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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ELIZABETH REYMI RODRIGUES
BIOTECNOLOGIA EM SAÚDE: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE BIOLOGIA
Mogi das Cruzes, SP 2006
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES ELIZABETH REYMI RODRIGUES
BIOTECNOLOGIA EM SAÚDE: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE BIOLOGIA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós - Graduação da Universidade de Mogi das Cruzes como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biotecnologia.
Orientador: Dr.Moacir Wuo
Mogi das Cruzes, SP 2006
Financiamento: Projeto Bolsa Mestrado, integrado ao Programa de Formação Continuada da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
“É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática.”
Paulo Freire
AGRADECIMENTO
Em especial ao Colegiado do programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade de Mogi das Cruzes, pelo incentivo, pela competência do corpo docente, pela atenção às minhas inquietações teóricas, epistemiológicas, educacionais e emocionais. Ao Professor Doutor Moacir Wuo, pelo seu conhecimento que me auxiliou desde o Ensino Médio, na Graduação em Biologia e na orientação desta dissertação de Mestrado em Biotecnologia. À Secretaria de Estado da Educação de São Paulo, pelo auxílio financeiro concedido pelo Projeto Bolsa Mestrado, que integra o Programa de Formação Continuada de educadores da Secretaria da Educação. À Dirigente Regional de Ensino - Região Suzano, Maria da Penha Gelk, pelo incentivo e apoio para a realização desta pesquisa. À Prof.ª Mestre Sonia Regina Martins Gonçalves, pela avaliação e juízo efetuados na categorização elaborada nesta pesquisa. À excelência e competência da Banca Examinador, Profa.Dra. Rosália Maria Neto Prados, Prof.Dr. Wagner Wuo e Prof.Dr. Luiz Roberto Nunes pelas contribuições. À amizade e ao apoio demonstrados pelos colegas da Diretoria de Ensino Região – Suzano, nas trocas de conhecimentos, pelas horas de estudos, pelo comprometimento e dedicação ao desenvolvimento da educação e também pela motivação e sabedoria dos colegas do curso de Mestrado em Biotecnologia. À minha família, em especial aos meus pais, Seda e Valdir Rodrigues. A Darwin Pinto Soares Filho, pelo carinho, amizade e apoio tecnológico. A todos os professores que compartilharam discussões e estudos sobre a educação, em especial àqueles que participaram desta pesquisa aceitando serem entrevistados.
RESUMO
Os acontecimentos ocorridos nos últimos anos pelo mundo globalizado, foram marcados por mudanças no âmbito social, político, econômico e principalmente pelo tecnológico. O progresso na área da ciência tem levado as Organizações Institucionais, Educacionais e Sociais a se adaptarem a este contexto. O presente estudo teve como objetivo explorar e analisar as Representações Sociais de professores de Biologia do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de São Paulo sobre a Biotecnologia com enfoque na Biotecnologia em Saúde. Foi elaborado um questionário constituído por 18 questões abertas e 10 questões fechadas, versando sobre o perfil dos professores tanto em sua formação e atuação profissional, sobre suas Representações Sociais quanto ao entendimento da Biotecnologia e suas aplicações, como de seu conhecimento e compreensão dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Utilizou-se o teste do qui-quadrado para as análises estatísticas, considerando p≤0,05 para significância. Dentre os resultados, pode-se destacar que não há Representação Social definida entre os professores sobre a Biotecnologia, há divergências e contradições quanto à compreensão dos processos que envolvem a Biotecnologia, seus produtos e aplicações em Saúde. Verifica-se que a maior restrição quando à Biotecnologia é aplicada nos seres humanos, seguida dos alimentos e medicações, porém há indecisão quando se refere ao consumo por alimentos vacina. As conclusões remetem que a ausência ou divergência na compreensão de técnicas e aplicações da Biotecnologia, a falta de informação, por acesso a divulgação-científica elaborada pelo meio científico, bem como a pouca discussão e estudos sobre a história da ciência e das diretrizes educacionais nacionais na sua atuação profissional.
Palavras-chave: Biotecnologia-Representação Social, Biotecnologia, Biologia-professores.
ABSTRACT
The events that have occurred in the last few years in our globalized world have been marked by changes in the social, political, economic scope, and mainly by the technological advance with the progress of science. The Institutional, Educational and Social Organizations have to adapt to this context. The present study aims to analyze data provided by Sao Paulo State Public High School Biology teachers about their academic background, professional profile, knowledge, opinions and their of information about the use of Biotechnology in Health. The participants answered a questionnaire with eighteen open and ten closed questions on their professional profile and performance, their social representation, as well as their knowledge about Biotechnology and its applications and understanding of the National Curriculum. The test of the qui-square for the statistical analyses was used, considering p≤0,05 for significance. The results show that there is no defined social representation among the Biology teachers, and that there are divergences and contradictions in their understanding of the processes that involve Biotechnology and its products and application in Health. According to the results, the teachers show more restraints when it refers to Biotechnology applied in humans, followed by food and medicines. However, some were undecided when the subjects were consumption of vaccine food. The conclusions are that there is an absence and divergence in the understanding of techniques and applications of Biotechnology, lack of information about scientific research, as well as lack of discussion and study about the history of science and the national educational directions. Keywords: Biotechnology-Social Representation, Biotechnology, Biology teachers
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Participantes segundo idade e sexo ...................................................... 43
Tabela 2 - Participantes segundo o ano da Graduação .......................................... 44
Tabela 3 - Distribuição ano da conclusão Pós-Graduação “Latu-Senso” ou “Scrito-Senso”..................................................................................
45
Tabela 4 - Distribuição dos professores segundo Tempo atuação no Magistério... 46
Tabela 5 - Distribuição dos professores segundo Tempo no Ensino Médio........... 46
Tabela 6 - Distribuição dos professores segundo período em que lecionam......... 47
Tabela 7 - Aquisição de informações sobre Parâmetros Curriculares Nacionais 50
Tabela 8 - Entendimento dos participantes sobre a Biotecnologia ......................... 53
Tabela 9 - Distribuição de categorias sobre aplicações da Biotecnologia .............. 55
Tabela 10 - Biotecnologia e benefícios para a Saúde............................................. 57
Tabela 11 - Biotecnologia e problemas com a Saúde............................................. 58
Tabela 12 - Restrições às aplicações da Biotecnologia na produção alimentos... 61
Tabela 13 – Biotecnologia na produção de alimentos............................................. 62
Tabela 14 - Biotecnologia aplicada na agricultura................................................. 63
Tabela 15 - Fontes de informação sobre Biotecnologia em Saúde ........................ 66
Tabela 16 - Representações Sociais sobre a Clonagem ......................................... 70
Tabela 17 - Consumo de alimentos transgênicos com rotulagem.......................... 72
Tabela 18 - Não consumo de alimentos transgenicos com rotulagem................ 72
Tabela 19 – Concordância com a aplicação da Biotecnologia em medicamentos.. 74
Tabela 20 – Consumo de alimento vacina, com tecnologia DNA recombinante ...
75
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ATP Assistente Técnico Pedagógico
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento
C & T Ciência e Tecnologia
CNMT Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias
CTNBio Comissão Técnica Nacional de Biotecnologia
DCNEM Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
DNA Ácido Dessoxiribonucleico
EMR Ensino Médio em Rede
HTPC Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo
LDB Lei de Diretrizes e Bases
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional
MEC Ministério da Educação e Cultura
OGM Organismo Geneticamente Modificado
PC Professor Coordenador
PCN Parâmetros Curriculares Nacionais
PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio
PR Professor Representante
PROMED Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio
RNA Ácido Ribonucléico
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ....................................................................................................... 11
2 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 15 2.1 VISÃO GERAL DA BIOTECNOLOGIA ............................................................................ 16 2.1.1 IMPORTÂNCIA SOCIAL, ECONÔMICA E POLÍTICA DA BIOTECNOLOGIA ................... 20
2.2 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E O ENSINO DE BIOLOGIA............ 23
2.2.1 O PAPEL DO PROFESSOR NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM ............................ 27 2.2.2 O PROFESSOR E SUA PRÁTICA PREDAGÓGICA ................................................................ 28 2.2.3 FONTE DE PESQUISA DO PROFESSOR EM SUA PRÁTICA PEDAGÓGICA ..................... 30 2.3 REPRESENTAÇÃO SOCIAL ............................................................................................. 33
3 OBJETIVOS ................................................................................................................. 37
4 MÉTODO ................................................................................................................................ 38
4.1 PARTICIPANTES ............................................................................................................... 38
4.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS...................................................................... 38 4.3 PROCEDIMENTOS ............................................................................................................ 40
4.4 ANÁLISE DOS DADOS...................................................................................................... 41
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 42
5.1 PERFIL DOS PROFESSORES DE BIOLOGIA PESQUISADOS..................................... 43 5.1.1 DADOS PESSOAIS...................................................................................................................... 43 5.1.2 ANO DE CONCLUSÃO DO CURSO SUPERIOR LICENCIATURA EM BIOLOGIA............ 44 5.1.3 DADOS DE FORMAÇÃO CURRICULAR APÓS A GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA............ 45 5.1.4 DADOS SOBRE A ATUAÇÃO NO MAGISTÉRIO................................................................... 46 5.1.5 DADOS SOBRE CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DURANTE ATUAÇÃO NO MAGISTÉRIO ....................................................................................................................... 47
DISCUSSÃO DO PERFIL DOS PROFESSORES DE BIOLOGIA NO MAGISTÉRIO...................... 48
5.2 CONHECIMENTO DOS PROFESSORES SOBRE OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ....................................................................................... 49
5.2.1 CONHECIMENTO DOS TEMAS ESTRUTURADORES PROPOSTOS NOS PARÂMETRO CURRICULARES NACIONAIS ........................................................................ 51
DISCUSSÃO SOBRE A ANÁLISE DOS PROFESSORES JUNTO AOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E OS TEMAS ESTRUTURADORES ............................................. 51
5.3 ANALISE DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DOS PROFESSORES DE BIOLOGIA SOBRE A BIOTECNOLOGIA............................................................................................ 52
5.3.1 O CONTATO DO PROFESSOR DE BIOLOGIA COM A BIOTECNOLOGIA........................ 52 5.3.2 O ENTENDIMENTO DO PROFESSOR DE BIOLOGIA POR BIOTECNOLOGIA..... ........... 53 5.3.3 CONHECIMENTO DE APLICAÇÕES DA BIOTECNOLOGIA............................................... 55 DISCUSSÃOSOBRE A REPRESENTAÇÃO SOCIAL QUE OS PROFESSORES POSSUEM QUANTO AO ENTENDIMENTO E A APLICAÇÃO DA BIOTECNOLOGIA ................................ 56
5.4 A BIOTECNOLOGIA APLICADA À SAÚDE .................................................................. 57 DISCUSSÃO SOBRE A BIOTECNOLOGIA APLICADA À SAÚDE ............................................... 57
5.5 A REPRESENTAÇÃO SOCIAL PROFESSORES BIOLOGIA QUESTIONADOS SOBRE ENUNCIADOS COM APLICAÇÕES DA BIOTECNOLOGIA ......................... 60
DISCUSSÃO SOBRE AS REPRESENTAÇÕES QUANTO À INFLUENCIA DOS ENUNCIADOS....................................................................................................................................... 64
5.6 DADOS REFERENTES À FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE A BIOTECNOLOGIA.............................................................................................................. 65
5.6.1 INTERESSE DE INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS SOBRE A BIOTECNOLOGIA ................ 65 5.6.2 FONTE DE INFORMAÇÃO SOBRE A BIOTECNOLOGIA ................................................... 66
DISCUSSÃO SOBRE A FONTE DE INFORMAÇÃO DOS PROFESSORES ............................... 67
5.7 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA BIOTECNOLOGIA - TEMAS EMERGENTES.......... 69 5.7.1 CLONAGEM ................................................................................................................................ 69 5.7.2 TRANSGÊNICOS ........................................................................................................................ 71 5.7.3 APLICAÇÃO DO DNA RECOMBINANTE ............................................................................... 73 5.7.3.1 EM MEDICAMENTOS .......................................................................................................... 73 5.7.3.2 EM ALIMENTOS “ALIMENTOS VACINA” ....................................................................... 74
DISCUSSÃO DAS RS BIOTECNOLOGIA QUANTO AOS TEMAS EMERGENTES ................... 76
5.8 CONSIDERAÇÕES PESSOAIS DOS PROFESSORES EM RELAÇÃO À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA...................................................................................... 77
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES.................................................................................. 78
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 82
APÊNDICES............................................................................................................................... 87
ANEXOS........................................................................................................................... 94
11
APRESENTAÇÃO
Os últimos anos têm sido marcados por mudanças significativas no âmbito social,
econômico, político e tecnológico, levando as Organizações Institucionais, Educacionais e
Sociais a se adaptarem a este contexto.
No progresso observado nas últimas décadas na área das Ciências Biológicas, destaca-
se o desenvolvimento da genética, em que se demonstra a universalidade dos princípios
básicos de estrutura e funcionamento dos seres vivos, principalmente pela investigação e pelo
deciframento do código genético, que promoveu um avanço vertiginoso de conhecimentos na
convergência das disciplinas biológicas junto a outras áreas, dentre as quais a humana e a
social, como é o caso do desenvolvimento da Biotecnologia.
A biotecnologia, principalmente a partir do século XIX até a atualidade, tem
proporcionado acúmulo e diversificação de informação, por meio da multiplicação das
diferentes esferas de comunicações.
As alterações aceleradas de globalização no contexto mundial, refletida principalmente
no âmbito da economia, da política, na área ambiental e pelo desenvolvimento das Ciências &
Tecnologias, refletem consideravelmente sobre a educação. O ensino no Brasil, diante das
mudanças no contexto mundial, alterou suas políticas educacionais, por meio de Leis de
Diretrizes e Bases Nacionais e dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Frente ao atual contexto escolar e sócio-histórico, com a velocidade acelerada de
informações, da globalização, da exploração dos recursos naturais e em especial, do
desenvolvimento da ciência, além da observação da própria prática pedagógica e dos colegas
de trabalho, decidiu-se aprofundar os conhecimentos no curso de Mestrado em Biotecnologia,
para então fomentar e proporcionar junto ao sistema educacional a análise e os rumos do
ensino da Biologia, principalmente no Ensino Médio.
Como lidar com a Biologia contemporânea na escola de maneira que esses
conhecimentos, em especial o da pesquisa científica, façam diferença na vida de todos os
estudantes, independentemente do caminho profissional que vão seguir, de suas aptidões ou
preferências intelectuais? Como trazer essas temáticas para a sala de aula de tal forma que
representem conjunto de situações que podem ser vivenciadas, analisadas, reinventadas,
problematizadas e interpretadas? Tais indagações originaram o início do desenvolvimento
desta pesquisa.
12
Durante esse processo, a pesquisadora passou a atuar na Rede Pública do Estado de
São Paulo como Assistente Técnico Pedagógico de Ciências e Biologia. Por meio do contato
com os professores de Biologia em Orientações Técnicas, observou-se o quanto era
divergente a organização curricular entre as séries do Ensino Médio. Foram efetuadas
discussões e socializações das decisões estabelecidas em o quê e como ensinar Biologia no
Ensino Médio. Verificou-se a semelhança na estrutura organizacional, em que o currículo se
padroniza como uma lista de tópicos em detrimento da outra, ora por manutenção tradicional,
ora por inovação arbitrária, mas muitas vezes de forma independente e descontextualizada. Os
conteúdos são definidos por escolhas pessoais dos professores, privilegiando os conteúdos
que consideram de seu domínio de conhecimento, próprios de sua formação ou de seus
saberes pessoais.
Há ainda ausência na descrição das estratégias e metodologias em que se relatam os
critérios de planejamento no que compete à Biologia pelos objetivos educacionais,
estabelecidos pelo Conselho Nacional de Educação CNE/98 para a área das Ciências da
Natureza, Matemática e suas Tecnologias, como também de integrar os aspectos da Biologia
com a construção de uma visão de mundo, seja ela prática ou instrumental, que permita a
compreensão da linguagem científica para a formação de conceitos, de análise, de avaliação e
de tomada de posição cidadã.
Na busca de promover o diálogo para a construção de um aprendizado ativo, que
transcenda à memorização de nomes de sistemas e processos, os conteúdos devem interagir
com temáticas de relevância científica, social e cultural. Procurou-se, então, partir para a
análise dos temas estruturadores, como o da Biotecnologia, propostos nos Parâmetros
Curriculares Nacionais do Ensino Médio, sob a ótica dos professores.
Compreender a Biotecnologia e integrá-la ao contexto escolar e curricular é papel
relevante do professor, como mediador e transmissor da informação e também responsável
pelo desenvolvimento de competências e habilidades dos alunos no processo ensino-
aprendizagem. Há necessidade do professor acompanhar e entender as questões que envolvem
a Biotecnologia, uma vez que esta tem influência direta nas questões econômicas, sociais e
políticas.
As disciplinas do mestrado, o contato com especialistas e pesquisadores da área das
ciências, em especial da área da genética, revelaram a importância de acompanhar o
desenvolvimento da história da ciência e da tecnologia, em especial a Biotecnologia, na
compreensão dos conceitos e eventos elaborados por essa nova ciência. Concomitantemente,
ampliou-se visão sobre a história da educação por meio da reflexão dos aspectos do fazer e
13
conhecer o conhecimento científico, destacando-se a importância da divulgação científica na
esfera educacional.
As leituras e as discussões recomendadas pelo Orientador sobre as Representações
Sociais, a análise de conteúdo, as leituras sobre os gêneros do discurso e sua análise,
paralelamente em curso de formação continuada promovida pela Secretaria de Estado da
Educação de São Paulo - Programa Ensino Médio em Rede foram fundamentais para
subsidiar a realização desta pesquisa. Ficou patente que a leitura é o reflexo tanto da
interpretação de algo já construído como também do presente, influenciada pelas esferas de
comunicação, muitas vezes gestadas pelo senso comum das condições sociais e pelas
conjecturas históricas dos momentos emergentes.
Diante destes estudos, delimitei minha questão de pesquisa: Qual o entendimento e o
posicionamento dos professores de Biologia do Ensino Médio no atual contexto educacional e
sócio-histórico-cultural sobre os avanços da ciência, como da Biotecnologia?
Meu enfoque foi então para a análise de conteúdos que os professores de biologia
possuem sobre a Biotecnologia, em especial, em saúde.
Analisar a Biotecnologia junto à área da saúde leva à constatação de que o tema
transversal “saúde” já é parte comum no currículo, por meio da educação em Saúde, tratado
de forma multidisciplinar e interdisciplinar nas unidades escolares, objetivando a discussão
para melhoria da qualidade de vida tanto da população como do meio ambiente.
Integrar a Biotecnologia com a educação em Saúde é mais que necessário num projeto
educativo, pois além de proporcionar uma discussão e análise crítica, resultará em
conhecimentos de fatos, levando ao estímulo, à busca de novas fontes e saídas ou, ainda, ao
resgate de valores e posições contraditórias, visando à compreensão da realidade em seus
diferentes níveis, do pessoal ao social.
Pelo panorama traçado pelas considerações realizadas nos parágrafos anteriores,
configurou-se a proposta de investigação de dados pessoais e profissionais dos professores de
biologia, atuantes no ensino médio com a elaboração da presente dissertação de mestrado,
dentre os quais:
- averiguar qual o perfil dos professores atuantes em sua formação profissional;
- identificar quais conceitos nominativos estão presentes em suas representações sobre a
Biotecnologia;
- verificou quais são suas fontes de informação dos professores de Biologia que subsidiam a
Biotecnologia;
- observar a influência do enunciado na análise de sua representação social;
14
- verificar a posição dos professores diante da legislação do sistema educacional em relação
ao Ensino da Biologia.
Investigou-se o discurso dos professores de Biologia da Diretoria de Ensino-Região
Suzano, em que a pesquisadora atua, a fim de identificar conteúdos e conceitos neste ramo do
conhecimento, proporcionando discussões e providências na elaboração de planejamentos e
aplicação de metodologias, para um trabalho com os temas estruturadores da Biologia, como
o da Biotecnologia e da educação em Saúde.
Esta pesquisa, portanto, tem como objetivo realizar o estudo das Representações
Sociais de professores de Biologia da Rede Pública do Estado de São Paulo sobre
Biotecnologia em Saúde, assim como analisar a aquisição dos conhecimentos e sua utilização
no processo de ensino-aprendizagem em seu campo de atuação profissional.
Espera-se que este estudo venha a contribuir para a educação, com um direcionamento
no processo de Ensino deste ramo da ciência, que é a Biotecnologia.
As Representações Sociais dos professores de Biologia e seus elementos constitutivos
podem ser os pontos de partida para o entendimento, a proposição e a eficiência do trabalho
pedagógico.
15
2 INTRODUÇÃO
Esta pesquisa realiza uma investigação no contexto educacional com professores de
Biologia do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de São Paulo, quanto à Representação
Social sobre a Biotecnologia, para posterior análise e proposta de encaminhamentos
necessários à compreensão desta ciência interdisciplinar, aplicada no âmbito escolar.
Cientes da importância em conhecer a Representação Social do grupo sobre a
Biotecnologia, citado como Tema Estruturador na disciplina de Biologia nos Parâmetros
Curriculares Nacional do Ensino Médio, e pela importância de sua análise para discussões e
planejamentos de procedimentos pedagógicos em sua atuação como Professor Mediador em
sala de aula, todos os professores foram solícitos em contribuir com esta pesquisa.
O texto está organizado em três partes:
1) Abordagem dos aspectos históricos, teóricos e técnico-científicos do
desenvolvimento da Biotecnologia e descrição de algumas de suas aplicações em saúde;
2) Abordagem dos aspectos históricos, teóricos, metodológicos e conteúdos
estruturantes da disciplina Biologia, até seus objetivos atuais no Ensino Médio;
3) Descrição da fundamentação teórica da Representação Social, na qual esta pesquisa
se apóia.
16
2.1 VISÃO GERAL DA BIOTECNOLOGIA
A Biotecnologia é um conjunto de técnicas que utiliza o ser vivo e suas funções
biológicas para alterar, transformar ou modificar materiais vivos para o desenvolvimento de
processos e produtos, produzindo bens e serviços de interesse econômico ou social, tendo em
vista atividades ligadas à saúde, agricultura, indústria e meio ambiente (SERAFINI, BARROS
& AZEVEDO, 2002).
O termo Biotecnologia foi empregado pela primeira vez no início dos anos 60, cuja
importância na época se relacionava principalmente aos processos fermentativos. Na
produção de antibióticos, apresentou um notável e rápido desenvolvimento, graças à
introdução de novas tecnologias que vieram revolucionar a moderna Biologia, incluindo aí a
fusão de protoplastos e as tecnologias do DNA recombinante, conhecidas popularmente como
Engenharia Genética (AZEVEDO, 1999).
Muito antes mesmo que o homem entendesse a biologia há mais de 10.000 anos, desde
as antigas civilizações gregas e egípcias, processos e produtos como os da técnica da
fermentação, são desenvolvidos e utilizados na elaboração e fabricação de vinhos, queijos,
cervejas e produtos lácteos. Embora no contexto atual a fermentação não seja uma técnica da
biotecnologia, foi e é até hoje fundamental no desenvolvimento de determinados processos e
ou produtos da biotecnologia (BOREM, 2005).
A primeira grande contribuição que formou a base para o desenvolvimento da
genética, foi descrita em 1865 por Gregor Mendel, decorrente as suas experiências por meio
de cruzamentos com linhagens de ervilhas, que citou as características hereditárias como
correspondentes a unidades discretas, separadas e recombinadas de diversas maneiras em cada
geração. Essas unidades foram subsequentemente chamadas de genes (BOREM, 2005).
Durante o século XX, em 1944, Avry MacLeod e McCarty identificaram o DNA como
material genético. Na década de 50, em 1956, com a elucidação do código genético e da
estrutura dos ácidos nucléicos por Watson e Crick, foi possível compreender a estrutura em
dupla hélice do DNA e entender como as informações genéticas são duplicadas e como elas
são passadas de geração para geração (ODA e SOARES, 2000).
Os conhecimentos sobre os genes foram reformulados, as descobertas de certas
enzimas, principalmente as nucleases de restrição ou enzimas de restrição, foram passos
importantes para que se chegassem à Tecnologia do Ácido Desoxirribonucléico
Recombinante ou a Moderna Biotecnologia (SERAFINI, BARROS & AZEVEDO, 2001).
17
A partir da década de 70, com o desenvolvimento da Engenharia Genética ou
Tecnologia do DNA recombinante, foi possível a manipulação genética de microorganismos,
plantas e animais, por meio de modificações diretas na estrutura do DNA, de maneira a alterar
precisamente características definidas do organismo vivo ou introduzir novas características
de interesse específico (SERAFINI, BARROS & AZEVEDO, 2002).
Segundo Azevedo (1999), o que possibilitou a compreensão dos mecanismos de
recombinação foi o estudo da mola mestra da biodiversidade, as mutações, ou seja, processos
de modificações no material genético dos seres vivos que são transmitidas aos descendentes,
além dos mecanismos clássicos sexuais e parassexuais de recombinação, que envolvem
permuta genética. Novos processos naturais foram descobertos, como os mediados por
elementos transponíveis, os transposons, que conseguem transferir genes dentro e entre
espécies distintas, permitindo o desenvolvimento da tecnologia do DNA recombinante por
processos artificiais, que rompem as barreiras entre espécies, gêneros ou mesmo reinos
distintos.
A Tecnologia do DNA Recombinante ou Moderna Biotecnologia implica,
inicialmente, no conhecimento e isolamento de seqüências de DNA que correspondem a
genes responsáveis em conferir a característica desejada, o fenótipo. Ela consiste em unir
DNA de diferentes origens em um veículo ou vetor e transferi-lo para uma célula hospedeira
que vai assim receber novas expressões (AZEVEDO, 1998).
O isolamento dos genes de interesse é conduzido por meio de técnicas de clonagem
molecular, que consiste em induzir um organismo vivo a amplificar a seqüência de DNA de
interesse, em sistemas que permitem uma fácil purificação e recuperação do referido
fragmento de DNA. Para que um segmento ou gene seja clonado, ele é introduzido em uma
célula viva, os chamados vetores de clonagem, onde é ligado a um sistema de duplicação do
DNA, sendo este multiplicado, dando cópias exatamente iguais (SERAFINI, BARROS &
AZEVEDO, 2001).
São utilizados vetores de clonagem, plasmídeos ou vírus, nos quais a seqüência de
DNA de interesse é inserida, utilizando a enzima DNA ligase. Quando necessário, o
fragmento de DNA de interesse pode ser liberado do vetor por meio de enzimas de restrição.
Uma vez isolado o gene de interesse, este fragmento de DNA é incorporado por meio da
Engenharia Genética no genoma do organismo alvo, resultando em um organismo
geneticamente modificado (OGM), cuja característica adquirida passa a ser hereditária
(SERAFINI, BARROS & AZEVEDO, 2002).
18
Para Mae-Wan Ho (2003), a Engenharia Genética é um conjunto de técnicas para
isolar, modificar, multiplicar e recombinar genes de diferentes organismos.
O desenvolvimento de tecnologias que utilizam células e moléculas biológicas ao
invés de organismos multicelulares permite tirar vantagens da especificidade das interações
celulares e moleculares, em que as ferramentas e técnicas utilizadas são desenvolvidas para
operar de forma conhecida e previsível, buscando solucionar ou desenvolver produtos úteis a
nossa vida e a nossa relação com a natureza (CANDEIAS, 1991).
A biotecnologia é um conjunto de ferramentas poderosas e muito flexíveis, que
oferecem e vêm possibilitando a pesquisa e o desenvolvimento de diversos produtos de uso
comum e sustentável no mundo, facilitando processos de obtenção na área da saúde como os
fármacos e incrementando a produtividade agrícola, além de possibilitar a elevação da
qualidade ambiental (SILVEIRA, 2002).
No mundo contemporâneo, novos desenvolvimentos da biologia molecular e da
engenharia genética, resultantes da revolução introduzida pela biotecnologia, estão rompendo
com concepções científicas, reestruturando a ciência e a tecnologia em direção a novos
paradigmas e desdobrando-se em processos e produtos diversos, com fantástico potencial em
diversas áreas da atividade humana, envolvendo saúde humana, animal, agricultura e o meio
ambiente (SILVEIRA, 2004).
Os primeiros produtos resultantes de modificações genéticas foram os de aplicações
farmacêuticas, como a insulina humana no início dos anos 80 para o tratamento de diabetes. A
partir daí foram intensificadas as pesquisas com plantas e animais transgênicos (POSSAS,
1995).
Entre as aplicações da Biotecnologia, destacam-se: 1) na área da Saúde os processos e
formas de diagnosticar, tratar e prevenir doenças. 2) Na Agricultura, o desenvolvimento e
técnicas que envolvem desde o plantio das sementes até a produção de alimentos para
consumo, controle de pragas e tratamento do solo. 3) Em relação ao Meio Ambiente, o
desenvolvimento de fontes novas e mais limpas de energia reciclável, desenvolvimento de
novos métodos de detectar e tratar contaminações ambientais, desenvolvimento para se obter
novos produtos e processos menos danosos ao ambiente do que os anteriormente utilizados
(GARCIA, 1995).
Os desenvolvimentos recentes no campo da biologia molecular abrem novas
perspectivas para o estudo diagnóstico e terapêutico das grandes endemias que afetam,
sobretudo, as nações em desenvolvimento (GOLDENBERG, 2002).
19
Os produtos dessas biotecnologias, como vacinas, fármacos, medicamentos, kits para
diagnóstico e monitoramento baseados na tecnologia do DNA recombinante, já estão sendo
crescentemente incorporados às rotinas médicas em todo o mundo, na prevenção, no
diagnóstico e na terapêutica de doenças diversas, inclusive em países em desenvolvimento
como o Brasil (SERAFINI, BARROS & AZEVEDO, 2002).
Garcia (1995) refere-se à Biotecnologia em saúde como qualquer exploração
tecnológica da biodiversidade para resolver problemas da saúde dos seres humanos.
As principais aplicações no âmbito da biotecnologia moderna são: o uso da engenharia
genética para a produção de biofármacos, como a insulina e hormônios de crescimento,
vacinas recombinantes como a contra hepatite B e os estudos genômicos para prevenção e
cura de diversas doenças, as terapias gênicas e farmacogenômicas (SILVEIRA, 2004).
As técnicas de manipulação de genes permitem a expressão de antígenos de patógenos
em larga escala, com potencial para utilização como reagentes para diagnósticos ou
imunógenos, essas técnicas poderão levar à obtenção de novas vacinas vivas atenuadas
(GOLDENBERG, 2002).
Em 2003, ano que se comemorou 50 anos da elucidação do código genético, a ciência
alcança outro grande marco em nossa história: o seqüenciamento do genoma humano. O
genoma é a totalidade do material genético de um indivíduo ou de uma espécie (BANDEIRA,
2006).
Segundo Schartzmayr (2003), com base nas pesquisas moleculares sobre o genoma e
proteínas, novas vacinas virais poderão ser produzidas pela importância de sua estrutura
científica e tecnológica. O Brasil deve aumentar a participação nos processos de
desenvolvimento de novas vacinas e na avaliação de sua eficácia, envolvendo maior número
de pesquisadores e tecnologistas, com o incremento de investimentos nessas atividades.
As técnicas de manipulação de genes permitem a expressão de antígenos de patógenos
em larga escala, com potencial para utilização como reagentes para diagnósticos ou
imunógenos, essas técnicas poderão levar à obtenção de novas vacinas vivas atenuadas
(GOLDENBERG, 2002).
Outro exemplo de convergência tecnológica entre os setores da saúde humana, animal
e a agricultura é o desenvolvimento de plantas com propriedades diversas imunizantes e
terapêuticas, como o desenvolvimento de “plantas vacina”. Essas plantas contêm vacinas
recombinantes que asseguram imunização contra doenças diversas, como exemplo as
"Batatas-vacinas", que evitam doenças como a hepatite B; "bananas-vacinas" contra doenças
infantis. Assim também como já há produção de frutas e vegetais fortalecidos com vitaminas
20
C e D; canola com óleo enriquecido com betacaroteno, o qual é convertido em vitamina A.
Esses são exemplos do potencial de aplicação dessas técnicas (DE COSA, 2000).
Atualmente, alguns antígenos para produzir vacinas contra doenças que atacam os
seres humanos já são expressos em plantas geneticamente modificadas, como é o caso do
rotavírus, do antígeno VP7 que provoca a diarréia severa em crianças e causa de um milhão
de mortes anualmente no mundo, expresso na batata. Pesquisadores chineses inseriram em
batata o gene VP7 que codifica uma proteína deste vírus, seus resultados provaram que o gene
foi expresso corretamente na planta, demonstrando ser um sistema adequado para promover e
conduzir uma resposta imune em ratos, indicando o potencial de utilizar em plantas para a
produção de vacinas comestíveis contra o rotavírus (WU, Y.-Z.,LI, J.-T,MOU, Z.-R, FEI, L.,
NI, B., GENG, M., JIA, Z.-C., ZHOU, W., ZOU, L.-Y., TANG, Y.,2003)
Entretanto, esses avanços só estarão à disposição dos países em desenvolvimento se
houver um programa contínuo de investimento e de formação e valorização de recursos
humanos competentes nessas novas tecnologias (GOLDENBERG, 2002).
O desafio está em conseguir uma coexistência sustentável entre biodiversidade,
biotecnologia e saúde, que reflita a relação e a integração da natureza com a sociedade, de
maneira que esse promova interatividade a cooperação e o inter-relacionamento entre as áreas
científicas e educacionais, para que ocorra de fato um maior debate com a sociedade para a
construção de suas políticas públicas (GARCIA, 1996).
2.1.1 Importância Social, Econômica e Política da Biotecnologia
A biotecnologia abrange diferentes campos do conhecimento sendo, portanto,
considerada uma área inter e até multidisciplinar, pois seus produtos e processos são obtidos
pela junção do conhecimento e do esforço de diferentes especialistas e profissionais das áreas
das ciências biológicas e biomédicas, tais como: geneticistas, biologistas moleculares,
bioquímicos, microbiologistas, engenheiros químicos, assim como de áreas que incluem as
ciências humanas e sociais (SERAFINI, BARROS & AZEVEDO, 2002).
A questão da biodiversidade, além de ser uma questão ecológica, ou científico-
tecnológica, passa a assumir também a dimensão geopolítica, no caso das biotecnologias, a
diversidade biológica identificada pela genética é matéria-prima básica para os avanços que se
observam nessa área, sendo transformada de mero recurso natural em recurso informacional
(ALBAGLI, 1998).
21
Há necessidade de substituir o pensamento reducionista, por uma atitude
interdisciplinar, pela qual especialistas de diferentes áreas possam integrar e gerar novos
conhecimentos, que incluem as áreas da Biotecnologia, biodiversidade e interações bióticas.
(AZEVEDO, 1998)
As novas tecnologias, principalmente quando interferem na vida humana, é lenta e,
muitas vezes, difícil. Isso aconteceu com a vacinação contra a varíola, no fim do século XVII,
cujo procedimento de infectar pessoas sadias, com material coletado de pústulas de gado
doente, parecia uma insanidade. No entanto, essa vacinação, tão criticada e de aceitação
complicada, resultou na erradicação universal de um vírus causador de uma enfermidade
temida (AZEREDO, 2003).
A regulamentação da biotecnologia foi pela primeira vez considerada em 1970,
quando foi solicitada moratória para aplicação dessa tecnologia até que maiores estudos
relacionados à biossegurança fossem realizados. Durante a Conferência de Asilomar a partir
dessa época, vários regulamentos foram estabelecidos por diversos países, visando ao controle
do uso desta tecnologia, considerados os aspectos de segurança para o homem, animais e o
meio ambiente (ODA e SOARES, 2000).
Na agricultura, entretanto, a primeira liberação de um Organismo Geneticamente
Modificado (OGM) no ambiente só ocorreu em 1986 na Inglaterra. Atualmente, cerca de 40
milhões de hectares no mundo são plantados com variedades agrícolas geneticamente
modificadas. Dentre essas variedades destacam-se a soja, o milho, a canola, a batata e o
algodão, entre outras, cujas modificações conferem tolerância a herbicidas, resistência a
insetos ou ambas (ODA e SOARES, 2000).
Na Europa, a diretiva 219/90 e 220/90 da União Européia, estabelecem
respectivamente procedimentos para o trabalho em contenção e liberação controlada no meio
ambiente de OGMs. Nos Estados Unidos, não existe regulamentação específica para o
controle do uso da tecnologia do DNA/RNA recombinante, mas os OGMs liberados no meio
ambiente são regulados por três agências governamentais, no âmbito da agricultura, do meio
ambiente e da saúde (ODA e SOARES, 2000).
No Brasil a Lei Federal 8.974 de janeiro de 1995, e o Decreto Federal 1.752/95
estabelecem as regras para as atividades com engenharia genética, incluindo aí os requisitos
para o trabalho em contenção e liberações ambientais de OGM. Essa regulamentação
possibilitou a incorporação da biotecnologia aos processos agrícolas no país. A Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança – (CTNBio) Orgão do Governo Federal, é responsável
desde junho de 1996 pelo controle da Biotecnologia no país,cabe ao CTNBio tomar decisões
22
de riscos, assim como estabelecer requisitos e inspeções dos processos tecnológicos ou
Biotecnológicos (ODA e SOARES, 2000).
No Brasil é obrigatória a rotulagem dos produtos trangênicos ou geneticamente
modificados e a realização de estudo de impacto ambiental (EIA) para que possam ser
comercializados (ODA e SOARES, 2000).
No tocante às patentes, a concessão nas áreas biológicas e biotecnológicas envolvem
outros aspectos de ordem moral, política e econômica, mobilizando diferentes grupos de
interesse e levantando distintos pontos de vista (POSSAS, 2001).
De acordo com Programa de Biotecnologia e Recursos Genéticos, implementado em
fevereiro de 2002, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia do Governo Federal do Brasil,
Secretaria de Políticas e Programas de Ciência e Tecnologia e o Departamento de Programas
Temáticos, a Biotecnologia destaca-se como base produtiva de diversos setores da economia,
que representam parte considerável do Produto Interno Bruto e das exportações. O processo
de ajuste estrutural da economia brasileira tem influenciado a demanda de inovações
tecnológicas nos principais setores usuários de Biotecnologia, combinando a estabilização
macroeconômica com a reformulação de políticas setoriais (SILVEIRA, 2004).
Nos países em desenvolvimento, notadamente no Brasil, há a necessidade de
promoção da Biotecnologia por meio de políticas que orientem o aprendizado, o investimento
e o financiamento, compartilhados por meio da organização e da manutenção das instituições
ou empresas de interesse pela promoção a pesquisa e produção científica (BONACELLI &
SALLES - FILHO, 2000).
A comunidade científica que desenvolve processos biotecnológicos encontra-se na
posição de maior competência e responsabilidade para expor o assunto ao público em geral,
devendo ser capaz de explicar em linguagem acessível os resultados de seus trabalhos, assim
como é necessário que a mídia lhe dê espaço e oportunidade para fazê-lo. O mesmo se aplica
os contatos com políticos e representantes de órgãos governamentais e não governamentais,
pois quanto mais a sociedade toma conhecimento dos fatos, maior a necessidade da
divulgação científica para a compreensão dos estudos e processos elaborados pelos cientistas.
(AZEREDO, 2003).
A posição de profissionais e da população não deve ser tomada com base em
depoimentos alarmistas e emocionais, mas sim ditada pela isenção de idéias preconcebidas,
pelo conhecimento e pela busca de informações (AZEREDO, 2003).
23
As novas tecnologias sempre estarão sujeitas a um segmento da população que lhes
oferece resistência, a posição costuma ser altamente influenciada pelas linguagens usadas nas
discussões da biotecnologia (AZEREDO, 2003).
Somente com informações acuradas e com a interação e a comunicação entre
especialistas da área científica e educacional, produtores, consumidores e autoridades
políticas, é que o desenvolvimento da biotecnologia será realmente harmônico e benéfico para
a sociedade (AZEREDO, 2003).
2.2 A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL
(LDB), OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN) E O
ENSINO DE BIOLOGIA
Segundo Krasilchik (2004), a Biologia, incluída no ensino das Ciências, até a década
de 50 no Brasil era subdividida em botânica, zoologia e biologia geral, na disciplina história
natural. Neste período, o ensino era livresco, teórico, memorístico, estimulando a passividade.
Estudavam-se os vários grupos de organismos e suas relações filogenéticas separadamente.
Na década de 60, três fatores orientaram a estruturação no ensino de ciências: 1) o
progresso da biologia; 2) a constatação internacional e nacional da importância do ensino de
ciências como fator de desenvolvimento e 3) a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) nº 4.024, de 2 de dezembro de 1961, que descentralizou as decisões
curriculares. A tradicional divisão de botânica e zoologia passou do estudo das diferenças
para a análise dos fenômenos comuns a todos os seres vivos, desde a constituição molecular
até a comunidade. Passam a ser incluídas a ecologia e genética das populações, a genética
molecular e a bioquímica, dando importância ao método científico e a preocupação com a
formação do cidadão (KRASILCHIK, 2004).
Na década de 70, as questões ambientais decorrentes da industrialização
desencadearam nova visão sobre o ensino de Ciências. Passou-se a discutir as implicações
sociais do desenvolvimento científico. O sistema de ensino brasileiro sofreu mudanças
significativas com a promulgação da LDB, Lei 5.692/71, a escola secundária direciona não
mais a servir na formação do futuro cientista ou profissional liberal, mas principalmente ao
trabalhador, para responder às demandas do desenvolvimento industrial (KRASILCHIK,
1987).
24
A década de 80 no Brasil foi marcada por uma crise econômica e mudanças
significativas nas esferas sociais e políticas, que levaram a uma nova estruturação em diversos
setores do país, visando à transformação da ditadura Militar em uma construção de sociedade
democrática.
Em 1988 foi promulgada a nova Constituição Federal do Brasil, em vigor até a
presente data, que reorienta a estrutura educacional, notadamente para o sistema de ensino, e
regulamentou o Ensino Fundamental e Superior, não fazendo o mesmo para o Ensino Médio.
Esta modalidade, a partir de então, foi permeando entre a preparação para o trabalho e a
preparação para a continuidade dos estudos, perdendo sua identidade.
Na década de 90, é promulgada a nova LDB, Lei 9394/96, que reorganiza o sistema de
Ensino, o qual passa a ser organizado em Educação Básica (Educação Infantil, Ensino
Fundamental e Ensino Médio) e o Ensino Superior. O Ensino Médio, passa a ter finalidades
específicas, sendo etapa final da Educação Básica e de consolidação e aprofundamento de
conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, bem como, de conhecimentos
tecnológicos e de formação profissional.
Em 1998, para normatização da LDB, foram regulamentadas as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), publicam-se então os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN), que propiciam aos sistemas de ensino, particularmente aos professores,
subsídios à elaboração e/ou reelaboração do currículo, visando à construção do projeto
pedagógico, em função da cidadania do aluno.
Os PCN se propõem a orientar na organização dos subsídios teóricos e metodológicos,
com os referenciais estabelecidos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) para cada
etapa dos ensinos fundamental e médio no Brasil.
O ensino passou a ser organizado por áreas de conhecimento, ficando a Biologia
inserida na área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias, integrado às
disciplinas de Física, Química e Matemática.
A proposta dos PCN é garantir a crianças e jovens brasileiros, mesmo em locais com
condições socioeconômicas desfavoráveis, o direito de usufruir do conjunto de conhecimentos
reconhecidos como necessários para o exercício da cidadania. Não possuem caráter de
obrigatoriedade e, portanto, pressupõe-se que serão adaptados às peculiaridades locais.
Os PCN organizam o Ensino de Ciências e Biologia para a compreensão e
investigação de linguagens para a representação e sistematização do conhecimento de
fenômenos, processos naturais e tecnológicos que compõem a cultura científica e tecnológica
da evolução social e econômica, na atualidade e ao longo da história.
25
Os PCN elegem o desenvolvimento de competências e habilidades, em detrimento de
uma abordagem profunda dos conteúdos e saberes historicamente acumulados pelos
diferentes campos do conhecimento, e têm como princípios a interdisciplinaridade e a
contextualização dos conteúdos.
Entre as competências propostas nos PCN na Área das Ciências da Natureza
Matemática e suas Tecnologias (CNMT), no âmbito da Representação e Comunicação, o
professor deverá proporcionar condições para que o aluno possa: 1) Reconhecer e utilizar
adequadamente, na forma oral e escrita, símbolos, códigos e nomenclatura da linguagem
científica; 2) Consultar, analisar e interpretar textos e comunicações de ciência e tecnologia
veiculadas por diferentes meios; 3) Elaborar comunicações orais e escritas para relatar,
analisar e sistematizar eventos, fenômenos, questões, entrevistas, visitas e correspondências;
4) Analisar, argumentar e posicionar-se criticamente em relação a temas de ciência e
tecnologia. Para tanto é imprescindível que os conhecimentos se apresentem como desafios
cuja solução envolve mobilização de recursos cognitivos, investimento pessoal e perseverança
para uma tomada de decisão.
Para o desenvolvimento de competências no âmbito da Investigação e Compreensão
no PCN-CNMT, o professor deverá proporcionar ao aluno condições para que o mesmo
possa: 1) Identificar em cada situação-problema as informações ou suas variáveis relevantes e
as possíveis estratégias para resolvê-la; 2) Estabelecer relações e identificar regularidades,
variantes e transformações; 3) Selecionar e utilizar instrumentos de medição e cálculo,
representar dados e utilizar escalas, fazer estimativas, elaborar hipóteses e interpretar
resultados; 4)Reconhecer, utilizar, interpretar e propor modelos explicativos para fenômenos
naturais ou tecnológicos.
As competências no âmbito da Contextualização Sociocultural do PCN-CNMT o
professor deverá propiciar condições para que seus alunos possam: 1) Compreender o
conhecimento científico e o tecnológico como resultados de uma construção humana,
inseridos em um processo histórico e social; 2) Compreender a ciência e a tecnologia como
partes integrantes da cultura humana contemporânea; 3) Reconhecer e avaliar o
desenvolvimento tecnológico contemporâneo, suas relações com as ciências, seu papel na
vida humana, sua presença no mundo cotidiano e seus impactos na vida social; 4) reconhecer
e avaliar o caráter ético do conhecimento científico e tecnológico e utilizar esses
conhecimentos no exercício da cidadania.
Os PCN no campo da Biologia incluem em suas finalidades o domínio de
conhecimentos biológicos para compreender os debates contemporâneos e deles participar,
26
assim como ser capaz de enfrentar questões com sentido prático, visando à manutenção de sua
própria existência e no que diz respeito à saúde, à produção de alimentos, à produção
tecnológica e ao modo como interage com o seu meio. A biotecnologia é citada como tema
estruturador para este processo de ensino-aprendizagem.
Introduzir uma temática como a Biotecnologia exige do professor a correlação com o
contexto sócio-histórico-cultural, quanto ao conceito ou à discussão que se pretenda fazer com
a temática, com as diferentes áreas do conhecimento e ou por meio da apresentação da
história da ciência para a sua contextualização.
Um trecho do documento aborda uma questão mais abrangente e importante para a
utilização da história e filosofia da ciência no ensino das disciplinas já existentes, como a
Biologia.
Estudos na História e Filosofia da Ciência é um desafio para o professor, uma vez que raramente sua formação inicial contemplou estes campos de conhecimentos dedicados à natureza da Ciência. São estudos que proporcionam consistência à visão de Ciência do professor e uma distinção mais clara entre Ciência e natureza. [...] Ao mesmo tempo, o professor adquire subsídios para entender e dar exemplos da mútua dependência entre o desenvolvimento científico e tecnológico e da grande influência do conhecimento científico na modelagem das visões de mundo. (BRASIL.MEC/SEF, 1998. p. 89)
Os PCN, além das orientações sobre o ensino, fazem recomendações aos professores e
escolas, quanto à importância dos mesmos para orientações relativas à capacitação ou
formação continuada.
Um fator determinante talvez esteja na formação do professor. O fato de os cursos de
licenciatura em Ciências Naturais, na maioria dos casos, não contemplarem reflexões de
ordem filosófica e epistemológica acerca do empreendimento científico parece ser um dos
mais imponentes obstáculos à utilização da história da ciência em sala de aula pelo professor.
Desprovido muitas vezes de um conhecimento mais amplo sobre essas discussões, o professor
geralmente recorre às suas próprias vivências e interpretações, que servirão como base para a
atuação em sala de aula.
Essas recomendações são pertinentes, uma vez que a característica do atual
conhecimento científico, tecnológico e profissional exige contínua atualização profissional e a
contínua produção do conhecimento através da investigação, reflexão e conversação com uma
situação concreta, que se manifesta complexa, única e conflituosa. O professor precisa
produzir conhecimentos profissionais na e em sua ação profissional (MALDANER, 1999).
27
Trata-se, portanto, de inverter o que tem sido a tradição de ensinar Biologia como
conhecimento descontextualizado, independentemente de vivências, de referências a práticas
reais, e colocar essa ciência como “meio” para ampliar a compreensão sobre a realidade,
recursos graças aos quais os fenômenos biológicos podem ser percebidos e interpretados,
instrumento para orientar decisões e intervenções.
2.2.1 O papel do professor no processo ensino-aprendizagem
Um aspecto relevante no processo ensino-aprendizagem é o papel do professor.
Segundo Garcia (1992), o professor deve dominar competências e desenvolver habilidades
“cognitivas e metacognitivas” para atuar não somente como transmissor de informações, mas
sim como articulador e mediador na compreensão de conceitos relevantes da ciência, nos
assuntos polêmicos, assim como o de destreza de condutas.
No contexto educacional, entende-se a mediação como intervenção do professor para
desencadear o processo de construção do conhecimento de maneira intencional, sistemática e
planejada, potencializando ao máximo as capacidades do aluno.
O aprimoramento da capacidade do aluno para comunicar-se também é um dos alvos a
serem atingidos pelo professor, na medida em que o aluno é solicitado a verbalizar e a
expressar o seu pensamento, ou seja, deve se estabelecer uma relação dialógica de
reciprocidade com o professor.
O diálogo entre e com os discentes coloca o professor numa posição de flexibilidade, e
sua atenção volta-se para três aspectos fundamentais: 1) as necessidades do aluno; 2) as
exigências do conteúdo e 3) as próprias limitações do professor. Essa postura mais flexível do
professor contribuirá para a constituição de um aluno também mais flexível na relação com o
outro, com o conhecimento e consigo mesmo.
Schon, Perrenoud e Nóvoa (1993) propuseram o conceito de “ação na reflexão”. Este
processo é definido como aquele no qual o professor se supervisiona com base na análise e na
interpretação da sua própria prática profissional. Assim os conhecimentos construídos pelo
professores constituem-se em instrumentos para a sua prática. A escola deve ser considerada
como espaço de produção de conhecimento pedagógico (CARVALHO, 1993).
Na abordagem de Schon, é dada ênfase a duas categorias de reflexão: a reflexão-na-
ação e a reflexão-sobre-a-ação. A primeira possibilita a reformulação da ação do professor
enquanto ela está acontecendo. A segunda se refere à análise que o professor faz de sua
28
própria ação depois de realizá-la. De acordo com esse autor, os dois tipos de reflexões são
imprescindíveis para o professor analisar efetivamente sua prática – e reformulá-la, se for o
caso (PRADO, 1998).
2.2.2 O professor e sua prática-pedagógica
No processo de formação do professor exige-se uma pesquisa-ação sobre a prática
pedagógica: o professor deve tomar a própria ação educativa como objeto de pesquisa e
investigar seus erros e acertos, levantando possibilidades de melhorar sua intervenção
(MALDANER, 1999).
Ele deve ser crítico em sua prática e também promover objetivamente a capacidade de
pensar em seus alunos a sua prática e, conjuntamente, ser um mediador nas suas escolhas de
planejamento didático, que possibilitem a construção de competências tanto para o professor
como para o aluno fazer inúmeras e inusitadas relações às aplicações no contexto atual.
(SHÖN, PERRENOUD e NÓVOA,1993)
Os PCN no Ensino da Biologia propõem, entre os temas estruturadores, a
Biotecnologia. O Estudo da Biotecnologia exige a compreensão dos avanços científicos e de
suas implicações éticas e morais, assim como seu processo de desenvolvimento sócio-
histórico, para que professor e seus alunos possam discutir questões como nutrição, saúde,
emprego e preservação e manutenção dos seres vivos e do ambiente.
A partir da ativação do conhecimento prévio, da análise das Representações Sociais
dos envolvidos, é possível fazer a interpretação das situações vividas e assim redirecionar o
planejamento para a introdução de temáticas, como os conceitos e aplicações da
Biotecnologia.
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, em parceria com a Fundação
Vanzolini, desenvolve atualmente o Programa de Formação Continuada em horário de
trabalho, Ensino Médio em Rede (EMR) iniciado em 2004, destinado aos Assistentes
Técnicos Pedagógicos (ATP), Supervisores de Ensino, Professores Coordenadores (PC) e
Professores de Educação Básica nível II que atuam no Ensino Médio regular.
O EMR é financiado pelo Programa de Melhoria e Expansão do Ensino Médio
(PROMED), tem por objetivos melhorar a qualidade e a eficiência do ensino médio, expandir
sua cobertura e garantir maior eqüidade social. Dentre as metas estabelecidas destacam-se
aquelas voltadas para apoiar o programa de reforma curricular e estrutural do Estado de São
29
Paulo, assegurando a formação continuada de docentes e gestores de escolas desta modalidade
de ensino, através Ministério da Educação (MEC) e o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID).
Os temas propostos pelo EMR estão voltados para o desenvolvimento curricular no
Ensino Médio, nas áreas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Ciências da Natureza,
Matemática e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias.
O EMR realiza discussões sobre as especificidades curriculares do Ensino Médio, a
partir de subsídios teórico-metodológicos, para fazer um diagnóstico da realidade das escolas
e regiões e avaliando o projeto político-pedagógico proposto para cada uma delas. Visa ao
trabalho do currículo de modo interdisciplinar, principalmente por meio da leitura e da escrita,
o que poderá trazer mudanças para as práticas pedagógicas, fortalecendo as ações das equipes
escolares, por meio da articulação e da integração, no cotidiano, dos aspectos ligados à gestão
educacional e à gestão didático-pedagógica, além de desenvolver a competência como leitor e
produtor de textos e recebendo subsídios para desenvolver essas competências nos alunos.
A articulação do Programa é desenvolvida pelos professores no Horário de Trabalho
Pedagógico Coletivo (HTPC) e na própria sala de aula, sob a orientação dos Professores
Coordenadores (PC) e auxílio de Professores Representantes (PR) de cada área do
conhecimento. O PC é mediado pelos Assistentes Técnico-Pedagógicos, nas Diretorias de
Ensino, nas Unidades escolares e nos ambientes da Rede do Saber, através de:
teleconferências, videoconferências, atividades pela Internet, atividades presenciais, oficinas
de leitura e escrita e vivências educadoras.
Dentre os tópicos de estudos estabelecidos pelo programa, o EMR destaca e
fundamenta a importância da Representação Social, como referencial para análise de sua
prática pessoal e profissional, junto a sua realidade e contexto do mundo atual.
O conteúdo do programa EMR se compõe da leitura e estudos, subsidiados por
referencias teóricos, impressos em CR-rom com publicações de artigos e produções
científicas da área da educação, material de apoio, com Vivências Formativas e Educadoras
para discussões dos referencias com propostas de atividades práticas, apresentando:
- Visão histórica e perspectivas atuais do Ensino Médio, focalizando as mudanças
exigidas pela sociedade para ampliar as finalidades desse nível de ensino em direção à
formação cidadã, à preparação para o mundo do trabalho e ao prosseguimento dos estudos
(LDB e DCNEM).
- A organização curricular (PCNEM e PCN+):
• A articulação entre as disciplinas de uma mesma área do conhecimento;
30
• A articulação entre as diferentes áreas de conhecimento;
• Interdisciplinaridade e contextualização como princípios;
• Competências e habilidades para o exercício da cidadania.
- Alternativas metodológicas que contemplam a iniciativa do aluno, sua reflexão sobre
o objeto de conhecimento e a resolução de problemas.
- Aprofundamento do estudo dos princípios e pressupostos teórico-metodológicos da
formação de professores.
O Programa EMR, em sua segunda fase propõe o trabalho com gêneros do discurso e
capacidades de leitura e escrita nas áreas curriculares, em que defende que a escola é o
ambiente para a ampliação do letramento, e que a mesma deve possibilitar que a seus alunos a
participação em várias práticas sociais que se utilizam da leitura e escrita.
Os gêneros do discurso são formas de dizer sócio-historicamente cristalizadas,
oriundas de necessidades produzidas em diferentes esferas de comunicação humana, como a
cotidiana, a artística, a jornalística, a publicitária, a científica, utilizadas pelos indivíduos de
acordo com seus interesses individuais, porém todas elas podem e devem ser incluídas na
esfera escolar, que também possuem gêneros próprios e estes se integram numa esfera mais
abrangente que é a política (EMR, 2006).
O Programa EMR destaca para a área CNMT a reflexão e a análise de se compreender
os gêneros discursivos que costuma se utilizar, como os textos didáticos, os verbetes e,
sobretudo os artigos de divulgação científica, destacando que se compreendam as
propriedades desses gêneros, tirando deles o melhor proveito, de acordo com as finalidades de
sua leitura, para que de fato se perceba o sentido da informação.
2.2.3 Fonte de pesquisa do professor em sua prática-pedagógica
A rápida evolução do conhecimento nas áreas de biologia molecular e de suas
tecnologias tem gerado uma lacuna na formação acadêmica dos atuais professores. Por outro
lado, os alunos demandam esse conhecimento por influência de fontes de informação como,
por exemplo, a imprensa escrita e falada, onde esses temas têm ocupado um espaço regular.
Assim, percebe-se que os professores têm a necessidade premente de atualização e
aperfeiçoamento nesses assuntos (BOSSOLAN, SANTOS & MORENO, 2005)
31
Portanto, o intuito de estudar as Representações Sociais dos professores de Biologia
neste segmento da pesquisa é explorar como ele entende a Biotecnologia, como analisa,
adquire e pensa as informações e conhecimentos no processo ensino-aprendizagem atual.
O fazer ciência, isto é, pensar sobre o funcionamento das coisas da natureza e do ser
humano e transmitir ensinamentos a respeito dessa reflexão, são atividades simultâneas desde
a Grécia Antiga. Mas houve muitas modificações, ao longo do tempo, no público que tem
acesso a esses conhecimentos, nas finalidades do ensinamento e na forma como ele se dá.
Por várias razões, mudanças sócio-históricas, interesses na qualificação dos
trabalhadores, mudanças na dinâmica política e nas classes dominantes, a ciência, tal como as
artes e os ofícios, sempre foi um bem cultural cobiçado. A idéia de “di-vulg-ação”, isto é, a
ação de dar ao vulgo (à plebe, aos pobres, aos trabalhadores, aos que falam a língua vulgar, o
povo) os bens do conhecimento, ganhou força e foi incentivada pelos intelectuais da
Revolução Francesa – os Iluministas, que levariam as luzes (da ciência) ao século XVII. O
tipo de texto e de discurso, o livro didático e de divulgação científica, nasceram justamente
desta vontade política de dar ao vulgo os bens culturais da ciência e do conhecimento (ROJO
e LASTÓRIA, 2006).
ROJO e LASTÓRIA (2006) destacam que a maior ação de impacto em divulgar os
achados da ciência fora da escola, já que estes eram compilados ao ensino da Filosofia,
História e das sete Artes Liberais, foi a organização da Encyclopédie por Denis Diderot
(1713-1784) e Jean Lê Rond d`Alembert (1717-1783), esse empreendimento tomou a seus
organizadores e colaboradores mais de vinte anos e resultou de 28 volumes, com verbetes
sobre temas e conceitos científicos, organizados pela primeira vez em ordem alfabética, deu
origem ao formato de enciclopédia que hoje conhecemos. Esta obra foi concluída em 1772,
popularizou e defendeu a idéia de liberdade individual, liberdade de pensar, escrever e
publicar; liberdade comercial e industrial; e declarou guerras às idéias religiosas e ao
absolutismo político, considerados obstáculos para a liberdade.
Podemos dizer que as metas modernas e burguesas do Iluminismo foram alcançadas,
hoje encontramos nas salas de aulas, nas bancas de jornal, na internet e também nas
bibliotecas textos de divulgação científica, confiáveis ou não por interesses culturais e
políticos e atualizados em forma de notícias, matérias, artigos, resenhas e resumos.
Cabe aos professores, como articuladores na discussão dos saberes científicos em sua
divulgação de conhecimentos, analisar e mediar esses textos e gêneros discursivos,
destacando a origem da publicação, suas finalidades, assim como identificar o tipo de leitor ao
32
qual os textos se destinam, seus organizadores e autores, assim como reconhecer e
compreender as linguagens neles expressos.
Segundo KRASILCHIK (2000), as definições dos conteúdos e dos temas incluídos nos
currículos das disciplinas refletem as idéias correntes sobre a Ciência. Na primeira geração
dos projetos científicos, a Ciência era considerada uma atividade neutra, isentando os
pesquisadores de julgamento de valores sobre o que estavam fazendo, como no fato da
produção da bomba atômica, os cientistas procuraram não assumir sua responsabilidade no
conflito bélico, pois se pretendia desenvolver a racionalidade, a capacidade de fazer
observações controladas, preparar e analisar estatísticas, respeitar à exigência de
replicabilidade dos experimentos.
Já entre 1960 e1980, as crises ambientais, o aumento da poluição, a crise energética e
a efervescência social manifestada em movimentos como a revolta estudantil e as lutas anti-
segregação racial determinaram profundas transformações nas propostas das disciplinas
científicas em todos os níveis do ensino. Simultaneamente às transformações políticas ocorreu
a expansão do ensino público, que não mais pretendia formar cientistas, mas também fornecer
ao cidadão elementos para viver melhor e participar do breve processo de redemocratização
ocorrido no período. A proposta seria a admissão das conexões entre a ciência e a sociedade e
que o ensino não se limitasse aos aspectos internos à investigação científica, mas à correlação
destes com os aspectos políticos, econômicos e culturais, surgindo aí os projetos que incluem
a interdisciplinaridade, com temas principalmente ligados a questões de saúde e meio
ambiente (KRASILCHIK, 2000).
Segundo KRASILCHIK (2000), concomitante aos processos de alteração curricular e
ao agravamento dos problemas sociais e econômicos, foi incorporada a competição
tecnológica, levando a exigir que professores e estudantes tivessem preparo para compreender
a natureza, o significado e a importância da tecnologia para a sua vida como indivíduos e
como membros responsáveis da sociedade. Esta reflexão nos faz confirmar a necessidade de
acompanhar e compreender os avanços da ciência nas discussões de temas relevantes e
polêmicos, como o da Biotecnologia, para que educadores e educandos tornem-se críticos
conscientes em suas responsabilidades como cidadãos, e de forma inteligente e informada
possam tomar decisões que afetem não somente sua comunidade mais próxima, mas as que
possam ter efeitos de amplo alcance.
Há, portanto, um novo componente no vocabulário e nas preocupações dos
educadores, a alfabetização científica, que traz novas exigências para compreensão da
interação estreita e complexa com problemas éticos, religiosos, ideológicos, culturais, étnicos
33
e as relações com o mundo interligado por sistemas de comunicação e tecnologias, cada vez
mais eficientes com benefícios e riscos no globalizado mundo atual.
2.3 REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
As Representações Sociais são produtos de determinações tanto históricas como do
aqui-e-agora e construções que têm a função de orientar, são conhecimentos sociais que
situam o indivíduo no mundo e, situando-o, definem sua identidade social e o seu modo de
ser em particular, que se constitui um dos produto de seu ser social (MOSCOVICI, 2004)
A Teoria das Representações Sociais foi proposta por Serge Moscovici no início dos
anos sessenta com sua tese de doutorado publicada no livro “La Psycanalyse, son image et
son public: étud sur la representation sociale de la psychanalyse”. Posteriormente, em 1976,
Moscovici reescreveu sua obra, seu estilo, reduzindo as indicações técnicas, destinado-a a um
público não mais de especialistas, como ocorrera com a primeira edição (MOSCOVICI, 1978)
Moscovici partiu dos conceitos de Durkheim sobre as Representações Coletivas. Para
Durkheim as representações coletivas diferenciam-se das representações individuais porque
enquanto as individuais transformam-se ininterruptamente, conforme a consciência de cada
pessoa, as representações coletivas se mantêm pelas bases já estabelecidas, partilhadas por
todos os membros de um grupo, ou de uma sociedade (MOSCOVICI, 1997).
Durkhein diz que através de símbolos as sociedades se reconhecem e demarcam os
limites do coletivo e do individual, e descreve que diferentes sociedades que representam
diferentemente o mundo habitam mundos diferentes. O indivíduo sofre as restrições das
representações dominantes na sua sociedade, o que conforma a sua mentalidade e prática.
(MOSCOVICI, 1997).
Moscovici (1978) renova o modo de análise tradicional da sociedade, realizado por
Durkheim, insistindo na especificidade dos fenômenos representativos que ocorrem nas
sociedades contemporâneas e se caracterizam pela intensidade e fluidez das trocas e
comunicações, pelo desenvolvimento da ciência e pela mobilidade social.
A Representação Social é tida como um legítimo objeto de estudo, devido a sua
importância na vida social, pelo conhecimento que ela traz sobre os processos cognitivos e as
transformações sociais, permitindo a compreensão dos sistemas simbólicos que, afetando os
34
grupos sociais e as instituições, também afetam as interações cotidianas na sociedade como
um todo e/ou em determinados segmentos dessa sociedade (MOSCOVICI,. 1997).
Segundo Moscovici (1978), as Representações Sociais são formas de conhecimento
socialmente elaborado e partilhado, têm uma visão prática e concorrem para a construção de
uma realidade comum a um conjunto social.
Moscovici(1978) conclui que as Representações Sociais são, ao mesmo tempo, um
"produto" do social e um "processo" de instituição desse social, tendo, entre outras, as funções
de elaboração de comportamentos e de comunicação entre indivíduos.
As Representações Sociais são elaboradas no âmbito dos fenômenos comunicacionais
que repercutem sobre as interações e mudanças sociais, a comunicação social é responsável
pelo modo como se forjam as Representações Sociais, assim como determina a formação do
processo representacional estruturado em três níveis: 1) O cognitivo, que se refere ao acesso
desigual das informações, interesses ou implicação dos sujeitos, necessidade de agir em
relação aos outros; 2) O da formação da Representação Social, estruturado pela objetivação e
ancoragem; 3) E pela edificação das condutas, elaboradas por opiniões, atitudes e
estereótipos (MOSCOVICI, 2004).
Para Abric (2001), a representação é um conjunto organizado de opiniões, atitudes, de
crenças e de informação referentes a um objeto ou situação. È determinada ao mesmo tempo
pelo próprio sujeito ( sua história, sua vivência), pelo sistema social e ideológico no qual ele
está inserido e pela natureza dos vìnculos que ele mantém com esse sistema social. Segundo
este autor, a Representação Social é organizada em torno de um núcleo central – que unifica e
dá sentido ao conjunto de uma representação, e de alguns elementos periféricos, que permitem
certa flexibilidade à mesma.
O núcleo central diz respeito àquelas representações construídas a partir de condições
históricas particulares de um grupo social, ou seja, representações construídas pelo grupo em
função do sistema de normas ao qual o sujeito se relaciona que, por sua vez, estão
relacionadas às condições históricas, sociológicas e ideológicas deste grupo ( ABRIC, 2001).
Os elementos periféricos dizem respeito às adaptações individuais destas
representações, em função da história de vida de cada membro desse mesmo grupo. Assim, o
núcleo central atua como elemento unificador e estabilizador das representações sociais
construídas por um determindao grupo, enquanto que elementos periféricos constituem-se em
verdadeiros sistemas qiue atuam no sentido de permitir certa flexibilidade às mesmas que,
diante de elementos novos, esses últimos é que são acionados para realizar as devidas
35
adaptações, evitando assim, que o significado central das representações, para aquele grupo,
seja colocado em questão (ABRIC, 2001).
Segundo Abric (2001), o sistema central é, portanto, estável, coerente, consensual e
historicamente definodo. O sistema periférico, por sua vez, contitui o complemento
indispensável do sistema central do qual ele depende. Isso porque o sistema central é
essencialemnte normativo, enquanto o sistema periférico, é funcional. Usto quer dizer que é
graças a ele que a representação pode ancorar na realidade do momento.
Enquanto processo, Moscovici (1978) observou que as Representações Sociais
dependem de dois elementos dialeticamente relacionados, denominados de "objetivação" e de
"ancoragem". A primeira consiste na transformação de um conceito ou idéia em algo concreto
que permita ao sujeito/grupo ter uma imagem facilmente exprimível do objeto representado.
Pelo processo de objetivação, nasce um "modelo figurativo" da atividade psíquica dos
sujeitos, a partir de uma série de informações parciais e selecionadas, que são convertidas em
supostos reflexos do real.
A objetivação condensa diferentes significados acerca de um novo objeto,
banalizando-o, tornando-o comum, familiarizando-o à vida do grupo, da sociedade,
concretizando-o.
Segundo Spink (1995), objetivar é descobrir a qualidade icônica de uma idéia ou ser
impreciosos para reproduzir um conceito em uma imagem, coisas que não são classificadas
nem denominadas, são estranhas, não existentes e ao mesmo tempo ameaçadoras.
No processo de ancoragem, o novo objeto, até então desconhecido, vincula-se a uma
realidade conhecida, institucionalizada, classificando, denominando, criando uma nova base
de objetos comuns, familiares, integrando-o cognitivamente ao sistema social já existente,
enquanto gera transformações no sistema de pensamento pré-existente, tornando-o um
mediador e um critério de relações entre grupos, facilitando a interpretação das relações
interpessoais e das condutas (SÁ, 1995).
Moscovici (2004) faz um comparativo entre ciência e representação social e diz que
ambas são tão diferentes entre si e ao mesmo tempo tão complementares, que se faz
necessário pensar e falar em ambos os registros. A ciência anterior a era do Iluminismo era
baseada no senso comum e fazia o senso comum menos comum; mas agora senso comum é a
ciência tornada comum, exigindo que se ponha em funcionamento os dois mecanismos de um
processo de pensamento baseado na memória e em conclusões passadas.
Os suportes pelos quais as Representações transitam no cotidiano dos grupos devem-
se não só aos discursos das pessoas pertencentes a esses grupos, aos seus comportamentos e
36
práticas sociais como também aos documentos e registros que institucionalizam esses
veículos, além de informações fornecidas pelos meios de comunicação de massa, que desse
modo se mantêm enquanto se transformam, e vice-versa (SPINK, 1998).
Segundo Moscovici (2004), categorizar, ou seja organizar significações, classificar ou
julgar alguém ou alguma coisa, significa escolher um dos paradigmas estocados em nossa
memória e estabelecer uma relação positiva ou negativa com ele.
A teoria das Representações Sociais constitui num suporte teórico valioso no estudo
do contexto escolar, sua contribuição reside principalmente na compreensão da formação e
consolidação de conceitos socialmente construídos e veiculados pelos sujeitos integrantes da
escola, que orientam seus comportamentos nas relações pedagógicas cotidianas (SHÖN,
PERRENOUD e NÓVOA, 1993).
As Representações Sociais, a partir de uma visão interdisciplinar, configura-se como
um produto de estudo, em áreas que buscam nessa disciplina elementos explicativos da
compreensão, como o da Biotecnologia, seja ela dentro de sua própria educação e de sua
condução na transmissão de informação e comunicação no contexto escolar (PRADO, 1998).
A Representação Social é uma forma de conhecer a sociedade atual, cuja velocidade
vertiginosa da informação obriga a um processamento constante do novo, porém ela não é
uma cópia nem um reflexo, uma imagem fotográfica da realidade: é uma tradução ou versão
desta. Assim também é a Representação que está em transformação como o objeto que tenta
elaborar ou compreender (ARRUDA, 2002).
37
3 OBJETIVOS
Explorar, analisar e realizar o estudo das Representações Sociais de professores de
Biologia do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de São Paulo sobre a Biotecnologia em
Saúde, assim como analisar a aquisição dos conhecimentos e sua utilização no processo de
ensino-aprendizagem em seu campo de atuação profissional.
38
4 MÉTODO
4.1 PARTICIPANTES
A pesquisa foi realizada com a participação de 64 professores de Biologia da Rede
Pública Estadual de São Paulo, que atuam no Ensino Médio das escolas vinculadas à Diretoria
de Ensino – Região Suzano. Abrange os Municípios de Suzano e Ferraz de Vasconcelos, local
este onde a Autora da Pesquisa exerce a função de Assistente Técnico Pedagógico de
Biologia.
A Autora possui, entre as atribuições (Resolução da SE-12/2005, Art.4º), as de
articular e desenvolver ações centralizadas, a exemplo o EMR. Exerce desde 2004 essa
função como Mediadora, propondo discussões teórico-metodológica do Programa juntamente
com Especialistas, os PC e PR, descentralizadas de formação continuada na área de Ciências
da Natureza, em específico na área Biológica. Participa da elaboração, implementação,
acompanhamento e avaliação das atividades de natureza pedagógica presentes no Plano de
Trabalho da Diretoria, em consonância com as diretrizes da política educacional da Secretaria
de Estado da Educação de São Paulo. A partir da análise de indicadores, presta assistência e
apoio técnico-pedagógico às equipes escolares, estimula o estudo e a utilização de novas
tecnologias e metodologias na prática docente.
Para a Autora, é de fundamental relevância, no exercício de sua função profissional,
conhecer o perfil destes Professores de Biologia a partir da análise dos indicadores que esta
pesquisa objetiva para, posteriormente, prestar assistência e apoio técnico-pedagógico em
ações de formação continuada ao sistema educacional vigente.
Os perfis dos sujeitos da pesquisa estão indicados nas tabelas de 1 a 5.
4.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
Foi aplicado um questionário composto de questões abertas e fechadas. O questionário
buscou coletar dados e elementos de suas Representações Sociais, opiniões e percepções
sobre a Biotecnologia e de sua formação, além das fontes de informações de e para sua prática
docente. Foi destinado um espaço para comentários, sugestões e opiniões de assuntos não
tratados no questionário.
39
O questionário foi constituído por 28 questões, 18 questões com enunciados abertos,
dentre as quais 11 questões compostas de alternativas “sim”, “não” ou “concordo
plenamente”, “discordo plenamente” “concordo em parte”, “discordo em parte”, “não tenho
opinião”, para serem escolhidas e posteriormente justificadas pelos sujeitos. E 10 questões
com enunciados fechados.
O Quadro 1 apresenta as variáveis, os indicadores e o tipo de questão do questionário.
Quadro 1. Variáveis, indicadores e tipo de questão.
Questões Variáveis Indicadores Fechadas Abertas e com
Alternativas Abertas
Identificação Idade; sexo; Formação; Disciplina que leciona; Tempo de magistério; Vinculo com a escola;
1, 2, 4, 6, 7, 9, 10
3, 5, 8
Representação Social sobre a Biotecnologia com enfoque em Biotecnologia em Saúde
Conhecimento sobre a biotecnologia; Seu Conhecimento e opinião sobre Aplicações da biotecnologia e da biotecnologia em saúde; suas Fontes de informações;
11,12,19 15, 16, 17, 18, 21, 22, 23
13, 14, 20
Representação dos PCNEM, PCN+Saúde
Conhecimento dos Parâmetros Curriculares, utilização dos PCN, Se segue a Recomendação sugerida pelos PCN
24, 25, 26, 27
Manifestações Pessoais
Expectativas quanto à temática abordada na pesquisa
28
As variáveis definidas para compor este trabalho não esgotam o tema.
Outras variáveis seriam importantes para a caracterização das Representações Sociais
dos professores de Biologia sobre Biotecnologia, tais como informações de procedimentos
metodológicos, teóricos e práticos no desenvolvimento de seus conhecimentos em sua
vivência pedagógica e profissional em sala de aula. Mas, devido às limitações que encerram
uma dissertação, a Autora deixa de antemão registrada aqui a necessidade de continuidade de
trabalhos científicos que versem e complementem aspectos do processo ensino-aprendizagem
sobre a Biotecnologia.
40
4.3 PROCEDIMENTO
O questionário foi inicialmente submetido à Comissão de Ética da Universidade de
Mogi das Cruzes, para execução da pesquisa, aplicando-se, a princípio, como questionário
piloto.
O questionário piloto foi aplicado a um número restrito de quatro professores, para se
determinar as possíveis distorções, cronometrar o tempo utilizado para suas respostas nas
questões elaboradas, assim como verificar as possíveis dificuldades de compreensão dos
enunciados das questões.
As respostas dos professores voluntários serviram de parâmetro para socializar a
explanação e a compreensão das questões na aplicação oficial e organizar a possível
categorização da análise dos conteúdos organizados nesta pesquisa.
Foi solicitada a autorização, ressaltando os objetivos da pesquisa, à Dirigente de
Ensino da Diretoria de Ensino – Região Suzano, a qual permitiu a aplicação deste
questionário a todos os docentes de Biologia registrados nesta Diretoria, a fim de que este se
tornasse registro e referência quanto ao perfil docente, para socialização, estudos e
providências pedagógicas posteriores.
O convite para a participação da pesquisa foi efetuado durante a Orientação Técnica de
Biologia, promovida pela Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino - Região Suzano, sobre
o Ensino da Biologia no Ensino Médio, organizada e conduzida pela Autora.
Foram apresentados o objetivo da pesquisa e as instruções quanto preenchimento do
questionário, e solicitou-se autorização em Termos de Consentimento livre no uso de seus
dados e registros, sem a identificação nominal dos participantes para análise de conteúdo das
Representações.
O questionário foi aplicado em dois períodos, para contemplar professores de Biologia
que atuam somente no período diurno e ou somente no período noturno, com uma média de
duração de uma hora e meia.
Não houve restrições durante a execução da descrição de suas respostas ao
questionário.
41
4.4 ANÁLISE DOS DADOS:
As respostas dadas às questões abertas foram analisadas utilizando a Técnica de
Análise de Conteúdo (Bardin, 1997). Os argumentos apresentados nas respostas foram
agrupados em categorias, cujas freqüências foram apresentadas em porcentagens. Utilizou-se
o teste Qui-quadrado para analisar a significância das diferenças das freqüências entre as
categorias.
A análise de conteúdo pode ser entendida como um conjunto de técnicas de análise das
comunicações visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do
conteúdo das mensagens, indicadores qualitativos e que permite inferência de conhecimentos
relativos às condições de produção/recepção de mensagens e as variáveis que podem ser
inferidas. (BARDIN,1977).
Do ponto de vista analítico instrumental, este conceito foi fundamental para a
compreensão dos dados fornecidos nos questionários.
Segundo Bardin (1977), o Método de Análise de Conteúdo pretende tomar em
consideração a totalidade de um texto, passando-o pelo crivo da classificação e do
recenseamento, de acordo com a freqüência de presença ou de ausência de itens de sentido.
Isso pode constituir um primeiro passo, obedecendo ao princípio de objetividade e
racionalizando através de números e percentagem, uma interpretação que, sem ela, teria de ser
sujeita a aval.
A categorização é uma espécie de gaveta ou rubrica significativa, que permite a
classificação dos elementos de significação constitutivas da mensagem. É, portanto, um
método taxionômico concebido para introduzir uma ordem, segundo certos critérios, na
desordem aparente.
As categorias organizadas nesta pesquisa foram avaliadas pelo juízo da Professora
Sonia Regina Martins Gonçalves, que possui graduação em Licenciatura em Ciências pela
Universidade de Mogi das Cruzes (1985), graduação em Bacharelado em Letras pela
Universidade de São Paulo (1996), graduação em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa
pela Universidade de São Paulo (1999), e Mestrado em Letras (Teoria Literária e Literatura
Comparada) pela Universidade de São Paulo (2001). Atualmente é professora titular da
Universidade Braz Cubas e Universidade Mogi das Cruzes, a qual não indicou discordância
na organização das categorias.
42
5 RESULTADOS e DISCUSSÃO
A análise dos resultados foi estruturada a partir das informações fornecidas por 64
professores de Biologia do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de São Paulo, da Diretoria
de Ensino Região Suzano, o que representa em média 75% do total de professores atuantes
nesta Diretoria. Os resultados foram organizados, analisados e discutidos quantitativa e
qualitativamente, subsidiados pelo referencial teórico e pela análise de conteúdos de seus
registros sobre os dados pessoais, profissionais e pela Representação Social destes com suas
opiniões e conceitos sobre a Biotecnologia.
Os resultados estão organizados em itens seguidos de discussões em relação aos dados
coletados.
Na análise do perfil dos professores de Biologia pesquisados, verifica-se a idade e
sexo dos professores atuantes que lecionam a disciplina Biologia no ensino médio,
relacionados com o ano de conclusão de sua graduação e pós-graduação, com sua atuação no
magistério e, especificamente, no Ensino Médio, e a vigência das Leis de Diretrizes de Base
Nacional.
Na análise do conhecimento dos professores sobre Parâmetros Curriculares Nacionais,
verifica-se onde foram adquiridas as informações sobre os PCNEM, e como são discutidas e
planejadas as organizações do plano de ensino, com os temas estruturadores ou sobre as novas
tecnologias em sua prática-pedagógica.
Para análise da Representação Social foram coletados dados sobre o contato do
professor de Biologia com a Biotecnologia, seu entendimento e seu conhecimento sobre as
aplicações da Biotecnologia.
Para análise da Representação Social do conhecimento da Biotecnologia aplicada à
saúde, foi analisada a opinião dos professores questionados sobre os enunciados, com
aplicações da Biotecnologia em animais, vegetais, em medicamentos para os seres humanos.
Para verificar a fonte de aquisição pela qual a informação e os conhecimentos da
biotecnologia são construídos, foram coletados dados do interesse, da fonte de pesquisa pela
qual a informação da Biotecnologia é adquirida.
Verificou-se a Representação social da Biotecnologia em temas emergentes, como a
Clonagem, os Transgênicos, as aplicações do DNA recombinante, em Medicamentos e em
alimentos.
43
Reservou-se também um espaço para considerações pessoais dos professores em
relação à participação na pesquisa.
5.1 Perfil dos professores de Biologia pesquisados
As questões de 1 a 10 buscam informações sobre dados do perfil do professor que
leciona a disciplina de Biologia, assim como os dados de sua formação e de sua atuação
profissional na Rede Estadual de São Paulo, como professores da disciplina de Biologia do
Ensino Médio.
5.1.1 Dados pessoais
Referente a idade e sexo dos professores participantes nesta pesquisa, os dados foram
registrados na Tabela 1.
Tabela 1 – Participantes segundo idade e sexo
Dos 64 professores, 03 deles não indicaram sua idade. Na tabela 01, foi registrada
apenas a freqüência dos professores que indicaram idade e sexo. Observa-se que (80,32%) dos
professores de Biologia encontram-se na faixa etária entre 26 a 45 anos.
Sexo
Feminino Masculino Totais
Faixas Etárias
(anos) F % F % F %
20 a 25 4 9,09 1 5,88 5 8,20
26 a 30 9 20,45 7 41,18 16 26,23
31 a 35 12 27,28 2 11,76 14 22,95
36 a 40 6 13,64 3 17,65 9 14,75
41 a 45 6 13,64 4 23,53 10 16,39
46 a 50 4 9,09 0 0 4 6,56
51 a 55 3 6,81 0 0 3 4,92
Totais 44 100 17 100 61 100
44
Com relação à indicação sobre o sexo, observou-se que 46 (72%) são do sexo
feminino e 18(28%) do sexo masculino.
5.1.2 Ano de Conclusão do Curso Superior Licenciatura em Biologia
Entre os 64 professores pesquisados, 01 participante não concluiu a Graduação, atua
na Rede Estadual como professor eventual e 02 professores não responderam a questão, estes
03 professores não estão relacionadas na Tabela 2.
Tabela 2 – Participantes segundo o ano da conclusão da Graduação
Com relação ao ano de Conclusão do Curso de Licenciatura em Biologia ou Ciências
Biológicas, observou-se que 40 (65,57%) concluíram entre 1997 a 2006, 14 (22,95%) dos
participantes concluíram entre 1987 a 1996, 5(8,20%) concluíram entre 1977 a 1986 e 2
(3,28%) concluíram em 1973 e 1975, respectivamente.
Dos 64 participantes da pesquisa, 61 (95%) concluíram sua graduação em Instituição
particular, entre eles 74% dos professores concluíram a graduação em Mogi das Cruzes,
cidade vizinha da Diretoria de Ensino – Região Suzano, a qual pertence todos os pesquisados,
42% na Universidade Braz Cubas (UBC) e 32% na Universidade de Mogi das Cruzes (UMC).
Entre os demais participantes, 18% concluíram a graduação em Instituições, todas no Estado
de São Paulo, 8% não indicaram o nome de sua Instituição. Apenas 02 participantes
concluíram Graduação em Instituição Pública, na Universidade de São Paulo.
Ano de Conclusão F %
1972 a 1976 2 3,28
1977 a 1981 1 1,64
1982 a 1986 4 6,56
1987 a 1991 6 9,84
1992 a 1996 8 13,11
1997 a 2001 25 40,98
2002 a 2006 15 24,59
Totais 61 100
45
5.1.3 Dados de formação curricular após a Graduação em Biologia
Dos 64 professores participantes na pesquisa, 05 (8%) realizaram após a Graduação
em Biologia, outro Curso de Graduação. Entre eles, 03 concluíram o Curso de Pedagogia, 01
em Gestão de Educação Especial e 01 em Psicologia Clínica.
Dos 64 professores de Biologia, 46(72%) não realizaram Curso de Pós-Graduação
“Scrito Senso” ou “Latu Senso”, 02 (3%) estão a concluir respectivamente, Curso Superior de
Gestão de Políticas Públicas e Especialização “Latu Senso” em Psicobiologia na Universidade
Federal de São Carlos.
Verifica-se que, 11(17%) concluíram Curso de Pós Graduação, cujos dados estão
representados na tabela 3.
Tabela 3 - Distribuição ano da conclusão Pós-Graduação “Latu-Senso” ou “Scrito-Senso”
Entre os 11(17%), concluíram Curso de Pós Graduação, 5 (45%) realizaram
Especialização “Latu Senso” na área Educacional, entre os cursos realizados são citados.
Didática do Magistério(1980), Ensino Lúdico de Física(1995), Psicopedagogia (2001),
Informática na área Educacional (2002) e Administração Escolar(2005), 5 (45%) concluíram
Especialização “Latu Senso” na Área Biológica, entre os cursos realizados são citados a
Microbiologia(2000), Ecologia(1974), Aracnídeos/Imunoquímica(2004) e Administração
Ambiental(2005). Apenas uma professora concluiu o “Scrito Senso”, possui os títulos de
Mestre e Doutora em Ciências, na área de Zoologia, pela Universidade de São Paulo (2005).
Ano de Conclusão F %
1972 a 1976 1 9,09
1977 a 1981 1 9,09
1982 a 1986 0 0
1987 a 1991 0 0
1992 a 1996 1 9,09
1997 a 2001 3 27,28
2002 a 2006 5 45,45
Totais 11 100
46
5.1.4 Dados sobre a atuação no Magistério:
Tabela 4 – Distribuição dos professores segundo Tempo de Atuação no Magistério
Dos 64 professores de Biologia que participaram da pesquisa, observou-se que 35
(54,69%) iniciaram sua carreira no Magistério nos últimos dez anos, sendo que entre estes, 15
(42,8%) possuem o cargo na Rede Pública como professor efetivo. Os demais professores
pesquisados, 29 (45,31%), atuam no magistério há mais de dez anos, sendo que 09 destes
possuem o cargo de professor efetivo na Rede Pública, uma das professoras pesquisadas após
sua aposentadoria, retornou ao Magistério.
Os professores participantes desta pesquisa, em 2006, lecionam a disciplina de
Biologia no Ensino Médio, embora uma professora dentre os participantes atua como
professora eventual, ou seja, não possui classe atribuída na Rede Estadual de Ensino.
Tabela 5 – Distribuição dos professores segundo Tempo de Atuação no Ensino Médio
Dos 64 participantes, 79,69% atuam no Ensino Médio como professores de Biologia
há menos de 10 anos; 20,31% atuam no Ensino Médio há mais de 11 anos.
Tempo no Magistério
(anos) F %
31 a 40 1 1,56
21 a 30 3 4,69
11 a 20 25 39,06
1 a 10 35 54,69
Totais 64 100
Tempo Atuação no EM (anos)
F %
31 a 40 1 1,56
21 a 30 2 3,13
11 a 20 10 15,62
1 a 10 51 79,69
Totais 64 100
47
Entre os professores que atuam no Ensino Médio há menos de dez anos, 25% atuam
no Magistério há mais de 11 anos. Verifica-se que anteriormente estes professores lecionavam
como Professores no Ensino Fundamental.
Tabela 6 - Distribuição dos participantes segundo período em que lecionam
Com relação à freqüência dos participantes segundo o Período em que lecionam, 40
(47,06%) dos participantes lecionam no período da manhã, 7 (8,23%) no período da tarde e 38
(44,71) lecionam no período noturno. O Ensino Médio na Rede Pública da Diretoria de
Ensino de Suzano é oferecido principalmente nos períodos da manhã e da noite.
Dos 64 professores participantes, apenas um professor leciona nos três períodos,
34,37% lecionam em dois períodos: 72,72% lecionam no período na manhã e noite, 18,18%
lecionam no período da manhã e tarde e 9,09% lecionam no período da tarde e noite. Três
professores lecionam na Rede Estadual e na Rede particular de Ensino e três professores
lecionam na Rede Pública Estadual e Municipal de Ensino.
5.1.5 Dados sobre curso de formação continuada durante atuação no
Magistério
Parte da pesquisa buscou coletar dados para verificar se os professores de Biologia do
Ensino Médio participam de Cursos de Formação Continuada, oferecidos pela Rede Estadual
e ou Particular de Ensino, como indicado na LDB 9394/06.
Do total de professores da pesquisa, 31(48,43%) nunca participaram de Programas de
Formação Continuada. Os demais professores, que representam 33(51,56%), já participaram
ou participam de programas de Formação Continuada, entre estes 81,81% participam do
Programa Ensino Médio em Rede, um Programa de Formação Continuada em serviço,
realizada durante o Horário de Trabalho Coletivo na Escola, 11(33,33%) realizaram o Curso
Período que lecionam F %
Manhã 40 47,06
Tarde 7 8,23
Noite 38 44,71
Totais 85 100
48
de Formação Continuada fora do horário de Serviço, e citaram os Cursos oferecidos pela Teia
do Saber.
� Discussão do Perfil dos professores de Biologia no Magistério
Por meio da análise de dados sobre o perfil de formação e atuação profissional dos
professores de Biologia, verifica-se que durante o processo de formação acadêmica para
atuarem como licenciados a lecionarem nas disciplinas de Ciências e Biologia, parte dos
professores receberam formação pela LDB 5.692/71 e parte pela LDB 9394/96.
A LDB expressa a política e o planejamento educacional do país. Essas diretrizes são
embasadas na Constituição Federal. A finalidade da LDB é ajustar os princípios enunciados
no texto constitucional para a sua aplicação a situações reais que envolvem várias questões,
entre elas: o funcionamento das redes escolares, a formação de especialistas e docentes, as
condições de matrícula, aproveitamento da aprendizagem e promoção de alunos, os recursos
financeiros, materiais, técnicos e humanos para o desenvolvimento do ensino, a participação
do poder público e da iniciativa particular no esforço educacional, a superior administração
dos sistemas de ensino, as peculiaridades que caracterizam a ação didática nas diversas
regiões do país.
É de extrema relevância que o professor atuante como profissional da educação
compreenda Lei de Diretrizes e Bases e o histórico da educação nacional.
Nesta pesquisa entre os 64 professores de Biologia, 21 (22.95%) realizaram a sua
Graduação através da LDB 5.692/71.
Segundo Krasilchik (1987), em virtude desta LDB o Conselho Federal de Educação
(CFE), pela Resolução nº30/74, tornou obrigatória a unificação das Licenciaturas da área de
Ciências Físicas e Biológicas e de Matemática, convertendo-as em uma única Licenciatura de
Ciências com habilitação específica para o 1º grau ou para o 1º e 2ºgraus. Essa situação gerou
conflito entre as Instituições superiores, comprometendo o sistema de formação de
professores, desde sua adaptação em estrutura, até a composição de um corpo docente
qualificado. As aulas práticas foram reduzidas e muitos acadêmicos não as tiveram em sua
formação, consequentemente adotaram para suas aulas uma metodologia teórica que utilizava
livros-texto, os quais não apresentavam um nível adequado ao ensino pretendido.
Esta mesma LDB, por um lado considerava o ensino de Ciências importante
componente para a preparação de um corpo qualificado de trabalhadores, por outro, estipulava
49
uma série de disciplinas que pretendiam ligar o aluno ao mundo do trabalho, sem que os
estudantes tivessem base para aproveitá-las, sem um correspondente benefício para a
profissionalização (KRASILCHIK, 2004).
Os demais professores da pesquisa 40 (65,57%) realizaram a graduação através da
Nova LDB 9394/96, a qual em 1998, para sua normatização, foi regulamentada pelas
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), ano da publicação dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
Estes dados fomentam a discussão desta pesquisa em relação à compreensão e à
utilização que os professores fazem da LDB e dos PCN em sua atuação profissional,
principalmente em relação às propostas junto a inclusão das novas tecnologias e dos temas
estruturadores, entre eles a Biotecnologia.
5.2 CONHECIMENTO DOS PROFESSORES SOBRE OS
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
Parte da pesquisa buscou coletar dados sobre o que os professores de Biologia do
Ensino Médio conhecem sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio,
documento este apresentado como Proposta Pedagógica, a partir da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional n° 9394, de 20/12/1996, e que se propõem a orientar na organização
dos subsídios teóricos e metodológicos, como referencial estabelecido pelo Ministério da
Educação e Cultura (MEC) para cada etapa do ensino fundamental e médio no Brasil.
Ao verificar os professores que estudaram e analisaram os Parâmetros Curriculares
Nacional do Ensino Médio em Biologia, observou-se que 18(28,12%) dos professores não
conhecem os PCNEM, um professor não respondeu a questão e 45 (70,31%) citam ter
conhecimento sobre os PCNEM.
Ao descreverem em que situação ocorreu o contato com o documento, observou-se
que dentre os que não conhecem o PCNEM, três deles revelaram apenas ouvir citações sobre,
no Horário de Trabalho Coletivo da escola, porém sem aprofundamento, discussões ou
estudos.
Dos 45 professores, 3 (6,66%) não citaram as condições em que a leitura foi adquirida.
As condições em que os professores citam conhecer os PCNEM foram organizadas em
categorias na Tabela 07.
50
Tabela 07 – Aquisição de informações sobre os Parâmetros Curriculares Nacionais
Categorias F %
Durante o Planejamento Escolar 12 21,05
Durante a Graduação/ Disciplinas Didática e Práticas de Ensino
9 15,79
Elaboração de Planos de Ensino 8 14,04
Para Concurso Público 8 14,04
Para atualização e conhecimento 7 12,28
Durante as HTPC/ Programa EMR/ Elaboração Projetos Interdisciplinares
6 10,52
Elaboração de Planos de Aula 4 7,02
Possui pouco conhecimento e leitura 3 5,26
Totais 57 100
Estatisticamente as diferenças entre as freqüências das categorias representadas na
Tabela 07 são significativas. (p= 2,65 para p≤0,05)
Entre os professores que registraram estudar ou ler os PCNEM, observa-se que
52,63% recebem as informações através do Ambiente Escolar, 12(21,05%) citam a discussão
sobre o assunto no Planejamento Escolar, 8(14,04%) na Elaboração do Plano de Ensino e
6(10,52%) no HTPC, ações estas planejadas no coletivo da equipe pedagógica escolar,
discutindo elaboração de Projetos Interdisciplinares ou o Programa Ensino Médio em Rede,
4(7,02%) citam o contato durante a elaboração do Plano de Aula.
Observa-se que 26,32% afirmam buscar informações dos PCNEM para conhecimento
próprio, 14,04% leram para Concurso Público e 12,28% por curiosidade e ou para atualização
de informações, 5,26% citam possuir pouca leitura para discutir a proposta.
Embora os PCN se proponham a orientar na organização dos subsídios teóricos e
metodológicos, verifica-se que o documento é pouco utilizado e as discussões se processam
somente em ocasiões específicas de trabalho coletivo, como nos planejamentos anuais e ou
semestrais de planos e projetos de ensino.
51
5.2.1 Conhecimento dos temas estruturadores propostos nos Parâmetro
Curriculares Nacionais
A pesquisa solicitou que os professores descrevessem se há discussão na escola sobre
os PCN e suas novas Tecnologias, indicando se possível quais os temas são discutidos.
Dos 64 professores participantes, 35 (54,68%) citam nunca ter discutidos os PCN
sobre as novas Tecnologias e 29 afirmam discutir o assunto na escola, mas não justificaram
seus procedimentos, apenas citaram os temas que incluem em seus planos de aulas, como a
Clonagem, os Transgênicos, as Células-Tronco, Substâncias produzidas por Microorganismos
e a Biotecnologia aplicada no Meio Ambiente.
Ao solicitar que os professores descrevessem se os PCN atendem às necessidades de
sala de aula, 22 (34,37%) não responderam à questão, apenas 40% destes justificaram não ter
informações para comentar a questão. 21(32,81%) citam que os PCN não atendem às
necessidades de sala de aula, entre eles 9% apontam que os PCN são de difícil interpretação,
14,28% citam que o número de aulas oferecidas pela disciplina de Biologia no Ensino Médio
é reduzido, em algumas escolas possui apenas 1 aula semanal, as demais citações descrevem
comentários de que os PCN deveriam oferecer, como proposta de metodologia de ensino,
sugestões de elaboração de projetos, de aula práticas. Estas, como outras descrições, não
foram tabuladas por não serem pertinentes à questão solicitada.
� Discussão da análise dos professores sobre os Parâmetros
Curriculares Nacionais e os temas estruturadores
Verifica-se que não há discussões no ambiente escolar sobre a necessidade de incluir
no plano curricular as novas tecnologias, os temas estruturadores, como o da Biotecnologia.
Esta análise explica as divergências nos currículos de uma unidade escolar para a
outra, detectada por estes mesmos professores durante a socialização, explanação e
comparação de conteúdos e temáticas definidas em planejamento escolar por cada membro
das unidades escolares presentes.
Não somente pela divergência sobre os aspectos de escolhas de objetivos específicos
ou gerais da grade curricular, como também na organização de um currículo a desenvolver
competências e habilidades em detrimento de conteúdos e saberes historicamente acumulados
pelos diferentes campos do conhecimento, como também pela não compreensão da aplicação
52
dos princípios de interdisciplinaridade e contextualização dos conteúdos em sua prática
pedagógica.
A indagação para esta questão remete a outros questionamentos necessários nas
discussões do contexto escolar, se não há compreensão, estudos e discussão da proposta da
LDB, dos PCN e dos PCNEM. É necessária a investigação e a análise de como a disciplina
Biologia está sendo aplicada e qual o resultado irá contemplar na construção de saberes
desenvolvido pela ciência e suas tecnologias, e a análise do quê, como e de que forma estão
sendo construídos os saberes científicos no contexto escolar.
Entre a formação continuada oferecida aos professores da Rede Pública Estadual de
São Paulo, o Programa Ensino Médio em Rede, em sua segunda fase, organiza a reflexão e o
estudo das áreas de conhecimento articuladas no enfoque da importância da leitura e da
escrita, na compreensão e na construção dos diferentes gêneros do discurso, que concorrem e
circulam pelas esferas escolares, científicas e sociais de comunicação nas quais professores e
alunos perpassam ou irão eventualmente perpassar.
5.3 ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DOS PROFESSORES DE
BIOLOGIA SOBRE A BIOTECNOLOGIA
Para a análise desta pesquisa, o enfoque sobre o tema estruturador proposto nos PCN a
ser integrado no currículo da Biologia foi o da Biotecnologia. Tema polêmico do campo
interdisciplinar, que envolve a Biologia no que diz respeito ao seu entendimento quanto ao
conceito e quanto ao seu desenvolvimento e sua aplicação junto aos recursos naturais, assim
como a sua utilização por tecnologias que implicam em intensa intervenção humana e no
ambiente, levando em conta a dinâmica dos ecossistemas e dos organismos, ou seja, no modo
como a natureza se comporta e como a vida se processa.
A pesquisa organizou 13 questões referentes à análise da Representação Social dos
professores de Biologia sobre a Biotecnologia.
5.3.1 O contato do professor de Biologia com a Biotecnologia
A questão de número 11 busca informação sobre que momento a Biotecnologia é
tratada como tema ou disciplina dentro do Curso de Graduação.
53
Como um professor não respondeu a questão, entre 63 professores, observa-se que 23
(36,50%) receberam informações do tema em disciplinas de sua grade curricular, estes
concluíram a sua graduação a partir de 1997. Uma professora obteve os conhecimentos da
biotecnologia durante sua Pós-Graduação “Scrito Senso” concluída em 2005, os demais 39
(61,90%) que concluíram sua graduação até o ano de 1996, indicam não ter obtido acesso ao
conteúdo de Biotecnologia durante sua Graduação.
A questão de número 12 refere-se ao conhecimento da Biotecnologia, todos os 64
professores da pesquisa, registraram ter ouvido falar em Biotecnologia.
5.3.2 O Entendimento do professor de Biologia por Biotecnologia
As questões de números 13 e 14 foram elaboradas com enunciado do tipo aberto não
contextualizado, ou seja, são questões que não trazem na sua descrição parâmetros
explicativos para o posicionamento em foco específico, o que exige do leitor a mobilização de
seus diferentes conhecimentos internalizados de forma global para então se posicionar em sua
resposta, revelando ali marcas de sua Representação Social.
A questão de número 13 buscou informações referentes às Representações Sociais
sobre a Biotecnologia. Foram identificados 35 argumentos, 6 argumentos não foram
categorizados, pois a resposta não atendia à pergunta solicitada, os demais argumentos foram
organizados em 5 categorias, contidas na tabela 08.
Tabela 08 – Entendimento dos participantes sobre a Biotecnologia
Categorias F %
Procedimentos tecnológicos 23 27,71
Modificação/ Manipulação 17 20,48
Estudos para melhoria da qualidade da vida 17 20,48
Avanços da Biologia 16 19,28
Área de pesquisa 10 12,05
Totais 83 100
Estatisticamente as diferenças entre as freqüências das categorias representadas não é
significativa. (p=0,18 para p≤0,05)
54
Na categoria Procedimentos Tecnológicos, destacam-se 23 (27,71%) argumentos, em
que 30% representam a Biotecnologia como uso de técnicas e procedimentos em materiais
genéticos, 14% como técnica de melhoramento genético, 52% como técnica e procedimentos
que visam ao aperfeiçoamento dos seres vivos e 4% por técnica e procedimentos que curam
doenças.
Na categoria Modificação/Manipulação, ocorreu a freqüência de 17 (20,48%), em que
53% representam que essas modificações e alterações acontecem no material genético ou
DNA. Os demais 35% representam que a Biotecnologia promove modificações ou alterações
em características de algo ou de elementos nos seres vivos, sem indicar o local onde estas
possam ocorrer, e 12% que através de modificações e alterações genéticas a Biotecnologia
obtém produtos de interesse humano.
Na categoria Estudo para melhoria de Qualidade de Vida, observa-se a freqüência de
17(20,48%) argumentos. Nesta categoria, 42% dos professores representam a Biotecnologia
como um estudo que visa à qualidade de vida de modo geral, sem indicar em que áreas de
atuação esta se aplica; 18% que a melhoria é em relação à saúde; 12% na melhoria de
produtos alimentícios; 18% em produzir seres com características desejáveis; 5 % na melhoria
de medicamentos e 5% na melhoria do meio ambiente.
Na categoria Avanços da Biologia, observa-se a freqüência de 16(19,28%), em que
62,5% referem-se à Biotecnologia como um avanço da Biologia na utilização de tecnologia
aplicada aos seres vivos; 37,55% indicam a Biotecnologia como um avanço da Biologia,
como uma área de estudo mais aprofundada e com comprovação científica.
Na categoria Área de Pesquisa, ocorreu a freqüência de 10 (12,05%), em que 20%
representam a Biotecnologia como área de pesquisa envolvendo conhecimento do DNA, dos
genes e do funcionamento celular; 20% apenas como Área de pesquisa, não especificam a
área de atuação; 20% como Área de pesquisa na observação e estudo metodológicos de
procedimentos biológicos,; 10% como área de pesquisa envolvendo tecnologia; 10% como
área de pesquisa da saúde e 20% como uma área de pesquisa ainda não consolidada, sendo
apenas testada em animais e vegetais.
Observa-se que não foi registrada nenhuma restrição negativa no entendimento do
conceito Biotecnologia.
55
5.3.3 Conhecimento de aplicações da Biotecnologia
A questão de número 14 buscou informações sobre Aplicações da Biotecnologia
conhecidas pelos professores participantes.
Entre as aplicações apresentadas pelos professores, 8% não se referiam às aplicações
da Biotecnologia, entre elas foram citados exames, procedimentos técnicos e cirúrgicos
utilizados pela medicina, como ressonância magnética, ultra-som e técnicas de reprodução
como o PCR, teste de paternidade e a produção de armas biológicas, estas não foram
categorizadas em Tabela.
Entre as aplicações da Biotecnologia que os professores indicaram, foram registradas
140 citações, que foram organizadas em 14 categorias, conforme Tabela 09.
Tabela 09 - Distribuição de categorias sobre as aplicações da Biotecnologia
Categorias F %
Transgênicos/OGM 34 27,2
Clonagem 32 25,6
Genoma 15 12
Células-tronco 11 8,8
Melhoramento genético 10 8
Fabricação de vacinas 8 6,4
Produção de fármacos 8 6,4
Controle de pragas na agricultura 3 2,4
Produção de animais produtores de órgãos/tecidos para transplante humano
3 2,4
DNA recombinante 1 0,8
Totais 125 100
Estatisticamente as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são
significativas. (p=5,12 para p≤0,05)
Observa-se considerável freqüência de representatividade a aplicação da Biotecnologia
entre clonagem (26,56%) e em transgênicos/OGM (25%), foram indicadas estas aplicações
em animais e vegetais.
56
É considerável também a freqüência citada na importância da identificação do
Genoma e do Estudo das Células-Tronco.
Na categoria Genoma, os professores descreveram a importância do conhecimento do
genoma no sequenciamento do DNA dos diversos seres vivos, no registro da biblioteca
genômica e para a manipulação gênica dos diversos seres vivos.
Na categoria Melhoramento Genético, 60% referem-se ao melhoramento em plantas,
20% ao melhoramento genético em seres humanos e 20% nos seres vivos em geral.
Da freqüência total categorizada, 16(12,50%) indicam a aplicação da Biotecnologia na
fabricação de fármacos; 50% destes referem-se à produção de vacinas; 3(2,35%) ao controle
de pragas na agricultura e 3(2,35%) à produção de animais produtores de órgãos/tecidos para
transplantes de órgãos humanos.
� Discussão sobre a Representação Social que os professores possuem
quanto ao entendimento e a aplicação da Biotecnologia
Verifica-se que os professores em sua Representação Social quanto ao entendimento
sobre a Biotecnologia, pela análise de conteúdos em seu discurso, posicionam-se de acordo
com o referencial da etmologia da palavra “bio-tecno-logia”. As referência e descrição de
conceitos e procedimentos do que de fato vem a ser a Biotecnologia no aspecto de aplicação
biológica, com conceitos nominativos da ciência, são citados por um número muito pequeno
de professores.
Percebe-se que um número não representativo cita em suas justificativas o uso de
conceitos e terminologias específicas da Biotecnologia, com precisão na descrição de acordo
com embasamento de referencial científico, não somente indicando posicionamento pessoal.
Estes professores são os que informam participar de palestras ou cursos de atualização sobre
as novas tecnologias em Universidades ou Institutos Especializados em Pesquisa Científica.
Observa-se que 48,19% referem-se à Biotecnologia como procedimentos tecnológicos
com modificações e manipulações, parte dos professores citam que estes procedimentos se
aplicam em material genético, outros não especificam o local. Há aqueles que citam a
Biotecnologia como estudo ou avanço da Biologia. A Biologia é considerada uma ciência
positiva que visa à compreensão no processo da vida, porém 10% dos pesquisados indicam a
Biotecnologia como ciência nova em fase de avaliação e experimentação.
57
5.4 A BIOTECNOLOGIA APLICADA À SAÚDE
Parte da pesquisa ocupou-se de informações referentes às Representações que os
professores de Biologia possuem sobre a Biotecnologia aplicada à Saúde.
A questão de número 15 buscou informação sobre a opinião dos professores quanto a
Biotecnologia causar problemas à saúde humana.
Dos 64 participantes, 10 (15,62%) não indicaram posicionamento sobre a questão,
onde 2 professores responderam que talvez a Biotecnologia possa causar problemas à saúde
humana, pois depende do fim com que esta será utilizada, onde referem-se que como toda
inovação não se conhecem suas variáveis; 5 professores não opinaram sobre a questão.
Verifica-se que 50% alegam não saber opinar sobre o assunto, 25% dizem que nada é dado
como certo e 25% diz que há prós e contras.
Entre os professores que indicaram posicionamento na questão solicitada, suas
Representações Sociais foram organizadas em duas tabelas, as respostas “Não” foram
categorizadas na Tabela 10 e as respostas “Sim” foram organizadas na Tabela 11.
A Tabela 10 contém o registro de 32(50%) professores que responderam que a
Biotecnologia não causa problemas à saúde humana, entre estes, dois professores não
justificaram sua escolha, as demais justificativas foram organizadas em 5 categorias.
Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são
significativas. (p=1,38 para p≤0,05)
Tabela 10 – Biotecnologia e benefícios para a Saúde
Categorias F %
Biotecnologia visa ao bem 13 41,94
Testes experimentais 6 19,35
Questão de ética 5 16,13
Desconhecem malefícios 4 12,90
Fatores de risco sempre existem 3 9,68
Totais 31 100
Entre os argumentos com maior freqüência está a categoria Biotecnologia visa ao bem,
em que 13(41,94%) justificam que a Biotecnologia visa à saúde dos seres humanos, 15,38%
58
referem-se ao uso da Biotecnologia em benefícios aos alimentos e outros 15,38% em
benefícios no aperfeiçoamento e no melhoramento genético dos seres vivos em geral.
Na categoria Testes experimentais, 6 (19,35%) dos professores representam que a
Biotecnologia não causa problemas à saúde humana, 66,66% afirmam que os produtos da
Biotecnologia lançados no mercado são extremamente testados, os outros 33,34% dizem que
os produtos da biotecnologia não causam problemas desde que testados.
A questão da ética é citada com a freqüência de 5(16,13%), estes destacam a
necessidade da responsabilidade à integridade dos seres vivos, principalmente ao humano.
Na quarta categoria ocorreram com a freqüência de 4(12,90%) justificam que
desconhecem informações de malefícios divulgados por produtos ou processos da
Biotecnologia em seres humanos, assim como 9,68% indicaram que todo produto da ciência
pode possuir fatores de risco à humanidade.
A Tabela 11 contém o registro de 24(37,5%) professores que responderam que a
Biotecnologia causa problemas à saúde humana, um dos participantes não se justificou, as
demais justificativas foram organizadas em 8 categorias na Tabela 11.
Tabela 11 – Biotecnologia e problemas com a Saúde
Categorias F %
Biotecnologia possui poucos estudos/metodologias 8 23,53
Existem variáveis negativas em pesquisas 8 23,53
Podem desencadear reações alérgicas 6 17,65
Podem gerar seres resistentes/ agentes patógenos 4 11,77
Podem gerar armas biológicas 3 8,82
Quando objetivo não é divulgado/informado pela mídia 3 8,82
Conclusões só com mais utilizações/testadas 1 2,94
Se não utilizar da ética 1 2,94
Totais 34 100
Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são
significativas. (p=2,52 para p≤0,05)
Entre as justificativas com maior freqüência, 23,53% apontam que a Biotecnologia é
recente, seus estudos e metodologias não estão definidos; 23,53% representam que toda
59
pesquisa científica possui variáveis que podem ser negativas aos seres humanos e 17,65%
representam que os produtos da Biotecnologia podem desencadear reações alérgicas nos seres
humanos.
Entre as demais freqüências registradas, 11,77% representam que a Biotecnologia
pode gerar seres resistentes ou até mesmo patológicos aos humanos; 8,82% representam que a
Biotecnologia pode ser utilizada como armas biológicas; outros 8,82% representam que
quando o objetivo não é divulgado ou informado pela mídia pode causar problemas aos
humanos; 5,88% dizem não a aceitarem se não utilizarem a ética ou não forem utilizadas e
testadas com conclusões mais precisas.
� Discussão sobre a Biotecnologia aplicada à Saúde
O enfoque de conhecer a Representação de Biotecnologia aplicada à Saúde está no
fato que a Educação em Saúde tem por objetivo comum a melhoria da qualidade de vida da
população de modo geral.
Ao falarmos em saúde, buscamos a compreensão ampla do que seja “ser saudável” e
com qualidade de vida, que nos remete à articulação entre as condições nas quais esta se
aplica.
JUNIOR, SOUZA & BROCHIER (2004) destacam que uma das questões em
representações sociais da educação em saúde e de temas ligados a questões ambientais é a
obtenção de algo que a própria educação não detecta sem a reflexão de sua concepção, que é a
de estabelecer uma linguagem única, ou seja, buscar entendimento consensual da realidade e,
em última análise, uma conduta social mais favorável para a sobrevivência do planeta e a
promoção de saúde coletiva.
Nesta referência, verifica-se que 50% dos sujeitos desta pesquisa se posicionaram de
forma positiva, porém se justificaram indicando algumas observações e restrições como a
ética e testes de segurança.
Os professores que preferiram não se posicionar, que correspondem a 15%,
justificaram-se que não têm opinião sobre o assunto, por falta de informação.
Alguns professores destacaram que a Biotecnologia causa problemas à saúde, embora
não tenham registrado nenhuma restrição quanto à Biotecnologia em si, justificaram que a
mesma visa ao bem e à qualidade dos seres vivos, mas também apontaram que a
Biotecnologia pode desencadear reações alérgicas nos seres humanos.
60
5.5 A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DOS PROFESSORES DE
BIOLOGIA, QUESTIONADOS SOBRE ENUNCIADOS COM
APLICAÇÕES DA BIOTECNOLOGIA
As questões de número 16 e 17 foram elaboradas com enunciado do tipo fechado, ou
seja, o enunciado leva o pesquisado a se posicionar perante à descrição de um fato específico,
no caso, sobre algumas das aplicações da Biotecnologia.
As respostas dadas para esta questão foram organizadas e separadas em sua análise, de
acordo com suas justificativas nos seguintes itens:
- os que não possuem uma opinião sobre as aplicações citadas;
- os que discordam em parte das aplicações;
- os que discordam totalmente das aplicações;
- os que concordam sem restrições às aplicações citadas;
- os que concordam em parte, porém com restrições as aplicações.
A questão de número 16 buscou informações sobre as Representações Sociais dos
professores quanto à opinião que possuem no tocante á “Usar a Biotecnologia moderna na
produção de alimentos, por exemplo, aumentando seu teor de proteínas, tornando-os maiores
ou mudando o seu gosto”.
Entre os 64 professores, 7(10,945%) ainda não têm opinião sobre o assunto, entre eles
57,14% consideram o assunto polêmico, não possuem informações sobre sua segurança.
Entre os professores que discordam ou os que possuem restrições a esta aplicação, 4
(6,25%) discordam em parte sobre o uso da Biotecnologia para este fim; 50% justificam que
não concordam com a aplicação imediata da Biotecnologia pela indústria do alimento, por não
terem acompanhamento das provas científicas, os demais não responderam à questão.
Verificou-se que 4(6,25%) discordam totalmente. Entre estes professores, embora
tenham citado que a biotecnologia visa à melhoria da qualidade dos seres vivos, 50% foram
assertivos “Alimentos modificados não faz bem à saúde.” e “Não se deve alterar e sim cuidar
do meio para se ter bom frutos”; os demais 50 % responderam: “O problema dessa tecnologia
está no que ela vai dar ou onde vai chegar, o que está bom não deve ser modificado.”; “Gosto
do gosto dos alimentos como são”. Estes responderam como opinião pessoal, sem restrições A
aplicação da Biotecnologia.
61
Dos 64 professores que responderam a esta questão, 28(43,75%) concordam em parte
as justificativas estão categorizadas na Tabela 12; 12(18,75%) concordam totalmente e as suas
justificativas estão categorizadas na Tabela 13.
Entre os participantes, 8 (22,22%) se posicionaram favoráveis a essa aplicação da
biotecnologia, mas por não justificarem seu posicionamento, não foram categorizados na
tabela 12.
Tabela 12 – Restrições às aplicações da Biotecnologia na produção de alimentos
Categorias F %
Não conhece as variáveis futuras 11 44
Não deveria mudar o gosto dos alimentos 3 12
Desde que não interfira nas gerações futuras 3 12
Pode ocorrer monopólio da indústria alimentícia 2 8
A manipulação genética pode diminuir diversidade 2 8
Pode causar alergias ou resistência a antibióticos 2 8
Deve-se um estudo por período maior 2 8
Totais 25 100
Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são
significativas. (p=7,25 para p≤0,05)
Na categoria com maior freqüência, 11(44%) dos professores representam que
concordam em parte com esta aplicação por não conhecerem as variáveis futuras.
Entre as demais freqüências registradas, 12% representam que a Biotecnologia não
deveria mudar o gosto dos alimentos; 12% concordam com a aplicação, desde que não
interfiram nas gerações futuras; 8% citam que aplicação na agricultura pode promover um
monopólio, beneficiando somente a indústria alimentícia e não os consumidores em si.
Nas demais categorias com menor freqüência, os professores argumentam que esta
aplicação da Biotecnologia pode causar alergias ou resistência a antibióticos, diminuir a
diversidade biológica impedindo trocas de material genético ao acaso, deve-se promover um
estudo por maior período.
62
Tabela 13 - Biotecnologia na produção de alimentos
Categorias F %
Avanço tecnológico para seleção de variedades 4 40
Melhora aproveitamento agrícola 3 30
É a favor do melhoramento genético 1 10
Há programa de segurança experimental 1 10
Ajuda minimizar a fome mundial 1 10
Totais 10 100
A tabela 13 refere-se à Representação Social de 12 professores que concordam
totalmente com o uso desta tecnologia..
Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são
significativas. (p=4,32 para p≤0,05)
Dos 12 (18,75%) professores que concordam totalmente com esta aplicação da
Biotecnologia, é considerável a freqüência de 40% na categoria dos professores que
consideram a aplicação da Biotecnologia um avanço da ciência para a seleção de variedades
de espécies alimentícias para a humanidade; 30% representam que esta aplicação proporciona
melhor aproveitamento agrícola, aumentando a produtividade e a qualidade dos alimentos.
Nas demais categorias 10% dos sujeitos manifestam-se favoráveis à aplicação,
justificando-se a favor do melhoramento genético por confiar no programa de segurança
alimentar existente, e que o aumento de propriedades no alimento pode contribuir para
minimizar a fome mundial.
A questão de número 17 buscou informações nas Representações dos Professores
sobre a opinião que os mesmos possuem quanto à aplicação de “Retirar genes de espécies
vegetais e transferir para plantas cultivadas, para torná-las mais resistentes a pragas”.
Entre os participantes da pesquisa que se posicionaram em relação à questão, 6
professores discordam dessa aplicação e 53 concordam. Foram apresentados 26 argumentos,
que foram organizados em 12 categorias, representados na Tabela 14.
Entre os 59 participantes que se posicionaram sobre a questão, 53(82,81%) dos
professores que concordam com esta aplicação da Biotecnologia, apontam restrições, 3
professores não justificaram sua opinião e 6 professores não concordam com a aplicação.
63
Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são
significativas. (p=2,68 para p≤0,05)
Tabela 14 - Biotecnologia aplicada na agricultura
Categorias F %
Aumenta a produtividade e qualidade dos alimentos/diminui o preço
16 26,23
Desde que não gere problemas futuros 8 13,12
Deve ter ética/ segurança/ser testada 8 13,12
Pode alterar o meio ambiente 6 9,83
Há poucas informações sobre sua segurança 5 8,20
Discordam da aplicação 5 8,20
Promove proteção, preservação e resistência à espécie vegetal.
4 6,55
Pode gerar monopólios em agronegócios 3 4,91
Pode criar resistência às pragas 2 3,28
Reduz o uso de inseticida/agrotóxicos 2 3,28
Há outros métodos naturais de seleção 1 1,64
Pode diminuir a variabilidade genética 1 1,64
Totais 61 100
A categoria que apresenta maior freqüência refere-se aos professores que concordam
com a aplicação sem demonstrar restrições, 25,93% representam que esta aplicação visa ao
aumento da produtividade e da qualidade das espécies cultivadas, diminuindo seu preço aos
consumidores.
As categorias que apresentam freqüência considerável referem-se aos professores que
citam as condições de segurança e ética, 13,12% representam concordar desde que não gere
problemas futuros; 13,12% alegam que esta aplicação deve ser testada, com segurança e com
ética.
Duas categorias apresentam a freqüência de 8,03% e fazem representações ao meio
ambiente, argumentam que a Biotecnologia pode alterar o meio ambiente, mas possuem
poucas informações sobre a segurança desta aplicação para o meio e para os seres vivos.
64
Na categoria dos que discordam da aplicação encontram-se 5 (8,20%) dos sujeitos,
sendo que 40% afirmam possuir poucas informações sobre segurança, 40% justificam–se pelo
possível surgimento de seres resistentes, causando desequilíbrio ao meio ambiente. Uma
professora afirma que a Biotecnologia não deve alterar os seres vivos, porém está mesma
professora cita que a Biotecnologia visa à saúde dos seres vivos.
As demais categorias com freqüências menores, argumentam que a aplicação da
Biotecnologia pode gerar monopólios em agronegócios, pelo neoliberalismo de nosso sistema
globalizado, pode criar resistência às pragas, bem como podem diminuir a variabilidade
genética dos vegetais.
Dos 64 professores, 04 professores citaram ainda não ter opinião sobre o assunto, 50%
não se justificou e 50% descrevem não ter recebido informações sobre o assunto. Apenas um
professor não respondeu à questão. Estes não estão incluídos nos dados da tabela 14
� Discussão sobre as Representações Sociais quanto à influência dos
enunciados
Observa-se que os professores de modo geral possuem uma Representação Social
positiva da Biotecnologia, como avanço científico no âmbito de aplicações de processos e
produtos que visam ao bem estar e à qualidade de vida nos setores da saúde e do meio
ambiente.
Porém, não possuem clareza sobre as informações técnico-científico dos processos de
aplicações no desenvolvimento desta nova área do conhecimento que é a Biotecnologia.
Verificou-se que há contradições de posicionamentos dos professores em suas
Representações. Os mesmos professores que indicaram Representação positiva da aplicação
da Biotecnologia em saúde, quando questionados de forma aberta sem exemplificação de
aplicações, demonstraram restrições em suas representação, de acordo com o tipo e o ser vivo
que recebe ou sofre modificação pela aplicação da Biotecnologia.
Assim como os professores que não se posicionaram na questão aberta sobre a
opinião quanto à aplicação da Biotecnologia em saúde por não conhecerem o tipo de
aplicação possível, ao analisar a informação indicada no enunciado da questão, posicionaram-
se favoravelmente ou com algumas restrições, indicando a expressão “desde que”.
Segundo BERTRAND (2003), a enunciação individual não pode ser vista como
independente do imenso corpo de enunciações coletivas que a precederam e que a tornam
65
possível. A sedimentação das estruturas significantes resultante da história determina todo ato
de linguagem. Há sentido “já-dado”, depositado na memória cultural, arquivado, ou seja,
como Moscovici, na Teoria da Representação Social, a ancoragem se fez na língua e nas
significações lexicais, fixada nos esquemas discursivos, controlados pelas codificações dos
gêneros e das formas de expressões que o enunciador, no momento do exercício individual da
fala, convoca, atualiza, reintera, repete ou, ao contrário, revoga, recusa, renova e transforma.
Verifica-se também que os professores que se demonstraram favorável à aplicação da
Biotecnologia em saúde, salvo as restrições do tipo “desde que”, nas questões abertas sem
descrição da aplicação, de acordo com os enunciados, foram totalmente contrários a
aplicação.
Nas justificativas afirmativas, revelam marcas típicas dos anúncios como os das
manchetes destacadas nos diferentes gêneros da esfera jornalística não científica.
5.6 DADOS REFERENTES A FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE A
BIOTECNOLOGIA
Parte da pesquisa buscou coletar dados referentes às fontes de informação que os
professores de Biologia do Ensino Médio adquirem sobre a Biotecnologia em Saúde.
5.6.1 Interesse na busca de informações científicas sobre a Biotecnologia
Quanto à participação em eventos como palestras, cursos ou seminários sobre a
Biotecnologia em saúde, verifica-se que entre os 64 professores da pesquisa, 54 (84,37%) não
participou de curso, seminário ou palestra sobre o assunto Biotecnologia em Saúde.
Os demais 11(17,18%) já receberam informações em eventos que tratavam do assunto
Biotecnologia, todos foram realizados entre os anos de 2000 e 2005.
Quanto aos eventos sobre Biotecnologia de que os professores receberam informações
9(81,81%) foram organizados por Universidades, entre as Instituições citadas estão, a
Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) - organizados pelo Núcleo Integrado de
Biotecnologia (NIB), a Universidade Braz Cubas (UBC), a Universidade Guarulhos,
Universidade de São Paulo (USP), Fundação Santo André e Curso Santa Rita.
66
Dois participantes receberam as informações por palestras ministradas no Instituto
Butantã e no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e um dos professores no Hospital
Santa Catarina-SP.
Observa-se que não é representativa a participação de professores em atualização em
eventos oferecidos por Universidades ou Instituições de Pesquisas Científicas, os que
participaram de eventos em Universidades, o fizeram durante o período de sua graduação.
Estes 11(17,18%) são os professores que em suas mensagens descrevem com
afirmações os conceitos nominativos da Biotecnologia, como a manipulação, alteração e
modificações no material genético, citando procedimentos específicos desta ciência.
5.6.2 Fonte de Informação sobre a Biotecnologia
A pesquisa, na questão 19, solicitou aos participantes que indicassem a sua fonte de
informação sobre a Biotecnologia em Saúde em seu cotidiano. Apenas um professor não
respondeu a questão.
Tabela 15 – Fontes de informações sobre Biotecnologia em saúde
Categorias F %
TV 52 24,29
Revista do tipo Veja ou Época 34 15,88
Jornais 32 14,95
Revista do tipo Galileu, Super Interessante. 30 14,01
Livros didáticos 28 13,08
Internet 18 8,41
Livros especializados 13 6,07
Revistas (outras) 5 2,33
Não tenho informações 2 0,93
Totais 214 100
Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são
significativas. (p=2,68 para p≤0,05)
67
A Televisão, os Jornais, as Revista de grande circulação e os Livros Didáticos foram
as categorias mais citadas pelos professores participantes da pesquisa.
Entre os professores que citaram a Televisão como fonte de informação, 9,61% não
indicaram a emissora; 65,38% recebem as informações de emissores de canal aberto, entre as
citadas estão a TV Globo, TV Cultura, Rede Bandeirantes e Sistema Brasileiro de Televisão
(SBT); 23,07% recebem a informação de emissoras de canal fechado, pago, entre as citadas
estão Discovery Channel, National Geographic Channel, Directv, TV Escola e TV Futura.
Quanto aos professores que citaram o jornal como fonte de informação, 56,26% lêem
o Jornal Folha de São Paulo, 21,87% lêem o Jornal Estado de São Paulo e 21,87% não
indicaram o jornal.
Verificou-se que, 15,88% dos professores citaram ler a Revista Veja ou Época,
14,21% citaram a Revista Super Interessante e Galileu. Também foram citadas leitura das
Revistas Cientific American, Nature, Jornal of Ethnopharmacology, e Cientific Scian e
Revista de Organizações não Governamentais, como o Greenpeace.
Entre os professores que citaram receber as informações sobre Biotecnologia em saúde
por Livros, 13,08% apontaram os Livros Didáticos, 6,08% informam ler Livros
Especializados, mas não indicaram as editoras.
As informações sobre pesquisa de informação pela Internet, foram citadas com a
freqüência de 8,41%, destacando-se os sites Scielo, Embrapa e M.Reserach.
� Discussão sobre a fonte de informação dos professores
A pesquisa revela que os professores não se utilizam de fontes produzidas na esfera
científica e sim de fontes de divulgação midiática, como a televisão de canal aberto e os
jornalísticos não especializados em publicações científicas, as fontes que estes professores
utilizam como parâmetros são impregnados de manipulações de interesse político, social e
econômico, o que pode levar professores e alunos a uma posição acrítica frente às
informações genéticas e éticas que estão sendo cada vez mais veiculadas fora do meio
acadêmico.
O papel dos formadores de professores é, entre outros, garantir o acesso, a apreensão e
a significação dos conceitos fundamentais da genética aos alunos, para que possam ancorar as
novas informações obtidas num conhecimento que lhes permita avançar na compreensão
desses novos fatos. Para que isso ocorra, deve-se trabalhar não apenas os conceitos científicos
68
fundamentais para se entender essas novas tecnologias, mas também os aspectos éticos,
sociais, econômicos e ambientais a eles relacionados. É preciso orientar para a análise dos
meios de comunicação, reconhecendo os diferentes discursos e gêneros do discurso
elaborados por essas esferas, principalmente entre professores e alunos. Conclui-se que é
preciso desmistificar a Genética e aproximá-la do cotidiano das pessoas, para subsidiar os
cidadãos nas decisões necessárias à sua vida prática.
Amorim (2001) reconhece, dentro dos resultados de sua pesquisa de mestrado, que os
elementos ciência e tecnologia (C&T), nas fontes de divulgação científica não são
contextualizados em uma específica sociedade, o que geralmente não leva a um
desenvolvimento da capacidade crítica dos alunos e também dos professores frente aos
diferentes papéis da C&T, a fim de lhes garantir tomadas de decisão mais conscientes.
Segundo Azeredo (2003), os Especialistas e Pesquisadores da Biotecnologia são os
indicados e competentes a transmitir a população em geral informações acuradas para a
compreensão do desenvolvimento da Biotecnologia.
A Biotecnologia nasceu de um processo de transformação histórica, influenciada pela
genética e bioquímica, a descoberta do DNA, a elucidação de sua estrutura, das possibilidades
da detecção e ou alterações em seu genoma, até o desenvolvimento de organismos
transgênicos, representam algumas das inúmeras questões que só foram esclarecidas através
das metodologias desenvolvidas para essas ciências.
Compreender e interagir nas decisões da utilização ou não da Biotecnologia em
organismos vivos, exige compreensão do conhecimento científico, pois somente partilhar as
descobertas e possibilidades pelos meios de comunicação como o jornalístico ou televisivo
gera polêmica, principalmente pelas formas como estas são divulgadas. Consequentemente,
professores e estudantes encontram dificuldades de compreender, ensinar e aprender tópicos
relacionados aos eventos da Biotecnologia.
Portanto, há uma necessidade urgente de divulgação de conceitos científicos como,
por exemplo, os básicos da Biologia Molecular. Assim, é relevante também compreender os
diferentes gêneros discursivos que circulam nas esferas sociais, em destaque os que circulam
nas mídias televisivas e jornalísticas e na internet, bem como nos livros didáticos e nas
publicações de divulgação científica.
Entre os temas que envolvem as novas tecnologias, os professores desta pesquisa
citaram que discutem temas como a Clonagem, os Transgênicos, as Células-Tronco,
Substâncias produzidas por Microorganismos e a Biotecnologia aplicada no Meio Ambiente.
69
Sobre os procedimentos metodológicos aplicados em sala de aula sobre assuntos da
Biotecnologia, somente 11 professores descreveram seus procedimentos metodológicos.
Observa-se que 16 (80%) deles realizam debates para análise de pontos de vistas,
através de matérias e publicações divulgadas em jornais, revistas ou na Mídia; 20% solicitam
pesquisas e relatórios de fontes como internet, livro didático e ou Revistas diversas, não
especificaram se analisam as fontes; 30% descrevem somente citar, de forma indireta,
exemplos de aplicações da Biotecnologia, nos estudos de Genética ou de Microorganismos.
A seleção e a escolha da adoção de livros didáticos – influenciados principalmente
pelos PCN – de abordagens históricas e de enfoques C&T, são imprescindíveis para uma
melhora no ensino de ciências. No entanto, sendo fontes que influenciam diretamente na
produção de leituras do professor sobre a história da ciência, os autores – tanto dos
documentos quanto dos livros didáticos – precisam ter o cuidado de deixar claro que existem
várias abordagens históricas e diferentes formas de se conceber as relações entre ciência,
tecnologia e sociedade. Assim, optar por uma delas passa a ser uma possibilidade de decisão
dos professores de ciências e biologia, e não um direcionamento do material didático.
5.7 REPRESENTAÇÃO SOCIAL DA BIOTECNOLOGIA - TEMAS
EMERGENTES
Parte da pesquisa buscou informações sobre as Representações Sociais que os
professores de Biologia possuem das aplicações da Biotecnologia sobre temas específicos
como a Clonagem, os Transgênicos e aplicação da Técnica do DNA Recombinante na área da
Saúde.
5.7.1 Clonagem
A questão de número 20 buscou informação sobre a Clonagem. Durante a aplicação do
questionário, foi solicitado verbalmente a todos os professores que os mesmos indicassem as
técnicas e ou procedimentos com que a clonagem é realizada.
Na descrição observa-se que 9 professores não fizeram comentários; entre estes, 3 não
responderam à questão e 6 professores justificaram não ter conhecimento sobre como ocorrem
as técnicas ou procedimentos da clonagem.
70
Entre os professores que justificaram sua opinião sobre a clonagem, ocorreram 21
descrições diferentes, citando conhecimentos as clonagens referentes a animal, vegetal, de
microorganismos e a terapêutica; 20% descreveram o processo utilizado para clonar a Ovelha
“Dolly”, sendo que este exemplo foi apresentado por 54,44% dos professores.
Quanto às informações sobre a Representação Social dos professores em relação à
Clonagem, foram identificados 20 argumentos, incluídos em 6 categorias, contidas na Tabela
16.
Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas são
significativas. (p=5,17 para p≤0,05)
Tabela 16 – Representações sociais sobre a Clonagem.
Categorias F %
Devem ser usados com ética 8 32
Favorável na produção órgão/tecidos para transplante 7 28
Não favorável, principalmente em humano. 4 16
É uma técnica nova, necessita se aperfeiçoar. 3 12
Favorável pelo resgate de espécies em extinção 2 8
Não possuem legalidade e legislação 1 4
Totais 25 100
Observa-se que a categoria com maior freqüência refere-se à condição apontada pelos
professores sobre o uso da Clonagem, 32% argumentam que a clonagem deve ser utilizada
com ética.
Nas categorias em que a freqüência de representatividade é considerável, 28%
argumentam ser favorável à clonagem por possibilitar a produção de órgãos e tecidos para
transplantes em humanos, mas 16% argumentam ser contra a clonagem humana.
Observa-se pelas argumentações que todos os participantes que foram contra a
clonagem citam questões da religião, 3(12%) argumentam que a clonagem é um processo
novo e necessita se aperfeiçoar com estudos; 2 (8%) são favoráveis pela possibilidade de
resgate de espécies em extinção, principalmente a vegetal e 1(4%) cita que a clonagem não
possui legalidade e legislação.
Foi apresentada entre as descrições a importância de se estudar as células-tronco no
processo de produção de tecidos ou órgãos de animais para transplantes em humanos.
71
Dentre as técnicas apresentadas pelos professores, destacam se os procedimentos com
o uso de enzimas de restrição, de vetores como os plasmídios, o Bombardeamento de ouro, o
Blotim.
5.7.2 Transgênicos
A questão de número 21 busca informações sobre a Representação Social dos
professores quanto aos Transgênicos. Perguntou-se aos professores de Biologia: “Caso você
pudesse escolher entre um alimento transgênico e um alimento não transgênico, pela
indicação na rotulagem, qual deles escolheria? Por quê?”.
Entre os 64 professores participantes da pesquisa, apenas um professor não respondeu
à questão, 19(29,68%) dos professores não sabem qual escolha fazer; 50% argumentam não
possuir informações de segurança sobre os benefícios e a forma como se faz o cultivo do
transgênico; 50% argumentam que o assunto é novo e, depende do momento, que não foi
categorizado.
As informações para a análise das Representações Sociais sobre a escolha do alimento
transgênico pela indicação da rotulagem foi dividida em dois grupos.
A Tabela 17 representa 10 professores que escolheriam o alimento transgênico pela
indicação na rotulagem.
Nas categorias que possuem freqüência considerável entre os professores favoráveis
aos alimentos transgênicos, 44,45% indicam que o Melhoramento Genético torna os alimentos
mais saudáveis e com melhor qualidade para os seres humanos.
As demais categorias argumentam ser favoráveis por diferentes condições, não
consideradas representativas.
Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas na
Tabela 17 são consideravelmente significativas. (p=9,72 para p≤0,05)
72
Tabela 17 – Consumo de alimentos transgênicos com rotulagem.
A Tabela 18 representa 34 professores que não escolheriam o alimento transgênico
pela rotulagem. Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias
representadas na tabela 18 são consideravelmente significativas. (p=2,71 para p≤0,05)
Tabela 18 – Não consumo de alimentos transgênicos com rotulagem.
Categorias F %
Não possui informação segura/procedência/efeitos colaterais
20 60,60
Processo novo/em estudos 6 18,19
Alimento não transgênico é mais saudável 3 9,09
Menor risco à saúde 2 6,06
Vantagem só para o produtor 1 3,03
Não concorda com a Manipulação Genética 1 3,03
Totais 33 100
Entre o total de professores pesquisados, 34(53,12%) não escolheriam pela rotulagem
o alimento transgênico.
As categorias com maior freqüência registrada indicam que 60,60% representam que
não consumiriam o alimento transgênico por não possuirem informações seguras sobre
procedência e efeitos colaterais possíveis; 18,19% representam que os Transgênicos estão em
estudos, é um processo novo na ciência.
Categorias F %
Pelo melhoramento genético, são mais saudáveis com maior qualidade.
4 44,45
São testados e comprovada sua eficácia 1 11,11
Nada contra a Biotecnologia 1 11,11
Para fazer comparações 1 11,11
Deve ser melhor metabolizada pelo nosso organismo 1 11,11
Comemos vários alimentos sem saber sua origem 1 11,11
Totais 9 100
73
As demais categorias não possuem representatividade significativa, os seguintes
argumentos foram apresentados: não consumir transgênico terá menor risco à saúde, e só o
produtor tem vantagens com o transgênico, não concordam com a Manipulação Genética.
5.7.3 Aplicação do DNA recombinante
5.7.3.1 Em Medicamentos
A questão de número 22 buscou informações sobre a aplicação da Biotecnologia, na
produção de medicamentos com a tecnologia do DNA recombinante a pergunta foi: Na área
da Saúde, a Biotecnologia possibilitou a produção de insulina humana, utilizada em
diabéticos, que começou a ser gerada em massa, por bactérias ou leveduras modificadas com
um gene humano que codifica esta proteína. Antes a insulina era extraída do pâncreas de
bovinos e suínos. Qual sua opinião sobre o uso da biotecnologia na produção de
medicamentos com a tecnologia do DNA recombinante?
Dos 64 professores de Biologia, um professor (1,56%) discorda em parte do uso da
tecnologia do DNA recombinante, por falta de provas quanto à segurança dos procedimentos
e pela submissão da ética humana à ética do mercado; 10(15,62%) ainda não têm opinião
sobre o assunto, desses, 50% não responderam a justificativa e 50% alegam não possuir
informações para opinar sobre o assunto.
Apenas um professor (1,56%) discordou totalmente da utilização do DNA
recombinante na produção de medicamentos, porém em sua justificativa não apresentou
nenhuma objeção, argumentando que a Biotecnologia pode dar chance às pessoas com
problemas de saúde.
Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas na
Tabela 19 são significativas. (p= 2,08 para p≤0,05)
74
Tabela 19 – Concordância com a aplicação da Biotecnologia em medicamentos
Categorias F %
Aumenta a expectativa de vida 16 24,61
Necessita de tempo para comprovar sua eficácia 17 26,15
Biotecnologia utilizada com fins terapêuticos 8 12,30
Novos medicamentos são desenvolvidos /Diminui custo
9 13,84
Produz substâncias compatíveis ao organismo humano, sem efeitos colaterais.
5 7,7
Não fez objeções/ Não há informações sobre possível rejeição ao organismo
6 9,24
Ética 3 4,62
Não utiliza de cobaias para produzir medicamentos 1 1,54
Totais 65 100
Observa-se que 52 professores concordam com aplicação do DNA recombinante em
Medicamentos, destes 53,12% não apresentam em seus argumentos restrições; 18%
concordam em parte e apresentam condições de aceitação desde que passem pelo crivo da
segurança e da ética.
As categorias que possuem representatividades significativas, aceitam a Biotecnologia
para fins terapêuticos, pois acreditam que a expectativa de vida, traz em possibilidade de
alternativas de novos medicamentos compatíveis ao ser humano, pode diminuir o custo do
setor de saúde, desde que comprovada sua eficácia, passada pelo crivo de segurança,
envolvendo as questões éticas em sua aplicação.
5.7.3.2 Em Alimentos “Alimentos Vacina”
Na questão de número 23, buscou-se informações sobre a Representação Social que os
professores fazem da utilização do medicamento com a tecnologia do DNA recombinante em
um alimento, especificamente com um Alimento Vacina.
Dos 64 professores participantes na pesquisa, 49,20% descreveram que comeriam e
33,33% diz em que não comeriam um alimento vacina, um professor respondeu que talvez
comesse, dependeria da situação e do momento, e um professor não respondeu à questão.
75
Entre os professores que responderam que não comeriam um alimento vacina, 76,20%
citaram não ter opinião sobre o assunto, pois desconhecem informações sobre este tipo de
alimento, 9,52% não justificaram sua opção, 9,52% aguardariam resultados de testes para
comprovar sua eficácia e 4,76% comeriam dependendo do risco que estariam correndo.
Entre os 31 professores que comeriam um alimento vacina, observa-se
representatividade considerável entre os participantes, devido à função do nome vacina, que
se traduz em imunização; 53,85%, faz em menção ao conceito vacina.
Quanto ao conhecimento de um alimento ser modificado geneticamente por DNA
recombinante com propriedade da vacina, os professores em sua grande maioria demonstrou
não conhecer o produto, não podendo opinar o assunto.
Nas categorias que apresentam maior representatividade entre o que os professores
argumentam, 53,85% comeriam pela imunização e prevenção que a vacina proporciona contra
doenças e 19,23% por diminuir o uso de agulhas injetáveis, diminuindo também a dor e o
risco de contaminação por agulhas.
Os argumentos dos professores que comeriam um alimento vacina estão categorizados
na Tabela 20, 4(19,04%) não justificou sua opção.
Tabela 20 – Consumo de alimento vacina, com tecnologia do DNA recombinante
Categorias F %
Pela imunização /Prevenção contra doenças 14 53,85
Diminuiria uso agulhas 5 19,23
Desde que comprovada sua eficácia 2 7,69
Só se não houver outra opção, depende do risco. 2 7,69
Diminuiria o custo do setor Saúde 1 3,85
Forma mais agradável de prevenção 1 3,85
Preferência por vacina oral 1 3,84
Totais 26 100
Estatisticamente, as diferenças entre as freqüências das categorias representadas na
Tabela 20 são significativas. (p= 8,51 para p≤0,05)
Observa-se que 7,69% da freqüência não apresentam posicionamento favoráveis desde
que não houvesse outra opção de prevenção, 3,85% citaram que diminuiria o custo para o
76
Setor Saúde, 3,85% citaram ser uma forma mais agradável de prevenção e 3,84% preferem
por vacina oral.
� Discussão sobre a RS da Biotecnologia quanto aos temas emergentes
JUNIOR, SOUZA & BROCHIER (2004) destacam que uma das questões em
representações sociais de educação em saúde e de temas ligados a questões ambientais é a
obtenção de algo que a própria educação não detecta sem a reflexão de sua concepção, que é
estabelecer uma linguagem única, ou seja buscam um entendimento consensual da realidade
e, em última análise, de uma conduta social favorável para a sobrevivência do planeta e a
promoção de saúde coletiva.
Segundo SCHEID & PANSERA-DE-ARAUJO (2002), ao verificar a opinião de
graduandos em Ciências Biológicas sobre a transformação do genoma de plantas para criar
um alimento “melhorado” para consumo humano e a realização desse processo em
mamíferos, constatou-se a partir de questões semi-estruturada em entrevistas individuais e
coletivas, oral e escrita que as suas representações apresentam posições e admitiram
procedimentos diferentes em relação às tecnologias genéticas: um restritivo, com relação à
aplicação em seres humanos, e outro, não restritivo, em relação aos seres vivos não-humanos
e, nesse caso, ainda, se são ou não mamíferos.
Nesta pesquisa, o resultado da Representação Social sobre as aplicações da
biotecnologia também se confere a outras pesquisas, como a citada no parágrafo acima. Há
maior recusa dos sujeitos pesquisados quanto à restrição da aplicação da Biotecnologia
diretamente no genoma dos seres humanos, seguida em alimentos e maior aceitação em
produtos como medicamentos.
Esta constatação sugere novas questões sobre o estudo dos seres humanos,
principalmente, no que se refere à identificação do seu genoma e da sua constituição. Isto
porque o ser humano é visto como um ser vivo muito especial, cujas questões mexem com o
imaginário das pessoas sem estabelecer relação com as plantas ou até com outros animais.
Trata-se de uma decorrência da visão fragmentada (cartesiana) que domina a maior parte do
mundo científico e que nos legou uma posição de observadores externos, em que a visão
antropocêntrica é reforçada e amplificada (SCHEID & PANSERA-DE-ANDRADE, 2002).
77
5.8 CONSIDERAÇÕES PESSOAIS DOS PROFESSORES EM RELAÇÃO
À PARTICIPAÇÃO NA PESQUISA
A pesquisa ofereceu um espaço aberto para que os professores apresentassem sua
opinião, sugestões ou qualquer outro comentário relevante sobre a Biotecnologia em Saúde e
os PCN que não foram tratados no questionário. Observou-se que 42(66%) não registraram
comentários, 22(34%) registraram os seguintes comentários, divididos em três aspectos:
a) Citaram que há necessidade de divulgação e esclarecimento à população sobre o que
é a Biotecnologia e suas aplicações.
b) Quanto à Formação do Professor, citaram que há necessidade de Cursos de
Capacitação e ou Orientações Técnicas específicas para atualização do currículo de Biologia,
como a de temas como a Biotecnologia; que professores e alunos são carentes de recursos e
fontes de informações seguras, para discussão de temas como a Biotecnologia e que faltam
livros didáticos que abordem o tema biotecnologia.
c) Sobre os PCN, citou-se que há dificuldades para o professor promover a
contextualização e aplicar metodologias que desenvolvam competências e habilidades nos
alunos, posto que também recebeu formação tradicional, somente com transmissão de
conhecimento; que o professor necessita de articular e inovar conhecimentos e metodologias
junto ao grupo de educadores.
78
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
A Representação Social desta pesquisa foi analisada articulando os elementos pessoais
afetivos (sua escolha profissional, o de professores de Biologia no Ensino Médio), mentais
(opiniões) e sociais (suas práticas-pedagógicas) ao lado da cognição, da linguagem e da
comunicação – a consideração das relações sociais que afetam a representação e a realidade
material, social e ideativa sobre a Biotecnologia.
Verifica-se que há necessidade urgente de estruturar a formação do professor atual,
seja ela nas Instituições de Ensino Superior, como na formação continuada, em seu espaço
profissional, como no caso desta pesquisa, no espaço escolar, para atender às modalidades de
organização pedagógicas e espaços institucionais que favoreçam a sua constituição, para
formar e subsidiar docentes competentes para ensinar e fazer com que alunos aprendam, de
acordo com os objetivos e diretrizes pedagógicos traçados pela educação básica, buscando
tornar coerente a formação do professor com a simetria existente entre essa formação e o
exercício da profissão, ou seja, o professor deve ter condições para compreender, selecionar e
se informar do conhecimento científico com a prática social, relacionar teoria a prática, para
efetuar em si e em seus alunos a transposição didática do conteúdo, seja ele teórico ou prático,
com contextualidade e interdisciplinaridade para construção de significados desses
conhecimentos, com referencia à sua aplicação, sua pertinência em situações reais com
relevância para a vida pessoal e social, para a validade e para a análise de fatos reais da vida,
como da Biotecnologia.
Em relação às Representações Sociais dos professores de Biologia do Ensino Médio
sobre a Biotecnologia na esfera científica, as opiniões são positivas em apoio aos avanços
tecnológicos. Porém, os referenciais por meio da análise de conteúdos indicam que os
professores possuem Representações Sociais contraditórias sobre as finalidades e as
possibilidades de aplicações desta nova ciência.
Contraditórios e pouco representativos são a compreensão e o conhecimento tanto da
Lei de Diretrizes e Bases como de seus Parâmetros curriculares Nacionais do sistema
educacional vigente.
Esta ausência de compreensão e a falta de informação sobre a Biotecnologia em suas
Representações Sociais, leva a uma imagem idealizada e inacessível da ciência e dos
cientistas com a população em geral, prejudicial para a assimilação do que é o pensamento
científico e de como ele pode contribuir pra resolvermos os problemas do dia-a-dia.
79
Portanto, é lícito inferir que o contexto educacional no qual ocorrem os entendimentos
e conhecimentos sobre a ciência poderá contribuir, num processo mediado, para a construção
de um processo de ensino que permita tratar de temas emergentes e atuais, de maneira crítica
e ética no contexto sócio-histórico mundial.
No tocante às relações estabelecidas sobre o tema Biotecnologia no contexto escolar,
as ações pedagógicas que buscam informações e direcionamento em discussões junto ao
grupo de docente e ou de discentes não foram representativos, uma vez que os professores não
se sentem seguros a debater os conhecimentos científicos desta ciência. Os poucos que
utilizam as temáticas em sala de aula, restringem-se a debates por situações ou noticiários
divulgados pela mídia jornalística, sem aprofundamento dos conceitos e metodologias
científicas de produção.
Em relação à percepção dos professores quanto à busca de conhecimentos, é
significante a referência de suas informações através da mídia televisiva e jornalística de
comunicação e não por meio de instituições especializadas e ou registros produzidos no setor
de pesquisa científica ou educacional. Há manifestações de interesse e orientações e
atualização de formação continuada para sua profissionalização.
As fontes de informações das quais os professores se utilizam são precárias e
impregnadas de manipulações de interesse político, social, e econômico, o que pode levar
professores e alunos a uma posição acrítica frente às informações genéticas e éticas que estão
sendo cada vez mais veiculadas fora do meio acadêmico.
O professor como formador e mediador de conhecimentos científicos deve em sua
formação, garantir a si próprio e aos seus alunos, o acesso, a apreensão e a significação de
conceitos fundamentais e argumentações científicas, para que possa relacionar, explicar e
avançar na compreensão de novos fatos que surgem no dia-a-dia.
Para tanto, deve-se buscar aprimoramento e revisões constantes dos conceitos
científicos fundamentais para se entender essas novas tecnologia, mas também os aspectos
éticos, morais, sociais, econômicos e ambientais a eles relacionados, assim como orientar para
as análises dos meios de comunicações, reconhecendo os diferentes discursos e gêneros do
discurso elaborados pelas esferas de comunicação.
As Representações Sociais sobre a Biotecnologia em saúde são divergentes e há
contradições de posicionamento quando fazer uso ou não das aplicações da Biotecnologia,
dependendo do tipo de ser vivo. Há maior restrição dos sujeitos pesquisados quanto à da
aplicação da Biotecnologia, diretamente no genoma dos seres humanos, seguida em alimentos
e plantas.
80
Em relação à Biotecnologia ser aplicada com fins terapêuticos também há divergências
e contradições, percebe-se grande representação positiva de tal aplicação na produção de
vacinas, porém quando foi solicitada a opinião da vacina aplicada em alimentos para
consumo, houve por estes mesmos professores restrições negativas ao produto.
Em suas Representações Sociais, é freqüente a indicação de falta de conhecimento
científico e de falta de informação quanto à segurança e a ética.
Os dados revelaram que entre as aplicações da Biotecnologia a Representação Social
de temas como a Clonagem e Transgênicos estão presentes na totalidade dos participantes,
porém poucos descrevem em suas mensagens a compreensão de sues processos e produtos, as
informações destes se referem à divulgação da clonagem pela “ovelha Dolly” e sobre a
polêmica da produção de alimentos transgênicos.
Em relação à percepção sobre a esfera pessoal, que leva em conta valores humanos e
ético-profissionais, as suas condições físicas, intelectuais e de saúde, as Representações
Sociais indicam restrições negativas quanto ao uso e aplicação da Biotecnologia diretamente
nos seres humanos e menor em relação a aplicação nos alimentos, na agricultura, porém
possuem Representação social positiva na aplicação da Biotecnologia na produção de
fármacos.
Considera-se que é preciso desmistificar a Biotecnologia e aproximá-la do cotidiano
das pessoas, para subsidiar os cidadãos nas decisões necessárias à sua vida prática. Assim
como papel da ciência é a produção do conhecimento objetivo, o da escola é criar as formas
mais adequadas de transmitir esse conhecimento válido.
O avanço na área da Biotecnologia vem crescendo e, muitas vezes, o conteúdo de
ensino na escola não é acompanhado, o que pode provocar desatualização e erros conceituais
no aprendizado do aluno.
O conhecimento científico no ensino médio é fundamental para o desenvolvimento do
aluno crítico, porém deve ser orientada e mediada com proficiência pelo professor. Trabalhar
com textos, pesquisas e atividades científicas traz novos dados e novos saberes para o
contexto escolar, construindo conhecimentos que permitem substituir continuamente as
representações que se tem do mundo, lembrando que este saber está vinculado à esfera social,
que lhes dá significado e coerência para sua formação. Porém, o que se constata é o
distanciamento do professor com os produtores da ciência, por meio de artigos e publicações
científicas confiáveis; esse contato acontece pelos meios de comunicação televisivos,
jornalísticos e até da internet, sem a análise das condições gerais desta produção.
81
Mesmo que a investigação científica e o avanço tecnológico sejam do domínio de
poucos indivíduos da sociedade, todos os cidadãos em uma democracia devem estar
preparados para refletir sobre as questões sociais levantadas pela ciência e suas tecnologias
decorrentes. Cabe aos educadores buscar fontes seguras de informação por meio da
investigação de todas as instâncias envolvidas na compreensão do processo histórico, político
e social em que esta ciência vem se desenvolvendo.
Nesta pesquisa, as análises sobre as Representações Sociais dos professores de
Biologia do Ensino Médio demonstram as freqüentes contradições entre aquilo que os
docentes manifestam de forma geral quanto à compreensão da Biotecnologia, em mediante o
enunciado das questões utilizadas, como também na ausência de discussão e compreensão do
seu papel profissional, expressos na constituição, na Lei de Diretrizes e Bases Nacional
vigente no Sistema educacional vigente.
Assim como defendem os estudiosos da Representação Social, a pesquisa provoca o
caráter mutativo dessas Representações Sociais, pois quando o indivíduo e seu grupo social
têm de enfrentar um objeto social importante, mas desconhecido ou pouco familiar, inicia
uma operação complexa de redefinição, a fim de tornar o objeto mais compreensível e
compatível com seu sistema simbólico.
Esta pesquisa tem como intuito subsidiar e provocar a reflexão de educadores para a
análise, elaboração de discussões e propostas de encaminhamentos necessários à compreensão
das novas ciências, como da Biotecnologia em seus conteúdos, como em planejar e executar
inovações de metodologias e procedimentos pedagógicos em sua atuação como Professor
Mediador no âmbito escolar, assim como em sua atuação como cidadão crítico e atuante
conectado com o mundo hoje globalizado.
82
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Universidade de Mogi das Cruzes Mestrado em Biotecnologia
Agradeço sua participação nesta pesquisa. Meu interesse é obter informações sobre sua formação, sua carreira profissional e vínculo no Estado, sua formação pedagógica, seus interesses e opiniões sobre a Biotecnologia em Saúde no processo de ensino e aprendizagem.
Esta pesquisa faz parte de minha dissertação de Mestrado em Biotecnologia da Universidade de Mogi das Cruzes. Essas informações são muito importantes para que possamos analisar as Representações Sociais de professores de Biologia do Ensino Médio sobre sua formação e o assunto em questão.
Você não precisa se identificar, isto significa que ninguém saberá o que você está respondendo. Garanto absoluto anonimato e sigilo de suas respostas, as quais serão usadas somente com finalidades científicas. Após a tabulação das respostas os questionários individuais serão destruídos.
Sobre as respostas não existem questões certas ou erradas e não será atribuída nenhuma nota. Por favor responda todas as questões de maneira completa. Se você tiver alguma dúvida pergunte ao aplicador.
Muito obrigada.
Professora Mestranda Elizabeth Reymi Rodrigues Instruções: Algumas questões são de múltipla escolha e outras são para você escrever sua resposta. • Nas questões de múltipla escolha você deverá colocar um X no “quadrinho” ao lado da
alternativa que corresponde a sua opinião.
• Nas questões que você deve escrever use a linha imediatamente abaixo da questão.
• Não deixe nenhuma questão em branco, se você não souber responder escreva “não sei”.
• Quando você completar o questionário não assine.
Contato: Profª. Elizabeth Reymi Rodrigues
Email: [email protected] Cellular: 011 9956.1717
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Não utilize estes quadros
01 .Atualmente estou com
Anos
02. Sou do sexo
Masculino
Feminino
03. Fiz curso de Licenciatura na: Em qual instituição?
_______________________________________________________
Conclui em Ainda Não conclui
04. Fiz o Curso de Licenciatura em: Em Faculdade Pública
Em Faculdade Particular
Predominantemente em Faculdade Pública
Predominantemente em Faculdade Particular
05. Fiz curso de especialização em: Qual especialidade?
_____________________________________________________
Conclui em Ainda Não conclui
06. Meu tempo de Magistério é:
Anos Meses
07. Meu tempo de Magistério no Ensino
Médio é:
Anos Meses
08. Atualmente estou lecionando na :
Série / EM
Período
Manhã
Tarde
Noite
09. Atualmente estou lecionando em :
Escola Pública
Escola Municipal
Escola Particular
10. Meu vinculo com a escola Estadual é OFA Efetivo
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Saúde e Biotecnologia
11.Você teve Biotecnologia como conteúdo na sua Graduação? Sim Não
12. Você já ouviu falar em Biotecnologia? Sim Não
13. O que você entende por Biotecnologia?
14. Você poderia citar algumas aplicações da Biotecnologia ?
15. Na sua opinião a Biotecnologia pode causar problemas à Saúde dos seres humanos?
Sim Não
Por quê?
16.“Usar a biotecnologia moderna na produção de alimentos, por exemplo aumentando seu teor de proteínas, tornando-os maiores ou mudando o gosto” você:
concordo totalmente concordo em parte
discordo totalmente discordo em parte ainda não tenho opinião
Por quê?
17."Retirar genes de espécies vegetais e transferir para plantas cultivadas, para torná-las mais resistentes a pragas"
concordo totalmente concordo em parte
discordo totalmente discordo em parte ainda não tenho opinião
Por que?
18. Você já participou de algum evento como cursos, seminários ou palestras sobre Biotecnologia em
Saúde?
Sim Não
Caso tenha participado,indique onde e quando ocorreu.
92
19.. Normalmente, qual é sua fonte de
informação sobre a Biotecnologia em Saúde?
Pode assinalar mais de uma alternativa.
TV
Livros Especializados
Livros didáticos
Palestras, cursos
Revistas do tipo Galileu ou Super Interessante
Revistas do tipo Veja ou Época
Não tenho fontes de informações
Outras fontes .Quais?_________________________
_________________________________________
20. Você já leu ou teve contato sobre o assunto Clonagem?
Qual sua opinião sobre o assunto:
21. Caso você pudesse escolher entre um alimento transgênico, e um alimento não transgênico, pela indicação na rotulagem, qual deles escolheria? Alimento transgênico alimento não transgênico não sabe
Por quê?
22. Na área da Saúde, a biotecnologia possibilitou a produção de insulina humana, utilizada em diabéticos, que começou a ser gerada em massa por bactérias ou leveduras modificadas com um gene humano que codifica esta proteína, antes a insulina era extraída do pâncreas de bovinos e suínos. Qual sua opinião sobre o uso da biotecnologia na produção de medicamentos com a tecnologia do DNA recombinante?
concordo totalmente concordo em parte
discordo totalmente discordo em parte ainda não tenho opinião
Por quê?
23. Você comeria um alimento vacina? Sim Não
Por quê?
93
Em relação aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)
24. Você já teve oportunidade de ler ou teve um contato “mais direto” com os Parâmetros Curriculares
Nacionais do Ensino Médio de Biologia?
Sim Não
Caso você tenha tido contado mais direto indique em que situação ocorreu.
25. Você já discutiu na escola sobre os PCNs e as novas tecnologias? Sim Não
Quais?
26. As propostas do PCNs atendem as suas necessidades em sala de aula? Sim Não
Justifique?
27. Você tem participado de Cursos de Formação Continuada
Sim Não
Cite qual ou quais:
28. Este espaço foi reservado para você apresentar sua opinião,sugestões ou qualquer outro assunto que
você ache relevante sobre Biotecnologia em Saúde e os PCNs e que não foi tratado no questionário.
Muito Obrigada
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TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu ................................................................................................................................................. RG ..........................................., autorizo a publicação dos dados oferecidos em questionário e declaro estar ciente do andamento da pesquisa intitulada: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DE BIOLOGIA SOBRE A BIOTECNOLOGIA EM SAÚDE sob a responsabilidade direta da aluna do curso de MESTRADO EM BIOTECNOLOGIA, ELIZABETH REYMI RODRIGUES, RG 16203543-3 SSP/SP e Orientação do Professor Dr. Moacir Wuo que visa explorar e analisar as Representações Sociais de Biologia sobre Biotecnologia em saúde. Ao colaborador são asseguradas as garantias do anonimato. O estudo, de maneira alguma representa algum tipo de risco ao participante. Suzano, .......... de ............................ de 2006. ____________________________ Assinatura do Pesquisado
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