44
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA Stresse Profissional: um estudo exploratório sobre a importância das variáveis sexo e tempo de serviço numa amostra de Enfermeiros portugueses Fabiane Regina Tramm MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações 2012

UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

  • Upload
    lamdung

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

1

VALIDADE PREDITIVA DE TESTES DE

APTIDÃO COGNITIVA: UM ESTUDO

NO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR

Orientador de Dissertação:

Rui Bártolo Ribeiro

Co-Orientador de Dissertação:

João Paulo Maroco

Coordenador de Seminário de Dissertação:

Rui Bártolo Ribeiro

Renata Sofia Rodrigues Santos

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

Stresse Profissional: um estudo exploratório sobre a importância

das variáveis sexo e tempo de serviço numa amostra de

Enfermeiros portugueses

Fabiane Regina Tramm

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das

Organizações

2012

Page 2: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

II

Agradecimentos

Resumo

Abstract

UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

Stresse Profissional: um estudo exploratório sobre a importância

das variáveis sexo e tempo de serviço numa amostra de

Enfermeiros portugueses

Fabiane Regina Tramm

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das

Organizações

Dissertação orientada pelo Prof. Doutor Manuel Rafael

2012

Page 3: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

III

Agradecimentos

À Deus, por me envolver em seu manto me protegendo sempre com sua luz.

Ao Orientador desta tese, Professor Doutor Manuel Rafael, pela disponibilidade, orientação e

apoio essenciais na realização deste estudo.

À minha mãe, meu exemplo de sabedoria e força, de perseverança, dedicação, respeito e

acima de tudo por seu espírito guerreiro – a minha admiração e o meu amor! Muito obrigada

por sempre estar presente mesmo à distância, e por me fazer feliz. Quando nasci disseste-me:

“serás muito feliz”. E assim sou!!!!

Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre é tempo

de (re) começar, o meu amor!

À VOCÊ, José, o meu agradecimento especial! Pela enorme paciência, carinho e amor nestes

quase dois anos, e pela co-construção desta relação!

Um agradecimento especial ao meu Professor, Dr. Hélio Possamai, hoje colega e amigo, pelas

horas incansáveis que passamos juntos, pelo apoio e troca de ideias, as quais me

tranquilizaram e me ajudaram a seguir em frente nesta conquista! Hélio e Jerusa, “amigo é

coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração…”, não há palavras…pelo

carinho e apoio!

À Carla Cunha, minha querida e confidencial amiga, pelos dias felizes, pela amizade

carinhosa e, pelos muitos desabafos, o meu carinho eterno!

À amiga e colega Gisela, pelo carinho, cuidado e apoio incondicional. A tua disponibilidade

incansável e paciência foram fundamentais para me fazer ficar firme ate nos momentos de

“stresse” deste caminhar.

À colega Andrea, pelo carinho, força e ajuda incondicionais.

Page 4: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

IV

Ao Enfermeiro, Director de Enfermagem, João Fernandes, por abrir as portas do hospital e

consentir a participação de sua equipa de enfermeiros nesta pesquisa. Muito obrigada pelo

carinho, compreensão e colaboração. Espero ter contribuído!

Aos profissionais de enfermagem das unidades de Urgência Geral (UG), Neonatologia

(NEO), Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes (UCIP), Unidades de Cuidados

Intensivos Cirúrgicos (UCIC) e Urgência Geral e Obstétrica (UGO), pela colaboração, sem a

qual este estudo não seria possível.

E a todos que de algum modo possibilitaram e contribuíram, por terem estado e continuam a

estar presentes de diversas formas na minha vida. Fizeram e fazem de mim o que sou!

Muito obrigada!

Page 5: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

V

“A Enfermagem é uma arte; e como arte requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão

rigoroso, como a obra de qualquer pintor ou escultor. Mas o que é tratar da tela inerte ou do

frio do mármore comparado ao tratar do corpo vivo – o templo de espírito de Deus? É uma

das mais belas artes, eu quase diria, a mais bela de todas” (Florence Nightingale).

Page 6: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

VI

Resumo

Decorrentes do processo de globalização, têm ocorrido transformações no mundo do

trabalho e no contexto de vida, as quais induzem a um determinado nível de stresse. A partir

desta perspectiva, foram identificadas pesquisas que revelam a presença de stresse no

trabalho, apontando para a enfermagem como pertencente ao grupo de profissões

potencialmente stressantes. Assim, o presente estudo objectiva investigar o nível de stresse

em enfermeiros, de acordo com a influência da variável sexo e tempo de serviço. Para este

estudo, foi usado o Inventário sobre o Stresse Profissional, aplicado a 80 profissionais de

enfermagem. Conclui-se que não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas

nos níveis de stresse entre os dois sexos e os cinco grupos da variável tempo de serviço, pois

o p-value é superior ao alfa (p>.05).

Palavras-Chave: Stresse profissional, enfermeiros, sexo.

Abstract

Arising from globalization, some changes have occurred in the world of work and life

context, which induce a certain level of stress. From this perspective, we identified studies

that reveal the presence of stress at work, pointing to nursing as belonging to the group of

potentially stressful professions. Therefore, the present study aims to investigate the level of

stress in nurses, according to the influence of sex variable and length of service. For this

study, it was used the Job Stress Survey, applied to 80 nurses. The study concludes that there

are no statistically significant differences regarding the stress levels between the both genders

and between the five groups of length service variable, since the p-value is higher than alpha

(p> .05).

Keywords: Professional Stress, nurses, gender.

Page 7: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

VII

Índice

Agradecimentos.…………………...………………………………………………..………....III

Resumo …………………...………………………………………………..………………….VI

Lista de Tabelas……………………………………………………………………………...VIII

Introdução……………………………………………………………………………………….1

1.Enquadramento Teórico………………………………………………………………...3

1.1. Stresse Profissional……………………………………………………………..3

1.1.1. Definições e modelos…………………..……………………….…………3

1.1.2. Stresse profissional no contexto da enfermagem………………..………...6

1.2. Consequências do Stresse Profissional………………………..………………12

1.3. Sexo e Stresse Profissional……………………..……………………………..14

1.4. Objectivos e Hipóteses………………………….……………………….……15

2. Método………….……………………………………………………………….….16

2.1. Participantes………….………………………………………………..…...16

2.2. Instrumento…………………………………………….…………………..16

2.2.1. Inventário sobre o stresse profissional………………………………..16

2.2.2. A adaptação portuguesa………………………….…………...………17

2.3. Procedimento………………………………….……………..…………….18

3. Análise e Discussão dos Resultados…………………………….………………….18

4. Conclusão…………………………….……………………………………………..29

Referências Bibliográficas…………………………………………………………………….30

Page 8: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

VIII

Lista de Tabelas

Tabela 1: Médias, desvios-padrão e coeficientes de alfa de Cronbach para as escalas e

subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional (ISP)………………………….………19

Tabela 2: Médias e desvios-padrão dos resultados dos itens do Inventário sobre o Stresse

Profissional……………………………………………………………………………………21

Tabela 3: Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do

grupo masculino e feminino e as escalas e subescalas do Inventário sobre o Stresse

Profissional……………………………………………………………………………………22

Tabela 4: Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do

grupo masculino e feminino e os itens relativos da Escala de Severidade do

ISP………………………………………………………………………………………….…24

Tabela 5: Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do

grupo masculino e feminino e os itens relativos da Escala de Frequência do

ISP………………………………………………………………………………………….…26

Tabela 6: Médias, desvios-padrão, valor F e significância observadas entre as médias do

tempo de serviço e as escalas e subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional………28

Page 9: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

1

Introdução

O trabalho é um dos aspectos fundamentais na nossa existência, encontrando-se

amalgamado com os nossos mais profundos projectos, desejos de realização e com a nossa

própria constituição do “ser”. É um espaço de conhecimento, de afectação, de prazer, de

sofrimento e, por vezes, de adoecimento. Poder dispor de um trabalho, ter condições e

remuneração dignas, tem sido uma das batalhas e uma das condições fundamentais para a

preservação da qualidade de vida e de saúde.

A progressiva evolução do mundo moderno, para além de todo o conforto e facilidades

que proporciona, ocasiona também grandes desafios ao indivíduo, consistindo a maior das

dificuldades em conseguir manter-se em harmonia consigo mesmo e com o ambiente que o

rodeia.

O meio ambiente é, reconhecidamente, um dos agentes determinantes da saúde dos

indivíduos e dos grupos, sendo o trabalho e o local de trabalho dois dos factores que mais

contribuem para a mesma. Um ambiente de trabalho favorável pode, portanto, estimular e

promover o crescimento pessoal e aumentar a produtividade; pelo contrário, ambientes

desfavoráveis e de conflito podem contribuir para o aparecimento e/ou desenvolvimento da

insatisfação e do stresse nos trabalhadores.

Um dos principais problemas de saúde associados ao âmbito profissional é o stresse,

sendo um fenómeno de tal modo difundido que a Organização Mundial de Saúde e as Nações

Unidas o referem como a doença do século XX (Comissão Europeia, 2002).

O stresse atinge um número crescente de indivíduos em todo o mundo. Trata-se de

uma síndrome que tem como causa diversos factores, que podem estar associados à vida

moderna, ao sedentarismo, à sobrecarga de trabalho e ao estilo de vida (Correa et al., 2002).

Conforme o Ministério da Saúde (2001), o stresse também pode estar relacionado a factores

predisponentes tais como: traços de personalidade, áreas de trabalho que envolvam

responsabilidade com vidas humanas ou até mesmo com risco de acidentes.

Foram realizados vários estudos, evidenciando as consequências que o stresse

profissional pode ter nos indivíduos, tais como a diminuição da produtividade, burnout e

insatisfação (Cooper & Cartwright, 1994; Spielberger & Reheiser, 1994a), consequências

estas que também se reflectem em custos directos para a organização (Schabracq et al., 2003).

Além disso, acontecimentos considerados causadores ou desencadeadores de stresse, tais

como competitividade académica e profissional, desemprego, divórcio, urbanização caótica,

Page 10: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

2

ameaça de desqualificação profissional, entre outras, podem também estar na base de

problemas de saúde (Fonseca, 2005).

Segundo Preto & Pedrão (2009), o stresse tem sido associado a sensações de

desconforto. Porém, as diferentes situações dependem de um ponto de vista individual, que a

compreensão do stresse depende da percepção do indivíduo no contexto em que se encontra.

O aparecimento do stresse obriga as pessoas a desenvolver estratégias de

enfrentamento que, contudo, nem sempre se mostram favoráveis ao problema. Nesse sentido,

é indispensável conhecer as variáveis psicológicas decorrentes da situação de stresse, a fim de

sugerir maneiras efectivas de enfrentamento, possibilidades de intervenção e promoção da

saúde mental.

O stresse profissional na área da saúde e, particularmente, em enfermeiros, tem

despertado uma progressiva maior atenção da parte dos investigadores. Consequentemente,

vários estudos têm vindo a evidenciar que os enfermeiros constituem uma classe profissional

particularmente exposta a elevados níveis de pressão e stresse (Bourbonnais, Comeau, Vézina

& Guylaine, 1998; Butterworth, Carson, Jeacock, White & Clements, 1999; McIntyre, 1994;

McIntyre, McIntyre & Silvério, 1999; Murofuse, Abranhes & Napoleão, 2005; Payne & Firth-

Cozens, 1987), pelo que o bem-estar e saúde do trabalhador desta área da saúde é colocada

em causa, tendo efeitos ao nível individual e organizacional (Murphy, Hurrell, Sauter, &

Keita, 1995), tornando-se o stresse profissional fundamental para a investigação.

Considerando, portanto, os factores referidos acima, procurou-se conhecer a realidade

dos profissionais de enfermagem e os reflexos de impacto desse ambiente de trabalho na vida

dos mesmos.

Essa temática foi despertada pelo desejo de entender e aprofundar os conhecimentos

acerca de um sofrimento que, muitas vezes, aparece silenciosamente e que vem atingindo

tantos trabalhadores no mundo contemporâneo, o stresse. Como psicóloga, levantei algumas

questões que procurei discutir neste trabalho, entre as quais se a variável sexo e tempo de

serviço influenciarão o nível de stresse em enfermeiros, dado ser uma das profissões mais

afectadas pelo mesmo (Garrosa et al., 2008).

É nessa direcção que conduzi este estudo, convidando o leitor a uma reflexão a partir

da revisão teórica, de possíveis processos que ocorrem por dentro do mundo do trabalho e que

podem estar levando os trabalhadores, em especial os que trabalham em hospitais, a altos

níveis de stresse.

Para a construção das respostas ao problema desta investigação, percorrem-se

diversos caminhos, estruturados aqui, em quatro capítulos. O capítulo 1 apresenta o

Page 11: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

3

Enquadramento Teórico, com os fundamentos teóricos que tratam do tema abordado neste

estudo, as quais são as definições e modelos conceptuais de stresse profissional, stresse

profissional no contexto da enfermagem, consequências do stresse profissional, sexo e stresse

profissional, e objectivos e hipóteses. No capítulo 2, o Método descreve a construção da

metodologia utilizada nesta pesquisa referente à amostra, o instrumento (Inventário sobre o

Stresse Profissional) e procedimento. No capítulo 3, Apresentação e discussão dos resultados,

onde são apresentados e discutidos os resultados. Por último, no capítulo 4 - Conclusão, são

salientados os aspectos mais significativos do estudo, as limitações e sugestões para futuras

investigações.

1.Enquadramento Teórico

1.1.Stresse Profissional

1.1.1. Definições e modelos

O aumento da incidência do stresse profissional (Nguyen, 2010) tem sido reconhecido

como um fenómeno mundial, um desafio major tanto para a saúde dos indivíduos como para a

saúde da organização, com impacto negativo sobre os mesmos e as organizações onde

trabalham (Leka et.al, 2003; Watson, Goh, & Sawang, 2011).

O termo stresse teve origem na engenharia, mas foi mencionado pela primeira vez na

área da saúde, na década de 50, por Hans Selye, médico endocrinologista, sob a influência de

dois fisiologistas, Bernard e Cannon, que estudavam os mecanismos de equilíbrio interno do

organismo (Lipp, 2003; Miranda, 1998).

Selye (1956) descreve stresse como um conjunto de respostas não específicas

provocadas por um estímulo qualquer, a que designou de stressor. Esta resposta não é mais do

que o resultado de um conjunto de processos de adaptação do organismo, com o objectivo de

conduzir o indivíduo ao estado inicial de equilíbrio (homeostasia). Neste sentido, stresse

diferencia-se do stressor, isto é, nem todos os indivíduos reagem da mesma forma a um

acontecimento, mas qualquer que seja a situação indutora de stresse a reacção do organismo

será sempre a mesma, sendo a resposta conhecida como Síndrome Geral de Adaptação (Serra,

1989). Estas reacções ocorrem em três fases: alarme ou alerta, resistência e exaustão (Costa,

1997; Guido, 2003; Lipp, 1996). Embora Selye tenha identificado as três fases do stresse,

Lipp (2000), após quinze anos de pesquisa, identificou uma quarta fase denominada de quase-

exaustão, que desenvolve-se entre a fase de resistência e de exaustão.

Page 12: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

4

Após os estudos desenvolvidos por Selye sobre o stresse biológico e suas etapas,

(Selye, 1959), outros pesquisadores consideraram não somente a etapa biológica do stresse,

mas também os factores individuais, psicológicos, sociais e cognitivos envolvidos, pelo que

se pode considerar também as características individuais das pessoas, bem como o contexto

sob o qual se encontram.

Dentre várias definições que se tem procurado obter para o conceito geral de stresse,

Nakao (2010) define-o como uma reacção fisiológica e/ou psicológica do corpo a

circunstâncias que requerem ajustamento comportamental. Os stressores mais frequentes

incluem problemas relacionados com trabalho, com a saúde e com problemas financeiros.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, diversas variáveis das organizações, tais

como clima organizacional, insegurança laboral, ausência de procedimentos estabelecidos

para resolver problemas, supervisão inadequada, problemas na comunicação e falta de clareza

em relação aos objectivos, podem estar relacionadas com o stresse profissional (WHO, 2004).

Mendes (2001) define stresse profissional como o processo de perturbação provocado

no indivíduo pela mobilização excessiva de sua energia de adaptação para o enfrentamento

das solicitações de seu meio ambiente profissional, que ultrapassam as capacidades actuais,

físicas ou psíquicas deste indivíduo.

Nos anos 80, passou-se a entender o stresse também como uma interacção do

indivíduo com o meio, percebida pelo sistema cognitivo.

Lazarus e Folkman (1984) definem stresse como algo que ultrapassa a esfera

biológica, e salientam a importância do aparelho cognitivo nas respostas aos diferentes

estímulos. Assim, elaboraram o modelo interaccionista, no qual a avaliação cognitiva é

mediadora da reacção ao stresse, buscando neutraliza-lo ou superá-lo. No entanto, fala-se em

stresse profissional quando o indivíduo não consegue adaptar-se as características reais ou

percebidas do ambiente (Lazarus e Folkman, 1986). Esta inadaptação ocorre quando as

capacidades do indivíduo não correspondem as exigências do trabalho ou quando o trabalho

não satisfaz as necessidades e as expectativas do mesmo em questão (Vives, 1994).

Actualmente, o conceito de stresse tem sido definido como resposta fisiológica e

psicológica, como uma condição ambiental e como um estímulo na interacção das exigências

com o meio, considerando os recursos pessoais e sociais e a capacidade de resposta que

provém da análise que o indivíduo faz quanto às exigências externas e aos recursos

necessários para lidar com as mesmas (Cardoso, cit. in Loureiro, 2005).

Relativamente aos modelos de stresse profissional, interessa aqui tratar as concepções

teóricas nas quais é baseado o instrumento de avaliação utilizado no presente estudo, ou seja,

Page 13: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

5

o Modelo de Ajustamento Pessoa-Ambiente (Person-Enviroment Fit Model) de French e

colaboradores, e a Teoria Transaccional de Lazarus (Lazarus’s Transactional Process

Theory).

O Modelo de Ajustamento Pessoa-Ambiente postula que a tensão (strain) acontece

quando o indivíduo não tem as competências e os recursos necessários para satisfazer as

exigências do trabalho. Quanto mais pobre for o ajustamento entre a pessoa e o ambiente,

mais severo será o stresse e maior a probabilidade de os colaboradores sofrerem

consequências negativas, como produtividade reduzida e problemas de saúde (French &

Caplan, 1972, French, Caplan, & Harrison, 1982, cit. in Vagg, Spielberger, & Wasala, 2002).

Este modelo foi aprimorado por Cooper e Marshall (1976) que constataram cinco grandes

níveis de stresse profissional, nomeadamente, pressões intrínsecas do trabalho (pressão de

tempo; trabalho excessivo); papel do colaborador na organização (falta de clareza nas

responsabilidades); relações interpessoais no trabalho (dificuldades com supervisores,

colegas, subordinados); limitações no desenvolvimento de carreira (segurança no trabalho,

oportunidades de promoção); estrutura e clima organizacionais (não reconhecimento dos

contributos do colaborador e ausência de participação nas tomadas de decisão).

O Modelo Transaccional de Lazarus (1999) explora o stresse profissional a partir de

uma perspectiva cognitiva-comportamental. A avaliação cognitiva para Lazarus e Folkman

(1984) assume um papel fulcral no processo de stresse, existindo três tipos de avaliação que

podem mediar os efeitos dos stressores nas reacções emocionais: a avaliação primária que

ocorre quando o stressor é avaliado em termos do seu impacto imediato no bem-estar do

indivíduo; avaliação secundária, que tem em conta os recursos que o indivíduo possui para

lidar com o stressor; e a reavalição, que inclui nova informação proveniente da avaliação do

indivíduo acerca da eficácia dos seus esforços para lidar com um stressor particular (Lazarus,

1999; Lazarus & Folkman,1984). Portanto, o stresse ocorre quando os estímulos (stressores)

são avaliados pelo indivíduo como ameaçadores, ou quando as exigências externas e internas

excedem os recursos disponíveis para as enfrentar, este irá sentir frustração e tensão, e

manifestar emoções negativas como ansiedade e a raiva. O modelo de Lazarus é parecido ao

modelo de ajustamento pessoa-ambiente no reconhecimento da relevância da ligação das

capacidades do indivíduo com as exigências do ambiente, mas refere maior importância à

avaliação que o indivíduo faz dos stressores e às suas capacidades para lidar com fontes

específicas de stresse (Vagg et al., 2002).

Proveniente destas duas teorias, Modelo Transaccional e Ajustamento Pessoa-

Ambiente, tem-se o Modelo Estado-Traço de ansiedade de Spielberger (1972, cit. in Vagg et

Page 14: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

6

al., 2002), cuja ênfase é dada nos traços de personalidade dos indivíduos que influenciam as

suas reacções emocionais ao stresse no local de trabalho. Este modelo, para além da avaliação

cognitiva refere importância à percepção imediata dos stressores como lesivos ou

ameaçadores, e que evocam reacções de ansiedade ou de raiva durante o processo de

adaptação. Este estado de ansiedade pode mudar de intensidade e de duração, e pode variar ao

longo do tempo em função do stresse que actua sobre o indivíduo (Spielberger et al., 1995).

Baseado neste modelo, foi desenvolvido o Job Stress Survey como medida genérica de

eventos causadores de stresse encontrados por homens e mulheres em várias profissões e

numa multiplicidade de contextos profissionais (Spielberger & Reheiser, 1994a).

Assim sendo, parece pertinente estudar o stresse profissional em contexto da

enfermagem.

1.1.2. Stresse profissional em contexto de enfermagem

A enfermagem está, desde a sua origem, ligada à noção de “cuidar”, à prestação de

cuidados, que envolve promover a saúde, prevenir a doença e cuidar dos doentes, estando

relacionada também com a sobrevivência das pessoas. É uma profissão de ajuda com bases

científicas, considerada por muitos, uma arte (Fernandes, 2007).

Florence Nightingale, de origem inglesa, foi a pioneira da enfermagem moderna e da

arte do cuidar. O modelo de Nightingale caracterizou-se principalmente pela preocupação

com o ambiente hospitalar e pela divisão hierárquica e social do trabalho da enfermagem

(Almeida, 1984; Barreira, 1999).

De acordo com Nightingale, a enfermagem tem como objectivo primordial “pôr o

doente nas melhores condições para que a natureza possa actuar” (Ribeiro et al., 1996, p. 25-

29). Transformou o conceito de enfermagem, afirmando que a mesma é uma arte que requer

uma devoção exclusiva ao trabalho e uma preparação árdua (Donahue, 1985). Nightingale

defendeu a ideia de que a arte do cuidado é um treinamento organizado, prático e científico.

Obteve o maior reconhecimento através de sua participação como voluntária na Guerra da

Criméia em 1854 e, ao retornar, foi considerada como sinónimo de doçura, eficiência e

heroísmo, tornando-se uma figura nacionalmente popular, não só por reorganizar a

enfermagem e salvar vidas, mas também por quebrar o preconceito que existia em torno da

participação da mulher no exército e transformar a visão da sociedade em relação à

enfermagem (Costa et al., 2009).

Das definições clássicas de enfermagem, destaca-se a formulada por Virgínia

Henderson (1966), que descreve que o enfermeiro deve ajudar o paciente na satisfação das

Page 15: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

7

suas necessidades, apelando para o autocuidado, bem como a realizar as devidas actividades

que contribuem para a sua recuperação, conservando a sua saúde de tal maneira que o próprio

paciente se torne o mais independente possível. Ainda hoje, o modelo de Henderson exerce

enorme influência, tanto no contexto da disciplina de enfermagem, como no exercício da

profissão.

Após a definição postulada por Henderson, a revisão de literatura mostra um grande

número de tentativas para conceptualizar com maior exactidão a profissão de enfermagem.

Yura e Cols (1976) definem a enfermagem como o encontro do enfermeiro com o paciente e

sua família, durante o qual o enfermeiro ajuda, observa, ensina, comunica e entende,

proporcionando todos os cuidados durante a enfermidade até que o paciente seja capaz de agir

por si próprio, alcançando a plena satisfação das suas necessidades básicas.

Segundo Boore (1981), a profissão de enfermagem inclui as funções de cuidar na

saúde e na doença, na sua magnitude, desde o nascer até a morte. O principal objectivo da

enfermagem é promover a conservação e restabelecimento da saúde do paciente, dando

enfoque especial aos factores biológicos, psicológicos e socioculturais, respeitando as

necessidades e direitos da pessoa a quem se presta o serviço (Brunner, 1983).

“Ser enfermeiro significa ter como agente de trabalho o Homem e, como sujeito de

acção, o próprio Homem”, com isto sucede uma estreita ligação entre o trabalho e o

trabalhador, vivenciando directa e ininterruptamente o “processo de dor, morte, sofrimento,

desespero, incompreensão, irritabilidade e tantos outros sentimentos e reacções

desencadeadas pelo processo de doença” (Batista & Bianchi, 2006, p.535).

Para Marziale e Robazzi (2001), o profissional de enfermagem é aquele que cuida de

vidas e pessoas e, para exercer a profissão, o enfermeiro necessita de ter conhecimentos

científicos, habilidades técnicas, responsabilidades, ética profissional e condições de trabalho

adequadas. Watson (2002) descreve a enfermagem como uma ciência humana, na medida em

que estuda o indivíduo como um todo, sob um conceito integral e pessoal. Segundo o autor o

cuidar exige grande consideração e reverência pelo indivíduo e pela vida humana.

Por ser uma profissão interdependente, a enfermagem interage com outros

profissionais quanto a funções de planeamento, execução e avaliação, que asseguram a

eficácia e a eficiência do sistema de saúde (Sousa, 1989). O profissional enfermeiro pode

desenvolver funções nas instituições hospitalares, nos serviços de ambulatórios e centros de

saúde, supervisionar a equipa de enfermagem, bem como prestar assistência directa aos

pacientes; na saúde ocupacional participando da responsabilidade de prevenção, manutenção e

recuperação da saúde do trabalhador, e também como profissional autónomo. Além dessas

Page 16: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

8

funções, pode exercer actividades de ensino, pesquisa e administração (Stacciarini &

Tróccoli, 2001). Devido a essa amplitude de actividades, a enfermagem está ainda mais

susceptível ao stresse, pois exige do profissional muitas responsabilidades, iniciativa,

conhecimento técnico e administrativo das funções hospitalares, incluindo vivências de

tristeza dos pacientes e seus familiares, o que interfere no emocional do enfermeiro (Cooper,

1990).

Destaca-se ainda que ser profissional de enfermagem exige, além do conhecimento de

muitas técnicas e competências comparadas com os aspectos físicos, a apreensão das

necessidades psicológicas do indivíduo saudável ou doente. Portanto, o enfermeiro deve ter

consciência de que a utilização de estratégias psicológicas no ambiente hospitalar resultam,

não só em benefício para o doente, mas também para si próprio, apresentando assim uma

elevada capacidade empática, principalmente no sentido de saber colocar-se no lugar do outro

(Zurriaga et al., 1995).

Segundo Salvage (1990), a sociedade espera que os enfermeiros respondam à

obrigação de cuidar, seja em que circunstância for. Portanto, o trabalho em ambiente

hospitalar, onde 78% do total dos enfermeiros exercem a sua função em Portugal (Maia,

2005), contribui para que ocorram acontecimentos desencadeadores de stresse e de fadiga

mental e física para os profissionais. Todas estas exigências feitas a esta classe profissional

tornam os enfermeiros susceptíveis de um maior nível de stresse.

Na verdade, os enfermeiros passam por situações com fortes cargas emocionais, onde

a saúde dos mesmos sofre ameaças associadas com o convívio diário com a dor e sofrimento,

com a incerteza da cura e a probabilidade da morte, pois a perda de um paciente significa para

o enfermeiro uma derrota na luta contra a mesma. Entretanto, os direitos do paciente não

devem fazer esquecer os direitos do enfermeiro. O bem-estar é um factor de grande

importância para o profissional de enfermagem, “pois quem não se encontra bem do ponto de

vista físico e psicológico não apresenta condições objectivas e práticas para cuidar de doentes,

os quais constituem a razão de ser da sua actividade” (Santos, 2010, p.48). Ademais, os

profissionais de enfermagem são indispensáveis na assistência e no apoio psicossocial do

paciente. No entanto, estudos comprovam que os enfermeiros revelam uma maior

probabilidade de sofrimento emocional (Martino & Misko, 2004).

Os profissionais de saúde, sobretudo os que trabalham em ambiente hospitalar, são

considerados um dos grupos mais afectados pelo stresse no seu trabalho diário e, de modo

particular, os enfermeiros (Garrosa et al., 2008), estando nas posições cimeiras no ranking das

profissões mais stressantes do sector público (Vanagas & Bihari-Axelsson, 2004), algo

Page 17: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

9

atestado pela Health Education Authority, que classificou a enfermagem como a quarta

profissão mais stressante no sector público (Murofese et al., 2005). A profissão de

enfermagem é reconhecida como potencialmente stressante (Bianchi, 1999). Com efeito,

Peterson et al. (1995) referem que cerca de 80% dos enfermeiros têm níveis elevados ou

muito elevados de stresse.

A enfermagem é apontada como uma das profissões mais stressantes (Ayres, 2001),

pelo que, nos últimos 30 anos, tem aumentado o número de estudos sobre stresse relacionado

com enfermagem. A profissão de enfermagem em ambiente hospitalar é exercida em

circunstâncias altamente stressantes, que pode levar o profissional a ter dificuldades como

desmotivação, insatisfação profissional, absentismo e tendência ao abandono da profissão.

Assim, vários autores têm identificado factores específicos de stresse relacionados

com o trabalho do enfermeiro. Na literatura, encontram-se várias referências que aliam o

stresse aos profissionais ligados à saúde, mais comumente os enfermeiros, devido às

características inerentes a própria profissão.

Vives (1994), apresenta as fontes de stresse na profissão de enfermagem, agrupando-

as em cinco categorias: factores ambientais (relacionados directamente com o trabalho),

factores relacionais (relações interpessoais na equipa de trabalho), factores organizacionais e

burocráticos (atinge os estilos de trabalho próprios de cada unidade), factores profissionais

inerentes ao desempenho de papéis (inclui as exigências ligadas ao desempenho de papéis

inerentes à profissão), e factores relacionados com precisão e exigência (inclui todas as causas

que submetem o enfermeiro a uma tensão constante por ter que realizar acções contrárias às

suas próprias expectativas).

Segundo Celentano e Johnson (cit. in Santos, 2010, p.49), há um grande número de

outros factores de risco associados com o trabalho que podem também causar stresse aos

profissionais de enfermagem, nomeadamente, “os contactos socias, o contacto com os utentes,

os horários irregulares, o conteúdo do trabalho, a carga de trabalho, o grau de

responsabilidade, a necessidade de manutenção e desenvolvimento da qualificação

profissional, o conflito e a ambiguidade de papéis, o ambiente físico em que o trabalho se

desenvolve e clima organizacional”.

Similarmente, num estudo sobre stresse realizado em enfermeiros por Gray-Toy e

Anderson (1981, cit. in por Mcintyre, 1994), foram identificadas como principais situações

indutoras a sobrecarga de trabalho e o facto de se sentirem insuficientemente preparados para

enfrentar as exigências emocionais dos doentes e de seus familiares.

Page 18: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

10

Para Delbrouk (2006), os enfermeiros nem sempre sabem quais as actividades que

devem fazer ou que não são da sua responsabilidade. Segundo este autor, os cuidados de

enfermagem são realizados num espaço onde os enfermeiros se confrontam diariamente com

vários dilemas: entre a saúde e a doença, a vida e a morte, o bem e o mal, a normalidade e a

loucura, colocando em causa o seu ideal, provocando muitas vezes a desilusão. O conflito de

papéis surge muitas vezes frente à ausência total de superiores hierárquicos e também quando

as expectativas dos enfermeiros são contraditórias face ao que realmente acontece, o que pode

causar um sentimento de abandono, contribuindo para a desvalorização e fazendo com que os

enfermeiros percam a vontade de se envolverem com o trabalho, pois estes gostariam de ter

maior participação na decisão, iniciativa e responsabilidade, ter a oportunidade na aquisição

de maior autonomia, e de ver reconhecido o seu papel no hospital, aspectos importantes que

contribuem para a satisfação e realização no seu trabalho (Sagehomme, 1997).

Lima e Coelho (2001) verificaram, num estudo com enfermeiros portugueses que, dos

profissionais de saúde avaliados, os enfermeiros apresentaram níveis mais elevados de stresse,

tendo como motivos principais a ausência de promoção na carreira, escassez de pessoal,

tarefas e exigências contraditórias no papel profissional e orientações e apoio inadequados por

parte dos superiores.

Os factores de stresse para Healy e Mckay (2000), bem como para Bianchi (1999,

cit.in Batista & Bianchi, 2006) relacionados com a enfermagem e o seu trabalho,

correspondem a “problemas de comunicação com a equipa, os conflitos internos e a falta de

respaldo do profissional, assistência prestada, aspectos inerentes à unidade, a carga de

trabalho, interferência na vida pessoal e actuação do enfermeiro”.

Também para Ivancevich e Matteson (cit. in Santos, 2010), os factores comuns de

stresse na profissão dos enfermeiros são a sobrecarga de trabalho, os conflitos interpessoais,

os conflitos de papéis, a carga afectiva e psíquica e o trabalho por turnos.

O trabalho por turnos e, sobretudo o trabalho nocturno, são fontes geradoras de

consequências prejudiciais para a saúde e o bem-estar do profissional. A actividade nocturna

colide com o ritmo biológico e é considerada desfavorável, já que nesse período de sono o

enfermeiro tem que estar completamente desperto, atento e concentrado. Surgem então os

efeitos prejudiciais para a produtividade e segurança, associadas a alterações de humor e

desempenho cognitivo (Maia, 2005). O trabalho por turnos é uma característica da

enfermagem, por ter assistência prestada 24 horas, o que faz com que o profissional trabalhe

noites, nos fins-de-semana e feriados, limitando a sua vida social (Pafaro & Martino, 2004). A

Page 19: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

11

dupla jornada de trabalho obriga o profissional de enfermagem a desenvolver as suas funções

em mais de uma instituição para o aumento da renda familiar.

Os conflitos interpessoais presentes no trabalho do enfermeiro são também factores

potencialmente geradores de stresse (Peiró et al., 1992). Quando as relações entre colegas de

trabalho se tornam ambíguas, pouco cooperativas, com a presença de rivalidades, de

competição e de falta de apoio, podem originar elevados níveis de stresse, sendo altamente

prejudicial para a saúde do enfermeiro. Beehr (1981) descreve esta situação como uma falta

de relação solidária entre iguais, que acontece quando a união do grupo se torna menor. Por

outro lado, há como factor negativo a relação médico-enfermeiro, onde surgem situações

causadoras de conflitos ligadas a uma luta de poder, e também uma certa desvalorização e

desconhecimento do trabalho da enfermagem por parte dos médicos (Seixas & Pereira, 2005).

Uma das fontes de stresse para os enfermeiros é testemunhar cuidados médicos considerados

fúteis ou desnecessários (Ferrell, 2006).

Os enfermeiros executam o seu trabalho sob forte carga emocional, afectiva e

psíquica, pois deparam-se todos os dias com o sofrimento, o desespero dos doentes e de seus

familiares, com o isolamento, a solidão, a falta de comunicação, falta de reconhecimento, falta

de estímulo, convivendo numa relação árdua, conflituosa e constante com a morte (Bulhões,

1994).

Conforme Más et al. (1999), vários estudos mostram a existência de elevado número

de situações stressoras realizados com profissionais de saúde em geral, particularmente em

enfermeiros, por serem profissionais expostos ao stresse, como problemas de inter-relação

com os colegas de trabalho, horários irregulares, relação com os doentes e os seus familiares,

sobrecarga de trabalho e a falta de pessoal, o contacto com o sofrimento humano e com a

morte.

O confronto com a morte é um factor altamente stressante para o profissional de

enfermagem, suscitando sentimentos e atitudes diversas, como angústia, desespero, incerteza,

medo e ansiedade, acabando o enfermeiro por se sentir impotente frente a esta situação por

não saber como comunicar efectivamente com o doente e seus familiares e por querer

prolongar a vida e evitar a morte de seus pacientes. Estes factores sobrecarregam severamente

o profissional que dedica o cuidado aqueles cuja morte está eminente (Saraiva, 2009). Deste

modo, sendo a morte inevitável e frequente nos serviços de saúde, nem todos os enfermeiros a

compreendem, a acolhem e reagem a ela da mesma maneira.

De acordo com Rosado (1991, cit. in Saraiva, 2009), do confronto com a morte

surgem frequentemente mais problemas psicológicos do que físicos, dentre estes pensamentos

Page 20: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

12

involuntários dedicados ao doente, sentimentos de impotência, choro e sensação de

abatimento, sentimento de choque e de incredibilidade perante a perda, dificuldade de

concentração, cólera, ansiedade, e irritabilidade, o que geram absenteísmo, desejo de mudança

de serviço, isolamento, entre outros.

Um factor importante a ser citado é a alta rotatividade na profissão de enfermagem.

Para Lachman (1989) os enfermeiros apresentam altos níveis de turnover, pois sentem-se

insatisfeitos com o trabalho que realizam, têm poucos benefícios e ganham pouco. Lachman

(1989) atribui a insatisfação dos enfermeiros à pouca autonomia, à supervisão exagerada e à

pouca participação nas tomadas de decisão no serviço.

Ao longo das últimas décadas a profissão de enfermagem tem sofrido importantes

alterações, consequentes de outros aspectos das políticas de saúde, que impõem uma

intensificação do ritmo do trabalho dos enfermeiros. No entanto, não foi tida em conta a

correspondente necessidade do aumento do número de enfermeiros, tornando-se a sua

actividade numa sobrecarga de trabalho e dando origem muitas vezes à frustração (Peiró,

1993).

Na última década, tem havido um interesse crescente na análise de como as condições

de trabalho podem influenciar o comportamento organizacional (Rennesund & Saksvik,

2010). Com efeito, parece existir uma relação entre o grau de identificação com a organização

e o nível de stresse dos trabalhadores (Bachkirova, 2012).

Afigurar-se existir uma relação também entre ambiente de trabalho, satisfação no

trabalho e as variáveis de stresse relacionadas com o trabalho (Sterner, 2009). Na verdade, as

deficiências estruturais são uma importante fonte de stresse no trabalho na área da saúde

(Pross & Schweitzer, 2010).

Enfermeiros que trabalham em hospitais encontram uma variedade de factores de

estresse, o que pode afectar as suas capacidades profissionais (Batool, Nishat, & Yaqoob,

2012). Além disso, o stresse profissional dos enfermeiros afecta negativamente a sua saúde e

a qualidade do seu trabalho (Golubic, Milosevic, Knezevic, & Mustajbegovic, 2009),

apresentado variadas consequências negativas para o bem-estar do profissional e da

organização em que exerce as suas funções.

1.2. Consequências do Stresse Profissional

Guido (2003, p.26) afirma que há “um crescente desinteresse dos enfermeiros pela

profissão, e em decorrência o desencadeamento de insatisfação e stresse”. O stresse no

Page 21: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

13

trabalho pode, pois, levar a longos períodos de absenteísmo e incapacidade para exercer as

funções (De Vente, Kamphuis, Emmelkamp, & Blonk, 2008).

No mundo do trabalho, as consequências do stresse profissional são particularmente

importantes, sobretudo ao nível da organização. No que concerne às consequências do stresse

profissional distingue-se, basicamente, as que tem repercussões em termos individual e

organizacional. Indirectamente no comportamento individual salienta-se a perda da vitalidade,

falhas de comunicação, qualidade das relações interpessoais no trabalho afectada, erros na

tomada de decisões e oportunidades perdidas, diminuição da produtividade, criatividade,

motivação no trabalho, satisfação e de bem-estar do indivíduo, bem como a estagnação do

desenvolvimento pessoal. Em última instância o stresse pode levar a doenças físicas e

psicológicas (Ramos, 2001; Schabracq et al., 2003, cit in Vargas, 2010). E directamente no

clima organizacional destacam-se como principais consequências a insatisfação com o

desempenho, baixa adesão aos objectivos, atrasos na produção, acidentes de trabalho, greves,

custos de saúde, compensações, indemnizações e reformas antecipadas, absenteísmo e

turnover de colaboradores altamente qualificados (Ramos, 2001; Schabracq et al., 2003, cit in

Vargas, 2010). Inevitavelmente, todas estas consequências irão repercutir nos custos da

organização. Devido ao stresse, o absenteísmo pode afectar até 10 a 20% da força de trabalho

em algumas indústrias americanas (Sutherland e Cooper, 1990), implicando custos

astronómicos. A nível europeu, há uma estimativa dos custos provocados pelo stresse no

trabalho, que aponta para os 20 milhões de euros anuais, gerando preocupação em relação ao

sofrimento causado a muitos milhões de colaboradores da comunidade europeia (Comissão

Europeia, 2002, cit in. Vargas, 2010).

Altas taxas de stresse são encontradas em profissionais de saúde, em particular os

enfermeiros de saúde mental (Gibb, Cameron, Hamilton, Murphy, & Naji, 2010), tendo sido

até associadas doenças ao stresse profissional, como a hipertensão e úlceras gástricas (Holt,

cit. in Stacciarini e Tróccoli, 2000).

O stresse no trabalho tem sido associado, assim, a uma série de efeitos adversos para a

saúde física e mental, tais como doenças cardiovasculares, insónia, depressão e ansiedade.

Condições stressantes de trabalho afectam o bem-estar, contribuindo para comportamentos de

saúde negativos, como tabagismo e sedentarismo (Nakao, 2010).

Pode ainda aumentar o risco de asma, em ambos os sexos (Eng, Mannetje, Pearce &

Douwes, 2011; Loerbroks, Gadinger, Bosch, Stürmer, & Amelang, 2010) e até de demência

(Andel et al., 2012). Ademais, o trabalho física e psicologicamente desgastante aumenta o

risco de efeitos prejudiciais sobre a gravidez, incluindo aborto e parto prematuro (Katz, 2012).

Page 22: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

14

Em suma, taxas mais elevadas de doença relacionada ao stresse são encontradas em

profissionais de saúde, quando comparado com outros sectores. O aumento da demanda

clínica, longas horas de trabalho, falta de apoio dos colegas e de gestão, estão a contribuir

para o absenteísmo, queixas somáticas e problemas de saúde mental. Trabalho em saúde

mental é inerentemente stressante e os níveis de stresse no trabalho vivenciadas por

enfermeiros de saúde mental são especialmente elevados. Eles consideraram até a assistência

directa ao paciente como menos stressante do que as restrições organizacionais sob as quais

trabalham, tendo relatado a falta de apoio dos grupos de pares e da gestão (Gibb, Cameron,

Hamilton, Murphy & Naji, 2010).

1.3. Sexo e Stresse Profissional

A História da enfermagem no século XX geralmente apresenta a enfermagem como

uma profissão predominantemente feminina, em que os homens eram uma minoria

marginalizada (Prebble & Bryder, 2008).

No entanto, a literatura mostra que a discriminação de sexo ainda prevalece na

profissão de enfermagem (Kouta & Kaite, 2011), sendo indicada a existência de barreiras para

enfermeiros homens no exercício da sua profissão (Roth & Coleman, 2008). Nos manuais

escolares, os profissionais são ainda indicados no sexo feminino – “a enfermeira” -, havendo

pouco ou nenhum conteúdo em contribuições dos homens para a enfermagem (Le-Hinds,

2010).

Num estudo recente, verificou-se que as enfermeiras passaram mais tempo em

actividades de atendimento ao paciente, percepcionando-se como tendo alto nível de

satisfação no trabalho (Torkelson & Seed, 2011). Por outro lado, há um sentimento

generalizado dos homens em enfermagem que se sentem infelizes como uma minoria em uma

ocupação predominantemente feminina, sentindo uma disjunção entre a identidade masculina

e o papel da enfermagem (Brown, 2009).

Relativamente à severidade e frequência com que os acontecimentos potencialmente

desencadeadores de stresse ocorrem, verificaram-se, de acordo com o estudo sobre stresse

profissional de Branco (2010), algumas diferenças entre os sexos relativamente aos

acontecimentos causadores de stresse, tendo sido identificados acontecimentos

percepcionados como mais severos e frequentes para o grupo do sexo masculino

comparativamente com o grupo do sexo feminino.

Por outro lado, é importante considerar a percepção da frequência de ocorrência de

acontecimentos específicos causadores de stresse, por parte de ambos os sexos, uma vez que o

Page 23: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

15

estudo de Vargas (2010) mostrou que existem diferenças significativas entre eles, à

semelhança de Rafael (2001) e Vardevanyan (2009), que afirmaram apenas não existirem

diferenças entre os sexos no que diz respeito à percepção da frequência de ocorrência de

stresse profissional, atestando o que já havia sido estudado por Spielberger e Reheiser (1994,

cit. in Vargas, 2010). Vargas (2010) concluiu ainda que não existem diferenças entre os sexos

ao nível da frequência da ocorrência de stresse profissional.

Pelo contrário, Spielberger e Reheiser (1994, cit. in Rafael, 2001) concluíram ainda

que não existem diferenças entre os sexos quanto à severidade e frequência do stresse

profissional que vivenciam, no entanto os homens e as mulheres experienciam diferentes

acontecimentos causadores de stresse com maior ou menor frequência em parte em função do

seu nível profissional.

1.4. Objectivos e Hipóteses

Tendo em conta que o stresse é um dos principais problemas de saúde relacionados

com o contexto profissional, referido como a doença do século XX (Comissão Europeia,

2002), estabelecem-se como objectivos:

1. Investigar o nível de stresse em enfermeiros que actuam num hospital público de

Lisboa.

2. Caracterizar o nível de severidade e de frequência quanto aos acontecimentos

causadores de stresse profissional.

3. Comparar o nível de stresse considerando a variável sexo.

4. Identificar os acontecimentos causadores de stresse profissional nos enfermeiros de

ambos os sexos.

5. Comparar os níveis de stresse profissional em Enfermeiros de ambos os sexos com a

variável tempo de serviço.

A partir destes objectivos, colocou-se como hipótese geral deste estudo que as

enfermeiras terão um maior nível de stresse, relativamente aos enfermeiros do sexo

masculino, dadas as exigências principalmente do seio familiar, uma vez que, embora o pai

venha a assumir um papel cada vez mais activo no cuidado dos seus filhos (Wang & Bianchi,

2009), esta mudança tem sido gradual (Monteiro, Veríssimo, Santos, et al., 2008), estando a

visão da maternidade ainda ligada a uma perspectiva tradicional.

No entanto, formularam-se outras hipóteses complementares ao estudo:

H1. Os enfermeiros apresentam elevados níveis de stresse.

Page 24: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

16

H2. Espera-se que existam diferenças entre os sexos relativamente à percepção da

intensidade (severidade) de stresse experimentado.

H3. Espera-se que existam diferenças entre os sexos relativamente à frequência dos

acontecimentos desencadeadores de stresse profissional.

H4. Espera-se que o nível de stresse profissional seja maior em enfermeiros com

menor tempo de serviço.

2. Método

Trata-se de um estudo transversal, uma vez que as aplicações foram feitas num único

momento, com carácter exploratório, com metodologia quantitativa e correlacional.

2.1. Participantes

A amostra é constituída por 80 (N=80) enfermeiros, que trabalham num hospital

público de Lisboa. Destes, 17 (21,3%) são do sexo masculino e 63 (78,8%) do sexo feminino.

2.2. Instrumento

2.2.1. Inventário sobre stresse profissional

O Inventário sobre Stresse Profissional é uma adaptação portuguesa do Job Stress

Survey (JSS) e tem antecedentes directos em dois instrumentos de avaliação de stresse

destinados a populações específicas, polícias e professores: o Police Stress Survey e o

Teacher Stress Survey (Spielberger, Reheiser, Reheiser & Vagg, 1999, cit. in Rafael, 2003;

Vagg et al., 2002).

Este instrumento foi elaborado a fim de preencher a lacuna existente de medidas do

stresse profissional (Spielberger & Reheiser, 1994a; Turnage & Spielberger, 1991),

permitindo diferenciar a Severidade (intensidade percebida) da Frequência de ocorrência das

condições de trabalho que podem afectar adversamente o bem-estar físico e psicológico dos

trabalhadores que a elas são expostos (Rafael, 2001; Spielberger & Vagg, 1999).

O inventário é composto por 30 itens, que descrevem um conjunto de fontes de stresse

para trabalhadores de diferentes profissões. Na parte relativa à avaliação da severidade, é

pedido aos sujeitos que assinalem, numa escala de 9 pontos, a quantidade relativa de stresse

que sentem estar associada a cada um dos 30 itens. Tais respostas têm como referência o item

1. Cumprimento de tarefas desagradáveis, previamente registado com o valor “5”. Avaliações

maiores ou menores que “5” indicam que o stressor é considerado mais ou menos stressante

que o stressor padrão. Após assinalarem a intensidade de cada fonte de stresse, pede-se aos

Page 25: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

17

sujeitos que avaliem numa escala de 0 a 9+, o número de dias que cada acontecimento

ocorreu nos últimos seis meses (Spielberger & Reheiser, 1994a; Spielberger & Reheiser,

1994b; Turnage & Spielberger, 1991).

A soma dos resultados em cada uma das partes permite obter três resultados totais e

separados: um para Severidade, outro para a Frequência, e ainda um Índice total, que se

baseia na média dos produtos dos resultados da Severidade e da Frequência.

Assim, o inventário se constitui em três escalas: 1) Escala Stresse Profissional-

Severidade, que proporciona uma medida média do stresse sentido nos 30 acontecimentos de

trabalho potencialmente causadores de stresse; 2) Escala Stresse Profissional-Frequência, que

representa a média da frequência da ocorrência dos 30 acontecimentos de trabalho, nos

últimos seis meses; 3) Escala Stresse Profissional-Índice, que fornece uma estimativa do nível

global de stresse experimentado no local de trabalho, combinando a Severidade e a

Frequência (Spielberger & Vagg, 1999).

A análise factorial dos resultados dos 30 itens do Inventário sobre o Stresse

Profissional nas escalas Severidade, Frequência e Índice, identificou consistentemente duas

componentes principais – a Pressão do Trabalho e a Falta de Suporte Organizacional, das

quais resultou seis subescalas: 1) Subescala Pressão do Trabalho-Severidade; 2) Subescala

Pressão do Trabalho-Frequência; 3) Subescala Pressão do Trabalho-Índice; 4) Subescala Falta

de Suporte Organizacional-Severidade; 5) Subescala Falta de Suporte Organizacional-

Frequência; 6) Subescala Falta de Suporte Organizacional-Índice; sendo cada uma constituída

por 10 itens (Spielberger & Vagg, 1999).

Para além dos resultados das escalas, a análise dos itens assume também um

significado particular, ao proporcionar informação sobre fontes específicas de stresse

profissional. O inventário ajuda a identificar estas fontes, o que possibilita modificá-las, de

forma a reduzir ou evitar consequências adversas para a saúde (Spielberger & Vagg, 1999).

2.2.2. A adaptação portuguesa

Na actual investigação, utilizou-se a versão Portuguesa do Inventário sobre o Stresse

Profissional, que foi traduzido e adaptado para a língua portuguesa por Alfredo Couto, sob a

coordenação de J. Ferreira Marques, tendo Rafael (2001), com base nesta versão, efectuado

um estudo piloto com uma amostra experimental de 63 adultos trabalhadores, sendo 15 do

sexo masculino e 48 do sexo feminino.

A adaptação portuguesa constituiu-se de uma amostra de 451 participantes, com idades

compreendidas entre os 18 e os 64 anos com, pelo menos, seis meses de experiência

profissional. Do total de participantes, 208 (46.1%) são do sexo masculino e 243 (53.9%) do

Page 26: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

18

sexo feminino. A média de idades para o conjunto da amostra é de 34.48 anos, com desvio

padrão de 9.03 (Rafael, 2001, 2003).

No estudo das características metrológicas da adaptação portuguesa do Inventário

sobre o Stresse Profissional, verificaram-se coeficientes de precisão (Alfa de Cronbach)

elevados para todas as escalas, designadamente, stresse profissional Severidade (.88), stresse

profissional Frequência (.90) e stresse profissional Índice (.89). Estes resultados são bastante

satisfatórios, demonstrando a elevada consistência interna do instrumento (Rafael, 2001,

2003).

2.3. Procedimento

A recolha de dados efectuou-se entre o mês de agosto e outubro de 2011. Para a

obtenção dos dados foi estabelecido contacto directo com o Enfermeiro Director de

Enfermagem, o qual consentiu verbalmente a aplicação do instrumento no âmbito desta

investigação. O mesmo foi distribuído em cinco unidades, por cada chefe das mesmas, onde

foi explicado o objectivo do estudo, assegurando a confidencialidade dos mesmos e o

anonimato dos participantes. Após a recolha das amostras, os dados foram inseridos no SPSS

(Statistical Package for Social Science).

3. Análise e Discussão dos Resultados

Nesta secção propõe-se apresentar, analisar e discutir os resultados obtidos no presente

estudo. Inicialmente verificou-se as qualidades psicométricas do Inventário sobre o Stresse

Profissional, considerando a precisão das escalas e subescalas do instrumento de medida.

Os resultados obtidos, através do teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov (K-S),

permitiram afirmar que as Escalas de Severidade e de Frequência apresentaram distribuição

normal (KS(80)=.93; p=.33; KS(80)=.60; p=.84, respectivamente). Para avaliar a consistência

interna do instrumento procedeu-se ao cálculo do coeficiente de precisão – Alfa (α) de

Cronbach.

Na Tabela 1 apresentam-se as medidas de tendência central e dispersão nas escalas e

subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional, assim como os respectivos índices de

consistência interna. A análise dos valores médios alcançados para a escala e subescalas de

Severidade permite verificar que os enfermeiros apresentam um nível de stresse mediano,

tendo em conta uma escala tipo Lickert cuja amplitude de resposta varia entre 1 e 9. Este

resultado contraria, portanto, a hipótese 1 – Os enfermeiros apresentam elevados níveis de

stresse -, o que por si só não permite afirmar que tal não se verifique através da realização de

mais estudos com maiores dimensões amostrais. O impacto dos acontecimentos é registado

Page 27: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

19

através da frequência da sua ocorrência numa escala de 0 a 9+ dias. Com os valores obtidos,

podemos constatar que os enfermeiros vivenciaram nos últimos 6 meses uma média de 4 dias

os acontecimentos stressantes (Tabela 1).

No cálculo dos índices de precisão, os valores sugerem uma boa consistência interna

nas escalas e subescalas do Inventário sobre o Stress Profissional. Objectivamente, a análise

de precisão alcançou valores elevados nas Escalas de Severidade (α=.94) e de Frequência

(α=.92), que por sua vez se assemelham aos recomendados por Murphy e Davidsholder

(1988, cit. in Maroco & Garcia-Marques, 2006). As quatro subescalas do Inventário

indicaram α estandardizados entre .89 (Pressão no Trabalho – Severidade) e .84 (Falta de

Suporte Organizacional – Frequência), e tal como propôs Murphy e Davidsholder (1988, cit.

por Maroco & Garcia-Marques, 2006) estes valores traduzem uma “fiabilidade moderada a

elevada” (p. 73).

Tabela 1

Médias, desvios-padrão e coeficientes de alfa de Cronbach para as escalas e subescalas do

Inventário sobre o Stresse Profissional (ISP)

Escalas e Subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional M DP α

Escala de Severidade 5.40 1.19 .94

Escala de Frequência 4.28 1.69 .92

Subescala Pressão no Trabalho – Severidade 5.27 1.37 .89

Subescala Falta de Suporte Organizacional – Severidade 5.47 1.28 .86

Subescala Pressão no Trabalho – Frequência 4.71 1.98 .85

Subescala Falta de Suporte Organizacional – Frequência 4.00 1.98 .84

Com o intuito de identificar as fontes de stresse profissional e qual o impacto desses

acontecimentos, a Tabela 2 apresenta as médias e os desvios-padrão para os itens do

inventário em estudo, quanto à Severidade (Parte I) e à Frequência (Parte II). Na parte relativa

à Severidade constata-se que os acontecimentos que geram maiores níveis de stresse são:

Salário inadequado (item 19); Pessoal insuficiente para cumprir adequadamente uma missão

(item 15); Colegas de trabalho que não fazem o seu trabalho (item 5); e Ofensas pessoais de

clientes/consumidores/colegas (item 17). Pelo contrário, os acontecimentos que se destacam

com menores níveis de stresse são: Períodos de inactividade (item 12); Cumprir prazos (item

26); e Trabalhar por um colega para o proteger (item 28).

Por outro lado, os acontecimentos que ocorrem com maior frequência são: Salário

inadequado (item 19); Colegas de trabalho pouco motivados (item 29); Barulho na área de

trabalho (item 22); e Interrupções Frequentes (item 23). Por sua vez, os itens que se

Page 28: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

20

destacam com médias mais baixas são: Dificuldades em conseguir o acordo com o supervisor

(item 13); Competição para a promoção (item 20); e Períodos de inactividade (item 12).

Tabela 2

Médias e desvios-padrão dos resultados dos itens do Inventário sobre o Stresse Profissional

Severidade Frequência

Itens M DP M DP

1.Cumprimento de tarefas desagradáveis. 5.16 1.24 3.81 2.77

2. Trabalho para além do horário. 5.64 1.79 4.88 3.20

3. Ausência de oportunidades para promoção. 5.76 2.09 5.35 3.93

4. Cumprimento de funções novas ou não familiares. 4.94 1.95 3.16 2.89

5. Colegas de trabalho que não fazem o seu trabalho. 6.61 1.67 5.35 2.94

6. Apoio inadequado por parte do supervisor. 5.36 1.92 2.44 2.70

7. Lidar com situações de crise. 5.86 1.67 5.48 2.81

8. Não reconhecimento pelo trabalho de qualidade. 6.18 1.99 5.16 3.38

9. Desempenho de tarefas não incluídas nas suas

funções.

5.43 2.04 4.54 3.17

10. Equipamento inadequado ou de fraca qualidade. 5.41 2.03 3.94 3.25

11. Cumprimento de responsabilidades acrescidas. 5.33 2.03 3.56 2.96

12. Períodos de inactividade. 4.01 2.10 2.43 2.74

13. Dificuldades em conseguir o acordo com o

supervisor.

5.06 1.91 1.60 2.32

14. Sentir atitudes negativas contra a organização. 4.84 1.99 3.49 3.08

15. Pessoal insuficiente para cumprir adequadamente

uma função.

6.65 1.65 5.74 3.01

16. Ter de tomar decisões críticas, sob pressão, no

momento.

6.04 1.82 4.63 2.98

17. Ofensas pessoais de

clientes/consumidores/colegas.

6.54 2.14 3.08 2.89

18. Falta de participação na política de tomada de

decisão.

5.23 1.92 3.89 3.19

19. Salário inadequado. 7.10 2.08 7.39 2.76

20. Competição para a promoção. 4.91 2.13 2.11 2.78

21. Supervisão inadequada ou pobre. 4.89 1.80 2.53 2.86

22. Barulho na área de trabalho. 5.35 2.26 6.00 3.23

23. Interrupções frequentes. 6.66 1.99 5.96 3.03

24. Frequentes mudanças, desde o enfadonho até às

actividades mais exigentes.

4.73 1.83 4.81 3.02

25. Burocracia excessiva. 5.89 1.96 5.64 2.87

26. Cumprir prazos. 4.14 1.93 4.48 3.43

27. Tempo pessoal insuficiente (e.g., para o café, para

o almoço, etc.).

4.70 2.06 4.86 3.31

28. Trabalhar por um colega para o proteger. 4.44 2.09 2.85 2.85

29. Colegas de trabalho pouco motivados. 5.36 1.99 6.29 2.98

30. Conflitos com outros departamentos ou secções. 4.79 2.17 3.09 3.10

Nota: Os valores a sombreado correspondem às médias mais elevadas.

Page 29: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

21

No sentido de responder à hipótese geral do presente estudo, recorreu-se à análise da

significância das diferenças no grupo sexo, e para tal utilizou-se o teste t-student para as duas

escalas (Severidade e Frequência) e respectivas subescalas (Pressão no Trabalho e Falta de

Suporte Organizacional) do Inventário sobre o Stresse Profissional. Os pressupostos deste

método estatístico foram avaliados com o teste de Kolmogorov-Smirnov para avaliar a

distribuição da normalidade e com o teste de Levene a homogeneidade de variâncias (Maroco,

2010). O primeiro pressuposto foi rejeitado na Escala Severidade e nas Subescalas Pressão

Trabalho – Severidade e Falta Suporte Organizacional – Severidade no grupo feminino e na

Subescala Falta de Suporte Organizacional – Frequência no grupo masculino (p<.05). Porém,

verificou-se homogeneidade nas variâncias, pelo que podemos considerar a estatística de teste

paramétrica. Assim, de acordo com o teste t-student e como se observa na Tabela 3, as

diferenças observadas nos dois grupos (masculino e feminino) não são estatisticamente

significativas em nenhuma escala nem subescala (p>.05), contrariando a hipótese geral do

estudo, bem como as hipóteses 2 e 3, uma vez que não foram encontradas diferenças entre os

sexos relativamente à percepção do nível de stresse (severidade) e à frequência dos

acontecimentos desencadeadores de stresse.

Tabela 3

Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do grupo

masculino e feminino e as escalas e subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional

Escalas / Subescalas Sexo n M DP t P

Escala de Severidade Masculino 17 5.44 1.14 .15 .89

Feminino 63 5.39 1.21

Escala de Frequência Masculino 17 4.70 2.04 1.14 .26

Feminino 63 4.17 1.59

Subescala Pressão no Trabalho – Severidade Masculino 17 5.49 1.30 .76 .45

Feminino 63 5.21 1.39

Subescala Falta de Suporte Organizacional – Severidade Masculino 17 5.46 1.26 -.04 .97

Feminino 63 5.47 1.29

Subescala Pressão no Trabalho – Frequência Masculino 17 4.93 2.36 .51 .61

Feminino 63 4.65 1.88

Subescala Falta de Suporte Organizacional – Frequência Masculino 17 4.45 2.18 1.05 .30

Feminino 63 3.88 1.92

Page 30: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

22

Visto que não se verificaram diferenças estatisticamente significativas na variável sexo,

tal como se concluiu na Tabela 3, efectuou-se uma análise mais profunda, novamente com a

estatística de teste paramétrica – t-student –, tendo em conta os itens das Escalas de

Severidade e de Frequência.

Foram calculadas as médias e os desvios-padrão para ambos os sexos, bem como o

cálculo das diferenças nas duas amostras independentes em cada um dos itens. Os resultados

estão figurados nas Tabelas 4 e 5 para as Escalas de Severidade e de Frequência,

respectivamente. Os resultados apresentados na Tabela 4 sugerem diferenças estatisticamente

significativas entre os sexos na Escala de Severidade, somente, no item 15 – Pessoal

insuficiente para cumprir adequadamente uma missão (p=.05). Porém, a intensidade do

stresse profissional nos dois grupos revela-se pouco discrepante, dado que os valores relativos

ao item 15, para ambos os sexos, indicam um nível médio de stresse experimentado. No

entanto, a média mais elevada verificou-se no sexo feminino (M=6.84; DP=1.50). Estes

valores diferenciam-se dos resultados obtidos nos estudos de Vagg, Spielberger e Wasala

(2002), Rafael (2001, 2003) e Spielberger e Reheiser (1994), tendo-se verificado diferenças

significativas entre os sexos em oito dos itens.

Assim, quanto à Severidade (Tabela 4), verifica-se que a maior parte dos itens com

médias mais elevadas, em ambos os sexos, são Salário inadequado (item 19), Colegas de

trabalho que não fazem o seu trabalho (item 5), Ofensas pessoais de

clientes/consumidores/colegas (item 17) e Não reconhecimento pelo trabalho de qualidade

(item 8). Contudo, verificaram-se algumas diferenças entre os dois sexos, uma vez que um o

sexo masculino apresentou média elevada também no item Desempenho de tarefas não

incluídas nas suas funções (item 9), ao passo que o sexo feminino apresentou médias elevadas

nos itens Pessoal insuficiente para cumprir adequadamente uma função (item 15) e Ter de

tomar decisões críticas, sob pressão, no momento (item 16). O item Salário inadequado (item

19) foi, portanto, o que apresentou, para ambos os sexos, a média mais elevada, à semelhança

do que se observou num estudo com a versão americana do instrumento (Spielberger &

Reheiser, 1994). A média mais baixa surge, para o sexo masculino, no item Períodos de

inactividade (item 12), sendo o segundo item com média mais baixa para o sexo feminino, o

que está de acordo com o estudo de Rafael (2001, 2003), com a versão portuguesa do

instrumento, em que este é um dos itens com médias mais baixas para ambos os sexos. A

média mais baixa para o sexo feminino é, pois, o item Cumprir prazos (item 26); o segundo

item com média mais baixa é, para o sexo masculino, Trabalhar por um colega para o

proteger (item 28).

Page 31: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

23

Tabela 4

Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do grupo

masculino e feminino e os itens relativos à Escala de Severidade do ISP

Escala de Severidade

Masculino (n=17) Feminino (n=63)

Itens M DP M DP T

1.Cumprimento de tarefas desagradáveis. 5.06 1.60 5.21 1.14 -.43

2. Trabalho para além do horário. 5.94 1.85 5.56 1.79 .78

3. Ausência de oportunidades para promoção. 5.88 1.83 5.73 2.16 .27

4. Cumprimento de funções novas ou não familiares. 5.64 1.87 4.75 1.94 1.71

5. Colegas de trabalho que não fazem o seu trabalho. 6.53 1.97 6.63 1.60 -.23

6. Apoio inadequado por parte do supervisor. 5.18 2.21 5.41 1.85 -.45

7. Lidar com situações de crise. 6.12 1.69 5.79 1.68 .71

8. Não reconhecimento pelo trabalho de qualidade. 6.65 1.97 6.05 1.99 1.11

9. Desempenho de tarefas não incluídas nas suas funções. 6.00 2.03 5.27 2.03 1.32

10. Equipamento inadequado ou de fraca qualidade. 5.71 1.96 5.33 2.06 .67

11. Cumprimento de responsabilidades acrescidas. 5.76 1.71 5.21 2.10 1.01

12. Períodos de inactividade. 3.76 2.02 4.08 2.13 -.55

13. Dificuldades em conseguir o acordo com o

supervisor.

4.59 2.27 5.19 1.80 -1.16

14. Sentir atitudes negativas contra a organização. 4.29 2.05 4.98 1.96 -1.27

15. Pessoal insuficiente para cumprir adequadamente

uma função.

5.94* 1.98 6.84* 1.50 -2.04*

16. Ter de tomar decisões críticas, sob pressão, no

momento.

5.71 2.02 6.13 1.77 -.84

17. Ofensas pessoais de clientes/consumidores/colegas. 6.24 2.49 6.62 2.05 -.65

18. Falta de participação na política de tomada de

decisão.

5.88 1.93 5.05 1.89 1.61

19. Salário inadequado. 7.12 2.03 7.10 2.12 .04

20. Competição para a promoção. 5.29 1.83 4.81 2.21 .83

21. Supervisão inadequada ou pobre. 4.76 2.02 4.92 1.75 -.32

22. Barulho na área de trabalho. 5.76 2.19 5.24 2.28 .85

23. Interrupções frequentes. 5.47 1.84 5.71 2.04 -.45

24. Frequentes mudanças, desde o enfadonho até às

actividades mais exigentes.

5.00 1.77 4.65 1.86 .69

25. Burocracia excessiva. 5.88 1.76 5.89 2.02 -.01

26. Cumprir prazos. 4.47 1.62 4.05 2.01 .79

27. Tempo pessoal insuficiente (e.g., para o café, para o

almoço, etc.).

4.88 2.26 4.65 2.02 .41

28. Trabalhar por um colega para o proteger. 4.06 2.01 4.54 2.12 -.84

29. Colegas de trabalho pouco motivados. 5.12 1.45 5.43 2.12 -.57

30. Conflitos com outros departamentos ou secções. 4.41 1.77 4.89 2.27 -.83

(*) Significância observadas: p≤.05*

(**) Significância observadas: p≤.01**

Nota: Os valores a sombreado correspondem às médias mais elevadas.

Page 32: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

24

Quanto à Escala de Frequência, Tabela 5, foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas entre os sexos nos seguintes itens: Item 10 – Equipamento inadequado ou de

fraca qualidade (p=.01); Item 17 – Ofensas pessoais de clientes/consumidores/colegas

(p=.04); Item 18 – Falta de participação na política de tomada de decisão (p=.02); Item 21 –

Supervisão inadequada ou pobre (p=.05); Item 28 – Trabalhar por um colega para o

proteger (p=.03). Os acontecimentos desencadeadores de stresse profissional foram

evidenciados com maior frequência no sexo masculino em detrimento do sexo feminino

(Tabela 5), para os cinco itens onde a significância foi observada. De forma similar, estes

resultados já haviam sido constatados no estudo de Rafael (2001; 2003), dado que as

diferenças significativas foram favoráveis ao sexo masculino em 5 dos 30 itens.

As médias mais elevadas foram encontradas, sendo duas delas nos mesmos itens para

ambos os sexos, Salário inadequado (item 19) e Colegas de trabalho pouco motivados (item

29). Contudo, o item que apresentou maior média para o sexo masculino foi Barulho na área

de trabalho (item 22), tendo sido encontrada também média elevada no item Pessoal

insuficiente para cumprir adequadamente uma função (item 15). Por outro lado, no sexo

feminino outro item que apresentou média elevada foi Interrupções frequentes (item 23).

Similarmente, no estudo de Rafael (2001, 2003), o item Salário inadequado (item 19)

foi também um dos itens com a média mais elevada nesta escala, em ambos os sexos, ao passo

que os itens Competição para a promoção (item 20) e Dificuldades em conseguir o acordo

com o supervisor (item 13) são dois dos itens com médias mais baixas, para ambos os sexos,

o que vai de encontro aos resultados deste estudo. Além disso, nesta investigação, os outros

itens com médias mais baixas são, para ambos os sexos, Apoio inadequado por parte do

supervisor (item 6) e Períodos de inactividade (item 12); todavia, para o sexo feminino,

encontra-se ainda uma média baixa no item Supervisão inadequada ou pobre (item 21).

Page 33: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

25

Tabela 5

Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do grupo

masculino e feminino e os itens relativos à Escala de Frequência do ISP

Escala de Frequência

Masculino (n=17) Feminino (n=63)

Itens M DP M DP T

1.Cumprimento de tarefas desagradáveis. 4.82 2.94 3.54 2.69 1.71

2. Trabalho para além do horário. 4.06 2.44 5.10 3.36 -1.19

3. Ausência de oportunidades para promoção. 5.35 3.48 5.35 4.07 .00

4. Cumprimento de funções novas ou não familiares. 3.29 2.69 3.14 2.96 .19

5. Colegas de trabalho que não fazem o seu trabalho. 4.18 2.72 5.67 2.94 -1.88

6. Apoio inadequado por parte do supervisor. 2.53 2.53 2.41 2.77 .16

7. Lidar com situações de crise. 5.12 2.87 5.57 2.80 -.59

8. Não reconhecimento pelo trabalho de qualidade. 5.24 3.54 5.16 3.37 .08

9. Desempenho de tarefas não incluídas nas suas

funções.

4.94 2.82 4.43 3.27 .59

10. Equipamento inadequado ou de fraca qualidade. 5.65** 3.16 3.48** 3.14 2.53**

11. Cumprimento de responsabilidades acrescidas. 4.24 3.09 3.38 2.93 1.06

12. Períodos de inactividade. 2.71 2.78 2.35 2.74 .48

13. Dificuldades em conseguir o acordo com o

supervisor.

2.18 2.53 1.44 2.26 1.16

14. Sentir atitudes negativas contra a organização. 4.18 3.17 3.30 3.06 1.04

15. Pessoal insuficiente para cumprir adequadamente

uma função.

6.41 3.00 5.56 3.00 1.04

16. Ter de tomar decisões críticas, sob pressão, no

momento.

5.12 3.18 4.49 2.93 .77

17. Ofensas pessoais de clientes/consumidores/colegas. 4.35* 3.32 2.73* 2.69 2.10*

18. Falta de participação na política de tomada de

decisão.

5.47* 3.16 3.46* 3.08 2.37*

19. Salário inadequado. 6.88 2.93 7.52 2.72 -.85

20. Competição para a promoção. 2.59 2.90 1.98 2.76 .79

21. Supervisão inadequada ou pobre. 3.71* 3.55 2.21* 2.58 1.96*

22. Barulho na área de trabalho. 6.94 2.88 5.75 3.30 1.36

23. Interrupções frequentes. 5.71 2.80 6.03 3.11 -.39

24. Frequentes mudanças, desde o enfadonho até às

actividades mais exigentes.

5.06 3.25 4.75 2.97 .38

25. Burocracia excessiva. 5.53 2.94 5.67 2.87 -.17

26. Cumprir prazos. 5.06 3.58 4.32 3.40 .79

27. Tempo pessoal insuficiente (e.g., para o café, para o

almoço, etc.).

5.24 3.61 4.76 3.24 .52

28. Trabalhar por um colega para o proteger. 4.18* 3.30 2.49* 2.62 2.22*

29. Colegas de trabalho pouco motivados. 6.06 2.73 6.35 3.06 -.36

30. Conflitos com outros departamentos ou secções. 4.24 2.95 2.78 3.09 1.74

(*) Significância observadas: p≤.05*

(**) Significância observadas: p≤.01**

Nota: Os valores a sombreado correspondem às médias mais elevadas.

Page 34: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

26

Procurou-se ainda avaliar se o stresse profissional afecta significativamente os

diferentes tempos de serviço dos enfermeiros, recorrendo-se à ANOVA one way, antecedida

dos pressupostos acimas descritos. Com os resultados obtidos no teste de K-S é possível

assumir normalidade em todas as escalas e subescalas nos diferentes grupos da variável

Tempo de Serviço (p>.05), à excepção do grupo “21 a 30 anos” na subescala Pressão no

Trabalho – Severidade (p=.03). O pressuposto da homogeneidade de variâncias foi validado

em todas as escalas e subescalas do inventário (p>.05). A partir dos resultados do teste

ANOVA one way, foi possível verificar que, conforme se pode observar na Tabela 6, os

vários tempos de serviço não diferem significativamente em nenhuma escala e subescala

(p>.05). Estes resultados infirmam, portanto, a hipótese 4 - Espera-se que o nível de stresse

profissional seja maior em enfermeiros com menor tempo de serviço -, de acordo também

com o que McVicar (2003, cit. in Batista, 2008) concluiu, afirmando que os factores

desencadeadores de stresse variam segundo os anos de experiência profissional dos

enfermeiros.

Page 35: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

27

Tabela 6

Médias, desvios-padrão, valor F e significância observadas entre as médias do tempo de

serviço e as escalas e subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional

Escalas / Subescalas Tempo

Serviço n M DP F P

Escala de Severidade <5 anos 22 5.49 1.04

.93

.45

5-10 anos 21 5.17 .98

11-20 anos 26 5.60 1.45

21-30 anos 9 4.96 1.21

>30 anos 2 6.17 .09

Escala de Frequência <5 anos 22 4.34 1.60

.67 .61

5-10 anos 21 4.24 1.65

11-20 anos 26 4.34 1.81

21-30 anos 9 3.73 1.89

>30 anos 2 5.85 .64

Subescala Pressão no Trabalho – Severidade <5 anos 22 5.43 1.25

5-10 anos 21 4.97 1.18

11-20 anos 26 5.42 1.60 .61 .66

21-30 anos 9 4.99 1.53

>30 anos 2 5.95 .49

Subescala Falta de Suporte Organizacional – Severidade <5 anos 22 5.45 1.20

5-10 anos 21 5.24 1.13

11-20 anos 26 5.71 1.51 .97 .43

21-30 anos 9 5.10 1.11

>30 anos 2 6.60 .71

Subescala Pressão no Trabalho – Frequência <5 anos 22 4.64 1.91

.57 .68 5-10 anos 21 4.62 1.85

11-20 anos 26 4.73 2.09

21-30 anos 9 4.58 2.35

>30 anos 2 6.80 1.98

Subescala Falta de Suporte Organizacional – Frequência <5 anos 22 4.02 1.86

5-10 anos 21 4.14 1.98

11-20 anos 26 4.09 2.16 .79 .54

21-30 anos 9 3.08 1.87

>30 anos 2 5.45 1.34

Page 36: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

28

4. Conclusão

De acordo com os resultados obtidos, podemos concluir que as diferenças observadas

nos dois grupos (masculino e feminino) não são estatisticamente significativas em nenhuma

escala nem subescala, não tendo sido encontradas diferenças entre os sexos relativamente à

percepção do nível de stresse (severidade) e à frequência dos acontecimentos desencadeadores

de stresse.

No que respeita à relação entre as médias dos resultados nos dois grupos (sexos) para os

30 itens, verificou-se que existem diferenças em seis destes, cinco dos quais relativos à Escala

de Frequência sempre a favor do sexo masculino, e apenas um referente à Escala de

Severidade a favor do sexo feminino.

Podemos ainda concluir que os vários tempos de serviço não diferem significativamente

em nenhuma escala e subescala.

Porém, foram encontradas algumas limitações, nomeadamente no que diz respeito à

dimensão da amostra total, bem como da dimensão intergrupal, uma vez que a reduzida

dimensão amostral poderá ter enviesado os resultados deste estudo. Também a idade dos

enfermeiros, um dado sociodemográfico não considerado neste estudo, seria importante para

uma melhor caracterização da amostra.

Assim, será importante considerar estas variáveis em futuros estudos, a fim de

compreender melhor como o stresse profissional pode, de facto, afectar os profissionais da

área de saúde, incluindo os enfermeiros.

Referências Bibliográficas

Almeida, M. C. P. (1984). A construção do saber da enfermagem: evolução histórica. In:

Universidade Federal de Santa Catarina. III Seminário Nacional de Pesquisa na

Enfermagem, 58-77, UFSC: Florianópolis, SC.

Andel, R., Crowe, M., Hahn, E. A., Mortimer, J. A., Pedersen, N. L., Fratiglioni, L., & Gatz,

M. (2012). Work-related stress may increase the risk of vascular dementia. Journal Of

The American Geriatrics Society, 60(1), 60-67.

Ayres, K. V. (2001). Stress e fatores de competitividade: uma análise em empresas incubadas

da Região Nordeste {Tese}. Universidade Federal da Paraíba: João Pessoa.

Page 37: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

29

Bachkirova, T. (2012). The role of the self and identification with an organization as factors

influencing work-related stress: Implications for helping. Couselling Psychology

Quarterly, 25(1), 49-62

Barreira, I. A. (1999), Memória e história para uma nova visão da enfermagem no Brasil.

Revista Latino-Americana de Enfermagem, 7(3), 87-93, Ribeirão Preto, São Paulo.

Batista, K. D. M., & Bianchi, E. R. F. (2006). Estresse do enfermeiro em unidade de

emergência. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 14(4), Ribeirão Preto. Acesso

em: 01/08/2012 às 20hs02min. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-

11692006000400010.

Batista, P. M. (2008). Stress e Coping nos enfermeiros dos cuidados paliativos em oncologia.

Tese de Mestrado. Universidade do Porto, Porto.

Batool, I., Nishat, N., & Yaqoob, A. (2012). A work related stress among nurses of public

hospitals of AJ&K" – Cross-Sectional Descriptive Study. Healthmed, 6(5), 1651-1660.

Beehr, T. A. (1981). Role ethics and attitudes towards co-workers. Group and Organization

Studies, 6, 201-210.

Bianchi, E. R. F. (1999). Stress entre enfermeiros hospitalares. Tese (Livre- docência). Escola

de Enfermagem da Universidade de São Paulo, São Paulo.

Boore, J. R. P. (1981). “The physical science in nursing”, in P.J. Smith. Nursing science, in

nursing practice. London, Butterworths.

Bourbonnais, R., Comeau, M., Vézina, M., & Guylaine, D. (1998). Job strain, psychological

distress, and burnout in nurses. American Journal of Industrial Medicine, 24, 20-28.

Branco, A. I. M. (2010). Stresse profissional na Polícia: Um estudo exploratório sobre a

influência das variáveis tempo de serviço e sexo. Dissertação de Mestrado Integrado em

psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações. Lisboa: Faculdade

de Psicologia.

Brown, B. (2009). Men in nursing: Re-evaluating masculinities, re-evaluating gender.

Contemporary Nurse, 33(2), 120-129.

Brunner, L. (1983). Enferméria médico-quirúrgica. México: Interamericana.

Bulhões, I. (1994). Riscos do trabalho em enfermagem. Rio de Janeiro: Edição Folha Carioca.

Butterworth, T., Carson, J., Jeacock, J., White, E., & Clements, A. (1999). Stress, coping,

burnout, and job satisfaction in British nurses: Findings from the clinical supervision

evaluation project. Stress Medicine, 15, 27-33.

Comissão Europeia (2002). O “stress” no trabalho. Sal da vida ou morte anunciada –

Síntese. Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias.

Page 38: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

30

Cooper, C. L., & Marshall, J. (1976). Occupational sources of stress: A review of the

literature relating to coronary heart disease and mental ill-health. Journal of

Occupational Psychology, 49, 11-28.

Cooper, C. L., Mitchel, S. (1990). Nursing and critically ill and dying. Hum Relations, 43,

297-311.

Cooper, C. L., & Cartwright, S. (1994). Stress management interventions in the workplace:

Stress counselling and stress audits. British Journal of Guidance and Counselling,

22(1), 65-73.

Correa, S.A., & Menezes J. R. (2002). Estresse e trabalho. Campo Grande, MS.

Costa, A. L. S. (1997). Análise do stress nas situações de vida diária e do pré-operatório

imediato de pacientes cirúrgicos urológicos. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)

– Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, São Paulo.

Costa, R., Padilha, M. I., Amante, L. N., Costa, E., & Bock, L. F. (2009). O legado de

Florence Nightingale: uma viagem no tempo. Texto contexto enfermagem, 18(4),

Florianópolis. Acesso em: 25/07/2012 às 19hs04min. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010407072009000400007&script=sci_arttext

Delbrouck, M. (2006). Síndrome de Exaustão (Burnout). Lisboa: Climepsi Editores.

De Vente, W. Kamphuis, J. H., Emmelkamp, P. G., & Blonk, R. B. (2008). Individual and

group cognitive-behavioral treatment for work-related stress complaints and sickness

absence: A randomized controlled trial. Journal Of Occupational Health Psychology,

13(3), 214-231.

Donahue, M. P. (1985). História de la Enfermeira. Barcelona: Doyma.

Eng, A., Mannetje, A. Pearce, N., & Douwes, J. (2011). Work-related stress and

asthma:Results from a workforce survey in New Zealand. Journal Of Asthma, 48(8),

783-789.

Fernandes, I. M. R. (2007). Factores influenciadores da percepção dos comportamentos do

cuidar dos enfermeiros. Coimbra: Formasau - Formação e Saúde.

Ferrell, B. R. (2006). Understanding the moral distress of nurses witnessing medically futile

care. Oncol Nurs Forum, 33(5), 922-930.

Fonseca, A. (2005). Desenvolvimento humano e envelhecimento. Lisboa: Climepsi Editores.

Garrosa, E., Moreno-Jiménez, B., Liang, Y., & González J. L. (2008). The relationship

between socio-demographic variables, job stressors, burnout, and hardly personality in

nurses: an exploratory study. Int J Nurs Stud, 45(3), 418-427.

Page 39: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

31

Gibb, J. J., Cameron, I. M., Hamilton, R. R., Murphy, E. E., & Naji, S. S. (2010). Mental

health nurses ‘and allied health professionals’ perceptions of the role of the

occupational health service in the management of work-related stress: How do they

self-care? Journal Of Psychiatric And Mental Health Nursing, 17(9), 838-845.

Golubic, R., Milosevic, M., Knezevic, B., & Mustajbegovic, J. (2009). Work-related stress,

education and work ability among hospital nurses. Journal Of Advanced Nursing,

65(10), 2056-2066.

Guido, L. A. (2003). Stress e coping entre enfermeiros de Centro Cirúrgico e Recuperação

Anestésica. Tese, Doutorado em Enfermagem. Escola de Enfermagem da

Universidade de São Paulo, São Paulo.

Henderson, V. (1966). The nature of nursing. New York: Mcmillan.

Katz, V. L. (2012). Work and Work-related Stress in Pregnancy. Clinical Obstetrics &

Gynecology, 55(3), 765-773.

Kouta, C., & Kaite, C. P. (2011). Gender discrimination and nursing: A literature review.

Journal Of Professional Nursing, 27(1), 59-63.

Lanchman, V. D. (1989). Stress management: A manual for nurses. New York: Grune &

Strattor.

Lazarus, R. S., & Folkman, S. (1984). Stress, appraisal and coping. New York: Springer.

Lazarus, R. S., & Folkman, S. (1986). Estrés y Processos Cognitivos. Barcelona: Ediciones

Martinez Roca, S.A.

Lazarus, R. S. (1999). Stress and emotion: A new synthesis. New York: Springer.

Leka, S., Griffiths, A. & Cox, T. (2003). Work organization and Stress: systematic problem

approaches for employers, managers and trade union representatives. Acesso em:

13/09/2012, às 18hs10min. Disponível em:

http://www.who.int/occupational_health/publications/en/oehstress.pdf

Le-Hinds, N. (2010). Male nurses: Gender-based barriers in nursing school. Dissertation

Abstracts International, 71.

Lima, S. N., & Coelho, Z. (2001). Stress ocupacional: Estudo de avaliação entre profissionais

de saúde de instituições privadas do norte de Portugal. Revista de Psiquiatria, XXIII,

3(4), 15-31.

Lipp, M. E. N. (1996). Pesquisa sobre stress no Brasil: saúde, ocupações e grupos de risco.

Campinas: Papirus.

Lipp, M. E. N. (2000). Manual do inventário de sintomas do stress para adultos de Lipp

(ISSL). São Paulo: Casa do Psicólogo.

Page 40: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

32

Lipp, M. E. N. (2003). Mecanismos neuropsicofisiológicos do stress: teoria e aplicações

clínicas. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Loerbroks, A. A., Gadinger, M. C., Bosh, J. A., Stürmer, T. T., & Amelang, M. M. (2010).

Work-related stress, inability to relax after work and risk of adult asthma: a

population-based cohort study. Allergy, 65(10), 1298-1305.

Loureiro, E. A. F. (2005). Estudo da relação entre o stress e os estilos de vida nos estudantes

de Medicina. Acesso em: 10/10/2012 às 17hs43min. Disponível em:

http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/6407

Maia, P. (2005). Contributos para a caracterização da actividade profissional dos enfermeiros

com vista à justificação da idade e tempo de serviço para aposentação. Revista Ecos da

Enfermagem. Ano XXXVI, nº 243/6, 24-29.

Maroco, J., & Garcia-Marques, T. (2006). Qual a fiabilidade do alfa de Cronbach? Questões

antigas e soluções modernas? Laboratório Psicologia, 4(1), 65-90.

Maroco, J. (2010). Análise Estatística: Com o PASW-Statistics (ex-SPSS). Lisboa: Edições

Sílabo.

Martino, M. M. F., & Misko, M. D. (2004). Estados emocionais de enfermeiros no

desempenho profissional em unidades críticas. Revista da Escola de Enfermagem da

USP, 38(2), 161-167, São Paulo.

Marziale, M. H. P., & Robazzi, M. L. C. (2001). A postura adotada pelos trabalhadores de

enfermagem na movimentação de pacientes acamados e a adaptação ergonómica do

procedimento técnico. Acta Paulista de Enfermagem, 14(3), 71-79, São Paulo.

Más, R., Escribá, V. & Cárdenas, M. (1999). Estresores laborales percibidos por el personal

de enfermería hospitalario: un estudio cualitativo. Archivos de Prevención de Riesgos

Laborales, 2 (4), 159-167.

Mcintyre, T. M. (1994). Le Domaine de la Psycologie Sociale. Paris: Presses Universitaires

de France.

McIntyre, T. M. (1994). Stress e os profissionais de saúde: os que tratam também sofrem.

Análise Psicológica, 12, 193-200.

McIntyre, T., McIntyre, S., & Silvério, J. (1999). Respostas de stress e recursos de coping nos

enfermeiros. Análise Psicológica, 17, 513-527.

Mendes, I. A. C. (2001). Convivendo e enfrentando situações de estresse profissional. Revista

Latino-Americana de Enfermagem, 9(2), 1, Ribeirão Preto.

Page 41: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

33

Ministério da Saúde do Brasil (2001). Organização Pan-Americana da Saúde/ Brasil. Manual

de Procedimentos para o Serviço de Saúde: Doenças relacionadas ao Trabalho, 114.

Brasília/ DF, Brasil.

Miranda, A. F. (1998). Estresse ocupacional: inimigo invisível do enfermeiro [dissertação].

Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Monteiro, L., Veríssimo, M., Santos, A. J, & Vaughn, B. E. (2008). Envolvimento paterno e

organização dos comportamentos de base segura das crianças em famílias portuguesas.

Aná. Psicológica, 26(3), p.395-409.

Murofese, N.T., Abranches, S. S. E., & Napoleão, A. A. (2005). Reflexões sobre estresse e

burnout e a relação com a enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem,

13(2), 255-61, Ribeirão Preto.

Murphy, L. R., Hurrell, J. J., Sauter, S. L., & Keita, G. P. (1995). Job stress interventions.

Washington, DC: American Psychological Association.

Nakao, M. (2010). Work-related stress and psychosomatic medicine. Biopsychosocial

Medicine, 4.

Nguyen, M. (2010). The effects of spiritual practices on managing employee work-related

stress. Dissertation Abstracts International Section A, 70.

Pafaro, R. C. & Martino, M. M. F. (2004). Estudo do estresse do enfermeiro com dupla

jornada de trabalho em um hospital de oncologia pediátrica de Campinas. Revista

Escola de Enfermagem, USP, 38(2),152-160, São Paulo.

Payne, R., & Firth-Cozens, J. (1987). Stress in health professionals. New York: Wiley.

Peiró, J. M., Gonzalez-Romá, V., Martí, C. & Gastaldi, C. (1992). Estrés de rol y desempeño

de roles en organizaciones de servicios. Revista de Psicología Social Aplicada, 2, 55-

74.

Peiró, J. M. (1993). Desencadeantes del estrés laboral. Salamanca: Endema.

Peterson, L., Arnetz, B. B., Arnetz, J. E., & Horte, L. G. (1995). Work environment, skills

utilization and health of Swedish nurses: results from a national questionnaire study.

Psycotherapy and Psychosomatization, 64, 20-31.

Prebble, K., & Bryder, L. (2008). Gender and class tensions between psychiatric nurses and

the general nursing profession in mid-twentieth century New Zealand. Contemporary

Nurse, 30(2), 181-195.

Preto, V. A., & Pedrão, J. L. (2009). O estresse entre enfermeiros que atuam em Unidade de

Terapia Intensiva. Revista Escola de Enfermagem, USP, 43(4), 841-8.

Page 42: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

34

Pross, C., & Schweitzer, S. (2010). The culture of organizations dealing with trauma:Soucers

of work-related stress and conflict. Traumatology, 16(4), 97-108.

Rafael, M. (2001). O modelo desenvolvimentista de avaliação e aconselhamento de carreira

(C-DAC): Preocupações de carreira, crenças de carreira e stresse profissional em

adultos empregados. Dissertação de doutoramento em Psicologia da Orientação

Escolar e Profissional, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.

Rafael, M. (2003). O inventário sobre o stress profissional de Charles D. Spielberger – Alguns

dados psicométricos e diferenciais da adaptação portuguesa. Revista Portuguesa de

Psicologia, 37, 143-165.

Ramos, M. (2001). Desafiar o desafio – Prevenção do stress no trabalho. RH Editora, Lisboa.

Rennesund, A. B., & Saksvik., P. (2010). Work performance norms and organizational

efficacy as cross-level effects on the relationship between individual perceptions of

self-efficacy, overcommitment, and work-related stress. European Journal Of Work

And Organizational Psychology, 19(6), 629-653.

Ribeiro, L. F., Rebelo, M. T., & Basto, M. L. (1996). O texto e o contexto nas tendências de

enfermagem. Revista Portuguesa de Saúde Pública, (4), 25-29.

Roth, J. E., & Coleman, C. (2008). Perceived and real barriers for men entering nursing:

implications for gender diversity. Journal Of Cultural Diversity, 15(3), 148-152.

Sagehomme, D. (1997). Por um trabalho melhor: Guia de Análise das Condições de

Trabalho em meio hospitalar. Coimbra: Formasau – Formação e Saúde.

Salvage, J. (1990). The theory and practice of the new nursing. Nursing Times, 42-45.

Santos, J. M. O. (2010). Stresse Profissional. Consumo de Bebidas Alcoólicas. Estudos numa

Amostra de Enfermeiros. Tese de Doutoramento. Porto: Universidade Fernando

Pessoa.

Saraiva, D. M. R. F. (2009). Atitude do Enfermeiro perante a morte. Revista Nursing: Edição

Portuguesa. Acesso em: 22/08/2012 às 17hs27min. Disponível em:

www.forumenfermagem.org/index.php?...atitude -do-enfer…

Schabracq, M. J., Winnubst, J. A. M., & Cooper, C. L. (2003). The Handbook of work &

health psychology (2nd

Ed.). USA, Hoboken: John Wiley & Sons.

Seixas, P. C., & Pereira, P. (2005). Relações e situações críticas na enfermagem. Porto:

Edições Universidade Fernando Pessoa.

Selye, H. (1956). The stress of life. New York: McGrawl-Hill.

Selye, H. (1959). Stress, a tensão da vida. 2ª ed.. Editora Ibrasa: São Paulo.

Serra, A. V. (1989). Stress. Coimbra Médica, 10, 131-141.

Sousa, M. M. O. (1989). Conceito de Enfermagem. Boletim Sindical, 10 (6), 20.

Page 43: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

35

Spielberger, C. D. & Reheiser, E. C. (1994a). Job stress in university, corporate, and military

personnel. International Journal of Stress Management, 1(1), 19-31.

Spielberger, C. D. & Reheiser, E. C. (1994b). The job stress survey: Measuring gender

differences in occupational stress. Journal of Social Behavior and Personality, 9(2),

199-218.

Spielberger, C. D., Ritterband, L. M., Sydeman, S. J., Reheiser, E. C., & Unger, K. K. (1995).

Assessment of emotional states and personality traits: Measuring psychological vital

signs. In J. N. Butcher (Ed.), Clinical personality assessment: Practical approaches

(pp. 42-58). New York: Oxford University Press.

Spielberger, C. D. & Vagg, P. R. (1999). Job stress survey. Professional manual. Odessa:

Psychological Assessment Resources.

Stacciarini, J., & Trócoli, B. (2000). Instrumento para mensurar o estresse ocupacional:

inventário de estresse em Enfermeiros (IEE). Revista Latino-Americana de

Enfermagem, 8(6), 40-49.

Stacciarini, J. M. R., & Troccoli, B. T. (2001). O estresse na atividade ocupacional do

enfermeiro. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 9(2), Ribeirão Preto, São

Paulo.

Sterner, W. R. (2009). Influence of the supervisory working alliance on supervise work

satisfaction and work-related stress. Journal Of Mental Health Counseling, 31(3), 249-

263.

Sutherland, V. J., Cooper, C. L. (1990). Understanding stress: a psychological perspective for

health professionals. Chapman & Hill.

Torkelson, D. J., & Seed, M. S. (2011). Gender differences in the roles and functions of

inpatient psychiatric nurses. Journal Of Psychosocial Nursing And Mental Health

Services, 49(3), 34-41.

Turnage, J. J., & Spielberger, C. D. (1991). Job stress in managers, professionals and clerical

workers. Work & Stress, 5(3), 165-176.

Vagg, P. R., Spielberger, C. D., & Wasala, C. F. (2002). Effects of organizational level and

gender on stress in the workplace. International Journal of Stress Management, 9(4),

243-261.

Vanagas, G., & Bihari-Axelsson, S. (2004). Interaction among general practioners age and

patient load in prediction of job strain, decision latitude and perception of job

demands. A cross-sectional study. BMC Public Health, 4(59), 1-6.

Page 44: UNIVERSIDADE DE LISBOA - repositorio.ul.ptrepositorio.ul.pt/bitstream/10451/7794/1/ulfpie043032_tm.pdf · Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre

36

Vardevanyan, H. (2009). Qualidade de vida no trabalho (importância): Relações como stress

profissional e com o empenhamento organizacional afectivo. Mestrado em Psicologia

dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações. Lisboa: Faculdade de

Psicologia e de Ciências da Educação.

Vargas, T. I. A. (2010). Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) e stresse profissional:

influência da variável sexo e estudo das relações entre as dimensões da QVT e o

stresse profissional. Dissertação de Mestrado Integrado em psicologia dos Recursos

Humanos, do Trabalho e das Organizações. Lisboa: Faculdade de Psicologia.

Vives, J. F. (1994). Respuesta emocional al estrés laboral. Revista ROL de Enfermería, 186,

31-39.

Wang, R., & Bianchi, S. (2009). ATUS Fathers’ Involvement in Childcare. Social Indicators

Research, 93(1), 141-145.

Watson, J. (2002). Enfermagem: Ciência Humana e Cuidar, uma teoria de Enfermagem.

Loures: Lusociência, Edições Técnicas e Científicas Lda.

Watson, S. B., Goh, Y., & Sawang, S. (2011). Gender influences on the work-related stress-

coping process. Journal Of Individual Differences, 32(1), 39-46.

World Health Organization (2004). Work organization & stress: Sytematic problema 34

approaches for employers, managers and trade union representatives. Geneva: World

Health Organization.

Yura, H. (1976). Nursing Leadership: Theory and Process. New York: Appleton Century

crofts.

Zurriaga, R., & Luque, O. (1995). Formación en psicologia social para non psicólogos.

Editora N.A.U. llibres: València.