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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA Tecnologia da informação e da comunicação e a formação inicial de professores em um contexto EaD, que ensinam matemática no ensino fundamental EDNA MATARUCO DUARTE Orientadora: Profa. Dra. Laura Marisa Carnielo Calejon Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática SÃO PAULO 2015

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

Tecnologia da informação e da comunicação e a formação

inicial de professores em um contexto EaD, que ensinam

matemática no ensino fundamental

EDNA MATARUCO DUARTE

Orientadora: Profa. Dra. Laura Marisa Carnielo Calejon

Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências e Matemática

SÃO PAULO

2015

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

D871t

Duarte, Edna Mataruco. Tecnologia da informação e da comunicação e a formação inicial

de professores em um contexto EaD, que ensinam matemática no ensino fundamental / Edna Mataruco Duarte. -- São Paulo; SP: [s.n], 2015.

139 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Laura Marisa Carnielo Calejon. Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em

Ensino de Ciências e Matemática, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Educação matemática 2. Tecnologia de informação e

comunicação 3. Formação de professores – Ensino fundamental 4. Educação a distância. I. Calejon, Laura Marisa Carnielo. II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática. III. Título.

CDU: 51:37(043.3)

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

Tecnologia da informação e da comunicação e a formação

inicial de professores em um contexto EaD, que ensinam

matemática no ensino fundamental

Edna Mataruco Duarte

Dissertação de mestrado defendida e aprovada

pela Banca Examinadora em 13/11/2015.

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Laura Marisa Carnielo Calejon

Universidade Cruzeiro do Sul

Presidente

Profa. Dra. Rosemary Aparecida Santiago

Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. Guilherme Arias Beatón

Universidade de Havana

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AGRADECIMENTOS

A Professora Dra. Laura Marisa Carnielo Calejon pela orientação,

compreensão e incentivo dispensado ao desenvolvimento deste trabalho.

Aos Professores Dra. Rosemary Aparecido Santiago e Professor Dr.

Guillermo Arias Beatón pelas contribuições e incentivos.

A Secretaria da Pós-graduação da PPGP, pelo apoio, e principalmente,

pela amizade demonstrada pelas secretárias e atendentes.

Aos discentes e docentes que contribuíram com esta pesquisa,

respondendo os questionários.

Ao meu marido pelo apoio, carinho e amizade e aos familiares pela

compreensão e apoio.

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DUARTE, Edna Mataruco. Tecnologia da informação e da comunicação e a formação inicial de professores em um contexto EaD, que ensinam matemática no ensino fundamental. 2015. 139 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

RESUMO

O avanço da tecnologia de informação e comunicação impulsionou a modalidade de

Educação a Distância, que tem apresentando um aumento exponencial no número

de formandos e cursos oferecidos. Dentre eles os cursos de Licenciatura em

Matemática e Licenciatura em Pedagogia responsáveis pela formação inicial dos

professores que serão responsáveis por ensinar matemática no ensino fundamental,

sendo denominados como Professor Polivalente e Professor Especialista. Ainda que

a tecnologia de informação e comunicação constitua-se em uma dimensão

importante na oferta de novos contextos de escolarização, a formação inicial e

continuada do professor continua sendo apontada como uma variável relevante para

compreender a qualidade da escolarização, principalmente no ensino dos conteúdos

da matemática. As pesquisas encontradas na literatura orientadas pelo Enfoque

Histórico Cultural apontam como variáveis significativas para organização de uma

educação desenvolvimentista entre outras: a concepção que o professor

desenvolveu sobre a aprendizagem e desenvolvimento humano e educação.

Entendemos que o sentido dado pelo professor a sua atividade resulta das vivências

produzidas na escolarização. Assim, considera-se como condições importantes para

analisar a formação inicial: as concepções dos professores sobre a aprendizagem,

desenvolvimento humano, matemática, educação, recursos tecnológicos, além das

vivências dos alunos de licenciatura, futuros professores, em relação à matemática e

suas relações com as TICs. Diante disto, esta pesquisa tem como objetivos: (1)

compreender as condições oferecidas por dois cursos de licenciatura (pedagogia e

matemática), na modalidade de educação à distância, de modo a verificar as

possibilidades de formar professores capazes de promover uma educação

desenvolvimentista e um aprendizado efetivo dos conteúdos da matemática; (2)

identificar as concepções e contribuições de utilização dos recursos da tecnologia da

informação e comunicação na formação dos futuros professor; (3) compreender as

concepções sobre educação, aprendizagem, desenvolvimento humano, matemática,

e as vivências destes em relação à matemática. Nesta pesquisa a estratégia

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utilizada é estudo de caso múltiplo descritivo, sendo realizada uma triangulação dos

dados, por meio da análise do Projeto Pedagógico do Curso e os questionários

respondidos pelos discentes e docentes. Os resultados poderão contribuir com a

academia, uma vez que propiciará uma compreensão em profundidade da formação

inicial dos professores encarregados pelo ensino da matemática no fundamental e

suas percepções e concepções quanto às tecnologias usadas no ensino da

matemática e suas contribuições para sua aprendizagem e atividade pedagógica. A

contribuição para a prática é a geração de uma proposta de aula com sugestão de

utilização dos recursos das tecnologias no ensino da matemática.

Palavras-chave: Formação de professores, Educação matemática, Tecnologias de

informação e comunicação, Educação a distância, Vivências, Aprendizagem e

Desenvolvimento.

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DUARTE, Edna Mataruco. Information technology and communication and the initial education of teachers in distance education that teach math in elementary education. 2015. 139 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática)-Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

ABSTRACT

The advancement of technology information and communication boosted the mode

of Education Distance, which is presenting an exponential increase in the number of

students and courses offered. Among them the degree courses in Mathematics and

Bachelor of Education responsible for the initial training of teachers who will be

responsible for teaching math in elementary school, being called as Professor and

Professor Multipurpose Specialist. Although the technology information and

communication constitutes into an important dimension in the provision of new school

contexts, the initial and continuing teacher education continues to be cited as a

relevant variable in understanding the quality of education, especially in the teaching

of the contents of mathematics. The studies found in the literature guided by Cultural

History Focus point as significant variables for organizing a developmental education

among others: the concept that the teacher developed on learning and human

development and education. We understand that the meaning of the teacher their

activity results of the experiences produced in schooling. Thus, it is considered as

important conditions to analyze the initial training: the conceptions of teachers about

learning, human development, mathematics, education, technological resources and

the experiences of undergraduate students, future teachers in mathematics and its

relations with TICs. In view of this, this research aims to: (1) understand the terms

offered by two degree courses (pedagogy and mathematics), in the form of distance

education in order to verify the possibilities of training teachers capable of promoting

a developmental education and effective learning of mathematics content; (2) identify

the concepts and use of contributions of resources in information and communication

technology in training future teachers; (3) understand the concepts of education,

learning, human development, mathematics, and the experiences of those in

mathematics. The strategy used in this research is descriptive multiple case study, a

triangulation of data being carried out by the Pedagogical Project of the Course

analysis and questionnaires answered by students and teachers. The results may

contribute to the gym as it will provide an in-depth understanding of the initial training

of responsible teachers for mathematics teaching in elementary and perceptions and

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conceptions about the technologies used in the teaching of mathematics and their

contributions to their learning and pedagogical activity . The contribution to the

practice is to generate a proposal for a class with suggestion of resource use of

technology in mathematics teaching.

Keywords: Teacher training, Mathematics education, Information and

communication technologies, Distance education, Experiences, Learning and

development.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Visão geral do universo de escolarização e do universo conceitual

envolvido na pesquisa ...................................................................... 23

Figura 2 – Representação da interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e

transversalidade dos conteúdos transmitidos pelo professor

polivalente, fonte autor ..................................................................... 37

Figura 3 – Aspectos quanto à formação e área de atuação docente no ensino

fundamental...................... ................................................................. 69

Figura 4 – Procedimentos a serem realizados na pesquisa ............................ 76

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11

1.1 Justificativa para estudo do tema .............................................................. 13

1.2 Estrutura da dissertação ............................................................................. 16

2 A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR PARA O ENSINO DE

MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL .............................................. 17

2.1 Licenciaturas ............................................................................................... 25

2.1.1 Licenciatura em Pedagogia ........................................................................ 28

2.1.2 Licenciatura em Matemática ....................................................................... 37

3 EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA .......................................................................... 43

3.1 Recursos tecnológicos ............................................................................... 49

4 EDUCAÇÃO, APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO HUMANO .......... 54

4.1 Concepções de educação, aprendizagem e desenvolvimento humano .. 54

5 O ENSINO DA MATEMÁTICA NO FUNDAMENTAL .................................... 61

5.1 Mudanças na forma de ensinar matemática .............................................. 64

6 METODOLOGIA ........................................................................................... 70

6.1 Estrutura da Metodologia ............................................................................ 75

6.2 Procedimentos de coleta dos dados .......................................................... 77

6.3 Organizações do questionário.................................................................... 80

7 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS.............................................. 86

7.1 Análise dos dados do Curso de Licenciatura em Pedagogia ................... 86

7.1.1 Concepções presentes no Projeto Pedagógico do Curso ........................ 86

7.1.2 Percepções e concepções dos discentes do curso .................................. 91

7.1.3 Percepções e concepções dos docentes do curso .................................. 94

7.1.4 Discussão dos dados coletados no Curso de Licenciatura em Pedagogia

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...................................................................................................................... 97

7.2 Análise dos dados Curso de Licenciatura em Matemática ....................... 98

7.2.1 Concepções presentes no Projeto Pedagógico do Curso ........................ 99

7.2.2 Percepção e concepções dos discentes do curso .................................... 103

7.2.3 Percepção e concepções dos docentes do curso .................................... 106

7.2.4 Discussão dos dados coletados no Curso de Licenciatura em

Matemática ................................................................................................... 109

7.3 Considerações sobre a análise dos resultados dos cursos .................... 110

7.4 Análise das proposições............................................................................. 114

CONCLUSÕES ........................................................................................................ 118

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 120

APÊNDICE .............................................................................................................. 129

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1 - INTRODUÇÃO

Em uma sociedade globalizada, em constante transformação e com forte

presença das tecnologias, a escola deve assumir uma nova postura na metodologia

e na maneira de ensinar, para que possa atender aos anseios dos alunos, da

sociedade e do mercado de trabalho (LEITE; PASSOS; TORRES; ALCÂNTARA,

2005). Além disto, os novos métodos educacionais devem competir em atratividade

com os meios de comunicação e entretenimento, sem com isto perder o

compromisso com o conteúdo a ser ministrado (BRASIL, 2001b).

A educação a distância (EaD) ganha força com a evolução das

Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e, a partir da Leis de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394 de 1996, passa a ser reconhecida

no ensino superior (NUNES, 1994; MORAN, 2009). É possível observar que a EaD

tem apresentado um aumento exponencial no número de cursos oferecidos,

matrículas realizadas e formandos nesta modalidade. No decenal de 2003 a 2013,

este aumento fica evidente quando é analisado o número de matrículas que

inicialmente era na ordem de 50 mil, correspondendo na época a 1,3% do total das

matrículas dos cursos de graduação, passar no final do período para 1.5 milhões,

correspondendo a 14,5% do total de matrículas da graduação, bem como o número

de cursos que em 2003 totalizavam 8, em 2013 totalizam 84 cursos, além do número

de formandos que saltou de 4.000 inicialmente para 161 mil, em 2013 (FSP, 2014).

Há vários cursos oferecidos na EaD nos diversos níveis de formação, entre

eles, no nível superior, estão os de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em

Pedagogia, responsáveis pela formação dos futuros professores que irão atuar em

diferentes séries do ensino fundamental e que serão responsáveis por ensinar

matemática (GATTI, 2010). A utilização desse modelo, em que o saber é visto como

fator capital de crescimento econômico supõe a implantação de novas estratégias de

conhecimento e de aprendizagem, que adaptadas aos objetivos de uma sociedade

tornada planetária, possam desenvolver novas atitudes como: o aprender a

aprender, tomar iniciativa na resolução de problemas ou trabalho em grupo

(PEIXOTO; CARVALHO, 2010).

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Novas competências são exigidas dos professores, como a articulação entre

os conteúdos de matemática com outras áreas de conhecimento e o letramento

digital (D´AMBROSIO, 1993; BRASÍLIA, 2002). Porém, para que possam atuar com

destreza no manuseio dos recursos tecnológicos e consigam trabalhar os conteúdos

matemáticos com interdisciplinaridade e transdisciplinaridade o curso responsável

por sua formação deve prover esta habilidade, pois segundo D´Ambrosio (1993) as

pesquisas apontam que o professor ensina como foi ensinado.

Esta pesquisa não tem a intenção de discutir a polissemia do conceito de

competência, mas assume que um professor competente é aquele que tem o

domínio sobre os conceitos da área específica, consegue articular os conteúdos de

forma interdisciplinar, utiliza os recursos das tecnologias com destreza e não apenas

para o consumo, propicia experiências positivas e promove o desenvolvimento do

aluno. Assim, considera-se o professor competente como aquele que se mostra

capaz de promover o desenvolvimento de seus alunos.

Neste cenário, emergem movimentos como a Educação Matemática Crítica

para reforçar a necessidade da quebra do paradigma do exercício, em prol de

cenários de investigação constituídos de modo que os alunos sejam participantes do

diálogo com o professor, o currículo é considerado não apenas quanto ao conteúdo,

mas em outros aspectos e que seja inserido no processo de ensino e aprendizagem

a resolução de problemas, corroborando desta forma com a formação mais

adequada do futuro professor. A utilização dos recursos da TICs poderá facilitar o

ensino de conceitos matemáticos, e também auxiliar o professor a enfrentar a zona

de risco ao mover-se entre os diferentes contextos de investigação (SKOVSMOSE,

2000).

Além dos cursos de formação outro fator que irá influenciar na atuação do

futuro professor é sua interação com outros indivíduos. A construção do

conhecimento é realizada de acordo com sua interação com outras pessoas e com a

cultura na qual o sujeito está inserido (BRASIL, 2001a). Suas concepções sobre a

matemática, recursos tecnológicos, educação, aprendizagem e desenvolvimento

humano serão influenciadas por suas experiências sociais. O docente responsável

por ministrar aula nestes cursos é o responsável por organizar as experiências de

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aprendizagem dos alunos, logo ele acaba por influenciá-los em suas concepções

(PONTE, 1992).

Diante disto, a problemática a ser explorada nesta pesquisa pode ser

indicada pela seguinte pergunta: “Como docentes e discentes percebem e

concebem as tecnologias de informação e comunicação nos cursos de Licenciatura

em Matemática e Licenciatura em Pedagogia, oferecidos em um ambiente de

Educação a Distância, de uma Instituição de Ensino Superior na cidade de São

Paulo?”.

O problema proposto permite elaborar como objetivo geral: Identificar e

analisar as condições de formação inicial dos professores, responsáveis pelo ensino

da matemática no ensino fundamental, por meio de suas percepções e concepções

sobre educação, aprendizagem, desenvolvimento humano, matemática e recursos

da tecnologia da informação e comunicação. E seus objetivos específicos são: (1)

compreender as condições oferecidas por dois cursos de licenciatura (pedagogia e

matemática), na modalidade de educação à distância, de modo a verificar as

possibilidades de formar professores capazes de promover uma educação

desenvolvimentista e um aprendizado efetivo dos conteúdos da matemática; (2)

identificar as concepções e contribuições dos recursos da tecnologia da informação

e comunicação na formação dos futuros professores; (3) compreender as

concepções sobre educação, aprendizagem, desenvolvimento humano, matemática,

e as vivências destes em relação à matemática.

1.1 Justificativa para estudo do tema

No Brasil existem diferentes explicações para o desempenho escolar

insatisfatório de muitos estudantes, principalmente no domínio da língua materna e

dos conteúdos da matemática, assim como um grande debate em torno da

necessidade de melhorar a qualidade da educação. A formação inicial dos

professores que atuam no ensino fundamental tem sido uma das variáveis

relacionadas com a qualidade do ensino. O currículo constitui-se em outra vertente

para o debate e sua integração à tecnologia, em uma perspectiva de construção

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social, pode contribuir com o exercício docente (ALMEIDA; VALENTE, 2011) e com

a qualidade do processo educativo.

Confirmando a necessidade de debates com relação aos temas formação de

professores e conteúdos da matemática, Bicudo e Paulo (2011), demonstram em

sua meta-pesquisa, uma análise dos trabalhos científicos aprovados e publicados

nos anais do III Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática

(SIPEM) realizado em 2006, apontando em sua conclusão que a maioria das

pesquisas analisadas no evento tratam da formação do professor e do ensino da

matemática. Este último buscando formas de articulação com as próprias subáreas e

com outras áreas do conhecimento.

Diante disto, é inegável a necessidade de novas discussões com relação

aos dois temas, principalmente se esta formação for analisada no contexto da

modalidade de Educação à Distância que acaba por propiciar novos desafios,

principalmente com relação à escrita matemática neste ambiente (BORBA;

MALHEIROS; AMARAL, 2014). Em contrapartida esta modalidade de ensino oferece

vantagens como: (1) interação com indivíduos com culturas diferentes, uma vez que

promove a quebra da barreira geográfica; (2) interatividade desde o início de sua

formação com os recursos de tecnologias de informação, mesmo que seja para

acessar o material do curso (BELLONI, 2012).

Estas possibilidades aparecem aliadas às exigências dos Parâmetros

Curriculares Nacionais (LDBEN 9.394/96), Plano Nacional da Educação 2014-2024,

e outros documentos oficiais que exigem novas competências dos professores para

atuar em uma sociedade da informação e do conhecimento, gerando a necessidade

de um curso de formação que de conta de todas as habilidades solicitadas.

Outro fato que contribui para escolha do tema é a minha inquietação como

docente, atuando ha mais de 10 anos no ensino superior, nos cursos de informática.

Desde que as instituições de ensino superior particular começaram a oferecer

disciplinas no ambiente EaD tenho ouvido muitas reclamações dos alunos,

principalmente com relação as disciplinas da área das chamadas ciências exatas. A

maioria apontou a dificuldade em entender algo que não conseguiram aprender

presencialmente com o professor na sala. Então, comecei a me indagar como seria

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a formação de um professor que irá ensinar matemática, realizada neste ambiente;

como seriam ministrados os conteúdos da matemática e se os recursos de

tecnologias de informação e comunicação seriam utilizados de forma a explorar toda

sua potencialidade.

Os questionamentos só foram aumentando com o tempo e no mestrado a

disciplina Teoria de Ensino e Aprendizagem, apresentou a perspectiva do enfoque

histórico cultural. Como uma perspectiva teórica capz de compreender a

integralidade e a complexidade do fenômeno educativo e do desenvolvimento

humano. Este enfoque permite compreender que este futuro professor de

matemática será constituído como tal a partir de suas vivências durante sua

trajetória escolar, e são elas que darão o sentido da sua atividade pedagógica, da

matemática, da escola relaciona-se com as vivência em seu processo de

escolarização.

Bravo (2012) analisa as características e vivências de professores

potenciadores de desenvolvimento, indicando os conteúdos psicológicos que influem

significativamente na tarefa educativa, assinalando entre outras: a concepção de

desenvolvimento (crenças, reflexões que os professores produziram sobre as

condições que influenciam de modo significativo no processo de desenvolvimento);

concepção do processo educativo; interesse na busca de informações. Estes

conteúdos constituem-se como conteúdos relevantes na formação inicial e

continuada dos docentes. O professor competente ou que é capaz de promover a

aprendizagem efetiva dos conceitos matemáticos deve apresentar também o

domínio destes conceitos sendo que pode ser obtido nos cursos de licenciatura.

O progresso da tecnologia da informação e comunicação permite

desenvolver novos contextos de ensino, dependendo da disponibilidade dos

recursos e do domínio que o professor tenha do mesmo. Assim, o problema

investigado ou a qualidade da formação inicial do futuro professor pode ser

analisada a partir de um conjunto de variáveis.

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1.2 Estrutura da dissertação

O documento escrito está constituído por 8 capítulos, iniciando com a

introdução, seguida do referencial teórico, destacando as diferentes variáveis

explicitadas na problemática investigada em: (2) A formação inicial do professor para

o ensino de matemática no ensino fundamental; (3) Educação à distância; (4)

Educação, aprendizagem e desenvolvimento humano; (5) O ensino da matemática

no fundamental.

Na sexta seção é apresentada a metodologia e as características da

pesquisa: a ontologia, a epistemologia, os procedimentos adotados para alcançar os

objetivos deste trabalho e a estrutura de pesquisa. No capítulo 7 é realizada a

análise e interpretação dos dados coletados no Projeto Pedagógico dos cursos e

dos questionários. Além das considerações sobre a análise dos resultados de

Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Matemática e a análise das

proposições e no capítulo 8 são expostas as conclusões.

Como contribuição para prática no Apêndice A descreve o produto da

dissertação, que corresponde a uma proposta de formação continuada por meio de

uma sequência didática direcionada aos alunos dos cursos de Licenciatura em

Pedagogia e Licenciatura em Matemática, enquanto futuros professores do ensino

fundamental responsáveis pelo ensino do conteúdo da matemática. O tema

abordado é Grandezas e Medidas, com subtema Balança – instrumento de medição

da massa.

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2 - A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR PARA O ENSINO DE

MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL

No Brasil o sistema educacional pode ser dividido em categorias

administrativas nas instituições: (1) públicas, que são mantidas e administradas pelo

poder público; (2) privadas, mantidas e administradas por pessoas físicas ou

privadas. As instituições privadas podem ser categorizadas em particulares,

comunitárias, confessionais e filantrópicas (BRASIL, 1996).

É de responsabilidade do Estado garantir a educação básica obrigatória e

gratuita aos indivíduos dos quatro aos dezessete anos de idade. Na educação

básica o sistema educacional está dividido em: (1) educação infantil ou pré-escola,

cuja finalidade é o desenvolvimento dos aspectos físico, psicológico, intelectual e

social das crianças até os cinco anos de idade; (2) educação fundamental, com

duração de nove anos, iniciando aos seis anos de idade e tem como objetivo a

formação básica do cidadão; e (3) ensino médio, com duração mínima de três anos

e representa a etapa final da educação básica (BRASIL, 1996).

Ainda que seja responsabilidade do Estado (União, Estado e Municípios)

oferecer a educação básica, vamos encontrar instituições particulares oferecendo

esta modalidade de ensino.

A educação infantil é oferecida em creche e pré-escola, e o atendimento é

realizado por faixas etárias diferentes, como na primeira para crianças de até três

anos de idade, e na segunda de quatro a cinco anos. No ensino médio os

conteúdos, metodologias e formas de avaliação são organizados para que ao final o

educando demonstre domínio dos princípios científicos e tecnológicos da produção

moderna (BRASIL, 1996). A identidade da educação infantil e da creche e uma

questão polêmica que vai além dos limites desta investigação.

A organização da educação nacional atribui aos Municípios à prioridade no

fornecimento da educação infantil e o ensino fundamental, sendo de

responsabilidade prioritária dos Estados oferecer o ensino médio (BRASIL, 1996).

Assim, no decreto número 54.452 de 10 de Outubro de 2013 a Rede Municipal de

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Ensino de São Paulo estabeleceu a nova reorganização curricular, o Ensino

Fundamental Regular, este terá duração de nove anos e será organizado em três

Ciclos de Aprendizagem e Desenvolvimento, assim especificado: (1) ciclo de

alfabetização do 1º ao 3º anos iniciais; (2) ciclo interdisciplinar do 4º ao 6º anos; e (3)

ciclo autoral do 7º ao 9º anos. Cabe ressaltar que a Lei 11.274 de fevereiro de 2006

altera o artigo 32 da LDBEN 9394/96 passando o ensino fundamental a ter duração

obrigatória de nove anos e iniciando-se aos seis anos. O Quadro 1 sistematiza os

ciclos do ensino de nove anos e os professores que atuam em cada ciclo.

É possível observar ainda a existência de professores Polivalente e

Especialistas que serão explicitados no decorrer deste capítulo. Além disto, é

importante destacar, na organização do ensino fundamental de nove anos da cidade

de São Paulo, no Ciclo Interdisciplinar a Docência Compartilhada, que é composto

pelo Professor Polivalente, educação infantil e ensino fundamental I, e do Professor

Especialista, ensino fundamental II, desenvolvendo em conjunto projetos. Vale

ressaltar que os Professores Especialistas serão preferencialmente de Português,

Matemática e Inglês (SÃO PAULO, 2013).

.

Quadro 1 – Proposta de reorganização do ensino fundamental de nove anos Fonte: SÃO PAULO (2013)

A Docência Compartilhada busca a integração dos saberes docentes e

discentes, por meio da reflexão, análise, avaliação e de respostas adequadas às

necessidades de aprendizagem dos estudantes. Além disto, um dos objetivos é

atenuar a passagem dos anos iniciais para os anos finais, introduzindo a conexão

entre as áreas de conhecimento, através de projetos realizados em parceria entre os

professores, não significando necessariamente a presença contínua dos dois

professores em sala (SÃO PAULO, 2013).

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No 6º ano o Professor Polivalente e Especialista trabalharão de forma

compartilhada nas 5 horas aulas de Matemática e Língua Portuguesa e 2 horas

aulas em Língua Inglesa, totalizando 12 horas aulas em uma turma (SÃO PAULO,

2013).

Nesta pesquisa não estaremos discutindo a docência compartilhada em

detalhes, pois este não se constitui em nosso objetivo. Esta breve apresentação tem

como finalidade proporcionar um melhor entendimento da divisão em ciclos de

aprendizagem e desenvolvimento proposto pela Prefeitura de São Paulo.

Portanto, o docente para atuar na educação básica deve possuir formação

de nível superior em um curso de licenciatura plena. Porém, a Lei estabelece que

para sua atuação no período que compreende a educação infantil e os cinco

primeiros anos do ensino fundamental, este deve ter como formação mínima a

oferecida em nível médio, conforme artigo 62 da LDB 9394/96:

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal.

Há menção na Lei 12.014/2009, que se refere à redação final do artigo 61 da

LDB 9394/96 inciso I, reconhecendo que profissionais da educação escolar básica,

entre outros, são os professores habilitados em nível médio ou superior. Outro fato

importante é que anteriormente, havia-se estipulado uma prazo de dez anos a partir

da promulgação da LDB 9394/96 para que fossem contratados apenas docentes

formados no nível superior ou por treinamento em serviço para atuação na educação

básica, mas o artigo 87 § 4º que tratava da refeira determinação foi vetado na Lei

12.796/2013.

No artigo 62 § 4º da LDB 9394/96 é possível observar que existe a intenção

de incentivar por meio de mecanismos apoiados pela União, Estados, Municípios e

Distrito Federal a formação dos docentes em nível superior para educação básica.

No § 2º do Decreto nº 3.554 de 2000, também fica clara esta intenção de que no

futuro a formação de professores para a atuação na educação infantil e nos anos

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iniciais do ensino fundamental sejam realizadas em nível superior em cursos

normais superiores.

Ainda, na LDB 9394/96 no seu artigo 63 são relacionados os cursos que

serão mantidos pelos Institutos de Educação Superiores (IES), entre eles no inciso I

o curso normal superior, destinado à formação do docente que irá atuar na

educação infantil e nas primeiras séries do ensino fundamental. Cabe ressaltar que

no Parecer CP 115/99 e seu projeto de Resolução incorporado, após uma análise

detalhada dos artigos 62 e 63 da LDB 9394/96, concluiu que os cursos de

licenciatura destinados à formação de docentes para educação básica poderia ser

ministrado também em universidades, e no caso de instituições que não possuem

autonomia universitária, estas poderiam criar ISEs ou uma coordenação unificada do

projeto institucional da formação docente.

No Parecer CES 970/99 além de discutir quanto ao locus institucional que

serão ministrados os cursos de formação do professor da educação básica, ponto

este abordado no parágrafo anterior, também apresenta restrição na autorização às

habilitações para magistério nas séries iniciais do ensino fundamental e educação

infantil aos cursos de Pedagogia, sendo esta atribuída apenas aos Cursos Normais

Superiores. Neste sentido, concordamos com o parecer do conselheiro ao definir

que:

A chave da boa qualidade da formação dos futuros docentes da educação básica, no que diz respeito à concepção, conteúdo e métodos desta, não está no locus institucional ou no nome do curso que sigam; ela depende em boa medida da competente adoção e uso, pelas instituições de ensino, de adequadas diretrizes curriculares.

A LDB 9394/96 não proíbe os cursos de Pedagogia, enquanto ministrados

em universidades a habilitação dos professores para atuação na educação infantil

ou nas séries iniciais do fundamental. Logo, cabe a diretrizes curriculares orientar a

formação docente para educação infantil, ensino fundamental ou ensino médio sob o

desenho das licenciaturas plenas, sejam em Curso Normal Superior ou Curso de

Pedagogia (BRASIL, 1999).

Desta forma, o curso superior de graduação em pedagogia, tem como

finalidade formar professores que irão atuar na educação infantil e nos anos inicias

do ensino fundamental, em disciplinas pedagógicas dos cursos de nível médio, na

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modalidade normal e Educação Profissional na área de serviços, no apoio escolar,

em outras disciplinas pedagógicas previstas, planejamento, execução e avaliação de

programas e projetos pedagógicos em ambientes educacionais ou não escolares.

Vale ressaltar que os discentes licenciados no referido curso, entre outras

atribuições, estarão aptos a aplicar modos de ensinar diferentes linguagens, como:

Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências, Artes e Educação

Física, de maneira interdisciplinar e adequada às diferentes fases das crianças,

conforme Brasil (2005).

A formação docente necessária, para atuação nos anos finais do ensino

fundamental, ensino médio e educação profissional em nível médio será promovida

em cursos regulares de licenciatura, cursos regulares para portadores de diplomas

de educação superior e em programas especiais de formação pedagógica

estabelecidos na Resolução CNE/CEB 02/1997. Conforme § 1º do artigo 7 da

Resolução CP nº 1 de 1999, os cursos serão organizados em habilitações

polivalentes ou especializações por área de conhecimento. Ainda, no § 4º do decreto

nº 3.276 de 1999 ficou estabelecido que a formação docente para atuar em campos

específicos do conhecimento será realizada em cursos de licenciatura, sendo

permitido a este atuar no ensino de sua especialidade em qualquer etapa da

educação básica.

Durante a pesquisa foi observado que algumas publicações referem-se ao

termo professor generalista, como sendo o professor que ministra aula nas séries

iniciais do ensino fundamental (BULOS; JESUS 2006; SILVA, 2006;

BRASÍLIA, 2009; TAQUES FILHO, 2012; GUALBERTO; ALMEIDA, 2009; CRUZ;

MONTEIRO, 2010; SILVA, ALVES; MIRANDA, 2013), outras por sua vez utilizam o

termo professor polivalente para designar o mesmo professor (MELLO, 2000;

CURRI, 2004; MOURA, 2005; LIMA, 2007; CRUZ; NETO, 2012), sendo assim

tomando como base o especificado no dicionário Houaiss e o Parecer 16/1999, que

definem polivante e polivalência:

Polivalente: (1) que apresenta múltiplos valores ou oferece várias possibilidades de emprego, de função; multifuncional (2) que executa diferentes tarefas; versátil (3) que envolve vários campos de atividade (HOUAISS V. 3.0 de 2009).

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Polivalência aqui se entende o atributo de um profissional possuidor de competências que lhe permitam superar os limites de uma ocupação ou campo circunscrito de trabalho, para transitar para outros campos ou ocupações da mesma área profissional ou de áreas afins. Supõe que tenha adquirido competências transferíveis, ancoradas em bases científicas e tecnológicas, e que tenha uma perspectiva evolutiva de sua formação, seja pela ampliação, seja pelo enriquecimento e transformação de seu trabalho (PARECER 16/1999, p. 37).

Além da definição apresentada por Lima (2007) para professor polivalente

como sendo um sujeito capaz de apropriar-se dos conhecimentos básicos das

diferentes áreas do conhecimento que estão presentes atualmente no currículo dos

anos iniciais do Ensino Fundamental articulando-as de forma interdisciplinar, a partir

deste momento nesta pesquisa será utilizado o termo Professor Polivalente.

O professor especialista corresponde ao docente que irá atuar nos anos

finais do ensino fundamental e no ensino médio e tem sua formação nos cursos de

licenciatura em áreas específicas do conhecimento. No caso do professor de

matemática que irá atuar no sétimo, oitavo e nono ano do ensino fundamental, sua

formação inicial será realizada na Licenciatura em Matemática (GATTI, 1992;

MELLO, 2000; FIORENTINI, 2005).

Na Figura1 os itens em azul demonstram o espaço de atuação do professor

polivalente e do especialista, assim como o espaço da docência compartilhada e a

formação de cada professor. Os itens em amarelo sinalizam as vaiáveis

consideradas na análise da qualidade dos cursos de formação inicial que se

constituem em objeto desta pesquisa. O ensino fundamental é dividido em Ciclos de

Aprendizagem e Desenvolvimento, composto por Ciclo de Alfabetização, Ciclo

Interdisciplinar e Ciclo Autoral. O professor que irá ministrar aula nos anos iniciais do

ensino fundamental é denominado Professor Polivalente, com formação desejada

nos Curso de Licenciatura em Pedagogia ou Curso Normal Superior, e anos finais

será ministrado pelo Professor Especialista, formado nos cursos de Licenciaturas, no

caso desta pesquisa Licenciatura em Matemática.

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Figura 1 – Visão geral do universo de escolarização e do universo conceitual envolvido na pesquisa

Tanto Professor Polivalente quanto o Professor Especialista serão

encarregados pelo ensino da Matemática, em seus respectivos anos. A matemática

ensinada no ensino fundamental requer uma mudança a favor da Educação

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Matemática Crítica pautada em resolução de problemas que propicie à quebra do

paradigma do exercício, transformando este em um cenário de investigação de uma

situação da vida real, organizado como projeto.

No entanto, o Professor Polivalente e Especialista possuem concepções

quanto à matemática, educação, aprendizagem e desenvolvimento humano, bem

como vivências em relação à matemática, que lhe darão sentido e significado em

sua atuação como docente. As vivências, sentidos e significados serão formados de

acordo com suas experiências, e neste sentido o professor responsável por sua

formação possui um papel importante o de organizar experiências positivas. Porém,

não podemos esquecer que este professor encarregado pela formação dos futuros

professores polivalente e especialista também possuí suas vivências e concepções

sobre matemática, educação, aprendizagem e desenvolvimento humano. Assim,

como as instituições de ensino superior encarregada de prover os cursos para

formação destes futuros professores que ensinarão matemática possuem suas

concepções com relação à matemática, educação, aprendizagem e desenvolvimento

humano que serão expressos no Projeto Pedagógico do Curso.

Neste contexto, Campos (1999) apresenta três corpos hierárquicos

profissionais no ensino: (1) professora e o professor da educação infantil e dos anos

iniciais do fundamental, que tem sua formação mínima no curso Normal Secundário

e a desejada em nível superior em Pedagogia ou Normal Superior, conforme a

LDBEN 9.394/96, são os chamados professores polivalentes; (2) professores

especialistas, que lecionam nos anos finais do fundamental em disciplinas

específicas, cuja sua formação ocorre no curso superior; e (3) educadores leigos

que não possuem uma formação adequada e estão presentes na maioria das

creches públicas ou convencionadas, escolas rurais de regiões mais pobres, escolas

comunitárias das favelas de cidades do Nordeste e do Norte, nos programas pré-

escolares de baixo custo ou como monitores de educação de adultos.

Diante deste cenário é necessária uma discussão sobre as licenciaturas,

que segundo Gatti (2010), é o curso que tem como objetivo formar professores para

educação básica.

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2.1 Licenciaturas

Em 1931 foi promulgado o decreto 19.852 que tratava da organização da

Universidade do Rio de Janeiro e seu objetivo era a criação dos meios para o

desenvolvimento e a especialização dos professores nas áreas de conhecimento

necessária ao magistério. Assim, prevendo as licenciaturas em educação, ciências,

matemática, física, química, ciências humanas, letras, filosofia, história e geografia.

No entanto, a instalação desta Faculdade não foi concretizada, servindo apenas

como inspiração para os cursos de licenciatura (GLASER, 1993).

O decreto lei nº 1.190 de 4 de abril de 1939 deu origem ao esquema “3+1”

adotado na organização dos cursos de licenciatura e pedagogia. Nas licenciaturas

eram formados professores que atuariam em várias disciplinas do currículo

secundário e na pedagogia os professores para exercer a docência nas Escolas

Normais. Nos dois casos vigorava três anos para o estudo das disciplinas

específicas e um para formação didática (TANURI, 2000; SAVIANI, 2009).

A estrutura do curso de licenciatura era marcada pelos conteúdos culturais-

cognitivos deixando para segundo plano o aspecto pedagógico-didático,

representado pelo curso de didática e encarado apenas como uma exigência a ser

cumprida para a obtenção do registro profissional de professor (SAVIANI, 2009).

Este fato também é apontado por Gatti (2010) ao relatar que mesmo com os

ajustes realizados em 2002 nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação

de Professores e nas Diretrizes Curriculares para cada curso de licenciatura é

possível observar nos cursos de graduação encarregados de formar os especialistas

a prevalência no foco da área disciplinar específica em detrimento da formação

pedagógica, sendo uma realidade que persistiu no século XX.

Para os legisladores os professores formados nos cursos de licenciaturas de

diferentes áreas de conhecimento não eram considerados educadores, e por este

motivo cabia a eles a compreensão da organização escolar referente ao segundo

grau e sua ação deveria ser voltada ao processo de ensino-aprendizagem. Em

contrapartida, os educadores, são os que orientam, administram, supervisionam e

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inspecionam as condições de ensino-aprendizagem, justificando assim um caráter

diferenciado dado ao curso de pedagogia (SILVA, 2006).

Pela visão de Saviani (2009), neste cenário é possível configurar dois

modelos de formação de professor: (1) modelo dos conteúdos culturais-cognitivos,

no qual a formação do professor termina na cultura geral e no domínio específico

dos conteúdos que compõem a disciplina a ser lecionada; (2) modelo pedagógico-

didático, considera uma formação completa do professor aquela que leva em conta o

preparo pedagógico-didático.

O primeiro modelo predominou nas universidades e nas instituições de

ensino superior encarregadas pela formação dos professores secundários, já o

segundo modelo prevaleceu nas Escolas Normais, responsáveis pela formação dos

professores primários (SAVIANI, 2009).

Ainda para Pereira (1999), a forma como é concebida a formação docente

no Brasil permite sua caracterização em dois modelos: (1) Modelo de racionalidade

técnica, no qual o professor assume o papel de técnico ou especialista, que aplica

na sua prática cotidiana as regras que se originam do conhecimento científico e

pedagógico; e (2) Modelo da racionalidade prática, o professor é um profissional

autônomo, capaz de refletir, tomar suas decisões e criar durante sua ação

pedagógica.

Para formar o professor do primeiro modelo se faz necessário à combinação

de disciplinas científicas e pedagógicas para fornecer a base para sua atuação, com

isto, acaba por propiciar a visão errônea de que para ser um bom professor basta o

domínio da área de conhecimento que irá ministrar. Outro ponto a ser destacado

deste modelo são as críticas que lhe são atribuídas como: (1) separação entre teoria

e prática; (2) priorização da teoria em detrimento da prática; (3) prática concebida

como espaço de aplicação da teoria (PEREIRA, 1999).

Portanto, o modelo de racionalidade técnica refere-se aos cursos de

licenciatura inspirado no curso de bacharelado, prevalecendo o conteúdo específico

sobre o pedagógico (PEREIRA, 1999; SILVA, 2006; SAVIANI, 2009; GATTI, 2010) e

a formação prática assume um papel secundário (PEREIRA, 1999). Assim, o

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professor especialista passa por um problema de identidade quanto ao curso de

formação, segundo Gatti (1992):

O licenciando é um pingente pendurado em duas canoas, com identidade problemática: especialista em área específica ou professor? Matemático ou professor de Matemática? Geógrafo ou professor de Geografia? Físico ou professor de Física? (GATTI, 1992, p.72)

Diferentemente do modelo de racionalidade técnica o modelo da

racionalidade prática, traz a concepção de que a prática não é apenas o locus da

aplicação dos conhecimentos científicos e pedagógicos, mas um espaço de criação

e reflexão, em que novos conhecimentos estão em constante geração e

modificação. Portanto, a prática docente esta presente desde o início da formação

docente, originando problemas e questões que serão levadas para discussão nas

disciplinas teóricas. Assim, os blocos de formação se apresentarão de forma

concomitante e articulada (PEREIRA, 1999).

É consenso que não basta o domínio da área de conhecimento específico ou

pedagógico para se formar um bom professor, bem como não é suficiente estar

apenas em contato com a prática para promover uma formação de qualidade, pelo

contrário ambos precisam ser concatenados para contribuir com a formação docente

(GATTI, 1992; PEREIRA, 1999), como demonstrado pelos autores ao afirmar que:

[...] a prática pedagógica não é isenta de conhecimentos teóricos e que estes, por sua vez, ganham novos significados quando diante da realidade escolar (PEREIRA, 1999, p. 114).

Para Mello (2000), não há incentivo no convívio do educando com pessoas e

instituições que conheçam a problemática da educação básica nos cursos de

formação de professores. Ainda em seu artigo, critica os professores formadores,

por estarem mais preocupados com suas investigações do que com o ensino geral,

especialmente a educação básica. Neste sentido, Gatti et al. (2008) aponta para

uma ordem hierárquica na academia universitária, na qual as atividades de pesquisa

e de pós-graduação possuem maior reconhecimento, ao contrário da dedicação para

o ensino e formação de professores, que supõe a perda de prestígio acadêmico.

Resulta deste cenário a possibilidade do distanciamento da academia das

dificuldades que efetivamente ocorrem nas escolas e com os quais os professores

se enfrentam cotidianamente.

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Uma compreensão mais adequada deste cenário pode ser obtida ao

detalharmos a licenciatura em pedagogia e em matemática. Assim, é necessário o

conhecimento das características, diretrizes e outros pontos relevantes dos cursos

em discussão, para um melhor entendimento da identidade do profissional que

propõem formar.

2.1.1 Licenciatura em Pedagogia

O curso de Pedagogia tem sua gênese em 1939, criado pela Faculdade

Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, pelo Decreto nº 1.190 do mesmo

ano, sua estrutura era conhecida como esquema “3+1” de licenciatura, no qual os

primeiros anos eram dedicados aos fundamentos da educação e um ano para

formação do licenciado (TANURI, 2000; SAVIANI, 2009).

Neste período havia a necessidade de garantia por maiores espaços para o

estudo e a constituição das condições de trabalho dos professores, que na sua

maioria eram leigos, bem como vivia-se os impactos do movimento escolanovista

(FIORIN; FERREIRA, 2013)

Neste contexto, a preocupação com a formação docente para o Curso

Normal foi uma das motivações para criação do curso de pedagogia e constituía-se

em uma das principais seções do Decreto 1.190/39. Atribuindo ao formando neste

esquema os títulos de Bacharel em Pedagogia ou Técnico em Educação para os

que cursassem os três anos, podendo atuar também em áreas não docentes de

Administração Escolar. A atuação como docente na escola normal só era permitida

ao licenciado, se este cursasse um ano de didática (CASTRO, 2007).

Para Silva (2006), é possível dividir a história da identidade do curso de

pedagogia em quatro fases, denominadas: (1) regulamentações e identidade

questionada; (2) indicações e identidade projetada; (3) propostas e identidade em

discussão; e (4) decretos e identidade outorgada.

O período de 1939 a 1972 acabam por marcar a primeira fase da definição

da identidade do curso de Pedagogia, denominada como período das

regulamentações e identidade questionada, uma vez que na ocasião da criação do

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curso de pedagogia não foram definidas a função do curso e o destino de seus

egressos, coube aos regulamentos, decretos e leis tentarem realizar tal definição.

Vale ressaltar que nesta época, segundo a autora, não aparecia evidente o

problema da identidade do curso, mas sim a inexistência de um conteúdo próprio

que justificasse sua existência.

A segunda fase, que corresponde ao período de 1973 a 1978, denominada

período das indicações e identidade projetada, é marcada pela definição da

identidade do pedagogo diante da extinção do curso de pedagogia enquanto tal.

Neste período ocorre o desdobramento das tarefas atribuídas ao curso de

Pedagogia em várias alternativas de cursos e/ou habilitações, conhecidas como

licenciaturas das áreas pedagógicas (SILVA, 2006).

Os anos de 1980 são marcados pela necessidade de uma redefinição das

políticas de formação de profissionais da educação. Com isto ocorre a diminuição da

ênfase dada à formação do especialista em prol da formação de um professor

generalista (CASTRO, 2007).

Contribuindo com as reflexões, estudos e discussões são reativados nos

anos de 1980 a 1983 pelo Ministério da Educação (MEC) por meio da Secretaria de

Ensino Superior (SESu), cuja finalidade era auxiliar o Conselho Federal de

Educação na reformulação dos cursos de formação docente. Este trabalho foi

dividido em duas etapas: (1) 1980 – 1981, cujo objetivo era estabelecer uma política

que proporcionasse à conexão entre Pedagogias e outras licenciaturas, além da

organização de ideias para a formação dos alunos de Pedagogia e análise de

propostas para reformulação do curso; (2) 1982 – 1983, que teve como resultado o

Documento Final do Encontro Nacional, no qual não há menção aos especialistas,

mas apenas uma denominação genérica de profissionais da educação (CASTRO,

2007).

Cabe ressaltar que o documento final de 1983 coloca fim a questionamentos

sobre a inexistência de um conteúdo próprio do curso de pedagogia, porém, outras

questões como o profissional a ser formado e a estrutura a ser seguida para tal

formação permanecem. Em 1990, a questão da identidade do curso de pedagogia

deixa de ser central, passando o foco à formação dos educadores em geral, nesta

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ocasião a coordenação do movimento era exercida pela Associação Nacional pela

Formação dos Professores da Educação ANFOPE (SILVA, 2006).

A década de 90 foi marcada pela promulgação da Lei de Diretrizes e Bases

da Educação Nacional nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, segundo Silva (2001),

os artigos 62, 63 e 64 da referida lei constituem-se como os responsáveis pela

polêmica que irá colocar o curso de pedagogia dentre os temas a serem

regulamentados. Uma vez que introduz por meio do artigo 62 o Instituto Superior de

Educação, e apresenta no artigo 63 o Curso Normal Superior como desejável para

formação do docente que irá atuar na educação infantil e nas séries iniciais do

ensino fundamental, bem como o artigo 64 que fixa a formação de profissionais de

educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação para

educação básica nos cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-

graduação (SILVA, 2001; 2006).

Neste cenário de discussão, propostas e incertezas com relação ao futuro do

curso de pedagogia, se caracteriza a terceira fase, que compreende o período de

1979 a 1998, denominada período das propostas e identidade em discussão (SILVA,

2006).

A última fase, refere-se ao período a partir de 1999, denominada período

dos decretos e identidade outorgada, marcada pelo deslocamento do poder de

decisão do âmbito do Conselho Nacional da Educação (CNE) para Presidência da

República. Provendo alterações como o decreto nº 3.554/2000 que substitui o termo

“exclusivamente” do decreto nº 3.276/1999 por “preferencialmente”, ao tratar da

formação docente para atuar no ensino infantil e nas séries inicias do ensino

fundamental realizada no curso normal superior, abrindo assim a possibilidade da

referida formação ser realizada nos cursos de graduação em pedagogia

(SIVA, 2006).

Diante deste breve levantamento histórico que trouxe à tona o problema de

identidade enfrentado pelo curso de pedagogia no decorrer de sua existência, e que

permanecem até os dias atuais, como observado na LDBEN 9.394/96 e nos

decretos, pareceres e resoluções que a sucedem, se faz necessário entender o que

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estabeleu a Diretriz Curricular do Curso de Pedagogia, para compreender o campo

de atuação do profissional que esta sendo formado na atualidade.

Neste sentido, a Resolução CNE/CP nº 1 de 2006, define nas Diretrizes

Curriculares do Curso de Pedagogia que este se destina à formação inicial do

professor que atuará na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino

Fundamental, nos cursos de Ensino Médio de modalidade Normal e em cursos de

Educação Profissional, na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras

áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. Abrangendo à

docência, a participação da gestão e avaliação de sistemas e instituições de ensino

em geral, a elaboração, a execução, o acompanhamento de programas e as

atividades educativas.

No artigo 5º inciso VI atribui ao egresso do curso de pedagogia, entre outras

habilidades, a de ensinar Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, História,

Geografia, Artes, Educação Física, de maneira interdisciplinar e adequada às fases

do desenvolvimento humano. No inciso VII aponta a necessidade do domínio das

tecnologias de informação e comunicação adequadas, para promover o

relacionamento das linguagens e dos meios de comunicação à educação, nos

processos didático-pedagógicos (BRASIL, 2006).

Nesta pesquisa, será considerada a expressão didático-pedagócico,

conforme Fiorentini (2005), em seu duplo sentido, no qual a didática é parte da

pedagogia. Uma vez que a didática tem relação direta com o que se ensina e

aprende e a pedagogia vai além dos conteúdos, preocupando-se com as dimensões

sócio-afetiva, emocional, pessoal e ética, corroborando com a formação de sujeitos

emancipados sócio-politicamente.

Assim, o curso de pedagogia, respeitando a diversidade nacional e

autonomia pedagógica das instituições, constitui-se em sua estrutura de: (1) Núcleo

de estudos básicos; (2) núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos; e

(3) núcleo de estudos integrados (BRASIL, 2006).

O perfil do estudante que cursa licenciatura em pedagogia, segundo o

Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) de 2011, pode ser

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descrito como maioria do sexo feminino 93,4%, a faixa etária que concentra o maior

percentual é de 35 anos acima com 33,9%. No que tange cor e etnia 54,2% são

brancos, pequeno percentual de orientais 1,3% e de indígena ou origem indígena

0,7%. Com relação à renda mensal familiar a maioria 35,5% encontra-se na faixa

acima de 1,5 até 3 salários mínimos, que correspondia na época a R$817,07 a

R$1.635,00, com pouco diferença para segunda 23,3% que corresponde a faixa de 3

até 4,5 salários mínimos, cujo valor na época era R$1,635,01 a R$2.452,00. A

respeito da escolaridade do pai 51,7%, que corresponde à maioria, concluiu o ensino

fundamental de 1º ao 5º ano (antigo 1º à 4º série), fato também constado na

escolaridade das mães com 47,9%. Além disso, 53,7% dos estudantes são

provenientes do ensino médio tradicional e 29,8% do Curso Normal.

Portanto, o pedagogo pelo definido nas diretrizes curriculares do curso de

pedagogia poderá atuar nas séries inicias do fundamental no ensino da matemática,

constituindo-se desta forma como sujeito de nossa pesquisa, e que este deve

articular os recursos tecnológicos de forma a promover o adequado relacionamento

das diferentes linguagens.

O resumo histórico e os apontamentos das definições do curso de

Licenciatura em Pedagogia nas leis, decretos, pareceres, resoluções e parâmetros

curriculares, bem como o perfil traçado pelo ENADE (2011) corroboram para o

entendimento das transformações ocorridas neste curso desde sua criação até os

dias atuais, possibilitando uma melhor compreensão de como um curso oferece um

campo de atuação tão amplo a seu formando.

Assim, o professor polivalente tem em sua essência um olhar

multirreferencial, que acaba por remetê-lo a uma prática interdisciplinar

(CRUZ; NETO, 2012). A interdisciplinaridade tem como proposta estabelecer

ligações de complementaridade, convergência, interconexões e passagens de

conhecimento (FORTES, 2009). Portanto, exercer a polivalência é ir além de juntar

todas as disciplinas, significa envolver-se na formação humana dos alunos,

adotando uma perspectiva interdisciplinar (CRUZ; NETO, 2012).

A profissionalidade polivalente, é discutida por Cruz e Neto (2012) nas

realidades do Brasil e França, bem como os aspectos legais da experiência

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portuguesa, por meio de duas pesquisas realizadas nos dois primeiros países

citados, procurando observar os pontos comuns, facilitadores e dificultadores para

sua efetivação. No artigo os autores apontam elementos que ajudam a configurar a

profissionalidade docente polivalente, entre eles: (1) pedagogia global, procura

atender as necessidades e interesses do aluno e incentivar o professor a perceber

os conhecimentos de forma integrada, tendo o fator tempo como facilitador e que irá

contribuir com a formação integral do aluno; (2) tensão entre a busca por uma

especialização nas áreas de conhecimento do currículo básico e a defesa da

formação e atuação de um único professor nas diferentes áreas; (3) ambivalência

entre polivalência real e oficial; e (4) princípio da interdisciplinaridade.

Para Santiago e Calejon1 (2015 apud Fazenda, 1992, p. 24) a

interdisciplinaridade pode ser definida como “uma atitude epistemológica que

ultrapassa os hábitos intelectuais ou mesmo os programas de ensino”, imprimindo

uma mudança de visão do conhecimento e alterações substanciais no modo de

ensino e de produção do conhecimento.

A interdisciplinaridade escolar tem como objeto as disciplinas escolares, sua

modalidade de aplicação tem como sistema de referência o aprendiz e sua relação

com o conhecimento. Desta forma, conduz ao estabelecimento de ligações de

complementaridade entre as matérias escolares. Neste contexto, a integração é um

processo interno de construção de produtos cognitivos que interessa ao sujeito e

exige a ajuda de um terceiro que terá o papel de mediador, colocando em prática as

condições didáticas favoráveis à integração (LENOIR, 1998).

Assim, a interdisciplinaridade escolar é constituída pelo conjunto de três

planos: (1) interdisciplinaridade curricular, consiste no estabelecimento, após análise

sistemática, de ligações de interdenpendência, convergência e complementaridade

entre as diferentes matérias escolares; (2) interdisciplinaridade didática, trata da

planificação, organização e avaliação da intervenção educativa; e (3)

interdisciplinaridade pedagógica, assegura a colocação de modelos didáticos

interdisciplinares em situações concretas (LENOIR, 1998).

1 SANTIAGO, Rosemary Aparecida; CALEJON, Laura Marisa C. A formação do professor e a inclusão educacional de jovens e adultos. Anais XII Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educacional - 37th Annual Conference of the International School Psychology Association, São Paulo, 2015.

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34

Na interdisciplinaridade pedagógica deve-se levar em conta um conjunto de

variáveis que irão agir e interagir na aprendizagem real, entre outras, aspectos

ligados a gestão da sala de aula, ao contexto que se desenvolve o ato do ensino,

conflitos interno e externos da sala de aula (LENOIR, 1998).

Para Trindade (2008) a prática interdisciplinar pressupõe uma desconstrução

e ruptura com o tradicional e o cotidiano escolar, no qual o professor sem abrir mão

de suas características possibilita a interdependência, compartilhamento, encontro,

diálogo e transformações.

A interdisciplinaridade é diferente de multidisciplinaridade,

pluridisciplinaridade e intradisciplinaridade. Na multidisciplinaridade temos disciplinas

distintas trabalhando num mesmo momento conteúdos diferentes, não existindo

integração entre elas (CARDOSO et al., 2008). A pluridisciplinaridade refere-se ao

estudo de um objeto de uma mesma disciplina por várias disciplinas ao mesmo

tempo, com isto ultrapassa as disciplinas, porém, sua finalidade continua inscrita na

estrutura da pesquisa disciplinar, contribuindo desta forma com o enriquecimento do

objeto devido o cruzamento destas várias disciplinas (NICOLESCU, 1999). No

entanto, ainda não existe a integração das disciplinas, não sendo possível

demonstrar as relações existentes entre as diferentes áreas do conhecimento, que

são tratadas de forma separada (CARDOSO et al., 2008).

A transdisciplinaridade visa à compreensão do mundo presente, no qual as

disciplinas possuem a única finalidade da unidade do conhecimento para criar uma

nova forma de viver (NICOLESCU, 1999; CARDOSO et al., 2008). A proposta da

interdisciplinaridade por sua vez é um conhecimento em rede, no qual as disciplinas

estão interconectadas entre si, sem com isto ser anulada, mas sim rompendo as

barreiras epistemológicas (CARDOSO et al., 2008). A pluridisciplinaridade e a

interdisciplinaridade possuem a finalidade de pesquisa disciplinar, já a

transdisciplinaridade tem como finalidade a compreensão do mundo presente, sendo

difícil de ser inscrita na pesquisa disciplinar (NICOLESCU, 1999).

Atualmente a escola está embasada na fragmentação do conhecimento,

herança da concepção da escola tradicional, que nega a ligação entre os diversos

campos do saber, não propiciando ou dificultando ao aluno produzir o seu próprio

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conhecimento. Neste cenário, a transversalidade e interdisciplinaridade são

complementares, pois a transversalidade refere-se à possibilidade da didática

estabelecer uma relação entre assimilar os conhecimentos sistematizados, já à

interdisciplinaridade cria uma abordagem epistemológica dos objetos de

conhecimento (BORGES, 2007).

Além disto, os temas transversais devem promover a ligação entre os

conteúdos das diferentes áreas de conhecimento, corroborando com o entendimento

de mundo e a construção do conhecimento do educando. Assim, afirma BORGES

(2007, p. 19).

[...] os temas transversais devem funcionar como o cimento que percorre todas as disciplinas e preenche as rachaduras provocadas pela fragmentação e compartimentalização dos conteúdos. É dentro desta lógica e nessa perspectiva que se deve construir a relação currículo escolar/temas transversais.

Porém, a escola apresenta os conteúdos de forma fragmentada, com pouca

ou nenhuma relação entre os conteúdos e as disciplinas, muito menos com uma

relação bem definida com o mundo real. Além disto, existem alguns fatores

relatados por CARDOSO et al. (2008) em sua pesquisa que merecem ser

considerados ao falarmos em interdisciplinaridade: (1) obrigatoriedade de

cumprimento de 100% dos conteúdos que formam o currículo; (2) dificuldade de

integração entre os professores; (3) Insegurança ou despreparo do professor em ser

mediador num trabalho interdisciplinar; e (4) conceituação errônea da

interdisciplinaridade.

Um exemplo de conceituação errônea da interdisciplinaridade, é apontada

na pesquisa de Cardoso et al. (2008), que consistia em um estudo de caso que

visava obter a opinião de professores e alunos sobre a relação existente entre as

disciplinas de Química e Biologia no Ensino Médio e sua visão sobre a

interdisciplinaridade. Os dados foram coletados por meio de dois questionários: (1)

dirigido aos professores de Química e Biologia de escolas públicas e privadas do

Estado do Rio de Janeiro que lecionavam para o público infanto-juvenil; e (2) dirigido

aos alunos da rede pública e particular do Estado do Rio de Janeiro que prestaram o

Exame de Qualificação da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Na

análise os autores comentam que foi possível constatar discrepâncias nas respostas

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dadas pelos professores e alunos sobre a interdisciplinaridade aplicada no processo

de avaliação.

Segundo Cardoso et al. (2008) apesar das respostas dos professores

apontarem para a interdisciplinaridade como facilitadora e sua utilização na sala de

aula, as respostas dos alunos sugerem que não estão adaptados ao processo de

interdisciplinaridade aplicada na avaliação da UERJ. Podendo significar na visão dos

autores, como uma das possibilidades desta discrepância das respostas, a

existência de conceituação errônea de interdisciplinaridade pelos professores ou a

dificuldade de aplicação na prática desta conceituação.

Logo, em nosso entendimento um professor polivalente que atua nas séries

iniciais do ensino fundamental deveria ser capaz de articular as diversas áreas de

conhecimento de forma interdisciplinar, transdisciplinar e transversal, conforme

Figura 2, pois poderia promover a relação dos conteúdos entre as diferentes

disciplinas, possibilitando sua interligação e aproximando o mesmo do mundo real.

Neste contexto, o parecer CNE/CP nº 9/2001 enfatiza que os cursos

formadores de professores hora atribui demasiada ênfase à transposição didática

dos conteúdos, sem com isto levar em conta sua necessária ampliação e

solidificação ou simplesmente preocupam-se com o conteúdo que devera ser

passado ao estudante, sem considerar as relações existentes entre estes nas

diferentes etapas da educação básica.

Vale ressaltar que não apenas o professor polivalente deve ser capaz de

trabalhar os conhecimentos de forma interdisciplinar, transdisciplinar e transversal,

isto deve ser estendido também para os professores especialistas. Mas para que

este professor, polivalente ou especialista, consiga trabalhar dentro destes

parâmetros se faz necessária uma mudança em sua formação e no currículo escolar

dos cursos de formação de professores, para que estes possam compreender em

sua totalidade o significado destes termos, bem como formas de aplicá-los na

prática, contribuindo assim com uma Educação Matemática Crítica, que discutiremos

mais a frente.

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Figura 2 – Representação da interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e transversalidade dos conteúdos transmitidos pelo professor polivalente.

Uma vez caracterizado o professor polivalente como aquele formado nos

cursos de licenciatura em Pedagogia ou no Curso Normal Superior que irá atuar na

educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental e a importância de sua

formação baseada nos termos de interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e

transversalidade, faz-se necessário o entendimento de quem é o professor

especialista, o curso encarregado por sua formação, a legislação que rege este

profissional, suas características e suas atribuições na educação das séries finais do

ensino fundamental.

Para nossa pesquisa estaremos analisando o curso de licenciatura em

matemática, uma vez que este se constitui como um dos nossos objetos de estudo,

além de ser responsável pela formação do professor de matemática que irá atuar

nas séries finais do ensino fundamental e médio.

2.1.2 Licenciatura em Matemática

Os cursos de licenciatura em matemática possuem como objetivo principal a

formação de professores para educação básica, diferentemente do curso de

bacharel em matemática que prepara profissionais para aturem no ensino superior e

pesquisas (BRASIL, 2001c). Pela lei o profissional formado no curso em questão

poderá ministrar aula em qualquer série da educação básica, incluindo as séries

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inicias do ensino fundamental e educação infantil, porém, está decisão devera ser

tomada no âmbito do projeto pedagógico dos sistemas de ensino ou das escolas

(MELLO, 2000).

Neste trabalho assumimos como campo de atuação deste profissional

formado no curso de licenciatura em matemática as séries finais do ensino

fundamental e o ensino médio. Tendo como foco sua formação para atuação nas

séries finais do ensino fundamental.

Enquanto curso de formação docente para educação básica deve ser

elaborado de forma a garantir ao licenciado em matemática o desenvolvimento de

competências e habilidades, tais como: (1) trabalho em equipes multidisciplinares;

(2) utilizar novas ideias e tecnologias para resolução de problemas; (3) identificar,

formular e resolver problemas pertinentes à área de conhecimento, por meio do rigor

lógico-científico na análise da situação problema; (4) relacionar a matemática com

outras áreas de conhecimento; (5) desenvolver propostas de ensino-aprendizagem

para educação básica; (6) desenvolver estratégias que favoreçam a criatividade,

autonomia e flexibilidade do educando em relação à matemática, dando ênfase aos

conceitos e menos as técnicas, fórmulas e algoritmos; (7) reconhecer a docência em

um constante movimento de mudança, necessitando constantemente de novas

criações e reflexões; e (8) desenvolver materiais didáticos para o ensino da

matemática; entre outras (BRASIL, 2001c).

No que tange aos conteúdos curriculares, o curso é composto por disciplinas

como: cálculo diferencial e integral, álgebra linear, fundamentos de álgebra,

fundamentos de geometria e geometria analítica. Além das disciplinas citadas

deverá abordar conteúdos matemáticos da educação básica, nas áreas de álgebra,

geometria e análise, bem como conteúdos de áreas afins à matemática e da ciência

da educação, filosofia das ciências e da matemática (BRASIL, 2001c).

Cabe ressaltar que o parecer CNE/CES 1.302/2001 estabelece que desde o

início de sua formação o aluno de licenciatura em matemática deverá adquirir

familiaridade como o uso do computador e outras tecnologias, utilizando estes

recursos como instrumento de trabalho para o ensino da matemática, especialmente

para formulação e solução de problemas.

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Ainda na Resolução CNE/CP Nº 1, de 18 de fevereiro de 2002, que trata da

organização curricular de cada instituição, no seu artigo 2º inciso VI, aponta que a

organização curricular de cada instituição deve prever “o preparo do estudante para

o uso de TIC e de metodologias, estratégias e materiais de apoio inovadores”.

Assim, a formação do matemático demanda aprofundamento dos

significados dos conceitos matemáticos, a fim de sua contextualização adequada

(BRASIL, 2001c). No entanto, não deve focar apenas nos conteúdos específicos da

área de conhecimento, deixando de lado os conteúdos que serão desenvolvidos no

ensino fundamental e médio. É de responsabilidade das Instituições de Ensino

Superior em seus cursos de licenciatura, deixar claro ao aluno a relação dos

conteúdos vistos na licenciatura e o currículo que ensinará no ensino fundamental e

no ensino médio. Promovendo no formando a capacidade de identificar, entre outros

aspectos, os obstáculos epistemológicos, obstáculos didáticos, relações dos

conteúdos ministrados com o mundo real, sua aplicação em outras disciplinas e sua

inserção histórica (BRASIL, 2001c).

Para Gatti et al. (2008), os cursos de Licenciatura em Matemática podem ser

classificados em: (1) cursos com foco na formação específica, no qual as disciplinas

de conhecimento específico serão em maior número e terão uma maior carga

horária, e as disciplinas pedagógicas serão poucas e sua carga horária reduzida;

(2) curso de formação básica de matemática, tem como objetivo atender as diretrizes

curriculares do curso de matemática e uma formação pedagógica, porém, alocam

pouco espaço para disciplinas da área da Educação Matemática; e (3) cursos que

oferecem disciplinas específicas da área, disciplinas atribuídas a Educação

Matemática e disciplinas oferecidas pela área da educação. A Educação Matemática

corresponde a Didática da matemática, Filosofia da Matemática, História da

Matemática e Tópicos de Educação Matemática.

Desta forma, os cursos estarão formando professores com perfis

diferenciados para atuar na educação básica, no qual alguns terão dificuldades em

atuar em sala de aula, por falta de disciplinas pedagógicas, outros conseguirão atuar

com uma maior facilidade em sala, mas terão que procurar formas de estabelecer

uma inter-relação entre as disciplinas específicas e pedagógicas, e por fim em uma

menor escala teremos professores formados no último tipo que terão experiências

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contextualizadas e significativas para construção de sua prática pedagógica

(GATTI et al., 2008).

O perfil do estudante que cursa bacharel em matemática ou licenciatura em

matemática, segundo o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE)

de 2011, pode ser descrito como maioria do sexo masculino 50,2%, a faixa etária

que concentra o maior percentual 33,9% é até 24 anos. Em relação a cor e etnia

51,9% são brancos, pequeno percentual de orientais 1,4% e de indígena ou origem

indígena 0,8%. Com relação à renda mensal familiar a maioria 31,9% encontra-se na

faixa acima de 1,5 até 3 salários mínimos, que correspondia na época a R$817,07 a

R$1.635,00, com pouco diferença para segunda 22,9% que corresponde a faixa de 3

até 4,5 salários mínimos, cujo valor na época era R$1,635,01 a R$2.452,00. A

respeito da escolaridade do pai 44,8%, que corresponde à maioria, concluiu o ensino

fundamental de 1º ao 5º ano (antigo 1º à 4º série), fato também constatado na

escolaridade das mães com 38,6%. Além disso, 71,4% dos estudantes são

provenientes do ensino médio tradicional.

Diante dos dados apresentados podemos inferir que o educando de

matemática é na sua maioria do sexo masculino, branco, faixa etária até 24 anos,

possui rendimento familiar entre 1,5 até 3 salários mínimos, a formação dos pais

correspondem ao fundamental 1º ao 5º ano e são oriundos do ensino médio

tradicional. Diferenciando-se da licenciatura em pedagogia, no qual a sua maioria

são do sexo feminino e a faixa etária dos 35 anos acima.

Em relação aos perfis dos alunos os profissionais formados no curso de

licenciatura em matemática se diferenciam dos formados em pedagogia, pois estes

possuem um perfil polivalente, já os licenciados em matemática possuem uma

formação mais específica. Além disso, os professores que atuarão nas séries iniciais

do fundamental possuem habilidades que os professores de disciplinas não

possuem, e vice-versa, criando descontinuidades no desenvolvimento da

aprendizagem de conceitos essenciais e no trato de processos globais (PEREIRA,

1999).

Em sua pesquisa Gatti et al. (2008), tece uma análise dos dados coletados

na sessão de sinopse no site do Ministério da Educação e Cultura (MEC) e Instituto

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Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), além das

análises dos currículos e ementas, sobre os cursos de licenciatura em pedagogia,

letras, matemática e ciências biológicas, na modalidade presencial. No que tange a

licenciatura em matemática, foco do nosso estudo, os autores apontam: (1)

existência de disciplinas que contemplam conteúdos da educação básica, nas áreas

de álgebra, geometria e análise, porém, sem se preocupar com o desenvolvimento

do conhecimento pedagógico destes conteúdos matemáticos ou com o desempenho

do futuro professor em sala; (2) existência de diferentes cursos de licenciatura,

quanto ao foco nas disciplinas específicas, pedagógicas e educação matemática; (3)

perfis diferenciados de licenciados, no qual alguns possuem formação matemática

profunda, outros com formação pedagógica desconexa da formação em matemática,

e poucos com formação profunda em educação matemática; (4) poucos cursos

possuem disciplinas ligadas à metodologia de pesquisa; e (5) diferentes

entendimentos e formas de aplicar a questão da Prática de Ensino em cursos de

licenciatura em matemática.

Diante deste cenário, é difícil um professor, formado neste curso de

licenciatura promover a constituição de significados, uma vez que não teve a

oportunidade de construí-lo em sua formação inicial, bem como atuar na educação

básica levando em conta os princípios pedagógicos estabelecidos nas diretrizes

curriculares nacionais como: interdisciplinaridade, transversalidade, contextualização

e integração de áreas de projetos de ensino (MELLO, 2000).

Logo, a aprendizagem não pode ser descontextualizada e dividida em

disciplinas estanques. Se o professor no futuro deve desenvolver em seus alunos a

capacidade de relacionar a teoria com a prática, é indispensável que em sua

formação seja promovida uma permanente construção de significados dos

conhecimentos com relação a sua aplicação, pertinência em situações reais,

relevância para vida real e social, validade para análise e compreensão de fatos da

vida real. Assim, as disciplinas do curso deveriam ser organizadas de forma a

permitir a transposição didática e contextualização do conteúdo na educação básica

(MELLO, 2000). Porém, como demonstrado por Gatti et al. (2008) em sua pesquisa,

nos cursos de licenciatura em matemática está ocorrendo a ausência de uma

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concepção da Educação Básica, bem como de sua função social e das demandas

referentes a área disciplinar e futuros profissionais.

Uma vez descrito os cursos que fornecerão a formação inicial para os

professores de matemática que irão atuar no ensino fundamental, bem como

realizada uma descrição dos profissionais formados por estes cursos, professor

polivalente e professor especialista, faz-se necessário conhecer a modalidade na

qual é oferecido o curso e suas particularidades, que no caso desta pesquisa é a

Educação à Distância.

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3 - EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

A Educação a Distância (EaD) evoluiu muito nestes últimos tempos,

permitindo que diversos cursos de graduação, pós-graduação, Massive Open Online

Course (MOOC), entre outros, pudessem ser oferecidos por várias instituições

nacionais e internacionais. Esta modalidade de ensino apresentou um aumento

exponencial de alunos do nível de graduação e pós-graduação, chegando a registrar

200% de acréscimo entre os anos de 2004 e 2007. Neste período os cursos de

graduação na modalidade EaD acabaram superando o número de alunos da pós-

graduação (MORAN, 2009).

Os termos "educação à distância", "ensino a distância" e "teleducação" são

utilizados para expressar o mesmo processo (NUNES, 1994), no entanto, alguns

autores apontam a diferença entre as expressões "Ensino a Distância" e "Educação

a Distância", como sendo a primeira aquela que tem foco no papel do professor e a

segundo aquela que procura ir além do foco no professor, sendo consequentemente

mais abrangente (MORAN, 2008). Nos Estados Unidos, o termo Ensino à Distância

é utilizado para indicar o uso de Tecnologias eletrônicas na educação à distância

(KEEGAN, 1996). Neste trabalho, a partir deste momento, estaremos assumindo o

termo Educação à Distância por procurar um entendimento do processo como um

todo.

A sua origem remonta do final do século XVIII, com um verdadeiro salto na

década de 60 com a institucionalização de várias ações nos campos da educação

secundária e superior, tendo seu início no continente Europeu e se expandindo

rapidamente para os demais países, onde se destacam algumas experiências da

EaD no nível secundário como na Suécia com a HermodsNKI Skolen, na Austrália

com o Schools of the Air, Universidade Estatal a Distância na Costa Rica, entre

outras. No nível superior é possível citar a Universidade de Athabasca no Canadá,

Universidade para todos os homens e as 28 universidades locais por televisão na

China Popular, a Open University no Reino Unido, entre muitas outras (NUNES,

1994).

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No Brasil as experiências do Instituto Rádio Monitor de 1939 e do Instituto

Universal Brasileiro de 1941 dão inicio ao ensino nesta modalidade. O destaque, no

entanto, é o Movimento de Educação de Base (MEB), que tinha como premissa

alfabetizar e apoiar os primeiros passos da educação de jovens e adultos,

principalmente nas regiões Norte e Nordeste do país, através das Escolas

Radiofônicas. Porém, devido à repressão política e o golpe de 1964 o projeto foi

abandonado (NUNES, 1994).

Em meados de 1970 a EaD entra em pauta no âmbito governamental, mas

somente na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 1996

número 9.394 é proposta como modalidade de ensino, tendo como principal objetivo

era democratizar o acesso a formação inicial e continuada. Todavia o Plano Decenal

de Educação para Todos de 1993 a 2003 já trazia a EaD em seu planejamento de

políticas públicas (NOGUEIRA, 2011).

As diretrizes para EaD presente na LDBEN 9.394/96 surgiu da ideia de um

Sistema Nacional da Educação à distância que tinha em sua base uma concepção

socialista da educação. No entanto, a Lei promulgada é fundamentada no

neoliberalismo, apresentado-a de forma sumária e simplista (NOGUEIRA, 2011).

Além disto, LDBEN 9.394/96 reforça a centralidade desta modalidade de

ensino no poder executivo, bem como enfatiza sua utilização: (1) na formação de

professores em serviço; e (2) na formação continuada e a capacitação dos

profissionais de magistério. No entanto, ressalta que a formação inicial de

profissionais de magistério deverá ser realizada preferencialmente no ensino

presencial (BRASIL, 1996). Ainda no decreto nº 2.494/98 não deixa clara a

especificação de um corpo docente especializado para atuar na EaD (NOGUEIRA,

2011).

A presença de organismos internacionais que acabam por influenciar os

rumos tomados pelas políticas sociais no que tange a educação também se constitui

em um aspecto importante apresentado por Nogueira (2011). Como no caso do

Banco Mundial, um organismo multilateral que tem sua origem no acordo Bretton

Woods de 1944, que estabelece as relações comerciais e financeiras entre os

países mais industrializados do mundo. Suas políticas são orientadas a releitura da

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Teoria do Capital Humano e são apresentadas por meio da teoria das competências

e da pedagogia do aprender a aprender, justificando uma pedagogia pautada em

uma formação para o trabalho (MARTINS; MAURÍCIO; ARAÚJO, 2013).

Neste contexto, o Banco Mundial em suas recomendações aponta:

[...] a difusão de saberes em espaços não institucionalizados, intencionando a diminuição dos gastos públicos com estrutura escolar e universitária. Quanto menos saber sistematizado mais se otimizam gastos e tempo. Recomendam-se também, como forma de romper os limites impostos pelo tempo e falta de estrutura a aplicação massiva de instrumentos de EaD, além de iniciativas que provoquem ruptura com a formação formal (MARTINS; MAURÍCIO; ARAÚJO, 2013 p.5).

Portanto, o Banco Mundial recomenda a EaD por uma questão de custos e a

legislação brasileira acaba por seguir suas diretrizes, como observado na

LDBEN 9.394/96 (NOGUEIRA, 2011). Para o Banco Mundial os países em

desenvolvimento não precisam gastar com o ensino superior e pesquisas, pois

devem perseguir nichos de mercado onde seja possível vender mercadorias de

baixo valor agregado e caso precisem de tecnologia podem adquiri-las dos países

centrais (BARRETO, 2003).

Assim, entra em cena o Plano Nacional de Educação (PNE) que caracteriza

a necessidade de uma educação voltada para a reestruturação produtiva do

capitalismo e determinadas pelo Banco Mundial (MARTINS; MAURÍCIO;

ARAÚJO, 2013). O PNE a partir da Emenda Constitucional nº 59/2009 passa a ser

uma exigência constitucional decenal, significando que os planos estadual, distrital e

municipal devem tomá-lo como base e deve ser considerado como articulador do

Sistema Nacional de Educação (SNE), com previsão do percentual do Produto

Interno Bruto (PIB) para o seu financiamento.

No PNE 2014-2024, são encontradas algumas referências com relação à

EaD, como: (1) metas e estratégias 10.3 e 11.3, sendo possível observar uma

perspectiva de EaD para promover o ensino profissional entre jovens e adultos e seu

acesso de forma gratuita e democrática na rede pública; (2) meta 12 e estratégia

12.2, trata do financiamento estudantil como forma de ampliar o acesso ao ensino

superior de estudantes que não possuem condições financeiras, sendo oferecido

tanto em cursos na modalidade presencial como em EaD; (3) meta 14 e estratégia

14.4, promover o acesso aos cursos de pós-graduação stricto sensu, bem como

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aumentar o número de alunos neste nível de ensino, utilizando para isto recursos

tecnológicos e a EaD; (4) meta 15, são estabelecidas política de valorização dos

profissionais da educação, planos de carreira, condições de trabalho adequadas,

processos de formação inicial e continuada entre outros aspectos em prol de uma

educação pública de qualidade.

Logo, a EaD é vista na perspectiva do PNE como: (1) uma estratégia de

democratização do acesso à educação e melhoria dos processos de

ensino-aprendizagem, principalmente no nível superior e educação profissional; e (2)

continua sendo utilizada nos processos formativos dos profissionais da educação,

apresentando a separação de cursos de graduação para formação inicial à distância

(NOGUEIRA, 2011).

Há duas estratégias que irão nortear no PNE a relação entre a formação

para o trabalho e educação em tempo integral: (1) EaD como mecanismo de

barateamento dos custos com infraestrutura e diminuição do quadro de professores;

e (2) Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC),

oferecendo uma educação profissional que separa as atividades intelectuais e

manuais. Com cursos destinados a população de baixo poder aquisitivo sem acesso

a universidade pública (MARTINS; MAURÍCIO; ARAÚJO, 2013).

Em sua constituição o PNE apresenta dois problemas: sua vinculação às

metas do Banco Mundial, caracterizando-o como uma política neoliberal e a

formulação das metas pelos empresários, que acabam por beneficiar a classe

dominante (MARTINS; MAURÍCIO; ARAÚJO, 2013).

No que tange à educação o Livro Verde da Ciência, Tecnologia e Inovação,

resultado de um amplo debate coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia

(MCT), apresenta a necessidade de uma educação voltada para Ciência, Tecnologia

e Inovação (CT&I) dirigida aos estudantes da educação básica, nos níveis infantil,

fundamental e médio, das escolas técnicas, aos professores e aos administradores

escolares, de modo a assegurar sua prosperidade, segurança, qualidade de vida e

participação social.

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No caso especifico dos professores, as questões de formação profissional,

ambiente de trabalho, remuneração e perspectivas de carreira se apresentam como

cruciais. Com relação aos alunos aponta a necessidade do desenvolvimento de

novos métodos educacionais que sejam capazes de competir em atratividade com

os meios de comunicação de informação e entretenimento, sem com isto perder o

compromisso com o conteúdo ministrado. Para os adultos, o ensino a distância se

apresenta como uma metodologia apropriada à realidade pessoal e disponibilidade

profissional, corroborando com sua qualificação profissional visando renda e

emprego (BRASIL, 2001b).

Ainda com relação à formação dos professores o livro verde apresenta à

educação a distância como uma forma de qualificação e requalificação dos

professores da zona rural, conforme Brasil (2001b, p. 101).

O desafio é utilizar a tecnologia da informação para qualificar e requalificar professores que trabalham no meio rural e nas pequenas cidades, preferencialmente residentes locais. A mesma tecnologia deveria ser usada de forma intensiva para educação à distância, assim como para programas de capacitação e extensão profissional.

No Decreto Presidencial 3.294 de 15 de dezembro de 1999 é instituído o

Programa Sociedade da Informação que apoia: (1) a educação continuada e à

distância, baseados na Internet e em redes; (2) capacitação de professores; (3)

autoaprendizado em TICs, inclusive revisão curricular, visando o seu uso todos os

níveis da educação formal (BRASIL, 2001b).

Assim, o livro verde apresenta a mudança no mercado de trabalho que

acaba por propiciar mudanças no perfil ocupacional e educacional da força de

trabalho, chamando a atenção para a necessidade de inclusão na agenda da

sociedade do conhecimento brasileira da valorização das profissões pedagógicas,

técnicas e científicas (BRASIL, 2001b; BRUNNER, 2004). Contrariando o

especificado pelos organismos internacionais e pelo próprio MEC que remete à

negação dos professores como sujeitos operando a substituição da lógica da

produção pela da circulação e a lógica do trabalho pela da comunicação

(BARRETO, 2003).

Cabe ressaltar, que em nossa opinião, deve-se tomar cuidado, pois um

problema que resulta deste tipo de ensino é o ensino e a aprendizagem guiado pelo

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instrumental e focado em dominar uma maneira de fazer ofício ou profissão, mas

não em uma formação cultural completa e abrangente e que em sua maioria se

destina a grupos de mais baixa renda e oportunidades, prejudicando o

desenvolvimento do sujeito.

Nesta pesquisa a visão da EaD é a de uma modalidade de educação que

deve ser organizada de forma a promover a aprendizagem de qualidade e o

desenvolvimento humano, por meio da troca de experiências com outros indivíduos

em diferentes contextos, propiciando vivências positivas e ricas no decorrer da

formação do futuro professor, responsável por ensinar matemática no ensino

fundamental. E não como meio de reproduzir os problemas já evidenciados no

ensino presencial.

A EaD pode ser caracterizada pelo processo de ensino-aprendizagem que

utiliza as tecnologias como forma de quebrar a barreira espacial e temporal entre

professores e alunos, tendo como meios de comunicação recursos como o rádio,

televisão, correio, internet ou outros (MORAN, 2008), sendo também empregado

para compartilhar conhecimentos, desenvolver habilidades e atitudes através da

aplicação da divisão do trabalho e de princípios organizacionais (KEEGAN, 1996).

O saber, nesta modalidade, é visto como fator capital de crescimento

econômico e supõe a implantação de novas estratégias de conhecimento e de

aprendizagem, que adaptadas aos objetivos de uma sociedade tornada planetária,

possam desenvolver novas atitudes como: o aprender a aprender, tomar iniciativa na

resolução de problemas e trabalho em grupo (PEIXOTO; CARVALHO, 2010).

O uso de ferramentas tecnológicas no processo de ensino e aprendizagem

favorece os recursos didáticos, auxilia na inclusão digital, além de possibilitar o

compartilhamento de informações e experiências entre os aprendizes (FARIAS,

2013), porém, o sucesso dos cursos não depende unicamente da tecnologia

empregada, mas sim de diversos fatores alheios ao meio tecnológico utilizado

(NUNES, 2010).

Assim, a EaD precisa ser realizada como educação, não destacando apenas

os aspectos tecnológicos, mas focando as questões didático-pedagógicas e

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adquirindo uma missão mais abrangente a de formar por meio da concepção

epistemológica-interacionista um educando que seja entendido como sujeito do

processo de construção do conhecimento, em interação com o grupo em um

contexto de aprendizagem (POSSOLLI; CURY, 2009).

Logo, cabe a universidade assumir uma nova concepção, deixando de ser

uma figura “fantasmagórica” que não consegue atender aos anseios da sociedade,

do aluno e do mercado de trabalho, procurando novas concepções, práticas e

modalidades de trabalho (BRUNNER, 2004). Em uma sociedade da informação a

educação e o trabalho docente estão sendo reconfigurados e as TICs são apontadas

como elemento definidor dos discursos do ensino e sobre o ensino (BARRETO,

2004).

3.1 Recursos tecnológicos

O ensino passou por várias revoluções tecnológicas em sua história e

atualmente encontra-se no surgimento das novas tecnologias de informação e

comunicação (NTIC). A educação vive tempos revolucionários carregados de

esperanças e incertezas que se manifestam de modo mais claro no encontro da

educação com as novas tecnologias. As transformações que estão ocorrendo no

contexto em que os sistemas educacionais se desenvolvem são de tamanha

magnitude que estão forçando uma redefinição da empresa formativa, resultando em

transformações relevantes, tais como: expansão da plataforma de informação e

conhecimento, mudanças no mercado de trabalho e crise dos mundos de vida

(BRUNNER, 2004).

Em uma sociedade baseada na informação, no conhecimento e no

aprendizado a educação se torna o elemento chave para sua construção e, portanto,

educar possui um sentido muito mais amplo que treinar pessoas para o consumo

das TIC. A educação organizada nesta modalidade deve: (1) investir na criação de

competências que possibilitem a atuação efetiva na produção de bens e serviços;

(2) tomar decisões baseadas no conhecimento; (3) operar com fluência os meios e

ferramentas de trabalho; (4) formar indivíduos para “aprender a aprender”, e assim

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tornando-os capazes de se adaptarem as mudanças tecnológicas futuras; entre

outras (BRASIL, 2000).

Para Belloni (2012) a educação é, e sempre foi, um processo que utiliza em

sua mediação algum tipo de meio de comunicação, seja como complemento ou

apoio. Neste sentido, a sala de aula é considerada uma tecnologia, assim como o

quadro negro, o giz, o livro, entre outros materiais. Além disto, são ferramentas

pedagógicas que promovem a interação entre o conhecimento e o aprendiz.

A utilização da tecnologia na educação não é recente, na década de 50

ocorreram às primeiras experiências com vídeo educativo e com as máquinas de

ensinar de Skinner. O paradigma vigente na época era o de controlar o ensino por

meio da máquina. Com o surgimento da linguagem LOGO, este paradigma foi

modificado, o aluno deveria controlar a máquina e consequentemente sua

aprendizagem. Atualmente, não se questiona a utilização das tecnologias na escola,

mas quais são apropriadas e como devem ser utilizadas (CASTRO FILHO, 2007).

As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) com suas

facilidades de manipulação de textos e imagens alteram a maneira como as

linguagens verbal e visual são produzidas, usadas, interpretadas e transformadas.

As mudanças provocadas pelo uso das TDIC geram a necessidade de competências

que até então não eram necessárias, mas que neste novo contexto deverão ser

desenvolvidas pelos indivíduos (ALMEIDA; VALENTE, 2011).

Surge a necessidade do letramento digital, termo utilizado para designar o

domínio das tecnologias digitais. O indivíduo letrado digital é capaz de usar as

TDICs em práticas sócias e não apenas como um apertador de botões. Desta forma,

o processo ensino-aprendizagem deve incorporar as TDIC para que alunos e

educadores possam ser alfabetizados nestes diferentes meios de expressão. No

caso particular dos professores, além dos diferentes meios tecnológicos

disponibilizados, se faz necessário que entendam as suas especificidades e como

usá-las como recursos pedagógicos. Ainda, defendem o currículo como uma

construção social e que sua integração com as tecnologias digitais de informação e

comunicação podem contribuir com o desenvolvimento da autonomia do aluno e do

pensamento crítico, de forma a ampliar sua capacidade de julgamento,

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autorrealização e possa atuar em defesa das ideias de liberdade, emancipação e

democracia (ALMEIDA; VALENTE, 2011).

O papel desempenhado pelas TICs na educação matemática e nos

documentos de propostas curriculares oficiais de diversos países podem ser

categorizados em duas concepções, segundo a literatura: (1) consumir tecnologia; e

(2) incorporar tecnologia. Uma terceira concepção é apresentada por Frota e Borges

(2004) a matematizar a tecnologia.

A concepção de consumir tecnologias é tornar mais eficiente as rotinas

educacionais pela ferramenta, automatizando os processos educacionais. Ao

incorporar tecnologia, é possível dividi-la em dois momentos sendo que no primeiro

os professores utilizam os recursos tecnológicos como parceiros, incorporando-os

em sua ação docente. Em um segundo momento esta incorporação é entendida pelo

professor como uma maneira do educando desenvolver novas formas de pensar e

resolver problemas (FROTA; BORGES, 2004).

Na matematização da tecnologia, consideram-se as tecnologias como

objeto de estudo da matemática, sendo de responsabilidade desta esclarecer os

processos implícitos nos recursos tecnológicos. Nessa perspectiva, o educando

seria capaz de criticar a forma como a tecnologia é utilizada e incorporada no seu

pensar e fazer matemática (FROTA; BORGES, 2004).

Neste contexto, Almeida e Valente (2011) defendem as tecnologias como

meio e não como fim do processo educativo e como tal deve ser inserida nas

atividades de sala de aula como companheira e não apenas como uma forma de

automatizar processos antes realizados, pois assim assumimos a produção de

novos conhecimentos e não somente a reprodução. O entendimento do currículo

como uma construção social é outro ponto importante, pois cada aluno é dotado de

uma diversidade de experiências de vida e múltiplas culturas e cabe ao professor, à

escola e a sociedade respeita-la e contribuir com seu desenvolvimento intelectual e

social.

Assim, a evolução da TIC contribuiu para a Educação à distância (EaD), mas

não representa uma oferta pedagógica (NUNES, 2010), sendo que a forma com que

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será utilizada pelos professores é que lhe fomentará uma educação de qualidade de

modo a atender as necessidades da sociedade do conhecimento e da informação.

A qualidade do processo educativo não se limita e não pode ser definida

pelo recurso da tecnologia (NUNES, 2010). Na década de 1970 quando Skinner

propôs as máquinas de ensinar, constituídas a partir da Tecnologia de Ensino, ou

seja, da aplicação dos princípios do condicionamento operante a situação de ensino,

esta proposição assustou muitos professores que tinham o temor de serem

substituídos pela máquina. O que se observa é que como outras ferramentas,

incluindo giz e lousa, a qualidade da aprendizagem depende do contexto criado para

ensinar e este depende também do professor.

Não atribuir uma contextualização ao conteúdo escolar com a utilização da

TIC (D´AMBROSIO, 1996) e principalmente usá-la como um meio de transposição

do material didático ministrado na modalidade presencial, para os meios digitais na

EaD (MATUCHESKI; LUPION, 2010) é uma forma de abdicar dos benefícios que

seus recursos podem oferecer a aprendizagem e desenvolvimento do aluno.

Visto que não é a tecnologia que define a sociedade, nem tão pouco a

sociedade escreve o curso das transformações tecnológicas, mas a tecnologia é a

sociedade (CASTELLS, 1999). A tecnologia constitui-se como conteúdo da cultura e,

nesta medida, como produto e produtora de uma determinada ordem de relações

sociais e interpessoais.

Assim, na EaD a interação entre o professor e alunos é realizada de forma

indireta, sendo que nesta modalidade de ensino ocorre uma dependência maior da

mediatização realizada pelos meios tecnológicos. Vale ressaltar a diferença entre os

termos interação e interatividade, no qual o primeiro refere-se ao encontro de dois

sujeitos direta ou indiretamente. Já a interatividade refere-se à atividade humana de

agir sobre a máquina. E mediatizar significa conceber metodologias e estratégias de

utilização de materiais diferenciados que irão propiciar a potencialização máxima

das possibilidades de aprendizagem autônoma (BELLONI, 2012).

E com isto a mediação no ambiente está alicerçada na ação do professor,

que deve ter uma postura de orientador e motivador, e nos recursos tecnológicos

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empregados (D´AMBROSIO, 1996). Há também a mediação pedagógica cuja

relação com o meio, com os outros, com os signos, com as palavras e com a

linguagem norteiam todo este processo, propiciando um modo de relação e de ação

imediata. Neste contexto, mediar está em instigar o aluno, acompanhá-lo em suas

dúvidas e identificar a sua ausência no decorrer do processo (MACHADO; TERUYA,

2009).

Uma vez descrito os cursos que fornecerão a formação inicial para os

professores que serão os responsáveis por ensinar os conteúdos de matemática no

ensino fundamental, apresentado as características da modalidade na qual é

oferecida os dois cursos pela instituição de ensino superior, Educação a distância,

suas características e dependência dos recursos tecnológicos, bem como realizada

uma descrição dos profissionais formados por estes cursos, professor polivalente e

professor especialista, faz-se necessário apresentar os conceitos sistematizados

pelo Enfoque Histórico Cultural que sustentam uma educação desenvolvimentista e

que consideramos como critérios relevantes para analisar a qualidade dos cursos

focalizados.

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4 - EDUCAÇÃO, APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO HUMANO

As concepções do Enfoque Histórico Cultural quanto à educação,

aprendizagem e desenvolvimento humano contribuem para o entendimento do

desenvolvimento do aprendiz. Afinal, ao longo dos tempos a sociedade tem criado

instrumentos como: computadores, aparelhos celulares, tablets, televisão, entres

outros, e sistemas de signos como: filmes, animações, textos, jogos, softwares,

ferramentas, que acabam na medida em que se constituem como conteúdos da

cultura em “outros” (BEATÓN, 2005) por influenciar o desenvolvimento social e

cultural (VYGOTSKY, 1991).

As concepções sobre aprendizagem, desenvolvimento humano, assim como

as relações entre esses processos e, consequentemente o papel desempenhado

pela escola e pelo educador mostram-se bastante diversificada entre educadores e

professores. O ecletismo, como postura teórica reduz a qualidade e possibilidades

da atividade educativa do professor. Em partes, o ecletismo resulta de uma

formação pouco consistente, que trata de uma forma acrítica e superficial as

diferentes explicações produzidas pela Psicologia e outras ciências no campo da

Educação para estes processos. Assim, no esforço de reflexão que caracteriza esta

pesquisa assumimos o Enfoque Histórico Cultural como fundamento teórico.

4.1 Concepções de educação, aprendizagem e desenvolvimento humano

Para Ponte (1992), concepções são essencialmente cognitivas e atuam

como filtros, sendo indispensáveis por estruturar o sentido atribuído às coisas e

limitadora de nossas possibilidades de atuação e compreensão. Além disto, formam-

se simultaneamente em processos individuais e sociais. O sentido, por sua vez, é a

soma de todos os acontecimentos psicológicos despertados na consciência,

possuindo várias zonas de estabilidade, já o significado é a zona mais estável e

precisa (VYGOTSKY, 1934).

Desta forma, as concepções sobre a matemática são influenciadas pelas

experiências e representações sociais dominantes. A matemática traz em si uma

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imagem forte, ocasionando medos e admirações, por ser uma ciência muito antiga,

que vem sendo ensinada há séculos, com um caráter obrigatório e desempenhando

o papel de seleção social (PONTE, 1992).

O professor de matemática é o responsável por organizar as experiências de

aprendizagem dos alunos, estando em uma posição chave para influenciar estas

concepções. Alguns fatores como: sua visão de matemática e como se aprende

matemática; a relação entre suas concepções e a dos seus alunos; e a relação entre

as concepções e as práticas poderá contribuir nesta pesquisa para o entendimento

da relação deste docente que esta formando futuros professores, nos cursos de

Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Pedagogia com a matemática e como

esta concepção estará influenciando e dando sentido a sua futura atividade

pedagógica.

A educação é um fenômeno dos seres humanos, que necessitam produzir

continuamente sua existência e transformar a natureza, por meio do trabalho. O

trabalho é uma ação intencional, adequada a atender finalidades, e a educação uma

exigência de e para o trabalho, bem como um processo de trabalho. Portanto,

caracteriza-se como um trabalho não material, em que o ato de produção e consumo

está imbricado (SAVIANI, 1984).

O trabalho educativo é produzir direta e intencionalmente em cada indivíduo

a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelos homens. Logo, para

Saviani (1984):

[...] o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana para que eles se formem humanos e, de outro lado e concomitantemente, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo (SAVIANI, 1984, p.2).

A educação não se restringe ao ensino, este último é um aspecto da

educação e participa da natureza do fenômeno educativo. A escola, por sua vez é

uma instituição que possui como papel a socialização do saber cientifico e não o

conhecimento espontâneo e de cultura popular (SAVIANI, 1984). Para os

pesquisadores da psicologia histórico-cultural como Vigotski, Leontiev, Luria,

Davídov, entre outros, a educação pode ser definida como forma universal do

desenvolvimento humano.

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56

Para Davídov (1988), a educação e o ensino de um indivíduo estão

relacionados à apropriação e reprodução das capacidades desenvolvidas histórica e

socialmente, constituindo-se como formas universais de desenvolvimento mental do

homem. Vale ressaltar, que apropriação e desenvolvimento são processos

dependentes, pois se correlacionam com a forma e o conteúdo de um único

processo do desenvolvimento humano. Ainda, a apropriação leva a pessoa à

reprodução das capacidades humanas formadas historicamente.

No que tange a aprendizagem, Vygotsky (1998), apresenta as teorias

referente à relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem, agrupada em três

categorias: (1) a aprendizagem utiliza os resultados do desenvolvimento, no entanto,

são processos independentes e caracteriza-se por um processo externo, que ocorre

em certa medida paralelamente ao desenvolvimento, porém, não participa

ativamente ou modifica o desenvolvimento; (2) aprendizagem é desenvolvimento, se

comparada à primeira teoria apresenta a diferença essencial das relações temporais

entre os processos, de modo que cada etapa da aprendizagem corresponda a uma

etapa do desenvolvimento; e (3) combina as duas teorias anteriores de forma a

coexistirem. A combinação resulta em três aspectos: (1) as duas teorias anteriores

não se excluem mutuamente; (2) o desenvolvimento é produto da interação dos dois

processos; e (3) ampliação do papel da aprendizagem no desenvolvimento.

Portanto, existem diferentes teorias que procuram explicar a aprendizagem.

Este tema foi definido como prioridade pelos behavioristas e posteriormente pelos

cognitivistas. Algumas teorias, ainda que não tomem a aprendizagem como foco

central contribui para compreender sua importância no processo de desenvolvimento

humano. A possibilidade de abarcar a integridade deste processo oferecida pela

explicação dada por Vygotsky permite compreender o lugar ocupado pela

aprendizagem e consequentemente pela escola, pela família, pelo professor, por

toda sociedade e pelo ensino no desenvolvimento do sujeito.

Nesta explicação enfatiza-se a dimensão cultural como atributo relevante do

homem que é capaz de ações transformadoras da natureza, criando cultura e

possibilitando o desenvolvimento das funções psíquicas superiores. Como define

Vygotsky:

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57

Se trata en primer lugar, de los procesos por los que se dominan los medios externos del desarrollo cultural y del pensamiento: el lenguaje, la escritura, el cálculo, el dibujo: en segundo lugar son los procesos del desarrollo de las funciones psíquicas superiores especiales que no han sido delimitadas ni definidas de manera exacta y que en la psicología tradicional se llaman ¨ atención voluntaria ¨, ¨memoria lógica ¨ , ¨ formación de conceptos ¨ etc, Uno y otros tomados juntos forman lo que nosotros llamamos convencionalmente proceso de desarrollo de las formas superiores de comportamiento del niño. (VYGOTSKY, 2000. p.89)

O indivíduo não se desenvolve com o tempo, e mesmo com todo o aparato

biológico da espécie, não conseguirá realizar uma tarefa de forma suficiente se não

participar de ambientes e práticas específicas que propiciem a aprendizagem

(RABELLO; PASSOS, 2010). Esta capacidade de desenvolvimento está fortemente

associada às diferenças qualitativas no ambiente social ao qual o indivíduo faz parte

(PALANGA, 1994).

Shuare (1990) demonstra que a grande contribuição de Vygotsky foi

introduzir o tempo e a historicidade na compreensão do psiquismo. Além disto,

expõe que este tempo não é, por exemplo, como o tempo necessário para que uma

semente se transforme em planta ou árvore, na medida em que a última expressa às

possibilidades contidas na primeira. O tempo para Vygotsky é história e

consequentemente o produto das ações transformadoras que o homem pode

realizar. É um tempo que potencializa novas qualidades do funcionamento psíquico

como demonstrado nas funções psíquicas superiores.

As funções psicológicas superiores referem-se à combinação entre os

elementos: (1) instrumentos, atividade externa voltada para o controle da natureza; e

(2) signos, atividade interna voltada para controle do próprio indivíduo, onde a

sociedade tem criado ao longo dos tempos instrumentos e sistemas de signos que

acabam por influenciar seu desenvolvimento social e cultural (VYGOTSKY, 1991).

Segundo Beatón (2015) cultura é tudo que o ser humano foi capaz de

produzir ao longo de sua existência, e o que virá a produzir como objetos, meios,

instrumentos, mitos, tradições, ideias, conhecimento, incluindo a si mesmo que é

obra da sociedade e da cultura por ele produzida e acumulada.

Segundo Moreira (1999), o desenvolvimento cognitivo do indivíduo é

realizado por meio da internalização, que corresponde à construção interna de uma

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operação externa, dos instrumentos e signos, sendo estes construções sócio-

históricas e culturais (VYGOSTKY, 1984). Portanto, quanto mais o indivíduo utiliza

signos, mais suas operações psicológicas são modificadas, também quanto mais

instrumentos ele aprende a usar, maior a gama de atividades que ele poderá aplicar

suas novas funções psicológicas.

Assim, a aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados, sendo

que o processo de desenvolvimento progride de forma mais lenta e sucede o

processo de aprendizado, o que acaba por provocar as zonas de desenvolvimento

proximal (VYGOTSKY, 1991).

A Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) se refere à distância entre o

desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial, sendo este último

determinado pela solução de problemas sob a orientação de um adulto ou

colaboração com companheiros capazes. Já a zona de desenvolvimento real, diz

respeito ao nível de desenvolvimento das funções mentais da criança já

estabelecido por ciclos completos. Ambos os conceitos auxiliam a descobrir as

relações entre os processos de desenvolvimento e aprendizagem (VYGOTSKY,

1991).

Em sua teoria Vygotsky prioriza as funções do ambiente no desenvolvimento

intelectual ao dizer que a aprendizagem interage com o desenvolvimento, gerando

avanços nas zonas de desenvolvimento proximal, onde as interações sociais e o

contexto sociocultural são elementos essenciais (SOUZA FILHO, 2008).

Como demonstra Beatón (2005) a ZDP mais do que um espaço psicológico

é um espaço de mediação, é uma possibilidade psicológica, porém, além disso, é

um espaço interpessoal em que os sujeitos estão em atividade e comunicação, em

que se aplica a lei fundamental do desenvolvimento proposta por Vygotsky. Esta lei

demonstra que todos os conteúdos psicológicos ocorrem primeiro no plano

interpessoal e depois no plano intrapsíquico.

Em uma representação da ZDP, Beatón (2005) demonstra um espaço de

atividade e comunicação em que o sujeito apresenta um desenvolvimento real ou

atual, um desenvolvimento potencial, caracterizado por ajudas oferecidas por outros

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que nas formulações iniciais eram representados por pais, professores e

companheiros mais capazes. Da realização com ajuda o sujeito deve passar para

uma realização independente, ou seja, para um novo desenvolvimento real ou atual.

O desenvolvimento real ou atual, a qualidade da estimulação e da ajuda oferecida

relaciona-se com a amplitude da ZDP. Esta constitui-se no fundamento do processo

educativo e na compreensão do princípio de que a aprendizagem e um ensino de

qualidade promovem o desenvolvimento.

Desta forma, o indivíduo constrói seu conhecimento de acordo com sua

relação com outras pessoas e com a cultura na qual está inserido. Seu

desenvolvimento depende das formas de pensamento de que dispõe naquela fase

de desenvolvimento, dos conhecimentos construídos anteriormente e das situações

de aprendizagem vivenciadas, sendo determinante esta relação com meio social e

com a escola (BRASIL, 2001a).

Neste contexto, um professor deve saber trabalhar em equipe e estabelecer

relações de cooperação dentro da escola e com a família dos alunos (MELLO,

2000), além de mobilizar conhecimentos (D´AMBROSIO, 1993; MACEDO, 1999;

MELLO, 2000) e valores em face da diversidade cultural e étnica, necessidades

especiais de aprendizagem e diferenças entre homens e mulheres, utilizando-as

para enriquecer situações de ensino e aprendizagem em suas aulas (MELLO, 2000).

Ainda o professor deve ir além de aplicar conhecimentos, pois possui

características de um investigador em ação que é capaz das seguintes ações:

[...] problematizar uma situação de prática profissional, de mobilizar em seu próprio repertório ou no meio ambiente, os conhecimentos para analisar a situação, de explicar como e porque toma e implementa suas decisões, tanto em situações de rotina como diante de imprevistos, revelando capacidade de meta cognição de seus próprios processos e de transferência da experiência para outras situações; consegue fazer previsões, extrapolações e generalizações a partir de sua experiência, registrá-la e compartilhá-la com seus colegas (MELLO, 2000, p. 16)

Além, do já exposto um professor deve ser capaz de fazer avaliações,

realizar julgamentos, agir com autonomia diante de conflitos e dilemas éticos e

também gerenciar seu desenvolvimento profissional (MELLO, 2000).

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Para D´Ambrosio (1993) além de promover um conteúdo flexível e a

articulação dos conteúdos matemáticos com outras disciplinas, o professor deve

estar preparado para utilizar vários recursos tais como: livros, material manipulativo,

calculadoras, computadores e outros. Utilizando-os de forma a enriquecer a

exploração e investigação do problema.

E também defende que dificilmente um professor de matemática formado em

um programa tradicional estará apto a enfrentar os desafios das propostas

curriculares, pois as pesquisas demonstram que o professor ensina conforme foi

ensinado. Neste caso, prevalece a visão de ensino no qual o aluno recebe

instruções passivamente e imita o professor na resolução de problemas

semelhantes (D´AMBROSIO, 1993).

Beatón 2(2015 apud Vygotsky, 2001) expõe que a fonte do desenvolvimento

está no social e no cultural e que este em última instância se produz devido ao

acúmulo das experiências individuais e no interior do sujeito, atribuindo um papel

importante à natureza ativa do sujeito, aos processos interpessoais e culturais. Além

disto, as vivências estão unidas ao processo de construção de significados. Assim,

as condições sociais e culturais contidas na comunicação, por meio das relações

interpessoais e as vivências produzidas pelas experiências que o indivíduo vive

acabam por propiciar diferentes sentidos.

Neste ponto prevalece à vivência deste professor com relação à matemática,

que estará representada pela união indivisível das particularidades da personalidade

e da situação representada na vivência,

A vivência é uma unidade na qual, por um lado, de modo indivisível, o meio, aquilo que se vivencia está representado – a vivência sempre se liga àquilo que está localizado fora da pessoa – e, por outro, está representado como eu vivencio isso, ou seja, todas as particularidades da personalidade e todas as particularidades do meio são apresentadas na vivência, tanto aquilo que é retirado do meio, todos os elementos que possuem relação com dada personalidade, como aquilo que é retirado da personalidade, todos os traços de seu caráter, traços constitutivos que possuem relação com dado acontecimento (VYGOTSKY, 2010, p. 686)

2 BEATÓN. Guillermo Arias. Vivência, atribuição de sentido e subjetivação da atividade, a comunicação e relações sociais. Capítulo de livro a ser publicado; 2015.

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5 - O ENSINO DA MATEMÁTICA NO FUNDAMENTAL

A matemática representa a essência do pensamento moderno e não há no

cotidiano de povos e culturas atividades que não envolvam matemática, no entanto

não necessariamente a matemática que pode ser encontrada nos currículos. A

complexidade e suas relações com outras áreas do conhecimento, bem como suas

implicações sociais, políticas e econômicas justificam reflexões, teorias e estudos

sobre seu ensino (D´AMBROSIO, 1993).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática de

1997, no ensino fundamental cabe a Matemática desempenhar seu papel de

maneira equilibrada e indissociável na formação das capacidades intelectuais, na

estrutura do pensamento, na rapidez do raciocínio dedutivo, bem como na aplicação

a problemas, em situações da vida real, nas atividades do mundo do trabalho e

apoiando a construção de conhecimentos em outras áreas curriculares. Ainda, seu

currículo deve procurar contribuir para a valorização da pluralidade sociocultural

existente, além de criar condições para que o aluno vá além dos limites de um

determinado espaço social, tornando-se um sujeito ativo na transformação do seu

ambiente.

A sobrevivência numa sociedade que a cada dia se torna mais complexa,

exige novas competências que demandam novos conhecimentos e a apropriação de

instrumentos existentes na cultura. Assim, o mundo do trabalho necessita de

pessoas preparadas para utilizar diferentes tecnologias e linguagens. Para tanto, o

ensino da matemática deve explorar metodologias que priorizem a criação de

estratégias, a comprovação, a justificativa, a argumentação, o espírito crítico, além

de favorecer a criatividade, o trabalho coletivo, a iniciativa pessoal e a autonomia.

Devendo ser vista pelo aluno como um conhecimento que poderá favorecer o

desenvolvimento do raciocínio, capacidade expressiva, sensibilidade estética e

imaginação (BRASIL, 1997).

Neste cenário, os recursos de tecnologias da informação apresentam-se

como um desafio para escola, que deve buscar meios de incorporá-lo ao seu

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trabalho. Ao professor cabe a responsabilidade de escolher qual software

educacional deverá utilizar, pautando-se nos objetivos desejados e em sua

concepção de conhecimento e aprendizagem, procurando distinguir entre os que

servem para testar conhecimentos, daqueles que levam o aluno a interação com o

programa, propiciando a construção do conhecimento (BRASIL, 1997).

Os recursos de tecnologia da informação podem ser utilizados para várias

finalidades, entre elas os Parâmetros Curriculares Nacional de Matemática (1998)

destacam: (1) fonte de informação, servindo para alimentar o processo de ensino e

aprendizagem; (2) auxilia no processo de construção do conhecimento matemático;

(3) desenvolvimento da autonomia, por meio de softwares; (4) utilização de

ferramentas como planilhas, editores de texto, banco de dados, entre outros.

Além disto, é esperado que nas aulas de matemática seja oferecida uma

educação tecnológica, que não seja pautada apenas na formação especializada,

mas no conhecimento dos recursos da tecnologia, pela aprendizagem de conteúdos

sobre sua estrutura, funcionamento, linguagem e pelo reconhecimento das

diferentes aplicações, em especial em situações de aprendizagem, valorizando a

forma a qual esta inserida nas práticas sociais (BRASIL, 1998).

Para Skovsmose (2001), a educação matemática implementa uma atitude

quanto a tecnologia, quando faz o aluno entender que algumas pessoas são

capazes de gerenciar problemas tecnológicos e outras não. Ocasionando uma

atitude de servidão dos “incapazes” em relação à tecnologia e aos indivíduos que

podem lidar com ela. Portanto, o conhecimento dos recursos tecnológicos serve

para as relações de poder, definindo os excluídos e fortalecendo a divisão de

classes.

Diante disto, cabe analisar se os cursos de formação inicial de professores,

pedagogia e licenciatura em matemática, responsáveis por formar os futuros

professores do ensino fundamental, estão utilizando os recursos tecnológicos na

formação destes profissionais de forma a atingir os objetivos estabelecidos nos

Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemático elaborados em 1997 e 1998.

Constituindo-se neste o objetivo desta pesquisa, verificar como docentes e discentes

dos cursos de licenciatura em Matemática e Pedagogia oferecidos na modalidade

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Educação a Distância, percebem a presença dos recursos da tecnologia de

informação e comunicação e concebem sua utilização no ensino da matemática.

Além disto, como os discentes percebem a contribuição destes recursos para o seu

processo de aprendizagem e para o desenvolvimento de sua atividade pedagógica.

O conteúdo que deverá ser ministrado no ensino fundamental segundo os

Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática de 1997 e 1998 são: (1) Números

e operações; (2) Espaço e forma; (3) Grandezas e medidas; e (4) Tratamento da

informação. Em cada ciclo será atribuída uma ênfase a estes conteúdos, como por

exemplo, no primeiro ciclo, que corresponde a 1º e 2º séries, no item números e

operações serão tratados os números naturais e sistemas de numeração decimal,

além das operações com números naturais. No segundo ciclo, que corresponde a 3º

e 4º séries, será tratado no item números e operações o conteúdo números naturais,

sistema de numeração decimal e números racionais, além das operações com

naturais e racionais, e assim sucessivamente nos demais ciclos.

O ensino da matemática não deve limitar-se a exploração de conteúdos

acadêmicos, sem conexão entre seus campos ou com outras áreas de

conhecimento, pois desta forma pouco contribuirá com a formação da cidadania do

aluno. Além disto, deve-se ter em mente que estabelecer relações é tão importante

quanto à exploração dos conteúdos matemáticos. Uma alternativa para sair desta

forma tradicional de ensino da matemática, conforme Brasil (1997) é o

desenvolvimento de projeto, proporcionando novos contextos com novas

necessidades e possibilidades de organização dos conteúdos, lhes conferindo

significado.

Os profissionais que irão atuar na educação básica, no caso os professores

polivalentes e os professores especialistas, não estão sendo formados em seus

respectivos cursos de formação inicial para trabalhar da forma solicitada pelos

parâmetros curriculares, pois no caso do professor polivalente é dada muita ênfase a

metodologia e pouca aos conteúdos que será ensinado as crianças, já os

professores especialistas, a predominância é do conteúdo, apresentando as

disciplinas pedagógicas no final do curso, sem com isto estabelecer uma relação

entre disciplinas específicas e disciplinas pedagógica (MELLO, 2000; GATTI, 2010).

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64

Há também nos cursos de licenciatura em matemática, responsável pela

formação do especialista, a ênfase pedagógica dada à formação ambiental do

professor, uma vez que as disciplinas matemáticas possuem o papel de formar

pedagogicamente o professor, perpetuando a tradição pedagógica na qual o aluno é

um ouvinte das aulas, devendo acompanhar os raciocínios e passos, e depois

treinar e internalizar os procedimentos por meio de uma lista de exercícios

(FIORENTINI, 2005). Predomina na formação, segundo o autor citado, a atividade

do professor baseada na demonstração da solução do exercício e a fixação pela

repetição do processo.

Não basta ao professor de matemática o domínio conceitual e procedimental

da matemática, é necessário, sobretudo conhecer seus fundamentos

epistemológicos, sua evolução histórica, sua relação com a realidade, seus usos

sociais e as diferentes linguagens utilizadas para expressar ou representar um

conceito matemático (FIORENTINI, 2005).

Desta forma, se faz necessário abordar as mudanças na forma de ensinar

matemática, diante do movimento de Educação Matemática Crítica e dos Ambientes

de investigações da aprendizagem matemática, corroborando com a formação de

um professor reflexivo e crítico.

5.1 Mudanças na forma de ensinar matemática

Nosso cotidiano em sociedade está impregnado de matemática e o advento

das tecnologias da informação e comunicação (TIC) só contribuiu com este cenário

(D´AMBROSIO, 1993). No entanto, as aulas de matemática ainda hoje, em sua

maioria, se enquadram no paradigma do exercício, em que o professor apresenta a

teoria e, em seguida, os alunos resolvem uma lista de exercícios para fixação. A

formulação dos exercícios é realizada por uma autoridade externa, o que significa

que a justificação da relevância não é parte da aula de matemática em si, e possui

como premissa central a existência de uma única resposta correta (SKOVSMOSE,

2000). Se considerarmos os níveis de ajuda implícitos na zona de desenvolvimento

proximal, observamos que o professor começa a ensinar por onde deveria terminar,

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ou seja, pela demonstração da solução, reduzindo a possibilidade de reflexão do

aluno e estimulando a dependência.

A matemática, como disciplina é ensinada no mundo todo, aproximadamente

da mesma forma e com o mesmo conteúdo, sendo a única a permitir um estudo

comparativo, avaliando o rendimento escolar (D´AMBROSIO, 1993).

Fiorentini e Lorenzato (2007) afirmam que a educação matemática é uma

área de conhecimento das ciências sociais ou humanas, que estuda o ensino e

aprendizagem da matemática, caracterizando-se como uma práxis que envolve o

domínio do conteúdo específico, ideias e processos pedagógicos. Possui um amplo

espectro, inúmeros e complexos saberes, onde apenas o conhecimento da

matemática e a experiência do magistério não garantem a formação de um professor

competente.

Assim, a contextualização do saber é um desafio didático, responsável por

atribuir sentido ao plano existencial do aluno por meio do compromisso com o

contexto por ele vivenciado, e assim corroborando com um significado autêntico,

sem que com isso reduza o significado das ideias matemáticas que deram origem ao

saber ensinado. O saber escolar revela uma especificidade própria e devem-se

conduzir os conteúdos matemáticos de forma a conciliar a teoria e à prática,

iniciando-se pela vivência do aluno, mas não o reduzindo ao saber cotidiano

(PAIS, 2011).

Neste sentido, ao falar em contextualização não podemos deixar de apontar

a transposição didática, que nos dá uma visão panorâmica das transformações do

saber matemático, desde sua origem, passando pelas ideias dos autores de livro

didático, por especialistas em educação, pelos responsáveis pelas políticas

educacionais, pelas interpretações dos professores, até chegar à sala de aula, onde

o aluno terá contato com o conteúdo (PAIS, 2011).

Na visão do matemático a ciência da matemática é concebida como um

objetivo final, e com isto promove uma educação que prioriza os conteúdos formais

e uma prática voltada à formação de novos pesquisadores em matemática. Por sua

vez, o educador matemático tende a conceber a matemática como um meio ou

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instrumento importante para formação intelectual e social do aprendiz, priorizando a

relação educação e matemática, colocando a matemática a serviço da educação

(FIORENTINI; LORENZATO, 2007).

O matemático, por sua vez preocupa-se em comunicar resultados e não o

processo de sua produção, no qual resulta no conhecimento matemático

apresentado de forma descontextualizada, atemporal e geral, desconsiderando-o

como fruto de um processo onde a imaginação, os contraexemplos, as conjecturas,

as críticas, os erros e os acertos são parte integrante do desenvolvimento

(BRASIL, 1997).

Desta forma, é evidente a importância da formação do professor apontado

nas pesquisas, pois este tem o papel de gerenciar, facilitar e interagir com o aluno

no processo de aprendizagem. Há deficiências em sua formação, como resumidas

por D´AMBROSIO (1996) em dois setores: (1) falta de capacitação para conhecer o

aluno; e (2) obsolescência dos conteúdos aprendidos nos cursos de licenciatura,

além de: (1) profundo conhecimento matemático, mas sem conhecimento didático-

pedagógico; (2) conhecimento matemático e pedagógico sem articulação; e (3)

conhecimento didático-pedagógico, porém, pouco conhecimento matemático.

Para Skovsmose (2000), a educação matemática apresenta diferentes tipos

de significados às questões e atividades, entre eles: (1) matemática pura; (2) semi-

realidade; e (3) vida real. Ao combinar os três e considerando a distinção entre os

paradigmas de sala de aula, exercício e cenário de investigação, apresenta uma

matriz com seis tipos de ambientes de aprendizagem, conforme Quadro 2.

Exercícios Cenário para investigação

Referências à matemática pura (AA1) (AA2)

Referências à semi-realidade (AA3) (AA4)

Referências à realidade (AA5) (AA6)

Quadro 2 – Contextos de aprendizagem Fonte: SKOVSMOSE (2000)

Na posição AA1 os exercícios são apresentados no contexto da matemática

pura, cujo enunciado é algo como “calcule a equação do 1º grau”. Já em AA2 um

exemplo é a transferência de figuras geométricas numa tabela de números. O tipo

AA3 diz respeito a uma realidade construída por um autor de livro didático, uma

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situação artificial. Entretanto, no ambiente AA4 que também tem presente a semi-

realidade, ocorre o convite aos alunos para que façam explorações e explicações.

A aprendizagem em um cenário tipo AA5 traz em si todos os diagramas

utilizados na vida real, o que propicia uma comunicação diferenciada entre professor

e aluno, uma vez que oferece condições de questionamentos e informações

adicionais sobre o exercício. O tipo AA6 traz como diferença em relação ao AA5 a

quebra do paradigma de exercício, transformando este em um cenário de

investigação de uma situação da vida real, organizado como projeto.

Matematizar tem um papel importante no processo educacional e significa

formular, criticar e desenvolver maneiras de entender, sendo de responsabilidade do

professor e aluno seu controle (SKOVSMOSE, 2001). Por concordar com

Skovsmose, a partir deste momento ao utilizarmos o termo matematizar estaremos

atribuindo o significado exposto.

Movimentar-se entre os diferentes ambientes possíveis de aprendizagem e

principalmente nos cenários de investigação pode causar um elevado grau de

incerteza aos professores, mas é um desafio que deve ser enfrentado. Os recursos

da TICs facilitam a produção e o movimento no paradigma cenário de investigação

(SKOVSMOSE, 2000). As ferramentas tecnológicas no processo de ensino e

aprendizagem favorecem os recursos didáticos, auxiliam na inclusão digital, além de

possibilitar o compartilhamento de informações e experiências entre os aprendizes

(FARIAS, 2013), porém o sucesso dos cursos não depende unicamente da

tecnologia empregada, mas sim de diversos fatores alheios ao meio tecnológico

utilizado (NUNES, 2010).

Apontar os ambientes de investigação, nos remete ao Movimento da

Educação Matemática Crítica, que surgiu na década de 80 e tinha como principais

idealizadores no Brasil Ubiratan D´Ambrosio e na Europa o próprio Ole Skovsmose e

Stieg Mellin Olsen. As ideias principais da Educação Crítica, segundo Skovsmose

(2001) são: (1) competência crítica, controle do processo educacional exercido pelo

estudante e professor, por meio do diálogo ambos poderão relacionar os assuntos

relevantes para o processo educacional; (2) distância crítica, professor e aluno

devem manter uma distância crítica do conteúdo da educação; e (3) engajamento

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crítico, direcionamento do processo de ensino-aprendizagem a problemas que

existem fora do universo educacional.

É importante que os estudantes consigam reconhecer os problemas

propostos como seus, de acordo com os critérios de subjetividade e objetividade, e

sejam dotados de significação, não pertencendo a “realidades de faz de conta”,

como ocorre na tendência pragmática da educação matemática. Portanto,

recomenda-se uma matemática rica em relações, enfatizando uma realidade já

vivida pelo aluno e não falsa ou inventada que possui como propósito servir como

exemplo de aplicação (SKOVSMOSE, 2001).

Um dos principais desafios enfrentados pela Educação Crítica é o

desenvolvimento de uma filosofia tecnológica adequada, que possa gerenciar e

interpretar a educação técnica, além de integrar a Educação Matemática e

Educação Crítica, tornando a Educação Matemática uma Educação Crítica, e assim

permitindo a Educação Crítica ser novamente crítica (SKOVSMOSE, 2001).

Vale ressaltar que ao utilizar o conceito de crítica, Skovsmose (2001), está

indicando uma demanda sobre auto-reflexões, reflexões e reações. Na educação

crítica a educação sustenta um papel de força social crítica, não sendo

simplesmente um prolongamento da relação social existente, pelo contrário, está

ciente das relações existentes na sociedade, bem como de seus problemas sociais.

Nesta perspectiva, a educação matemática diferente da visão absolutista

defende que a atividade do matemático seja menos pautada no acúmulo de

informação e mais na ação. Que existam ambientes que encoraje os alunos a propor

soluções, explorar possibilidades, levantar hipóteses, justificar seu raciocínio, validar

suas conclusões e a resposta incorreta seja uma porta para gerar novos

conhecimentos (D´AMBROSIO, 1993).

Mas para uma postura crítica do aluno é preciso que este se aproprie do

conhecimento já produzido e de seu processo de produção, por meio de uma

postura ativa tornando-se responsável por sua relação com o conhecimento e sua

apropriação (BASSO, 1998).

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Portanto, para que este ambiente seja uma realidade é preciso mudar a

forma como é conduzida a maioria dos cursos de formação de professores, pois não

podemos cobrar que um professor especialista ou polivalente que irá atuar no ensino

de matemática na educação básica, mas precisamente no ensino fundamental,

tenha uma atitude que não foi valorizada em sua formação (D´AMBROSIO, 1993;

MELLO, 2000; SKOVSMOSE, 2001; GATTI et al., 2008).

Tendo como propósito propiciar subsídios para análise dos documentos

oficiais dos cursos de Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Matemática e

auxiliar na criação das proposições desta pesquisa, ao longo desta seção foram

detalhados os itens: formação docente necessária para atuação no fundamental, os

cursos que irão promover esta formação, a legislação que apoia estas definições, as

características e perfil do formando, a divisão em ciclos de aprendizagem e

desenvolvimento do ensino fundamental, breve resumo do conteúdo matemático

ministrado no ensino fundamental, a relação esperada entre matemática e

tecnologias e as mudanças na forma de ensino da matemática. Além disto, foram

caracterizados os sujeitos da pesquisa, discentes e docentes dos cursos de

licenciatura em Matemática e Pedagogia, conforme Figura 3, com os aspectos que

permeiam sua formação e campo de atuação, bem como o objeto de pesquisa que

são os cursos de formação de professores de matemática oferecidos na modalidade

de Educação a Distância, para atuar na educação básica, mas especificamente o

ensino fundamental.

Figura 3 – Aspectos quanto à formação e área de atuação docente no ensino fundamental.

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6 - METODOLOGIA

A metodologia pode ser definida como o estudo dos caminhos e

instrumentos utilizados para fazer ciência (DEMO, 1995). Para Sarker (2012) os

detalhes metodológicos são importantes, pois definem como o estudo será

conduzido e apresentado. No entanto, a questão metodológica não deve ser

reduzida a métodos, pois este último deve ser escolhido de acordo com a

metodologia predeterminada (GUBA; LINCOLN, 1994) e não pela vontade do

pesquisador (YIN, 2010).

A escolha do método a ser utilizado depende da pergunta de pesquisa, que

por sua vez depende do contexto em que está sendo realizada (GODOY, 2005;

YIN, 2010; CHUEKE; LIMA, 2012;). Desta forma, o Quadro 3 apresenta as

características metodológicas desta pesquisa, procurando contribuir para um melhor

entendimento dos caminhos escolhidos para alcançar os objetivos, além de servir

como inspiração para futuras generalizações, uma vez que o fenômeno estudado

será descrito em profundidade (CHUEKE; LIMA, 2012). Generalização não de dados

estatísticos, mas no sentido de que o estudo de caso apresentado possa ser

representado em casos semelhantes e sendo possível sua transferência em

situações com possibilidades similares (GODOY, 2005; YIN, 2010; BICUDO, 2011b).

Neste estudo os sujeitos de pesquisa são os discentes, futuros professores

que ensinarão matemática, e docentes dos cursos de Licenciatura em Matemática e

Licenciatura em Pedagogia. O objeto de pesquisa são os cursos que formarão os

futuros professores que serão responsáveis pelo ensino da matemática no

fundamental, neste caso, os cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura

em Pedagogia na modalidade de Educação à Distância, oferecidos em uma

instituição de ensino superior particular da cidade de São Paulo. O fenômeno

estudado é a formação inicial dos futuros professores que serão responsáveis por

ensinar matemática no ensino fundamental e suas percepções e concepções dos

recursos das tecnologias de informação e comunicação, aprendizagem,

desenvolvimento humano, educação e matemática.

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Cabe ressaltar que a ontologia contribui para delimitação de um problema de

pesquisa, ajuda na definição da epistemologia e do método de investigação a ser

adotado. A epistemologia diz respeito à forma como o conhecimento é gerado, e

nesta pesquisa aponta para uma linha de pensamento interpretativista, pois o

significado do fenômeno é construído por meio da interação entre os sujeitos e o

objeto (SACCOL, 2009). A escolha por este paradigma se justifica à medida que

aborda o mundo externo e procura entender e descrever o fenômeno em seu interior

(FLICK, 2009).

A ontologia refere-se a nossa compreensão sobre como as coisas são

(GUBA; LINCOLN, 1994). A visão intersubjetiva considera a relação entre sujeitos e

objeto, e a percepção e criação do fenômeno ocorre em uma instância coletiva

(SACCOL, 2009). Neste contexto, a pesquisa trata-se de uma ontologia

intersubjetiva, pois considera a relação dos discentes e docentes (sujeitos) com os

cursos de licenciatura em matemática e pedagogia (objeto), procurando analisar as

influências exercidas pelos cursos em sua concepção da utilização dos recursos

tecnológicos no ensino de matemática. Além disto, analisa as concepções e

vivências dos discentes e dos docentes responsáveis pela formação dos futuros

professores com relação à utilização dos recursos tecnológicos, educação,

desenvolvimento, aprendizagem e matemática.

A interpretação é essencial, não sendo um ato autônomo, definido por força

particular, humana ou não. Os indivíduos interpretam com a colaboração de outros e

os significados são atribuídos por meio das interações (BOGDAN; BIKLEN, 1994).

Assim, existe uma relação entre as concepções, percepções e vivências quanto a

educação, matemática, aprendizagem, desenvolvimento humano e recursos

tecnológicos dos docentes que atuam nos cursos de licenciatura em matemática e

pedagogia na modalidade EaD que acabam por influenciar a utilização dos recursos

de TIC no ensino de matemática na formação dos futuros professores que irão atuar

no ensino fundamental ensinando matemática, e por conta de sua formação também

acabam influenciado seus alunos. Há também o discurso dos cursos formadores de

professores quanto à educação, matemática, aprendizagem, desenvolvimento

humano e recursos tecnológicos que influenciam os docentes e discentes.

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A natureza da pesquisa é qualitativa, por localizar o pesquisador no mundo e

possuir práticas interpretativas que buscam tornar o mundo visível (DENZIN;

LINCOLN, 2000). Na pesquisa qualitativa o fenômeno é estudado no ambiente

natural, desta maneira procura atribuir sentido ou interpretá-lo em termos de seus

significados para os indivíduos (LÜDKE; ANDRÉ, 1986; DENZIN; LINCOLN, 2000;).

Além disto, desenvolve-se em um ambiente rico em dados descritivos, focalizando a

realidade de forma complexa e contextualizada (LÜDKE; ANDRÉ, 1986).

O pesquisador qualitativo é um intérprete de interpretações (CHUEKE;

LIMA, 2012). No interpretativismo os resultados de uma investigação são as

interpretações do pesquisador sobre as interpretações dos sujeitos de pesquisa em

um determinado fenômeno. O pesquisador não possui uma posição neutra, as

pressuposições e crenças estão presentes, não sendo necessária sua eliminação,

porém, deve torná-las o mais evidente possível (SACCOL, 2009).

Corroborando com a justificativa da escolha da epistemologia

interpretativista e a natureza qualitativa, Godoy (1995) apresenta que a pesquisa

qualitativa parte das questões e focos de interesses amplos, que são definidos no

desenvolvimento do estudo e envolve a obtenção de dados descritivos sobre

pessoas, lugares e processos interativos pelo pesquisador de forma direta,

procurando a compreensão do fenômeno pela perspectiva do sujeito.

Além disto, esta pesquisa apresenta as cinco características de uma

investigação qualitativa, apontadas por Bogdan e Biklen (1994): (1) fonte direta de

dados serão os discentes e docentes dos cursos de licenciatura em matemática e

pedagogia em seu ambiente natural, respeitando e entendendo o contexto que o

forma, bem como o Projeto Pedagógico de Curso; (2) é descritiva, procurando por

meio da descrição detalhada dos dados contribuir para uma visão holística do

fenômeno em questão; (3) há um interesse maior pelo processo de formação das

concepções destes futuros professores que ensinarão matemática, quanto à

utilização dos recursos tecnológicos no ensino de matemática para o fundamental e

menos pelo resultado; (4) análise indutiva, consiste em um quadro que ganha forma

à medida que as partes são reconhecidas e examinadas; (5) o significado que os

sujeitos atribuem a educação, a matemática, ao desenvolvimento humano, aos

recursos tecnológicos e a aprendizagem são importantes para trazer a luz a

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dinâmica interna de sua relação com a matemática e com os recursos tecnológicos

no ensino da matemática. Na análise indutiva, não há a pretensão de impor o

entendimento prévio sobre o estudo realizado (SACCOL, 2009).

A estratégia de pesquisa utilizada é estudo de caso múltiplo descritivo. A

escolha pode ser justificada pelas três condições apresentadas por Yin (2010): (1)

questão de pesquisa “como” é exploratória, levando a utilização de estudo de caso,

pois lidam com os vínculos operacionais que precisam ser traçados ao longo do

tempo. A questão desta pesquisa é “Como docentes e discentes percebem e

concebem as tecnologias de informação e comunicação nos cursos de Licenciatura

em Matemática e Licenciatura em Pedagogia, oferecidos em um ambiente de

Educação a Distância, de uma Instituição de Ensino Superior na cidade de São

Paulo?”. Logo, por meio do estudo de caso procura-se traçar as concepções dos

docentes e discentes em sua formação inicial quanto aos recursos tecnológicos,

educação, desenvolvimento humano, aprendizagem e matemática, para que desta

forma possa se atribuir significados em sua relação com o uso das tecnologias de

informação e comunicação no ensino da matemática no fundamental; (2) no estudo

de caso não é exigido o controle dos eventos comportamentais e existe a

observação direta do evento, entrevista das pessoas envolvidas, análise de

documentos que contenham evidências dos eventos que estão sendo estudados,

entre outras. Neste trabalho, não há nenhum controle quanto a falas dos discentes e

docentes e suas concepções, percepções e vivências serão elencadas por meio de

questionários, que serão confrontadas com as evidências encontradas no Projeto

Pedagógico do Curso; e (3) foco em eventos contemporâneos que estarão se

desenrolando no decorrer da formação deste futuro professor responsável por

ensinar matemática.

Tanto o estudo de caso único quanto o estudo de caso múltiplo são

variantes da mesma estrutura metodológica (YIN, 2010). A escolha pelo o estudo de

caso múltiplo é justificada por propiciar evidências mais convincentes e robustas

(YIN, 2010) em diferentes contextos, corroborando com uma pesquisa de qualidade

(GIL, 2002). Trata-se de um estudo de caso intrínseco, pois não há a intenção de

formulação de uma teoria, mas sim o seu entendimento em profundidade (STAKE,

2000). Desta forma, consiste em um estudo de caso múltiplo, pois envolvem duas

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unidades de análise os cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em

Pedagogia, ministrados em uma instituição de ensino superior particular na cidade

de São Paulo, oferecidos na modalidade de Educação à Distância (SENGER et al.,

2004).

Ontologia Intersubjetiva

Epistemologia Interpretativista

Natureza Qualitativa

Estratégia de pesquisa Estudo de caso múltiplo descritivo

Unidade de análise - Cursos de Licenciatura em Pedagogia e Curso de Licenciatura em Matemática

- Modalidade EaD

- Uma instituição de Ensino Superior particular da cidade de São Paulo;

- No período: Fevereiro/2015 a Setembro/2015

Coleta de dados - Questionários semi-estruturado.

- Projeto Pedagógico do Curso (PPC).

Validação e Análise dos dados

Triangulação de dados

Resultado da pesquisa - Visão da concepção dos docentes e discentes quanto ao uso dos recursos tecnológicos para o ensino de matemática;

- Lista dos recursos tecnológicos utilizados nos cursos de formação para o ensino de matemática;

- Proposta de aula com sugestões de recursos tecnológicos para serem utilizados no ensino de matemática

Quadro 3 – Características da pesquisa

A análise dos dados será realizada pela triangulação de dados, pois parte da

premissa que um único método de coleta poderá não ser suficiente para resolver

adequadamente os problemas de explicações conflitantes que pretendem abarcar a

integralidade e complexidade dos fenômenos estudados. A triangulação é um

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processo no qual o pesquisador pode se proteger contra acusações de que as

conclusões de um estudo são simplesmente um artefato de um único método ou

preconceitos de um pesquisador. Múltiplos métodos de coleta e análise de dados

podem corroborar com a verificação e validação da análise qualitativa (PATTON,

1999). A estratégia a ser utilizada nesta pesquisa é a coleta de dados por meio dos

documentos, neste caso, Projeto Pedagógico do Curso (PPC), questionários com os

discentes e questionários com os docentes, sua análise será realizada pela

triangulação destes dados.

No final desta pesquisa as contribuições esperadas são: (1) visão da

concepção dos docentes e discentes quanto ao uso dos recursos tecnológicos para

o ensino de matemática; (2) lista dos recursos tecnológicos utilizados nos cursos de

formação para o ensino da matemática; e (3) elaboração de uma proposta de aula

com uma sequência didática e sugestões de recursos tecnológicos para serem

utilizados no ensino de matemática que será apresentado como produto da

dissertação no apêndice A. Durante a realização da pesquisa buscou-se aplicar esta

proposta sugerindo oficinas a serem realizadas com os alunos da licenciatura em

matemática e pedagogia, por diferentes circunstâncias tal proposta foi inviável.

6.1 Estrutura da Metodologia

A Figura 4 descreve o fluxo de processos de cada uma das etapas do

desenvolvimento da pesquisa que resultou na elaboração da dissertação.

Os passos realizados foram: processo (1) levantar o Projeto Pedagógico

de Curso (PPC) de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Pedagogia

ministrados em EaD na instituição de ensino superior particular da cidade de São

Paulo. Uma vez analisado o documento (2) elencar as concepções apontadas no

documento, neste caso as concepções de curso de formação, de tecnologias de

informação e comunicação (TICs), bem como do ensino de matemática,

aprendizagem, desenvolvimento humano e educação presentes no PPC. Em

seguida (3) classificar as concepções apontadas, de acordo com as categorias

definidas: curso de formação, ensino de Matemática, TIC e aprendizagem,

desenvolvimento e educação.

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Paralelamente aos processos (1), (2) e (3) foi realizado o processo (4)

aplicar questionário - discente, que corresponde as questões elaboradas com

base nas proposições, para serem respondidas pelos discentes dos cursos de

Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Pedagogia, ambos do 1º ao 6º

semestre. As respostas dos questionários forneceram subsídios para o processo (5)

elencar as vivências, percepções e concepções apontadas, com relação à

matemática, ensino da matemática, a utilização dos recursos de tecnologias de

informação e comunicação, a aprendizagem, o desenvolvimento humano e a

educação. Uma vez analisada as respostas foi possível (6) classificar as

concepções e percepções apontadas, de acordo com as categorias já

especificadas.

Figura 4 – Procedimentos a serem realizados na pesquisa

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77

Terminado os processos de (1) a (6), foi realizado (7) aplicar questionário -

docente, que ministram aula do 1º ao 6º semestre dos cursos. Apenas alguns

concordaram responder o questionário. Este teve como objetivo propiciar o

entendimento das concepções, percepções e vivências quanto: ao ensino da

matemática, a utilização dos recursos de tecnologias de informação e comunicação

no ensino da matemática, a aprendizagem, o desenvolvimento humano e a

educação do professor que atua na formação dos futuros professores que ensinarão

matemática no ensino fundamental. Depois de aplicado os questionários foi

realizado o processo (8) elencar as vivências, percepções e concepções

apontadas e em seguida foi realizada (9) classificar as concepções e percepções

apontadas, de acordo com as categorias especificadas.

Com as devidas classificações dos processos (3), (6) e (9) foi possível (10)

realizar a triangulação dos dados coletados, possibilitando a análise final e o

atendimento dos objetivos geral e especifico bem como a resposta a pergunta

problema desta pesquisa. Como finalização dos processos foi criado o produto da

dissertação, apresentado no processo (11) proposta de aula com sugestão de

recursos tecnológicos, a ser utilizada em uma aula do ensino fundamental com um

assunto de matemática.

6.2 Procedimentos de coleta dos dados

Para o entendimento das percepções e concepções serão utilizados os

seguintes artefatos: (1) questionário semi-estruturado produzido no Google Forms e

disponibilizado no ambiente EaD, que deverá ser respondido por discentes do 1º ao

6º semestres de ambos os cursos; (2) questionário semi-estruturado que será

aplicado presencialmente aos professores que fazem parte do corpo docente dos

dois cursos; e (3) levantamento e análise do Projeto Pedagógico do Curso (PPC). Ao

final da coleta será realizada a triangulação dos dados, que tem como objetivo

abranger a amplitude máxima na descrição, explicação e compreensão do estudo

(TRIVINOS, 1987).

No caso do questionário, foram elaboradas 19 questões para os discentes

do curso de Licenciatura em Matemática e 20 questões para o curso de Licenciatura

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em Pedagogia. Houve a realização de um piloto com a participação de três alunas,

todas do 6º semestre, sendo duas do curso de Licenciatura em Pedagogia e uma de

Licenciatura em Matemática, as sugestões de melhorias foram realizadas gerando

como resultado final o questionário apresentado no Apêndice B. O questionário

respondido pelos professores é o mesmo aplicado nos discentes, porém, neste caso

as respostas foram coletadas presencialmente.

O documento utilizado para analise do curso de Licenciatura em Matemática

e Licenciatura em Pedagogia foi o Projeto Pedagógico de Curso (PPC). Sendo

observados os itens: (1) concepção do curso; (2) objetivo do curso; (3) perfil do

egresso; (4) perfil dos docentes e (5) matriz curricular. Na matriz curricular foram

analisados os itens ementa da disciplina e bibliografia básica.

Esta análise tem como intuito identificar o discurso do curso com relação às

tecnologias de informação e comunicação, aprendizagem, desenvolvimento

humano, educação e matemática. Além disto, procuramos evidências deste discurso

nas ementas das disciplinas e bibliografias básicas.

Após a realização da análise do PPC e questionários dos discentes, será

realizado o questionário com os docentes, procurando um melhor entendimento das

concepções e percepções. Ao final de cada etapa será realizada uma classificação

dos dados coletados nas categorias definidas.

A categorização é um processo de organização dos dados que permite ao

pesquisador tomar decisões e tirar conclusões (GIL, 2002) na análise dos dados.

Neste momento, conforme Quadro 4, é possível agrupar as concepções e

percepções em: (1) Categoria Curso de formação, classificação: Formação

cultural-cognitiva, Formação pedagógico-didática e Formação completa (PEREIRA,

1999; SILVA, 2006; SAVIANI, 2009; GATTI, 2010); (2) Categoria Ensino de

Matemática, classificação: Resolução de exercícios, Resolução de problemas e

Projetos (SKOVSMOSE, 2001); (3) Categoria TIC, classificação: consumo,

incorporar e matematizar (FROTA; BORGES, 2004); (4) Categoria aprendizagem,

desenvolvimento e educação, classificação: Enfoque histórico cultural (DAVÍDOV,

1988; VYGOTSKY, 1991; BEATÓN, 2005 ) ou outra teoria da educação identificada

nos questionários ou análise do PPC.

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79

Na categoria Curso de Formação a classificação Formação completa, está

relacionado com a formação que além de promover uma formação cultural-cognitiva

e pedagógico-didática, também propicia disciplinas voltadas a Educação Matemática

e área da Educação (GATTI, 2010). Vale ressaltar que as percepções serão

levantadas nas categorias curso de formação, ensino da matemática e TIC, já as

concepções nas categorias ensino da Matemática, TIC, educação, aprendizagem e

desenvolvimento humano e as vivências com relação à matemática. No caso do

PPC apenas serão levantadas as concepções presentes no documento.

Esta pesquisa inicialmente era para contemplar duas instituições de ensino

superior do estado de São Paulo que ofereciam estes cursos em EaD, porém, uma

das instituições inviabilizou a realização da pesquisa, por este motivo foi realizada

em apenas uma instituição. Mesmo nesta instituição, enfrentei várias dificuldades

em obter os dados para realização da pesquisa, os coordenadores restringiram ou

colocaram obstáculos para obtenção das informações pertinentes ao curso. Diante

deste cenário, tive que contar com ajuda de outras pessoas para obter as

informações necessárias e com a colaboração de professores e alunos que

gentilmente responderam as questões.

Desta forma, não foi possível obter a quantidade de respostas de

questionários previstas no inicio. No entanto, a quantidade foi suficiente para uma

pesquisa de qualidade, pois conforme Guest, Bunce e Johnson (2006): (1) os

entrevistados compartilham experiências comuns e possuem o domínio do assunto;

(2) há o relato de experiências de forma independente e o consenso sobre os

acontecimentos, por parte dos respondentes; (3) os objetivos são claros e os

entrevistados participam de uma população relativamente homogênea; (4) a

saturação dos dados, no caso dos questionários dos discentes ocorreu a partir da

décima resposta no curso de Licenciatura em Matemática e na sétima no curso de

Licenciatura em Pedagogia. Com relação ao questionário dos docentes do curso de

Licenciatura em Pedagogia a saturação ocorreu no sexto e em Licenciatura em

Matemática na quarta; e (5) amostra por conveniência, sendo possível a

identificação de padrões em pequenos grupos, pois tiveram experiência no mesmo

fenômeno.

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Quadro 4 - Categorias e classificação das percepções e concepções, conforme referencial teórico.

6.3 Organizações do questionário

As proposições deste estudo apresentadas no Quadro 5 constituem a base

para criação do questionário a ser aplicado, conforme Apêndice B.

Proposição 1: A formação do professor no curso de pedagogia é

pautada pelo preparo pedagógico-didático e no curso de licenciatura em

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matemática pelo domínio específico de matemática. No curso de licenciatura

encarregado por formar os especialistas a prevalência é no foco da área disciplinar

específica em detrimento da formação pedagógica (GATTI, 2010). É possível

configurar dois modelos de formação de professor: modelo dos conteúdos culturais-

cognitivos e o modelo pedagógico-didático. O primeiro modelo prevalece na

formação dos especialistas e o segundo na formação dos polivalentes

(SAVIANI, 2009). O curso de licenciatura em matemática é inspirado no curso de

bacharelado em matemática, no qual prevalecer o conteúdo específico sobre o

pedagógico (PEREIRA, 1999; SILVA, 2006; SAVIANI, 2009; GATTI, 2010).

Proposição 2: O curso de formação inicial proporciona aos futuros

professores polivalente e especialista a articulação dos conteúdos com outras

disciplinas e com situações do cotidiano de forma interdisciplinar. O professor

polivalente deve apropriar-se dos conhecimentos das diferentes áreas que estão

presente no currículo das séries iniciais do fundamental, articulando-as de forma

interdisciplinar (LIMA, 2007). Seu olhar deve ser multirreferencial e não apenas

juntar todas as disciplinas, procurando envolver-se na formação humana dos alunos

(CRUZ; NETO, 2012). Um professor formado em um curso que não promove a

constituição dos significados do conteúdo dificilmente será capaz de construí-lo em

sua atuação atendendo aos princípios de interdisciplinaridade, transversalidade,

contextualização e integração de áreas de projetos de ensino (MELLO, 2000).

Enquanto curso de formação do professor especialista em matemática, o curso de

Licenciatura em Matemática deve proporcionar ao licenciado entre outras

competências a de relacionar a matemática com outras áreas do conhecimento e

participar de trabalhos em equipes multidisciplinares (BRASIL, 2001c).

Proposição 3: O ensino da matemática é pautado na resolução de

problemas e a formação dos professores contribui para este fim. O ensino da

matemática não deve limitar-se a exploração de conteúdos acadêmicos, sem

conexão com outras áreas de conhecimento, pois desta forma pouco contribuirá com

a formação da cidadania do aluno. Tão importante quanto o conteúdo é estabelecer

as relações deste conteúdo, e a alternativa para esta situação é o desenvolvimento

de projetos (BRASIL, 1997). Recomenda-se uma matemática rica em relações,

enfatizando uma realidade já vivida pelo aluno e não falsa ou inventada, que possui

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como propósito servir de exemplo de aplicação (SKOVSMOSE, 2001). Há cursos de

formação de professores especialistas cuja ênfase pedagógica é dada a formação

ambiental do professor, no qual as disciplinas matemáticas possuem o papel de

formar pedagogicamente o professor, perpetuando a tradição no qual o aluno é um

ouvinte devendo acompanhar o raciocínio e depois treinar por meio de uma lista de

exercícios (FIORENTINI, 2005). As aulas de matemática ainda são ministradas no

paradigma do exercício (SKOVSMOSE, 2000).

Proposição 4: A formação inicial do professor que irá atuar no ensino

fundamental ensinando matemática promove o domínio das tecnologias de

informação e comunicação de forma que este possa matematizá-los. Há a

necessidade do domínio das tecnologias de informação e comunicação adequadas,

pelo professor polivalente, para que possa promover o relacionamento das

linguagens e dos meios de comunicação à educação e nos processos didático-

pedagógicos (BRASIL, 2006). O curso de Licenciatura em Matemática deve

proporcionar ao aluno entre outras competências a de utilizar novas ideias e

tecnologias para resolução de problemas. Devendo ocorrer desde o início de sua

formação a familiaridade com as tecnologias (BRASIL, 2001c). Na aula de

matemática é esperado que seja oferecido uma educação tecnológica, não pautada

na formação especializada, mas no conhecimento dos recursos da tecnologia, pela

aprendizagem de conteúdos sobre sua estrutura, funcionamento, linguagem e seu

relacionamento em diferentes aplicações (BRASIL, 1998). Além disto, o

conhecimento dos recursos tecnológicos serve para as relações de poder, definindo

os excluídos e fortalecendo a divisão de classes (SKOVSMOSE, 2001). O professor

deve estar preparado para utilizar entre outros recursos o computador, usando de

forma a enriquecer a exploração e investigação do problema (D´AMBROSIO, 1993).

Proposição 5: Em sua formação o futuro professor que ensinará

matemática no ensino fundamental tem contato com disciplinas que não

tratam apenas do conteúdo da matemática. Não basta ao professor de

matemática o domínio conceitual e procedimental da matemática, é necessário,

sobretudo conhecer seus fundamentos epistemológicos, sua evolução, sua relação

com a realidade, seus usos sociais e as diferentes linguagens utilizadas para

expressar ou representar um conceito matemático (FIORENTINI, 2005). O ensino da

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matemática deve explorar metodologias que priorizem a criação de estratégias, a

comprovação, a justificativa, a argumentação, além do trabalho coletivo e a

autonomia (BRASIL, 1997).

Proposição 6: Nos cursos de Licenciatura em Matemática e

Licenciatura em Pedagogia na modalidade de Educação à Distância (EaD) são

oferecidas metodologias e estratégias de utilização de materiais diferenciados

que proporcionam a aprendizagem autônoma e colaborativa dos alunos. Em

um ambiente de EaD a mediação está alicerçada na ação do professor, que deve ter

uma postura de orientador e motivador, e nos recursos tecnológicos empregados

(D´AMBROSIO, 1996). Mediar é instigar o aluno, acompanhá-lo em suas dúvidas e

identificar a sua ausência no decorrer do processo (MACHADO; TERUYA, 2009).

Nesta modalidade, o saber é visto como fator capital de crescimento econômico e

com isto supõe-se a implantação de novas estratégias de conhecimento e de

aprendizagem que possam desenvolver atitudes como aprender a aprender, tomar

iniciativa na resolução de problemas e trabalho em grupo (PEIXOTO; CARVALHO,

2010).

Proposição 7: Os docentes que atuam na formação dos futuros

professores que ensinarão matemática no ensino fundamental, nos dois

cursos, concebem a educação como uma forma de desenvolvimento humano e

os processos de aprendizagem e desenvolvimento como inter-relacionados.

Para os pesquisadores do enfoque histórico cultural a educação é a forma universal

do desenvolvimento humano. A educação e o ensino do indivíduo estão

relacionados a apropriação e reprodução das capacidades desenvolvidas

historicamente e socialmente, constituindo-se como forma universal de

desenvolvimento mental do homem (DAVÍDOV, 1988). O processo de

desenvolvimento progride de forma mais lenta e sucede o processo de aprendizado,

o que acaba por provocar as zonas de desenvolvimento proximal (VYGOTSKY,

1991). A zona de desenvolvimento proximal constitui-se no fundamento do processo

educativo e na compreensão do princípio de que a aprendizagem e um ensino de

qualidade promovem o desenvolvimento (BEATÓN, 2005).

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Proposição Descrição Questões

1

A formação do professor no curso de pedagogia é pautada pelo preparo pedagógico-didático e no curso de licenciatura em matemática pelo domínio específico de matemática.

Q2, Q3, Q7, Q8, Q9

2

O curso de formação inicial proporciona aos futuros professores polivalente e especialista a articulação dos conteúdos com outras disciplinas e com situações do cotidiano de forma interdisciplinar.

Q13, Q14, Q15, Q6

3 O ensino da matemática é pautado na resolução de problemas e a formação dos professores contribui para este fim.

Q4, Q5, Q10, Q11

4

A formação inicial do professor que irá atuar no ensino fundamental ensinando matemática promove o domínio das tecnologias de informação e comunicação de forma que este possa matematizá-los.

Q16, Q17, Q18, Q20, Q21, Q22,

Q23

5

Em sua formação o futuro professor que ensinará matemática no ensino fundamental tem contato com disciplinas que não tratam apenas do conteúdo da matemática.

Q6, Q12

6

Nos cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Pedagogia na modalidade de Educação à Distância (EaD) são oferecidas metodologias e estratégias de utilização de materiais diferenciados que proporcionam a aprendizagem autônoma e colaborativa dos alunos.

Q16, Q19

7

Os docentes que atuam na formação dos futuros professores que ensinarão matemática no ensino fundamental, nos dois cursos, concebem a educação como uma forma de desenvolvimento humano e os processos de aprendizagem e desenvolvimento como inter-relacionados.

Q24

8

Os docentes que atuam na formação dos futuros Professores Polivalente e Especialista possuem vivências com relação à matemática que acabam influenciando suas concepções.

Q25, Q26, Q27

Quadro 5 - Relação das proposições para o questionário

Proposição 8: Os docentes que atuam na formação dos futuros

Professores Polivalente e Especialista possuem vivências com relação à

matemática que acabam influenciando suas concepções. Concepções sobre a

matemática são influenciadas pelas experiências e representações sociais

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dominantes. O professor de matemática é o responsável por organizar as

experiências de aprendizagem dos alunos, estando em uma posição chave para

influenciar estas concepções (PONTE, 1992). As pesquisas demonstram que o

professor ensina conforme foi ensinado, se em sua formação prevaleceu o ensino no

qual o aluno recebe instruções passivamente e imita o professor na resolução de

problemas semelhantes, dificilmente este professor conseguirá atender as

exigências das propostas curriculares (D´AMBROSIO, 1993). A contextualização do

saber é um desafio didático, responsável pela atribuição do sentido ao plano

existencial do aluno, por meio do compromisso com o contexto por ele vivenciado

sem que com isso reduza o significado das ideias matemáticas que deram origem ao

saber ensinado (PAIS, 2011).

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7 - ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

Os cursos analisados nesta pesquisa fazem parte da grade de uma

instituição que foi criada há mais de 40 anos e inicialmente funcionava como

faculdades isoladas, passando a ser reconhecida como universidade na década de

90. E a cerca de 10 anos começou a oferecer cursos de graduação e pós-graduação

na modalidade de educação à distância. A instituição em questão tem a mesma

trajetória de muitas universidade particulares existentes hoje na cidade de São

Paulo.

Assim, a partir deste momento serão apresentados os dados coletados nos

dois cursos de Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Matemática, desta

instituição de ensino superior da cidade de São Paulo, oferecidos em EaD e a

análise dos dados, bem como a análise do resultado.

7.1 Análise dos dados do Curso de Licenciatura em Pedagogia

As analises das concepções presentes no Projeto Pedagógico do Curso

Licenciatura em Pedagogia, percepções e concepções dos discentes e docentes,

bem como a discussão dos dados coletados serão apresentadas nos itens que

seguem.

7.1.1 Concepções presentes no Projeto Pedagógico do Curso

A análise das concepções presentes no Projeto Pedagógico do Curso de

Licenciatura em Pedagogia, conforme apresentado no Quadro 6, foi realizada diante

do documento fornecido pelo coordenador do curso. O PPC desta instituição tem

como base a legislação educacional, legislação do curso, pesquisas com órgãos de

classe, além considerar dados de avaliações externas, entre outras. Sendo

organizado nas dimensões: (1) Organização didático pedagógica, apresentação das

concepções do curso, perfil profissional do egresso, objetivos do curso e

aprendizagem, matriz curricular, ementas, etc; (2) Corpo Social, apresenta o perfil

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dos docentes, perfil de tutores e o Núcleo Docente Estruturante; (3) Infraestrutura,

descrição dos recursos físicos, polos de apoio, ambiente virtual, etc.

Aponta a conformidade do curso com as Diretrizes Curriculares Nacionais

para o Curso de Graduação em Licenciatura em Pedagogia, formando docentes

para atuação na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, além

do Ensino Médio na modalidade normal e na Educação Profissional, entre outras

áreas. Para sua efetivação estabelece a necessidade de uma formação teórica

sólida das questões da prática educativa, e um tempo significativo para vivências e

construção de novas práticas, de forma que o aluno não seja um mero observador.

No item Concepção do Curso o PPC menciona a presença em cada módulo

do desenvolvimento de atividades interdisciplinares que procuram estabelecer a

reflexão e ligação entre as disciplinas, em ordem crescente de complexidade.

Porém, não há clareza como a interdisciplinaridade será realizada, propiciando um

entendimento de que será utilizada apenas para estabelecer a ligação entre as

disciplinas escolares, não apontando os planos interdisciplinar curricular, didático e

pedagógico.

Além disto, a instituição assume na sua missão que a educação promove o

desenvolvimento do homem, tornando-o empreendedor e crítico. Visão em

consonância com os pesquisadores da perspectiva enfoque histórico cultural, que a

definem como forma universal do desenvolvimento humano. Podendo a educação

ser classificada como Enfoque histórico cultural presente na categoria

Aprendizagem, desenvolvimento e educação.

Em harmonia com a Resolução CNE/CP nº 1 de 2006 a instituição apresenta

no item Perfil do Egresso uma lista de aptidões que o aluno do curso de pedagogia

deverá possuir, dentre elas é possível observar que este profissional irá atuar nos

anos inciais do ensino fundamental e será o responsável por ensinar entre outras

disciplinas a Matemática. Há também a menção do domínio das tecnologias de

informação e comunicação para utilização no processo didático-pedagógico,

contribuindo com a aprendizagem. Ainda, é realizada uma referência a

interdisciplinaridade, quando aponta a necessidade de um diálogo entre a educação

e outras áreas do conhecimento. E apresenta a necessidade de pesquisas que

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contribuam para o conhecimento dos alunos e a realidade sociocultural em que

estes desenvolvem suas experiências não escolares, além dos processos de ensinar

e aprender em diferentes ambientes, propostas curriculares e organização do

trabalho educativo e práticas pedagógicas.

Como objetivos gerais do curso são apontados: (1) universalizar e

democratizar o acesso à informação, ao conhecimento e à educação; (2) difundir o

uso de TICs para fins educacionais; (3) estimular a interatividade e interação tendo

como foco as necessidades instrucionais dos alunos; (4) promover o aprendizado

ativo, o senso de posse dos objetivos do curso e a autonomia de pesquisa dos

alunos. Neste sentido, define que o curso visa formar os alunos para utilização de

novas tecnologias aliadas à educação, sem com isto promover a alienação do

contexto cultural em que está inserido, buscando uma maneira de melhorar a

qualidade de vida e possibilitando uma visão múltipla.

Logo, é possível inferir que no PPC do curso de Licenciatura em Pedagogia

os recursos tecnologicos deverão ser utilizados não apenas para o consumo, mas

em uma visão de incorporá-los ao processo de ensino e aprendizagem, utilizando

como parceiro, e possibilitando a classificação da utilização dos recursos das

tecnologias da informação e comunicação em Incorporar, presente na categoria

TIC.

Outro ponto a ser observado é a utilização da modalidade de EaD para

promover a democratização ao acesso à informação, conhecimento e a educação,

apontado também pelo PNE 2014-2024, porém, neste caso fica claro no PPC a

preocupação em atender a expansão do conhecimento por meio de novas

tecnologias com qualidade e criticidade.

O corpo docente é composto por 60 professores, sendo 10% de

especialistas, 72% de mestres e 18% de doutores. Destes, 56 trabalham em regime

integral, 03 parcial e 1 horista. Assim, 90% do corpo docente tem como formação

programas de pós-graduação stricto sensu e 95% trabalha em regime integral. Estes

números fortalecem um ponto apontado em vários momentos no PPC que é a

inclusão de atividades e disciplinas que privilegiam a pesquisa, buscando

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desenvolver nos estudantes e futuros profissionais uma postura investigativa

científica.

A matriz curricular é estruturada em núcleos e eixos que buscam garantir a

relação entre teoria e prática. Os núcleos são divididos em: (1) núcleo básico,

responsável pela formação do professor da educação infantil e dos anos iniciais do

ensino fundamental; (2) núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos,

possibilita o envolvimento e investigações em áreas e processos educativos em

diferentes situações escolares e não escolares; (3) núcleo de estudos integradores,

perpassa os outros núcleos mediando as atividades e estudos realizados e

promovendo a integração entre eles.

A integralização mínima do curso é de 6 semestres com 3.200 horas e

máximo de 12 semestres. As disciplinas são divididas nestes seis semestres da

seguinte forma: (1) primeiro semestre, voltado a formação geral; (2) segundo

semestre, formação instrumental do aluno; (3) terceiro semestre, foco nas práticas

pedagógicas necessárias à formação do pedagogo; (4) quarto semestre,

complemento dos conhecimentos na prática de ensino, avaliação e trabalho

docente; (5) quinto semestre, foco na atuação do aluno em sociedade; e (6) sexto

semestre, gestão da escola.Vale ressaltar que no quarto semestre inicia a carga

horária de atividades práticas por meio do Estágio Curricular Supervisionado em

Educação Infantil.

Desta forma, ao analisar as ementas e a bibliográfia básica das 39

disciplinas divididas em 12 módulos foi possível classificar 20 em conteúdo

pedagógico-didático, 19 em formação completa e nenhuma em conteúdo cultural-

cognitvo, possibilitando sua classificação em um curso de formação Pedagógico-

didático e Completa, com um viés para os conteúdos pedagógico-didático. A

análise das ementas e bibliografia básica corrobora com a divisão das disciplinas

apontadas nos semestres pelo PPC, deixando evidente a preocupação da instituição

com a formação geral e pedagógico-didática do aluno.

Há apenas duas disciplinas que permitem a análise do ensino da

matemática no curso, neste caso ambas apontam para utilização de jogos, textos,

resolução de problema e uso das TICs para ensinar números naturais, sistema de

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numeração decimal e operações. A bibliografia apontada comprova o especificado

na ementa, chamando à atenção a presença na bibliografia complementar da obra

“Aplicações de Vygotsky à educação matemática”. Logo, o ensino da matemática

apontado no PPC por meio da ementa e da bibliografia pode ser classificado em

resolução de problemas, e a bibliografia complementar aponta um viés ao enfoque

histórico cultural no ensino da matemática.

Com relação à concepção de aprendizagem e desenvolvimento humano as

bibliografias e ementas apontam para uma abordagem que contempla uma

miscelânea de assuntos, ocasionando uma ideia de que o curso pretende fornecer

ao aluno uma visão de várias teorias, sem com isto se aprofundar em nenhuma. Há

duas disciplinas que corroboram com está visão e apresentam o livro “Psicologias:

uma introdução ao estudo de psicologia” em sua bibliografia básica. Entre os

conteúdos abordados no livro é possível destacar a Psicologia como ciência,

Behaviorismo, Gestalt, Psicologia do desenvolvimento, Psicologia da aprendizagem,

entre outros. Este livro também é encontrado em uma terceira disciplina que tem

como foco as relações intrapessoais e interpessoais nas organizações. Há uma

única menção em uma disciplina na bibliografia complementar de uma obra de

Vygotsky no PPC, Pensamento e linguagem. Outro fato que chama atenção na

análise da bibliografia é a presença de apenas duas disciplinas que contemplam em

sua bibliografia complementar o tema interdisciplinaridade, mesmo que o PPC em

vários momentos apresente a realização de atividades interdisciplinares em todos os

módulos.

Assim, o curso não assume uma concepção de aprendizagem e

desenvolvimento humano e isto acaba por ser comprovado com as ementas e

bibliografias das disciplinas. A ideia que transmite é que o aluno deve conhecer

todas as teorias, e fica a cargo deste a escolha da mais adequada. Não há também

a evidência de incentivos de um aprofundamento de qualquer teoria. Portanto, não é

possível a classificação na categoria Aprendizagem, desenvolvimento humano

e educação destes dois itens, apenas da educação.

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Categorias Classificação

Curso de formação Pedagógico-didática e Formação Completa

Ensino da matemática Resolução de Problemas

TIC Incorporar

Aprendizagem, desenvolvimento humano e educação

Aprendizagem – não definido

Desenvolvimento – não definido

Educação - Enfoque histórico cultural

Quadro 6 – Concepções do PPC de Licenciatura em Pedagogia

7.1.2 Percepções e concepções dos discentes do curso

A análise das percepções e concepções dos discentes do curso de

Licenciatura em Pedagogia, conforme apresentado no Quadro 7, foi realizada pela

aplicação do questionário no mês de Agosto/2015 e foram obtidas 35 respostas.

Destas a maioria dos alunos apontou uma disciplina que aborda os conteúdos

específicos de matemática e 9 alunos apontaram duas disciplinas. A maioria

também apontou a utilização dos conceitos matemáticos a serem ensinados para

resolver problemas que se relacionam com o cotidiano do aluno nas disciplinas que

envolvem matemática. Apenas 7 alunos apontaram a utilização de exercícios nesta

disciplina e aplicação de listas para fixação. Logo, é possível inferir que o ensino da

matemática está pautado na resolução de problemas, permitindo sua classificação

na categoria Ensino da matemática em Resolução de problemas.

Na concepção da maioria dos alunos o ensino da matemática deve usar

conceitos matemáticos ensinados para resolver problemas que se relacionam com o

cotidiano do aluno. Desta forma, demonstra sua harmonia com a forma na qual a

matemática está sendo apresentada nas duas disciplinas. Porém, ao ser

questionado se sentia preparado para estabelecer uma relação entre o conteúdo

matemático com outras áreas do conhecimento e atividades do dia-a-dia em suas

aulas 7 alunos apontaram que teriam dificuldade, pois não possuem o domínio da

matemática. Além disto, 3 alunos apontaram que conseguiriam com ajuda do

material didático, 1 aluno não concorda com o estabelecimento de relacionamento

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em todo o conteúdo e o restante não se sente preparado, pois a maioria das

disciplinas no curso de formação não estabelecem está relação.

Assim, para 24 alunos, menos de 50% dos professores do curso aplicam a

interdisciplinaridade nas disciplinas, porém, a maioria dos alunos considera

importante sua utilização no ensino da matemática e não se consideram preparados

para realizar esta função em sua atividade pedagógica. Há 11 alunos que apontaram

que mais de 50% dos professores aplicam a interdisciplinaridade em suas

disciplinas, no entanto, a maioria destes alunos não se considera preparado para

aplicá-la em aula.

Há também na percepção de 30 alunos a ênfase a forma de ensinar os

conteúdos de matematica nas disciplinas apontadas. A maioria confirma que existem

mais disciplinas de conteúdo didático-pedagógico com algumas disciplinas de

formação completa. Permitindo sua classificação na categoria Curso de Formação

em Didático-pedagógico e Formação Completa.

Os recursos de tecnologias de informação e comunicação na percepção da

maioria dos alunos são utilizados como parceiro nas disciplinas do curso de

formação. Os softwares mais utilizados são: Microsoft PowerPoint, Microsoft Excel,

jogos e objetos de aprendizagens. Destes a maioria aponta segurança em utilizar

em laboratório com seus alunos jogos e objetos de aprendizagem. Além disto, 29

alunos dizem não ter dificuldade em utilizar os recursos tecnológicos para discutir ou

resolver atividades propostas nas disciplinas e a maioria afirma conhecer uma

ferramenta voltada ao ensino da matematica e utilizar menos de 50% dos recursos.

Logo, com relação aos recursos tecnológicos o curso de Licenciatura em

Pedagogia na percepção dos alunos pode ser classificado na categoria TIC como

Incorporar. Na concepção da maioria os recursos tecnológicos deve realmente ser

visto como parceiro, propiciando novas formas de pensar e resolver problemas.

No que tange a concepção de aprendizagem e desenvolvimento humano, 23

alunos consideram que os dois processos estão inter-relacionados e a

aprendizagem promove o desenvolvimento, 7 alunos apontaram que a

aprendizagem requer um determinado grau de desenvolvimento, sendo que o

Page 94: UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS … · MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA Tecnologia da informação e da comunicação e a formação inicial de professores

93

desenvolvimento antecede a aprendizagem e 5 alunos apontaram não possuir

nenhuma concepção sobre o assunto. Com relação à educação 24 alunos

consideram que a educação contribui para o desenvolvimento humano e 11 alunos

apontaram que ela está restrita ao ensino e tem como finalidade habilitar o indivíduo

para o mercado de trabalho. Portanto, para maioria dos alunos é possível classificar

sua concepção em enfoque histórico cultural na categoria Aprendizagem,

desenvolvimento humano e educação.

Ao questionar os discentes sobre sua relação com a matemática, foi possível

constatar que 12 alunos não gostam e possuem dificuldade com o conteúdo, 12

alunos consideram a matemática como uma disciplina como outra qualquer e 11

alunos gostam e não possuem dificuldade com o conteúdo, o que demonstra uma

população homogênea.

Com relação à matemática a maioria apontou que seus professores do

ensino fundamental eram bons ou ótimos e que suas lembranças a respeito de

aprendizagem e ensino dos conceitos da matemática são boas. Além disto, 12

alunos apontaram não lembrar de nenhuma situação relacionada à aprendizagem

matemática e 9 alunos deixaram em branco esta questão. Os demais alunos

reportaram lembranças como: (1) “Notas baixas, sempre passando de ano com a

média necessária”; (2) “Não tenho problemas com a matemática, por este motivo

minhas notas estão na média”; (3) “Não é minha disciplina preferida, mas tenho boas

recordações de matemática, principalmente no fundamental, onde tirei boas notas e

tinha uma facilidade de entender o conteúdo”; (4) “No ensino médio tive dificuldades,

a professora era muito rígida”; (5) “Sempre auxiliei meus colegas de sala com a

matéria de matemática”; (6) “Consigo resolver todos os exercícios”; (7) “Sempre

gostei de cálculo, então me lembro de ajudar os meus amigos em sala”; (8) ”Na

prova suava frio na hora de fazer”. Nos itens apontados, existem repetições com

palavras diferentes, mas o mesmo sentido como: (1) nota baixa apontada por três

alunos; e (2) auxilio aos colegas de sala na disciplina, apontado por dois alunos; e

(3) consegue resolver os exercícios de matemática apontada por um aluno.

Page 95: UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS … · MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA Tecnologia da informação e da comunicação e a formação inicial de professores

94

Categorias Classificação

Curso de formação Pedagógico-didática e Formação Completa

Ensino da matemática Resolução de Problemas

TIC Incorporar

Aprendizagem, desenvolvimento humano e educação

Aprendizagem – Enfoque histórico cultural

Desenvolvimento – Enfoque histórico cultural

Educação - Enfoque histórico cultural

Quadro 7 - Percepções e concepções dos discentes do curso de Licenciatura em Pedagogia

7.1.3 Percepções e concepções dos docentes do curso

Foram respondidos 11 questionários pelos professores do curso de

Licenciatura em Pedagogia e suas percepções e concepções foram analisadas e

classificadas conforme Quadro 8. Cabe ressaltar, que este questionário

diferentemente do realizado com os alunos foi aplicado presencialmente. Para todos

os professores o ensino da matemática deve ser pautado em usar conceitos

matemáticos a serem ensinados para resolver problemas que se relacionam com o

cotidiano do aluno. Portanto, podendo ser classificado como Resolução de

problemas, na categoria Ensino da Matemática.

Os 11 professores apontaram que as disciplinas que ministram dão ênfase

ao didático-pedagógico e menos ao conteúdo específico da área de conhecimento.

Com relação aos conteúdos de filosofia da matemática, história da matemática e

educação, também foram unânimes ao responderem que abordam tópicos de

educação, mas não de filosofia da matemática e história da matemática. Alguns

apontaram artigos que utilizam em suas aulas para tratar de educação. Logo, pela

percepção dos professores o curso de formação pode ser classificado como

Pedagógico-didático com viés para uma formação completa. Cabe ressaltar que

os professores neste momento apontaram a ausência de disciplinas que tratam

especificamente da historia da matemática e filosofia da matemática.

Todos os respondentes afirmam que realizam algum relacionamento entre

suas disciplinas com outras do programa. Quando questionados se conseguem

Page 96: UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS … · MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA Tecnologia da informação e da comunicação e a formação inicial de professores

95

estabelecer um relacionamento do conteúdo de sua disciplina com atividades e

processos do cotidiano do aluno, apenas 4 professores responderam que realizam

este relacionamento em menos de 50% do conteúdo ministrado, a maioria apontou

que faz mais de 50%. Os professores ainda apontaram que consideram importante a

interdisciplinaridade e se sentem seguros em realizá-la em suas disciplinas. No

entanto, alguns chamaram a atenção para banalização da interdisciplinaridade e que

se deve ter critérios em sua aplicação.

Com relação à utilização dos recursos de tecnologias de informação e

comunicação 3 professores apontaram não utilizar em suas aulas, 7 utilizam objetos

de aprendizagem e jogos e 1 Microsoft Excel, objetos de aprendizagem e jogos. A

maioria dos professores apontou conhecer uma ferramenta e utilizar menos de 50%

dos recursos, 3 entrevistados disseram não conhecer nenhuma e 2 conhece uma

ferramenta e utiliza menos de 70% dos recursos. Ainda consideram que os recursos

tecnológicos são utilizados no curso como parceiro e concordam com está visão.

Assim, podemos classificar o curso na categoria TIC em Incorporar.

Os professores, também apontam, em sua maioria, não ter dificuldade com a

utilização dos recursos tecnológicos e apenas 5 entrevistados apontaram dificuldade

com a ferramenta. Quanto aos recursos utilizados em suas aulas destacaram livro

didático, apostilas e fórum.

Outro ponto de concordância entre os entrevistados é que a educação

contribui para o desenvolvimento humano. Quanto a aprendizagem e

desenvolvimento humano 8 entrevistados consideram que a aprendizagem e o

desenvolvimento estão inter-relacionados, sendo que a aprendizagem promove o

desenvolvimento e 3 definiram que a aprendizagem é sinônimo de desenvolvimento.

Assim, é possível sua classificação em enfoque histórico cultural na categoria

Aprendizagem, desenvolvimento humano e educação.

Page 97: UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS … · MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA Tecnologia da informação e da comunicação e a formação inicial de professores

96

Categorias Classificação

Curso de formação Pedagógico-didática e Formação Completa

Ensino da matemática Resolução de Problemas

TIC Incorporar

Aprendizagem, desenvolvimento humano e educação

Aprendizagem – Enfoque histórico cultural

Desenvolvimento – Enfoque histórico cultural

Educação - Enfoque histórico cultural

Quadro 8 - Percepções e concepções dos docentes do curso de Licenciatura em Pedagogia.

A maioria afirmou gostar de matemática e não ter dificuldade com o

conteúdo. No entanto, quando questionados sobre suas lembranças com relação

aos professores de matemática do fundamental foi possível obter respostas como:

ausentes, rígidos, pacientes, exigentes e ótimos. Com relação a aprendizagem e

ensino da matemática apontaram: deficiente, muitos exercícios, repetição, boas,

cobrança, excelentes, horríveis, comprometimento e seriedade. Algumas respostas

apresentam palavras diferentes, mas o mesmo significado, por este motivo houve o

agrupamento das respostas.

Ainda, ao questionar sobre situações em que vivenciaram relacionadas com

a aprendizagem de matemática, elencaram: (1) “estudei em escola pública e fui

muito prejudicada por constantes greves. No caso específico de matemática ficou

evidente ao chegar na graduação”; (2) “estudos com meus colegas de sala para

resolver as listas intermináveis de exercícios”; (3) “muitos exercícios”; (4) “o

professor era tão exigente que tínhamos que fazer vários exercícios até decorar

como resolver”; (5) “Nunca fui excelente em matemática, mas conseguia ficar na

média. Lembro de uma vez a minha professora do fundamental distribuindo caixas

de bombom para os melhores, claro que não ganhei”; (6) “meu irmão mais velho é

ótimo em matemática e tivemos os mesmos professores por conta da pouca

diferença de idade, por este motivo me sentia muito cobrada nesta disciplina,

principalmente por não ter tanta facilidade”; (7) “meus professores eram ótimos,

pacientes e concentrados na sua missão de ensinar”; (8) “muita cobrança por parte

dos professores, muitos exercícios e provas”; (9) “meus professores eram ótimos,

em diversos momentos ajudaram a mim e aos outros alunos. Só tenho boas

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97

lembranças deles”; (10) “participei de várias competições no fundamental em

matemática, não fiquei em primeiro, mas me saia muito bem”. As situações relatadas

geraram nos entrevistados sentimentos como: tristeza, cansaço, felicidade, nervoso,

cobrança, bem estar e cobrança. Apenas um entrevistado relatou não ter nenhuma

lembrança específica de matemática.

7.1.4 Discussão dos dados coletados no Curso de Licenciatura em Pedagogia

Analisando os dados coletados é possível observar que o Projeto

Pedagógico do curso reflete a percepção dos alunos e professores no que tange o

ensino de matemática, pautado na resolução de problemas. Tanto alunos, PPC e

docentes entrevistados concordam que o ensino da matemática deve ser pautado

em usar conceitos matemáticos a serem ensinados para resolver problemas que se

relacionam com o cotidiano do aluno.

De acordo com as disciplinas apontadas e a ênfase dada às disciplinas

pelos alunos, PPC e pelos professores o curso de formação, no caso de Licenciatura

em Pedagogia desta instituição, aponta para pedagógico-didático e formação

completa. O fato que chama a atenção é a existência de poucas disciplinas de

conhecimento específico da área, como neste caso de matemática que apresenta

apenas duas. Este fato aparece na menção de alguns alunos quando questionados

sobre a interdisciplinaridade, pois apontam não se sentirem seguros por não

dominar o assunto.

No PPC em vários momentos são referenciadas atividades interdisciplinares

a serem realizadas em todas as disciplinas, no entanto, na percepção dos alunos

menos de 50% dos professores realizam este relacionamento. Já na visão dos

docentes entrevistados, os 11 realizam interdisciplinaridade com outras disciplinas

do curso e outras atividades e processos do cotidiano do aluno. Aparentemente os

docentes estão em harmonia com o PPC, no que tange a interdisciplinaridade,

porém, está não é a percepção dos alunos.

Com relação aos recursos tecnológicos alunos e professores concordam que

sua utilização no curso é pautada em incorporá-lo ao ensino como parceiro,

auxiliando na produção de conhecimento, reforçando o definido no PPC. Assim,

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98

apresenta harmonia com a concepção de alunos e docentes com relação a sua

utilização, pois compartilham desta visão de parceria. A maioria dos alunos dizem

não possuir dificuldades com a utilização dos recursos tecnológicos e apenas 5

professores apontaram falta de conhecimento da ferramenta, que acaba por

dificultar sua utilização em suas disciplinas.

Os recursos de tecnologia mais utilizados segundo professores e alunos são

Objetos de Aprendizagem e jogos. Três professores apontaram não utilizar nenhum

em suas aulas, a não ser o fornecido pelo ambiente de aprendizagem como fórum,

chat e apostilas. Além dos softwares já citados, alguns alunos também reportaram a

utilização de Microsoft PowerPoint e Microsoft Excel. A maioria dos professores

apontou utilizar livros didáticos em suas aulas, mas os alunos não elencaram este

recurso no questionário.

Outro ponto em comum apontado pela maioria dos discentes, docentes e

PPC é sua visão com relação à educação, como um meio de promover o

desenvolvimento humano, em consonância com a perspectiva enfoque histórica

cultural. Mesmo o PPC não assumindo uma posição direta com relação a

aprendizagem e desenvolvimento humano, discentes e docentes concordam ao

assumir uma perspectiva de que a aprendizagem e desenvolvimento estão inter-

relacionados e que a aprendizagem promove o desenvolvimento. Assim,

apresentando uma harmonia com o enfoque histórico cultural.

A relação dos discentes com a matemática aponta para um empate do

número de alunos que não gostam e possuem alguma dificuldade, considera a

disciplina como qualquer outra ou gosta e não tem dificuldade com o conteúdo. Já

os docentes a maioria gosta e não possui dificuldade com a disciplina. Porém, no

caso dos professores mesmo apontando não ter dificuldades alguns relatam

sentimentos de nervoso e tristeza.

7.2 Análise dos dados Curso de Licenciatura em Matemática

As analises das concepções presentes no Projeto Pedagógico do Curso

Licenciatura em Matemática, percepções e concepções dos discentes e docentes,

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99

bem como a discussão dos dados coletados serão apresentadas nos itens que

seguem.

7.2.1 Concepções presentes no Projeto Pedagógico do Curso

A análise das concepções presentes no Projeto Pedagógico do Curso de

Licenciatura em Matemática, conforme apresentado no Quadro 9, foi realizada

diante do documento fornecido pelo coordenador do curso. O PPC é dividido em: (1)

Organização pedagógica, que apresenta a concepção do curso, perfil do egresso,

objetivos do curso, objetivos da aprendizagem, matriz curricular, ementas,

bibliografias, etc; (2) Corpo docente, contém informações sobre o corpo docente; e

(3) Infraestrutura, com informações sobre o espaço físico, biblioteca, laboratórios e

campus virtual.

Em sua concepção de curso o PPC procura apresentar uma sintonia entre a

formação inicial de professores e os prescritos pela LDBEN 9394/96, as Diretrizes

Curriculares Nacionais e Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática para

Educação Básica. Além disto, demonstra ciência da necessidade de uma

reformulação dos cursos de formação de professores para atender as habilidades

requeridas ao profissional do século XXI, tais como: (1) aprender o conhecimento de

forma global, deixando de lado uma visão apenas especializada; (2) ser crítico e

autônomo; e (3) saber atuar no mundo globalizado e informatizado.

Neste sentido, assume que a graduação deve desenvolver a autonomia de

seu educando na produção de conhecimento e pesquisa, buscando proporcionar a

capacidade de “aprender a aprender” por meio de uma educação permanente e

continuada. Corroborando com esta visão define o futuro professor de Matemática

como um Educador Matemático que concebe a matemática como um meio,

questionando qual a matemática e qual o ensino adequado e relevante para sua

formação. Além disto, assume como objetivo do curso a formação do Professor de

Matemática para Educação Básica.

Desta forma, é possível identificar que no PPC o curso assume uma visão

de educação que promove o desenvolvimento do educando de forma permanente e

continuada, permitindo sua classificação na perspectiva enfoque histórica

Page 101: UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS … · MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA Tecnologia da informação e da comunicação e a formação inicial de professores

100

cultural, no item educação da categoria Aprendizagem, desenvolvimento e

educação. Com relação à formação continuada o PPC menciona a realização de

cursos de extensão, palestras, congressos e outros eventos que procuram incentivar

os alunos a participar de forma ativa em atividades que contemplam o

desenvolvimento de pesquisas.

No perfil do egresso o documento aponta que está em acordo com o Parecer

CNE/CES 1.302/2001 e as Diretrizes Curriculares Nacionais do curso, definindo o

egresso como um Educador Matemático que irá atuar nos anos finais do Ensino

Fundamental e Médio, com sólida formação matemática e pedagógica, que irão

contribuir para transposição didática, com seu comprometimento com a ética, com a

responsabilidade social, ambiental, educacional e tecnológica.

Há também a menção de uma lista de capacidades que o curso procura

desenvolver em seu educando ao longo de sua formação, tais como: (1) exposição

clara do conteúdo, de forma a contribuir com a transposição didática; (2) trabalho

com equipes multidisciplinares, proporcionando uma visão da relação da matemática

com outras áreas do conhecimento; (3) utilização dos recursos tecnológicos de

forma crítica para resolução de problemas; (4) realização de práticas como forma de

produzir conhecimento e aprendizagem, respeitando as influências sociais e

culturais no processo de transposição do saber científico para o escolar; (5) visão

crítica sobre materiais didáticos; (6) criação de mecanismos de intervenção no

processo de ensino/aprendizagem para superar os obstáculos epistemológicos; (7)

priorizar a compreensão dos conceitos matemáticos, sem com isto abrir mão do rigor

lógico científico na análise de situações problemas; entre outras.

Em várias partes do documento é possível observar a importância atribuída

aos recursos tecnológicos no curso, sempre ressaltando a necessidade de utilizá-lo

como uma forma de contribuir com a investigação matemática, realizando uma

exploração crítica dos aplicativos voltados ao ensino da matemática. Corroborando

com esta visão existe uma disciplina que apresenta em sua ementa o objetivo de

promover uma discussão das relações das práticas matemáticas, aprendizagem e

tecnologias digitais, promovendo uma análise crítica e investigativa das ferramentas

tecnológicas utilizadas no ensino da matemática. Além disto, outras disciplinas

contemplam em sua bibliografia complementar obras que tratam do uso dos

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101

recursos tecnológicos. Logo, é possível classificar a utilização dos recursos

tecnológicos como incorporar, presente na categoria TIC.

O corpo docente é composto 15 professores, sendo 21% doutores, 72%

mestres e 7% especialistas. Com relação à jornada de trabalho apresenta 63% de

seus professores distribuídos entre período integral e parcial e 37% como horista.

No que tange sua experiência com a educação básica 70% do corpo docente possui

mais de três anos de atuação neste segmento da educação. Corroborando com este

quadro é possível observar que metade das disciplinas contempla em sua

bibliografia complementar algum artigo apresentado em eventos da área, o que

reforça o discurso do curso de procurar incentivar o acesso e desenvolvimento de

pesquisas.

O curso está organizado para integralização mínima de seis semestres, com

2.800 horas, sendo divididas em: (1) 1.800 horas de conteúdos curriculares de

natureza científico-cultural; (2) 800 horas de prática de ensino e estágio

supervisionado; (3) 200 horas de atividades acadêmica científica cultural. São

aproximadamente 44 disciplinas, divididas em seis semestres que podem ser

classificadas como: (1) 19 disciplinas com conteúdo Cultural-cognitivo; (2) 18

disciplinas com conteúdo Pedagógico-didático; e (3) 7 disciplinas com conteúdo de

Formação completa. Logo, é possível sua classificação em cultural-cognitivo e

pedagógico-didático na categoria Curso de Formação, porém, com um viés forte

ao cultural-cognitivo que pode ser comprovado pela carga horária das disciplinas,

em uma análise detalhada da ementa e bibliografia.

O PPC também deixa evidente que o ensino da matemática está voltado à

resolução de problemas e na maioria das disciplinas é possível observar na ementa

e na bibliografia este direcionamento. Isto possibilita sua classificação em resolução

de problema na categoria Ensino da Matemática.

Além da resolução de problemas e utilização dos recursos tecnológicos o

PPC aponta a utilização de jogos e História da Matemática. O jogo devendo ser

utilizado como mediador do processo de ensino e de aprendizagem, e para isto o

professor deve estudar sua finalidade, como utilizá-lo e as situações problemas

possíveis de serem trabalhadas. A História da Matemática, por sua vez deve ser

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encarada como um recurso didático com possibilidades para desenvolver conceitos,

sem com isto reduzi-la a fatos, datas e nomes.

Há a menção à interdisciplinaridade no documento em vários momentos, e

sua justificativa se apresenta no entendimento de que a matemática é uma ciência

que possui infinitas relações com diversas áreas do conhecimento tornando-se

condição necessária à elaboração de projetos interdisciplinares a serem aplicados

na Educação Básica. Logo, para está efetivação o curso de formação deve fornecer

tal experiência a seu aluno, porém, não foi possível evidenciar sua presença nas

disciplinas por meio das ementas ou bibliografias. A única disciplina que menciona a

interdisciplinaridade na ementa e na bibliografia é a Atividade Complementar.

Com relação à concepção de aprendizagem e desenvolvimento humano o

documento não assume nenhuma posição claramente, mas fornece alguns indícios

em seu texto e na bibliografia que torna possível sua classificação em enfoque

histórico cultural na categoria Aprendizagem, desenvolvimento e educação.

A disciplina Psicologia da Educação traz em sua ementa a apresentação das

principais escolas da Psicologia Científica. Sua bibliografia básica apresenta o livro

“Psicologia na Educação” que tem como conteúdo: a construção social do sujeito,

psicologia do desenvolvimento, psicologia da aprendizagem, psicologia na

educação, criança enquanto ser em transformação, desenvolvimento cognitivo e

afetivo e o desenvolvimento de crianças e adolescentes. Porém, os itens

desenvolvimento e aprendizagem são apresentados de forma resumida, mas com

forte viés ao enfoque histórico cultural. Na bibliografia complementar apresenta a

obra de Vygotsky Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Há também outro

livro que contempla a perspectiva enfoque histórico cultural. Logo, a bibliografia nos

permite inferir um forte viés a esta perspectiva.

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103

Categorias Classificação

Curso de formação Cultural-cognitvo / Pedagógico-didático

Ensino da matemática Resolução de problemas

TIC Incorporar

Aprendizagem, desenvolvimento humano e educação

Aprendizagem – Enfoque histórico cultural

Desenvolvimento – Enfoque histórico cultural

Educação – Enfoque histórico cultural

Quadro 9 - Concepções do PPC de Licenciatura em Matemática

No texto do PPC é possível observar a ideia de que a aprendizagem ocorre

em uma concepção participativa (professor, aluno, sociedade e família) por meio de

uma série de atividades que estão relacionadas ao processo de mudança contínua.

Assim, o educando deve se apropriar dos recursos da cultura, pela sua participação

com outros mais experientes em atividades conjuntas, atribuindo sentidos e

significados.

7.2.2 Percepção e concepções dos discentes do curso

A análise das percepções e concepções dos discentes do curso de

Licenciatura em Matemática, conforme apresentado no Quadro 10, foi realizada pela

aplicação do questionário no mês de Agosto/2015 e foram obtidas 27 respostas.

Com relação ao curso a maioria apontou uma mescla entre disciplinas que

tratam do conteúdo específico da matemática e disciplinas que explicitam como

ensinar este conteúdo. Sendo possível sua comprovação nas disciplinas elencadas

pelos alunos como aquelas que tratam a dimensão didática, pedagógica, do

desenvolvimento humano ou modo de ensinar. Vale ressaltar, que apenas 6 alunos

apontaram que o curso trata apenas de conteúdos específicos de matemática,

porém, estes acabaram entrando em contradição ao apontar as disciplinas que

tratam da dimensão didática, pedagógica e modo de ensinar.

Foi possível constatar também que existem poucas disciplinas que tratam da

filosofia da matemática, história da matemática e temas de educação ligados à

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matemática na percepção dos alunos. Logo, podemos inferir que na percepção dos

alunos é um curso de formação cultural-cognitivo e pedagógico-didático. Ao

comparar o total de disciplinas selecionadas pelos alunos, percebe-se um pequeno

viés para disciplinas cultural-cognitivo.

Para maioria dos alunos que responderam o questionário o ensino da

matemática está pautado na resolução de exercício. Apenas quatro apontaram a

utilização dos conceitos matemáticos ensinados para resolver problemas que se

relacionam com o cotidiano do aluno. Este fato pode ser comprovado nas respostas

das questões relacionadas a interdisciplinaridade, na qual a maioria respondeu que

menos da metade de seus professores relacionam os conceitos matemáticos com

outras disciplinas ou atividades do cotidiano do aluno.

Há também a evidência de que para os alunos é importante este

relacionamento, porém, eles não se sentem seguros em realizá-lo uma vez que não

foram ensinados na faculdade. Portanto, na percepção dos alunos o ensino da

matemática em sua maioria está pautado na resolução de exercícios, podendo ser

classificado na categoria Ensino da Matemática como Resolução de exercício.

Quanto à concepção do ensino da matemática a maioria acredita que a melhor

forma seria resolução de problemas relacionada ao cotidiano do aluno.

Os recursos de tecnologias da informação e comunicação na percepção da

maioria dos alunos são utilizados como parceiros, sendo incorporado de forma a

propiciar novas formas de pensar e resolver problemas matemáticos. Apenas 7

alunos divergem desta opinião e apontam a utilização no curso como um

instrumento que torna menos enfadonho os cálculos necessários para o

desenvolvimento de uma tarefa. Desta forma, é possível sua classificação na

categoria TIC como Incorporar. A concepção da utilização dos recursos de

tecnologia de informação e comunicação para maioria de ser como parceiro,

procurando incorporá-lo ao ensino do conteúdo de matemática.

Cabe ressaltar, que a maioria dos alunos não encontra dificuldade em utilizar

os materiais disponíveis no ambiente de aprendizagem. Os recursos mais utilizados

neste ambiente são: apostilas, chat, vídeo aula e fórum. Com relação aos seus

conhecimentos de softwares voltados a matemática conhece ao menos um software

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e se classificam como um usuário que utiliza menos de 70% dos recursos deste

software. Os softwares mais utilizados em seu curso de formação são: Microsoft

PowerPoint, Microsoft Excel, Microsoft Word, Buscador Google, Jogos, Objetos de

Aprendizagem e Geogebra. A maioria também apontou não ter dificuldade em

utilizar os softwares em sua futura aula de matemática.

Com relação a concepção de aprendizagem e desenvolvimento foi possível

verificar: (1) 15 alunos escolheram que a aprendizagem e o desenvolvimento estão

inter-relacionados, sendo que a aprendizagem promove o desenvolvimento; (2) 8

alunos apontam que a aprendizagem utiliza os resultados do desenvolvimento,

porém, não participa ativamente ou modifica em absoluto o desenvolvimento; e (3) 4

alunos apontaram que a aprendizagem requer um determinado grau de

desenvolvimento, sendo que o desenvolvimento antecede a aprendizagem. Logo, é

possível inferir que na concepção da maioria a aprendizagem e o desenvolvimento

estão inter-relacionados, sendo que a aprendizagem promove o desenvolvimento,

visão está em consonância com a perspectiva Enfoque Histórico Cultural,

permitindo sua classificação como tal na categoria Aprendizagem,

desenvolvimento humano e educação item aprendizagem e desenvolvimento.

Categorias Classificação

Curso de formação Cultural-cognitvo / Pedagógico-didático

Ensino da matemática Resolução de exercício

TIC Incorporar

Aprendizagem, desenvolvimento humano e educação

Aprendizagem – Enfoque Histórico Cultural

Desenvolvimento – Enfoque Histórico Cultural

Educação – Enfoque Histórico Cultural

Quadro 10 - Percepções e concepções dos discentes do curso de Licenciatura em Matemática

Na concepção da maioria dos alunos a educação contribui para o

desenvolvimento humano. Apenas 5 alunos apontaram que a educação se restringe

ao ensino e tem como finalidade habilitar o indivíduo para o mercado de trabalho.

Portanto, para maioria a concepção de educação pode der classificada na categoria

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106

Aprendizagem, desenvolvimento humano e educação item educação como

Enfoque Histórico Cultural.

A maioria dos alunos gosta de matemática, não possui dificuldade e não

relataram lembranças com relação ao ensino da matemática. Somente 3 alunos

relataram dificuldades com relação à matemática, destes 2 relataram que tiram notas

baixas mesmo estudando muito, pois possuem dificuldade em entender e 1 tem

como lembrança uma recuperação no ensino médio. Para maioria seus professores

do ensino fundamental foram bons ou ótimos e suas lembranças com relação à

aprendizagem e conceitos matemáticos são boas.

7.2.3 Percepção e concepções dos docentes do curso

Foram aplicados os questionários em 5 professores do curso de Licenciatura

em Matemática e suas percepções e concepções foram analisadas e classificadas

conforme Quadro 11. Cabe ressaltar que em um primeiro momento este número

pode parecer pequeno, mas ele representa aproximadamente 33% do corpo docente

do curso, conforme especificado no PPC.

Com relação à ênfase dada a disciplina ministrada 3 docentes apontaram

somente aos conteúdos de matemática e os outros nos conteúdos matemáticos e na

forma de ensiná-los. Sendo possível sua classificação na categoria Curso de

Formação em Cultural-cognitivo e Pedagógico-didático. Apenas 1 professor

apontou tratar no conteúdo de sua disciplina aspectos da História da Matemática e

Educação Matemática.

Para 4 professores o ensino de matemática em sua disciplina é pautado na

explicação de exercícios seguida pela resolução de uma lista de fixação, paradigma

do exercício. Somente 1 professor apontou usar conceitos matemáticos a serem

ensinados para resolver problemas que se relacionam com o cotidiano do aluno.

Assim, é possível sua classificação na categoria Ensino de Matemática em

Resolução de Exercícios. Porém, na concepção dos 5 professores a forma mais

indicada de ensino de matemática é usar conceitos matemáticos a serem ensinados

para resolver problemas que se relacionam com o cotidiano do aluno.

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107

Quando questionados sobre o estabelecimento de relação entre o conteúdo

de suas disciplinas com outras áreas do conhecimento, apenas 1 professor diz

realizar interdisciplinaridade em mais de 50% de seus conteúdos com outras

disciplinas do curso. A maioria não vê necessidade nas disciplinas ministradas de

realizar o relacionamento com atividades do cotidiano do aluno ou com outras áreas

de conhecimento. No entanto, todos consideram este relacionamento importante e

se sentem seguros em realizar a interdisciplinaridade, mas elencam: (1) “considero

que existam disciplinas que seja importante estabelecerem a interdisciplinaridade,

principalmente com o cotidiano do aluno, mas não todas”; (2) “importante, mas não

realizo, pois o aluno pode não conseguir trazer o necessário para sala”; (3)

“interessante e me sinto seguro, mas não vejo necessidade na minha disciplina”; e

(4) “considero importante e me sinto segura, mas não considero que as disciplinas

que ministro hoje seja necessária esta ligação com o cotidiano”.

Os recursos tecnológicos são utilizados por três professores, sendo que um

utiliza somente calculadora e os outros Microsoft Office Excel, Geogebra, Jogos,

Objetos de Aprendizagem e Winplot. Os outros dois professores entrevistados não

utilizam nenhum recurso fora o presente no ambiente de aprendizagem. Com

relação ao conhecimento de softwares voltados ao ensino da matemática, três

professores relatam conhecer uma ferramenta e utilizar menos de 50% dos recursos,

1 conhece uma ferramenta e utiliza menos de 70% dos recursos e 1 conhece mais

de uma ferramenta e utiliza menos de 50% dos recursos.

A maioria apontou não ter dificuldades em utilizar os recursos de tecnologia

em suas aulas, somente um docente diz ter dificuldade com a falta de conhecimento

das ferramentas. Todos dizem se sentir seguros em utilizar Microsoft Excel em suas

aulas. Os recursos mais utilizados são apostilas, chat e fórum.

Apenas um professor apontou que na sua percepção o curso esteja

utilizando os recursos de tecnologia de informação e comunicação como

instrumento, de forma a tornar menos enfadonho os cálculos necessários para o

desenvolvimento de uma tarefa, e possibilitando a concentração do aluno na

proposta da atividade. Os demais disseram que sua utilização é pautada na

incorporação da TIC de forma a torná-la uma parceira no processo de ensino e

aprendizagem da matemática. Os quatro concordam com uma concepção de

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108

utilização dos recursos tecnológicos como parceiros. Logo, é possível sua

classificação na categoria TIC em Incorporar.

Os professores apontam gostar de matemática e não possuírem dificuldade

com o conteúdo da disciplina. Além disto, quando questionados sobre os

professores de matemática no fundamental, elencaram companheiros, dedicados,

rígidos e parceiros. Com relação às lembranças que possuem da aprendizagem e

ensino dos conceitos matemáticos apontaram exercícios, repetição e descobrimento.

Os 5 professores citaram situações que viveram relacionadas com a aprendizagem

de matemática, como: (1) “no meu 6º ano do fundamental, tive que ficar afastado por

um longo período, por motivos de doença, ao retornar minha professora de

matemática foi a primeira a me dar força para continuar e ir atrás do tempo perdido”;

(2) “longas listas de exercícios”; (3) “se não fizesse os exercícios sofria castigo”; (4)

“no final da aula o professor ficava explicando como utilizar o conteúdo que

havíamos aprendido no nosso cotidiano”; e (5) “ganhei um concurso de matemática

na minha cidade, graças ao companheirismo de meus professores”. Estas situações

provocaram sentimentos como: (1) “acolhimento e amparo”; (2) “gostava de fazer os

exercícios, pois sabia que deveria treinar para conseguir aprender”; (3) “tristeza”; (4)

“entusiasmado”; e (5) “orgulhoso pela conquista”.

Categorias Classificação

Curso de formação Cultural-cognitvo / Pedagógico-didático

Ensino da matemática Resolução de exercício

TIC Incorporar

Aprendizagem, desenvolvimento humano e educação

Aprendizagem – Enfoque Histórico Cultural

Desenvolvimento – Enfoque Histórico Cultural

Educação – Enfoque Histórico Cultural

Quadro 11 - Percepções e concepções dos docentes do curso de Licenciatura em Matemática

Com relação a aprendizagem e desenvolvimento 4 professores apontaram

que a aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados, sendo que a

aprendizagem promove o desenvolvimento e apenas 1 que a aprendizagem é

sinônimo de desenvolvimento. No que tange a educação os 5 docentes apontaram

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109

que a educação contribui para o desenvolvimento humano. Portanto, é possível sua

classificação na categoria Aprendizagem, desenvolvimento humano e educação

na perspectiva enfoque histórica cultural.

7.2.4 Discussão dos dados coletados no Curso de Licenciatura em Matemática

Na análise realizada dos dados coletados é possível observar que o Projeto

Pedagógico do curso, os alunos e professores apontam para um curso de Formação

cultural-cognitivo e pedagógico-didático, no caso do PPC ao realizar uma análise

mais profunda das ementas e bibliografias é possível observar um viés para cultural-

cognitivo, o fato se confirma com os alunos ao selecionarem as disciplinas.

Um ponto de divergência entre o PPC, discente e docente é o ensino de

matemática, que no PPC é apontado como Resolução de Problemas, já na

percepção de alunos e professores ele é pautado na resolução de exercícios. No

entanto, vale ressaltar que na concepção de discentes e docentes o ensino da

matemática deve ser pautada em usar os conceitos matemáticos a serem ensinados

para resolver problemas que se relacionam com o cotidiano do aluno.

O PPC aponta a utilização de atividades interdisciplinares, mesmo não

sendo possível encontrar evidências nas ementas ou bibliografias analisadas, já os

alunos apontam que menos da metade de seus professores realizam tal ação e isto

fica claramente evidenciado pelos 5 professores entrevistados que reportam não

fazer relacionamento dos conteúdos de suas disciplinas com atividades do cotidiano

do aluno e apenas 1 professor diz realizar o relacionamento do conteúdo de sua

disciplina com outras do curso. O que acaba reforçando as justificativas dos alunos

por não se sentirem seguros em realizá-la em sua atividade pedagógica, uma vez

que não estão sendo ensinados.

Com relação aos recursos tecnológicos o PPC, os discentes e os docentes

concordam que o curso está pautado por uma utilização de forma a incorporá-lo ao

ensino da matemática, atribuindo um papel de parceria no processo de ensino e

aprendizagem dos conteúdos matemáticos. Esta forma de tratar as TICs está em

harmonia com as concepções apontadas pelos professores e alunos do curso. A

maioria dos alunos diz não possuir dificuldades com a utilização dos recursos

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tecnológicos e apenas 1 professor aponta falta de conhecimento da ferramenta, que

acaba por dificultar sua utilização em suas disciplinas. Em contrapartida alunos e

professores conhecem mais ferramentas ligadas ao ensino da matemática, mesmo

não as utilizando em suas aulas.

Os recursos de tecnologia mais utilizados segundo professores e alunos são

Objetos de Aprendizagem e jogos. Dois professores apontaram não utilizar nenhum

em suas aulas, a não ser o fornecido pelo ambiente de aprendizagem como fórum,

chat e apostilas. Além dos softwares já citados, alguns alunos também reportaram a

utilização de Microsoft PowerPoint e Microsoft Excel. A maioria dos professores

apontou utilizar livros didáticos em suas aulas, mas os alunos não elencaram este

recurso no questionário.

Há também a evidência que PPC e a maioria dos alunos e professores

concebem a aprendizagem, o desenvolvimento humano e a educação sob uma

perspectiva enfoque histórico cultural, uma vez que entendem a educação como

uma forma de contribuir com o desenvolvimento humano e a aprendizagem e o

desenvolvimento como inter-relacionados, sendo que a aprendizagem promove o

desenvolvimento.

A matemática para maioria dos alunos não apresenta dificuldade e não

relataram situações relacionadas com o ensino e aprendizagem de matemática, bem

como os sentimentos nesta ocasião. Os professores entrevistados também não

reportaram problemas com a matemática, mas diferentemente dos alunos

apontaram situações vivenciadas que trouxeram sentimentos de amparo, tristeza e

entusiasmo. Há também o relato de um professor que era punido caso não

conseguisse realizar os exercícios.

7.3 Considerações sobre a análise dos resultados dos cursos

Com relação à análise dos cursos existe uma distinção entre o tipo de

formação oferecido no curso de Licenciatura em Pedagogia e em Licenciatura em

Matemática. O fato que chama atenção no curso de Licenciatura em Pedagogia é a

existência de apenas duas disciplinas que tratam do conteúdo especifico de

matemática, já no curso de Licenciatura em Matemática as poucas disciplinas que

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apontam aspectos da educação matemática. Podendo ser indicativo de problemas

na formação inicial deste futuro professor que terá como responsabilidade o ensino

da matemática no ensino fundamental.

Vale ressaltar que em nossa concepção um curso de formação inicial de

professores deve apresentar uma harmonia entre disciplinas que tratam de

conteúdos específicos da área de conhecimento, didático-pedagógica e Educação

Matemática, a fim de promover uma formação adequada dos futuros professores

que atuarão no ensino fundamental ensinando matemática. Sem esta harmonia fica

difícil um curso de formação promover um aprendizado efetivo dos conteúdos da

matemática, o que acaba se refletindo nos questionários dos alunos e docentes dos

dois cursos.

As condições especificadas são importantes para uma educação histórica

cultural que irá fornecer as competências específicas como a forma de comunicar e

organizar o processo de aprendizagem, que em última análise é o que garante uma

boa educação que produz uma boa aprendizagem e, consequentemente, promove o

desenvolvimento.

Com relação à interdisciplinaridade, concordamos com alguns professores

ao apontar o cuidado em sua utilização a fim de evitar sua banalização e

defendemos que antes de sua aplicação devemos ter uma definição clara da

interdisciplinaridade. No entanto, é evidente que os alunos dos dois cursos se

sentem inseguros em realizá-la em seu trabalho pedagógico futuro, como apontado

pela maioria, seja por falta do domínio de conteúdo especifico de matemática ou por

não ter sido ensinado em sua formação.

Um fato que chama atenção no curso de licenciatura em matemática é a

divergência entre a maioria dos discentes e docentes com o PPC, ao classificá-lo

como pautado em resolução de exercício, enquanto o PPC aponta como resolução

de problemas. Este cenário ajuda no entendimento das dificuldades apontadas pelos

alunos com relação à interdisciplinaridade deste curso. No curso de Licenciatura em

Pedagogia PPC, discentes e docentes concordam que o ensino de matemática é

pautado em Resolução de Problemas.

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O PPC dos dois cursos e a maioria dos alunos e professores concorda que a

educação promove o desenvolvimento humano. Quanto à aprendizagem e

desenvolvimento, os cursos não deixam claro no PPC suas posições, mas no caso

de licenciatura em matemática há indícios de uma perspectiva enfoque histórico

cultural. Os alunos e docentes, em sua maioria, apontaram também para uma

perspectiva de enfoque histórico cultural.

Estes fatos permitem inferir que no plano do discurso do PPC dos cursos de

Licenciatura em Matemática e Licenciatura em Pedagogia, dos discentes e docentes

há indícios da perspectiva Enfoque Histórico Cultural, mas não na realidade do

trabalho, o que torna a declaração Histórico Cultural como não consistente na

prática.

As vivências relatadas pelos alunos e professores dos dois cursos são bem

diversificadas, porém, há evidências de uma formação, em sua maioria, no ensino

fundamental de um ensino de matemática pautado pela resolução de exercícios.

Fato que pode ter influenciado os professores principalmente do curso de

licenciatura em matemática em sua atuação pedagógica. Há também evidências de

experiência na educação básica do corpo docente do curso de Licenciatura em

Matemática, mas não existe menção deste fato no curso de Licenciatura em

Pedagogia.

Os recursos de tecnologias de informações e comunicações são apontados

na percepção e concepção da maioria dos discentes e docentes e também do PPC

dos dois cursos oferecidos no ambiente EaD, como parceiro do ensino e

aprendizagem do conteúdo matemático. Poucos softwares foram apontados pelos

professores e alunos dos cursos. Basicamente, elencaram Microsoft Excel, Microsoft

Word, Microsoft PowerPoint, Geogebra, Winplot, buscador Google, jogos e objetos

de aprendizagem. Mesmo quando questionados sobre quais softwares se sentiam

seguros em utilizar no laboratório com seus alunos a maioria limitou-se a apontar

jogos, objetos de aprendizagem e Microsoft Excel. A maioria dos alunos não relata

dificuldades em utilizar os recursos tecnológicos em sua atividade pedagógica futura

ou atual.

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113

Alguns alunos do curso de Licenciatura em Pedagogia apontaram duas

disciplinas que tratam de conteúdos de matemática e outros apenas uma disciplina,

esta divergência pode ser explicada pela ementa de uma das disciplinas que tem

como objetivo apresentar diversos jogos em diferentes áreas de conhecimento

inclusive a de matemática.

Em relação às contribuições da utilização dos recursos da TIC podem ser

encontrados no PPC de Licenciatura em Matemática que os recursos tecnológicos

contribuem com a investigação matemática, já o PPC de Licenciatura em Pedagogia

aponta os seguintes itens: (1) universalizar e democratizar o acesso à informação;

(2) estimular a interatividade dos alunos; e (3) contribui com a interdisciplinaridade

entre as áreas de conhecimento.

E os docentes e discentes elencaram as seguintes contribuições na

formação: (1) facilidade em realizar os cálculos; (2) apresentação de gráficos; (3)

auxiliar os alunos no desenvolvimento da matemática à medida que está mais

próximo da sua realidade tecnológica; (4) possibilita maior acesso ao conteúdo; (5)

facilidade de aprendizagem; (6) uso de planilhas; (7) irá facilitar o entendimento de

um problema com o uso de recursos gráficos; (8) alunos poderão estudar onde

quiserem; (9) poderão trabalhar com o GeoGebra e facilitar o entendimento de

conceitos matemáticos; (10) poderão resolver os exercícios no computador; (11)

professores poderão criar aulas mais ricas em conteúdo; (12) poderá trazer

exemplos da vida real para os alunos; (13) os exercícios poderão ser resolvidos

mais rápidos, deixando o aluno focado na investigação do problema; (14) se

aplicado poderá trazer uma grande evolução na educação da matemática; e (15)

podem compartilhar exercícios e soluções, como fazem com o facebook.

Portanto, os dois cursos procuram oferecer um ambiente propício ao

desenvolvimento do aluno, respeitando sua cultura e suas experiências, por meio de

uma formação voltada para utilização dos recursos tecnológicos de forma critica que

irão contribuir com a investigação matemática, interdisciplinaridade e disseminação

da informação. Além disto, pretende oferecer vivências de um ensino do conteúdo

de matemática pautada na resolução de problemas do cotidiano dos alunos,

contribuindo com a aprendizagem efetiva da matemática. No entanto, há

divergências com relação ao discurso presente no PPC dos dois cursos com as falas

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dos discentes e docentes, como no caso de Licenciatura em Matemática, no qual os

alunos ao contrário do PPC apontam para o ensino de matemática com foco em

resolução de exercícios. Há também nos dois cursos a interdisciplinaridade

apontada nos documentos, mas que pouco é percebido pelos discentes.

7.4 Análise das proposições

Uma vez obtidos os resultados por meio do Projeto Pedagógico dos cursos

de Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Matemática, bem como os

questionários aplicados nos alunos e nos docentes, as proposições criadas foram

confrontadas com os resultados coletados:

Proposição 1: A formação do professor no curso de pedagogia é pautada

pelo preparo pedagógico-didático e no curso de licenciatura em matemática pelo

domínio específico de matemática.

No curso de Licenciatura em pedagogia as disciplinas em sua maioria,

conforme apontado no PPC e nos questionários dos discentes e docentes aponta

para um curso de formação pedagógico-didático e formação completa, bem como no

curso de Licenciatura em Matemática apontam para cultural-cognitivo e pedagógico-

didático, porém, com um forte viés para cultural-cognitivo como pode ser observado

nas ementas e bibliografias.

Proposição 2: O curso de formação inicial proporciona aos futuros

professores polivalente e especialista a articulação dos conteúdos com outras

disciplinas e com situações do cotidiano de forma interdisciplinar.

O PPC do curso de Licenciatura em Pedagogia estabelece que sejam

realizadas atividades interdisciplinares em todas as disciplinas, porém, este fato não

condiz com a percepção dos alunos que apontam que menos da metade de seus

professores realizam este relacionamento com outras disciplinas. Contradizendo o

reportado pelos professores entrevistados, que apontaram realizar o relacionamento

com outras disciplinas e a maioria também reportou realizar a interdisciplinaridade

com atividades do cotidiano dos alunos em mais de 50% do conteúdo ministrado.

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No curso de Licenciatura em Matemática o PPC também aponta a realização

de atividades interdisciplinares em todas as disciplinas, porém, os alunos apontam

que menos da metade de seus professores realizam tal ação e isto fica claramente

evidenciado pelos 5 professores entrevistados que reportam não fazer

relacionamento dos conteúdos de suas disciplinas com atividades do cotidiano do

aluno e apenas 1 professor diz realizar o relacionamento do conteúdo de sua

disciplina com outras do curso.

Proposição 3: O ensino da matemática é pautado na resolução de

problemas e a formação dos professores contribui para este fim.

Em Licenciatura em Pedagogia o PPC, os alunos e os professores

concordam que o curso está pautado na Resolução de Problemas. Porém, em

Licenciatura em Matemática apenas o PPC aponta esta condição, os discentes e

docentes possuem a percepção de que as disciplinas estão voltadas a resolução de

exercícios, em sua maioria. Logo, a formação dada no curso de Licenciatura em

Matemática sugere uma educação pautada na resolução de exercícios, não

contribuindo para preparação do futuro professor na atuação com resolução de

problemas.

Proposição 4: A formação inicial do professor que irá atuar no ensino

fundamental ensinando matemática promove o domínio das tecnologias de

informação e comunicação de forma que este possa matematizá-los.

Nos dois cursos PPC, alunos e professores apontaram a utilização dos

recursos de tecnologia da informação e comunicação como parceira, nenhum

apontou sua utilização como um objeto curricular de matemática valioso em si e por

si mesmo. Esta visão esta em harmonia com o PPC de ambos os cursos que

também sugerem a utilização dos recursos tecnológicos como parceiro.

Proposição 5: Em sua formação o futuro professor que ensinará

matemática no ensino fundamental tem contato com disciplinas que não tratam

apenas do conteúdo da matemática.

No curso de Licenciatura em Pedagogia é possível evidenciar disciplinas que

tratam de conteúdos da Educação Matemática, como filosofia e aspectos da

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educação, fato que pode ser comprovado com sua classificação em um curso de

formação pedagógico-didático e formação completa. Já no curso de Licenciatura em

Matemática existem poucas disciplinas com este objetivo, como pode ser

comprovado no PPC, nos questionários dos alunos e dos professores.

Proposição 6: Nos cursos de Licenciatura em Matemática e Licenciatura em

Pedagogia na modalidade de Educação à Distância (EaD) são oferecidas

metodologias e estratégias de utilização de materiais diferenciados que

proporcionam a aprendizagem autônoma e colaborativa dos alunos.

Nos dois cursos foram apontadas a utilização de apostilas, chat e fórum pelo

PPC, alunos e professores. Não sendo possível evidenciar materiais diferenciados

ou metodologias diferenciadas. Este fato, pode sugerir a utilização de conhecidos

métodos aplicados na educação presencial, sendo aplicados na EaD com a

diferença de estar em uma nova modalidade e utilizar dos recursos tecnológicos

para sua efetivação.

Proposição 7: Os docentes que atuam na formação dos futuros professores

que ensinarão matemática no ensino fundamental, nos dois cursos, concebem a

educação como uma forma de desenvolvimento humano e os processos de

aprendizagem e desenvolvimento como inter-relacionados.

A maioria dos docentes apontou esta visão, mesmo quando o PPC não

deixava claro sua posição, como no caso do curso de Licenciatura em Pedagogia.

Proposição 8: Os docentes que atuam na formação dos futuros Professores

Polivalente e Especialista possuem vivências com relação à matemática que

acabam influenciando suas concepções.

No caso dos professores do curso de Licenciatura em Matemática foi

possível constatar que tiveram uma formação pautada na resolução de exercícios e

isto pode ter influenciado em sua atuação pedagógica, sendo uma possível causa de

sua resistência em estabelecer uma relação do conteúdo ministrado com atividades

do cotidiano do aluno. O que corrobora com esta possibilidade foi o fato de apenas o

docente que relatou ficar após o horário com seu professor de matemática do ensino

fundamental conversando sobre a aplicabilidade deste conteúdo no cotidiano, que

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apontou procurar estabelecer interdisciplinaridade de sua disciplina com atividades

do cotidiano do aluno.

Em contrapartida no curso de Licenciatura em Pedagogia os professores

também relatam em sua resposta uma formação com foco na resolução de

exercícios, porém, os professores encarregados pelas disciplinas especificas de

conteúdo matemático e os alunos do curso apontam para uma atuação pautada na

resolução de problemas.

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CONCLUSÕES

Essa pesquisa conseguiu contemplar os objetivos propostos. O primeiro

objetivo foi alcançado ao traçar as concepções e percepções dos alunos e docentes

com relação à educação, a aprendizagem e desenvolvimento humano, bem como a

concepção destes itens presentes no PPC dos cursos. Assim, nos dois cursos

oferecidos pela instituição há evidências de professores, alunos e escola com uma

visão de educação desenvolvimentista. No entanto, com relação ao ensino efetivo

de matemática existem deficiências em ambos os cursos como a falta de disciplinas

especificas da área de conhecimento em Licenciatura em Pedagogia, e disciplinas

de Educação Matemática em Licenciatura em Matemática. Logo, os professores que

estão sendo formados nos dois cursos levam problemas de formação inicial que

poderão ser resolvidos, em nossa visão e diante de nossas limitações com cursos

de formação continuada. Como forma de contribuição a dissertação apresenta como

produto uma proposta de aula com sugestão de recursos tecnológicos, a ser

utilizada em uma aula do ensino fundamental com um tema de matemática.

Cabe ressaltar que consideramos de suma importância uma análise mais

profunda, por parte das entidades competentes, dos Projetos Pedagógicos dos

Cursos para avaliar as condições relatadas neste estudo, a fim de tomar

providências com relação aos problemas encontrados na formação inicial oferecida

nos dois cursos e com isto procurar alternativas para solucionar lacunas na

formação inicial dos professores responsáveis pelo ensino do conteúdo de

matemática no fundamental.

O segundo objetivo foi alcançado ao conseguir identificar as concepções e

contribuições de utilização dos recursos da tecnologia da informação e comunicação

na formação dos futuros professores. O que corroborou para resposta da pergunta

de pesquisa, sendo possível constatar que os docentes e discentes dos cursos de

Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Matemática, oferecido por esta

instituição de ensino superior particular da cidade de São Paulo em um ambiente

EaD, percebem e concebem as tecnologias de informação e comunicação como

parceiro do ensino e aprendizagem do conteúdo matemático. As contribuições dos

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recursos para formação dos futuros professores apresentam, entre outras,

disseminação da informação, melhoria das aulas, aproximar o aluno das tecnologias

existentes e investigação matemática.

Além disto, o terceiro objetivo foi atingido ao apresentar as concepções

sobre educação, que para maioria dos alunos e docentes contribui para o

desenvolvimento humano. Com relação à aprendizagem e desenvolvimento humano

na concepção da maioria os dois estão inter-relacionados, sendo que a

aprendizagem promove o desenvolvimento. A matemática esta pautada na

Resolução de Problemas, para maioria, e suas vivências apontam resolução de

exercícios na formação e sentimentos de tristeza, alegria, ansiedade, e outros.

As limitações presentes nesta pesquisa incluem: (1) o estudo relacionado a

apenas uma instituição de ensino superior, onde um maior número poderia

apresentar novos aspectos ou fortalecer os elencados; (2) as barreiras para a

obtenção de informações dos cursos junto aos coordenadores; (3) as restrições em

aplicar os questionários junto aos docentes e discentes, novamente dificultado pelos

coordenadores dos cursos, o que acabou por se tornar inviável a espera pelo

mesmo; (4) a demora da resposta dos coordenadores dos cursos para realização da

oficina, que acabou sendo inviável sua realização.

As propostas para trabalhos futuros são: (1) um estudo sobre as influências

de uma educação matemática pautada na resolução de exercícios na formação de

educadores no curso de Licenciatura em Pedagogia e Licenciatura em Matemática;

(2) aplicação de uma oficina para verificar as contribuições efetivas dos recursos

tecnológicos no ensino de conteúdos da matemática; (3) análise dos métodos

utilizados para o ensino do conteúdo de matemática em um ambiente de EaD; e (4)

estudo sobre a docência compartilhada e sua influência na formação dos

professores do ensino fundamental.

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educação, considerados os Art. 62 e 63 da lei 9.394/96 e o Art. 9º, § 2º, alíneas "c" e "h" da Lei 4.024/61, com a redação dada pela lei 9.131/95. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/banco_objetos_crv/%7B19AE776F-B899-48EABD46BAA52BC6D50%7D_RESOLUCAO%20CP%201%20DE%2030%20DE%20SETEMBRO%20DE%201999.pdf>. Acesso em: 09 abr. 2015.

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Apêndice A – Questionário dos discentes e docentes

Q1. Qual curso você está Cursando/Ministra as aulas?

( ) Licenciatura em Matemática ( ) Licenciatura em Pedagogia

OBS. Se a escolha for Licenciatura em Matemática a próxima questão será Q2, caso seja Licenciatura em Pedagogia será Q7. Isto será automático e transparente para o aluno.

Q2. As disciplinas ministradas em seu curso que tratam da matemática, em sua maioria dão ênfase aos conteúdos de matemática ou a forma de ensinar estes conteúdos? (Licenciatura em Matemática)

( ) Somente aos conteúdos de matemática.

( ) Somente a forma de aplicar este conteúdo.

( ) Nos conteúdos matemáticos e na forma de ensiná-los.

Q3. Assinale na relação abaixo as disciplinas que tratam da dimensão didática, pedagógica do desenvolvimento humano ou modo de ensinar. (Licenciatura em Matemática)

( ) Análise Combinatória

( ) Cálculo Diferencial

( ) Cálculo Integral

( ) Didática

( ) Educação Matemática e Currículos

( ) Estratégias Didáticas para o Ensino de Matemática

( ) Estruturas Algébricas

( ) Estágio Curricular Supervisionado em Matemática I

( ) Estágio Curricular Supervisionado em Matemática II

( ) Fundamentos de Análise Matemática

( ) Fundamentos de Matemática

( ) Funções de Variável Complexa

( ) Geometria Analítica I

( ) Geometria Analítica II

( ) Geometria Euclidiana Plana e Espacial

( ) Integrais Múltiplas e Cálculo Vetorial

( ) Interfaces da Matemática com a Física: Eletromagnetismo e Óptica

( ) Interfaces da Matemática com a Física: Mecânica e Termologia

( ) Interfaces da Matemática com a Física: Oscilações e Ondas

( ) Legislação da Educação Básica e Políticas Educacionais

( ) Língua Brasileira de Sinais

( ) Língua Portuguesa

( ) Matemática Financeira

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( ) Metodologia de Ensino de Matemática: Grandezas e Medidas

( ) Metodologia de Ensino de Matemática: Números e Operações

( ) Metodologia de Ensino de Matemática: Tratamento da informação

( ) Metodologia de Ensino de Matemática: Espaço e Forma

( ) Pesquisa em Educação Matemática

( ) Probabilidade e Estatística

( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estágio Curric. Supervisionado em Matemática I

( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estágio Curric. Supervisionado em Matemática II

( ) Psicologia da Educação

( ) Sequências

( ) Séries e Progressões

( ) Tecnologias da Informação e da Comunicação

( ) Trigonometria

( ) Tópicos de Filosofia e História da Matemática

( ) Álgebra e Teoria Elementar dos Números

( ) Álgebra Linear I

( ) Álgebra Linear II

Q4. Existem diferentes modos de ensinar os conteúdos matemáticos. Assinale a alternativa que corresponde à forma mais utilizada em seu curso. (Licenciatura em Matemática)

( ) Explicar a resolução de exercício e dar uma relação de exercícios semelhantes para fixação.

( ) Usar conceitos matemáticos a serem ensinados para resolver problemas que se relacionam com o cotidiano do aluno.

( ) Ensinar conteúdos matemáticos, a partir da inserção destes conceitos em proposta de investigação.

Q5. Assinale a alternativa que, na sua percepção, corresponde à forma mais adequada de ensinar matemática. (Licenciatura em Matemática)

( ) Explicar a resolução de exercício e dar uma relação de exercícios semelhantes

para fixação.

( ) Usar conceitos matemáticos a serem ensinados para resolver problemas que se

relacionam com o cotidiano do aluno.

( ) Ensinar conteúdos matemáticos, a partir da inserção destes conceitos em

proposta de investigação.

Q6. Assinale na relação abaixo as disciplinas que abordam didática da matemática, filosofia da matemática, história da matemática e tópicos de educação matemática. (Licenciatura em Matemática)

( ) Análise Combinatória

( ) Cálculo Diferencial

( ) Cálculo Integral

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( ) Didática

( ) Educação Matemática e Currículos

( ) Estratégias Didáticas para o Ensino de Matemática

( ) Estruturas Algébricas

( ) Estágio Curricular Supervisionado em Matemática I

( ) Estágio Curricular Supervisionado em Matemática II

( ) Fundamentos de Análise Matemática

( ) Fundamentos de Matemática

( ) Funções de Variável Complexa

( ) Geometria Analítica I

( ) Geometria Analítica II

( ) Geometria Euclidiana Plana e Espacial

( ) Integrais Múltiplas e Cálculo Vetorial

( ) Interfaces da Matemática com a Física: Eletromagnetismo e Óptica

( ) Interfaces da Matemática com a Física: Mecânica e Termologia

( ) Interfaces da Matemática com a Física: Oscilações e Ondas

( ) Legislação da Educação Básica e Políticas Educacionais

( ) Língua Brasileira de Sinais

( ) Língua Portuguesa

( ) Matemática Financeira

( ) Metodologia de Ensino de Matemática: Grandezas e Medidas

( ) Metodologia de Ensino de Matemática: Números e Operações

( ) Metodologia de Ensino de Matemática: Tratamento da informação

( ) Metodologia de Ensino de Matemática: Espaço e Forma

( ) Pesquisa em Educação Matemática

( ) Probabilidade e Estatística

( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estágio Curric. Supervisionado em Matemática I

( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estágio Curric. Supervisionado em Matemática II

( ) Psicologia da Educação

( ) Sequências

( ) Séries e Progressões

( ) Tecnologias da Informação e da Comunicação

( ) Trigonometria

( ) Tópicos de Filosofia e História da Matemática

( ) Álgebra e Teoria Elementar dos Números

( ) Álgebra Linear I

( ) Álgebra Linear II

( ) Nenhuma

Q7. Assinale entre as disciplinas abaixo relacionadas aquelas que tratam do ensino de matemática. (Licenciatura em Pedagogia)

( ) Alfabetização e Letramento

( ) Avaliação Educacional

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( ) Currículo e Sociedade

( ) Diversidade étnico-cultural

( ) Economia da Educação

( ) Educação de Jovens e Adultos: Fundamentos e Práticas

( ) Educação e Saúde

( ) Educação Inclusiva

( ) Educação Infantil: Currículo

( ) Educação: Jogos e Brincadeiras

( ) Estatística Aplicada à Educação

( ) Estágio Curricular Supervis em Gest Edu

( ) Estágio Curricular Supervis nos Anos Iniciais do Ens Fund

( ) Estágio Curricular Supervis em Educação Infantil

( ) Filosofia

( ) Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música

( ) Fundamentos Metodológicos do Ensino de História e de Geografia

( ) Fundamentos Metodológicos do Ensino de Matemática

( ) Gestão Ambiental e Responsabilidade Social

( ) Gestão do Planej. Educacional: Organização do Trabalho Pedagógico

( ) História da Educação

( ) Legislação da Educação Básica e Políticas Educacionais

( ) Linguagem e Desenvolvimento Humano

( ) Língua Brasileira de Sinais

( ) Língua Portuguesa

( ) Metodologia de Pesquisa

( ) Movimento e Psicomotricidade

( ) Movimentos Populares e Transformação

( ) Organização do Trabalho Docente

( ) Projeto de Intervenção

( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estág. Curric. em Gest Educa

( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estág. Curric. nos Anos Inic do Ens Fund

( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estág. Curric. em Educação Infantil

( ) Prática de Leitura e Escrita

( ) Psicologia da Educação

( ) Psicologia do Trabalho

( ) Seminários Temáticos

( ) Sociologia

( ) Tecnologias da Informação e da Comunicação

( ) Treinamento e Desenvolvimento

( ) Nenhuma

Q8. As disciplinas ministradas em seu curso que tratam da matemática, em sua maioria dão ênfase aos conteúdos de matemática ou a forma de ensinar estes conteúdos? (Licenciatura em Pedagogia)

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( ) Somente aos conteúdos de matemática.

( ) Somente a forma de aplicar este conteúdo.

( ) Nos conteúdos matemáticos e na forma de ensiná-los.

Q9. Assinale as disciplinas, na relação abaixo, que tratam da dimensão didática, pedagógica, do desenvolvimento humano ou do modo de ensinar. (Licenciatura em Pedagogia)

( ) Alfabetização e Letramento ( ) Avaliação Educacional ( ) Currículo e Sociedade ( ) Diversidade étnico-cultural ( ) Economia da Educação ( ) Educação de Jovens e Adultos: Fundamentos e Práticas ( ) Educação e Saúde ( ) Educação Inclusiva ( ) Educação Infantil: Currículo ( ) Educação: Jogos e Brincadeiras ( ) Estatística Aplicada à Educação ( ) Estágio Curricular Supervis em Gest Edu ( ) Estágio Curricular Supervis nos Anos Iniciais do Ens Fund ( ) Estágio Curricular Supervis em Educação Infantil ( ) Filosofia ( ) Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música ( ) Fundamentos Metodológicos do Ensino de História e de Geografia ( ) Fundamentos Metodológicos do Ensino de Matemática ( ) Gestão Ambiental e Responsabilidade Social ( ) Gestão do Planej. Educacional: Organização do Trabalho Pedagógico ( ) História da Educação ( ) Legislação da Educação Básica e Políticas Educacionais ( ) Linguagem e Desenvolvimento Humano ( ) Língua Brasileira de Sinais ( ) Língua Portuguesa ( ) Metodologia de Pesquisa ( ) Movimento e Psicomotricidade ( ) Movimentos Populares e Transformação ( ) Organização do Trabalho Docente ( ) Projeto de Intervenção ( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estág. Curric. em Gest Educa ( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estág. Curric. nos Anos Inic do Ens Fund ( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estág. Curric. em Educação Infantil ( ) Prática de Leitura e Escrita ( ) Psicologia da Educação ( ) Psicologia do Trabalho ( ) Seminários Temáticos ( ) Sociologia ( ) Tecnologias da Informação e da Comunicação ( ) Treinamento e Desenvolvimento ( ) Nenhuma

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Q10. Existem diferentes modos de ensinar os conteúdos matemáticos. Assinale a alternativa que corresponde à forma mais utilizada no seu curso. (Licenciatura em Pedagogia)

( ) Explicar a resolução de exercício e dar uma relação de exercícios semelhantes para fixação.

( ) Usar conceitos matemáticos a serem ensinados para resolver problemas que se relacionam com o cotidiano do aluno.

( ) Ensinar conteúdos matemáticos, a partir da inserção destes conceitos em proposta de investigação.

Q11. Assinale a alternativa que, na sua percepção, corresponde à forma mais adequada de ensinar matemática. (Licenciatura em Pedagogia)

( ) Explicar a resolução de exercício e dar uma relação de exercícios semelhantes para fixação.

( ) Usar conceitos matemáticos a serem ensinados para resolver problemas que se relacionam com o cotidiano do aluno.

( ) Ensinar conteúdos matemáticos, a partir da inserção destes conceitos em proposta de investigação.

Q12. Assinale na relação abaixo as disciplinas que abordam didática da matemática, filosofia da matemática, história da matemática e tópicos de educação matemática. (Licenciatura em Pedagogia)

( ) Alfabetização e Letramento ( ) Avaliação Educacional ( ) Currículo e Sociedade ( ) Diversidade étnico-cultural ( ) Economia da Educação ( ) Educação de Jovens e Adultos: Fundamentos e Práticas ( ) Educação e Saúde ( ) Educação Inclusiva ( ) Educação Infantil: Currículo ( ) Educação: Jogos e Brincadeiras ( ) Estatística Aplicada à Educação ( ) Estágio Curricular Supervis em Gest Edu ( ) Estágio Curricular Supervis nos Anos Iniciais do Ens Fund ( ) Estágio Curricular Supervis em Educação Infantil ( ) Filosofia ( ) Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música ( ) Fundamentos Metodológicos do Ensino de História e de Geografia ( ) Fundamentos Metodológicos do Ensino de Matemática ( ) Gestão Ambiental e Responsabilidade Social ( ) Gestão do Planej. Educacional: Organização do Trabalho Pedagógico ( ) História da Educação ( ) Legislação da Educação Básica e Políticas Educacionais ( ) Linguagem e Desenvolvimento Humano ( ) Língua Brasileira de Sinais

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( ) Língua Portuguesa ( ) Metodologia de Pesquisa ( ) Movimento e Psicomotricidade ( ) Movimentos Populares e Transformação ( ) Organização do Trabalho Docente ( ) Projeto de Intervenção ( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estág. Curric. em Gest Educa ( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estág. Curric. nos Anos Inic do Ens Fund ( ) Prát. de Ens. e Orient. de Estág. Curric. em Educação Infantil ( ) Prática de Leitura e Escrita ( ) Psicologia da Educação ( ) Psicologia do Trabalho ( ) Seminários Temáticos ( ) Sociologia ( ) Tecnologias da Informação e da Comunicação ( ) Treinamento e Desenvolvimento ( ) Nenhuma

Q13. Alguns professores conseguem estabelecer uma relação entre o conteúdo de sua disciplina e o conteúdos de outras disciplinas. Assinale a alternativa que demonstra como isto ocorre no seu curso.

( ) Não são apontadas

( ) Menos de 50%

( ) Mais de 50%

( ) Todas

Q14. Há professores que conseguem estabelecer relação com tarefas, atividades ou processos do cotidiano. Assinale a alternativa que demonstra como isto ocorre no seu curso.

( ) Não são apontadas

( ) Menos de 50%

( ) Mais de 50%

( ) Todas

Q15. Você considera importante e se sente seguro em realizar a articulação dos conteúdos de matemática com outras disciplinas, tarefas, atividades ou processos do cotidiano? Por quê?

Q16. Assinale, na relação abaixo os softwares mais usados no seu curso.

( ) Microsoft Office Excel

( ) Microsoft Office Word

( ) Microsoft Office PowerPoint

( ) Libre Office

( ) Geogebra

( ) Editor de equações LATEX

( ) Kmplot

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( ) Jogos

( ) Objetos de Aprendizagem

( ) Régua e Compasso (Software)

( ) OpenOffice

( ) Winplot

( ) Winmat

( ) Matlab

( ) Buscador Google

( ) Google Docs

( ) Google Planilha

( ) Google Apresentações

( ) Google Formulários

( ) Google Desenhos

( ) Google Drive

( ) Nenhum

( ) Outros:

Q17. Assinale a alternativa que expressa corretamente seu grau de domínio de softwares ligados ao ensino da matemática.

( ) Não conheço nenhuma ferramenta

( ) Conheço uma ferramenta e utilizo menos de 50% dos recursos

( ) Conheço uma ferramenta e utilizo menos de 70% dos recursos

( ) Conheço uma ferramenta e utilizo menos de 80% dos recursos

( ) Conheço mais de uma ferramenta e utilizo menos de 50% dos recursos

( ) Conheço uma ferramenta e utilizo menos de 70% dos recursos

( ) Conheço uma ferramenta e utilizo menos de 80% dos recursos

Q18. Se você fosse professor ou caso atue como professor, assinale a alternativa que indica o software com qual teria ou tem segurança para trabalhar com seus alunos.

( ) Microsoft Office Excel

( ) Microsoft Office Word

( ) Microsoft Office PowerPoint

( ) Libre Office

( ) Geogebra

( ) Editor de equações LATEX

( ) Kmplot

( ) Jogos

( ) Objetos de Aprendizagem

( ) Régua e Compasso (Software)

( ) OpenOffice

( ) Winplot

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( ) Winmat

( ) Matlab

( ) Buscador Google

( ) Google Docs

( ) Google Planilha

( ) Google Apresentações

( ) Google Formulários

( ) Google Desenhos

( ) Google Drive

( ) Nenhum

( ) Outros:

Q19. Quais recursos são utilizados nas disciplinas no seu curso?

( ) Livro didático

( ) Apostilas

( ) Chat

( ) Videoconferência

( ) Vídeo aula

( ) Fórum

( ) Todos os acima

( ) Outros:

Q20. Quais as dificuldades encontradas em utilizar os recursos de tecnologia de informação e comunicação para discutir ou resolver atividades propostas nas disciplinas?

( ) Não tenho dificuldade

( ) Representar as fórmulas

( ) Falta de conhecimento da ferramenta

( ) Acesso ao ambiente

Q21. Existem várias formas de utilizar os recursos tecnológicos. Assinale, a alternativa que, na sua percepção, corresponde a forma mais adequada de utilizá-lo.

( ) Instrumento, de forma a tornar menos enfadonho os cálculos necessários para o desenvolvimento de uma tarefa, e possibilitando a concentração do aluno na proposta da atividade.

( ) Parceiro, uso de calculadoras gráficas, softwares geométricos e outros, incorporando o ferramental matemático de forma a propiciar novas formas de pensar e resolver problemas.

( ) Tecnologia pode ser incorporada à educação matemática, não como recurso ou ferramenta material ou simbólica, mas como um objeto curricular de matemática valioso em si e por si mesmo.

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Q22. Existem várias formas de utilizar os recursos tecnológicos. Assinale, a alternativa que, na sua concepção, corresponde a forma mais adequada de utilizá-lo.

( ) Instrumento, de forma a tornar menos enfadonho os cálculos necessários para o desenvolvimento de uma tarefa, e possibilitando a concentração do aluno na proposta da atividade.

( ) Parceiro, uso de calculadoras gráficas, softwares geométricos e outros, incorporando o ferramental matemático de forma a propiciar novas formas de pensar e resolver problemas.

( ) Tecnologia pode ser incorporada à educação matemática, não como recurso ou ferramenta material ou simbólica, mas como um objeto curricular de matemática valioso em si e por si mesmo.

Q23. Quais as contribuições dos recursos de tecnologia de informação e comunicação em sua formação?

Q24. Assinale, nas alternativas abaixo, a que melhor expressa sua relação com a matemática.

( ) Gosto, porém tenho dificuldades com o conteúdo

( ) Gosto e não tenho dificuldade com o conteúdo

( ) Não gosto e não tenho dificuldade com o conteúdo

( ) Não gosto e tenho dificuldade com o conteúdo

( ) Matemática é uma disciplina como outra qualquer

Q25. Em sua opinião como professor ou futuro professor qual afirmação abaixo definiria melhor sua concepção de aprendizagem e desenvolvimento humano:

( ) A aprendizagem utiliza os resultados do desenvolvimento, porém, não participa ativamente ou modifica em absoluto o desenvolvimento.

( ) A aprendizagem é sinônimo de desenvolvimento.

( ) A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados, sendo que a aprendizagem promove o desenvolvimento.

( ) A aprendizagem requer um determinado grau de desenvolvimento, sendo que o desenvolvimento antecede a aprendizagem.

( ) Não tenho nenhuma concepção formado sobre o assunto.

Q26. Como professor ou futuro professor qual afirmação abaixo definiria melhor sua concepção de educação?

( ) A educação contribui para o desenvolvimento humano.

( ) A educação se restringe ao ensino e tem como finalidade habilitar o indivíduo para o mercado de trabalho.

( ) Outros:

Q27. Lembranças - Nesta parte do questionário, procure colocar em poucas palavras os seus sentimentos.

1. Meus professores de matemática no ensino fundamental eram....

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2. As lembranças que tenho a respeito de aprendizagem e ensino dos conceitos

da matemática são....

3. Descreva uma situação que você viveu relacionada com a aprendizagem de

matemática.

4. Como você se sentiu nesta situação?