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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO CURSO DE FOTOGRAFIA TECNOLOGIA TRABALHO DE CONCLUSÃO II BIANCA DICKEL CAMPANHER IMAGEM PARA AS MÃOS: TRANSFORMANDO FOTOGRAFIA EM MAQUETE TÁTIL CAXIAS DO SUL 2016

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE FOTOGRAFIA – TECNOLOGIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO II

BIANCA DICKEL CAMPANHER

IMAGEM PARA AS MÃOS: TRANSFORMANDO FOTOGRAFIA EM MAQUETE

TÁTIL

CAXIAS DO SUL

2016

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BIANCA DICKEL CAMPANHER

IMAGEM PARA AS MÃOS: TRANSFORMANDO FOTOGRAFIA EM MAQUETE

TÁTIL

Trabalho de Conclusão – TCC do Curso

Fotografia – Tecnologia da Universidade

de Caxias do Sul – UCS, apresentado

como requisito básico para obtenção de

Grau de Tecnólogo em Fotografia.

Orientadora: Prof. Ma. Myra Adam de

Oliveira Gonçalves

CAXIAS DO SUL

2016

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BIANCA DICKEL CAMPANHER

IMAGEM PARA AS MÃOS: TRANSFORMANDO FOTOGRAFIA EM MAQUETE

TÁTIL

Trabalho de Conclusão – TCC do Curso

Fotografia – Tecnologia da Universidade

de Caxias do Sul – UCS, apresentado

como requisito básico para obtenção de

Grau de Tecnólogo em Fotografia.

Orientadora: Prof. Me. Myra Adam de

Oliveira Gonçalves

Aprovada em ___/___/ 2016.

Banca Examinadora

________________________________________

Prof. Me. Myra Adam de Oliveira Gonçalves

Universidade de Caxias do Sul

________________________________________

Prof. Me. Edson Luiz Scain Corrêa

Universidade de Caxias do Sul

________________________________________

Prof. Dra. Silvana Boone

Universidade de Caxias do Sul

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AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer, primeiramente, ao diretor do Instituto Memória

Histórica e Cultural, Anthony Beux Tessari, e ao fotógrafo Aldo Toniazzo por me

disponibilizarem e aceitarem o uso do acervo fotográfico para realizar este trabalho,

e por disponibilizarem um local onde será exposta a maquete tátil junto à fotografia

original.

A minha orientadora, Prof. Me. Myra Adam de Oliveira Gonçalves, por me

ensinar tanto e me fazer querer aprender muito mais sobre fotografia, por me

orientar durante o TCC, e por mostrar interesse no meu trabalho.

A todos os professores que me passaram os seus conhecimentos e me

ajudaram a crescer ao longo do curso.

Agradeço a todos os meus colegas de trabalho e amigos que me ajudaram ao

longo deste momento tirando minhas dúvidas e me fornecendo dicas para tornar o

meu trabalho melhor.

Ao Eduardo por me dar apoio e ter tanta paciência nesse momento importante

da minha vida e por ter sido meu ajudante diversas vezes durante a confecção da

maquete. Agradeço também à família dele por ter me disponibilizado a casa para

que eu pudesse conseguir produzir a maquete e por não terem se importado de eu

deixar uma bagunça enorme durante dois meses.

E agradeço também minha mãe e meu pai pela paciência, pelas dicas e pela

ajuda.

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“Para que servem todos os satélites de

observação se não sabemos mais olhar além

de nosso pequeno cotidiano visível?”

Evgen Bavcar

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo a transformação de fotografias

bidimensionais em maquetes táteis, a fim de estimular a percepção da fotografia

através de outros sentidos além da visão, ampliando e diversificando o público

visitante, com foco nos deficientes visuais, do acervo do Instituto Memória Histórica

e Cultural – IMHC pertencente à Universidade de Caxias do Sul. A maquete foi

produzida com materiais de fácil acesso encontrados normalmente em papelarias e

ficará exposta junto com a Mostra Fotográfica “Patrimônio Cultural e Sociedade

Sustentável” localizada no Bloco 46 da Universidade. A inclusão de métodos de

acessibilidade é essencial para oportunizar a experiência de visitação a um acervo e

aprofundar o conhecimento do patrimônio histórico e cultural da cidade de Caxias do

Sul e sua região.

Palavras-chave: Maquete tátil. Fotografia. Deficiência Visual. Acessibilidade.

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ABSTRACT

The present work aims the transformation of two-dimensional photographs into

physical, tactile models, with the intent to stimulate the perception of photography

through senses other than vision, amplifying and diversifying the audience, with a

focus on the vision impaired, of the collection of the Instituto Memória Histórica e

Cultural - IMHC, belonging to the University of Caxias do Sul. The model was

produced by the student with easy-to-access materials, usually found in brick-and-

mortar stores, and will be in exposition together with the Photography Exhibition

“Cultural Heritage and the Sustainable Society” at the Block 46 of the University. The

inclusion of accessibility methods is essential to provide the opportunity of the visiting

experience to a collection, and deepen the knowledge of the historical and cultural

heritage of the city of Caxias do Sul and its region.

Keywords: Tactile model. Photography. Vision impairment. Accessibility.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 9

2. PROJETOS EM FOTOGRAFIA AUTORAL ........................................................ 12

2.1 A FOTOGRAFIA EM PROJETOS PARA DEFICIENTES VISUAIS ................... 14

2.1.1 O que é deficiência visual? ...........................................................................14

2.1.2 Alguns apontamentos sobre inclusão ........................................................ 15

2.1.3 Projetos para pessoas com deficiência visual ........................................... 16

2.2 UMA EXPERIÊNCIA TÁTIL .................................................................................18

2.3 A MAQUETE .......................................................................................................19

3. FOTÓGRAFOS CEGOS ...................................................................................... 22

4. INSTITUTO MEMÓRIA HISTÓRICA E CULTURAL E O PROJETO ECIRS ...... 27

5. METODOLOGIA .................................................................................................. 33

5.1 A CONSTRUÇÃO DA MAQUETE: PASSO A PASSO ...................................... 34

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 44

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 46

FONTES CONSULTADAS ...................................................................................... 49

APÊNDICES ............................................................................................................. 51

APÊNDICE A – FOTOGRAFIA DA MAQUETE ........................................................ 52

APÊNDICE B - ESBOÇO DA CAIXA DE SUPORTE EM MADEIRA ....................... 53

APÊNDICE C - ESBOÇO DA CASA ........................................................................ 54

APÊNDICE D - ESBOÇO DA RODA D’ÁGUA ......................................................... 55

APÊNDICE E - ESBOÇO DA MAQUETE VISTA DE CIMA ..................................... 56

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APÊNDICE F - TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA A UTILIZAÇÃO DE IMAGEM

ASSINADO PELO FOTÓGRAFO ALDO TONIAZZO ............................................... 57

APÊNDICE G - TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA A UTILIZAÇÃO DE IMAGEM

ASSINADO PELO DIRETOR DO IMHC ANTHONY BEUX TESSARI .................... 58

APÊNDICE H - TERMO DE RESPONSABILIDADE ASSINADO PELO DIRETOR DO

IMHC ANTHONY BEUX TESSARI ........................................................................... 59

APÊNDICE I - TABELA DE GASTOS ...................................................................... 60

APÊNDICE J – CD CONTENDO O MAKING OF DA CONSTRUÇÃO DA MAQUETE

E AS FOTOGRAFIAS APRESENTADAS DURANTE O TRABALHO ...................... 61

APÊNDICE K – TCC 1 ............................................................................................. 62

ANEXOS .................................................................................................................. 77

ANEXO A - FOLDER DE DIVULGAÇÃO DO INSTITUTO MEMÓRIA HISTÓRIA E

CULTURAL ............................................................................................................... 78

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1. INTRODUÇÃO

Ao visitarmos um museu ou acervo, as obras em geral como pinturas,

fotografias e esculturas são, em sua maioria, orientadas a serem vistas de longe. O

toque e o manuseio são proibidos. A pintura pode ficar danificada, a escultura pode

perder sua forma original, a fotografia pode deteriorar-se. Um acervo histórico é

tratado com todo o cuidado em relação a este assunto. Os objetos pertencentes ao

acervo devem ser manuseados obrigatoriamente com luvas, sempre cuidando para

não se perder informações que podem ser únicas em nossa história. A fotografia,

completamente visual, deve ser vista sem ser tocada, para que não fiquem marcas

de digitais nelas. Como é possível a apresentação destas obras e acervos para

pessoas com deficiência visual, já que eles possuem os mesmo direitos que

qualquer outra pessoa, inclusive em âmbito cultural?

A proposta deste trabalho consiste em, como o próprio título diz, a

transformação da fotografia bidimensional, puramente visual, em maquete tátil, a fim

de disponibilizar o conhecimento da mesma por pessoas portadoras de baixa visão

ou cegueira. Diferentemente das obras citadas no parágrafo anterior, esta maquete

pode e deve ser manuseada com as mãos, sendo possível o reconhecimento dos

objetos representados através do tato e da textura, sem que haja a necessidade da

visão como fonte de informação.

A ideia para este projeto surgiu a partir da vontade de criar texturas táteis em

fotografias, sem o intuito da acessibilidade. Para acrescentar ao trabalho um

propósito com conteúdo, foi pensando em direcionar estas fotografias aos

deficientes visuais, acrescentando a inclusão como parte essencial do projeto. Por

ser estagiária do Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC) da Universidade de

Caxias do Sul (UCS), e estar em constante contato com o seu acervo fotográfico,

com a ajuda do Anthony Beux Tessari, diretor do IMHC, decidi utilizar uma das

fotografias pertencentes ao acervo como referência para a construção da maquete.

A fotografia utilizada é um registro de uma casa em sua maioria de madeira e

pedras, com uma roda d’água do lado e ambas rodeadas de vegetação, e ela

pertence à Mostra Fotográfica “Patrimônio Cultural e Sociedade Sustentável”.

O objetivo deste trabalho foi criar uma maquete tátil a partir da fotografia

escolhida que pudesse ser tocada tanto por deficientes visuais quanto por videntes e

que fosse possível o reconhecimento total do cenário através das formas e texturas

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dos objetos representados. Acredito que seja de grande importância a criação de um

projeto de acessibilidade e inclusão dentro do acervo para que seja possível a visita

de deficientes visuais a um ambiente tão rico de informações e cultura como é o

caso do IMHC.

Como metodologia, foi utilizada a pesquisa em internet, baseando-se no texto

de Yamaoka (2014) em que ela problematiza a pesquisa virtual e nos ajuda a fazer

escolhas. A partir disto foi possível encontrar artigos, sites e reportagens sobre

cartografia tátil, maquetes táteis e sonoras, documentários e projetos já aplicados

em âmbito nacional sobre maquetes táteis e deficientes visuais. Outro método,

usando Stumpf (2014) como base, foi a pesquisa bibliográfica, utilizando como

referências livros sobre deficiência visual, o direito dos deficientes, sobre a

construção da maquete convencional, entre outros. O método utilizado para a

construção da maquete em si, além da pesquisa em internet, a bibliográfica e a

pesquisa em arte, foi a experimentação, ou como é chamado por Zamboni (2012),

“método da desordem experimental”, ou seja, descobrindo por conta própria os

melhores materiais a serem utilizados. Como parte integrante do trabalho, foram

produzidos um passo a passo da construção da maquete tátil e um making of que

pode ser visto no CD localizado nos apêndices.

Para uma melhor funcionalidade deste trabalho, ele foi dividido em quatro

partes. No capítulo 2, “Projetos em Fotografia Autoral”, são descritas as etapas para

a realização de projetos autorais, é esclarecido qual o conceito de deficiência visual,

são apresentados fragmentos da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com

Deficiência, e são citados alguns projetos para pessoas com deficiência visual que já

foram aplicados e que foram utilizados como referência para a realização deste

trabalho. Ainda neste capítulo é citado o objetivo e o contexto de utilização da

Cartografia Tátil e qual foi a importância dela neste trabalho enquanto projeto, o que

é a maquete, e ainda pode ser visto a lista de materiais utilizados para a construção

da maquete tátil. No capítulo 3, intitulado “Fotógrafos Cegos”, são apresentados três

grandes fotógrafos com cegueira ou baixa visão presentes no documentário “Luz

Escura: A Arte dos Fotógrafos Cegos”, e o artista e filósofo esloveno Evgen Bavcar.

No quarto capítulo, é explicado o que é o Instituto Memória Histórica e Cultural,

acervo ao qual foi utilizada a fotografia como referência para a maquete tátil, quais

são os seus setores, e o que cada um deles tem a nos oferecer como conteúdo

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histórico. No quinto capítulo são explicadas as metodologias utilizadas neste

trabalho e, por último, o passo a passo detalhado da construção da maquete tátil.

Podemos concluir que através dos comentários e críticas dos colegas de

trabalho do IMHC e do próprio fotógrafo Aldo Toniazzo que, com um venda no rosto,

conseguiu identificar sem ajuda todos os elementos presentes, foi possível construir

uma maquete funcional, acreditando que isto só será realmente comprovado quando

forem realizadas visitas de pessoas com deficiência visual ao acervo. Esperamos

que este trabalho obtenha ótimos resultados e que possa ser aproveitado da

maneira como ele foi planejado.

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2. PROJETOS EM FOTOGRAFIA AUTORAL

A fotografia possui muitas vertentes, usos e funções, e em qualquer uma

delas, para o profissional conseguir se destacar e possuir um diferencial é

necessário um pouco de criatividade. Uma das vertentes existentes é a da fotografia

autoral, que acredito ser uma área que possui uma dualidade, na qual o projeto a ser

criado pode ser considerado mais fácil e agradável por ser elaborado totalmente ou

quase do ponto zero, ou em contrapartida, mais difícil e desafiador exatamente pelo

mesmo motivo citado. Logo, a realização de projetos autorais requer muita

criatividade, conhecimento e pesquisa em diversas áreas.

Não é raro ouvirmos que não existem ideias originais e inovadoras, que

atualmente tudo já foi criado por outra pessoa e estamos apenas transformando e

evoluindo conceitos já existentes. A fotografia autoral surge a partir da essência de

cada um, de nossa personalidade, nossas vivências, experiências, conhecimentos,

do nosso olhar observador ao meio em que vivemos e de tudo o que já foi

pesquisado por nós até o presente momento, e como é dito por Fox e Caruana,

a pesquisa e a exploração são elementos fundamentais da prática do fotógrafo. Juntas, elas compõem o processo de realização dos projetos fotográficos. Os fotógrafos podem fazer suas pesquisas de muitas maneiras diferentes, mas, essencialmente, desenvolvem uma obra fotográfica pelo conhecimento adquirido ao explorar o meio: pesquisando narrativas e teorias da fotografia, observando o mundo, lendo e ouvindo, participando de debates, reflexão crítica, e inúmeras outras atividades (2013, p.6).

Segundo Fox e Caruana (2013), os passos para a realização de projetos

autorais são divididos em etapas. O primeiro passo, o planejamento, consiste em

pesquisar o contexto do assunto, suas teorias e os motivos pelo qual o projeto está

sendo criado. É importante também elaborar um cronograma de atividades e um

orçamento para tornar o trabalho mais concreto e aplicável. O segundo passo é o

desenvolvimento de ideias por meio de pesquisas. A pesquisa não só é possível ser

realizada em arquivos pessoais como livros, revistas, fotografias e também em

bibliotecas, museus, internet, como em tantos outros lugares como o jornal local do

dia, as redes sociais, uma conversa com o vizinho, uma palestra, um filme, uma

música, uma coreografia. Segundo Fox e Caruana, “Todas as séries fotográficas são

concretizadas como base em pesquisas – da pesquisa acadêmica a captar uma

conversa ouvida no ônibus” (2013, p.11). O terceiro passo é a prática fotográfica

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como pesquisa. Muitas vezes imaginamos e elaboramos uma ideia durante muito

tempo em nosso imaginário e só vamos descobrir que existem barreiras práticas na

hora de testar o projeto. A maquete tátil criada, que será apresentada em um

capítulo posteriormente, é um bom exemplo a ser citado, pois, como não era de meu

total conhecimento todos os materiais utilizados e seus possíveis empecilhos, foi

apenas testando, errando e tentando consertar estes erros que consegui chegar a

um resultado final satisfatório. O quarto passo é a compilação de suas pesquisas, no

qual as autoras expõem que é essencial fazer um registro organizado de seus

materiais de pesquisa para futuras consultas e até mesmo consultas de outros

possíveis pesquisadores. Manter um diário pode ser um ótimo meio para uma futura

pesquisa (FOX; CARUANA, 2013, p.144), registrando o progresso de todo o

desenvolvimento desde a investigação até a prática. Esta compilação pode ser feita

em pastas físicas, por exemplo, ou até mesmo, para garantir uma maior durabilidade

do material, pode ser digitalizada e armazenada em pastas de trabalhos digitais e

compartilhadas em um blog, tornando a sua pesquisa pessoal disponível ao mundo

inteiro. Qualquer fonte ou ideia não utilizada em algum momento pode se tornar

muito útil futuramente. “Não mantenha seu plano inflexivelmente – ele é apenas um

guia. Não descarte fonte de pesquisas” (FOX; CARUANA, 2013, p.11).

Após todo o trabalho de investigação e observação, chegamos ao passo de

colocar a pesquisa em prática. Neste momento é quase impossível conseguirmos

separar tudo o que foi aprendido com o que será criado, porém, é possível também

que ainda haja falhas a serem descobertas e que será necessário descobrir modos

de consertá-las, pois,

desde o momento em que você começa a testar a relevância de seu trabalho, a determinar seu público, e a se dar tempo para ver seus resultados a partir de novos ângulos até as decisões finais de produção sobre a apresentação do trabalho, sua pesquisa informará continuamente sua prática (FOX; CARUANA, 2013, p.121).

O último passo é o impacto da pesquisa. Acredito que nenhum bom projeto

deva ser realizado apenas pelo fato de o artista querer, é necessário que haja uma

vontade de evolução, seja qual for motivo, pessoal ou profissional, o fotógrafo deve

levar ao público uma história, um conhecimento a mais, uma visão do mundo

diferente. As exposições fotográficas podem exercer um papel fundamental na

divulgação dos trabalhos artísticos, mas o público muitas vezes se limita a mesma

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comunidade frequentadora de galerias e museus (FOX; CARUANA, 2013, p.143).

Mas, felizmente, com a atual tecnologia é possível divulgarmos nossas criações em

exposições online, blogs e redes sociais, possibilitando o acesso do nosso trabalho

ao mundo inteiro.

2.1 A FOTOGRAFIA EM PROJETOS PARA DEFICIENTES VISUAIS

Para uma melhor compreensão deste trabalho, acreditamos que sejam

necessários alguns esclarecimentos sobre alguns fatores, tais como: quais são

exatamente os conceitos de deficiência e deficiência visual; quais são os direitos que

os deficientes possuem em meio à sociedade; e a exemplificação de alguns projetos

para as pessoas com deficiência visual que já estão sendo aplicados pelo Brasil e

pelo mundo.

2.1.1 O que é deficiência visual?

Em um conceito mais amplo, diz-se que deficiência é uma significativa

restrição sensorial, mental ou física e não pode ser confundida com incapacidade,

pois, a incapacidade para a elaboração de alguma atividade (como andar, ver, ouvir,

etc.) é considerada como uma consequência da deficiência, não implicando na

incapacidade de outras atividades (FÁVERO, 2004, p.24). Para um esclarecimento

legal,

considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (Art. 2º da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015).

A deficiência visual caracteriza-se pela perda definitiva da resposta visual,

normalmente causada por doenças congênitas ou hereditárias. Os portadores de

males como astigmatismo, hipermetropia e miopia não são incluídos nessa

classificação, pois essas condições podem ser tratadas através de óculos, lentes ou

cirurgias. A pessoa com deficiência visual não precisa necessariamente ser cega

(Associação Baiana de Cegos, 2009). Segundo a OMS, Organização Mundial da

Saúde (1972), os diferentes graus de visão podem ser classificados em: Baixa Visão

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(leve, moderada ou profunda), compensada com o uso de lentes de aumento, lupas,

telescópios, com o auxílio de bengalas e de treinamentos de orientação; Próximo à

Cegueira, quando a pessoa ainda é capaz de distinguir luz e sombra, mas já

emprega o sistema braile para ler e escrever, utiliza recursos de voz para acessar

programas de computador, locomove-se com a bengala e precisa de treinamentos

de orientação e de mobilidade; e Cegueira, quando não existe qualquer percepção

de luz. O sistema braile, a bengala e os treinamentos de orientação e de mobilidade,

nesse caso, são fundamentais. Segundo ainda a OMS, estima-se que cerca de 1%

da população mundial seja portadora de algum desses níveis de deficiência.

A fotografia é uma área voltada totalmente para a estética visual. Aprendemos

sobre enquadramento, disposição de luzes, fotometria, tudo baseado no que

enxergamos e no que vai ser mais agradável visualmente. Como é dito por

Amiralian,

o ver parece ocupar, cada vez mais, um lugar de destaque em nossa vida. Os educadores consideram que 80% de nossa informação é recebida pela visão: a televisão, os outdoors, a vitrine, substituem o rádio e a propaganda sonora. Vivemos hoje mergulhados em um mundo de cores e sombras. E os sujeitos cegos, como ficam neste mundo predominantemente visual? (1997, p.23).

2.1.2 Alguns apontamentos sobre inclusão

As pessoas com deficiência merecem ser respeitadas e possuem o direito de

não serem discriminadas, assim como qualquer outra pessoa, com deficiência ou

não. Porém, casos de discriminação e preconceito existem e acontecem todos os

dias, por isso, para garantir a igualdade e os direitos de inclusão e acessibilidade, foi

sancionada em 6 de Julho de 2015 a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com

Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Nesta lei, diz-se que é

considerada discriminação por causa da deficiência toda e qualquer forma de

exclusão, distinção ou restrição (por ação ou omissão) que tenha como objetivo ou o

efeito de impedir, prejudicar ou anular o reconhecimento dos direitos e da liberdade

da pessoa com deficiência, e isso inclui a rejeição de “adaptações razoáveis e de

fornecimento de tecnologias assistivas” (Art. 4º, § 1º).

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Todos possuem o direito à educação, à saúde, ao trabalho, à moradia, à

segurança e ao lazer, e para as cidadãos com deficiência, é necessário que haja

acessibilidade para que tais direitos sejam realmente cumpridos e usufruídos, e

segundo o Artigo 3º, acessibilidade é a

possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida (Lei nº 13.146, de 6 de Julho de 2015).

Em relação aos direitos de acesso a ambientes culturais, que é o caso dos

acervos pertencentes ao Instituto Memória Histórica e Cultural (que será

apresentado posteriormente), o Capítulo IX da lei sancionada garante o direito à

cultura, ao esporte, ao turismo e ao lazer, e nele é dito que é garantido o acesso a

“bens culturais em formato acessível”, a “atividades culturais em formato acessível” e

a “monumentos e locais de importância cultural e a espaços que ofereçam serviços

ou eventos culturais” (Art. 42).

A discriminação existe e é de grande importância que as pessoas com

deficiência sejam vistas como portadoras dos mesmos direitos que qualquer outra

pessoa pertencente à sociedade. Como é dito por Eugênia Augusta Gonzaga

Fávero, “a principal barreira a ser derrubada é a barreira da atitude”, a barreira

que faz com que os programas de acessibilidade sejam destinados apenas a locais que alguns consideram bons para quem tem deficiência, mas esquecendo que esses cidadãos também querem ir em boates, motéis, praticar esportes, entre outros. A barreira que determina que apenas alguns programas de rádio, televisão, sítios eletrônicos (normalmente sobre seus direitos) estejam adaptados para pessoas com deficiência sensorial, esquecendo=se de que elas querem e têm o direito de acesso a qualquer tipo de programação (2004, p.182).

O processo de inclusão é contínuo e progressivo, e ainda existem muitos

aspectos a serem melhorados, tanto físicos quanto sociais.

2.1.3 Projetos para pessoas com deficiência visual

É necessário serem citados alguns projetos que foram utilizados como

referência para a elaboração deste trabalho e da confecção da maquete tátil.

Utilizando a tecnologia de impressão 3D, devemos citar o incrível experimento

“Touchable Memories” (Memórias Tocáveis, em português), criado pela Agência

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LOLA para a empresa sediada em Singapura, Pirate3D. Este projeto se dispõe a

ajudar as pessoas cegas e com baixa visão a se recordarem de memórias visuais

imprimindo em 3D recordações de família e fotografias pessoais de seus respectivos

passados (CARVALHO, 2014). Também é possível citar a reportagem do G1 sobre o

caso brasileiro da mãe Tatiana Guerra, que por causa de uma esclerose múltipla aos

17 anos possui apenas 8% da visão. Ao fazer o exame de ultrassom aos cinco

meses de gestação de seu segundo filho, ela conseguiu ver o seu rosto devido à

impressão 3D do exame seguido de um recado em braile que dizia “Eu sou seu filho”

(ROSSI, 2015).

Intitulada A Arte de Sentir, a exposição de maquetes táteis coordenada pelo

Instituto AME, foi criada a partir de um projeto integrando arte, arquitetura, design e

comunicação, utilizando materiais interativos e multisensoriais, estimulando o

público a utilizar todos os cinco sentidos. Além das maquetes, a mostra oferecia

filmes com audiodescrição, audioteca, atividades com textura e práticas em braile,

informática acessível, entre outros, e sua intenção é “disseminar a informação,

sensibilizar e conscientizar sobre questões de acessibilidade para a população”

(Instituto AME, 2011). As maquetes táteis presentes na exposição são de autoria da

designer Dayse Tarricone, Formada pela Faculdade de Desenho Industrial da

Universidade Mackenzie e especializada em projeto e execução de maquetes e

esculturas táteis, réplicas articuláveis, kits didáticos e adaptações de obras

bidimensionais em tridimensionais.

O Projeto Ver Com as Mãos, uma das primeiras referências utilizadas,

nasceu, segundo a coordenadora do projeto Diele Pedrozo, a partir da necessidade

observada em sala durante as aulas de Artes, em que foi possível perceber que a

maioria dos alunos não sabia utilizar o desenho como forma de comunicação, não

participando, assim, de uma forma efetiva das aulas. Durante o projeto é possível

também participar de oficinas de arte, música, expressão corporal, e conviver em

espaços que são pouco utilizados por quem possui baixa visão ou cegueira, como é

o caso dos museus (2012).

Também foram utilizados artigos e reportagens online sobre maquete táteis e

maquetes táteis sonoras, comumente utilizadas no ensino de Geografia em sala de

aula, que podem ser consultadas na lista de referências no final do trabalho.

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2.2 UMA EXPERIÊNCIA TÁTIL

“O olhar físico que quer ver não é aquele olhar da verdade, pois a presença

de um objeto só pode ser confirmada pelo toque físico. Por essa razão, o tato

permanece [...] o único órgão da verdade” (BAVCAR, 2000, p.18).

As pessoas videntes vinculam diariamente o que aprendem em sala de aula

ou no dia-a-dia com o cenário em que vivem. As pessoas com deficiência visual, por

não terem essa possibilidade de vínculo imagético acabam muitas vezes não

conseguindo conectar as informações recebidas umas com as outras. Como é dito

por Custódio, Nogueira e Chaves:

as pessoas com deficiência visual, devido à inexistência de facilitadores que possibilitem sua interação com o meio onde estão inseridas e as barreiras encontradas no processo de escolarização, deparam-se com grandes dificuldades de acesso às informações. Esses entraves, muitas vezes, impedem as pessoas com deficiência visual de unir suas experiências cotidianas com o saber apreendido em sala de aula, resultando na formação de conceitos totalmente desvinculados da realidade (2011, p.580).

Com isso houve a necessidade da criação de um artifício de ensino que

pudesse atender também os alunos portadores de cegueira ou baixa visão, e apesar

de a Cartografia Tátil ser pesquisada a mais de cem anos pelo mundo, esse tema

ainda é muito recente entre os brasileiros.

O ensino da geografia local é essencial para essas pessoas e existem

diversos projetos espalhados pelo Brasil que visam criar mapas táteis a fim de

auxiliar as pessoas com deficiência visual a se locomoverem sem o auxílio de outros

pela sua cidade ou região. Existem situações em que a descrição oral não é

suficiente para a total compreensão da informação que se está tentando passar,

logo, a Cartografia Tátil geralmente é utilizada em salas de aula no ensino de

Geografia, disponibilizando o conhecimento mais aprofundado dos relevos do país

ou em espaços públicos, ajudando o indivíduo na sua localização dentro de um

espaço físico.

Ao pensar sobre isso, podemos nos questionar sobre coisas que nunca antes

passaram em nossa cabeça. Questões que podem ser cotidianas para quem é ou

convive com quem possui esse tipo de condição, mas que para quem é vidente e

não possui esse convívio, é algo extremamente curioso, pois é compreensível em

nossa mente egocêntrica raramente imaginarmos um mundo pelo qual não

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pertencemos. Estamos cansados de ver fotografias de pôr do sol na praia e

pássaros voando no céu, que para nós se tornam banais com o tempo e que pra

eles pode ser uma paisagem que nunca será vista como ela realmente é. Podemos

nos questionar sobre qual a noção das pessoas com deficiência visual sobre escala,

se elas possuem noção da altura da casa ou do prédio onde moram, da altura e do

comprimento de ônibus, trens e pontes. É difícil compreender como é viver sem ter

total noção dos objetos e construções ao nosso redor, que apesar de pertencerem

ao nosso dia-a-dia não é fácil conhecermos apenas pela descrição oral ou a

imaginação.

Pois é justamente de todas estas referências que foi possível retirar as ideias

para a construção da maquete tátil.

Comumente são utilizados diversos materiais na confecção de maquetes e

mapas táteis como tecidos, vidros, massas de modelar, telas, EVA, entre outros,

sempre buscando o melhor aproveitamento dos materiais para cada situação. Para

um maior entendimento do conteúdo pela pessoa com deficiência, as maquetes,

gráficos e mapas táteis devem ser mais generalizados, sem muitos detalhes, devem

apresentar cores fortes e estarem em escrita convencional e em Braille, para poder

atender tanto cegos quanto pessoas com baixa visão (ALMEIDA, 2011).

2.3 A MAQUETE

A maquete é um instrumento de representação em três dimensões do que,

normalmente, já foi elaborado antecipadamente em duas dimensões. É o projeto em

menor escala que tem como objetivo levar ao cliente ou ao público em geral o

conteúdo a ser realizado, tornando-o mais “concreto e palpável”. “A maquete deve

revelar capacidade de síntese para conseguir representar a essência do projeto na

redução de escala” (CONSALEZ, 2001, p. 4).

A escolha dos materiais a serem utilizados depende do objetivo a ser

buscado. Segundo ainda Consalez (2001), a maquete feita para ser usada como

objeto de estudo é construída com cartolina ou cartão pluma, que facilitam possíveis

correções e possibilitam uma rapidez na execução, enquanto na maquete de

apresentação, usada como produto final, são utilizados materiais sólidos e de

qualidade, como madeira maciça e metais, que permitem a realização de uma

maquete cuja imagem e duração é superior.

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Como o objetivo deste trabalho era uma maquete não somente visual, mas

que promovesse uma participação tátil ativa dos visitantes, buscou-se objetos

resistentes ao toque e que não oferecessem danos físicos aos usuários. Uma das

ideias inicias era a produção da maquete a partir da tecnologia de impressão 3D,

porém resolvi utilizar materiais que chegassem o mais perto possível de sua textura

original para ajudar na identificação dos elementos, como, por exemplo, palitos de

madeira para as paredes de madeira, cascalho para a base da casa, um pedaço de

galho para representar o tronco da árvore, etc.

A lista completa de materiais utilizados e suas respectivas funções na

maquete podem ser vista abaixo:

(continua)

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(conclusão)

A tabela de gastos com a especificação do produto e seu valor pode ser vista

no APÊNDICE I.

Será disponibilizado junto à maquete um cartaz em braile com a explicação

do projeto para ampliar ainda mais as estratégias de acessibilidade para as pessoas

portadoras de deficiência visual.

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3. FOTÓGRAFOS CEGOS

É difícil imaginarmos como uma profissão que requer tanto o sentido da visão

possa ser exercida exatamente por quem tem baixa visão ou cegueira. O

documentário da HBO Dark light: The art of blind photographers, traduzido em

português para Luz escura: A arte dos fotógrafos cegos, nos apresenta a mostra

fotográfica Sight Unseen, a primeira grande mostra já realizada que reúne os

fotógrafos com deficiência visual mais talentosos do mundo.

Segundo o curador da mostra, Douglas McCulloh, “A maioria das pessoas

acha que os fotógrafos operam através dos olhos, visualmente, mas os fotógrafos

sabem que operam através da mente. E como estes fotógrafos não têm visão, estas

fotografias são unicamente composições visuais” 1(00:02:27). Ele conta que

começou a se envolver com fotografia para cegos depois de se interessar em

fotografia circunstancial, e que na época não tinha percebido, mas que na verdade

estes fotógrafos são verdadeiros artistas, pois não trabalham com o acaso e a falta

de controle sobre a obra.

Pete Eckter, um dos fotógrafos participantes da mostra, perdeu sua visão

depois de ter retinite pigmentosa, que é um conjunto de doenças hereditárias que

causam a degeneração da retina. Ele usa um medidor de luz adaptado com um leitor

de braile para ajudar a compor suas fotografias que já são construídas previamente

(e às vezes podem levar meses) em seu imaginário. “Eu não faço mesmo uma

fotografia convencional. Eu poderia, mas por que mostrar o mundo da visão? Eu não

faço mais parte do mundo da visão. O mundo que eu tento mostrar e o mundo ao

qual pertenço agora é o mundo dos cegos” (00:16:58) diz Eckter.

Pete seguidamente utiliza a técnica fotográfica do lightpainting, ele gosta de

ter total controle do seu trabalho e não envolve ninguém que seja capaz de

enxergar, pois acredita que se envolvesse alguém que enxerga ele estaria

fraudando a imagem.

1 Devido a fonte do texto ser um documentário, acredita-se que utilizar a minutagem foi o jeito mais

apropriado de citar a referência.

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Figura 1 – Fotografia de autoria de Pete Eckert

Fonte: http://peteeckert.com/portfolio/gallery/

Henry Butler teve glaucoma infantil e além de ser fotógrafo é conhecido

mundialmente por ser um renomado pianista. Quando faz seus passeios

fotográficos, leva uma acompanhante pelas ruas para poder fazer perguntas sobre o

cenário presente, a distância dos objetos, suas cores, sobre a disposição do sol, o

que as pessoas estão usando e fazendo, entre outros questionamentos que acredita

serem importantes para ele. Henry diz que gosta de fotografar pessoas porque às

vezes é possível sentir suas diferentes expressões faciais. “Eu gosto do improviso

da fotografia como gosto do improviso da música” (00:23:48), comenta, “Não é uma

questão de como eu visualizo ou como eu enxergo com os olhos físicos, mas como

eu sinto a energia quando ela vai e vem” (00:27:20).

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Figura 2 – Fotografia de autoria de Henry Butler

Fonte: http://henrybutler.com/photography_gallery_01/

Bruce Hall nasceu com um nervo ótico não desenvolvido, ou seja, não há

conexão e envio de informações entre os olhos e o cérebro, tenho somente 5% da

visão em relação a uma pessoa normal. Praticava mergulho perto de onde morava e

não conseguia explicar para as pessoas o que ele conseguir ver, decidindo assim

aprender a fotografar. Bruce faz fotografias subaquáticas há mais de 25 anos, ele

gosta de praticar mergulho noturno, pois o único lugar onde se sente completamente

confortável é em baixo d’água. McCulloh explica que Bruce pode ver em terra o que

não consegue ver enquanto mergulha, apesar de os objetos estarem bem à sua

frente. “Eu uso câmeras para ver como qualquer fotógrafo que usa a óptica para ver.

Eu preciso usá-las. Preciso delas” (00:09:50), comenta o fotógrafo.

Hall tem um projeto incrível em que fotografa seus dois filhos gêmeos ambos

portadores de autismo. “O que eu acho interessante, é que essas imagens

combinam dois níveis de caos e desordem. Eles combinam um fotógrafo que não

pode ver fotografando um tópico fora de controle” (00:10:10), diz o curador da

mostra Sight Unseen, “Os filhos dele são maravilhosos, mas eles não falam com

você. Você não pode dizer ‘pare e sorria’. Eles estão sempre em movimento”

(MCCULLOH, 00:10:23) comparando assim, o trabalho do fotógrafo com a fotografia

de rua, que tenta capturar cenas em alta velocidade e fora de controle. O artista fala

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que a fotografia o ajuda a entender e a lidar com a situação, o ajuda como se fosse

uma terapia para aceitar que seus filhos basicamente não têm futuro como crianças

normais. “Eu tenho uma lista de perguntas caso um dos dois fale algum dia, o que é

questionável a essa altura” (00:11:30), diz ele.

Bruce gosta de fazer macro fotografia, utilizando um fotômetro subaquático

com um monitor grande o suficiente para poder enxergar em baixo da água. Se há

algo que ele realmente precisa ver ele utiliza uma lupa também. Quando está em

casa, ele amplia as fotografias no computador para conseguir visualizar. “Quando eu

chego em casa é sempre como se eu visse pela primeira vez. É sempre uma

surpresa” (HALL, 00:26:26).

Figura 3 – Fotografia de autoria de Bruce Hall

Fonte: http://www.visualsummit.com/Image.asp?ImageID=1904609&apid=1&gpid=1&ipid=1&AKey=GJXBH5T9

Evgen Bavcar é um famoso fotógrafo e filósofo que ficou cego na sua infância

em consequência de dois acidentes, um em cada olho.

Nelson Brissac cita que há uma descrição muito bonita em que Evgen diz

que fotografa contra o vento, pois fotografar contra o vento faz com que ele recorte a

posição dos objetos, faz com que ele indique o perfil das coisas e onde elas se

encontram, traz com ele os cheiros e os ruídos. “O vento faz ver” (2000, p. 41). Para

Bavcar, a ação de enxergar movimenta todos os seus sentidos (NOVAES, p.29).

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Não é somente quando Evgen usa suas mãos para tatear o objeto a ser

fotografado que ele introduz o artifício tátil, ele utiliza-o em todas suas fotografias,

pois ele entende o mundo como um universo ao redor dele, e não um universo para

ser visto à distância (BRISSAC, p.42)

No documentário Janela da Alma (JARDIM; CARVALHO, 2001) Bavcar diz

que as pessoas não são mais videntes clássicos, diz que todos somos igualmente

cegos “[...] porque, atualmente, vivemos em um mundo que perdeu a visão. A

televisão nos propõe imagens prontas e não sabemos mais vê-las, não vemos mais

nada, porque perdemos o olhar interior, [...] vivemos em uma espécie de cegueira

generalizada” (00:08:08). Em sua experiência própria, a câmera fotográfica não

passa de um acessório no qual ele tenta exprimir sua existência (2000, p.17), e

se as minhas imagens existem para mim através da descrição dos outros, isto não me impede em nada a possibilidade de vivê-las pela atividade mental. Elas existem mais para mim quanto mais elas possam se comunicar também com os outros (BAVCAR, 2000, p. 24).

Bavcar utiliza um pequeno espelho preso em como um broche em sua lapela

para a pessoa que esteja sendo fotografada possa se olhar caso a ausência do olhar

do fotógrafo seja frustrante para o fotografado.

Figura 4 – Fotografia de autoria de Evgen Bavcar

Fonte: http://evgenbavcar.com/

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4. INSTITUTO MEMÓRIA HISTÓRICA E CULTURAL E O PROGRAMA ECIRS

O Instituto Memória História e Cultural – IMHC localiza-se no primeiro andar

do Bloco 46 da Universidade de Caxias do Sul – UCS. Atuante nos cuidados e no

estudo da memória particular e grupal da região, seus principais focos de pesquisa e

de ação são o patrimônio cultural material. O IMHC é dividido em cinco setores:

CEDOC - CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO2

O Centro de Documentação tem como objetivo a preservação do acervo

histórico e documental da UCS, de suas práticas acadêmicas, da Cultura Regional e

de outros documentos classificados como de grande importância histórica,

disponibilizando-os para a pesquisa. Assim, atua como um local de ensino e

aprendizagem à comunidade em geral, aos alunos e aos professores.

Figura 5 – Acervo do CEDOC

Fonte: Acervo pessoal

2 As informações contidas neste capítulo foram retiradas do folder de divulgação do Instituto Memória

Histórica e Cultural que pode ser visto no ANEXO A

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CMRJU – CENTRO DE MEMÓRIA REGIONAL DO JUDICIÁRIO

O CMRJU procura, entre outros objetivos, contribuir em atividades de

pesquisa, de conservação e de divulgação do acervo documental histórico sobre a

identidade e a memória do Poder Judiciário. Ele foi criado em dezembro de 2001 por

meio da assinatura do Termo de Convênio entre o Tribunal de Justiça do Estado do

RS e a Universidade de Caxias do Sul.

Figura 6 – Acervo do CMRJU

Fonte: Acervo pessoal

IRIS – INVESTIGAÇÃO E RESGATE DA IMAGEM E DO SOM

O IRIS, além de caracterizar-se como um projeto de investigação e resgate da

imagem e som de inclusão acadêmica, também possui vastas possibilidades de

atuação externa e de colaboração e convênio com instituições de pesquisa e

fomento à produção audiovisual da região de Caxias do Sul e do Brasil. Como é dito

em sua própria sigla, o Projeto IRIS apresenta como meios centrais de sua

composição: a imagem e o som como formas de documentação, a investigação e a

pesquisa, o resgate, e inclusive a produção de novos acervos.

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Figura 7 – Acervo do IRIS

Fonte: Acervo pessoal

LEPAR – LABORATÓRIO DE ENSINO E PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS

O LEPAR é um ambiente de educação relacionado à ampla área do

conhecimento arqueológico. Ele exerce um apoio às disciplinas do Curso de História

da UCS, e promove o conhecimento com a realização de escavações arqueológicas

para os alunos, cursos de extensão e oficinas.

Figura 8 – Acervo do LEPAR

Fonte: Acervo pessoal

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ECIRS – ELEMENTOS CULTURAIS DA IMIGRAÇÃO ITALIANA NO NORDESTE

DO RIO GRANDE DO SUL

O ECIRS tem se dedicado desde o ano de 1978 à classificação sistemática

das propriedades e importâncias culturais das comunidades rurais da região de

Caxias do Sul, servindo como ponto inicial para o resgate, a preservação e a

valorização da cultura da imigração italiana. As entrevistas, o levantamento e a

caracterização de ambientes arquitetônicos, os registros fotográficos, e entre outras

ferramentas de investigação antropológica, são usados possibilitando a prática

dessa atividade.

Figura 9 – Acervo do ECIRS

Fonte: Acervo pessoal

A fotografia utilizada como referência para a maquete tátil pertence à Mostra

Fotográfica “Patrimônio Cultural e Sociedade Sustentável”, com a curadoria de Luiza

Horn Iotti, Anthony Beux Tessari e Hiram Fadanelli Fros, e com fotografias de autoria

de Aldo Toniazzo, Ary Trentin (in memoriam) e Joel Jordani (in memoriam) que está

em exposição permanente na sala 105 do Instituto Memória Histórica e Cultural.

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Figura 10 – Abertura da Mostra Fotográfica “Patrimônio Cultural e Sociedade Sustentável”

Fonte: Acervo ECIRS/IMHC/UCS disponível em https://biblioteca.ucs.br/gallery3/index.php/IMHC/Ecirs/mostra-patrimonio/abertura_alta

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Figura 11 – Fotografia utilizada como referência para a maquete tátil

Fonte: Acervo ECIRS/IMHC/UCS disponível em https://biblioteca.ucs.br/gallery3/index.php/IMHC/Ecirs/mostra-patrimonio/URBAL-1696-PD

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5. METODOLOGIA

Segundo Silvio Zamboni, existem passos que são comuns em quase todas as

pesquisas, como: a definição do objeto a ser estudado; a identificação de um

problema; a inserção da questão dentro de um quadro teórico; o levantamento de

hipóteses; a observação; o processo de trabalho; a interpretação e os resultados e

conclusões. Zamboni diz que “O processo de trabalho, principalmente em arte, não é

algo linear, é um processo de idas e vindas, de intuição e de racionalidade que se

interpõem no caminho da construção representativa de uma realidade.” (2001, p.67).

Toda e qualquer pesquisa precisa de um método para alcançar seus

objetivos. Pode haver diversos caminhos, mas sempre existirá o mais adequado a

ser trilhado (ZAMBONI, 2012, p.43). A pesquisa na internet foi um método muito

adequado, já que não foi possível encontrar livros ou publicações sobre maquetes

táteis na biblioteca da Universidade. A abundância da internet como fonte de

pesquisa e informação não depende dos motivos e objetivos da busca. “Ela

materializa algumas das marcantes características da nossa era, como a sobrecarga

informacional, a fragmentação da informação e a globalização” (YAMAOKA, 2014, p.

146). Com a pesquisa online, foi possível encontrar artigos sobre Cartografia Tátil e

maquetes táteis já publicados; reportagens de canais televisivos sobre os assuntos

citados anteriormente; documentários sobre fotógrafos cegos e pessoas portadores

de cegueira e baixa visão; a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência

(Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015); e, foi na internet também que foi possível

descobrir projetos já aplicados sobre mapas táteis, maquetes táteis e maquetes

sonoras utilizados como referência.

Durante o processo, outras formas de buscar o conteúdo para o trabalho

foram utilizadas, entre elas uma visita guiada à APADEV (Associação dos Pais e

Amigos dos Deficientes Visuais) de Caxias do Sul e pesquisas em livros sobre

maquetes convencionais, deficiência visual, fotografia autoral e sobre os direitos das

pessoas com deficiência. A pesquisa bibliográfica segundo Stumpf (2014) é o

planejamento de pesquisa para um trabalho que vai desde a identificação, a

localização e a obtenção da bibliografia relacionada sobre o assunto em questão,

até a apresentação do texto, em que é apresentada toda a bibliografia examinada

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pelo aluno, evidenciando o conhecimento do autor somado às próprias opiniões e

ideias do aluno (p.51).

O método de descoberta utilizado na construção da maquete em si foi a

experimentação, que segundo Zamboni pode ser chamado de “método da desordem

experimental. Este, no entanto, não é considerado um método de pesquisa, porém

não pode se dizer que não é um processo válido (2012, p.45). Apesar de alguns

materiais, como a madeira balsa, por exemplo, terem sido bem pesquisados no

processo de elaboração da maquete, outros materiais foram utilizados sem pesquisa

prévia, podendo ser visto o resultado apenas no momento de utilização do material

em si. É possível verificar essas situações durante a leitura do passo a passo da

construção da maquete tátil, podendo citar como exemplo a utilização da tinta

têmpera guache na roda d’água, que após um teste de funcionamento foi percebido

que a tinta saia em contato com a água.

5.1 A CONSTRUÇÃO DA MAQUETE: PASSO A PASSO

A seguir será apresentada uma descrição detalhada de todo o processo de

construção da maquete tátil até a sua conclusão. Também como forma de

apresentar visualmente a construção do trabalho, foi produzido um making of que

pode ser visto no CD apresentado como APÊNDICE J.

Dia 17 de Março de 2016: Cortei a madeira balsa nas medidas que eu precisava e

colei elas com cola para madeira. Percebi que a quantidade de madeira que eu tinha

comprado era insuficiente.

Dia 22 de Março de 2016: Após comprar mais duas unidades de madeira balsa,

cortei elas na medida que precisava e colei umas nas outras, montando assim a

caixa base da maquete.

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Figura 12 – Caixa de madeira

Fonte: Acervo pessoal

Dia 24 de Março de 2016: Cortei com estilete a madeira balsa de espessura 1,5mm

para fazer o centro da roda d’água. Pintei com tinta tempera guache marrom alguns

palitos de picolé para fazer as paredes na casa. Colei as três chapas de isopor

50x50cm uma em cima da outra para servir de base para a casa e o jardim.

Dia 25 de Março de 2016: Cortei o isopor com uma faca de cozinha aquecida no

fogo nas medidas certas para o encaixe na caixa de madeira. Com tesoura, cortei

alguns palitos de picolé para fazer a roda d’água e depois pintei-os com tinta

tempera guache marrom. Removi uma das camadas externas de um pedaço de

papelão para utilizar sua parte interna ondulada como telhado da casa.

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Figura 13 – Corte do isopor com faca aquecida no fogão

Fonte: Acervo pessoal

Figura 14 – Remoção de uma das camadas externas do papelão

Fonte: Acervo pessoal

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Dia 26 de Março de 2016: Terminei de montar a roda d’água. Montei todas as bases

para a parte inferior da casa com palitos de picolé. Colei com cola quente todas as

pedras necessárias para fazer a parede de pedra da casa.

Figura 15 – Roda d’água

Fonte: Acervo pessoal

Dia 27 de Março de 2016: Montei todas as paredes da casa com os palitos de picolé

e pintei elas com tinta tempera guache marrom. Colei com cola para madeira as

paredes de pedra com as paredes de madeira. Fiz os retoques necessários com

tinta tempera guache marrom e verde.

Dia 01 de Abril de 2016: Cortei os palitos de picolé nos formatos e tamanhos

desejador para fazer a parte superior da casa e depois pintei-as com tinta tempera

guache marrom.

Dia 02 de Abril de 2016: Colei as paredes superiores da casa nas paredes inferiores

de madeira.

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Figura 16 – Parede da casa vista por fora

Fonte: Acervo pessoal

Figura 17 – Parede da casa vista por dentro

Fonte: Acervo pessoal

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Dia 04 de Abril de 2016: Pintei os pedaços de papelão que servirão de telhado com

tinta vermelha.Encaixei todas as paredes da casa no isopor e fiz os retoques

necessários (pintei com tinta tempera guache marrom os cantos de encontro entre

as paredes e colei com cola quente mais algumas pedras para tapar os buracos).

Após medir, cortei a toalha no tamanho necessário para fazer a grama. Retoquei a

pintura da roda d’água.

Figura 18 – Pedaços de papelão pintados que foram usados como telhado da casa

Fonte: Acervo pessoal

Dia 09 de Abril de 2016: Preenchi internamente as brechas da casa com palitos de

picolé. Pintei a toalha que servirá de grama com tinta verde para tecido. Cortei um

pedaço da espuma e pintei-a com tinta tempera guache verde para fazer a copa da

árvore. Preenchi com isopor o resto da maquete que estava faltando (cantos do

lago) e colei com cola para isopor. Após testar a roda d’água, me dei conta de que a

tinta tempera guache sai em contato com a água.

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Figura 19 – Toalha sendo pintada com tinta verde para tecido

Fonte: Acervo pessoal

Dia 12 de Abril de 2016: Após a roda d’água secar totalmente, pintei-a com tinta

verniz marrom para janelas.

Dia 16 de Abril de 2016: Colei toda a toalha na maquete com cola para isopor. Cortei

as partes que estavam sobrando e retoquei com tinta verde para tecido algumas

partes que estavam falhadas e nas emendas dos tecidos. Forrei a parte interna da

casa com papel pintado com tinta tempera guache marrom para tapar as emendas

de madeira e pintei o chão da casa com a mesma tinta. Recortei do tamanho certo o

telhado e colei na casa com cola quente. Fiz os retoques necessários com tinta

vermelha. Com a madeira balsa, montei um suporte para colar a roda d’água na

casa. Primeiro pintei com tinta tempera guache marrom, esperei secar, e depois com

tinta verniz marrom para janelas, como eu tinha feito anteriormente com a roda.

Colei com cola quente as pedras para o suporte da roda d’água.

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Figura 20 – Telhado da casa sendo colado com cola quente

Fonte: Acervo pessoal

Dia 21 de Abril de 2016: Afiei com o estilete as duas pontas de um pedaço de galho

para fazer o tronco da árvore da maquete. Uma das pontas eu encaixei na copa da

árvore e a outra no isopor. Cortei e colei os palitos de picolé e de churrasco para

fazer a calha da roda d’água e depois a pintei com tinta tempera guache marrom.

Após a secagem total da tinta, pintei uma camada com tinta verniz para madeira.

Depois de seco, fixei a calha no isopor da maquete. Com lixa própria para madeira,

lixei a caixa que serve de base para a maquete. Colei com cola quente três pedras

ao redor da árvore e três pedaços de esponja pintados com tinta tempera guache

verde para simular plantas. Colei com cola quente pedras ao redor do lago.

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Figura 21 – Fixação da calha na maquete

Fonte: Acervo pessoal

Dia 22 de Abril de 2016: Cortei com tesoura mais um pedaço de esponja para fazer

um arbusto. Pintei-o com tinta tempera guache verde, esperei secar e colei na

maquete com cola quente.

Dia 24 de Abril de 2016: Encontrei um problema ao testar a roda d’água: a bomba,

mesmo na velocidade mais baixa, estava liberando água muito rápido, fazendo com

que molhasse a maquete. Colei com fita isolante dois filtros de bomba de chimarrão

no filtro da bomba. Amenizou um pouco a velocidade mas não o suficiente, então

com uma pinça coloquei pedaços pequenos de madeira balsa no buraco do centro

da roda para travá-la um pouco. Após alguns testes, esperei a roda d’água secar e

colei a mangueira com cola quente na calha. Depois de mais alguns testes percebi

que a fita isolante usada para segurar os filtros de bomba de chimarrão acabaram

caindo, por isso usei dois elásticos de borracha como substitutos.

Dia 29 de Abril de 2016: Levei a maquete ao IMHC a fim de apresentar à orientadora

Myra Gonçalves, e após deixar a roda d’água ligada por algum tempo, percebi que a

toalha ao redor ficou bastante molhada devido aos respingos, fazendo com que as

pedras ao redor do lago que tinham sido coladas com cola quente caíssem.

Apresentei aos colegas de trabalho do Instituto a maquete tátil e recebi muitos

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feedbacks positivos. O fotógrafo autor da imagem utilizada, Aldo Toniazzo, foi

convidado a usar uma venda nos olhos e com as mãos ver pela primeira vez o

trabalho pronto. Fiquei muito satisfeita pois ele conseguiu reconhecer através do tato

todos os elementos representados: a grama, a árvore, a casa, as pedras e a roda

d’água.

Dia 10 de Maio de 2016: Pintei a casa da maquete com uma camada de tinta verniz

para janela e mais outra camada na roda d’água, já que alguns pingos de água

estavam atingindo uma das paredes da casa.

Dia 14 de Maio de 2016: Através do editor Wondershare Video Editor, juntei as

gravações feitas por mim durante o processo de criação da maquete e criei o vídeo

do Making Of, salvo na resolução 1280 x 720 em formato .AVI.

Dia 25 de Maio de 2016: Pintei mais uma camada de tinta verniz na casa da

maquete. Colei com adesivo instantâneo as pedras ao redor do lago que tinham sido

coladas com cola quente e acabaram caindo por causa da água.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento deste trabalho despertou a reflexão sobre um cenário ao

qual a maioria da população não pertence, o dos deficientes visuais, e, durante todo

o seu processo de elaboração, foi possível aprender muitas coisas e somar muito no

meu crescimento pessoal. Com ele foi possível ampliar o conhecimento sobre a

deficiência visual e as dificuldades diárias passadas por aqueles que a possuem, e

também conhecer projetos de acessibilidade e artistas incríveis que possuem

cegueira ou baixa visão, como Evgen Bavcar e Bruce Hall, que com certeza vão ser

levados como referência no futuro.

Após a produção da maquete tátil ser concluída, foi feito um teste com o

fotógrafo autor da imagem, Aldo Toniazzo, que ainda não tinha conhecimento de

como a maquete tinha ficado, colocando-o uma venda nos olhos. Segundo ele, foi

possível reconhecer todos os elementos presentes no trabalho (grama, árvore, casa,

etc.) através da textura e das formas sentidas através do tato, e perceber também a

presença da água através do som dela caindo da roda d’água no lago.

A partir das críticas dos colegas do IMHC e do fotógrafo Aldo Toniazzo sobre

o resultado da maquete, tanto em sua composição visual quanto em sua eficiência

tátil, acreditamos que o objetivo deste trabalho tenha sido alcançado, pois a

maquete tátil está apta a ser utilizada em exposição permanente junto à sua

fotografia original na exposição “Patrimônio Cultural e Sociedade Sustentável”, no

Bloco 46 da Universidade de Caxias do Sul, aumentando as possibilidades de

inclusão e acessibilidade ao acervo do Instituto Memória Histórica e Cultural.

Por questões de tempo, não foi possível haver uma visita de uma pessoa ou

um grupo de pessoas com deficiência visual ao acervo para um completo resultado

do trabalho, logo, só será possível saber se a maquete cumpre a sua funcionalidade

ou não a partir do momento que for possível realizar estas visitas ao IMHC.

Como projetos futuros, estão sendo pensados meios de como tornar o resto

de toda a exposição “Patrimônio Cultural e Sociedade Sustentável” acessível e de

como tornar também acessível a página da rede social Facebook do Instituto

Memória Histórica e Cultural.

A facilidade que temos de locomoção e comunicação em nosso dia a dia só é

percebida quando existem situações que façam com que a gente perca

momentaneamente essas facilidades, como a perda da voz, por exemplo, ou uma

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fratura de algum osso. Dificilmente nos colocamos no lugar de pessoas que

possuem essas limitações todos os dias, pois normalmente nossos pensamentos e

questionamentos estão voltados somente a nós e as pessoas mais próximas.

Imaginar uma vida inteira de barreiras físicas e culturais, em que o indivíduo poderá

não conseguir ir a todos os lugares que deseja pois muitos desses espaços não

possuem acessibilidade é frustrante. Com todas as tecnologias que possuímos

atualmente é nossa obrigação propormos cada vez mais projetos de inclusão e

acessibilidade a espaços que são poucos utilizados por aqueles que possuem

qualquer tipo de deficiência.

Acreditamos ser de grande importância ajudar como pudermos as pessoas

com dificuldades, sejam elas quais forem, pois é nessa união de força e vontade que

conseguimos crescer pessoalmente como indivíduos e como comunidade, e

consequentemente evoluir o mundo também.

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49

FONTES CONSULTADAS

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VER ALÉM. Direção: Abrahão Lincoln, Fabiana Machado, Luciano Bicalho. Univale,

Brasil, 2010. 34 min. Disponível em:

<https://www.youtube.com/watch?v=ZjLk_v6j90E>. Acesso em: 07 de ago. 2014.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

FOTOGRAFIA DA MAQUETE

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APÊNDICE B

ESBOÇO DA CAIXA DE SUPORTE EM MADEIRA

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APÊNDICE C

ESBOÇO DA CASA

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APÊNDICE D

ESBOÇO DA RODA D’ÁGUA

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APÊNDICE E

ESBOÇO DA MAQUETE VISTA DE CIMA

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APÊNDICE F

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA A UTILIZAÇÃO DE IMAGEM ASSINADO PELO FOTÓGRAFO ALDO TONIAZZO

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APÊNDICE G

TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA A UTILIZAÇÃO DE IMAGEM ASSINADO PELO DIRETOR DO IMHC ANTHONY BEUX TESSARI

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APÊNDICE H

TERMO DE RESPONSABILIDADE ASSINADO PELO DIRETOR DO IMHC ANTHONY BEUX TESSARI

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APÊNDICE I

TABELA DE GASTOS

Material Valor gasto

Madeira Balsa (4 unidades)

8mm x 80 mm x 930 mm

R$ 70,00

Madeira Balsa (1 unidade)

1,5 mm x 100 mm x 930 mm

R$ 10,00

Cola para madeira 100 g R$ 5,80

Palitos de madeira (picolé) (200 unidades)

R$ 8,35

Bomba d’água para fontes

(1 unidade)

R$ 50,00

Estilete (1 unidade) R$ 3,75

Tinta verde para tecido

(2 unidades)

R$ 5,70

Tinta Tempera Vermelha

(1 unidade)

R$ 0,60

Tinta Tempera Guache

(1 unidade marrom e 1 unidade verde)

R$ 11,00

Mangueira transparente (1m) R$ 1,15

Cola para isopor 90g

(1 unidade)

R$ 4,50

Refil de Cola Quente

(4 unidades)

R$ 2,80

Isopor 15mm 50x50

(3 unidades)

R$ 6,60

Superadesivo instantâneo 2g R$3,99

Valor total gasto R$ 184,24

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APÊNDICE J

CD CONTENDO O MAKING OF DA CONSTRUÇÃO DA MAQUETE E AS

FOTOGRAFIAS APRESENTADAS DURANTE O TRABALHO

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APÊNDICE K

TCC 1

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

BIANCA DICKEL CAMPANHER

FOTOGRAFIA PARA AS MÃOS

Caxias do Sul

2014

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO EM FOTOGRAFIA

BIANCA DICKEL CAMPANHER

FOTOGRAFIA PARA AS MÃOS

Projeto de Trabalho de Conclusão de

Curso apresentado como requisito para

aprovação na disciplina de TCC I.

Orientadora: Myra Adam de Oliveira

Gonçalves

Caxias do Sul

2014

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 04

1.1 PROCESSO DE DESCOBERTA .................................................................... 04

2 TEMA ................................................................................................................. 04

2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA ............................................................................... 04

3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 04

4 QUESTÃO NORTEADORA ............................................................................... 05

5. OBJETIVOS ...................................................................................................... 06

5.1 OBJETIVO GERAL .......................................................................................... 00

5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 00

6. METODOLOGIA ............................................................................................... 06

7. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 06

7.1 Conceito de deficiência visual ........................................................................... 06 7.2 Compreendendo o cego: uma visão psicanalítica da cegueira por meio de

Desenhos-Estórias.................................................................................................... 07

7.3 Evgen Bavcar: Memória do Brasil .................................................................... 07

7.4 Ver Além ........................................................................................................... 07

7.5 Luz Escura: A Arte dos Fotógrafos Cegos......................................................... 07

7.6 Janela da Alma................................................................................................. 08 7.7 Podcast Cegos, Nerds e Loucos ..................................................................... 08

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8. ROTEIRO DOS CAPÍTULOS ............................................................................ 09

9. CRONOGRAMA .......................................................................................................... 10

REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 12

APÊNDICE (QUANDO HOUVER) ................................................................................... 00

ANEXOS (QUANDO HOUVER) ...................................................................................... 00

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Processo de descoberta

Inicialmente, a ideia para o trabalho de conclusão de curso era criar fotografias

em processo analógico e após sua ampliação no laboratório químico, acrescentar

texturas físicas, como por exemplo colar tecidos no lugar da roupa da pessoa

retratada. A partir disto, a ideia passou a ser direcionada aos deficientes visuais,

traduzindo a imagem visual para o tato, chegando ao pensamento final de construir

mini maquetes baseadas em fotografias autorais próprias.

2 TEMA

Fotografia e processos de conclusão.

2.1 Delimitação do tema

A percepção da fotografia através de outros sentidos além da visão.

3 JUSTIFICATIVA

Escolhi realizar este projeto por ser desafiante, por ser um assunto o qual a

maioria das pessoas não costuma refletir. Quando criamos uma fotografia,

pensamos na satisfação e na beleza que ela trará pra nós e para as outras

pessoas que irão vê-la, esquecendo dos deficientes visuais .

A escolha do tema da pesquisa foi também pela curiosidade em saber como

os cegos se relacionam com as imagens, sabendo que existem diversos

fotógrafos espalhados pelo mundo que possuem essa deficiência. Como eles

conseguem transmitir o mundo deles para nós através de fotografias? E como

conseguir transmitir fotografias tiradas por videntes para o mundo deles?

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Como é dito no livro Compreendendo o cego: uma visão psicanalítica da

cegueira por meio de desenhos-estória: “O ver parece ocupar, cada vez mais, um

lugar de destaque em nossa vida. Os educadores consideram que 80% de nossa

informação é recebida pela visão: a televisão, os outdoors, a vitrine, substituem o rádio e

a propaganda sonora. Vivemos hoje mergulhados em um mundo de cores e sombras. E

os sujeitos cegos, como ficam neste mundo predominantemente visual?” (pág. 23)

4 QUESTÃO NORTEADORA

É possível oferecer a experiência visual para pessoas cegas através da

transformação da fotografia de duas dimensões em um objeto de três dimensões?

5 OBJETIVOS

5.1 Objetivo geral

Construir mini maquetes baseadas em fotografias.

5.2 Objetivos específicos

5.2.1 Pesquisar, estudar e verificar métodos eficientes de transformar a imagem

visual em imagem tátil.

5.2.2 Levar ao deficiente visual a oportunidade de apreciar fotografias de um jeito

diferente.

5.2.3 Incentivar outros artistas a utilizarem métodos de acessibilidade para a

inclusão no mundo artístico-fotográfico.

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6 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste projeto de pesquisa foi bibliográfica, visita

guiada à APADEV (Associação dos Pais e Amigos dos Deficientes Visuais) de

Caxias do Sul, e principalmente a internet, em que foi possível encontrar diversos

documentários que me ajudaram a descobrir e conhecer melhor um mundo por

muitos ignorado.

Segundo Silvio Zamboni, no livro A Pesquisa em Arte: um paralelo entre arte

e ciência, existem passos que são comuns em quase todas as pesquisas, como:

a definição do objeto a ser estudado; a identificação de um problema; a inserção da

questão dentro de um quadro teórico; o levantamento de hipóteses; a observação; o

processo de trabalho; a interpretação e os resultados e conclusões. “O processo de

trabalho, principalmente em arte, não é algo linear, é um processo de idas e vindas,

de intuição e de racionalidade que se interpõem no caminho da construção

representativa de uma realidade.” [pág.67].

No trabalho aplicado serão feitas sete fotografias que poderão ser transpostas

para maquetes táteis. Os materiais a serem utilizados serão pesquisados em

questão de custo e texturas de melhor desempenho. Após a escolha das fotografias

e dos materiais, montarei por conta própria as mini maquetes que serão

apresentadas para a banca avaliadora.

7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

7.1 Conceito de deficiência visual

Segundo dito por Maria Lúcia Toledo Moraes Amiralian no livro Compreendendo

o cego,

“Um conceito aceito há muito tempo (Lowenfeld, 1950), e aprovado pela OMS em

1972, diz que cegos são aqueles que apresentam acuidade visual de 0 a 20/200

(enxergam a 20 pés de distância aquilo que o sujeito de visão normal enxerga a 200

pés), no melhor olho, após correção máxima, ou que tenham um ângulo visual restrito a

20º de amplitude.

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A restrição do campo visual, a chamada visão de túnel, também é considerada cegueira,

independentemente da acuidade visual possuída pelo sujeito, porque qualquer visão

nessa amplitude impede a apreensão do ambiente como um todo, uma das

características fundamentais da percepção visual.”

7.2 Livro Compreendendo o cego: uma visão psicanalítica da cegueira por meio

de Desenhos-Estórias

Escrito por Maria Lúcia Toledo Moraes Amiralian, trata-se de um livro de cunho

psicológico que aborda assuntos como o conceito de cegueira e suas concepções

médicas e educacionais, estudos psicanalíticos, procedimentos de diagnóstico da

doença, como acontece o desenvolvimento de personalidade no deficiente visual que

nasce com a doença e do que adquire ao longo dos anos e seus problemas em

comum, entre muitos outros.

7.3 Livro Evgen Bavcar: Memória do Brasil

Evgen Bavcar é um fotógrafo nascido em 1946 na Eslovênia, que ficou

completamente cego aos onze anos de idade após dois acidentes. O livro conta um

pouco sobre sua vida e sobre sua trajetória durante uma visita ao Brasil no ano de

2001.

7.4 Documentário Ver Além

O documentário Ver Além consiste em uma entrevista com deficientes visuais,

familiares e professores sobre assuntos como: a dificuldade de se aceitar como

deficiente; dificuldade de se tornar um adulto independente e de fazer tarefas cotidianas

como pegar um ônibus ou atravessar a rua e sobre como é difícil encontrar material

didático na linguagem braile. A vida de estudante de faculdade, a vida amorosa, escolar

e o mercado de trabalho, a falta de informação e respeito das pessoas videntes, a

superação dos desafios e a importância dos deficientes de qualquer gênero serem

inseridos na sociedade também são abordados durante o documentário.

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7.5 Documentário Luz Escura: A Arte dos Fotógrafos Cegos

O documentário é baseado em Sight Unseen, uma mostra do California Museum

of Photography (Museu de Fotografia da Califórnia) dos fotógrafos mais talentosos do

mundo e o curador da exposição Douglas McCulloh conta um pouco como foi

procurar estes fotógrafos ao redor do planeta durante 10 anos. Segundo McColluh, a

fotografia é criada com a mente e não com os olhos, “...essas fotografias são

unicamente composições mentais. Eles usam câmeras e outros equipamentos como

scanners para trazer ao mundo uma versão da imagem mental.” , “Eles estão

pensando [...] como eu ligo o mundo visível com o mundo invisível onde eu vivo?”.

Pete Eckert, Henry Butler e Bruce Hall são alguns dos artistas presentes na

mostra que contam, ao longo do documentário, um pouco sobre seus respectivos

trabalhos e histórias de vida.

7.6 Documentário Janela da Alma

Janela da Alma é um documentário brasileiro que compila entrevistas

sobre a visão e o olhar com pessoas portadoras de cegueira, tanto parcial como

total, de grandes nomes como José Saramago, Evgen Bavcar, Marieta Severo,

Manoel de Barros e cineastas, filósofos, escritores, etc, como Hermeto Pascoal,

Antonio Cicero, Wim Wenders, Carmela Gross, João Ubaldo,, Walter Lima Jr.,

Oliver Sacks, Arnaldo Godoy, Majut Rimminen e Agnès Varda.

7.7 Podcast Cegos, Nerds e Loucos

O podcast é uma conversa entre os donos da empresa Jovem Nerd com Lucas

Radaelli um programador com deficiente visual, que conta ao longo do programa sobre

como adquiriu a deficiência quando era criança, como conseguiu o seu cão-guia numa

ONG nos Estados Unidos, e sobre o seu dia-a-dia. Lucas vive em Curitiba, e um dos

assuntos mais interessantes falados durante o podcast é sobre a dificuldade que os

deficientes visuais têm em conseguir livros adaptados as condições deles, tanto

didáticos quanto de entretenimento. A solução é um grupo online em que sempre que

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alguém traduz um livro para a linguagem braile essa pessoa envia para todos os outros

participantes, avançando pouco a pouco a acessibilidade à cultura.

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9 CRONOGRAMA

ATIVIDADES

/ DATAS

AGOSTO

2014

SETEMBRO

2014

OUTUBRO

2014

NOVEMBRO

2014

DEZEMBRO

2014

Encontros

com a

orientadora

X x x x

Pesquisa

bibliográfica

X x x x

Manutenção

da pesquisa

x x

Pesquisa

prática

x

Produção

plástica

Redação do

texto

x x

Entrega do

trabalho

x

ATIVIDADES

/ DATAS

AGOSTO

2015

SETEMBRO

2015

OUTUBRO

2015

NOVEMBRO

2015

DEZEMBRO

2015

Encontros

com a

orientadora

X x x x x

Pesquisa

bibliográfica

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Manutenção

da pesquisa

X x x x

Pesquisa

prática

X x x x

Produção

plástica

X x x x

Redação do

texto

Entrega do

trabalho

x

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REFERÊNCIAS

AMIRALIAN, Maria Lúcia Toledo Moraes. Compreendendo o cego: uma visão

psicanalítica da cegueira por meio de Desenhos-Estórias. São Paulo: Casa do

Psicólogo, 1997.

BAVCAR, Evgen [1946-]; Tessler, Elida; Bandeira, João [orgs.]. Evgen Bavcar:

Memória do Brasil. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.

ZAMBONI, Silvio. A pesquisa em Arte: um paralelo entre arte e ciência / Silvio

Zamboni. – 2. ed. – Campinas, SP: Autores Associados, 2001. – (Coleção

polêmicas do nosso tempo ; 59)

Documentário Ver Além

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ZjLk_v6j90E Acesso em: 07 nov.

2014

Documentário Luz Escura: A Arte dos Fotógrafos Cegos

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0RjOzdMwcrs Acesso em: 05 set.

2014

Documentário Janela da Alma

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=56Lsyci_gwg Acesso em: 29 set.

2014

Podcast Cegos, Nerds e Loucos

Disponível em: http://jovemnerd.com.br/nerdcast/nerdcast-256-cegos-nerds-e-

loucos/ Acesso em: 18 set. 2014

Matéria: Impressora 3D reproduz fotos antigas para deficientes visuais relembrarem

o passado.

http://amorpelafotografia.com/post/1428/impressora-3d-reproduz-fotos-antigas-para-

deficientes-visuais-relembrarem-o-passado.html Acesso em: 28 out. 2014

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Matéria: Tudo o que você queria saber sobre cegos mas sempre teve vergonha de

perguntar.

http://wp.clicrbs.com.br/deolhosfechados/2014/11/06/tudo-o-que-voce-queria-saber-

sobre-cegos-mas-sempre-teve-vergonha-de-perguntar Acesso em: 02 nov. 2014

Programa: Programa Especial – Recursos para pessoas com deficiência visual

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ENh1NNpr-00 Acesso em: 07

nov. 2014

Reportagem: Mapas e maquetes táteis

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=DX-0AjVNdM0 Acesso em: 07

nov. 2014

Reportagem: Olhar digital - Tecnologia para deficientes visuais

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LT7Fpq10r6M Acesso em: 07

dez. 2014

Sites sobre maquetes táteis

Disponível em: http://www.dayse.tarricone.nom.br/maquetes/maquetes_principal.htm

Acesso em: 07 nov. 2014

Disponível em: http://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-

regiao/noticia/2014/10/pesquisadores-criam-maquete-tatil-e-sonora-para-auxiliar-

deficientes-visuais.html

Acesso em: 07 nov. 2014

Reportagem TV Feevale: A Arte de Sentir

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=O_2bmjaULYM Acesso em: 09

nov. 2014

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ANEXOS

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ANEXO A

FOLDER DE DIVULGAÇÃO DO INSTITUTO MEMÓRIA HISTÓRICA E CULTURAL