agrícola por eles cultivadas. Alguns pesquisadores afirmam que quando o homem se

deparou com a vontade de controlar o cultivo da terra e o seu rebanho, afim de controlar o

acumulo de riquezas surgiu a contabilidade. A idéia de entesouramento de riquezas fez

com que o homem criasse um método racional de acumulo de informações de seus bens e

obrigações, pois seria inviável a memorização de tantas informações. Técnicas de registros

foram criadas para controlar os bens e obrigações.

Entre 8000 e 3000 a.C. foram utilizados como técnicas de registros fichas de

barro. Estas fichas foram utilizadas em Israel, Iraque, Turquia, Síria, Mesopotânia e na

antiga Pérsia, com o intuito de controlar os bens e as obrigações. As fichas de barro foram

as primeiras evidências de um sistema contábil. O homem pré-histórico com a finalidade

de controlar a produção agrícola, o seu rebanho de animais, as trocas de produtos agrícolas

e de animais com outros homens que por sua vez viessem a deixar resíduos de créditos ou

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débitos o fazia mediante a fichas de barro. As fichas de barro eram muito utilizadas, pois

neste período não havia a escrita e tão pouco números arábicos ou romanos, e cada ficha de

barro representava um animal ou um produto agrícola. Havia paridade de um por um, ou

seja, para cada ficha de barro tinha-se um animal no rebanho ou representava a colheita

agrícola. Com o surgimento das casas decimais, a paridade das fichas evoluíram. Algumas

fichas poderiam valer não só um animal, mas dez ou cem, por exemplo.

As fichas de barro representavam mercadorias ou até um direito para o seu

possuidor. Cada animal era representado por uma ficha de barro e cada ficha de barro

continha uma forma palpável e visível diferentes uma das outras para identificar o animal

representado. Juntamente com as fichas de barro o homem utilizava tábuas de argila que

serviam também para o controle dos bens. Estas tábuas, conhecidas como tábuas de Uruk

ou de Jemdet-Nasr ou de Ur Arcaica, escrituravam as entradas e saídas dos bens. Segundo

Schmidt (2000:22) os registros nas tábuas de argila demonstram fortes evidências do

controle físico dos bens, visto que ainda não existia o conceito de valor e moeda. A tábua

de Uruk, por exemplo, foi utilizada há 4000 a.C. Essas tábuas recebiam o desenho que

representava o animal, assim como a conta: Imóveis atualmente representa o valor ou o

numerário é identificada por uma escrita que representa ou simboliza a sua identificação

através da leitura. As tábuas também eram identificadas por gravuras que representavam o

animal ou o bem que queria controlar. Este fenômeno, conhecido como pictografia era

utilizado para suprir a falta da escrita.

Com o passar dos anos, os controles foram aumentando e aproximadamente em

3250 a.C. surgiram envelopes ou as caixas elaboradas com barro para melhor controlar as

entradas e saídas da produção agrícola e os rebanhos de animais. Cada envelope ou caixa

representava um bem e a quantidade de fichas depositadas dentro do mesmo representava a

quantidade de bens, direitos a receber e até mesmo obrigações.

Os envelopes ou caixas representam atualmente os razonetes, onde um valor do

ativo por exemplo é debitado ao receber um valor. Porém, os envelopes e caixas de barro,

ao receber um valor ou numerário recebia uma ficha de barro representando um valor de

entrada.

Alguns historiadores acreditam que a contabilidade surgiu juntamente com a

escrita e que os primeiros sinais de escrituração contábil, foram feitas na tábua de Uruk.

Para estes historiadores, a utilização das fichas barro não é o início da contabilidade.

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O Egito adotou como obrigatório em 2000 a.C. livros e documentos comerciais

e evoluiu bastante o seu sistema contábil quando também adotou a escrituração comercial

em moeda corrente, o shat de ouro ou de prata. Porém, o documento mais evoluído e

completo de contabilidade foi encontrado Grécia, no templo de Atenas, utilizado nos

períodos de 454 a 406 a.C. Nele estavam registradas todos os contribuintes de impostos da

Grécia.

Durante os primeiros 100 anos da era Cristã as invasões ao norte da China

deram início a uma série de guerras que duraram até o século V. Estas guerras envolvendo

os países da Grécia, Índia, Egito e Pérsia fizeram com que a evolução cultural e humana

ficassem paradas. A contabilidade como outras ciências sociais não evoluíram neste

período.

Ao final do século X, a Europa começa a se reestruturar após anos de invasões.

A agricultura foi um dos maiores responsáveis pela retomada econômica. O comércio

revendia o excesso das colheitas, estimulando assim os encontros de feiras livres, abrindo

espaço também aos pequenos artesãos. Encerrada as invasões e com a retomada do

crescimento econômico através do excesso de produção das lavouras sendo

comercializados, a contabilidade tinha um novo desafio: auxiliar os comerciantes e

artesãos uma forma de gerenciar o dinheiro e controlar os valores a receber e a pagar.

Leonardo Fibonacci, matemático, nascido na Grécia e criado na Itália, encerra

este primeiro período da contabilidade publicando livro Liber Abaci com apenas 3

exemplares manuscritos. Segundo Melis, a publicação de Fibonaci encerra a era da

contabilidade antiga.

1.1.2 PERÍODO DA CONTABILIDADE MEDIEVAL OU SISTEMATIZAÇÃO DA

CONTABILIDADE – DE 1202 ATÉ 1494.

No início do século XII o comércio começa a ultrapassar barreiras locais e

assim chega em outros lugares através das vias marítimas. A chamada revolução comercial

fez com que as empresas fossem se tornando cada vez maior e a contabilidade deveria

assumir um novo papel na sociedade: controlar e evidenciar a riqueza gerada pelas

empresas, bem como os valores de créditos e débitos por ela gerada. Nota-se nos séculos

XII e XIII o surgimento do capitalismo e o fim do feudalismo. O comércio expande as

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fronteiras, as relações trabalhistas tomam um novo rumo (principalmente em alguns países

da Europa) e a acumulação de riquezas parece se tornar algo mais comum e desejável entre

os cidadãos.

O comércio necessitava de informações precisas sobre os negócios, a

contabilidade elabora técnicas de escrituração mais avançada: surge a partida dobrada. A

data precisa do primeiro registro contábil através das partidas dobradas não é conhecida

com exatidão, porém estima-se que em 1340 em Gênova, um funcionário público o

desenvolveu.

De acordo com alguns pesquisadores, as partidas dobradas surgiram em

diversos locais ao mesmo tempo. Segundo Pelagallo, um manuscrito encontrado em

Florença indicava registros contábeis através das partidas dobradas no ano de 1330. Na

literatura pesquisada é consenso comum que as partidas dobradas foram criadas na Itália

entre 1330 e 1340.

Veneza, cidade Italiana, imortalizou a contabilidade com o método das partidas

dobradas. Em 1494, o frei Luca Pacioli editou o livro: La Summa de Arithmetica,

Geometria, Proportioni et Proportionalitá, o primeiro livro a enfatizar o sistema de

partidas dobradas. Como já comentado, no século XIII já utilizava-se o método das

partidas dobradas, antes mesmo de Pacioli, porém o que imortalizou Veneza como a cidade

histórica da contabilidade e Pacioli como o criador da contabilidade foi a edição de seu

livro na Itália, precisamente em Veneza, o primeiro a enfatizar o método das partidas

dobradas.

Com a chegada das máquinas gráficas na Inglaterra, Pacioli edita o primeiro

livro, e não manuscrito de contabilidade. Alguns historiadores afirmam que Benedetto

Cotrugli foi o primeiro pesquisador a desenvolver o sistema de partidas dobradas em 1458

em um manuscrito denominado Il Libro dell’arte di Mercatura, o qual foi impresso em

1573 com o nome de Della Mercatura de del Mercante Perfetto. Os méritos de

patronagem da contabilidade para Pacioli representam um momento oportuno vivido por

ele em Veneza: a chegada das máquinas gráficas na Europa.

1.1.3 CONTABILIDADE MODERNA OU LITERATURA DA CONTABILIDADE –

DE 1494 A 1840

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Com a edição do livro de Pacioli a contabilidade segue uma nova caminhada.

O impacto deste livro ultrapassou barreiras e estendeu-se aos demais países europeus.

Desta forma, a contabilidade começa a seguir critérios profissionais, embaçados em uma

técnica. Este período sem muitos acontecimentos foi marcado pela grande divulgação dos

métodos das partidas dobradas e a sua adoção mundial como técnica de escrituração.

Com a edição do livro de Pacioli a contabilidade sistematiza os procedimentos

contábeis concedendo aos usuários informações ordenadas e contínuas. Segundo Giannesi,

a partir deste momento a contabilidade deixou de ser a arte de ter e contar e passou a ser

uma ciência.

A preocupação com os ativos de longo prazo fez com que a contabilidade

repensasse alguns conceitos. Surge a depreciação dos ativos de longo prazo. A conta de

capital foi também incorporada aos registros contábeis. Com isto, a conta de lucros e

perdas previamente utilizada pela contabilidade antes da conta capital, começou a

incorporar o seu saldo, ao saldo a conta capital. Este somatório representa o capital próprio

da empresa, lucros gerados pelas operações da empresa, mais o capital investido pelos

sócios da mesma.

Foi neste período também que surgiu a idade da estagnação contábil. A

estagnação contábil foi um período de pouco desenvolvimento mundial, afetando não só o

crescimento da contabilidade como o crescimento de outros segmentos sociais. Alguns

autores não concordam com o termo de estagnação contábil, pois se alguns fatores vieram

a impedir o crescimento da contabilidade neste período, não pode-se afirmar que a

contabilidade ficou estagnada, somente não evoluiu em grande escala, mas evoluiu. Esta

corrente de pensamento denomina este período como o período de consolidação e não da

estagnação contábil.

Em 1840 Francesco Villa edita o livro La contabilità applicata alle

amministrazioni private e pubbliche, o qual encerra o período da contabilidade moderna e

inicia-se o período da contabilidade científica. Este não foi o primeiro ou único livro deste

autor, mas segundo Melis, este livro inicia o período da contabilidade científica.

1.1.4 CONTABILIDADE CIENTÍFICA OU CONTEMPORÂNEA – DE 1840 ATÉ

OS DIAS ATUAIS.

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A publicação do livro de Francesco Villa em 1840, La contabilità applicata

alle amministrazioni private e pubbliche marca uma nova era para a contabilidade.

Segundo Melis, a contabilidade passa do período literário para se tronar científico. A

gestão empresarial através do controle contábil torna-se relevante para o processo decisório

nas empresas. A contabilidade a partir deste período deve servir como base gerencial nas

empresas.

A preocupação com os registros contábeis para auxiliar a administração e

gestão das empresas marca este período. Na opinião de Antônio Tonzig, autor de livros

desta época, a contabilidade e administração devem estar interadas uma à outra para

melhor controle da entidade.

É também neste período que surgem as principais escolas doutrinárias de

contabilidade. Segundo Lopes de Sá (1995), as doutrinas contábeis são as formas de

aparecer, evoluir, derivar ou extinguir as correntes do pensamento contábil.

Dentre as escolas doutrinárias que surgiram neste período estão: a escola

administrativa, personalista, controlista, norte-americana, matemática, neocontista, alemã,

italiana, patrimonialista e a escola brasileira universalismo, apresentada pelo Professor

Doutor Francisco D’Auria em 1949.

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CAPÍTULO II

PRÍNCIPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE

A emissão de pronunciamento sobre princípios de contabilidade para a

orientação dos contadores no exercício da sua profissão teve início nos Estados Unidos, na

década de 30, após a quebra da bolsa de Nova Iorque. Desde então, houve uma maior

preocupação com a uniformização de princípios que pudessem dar embasamento às

normas e regras contábeis.

No Brasil, desde que a lei 6.404/76 o incluiu como matéria legislativa a ser

observada pelos agentes do mercado de capitais, os princípios são objeto de

regulamentação dos órgãos reguladores oficiais. O CFC definiu uma primeira versão em

1981, seguida pela CVM que emitiu uma deliberação em 1986, classificando-os em

postulados, princípios propriamente ditos e convenções. Em 1993, (Resolução CFC 750),

ambas as entidades acordaram em declarar "Os princípios fundamentais da Contabilidade",

o que não significa que são mais importantes do que os outros ou que existam somente os 7

(sete) definidos pela norma profissional citada.

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade devem ser obrigatoriamente

observados no exercício da profissão contábil e constitui condição de legitimidade das

Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). Além disso, na aplicação dos Princípios

Fundamentais de Contabilidade a situações concretas, a essência das transações deve

prevalecer sobre seus aspectos formais.

A Resolução do CFC n.º 750-93, como já dito, define os Princípios, que estão

revestidos de universalidade e generalidade, elementos que caracterizam o conhecimento

científico, justamente com a certeza, o método e a busca das causas primeiras.

Os Princípios Fundamentais de Contabilidade são:

1. Entidade

2. Continuidade

3. Oportunidade

4. Registro pelo valor original

5. Atualização monetária

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6. Competência

7. Prudência

2.1 PRINCÍPIO DA ENTIDADE

Este princípio reconhece o patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a

autonomia patrimonial, ou seja, a necessidade de se diferenciar o patrimônio da empresa

do patrimônio dos sócios, acionistas ou proprietários da mesma. A Contabilidade deve ter

plena distinção e separação entre pessoa física e pessoa jurídica. Enfim, o patrimônio da

empresa jamais se confunde com os dos seus sócios.

2.2 PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE

Este princípio diz que a empresa deve ser avaliada e escriturada na suposição

de que a entidade nunca será extinta. As Demonstrações Contábeis são estáticas, não

podem ser desvinculadas dos períodos anteriores e subseqüentes, a vida da empresa é

continuada going concern, até circunstância esclarecedora em contrário. Seus Ativos

devem ser avaliados de acordo com a potencialidade que têm em gerar benefícios futuros

para a empresa, na continuidade de suas operações, e não pelo valor que se poderia obter se

fossem vendidos no estado em que se encontram.

Caso ocorra situação desfavorável a entidade poderá ser investigada pelo

conselho de contabilidade, podendo consequentemente ser encerrada, terminando suas

atividades empresariais.

Obs.: No Brasil, as punições sobre erros e fraudes contábeis se concentram nos

administradores e contadores (incluído aqui também os auditores externos). Os contadores,

além das sanções profissionais previstas nas normas do CFC - Conselho Federal de

Contabilidade, poderão se haverem ainda com punições previstas nos Códigos Penal

(Código Penal), Civil (Código Civil) e legislação tributária do Imposto de Renda. O Banco

Central do Brasil é quem tem o poder de encerrar atividades das instituições financeiras

que causem crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.

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2.3 PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE

O princípio da oportunidade enfatiza a necessidade de apreensão, registro e

relato de todas as variações no patrimônio de uma entidade, no momento em que elas

ocorrerem, de forma integral. Assim, as modificações de elementos patrimoniais devem ser

contempladas mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência.

A preocupação básica é que devem estar reconhecidas nos registros contábeis todas as

variações patrimoniais de uma entidade, para que as informações contábeis espelhem com

fidelidade a situação do patrimônio em determinado período – advém daí a necessidade da

utilização sempre que possível de documentação hábil e comprobatória de todas as

transações.

2.4 PRINCÍPIO DO REGISTRO PELO VALOR ORIGINAL

Os elementos patrimoniais devem ser registrados pela contabilidade por seus

valores originais, expressos em moeda corrente do país. Assim, os registros da

contabilidade são efetuados com embasamento no valor de aquisição do bem ou pelo custo

de fabricação (vide contabilidade de custos), incluindo-se, ainda, todos os gastos que foram

necessários para colocar o bem em condições de gerar benefícios presentes ou futuros para

a empresa; caso ela efetue transações em moeda estrangeira, os valores correspondentes

devem ser convertidos à moeda nacional. Exemplo: o contador Sr. Manoel deve registrar

os fatos contábeis de encerramento da empresa X, na data de sua ocorrência, de maneira

íntegra e tempestiva, para que seus usuários, com base nessas informações, também

registrem esses fatos nas suas empresas.

2.5 PRINCÍPIO DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA

Refere-se ao ajuste dos valores dos componentes patrimoniais, devido à perda

do poder aquisitivo num ambiente inflacionário. Portanto, a atualização monetária não

representa uma avaliação e sim apenas um ajuste dos valores originais, mediante aplicação

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de indicadores oficiais, que reflitam a variação do poder aquisitivo da moeda. Serve

também para homogeneizar as diversas contas das mais variadas espécies.

Hoje em dia no Brasil existe uma tensão no meio contábil, entre os órgãos reguladores

(CFC e CVM) e a classe, por causa da resolução que admite a correção monetária apenas

se a inflação passar de um determinado patamar. Na verdade, essa resolução atende ao

padrão internacional. Sucede entretanto, que mesmo uma inflação baixa vai distorcer o real

valor do patrimônio em poucos anos.

A posição é antiga da classe contábil brasileira, que além de não observar o

padrão internacional deixou de ter base legal com o advento do Plano Real (1994), que

vetou a "correção monetária de balanços" (a denominação antiga do Princípio era "da

Correção Monetária"). É um princípio em desuso que compete ao Art. 185 da Lei 4604/76

revogado pela Lei n.º 7730/89. Entretanto há uma resolução que orienta se a inflação

superar 100%(em 3 anos) haveria a atualização. Porém, no âmbito da Contabilidade

Gerencial e na Análise de Balanços em moeda constante, essa informação poderá continuar

a ser processada e fornecida aos gestores internos, que podem decidir por comunicar seus

resultados ao mercado, se a acharem relevantes.

2.6 PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA

"As despesas e receitas devem ser contabilizadas como tais, no momento de

sua ocorrência, independentemente de seu pagamento ou recebimento". Este princípio está

ligado ao registro de todas as receitas e despesas de acordo com o fato gerador, no período

de competência, independente de terem sido recebidas as receitas ou pagas as despesas.

Assim, é fácil observar que o princípio da competência não está relacionado com

recebimentos ou pagamentos, mas com o reconhecimento das receitas realizadas e das

despesas incorridas em determinado período.

• A receita é considerada realizada:

• no momento em que há a transferência do bem ou serviço para terceiros,

efetuando estes o pagamento ou assumindo o compromisso firme de fazê-lo

no futuro (exemplo: venda a prazo);

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• quando ocorrer a extinção de uma exigibilidade sem o desaparecimento

concomitante de um bem ou direito (exemplo: perdão de dívidas ou de juros

devidos);

• pelo aumento natural dos bens ou direitos (exemplo: juros de aplicações

financeiras);

• no recebimento efetivo de doações e subvenções.

• A despesa é considerada incorrida quando:

• ocorrer o consumo de um bem ou direito (exemplo: desgaste de máquinas);

• ocorrer o surgimento de uma obrigação (exigibilidade) sem o

correspondente aumento dos bens ou direitos (exemplo: contingências

trabalhistas);

• deixar de existir o correspondente valor do bem ou direito pela sua

transferência de propriedade para um terceiro (exemplo: a baixa de

mercadorias do estoque quando da efetivação da venda).

2.7 PRINCÍPIO DA PRUDÊNCIA

O princípio da prudência especifica que ante duas alternativas, igualmente

válidas, para a quantificação da variação patrimonial, será adotado o menor valor para os

bens ou direitos e o maior valor para as obrigações ou exigibilidade. Assim, quando se

apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos outros princípios fundamentais de

contabilidade será escolhido a opção que diminui o valor do Patrimônio Líquido.

Baseia-se na premissa de "nunca antecipar Lucros e sempre prever possíveis

Prejuízos.

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CAPÍTULO III

A CONTABILIDADE NO BRASIL

O Brasil é um pais extremamente interessante para o estudo da evolução da

contabilidade, principalmente para os demais países em desenvolvimento.

Pode-se afirmar, sem medo de errar, que nossa legislação contábil, que nos

refere às demonstrações contábeis que deve ser publicadas todo ano, e principalmente para

as sociedades de capital aberto, é uma das mais aperfeiçoadas do mundo.

Adicionalmente, devido ao fenômeno inflacionário, crônico entre nós vivido até

1994, desenvolvemos técnicas de correção avançadas, destacando-se a correção integral,

que é um aperfeiçoamento dos ajustamentos pela variação do que pode aquisitivo da

moeda (‘’Prisse Level Acconting’’), que hoje é adotado pelo IASC- comitê de normas

contábeis internacional e ate pela ONU.

A contabilidade brasileira pode ser dividida em dois estágios de

desenvolvimento: anterior a 1964 e posterior a 1964.

3.1 PRIMEIRA FASE (ANTES DE 1964)

Uma das primeiras manifestações contábeis brasileiras ocorreu no reinado de

D. João VI. Quando da instalação de seu governo provisório, em 1808, co9mo relata

Gomes (19569.19), foi publicado um alvará obrigando os contadores Gerais da Real

Fazenda a aplicarem o método das partidas dobradas na escrituração mercantil.

Os estudos do comércio tiveram seus passos iniciais na obra de Visconde de

Cairu (José da Silva Lisboa) publicada em 1804, intitulada Princípios de Economia

Política. Em 1809, cairu tornou-se o primeiro a apresentar um sistema de direito comercial

e a realizar os primeiros estudos de economia política no Brasil.

Analisando a evolução contábil no Brasil, percebe-se que, desde o início, fica

patente a interferência da legislação, que sempre acompanhou a contabilidade nacional em

seus meandros. Para Iudícibus (1994, p.34), um dos motivos dessa atuação do governo foi

que “... devido à intolerância, até um passado recente, de nossas associações de contadores,

o governo teve de tomar a iniciativa...”.

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Uma das primeiras grandes manifestações da legislação, como elemento

propulsor do desenvolvimento contábil brasileiro, foi o código comercial de 1850. Esse

código instituiu a obrigatoriedade da escrituração contábil e da elaboração anual da

demonstração do balanço geral, composto dos bens, direitos e obrigações das empresas

comerciais.

O Código Comercial Brasileiro não normatizou os procedimentos contábeis,

apenas determinou que as empresas deveriam seguir uma ordem uniforme de contabilidade

e escrituração e ater os livros para esse fim necessários.

A instituição do Código Comercial no Brasil foi coincidente com um novo

período de desenvolvimento contábil em nível mundial. Em 1839, foi instituída a primeira

cátedra de contabilidade na Itália, na cidade de Pavia. Em 1840, Villa havia publicado uma

obra que marcou um novo período da história da contabilidade.

Em termos de formação do profissional brasileiro, uma das primeiras

manifestações foi a criação do Instituto Comercial do Rio de Janeiro, em 1856. A partir de

1863, esse instituto passou a oferecer a disciplina de Escrituração Mercantil como forma de

qualificar seus alunos para a prática do registro contábil.

Nesse contexto puramente escriturário da contabilidade brasileira, Veridiano de

Carvalho publicou Manual Mercantil, em 1880, uma das primeiras e mais importantes

colaboração para a divulgação das partidas dobradas no Brasil.

No final do século XIX, coube ao grêmio dos Guarda-livros de São Paulo a

iniciativa de criar um curso regular que oficializasse a profissão contábil. O objetivo da

escola de comércio era o de “... aliar ao desenvolvimento agrícola o início da expansão

industrial, com a necessidade de habilitar e criar especialistas para, internamente,

preencher as rotineiras tarefas de contabilidade e controle de finanças e, externamente,

dotar São Paulo de elementos capazes de articular o desenvolvimento dos negócios,

ampliando fronteiras de atuação” (Penteado, 1992, p.20).

Desse modo surgiu, em 20 de abril de 1902, a escola prática de comércio, sua

fundação contou com a cooperação de diversas personalidades e instituições, valendo citar,

entre eles: o Conde de Álvares Penteado, João Pedro da Veiga Filho, Rodolfo Miranda,

Antônio de Lacerda Franco, Conde de Prates, Herrmann Burchard, Cristiano Peregrino

Viana, Conde Astrúbal do Nascimento, Prado Chaves e Cia., Procópio Malta, Hipólito da

Silva, Gabriel Cotti, Duprat e Cia., Alexandre Siciliano, José Weissohn, Banco Alemão,

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Banco Comércio e Indústria, Banco União de São Paulo, Banco de Crédito Real e Banco

de São Paulo. Essa hoje seria classificada como 2º grau profissional.

O decreto federal n.º 1.339, de 9 de janeiro de 1905, reconheceu oficialmente

os cursos de guarda-livros e de perito-contador mantidos pela Escola Prática de Comércio

e os diplomas expedidos por ela.

Em 1º de dezembro de 1905, seu nome foi alterado pela Escola de Comércio de

São Paulo. Em 5 de janeiro de 1907, a instituição adotou a denominação de Escola de

Comércio Álvares Penteado, em homenagem a um de seus fundadores e colaboradores.

A Escola de Comércio Alvares Penteado foi responsável pela formação de

muito dos primeiros professores de contabilidade de destaque no cenário nacional, como é

o caso de Francisco D’Auria e Frederico Herrmann Júnior.

Em 1919, foi criado o Instituto Paulista de Contabilidade, por iniciativa de

alguns formando da Álvares Penteado, que foi transformado em Sindicato dos

Contabilistas de São Paulo.

As primeiras duas décadas do século XX também marcaram a implantação do

imposto de renda no Brasil. A base de cálculo inicial era o chamado lucro real apurado

pela contabilidade das empresas, que coincidia com o lucro contábil.

O Diário Oficial da União de 9 de julho de 1931 publicou o Decreto n.º 20.158,

de 30 de junho de 1931, que organizou o ensino comercial e regulamentou a profissão de

contador. Mas somente em 1945 a profissão contábil foi considerada uma carreira

universitária com a criação das faculdade de ciências contábeis.

De 1901 a 1940, foi amplamente discutida a padronização de balanços. Para

uma corrente de pensadores brasileiro, a padronização representação coroamento da

contabilidade, ao passo que, para outros, a padronização representava apenas um aspecto,

sendo necessária a adoção de procedimentos padrão para elaboração dos balanços.

O ano de 1946 foi marcado por dois grandes acontecimentos para a

contabilidade brasileira. Em 26 de janeiro foi fundada a faculdade de ciências Econômicas

e Administrativas da Universidade de São Paulo, onde foi instituído o curso de ciências

contábeis e atuariais. Esse centro de estudos contábeis contou inicialmente com alguns

egressos da Alvares Penteado, como foi o caso de Francisco D’Auria. A partir da criação

dessa faculdade a contabilidade passou a ter um centro de pesquisas eminentemente

nacional, que contribui, e continua contribuindo, para o desenvolvimento contábil nacional.

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Além disso, o ano de 1946 ficou marcado pela criação do conselho Federal e dos

Conselhos Regionais de Contabilidade pelo Decreto - Lei n.º 9.295 de 27 de maio.

A partir da legislação, especialmente do imposto de renda, no desenvolvimento

dos procedimentos contábeis brasileiros, ficou cada vez mais evidente ao longo dos anos.

Em termos mundiais, a contabilidade brasileira é reconhecida por sua

contribuição no campo do tratamento da contabilidade em períodos de inflação alta, a

chamada Escola da Correção Monetária.

A correção monetária dos ativos fixos foi introduzida em 1958, por meio da

Lei nº 3.470, que facultou ás empresas a utilização de índices de correção monetária

fixadas bianualmente pelo Conselho Econômico Nacional. Portanto, era possível corrigir

os ativos fixos somente ao final de cada dois anos. Essa lei introduziu a expressão correção

monetária no Brasil.

A contabilidade, nessa primeira fase, mesmo que modestamente presenciou

contribuições de alguns iluminados tratadistas contábeis nacionais, que colaboraram para o

desenvolvimento e a consolidação da contabilidade como um ramo de conhecimento

autônomo.

Entre os tratadistas dessa primeira fase, destaca-se Carlos de Carvalho, que, em

seu livro Estudos de Contabilidade, de 1915, definiu-a como sendo “...A Ciência que tem

por objetivo o estudo dos livros, documentos, cálculos e contas por meio dos quais se

registram e classificam os atos e fatos administrativos, cujos efeitos sobre o patrimônio é la

em cima apor em evidência, dando normas para a representação gráfica dos mesmos”

(Carvalho Apud Aloe, 1967, p.46). Essa conceituação apresentada por Carvalho no início

do século traduz sua visão contista de contabilidade, demonstrando sua precocupação com

as regras e os princípios da escrituração. Nesse período, estavam afloranso, na Itália e na

Alemanha algumas das principais escolas de pensamento contábil mundial.

Além de Carlos de Carvalho, destacaram-se nessa primeira fase de

desenvolvimento contábil, entre tantos, Francisco D’Auria e Frederico Herrmann Júnior.

Outros pensadores contábeis nacionais mereceriam fazer parte deste seleto

elenco, mas como em todo trabalho histórico, deve existir um processo eletivo de alguns

em detrimento de outros não menos importantes.

Essa primeira fase de desenvolvimento da contabilidade nacional foi marcada

por dois aspectos relevantes: a intervenção da legislação no desenvolvimento de

procedimentos contábeis e a influência doutrinária das escolas Italianas.

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3.2 SEGUNDA FASE ( PÓS-1964)

A Segunda etapa do desenvolvimento da contabilidade brasileira teve início em

1964, ano em que o professor José da Costa Bouzinhas introduziu um novo método da

contabilidade. Como afirma Iudícibus (1966, p.2), “ o prof. Bouzinhas teve atuação

destacada e decisiva liderando a mudança de orientação didática do ensino da

contabilidade geral, da metodologia anterior a 1964 para a que vigorou a partir desta data.

O professor Bouzinhas adotou o método didático Norte-americano baseado no livro

introductory accounting, de Finney & Miller. A partir dessa mudança de orientação

didática, a influência dos autores italianos e as escolas de pensamentos italianas foi sendo

substituída pelos autores Norte-americana. Uma consequência direta dessa mudança de

enfoque foi a elaboração do livro contabilidade introdutória, de 1971, por professores de

departamento de Ciências contábeis e atuariais da Faculdade de Ciências econômicas e

administrativas da Universidade de São Paulo ( FEA-USP). Esse livro passou a ser adotado

em quase todas as Faculdades de contabilidade no Brasil, influenciando os profissionais

brasileiros. A partir de 1964, os professores do referido departamento começaram a

desenvolver várias pesquisas e de certa forma, a dominar o cenário nacional de pesquisas

contábeis.

Em 16 de Julho de 1964, foi expedida a Lei n.º 4.357, que tornou obrigatória a

correção monetária e do capital das pessoas jurídicas. Essa lei como comenta Franco

(1965, p. 4), “... foi recebida com muita reserva e até com algumas críticas, em virtude de

seus objetivos nitidamente fiscalistas”.

Apesar das críticas iniciais, a lei trouxe para a contabilidade brasileira um

instrumento que resolveu, pelo menos em parte, as enormes distorções causadas pela

inflação causada nos relatórios contábeis. Além disso, ela instituiu a depreciação de valor

corrigido no imobilizado, representando melhor a realidade dos bens das empresas.

No ano de 1965, houve a regulamentação do mercado de capitais no Brasil pela

lei nº4.728, que também criou a figura do Auditor independente. Vale destacar a demora da

regulamentação dessa lei no que se refere ao auditor independente que somente ocorre em

1972, pela resolução nº220 no Banco Central do Brasil.

O ano de 1966 também ficou marcado por uma das maiores contribuições

nacionais, a chamada Escola de Correção Monetária. Nesse ano, o professor Sérgio de

Iudícibus defendeu a sua tese de doutoramento no departamento de contabilidade e atuarias

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da FEA-USP, intitulada contribuição à teoria dos ajustamentos contábeis, que foi uma das

primeiras grandes contribuições da contabilidade Nacional à comunidade contábil

nacional.

No ano de 1967 o decreto nº61.083 marcou uma nova participação legal no

desenvolvimento das práticas contábeis brasileiras. Esse decreto, como afirma Silva(1960,

p.23), “... criou uma série de distorção no entendimento de muitos profissionais, pela

exclusiva falta de distinção entre a contabilidade para fins financeiros ou comerciais e a

contabilidade para fins fiscais...”, ao autorizar para determinados casos, a utilização de

depreciação acelerada. Como naquela época o lucro real era representado pelo lucro

contábil e não existiam registros específicos para fins de imposto de renda, esse

procedimento passou a ser realizado dentro do sistema contábil causando uma série de

distorções como a alteração do resultado e a redução do valor do imobilizado.

A contabilidade brasileira teve um novo estímulo legal em 1972, quando o

Banco Central do Brasil baixou a Resolução nº220 e as circulares nºs178 e 179.

A circular nº178 obrigou o registro dos Auditores independentes do Banco

Central do Brasil determinando que o registro seria exclusivamente de contadores.

A circula nº179 tratou dos Princípios e normas de contabilidade, tendo

oficializado a expressão Princípios de contabilidade geralmente aceitos. O Cons4elho

Federal de Contabilidade, pela resolução CFC nº321- 72, passou a adotar as seguintes

conceituação: “ Princípios de contabilidade geralmente aceitos não normas resultantes do

desenvolvimento da aplicação prática dos Princípios técnicos emanados na contabilidade,

de uso predominante no meio em que se aplicam, proporcionando interpretações uniformes

das demonstrações contábeis.

O ano de 1972 também foi marcado pôr duas grandes contribuições

acadêmicas para o desenvolvimento da contabilidade brasileira. Nesse ano, os professores

Stephen Charles Kanitz e Elizeu Martins defenderam suas teses de doutoramento junto ao

departamento de contabilidade e atuaria da FEA-USP.

O ano de 1976 marcou uma nova fase para o desenvolvimento da contabilidade

brasileira com a publicação em 15 de dezembro da nova Lei das Sociedades por Ações.

Como afirma Silva (1960, p.28) “... mantendo a tradição, está Lei incorpora

normas e práticas contábeis das mais sadias, representando um dos maiores avanços para a

área de contabilidade, incorporando definitivamente as tendências das escolas

Americanas...”.

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Ainda em 1976, Stephen Charles Kanitz deu uma Grande contribuição

acadêmica para a contabilidade nacional com indicadores contábeis e financeiros de

previsão de insolvência: a experiência da pequena e média empresa brasileira apresentado

como tese de livre-docência à Faculdade de contabilidade e atuaria da FEA-USP.

Em 1939, uma nova contribuição para a escola brasileira de correção monetária

foi dada por Elizeu Martins com sua tese de livre-docência apresentada à Faculdade de

contabilidade e atuaria da FEA-USP, intitulada aspecto do lucro e alavancagem financeira

no Brasil.

Em 1981, o Conselho Federal de contabilidade emitiu a Resolução CFC nº529-

81, que disciplinou as normas brasileiras de contabilidade (NBC), uma vez que a resolução

CFC nº321-72 somente aprovou as normas dos procedimentos de auditoria. As NBC

classificam-se em técnicas e profissionais as técnicas estabelecem conceitos doutrinários e

fixam regras ou critérios de contabilidade; As profissionais fixam regras de procedimento

de ordem profissional.

Os fatos relatados traduzem muito bem o entrelaçamento da evolução na

contabilidade brasileira com os dispositivos legais, com raras exceções, como é o caso dos

trabalhadores dos professores antes mencionados e de outros aqui não-destacados, mas que

também contribuíram para o desenvolvimento da contabilidade.

O início dos anos 80 ficou marcado pelo aparecimento em nível nacional, de

um povo expoente contábil: José Carlos Marion.

Sua primeira grande contribuição acadêmica foi a dissertação apresentada, em

1982, na Faculdade de contabilidade e atuaria da FEA-USP, intitulada contribuição à

contabilidade da pecuária bovina de corte. Nesse trabalho, Marion procurou disciplinar os

procedimentos contábeis em relação às operações efetuadas pelas empresas pecuárias,

considerando alguns princípios de grande relevância para a contabilidade da pecuária, bem

como para as disposições do imposto de renda pertinentes.

Em 29 de dezembro de 1993, o CFC baixou a resolução CFC nº750, que trata

novamente, os princípios fundamentais de contabilidade. O CFC considerou que a

Revolução da década de 80 na área de contabilidade deveria ser trazida na atualização dos

princípios fundamentais de contabilidade apresentados na resolução CFC nº530-81. Dessa

feita o CFC determinou que os princípios fundamentais de contabilidade, de acordo com o

artigo 3º, são os seguintes: da entidade, da continuidade, da oportunidade, do registro pelo

valor original, da atualização monetária, da competência e da prudência.

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Os resultados de longos anos de pesquisa empregados pela escola de correção

monetária brasileira não serão certamente sepultados com uma determinação legalista. Os

usuários das informações contábeis que já utilizaram as demonstrações em moeda de poder

aquisitivo constante continuarão, sem dúvida, a Ter na correção integral um dos principais

instrumentos informativos para a tomada de decisões.

Embora não exista uma escola de pensamento contábil brasileira, pode-se

afirmar que a escola de correção monetária nacional contribuiu sobremaneira para o

desenvolvimento da contabilidade mundial.

3.3 PRINCIPAIS PENSADORES CONTÁBEIS BRASILEIROS

É preciso fazer, para efeito de registro nestas linhas uma seleção dos mais

destacados pensadores contábeis nacionais.

Os pensadores selecionados da primeira fase (até 1964) foram Carlos de

Carvalho, Francisco D’Auria e Frederico Herrmann Júnior. Da Segunda fase (após 1964),

por representarem um número muito significativo de colaboradores do desenvolvimento da

contabilidade brasileira, não será destacado nenhum em especial, mas apenas

referenciados alguns dos principais. Como não poderia deixar de ser, não serão nominados

todos os que de alguma forma tiveram uma participação realmente importante. Alguns dos

principais pensadores contábeis da Segunda fase são: Sérgio de Iudícibus, Horácio

Berlinck, Eliseu Martins, Verediana de Carvalho, Tavares da Costa, João Batista da Silva

Sobrinho, Atílio Amatuzze, Clodomiro Furquim de Almeida, Américo Matheus,

Florentino, Modesto de Carvalhosa, José C.S.Mascarenha, Cibilis da Rocha Viana, A . F .

de Lacerda Alves, Mílton Improta, Stephen Charles Kanitz, Pedro Pedreschi Arnaldo

Antunes, Mário Alves Marquez, Hilário Franco, Antônio Lopes de Sá, José Carlos Marion,

Erymá Carneiro, José Amado Nascimento, Armando Aloe e José da Costa Bolsinhas.

3.3.1 CARLOS DE CARVALHO

Carlos de Carvalho nasceu na cidade de Rio Claro, Estado de São Paulo, em 12

de agosto de 1866. Suas atividades profissionais tiveram início na exatoria da Receita

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Federal na cidade de São Carlos (SP), onde passou a exercer, mais tarde, as mesmas

atividades para o Estado de São Paulo.

Em 1905, ocorreu dos fatos importantes para a vida profissional de Carvalho: a

encampação da estrada de ferro sorocabana e a valorização do café pelo convênio de

Taubaté. Ele foi convidado pelo governo estadual para acompanhar essas duas operações e

para iniciar a reforma do sistema de escrituração contábil do Tesouro do Estado. Nomeado

diretor da contabilidade dessa repartição, implantou o sistema de partidas dobradas em

toda sua divisão.

A escrituração do Estado de São Paulo, na opinião de Aloe (1954, p.24),

tornou-se modelar, graças ao talento e a capacidade de trabalho de carvalho e de seus

competentes e dedicados colaboradores.

Após esse sucesso, escreveu vários livros e artigos sobre contabilidade e outras

disciplinas, na tentativa de iniciar, como ele próprio determinou, o ciclo científico dos

estudos de contabilidade no Brasil.

Carlos de Carvalho morreu em Santos (SP) em 02 de janeiro de 1920, com

apenas 53 anos de idade.

3.3.2 FRANCISCO D‘AURIA

Francisco D’Auria nasceu em São Paulo em 16 de julho de 1884, diplomou-se

na Segunda turma da Escola de Comércio Álvares Penteado, na primeira década deste

século. Em 1905, ingressou na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo mediante

concurso público. As principais atividades de D’Auria, após seu ingresso na Secretaria da

Fazenda, podem ser resumidas nas seguinte:

a) Membro da comissão de partidas dobradas do Tesouro Nacional;

b) Fundador e diretor da Revista Brasileira de Contabilidade (na primeira fase,

de 1912 a 1921, em São Paulo, e na Segunda, de 1929 a 1933, no Rio de

Janeiro);

c) Diretor da Contabilidade do Tesouro do Estado de São Paulo;

d) Fundador e primeiro presidente do Sindicato dos Contabilistas de São

Paulo;

e) Contador Geral da República, entre outros.

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Ele possuía uma maneira própria de escrever seus trabalhos. Todos foram

escritos à mão, para após serem datilografados por seus acessores. D’Auria escreveu 23

livros sobre contabilidade e matérias afins.

D’Auria participou ativamente de congressos nacionais e internacionais de

contabilidade, pronunciou várias conferências sobre contabilidade, administração pública e

outros assuntos correlacionados. Ele ficou, também, conhecido como um especialista na

área de finanças e matemática. Francisco D’Auria morreu em São Paulo, com 74 anos de

idade, em 06 de fevereiro de 1958.

3.3.3 FREDERICO HERRMANN JÚNIOR

Frederico Herrmann Júnior nasceu em São Paulo, em 3 de setembro de 1896,

tendo sido registrado com o nome de Frederico Herrmann. O complemento de seu

sobrenome “Júnior” apareceu muitos anos depois.

Herrmann Júnior iniciou sua vida profissional ao lado de seu pai João

Frederico Herrmann na antiga casa Bromberg, onde passaram a chama-la de Herrmann

Júnior para não confundi-lo como pai.

No ano de 1917, ele concluiu o curso de perito-contador da Escola de

Comércio Alvares Penteado. No ano seguinte, 1918, iniciou suas atividades docentes, na

própria Alvares Penteado, a convite do professor Horácio Berlinck.

Herrmann Júnior foi um dos fundadores do Sindicato dos Contabilistas de São

Paulo (anteriormente chamado de Instituto Paulista de Contabilidade) esse é o presidente

nos anos de 1924, 1928 e 1932.

Em 1932, publicou o livro Tratado de Contabilidade Industrial, iniciando a

carreira de um dos mais importantes escritores contábeis nacionais.

Trabalhou na organização e na reorganização da contabilidade de várias

empresas, como, por ex., Mappinn, Cia. Brasileira de Material Ferroviária, Indústrias

Klabin, Empresas Elétricas Brasileira, Caixa Econômica Federal, Cia. Siderúrgica

Nacional e Cia Vale do Rio Doce. Além dessas atividades, fundou um escritório que

prestava serviços na área de contabilidade, auditoria, e organização.

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Em 1936, Herrmann Júnior publicou o livro Contabilidade Teórica (1978,

p.19), que passou a se chamar contabilidade superior a partir da segunda edição, em 1946.

No prefácio dessa obra, Horácio Berlinck Afirma que é “completamente novo e fundado

em notável conhecimento dos textos doutrinários, o livro do professor Herrmann Júnior é o

primeiro que, no Brasil, estuda, em fase dos princípios científicos, a inclusão da

contabilidade no quadro geral das ciências.

Herrmann Júnior faleceu prematuramente em São Paulo, em 18 de maio de

1946.

3.4 CORRENTES CIENTÍFICAS E NEOPATRIMONIALISMO

A ciência da Contabilidade se construiu com a cooperação de muitos

pensadores, todos intelectuais de grande valor e que conseguiram através de suas escolas

fazer com que elas se proliferassem em movimentos coordenados e liderados por idéias

fundamentais e características. As mais expressivas correntes científicas surgiram na

França, Itália, Alemanha, Portugal e Espanha, mas, com maior intensidade na Itália,

Alemanha e França (desde o século XIX).

Tais correntes foram as do Contismo, Materialismo, Personalismo,

Reditualismo, Aziendalismo, Controlismo, Neocontrolismo e Patrimonialismo.

Tais movimentos qualificaram as nações referidas perante a comunidade

científica internacional e construíram parte importante da História da Contabilidade. No

Brasil a primeira corrente que surgiu, com repercussão internacional, foi a do

Neopatrimonialismo. Trata-se de um esforço intelectual que está em marcha e como todo

trabalho cientifico em permanente pesquisa e progresso.

A corrente científica do neopatrimonialismo é constituída por estudiosos,

professores, universitários qualificados e profissionais. Tem muitos milhares de adeptos

dos quais quase duas centenas estão ligadas pela internet. Está ramificada em todos os

Estados do Brasil, em vários paises da América e Europa. Nada exige como custos de seus

participantes.

Mantém os mesmos unidos sob a liderança do Prof. Antônio Lopes de Sá. Do

componente só é exigido o compromisso que se expressa no trinômio de “imensa

dedicação”: à Contabilidade, à Ciência e à Pátria.

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31

Difundir as idéias em reuniões, salas de aulas, seminários, congressos,

conferências, artigos, livros, teses, trabalhos práticos, trabalhos universitários, pesquisas,

entrevistas, correspondências, páginas na Internet, tem sido a forma de cooperar com o

engrandecimento de tal doutrina e isto tem sido praticado por todos os componentes.

Esta doutrina derivou-se da Teoria Geral da Contabilidade, de autoria do prof.

Antônio Lopes de Sá, nascida da fusão de diversas teorias que este elaborou desde os na os

60 do século XX. Foi lançada na Universidade de Sevilha, na Espanha, em 1987. A obra

que lança as bases da corrente foi editada em 1992 pelo Centro Universitário da UNA e a

seguir pelo Ministério de Economia e Fazenda da Espanha, em Madri.

O Neopatrimonialismo é a primeira corrente de doutrina científica de origem

brasileira e fundamenta-se em metodologia própria.

Entende que a visão contábil deve ser holística. Adota como método ampliar a

indagação aos “fatos que fazem acontecer as transformações da riqueza”, além do observar

o que aconteceu e do que poderá acontecer. Fundamenta-se em axiomas e teoremas que

guiam toda a doutrina neopatrimonialista. Possui metodologia própria que a distingue das

demais e do próprio patrimonialismo científico de Vincenzo Masi e que tomou como ponto

de referência.

Tal filosofia da Contabilidade guia hoje o Centro Universitário da UNA, de

Belo Horizonte e possui ainda como adeptos os Centros de Pesquisas de outras instituições

como a da Universidade do Grande Rio, Fundação Visconde de Cairú, da Bahia,

Universidade de Unijui e outras. O movimento tem ainda a sustenta-lo a política da

Academia Brasileira de Ciências Contábeis e o evento internacional do PROLATINO e

que já tem a sua VI edição aprazada. O sistema dos Conselhos de Contabilidade têm

apoiado as iniciativas da corrente através do PROLATINO, com todo o amparo do

Conselho Federal de Contabilidade.

Todos os artigos do professor Antônio Lopes de Sá, tão logo escritos e antes de

serem publicados são enviados aos componentes cadastrados na corrente, assim como

noticias de natureza cultural. Vários colegas da corrente adotam o mesmo processo e

difundem o que escrevem entre os componentes.

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CAPÍTULO IV

EVOLUÇÃO CONTÁBIL

A contabilidade, no Brasil, tem todas as condições para formar entre as mas

avaliadas do mundo, faltando um maior investimento na área educacional e de pesquisa.

As entidades mas atuantes no campo contábil tem sido, tradicionalmente o

CFC- conselho federal de contabilidade (de cuja normas técnicas trataremos mas adiantes),

o IBRACON- instituto brasileiros de contadores e a CVM- comissão de valores

mobiliados. Assinam talvez os melhores pronunciamento e contribuições mas recente para

a contabilidade, com a deliberação CVM n.º 29, de 05\02 de 1986, reconhecendo o

pronunciamento do IBRACON sobre a estrutura conceitual básica de contabilidade , a

instrução CVM nº64, de 1987 instituindo a correção integral.

O Banco Central e a Receita Federal também tem tido atuação nas legislação

contábeis, bem com outras entidades em suas esfera de atuação, sem esquecer legislação

comercial propriamente dita, como a lei n.º 6.404 de 1976, sobre as sociedades coração

que, em sua parte contábil, mostrou grande avanço.

4.1 DECADÊNCIA E REERGUIMENTO CONTÁBIL

No século XVIII se evidencia uma fase de estagnação e decadência da

contabilidade na maioria dos países, notadamente no país que mais se esmerou no

aperfeiçoamento da disciplina que é a Itália. Os mestres nessa época, pareceram cansados,

indiferentes as pesquisas e procura de evolução, mas felizmente surgem os notáveis

Vergani, Breglia. E a situação adquiri novas formas.

Em França, para colaborar no reerguimento da contabilidade, surge De La

Porte.

O reerguimento e a volta da contabilidade como matéria científica se acentua

com Geovanni Rossi (1845/1921), estabelecendo a “teoria matemática das partidas

dobradas”.

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Mais tarde em França surgem os seguidores de Rossi destacando-se Leautey e

Guibault que apoiam e revigoram os fundamentos da teoria matemática das contas, dando a

disciplina formas modernas.

Na Itália ainda é Rossi que fundamentam os critérios e as normas seguras dos

balanços de previsão, o balanço orçamentário, possivelmente baseado nos fundamentos

teóricos da Pietra. Com Rossi se concretiza as formas de extrações e apresentações de

balanços finais.

Entre o século XVIII e XIX, Jones (inglês), Parini (italiano), Gerisher

(austríaco), é adotado o sistema contábil de Oldcasttle associado ao italiano, nos Estados

Unidos, com profundas raízes do processo britânico de Gerisher e Jackson.

Naquela época já era grande o surto industrial o comércio Norte americano e,

tomando-se por base que os processos contábeis aplicados nos Estados Unidos tendiam e

tendem o mais para a objetividade, aquele país iniciou o tratado da mecanização da

contabilidade sem preocupações de forma doutrina. Mesmo na forma de Roy B. Kester,

nota-se a sua maior tendência para os assuntos de natureza prática, muito embora se

encontre algo de doutrina em suas obras. Analisando-se as obras americanas, como a de

Kester, e outros, notamos uma forma inglesa americana, com acentuadas influências dos

processos italianos.

Na Irlanda, o processo entra em uso no ano 1837, através do princípio de

Oldcastle, também em harmonia com o processo Italiano, este, sempre preocupado em

criar novidade e formar doutrina. Como tradição, sendo a Itália o principal país a ditar

normas internacionais de contabilidade teórica e prática. É o que ainda acontece em nossos

dias. Muito embora alguns países tenham adquirido as bases italianas, não passaram das

bases e tentaram evoluir por conta própria dando na realidade da ciência das contas, um

emaranhado de formas e secionando a disciplina.

Em 1725, daí para frente, EDMOND DEGRANGES- pai, dá ao mundo a sua

obra intitulada “ The English Sistem By Single Or Double Entry” _ tratado de partidas

simples e dobradas, e cria as cinco contas gerais. Vem daí as bases da sua famosa “ Teoria

Personalista das contas”, firmando a personalidade do proprietária da azienda. Degranges

nessa obra estabelece a “ Chave da contabilidade” e o seu aciona usando a seguinte

expressão:

“ Tudo o que entra DEVE, e tudo o que sai tem de HAVER”.

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Indubitavelmente , tal raciocínio é próprio das partidas dobradas, mas, coube a

DEGRANGES fazer a evidenciação de modo definitivo. Tal raciocínio passou a servir de

base aos métodos didáticos, facilitando extraordinariamente a compreensão da disciplina.

Com aquela simples exposição, degranges define a contabilidade como ciência

profundamente lógica, do mesmo modo que Gitti a evidencia como sendo uma ciência de

rigorosidade matemática impecável.

Do postulado de Gitti e do raciocínio seguro de Degranges, se tornaram fáceis

as interpretações lógicas e filosóficas da contabilidade.

Conforme fizemos situação, são cinco as contas estabelecidas por Degranges,

na sua teoria personalista das contas, a saber:

1- Mercadorias gerais;

2- Caixa;

3- Cambiais ativas;

4- Cambiais passivas;

5- Lucros e perdas;

Esses processos, de Degranges, receberam, de parte dos italianos, a

denominação de “Cinquecontiste” teoria das cinco contas, por serem estas os grupos

fundamentais.

Degranges, pesquisador profundo não para ai. Procura outros meios de

racionalização das contas e dos livros, criando o diário-razão e que os ingleses denominam

“Skeleton Accounts”.

Em 1804, os Estados Unidos da América do Norte reproduzem a obra de

Degranges.

4.2 O BRASIL E A EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO

Somente no início do século XIX surgiu o ensino superior no Brasil, criado por

motivos de interesses utilitários e imediatistas, sem nenhuma preocupação com modelo de

ensino.

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Nesse contexto, Sampaio, 1991, p. 42, destaca que:

[...]A independência política, em 1822, não implicou uma mudança de formato

do ensino superior nem tampouco uma ampliação do sistema. Os novos

dirigentes não vislumbraram qualquer vantagem na criação de universidades,

prevalecendo o modelo de formação para

profissões, em faculdades isoladas. Na verdade, o processo de emancipação não

foi além de uma transferência formal de poder. A sociedade pós-colonial

permaneceu escravocrata até o final do século XIX, atrelada a uma economia

baseada largamente na exportação de produtos, com uma vida urbana restrita a

poucos núcleos de assentamento – tradicionais e/ou decadentes – e a alguns

centros administrativos e exportadores. Neste contexto tiveram origem os dois

cursos de Direito (São Paulo e Olinda, 1827) [...]

A criação das Universidades no Brasil, teve como argumentos a liberdade de

ensinar e do livre exercício de qualquer atividade profissional, pois, com as universidades

preservou o profissionalismo originário das escolas isoladas.

Embora tenha ocorrido demora para a criação das universidades brasileiras em

relação às argentinas, isso não influenciou no desenvolvimento profissional, que pode ser

equiparado quanto às qualificações e à competência.

4.3 A PROFISSÃO CONTÁBIL NO BRASIL

A formação profissional do Contador, no Brasil, iniciou no século XVIII, com

o surgimento da Aula de Comércio, que mais tarde corresponderia à Academia, que, por

sua vez, hoje se denomina Faculdade, ou Escola Superior (RODRIGUES, 1985, p. 34).

O curso superior de Ciências Contábeis foi instituído pelo decreto-lei n.º 7.988,

de 22-09-45.

No Brasil, a Profissão Contábil tem primazia no reconhecimento como

profissão liberal, reunidos por Contadores e Técnicos em Contabilidade, regulamentada

pelo decreto-lei n° 9.295, de 27 de maio de 1946 e resoluções complementares, segundo

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disposições expressas no art. 12 do decreto-lei n.º 9.295-46, só pode exercer a profissão

contábil quem possuir seu registro (inscrição profissional) no CRC da sua jurisdição.

4.4 PERSPECTIVAS DA CONTABILIDADE E DA PROFISSÃO CONTÁBIL NO

BRASIL

Do ponto de vista puramente financeiro, em termo de mercado de trabalho para

o contador, as perspectivas são excelentes. Na verdade, ainda estamos na limiar de uma era

em que será reconhecida toda importância da função contábil dentro das entidades. O

numero de bons profissionais, com ampla visão de administração financeira, é ato escasso,

no momento, que os poucos que a possui e, portando, tem condições de assumir posições

de controladores, diretores financeiros, chefes de departamento de contabilidade e de

custos, auditores internos e externos, tem obtido remuneração e satisfaço profissional

muito grandes. Isto somente poderá evoluir com o vasto campo de aperfeiçoamento

introduzido pela legislação recente, embora, o nível médio dos profissionais que terão de

operar os dispositivos ainda seja relativamente fraco, mas com sinais evidentes de

progresso.

Entretanto, um progresso constante, duradouro, equilibrado e que dependa de

algo mais que meras adaptações de princípios norte-americanos de contabilidade somente

será possível se ocorrerem as seguintes circunstância:

1. nossas entidades representativas de contadores necessitarão realmente

continuar um trabalho de profundidade sobre pesquisa de princípios

contábeis. É verdade que isto exige recursos, difíceis de serem obtidos,

ainda mais considerando-se o reduzido número de sócios ou membros;

2. será necessário que nossos técnicos de contabilidade se dirijam, em massa,

para os bons cursos de Ciências Contábeis, a fim de obterem uma formação

realmente completa. Os bons cursos de Ciências contábeis, diga-se de

passagem, são escassos;

3. nossas instituições de pesquisa, principalmente as universidades, precisam

dedicar fundos e esforços à pesquisa contábil, no sentido de treinar, manter

e atualizar seu corpo docente, com boa participação de docentes que se

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dediquem integralmente à universidade. Entramos, então, em um campo

delicado e que tem merecido a atenção de professores, estudiosos e

pesquisadores. A longo prazo, muito pouco será possível realizar em nível

de qualidade internacional, sem um corpo de pesquisadores de alto gabarito,

adequadamente remunerados. A única instituição que até alguns anos tinha

condições de manter esse corpo era a Universidade de São Paulo. Hoje,

entretanto, nota-se a progressiva perda de talentos docentes e de pesquisas

na área contábil (e em outras).

Este problema, diga-se de passagem, embora esta talvez o sinta mais do que

outras áreas devido ao atrativo que o mercado oferece aos mais bem dotados. É claro que

não desejamos nem seria viável ou razoável que todos os melhores talentos

permanecessem na universidade em tempo integral. Entretanto, é preciso dar condições

mínimas aos que dispõem de verdadeiro talento para a pesquisa pura e publica e ampliada

para a docência. Eles são verdadeiros pólos reprodutores e incentivados de processos para

a produção. As fundações de apoio como a fipecafi, no caso da contabilidade, tem ajudado

bastante em manter pesquisadores em tempo integral, mas recentemente tem enfrentado

resistências de setores importantes para a USP.

Assim, temos todas as possibilidades de progredir, pois fomos expostos às duas

grandes tendências contábeis, aprendemos os pontos fortes e as fraquezas de cada uma

delas e temos condições se houver muito esforço e recursos, de solidificar uma verdadeira

escola Brasileira de contabilidade.

4.5 A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE NO SÉCULO XIX E INÍCIOS DO

SÉCULO XX

4.5.1 GRANDES MESTRES

A contabilidade, que até meados do século XIX era tida e tratada como um

método de escrituração, passa a receber roupagem científica a partir das obras de

renomados escritores como Francesco Villa (1840), Francesco Marchi (1867), Giuseppe

Cerboni (1886).

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4.5.2 O MAIOR MESTRE

Fechando o século de forma ciclópica surge o vulvo de Fábio Besta (1891 La

ragioneiria - apenas o primeiro volume) os três volumes da obra completa somente

aparecem em 1909-1910. Besta, apenas para ficarmos nos autores italianos, sem dúvida os

mais famosos da época, define contabilidade como.... a Ciência do controle Econômico das

Entidades... talvez ainda hoje a mais concisa e, ao mesmo tempo, perfeita e abrangente

definição de nossa disciplina, antecipando em pelo menos uns 30 a 40 anos as modernas

noções e conceitos de controladoria.

O século XIX caracteriza-se como uma fase de grande progresso da disciplina,

na qual pelo menos nas intenções e, em parte, nas realizações, esse campo de

conhecimento se transforma em algo de interesse para uma melhor administração das

entidades e digno de uma metodologia científica.

4.5.3 CORRENTES EUROPÉIAS RECENTES

O século XX é ainda mas profícuo no surgimento de grandes autores e

doutrinas contábeis, já que besta havia deixado uma base muito sólida, encerrando o século

XIX e abrindo o XX. Surgem grandes autores e correntes liderados por gino Zappa,

vicenzo Masi mas recentemente, aldo Amaduzzi, na Itália; na Alemanha, schalembach e

fritz se salientam, incursionando inclusive nos problemas das variações de preços; na

Holanda e em outros países nomes de vulto também surgem.

4.5.4 CORRENTES AMERICANAS RECENTES

Nos Estados Unidos aparecem Hatfield, Paton, Littleton, Moonitz, Anthony,

Horngren, Edwards e bell, apenas para ficarmos com alguns dos autores que marcam a

primeira metade do século XX com suas obras de grande impacto. Obras que se inserem de

forma válida no contexto da avaliação de entidades, divisões aspectos micro e macro da

contabilidade; enfim, no vasto campo de estudos e aplicação abrangido por essa disciplina.

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Essa citação é parcial, não só no que se refere aos nomes de autores, como a de países

Hoje em dia fervilham, principalmente nas grandes universidades as pesquisas contábeis,

levando a disciplina a fronteiras avançadas nunca antes imaginadas.

Observou-se que, à medida que o desenvolvimento se intensificou com os

passar dos anos e, principalmente, a partir do século XX, novas situações se apresentaram,

exigindo respostas mais rápidas e consistentes da Contabilidade e de seus profissionais.

Este processo continua nos dias atuais, cuja intensidade é ainda maior, em

função da velocidade e do impacto que as mudanças atualmente causam. Na verdade, o

desafio de adaptação à realidade é permanente e cada vez maior, e o sucesso da

Contabilidade e de seus profissionais em grande parte está ligado à capacidade de

percepção e de oferecimento de respostas aos desafios que lhes forem apresentados. Este

dinamismo marca o desenvolvimento da sociedade, e por conseqüência da Contabilidade e

de seus profissionais.

O surgimento de novos eventos econômico - financeiros, ou a reestruturação de

outros que não tenham seus termos contemplados no conjunto de terminologia contábil,

constituem um obstáculo para a divulgação das informações atreladas a esses eventos.

Por esses motivos, o estudo da evolução da contabilidade torna-se relevante em

virtude da necessidade de analisar se as mesmas acompanham a evolução que ocorre no

cenário econômico-financeiro.

4.6 O CENÁRIO ATUAL DA CONTABILIDADE

Nas últimas décadas, graças aos avanços tecnológicos e aos sistemas

informatizados que permitiram que o trabalho de registro de dados fosse feito de forma

mais rápida, o contador moderno possui mais tempo para analisar as informações

constantes nos relatórios gerados pela contabilidade. E, ainda, pode criar diversos

relatórios que auxiliem o administrador, pois geralmente é o próprio proprietário que se

encontra mergulhado nas rotinas operacionais e não tem tempo para controle e

planejamento dos negócios.

A economia está passando por mudanças profundas, levadas pelas novas

situações advindas do processo de globalização. Operações que envolvem fusões e

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aquisições de empresas, derivativos, etc. Têm sido constantes nesse processo. A cada dia

essas transações tornam-se mais complexas.

O desenvolvimento contábil, acompanha de perto o desenvolvimento

econômico. Com a ascensão econômica do colosso norte-americano, o mundo contábil

volta sua atenção para os estados unidos, principalmente a partir de 1920, dando origem ao

que alguns chamam de Escola Contábil Norte-americana.

O surgimento das gigantescas corporations, principalmente em início do século

atual, aliado ao formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário

ritmo de desenvolvimento que aquele país experimentou e ainda experimenta, constitui um

campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis norte-americanas.

Não podendo esquecer, que os Estados Unidos herdaram da Inglaterra uma

excelente tradição no campo da auditoria, criando lá sólidas raízes.

No início do século XX presenciou a queda da chamada Escola Européia (mais

especialmente a italiana) e a ascensão da chamada Escola Norte- americana no mundo

contábil.

Abaixo apresenta alguns motivos que levaram à mudança do cenário

internacional da contabilidade. Hoje em dia, entretanto, a tendência é rumo à

harmonização internacional das normas contábeis, adotando o modelo IASC (international

accounting committee), de inspiração anglo.

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QUADRO1 . COMPARAÇÃO ENTRE AS PRINCIPAIS ESCOLAS

DOUTRINÁRIAS

Algumas razões da queda da escola Européia (

especificamente italiana)

Algumas razões da ascensão da Escola Norte-

americana

1. Excessivo Culto à personalidade: Grandes

mestres e pensadores da contabilidade ganharam

tanta notoriedade que passaram a ser visto como

“oráculos” da verdade contábil.

1. Ênfase ao usuário da informação contábil:

Contabilidade é apresentada como algo útil para a

tomada de decisão, evitando de endeusar

demasiadamente a contabilidade; Atendendo os

usuários é o grande objetivo

2.Ênfase a uma contabilidade Teórica: as mentes

privilegiadas produziam trabalhos excessivamente

teóricos, apenas pelo gosto de serem teóricos,

difundindo-se idéias com pouca aplicação prática.

2. Ênfase à contabilidade Aplicada: principalmente

à Contabilidade Gerencial. Ao contrário dos

europeus, não havia uma preocupação com a teoria

das contas, ou querer provar que a Contabilidade é

uma ciência.

3. Pouca importância à Auditoria: principalmente

na legislação italiana, o grau de confiabilidade e a

importância da auditagem não eram enfatizados.

3. Bastante Importância à Auditoria: como

herança dos ingleses e transparência para os

investidores das Sociedades anônimas (e outro

usuários) nos relatórios contábeis, a auditoria é muito

enfatizada.

4. Queda do nível das principais faculdades:

principalmente as faculdades italianas,

superpovoadas de alunos.

4. Universidades em busca de qualidade: grandes

quantias para as pesquisas no campo contábil, o

professor em dedicação exclusiva, o aluno em

período integral valorizaram o ensino nos Estados

Unidos.

FONTE: IUDÍCIBUS, S, MARION, J.C ( 2002, Pág 36)

4.7 O FUTURO DA CONTABILIDADE

Nos 500 anos desde que pacioli escreveu seu livro, a contabilidade

propriamente dita tem permanecido virtualmente constante. Pacioli se sentiria muito

confortável com os sistemas contábeis que encontramos hoje. Sem dúvida, vários

instrumentos financeiros o surpreenderiam, mas, uma vez que lhe fosse explicado que

simplesmente representam novas formas de crédito a serem lançados no lado direito do

balanço, ele não teria dificuldade alguma.

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Enquanto isso, porém, o mundo sofreu uma revolução informacional que

deveria Ter afetado a contabilidade de maneira dramática. Entretanto, tal como aconteceu

na revolução industrial, tem havido uma defasagem entre as invenções e as aplicações. Os

autores de livros-textos ainda explicam como os débitos ficam à esquerda e o crédito à

direita, e ensinam aos alunos a técnica de subtração por oposição que se tornou obsoleta

em aritmética três séculos atrás. A partir daí, os programadores procuram refletir fielmente

essas idéias medievais nas telas dos computadores modernos. A contabilidade ainda está

para tirar proveito das novas invenções que prometem revolucionar a divulgação financeira

como hoje a conhecemos.

Em lugar de razonetes, haverá bases de dados das quais os dados financeiros

serão apenas uma parte. Os administradores terão acesso imediato a essas bases de dados

usando rotinas de busca apoiadas por sistemas especialistas. Uma versão simplificada

dessas bases de dados será transmitida por linha telefônica aos usuários para a

transferência a seus discos compactos, que conterão algum pacote genérico de análises,

incluindo menus que lhes permitam produzir o tipo de demonstração financeira que

desejam. As empresas não precisarão escolher um método de reconhecimento de receita,

por exemplo, mas serão capazes de oferecer uma variedade de métodos aos acionistas para

suas análises. Gráfico dinâmicos de todos os tipos estarão disponíveis, permitindo aos

usuários que acompanhe visualmente o crescimento da empresa numa tela. Haverá

inclusão de hipertextos para que os usuários possam buscar o nível de informação básica

apropriado para a análise que desejam fazer. Terá havido uma verdadeira revolução na

contabilidade quando toda essa informação for acessível aos investidores. Tudo o que é

necessário para transformá-la em realidade é aplicar a tecnologia disponível.

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CONCLUSÃO

A contabilidade, foi evoluindo, adquirindo normas até chegar a dinâmica de

controle atual, foi ganhando espaço no mercado de trabalho, surgindo o controle do

desenvolvimento dessa ciência no seu aspecto profissional acompanhando os avanços do

contexto sócio econômico e financeiro nas suas funções de controle e orientação da

atividade contábil.

Observou-se que, à medida que o desenvolvimento se intensificou com os

passar dos anos e, principalmente, a partir do século XX, novas situações se apresentaram,

exigindo respostas mais rápidas e consistentes da Contabilidade e de seus profissionais.

Este processo continua nos dias atuais, cuja intensidade é ainda maior, em

função da velocidade e do impacto que as mudanças atualmente causam. Na verdade, o

desafio de adaptação à realidade é permanente e cada vez maior, e o sucesso da

Contabilidade e de seus profissionais em grande parte está ligado à capacidade de

percepção e de oferecimento de respostas aos desafios que lhes forem apresentados. Este

dinamismo marca o desenvolvimento da sociedade, e por conseqüência da Contabilidade e

de seus profissionais.

Por esses motivos, o estudo da evolução da contabilidade torna-se relevante em

virtude da necessidade de analisar se as mesmas acompanham a evolução que ocorre no

cenário econômico-financeiro.

Nas últimas décadas, graças aos avanços tecnológicos e aos sistemas

informatizados que permitiram que o trabalho de registro de dados fosse feito de forma

mais rápida, o contador moderno possui mais tempo para analisar as informações

constantes nos relatórios gerados pela contabilidade. E, ainda, pode criar diversos

relatórios que auxiliem o administrador, pois geralmente é o próprio proprietário que se

encontra mergulhado nas rotinas operacionais e não tem tempo para controle e

planejamento dos negócios.

A contabilidade, no Brasil, tem todas as condições para formar entre as mas

avaliadas do mundo, faltando um maior investimento na área educacional e de pesquisa.

As entidades mas atuantes no campo contábil tem sido, tradicionalmente o

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mobiliados. Assinam talvez os melhores pronunciamento e contribuições mas recente para

a contabilidade, com a deliberação CVM n.º 29, de 05\02 de 1986, reconhecendo o

pronunciamento do IBRACON sobre a estrutura conceitual básica de contabilidade , a

instrução CVM nº64, de 1987 instituindo a correção integral.

Assim, temos todas as possibilidades de progredir, pois fomos expostos às duas

grandes tendências contábeis, aprendemos os pontos fortes e as fraquezas de cada uma

delas e temos condições se houver muito esforço e recursos, de solidificar uma verdadeira

escola Brasileira de contabilidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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HENDRIKSEN, E. S., VAN BREDA, M. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999.

IUDÍCIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 7º. Ed. São Paulo: Atlas, 2004.

IUDÍCIBUS, S, MARION, J.C. Introdução à teoria da contabilidade. 3º.Ed. São Paulo:

Atlas, 2002.

LEITE, Carlos. Ed. Barros. A evolução das ciências contábeis. Rio de Janeiro: FGV, 2005.

SÁ, Antônio Lopes de. História Geral e das doutrinas da Contabilidade. São Paulo: Atlas,

1997.

SCHMIDT, P. História do pensamento contábil. Porto Alegre: Bookman, 2000.

TOLSTOI, C. Klein. História da contabilidade. Rio de Janeiro: Aurora, 1954.

SÁ, Antônio Lopes de. Correntes científicas e o neopatrimonialismo. Disponível em:

< http:// www.lopesdesa.com.br>

Acesso em: 20 de abril de 2010, 16:30:30

SÁ, Antônio Lopes de.Princípios contábeis. Disponível em:

< http:// www.guiacontabil.hpg.ig.com.br/artigos.htm>

Acesso em: 15 de maio de 2010, 14:20:30