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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A MULHER E A CONQUISTA DE UM ESPAÇO:
TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO DA MULHER E O MERCADO DE TRABALHO
LEIDIANE LEANDRO GOMES
Orientador
Prof. Flávia Cavalcanti
Rio de Janeiro
Agosto 2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A MULHER E A CONQUISTA DE UM ESPAÇO:
TRAJETÓRIA DE FORMAÇÃO DA MULHER E O MERCADO DE TRABALHO
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Pedagogia Empresarial
Por Leidiane Leandro Gomes
3
AGRADECIMENTOS
A Deus que me proporcionou mais esta oportunidade.
A todos que acreditaram no meu trabalho, investiram e incentivaram com uma
palavra amiga e um ombro para escutar as minhas preocupações.
Ao meu pai Manoel e as mulheres da minha vida, minha mãe Geralda e minha
irmã Lissandra.
Ao meu noivo Admilson, pela paciência em me ouvir sempre nos momentos de
desespero.
A professora Flavia Cavalcanti pela paciência em me receber no horário que
não era de orientação e pela sua ótima orientação.
Em especial às operárias do Estaleiro Brasfels, pois sem elas este trabalho
não existiria.
A todos o meu muito obrigado!
4
DEDICATÓRIA
A todas as mulheres que como eu confiam na
sua capacidade de conquistar mais e novos
espaços.
5
RESUMO
O sistema de representações construído historicamente criou e recriou
esteriótipos para a mulher. Seja ela trabalhadora ou não. Limitando seus
espaços de atuação dentro da sociedade, ditando o que deveriam ou não
fazer. Porém, percebemos muitas mudanças em relação à entrada destas
mulheres no mercado de trabalho, apresentando novas perspectivas para elas.
A fábrica é um desses espaços que se abrem às mulheres. Neste trabalho
analisaremos a realidade das operárias de uma indústria naval: seu trabalho,
seus limites e expectativas em relação a este novo campo. Encarando-o
também, como espaço de formação. Trazendo um breve histórico sobre as
mulheres e sua relação com a educação e o trabalho. O acesso às
informações foi feito através de pesquisa bibliográfica sobre o tema e
entrevistas com as operárias da área de solda, elétrica e instrumentação.
Percebemos que a entrada da mulher neste mercado aponta para o
desenvolvimento desta em relação à educação e a profissionalização. No
entanto marcadas pela dupla jornada de trabalho ligada aos filhos e ao marido,
quando é o caso, e ao preconceito tão presente neste processo.
6
METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica, dos quais foram
confeccionados resumos para melhor compreensão do tema. Das leituras que
foram feitas para fundamentação, utilize-me de: Soihet – 2001, de Santos –
1996, Rago – 1985, Louro – 2001, Aranha – 1996 e Carneiro – 1994. Foi
realizada também uma pesquisa de campo, aonde foi realizada uma visita ao
estaleiro Brasfels – mais especificamente no centro de treinamento e Escola
técnica e entrevista as alunas. Esta entrevista foi de suma importância, pois
mostrou como esta sendo o trabalho realizado por esta indústria naval.
Através desta pesquisa bibliográfica e a entrevista foi possível à confecção
deste trabalho.
7
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 8
2. CAPITULO I - Panorama Histórico Sobre as Mulheres: A Construção da
Condição Feminina 11
3. CAPÍTULO II - Mulher E Educação: Expansão das Oportunidades ao
Longo do Século XX 20
4. CAPÍTULO III - Condições de Trabalho: Expectativas e a Realidade da
Mulher Operária 30
5. CONCLUSÃO 37
6. ANEXO 40
7. BIBLIOGRAFIA 42
8. ÍNDICE 43
8
INTRODUÇÃO
Nossa sociedade vem passando por grandes mudanças, ocorridas
principalmente nas últimas décadas. Uma nova forma de olhar o mundo, a
diversidade e as transformações tão presentes no cotidiano de todos nós.
Cada vez mais os espaços são ampliados. Avanços e oportunidades
vão surgindo principalmente no mundo do trabalho. Ouvimos falar em
globalização, novas tecnologias, industrialização, mas também em
desemprego e pobreza.
Todos esses processos introduzem mudanças nas relações de trabalho
construídas até hoje. Novas regras são elaboradas. E neste espaço de
construção de relações, que é o mercado de trabalho, estão as relações de
compra e venda de mão - de - obra, empregado e empregador, dominantes e
dominados. E também estão inseridas as relações de gênero, que vêm abrindo
outros campos para as mulheres que vêm ocupando diferentes espaços no
mercado de trabalho.
É importante ressaltarmos que a inserção da mulher no mundo do
trabalho vem sendo acompanhada, ao longo desses anos, por elevado grau de
discriminação, não só no que tange à qualidade das ocupações que têm sido
criadas tanto no setor formal como no informal do mercado de trabalho, mas
principalmente no que se refere à desigualdade salarial entre homens e
mulheres.
Este trabalho tem por objetivo compreender como as mulheres
passaram, através dos tempos, a ocupar espaços de trabalho anteriormente
ocupados apenas por homens, principalmente nas fábricas e analisar a
situação da mulher em Angra dos Reis, trazendo experiências de algumas
9
funcionárias do estaleiro Brasfels. Considerando aspectos históricos sobre as
mulheres, a educação destinada a elas e o mercado de trabalho.
O primeiro capítulo apresenta um breve panorama histórico sobre as
mulheres através dos tempos. E como foi a construção dos diferentes
estereótipos dados a mulher em diferentes épocas. Onde Soihet, Rago,
apresentam suas contribuições sobre o tema.
O segundo capítulo aponta aspectos sobre a educação dada ao público
feminino, muitas vezes um ensino diferenciado para homens e mulheres e a
inserção desta no mercado de trabalho. Percorrendo alguns caminhos
traçados pelas mulheres em relação ao trabalho na sociedade capitalista, as
causas, limitações e possibilidades crescentes. Trazendo as discussões de
Aranha, Carneiro Marx, Engels, Muraro e Santos.
O terceiro capítulo apresenta um estudo de caso, a partir da proposta de
análise da situação da mulher em Angra dos Reis. Fazendo um relato sobre a
experiência das funcionárias, especialmente as metalúrgicas, do estaleiro
Brasfels.
Este trabalho foi realizado através de pesquisa no Centro de
Treinamento – Escola Técnica do Brasfels. Que passou a incorporar de
maneira significativa mulheres em seu quadro funcional. Buscando observar as
condições de trabalho destas operárias, sua realidade e expectativas. Através
de entrevistas com as mulheres que atuam na área de solda, elétrica e
instrumentação e coordenação do Centro.
Buscando saber onde estão estas mulheres. Reconhecendo os
diferentes espaços de FORMA - AÇÃO da mulher e de desenvolvimento de
seu trabalho. Estas que cada vez mais demonstram sua capacidade de
conciliar os cuidados com a casa e o trabalho fora dela. Que driblam as
dificuldades para ingressar neste mercado de trabalho, onde a dupla, ou tripla
jornada não as tem intimidado. Há muitas mulheres desempenhando tarefas
fisicamente pesadas, sustentando muitos lares, desenvolvendo sua
10
capacidade intelectual e de liderança em diferentes áreas, como a profissional
e política.
11
CAPÍTULO I
PANORAMA HISTÓRICO SOBRE AS MULHERES: A
CONSTRUÇÃO DA CONDIÇÃO FEMININA
Para refletir sobre a situação da mulher em nossa sociedade é
necessário pensar o modelo econômico, político e social em que estamos
inseridos. Buscando aprofundar as bases que sustentam as relações de
dominação, reorganizando as estruturas econômicas e sociais, constituindo
valores ideológicos e políticos.
Através dos tempos conhecemos uma história sobre a humanidade
centrada na figura masculina. Durante muito tempo impondo modelos para o
comportamento feminino, que deveria ser de submissão e obediência. “A
filosofia afirmava nas mulheres a inferioridade da razão como um fato
incontestável, cabendo-lhes apenas, cultiva-la na medida necessária ao
cumprimento de seus deveres naturais: obedecer ao marido ser – lhe fiel e
cuidar dos filhos”. (Soihet, 2001, p100). Tendo, a mulher, sua vida controlada
por estes, pai ou marido, que direcionavam suas atividades, vestimentas e até
mesmo sua fala que muitas vezes foi silenciada por julgarem que as mulheres
eram inferiores.
A origem da submissão feminina por muitas vezes foi explicada de
forma biológica, como que por natureza a mulher teria o corpo mais fraco do
que o do homem. “A medicina conferia a essas idéias, durante o século XIX,
respaldo científico assegurando constituírem características femininas as
razões biológicas a fragilidade, o recato, o predomínio das faculdades afetivas
sobre as intelectuais, a subordinação e a vocação maternal”. (idem). Em
oposição ao homem que apresentava como características a força física, a
autoridade e a racionalidade como características natas.
12
Enquanto o índio guerreava, caçava e pescava, a índia plantava a mandioca e preparava a bebida ritual. Enquanto o negro trabalhava na mineração, a negra vendia comestíveis e aguardente em seus tabuleiros. Enquanto o médico cuidava dos enfermos as parteiras ajudavam as mulheres a terem seus filhos. Havia plebéias pobres que trabalhavam na roça plantando milho e feijão, fiavam e teciam o algodão que costuravam. (Silva, 2000)1.
Mesmo que primitivamente homens e mulheres desempenhavam
funções relativamente de igual valor, complementando um a atividade do outro.
A causa da situação de inferioridade vivida pelas mulheres foi discutida
durante muitos anos, porém não é somente o fator biológico que vai explicar
esse tratamento de forma diferenciada dado a mulher, que desempenhava e
desempenha atividades tão importantes quanto as dos homens. Os diferentes
papéis dados a homens e mulheres dentro da sociedade passam também por
variações sociais e culturais aceitas ao longo dos anos, que determinaram o
que aconteceria com homens e mulheres.
1.1 As relações familiares
A família era estruturada num regime patriarcal, onde o homem era o
provedor de todas as necessidades. A mulher, filhas e filhos deviam inteira
obediência ao marido e ao pai, encarregado de manter a família dentro dos
1 *Fragmento do texto de Maria Beatriz Nizza da Silva, historiadora e coordenadora do
dicionário da colonização portuguesa no Brasil, publicado no jornal o público de 08/03/2000.
13
padrões sociais. A ele competia julgar o certo, o errado e o futuro de seus
filhos, sempre levando em conta a necessidade da família e não a do
indivíduo. Às filhas eram destinados os mesmos caminhos das mães, quando
não, restava-lhes a vida religiosa.
Todos os passos eram dados de forma a preservar e, se possível,
aumentar o patrimônio material e moral da família através da união das
famílias por meio do casamento de seus filhos. Mantendo o equilíbrio social do
padrão de vida levado pelas famílias.
Desde a infância as meninas começavam a ser treinadas para o
casamento, eram conduzidas pelo contexto social a adquirirem
comportamentos, valores e procedimentos de forma a corresponderem aos
papéis sociais construídos historicamente e incorporados ao longo de suas
vidas.
Deveriam saber cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos, ter
sensibilidade e delicadeza. “A mulher cabia, agora, atentar para os mínimos
detalhes da vida cotidiana de cada um dos membros da família, vigiar seus
horários, estar a par de todos os pequenos fatos do dia-a-dia prevenir as
emergências e qualquer sinal de doença ou desvio”. (Rago, 1985, p62). De
forma a manter o equilíbrio dentro do espaço familiar. A ela estava reservado o
espaço da casa.
No discurso médico, a mulher poderia ser conduzida por dois caminhos
até a vida doméstica: o instinto natural e o sentimento de responsabilidade na
sociedade. “Enquanto ao homem fica designado a esfera pública, para ela o
espaço privilegiado para a realização de seus talentos, a esfera privada do lar”.
(Rago, 1985, p75) encarnando a esposa, mãe e dona de casa longe da vida
pública.
Porém várias modificações ocorreram, principalmente, na estrutura
familiar com as crescentes exigências, da urbanização e o desenvolvimento
comercial e industrial ocorridas nos principais centros. A presença feminina se
faz necessária no espaço público, nos acontecimentos sociais e sua
14
participação ativa no mundo do trabalho. Às mulheres ricas a exigência de uma
boa educação, preocupações estéticas, com a moda, um bom preparo para o
casamento. Às mulheres pobres a utilização de sua força de trabalho nas
indústrias, escritórios, lojas e outros serviços como alternativas possíveis e
necessárias.
A invasão do cenário urbano pelas mulheres, no entanto, não traduz um abrandamento das exigências morais. Ao contrário, quanto mais ela escapa da esfera privada da vida doméstica tanto mais a sociedade burguesa do século XIX lança sobre seus ombros o anátema do pecado, do sentimento de culpa diante do abandono do lar. (Rago, 1985, p.63).
Somente a partir da guerra de 1914 a 1918 começam a desaparecer
muitas das limitações impostas as mulheres, quando estas são chamadas a
desempenhar quase todos os ofícios que antes eram exercidos unicamente
por homens, que agora haviam sido enviados aos campos de batalha. Ao
término da II guerra mundial as mulheres já estavam inseridas no universo
masculino. Por muitos anos a mulher foi inteiramente submissa não só por ser
“fraca” fisicamente, mas principalmente por não participar diretamente da
produção dos bens. Transformações sociais e econômicas que aconteceram
no mundo, e em especial no Brasil, trouxeram para a mulher a oportunidade de
executar atividades lucrativas, antes destinadas somente aos homens.
15
1.2 Um pouco da história das mulheres brasileiras
A história da colonização do Brasil é centrada em feitos históricos
liderados por homens desbravadores e empreendedores e onde estavam
nossas mulheres? Índias, negras e brancas?
A ocupação do país na época da colônia se fez de maneira que as
mulheres ficassem em segundo plano nessa história. Sob a organização do
sistema colonial a vida feminina estava restrita ao bom desempenho do
trabalho doméstico e na assistência a família. E ao homem a manutenção da
mulher e dos filhos, como vimos anteriormente.
Na sociedade colonial, mulheres eram vítimas, pertencentes a todas as
raças. Vítimas da violência e assédio de falsos pretendentes, senhores de
engenho e fazendeiros. Elas eram raptadas da casa de seus pais, outras eram
órfãs obrigadas a se casarem com bárbaros desconhecidos. Maridos que
matavam suas esposas e maltratavam-nas, castigando-as sem piedade com
um tratamento como se fossem animais, por uma suspeita de infidelidade.
Eram trancadas em conventos a pedido de seus maridos apoiados pelas
autoridades civis e religiosas, respaldados pela legislação da época. Mas
também surgem as transgressoras, julgadas como especialistas em rituais,
procuradas pela população para fazer curas e benzeduras. E outras que
cuidavam de seus interesses e suas propriedades. Em sua maioria
analfabetas, mas que ajudaram a escrever a história do Brasil.
A igreja, instituição mantenedora do projeto de difusão da importância
do matrimônio impôs as normas de conduta e que estabeleciam as divisões e
incumbências no casamento dentro do sistema patriarcal vivido no país,
apresentando o casamento como sinônimo de segurança e proteção para a
fragilidade feminina, aproximando-a dos padrões estabelecidos socialmente.
Neste período nos referimos a uma mulher ligada a vida doméstica.
16
A educação religiosa ministrada na época não incluía as mulheres, mas
pregava a obediência ao pai, ao marido e a religião como preceitos a serem
seguidos. A elas não era permitido ler e escrever. Nas escolas administradas
pela igreja só eram ensinadas técnicas manuais e domésticas. Esta situação
era imposta de forma a manter a dominação, desprovendo-as de
conhecimento que permitisse pensar em igualdade de direitos. Assim viviam
sem contato com o mundo exterior, dedicando sua vida ao lar e a igreja.
A chegada da família real ao Brasil proporcionou a abertura de algumas
escolas religiosas onde as mulheres podiam estudar restritas novamente ao
conhecimento dos trabalhos manuais e domésticos, acrescentando o ensino
de português de Portugal a nível primário.
Com a constituição de 1824 surgiram escolas destinadas à educação da
mulher, acrescentando às atividades manuais, os cânticos e o ensino
brasileiro.
O Brasil colônia seguia as leis portuguesas mesmo após ter se tornado
independente. Durante muitos anos foram criadas leis que controlavam a
conduta feminina, suas ações e obrigações diante da figura do marido. A
primeira forma de legislação brasileira foram as ordenações Filipinas que
vigoraram no Brasil até o ano de 1917. De acordo com as ordenações, o
marido tinha o direito de aplicar castigos físicos a sua companheira, chegando
a tirar-lhe a vida se desconfiasse de adultério. A mulher não era permitida
testemunhar em público e o pátrio poder era exclusividade do marido.
Com a implantação do regime republicano o decreto nº 181 de 24 de
janeiro de 1890 manteve o domínio patriarcal, mas retirou do marido o direito
de impor castigos à mulher e aos filhos.
Pelo código civil de 1916, a mulher casada era considerada
relativamente incapaz. Não poderia sem autorização do marido aceitar ou
repudiar heranças. Continuava em extrema desigualdade, não podendo
realizar nenhuma atividade sem o conhecimento prévio. Também não poderia
exercer uma profissão.
17
1.3 Mexe e remexe: o movimento de mulheres nos Brasil
Os movimentos de mulheres vêm resistindo e lutando, considerando a
necessidade de ampliar a ação das mulheres no sentido de diminuir as
desigualdades. Com discussões sobre a dominação patriarcal dada a
sustentação da subordinação feminina e ainda sobre a ocupação do espaço,
divisão social do trabalho, responsabilidade no cuidado com os filhos, trabalho
doméstico, mercado de trabalho, participação política, relação de poder, saúde
e educação. Buscando desconstruir, ao longo do tempo, a sociedade patriarcal
existente que manteve as desigualdades sociais e construir uma sociedade
mais igualitária “(...) onde nós mulheres sejamos diferentes sim, mas com
todos os direitos”. (Santos, 1996, p36).
Iniciado no século XIX, o movimento de mulheres e feministas começa a
apontar para a participação da mulher em diferentes esferas da sociedade.
Com pequenos grupos de feministas em São Paulo até as grandes
conferências organizadas atualmente. Trazendo as mais diferentes discussões
sobre a situação da mulher no Brasil.
Neste século destaque para os movimentos abolicionistas e para
mulheres como Nízia Floresta, Violante Bivar e outras que participaram de toda
essa movimentação dentro da sociedade brasileira. E ainda temos a criação do
partido comunista e o movimento operário.
Algumas datas marcaram o movimento de mulheres no Brasil. Em 1922
Berta Lutz, cria a federação brasileira pelo progresso feminino, primeiro passo
para a conquista do voto feminino. Getúlio Vargas em 1932 promulga o novo
código eleitoral permitindo a mulher o exercício do voto.
Nas décadas de 40 e 50 com o pós-guerra as mulheres se mobilizam
em defesa do monopólio estatal do petróleo. Os movimentos ganham força,
mas perdem seus conteúdos feministas, voltando-se a questões sociais
nacionais mais amplas. Já a partir das décadas de 60 e 70 o conteúdo
18
feminista dos movimentos ganha força e novas produções teóricas são
elaboradas, com Simone Beauvoir e Betty Friedman.
Em 1962 o estatuto da mulher casada faz surgir o primeiro marco de
liberação da mulher no Brasil que aboliu a incapacidade feminina, revogando
diversas normas discriminadoras. Permitiu a mulher o livre exercício de uma
profissão, permitindo que se integrasse livremente ao mercado de trabalho
tornando-se economicamente produtiva, aumentando a importância da mulher
nas relações de poder no interior da família.
No ano de 1975 é proclamado, pela ONU, o ano internacional da
mulher. No Brasil, que vive o período da ditadura militar, é formado no Rio de
Janeiro o centro da mulher brasileira - CMB. Em 1977, introduziu-se a lei do
divórcio dando aos cônjuges a oportunidade de por fim ao casamento e
constituir nova família.
Nos anos 80 é criada em São Paulo a primeira delegacia especializada
no atendimento de mulheres. No ano de 1982 é elaborada uma plataforma
feminista apresentada aos candidatos as eleições deste ano, chamada de
alerta feminista. Em 1985 foi aprovada pela câmara federal a criação do CNDM
(Conselho Nacional dos Direitos da Mulher), que contribuiu para a campanha
constituinte do ano de 1988, com a elaboração da carta das mulheres aos
constituintes, chamada de lobby do batom, reivindicando a garantia dos
direitos da mulher.
Durante os anos 90 abrem-se as discussões para possibilitar a melhor
participação da mulher na vida pública, a implantação de uma política de cotas
contribuindo para a inserção feminina nesta esfera política. Em 1994
movimentos e articulação das mulheres brasileiras prepara o documento para
a IV conferência mundial sobre a mulher que aconteceu na China em 1995.
Conferência esta que aprovou o documento que visava a implantação da
plataforma de ação para a igualdade e a paz. O que influenciou no Brasil na
política de cota de 20% de mulheres nas chapas das candidaturas que
viessem a acontecer a partir de então.
19
Surgi também em 1990 o estatuto da criança e do adolescente que
consagrou o princípio constitucional da igualdade de condições entre pai e
mãe no dever de sustento, guarda e educação dos filhos. Hoje a mulher
casada tem os mesmos direitos que o marido.
Toda essa repressão despertou, progressivamente, um desejo de
liberdade, de realização pessoal e profissional. E essa revolta enrustida, e esse
anseio por liberdade trouxeram grandes modificações. As mulheres passaram a
lutar por vários tipos de liberdade, como moral, intelectual, social e até mesmo
física. A mulher passou a exigir espaços e direitos e passou a escolher como
seria a sua vida. Enxergamos a criatividade e a inteligência de mulheres que
construíram a sua história, que lutaram por um espaço onde a masculinidade era
superior.
A ampliação desses espaços traz a necessidade de um conhecimento
maior, um maior grau de instrução. Neste contexto cabe analisar como se
processou o ensino destinado as mulheres. E como esta formação vai influenciar
na ocupação dos diferentes espaços alcançados pelas mulheres.
20
CAPÍTULO 2
MULHER E EDUCAÇÃO: EXPANSÃO DAS
OPORTUNIDADES AO LONGO DO SÉCULO XX
A escola é um espaço privilegiado para a aquisição de conhecimentos e
mais ainda, para a propagação de valores, culturas e ideologias, pois está
repleta de diversidades que proporcionam a convivência com diferentes
sujeitos do conhecimento. Muitas vezes estes valores reforçam conceitos e
ações que desprezam determinados segmentos da sociedade. Encontrando
reforço em vários outros aspectos do cotidiano.
Segundo Aranha (1996, p93) a reprodução dos estereótipos se dá nos
meios de comunicação de massa (novela, comerciais, filmes, revistas etc.). O
mesmo acontece em relação à religião, à escola, à profissão, às leis e a
literatura, quando difundem velhas formas preconceituosas.
Com o avanço dos movimentos sociais, entre eles o movimento de
mulheres, abre-se à possibilidade de transformação e questionamento das
relações entre homens e mulheres, carregadas de pensamentos e práticas de
dominação.
O conceito de gênero se refere a um sistema de papéis e relações entre
homens e mulheres determinado pelo contexto social, cultural, político e
econômico*2. Se estivermos, num espaço com várias mulheres e apenas um
homem, falamos no masculino, mesmo que seja apenas um. Isso significa que
a palavra homem, além de se referir especificamente à pessoa do sexo
2 Essa é a definição apresentada pela revista/manual gênero e cidadania da redeh - rede de
desenvolvimento humano.
21
masculino, engloba também todos os seres humanos. A palavra mulher se
refere apenas à pessoa do sexo feminino.
O sexo biológico é determinado pela natureza, o gênero é construído.
Mulheres e homens possuem diferenças biológicas que são utilizadas
culturalmente para explicar a idéia de sexo frágil mulher e sexo forte homem,
limitando a autonomia e o acesso da mulher às decisões do poder.
A construção dos papéis e das relações de gênero é um processo que
possibilita diferentes oportunidades para homens e mulheres.
As inúmeras diferenças culturais, a tradição construída ao longo do
tempo foram formando um certo padrão de relação entre os gêneros. O papel
do homem é o lugar do poder, da decisão, do dinheiro e da iniciativa e a
mulher o papel associado à casa e ao cuidado da família.
O papel social que a mulher deve desempenhar vai depender de cada
momento e de cada modelo que a sociedade impor, com adaptações de
acordo com as exigências. Muitas vezes isso não acontece e a mulher
continua subordinada ao homem.
As características para as mulheres são: sensível, delicada, amorosa,
intuitiva, todas voltadas para o instinto materno e inferioridade. Sensível e
amorosa, passível e presa fácil às emoções, enquanto o homem é agressivo e
empreendedor. Instinto materno – confinar a mulher no mundo doméstico, e o
homem se volta para rua, para o público.
Mesmo antes de nascer às crianças são padronizadas pelos adultos,
pois se for homem vai ser um profissional bem sucedido e se for mulher, vai
ser muito bonita e afetuosa, quando dividimos as cores rosa para menina e
azul para o menino, quando diziam que meninos não podem brincar de
bonecas e meninas não podem subir em árvores.
Quando ocorre o contrário, os pais ficam muito apreensivos e logo
procuram meios para adequá-los aos padrões. Não podemos fugir a esses
padrões que a sociedade impõe, pois logo serão discriminados.
22
Os registros históricos trazem a figura feminina como objeto do prazer,
propriedade, adoração e bruxaria. Porém, no dia-a-dia, tanto as mulheres
como a própria sociedade, vêm tomando consciência do papel da mulher
dentro desta mesma sociedade para além dos discursos já existentes.
Vivemos uma relação de gênero que informa a perspectiva cultural que
envolve significado enraizado. Onde baseam-se os comportamentos
masculinos e femininos. Hoje sabemos dos limites da escola neste processo
de mudança como agente que influencia no comportamento social, mas não
significa nega-la como espaço onde pode ser exercida uma reflexão, uma ação
de mudança, de postura revisando valores e avançando na formação de uma
sociedade igualitária. Com ”uma educação não sexista que há de reconhecer
as pessoas na sua diversidade, não separar tarefas e funções e cuidar da
formação plena e integral do ser humano”. (Aranha, 1996, p97). Através do
desenvolvimento da capacidade crítica, a reflexão e o amadurecimento
pessoal e social. Engajada nesse processo social de libertação e promoção da
mulher desenvolvendo o potencial humano, impedindo que a parcela feminina
da humanidade cresça “mutilada” por não ser vista como atuante no processo
de construção do conhecimento através dos tempos, se libertando de qualquer
tipo de ignorância, discriminação e preconceito.
A mulher por muitos anos teve uma educação diferenciada da educação
dada aos homens. Era educada para servir, o homem era educado para
assumir a posição de senhor todo poderoso. Quando solteira vivia sobre a
dominação do pai ou do irmão mais velho. Ao casar-se, o pai transmitia todos
os seus direitos ao marido, submetendo a mulher à autoridade deste.
No Brasil - colônia a igreja deu início a educação, no entanto, a
instrução ministrada pela igreja não incluía as mulheres. Ela era como um
objeto a ser moldado da maneira que fosse conveniente.
Ainda era vedada a mulher freqüentar escolas masculinas. A proibição
do acesso ao conhecimento às mulheres tinha como motivos o convívio entre
homens e mulheres porque segundo a igreja poderia causar relacionamentos
23
espúrios. Outro motivo era que o ensino destinado aos homens era de nível
mais elevado, não podendo as mulheres acompanhar e freqüentar as mesmas
escolas. Somente no século XX foi permitido que as mulheres e homens
estudassem juntos.
A primeira escola profissionalizante foi o curso normal. E o mais
interessante é que as mulheres não tinham acesso, só depois de alguns anos
as mulheres passaram a ter acesso.
As mulheres só começaram a entrar na faculdade em 1881, quando foi
aceita a primeira mulher. Mas eram poucas as que conseguiam entrar e menos
ainda as que conseguiam concluir, pois para se dedicar aos estudos é
necessário tempo, sendo que os padrões que a sociedade colocava para a
época eram que a mulher deveria se dedicar totalmente ao casamento.
Com a proclamação da independência era necessário colocar em
prática o discurso da necessidade de crescimento do país, afastando da
imagem de colônia, atrasado e inculto. A educação fazia-se necessária neste
contexto de modernização, abrindo o combate contra a condição de submissão
em que viviam as mulheres no Brasil reivindicando sua liberação tendo a
educação como instrumento para isto.
Com a criação das escolas de primeiras letras em 1827 as meninas
puderam ter acesso ao nível básico de instrução da época, o único a que
teriam acesso. Havia maior número de escolas para meninos do que para
meninas, escolas e ordens religiosas femininas e masculinas e escolas leigas.
Professores para os meninos e professoras para as meninas, pessoas de
moral impecável. O conhecimento escolar era diferenciado, para os meninos
noções de geometria e para as meninas bordado e costura, em comum
aprendiam a ler, escrever, contar e realizar as quatro operações matemáticas.
O trabalho doméstico era mais importante do que a educação formal
dada nas escolas para as meninas. Muitas eram as concepções e formas de
educação para as mulheres, atravessadas por divisões, diferenças e relações
de hierarquia. O domínio da casa era o destino para que as moças eram
24
preparadas. Sua circulação nos espaços públicos só deveria acontecer em
ocasiões especiais, em sua maioria ligadas a atividades religiosas,
representadas como forma de lazer.
O discurso que vinha ganhando força em muitos grupos era que as
mulheres deveriam ser mais educadas do que instruídas, dando enfatizando a
formação moral e de caráter como suficientes. Pois para que tanta instrução,
tantas informações e conhecimento se o seu papel como esposa e mãe
exigiria acima de tudo bons princípios. Portanto a educação da mulher seria
feita para além dela, sem levar em consideração seus anseios ou
necessidades, mas sim a função social a ela atribuída como educadora dos
filhos, formadora dos futuros cidadãos para a concepção republicana da
época.
Os jornais libertários traziam artigos que apontavam a instrução como
arma para a libertação da mulher. As iniciativas anarquistas davam grande
atenção as questões relacionadas à educação da mulher. Mesmo com maiores
reivindicações pela educação feminina representando um grande ganho para
as mulheres, sua educação ainda continuava sendo justificada pelo seu papel
de mãe.
A primeira lei de instrução pública do Brasil datada de 1827 trazia o
seguinte texto:
As mulheres carecem tanto mais de instrução, porquanto são elas que dão a primeira educação aos seus filhos. São elas que fazem os homens bons e maus, são as origens das grandes desordens, como dos grandes bens; os homens moldam a sua conduta aos sentimentos delas.
As últimas décadas do século XIX já começam a apontar para a
necessidade da educação para a mulher ligada a necessidade de
modernização da sociedade, a higienização da família e a construção da
cidadania dos jovens.
25
A educação feminina não poderia ser concebida sem uma forte
formação cristã. Permanecendo uma grande influência do catolicismo, com
grande moral religiosa, que mostrava para as mulheres a dicotomia entre Eva e
Maria. Dois modelos diferentes de mulher e a espera de que a vida das
mulheres fosse construída seguindo a imagem de pureza de Maria, símbolo
que apelava para a missão de ser mãe, o ideal de recato e pudor, a aceitação
e o sacrifício, à ação educadora dos filhos e filhas.
Ao percorrer algumas décadas da história das mulheres na sala de aula,
lidou-se com representações, doutrinas e práticas sociais que instituíram
homens e mulheres na sociedade em geral. Observou-se que em alguns
momentos discursos religiosos, científicos, jurídicos e pedagógicos acabaram
por produzir efeitos semelhantes. A criação de modelos e pensamentos sobre
os diferentes tipos humanos.
Se as instituições sociais, entre elas a escola, produziam e reproduziam
tais discursos, é importante destacar que os sujeitos concretos “não cumprem
sempre, nem cumprem literalmente os termos das prescrições de sua
sociedade. Homens e mulheres constroem formas próprias e diversas de suas
identidades, muitas vezes em discordância as proposições sociais de seu
tempo”. (Louro 2001, p478). O que ficam são as representações criadas em
cada época.
Entendendo que a identidade feminina (...).
(...) é um projeto em construção que passa, de um lado, pela desmontagem destes modelos de rainha do lar, do destino inexorável da maternidade e da restrição ao espaço doméstico e familiar e o resgate da potencialidade, abafado ao longo de séculos de domínio da ideologia machista e patriarcal. (Carneiro, 1994, p188).
26
Faz-se necessária a construção de uma nova consciência sobre a
condição feminina. Buscando o acesso a diferentes postos de trabalho, de
igualdade salarial e educacional entre homens e mulheres. Através de uma
educação que não reproduza esteriótipos que direcionam atividades para
meninas e atividades para meninos. Que tragam instrumentos pedagógicos
que proponham o mesmo tratamento para mulheres e homens.
2.1 A inserção mulher no mercado de trabalho.
O mundo do trabalho nem sempre foi um território masculino. Desde
que o homem conseguiu ficar de pé e construir suas primeiras ferramentas,
inaugurou assim o mundo do trabalho; e a mulher estava lá. Ela cuidou da
casa e das roças, enquanto ele caçava e guerreava.
Quando a produção era coletiva, destinada a suprir as necessidades
básicas da comunidade, mulheres e homens partilhavam o trabalho. Quando a
revolução industrial substituiu a energia humana pela máquina, a mulher
estava também nas primeiras fábricas. Foi então que surge o capitalismo,
transformando tudo em artigo de compra e venda, em mercadoria, inclusive a
mão-de-obra. E mais uma vez lá estava a mulher disputando espaço no mundo
do trabalho.
A Revolução industrial e os movimentos políticos e sociais fizeram com
que a mulher passasse a ocupar um lugar relativamente independente dentro
da sociedade econômica e social. A consciência de sua posição e capacidades
tem feito com que a mulher lute para conseguir uma atuação mais direta e
assuma o lugar que lhe compete no contexto social. Na segunda metade do
século XX, a força de trabalho feminina expandiu-se de forma expressiva em
várias regiões do mundo.
27
A importância das mulheres no processo produtivo não é um fato novo.
No Brasil, por exemplo, sua presença foi marcante nos primórdios da
industrialização, especialmente ligada à indústria têxtil no século XIX. O que há
a destacar no período recente é a intensidade e a diversificação do processo
de entrada das mulheres no mercado de trabalho3. As taxas de participação
feminina se expandem num processo contínuo, sem alteração diante das
diferentes conjunturas econômicas.
Diferentes fatores estão por trás desse fenômeno: o desejo de
desenvolver uma carreira; a necessidade econômica seja em decorrência da
decadência dos rendimentos reais do trabalho, seja para fazer frente aos
novos anseios de consumo, a alteração no padrão de consumo com a
presença de novos produtos, expandindo o consumo familiar, conduziu as
mulheres a trabalhar fora de casa para aumentar a receita doméstica e,
principalmente, as elevadas taxas de desenvolvimento econômico que, no
caso latino-americano, marcaram especialmente as três décadas
subseqüentes ao pós-guerra, trazendo uma expansão do emprego assalariado
regulamentado e que incorporava novos contingentes de trabalhadores,
inclusive as mulheres.
O período que vai do pós-guerra até o final dos anos 60 foi marcado
pelo aumento da produtividade do trabalho e da atividade econômica. Nos
anos 80 e 90, no entanto, esse quadro muda: a estagnação das economias,
acompanhada de altas taxas de inflação, inaugura um período de
desaceleração no ritmo de geração de empregos, especialmente a geração de
empregos assalariados regulamentados. De um período de inclusão de novos
segmentos de trabalhadores no mercado de trabalho urbano, passa-se a um
3 O mundo do trabalho envolve toda atividade realizada com esforço humano, para alcançar os diferentes
objetivos e é nesta esfera que acontecem e são definidos os papéis de homens e mulheres. Já o mercado de
trabalho é onde as pessoas vão buscar oportunidades de emprego, oferecendo sua capacidade de trabalhar,
sua força de trabalho, logo este está incluído no mundo do trabalho.
28
processo de exclusão via desemprego e oferta de ocupações fora dos padrões
de proteção legal vigente, sem carteira assinada, trabalho por conta própria.
Mesmo nesse novo contexto, mais adverso, a participação das
mulheres no mundo produtivo não diminuiu. Conduzido por mudanças no
padrão cultural, ou simplesmente pela necessidade de obtenção de renda, o
ingresso das mulheres no mercado de trabalho toma a forma de um processo
definitivo.
No Brasil, o ingresso acentuado de mulheres no mercado de trabalho
permaneceu nos anos 90, apesar da conjuntura de crise vivida pela economia
brasileira e seus reflexos no mercado de trabalho. A taxa de participação
feminina cresceu ao longo da década chegando a 48,95% em 1999, conforme
dados da PNAD-IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio).
Esse processo de mudança do padrão de inserção feminina no mundo
produtivo foi acompanhado de êxito, se considerada a atenção dada à
condição das mulheres e o enorme conjunto de direitos que passaram a
vigorar, pelo menos na lei. Exemplo disso é a constituição de 88 que
incorporou uma pauta de direitos, reivindicada e discutida por um conjunto de
mulheres brasileiras. Num movimento de busca de eqüidade entre homens e
mulheres. Foram questionados estereótipos e conceitos, reivindicaram-se
novos espaços e direitos. Num período de poucas décadas, as mulheres
ultrapassaram os limites do mundo privado, em busca do direito ao trabalho
remunerado e à cidadania.
De fato, a inserção dos indivíduos no mercado de trabalho reproduz as
desigualdades decorrentes da valoração socialmente atribuída a
características ou atributos pessoais naturais - sexo, idade, cor, etnia, ou
adquiridos, como é o caso da escolaridade. Mantendo e recriando
desigualdades entre trabalhadores e trabalhadoras. Com formação qualificada
e polivalência para os homens e formas de empregos atípicos para as
mulheres.
29
A feminização e masculinização das tarefas e ocupações estão
legitimadas nos esteriótipos de ser homem ou ser mulher, configurações
sociais e culturalmente construída das identidades feminina e masculina. Na
sociedade industrial, a base dessas configurações está na separação do
público, esfera da produção social, da direção da sociedade de atribuições
masculinas e do privado, o mundo doméstico, esfera feminina, da produção de
valores de uso para o consumo da família.
Utilizando o conceito de gênero como processo histórico de construção
e interdependente das relações sociais de sexo, a existência de trabalho de
homens e trabalho de mulheres, nada mais é do que uma das formas de
expressão da assimetria nas relações sociais entre os sexos, onde se definem
a submissão das mulheres aos homens. Assim a valorização diferenciada
entre a mão - de - obra masculina e a feminina não levando em consideração
os aspectos biológicos de capacidade e atributos naturais, ou então, atributos
adquiridos que justifiquem diferença de tratamento.
Continua, portanto, a se observar a concentração da mão-de-obra
feminina em um conjunto mais restrito de atividades, fortemente feminizadas,
às quais corresponde uma imagem de tarefas de menor qualificação e às quais
são atribuídas remunerações menores.
30
CAPÍTULO 3
CONDIÇÕES DE TRABALHO: EXPECTATIVAS E A
REALIDADE DA MULHER OPERÁRIA
A luta pela sobrevivência e o desenvolvimento do capitalismo conduziu a
participação direta da mulher na produção social através da indústria que
acelerou o processo de ascensão social e independência econômica das
operárias, criando novas condições de existência. A necessidade da entrada
da mulher no mercado de trabalho, conseqüentemente sua contribuição
econômica e a possibilidade de desenvolvimento cultural selaram a
independência da mulher diante do quadro que se apresentava.
As mulheres conquistaram muitos espaços e muitos direitos. Vemos
mulheres bem sucedidas trabalhando fora e chefiando famílias, mulheres de
liderança política, de opinião formada buscando igualdade de condições. O
trabalho da mulher, fora de casa, sendo estimulado pela demanda do mercado
e pelo crescimento de sua competência profissional, que decorre em grande
parte da melhoria de condições educacionais, maior possibilidade de estudo e
diversidade de cursos em diferentes áreas de conhecimento que abrem suas
portas ao público feminino. As mulheres cada vez mais demonstram sua
capacidade de conciliar os cuidados da casa com o serviço externo.
As dificuldades para ingressar no mercado de trabalho não têm
intimidado as mulheres (dupla jornada, subemprego). Há mulheres
desempenhando tarefas fisicamente pesadas. E garantindo o sustento de
muitos lares. O desempenho escolar das mulheres tem se revelado mais alto
que dos homens. A capacidade intelectual e de liderança das mulheres, em
atividades profissionais ou políticas, já estão mais do que comprovadas.
31
Considerando o mundo do trabalho, levando em conta os diferentes
tipos de trabalho realizado, Santos ressalta que grande parte do trabalho
realizado por mulheres não é contabilizado, como por exemplo, o trabalho
doméstico e o trabalho informal. Destaca o processo de feminização de
algumas profissões, o que ela julga uma desvalorização do trabalho feminino.
Neste ponto acredito que não seja uma desvalorização do trabalho em
si, mas um processo histórico que levou a este fato.
Embora a equiparação entre salários de homens e mulheres de um
mesmo nível educacional ainda seja lenta, vemos traços para que essa
situação seja mudada. Isso vem sendo acelerado pela entrada de mulheres em
profissões que anteriormente eram exclusivamente masculinas. Mesmos após
décadas de luta pelos direitos da mulher, ainda ouvimos falar em mulheres que
sofrem diferentes tipos de violência e nada fazem contra seus agressores.
Muitos fatos mostram que se processa uma mudança e grande evolução
no papel feminino principalmente no que diz respeito ao mercado de trabalho.
A sociedade deve reconhecer que o mundo é ocupado por dois sexos e
não apenas por um. Antes o homem era o único protagonista, a mulher estava
confinada, onde o perfil dela não aparecesse hoje à mulher conquista seu
espaço na sociedade.
Com o desenvolvimento das indústrias e o avanço educacional, a
participação das mulheres nas indústrias aumentou. Mais ao mesmo tempo as
mulheres passaram a fazer uma dupla jornada de trabalho, pois continuaram
fazendo os afazeres domésticos e cuidando dos filhos.
No ano de 2001 o estaleiro Brasfels é aberto com uma perspectiva de
retomar a indústria naval em Angra dos Reis. Assumindo as atividades do
antigo estaleiro Verolme. Há dois anos ele abre suas portas às mulheres, ainda
em caráter experimental, nos curso de solda, elétrica e instrumentista tubista.
32
3.1 O centro de treinamento – escola técnica
A experiência de inserção de mulheres no quadro de funcionários, foi
uma experiência que deu certo. Tanto que a partir daí já foram formadas novas
turmas para os diferentes cursos.
O centro de treinamento é a via de acesso das mulheres ao estaleiro,
através dos cursos ministrados. Os requisitos para o ingresso nos cursos são o
ensino fundamental (1º grau) para o curso de solda e o ensino médio (2º grau)
para o curso de elétrica, instrumentação e demais cursos. A primeira turma de
mulheres foi formada por indicação, mas devido a grande procura foi
necessária a realização de um processo de seleção, com a realização de uma
prova obedecendo aos níveis de escolaridade específicos de cada curso. Com
provas de português e matemática. Lembrando que os homens também
passaram por esse mesmo processo de seleção.
Os cursos têm duração média de três meses na escola e depois os
alunos e alunas vão para a prática na obra. Em aproximadamente um ano a
aluna/aluno é qualificada como profissional da área, dependendo para isto da
indicação do encarregado responsável por esta qualificação. Hoje há uma
média de 300 mulheres em treinamento, distribuídas nos diferentes cursos.
Elas são contratadas como ajudantes da área na qual fazem o curso. Entram
às 7 horas e saem às 17:20. Recebem um salário de aproximadamente
R$550,00 por mês, alimentação, plano de saúde e transporte. Tendo garantia
de todos seus direitos trabalhista.
As alunas e alunos promovem festas e encontros, possuem um grupo
de teatro formado por 96% de mulheres. Estas atividades fazem parte da
preocupação e incentivo da coordenação e estar buscando outras alternativas
de aprendizado, através de atividades que visem formar não apenas para o
trabalho, para a obra, mas também para a vida. Durante o DDS (discurso diário
de segurança) aborda sobre temas ligados a qualidade de vida, família, meio
33
ambiente e principalmente sobre segurança no trabalho. Trazendo pessoas de
fora do convívio da escola para ministrarem palestras.
A parte de supervisão e coordenação da escola, dentro deste princípio
de não formar apenas para o trabalho, acaba fazendo um trabalho de
orientação psicológica e social, nos referindo aos problemas pessoais e de
comportamento das alunas e alunos.
No que se refere ao trabalho, deixam bem claro que não há diferença de
tratamento entre homens e mulheres. Porém há uma preocupação da empresa
quanto ao tratamento dado às mulheres e também aos homens, visto que a
presença das mulheres despertou curiosidade e incomodo.
3.2 As meninas envolvidas
Elas vêm de toda parte do município, são mães, esposas, noivas,
namoradas. solteiras, casadas. jovens e adultas. Mulheres que deixaram suas
casas, seus filhos, maridos e outras profissões em busca de outros espaços.
Ex-secretárias, professoras, estudantes, universitárias e muitas outras que
deixaram o preconceito de lado e foram em busca de novas oportunidades.
A família é um importante ponto de referência na hora das decisões. E
muitas vezes ela não concorda com o que é decidido. Por conta até das
tradições culturais construídas ao longo da história de cada grupo. Quando
crianças nossos pais sonham com o nosso futuro e um pai dificilmente
imaginaria a sua garotinha, a sua bonequinha usando capacete, botina e
trabalhando em uma oficina de construção de navios. O que piora ainda mais
em se tratando da relação com o marido ou namorado. Reflexo da educação e
dos esteriótipos criados para a mulher. Carregados de preconceitos e
ideologias.
34
A vida profissional traz muitos frutos, mas ela também traz alguns
espinhos. Esse novo movimento trouxe algumas mudanças na vida dessas
mulheres. Para a mãe, para a estudante, para a que mora longe do trabalho.
A mãe se sente culpada por deixar seus filhos em casa com parentes ou
na creche quando possível. Tendo que dividir seu tempo de trabalho e sua
atenção e preocupação com seus filhos, a casa e o marido, no caso das
trabalhadoras casadas.
A chegada das mulheres na fábrica incomodou a muita gente. Estar em
uma atividade onde a masculinidade imperava causou muitos tipos de
preconceitos e comentários sobre as mulheres. Principalmente em relação aos
homens. Por conta de todo processo histórico, que vivemos, mais uma vez
vemos a representação dos esteriótipos de mulher, recriados na fábrica.
A estimativa é que no navio de uma população de quatro mil
funcionários, cinqüenta eram mulheres. Uma proporção de diferença bem
significativa. Para elas e para eles era necessária uma nova postura diante do
trabalho e da convivência. Diferentes atitudes diante dos fatos, um novo
vocabulário para eles, que se encaixassem a convivência com elas. E a elas
uma postura mais discreta para que não fossem mal interpretadas com
simpatia exagera.
Fica evidente então a necessidade de se rever algumas atitudes e
comportamentos dentro deste espaço da fábrica para acabar ou pelo menos
diminuir o preconceito existente. Palestras e orientações foram necessárias,
principalmente aos líderes de equipe, mestres e encarregados, na busca de
uma conscientização e aceitação dessas novas personagens no contexto da
fábrica. Para que as piadinhas sobre as mulheres, as gracinhas do tipo oh!
Gostosa, ou então lugar de mulher é no fogão, o assédio e qualquer tipo de
preconceito que viesse a acontecer, não se tornassem algo constrangedor.
No mundo moderno há também a rivalidade, força de competição
capitalista aumentando ainda mais a complexidade na relação homem/mulher.
Elas passaram a ocupar um posto onde eles dominavam. Causando um certo
35
medo e dúvida quanto a manutenção da posição de liderança frente aos
postos de trabalho. Devido à competição acirrada causada pela possibilidade
de desemprego.
O trabalho, desde a era primitiva, surgiu como uma reação às
necessidades vitais, em relação direta com a natureza. É uma atividade a qual
o homem faz para atender as suas necessidades, criando produtos e meios
para consegui-las. Atuando sobre os meios de produção, utilizando sua
capacidade física, intelectual, suas habilidades e experiências. No capitalismo
o trabalhador vende sua força de trabalho em troca de um salário.
O trabalho ultrapassa as dimensões do capital. E passa a se considerar
todo tipo de atividade como trabalho. Porém a marca do capitalismo é mais
forte quando se trata de relacionar a trabalho aos bens de consumo.
Neste caso o trabalho vem como forma de suprir as necessidades do
mercado consumidor.
Com o trabalho são construídas práticas e experiências que serão úteis
na formação de cada indivíduo e do coletivo do qual faz parte. Através do
trabalho vão se abrir novos espaços de atuação.
E para nossas operárias o sentimento não é diferente. A busca de
remuneração, de crescimento e de reconhecimento. Como valorização de si
mesma e de seu trabalho.
“Antigamente ninguém pensava: vou lá na Verolme (Atualmente Brasfels) ver se
tem um a vaga para mim. E se pensava era no escritório. É um avanço para a
mulher, porque o homem já tem o seu espaço praticamente todo dominado. Agora
a gente esta invadindo o espaço deles, com tanta capacidade de fazer o que eles
fazem. E com mais perfeição, porque a mulher é mais detalhista. É mais uma força
de trabalho”. (Eletricista)
36
“Cada dia a gente aprende um pouco mais”. (Soldadora)
“A intenção é estar sempre crescendo. Se agente está aprendendo e se eles estão nos pagando para depois mostrarmos o nosso trabalho. A gente quer fazer o melhor. E o nosso melhor é crescer”. (Eletricista)
“É uma nova adaptação. Vai ser difícil. Vai continuar existindo preconceito. Mas com o tempo a gente consegue. Do mesmo modo que eles lideram uma equipe de eletricistas, de soldadores de instrumentistas ou que qualquer outra. A gente também tem capacidade para fazer”. (Eletricista)
“Com determinação a gente vai tranqüila”. (Eletricista)
Elas foram o ponta pé inicial neste contexto. Mostrando a sua condição
de mulher enquanto profissional tão capaz quanto o homem nas atividades que
realiza.
Esse processo que levou as mulheres a estes cursos modificou a
paisagem do estaleiro. O discurso faz com que as trabalhadoras e
trabalhadores se envolvam com o seu trabalho e não percebam o que há por
trás de todo aparato técnico apresentado. Que levam a acreditar que cada
trabalhador ou aprendiz é remunerado para somente aprender, mas não
percebem que estão vendendo as suas forças de trabalho a empresa. Que
lucra com a contratação de ajudantes que fazem o serviço de um profissional
qualificado, mas recebem como ajudante.
Conformam as consciências que se mantêm a favor da condição que se
apresenta.
37
CONCLUSÃO
A entrada da mulher como sujeito maior na história, começa a
transformar a estrutura da força de trabalho dos países, na prática bem como a
administração do estado e do mercado econômico. Fazendo com que esta
mulher tenha novos posicionamentos diante da nova situação que se
apresenta. A saída da mulher do espaço da casa, do lar e sua entrada no
mercado de trabalho.
Com o desenvolvimento da sociedade capitalista e o surgimento da
indústria, a família que possuía um caráter produtivo, privatizou-se. O local de
trabalho se separa do espaço do lar. O que antes era constituído pelo espaço
privado da casa, um mundo da mulher, de referencias femininas em oposto ao
mundo público tido como espaço masculino, o qual a mulher não estava
preparada para freqüentar. A elas ficaram destinadas as relações familiares
atreladas as forças patriarcais.
Porém os fatos históricos contam que anteriormente as mulheres se
ocupavam dos trabalhos manuais e da educação dos filhos ou então ajudavam
no trabalho no campo, ajudando nas tarefas e cuidando da casa. Isto vai se
tornar um conflito para estas trabalhadoras quando se vê a necessidade da
saída destas mulheres para o trabalho fora do lar. Na medida que há a
necessidade de se conciliar a vida privada com a vida pública, dando conta das
diferentes jornadas de trabalho a serem enfrentadas no dia - a - dia. Quando a
tudo isto se junta a existência de filhos, ainda há a preocupação com a
educação em virtude da falta de uma estrutura que possa fazer o atendimento
social a estas mães trabalhadoras, como creches e escolas que atendam a
toda demanda.Parece claro que a mulher trabalhadora necessita de proteções
específicas contra a exploração capitalista.
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A busca de igualdade entre mulheres e homens é uma luta constante,
mas que implica na reflexão sobre de que forma poderá abrir brechas nessa
equivocada igualdade, vendo até que ponto é possível a mulher abrir mão de
algumas de suas jornadas, sejam elas o trabalho, a família, a maternidade e
tantas outras.
Uma verdadeira igualdade de direitos entra homens e mulheres só
poderá ser verdadeira quando se tiver eliminado a exploração capitalista sobre
ambos e o trabalho doméstico privado seja convertido em público.
Compreendendo que o espaço do lar e as atividades desenvolvidas pela
mulher são contabilizados como trabalho em seu sentido mais amplo de
atividade de transformação da natureza e das pessoas que o realizam. E que é
tão necessário quanto o trabalho realizado pelos homens fora do espaço do
lar. Para tanto é necessário rever a organização desta sociedade existente
possibilitando o encontro entre homens e mulheres como iguais.
O mundo da mulher passou por uma grande transformação. Nos últimos
30 anos, as mulheres conquistaram muito mais liberdade do que ao longo de
toda a sua história. A elevação do seu nível educacional e a redução do
tamanho da família, além das necessidades econômicas de contribuir para o
orçamento doméstico, fizeram da mulher um elemento essencial no
desenvolvimento.
Depois de passar por várias décadas de confrontação com o homem, a
mulher entra numa fase de igualdade crescente. O talento profissional e a
disciplina de trabalho estão transformando as mulheres em sérios concorrentes
dos homens no mercado de trabalho. Isso traz benefícios para as mulheres e
os homens. Ao exaltar a competição profissional, a força de trabalho como um
todo avança na produtividade e na qualidade do trabalho realizado.
Mas, se as conquistas foram de grande importância, há muito para se
conseguir. Muitas das dificuldades. No Brasil, a informalidade, embora mais
alta entre as mulheres, atinge em cheio a maior parte dos homens. A baixa
qualidade do trabalho é um problema de grande maioria dos brasileiros. O
39
desemprego, embora mais alto entre as mulheres, atinge uma parcela dos
homens chefes de família. A falta de uma estrutura de atendimento
assistencial com creches e escolas de educação infantil, que possam atender
os filhos das mães trabalhadoras.
Ou seja, a resolução dos problemas pendentes dependerá, em grande
escala, da melhoria das condições do mercado de trabalho como um todo.
Mas, isso dependerá também da continuidade da transformação dos valores.
Para os homens inconformados com essa grande guinada histórica só
resta recomendar: homens de todo o mundo se unam! Preparem – se tanto
quanto as mulheres. Trabalhem tanto quanto elas. Tenham zelo no trabalho.
Compartilhe com as mulheres uma grande parte das responsabilidades que
sempre foram suas também embora nunca tenha percebido. Em uma palavra:
homens de todo o mundo: acordem! As mulheres venceram as barreiras que o
processo histórico que vivemos impôs e passaram a ocupar os diferentes
espaços no mercado de trabalho.
40
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Questionário de entrevista
41
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO
1- Nome:
2- Idade:
3- Filhos:
4- Estado civil:
5- Profissão:
6- Local de trabalho:
7- Escolaridade:
8- Tempo de trabalho:
9- Outras profissões que já trabalhou?
10- Como e por que escolheu este trabalho?
11- Descreva seu trabalho:
12- O que a sua função exige?
Quais as suas expectativas em relação ao trabalho?
13- O que significa trabalho para você?
14- Como foi a sua relação com a família em relação aos estudos e ao
trabalho? Houve algum tipo de imposição?
15- Como a sua vida profissional (o seu trabalho) afeta a sua vida fora do
trabalho?
16- Há diferença no tratamento entre homens e mulheres?
17- Existe algum tipo de preconceito?
18- Como outras mulheres vêem o seu trabalho?
42
BIBLIOGRAFIA
ARANHA, Maria Lúcia de arruda. Filosofia da educação.
São Paulo: Editora moderna, 1996.
CARNEIRO, Sueli. Identidade Feminina In: SAFFIOTI, Heleieth. MUÑOZ -
VARGAS, Mônica.(orgs.). Mulher Brasileira é Assim. Rio de Janeiro. Rosa dos
Tempos, NIPAS, Unicef, 1994. P187, 188.
LOURO. Guacira Lopes. Mulheres na Sala de Aula In: DEL PRIORE, Marly
(org.). História das Mulheres no Brasil. 5º ed. São Paulo. Contexto, 2001.p 443-
447, 449, 453, 454, 469,478.
SOIHET, Rachel. Sutileza, Ironia e Zombaria: Instrumentos no Descrédito das
Lutas das Mulheres pela Emancipação In: MURARO, Rose Marie. PUPPIN,
Andréa Brandão.(orgs.). Mulher, Gênero e Sociedade. RJ. FAPERJ, 2001. p
100, 102, 103, 106.
SANTOS, Andréa dos. Fala mulher: uma breve abordagem sobre a
subordinação feminina, seus movimentos de resistência e estratégias de
superação. Angra dos reis. Pedagogia – UFF, 1996.
RAGO, Margareth. Do Cabaré ao Lar: a utopia da cidade disciplinar. Brasil
1890 – 1930. 3º ed. RJ. Paz e Terra, 1985. Coleção Estudos Brasileiros.
43
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
PANORAMA HISTORICO SOBRE AS MULHERES: A CONSTRUÇÃO DA
CONDIÇÃO FEMININA 11
1.1 – As relações familiares 12
1.2 – Um pouco da historia das mulheres brasileiras 15
1.3 – Mexe e remexe: o movimento de mulheres no Brasil 17
CAPÍTULO 2
MULHER E EDUCAÇÃO: EXPANSÃO DAS OPORTUNIDADES AO LONGO
DO SÉCULO 20
2.1 – A inserção da mulher no mercado de trabalho 26
CAPÍTULO 3
CONDIÇOES DE TRABALHO: EXPECTATIVAS E A REALIDADE DA
MULHER OPERÁRIA 30
3.1 – O centro de treinamento – escola técnica 32
3.2 – As meninas envolvidas 33
CONCLUSÃO 37
ANEXOS 40
BIBLIOGRAFIA 42
ÍNDICE 43