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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA MEDOS EM CRIANÇAS SOBREDOTADAS E ESTRATÉGIAS COGNITIVAS, EMOCIONAIS E COMPORTAMENTAIS UTILIZADAS Mariana Miranda Ferreira dos Santos Paiva MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA (Secção de Psicologia Clínica /Núcleo de Psicoterapia Cognitiva - Comportamental e Integrativa) 2014

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

MEDOS EM CRIANÇAS SOBREDOTADAS E ESTRATÉGIAS

COGNITIVAS, EMOCIONAIS E COMPORTAMENTAIS

UTILIZADAS

Mariana Miranda Ferreira dos Santos Paiva

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia Clínica /Núcleo de Psicoterapia Cognitiva -

Comportamental e Integrativa)

2014

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

MEDOS EM CRIANÇAS SOBREDOTADAS E ESTRATÉGIAS

COGNITIVAS, EMOCIONAIS E COMPORTAMENTAIS

UTILIZADAS

Mariana Miranda Ferreira dos Santos Paiva

Dissertação Orientada pela Professora Doutora Sara Bahia

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia Clínica /Núcleo de Psicoterapia Cognitiva -

Comportamental e Integrativa)

2014

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Agradecimentos

A conclusão deste trabalho é um momento de alegria e também um momento de

agradecimento pela contribuição essencial de pessoas e entidades que estiveram

presentes durante a sua elaboração.

Em primeiro lugar quero agradecer à Professora Doutora Sara Bahia pelo seu

apoio, orientação e experiência de aprendizagem que me proporcionou.

São também dignos de especial destaque os Pais e Crianças que tornaram

possível a realização e concretização do presente estudo.

Agradeço especialmente à minha querida Família, nomeadamente aos meus Pais

e Irmãos, os quais sempre foram um pilar muito importante na minha vida, ajudando-me

a construir as bases necessárias para o futuro pessoal e profissional que tanto anseio.

Ao Diogo agradeço toda a disponibilidade, paciência e optimismo com que me

acompanhou ao longo deste percurso.

Aos meus amigos quero agradecer a compreensão e incentivo demonstrados em

todos os momentos. Finalmente gostaria de deixar um agradecimento também às amigas

da Faculdade com quem pude partilhar não só este último ano, como os restantes quatro

anos de curso.

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Resumo

A sobredotação tem sido uma temática cada vez mais considerada pela

comunidade científica. Apesar de inicialmente se ter revelado um conceito pouco

preciso e consensual, é hoje considerado bastante complexo. Para Hollingworth, a

criança que contém no seu próprio corpo emoções de uma criança e inteligência de um

adulto acusa necessariamente sérias dificuldades (Silverman, 1993), as quais devem ser

valorizadas e analisadas tanto por pais como por educadores, e devem ser alvo de

reflexão por parte de profissionais. Tendo em conta que o desenvolvimento humano não

se realiza de forma isolada ou autónoma, é relevante considerar os vários contextos

onde estas crianças estão inseridas, as suas características individuais, interacções

estabelecidas, em consonância com a maturação dos domínios cognitivo e emocional,

este último fortemente relacionado com a expressão da emoção do Medo.

O objectivo deste estudo é identificar e compreender quais os medos que

crianças sobredotadas apresentam, bem como possíveis estratégias por elas aplicadas, de

cariz cognitivo, emocional ou comportamental e comparar esses medos com os de

crianças sem diagnóstico de sobredotação. Os dados foram recolhidos por meio de

questionários e entrevistas semiestruturadas, aplicados a duas amostras: 11 crianças

sobredotadas e 11 crianças sem diagnóstico, com idades entre os 6 anos e os 13 anos.

De um modo geral, os resultados indicaram que as crianças sobredotadas definem o

medo de uma forma mais complexa face às outras, apresentando uma maior consciência

do seu impacto emocional. Constatou-se que estas apresentam medos distintos de

crianças sem diagnóstico. Manifestam também medos comuns, ainda que se evidenciem

em idades que não seriam expectáveis. Verificou-se que as estratégias cognitivas e

comportamentais, por elas adoptadas, são mais elaboradas que as das outras crianças, o

que lhes permite ter um maior sucesso na resolução dos seus medos. De qualquer forma

salienta-se o facto de não utilizarem tanto as estratégias emocionais, fruto da sua

instável emocionalidade. Observou-se, então, que certas emoções desencadeadas face

aos medos prejudicam a sua actuação, por natureza fortemente orientada pelo domínio

cognitivo. Estes dados sustentam a importância de uma maior intervenção tanto ao nível

clínico como familiar, bem como maior sensibilização para as necessidades sócio-

emocionais destas crianças, como base para uma vivência saudável do quotidiano.

Palavras-Chave:

Sobredotação, Desenvolvimento Emocional, Medo, Infância, Estratégias de Coping.

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Abstract

Giftedness has been a topic increasingly considered by the scientific community.

Although initially it proved a somewhat precise and consensual concept, is now

considered quite complex. From Hollingworth’s view to the child that contains

emotions in his own body of a child and an adult intelligence accuses necessarily

serious difficulties (Silverman, 1993), which should be valued and analyzed both by

parents and by teachers, and should be as well targeted for reflection by professionals.

Given that human development does not take place in isolation or autonomous, it is

relevant to consider the various contexts in which these children live, their individual

characteristics, interactions established in line with the maturation of cognitive and

emotional domains, the latter strongly related to the expression of the Fear emotion.

The aim of this study is to identify and understand which fears do giftedness

diagnosed children present, as well as possible strategies they applied, cognitive,

emotional or behavioral nature and compare them with children without a diagnosis.

Data were collected through questionnaires and semi-structured interviews, applied to

two samples: 11 gifted children and 11 children without diagnosis, aged between 6

years and 13 years. In general, the results indicated that gifted children define fear on

more complex form compared to the others, with a greater awareness of their emotional

impact. It was found that these have distinct fears of those from children without

diagnosis. Common fears are also expressed, nevertheless are apparent at ages that

would not be expected. It was found that cognitive and behavioral strategies adopted by

them, are more elaborate than those of other children, which allows them to have greater

success in solving their fears. It is worth mentioning the fact when gifted do not use

emotional strategies the result may be their unstable emotionality. It was observed that

certain emotions triggered fears face to impair its performance given a strongly oriented

nature of the cognitive domain. These data support the importance of an expanded role

for both the clinician and family level, as well as greater awareness of the socio -

emotional needs of these children as the basis for a healthy everyday living.

Keywords:

Giftedness, Emotional Development, Fear, Childhood, Coping Strategies.

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Índice

Introdução ......................................................................................................................... 8

PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO ............................................................... 11

CAPÍTULO I .................................................................................................................. 12

1.1. Conceito de Medo ................................................................................................ 12

1.2. Medo enquanto Reacção Emocional ................................................................... 14

1.3. Desenvolvimento Emocional na Infância ............................................................ 15

1.4. Medos em diferentes faixas etárias ...................................................................... 18

1.5. Estratégias Adaptativas para o Medo no Desenvolvimento Infantil ................... 21

1.6. Conceito de Sobredotação ................................................................................... 23

1.7. Caracterização das Crianças Sobredotadas.......................................................... 25

1.8. Desenvolvimento cognitivo/emocional em crianças sobredotadas ..................... 28

PARTE II- ESTUDO EMPÍRICO .................................................................................. 30

CAPÍTULO II ................................................................................................................. 31

2.1. Objectivos ................................................................................................................ 31

2.2. Metodologia ............................................................................................................. 31

2.2.1. Participantes ...................................................................................................... 31

2.2.2. Instrumentos de Avaliação ................................................................................ 32

2.2.3. Procedimento de recolha de dados .................................................................... 34

2.2.4. Procedimento de análise estatística ................................................................... 35

2.2.5. Procedimento de análise de dados qualitativos ................................................. 35

CAPÍTULO III ............................................................................................................... 36

3.1. Apresentação de Resultados .................................................................................... 36

3.1.1. Conceptualização do Medo ............................................................................... 36

3.1.2. Influência das variáveis contextuais ................................................................. 37

3.1.3. Identificação dos Tipos de Medos manifestados .............................................. 37

3.1.4. Aprofundamento de medos apresentados ......................................................... 38

3.1.4. Memória do Medo vs. Exposição visual ao estímulo ....................................... 40

3.1.5. Pensamentos, Emoções e Comportamentos referidos ...................................... 40

CAPÍTULO IV ............................................................................................................... 43

4.1. Discussão e Conclusões ....................................................................................... 43

4.2. Limitações do Estudo .......................................................................................... 47

4.3. Implicações e Directrizes futuras ........................................................................ 48

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Referências Bibliográficas .............................................................................................. 50

ANEXOS ........................................................................................................................ 60

ANEXO 1 ................................................................................................................... 61

ANEXO 2 ................................................................................................................... 62

ANEXO 3 ................................................................................................................... 63

ANEXO 4 ................................................................................................................... 64

ANEXO 5 ................................................................................................................... 65

ANEXO 6 ................................................................................................................... 74

ANEXO 7 ................................................................................................................... 76

ANEXO 8 ................................................................................................................... 82

ANEXO 9 ................................................................................................................... 84

ANEXO 10 ................................................................................................................. 85

ANEXO 11 ................................................................................................................. 86

ANEXO 12 ................................................................................................................. 87

ANEXO 13 ................................................................................................................. 90

ANEXO 14 ............................................................................................................... 102

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Introdução

O crescente interesse pela temática da sobredotação, bem como do seu impacto

no desenvolvimento infantil, tem sido incrementado pela maior propagação da

informação, nomeadamente, junto dos meios de comunicação social e tecnologia.

Efectivamente, desde a Antiguidade tem sido revelada curiosidade face à

compreensão da origem, bem como à explicação da diferenciação humana (Winner,

1996). As primeiras investigações na área da sobredotação surgiram no início do século

XX, bastante relacionadas com o conceito de inteligência e sua mensurabilidade

(Oliveira, 2007). Ainda assim, importa assinalar as contribuições de alguns

investigadores tais como Cattell, Guilford ou Thurstone, os quais sustentaram a

possibilidade de a inteligência não ser encarada de forma unitária, e elaboraram

inúmeras abordagens diferentes do conceito. Na década de 60, no período pós-guerra,

com todas as mudanças socioculturais ocorridas, a sobredotação foi colocada numa

perspectiva, mais complexa e multidimensional, que considerou a presença de diversas

influências e factores, tais como, meio social, cultural, familiar, emocional, habilidades

sociais, talentos (Oliveira, 2007); competências como liderança, criatividade,

habilidades sociais e variáveis relacionadas com a personalidade, motivação e contextos

de vida (Pereira, 2000). Actualmente encontram-se um grande número de estudos e

publicações sobre esta problemática, os quais incidem sobretudo na infância, fase onde

são mais significativas as discrepâncias face a indivíduos sem diagnóstico.

De acordo com a literatura sobre sobredotação, as crianças sobredotadas

possuem um desenvolvimento cognitivo e intelectual mais acelerado, relativamente à

sua faixa etária, em comparação com o desenvolvimento de áreas tais como a

psicomotora ou a afectivo-emocional, que evoluem de forma normal (Rodrigues, 2010).

Existem evidências de que quanto maior a complexidade cognitiva, caracterizada pelo

perfeccionismo, por elevadas capacidades de raciocínio lógico e abstracto e pela

aquisição de conhecimentos, maior a intensidade emocional (Silverman, 1993). De

acordo com Franco, Beja, Candeias e Pires (2011) e com base na referência

bibliográfica de Candeias (2005); Neihart, Reis, Robinson e Moon (2002); Pérez

(2000); Reis e Renzulli (2004), a forma como as crianças sobredotadas reagem a

determinadas situações e expressam os seus sentimentos, é influenciada por um

conjunto de factores, que as torna vulneráveis individual e socialmente, nomeadamente

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a competitividade e comparação no contexto escolar; as respostas psicológicas ao

talento e a dupla identificação. São, por isso, crianças que desenvolvem medos que

potencialmente podem inibir o seu bem-estar, gerando sentimentos de incompreensão

por parte dos outros, inferioridade e rejeição (Coleman & Cross, 2000).

Dada a capacidade de reflexão das crianças sobredotadas, é importante

compreender a relação entre o domínio cognitivo, emocional e comportamental, para, de

forma fundamentada, poder promover estratégias que possibilitem o seu bem-estar e

adaptação aos diferentes contextos.

Muitos teóricos defendem que a sobredotação aumenta a vulnerabilidade a

problemas sócio-emocionais, particularmente na adolescência e idade adulta,

acreditando-se que os sobredotados são mais sensíveis aos conflitos interpessoais e

experienciam níveis de stress superiores como resultado das suas capacidades

(Terrasier, 1981). De acordo com esta perspectiva, as crianças com elevadas

capacidades cognitivas apresentam, por vezes, problemas sócio-emocionais

significativos, necessitando de intervenções diferenciadas, para prevenir ou atenuar as

suas dificuldades (Silverman, 1991).

O presente trabalho propõe-se ir mais além da investigação existente sobre a

capacidade intelectual e desempenho cognitivo das crianças sobredotadas, no que

concerne a um aspecto da sua emocionalidade. Pretende-se assim, aprofundar o

desenvolvimento emocional na infância, tendo como foco a emoção do Medo. Esta

questão surgiu não só do interesse pela compreensão das emoções e do impacto que

estas têm na vida das crianças, mas também pelo facto de este se tratar de um tema

pouco explorado e abordado neste tipo de população. Os principais objectivos deste

estudo prendem-se com o conhecimento e a identificação de medos de crianças

sobredotadas; compreensão das estratégias cognitivas, emocionais e comportamentais

que um grupo de crianças sobredotadas utiliza para lidar com os seus medos; e

consequente comparação das mesmas, com estratégias utilizadas por um grupo de

crianças sem diagnóstico de sobredotação, tendo por referência a faixa etária e a fase

desenvolvimentista.

Para cumprir os propósitos deste trabalho, foram aplicados questionários

(elaborados pela investigadora e orientadora), tendo por base a literatura acerca do tema.

Numa primeira parte apresenta-se uma listagem de medos comuns na infância; na

seguinte, constam afirmações, cada uma alusiva a um tipo de medo, bem como

possíveis estratégias de resposta a nível emocional, cognitivo e comportamental. Para

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além destes, foi recolhida informação através de breves entrevistas semi-estruturadas,

nas quais se apresentaram à criança um conjunto de fotografias representativas dos

medos anteriormente enunciados. Pretendeu-se aprofundar o significado atribuído a

cada imagem, bem como analisar as reacções e comportamentos manifestos. Ambos os

instrumentos foram utilizados em duas amostras de crianças – com e sem diagnóstico de

sobredotação.

A investigação realizada assume-se como qualitativa e pretende ser um ponto de

partida para a caracterização do conceito de medo e a identificação das suas diferentes

manifestações. Para além disso, a compreensão de estratégias utilizadas por crianças

sobredotadas, neste estudo focadas em situações e objectos temidos, permitirá

conceptualizar um referencial de competências que poderão ser utilizadas em

Psicoterapia com todo o tipo de crianças e adolescentes, contribuindo e promovendo um

melhor desenvolvimento, equilíbrio e integração nos diversos contextos onde se

inserem.

Uma vez identificadas as linhas mestras deste estudo, apresenta-se de seguida a

sua estruturação. No primeiro capítulo utiliza-se o enquadramento bibliográfico para

evidenciar a problemática do Medo, em crianças sobredotadas e formular as questões de

investigação. No segundo capítulo descreve-se o Procedimento e caracterização dos

Instrumentos de Avaliação, bem como as Amostras. No terceiro expõem-se os

Resultados e Análise Interpretativa. Posteriormente, no quarto capítulo, é elaborada uma

síntese final na qual se destacam as Conclusões, as Limitações do Estudo e Implicações

Futuras.

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PARTE I - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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CAPÍTULO I

1.1. Conceito de Medo

A palavra medo, classificada pela Língua Portuguesa como substantivo

masculino, deriva do latim “metus”. De acordo com o dicionário Aurélio (1990) define-

se como um “sentimento de viva inquietação ante a noção de perigo ou ameaça real ou

imaginária, receio, temor ou mesmo pavor”. O medo é uma emoção básica, classificada

como primária, uma vez que se caracteriza como uma necessidade imediata e gera

comportamentos motivados (Nishida, 2011). Encontra-se presente em todas as idades,

culturas, raças ou espécies, associado a diversas reacções tais como apreensão,

nervosismo, preocupação, consternação, inquietação, ansiedade, cautela, pavor, susto, e

terror (Freitas-Magalhães, 2007). Caracteriza-se sobretudo por um estado aversivo, que

motiva o indivíduo a enfrentar determinados estímulos ou situações ameaçadoras

(Ohman & Ruck, 2007).

Em termos biológicos, o medo é controlado por um circuito neuronal específico

que circunda a amígdala, “a qual se encontra localizada para mediar os inputs e outputs

emocionais” (LeDoux, 2000; Heberlein & Atkinson, 2009). Quando se trata de um

estímulo subconsciente, a informação é captada pelos nervos sensitivos e conduzida até

ao tálamo, área interligada com a amígdala. No caso de um estímulo consciente, a

transmissão envolve o córtex sensorial e o hipocampo, terminando igualmente na

amígdala, mais precisamente na região do núcleo lateral. A partir deste, o estímulo

aversivo subdivide-se em três, os quais serão captados por regiões distintas da amígdala:

núcleo baso lateral, núcleo acessório basal e núcleo central. O último responde de três

formas: comportamento emocional (expressão de medo), resposta automática

(geralmente comportamento de defesa) e resposta endócrina (por exemplo descarga de

adrenalina). Quando o estímulo aversivo chega ao hipotálamo, este liberta CRH,

hormona que actua directamente nas glândulas supra-renais. Estas apresentam uma

camada superficial, o cortisol, cuja função é disponibilizar energia. Este processo

hormonal ocorre ao nível de Sistema Nervoso Autónomo Simpático. A sua actividade é

então sustentada por catecolaminas, compostos químicos que circulam no sangue e que

se relacionam com a actividade plasmática. De todo este processo deriva a expressão do

Medo (Guyton & Hall, 1998).

De acordo com uma perspectiva evolutiva, muitos dos medos existentes no

passado, não representam actualmente perigos concretos para o individuo. Foi através

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do desenvolvimento de estratégias adequadas para lidar com as ameaças, que a vida

humana foi dependendo. Segundo Delumeau (1989), a importância atribuída a este

conceito remonta a Grécia Antiga, onde o medo era personificado nos Deuses. Era

percepcionado como punição, recebida através da via espiritual. Divinizavam, assim,

Deimos (temor) e Phóbos, procurando entrar em harmonia com eles, sobretudo nos

tempos de guerra. O medo era concebido como algo exterior ao individuo e

desempenhava um importante papel na definição do seu destino, tanto a título pessoal

como colectivo. Essa visão foi-se alterando por entre diferentes sociedades e culturas,

surgindo outras concepções, tais como a de que o medo deriva de uma construção

interna do sujeito e é influenciado por crenças acerca do objecto temido (Solomon,

1995). A perspectiva desenvolvimentista ilustra a ideia de que os medos surgem em

determinadas fases, de acordo com as tarefas típicas dessas etapas. Segundo Vasey e

Dadds (2001), reflectem a maturação do organismo, sendo as suas manifestações

variáveis ao longo do percurso de vida do ser humano.

Autores tais como Baptista e Magalhães (2010, cit. por Holanda et. al., 2013)

sugerem que o medo está constantemente associado ao perigo, ou seja, a consciência da

sua existência centra-se na percepção de ameaça. Dependendo se esta é imediata ou se

encontra pendente, a intensidade é variável. Quando esta emoção é activada ocorre uma

diminuição ou pelo menos uma relativa limitação dos processos atencionais e

comportamentais do indivíduo, tendo impacto no contexto em que este se insere.

Gordon (1983, cit. por Davis, 1987) distinguiu duas vertentes do medo: a cognitiva e a

reactiva. Por um lado, o medo de que algo aconteça, gerado através do pensamento, da

imaginação (antecipação de um dano físico ou psicológico). Por outro, a partir da

experiência de uma situação de medo, isto é, a exposição a um estímulo real. Esta deriva

da interpretação que o sujeito faz de que a situação que enfrenta é perigosa e constitui

uma ameaça para o seu bem-estar. O medo pode ser definido por uma constelação de

medidas em cada um dos três sistemas de resposta: o que é praticado (comportamento),

o que é pensado ou verbalizado (linguagem) e o que é sentido perante uma ameaça real

ou imaginada, (fisiologia) (Baptista, Carvalho & Lory, 2005). De entre os estímulos

ambientais causadores de medo, distinguem-se os incondicionados (quando são

incontroláveis, nomeadamente de origem natural), tais como a escuridão, sons intensos,

alturas. E os condicionais, uma vez que são possíveis de serem evitados, tais como a ida

ao médico/dentista, contacto com cães, o acto de nadar no mar (Holanda et al., 2013).

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Um dos estados emocionais, muitas vezes associados ao medo é a ansiedade.

Surge quando o individuo se sente ameaçado ou em perigo, seja este um perigo real ou

imaginário (Odriozola, 1993). De acordo com a APA (1980), considera-se a existência

de medo quando há um estímulo desencadeador externo que origina comportamentos de

fuga ou evitamento; ansiedade é, por outro lado, o estado emocional aversivo, sem

desencadeadores claros que não podem ser evitados.

De facto, embora duas temáticas distintas, tanto o medo como a ansiedade se

relacionam entre si, nomeadamente a nível sintomático. Na literatura existe uma certa

escassez no que respeita a medidas de avaliação do medo, sendo conhecidas, em maior

número, investigações acerca de ansiedade e fobia social (Hasenbring, Hallner & Rusu,

2009; Kristensen, Mortensen & Mors, 2009; Paschoal & Tamayo, 2004; Safre et., al.,

1999; Zhou et al., 2008).

Um dos primeiros instrumentos construídos para avaliar o Medo foi elaborado

por Geer, em 1965 (Sulls & Wan, 1987) designando-se Fear Survey Shedule-II (FSS-

II). Tratava-se de uma escala com 51 itens, que descreviam possíveis situações de

medo/temor. Pretendia-se que os sujeitos respondessem de acordo com a intensidade

sentida (algum, bastante, terror). Mais tarde, em 1987, Sulls & Wan adaptaram a escala

para 8 itens apenas. Também outros investigadores, tais como Watson e Friend (1969,

cit. por Laery, 1983) desenvolveram outras escalas, nomeadamente a Fear of Negative

Evaluation Scale, que consistia na avaliação do grau de medo da evolução negativa de

uma determinada situação. Era composta por 30 itens, com respostas variáveis entre

“verdadeiro e falso”. Posteriormente, Laery (1983) reformulou a escala, alterando-a

para 12 itens, numa classificação de likert (5 pontos). Em Portugal, a primeira e, até à

data, única escala a ser construída, designou-se Escala de Percepção do Medo –EPM

(Freitas-Magalhães & Batista, 2009), aplicável dos 12 aos 87 anos, e composta por 18

itens.

1.2. Medo enquanto Reacção Emocional

Tal como descrito anteriormente, o medo constitui uma das principais emoções

do ser humano. De entre os vários tipos de emoções existentes, é considerada negativa

dado que o impacto causado no organismo provoca necessariamente mal-estar e

desprazer.

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Se por um lado, e de uma forma socialmente generalizada, o medo é visto como

nocivo e prejudicial para o individuo; por outro, importa salientar também a sua função

adaptativa e protectora da integridade física e psicológica do sujeito. Em qualquer

cultura, idade ou sexo, o medo constitui um instrumento de defesa do ser humano,

relacionado com o seu instinto de conservação (Grisa & Lemes, 2008). É necessário que

o ser humano sinta medo para que possa sobreviver nos contextos onde se insere. Se

este não existisse, provavelmente a espécie humana ter-se-ia extinguido, tal a

quantidade de perigos que enfrenta diariamente.

Como observado, o medo desempenha um papel fundamental na adaptação

humana; contudo poderá adquirir uma magnitude e expressão exagerada, o que resulta

numa fobia (Versiani, Nardi & Mundim, 1989) relativamente a determinado objecto.

Esta define-se como medo excessivo, irracional que não desaparece e persiste com o

tempo em relação a um objecto ou uma situação fóbica. Evidenciam-se três subtipos:

fobias específicas, generalizadas e sociais (APA, 1994), as quais constituem alvo de

tratamento clinico, tal o sofrimento a nível pessoal, profissional ou social. A fobia

específica define-se como um medo excessivo e irrazoável de determinados objectos, ou

situações específicas responsáveis por um elevado desconforto sentido nessas situações

ou, ainda, por um evitamento das mesmas, o que provoca limitações funcionais.

Contrariamente aos adultos, as crianças não compreendem que os seus medos são

excessivos e podem manifestar-se através de comportamentos de choro, birra,

imobilidade ou procura de contacto físico. Em crianças e adolescentes até aos 18 anos, o

diagnóstico é positivo quando os sintomas perduram ao longo de seis meses. A fobia

social é mais comum a partir da adolescência e é descrita por um medo marcado e

persistente em situações sociais ou de desempenho, nas quais há exposição a pessoas

desconhecidas ou de reduzida proximidade afectiva (APA, 1994).

1.3. Desenvolvimento Emocional na Infância

Desde há várias décadas, muitos autores têm procurado explorar o contributo do

desenvolvimento emocional na compreensão de outras áreas (Griffin & Mascolo, 1998).

Rothbart (1994) defendeu que o temperamento do indivíduo se desenvolve ao

longo de toda a vida, registando modificações na reactividade e regulação emocional;

ainda assim o autor defende que as maiores transformações e os principais marcadores

de mudança ocorrem sobretudo na infância. Para Dunn e Brown (1994) o que está em

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causa no desenvolvimento emocional é a capacidade de relacionamento interpessoal, já

que ao longo do seu crescimento, o individuo vai aculturando formas socialmente

desejáveis de actuar face às emoções.

Campos, Frankel e Camras (2004) sugeriram uma abordagem epigenética da

regulação emocional, defendendo que as conquistas desenvolvimentistas de uma fase

particular da vida do indivíduo podem facilitar ou dificultar as seguintes. Apontam a

influência que outras áreas, tais como, a psicomotora, linguística, cognitiva, poderão ter

no desenvolvimento emocional, o qual terá impacto na construção e manutenção de

relações interpessoais.

Greenberg, Kusche e Speltz (1991), por seu lado, enunciaram o modelo ABCD

(Affective - Behavioral - Cognitive - Dynamic), que embora não tenha sido encarado

como teoria do desenvolvimento emocional, procura integrar as diferentes emoções,

manifestações comportamentais, capacidades linguísticas e cognitivas, na compreensão

do desenvolvimento de competências sociais e possibilidade de patologia na criança.

Embora seja encarado sob perspectivas diferentes, o desenvolvimento infantil,

nomeadamente o emocional, cumpre determinadas etapas normativas, empiricamente

observáveis, que devem ser consideradas de forma a compreender, com maior clareza, a

formação e evolução do medo.

Desenvolvimento emocional dos 0 aos 12 meses

Uma das primeiras manifestações emocionais do bebé é o sorriso, que surge

momentos após o parto. A partir do primeiro mês, este apresenta já vocalizações

semelhantes ao riso e, aos dois meses, consegue expressar raiva e frustração

(Rothbart,1994).

Os primeiros comportamentos de evitamento surgem entre os 4 e os 6 meses,

altura em que é possível observar-se comportamentos de aproximação relativamente

estáveis. O medo e a frustração instalam-se a partir do primeiro ano, contudo, autores

como Rothbart (1994), sugerem que por volta dos 4 meses o bebé é capaz de desviar a

sua atenção para estímulos aversivos.

No fim do primeiro ano de vida desenvolve-se o sistema atencional, muito

responsável pelo desenvolvimento da capacidade de auto-regulação (Derryberry &

Rothbart, 2001). É também neste período que a criança, a partir das expressões

emocionais das outras, apreende as relações entre emoções e comportamento e se torna

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capaz de se envolver em interacções diádicas (Izard et al., 2002). Os cuidados prestados

pelos adultos são um factor importante nesta fase já que contribuem para a capacidade

de auto-regulação do bebé (Abe & Izard, 1999; Saarni, 1999).

É nesta fase que a criança contacta com as primeiras figuras de vinculação,

estabelecendo, assim, relações de proximidade que vão ser acompanhadas de expressões

como o sorriso, tristeza ou raiva (Abe & Izard, 1999). O jogo surge aqui (integrado na

capacidade de manipulação das expressões emocionais), com o objectivo de regular o

comportamento dos adultos, por exemplo, quando finge estar a chorar (Saarni, 1999).

Desenvolvimento emocional dos 2 aos 5 anos

Por volta dos 2 anos, a criança (a par da capacidade linguística mais ou menos

desenvolvida) torna-se capaz de nomear emoções, ou, pelo menos, conhecer e

identificar. No ano seguinte, nomeadamente, com a entrada para a escola começa a

trocar ideias acerca das experiências emocionais dos outros e, aos 4 anos, compreende

que as emoções são expressas de forma diferente entre as pessoas (Abe & Izard, 1999).

Nesta fase evidenciam-se as interligações entre o sistema cognitivo e o

emocional que contribuem para o estabelecimento de relações sociais e interiorização de

normas sociais. Através da observação de expressões faciais, a criança apreende os seus

limites, quer comportamentais quer emocionais (Izard et al., 2002).

Aos 3 anos, a criança conhece quase todas as emoções básicas e é, sobretudo

nesta altura, que revela maior número de comportamentos de raiva e oposição

(Ackerman & Izard, 2004; Oatley & Jenkins, 1996). Nesta fase é comum as crianças

questionarem frequentemente os adultos face à origem e causa das emoções e

sentimentos (Dunn, Brown & Beardsall, 1991).

Desenvolvimento emocional dos 6 aos 12 anos

Um dos marcos mais importantes deste período é o início do ensino primário. A

criança vê-se forçada a aumentar as competências linguísticas e verbais, as quais

contribuem para a auto-regulação e avaliação que faz acerca de si própria. A adaptação

ao contexto escolar e o desenvolvimento do sentido de auto-eficácia e auto-confiança

podem ser consideradas as tarefas essenciais desta etapa da criança (Cummings, Davies

& Campbell, 2000).

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Um dos desafios impostos às crianças, que se encontram mais tempo afastadas

do meio familiar, é a apresentação de resultados satisfatórios, em termos de

aprendizagem e desempenho académico. Ficam assim, expostas à crítica social, o que

pode conduzir a ansiedade. Tal leva a que desenvolvam estratégias diversificadas e

eficazes para lidar com o stress (Collins, Harris & Susman, 1995).

Este é um período de desenvolvimento do auto-conceito e da percepção de

competência social, alimentada pela comparação com os outros. Deste modo, as

experiências afectivas contribuem bastante para a criação da auto-imagem (Abe &

Izard, 1999). Exige-se que as crianças consigam gerir de forma mais eficaz as suas

experiências emocionais negativas (Izard et al., 2002), evidenciando uma maior

internalização da expressão adaptativa das suas emoções (Saarni, 1997).

1.4. Medos em diferentes faixas etárias

A maioria dos medos infantis relaciona-se com situações causadoras de

insegurança, sobre as quais a criança/adolescente sente que não exerce controlo (medo

do abandono, por exemplo).

Os Medos podem ser considerados tarefas desenvolvimentistas, as quais surgem

em alturas específicas do desenvolvimento humano. Há casos em que estes surgem

desfasados (tanto precoce como tardiamente) face ao que seria expectável, algo que

deve ser alvo de análise. Tendo em conta que a sua intensidade e frequência variam de

criança para criança, existem vários factores que contribuem, tais como a personalidade,

o temperamento dos pais ou pessoas próximas, ou o contexto em que se insere. Um

exemplo é o medo de alturas, que surge a par com os primeiros movimentos do bebé

(por volta dos seis meses); sendo a sua intensidade correlacionada positivamente com a

mestria na capacidade exploratória do meio (Baptista, 2000). Na adolescência, os medos

surgem associados às transformações. Receiam frequentemente a morte, o envolvimento

e descoberta da identidade sexual, orientação vocacional, aparência e transformações do

corpo. Existem também medos, designados irracionais, que são formados na sequência

de perturbações psicopatológicas, como a esquizofrenia, e que por isso se tornam mais

raros. É exemplo o medo de “possuir um elemento transcendental na barriga, como por

exemplo um anjo”. São alvo de maior preocupação e de tratamento clínico severo, não

comparável aos medos, ditos comuns (Carvalho, 2013).

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As investigações, de uma forma geral, sugerem uma redução do número de

medos com a idade (Fonseca 1993; Kendall et al., 1991; Ollendick, Grills, Alexander

2001; Sweeney & Pine, 2004). Se por um lado, as crianças mais novas apresentam um

número de medos sub-clínicos significativo; as mais velhas bem como os adolescentes

tendem a referir menos medos. Têm-se verificado diferenças na distribuição por género,

sendo o sexo feminino o que mais acusa esta emoção. Os dados normativos sugerem

que o conteúdo e natureza dos medos vão sofrendo alterações ao longo do tempo, de

acordo com a experiência da criança e progressiva percepção do mundo real. Estes

evoluem, então, de teores gerais, imaginários e incontroláveis, por exemplo o escuro ou

os fantasmas, para conteúdos mais específicos, diferenciados e reais, tais como, a

rejeição social ou o insucesso académico (Kendall et al.,1991).

Assim, as crianças em idade pré-escolar, apresentam-se receosas na presença de

estranhos ou ansiosas na antecipação de situações de separação de figuras protectoras. À

medida que se integram no contexto escolar, os seus medos direccionam-se para

situações de avaliação do desempenho escolar e social -realização de testes, aparência

física, competências relacionais, entre outras (Graziano, DeGiovanni & Garcia, 1979).

Em termos desenvolvimentistas, o receio social emerge nos últimos anos da infância e

instala-se nos primeiros anos da adolescência. Contudo, à medida que a criança revela

maior capacidade para compreender a complexidade da interacção social, bem como de

pensar acerca de si mesma, torna-se capaz de recear com menor frequência a avaliação

negativa por parte dos outros. Pela complexidade e dureza deste processo, a

adolescência é referida, pela maior parte dos indivíduos, como uma fase de grande

ansiedade, nomeadamente a nível social (Cunha & Salvador, 2000).

Apesar de estes factores (faixa desenvolvimentista, idade e género) parecerem

delimitar alguns padrões, a nível qualitativo e quantitativo; os medos são, também,

modulados por diferenças individuais (temperamento, contexto, experiências prévias,

etc.) e variáveis culturais e contextuais (Fonseca 1993; Ingman, Ollendick & Akande

1999).

Assim, e de acordo com a literatura, muitas crianças desenvolvem medos quando

inseridas em contextos (familiares ou educacionais), onde comportamentos e crenças

ansiosas são induzidos, reforçados ou modelados. Autores tais como Carr (2000)

sugerem a influência de crenças familiares na promoção de ansiedade. São exemplo, a

interpretação de situações ambíguas como ameaçadoras; receio do futuro e

perigos/riscos que este acarrete; constante preocupação com acontecimentos do passado

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e suas consequências e significado atribuído a situações de mal-estar físico ou

psicológico. De facto os pais e educadores podem contribuir fortemente para a

construção de medos na criança, nomeadamente através do diálogo e estilos parentais

adoptados. Um exemplo disso é a utilização de frases condicionais: “Portas-te mal, vais

para a escola”. Ou, “fazes uma birra, chamo a polícia”. Automaticamente a criança irá

percepcionar a consequência como punição, situação ou objecto que evitará

posteriormente (Carvalho, 2013).

No seguimento do que tem vindo a ser referido, sugere-se que a vinculação se

encontra intimamente relacionada com o desenvolvimento emocional das crianças e

adolescentes. De acordo com esta ideia, Winnicott (1975) apresentou o conceito de

objecto transicional. Trata-se de uma representação da capacidade simbólica, a qual

surge entre os 0-2 anos. Para o autor, o apego a algo exterior à figura materna é

necessário e crucial para o desenvolvimento individual, nomeadamente emocional. É

comum a existência de um objecto ao qual as crianças, durante a primeira infância, se

vinculam e que é representativo de protecção e segurança, sobretudo na ausência de

figuras humanas. Assim, é a este que recorrem em situações de maior solidão,

desconforto, ansiedade ou mesmo temor. Poderá ser algo inanimado, mas também

tratar-se de um animal ou outro ser vivo.

De uma forma simplificada é possível observar na Tabela 1, um conjunto de

dados referentes ao desenvolvimento humano, representativos das várias faixas etárias

infantis. Em cada uma delas encontramos medos típicos, com uma complexidade

proporcional à idade. Permite ter também uma noção de possíveis perturbações

ansiosas, já que estas se encontram intimamente relacionadas com os medos,

nomeadamente quando estes evoluem para um estado desadaptativo.

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Tabela 1

Medos mais comuns em cada faixa etária (Adaptado de Warren & Sroufe, 2004; Papalia, Olds &

Feldman, 2001).

Idade Dados do desenvolvimento Medos comuns

Relação com

perturbações de

ansiedade

0-6 Meses -Regulação biológica -Estímulos ruidosos

-Perda de apoio

-Reactividade elevada

-Regulação baixa

6-18 Meses

-Permanência do objecto

-Formação de relações de

vinculação

-Pessoas e situações

estranhas

-Ansiedade de separação

-Alturas

-Inibição

comportamental

-Timidez

-Vinculação insegura

2-3 Anos -Exploração do mundo

-Individuação e Autonomia

-Animais

-Objectos grandes -Fobia animal

3-6 Anos

-Autoconfiança

-Iniciativa

-Desenvolvimento do

pensamento e representação

simbólica

-Escuro

-Máscaras

-Tempestades

-Ausência dos pais

-Perturbação de

ansiedade de separação

-Timidez por

autoconsciência

6-10 Anos

-Sentido de dinamismo ou

competência

-Ajustamento à escola

-Criaturas imaginárias

-Preocupação com

ferimentos

-Perigo físico

-Escola

-Sobrenatural

-Perturbação de

hiperansiedade

-Perturbação de

ansiedade generalizada

10-12 Anos -Compreensão social

-Amizades com o mesmo sexo

-Preocupação com as

amizades

-Aparência física

-Morte

-Fobia Social

13 ou mais

-Perspectiva do mundo

-Início das relações

heterossexuais

-Emancipação

-Identidade

-Preocupação com as

relações heterossexuais

-Independência e planos de

vida

-Receio de falhar

-Rejeição

-Agorafobia

-Perturbação de pânico

1.5. Estratégias Adaptativas para o Medo no Desenvolvimento Infantil

Seria bastante incompleto abordar o Medo e não reflectir sobre as estratégias que

são habitualmente utilizadas para lidar com esta emoção. Dada a escassez de

informação específica, falar-se-á em Coping e no seu impacto perante situações

adversas.

De acordo com Skinner e Welborn (1994), o coping pode ser encarado como o

modo, através do qual, a criança regula as suas emoções e comportamentos para lidar

com condições psicologicamente stressantes. São exemplo, os medos. A criança realiza

assim, “esforços cognitivos e comportamentais para lidar com as exigências específicas

externas e/ ou internas que são avaliadas como sobrecarregando ou excedendo os seus

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recursos”. Podem ser distinguidos dois tipos de Coping: focado no problema - quando

as estratégias passam por resolver a situação de medo; ou o Coping focado na emoção -

quando as estratégias adoptadas, têm como objectivo lidar com as reacções emocionais

associadas ou desencadeadas pelo medo, através de pensamentos e comportamentos.

Considerando alguns estudos baseados na interpretação de situações de ameaça

na infância, verifica-se que as estratégias de evitamento são as que predominam em

crianças, nomeadamente com perturbação de ansiedade, quando expostas a situações

percepcionadas como ameaçadoras (Barrett, Rapee, Dadds, & Ryan, 1996).

Investigações desenvolvidas na área do Coping apontaram como principais

estratégias utilizadas pelo individuo: a Resolução de Problemas; a Procura de Suporte,

a Distracção, o Evitamento-Fuga, o Desamparo, a Regulação Emocional, a Procura de

Informação, o Isolamento Social, a Reestruturação Cognitiva, a Ruminação e a

Agressão. Ainda que crianças e adolescentes possam recorrer a diversas estratégias,

tanto as mencionadas como outras desconhecidas, concluiu-se que as quatro primeiras

são utilizadas com bastante regularidade por esta população. Verificou-se também que

em função da idade há uma desigualdade nas estratégias de coping utilizadas por

crianças e adolescentes, sendo estas diferenças observadas em termos da frequência com

que as estratégias são manifestadas, bem como, ao modo como são aplicadas (Skinner,

Edge, Altman, & Sherwood, 2003; Skinner & Zimmer-Gembeck, 2007).

Em traços gerais, crianças com idade superior a 8 anos utilizam estratégias

assentes na Resolução de Problemas com maior frequência que crianças mais novas.

Quanto à Procura de Suporte analisou-se que pedidos de ajuda a adultos diminuem

entre os 4 e os 12 anos, particularmente entre os 5 e os 7 anos. Na fase de transição para

a adolescência, diminuem entre os 9 e os 12 anos, notando-se seguidamente um

aumento desta estratégia nas relações entre pares, no período da adolescência. No que

respeita a estratégias de Distracção, verificou-se um aumento da utilização de

estratégias comportamentais (por exemplo jogar um jogo ou manter-se ocupado), entre

os 6 anos e o princípio da adolescência. A partir dos 14 anos de idade ocorre um

aumento do uso de estratégias de distracção cognitiva (por exemplo pensar noutras

coisas, pensar acerca de algo divertido/engraçado), comparativamente à distracção

comportamental. Quanto a estratégias de Evitamento-Fuga não foram distinguidas

diferenças em função da idade (Skinner & Zimmer-Gembeck, 2007).

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O Coping pode então ser visto como um “meio” para uma gestão equilibrada e

controlada dos medos. É comum a realização de estratégias sem que haja conhecimento

ou consciência do seu impacto. É algo que se estende da infância à idade adulta, na

vivência das mais diversas situações causadoras de ansiedade ou mal-estar físico e

psicológico. Por este facto, e atentando às Crianças e Adolescentes, torna-se necessária

uma atenção cuidada e uma maior reflexão quanto às formas de actuação em situações

de medo, para que estas não prejudiquem o funcionamento e crescimento adequado

destes indivíduos.

A intervenção psicológica é muito recorrente no tratamento de perturbações

relacionadas com medos infantis, nomeadamente fobias. Uma das técnicas terapêuticas

mais utilizadas por especialistas é a dessensibilização sistemática, na qual a criança é

exposta de forma gradual a objectos ou situações que teme. Tem sido aplicada, com

sucesso, em crianças com medos que vão desde cobras até elevadores (Murphy &

Bootzin, 1973; Sturges & Sturges, 1998).

Acreditando que do contacto com a diversidade humana podem resultar

importantes contributos, nomeadamente, para aplicação em contexto clinico, e, tendo

em conta as características da população sobredotada, torna-se interessante o estudo dos

medos nas crianças sobredotadas, enunciado seguidamente.

1.6. Conceito de Sobredotação

Ao abordar a temática da Sobredotação, é imprescindível uma análise histórica

da evolução deste conceito, associado inevitavelmente à noção de inteligência. De facto,

as primeiras definições de sobredotação encontravam-se unicamente relacionadas com o

domínio cognitivo, e elevados níveis de inteligência e desempenho intelectual (Oliveira,

2007). Estas capacidades eram avaliadas através de testes estandardizados de

inteligência, que pretendiam obter o QI (Quociente de Inteligência). Eram considerados

sobredotados, os indivíduos que obtivessem resultados significativamente acima da

média (Senos & Diniz, 1998). Até à década de 60, o pensamento estava orientado nesse

sentido; tendo sido a partir desta data que novas definições de inteligência emergiram e

levaram a diferentes perspectivas acerca deste tema (Oliveira, 2007).

Um dos investigadores mais influentes nesta área foi Joseph Renzulli (1978),

autor da teoria dos Três Anéis - The Three Ring Conception of Giftedness. Defendeu,

sobretudo, que indivíduos com capacidades superiores possuem um conjunto de

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características que se mantêm estáveis ao longo da vida: elevada capacidade geral e/ou

capacidades especificas acima da média, altos níveis de criatividade (pensar em algo

diferente, ver novos significados e implicações, retirar ideias de um contexto e aplicá-

las noutro) e elevados níveis de envolvimento nas tarefas (implica motivação, vontade

de realizar alguma coisa, perseverança e concentração). Para o autor: “Crianças

sobredotadas ou talentosas são as que possuem ou são capazes de desenvolver este

compósito de traços e aplicá-los a qualquer área potencialmente válida de desempenho

humano” (Renzulli, 1986). Contudo, é fundamental salientar que estes não podem ser

considerados isoladamente para existir diagnóstico, sendo necessária a convergência

entre eles.

Posteriormente, Monks (1992) integrou na teoria, o contributo do processo

dinâmico de desenvolvimento da personalidade e as influências ambientais, familiares,

escolares, do grupo de pares, defendendo que a sobredotação não emerge do isolamento

social, mas sim de experiencias e processos de socialização. Os factores sociais podem

condicionar o desenvolvimento do potencial individual, nomeadamente na infância e

adolescência (Monks, 1997).

Em 1995, Howard Gardner, pôs em causa a ideia de existência de uma

inteligência única, avaliada por um único teste, até aí sugerida, e propôs uma nova

Teoria. Segundo o autor, qualquer pessoa nasce com potencial para desenvolver

múltiplas inteligências. Apontou a existência de oito inteligências distintas: linguística;

a lógica ou matemática; a cinestésica; a musical; a espacial; a interpessoal; a intra-

pessoal e a naturalista.

Actualmente, a Sobredotação é alvo de um diagnóstico bastante complexo que

engloba a recolha e análise de uma grande diversidade de informação, para a qual deve

ser garantida precisão, validade e relevância prática. Devem ser contemplados

domínios, contextos, fontes, metodologias e instrumentos de avaliação (Almeida &

Oliveira, 2000). Embora esteja estipulado um QI superior a 130, muitos autores

defendem avaliações diversificadas, que considerem uma diminuição do ponto de corte,

para um QI de 115, nomeadamente em crianças de meios culturais mais desfavorecidos.

(Pereira, Seabra-Santos & Simões, 2003).

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1.7. Caracterização das Crianças Sobredotadas

Nem todas as crianças e adolescentes sobredotados apresentam as mesmas

características desenvolvimentistas e comportamentais, contudo, embora exibam um

perfil heterogéneo, algumas características são evidenciadas.

Winner (1996, cit. por Bernardo, 2008) falou acerca do acelerado

desenvolvimento físico, precocidade na aquisição de conhecimento verbal e linguístico,

curiosidade elevada e aprendizagem acelerada. Renzulli (1998; 2000) referiu-se a

componentes afectivo-emocionais, tais como, elevado sentido de justiça, capacidade de

reflexão, sensibilidade e empatia, autoconsciência e preocupação moral, criatividade e

motivação. Novais (1984, cit. por Serra, 2004) acrescentou a compreensão e

interpretação, bem como a produção de enunciados. E, em termos sociais, destacou a

sensibilidade interpessoal, cooperação, sociabilidade, capacidade de liderança,

resolução de situações complexas. Torrance (1965, cit. por Falcão, 1992), bastante

ligado ao estudo da criatividade, sugeriu a presença de características tais como

persistência na análise e exploração de estímulos ambientais, gosto pela investigação,

questionamento constante, individualismo, imaginação, inconformismo, rentabilização e

gestão positiva do tempo. Juntune (1982, cit. in Falcão, 1992) enunciou vários subtipos

nos quais se podem incluir estes indivíduos. Tipo intelectual: capacidade de pensamento

abstracto, flexibilidade, fluência de pensamento, memória e compreensão elevadas,

capacidade de resolução de problemas, produção de ideias; Tipo académico: motivação

e aptidões específicas, capacidade de avaliação, síntese e organização do conhecimento,

capacidade de produção académica; Tipo criativo: originalidade, imaginação,

capacidade de resolução de problemas, sensibilidade, facilidade de auto-expressão; Tipo

social: capacidades de liderança, autoconfiança, adaptabilidade, preocupação social,

poder de persuasão; Tipo talento: alto desempenho nas artes; Tipo psicomotor:

capacidades e interesse a nível motor.

De forma a simplificar a compreensão do que foi referido anteriormente,

apresenta-se a Tabela 2:

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Tabela 2

Características dos sobredotados e dificuldades associadas (Adaptado de Fernandes, Mamede & Sousa,

2004. Sobredotação: Uma realidade, um desafio. Cadernos de Estudo. Porto, pp. 51-56).

Características Problemas/dificuldades

Perfeccionismo Medo da desaprovação, Crítica e Rejeição

Altos padrões de desempenho Insatisfação e Infelicidade

Preocupação excessiva em não errar Sentimentos de impotência, Depressão e Baixa auto-

estima

Autocritica excessiva e crítica aos outros Sentimentos de inferioridade, de fracasso e culpa.

Auto-exigência acentuada

Super sensibilidade e sentido de justiça Frustração por não ter recursos para solucionar os

problemas da sociedade. Vulnerabilidade ao fracasso

Ideias divergentes e atitudes inconformistas na

escola Sub-rendimento escolar

Abertura a situações pouco habituais Inocência e excesso de confiança

Gosto por conceitos abstractos e resolução dos

próprios problemas

Grande resistência às instruções de outros. Frequente

insatisfação

Criação e invenção constante Desaprovação do que é habitual e socialmente aceite

Forte capacidade de concentração Resistência às interrupções

Persistência nos objectivos estabelecidos Rigidez e inflexibilidade

Altos níveis de energia e actividade Frustração com a inactividade e falta de progresso

Perante a noção de que as crianças e adolescentes sobredotados manifestam

características que nem sempre contribuem para o seu bem-estar, mas antes originam

dificuldades, Winner (1996) expressou-se de modo optimista: “Se existem indivíduos

capazes de resolver a vasta panóplia de problemas que ameaçam a sobrevivência

humana, vamos encontrá-los certamente neste grupo”. A verdade é que se trata de um

desenvolvimento pouco linear e, por isso, devem ser reflectidos aspectos inerentes.

Terrasier (1979), após vários estudos com alunos sobredotados, propôs a

“Dissincronia evolutiva”, que pode ser interna (ocorrendo na criança) ou entre esta e o

ambiente, incluindo a escola e a família, designando-se externa. A primeira diz respeito

à observação de um desenvolvimento a ritmos diferentes, de áreas como a intelectual,

psicomotora, linguística e afectivo-emocional. É frequente que estas crianças aprendam

a ler facilmente numa idade precoce e denotem dificuldades na escrita, por exemplo,

estando a área psicomotora e gráfica mais a par da idade cronológica que a idade

mental. Encontram-se um maior número de casos no sexo masculino, que geram

frustração, ansiedade face às tentativas de controlo mal sucedidas e sentimentos de

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desconforto. Deste modo, a discrepância observada entre o desenvolvimento nos

domínios cognitivo e físico poderá, eventualmente, fazer emergir nestas crianças um

conjunto de desafios ao nível sócio-emocional (Silverman, 2002). A última resulta de

um desfasamento entre o desenvolvimento precoce e a norma social que está adequada à

maioria das crianças. Relativamente à escola, entre o currículo escolar e a capacidade

intelectual da criança; no seio familiar entre o funcionamento do contexto

(estabelecimento e manutenção das relações) e as potencialidades do individuo

sobredotado. De acordo com Colangelo (1991), um dos “problemas” das crianças

sobredotadas é conseguir lidar com a pressão social face a expectativas quanto ao seu

futuro, nomeadamente o profissional. Cedem frequentemente à escolha de carreiras

valorizadas socialmente em detrimento da própria vontade ou vocação (Alencar &

Fleith, 2001).

Em contexto escolar salienta-se a existência de outra problemática: o “Efeito

Pigmalião Negativo” proposto por Terrasier (1981). Anteriormente havia sido

apresentado já este conceito, por Rosenthal e Jacobson (1968), designado “Efeito

Pigmalião”. Este foi descoberto por meio de alguns estudos que concluíram que o

comportamento dos professores, quando informados da existência de alunos com

capacidades intelectuais e académicas superiores, se alterava para formas diferenciadas

de actuação com essas mesmas crianças. Era verificado no final que estas,

efectivamente, apresentavam um desempenho correspondente à avaliação que os

professores tinham recebido (de forma ensaiada) a seu respeito. Em sentido inverso, este

efeito torna-se negativo, quando tanto pais como professores ignoram a precocidade

intelectual da criança e actuam de acordo com a normalidade. Tal poderá ter duas

consequências. Por um lado, ao verem as suas capacidades (superiores) desvalorizadas,

estas crianças começam a negá-las não as expondo socialmente; por outro, e de forma

interna, procuram adaptar-se às expectativas que lhes são transmitias, desenvolvendo

auto-imagens empobrecidas e grandes níveis de frustração.

A solidão é também um aspecto a considerar e que poderá ter sérias

consequências emocionais. Davis e Rimm (1994, cit. por Bernardo, 2008) afirmaram

que muitas crianças chegam a ser negligenciadas ou gozadas devido às dificuldades que

apresentam na integração social, o que conduz a um aumento da frustração. Contudo, e

dada a capacidade de reflexão destas crianças percepcionam, muitas vezes, esse facto

como necessário para o desenvolvimento dos seus talentos, dando prioridade a tarefas

solitárias.

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1.8. Desenvolvimento cognitivo/emocional em crianças sobredotadas

Muitos autores têm procurado contrariar as investigações existentes quanto ao

ajustamento sócio-emocional das crianças e adolescentes sobredotados. Desta forma são

vários os estudos que tentam desconstruir a ideia de que a sobredotação leva uma maior

predisposição para problemas sociais e emocionais. Lehman e Erdwins (2004),

constataram, através de um estudo com 16 crianças sobredotadas, que estas

apresentavam capacidades sociais que lhes permitiam relacionamentos interpessoais

satisfatórios, sentimentos mais positivos a respeito de si mesmas, e maturidade nas

interacções com os pares. Baker (2004) referiu que mesmo existindo muitos educadores

a afirmar que as crianças sobredotadas têm maior predisposição para a depressão e

suicídio, não se encontram evidências empíricas.

Já Gross (2002) demonstrou uma perspectiva contrária. Defendeu que a maioria

dos estudos realizados utiliza amostras de alunos que não têm uma inteligência,

considerada excepcionalmente elevada (QI superior a 160), o que parece estar de acordo

com as conclusões de Alencar (2001; Alencar & Virgolim, 1999), as quais sugerem que

as dificuldades socio-emocionais dependem do grau de inteligência, associado a

variáveis tais como a classe social, género, possibilidade de contacto com crianças com

níveis de inteligência semelhantes e oportunidade de acompanhamento educacional

especial. Anos antes, a autora referiu que “Estudantes excepcionalmente inteligentes

diferem de forma radical de outros moderadamente sobredotados não apenas em relação

ao desenvolvimento cognitivo, mas ao crescimento afectivo, desenvolvimento moral,

interesses de lazer, interesses de leitura, escolha de amizades, atitudes e valores, além da

maneira como vêem o mundo (Gross, 1993). Também Hollingworth (1942), que

realizou um estudo com alunos cujo QI era muito elevado (180 pelo menos), expôs as

suas conclusões, nesse sentido. Retirou assim, três ideias fundamentais sobre a amostra

utilizada: 1) inexistência de hábitos adequados em contexto escolar. Estes alunos não

demonstravam empenho e despendiam tempo de forma alheada da realidade. A escola

era tida em conta como perda de tempo, dada a discrepância entre o que lhes era

solicitado e as suas competências; 2) dificuldade na criação de relações sociais. Isto

devido à diferença entre os interesses do grupo de pares, o que conduzia a um maior

isolamento; 3) vulnerabilidade emocional, no sentido de entenderem questões éticas e

filosóficas de forma precoce e antes de se encontrarem emocionalmente preparados.

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Actualmente, vários autores procuram caracterizar a emocionalidade deste tipo

de crianças, tendo em conta as suas diferentes manifestações. Bahia (2011) defende que

as crianças sobredotadas apresentam, frequentemente medo de falhar, do fracasso e das

críticas externas, muitas vezes percebidas como uma afronta à sua pessoa. Para além

destes, evidenciam medos associados ao perfeccionismo, como o medo da injustiça e o

medo do mal que podem mesmo constituir uma prioridade ao nível da vivência

quotidiana. Apresentam em muitos casos, uma maior sensibilidade emocional e medo

de estabelecer relações com os outros. Estas preocupações podem levar a sentimentos

de profunda tristeza ou mesmo depressão Bahia (2011).

Se os sobredotados têm preocupações éticas e humanas mais exacerbadas que os

seus pares, e se a sua riqueza emocional é mais intensa, então será que a percepção do

medo também é diferente? Até que ponto os medos mobilizam estratégias de Coping

diferentes das dos seus pares? E será que a vivência desse medo é diversa? Estas foram

as questões que motivaram o presente estudo que tem como objectivos: conhecer e

identificar os medos de crianças sobredotadas; compreender as estratégias que utilizam

para lidar com os seus medos; e consequentemente compará-las com estratégias

utilizadas por um grupo de crianças sem diagnóstico de sobredotação.

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PARTE II- ESTUDO EMPÍRICO

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CAPÍTULO II

2.1. Objectivos

Estudo Preliminar

Construção de um esboço de questionário para a avaliação dos Medos de

Crianças Sobredotadas em idade escolar e respectivas estratégias cognitivas, emocionais

e comportamentais – Questionário sobre Medos na Infância (QMI).

Estudo Principal

A. Conhecer o significado e definição de medo de crianças sobredotadas.

B. Identificar os medos de crianças sobredotadas e compreender se diferem dos medos

de crianças sem diagnóstico, pertencentes à mesma faixa etária.

C. Compreender as estratégias cognitivas, emocionais e comportamentais que crianças

sobredotadas utilizam para lidar com os seus medos e consequentemente avaliar se

estas são mais desenvolvidas/sofisticadas que as utilizadas por crianças sem

diagnóstico de sobredotação?

D. Comparar a percepção de medo de crianças sobredotadas quando expostas ao

estímulo temido.

E. Avaliar o impacto que variáveis contextuais poderão ter na criação e

desenvolvimento de medos, em crianças sobredotadas.

2.2. Metodologia

A escolha da metodologia em questão possibilitou obter dados qualitativos, dada

a natureza exploratória do estudo.

2.2.1. Participantes

Amostra 1: Foi constituída por 11 crianças, com diagnóstico de sobredotação, de

ambos os sexos, com idades compreendidas entre os 6 e os 13 anos (entre o 1º e o 8º

ano de escolaridade) e naturais de Leiria, Santarém, Lisboa e Setúbal (Tabela 3). O

número de participantes foi estabelecido de acordo com a disponibilidade existente na

Associação. Frequentavam o Programa de Enriquecimento da Delegação de Lisboa da

Associação Nacional para o Estudo e Intervenção na Sobredotação (ANEIS) do ano

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lectivo 2013/2014. Esta Associação trabalha em cooperação pais e educadores, de forma

a proporcionar experiências desafiantes e enriquecedoras em vários domínios e

desenvolver capacidades cognitivas, sócio emocionais, escolares e criativas destas

crianças. Para além disso, estimula os pais a uma melhor relação com os seus filhos e

compreensão das suas especificidades, promovendo uma parentalidade atenta e

equilibrada. Para a inserção no programa da ANEIS, todas as crianças obtiveram um

resultado na WISC acima de 130 e os resultados comprovaram sinais de precocidade

intelectual.

Tabela 3

Distribuição sociodemográfica dos participantes1

N % Feminino Masculino

6 2 18.2 1 1

7 1 9.1 1

8 1 9.1 1

9 2 18.2 1 1

11 1 9.1 1

12 3 27.2 3

13 1 9.1 1

Total 11 100 4 7

Amostra 2: Foi composta por 11 crianças, sem diagnóstico de sobredotação, de

ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 6 e os 13 anos (entre o 1º e o 8º

ano de escolaridade), maioritariamente naturais de Lisboa (Tabela 3). Os participantes

frequentavam uma Instituição de Tempos Livres, na região de Lisboa, sendo estudantes

em escolas públicas e privadas do mesmo concelho. A amostra foi seleccionada de

modo aleatório, tendo apenas como critério o sexo e a idade.

2.2.2. Instrumentos de Avaliação

Questionário sobre Medos na Infância (QMI) – (Anexo 5)

Este questionário foi elaborado para sustentar o presente estudo, tendo como

principal objectivo recolher informação sobre a consciência e vivência do medo em

crianças em idade escolar, bem como as suas diferentes formas de actuação perante esta

emoção.

1 Esta Tabela procurou ser representativa da distribuição por idades e sexo de ambas as amostras

utilizadas no estudo, já que a cada criança com diagnóstico de sobredotação se fez corresponder outra sem

diagnóstico, com as mesmas características sociodemográficas.

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Numa primeira análise, foi identificada a necessidade de utilização de um

instrumento, que fosse exclusivamente adaptado a crianças e direcionado, sobretudo

para a avaliação das estratégias por elas adoptadas. Ainda que a única escala existente

em Portugal (Escala de Percepção do Medo) seja aplicável em idades superiores a 12

anos, foi com base nesta que se iniciou o desenvolvimento do Questionário,

nomeadamente da estruturação dos seus itens. A EPM tem uma primeira versão

constituída por 26 itens que avaliam a percepção do medo em diversos contextos e

como resposta a diversos estímulos cognitivos, afectivos e de memória. A segunda

versão da escala é constituída por sete itens que avaliam a reacção imediata após a

exposição a um determinado estímulo visual ou auditivo (Freitas-Magalhães, 2009).

Para a elaboração do presente Questionário recorreu-se a literatura acerca dos

Medos infantis, a partir da qual se seleccionaram 25 medos característicos, entre os 6 e

os 13 anos. Numa primeira parte é constituído por uma questão inicial alusiva ao

significado desta emoção: “O que é para mim ter medo?” e, por vinte e cinco itens, cada

um representativo de um tipo de medo diferente. Pretende-se que os sujeitos assinalem a

frequência com que os sentem, através da resposta: “Sim”, “Não”, “Às vezes”.

Seguidamente são apresentadas uma série de pensamentos, emoções e reacções

comportamentais acerca de cada um dos medos anteriormente mencionados. Espera-se

não só que os indivíduos escolham as que mais se aplicam à sua situação pessoal, como

também acrescentem outras. Dada a sua natureza não se procedeu a um estudo

exaustivo do instrumento. Este questionário pretende ser um levantamento dos medos

para uso clínico. Dele se extraíram dados que permitiram verificar eventuais diferenças

entre as crianças sobredotadas e outras sem diagnóstico com características similares.

Entrevista Semi-Estruturada – (Anexo 6)

Um outro instrumento utilizado foi este tipo de Entrevista. Tal como refere

Amado (2000), possibilita aceder a pensamentos automáticos, ao que não é

directamente observável ou mensurável, como opiniões, emoções, ideias, preocupações,

atitudes. De facto, tendo em conta as suas características considerou-se fundamental

para complementar a recolha de dados.

Foi realizada tendo como foco a exposição a vinte e cinco fotografias (estímulos

visuais potencialmente aversivos), referentes a cada um dos medos enunciados no

questionário. Os participantes foram assim questionados quanto ao conteúdo das

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imagens: “O que vês? O que está representado?” e observados, extraindo-se

comportamentos/atitudes que foram registadas numa simples grelha de observação

elaborada pelo investigador- (Anexo 7). A questão seguinte procurava avaliar sintomas

de medo: “Sentes medo quando olhas para a imagem? Imagina-te na situação”. Caso a

resposta fosse afirmativa então tentava compreender-se a formação e desenvolvimento

do medo – “Porque achas que tens esse medo? O que te poderia acontecer se tivesses

que enfrentar essa situação?”. Por último, era pedido que referissem o maior medo, ou

tratando-se de mais do que um, hierarquizassem.

2.2.3. Procedimento de recolha de dados

Sendo que este estudo engloba duas amostras caracteristicamente diferentes, a

aplicação dos instrumentos foi realizada em momentos e espaços distintos.

Para a participação da amostra de crianças sobredotadas, estabeleceu-se,

previamente, o contacto com a ANEIS, no qual foram explicitados os objectivos da

investigação e salientada a importância do contributo das crianças, e de seguida,

entregue um pedido de autorização, dirigido ao Presidente (Anexo 1). Quanto aos pais,

distribuíram-se igualmente consentimentos informados, solicitando a sua compreensão e

permissão da participação dos seus filhos (Anexo 3). A recolha de dados foi realizada

durante os meses de Abril e Maio de 2014, ao Sábado de manhã, num espaço isolado e

adequado, contíguo ao local onde se efectuavam as actividades da Associação.

A amostra de crianças sem diagnóstico foi contactada por intermédio de uma

Instituição de tempos livres, à qual se entregou igualmente um pedido de autorização,

dirigido ao Director (Anexo 2). Os pais de cada uma das crianças foram informados e

questionados quanto à possibilidade de participação dos seus filhos no estudo (Anexo

4). A recolha de dados foi realizada durante os meses de Junho e Julho de 2014, num

espaço disponibilizado, inserido nas instalações da Instituição.

Em ambas as amostras, o entrevistador esteve, em média, entre 45 minutos a 1

hora, com cada um dos participantes. No início eram relembrados aos participantes, os

objectivos da investigação, bem como reforçada a garantia de confidencialidade e

anonimato das suas respostas.

Primeiramente era aplicado o Questionário, dando-se liberdade às crianças para

decidir se queriam ou não ser elas a preenche-lo. Caso contrário, as respostas eram

registadas pelo entrevistador (no caso de crianças de 6 anos, há uma maior dificuldade

na expressão escrita, comparativamente a crianças de 13). Posteriormente entrevistava-

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se a criança de forma directa, sob meio de uma apresentação em formato Power-Point

(presente num computador portátil) com um conjunto de imagens relativas a estímulos

temidos na infância. Este segundo momento era gravado em suporte áudio, sendo mais

tarde transcrito para análise.

2.2.4. Procedimento de análise estatística

Para efeitos de análise quantitativa foi utilizado o programa de análise estatística

SPSS (Statisc Package for the Social Sciences). Com base neste programa procedeu-se

apenas à comparação das frequências relativas aos diferentes tipos de medo, distribuídas

por género e idade, de ambas as amostras.

2.2.5. Procedimento de análise de dados qualitativos

Esta investigação define-se como um estudo fenomenológico e interpretativo,

optando-se maioritariamente pela metodologia de carácter qualitativo.

Não só a entrevista, mas também os questionários, dada a sua natureza,

possibilitaram informação incapaz de ser mensurável quantitativamente. São exemplo as

definições de medo sugeridas pelas crianças, as estratégias de resolução emocional que

estas apontaram como diferentes das normativas, a percepção do medo na exposição aos

estímulos, bem como explicações, comentários, reacções verbais ou comportamentais

manifestadas.

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CAPÍTULO III

3.1. Apresentação de Resultados

O presente capítulo destina-se à apresentação dos resultados obtidos com o

estudo realizado, encontrando-se dividido em duas partes.

Primeiramente irão constar os dados retirados da amostra de crianças

sobredotadas, uma vez que é sobre esta população que reside o foco da investigação.

Posteriormente, estes serão comparados aos dados obtidos através da amostra de

crianças sem diagnóstico, pelo que serão expostos dados considerados pertinentes

relativos também às respostas destas crianças.

3.1.1. Conceptualização do Medo

Tabela 4

Definição de medo em crianças sobredotadas

A Tabela 4 reúne onze significados diferentes, atribuídos ao conceito de Medo,

por crianças sobredotadas. É visível a utilização da palavra “assustador” com maior

frequência em idades mais precoces, comparativamente à palavra “receio” aplicada

entre os 11 e os 13 anos. É interessante a referência a sentidos tais como o cheiro, o que

pode evidenciar precocidade, por parte destas crianças, na capacidade de percepção do

estímulo no seu todo. Aos 12 e 13 anos o medo é apresentado juntamente com uma

O que é para mim ter medo? Género Idade

É ter pesadelos e nem perceber sobre o quê Masculino 6 Anos

Uma coisa que me assusta, pelo cheiro também Feminino 6 Anos

Quando estou assustado com algo e quando isso me amedronta Feminino 7 Anos

É uma coisa que eu não quero fazer/ver, arriscar-me a fazer uma coisa

perigosa Masculino 8 Anos

É estar assustado, muito. São coisas que nos acontecem quando não

estávamos à espera Masculino 9 Anos

Quando acontece alguma coisa assustadora para nós Feminino 9 Anos

Ter receio que lhe aconteça uma coisa má quando ocorre algo Feminino 11 Anos

Receio de algo Masculino 12 Anos

Não gostar tanto de uma coisa que nos perturba que tentamos evitá-la Masculino 12 Anos

É não querer fazer uma coisa, não gostar que uma coisa aconteça Masculino 12 Anos

Recear algo de forma a não querer estar perto disso, evitando-o Masculino 13 Anos

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estratégia de resolução- o evitamento. No Anexo 9 constam as definições apresentadas

por crianças sem diagnóstico de sobredotação.

3.1.2. Influência das variáveis contextuais

Tendo em conta o Anexo 8, podem ser feitas observações, ainda que muito

pouco significativas, a respeito da distribuição dos medos por Género, Estado Civil dos

pais e Número de irmãos. Assim, a média de medos por criança é maior no sexo

feminino, em ambas as amostras. Salienta-se, contudo, o caso de uma criança

sobredotada do sexo masculino que acusou vinte e cinco tipos de medos diferentes. Na

amostra sobredotada, o número de medos aumenta, em filhos de pais divorciados;

contrariamente ao verificado na amostra de crianças sem diagnóstico. Tal poderá ser

representativo do modo como indivíduos sobredotados lidam emocionalmente com

situações adversas. Pode-se observar também uma redução no número médio de medos

em crianças sobredotadas quando apresentam maior número de irmãos.

3.1.3. Identificação dos Tipos de Medos manifestados

A Tabela 5 apresenta os vários tipos de medos evidenciados pelas crianças

sobredotadas, em cada faixa etária. Aos 6 anos observa-se, por exemplo, que existe o

medo de “perder o amor dos outros” ou “não ter amigos”- uma preocupação expectável

no início da vida académica, em que grande parte do tempo semanal é passado na

escola, a aprofundar competências relacionais e os pais/familiares têm uma presença

física menor junto da criança. Observam-se também medos normativos tais como

injecções, vacinas, elevadores. É frequente a referência a medos relacionados com

filmes, livros ou jogos, tarefas muito características de crianças sobredotadas e que

estimulam a sua criatividade e consequente emocionalidade. É curioso verificar que aos

13 anos é manifestado medo da água. No Anexo 10 observam-se os tipos de medos

manifestados por crianças sem diagnóstico de sobredotação.

De um modo geral, verifica-se uma maior heterogeneidade na natureza dos

medos identificados em cada faixa etária, em crianças sobredotadas. Assim, os mais

referidos por estas foram: Medo de pessoas más; Medo de guerras; Medo de doenças e

acidentes, Medo de estranhos, Medo da ausência dos pais e Medo da morte. Já as outras

crianças (de acordo com os Anexos 10 e 11) referiram com maior frequência: Medo de

estranhos, Medo de pessoas más, Medo de catástrofes, Medo da morte, Medo da

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separação dos pais, Medo de doenças e acidentes. Tal é indicativo de semelhanças entre

os principais receios das amostras.

Tabela 5

Distribuição quantitativa e qualitativa dos medos por idades- em crianças sobredotadas

Idade Nº de

crianças Tipo de Medos Outros

6 2

Estranhos, Pessoas más, Morte, Separação dos pais,

Guerras, Doenças e Acidentes, Notas e Resultados

escolares, Rejeição, Ficar/Estar sozinho,

Falhar/Errar, Aparência Física,

Bruxas/Monstros/Fantasmas, Ausência dos Pais,

Magoar-se/Feridas

Não ter amigos, Injecções,

Vacinas, Perder o Amor dos

outros

7 1

Alturas, Pessoas más, Catástrofes Naturais,

Ficar/Estar sozinho, Separação dos pais, Rejeição,

Falhar/Errar, Aparência Física, Testes/Notas,

Doenças e Acidentes, Noticias, Futuro, Guerras,

Bruxas/Monstros/Fantasmas, Ausência dos pais,

Escuro, Magoar/Feridas, Estranhos, Barulhos

Ser Assaltado

8 1

Objectos grandes, Pessoas más, Catástrofes naturais,

Guerras, Morte, Barulhos, Alturas, Ausência dos

pais, Ficar/Estar sozinho

Cair pela janela, Escadas

rolantes e Elevadores

9 2

Estranhos, Magoar/Feridas, Animais, Pessoas más,

Guerras, Ficar/Estar sozinho, Alturas, Catástrofes

naturais, Futuro, Noticias, Doenças e Acidentes,

Notas/Resultados escolares, Aparência física, Morte,

Rejeição, Testes/Exames, Sobrenatural,

Bruxas/Monstros/Fantasmas, Máscaras, Objectos

grandes, Ausência dos pais, Escuro, Barulhos

Montanhas russas, Descidas

grandes, Adrenalina, Actuar no

teatro, Ser agredido fisicamente

11 1

Barulhos, Catástrofes Naturais, Guerras, Morte,

Separação dos pais, Doenças/Acidentes, Futuro,

Pessoas más, Ausência dos pais, Magoar/Feridas

Sons estranhos/Músicas (filmes

e playstation, Ritmos

acelerados

12 3

Barulhos, Animais, Alturas, Ausência dos pais,

Ficar/Estar sozinho, Testes/Exames, Escuro, Pessoas

más, Sobrenatural, Morte, Estranhos,

Doenças/Acidentes, Aparência Física, Falhar/Errar,

Catástrofes naturais, Notas/resultados escolares,

Guerras

Filmes de terror, Bonecos e

Nenucos, Morte dos outros,

Espíritos- lenda

13 1 Estranhos/desconhecidos, Escuro, Ficar/estar

sozinho, Falhar/Errar, Rejeição Água

3.1.4. Aprofundamento de medos apresentados

Certos medos mencionados, tanto no preenchimento do questionário como na

entrevista, foram reflectidos, opcionalmente, pelas crianças quanto à sua origem e

formação ou impacto no quotidiano. Segue-se uma listagem destes medos e uma breve

caracterização:

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Medo de ser Rejeitado pelos outros: “Se me rejeitarem é porque não me merecem. É

difícil ultrapassar situações destas. Antigamente gozavam comigo por eu ser

gordinho. Acredito que as pessoas preferem conviver com os que são mais atléticos

e por isso passei a ir ter com os que não me julgavam.”

Medo de Cair pela janela: “Posso morrer, quando me debruço tenho sempre medo

porque a minha mãe começou a assustar-me.”

Medo de Elevadores: “Tenho um pressentimento que pode ir para baixo do rés-do-

chão, tal como li num livro”.

Medo de Escadas rolantes: “Já assisti a uma menina ficar presa com os atacadores

nas escadas rolantes, por isso tenho sempre medo quando vou a um centro

comercial e tento ter cuidado”.

Medo da Água: “Pode aparecer um tubarão. Procuro não pensar nisso e divertir-

me no mar. Se tiver razões, por exemplo, se houver ondas fico alerta, desconfortável

e inquieto. Sempre me interessei muito pelo mar e o desconhecido e comecei a ler

mitos relacionados. Como o mar é tão vasto podem existir coisas que

desconhecemos. Não acredito em sereias, mas todos os mitos contêm um fundo de

verdade, e isso leva-me a ter dúvidas.”

Medo de Filmes de terror: “Faz-me muita confusão. Desde que vi com o meu pai um

filme sobre monstros, passei a dormir com ele (12 anos). Agora deixei de ver filmes,

ou então olho para outro sítio. Penso que esses monstros podem vir ao meu quarto e

fazer-me mal, atacar-me até à morte.”

Medo de Bonecos: “Aqueles que são mais realistas tais como nenucos assustam-me

porque fazem-me lembrar coisas irreais. Há uns anos contaram-me que existiam na

China uns que cuspiam sangue e choravam, e nunca mais me consegui aproximar.”

Medo de Espíritos: “Desde que soube uma lenda que um espirito vagueia pela casa

de alguns meninos que se portam mal.”

Medo de Actuar no teatro: “Há pessoas não se importam de fazer os outros rir, mas

eu importo-me que as pessoas se estejam a rir de mim.”

Medo de ser Agredido: “Especialmente pessoas que não gostem de mim, tal como

algumas da minha família. Já aconteceu muitas vezes quando me porto mal. Acho

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que não está certo defender-me magoando os outros, por isso, por vezes, deixo-me

maltratar.”

3.1.4. Memória do Medo vs. Exposição visual ao estímulo

Atentando o Anexo 12, observam-se discrepâncias entre a percepção de medo

através da memória do estímulo aversivo e a exposição visual, em cada faixa etária. É

possível verificar quais os tipos de medo em que tais diferenças ocorreram.

Tabela 6

Discrepâncias encontradas na percepção dos medos por crianças sobredotadas

Catástrofes (5 crianças) Doenças (5 crianças) Guerras (4 crianças) Estranhos (4 crianças)

Ausência dos Pais (4 crianças) Pessoas más (4 crianças) Falhar (4 crianças) Futuro (4 crianças)

Testes (3 crianças) Barulhos (3 crianças) Animais (3 crianças) Alturas (3 crianças)

Na Tabela 6 identificam-se, de uma forma geral, o número de crianças que em

cada medo apresentaram respostas inconsistentes, por exemplo e com maior frequência

quanto ao Medo de Catástrofes Naturais, Medo de Doenças ou Medo de Guerras.

3.1.5. Pensamentos, Emoções e Comportamentos referidos

A Tabela 7 ilustra os pensamentos e as emoções das crianças sobredotadas sobre

os medos enunciados, bem como as estratégias comportamentais ou de outra natureza

que utilizam com maior frequência. Em traços gerais, observa-se uma maior tendência

para a desvalorização da situação e a comparação com os outros. Muitas crianças

pensam habitualmente que não deveriam ter determinados medos ou que as

consequências poderão pôr em perigo a sua própria vida. A auto-defesa (“Ainda sou

pequenino”) ou a autocritica não são tão mencionadas (“Sou piegas e maricas”). Em

termos emocionais, as crianças relatam sentir-se sobretudo nervosas e inseguras em

situações de medo. Em tais situações, reconhecem-se, com menor frequência,

envergonhadas ou angustiadas. O comportamento mais típico é “tentar não pensar

acerca do medo”, o que equivale a uma estratégia de evitamento. Segue-se a recordação

de situações/objectos positivos como forma de compensação, o que é bastante

contrastante com a realidade das crianças sem diagnóstico. Procuram os pais ou pessoas

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significativas, ou seja recorrem a ajuda externa, também com bastante regularidade. Não

são tão comuns reacções tais como gritar ou chorar. Com uma frequência idêntica, estas

crianças referiram, ainda, tentar encontrar justificações para o medo ou esconder-se.

Numa análise global, a amostra de crianças sobredotadas expressa maior número de

pensamentos, emoções e comportamentos ao deparar-se com situações temidas,

relativamente à outra amostra (Anexo 14).

Tabela 7

Frequência dos pensamentos, emoções e comportamentos no total de Medos apresentados

Relativamente a cada um dos medos, podem ser encontradas as estratégias

utilizadas pelas crianças, no Anexo 13, bem como pensamentos (automáticos por

exemplo) e emoções alternativas.

De modo sintetizado, observam-se pensamentos bastante catastróficos, tais como

“Estou sozinho no mundo” ou “Estou perante uma tragédia greco-romana”, e mais

negativos que optimistas. Apesar disso, estes também são evidenciados: “É só um

animal”, “Os pais hão-de aparecer”. É interessante reparar em referências a figuras

imaginárias: “Vão pôr-me zômbie” ou “Podem aparecer fantasmas que me façam mal”.

Há a demonstração de ideias acerca do ser humano e do mundo: “O ser humano é inútil

perante a natureza”- no caso por exemplo do Medo de Catástrofes Naturais, “É só por

ganância que existem as guerras”, “Muitas coisas foram descobertas quando as pessoas

erraram”. Muitos pensamentos sugerem, para além disso, a consciência da perigosidade

de certas situações e das suas consequências: “Posso não conseguir alcançar os meus

objectivos”- no caso do Medo do Futuro. Mencionam frequentemente o impacto que os

outros têm em si: “Os pais vão-se desiludir se tiver más notas” ou “Há pessoas que

gostam de mim” no caso do Medo da Rejeição. E finalmente verifica-se tendência para

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não me vai acontecer nada 98 Nervoso 98 Tento não pensar nisso 98

Não sou o único que tem medo 63 Inseguro 79 Lembro-me de coisas boas 76

Não devia ter este medo 42 Triste 40 Procuro os pais/outra pessoa 34

É só desta vez 22 Ansioso 37 Confronto-me com o medo 24

A minha vida vai acabar 23 Maldisposto 27 Escondo-me 22

Ainda sou pequenino 19 Irritado 23 Tento perceber porque tenho medo 22

Os outros vão gozar comigo 10 Angustiado 18 Choro 16

Sou piegas e maricas 6 Envergonhado 12 Grito 6

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pensamentos caracterizados por auto-exigência nomeadamente: “Não devo chumbar”,

“Tenho que me comportar de forma ética”, “Devo chamar o tratador ou a polícia”- no

caso de Medo de Animais.

Em termos emocionais, verifica-se uma grande frequência na utilização da

palavra “assustado”, em várias situações de medo. Existem alusões a solidão e

inquietude. Outras emoções menos vezes percepcionadas são: alerta, sossegado,

arrependido, incapacitado, enjoado ou humilhado- que, por sua vez, podem ser

consideradas bastante elaboradas para ser reconhecidas com clareza na infância.

Finalmente destacam-se emoções positivas tais como: calmo, tranquilo, seguro,

contente.

Quanto às reacções comportamentais salientam-se atitudes como fugir ou

abandonar a situação. Outras sugeridas pelas crianças, e mais desadaptativas são, por

exemplo, morder ou lutar. Há uma grande tendência para desviar a atenção para

estímulos distractores, tais como ver televisão ou rezar. É visível uma clara necessidade

de controlo de situações como o medo do contacto com animais: “Aproximo-me do

animal, torno-me amigo dele e assim ele não me ataca” ou “Renovo as lâmpadas todas

para que não falhem”- no caso do Medo do Escuro. Expressões que merecem ser

enfatizadas são: “Observo a evolução da espécie humana e percebo o que pode ser

melhorado” (Medo dos Media) e, também, “Aprendo para não voltar a errar”, que

exemplifica uma proposta madura e adaptativa para lidar com o medo de Errar.

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CAPÍTULO IV

4.1. Discussão e Conclusões

No que concerne à conceptualização do Medo, conclui-se que as crianças

sobredotadas apresentam definições e significados mais elaborados, relativamente às

outras. Têm tendência a evidenciar, simultaneamente, estratégias de resolução dos

medos e, servem-se de termos complexos para o caracterizar, tais como: amedrontar.

Estas crianças evidenciam muitos medos que são comuns aos das crianças sem

diagnóstico. Assim sendo, crianças sobredotadas de 6 anos afirmam ter medo de bruxas,

monstros e fantasmas, ausência dos pais, feridas e pessoas más, que são expectáveis

nesta faixa etária em crianças com um desenvolvimento dito “normal”. Ainda assim,

muitos outros medos são manifestados, que seriam previsíveis em idades mais

avançadas, tais como, Medo da Aparência Física ou de Notas e Resultados Escolares.

Aos 7 anos esta tendência mantém-se, ao expressarem Medo da Separação dos Pais, do

Futuro e das Noticias dos Media. Estes últimos são indicadores do grau de interesse

destas crianças pelo seu percurso de vida e o bem-estar das outras pessoas (Alencar,

2007). Ao mesmo tempo que reflectem sobre tais temáticas, também as receiam, dada a

precoce consciência da realidade que os rodeia. No sentido oposto, apresentam, em

faixas etárias mais tardias, medos que não seriam expectáveis, como por exemplo aos

13 anos, Medo de Estar sozinho, Estranhos, Barulhos.

A preocupação com o contexto escolar surge bastante cedo. Ao mesmo tempo

que o desempenho cognitivo é mais acelerado, revelam-se apreensivas face à

socialização com os colegas e mesmo professores (Oliveira, 2007). Tornam-se exigentes

consigo mesmas e estabelecem metas mais altas em relação ao seu desempenho

académico, que as restantes crianças.

É possível identificar medos relativos à ideia de aventura, como por exemplo aos

9 anos “Medo de Montanhas Russas, Descidas grandes, Adrenalina”. Por serem muito

racionais têm uma consciência alargada das consequências, que os leva a ponderar

determinadas situações. E é, ainda, engraçado perceber que por terem uma idade mental

acima da média (Silverman, 1993), pensam com maior maturidade e sensatez -

relativamente à agressão física, por exemplo. São crianças que, embora sejam vistas

como emocionalmente mais instáveis e susceptíveis a manifestações impulsivas (Franco

& Beja; Candeias & Pires, 2011), ganham desde logo noção de que existem soluções e

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comportamentos alternativos tais como o diálogo. Dadas as suas inseguranças e ideia de

que não são compreendidas, referem-se muitas vezes a este tipo de medo - “Tenho

medo que me agridam fisicamente, o que já aconteceu várias vezes quando me portei

mal. Acho que não está certo defender-me magoando os outros, por isso, por vezes,

deixo-me maltratar”.

Podem ser reflectidos também, os medos de Ritmos acelerados, Sons estranhos

ou de Nenucos (aos 11 e 12 anos). De facto são indivíduos que detêm um pensamento

associativo muito desenvolvido (Bernardo, 2008). É evidente através do medo de ouvir

um coração bater, por exemplo. Tal como todos os outros medos, têm origem em algum

momento/situação que marcou de certa forma a criança e que a impediu de percepcionar

como normal, o mesmo estímulo, em situações sequentes. Contudo, verifica-se que

muitos se relacionam com filmes (nomeadamente de terror ou ficção cientifica), livros,

séries ou jogos, de onde as crianças extraem conhecimentos que seriam demasiado

complexos ou rebuscados para indivíduos da mesma faixa etária.

As crianças sobredotadas são, por natureza, mais interessadas na compreensão

do seu próprio funcionamento, bem como das relações causa-efeito entre as situações,

face às outras (Bastos, 2009). Deste modo, respondem de forma mais fundamentada e

pormenorizada quando lhes é pedido que reflictam acerca dos seus medos. Retiram

conclusões de experiências anteriores e mostram-se adaptadas aos novos desafios que se

lhes impõem. É curioso reparar que cenários naturais do quotidiano, tais como escadas

rolantes poderão assustar estas crianças, pelo simples facto de terem observado

situações em que constituíram perigo para outras crianças.

O Medo de Actuar no Teatro, evidenciado por um sujeito, ilustra o receio de

exposição social, característico desta população. Ainda que se sinta com capacidades

para o fazer, decorando os textos ou encarando a personagem proposta perfeitamente,

questiona-se sobre o impacto que a sua prestação terá no público, quais as emoções

transmitidas e se a mensagem global foi bem captada.

No que toca à percepção dos estímulos interessa salientar que as crianças

sobredotadas respondem, por vezes, de forma contraditória perante o mesmo tipo de

medo. A título de exemplo, cinco crianças afirmaram ter Medo de Catástrofes e

Doenças em apenas uma das situações apresentadas (exposição à imagem ou

questionário). Resultados afirmativos na exposição visual indiciam incapacidade, por

parte das crianças, para lidar com as exigências apresentadas. Estes dados permitem

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verificar que estímulos imediatos e inesperados provocam reacções de maior

desconforto e temor, não lhes concedendo oportunidade de criação de um plano,

estratégia, solução. Resultados afirmativos no questionário sugerem a identificação

destes indivíduos com situações semelhantes, ocorridas no passado; ou seja, permitem-

lhes aceder a memórias ou cognições. Em resumo, se na exposição visual a criança fica

cingida ao que vê na imagem e tem uma possibilidade de associação a estímulos

idênticos mais reduzida, na exposição ao questionário é-lhe concedida a liberdade

mental de percepcionar o medo tendo em conta a representação que tem dele.

Relativamente às Estratégias utilizadas pelas crianças sobredotadas, conclui-se

que, de uma forma global, manifestam estratégias cognitivas e comportamentais mais

elaboradas que as outras crianças, sendo que antecipam facilmente consequências, ao

contrário das outras.

Apresentam uma noção clara dos objectivos que são necessários estabelecer para

ter sucesso e controlo da situação (Chagas & Fleith, 2010). Relativamente ao Medo das

Notas, muitas afirmam que estudar e estar com mais atenção nas aulas são algumas

medidas que diminuem a ansiedade. Utilizam muitas estratégias baseadas na resolução

do medo, enfrentando-o. Por vezes podem ser consideradas incisivas, não se permitindo

a viver emocionalmente as situações temidas, dada a sua forte componente racional

(Bahia & Trindade, 2012). Valorizam os mais velhos, optando por comportar-se de

acordo com os seus avisos e ensinamentos perante situações em que manifestam medo.

Embora muitas das estratégias assentem numa lógica de maior discernimento, estas

crianças também se revelam agressivas e com atitudes inconsequentes. Tal é verificado

com maior frequência em idades mais novas (lutar, correr, fugir).

Os resultados indicam que estas crianças têm pensamentos baseados na

generalização (Tudo ou Nada). Por exemplo “Vou morrer” ou “Não existe nada que me

possa fazer mal”, quando estão perante estímulos temidos. Também se destaca um

elevado sentido de justiça (Alencar, 2007), que é expresso no modo como dão

significado aos acontecimentos. Assim, em relação ao medo de Guerras, expressam

opiniões, tais como “Era melhor acabar com a guerra, as pessoas estão a proceder mal”.

É comum uma forte preocupação com os elementos familiares e de maior proximidade

afectiva (Renzulli, 1998) “Os pais gostam muito um do outro, vão continuar juntos”

(Medo da Separação) ou “Devem estar quase a chegar, não tenho que me preocupar”

(Medo da Ausência dos pais). São crianças mais descritivas da realidade, que

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naturalmente são mais observadoras que as outras. Este facto leva a que temam um

maior número de situações pela consciência dos riscos que correm: “Posso ser roubado /

posso ser comido por um animal / pode avariar-se e fazer-me mal”. A integridade física

é uma preocupação transversal às idades consideradas. Assim, observam-se

pensamentos alusivos à protecção da própria criança, à segurança do seu corpo bem

como dos seus familiares. É interessante verificar que o factor da idade não constitui

para estas crianças justificação para os medos, mas sim a gravidade das situações: “Se

não for suficientemente grave; Não poderei queixar-me da ferida”, “Sou retardado”. É

também de realçar o pensamento céptico face a situações desconhecidas: “Não é

verdade; É criação mental das pessoas” e o relativismo patente em afirmações como:

“cada um nasceu como nasceu”, “é algo natural na vida”. Por fim, os dados permitem

concluir que expressam crenças fixas: “Vou para o céu e vou ser santo; o tempo ajuda-

me a esquecer e a habituar-me”, face ao Medo do Sobrenatural.

Quanto às emoções, os dados sugerem que as crianças reagem de forma nervosa

com bastante regularidade, bem como insegura, em situações de medo- o que vai de

encontro à caracterização que é feita a respeito da sua emocionalidade (Bahia &

Trindade, 2012). Pressupõe-se que, embora estas crianças adoptem determinadas

estratégias, à partida, eficazes; têm também reacções emocionais marcadas por uma

grande ansiedade. Tais reacções poderão dificultar as suas tomadas de decisão na gestão

do Medo.

A partir das entrevistas realizadas, é possível afirmar, que as crianças

sobredotadas centram a sua atenção preferencialmente no contexto envolvente do que

no foco central. Tal é visível na interpretação das imagens, em que descreveram de

forma completa e meticulosa os detalhes (cores, movimento, espaços), e ainda

colocaram hipóteses acerca dos objectivos ou pensamentos das figuras humanas

intervenientes. O estímulo propriamente dito, foi por vezes negligenciado. Tal está de

acordo com a literatura (Alencar, 2007). Servem-se com bastante facilidade de termos e

conceitos que não seriam expectáveis para a sua idade, nomeadamente na caracterização

das estratégias. Comparativamente às crianças normais, o tempo de interacção foi

bastante elevado, assinalado por maior número de expressões faciais, comentários,

maiores níveis de rapidez nas respostas e bastantes exclamações.

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4.2.Limitações do Estudo

Uma das primeiras dificuldades encontradas prende-se com a dimensão reduzida

da(s) Amostra(s). O número de participantes foi seleccionado tendo em conta a

quantidade de crianças que se encontravam a frequentar a Associação, no período

pretendido. Considera-se então pouca significativa (11 sujeitos sobredotados), levando

necessariamente a resultados menos precisos. Tal sustenta o facto de se tratar de um

estudo qualitativo e de carácter informativo. Para além disso, a distribuição das idades

das crianças foi realizada de forma pouco uniforme, surgindo obstáculos à comparação

clara entre faixas etárias (por exemplo, existem três indivíduos com 12 anos e 1 apenas

de 7 anos).

A aplicação dos instrumentos cingiu-se às condições dos locais respectivos onde

se encontravam as crianças. A disponibilidade horária das mesmas atrasou, por vezes, o

prosseguimento do estudo. Também outros elementos tais como sons provenientes do

ambiente envolvente (ainda que tivesse sido utilizado um espaço isolado) ou interrupção

das actividades da criança (maior desconcentração) foram incontroláveis e tiveram que

ser tidos em conta. O facto de o ambiente ser familiar e conhecido, levou a que a criança

procurasse exercer maior controlo sobre ele e sobre a própria interacção.

Quanto aos instrumentos podem ser consideradas determinadas falhas, que

poderão ter influenciado os dados obtidos. Assim, o questionário foi construído para o

presente estudo e verificou-se bastante extenso. Tal dificultou a capacidade atencional

de algumas crianças, que consideraram uma tarefa em parte monótona. Dado que as

definições de medo (como pode ser observado a partir do que foi referido pelos sujeitos)

são diferentes entre si, os restantes conceitos mostraram-se subjectivos, levando a uma

limitada operacionalização. No caso da entrevista, todas as imagens seleccionadas

foram escolhidas rigorosamente e procuraram corresponder o melhor possível ao

estímulo em questão. No entanto tiveram que ser salvaguardados factores como a

integridade psicológica da criança face a conteúdos de natureza nociva ou violenta.

Posto isto e de acordo com o feedback de alguns elementos da amostra, nem sempre se

apresentaram suficientemente claras ou evidentes, o que diminuiu, a partida, o efeito

esperado.

Também o facto de se tratar de uma exposição visual ao estímulo e não

propriamente de um contacto directo com a situação (impossível dadas as características

da investigação) consistiu numa dificuldade, que confere uma certa artificialidade à

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análise. Ainda assim, permitiu obter dados para reflexão, sendo o cenário mais próximo

da realidade.

Terminando, salienta-se a escassa fundamentação teórica disponível na literatura

acerca do Medo neste tipo de população. Evidenciou-se uma limitação quer no início do

estudo de forma a enquadrá-lo, quer no final como sustentação dos dados obtidos e

projecção futura.

4.3. Implicações e Directrizes futuras

Este trabalho permitiu a recolha de evidências que suportam a teoria existente

sobre o desenvolvimento emocional das crianças sobredotadas, mais precisamente

acerca da formação de medos.

A respeito desta temática seria pertinente a elaboração de um maior número de

investigações, que permitissem uma maior consistência ao nível das conclusões.

Estudos realizados in loco teriam certamente um efeito mais desejável comparado a

exposições indirectas aos estímulos. Caso fosse alargado o número de participantes nas

amostras, poderiam ser obtidos resultados mais precisos e fundamentados, que

ilustrassem com maior homogeneidade a compreensão da percepção do medo por parte

destas crianças. Considera-se ainda interessante, a elaboração de estudos que avaliem o

impacto dos medos infantis, em indivíduos sobredotados, na idade adulta. Para além

disso, investigações que procurem analisar a gestão da sua emocionalidade, face aos

desafios com que se deparam.

O Medo é uma emoção comum a todos os indivíduos, tanto crianças como

adultos. Dado o seu impacto, em parte disfuncional, no corpo humano; torna-se

necessário conhecer as suas características e exercer controlo sobre ele. Na infância nem

sempre tal é possível, dada a natureza imatura das crianças e a sua falta de

autoconsciência. Cabe assim aos pais e educadores, com quem mantêm um contacto

próximo e regular, estar alerta para eventuais situações que possam despoletar ansiedade

ou temor. Na presença de medos poderão desmistificá-los e ajudá-los a entender quais

os perigos reais que correm.

O caso das crianças sobredotadas é ligeiramente diferente, já que estas são por

natureza mais desenvolvidas a nível cognitivo (Oliveira, 2007) que o normal. Posto isto,

e tal como observado ao longo do presente estudo, têm um maior entendimento do

Medo e das consequências que este poderá ter nelas próprias e nos outros. Deverá

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existir uma maior sensibilização para o facto de que são crianças com um

desenvolvimento emocional mais atrasado (Alencar, 2007), necessitando de

acompanhamento e intervenção tanto a nível familiar, como por parte do contexto

escolar. Acontece que em muitos casos é indispensável recorrer à psicologia clínica,

revelando-se esta um forte contributo para a análise dos medos que são desadaptativos e

implementação de técnicas que ajudem na sua expressão e regulação. A título de

exemplo destaca-se o desenho infantil. É uma actividade bastante praticada que permite

à criança expor as suas relações com o mundo em redor. De uma forma geral, serve-se

deste para representar o seu desenvolvimento social, afectivo e cognitivo (Grisa &

Lemes, 2008).

Em síntese, este estudo constituiu um primeiro passo no conhecimento desta

emoção e da sua expressividade na população sobredotada. Permitiu retirar conclusões e

acrescentar informação à caracterização que é habitualmente realizada sobre estas

crianças. Contudo, considera-se fundamental alimentar o interesse e a dedicação a esta

área do conhecimento, procurando ajudar as crianças a dominar o medo e não a ser

dominadas por ele.

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ANEXOS

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ANEXO 1

CONSENTIMENTO ANEIS

Exmo. Presidente,

Eu, Mariana Miranda Ferreira dos Santos Paiva, aluna do 5º ano do Mestrado

Integrado em Psicologia, a estudar no núcleo de Clínica Cognitivo-Comportamental e

Integrativa, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, estou a realizar um

projecto de investigação para a minha Dissertação de Mestrado, sob orientação da

Professora Dr.ª Sara Bahia.

Venho por este meio, pedir a colaboração da Associação, para a realização da

minha Tese. Esta foca-se em crianças sobredotadas, na identificação dos seus medos e

na análise das estratégias (cognitivas, emocionais e comportamentais) utilizadas para

lidar com os mesmos. Pretende-se comparar esta amostra com outra formada por

crianças sem diagnóstico de sobredotação, pertencentes à mesma faixa etária, e analisar

possíveis diferenças.

Será necessário o preenchimento de um questionário com uma duração média de

trinta minutos. Seguidamente será realizada uma entrevista, onde serão apresentadas

fotografias representativas dos medos mais comuns na infância, pedindo-se às crianças

que elaborem sobre o significado das imagens. Terá uma duração de cerca de 30

minutos. No total, cada criança estará aproximadamente 60 minutos com o investigador,

sendo considerada a possibilidade de desistência por parte da mesma. Peço a sua

autorização para a participação de crianças, com idades compreendidas entre os 6 e os

13 anos, no presente estudo.

No final do estudo será fornecido um documento com os resultados globais (em

linguagem não técnica) do mesmo.

Desde já agradeço a sua compreensão e aguardo uma resposta.

Com os melhores cumprimentos,

Mariana Santos Paiva

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ANEXO 2

CONSENTIMENTO INSTITUIÇÃO

Exmo. Director,

Eu, Mariana Miranda Ferreira dos Santos Paiva, aluna do 5º ano do Mestrado

Integrado em Psicologia, a estudar no núcleo de Clínica Cognitivo-Comportamental e

Integrativa, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, estou a realizar um

projecto de investigação para a minha Dissertação de Mestrado, sob orientação da

Professora Dr.ª Sara Bahia.

Venho por este meio, pedir a colaboração da Instituição, para a realização da

minha Tese. Esta foca-se em crianças, na identificação dos seus medos e na análise das

estratégias (cognitivas, emocionais e comportamentais) utilizadas para lidar com os

mesmos. Neste sentido, peço a sua autorização, para a participação de crianças com

idades compreendidas entre os 6 e os 13 anos, no presente estudo.

Será necessário o preenchimento de um questionário com uma duração média de

trinta minutos. Seguidamente será realizada uma entrevista, onde serão apresentadas

fotografias representativas dos medos mais comuns na infância, pedindo-se às crianças

que elaborem sobre o significado das imagens. Terá uma duração de cerca de 30

minutos. No total, cada criança estará aproximadamente 60 minutos com o investigador,

sendo considerada a possibilidade de desistência por parte da mesma.

No final do estudo será fornecido um documento com os resultados globais (em

linguagem não técnica) do mesmo.

Desde já agradeço a sua compreensão e aguardo uma resposta.

Com os melhores cumprimentos,

Mariana Santos Paiva

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ANEXO 3

CONSENTIMENTO INFORMADO – E.E. DAS CRIANÇAS SOBREDOTADAS

Caro Encarregado de Educação,

Eu, Mariana Miranda Ferreira dos Santos Paiva, aluna do 5º ano da Faculdade de

Psicologia da Universidade de Lisboa, estou a realizar um projecto de investigação para

a minha Dissertação de Mestrado, sob orientação da Professora Dr.ª Sara Bahia.

A investigação que estou a realizar tem como objectivo conhecer os medos das

crianças sobredotadas e analisar as estratégias (cognitivas, emocionais e

comportamentais) que utilizam para lidar com estes- informação que será transmitida às

crianças. Pretende-se comparar esta amostra com outra, formada por crianças sem

diagnóstico de sobredotação, pertencentes à mesma faixa etária.

Os participantes terão entre os 6 e os 13 anos de idade, e será aplicado um

questionário, durante cerca de 30 minutos e realizada uma entrevista, com base na

apresentação de um conjunto de fotografias alusivas aos medos comuns na Infância.

Esta será de cerca de 30 minutos, gravada em formato áudio e eliminada após a

finalização do estudo. No total, a criança estará cerca de 60 minutos com o investigador.

Não são conhecidos riscos para a saúde ou bem-estar relacionados com a

participação no estudo. Porém, uma vez que esta colaboração é voluntária, a criança

poderá interrompê-la a qualquer momento. Caso não queira que o seu educando

participe no estudo, terá todo o direito em não permitir.

O anonimato do participante (o seu educando) será respeitado, não existindo

qualquer dado que o identifique. A informação recolhida será confidencial, sendo

apenas utlizada no presente estudo.

Caso pretenda obter informação acerca dos resultados da investigação, poderá

consegui-la após a entrega da Dissertação, que ficará integralmente disponível no

repositório da Universidade de Lisboa (repositorio.ul.pt/), ou solicitar um resumo dos

resultados globais (em linguagem não técnica), através do e-mail:

[email protected]

Autorizo

Não autorizo

Assinatura:_______________________________

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ANEXO 4

CONSENTIMENTO INFORMADO – E.E DAS CRIANÇAS NÃO

SOBREDOTADAS

Caro Encarregado de Educação,

Eu, Mariana Miranda Ferreira dos Santos Paiva, aluna do 5º ano da Faculdade de

Psicologia da Universidade de Lisboa, estou a realizar um projecto de investigação para

a minha Dissertação de Mestrado, sob orientação da Professora Dr.ª Sara Bahia.

A investigação que estou a realizar tem como objectivo conhecer os medos das

crianças e analisar as estratégias (cognitivas, emocionais e comportamentais) que

utilizam para lidar com estes- informação que será transmitida às crianças. Os

participantes terão entre os 6 e os 13 anos de idade, e será aplicado um questionário,

durante cerca de 30 minutos e realizada uma entrevista, com base na apresentação de

um conjunto de fotografias alusivas aos medos comuns na Infância. Esta será de cerca

de 30 minutos, gravada em formato áudio e eliminada após a finalização do estudo. No

total, a criança estará cerca de 60 minutos com o investigador.

Não são conhecidos riscos para a saúde ou bem-estar relacionados com a

participação no estudo. Porém, uma vez que esta colaboração é voluntária, a criança

poderá interrompê-la a qualquer momento. Caso não queira que o seu educando

participe no estudo, terá todo o direito em não permitir.

O anonimato do participante (o seu educando) será respeitado, não existindo

qualquer dado que o identifique. A informação recolhida será confidencial, sendo

apenas utlizada no presente estudo.

Caso pretenda obter informação acerca dos resultados da investigação, poderá

consegui-la após a entrega da Dissertação, que ficará integralmente disponível no

repositório da Universidade de Lisboa (repositorio.ul.pt/), ou solicitar um resumo dos

resultados globais (em linguagem não técnica), através do e-mail:

[email protected].

Autorizo

Não autorizo

Assinatura:_______________________________

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ANEXO 5

QUESTIONÁRIO

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Questionário sobre Medos na Infância

Data de Nascimento: __________ Naturalidade: ___________________

Sexo: F M Nº de Irmãos: _________

Ano de Escolaridade: ______ Estado Civil dos Pais: _____________

A. O que é para mim ter Medo?

__________________________________________________________________________

B. Dos seguintes tipos de Medos, assinale a frequência com que sente cada um deles:

1. Medo de Barulhos Intensos

2. Medo de Estranhos/Desconhecidos

3. Medo de Alturas

4. Medo de se Magoar/Feridas

5. Medo de Animais

6. Medo do Escuro

7. Medo da Ausência dos Pais

8. Medo de Objectos/Máquinas grandes

9. Medo de Máscaras

10. Medo de Pessoas “más”

11. Medo de Bruxas/Monstros/Fantasmas

12. Medo de Catástrofes Naturais

13. Medo de Guerras

14. Medo de Ficar/Estar Sozinho

15. Medo do Futuro

16. Medo do Sobrenatural

17. Medo das Notícias dos Media

18. Medo de Doenças/Acidentes

19. Medo de Testes/Exames

20. Medo de Notas e Resultados escolares

21. Medo da Aparência física

22. Medo da Morte

23. Medo da Separação dos Pais

24. Medo de Falhar/Errar

25. Medo de ser Rejeitado

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

Sim: ___ Não: ___ Às vezes: ___

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C. Tem algum tipo de medo que não tenha sido referido anteriormente? Se sim, qual?

_____________________________________________________________________________

D. Assinale o que PENSA, SENTE e FAZ em relação a cada uma das seguintes situações. Se

não tiver medo, imagine o que aconteceria.

1. Quando tenho medo de Barulhos Intensos:

2. Quando tenho medo de Estranhos/Desconhecidos:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

3. Quando tenho medo de Alturas:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

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4. Quando tenho medo de me Magoar/Feridas:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

5. Quando tenho medo de Animais:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

6. Quando tenho medo do Escuro:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

7. Quando tenho medo da Ausência dos Meus Pais:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

8. Quando tenho medo de Objectos/Máquinas grandes:

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Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

9. Quando tenho medo de Máscaras:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

10. Quando tenho medo de “Pessoas Más”:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

11. Quando tenho medo de Bruxas, Monstros ou Fantasmas:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

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12. Quando tenho medo de Catástrofes Naturais:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

13. Quando tenho medo de Guerras:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

14. Quando tenho medo de Ficar/Estar Sozinho:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

15. Quando tenho medo do Futuro:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

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16. Quando tenho medo do Sobrenatural:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

17. Quando tenho medo das Notícias dos Media:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

18. Quando tenho medo das Doenças/Acidentes:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

19. Quando tenho medo dos Testes/Exames:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

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20. Quando tenho medo das Notas e Resultados escolares:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

21. Quando tenho medo da minha Aparência física:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

22. Quando tenho medo da Morte:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

23. Quando tenho medo da Separação dos meus Pais:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

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24. Quando tenho medo de Falhar/Errar:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

25. Quando tenho medo de ser Rejeitado:

Penso Sinto-me Faço

Não sou o único que tem medo Irritado Choro

Ainda sou pequenino Nervoso Grito

É só desta vez Triste Escondo-me

Não me vai acontecer nada Maldisposto Tento não pensar nisso

Sou piegas e maricas Envergonhado Procuro os pais/outra pessoa

Não devia ter este medo Inseguro Lembro-me de coisas boas

Os outros vão gozar comigo Angustiado Confronto-me com o medo

A minha vida vai acabar Ansioso Tento perceber porque é que tenho medo

Obrigada pela participação!

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74

ANEXO 6

GUIÃO DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

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75

Objectivos específicos Tópicos acerca das questões

Início

- Apresentação do entrevistador/entrevistado

- Estabelecimento da relação

- Motivar o entrevistado

- Informações acerca das linhas gerais do trabalho e o objectivo do estudo

- Pedir para gravar a entrevista

- Garantir a confidencialidade e o anonimato da informação recolhida

Desenvolvimento

- Analisar as reacções comportamentais e emocionais

da criança perante a exposição a situações

potencialmente causadoras de medo (fotografias).

- Identificar o maior medo da criança explorando as

razões e os motivos que estão associados.

- Percepção e compreensão da imagem - O que vês na fotografia? O que é que ela

representa?

- Avaliação do medo perante a exposição - Sentes medo quando olhas para a

fotografia? Imagina-te naquela situação.

- Compreender a formação e desenvolvimento do medo - Porque é que achas que tens

esse medo? O que te poderia acontecer se tivesses que enfrentar essa situação?

- Hierarquização dos medos - Qual é o teu maior medo? E a seguir?

Fim

- Finalização da entrevista

- Agradecimento

- Despedida

Aviso de conclusão

Exploração de outros aspectos que a criança considere importantes – Há mais

alguma coisa que me queiras dizer sobre os teus medos?

Agradecimento pela disponibilidade e participação

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ANEXO 7

GRELHA DE OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL

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Entrevista

(Para cada uma das fotografias apresentadas):

1. O que é que vê na fotografia? O que é que ela representa?

2. Sente medo quando olha para a fotografia?

3. Porque é que acha que tem esse medo? O que lhe aconteceria se tivesse que enfrentar essa

situação?

4. Ordene os seus medos, começando pelo maior.

Observação dos comportamentos

1

2

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

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78

3

4

5

6

7

8

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

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79

9

10

11

12

13

14

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

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80

15

16

17

18

19

20

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

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81

21

22

23

24

25

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

Risos Lento Nervoso Gozo Tremer

Choro Rápido Agitado Exclamações Evitar

Expressões

faciais Incompreensão Tiques Comentários

Tapar a

cara

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ANEXO 8

Caracterização das variáveis contextuais das duas Amostras

ANEXO 8.1

Distribuição quantitativa dos medos em crianças não sobredotadas por Género

ANEXO 8.2

Distribuição quantitativa dos medos em crianças sobredotadas por Género

ANEXO 8.3

Distribuição dos medos de crianças não sobredotadas em função do Estado Civil dos pais

ANEXO 8.4

Distribuição dos medos de crianças sobredotadas em função do Estado Civil dos pais

Nº min de Medos Nº max. de Medos Média

Feminino 7 18 11 Medos

Masculino 4 16 10 Medos

Nº min de Medos Nº max. de Medos Média

Feminino 9 19 13 Medos

Masculino 6 25 11 Medos

Nº médio de Medos

Casados 11

Divorciados 8

Nº médio de Medos

Casados 11

Divorciados 14

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ANEXO 8.5

Distribuição dos medos de crianças não sobredotadas em função do Número de Irmãos

ANEXO 8.6

Distribuição dos medos de crianças sobredotadas em função do Número de Irmãos

Nº de irmãos Nº médio de Medos

0 (filho único) 0

1 10

2 12

3 6

4 13

Nº de irmãos Nº médio de Medos

0 (filho único) 11

1 14

2 10

3 6

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ANEXO 9

Definição de medo em crianças sem diagnóstico de sobredotação

O que é para mim ter medo? Género Idade

É estar assustado com alguma coisa Masculino 6 Anos

Recear que me castiguem Feminino 6 Anos

Ter medo de uma coisa que não gosto mesmo nada Feminino 7 Anos

É fugir de alguma coisa Masculino 8 Anos

É assustar-me com qualquer coisa específica e não gostar de a ver Masculino 9 Anos

É quando não se gosta de alguma coisa Feminino 9 Anos

É sentir algo dentro de nós Feminino 11 Anos

É recear algo que me possa fazer mal Masculino 12 Anos

É ficar assustado com alguma coisa Masculino 12 Anos

Algo que não queremos fazer Masculino 12 Anos

É ficar assustado com alguma coisa e confrontar a situação Masculino 13 Anos

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ANEXO 10

Distribuição dos medos de crianças não sobredotadas por idades

Idade Nº de

Medos Tipo de Medos Outros

6

Barulhos, Estranhos, Alturas, Magoar/Feridas,

Animais, Escuro, Ausência dos Pais,

Objectos/Máquinas Grandes, Pessoas más, Bruxas,

Monstros e Fantasmas, Catástrofes Naturais,

Guerras, Ficar/Estar sozinho, Futuro, Notícias dos

Meia, Doenças e Acidentes, Aparência Física,

Morte, Separação dos pais, Falhar/Errar, Rejeição.

Perder-se

7

Estranhos/Desconhecidos, Ausência dos Pais,

Pessoas más, Guerras, Ficar/Estar sozinho, Doenças

e Acidentes, Testes e Exames, Aparência Física,

Morte

8

Barulhos, Pessoas Más, Catástrofes Naturais,

Guerras

9

Estranhos, Alturas, Magoar/Feridas, Animais,

Pessoas más, Catástrofes naturais, Ficas/Estar

sozinho, Guerras, Sobrenatural, Doenças e

Acidentes, Morte, Separação dos pais, Falhar/Errar,

Rejeição

11

Barulhos, Estranhos/Desconhecidos, Pessoas más,

Catástrofes Naturais, Guerras, Morte, Separação dos

pais, Falhar/Errar, Rejeição

12

Barulhos, Estranhos/Desconhecidos, Ausência dos

pais, Máscaras, Pessoas más, Catástrofes naturais,

Guerras, Futuro, Noticias dos Media,

Doenças/Acidentes, Testes/Exames, Notas e

Resultados escolares, Morte, Separação dos Pais,

Falhar/Errar, Rejeição

13

Barulhos intensos, Estranhos/desconhecidos,

Animais, Pessoas más, Catástrofes Naturais,

Teste/Exames, Morte, Separação dos pais,

Falhar/Errar, Rejeição

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ANEXO 11

Frequência do tipo de medos de ambas as Amostra

Sobredotados Não Sobredotados

SIM AV Total SIM AV Total

Freq. % Freq. % Freq. % Freq. % Freq. % Freq. %

Barulhos Intensos 2 18% 3 27% 5 45% 0 0% 6 55% 6 55%

Estranhos/Desconhecidos 1 9% 5 45% 6 55% 4 36% 5 45% 9 81%

Alturas 2 18% 2 18% 4 36% 2 18% 0 0% 2 18%

Magoar/Feridas 1 9% 4 36% 5 45% 2 18% 0 0% 2 18%

Animais 2 18% 2 18% 4 36% 1 9% 3 27% 4 36%

Escuro 1 9% 3 27% 4 36% 0 0% 0 0% 0 0%

Ausência dos Pais 0 0% 6 55% 6 55% 3 27% 1 9% 4 36%

Objectos Grandes 1 9% 1 9% 2 18% 1 9% 0 0% 1 9%

Máscaras 0 0% 1 9% 1 9% 0 0% 1 9% 1 9%

Pessoas más 5 45% 5 45% 10 91% 5 45% 4 36% 9 81%

Bruxas, Monstros e

Fantasmas

0 0% 3 27% 3 27% 1 9% 0 0% 1 9%

Catástrofes Naturais 5 45% 0 0% 5 45% 4 36% 5 45% 9 81%

Guerras 2 18% 6 55% 8 73% 4 36% 3 27% 7 64%

Ficar/Estar sozinho 2 18% 4 36% 6 55% 1 9% 3 27% 4 36%

Futuro 1 9% 2 18% 3 27% 2 18% 1 9% 3 27%

Sobrenatural 1 9% 1 9% 2 18% 0 0% 1 9% 1 9%

Noticias dos Media 1 9% 1 9% 2 18% 2 18% 4 36% 6 55%

Doenças e Acidentes 1 9% 6 55% 7 64% 7 64% 1 9% 8 73%

Testes/Exames 0 9% 3 27% 3 27% 1 9% 3 27% 4 36%

Notas/resultados

escolares

2 18% 1 9% 3 27% 0 0% 2 18% 2 18%

Aparência Física 1 9% 3 27% 3 27% 1 9% 2 18% 3 27%

Morte 6 55% 0 0% 6 55% 8 73% 1 9% 9 81%

Separação dos Pais 3 27% 1 9% 4 36% 8 73% 0 0% 8 73%

Falhar/Errar 0 0% 4 36% 4 36% 4 36% 2 18% 6 55%

Rejeição 1 9% 4 36% 5 45% 2 18% 5 45% 7 64%

Total 111 116

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87

ANEXO 12

Comparação entre a percepção dos estímulos em crianças sobredotadas

ANEXO 12.1

Respostas atribuídas por criança sobredotada de 13 anos em cada um dos 25 medos (S= Sim; N= Não)

Estranhos Escuro Ausência dos pais Solidão Falhar Rejeição

Questionário S S N S S S

Exposição N N S N N N

ANEXO 12.2

Respostas atribuídas por criança sobredotada de 7 anos em cada um dos 25 medos (S= Sim; N= Não)

Barulhos Estranhos Animais Fantasmas Futuro Noticias Doenças Testes

Questionário S S N S S S S S

Exposição N N S N N N N N

ANEXO 12.3

Respostas atribuídas por criança sobredotada de 12 anos em cada um dos 25 medos (S= Sim; N= Não)

ANEXO 12.4

Respostas atribuídas por criança sobredotada de 9 anos em cada um dos 25 medos (S= Sim; N= Não)

Barulhos Ausência dos pais Catástrofes Guerras

Questionário S S N N

Exposição N N S S

Animais Pessoas más Aparência Falhar

Questionário N N N S

Exposição S S S N

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88

ANEXO 12.5

Respostas atribuídas por criança sobredotada de 12 anos em cada um dos 25 medos (S= Sim; N= Não)

ANEXO 12.6

Respostas atribuídas por criança sobredotada de 6 anos em cada um dos 25 medos (S= Sim; N= Não)

ANEXO 12.7

Respostas atribuídas por criança sobredotada de 6 anos em cada um dos 25 medos (S= Sim; N= Não)

ANEXO 12.8

Respostas atribuídas por criança sobredotada de 12 anos em cada um dos 25 medos (S= Sim; N= Não)

Estranhos Alturas Feridas Catástrofes Sobrenatural Doenças Falhar

Questionário S N N N S S S

Exposição N S S S N N N

Alturas Ausência dos Pais Bruxas Catástrofes Futuro Falhar

Questionário N S S N S S

Exposição S N N S N N

Estranhos Pessoas

más Guerras Doenças Notas Morte Separação Rejeição

Questionário S S S S S S S S

Exposição N N N N N N N N

Pessoas más Catástrofes Guerras Doenças Notas

Questionário S S S S S

Exposição N N N N N

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89

ANEXO 12.9

Respostas atribuídas por criança sobredotada de 11 anos em cada um dos 25 medos (S= Sim; N= Não)

ANEXO 12.10

Respostas atribuídas por criança sobredotada de 8 anos em cada um dos 25 medos

ANEXO 12.11

Respostas atribuídas por criança sobredotada de 9 anos em cada um dos 25 medos

Magoar

Ausência dos

Pais

Pessoas

más Catástrofes Guerra Futuro Noticias Doenças

Questionário S S S S S S N N

Exposição N N N N N N S S

Barulhos Aparência Morte

Questionário S N S

Exposição N S N

Alturas Animais Futuro Sobrenatural Falhar

Questionário S S S S N

Exposição N N N N S

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90

ANEXO 13

Dados relativos às estratégias adoptadas por crianças sobredotadas em cada Medo

1) Barulhos Intensos

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 2 Irritado 1 Esconder-se 1

É só desta vez 2 Nervoso 6 Tentar não pensar nisso 4

Não me vai acontecer nada 5 Inseguro 4 Procurar os pais 3

Não devia ter este medo 3 Angustiado 1 Lembrar-se de coisas boas 3

Os outros vão gozar 1 Ansioso 2 Confrontar-se com o medo 2

Tentar perceber porque tem medo 3

Outros

O que terá causado o barulho?

Estou perante uma tragédia Grego-Romana

É simultâneo a músicas assustadoras

Outros

Atento

Furioso

Outros

Procuro acalmar-me

2) Estranhos/Desconhecidos

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 5 Nervoso 5 Esconder-se 1

É só desta vez 2 Maldisposto 1 Tentar perceber porque tem medo 1

Não me vai acontecer nada 1 Ansioso 1 Procurar os pais 5

Ainda sou pequenino 1 Inseguro 3 Tentar não pensar nisso 2

Triste 4 Choro 1

Gritos 1

Lembrar-se de coisas boas 1

Outros

Corro Riscos

Alguém me vai apanhar

Podem-me fazer mal

Podem-me raptar por não terem filhos

Estou sozinho no mundo

Outros

Assustado

Outros

Fico a olhar fixo para o Estranho

Mordo para me largar

Luto para poder ficar no final com

os pais

Vou-me embora

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3) Alturas

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não me vai acontecer nada 5 Ansioso 2 Tentar não pensar nisso 4

Não devia ter este medo 3 Maldisposto 2 Lembrar-se de coisas boas 4

Não sou o único que tem medo 2 Nervoso 2 Confrontar-se com o medo 1

A minha vida vai acabar 3 Inseguro 3 Procurar os pais 1

Angustiado 1

Assustado 2

Triste 1

Outros

Posso cair e magoar-me

Consequências mais graves

Outros

Saio do sítio alto

Fugir do sítio

Fico parado no sítio

Tento afastar-me

Fecho os olhos e agarro-me ao que posso

4) Magoar-se/Feridas

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não devia ter este medo 3 Irritado 2 Tento não pensar nisso 5

Não sou o único que tem medo 2 Inseguro 4 Lembro-me de coisas boas 3

Não me vai acontecer nada 2 Angustiado 1 Chorar 2

É só desta vez 1 Nervoso 2 Grito 1

Ainda sou pequenino 2 Maldisposto 2 Tento perceber porque tenho medo 1

Outros

É só uma ferida, não é grave.

Pode ser grave

Não posso queixar-me se não for grave

Outros

Magoado

Seguro

Assustado

Outros

Sou verdadeiro e queixo-me

Chamo os socorros

5) Animais

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 2 Angustiado 1 Escondo-me 3

A minha vida vai acabar 1 Ansioso 3 Tento não pensar nisso 3

Ainda sou pequenino 1 Nervoso 5 Tento perceber porque tenho medo 3

Sou piegas e maricas 1 Inseguro 2 Lembro-me de coisas boas 1

É só desta vez 1 Procuro os pais 1

Não devia ter este medo 3

Não me vai acontecer nada 3

Outros

Podem-me comer

Conheço alguns que me podem

atacar

Estou em perigo

Devia chamar o tratador ou a polícia

É só um animal

Tenho mais medo se for grande o

animal

Outros

Assustado

Receoso

Calmo

Intimidado

Outros

Fujo

Aproximo-me do animal e torno-

me amigo dele e assim ele não me

ataca

Vou-me embora

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92

6) Escuro

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 4 Nervoso 6 Escondo-me 3

A minha vida vai acabar 1 Inseguro 6 Tento não pensar nisso 3

Não devia ter este medo 2 Maldisposto 1 Grito 1

Não me vai acontecer nada 5 Envergonhado 1 Lembro-me de coisas boas 3

Os outros vão gozar comigo 1 Irritado 1 Procuro os pais 3

Triste 1 Confronto-me com o medo 2

Choro 2

Outros

Não existe nada que me possa fazer

mal

Tenho que desaparecer

Posso cair e fazer feridas porque não

vejo nada

Pode aparecer um ladrão que me

roube a mim ou aos pais

Podem aparecer fantasmas que me

façam mal

Outros

Alerta

Confuso

Tranquilo

Assustado

Outros

Acender uma luz

Saio da situação

Fecho os olhos

Procuro um sítio com luz

Renovava as lâmpadas para não

falharem

7) Ausência dos pais

Pensamentos Emoções Comportamentos

A minha vida vai acabar 1 Nervoso 5 Escondo-me 1

Não devia ter este medo 1 Inseguro 3 Tento não pensar nisso 5

Não me vai acontecer nada 2 Irritado 2 Lembro-me de coisas boas 2

Os outros vão gozar comigo 1 Ansioso 1 Procuro os pais 3

É só desta vez 2 Choro 2

Ainda sou pequenino 1

Outros

Vou ter que ficar com outra pessoa

Posso ficar sozinho

Posso ser roubado

Pode-me acontecer algo mau

Já sou grande e por isso já posso

estar mais vezes sozinho. Isso para

mim não é bom

É mau exemplo para os filhos deixá-

los

Hão-de aparecer

Devem estar quase a chegar, não

tenho que me preocupar

Outros

Assustado

Isolado

Solidão

Outros

Peço ajuda a alguém

Fujo

Ver televisão

Procuro distrair-me

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8) Objectos/Máquinas Grandes

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não devia ter este medo 1 Irritado 2 Tento não pensar nisso 3

Não sou o único que tem medo 1 Inseguro 6 Lembro-me de coisas boas 2

Não me vai acontecer nada 3 Nervoso 4 Chorar 1

É só desta vez 1 Gritar 1

Ainda sou pequenino 1 Tento perceber porque tenho medo 2

A minha vida vai acabar 2 Confronto-me com o medo 1

Procuro os pais 2

Escondo-me 1

Outros

Tenho que sair da situação em que estou

Podem ser assustadores

Posso morrer

Sou retardado

Podem avariar-se e fazer-me mal

Podem estragar alguma parte do meu

corpo

Outros

Tonto (tonturas)

com o tamanho

Assustado

Outros

Continuo o que estava a fazer

Saio dali

Fujo

9) Máscaras

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não devia ter este medo 2 Irritado 1 Tento não pensar nisso 3

Não sou o único que tem medo 2 Inseguro 2 Lembro-me de coisas boas 3

Não me vai acontecer nada 4 Ansioso 2 Chorar 1

Sou piegas e maricas 2 Nervoso 6 Gritar 1

Os outros vão gozar comigo 1 Envergonhado 2 Tento perceber porque tenho medo 3

Triste 1 Confronto-me com o medo 1

Maldisposto 2 Escondo-me 2

Outros

É assustador

Pode ser uma criatura estranha

A pessoa que está por detrás pode ser má

Ando a ver muitos filmes de terror

Outros

Assustado

Receoso

Outros

Tento perceber o que está por detrás

Sou cauteloso

Peço para a pessoa tirar

Chamo pela minha professora

10) Pessoas más

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 1 Angustiado 1 Procuro os pais 6

Não me vai acontecer nada 4 Inseguro 7 Tento não pensar nisso 3

A minha vida vai acabar 3 Nervoso 4 Lembro-me de coisas boas 1

Ainda sou pequenino 1 Ansioso 1 Gritar 1

Triste 1 Choro 1

Maldisposto 2 Escondo-me 3

Outros

Vai acontecer-me algo

Tenho que encontrar os meus pais

Pode vir atras de mim e perseguir-me

Vou ser atacado

Podem-me roubar

Podem magoar-me

Outros

Alerta

Desconfiado

Solidão

Assustado

Outros

Afasto-me e disfarço

Não olho para elas

Mordo

Relativizo

Fujo e saio do sítio

Não dou importância

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11) Bruxas, Monstros, Fantasmas

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 1 Angustiado 2 Procuro os pais 1

Não me vai acontecer nada 7 Inseguro 4 Tento não pensar nisso 2

Ainda sou pequenino 1 Nervoso 4 Lembro-me de coisas boas 3

Sou piegas e maricas 1 Ansioso 2 Gritar 1

Não devia ter este medo 2 Triste 2 Choro 2

Envergonhado 1 Escondo-me 2

Confronto-me com o medo 1

Tento perceber porque tenho

medo

1

Outros

Não existem

Estão por todo o lado

Podem roubar-me para sempre

Não sei se existem ou não

Como sou carente preciso de acreditar

em algo irreal

Vai-me pôr zombie

Outros

Inquieto

Desconfiado

Calmo

Outros

Tenho pesadelos

Abro bem os olhos e estou atento

Fujo

Fico muito atento e percebo que

não tem mal

12) Catástrofes naturais

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 4 Maldisposto 1 Procuro os pais 1

Não me vai acontecer nada 4 Inseguro 4 Tento não pensar nisso 4

Não devia ter este medo 1 Nervoso 3 Lembro-me de coisas boas 4

É só desta vez 1 Ansioso 1 Confronto-me com o medo 1

A minha vida vai acabar 1 Triste 2

Outros

Tenho uma casa por isso não me

acontece nada de mal

Posso desmaiar durante 27 semanas

O ser humano é inútil perante a

natureza

Pode acontecer de forma imprevisível

Posso magoar-me assim como muitas

pessoas

Outros

Tranquilo

Inútil

Assustado

Outros

Preparo-me para a catástrofe

Continuo o que estava a fazer

Fujo

Tomo precauções com

mantimentos

Convenço em que é improvável

acontecer

Vou para um sítio com pouca

água

Escondo-me

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13) Guerras

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 1 Irritado 2 Tento não pensar nisso 4

Não me vai acontecer nada 4 Inseguro 2 Lembro-me de coisas boas 5

A minha vida vai acabar 3 Nervoso 5 Confronto-me com o medo 2

Ansioso 3 Escondo-me 2

Triste 1 Tento perceber porque tenho medo 1

Maldisposto 1

Envergonhado 1

Outros

Se a guerra for comigo não ligo

A minha família vai desaparecer

Posso morrer

As pessoas não valem nada

É só por ganância que existem as

guerras

Era melhor acabar com a guerra, as

pessoas estão a proceder mal

As guerras a sério existem noutros

países

Em Portugal não há guerras

Outros

Assustado

Calmo

Sossegado

Outros

Tento estar seguro no local

Saio de ao pé da guerra

Rezo e desejo que não aconteça

Lutava

Fujo

14) Ficar/Estar sozinho

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 1 Maldisposto 1 Tento não pensar nisso 4

Não me vai acontecer nada 5 Inseguro 3 Lembro-me de coisas boas 1

É só desta vez 3 Nervoso 5 Choro 2

A minha vida vai acabar 1 Ansioso 1 Procuro os pais 4

Ainda sou pequenino 1 Triste 2 Escondo-me 1

Os outros vão gozar comigo 1 Irritado 2

Envergonhado 1

Outros

Podem estranhos fazer-me mal

Posso não saber onde está o

radio para comunicar com o pai

Pode vir alguém e fazer-me mal

Há-de chegar alguém para me

atacar. Digiro-me para a casa de

banho

Outros

Assustado

Alerta

Solidão

Esquisito

Outros

Chamar alguém conhecido

Peço a alguém que fique comigo

Torno-me mais agressivo

Corro

Continuo o que estou a fazer

Desvalorizo a situação

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15) Futuro

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 1 Maldisposto 1 Tento não pensar nisso 4

Não me vai acontecer nada 5 Inseguro 2 Lembro-me de coisas boas 4

Não devia ter este medo 2 Nervoso 2 Choro 1

A minha vida vai acabar 1 Ansioso 2 Procuro os pais 1

Ainda sou pequenino 1 Triste 3 Confronto-me com o medo 3

Grito 1

Tento perceber porque tenho medo 1

Outros

Podem acontecer coisas más

Podem existir coisas más

Posso morrer muito novo

Posso-me confrontar com o

meu passado ou com a pessoa

horrível que me posso tornar

A vida pode correr mal

Um dia de cada vez

Não consigo alcançar os meus

objectivos

Outros

Cansado

Arrependido

Calmo

Sossegado

Outros

Espero que o medo passe

Vivo o momento presente

Vou ter com amigos de infância que

me conhecem melhor

Concentro-me nas minhas coisas

16) Sobrenatural

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 2 Maldisposto 3 Tento não pensar nisso 8

Não me vai acontecer nada 4 Inseguro 4 Lembro-me de coisas boas 3

Não devia ter este medo 3 Nervoso 4 Escondo-me 1

É só desta vez 1 Ansioso 2 Grito 1

A minha vida vai acabar 1 Irritado 1 Tento perceber porque tenho medo 3

Ainda sou pequenino 1 Angustiado 1

Os outros vão gozar comigo 1

Outros

Não é verdade

Pode ser mau porque eu não

conheço

É criação mental das pessoas,

mas pode não ser mau

São mitos

Outros

Estranho

Calma

Tranquilo

Outros

Continuo a fazer o que estava a fazer

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17) Noticias dos Media

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 2 Maldisposto 2 Tento não pensar nisso 3

Não me vai acontecer nada 6 Triste 1 Lembro-me de coisas boas 7

Não devia ter este medo 2 Nervoso 2 Escondo-me

É só desta vez 2 Ansioso 1 Choro 1

Angustiado 2

Irritado 1

Outros

Exageram normalmente

Há muita ficção à mistura

Podia ficar com pessoas más se

algo acontecesse

As pessoas podem morrer

Só acontecem desgraças onde

eu vivo

Outros

Calmo

Incapaz

Outros

Vou ver desenhos animados

Mudo de canal no que é mau

Observo a evolução da espécie

humana e vejo no que é que se pode

melhorar

Desligo a TV ou mudo de canal

18) Doenças e Acidentes

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 3 Nervoso 2 Choro 1

Ainda sou pequenino 2 Triste 2 Tento não pensar nisso 6

É só desta vez 1 Maldisposto 2 Procuro os pais 1

Não me vai acontecer nada 2 Inseguro 4 Lembro-me de coisas boas 4

A minha vida vai acabar 1 Angustiado 3 Confronto-me com o medo 2

Ansioso 1

Outros

Depende da doença

Se for com os outros faz-me mais

pena

Posso desmaiar ou adormecer para

sempre

Tenho que me comportar de forma

ética

Outros

Solidão

Inquieto

Outros

Tenho precaução com essas coisas

Estou atento aos avisos dos mais

velhos

Concentro-me no que estou a fazer

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19) Testes e Exames

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 2 Irritado 1 Choro 1

Ainda sou pequenino 1 Nervoso 4 Tento não pensar nisso 3

É só desta vez 1 Triste 1 Lembro-me de coisas boas 2

Não me vai acontecer nada 4 Envergonhado 1 Confronto-me com o medo 1

Sou piegas e maricas 1 Inseguro 2 Tento perceber porque tenho medo 1

Não devia ter este medo 1 Angustiado 1

Os outros vão gozar comigo 1 Ansioso 1

Outros

Pode correr mal

Normalmente tenho a primeira

parte certa e os últimos testes

estavam bons

É óptimo

É só para testar o que se sabe

Vai ser fácil

Posso chumbar

Posso ter má nota

Posso ser castigado

Outros

Calmo

Contente

Em pânico

Outros

Faço o teste até ao fim

Vejo o lado dos professores

Estudo

Caso não saiba passo à frente

Tento ser melhor

20) Notas e resultados escolares

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 3 Irritado 1 Choro 1

Ainda sou pequenino 1 Nervoso 4 Tento não pensar nisso 7

É só desta vez 3 Triste 2 Lembro-me de coisas boas 4

Não me vai acontecer nada 5 Envergonhado 1 Confronto-me com o medo 1

Sou piegas e maricas 1 Inseguro 3 Tento perceber porque tenho medo 2

Não devia ter este medo 2 Angustiado 1

Os outros vão gozar comigo 1 Ansioso 4

A minha vida vai acabar 1

Outros

Não devo chumbar

Não posso ser preguiçoso

Não me vai afectar porque os

outros vão ser melhores

Os pais vão-se desiludir

Posso ter más notas

Outros

Enjoado

Calmo

Seguro

Outros

Isolo-me a estudar

Estou atento nas aulas

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21) Aparência física

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 2 Irritado 2 Tento não pensar nisso 5

Ainda sou pequenino 1 Nervoso 3 Procuro os pais 1

É só desta vez 1 Triste 3 Lembro-me de coisas boas 2

Não me vai acontecer nada 2 Maldisposto 1 Confronto-me com o medo 1

Não devia ter este medo 3 Envergonhado 2 Tento perceber porque tenho medo 1

Os outros vão gozar comigo 2 Inseguro 2

Ansioso 1

Outros

Acontece muitas vezes gozarem

comigo; é algo feio, mau que

ninguém gosta

Posso ser comentado

Gozarem é estupido e mau

Quem se compara a mim é

parvo e eu sou lindo

Cada um nasceu como nasceu

Podem dizer coisas más de mim

Outros

Solidão

Humilhado

Calmo

Outros

Respondo quando gozam comigo

Não ligo

Ignoro

22) Morte

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 5 Nervoso 6 Choro 1

Não me vai acontecer nada 2 Triste 1 Tento não pensar nisso 7

Não devia ter este medo 1 Maldisposto 1 Procuro os pais 2

A minha vida vai acabar 3 Envergonhado 1 Lembro-me de coisas boas 5

Inseguro 2 Confronto-me com o medo 1

Angustiado 1 Tento perceber porque tenho medo 1

Ansioso 3

Outros

Morte dos outros

Não sei para onde vou a seguir

à vida

Não quero morrer novo

É natural

Vou para o céu e vou ser santo

O tempo ajuda-me a esquecer e

a habituar-me

Ainda falta muito

É algo natural na vida

Outros

Deprimido

Tranquilo

Outros

Saio dali

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23) Separação dos Pais

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 2 Nervoso 4 Tento não pensar nisso 6

Não me vai acontecer nada 6 Triste 6 Procuro os pais 1

Não devia ter este medo 2 Maldisposto 1 Lembro-me de coisas boas 4

Ainda sou pequenino 1 Irritado 1 Confronto-me com o medo 2

Inseguro 2 Tento perceber porque tenho medo 1

Ansioso 1

Outros

Os pais gostam muito um do

outro, vão continuar a ser

amigos

É o melhor para os pais

Posso ficar sem pais nem casa e

ter que ir para um orfanato

Vou ser abandonado

Os pais são pessoas sensatas

que iriam dividir a custódia

Outros

Revoltado

Outros

Tento acalmar as discussões

Aceito

Tento que eles fiquem juntos

24) Falhar/Errar

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 6 Nervoso 3 Tento não pensar nisso 5

Não me vai acontecer nada 2 Triste 2 Procuro os pais 2

Não devia ter este medo 3 Angustiado 1 Lembro-me de coisas boas 2

Ainda sou pequenino 1 Irritado 1 Confronto-me com o medo 1

Envergonhado 1 Tento perceber porque tenho medo 2

Ansioso 2 Grito 1

Inseguro 1

Outros

Podem acontecer-me coisas más

Errar é humano

Muitas coisas foram descobertas

quando as pessoas erraram

Vou ser gozado

Outros

Assustado

Tranquilo

Inútil

Outros

Sou cauteloso e penso primeiro

Corrijo-me

Torno-me agressivo

Aprendo para não voltar a errar

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101

25) Ser Rejeitado

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não sou o único que tem medo 3 Nervoso 3 Tento não pensar nisso 5

Não me vai acontecer nada 6 Triste 4 Procuro os pais 5

Não devia ter este medo 2 Angustiado 1 Lembro-me de coisas boas 3

Ainda sou pequenino 1 Irritado 1 Confronto-me com o medo 1

Os outros vão gozar comigo 1 Maldisposto 3 Escondo-me 1

É só desta vez 2 Inseguro 4

Outros

Se as pessoas não valem nada, eu

não me importo

Há pessoas que gostam de mim

Acontece muito, já não tenho

amigos

Outros Esperançoso

Conformado

Feliz

Zangado

Outros

Conto com os meus amigos

Tento arranjar outras amizades

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102

ANEXO 14

Frequências relativas às estratégias adoptadas por crianças não sobredotadas em todos

os medos

Pensamentos Emoções Comportamentos

Não me vai acontecer nada 104 Nervoso 43 Tento não pensar nisso 92

Não devia ter este medo 14 Triste 41 Lembro-me de coisas boas 28

Não sou o único que tem medo 11 Inseguro 24 Procuro os pais/outra pessoa 25

A minha vida vai acabar 7 Ansioso 17 Tento perceber porque tenho medo 16

Ainda sou pequenino 5 Maldisposto 8 Confronto-me com o medo 11

Os outros vão gozar comigo 4 Irritado 5 Grito 6

É só desta vez 3 Angustiado 3 Choro 5

Sou piegas e maricas 2 Envergonhado 3 Escondo-me 5