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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM O Crédito Alavancando a Economia do Brasil Por: Pedro Paulo Gonçalves da Costa Orientador Prof. Luciana Madeira Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Segundo Passos (2010), anteriormente ao surgimento da moeda praticava-se o ESCAMBO, simples troca de mercadoria por mercadoria,

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

O Crédito Alavancando a Economia do Brasil

Por: Pedro Paulo Gonçalves da Costa

Orientador

Prof. Luciana Madeira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

O Crédito Alavancando a Economia do Brasil

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Finanças e

Gestão Corporativa

Por: Pedro Paulo Gonçalves da Costa

3

AGRADECIMENTOS

A minha querida e amada esposa pela

ajuda dispensada, quer através do

empréstimo de livros, auxilio nas

pesquisas, quer através de palavras de

incentivo.

4

DEDICATÓRIA

.....Dedico este documento às minhas

mães (in memorian) e minha querida

esposa

5

RESUMO

O presente estudo teve como base o desenvolvimento do tema relativo

ao sistema de crédito até a atualidade, fazendo menção ao seu surgimento

histórico, e atualmente funcionando como uma alavanca da economia.

Ademais, intentou a presente monografia, através da colheita de dados

históricos conferir pragmaticidade ao tema, tornando possível dar um enfoque

atualizado às principais abordagens existentes, o que deixou a matéria ainda

mais interessante.

6

METODOLOGIA

Para elaboração deste documento, foram inicialmente consultados

diversos livros pertencentes à figuras e entidades relevantes no cenário

econômico nacional, artigos publicados em meios eletrônicos, periódicos e

pesquisas bibliográficas de caráter exploratório em títulos e publicações dos

últimos 5 anos.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - História do Dinheiro até o Crédito da Atualidade 10

CAPÍTULO II – Crédito na Economia Brasileira 35

CAPÍTULO III – Visão da Expansão do Crédito 49

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55

ÍNDICE 57

FOLHA DE AVALIAÇÃO 58

8

INTRODUÇÃO

Entender o estágio do crédito na economia atual do Brasil exige uma análise

histórica desde o nascimento do dinheiro (moeda) até o crédito da forma

que se apresenta na atualidade.

O objetivo deste trabalho é apresentar de que forma a economia de nosso

país poderá ser alavancada em um futuro próximo utilizando uma das

ferramentas mais importantes na economia mundial que é a linha de crédito

ao consumidor.

Em uma economia capitalista, o sistema financeiro exerce uma importante e

considerável participação no crescimento econômico do país, dado seu

poder de fornecedor dos meios de pagamentos, o que torna funcional as

relações econômicas, as mesmo tempo em que também são responsáveis

pela oferta de recursos financeiros. É sob tais conceitos que será analisado

o sistema de crédito no Brasil.

O Sistema financeiro assume uma função crucial quando se trata de avaliar

a performance da economia, uma vez que para impulsionar o crescimento

de uma economia é necessário de fato que estejam disponíveis meios de

pagamentos condizentes à demanda por moeda pelos investidores

(população), com custos compatíveis, acesso fácil e seguro. A

modernização constante dos sistemas de pagamentos torna-se necessário

para o acompanhamento da expansão econômica, sendo capaz de

acomodar o crescimento de renda. Mas para que isso ocorra, o sistema

bancário deve não só disponibilizar como também criar novos canais de

financiamento que possam servir como crédito de aquisição e de retenção

de bens de investimentos.

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No primeiro capítulo, enfoca-se o histórico do surgimento do dinheiro no

mundo e em especial no Brasil, passando pelas diversas formas de moeda,

entre elas: papel, cheques e cartões de crédito, será visto também a origem

das instituições bancárias e as definições técnicas de crédito.

No segundo capítulo tratar-se-á do sistema de crédito na economia como

instrumento de circulação de riqueza para que no capítulo subseqüente,

seja abordada a expansão do crédito na economia brasileira e quais serão

seus efeitos visando o tema central deste trabalho.

10

CAPÍTULO I

História do Dinheiro e sua Evolução até o Crédito da

Atualidade

1.1 - SINTESE DA HISTÓRIA DO DINHEIRO NO MUNDO.

Segundo Passos (2010), anteriormente ao surgimento da moeda

praticava-se o ESCAMBO, simples troca de mercadoria por mercadoria, sendo

que algumas mercadorias pela sua utilidade passaram a ser mais procuradas e

aceitas por todos, assumindo a função de moeda; circulando como elemento

trocado por outros produtos e servindo para avaliar-lhes o valor. Estas

mercadorias passaram a ser chamadas de MOEDAS-MERCADORIAS.

Ressaltando-se que o gado e o sal nesse aspecto deixaram marcas de

sua função como instrumentos de troca em nosso vocabulário. Até hoje,

empregam-se palavras como pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro

acumulado), derivadas das palavras latinas “pecus” (gado). A palavra capital

(patrimônio) vem do latim “capita” (cabeça).

A palavra salário (remuneração, normalmente em dinheiro, devida pelo

empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a utilização

do sal em Roma, para o pagamento de serviços prestados.

As mercadorias no decorrer do tempo tornaram-se impróprias às

transações comerciais, em virtude da oscilação de seu valor, assim como pelo

fato de não serem fracionáveis e por serem facilmente perecíveis, não

permitindo o acúmulo de riquezas.

Ao descobrir o metal, o homem logo passou a utilizá-lo para fabricar

seus utensílios e armas, anteriormente feitos de pedra. Apresentando

vantagens como a possibilidade de entesouramento, divisibilidade, raridade,

11

facilidade de transporte e beleza, o metal impôs-se como principal padrão de

valor e era trocado sob as formas mais diversas. A princípio, em seu estado

natural, depois sob a forma de barras, e ainda, sob a forma de objetos, como

anéis, braceletes, etc.

A valorização cada vez maior dos utensílios levou à sua utilização na

forma de moeda e ao aparecimento de réplicas de objetos metálicos em

pequenas dimensões, a circularem como dinheiro, como as moedas faca e

chave, encontradas no Oriente, e do talento, moeda de cobre ou bronze com o

formato de pele de animal, encontradas na Grécia e em Chipre.

Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com

características das atuais: são pequenas peças de metal com peso e valor

definidos e com a impressão do cunho oficial, isto é, a marca de quem as

emitiu e garante o seu valor.

O ouro e a prata foram os primeiros metais utilizados na cunhagem de

moedas

O emprego desses metais se impôs, não só pela sua raridade, beleza,

imunidade à corrosão e valor econômico, mas também por antigos costumes

religiosos.

A cunhagem de moedas em ouro e prata manteve-se durante muitos

séculos. As peças eram garantidas por seu valor intrínseco, isto é, pelo valor

comercial do metal utilizado na sua confecção. Assim, uma moeda contendo

vinte gramas de ouro era trocada por mercadorias nesse mesmo valor.

Com o advento do papel-moeda, a cunhagem de moedas metálicas

ficou restrita a valores inferiores, necessários para troco. Com essa nova

função, a durabilidade passou a ser a qualidade mais necessária à moeda.

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Surgem, em grande diversidade, as ligas modernas, produzidas para suportar

a alta rotatividade do numerário de troco.

O padrão-ouro surgiu desde o tempo do domínio do mercado mundial

pelos genoveses, por volta de 1140. O padrão-ouro foi estabelecido como tipo

básico de moeda e a forma para se adquirir mercadorias (Freitas, 2010)

O Brasil ingressou no sistema padrão-ouro com a sua adesão ao FMI

em 14 jul. 1948. A participação brasileira correspondeu a quotas no total de

US$ 150 milhões. Em pagamento de parte dessa participação, o Brasil

remeteu 33 toneladas de ouro ao FMI (entidade não governamental), com os

objetivos de: promover cooperação monetária internacional; facilitar a

expansão e o crescimento balanceado do comércio internacional; promover

estabilidade cambial; ajudar na obtenção de recursos multilaterais; prover seus

membros de recursos durante períodos de dificuldades; diminuir o desequilíbrio

na balança de pagamento dos países-membros, criada em 1945.

Conforme Francisco Adalberto Nóbrega, subprocurador-geral da

República “Na vigência do regime da paridade do cruzeiro com o ouro

(cruzeiro-ouro), o cruzeiro correspondia a 0,0480363 gramas de ouro fino” (

“Da moeda ao ativo financeiro: uma leitura jurídica do ouro” Brasília - Brasília

Jurídica, 2004).

Em 1971, os EUA desvincularam o dólar do ouro e dólar passou a ter a

confiança como único lastro.

O papel moeda surgiu em decorrência do costume de guardarem-se os

valores com um ourives, negociante de objetos de ouro e prata. O ourives,

como garantia, entregava um recibo e, com o tempo, os recibos passaram a

ser utilizados para efetuar pagamentos. A circulação de mão em mão dos

recibos deu origem à moeda de papel.

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De acordo com Freitas (2010), no Brasil, os primeiros bilhetes de

banco, precursores das cédulas atuais, foram lançados pelo Banco do Brasil,

em 1810. Tinham seu valor preenchido à mão, tal como faz-se hoje com os

cheques.

Com o tempo, da mesma forma ocorrida com as moedas, os governos

passaram a conduzir a emissão de cédulas. Eles controlam as falsificações e

garantem o poder de pagamento. Atualmente quase todos os países possuem

seus bancos centrais, encarregados das emissões de cédulas e moedas.

A moeda de papel evoluiu em relação à técnica utilizada na sua

impressão. Hoje a confecção de cédulas utiliza papel especialmente preparado

e diversos processos de impressão capazes de dar ao produto final grande

margem de segurança e condições de durabilidade.

O conjunto de cédulas e moedas utilizadas por um país forma o seu

SISTEMA MONETÁRIO. Esse sistema, regulado por meio de legislação

própria, é organizado a partir de um valor utilizado como base, a unidade

monetária.

Atualmente, quase todos os países utilizam o sistema monetário de

base centesimal, no qual a moeda divisionária da unidade representa um

centésimo de seu valor.

Normalmente os valores mais altos são expressos em cédulas e os

valores menores em moedas. Atualmente a tendência mundial é no sentido de

se suprirem as despesas diárias com moedas. As ligas metálicas modernas

proporcionam às moedas durabilidade muito superior à das cédulas e tornam-

se mais apropriadas à intensa rotatividade do dinheiro de troco.

Os países, por intermédio de seus bancos centrais, controlam e

garantem as emissões de dinheiro. O conjunto de moedas e cédulas em

14

circulação, chamado MEIO CIRCULANTE, é constantemente renovado pelo

processo de saneamento, consistente na substituição das cédulas gastas e

rasgadas.

1.2 - BREVE HISTÓRICO DO SURGIMENTO DO DINHEIRO NO BRASIL

Pelo estudo de Freitas (2010), o dinheiro passou por diversas fases no

Brasil:

Colônia: 1500 – 1815: o primeiro dinheiro do Brasil foi a moeda-

mercadoria. Durante muito tempo, o comércio foi feito por meio da troca de

mercadorias, mesmo após a introdução da moeda de metal. As primeiras

moedas metálicas (de ouro, prata e cobre) chegaram com o início da

colonização portuguesa.

O Brasil se utilizou da mesma unidade monetária de Portugal, o REAL,

durante todo o período colonial. Assim, tudo se contava em réis (plural popular

de real) com moedas fabricadas em Portugal e no Brasil. O REAL (R) vigorou

até 07 de outubro de 1833.

O período colonial brasileiro pode ser dividido em duas fases:

1) de 1500 até o século XVII, quando predominavam as atividades

extrativas do pau-brasil e a plantação de cana-de-açúcar;

2) até o século XIX, quando durou o ciclo do ouro e o Brasil chegou a ser o

maior produtor do metal, respondendo por 59% da produção mundial.

D. Pedro II (1667-1706) resolveu criar uma casa da moeda na Bahia,

para a cunhagem de moeda provincial para o Brasil. O Brasil começou a

produzir os réis em 1695: eram moedas cunhadas em ouro (dobrões) e em

prata (patacas). A Casa da Moeda foi transferida em 1699 para o Rio de

Janeiro e no ano seguinte para Pernambuco, onde funcionou até 1702. Em

1703, por ordem de d. Pedro II, foi instalada novamente no Rio de Janeiro, não

15

mais com a finalidade de cunhar moedas provinciais, mas para transformar o

ouro em moedas para o Reino.

O estabelecimento de uma casa da moeda em Minas Gerais foi

determinado em 1720, quando da proibição da circulação do ouro em pó

dentro da capitania. Além de moedas iguais às cunhadas no Reino, no Rio de

Janeiro e na Bahia, a nova casa da moeda deveria fabricar peças com valores

nominais de 20.000 e 10.000 réis. Elas circularam com os valores efetivos de

24.000 e 12.000 réis. Instalada em Vila Rica, a casa da moeda de Minas

funcionou no período de 1724 a 1734.

“Até o ano de 1810, a nossa moeda era, de fato, o ouro, e

a prata fazia então o ofício de troca” (SIMONSEN,1937).

Reino Unido: 1815 – 1822 : A elevação do Brasil à categoria de Reino

Unido a Portugal e Algarves, em 1815, representou um reconhecimento à

condição de sede do governo e centro de decisões política dada a presença da

Corte no Rio de Janeiro.

Nesse período, os gastos extraordinários com a administração, a

insuficiência da arrecadação de impostos, as guerras externas e as revoluções

internas, os gastos da Corte e outros fatores causaram déficit no Tesouro.

Passou-se a emitir dinheiro sem lastro metálico, desvalorizando-o e

provocando inflação.

A criação do Banco do Brasil, por meio de Alvará de 12 out. 1808, teve

por principal objetivo dotar a Coroa de um instrumento para levantamento dos

recursos necessários à manutenção da corte.

“À bela moeda de ouro de 1809 tinha sucedido a moeda

fraca de prata e esta, em 1819, se achou substituída, por

sua vez, por miseráveis tiras de papel!” (RIBEIRO, 1922)

16

Entre 1813 e 1820, as emissões atingiram 8.566 contos de réis, em

grande parte determinadas pelo fornecimento de moeda-papel para fazer face

às crescentes despesas da corte e da administração régia. Essas despesas

anualmente excederam a receita arrecadada. A partir de 1817, os bilhetes do

Banco começaram a perder a credibilidade e sofreram grande desvalorização.

Em abril de 1821, antes de regressar a Portugal, o rei e toda a sua

corte resgataram todas as notas em seu poder. Trocaram os bilhetes por

moedas, metais e jóias depositados. O Banco foi obrigado a suspender, a

partir de julho, a conversibilidade dos bilhetes.

Em 1834, o governo iniciou a cunhagem dos cruzados, para substituir

as patacas.

Império: 1822 - 1889 : O império brasileiro foi marcado por um período

inicial de crise, em razão das dificuldades de organizar a nova nação. Os

gastos necessários diminuíram a quantidade de ouro e prata em circulação, e

o meio circulante passou a compor-se, em grande parte, de moedas de cobre.

Em meados do século XIX, porém, o progresso econômico exigia

recursos monetários distribuídos por várias regiões. Para suprir essa carência,

bancos de diversas cidades brasileiras passaram a emitir dinheiro.

Durante o período, a moeda de papel foi, aos poucos, conquistando a

confiança. A população começou a adquirir o hábito de usar a moeda-papel em

substituição ao dinheiro de metal, principalmente nos valores altos.

De acordo com a Lei nº 59, de 08 out. 1833, entrou em vigor o MIL-

RÉIS (Rs), múltiplo do real, como unidade monetária, adotada até 31 out.

1942.

17

República: 15 nov. 1889: O meio circulante nacional vem sendo

marcado por profundas mudanças no período republicano. O uso do papel-

moeda popularizou-se.

Em 1918, para facilitar o troco, o governo iniciou a cunhagem do

tostão, com valor de 100 réis.

O curso forçado do mil-réis foi adotado por intermédio do Decreto nº

23.501, de 17 nov. 1933. Diz o artigo 1º do referido Decreto: “É nula qualquer

estipulação de pagamento em ouro ou em determinada espécie de moeda, ou

por qualquer meio tendente a recusar ou restringir, nos seus efeitos, o curso

forçado do mil réis-papel.”

O governo federal tornou-se o único responsável pela emissão de

nosso dinheiro, e por meio do Decreto-Lei nº 4.791, de 05 out. 1942, uma nova

unidade monetária, o cruzeiro – Cr$, veio substituir o mil-réis, na base de Cr$

1,00 por mil-réis.

As cédulas e moedas utilizam temas sobre aspectos históricos e

culturais nacionais em trabalhos desenvolvidos por especialistas brasileiros em

programação visual.

No século XX, o Brasil adotou nove sistemas monetários ou nove

moedas diferentes (mil-réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzeiro, cruzado, cruzado

novo, cruzeiro, cruzeiro real e real).

A denominação “cruzeiro” origina-se das moedas de ouro (pesadas em

gramas ao título de 900 milésimos de metal e 100 milésimos de liga

adequada), emitidas na forma do Decreto nº 5.108, de 18 dez. 1926, no regime

do ouro como padrão monetário.

18

O Decreto-lei nº 1, de 13 nov. 1965, transformou o cruzeiro – Cr$ em

cruzeiro novo – NCr$, na base de NCr$ 1,00 por Cr$ 1.000. A partir de 15 maio

1970 e até 27 fev. 1986, a unidade monetária foi novamente o cruzeiro (Cr$).

Em 27 de fevereiro de 1986, Dílson Funaro, ministro da Fazenda,

anunciou o Plano Cruzado (Decreto-lei nº 2.283, de 27 fev. 1986): o cruzeiro –

Cr$ se transformou em cruzado – Cz$, na base de Cz$ 1,00 por Cr$ 1.000

(vigorou de 28 fev. 1986 a 15 jan. 1989). Em novembro do mesmo ano, o

Plano Cruzado II tentou novamente a estabilização da moeda. Em junho de

1987, Luiz Carlos Brésser Pereira, ministro da Fazenda, anunciou o Plano

Bresser, um Plano Cruzado “requentado” avaliou Mário Henrique Simonsen.

Em 15 de janeiro de 1989, Maílson da Nóbrega, ministro da Fazenda,

anunciou o Plano Verão (Medida Provisória nº 32, de 15 jan. 1989): o cruzado

– Cz$ se transformou em cruzado novo – NCz$, na base de NCz$ 1,00 por

Cz$ 1.000,00 (vigorou de 16 jan. 1989 a 15 mar. 1990).

Em 15 de março de 1990, Zélia Cardoso de Mello, ministra da

Fazenda, anunciou o Plano Collor (Medida Provisória nº 168, de 15 mar. 1990):

o cruzado novo – NCz$ se transformou em cruzeiro – Cr$, na base de Cr$ 1,00

por NCz$ 1,00 (vigorou de 16 mar. 1990 a 28 jul. 1993). Em janeiro de 1991, a

inflação já passava de 20% ao mês, e o Plano Collor II tentou novamente a

estabilização da moeda.

A Medida Provisória nº 336, de 28 jul.1993, transformou o cruzeiro –

Cr$ em cruzeiro real – CR$, na base de CR$ 1,00 por Cr$ 1.000,00 (vigorou de

29 jul. 1993 a 29 jun. 1994).

Em 30 de junho de 1994, Fernando Henrique Cardoso, ministro da

Fazenda, anunciou o Plano Real: o cruzeiro real – CR$ se transformou em real

– R$, na base de R$ 1,00 por CR$ 2.750,00 (Medida Provisória nº 542, de 30

jun. 1994, convertida na Lei nº 9.069, de 29 jun. 1995).

19

O artigo 10, I, da Lei nº 4.595, de 31 dez. 1964, delegou ao Banco

Central do Brasil competência para emitir papel-moeda e moeda metálica,

competência exclusiva consagrada pelo artigo 164 da Constituição Federal de

1988.

Antes da criação do BCB, a Superintendência da Moeda e do Crédito

(SUMOC), o Banco do Brasil e o Tesouro Nacional desempenhavam o papel

de autoridade monetária.

A SUMOC, criada em 1945 e antecessora do BCB, tinha por finalidade

exercer o controle monetário. A SUMOC fixava os percentuais de reservas

obrigatórias dos bancos comerciais, as taxas do redesconto e da assistência

financeira de liquidez, bem como os juros. Além disso, supervisionava a

atuação dos bancos comerciais, orientava a política cambial e representava o

País junto a organismos internacionais.

O Banco do Brasil executava as funções de banco do governo, e o

Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda.

O Brasil, de 1824 a 2002, permaneceu 38 anos em situação de

“default”, de acordo com estudo da Standard and Poor’s. O Equador

permaneceu 108 anos; o Peru, 71 anos, a Colômbia, 62 anos; a Venezuela, 59

anos; a Argentina, 44 anos; e o Chile, 42 anos. O primeiro “default” brasileiro

aconteceu em 1826 e durou até 1829. Dom Pedro I não conseguiu honrar os

primeiros títulos de seu Império e pediu a ajuda dos britânicos. Sucederam

ainda os seguintes “defaults” envolvendo títulos públicos: 1898-1901; 1902-10;

1914-19; 1931-33; e 1937-43. O Brasil incorre em “default” novamente, por

dívidas bancárias, ao longo do período 1983-94. (Valor, São Paulo, 10 mar

.2004, p. A16).

Segundo Wolfensohn (2004):

20

“Um país pode querer deixar de honrar suas obrigações,

mas a regra é clara: se quiser continuar no jogo, é preciso

continuar cumprindo suas obrigações”

Verifica-se que em meados do século XX, a industrialização tornou-se

o principal elemento de nosso desenvolvimento. Iniciando-se o processo que

até a presente data consiste em optar entre o nacionalismo e a

internacionalização da economia. A última opção tem prevalecido.

1.3 - MOEDA BANCÁRIA: CHEQUES

Segundo Freitas (2010), a moeda bancária ou moeda escritural

consiste nos depósitos à vista existentes nos bancos ou outras instituições

financeiras, normalmente movimentadas por intermédio de cheques. Os

cheques representam um instrumento de circulação da moeda bancária.

Os franceses atribuem a origem da palavra cheque ao vocábulo inglês

“to check” (verificar, conferir). Os ingleses sustentam ser a palavra cheque

originária do francês “echequier” (tabuleiro de xadrez). Segundo os ingleses, as

mesas usadas pelos banqueiros tinham a forma de um tabuleiro de xadrez.

Os romanos teriam inventado o cheque por volta de 352 a.C. Outros

estudiosos admitem ter sido o cheque criado na Holanda, no século XVI. Em

Amsterdam, cerca do ano 1500, o povo costumava depositar seu dinheiro com

“cashiers”. Representava menor risco em relação a guardar o dinheiro em

casa. Os “cashiers” concordavam em arrecadar e cancelar débitos por meio de

ordens escritas dos depositantes (cheques).

Na Inglaterra, no fim do século XVII, o povo começou a fazer depósitos

com os “goldsmiths”. O “goldsmith” dava ou emitia a favor do seu cliente

“goldsmith notes”, simples notas escritas a mão contendo uma promessa de

21

pagamento ao cliente ou à sua ordem. O cliente podia também escrever ao

“goldsmith” pedindo-lhe o pagamento a outra pessoa.

Datam de 1762, acredita-se, os primeiros cheques impressos por

Lawrence Childs, na Inglaterra. Ele foi o primeiro banqueiro no sentido

moderno. Antes, no mesmo país, o uso do cheque já tinha começado a

desenvolver-se, e o aumento do movimento fez surgir as câmaras de

compensação.

O primeiro país a legislar sobre o cheque foi a França, por intermédio

de lei de 14 de junho de 1865. Na Inglaterra, onde o cheque se expandiu mais

rapidamente, a legislação específica só foi baixada em 18 de agosto de 1882.

No Brasil, a primeira referência ao cheque apareceu em 1845, quando

se fundou o Banco Comercial da Bahia. Só em 1893, pela Lei 149-B, artigo 16,

letra “a”, surgiu a primeira citação ao cheque, somente regulamentado pelo

Decreto 2.591, de 07 ago. 1912. Hoje a Lei nº 7.357, de 02 set. 1985, regula o

cheque (Lei do Cheque).

O uso do cheque apresentou muitas vantagens: facilitou a

movimentação de grandes somas; economizou o tempo de contagem dessas

somas; diminuiu possibilidade de roubos, além de impedir o entesouramento

do dinheiro em espécie.

O desenvolvimento tecnológico possibilitou implantar as transferências

eletrônicas nos sistemas de pagamentos dos países. As transferências

eletrônicas permitem prever a pronta liquidação dos valores no dia, de

preferência ao longo do dia e de um mínimo no final do expediente. Além de

alto grau de segurança e confiança operacional, elas são meios mais práticos

e eficientes para a efetivação de pagamentos.

22

O novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), regulado pela Lei nº

10.214, de 27 mar. 2001, entrou em operação em 22 abr. 2002 com o início do

funcionamento do Sistema de Transferência de Reservas (STR), instituído e

regulamentado pela Circular nº 3.100, de 28 mar. 2002, do BCB.

O STR é um sistema de liquidação em tempo real de transferência de

fundos, gerido e operado pelo BCB por intermédio do Departamento de

Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (DEBAN).

O SPB conta com dois tipos de transferências eletrônicas: 1) o

Documento de Crédito (DOC), utilizado para transferências de valor inferior a

R$ 5.000,00, liquidado em “D + 1” por meio da Câmara Interbancária de

Pagamentos (CIP), uma das câmaras de compensação e de liquidação

(“clearings”) com atividade no SPB; 2) a Transferência Eletrônica Disponível

(TED), utilizada para transferências a partir de R$ 5.000,00, liquidada em “D +

0” por meio da CIP ou do STR.

Fundada em 21 jun. 2001, com capital aportado por 48 bancos, a

Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) iniciou suas atividades em 06 dez.

2002 e transformou-se na principal câmara de liquidação do Sistema de

Pagamentos Brasileiro (SPB). A CIP opera o Sistema de Transferências de

Fundos (SITRAF) e processa 70 mil TEDs por dia (transferências a partir de R$

5.000,00, liquidadas no mesmo dia), no valor de R$ 6 bilhões, e 380 mil DOCs

por dia (transferências inferiores a R$ 5.000,00, liquidadas no dia seguinte), no

valor de R$ 330 milhões (ABANCE. Fortaleza: Abance, n. 73, abr. 2004).

A Centralizadora da Compensação de Cheques e Outros Papéis

(COMPE) é a “clearing”, integrante do SPB, destinada a efetuar a liquidação

dos cheques.

No Brasil, o uso do cheque como instrumento de pagamento caiu de

62,9%, em 1999, para 49,9%, em 2002. No mesmo período, as operações com

23

cartão de crédito de débito e crédito avançaram de 15,9% para 27,2%; as

operações de transferência de crédito, de 15,0% para 16,2%; as operações de

débito direto, de 6,1% para 10,6%. O modelo idealizado pelo BCB para o

sistema bancário brasileiro é o europeu. Na Europa, o uso do cheque já caiu a

zero em alguns países e em outros países o índice está muito baixo (Valor,

São Paulo, 04 maio 2004, p. C2).

1.4 - CONTAS BANCÁRIAS

O CMN, por intermédio da Resolução nº 2.025, de 24 nov. 1993

(alterada pelas Resoluções nº 2.747, de 28 jun. 2000, e 2.953, de 25 abr.

2002), regulamentou a abertura, manutenção e movimentação de contas de

depósitos. A abertura de uma conta representa um contrato entre o banco e o

cliente. (FREITAS, 2010)

O CMN, por intermédio da Resolução nº 2.817, de 2001, regulamentou

a abertura e movimentação de contas de depósitos por meio eletrônico

(“internet banking”), bem como os requisitos mínimos de segurança para esse

serviço.

O CMN, por intermédio da Resolução nº 3.211, de 30 jun. 2004, alterou

e consolidou as normas sobre a abertura, manutenção e movimentação de

contas especiais de depósitos à vista e de depósitos de poupança. Essas

contas somente podem ser abertas para pessoas físicas e mantidas na

modalidade de conta individual; não pode haver fornecimento de talonários de

cheques; o titular não pode manter outra conta na própria instituição ou em

outra; a conta não pode ter saldo superior a R$ 1.000,00 nem o somatório dos

depósitos efetuados em cada mês superior a esse mesmo valor, salvo no caso

de desembolso de operação de crédito; os recursos devem ser sacados

somente por meio de cartão magnético ou mediante utilização de outro meio

eletrônico, admitido, em caráter excepcional, o uso de cheque avulso ou de

recibo emitido no ato da solicitação de saque.

24

1.5 - CARTÕES DE CRÉDITO

O uso de moedas e cédulas está sendo substituído cada vez mais por

pequenos cartões de plástico. Instituições financeiras, bancos e um crescente

número de lojas oferecem a seus clientes cartões utilizáveis na compra de

grande número de bens e serviços. Os cartões não são dinheiro real:

simplesmente registram a intenção de pagamento do consumidor. Cedo ou

tarde a despesa terá de ser paga, em espécie ou em cheque. O cartão é uma

forma imediata de crédito.

O cartão de crédito surgiu nos EUA na década de 1920. Postos de

gasolina, hotéis e firmas começaram a oferecê-los para seus clientes mais

fiéis. Eles podiam abastecer o carro ou hospedarem-se num hotel sem usar

dinheiro ou cheque.

Em 1950, o Diners Club criou o primeiro cartão de crédito moderno.

Era aceito inicialmente em 27 bons restaurantes daquele país e usado por

importantes homens de negócios, como uma maneira prática de pagar suas

despesas de viagens a trabalho e de lazer. Confeccionado em papel-cartão,

trazia o nome do associado de um lado e dos estabelecimentos filiados em

outro. Somente em 1955 o Diners passou a usar o plástico em sua fabricação.

Em 1958, foi a vez do American Express lançar o seu cartão.

No mesmo ano, o Bank of America introduziu o seu BankAmericard.

Em 1977, o BankAmericard passou a denominar-se Visa. Na década de 1990,

o Visa torna-se o maior cartão com circulação mundial, aceito em 12 milhões

de estabelecimentos.

Existem três tipos de cartão: 1) cartão de crédito (o cliente tem um

limite de crédito dentro do qual efetua a aquisição de bens e serviços na rede

de atendimento; o cliente recebe mensalmente a respectiva fatura, a qual pode

25

ser paga à vista ou parceladamente; o cliente tem a opção de realizar saques

em espécie, incluídos também na fatura); 2) cartão de débito (o cliente utiliza

para saques em espécie e para pagamento de transações comerciais; em

ambos os casos, o cliente deve ter saldo disponível na conta corrente, pois o

débito na conta corrente é automático, um a um); 3) cartão múltiplo (funciona

como cartão de crédito e cartão de débito).

O Brasil ocupa a 7ª posição no “ranking” do cartão de crédito no

mundo. Os EUA detêm a 1ª posição, seguidos da França, Reino Unido, Japão,

Canadá e Coréia do Sul. Em 2002, o Brasil registrou 938 milhões de

transações, com faturamento de US$ 23,7 bilhões, correspondente a 2,9% dos

cartões mundiais.

O mais recente avanço tecnológico em termos de cartão foi o

desenvolvimento do “smart card”, o cartão inteligente. Perfeito para a

realização de pequenas compras, ele vem com um “chip”, passível de ser

carregado com uma determinada soma em dinheiro. À medida dos gastos pelo

portador, seu saldo vai sendo eletronicamente descontado.

1.6 - O CIFRÃO

Com o correr dos tempos, as moedas passaram a ter uma

representação gráfica, geralmente constituída de duas partes: 1) a designação

abreviada do padrão monetário, variável em cada país; e 2) o cifrão ($),

símbolo universal do dinheiro, originário etimologicamente do árabe “cifr”.

No ano 711, os árabes invadiram a Espanha sob o comando do

general Djebel-el-Táriq (Táriq-ibn-Ziyád), o Conquistador. Para alcançar a

Europa, teria Tàriq partido da Arábia e passado, sucessivamente, pelo Egito,

desertos do Saara e da Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos. Cruzou o estreito

das Colunas de Hércules e chegou, finalmente, à Espanha. Esse estreito, a

partir do século VIII, passou a denominar-se Djebel-el-Táriq e, atualmente, tem

26

o nome de estreito de Gibraltar, palavra originária do árabe Djabal.

Táriq mandou gravar, em moedas, uma linha sinuosa, em forma de

"S", representando o longo e tortuoso caminho percorrido. Cortando essa linha

sinuosa, mandou colocar, no sentido vertical, duas colunas paralelas,

representando as Colunas de Hércules, com o significado de força, poder,

perseverança. O símbolo assim gravado nas moedas ($) passou a ser

reconhecido, em todo o mundo, ao longo do tempo, como cifrão,

representação gráfica do dinheiro.

O lendário Heracles (Hércules), para realizar um de seus doze

trabalhos, teria necessidade de transpor enorme montanha. Dispondo de

pouco tempo para a escalada, resolveu abrir o caminho e rachou a montanha

separando-a em duas e ligando, assim, o mar Mediterrâneo ao oceano

Atlântico. De um lado, ficou grande rochedo, mais tarde chamado de Gibraltar,

e, de outro, o Monte Acho, a leste da ilha de Ceuta. As duas colunas, assim

separadas, passaram a denominar-se as "Colunas de Hércules".

1.7 - ORIGENS DOS BANCOS

Os Cavaleiros Templários foram os primeiros banqueiros internacionais

com representatividade. Os castelos dos Templários transformaram-se numa

rede de “agências” e, além de possibilitarem a transferência de fundos

(abrangendo os dois extremos do Mediterrâneo, bem como Paris e Londres),

desempenhavam as funções de banco local, com horário para depósitos e

saques, avaliam Raghuram e Zingales (2004).

Fundado em 1099, o Priorado de Sião era uma fraternidade secreta

encarregada de proteger segredos. O Priorado criou uma ramificação militar

(Ordem Militar dos Cavaleiros do Templo de Salomão), conhecida como

Cavaleiros Templários, para recuperar documentos perdidos. Os Templários

27

vieram a encontrar quatro arcas de documentos sob o Templo de Salomão

(ainda hoje mantidos sob segredo), afirma Brown (2004).

Com o tempo os Templários transformaram-se em exército autônomo,

independente de toda e qualquer interferência de reis e prelados. Com vastas

propriedades em mais de dez países, os Templários começaram a conceder

crédito mediante a cobrança de juros e criaram o sistema bancário moderno.

Essas atividades ampliaram ainda mais sua riqueza e influência.

O papa Inocêncio II concedeu-lhes privilégios, mas o papa Clemente V,

em conjunto com Filipe IV, rei da França, planejaram uma estratégia para

esmagar os Templários e tomar posse de seus tesouros. Em 13 out. 1307, em

toda a Europa, iniciou-se uma perseguição aos Templários sob a acusação de

hereges culpados de adoração ao demônio, homossexualismo, desrespeito à

cruz, sodomia e outros comportamentos blasfemos. Ainda hoje existem

fraternidades de Templários, mas sob outros nomes, diz Brown (2004).

Os bancos, da forma como são conhecidos hoje, surgiram há

setecentos anos em Florença, e têm sido as principais instituições

fornecedoras de crédito (empréstimos e financiamentos), daí a gestão de risco

ser o cerne de suas funções.

Segundo Freitas (2010), o nome italiano “banco” ou “banca” (“tenda

para vender mercadorias”) passa a ser utilizado na acepção de

“estabelecimento de crédito” a partir de 1340. Mas a origem da palavra banco

é germânica, “bank”, usada pelo latim vulgar em todo o império do Ocidente. A

fundação do “Banco di Rialto”, em Veneza, Itália, em 1587, marca o início do

moderno sistema bancário.

Os empréstimos e o risco de crédito remontam há pelos menos 1800

a.C. e, ontem como hoje, entende-se como crédito “a expectativa de uma

28

quantia em dinheiro, dentro de um espaço de tempo limitado”, enquanto o risco

de crédito é “a chance de que essa expectativa se cumpra.”

O crédito é o maior recurso de todos para os negócios, afirmou

Demóstenes. Nem só de pão vive o homem. Vive de crédito também, disse

Machado de Assis.

Tito Lívio, 350 a.C., reportou-se aos banqueiros. A revisão do Código

de Justiniano, em Roma, em 534, mostrou a existência de muitos

regulamentos sobre a atividade bancária.

Na opinião de Belluzzo (2004), a atividade principal dos bancos nos

primórdios do capitalismo concentrou-se no financiamento da dívida pública

(garantida por impostos) e do comércio de longa distância. Depois da

revolução industrial, com a aceleração dos negócios, não só cresceram as

operações de desconto mercantil como se expandiu o avanço de crédito aos

produtores privados. Nesse momento, o crédito assume sua função de

antecipação de capital monetário: uma aposta sujeita a perdas, no acréscimo

de valor a ser criado no processo de produção, entendido como a utilização da

força de trabalho assalariada e dos elementos do capital fixo e circulante na

transformação de bens com o propósito de gerar mais dinheiro na vendas

mercadorias produzidas. Os empresários em conjunto podem gastar valores

superiores às suas receitas correntes por conta da existência do sistema de

crédito, compreendendo os bancos e os demais intermediários financeiros.

1.8 - BRASIL

Segundo Freitas (2010), em 1808, nasceu o primeiro Banco do Brasil,

viabilizado pela vinda de d. João VI e a família real. O rei de Portugal abriu os

portos e realizou acordos comerciais com a Europa e as colônias. Mas o

primeiro BB iniciou as atividades em 1809 e fechou em 1829. D. João VI teria

29

levado para Portugal boa parte do lastro metálico depositado e o banco teria

perdido dinheiro em exportações.

Em 1831, nasceu a primeira caixa econômica, sediada no Rio de

Janeiro, mas não obteve sucesso.

Em 1833, nasceu o segundo Banco do Brasil, mas não conseguiu

integralizar o capital para a sua instalação (Lei nº 59, de 08 out.1833).

Em 1836, nasceu o primeiro banco comercial privado: o Banco do

Ceará. Com vida curta, fechou em 1839.

Em 1838, nasceu o Banco Comercial do Rio de Janeiro, cujo sucesso

motivou o surgimento de outros bancos comerciais na Bahia, Maranhão e

Pernambuco.

Em 1851, nasceu o terceiro Banco do Brasil, de controle privado, por

sugestão de Irineu Evangelista de Souza, o visconde de Mauá (Decreto nº 801,

de 02 ago. 1851).

Em 1853, nasceu o quarto Banco do Brasil, originário da primeira fusão

bancária: o Banco do Brasil criado em 1851 uniu-se ao Banco Comercial do

Rio de Janeiro (Lei nº 683, de 05 jul. 1853). O novo estabelecimento se

consolidou e se expandiu por vários Estados.

Em 1863, nasceram os primeiros bancos estrangeiros: o “London &

Brazilian Bank” e o “The Brazilian and Portuguese Bank”, ambos sediados no

Rio de Janeiro (FREITAS, 2010).

A libertação de 800.000 escravos em 1888 aniquilou fortunas rurais,

provocou escassez de alimentos pela perda de colheitas, gerou inflação, mas

conduziu à primeira onda de industrialização. O encilhamento, processo

30

iniciado em 1889 e durando até 1891, determinou novo surto inflacionário.

Começou em 1892 e perdurou até 1906 a Contra-Reforma, a qual nos três

primeiros anos implementou um esforço de estabilização, relaxado nos dois

anos seguintes. Na virada do século, a recessão se generalizou.

Em 1906, nasceu o quinto Banco do Brasil, fruto de nova fusão: o

Banco do Brasil de 1853 uniu-se ao Banco da República do Brasil (Decreto nº

1.455, de 30 dez. 1905). O atual Banco do Brasil é a continuidade da fase

iniciada em 1906.

Em 1920, nasceu a Inspetoria Geral dos Bancos, prevista no artigo 5º

do Decreto nº 4.182, de 13 nov.1920, e no artigo 2º da Lei nº 4.230, de 31 dez.

1920. O Decreto nº 14.728, de 16 mar.1921, aprovou o regulamento para a

fiscalização dos bancos e das casas bancárias.

Em 1921, nasceu a Câmara de Compensação de Cheques do Rio de

Janeiro, sob a responsabilidade do Banco do Brasil. Em 1932, surgiu a

Câmara de Compensação de São Paulo. Em 1969, surgiu o Sistema Integrado

Regional de Compensação (SIRC), o qual permitiu a integração de praças

localizadas em uma mesma região. Na década de 70, surgiu a Compensação

de Recebimentos. Em 1983, surgiu a Compensação Nacional, a qual interligou

todo o País. Em 1988, surgiu a Compensação Eletrônica.

Em 1934, nasceram as Caixas Econômicas Federais através do

Decreto nº 24.427, de 19 jun. 1934.

Em 1942, nasceu o Banco de Crédito da Borracha. Passou a fomentar

o desenvolvimento de novas atividades e adotou a denominação de Banco de

Crédito da Amazônia. A Lei nº 5.122, de 28 set. 1966, mudou a denominação

para Banco da Amazônia S. A. (BASA) e deu-lhe a função de agente financeiro

da política do governo federal para o desenvolvimento da Amazônia legal, área

correspondente a 59% do território nacional.

31

Em 1945, nasceu a Superintendência da Moeda e do Crédito

(SUMOC) pelo Decreto-Lei nº 7.293, de 02 fev. 1945. Incumbida de exercer o

“controle do mercado monetário”, a SUMOC recebeu do Banco do Brasil as

atribuições da Carteira de Redesconto (criada pela Lei nº 4.182, de 15 nov.

1920, alterada pela Lei nº 4.230, de 31 dez. 1920, e pelo Decreto nº 19.525, de

24 dez. 1930) e da Carteira de Mobilização e Fiscalização Bancária (criada

pelo Decreto nº 21.499, de 09 jun. 1932, alterado pelo Decreto-lei nº 6.419, de

13 abr. 1944).

Em 1946, nasceu a primeira sociedade de crédito, financiamento e

investimento (financeira). O CMN regulamentou esse tipo de instituição

financeira através da Resolução nº 45, de 30 dez. 1966.

Em 1952, nasceu o BNDE, banco de fomento com o objetivo de

financiar em longo prazo os empreendimentos que contribuam para o

desenvolvimento do País. Criado pela Lei nº 1.628, de 20 jun. 1952, sob a

forma de autarquia, transformado em empresa pública pela Lei nº 5.662, de 21

jun. 1971, o BNDES geriu e executou o Programa de Reaparelhamento

Econômico com o objetivo de criar uma infra-estrutura adequada ao

desenvolvimento. O Decreto-lei nº 1.940, de 26 maio 1982, transformou o

BNDE em BNDES.

Em 1952, nasceu também o Banco do Nordeste do Brasil S . A .

(BNB), através da Lei nº 1.649, de 19 jul. 1952. O ministro Horário Lafer

realizou viagem ao Nordeste para verificar os efeitos da seca de 1951 e, ao

retornar, sugeriu ao presidente Getúlio Vargas a criação do BNB, com o

objetivo de fomentar o desenvolvimento da região, assolada por constantes

secas.

Em 1964, nasceram o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) e o

Banco Nacional da Habitação (BNH) pela Lei nº 4.380, de 21 ago. 1964. O

32

Decreto nº 2.291/86 extinguiu o BNH, sucedido pela CEF. O CMN assumiu a

função normativa do SFH.

Em 1964, nasceram também o Conselho Monetário Nacional (CMN) e

o Banco Central do Brasil pela Lei nº 4.595, de 31 dez. 1964, a qual

regulamentou o Sistema Financeiro Nacional (SFN). O BCB substituiu a

SUMOC. A Lei nº 4.728, de 14 jul. 1965, regulamentou o mercado de capitais.

Em 1966, nasceram os bancos de investimento, instituídos pela

Resolução nº 18, de 18 fev. 1966, do CMN, à luz do artigo 29 da Lei nº 4.728,

de 14 jul. 1965.

Em 1967, o CMN facilitou às empresas a obtenção de recursos

originários do mercado financeiro internacional, e isso possibilitou grande

afluxo de capitais. A Resolução nº 63, de 23 ago. 1967, do CMN, autorizou os

bancos a captarem empréstimos externos destinados a repasse às empresas

no País. Essa abertura, segundo Stephen Kanitz, viabilizou o Brasil crescer da

46ª para a 9ª economia do mundo.

O SFN experimentou uma fase de crescimento nas operações de

crédito a partir de 1967, com a estabilidade da moeda. O sistema intensificou o

financiamento tanto da produção como do consumo, o qual cresceu estimulado

pelo maior acesso das pessoas ao crédito (Crédito Direto ao Consumidor).

Em 1970, nasceu a Caixa Econômica Federal, instituição financeira

sob a forma de empresa pública (Decreto-lei nº 66.303, de 06 mar. 1970).

Em 1974, nasceram as sociedades de arrendamento mercantil, através

da Resolução nº 351, de 17 nov. 1995, do CMN.

Em 1976, nasceu a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pela Lei nº

6.385, de 07 dez. 1976, a qual regulamentou o mercado de valores mobiliários.

33

Em 1988, nasceram os bancos múltiplos, instituídos pela Resolução nº

1.524, de 21 set. 1988, do CMN.

Em 1996, nasceu o Comitê de Política Monetária (COPOM), instituído

pela Circular nº 2.698, de 20 jun. 1996, do BCB. O COPOM, com a redação

dada pela Circular nº 3.010, de 17 out. 2000, tem como objetivo estabelecer

diretrizes da política monetária, definir a meta da Taxa SELIC e seu eventual

viés e analisar o Relatório de Inflação. O Decreto nº 3.088, de 21 jun. 1999,

introduziu a sistemática de “metas para a inflação” como diretriz para a fixação

do regime de política monetária.

Em 1997, nasceu o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) pela

Lei nº 9.514, de 20 nov. 1997.

1.9 - CRÉDITO

Segundo Finlay (2009), crédito é a possibilidade de concretizar-se o

"escambo" ou "troca de produtos/serviços (mercadorias)", que na economia

sem dinheiro se verifica quando o crédito é explícito (faz parte do bem), seja

ele produto/serviço em determinado mercado. O dinheiro portanto é o crédito,

representado de forma concreta pela moeda, que seria a possibilidade

concreta da troca ou investimento independente dos insumos desse que os

caracterizam, dai a necessidade do contador de introduzir o conceito de

"partidas dobradas", nos levantamentos da Contabilidade. Com a introdução

da moeda, toda pessoa titular de um "crédito", de um "dinheiro" ou "moeda"

(primeiro instrumento da econometria de medidas) tem o haver de outrem certa

importância em "espécie", ou algo de valor reconhecido. Não é por acaso que

do lado da "coroa", de uma moeda exista a figura daquele que dá o "Império"

ou força à moeda ou "crédito propriamente dito" e no verso a "cara" ou o

"caro", o dinheiro com o valor da moeda, o que lhe dá a característica de

dinheiro, protegido pela lei (pela "coroa"). O crédito possui a faculdade de

34

exigir do devedor o cumprimento da obrigação ou o pagamento da obrigação

assumida pelo crédito; quando então o cumprimento deste, se torna exigível,

isto é, se vencido. é resgatado ou cumprido pelo devedor.

A inflação costuma tirar o valor ou crédito da moeda. Reduzindo esse

"crédito", tornando sem valor o dinheiro e sua parte concreta que é a moeda,

tornando essa "moeda" uma "peça" de museu lembrança dos tempos "áureos"

de boa "administração" das finanças em uma economia, em que era mantido o

"crédito", valor ou necessidade moral humana, no sentido e serviço de facilitar

a troca de mercadorias ou "escambo" propriamente dito.

Crédito é a confiança de atributos positivos (dinheiro, valor moral,

conhecimentos humanos, etc..) de uma pessoa (por outra pessoa ou grupo de

pessoas). Crédito demonstra a confiabilidade que uma pessoa tem por outra,

em um determinado assunto. (FINLAY, 2009)

Em finanças, crédito é a capacidade prevista que uma pessoa tem de

retornar um investimento (empréstimo, financiamento) sobre ele. Aquele que

empresta dinheiro a um indivíduo ou a uma instituição se chama credor.

O custo do crédito é a quantia adicional, acima do montante

emprestado, que o mutuário tem de pagar. Ela inclui os juros, taxas de arranjo

e quaisquer outros encargos. Alguns custos são obrigatórios, exigidos pelo

credor como parte integrante do contrato de crédito. Outros custos tais como

os de seguro de crédito, podem ser opcionais. O mutuário escolhe se são ou

não incluídos como parte do acordo.

35

CAPÍTULO II

Crédito na Economia Brasileira

2.1 - SISTEMA DE CRÉDITO NA ECONOMIA

Segundo Arango (2009), o sistema de crédito constitui uma das mais

valiosas ferramentas monetárias para o desenvolvimento da economia.

Dependendo do tipo de análise, é possível identificar benefícios para os

agentes econômicos do ponto de vista individual, assim como também para o

conjunto de toda a economia.

A troca de moeda segue o sentido das unidades econômicas

superavitárias para as unidades deficitárias.

Entre as condições para a realização do negócio (fechamento do

contrato), é normal a especificação de:

a) um prazo para a quitação da dívida;

b) a forma como os pagamentos serão efetuados (datas e quantidades);

c) a existência de um prêmio de risco (se este existir),

d) uma taxa de administração (quando existe intermediação);

e)uma remuneração, normalmente na forma de uma taxa ou valor

percentual sobre o montante do crédito solicitado. Esta última é comumente

conhecida como taxa de juros.

Percebe-se a necessidade da existência de confiança entre as partes

para a exeqüibilidade do negócio. A falta de confiança plena configura um risco

de inadimplência por parte do tomador do empréstimo (valor do crédito)

denominado tecnicamente de risco de crédito. Naturalmente, o risco de crédito

é inversamente proporcional à confiança na capacidade de adimplência: maior

confiança, menor o risco de crédito e vice-versa.

36

Desta forma, o sistema de crédito pode realizar o “milagre” de permitir

que o consumidor possua o bem antes do tempo que seria necessário para o

acúmulo de um estoque de moeda, ou poupança. Naturalmente, se esta

antecipação será um bom ou um mau negócio para o consumidor dependerá

das condições subjacentes do contrato de financiamento.

Na opinião de Arango (2009), disponibilizar um crédito representa

somar dinheiro ou moeda (possibilidade de compra ou poder aquisitivo) ao

estoque atual, tirando moeda do futuro. Assim, o que seria comprado no futuro

passa a ser comprado agora, com transferência intertemporal de direitos entre

agentes econômicos (o que toma e o que empresta). Isto se aplica a qualquer

agente econômico: família, empresa ou governo e a base do funcionamento

deste, mais uma vez, é a confiança de todos os agentes econômicos no

próprio sistema.

No caso do crédito ao consumidor, este pode ser originário de:

a) empréstimo bancário,

b) empréstimo junto a instituições financeiras de crédito,

c) utilização de limite de cheque especial,

d) utilização de crédito rotativo de cartão de crédito,

e) parcelamento de compras em lojas ou crédito comercial (compras a

prazo),

f) empréstimo junto a pessoas conhecidas.

No caso das empresas ou dos governos, as fontes de financiamento

são mais complexas e incluem mecanismos mais sofisticados de transferência

de direitos. Entretanto, a essência das fontes é semelhante.

A utilização de qualquer uma destas fontes de crédito para provimento

de uma necessidade monetária gera o que se denomina de pagamento a

37

prazo, que é o pagamento diferido de um montante emprestado ou de um

produto comprado, efetuado, normalmente, em parcelas iguais (2).

A capacidade de pagamento do agente depende de dois fatores: o

grau de comprometimento do crédito, GCC, e o grau de comprometimento da

renda, GCR (ARANGO, 2009).

O grau de comprometimento do crédito é usado pelas entidades

financeiras de crédito como uma medida da capacidade de pagamento dos

tomadores de empréstimos. Quanto maior o GCC, maior o risco de

inadimplência e, conseqüentemente, maiores garantias são solicitadas ao

tomador.

O grau de comprometimento da renda se refere ao total consumido

pelo agente econômico dividido pela sua renda total, vezes cem. Assim, é

necessário conhecer:

a) os ingressos mensais (renda), do tomador,

b) o patrimônio do tomador,

c) seu consumo regular;

2.2 - TÍTULOS DE CRÉDITO - INSTRUMENTOS DE CIRCULAÇÃO DA

RIQUEZA

Segundo Campinho (1997), os títulos de crédito representam um dos

principais instrumentos de circulação de riqueza. Entretanto, para que possam

cumprir sua função eficazmente, devem ser dotados de certos requisitos que

os caracterizam perante os demais documentos. Os títulos de crédito são

constitutivos de um direito distinto de sua causa, e por isso as normas que os

regem, chamadas em seu conjunto de direito cambial ou cambiário, são

específicas.

38

No título de crédito, o direito materializa-se no documento, passando

este a representar assim um direito, normalmente distinto do que lhe deu

causa, circulando de forma simples e valendo pelo que nele contém.

O Código Civil, nos Artigos 887 e seguintes, descreve sobre os títulos

de crédito.

Crédito no sentido moral é o mesmo que confiança, e economicamente

é uma troca de bens ou valores presentes por futuros.

Os títulos de crédito constituem "documentos necessários para o

exercício de um direito literal e autônomo, nele mencionado".

Pela própria interpretação das palavras verifica-se que o termo "títulos

de crédito" diz respeito ao documento representativo de um crédito, ato de fé,

confiança do credor de que irá receber uma prestação futura a ele devida.

Esse crédito não serve por sua vez, como agente de produção, mas apenas

para transferir riqueza de uma pessoa para outra (do devedor ao credor).

Dessa forma, considerando que os títulos de crédito podem ser transferidos a

mais de um credor, isto é, do credor originário a um credor seu, e deste para

outro, e assim sucessivamente, conclui-se que tais títulos nada mais são do

que instrumentos de circulação de riqueza na sociedade.

As obrigações representadas por um título de crédito podem ter origem

extracambial, como uma compra e venda, um mútuo.

O conjunto de normas que regem os títulos de crédito recebe o nome

de direito cambiário ou cambial, ramo inserido dentro do direito comercial, para

os quais foram conferidas características especiais, justamente para que os

títulos pudessem ter maior segurança e certeza em sua circulação, sendo

assim, meio ágil e fácil para o giro da riqueza – o crédito passa de um sujeito a

outro facilmente, não estando vinculado a determinado negócio ou a exceções

39

pessoais que um dos pólos possa ter contra o outro. Os títulos de crédito

diferenciam-se dos documentos comuns justamente em razão dessas suas

características, e, assim, por serem mais seguros e rápidos, são preferidos à

cessão civil de crédito, instituto de transferência deste que gera enormes

inseguranças por admitir que sejam invocadas contra o cessionário as defesas

pessoais do cedente. A cessão se faz a título derivado e não em caráter

autônomo e independente, como ocorre com os títulos de crédito

(ALBUQUERQUE, 2001).

Nos títulos, o direito materializa-se em um documento, ou seja, no

próprio título, também chamado de cártula. Tal documento passa a

representar, assim, o direito ao crédito em si, sendo autônomo da relação

jurídica que a ele deu origem e, por essa razão, pode ser transferido de um

credor para outro, livremente, seja por simples entrega (tradição), seja por

assinatura de um possuidor em favor de outro (endosso).

Verifica-se que os títulos de crédito gozam de duas características

primaciais, quais sejam, a negociabilidade e a executividade.

A NEGOCIABILIDADE diz respeito à facilidade com que o crédito pode

circular, ou seja, à mobilização imediata de seu valor. Assim, o possuidor de

um título, enquanto não se opera o protesto, pode dele livremente dispor,

transferindo-o a seus próprios credores ou dando-o em garantia de alguma

relação jurídica que integre. Quando alguém emite um título de crédito, não

está fazendo promessa de pagamento dirigida exclusivamente ao beneficiário

original, mas para pessoa indeterminada, que, na data do vencimento, esteja

com a posse do título. Isso porque sua função é circular, não servindo apenas

para valer entre as partes originárias.

Quando alguém emite ou cria um título de crédito, está assumindo

nesse documento uma dívida, está declarando nesse instrumento que deve a

40

alguém, comprometendo-se a pagar aquele que o apresentar e que pode ser

qualquer pessoa.

No que tange a EXECUTIVIDADE, os títulos de crédito gozam de

maior eficiência em sua cobrança, já que, nos termos do artigo 585, I, do

Código de Processo Civil, são títulos executivos extrajudiciais, os que

apresentam maior liquidez e certeza; pois basta sua apresentação em juízo

para que se dê início ao processo de execução, ficando dispensada a prévia

ação de conhecimento.

Segundo Gonçalves (2004), O título de crédito se distingue dos

demais, representativos de direitos e obrigações, em três aspectos. Em

primeiro lugar, ele se refere a relações creditícias. Não se documenta num

título de crédito nenhuma outra obrigação, de dar, fazer ou não fazer. Apenas

o crédito titularizado por um ou mais sujeitos, perante outro ou outros, consta

de um instrumento cambial. O contrato de locação empresarial, por exemplo

além de assegurar o crédito ao aluguel, representa o dever de o locador

respeitar a posse do locatário sobre o imóvel, ou de suportar a renovação

compulsória do vínculo, na forma da lei.

A segunda diferença entre os títulos de crédito e muitos dos demais

documentos representativos de obrigação está ligada à facilidade na cobrança

do crédito em juízo.

Em terceiro lugar, o título de crédito ostenta o atributo da

negociabilidade, ou seja, está sujeito a certa disciplina jurídica, que torna mais

fácil a circulação do crédito, a negociação do direito nele mencionado. A

fundamental diferença entre o regime cambiário e a disciplina dos demais

documentos de obrigação está relacionada aos preceitos que facilitam ao

credor encontrar terceiros interessados em antecipar-lhe o valor da obrigação,

em troca da titularidade do crédito.

41

A importância dos títulos de crédito é um dos requisitos intrínsecos à

origem, sempre existindo uma conexidade com sua utilização. Carece ser

ressalvado a individualidade de sua utilização, ato pelo qual para cada tipo de

negócio jurídico existe sempre um título de crédito específico.

Um título de crédito deve ser portador de três características: a literalidade, a

autonomia e a cartularidade.

Literalidade: o título é literal porque sua existência se regula pelo teor

de seu conteúdo, só vale aquilo que nele está escrito sendo nulo qualquer

adendo, assim, por exemplo: se uma pessoa emite uma nota promissória com

vencimento para trinta dias, não poderá por meio de outro documento alterar a

data do pagamento, pois é direito do credor (beneficiário original ou

endossatário) receber no vencimento estipulado.

Autonomia: o título de crédito é autônomo não em relação a sua causa,

mas, porque o possuidor de boa fé exercita um direito próprio, que não pode

ser restringido ou destruído em virtude das relações existentes entre os

anteriores possuidores e o devedor. Cada obrigação que deriva do título é

autônoma em relação as demais.

Autonomia nesse aspecto significa a independência dos diversos e

sucessivos possuidores do título em relação a cada um dos outros.

Cartularidade: a cartularidade ou incorporação é a característica pela

qual o crédito se incorpora ao documento, ou seja, se materializa no título,

assim, por exemplo, o direito de crédito de um cheque está incorporado nele

próprio, portanto torna-se essencial à exibição do documento. O documento é

necessário para o exercício do direito de crédito. Sem a sua exibição não pode

o credor exigir ou exercitar qualquer direito fundado no título de crédito.

Os títulos de crédito podem ainda, admitir mais um elemento, não

geral, - a independência ou substantividade; que são títulos de crédito

42

regulados pela lei, de forma a se bastarem a si mesmos. Não se integram, não

surgem nem resultam de nenhum outro documento. Não se ligam ao ato

originário de onde provieram. É o caso da letra de câmbio. Não se admite a

independência como característica geral, pois existem muitos títulos de crédito

que se referem a contratos que lhe deram origem, como as ações das

sociedades anônimas, que se fundam e se vinculam ao ato de constituição da

sociedade anônima.

Os títulos de crédito mais utilizados hoje em dia são as Letras de câmbio,

cheques, notas promissória e duplicatas, porém existem outros modelos

também em uso no país, tais como : CDBs, Debêntures, Ações e Títulos de

dívida pública.

A Letra de câmbio teve origem na idade Média em decorrência de

problemas com transporte de moedas e diversidade das mesmas,

Participantes: sacado, sacado e beneficiário. A letra de câmbio se cria pelo

saque; se transfere pelo endosso; se completa pelo aceite e se garante pelo

aval.

A Ordem de pagamento a vista no passado era confundida com letra

de câmbio;

Sacado é sempre instituição financeira, requer provisão de fundos no

momento da emissão; só pode ser emitido a vista e não admite aceite. Sua

origem é controvertida, mas supõe-se Inglaterra, no séc. XVIII, têm seu

aparecimento ligado aos bancos de depósito (GONÇALVES, 2004).

O cheque pré-datado é um exemplo de contrato de financiamento

vinculado à transação mercantil e no empréstimo pessoal.

A polêmica do cheque pré-datado: o conceito legal, a prática e a

jurisprudência.

43

Ações judiciais por falta de pagamento do cheque: Ação de execução

(avalista e endossante); Protesto: Apresentação pública do título para

pagamento.

Etapas do protesto: distribuição e registro.

Conseqüências: devedor constituído e mora; impedimento formal no

crédito; requisito para pedido de falência; impeditivo no pedido de concordata

preventiva e direito de regresso assegurado contra os coobrigados

(ALBUQUERQUE, 2001)

2.3 - CRÉDITO E COBRANÇA

Segundo Campinho (1997), a conceituação ortográfica de crédito e

cobrança acontece da seguinte forma:

Crédito: troca de bens presentes por bens futuros, ganhos x riscos

oriundos da espera.

Cobrança: ação, minimizando dentro do possível, o prazo de retorno.

Elementos do crédito:

- Pólo doador (abundância de recursos)

- Pólo tomador (escassez de recursos)

- Acordo ou contrato

- bem

- pagamento

- prazo

- cenário

44

História do surgimento do dinheiro:

- escambo

- Pedras e metais

- moedas

- Armazenamento do dinheiro

- Certificados de propriedade

- Emissão adicional de certificados (lastro)

- juro

Benefícios advindos da concessão de crédito:

- Multiplicação monetária

- Aumento nas vendas

- Geração de consumo (criação de demanda)

- Aumento na produção

- Aumento do capital de giro

- Aumento de estoques

- Geração de empregos

Fatores a observar na concessão de crédito

Para quem concede:

- Risco de inadimplência

- Restrição financeira

- Aumento da necessidade de financiamento

- Descasamento de prazos e/ou taxas

Para quem recebe:

- Emoção do consumo

- Ilusão da capacidade de pagamento

- Circunstâncias adversas (doenças, planos econômicos, etc.).

45

As espinhas dorsais do crédito e da cobrança

(pessoa física x pessoa jurídica)

Informação & comportamento

- Demonstrativos (extrato x balanço)

- Relatórios de crédito

- bancos

- Histórico próprio

- entrevistas

Tecnologia

- Sistemas de informação

- Sistemas de credit scoring

- Sistemas de cobrança

Ações judiciais por falta de pagamento de cheque, conforme reza o

Código Processual Civil brasileiro:

Protesto

- prescrição

- sustação

- cancelamento

Ação monitória

- cheque: instrumento de confissão de dívida por escrito

- Agilidade: determina pagamento em 15 dias

- Após: penhora, avaliação e leilão de bens do devedor.

O cheque é o mandamento puro e simples de pagar quantia

determinada, não sendo possível qualquer condição que obste seu

recebimento pelo portador (ALBUQUERQUE, 2001).

46

2.4 - CRÉDITO NO BRASIL, PORQUE É TÃO CARO?

Nos últimos meses foram discutidos, de forma bastante intensa, os

motivos que levam o Brasil a ter altas taxas de juros. Argumentos dos bancos

privados bateram de frente com os da equipe econômica do governo.

Enquanto a taxa básica de juros (Selic) está caindo, em ação coordenada pelo

COPOM (Comitê de Política Monetária) hoje se tem a taxa mais baixa da

história (8,75% ao ano). Observam-se os juros reais praticados no mercado se

alterarem muito pouco, com tendência tímida de queda. Mas, enfim, por que

esses juros são tão altos?

Na opinião de Pereira (2009), de acordo com os bancos e financeiras,

as taxas altas se baseiam em 3 (três) fatores determinantes: Alta carga

tributária; Inadimplência e Lucro do banco para operação.

Na prática, e ainda segundo informações destas instituições, estes três

componentes formam a composição do chamado spread bancário. É fato que

existe certa razão quando lembramos que a questão fiscal no Brasil merece

atenção e mudanças. De modo geral, trata-se de um item que pesa na

formação das taxas e preços deste e de muitos outros setores. Aqui muita

coisa custa caro porque incidem impostos demais, é fato. E os demais fatores?

Os bancos entendem que a inadimplência não seja tão alta no sentido

de representar um risco tão preocupante. Os mesmos estão diante do principal

componente do spread bancário. O período de crise financeira, aqui e no

restante do mundo, contribuiu para a tendência de alta nos índices de

inadimplência. No entanto, em se tratando de Brasil, os indicadores não

ficaram em valores muito mais altos do que em outros momentos (PEREIRA,

2009).

47

Muito se discute sobre a necessidade e implementação de um

cadastro positivo de informações que contemple e facilite a vida do bom

pagador. Tal cadastro, como o próprio nome diz, seria muito positivo, mas na

prática não parece ser fator determinante para a queda das taxas de juros, só

isso não resolve.

Encarando a questão dos juros e levando-se em conta o volume de

crédito total de 2008 em relação ao PIB, de 41,3%, conclui-se que:

- A oferta de crédito no Brasil vem aumentando historicamente;

- O Brasil ainda está muito longe de outros países em desenvolvimento,

onde a relação Crédito/PIB é de mais de 100%.

Na opinião de Pereira, a lógica de juros altos praticada por aqui torna

os empréstimos brasileiros num dos piores negócios do mundo, com a falsa

aparência de que está sendo influenciado pela inadimplência, afinal juros altos

significam saldos devedores às vezes grandes demais. É importante ressaltar

que educação financeira é fundamental para evitar armadilhas disfarçadas de

dinheiro fácil e rápido.

Cabe ressaltar claro que, o volume de crédito praticamente dobrou

entre 2002 e 2009, entretanto, o percentual ainda é muito baixo. Aqui se

evidencia a lógica de pouco crédito a preço alto, quando o crédito barato em

abundância traria muito mais crescimento e oportunidade para o país. A

seguinte observação se faz pertinente:

- Juros menores = maior oferta de crédito

- Maior oferta de crédito = maior crescimento econômico

Mudanças de momento indo de encontro a essa lógica, os bancos

públicos iniciaram uma queda mais agressiva das taxas de juros. No início de

abril, o então Presidente do Banco do Brasil deixou o comando da instituição “a

48

pedido de Lula”, que estaria insatisfeito com a lentidão na queda das taxas

cobrada pelo banco.

Na última semana, após cortar taxas e continuar cedendo crédito

mesmo nestes momentos ditos turbulentos, o Banco do Brasil voltou à

liderança do setor bancário no Brasil, o que animou o governo e especialmente

o Ministro Guido Mantega. Já os resultados da Caixa Econômica Federal não

animaram tanto.

De qualquer forma, é fundamental aprender a lidar com o crédito de

forma saudável. Dentro de uma economia desenvolvida, o acesso ao crédito é

fundamental. Cobrar, negociar e buscar alternativas mais competitivas são

atitudes relevantes e que servem para pressionar as instituições – tudo para

que ofereçam linhas mais baratas e dentro da realidade mundial. O crédito

nestes níveis ainda assusta segundo Pereira (2009).

49

CAPÍTULO III

Visão Da Expansão do Crédito

O sistema de crédito é uma “faca de dois gumes”. Se por um lado

movimenta a economia do país, satisfazendo vendedores, prestamistas e

consumidores que adquirem os produtos que desejam com antecedência e

facilidade, por outro, podem causar grandes transtornos se o consumidor

comprometer a sua "poupança" em valor igual ou superior, adquirindo dívidas e

parcelas infindáveis. Além do mais, o sistema de crédito instiga o consumidor a

gastar mais e comprar até muitas vezes produtos sem necessidade ou

utilidade para sua vida. Nos dias atuais, a crise financeira tem abalado essa

estrutura da confiabilidade oferecida pelo sistema de crédito, o consumidor

está mais arredio em suas compras e o setor de vendas a ponto de ter um

colapso só amenizado pelas inúmeras ofertas para atrair o comprador. Mas o

que é realmente importante é que, mesmo em tempos de crise ou não, o

consumidor seja consciente dos seus direitos e desejos e sonhe com os pés

no chão, realizando o que for sempre melhor para si (ARANGO, 2009).

O sistema de crédito é uma ferramenta que agrega muito valor para o

crescimento da economia como um todo. Define-se Crédito como uma troca

Intertemporal de moedas. No mundo globalizado sempre vai existir uma fonte

supridora de moedas e uma deficitária, mas na hora de fazer um empréstimo

ou um financiamento para aquisição de algum bem, deve-se tomar cuidado se

existem condições financeiras de efetuar os pagamentos das parcelas; com

isto, evitam-se riscos de inadimplências. Como exemplo, pode-se observar a

crise atual que começou nos Estados Unidos, com uma demanda elevada na

"procura" de créditos para financiamentos de casas, os bancos estavam

oferecendo créditos sem verificar a rendas dos consumidores e com isto gerou

muitas inadimplências com os bancos entrando em crise e fazendo com que a

economia do mundo inteiro fosse afetada. Os consumidores tem que ter

consciência de seus atos, saber poupar e gastar na hora certa, e se fizer

50

empréstimos, ter a consciência de que esta parcela não vai afetar seu

orçamento, ou seja, que não vai faltar a moeda para o pagamento desta

parcela.

Na opinião de Arango, para uma economia capitalista e dominante do

mundo hoje, é imprescindível que haja um sistema de crédito nos países. É

estranho e inimaginável pensar que só poder-se-ia adquirir um bem ou

equipamento (ex: casa, carro, eletrodomésticos, etc) se existisse dinheiro para

pagar a vista. Surge então a seguinte pergunta: Como se pode comprar uma

casa no valor de R$ 100.000,00 ou mais e um carro de R$ 30.000,00 pagando

à vista? Aí é que entra o sistema de crédito.

Quando não existe todo dinheiro disponível para a aquisição de um

bem, pode-se: emprestar em um banco, financeira, de um amigo ou parente ou

até mesmo parcelar nas próprias lojas ou financeiras. Mas essa facilidade de

poder comprar tem um lado perigoso, que deve ser observado antes de fechar

um negócio, tanto pelo comprador como pelo vendedor.

O mercado hoje tem muita variação no que diz respeito à taxa de juros

cobrada pelo empréstimo (crédito) e é muito interessante fazer a pesquisa

antes de fechar uma compra. Pelo lado do vendedor é importante fazer uma

análise da condição financeira do comprador, para que não haja risco de

inadimplência, que é a maior culpada pela atual crise mundial, que começou

nos Estados Unidos, quando foi liberado crédito fácil para quem não tinha um

perfil econômico ideal. Foi concedido crédito demais para as pessoas com

baixo poder aquisitivo, os créditos chamados de Subprime, que gerou uma

série de inadimplências no setor imobiliário e se expandiu pelo resto do mundo

na forma de crise financeira causada pela falta de crédito e dinheiro circulante.

Mas sabendo usar o crédito disponível de forma consciente toda

população sai ganhando, o comprador e vendedor.

51

COMENTÁRIOS ANEFAC SOBRE A ECONOMIA BRASILEIRA NA ATUALIDADE (www.administradores.com.br, Economia e Finanças 06/07/2010)

“A economia brasileira deve crescer menos em 2011 com o aumento

na taxa básica de juros, que encarece o crédito e freia o consumo no país. Na

avaliação da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças,

Administração e Contabilidade). A projeção do PIB (Produto Interno Bruto),

para 2011 é de que a economia avance 5%.

O aumento da taxa O Selic pode causar uma desaceleração forte na

economia brasileira. Em junho de 2010, o Copom (Comitê de Política

Monetária do Banco Central) elevou os juros para 10,25% ao ano para inibir a

aceleração dos preços e controlar a inflação. Ressalta-se que a aceleração

dos preços ocorre sempre quando a economia está superaquecida, ou seja,

com as pessoas comprando em excesso, adquirindo financiamentos a longo

prazo e pedindo muito dinheiro emprestado.

Um dos fatores que reduzem a expectativa de crescimento do PIB para

o próximo ano se deve à tendência de elevação da taxa básica de juros, e a

Selic em alta vai provocar a redução ainda maior dos investimentos produtivos

no país.

Os juros altos deixam o crédito mais caro, o que faz o consumidor

gastar menos, levando as empresas a adaptarem sua produção a uma escala

menor.”

A estimativa da Anefac é mais contida: analistas ouvidos pela

instituição apontam que o PIB deste ano deverá crescer 7,20% – acima dos

7,13% previstos na semana anterior.

Segundo o Ministro Guido Mantega (Portal R7, Economia de 28/06/2010)

52

"Não é prudente um crescimento acima de 5,5%, tendo

em vista a perspectiva de aceleração nos preços, o que

colocaria em risco o equilíbrio macroeconômico. Ele

afirmou ser recomendável uma "freada" para que nos

próximos anos o país cresça em torno de 6,5%”.

Segundo a ANEFAC (Associação Nacional dos Executivos de

Finanças):

“Existe a expectativa de valorização do dólar frente ao

real e aos negócios externos. A Anefac projeta cotação

de R$ 1,85 no final deste ano e R$ 1,95 para 2011. Com

a valorização do real, a tendência é de aumento das

importações e redução proporcional das exportações.

Apesar de uma alta não tão expressiva do dólar, haverá

uma reversão no fluxo de entrada de capitais”

53

CONCLUSÃO

O Sistema financeiro possui uma função essencial para a promoção e

sustentação do crescimento econômico, através da criação de meios de

pagamentos adequados para atender a demanda da indústria brasileira,

oferecendo custos compatíveis com acesso fácil e seguro. A modernização do

sistema de pagamentos torna-se necessária para acompanhar a expansão da

economia e acomodar o crescimento da renda, mas para que isso seja

possível, o sistema bancário deve caminhar de encontro a esse objetivo, sendo

um agente participante no financiamento de toda a economia.

No Brasil, a adoção de uma política restritiva e o foco voltado para a

estabilização dos preços, fez com que o crescimento econômico fosse deixado

em segundo plano, prejudicando qualquer acumulação de capital e aumento

de investimentos pela indústria brasileira, criando um contexto de baixa

demanda por crédito, enfraquecido pela baixa propensão de consumo das

famílias e por conseqüência, pelo fraco desempenho produtivo.

Fica claro que o avanço e desenvolvimento econômico de nosso país,

estarão baseados no fortalecimento das políticas de incentivo e concessão de

crédito (seja ele de que modo for) à população, para que o consumo seja

estimulado.

Com isto as empresas terão sua capacidade produtiva ampliada

gerando novos empregos, investimentos na modernização da planta fabril,

aumento nas vendas conseqüentemente gerando aumenta das receitas do

governo através da arrecadação de impostos e tributos federais, estaduais e

municipais.

54

Para enfatizar, segue abaixo um comentário do ex-presidente Lula a

respeito do crescimento do país (www.gazetadopovo.com.br, caderno

economia 26/10/2009)

“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que para o Brasil se

tornar uma das maiores economias do mundo é necessário ter mais crédito e

desonerar de impostos setores que necessitem. Com essas medidas, não é

preciso fazer "nenhuma invenção e nenhuma mágica".

O presidente acredita que a economia está no caminho certo, pois a

indústria, o comércio, o emprego e a massa salarial estão em ritmo de

crescimento no Brasil e disse que o país precisa de vários anos consecutivos

de aceleração para que possa recuperar "o atraso a que foi submetido".

É preciso fazer as coisas corretas, não é necessário nenhuma

invenção e nenhuma mágica, apenas ter consciência de que mais crédito é

necessário. Se um setor precisar ser desonerado, que seja então, porque o

povo brasileiro precisa ser incentivado a comprar aquilo que ele ainda não tem.

É uma roda gigante que não pode parar. Ela tem que continuar

girando, para que o Brasil possa recuperar o atraso a que foi submetido nas

décadas em que não conseguiu se desenvolver argumentou.”

55

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALBUQUERQUE, J.B.Torres. TÍítulos de Crédito. 1ª ed. Campinas: Bookseller, 2001.

ARANGO, Hector G. Valioso sistema de crédito e sua contribuição à Economia: parte I, www.conexaoitajuba.com.br - 18/02/2009

ARAUJO CINTA, Antonio Carlos; PELLEGRINI GRINOVER, Ada; RANGEL DINAMARCO, Candico. Teoria Geral do Processo, Editora Malheiros, 2003

BELUZZO, Luiz Gonzaga. Folha de S. Paulo, São Paulo, 01 ago. 2004, p. B2

BROWN, Dan. O código Da Vinci. Rio de Janeiro: Sextante, 2004

CAMPINHO, Amaury. Manual de Títulos de Crédito 3ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1997.

Código Processual Civil, 43º Edição, Editora Saraiva 2011

DEL PRIORE, Mary; VENÂNCIO, Renato. Uma breve história do Brasil, São Paulo; Editora Planeta do Brasil, 2010.

FINLAY, S. Consumer Credit Fundamentals. Second Edition. Palgrave Macmillan 2009.

FREITAS, Newton. História do Dinheiro, s/d. Página consultada a 15/09/2010

GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Títulos de Crédito e Contratos Mercantis. Volume 22. São Paulo: Saraiva, 2004.

NÓBREGA, Adalberto. Da moeda ao ativo financeiro: uma leitura jurídica do ouro, Brasília, Brasília Jurídica, 2004.

Ouro: sua história, seus encantos, seu valores. Rio de Janeiro, Salamandra, 1997.

PASSOS, Israel. História do Dinheiro - www.administradores.com.br, 2010

PEREIRA, Ricardo; NAVARRO, Conrado; BISCAIA, Bruno; VILHENA Bernadette; PRATES, Mariana. Dinheirama - Livro do Blog Autor, Editora: Blogbooks

RAGHURAM, G. Rajan e ZINGALES, Luigi. Salvando o capitalismo dos capitalistas, Rio de Janeiro: Elsevier, 2004

RIBEIRO, Antônio Carlos Ribeiro. Bancos de Emissão no Brasil. Rio de Janeiro Liv. Leite Ribeiro; Juiz de Fora Tip. Brasil 1922.

SIMONSEN, Roberto C. História Econômica do Brasil 1500-1820, 1937

www.bcb.gov.br. História do Dinheiro no Brasil

56

WOLFENSOHN, James.Folha de S. Paulo, São Paulo, 23 abr. 2004, p. B9

57

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

História do Dinheiro e sua Evolução até

o Crédito da Atualidade 10

1.1 – Síntese da História do Dinheiro no Mundo 10

1.2 – Breve Histórico do Surgimento do Dinheiro no Brasil 14

1.3 – Moeda Bancária: Cheques 20

1.4 – Contas Bancárias 23

1.5 – Cartões de Crédito 24

1.6 – Cifrão 25

1.7 – Origem dos Bancos 26

1.8 – Brasil 28

1.9 – Crédito 33

CAPÍTULO II

Crédito na Economia Brasileira 35 2.1 – Sistema de Crédito na Economia 35

2.2 – Títulos de Crédito – Instrumento de Circulação de

Riqueza 37

2.3 – Crédito e Cobrança 43

2.4 – Crédito no Brasil, Porque é tão Caro? 46

CAPÍTULO III

Visão da Expansão do Crédito 49

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 55

ÍNDICE 57

58

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:

Título da Monografia:

Autor: Pedro Paulo Gonçalves da Costa

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: