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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
A VISÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA
EDUCAÇÃO MUSICAL
Autora : Tânia Roballo Fabbri Orientador: Prof. Luíz Cláudio Lopes Alves
Rio de Janeiro
2003
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSO”
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
A VISÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO MUSICAL
Um vínculo entre a Psicomotricidade e a Educação Musical, numa proposta dinâmica e inovadora, ampliando a visão do professor como
observador e orientador do processo educativo a partir de fundamentações científicas.
3
AGRADECIMENTOS
Ao corpo docente do Projeto “ A Vez do
Mestre”, a todos que me motivaram ao
aprofundamento do tema, aos autores dos livros
pesquisados e ao meu maior incentivador e amigo,
em especial , Jorge.
RESUMO
4
A Psicomotricidade mostrou-se identificada como base para observação e
entendimento do processo de aprendizagem da criança. Trata-se de uma ciência
relativamente recente que, a partir dos fundamentos das ciências antigas como a
Psicologia, a Sociologia, a Antropologia, a Biologia e a Neurologia entre outras, procura
traduzir e orientar os diversos estágios do comportamento do homem, sua adaptação e
relação com o meio em que vive .
Reconhecida por sua aplicabilidade na orientação da criança de zero a seis anos, a
Psicomotricidade ainda não foi devidamente utilizada em atividades complementares
como a Educação Musical, favorecendo a caráter investigatório que esta disciplina
permite. Através dos elementos básicos que a música dispõe como ritmo, melodia,
harmonia e timbre, as propostas tornam-se uma excelente oportunidade de avaliação
psicomotora da criança
Baseando-se nestas observações, é apresentado um trabalho que tem por principal
objetivo utilizar os fundamentos da Psicomotricidade como pano de fundo para as
atividades musicais, buscando promover um maior equilíbrio bio-psico-social da criança
no seu permanente processo de adaptação ao mundo. Uma proposta de atividades
lúdicas pode tornar tanto a observação como a intervenção pedagógica muito mais
interessantes.
Encontrou-se desta forma mais uma interessante contribuição para o emprego da
música na educação. A possibilidade da análise científica que as atividades
psicomotoras oferecem pelo seu desempenho pessoal e espontâneo vêm enriquecer
sensivelmente os propósitos didáticos aos quais a Psicomotricidade se propõe alcançar.
SUMÁRIO
5
INTRODUÇÃO......................................................................................6
CAPÍTULO I Percepções Humanas................................................................................8 CAPÍTULO II Fundamentos da Psicomotricidade..........................................................16 CAPÍTULO III A Música na Educação Psicomotora........................................................24 CAPÍTULO IV Atividades Psicomotoras Musicais...........................................................29 CONCLUSÃO........................ ................................................................36 BIBLIOGRAFIA.....................................................................................38
ÍNDICE.....................................................................................................41 ANEXOS...................................................................................................43
INTRODUÇÃO
6
As salas de aula de Educação Infantil apresentam uma riquíssima variedade de
fluências posturais que merecem toda a atenção por parte de quem orienta suas
atividades. Apresentando na expressão corporal o principal veículo de comunicação, as
vivências realizadas com o corpo embasam todo o início da aprendizagem humana nesta
faixa etária, e este é o principal objeto de pesquisa do presente trabalho.
A Educação Infantil visa a prontidão básica para a escrita e a leitura, a
experiência das primeiras relações sociais fora do contexto familiar e a aquisição de
hábitos e atitudes que facilitem a sociabilização da criança .
As propostas psicomotoras bem orientadas proporcionam ao indivíduo condições
básicas para um domínio corporal que o beneficiará em todas as atividades. Se somar-
se à isso, os recursos que a música possui, o resultado será certamente superior:
As possibilidades gestuais podem se multiplicar quando sugeridas pela música,
elemento-chave desta proposta, já que detém consigo a propriedade de estimular
situações corporais orientadas pelo ritmo e pelo som. E num constante jogo de criação e
movimento, promove o equilíbrio dos gestos e a criatividade na expressão corporal.
Muitos são os problemas que se evidenciam no decorrer do desenvolvimento da
criança, dificultando ou impedindo suas possibilidades de comunicação, verbal ou
corporal. Poderiam ser citadas desde as limitações cognitivas até as dificuldades de
ordem patológica . Essas situações representam um obstáculo para a aprendizagem. Os
educadores costumam encaminhar esses casos a profissionais especializados, antes de
recorrerem a técnicas alternativas que, quando bem utilizadas, conseguem resolver
satisfatoriamente as questões apresentadas.
As aulas de Educação Musical, com enfoque nas atividades psicomotoras têm
revelado essas possibilidades pedagógicas, proporcionando à criança condições básicas
para um bom desempenho, um desenvolvimento harmonioso de seus gestos, trazendo
equilíbrio e coordenação motora mais dominada.
O processo educacional exige uma constante avaliação de seus objetivos,
procurando acompanhar sempre os paradigmas vigentes da educação . Verificou-se, a
partir da prática pedagógica da Educação Musical, a necessidade de uma pesquisa mais
aprofundada sobre as possibilidades científicas da observação e assistência ao
7 desenvolvimento da criança de 0 a 6 anos, etapa que precisa ser considerada como
fundamental para a estruturação das suas capacidades motoras, cognitivas e emocionais.
Com o propósito de enriquecer a análise do professor, enquanto observador e
mediador do processo educativo, a pesquisa foi-se ampliando e buscando entre a
Psicomotricidade e na Música, um ajuste de idéias que contribuíssem para a análise,
identificação e busca de soluções das dificuldades apresentadas nas atividades escolares.
Assim, o trabalho aborda este tema, apresentado-se em capítulos e anexos que
têm o objetivo de elucidar muitos dos aspectos que envolvem o entendimento e
realização da proposta, e também de estabelecer um vínculo de comprometimento
técnico entre a Psicomotricidade e a Educação Musical, ampliando a capacidade de
análise do professor ou orientador regente, num enfoque mais científico.
O capítulo I descreverá as formas de percepção de que o homem dispõe para
adaptar-se ao seu meio. O capítulo II vai apontar os fundamentos da Psicomotricidade
enquanto ciência, sua origem e aplicabilidade no processo educativo. Já no capítulo III
tratar-se-à da contribuição da música como suporte às atividades psicomotoras,
ressaltando seus elementos formadores. O capítulo IV apresentará uma proposta
essencialmente lúdica, com a utilização de jogos e brincadeiras. Por último virão os
anexos que, ilustrando o trabalho , trarão uma grande variedade de atividades práticas.
Trata-se de um projeto que, considerando a sensibilidade da criança, sugere e estimula o
permanente desabrochar das suas emoções.
8
CAPÍTULO I
PERCEPÇÕES HUMANAS
Desde os tempos mais remotos da civilização, o homem tem em suas percepções
as propriedades básicas para a aquisição de conhecimento, comunicação e
sobrevivência. É na relação que estabelece com o ambiente circundante, que se
desenvolve e evolui. Essa relação pressupõe o uso permanente de suas capacidades
perceptivas, adaptando-o às condições sociais mais diversas .
I.I Aspectos da Ontogênese do Homem :
Na sua ontogênese, conforme Fonseca (1995), desde bebê até a adolescência, o
homem evolui sob várias interpretações. Segundo pesquisadores sobre o tema como
Wallon, do ato ao pensamento e, segundo Piaget, da inteligência prática à inteligência
reflexiva.
As estruturas nascem inacabadas e vão-se transformando em aquisições cada vez
mais complexas, hierarquizando-se da infância à adolescência. Desta forma, vai
superando aos poucos, as etapas fundamentais para a consolidação dos sistemas
funcionais de seu comando cerebral. São elas : tonicidade, equilibração, lateralização,
noção de corpo, estruturação espaço-temporal, praxia global e praxia fina. Estas etapas
constituem a organização psicomotora humana. Neste processo, o homem toma
consciência de si e aprende a delimitar seu corpo do mundo dos objetos ( entendendo-se
objeto como tudo que está fora do corpo de quem percebe), através das atividades que
vivencia, adquirindo o conhecimento. Para comunicar-se, dispõe de cinco formas de
expressão: a oral, a plástica, a corporal, a escrita e a musical. O domínio dessas
linguagens é fundamental para sua adaptação e amadurecimento, favorecendo o
processo de aquisição do conhecimento, afirma WINNICOTT ( 1975 ).
I.2 O Processo de Percepção Humana :
É uma operação psicológica na qual toma-se conhecimento da presença de um objeto
exterior, que sensibiliza e estimula passiva ou ativamente o indivíduo , e é a partir das
9
modificações que este objeto imprime aos órgãos sensoriais que é emitida uma resposta.
As informações recebidas são elaboradas a nível do consciente. Essa definição limita a
percepção à organização voluntária dos dados de informação em relação aos objetos
exteriores.
Existem vários aspectos que interferem no processo de percepção, como a proximidade
do objeto no espaço ou no tempo e a possibilidade de acesso que se tem dele. Objetos
distantes no tempo ou no espaço ( relativo à distância ) também oferecem dificuldade
de serem percebidos. Um outro aspecto significativo para o processo de percepção, é o
componente emocional do indivíduo. O estado emocional é um elemento determinante
na sua integração sensorial, suporte dos processos de motivação. A desestabilização dos
afetos pode alterar sensivelmente a capacidade de organização perceptual, bloqueando
ou modificando toda a forma de assimilação do objeto.. A percepção é uma forma
restrita de captação de conhecimentos e dependente de fatores que determinam sua
viabilidade. Através do movimento como a preensão, as manipulações e a exploração
espacial, assim como a exploração visual, a criança vai adquirindo conhecimento e
progressivamente dominando os elementos que constituem o mundo dos objetos.
1.3 Teorias e Correntes Teóricas Sobre a Percepção :
Várias são as perspectivas teóricas no estudo da percepção. Como aponta
LEVIN
(1995),Charles Osgood distingue três atitudes teóricas relativas a este tema: a
fisiológica, a gestaltista e a behaviorista. Nenhuma delas porém delimita o sentido
técnico de suas interpretações teóricas, como os metodologistas sugerem em suas
classificações, não sendo exclusivistas em suas análises.
I.3.1 Atitude Teórica Fisiológica
A atitude fisiológica ou neurológica preocupa-se com os processos neuro-cerebrais
que ocorrem numa atividade perceptual. Entendendo que o indivíduo, ao perceber um
objeto pelos órgãos sensoriais, envia os dados diretamente ao neo-córtex que, organiza o
campo percebido em áreas específicas do cérebro. Se existe registro do objeto, busca
informações para classificá-lo ou conceituá-lo. Este processo pressupõe uma estrutura
fisiológica complexa que envolve :
10
- processos neurológicos ( ampliação das sinapses, quando necessário à novas funções
psicomotoras ou conceituais )
- atividade bioelétrica
- reações químicas
- desenvolvimento da memória
- metabolismo protéico
- sistema nervoso íntegro nas suas condições ( equilíbrio das funções emocionais )
A criança vem ao mundo com sua capacidade mental desorganizada. Seus reflexos são
sub-corticais ( ela não comanda ). A partir da sua relação com o ambiente circundante,o
neo-córtex vai dominando gestos, intenções corporais, elaborando conceitos,
classificando etc. Ao longo da vida vai formando circuitos neuronais específicos para
cada ação do pensamento.
O amadurecimento da rede neuronal neste processo, depende também de
estímulos, que precisam ser permanentes e pressupõem um amadurecimento relativo das
capacidades sensoriais do homem. As leis de diferenciação de Coghill estabelecem 2
parâmetros de amadurecimento do homem : céfalo-caudal e próximo-distal , um
processo simultâneo no decorrer do crescimento da criança. Ou seja, o amadurecimento
do sistema nervoso se desenvolve ao mesmo tempo, da cabeça para o final da coluna e
da coluna para as extremidades dos membros ( superiores e inferiores ). A capacidade
perceptiva como vemos é um intrincado processo.
I.3.2 Atitude Teórica Gestaltista
A atitude teórica gestaltista responde pela ênfase das dimensões qualitativas dos
objetos percebidos . Seu estudo é aprofundadamente dinâmico e se subordina à
concepção de que a conduta ora resulta de uma investigação que se origina no próprio
perceptor, ora resulta de uma exigência que parece derivar-se do objeto percebido. Quer
dizer, ora centraliza-se no ego, ora no objeto.
Sobre os gestaltistas, Lucchins ( 1951) afirma que :
“Os teóricos da Escola Gestaltista não encontram razões sufIcientemente
sólidas para aceitarem a tese de que a motivação se relaciona somente com os
desejos e necessidades que originam-se no organismo, e que a fonte dos processos
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motivacionais seja necessariamente o ego. Se a motivação for assim conceituada,
então será verdade que a Escola Gestaltista não se identificará com ela “
A escola Gestaltista fica melhor caracterizada com a noção bilateral. Sua tese reduz
as diferenças entre o ato de perceber e o de pensar. Este último caracteriza-se por
estruturas mais reversíveis, mais dinâmicas que as estruturas perceptuais. A importância
desta afirmação grifada pelos gestaltistas ultrapassou os limites da Psicologia da
Percepção para atingir o próprio campo da Teoria do Conhecimento, evidenciando-se o
problema relevante que é o da causalidade.
Sobre a contextualização da percepção, segundo a corrente gestaltista, os objetos
são assimilados em função de um contexto ou sistema de referência do qual retiram
propriedades que definem as possibilidades de serem percebidos. A percepção não se
cumpre através dos sentidos mas admite uma caracterização também de atividades do
pensamento. Pensar independentemente da mobilização dos sentidos, também pode
levar a perceber. Isso porque perceber não é só perceber objetos concretos. Pode-se
perceber objetos ideais. ( Alexius Von Minong ( 1942) ).
Foram os gestaltistas que mais exploraram essa contribuição, insistindo no fato de
que percebemos também relações. As relações eram consideradas só acessíveis ao
pensamento. Seriam conceituadas em vez de percebidas. O certo é que só ocorre a sua
apreensão diante da totalidade da situação percebida.
Na verdade, o processo perceptivo no entendimento da corrente Gestaltista é
definido como apreensão de “figuras perceptíveis” em um todo considerado “ fundo
temático” . Daí os conhecidos componentes do objeto percebido serem sempre
mencionados dentro da dualidade “figura e fundo”. Já nesta proposição adiantam o
significado do caráter organizado da percepção. Não se percebe figuras difusas,
desorganizadas. O cérebro tem necessidade de organizar os campos da sua estrutura
para melhor funcionalidade.
Do ponto de vista conceptual, poder-se-ia caracterizá-lo, conforme sugere Piaget
(1978), pela introdução do conceito de equilíbrio sobre o domínio das funções
cognitivas.( perceptuais e intelectuais ), conceito até então fundamentalmente explorado
na área dos processos afetivo-emocionais.
12
I.3.3 Atitude Teórica Behaviorista
Quanto à perspectiva behaviorista, que nesta área não tem contribuição relevante,
o que a define é, precisamente, a importância concedida à aprendizagem. As técnicas de
convivência com a realidade, ao se expressarem através das formas de apreensão dos
objetos e situações, seriam modeladas, progressivamente, pela experiência adquirida em
ensaios prévios. Segundo o Behaviorismo, é através da vivência com a realidade que o
indivíduo assimila conhecimento, se expressa e se ajusta. As formas de apreensão dos
objetos e situações seriam modeladas progressivamente e baseadas sempre em
experiências prévias adquiridas, o que admite apenas a importância do sujeito perceptor
em detrimento do objeto a ser percebido. É uma constante adaptação do indivíduo em
relação ao objeto. Em termos de estratégia de pesquisa, caracterizam-se pelo emprego
das técnicas de condicionamento que lhes possibilitam o controle dos processos
discriminatórios ou generalizadores, através de formas definidas de atividade. Dentro
dessa perspectiva, as melhores contribuições pertencem a SKINNER e aos demais
integrantes da chamada Análise Experimental do Comportamento, que é a mais atuante
das correntes behavioristas modernas.
O movimento Behaviorista, surgido por volta de 1947, enfatizou o papel da
motivação no processo de seletividade perceptiva. Nesta linha de pensamento, a
percepção é estudada como conseqüência, mais em função dos aspectos expressivos e
projetivos, embora a preocupação com os aspectos cognitivos não seja abandonada. A
explicação desta tese pode estar em suas raízes : pesquisas realizadas sobre a
personalidade através da análise do psicodiagnóstico. Todo objeto consciente do sujeito
é passivo de ser percebido. Basta que haja consciência e estímulo para que haja
percepção.
G. Mead (1938) em sua Teoria do Ato faz observações interessantes sobre os processos
perceptuais. Nela, a percepção aparece como forma de atividade e como primeiro passo
ou estágio para a total complementação do ajustamento do organismo ao meio. A esse
estágio seguem-se as fases manipulatória e consumatória, ambas, de certo modo
exigidas pela apreensão perceptual dos objetos que nos envolvem.
A educação perceptiva tem como finalidade trazer à criança um universo onde
reinam uma organização e uma estrutura que a conduzirá progressivamente ao mundo
13
da informação, transportando-a do mundo mágico, sinal do imaginário , ao mundo
objetivo, onde deverá exercer toda sua capacidade criadora, enquanto ser humano.
Considerando-se que a percepção é um estágio anterior a qualquer outro no processo de
desenvolvimento e adaptação, vale ressaltar a importância das propostas de estimulação
às capacidades perceptivas, quando na intenção de se promover o desenvolvimento do
ser humano.
1.4 Fases do Desenvolvimento e a Percepção
Do Nascimento aos Três Anos:
Nos primeiros três anos de vida é primordial a atuação dos pais como agentes
estimuladores, tendo-se em vista que, a criança, enquanto não freqüentar escola
maternal, tem em seus familiares os únicos contatos sociais. É por intermédio deles
que todos os outros estímulos serão possíveis. Uma descrição bastante generalizada
poderia enumerar funções parentais determinantes para este período do
desenvolvimento das percepções .O meio social em que ela se encontra deve satisfazer
os seguintes aspectos :
- as necessidades fisiológicas da criança como : alimentação , sono, exercícios
das funções sensoriais e motoras constantemente .
- as necessidades afetivas ou de comunicação: permanente diálogo interpessoal
com a criança.
- as necessidades de segurança e estabilidade, satisfeitas pela instauração de referências
estáveis no plano de vida material e em modelos de identificação.
- as necessidades cognitivas que se significam por uma aguçada curiosidade que exerce
o meio sobre a criança. É preciso uma certa atitude permissiva favorecendo a busca de
ajustamento ou descoberta da criança.
- as necessidades lingüísticas das quais depende em grande parte a evolução da
função simbólica . É importante que a criança esteja desde cedo em contato com
uma lingüagem rica, tanto no plano do vocabulário quanto na sintaxe. Desta forma ela
estará preparada para as exigências culturais que se manifestam no período escolar.
Até os seus três anos, os interesses da criança estão voltados para o mundo
exterior. A atividade de exploração expressa-se pela forma difusa de expressão. À
medida em que o meio atua como estímulo à sua percepção, a criança afirma-se como
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uma unidade afetiva e expressiva, favorecendo seu equilíbrio entre o espontâneo e o
controlado.
A primeira estabilização afetivo-sensório-motora é o trampolim indispensável à
criança, sem o qual a estruturação perceptual não pode consolidar-se. Representa um
estado de equilíbrio provisório. As primeiras urgências motoras estando resolvidas no
plano consciente significam uma prontidão para a etapa seguinte que é das atividades
intencionais.
Dos três aos Sete Anos :
É um período transitório, tanto na estruturação espaço-temporal quanto na
estruturação do esquema corporal. A educação psicomotora deve preparar a criança para
passar, sem produzir rupturas, entre o universo mágico no qual se projeta sua
subjetividade e o universo onde se edificam a organização e a estruturação. O jogo das
percepções continua partindo do global e desenvolve-se em dois planos. Por um lado,
está submetido a uma intencionalidade práxica que permita à criança resolver os
problemas motores e, por outro lado, a expressão do corpo já traduz as experiências
emocionais e afetivas conscientes e inconscientes.
O jogo simbólico adquire muita importância na medida em que, agindo num
mundo imaginário, a criança pode satisfazer seus desejos. Na sua estruturação
perceptiva, a consciência dos elementos do espaço precede muitos meses a percepção
do próprio corpo. Embora tenha vivido somente uma experiência global, já possui uma
geometria topológica. Começa a descobrir suas próprias características corporais.
Estrutura-se daí o seu esquema corporal. É a percepção de si própria dentro de um
contexto de grupo. Nesta fase a criança precisa ver-se, num espelho por exemplo. Só e
em grupo, para identificar-se como parte integrante dele.
A percepção da imagem visual do corpo, associada ao conjunto de sensações profundas
é o que promove sua referência na organização dos elementos no espaço. Essa
experiência vivida seguida da análise perceptiva dos fatos, constitui o meio que a
criança tem para sua evolução ulterior.
Sobre o Corpo :
Como menciona COSTE (1981), corpo é o atlas da comunicação. O mapa
semântico com equivalentes visuais táteis, quinestésicos e auditivos. Verdadeira
composição de memórias de suas partes e de todas as suas experiências. Como
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orientadora do homem, a percepção do seu corpo é indispensável para “ navegar” no
espaço. É indispensável para comunicar e aprender. Ponto de referência espacial,
instrumento de realização e criação, alicerce da estrutura do eu, o corpo é uma
construção biossocial, um produto final das experiências agradáveis e desagradáveis da
vida. Joga com a noção de tamanho, peso, envolvimento consigo mesmo e com o outro,
memória de situações anteriores como fonte de informações necessárias para produzir
ações intencionais do presente. O cérebro através do corpo, reconhece as condições em
que vai ser elaborada e programada a atividade que tem a função de regular, analisar e
verificar.
A noção de corpo, segundo LE CAMUS (1986), compreende portanto uma
representação consciente, dinâmica, postural, posicional e espacial que encerra com o
revestimento cutâneo que põe o indivíduo em contato com a aquisição do
conhecimento.
Voltando-se para o trabalho desenvolvido nas salas de Educação Musical, quando
a proposta é fazer do corpo o principal veículo de expressão, nota-se a importância
desta orientação para o apuro do desempenho global da criança a partir das atividades
elaboradas que requisitam a plena utilização das percepções : auditivas, temporais,
rítmicas, visuais, espaciais, viso-motoras entre outras. É fundamental para isso, que o
esquema corporal já tenha sido introjetado pelo indivíduo, que se apropriando da sua
imagem, faz uso e assume o controle do seu corpo.
As percepções humanas, tão diversas que são, suscitam a permanente curiosidade
do homem, o que o caracteriza como eterno aprendiz, por isso devem ser orientadas nele
desde ainda bem pequeno, por todo o período escolar e depois disso, estimuladas
através de jogos e do esporte, num constante exercício de reflexos.
16
CAPÍTULO II
FUNDAMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE
2.1 Origem da Psicomotricidade
Falar da origem e da evolução do entendimento da Psicomotricidade como ciência
é estudar a significação do corpo ao longo da civilização humana.
Desde os tempos da Idade Antiga até a atualidade, a representação corporal sofreu
diversas interpretações. Aristóteles em “A Política” anunciou os primeiros pensamentos
psicomotres quando citou a função da ginástica para o melhor desenvolvimento do
espírito. Afirmava que o homem era constituído de corpo e alma, e que esta seria o seu
comando maior. Dizia ele que o exercício físico servia para “dar graça ,vigor e educar o
corpo”.
Mas somente no século XIX o corpo começa a ser estudado, primeiramente por
neurologistas, por necessidade de compreensão das estruturas cerebrais. A seguir, por
psiquiatras e psicólogos, para esclarecimentos mais profundos sobre patologias mentais.
No campo patológico, DUPRÈ (1909) foi quem nomeou “Psicomotricidade”
quando introduziu os primeiros estudos sobre a debilidade motora, quando na sua
pesquisa sobre a debilidade mental. Buscava então entender a aquisição do
conhecimento e o amadurecimento da criança como um processo em etapas hierárquicas
e sobrepostas.
Na verdade, a França foi o berço desta ciência considerada moderna sob o aspecto
epistemológico com que é analisada mas abrangente e conclusiva se vista como
decorrência dos fundamentos de ciências clássicas como a Sociologia, a Antropologia, a
Biologia, a Neurologia entre outras.
Posteriormente, Henry Wallon foi, sem dúvida o grande pioneiro da Psicomotricidade,
vista como campo científico. Em 1925 publicou L’Enfant Turbulent e em 1934, seu
Famoso Lês Origines du Caractèr Chez l’Enfant. Com estas duas obras Wallon inicia
uma etapa relevante no campo da observação e análise do desenvolvimento psicológico
da criança. Médico, psicólogo e pedagogo, inaugura as primeiras tentativas sobre a
reeducação psicomotora e tem Guilmain como seu grande colaborador, quando escreve
17
uma obra considerada clássica e de grande impacto pelas suas novas concepções sobre a
evolução motora e o comportamento humano : Fonctions Psychomotrices et Troubles
du Comportement Neste livro, Guilmain define os objetivos da reeducação psicomotora
afirmando: “ Seguindo em todas as crianças a organização das funções do sistema
nervoso à medida que se opera a maturação, podemos reabilitar as manifestações
próprias das suas funções em causa”.
De acordo com Wallon, o papel da função tônica (onde repousam atitudes e
alicerces da vida mental) e da emoção ( na inter-relação consigo e com o outro) nos
progressos da atividade corporal, são os principais objetos da intervenção psicomotora.
Impulso, o tônico-emocional do indivíduo, o sensório-motor, o projetivo e o
personalístico. Estes são os aspectos básicos eminentemente defendidos na perspectiva
do desenvolvimento da criança sob a visão walloniana.
Sua obra continuou por décadas a influenciar a investigação sobre crianças
instáveis, impulsivas, emotivas, obsessivas, apáticas, delinqüentes etc. Esta influência
abrangeu a Psiquiatria Infantil, a Psicologia, a Pedagogia, a Educação Física. “ O
movimento é o primeiro e único instrumento do psiquismo” e “O desenvolvimento
psicológico da criança é o resultado da oposição e substituição de atividades que
precedem umas às outras”. Estas são algumas de suas afirmações para demonstrar que a
vida mental está sujeita à uma dialética entre relações sociais e determinismos
mecanicistas.
No campo educacional, Le Boulch e Ramain (educação de atitudes) divulgam as
obras de Wallon.
Na década de 70 surge Ajuriaguerra na Argentina. Apoiado em sua notoriedade
como psiquiatra infantil, publica trabalhos sobre o tônus e desenvolve métodos de
relaxamento. Além dele, muitos outros nomes deveriam ser lembrados como Lapierre,
Pierre Vayer, Jean Le Camus entre outros.
O conceito de Psicomotricidade ganha expressão significativa traduzindo profunda
solidariedade entre atividade psíquica e atividade motora.
2.2 Como Definição
Após décadas de pesquisa, de revisão e análise de conceitos e fundamentos,
considera-se hoje a Psicomotricidade como uma ciência que procura orientar a relação
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que o indivíduo desenvolve consigo mesmo( seu mundo interno) e com o meio em que
vive ( seu mundo externo). Faz sempre referência à emoção pois todo o comportamento
do homem é voltado para a busca de suas necessidades, para o que lhe traz prazer e
realização.
O corpo é como um diário. Nele estão contidos todos os momentos vividos e é a
partir da percepção que se tem destes momentos e dos fatos que nele ocorrem, que se
estrutura o comportamento.
Quando trabalhamos a emoção, estamos facilitando os canais de acesso com o
mundo que nos cerca. E o aspecto social influi decisoriamente nas atitudes humanas,
pois o homem é um ser essencialmente social, ou seja, precisa conviver para
desenvolver. Com a Psicomotricidade, desenvolve a educação dos movimentos e do
intelecto sem contudo abdicar à sua personalidade.
A realização de atividades psicomotoras prevê sempre uma aprendizagem e deixa
de ser considerada como tal se automatizar seus movimentos. Os automatismos têm o
caráter de aprendizagem, mas não são considerados atividades psicomotoras. Nestas
atividades faz-se referência às emoções. A postura do homem traduz toda sua
experiência anterior ou a busca ao encontro de suas próprias necessidades. Exercita as
sensações, os afetos, o pensamento e decisões como ser humano.
2.3 Níveis de Atuação da Psicomotricidade
A Psicomotricidade opera em três níveis :
a) Educação Psicomotora – que se propõe a orientar a criança de 0 a 6 anos. Trabalha
com estímulos básicos, considerando e ampliando os recursos da consciência corporal.
Como o bebê ainda apresenta uma hipertonia de extremidade e hipotonia de eixo, todo
estímulo corporal contribuirá para a aquisição gradativa do amadurecimento e domínio
de movimentos.
b) a Reeducação Psicomotora – que visa resgatar questões do aspecto motor ou
emocional que, por diversas razões não tenham se consolidado ainda. Cabe ao
psicomotricista rever as possibilidades que originaram esse atraso, atuando de uma
forma afetuosa e compreensiva, optando por propostas lúdicas e dinâmicas. Essa
atuação pressupõe uma faixa etária em torno de até 12 anos.
19
c) a Terapia Psicomotora – que trabalha junto aos quadros patológicos de âmbito
psicológico, psiquiátrico ou outros problemas decorrentes de traumas que podem se
reportar a incidentes ou acidentes. Também se recorre à terapia psicomotora para o
atendimento à 3a idade, em todo aspecto que esse trabalho dispõe como jogos, dança,
esporte ou outra atividade que estimule o idoso nos seus reflexos e no seu raciocínio.
2.4 O Desenvolvimento Psicomotor
Caracteriza-se pela maturação gradativa do indivíduo, que compreende o
movimento, o ritmo, a construção espacial, o reconhecimento e a classificação de
objetos, posições no espaço e categorias. O domínio do seu sistema e imagem corporal e
a aquisição da comunicação verbal plena
A criança vem ao mundo com a sua capacidade mental desorganizada. Seus
reflexos são sub-corticais (ela não comanda). É a partir do desenvolvimento da córtex
cerebral que a criança vai dominando seus gestos, suas intenções corporais. Ao longo da
vida vai formando circuitos neuroniais específicos para cada atividade. O
amadurecimento da rede neuronial ocorre através de estímulos recebidos e é por
conseqüência do desenvolvimento da córtex cerebral, que todo esse processo de
comando acontece.
As leis de diferenciação de Coghill estabelecem 2 parâmetros de amadurecimento
que são simultâneos no decorrer do crescimento : o céfalo-caudal e o próximo-distal .
Ou seja , o amadurecimento ocorre ao mesmo tempo da cabeça para o final da coluna e
da coluna para as extremidades dos membros ( superiores e inferiores ). Toda proposta
pedagógica deveria atender a este fato que é científico, para que não incorresse na
possibilidade de se suprimir do processo de estímulo ao desenvolvimento natural, etapas
que possam comprometer de alguma forma o processo de crescimento da criança. Jogos
e brincadeiras devem ser oferecidos para o exercício hierárquico das capacidades
corporais da criança desde a sua fase de bebê.
A evolução dos movimentos é assim interpretada por Le Boulch :
“Os movimentos espentâneos, mesmo não sendo pensados, dependem das
experiências vividas
anteriormente; não se trata de uma memória intelectual, mas sim de uma
verdadeira memória
20
corporal, toda ela carregada de afeto e orientada por ele. O corpo não está
simplesmente dotado de eficácia ; ele está presente no mundo como uma unidade
fundamentalmente original, como “ corpo próprio”.
Para a realização desta evolução, o homem apresenta elementos psicomotores
que lhes são inerentes e que lhe caracterizam como ser capaz de um desempenho
progressivo. São seus elementos psicomotores :
- Movimento – termo genérico que abrange os reflexos, atos motores, conscientes ou
não, normais ou anormais, significantes ou não. É a base do trabalho psicomotor. É
através do movimento que o indivíduo adquire experiências e atitudes, conceitos e
posturas sobre diversas situações.
- Reflexo – numerosas reações do corpo às estimulações específicas, os reflexos
independem da consciência do indivíduo. Contudo, numerosos reflexos envolvem,
senão a consciência, pelo menos uma certa atitude psicológica, uma educação, porque
são o resultado de uma aprendizagem, manifestando-se inconscientemente
- Gesto – movimento do corpo que tem uma finalidade intencional ou não. Muitos
movimentos involuntários são atos que envolvem o conjunto da personalidade. O gesto
muitas vezes é a própria comunicação.
- Apraxia – impossibilidade de realização gestual. Os gestos não se efetuam ou falham
em seus objetivos.
Tono – é a tensão dos músculos através dos nervos, pela qual as posições relativas das
diversas partes do corpo são corretamente mantidas. Toda atitude ou postura depende da
atividade tônica ou seja, daquela atividade que dá aos músculos um grau de consciência.
É a representação da vida no corpo. Participa de todas as funções motrizes. ( equilíbrio,
coordenação, dissociação ). É um critério de definição da personalidade, já que se porta
segundo a inibição, a instabilidade e a extroversão que a possam caracterizar.
- Função Tônica - responsável pelo desempenho psicomotor do indivíduo. É um
fenômeno nervoso muito complexo, a trama de todos os movimentos, sem desaparecer
na inação. Cessando o gesto, o corpo se conserva em atitude postural. A função tônica
investe em todos os níveis das funções motrizes : equilíbrio, coordenação motora,
dissociação dos movimentos, etc. É a base da linguagem corporal e veículo da
expressão das emoções. Lembre-se da experiência afetiva ligada totalmente à expressão
tônica.
21
- Projeto Motor – um plano geral operatório em que as metas parciais e temporais de
um ato se organizam para tornar eficaz a operação da motricidade.
Exemplo : para subir uma escada, tenho que erguer uma perna, impulsionar meu
corpo de cabeça erguida e trazer a outra perna ao nível do meu corpo não é observado
porque está aquém da consciência ). - Relaxamento – interessa-se pela hipotonia e
controle tônico e emocional do indivíduo com exercícios que promovam a completa
passividade. A Psicomotricidade dedica muito de ser trabalho às técnicas de
relaxamento, pois acredita que tenha lugar em todas as etapas da educação psicomotora.
O relaxamento exige um conhecimento e domínio do corpo tão consciente quanto
qualquer outra atividade. E isto deve ser exercitado .
Esquema Corporal – conscientização e percepção do corpo e seu desempenho enquanto
modelo e forma de personalidade e do comportamento do indivíduo. É fundamental em
todas as atividades que visem o desenvolvimento das funções motoras : coordenação,
lateralização, organização espacial, estruturação temporal, equilíbrio no deslocamento e
ainda o controle tônico postural como inibição, instabilidade e agressividade. O
esquema corporal externa uma expressão adequada para cada circunstância que se
vivencie .
Exemplo : minha postura não será a mesma se me preparo para descer uma escada no
escuro ou se me concentro numa corrida em que participo. No entanto, estarei
concentrado em ambas as situações. Qualquer forma de relação está ligada à ação
corporal. Note-se que o corpo é o primeiro objeto percebido pela criança.
- Imagem Corporal – é a relação entre a criança e suas emoções. Sua percepção e
assimilação de experiências vividas anteriormente que lhe formam um entendimento
pessoal das situações atuais. É a imagem inconsciente do corpo atuando direto ao plano
do desejo ( grande parte de nossas vidas estão em nosso consciente e tornam-se para
nós, motivo de busca ou compensações, dependendo da natureza das lembranças.
O que une o esquema corporal à imagem corporal é o narcisismo. Esta eterna
sensação de busca ao olhar do outro. Pois é este olhar que determina a imagem corporal
de um indivíduo. É a lógica da preferência ou menosprezo. Quando nossas histórias têm
um aspecto negativo nas experiências, surgem os Fantasmas, que são situações
guardadas no inconsciente e que se manifestam através de atitudes de instabilidade
emocional na expressão do indivíduo. São os traumas. Este é um objeto da maior
22
importância para o trabalho da Psicomotricidade, pois identifica claramente a causa de
muitas das deficiências de comportamento, até no desempenho escolar.
A capacidade perceptiva do homem estimula sua permanente curiosidade como
um eterno aprendiz, por isso deve ser trabalhada nele desde a idade mais tenra,
estimulada através de jogos, música e atividades esportivas, num constante exercício de
reflexos.
2.5 Aspectos do Desenvolvimento Psicomotor
Estruturação espaço-temporal : ela permite não só movimentar-se no espaço, mas
coordenar e dar seqüência aos gestos, localizar as partes do corpo e situar cada uma
delas no espaço, orientar suas atividades, sua locomoção e sua noção temporal .
Tempo : o tempo é, simultaneamente, duração, ordem e sucessão. A integração desses
três níveis é necessária à estruturação temporal do indivíduo.
Compreensão da Ordem : a percepção da ordem só é possível se as estimulações
sucessivas forem suscetíveis de se organizar entre si, ou seja, se elas forem de natureza
idêntica ou afim. Tempo para a criança só pode ser medido de duas formas : com a
evolução ou com o curso dos ponteiros do relógio.
Compreensão das Durações : de forma rudimentar, a criança utiliza os mesmos pontos
de referência do adulto, com a seguinte diferença : a parte intuitiva e subjetiva da
avaliação da duração da criança é muito mais importante. Assim, 15 minutos passados
na inação serão considerados mais longos que 15 minutos passados numa atividade
divertida. A criança é incapaz de abstrair a duração do seu conteúdo. Para ela o tempo é
“ o tempo passado em “, e não uma duração abstrata.
Espaço : toda a nossa percepção do mundo é uma percepção espacial, na qual o corpo é
o termo de referência. Além disso, o espaço e o tempo formam um todo indissociável. O
espaço da criança é inicialmente muito limitado, reduzido às suas impressões táteis. O
meio circundante é indistinto do corpo. ´È a crescente eficácia de sua gestualidade e a
importância dos fatos relacionados que criam o espaço da comunicação.
Constitui um elemento importante da adaptação psicomotora. Os problemas
apresentados pela lateralidade tem dupla origem : fisiológica e cultural.
Um indivíduo pode ser canhoto porque seus principais comandos cerebrais estão
no hemisfério direito – é o sinistro normal ou fisiológico ou porque o hemisfério
23
esquerdo foi lesionado e o hemisfério direito assumiu os comando. Portanto, a criança
que nasceu destra, mas em que parte do sistema nervoso central que controla a sua
motricidade sofreu uma lesão, torna-se canhota.
A realidade é muito mais complexa do que parece. A lateralidade pode ter origem
na aprendizagem escolar, na cultura, nos fatores psicológicos, familiares ou afetivos,
que multiplicam a graduação do problema. Além do ponto de vista fisiológico, as
interdependências dos dois hemisférios cerebrais são de tal ordem que parece melhor
falarmos em hemisfério principal e secundário. Os dois trabalham complementarmente
e não isoladamente. Apenas um deles tem o papel mais marcado que o outro.
Na verdade, a lateralidade participa de todos os níveis do desenvolvimento da
criança. O ajustamento entre a motricidade e a percepção visual, é, sem dúvida, uma das
mais decisivas, porque constitui simultaneamente a organização da coordenação motora
e a estruturação espacial, que é a parte fundamental da lateralidade.
A lateralização acompanha cada um dos passos da criança. Desde sua localização
no espaço, a projeção de seus pontos referenciais a partir do corpo e depois a
organização do espaço fora do seu corpo. Estes aspectos devem ser considerados em
qualquer atividade que se disponha a orientar o desenvolvimento psicomotor de uma
criança através das propostas oferecidas pela Psicomotricidade.
Muitos são os fundamentos da Psicomotricidade, os quais norteiam a metodologia
dinâmica que esta ciência propõe . É importante contudo, que se ofereça atividades que
estejam sempre à altura da maturidade da criança, buscando estimilá-la a etapas
cognitivas superiores, promovendo sua estruturação hierárquica de habilidades.
24
CAPÍTULO III
A MÚSICA NA EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
As atividades psicomotoras quando combinadas com elementos musicais como
ritmo, melodia, harmonia e timbre , tornam sua proposta muito mais rica e atrativa. O
envolvimento que a sonoridade e o ritmo apresentam alcançam a esfera emocional de
quem realiza estas atividades, promovendo maior concentração e interesse.
A música sugere um clima de equilíbrio, ordenando e disciplinando a motricidade
global do ser humano, principalmente na sua fase mais jovem, quando traz energia em
demasia e grande desconcentração. Esta energia precisa ser orientada para não
transbordar desordenadamente no seu comportamento. Daí a importância de atividades
musicais que tenham no desempenho físico sua maior ênfase, como a dança, a
expressão corporal musicada, as brincadeiras infantis cantadas etc. É também através
do corpo que a criança inicia sua comunicação com o mundo externo, por isso é tão
importante que toda a proposta de expressão seja abordada a partir das capacidades
corporais, procurando inclusive um desenvolvimento desta habilidade.
O trabalho de sincronia entre as cadências rítmicas e o deslocamento solicita
movimentos intercalados de partes do corpo que contribuem para a assimilação das
possibilidades corporais, da noção espacial e a coordenação com as quais a criança lida
permanentemente.
O objetivo das atividades psicomotoras musicadas não é adquirir um ajuste rítmico
e sim fazê-lo aflorar naturalmente, a partir do trabalho de sensibilização. Considerando-
se que o ritmo não é somente necessário à vida do homem, mas uma capacidade inata
que ele dispõe .Quanto mais vivenciado pela criança, maior benefícios trará para o seu
amadurecimento e equilíbrio.
3.1 O Cérebro e a Música
Para que o cérebro desenvolva seu potencial, são necessários estímulos agindo
diretamente em suas centrais de comunicação. As informações percebidas pelos órgãos
25
dos sentidos são captadas pelo neo-córtex e dele partem para as diversas áreas
específicas do cérebro. E nos primeiros cinco anos de vida do ser humano, mais do que
em qualquer fase de sua vida, estes estímulos proporcionam um expressivo
desenvolvimento das fibras nervosas capazes de ativar o cérebro e dotá-lo de
habilidades intelectuais que perduram por toda sua existência.
As pesquisas realizadas nos Estados Unidos, na década de noventa, sobre o efeito da
Música no desenvolvimento das habilidades cerebrais merecem ser citadas:
Uma equipe de psicólogos da Universidade de Wiscosin, dirigida pela Dra. Frances
Rauscher e pelo físico Gordon Dhaw, da Universidade de Música da Califórnia,
revelaram dados bastante significativos sobre a contribuição da música no
desenvolvimento das habilidades cerebrais. Afirmam que :
“ A música quando trabalhada com crianças em idade pré-escolar (de 1 a 5
anos), em especial o ensino do teclado e canto, é ainda superior ao ensino da
informática para aumentar as habilidades do raciocínio abstrato nas crianças,
importante quesito para a aprendizagem de matemática
e ciências”.
As crianças que foram beneficiadas por este treinamento obtiveram resultados 34%
superiores nos testes que mediam as habilidades têmporo-espaciais, em comparação
com outros grupos. Considera-se desta forma que a música, por si mesma, aumenta as
funções cerebrais superiores exigidas para as ciências exatas.
As implicações destes estudos podem modificar a forma como os educadores
elaboram os currículos escolares, particularmente porque ficou comprovado que a
música amplia o intelecto e produz melhoras duradouras do aspecto cognitivo do
educando. A Dra. Rauscher declarou que :
“Foi comprovado claramente que os estudantes jovens têm dificuldade para
entender os conceitos de proporção ( que se baseiam sobretudo na Matemática e
nas ciências) e não se desenvolveu ainda um programa bem-sucedido para ensinar-lhe
estes conceitos no sistema escolar”.
E conclui :
“A alta proporção de crianças que mostraram a evidência de consideráveis
melhoras no raciocínio têmporo-espacial como conseqüência do treinamento musical,
deveria ser de grande interesse para os cientistas e para os educadores”.
26
Quanto mais cedo as crianças são estimuladas mais duradouros serão os
benefícios. Acredita a equipe que após os cinco anos de idade, as intervenções não
melhoram o Q. I. ou o desempenho acadêmico . Estas afirmativas levantam uma questão
problemática : se as janelas da mente se fecham para a maioria, antes que estejamos fora
da escola primária, como podemos realizar um trabalho que efetivamente repercuta na
construção das habilidades mentais da criança nesta fase tão inicial da sua formação ?
É sabido que o cérebro retém a habilidade de aprender por toda a vida. Mas esta
corrente de pensamento aqui mencionada é delicada. Crianças, cujos circuitos neurais
não foram estimulados antes da classe de alfabetização nunca serão o que poderiam ser
se tivessem tido este treinamento ? Parece existir algo muito especial sobre a
capacidade de aprender nos primeiros anos da infância que precisa ser mais valorizado .
Citando ainda a Universidade da Califórnia, em São Francisco, falaríamos dos
cientistas liderados pela Dra. Paula Tallal, que descreveram um estudo de crianças com
“incapacidade de aprendizagem na linguagem” - problemas de leitura -. Este problema
afeta 7 milhões de crianças nos Estados Unidos. Tallal argumenta que esta dificuldade
surge da incapacidade da criança de distinguir sons curtos, tais como d e b.
Normalmente, neurônios do córtex auditivo levam em torno de 0,15 segundos para
responder a um sinal do ouvido, acalmar-se e ficar pronto para responder ao próximo
estímulo. Em crianças com esta dificuldade, o tempo necessário é 10 vezes maior.
Muitas vezes o cérebro não “escuta” os sons claramente e falha na formação do mapa
auditivo. Sons curtos como b e d passam muito rápido - 0,04 segundos - para serem
processados. Incapaz de associar os sons às letras, as crianças desenvolvem problemas
de leitura.
Tentando trabalhar a acuidade auditiva, os cientistas exercitaram as crianças de 5 a
10 anos, 3 horas por dia, com sons musicais tocados lentamente, peças cantadas e
tocadas mais devagar. O resultado: houve uma recuperação correspondente a 2 anos em
apenas 1 mês. A melhoria tem sido duradoura. O treino redesenhou o diagrama de
conexões no córtex auditivo para processar sons rápidos. Tal reabilitação neural pode
ser o último sucesso da descoberta de que a música é um excepcional veículo de
estimulação e reeducação das capacidades cerebrais.
Outra pesquisa foi realizada na Universidade da Califórnia, em Irvine, onde
selecionaram 136 alunos dos 2o e 3o graus. A proposta da pesquisa consistia em ensinar
27
piano juntamente com um jogo computadorizado de Matemática, numa proposta
paralela. O jogo requer que a criança estabeleça pares de buracos irregulares com as
formas correspondentes. A tese é : os estudantes ao visualizarem conceitos matemáticos
abstratos e terem aulas de piano, onde educam o ouvir e sentir, ampliam sua habilidade
numérica. O resultado : os alunos que aprenderam piano e jogaram os jogos
matemáticos obtiveram nos testes de frações, pontuações 27% mais altas que aqueles
que somente trabalharam com os jogos computadorizados.
Outra pesquisa já comprovada, foi realizada pelo Dr. Greenough, da Universidade
de Illinois. Demonstra ele que crianças de até 3 anos que convivem com outras e são
estimuladas com brinquedos musicais e outros materiais sonoros, desenvolvem até 25%
mais, no seu rendimento em atividades que envolvam noções matemáticas e vocabulário
classificatório, do que as não estimuladas das mesma forma.
3.2 Conexões Neuronais
Às conexões neuronais damos o nome de Sinapse. Cada célula produz um
prolongamento em um de seus “braços” até se conectar a outra célula nervosa. Estas
conexões formam uma complexa rede em todo o organismo do homem. As sinapses
representam toda a fonte de desenvolvimento das áreas específicas do cérebro. Quando
estimuladas, as células vão realizando sinapses entre si, ativando suas funções e
capacidade. Considerando-se que essas conexões nervosas são as responsáveis por todos
os tipos de inteligência, o cérebro da criança desenvolve o seu potencial somente
quando realiza atividades que estimulem a produção das sinapses.
A educação psicomotora vem realizar um importante trabalho de suporte a esse
propósito quando desafia as capacidades corporais da criança. E muito maior se torna o
seu efeito quando utilizada a música e seus elementos formadores. O objetivo é liberar a
criança corporal e mentalmente.
A pratica de uma motricidade global como propõem as danças, as cirandas e os
jogos rítmicos ou cantados, permitem à criança vivenciar um corpo livre, disponível,
espontâneo, que se caracteriza pelo bem-estar de seus movimentos. Os jogos
acompanhados de cantos induzem ao que tratamos como “tempo do educando”, que é a
relação entre a criança e o seu processo de organização tônica. Este processo representa
o amadurecimento das comunicações neuroniais, o domínio corporal dentro de um ritmo
28 ouvido. É importante que se atue com o educando como mero orientador de uma
situação nova a ser vivenciada, e não criar um clima de expectativa de um desempenho
logo ajustado. Aceitar erros é fundamental assim como propor atividades “não
diretivas” no início do trabalho.
A música pode ser um importante ponto de partida e devem ser levados em conta
dois aspectos :
- o afetivo, em relação à preferência do ouvinte.
- o funcional, em relação ao objetivo perseguido.
O trabalho de Som-Movimento não é tão fácil quanto parece, pois o indivíduo lida com
dois dados perceptivos diferentes :
- o dado relacionado com o próprio corpo.
- o dado relacionado com o equilíbrio com o meio circundante.
Existe aí a chamada sincronização sensório-motora, que acontece quando a uma série de
estímulos sonoros periódicos se justapõe uma realização motora correspondente. É
importante que se observe que a esta sincronia não é o produto de uma associação mais
ou menos estreita entre estímulos e respostas, sendo os segundos desencadeados pelos
primeiros. Esta é tão somente a conseqüência de uma justaposição de duas séries, uma
sensória e outra motora, que obedecem a mecanismos independentes, mas ligados por
leis de estruturação idênticas.
A música , como as demais artes, opera no íntimo da emoção, desenvolvendo a
sensibilidade ao estético, seja no campo físico, como motricidade, seja no campo
abstrato, através do sensorial, agindo no aspecto intelectual com a relação dos
sentimentos de prazer-desprazer.
29
CAPÍTULO IV
ATIVIDADES PSICOMOTORAS MUSICAIS
Vários trabalhos têm sido publicados dentro desta proposta, tanto enfatizando o
aspecto de desenvolvimento psicomotor como tornando a musicalização o objetivo
maior das atividades. Contudo é importante que se reconheça que não há maior ou
menor significância de objetivos quando a intenção é orientar de uma forma integral, o
amadurecimento de um indivíduo. É necessário apenas que se crie estratégias que
englobem três objetivos como :
- a socialização, o espírito de equipe em se tratando de atividades propostas a um grupo.
- a apreciação à estética rítmica ou melódica na realização de peças dançadas e cantadas
ou exercícios que estimulem esta dinâmica.
- o amadurecimento do domínio do corpo quando nas danças ou jogos de expressão
corporal.. A harmonização dos movimentos é de agrado não só para quem vê mas
também para quem pratica.
É impossível a distinção dos aspectos que envolvem o desenvolvimento global
do ser humano, que são os aspectos motor, intelectual e afetivo. Estão intimamente
relacionados, exercendo influência uns sobre os outros. Por isso as estratégias criadas
para os encontros musicais devem considerar esses aspectos , propondo exercícios que
os integrem realmente.
O pleno desenvolvimento das potencialidades do indivíduo pressupõe o apuro da
acuidade auditiva. A audição, que é a mais primária das percepções, deve ser
devidamente treinada para a discriminação das características do som. O ouvido
sensível ou já trabalhado aprecia e satisfaz-se da boa música. Apreciar é avaliar, prezar,
admirar e diferenciar qualidades e estilos musicais.
Durante a educação infantil, apreciar subentende interagir a todas as experiências
no campo musical : cantar, dançar, tocar instrumentos, ritmar ou criar. Segundo o
professor EMILE DALCROZE ( 1865-1950), austríaco de Viena, pedagogo e professor
30
de Harmonia no Conservatório de Música de Genegra : “ Se a música é movimento,
melhor a compreenderá quem participar ativamente deste movimento” .
Depois de uma observação cuidadosa em suas aulas de música, Dalcroze verificou
que toda a dificuldade em imaginar e reproduzir sons por parte de seus alunos, se
originava da grande deficiência na prática da audição. Note-se que essa audição se
refere à percepção auditiva mais apurada, na verdade para inúmeras situações da
aprendizagem que contribuem acentuadamente na sua capacidade de concentração e
atenção.
Nesta conclusão, Dalcroze percebeu que muitas das falhas no desempenho da
criança advém de uma insatisfatória orientação no trabalho das percepções. Aprender a
ouvir para depois cantar ou tocar não é puramente uma atividade passiva, Causa prazer
além de favorecer à discriminação e à interiorização do que se ouve.
A reforma que Dalcroze instigou no ensino musical, seu objeto maior de estudo,
tinha como intenção de facilitar a musicalização da criança e foi de tal expressão que se
propagou pelo mundo com excelentes resultados. Na reforma que propôs, ele
apresentou as principais diretrizes como sendo :
1 – audição musical – percepção auditiva das características do som.
2 – senso rítmico – percepção rítmica através da recreação motora.
3 – interesse musical – percepção estética através de atividades concretas e físicas
adequadas a cada faixa etária.
4 – movimentos rítmicos – desenvolvimento do domínio do próprio corpo através da
mobilidade natural (utilizando-se aí todos os recursos que a Psicomotricidade dipõe).
Como ilustração para estas diretrizes acima mencionadas, seria interessante a
citação de alguns jogos que tratam das características do som, que são : intensidade,
duração, direção , altura e timbre, e a diferenciação melódica que se constituem
num excelente aspecto musical para ser trabalhado na musicalização.
Os jogos criados para o exercício da percepção dessas características têm uma
dinâmica muito agradável .
Para a percepção da Intensidade dos Sons :
Jogo do Forte e Fraco – consiste na reprodução de gráficos que simbolizem a
seqüência de sons ouvidos, com sinais previamente estabelecidos.
Ex: O para os sons fortes , e + para os sons fracos.
31
Dá-se uma série de 5 sons, a princípio, para serem depois transcritos por gráfico, na
ordem certa em que foram ouvidos.
O número de sons deve aumentar progressivamente, atendendo à possibilidade
da criança.
Para a percepção da Duração dos Sons :
Jogo do Curto e Longo : também gráficos que reproduzem a série de sons que podem
ser curtos e longos.
Ex : para cada som curto, e ______ para cada som longo.
Para a percepção da Direção do Som :
O jogo “ Onde está o meu amigo” ou “ Quem vem de lá” . A princípio uma pessoa
emite um som e se desloca no ambiente para ser buscada por outra de olhos vendados,
que tentará seguí-la por 2 ou 3 minutos.
Outro jogo é identificar a posição de 2 ou mais instrumentos ( até 4 ) no ambiente .
Para a Altura dos Sons :
O jogo do Gigante e do Anãozinho : uma canção que intercala sons graves e agudos,
com movimentos opostos pré-estabelecidos.
Para a Diferenciação dos Timbres :
O jogo “ Qual é o Instrumento?”. Identificar os instrumentos à medida que os ouve.
Além de Dalcroze outros pedagogos devem ser mencionados neste trabalho, em
reconhecimento ao aspecto global com que trataram a educação em suas pesquisas,
reconhecendo o valor da contribuição dos elementos musicais na formação do
indivíduo.
- Maria Montessori (1870-1952) – 1a mulher italiana a formar-se em Medicina, dedicou
seus estudos em verdade à Psiquiatria, criando um método especial para a educação dos
anormais. Estudou Psicologia e Antropologia na Universidade de Roma. Organizou
escolas infantis partindo do princípio da liberdade de movimentos espontâneos da
criança. E no terreno musical, trabalhou a audição através da prática da percepção
musical. A audição e a expressão rítmicas fazem parte do método Montessori.
- Rosa Agazzi ( 1894 - ? ). Junto com a irmã de nome não mencionado, foram
seguidoras do método Montessori. Utilizaram amplamente os recursos da música no seu
método de educação, utilizando o canto, melodias curtas e a respiração apoiada nos
tempos musicais para educar a fala, a linguagem do educando.
32
- Ovide Decroly (1871-1932). Também levou adiante o método Montessori,
considerando a música um passatempo, e que se trabalhada através de jogos educativos,
muito enriqueceria a proposta pedagógica.
- Antônio Leal de Sá Pereira ( 1888 – 1966). Musicólogo brasileiro (Bahia), que, com
uma formação advinda de Paris e Alemanha, fundou um Conservatório de Música no
Rio Grande do Sul e criou então um método que musicalizava jovens e crianças através
de vivências corporais. Seu projeto pioneiro de Iniciação Musical era baseado no
método de Dalcroze, de quem assistiu cursos, sendo fonte de inspiração para criar um
método considerado e respeitado até hoje, exatamente por trabalhar com a sensibilidade
corporal e a expressão do educando, alcançando grande evolução na educação
psicomotora dos que a ele recorriam para aprender música .
- Heitor Villa-Lobos ( 1887-1959). Sua capacidade genial, observada desde os 5 anos de
idade levou-o a ser considerado uma das maiores expressões da música na América
Latina. Como educador foi um dor pioneiros do Canto Orfeônico ( hoje Instituto Villa-
Lobos ). Criou o Curso de Pedagogia da Música e Canto Orfeônico, preparando o
magistério especializado para todo o Brasil. Imprimiu o caráter socializante que
acreditava possuir a música, focalizando como objetivo das atividades musicais nas
escolas, a disciplina, o civismo e a educação artística. Acreditava no valor da música
para o controle e equilíbrio das pulsões dos jovens, por isso foi um grande divulgador
da música cantada em grandes corais. Além de ter sido pioneiro das pesquisas do nosso
folclore, foi um exímio compositor, que sutilmente soube adotar temas folclóricos para
suas composições. E estas peças são até hoje consideradas excelentes recursos musicais
para o trabalho rítmico instrumental ou vocal.
4.1 Estímulos Sonoros
Para a real atuação do educando devem ser empregados estímulos sonoros que
façam parte da sua vivência, suscitando uma forma de comportamento imitativo. É a
partir daí que começa a se interessar pelas experiências musicais,. Não só como forma
de expressão, mas como fonte de informação e conhecimentos básicos.
O primeiro momento no processo de musicalização é a exploração dos sons
pesquisados na natureza como o vento, a água ( chuva ) , o trovão, o som dos animais.
São todos excelentes fontes de conhecimento. Jogos de adivinhação do som ouvido,
33
compõe uma ótima atividade para a ilustração desta pesquisa, assim como uma
orquestra de sons diferentes ou a sonoplastia de uma história dramatizada.
Os sons do próprio corpo podem contribuir bastante para a pesquisa de sons,
oferecendo uma infinidade de possibilidades exploratórias como : estalar de dedos,
estalar da língua, criar sons com a boca, palmas, batidas com as mãos em várias partes
do corpo, marcha etc.
Outras atividades que ilustram esta primeira etapa são as brincadeiras que
evidenciam o aspecto melódico das atividades :
- identificar sons dos animais ou vozes de colegas de olhos vendados.
- adivinhar músicas conhecidas, sem a letra e com até 5 notas para a melodia ser
completada. Este jogo pode ser feito com dois grupos e sorteio das canções.
- criar melodias para propagandas.
- criar movimentos para melodias. Mudando a melodia, muda o movimento.
- criar desenhos ou movimentos com pincel acompanhando o movimento melódico da
canção ouvida. A “produção artística” do grupo enriquecerá sensivelmente a
interpretação da música
Tantas brincadeiras mais podem ser criadas até pelos próprios participantes. Aqui
estão apenas algumas poucas sugestões para a ilustração da pesquisa. E sem que os
integrantes se dêem conta, a musicalização estará sendo desenvolvida. Aos poucos, as
canções já parecerão melhor executadas, e também os jogos mais sincronizados. É o
crescimento do grupo pelo trabalho do próprio grupo, num clima de alegria e
criatividade, o que beneficiará todas as demais atividades a executar.
4.2 A Música nas Escolas
O objetivo do ensino de música nas escolas é : formação integral pela instrução,
desenvolvimento da sensibilidade , melhora da acuidade auditiva, vivência do universo
musical, desenvolvimento da atenção, motivando o conhecimento das várias disciplinas
e expansão da personalidade pela interpretação e criação espontânea no âmbito da
emotividade, apuro do gosto pela arte musical, desenvolvimento da atividade cinética e
da expressão mímica e desenvolvimento e aprimoramento da linguagem, com a
utilização da palavra cantada.
34
Tem-se na dança uma grande contribuição à percepção espacial. A vivência do
espaço utilizado e seus limites através de movimentações livres ou dirigidas é um
excelente trabalho psicomotor. Outras atividades ainda podem ser citadas como :
- criação de ritmos para posterior reprodução em grupo, que consiste numa ótima prática
de percepção rítmica.
- exercícios realizados com palmas ou marchas em diferentes marcações.
- Jogos cantados e dançados ou ritmados com o corpo ou instrumentos de percussão.
- marcação rítmica com bola, corda, bastão etc,
- utilização de figuras geométricas dispostas em fila na chão para serem alcançadas com
pulos no ritmo da melodia ouvida. Nesta atividade estarão sendo trabalhadas a
percepção viso-motora, as figuras geométricas, o equilíbrio , o senso rítmico entre
outros.
- pulo em quadrados dispostos no chão, segurando-se uma bola pequena, lançando-a
em uma cesta ao final do percurso. Esta atividade consiste numa proposta que oferece a
oportunidade de trabalhar-se vários aspectos psicomotores com o apoio da música.
- utilização de danças folclóricas nacionais e internacionais. O Folclore apresenta uma
variadíssima proposta que, se bem aproveitada, resulta num ótimo recurso .
4.3 O Ritmo nas Atividades Psicomotoras
O RITMO É A PRESENÇA DA VIDA. Desde os seres mais ínfimos até a vida cósmica
ele se faz presente. Pode ser definido como a sucessão de impressões que pressupõem
uma repetição, uma periodicidade que traz consigo o equilíbrio vital. A constância
rítmica consiste em três sensações básicas:
- a cenestésica – sensação do ser
- a cinestésica – a sensação do movimento
- a visual – a sensação da forma
As percepções rítmicas auditivas e cinestésicas são as melhores percebidas.
Baseando-se nelas existem respostas como educação rítmica ou educação através do
ritmo. Sabe-se que a música é o mais eficiente de todos os meios de educação rítmica,
como a ginástica rítmica, onde a ritmoplastia é evidenciada pelos belos movimentos
que sugere.
35
O orientador deve dar todas as oportunidades de vivências rítmicas ou musicais
sem preocupações com resultados imediatos. É importante que a criança viva a sua
experiência de forma pessoal, desinibidamente, com segurança. O chamado “tempo do
educando” deve ser resguardado, entendendo-se que o aprimoramento acontece com a
continuidade do trabalho. Assim como o entusiasmo, incitando a situações novas e
procurando adequá-las à idade do educando e graduando o tempo de cada atividade de
acordo com o interesse e desenvolvimento da criança ou do grupo, é outra postura
bastante pedagógica. Sua atitude é integrar as idéias criativas do grupo de forma
prazeroza.
Outra proposta bastante aceita é ligar-se a música à outras formas de expressão
como dramatização, desenho, literatura, e solicitar-se : um desenho de uma história
cantada, a criação de uma canção ou uma dramatização para uma história ouvida. A
posição do orientador será portanto de permanente instigação à criatividade da(s)
criança(s).
Uma observação deve ser feita : atender-se à variedade e qualidade do conteúdo
das músicas escolhidas. Devem sempre transmitir um dado formativo ou informativo,
que acrescente ao conhecimento do grupo. As músicas já ouvidas nas rádios e televisão
devem ser evitadas pois tornam o propósito “ popular”. Este é um aspecto comum das
aulas de Educação Musical . Existe pouco interesse em inovar uma proposta que pode
ser extremamente rica em contribuição educativa.
36
CONCLUSÃO
A experiência de mais de vinte e cinco anos na área da Educação Musical orientou
a intenção de expandir técnicas didáticas que estimulassem o desenvolvimento global da
criança de 0 a 6 anos.
Considerando a importância do exercício das habilidades neste período, uma
pesquisa sobre vários recursos que ampliem as possibilidades, não só de realização das
propostas musicadas, como de observação e intervenção pedagógica, quando necessário,
vem sendo aprofundada.
As propriedades inerentes à música lhe dão condições de atingir o mais profundo
da sensibilidade humana, aspecto-chave para a investigação à descoberta, ao
conhecimento e por conseguinte, ao processo de aprendizagem. Uma criança
sensibilizada apresenta um rendimento escolar muito mais significativo.
A contribuição da Psicomotricidade e seus fundamentos na análise e no
desempenho da criança, e a conduta das atividades musicais oferecidas, foram de
extrema valia para o entendimento desta proposta. Quanto mais aprofundada a pesquisa,
mais recursos são encontrados, facilitando sensivelmente o seu objetivo investigatório.
E neste jogo de música e movimento criou-se uma variedade infinita de
possibilidades que ficam apenas aguardando a criatividade de quem as desenvolve.
Jogos, brincadeiras, danças, utilização do Folclore Nacional como tema central,
grupos de percussão e muita expressão corporal são a base de um trabalho
completamente pautado no desenvolvimento dos aspectos básicos do processo
educativo que são : o aspecto motor, o aspecto emocional, e o cognitivo. Não se
desenvolvem separadamente, mas de forma combinada, equilibrando toda a
aprendizagem da criança.
Quando fundamentadas pela visão da Psicomotricidade, como ciência, as
atividades musicadas diversificam sua validade, oferecendo à criança a oportunidade de
liberar sua expressão e sua criatividade, pois a arte, quando bem utilizada na educação,
se traduz num dos melhores agentes estimuladores e este fato precisa ser mais levado
em conta.
A orientação aos professores para uma proposta mais dinâmica e comprometida
com a formação ética de nossos jovens, também é uma característica deste trabalho.
37
Não se pode desvincular o compromisso do ensino com a realidade vivida hoje pela
nossa sociedade. Por isso, o senso crítico aos conteúdos, principalmente das letras
apresentadas deve estar sempre presente.
Todos esses dados foram abordados na pesquisa, com o propósito de suscitar a
conscientização de uma educação musical plena em seus objetivos e ampla em recursos
que conduzam a uma consistente orientação do processo educacional.
Ao ser apresentado de forma prática e fundamentada nos princípios mais atuais da
Psicomotricidade, concluímos que este trabalho vem enriquecer bastante o
entendimento e a orientação de todos os profissionais da área de educação. Consolida a
importância da música no desenvolvimento da criança , nesta fase da Educação Infantil,
quando toda a sua percepção do mundo acontece.
Deixa contudo em aberto as buscas à outras alternativas técnicas, quando cita os
fundamentos científicos que podem ser utilizados para qualquer linha de atuação na área
de Iniciação Musical, com suporte da Psicomotricidade.
38 BIBLIOGRAFIA
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problemas e do comportamento. Porto Alegre: Artes Médicas: 1984.
41 ÍNDICE
INTRODUÇÃO...................................................................................................6 CAPÍTULO I.......................................................................................................8
PERCEPÇÕES HUMANAS..............................................................................8
1.1 Aspectos da Ontogênese do Homem...........................................................8
1.2 O Processo de Percepção Humana...............................................................8
1.3 Teorias e Correntes Teóricas Sobre a Percepção .........................................9
1.3.1 Atitude Teórica Fisiológica.................................................................9
1.3.2 Atitude Teórica Gestaltista................................................................10
1.3.3 Atitude Teórica Behaviorista..............................................................12
1.4 Fases do Desenvolvimento e a Percepção..................................................13
CAPÍTULO II....................................................................................................16
FUNDAMENTOS DA PSICOMOTRICIDADE..............................................16
2.1 Origem da Psicomotricidade......................................................................16
2.2 Como Definição.........................................................................................17
2.3 Níveis de Atuação da Psicomotricidade....................................................18
2.4 O Desenvolvimento Psicomotor...............................................................19
2.5 Aspectos do Desenvolvimento Psicomotor..............................................22
CAPÍTULO III...................................................................................................24
A MÚSICA NA EDUCAÇÃO PSICOMOTORA.............................................24
3.1 O Cérebro e a Música.................................................................................24
3.2 Conexões Neuronais...................................................................................27
CAPÍTULO IV...................................................................................................29
ATIVIDADES PSICOMOTORAS MUSICAIS................................................29
4.1 Estímulos Sonoros...................................................................................... 32
4.2 A Música nas Escolas..................................................................................33
4.3 O Ritmo nas Atividades Psicomotoras........................................................34
42
CONCLUSÃO....................................................................................................36
BIBLIOBRAFIA................................................................................................38
ÍNDICE...............................................................................................................41
ANEXOS............................................................................................................43
43
ANEXOS