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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Erli Gonçalves Magalhães Junior DESENVOLVIMENTO DAS ATITUDES IMPLÍCITAS – IMPLICAÇÕES NA FORMAÇÃO DO PRECONCEITO São Paulo 2011

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - Portal Mackenzie · individuais é fundamental para as forças dinâmicas que formam e transformam atitudes. Da mesma forma, as atitudes têm um impacto

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Erli Gonçalves Magalhães Junior

DESENVOLVIMENTO DAS ATITUDES IMPLÍCITAS – IMPLICAÇÕES NA FORMAÇÃO DO PRECONCEITO

São Paulo 2011

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ERLI GONÇALVES MAGALHÃES JUNIOR

DESENVOLVIMENTO DAS ATITUDES IMPLÍCITAS – IMPLICAÇÕES NA FORMAÇÃO DO PRECONCEITO

Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Biológicas apresentado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para a obtenção do grau de Licenciado em Ciências Biológicas.

Orientador: Professor Paulo Sérgio Boggio

São Paulo 2011

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“Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito”.

(Albert Einstein)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a execução desse trabalho ao Centro de Ciências Biológicas e da

Saúde (CCBS) da Universidade Presbiteriana Mackenzie e ao Programa

Universidade para Todos (PROUNI). Ao Professor Doutor Paulo Sérgio Boggio pela

suas orientações e amizade. Aos professores Adriano Monteiro de Castro, Magda

Medhat Pechliye e Rosana de Campos Jordão, pelo aprendizado que nos foi

oferecido, e que sem eles esse trabalho jamais teria se concluído. Agradeço também

aos componentes da minha banca examinadora Magda Medhat Pechliye e Camila

Campanhã.

Também gostaria de agradecer a minha família: minha mãe Izabel C.

Magalhães por todo o amor e por todo o apoio, ao meu Pai Erli Gonçalves

Magalhães pelos conselhos e pela força. Aos meus irmãos Ewerton Magalhães e

Mariane Magalhães pelos bons momentos de carinho. Ao meu primo e amigo

Leandro Dionizio Pagés pela amizade e parceria durante a minha vinda para São

Paulo. Agradeço também aos meus tios Paulo Pagés e Maria Helena Pagés pelo

apoio e pela confiança.

Agradeço a turma do sexto semestre de ciências biológicas da UPM, com

quem dividi as boas e as más horas da elaboração desse trabalho, em especial a

duas pessoas que se mostraram prontas a me ajudar independente de qualquer

situação – ao Tripé.

Por fim, agradeço ao Diretório Acadêmico Abraão de Moraes e a todos os

professores da UPM que de alguma forma contribuíram para que esse trabalho se

concluísse.

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RESUMO

Nas últimas décadas, muitos estudos passaram a investigar os mecanismos de

desenvolvimento das atitudes implícitas em função de seu impacto no

desencadeamento de atitudes preconceituosas. A compreensão da natureza das

atitudes implícitas pode levar a intervenções efetivas para reduzir ou eliminar os

seus efeitos catastróficos que se manifestam em forma de preconceitos. Assim, o

presente trabalho teve como objetivo verificar na literatura se há um consenso entre

os autores sobre os mecanismos de desenvolvimento do preconceito implícito. Na

busca desses objetivos foram selecionados 16 artigos científicos, através da base de

dados da Scopus (www.scopus.com), os quais foram analisados as discussões

sobre o desenvolvimento das atitudes implícitas e suas implicações no preconceito.

Cinco variáveis em comum nos artigos foram encontradas: Formação precoce das

atitudes, no qual forma-se a partir dos 3 anos de idde; a extinção do preconceito

explícito durante a idade adulta, o que é influenciado por outra variável, as normas

sociais; os grupos internos e externos, no qual os grupos menos favorecidos

preferem americanos brancos em relação aos americanos negros e a afetividade, no

qual os indivíduos se baseiam para aumentar ou diminuir o preconceito em relação

aos grupos discriminados.

Palavras-chave: Atitudes implícitas, preconceito, estereótipos.

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ABSTRACT

In recent decades, many studies have started to investigate the mechanisms of

development of implicit attitudes in terms of its impact in the development of

prejudiced attitudes. Understanding the nature of implicit attitudes can lead to

effective interventions to reduce or eliminate its catastrophic effects that manifest in

the form of prejudice. Thus, this study aimed to check the literature if there is a

consensus among authors about the mechanisms of development of implicit

prejudice. In pursuing these objectives, we selected 16 papers, through the database

Scopus (www.scopus.com), which were analyzed in the discussions on the

development of implicit attitudes and their implications for prejudice. Five variables in

common were found in Articles: Early formation of attitudes, which is formed from

three years of idde; the extinction of the explicit bias into adulthood, which is

influenced by other variables, social norms, internal and external groups, which

groups disadvantaged Americans prefer white compared to black Americans and

affection, in which individuals rely to increase or decrease the bias towards

discriminated groups.

Keywords: Implicit attitude, prejudice, stereotypes

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 7

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 8

2.1. Atitudes .................................................................................................... 8

2.2. Atitudes implícitas e explícitas, preconceitos e estereótipos ............. 16

2.3. TAI (teste de associação implícita) ...................................................... 22

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................. 26

4. RESULTADOS ............................................................................................ 27

5. DISCUSSÃO ................................................................................................ 32

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 38

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 39

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1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos houve uma extensa publicação de trabalhos sobre a

natureza e a avaliação das atitudes implícitas e dos estereótipos. Algumas

pesquisas têm buscado compreender a relação entre os mecanismos de

desenvolvimento das atitudes implícitas e o desencadeamento de atitudes

preconceituosas. A compreensão da natureza das atitudes implícitas pode levar a

intervenções efetivas para reduzir ou eliminar os seus efeitos negativos que se

manifestam em forma de preconceitos em diferentes contextos.

Assim, em busca de compreendermos melhor os mecanismos que

desencadeiam e constroem as atitudes implícitas e os preconceitos, seguiremos

essa pesquisa descrevendo as principais características das atitudes e as principais

idéias dos autores que vêm pesquisando a sua natureza desde o início do século

passado. Descreveremos também um pouco sobre a estrutura das atitudes, seus

mecanismos de construção, suas características e sua forma de expressão nos

indivíduos. Em seguida foram feitas algumas considerações sobre as atitudes

implícitas, as atitudes explícitas, os preconceitos e os estereótipos. Abordaremos as

principais diferenças entre atitudes implícitas e explícitas, como essas atitudes

podem caracterizar os estereótipos, assim como determinar o que é um estereótipo

e relacionar ao preconceito existente em nossa sociedade. Por fim, abordaremos um

dos principais mecanismos de medição das atitudes, o Teste de Associação

Implícita. Colocaremos algumas idéias desse teste, suas formas de aplicação e

questões relativas à validade do teste.

Em suma, o objetivo do presente trabalho é verificar na literatura se há um

consenso entre os autores sobre os mecanismos de desenvolvimento do preconceito

implícito.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Atitudes

Quando nos encontramos em face de uma determinada situação concreta,

uma série de traços de sentimentos nos condiciona e nos leva a atuar de uma

determinada maneira perante ela. Todas as atitudes possuem uma intensidade,

podendo fazer com que uma mesma situação para uma pessoa seja muito positiva,

enquanto que para outra seja negativa e desfavorável. Isto porque a construção

individual das atitudes se dão graças a experiências pessoais vividas e/ou por

influência de pessoas importantes ou grupos nas quais essas pessoas estão

inseridas. Os seres humanos respondem aos estímulos do meio em uma forma de

avaliação. Eles amam e protegem seus pares e se esforçam para manter uma

avaliação positiva de si mesmo, bem como aqueles que o rodeiam. Tais ações

muitas vezes envolvem julgamentos sobre os objetos, eventos e principalmente

pessoas, assim, tendemos a caracterizá-los como sendo favoráveis, desfavoráveis,

simpáticos, antipáticos, bons ou ruins (ALBARRACÍN et al., 2005).

Pesquisas sobre tais atitudes buscam compreender os fatores envolvidos

nestas avaliações, como eles são formados, alterados, representados na memória e

transformados em cognições, motivações e ações. Cada um desses fenômenos

individuais é fundamental para as forças dinâmicas que formam e transformam

atitudes. Da mesma forma, as atitudes têm um impacto recíproco nos afetos,

crenças e comportamentos (ALBARRACÍN et al., 2005).

Segundo Cavazza (2005) existem mais de dezessete definições para atitude

em psicologia social. A definição mais contemporânea foi descrita por Eagle e

Chaiken em 1993 que definem as atitudes como tendências psicológicas que se

expressam por meio da avaliação de uma entidade particular com algum grau de

favor ou desfavor.

Antes de Eagle e Chaiken, uma das primeiras definições foi descrita pelos

pesquisadores alemães Thomas e Znaniecki em 1918. Eles publicaram em cinco

volumes os resultados de sua pesquisa sobre os camponeses poloneses emigrados

em massa para diversos países europeus e para os Estados Unidos. A colocação

dos autores a respeito das atitudes é de que há uma relação de dependência

recíproca entre a cultura e os indivíduos e que essa relação é feita mediante a

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relação de valores sociais e atitudes. Os valores seriam qualquer objeto que possui

um significado em conexão com determinadas ações do indivíduo e as atitudes

seriam processos de consciência individual que determinam a ação. De forma geral,

o que se vê é um estado de motivação que causa o comportamento, como por

exemplo, um indivíduo com fome que se vê estimulado a buscar comida (CAVAZZA,

2005).

Allport (1935 apud Cavazza 2005) definiu atitude como um estado mental e

nervoso de disposição, adquirido através da experiência, que exerce uma influência

diretiva ou dinâmica sobre as respostas do indivíduo e toda classe de objetos e

situações com os quais relaciona. Por estado mental, Allport queria especificar os

estados emocionais dos indivíduos, enquanto que por estado nervoso, ele se referiu

a toda dinâmica corporal, ativada pela função neurofisiológica.

Em descrições mais recentes, como Cavazza (2005), a importância das

atitudes para a construção da subjetividade parece estar ligada a pensamentos,

sentimentos e ações. Esta hipótese levanta a questão de como as atitudes estão

estruturadas na mente humana, e salienta a importância de se compreender a

estrutura mental de atitudes, que para a autora é potencialmente tão importante

quanto à investigação da estrutura do DNA para a pesquisa biológica – descobrir

sua estrutura interna poderá facilitar a compreensão de como formá-la, fortalecê-la e

mudá-la.

As atitudes apresentam uma estrutura de grande complexidade, constituída

por diversos componentes cuja inter-relação tem sido estudada por diferentes

modelos teóricos. Existem atualmente três modelos principais, utilizados na maioria

das investigações (OLSON e MAIO, 2006).

Esses modelos compreendem o Modelo Tripartido Clássico, descrito por

Rosenberg e Hovland em 1960, o Modelo Unidimensional Clássico, descrito por

Fishbein e Ajzen em 1975 e o Modelo Tripartido Revisto de Atitude, descrito por

Zanna e Rempel em 1988 (LEBRES, 2010).

O Modelo Tripartido Clássico compreende as dimensões cognitivas, afetivas e

comportamentais (figura 1). O componente cognitivo consiste nas crenças e

conhecimentos do indivíduo acerca do objeto. Para a maioria das atitudes face aos

objetos temos diversas crenças. Por exemplo, podemos acreditar que a coca-cola

diet quase não tem calorias, contém cafeína, tem um preço competitivo e é

produzida por uma grande empresa. Cada uma destas crenças reflete o

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conhecimento acerca de um atributo desta marca. A configuração total de crenças

acerca desta marca de refresco representa o comportamento cognitivo da atitude

face à coca-cola diet. É importante ter em mente que as crenças não são

necessariamente corretas ou certas, simplesmente existem (LEBRES, 2010).

O componente afetivo consiste em acreditar que coca-cola diet, por exemplo,

tem cafeína e que a cafeína o manterá desperto. Estas crenças podem causar uma

resposta afetiva positiva quando o indivíduo necessita se manter desperto a fim de

estudar para um exame ou uma resposta negativa quando quer tomar alguma coisa

à noite que não influencie o seu sono. Devido a motivações e personalidades

específicas, experiências passadas, grupos de referência e condições físicas, os

indivíduos podem avaliar a mesma crença de maneira diferente. Apesar das

variações individuais, a maioria das pessoas dentro de uma dada cultura reagem de

uma maneira similar às crenças, as quais estão, por sua vez, fortemente associadas

com os valores culturais (LEBRES, 2010).

Ainda, segundo esse autor, há ainda o componente comportamental da

atitude, que é a soma das nossas tendências para responder de certa forma face a

um objeto ou atividade. Uma série de decisões para comprar ou não comprar coca-

cola diet ou para recomendar este refresco ou outras marcas a amigos reflete o

componente de comportamento de uma atitude. O componente de comportamento

proporciona tendências de resposta ou intenções de comportamento. Os nossos

comportamentos reais refletem estas intenções conforme são modificados pela

situação em que ocorre o comportamento.

Figura 1: Modelo Tripartido Clássico

Fonte: Lebres, 2010

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O Modelo Unidimensional Clássico é defendido pela ligação entre atitude e

comportamento, no qual a atitude é sinônimo de sentimento, como simpatia,

antipatia, aproximação, etc. Em suma, existe um objeto de atitude que influencia o

caráter afetivo das atitudes que culminam com a emição de um comportamento

(OLIVEIRA, 2007).

Por fim, o Modelo Tripartido Revisto de Atitude (figura 2) vê a atitude com

uma dimensão avaliatva, no qual o objeto de atitude influencia os caracteres

cognitivos, afetivos e comportamentais gerando uma atitude, essa atitude por sua

vez pode ser positiva ou negativa e desencadeiam respostas verbais, fisiológicas e

comportamentais (OLIVEIRA, 2007).

Figura 2: Modelo Tripartido Revisto de Atitude

Fonte: Lebres, 2010

Dessa forma, partindo-se do princípio de que a estrutura das atitudes é

composta por bases cognitivas, afetivas e comportamentais, discutiremos então

como as atitudes são formadas e quais são as variáves que influenciam no seu

processo de estruturação .

Para Baum (2006) existem duas formas de aprendizagem que desenvolvem e

servem de base para a constituição das atitudes: o condicionamento clássico e o

operante.

O condiciomento clássico foi elucidado pelo pesquisador Ivan Petrovich

Pavlov na década de 20, ao estudar o mecanismo de salivação em cães. Seu

experimento se resumia na idéia de que quando um estímulo elicia uma resposta

emocional, o mesmo é acompanhado de um estímulo neutro, que não provocou uma

resposta emocional. Se os estímulos continuam, em seguida, eventualmente, o

estímulo neutro será capaz de provocar a reação emocional, sem a necessidade do

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estímulo original. Por exemplo, quando eramos crianças sempre iamos para o

campo, no qual sentíamos o cheiro de rosas, então, é bem provável que o cheiro

das rosas nos fará recordar do campo e do tempo de criança. Pavlov cunhou essa

idéia observado o hábito de salivar dos cães, e definiu que sempre que alimentava

seu cão ele salivava, então Pavlov adicionou um estímulo neutro, no momento em

que o cão alimentava ele colocava uma música, e concluiu que, agora, sem o

estímulo da comida, apenas com o estímulo da música o cão também salivava

(BAUM, 2006).

No condicionamento operante, a formação das atitudes é baseada em

reforços seguidos de recompensa. Mediante a ação de um estímulo o indivíduo

emite uma resposta, que pode ser reforçada positiva ou negativamente. Se o reforço

for positivo, ele o é pelo fato da resposta aumentar de frequência, e é negativo

quando a resposta não é mais emitida. Por exemplo, o bebê está chorando e a mãe

dá o colo para ele, no mesmo momento ele para de chorar, assim, sempre que ele

chorar vai ter colo, caracterizando um reforço positivo. O reforço negativo pode ser

explicado quando estamos com dor de cabeça, assim, tomamos um remédio e a dor

desaparece (BAUM, 2006).

Alguns teóricos tem sugerido, que não há de fato, apenas uma única atitude

armazenada na memória de alguém, em vez disto, esses estudiosos argumentam

que as atitudes são construções dinâmicas, que podem ser substituídas ao longo do

tempo, começando nas primeiras fases do desenvolvimento da criança (SIMONSON

e MAUSHAK, 2001).

As atitudes não são inatas, isto é, não nascem conosco. São adquiridas no

processo de integração do indivíduo à sociedade em situações como convívio em

comunidade, em família, e em outros meios sociais. É geralmente na infância que as

atitudes são moldadas com base nas crenças dos seus familiares, principalmente os

pais. Verifica-se na maior parte dos casos que em crianças há uma tendência de

partilha dos mesmos ideais, relativamente a política e a religião. No decorrer da

evolução intelectual do indivíduo, as influências familiares vão diminuindo. Na

adolescência o indivíduo vai assumindo as suas atitudes, consonante os seus

próprios ideais. Ao longo do desenvolvimento das atitudes o sujeito vai adquirindo

uma educação formal e informal, uma vez que esta é aprendida na instituição

escolar, sendo esse um fator constante e decisivo para o seu desenvolvimento

(SIMONSON e MAUSHAK, 2001).

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Segundo Aboud (1998) as crianças brancas norte-americanas começam a

relatar atitudes negativas em relação aos membros do grupo com três anos de

idade, tais atitudes começam a declinar aos sete anos e desaparecem em torno dos

doze anos. Baron e Banaji (2006) em uma pesquisa sobre atitudes implícitas

relataram que 84 % das crianças de seis anos, pesquisadas no experimento,

apresentam preconceito implícito e explicíto em relação aos negros. Em crianças de

dez anos 68 % apresentaram preconceito implícito e em adultos 46 %. Um fator

interessante foi a redução do preconceito explícito de adultos quando comparado a

crianças e adolescentes, indicando fortes influências biológicas, culturais e sociais.

Os psicólogos sociais geralmente assumem que as preferências de muitos

derivam de diferentes partes do mundo social, a partir das palavras e

comportamentos dos outros seres e dos acontecimentos que desdobram-se em todo

mundo. Os indivíduos se apoderam das atitudes alheias, por exemplo, meu amigo

me convida para ver um filme de pós-guerra, um tipo de filme no qual não estou

habituado a ver, no entanto, a necessidade de me tornar igual aos integrantes do

meu grupo, o filme para mim passa a ser importante e em um determinado momento

esse tipo de filme se torna o meu estilo preferido. As fontes de atitudes podem ser

agentes de proximidade, como amigos, família e professores ou pessoas distantes

que se comunicam tecnologicamente, como a televisão e internet (OLSON et al.,

2001).

Olson et al., (2001) também colocam a importância da influência de

componentes biológicos das atitudes, que são transmitidos hereditariamente aos

descendentes. Os indivíduos já são dotados de predisposições genéticas que os

deixam a mercê das atitudes. Essas características são influenciadas pelo meio e

podem ser alteradas. Em uma pesquisa com gêmeos monozigóticos afirmaram que

os seres humanos nascem sem atitudes pré-determinadas, exceto talvez a alguns

estímulos relacionados à sobrevivência (como aversão a luz, a dor, ao frio, atrações

pelo leite materno e ao rosto humano). Ao invés disso, as avaliações dos múltiplos

estímulos em nosso ambiente são formadas ao longo dos anos, com base em

experiências pessoais e alheias. Porém, através de seus experimentos concluíram

que algumas diferenças entre respondentes em muitas de suas atitudes expressas

foram parcialmente determinados por fatores genéticos. Gêmeos idênticos muitas

vezes partem da mesma atitude perante um objeto, enquanto que gêmeos

dizigóticos diferem nas opiniões.

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Ainda, segundo os autores, os fatores hereditários são influenciados pelo

ambiente, quando atitudes variam em gêmeos monozigóticos em um ambiente

constante, eles caracterizam como sendo algum efeito genético, e quando há

variação semelhante em gêmeos que vivem no mesmo local, atribuiu-se à influência

de variáveis ambientais.

Porém, apesar de aprendidas e estruturadas cognitivamente, as atitudes não

se estabelecem e mantêm-se estáticas, elas podem mudar por uma série de razões.

Atitudes mais comumente mudam em resposta à influência social. O que outras

pessoas fazem ou dizem pode ter um efeito enorme em nossas próprias cognições.

E existem certas condições que devem existir para atitude de uma pessoa mudar

(SPAULDING, 2009).

O efeito dessas pessoas em nossas atitudes pode dar-se através da

capacidade de persuasão. Na história Bíblica, Adão e Eva caíram aos argumentos

da serpente, que os convenceu a comer da árvore do conhecimento, do bem e do

mal. Os políticos modernos persuadem os eleitores a apoiá-los. Os anunciantes do

mercado de massa convencem os compradores a levar seus produtos. Na ciência,

os estudiosos convencem pelos seus artigos científicos, para induzir a aceitação dos

seus dados comunicados sobre o assunto (SPAULDING, 2009)

Estes exemplos apenas tocam a superfície da mudança de atitude. É

importante notar que o fenômeno da “mudança de atitude” não é exclusivamente dos

seres humanos, aparece em diferentes níveis de sofisticação entre outras espécies,

mas especialmente naqueles que são de natureza social. Os grandes símios

persuadem através de gestos e vocalizações. Mesmo as abelhas se comunicam e

induzem a mudança de comportamento em outras abelhas. Entretanto, em

humanos, as mensagens podem reunir-se com respostas que vão desde o apoio

entusiástico à resistência veemente. Mesmo quando as pessoas não estão cientes

de mudar suas atitudes, as comunicações dos outros pode induzir mudanças sutis

nas suas cognições (SPAULDING, 2009).

O que gera essa inconsistência no comportamento do indivíduo em relação as

atitudes pode ser explicada pela teoria desenvolvida por Leon Festinger,

denominada Teoria da Dissonância Cognitiva. Essa teoria se baseia no princípio de

que as pessoas preferem suas cognições ou crenças, para ser coerente com os

outros e com seu próprio comportamento. Existe uma tendência nos indivíduos de

procurar uma coerência entre suas cognições (convicções, opiniões). Quando existe

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uma incoerência entre atitudes ou comportamentos (dissonância), algo precisa

mudar para eliminar a dissonância. No caso de uma discrepância entre atitudes e

comportamento, é mais provável que a atitude vai mudar para acomodar o

comportamento (FESTINGER, 1957).

Dois fatores afetam a força da dissonância: o número de convicções

dissonantes e a importância atribuída a cada convicção. Existem três maneiras de

eliminar a dissonância: (1) reduzir a importância das convicções dissonantes, (2)

acrescentar convicções mais consoantes que se sobreponham às convicções

dissonantes ou (3) mudar as convicções dissonantes para que elas não sejam mais

incoerentes. A dissonância ocorre mais freqüentemente em situações onde um

indivíduo precisa escolher entre duas convicções ou ações incompatíveis. A maior

dissonância é criada quando as duas alternativas são igualmente atraentes. Além

disso, a mudança de atitude está mais provavelmente na direção de menos

estímulo, já que isto resulta em menor dissonância. Neste aspecto, a teoria da

dissonância é contraditória em relação à maioria das teorias comportamentais que

predizem uma maior mudança de atitude com estímulo aumentado (FESTINGER,

1957).

Por exemplo, imagine que você está em uma entrevista de emprego para o

seu emprego dos sonhos e seu candidato a chefe faz uma observação sobre o

quanto ele gosta de café. Você sempre odiou café, e se recusa a tomar um copo

quando ele oferece. O chefe parecendo desapontado diz: "O quê, você não gosta de

café?". Você sente medo de que talvez essa coisa de café seja mais importante do

que você pensou que seria, e realmente quer começar este trabalho. Você não quer

ser um mentiroso, mas você também não quer que o chefe tenha uma imagem

negativa de você, então você diz: "Ah, não, eu amo café, eu é que já havia tomado

bastante café hoje. Assim, em um momento de dissonância, você mudou sua atitude

sobre o café para se encaixar e fazer uma boa impressão. O fato que você mentiu

para se dar bem com o seu patrão oferece suficiente justificação externa para a sua

mudança de atitude. Dessa forma, você terá que partir do comportamento de tomar

café para reforçar sua atitude perante o chefe (SPAULDING, 2009).

Dentro da psicologia social, compreender a mudança de atitudes é a chave

para entender o desenvolvimento do preconceito e entender como as associações

feitas pelas crianças servem de base para a formação de suas atitudes. As teorias

do desenvolvimento humano em psicologia estão principalmente preocupadas com a

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aquisição de mudança intraindividual do indivíduo, de habilidades e conhecimentos

gerais da adaptação ao meio ambiente (CORSARO e FIRGENSON, 2005).

Corsaro e Firgenson (2005) descrevendo sobre o desenvolvimento infantil,

procuram em Piaget e Vygotsky algumas explicações que possam auxiliar na

compreensão da construção da aprendizagem da criança, e nesse contexo,

podemos estabelecer uma relação com o desenvolvimento das atitudes implícitas.

Os autores discutem que a teoria cognitiva de Jean Piaget busca explicar o

desenvolvimento biológico da criança e que o aprendizado vêm de acordo com as

necessidades do indivíduo que se dão ao longo de sua construção cognitiva, ou

seja, nessa fase se uma atitude é assimilada e acomodada (termos utilizados por

Piaget) a criança pode passar a emitir essa atitude. Corroborando-se talvez com

essas idéias, os autores também descrevem sobre a obra de Lev Vygotsky que fala

sobre a Teoria Sociocultural, no qual a criança, inserida em um meio social é

influenciada pelas pessoas da qual estão próximas, ou seja, a família, a escola, os

amigos, etc. E que essas influências também podem ser desenvolvidas pelas

crianças que passam também a emitir determinadas atitudes.

Dessa forma, sabendo que as atitudes são sistemas relativamente estáveis

de organização de experiências e comportamentos relacionados com um objeto ou

evento particular e que para cada atitude há um conceito racional e cognitivo -

crenças e idéias, valores afetivos associados de sentimentos e emoções que por sua

vez levam a uma série de tendências comportamentais – predisposições, sabemos

que determinadas atitudes podem ser implícitas ou explícitas e podem caracterizar

formas de preconceitos e estereótipos.

2.2. Atitudes implícitas e explícitas, preconceitos e estereótipos

Como discutido anteriormente, as atitudes fornecem avaliações de síntese

que auxiliam nas decisões sobre como interagir com o mundo. Uma atitude é uma

associação entre um conceito e uma avaliação – positiva ou negativa, favorável ou

desfavorável, ou desejável e indesejável. Atitudes ajudam a guiar o nosso

julgamento e comportamento. Devo estudar pelo livro completo ou pelo resumo? Eu

gosto dos membros desse grupo? Em suma, isto é bom ou ruim?

Essas perguntas, muitas vezes podem ser respondidas e suas respostas

contextualizadas; em outras ocasiões, talvez não seja fácil ter acesso a elas. Uma

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maneira de mensurar as atitudes é pedir às pessoas para relatarem seus

sentimentos. Por exemplo, para descobrir a atitude de alguém em relação à sua

preferência por sorvete, poderíamos perguntar-lhe a taxa de sua atitude em uma

escala de resposta variando de 1 (muito pouco) a 8 (gosto muito). Essa forma de

abordagem caracteriza as suas atitudes explícitas, ou seja, posso dar a resposta

retomando-a deliberadamente em minha memória em um processo de introspecção

avaliativa (GREENWALD e BANAJI, 2005).

Em outros momentos, no entanto, os psicólogos não conseguem acessar

algumas informações perguntando simplesmente às pessoas para os relatarem.

Pode acontecer que as pessoas não queiram relatar o que pensam e sentem. Ou

então, até mais provavelmente, as pessoas podem não estar conscientes de tudo o

que pensam e sentem. Assim, caracterizamos esse tipo de atitude como atitudes

implícitas, ou seja, aquelas que podem ser provocadas sem um ato de introspecção.

As medidas implícitas necessitam de meios indiretos de avaliação, apresentam

reações automáticas afetivas e reações afetivas imediatas (NOSEK, 2007).

Medidas de cognição implícitas incluem um conjunto heterogêneo de métodos

e procedimentos que diferem das medidas de cognição. As avaliações reveladas por

medidas implícitas e explícitas podem não ter nada em comum, caso em que eles

avaliam construções particulares. No extremo oposto, as medidas de atitude

implícita e explícita poderiam avaliar uma única construção, apesar das diferenças

processuais. Todas as diferenças entre as medidas, nesse caso, seria imputável a

influências externas que são irrelevantes para as atitudes. Uma possibilidade

intermediária é que as medidas implícitas e explícitas avaliam construtos que são

relacionados, mas distintos. Especificamente, as medidas implícitas e explícitas

poderiam ter algo em comum que justificam a sua interpretação compartilhada como

avaliações de atitude, e algo único que justifique a distinção implícita/explícita

(NOSEK, 2007).

Uma explicação plausível para esse mecanismo de comparação foi descrito

por Baron e Banaji (2006) no qual permite-se fazer uma relação entre os

componentes implícito/explícito. Os resultados mostraram que em crianças o

preconceito implícito foi consonado ao explícito, demonstrando significativamente a

mesma taxa percentual, o mesmo ocorreu em adolescentes. Nos adultos, porém,

houve discrepâncias entre implícito/explícito, sendo o preconceito explícito quase

inexistente. O preconceito implícito se manteve em todas as faixas etárias, sendo um

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pouco menos frequente nos adultos. Essas diferenças devem estimular os teóricos a

explicar as influências comuns e distintas na formação de atitudes implícitas e

explícitas, assim como os mecanismos de sua ativação.

Fazio (1986) descreve através de seus experimentos que alguns tipos de

atitudes podem ser ativados automaticamente a partir da memória ou apenas

através da observação de um objeto de atitude. Nosso cérebro é constituído de

redes semânticas que são influenciadas pelo meio, são através delas que

percebemos e emitimos respostas. Essa rede semântica segundo o autor é afetada

pelos estímulos ativadores das atitudes implícitas, e é mais intensa quando há uma

associação mais forte entre a rede e o objeto de atitude. Ele salienta ainda que esse

mecanismo seja específico de cada indivíduo e depende das relações que o sujeito

tem com o meio.

Gawronski et al., (2006) descreve algumas hipóteses de como as atitudes

implícitas podem se comportar no cérebro de uma pessoa. Um indivíduo pode ou

não estar consciente da origem causal de uma determinada atitude, sendo chamada

de consciência de origem. Em segundo lugar, um indivíduo pode ou não estar

consciente da atitude em si, o que corresponde à consciência de conteúdo. Em

terceiro lugar, um indivíduo pode ou não estar consciente da influência que uma

determinada atitude tem sobre os outros processos psíquicos, denominada

consciência do impacto. No que diz respeito à consciência de origem, pesquisas,

anteriores já demonstraram que as pessoas muitas vezes não têm consciência das

causas de suas atitudes. No que diz respeito à consciência de conteúdo, vários

pesquisadores argumentaram que as pessoas às vezes apresentam reações

positivas ou negativas para um objeto sem ser consciente de suas respostas

avaliativas. E por fim, em relação à consciência de impacto, as pessoas muitas

vezes desconhecem as influências de uma determinada atitude sobre outros

processos psicológicos.

O efeito de consciência de conteúdo pode ser semelhante ao que os

psicólogos sociais chamam de estereótipos. Um estereótipo é um conjunto

socialmente compartilhado de crenças sobre os traços que são característicos de um

determinado grupo. Por exemplo, o estereótipo em relação aos membros de um

determinado grupo (podemos citar as top models), a elas são incluídas as

características de ser fisicamente magras, que se assumem como elogios, mas

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também são caracterizadas como ignorantes. Ou seja, foi atribuído ao mesmo grupo

aspectos positivos e negativos (GREENWALD e BANAJI, 1995).

Uma das formas que os psicólogos sociais encontraram para definir como se

desenvolve esses mecanismos de formação de consciência, de construção de

atitudes e dos processos psicológicos no geral, foi compreender e identificar os

processos cognitivos que podem estabelecer ou manter o preconceito. Esta

perspectiva cognitiva não implica que o preconceito é aceitável, mas sugere que o

preconceito é o subproduto de processos do pensamento humano, que de certa

forma são normais. E o elemento-chave na perspectiva cognitiva do preconceito é o

estereótipo (MELO, 2004).

Souza (2009) aponta que assim como as atitudes em geral, o preconceito tem

três componentes: crenças; sentimentos e tendências comportamentais. Crenças

preconceituosas são sempre estereótipos negativos.

Segundo Allport (1954 apud Souza 2009) o preconceito é o resultado das

frustrações das pessoas, que em determinadas circunstâncias podem se transformar

em raiva e hostilidade. As pessoas que se sentem exploradas e oprimidas

freqüentemente não podem manifestar sua raiva contra um alvo identificável ou

adequado; assim, deslocam sua hostilidade para aqueles que estão ainda mais

“baixo” na escala social. O resultado é o preconceito e a discriminação.

O preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas tentativas que as

pessoas fazem para se conformar (conformidade social). Se nos relacionamos com

pessoas que expressam preconceitos, é mais provável que as aceitemos do que

resistamos a elas. As pressões para a conformidade social ajudam a explicar porque

as crianças absorvem de maneira rápida os preconceitos e seus pais e colegas

muito antes de formar suas próprias crenças e opiniões com base na experiência. A

pressão dos colegas muitas vezes torna “legal” ou aceitável a expressão de

determinadas visões tendenciosas – em vez de mostrar tolerância aos membros de

outros grupos sociais (SOUZA, 2008).

Esses grupos sociais são taxados e sofrem ação do preconceito devido a

construções durante o desenvolvimento social. Como descrito anteriormente, o

elemento-chave na perspectiva cognitiva do preconceito é o estereótipo.

Etimologicamente, o termo estereótipo deriva de duas palavras gregas: stereos (que

significa “rígido”) e túpos (“traço”). Na impressão, o estereótipo pode ter como

analogia um molde de metal, utilizado para fazer imagens repetidas e idênticas de

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um caráter em um pedaço de papel. Assim, o termo foi usado por analogia,

referindo-se ao modo pelo qual as pessoas aplicam o mesmo caráter à impressão

que têm de determinados grupos de indivíduos. O estereótipo pode ser entendido

como um processo funcional e adaptativo, no qual utilizamos para poupar gastos

desnecessários de tempo e energias cognitivas (MELO, 2004).

Em nosso cotidiano, a todo o momento, nos confrontamos com a diversidade,

com pessoas diferentes de nós tanto nos traços psicológicos como nos traços

físicos. Como vivemos sobrecarregados de informações utilizamos dos estereótipos

para rotular as pessoas e assim nos sentirmos socialmente seguros. No entanto,

essa nossa forma de “julgar” é delimitada por pontos corretos, incorretos, positivos e

negativos, e esses pontos negativos, está nas generalizações incorretas que rotulam

as pessoas e não permitem que estas sejam aceitas como indivíduos singulares com

características próprias, negando-lhes direitos morais e legais. Alguns estudos

demonstraram que associações étnicas e raciais produzem facilitação estereotípica.

Alguns testes de associação implícita demonstram que há uma associação mais

forte quando se emparelham as palavras Ruim/Negro em relação a Branco/Bom.

Esse fator evidencia que esse grupo, principalmente, são estereotipados e

constantemente sujeitos ao preconceito (LIMA et al., 2006).

O processo histórico dos negros na sociedade é marcado pelo preconceito e

pelos estereótipos. Esse princípio afirma-se pelos estudos de Devine (1989), no qual

separou indivíduos com alto nível de preconceito e baixo nível de preconceito, que

foram avaliados através da Escala de Racismo Moderna. Esses sujeitos foram

submetidos a testes de associação, no qual palavras como pobre, agressivo,

criminoso, atleta, hostil, etc, foram consonadas a palavra negro, descrita em

algumas frases e em seguida eles deveriam descrever um texto sobre suas

percepções sobre negros, assim, suas produções avaliadas como congruentes ou

incongruentes em relação aos negros. A autora concluiu que o uso da pré-ativação

ativa automaticamente o estereótipo cultural, ou seja, a partir do teste verificou-se

que negros foram associados fortemente as palavras pobre, agressivo e criminoso.

Durante o teste o que ocorreu foi que houve uma ativação do link entre negros e

hostis e criminosos por exemplo, fato que se deve a todo um processo histórico que

desencadeou a formação de redes semânticas no cérebro das pessoas permitindo

que as mesmas fizessem relações negativas em detrimento a grupos étnicos

diferentes.

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Banaji e Hartin (1996) assumem que os estereótipos podem ocorrer de forma

implícita assim como outros processos cognitivos e que também consistem em

componentes explícitos. E quanto ao processo de desenvolvimento, os estereótipos

não são necessariamente baseados em uma única representação homogênea na

memória, mas são baseadas em memórias múltiplas, diversificadas e

potencialmente conflitante.

Como nos aponta Devine (1989), tanto indivíduos preconceituosos como

aqueles que não o são estão amplamente familiarizados com os estereótipos

utilizados para rotular determinados grupos sociais. Desta forma, esta autora

distinguiu entre o que ela cunhou de ativação automática e ativação controlada de

estereótipos. A ativação automática ocorreria da seguinte maneira: visto que alguns

estereótipos são amplamente disseminados na nossa cultura, estes sobrevêm à

nossa mente assim que nos deparamos com certas pessoas. Após este processo

automático, no entanto, um indivíduo não-preconceituoso pode conscientemente

refletir sobre o que acabou de pensar sobre aquela pessoa e reavaliar sua primeira

impressão. Neste caso, o indivíduo teria entrado na ativação controlada do

estereótipo, impedindo que este prossiga adiante e se transforme em discriminação.

Deve ficar claro, no entanto, que mesmo após o controle do estereótipo é possível

que este apareça (muitas vezes com força redobrada) através de comportamentos

não-verbais tais como expressões, postura, contato visual e a distância física que

colocamos entre nós mesmos e certos indivíduos.

No entanto, para os devidos fins, estereótipos não se enquadram na mesma

função de preconceito, ou seja, não são sinônimos. O que ocorre é uma relação

estreita entra ambos, no qual estereótipo é um componente cognitivo do preconceito

e permite a sua racionalização. Essa ligação é fruto de um processo de

desenvolvimento social, no qual atitudes e estereótipos são heranças da sociedade

e que todos estão sujeitos à aprendizagem das atitudes predominantes e os

estereótipos atribuídos aos grandes grupos étnicos e que a ativação automática do

estereótipo é forte e inescapável para todo e qualquer indivíduo. Assim, para

evidenciar o caráter e a força de associação das atitudes, preconceitos implícitos e

explícitos, faz-se necessário a utilização de testes que permitam avaliar e descrever

a intensidade dessas associações, o que pode ser medido pelo teste de associação

implícita (TAI).

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2.3. TAI (teste de associação implícita)

Sabemos que as atitudes implícitas são aquelas das quais não podemos

retomar deliberadamente em nossa memória, por ser ela uma atitude inconsciente. E

como as atitudes implícitas são reconhecidas como tento uma importância ímpar no

estudo da psicologia social, desenvolver técnicas de investigação dessas atitudes é

crucial. Dessa forma, foi desenvolvido o Teste de Associação Implícita (TAI) como

uma ferramenta de acesso a essas informações atreladas ao inconsciente

(GREENWALD et al., 1998).

O TAI fornece uma medida das forças de associação automáticas. Estas

medidas são calculadas a partir das velocidades de desempenho em duas tarefas

de classificação na qual a intensidade das associações determina a eficácia do

desempenho no teste. O efeito TAI baseia-se na latência de duas tarefas que

diferem no grau de associação, de acordo com instruções utilizadas em quatro

categorias de estímulos (GREENWALD et al, 2003).

O TAI inicia-se com a apresentação de um conjunto de palavras ou imagens

para serem classificadas em grupos (figura 3). Esta tarefa requer que o sujeito

classifique os itens o mais rápido que puder, fazendo o menor número de erros

possíveis. Se ele for extremamente lento ou fizer muitos erros os resultados não

podem ser interpretados adequadamente. Esta parte do estudo leva cerca de cinco

minutos. Segue uma lista de rótulos de categorias e os itens que pertencem a cada

uma dessas categorias.

Figura 3: Lista de rótulos de categorias

Fonte: https://implicit.harvard.edu/implicit/Study

Os dedos indicadores devem ser mantidos 'e' e 'i' para que a resposta seja

rápida. Dois rótulos no topo indicarão que palavras ou imagens correspondem a

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cada uma das teclas. Cada palavra ou imagem possui uma classificação correta. A

maioria é fácil.

O teste propriamente dito inicia-se com a abertura da primeira tela, aqui

usaremos como exemplo o TAI cor de pele (quadro 1), com orientações ao sujeito

para elaboração do teste. Em seguida pressionando a barra de espaço inicia-se a

experimentação. A primeira tela mostra imagens de pessoas de pele clara (lado

esquerdo da tela) e imagem de pessoas de pele escura (lado direito da tela). No

centro da tela imagens de pessoas de pele clara e escura vão se alternando

aleatoriamente e o sujeito de pesquisa deve pressionar a tecla 'e' quando a imagem

corresponder à figura do lado esquerdo e a tecla 'i' quando a imagem corresponder a

figura do lado direito.

A segunda tela apresenta no alto da janela categorias diferentes da anterior,

nesse momento aparecem às palavras Mau (lado esquerdo) e Bom (lado direito), e

seguem o mesmo princípio, tecla ‘e’ e ‘i’ para direita e esquerda, respectivamente de

acordo com as palavras que vão aparecendo no centro da tela (horrível, agonia,

falha, maravilhoso, feliz, alegria, etc).

A terceira tela mostra no alto da janela quatro categorias, sendo a imagem de

uma pessoa de pele escura associada à palavra Mau do lado esquerdo (Imagem OU

Mau), e no lado direito a foto de uma pessoa de pele clara associada a palavra Bom

(Imagem OU Bom). As palavras Mau e Bom são marcadas com a cor verde para

ajudar na identificação. No centro da tela aparecem palavras como (horrível, agonia,

falha, maravilhoso, feliz, alegria, etc.) e imagem de pessoas de pelo clara e escura, e

da mesma forma, tanto as imagens quanto as palavras devem ser associadas ao

lado direito e esquerdo superior da tela com auxílio teclas ‘e’ e ‘i’.

Na quarta tela o procedimento da terceira tela é repetido novamente. Nesse

momento, calcula-se a diferença entre as medidas de tendência central obtida a

partir dos dois blocos de testes (o bloco quatro e o bloco sete) (GREENWALD et al.,

2003).

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Quadro 1: Sequência do Teste de Associação Implícita - cor de pele Bloco/Telas Ensaios Função Esquerda Direita

1 20 Prática IPC* IPE*

2 20 Prática PA* PD*

3 20 Prática PA ÷ IPC PD ÷ IPE

4 40 Teste PA ÷ IPC PD ÷ IPE

5 20 Prática IPE IPD

6 20 Prática PA ÷ IPE PA ÷ IPC

7 40 Teste PA ÷ IPE PA ÷ IPC

*IPC= Imagem de pessoas claras; IPE= imagem de pessoas claras; PA= palavras agradáveis; PD= palavras desagradáveis.

Na quinta tela as imagens no alto da tela se invertem, com a imagem de uma

pessoa de pele branca do lado esquerdo e a imagem da pessoa de pele escura do

lado direito. No centro da tela imagens semelhantes vão aparecendo e devem ser

relacionadas como anteriormente. Na sexta tela, aparecem as mesmas imagens e

palavras da terceira tela, porém, nesse momento, estão com os lados esquerdos e

direito invertidos. Na sétima e última tela o procedimento da sexta tela é repetido.

A mensuração do Teste de Associação Implícita se dá pelo calculo da latência

das respostas, ou seja, o tempo de reação das respostas. Quanto menor o tempo de

reação do sujeito a esses conceitos ou itens, mais esses conceitos estarão

fortemente associados; ao contrário, quanto maior o tempo de reação, menos esses

conceitos ficarão associados em relação a outros conceitos cuja associação não é

tão forte assim. Numa tarefa de tempo de reação, como são os Testes de

Associação Implícita, os participantes devem responder o mais rápido possível, pois

a atividade que está envolvida nessa associação de conceitos deve ser uma

atividade que fuja a qualquer processo de autocontrole. Portanto, o que pretende

medir um teste desse tipo e a atividade não-consciente (NOSEK, 2007).

Os cálculos do teste são feitos por análises estatísticas, que compreendem a

elaboração de correlações, médias, medianas, logaritmo e desvio padrão

(GREENWALD et al., 2003).

O princípio básico envolve o cálculo da diferença de latência média de

resposta entre as duas condições de classificação e dividindo pelo desvio padrão de

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todas as latências para ambas as tarefas de classificação. Assim, a pontuação IAT

(denominadas D) é uma variação do Teste de Cohen d que calcula o tamanho do

efeito de respostas de um indivíduo em uma tarefa (NOSEK et al., 2008).

O TAI é uma medida prontamente disponível e fácil de usar, além de

confiável e com efeitos fortes. O teste “contorna” a avaliação do preconceito

“driblando” as questões sociais, avaliando implicitamente (DEVINE, 2001).

Devine (2001) ainda afirma que normalmente, qualquer medida só é útil

quando validamente mede aquilo que pretende medir. Embora muitos tenham

aceitado sem questionar o TAI como uma medida de preconceito implícito ou

estereótipos, outros têm uma opinião diferente. Embora o TAI ofereça um grande

potencial para ligar com a natureza e o funcionamento de preconceitos implícitos, o

uso generalizado naturalmente leva a um questionamento sobre a validade e o

significado das respostas sobre a medida.

Para tanto, atualmente o TAI se apresenta com uma ferramenta de importante

medida para reconhecer a força de associação entre variáveis. Dessa forma, é

amplamente utilizado desde sua construção em 1998.

Partindo-se da idéia de que as atitudes implícitas podem se manifestar em

forma de preconceito, o presente trabalho buscando na literatura se há um consenso

entre os autores sobre os mecanismos de desenvolvimento do preconceito implícito

a utilização do TAI nos permite conhecer as raízes do preconceito e dos

estereótipos.

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3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para verificarmos a pesquisa de artigos para análise foi feita através da base de

dados da Scopus (disponível em www.scopus.com), em um computador desktop da

Universidade Presbiteriana Mackenzie, campus Consolação, Rua da Consolação,

930 - Cep 01302-907, São Paulo - SP – Brasil.

No espaço de procura, utilizou-se Implicit Attitude como palavras chaves

pareadas com Development. A pesquisa foi delimitada para encontrar artigos

referentes aos últimos 10 anos, pois a pesquisa baseou-se, principalmente, nos

Testes de Associação Implícita que foi criado no ano de 1998. Outros processos de

“filtragem” dos artigos ocorreram na delimitação das áreas de pesquisa que foram

abordadas, assim, a busca limitou-se as áreas de psicologia, ciências sociais e

neurociência. Ao término desse procedimento restaram 55 artigos, a partir da leitura

dos resumos foram excluídos 25 artigos, pois os mesmos não adotaram o Teste de

Associação Implícita como mecanismo de avaliação das atitudes ou não discutiam

sobre o desenvolvimento das atitudes implícitas. Assim, restaram 20 artigos para

serem analisados, no entanto, durante a leitura mais profunda dos artigos outros 4

foram excluídos, pois não apresentaram discussões diretamente relacionadas ao

objetivo do presente trabalho.

Após a definição dos artigos, que totalizaram 16 publicações, foi feito o

Download dos mesmos pela página do próprio site da Scopus. Eles foram

encontrados em 15 diferentes meios de publicação, sendo elas: Journal of

Experimental Child Psychology, Journal of Applied Social Psychology, Journal of

Personality and Social Psychology, Journal of Experimental Social Psychology,

Trends in Cognitive Science, Current Research In Social Psychology, Social

Cognition, Internacional Journal of Behavioral Development, Self na Identity,

Psychological Science, Child Development, Advances in Experimental Social

Psychology, Personality and Social Psychology Bulletin, Journal of Experimental

Child Psychology e Psychological Review. Após a seleção dos artigos, eles foram

categorizdos em um quadro, que serviu como resumo para as discussões. Foi

retirado dos artigos somente as discussões e os resultados que se referiam a

questões a cerca do desenvolvimento das atitudes implícitas e do preconceito.

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4. RESULTADOS

As principais idéias dos autores apresentaram cinco principais abordagens

para discussão (quadro 2): Descrevem as características afetivas das atitudes

implícitas, a influência da família e do meio social, sobre a preferência das pessoas

pelos indivíduos dos seus próprios grupos, que o preconceito explícito diminui na

idade adulta e que o preconceito implícito surge cedo no desenvolvimento da

criança.

Quadro 2: Variáveis que influenciam no desenvolvimento das atitudes implícitas segundo sua frequência nos artigos analisados.

Afetividade Preferência por

grupo Interno

PE* reduz na

fase adulta

PI* surge cedo

na criança Normas sociais

1, 2, 3, 4, 8, 12 3, 5, 7, 12,15 3, 5, 10, 13, 14 3, 6, 12, 13 1, 2, 4, 10, 13, 14

*PE= preconceito explícito; *PI= preconceito implícito.

Das abordagens descritas no quadro 2, as mais comuns foram representadas

pelas discussões sobre afetividade e pelas preferências do grupo interno em relação

a um grupo externo (figura 2). Dos 16 artigos 6 discutiram sobre a influência das

questões afetivas no desenvolvimento das atitudes implícitas, 5 artigos sobre a

preferência das pessoas por seu próprio grupo ou grupo interno, 5 artigos sobre a

redução do preconceito explícito na idade adulta, 4 artigos sobre o surgimento

precoce das atitudes implícitas e 6 artigos que discutiram, dentre outras coisas, a

influência da família e/ou do meio social no desenvolvimento das atitudes implícitas.

Figura 4: Variáveis discutidas nos artigos analisados segundo sua frequência.

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As discussões gerais apresentadas pelos autores são representadas (quadro

3), abordando todas as idéias relevantes dos autores sobre o desenvolvimento das

atitudes implícitas e suas implicações na formação do preconceito. Dentre as

abordagens mais comuns descritas anteriormente também encontramos outras

descrições que serão abordadas durante as discussões, como algumas teorias do

desenvolvimento ou da formação das atitudes implícitas e do preconceito.

Quadro 3: Principais idéias dos autores encontradas nos artigos de pesquisa.

N° Autor/ano Principais idéias dos autores

1 Cvencek et al.,

(2011)

• A partir da pré-escola as crianças já são capazes de ter preferências, sofrerem influências e de reconhecer gênero;

• A mãe influencia positivamente em relação às filhas e positivamente em relação aos filhos, na questão do gênero.

• Meninas são menos preconceituosas em relação ao gênero feminino do que os meninos.

• Há preferência pelo próprio gênero, e é mais forte nas meninas.

2 Andrews et al.,

(2010)

• Atitudes de familiares influenciam nas atitudes das crianças; • Atividades de combate ao preconceito, tabagismo, doenças,

etc., são importantes na redução das atitudes implícitas; • Sentimentos frustrantes estimulam o desenvolvimento de

atitudes preconceituosas; • Imagens sociais são pontos marcantes que facilitam a ação de

atitudes preconceituosas; • A capacidade de se espelhar a seus semelhantes estimula a

ação das atitudes preconceituosas.

3 Degner e

Wentura (2010)

• Crianças que convivem com atitudes preconceituosas acabam adquirindo automaticamente essas atitudes, que passam a fazer parte de sua estrutura neural;

• Adultos apresentam menos preconceito explícito; • As pessoas preferem indivíduos do seu próprio grupo

(alemães preferem alemães em relação aos turcos); • No geral, o preconceito diminui com a idade; • Crianças adquirem a consciência de raça e etnia e as

respectivas avaliações sociais muito cedo – entre 3-6 anos de idade;

• Experiências negativas ficam armazenadas na memória de curto prazo;

• Efeitos negativos em experiências passadas podem influenciar nas atitudes futuras;

• Teoria do desenvolvimento do preconceito.

4 Castelli et al.,

(2010)

• As atitudes se desenvolvem nas crianças e são influenciadas pelo meio durante o desenvolvimento para a idade adulta;

• Experiências recentes influenciam avaliações implícitas e explícitas de forma independente;

• As atitudes das crianças são influenciadas pela pressão dos pais;

• As experiências passadas são mais significativas que as atuais

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(quando semelhantes); • As atitudes dependem da natureza cognitiva dos indivíduos; • As informações afetivas são as mais marcantes; • Afeições desatrelam atitudes implícitas de explícitas; • Vínculos afetivos diminuem o preconceito implícito; • As pessoas estão presas a ações passadas e mais susceptíveis

as questões do presente.

5 Dunham et al.,

(2008)

• Grupos mais favorecidos socialmente tendem a aceitar as pessoas de seu grupo e a se auto-aceitar;

• Grupos menos favorecidos tendem a não aceitar seu grupo, pelo menos implicitamente e tendem a caracterizar positivamente os grupos mais favorecidos na busca pela aceitação e auto-estima, assim, estimulam a caracterização negativa do seu grupo;

• Grupos menos favorecidos preferem grupos mais favorecidos; • Grupos menos favorecidos dão atribuições negativas a grupos

inferiores a eles (preferem americanos brancos em relação ao afro-americanos);

• Crianças preferem seu grupo interno em relação ao grupo externo (explicitamente) e grupo externo (implicitamente), os adultos preferem grupos internos explicitamente e internos implicitamente;

• O nível implícito não variou com a idade, porém o explícito se extingue nos adultos;

• Há internalização antecipada de informações de status social em crianças;

• Em crianças mais velhas há os aspectos sociais podem tornar-se mais proeminentes;

• Teoria da Identidade Social para explicar essas relações;

6 Thomas et al.,

(2007)

• Pessoas magras são associadas com bom e pessoas gordas são associadas com ruim;

• A partir de três anos de idade as crianças já apresentam preconceito implícito;

• O preconceito implícito diminui com a idade; • O estereótipo de beleza, de auto-estima e de aceitação social

surgem em crianças de 3 anos.

7 De Houwer et al.,

(2007)

• Se um determinado grupo de pessoas for informado sobre objetos novos e desconhecidos, como por exemplo, Pokémons que ninguém conheça, e a eles forem atribuídos caracteres positivos e negativos, ao realizar um TAI é dado preferência aos indivíduos caracterizados como positivos;

• Atitudes implícitas podem ser formadas por simples apresentação de informações;

• Experiências anteriores influenciar na formação das atitudes; • Preferências por grupos sociais podem influenciar no

desenvolvimento das atitudes.

8 Fazio (2007)

• A atitude pode ser resultado de reações emocionais que o objeto evoca, como no caso de respostas emocionais condicionadas. Ele pode ser baseado em seus comportamentos e experiências passadas com o objeto;

• A atitude pode ser o resultado de um processo de aprendizagem associativa e não passiva;

• Os processos pelos quais a atitude foi formada e sua base de

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informação pode ter implicações para a força resultante da avaliação e associação de objeto e, portanto, a acessibilidade da atitude da memória;

• A atitude é definida como a avaliação sumária, destituído de qualquer presunção sobre a consistência do comportamento;

• Atitude é simplesmente uma forma de conhecimento - um conhecimento valorativo, mais precisamente - e são representados na memória.

9 Davis et al.,

(2007)

• Antes dos 2-3 anos: pistas raciais e étnicas não são importantes para essas crianças assim há pouca compreensão dos outros em relação aos aspectos étnicos e raciais.

• 3 anos: Começa a surgir pistas raciais e étnicas e começa-se a distinguir membros dos outros grupos. Ocorre a auto-identificção com o seu grupo, sendo esse um momento precursos para a definição dos princípios étnicos e raciais.

• 4 anos: Preferência por seu grupo em relação aos grupos externos, mas não de forma negativa, mas simplesmente pelo fato dos aspectos afetivos do seu grupo, e por ser seu meio de convivência. Assim, evidencia-se que somente a partir dos sete anos de idade é que o preconceito assume sua forma atuante, passando a ser representado sobre o grupo externo

10 Dunham et al.,

(2006)

• Preconceito pode ser gerado tanto por características sociais quanto características evolutivas;

• Os jovens têm maior preferência por seu grupo do que os adultos têm (preferência explícita);

• O status social de grupos menos favorecidos em detrimento a outro grupo pode diminuir o preconceito implícito (japoneses possuem alto status social e são vistos por grupos externos com menos estereótipos negativos);

• O preconceito implícito manteve estável durante o desenvolvimento, enquanto o preconceito explícito diminui com a idade;

• Menos status em um grupo gera maiores índices de preconceito implícito;

• Estabilidade em desenvolvimento: preconceito implícito é estável;

• Estabilidade cultural: Maior ou menos grau de contato com um grupo atribui maior ou menos intensidade de preconceito;

• As primeiras atitudes implícitas são categorizações automáticas.

11 Rydell et al.,

(2006)

• Há um processo lento de formação das atitudes; • Há um processo rápido de formação das atitudes; • Atitudes implícitas e explícitas possuem formas de evocação

diferentes, sendo a implícita mais lerda e a explícita mais rápida, estando relacionadas com processos cognitivos mais ou menos elaborados.

12 Dunham et al.,

(2006)

• Compreender o processo de construção das atitudes é um ponto chave para decifrar o preconceito;

• A veiculação da mídia acelera e aumenta o preconceito; • Atitudes implícitas surgem cedo no desenvolvimento da

criança; • São influenciadas pelas normas sociais e pela família; • Grupos menos favorecidos tendem a ter preferência por

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grupos externos mais favorecidos; • Crianças de 3 anos já apresentam preferência intergrupal; • Influência da hierarquia social; • Questões afetivas influenciam no desenvolvimento das

atitudes implícitas; • Curvas de aprendizagem são influenciadas pelo convívio

social.

13 Baron e Banaji

(2006)

• As atitudes implícitas sociais e não-sociais surgem cedo no desenvolvimento da crianças;

• Em crianças não há dissociação implícito/explícito; • O preconceito implícito surge cedo no desenvolvimento das

crianças; • O preconceito implícito é estável e se mantém desde crianças

novas até adultos; • O preconceito explícito existe nas crianças e adolescentes e se

extingue nos adultos; • Normas sociais influenciam no desenvolvimento das atitudes

explícitas.

14 Rutland et al.,

(2005)

• Normas sociais prescrevem atitudes adequadas, valores e comportamentos;

• Normas sociais são transmitidas através da mídia, legislação nacional, etc;

• O preconceito implícito intergrupal torna-se menos evidente ao decorrer da idade;

• O preconceito explícito submetido a altas normas sociais é menos intenso;

• Sobre baixas normas sociais o preconceito explícito é mais intenso;

• Crianças mais novas já apresentam preconceito implícito, o explícito diminui na idade adulta e depende das normas sociais;

• As normas sociais podem ser mascaradas.

15 Brown e Bigler

(2002)

• O tamanho relativo do grupo afeta o desenvolvimento da atitude das crianças;

• Os indivíduos que servem como modelos para as crianças dentro do seu grupo estimulam as crianças a elaborarem atitudes semelhantes, mas se essas atitudes não forem agradáveis, da mesma forma, as crianças desviam suas atitudes desse foco;

• As crianças observam as diferenças existentes em seu grupo, e em grupos externos e criam hipóteses sobre essas diferenças, influenciando no desenvolvimento das atitudes;

• As crianças dão preferência a seu próprio grupo;

16 Devine et al.,

(2002)

• O convívio com diversidade e a iniciativa própria podem superar preconceitos;

• Pessoas que dizem não ser preconceituosas podem apresentar preconceito implícito;

• Preconceitos são influenciados por fatores externos normativos;

• Há indivíduos com motivação interna contra o preconceito e indivíduos com motivação externa contra o preconceito – MICP e MECP;

• Pessoas com MICP alta e MECP alta possuem menos

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preconceito, sendo o inverso verdadeiro; • Esses indivíduos conseguem controlar melhor sua estrutura

cognitiva, e isso podem influenciar na regulação do preconceito implícito e explícito;

• Idéia da autodeterminação.

5. DISCUSSÃO

Partindo do objetivo do presente trabalho, que consiste em verificar se há um

consenso entre os autores pesquisados na literatura sobre as variáveis que

influenciam no desenvolvimento das atitudes implícitas e do preconceito,

discutiremos de acordo com os autores descritos no quadro 2 e de acordo com a

fundamentação teórica apresentada no início do estudo.

A partir das discussões encontradas nos artigos analisados, podemos

observar a existência de cinco principais abordagens descritas: Afetividade,

surgimento precoce do preconceito, desaparecimento na idade adulta, normas

sociais e preferência pelo grupo interno. Iniciaremos a discussão falando sobre os

mecanismos afetivos de construção das atitudes, ou seja, como as questões afetivas

influenciam no desenvolvimento das atitudes implícitas e do preconceito.

Para Lebres (2010) em relação às questões afetivas, o contato mais próximo

com os indivíduos estigmatizados, como por exemplo, alunos com necessidades

educacionais especiais, os professores que tiveram um contato mais próximo com

esses alunos demonstraram uma redução do preconceito. Essa redução deve ser

conquistada de forma a abandonar sentimentos de preconceito e suposições

negativas para que desenvolvam espíritos mais abertos e responsáveis em face

desta problemática.

Pode-se encontrar em autores como Andrews et al., (2010) que sentimentos

frustrantes estimulam o desenvolvimento de atitudes preconceituosas, como por

exemplo, o contato de uma pessoa com um indivíduo estigmatizado, como um turco

residente na Alemanha, ou seja, alemães que tiveram alguma relação negativa com

um turco agem com preconceito em relação a esse grupo. Corroborando-se com

esses autores Degner e Wentura (2010) acreditam que experiências negativas ficam

armazenadas na memória de curto prazo e podem influenciar em experiências

futuras, estando sujeitas a caracterizar um grupo negativamente. Castelli et al.,

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também afirmam que as informações afetivas são mais marcantes, eles defendem a

idéia de que as primeiras atitudes formadas pelos indivíduos são atitudes

provenientes de construções afetivas, assim, as construções mais recentes

adquiridas podem ser incapazes de substituir as associações afetivas criadas por

experiências precoces. Sob essa perspectiva seria difícil atitudes preconceituosas

desse indivíduo ser superada.

Albarracín et al., (2005) discutem que as atitudes são compostas além de um

componente cognitivo e comportamental, de um componente afetivo extremamente

importante para o desenvolvimento das atitudes implícitas. E esse componente

afetivo está relacionado às crenças dos indivíduos que se constroem nas relações e

podem ser caracterizadas positiva ou negativamente dependendo das associações

que serão feitas.

Fazio (2007) diz que as atitudes também podem ser resultado de reações

emocionais que o objeto evoca, como no caso de respostas emocionais

condicionadas, ou seja, pode ser baseado em seus comportamentos e experiências

passadas com o objeto. Oliveira (2007) descreve que atitudes são sinônimos de

sentimento, como simpatia, aproximação, etc., e a partir daí emite-se um

comportamento.

Outra variável abordada refere-se a preferência dos indivíduos por pessoas

do seu próprio grupo. Degner e Wentura (2010) descrevem novamente a respeito de

alemães e turcos, sendo que os alemães preferem alemães em relação aos turcos.

Dunham et al. (2006) e (2008) discutem sobre essa preferência apresentando que

indivíduos de grupos menos favorecidos associam positivamente aos grupos mais

favorecidos, por exemplo, grupos de hispano-americanos preferem os americanos

brancos em detrimento ao seu próprio grupo, no entanto, em relação aos afro-

americanos dão preferência ao seu grupo interno.

Essas características determinam, por exemplo, a auto-estima, o auto-

conceito e o preconceito, pois os indivíduos menos favorecidos tendem a se

espelhar no grupo mais favorecido para se auto-afirmar e elevar sua auto-estima,

dessa forma, cria estereótipos e geram preconceitos quando aos componentes de

seu grupo e os componentes dos grupos mais estigmatizados que o seu. No

entanto, tendemos a dar favoritismo intergrupal como uma tendência para

favorecer o nosso próprio grupo. Tanto pode conduzir a que gostemos do nosso

grupo, como a que não gostemos do grupo de comparação, como a ambos estes

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efeitos. No entanto, isso vai depender da forma com que nosso grupo é visto.

Por outro lado, a nossa identidade define-se também pelas comparações que

fazemos com os outros. Quando definimos o que somos (a partir de critérios como

raça, religião, sexo, inteligência, classe social, etc.) e assim definimos também as

nossas pertenças (ou identificações) a grupos específicos, estamos obviamente a

definir o que não somos e a excluir do nosso círculo de pertença determinadas

pessoas e determinados grupos. Ou seja, ao definir o “nós” e o “eles” estamos a

incluir uns e a excluir outros. A estas categorias sociais que definem a nossa

identidade social chama-se endogrupo (o grupo de pertença) e exogrupo (o grupo

de comparação). Nas comparações com os outros procuramos obter um saldo

positivo a nosso favor. Para isso, muitas vezes tendemos a atribuir características

mais negativas aos grupos com que não nos identificamos do que àqueles com

quem temos afinidades (BROWN E BIGLER, 2002).

Assim, a preferência por grupos desempenham um papel fundamental no

processo de formação de estereótipos e preconceitos, mas isso não quer dizer que

este fenômeno seja individual. Na realidade, quando falamos de grupos sociais,

trata-se muito mais de um fenômeno coletivo do que individual. Muitos dos nossos

estereótipos e preconceitos sobre grupos sociais, culturais, étnicos e religiosos não

estão diretamente relacionados com a experiência individual, sendo antes ideias

coletivas partilhadas no interior do nosso grupo de pertença (endogrupos) em

relação aos grupos de comparação (exogrupos). Estas ideias ou crenças são

transmitidas culturalmente e resultam da história de relação entre os grupos ao longo

dos tempos (BROWN E BIGLER, 2002).

Partiremos agora para uma discussão sobre a influência da família e do meio

social (ou normas sociais). Cvencek et al, (2011) e Andrews et al, (2010) descrevem

sobre a importância da família no desenvolvimento das atitudes implícitas. E essa

discussão está extremamente atrelada às questões afetivas.

Baron e Banaji (2006) abordam as idéias de normas sociais para explicarem a

força do preconceito e das atitudes implícitas. Um indivíduo que está sobre a ação

de normas sociais bem estabelecidas e rigorosas, como por exemplo, uma

sociedade religiosa, os indivíduos apresentam preconceito explícito menor, enquanto

diante de uma norma social menos estabelecida os indivíduos apresentam um grau

mais elevado de preconceito explícito.

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Vários estudos têm verificado que são as normas da igualdade e do

humanitarismo as responsáveis pela redução do preconceito endogrupal num

paradigma mínimo, pela redução do preconceito e pela inibição dos estereótipos ou

da despersonalização de alvos minoritários em tarefas de formação de impressão.

Com efeito, o simples fato de levar as pessoas a pensarem sobre a igualdade e

produzirem argumentos sobre este tema diminui a discriminação e aumenta o

comportamento pró-social (LIMA et al., 2006).

Podemos observar, como nos estudos de Rutland et al., (2005), que as

normas sociais prescrevem atitudes adequadas, valores e comportamentos em

determinada situação. Uma norma social nas sociedade ocidentais é uma forma de

evitar a expressão de atitudes discriminatórias ou comportamentos preconceituosos

em relação a indivíduos com base em sua etnia. Essa norma social, como muitos

outros, é transmitida através da mídia, de legislações de igualdade ou programas de

educação multicultural, que promovem a tolerância de valorização da diversidade.

No entanto, esses autores observaram que há uma diminuição somente no

preconceito explícito, que pode ser conscientemente controlado, no entanto, o

preconceito implícito permanece na mesma intensidade, ou seja, ainda existe. Estes

achados determinam que as normas sociais são extremamente importantes na

diminuição do preconceito, porém, está atuando somente sobre as questões

comportamentais evitando a expressão do preconceito, mas ele ainda existe

fortemente associado a pessoa.

A partir dessa discussão podemos fazer uma relação com as outras

abordagens, que correspondem as descrições de que o preconceito implícito diminui

com o desenvolvimento do indivíduo até a sua idade adulta.

Segundo Greenwald et al., (1998, 2003), as atitudes explícitas são aquelas

que podem ser retomadas deliberadamente em nossa memória, ou seja, podemos

acessá-las conscientemente ou estarmos ciente daquilo que dizemos, através de um

auto relato essas atitudes podem ser medidas. Da mesma forma, podemos

expressá-las ou não, ou seja, mesmo possuindo preconceito implícito nosso relato

por acusar a não existência de preconceito.

Assim, relacionando esse princípio aos outros autores vemos que o que

ocorre é a pressão exercida pelas normas sociais sobre o indivíduo, o que o faz o

indivíduo “mascarar” seu preconceito durante um auto-relato.

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Como descrito por Baron e Banaji (2006), Davis et al., (2007), Degner e

Wentura (2010) e Dunham et al., (2006) o preconceito explícito diminui na idade

adulta, e na infância existe em proporções significativamente semelhantes ao

preconceito implícito. Esses autores supõem que ao decorrer do desenvolvimento do

indivíduo ele vai se tornando mais consciente das normas sociais e mais

pressionado pela sociedade quanto ao preconceito, ou seja, ser preconceituoso é

uma característica negativa, dessa forma, reduz-se o preconceito explícito para ser

socialmente correto.

Por fim, podemos observar que o preconceito implícito surge cedo no

desenvolvimento da criança e é estável, se mantendo durante todo o

desenvolvimento do indivíduo, pelo menos na grande maioria.

Como descrito por muitos autores (BARON E BANAJI, 2006; DAVIS et al.,

2007; DEGNER E WENTURA, 2010; DUNHAM et al., 2006; THOMAS et al., 2007), o

preconceito implícito surge cedo no desenvolvimento infantil, alguns desses autores

discutem que a partir dos três anos de idade o preconceito implícito já é evidente.

No entanto, as atitudes não são inatas, isto é, não nascem conosco. São

adquiridas no processo de integração do indivíduo à sociedade em situações como

convívio em comunidade, em família, e em outros meios sociais. É geralmente na

infância que as atitudes são moldadas com base nas crenças dos seus familiares,

principalmente os pais. Verifica-se na maior parte dos casos nas crianças uma

tendência de partilha dos mesmos ideais, relativamente a política e a religião. No

decorrer das evolução intelectual do indivíduo, as influências familiares vão

diminuindo. Na adolescência o indivíduo vai assumindo as suas atitudes,

consonante os seus próprios ideais. Ao longo do desenvolvimento das atitudes o

sujeito vai adquirindo uma educação formal e informal, uma vez que esta é

aprendida na instituição escolar, sendo esse um fator constante e decisivo para o

seu desenvolvimento (SIMONSON e MAUSHAK, 2001).

De fato, as atitudes preconceituosas vão se reduzindo, Devine et al., (2002)

propõe que uma redução do preconceito implícito pode ocorrer segundo a motivação

do indivíduo, que novamente, pode ser influenciado por questões afetivas e por

questões sociais. As questões afetivas podem influenciar de acordo com a interação

do indivíduo com as pessoas ou com os grupos estigmatizados, e as questões

sociais pela influência das normas sociais. Há indivíduos com motivação interna

contra o preconceito e indivíduos com motivação externa contra o preconceito –

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MICP e MECP, respectivamente. Pessoas com MICP alta e MECP alta possuem

menos preconceito, sendo o inverso verdadeiro. Esses indivíduos conseguem

controlar melhor sua estrutura cognitiva, e isso podem influenciar na regulação do

preconceito implícito e explícito. E nesse aspecto, encontra-se também uma

explicação para a redução das atitudes preconceituosas explícitas nos indivíduos

Para Spaulding (2009) as atitudes não se estabelecem e se mantêm

estáticas, elas podem mudar por uma série de razões. É um interesse fundamental

dos psicólogos e publicitários, entenderem o que faz as pessoas mudarem suas

crenças e opiniões. Atitudes mais comumente mudam em resposta à influência

social. O que outras pessoas fazem ou dizem pode ter um efeito enorme em nossas

próprias cognições.

Em relação às atitudes preconceituosas implícitas a sua estabilidade é ditada

pela inconsciência, ou seja, como não temos acesso às atitudes implícitas

dificilmente conseguiram controlá-la, e por mais que o indivíduo se coloque como

não preconceituoso, ainda há traços fortes de preconceitos inseridos na sua mente.

Assim, a criança tendo suas preferências continua formando suas atitudes implícitas

que se tornam preconceitos e esses preconceitos vão sendo mantidos durante o seu

desenvolvimento até a idade adulta.

Dessa forma, podemos pressupor que o desenvolvimento das atitudes

implícitas durante a transformação do indivíduo social pode atuar no

desenvolvimento do preconceito, sendo essa uma idéia encontrada em quase todos

os artigos analisados (figura 4), pois observamos que as variáveis discutidas são

frequentes entre os autores em suas principais discussões.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento das atitudes implícitas é uma questão amplamente

estudada na psicologia social e de extrema importância para elucidarmos quais são

as bases do preconceito. Recentemente inúmeras publicações buscam identificar

quais as variáveis que influenciam na construção das atitudes e quais são as bases

das atitudes implícitas e do preconceito. De fato, a maioria dessas publicações

aborda questões similares e os estudos buscam se complementar na tentativa de

buscar explicações que caracterizem a construção de meios para amenizar o

preconceito. Mas não se baseando na criação de normas sociais que controlem o

comportamento dos indivíduos, e sim, mecanismos eficazes de aceitar a

diversidade, de conviver em grupos e de auto-aceitação, para que dessa forma

possamos eliminar o preconceito implícito que está inserido em quase todos os

cidadãos.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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