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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ‘LATO SENSU’ PROJETO A VEZ DO MESTRE OS PORTOS DE MINÉRIO DA COSTA VERDE DO RIO DE JANEIRO À LUZ DOS CONCEITOS DE TERRITÓRIO E DA POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO COSTEIRA Por: Sandra Maria de Oliveira Cunha Orientador Profa. Ana Paula Alves Ribeiro Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ‘LATO SENSU’ PROJETO A VEZ DO MESTRE

OS PORTOS DE MINÉRIO DA COSTA VERDE DO RIO DE JANEIRO À LUZ DOS CONCEITOS DE TERRITÓRIO E DA POLÍTICA

NACIONAL DE GESTÃO COSTEIRA

Por: Sandra Maria de Oliveira Cunha

Orientador Profa. Ana Paula Alves Ribeiro Rio de Janeiro, 17 de agosto de 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE

OS PORTOS DE MINÉRIO DA COSTA VERDE DO RIO DE JANEIRO À LUZ DOS CONCEITOS DE TERRITÓRIO E DA POLÍTICA NACIONAL DE GESTÃO COSTEIRA

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção de grau de especialista em Gestão Ambiental.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos técnicos do INEA das áreas de Unidades de Conservação Sustentável e Gestão do Território, das Prefeituras Municipais de Angra dos Reis e Mangaratiba, do MAPA, da FAPERJ e FIPERJ, aos da Rio Maricultura, IEDBIG,aos membros das entidades da sociedade civil organizada Ong Gdasi, SOS Costa Verde,Pacs, Viva Terra, Água Marinha, Grupo de Defesa Ambiental da Baía de Sepetiba, Associação de Pescadores de Sepetiba e Itacuruçá, Associação de Moradores de Itacuruçá e Muriqui, Associação de Moradores da Marambaia e Quilombolas, aos técnicos do Museu do Índio, aos professores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e da Universidade Candido Mendes pelo apoio na escolha do tema, além do suporte com o empréstimo de material de leitura, pesquisa, documentários, livros, revistas entre outros, que facilitaram sobremaneira o desenvolvimento deste estudo.

4 DEDICATÓRIA

Ao meu pai Mario que além do apoio pessoal, auxiliou financeiramente nas pesquisas de campo e nas visitas técnicas que necessitei realizar, na aquisição de livros e outros materiais pertinentes, e também aos meus irmãos Paulo e Fátima militantes da área ambiental, que me apoiaram nos estudos e no fornecimento de material técnico, por perceberam a importância do trabalho e o meu interesse em aprofundar o conhecimento sobre o licenciamento ambiental de empreendimentos portuários com o objetivo de colaborar com a preservação ambiental da região da Costa Verde.

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RESUMO

A Constituição Federal define a zona costeira como “Patrimônio Nacional”, destacando-a como uma porção do território brasileiro que deve merecer uma atenção especial do poder público quanto a sua ocupação e uso de seus recursos, assegurando a preservação do meio ambiente. Desde o lançamento do “Programa Brasil em Ação” depois o “Avança Brasil” e recentemente “Brasil um país de todos” ,que projetos de desenvolvimento do governo federal como o PAC,vem implementando programas de infra-estrutura de grande porte voltados para colocar o país no mercado global, entre eles alguns na costa sul fluminense do Rio de Janeiro, que vem gerando fortes conflitos sócio-ambientais e econômicos na região de difícil conciliação.. A Lei nº. 8630/93 de Modernização dos Portos é um desses exemplos, que com a quebra do monopólio estatal, os portos públicos foram arrendados para o setor privado, e com isso a administração portuária teve a obrigatoriedade de expandir as suas estruturas e investir em alta tecnologia e logística, para quadriplicar e acelerar a movimentação de cargas nos portos. O Porto de Itaguaí localizado na Costa Verde do Rio de Janeiro foi um desses casos, sendo transformado em um grande complexo portuário, responsável pela movimentação de minérios, produtos siderúrgicos e grãos em grande escala. O governo para aumentar a exportação dos produtos siderúrgicos, também vem concedendo licenças à empresas estrangeiras para construírem portos e pátios privados de minério e produtos siderúrgicos na Costa Verde, causando imensa degradação ambiental em áreas protegidas da Mata Atlântica e nos ambientes marinhos, poluindo ainda mais a Baía de Sepetiba, já tão prejudicada pelas dragagens do Porto de Itaguaí, pelos metais pesados da Ingá Mercantil , pela falta de gestão de resíduos dos complexos industriais, pela falta de saneamento, pela exploração imobiliária , pelo turismo de massa, pela invasão de espécies oriundas de água de lastro face a excessiva movimentação de grandes embarcações na região . A degradação ambiental caminha no sentido da Baia da Ilha Grande e dos ecossistemas ali existentes, como as praias, enseadas e manguezais de Angra dos Reis e da própria Ilha Grande. Com a possibilidade do licenciamento de mais quatro portos entre Itaguaí e Itacuruçá, sem contar o já existente na Ilha Guaíba, verifica-se a urgência na implantação das ações pertinentes ao Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro Integrado, como uma das formas de ordenar a ocupação do solo na região e preservar os recursos naturais e a biodiversidade dos ambientes marinho daquela zona costeira.

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METODOLOGIA Há aproximadamente 10 anos vem acompanhando o desgaste dos recursos naturais da Baía de Sepetiba, especificamente das Praias de Sepetiba , Dona Luiza, Praia da Briza e das Garças que foram completamente poluídas pelas atividades do Porto de Sepetiba, pelos desastres ambientais da Companhia Ingá mercantil que jogou e ainda vem liberando no solo marinho e no lençol freático metais altamente perigosos a saúde humana e das espécies marinha, além da elevada favelização falta de saneamento básico que estes locais vem sofrendo. Em 2004 quando desenvolvi o Projeto de Pesquisa sobre Educação Ambiental no curso superior e transversatilidade decidi por realizar em duas versões o Curso de Ecologia de Campo e Biologia Marinha na Ilha Grande. A caminho da ilha a partir de Mangaratiba, comecei a perceber uma série de indicadores de degradação ambiental provocada principalmente por óleo e minério, observei a estrada férrea que sai de Sahy e cruza a costa até a Ilha de Guaíba com os comboios de minério a céu aberto. Nas praias de Angra dos Reis é quase que totalmente impossível a baneabilidade assim como em algumas da Ilha Grande, como a da Enseada de Palmas e a da Vila do Abrahão. Paraty e Rio Claro são os únicos municípios da Costa Verde que ainda estão com os recursos naturais quase que intactos, o primeiro por ser tombado pela União e o segundo por não fazer fronteira com o mar territorial. Em maio de 2009 tive a oportunidade de realizar com o apoio do iate Clube de Itacuruçá e a Ong Gdasi o I fórum de Projetos para o Desenvolvimento Sustentável da Região da Costa Verde e neste participaram o poder público( Secretários de meio ambiente, Indústria e Comércio, Agricultura, os técnicos do INEA, do Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pesca, diversas instituições da sociedade civil de várias áreas de atuação, de toda a região, isto é, de Itaguaí a Rio Claro, o poder privado, a Marinha, o Conselho Regional de Biologia, a Universidade Rural e a OAB . Além de contribuições para o desenvolvimento sustentável, foram abordados os problemas ambientais de cada município e as conseqüências no âmbito social, econômico e ambiental. Portanto este trabalho de pesquisa foi mesclado com observações e estudos de campo, entrevistas com membros da comunidade tradicional local, entre elas pescadores e quilombolas, visitas técnicas ao Porto de Angra dos Reis, ao pequeno Porto de Mangaratiba, aos diversos ecossistemas marinho da Ilha Grande, aos manguezais de Itacuruçá, Angra dos Reis, Ilha Grande e Sepetiba, além de leitura e pesquisa documental, leitura de artigos técnicos, revistas, livros e instrumentos de licenciamento ambiental de portos e leitura de documentos na rede mundial de informação e comunicação-internet.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I – Caracterização da Costa Verde 13 CAPÍTULO II – Os Portos de minério da Costa Verde e a aplicabilidade Da Legislação Ambiental 28 CAPÍTULO III – A Gestão Costeira como forma de ordenação do Território. 46 CONCLUSÃO 56 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 72 ANEXOS 58 ÍNDICE 77 FOLHA DE AVALIAÇÃO 79

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INTRODUÇÃO

A ocupação do território brasileiro, em especial do litoral, e a exploração de seus recursos naturais, está diretamente ligada ao período colonial no Brasil e a instalação do modelo político-econômico neoliberal no mundo, a partir da revolução industrial.

Ambos os eventos tiveram objetivos similares, isto é, transformar as condições naturais dos territórios ocupados em insumos, com a exploração de seus recursos naturais disponíveis, para realimentar sistemas produtivos, posse de bens minerais e metais preciosos para aumentar o enriquecimento dos países desenvolvidos e finalmente controle sobre o comércio de nossos produtos no mercado internacional, através da imposição de um sistema político-econômico rígido, que apenas favorece a estes países, sistema vigente até os tempos atuais.

Nesta trajetória do processo civilizatório e do desenvolvimento econômico brasileiro, não se tinha em mente conceitos como planejamento e ordenação do território, muito menos preservação dos recursos naturais e melhoria das condições de vida da população.Tais conceitos só começaram a entrar de forma definitiva na pauta dos governantes mundiais, inclusive o brasileiro, a partir da Conferência da ONU em Estocolmo em 1972, quando os problemas de degradação ambiental no mundo eram gritantes

Com a Rio 92 , já de maneira sistêmica e mais estruturada, diversas nações oficializaram tratados, visando a preservação e conservação dos recursos naturais e a melhoria da vida na terra no sentido da busca da sustentabilidade do planeta, temas que vem através do tempo sendo melhorados incluindo sistemas de gestão mais participativos e mais solidários.

O conceito de desterritorialização de diversos pontos do litoral brasileiro,

entre eles de áreas da região litorânea sul fluminense do Estado do Rio de Janeiro teve início na fase pré-colonial, em 1502, quando os navegadores portugueses atracaram na costa brasileira, para utilizar este espaço do continente desconhecido como uma base militar segura e estratégica, para daí seguir rumo as Índias, terras que lhes ofereciam especiarias e metais preciosos.

9 Diversas expedições se sucederam, com o objetivo de levantar com os

índios informações sobre as regiões que estavam sendo visitadas, mapeando geográfica e antropologicamente as terras e seus habitantes, além de utilizar a mão de obra indígena para o corte e retirada do pau-brasil da floresta, que imediatamente era levada para Portugal, para a construção de novas naus. Tinha início desta forma o primeiro ciclo econômico do Brasil, o ciclo do pau-brasil.

Em 1503 para evitar o roubo do pau-brasil pelos corsários franceses cria-se em diversos pontos do litoral, as capitanias hereditárias, ficando duas delas instaladas no Rio de Janeiro, uma em Cabo Frio e outra em Angra dos Reis, dando início propriamente dito a colonização e a escravização indígena. Seus donatários , deveriam dar posse de terras a quem desejasse explorá-las, dar início ao plantio de cana de açúcar, do café, do algodão e de demais cereais nas áreas mais interiores do nosso território e continuar a busca por pedras preciosas.

A descoberta do minério e do ouro só veio a ocorrer em 1695, já na segunda fase imperial, na região das Minas Gerais nas vertentes dos córregos Tripuí e Passa Dez, nos sopé do Pico do Itacolomi, surgindo as minas de Santa Bárbara e de Carta Branca dos Areches e desta última, Itabirito, no pico de minério do mesmo nome. Para escoar o ouro de Minas Gerais até as naus portuguesas, utilizavam a trilha usada pelos índios Guaianás, que passava por Paraty e que ligava o Rio de Janeiro à São Paulo. O Ouro saia do cais em Paraty e daí seguia para a capital do império no Rio de Janeiro e depois para Portugal. Este caminho foi totalmente abandonado em 1888, com a construção da Estrada de Guaratinguetá que ligava o Rio à São Paulo, não mais passando por Paraty, e com o fim do tráfego de escravos imposto pela Inglaterra em 1850.

No fim do segundo período imperial, fatores como: a extensão da ferrovia D.Pedro II ( Estrada de Ferro Central do Brasil) até a região produtora de ferro, que permitiu o transporte dos produtos chegar até o setor exportador de café e cana, bem como a ampliação de produtos siderúrgicos gerados pela construção das ferrovias. e a explosão da primeira guerra mundial, levam o Brasil a ingressar na fase imperialista do capitalismo, favorecendo a abertura de investimentos britânicos em nosso território , especialmente no Rio de Janeiro, com a aplicação de recursos em diversas atividades econômicas, como a modernização do setor de serviço, para atender ao crescimento urbano que se instalava-se concomitantemente ao surgimento das industrias, na construção de ferrovias, na melhoria dos portos, na criação de companhias de navegação, e em maiores investimentos na siderurgia, além de exercer o monopólio sobre o comercio exterior brasileiro.

10O litoral sul fluminense do Rio de Janeiro continuava sendo o grande palco

para obtenção de lucro pelo governo, pois em 1923, para atender as necessidades crescentes de exportação do café proveniente do Vale do Paraíba e na importação de carvão e madeira para o crescimento da indústria, o governo geral,colocava em funcionamento o Porto de Angra dos Reis, situado na Baía da Ilha Grande. Este mesmo porto vem a ser escolhido anos depois pela Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, para receber o carvão oriundo de Imbituba, no sul do país, até que no ano de 1963 o abastecimento do produto para a usina passa a ser efetuado por intermédio de rodovias.

O Porto de Angra dos Reis é convertido num pólo exportador de produtos siderúrgicos da Companhia Siderúrgica Nacional, além de importador de trigo, mas foi somente em 1942 que a Companhia Vale do Rio Doce entra em cena no comércio de minério brasileiro e em 1977 já privatizada e sobre o controle majoritário da CSN passa a transportar o minério de ferro das minas do quadrilátero ferrífero no Estado de Minas para o Porto de Sepetiba em Itaguaí, localizado na região sul fluminense do Estado do Rio de Janeiro, pela ferrovia da MRS Logística.

A Caemi, empresa do sistema CVRD, através de sua subsidiária MBR, que também atua no mesmo quadrilátero de ferro em Minas Gerais, constrói na Ilha de Guaíba, Baía de Sepetiba, o seu terminal exportador, recebendo o minério de ferro, através do mesmo sistema ferroviário da MRS Logística.

Enquanto a indústria de minério cresce para abastecer o mercado interno e internacional, reduzindo a qualidade ambiental da zona costeira da região sul fluminense do Rio de Janeiro, na mesma região surgem outros empreendimentos industriais, obedecendo a planos de desenvolvimentos governamentais, que geram forte impacto social e ambiental nas Baías de Sepetiba e Ilha Grande. Tais iniciativas industriais consideradas estratégicas pelo governo brasileiro são: o Cadim ( Escola de Aprendizes-Marinheiro) na Restinga de Marambaia, o Estaleiro Verolme, a Nuclep, as Usinas Nucleares Angra I e II, o Terminal de Petróleo da Petrobrás(estes últimos em Angra dos Reis ), além da BR101 .

Com a BR 101, ocorreu um crescimento populacional desordenado em

busca da possibilidade de emprego nestas instituições, forte especulação imobiliária devido as belezas cênicas e paisagísticas da região, e crescimento do turismo de massa, aumentando a ocupação desordenada do território e uso inadequado do solo, gerando redução da qualidade do ar, da água, do solo, aumento de resíduos, prejuízos a saúde, a cultura local, além de redução da qualidade de vida das populações local.

11Atualmente com o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o governo

irá duplicar a BR 101 no trecho entre Itaguaí e Itacuruçá, para atender a expansão das atividades portuárias privadas de minério e grãos na região, visando aumentar a capacidade brasileira de comercialização e exportação destes produtos. cedendo assim, terras da união nas áreas de Santa Cruz e Itacuruçá, para construção de mais dois portos privados , além de mais uma área na Restinga de Marambaia, para a construção do porto da Marinha brasileira para a fabricação do submarinho nuclear.. A instalação e expansão de atividades consideradas de alto poder de degradação ambiental assim denominadas pela própria legislação ambiental, geram um forte conflito de competência entre os poderes, além de conflito entre o cumprimento da doutrina jurídica ambiental e a ação do poder público no atendimento as pressões da área privada e as políticas de desenvolvimento econômico do governo federal, resultando em prejuízos às populações locais, desemprego e favelização, além de destruição dos habitats naturais, da flora, da fauna , da biodiversidade.

Dentro deste contexto foram selecionadas três categorias conceituais para serem trabalhadas que foram organizadas em três capítulos: o primeiro visando a Caracterização da Área de Estudo apresentando: ecossistemas associados à Mata Atlântica e ambientes marinho; unidades de conservação e territórios protegidos pela legislação ambiental; comunidades tradicionais e patrimônio histórico-cultural arquitetônico; o segundo descrevendo sobre as Atividades Portuárias na Costa Verde do Rio de Janeiro e a aplicabilidade da legislação ambiental , e finalmente a Gestão Costeira como uma das formas de ordenamento do território e redução de passivos econômicos, sociais e ambientais . Objetivou-se com esse trabalho, consolidar um suporte teórico para melhorar o nível de atuação do poder público sobre a concessão das licenças de operação dos portos, evidenciar a necessidade de maior rigor da fiscalização sobre a construção e as atividades dos empreendimentos portuários,visando acompanhar a execução das compensações ambientais e a realização de medidas mitigadoras, que evitem ou reduzam a degradação nos ambientes de Mata Atlântica e nos ecossistemas marinhos, além de incentivar a implantação das atuais metodologias para a implantação da Gestão da Zona Costeira na região sul fluminense do Rio de Janeiro.

Em linhas gerais, procurou-se reunir documentário básico sobre a Costa

Verde para contribuir na organização dos procedimentos que baseados no Programa Nacional de Gestão Costeira, coloquem em prática as seis áreas de interesse deste gerenciamento ambiental a saber: planejamento ( planejar uso e ocupação das áreas costeiras e oceânicas) proteção ambiental ( proteção de base ecológica,preservação da biodiversidade e garantia do uso sustentável das áreas

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costeiras), promoção do desenvolvimento econômico( através do uso projetado em áreas costeiras,adjacentes e oceânicas), resolução de conflitos ( equilíbrio e harmonização dos usos presentes e futuros)segurança pública (garantir a segurança frente a eventos naturais e antrópicos) e, gerenciamento das áreas públicas ( garantir o correto uso de recursos comuns).

13 CAPÍTULO I

CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO COSTA VERDE

“O mundo que criamos hoje, como resultado de nosso pensamento, tem agora problemas que não podem ser resolvidos se pensarmos da mesma forma que quando o criamos”.Albert Einstein.

A Revolução Industrial iniciada no século XVIII na Inglaterra e seu prolongamento nos séculos seguintes, foi em grande parte a protagonista das transformações ocorridas no planeta. Os industriais da época, ávidos por maiores lucros, por aumento de consumo e por produção acelerada, apoiados por seus governos, que também almejavam crescimento e maior arrecadação de impostos, investem na construção de novos equipamentos, no desenvolvimento de novas técnicas, na implantação de novos modelos de gestão, visando maximizar a produção e a circulação de suas mercadorias no mercado. Surgem as cidades, cresce a população mundial, o desemprego, a mortalidade e a analfabetização. O consumo é cada vez mais incentivado e a proteção ao meio ambiente natural mais relegada ao esquecimento. O ferro passa a ser substituído pelo aço, a eletricidade e os derivados de petróleo passam a ser a fonte energética da indústria e dos transportes, implementa-se o uso das ligas de metais e os produtos da química industrial, cresce o incentivo a agricultura. Fabricam-se milhões de toneladas de produtos industrializados, retirando dos países em desenvolvimento, como o Brasil, grandes quantidades de recursos naturais para obter insumos para a sua produção. A madeira, os metais preciosos, o minério para a produção do aço e o petróleo além dos produtos agrícolas passam a mover a economia, sem a menor preocupação com a forma como eram obtidos e de que maneira sua extração prejudicaria a qualidade de vida da população.

14 Essa mesma filosofia capitalista implantada no resto do mundo também tem sido colocada em prática no território brasileiro a partir do segundo período imperial. As áreas escolhidas para alavancar o crescimento, e instalar as grandes obras de infra-estrutura foram principalmente o litoral sudeste e nordeste, no qual a região sul fluminense do Rio de Janeiro ocupa um significativo destaque, principalmente porque é um eixo que liga os principais centros econômicos do país, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais e é uma porta para o oceano atlântico, facilitando o trânsito rápido de grandes embarcações para o mercado internacional. A região costeira sul fluminense do Rio de Janeiro, é notoriamente o local onde ainda se concentra um dos maiores biomas brasileiro, a Mata Atlântica, assim como importantes ecossistemas marinhos de grande relevância para a Biologia da Conservação e para a vida do ser humano. Devido ao porte e as características dos empreendimentos ali instalados ou em fase de instalação os efeitos impactantes gerados ao meio ambiente, vem provocando ascendente redução da qualidade ambiental de grande parte da zona costeira , extinção de habitats e de espécies,além de inúmeros conflitos sociais, perda da qualidade de vida das comunidades locais, redução do turismo, entre outras graves conseqüências.

Neste capítulo procuramos apresentar um rápido perfil da região, sua gente, sua cultura, o bioma e ecossistemas marinhos existentes e os sistemas legais de proteção.

1. Caracterização da Área de Estudo

A região da Costa Verde, área sul fluminense do Estado do Rio de Janeiro, assim denominada como forma de ordenação territorial para a gestão das atividades turísticas, é uma das áreas do país que reúne além de beleza cênica, por suas imensas áreas de vegetação acostadas por mar calmo de águas mornas e quase transparentes agrupando baías e ilhas de grande potencial biodiverso, também um importante reservatório hídrico para o Estado, além de agrupar em vários municípios rico patrimônio histórico cultural-arquitetônico de significativa relevância para a humanidade.

15Atrelados as inúmeras riquezas naturais, somam-se o cotidiano das

populações tradicionais que vivem nos diversos municípios em áreas planas próximas a pequenos riachos e manguezais,em encostas e ilhas, sem infra-estrutura de saneamento básico, saúde e educação. Também são vizinhos a iniciativa industrial, que constantemente ameaçando a saúde da população, delegam a esta região, um conceito de área de conflitos, no qual preservação dos recursos naturais e desenvolvimento econômico experimentam constantes embates.

Constituí-se de cinco municípios: Itaguaí, Mangaratiba, Angra dos Reis,

Paraty e Rio Claro, todos fundados entre 1597 e 1688, totalizando uma área de 3229,5km², distando da capital a partir de Itaguaí, apenas 73Km. ( Anexo4 )

Os municípios de Itaguaí e Mangaratiba estão inseridos na Baía de Sepetiba tendo por principal ecossistema marinho a Restinga de Marambaia e os de Angra dos Reis e Paraty estão inseridos na Baía da Ilha Grande, tendo por importante ecossistema marinho a Ilha Grande. Rio Claro é o único município que encontra proximidade com a reserva hídrica de Ribeirão das Lages e não tem área costeira como limite .

A unidade hídrica dos municípios da Costa Verde é formada pela Bacia Hidrográfica de Sepetiba que é drenada pelo Rio Guandu e pelos seus mais de vinte tributários.(Anexo 1 ).

Sua população, parte é formada por comunidades tradicionais, como a de pescadores, caiçaras, quilombolas, indígenas e outra parte por imigrantes de outras regiões, além de população flutuante formada por moradores de fim de semana e turistas, totalizando 306.000 habitantes, com IDH médio que varia de 0,76º à 0.78º( PNUD 2007 ) .

O sistema de circulação entre os municípios e para fora de seus limites se

dá através das rodovias BR 101, RJ143 e RJ 155. Dos cinco municípios, Mangaratiba, Angra dos Reis , Paraty e Rio Claro

detêm vocação eminentemente turística, cujas atividades econômicas são o turismo cultural, marítimo e o ecológico, mesmo observando-se dentro do território administrativo de Angra dos Reis, industrias como o estaleiro BrasFels, O Porto de Angra dos Reis, a TEBIG e as Usinas Nucleares de Angra I e II . Paraty classificado como Estância Balneária, por sua arquitetura clássica, por suas igrejas e obras sacras e por ser um dos primeiros municípios do Rio de Janeiro a estar diretamente ligado a história da colonização brasileira, sempre foi bastante preservado , estando tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional , experimentando no momento avaliação pela UNESCO para se tornar Patrimônio da Humanidade.

Itaguaí é o único dos municípios voltado para a atividade industrial e portuária, possuindo além de dois portos, empresas beneficiamento,transformação

16e serviços que basicamente abastecem os portos e as demais empresas localizadas nos municípios vizinhos.

1.1-Organização dos Municípios

Os municípios da Costa Verde agregam vasta extensão de terra, vegetação de Floresta Ombrófila Densa e ecossistemas marinho a ela associados. Dos cinco municípios, quatro fazem ao sul, limite com o Oceano Atlântico, constituindo-se em áreas costeiras do litoral sul fluminense, e um com a Reserva de Ribeirão das Lajes. Cada unidade municipal está organizada em distritos como vemos abaixo:

Itaguaí Área Total: 278km²; População: 100.000 habitantes Distritos: Itaguaí ( sede ) e Ibituporanga

Mangaratiba Área Total: 361,6 km²; População: 30.000 habitantes Distritos: Mangaratiba (sede); Conceição de Jacareí; Itacuruçá; Muriqui; Serra do Piloto e Praia Grande Angra dos Reis Área Total 891 km²; População: 130.000 habitantes Distritos:Angra dos Reis (sede); Cunhambebe; Ilha Grande; Mambucaba e Jacuecanga

Paraty Área Total: 933,8 Km² ; População: 29.544 habitantes Distritos: Paraty (sede); Paraty –Mirim e Tarituba.

Rio Claro Área Total: 841.39 Km²; População: 18.181 habitantes Distritos: Getulândia; Passa Três; São João Marcos e Lídice

17 1.2. Recursos Naturais e Sistemas de Proteção Ambiental

Os municípios da Costa Verde do Rio de Janeiro reúnem variados atrativos

naturais como: Baías, Enseadas,Restingas, Ilhas, Cachoeiras, Praias, Manguezais, Matas Alagadas, Brejos, Picos e Montanhas, Reserva Hídrica, Costões Rochosos, além de estarem cobertos por 20% do remanescente de Mata Atlântica , correspondendo aos 7,3% de todo o país, concentrando imensa biodiversidade.

O litoral formado pelas Baías de Sepetiba e da Ilha Grande apresentam dois importantes ecossistemas marinho, a Restinga de Marambaia e a Ilha Grande e é bastante recortado, com entrâncias e pontões, protegidos por diversas enseadas.Em toda a extensão litorânea verifica-se costões rochosos, ambientes integrantes da zona costeira, que comportam rica e complexa comunidade biológica.(Anexo1)

1.2.1.Baía de Sepetiba

A Baía de Sepetiba é uma das maiores do Estado, com área de 305Km², limitando-se à nordeste a Serra do Mar, ao norte pela Serra de Madureira, à sudeste pelo Maciço da Pedra Branca e ao sul pela Restinga de Marambaia .( Anexo2)

Consiste em um corpo de águas salinas e salobras, que se comunica com o Oceano Atlântico por meio de duas passagens, na parte oeste entre os cordões de ilhas que limitam com a ponta da Restinga, e na porção leste,pelo canal que deságua na Barra de Guaratiba.

Constitui um criadouro natural para diversas espécies em suas áreas de mangue e zonas estuarinas, sendo a atividade pesqueira um importante suporte econômico e social para a região .Entre as espécies marinhas mais encontradas estão o boto cinza, as tartarugas, a tainha, a traíra, o pacu, o bagre, ostras, camarões, moluscos e as macro algas marinhas do tipo Sargassum spp., estas últimas encontradas principalmente em 68% dos costões rochosos( Armando Filho et.al. /999b ).

Suas águas servem à preservação da flora e fauna, a navegação e, graças a beleza cênica da região com suas cachoeiras e ilhas e a própria Restinga de Marambaia, as atividades turísticas( INEA/2009 ).

18A bacia hidrográfica contribuinte à Baia de Sepetiba tem duas origens: a

vertente da Serra do Mar e uma extensa área de baixada, recortada por inúmeros rios, composta de 22 sub-bacias. Recentemente , a estas, soma-se a transposição de parte das águas do rio Paraíba do Sul, desviadas nas barragens de Santa Cecília para Ribeirão das Lajes, um dos formadores do Rio Guandu e do Canal de São Francisco.

A Bacia de Sepetiba ocupa uma área de cerca de 2000 km², correspondendo a cerca de 4,4% da área do Estado do Rio de Janeiro(GEOHECO) e perpassa por toda a Baixada de Sepetiba, que é caracterizada como área de “fronteira metropolitana”.

Nas últimas décadas, o povoamento tem se dado em função do

crescimento dos anéis suburbanos em torno da metrópole do Rio de Janeiro, intercalando manchas densamente ocupadas com um processo de urbanização diluído em meio a projetos imobiliários a espera de valorização.

O fato de ser cortada por eixos de circulação que articulam São Paulo e Minas Gerais confere à esta sub-região uma posição estratégica. No entanto esta posição é definida por grandes pólos urbano-industriais localizados fora da Baixada de Sepetiba ( Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais), o que tem induzido a formulação de planos de desenvolvimento que a concebem como uma espécie de “zona de passagem” e não como “unidade ambiental”.

O fato de ter se tomado como base do diagnóstico sócio-econômico ,a

Bacia de Sepetiba, é o reconhecimento de que qualquer plano de desenvolvimento,principalmente o atual plano, focalizado na expansão do Porto de Sepetiba, deve tomar por base espacial de referência a unidade ambiental da Bacia.Essa unidade se fundamenta na natureza sistêmica de suas interações internas que, ao contrário do viés dominante em muitos estudos ambientais, incluí os vetores sócio-econômicos e políticos-institucionais (Diagnóstico Sócio-econômico da Bacia Hidrográfica de Sepetiba-RJ).

A cota de 100 metros de altitude é um recurso útil para delimitar as áreas

mais densamente povoadas da Bacia de Sepetiba e constitui o limite mínimo que define as unidades de conservação, reservas biológicas e APA’s da Zona Oeste e da Costa Verde e as duas unidades fisiográficas da Bacia são a planície e a serra.

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1.2.1.1. Restinga de Marambaia

É uma imensa barreira natural localizada entre a Baía de Sepetiba e o

Oceano Atlântico, entre os municípios de Barra de Guaratiba, Itaguaí e Mangaratiba, de solo arenoso com baixa concentração de argila e material orgânico, com cerca de 79km², que compreende a restinga propriamente dita e o Morro ou Ilha da Marambaia. Estende-se da Barra de Guaratiba a leste, até o Morro da Marambaia a oeste, e chega a distar 18km do bordo continental.

Ao longo dos anos a Restinga de Marambaia vem sendo acompanhada

pelo Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias, face ao intenso processo de erosão da parte central, decorrente de fatores físicos como correntes , ventos e ondas. È um ambiente de riquíssima biodiversidade que vem sendo preservado pela Marinha e o Exército brasileiro, assim como também pela comunidade quilombola que ali vive há mais de um século. 1.3.Baía da Ilha Grande

A Baía da Ilha Grande localizada entre Angra dos Reis e Paraty, origina-se

de uma grande reentrância na linha da costa, que possui na sua barra uma grande ilha, dividindo esta baía em duas grandes seções. Uma onde encontramos a Baía de Jacuecanga e outra, onde encontramos a Baía da Ribeira.

A Baía da Ilha Grande é formada por uma infinidade de enseadas e sacos e a presença das fracas correntes junto a linha do litoral, preenche-os com fino particulado que quando depositado no leito marinho, provoca a formação de vastas áreas de manguezais em baixios litorâneos.( Anexo2)

Nas áreas protegidas da baía, as praias são formadas a partir da sedimentação de partículas onde, dependendo da composição do particulado, da profundidade, da temperatura das águas e da velocidade das correntes, formam praias lodosas, ou praias arenosas.

O litoral de Angra dos Reis é especial. formado a partir do afundamento do

bordo oceânico e do rebaixamento da água do mar após a última Transgressão Flanderiana ocorrida entre 12 e 16 mil anos atrás, as ilhas hoje existentes, são cumes dos morros litorâneos que ficam submersos.

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1.3.1. Ilha Grande

A Ilha Grande (23º11’S,44º12”O), a maior ilha do Rio de Janeiro com

aproximadamente 1900 ha, é um dos mais importantes remanescentes de Floresta Atlântica do estado, possuindo 40% de seu território coberto por vegetação primária e secundária em estado preservado de regeneração. Está localizada no município de Angra dos Reis, a cerca de 150 km da capital. Seu clima é quente e úmido, seu relevo é bastante acidentado, sendo seus dois pontos mais altos a Serra do Retiro (1031m) e o Pico do Papagaio (959m).

Devido à grande extensão da ilha e sua heterogeneidade de habitats (praias ,encostas, rios...) podemos encontrar diferentes formações vegetais, tais como restingas,manguezais,matas alagadas e de encosta, fazendo com que a flora varie de um local para outro. A formação predominante é a Floresta Atlântica, encontrada tanto em seu estado primário como secundário, já que desde o descobrimento do Brasil a Ilha Grande foi usada para cultivo de lavouras, que aos poucos avançaram sobre a floresta original, degradando-a.

Em toda a sua extensão são 89 praias, a grande maioria sem habitantes, tendo a Vila do Abrahão, como local escolhido para o pouso turístico e também para habitação da maioria dos moradores da Ilha. Em Dois Rios, pequeno vilarejo próximo a Vila do Abrahão, local que abrigou no passado presos políticos e até terríveis criminosos, hoje após doação do governo do estado, funciona um grande centro avançado de pesquisa da UERJ, que procura desenvolver vários estudos sobre a fauna e flora da Ilha Grande.(Anexo2)

1.4. Mata Atlântica

A área original era no passado de 1.290.692,46 km²., 15% do território

brasileiro. Atualmente o remanescente possue 95.000km², 7,3% da área original está situado principalmente na Serra do Mar e Mantiqueira, de relevo acidentado. Destes 7,3%, 20% estão distribuídos na região sul fluminense do Rio de Janeiro, correndo freqüentes ameaças de extinção, face a especulação imobiliária, a instalação de industriais de alto poder impactante, a agricultura, ao turismo de massa e a urbanização de modo não sustentável, causando a supressão de vastas áreas de biodiversidade, com a possível perda de espécies conhecidas e ainda não conhecidas pela ciência, influindo na quantidade e qualidade da água de rios e mananciais, na fertilidade do solo, bem como afetando características do microlima e contribuindo para o problema do aquecimento global.

21 Seguindo a classificação fitogeográfica brasileira (sistema de classificação

da vegetação baseado no clima e na fisionomia da vegetação ) a Floresta Atlântica encontra-se dentro do domínio da Floresta Ombrófila Densa.Esta formação é caracterizada por apresentar vegetação perene (onde as árvores se mantém com folhas ao longo de todo o ano), sem proteção à seca, ocorrendo em área com clima tropical úmido sem período seco.

Atualmente, classificamos a Floresta Atlântica em dois tipos: a Floresta

Atlântica sensu stricto que corresponde a floresta costeira, que vai do mar até 300 Km para o interior do continente, e a Floresta Atlântica sensu latu, ou “Domínio Tropical Atlântico”, que corresponde a floresta costeira e suas formações associadas ( como restingas, mangues,brejos e campos de altitude) indo do mar até 700Km para o interior. (Anexo2)

A ampla distribuição latitudinal, aliada a uma grande variação do relevo,

altitude, temperatura e pluviosidade, garante à Floresta Atlântica um elevado grau de heterogeneidade com um diversificado espectro de formações vegetais (de subtropicais a tropicais e desde o nível do mar até 2900m de altitude). Esta grande variedade de habitats contribuiu para a elevada diversidade biológica da Floresta Atlântica, que mesmo após ter sofrido redução de mais de 90% de sua área original, continua sendo uma das áreas de maior diversidade biológica do planeta, estando entre um dos 25 hotspots de diversidade biológica do planeta.

Sua fauna endêmica é formada principalmente por anfíbios (grande

variedade de anuros), mamíferos e aves das mais diversas espécies.Atualmente existem registros de mais de 261 espécies conhecidas, como a capivara, o bicho-preguiça, a onça pintada, o tamanduá-bandeira, o tatu-peludo, a jaguatirica, o gato, o cachorro do mato entre outros.Quanto aos pássaros podemos encontrar o periquito, os beija-flores, as araras, a garça e quanto aos peixes o pacu, o dourado, a traíra, a tainha.As espécies nativas da Mata Atlântica na região são: O Urucum (Bixacea) ,Imbé(Araceae), PalmitoJuçara(Palmae) ,Estifitia(Asteraceae),Pitangueira(MyrtaceaeQuaresmeira(Melastomataceae), ImbéRugoso(Araceae), Tilandsia(bromeliaceae), Ipê-Roxo(Tabeguia impetignosa), Pata de Vaca(Leguminosae).

22Além disso, a Mata Atlântica oferece outras possibilidades de atividades

econômicas, que não implicam na destruição do meio ambiente e em alguns casos podem gerar renda para as comunidades locais e tradicionais. Alguns exemplos são o uso de plantas para se produzir remédios, matérias-primas para produção de vestimenta, corantes, essências, insumos para a indústria de alimentos ou ainda a exploração de árvores por meio de corte seletivo para a produção de móveis certificados-o manejo florestal-, o ecoturismo e até mesmo o mercado de carbono.

Atualmente a Mata Atlântica está protegida pela Lei 11.428 de 22 de dezembro de 2006 que entre outros, estabelece no capítulo II, artigo 6º. princípios do regime jurídico do Bioma Mata Atlântica:

“Art. 6- A proteção e a utilização do Bioma Mata

Atlântica tem por objetivo geral o desenvolvimento sustentável e, por objetivos específicos, a salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e da estabilidade social.

Parágrafo Único: Na proteção e na utilização do Bioma Mata Atlântica, serão observados os princípios da função sócio-ambiental da propriedade, da equidade intergeracional, da prevenção, da precaução, do usuário-pagador, da transparência das informações e atos, da gestão democrática, da celeridade procedimental, da gratuidade de serviços administrativos prestados ao pequeno produtor rural e às populações tradicionais e do respeito ao direito de propriedade”.

1.5. Reservatório de Ribeirão das Lajes

O reservatório de Lajes, formado entre os anos de 1905 e 1908, localiza-se nas vertentes da Serra do Mar entre os municípios de Piraí e Rio Claro. Destaca-se como o maior reservatório de água doce do Estado do Rio de Janeiro e está localizado à aproximadamente 80Km da capital.Situado a aproximadamente 410m acima do nível do mar, a represa apresenta em seu entorno várias formações e fragmentos da Mata Atlântica, o que contribui para sua elevada qualidade de água.

23O clima de tropical de altitude varia entre médias mínimas do inverno de

18ºC e máximas de 28ºC. As águas são de elevada transparência (>2m ) e baixa condutividade (5 – 60 uS/cm) e pH entre 6-7.

A comunidade de peixes sofre influência das introduções de tucunarés ( Cichla monoculus) e de tilápia ( Tilapia rendalli ), bem como de espécies nativas como acarás ( Geophagus brasiliensis ), trairas ( Hoplias malabaricus), cascudos ( Hypostomus affinis), violas (Loricarichthys spixii). Cerca de 26 espécies habitam o ambiente represado, e outras tantas, os pequenos riachos contribuintes do reservatório, que encontram nos grandes volumes de água da represa, barreira de limite às suas distribuições.

A pesca esportiva é autorizada no reservatório e a manutenção das condições ambientais é realizada pela Light Serviços de Eletricidade S/A, que também mantém com a UFRRJ convênio para o desenvolvimento do Projeto PISCES, que visa a intensificação do emprego de abrigos artificiais e o monitoramento da ictiofauna, buscando o ordenamento da exploração sustentável dos recursos pesqueiros.

2. Sistema de Proteção Ambiental da Costa Verde A proteção ambiental da Costa Verde está garantida através do Sistema

Nacional de Unidades de Conservação, Lei 9.985 de 18 de julho de 2000, e é formado por um mosaico de Unidades de Conservação mantidas e controladas pelas três esferas governamentais como: Parque Nacional da Serra da Bocaina ( Paraty ) Parque Estadual Cunhambebe ( cobrindo extensão territorial de Itaguaí à Rio Claro), Parque Estadual da Ilha Grande, Parque Estadual Marinho do Aventureiro, além das APAs Mangaratiba( Mangaratiba) em fase de extinção, Tamoios( Angra dos Reis) Nova Sepetiba( Itaguaí e Mangaratiba) Sepetiba( entre Itaguaí e Coroa Grande) e as reservas biológicas e estações ecológicas da Ilha Grande.(Anexo I)

Verificamos que por décadas, o poder público procurou preservar área de tamanha concentração de biodiversidade, instituindo nesta região diversas unidades do SNUC, preservando o máximo possível as áreas de vegetação da Mata Atlântica e os ecossistemas marinho associados, demonstrando a preocupação dos órgãos ambientais com a degradação que poderia ser gerada pelas atividades antrópicas.

24. Estão previstos no Sistema Nacional de Unidades de Conservação:

“Art 2º.Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

1-unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. 2-conservação da natureza: o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral; 3-diversidade biológica: a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte, compreendendo ainda a diversidade dentro das espécies, entre espécies e de ecossistemas; 4-recurso ambiental: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora; 5-preservação: conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas naturais; 6-proteção integral: manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana,admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais; 7-conservação in situ: conservação de ecossistemas e habitats naturais e a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus maiôs naturais e, no caso de espécies domesticadas ou

25cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características; 8-manejo: todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas; 9-uso indireto: aquele que não envolve consumo, coleta,dano ou destruição dos recursos naturais; 10-uso direto:aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais...

3-Comunidades Locais

3.1.Comunidades Quilombola O termo remanescente de quilombo foi instituído pela Constituição de 1988

e vem sendo utilizado por grupos sociais negros de diferentes contextos do Brasil, para designar uma herança cultural e material que lhes dá uma situação presente “ a um lugar e a um grupo específico”.O termo Quilombola não se refere a resíduos e resquícios arqueológicos de ocupação temporal ou de comprovação biológica. Também não se trata de grupos isolados ou de uma população estritamente homogênea ou constituídos a partir de movimentos rebelados.

A identidade étnica desses grupos delineia-se pela experiência vivida, pelas versões compartilhadas de sua trajetória e pelo uso comum da terra da qual dependem para viver e cuja ocupação não é feita em lotes individuais e sim tomando por base laços de parentesco e vizinhança e sua continuidade enquanto grupo.”Decreto 4.997 de 20 de novembro de 2003”.

No litoral sul fluminense são localizados em Paraty na região de Campinho e em Mangaratiba na Restinga de Marambaia. Ao longo das 14 praias da ilha de Marambaia residem 271 familias (INCRA-2006) organizados em núcleos, que construíram por mais de 100 anos uma rede de parentesco e afinidades com memória e identidades próprias. Habitam em casas de estuque e sapê, sem energia elétrica, vivendo da pesca de mexilhões e crustáceos, da tainha e da agricultura de sub existência como a mandioca, o feijão. São produtores de belo artesanato e ainda hoje praticam o jongo, dança africana de seus antepassados procurando reviver a história e manter sua cultura.

26 São um povo altamente preservadores da restinga, pois vivem diretamente

de seus recursos, mas experimentam desde a posse da Ilha de Marambaia pela Marinha, com a implantação do CADIM ( Centro de Adestramento de Marinheiros) conflitos pela posse definitiva de suas terras.

3.2- Comunidades Tradicionais São populações que vivem em estreita relação com o ambiente natural,

dependendo de seus recursos para a sua sobrevivência, mantendo os ecossistemas locais e o patrimônio histórico-cultural arquitetônico, executando atividades de baixo impacto e algumas até mesmo dentro do conceito de extrativismo.

Na Costa Verde estas comunidades são formadas por pescadores, atualmente quase 5000, e remanescentes dos mesmos, que além de pesca artesanal, também praticam a maricultura. Pequenos produtores rurais habitam zonas rurais, muitos localizados em Ibitoranga (Itaguaí) na Serra do Piloto (Mangaratiba), em Paraty Mirim ( Paraty ) e nos distritos de Rio Claro, com suas famílias retirando uma pequena renda proveniente de atividades de uso agrícolas, pecuárias, silviculturas ou do extrativismo rural.

Atualmente o Ministério da Agricultura vem desenvolvendo projetos de implantação de IG’s (Indicações Geográficas) visando agregar maior valor a cadeia de produtos agrícolas beneficiados da região, como é o caso da Cachaça de Paraty e o Palmito em Mangaratiba e Itaguaí.

A maricultura tem sido em alguns municípios como Paraty e Ilha Grande-

Angra dos Reis, uma atividade extrativista sustentável, garantindo renda a pescadores artesanais e suas famílias a partir do cultivo de bivalves, que são vendidos tanto no mercado interno como no exterior, sendo especialmente apreciados na gastronomia francesa.

A maricultura também tem colaborado com a preservação, uma vez que os bivalves só sobrevivem em águas com o menor teor possível de poluição, indicando através de crostas na casca, o aumento de poluição por óleo ou metais pesados.(Anexo2)

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3.3-Comunidades Indígenas

Os índios Guaranis e Tamoios tiveram grande participação e importância no

desenvolvimento dos municípios de Mangaratiba, Angra dos Reis e Paraty, pois foram utilizados como escravos nos grandes engenhos de cana de açúcar, nas fazendas de café e no transporte do mesmo do Vale do Paraíba para Paraty, pelas trilhas que ainda hoje registram marcas de sua passagem.Participaram em grandes batalhas com seus colonizadores na luta pela sobrevivência de seus povos e cultura, muitos foram exterminados, outros morreram doentes com as epidemias trazidas pelos navegadores, outros morreram em mudanças de seus habitats para locais onde o solo era pouco propício , mas que contribuíam para a salvaguarda da sobrevivência de sua comunidade.

Na Ilha Grande e em Angra dos Reis ainda podem ser observados amoladores fixos, construídos em pedra, usados principalmente pelos Tamoios para amolar e fabricar lanças, machados e instrumentos de caça e domésticos Os índios Tupinambás eram grandes caçadores e mergulhadores. Viviam na Floresta Atlântica e sobreviviam da pesca, da mandioca e de frutas.

Hoje uma das áreas protegidas pelo Estado na Ilha Grande leva o nome de APA Tamoios.(Anexo2)

Os Guaianás oriundos dos Guaranis viveram entre Paraty e São Paulo, e

ainda hoje são encontrados em Rio Pequeno e Paraty Mirim.São profundamente mantenedores da cultura espiritual de seus antepassados e seu artesanato de cerâmica, palha e sementes são muito apreciados na cultura contemporânea.

4-Cultura Local

Do ponto de vista dos atrativos históricos culturais, a região guarda inúmeros monumentos arquitetônicos do século XVIII e XIX, monumentos religiosos,arte sacra, depósitos e armazéns, fazendas em ruínas,artefatos de produção da comunidade indígena Tamoios e Guarani, da comunidade quilombola, da comunidade de pescadores e caiçaras e áreas tombadas pelo IPHAN, como é o caso de Paraty, além de restícios de navios de corsários encalhados no fundo da Baía da Ilha Grande.

Na década de 40, Angra dos Reis, Paraty e Mangaratiba pela proximidade com o Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, transformaram-se em rota de escoamento de café, do ouro, da cana de açúcar e também de escravos, através do Porto de Angra, da ferrovia imperial e dos caminhos de chão batido, trilhas ainda hoje existentes e utilizadas no ecoturismo.( Anexo2)

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CAPÍTULO II OS PORTOS DE MINÉRIO DA COSTA VERDE E A APLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

“ Por quanto tempo poderemos continuar fingindo com segurança que meio ambiente não é economia, não é saúde, não é requisito para o desenvolvimento, não é lazer? Será realista considerar-nos administradores de uma entidade chamada meio ambiente, alheia a nós, uma alternativa à economia, um valor caro demais para ser protegido em épocas de dificuldades econômicas? Quando nos organizamos a partir dessa premissa, estamos trazendo conseqüências perigosas para nossa economia, nossa saúde e nosso crescimento industrial “ Charles Caccia, 1986

1. As Políticas de Desenvolvimento e os Empreendimentos Portuários.

As ações governamentais em prol do desenvolvimento sócio-econômico, elaboradas pela Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral, são apresentadas a sociedade através de programas/projetos, e estes estão necessariamente inclusos em Planos Plurianuais, instrumentos de planejamento da administração pública brasileira tanto a nível federal, estadual como municipal.

Os Planos Plurianuais tem vigência de quatro anos e uma exigência da Constituição Federal de 1988, art.165 &1º.

Como princípio fundamental deve estar integrado as Leis de Diretrizes Orçamentais Anuais (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA) e deve identificar de forma clara e objetiva as prioridades do governo, listando ações, obras e promessas de governo.

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Os respectivos programas/projetos pretendem ser reposta aos desafios das grandes questões nacionais: redução das desigualdades sociais, diminuição das disparidades regionais, integração nacional e na economia internacional.

Os programas/projetos a cada PPA recebeu nomes que não correspondem a seus pressupostos como “Brasil em Ação”- 1996, “Avança Brasil”( 2000-2003 ) Brasil um país de todos”(2004/2008).

O conteúdo do “Avança Brasil” relata objetivos específicos de grande relevância, mas que não foram cumpridos ao longo de sua execução como: o componente ambiental estaria presente em todos os empreendimentos, tanto aqueles voltados para o desenvolvimento social quanto os voltados para a infra-estrutura econômica.

A idéia diz o documento,

“é incorporar a variável meio ambiente na concepção dos projetos e não apenas procurar reduzir os efeitos nocivos das obras em construção ou já implantadas”.

Também foi proposto a mudança nos procedimentos de gestão pública adotando-se a figura do “ gestor público empreendedor “para cada um dos projetos, visando garantir agilidade e flexibilidade em sua implementação, no qual o diálogo descentralizado e mais efetivo com as populações atingidas e segmentos diretamente interessados ocorreria. Para concluir o PPA respectivo ao “Avança Brasil” se propunha a deixar claro para o cidadão quais problemas o governo estaria combatendo, que prioridade estaria sendo atribuída e quanto seria gasto para isso.

Esses, entre outros aspectos do PPA retratam contradições entre o

discurso governamental de desenvolvimento e a prática de elaboração e implementação dos projetos, pois como o seu processo de elaboração esteve fortemente centrado nos núcleos decisórios de economia e planejamento do governo, estabeleceu-se como nexo dos Eixos – a produção para exportação- provocando desta forma notório distanciamento entre as propostas e as potencialidades locais.

A noção de participação da população só vem a ocorrer na fase de implementação, para levar a aceitação ou à aprovação do empreendimento por meio de vantagens compensatórias. Isso acontece, sobretudo, quando a implantação de megaestruturas provoca impactos de toda ordem, inclusive deslocamento de toda uma população como foi o caso do Porto de Pecém-Fortaleza.

30Para oficializar a integração nacional e internacional objetivando atender a

demanda do mercado globalizado, na área portuária, implementou reformas e modernização, decretando a Lei Portuária Brasileira - Lei nº. 8.630/93 que dispõe sobre o regime jurídico da exploração dos portos organizados e das instalações portuárias.

Para a execução desta Política, o governo instituiu o Programa de Desestatização dos Portos constituindo dois sub -programas: Privatização dos Serviços Portuários e Reestruturação das Administrações Portuárias. O Programa de Privatização dos Serviços Portuários visa intensificar o arrendamento de áreas e instalações portuárias para empresas privadas e privilegia o uso de operadores privados, transferindo todos os serviços portuários para o setor privado.

A Autoridade portuária permanecerá, porém, como entidade de natureza pública, agindo como gestora do patrimônio, promotora do desenvolvimento portuário e controladora das demais entidades públicas e privadas atuantes no porto.

Em conformidade com a política de descentralização dos portos, em 10 de

maio de 1996, foi promulgada a Lei nº. 9.277, que autoriza a União, por meio do Ministério dos Transportes a, “delegar a administração e exploração dos portos públicos a estados e municípios”. O prazo estipulado para a delegação é de no máximo 25 anos, prorrogável por igual período.

A concessão de portos públicos ao setor privado poderá ocorrer, no entanto, no caso de pequenos portos ou quando o estado ou o município não tiverem interesse em sua exploração.

As mudanças que estão em curso abrangem:

• Privatização das operações portuárias, através do incentivo a entrada de operadores portuários privados e da continuidade dos programas de arrendamento;

• Maior participação da iniciativa privada na gestão e nos investimentos portuários;

• Aumento da produtividade e redução dos custos portuários; • Praticamente todos os principais terminais e instalações portuárias

públicas, foram arrendados à exploração de empresas privadas.

Dentro deste contexto também estão contemplados os Portos localizados na região da Costa Verde do Rio de Janeiro.

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2. As atividades Portuárias na Costa Verde

Estão instalados na Região da Costa Verde , o Porto de Itaguaí, o Porto de Angra dos Reis, o terminal de minério da empresa MBR- subsidiária da CSN na Ilha de Guaíba e o terminal de petróleo da Transpetro (TEBIG).(Anexo4)

Em fase final de construção entre Santa Cruz e Itaguaí, encontra-se a Companhia Siderúrgica do Atlântico(complexo fruto da parceria entre a CVRD e a Tyssenkrupp) com seu respectivo porto e pátio de minério, além da usina de geração de energia com a matriz de carvão.

Aguardam aprovação dos processos de licenciamentos ambientais os

Portos das Empresas Australiana/Inglesa Billington , da Canadense Brasore, ambas a serem instaladas em Itacuruçá ( 1º. Distrito de Mangaratiba ) e da LLX Sudeste em Itaguaí. Estão também previstos para o período 2010-2011 a construção dos Portos da Usiminas(Ilha da Madeira no local da antiga fábrica da Ingá Mercantil S/A ), o da Gerdau em Itaguaí e o da Marinha na Restinga de Marambaia.

2.1- O Porto de Itaguaí

O Porto de Itaguaí foi inaugurado em 07 de maio de 1982, com a operação à época, dedicada à descarga de alumina para a Valesul e carvão para a CSN. Foi concebido para transformar-se em complexo Portuário e Industrial de Itaguaí ficando a cargo da Companhia Docas do Rio de Janeiro a sua construção.

As obras foram iniciadas em 1976, com a execução de acessos e

fundações do píer de carvão. No ano seguinte, tiveram início as obras de dragagem do canal de acesso, enrocamento e aterro hidráulico.

Ocupa uma área de cerca de 7,2 milhões de m² tendo por coordenadas

geográficas – Ponto A- latitude: 22º52’00”S, longitude 43º.52’00”W- Ponto B latitude 22º.52’ 00”S longitude 43º.48”00””W. Está localizado na costa norte da Baía de Sepetiba, ao sul e a leste da Ilha da Madeira, no município de Itaguaí. à 82Km do Rio de Janeiro.Apresenta uma retroárea de 10 milhões de metros quadrados de área plana, um canal de acesso com até 20m de profundidade e cais de estocagem em águas abrigadas, com infra-estrutura logística industrial e

32tecnologia em telecomunicações e suprimento, acessos multimodais e facilidades de transporte.

Abrange todos os cais, docas, pontes e piers da atracação e de acostagem, armazéns, edificações em geral e vias internas de circulação rodoviária e ferroviária e ainda os terrenos ao longo dessas áreas e em suas adjacências pertencentes a União, incorporados ou não ao patrimônio do Porto de Sepetiba ou sob sua guarda e responsabilidade.

A localização do Porto de Itaguaí apresenta para os empreendedores inúmeras vantagens, já que a Baía de Sepetiba situa-se fora das principais trajetórias de tempestades. O mar se apresenta calmo o ano todo e tem como embate natural a Restinga de Marambaia. O Porto de Itaguaí possui facilidades naturais que o credenciam no cenário nacional, destacando-se sua localização geográfica estratégica junta a rota Norte-Sul das grandes linhas de navegação, que atendem a costa leste da América do Sul até o Rio da Prata e proximidade dos mercados da região de maior desenvolvimento econômico do Brasil, a região sudeste.

Os acessos ao Porto ocorrem através de:

Rodovias As principais ligações da atual malha rodoviária são as rodovias federais

BR-101( Rio -Santos),BR116( Presidente Dutra), BR 040( Rio-Juiz de Fora) e BR465 ( antiga Rio- São Paulo) e as estaduais RJ099 e RJ105.

Ferrovias O acesso ferroviário direto ao Porto de Itaguaí é feito a partir do pátio de

Brisamar, próximo à cidade de Itaguaí, numa extensão de 1,5 km em linha tripla. A partir dessa estação, as linhas férreas em bitola larga (1,60m), interligam-se com a malha sudeste da MRS- Logística S/A, atendendo em particular ao triângulo São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, e a Malha Centro-Leste – Atlântica S/A, que atende ao restante dos Estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Distrito Federal. Conexões interferroviárias são realizadas através da Fepasa, a partir de São Paulo e Jundiaí, atendendo a todo o interior do Estado de São Paulo, e de outras empresas que operam na região Centro-Oeste.

Dentro da malha sudeste, o ramal Japerí-Brisamar com 32,0 Km de extensão é de especial importância para o atendimento ao Porto de Itaguaí.

A partir de Japerí a linha tronco Rio – São Paulo, interliga as regiões metropolitanas dessas cidades e atravessa todo o vale do Paraíba.

Marítimo O canal de acesso (Carta 1623) estende-se desde a Ponta dos Castelhanos

na Ilha Grande e a Ponta do Arpoador na Restinga de Marambaia, por cerca de 22

33milhas, com profundidade média de 22m e variando entre 300m e 180m de largura.Se considerarmos como referencial a Ilha Guaíba, o canal se estenderá por 12 milhas com largura variando entre 200m e 180m e 15m de profundidade mínima, através do canal sul de Martins.

A Autoridade Portuária buscando otimizar todas as potencialidades do Porto, efetuou parcerias com a iniciativa privada visando implantar novos terminais como:

Terminal de Minério - Com quatro pátios de estocagem e capacidade de

1.500.000t, um píer com 540m e 39,5m de largura, com 3 três berços para receber até 3 navios de 90.000t ao mesmo tempo.

A Vale do Rio Doce para atender a demanda do mercado externo investiu U$120 milhões na expansão do Porto,com isso estará capacitada a exportar no futuro, de 15 a 20 milhões de toneladas de minério de ferro. Também no futuro poderá atender a navios com até 230 mil DWT, em um píer com profundidade de 18,7m. Para uma segunda fase, após dragagem adicional para 20m de profundidade o Terminal de Exportação de Minério poderá carregar super graneleiros, atendendo assim as tendências predominantes no comércio transoceânico de granéis. Através da Ferrovia MRS, está apta a movimentar até 70 milhões de toneladas de minério por ano.

Pátio de Carvão - consiste de cinco pátios descobertos utilizados para

estocagem de carvão metalúrgico e coque de hulha, somando 177.000m² de área. Terminal de Alumina - compreende dois silos verticais para alumina, com

um total de 3.508m².

Terminal de Contêineres - Cais de uso múltiplo, poderá receber os navios de última geração movimentando produtos siderúrgicos roll-on-roll-off e cargas gerais num total de 20 mil toneladas.

No Caís Terminais arrendados ao longo do cais público: Terminal de Carvão – TCV, da Companhia Siderúrgica Nacional; Terminal

de Contêineres – TCS, da Sepetiba Tecon S/A; Terminal de Minério – TM1, da CPBS – Companhia Portuária Baía de Sepetiba S/A; Terminal de Alumina – TAL, da Vale Sul Alumínio S/A.

34 Fora do Cais Terminal de Uso Privativo Terminal da Ilha Guaíba - Mangaratiba- da Empresa Minerações Brasileiras

Reunidas S/A- MBR

2.2 O Porto de Angra dos Reis As atividades do Porto de Angra dos Reis só tiveram início sob o regime de

concessão pública estadual em 14 de maio de 1932, quando os volumes mais expressivos de movimentação de carga no Porto já consistiam basicamente de importações de carvão e madeira.

A partir do decreto nº. 77.534 de abril de 1976 o controle e administração do Porto de Angra passa a ser realizado pela Companhia Docas do Rio de Janeiro e suas funções se estabelecem como exportador de produtos siderúrgicos, granel sólido e líquido e petróleo. Está localizado na Enseada de São Bento em Angra dos Reis, na Baía da Ilha Grande, com extensão de 21.040m² e profundidade no cais de 10m. Compreende área de fundeio, bacias de evolução, canal de acesso e área adjacentes.

Acessos: Rodoviário: Rodovias RJ155, que se conecta às Rodovias BR-101 e BR-

494, a 7Km do Porto. Ferroviário: Em bitola métrica (1,00m), através do ramal Barra Mansa/Angra

dos Reis, operado pela FCA - Ferrovia Atlântica S/A, ligando o Porto à região centro-sul do Estado do Rio de Janeiro, e desta aos Estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia.

Marítimo: Possui duas barras de entrada, uma a leste e outra a oeste da Ilha Grande, com larguras de 12 Km e 17 Km, e profundidades médias de 25m e 35m, respectivamente.

O Porto de Angra está aguardando aprovação de licenciamento ambiental para realização de dragagem da área do pier visando aprofundamento do solo marinho para favorecer a aproximação de embarcações de maior calado.

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2.3. Portos em fase de construção e licenciamento

2.3.1.Companhia Siderúrgica do Atlântico e o Porto de Minério Para construção da Siderúrgica do Atlântico foram arrendados 1040

hectares de terra, o equivalente a 9000km² onde estão sendo instaladas a unidade industrial para a fabricação de aço, uma usina termelétrica( queima de gases residuais da produção de aço ), um terminal marítimo e pátios de minério e produtos siderúrgicos na Baía de Sepetiba e uma estação de tratamento de água.

A Vale é acionista minoritária e fornecerá o minério de ferro, que chegará à siderúrgica em trens da MRS Logística.

A obra teve início com a devastação de imensa área de vegetação e aterramento de áreas alagadas, brejo e manguezal para a construção de pátios e áreas de estocagem, além de dragagem do canal de São Francisco para instalação de um píer de baixa altura,com quase 4km de extensão, servindo ao mesmo tempo como via para acesso de empilhadeira , carros e caminhões para descarga dos metais nos navios. O píer servirá também para orientação e a entrada particular de navios, cercando uma área imensa além da costa, impedindo que barcos de pescadores possam circular ou atravessar por baixo do píer, impedindo desta forma, a pesca em toda a extensa região do porto. O bota fora do material dragado do manguezal e do solo marinho será armazenado em fossas construídas no fundo da Baía de Sepetiba. (Anexo3)

2.3.2.Brazore S/A (aguardando licença ambiental)

A Brazore, empresa canadense, adquiriu uma parcela de terra com posição estratégica na costa brasileira, especialmente na Baía de Itacuruçá, para o desenvolvimento de um porto de minério de ferro. ( Anexo2)

O licenciamento ambiental de seu empreendimento encontra-se embargado pela justiça federal, devido aos diversos problemas sócio-ambientais que a construção de seu porto e pátio de minério irão causar nos distritos de Mangaratiba, caso as licenças ambientais sejam liberadas.

A propriedade da Brazore consiste de três parcelas de terra costeira adjacentes, cobrindo 857.575 metros quadrados com acesso direto à uma vasta rede de ferrovias e transporte que interligam os grandes recursos minerais do Brasil. A instalação para começo rápido, será constituída de recepção de vagão ferroviário, estocagem, recuperação e equipamento de carregamento de barcaça.

36O minério de ferro será carregado em uma barcaça de transferência de

calado raso que vai transportá-lo e carregá-lo diretamente nos navios oceânicos. Esse transbordo irá ocorrer em local de grande profundidade à aproximadamente 8 milhas náuticas de distância do Porto.

A atividade portuária cresce no sentido dos distritos de Mangaratiba com a Brasore. Pelo mar avança até a Ponta dos Castelhanos na Ilha Grande visando favorecer a entrada dos grandes navios no acesso aos diques dos Portos, poluindo as baías com óleo e metais pesados, inserindo espécies invasoras das águas de lastro e destruindo imensas áreas e habitats marinho, causando assoreamento do fundo da Baía com as dragagens e os bota fora resultantes. Por terra devastando áreas de Mata Atlântica, e os ecossistemas associados aterrando brejos, mata alagada, manguezais, dragando áreas imensas na costa, para a construção dos piers e as bases dos pátios e portos particulares, prejudicando todo o ecossistema local.(Anexo4)

3. As Atividades Portuárias, O Estado e a Legislação Ambiental Os empreendimentos portuários desde a implantação da Lei 6938/81 –

Política Nacional de Meio Ambiente- tem sido classificados como atividades econômicos que além de gerar alto padrão de degradação ambiental do solo, da bacia aérea e dos ambientes marinho, altera as condições estéticas e paisagística do entorno, é altamente prejudicial a saúde da população, gera enormes conflitos sociais e econômicos, contribui com a perda de renda e emprego das populações tradicionais estimulando a favelização na região, além de prejudicar sobremaneira o turismo. Existem várias divergências entre as disposições da Política Nacional do Meio Ambiente quanto ao licenciamento ambiental de empreendimentos portuários que não foram seguidas pelo Estado como observarmos nos artigos abaixo e nas análises das ações do poder público.

A Política Nacional de Meio Ambiente em seu art 3º. E 4º.define meio ambiente, degradação e seus objetivos como:

Art.3º.

“ I- meio ambiente- o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; II- degradação da qualidade ambiental resultante de atividade que direta ou indiretamente:

37a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da

população; b) criem condições adversas às atividades sociais e

econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio

ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os

padrões estabelecidos”

Art 4º. itens I,II e VII – objetivos:

“I-a compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente; II-a definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa a qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; III-a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

Somente nestes dois artigos e nos três itens que definem parte dos

objetivos da PNMA, o poder público deixa de atender suas obrigações para com a preservação do meio ambiente e com a manutenção da saúde da população que vive no entorno dos empreendimentos já relatados, atendendo de forma inequívoca as pressões do poder econômico,liberando as licenças ambientais, como veremos nas análises abaixo:

1-Estão instalados na zona oeste do Rio de Janeiro, um grande pólo industrial, assim denominado pelo zoneamento econômico do Estado, onde há pelo menos três décadas estão funcionando empresas de transformação e complexos siderúrgicos como a Vale Sul e o Grupo Gerdau. Já na região da Costa Verde especificamente em Itaguaí, está instalado o Porto organizado de Itaguaí, com as suas devidas expansões conforme Lei de Modernização dos Portos, atendendo as empresas que arrendam o cais público dentro dos requisitos internacionais de transporte e armazenamento de cargas.

Para aumentar ainda mais a agilidade do transporte de mercadorias e a eficácia do Porto, está sendo ampliado a rodovia BR101, que lhe dará acesso direto. Com toda esta infraestrutura montada, torna-se incompreensível o licenciamento de empreendimentos portuários estrangeiros, quando estas

38empresas poderiam ter arrendado o cais público do Porto de Itaguaí, praticamente ao lado de seus empreendimentos. E construído uma usina dentro da zona industrial aproveitando inclusive parte da demanda elétrica da região.

2-A FEEMA licenciou o empreendimento da Tyssenkrupp sem realizar fiscalizações freqüentes na região, visando verificar o cumprimento das exigências do IBAMA no tocante a não devastação de mais áreas de vegetação e aterramento de outros áreas de manguezais, que não aquelas determinadas e aprovadas no projeto anexado ao Estudo de Impacto Ambiental. 3-A FEEMA também não vem fiscalizando o cumprimento das condições respectivas a mitigação da degradação gerada e o ressarcimento devido, relativo as compensações ambientais, infringindo desta forma os dispositivos da Lei de Crimes Ambientais. Também não realizou a interdição da obra, quando em dezembro de 2008, a empresa recebeu notificação de interdição do IBAMA, por não cumprir o que estava disposto no projeto e por ter construído um píer de 4Km avançando no sentido do mar territorial. 4- Pela própria definição da Resolução Conama 237/97 em seu art..4º., a competência do licenciamento ambiental em empreendimentos portuários deveria ser do IBAMA e não este ocupar uma posição supletiva, como o que ocorreu e vem ocorrendo nas demais análises dos licenciamentos dos Portos da LLX e Brazore, repassando para o Estado o dever de licenciar, gerando com esse comportamento um forte conflito de competências:

“Compete ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis – IBAMA, órgão executor do SISNAMA, o licenciamento ambiental, a que se refere o artigo 10 da Lei 6938/81, de empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional, a saber: I- localizadas ou desenvolvidas conjuntamente no Brasil e em países limítrofes: no mar territorial; na plataforma continental; na zona exclusiva econômica; em terras indígenas ou em unidades de conservação do domínio da União.”

Para ratificar a importância do IBAMA no licenciamento destes

empreendimentos portuários, está definido na legislação ambiental que qualquer obra ou atividade que possa causar impacto sobre o ambiente marinho deve ser licenciado pela esfera federal em função das convenções internacionais das quais

39o Brasil é signatário, como a Marpol 73/78 – Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição Causada por Navios, aprovada pelo Decreto Legislativo nº.60, de 19/04/95, a CLC/69- Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em Danos Causados por Poluição por Óleo, de 1969, ratificada pelo Decreto nº.79.437, de 28/3/77, e a OPRC/90- Convenção Internacional sobre Preparo, Resposta e Cooperação em Caso de Poluição por Óleo, de 1990, aprovada pelo Decreto Legislativo nº. 43, de 29/5/98, Convenção sobre Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos e Outras Matérias - Convenção de Londres –LC/72, promulgada pelo Decreto nº. 87.566, de 16 de setembro de 1982, que prevê em seu art.2º. que as partes contratantes adotarão, segundo suas possibilidades científicas, técnicas e econômicas, medidas eficazes, individual e coletivamente, para impedir a contaminação do mar causada pelo alijamento de resíduos.

Entre as atividades sujeitas ao licenciamento ambiental, também enumeradas na Resolução CONAMA nº. 237/97, encontra-se a dragagem em corpos d’água. No entanto, não somente nos cursos d’água, reservatórios naturais ou artificiais, lagos e lagoas, mas em todas as águas sob jurisdição nacional definidas pela Lei nº. 9966 de 28 de abril de 2000, a dragagem e a deposição de materiais dragados estão condicionadas à autorização dos órgãos ambientais competentes.

“Art.3º.- Para os efeitos desta Lei, são consideradas águas sob jurisdição nacional:

I- águas interiores: a- águas compreendidas entre a costa e a linha de

base reta, a partir de onde se mede o mar territorial

b- a dos portos c- as das baías d- a dos rios e de suas desenbocaduras e- a dos lagos, das lagoas e dos canais f- a dos arquipélagos g- as águas entre os baixios e descoberta e a

costa II- águas marítimas, todas as águas abrigadas por

uma faixa de 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de base reta e da linha de baixamar, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, que constituem o mar territorial

III- mar territorial- águas abrigadas por uma faixa que se estende das 12 milhas às 200 milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem

40para medir o mar territorial, que constituem a zona econômica exclusiva.

IV- águas sobrejacentes à plataforma continental, quando esta ultrapassar os limites da zona econômica exclusiva.

Zona Econômica Exclusiva - área onde o país detém o privilégio da exclusividade para exploração econômica dos recursos naturais”.

Com o objetivo de estabelecer as diretrizes gerais e os procedimentos mínimos para a avaliação do material a ser dragado em águas jurisdicionais brasileiras, principalmente diante da necessidade de realização de atividade de dragagem para garantir a implantação e a operação de portos e terminais portuários e as condições de navegabilidade de corpos hídricos, o CONAMA editou a Resolução nº. 344, de 25 de abril de 2004.

O material dragado somente poder ser disposto em terra se sua concentração de poluentes, metais ou elementos químicos estiver compatível com os valores estabelecidos para o solo pela norma “ Estabelecimento de Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo” da CETESB. Estando o material resultante da dragagem em desacordo com os parâmetros estabelecidos na referida tabela, as alternativas de disposição devem ser autorizadas pelo órgão ambiental competente.

A norma do Conama classifica o material a ser dragado em dois

níveis: a- Nível 1- limiar abaixo do qual prevê-se baixa probabilidade

de efeitos adversos a biota. b- Nível 2- limiar acima do qual prevê-se um provável efeito

adverso a biota.

A disposição do material dragado cuja concentração de qualquer dos poluentes exceda nível 2 em áreas jurisdicionais somente poderá ser efetuado mediante prévia comprovação técnico-científica e monitoramento do processo da área de disposição, de modo que a biota desta área não sofra efeitos adversos superiores aqueles esperados para o nível 1, não sendo aceitas técnicas que considerem, como princípio de disposição, a diluição ou a difusão dos sedimentos do material dragado.

41 Existe, no entanto, outro fator que deve ser considerado no licenciamento

ambiental de dragagens, principalmente em portos e baías, além da movimentação e disposição do material retirado do fundo do mar. Trata-se da recomposição do leito dragado, pois a tendência natural é que, após um determinado tempo, venha a ocorrer um deslocamento do material de outros locais para a área onde ocorreu a dragagem, causando conseqüências para as áreas de onde este material se deslocará.

5- A nível estadual para garantir a preservação dos recursos naturais foi editada a Lei 1898 de 26 de novembro de 1991 que em seu art.2º.,4º.e 5º. Determina:

“Art 2º.- Os órgãos governamentais estaduais encarregados da implementação das políticas de proteção ambiental poderão determinar a realização de auditorias periódicas e ocasionais, estabelecendo diretrizes e prazos específicos.

Parágrafo Único - Nos casos de auditorias periódicas, os procedimentos relacionados à elaboração de diretrizes deverão incluir a consulta à comunidade afetada.”

“Art. 4º. Sempre que julgarem conveniente para assegurar a idoniedade da auditoria, os órgãos governamentais poderão determinar que sejam conduzidos por equipes técnicas independentes.

&1º- Nos casos a que se refere o caput deste artigo, as auditorias deverão ser realizadas preferencialmente por instituições sem fins lucrativos, desde que asseguradas a capacitação técnica, as condições de cumprimento dos prazos e valores globais compatíveis com aqueles propostos por outras equipes técnicas ou pessoas jurídicas.

Art. 5º.- Deverão, obrigatoriamente, realizar auditorias periódicas anuais as empresas ou atividades de elevado potencial poluidor, entre as quais:

I- as refinarias, oleodutos e terminais de petróleo e seus derivados; II- as instalações portuárias; II- as instalações destinadas à estocagem de substâncias tóxicas e perigosas.”

42

Seguindo as orientações da legislação estadual, as auditorias ambientais nas diversas instalações da CSA, no seu porto e pátio de minério, já deveriam ter sido iniciadas desde 2008, mas até agora qualquer cobrança foi feita pelo estado no sentido de apresentarem os documentos frutos de auditoria, não se tem conhecimento que a comunidade e entidades da sociedade civil tenha sido consultada neste processo, e muito menos qualquer instituição sem fins lucrativos foi convocada para realização de auditorias na empresa, portanto, mais uma vez o estado não fiscalizou e não fez valer sua função regulamentadora. O que vem ocorrendo desde a fase de início de construção, é que a empresa evita e ameaça a comunidade e instituições ambientais de aproximação à suas instalações, e até mesmo de se aproximar ao píer de 4km de extensão, impedindo a circulação de pequenos barcos pesqueiros e os quase 4000 pescadores de atuarem em seu local de trabalho. 6- Na Resolução Conama 237/97 em seu art. 3º. encontra-se definido que:

“A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de significativa degradação ao meio, dependerá de prévio estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente( EIA/RIMA), ao qual dar-se-á publicidade, garantida a realização de audiências públicas, quando couber de acordo com a regulamentação.”

A Audiência pública na gestão ambiental ocorre como uma das fases do licenciamento ambiental, dentro de um processo de análise do Estudo de Impacto Ambiental, ou em momento anterior, quando se procura definir a necessidade do mesmo, nas chamadas reuniões técnicas preliminares. Constitui importante espaço de participação da sociedade civil e elemento de democratização da gestão dos recursos ambientais, adotado em vários países do mundo nos processos de licenciamento ambiental.

A experiência demonstra que a audiência pública tem sido pouco explorada na prática de avaliação de impacto ambiental de empreendimentos portuários e que não é suficiente para garantir a participação social no processo de tomada de decisão quanto ao licenciamento ambiental de atividades modificadoras do meio ambiente.

Tem sido comum nestes empreendimentos a realização das audiências após a decisão política acerca do assunto em discussão já ter sido tomada. Acabam sendo realizadas, muitas vezes, para simples cumprimento de uma etapa

43de um processo burocrático legitimando decisões prévias, fato que ocorreu nos empreendimentos da Tyssenkrupp, Billington, LLX e Brazore. 7-Com relação à Resolução Conama nº. 303/2002 que dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente, em seus Arts 3º e 2º, item III e IX, verifica-se que na liberação das licenças ambientes da CSA não se respeitou as considerações da mesma, devastando-se imensas áreas de vegetação de brejo e manguezal, aterrando áreas alagadas e eliminando espécies da flora e fauna marinha sem a menor preocupação com as possíveis conseqüências destes atos para a sobrevivência de diversas espécies e a qualidade ambiental do solo que passava a ser aterrado.

Podemos observar que a legislação ambiental procurou de várias formas

salvaguardar vários ambientes naturais, como uma forma de reserva para o futuro, o que não foi observado pelo estado como veremos:

“Considerando que as Áreas de Preservação Permanente e outros espaços territoriais especialmente protegidos, como instrumentos de relevante interesse ambiental, integram o desenvolvimento sustentável, objetivo das presentes e futuras gerações resolve e define:

Art 2º.,item III- vereda- espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou cabeceiras de cursos d’água, onde há ocorrência de solos hidromórficos, caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo( Mauritia flexuosa) e outras formas de vegetação típica. Item IX- manguezal- ecossistema litorâneo que ocorre em terrenos baixos, sujeitos a ação das marés, formado por vasa lodosas recentes ou arenosas, às quais se associa, predominantemente, a vegetação natural conhecida como mangue, com influência flúvio-marinha, típica de solos limosos de regiões estuarinas e com dispersão descontínua ao longo da costa brasileira, entre os estados do Amapá e Santa Catarina.

Art 3º.Constitui área de Preservação Permanente a área situada:

44I- em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal,

com largura mínima de cinqüenta metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado;

II nas restingas; III em manguezal, em toda a sua extensão IV nos locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias V nos locais de refúgio ou reprodução de exemplares da

fauna ameaçadas de extinção, que constem da lista elaborada pelo Poder Público Federal ou Municipal

VI nas praias, em locais de nidificação e reprodução da fauna silvestre”.

Finalmente nas licenças ambientais da Billington e Brazore em análise, o

mesmo tipo de comportamento das entidades ambientais estaduais está em andamento, parecendo não haver preocupação com o princípio da preservação e precaução, com a ordem jurídica em vigor, e sim com a supervalorização na aceitação das seguintes ações: medidas mitigadoras apontadas nos projetos,que raramente são realizadas e quando são, não cobrem a área onde foi gerado a degradação e muito menos a população que vive no entorno, uma vez que não há qualquer fiscalização ou cobrança no sentido de sua implementação (Ex. da Companhia Ingá Mercantil) e pagamento de multas por compensação ao dano ao meio ambiente, cujos valores se tem dificuldades de determinar e fazem parte de ações judiciais que tramitam nos tribunais federais durante anos e quando ocorre qualquer solução, o meio ambiente está quase que totalmente degradado, ou acidentes ambientais de grande vulto prestes a acontecer.

. Os Planos de Desenvolvimento voltados para o comércio exterior

continuam sendo preponderantes ao desenvolvimento sustentável, incluindo em seus programas projetos de instituições estrangeiras que muito pouco beneficiam a nação brasileira e a seu povo, não geram os inúmeros empregos conforme fora acordado na época de negociação com o BNDES e o Governo do Estado, um dos maiores investidores do empreendimento da CSA, não geram contribuição fiscal para os três níveis de poder, pois neste caso, obtiveram isenção fiscal por um longo período, mas geram sim enorme poluição do ar com a construção da Termoelétrica a base de carvão ( já descartada mundialmente pois contribui diretamente com o aumento do aquecimento global-efeito estufa, degradação dos ecossistemas da Mata Atlântica e dos ambientes marinho.

Neste capítulo, buscamos apresentar os efeitos nocivos que projetos de

implantação de portos e pátios de estocagem de produtos siderúrgicos, minerais e outras substâncias na costa brasileira, especialmente na Costa Verde do Rio de

45Janeiro, e que estão inclusos nos programas de infra-estrutura dos Planos Plurianuais do Governo Federal vem sendo mal planejados e encontram-se em total falta de sintonia com a legislação ambiental brasileira e com o desenvolvimento sustentável, acarretando para os recursos naturais de áreas litorâneas e adjacências, desastres ambientais irreversíveis, problemas sócio-econômicos, fragilidade na saúde dos trabalhadores e da população, colocando em risco a credibilidade dos órgãos ambientais e também na instituição Política Nacional de Meio Ambiente, tão bem vista por estudiosos, ambientalistas, pesquisadores não só de nosso território, mas também de diversas outras nações.

46 CAPÍTULO III A GESTÃO COSTEIRA COMO FORMA DE ORDENAÇÃO DO TERRITÓRIO

“Por um lado, ele ( o ambientalismo) sustenta os medos da tecnologia e da degeneração do século XIX, assim como a falta de confiança liberal. Por outro, repousa na suposição de que a poluição, a exploração de recursos naturais e a deteriorização do meio ambiente, são problemas especificamente ocidentais, que marcam o estágio terminal do Ocidente Moderno”. Herman,2001,p.417

1- Desenvolvimento Territorial Sustentável

Existe um crescente reconhecimento no Brasil sobre a importância da adequação das políticas setoriais e planos de desenvolvimento à diversidade de características sociais, econômicas e ambientais encontradas no território.

No âmbito do governo federal tem surgido nos últimos anos, uma série de programas voltados para o desenvolvimento territorial, particularmente nos Ministérios do Desenvolvimento Agrário, do Meio Ambiente e da Integração Nacional. De maneira semelhante, destacam-se a elaboração de Planos Diretores Municipais com apoio do Ministério das Cidades e os esforços de inserir a variável territorial no planejamento estratégico das políticas sociais, sob a liderança do Ministério do Desenvolvimento Social.

Além disso, a abordagem de Arranjos Produtivos Locais- APL adotada pelo MI,MDIC e MDA expressa a visão de organização da produção a partir de potencialidades e identidades dos territórios.

47

Atualmente, o desafio fundamental é a maior integração “na ponta”, entre

políticas públicas, programas e projetos voltados ao desenvolvimento territorial, de modo a promover sinergias entre iniciativas afins, como também evitar eventuais conflitos e sobreposições de ações. Nesse sentido, algumas questões essenciais incluem:1) a integração entre iniciativas de planejamento territorial em diferentes escalas, do local ao regional, 2) o sequenciamento de iniciativas de curto, médio e longo prazos, contemplando ações emergenciais e estruturantes, 3)a viabilidade de atividades inovadoras e competitivas, capazes de promoverem a inclusão social com a redução da pobreza e ao mesmo tempo garantir o uso sustentável do patrimônio natural, e 4) a definição de direitos e deveres associados a cada esfera governamental, “a sociedade civil” e ao setor privado no desenvolvimento territorial.

Neste contexto antes de definirmos um dos importantes sistema de gestão

que colaboraria na ordenação do território, faz-se necessário apresentar alguns conceitos que serviram de base para a sua formulação, quais sejam:a) território, b) gestão territorial, c) desenvolvimento regional e d) planejamento territorial.

Do ponto de vista jurídico, o território é a “extensão ou base geográfica do

Estado, sobre a qual exerce a sua soberania e que compreende todo o solo ocupado pela nação, inclusive ilhas que lhe pertencem, rios, lagos, mares interiores, águas adjacentes, golfo, baías, portos e também a faixa do mar exterior que lhe banha as costas e que constitui suas águas territoriais, além do espaço aéreo correspondente ao próprio território”, (apud HOUAISS,2004).

Por outro lado, a visão histórica permite considerar o território como a materialidade sobre a qual assenta uma sociedade e as transformações que advém das relações que entre eles se estabelecem, tornando possível se falar em “território usado” (apud SANTOS e SILVEIRA, 2001 ). Nas sociedades humanas, tal processo é socialmente construído, suponde-se assim que o território consubstancia o “sentimento de consciência de sua apropriação” ( apud BRUNET,ROBERT E THÉRY, 1992,p.480) por parte do grupo que dele se apossou, e que se dispõe a defende-lo. Ao se apossar conscientemente do seu pedaço do país, tal grupo começa a produzir um território, transformando o “espaço que lhe preexiste”, um processo inevitável, já que “o espaço organizado é uma dimensão intrínseca das sociedades, tanto quanto o seu produto” (apud BRUNET, 2001).

Nestes termos, podemos destacar tanto os aspectos físicos, históricos e sobretudo simbólicos embutidos no conceito de território.

48 No novo contexto mundial, vem se alternando o conceito de território,

adotando-se o proposto por Raffestin (1980), Sack (1993) e Becker (1998):

“Território é o espaço da prática. É o produto da prática espacial: inclui a apropriação efetiva ou simbólica de um espaço, implica na noção de limite - componente de qualquer prática – manifestando a intenção de poder sobre uma porção precisa do espaço. Por outro lado, é também um produto usado, vivido pelos atores, utilizado como um meio para sua prática. A territorialidade humana é uma relação com o espaço que tenta afetar, influenciar ou controlar ações através do controle do território. É a face vivida e materializada do poder”.

Quanto a Ordenação Territorial a referência mais adequada para conceituá-

lo é a Carta Européia de Ordenação do Território (CEOT/CEMAT,1983), que o define como “ a expressão espacial da harmonização de políticas econômica, social, cultural e ambiental, micro e macrorregionais, ora ciência, ora técnica administrativa, ora política pública concebidas com enfoque interdisciplinar e global, cujo objetivo é o desenvolvimento equilibrado das regiões e a organização física do espaço, segundo uma diretriz”.

No Plano Nacional de Ordenação do Território, encontramos a definição de

território como a regulação das ações que têm impacto na distribuição da população, das atividades produtivas, dos equipamentos e de suas tendências, assim como a delimitação de território de populações indígenas e tradicionais, e áreas de conservação no território nacional ou supranacional, segundo uma visão estratégica e mediante articulação instituição e negociação de múltiplos atores.Está fundamentado legalmente através do artigo 21, inciso IX da Constituição Federal de 1988, segundo o qual:

“Compete à União elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social”

49Quanto a planejamento territorial no contexto do PNOT entende-se que é

um conjunto de diretrizes, políticas e ações programadas, com vistas a alcançar um ordenamento e uma dinâmica espacial desejados. Além da consistência técnica e instrumental, um aspecto essencial das três modalidades(gestão territorial, desenvolvimento regional e planejamento territorial) é a necessidade de concentração política.

O desenvolvimento regional é neste programa definido como um conjunto de ações para promover processos socioeconômicos em áreas definidas do território, com uma visão integradora e sustentável, que induzam ao bem estar social e à redução de desigualdades regionais.

O instrumento de gestão territorial e da Política Nacional de Meio ambiente que permite uma visão integrada entre as limitações e potencialidades dos recursos naturais, sociais e econômicos, oferecendo ao tomador de decisão opções convergentes com o uso sustentável do território é o Zoneamento Ecológico - Econômico.

Atualmente é utilizado por órgãos de planejamento regional e por todos os estados da federação, além de ser reinvindicado por gestores locais.

O Programa Zoneamento Ecológico-Econômico do Território Nacional tem a

missão estratégica de integrar e articular as várias iniciativas de projetos ZEE desenvolvidas, possibilitando uma visão nacional e regional do território, além de apoiar os executores dos diversos níveis da administração pública com dados e informações georeferenciadas, desenvolvimento tecnológico e metodológico, capacitação de técnicos e compartilhamento da gestão.

Para otimizar suas ações, articula e coordena o Consórcio ZEE Brasil, que reúne instituições públicas tais como: INPE, IBGE, EMBRAPA, a Companhia de Pesquisa em Recursos Minerais - CPRM, Agência Nacional de Água –ANA, Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis -IBAMA, Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas - IPEA, Instituto de Colonização e Reforma Agrária- INCRA, Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia- CENSIPAM e no momento desenvolvendo mais algumas parcerias.

Para o presente trabalho consideraremos o Programa Nacional de Gestão

Costeira, do Ministério do Meio Ambiente como um dos instrumentos da União para ordenar uma parte do espaço territorial, a costa, as águas interiores e o mar territorial.

50

2. A Zona Costeira do Brasil

A zona costeira do Brasil é definida na Constituição Federal como um

“Patrimônio Nacional”, cuja utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. Compreende uma faixa de 8.698km de extensão sem levar em conta os recortes litorâneos ( baías, reentrâncias, etc) (apud Moraes, Antonio Carlos p.100).

Em sua maior porção, tal litoral volta-se para o Atlântico sul, e uma pequena parcela (no extremo norte do país ) debruça-se sobre o Mar do Caribe.Em termos de latitudes, o litoral brasileiro vai desde os 4,30 graus norte até os 33,44 graus sul, estando assim majoritariamente localizado na zona intertropical. Contempla um conjunto de ecossistemas contíguos sobre uma área de aproximadamente 388mil km² e abrange uma parte terrestre, com um conjunto de municípios selecionados segundo critérios específicos, e uma área marinha, que corresponde ao mar territorial brasileiro, com largura de 12 milhas náuticas a partir da linha da costa.

Para melhor definirmos a estrutura espacial do litoral no qual a zona costeira faz parte, recorremos aos artigos 2º. e 3º. da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar- convenção de Montego Bay.

“Convenção de Montego Bay de 10 de dezembro de 1982 Art 2º. Regime Jurídico do mar territorial, seu espaço aéreo sobrejacente, leito e subsolo A sabedoria do estado costeiro estende-se além de seu território e de suas águas interiores e, no caso de Estado arquipélago, as suas águas arquipelágicas, há um zona de mar adjacente designada pelo nome de mar territorial. Esta soberania estende-se ao espaço aéreo sobrejacente ao mar territorial, bem como ao leito e ao subsolo deste mar A soberania sobre o mar territorial é exercida de conformidade com a presente convenção e as demais normas de direito internacional”.

Art.3º. Largura do mar territorial. “Todo o Estado tem o direito de fixar a largura do seu mar territorial até um limite que não ultrapasse 12

51milhas marítimas, medidas a partir de linhas de base determinadas de conformidade com a presente Convenção”.

A zona Costeira brasileira pode ser considerada uma região de contrastes, constituindo-se, por isso, campo para o exercício de diferentes estratégias de gestão ambiental. Por um lado, são encontradas áreas onde coincidem intensa urbanização, atividades portuária e industrial relevantes e exploração turística em larga escala ( casos das metrópoles e centros regionais litorâneas, em grande porte, localizadas em áreas estuarinas e baías).

Nesses locais, definem-se, em geral, quadros problemáticos do ponto de vista da gestão ambiental, demandando ações de caráter corretivo, com a mediação dos “ múltiplos conflitos de uso” dos espaços e recursos comuns e de controle do impacto sobre o ambiente marinho, decorrente da poluição e contaminação por diferentes tipos e fatores. Por outro lado, esses espaços são permeados por áreas de baixa densidade de ocupação e ocorrência de ecossistemas de grande significado ambiental, que, no entanto, vêm sendo objeto de acelerado processo de ocupação, demandando ações de direcionamento das tendências associadas à dinâmica econômica emergente e o reflexo desse processo na utilização dos espaços e no aproveitamento dos respectivos recursos.

3. A Política de Gestão nas Zonas Costeiras

A Gestão Costeira é orientada pelas Políticas Nacionais de Gerenciamento Costeiro, de Meio Ambiente, de Recursos Hídricos e Patrimonial, além das ações relacionadas à defesa nacional e a navegabilidade comercial e turística.

Surgiu da necessidade de se administrar os recursos naturais da zona costeira

de forma sustentável, pois estas regiões pelos seus atrativos comercial , industrial e turístico vem sofrendo desgaste em seus recursos.

O Gerenciamento Costeiro é um processo contíguo de diagnose e planejamento sustentável dos recursos costeiros, sob uma perspectiva integrada dos diversos atores que atuam na zona costeira. Seus principais objetivos do gerenciamento costeiro integrado são:

1-preservar e proteger os habitats naturais, a produtividade dos recursos naturais e a sobreexploração; 2-reforçar a gestão integrada através do treinamento, legislação, fiscalização e formação de pessoal técnico.

52 Para garantir a legitimidade de suas ações, está fundamentada na Política

Nacional de Meio Ambiente, PNMA, através da Lei 6938 de 31 de agosto de 1981, que apresenta os seguintes instrumentos de gestão para sua implementação:

a) estabelecimento de padrões de qualidade ambiental; b) zoneamento ambiental; c) avaliação de impactos ambientais; d) licenciamento e a revisão de atividade efetiva ou potencialmente

poluidoras; e) incentivos a produção e instalação de equipamentos e a criação ou

absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade de vida; f) criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder

Público Federal, Estadual e Municipal, tais como áreas de proteção ambiental de relevante interesse ecológico e reservas extrativistas- Lei 7804, de 18..07.89

g) penalidades disciplinares e compensatórias pelo não cumprimento das medidas necessárias a preservação ou correção da degradação ambiental, entre outras.

A Lei 7661/88 estabelece que o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro será aplicado com a participação da União, dos Estados e dos Municípios, através de órgãos e entidades integrantes ao Sistema Nacional do Meio Ambiente- SISNAMA e sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente.

O Ministério do Meio Ambiente desde 2004 para melhor definir suas macro

estratégias e diretrizes visando orientar as políticas públicas na zona costeira vem atualizando a base de dados do Macrodiagnóstico da Zona Costeira, incorporando interface georeferenciada integrada ao Sistema de Informações do Gerenciamento Costeiro e Marinho (SIGERCOM).

O novo macro diagnóstico abordará tópicos como:

• Zona Econômica Exclusiva • Biodiversidade ( em escala aproximadamente de 1.2.500.000) • Geomorfologia • Dinâmica Populacional • Potencial de Risco Social • Potencial de Risco e Inundação • Potencial de Risco Tecnológico • Gestão Costeira (em escala aproximadamente de 1:1.000.000)

53Essa nova versão considera as informações socioeconômicas, ambientais e

institucionais para a zona costeira, além de fornecer uma visão da distribuição da população, localização e classificação das aglomerações urbanas e rurais, das condições habitacionais e de acesso aos serviços coletivos nas cidades, nos povoados e na zona rural, do uso e ocupação do solo urbano e rural, instalações de extração, transporte e armazenagem de petróleo e gás natural, das instalações industriais de grande porte e com expressivo potencial poluidor, dos equipamentos de lazer e turístico de grandes dimensões, e da delimitação e caracterização de áreas especiais, históricas, militares, de valor cultural ou ambiental e de patrimônio da União.Trata-se de um instrumento para as ações de planejamento e intervenção reguladora, legalmente atribuídas à esfera governamental, no que interessa às atividades de preservação, conservação, regulamentação dos usos e fiscalização dos patrimônios naturais e culturais da costa brasileira.

4.- Um modelo de Gerenciamento Costeiro Integrado – Projeto de Gestão Integrada da Orla Marítima de Angra dos Reis

O projeto Orla é uma iniciativa inovadora do MMA em parceria com a Secretaria de Patrimônio da União - SPU, e busca contribuir, em escala nacional, para a aplicação de diretrizes gerais de disciplinamento de uso e ocupação do solo da Orla Marítima.

Os objetivos estratégicos do Projeto Orla são: o fortalecimento da capacidade de atuação e a articulação de diferentes atores do setor público e privado na gestão integrada da orla; o desenvolvimento de mecanismos institucionais de mobilização social para sua gestão integrada; e o estímulo de atividades socioeconômicas compatíveis com o desenvolvimento sustentável da orla.Também trata da melhoria da qualidade de vida no município a ser promovida pela implementação das propostas de reordenamento do uso e ocupação da orla, espaço territorial importante, cuja condição apresenta reflexos em toda zona costeira.

As intervenções físicas e legais planejadas pela administração municipal e

sociedade civil organizada, tem o intuito de otimizar os ganhos sociais e ambientais do uso e ocupação adequados deste espaço. Neste sentido as parcelas que compõe o patrimônio da União, mostram-se de relevância quantitativa e qualitativa, ensejando destaque no que concerne à sua eficiente gestão, sendo imprescindível o convênio com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), contando-se ainda com a parceria do MMA e da Comissão Técnica Estadual (CTE).

54O órgão executor do Projeto Orla de Angra dos Reis é a Prefeitura Municipal.

4.1. Área do Projeto

A Unidade de Paisagem ora priorizada é a que abrange parte da orla da área central do Município, região que compreende o centro histórico e comercial, além de alguns bairros residenciais periféricos. O trecho desta Unidade, delimitado no presente projeto, é conhecido como Praia da Chácara e está situado a leste do núcleo central, numa área de expansão mais recente, perfazendo aproximadamente 500metros de orla derivada de terreno acrescido artificial de marinha.

A Unidade de Paisagem inicialmente escolhida é constituída por uma planície costeira margeada por orlas abrigadas e terrenos acrescidos artificiais executados para atender à demanda de expansão territorial do centro histórico/comercial e dos bairros contíguos. É uma área de ocupação urbana densa e consolidada, com trechos vazios e subutilizados lindeiros à orla. O trecho apresentado é um desses trechos de orla vazios. É ladeado por equipamentos de lazer e turismo, como um complexo de hotel, shopping e marina à leste, uma rodovia, uma estação de tratamento de esgotos e um clube náutico à oeste.

Seu limite interior é formado por uma via litorânea, apesar da marinha abranger as quadras além da dita via, cujo uso se constitui por comércio, hotel, postos de serviço,concessionária e sub-estação de energia elétrica. Existe também fragmento de mangue reflorestado no início dos anos 90, e um equipamento público que abriga parte da Secretaria Municipal de Planejamento e o Centro de Estudos ambientais. A faixa do espelho d’água é turva e utilizada especialmente para atracação e fundeio de embarcações de pequeno porte.

O desejo atual é voltar a cidade para o mar, aproveitando o aporte de comércio

e serviços do Centro para um turismo que hoje não o tem como destino. Existem atrativos de caráter histórico e cultural nesta região que não são devidamente explorados, e as áreas vazias junto à orla desta Unidade de Paisagem permitem a implantação de toda uma infra-estrutura de turismo e lazer, que articulado a um planejamento mais global induzirá a uma nova dinâmica de desenvolvimento urbano, entendendo o turismo como vocação principal do Município.

O Plano de Ação foi estruturado em oito etapas:

1. Definição de normas gerais para construção na região com adequação

das construções ao estilo da área da orla e limitação do gabarito e da taxa de ocupação visando a integração paisagística entre orla e interior.

552. Implantação do projeto de saneamento básico que preveja a conclusão

da ETE já construída no local, a definição de um anel sanitário para a orla e o licenciamento das atividades sob normas de saneamento básico.

3. Implantação de um projeto educacional integrando ambiente a população

4. Colocação de placas voltadas a Educação ambiental e orientação dos visitantes.

5. A superfície do espelho deverá sofrer um zoneamento para ordenar o fundeio de embarcações de lazer e pesca, proibindo a atracação permanente junto aos cais e piers públicos, mantendo afastamento entre as embarcações fundeadas e a orla.

6. Estabelecer uma área de preservação no entorno imediato do fragmento de mangue.

7. Reestruturar a fiscalização de urbanismo e posturas com investimento em contratações, qualificações e logística.

8. Implantação de um projeto de urbanização e paisagismo.

56

CONCLUSÃO

As contradições entre o desenvolvimento sócio-econômico da região da costa Verde do Rio de Janeiro e as questões ambientais geram um contexto extremamente profuso em conflitos.

A rodovia Rio -Santos e a instalação de industrias de grande porte geraram um fluxo de baixa renda que potencializou os impactos ambientais devido a construção nas encostas e a poluição de esgotos e resíduos sólidos.A atividade portuária se apropriou de espaços extensos ecologicamente importantes, com baixíssima ocupação, em detrimento de outros usos de maior retorno econômico para os municípios. No processo de instalação destruiu regiões estuarinas imensas, como os manguezais, os corais e as baías, locais de procriação da grande maioria da fauna marinha, poluiu o ar e contribuiu para o aumento da camada de ozônio, com gazes do efeito estufa, a partir do transporte ferroviário de minério do local de extração até os navios e com a construção de termoelétrica cuja matriz energética é o carvão.

Por outro lado, desde 1982, governos de vários países, cientistas, cidadãos,

homens públicos criam movimentos em prol da recuperação dos oceanos e na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, obrigam as partes aderentes a proteger e preservar os ambientes marinhos e o Brasil é um dos seus signatários. Deste período até o momento atual, nossos governantes vem criando normas, resoluções , leis como é o caso da Política Nacional de Gestão Costeira que embora retrate uma série de instrumentos importantes para organizar a costa, só conseguiu até então desenvolver em nosso estado, o Projeto de Gestão Integrada da Orla que envolveu o treinamento de técnicos de 17 municípios, entre eles Mangaratiba e Angra dos Reis.

Ao elaborarem seus projetos de gestão integrada da orla, consideraram

apenas algumas atividades impactantes em seu rol de ações, deixando as de maior potencial degradatório de lado, como as empresas portuárias e de siderurgia, passando a cobrar a elaboração de Planos de Mitigação e Compensação Ambiental (Licenciamento Ambiental) para os impactos gerados por seus empreendimentos, sem controlar ou fiscalizar o cumprimento dos mesmos. Portanto, a contradição e o hiato entre o que se institui na Política Nacional de Meio Ambiente Brasileira e o que se faz na realidade é muito grande,e o resultado do conflito de interesses, é a perda de inúmeras

57 espécies da fauna e da flora da Mata Atlântica e de seus ecossistemas marinho, além da redução significativa da qualidade de vida de toda uma população, que a passos acelerado caminha também para a extinção.

Neste embate frequente entre a preservação do meio ambiente e a pressão

do poder político- econômico para implantar projetos de infra-estrutura de grande porte, voltados especificamente para a exportação, está vencendo a demanda na maioria das vezes, o último, acelerando a passos largos a perda de grande parte dos recursos naturais e genéticos de nosso território.

Este comportamentos conflituosos presentes no cotidiano nacional, além da falta de integração entre os diversos atores da sociedade, da falta de integração entre os poderes e suas políticas e o descumprimento das leis nacionais, nos sinalizam a todo momento que é preciso redefinir o que pretendemos para o futuro de nosso espaço territorial, isto é, se crescemos pensando apenas em lucro e consumo a qualquer custo, fundamentos da revolução industrial, ou se vamos realmente recomeçar, seguindo em uma direção bem definida e planejada, rumo à sustentabilidade.

58 ANEXOS Índice de anexos Anexo 1 >> Mapas Regiões Hidrográficas da Costa Verde Regiões Hidrográficas da Baía de Sepetiba Macroregiões Ambientais do Rio de Janeiro Sistemas de Unidades de conservação do rio de Janeiro Anexo 2 >> Fotos Imagem da região da Costa Verde da Internet Imagem da Baía de Sepetiba da Internet Imagem da Baía da Ilha Grande da Internet Imagem da Mata Atlântica e ecossistemas na Ilha Grande Maricultura Amoladores fixos Patrimônio Histórico cultural arquitetônico Terminal de minério na Ilha de Guaíba-Mangaratiba Porto da Brazore

59

ANEXO 1 Mapas

Regiões Hidrográficas da Costa Verde- INEA-2009

60

ANEXO 1 Mapas Regiões Hidrográficas da Baia de Sepetiba- Prefeitura de Mangaratiba-2008

61

ANEXO 1 Mapas Macroregiões Ambientais- Portal do INEA- Governo do Estado do Rio de Janeiro- 2008.

62

ANEXO 1 Mapas Unidades de Conservação do Estado do Rio de Janeiro – Portal do INEA.2008.

63

ANEXO 2 Foto Imagens retiradas do Geogle da Região da Costa Verde em outubro de 2008

64

ANEXO 2 Foto Imagens retiradas do Geogle da Baía de Sepetiba- 18 de outubro de 2008

65

ANEXO 2 Foto

Baía da Ilha Grande- Imagens retiradas do Portal da Prefeitura de Angra dos Reis-Secretaria de Turismo

66

ANEXO 2 Foto Mata Atlântica e Ecossistemas da Ilha Grande- Fotos retiradas no Curso Ecologia de Campo e Biologia Marinha-03/2008

67

ANEXO 2 Foto Pescadores verificando as gaiolas do sistema da Maricultura na Ilha Grande- Imagens retiradas no Curso sobre Ecologia de Campo e Biologia Marinha. Associação Água Marinha.03,2008.

68

ANEXO 2 Fotos Amoladores fixos utilizados pelos índios Tamoios na Ilha Grande - Imagens retiradas pela Associação Água Marinha na Ilha Grande 03/2008.

69

ANEXO 2 Fotos

Imagens do Patrimônio histórico-cultural arquitetônico de Mangaratiba-2008/03

.

70

ANEXO 2 Foto Imagem fornecida pela Ong Viva Terra sobre o terminal de Minério da Ilha de Gauíba- Mangaratiba- 18 de abril de 2009.

71 ANEXO II Foto Imagens do Porto que a Brazore pretende construir em Itacuruçá- retirados do site da Adriane Resources-05,2009

72

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA AHMED,Flavio: COUTINHO, Ronaldo. Cidades Sustentáveis e sua Tutela Jurídica. Rio de Janeiro. Editora Lumen Júris,2009. ARAUJO,Gustavo Henrique de Souza.Gestão Ambiental de Áreas Degradadas. Rio de Janeiro. Editora Brasil, 2005. BARBIERI,José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial- conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo. Editora Saraiva,2007. BROTTO,D.S.& AZEVEDO, J.C.S. artigo sobre Long-lines as fish assemblages modeling agents at Itaipu beach - Niterói CAHALI,Yussef Said. Constituição Federal. 9ª.edição,rev,ampl e atual. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2007. COIMBRA, Mauricio Antonio Covre. Biologia. São Paulo. Editora Brasil,2005. FRANK,Beate. Projeto Marca d’Água: seguindo as mudanças na gestão das bacias hidrográficas do Brasil; Caderno 2. Blumenau. FURB,2008. GUIA CULTURAL DO RIO DE JANEIRO. Costa Verde. Ano 3, nº.11. Câmara de Cultura,2008. GOMES,S.Abílio; PALMA,Jorge.J.C; SILVA. Cleverson G. Revista Brasileira de Geofísica. Causas e conseqüências do impacto ambiental da exploração dos recursos minerais marinhos. São Paulo. Vol.18.nº.3,200.

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77 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I 13 CARACTERIZAÇÃO DA COSTA VERDE 1- Caracterização da Área de Estudo 14

1.1- Organização dos Municípios 16 1.2- Recursos Naturais e Sistemas de Proteção Ambiental 17

1.2.1-Baía de Sepetiba 17 1.2.1.1- Restinga de Marambaia 19 1.3- Baía da Ilha Grande 19 1.3.1- Ilha Grande 20 1.4- Mata Atlântica 20 1.5- Reservatório de Ribeirão das Lajes 22 2- Sistema de Proteção Ambiental da Costa Verde 23 3- Comunidades Locais 25 3.1- Comunidades Quilombolas 25 3.2- Comunidades Tradicionais 26 3.3- Comunidades Indígenas 27 4- Cultura Local 27

78 CAPÍTULO II OS PORTOS DE MINÉRIOS DA COSTA VERDE E A APLICABILIDADE DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL 28 1- As Políticas de Desenvolvimento e os empreendimentos portuários 28 2- As atividades portuárias na Costa Verde 31 2.1- O Porto de Itaguaí 31 2.2- O Porto de Angra dos Reis 34 2.3- Os Portos em fase de construção e licenciamento 35 2.3.1- CSA e o Porto de minério 35 2.3.2- Brazore S/A 35 3- As atividades Portuárias, o Estado e a Legislação Ambiental 36 CAPÍTULO III A GESTÃO COSTEIRA COMO FORMA DE ORDENAÇÃO DO TERRITÓRIO 46 1- Desenvolvimento Territorial Sustentável 46 2- A Zona Costeira do Brasil 50 3- A Política de Gestão nas Zonas Costeiras 51 4- Um modelo de Gerenciamento Costeiro Integrado- 53 Projeto Orla 4.1- Área do Projeto 54 CONCLUSÃO 56 ANEXOS 58 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 72 ÍNDICE 77 FOLHA DE AVALIAÇÃO 79

79

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Os Portos de Minério da região da Costa Verde do Rio de Janeiro à luz dos conceitos de território e da Política Nacional de Gestão Costeira.

Autor: Sandra Maria de Oliveira Cunha

Data de Entrega: 17 de agosto de 2009.

Avaliado por: Conceito: