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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
NA GARANTIA DOS DIREITOS DOS FILHOS DE PAIS
SEPARADOS
Por: Marcilene Eduardo Perciano Thomé
Orientadora
Profª. Naura Americano
Rio de Janeiro
2011
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
NA GARANTIA DOS DIREITOS DOS FILHOS DE PAIS
SEPARADOS
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau
de especialista em Mediação de Conflitos com Ênfase
em Família.
Por: Marcilene Eduardo Perciano Thomé
AGRADECIMENTOS
A DEUS, por iluminar os meus caminhos, dando-me forças e
abençoando-me todos os dias;
Ao meu esposo, companheiro, amigo Henrique, pelo amor, pela paciência
e força! Mais uma etapa vencida!
As minhas amicíssimas Erika e Lidiane, mais uma vez... Conseguimos!!!
E a todos que contribuíram direta e indiretamente me oferecendo
subsídios para a conclusão deste trabalho.
Simplesmente,
MUITO OBRIGADA!
DEDICATÓRIA
Dedico a meus pais Neuza e Maury (in memorian) por me terem dado a vida,
a Deus por ter me permitido tê-los como pais
e a meu esposo Henrique por estar junto comigo em mais uma caminhada,
enfrentando os desafios que a vida nos impõe.
EPÍGRAFE
“Afinal, se uma criança veio ao mundo – desejada ou não,
planejada ou não – os pais devem arcar com a
responsabilidade que esta escolha (consciente ou não) lhes
demanda”. (Teixeira (2005) apud Pereira e Silva (2006))
RESUMO
THOMÉ, Marcilene Eduardo Perciano. A importância da mediação de
conflitos na garantia dos direitos dos filhos de pais separados. 2011. p.31. Pós-
graduação em Mediação de Conflitos com Ênfase em Família: Universidade
Candido Mendes.
Esta pesquisa objetivou identificar o papel da mediação de conflitos
na garantia dos direitos dos filhos de pais separados. A pesquisa foi realizada a
partir da abordagem qualitativa, desenvolvida através de entrevistas semi-
estruturada, com cinco mães separadas que detêm a guarda dos filhos. Para
tanto foram abordados o tema mediação de conflitos que é um procedimento
não adversarial, que incentiva a comunicação e que confere autonomia aos
mediados, possibilitando que a solução dos problemas seja oferecida pelos
mesmos. Abordamos também os conflitos familiares que são bastante
complexos e envoltos a sentimentos como: mágoa, raiva e os conflitos relativos
à separação e o divórcio como: guarda, pensão alimentícia e a importância da
co-parentalidade. Discutem-se as transformações ocorridas ao longo do século
na família, donde originaram-se novos e complexos conflitos. As mudanças na
família pós-separação e a concepção de paternidade a partir da perspectiva
das mães. Buscou-se discutir a mediação familiar e como ela pode assegurar
os direitos dos filhos e também o papel do mediador familiar. Pretende-se com
esse trabalho discutir a necessidade de difundir na sociedade o processo de
mediação de conflitos e seus benefícios.
Palavras-chave: Mediação; Conflitos; Co-parentalidade; Separação; Direitos.
METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida na Organização Não-Governamental
Centro de Integração Social Amigos de Nova Era – CISANE e com pessoas
contatadas a partir da minha rede de relacionamento.
A pesquisa foi desenvolvida a partir de abordagem qualitativa que
segundo Minayo, “se aprofunda no mundo dos significados” (MINAYO,
2007:22), de levantamento bibliográfico em livros, revistas acadêmicas,
pesquisa em sites e trabalho de campo.
A entrevista foi a técnica utilizada. As entrevistas foram organizadas
de forma semi-estruturada, que é a modalidade de entrevista que combina
perguntas abertas e fechadas, com base em questionários (série ordenada de
perguntas abertas e fechadas). Vale ressaltar que, inicialmente, foram
explicados de forma clara os objetivos da pesquisa.
As entrevistas foram desenvolvidas junto à aproximadamente 03
(três) mães de crianças e adolescentes atendidas no CISANE e 02 (duas)
mães contatadas a partir da minha rede de relacionamento, pois são elas que
detêm a guarda do(s) filho(s) e os pais dos mesmos são ausentes.
Após a realização das entrevistas, foram realizadas as tabulações
dos questionários, a transcrição e análise das entrevistas.
Utilizei nomes fictícios para identificar os entrevistados, com o intuito
de preservar suas identidades.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................9
CAPÍTULO 1 - MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
1.1 O Processo de Mediação de Conflitos........................................................11
1.2Conflitos Familiares e as Transformações da Família..................................14
1.3Conflitos Familiares e a Ocorrência da Separação.......................................18
CAPÍTULO 2 - A Mediação de Conflitos no Âmbito da Garantia de Direitos dos
Filhos de Pais Separados
2.1 Mediação Familiar........................................................................................22
2.2 O Mediador Familiar ....................................................................................26
CAPÍTULO 3 - O Campo Empírico
3.1 Apresentando o campo empírico.................................................................29
3.2 Análise das Entrevistas ..............................................................................30
CONCLUSÃO ...................................................................................................36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...............................................................................39
ANEXOS ......................................................................................................................42
ÍNDICE ..............................................................................................................47
INTRODUÇÃO
Este trabalho surgiu a partir de relatos feitos por mães de crianças e
adolescentes que participavam das atividades no meu local de trabalho, e
através de pessoas (mães) contatadas a partir da minha rede de
relacionamento.
Essas mulheres queixavam-se que após a separação do pai de
seu(s) filho(s), eles deixaram de prover o sustento dos mesmos. Tal questão
me inquietou e a partir destes fatos surgiram alguns questionamentos: O que
leva esse pai a não cumprir com o seu papel? Como fazê-los entender que pais
têm direitos e deveres com os filhos? Por que eles não distinguem que a
separação é da esposa e não dos filhos? Por que a mãe é detentora da guarda
exclusiva dos filhos?
A aproximação com o tema fez com que a intenção de realizar esta
pesquisa se fortalecesse diante a importância desse assunto em nossa
sociedade. É necessário que essas reflexões ocorram considerando os
conflitos que a separação traz e se trabalhadas poderão proporcionar
mudanças qualitativas na vida familiar. É por essa razão que pesquisei como a
mediação de conflitos pode contribuir na garantia dos direitos dos filhos de pais
separados e como ela pode contribuir no restabelecimento das relações
familiares e possibilitar a compreensão e a solução dos conflitos pelos os
envolvidos.
Essa pesquisa teve como objetivo identificar o papel da mediação de
conflitos na garantia dos direitos dos filhos de pais separados. Teve ainda
como objetivos específicos: conhecer as possibilidades geradas pela mediação
de conflitos nas relações familiares, pesquisar as mudanças ocorridas após a
separação na relação familiar e identificar as concepções de paternidade no
ponto de vista destas mães.
Pretendeu-se discutir através dessa pesquisa as seguintes
hipóteses: A mediação de conflitos possibilita que as necessidades dos
envolvidos sejam satisfeitas? Uma das vantagens da mediação de conflitos nas
relações familiares é permitir que restabeleça relações prejudicadas pelo
conflito?
No primeiro capítulo é abordado o tema mediação de conflitos, o
mesmo apresenta o processo de mediação como um meio alternativo de dirimir
9
os conflitos, que recorre ao diálogo cooperativo para a solução do problema e
visa atingir a satisfação dos interesses e necessidades dos envolvidos e que
confere autonomia aos mediados. Discutem-se também os conflitos familiares
que exigem muita atenção, pois originam-se de relações continuadas e são
envoltos a sentimentos de amor, raiva, ódio. E as transformações ocorridas nas
últimas décadas com a família, no que se referem a sua composição, os
modelos e novas uniões. Perpassa pelos conflitos que surgem com a
ocorrência da separação, tais como: a guarda e a educação dos filhos, pensão
alimentícia.
No segundo capítulo apresento a mediação familiar como um eficaz
meio de composição de desavenças familiares, que através do diálogo facilita-
se a continuação da relação entre os parentes envolvidos. Na segunda parte
do mesmo capítulo, discute-se o mediador familiar: quem é, seus papéis, seus
deveres e as ferramentas usadas por ele durante o processo.
O terceiro capítulo é dedicado à apresentação do campo empírico e
à análise do conteúdo das entrevistas com as mães separadas, busca
conhecer as possibilidades geradas pela mediação de conflitos na relação
familiar, as mudanças ocorridas na relação familiar após a separação e as
concepções de paternidade do ponto de vista destas mães.
Na conclusão apresento os resultados das hipóteses estabelecidas e
a necessidade de difundir na sociedade a mediação de conflitos e seus
benefícios.
10
Capítulo 1: MEDIAÇÃO DE CONFLITOS
1.1 O Processo de Mediação de Conflitos
A mediação é um processo não adversarial, sigiloso e voluntário de
resolução de conflitos. Ela é um dos vários mecanismos informais
considerados alternativos à justiça tradicional. O processo de mediação pode
ser judicial e extrajudicial1, onde as pessoas envolvidas num conflito são
incentivadas a participar e discutir seus problemas, sua diferenças, a expressar
seus sentimentos e auxiliados a manter, desenvolver um diálogo pacífico. E
que segundo Sales (2004), “Busca afastar o sentimento adversarial, rancoroso
e irracional. Incentiva a compreensão mútua e a compreensão do sentido
ganha-ganha e não mais perdedor-vencedor tão comum em disputas
adversariais”.
Na mediação, o mediador é uma terceira pessoa, imparcial que
coordena as negociações entre as partes. Ao contrário do juiz, o mediador não
tem poder para impor sua decisão.
Dentre as outras formas de administração de conflitos estão a
negociação, a conciliação e a arbitragem. A negociação é o procedimento mais
comum para a administração de conflito e quase sempre é a primeira tentativa
para se chegar a um acordo. Não há o terceiro imparcial, os envolvidos no
conflito buscam, por eles mesmos, a solução através do diálogo.
Segundo Sampaio e Braga Neto (2007):
“Poderíamos dizer, portanto, que negociação é a primeira instância da tentativa de resolução de conflitos, pois, uma vez diante de uma solução que atenda a ambas as partes, o conflito está resolvido” (SAMPAIO E BRAGA NETO, 2007:10).
Na conciliação o conflito é resolvido por meio de um terceiro, o
conciliador, que estimula o diálogo e também sugere soluções para o conflito.
“A conciliação é um procedimento mais célere e, na maioria dos casos, restringe-se a uma reunião entre as partes e o conciliador. Trata-se de mecanismo muito eficaz para conflitos em que inexiste entre as partes relacionamentos significativo no passado ou contínuo a futuro, portanto, preferem buscar um
1 Em 1998 o Projeto de Lei nº 4837 que trata da mediação, de autoria da Deputada Zulaiê Cobra Ribeiro iniciou o processo de tramitação na Câmara de Deputados. O mesmo era composto por sete artigos. Através desse processo, criavam-se dois tipos de mediação: a judicial (seria realizada durante o processo, com o intermédio de mediador indicado pelo judiciário) e a extrajudicial (realizada durante o processo ou não, sem o intermédio do judiciário). O relatório final aprovado pelo Senado em 2006, ampliou o texto original da Deputada Zulaiê Cobra de 7 (sete) para 47 (quarenta e sete) artigos.
11
acordo de forma imediata para pôr fim à controvérsia ou o processo judicial” (SAMPAIO E BRAGA NETO, 2007:18).
Enquanto na arbitragem a forma de administrar os conflitos é
semelhante ao poder judiciário. O árbitro (o terceiro imparcial e independente)
decide a solução para o conflito.
Na mediação o que importa é o relacionamento entre as partes. Ela
tem importante contribuição nos conflitos que surgem das relações continuadas
(relações familiares, vizinhança, colegas de trabalho), podendo contribuir para
o restabelecimento das relações prejudicadas pelo conflito. Sampaio e Braga
Neto (2007) reiteram que:
“Nela o que está em jogo são meses, anos ou mesmo décadas de relacionamento, razão pela qual demanda que o terceiro tenha conhecimento mais profundo sobre a inter-relação entre as partes. (...) a mediação, entretanto, não visa pura e simplesmente ao acordo, mas atingir a satisfação dos interesses e das necessidades dos envolvidos no conflito” (Ibidem: 19).
No processo de mediação as partes constroem juntas as soluções
para o conflito apresentado, elas têm participação direta na sua construção, o
que gera maior chance de satisfação com o resultado do processo. Tendo suas
necessidades satisfeitas, é maior a garantia do cumprimento do acordo
estabelecido/construído por elas.
Como afirma Sampaio e Braga Neto (2007):
“(...) os atores envolvidos no conflito são os mais indicados para solucionar suas questões, pois sabem o que é melhor para eles próprios, embora seja o momento conflituoso o elemento que dificulta colocar em prática esse conhecimento, cabe ao terceiro auxiliar nesse sentido”.
A mediação de conflitos tem várias definições conforme a discussão
de autores como Vezzulla (2004), Muszkat (2008) e Sampaio e Braga Neto
(2007). Vezzulla (2004) define a mediação de conflitos como procedimento
privado e voluntário coordenado por um terceiro capacitado, que orienta seu
trabalho para que se estabeleça uma comunicação cooperativa e respeitosa
entre os participantes.
Para Sampaio e Braga Neto (2007) a mediação é um método de
resolução de conflitos que tem como um dos seus objetivos estimular o diálogo
cooperativo entre as partes envolvidas para que alcancem a solução das
controvérsias em que estão envolvidas.
12
E para Muszkat (2008) a mediação se define como uma
transdisciplina voltada para o estudo da pacificação do conflito nas inter-
relações íntimas e sociais. Tem por objetivo buscar acordos entre pessoas em
litígio por meio da transformação da dinâmica adversarial, comum no
tratamento de conflitos, em uma dinâmica cooperativa.
As principais vantagens da mediação de conflitos são que as
pessoas participam ativamente da administração dos seus problemas, não
delegando a outrem tal função, incentiva a comunicação, o diálogo. Auxilia os
indivíduos a reconhecer que interesses diferentes podem ter uma solução
comum e segundo Sales, “entendendo o conflito como algo necessário para o
reconhecimento dessas diferenças e para o encontro de novos caminhos que
viabilizem uma boa administração das controvérsias”.
Dentre outras vantagens2 estão: processo rápido, bom custo-
benefício, confidencial, evita inimizades e ressentimentos, é um processo
voluntário, atende às necessidades das partes, garante mais o cumprimento
dos acordos entre as partes, permite a discussão e a flexibilização de
interesses, permite manter “protegidos” os objetivos e objetos disputados e
acompanha implementação de acordos. Isso faz com que a mediação seja
menos desgastante emocionalmente.
O mediador é um profissional capacitado, hábil e é o responsável
pela condução do processo. Dentre as numerosas funções desempenhadas
pelo mediador está a de facilitador do processo, o que possibilita uma
comunicação direta entre os envolvidos, não decide, não intervém, ajuda os
mediados a definir seus reais conflitos e a encontrar os interesses comuns.
Auxilia as partes a construírem em conjunto solução para o conflito que estão
enfrentando.
Para Muszkat (2008) o mediador deve proceder no desempenho de
suas funções, de maneira imparcial, independente, competente, direta e
diligente. A autora também cita que o mediador deve ser visto como um agente
de transformação social (grifo do autor), pois através da mediação, os
mediados adquirem e multiplicam conhecimentos que levarão a enfrentar
novas situações de conflitos que possam surgir em suas vidas.
2 Ver quadro comparativo em Muszkat (2008:74)
13
1.2. Conflitos Familiares e as Transformações da Família
“Falar de conflito é falar de vida” (Sampaio; Braga Neto, 2007:24)
Quando falamos em conflito, associamos logo a uma série de
‘coisas’ negativas como: briga, desavença, luta, dor. Levando-nos
instantaneamente a detestar essa situação, esse momento.
Para Muszkat (2008) o conflito gera desconforto, mas ele é natural,
faz parte da natureza humana e geralmente as pessoas vêem no conflito uma
ameaça de destruição. Mas ele propicia também condições de crescimento e
transformação, passando a ser algo positivo.
Quando existe um conflito, o diálogo é interrompido, o ouvir o outro
torna-se improvável e essa falha na comunicação é o que muitas vezes
causam desentendimentos. Rosenberg (2003) aduz sobre a comunicação não-
violenta3 que “baseia-se em habilidades de linguagem e comunicação que
fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições
adversas. Ajuda-nos a reformular a maneira pela qual nos expressamos e
ouvimos os outros”. Ele ainda reforça que:
“O objetivo da CNV é nos lembrar do que já sabemos – de como nós, humanos, deveríamos nos relacionar uns com os outros. Entretanto, aprendemos muitas formas que nos levam a falar e a nos comportar de maneira que ferem os outros e a nós mesmos. (...) O que prejudica nossa compreensão de que cada um de nós é responsável por seus próprios pensamentos, sentimentos e atos”. (ROSENBERG, 2003:48).
Se considerarmos a possibilidade de mudar a nossa a maneira de
falarmos e de nos comunicarmos, Muszkat afirma que, podemos desenvolver
novas formas comunicacionais e adquirir novas ferramentas de linguagem,
mais satisfatórias e eficientes porque mais pacificadoras - e esse é um dos
objetivos da mediação. (MUSZKAT, 2008:32)
O diálogo e a escuta torna uma ferramenta possível à solução dos
conflitos familiares instalados, pois a partir do momento que há o
reconhecimento do Outro, o conflito não é mais visto sob uma única ótica. Esse
é um momento de transformação, pois ele passa a ser entendido como
3 Comunicação Não-Violenta (CNV)- abordagem específica da comunicação – falar e ouvir – que nos leva a nos entregarmos de coração, ligando-nos a nós mesmos e aos outros de maneira tal que permite que nossa compaixão natural floreça. (Rosenberg, M)
14
necessário, e através dele, reconhecem-se as diferenças entre os envolvidos e
a descoberta de novas formas de administrar os conflitos.
Os conflitos familiares exigem muita atenção, pois são oriundas de
relações continuadas que envolvem sentimentos de amor, raiva, ódio, laços
sanguíneos, existentes entre casais, pais e filhos, enfim, entre os membros da
família. Os conflitos familiares são relacionados a questões como separação,
divórcio, alimentos, guarda e modificação de guarda, dissolução de união
estável, divisão de bens e outras.
“Diante dos conflitos, a estrutura familiar é diretamente afetada, desencadeando entre seus membros um completo desequilíbrio emocional, pois a dor de um deles, de alguma forma, refletirá nos demais. Isso implicará num ciclo de tensões em que as pessoas, tornando-se mais fragilizadas, tenderão a exarcebar-se emocionalmente de maneira agressiva na maioria das vezes” (PINHEIRO, 2008:5) 4
A família vem passando por inúmeras transformações ao longo do
século e essas mudanças vivenciadas pela instituição família proporcionaram
diversos conflitos. Ao se pensar na família hoje, devem-se considerar as
principais modificações ocorridas em nossa sociedade, da qual fazem parte
elementos históricos, econômicos, políticos, sociais e culturais.
“Na verdade, o conflito sempre fez parte da vida social e familiar, uma vez que a família é dinâmica, composta por teias complexas de relações entre seus membros. Nessas teias, estão presentes constantemente desavenças, ou seja, no cotidiano das pessoas, as brigas familiares são uma realidade. Assim, a história de uma família é marcada por momentos de crescimento, de estagnação, encontro, desencontro e reconciliação” (SALES; VASCONCELOS, p.3) 5.
Nas últimas décadas houve alterações na estrutura da família como:
a redução do número de filhos, o aumento do número de divórcio, o declínio do
número de casamentos formais e o aumento de número de família chefiada por
um dos pais, são algumas delas.
4 Ver artigo: PINHEIRO, D.T. Mediação Familiar: Uma Alternativa Viável à Resolução Pacífica dos Conflitos Familiares. 2008. Disponível em <http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=446> 5 SALES, Lília M.M; VASCONCELOS, Mônica C. A família na contemporaneidade e a mediação familiar. Disponível em <http://www.mediacaobrasil.org.br/artigos_pdf/5.pdf>
15
Para falar de família, primeiramente temos que falar de formação de
casal, a união de duas famílias, o casamento. Os casamentos tinham por vezes
a finalidade de unir nomes e interesses de duas famílias, procriação, expansão
de patrimônio. Modelo onde a mulher é mãe, esposa e assume as tarefas do
lar e o homem exerce o controle sobre ela e os filhos e é o “chefe” responsável
em provê-los, esse é o modelo de família patriarcal6. O divórcio, a separação,
era algo inimaginável, pois iriam de encontro à oposição da Igreja Católica.
“Na questão da indissolubilidade do matrimônio, há uma condenação explícita do divórcio e de novas uniões. Se as pessoas se separam, que fiquem celibatárias: refazer sua vida amorosa as exclui da comunidade católica (...)” (MALDONADO, 1986:29).
O modelo de família patriarcal fica vigente até a segunda metade do
século XIX, enquanto a família conjugal moderna7 ganha visibilidade. Gueiros
afirma que, os dois modelos permanecem até o século XX.
“A existência de traços da família patriarcal na família conjugal moderna persiste até o século XX, fundamentada inclusive na legislação, pois, no Brasil, somente na Constituição Federal de 1988 a mulher e o homem são assumidos com igualdade no que se diz respeito aos direitos e deveres na sociedade conjugal” (GUEIROS, 2002:17).
Passa-se de casamentos impostos para uniões baseadas no “amor”,
no afeto, da submissão das mulheres a uma relação de maior companheirismo.
Essas transformações fazem com que se questione a forma como era definido
o casamento. Por séculos, segundo Boutin e Durning (1994) apud Szymanski
(2002:19), o casamento era definido como uma instituição social.
“A transformação das formas da vida conjugal manifesta-se pelo aumento da monoparentalidade (predominantemente feminina) e da taxa de divórcio e re-casamentos, com a conseqüente recomposição do casal. Isso resultou numa desinstitucionalização do casamento, segundo Bouting e Durning (1994). Trata-se, entretanto, de uma transformação na instituição familiar, pois o que se observa é o surgimento de novos modelos de ser entre homens e mulheres e seus filhos, partilhados por muitos casais contemporâneos e que terminarão por constituir novas regras” (SZYMANSKI, 2002:19).
6 É a estrutura familiar que não somente identifica o individuo pela origem paterna (patrilinear) mas ainda dá ao homem o direito prioritário sobre o filho e um poder sobre a pessoa de sua esposa. (PRADO, 1995) 7 É a estrutura familiar na qual há novas formulações para os papéis do homem e da mulher no casamento. (GUEIROS, 2002)
16
Na composição familiar ocorreram mudanças, mas também não
podemos deixar de fora os tipos de família que também variam muito. O
modelo de família nuclear (que também é chamado de biparental) é a estrutura
mais valorizada de nossa sociedade, que é composta de pai, mãe e filhos.
Fatores culturais ainda determinam a importância desse modelo tradicional de
família em nossa sociedade, é a família nuclear que vemos em livros, filmes e
propagandas como modelo de família perfeita.
O papel do pai e da mãe é claramente definido dentro da família,
com funções diversas e complementares. O marido tem o papel de elo entre a
família e o meio social, e de provedor de bens materiais. Ser o provedor é o
que se espera de um homem adulto em nossa sociedade. À esposa e mãe
cabe cuidar do lar e dos filhos. “Essa bipolaridade dos papéis em função do
sexo será determinante para a formação da personalidade da criança”
(PRADO, 1995:41).
Mas, diante da diversidade de composição familiar, não pode ser
considerada como modelo de organização familiar padrão. Outros tipos de
composição familiar que podemos considerar são: a família monoparental, que
são chefiadas ou pelo pai ou pela mãe; a família homoparental ou homoafetiva,
anteriormente chamada de família homossexual ou casal homossexual, com ou
sem criança; famílias extensas incluem três gerações ou mais dentro de casa;
a família conjugal, somente o casal; famílias reconstituídas depois do divórcio,
famílias adotivas e adotivas temporárias e o que era chamada de famílias
alternativas (Prado, 1995) são chamadas por Kaslow (apud Szymanski,
2002:10) de “várias pessoas vivendo juntas, sem laços legais, mas com forte
compromisso mútuo”
Para acompanhar as transformações ocorridas, as legislações que
vigoram no país precisam criar novas formas (leis) ou alterar as existentes.
Principais alterações podem se acompanhadas na Constituição Federal de
1988 e no Código Civil Brasileiro de 2002, no que concerne ao direito de
família. A Constituição Federal de 1988 reconheceu as novas formas de
composição familiar, reconceituou a família, ela a define em seu Art. 226,
parágrafos 3º e 4º: união estável entre o homem e a mulher e a comunidade
formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
O Código Civil Brasileiro de 2002 alterou leis que estavam em
vigência desde o Código Civil de 1917 como: a lei do divórcio; os papéis do
17
homem e da mulher na sociedade conjugal, corroborou a igualdade de direitos
entre homens e mulheres, como determinado na Constituição de 1988, etc. O
Código Civil de 1917 dispunha em seu Art. 229 que o casamento civil criava a
“família legítima”, legitimando os filhos comuns. No novo Código a união
estável é reconhecida também como uma unidade familiar.
Art. 1.723 - É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. (C.C./2002, Art. 1.723).
Essas transformações que ocorreram no século XX e continuam
nesse século, gera um processo de instabilidade nas famílias. Verifica-se então
a necessidade de constantes negociações no âmbito familiar, pois os seus
membros ainda não conseguem administrar as diferenças que surgem. Sales
(2004) afirma que:
“Esses fenômenos ainda não foram assimilados pela sociedade de uma maneira geral. Todas essas transformações proporcionam instabilidade familiar, uma vez que, com a ausência de papéis preestabelecidos, os familiares agora precisam negociar a todo instante suas diferenças.
E reitera também que:
“A família contemporânea é inovadora, democrática e igualitária. Os diversos modelos de família que hoje existem possuem seus relacionamentos baseados na igualdade, solidariedade, afetividade e liberdade. Os membros da família precisam sentir-se seguros e protegidos, bem como precisam sentir-se encorajados a exercerem sua independência” (SALES; VASCONCELOS, p.1) 8
1.3 Conflitos Familiares e a Ocorrência da Separação
O processo de separação é também um momento de crise,
mudanças e transformações. Decisões importantes envolvem dúvidas,
renúncias, hesitações. Por vezes, vemos o novo com certo receio, medo de
coisas novas, de não saber o que nos espera. Essas sensações e sentimentos
geram conflitos para as pessoas que estão envolvidas em todo o processo.
Como reitera Maldonado:
“Crises e passagens da vida são períodos de ebulição. As mudanças emergem do incômodo, da inquietação, da insatisfação, da impossibilidade de continuar estagnado,
8 SALES, Lília M.M; VASCONCELOS, Mônica C. A família na contemporaneidade e a mediação familiar. Disponível em <http://www.mediacaobrasil.org.br/artigos_pdf/5.pdf>
18
paralisado, conformado ou ‘adaptado’ (grifo do autor). Quando mudança deixa de ser sinônimo de catástrofe, passa a ser menos temida e transforma-se em oportunidade, em perspectivas de passar para algo novo, com maior força interior” (MALDONADO, 1986:20).
A separação pelo fim da união muitas vezes gera sentimentos de
raiva, insatisfação, revolta, ingratidão, mágoa, insegurança como também pode
gerar euforia, alívio. Ela acarreta várias mudanças sendo necessário um
período de re-adaptação na rotina familiar, hábitos, estilos de vida e
principalmente no relacionamento com os filhos e familiares (ex-
cônjuge/companheiro (a)). Como reitera Maldonado, “a separação é um
processo longo e difícil que demanda tempo para ser elaborado e para que se
reorganize a vida de todas as pessoas envolvidas” (MALDONADO, 1986:141).
Enfrentar a separação é enfrentar uma situação contrária às
expectativas criadas em torno do casamento/união, a idealização de uma união
que possa durar por toda a vida, onde existem o ‘príncipe encantado e a
mulher dos sonhos’ (grifo meu). Muitos conflitos familiares resultam de
decepções e frustrações e segundo Maldonado (1986), “A separação envolve
desfazer projetos de vida importantes, quebra de expectativas e ideais”.
“Válido ressaltar que os conflitos não surgem repentinamente, eles são o resultado de um acúmulo de mágoas reprimidas e dores somatizadas pelas pessoas ao longo do tempo em função do diálogo interrompido ou mal interpretado. Tudo isso, sem dúvida, torna o conflito mais complexo, o que acaba por impedir que cada um dos envolvidos seja capaz de dimensionar de modo coerente os seus problemas e consiga solucioná-los de maneira pacífica” (PINHEIRO, 2008:12).
São inúmeros os conflitos que surgem a partir da separação de um
casal. Por serem no âmbito familiar, as questões são envolvidas de
sentimentos afetivos, psicológicos. Com as emoções intensificadas em meio a
sofrimentos, o ex-casal já não se comunica adequadamente, o que prejudica a
relação e com isso eles procuram o Tribunal de Justiça para que resolva os
problemas advindos da separação.
Quando nessa separação há filhos envolvidos a questão torna-se
mais difícil, tornando-os objeto do conflito, principalmente por assuntos
relacionados à educação, à pensão alimentícia, à regulamentação de visitas,
guarda e modificação de guarda e outras.
19
Quando a sentença judicial é proferida, não quer dizer que os
conflitos familiares são solucionados pelo juiz, visto que o judiciário não
consegue ser eficaz e satisfatório às necessidades e aos interesses das partes
envolvidas.
A guarda e a educação dos filhos é um dos grandes conflitos que
envolvem a separação. Na maioria das vezes, a guarda exclusiva9 é
predominante da mãe10, já que historicamente o cuidado com os filhos é
naturalmente considerado como de responsabilidade da mulher. É atribuída a
mulher todas as funções relacionadas aos filhos, elas tornam-se ‘chefes de
família’, classificando essa família como monoparental11 tendo muitas vezes
uma sobrecarga física, financeira e emocional, devido à ausência do
pai/cônjuge. Principalmente quando este supõe que com o fim do casamento
ele não tem mais responsabilidades com a família. Eles não distinguem que a
separação é apenas da esposa e não dos filhos.
“Em suma, a separação e o divórcio deixam marcas indeléveis nos pais e nos filhos. Todavia, essas marcas podem ser amenizadas, dependendo da forma como o rompimento for conduzido. Assim, em uma separação, devem-se buscar meios que possibilitem às pessoas enfrentarem todo o processo de mudanças. Além disso, também devem ser trabalhadas as responsabilidades e as renúncias advindas de tais transformações” (SALES; VASCONCELOS, p.12).12
Com as atualizações das legislações, surgiram novas opções de
guarda: guarda compartilhada13 e alternada14, o que assegura ao pai e a mãe
igualdade de direitos, deveres, presença e responsabilidade.
“A guarda compartilhada rompe com o sistema de guarda única, exclusiva, beneficiando a criança com um relacionamento mais íntimo entre ela e ambos os pais. Ademais, a genitora, que normalmente fica com a guarda
9 A guarda exclusiva cria uma hierarquia entre os genitores – guardião e visitante. 10 Fonte: IBGE. Estatísticas do Registro Civil 1997-2007 – Revisão 2008. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1278&%20id_pagina=1> 11 Famílias que são chefiadas ou pelo pai ou pela mãe. (PRADO, 1995) 12 SALES, Lília M.M; VASCONCELOS, Mônica C. A família na contemporaneidade e a mediação familiar. Disponível em <http://www.mediacaobrasil.org.br/artigos_pdf/5.pdf> 13 A guarda compartilhada assegura uma convivência mais igualitária com ambos os genitores. 14 A guarda alternada caracteriza-se pela possibilidade de cada um dos pais deter a guarda do filho alternadamente, segundo um ritmo de tempo que pode ser um ano, um mês, uma semana, uma parte da semana, ou uma repartição organizada dia a dia e, durante esse período de tempo deter de forma exclusiva, a totalidade dos poderes-deveres que integram o poder parental. No término do período, os papéis invertem-se. Este é um tipo de guarda que se contrapõe fortemente a continuidade do lar, que deve ser respeitado para preservar o bem estar da criança. A jurisprudência a desabona, não sendo aceita em quase todas as legislações mundiais. Fonte: <http://www.apase.org.br/81003-definicao.htm>
20
única, na guarda compartilhada distribui melhor as responsabilidades, liberando-se para outros projetos pessoais, capacitando-se para a realização pessoal. Embora a guarda compartilhada, ou conjunta, desponte como o regime ideal para reger as relações de pais e crianças após a ruptura do casal parental, segundo a doutrina e a experiência advindas do direito comparado, sua organização envolve limitações por pressupor a existência de um mínimo de comunicação qualificada entre os genitores. O único e novíssimo instrumento apto a estabelecer essa comunicação indispensável para a organização da guarda compartilhada é a Mediação Familiar”.15
Sendo a autoridade parental exercida em conjunto, isso só é
possível quando há uma comunicação adequada do casal, há a diminuição da
angústia e o sofrimento dos filhos, em virtude da separação. E evita-se o
conflito de lealdade, em que os filhos sentem-se traidores e não conseguem
amar seu pai e sua mãe ao mesmo tempo. É o que acontece quando um dos
pais movido pelo ódio induz a criança a escolher entre eles, é chamada de
Síndrome da Alienação Parental.
Por outro lado, facilita a inclusão dos filhos no convívio com os pais,
pois a família tem um papel fundamental no desenvolvimento de seus
membros, sobretudo durante a infância e a adolescência. Como instituição
socializadora/educativa é através da família que a criança se insere no
contexto social.
Portanto, são transformações que geraram e geram inúmeras
controvérsias e instabilidades no âmbito da família. Por isso, é necessário um
meio pacífico de resolução dessas divergências para que haja a preservação
da continuidade da relação familiar.
Desse modo, a mediação familiar consiste nesse processo de
resolução de conflitos que incentiva a comunicação, a compreensão da
realidade, transforma a relação conflituosa em relação estável, bem como a
participação ativa das pessoas na administração dos mesmos.
15 RESPONSABILIDADE PARENTAL APÓS O DIVÓRCIO: GUARDA COMPARTILHADA. BARSOSA, Águida A. TEXTO PUBLICADO NA OBRA COLETIVA “DIREITO E RESPONSABILIDADE” COORDENADA POR GISELDA MARIA FERNANDES NOVAES HIRONAKA. EDITORA DEL REY 2002, PÁGS. 51/63. Disponível em < http://www.pailegal.net/guarda-compartilhada/232>.
21
Capítulo 2: A Mediação de Conflitos no Âmbito da
Garantia de Direitos dos Filhos de Pais Separados
2.1 Mediação Familiar
A mediação familiar é utilizada nas questões familiares em situações
como desentendimentos existentes entre casais, pais e filhos, entre parentes
etc. É uma forma consensual de resolução de conflitos, na qual as partes
solicitam ou aceitam a intervenção de um mediador, uma terceira pessoa
imparcial que auxiliará os conflitantes a buscarem a solução satisfatória para
ambos.
E como reitera o Serviço de Mediação do Tribunal de Justiça do
Estado de Santa Catarina, os objetivos da mediação familiar são:
• Oferecer um serviço para atender aos conflitos familiares em geral,
de uma forma mais acessível, ágil e menos burocrática;
• Facilitar a comunicação entre os pais em vias de separação,
levando em consideração o interesse dos seus filhos;
• Diminuir os conflitos advindos da separação.
A mediação familiar incentiva a discussão dos problemas de maneira
pacífica, propicia o desenvolvimento da escuta, o diálogo, a compreensão de
responsabilidades e papéis que cabem a cada um deles na situação. Busca-se
também reconhecer o sentido positivo do conflito, vê-lo como necessário, pois
quando bem administrado, pode levar ao amadurecimento, viabilizando a
reorganização da vida, das relações familiares e da vida pessoal.
O processo de separação e divórcio é um momento desgastante
para o casal e para os filhos. Tal processo vem precedido de emoções intensas
de ordem emocional, psicológica e social. Sendo somente a resposta judicial
ineficiente para a resolução dessas questões, ela não é eficaz aos interesses
dos envolvidos. Pois no processo judicial tradicional o juiz é quem profere a
sentença, resolve o litígio processual, mas não os conflitos familiares mal
resolvidos, o que causa na maioria das vezes, insatisfação nas partes, fazendo
com que recorram ou apelem da sentença. Isso torna o processo de separação
e divórcio mais doloroso e traumático para a família.
22
A mediação familiar leva em consideração os fatores citados, tem
por base o diálogo, a solidariedade e o ganho mútuo, o que possibilita a
satisfação das partes com o acordo construído por ambos.
“Além disso, a mediação familiar é um importante instrumento capaz de proporcionar aos mediados a oportunidade de reverem suas posições dentro do conflito, permitindo, inclusive que esclareçam certas situações fruto de verdadeiros mal-entendidos. Dessa forma, evita que rupturas desnecessárias aconteçam” (PINHEIRO, 2008:7)16
A separação e o divórcio não acabam com a família. Como bem
relatam Sampaio e Braga Neto (2007:97), “Na realidade, o que termina é a
relação do casal homem/mulher, ou seja, a relação conjugal, e não de pai, mãe
e filhos, isto é, a relação parental, pois está é indissolúvel”.
Como mencionado anteriormente, após o fim do casamento, muitas
vezes o pai acredita que não tem mais responsabilidades com a família.
“Embora os casais se separem, rompam o elo matrimonial, a Lei não é capaz de desfazer o vínculo de parentesco com os filhos. Pois a manutenção da relação com eles é estimulada por razões afetivas e também materiais, decorrentes da relação de parentesco” (Castro 1998 apud Bottoli, 2010:42) .
É uma questão que transcende a discussão de direitos e deveres. O
processo de mediação familiar visa trabalhar o entendimento do casal em
relação à filiação, ajuda os pais a entender as necessidades dos filhos, a
importância da continuidade dos contatos entre si, mesmo vivendo separados e
o reconhecimento da permanência da relação em função dos filhos.
Como afirma Grunspun17·:
“A mediação centraliza o melhor interesse dos filhos no acordo e planeja as relações nas novas formas de família. (...), beneficia os filhos protegendo-os de futuras contendas entra os pais. Facilita também a comunicação entre os pais sobre a educação e o futuro dos filhos”.
A mediação leva em consideração o interesse dos filhos,
possibilitando assim, assegurar os seus direitos e fazer valer os deveres dos
pais em relação a eles.
16 Op.cit 17 Ver entrevista com Haim Grunspun – O mediador e a separação de casais com filhos. Disponível em <http://revistapsicologia.com.br/materias/entrevistasAutor/mediador_familiar.htm>
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No que tange os deveres e direitos dos pais, em relação aos filhos,
sendo estes crianças e/ou adolescentes, o Estatuto da Criança e do
Adolescente - ECA em seus Artigos 21 e 22 prevêem que:
Art.21 – o Poder Familiar será exercido, em igualdades de condições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discordância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução da divergência. Art. 22 – Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Os textos normativos são claros ao afirmarem que ambos têm os
mesmos deveres e direitos em relação aos filhos. A Constituição Federal de
1988 em seu Artigo 227 discorre que:
“é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” (CF/88, Art. 227).
Contribui também o Código Civil de 2002 em seu Artigo 1.579 que “o
divórcio não modificará os direitos e deveres dos pais em relação aos filhos”. E
no Art. 1589 que:
“o pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação”.
Os incisos I e II do Art. 1634 do referido Código prevêem que em
relação ao exercício do poder familiar: “Compete aos pais, quanto à pessoa
dos filhos menores: dirigir-lhes a criação e educação e tê-los em sua
companhia e guarda”.
Deve-se compreender que pai e mãe, sendo casados, separados,
divorciados, convivendo ou não em união estável não tem modificados deveres
e direitos em relação aos filhos.
Os filhos têm o direito de conviver com ambos os pais, a separação
não retira deles o direito de usufruir da companhia de um deles. Principalmente
24
porque é através da família que a criança se integra no mundo adulto, segundo
Prado,
“é nesse meio que aprende canalizar seus afetos, a avaliar e selecionar suas relações (...). E toda a família visa, principalmente, reproduzir-se a si própria em todos os sentidos: seus hábitos, costumes e valores que transmitirão por sua vez às novas gerações”. (PRADO, 1995)
É essencial nesse período de separação que os filhos tenham uma
noção de que possa contar com o apoio e proteção das pessoas importantes
para ela. É importante que elas saibam que suas necessidades básicas
continuarão a ser atendidas. “Assim como alguma sensação de estabilidade e
segurança num momento de vida cheio de perdas e impactos” (MALDONADO,
1986:134).
Com isso, nota-se que a mediação familiar tem como enfoque a
oportunidade de oferecer ao casal rompido reorganização das suas relações,
como a restauração da confiança, destaca a diferença e a importância da
coparentalidade e da conjugalidade, pois eles devem compartilhar a tarefa
comum que é de educar os filhos. Assim ela possibilita a resguarda dos direitos
dos filhos e esclarece aos pais os deveres a cumprir e os direitos a exercer.
E cabe ao mediador ressaltar a importância da responsabilidade, do
diálogo e de se manter um relacionamento pacífico, para assim facilitar a
convivência dos filhos com ambos os pais.
25
2.2 O Mediador Familiar
O mediador familiar é um terceiro, independente que deve manter
uma conduta imparcial, que conduzirá o processo de mediação, facilitando o
diálogo funcional e pacífico entre as partes. Ajuda-os a definir o problema, a
encontrar pontos convergentes e salientar a capacidade que cada um possui
em resolver seus conflitos/problemas.
Como reitera Sampaio e Braga Neto (2007):
“O mediador proporcionará um momento de diálogo, em que a cooperação e o respeito são imprescindíveis para que os próprios atores busquem a solução e propiciará a reflexão, o questionamento, com base em paradigmas distintos dos já citados, sobretudo tendo como pressuposto o eixo referencial e que todos sairão ganhando com o conflito e sua resolução ou transformação” (SAMPAIO;BRAGA NETO,2007:96).
O mediador deve ser capacitado, ter conhecimento e treinamento
para a prática da mediação. Não cabe a ele a decisão do processo e sim aos
mediados. São deveres do mediador a: imparcialidade, independência,
competência, confidencialidade e a diligência.
“Principalmente na mediação familiar, o mediador precisa permanecer atento às suas próprias emoções, no sentido de conservar sua imparcialidade. Desafiadora é a função deste profissional, uma vez que, mesmo se tratando das sensíveis questões de família, deve controlar seus instintos, não deixando transparecer suas opiniões pré-estabelecidas a respeito deste delicado tema. Assim, para uma eficaz mediação familiar, o mediador precisa compreender o dinamismo das relações dessa natureza” (SALES; VASCONCELOS, 2004:17).
E segundo Sampaio e Braga Neto o mediador desempenha três
papéis perante os mediados: o de líder entende-se essa liderança como
coordenadora do processo, destacando-se: a empatia e a habilidade que
permite ao mediador transmitir: confiança, lealdade, serenidade, cooperação,
respeito e não-violência. O segundo papel é de agente transformador, significa
desenvolvimento em cada um dos mediados, capacidade de multiplicar os
conhecimentos adquiridos no processo para outras situações conflituosas de
sua vida. E por último facilitador do processo, atuando na comunicação, na
ampliação de recursos e explorando os problemas servindo de agente da
realidade.
26
Conforme a cartilha do projeto de Serviço de Mediação Familiar
utilizada pelo Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina o mediador
familiar tem o papel de:
• Possibilitar uma comunicação direta e uma atitude de cooperação
entre todos os envolvidos, evitando a competição;
• Estabelecer credibilidade, como uma terceira pessoa imparcial,
explicando o procedimento da Mediação;
• Acompanhar os pais na busca de um atendimento satisfatório a
ambos, visando interesses comuns;
• Encorajar a manutenção de contato entre pais e filhos após a
separação;
• Identificar as opções e não aconselhar.
O mediador não é um terapeuta, pois o processo de mediação
trabalha as questões de conflitos que as partes estão vivendo no presente,
focalizando a reorganização de suas vidas no futuro, diferentemente do que
acontece com o terapeuta.
No processo de mediação, o mediador utiliza-se de ferramentas que
auxiliam na conscientização das partes envolvidas como perguntas de cunho
informativo, esclarecedor, recontextualizante etc.; as sessões/reuniões
individuais, que em alguns casos são adotadas para esclarecer percepções ou
mesmo modificar comportamento negativo ou repetitivo, ou mesmo para
diminuir ou limitar comunicações inúteis; o afago, que estabiliza as emoções; o
resumo, que tem por funções mostrar a cada parte que ela foi escutada e
entendida, faz com que o mediador avalie se entendeu bem o relato, entre
outras.
Na mediação em caso de separações conforme afirma Sales e
Vasconcelos (2004), “quando envolvem filhos, o mediador deve sempre
ressaltar a importância da coparentalidade e da solidariedade para que sejam
resolvidas as disputas sobre: guarda, regime de visitas, pensão alimentícia”
(p.17).
Como vimos, o mediador ajuda os mediados (casal) a elaborar
soluções que sejam do interesse de ambos e principalmente dos filhos, ajuda a
entender as necessidades dos filhos, prioriza as questões de autoridade
27
parental e o desenvolvimento de um relacionamento cooperativo, possibilitando
assim, chegar a um possível acordo.
28
Capítulo 3: O Campo Empírico
3.1 Apresentando o campo empírico
O CISANE - Centro de Integração Social Amigos de Nova Era é uma
organização não governamental (ONG), sem fins lucrativos, situado no bairro
de Jardim Nova Era , no município de Nova Iguaçu , na região da baixada
fluminense do Estado do Rio de Janeiro.
Partindo da realidade, um grupo de amigos motivou-se em desenvolver
um trabalho que pudesse contribuir com a conquista e consolidação da
cidadania, com a criação de espaços e oportunidades para a melhoria das
condições de vida dos moradores, dessa forma diferentes pessoas envolvidas
com a referida comunidade, no ano de 1998 construiram o CISANE. Para tanto,
foram convidados alguns profissionais experientes, entre eles José Pereira
Júnior do Grupo Cultural Afro Reggae de Vigário Geral (ex-presidente do
CISANE) e o jornalista Zuenir Ventura, colaborador e homenageado da nossa
biblioteca comunitária.
Privilegiando o trabalho nas áreas de educação, saúde, cultura, luta
pelos direitos humanos e qualidade de vida, o CISANE elabora, implanta e
executa projetos sociais no bairro onde esta localizado e adjacências,
oferecendo oficinais educativas e culturais, desenvolvendo ações visando a
inclusão social e digital, estimulando e valorizando o protagonismo juvenil e
comunitário, qualificação e inserção dos jovens no mercado de trabalho; maior
integração e articulação da comunidade entre ela e com os bairros vizinhos.
Desde a sua criação busca instituir e consolidar uma rede de
instituições dentro da própria comunidade, no intuito de integrar e potencializar
as ações desenvolvidas, além de formar uma rede de suporte social para a
comunidade. Desta forma, o trabalho do CISANE se tornou uma referência na
comunidade, visto enquanto um trabalho comprometido com o
desenvolvimento desta.
Em seus doze anos de atuação o CISANE tem focado suas ações no
público infantil e jovem e se tornou uma referência da promoção da cultura
popular na comunidade ao desenvolver oficinas de dança, teatro, capoeira,
percussão, circo, grafite, literatura, violino, entre outras.
29
3.2 Análise das Entrevistas
As separações e os divórcios causam várias mudanças no cotidiano
de uma família. Em muitos casos o processo de separação é envolto a
sentimentos de perda, raiva, angústia, ódio, à medida que esses sentimentos
se intensificam, causam instabilidade emocional, e consequentemente a
ruptura entre os casais. Restabelecer essas relações após esse conflito, não é
uma atividade fácil, gerando mais conflitos e sofrimentos para todos os
membros da família.
Ao realizar essa pesquisa com a finalidade de conhecer a
importância da mediação de conflitos na garantia dos direitos dos filhos de pais
separados, foi aplicado um questionário a 5 (cinco) mulheres separadas ou
divorciadas, mães de crianças e/ou adolescentes. Os principais elementos
abordados acerca das mães foram a idade, tipo de família, tempo de
separação, tipo de união e as concepções de paternidade do ponto de vista
dessas mães.
No que se refere à idade, ela variou entre 25 e 62 anos e o tipo de
família foi predominantemente monoparental. Como abordado no primeiro
capítulo, as mulheres tornam-se “chefes de família”, sendo responsável pela
guarda e cuidado dos filhos. Segundo Vitale ‘lares monoparentais’ são aqueles
em que vivem um único progenitor com os filhos que ainda não são adultos
(VITALE, 2002:46).
“A partir da idéia de que o pai tem a função de autoridade, do ser a "Lei", e, os cuidados com a criança é função materna, criou-se mitos em torno das funções da paternidade e maternidade. Por exemplo, em uma separação de casais, geralmente os filhos ficam com a mãe. Os pais raramente reivindicam a guarda dos filhos. Mesmo quando a reivindicam, dificilmente lhes é concedida. Na justiça, a recusa se explica por serem os juízes também inseridos nestes contextos da ideologia patriarcal, embora a lei determine que os filhos ficarão com quem melhor condições tiver de educá-los.” ( Pereira18, 2002:2)
Em relação ao tempo de separação e ao tipo de união, os resultados
foram: uma mãe está separada há 1 ano e 3 meses, conviviam em união
18 Rodrigo Cunha Pereira, Advogado, Presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família-IBDFAM, Prof. de Direito de Família da PUC/MG, Conselheiro da OAB/MG, Mestre em Direito Civil/UFMMG, autor dos livros “Concubinato – União Estável” (5ª ed.), “Direito de Família – uma abordagem psicanalítica” e “Direito de Família Contemporâneo (coord.), todos da Editora Del Rey.
30
estável e tem uma filha de 3 anos, uma está separada há 6 anos, o casal
conviveu por pouco tempo e tem um filho de 7 anos, com uma mãe a
separação deu-se há 17 anos, também conviveram por pouco tempo e tem
uma filha de 17 anos, uma mãe relata está separada há 12 anos, viveram em
união formal e tem dois filhos (13 e 14 anos) e a última está separada há 15
anos e tem uma filha de 16 anos e o casal conviveram em união formal.
Quanto à relação pai e filho enquanto a convivência do casal assim
se revelou: uma entrevistada afirmou que a relação era de medo e não respeito
do filho para com o pai, pois o mesmo era muito ignorante (sic). Outra mãe
apontou que pai e filho conviveram pouco tempo e não tiveram tempo de se
relacionarem. Duas mães afirmaram que não existiu a relação pai e filho. E
uma mãe relata que a relação era boa. Segundo Maldonado:
O vínculo entre pais e filhos não é feito só de amor e carinho – há também inveja, raiva, rejeição (...) que, em certos casos, até são os sentimentos predominantes, estejam os pais casados ou separados. E com a escassez voluntária do contato, acaba havendo a falta da falta. Isto mostra que a ligação amorosa entre pais e filhos não é feita por instinto ou pelos laços de sangue, mas pelo carinho e pelas atenções recíprocas. (MALDONADO, 1986:158)
A respeito das condições em que se dá a relação pai e filho
atualmente, as respostas foram variadas. A seguir apresentam-se as respostas
das entrevistadas:
Pai e filho só se falam por telefone. (Francis) O Pai aparece [quando aparece] esporadicamente. (Carla) [Minha filha] Passou a infância sem contato. Há mais ou menos cinco anos ela recebe visitas ou vai ao encontro do pai. (Ana) Não há. Hoje ele se encontra doente e necessita de ajuda. (Nita) Vê o pai uma vez por mês. (Nick)
Os resultados referentes à mudança na relação pai e filho(a) foram:
distanciamento, relatado por uma mãe, constituiu uma nova família e se
afastou do filho, foi relatado por duas entrevistadas e duas afirmaram que o pai
não contribui mais com o sustento do filho(a).
O abandono material não é o pior, mesmo porque o Direito tenta remediar essa falta, oferecendo alguns mecanismos de cobrança e sanção aos pais abandônicos. O Código Penal, por exemplo, tipifica como crime o abandono material e intelectual
31
(arts. 244/246) e a lei civil estabelece pena de penhora e/ou prisão para os devedores de pensão alimentícia. O mais grave é mesmo o abandono psíquico e afetivo, a não-presença do pai no exercício de suas funções paternas, como aquele que representa a lei, o limite, segurança e proteção. (PEREIRA, 2002:5)
O conjunto de respostas mostra que “não contribui mais com o
sustento do filho”, nega o Art.22 do ECA que estabelece entre outros, o dever
dos pais em manter o sustento dos filhos. Em relação ao distanciamento e o
afastamento dos filhos, fere também a Art. 227 da Constituição Federal, no
qual está previsto o dever da convivência familiar, mesmo estando o casal
separado. Pereira e Silva (2006) concluem que “se a convivência, o
acompanhamento, enfim, o amor paterno fossem opcionais, a lei não
estabeleceria tais deveres, a serem cumpridos mesmo à margem do desejo do
pai”.
Ao serem indagadas sobre em “como se dá o relacionamento com o
ex-companheiro”, obtivemos as seguintes respostas: apenas uma mãe afirmou
que só se falam por telefone e as outras 4 (quatro) assinalaram a alternativa
‘outro’, as respostas foram diversas:
Sem contato. (Ana) Nos falamos sobre tudo um pouco. (Nick) Só nos falamos quando ele aparece para pegar o filho. (Carla) Presto ajuda a ele. (Nita)
Quando a separação ocorre e o casal consegue manter uma boa
convivência, com certeza facilita a adaptação dos filhos a essa nova situação,
mantendo-os estáveis, favorecendo-os emocionalmente. Conforme afirma
Maldonado (1986:166):
Evidentemente, quando os pais conseguem separar-se mantendo preservados os bons aspectos do vínculo, é menor o impacto da separação nos filhos, inclusive continuar havendo a possibilidade de compartilhar a educação e o desenvolvimento das crianças. Os filhos podem continuar recebendo carinho, assistência e proteção de pai e mãe, mesmo que estes estejam vivendo separados. É importante que os filhos sintam que há lugar para eles na casa e na vida do pai e da mãe, antes e depois da separação. Este é o clima que mais favorece um reajuste saudável pós-separação.
32
Com a finalidade de conhecer as concepções de paternidade foi
perguntado às mães “o que é ser pai” no ponto de vistas de cada uma e as
opiniões foram diversas:
É ser uma figura presente que possa cuidar e dar carinho. (Carla) É ser responsável pelo sustento do filho junto com a mãe, pela educação e cuidados devidos. (Nick) É conviver dia-a-dia com o filho, ainda que os pais sejam separados, é participar na educação, ensinar a ter bom caráter, é ser espelho pro filho. (Francis) Ser presente, dar carinho e contribuir para o sustento. (Ana) O que cuida, cria e educa. (Nita)
A partir das falas de cada uma das mães, vimos que todas
concebem a figura do pai como um ser presente, que educa, cuida e sustenta.
Elas não trouxeram uma nova concepção e sim o que se espera de um
homem/pai, o que é definido/construído pela sociedade. A função paterna,
segundo Pereira e Silva (2006):
“Sempre teve atrelada à ideia de manutenção, de provimento, de poder sobre os demais componentes da família. (...) A figura paterna, entretanto, persiste relacionada à segurança, à proteção, ao acolhimento. (...) Para a criança, a segurança está vinculada à certeza do amor, à sua aceitação constante, ao acolhimento”. (p.672) “E o exercício da função paterna nunca poderá estar atrelado, unicamente, ao suprimento das necessidades materiais dos filhos.” (idem, p.674)
Ao serem indagadas sobre “você sabe quais os direitos e deveres do
pai”, uma mãe não soube responder e as demais respostas variaram:
De ver o filho desde que assuma com suas responsabilidades. (Carla) Assumir, criar, ajudar financeiramente, se interessar pela educação, ter momentos de descontração etc.(Francis) Ver o filho pelo menos de 15 a 15 dias, ter contato, ajudá-lo nas suas necessidades e contribuir com o seu sustento. (Ana) Criar e educar. (Nita)
Assumir, criar, sustentar, educar, conviver é apresentado como
direitos e deveres de um pai, confirmando o que lemos nos textos normativos
(ECA e a Constituição Federal de 1988). Mas, para que esses pais exerçam
seu papel/função é necessário que ele se assuma pai. Ao assumir a
33
paternidade, o pai aceita, sobretudo, a responsabilidade de dirigir e assegurar a
vida do filho (Pereira e Silva, 2006).
No que se refere aos direitos dos filhos, ao serem questionadas se
os conhecia, uma mãe não soube responder e seguem as demais respostas:
Direitos de ter uma boa educação, ter momentos, fases com o pai que o ajudam em seu crescimento e caráter. (Francis) Ter contato com o pai, receber carinho, troca, para ser presente na vida do filho. (Ana) Boa saúde e boa educação. (Nita) Direito a saúde, moradia e educação. (Nick)
Ter educação, saúde, moradia, convívio com o pai, receber carinho,
foram as afirmativas que essas mães consideraram mais relevantes para expor
os direitos de seus filhos. Percebe-se que esses dados estão em conformidade
com o ECA e a Constituição Federal de 1988.
Ao resultado relativo ao grupo de perguntas que envolvem as
possibilidades geradas pela mediação de conflitos na relação familiar, a
primeira pergunta foi: “você sabe o que é mediação de conflitos”, todas as
mães responderam que não conheciam até o momento da entrevista. Nota-se
a importância da medição ser melhor difundida para que a sociedade possa
beneficiar-se desse processo.
Ao serem indagadas se “sabendo o que hoje sabe a respeito da
mediação de conflitos, participaria do processo e por que”, vejamos a seguir as
justificativas:
Sim. Porque seria uma ajuda na relação pai e filho. (Carla) Sim. Para que minha filha não ficasse psicologicamente abalada. (Francis) Sim. Acredito que me ajudaria a identificar melhor as necessidades de meu filho e também para o pai saber seus direitos e deveres de uma forma consensual. (Ana) Sim. Para haver harmonia entre ambas as partes evitar a má educação dos filhos. (Nita) Sim. Para poder auxiliar o convívio da minha filha com o pai. (Nick)
Quanto às principais mudanças na relação familiar que elas
acreditam que a mediação poderia proporcionar, seguem as fala:
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Que os pais não abandonassem seus filhos mesmo depois que assumisse outra família. (Carla) Atender conflitos entre os pais de forma menos burocrática, visando um bom relacionamento familiar, atendendo os interesses dos filhos e, de certa forma, diminuir danos causados pela separação. (Francis) Restabeler a comunicação entre o ex-casal para juntos zelarem pelo bem-estar da filha. (Ana) [Proporcionaria] Um ambiente amistoso e uma educação excelente para os filhos. (Nita) Demonstrar a responsabilidade que um pai deve ter com os filhos de forma mais adequada. (Nick)
A mediação de conflitos é vista por essas mães como possibilidade
de restabelecimento da relação, da comunicação, da assunção de
responsabilidade dos pais, como forma consensual de resolução dos conflitos
gerados pela separação, como forma de garantia de direitos e de identificar
necessidades e interesses dos filhos. Segundo Sales e Vasconcelos (2004):
Esse instrumento proporciona às famílias a oportunidade de uma comunicação destinada a esclarecer mal-entendidos, evitando rupturas desnecessárias. A mediação, sobretudo a familiar, objetiva pôr fim ao conflito real, e não ao aparente, pois assim estará sendo solucionado o verdadeiro problema. (p.7 e 8)
Percebe-se que a mediação apresenta-se como uma oportunidade
dos mediados encontrarem as melhores soluções possíveis para resolver os
conflitos. Deste modo, a mediação familiar se mostra no papel que se propõe
que é tratar de questões familiares e a resolução dos conflitos entre os pais e
pais e filhos de forma pacífica.
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CONCLUSÃO
As transformações ocorridas no século XX causaram mudanças na
dinâmica e estrutura da família, rompendo a ideologia patriarcal, configurando
assim novas formas de família, aumento do número de divórcios, novo tipo de
união e um novo papel/função de homem e mulher.
Conforme Pereira (2002):
Com o declínio dessa ideologia os lugares estruturantes e fundantes dos sujeitos, enquanto função, ficaram alterados, gerando sérias conseqüências na formação das famílias atuais. (...) Em meio a esse processo histórico o masculino parece estar sofrendo um declínio em sua vinculação com a paternidade. (p.5)
Fica evidente, que o rompimento dos modelos e padrões
tradicionais, provoca uma crise no papel paterno. Logo, o referido autor conclui
que, sua função básica, estruturadora e estruturante do filho como sujeito, está
passando por um momento histórico de transição de difícil compreensão onde
os varões não assumem ou reconhecem para si o direito/dever de participar da
formação, convivência afetiva e desenvolvimento de seus filhos.
O estudo realizado possibilitou-nos a conhecer as mudanças
ocorridas na relação familiar após a separação. No conjunto de depoimentos
no que se refere à relação do pai com o filho atualmente, as mudanças na
relação pai e filho e o relacionamento do ex-casal, foram apontados o
distanciamento do pai em relação aos filhos e o distanciamento do ex-casal.
Diante esta realidade, indica-se a importância da compreensão da
coparentalidade, pois é necessário que os pais se responsabilizem
conjuntamente pelos filhos, que mantenham ligação com os mesmos e
percebam suas necessidades.
Faz-se necessário também, que compreendam que o fim da
conjugalidade não significa o fim da parentalidade, que eles [os pais] devam
assumir a responsabilidade e compreendam que possuem o direito/dever de
participar da vida, da educação e de conviver com seus filhos.
Algumas questões foram formuladas com a finalidade de possibilitar
a compreensão da paternidade do ponto de vista das mães entrevistadas. Elas
apontaram que o pai não é visto mais apenas como provedor, ele é chamado a
36
participar da vida do filho, educar, dar atenção, apoio moral, afeto, acolhimento.
Em conformidade com o que diz Pereira e Silva (2006):
Na assunção de seus papéis de pais, os genitores não devem limitar seus encargos ao aspecto material, ao sustento. Alimentar o corpo, sim, mas também cuidar da alma, da moral, da psique. Essas são prerrogativas do “poder familiar” e, principalmente, da delegação de amparo aos filhos. (p.668) (...) Assim, depreende-se que a responsabilidade não se pauta tão somente no dever alimentar, mas se insere no dever de possibilitar o desenvolvimento humano dos filhos, baseado no princípio da dignidade da pessoa humana. (p.670)
Em relação ao questionamento sobre as possibilidades geradas pela
mediação de conflitos na relação familiar, nenhuma das entrevistadas conhecia
a mediação de conflitos, como anteriormente citado. Vimos que, é importante
que a sociedade seja apresentada e informada sobre o que é a mediação de
conflitos. Pois, segundo Grunspun, todos passam por conflitos semelhantes e é
importante que na Lei, o assunto sobre mediação familiar e mediação no
divórcio seja esclarecedor sobre a separação dos casais com filhos e útil para a
sociedade.
A partir dos resultados da pesquisa, confirmamos a hipótese
estabelecida que a mediação de conflitos possibilita que as necessidades dos
envolvidos sejam satisfeitas, pois, ao procurarem voluntariamente à mediação,
o mediador no seu papel, facilita o diálogo para acordar as responsabilidades
dos pais na vida do filho. Como reitera Grunspun, “não significa que a
mediação é mágica na resolução das separações”, mas centraliza o melhor
interesse e necessidade dos filhos e facilita também a comunicação entre os
pais sobre a educação e o futuro dos filhos.
Em relação à hipótese que uma das vantagens da mediação é
permitir que as relações prejudicadas pelos conflitos sejam restabelecidas, os
dados mantêm-se na direção esperada, pois, como supúnhamos, foi apontado
pelas mães, entre outras respostas citadas anteriormente, como possibilidade
de restabelecimento da comunicação e da relação entre pai e filho e entre o ex-
casal.
A medição de conflitos oferece ao ex-casal uma oportunidade de
restaurar as relações parentais de modo pacífico. Conscientizando as partes a
buscar uma solução satisfatória para ambos, buscam-se desenvolver a
responsabilidade dos envolvidos, sensibilizando-os para a importância da
37
manutenção dos vínculos familiares e sua participação na reorganização da
família.
A mediação familiar apresenta-se também, como uma ferramenta
que intervém em situações de conflitos como narradas por essas mães que
também exercem a função paterna devida à ausência dos pais. Através dela os
mediados terão a oportunidade de repensarem seus papéis e o
descumprimento de suas obrigações. Bruschini (2005) reforça o cuidado
paterno como estímulo ao desenvolvimento físico, psicológico e cognitivo do
filho e a importância da família como contribuinte na formação da
personalidade e das relações afetivas e emocionais da criança.
Pais que não se comprometem com os filhos, que constituem uma
nova família e se distancia da vida do filho do relacionamento anterior, por
exemplo, está violando os direitos do filho. “Afinal, eles são os responsáveis
pelos filhos e isso constitui um dever dos pais e direito dos filhos” (Pereira e
Silva, 2006:678).
É possível concluir, que a mediação familiar enquanto meio não
adversarial de resolução de conflitos familiares, cuja base, é a convicção de
que os mediados são capazes de resolver por si próprios os conflitos em que
se encontram envolvidos, possibilite transformar a crise familiar estabelecida
em uma relação estável, fazendo-os entender a fase de reestruturação da
família e a reavaliar os novos papéis de pai, mãe, homem e mulher, sempre
resguardando e compreendendo os interesses dos filhos.
Além disso, a mediação familiar é um importante instrumento capaz de proporcionar aos mediados a oportunidade de reverem suas posições dentro do conflito, permitindo, inclusive que esclareçam certas situações fruto de verdadeiros mal-entendidos. Desta forma, evita que rupturas desnecessárias aconteçam. (PINHEIRO, 2008:7)
Precisamos difundir a utilização da mediação, cada vez mais, para
que a sociedade se beneficie desse processo que contribui também para a
disseminação da cultura do diálogo e faz com que as resoluções de conflitos
sejam menos onerosa e menos desgastante emocionalmente.
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VITALE, Maria A. F. Famílias Monoparentais: indagações. Serviço Social e Sociedade. São Paulo: Cortez, nº 71, 45-62, Set.2002
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ANEXOS
ANEXO 1 >> Questionário
ANEXO 2 >> Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
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ANEXO 1
Questionário
Público Alvo: Mães separadas de crianças e adolescentes que participam das
atividades no CISANE e mães contatadas a partir da minha rede de
relacionamento
Bloco 1: Identificação
1) Nome ou pseudônimo : __________________________________________
2) Idade: ________
3) Escolaridade:
( ) Não estudou ( ) Alfabetizado(a)
( )Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo
( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo
( ) Ensino Superior Incompleto ( ) Ensino Superior Completo
( ) Pós Graduado ( ) Mestrado ( ) Doutorado
4) Profissão: ____________________________
5) Ocupação: ___________________________
Bloco 2: Características familiares
Iniciais Idade Parentesco Renda
(S.M.)
Escolaridade Ocupação
Bloco 3: Mudanças ocorridas na relação familiar após a separação:
1) Há quanto tempo estão separados?
_________________________________________________________________
2) Enquanto companheiros:
a) O casal convivia em?
( ) União formal ( ) União estável ( ) Conviveram por pouco tempo
b) Como era a relação pai e filho (a)?
________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3) Condições em que se dá a relação do pai com o filho(a) atualmente?
( ) Passa o fim de semana com o pai
( ) Passa um fim de semana a cada 15 dias com o pai
( ) Convive com o pai cotidianamente
( ) Vê o pai uma vez por mês
( ) Sumiu desde a separação
( ) Outros:______________________________________________________
________________________________________________________________
4) Mudanças na relação pai e filho(a):
( ) Distanciamento
( ) Agressividade do pai
( ) Agressividade do filho
( ) Não contribui mais com o sustento do filho
( ) Constituiu uma nova família e se afastou do filho
5) Como se dá o relacionamento com o ex-companheiro?
( ) Não se falam mais
( ) Só se falam por telefone
( ) Só se falam por telefone para tratar assuntos do(s) filho
( ) Outro: _______________________________________________________
________________________________________________________________
Bloco 4: Concepções de paternidade do ponto de vista das mães:
1) Na sua opinião, o que é ser pai?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
2) Você sabe quais são os direitos e deveres do pai?
_________________________________________________________________
__________________________________________________________________
3) Você conhece os direitos do seu filho(a)?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Bloco 5: Possibilidades geradas pela mediação de conflitos na relação familiar:
1) Você sabe o que é mediação de conflitos? Se sim, como ficou sabendo?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
2) Sabendo o que hoje sabe a respeito da mediação de conflitos, participaria do
processo? Por quê?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
3) Quais as principais mudanças na relação familiar que você acredita que a mediação
poderia proporcionar?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
ANEXO 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, _________________________________, R.G: _________________, declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistado(a) na pesquisa de campo referente ao projeto intitulado “A importância da mediação de conflitos na garantia dos direitos dos filhos de pais separados” desenvolvida na Universidade Cândido Mendes- Instituto A Vez do Mestre. Fui informado(a), ainda, de que a pesquisa é coordenada por Marcilene Eduardo Perciano Thomé, aluna de pós-graduação do curso Mediação de Conflitos com Ênfase em Família, matrícula no c206309, a quem poderei consultar a qualquer momento que julgar necessário através do telefone nº (21) xxxx-xxxx ou e-mail [email protected]. Fui informado(a) ainda, de que a pesquisa conta com a orientação da Professora Naura Americano, a quem poderei consultar a qualquer momento que julgar necessário através do telefone nº (21) xxxx-xxxx ou e-mail [email protected]
Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer incentivo financeiro e com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da pesquisa. Fui informado(a) dos objetivos estritamente acadêmicos do estudo, que, em linhas gerais é Conhecer a importância da mediação de conflitos na garantia dos direitos dos filhos de pais separados”.
Fui também esclarecido(a) de que os usos das informações por mim oferecidas estão submetidos às normas éticas destinadas à pesquisa envolvendo seres humanos, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde.
Minha colaboração se fará de forma anônima, por meio de entrevista a ser gravada a partir da assinatura desta autorização. O acesso e a análise dos dados coletados se farão apenas pelo(a) pesquisador(a) e/ou seu(s) orientador(es)/ coordenador(es).
Estou ciente de que, caso eu tenha dúvida ou me sinta prejudicado(a), poderei contatar o(a) pesquisador(a) responsável [ou seus orientadores], ou ainda a Coordenação do curso de Mediação de Conflitos com Ênfase em Família, situada na ___________, __, Centro, Rio de Janeiro (RJ), CEP______-__, telefone (21) _________, e-mail ___________________.
O(a) pesquisador(a) principal da pesquisa me ofertou uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme recomendações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).
Fui ainda informado(a) de que posso me retirar dessa pesquisa a qualquer momento, sem prejuízo para meu acompanhamento institucional e sem sofrer quaisquer sanções ou constrangimentos
Rio de Janeiro, ____ de _________________ de _____
Assinatura do(a) participante: ______________________________
Assinatura do(a) pesquisador(a): ____________________________
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO .....................................................................................................2
AGRADECIMENTO.......................................................................................................3
DEDICATÓRIA..............................................................................................................4
EPÍGRAFE....................................................................................................................5
RESUMO .....................................................................................................................6
METODOLOGIA...........................................................................................................7
SUMÁRIO ....................................................................................................................8
INTRODUÇÃO..............................................................................................................9
CAPÍTULO 1
MEDIAÇÃO DE CONFLITOS ................................................................................11
1.1 O Processo de Mediação de Conflitos ......................................................11
1.2 Conflitos Familiares e as Transformações da Família...............................14
1.3 Conflitos Familiares e a Ocorrência da Separação ..............................18
CAPÍTULO 2
A Mediação de Conflitos no Âmbito da Garantia de Direitos dos Filhos de Pais
Separados .................................................................................................................22
2.1 Mediação Familiar..............................................................................................22
2.2 O Mediador Familiar .........................................................................................26
CAPÍTULO 3
O Campo Empírico .................................................................................................29
3.1 Apresentando o campo empírico .............................................................29
3.2 Análise das Entrevistas.............................................................................30
CONCLUSÃO............................................................................................................36
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ......................................................................39
ANEXOS...........................................................................................................42
ÍNDICE..............................................................................................................47
47
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: