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VALIDADE PREDITIVA DE TESTES DE
APTIDÃO COGNITIVA: UM ESTUDO
NO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR
Orientador de Dissertação:
Rui Bártolo Ribeiro
Co-Orientador de Dissertação:
João Paulo Maroco
Coordenador de Seminário de Dissertação:
Rui Bártolo Ribeiro
Renata Sofia Rodrigues Santos
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA
Stresse Profissional: um estudo exploratório sobre a importância
das variáveis sexo e tempo de serviço numa amostra de
Enfermeiros portugueses
Fabiane Regina Tramm
MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA
Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das
Organizações
2012
II
Agradecimentos
Resumo
Abstract
UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE PSICOLOGIA
Stresse Profissional: um estudo exploratório sobre a importância
das variáveis sexo e tempo de serviço numa amostra de
Enfermeiros portugueses
Fabiane Regina Tramm
MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA
Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das
Organizações
Dissertação orientada pelo Prof. Doutor Manuel Rafael
2012
III
Agradecimentos
À Deus, por me envolver em seu manto me protegendo sempre com sua luz.
Ao Orientador desta tese, Professor Doutor Manuel Rafael, pela disponibilidade, orientação e
apoio essenciais na realização deste estudo.
À minha mãe, meu exemplo de sabedoria e força, de perseverança, dedicação, respeito e
acima de tudo por seu espírito guerreiro – a minha admiração e o meu amor! Muito obrigada
por sempre estar presente mesmo à distância, e por me fazer feliz. Quando nasci disseste-me:
“serás muito feliz”. E assim sou!!!!
Ao meu pai pelo exemplo de hombridade, honestidade e por me mostrar que sempre é tempo
de (re) começar, o meu amor!
À VOCÊ, José, o meu agradecimento especial! Pela enorme paciência, carinho e amor nestes
quase dois anos, e pela co-construção desta relação!
Um agradecimento especial ao meu Professor, Dr. Hélio Possamai, hoje colega e amigo, pelas
horas incansáveis que passamos juntos, pelo apoio e troca de ideias, as quais me
tranquilizaram e me ajudaram a seguir em frente nesta conquista! Hélio e Jerusa, “amigo é
coisa pra se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração…”, não há palavras…pelo
carinho e apoio!
À Carla Cunha, minha querida e confidencial amiga, pelos dias felizes, pela amizade
carinhosa e, pelos muitos desabafos, o meu carinho eterno!
À amiga e colega Gisela, pelo carinho, cuidado e apoio incondicional. A tua disponibilidade
incansável e paciência foram fundamentais para me fazer ficar firme ate nos momentos de
“stresse” deste caminhar.
À colega Andrea, pelo carinho, força e ajuda incondicionais.
IV
Ao Enfermeiro, Director de Enfermagem, João Fernandes, por abrir as portas do hospital e
consentir a participação de sua equipa de enfermeiros nesta pesquisa. Muito obrigada pelo
carinho, compreensão e colaboração. Espero ter contribuído!
Aos profissionais de enfermagem das unidades de Urgência Geral (UG), Neonatologia
(NEO), Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes (UCIP), Unidades de Cuidados
Intensivos Cirúrgicos (UCIC) e Urgência Geral e Obstétrica (UGO), pela colaboração, sem a
qual este estudo não seria possível.
E a todos que de algum modo possibilitaram e contribuíram, por terem estado e continuam a
estar presentes de diversas formas na minha vida. Fizeram e fazem de mim o que sou!
Muito obrigada!
V
“A Enfermagem é uma arte; e como arte requer uma devoção tão exclusiva, um preparo tão
rigoroso, como a obra de qualquer pintor ou escultor. Mas o que é tratar da tela inerte ou do
frio do mármore comparado ao tratar do corpo vivo – o templo de espírito de Deus? É uma
das mais belas artes, eu quase diria, a mais bela de todas” (Florence Nightingale).
VI
Resumo
Decorrentes do processo de globalização, têm ocorrido transformações no mundo do
trabalho e no contexto de vida, as quais induzem a um determinado nível de stresse. A partir
desta perspectiva, foram identificadas pesquisas que revelam a presença de stresse no
trabalho, apontando para a enfermagem como pertencente ao grupo de profissões
potencialmente stressantes. Assim, o presente estudo objectiva investigar o nível de stresse
em enfermeiros, de acordo com a influência da variável sexo e tempo de serviço. Para este
estudo, foi usado o Inventário sobre o Stresse Profissional, aplicado a 80 profissionais de
enfermagem. Conclui-se que não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas
nos níveis de stresse entre os dois sexos e os cinco grupos da variável tempo de serviço, pois
o p-value é superior ao alfa (p>.05).
Palavras-Chave: Stresse profissional, enfermeiros, sexo.
Abstract
Arising from globalization, some changes have occurred in the world of work and life
context, which induce a certain level of stress. From this perspective, we identified studies
that reveal the presence of stress at work, pointing to nursing as belonging to the group of
potentially stressful professions. Therefore, the present study aims to investigate the level of
stress in nurses, according to the influence of sex variable and length of service. For this
study, it was used the Job Stress Survey, applied to 80 nurses. The study concludes that there
are no statistically significant differences regarding the stress levels between the both genders
and between the five groups of length service variable, since the p-value is higher than alpha
(p> .05).
Keywords: Professional Stress, nurses, gender.
VII
Índice
Agradecimentos.…………………...………………………………………………..………....III
Resumo …………………...………………………………………………..………………….VI
Lista de Tabelas……………………………………………………………………………...VIII
Introdução……………………………………………………………………………………….1
1.Enquadramento Teórico………………………………………………………………...3
1.1. Stresse Profissional……………………………………………………………..3
1.1.1. Definições e modelos…………………..……………………….…………3
1.1.2. Stresse profissional no contexto da enfermagem………………..………...6
1.2. Consequências do Stresse Profissional………………………..………………12
1.3. Sexo e Stresse Profissional……………………..……………………………..14
1.4. Objectivos e Hipóteses………………………….……………………….……15
2. Método………….……………………………………………………………….….16
2.1. Participantes………….………………………………………………..…...16
2.2. Instrumento…………………………………………….…………………..16
2.2.1. Inventário sobre o stresse profissional………………………………..16
2.2.2. A adaptação portuguesa………………………….…………...………17
2.3. Procedimento………………………………….……………..…………….18
3. Análise e Discussão dos Resultados…………………………….………………….18
4. Conclusão…………………………….……………………………………………..29
Referências Bibliográficas…………………………………………………………………….30
VIII
Lista de Tabelas
Tabela 1: Médias, desvios-padrão e coeficientes de alfa de Cronbach para as escalas e
subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional (ISP)………………………….………19
Tabela 2: Médias e desvios-padrão dos resultados dos itens do Inventário sobre o Stresse
Profissional……………………………………………………………………………………21
Tabela 3: Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do
grupo masculino e feminino e as escalas e subescalas do Inventário sobre o Stresse
Profissional……………………………………………………………………………………22
Tabela 4: Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do
grupo masculino e feminino e os itens relativos da Escala de Severidade do
ISP………………………………………………………………………………………….…24
Tabela 5: Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do
grupo masculino e feminino e os itens relativos da Escala de Frequência do
ISP………………………………………………………………………………………….…26
Tabela 6: Médias, desvios-padrão, valor F e significância observadas entre as médias do
tempo de serviço e as escalas e subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional………28
1
Introdução
O trabalho é um dos aspectos fundamentais na nossa existência, encontrando-se
amalgamado com os nossos mais profundos projectos, desejos de realização e com a nossa
própria constituição do “ser”. É um espaço de conhecimento, de afectação, de prazer, de
sofrimento e, por vezes, de adoecimento. Poder dispor de um trabalho, ter condições e
remuneração dignas, tem sido uma das batalhas e uma das condições fundamentais para a
preservação da qualidade de vida e de saúde.
A progressiva evolução do mundo moderno, para além de todo o conforto e facilidades
que proporciona, ocasiona também grandes desafios ao indivíduo, consistindo a maior das
dificuldades em conseguir manter-se em harmonia consigo mesmo e com o ambiente que o
rodeia.
O meio ambiente é, reconhecidamente, um dos agentes determinantes da saúde dos
indivíduos e dos grupos, sendo o trabalho e o local de trabalho dois dos factores que mais
contribuem para a mesma. Um ambiente de trabalho favorável pode, portanto, estimular e
promover o crescimento pessoal e aumentar a produtividade; pelo contrário, ambientes
desfavoráveis e de conflito podem contribuir para o aparecimento e/ou desenvolvimento da
insatisfação e do stresse nos trabalhadores.
Um dos principais problemas de saúde associados ao âmbito profissional é o stresse,
sendo um fenómeno de tal modo difundido que a Organização Mundial de Saúde e as Nações
Unidas o referem como a doença do século XX (Comissão Europeia, 2002).
O stresse atinge um número crescente de indivíduos em todo o mundo. Trata-se de
uma síndrome que tem como causa diversos factores, que podem estar associados à vida
moderna, ao sedentarismo, à sobrecarga de trabalho e ao estilo de vida (Correa et al., 2002).
Conforme o Ministério da Saúde (2001), o stresse também pode estar relacionado a factores
predisponentes tais como: traços de personalidade, áreas de trabalho que envolvam
responsabilidade com vidas humanas ou até mesmo com risco de acidentes.
Foram realizados vários estudos, evidenciando as consequências que o stresse
profissional pode ter nos indivíduos, tais como a diminuição da produtividade, burnout e
insatisfação (Cooper & Cartwright, 1994; Spielberger & Reheiser, 1994a), consequências
estas que também se reflectem em custos directos para a organização (Schabracq et al., 2003).
Além disso, acontecimentos considerados causadores ou desencadeadores de stresse, tais
como competitividade académica e profissional, desemprego, divórcio, urbanização caótica,
2
ameaça de desqualificação profissional, entre outras, podem também estar na base de
problemas de saúde (Fonseca, 2005).
Segundo Preto & Pedrão (2009), o stresse tem sido associado a sensações de
desconforto. Porém, as diferentes situações dependem de um ponto de vista individual, que a
compreensão do stresse depende da percepção do indivíduo no contexto em que se encontra.
O aparecimento do stresse obriga as pessoas a desenvolver estratégias de
enfrentamento que, contudo, nem sempre se mostram favoráveis ao problema. Nesse sentido,
é indispensável conhecer as variáveis psicológicas decorrentes da situação de stresse, a fim de
sugerir maneiras efectivas de enfrentamento, possibilidades de intervenção e promoção da
saúde mental.
O stresse profissional na área da saúde e, particularmente, em enfermeiros, tem
despertado uma progressiva maior atenção da parte dos investigadores. Consequentemente,
vários estudos têm vindo a evidenciar que os enfermeiros constituem uma classe profissional
particularmente exposta a elevados níveis de pressão e stresse (Bourbonnais, Comeau, Vézina
& Guylaine, 1998; Butterworth, Carson, Jeacock, White & Clements, 1999; McIntyre, 1994;
McIntyre, McIntyre & Silvério, 1999; Murofuse, Abranhes & Napoleão, 2005; Payne & Firth-
Cozens, 1987), pelo que o bem-estar e saúde do trabalhador desta área da saúde é colocada
em causa, tendo efeitos ao nível individual e organizacional (Murphy, Hurrell, Sauter, &
Keita, 1995), tornando-se o stresse profissional fundamental para a investigação.
Considerando, portanto, os factores referidos acima, procurou-se conhecer a realidade
dos profissionais de enfermagem e os reflexos de impacto desse ambiente de trabalho na vida
dos mesmos.
Essa temática foi despertada pelo desejo de entender e aprofundar os conhecimentos
acerca de um sofrimento que, muitas vezes, aparece silenciosamente e que vem atingindo
tantos trabalhadores no mundo contemporâneo, o stresse. Como psicóloga, levantei algumas
questões que procurei discutir neste trabalho, entre as quais se a variável sexo e tempo de
serviço influenciarão o nível de stresse em enfermeiros, dado ser uma das profissões mais
afectadas pelo mesmo (Garrosa et al., 2008).
É nessa direcção que conduzi este estudo, convidando o leitor a uma reflexão a partir
da revisão teórica, de possíveis processos que ocorrem por dentro do mundo do trabalho e que
podem estar levando os trabalhadores, em especial os que trabalham em hospitais, a altos
níveis de stresse.
Para a construção das respostas ao problema desta investigação, percorrem-se
diversos caminhos, estruturados aqui, em quatro capítulos. O capítulo 1 apresenta o
3
Enquadramento Teórico, com os fundamentos teóricos que tratam do tema abordado neste
estudo, as quais são as definições e modelos conceptuais de stresse profissional, stresse
profissional no contexto da enfermagem, consequências do stresse profissional, sexo e stresse
profissional, e objectivos e hipóteses. No capítulo 2, o Método descreve a construção da
metodologia utilizada nesta pesquisa referente à amostra, o instrumento (Inventário sobre o
Stresse Profissional) e procedimento. No capítulo 3, Apresentação e discussão dos resultados,
onde são apresentados e discutidos os resultados. Por último, no capítulo 4 - Conclusão, são
salientados os aspectos mais significativos do estudo, as limitações e sugestões para futuras
investigações.
1.Enquadramento Teórico
1.1.Stresse Profissional
1.1.1. Definições e modelos
O aumento da incidência do stresse profissional (Nguyen, 2010) tem sido reconhecido
como um fenómeno mundial, um desafio major tanto para a saúde dos indivíduos como para a
saúde da organização, com impacto negativo sobre os mesmos e as organizações onde
trabalham (Leka et.al, 2003; Watson, Goh, & Sawang, 2011).
O termo stresse teve origem na engenharia, mas foi mencionado pela primeira vez na
área da saúde, na década de 50, por Hans Selye, médico endocrinologista, sob a influência de
dois fisiologistas, Bernard e Cannon, que estudavam os mecanismos de equilíbrio interno do
organismo (Lipp, 2003; Miranda, 1998).
Selye (1956) descreve stresse como um conjunto de respostas não específicas
provocadas por um estímulo qualquer, a que designou de stressor. Esta resposta não é mais do
que o resultado de um conjunto de processos de adaptação do organismo, com o objectivo de
conduzir o indivíduo ao estado inicial de equilíbrio (homeostasia). Neste sentido, stresse
diferencia-se do stressor, isto é, nem todos os indivíduos reagem da mesma forma a um
acontecimento, mas qualquer que seja a situação indutora de stresse a reacção do organismo
será sempre a mesma, sendo a resposta conhecida como Síndrome Geral de Adaptação (Serra,
1989). Estas reacções ocorrem em três fases: alarme ou alerta, resistência e exaustão (Costa,
1997; Guido, 2003; Lipp, 1996). Embora Selye tenha identificado as três fases do stresse,
Lipp (2000), após quinze anos de pesquisa, identificou uma quarta fase denominada de quase-
exaustão, que desenvolve-se entre a fase de resistência e de exaustão.
4
Após os estudos desenvolvidos por Selye sobre o stresse biológico e suas etapas,
(Selye, 1959), outros pesquisadores consideraram não somente a etapa biológica do stresse,
mas também os factores individuais, psicológicos, sociais e cognitivos envolvidos, pelo que
se pode considerar também as características individuais das pessoas, bem como o contexto
sob o qual se encontram.
Dentre várias definições que se tem procurado obter para o conceito geral de stresse,
Nakao (2010) define-o como uma reacção fisiológica e/ou psicológica do corpo a
circunstâncias que requerem ajustamento comportamental. Os stressores mais frequentes
incluem problemas relacionados com trabalho, com a saúde e com problemas financeiros.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, diversas variáveis das organizações, tais
como clima organizacional, insegurança laboral, ausência de procedimentos estabelecidos
para resolver problemas, supervisão inadequada, problemas na comunicação e falta de clareza
em relação aos objectivos, podem estar relacionadas com o stresse profissional (WHO, 2004).
Mendes (2001) define stresse profissional como o processo de perturbação provocado
no indivíduo pela mobilização excessiva de sua energia de adaptação para o enfrentamento
das solicitações de seu meio ambiente profissional, que ultrapassam as capacidades actuais,
físicas ou psíquicas deste indivíduo.
Nos anos 80, passou-se a entender o stresse também como uma interacção do
indivíduo com o meio, percebida pelo sistema cognitivo.
Lazarus e Folkman (1984) definem stresse como algo que ultrapassa a esfera
biológica, e salientam a importância do aparelho cognitivo nas respostas aos diferentes
estímulos. Assim, elaboraram o modelo interaccionista, no qual a avaliação cognitiva é
mediadora da reacção ao stresse, buscando neutraliza-lo ou superá-lo. No entanto, fala-se em
stresse profissional quando o indivíduo não consegue adaptar-se as características reais ou
percebidas do ambiente (Lazarus e Folkman, 1986). Esta inadaptação ocorre quando as
capacidades do indivíduo não correspondem as exigências do trabalho ou quando o trabalho
não satisfaz as necessidades e as expectativas do mesmo em questão (Vives, 1994).
Actualmente, o conceito de stresse tem sido definido como resposta fisiológica e
psicológica, como uma condição ambiental e como um estímulo na interacção das exigências
com o meio, considerando os recursos pessoais e sociais e a capacidade de resposta que
provém da análise que o indivíduo faz quanto às exigências externas e aos recursos
necessários para lidar com as mesmas (Cardoso, cit. in Loureiro, 2005).
Relativamente aos modelos de stresse profissional, interessa aqui tratar as concepções
teóricas nas quais é baseado o instrumento de avaliação utilizado no presente estudo, ou seja,
5
o Modelo de Ajustamento Pessoa-Ambiente (Person-Enviroment Fit Model) de French e
colaboradores, e a Teoria Transaccional de Lazarus (Lazarus’s Transactional Process
Theory).
O Modelo de Ajustamento Pessoa-Ambiente postula que a tensão (strain) acontece
quando o indivíduo não tem as competências e os recursos necessários para satisfazer as
exigências do trabalho. Quanto mais pobre for o ajustamento entre a pessoa e o ambiente,
mais severo será o stresse e maior a probabilidade de os colaboradores sofrerem
consequências negativas, como produtividade reduzida e problemas de saúde (French &
Caplan, 1972, French, Caplan, & Harrison, 1982, cit. in Vagg, Spielberger, & Wasala, 2002).
Este modelo foi aprimorado por Cooper e Marshall (1976) que constataram cinco grandes
níveis de stresse profissional, nomeadamente, pressões intrínsecas do trabalho (pressão de
tempo; trabalho excessivo); papel do colaborador na organização (falta de clareza nas
responsabilidades); relações interpessoais no trabalho (dificuldades com supervisores,
colegas, subordinados); limitações no desenvolvimento de carreira (segurança no trabalho,
oportunidades de promoção); estrutura e clima organizacionais (não reconhecimento dos
contributos do colaborador e ausência de participação nas tomadas de decisão).
O Modelo Transaccional de Lazarus (1999) explora o stresse profissional a partir de
uma perspectiva cognitiva-comportamental. A avaliação cognitiva para Lazarus e Folkman
(1984) assume um papel fulcral no processo de stresse, existindo três tipos de avaliação que
podem mediar os efeitos dos stressores nas reacções emocionais: a avaliação primária que
ocorre quando o stressor é avaliado em termos do seu impacto imediato no bem-estar do
indivíduo; avaliação secundária, que tem em conta os recursos que o indivíduo possui para
lidar com o stressor; e a reavalição, que inclui nova informação proveniente da avaliação do
indivíduo acerca da eficácia dos seus esforços para lidar com um stressor particular (Lazarus,
1999; Lazarus & Folkman,1984). Portanto, o stresse ocorre quando os estímulos (stressores)
são avaliados pelo indivíduo como ameaçadores, ou quando as exigências externas e internas
excedem os recursos disponíveis para as enfrentar, este irá sentir frustração e tensão, e
manifestar emoções negativas como ansiedade e a raiva. O modelo de Lazarus é parecido ao
modelo de ajustamento pessoa-ambiente no reconhecimento da relevância da ligação das
capacidades do indivíduo com as exigências do ambiente, mas refere maior importância à
avaliação que o indivíduo faz dos stressores e às suas capacidades para lidar com fontes
específicas de stresse (Vagg et al., 2002).
Proveniente destas duas teorias, Modelo Transaccional e Ajustamento Pessoa-
Ambiente, tem-se o Modelo Estado-Traço de ansiedade de Spielberger (1972, cit. in Vagg et
6
al., 2002), cuja ênfase é dada nos traços de personalidade dos indivíduos que influenciam as
suas reacções emocionais ao stresse no local de trabalho. Este modelo, para além da avaliação
cognitiva refere importância à percepção imediata dos stressores como lesivos ou
ameaçadores, e que evocam reacções de ansiedade ou de raiva durante o processo de
adaptação. Este estado de ansiedade pode mudar de intensidade e de duração, e pode variar ao
longo do tempo em função do stresse que actua sobre o indivíduo (Spielberger et al., 1995).
Baseado neste modelo, foi desenvolvido o Job Stress Survey como medida genérica de
eventos causadores de stresse encontrados por homens e mulheres em várias profissões e
numa multiplicidade de contextos profissionais (Spielberger & Reheiser, 1994a).
Assim sendo, parece pertinente estudar o stresse profissional em contexto da
enfermagem.
1.1.2. Stresse profissional em contexto de enfermagem
A enfermagem está, desde a sua origem, ligada à noção de “cuidar”, à prestação de
cuidados, que envolve promover a saúde, prevenir a doença e cuidar dos doentes, estando
relacionada também com a sobrevivência das pessoas. É uma profissão de ajuda com bases
científicas, considerada por muitos, uma arte (Fernandes, 2007).
Florence Nightingale, de origem inglesa, foi a pioneira da enfermagem moderna e da
arte do cuidar. O modelo de Nightingale caracterizou-se principalmente pela preocupação
com o ambiente hospitalar e pela divisão hierárquica e social do trabalho da enfermagem
(Almeida, 1984; Barreira, 1999).
De acordo com Nightingale, a enfermagem tem como objectivo primordial “pôr o
doente nas melhores condições para que a natureza possa actuar” (Ribeiro et al., 1996, p. 25-
29). Transformou o conceito de enfermagem, afirmando que a mesma é uma arte que requer
uma devoção exclusiva ao trabalho e uma preparação árdua (Donahue, 1985). Nightingale
defendeu a ideia de que a arte do cuidado é um treinamento organizado, prático e científico.
Obteve o maior reconhecimento através de sua participação como voluntária na Guerra da
Criméia em 1854 e, ao retornar, foi considerada como sinónimo de doçura, eficiência e
heroísmo, tornando-se uma figura nacionalmente popular, não só por reorganizar a
enfermagem e salvar vidas, mas também por quebrar o preconceito que existia em torno da
participação da mulher no exército e transformar a visão da sociedade em relação à
enfermagem (Costa et al., 2009).
Das definições clássicas de enfermagem, destaca-se a formulada por Virgínia
Henderson (1966), que descreve que o enfermeiro deve ajudar o paciente na satisfação das
7
suas necessidades, apelando para o autocuidado, bem como a realizar as devidas actividades
que contribuem para a sua recuperação, conservando a sua saúde de tal maneira que o próprio
paciente se torne o mais independente possível. Ainda hoje, o modelo de Henderson exerce
enorme influência, tanto no contexto da disciplina de enfermagem, como no exercício da
profissão.
Após a definição postulada por Henderson, a revisão de literatura mostra um grande
número de tentativas para conceptualizar com maior exactidão a profissão de enfermagem.
Yura e Cols (1976) definem a enfermagem como o encontro do enfermeiro com o paciente e
sua família, durante o qual o enfermeiro ajuda, observa, ensina, comunica e entende,
proporcionando todos os cuidados durante a enfermidade até que o paciente seja capaz de agir
por si próprio, alcançando a plena satisfação das suas necessidades básicas.
Segundo Boore (1981), a profissão de enfermagem inclui as funções de cuidar na
saúde e na doença, na sua magnitude, desde o nascer até a morte. O principal objectivo da
enfermagem é promover a conservação e restabelecimento da saúde do paciente, dando
enfoque especial aos factores biológicos, psicológicos e socioculturais, respeitando as
necessidades e direitos da pessoa a quem se presta o serviço (Brunner, 1983).
“Ser enfermeiro significa ter como agente de trabalho o Homem e, como sujeito de
acção, o próprio Homem”, com isto sucede uma estreita ligação entre o trabalho e o
trabalhador, vivenciando directa e ininterruptamente o “processo de dor, morte, sofrimento,
desespero, incompreensão, irritabilidade e tantos outros sentimentos e reacções
desencadeadas pelo processo de doença” (Batista & Bianchi, 2006, p.535).
Para Marziale e Robazzi (2001), o profissional de enfermagem é aquele que cuida de
vidas e pessoas e, para exercer a profissão, o enfermeiro necessita de ter conhecimentos
científicos, habilidades técnicas, responsabilidades, ética profissional e condições de trabalho
adequadas. Watson (2002) descreve a enfermagem como uma ciência humana, na medida em
que estuda o indivíduo como um todo, sob um conceito integral e pessoal. Segundo o autor o
cuidar exige grande consideração e reverência pelo indivíduo e pela vida humana.
Por ser uma profissão interdependente, a enfermagem interage com outros
profissionais quanto a funções de planeamento, execução e avaliação, que asseguram a
eficácia e a eficiência do sistema de saúde (Sousa, 1989). O profissional enfermeiro pode
desenvolver funções nas instituições hospitalares, nos serviços de ambulatórios e centros de
saúde, supervisionar a equipa de enfermagem, bem como prestar assistência directa aos
pacientes; na saúde ocupacional participando da responsabilidade de prevenção, manutenção e
recuperação da saúde do trabalhador, e também como profissional autónomo. Além dessas
8
funções, pode exercer actividades de ensino, pesquisa e administração (Stacciarini &
Tróccoli, 2001). Devido a essa amplitude de actividades, a enfermagem está ainda mais
susceptível ao stresse, pois exige do profissional muitas responsabilidades, iniciativa,
conhecimento técnico e administrativo das funções hospitalares, incluindo vivências de
tristeza dos pacientes e seus familiares, o que interfere no emocional do enfermeiro (Cooper,
1990).
Destaca-se ainda que ser profissional de enfermagem exige, além do conhecimento de
muitas técnicas e competências comparadas com os aspectos físicos, a apreensão das
necessidades psicológicas do indivíduo saudável ou doente. Portanto, o enfermeiro deve ter
consciência de que a utilização de estratégias psicológicas no ambiente hospitalar resultam,
não só em benefício para o doente, mas também para si próprio, apresentando assim uma
elevada capacidade empática, principalmente no sentido de saber colocar-se no lugar do outro
(Zurriaga et al., 1995).
Segundo Salvage (1990), a sociedade espera que os enfermeiros respondam à
obrigação de cuidar, seja em que circunstância for. Portanto, o trabalho em ambiente
hospitalar, onde 78% do total dos enfermeiros exercem a sua função em Portugal (Maia,
2005), contribui para que ocorram acontecimentos desencadeadores de stresse e de fadiga
mental e física para os profissionais. Todas estas exigências feitas a esta classe profissional
tornam os enfermeiros susceptíveis de um maior nível de stresse.
Na verdade, os enfermeiros passam por situações com fortes cargas emocionais, onde
a saúde dos mesmos sofre ameaças associadas com o convívio diário com a dor e sofrimento,
com a incerteza da cura e a probabilidade da morte, pois a perda de um paciente significa para
o enfermeiro uma derrota na luta contra a mesma. Entretanto, os direitos do paciente não
devem fazer esquecer os direitos do enfermeiro. O bem-estar é um factor de grande
importância para o profissional de enfermagem, “pois quem não se encontra bem do ponto de
vista físico e psicológico não apresenta condições objectivas e práticas para cuidar de doentes,
os quais constituem a razão de ser da sua actividade” (Santos, 2010, p.48). Ademais, os
profissionais de enfermagem são indispensáveis na assistência e no apoio psicossocial do
paciente. No entanto, estudos comprovam que os enfermeiros revelam uma maior
probabilidade de sofrimento emocional (Martino & Misko, 2004).
Os profissionais de saúde, sobretudo os que trabalham em ambiente hospitalar, são
considerados um dos grupos mais afectados pelo stresse no seu trabalho diário e, de modo
particular, os enfermeiros (Garrosa et al., 2008), estando nas posições cimeiras no ranking das
profissões mais stressantes do sector público (Vanagas & Bihari-Axelsson, 2004), algo
9
atestado pela Health Education Authority, que classificou a enfermagem como a quarta
profissão mais stressante no sector público (Murofese et al., 2005). A profissão de
enfermagem é reconhecida como potencialmente stressante (Bianchi, 1999). Com efeito,
Peterson et al. (1995) referem que cerca de 80% dos enfermeiros têm níveis elevados ou
muito elevados de stresse.
A enfermagem é apontada como uma das profissões mais stressantes (Ayres, 2001),
pelo que, nos últimos 30 anos, tem aumentado o número de estudos sobre stresse relacionado
com enfermagem. A profissão de enfermagem em ambiente hospitalar é exercida em
circunstâncias altamente stressantes, que pode levar o profissional a ter dificuldades como
desmotivação, insatisfação profissional, absentismo e tendência ao abandono da profissão.
Assim, vários autores têm identificado factores específicos de stresse relacionados
com o trabalho do enfermeiro. Na literatura, encontram-se várias referências que aliam o
stresse aos profissionais ligados à saúde, mais comumente os enfermeiros, devido às
características inerentes a própria profissão.
Vives (1994), apresenta as fontes de stresse na profissão de enfermagem, agrupando-
as em cinco categorias: factores ambientais (relacionados directamente com o trabalho),
factores relacionais (relações interpessoais na equipa de trabalho), factores organizacionais e
burocráticos (atinge os estilos de trabalho próprios de cada unidade), factores profissionais
inerentes ao desempenho de papéis (inclui as exigências ligadas ao desempenho de papéis
inerentes à profissão), e factores relacionados com precisão e exigência (inclui todas as causas
que submetem o enfermeiro a uma tensão constante por ter que realizar acções contrárias às
suas próprias expectativas).
Segundo Celentano e Johnson (cit. in Santos, 2010, p.49), há um grande número de
outros factores de risco associados com o trabalho que podem também causar stresse aos
profissionais de enfermagem, nomeadamente, “os contactos socias, o contacto com os utentes,
os horários irregulares, o conteúdo do trabalho, a carga de trabalho, o grau de
responsabilidade, a necessidade de manutenção e desenvolvimento da qualificação
profissional, o conflito e a ambiguidade de papéis, o ambiente físico em que o trabalho se
desenvolve e clima organizacional”.
Similarmente, num estudo sobre stresse realizado em enfermeiros por Gray-Toy e
Anderson (1981, cit. in por Mcintyre, 1994), foram identificadas como principais situações
indutoras a sobrecarga de trabalho e o facto de se sentirem insuficientemente preparados para
enfrentar as exigências emocionais dos doentes e de seus familiares.
10
Para Delbrouk (2006), os enfermeiros nem sempre sabem quais as actividades que
devem fazer ou que não são da sua responsabilidade. Segundo este autor, os cuidados de
enfermagem são realizados num espaço onde os enfermeiros se confrontam diariamente com
vários dilemas: entre a saúde e a doença, a vida e a morte, o bem e o mal, a normalidade e a
loucura, colocando em causa o seu ideal, provocando muitas vezes a desilusão. O conflito de
papéis surge muitas vezes frente à ausência total de superiores hierárquicos e também quando
as expectativas dos enfermeiros são contraditórias face ao que realmente acontece, o que pode
causar um sentimento de abandono, contribuindo para a desvalorização e fazendo com que os
enfermeiros percam a vontade de se envolverem com o trabalho, pois estes gostariam de ter
maior participação na decisão, iniciativa e responsabilidade, ter a oportunidade na aquisição
de maior autonomia, e de ver reconhecido o seu papel no hospital, aspectos importantes que
contribuem para a satisfação e realização no seu trabalho (Sagehomme, 1997).
Lima e Coelho (2001) verificaram, num estudo com enfermeiros portugueses que, dos
profissionais de saúde avaliados, os enfermeiros apresentaram níveis mais elevados de stresse,
tendo como motivos principais a ausência de promoção na carreira, escassez de pessoal,
tarefas e exigências contraditórias no papel profissional e orientações e apoio inadequados por
parte dos superiores.
Os factores de stresse para Healy e Mckay (2000), bem como para Bianchi (1999,
cit.in Batista & Bianchi, 2006) relacionados com a enfermagem e o seu trabalho,
correspondem a “problemas de comunicação com a equipa, os conflitos internos e a falta de
respaldo do profissional, assistência prestada, aspectos inerentes à unidade, a carga de
trabalho, interferência na vida pessoal e actuação do enfermeiro”.
Também para Ivancevich e Matteson (cit. in Santos, 2010), os factores comuns de
stresse na profissão dos enfermeiros são a sobrecarga de trabalho, os conflitos interpessoais,
os conflitos de papéis, a carga afectiva e psíquica e o trabalho por turnos.
O trabalho por turnos e, sobretudo o trabalho nocturno, são fontes geradoras de
consequências prejudiciais para a saúde e o bem-estar do profissional. A actividade nocturna
colide com o ritmo biológico e é considerada desfavorável, já que nesse período de sono o
enfermeiro tem que estar completamente desperto, atento e concentrado. Surgem então os
efeitos prejudiciais para a produtividade e segurança, associadas a alterações de humor e
desempenho cognitivo (Maia, 2005). O trabalho por turnos é uma característica da
enfermagem, por ter assistência prestada 24 horas, o que faz com que o profissional trabalhe
noites, nos fins-de-semana e feriados, limitando a sua vida social (Pafaro & Martino, 2004). A
11
dupla jornada de trabalho obriga o profissional de enfermagem a desenvolver as suas funções
em mais de uma instituição para o aumento da renda familiar.
Os conflitos interpessoais presentes no trabalho do enfermeiro são também factores
potencialmente geradores de stresse (Peiró et al., 1992). Quando as relações entre colegas de
trabalho se tornam ambíguas, pouco cooperativas, com a presença de rivalidades, de
competição e de falta de apoio, podem originar elevados níveis de stresse, sendo altamente
prejudicial para a saúde do enfermeiro. Beehr (1981) descreve esta situação como uma falta
de relação solidária entre iguais, que acontece quando a união do grupo se torna menor. Por
outro lado, há como factor negativo a relação médico-enfermeiro, onde surgem situações
causadoras de conflitos ligadas a uma luta de poder, e também uma certa desvalorização e
desconhecimento do trabalho da enfermagem por parte dos médicos (Seixas & Pereira, 2005).
Uma das fontes de stresse para os enfermeiros é testemunhar cuidados médicos considerados
fúteis ou desnecessários (Ferrell, 2006).
Os enfermeiros executam o seu trabalho sob forte carga emocional, afectiva e
psíquica, pois deparam-se todos os dias com o sofrimento, o desespero dos doentes e de seus
familiares, com o isolamento, a solidão, a falta de comunicação, falta de reconhecimento, falta
de estímulo, convivendo numa relação árdua, conflituosa e constante com a morte (Bulhões,
1994).
Conforme Más et al. (1999), vários estudos mostram a existência de elevado número
de situações stressoras realizados com profissionais de saúde em geral, particularmente em
enfermeiros, por serem profissionais expostos ao stresse, como problemas de inter-relação
com os colegas de trabalho, horários irregulares, relação com os doentes e os seus familiares,
sobrecarga de trabalho e a falta de pessoal, o contacto com o sofrimento humano e com a
morte.
O confronto com a morte é um factor altamente stressante para o profissional de
enfermagem, suscitando sentimentos e atitudes diversas, como angústia, desespero, incerteza,
medo e ansiedade, acabando o enfermeiro por se sentir impotente frente a esta situação por
não saber como comunicar efectivamente com o doente e seus familiares e por querer
prolongar a vida e evitar a morte de seus pacientes. Estes factores sobrecarregam severamente
o profissional que dedica o cuidado aqueles cuja morte está eminente (Saraiva, 2009). Deste
modo, sendo a morte inevitável e frequente nos serviços de saúde, nem todos os enfermeiros a
compreendem, a acolhem e reagem a ela da mesma maneira.
De acordo com Rosado (1991, cit. in Saraiva, 2009), do confronto com a morte
surgem frequentemente mais problemas psicológicos do que físicos, dentre estes pensamentos
12
involuntários dedicados ao doente, sentimentos de impotência, choro e sensação de
abatimento, sentimento de choque e de incredibilidade perante a perda, dificuldade de
concentração, cólera, ansiedade, e irritabilidade, o que geram absenteísmo, desejo de mudança
de serviço, isolamento, entre outros.
Um factor importante a ser citado é a alta rotatividade na profissão de enfermagem.
Para Lachman (1989) os enfermeiros apresentam altos níveis de turnover, pois sentem-se
insatisfeitos com o trabalho que realizam, têm poucos benefícios e ganham pouco. Lachman
(1989) atribui a insatisfação dos enfermeiros à pouca autonomia, à supervisão exagerada e à
pouca participação nas tomadas de decisão no serviço.
Ao longo das últimas décadas a profissão de enfermagem tem sofrido importantes
alterações, consequentes de outros aspectos das políticas de saúde, que impõem uma
intensificação do ritmo do trabalho dos enfermeiros. No entanto, não foi tida em conta a
correspondente necessidade do aumento do número de enfermeiros, tornando-se a sua
actividade numa sobrecarga de trabalho e dando origem muitas vezes à frustração (Peiró,
1993).
Na última década, tem havido um interesse crescente na análise de como as condições
de trabalho podem influenciar o comportamento organizacional (Rennesund & Saksvik,
2010). Com efeito, parece existir uma relação entre o grau de identificação com a organização
e o nível de stresse dos trabalhadores (Bachkirova, 2012).
Afigurar-se existir uma relação também entre ambiente de trabalho, satisfação no
trabalho e as variáveis de stresse relacionadas com o trabalho (Sterner, 2009). Na verdade, as
deficiências estruturais são uma importante fonte de stresse no trabalho na área da saúde
(Pross & Schweitzer, 2010).
Enfermeiros que trabalham em hospitais encontram uma variedade de factores de
estresse, o que pode afectar as suas capacidades profissionais (Batool, Nishat, & Yaqoob,
2012). Além disso, o stresse profissional dos enfermeiros afecta negativamente a sua saúde e
a qualidade do seu trabalho (Golubic, Milosevic, Knezevic, & Mustajbegovic, 2009),
apresentado variadas consequências negativas para o bem-estar do profissional e da
organização em que exerce as suas funções.
1.2. Consequências do Stresse Profissional
Guido (2003, p.26) afirma que há “um crescente desinteresse dos enfermeiros pela
profissão, e em decorrência o desencadeamento de insatisfação e stresse”. O stresse no
13
trabalho pode, pois, levar a longos períodos de absenteísmo e incapacidade para exercer as
funções (De Vente, Kamphuis, Emmelkamp, & Blonk, 2008).
No mundo do trabalho, as consequências do stresse profissional são particularmente
importantes, sobretudo ao nível da organização. No que concerne às consequências do stresse
profissional distingue-se, basicamente, as que tem repercussões em termos individual e
organizacional. Indirectamente no comportamento individual salienta-se a perda da vitalidade,
falhas de comunicação, qualidade das relações interpessoais no trabalho afectada, erros na
tomada de decisões e oportunidades perdidas, diminuição da produtividade, criatividade,
motivação no trabalho, satisfação e de bem-estar do indivíduo, bem como a estagnação do
desenvolvimento pessoal. Em última instância o stresse pode levar a doenças físicas e
psicológicas (Ramos, 2001; Schabracq et al., 2003, cit in Vargas, 2010). E directamente no
clima organizacional destacam-se como principais consequências a insatisfação com o
desempenho, baixa adesão aos objectivos, atrasos na produção, acidentes de trabalho, greves,
custos de saúde, compensações, indemnizações e reformas antecipadas, absenteísmo e
turnover de colaboradores altamente qualificados (Ramos, 2001; Schabracq et al., 2003, cit in
Vargas, 2010). Inevitavelmente, todas estas consequências irão repercutir nos custos da
organização. Devido ao stresse, o absenteísmo pode afectar até 10 a 20% da força de trabalho
em algumas indústrias americanas (Sutherland e Cooper, 1990), implicando custos
astronómicos. A nível europeu, há uma estimativa dos custos provocados pelo stresse no
trabalho, que aponta para os 20 milhões de euros anuais, gerando preocupação em relação ao
sofrimento causado a muitos milhões de colaboradores da comunidade europeia (Comissão
Europeia, 2002, cit in. Vargas, 2010).
Altas taxas de stresse são encontradas em profissionais de saúde, em particular os
enfermeiros de saúde mental (Gibb, Cameron, Hamilton, Murphy, & Naji, 2010), tendo sido
até associadas doenças ao stresse profissional, como a hipertensão e úlceras gástricas (Holt,
cit. in Stacciarini e Tróccoli, 2000).
O stresse no trabalho tem sido associado, assim, a uma série de efeitos adversos para a
saúde física e mental, tais como doenças cardiovasculares, insónia, depressão e ansiedade.
Condições stressantes de trabalho afectam o bem-estar, contribuindo para comportamentos de
saúde negativos, como tabagismo e sedentarismo (Nakao, 2010).
Pode ainda aumentar o risco de asma, em ambos os sexos (Eng, Mannetje, Pearce &
Douwes, 2011; Loerbroks, Gadinger, Bosch, Stürmer, & Amelang, 2010) e até de demência
(Andel et al., 2012). Ademais, o trabalho física e psicologicamente desgastante aumenta o
risco de efeitos prejudiciais sobre a gravidez, incluindo aborto e parto prematuro (Katz, 2012).
14
Em suma, taxas mais elevadas de doença relacionada ao stresse são encontradas em
profissionais de saúde, quando comparado com outros sectores. O aumento da demanda
clínica, longas horas de trabalho, falta de apoio dos colegas e de gestão, estão a contribuir
para o absenteísmo, queixas somáticas e problemas de saúde mental. Trabalho em saúde
mental é inerentemente stressante e os níveis de stresse no trabalho vivenciadas por
enfermeiros de saúde mental são especialmente elevados. Eles consideraram até a assistência
directa ao paciente como menos stressante do que as restrições organizacionais sob as quais
trabalham, tendo relatado a falta de apoio dos grupos de pares e da gestão (Gibb, Cameron,
Hamilton, Murphy & Naji, 2010).
1.3. Sexo e Stresse Profissional
A História da enfermagem no século XX geralmente apresenta a enfermagem como
uma profissão predominantemente feminina, em que os homens eram uma minoria
marginalizada (Prebble & Bryder, 2008).
No entanto, a literatura mostra que a discriminação de sexo ainda prevalece na
profissão de enfermagem (Kouta & Kaite, 2011), sendo indicada a existência de barreiras para
enfermeiros homens no exercício da sua profissão (Roth & Coleman, 2008). Nos manuais
escolares, os profissionais são ainda indicados no sexo feminino – “a enfermeira” -, havendo
pouco ou nenhum conteúdo em contribuições dos homens para a enfermagem (Le-Hinds,
2010).
Num estudo recente, verificou-se que as enfermeiras passaram mais tempo em
actividades de atendimento ao paciente, percepcionando-se como tendo alto nível de
satisfação no trabalho (Torkelson & Seed, 2011). Por outro lado, há um sentimento
generalizado dos homens em enfermagem que se sentem infelizes como uma minoria em uma
ocupação predominantemente feminina, sentindo uma disjunção entre a identidade masculina
e o papel da enfermagem (Brown, 2009).
Relativamente à severidade e frequência com que os acontecimentos potencialmente
desencadeadores de stresse ocorrem, verificaram-se, de acordo com o estudo sobre stresse
profissional de Branco (2010), algumas diferenças entre os sexos relativamente aos
acontecimentos causadores de stresse, tendo sido identificados acontecimentos
percepcionados como mais severos e frequentes para o grupo do sexo masculino
comparativamente com o grupo do sexo feminino.
Por outro lado, é importante considerar a percepção da frequência de ocorrência de
acontecimentos específicos causadores de stresse, por parte de ambos os sexos, uma vez que o
15
estudo de Vargas (2010) mostrou que existem diferenças significativas entre eles, à
semelhança de Rafael (2001) e Vardevanyan (2009), que afirmaram apenas não existirem
diferenças entre os sexos no que diz respeito à percepção da frequência de ocorrência de
stresse profissional, atestando o que já havia sido estudado por Spielberger e Reheiser (1994,
cit. in Vargas, 2010). Vargas (2010) concluiu ainda que não existem diferenças entre os sexos
ao nível da frequência da ocorrência de stresse profissional.
Pelo contrário, Spielberger e Reheiser (1994, cit. in Rafael, 2001) concluíram ainda
que não existem diferenças entre os sexos quanto à severidade e frequência do stresse
profissional que vivenciam, no entanto os homens e as mulheres experienciam diferentes
acontecimentos causadores de stresse com maior ou menor frequência em parte em função do
seu nível profissional.
1.4. Objectivos e Hipóteses
Tendo em conta que o stresse é um dos principais problemas de saúde relacionados
com o contexto profissional, referido como a doença do século XX (Comissão Europeia,
2002), estabelecem-se como objectivos:
1. Investigar o nível de stresse em enfermeiros que actuam num hospital público de
Lisboa.
2. Caracterizar o nível de severidade e de frequência quanto aos acontecimentos
causadores de stresse profissional.
3. Comparar o nível de stresse considerando a variável sexo.
4. Identificar os acontecimentos causadores de stresse profissional nos enfermeiros de
ambos os sexos.
5. Comparar os níveis de stresse profissional em Enfermeiros de ambos os sexos com a
variável tempo de serviço.
A partir destes objectivos, colocou-se como hipótese geral deste estudo que as
enfermeiras terão um maior nível de stresse, relativamente aos enfermeiros do sexo
masculino, dadas as exigências principalmente do seio familiar, uma vez que, embora o pai
venha a assumir um papel cada vez mais activo no cuidado dos seus filhos (Wang & Bianchi,
2009), esta mudança tem sido gradual (Monteiro, Veríssimo, Santos, et al., 2008), estando a
visão da maternidade ainda ligada a uma perspectiva tradicional.
No entanto, formularam-se outras hipóteses complementares ao estudo:
H1. Os enfermeiros apresentam elevados níveis de stresse.
16
H2. Espera-se que existam diferenças entre os sexos relativamente à percepção da
intensidade (severidade) de stresse experimentado.
H3. Espera-se que existam diferenças entre os sexos relativamente à frequência dos
acontecimentos desencadeadores de stresse profissional.
H4. Espera-se que o nível de stresse profissional seja maior em enfermeiros com
menor tempo de serviço.
2. Método
Trata-se de um estudo transversal, uma vez que as aplicações foram feitas num único
momento, com carácter exploratório, com metodologia quantitativa e correlacional.
2.1. Participantes
A amostra é constituída por 80 (N=80) enfermeiros, que trabalham num hospital
público de Lisboa. Destes, 17 (21,3%) são do sexo masculino e 63 (78,8%) do sexo feminino.
2.2. Instrumento
2.2.1. Inventário sobre stresse profissional
O Inventário sobre Stresse Profissional é uma adaptação portuguesa do Job Stress
Survey (JSS) e tem antecedentes directos em dois instrumentos de avaliação de stresse
destinados a populações específicas, polícias e professores: o Police Stress Survey e o
Teacher Stress Survey (Spielberger, Reheiser, Reheiser & Vagg, 1999, cit. in Rafael, 2003;
Vagg et al., 2002).
Este instrumento foi elaborado a fim de preencher a lacuna existente de medidas do
stresse profissional (Spielberger & Reheiser, 1994a; Turnage & Spielberger, 1991),
permitindo diferenciar a Severidade (intensidade percebida) da Frequência de ocorrência das
condições de trabalho que podem afectar adversamente o bem-estar físico e psicológico dos
trabalhadores que a elas são expostos (Rafael, 2001; Spielberger & Vagg, 1999).
O inventário é composto por 30 itens, que descrevem um conjunto de fontes de stresse
para trabalhadores de diferentes profissões. Na parte relativa à avaliação da severidade, é
pedido aos sujeitos que assinalem, numa escala de 9 pontos, a quantidade relativa de stresse
que sentem estar associada a cada um dos 30 itens. Tais respostas têm como referência o item
1. Cumprimento de tarefas desagradáveis, previamente registado com o valor “5”. Avaliações
maiores ou menores que “5” indicam que o stressor é considerado mais ou menos stressante
que o stressor padrão. Após assinalarem a intensidade de cada fonte de stresse, pede-se aos
17
sujeitos que avaliem numa escala de 0 a 9+, o número de dias que cada acontecimento
ocorreu nos últimos seis meses (Spielberger & Reheiser, 1994a; Spielberger & Reheiser,
1994b; Turnage & Spielberger, 1991).
A soma dos resultados em cada uma das partes permite obter três resultados totais e
separados: um para Severidade, outro para a Frequência, e ainda um Índice total, que se
baseia na média dos produtos dos resultados da Severidade e da Frequência.
Assim, o inventário se constitui em três escalas: 1) Escala Stresse Profissional-
Severidade, que proporciona uma medida média do stresse sentido nos 30 acontecimentos de
trabalho potencialmente causadores de stresse; 2) Escala Stresse Profissional-Frequência, que
representa a média da frequência da ocorrência dos 30 acontecimentos de trabalho, nos
últimos seis meses; 3) Escala Stresse Profissional-Índice, que fornece uma estimativa do nível
global de stresse experimentado no local de trabalho, combinando a Severidade e a
Frequência (Spielberger & Vagg, 1999).
A análise factorial dos resultados dos 30 itens do Inventário sobre o Stresse
Profissional nas escalas Severidade, Frequência e Índice, identificou consistentemente duas
componentes principais – a Pressão do Trabalho e a Falta de Suporte Organizacional, das
quais resultou seis subescalas: 1) Subescala Pressão do Trabalho-Severidade; 2) Subescala
Pressão do Trabalho-Frequência; 3) Subescala Pressão do Trabalho-Índice; 4) Subescala Falta
de Suporte Organizacional-Severidade; 5) Subescala Falta de Suporte Organizacional-
Frequência; 6) Subescala Falta de Suporte Organizacional-Índice; sendo cada uma constituída
por 10 itens (Spielberger & Vagg, 1999).
Para além dos resultados das escalas, a análise dos itens assume também um
significado particular, ao proporcionar informação sobre fontes específicas de stresse
profissional. O inventário ajuda a identificar estas fontes, o que possibilita modificá-las, de
forma a reduzir ou evitar consequências adversas para a saúde (Spielberger & Vagg, 1999).
2.2.2. A adaptação portuguesa
Na actual investigação, utilizou-se a versão Portuguesa do Inventário sobre o Stresse
Profissional, que foi traduzido e adaptado para a língua portuguesa por Alfredo Couto, sob a
coordenação de J. Ferreira Marques, tendo Rafael (2001), com base nesta versão, efectuado
um estudo piloto com uma amostra experimental de 63 adultos trabalhadores, sendo 15 do
sexo masculino e 48 do sexo feminino.
A adaptação portuguesa constituiu-se de uma amostra de 451 participantes, com idades
compreendidas entre os 18 e os 64 anos com, pelo menos, seis meses de experiência
profissional. Do total de participantes, 208 (46.1%) são do sexo masculino e 243 (53.9%) do
18
sexo feminino. A média de idades para o conjunto da amostra é de 34.48 anos, com desvio
padrão de 9.03 (Rafael, 2001, 2003).
No estudo das características metrológicas da adaptação portuguesa do Inventário
sobre o Stresse Profissional, verificaram-se coeficientes de precisão (Alfa de Cronbach)
elevados para todas as escalas, designadamente, stresse profissional Severidade (.88), stresse
profissional Frequência (.90) e stresse profissional Índice (.89). Estes resultados são bastante
satisfatórios, demonstrando a elevada consistência interna do instrumento (Rafael, 2001,
2003).
2.3. Procedimento
A recolha de dados efectuou-se entre o mês de agosto e outubro de 2011. Para a
obtenção dos dados foi estabelecido contacto directo com o Enfermeiro Director de
Enfermagem, o qual consentiu verbalmente a aplicação do instrumento no âmbito desta
investigação. O mesmo foi distribuído em cinco unidades, por cada chefe das mesmas, onde
foi explicado o objectivo do estudo, assegurando a confidencialidade dos mesmos e o
anonimato dos participantes. Após a recolha das amostras, os dados foram inseridos no SPSS
(Statistical Package for Social Science).
3. Análise e Discussão dos Resultados
Nesta secção propõe-se apresentar, analisar e discutir os resultados obtidos no presente
estudo. Inicialmente verificou-se as qualidades psicométricas do Inventário sobre o Stresse
Profissional, considerando a precisão das escalas e subescalas do instrumento de medida.
Os resultados obtidos, através do teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov (K-S),
permitiram afirmar que as Escalas de Severidade e de Frequência apresentaram distribuição
normal (KS(80)=.93; p=.33; KS(80)=.60; p=.84, respectivamente). Para avaliar a consistência
interna do instrumento procedeu-se ao cálculo do coeficiente de precisão – Alfa (α) de
Cronbach.
Na Tabela 1 apresentam-se as medidas de tendência central e dispersão nas escalas e
subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional, assim como os respectivos índices de
consistência interna. A análise dos valores médios alcançados para a escala e subescalas de
Severidade permite verificar que os enfermeiros apresentam um nível de stresse mediano,
tendo em conta uma escala tipo Lickert cuja amplitude de resposta varia entre 1 e 9. Este
resultado contraria, portanto, a hipótese 1 – Os enfermeiros apresentam elevados níveis de
stresse -, o que por si só não permite afirmar que tal não se verifique através da realização de
mais estudos com maiores dimensões amostrais. O impacto dos acontecimentos é registado
19
através da frequência da sua ocorrência numa escala de 0 a 9+ dias. Com os valores obtidos,
podemos constatar que os enfermeiros vivenciaram nos últimos 6 meses uma média de 4 dias
os acontecimentos stressantes (Tabela 1).
No cálculo dos índices de precisão, os valores sugerem uma boa consistência interna
nas escalas e subescalas do Inventário sobre o Stress Profissional. Objectivamente, a análise
de precisão alcançou valores elevados nas Escalas de Severidade (α=.94) e de Frequência
(α=.92), que por sua vez se assemelham aos recomendados por Murphy e Davidsholder
(1988, cit. in Maroco & Garcia-Marques, 2006). As quatro subescalas do Inventário
indicaram α estandardizados entre .89 (Pressão no Trabalho – Severidade) e .84 (Falta de
Suporte Organizacional – Frequência), e tal como propôs Murphy e Davidsholder (1988, cit.
por Maroco & Garcia-Marques, 2006) estes valores traduzem uma “fiabilidade moderada a
elevada” (p. 73).
Tabela 1
Médias, desvios-padrão e coeficientes de alfa de Cronbach para as escalas e subescalas do
Inventário sobre o Stresse Profissional (ISP)
Escalas e Subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional M DP α
Escala de Severidade 5.40 1.19 .94
Escala de Frequência 4.28 1.69 .92
Subescala Pressão no Trabalho – Severidade 5.27 1.37 .89
Subescala Falta de Suporte Organizacional – Severidade 5.47 1.28 .86
Subescala Pressão no Trabalho – Frequência 4.71 1.98 .85
Subescala Falta de Suporte Organizacional – Frequência 4.00 1.98 .84
Com o intuito de identificar as fontes de stresse profissional e qual o impacto desses
acontecimentos, a Tabela 2 apresenta as médias e os desvios-padrão para os itens do
inventário em estudo, quanto à Severidade (Parte I) e à Frequência (Parte II). Na parte relativa
à Severidade constata-se que os acontecimentos que geram maiores níveis de stresse são:
Salário inadequado (item 19); Pessoal insuficiente para cumprir adequadamente uma missão
(item 15); Colegas de trabalho que não fazem o seu trabalho (item 5); e Ofensas pessoais de
clientes/consumidores/colegas (item 17). Pelo contrário, os acontecimentos que se destacam
com menores níveis de stresse são: Períodos de inactividade (item 12); Cumprir prazos (item
26); e Trabalhar por um colega para o proteger (item 28).
Por outro lado, os acontecimentos que ocorrem com maior frequência são: Salário
inadequado (item 19); Colegas de trabalho pouco motivados (item 29); Barulho na área de
trabalho (item 22); e Interrupções Frequentes (item 23). Por sua vez, os itens que se
20
destacam com médias mais baixas são: Dificuldades em conseguir o acordo com o supervisor
(item 13); Competição para a promoção (item 20); e Períodos de inactividade (item 12).
Tabela 2
Médias e desvios-padrão dos resultados dos itens do Inventário sobre o Stresse Profissional
Severidade Frequência
Itens M DP M DP
1.Cumprimento de tarefas desagradáveis. 5.16 1.24 3.81 2.77
2. Trabalho para além do horário. 5.64 1.79 4.88 3.20
3. Ausência de oportunidades para promoção. 5.76 2.09 5.35 3.93
4. Cumprimento de funções novas ou não familiares. 4.94 1.95 3.16 2.89
5. Colegas de trabalho que não fazem o seu trabalho. 6.61 1.67 5.35 2.94
6. Apoio inadequado por parte do supervisor. 5.36 1.92 2.44 2.70
7. Lidar com situações de crise. 5.86 1.67 5.48 2.81
8. Não reconhecimento pelo trabalho de qualidade. 6.18 1.99 5.16 3.38
9. Desempenho de tarefas não incluídas nas suas
funções.
5.43 2.04 4.54 3.17
10. Equipamento inadequado ou de fraca qualidade. 5.41 2.03 3.94 3.25
11. Cumprimento de responsabilidades acrescidas. 5.33 2.03 3.56 2.96
12. Períodos de inactividade. 4.01 2.10 2.43 2.74
13. Dificuldades em conseguir o acordo com o
supervisor.
5.06 1.91 1.60 2.32
14. Sentir atitudes negativas contra a organização. 4.84 1.99 3.49 3.08
15. Pessoal insuficiente para cumprir adequadamente
uma função.
6.65 1.65 5.74 3.01
16. Ter de tomar decisões críticas, sob pressão, no
momento.
6.04 1.82 4.63 2.98
17. Ofensas pessoais de
clientes/consumidores/colegas.
6.54 2.14 3.08 2.89
18. Falta de participação na política de tomada de
decisão.
5.23 1.92 3.89 3.19
19. Salário inadequado. 7.10 2.08 7.39 2.76
20. Competição para a promoção. 4.91 2.13 2.11 2.78
21. Supervisão inadequada ou pobre. 4.89 1.80 2.53 2.86
22. Barulho na área de trabalho. 5.35 2.26 6.00 3.23
23. Interrupções frequentes. 6.66 1.99 5.96 3.03
24. Frequentes mudanças, desde o enfadonho até às
actividades mais exigentes.
4.73 1.83 4.81 3.02
25. Burocracia excessiva. 5.89 1.96 5.64 2.87
26. Cumprir prazos. 4.14 1.93 4.48 3.43
27. Tempo pessoal insuficiente (e.g., para o café, para
o almoço, etc.).
4.70 2.06 4.86 3.31
28. Trabalhar por um colega para o proteger. 4.44 2.09 2.85 2.85
29. Colegas de trabalho pouco motivados. 5.36 1.99 6.29 2.98
30. Conflitos com outros departamentos ou secções. 4.79 2.17 3.09 3.10
Nota: Os valores a sombreado correspondem às médias mais elevadas.
21
No sentido de responder à hipótese geral do presente estudo, recorreu-se à análise da
significância das diferenças no grupo sexo, e para tal utilizou-se o teste t-student para as duas
escalas (Severidade e Frequência) e respectivas subescalas (Pressão no Trabalho e Falta de
Suporte Organizacional) do Inventário sobre o Stresse Profissional. Os pressupostos deste
método estatístico foram avaliados com o teste de Kolmogorov-Smirnov para avaliar a
distribuição da normalidade e com o teste de Levene a homogeneidade de variâncias (Maroco,
2010). O primeiro pressuposto foi rejeitado na Escala Severidade e nas Subescalas Pressão
Trabalho – Severidade e Falta Suporte Organizacional – Severidade no grupo feminino e na
Subescala Falta de Suporte Organizacional – Frequência no grupo masculino (p<.05). Porém,
verificou-se homogeneidade nas variâncias, pelo que podemos considerar a estatística de teste
paramétrica. Assim, de acordo com o teste t-student e como se observa na Tabela 3, as
diferenças observadas nos dois grupos (masculino e feminino) não são estatisticamente
significativas em nenhuma escala nem subescala (p>.05), contrariando a hipótese geral do
estudo, bem como as hipóteses 2 e 3, uma vez que não foram encontradas diferenças entre os
sexos relativamente à percepção do nível de stresse (severidade) e à frequência dos
acontecimentos desencadeadores de stresse.
Tabela 3
Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do grupo
masculino e feminino e as escalas e subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional
Escalas / Subescalas Sexo n M DP t P
Escala de Severidade Masculino 17 5.44 1.14 .15 .89
Feminino 63 5.39 1.21
Escala de Frequência Masculino 17 4.70 2.04 1.14 .26
Feminino 63 4.17 1.59
Subescala Pressão no Trabalho – Severidade Masculino 17 5.49 1.30 .76 .45
Feminino 63 5.21 1.39
Subescala Falta de Suporte Organizacional – Severidade Masculino 17 5.46 1.26 -.04 .97
Feminino 63 5.47 1.29
Subescala Pressão no Trabalho – Frequência Masculino 17 4.93 2.36 .51 .61
Feminino 63 4.65 1.88
Subescala Falta de Suporte Organizacional – Frequência Masculino 17 4.45 2.18 1.05 .30
Feminino 63 3.88 1.92
22
Visto que não se verificaram diferenças estatisticamente significativas na variável sexo,
tal como se concluiu na Tabela 3, efectuou-se uma análise mais profunda, novamente com a
estatística de teste paramétrica – t-student –, tendo em conta os itens das Escalas de
Severidade e de Frequência.
Foram calculadas as médias e os desvios-padrão para ambos os sexos, bem como o
cálculo das diferenças nas duas amostras independentes em cada um dos itens. Os resultados
estão figurados nas Tabelas 4 e 5 para as Escalas de Severidade e de Frequência,
respectivamente. Os resultados apresentados na Tabela 4 sugerem diferenças estatisticamente
significativas entre os sexos na Escala de Severidade, somente, no item 15 – Pessoal
insuficiente para cumprir adequadamente uma missão (p=.05). Porém, a intensidade do
stresse profissional nos dois grupos revela-se pouco discrepante, dado que os valores relativos
ao item 15, para ambos os sexos, indicam um nível médio de stresse experimentado. No
entanto, a média mais elevada verificou-se no sexo feminino (M=6.84; DP=1.50). Estes
valores diferenciam-se dos resultados obtidos nos estudos de Vagg, Spielberger e Wasala
(2002), Rafael (2001, 2003) e Spielberger e Reheiser (1994), tendo-se verificado diferenças
significativas entre os sexos em oito dos itens.
Assim, quanto à Severidade (Tabela 4), verifica-se que a maior parte dos itens com
médias mais elevadas, em ambos os sexos, são Salário inadequado (item 19), Colegas de
trabalho que não fazem o seu trabalho (item 5), Ofensas pessoais de
clientes/consumidores/colegas (item 17) e Não reconhecimento pelo trabalho de qualidade
(item 8). Contudo, verificaram-se algumas diferenças entre os dois sexos, uma vez que um o
sexo masculino apresentou média elevada também no item Desempenho de tarefas não
incluídas nas suas funções (item 9), ao passo que o sexo feminino apresentou médias elevadas
nos itens Pessoal insuficiente para cumprir adequadamente uma função (item 15) e Ter de
tomar decisões críticas, sob pressão, no momento (item 16). O item Salário inadequado (item
19) foi, portanto, o que apresentou, para ambos os sexos, a média mais elevada, à semelhança
do que se observou num estudo com a versão americana do instrumento (Spielberger &
Reheiser, 1994). A média mais baixa surge, para o sexo masculino, no item Períodos de
inactividade (item 12), sendo o segundo item com média mais baixa para o sexo feminino, o
que está de acordo com o estudo de Rafael (2001, 2003), com a versão portuguesa do
instrumento, em que este é um dos itens com médias mais baixas para ambos os sexos. A
média mais baixa para o sexo feminino é, pois, o item Cumprir prazos (item 26); o segundo
item com média mais baixa é, para o sexo masculino, Trabalhar por um colega para o
proteger (item 28).
23
Tabela 4
Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do grupo
masculino e feminino e os itens relativos à Escala de Severidade do ISP
Escala de Severidade
Masculino (n=17) Feminino (n=63)
Itens M DP M DP T
1.Cumprimento de tarefas desagradáveis. 5.06 1.60 5.21 1.14 -.43
2. Trabalho para além do horário. 5.94 1.85 5.56 1.79 .78
3. Ausência de oportunidades para promoção. 5.88 1.83 5.73 2.16 .27
4. Cumprimento de funções novas ou não familiares. 5.64 1.87 4.75 1.94 1.71
5. Colegas de trabalho que não fazem o seu trabalho. 6.53 1.97 6.63 1.60 -.23
6. Apoio inadequado por parte do supervisor. 5.18 2.21 5.41 1.85 -.45
7. Lidar com situações de crise. 6.12 1.69 5.79 1.68 .71
8. Não reconhecimento pelo trabalho de qualidade. 6.65 1.97 6.05 1.99 1.11
9. Desempenho de tarefas não incluídas nas suas funções. 6.00 2.03 5.27 2.03 1.32
10. Equipamento inadequado ou de fraca qualidade. 5.71 1.96 5.33 2.06 .67
11. Cumprimento de responsabilidades acrescidas. 5.76 1.71 5.21 2.10 1.01
12. Períodos de inactividade. 3.76 2.02 4.08 2.13 -.55
13. Dificuldades em conseguir o acordo com o
supervisor.
4.59 2.27 5.19 1.80 -1.16
14. Sentir atitudes negativas contra a organização. 4.29 2.05 4.98 1.96 -1.27
15. Pessoal insuficiente para cumprir adequadamente
uma função.
5.94* 1.98 6.84* 1.50 -2.04*
16. Ter de tomar decisões críticas, sob pressão, no
momento.
5.71 2.02 6.13 1.77 -.84
17. Ofensas pessoais de clientes/consumidores/colegas. 6.24 2.49 6.62 2.05 -.65
18. Falta de participação na política de tomada de
decisão.
5.88 1.93 5.05 1.89 1.61
19. Salário inadequado. 7.12 2.03 7.10 2.12 .04
20. Competição para a promoção. 5.29 1.83 4.81 2.21 .83
21. Supervisão inadequada ou pobre. 4.76 2.02 4.92 1.75 -.32
22. Barulho na área de trabalho. 5.76 2.19 5.24 2.28 .85
23. Interrupções frequentes. 5.47 1.84 5.71 2.04 -.45
24. Frequentes mudanças, desde o enfadonho até às
actividades mais exigentes.
5.00 1.77 4.65 1.86 .69
25. Burocracia excessiva. 5.88 1.76 5.89 2.02 -.01
26. Cumprir prazos. 4.47 1.62 4.05 2.01 .79
27. Tempo pessoal insuficiente (e.g., para o café, para o
almoço, etc.).
4.88 2.26 4.65 2.02 .41
28. Trabalhar por um colega para o proteger. 4.06 2.01 4.54 2.12 -.84
29. Colegas de trabalho pouco motivados. 5.12 1.45 5.43 2.12 -.57
30. Conflitos com outros departamentos ou secções. 4.41 1.77 4.89 2.27 -.83
(*) Significância observadas: p≤.05*
(**) Significância observadas: p≤.01**
Nota: Os valores a sombreado correspondem às médias mais elevadas.
24
Quanto à Escala de Frequência, Tabela 5, foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas entre os sexos nos seguintes itens: Item 10 – Equipamento inadequado ou de
fraca qualidade (p=.01); Item 17 – Ofensas pessoais de clientes/consumidores/colegas
(p=.04); Item 18 – Falta de participação na política de tomada de decisão (p=.02); Item 21 –
Supervisão inadequada ou pobre (p=.05); Item 28 – Trabalhar por um colega para o
proteger (p=.03). Os acontecimentos desencadeadores de stresse profissional foram
evidenciados com maior frequência no sexo masculino em detrimento do sexo feminino
(Tabela 5), para os cinco itens onde a significância foi observada. De forma similar, estes
resultados já haviam sido constatados no estudo de Rafael (2001; 2003), dado que as
diferenças significativas foram favoráveis ao sexo masculino em 5 dos 30 itens.
As médias mais elevadas foram encontradas, sendo duas delas nos mesmos itens para
ambos os sexos, Salário inadequado (item 19) e Colegas de trabalho pouco motivados (item
29). Contudo, o item que apresentou maior média para o sexo masculino foi Barulho na área
de trabalho (item 22), tendo sido encontrada também média elevada no item Pessoal
insuficiente para cumprir adequadamente uma função (item 15). Por outro lado, no sexo
feminino outro item que apresentou média elevada foi Interrupções frequentes (item 23).
Similarmente, no estudo de Rafael (2001, 2003), o item Salário inadequado (item 19)
foi também um dos itens com a média mais elevada nesta escala, em ambos os sexos, ao passo
que os itens Competição para a promoção (item 20) e Dificuldades em conseguir o acordo
com o supervisor (item 13) são dois dos itens com médias mais baixas, para ambos os sexos,
o que vai de encontro aos resultados deste estudo. Além disso, nesta investigação, os outros
itens com médias mais baixas são, para ambos os sexos, Apoio inadequado por parte do
supervisor (item 6) e Períodos de inactividade (item 12); todavia, para o sexo feminino,
encontra-se ainda uma média baixa no item Supervisão inadequada ou pobre (item 21).
25
Tabela 5
Médias, desvios-padrão, valor t e significância observadas entre as médias do grupo
masculino e feminino e os itens relativos à Escala de Frequência do ISP
Escala de Frequência
Masculino (n=17) Feminino (n=63)
Itens M DP M DP T
1.Cumprimento de tarefas desagradáveis. 4.82 2.94 3.54 2.69 1.71
2. Trabalho para além do horário. 4.06 2.44 5.10 3.36 -1.19
3. Ausência de oportunidades para promoção. 5.35 3.48 5.35 4.07 .00
4. Cumprimento de funções novas ou não familiares. 3.29 2.69 3.14 2.96 .19
5. Colegas de trabalho que não fazem o seu trabalho. 4.18 2.72 5.67 2.94 -1.88
6. Apoio inadequado por parte do supervisor. 2.53 2.53 2.41 2.77 .16
7. Lidar com situações de crise. 5.12 2.87 5.57 2.80 -.59
8. Não reconhecimento pelo trabalho de qualidade. 5.24 3.54 5.16 3.37 .08
9. Desempenho de tarefas não incluídas nas suas
funções.
4.94 2.82 4.43 3.27 .59
10. Equipamento inadequado ou de fraca qualidade. 5.65** 3.16 3.48** 3.14 2.53**
11. Cumprimento de responsabilidades acrescidas. 4.24 3.09 3.38 2.93 1.06
12. Períodos de inactividade. 2.71 2.78 2.35 2.74 .48
13. Dificuldades em conseguir o acordo com o
supervisor.
2.18 2.53 1.44 2.26 1.16
14. Sentir atitudes negativas contra a organização. 4.18 3.17 3.30 3.06 1.04
15. Pessoal insuficiente para cumprir adequadamente
uma função.
6.41 3.00 5.56 3.00 1.04
16. Ter de tomar decisões críticas, sob pressão, no
momento.
5.12 3.18 4.49 2.93 .77
17. Ofensas pessoais de clientes/consumidores/colegas. 4.35* 3.32 2.73* 2.69 2.10*
18. Falta de participação na política de tomada de
decisão.
5.47* 3.16 3.46* 3.08 2.37*
19. Salário inadequado. 6.88 2.93 7.52 2.72 -.85
20. Competição para a promoção. 2.59 2.90 1.98 2.76 .79
21. Supervisão inadequada ou pobre. 3.71* 3.55 2.21* 2.58 1.96*
22. Barulho na área de trabalho. 6.94 2.88 5.75 3.30 1.36
23. Interrupções frequentes. 5.71 2.80 6.03 3.11 -.39
24. Frequentes mudanças, desde o enfadonho até às
actividades mais exigentes.
5.06 3.25 4.75 2.97 .38
25. Burocracia excessiva. 5.53 2.94 5.67 2.87 -.17
26. Cumprir prazos. 5.06 3.58 4.32 3.40 .79
27. Tempo pessoal insuficiente (e.g., para o café, para o
almoço, etc.).
5.24 3.61 4.76 3.24 .52
28. Trabalhar por um colega para o proteger. 4.18* 3.30 2.49* 2.62 2.22*
29. Colegas de trabalho pouco motivados. 6.06 2.73 6.35 3.06 -.36
30. Conflitos com outros departamentos ou secções. 4.24 2.95 2.78 3.09 1.74
(*) Significância observadas: p≤.05*
(**) Significância observadas: p≤.01**
Nota: Os valores a sombreado correspondem às médias mais elevadas.
26
Procurou-se ainda avaliar se o stresse profissional afecta significativamente os
diferentes tempos de serviço dos enfermeiros, recorrendo-se à ANOVA one way, antecedida
dos pressupostos acimas descritos. Com os resultados obtidos no teste de K-S é possível
assumir normalidade em todas as escalas e subescalas nos diferentes grupos da variável
Tempo de Serviço (p>.05), à excepção do grupo “21 a 30 anos” na subescala Pressão no
Trabalho – Severidade (p=.03). O pressuposto da homogeneidade de variâncias foi validado
em todas as escalas e subescalas do inventário (p>.05). A partir dos resultados do teste
ANOVA one way, foi possível verificar que, conforme se pode observar na Tabela 6, os
vários tempos de serviço não diferem significativamente em nenhuma escala e subescala
(p>.05). Estes resultados infirmam, portanto, a hipótese 4 - Espera-se que o nível de stresse
profissional seja maior em enfermeiros com menor tempo de serviço -, de acordo também
com o que McVicar (2003, cit. in Batista, 2008) concluiu, afirmando que os factores
desencadeadores de stresse variam segundo os anos de experiência profissional dos
enfermeiros.
27
Tabela 6
Médias, desvios-padrão, valor F e significância observadas entre as médias do tempo de
serviço e as escalas e subescalas do Inventário sobre o Stresse Profissional
Escalas / Subescalas Tempo
Serviço n M DP F P
Escala de Severidade <5 anos 22 5.49 1.04
.93
.45
5-10 anos 21 5.17 .98
11-20 anos 26 5.60 1.45
21-30 anos 9 4.96 1.21
>30 anos 2 6.17 .09
Escala de Frequência <5 anos 22 4.34 1.60
.67 .61
5-10 anos 21 4.24 1.65
11-20 anos 26 4.34 1.81
21-30 anos 9 3.73 1.89
>30 anos 2 5.85 .64
Subescala Pressão no Trabalho – Severidade <5 anos 22 5.43 1.25
5-10 anos 21 4.97 1.18
11-20 anos 26 5.42 1.60 .61 .66
21-30 anos 9 4.99 1.53
>30 anos 2 5.95 .49
Subescala Falta de Suporte Organizacional – Severidade <5 anos 22 5.45 1.20
5-10 anos 21 5.24 1.13
11-20 anos 26 5.71 1.51 .97 .43
21-30 anos 9 5.10 1.11
>30 anos 2 6.60 .71
Subescala Pressão no Trabalho – Frequência <5 anos 22 4.64 1.91
.57 .68 5-10 anos 21 4.62 1.85
11-20 anos 26 4.73 2.09
21-30 anos 9 4.58 2.35
>30 anos 2 6.80 1.98
Subescala Falta de Suporte Organizacional – Frequência <5 anos 22 4.02 1.86
5-10 anos 21 4.14 1.98
11-20 anos 26 4.09 2.16 .79 .54
21-30 anos 9 3.08 1.87
>30 anos 2 5.45 1.34
28
4. Conclusão
De acordo com os resultados obtidos, podemos concluir que as diferenças observadas
nos dois grupos (masculino e feminino) não são estatisticamente significativas em nenhuma
escala nem subescala, não tendo sido encontradas diferenças entre os sexos relativamente à
percepção do nível de stresse (severidade) e à frequência dos acontecimentos desencadeadores
de stresse.
No que respeita à relação entre as médias dos resultados nos dois grupos (sexos) para os
30 itens, verificou-se que existem diferenças em seis destes, cinco dos quais relativos à Escala
de Frequência sempre a favor do sexo masculino, e apenas um referente à Escala de
Severidade a favor do sexo feminino.
Podemos ainda concluir que os vários tempos de serviço não diferem significativamente
em nenhuma escala e subescala.
Porém, foram encontradas algumas limitações, nomeadamente no que diz respeito à
dimensão da amostra total, bem como da dimensão intergrupal, uma vez que a reduzida
dimensão amostral poderá ter enviesado os resultados deste estudo. Também a idade dos
enfermeiros, um dado sociodemográfico não considerado neste estudo, seria importante para
uma melhor caracterização da amostra.
Assim, será importante considerar estas variáveis em futuros estudos, a fim de
compreender melhor como o stresse profissional pode, de facto, afectar os profissionais da
área de saúde, incluindo os enfermeiros.
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