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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA
Estudo do impacto da construção de duas barragem na
dinâmica populacional de mosquitos (Diptera: Culicidae) na Região
Metropolitana de São Paulo
Frederico Alves d'Avila
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para a obtenção do título de Mestre em Saúde Pública
Área de Concentração: EpidemiologiaOrientador: Prof.Dr. Almério de Castro Gomes
São Paulo
2011
1
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE SAÚDE PÚBLICA
Estudo do impacto da construção de duas barragem na
dinâmica populacional de mosquitos (Diptera: Culicidae) na Região
Metropolitana de São Paulo
Frederico Alves d'Avila
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública para a obtenção do título de Mestre em Saúde Pública
Área de Concentração: EpidemiologiaOrientador: Prof.Dr. Almério de Castro Gomes
São Paulo
2011
2
Agradecimentos
Aos meus pais, Jesuíno e Suely, razão pela qual existo. À minha família,
pelo apoio e incentivo e confiança
À Mari, pelo companheirismo e pelo amor. Ao nosso futuro!
Ao Professor Dr. Almério de Castro Gomes, pela orientação.
Ao Professor Dr. Delsio Natal, por ter me mostrado a saúde pública e me
trazido à entomologia médica.
Ao Professor Dr. José Maria Soares Barata e aos biólogos Walter Ceretti
Junior, Paulo Roberto Urbinatti e Fredy Galvis pela amizade, pelas ajudas e
pela paciência.
A todos os companheiros de Entomologia Médica, em especial aos biólogos
Márcia Bicudo de Paula e Aristides Fernandes.
A todos que me ajudaram, direta ou indiretamente, na realização dessa
pesquisa.
Ao CNPq, pela concessão da bolsa de Mestrado que permitiu que essa
dissertação acontecesse.
3
Resumo
Assim como qualquer empreendimento que altera localmente o regime de
águas, a construção de barragens de abastecimento modifica a ecologia dos
culicídeos, podendo levar ao aparecimento de surtos. Foi comparado como foi a
resposta dessa comunidade na construção das barragens de Biritiba-Mirim e
Paraitinga, entre 2002 e 2005. Ambas fazem parte do Sistema Produtor do Alto
Tietê, responsável pelo abastecimento da maior parte da região metropolitana de
São Paulo. A amostragem aconteceu pelo método de Armadilha de Shannon, a
partir dos dados coletados foram calculados índices dos componentes ecológicos,
como riqueza, constância, abundância, similaridade e outros. A análise destes
componentes revelou que a fauna de mosquitos das duas barragens possuíam
estágios iniciais diferentes, logo tiveram reações diferentes ao impacto. Em
Biritiba-Mirim estava presente uma fauna silvícola, que diminuiu grandemente com
a inundação, enquanto a fauna associada a macrófitas e a criadouros temporários
cresceram, isso levou a diminuição da diversidade no período estudado. Em
Paraitinga a fauna silvícola era reduzida, então as modificações, qualitativa e
quantitativas foram pequenas. Foram encontradas as seguinte espécie de
importância médica: Mansonia titillans, Anopheles galvaoi, Anopheles albitarsis
s.l., Anopheles evansae, Anopheles intermedius, Anopheles cruzii, Anopheles
lutzi, Anopheles triannulatus, Aedes albopictus, Aedeomyia squamipennis,
Psorophora ferox, Culex (Melanoconion) sp., Culex amazonensis, Limatus
durhami, Aedes scapularis e Aedes serratus.
Palavras-chave: ecologia, vetores, culicidae, lago artificial, Tietê
4
Abstract
Like any enterprise that locally modify the water regime, the construction of
dams supply modifies the ecology of Culicidae, which may lead to the emergence
of epidemic outbreaks. In the present study was studied and compared as was the
response of this community in the construction of dams and Paratirinda Bitiriba-
Mirim, between 2002 and 2005. Both are part of the Alto Tiete System Producer,
responsible for supplying most of metropolitan Sao Paulo. Sampling took place at
Shannon trapping method, based on data collected were calculated index of
ecological components, such as wealth, constancy, abundance, similarity, and
others.The analysis of these components revealed that the faunas of the two dams
had different stages, soon had the impact difererentes reactions. In Biritiba Mirim
was present a wildlife forestry, which greatly diminished with the flood, while the
fauna associated with macrophytes and temporary breeding sites grew, this led to
decreased diversity in the period studied. In forestry Paraitinga fauna was absent,
so the modifications were minor qualitative and quantitative. We have found the
following species of medical importance: Mansonia titillans, Anopheles galvaoi,
Anopheles albitarsis s.l., Anopheles evansae, Anopheles intermedius, Anopheles
cruzii, Anopheles lutzi, Anopheles triannulatus, Aedes albopictus, Aedeomyia
squamipennis, Psorophora ferox, Culex (Melanoconion) sp., Culex amazonensis,
Limatus durhami, Aedes scapularis, Aedes serratus.
Keywords: ecology, vector, Culex, artificial lake, Tiete
5
Sumário
1.INTRODUÇÃO........................................................................................................................7
1.1 RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA E ECOLOGIA HUMANA DA ÁGUA.................7
1.2 LAGOS ARTIFICIAIS E SAÚDE PÚBLICA............................................................8
1.3 ECOLOGIA DOS CULICIDAE...............................................................................9
1.4 CONCEITOS ECOLÓGICOS...............................................................................10
3. OBJETIVOS..........................................................................................................................13
3.1 OBJETIVO GERAL..............................................................................................13
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................13
4. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................................14
4.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS.......................................16
4.2 PERÍODO E TÉCNICA DE COLETA...................................................................17
4.3 IDENTIFICAÇÃO DOS MOSQUITOS E ANÁLISE DE DADOS..........................18
5. RESULTADOS.....................................................................................................................21
5.1 RIQUEZA.............................................................................................................25
5.2 CURVA DE ACUMULAÇÃO DE ESPÉCIES.......................................................27
5.3 MODELOS DE ABUNDÂNCIA DE ESPÉCIES....................................................29
5.4 DOMINÂNCIA......................................................................................................30
5.5 DIVERSIDADE.....................................................................................................32
5.6 ABUNDÂNCIA......................................................................................................34
5.7 CONSTÂNCIA......................................................................................................48
5.8 SIMILARIDADE....................................................................................................51
Figura 23 – Fenograma de similaridade a partir de Sorensen, entre as localidades e anos, utilizando o algorítmo UPGMA....................................53
6. DISCUSSÃO ........................................................................................................................54
6.1 RIQUEZA DAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA EM SAÚDE PÚBLICA.............54
6.2 COMPONENTES ECOLÓGICOS........................................................................56
7. CONCLUSÃO.......................................................................................................................69
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS.....................................................................................70
ANEXOS...................................................................................................................................73
Anexo I – Fotografias da Área de Estudo..................................................................74
Anexo II - Banco de Dados........................................................................................79
6
1.INTRODUÇÃO
1.1 RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA E ECOLOGIA HUMANA DA ÁGUA
A cidade é um ecossistema heterótrofo, um ambiente que depende
completamente de ambientes adjacentes para se manter . A cidade é o centro que
recebe matéria, energia e para a reprodução do capitalismo, onde se concentram
os meios de produção, a população e o consumo. É a face última da atual fase de
nossa história. O campo é a outra ponta dessa relação, é dele que vem os
insumos para a manutenção da cidade, é o polo que fornece a matéria e energia
que serão utilizados na produção de mercadorias (Odum, 1988).
Essa relação com a natureza, implica, na grande maioria das vezes, em
uma via de mão única, com a captura de recursos da natureza, mas a volta à
natureza se dá só através de refugos. Essa via de interação criou a possibilidade
do esgotamento de recursos naturais fundamentais ao homem.
Entre os recursos que cada vez mais rareiam está a água potável. Para
além do uso para a sobrevivência, o homem precisa da água em suas múltiplas
atividades, como abastecimento público e industrial, irrigação agrícola,
paisagismo, produção de energia, diluição de esgotos, entre outras (Mota, 1999).
O Brasil é um país dotado de extensa rede hidrográfica, com rios de notável
extensão, largura e profundidade, figurando entre os países de maior
disponibilidade hídrica.
Contrastantemente com este panorama o Brasil enfrenta dificuldades de
7
abastecimento hídrico de suas metrópoles. O caso da metrópole paulista pode ser
considerado especial (Tundisi, 2003). Com sua Região Metropolitana (RMSP)
contando com praticamente 20 milhões de habitantes, cada um consumindo
aproximadamente 350 litros diários de água, o abastecimento necessariamente se
tornou um problema. A metrópole está assentada, em sua maior parte, na Bacia
Hidrográfica do Alto Tietê, mas desde o fim do século XX esta bacia não tem mais
condição de suprir a necessidade hídrica da metrópole, transpondo água de
outras bacias como Cotia, Cantareira, Rio Claro, Rio Grande e Guarapiranga
(Comitê de Bacia, 2001). A cidade vem, constantemente, buscando o aumento de
sua capacidade de captação de água, seja pela melhoria das represas, como a
interligação Guarapiranga/Billings, seja por utilização de novas, como é o caso da
bacia investigada por este projeto.
1.2 LAGOS ARTIFICIAIS E SAÚDE PÚBLICA
É amplamente conhecido que atividades de desenvolvimento econômico
trazem mudanças radicais na relação homem-natureza, estas podem levar ao
romper de novos padrões de doenças, criando novas áreas de prevalência, novos
focos e novas epidemias. Com empreendimentos como represas a realidade não
é diferente, para além do desenvolvimento econômico, muitas vezes, afora o
benefício, fica para as populações locais também os problemas ambientais, em
especial o possível aumento de vetores ou hospedeiros intermediários (Hunter et
al. 1983).
No Brasil existem diversos casos em que a construção de lagos artificiais
8
levaram ao rompimento de surtos epidêmicos ou ao aumento da densidade de
mosquitos que a habitação humana se tornou impossível no local. O exemplo da
primeira é a construção do lago Itaipú, que devido a migração de operários para a
construção da barragem e a mudança ambiental radical provocou surtos de
malária; e o exemplo da segunda é a barragem de Tucuruí, onde os moradores
ribeirinhos foram expulsos pela grande abundância das populações da tribo
Mansoninii que se criou. Outros estudos trouxeram grande contribuição para o
estudo dos mosquitos, mostrando a relação entre a formação de barragens e suas
populações (Tadei et al 1998; Quintero et al. 1996; Paula & Gomes 1998). Outro
exemplo entre antropização e vetores é o comportamento do Anopheles darlingi e
os projetos de colonização da Amazônia (Vittor, 2006).
1.3 ECOLOGIA DOS CULICIDAE
Culicídeos são insetos pertencentes a ordem Diptera, subordem
Nematocera que incluem fêmeas com hábito hematófago, para completo
desenvolvimento de seus ciclos gonotróficos e oviposição. Os machos não
possuem esse hábito alimentar, pois utilizam exsudados vegetais, como fonte de
energia. Essa característica fez com que, durante sua história evolutiva,
acabassem sendo hospedeiros de endoparasitas, normalmente de vertebrados,
em especial mamíferos e aves. Podem ser considerados insetos de pequeno porte
e de corpo delgado, vulgarmente chamados de mosquitos ou pernilongos.
Atualmente se conhecem mais de 3600 espécies da família Culicidae, com
aproximadamente um quarto de seus representantes restritos a região neotropical
9
(Forattini 1996).
Assim como todos os insetos holometábolos realizam metamorfose
completa, sendo que as fases imaturas são aquáticas e a fase adulta aéreo-
terrestre. As larvas desenvolvem-se em coleções hídricas de variados tamanhos,
ocupando nichos ecológicos próprios. Dentre os culicídeos para além da
diversidade de hábitos entre os adultos, as larvas também adquiriram uma
variabilidade de uso de habitats Alguns gêneros possuem o hábito de colonização
criadouros temporários, outros criadouros permanentes, tanto pequenos corpos
de água quanto grandes corpos de água, locais sombreados ou ensolarados.
Essa característica ecológica faz com que a interferência humana no ambiente
natural e a criação de lagos artificiais criem opções depois das alterações
profundas na composição faunística à seleção das espécies mais aptas
localmente (Forattini 1996).
1.4 CONCEITOS ECOLÓGICOS
Para este projeto propõe-se estudar alguns aspectos, ou características, da
totalidade que é a ecologia de uma espécie ou grupo. Abordou-se as espécies
que tem condição de responder melhor as mudanças populacionais que resultem
em importância no campo da Saúde Pública.
Diversidade, apesar de ser um termo muito utilizado tanto dentro como fora
do meio científico, é complexo e difícil de ser conceituado, especialmente em
poucas linhas. Walker (1988) define diversidade de uma comunidade como o
número de espécies que esta possui, ponderado pela distribuição das mesmas. A
10
despeito da existência de diversos vieses, o estudo focalizará dois tipos de
Diversidade: a Diversidade alfa (α) também chamada de diversidade inventorial,
sendo a medida da diversidade pontual, local. Diversidade beta (β) sendo a
medida que considera os diferentes componentes da paisagem.
A diversidade possui dois componentes: riqueza e equitabilidade. Na sua
mensuração conta-se com diversos índices, que podem fornecer variados
resultados, a partir dos mesmos dados. É fundamental compreender como
escolher certo índice e qual pré-requisito deste. No presente trabalho usaremos o
índice de Brillouin, índice pouco usado, mas adequado para amostras cuja
aleatoriedade não pode ser garantida, como em armadilhas luminosas, já que
diferentes espécies são diferentemente atraídas pela luz (Southwood, 1978)
Riqueza é a medida quantitativa para revelar o número absoluto de
espécies.
Dominância é o peso relativo que determinada espécie tem na comunidade
de culicídeo estudado.
Similaridade é mensurar o quanto duas localidades (ou a mesma localidade
em diferentes períodos de tempo) tem em comum na sua composição faunística.
Abundância (ou Densidade) é o tamanho da população em relação a
alguma unidade de espaço (Odum, 1988).
11
2. JUSTIFICATIVA
Os estudos ecológicos sobre a fauna de culicídeos durante o processo de
construção de uma represa são fundamentais para se compreender quais são as
alterações populacionais sofridas por estas espécies. Como dito anteriormente,
esse tipo de alteração ecológica pode levar a modificações na composição
faunística, eventualmente favorecendo espécies vetoras que podem desencadear
surtos de doenças. O estudo de como a fauna desses animais se comporta, de
acordo com a meio biótico prévio à construção, permite que se possa,
posteriormente, prever o resultado dessa mudança.
A importância dos processos ecológicos vão além, posto que é fundamental
conhecer o produto gerado na academia, de forma a instrumentalizar prevenção
de eventos à sociedade, quando parâmetros de outros eventos semelhantes
antecedidos, permitam que ações de controle sejam criadas e realizadas como
maior foco e eficácia.
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3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Estudar como os dois lagos influenciaram a variação da diversidade das
populações de Culicidae e como refletiriam ecologicamente numa alerta para
potenciais riscos emergentes da transmissão de patógenos à população humana
local ou visitantes.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Descrever componentes ecológicos das populações estudadas por meio da
riqueza, diversidade, estabilidade, similaridade, dominância e abundância.
Relacionar os tipos de composições anteriores e posteriores ao processo
de mudança faunística durante o período estudado.
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4. MATERIAL E MÉTODOS
A Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, com cerca de 5650 Km2 , possui uma
população de cerca de 19 milhões de habitantes, abrange 39 municípios, tomando
parte da Grande São Paulo, nos quais a cada ano a demanda de água potável
cresce de forma célere.
O Sistema Produtor do Alto Tietê (SPAT) constitui um conjunto de obras
para aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos das bacias do Alto Tietê e
Cubatão, o qual vem sendo implantado desde o final da década de 60, pelo
Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), órgão subordinado à
Secretaria de Estado dos Recursos Hídricos, Saneamento e Obras (CEMASI,
2001).
A pesquisa “Biodiversidade nas Bacias dos rios Paraitinga e Biritiba-Mirim
desenvolvido de janeiro à julho de 2001 pelo CEMASI (Centro de Monitoramento
Ambiental da Serra do Itapety), realizou inventários preliminares da flora, peixes,
aves e mamíferos terrestres. Neste documento está recomendado a realização de
outros estudos complementares que incluíssem o inventário de outros animais,
inclusive culicídeos.
O Rio Paraitinga nasce em Paraibuna, Estado de São Paulo, e deságua a
34 km à oeste, na margem direita do Rio Tietê, a jusante do município de Biritiba-
Mirim. O reservatório proposto pelo SPAT para este Rio localiza-se a 10 km a
montante da foz (23o 31’74’’S e 45o 57’14’’W) e inundou 660 ha. O Rio Biritiba-
Mirim nasce na Serra do Garrafãozinho. Sua foz localiza-se a 22 km ao norte da
nascente e 11 km à montante do município Mogi das Cruzes (23o 36’ 17’’ S e 46o
05’33’’W) e cerca de 6km da foz. Inundou uma área de 1140 ha. Os dois
14
reservatórios distam entre si aproximadamente 12 km e estão inseridos em área
de domínio original da Mata Atlântica.
Estudo anterior sobre a vegetação nas bacias dos dois rios acima referido
registrou a existência de extensas áreas antropizadas, caracterizada pela
atividade agrícola rudimentar, exploração de areia e argila, área de
reflorestamento por Eucalyptus e importantes remanescentes da Mata Atlântica
sobre as planícies de inundação e vertente. Esses remanescentes, de formação
florestal predominantemente secundário, apresentam diferentes fisionomias e
composições florísticas, em função das características geológicas, climáticas,
hidrológicas e influência antrópica locais ( CEMASI, 2001).
A formação vegetal da bacia do Rio Biritiba-Mirim apresenta quatro áreas
distintas, com solo hidromórfico, trechos com lençol freático aflorante e vegetação
com diferentes estágios sucessionais. Entretanto, foram identificados estágios de
regeneração mais avançado que aqueles encontrados na bacia do Rio Paraitinga,
considerado, em muitos trechos, como clímax (CEMASI, 2001).
A caracterização dos diferentes componentes deste mosaico de formações
vegetais, envolvendo coleções hídricas nos solos é necessário para compreender
a diversidade faunística de artrópodes na região estudada.
Processos de desmatamentos, queimadas, estabelecimento de
monocultura e fragmentações do ambiente são fatores de sucessão secundária
que exercem um papel preponderante na composição das populações de insetos
nos diferentes estratos remanescentes. Forattini (2002) chamou atenção para o
fenômeno de domiciliação, cujo melhor exemplo seria a predominância das
populações r estrategistas, comumente considerado como praga ou vetores nas
áreas transformadas.
15
4.1 LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS
As duas represas objetos de estudo são parte integrante do Sistema
Produtor do Alto Tietê (SPAT). Este sistema tem localização geográfica
entre a Serra da Mantiqueira e a Serra do Mar. Essa localização cria uma
dinâmica transicional, apresentado fauna tanto semelhante com a litorânea
como com a planaltina (Nascimento, 2008).
A Represa Paraitinga é obra em rio homônimo, localizada no
município de Salesópolis A área de estudo (um fragmento de mata) sofreu
menor impacto pré-empreendimento, mantendo razoavelmente as
características floríticas (e provavelmente faunística em relação aos
Culicidae) primitivas.
A Represa Biritiba-Mirim é uma obra no rio homônimo, localizada
entre os municípios de Mogi das Cruzes e Biritiba-Mirim. Esta área de
estudo pode ser considerada altamente impactada pré-empreendimento,
inclusive com colonização humana nas suas margens, com características
florísticas totalmente diversas daquelas que, provavelmente, eram
encontradas no ambiente primitivo.
16
Figura 1 – Foto de satélite mostrando a localização das Represas cujas faunas foram estudadas.
4.2 PERÍODO E TÉCNICA DE COLETA
Ambas foram construídas a partir de 2002, sendo inundadas a partir do
início de 2005, entrando em operação a partir de 2006. Cada uma delas tem suas
particularidades em relação ao impacto que sofreram com a construção da
barragem, e isto levou a seu estudo conjunto.
A coleta dos culicídeos ocorreu entre o mês de maio de 2002 a dezembro
de 2005. Esse período compreende todo o período de preparação e construção
do canteiro de obras até o fim das obras e completa inundação do lago artificial.
Foram determinados pontos para a realização das coletas, havendo pontos
inundáveis e não inundáveis com vegetação que pudesse servir de abrigo as
espécies. Nos pontos inundados encerraram suas atividades de coleta com o
fechamento da comporta da represa.
Foi utilizada a técnica de coleta por armadilha de Shannon (Shannon 1939),
17
uma armadilha consagrada na literatura e a muita usada para o estudo de
culicídeos (Service, 1993)
4.3 IDENTIFICAÇÃO DOS MOSQUITOS E ANÁLISE DE DADOS
Os espécimens coletados foram identificados no Laboratório de
Entomologia em Saúde Pública – FSP-USP, com auxílio das chaves taxonômicas
de livros como Forattini (1996 e 2002), Lane (1953), Consoli & Oliveira (1994).
Criou-se um banco de dados a partir de todas as coletas realizadas. Desse
banco de dados buscou-se as localidades e técnicas de coleta que apresentavam
a maior série histórica, permitindo a melhor caracterização e comparação entre os
períodos de estudo.
As análises dos componentes ecológicos foram baseadas em Magurran
(1988). Utilizou-se os seguintes índices:
Riqueza (S) - Indicador qualitativo, número de diferentes espécies em uma
área
Diversidade (HB) - Índice de Brillouin, indicado quando a amostragem é
feita exclusivamente por atrativo, em especial luminoso.
Onde N é o número total de indivíduos amostrados e n i é o número de
indivíduos da espécie i.
18
Dominância (d) - Índice de Berger-Parker definido como:
Onde Nmax é o número de indivíduos da espécie mais abundante e N o
número total de indivíduos amostrados.
Constância (C): Determinada a partir da fórmula de Bodenheimer (1938)
como:
Onde P é o número de amostragens que determinada espécie estava
presente e N é o número total de amostragens.
Abundância (IAEP): Índice de Abundância de Espécies Padronizado,
criado por Roberts & Hsi (1979).
Onde c é o maior ordenamento da tabela mais uma unidade, R j é a
somatória dos rankings de abundância por amostragem de determinada espécies
e k é o número de amostragens realizadas.
19
Similaridade: esse componente foi calculado em duas formas, uma
qualitativa, o Índice de Jaccard (J) – onde A e B são a riqueza dos locais ou
períodos a serem comparados – e outra quantitativa, Índice de Sorensen (QS) –
onde A e B são os números de indivíduos de cada local (ou momento) e C é a
soma da menor das duas abundâncias de espécies que ocorrem nos dois locais.
Para a realização das análises foi utilizado o pacote estatístico PAST
(Hammer, 2006) com auxílio de seu manual (Hammer, 2009).
20
5. RESULTADOS
As amostragens realizadas durante o período de estudo resultaram na
coleta de 19.455 indivíduos da família Culicidae, divididos em 95 espécies (Tabela
1). As técnicas utilizadas nessas amostragens foram o aspirador elétrico e concha
entomológica, além da armadilha de Shannon
Entretanto, esse não foi o número total utilizado nas análises ecológicas,
pois a maioria dos módulos de coleta (método e localidade) não tinham a série
histórica de todo o período de estudo, não permitindo que tais análises fossem
feitas de forma robusta, impossibilitando a eventual comparação entre as
diferentes localidade e os diferentes momentos da modificação ambiental imposta
a região.
Assim sendo, foram escolhidas as localidades e técnicas que
apresentavam a série histórica mais completa, de 2002 a 2005. Essas se
resumiram a um ponto de amostragem para Armadilha de Shannon em Biritiba-
Mirim e um em Paraitinga, e um ponto de coleta de imaturos em Biritiba-Mirim,
neste ocorreram coletas apenas em 2002 e 2005. As amostragens selecionadas
para esse estudo totalizaram 6212 espécimens, separadas em 60 espécies
(Tabela 2). A partir dessas foram feitas todas as análises a seguir.
21
22
Categoria Taxonômica Total % Categoria Taxonômica Total %1 Ma. titillans 4107 21,11 49 Wy. sp. 11 0,062 Ad. squamipennis 2175 11,18 50 Cx. (Mel.) akritos 10 0,053 Cq. crysonotum/albifera 1599 8,22 51 Cq. albicosta 10 0,054 An. intermedius 1285 6,60 52 An. parvus 10 0,055 Cq. venezuelensis 1090 5,60 53 Wy. davisi 9 0,056 An. albitarsis s.l. 880 4,52 54 Cx. (Mel.) pereyrai 8 0,047 Ma. indubitans 789 4,06 55 Cx. (Cux.) eduardoi 8 0,048 An. galvaoi 751 3,86 56 Cx. (Cux.) coronator 8 0,049 Ae. scapularis 728 3,74 57 An. cruzii 7 0,0411 Cx. (Mel.) ribeirensis 727 3,74 58 Ur. apicalis 6 0,0310 Ps. ferox 474 2,44 59 Tr. pallidiventer/castroi/simile 6 0,0312 458 2,35 60 Ph. pilicauda 6 0,0313 Cx. (Cux.) sp. 454 2,33 61 Cx. (Mel.) bastagarius 6 0,0321 Ae. crinifer 323 1,66 62 Ur. sp. 5 0,0314 Cx. (Mel.) delpontei 289 1,49 63 Cx. (Cux.) dolosus/eduardoi 5 0,0315 Cq. hermanoi 271 1,39 64 Ae. hastatus/oligopistus 5 0,0323 Cx. (Ads.) amazonensis 257 1,32 65 Ae. hastatus 5 0,0317 251 1,29 66 Ae. albopictus 5 0,0316 Ma. wilsoni 236 1,21 67 Ur. nataliae 4 0,0218 Ae. serratus/nubilus 217 1,12 68 Ph. sp. 4 0,0219 Ae. serratus 204 1,05 69 Cx. (Mel.) zeteki 4 0,0220 Cx. (Cux.) lygrus. 166 0,85 70 Ur. davisi 3 0,0222 Cx. (Cux.) chidesteri 166 0,85 71 Sa. intermedius 3 0,0224 Wy. edwardsi 159 0,82 72 Ma. flaveola 3 0,0226 Ps. albigenu 112 0,58 73 Cx. (Mel.) rabelloi 3 0,0225 Ps. discrucians 105 0,54 74 Cx. (Mel.) ocossa 3 0,0227 An. triannulatus 105 0,54 75 Wy. splendida 2 0,0128 Cq. crysonotum 103 0,53 76 Wy. finlayi/mystes 2 0,0129 Cx. (Cux.) nigripalpus 101 0,52 77 Ph. tripartita 2 0,0130 An. evansae 99 0,51 78 Cx. t(Mel,.) theobaldi 2 0,0131 Cx. (Mel.) dureti 73 0,38 79 2 0,0132 Wy. confusa 68 0,35 80 Cx. (Lutzia) sp. 2 0,0133 Cx. (Mel.) vaxus 55 0,28 81 An. maculipes 2 0,0134 Li. durhami 39 0,20 82 An. argyritarsis 2 0,0135 Ae. nubilus 38 0,20 83 Wy. theobaldi 1 0,0136 36 0,19 84 Wy. antunesi 1 0,0137 Wy. pallidoventer 35 0,18 85 Ur lowii 1 0,0138 Ru. reversa 35 0,18 86 Sa. forattini 1 0,0139 An. lutzi 35 0,18 87 Ph. theobaldi 1 0,0140 Ur. pulcherrima 31 0,16 88 Ph. quasilongirostris 1 0,0141 Cx. (Cux.) dolosus 25 0,13 89 Ph. palmata 1 0,0142 Wy. flabellata 23 0,12 90 Cx. (Mel.) sp. 1 0,0143 An. strodei 20 0,10 91 Cx. (Mel.) pilosus 1 0,0144 Cx. (Mel.) misionensis 19 0,10 92 Cx. (Mel.) adamesi 1 0,0145 Cq. juxtamansonia 16 0,08 93 Cx. (Cux.) declarator 1 0,0146 Ur. geometrica 14 0,07 94 An. strodei/rondoni 1 0,0147 Ph. edwardsi 14 0,07 95 An. oswaldoi 1 0,01
Tabela 1. Números totais de culicídeos amostrados em Biritiba-Mirim e Paraitinga, no período entre 2002 e 2005
Cx. (Mel.) seção Melanoconion
Cx. (Cux.) grupo Coronator
Cx. (Mel.) seção Spissipes
Cx. (Mel.) grupo Atratus
5.1 RIQUEZA
A riqueza e número amostral não foram homogêneos durante o período
estudado, variando para ambas áreas.
A ilustração (Figura 2) abaixo mostra a variação combinada do número
amostral e da riqueza em Biritiba-Mirim no período de estudo. Nessa
representação fica evidenciada uma tendência de diminuição de riqueza em
Biritiba-Mirim.
23
rank Categoria Taxonômica Total % rank Categoria Taxonômica Total %1 Ma. titillans 1656 23,88 31 Cq. juxtamansonia 10 0,14
2 Ad. squamipennis 1024 14,76 32 Cx. (Cux.) dolosus/ eduardoi 8 0,12
3 Cq. venezuelensis 503 7,25 33 Ur. pulcherrima 8 0,12
4 Oc. scapularis 500 7,21 34 Wy. confusa 8 0,09
5 An. galvaoi 391 5,64 35 Ru. reversa 6 0,07
6 An. albitarsis s.l. 299 4,31 36 An. strodei 5 0,07
7 Ma. indubitans 259 3,73 37 Cx. (Mel.) bastagarius 5 0,07
8 Ps. ferox 241 3,47 38 Cx. (Mel.) delpontei 5 0,06
9 Oc. serratus/nubilus 198 2,85 39 Ae. albopictus 4 0,06
10 Cq. crysonotum/albifera 195 2,81 40 An. lutzi 4 0,06
11 Cq. crysonotum 186 2,68 41 Cx. (Mel.) Seç. Melanoconion 4 0,06
12 Oc. serratus 174 2,51 42 Oc. hastatus 4 0,06
13 Cx. (Cux.) Gr. Coronator 137 1,98 43 Ur. davisi 4 0,06
14 Cx. (Mel.) akritos 110 1,59 44 Wy. splendida 4 0,04
15 Cx. (Mel.) ribeirensis 101 1,46 45 Ur. apicalis 3 0,03
16 Cx. (Cux.) sp. 94 1,36 46 An. cruzii 2 0,03
17 Oc. crinifer 93 1,34 47 Cx. (Mel.) misionensis 2 0,03
18 Cx. (Cux.) chidesteri 92 1,33 48 Cx. (Mel.) pereyrai 2 0,03
19 An. triannulatus 91 1,31 49 Li. durhami 2 0,03
20 Cq. hermanoi 73 1,05 50 Wy. davisi 2 0,01
21 An. intermedius 67 0,97 51 An. maculipes 1 0,01
22 Cx. (Mel.) Seç. Spissipes 62 0,89 52 Cx. (Mel.) vaxus 1 0,01
23 Cx. (Mel.) Gr. Atratus 55 0,79 53 Cx. theobaldi 1 0,01
24 Ma. wilsoni 55 0,79 54 Oc. hastatus/oligopistus 1 0,01
25 An. evansae 54 0,78 55 Oc. nubilus 1 0,01
26 Wy. edwardsi 39 0,56 56 Ph. bonnei 1 0,01
27 Cx. (Ads.) amazonensis 34 0,49 57 Ur. geometrica 1 0,01
28 Ps. albigenu 24 0,35 58 Wy. finlay/mystes 1 0,01
29 Cx. nigripalpus 14 0,20 59 Wy. sp. 1 0,01
30 Ps. discrucians 14 0,20 60 Cx. (Lutzia) sp. 1 0,01
Total 6212 Total 6212
Tabela 2. Indivíduos por espécie de culicídeos, das amostragens que serão usadas nas análises ecológicas em Biritiba-Mirim e Paraitinga,no período entre 2002 e 2005
A figura 2 mostra as modificações que, em Paraitinga, ocorreram variações
de menor magnitude nesses componentes ecológicos da fauna de culicídeos.
24
2002 2003 2004 20050
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Figura 2 - Variação da riqueza e do número amostral em Biritiba-Mirim, entre 2002 e 2005
NS
ano
N S
5.2 CURVA DE ACUMULAÇÃO DE ESPÉCIES
A curva de acumulação de espécie de Biritiba-Mirim apresentou um
patamar a partir de junho de 2004, patamar que se interrompe em agosto de
2005, com a adição de 4 espécies nos últimos 4 meses.
A curva da série histórica de Paraitinga não apresentou um patamar mas
um crescimento quase constante a partir de janeiro de 2003.
25
2002 2003 2004 20050
200
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600
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1400
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0
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20
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30
35
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Figura 3 - Variação da riqueza e do número amostral em Paraitinga, entre 2002 e 2005
NS
ano
N
S
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n/04
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/05
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0
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20
30
40
50
60
Figura 4 - Curva de Acumulação de Espécies, Represa Biritiba-Mirim, de 2002 a 2005
mês/ano
espé
cies
acu
mul
adas
Jul/0
2A
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Out
/02
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/03
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/03
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/03
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/05
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Figura 5 - Curva de Acumulação de Espécies, Paraitinga, de 2002 a 2005mês/ano
espé
cies
acu
mul
adas
5.3 MODELOS DE ABUNDÂNCIA DE ESPÉCIES
Os modelos de abundância de espécies foram criados buscando
generalizar a distribuição das abundâncias da população, são quatro tipos
básicos, cada um com características de diversidade próprias.
Foi testada a aderência das amostras aos modelos. A fauna de Paraitinga
se encaixou melhor no modelo 'série geométrica' (Figura 6), com probabilidade de
aderência de 80%. Já a distribuição de fauna de Biritiba-Mirim se encaixou melhor
no modelo 'Log-Normal' (Figura 7) com probabilidade de 15%.
Portanto a diversidade não poderia ser comparada por meio do modelo de
abundância, visto que as duas composições de espécie não aderiram ao mesmo
modelo. Então partiu-se para análise da diversidade dos diferentes sítios de
amostragens utilizando os índices de calculo de Diversidade.
27
5.4 DOMINÂNCIA
Assim como os diversos componentes ecológicos também varia com uma
mudança ambiental. A dominância, calculada mensalmente, variou de 0,21 a 0,89
em Biritiba-Mirim (Figura 8), com média de 0,41. Também é possível notar um
crescimento da dominância no período em questão.
28
Também calculada mês a mês, a dominância em Paraitinga oscilou de
0,22 a 0,85 (Figura 9), com média de 0,47. A dominância em Paraitinga não
apresentou uma tendência de variação, pelo contrário, sua tendência foi de
estabilidade ao longo do experimento.
29
Jul/0
2A
go/0
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Out
/02
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02De
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4A
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Mar
/05
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5No
v/05
Dez/
05
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
f(x) = 0,01x + 0,29
Figura 8 - Variação da dominância em Biritiba-Mirim, de 2002 a 2005
mês/ano
berg
er-p
arke
r (d)
5.5 DIVERSIDADE
A diversidade foi calculada utilizando-se o Índice de Brillouin, mês a mês,
com a intenção de mostrar como esse componente variou, buscando-se uma
variação para além da já esperada variação sazonal.
Em Biritiba-Mirim (Figura 10) a diversidade oscilou de 3,5 a 0,5, mas
essencialmente oscilou inferiormente até 1,5. A média da diversidade na fauna de
culicídeos nessa barragem foi 2,43. É perceptível que a diversidade em Biritiba-
Mirim foi maior nos anos iniciais, em especial 2002.
30
Jul/0
2A
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t/02
Out
/02
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ut/0
5No
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Dez/
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0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
f(x) = 0,00121x + 0,43838
Figura 9 - Variação da dominância em Paraitinga, de 2002 a 2005
mês/ano
berg
er-p
arke
r (d)
Em Paraitinga a diversidade oscilou de 3 a 1, com média da diversidade na
fauna de culicídeos nessa barragem foi 2,2 , e não foi perceptível uma tendência
clara de variação durante o período estudado.
31
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2A
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t/02
Out
/02
Nov/
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Dez/
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1
1,5
2
2,5
3
3,5
f(x) = -0,0276x + 2,9610
Figura 10 - Variação do Índice de Brillouin em Biritiba-Mirim, mês a mês, de 2002 a 2005
mês/ano
HB
5.6 ABUNDÂNCIA
O índice de abundância de espécies de Roberts & Hsi (1979) foi criado
tendo os culicídeos como foco, e tem sido muito usado, já que, ao combinar
dominância e constância, das espécies acaba revelando mais claramente quais
mudanças aconteceram, podendo indicar as razões da variação da fauna dessa
família.
As figuras de 12 a 16 e 17 a 21 referem-se a distribuição do índice de
abundância de espécies para os mosquitos coletados nas áreas dos reservatórios
de Biritiba-Mirim e Paraitinga, respectivamente. O quadro 1 apresenta a
32
Jul/0
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/02
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Jan/
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/04
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v/05
Mar
/05
Abr
/05
Mai
/05
Jun/
05Ju
l/05
Ago
/05
Set/0
5O
ut/0
5No
v/05
Dez/
05
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
f(x) = 0,00099x + 1,97348
Figura 11 - Variação da Diversidade da população de culicídeosem Paraitinga, de 2002 a 2005
mês/ano
HB
codificação para as espécies apresentadas nas respectivas figuras
Em Biritiba-Mirim as espécies de maior abundância na somatória de todos
os anos foram Mansonia titillans (0,96), Aedes scapularis (0,6), Aedeomyia
squamipennis (0,55), Coquillettidia venezuelensis (0,47), Anopheles albitarsis s.l.
(0,39) e Anopheles galvaoi (0,37), Aedes serratus (0,31) e Mansonia indubitans
(0,31).
33
Ad. squamipennis E01 Cx. (Mel.) vaxus E30Ae. albopictus E02 Cx. nigripalpus E31An. albitarsis s.l. E03 Cx. theobaldi E32An. cruzii E04 Li. durhami E33An. evansae E05 Ma. indubitans E34An. galvaoi E06 Ma. titi llans E35An. intermedius E07 Ma. wilsoni E36An. lutzi E08 Ae. crinifer E37An. maculipes E09 Ae. hastatus E38An. strodei E10 Ae. hastatus/oligopistus E39An. triannulatus E11 Ae. nubilus E40Cq. crysonotum E12 Ae. scapularis E41Cq. crysonotum/albifera E13 Ae. serratus E42Cq. hermanoi E14 Ae. serratus/nubilus E43Cq. juxtamansonia E15 Ph. bonnei E44Cq. venezuelensis E16 Ps. albigenu E45Cx. (Ads.) amazonensis E17 Ps. discrucians E46Cx. (Cux.) chidesteri E18 Ps. ferox E47Cx. (Cux.) Gr. Coronator E19 Ru. reversa E48Cx. (Cux.) sp. E20 Ur. apicalis E49Cx. (Mel.) akritos E21 Ur. davisi E50Cx. (Mel.) bastagarius E22 Ur. geometrica E51Cx. (Mel.) delpontei E23 Ur. pulcherrima E52Cx. (Mel.) Gr. Atratus E24 Wy. confusa E53Cx. (Mel.) misionensis E25 Wy. davisi E54Cx. (Mel.) pereyrai E26 Wy. edwardsi E55Cx. (Mel.) ribeirensis E27 Wy. flabellata E56Cx. (Mel.) Seç. Melanoconion E28 Wy. sp. E57Cx. (Mel.) Seç. Spissipes E29 Wy. splendida E58
Quadro 1 – Código das espécies relativo as figuras 12 a 21
Essa composição faunística não foi a mesma durante todo o período
estudado. No ano de início do estudo as espécies mais abundantes foram
Mansonia titillans (0,96), Coquillettidia venezuelensis (0,8), Mansonia indubitans
(0,69), Anopheles galvaoi (0,65), Aedeomyia squamipennis (0,6), Anopheles
albitarsis s.l. (0,58) e Anopheles evansae (0,53). Nota-se a importância de Ma.
titillans e dos An. (Nyssorhynchus), nessa composição faunística (Figura 13).
Em 2003 notam-se algumas modificações, mas as espécies mais
abundantes mantém-se, basicamente, as mesmas, essas são: Mansonia titillans
(0,94), Aedeomyia squamipennis (0,79), Anopheles galvaoi (0,61), Aedes
scapularis (0,58), Anopheles triannulatus (0,52), Culex (Cux.) sp. (0,52) e
Anopheles albitarsis s.l. (0,5) (Figura 14).
A partir do ano de 2004 as mudanças são maiores e mais perceptíveis, em
especial a diminuição do valor de IAEP a partir do 3º mais abundante. A espécie
mais abundante foi Mansonia titillans (0,92) seguido por Aedes scapularis (0,75),
Coquillettidia venezuelensis (0,44), Aedes crinifer, Aedes serratus (0,28),
Aedeomyia squamipennis (0,22), Anopheles albitarsis s.l. (0,22) (Figura 15).
A fauna observada no ano de 2005 também sofreu modificação se
comparada com o ano anterior. As espécies mais abundantes foram, Mansonia
titillans (0,92), Aedeomyia squamipennis (0,55), Aedes serratus (0,48),
Coquillettidia venezuelensis (0,44), Aedes scapularis (0,41), Mansonia indubitans
(0,32) e Culex delpontei (0,31) (Figura 16).
34
35
36
E35
E01
E06
E41
E11
E20
E03
E43
E13
E14
E47
E16
E34
E26
E07
E28
E23
E42
E55
E37
E45
E53
E05
E19
E48
E17
E31
E02
E22
E33
E57
E24
E39
E36
E32
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Figura 14 - IAEP das espécies de culicídeos, em Biritiba-Mirim, 2003Espécies
IAE
P
E35
E16
E34
E06
E01
E03
E05
E28
E19
E13
E07
E55
E41
E20
E26
E43
E47
E37
E36
E57
E38
E30
E45
E53
E50
E21
E56
E23
E58
E08
E31
E17
E22
E24
E04
E29
E51
E14
E54
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Figura 13 - IAEP de culicídeos, Biritiba-Mirim, 2002Espécies
IAE
P
A fauna de Paraitinga teve como seus representantes mais abundantes na
37
E35
E01
E42
E16
E41
E34
E23
E03
E20
E11
E47
E06
E31
E13
E28
E07
E19
E57
E37
E26
E36
E52
E46
E09
E44
E49
E43
E25
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Figura 16 - IAEP de culicídeos, Biritiba-Mirim, 2005
Espécies
IAEP
E35
E41
E16
E37
E42
E01
E03
E20
E47
E13
E06
E36
E34
E19
E15
E31
E07
E11
E26
E57
E23
E05
E46
E50
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Figura 15 - IAEP das espécies de culicídeos, amostrados em Biritba-Mirim, 2004
Espécies
IAE
P
somatória de todos os anos, Aedes scapularis (0,77), Psorophora ferox (0,43),
Mansonia titillans (0,42), Anopheles galvaoi (0,33), Aedes serratus (0,32),
Coquillettidia venezuelensis (0,31) (Figura 17).
No primeiro ano deste estudo as espécies mais abundantes foram,
Coquillettidia venezuelensis (0,62), Culex ribeirensis (0,59), Mansonia titillans
(0,57), Anopheles galvaoi (0,49), Coquillettidia crysonotum/albifera (0,46) e Aedes
scapularis (0,4) (Figura 18).
O ano seguinte, 2003, as espécies mais abundantes foram Aedes
scapularis (0,6), Anopheles galvaoi (0,43), Culex (Cux.) sp. (0,4), Psorophora
ferox (0,32), Anopheles albitarsis s.l. (0,27) e Aedes serratus (0,26) (Figura 19).
38
39
A composição faunística de 2004 mostra algumas modificações em relação
aquela presente nos anos anteriores. Aedes scapularis permaneceu como a
espécie mais abundante (0,77), seguida por Psorophora ferox (0,41), Culex gr.
Coronator (0,31), Aedes serratus (0,31), Aedes crinifer (0,26) e Mansonia titillans
(0,25) (Figura 20).
O ano de 2005 teve, em Paraitinga, as seguintes espécies como mais
abundantes, Aedes scapularis (0,84), Mansonia titillans (0,64), Psorophora ferox
(0,51), Aedes serratus (0,4), Aedes crinifer (0,36) e Anopheles galvaoi (0,35)
(Figura 21).
40
E16
E27
E35
E06
E13
E41
E19
E20
E28
E46
E47
E24
E05
E17
E37
E49
E08
E21
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Figura 18 - IAEP dos culicídeos de Paraitinga, em 2002
Espécies
IAE
P
41
E41
E47
E19
E42
E20
E37
E35
E27
E31
E16
E06
E24
E17
E28
E07
E12
E46
E10
E26
E01
E13
E48
E54
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Figura 20 - IAEP dos culicídeos de Paraitinga, ano 2004
Espécies
IAEP
E41
E06
E20
E47
E03
E42
E16
E05
E14
E37
E35
E40
E13
E34
E45
E36
E27
E17
E15
E46
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Figura 19 - IAEP dos culicídeos de Paraitinga em 2003
Espécies
IAE
P
5.7 CONSTÂNCIA
A constância foi calculada separadamente para cada ano e no total de
todas as amostragens (Tabela 3). Em Biritiba-Mirim as espécies de maior
constância durante todo o período estudado foram, Mansonia titillans (100), Aedes
scapularis (73,2), Aedeomyia squamipennis (65,9), Coquillettidia venezuelensis
(61), Anopheles albitarsis s.l. (53,7), Culex (Cux.) sp. (51,2).
A fauna amostrada em 2002 , mostrou os valores mais altos. As espécies
que apresentaram maior constância nesse período foram Mansonia titillans,
Coquillettidia venezuelensis, Anopheles evansae (100) e Aedeomyia
squamipennis, Anopheles galvaoi, Mansonia indubitans e Wyeomyia edwardsi
(83,3). As amostragens ocorridas durante o ano de 2003 tiveram as seguintes
espécies como as mais constantes: Mansonia titillans (100), Aedeomyia
42
E41
E35
E47
E42
E37
E06
E16
E20
E01
E12
E11
E03
E13
E52
E27
E36
E46
E08
E18
E17
E05
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Figura 21 - IAEP de culicídeos de Paraitinga, ano 2005
Espécies
IAE
P
squamipennis (90,9), Anopheles albitarsis (81,8), Anopheles galvaoi (81,8),
Anopheles triannulatus (72,7), Aedes scapularis (72,7). Em 2004, as espécies
mais constantes em Biritiba-Mirim foram, Mansonia titillans (100), Aedes
scapularis (91,7), Coquillettidia venezuelensis (58,5), Aedes crinifer (50), Aedes
serratus (41,7), Aedeomyia squamipennis (33,3). No ano final do estudo as
espécies mais constantes foram, Mansonia titillans (100), Aedeomyia
squamipennis (66,7), Aedes serratus (66,7), Aedes scapularis (58,3), Coquillettidia
venezuelensis (58,3), Culex delpontei (50).
Dentre a totalidade de coletas e espécies amostradas, as mais constantes
em Paraitinga foram, Aedes scapularis (88,6), Mansonia titillans (51,4),
Psorophora ferox (48,6), Anopheles galvaoi (40) e Aedes serratus (40).
Ao calcular a constância anualmente podemos perceber melhor as
nuâncias da variação deste componente. Em 2002 as espécies mais abundantes
foram, Anopheles galvaoi (66,7), Coquillettidia crysonotum/albifera (66,7),
Coquillettidia venezuelensis (66,7), Culex ribeirensis (66,7), Mansonia titillans
(66,7), Aedes scapularis (66,7).
No ano 2003 estas foram, Aedes scapularis (75), Anopheles galvaoi (50),
Culex (Cux.) sp. (50), Anopheles albitarsis s.l. (37,5), Aedes serratus (37,5).
Em 2004 as espécies de maior abundância foram: Aedes scapularis (91,7),
Psorophora ferox (50), Culex ribeirensis (41,7), Coquillettidia venezuelensis (33,3)
e Culex gr Coronator (33,3).
43
44
Biritiba-Mirim Paraitingaespécie GERAL 2002 2003 2004 2005 GERAL 2002 2003 2004 2005Ad. squamipennis 65,9 83,33 90,91 33,33 66,67 17,1 0 0 8,33 41,67Ae. albopictus 2,4 0 9,09 0 0 0,0 0 0 0 0Ae. crinifer 29,3 50 18,18 50 8,33 37,1 33,33 25 33,33 50Ae. hastatus 7,3 50 0 0 0 0,0 0 0 0 0Ae. hastatus/oligopistus 2,4 0 9,09 0 0 0,0 0 0 0 0Ae. nubilus 0,0 0 0 0 0 2,9 0 12,5 0 0Ae. scapularis 73,2 66,67 72,73 91,67 58,33 88,6 66,67 75 91,67 100Ae. serratus 36,6 0 18,18 41,67 66,67 40,0 0 37,5 33,33 58,33Ae. serratus/nubilus 22,0 33,33 54,55 0 8,33 0,0 0 0 0 0An. albitarsis s.l. 53,7 66,67 81,82 33,33 41,67 17,1 0 37,5 0 25An. cruzii 4,9 16,67 9,09 0 0 0,0 0 0 0 0An. evansae 22,0 100 18,18 8,33 0 11,4 33,33 25 0 8,33An. galvaoi 48,8 83,33 81,82 25 25 40,0 66,67 50 25 41,67An. intermedius 26,8 66,67 27,27 16,67 16,67 2,9 0 0 8,33 0An. lutzi 2,4 16,67 0 0 0 5,7 33,33 0 0 8,33An. maculipes 2,4 0 0 0 8,33 0,0 0 0 0 0An. strodei 0,0 0 0 0 0 2,9 0 0 8,33 0An. triannulatus 34,1 0 72,73 16,67 33,33 5,7 0 0 0 16,67Cq. crysonotum 0,0 0 0 0 0 8,6 0 0 8,33 16,67Cq. crysonotum/albifera 39,0 50 63,64 25 25 17,1 66,67 12,5 8,33 16,67Cq. hermanoi 17,1 16,67 54,55 0 0 5,7 0 25 0 0Cq. juxtamansonia 2,4 0 0 8,33 0 2,9 0 12,5 0 0Cq. venezuelensis 61,0 100 45,45 58,33 58,33 37,1 66,67 25 33,33 41,67Cx. (Ads.) amazonensis 7,3 16,67 18,18 0 0 14,3 33,33 12,5 16,67 8,33Cx. (Cux.) chidesteri 0,0 0 0 0 0 2,9 0 0 0 8,33Cx. (Cux.) Gr. Coronator 22,0 66,67 27,27 8,33 8,33 14,3 33,33 0 33,33 0Cx. (Cux.) sp. 51,2 83,33 72,73 33,33 33,33 37,1 33,33 50 33,33 33,33Cx. (Mel.) akritos 4,9 33,33 0 0 0 2,9 33,33 0 0 0Cx. (Mel.) bastagarius 7,3 16,67 18,18 0 0 0,0 0 0 0 0Cx. (Mel.) delpontei 34,1 50 27,27 16,67 50 0,0 0 0 0 0Cx. (Mel.) Gr. Atratus 4,9 16,67 9,09 0 0 8,6 33,33 0 16,67 0Cx. (Mel.) misionensis 2,4 0 0 0 8,33 0,0 0 0 0 0Cx. (Mel.) pereyrai 29,3 66,67 45,45 8,33 16,67 2,9 0 0 8,33 0Cx. (Mel.) ribeirensis 0,0 0 0 0 0 25,7 66,67 12,5 41,67 8,33Cx. (Mel.) Seç. Melanoconion 24,4 83,33 27,27 0 16,67 8,6 33,33 0 16,67 0Cx. (Mel.) Seç. Spissipes 2,4 16,67 0 0 0 0,0 0 0 0 0Cx. (Mel.) vaxus 7,3 33,33 9,09 0 0 0,0 0 0 0 0Cx. nigripalpus 17,1 16,67 18,18 8,33 25 8,6 0 0 25 0Cx. theobaldi 2,4 0 9,09 0 0 0,0 0 0 0 0Li. durhami 4,9 0 18,18 0 0 0,0 0 0 0 0Ma. indubitans 36,6 83,33 27,27 16,67 41,67 2,9 0 12,5 0 0Ma. titillans 100,0 100 100 100 100 51,4 66,67 25 33,33 83,33Ma. wilsoni 19,5 50 9,09 25 8,33 8,6 0 12,5 0 16,67Ph. bonnei 2,4 0 0 0 8,33 0,0 0 0 0 0Ps. albigenu 9,8 16,67 27,27 0 0 2,9 0 12,5 0 0Ps. discrucians 4,9 0 0 8,33 8,33 11,4 33,33 12,5 8,33 8,33Ps. ferox 34,1 50 45,45 33,33 16,67 48,6 33,33 37,5 50 58,33Ru. reversa 4,9 0 18,18 0 0 2,9 0 0 8,33 0Ur. apicalis 2,4 0 0 0 8,33 2,9 33,33 0 0 0Ur. davisi 7,3 33,33 0 8,33 0 0,0 0 0 0 0Ur. geometrica 2,4 16,67 0 0 0 0,0 0 0 0 0Ur. pulcherrima 4,9 0 0 0 16,67 8,6 0 0 0 25Wy. confusa 14,6 50 27,27 0 0 0,0 0 0 0 0Wy. davisi 2,4 16,67 0 0 0 2,9 0 0 8,33 0Wy. edwardsi 17,1 83,33 18,18 0 0 0,0 0 0 0 0Wy. flabellata 2,4 16,67 0 0 0 0,0 0 0 0 0Wy. sp. 7,3 0 9,09 8,33 8,33 0,0 0 0 0 0Wy. splendida 2,4 16,67 0 0 0 0,0 0 0 0 0
Tabela 3 – Constância das espécies de culicídeos em Biritiba-Mirim e Paraitinga, anualmente, entre 2002 e 2005
5.8 SIMILARIDADE
As matrizes de similaridade estão expostas nas tabelas 4 (Jaccard) e 5
(Sörensen).
Os dendrogramas criados a partir dessas matrizes estão expostos nas
Figuras 23 e 24. A similaridade de Jaccard, como esperado, agrupou as faunas
das barragens entre si, formando os grupos [BM02, BM03, BM04, BM 05] e
[PAR02, PAR03, PAR04, PAR05]. Já a similaridade de Sörensen-quantitativa
45
Tabela 4 – Matriz de similaridade de Jaccard, entre barragens e anos.PAR02 PAR03 PAR04 PAR05 BM02 BM03 BM04 BM05
PAR02 - 0,462 0,519 0,500 0,415 0,400 0,387 0,371PAR03 0,462 - 0,387 0,577 0,395 0,450 0,552 0,389PAR04 0,519 0,387 - 0,467 0,400 0,452 0,455 0,472PAR05 0,500 0,577 0,467 - 0,356 0,405 0,533 0,457BM02 0,415 0,395 0,400 0,356 - 0,625 0,444 0,458BM03 0,400 0,450 0,452 0,405 0,625 - 0,537 0,545BM04 0,387 0,552 0,455 0,533 0,444 0,537 - 0,618BM05 0,371 0,389 0,472 0,457 0,458 0,545 0,618 -
Tabela 5 – Matriz de similaridade de Sörensen (quantitativo), entre barragens e anos.PAR02 PAR03 PAR04 PAR05 BM02 BM03 BM04 BM05
PAR02 - 0,394 0,343 0,427 0,306 0,223 0,312 0,270PAR03 0,394 - 0,252 0,388 0,399 0,311 0,270 0,303PAR04 0,343 0,252 - 0,582 0,205 0,246 0,592 0,241PAR05 0,427 0,388 0,582 - 0,339 0,353 0,561 0,357BM02 0,306 0,399 0,205 0,339 - 0,632 0,441 0,661BM03 0,223 0,311 0,246 0,353 0,632 - 0,406 0,612BM04 0,312 0,270 0,592 0,561 0,441 0,406 - 0,511BM05 0,270 0,303 0,241 0,357 0,661 0,612 0,511 -
agrupou a fauna de Biritiba-Mirim ano 2004 junto com a fauna de Paraitinga, fato
inesperado devido a diferença entre as faunas.
46
Figura 23 – Fenograma de similaridade a partir de Sorensen, entre as localidades e anos, utilizando o algorítmo UPGMA
47
6. DISCUSSÃO
6.1 RIQUEZA DAS ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA EM SAÚDE PÚBLICA
Dentre a riqueza de espécies registradas nas áreas no entorno das
Barragens de Biritiba-Mirim e Paraitinga, destacam-se as de alguma (ou potencial)
importância médico-sanitária, como: Mansonia titillans, Anopheles galvaoi,
Anopheles albitarsis s.l., Anopheles evansae, Anopheles intermedius, Anopheles
cruzii, Anopheles lutzi, Anopheles triannulatus, Aedes albopictus, Aedeomyia
squamipennis, Psorophora ferox, Culex (Melanoconion) sp., Culex amazonensis,
Limatus durhami, Aedes scapularis, Aedes serratus (Quadro 2).
Apesar de mais de uma dezena de espécies aqui registradas possuírem
alguma importância em saúde pública, a maioria possui alguma competência
vetorial, mas não foram incriminadas em inquéritos epidemiológicos como vetores
no ambiente natural. Estão nesse grupo Aedeomyia squamipennis, vetor da
malária aviária e outros parasitos (Gabaldon et al. 1977), Mansonia titillans
encontrado portando naturalmente arbovírus e alguns vírus de encefalites
(Forattini, 2002; Consoli & Oliveira, 1994), Anopheles evansae, Anopheles lutzi,
Anopheles galvaoi, Anopheles intermedius e Anopheles triannulatus , encontrados
naturalmente infectados por plasmódios, mas pouco importantes na manutenção
da endemia de malária em suas regiões (Klein et al, 1991; Oliveira-Ferreira et al.,
1990).; Psorophora ferox, Aedes serratus e Aedes scapularis foram associadas a
epidemia do vírus rocio acontecida no fim da década de 70 no litoral sul paulista.
48
Apesar de muita pesquisa nenhum culicídeos foi provado como vetor, mas os
registrados acima foram indicados
como mais prováveis (Lopes, 1986). Alguns sabetíneos foram incriminados como
vetores de patógenos, mas o mais comum nesse trabalho, Limatus durhami,
apesar de encontrado naturalmente infectado com vírus, não foi incriminado ainda
como vetor (Hervé, 1986). A presença da espécie Culex amazonensis também é
considerada de baixo risco epidemiológico, pois nunca foi encontrada portando
vírus naturalmente no Brasil (Consoli & Oliveira, 1994). O subgênero
Melanoconion, comumente encontrado em ambas barragens, é um dos táxons
49
Espécie ÁreaAd. squamipennis BM, PARAe. albopictus BMAn. albitarsis s.l. BM, PARAn. cruzii BMAn. evansae BM, PARAn. galvaoi BM, PARAn. intermedius BM, PARAn. lutzi BM, PARAn. triannulatus BM, PARCx. (Ads.) amazonensis BM, PARCx. (Mel.) akritos BM, PARCx. (Mel.) bastagarius BMCx. (Mel.) delpontei BMCx. (Mel.) Gr. Atratus BM, PARCx. (Mel.) misionensis BMCx. (Mel.) pereyrai BM, PARCx. (Mel.) ribeirensis PARCx. (Mel.) Seç. Melanoconion BM, PARCx. (Mel.) Seç. Spissipes BMCx. (Mel.) vaxus BMLi. durhami BMMa. titi llans BM, PARAe. scapularis BM, PAROc. serratus BM, PARPs. ferox BM, PAR
Quadro 2 – Espécies de importância sanitária encontradas na região estudada
mais diversos da família, foi encontrado naturalmente infectado, e supõe-se que
possam desempenhar papel vetorial de agravos como encefalite equina
venezuelana (Walton & Grayson, 1989; Sabattini et al., 1998). Também entra
nesse grupo Aedes albopictus, mosquito responsável pela transmissão do dengue
no sudeste asiático, mas que desde o início de sua colonização das Américas não
se mostrou vetor desta.
Entretanto algumas espécies possuem capacidade vetora real, sendo
categorizados como vetores primários ou secundários de alguns agravos. Neste
grupo estão os vetores da malária encontrados. A primeira destas espécies é
Anopheles cruzii, uma vez muito importante por ser o vetor primário das epidemias
de malária no litoral paulista até a metade do século passado. Com as campanhas
antimalarígenas acontecidas no estado acabaram com os surtos epidêmicos,
restando apenas uma residual endemia. Foi pouco encontrado neste estudo, e,
pelo seu hábito reprodutivo, praticamente desapareceu no segundo biênio.
6.2 COMPONENTES ECOLÓGICOS
A riqueza e número de indivíduos de culicídeos amostrados indicam
alguma diferença entre as áreas das duas barragens e entre os anos. Biritiba-
Mirim apresentou uma riqueza maior que Paraitinga, enquanto a primeira oscilou
entre 24 e 38 espécies, a última foi de 18 a 23 espécies. A mesma relação
aconteceu entre o número de indivíduos amostrados nos pontos utilizados para
50
análise ecológica. Enquanto Biritiba-Mirim teve número de espécimens variando
de 514 a 1504, Paraitinga teve o número de espécimens restrito ao intervalo entre
247 e 758. Esses dados revelam um ambiente mais rico e abundante e Biritiba-
Mirim que em Paraitinga.
Comparando a variação temporal desse empreendimento alguns padrões
são percebidos. Biritiba-Mirim teve riqueza média de 37,5 nos dois primeiros anos
de estudos, e riqueza média de 26 nos dois últimos estudados. O número de
indivíduos amostrados nessa mesma barragem foi, na média dos dois primeiros
anos, 1353 indivíduos, e na média dos dois últimos anos 761 indivíduos. Já em
Paraitinga a média do número amostral nos dois primeiros anos foi 502,5
indivíduos e nos dois anos finais do estudo 489,5.
Os dados sobre riqueza e indivíduos amostrados já revelam que a variação
temporal foi muito mais intensa em Biritiba-Mirim em relação a Paraitinga.
A curva de acumulação de espécies construída a partir das coletas de
Biritiba-Mirim apresentou formato padrão, desenvolvendo uma clara assíntota a
partir de junho de 2004, a 24ª amostragem. Mas esse patamar é desfeito em
setembro de 2005, a partir de quando mais 5 espécies foram amostradas. Essas
cinco espécies são espécies raras, dos subgêneros Wyeomyia (Phoniomyia),
Uranotaenia e Culex (Melanoconion). Já a curva de acumulação de espécies não
apresentou um patamar claro, com acréscimo de espécies até a penúltima coleta.
As curvas revelam que as coletas realizadas não foram capazes de amostrar toda
a riqueza presente nas localidades, em especial em Paraitinga.
Modelos de abundância de espécies foram criados para explicar, de forma
geral, a distribuição de abundâncias, servindo como parâmetro de comparação de
amostragens com diferentes riquezas e números amostrais. A comunidade de
51
Biritiba-Mirim se encaixou no modelo log-normal, apesar se sua aderência ser
baixa, sendo possível que essa comunidade não se encaixe em nenhum dos
modelos existentes.
A comunidade de Paraitinga teve aderência maior ao modelo log-normal,
com probabilidade de aderência muito maior que Biritiba-Mirim. O modelo 'log-
normal' é o mais comum na natureza, representando uma comunidade grande,
madura e diversa (Magurran, 1989) , que não é o que encontrou-se nesse local. É
possível que a imprecisão inerente desses modelos seja a causa desse desvio em
relação ao que apontam os outros componentes ecológicos. O uso desses
modelos fornece apontamentos gerais e é comum que comunidades não se
encaixem em nenhum dos modelos.
O segundo componente ecológico a ser analisado é a dominância. Esse
componente mede a heterogeneidade de uma comunidade, indicando
indiretamente a riqueza, e é, no índice de Berger-Parker, numericamente igual a
frequência da espécie mais abundante.
A dominância geral em Biritiba-Mirim foi 0,41 e em Paraitinga foi 0,47.
Entretanto apenas o número geral não nos permite compreender como foi a
dinâmica de variação durante o período estudado. A curva da abundância da
Dominância em Biritiba-Mirim, sofreu alterações durante os anos. Iniciou em 0,37
em 2002, indo a 0,31 em 2003, 0,44 em 2004 e 0,51 em 2005. Essa variação
evidencia uma tendência de aumento da dominância nesse ambiente, a média
nos dois primeiros anos foi 0,34 e nos dois últimos 0,48, indicando diminuição na
equidade durante o correr dos anos. Em Paraitinga a dominação iniciou em 0,3
em 2003, indo a 0,59 em 2003, 0,46 em 2004 e 0,47 em 2005. Apesar da
oscilação a comparação entre os biênios inicial e final mostram uma pequena
52
variação, com média de 0,48 no início e 0,465 no fim.
O Índice de Berger-Parker revelou uma tendência de aumento da
dominância e inequidade em Biritiba-Mirim e uma dinâmica estável, de oscilação
em torno da média. Essas tendências são corroboradas pela feitura de uma
análise de regressão linear, e o estudo de seu coeficiente angular. Este
coeficiente, no caso de Biritiba-Mirim, foi -0,01 , valor significante, levado em conta
que 0,02 é o máximo valor que o módulo desse coeficiente pode atingir. Em
Paraitinga o coeficiente angular foi 0,001, valor 10 vezes inferior ao módulo do
mesmo coeficiente encontrado em Biritiba-Mirim.
A diversidade seguiu o mesmo padrão encontrado nos componentes
ecológicos discutidos até agora. Biritiba-Mirim apresentou diversidade média de
2,43 e, em seu biênio inicial, diversidade média de 2,8, valor que representa uma
comunidade de razoável diversidade (o valor máximo desse índice gira em torno
de 4,5). O segundo biênio apresentou diversidade média de 2,06. A fauna de
Paraitinga apresentou diversidade média de 2,02, sendo esta 2,03 em seu biênio
inicial e 2,015 nos últimos dois anos de estudo.
Em busca da compreensão da dinâmica da variação da diversidade, mais
um vez realizou-se, uma regressão linear. O coeficiente linear da regressão de
Biritiba-Mirim mostrou-se diferente de zero e negativo (-0,027) Esse valor, apesar
de aparentemente pequeno, é praticamente 25% do maior módulo possível desse
coeficiente para esses dados (0,12), evidenciando inequivocamente uma
tendência de queda na diversidade, conforme avançava a construção da
barragem.
A mesma análise em Paraitinga resultou em um coeficiente angular de
0,00099 , número quase 30 vezes menor que o encontrado em Biritiba-Mirim,
53
mostrando que a média da diversidade se manteve praticamente inalterada
durante todo o período de construção deste lago artificial.
A fauna de Biritiba-Mirim começou com sete espécies com IAEP maior que
0,5, nos a nos de 2002 e 2003 , evoluindo para apenas duas espécies acima
deste patamar em 2004 e 2005. Sempre com IAEP acima de 0,9, Mansonia
titillans foi a espécie mais abundante nos quatro anos e no cômpito geral,
enquanto as outras seis espécies mais abundantes modificaram bastante, sempre
contando com Ad. squamipennis e com presença constante de An. albitarsis s.l.
(02-04) , Ae. scapularis (03-05) e Cq. venezuelensis (02, 04-05). Oc. serratus (04-
05) e An. galvaoi (02-03) também figuraram entre os mais abundantes. An.
evansae, Ma. indubitans, An. triannulatus, Cx. (Cux.) sp., Ae. crinifer, Cx.
delpontei também estiveram presentes entre os mais abundantes.
Os culicídeos de Paraitinga eram mais abundantes no geral. Apenas 3
espécies – Coquillettidia venezuelensis, Mansonia titillans e Culex ribeirensis –
tinham valor do IAEP maior que 0,5 em 2002. Em 2003 e 2004 apenas Aedes
scapularis superou esse valor. No último ano de estudo, Aedes scapularis,
Mansonia titillans e Psorophora ferox obtiveram IAEP maior que 0,5.
Em ambos empreendimentos poucas espécies se mantiveram entre as 10
mais abundantes durante todo o período estudado. Para realizar a necessária
comparação utilizaremos os tipos de criadouros para a comparação entre os
ambientes.
A fauna de Biritiba-Mirim teve, durante todo o período de estudo, espécies
que se criam em grandes corpos d'água, com presença de macrófitas, como a
tribo Mansoninii. Além disso foi comum a presença de espécies que utilizam poças
sombreadas provisórias ou semipermanentes, assim como aqueles que utilizam
54
recipientes (como ocos de arvores, água acumulada em folhas, etc.) e bromélias.
Com o avanço da construção da barragem espécies que se utilizam de poças
provisórias ensolaradas cresceram muito, afinal esse ambiente aumentou muito
com o desmatamento pré inundação, e o relatado acúmulo de água próximo ao
eixo da barragem (Sciarreta, 2005) , essas espécies sofreram diminuição no
último ano, já que com a inundação completa do lago, o ambiente de lagos
provisórios desapareceu. Esse tipo de resposta é semelhante daquele ocorrido
com a fauna de Porto Primavera (Gomes et al. 2007), onde esse tipo de ecologia
foi favorecida pela construção e início da inundação, sendo praticamente extinto
com a completa inundação. É provável que se mais um ano de amostragem
tivesse sido realizado, espécies desse hábito diminuíssem intensamente. As
espécies que se utilizam de pequenos recipientes diminuíram sua abundância
com o avanço da construção, também explicado pelo desmatamento, já que esse
tipo de criadouro é associado a existência de matas, mesmo que intermediárias.
Também foi notada, no biênio final, o surgimento de espécies que utilizam-se de
criadouros com muita matéria orgânica. Isso deu-se pela existência da imensa
poça ao lado do eixo da barragem, onde se dava grande acúmulo de água
poluída.
Paraitinga sofreu modificações de forma diferente. As espécies que se
utilizam de recipientes e bromélia eram ausentes, assim como o eram aquelas que
se desenvolvem em lagoas semipermanentes sombreadas. Os hábitos mais
comuns eram lagoas e poças permanentes sombreadas, lagoas provisórias
ensolaradas e associadas à macrófitas. Com o avançar do empreendimento o
hábito de uso de criadouros permanentes sombreadas decaiu bastante, enquanto
os criadouros provisórios cresceram muito, sendo as espécies mais abundantes
55
durante todo o período de estudo. Além disso a fauna associada às plantas
macrófitas também se tornou mais abundante. A supressão da vegetação anterior,
criação de poças devido a construção e o início da inundação foram responsáveis
por essas modificações.
A constância é um componente que está presente no cálculo do IAEP,
apesar disso, ao ignorar a frequência, acaba privilegiando espécies raras, afinal é
um índice qualitativo. Assim como em todos os outros componentes as duas
barragens tiveram comportamentos diferentes durante o período estudado.
Em Biritiba-Mirim as espécies mais constantes foram Mansonia titillans,
Aedes scapularis, Aedeomyia squamipennis, Coquillettidia venezuelensis,
Anopheles albitarsis, Culex (Cux.) sp..
O desenho esperado da variação da constância de culicídeos em um
empreendimento como esse é um “X”, no qual as espécies originárias tendem a
diminuir com a destruição de seu nicho ecológico, enquanto espécies previamente
adaptadas as novas condições tendem a aumentar tanto em frequência como em
constância. A figura 22 mostra a variação na constância de algumas espécies em
Biritiba-Mirim, evidencia o movimento esperado. As espécies que crescem têm
como criadouros provisórios, muito comuns em obras de represamento, como já
discutido anteriormente. As espécies cuja constância decai são aquelas cujos
criadouros são mais associados a vegetação nativa, como ocos de árvores,
bromélias, poças sombreadas, entre outras, evidenciando o decaimento dessa
fauna mais ligada a mata. Nesse empreendimento foi mais comum a tendência a
diminuição da constância, das 54 espécies amostradas em 4 anos nessa região,
37 tiveram constância maior em 2002 se comparado a 2005. O número de
espécies cuja constância teve comportamento inverso foi apenas 7, já que as
56
espécies de esperada constância crescente, em especial as da tribo Mansoninii, já
possuía alta constância desde o início.
Em Paraitinga as espécies mais constantes foram Aedes scapularis,
Mansonia titillans, Psorophora ferox, Anopheles galvaoi e Aedes serratus. O
desenho na forma de “X” também pode ser observado, com notável crescimento
dos subgênero Aedes (Ochlerotatus) presentes, possivelmente pela criação de
possíveis criadouros durante o avançar da obra. As espécies que se tornaram
menos constantes sofreram o mesmo impacto daquelas em Biritiba-Mirim,
destruição de seu nicho, tanto imaturos como adultos. Os grupos mais
impactados, nesse componente, foi o subgênero Culex (Melanoconion),
Anopheles (Nyssorhynchus) e, inesperadamente, Coquillettidia (Rhynnhotaenia).
Nesse empreendimento o número de espécies que tiveram sua constância
aumentada ou diminuída foi semelhante, 12 e 10, respectivamente.
57
2002 2003 2004 20050
10
20
30
40
50
60
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80
90
100
Figura 24 - Variação na Constância de algumas espécies em Britiba-Mirim, por ano
An. galvaoiAn. intermediusWy. confusaWy. edw ardsiAe. serratusAe. scapularis
Ano
Con
stân
cia
O último componente ecológico analisado é a similaridade. Esta foi
calculada em duas formas, Sorensen (quantitativa) e Jaccard (qualitativa).
A similaridade de Jaccard mostrou que, qualitativamente, as faunas das
duas regiões eram diferentes, e o fator 'localidade' foi mais importante no
agrupamento que o 'ano'. O nó de união entre as duas barragens apresentou valor
em torno de 0,4 , valor razoável que mostra que as faunas são medianamente
semelhantes. No agrupamento BM, os biênios foram agrupados ([BM02, BM03] e
[BM04, BM05], corroborando a hipótese que aconteceu uma mudança qualitativa
entre esses biênios e durante o período estudado. Já em Paraitinga os biênios
não foram agrupados, formando os grupos [PAR02, PAR04] e [PAR03, PAR05].
Esse pode ser mais um indício que as diferenças entre os diferentes momentos da
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2002 2003 2004 20050
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Figura 25 - Variação na Constância de algumas espécies em Paraitinga, por ano
Ad. squamipennisAe. criniferAe. scapularisAe. serratusPs. ferox
Ano
Con
stân
cia
construção da represa não foram tão grandes em Paraitinga.
A árvore construída pelo algorítmo de agrupamento não ponderado
(UPGMA) dos valores do Índice de Similaridade de Sorensen se mostrou diferente
daquela resultante do Índice de Jaccard. Assim como nesta, a árvore quantitativa
se dividiu em dois grupos, mas ao contrário da qualitativa, esses grupos não foram
[BM] e [PAR], o terminar BM04 não compôs o grupo BM, sendo colocado no grupo
que continha a fauna de Paraitinga. Esse resultado foi bastante inesperado, afinal
as faunas se mostraram bem diferentes, e a similaridade qualitativa mostrou
claramente a diferença entre os dois ambientes. Mas ao observar os dados de
frequência e hábitos reprodutivos das espécies presentes durante esse ano essa
semelhança não se apresenta tão surpreendente. Em 2004, os ambientes tiveram
riqueza semelhante (23 em Paraitinga e 24 em Biritiba-Mirim), compartilhando 13
espécies, com semelhante composição de hábitos (18 espécies possuíam hábitos
correspondentes nos dois ambientes), e com curva de distribuição de riquezas
semelhante. É importante que durante o ano de 2004 os dois empreendimentos
passavam pelo mesmo momento de seu cronograma, ambas estavam sendo
desmatadas, finalizando a construção do eixo da barragem para o início da
inundação. Esse é o momento em que a modificação ambiental se dá de forma
mais intensa e perceptível. Talvez essa semelhança forçada entre os dois
ambientes tenha levado a essa alta similaridade entre as barragens durante 2004.
Dois mil e quatro foi o único ano em que apareceram espécies que utilizam
recipientes naturais como criadouro em Paraitinga, talvez de forma aleatório, e
também foi a primeira vez que Culex nigripalpus, espécie cujos criadouros
possuem muita matéria orgânica, muitas vezes poluídas, foi registrado em
Paraitinga Diversos fatores foram responsáveis por esse inesperado resultado,
59
mas a possibilidade que esse tenha sido criado pela mudança ambiental, e não
seja um artefato de amostragem é real.
A análise dos componentes ecológicos mostra que a fauna de Biritiba-
Mirim, apresentou riqueza e diversidade muito superior, e sofrendo uma clara
redução de sua diversidade. O estudo do índice de abundância mostra uma
diminuição na abundância e constância de espécies "silvestres" de hábitos
diversos, e o vertiginoso aumento da dominância e abundância de espécies de
hábito de grandes corpos d'água e, durante o enchimento do lago, de espécies
adaptadas a poças temporárias no solo, em especial o subgênero Aedes
(Ochlerotatus).
As mesmas análises, quando feitas para a fauna encontrada em Paraitinga
mostrou que essa comunidade respondeu de forma diferente. A diversidade
oscilou, mas teve sua média mantida durante os anos de estudo, assim como
pouco se alterou a dominância. O que vimos foi que a diversa fauna originária não
estava presente, o que é mostrado pela ausência de espécies que diminuíram seu
índice de abundância.
A hipótese que a fauna originária silvestre foi substituída em Biritiba-Mirim e
era ausente em Paraitinga é corroborada ao compararmos o número de espécies
presentes exclusivamente nos biênios inicial ou final. Em Biritiba-Mirim foram
amostradas 53 espécies, destas 22 foram encontradas apenas no biênio
2002/2003 e nos anos 2004/2005 foram sete as espécies exclusivas deste biênio.
Já em Paraitinga os números foram bem diferentes. A riqueza total foi 37, destas 7
espécies foram exclusivas do biênio inicial e 11 espécies o foram no biênio final.
Outra hipótese que pode explicar a diferença nas respostas ao impacto é
que, apesar de próximas, as áreas possuírem biogeografias diferentes. A
60
barragem de Paraitinga está inserida na Mata Atlântica de planalto, mais próxima,
logo associada, ao bioma de cerrado, exibindo uma fauna de transição,
apresentando elementos de ambos biomas. Enquanto a barragem de Biritiba-
Mirim é mais próxima a Serra do Mar, apresentando um bioma de Mata Atlântica
stricto sensu. Essa diferença de localização, pode ser a responsável pela baixa
similaridade qualitativa entre as localidades. Apesar dessas evidências, é mais
plausível que a principal razão para a dessimilaridade e resposta desigual ao
impacto seja os diferentes graus de antropização.
61
7. CONCLUSÃO
A bioecologia desta família a faz sensível a modificações no regime de
águas, como a construção de lagos artificiais. A forma e dinâmica da resposta ao
impacto pode variar, determinada por fatores como o grau de modificação
ambiental, espécies preexistentes, velocidade da modificação, entre outras.
A resposta a modificação ambiental semelhante foi diferente em Biritiba-
Mirim e Paraitinga. Apesar do diagnóstico ambiental ter classificado Paraitinga
como ambiente menos modificado, chegando a comunidade clímax, e Biritiba-
Mirim como ambiente mais antropizado, o que vimos foi exatamente o oposto, A
fauna em Biritiba-Mirim teve queda de abundância de suas espécies mais
silvícolas (Sabethini e Uranotaeniini), a manutenção da alta abundância daquelas
associadas a macrófitas (Mansoniini) e o crescimento daqueles adaptados a
criadouros ensolarados temporários (Aedes (Ochlerotatus)). A fauna de Paraitinga
sofreu apenas o aumento da abundância de Mansoniini e Aedes (Och.) spp.
Apesar da pequena presença de vetores comprovados na área estudada, a
degradação e transformação ambientais, parte integrante das engrenagens do
sistema econômico (Foster 2005), são fatores fundamentais no processo saúde-
doença, possibilitando a emergência ou reemergência de agravos transmitidos por
vetores.
62
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
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66
ANEXOS
67
Anexo I – Fotografias da Área de Estudo
Figura 26 – Equipe em atividade de captura de culicídeos adultos através
de Armadilha de Shannon, Biritiba-Mirim.
68
Figura 27 – Vista aérea da área de influência da Represa de Biritiba-
Mirim.
69
Figura 28 – Vista aérea da área do canteiro de obras, o eixo da barragem
de Biritiba-Mirim pode ser visto ao fundo.
70
Fonte: SSE/SP, 2006
Figura 29 – Vista aérea da represa de Paraitinga após a inundação.
71
Figura 30 – Croqui anterior ao início das obras, com as futuras localizações das represas
72
Anexo II - Banco de Dados
Banco de dados de todas as amostragens realizadas em Paraitinga, de julho de 2002 a dezembro de 2005, Armadilha de Shannon.Jul/02 Ago/02 Set/02 Out/02 Nov/02 Dez/02 Jan/03 Fev/03 Mar/03 Abr/03 Mai/03 Jun/03 Jul/03 Ago/03 Set/03 Out/03 Nov/03 Dez/03 Jan/04 Fev/04 Mar/04 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Jul/04 Ago/04 Set/04 Out/04 Nov/04 Dez/04 Jan/05 Fev/05 Mar/05 Abr/05 Mai/05 Jun/05 Jul/05 Ago/05 Set/05 Out/05 Nov/05 Dez/05
Ad. squamipennis 4 5 2 1 1 4Ae. albopictusAn. albitarsis s.l . 15 1 2 2 2 1An. cruziiAn. evansae 6 15 4 1An. galvaoi 13 6 13 18 25 21 1 2 1 8 13 7 18 2An. intermedius 4An. lutzi 1 1An. maculipesAn. strodei 1An. triannulatus 2 2Cq. crysonotum/albifera 6 33 135 4 3 14Cq. crysonotum 6 23 23Cq. hermanoi 1 2Cq. juxtamansonia 3Cq. venezuelensis 35 15 202 2 1 1 1 5 1 7 2 1 51Cx. (Ads.) amazonensis 5 14 3 1 2Cx. (Cux.) chidesteri 1Cx. (Cux.) Gr. Coronator 1 2 2 46 11Cx. nigripalpus 3 1 3Cx. (Cux.) sp. 24 7 4 6 9 5 2 2 6 3 2 1 5Cx. (Mel.) akritos 1Cx. (Mel.) bastagariusCx. (Mel.) delponteiCx. (Mel.) Gr. Atratus 7 4 1Cx. (Mel.) misionensisCx. (Mel.) pereyrai 1Cx. (Mel.) ribeirensis 19 1 23 5 4 1 1 1 10Cx. (Mel.) Seç. Melanoconion 1 1 2Cx. (Mel.) Seç. SpissipesCx. (Mel.) vaxusCx. theobaldiLi. durhamiMa. indubitans 92Ma. titi l lans 10 34 11 3 2 13 11 12 7 10 2 2 1 1 37 14 6 3Ma. wilsoni 41 1 1Oc. crinifer 5 14 1 6 1 1 13 1 4 5 2 1 6Oc. hastatusOc. hastatus/oligopistusOc. nubilusOc. scapularis 8 2 4 2 1 2 12 3 11 9 16 1 2 18 1 2 5 17 4 3 9 7 4 22 1 3 39 1 6 52 2Oc. serratus 6 12 1 21 7 25 3 3 4 12 4 5 1 1Oc. serratus/nubilusPh. bonneiPs. albigenu 1Ps. discrucians 8 2 1 1Ps. ferox 4 16 6 5 35 5 5 1 11 5 13 6 5 7 1 27 4Ru. reversa 3Ur. apicalis 2Ur. davisiUr. geometricaUr. pulcherrima 2 1 1Wy. confusaWy. davisi 1Wy. edwardsiWy. flabellataWy. splendidaWy. sp.
Banco de dados de todas as amostragens realizadas em Biritiba-Mirim, de julho de 2002 a dezembro de 2005, Armadilha de Shannon.Jul/02 Ago/02 Set/02 Out/02 Nov/02 Dez/02 Jan/03 Fev/03 Mar/03 Abr/03 Mai/03 Jun/03 Jul/03 Ago/03 Set/03 Out/03 Nov/03 Dez/03 Jan/04 Fev/04 Mar/04 Abr/04 Mai/04 Jun/04 Jul/04 Ago/04 Set/04 Out/04 Nov/04 Dez/04 Jan/05 Fev/05 Mar/05 Abr/05 Mai/05 Jun/05 Jul/05 Ago/05 Set/05 Out/05 Nov/05 Dez/05
Ad. squamipennis 2 6 8 80 5 43 5 83 22 16 15 10 13 1 8 1 1 49 2 8 54 31 3 3 4 9 3Ae. albopictus 4An. albitarsis s.l. 28 70 21 6 1 2 6 2 2 7 16 1 4 1 4 3 2 2 2 2 12 1An. cruzi i 1 1An. evansae 2 12 2 2 1 1 2 5 1An. galvaoi 27 77 22 4 2 1 11 7 24 2 8 11 3 20 2 4 2 9 6 1An. intermedius 2 35 8 1 2 1 3 3 1 6 1An. lutzi 2An. maculipes 1An. strodeiAn. triannulatus 1 8 13 13 7 13 14 2 2 1 3 5 3 1Cq. crysonotum/albifera 9 9 26 14 6 14 22 1 1 6 4 2 8 10 1 1Cq. crysonotumCq. hermanoi 1 9 31 9 1 1 18Cq. juxtamansonia 7Cq. venezuelensis 3 14 10 33 6 4 10 9 1 1 5 1 4 1 3 2 3 1 8 3 33 18 2 1 3Cx. (Ads.) amazonensis 1 6 2Cx. (Cux.) chidesteriCx. (Cux.) Gr. Coronator 5 10 7 4 1 1 1 36 10Cx. nigripalpus 1 1 1 8 1 4 1Cx. (Cux.) sp. 1 2 8 1 1 4 4 9 5 6 5 1 15 2 7 3 3 1 15 15 2Cx. (Mel.) akritos 3 1Cx. (Mel.) bastagarius 1 2 1Cx. (Mel.) delpontei 1 1 1 1 11 1 1 1 1 1 2 7 12 2Cx. (Mel.) Gr. Atratus 1 1Cx. (Mel.) misionensis 1Cx. (Mel.) pereyrai 1 12 7 2 1 3 3 2 1 1 2 1Cx. (Mel.) ribeirensisCx. (Mel.) Seç. Melanoconion 1 4 10 6 2 2 16 3 16 2Cx. (Mel.) Seç. Spissipes 1Cx. (Mel.) vaxus 1 5 1Cx. theobaldi 1Li. durhami 1 1Ma. indubitans 7 8 13 15 15 11 27 5 6 3 1 25 1 11 19Ma. titi l lans 9 19 116 131 42 50 54 86 113 47 9 5 11 38 30 7 12 2 27 19 19 2 18 1 15 20 22 6 19 8 24 22 16 10 1 176 67 88 106 4 6Ma. wilsoni 3 1 1 1 1 1 3 1Oc. crinifer 3 2 3 2 1 1 4 2 2 4 6 3Oc. hastatus 1 1 2Oc. hastatus/oligopistus 1Oc. nubilusOc. scapularis 3 3 6 2 9 20 34 22 2 9 1 6 3 3 13 15 1 4 5 10 1 16 10 1 22 3 2 2 2 1Oc. serratus 7 1 2 3 26 1 1 1 3 8 7 1 3 3 2Oc. serratus/nubilus 16 13 28 19 10 81 27 3 1Ph. bonnei 1Ps. albigenu 2 2 4 3Ps. discrucians 1 1Ps. ferox 1 9 10 18 14 1 3 6 4 5 1 7 2 3Ru. reversa 2 1Ur. apical is 1Ur. davisi 2 1 1Ur. geometrica 1Ur. pulcherrima 1 1Wy. confusa 1 1 1 1 2 2Wy. davisi 1Wy. edwardsi 2 1 8 3 1 14 10Wy. flabellata 1Wy. splendida 1Wy. sp. 1