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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA
CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL (FAIXA ETÁRIA DE
03 A 06 ANOS)
Autora: Paula Antonietta Smarrito Vilardo
Orientadora: Fabiane Muniz
Rio de Janeiro / 2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO
PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA
CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL (FAIXA ETÁRIA DE
03 A 06 ANOS)
Apresentação de monografia
ao conjunto Universidade Candido
Mendes como condição prévia para
conclusão do curso de pós-
graduação em psicomotricidade.
3
AGRADECIMENTOS
Devo agradecer a Deus e a toda
minha família, particularmente a meu
filho Enzo, como forma de
reconhecimento por toda generosa
compreensão e paciência recebidas
nos incontáveis dias e noites em que,
absorta em meus estudos e
pesquisas, deixei de compartilhar do
nosso precioso convívio familiar.
4
DEDICATÓRIA
Dedico a todas as pessoas que
passaram e passam pela minha vida,
deixando força e conhecimento,
elementos decisivos desta obra.
5
RESUMO Este trabalho surgiu para esclarecer o que a psicomotricidade pode
auxiliar no processo de desenvolvimento psicomotor da criança na faixa etária
de 03 a 06 anos. Oferece a visão do processo normal de desenvolvimento no
sentido de mostrar como os conflitos não-resolvidos ou as vivências
traumáticas durante esta época da infância podem ter repercussões imediatas
ou mesmo, se manifestar durante toda a vida do indivíduo, influindo em suas
atividades profissionais.
O desenvolvimento psicomotor está relacionado com o aprendizado,
devido a isso, se os elementos básicos da psicomotricidade (esquema corporal,
coordenação motora fina e ampla, lateralidade, orientação espacial, orientação
temporal e ritmo) encontram-se alterados, ou seja, mal constituídos, prejudicará
questões a respeito da aprendizagem.
Sendo a psicomotricidade uma ciência que tem por objeto o estudo do
homem através do seu corpo em movimento nas suas relações com seu
mundo externo e interno; consolida-se então, qualquer que seja a atitude, a
psicomotricidade está presente, é expressada através dos jogos e do desenho,
atuando com a finalidade de sanar e atenuar diversas patologias,
principalmente as alterações na alfabetização.
A educação psicomotora torna possível a ação preventiva durante a
educação infantil e promove a mobilização do corpo e agilização da mente,
com isso a criança é conduzida a sua consciência corporal e criatividade.
Portanto, aplicando-se a psicomotricidade na fase da educação infantil, se tem
a prevenção de distúrbios no desenvolvimento psicomotor e consequentemente
a resolução nas dificuldade escolares futuras.
6
METODOLOGIA Pesquisa bibliográfica, explorativa, observação do objeto de estudo, a
partir de coleta e análise crítica. Interpretação das contribuições teóricas sobre
o tema proposto, bem como mostrar que a psicomotricidade, sendo uma
ciência que relaciona o ato motor a mente, pode atuar para um
desenvolvimento psicomotor da criança da faixa etária de 03 a 06 anos,
equilibrado. Demonstrar que uma ação psicomotora durante a educação
infantil, desenvolve a criatividade da criança.
7
SUMÁRIO
Introdução 8 Capítulo I - A psicomotricidade. 10 Capítulo II – O desenvolvimento psicomotor infantil. 17 Capítulo III – A educação infantil (escola). 30 Capítulo IV – A avaliação psicomotora. 37 Capítulo V - Áreas psicomotoras. 48 Conclusão 54 Bibliografia 56 Índice 57
8
INTRODUÇÃO
Este trabalho monográfico, em sua introdução procura explicitar que a
psicomotricidade é uma ciência com o objetivo de integrar a percepção e o
movimento, melhorando ou normalizando o comportamento global do indivíduo.
No primeiro capítulo são relatadas definições de grandes autores que
contribuiram no estudo da psicomotricidade e um breve histórico.
A seguir há um destaque em relação a psicomotricidade com a
afetividade e a socialização, percebe-se então que a atuação da
psicomotricidade no desenvolvimento afetivo e social, motor e cognitivo
propicia um caminho para a aprendizagem.
A psicomotricidade apresenta um papel fundamental na socialização,
que é de estabelecer um estilo de relação propício ao desenvolvimento global
do indivíduo.
Esse mesmo capítulo faz uma reflexão sobre a contribuição da
psicomotricidade e a ludicidade para a criança de 03 a 06 anos, e também uma
relação de tipos de brinquedos adequados à essa faixa etária; enfatizando o
lúdico, ou seja, jogos/brinquedos e o desenho como forma de comunicação e
de permissão à entrada na dimensão da criatividade possibilitando o
aprendizado. O jogo e o brinquedo favorece uma educação infantil adequada.
A criança ao brincar desencadeia a espontaneidade e a liberdade para a
fantasia; permite à criança assimilar a realidade externa à sua realidade
interna.
O segundo capítulo é o capítulo que diz respeito ao programa
psicomotor que é capaz de mobilizar o corpo e a mente infantil, desenvolvendo
a consciência corporal e a reflexão. Ainda nesse capítulo ocorre uma
explicação sobre a relação que a psicomotricidade tem com o desenvolvimento
infantil; a psicomotricidade apresenta a função de preparar os alunos para a
escolaridade e/ou melhorar os seus padrões defasados do desenvolvimento
psicomotor. E o objetivo de estudo da psicologia do desenvolvimento atual, que
consiste nos processos intra-individuais e ambientais que levam à mudanças
de comportamento. Há uma abordagem das etapas da evolução psicomotora
9
onde são mencionadas as aquisições alcançadas por crianças de 03 à 06
anos. Uma evolução psicomotora normal permite à criança passar dos
movimentos globais aos mais específicos e dos movimentos espontâneos aos
movimentos conscientes.
O processo de aprendizagem permeia no capítulo três, evidenciando
que aprender a ler e escrever tornou-se uma capacidade indispensáveis para
que o indivíduo se adapte e se integre no meio social.
Para melhor compreensão é divulgado o trabalho da educação
psicomotora durante a educação infantil; acentuando-se os aspectos preventivo
e reeducativo à criança situada nesta fase. Ressalta-se o que a educação
infantil contribui para as futuras aprendizagens; e também o objetivo da escola
que é a integração da criança na sociedade facilitando o seu acesso ao mundo
dos adultos.
Cabe ainda salientar nesta introdução sobre a abordagem avaliativa,
durante o quarto capítulo. Uma avaliação bem sucedida junto à um diagnóstico
correto, reflete em uma terapia favorável para uma melhora global da criança.
Um roteiro de avaliação psicomotora é ilustrado neste mesmo capítulo,
como uma maneira de facilitar o terapeuta a averiguar como a criança se
comporta psicomotoramente.
Por fim, no capítulo cinco são citadas as áreas psicomotoras quanto ao
seu aspectos do desenvolvimento e algumas definições de ilustres autores.
10
Capítulo I - A Psicomotricidade
Historicamente, o termo psicomotricidade apareceu pela 1a vez com
Dupré 1920; significando um entrelaçamento entre o movimento e o
pensamento. Já Aristóteles como pensador grego analisou a função da
ginástica para um melhor desenvolvimento do espírito.
A psicomotricidade é uma ciência que, por ter o homem como objeto de
seu estudo, engloba várias outras áreas: educacionais, pedagógicas e de
saúde.
É o estudo das áreas psicomotoras (esquema corporal, lateralidade,
coordenação motora ampla e fina, estruturação espacial e temporal),
expressada através do desenho e dos jogos. Sendo a psicomotricidade uma
ciência que procura educar o movimento, ao mesmo tempo em que desenvolve
as funções da inteligência, ela existe nos menores gestos e visando um maior
desenvolvimento afetivo, cognitivo e intelectual. (Coleção giramundo, 2003).
Objetivo da Psicomotricidade
Objetivo Geral
Integrar a percepção e o movimento melhorando ou normalizando o
comportamento geral do indivíduo.
Objetivos específicos
Ü Melhorar ou normalizar o comportamento geral do indivíduo
Ü Desenvolver um trabalho constante sobre todas as condutas do indivíduo
• Consciência do seu próprio corpo
• Desenvolvimento do equilíbrio
• Controle da inibição involuntária do respiração
11
• Organização da expressão corporal e da orientação espaço temporal
Ü Melhorar as possibilidades de adaptação ao mundo exterior
Profissionais que atuam na Psicomotricidade:
Psicomotricista
Fonoaudiólogo
Fisioterapeuta
Terapeuta ocupacional
Professor de educação física
Pedagogo
Psicólogo
Musicoterapeuta
São profissionais que atuam na área da psicomotricidade, utilizam o
movimento corporal com o intuito de um desenvolvimento global (mente e
corpo) satisfatório.
1.1 - Definições sobre a Psicomotricidade
“A Psicomotricidade não é exclusiva de um
novo método ou de uma “escola” ou de uma
corrente de pensamento, nem constitui uma
técnica um processo, mas visa fins educativos
pelo emprego do movimento”
(Fonseca, 1988)
12
“Psico significando os elementos do espírito
sensitivo, e motricidade traduzindo-se pelo
movimento, pela mudança no espaço em função
do tempo em relação a um sistema de referência”
(Defontaine,1980)
“A psicomotricidade consiste na unidade
dinâmica das atividades, dos gestos, das atitudes
e posturas, enquanto sistema expressivo,
realizador e representativo do “ser-em-ação” e da
coexistência com outrem”
(Jaques Chazaud, 1976)
1.2 - A relação da Psicomotricidade com a afetividade e a
socialização.
Considera-se a afetividade a primeira relação da criança que é
concebida entre mãe-filho, com a intenção de adquirir um vasto conhecimento.
É de suma importância a presença humana afetuosa no círculo da criança e
mais tarde essa relação ocorre da criança com outrem, portanto se dará o
processo de socialização, que também vem desde o início do desenvolvimento
psicomotor. É nesta relação e, ainda na comunicação com outrem que o
indivíduo se realiza. Sendo a socialização a função da boa evolução da
imagem do próprio corpo. E, com fundamentos afetivos, que o indivíduo torna-
se social ou seja participante ativos dentro de um grupo, quando há um
desenvolvimento de suas aptidões pessoais e uma consolidação de sua
imagem do corpo. Crianças com carências afetivas podem obter a recuperação
ou minimização de uma parte de seu atraso no plano funcional, através da
exploração de atividades lúdicas e do trabalho voltado para imagem do corpo.
13
O papel da psicomotricidade na socialização é de estabelecer um
estilo de relação propício ao desenvolvimento e por outro lado a utilização do
grupo como meio de integração social. (Fonseca, 1988).
Ao desenvolver uma atividade em grupo a criança acessa seu
senso de companheirismo, aprende a conviver em sociedade, procurando
entender as regras e aceitá-las; tem a oportunidade assim para que no futuro
essa criança torna-se um adulto sociável.
1.3 - Relação de tipos de brinquedos para a
Psicomotricidade
Brinquedos de afeto (jogos afetivos)
São macios, gostosos de pegar, de aparência simpática, estes
brinquedos despertam, em todos que os vêem, uma vontade de acariciá-los e
abraçá-los; provocam aconchego e oferecem consolo à criança.
Bichinhos de pelúcia
Bonecos de bebês muito fofos
Bonecos de panos variados
Almofadas de formas e cores diversas
Brinquedos para o “faz-de-conta”. (jogos simbólicos)
Através dos jogos simbólicos o pensamento da criança evolui a
partir de suas ações. As crianças precisam vivenciar suas idéias em nível
simbólico para poderem compreender seus significados na vida real.
Mobiliário
Boneca com cabelo
Carro / Caminhão
14
Fantoches
Carrinhos de bebê
Panelinha
Navio / Barco
Caixa com acessórios da vestimenta masculina e feminina
Brinquedos de Ação (jogos de ação)
Corda
Pneu
Peteca
Boliche
Bambolê
Bolas de cores e tamanhos diversos
Bandinha (jogos rítmicos)
Piano
Flauta
Xilofone
Tambor
Pandeiro
Reco-reco
Triângulos
2 coco
Agogô
Jogos Fantasmáticos
Tecidos de tamanhos e cores diferentes
Fantasias de bichinhos
Lençol (pode servir de cabana, de capa de super-herói)
Areia, argila e massinha
15
1.4 - O jogo e o brinquedo com a Psicomotricidade
A psicomotricidade é expressada através do desenho e dos jogos
(brinquedos); os jogos são a oportunidade de desenvolvimento para a criança.
Jogando a criança experimenta, descobre, inventa, exercita e confere suas
habilidades. Brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual que,
quando bem cultivado, irá contribuir, no futuro, para a eficiência e o equilíbrio
do adulto. O brinquedo facilita e enriquece a brincadeira, proporcionando
desafio, motivação e o aprender. O desempenho psicomotor da criança
enquanto brinca alcança níveis que só mesmo a motivação intrínseca
consegue.
Para que o brinquedo seja significativo para a criança é preciso
que tenha pontos de contato com sua realidade, ou seja, traduz o real para a
realidade infantil. Suaviza o impacto provocado pelo tamanho e pela força dos
adultos, diminuindo o sentimento de impotência da criança. Ao ver o brinquedo,
a criança é tocada pela sua proposta; reconhece umas coisas, descobre
outras, experimenta e reinventa; analisa, compara e cria. Sua imaginação se
desenvolve e suas habilidades também, com isso há um enriquecimento do
seu mundo interior, se comunica mais e pode, cada vez mais, participar do
mundo que a cerca. Nas dramatizações, a criança vive personagens diferentes,
alongando assim sua compreensão sobre os relacionamentos humanos.
As relações cognitivas e afetivas, conseqüentes da interação
lúdica, propiciam amadurecimento emocional e vão, pouco a pouco,
constituindo a sociabilidade infantil. Especialmente nos jogos grupais, a
interação acontece de maneira mais fácil, pois estimulada pela necessidade
que os elementos do grupo têm de alcançar determinadas metas no jogo, a lei
não deriva do poder ou da autoridade mas de regras, portanto, do jogo em si.
Conhecidas as normas, todos tem as mesmas oportunidades, e participam do
jogo, a criança aprende a aceitar regras, pois o desafio, está justamente, em
saber respeitá-las. Esperar sua vez, aceitar o resultado dos dados ou de outro
16
fator de sorte são excelentes exercícios para lidar com frustrações e ao mesmo
tempo, elevar o nível de motivação.
Os jogos e os brinquedos estimulam a linguagem interna,
consequentemente há um aumento do vocabulário, a linguagem verbal torna-
se mais fluente e ocorre um maior interesse pelo conhecimento de palavras e
conceitos novos. Além da linguagem, os jogos estimulam a inteligência porque
faz com que solte a imaginação e a criatividade. A realização de uma
brincadeira possibilita à criança a desenvolver suas funções cognitivas
(atenção, concentração e memória). Os brinquedos, quando espontâneos, são
considerados de duas formas:
A nível de auto-expressão: estão as atividades livres
A nível de auto-realização: estão as atividades organizadas, ou seja,
que apresentam uma proposta portanto requer determinado
desempenho.
O brincar, por ser uma situação onde predomina o prazer sobre a
tensão, favorece o relacionamento. É brincando que a criança descobre o
desafio de andar com as próprias pernas e pensar com a própria cabeça,
assumindo a responsabilidades por seus atos, é na fase da educação infantil
que a criança é capaz de estruturar melhor suas ações e tornar-se
independente em relação aos cuidados maternos. É também nesta fase que
ela associa a criatividade lúdica e artística, apresenta a conceituação de jogo
simbólico e por volta dos 6 anos há inserção nos jogos de regras.
17
Capítulo II – O Desenvolvimento Psicomotor Infantil
O desenvolvimento psicomotor da criança se dá através das
reações do ser humano ao ambiente que o cerca e as relações com os demais.
A criança desenvolve-se de maneira contínua.
A organização da motricidade passa pelas seguintes fases:
1a fase: Esta fase mostra que o recém-nascido apresenta condições
anotomo-fisiológicas dos reflexos. O reflexo constitui-se em uma modalidade
assimiladora, que se acomoda ao meio quando se põe em funcionamento:
a) Organização da estrutura motora
b) Organização do tônus de fundo
c) Organização da propriocepção
d) Desaparecimento das reações primitivas.
2a fase: Organização do plano motor
Há o aperfeiçoamento espaço temporal
3a fase: Automatização do adquirido
As aquisições motoras são automatizadas pela ação do sujeito
4a fase: Aperfeiçoamento e desenvolvimento de novas habilidades
motoras.
Fases do desenvolvimento da criança na faixa etária de 0 a 6 anos
Crianças compreendidas na mesma idade, podem comportar-se
de maneira diferentes isso ocorre devido às possibilidades físicas, às diferentes
maneiras de ser, ao meio e também ao ambiente familiar.
Ao nascer, o bebê apresenta reações automático-reflexas
18
Primeiro mês, o olhar é o sentido que começa a ser trabalhado para que
possa distinguir cores e formas e até mesmo o olhar do outro
Segundo mês, o bebê já é capaz de sorrir e os rostos familiares são
reconhecidos, faz brincadeiras com as mão, surgindo o interesse pelas
pessoas e por si mesmo.
Terceiro mês, apresenta sons vocábulos mais prolongados estabelecendo a
primeira comunicação através do sorriso recíproco e sai do estágio de
reflexo mesmo se ainda não faz gestos intencionais.
Quarto mês, já se volta com a cabeça quando alguém o chama.
Quinto mês, a exploração espacial começa a constituir-se e consegue ver o
conjunto do corpo do outro, portanto, a apreensão é desenvolvida
Sexto mês e o sétimo, a criança utiliza o seu corpo e os objetos
Oitavo mês, a sua mãe já é personalizada e identificada.
Nono mês, mantém-se em pé com apoio.
1 ano, a criança anda com ajuda e sua linguagem passa a ser constituída
por três palavras.
2 anos, durante este período, é normal que ocorra imprecisão geral dos
movimentos e movimentos de controle manual deficientes
3 anos, a criança já consegue imitar um desenho sem muitos traçados e
tenta fazer um boneco mais aperfeiçoado.
4 anos, o conhecimento da criança para vestir-se e despir-se sozinha,
manusear a tesoura, o lápis, abotoar e desabotoar já é evidenciado.
5 anos, no início da educação infantil, adquire a precisão dos movimentos,
lentamente, e é através de atividades de pouco deslocamento.
6 anos, nesse momento, as dissociações manuais e digitais já se
afirmaram. (Fátima Alves, 2003)
O trabalho psicomotor beneficia a criança no controle de sua motricidade.
Um trabalho corporal bem realizado, sem punições , constitui a melhor ajuda a
uma criança incapaz de controlar-se.
Segundo Jean Piajet, os estágios do desenvolvimento psíquico da
criança se divide em quatro grandes períodos:
19
1a ) da inteligência senório-motora (se estende até os dois anos
de idade)
2a ) pré-operatório do pensamento (se estende entre os dois e os
sete anos)
3a ) das operações concretas (se estende entre os sete e os 12
anos)
4a ) das operações formais (se estende na adolescência)
O desenvolvimento de uma criança é muito mais complexo do que parece,
para ser analisado é preciso ter em vista o conjunto da criança e de suas
condições de vida familiar.
É importante evidenciar que tanto psicologicamente como fisicamente o
desenvolvimento da criança é muito mais rápido no período do nascimento aos
seis anos de idade.
2.1 - Como o desenvolvimento infantil pode ser auxiliado
através da psicomotricidade
O desenvolvimento global da criança se dá através do movimento,
portanto, permite à criança explorar o mundo exterior através de experiências
concretas, e, é com essa exploração que ela desenvolve a consciência de si
mesmo e do mundo exterior. Para que haja uma boa desenvoltura, é
necessário que os pais, educadores e terapeutas envolvidos com a
psicomotricidade, estabeleçam situações favoráveis para que esta evolução
ocorra naturalmente, percorrendo todas as suas etapas.
É importante uma visão holística, pois o ser humano é completamente
indivisível, na qual alterações em qualquer uma das partes se refletem em
todas as outras e consequentemente nas suas funções. E também cada
criança é única. Crianças “normais” com a mesma idade comportam-se de
maneira diferente, elas podem ser mais atrasadas ou apresentam
desenvolvimento acima do esperado para determinada idade; isso dependerá
20
do tipo de estimulação que proverá de condições de vida familiar,
principalmente da relação com os pais e da influência do meio ambiente, isso
faz o terapeuta refletir em como deve proceder na abordagem avaliativa, e não
realizar julgamentos errôneos e precipitados, porque o desenvolvimento de
uma criança é muito mais complexo do que parece ser.
Todo o desenvolvimento deve se dar de forma harmônica, copo e mente
de forma equilibrada; as funções do sistema nervoso (sensorial, motora, afetiva
e intelectual) evoluem juntas. E a afetividade na qual é a primeira relação que
se estabelece para a criança. A relação de afetividade entre mãe e filho e um
fator impulsonante de todo o desenvolvimento, o que faz com que a criança
busque cada vez mais o interesse por explorar o meio e adquirir conhecimento,
então quanto mais afeto maior será o seu conhecimento posterior.
A psicomotricidade se refere ao sensitivo e ao movimento, ela favorece a
evolução do desenvolvimento, pois o homem é munido de movimentos, de
sensações e de percepções; todo o seu conhecimento e saber é devido à
percepções carregadas em si e é através do movimento é que ela se auto-
descobre, vivendo em unidade com o mundo exterior. A estruturação e a
reestruturação do mundo é operada pela percepção, sensação e ação
(movimentos) que são dependentes à satisfação das necessidades biológicas,
afetivas, emocionais e cognitivas do homem.
O movimento humano reflete uma interligação dos processos emotivos e
intelectuais, sendo assim o homem utiliza o movimento para satisfazer as
necessidades que lhe são inerentes.
2.2 - Psicologia do desenvolvimento da criança de 3 a 6
anos
Inicialmente, os estudiosos de psicologia do desenvolvimento parecem
tê-la conceituado como estudo de mudanças de comportamento que ocorrem
em função do tempo. Mas o tempo, em si, não é uma variável psicológica. O
que pode causar mudanças no comportamento são os eventos que ocorrem
21
durante determinado segmento de tempo. Da mesma forma, considerar que a
essência da psicologia do desenvolvimento é o estudo de mudanças que
ocorrem em função da idade cronológica não é adequado, pois ter 3 anos de
idade significa apenas que três anos decorrem entre o nascimento e o
momento atual. O tempo deve ser, para o psicólogo do desenvolvimento,
apenas uma escala conveniente na qual são ordenados aos comportamentos e
assimilados as mudanças. O que interessa à psicologia de desenvolvimento
são as mudanças de comportamento que ocorrem não em função do tempo,
mas em função de processos intra-organísticos e de eventos ambientais que
ocorrem de determinada faixa de tempo. Pode-se dizer então, que o objetivo de
estudo da Psicologia do Desenvolvimento atual consiste nos processos intra-
individuais e ambientais que levam a mudanças de comportamento.
A diferença entre as psicologias e a psicologia do desenvolvimento é
que a do desenvolvimento se caracteriza pelo interesse em mudanças de
comportamento que ocorrem durante um longo período enquanto que as
demais áreas da psicologia focalizam mudanças de comportamento geralmente
à curto prazo. O psicólogo do desenvolvimento freqüentemente se interessa
por estágios e seqüências ordenadas no desenvolvimento.
A criança no início da fase pré-escolar, apresentam segmentações que
começam a se estabelecer, durante sua organização psicomotora. Pode sentar
sobre um caixote e balançar alternadamente suas pernas, divertindo-se com o
movimento e o ruído. Mas ainda é repleta de sincinesias, ou seja, de
movimentos parasitas que interferem em sua realização prática, principalmente
nos movimentos musculares globais, contaminado a motricidade mais
específica. Só se libertará das sincinesias aos 7 anos, quando os dedos
alcançarão a prontidão necessária para a escrita, e também quando assumir o
domínio do que se quer realizar. (Rappaport, 1981).
Em se tratando da psicologia do desenvolvimento infantil, é difícil não
citar Freud que chocava a humanidade no início do século XX com suas
descobertas a respeito do desenvolvimento da personalidade da criança e com
a constatação de que certos acontecimentos vivenciados na infância eram os
determinantes principais de distúrbios de personalidade na idade adulta. Feud
22
causou um impacto decisivo ao mostrar a importância dos primeiros anos de
vida na estruturação da personalidade, determinando o curso do seu
desenvolvimento futuro no sentido da saúde mental e da adaptação social
adequada ou da patologia. Apesar das críticas que hoje em dia possam ser
feitas à obra de Freud, seu nome continua presente entre os autores que mais
auxiliam a compreensão do desenvolvimento psicológico da criança.
A psicologia infantil, atualmente conceituada de maneira ampla, bem
como a ciência, ou aspectos da ciência, que pretende descrever e explicar os
eventos ocorridos no decorrer do tempo que levam a determinados
comportamentos emergentes durante a infância. Pretende, pois, explicar como
é que, a partir de um equipamento inicial (inato), o sujeito vai sofrendo uma
série de transformações decorrentes sua própria maturação (fisiológica
neurológica) que em contato com as exigências e respostas do meio físico e
social, levam à emergência desses comportamentos. Portanto, essa ciência
pretende:
- Observar e descrever os fenômenos (exemplo: choro, agressão,
linguagem, soluções de problemas)
- Explicar os fenômenos. Explica quais os processos subjacentes, quais
os mecanismos psicológico, internos, que atuam para possibilitar o
aparecimento destes fenômenos comportamentais.
Por conseguinte, a psicologia infantil pretende descrever e explicar o
processo de desenvolvimento da personalidade em termos de “como” e “por
que” aparecem certos comportamentos.
No momento atual da sociedade (onde o problema da criança vem
assumindo proporções cada vez mais graves), não há dúvida de que se torna
necessário uma intervenção do psicólogo infantil ao lado de outros
profissionais, para que os problemas comportamentais não evoluam ainda
mais, prejudicando de forma global a criança e resultando um adulto
socialmente ajustado. A divulgação das idéias da psicologia da criança junto
às famílias e a educação pode contribuir para que as crianças recebam um
tratamento mais adequado, diminuindo assim o índice de distúrbios
psicológicos na criança.
23
2.3 - Etapas da Evolução Psicomotora
São mencionados as aquisições que podem ser alcançadas por crianças
que se encontram na faixa etária de 3 a 6 anos de idade.
3 anos
Ü Desenvolvimento Psicomotor.
• Alterna os és ao subir uma escada (padrão cruzado).
• Salta o último degrau.
• Anda na ponta dos pés.
• Pula com os dois pés.
• Equilibra-se momentaneamente sobre um dos pés.
Ü Atividade de vida diária.
• Ajuda a arrumar a casa .
• Segura a colher corretamente.
• Começa a utilizar o garfo.
• Come à mesa, mas necessita de ajuda.
• Vai ao banheiro sozinha.
• Tentar limpar-se após ir ao banheiro escova os dentes com ajuda.
• Usa um lenço adequadamente.
• Abotoa-se sozinha.
• Calça os sapatos e as meias.
• Segura o copo sem tocar na mesa.
Ü Desenvolvimento intelectual.
• Já é capaz de formar frases com três a quatro palavras.
• Emprega substantivos e verbos.
24
Ü Comportamento social.
• Compreende ordens duplas.
• Demonstra preferência por alguma roupa.
Ü Evolução da linguagem.
• A linguagem está bem organizada, já usando frases.
Ü Evolução do desenho.
• Imita rabiscos em “V”.
• Imita rabiscos circulares (rabiscões).
• Risca traços verticais e horizontais.
Ü Destaque.
• Está descobrindo as diferenças entre sexos. É por isso que a menina para reafirmar que é do sexo feminino, repete o comportamento da mãe.
4 anos
Ü Desenvolvimento Psicomotor.
• Domina a corrida, corre e raramente tropeça.
• Corre e pula em um só pé.
• Salta sobre um e outro pé.
• Desce escada alternado os pés.
• É capaz de realizar movimentos isolados do corpo.
• Equilibra-se em um só pé, por mais ou menos oito segundos.
• Constrói tanto na dimensão vertical quanto na horizontal.
• Caminha sobre uma linha desenhada no chão.
Ü Atividades da vida diária.
• Usa o garfo adequadamente.
• Utiliza o guardanapo.
• Necessita de ajuda para tomar banho e enxugar-se.
25
• Penteia os cabelos com auxílio.
• Escova os dentes corretamente.
• Lava as mão e o rosto.
• Abotoa e desabotoa a roupa.
Ü Desenvolvimento intelectual.
• Utiliza sentenças de cinco palavras.
• Repete pequenas músicas e versos.
• Discrimina sons pela intensidade.
• compreende 3 ordens.
• imita uma ponte de cubos
• Reconhece plurais.
• Identifica 4 objetos pelo seu uso.
• Nomeia pelo menos oito figuras.
• É capaz de identificar, classificar e comparar.
• Possui capacidade de raciocínio.
• Identifica os seus desenhos.
Ü Comportamento social.
• Gosta de fazer amigos.
• Responde a perguntas que necessitam compreensão e que exigem
conclusões lógicas.
• Brincadeira construtiva.
• Aprecia outra criança brincando.
• Ainda não se encontra apto a manter contato ativo com um grupo de
crianças.
Ü Evolução da linguagem.
• As crianças chegam aos 4 anos de idade usando a linguagem verbal de
forma bastante organizada, as frases contêm todos os elementos
26
gramaticais e os diálogos apresentem uma relativa continuidade das
idéias.
Ü Evolução do desenho.
• As figuras são soltas, sem ligações entre si.
Ü Destaque.
• A instabilidade emocional marca a volta do pequeno rebelde de 2 anos
atrás. Ri e chora com a mesma facilidade. O relacionamento com os
pais é conturbado. Ao mesmo tempo que desafia a mãe, sente ciúme
dela com o pai.
5 anos
Ü Desenvolvimento Psicomotor.
• Passar de uma posição a outra sem perder o equilíbrio.
• Salta e pega uma bola sem auxílio.
• Salta alternando os pés.
• Saltita em um pé só.
• Anda para trás, sobre os calcanhares ou na ponta dos pés.
• Permanece em equilíbrio na ponta dos pés, por vários segundos.
• Desenvolvimento do esquema corporal.
• Domínio dos grandes músculos.
• Coordenação visual e motora em desenvolvimento.
Ü Atividade de vida diária.
• Gosta de auxiliar em tarefas domésticas.
• Ingere alimentos de texturas e temperaturas diferentes.
• Lava e enxuga o rosto e as mãos sem auxílio.
• Não precisa de auxílio quando vai ao banheiro.
• Coloca creme dental na escova, escova os dentes e lava a boca sem
auxílio.
27
Ü Desenvolvimento intelectual.
• Utiliza sentenças de seis palavras.
• Reconhece e nomeia cores.
• Compreende três ordens.
• É capaz de copiar letras.
• Arma um quebra cabeça de 8 a 12 peças.
• Desenvolvimento do raciocínio, da associação de idéias e das
generalizações.
Ü Comportamento social.
• Gosta de proteger crianças menores e mais fracas.
• Brinca em pequenos grupos.
Ü Evolução da linguagem.
• Linguagem completa, capaz de realizar explicações com suas palavras.
Ü Evolução do desenho.
• Aparecem as construções de cenas com pouca organização.
Ü Destaque.
Confiança em si mesma e nos outros, é a marca dessa idade. Volta a
respeitar a autoridade dos pais, sendo obediente e prestativa.
6 anos
Ü Desenvolvimento psicomotor.
Recebe a bola, chutando-a.
Corre e pula para pegar a bola pula corda.
Salta do alto em um pé só.
Possui ritmo normal e precisão de movimentos.
28
Caminha sobre um barra de equilíbrio.
Pode ficar na ponta dos pés de olhos fechados.
Ü Atividade de vida diária.
Utiliza o garfo e a faca corretamente.
Lava os mãos e o rosto antes das refeições.
Veste-se sozinho, mas não dá laços.
Ü Desenvolvimento intelectual.
Utiliza sentenças de sete palavras.
Conta pequenas histórias.
Discrimina palavras que terminem como mesmo som.
Início da aprendizagem formal da escrita.
Ü Comportamento social.
Não apresenta inibições ao ficar despido.
Ü Evolução da linguagem.
Linguagem completa, que a partir desta fase, as crianças vão apenas se
adaptando às regras de cada língua.
Ü Evolução do desenho.
As cenas do desenho mostram-se bem claras, porém ainda sem noções
de perspectiva visual.
Ü Destaque.
As diferenças sexuais já não parecem interessar, e meninos e meninas
tendem a brincar mais juntos.
Citar as etapas que diz a respeito sobre a evolução do desenho, foi de
grande valor pois o desenho infantil deve ser visto e analisado como uma
29
maneira de expressar pensamentos, ou seja, como uma forma de linguagem.
Ao desenhar, primeiro a criança faz o desenho e depois diz o que significa o
que desenhou, na medida em que realiza o desenho, ela vai explicando o que
está desenhando. Por último, ela já será capaz de organizar mentalmente o
que vai fazer e antecipar verbalmente o que desenhará, após essas etapas
podemos averiguar que a criança está com sua linguagem verbal totalmente
organizada.
30
Capítulo III – Educação Infantil (escola)
A escola tem como objetivo a integração da criança na sociedade
facilitando seu acesso ao mundo dos adultos. Em se tratando de educação
psicomotora, seu maior objetivo é conduzir a criança na educação infantil a
fazer o uso de seu corpo com a intenção de um desenvolvimento global
harmonioso.
Na educação infantil é divertido. Ali se faz novos amigos, há muito agito
e várias novidades. Porém também existem necessidades infantis que no dia-
a-dia na escola não são ou são muito pouco atendidas. A criança na escola
está sempre em plena estimulação porém é indispensável a cooperação da
família nesse momento.
O que as crianças precisam em seu lar:
1- A criança na escola infantil precisa constantemente de amizades,
embora nem sempre consiga. Ali, ela também necessita do que tem em casa: a
experiência de ser amada incondicionalmente, de ser aceita como é, não
precisando lutar pela aceitação ou suportar isso.
2- Todos gritam, pulam, correm por todo lado. A criança está num
ambiente de barulho constante, de muitos estímulos e muitas pessoas. Do que
ela precisa em casa? De uma atmosfera calma que permita concentração.
3- A pessoa de referência da criança pode não estar presente em outro
lugar, quando solicitada. E como a criança não pode depender dessa presença
em todas as circunstâncias, ela precisa, em casa, de atenção exclusiva, de
tempo com mamãe e papai só para ela.
4- As crianças na educação infantil se movimentam bastante, ficam
muito tempo ao ar livre e também correm nos ambientes fechados. Como
31
geralmente elas não têm tempo para longas conversas, em casa elas precisam
de atenção, conversa e serem ouvidas calmamente.
5- Fora de casa, a criança tem de aprender regras de disciplina e de
ordem: cada brinquedo deve ser devolvido ao seu lugar de origem. Por isso,
em casa precisa especialmente de liberdade para estruturar sua ordem
particular. A criança também deve poder exercer sua compulsão de examinar e
pesquisar o porquê das coisas.
A escolha da escola para a criança é mais complicado do que apenas
verificar se encaixa no orçamento doméstico. Para uma eficaz escolha
devemos considerar alguns itens:
Agenda: A boa escola mescla as atividades. Depois de um trabalho que
exija concentração, a criança precisa de atividade motora.
Apoio: A escola precisa estimular a autonomia da criança, incentivá-la a
lavar as mãos, vestir a roupa, cuidar da mochila e guardar os brinquedos. O
cardápio das refeições deve ser elaborado com atenção de nutricionista.
Espaço: O ideal é que a escola tenha alguma área verde e parquinho
com brinquedos. As salas devem ser ventiladas e bem iluminadas e ter boa
acústica; os móveis não devem ter quinas.
Passeios: Para tornar o convívio mais agradável, é conveniente que a
escola promova viagens curtas e passeios.
Professores: Além de qualidade, quantidade é item importante no corpo
docente. Um professor pode cuidar de doze crianças, desde que tenha um
ajudante para auxiliar nas refeições e higiene.
Reuniões: Além de poder contar com comunicador freqüentes e
reuniões, os pais devem ser bem-vindos a toda hora, desde que não
atrapalhem a rotina das crianças.(revista Veja Especial, 1998)
Compreende-se que a escola que enfatiza a importância desses itens, é
uma escola que busca o bem-estar global de uma criança.
Durante o processo ensino-aprendizagem; frisa-se que escola tem o
objetivo do integração da criança na sociedade, facilitar o vivenciar do mundo
32
exterior, adquirindo uma maior capacidade de tornar-se um adulto promissor.
Verificamos, porém, que este objetivo está cada vez mais esquecido. Ela tem
selecionado duramente as crianças que tem menos facilidade de aprender.
Muitas vezes são as que mais precisariam dela, pois são provenientes de um
meio sócio-econômico-cultural menos privilegiado.
A escola também segrega as crianças que já estão
suficientemente segregadas devido ao meio sócio-econômico-cultural. Acaba
reproduzindo os mesmos controles da sociedade e com isso “expulsa dos
meios de comunicação e cultura, crianças que têm maior dificuldade em se
comunicar.
Os professores são providos de programas, procedimentos de
ensino, materiais de instrução totalmente inadequados e desestimulantes e,
principalmente, carentes da flexibilidade necessária para adaptar os objetivos
do ensino às diferenças individuais dos alunos.
Freqüentemente, os professores se queixam de que seus alunos
não possuem estimulação necessária à alfabetização e que isto interfere no
ensino. Em vez de culpar seus alunos, os docentes devem procurar
desenvolver as capacidades dos mesmos, levando-os a sentirem a
necessidade de valorizarem os instrumentos da cultura e valorizar as
atividades que se relacionam com ela.
O relacionamento professor-aluno também é outro fator que pode
influenciar o processo de aprendizagem. As classes superlotadas também
podem dificultar o conhecimento mais individualizado que o educador poderia
ter em relação à sua classe.
A base que a escola dá, depende do que cada criança traz como
bagagem no momento da aprendizagem, e as diferenças encontradas acabam
ocasionado uma maior dificuldade daquela criança que já se acha defasada em
seu desenvolvimento.
A escola, entretanto, tem contas a ajustar com a sociedade, e
com as famílias em particular; tem que provar o quanto é eficiente e eficaz em
seus objetivos.
33
A criança muitas das vezes apresentam dificuldades psicomotoras que a
escola sabe se essas dificuldades necessitam de tratamento em clínicas de
reeducação psicomotora e encaminhá-las a profissionais capacitados para um
respaldo terapêutico visando o progresso do aluno.
Houve um tempo em que as crianças iam para a escola com 6 ou
7 anos de idade, para começar a alfabetização. Numa fase seguinte, as
crianças passaram a ser matriculadas aos 4 anos. De dez anos para cá, a
idade despencou no Brasil e as crianças estão indo com 3 ou 2 anos, muitas
das vezes ainda com fralda. O maior motivo dessa antecipação, é o aumento
do número de mulheres no mercado de trabalho. Se antigamente as crianças
ficavam em casa sendo cuidadas por elas, hoje têm de ir para a escola
enquanto a mãe está trabalhando.
A maior parte do tempo que a criança fica na escola, ela está
brincando. Para isso, tem materiais os mais variados, como canetas coloridas,
tintas, massa de modelar e lápis cera. Uma das grandes diversões desse
período é voltar para casa com algum desenho ou colagem feito por ela
própria. Quando a escola é boa, a criança se diverte a ponto de querer voltar
no próximo dia, e pelos anos seguintes. Além do lado lúdico, ir a escola cedo
pode ser muito útil para o aprendizado da matemática e da alfabetização. As
crianças que fizeram a educação infantil apresentam um aprendizado superior,
principalmente em português e matemática, do que as que não freqüentaram.
A criança inserida na educação infantil está também acostumada
a esperar a vez na sala de aula, dividir o brinquedo com o colega, sentar-se na
hora que pedem, contar uma história quando pedido, expressar o que pensa
com confiança, falar em grupo, se sentir mais seguro no ambiente fora de casa,
mesmo pais muito presente não conseguiriam suprir todos esses benefícios.
Quando vão para a escola, as crianças dão o primeiro passo rumo ao mundo
exterior. Daí porque é preciso escolher um lugar de alta qualidade.
O primordial, na escolha da escola para a criança, antes de tudo é
que apresente como base para o ensino escolar, a Educação Psicomotora.
34
3.1 - A importância da Psicomotricidade no processo de
aprendizagem.
Uma das formas de comunicação entre as pessoas é a escrita e a
leitura. Aprender a ler e escrever tornou-se uma capacidade indispensável para
que o indivíduo se adapte e se integre no meio social.
A psicomotricidade atua com a finalidade de atenuar e sanar diversas
patologias, principalmente os distúrbios de aprendizagem. É de grande
importância para o desenvolvimento global da criança, integra-la na sociedade
facilitando seu acesso ao mundo dos adultos.
O desenvolvimento psicomotor está relacionado com a
aprendizagem, com isso, quando os elementos básicos da psicomotricidade
encontram-se alterados, ou seja, mal constituídos prejudicará uma boa
aprendizagem. Através da educação psicomotora obtemos uma aprendizagem
adequada e um sistema intelectual organizado.
A educação psicomotora é, sobre tudo, a educação da criança
através de seu corpo e de seu movimento. A criança é vista em sua totalidade
e nas suas possibilidades que apresenta em relação ao meio ambiente. A
exploração do meio proporciona experiências concretas indispensáveis tanto
ao desenvolvimento intelectual quanto ao afetivo. Qualquer que seja a atitude,
a psicomotricidade está presente, é expressada através dos jogos (brincar) e
do desenho com o objetivo de melhorar o d% global do indivíduo.
A psicomotricidade desenvolve as capacidades básicas, aumenta
o potencial motor e intelectual e consequentemente diminui as dificuldades na
aprendizagem. Por tanto, aplicando a psicomotricidade na educação infantil,
temos a prevenção de distúrbios no d% psicomotores e consequentemente a
resolução de dificuldades escolares futuras.
35
3.2 - A Educação Psicomotora atuando na Educação
Infantil
A educação psicomotora para Lapierre, é “uma ação
psicopedagógica que utiliza os meios da educação física com a finalidade de
normalizar ou melhorar o comportamento do indivíduo.
Sendo a educação psicomotora uma ação psicopedagógica ,
apresenta os seguintes objetivos:
• Normalizar ou melhorar o comportamento da criança.
• Facilitar as aprendizagens escolares.
• Promover o desenvolvimento de habilidades que serão solicitadas nas
aprendizagens escolares.
Esses objetivos são atingidos através de exercícios psicomotores
que devem proporcionar a criança a possibilidade de exploração de seu próprio
corpo e do mundo exterior. O mundo psicomotor surge também na escola.
A etapa da educação infantil que inicia aos 3 anos é na realidade, um
período de maturação intelectual e motor, na qual se apoiam as duas funções
esboçadas nos 2 primeiros anos.
A educação infantil que apresenta um enfoque de educação psicomotor
propicia a cada criança a desenvolver da melhor forma seu crescimento, tanto
no aspecto motor como no mental.
A educação psicomotora é, sobretudo, a educação da criança através do
seu corpo, utiliza o movimento para atingir aquisições mais elaboradas. Até
recentemente, a educação psicomotora constituía-se somente num recurso
reeducativo, hoje adotando-se do movimento a criança apresenta condições de
evolução de suas capacidades básicas. Qualquer que seja a atividade, a
psicomotricidade está presente.
O período da educação infantil, é onde a psicomotricidade deverá ser
desenvolvida em atividades motoras lúdicas enriquecedoras, proporcionado
uma compreensão para a criança de suas possibilidade e limitações reais e ao
mesmo tempo auxiliá-la a se expressar corporalmente com maior liberdade e
destreza; porém a prioridade é de uma percepção adequada de si mesma,
36
permitindo à criança prosseguir a organização de sua imagem ao corpo. Na
sala de aula, o aluno busca um espaço para seu corpo, vivendo intensamente
cada momento. Se inibido de imediato haverá um bloqueio psicomotor, levando
ao isolamento. (Fátima Alves, 2003)
Portanto, ressalta-se a importância da escola em ter a presença de
professores capacitados na educação infantil que visem a representação e
expressão motora através da utilização psíquica e mental da criança ou seja,
que valorizem a educação psicomotora como base, na busca de experiências
bem-sucedidas e também para resolver dificuldades apresentadas por alguns
alunos, e que podem ser resolvidas na própria escola.
A escola maternal deve propiciar a cada criança o “poder” para
desenvolver da melhor forma suas próprias potencialidades. Nesta fase, a
atividade motora, traduz a expressão do movimento que deve ser feita, mas
para isso é fundamental que o tempo da criança seja respeitado, e o ponto de
partida para a psicomotricidade é a própria criança.
Salienta-se que a criança através da ação física da exploração do
ambiente adquire experiências concretas indispensáveis tanto ao
desenvolvimento intelectual quanto afetivo.
37
Capítulo IV - A avaliação Psicomotora
4.1 - Avaliação Psicomotora: sua importância e
procedimento.
Durante a abordagem avaliativa o psicomotricista deverá
apresentar uma visão sistêmica da análise do avaliado. A avaliação é um
instrumento que aplicada adequadamente, contribuirá decisivamente para o
desenvolvimento global do potencial infantil. Avaliar um indivíduo é um critério
de caráter árduo, por isso deverá ser bem realizado para que não haja erros no
diagnóstico, pois a evolução do tratamento se dará em parte, a um diagnóstico
correto.
É através da avaliação psicomotora que o terapeuta terá acesso
ao histórico familiar, características do ambiente familiar, dados pessoais e do
desenvolvimento motor e suas dificuldades ou não.
O ideal que é a primeira entrevista seja com os pais para um
conhecimento maior da família. A primeira entrevista é a anamnese, que é a
parte da avaliação em que é informado sobre a identificação, a queixa principal,
o motivo da consulta, antecedentes pessoais e o desenvolvimento
neuropsicomotor; é onde o responsável responde a avaliação. Na anamnese
observa-se a dinâmica familiar, a relação dos pais e a relação dos pais com a
criança.
O avaliado deverá estar se sentindo bem e a vontade. A avaliação
deverá fluir de maneira adequada sem interrupções, pois influencia a
concentração desfavorecendo o seu resultado. (Fátima Alves 2003)
É de suma importância realizar a leitura corporal, de que maneira a
criança entra no “set” de tratamento. Sinalizar que não há previsão de término
do tratamento que dependerá da assiduidade da criança, de suas respostas à
terapia e também da família como co-terapeuta. É imprescindível verificar o
“eu” da criança e o que ela busca naquele momento, como a criança reage ao
ser avaliada, se timidez ou agressividade.
38
A sessão de avaliação é de 60 minutos, mas é necessário no
mínimo duas avaliações e pós a início da terapia a criança estará em
observação constante. (Fátima Alves 2003)
O terapeuta observará de forma abrangente o comportamento da
criança, sua maneira de pensar, seus interesses e atuará positivamente para
que ela supere suas dificuldades. Promovendo um processo avaliativo de boa
qualidade para o desempenho infantil. Deve-se sempre observar a criança
esteja ela quieta pensativa ou brincando, ela está constantemente atuando
sobre a realidade.
Conversar com a criança também faz parte da avaliação; com o
intuito de captar seu modo de pensar de agir e reagir; fazendo-lhe perguntas
que estimulem o seu pensamento; e também auxiliem a percepção de suas
facilidades e dificuldades, mas sempre lembrando de respeitar as diferenças
culturais e sociais para que não haja erro de interpretação na abordagem
avaliativa.
Salienta-se a importância de avaliar suas áreas psicomotoras,
assim como sua saúde em geral para oferecer orientação familiar e a
possibilidade de encaminhamento à outros especialistas, se necessário.
A avaliação bem sucedida junto à um diagnóstico correto reflete
em uma terapia favorável para uma melhora global da criança.
4.2 – Avaliação psicomotora (roteiro)
Data da avaliação:
I - Identificação:
Nome:
Idade:
39
Data de Nascimento:
Naturalidade:
Nacionalidade:
Endereço:
Telefone:
II - História Familiar:
Pai: Idade:
HPP:
Mãe: Idade:
HPP:
Outros:
III - História Patológica Pregressa
40
IV - Escolaridade
Escola:
Queixa principal: (O motivo pelo qual ele foi encaminhado)
Outras queixas:
Observação (Alguns dados em função da queixa)
V - Antecedentes Pré-Natais:
- A criança foi: ( ) desejada ( ) planejada
- Raio X?
- Condições durante a gravidez:
41
. Emocional
. Física
. Traumatismo
. Medicamentos
- Realizou Pré-natal?
VI – Antecedentes Peri-Natais:
- Parto:
( ) a termo ( ) pré-termo ( ) pós-termo
( ) cesário ( ) vaginal
- Em que condições:
( ) sofrimento fetal
( ) uso de fórceps
( ) induzido
- uso de encubadora: ( ) sim ( ) não
Tempo:
- Condições da criança
( ) anoxia ( ) chorou ( ) convulsão
( ) alergias ( ) vacinas
( ) Fez ou faz algum tratamento específico. Qual?
42
Observação: (outros dados referentes aos antecedentes Peri-Natais)
VII – Antecedentes Pós- Natais:
- Aleitamento materno: ( ) sim ( ) não Tempo:
- Mamadeira: ( ) sim ( ) não Tempo:
- Chupeteio digital: ( ) sim ( ) não
- Chupeta: ( ) sim ( ) não
- Onicofagia: ( ) sim ( ) não
VIII – Dados sobre o desenvolvimento da linguagem.
- Balbuciou? Idade
- Falou? Idade
- Apresentou problemas na fala:
- Fala-se mais de uma língua em casa:
43
IX – Dados sobre o desenvolvimento Motor
Sustentou a cabeça? Idade:
Rolou? Idade:
Rastejou? Idade:
Engatinhou? Idade:
De que forma engatinhou?
Ficou de pé? Idade:
Andou? Idade:
X - Sono
- Apresenta algum hábito para dormir
- Enurese noturna
XI – Equilibração
Equilíbrio estático:
- Pés juntos
- Em um pé só
- Só o pé direito
- Só o pé esquerdo
44
- Colocar um pé diante do outro
Equilíbrio dinâmico:
- Marcha para frente
- Marcha para trás
- Salto nos dois pés
- Salto em um pé só
- Salto em outro pé
XII – Esquema corporal
- Nomeação das partes do corpo:
- Localização de partes do corpo:
- Desenho:
XIII – Coordenação
- Oculomanual
(dizer sobre a mão usada, com ou sem dificuldade)
45
- Oculopedal
(dizer sobre o pé usado, com ou sem dificuldade)
- Dinâmica global
- Dinâmica manual
XIV – Lateralidade
- Mão
- Pé
- Olho
XV – Ritmo (reprodução)
46
- Palmas:
- Marcha:
XVI – Motricidade facial
- Levantar as sobrancelhas:
- Franzir as sobrancelhas:
- Abrir e fechar os olhos rapidamente:
- Fechar um olho de cada vez ( ) D ; ( ) E
- Encher as bochechas:
- Encher uma bochecha: ( ) D ; ( ) E
XVII – Orientação espacial
- Relação espacial:
- Posição espacial:
XVIII – Orientação Temporal
(Noção de hoje, ontem, amanhã, dia, tarde, noite, antes, depois)
47
Observações Gerais:
Terapeuta:
48
Capítulo V - Áreas psicomotoras
5.1 Definições das áreas psicomotoras
• Esquema corporal
“O esquema corporal não é um
conceito inicial ou uma entidade biológica ou
física, mas o resultado e a condição da justa
relação entre o indivíduo e o próprio
ambiente.”
(H. Wallom)
• Lateralidade
“A lateralidade é a propensão que o ser
humano possui de utilizar preferencialmente
mais um lado do corpo do que outro em três
níveis mão, olho e pé.”
(Gislene Oliveira)
• Orientação espacial
“Orientar-se no espaço é ver-se e ver
as coisas no espaço em relação a si próprio, é
dirigir-se é avaliar os movimentos e adaptá-los
ao espaço. É, principalmente, estabilizar o
espaço vivido e desta forma poder situar-se e
agir correspondentemente.”
(Poppovic-1966)
49
• Orientação temporal
“O espaço é um instantâneo tomado
sobre o curso do tempo e o tempo é o espaço
em movimento (...) o tempo é a coordenação
dos movimentos: quer se trate dos
deslocamentos físicos ou movimentos no
espaço, quer se trate destes movimentos
internos que são as ações simplesmente
esboçados ou reconstituídas pela memória,
mas cujo desfecho e objetivo final é também
espacial.”
(Jean Piajet)
• Ritmo
“É um dos conceitos mais importantes
da orientação temporal. O ritmo não envolve,
porém, somente as noções de tempo, mas
está ligado ao espaço também. O ritmo não é
movimento, mas o movimento é meio de
expressão do ritmo.
(Gislene Oliveira)
• Coordenação Motora Global
“Diz respeito à atividade dos grandes
músculos.”
(Gislene Oliveira)
50
• Coordenação Motora Fina e Óculo Manual
“Diz respeito à habilidade e destreza
manual e constitui um aspecto particular da
coordenação motora global. É necessário que
haja também um controle ocular, isto é, a
visão acompanhando os gestos da mão.
Chamamos isto de coordenação óculo
manual.”
(Gislene Oliveira)
5.2 - As Áreas Psicomotoras - Aspectos do
desenvolvimento
Esquema corporal
Quando o esquema corporal é estruturado, a criança nesse momento
passa a ter consciência dele e da relação que é proporcionada com o meio
ambiente em que vive.
Segundo Jean Le Boulch “o esquema corporal pode ser considerado
como uma intuição de conjunto ou um conhecimento imediato que temos do
nosso próprio corpo, seja em posição estática ou em movimento, em relação as
diversas partes entre si e, sobretudo, nas relações com o espaço e os objetos
que o circundam”.
Portanto, a criança ao vivenciar estímulos sensoriais ela irá através do
corpo descobrir o mundo, experimentar sensações, expressar-se e perceber as
coisas que a cerca.
51
Sendo o corpo, o ponto de referência que o ser humano possui para
conhecer e interagir com o mundo; ele servirá de base ao espaço e ao tempo
para um maior domínio de seus gestos e harmonia de movimentos.
O esquema corporal apresenta 3 etapas de desenvolvimento:
1a etapa – corpo vivido (até três anos de idade)
Essa etapa é dominada pela experiência vivida pela criança através da
exploração do meio.
Até o fim do primeiro ano de vida, o bebê estabelece ligações entre seus
movimentos e suas sensibilidades. No fim desta etapa, fala-se em imagem do
corpo, pois o seu se torna unificado e individualizado; a imagem corporal diz
respeito aos sentimentos do indivíduo em relação à estrutura de seu corpo.
2a etapa – corpo percebido ou descoberto (três a sete anos)
corresponde à organização do esquema corporal devido à “função
interiorização”. É nessa etapa que a criança é capaz de assimilar conceitos
como embaixo, acima, direita, etc, além das noções temporais.
3a etapa – corpo representado (sete a 12 anos) nesta etapa, observa-se
a estruturação do esquema corporal, pois já apresenta a noção do todo e das
partes de seu corpo, conhece as posições e mantém um maior controle e
domínio corporal. A partir daí, ela amplia e organiza seu esquema corporal.
Ritmo
Em nós, o ritmo está presente desde o nascimento através da
respiração, a primeira atividade do recém nato, e até antes na vida intra uterina
através dos batimentos cardíacos. Contudo, sabe-se que o ritmo é outro fator
da estruturação temporal que sustenta a adaptação do tempo.
52
Lateralidade
A lateralidade é o predomínio funcional de um hemicorpo, determinado
pela supremacia de um hemisfério cerebral sobre o outro em relação a
determinados funções. É examinada a nível do olho, mão e pé. Não deve-se
confundir a lateralidade que é a dominância de um lado em relação ao outro a
nível de precisão com o conhecimento de direita/esquerda; este último faz
parte da estruturação espacial por refletir-se a situação dos seres e objetos.
Uma lateralidade bem definida diz respeito ao emprego de mão olho e
pé com eficiência e fluidez, à direita ou a esquerda sem a presença de
transtornos lingüísticos ou perceptivos motores.
Orientação espacial
É a capacidade de orientar-se movimentar-se adaptar-se no espaço,
tendo como ponto de referência o seu próprio corpo
Sendo a estruturação espacial uma tomada de consciência da situação
de seu corpo em um meio ambiente, isto é, do lugar e da orientação que pode
ter em relação às pessoas e aos objetos; tem-se como exemplo uma criança
que confundia as letras na leitura/escrita – d / b; q / p e no cálculo – 6 /9 e 418 /
841, também apresentará dificuldades em vestir-se e gestos sem harmonia.
Orientação temporal
A orientação temporal é a capacidade de se situar no tempo em função
da sucessão dos conhecimentos (antes, após, durante), dos intervalos (tempo
longo e tempo curto) da renovação cíclica de certos períodos (dias da semana,
meses do ano, estações) e do caráter irreversível do tempo (“já passou...não
se pode revivê-lo”).
Existem 2 tipos de tempo:
O tempo subjetivo – é aquele criado por nossa própria impressão,
variando conforme as pessoas e atividades do momento.
O tempo objetivo – é o tempo matemático, sempre idêntico, uma hora
dura sempre sessenta minutos.
53
O tempo é emoção. O tempo, o corpo, espaço são três elementos
inseparáveis da psicomotricidade. O corpo realiza movimentos dentro de um
espaço e um tempo.
A criança aprende a noção de tempo quando entra na educação infantil,
ela espera para escovar os dentes, espera na forma, espera a mãe chegar
para ir embora e outras atividades escolares, com isso ressalta-se a
importância à respeito da psicomotricidade atuando como prevenção na escola.
54
CONCLUSÃO Com base no estudo apresentado, averigua-se que a psicomotricidade é
de fundamental importância para conduzir a criança à uma eficácia do
desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo, melhorando seu aprendizado;
assim colaborando para um futuro mais equilibrado e promissor, tornando-a um
adulto mais feliz. Através de uma atitude precoce, desde a educação infantil,
podemos vislumbrar a possibilidade de que os preconceitos em relação às
crianças com déficit psicomotor não se perpetuem.
Vê-se que destruir preconceitos e, portanto, preventivamente impedir
esteriótipos, não é tarefa impossível. É trabalho árduo, lento, molecular mesmo.
É um trabalho de “educação psicomotora” na educação infantil ou seja precoce.
O ideal é usar a educação psicomotora como uma forma de reverter o prejuízo
em termos psicomotores dentro da educação infantil.
A educação psicomotora é usada como uma forma preventiva para que
a criança compreendida na educação infantil vivencie as etapas do
desenvolvimento psicomotor de maneira adequada. Ao enfocarmos a respeito
do desenvolvimento psicomotor, devemos considerar as reações do ser
humano ao ambiente que o cerca e as relações com os demais. A maior lei da
natureza, da vida e da educação é exteriorizar o interior e interiorizar o exterior,
elevando os dois processos a harmoniosa síntese.
Durante os seis primeiros anos de vida da criança são construídos e
desenvolvidos, sua maneira particular de ser e seus esquemas de relação com
o mundo e com as pessoas. As crianças vão construindo suas matrizes de
relação a partir de sua interação com o meio. Nesta fase a criança adquire
valores morais, por construí-los interiormente através da interação com o meio
ambiente. É também durante esta fase da educação infantil que há a
possibilidade real de desenvolvimento e aprendizagem.
Contempla-se que, com o movimento corporal e a exploração do mundo
ao seu redor a criança é beneficiada com experiências bem sucedidas que
facilitará um desenvolvimento global satisfatório.
55
Acredita-se que a educação exerce um papel importante no sentido de
quebrar barreiras e estigmas consolidados em relação às crianças
desajustadas social e psicomotoramente, sendo mediadora no processo rumo
à uma sociedade inclusiva, mais justa e humana em que todos tenham
oportunidades iguais.
Espero que este trabalho venha contribuir para que a criança adquira
uma evolução psicomotora ajustada e que ajude os educadores a refletirem
sobre o auxílio que a psicomotricidade pode prestar nas primeiras
aprendizagens.
56
BIBLIOGRAFIA
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Wak Editora, 2003.
BIAGGIO, Angela M. Brasil. Psicologia do desenvolvimento 9a edição.
Petrópolis. Vozes,1988.
FONSECA, Vitor. Psicomotricidade: Filogênese, ontogênese e retrogênese.
2a edição. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998
LE BOULCH, Jean. Educação Psicomotora: psicocinética na idade escolar.
2a edição. Porto Alegre. Artes Médicas, 1988.
LE BOULCH, Jean. O desenvolvimento psicomotor do nascimento aos 6
anos. Porto Alegre. Artes médicas, 1982.
NICOLAU, Marieta Lúcia Machado. A educação pré-escolar: fundamentos e
didática. 2a edição. São Paulo: Ática, 1986.
OLIVEIRA, Gislene de Campos. Educação e reeducação num enfoque
psicopedagógico. Petrópolis, Rio de Janeiro. Vozes, 1997
RAPPAPORT, Clara Regina. Psicologia do desenvolvimento: Teorias do
desenvolvimento V.1. Clara Regina Rappaport, Wagner da Rocha Fiori,
Cláudia Davis São Paulo: E.P.U., 1981.
RAPPAPORT, Clara Regina. Psicologia do desenvolvimento: A idade Pré-
escolar V.3. Clara Regina Rappaport, Wagner da Rocha Fiori, Cláudia
Davis. São Paulo: E.P.U., 1981.
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ÍNDICE
Introdução 8
Capítulo I 10A psicomotricidade. 101.1 – Definições sobre a psicomotricidade. 111.2 – A relação da psicomotricidade com a afetividade e a socialização. 121.3 – Relação de tipos de brinquedos para a psicomotricidade. 131.4 – O jogo e o brinquedo com a psicomotricidade. 15 Capítulo II 17O desenvolvimento psicomotor infantil. 172.1 – Como o desenvolvimento infantil pode ser auxiliado através da psicomotricidade. 192.2 – A psicologia do desenvolvimento da criança de 3 a 6 anos. 212.3 – Etapas da evolução psicomotora. 23 Capítulo III 30A educação Infantil (escola). 303.1 – A importância da psicomotricidade no processo de aprendizagem. 343.2 – A educação psicomotora atuando na educação infantil. 35 Capítulo IV 37A avaliação psicomotora. 374.1 – Avaliação psicomotora: sua importância e procedimento. 374.2 – Avaliação psicomotora – Roteiro. 38 Capítulo V 48Áreas psicomotoras. 485.1 – Definições das áreas psicomotoras. 485.2 – Áreas psicomotoras – aspectos do desenvolvimento. 50
Conclusão 54
Bibliografia 56 Índice 57
58
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Universidade Candido Mendes
Projeto A Vez do Mestre
Pós-graduação “Lato Sensu”
A importância da psicomotricidade no processo de desenvolvimento psicomotor da criança na educação infantil (faixa etária de 03 a 06 anos). Autora: Paula Antonietta Smarrito Vilardo
Data da entrega:___________________
Avaliado por: ___________________________________ Grau: ___________
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Rio de Janeiro, ____ / ____ / ________
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coordenador do curso