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UNIVERSIDADE DO CONTESTADO
MESTRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
GIOVANE JOSÉ MAIORKI
A INDICAÇÃO GEOGRÁFICA DE PRODUTOS: UM ESTUDO SOBRE A
CONTRIBUIÇÃO ECONÔMICA NO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
CANOINHAS
2014
GIOVANE JOSÉ MAIORKI
A INDICAÇÃO GEOGRÁFICA DE PRODUTOS: UM ESTUDO SOBRE A
CONTRIBUIÇÃO ECONÔMICA NO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
Dissertação apresentada como exigência para obtenção do titulo de Mestre no Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional, da Universidade do Contestado – UnC, sob orientação do professor Dr. Valdir Roque Dallabrida.
CANOINHAS
2014
Maiorki, Giovane José
A indicação geográfica de produtos: um estudo sobre a contribuição econômica no desenvolvimento territorial / Giovane José Maiorki. – Canoinhas, SC, 2014.
124 f. il.; color. Orientador: Dr. Valdir Roque Dallabrida. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Regional) –
Universidade do Contestado. Campus Canoinhas, 2014. Bibliografia: f. 114-120. 1. Indicação Geográfica. 2. Território. 3. Desenvolvimento
territorial. I. Universidade do Contestado. Campus Canoinhas. II. Título
Elaboração: Josiane Liebl Miranda (CRB-14: 1023)
338.9 M227i
Dedico este trabalho a minha esposa
Marília e aos meus Filhos Hygor e
Carlos Eduardo.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pelos dons recebidos.
A minha família, que soube conviver com as minhas ausências de esposo e
pai durante o período dos estudos.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Valdir Roque Dallabrida, que sempre me motivou
a enfrentar esta jornada.
RESUMO
O registro de produtos com Indicação Geográfica (IG) vem crescendo no Brasil. Estes são produzidos em regiões onde é possível identificar certos diferenciais, que estão relacionados com o local de produção, o solo, clima, forma de produção e colheita, que lhe conferem um diferencial. Esta especificidade tende a contribuir na agregação de valor a estes produtos, com impactos no desenvolvimento territorial. O objetivo desta dissertação foi avaliar a contribuição econômica da Indicação Geográfica de produtos no desenvolvimento territorial. Nos procedimentos metodológicos, o presente trabalho se classifica como bibliográfico e estudo de caso, conduzido por meio do método científico hipotético-dedutivo. Para a coleta de dados foram realizadas pesquisas documentais e entrevistas com associados e dirigentes das associações que detêm o ato declaratório do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a Asprovinho, localizada no estado do Rio Grande do Sul e a Progoethe, localizada ao sul do estado de Santa Catarina, sendo que em ambas o produto é o vinho. Com os resultados obtidos na revisão da literatura e nas pesquisas de campo, foi possível identificar a importância da Indicação Geográfica como vetor do desenvolvimento de territórios e regiões, salientando que isso não ocorre de forma autônoma, mas sim com a contribuição da sociedade civil e dos setores da economia que fazem parte do objeto da IG.
Palavras-chave: Indicação Geográfica. Território. Desenvolvimento Territorial.
ABSTRACT
The registration of products with Geographical Indication (IG) is growing in Brazil. These are produced in regions where it is possible to identify certain differences, which are related to the production location, soil, climate, and crop production form, giving it a differential. This specification tends to contribute in adding value to these products, with impacts on regional development. The aim of this work was to evaluate the economic contribution of Geographical Indication Products in territorial development. In the methodological procedures, this work qualifies as literature and case study, conducted through hypothetical-deductive scientific method. For data collection, it was carried out documentary researches and interviews with associates and directors of associations who hold the declaratory act of the National Institute of Industrial Property (INPI), Asprovinho, located in the state of Rio Grande do Sul and Progoethe, located in the south of the state of Santa Catarina, and in both the product is the wine. With the results obtained in the literature review and the field research, it was possible to identify the importance of Geographical Indication as a vector of development of territories and regions, stressing that it does not occur independently, but with the contribution of other sectors of civil society and economic sectors that are part of the object of the IG.
Keywords: Geographical Indication. Territory. Territorial Development.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Tabela 1 – Participação do Agronegócio no PIB Nacional de 2002 a 2006 em % .... 53
Tabela 2 – Participação do Agronegócio no PIB Nacional de 2007 a 2011 em % .... 54
Tabela 3 – Participação percentual dos setores no PIB total, 2004 a 2010 dos
municípios da IG do Vale da Uva Goethe .............................................. 64
Tabela 4 – Participação percentual da agricultura no PIB dos municípios do Vale
da Uva Goethe em comparação com o percentual do PIB Nacional ..... 66
Mapa 1 – Municípios pertencentes à área delimitada dos Vales da Uva Goethe ...... 67
Figura 1 – Limites da região delimitada da IG Pinto Bandeira .................................. 70
Tabela 5 – Participação percentual dos setores no PIB total, 2004 a 2010 dos
municípios da IG de Pinto Bandeira ....................................................... 70
Tabela 6 – Participação percentual da agricultura no PIB dos municípios da IG de
Pinto Bandeira em comparação com o percentual do PIB Nacional .... 71
Gráfico 1 – Rentabilidade da produção de uva (Kg/hec) ........................................... 75
Gráfico 2 – Preço médio da uva nas duas IG (R$) .................................................... 78
Tabela 7 – Participação dos produtos com IG em relação ao total da produção (%) 89
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Registros de Indicação de Procedência (INPI – 2014) ........................... 29
Quadro 2 – Registros de Indicação de Procedência por tipo de produto/serviço
(INPI – 2014) .......................................................................................... 30
Quadro 3 – Registros de Denominação de Origem (INPI -2014) .............................. 32
Quadro 4 – Registros de Denominação de Origem por tipo de produto/serviço
(INPI – 2014) .......................................................................................... 33
Quadro 5 – Fluxo de caixa projetado ........................................................................ 58
Quadro 6 – População, área territorial e densidade demográfica do Vale da Uva
Goethe ................................................................................................... 63
Quadro 7 – PIB dos municípios Vale da Uva Goethe (2010) .................................... 64
Quadro 8 – População, área territorial e densidade demográfica do Vinho de Pinto
Bandeira ................................................................................................. 70
Quadro 9 – Produção de uva IG Pinto Bandeira de 2004 a 2011 em kg/hec. ........... 74
Quadro 10 – Produção de uva IG do Vale da Uva Goethe de 2004 a 2011 em
kg/hec. .................................................................................................. 75
Quadro 11 – Área plantada na IG do Vale da Uva Goethe (hec) .............................. 76
Quadro 12 – Área plantada na IG de Pinto Bandeira (hec.) ...................................... 76
Quadro 13 – Preço da uva IG Uva Goethe (R$/kg) ................................................... 77
Quadro 14 – Preço da uva na IG de Pinto Bandeira (R$/kg.).................................... 77
Quadro 15 – Produção de uva em Santa Catarina (ton/hec) .................................... 78
Quadro 16 – Produção de uva no Rio Grande do Sul (ton/hec) ................................ 79
Quadro 17 – Número de associados, proprietários e empregados dos associados
(Asprovinho e Progoethe) .................................................................... 81
Quadro 18 – Elaboração do fluxo de caixa associados (Asprovinho e Progoethe) ... 81
Quadro 19 – Elaboração do orçamento anual pelos associados (Asprovinho e
Progoethe) ........................................................................................... 83
Quadro 20 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe quanto aos
custos de produção .............................................................................. 84
Quadro 21 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe quanto ao preço
de venda .............................................................................................. 85
Quadro 22 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre o Mark-up
e o preço de venda............................................................................... 87
Quadro 23 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre o volume
de produção com IG ............................................................................. 88
Quadro 24 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre o projeto
de IG .................................................................................................... 90
Quadro 25 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre o
diferencial do projeto com IG ............................................................... 91
Quadro 26 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre a
importância do turismo na IG ............................................................... 93
Quadro 27 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre a
importância da associação ................................................................... 94
Quadro 28 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre a IG
desenvolver um território ...................................................................... 96
Quadro 29 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre a situação
do mercado da vinicultura .................................................................... 97
Quadro 30 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre IG e desenvolvimento
territorial ............................................................................................. 100
Quadro 31 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre IG e desenvolvimento
territorial ............................................................................................. 100
Quadro 32 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre as estratégias de
marketing para divulgar a IG .............................................................. 101
Quadro 33 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre a importância do turismo
para divulgar a IG ............................................................................... 102
Quadro 34 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre interesse em novas
filiações depois da declaração da IG.................................................. 103
Quadro 35 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre de que forma as pessoas
foram motivadas a participar da associação e a obter a certificação
de IG .................................................................................................. 103
Quadro 36 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre o controle dos volumes
de produção de produtos com selo de IG .......................................... 104
Quadro 37 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre a possibilidade de
exportação dos produtos com selo de IG ........................................... 105
Quadro 38 – Síntese das observações e análises das entrevistas com os
associados da IGs dos territórios estudados. ..................................... 105
Quadro 39 – Síntese das observações e análises das entrevistas com os
representantes das associações das IGs dos territórios estudados. . 107
SUMARIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 18
2.1 A INDICAÇÃO GEOGRÁFICA NO BRASIL E NO MUNDO ................................ 18
2.1.1 História da Indicação Geográfica no Mundo ..................................................... 18
2.1.2 Marco Regulatório no Brasil ............................................................................. 20
2.1.3 História da Indicação Geográfica no Brasil ....................................................... 22
2.1.4 Objetivos da Indicação Geográfica (IG)............................................................ 23
2.1.5 Indicação de Procedência (IP) ......................................................................... 28
2.1.6 Denominação de Origem (DO) ......................................................................... 31
2.1.7 Indícios e Perspectivas de Agregação de Valor aos Produtos com IG ............ 33
2.1.8 Elementos que Justificam a Relação entre Indicação Geográfica, Identidade
Territorial e Desenvolvimento Territorial ............................................................. 35
2.2 CONCEPÇÕES TEÓRICAS QUE FUNDAMENTAM A DISCUSSÃO SOBRE
INDICAÇÃO GEOGRÁFICA ............................................................................... 36
2.2.1 Conceito de Região .......................................................................................... 36
2.2.2 Conceito de Território e Desenvolvimento Territorial ....................................... 38
2.2.3 Conceito de Identidade Territorial .................................................................... 41
2.3 ABORDAGENS RELACIONADAS AO DESENVOLVIMENTO REGIONAL ........ 43
2.3.1 Desenvolvimento e o Papel do Estado ............................................................. 43
2.3.2 As Teorias do Desenvolvimento: Abordagens Regionalistas ........................... 48
2.3.2.1 Distritos industriais italianos .......................................................................... 48
2.3.2.2 A escola da regulação ................................................................................... 49
2.3.2.3 A escola californiana e o enfoque do “Patrimônio” ou “Ativos Relacionais”... 50
2.4 A IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIO NO PIB BRASILEIRO .......................... 53
2.5 INSTRUMENTOS PARA ANÁLISE ECONÔMICA/CONTÁBIL/FINANCEIRA
DOS PRODUTOS COM IG ................................................................................. 55
2.5.1 Orçamento Base Zero (OBZ) ........................................................................... 55
2.5.2 Mark-Up e o Preço de Venda ........................................................................... 56
2.5.3 Orçamento de Caixa......................................................................................... 57
3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 59
3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................ 59
3.2 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................ 60
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA INVESTIGAÇÃO .................... 63
4.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DAS REGIÕES ESTUDADAS ........ 63
4.1.1 Território do Vale da Uva Goethe ..................................................................... 63
4.1.1.1 A Uva Goethe de Urussanga ......................................................................... 66
4.1.2 Território do Vinho de Pinto Bandeira............................................................... 69
4.1.2.1 Vinho de Pinto Bandeira ................................................................................ 72
4.1.3 A Produção de Uva nas Duas IG ..................................................................... 74
4.2 ANÁLISES DAS ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS ASSOCIADOS DAS
IGs DAS REGIÕES ESTUDADAS ...................................................................... 80
4.2.1 Constituição Jurídica dos Associados Pesquisados ......................................... 80
4.2.2 Pessoas Envolvidas Diretamente em Cada IG ................................................. 80
4.2.3 Quanto à Elaboração de Fluxo de Caixa Projetado ......................................... 81
4.2.4 Elaboração do Orçamento Anual Base Zero .................................................... 82
4.2.5 Elaboração do Orçamento Anual com Base no Ano Anterior ........................... 82
4.2.6 Os Custos de Produção Após a Declaração de IG .......................................... 83
4.2.7 Preço de Venda Após a IG ............................................................................... 85
4.2.8 A Utilização do Mark-up para a Fixação do Preço de Venda ........................... 86
4.2.9 Participação dos Produtos com IG em Relação à Produção Total ................... 88
4.2.10 Envolvimento no Projeto de Indicação Geográfica ......................................... 90
4.2.11 O Diferencial para os Produtos com IG .......................................................... 91
4.2.12 A Importância do Turismo na Indicação Geográfica ....................................... 92
4.2.13 A Importância das Associações (Asprovinho e Progoethe) ............................ 94
4.2.14 A IG e o Desenvolvimento de um Território .................................................... 95
4.2.15 O Mercado para o Ramo da Vinicultura ......................................................... 97
4.3 ANÁLISES DAS ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS REPRESENTANTES
DAS ASSOCIAÇÕES DAS IGs DAS REGIÕES ESTUDADAS .......................... 99
4.3.1 A IG e a Perspectiva da Associação como Alternativa para o
Desenvolvimento Regional/Territorial ................................................................. 99
4.3.2 A IG e o Desenvolvimento de um Território .................................................... 100
4.3.3 As Estratégias de Marketing das Associações para Divulgar a IG ................. 101
4.3.4 O Turismo da Região com Fator de Divulgação dos Produtos com
Certificação de IG ............................................................................................. 102
4.3.5 Interesse de Outras Pessoas em Fazer Parte da Associação Após a
Declaração de IG .............................................................................................. 102
4.3.6 Ações para Motivar os Associados a Buscarem a Certificação de IG ............ 103
4.3.7 Registros Quanto ao Volume de Produção dos Associados .......................... 104
4.3.8 Perspectivas de Exportação dos Produtos com IG ........................................ 105
4.4 UMA SÍNTESE DAS OBSERVAÇÕES E ANÁLISES ....................................... 105
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 108
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 114
APÊNDICES ........................................................................................................... 121
APÊNDICE A – Roteiro de entrevista com os dirigentes das associações
(Progoethe e Asprovinho) ................................................................................. 122
APÊNDICE B – Roteiro de entrevista com o associado da Progoeteh e Enólogo
da Epagri ........................................................................................................... 123
APÊNDICE C – Roteiro de entrevista com os associados da Progoethe e
Asprovinho ........................................................................................................ 124
14
1 INTRODUÇÃO
O registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) de produtos
com Indicação Geográfica (IG) vem crescendo no Brasil, com o argumento de que
são produzidos em regiões onde é possível identificar certos diferenciais. Estes
estão relacionados com o local onde são produzidos, em função do solo, do clima,
da forma de produção e colheita, ou outras características que lhe conferem um
diferencial.
Esta especificidade tende a contribuir na agregação de valor a estes produtos,
com impactos no desenvolvimento de um determinado território. O objeto de estudo
desta dissertação foi avaliar o impacto econômico da IG no desenvolvimento
territorial.
Os fatores para que um produto adquira certa notoriedade entre os seus
consumidores, podem estar relacionados com as formas de produção de
determinado produto agrícola ou de fontes naturais, bem como as técnicas utilizadas
para a sua produção e a qualidade dos mesmos. A escolha, por parte do
consumidor, dentre produtos de natureza semelhante, leva em conta vários fatores,
que vão desde o preço até a sua especificidade. Esta produção, caso venha a ser
realizada em pequenas propriedades rurais, em que seja possível apresentar certos
diferenciais em relação à qualidade e forma de produção, pode contribuir para a
geração de renda dessas famílias. Com a expansão das áreas de plantio de
florestas e a forma expansionista da agricultura de precisão1, onde se verifica uma
alta concentração de terras, as pequenas propriedades estão dando lugar às
grandes indústrias agropecuárias, que obrigam os pequenos sitiantes a venderem
suas terras. A fixação do homem no campo vem, há muito tempo, sendo mais que
uma questão econômica, uma questão social, pois, o êxodo rural, ao longo do
tempo, gera grandes problemas sociais nas cidades, com a formação de favelas e
aglomerados urbanos, sem a infraestrutura necessária.
A busca do homem do campo por melhores condições de vida, fez com que
este procurasse emprego nas cidades. No entanto, a falta de conhecimento e
aptidões para o trabalho nas indústrias, fez com que parcela importante dessa
1 A agricultura de precisão (AP), como é chamada no Brasil, é o sistema de produção adotado por agricultores de países de tecnologia avançada, denominado por eles de Precision Agriculture, Precision Farming ou Site-Specific Crop Management (AGROLINK, 2013).
15
população conseguisse no máximo passar da condição de trabalho manual no
campo para trabalho manual urbano e muitos sequer conseguiram se incorporar à
essa dinâmica, buscando na informalidade alternativa de trabalho.
A busca de alternativas por parte dos gestores públicos e da sociedade civil
pelo desenvolvimento de uma região vem sendo discutida há muito tempo no Brasil.
Regiões onde a industrialização não foi a mola propulsora do desenvolvimento
apresentam os maiores desafios, pois, normalmente, possuem produção agrícola
ligada ao extrativismo e à produção de grãos, com baixa agregação de valor a estes
produtos, sendo comercializados no mercado nacional ou internacional, como
commodities2.
Entende-se que o desenvolvimento de um território não pode ser medido
apenas pelo aspecto econômico, devendo ser considerada também a dimensão
cultural, social e ambiental. No entanto, a presente investigação está focada na
dimensão econômica e se dedica ao estudo da Indicação Geográfica de produtos e
sua contribuição para o desenvolvimento territorial. Assim, destaca-se a dimensão
econômica, tomando como áreas de observação e estudo, territórios que já
propuseram a Indicação Geográfica.
Nesse sentido, buscou-se responder a seguinte questão: qual a contribuição
econômica da Indicação Geográfica de produtos para o desenvolvimento territorial?
Com base em estudos já elaborados e experiências de Indicação Geográfica
bem sucedidas no Brasil, e com o objetivo de responder ao problema de pesquisa,
formulou-se uma hipótese: se os produtos que possuem Indicação Geográfica são
capazes de gerar um incremento no preço de venda, e com isso contribuir para a
agregação de renda, a Indicação Geográfica pode contribuir economicamente no
desenvolvimento de um território.
Desse modo, este trabalho se justifica por duas relevâncias, uma prática e
outra teórica. Quanto à relevância teórica, o mesmo possibilitará a ampliação de
conhecimentos científicos sobre a importância da Indicação Geográfica de produtos,
e contribuirá para que seja possível a verificação do diferencial produtivo de
2Em geral, as commodities são produzidas em grandes quantidades por vários produtores. São produtos “in natura” provenientes de cultivo ou de extração. Por serem mercadorias de nível primário, propensas à transformação em etapas de produção, apresentam nível de negociação global. São suscetíveis a oscilações nas cotações de mercado, em virtude de perdas e ganhos nos fluxos financeiros no mundo. São negociadas no mercado físico, seja para exportação ou no mercado interno, e nos mercados derivativos das Bolsas de Valores e contratos futuros (INFOESCOLA, 2013).
16
produtos com Indicação Geográfica comparativamente aos demais produtos
similares, além de comprovar ou refutar a hipótese quanto à contribuição econômica
para o desenvolvimento territorial.
Na relevância prática, se justifica pela perspectiva de apontamento de formas
de manter o homem no campo, pela geração de novas fontes de trabalho e renda.
Nesta, deve-se acrescentar o componente social, na qual a pesquisa tem a
contribuição de identificar a possibilidade do desenvolvimento de um território a
partir de produtos com Indicação Geográfica, que podem ter um valor de mercado
diferenciado dos similares. Entende-se que, caso esta seja realizada nas pequenas
propriedades rurais, poderá melhorar a condição social desta comunidade, pois com
o beneficio da geração de emprego e renda, haverá uma grande probabilidade de
elevação do IDH deste território. Portanto, com a comprovação cientifica deste
estudo, poderão ser possíveis novas políticas públicas de geração de trabalho e
renda.
Nesse sentido, o objetivo geral deste trabalho foi avaliar a contribuição
econômica da Indicação Geográfica de produtos no desenvolvimento territorial. Para
tanto, fez-se necessário a subdivisão em etapas.
Inicialmente, foi necessária a realização de uma síntese bibliográfica sobre
Indicação Geográfica e temas conexos, destacando a dimensão econômica e sua
contribuição no desenvolvimento territorial. Posteriormente, foi caracterizado
socioeconomicamente os territórios de abrangência da Uva Goethe (SC) e Vinhos
de Pinto Bandeira (RS). De forma a possibilitar a avaliação econômica de cada IG,
foi aplicado um modelo de análise contábil/financeiro nas duas experiências de IGs
referidas, com vistas a avaliar possíveis diferenciais em termos de agregação de
valor aos produtos envolvidos, nos casos estudados, a uva Goethe de Urussanga e
os vinhos de Pinto Bandeira. Assim, este estudo foi conduzido para avaliar a
contribuição econômica da Indicação Geográfica de produtos no desenvolvimento
territorial, nos dois territórios estudados.
Desse modo, com os resultados obtidos se pretende responder ao objetivo da
pesquisa, tomando como referência os dois territórios que foram objeto deste
estudo.
Esta dissertação foi estruturada em cinco partes. A primeira é composta desta
introdução. A segunda parte apresenta os aspectos teóricos e conceituais dos temas
relacionados ao objeto da pesquisa, aprofundando-se nas definições de território,
17
região e teorias do desenvolvimento. A terceira faz referência à metodologia
adotada. Na sequência, a quarta parte expõe os resultados da pesquisa quanto à
percepção dos entrevistados, possibilitando uma análise da opinião destes e dos
dados estatísticos, sobre a contribuição da IG para o desenvolvimento de um
território. Para visualização das respostas, optou-se por organizá-las em quadros e
tabelas, nas quais constam as informações prestadas pelos entrevistados. A quinta
e última parte, traz uma discussão a título de conclusão sobre a percepção da
importância da busca da IG para o desenvolvimento de um território, levando-se em
consideração a dimensão econômica.
18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A INDICAÇÃO GEOGRÁFICA NO BRASIL E NO MUNDO
O tema Indicação Geográfica tem seus primeiros instrumentos e normativas
em 1883, com a Convenção da União de Paris (CUP), reconhecendo produtos com
indicação de procedência, como propriedade industrial, inclusive considerando crime
a falsa indicação de procedência, caracterizando este ato como concorrência
desleal. Após esta convenção, o tema passa ser motivo de estudo em relação à
contribuição da Indicação Geográfica com o objetivo de propiciar segurança jurídica
à produção de determinados produtos, e também como uma forma de desenvolver
territórios onde são produzidos, partindo do entendimento que tais produtos trazem
em seus componentes materiais e imateriais, componentes físico-químicos e
culturais que são encontrados apenas nestes territórios.
2.1.1 História da Indicação Geográfica no Mundo
A Indicação Geográfica ocorre desde a era Romana e da antiga Grécia, a
primeira pela produção de vinhos e a segunda pelos mármores de Carrara, contando
desde esta época como uma forma de proteger os produtos e atribuir punição aos
que descumpriam as normas.
Segundo Kakuta et al. (2006, p. 7):
Historicamente, produtos são rotulados e distinguidos desde os primórdios da era romana, quando seus generais e o próprio Imperador César recebiam ânforas (vasos antigos) de vinho com a indicação da região de proveniência e produção controlada da bebida de sua preferência. A morte era a punição dos serviçais que entregavam a bebida errada. Também existem relatos que remontam ao século 4 A.C., na Grécia, com os vinhos de Corínthio, de Ícaro e de Rodhes. No Império Romano, com o mármore de Carrara e com os vinhos de Falerne. Provavelmente, a Indicação Geográfica é dos institutos do rol da propriedade intelectual, o mais antigo e certamente o menos usual, em comparação com as patentes, marcas e cultivares.
Kakuta et al. (2006, p. 7) acrescentam ainda:
A França tem uma importância histórica muito peculiar neste ramo, sendo uma referência mundial, quando se trata de Indicações Geográficas. O selo oficial de qualidade dos alimentos mais antigo do país é a Apelação de
19
Origem Controlada (AOC), criado para regulamentar e proteger o uso dos nomes geográficos que designam produtos agrícolas e alimentares. No início do século passado, em meio a profundas crises do setor vinícola, surgiu a Lei sobre Fraudes e Falsificações em Matéria de Produtos ou de Serviços (1905), a qual, pioneiramente, estabeleceu as bases de proteção das denominações de origem e da qualidade dos vinhos. Em 1919, uma nova lei francesa veio consolidar a natureza coletiva do direito de propriedade sobre a denominação de origem, consagrando, ainda, o direito exclusivo de os tribunais civis definirem as denominações, o reconhecimento oficial dos sindicatos de defesa destas e a impossibilidade de as denominações de origem caírem em domínio público.
Segundo Pimentel (2013, p. 134):
[...] todas as nações podem utilizar o sistema de propriedade intelectual para buscar o crescimento e desenvolvimento, fomentar a criatividade e explorar o poder das inovações, criatividade que leve a avanços na ciência, empresa, tecnologia e artes, recursos ilimitado a ser explorado como um ativo econômico.
Sobre a propriedade intelectual foi o acordo de Paris um importante marco
regulatório, conforme destaca Gontijo (2005, p. 5):
Destinada a harmonizar, dentro do possível, as legislações dos vários países sobre a propriedade intelectual, a Convenção de Paris é um dos tratados de maior sucesso de que se tem notícia, tanto pelo número expressivo de associados quanto pela sua duração sem mudanças muito substanciais. Mais de 150 países adotaram a Convenção de Paris, que teve início em 1883, firmada por onze países, entre eles o Brasil. A principal explicação para tal êxito reside no fato de que a Convenção não tentava uniformizar as leis nacionais, nem condicionava o tratamento nacional à reciprocidade. Pelo contrário, previa ampla liberdade legislativa para cada país, exigindo apenas paridade de tratamento entre nacionais e estrangeiros (princípio do Tratamento Nacional).
Segundo Sacco dos Anjos et al. (2013), a Europa através do regulamento CE
2081/92 apresenta atualmente dois tipos de certificação, a primeira referente à
Denominação de Origem Protegida (DOP) e Indicação Geográfica Protegida (IGP) e
o regulamento CE 2082/92, que trata da certificação de características específicas
ou especialidades tradicionais garantidas, sendo que estas contemplam apenas
produtos agroalimentares, o que representa uma grande diferença em relação à
certificação no Brasil.
Para Sacco dos Anjos et al. (2013, p. 169):
[...] no caso brasileiro há uma plêiade de artigos, incluindo calçados, pedra, mármores, produtos e serviços, que em última análise, não guardam relação alguma com o mundo da alimentação e/ou da produção
20
agropecuária. Esse dado nos mostra que ao pensar em IG, no Brasil e no velho continente, podemos estar referindo-nos a coisas absolutamente distintas.
O mesmo autor apresenta outras diferenças entre as IG europeias e as
brasileiras, a primeira está no fato de existir uma aprovação transitória e somente
após esta, pela Comissão Europeia de Agricultura e Desenvolvimento, obterá o
registro definitivo. No Brasil, ocorre em caráter definitivo pelo INPI, sem a
necessidade e certificação prévia, sendo um processo único. A segunda é a
existência das empresas do setor privado ou as autoridades públicas, que são
entidades certificadoras de cada país Europeu, que fiscalizam o cumprimento do
caderno de normas, o que não existe no modelo brasileiro.
Sobre as empresas privadas certificadoras, acrescenta Sacco dos Anjos et al.
(2013, p. 171): “[...] As empresas certificadoras estão igualmente subordinadas a
regimes de controle e fiscalização”.
Mundialmente, o marco legal foi instituído no ano de 1994, quando a
Organização Mundial do Comércio (OMC) reconheceu o conceito de Indicação
Geográfica, no acordo Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights
(TRIPS).
O Acordo TRIPS, segundo Ferreira et al. (2013, p. 128):
Tratava de questões ligadas ao comércio de bens cujo diferencial competitivo pudesse estar protegido por mecanismos de propriedade intelectual e que foi subscrito por todos os países que desejavam pertencer à OMC, incluindo o Brasil, contando atualmente com 157 países.
O grande objetivo da Indicação Geográfica é dar proteção aos produtos que
em sua forma de produção ou seus componentes físico-químicos estavam
relacionados ao seu local de produção bem como seus aspectos culturais de
produção, de forma a evitar que produtos similares fizessem uso destes atributos de
forma ilegal.
2.1.2 Marco Regulatório no Brasil
Atualmente, no Brasil, a Lei nº 9279 de 14 de maio de 1996, é que
regulamenta os direitos e obrigações sobre propriedade intelectual. A Indicação
Geográfica está disciplinada no Titulo IV, nos Art. 176 a 182. O parágrafo único do
21
Art. 182 estabelece que o órgão responsável pela concessão e registros das
Indicações Geográficas é o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
Assim, o INPI estabeleceu através da Resolução nº 075/2000 as normas para o
encaminhamento de pedidos de reconhecimento de IGs. Esta resolução também
aponta outras necessidades legais para o pedido de registros, como a existência de
um órgão na entidade requerente, o Conselho Regulador. Este conselho realizará
suas funções mediante o “Regulamento da Indicação Geográfica”, tendo a obrigação
de gerir, manter e de preservar as atividades ligadas à IG em questão. A Indicação
Geográfica no Brasil tem natureza declaratória, ou seja, é o reconhecimento de um
direito por meio da concessão do registro.
A atuação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em
relação ao registro das IGs, foi definida pelo Decreto 5351/2005, atualizado pelo
Decreto 7.127, de 03 de março de 2010, que aprova a estrutura regimental e o
quadro demonstrativo dos cargos em comissão e das funções gratificadas do
(MAPA), e dá outras providências. O Inciso II do Art. 17 deste decreto, estabelece as
competências da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo em
relação à IG, sendo estas:
II - planejar, fomentar, coordenar, supervisionar e avaliar as atividades, programas e ações de: a) cooperativismo e associativismo rural; b) pesquisa tecnológica, difusão de informações e transferência de tecnologia; c) assistência técnica e extensão rural; d) infra-estrutura rural e logística da produção e comercialização agropecuárias; e) indicação geográfica e denominação de origem dos produtos agropecuários; f) produção e fomento agropecuário, agroindustrial, extrativista, e agroecológico e de sistemas integrados de produção, bem como de certificação e sustentabilidade; g) desenvolvimento de novos produtos agropecuários e estímulo ao processo de agroindustrialização; h) padronização e classificação de produtos agrícolas, pecuários e de origens animal e vegetal; i) proteção, manejo e conservação de solo e água, agroirrigação, plantio direto e recuperação de áreas agricultáveis, de pastagens e agroflorestais degradadas; j) agricultura de precisão; l) manejo zootécnico e o bem-estar animal; e m) agregação de valor aos produtos agropecuários e extrativistas.
Com o advento da lei nº 9279/96 o Brasil passa a proteger os produtos
nacionais contra a falsificação destes, no caso dos produtos com IG, esta proteção
22
se dá em função dos fatores culturais e de local de produção. Esta proteção não se
dá somente em relação aos produtos importados, mas também a produção nacional.
2.1.3 História da Indicação Geográfica no Brasil
O Brasil, mesmo sendo país signatário da CUP desde 1883, passou a
repreender as falsas indicações de procedência, segundo Ferreira et. al. (2013),
somente após o acordo de Madrid, em 1975.
No ano 1967, o Brasil promulga o seu Código de Propriedade Industrial (CPI),
com o qual passa a reconhecer e a proteger a produção nacional contra a
falsificação dos produtos e da procedência dos mesmos.
O Código da Propriedade Industrial foi atualizado em 1971, pela Lei nº 5.772,
em seus Art. 70, 71 e 72, que define a indicação de procedência:
Art. 70. Para os efeitos deste Código, considera-se lugar de procedência o nome de localidade, cidade, região ou país, que seja notoriamente conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinada mercadoria ou produção, ressalvado o disposto no artigo 71. Art. 71. A utilização de nome geográfico que se houver tornado, comum para designar natureza, espécie ou gênero de produto ou mercadoria a que a marca se destina não será considerada indicação de lugar de procedência. Art. 72. Excetuada a designação de lugar de procedência, o nome de lugar só poderá servir de elemento característico de registro de marca para distinguir mercadoria ou produto procedente de lugar diverso, quando empregado como nome de fantasia.
Esta lei foi revogada em 1996, pela Lei nº 9.279, a qual traz já como base o
acordo Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights (TRIPS) de 1994,
sendo uma nova política nacional para a propriedade industrial.
Desse modo, vale lembrar que a Indicação Geográfica é um processo recente
no Brasil, constituindo em um ato declaratório de identificação de um produto ou
serviço em relação à região onde é produzido. Desta declaração é desencadeado
um processo que pode levar um produto a obter notoriedade no mercado e agregar
valor ao mesmo.
23
2.1.4 Objetivos da Indicação Geográfica (IG)
A Indicação Geográfica constitui um processo, como o próprio nome diz, de
identificar um produto ou serviço de determinado território. Da mesma forma que o
registro civil de uma pessoa natural lhe garante direitos civis estabelecidos pela
constituição, a identificação de produtos e serviços com a Indicação Geográfica,
garantem a esses também direitos civis. Ferreira et al. (2013, p. 127) caracteriza IG
como: “[...] um ativo intangível da propriedade industrial que representa um atributo,
uma qualidade atribuída ao meio ou a fatores humanos ou uma reputação que
distingue produtos ou serviços relacionados a uma determinada origem geográfica”.
A Indicação Geográfica recebe conceituações de vários autores. Dentre eles,
pode-se destacar Gollo e Castro, Ferreira, Pimentel, que a definem da seguinte
forma:
Segundo Gollo e Castro (2006, p. 5):
As Indicações Geográficas, previstas no Acordo Trips (Section 3, art. 22, parágrafo 1º) são definidas como àquelas que identificam um produto como sendo originário do território de um membro ou de uma região localizada deste território, onde uma dada qualidade, reputação ou outra característica do produto é atribuída, essencialmente, a sua origem geográfica.
Para Ferreira et al. (2013, p. 128):
Trata-se de um direito exclusivo, ligado à propriedade industrial, de natureza coletiva, uma vez que, originalmente, contempla uma coletividade, vinculada a uma região específica, de modo que qualquer ente físico ou jurídico estabelecido na região ou localização geográfica está potencialmente legitimado a usar a Indicação Geográfica.
Na visão de Pimentel (2013, p. 139):
Uma propriedade intelectual do tipo industrial, coletiva, que assegura a exclusividade pelos produtores de um determinado local, é um instituto que visa dar segurança jurídica aos empresários para fazer frente contra a concorrência desleal.
A utilização de registro de Indicação Geográfica está relacionada a produtos
que possuem características próprias, como já citadas anteriormente, relacionadas
aos territórios onde são produzidos e as formas de produção. Em alguns destes, a
forma de produção acarreta custos mais altos, os quais são possíveis de redução
24
com uma produção em escala. Já para alguns, existe a necessidade de um preço de
venda diferenciado, o qual está relacionado com a oferta deste no mercado, assim,
quanto mais produtos iguais são oferecidos, menor será o preço de venda.
Buscando melhorar o preço de venda sem que haja uma redução na produção, uma
das formas é agregar valor ao produto, que pode ser por meio de introdução de
diferenciais de qualidade em relação aos demais. Para Ferreira et al. (2013, p. 130),
“[...] E maior qualidade pode significar maior preço do produto ou serviço no
mercado, o que demonstra ser um verdadeiro ganho para quem tem a marca de
certificação ou a IG”.
Outra possibilidade é a sua vinculação de qualidade e especificidade em
relação à forma e região onde este é produzido. Essa segunda forma é possível
através do processo de Indicação Geográfica.
Segundo Nascimento, Nunes e Bandeira (2012, p. 5):
As IGs são, com frequência, originárias de regiões agrícolas desfavorecidas, onde os produtores não têm condições de reduzir o custo de produção. Dessa forma, eles são levados a apostar na valorização da qualidade e dos conhecimentos locais.
Dentre os principais objetivos da Indicação Geográfica, está o
desenvolvimento econômico do território, baseando-se num aumento do volume de
vendas dos produtos. Este aumento do volume de venda e consequentemente de
uma agregação de valor, demanda por parte das pessoas envolvidas neste processo
o planejamento das ações de divulgação das qualidades do produto e do
mapeamento das potencialidades de produção e distribuição. Uma das formas de
divulgação é a sua relação com a promoção do turismo da região, de forma a vender
a imagem da região onde o produto está sendo produzido.
Segundo Kakuta et al. (2006, p. 13)
As Indicações Geográficas são uma ferramenta coletiva de promoção comercial dos produtos. O sistema de IGs deve divulgar os artigos e sua herança histórico-cultural, considerada intransferível. Esta herança segue especificidades oriundas da boa definição da área de produção, da disciplina com que os produtores se responsabilizam pela garantia da qualidade da elaboração (autocontrole) e pelo nome e notoriedade que precisa ser firmemente protegido.
Sobre a importância da valorização do patrimônio cultural e do turismo
relacionado com a Indicação Geográfica, Boechat e Alves (2011, p. 3) acrescentam:
25
A IG também proporciona o desenvolvimento socioeconômico da região, a valorização do patrimônio cultural e incremento do turismo. As vantagens da obtenção do selo nem sempre vem do acréscimo do preço de venda do produto, mas sim da maior estabilidade desses preços, abertura de mercados, melhoria qualitativa e padronização dos produtos e desenvolvimento do agroturismo.
É importante destacar que como premissa da certificação da IG, se tem o
aspecto da organização dos produtores, uma vez que a certificação é concedida em
nome coletivo. Este aspecto se fundamenta na rastreabilidade dos produtos com
certificação de IG, pois, o certificado obriga que somente sejam produzidos por
produtores daquele território, e somente estes podem fazer uso da cerificação de IG,
e desta forma agregar valor aos produtos.
Segundo Pimentel (2013, p. 138):
O processo produtivo de uma IG de produtos está cada vez mais condicionado às exigências da rastreabilidade, sejam os produtos destinados para a alimentação ou para qualquer outro uso. As características familiares e tradicionais da IG se relacionam com a satisfação do produtor, ao ver que o comércio valoriza o território e a técnica tradicional na elaboração do produto, elemento que compõem juntamente com a qualidade ímpar a vantagem na concorrência com outros produtos de qualidade inferior ou que não desfrutem da mesma notoriedade.
Acrescenta Pimentel (2013, p. 138) “[...] a personalidade dos produtores
incorporada nos produtos, constitui o patrimônio de cada região e localidade do
estado de Santa Catarina, ou dos outros estados”.
Este tema, Indicação Geográfica, vem ganhando destaque nos projetos de
desenvolvimento de territórios e vem recebendo financiamentos do Governo Federal
através do Ministério da Agricultura e Pesquisa Agropecuária, bem como vem
recebendo apoio de outras autarquias do governo federal, como o Serviço de Apoio
a Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e o Instituto Nacional de Propriedade
Industrial. Além de contribuir para o desenvolvimento de um território, as IGs
contribuem para elevar os investimentos na área rural, propiciando a fixação do
homem no campo, principalmente os pequenos produtores.
De acordo com Nascimento, Nunes e Bandeira (2012, p. 5):
A proteção de uma IG pode imprimir inúmeras vantagens para o produtor, para o consumidor e para a economia da região e do país. O primeiro efeito que se espera de uma IG é uma agregação de valor ao produto ou um aumento de renda ao produtor. Além, disso, os benefícios das IGs são de diversas dimensões, exemplos: estímulo aos investimentos na própria zona
26
de produção; acesso a novos mercados internos e exportação; garantia de produtos de notoriedade, originais e de qualidade e proteção dos produtores e consumidores.
A Indicação Geográfica, ao ser uma alternativa para o desenvolvimento, é
importante ressaltar que não se preocupa apenas com o fator econômico, mas este
deve também ser sustentável, pois, ao mesmo tempo deve possibilitar a
preservação da biodiversidade do território e o bem estar do homem.
Nesse sentido, Boechat e Alves (2011, p. 3) acrescentam:
As IG constituem uma importante ferramenta para o desenvolvimento territorial, pois permite que os territórios promovam seus produtos através da autenticidade da produção ou peculiaridades ligadas a sua história, cultura ou tradição, estabelecendo o direito reservado aos produtores oriundos no território. Além de preservar a biodiversidade, do conhecimento regional e dos recursos naturais e podem oferecer contribuições positivas para a economia locais e dinamizar a região.
Para Kakuta et al. (2006, p. 13):
As Indicações Geográficas têm papel importante em áreas onde há baixos volumes de produção e escala, em função, na maioria das vezes, da tradicionalidade da produção. Nestas regiões, as IGs podem ajudar a manter e desenvolver as atividades da produção, buscando agregar valor justamente a esta tipicidade.
A Lei n.º 9.279, de 14 de maio de 1996, Lei da Propriedade Industrial,
estabelece em seu Art. 176 que as IGs são organizadas em duas modalidades,
Indicação de Procedência (IP) ou Denominação de Origem (DO). Esta lei regula e
estabelece as proteções geográficas de acordo com as diferentes legislações no
âmbito nacional e internacional.
Desse modo, vale ressaltar que se tem duas formas distintas de Indicação
Geográfica, as quais não são excludentes, pois um produto pode em um primeiro
momento obter a selo de IP e posteriormente requerer o selo DO, ou requerer um
dos dois, desde que atenda aos requisitos e normas para a sua certificação.
Silveira e Vargas (2007, p. 5) acrescentam que:
Portanto, a vinculação de um produto com uma determinada região, assim como sua condição de impedir seu uso não autorizado, confere às denominações de origem (DO) a característica de sinal distintivo que permite sua identificação, motivo pelo qual se incluem no direito de propriedade industrial. Em um conceito mais amplo podemos destacar as
27
indicações geográficas (IG). Segundo o OMPI3, uma indicação geográfica é
um sinal utilizado para produtos que tenham uma origem geográfica concreta e possuem qualidades ou uma reputação derivada especificamente do lugar de origem de seus produtos.
A Indicação Geográfica, através do selo Indicação de Procedência ou da
Denominação de Origem, proporcionam vantagens à população e ao território onde
estão inseridas. Para Kakuta et al. (2006, p. 14), os benefícios do uso da Indicação
Geográfica são:
a) Proteção: ao patrimônio nacional e econômico das regiões, do manejo, dos produtos; aos produtores; aos consumidores; não permite que os outros produtores, não incluídos na zona de produção delimitada, utilizem a indicação; riqueza, da variedade e da imagem de seus produtos. b) Desenvolvimento rural: manutenção da população nas zonas rurais; geração de empregos; vitalidade das zonas rurais (crescimento do turismo); satisfação do produtor, orgulho da relação produto e produtor; contribuição para a preservação das particularidades e a personalidade dos artigos, que se constituem em um patrimônio de cada região. c) Benefícios baseados na promoção e facilidades de exportação: garantia de produtos de notoriedade, originais e de qualidade; afirmação da imagem autêntica de um artigo; reconhecimento internacional; facilidade de presença do produto no mercado; acesso ao mercado através de uma marca coletiva e de renome; identificação do produto pelo consumidor dentre outros artigos; estímulo à melhoria qualitativa dos produtos. d) Benefícios baseados no desenvolvimento econômico: aumento do valor agregado dos artigos; incremento do valor dos imóveis da região; estímulo aos investimentos na própria zona de produção; desperta o desenvolvimento de outros setores.
A manutenção da certificação de IG no Brasil decorre do cumprimento dos
requisitos previstos no caderno de normas aprovado pelo INPI, contrário ao modelo
Europeu em que existem as empresas certificadoras. Esta falta de organismos que
verifiquem o cumprimento das normas por parte dos conselhos reguladores de cada
IG, representa uma fragilidade ao modelo brasileiro.
Para Sacco dos Anjos et al. (2013, p. 172):
Na atual conjuntura, o registro no INPI acaba por ser o ponto de chegada de um processo extremamente complexo de concertação social, quando na verdade, deveria ser visto como um ponto de partida para fomentar novas alianças entre os mais diversos setores (turismo, serviços, etc.) via construção de um discurso que fortaleça a identidade e valorize os ativos tangíveis e intangíveis de um determinado território.
3 Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI)
28
O mesmo autor afirma (2013, p. 188):
A experiência mundial demonstra que uma indicação geográfica representa uma ferramenta coletiva de promoção de um produto portador de identidade e de tipicidade. Todavia, é impossível pensar num processo de construção social da qualidade dessa envergadura que renuncie, ao fim e ao cabo, aos princípios do associativismo, a confiança e da coesão social.
E continua o autor (2013, p. 192):
As indicações geográficas podem converter-se, decididamente, num instrumento de desenvolvimento territorial, sempre e quando outras condições e circunstâncias estejam presentes, sobretudo quando se pensa na necessidade de construir um sujeito coletivo em torno de uma ideia guia que expresse a capacidade de articulação dos vetores dinâmicos do território. [...] a criação de uma indicação geográfica, decididamente, há de ser vista, não como o destino final de um processo, mas como ponto de partida numa longa caminhada de construção social da qualidade e da diferenciação.
Nesse sentido, entende-se que a certificação de uma IG deve ter início com a
intenção de transformar um recurso em um ativo territorial. Para tanto, é necessária
à mobilização de pessoas para formar uma associação ou cooperativa, e assim
obter o ato declaratório de IG. Após este momento inicial, faz-se necessário o
envolvimento de outros atores sociais, para divulgar a IG de forma que este ativo
territorial seja capaz de cumprir o seu papel de contribuir para o desenvolvimento do
território onde está inserido.
2.1.5 Indicação de Procedência (IP)
A definição de Indicação de Procedência está previsto no Art. 177 da Lei nº
9.279/1996, em que estabelece:
Considera-se indicação de procedência o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço.
Para Kakuta et al. (2006, p. 12): “IP é o nome geográfico de um país, cidade,
região ou localidade que se tornou conhecido como centro de produção, fabricação
ou extração de determinado produto ou prestação de um serviço específico”.
29
A Indicação de Procedência estabelece o local, o território onde foi produzido,
sem que este esteja relacionado especificamente com fatores de diferenciação em
relação à qualidade deste produto com outros similares. O seu diferencial é o modo
de produção e o aspecto cultural que o faz reconhecido como sendo de qualidade
diferenciada em relação aos demais. Isso torna o produto diferente e pode gerar um
valor de venda maior, uma vez que o selo de Indicação de Procedência é concedido
à pessoa jurídica que a requereu, e que fará o controle sobre a qualidade do
mesmo, com base no caderno de normas que fora aprovado pelo INPI.
De acordo com o INPI, na data de 25 de janeiro de 2014, no Brasil existem 46
registros de Indicação Geográfica, sendo 16 de Denominação de Origem e 30
registros de Indicação de Procedências todas nacionais, conforme o quadro abaixo:
Quadro 1 – Registros de Indicação de Procedência (INPI – 2014)
Nº Registro Data do Registro
Nome Geográfico
Produto/Serviço País/UF
IG200002 19/11/2002 Vale dos Vinhedos
Vinhos: tinto, branco e espumante.
BR/RS
IG 990001 14/04/2005 Região do Cerrado Mineiro
Café BR/MG
IG200501 12/12/2006 Pampa Gaúcho da Campanha Meridional
Carne Bovina e seus derivados
BR/RS
IG200602 10/07/2007 Paraty Aguardentes, tipo cachaça e aguardente composta azulada.
BR/RJ
IG200701 07/07/2009 Vale do Submédio São Francisco
Uvas de Mesa e Manga BR/NE
IG200702 19/05/2009 Vale dos Sinos Couro Acabado BR/RS
IG200803 13/07/2010 Pinto Bandeira Vinhos: tinto, brancos e espumantes.
BR/RS
IG200704 31/05/2011 Região da Serra da Mantiqueira do Estado de Minas Gerais
Café BR/MG
IG200902 30/08/2011 Região do Jalapão do Estado do Tocantins
Artesanato em Capim Dourado
BR/TO
IG200901 30/08/2011 Pelotas Doces finos tradicionais e de confeitaria
BR/RS
IG201003 04/10/2011 Goiabeiras Panelas de barro BR/ES
IG201001 13/12/2011 Serro Queijo BR/MG
IG201010 07/02/2012 São João Del Rei
Peças artesanais em estanho
BR/MG
IG201012 07/02/2012 Franca Calçados BR/SP
IG201009 14/02/2012 Vales da Uva Goethe
Vinho de Uva Goethe BR/SC
IG201002 13/03/2012 Canastra Queijo BR/MG
IG201014 03/04/2012 Pedro II Opalas preciosas de Pedro II BR/PI
30
Nº Registro Data do Registro
Nome Geográfico
Produto/Serviço País/UF
e joias artesanais de opalas de Pedro II
IG201007 29/05/2012 Cachoeiro de Itapemirim
Mármore BR/ES
IG200909 31/07/2012 Linhares Cacau em amêndoas BR/ES
IG200903 29/05/2012 Norte Pioneiro do Paraná
Café verde em grão e industrializado torrado em grão e ou moído
BR/PR
IG200904 16/10/2012 Paraíba Têxteis em algodão colorido BR/PB
IG200908 16/10/2012 Salinas Aguardente de cana tipo cachaça
BR/MG
IG201103 11/12/2012 Porto Digital Serviços de Tecnologia da Informação - TI
BR/PE
BR402012000002-0 11/12/2012 Altos Montes Vinhos e espumantes BR/RS
IG201107 26/12/2012 Divina Pastora Renda de agulha em lacê BR/SE
201104 05/02/2013 São Tiago Biscoitos BR/MG
IG200703 17/09/2013 Alta Mogiana Café BR/SP
IG201108 17/09/2013 Mossoró Melão BR/RN
BR402012000005-5 24/09/2013 Cariri Paraibano Renda renascença BR/PB
BR402012000006-3 1/10/2013 Monte Belo Vinhos BR/RS
Fonte: INPI (2014, adaptado).
Dos dados apresentados na tabela acima, verifica-se que das 30 Indicações
de Procedências, o estado de Minas Gerais aparece com 7 registros, o Rio Grande
do Sul com 6 e o estado do Espírito Santo com 3 indicações. Os demais estados
possuem apenas uma Indicação de Procedência.
Ao comparar os produtos ou serviços com certificação de IP e a sua
comparação com o ano em que receberam a certificação, verifica-se que é o ano de
2012 o que apresenta o maior número. Em relação aos produtos, os alimentícios
possuem 12 indicações e bebidas 7. Assim, o quadro abaixo apresenta a seguinte
distribuição:
Quadro 2 – Registros de Indicação de Procedência por tipo de produto/serviço (INPI – 2014)
Ano Alimentos Bebidas Outros Serviços Vestuário Total geral
2002 1 1
2005 1 1
2006 1 1
2007 1 1
2009 1 1 2
2010 1 1
2011 3 2 5
2012 3 3 4 1 2 13
2013 3 1 1 5
Total geral 12 7 7 1 3 30
Fonte: INPI (2014, adaptado).
31
2.1.6 Denominação de Origem (DO)
O Registro de Denominação de Origem está relacionado com componentes
físico-químicos encontrados nos produtos e serviços, que devido às condições
geográficas, solo e clima, não poderão ser encontradas em outras regiões, ou seja,
a DO indica que o produto somente pode ser encontrado em determinada região, o
que lhe confere uma personalíssima característica.
A DO está prevista no Art. 178 da Lei nº 9.279/1996, que estabelece:
Considera-se denominação de origem o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusivamente ou essencialmente ao meio geográfico, incluindo fatores naturais e humanos.
Ferreira et al. (2013, p. 129) acrescenta: “Para obter o registro é necessário
demonstrar a relação das condições físicas ou humanas do local com as
características dos produtos, ou seja, o atendimento de requisitos de qualidade”.
Para Silveira e Vargas (2007, p. 9):
No caso de reconhecimento do nome geográfico como DO, o pedido deverá conter, além das informações já citadas, as características e qualidades físicas do produto ou do serviço que se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico; e a descrição do processo ou método de obtenção do produto ou serviço que devem ser locais, leais e constantes.
O primeiro registro de DO nacional foi do arroz produzido no litoral gaúcho.
Segundo o MAPA (BRASIL, 2012, p. 1):
A principal peculiaridade do arroz produzido na região do litoral norte gaúcho é a maior percentagem de grãos inteiros e a baixa taxa de gessamento, que confere maior translucidez e cor branca mais intensa ao grão. Isso é possível pela influência dos ventos, da temperatura e da umidade que predominam na área. O vento constante e a quantidade de água na região, pela proximidade com a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico, proporcionam clima e temperaturas estáveis, ideais para o cultivo do arroz. Conforme a técnica da Superintendência Federal de Agricultura no Estado do Rio Grande do Sul, Ana Lúcia Stepan, o arroz do litoral norte gaúcho já é reconhecido e valorizado pelos atacadistas e beneficiadores de todo o País, como produto de melhor qualidade e maior rendimento. Mas estas características ainda não são conhecidas pelo grande público. Com o registro da Denominação de Origem, a expectativa é que o consumidor perceba essas vantagens e consolide a demanda pelo produto de qualidade garantida.
32
De acordo com o INPI, atualmente, no Brasil existem 16 registros de
Denominação de Origem, das quais 08 são nacionais, conforme o quadro abaixo:
Quadro 3 – Registros de Denominação de Origem (INPI -2014)
Nº Registro Data do Registro
Nome Geográfico
Produto/Serviço País/UF
IG970002 10/08/1999 Região dos Vinhos Verdes
Vinhos PT
IG980001 11/04/2000 Cognac Destilado vínico ou aguardente de vinho
FR
IG200101 21/10/2003 Franciacorta Vinhos, vinhos espumantes e bebidas alcoólicas.
IT
IG980003 07/04/2009 San Daniele Coxas de suínos frescas, presunto defumado cru.
IT
IG200801 24/08/2010 Litoral Norte Gaúcho
Arroz BR/RS
IG200907 16/08/2011 Costa Negra Camarões BR/CE
IG201013 17/04/2012 Porto Vinho generoso (vinho licoroso)
PT
IG201004 22/05/2012 Região Pedra Carijó Rio de Janeiro
Gnaisse fitado milonítico de coloração branca e pontos vermelhos de diâmetro geral inferior a 1 centímetro. Nas pedreiras é feito o desplacamento da rocha em lajes brutas de 50x50x8cm. Nas serrarias estas lajes são beneficiadas produzindo as lajinhas comercializadas.
BR/RJ
IG201005 22/05/2012 Região Pedra Madeira Rio de Janeiro
Gnaisse fitado milonítico de coloração branca e pontos vermelhos de diâmetro geral inferior a 1 centímetro. Nas pedreiras é feito o desplacamento da rocha em lajes brutas de 50x50x8cm. Nas serrarias estas lajes são beneficiadas produzindo as lajinhas comercializadas.
BR/RJ
IG201006 22/05/2012 Região Pedra Cinza Rio de Janeiro
Gnaisse fitado milonítico de coloração branca e pontos vermelhos de diâmetro geral inferior a 1 centímetro. Nas pedreiras é feito o desplacamento da rocha em lajes brutas de 50x50x8cm. Nas serrarias estas lajes são beneficiadas produzindo as lajinhas comercializadas.
BR/RJ
IG201101 17/07/2012 Manguezais de Alagoas
Própolis vermelha e extrato de própolis vermelha
BR/AL
IG201106 11/09/2012 Napa Valley Vinhos US
IG201008 25/09/2012 Vale dos Vinhedos
Vinhos: tinto, branco e espumante.
BR/RS
IG201102 11/12/2012 Champagne Vinhos espumantes FR
IG200102 25/05/2013 Roquefort Queijo FR
IG201011 31/12/2013 Região do Café verde em grão e café BR/MG
33
Nº Registro Data do Registro
Nome Geográfico
Produto/Serviço País/UF
Cerrado Mineiro industrializado torrado em grão ou moído
Fonte: INPI (2014, adaptado)
Quando se compara os produtos ou serviços com certificação de DO e a sua
distribuição pelo ano em que receberam a certificação, tem-se o ano de 2012 com o
que apresenta o maior número. Em relação ao tipo de produto, o que mais possui
certificação são as bebidas com 07 (sete), seguida dos alimentos com 6 (seis).
Conforme demonstra o quadro abaixo na seguinte distribuição:
Quadro 4 – Registros de Denominação de Origem por tipo de produto/serviço (INPI – 2014)
Ano Alimentos Bebidas Outros Total geral
1999 1 1
2000 1 1
2003 1 1
2009 1 1
2010 1 1
2011 1 1
2012 1 4 3 8
2013 2 1
Total geral 6 7 3 16
Fonte: INPI (2014, adaptado)
2.1.7 Indícios e Perspectivas de Agregação de Valor aos Produtos com IG
A busca pela certificação ou pelo selo de produto de Indicação Geográfica,
seja este o de Indicação de Procedência ou de Denominação de Origem, representa
um diferencial competitivo no mercado. Aliar este diferencial com a possibilidade de
obter um preço diferenciado em relação aos demais produtos é uma forma de
agregar valor ao produto, considerando que não houve elevação no seu custo de
produção, e caso tenha ocorrido, seja inferior à elevação do preço de venda.
Portanto, tem-se então uma perspectiva que as regiões que forem capazes de fazer
a Indicação Geográfica de seus produtos, geram uma perspectiva positiva em
termos econômicos para estas regiões.
Fato importante decorre que o processo de IG, começa com a organização
das pessoas em forma de cooperativas ou associações para a exploração de certa
atividade comercial, uma vez que o ato declaratório de IP ou DO é concedido à
34
pessoa jurídica que requereu junto ao INPI esta certificação. Então o primeiro
grande desafio é organizar os produtores para que estes possam manter um nível
de qualidade dos seus produtos, pois o simples fato de ter a IG, não significa que
independente da qualidade o produto terá aceitação no mercado.
Nesse sentido, vale ressaltar que o mercado sempre busca produtos, aos
quais se possam obter a melhor relação custo benefício. Para tanto, este deve ser o
grande atrativo que os produtos com certificação de IP ou DO, devem perseguir,
pois o que lhes garantirá um valor agregado, não será somente a certificação, mas
sim a organização da produção e a qualidade, aliando ao preço justo de mercado.
Este preço justo deve ser aquele capaz de remunerar pelo produto (matéria prima) e
pela especificidade, que neste caso lhe é concedido pelo selo de IP ou DO.
O ato declaratório de IP ou DO gera para a entidade que recebeu o selo, a
obrigação de manter as pessoas motivadas na manutenção do selo e os cuidados
com o cultivo da matéria prima do produto final. Também é importante ressaltar que
esta motivação deve estar relacionada com a melhoria da qualidade de vida das
pessoas e a realização de projetos pessoais e coletivos. Os projetos coletivos
devem ser discutidos previamente com todos os envolvidos, estes podem estar
atrelados a um aumento de produção, melhoria das estruturas produtivas e de
vendas. Quanto aos projetos pessoais, representam os objetivos que cada pessoa
ligada à associação ou cooperativa deve ter. É essencial que todos na associação
ou cooperativa mantenham seus projetos pessoais, pois desta forma vão trabalhar e
produzir com mais disposição e sempre na busca da melhoria pessoal, que de certa
forma vai se traduzir em melhoria de toda a coletividade.
O lucro ou retorno no capital investido é objetivo de todo empreendimento
comercial, independente de seu porte ou ramo de atuação. Este retorno deve ser
utilizado na ampliação da capacidade produtiva. Para que se possa medir este lucro
e assim comparar com outras possibilidades existentes, é preciso que sejam
implementados controles, métodos e instrumentos, para serem apresentados aos
membros da cooperativa ou associação. Dentre estes cita-se o controle custo de
produção e o controle de caixa (entrada e saídas de recursos).
35
2.1.8 Elementos que Justificam a Relação entre Indicação Geográfica, Identidade
Territorial e Desenvolvimento Territorial
A busca pelo desenvolvimento de uma região vem demandando vários
estudos sobre de que forma este pode ocorrer, bem como a busca por explicações
do motivo pelo qual algumas regiões vêm se desenvolvendo mais do que outras.
Muitos fatores podem ser elencados para responder esta questão, que intriga a
vários pesquisadores, sejam ligados à área da Economia ou às Ciências Sociais. O
processo de desenvolvimento de uma região ou território, segundo alguns
estudiosos, Abramovay, Sacco dos Anjos, Granovetter, está relacionado com o
capital físico, neste caso entendido a terra e o capital (recursos financeiros), e o
capital humano, representado pelo nível de escolaridade. Acrescente-se, no aspecto
capital humano, a cultura das pessoas de determinada região, partindo do conceito
que região é a ocupação de um espaço onde se encontra o estoque de cultura de
um povo, que Abramovay (2003) denomina “capital social”.
Segundo Abramovay (2003, p. 86),
A noção de capital social permite ver que os indivíduos não agem independentemente, que seus objetivos não são estabelecidos de maneira isolada e seu comportamento nem sempre é egoísta. Neste sentido, as estruturas sociais devem ser vistas como recursos, como um ativo de capital que os indivíduos podem dispor.
A região que possui uma identidade territorial e sobre esta são identificados
ativos, ou seja, recursos que possam ser explorados com um diferencial competitivo
no mercado, contém um dos elementos que podem vir a ser a mola propulsora do
desenvolvimento. A identidade territorial em torno de um produto, que possui um
diferencial em relação aos similares, é uma alternativa que vem se expandindo no
Brasil por meio das Indicações Geográficas. No entanto, apenas esta certificação
não garante o desenvolvimento, é preciso que se busque a cooperação de todos.
Sobre o tema, Sacco dos Anjos et al. (2013, p. 165), assim se refere:
A necessidade de cooperar e de construir é cada vez maior em meio a um contexto de globalização, onde as novas tecnologias de informação, comunicação e transporte repercutem, cada vez mais, sobre todos os territórios e âmbitos da vida social, produzido a anulação do espaço pelo tempo, acirrando a competitividade e a exposição do tecido socioprodutivo ao sabor das relações de mercado.
36
O mesmo autor acrescenta (2013, p. 165):
Que razões conspiram para o fato de que alguns territórios rurais convertem-se em terreno fértil para fazer aflorar a inovação, os processos de cooperação, a atração de novos investimentos e respirar dinamismo nas mais distintas esferas da atividade produtiva, enquanto outros permanecem mergulhados no ostracismo, mesmo nos casos em que há um importante estoque de ativos e de recursos produtivos? A ideia de ‘capital social’ surge como um intento de resposta a esses e outros enigmas que afetam ao desenvolvimento dos territórios.
Desse modo, verifica-se que existe uma relação entre identidade territorial e
desenvolvimento territorial, o qual pode estar diretamente relacionado com o capital
social da região. Outro argumento para esta relação é definido por Granovetter
(1973), quanto este apresenta a ideia dos “laços fortes” e “laços fracos”. O primeiro
são as relações com familiares e amigos que representam as pessoas próximas, a
segunda com pessoas mais distantes, mas que segundo o autor são possíveis
através dos “laços fortes”. Na perspectiva da IG, pode-se dizer que os “laços fortes”
são os associados e colaboradores, que tem progressão vertical e tende a expandir
a rede de contatos e pessoas envolvidas no projeto. Ao passo que nos “laços
fracos”, formados a partir das pessoas que compram os produtos ou visitam estas
IGs, tende a ser maior, uma vez que tem progressão horizontal.
2.2 CONCEPÇÕES TEÓRICAS QUE FUNDAMENTAM A DISCUSSÃO SOBRE
INDICAÇÃO GEOGRÁFICA
Dentre as concepções teóricas que fundamentam a discussão sobre o tema
Indicação Geográfica, algumas são fundamentais: a concepção de região, território,
desenvolvimento territorial e identidade territorial. É a partir desses conceitos, que
fundamenta-se as bases para o entendimento dos fatores a serem identificados,
para que possa ser realizado o processo de IG.
2.2.1 Conceito de Região
Segundo a Geografia, a palavra região permite uma série de sentidos que
podem ser apropriados em diferentes significados, em diversas áreas do
conhecimento ou em diversas aplicações do termo.
37
A noção de região se deu no Império Romano, advinda da necessidade de
articulação entre o poder centralizado do Império e sua amplitude que se fazia
necessária sobre uma área, onde se apresentava com grande diversidade social,
cultural e espacial. Destas diferenças, e devida à extensão territorial, exigiu por parte
do império a segmentação do espaço. Para Balbim (1996), essa necessidade
histórica, identifica a região como uma necessidade de funcionalidade do poder, que
surge como um ato político.
Segundo Corrêa (2001b, p. 183) a origem etimológica do termo região estaria
no termo regio, do latim, o qual se referia “à unidade político-territorial em que se
dividia o Império Romano”. Ainda segundo este autor, o fato de seu radical ser
proveniente do verbo regere, governar, atribuiria à região “em sua concepção
original, uma conotação eminentemente política”.
Com o surgimento do Estado Moderno, que teve início no século XVIII, houve
então uma primeira aproximação sistemática do conceito de região, com a
necessidade de organização do espaço geográfico.
A expressão “espaço geográfico” é apresentada na interpretação de Corrêa
(2001b, p. 15) como, “[...] estando associada a uma porção específica da superfície
da Terra identificada pela sua natureza, seja por um modo particular como o Homem
ali imprimiu as suas marcas, seja com referência à simples localização”. Segundo
Amorim (2007, p. 6):
La Blache é o fundador do conceito mais difundido de região e que esse conceito acaba por legitimar a Geografia como campo do conhecimento científico. Ao trabalhar com o conceito de região, La Blache inicialmente entende a região natural como o recorte de análise básico para a Geografia desenvolver seu campo de estudo. Esta visão é alterada à medida que avançam seus estudos para o entendimento dos recortes regionais na França, ao passar das regiões naturais ao estudo das regiões econômicas, chegando a fazer análises de geopolítica quando escreve sobre a região da Alsácia-Lorena.
Para Santos (1996) o desenvolvimento da história, foi lento por muito tempo,
permitindo que a região fosse vista como espaço de identidade, ou seja, se tem
então, uma região e uma identidade regional. A identidade se forma ao longo do
tempo e vai se modificando de forma lenta e muito vagarosa com o acúmulo das
tradições de seu povo.
Para Correa (2001b, p. 186):
38
[...] considera a região a partir de propósitos específicos, não tendo a priori, como no caso da região natural e da região-paisagem, uma única base empírica. É possível identificar regiões climáticas, regiões industriais, regiões nodais, ou seja, tantos tipos de regiões quantos forem os propósitos do pesquisador. A região natural e a região paisagem passam a ser apenas uma das múltiplas possibilidades de se recortar o espaço terrestre. A região constitui-se para os geógrafos lógico-positivistas em uma criação intelectual, criada a partir de seus propósitos específicos.
Segundo Brito (2008, p. 2):
As regiões, que se formavam a partir da solidariedade orgânica entre os povos e seus territórios, produziam identidades consistentes ao longo do tempo e limites espaciais coesos entre elas. A solidariedade era fruto de uma organização local, econômica, social, política e cultural que satisfazia as necessidades de cada região. A diferença entre as regiões se dava pelas peculiaridades das relações internas entre os homens e a natureza, sem a presença, necessariamente, de mediação externa.
Portanto, pode-se dizer que região representa um espaço geográfico dotado
de identidade que foi surgindo de forma lenta ao longo dos tempos, fruto da
construção deste espaço pelo homem.
2.2.2 Conceito de Território e Desenvolvimento Territorial
Etimologicamente território vem do latim territorium – pedaço de terra
apropriado, que transmite a ideia de poder e domínio. Dominação, no entanto não
deve ser confundido com espaço geográfico apropriado por alguém. Sobre esta
diferença entre território e espaço, esclarece Santos (1978, p. 51), “a utilização do
território pelo povo cria o espaço”.
Espaço é entendido como a organização de estruturas sociais. Segundo
Santos (1978, p. 145), "[...] o espaço organizado pelo homem é como as demais
estruturas sociais, uma estrutura subordinada/subordinante. E como as outras
instâncias, o espaço, embora submetido à lei da totalidade, dispõe de certa
autonomia".
Na concepção de Saquet e Silva (2008, p. 8),
O espaço social corresponde ao espaço humano, lugar de vida e trabalho: morada do homem, sem definições fixas. O espaço geográfico é organizado pelo homem vivendo em sociedade e, cada sociedade, historicamente, produz seu espaço como lugar de sua própria reprodução.
39
Para Santos (1996, p. 51):
A configuração territorial é dada pelo conjunto formado pelos sistemas naturais existentes em um dado país ou numa dada área e pelos acréscimos que os homens superimpuseram a esses sistemas naturais. A configuração territorial não é o espaço, já que sua realidade vem de sua materialidade, enquanto o espaço reúne a materialidade e a vida que a anima.
Na concepção de Saquet e Silva (2008, p. 17):
O território corresponde aos complexos naturais e às construções/obras feitas pelo homem: estradas, plantações, fábricas, casas, cidades. O território é construído historicamente, cada vez mais, como negação da natureza natural. A materialidade do território é, assim, definida por objetos que têm uma gênese técnica e social, juntamente com um conteúdo técnico e social. Objetos organizados em sistemas e com influência direta no uso do território. Este é usado, reorganizado, configurado, normatizado, racionalizado. Há porções de territórios com objetos e ações, normas (técnicas, políticas e jurídicas), ritmos, heterogeneidades, agentes.
Para Pollice (2010, p. 8):
O território, por outro lado, não é outro senão um espaço relacional que se constrói no tempo como produto de um processo de sedimentação cultural; um processo que tem o seu motor próprio na relação identidaria que se instaura entre uma comunidade e o espaço da qual esta se apropria. [...] Em síntese, o território pode ser entendido como aquela porção do espaço geográfico na qual uma determinada comunidade se reconhece e se relaciona no seu agir individual ou coletivo, cuja especificidade – entendida como diferenciação do entorno geográfico – descende do processo de interação entre esta comunidade e o ambiente.
Já Santos et al. (2007, p. 13) assim define território como sendo: “O lugar em
que desemboca todas as ações, todas as paixões, todos os poderes, todas as
forças, todas as fraquezas, isto é, onde a história do homem plenamente se realiza a
partir das manifestações da sua existência”.
O território também possui uma forte ligação com a natureza, e com os
recursos nela existentes, configurando assim, juntamente com o homem, costumes
e a história, um dos elementos para a formação de um território. Haesbaert (2007, p.
47) assim se expressa:
A ligação do território com a natureza é explicita e, nessa ligação, o território se torna, antes de mais nada, uma fonte de recursos, ‘meios materiais de existência’. Apesar de ser uma proposição com pretensões de universalidade, trata-se claramente de uma noção de território bastante
40
influenciada, como ocorre entre muitos antropólogos, pela experiência territorial das sociedades mais tradicionais, em que a principal fonte de recursos provém da natureza, da terra (por exemplo: disponibilidade de animais e plantas para coleta, fertilidade dos solos e presença de água para a agricultura).
Souza (2001, p. 111) resume: “todo espaço definido e delimitado por e a partir
de relações de poder é um território, do quarteirão aterrorizado por uma gangue de
jovens até o bloco constituído pelos países membros da OTAN”.
Na concepção de Haesbaert (2004, p. 79) “[...] o território pode ser conhecido
a partir da imbricação de múltiplas relações de poder, do poder mais material das
relações econômico-politicas ao poder mais simbólico das relações de ordem mais
estritamente cultural”.
Em relação à forma de poder, deve-se entender que não está se referindo a
um poder material, mas os efeitos deste, como apresenta Haesbaert (2010, p. 167):
Na verdade, para sermos mais rigorosos, não se trataria do ‘poder mais material’ mas, dos efeitos sobretudo de natureza material do poder, já que não se aborda aqui poder como ‘objeto’ ou ‘coisa’, mas em seu sentido relacional, geograficamente apreendido a partir das formas com que é exercido e que ele produz e/ou através das quais é produzido.
Sobre o conceito de território e desenvolvimento territorial, assume-se aqui
uma conceituação referenciada em obras recentes, que em alguns aspectos
sintetizam concepções de autores aqui mencionados.
Para Dallabrida e Fernández (2008, p. 40) território é entendido como:
Uma fração do espaço historicamente construída através das inter-relações dos atores sociais, econômicos e institucionais que atuam neste âmbito espacial, apropriada a partir de relações de poder sustentadas em motivações políticas, sociais, ambientais, econômicas, culturais ou religiosas, emanadas do Estado, de grupos sociais ou corporativos, instituições ou indivíduos.
A relação entre Indicação Geográfica e território é apresentada por Jeziorny
(2009, p. 148):
Concluímos que as indicações geográficas e o território formam uma espécie de simbiose, pois não existe indicação geográfica sem o território, ao passo em que o próprio território pode se desenvolver por meio da construção de uma indicação geográfica.
41
Com as definições sobre território, de forma especial o argumento que este se
forma por uma relação de poder (SOUZA, 2001), e que não existe Indicação
Geográfica sem território (JEZIORNY, 2009), fica implícito que a Indicação
Geográfica é um processo de territorialização, pois, a declaração expedida pelo INPI
define em quais locais os produtos ora produzidos podem se beneficiar da
certificação de IG.
2.2.3 Conceito de Identidade Territorial
Definido território como espaço delimitado pelas relações de poder, a
identidade territorial é a expressão cultural e do estoque de fatores endógenos que
identificam este território. Para Pollice (2010, p. 1):
O desenvolvimento endógeno é quase sempre a expressão de uma forte identidade territorial. O sentido de pertença representa um dos fatores determinantes do desenvolvimento local; o território como espaço de pertença torna-se um produto sentimental, social e simbólico, em que são baseados os desenvolvimentos das identidades locais retrospectivas e prospectivas. A identidade territorial, portanto, desempenha um papel estratégico nas políticas de desenvolvimento local, como sugerem aqueles mecanismos de identificação que são adotados pelos atores locais.
A identidade territorial ou Identidade Geográfica (POLLICE, 2010) é aquela
que nasce da consciência coletiva das pessoas que habitam determinado território.
Assim, somente pode-se ter uma identidade territorial ou geográfica que advém do
desejo das pessoas em serem reconhecidas como atores deste processo de
identificação.
Quando a identidade territorial se dá pelo aspecto negativo de representação,
esta identificação será feita por fontes externas, como por exemplo, pessoas que
moram em regiões próximas a “Cracolândia”, em São Paulo. As pessoas que moram
nestas regiões, jamais vão se sentir como pessoas que moram no território da
“Cracolândia”. Por outro lado, quando a identificação é benéfica, reforça o estoque
cultural e os fatores endógenos do lugar, esta identificação geográfica recebe
contornos de notoriedade, como, por exemplo, o território do Vale dos Vinhedos no
estado do Rio Grande do Sul. Para Pollice (2010, p. 8):
A identidade geográfica, de fato, é antes de tudo um produto cognitivo; resultado de um processo de análise e de representação que nos permite
42
elucidar um determinado âmbito espacial do próprio entorno. Em termos comparativos pode dizer-se que, enquanto a identidade territorial nasce por um processo autorreferencial colocado em ação por uma comunidade que se apropria culturalmente de um âmbito espacial predefinido, a identidade geográfica é uma representação operada de fora com finalidades meramente descritivas e/ou interpretativas. Das considerações até aqui desenvolvidas emerge com clareza a relação de interdependência que liga as duas categorias conceituais assim delineadas: identidade e território. Uma relação cumulativa, enquanto se, por um lado, a identidade territorial gera e orienta os processos de territorialização, por outro lado estão às mesmas ações de territorialização a reforçar o processo de identificação entre a comunidade e o seu espaço vivido. Antes de analisar mais profundamente este tipo de interação sinérgica é talvez oportuno destacar desde já a importância que a identidade reveste nos processos de territorialização.
O aspecto cultural de um território se constitui um dos principais elementos de
identificação deste para com a população que o habita, para Haesbaert (1996, p.
21):
Com isso, aqueles que partilhavam de um território, ou melhor, de uma região comum, pela qual lutavam e com a qual se identificavam, e que são obrigados a deixá-la (por diversos motivos, entre os quais o mais importante é o acirramento das desigualdades sociais, da exploração e da exclusão frente aos circuitos económicos ‘legais’ dominantes), acabam reproduzindo em suas novas ‘regiões’ (ou diásporas [inter]nacionais) traços identitários e relações de poder muito semelhantes àqueles de suas áreas de origem. Como o espaço local para onde esses migrantes se dirigem sempre ‘já tem dono’, ou seja, possui territorialidades previamente construídas, a batalha passa a ser em torno de uma reterritorialização ‘regional’ onde sua identidade cultural e um certo poder político-territorial não sejam perdidas.
O termo identidade territorial se vale da identificação do território como sendo
o espaço delimitado pelo estoque de fatores endógenos, como a cultura e recursos
naturais, e os transporta para o campo da representação e a apresentação destes
como forma de diferenciação desta região em relação às demais. A identidade
territorial é então uma forma de uma região se distinguir das demais, que pode
conferir a este território certa notoriedade ou não, pois em alguns casos a
identificação de um território tem caráter negativo. Mas quando esta identificação
gera notoriedade, é possível a utilização desta como força para o seu
desenvolvimento, transformando recursos desta região em ativos.
43
2.3 ABORDAGENS RELACIONADAS AO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Para que ocorra desenvolvimento, este não pode ser visto apenas sob o
aspecto econômico, e sim, como o conjunto de fatores que podem propiciar ao
homem uma melhor condição de vida, em seus aspectos sociais, culturais e
econômicos. O termo desenvolvimento é assunto recorrente dos governantes, que
buscam de todas as formas, transformar regiões subdesenvolvidas em regiões
prósperas, e assim melhorar a condição de vida dos habitantes locais.
No modelo econômico liberal a economia é tida com autorregulada, ou seja, o
ente mercado é capaz de gerar desenvolvimento sem que houvesse a interferência
do Estado na economia. Este posicionamento não se aplica a todos os setores da
economia, tomando, por exemplo, a agricultura e nesta contida os pequenos
produtores, se faz necessário a intervenção do estado em maior ou menor
intensidade de forma a regular este importante setor da economia brasileira, que
responde por mais de 20% do BIP nacional. Para que a IG possa contribuir com o
desenvolvimento ela necessita do Estado, na formulação de políticas públicas que
favoreçam esta atividade.
2.3.1 Desenvolvimento e o Papel do Estado
A partir da grande crise de 1930 houve uma mudança, de forma que o Estado
passou a regular a economia, uma vez que o modelo anterior falhou. O Estado então
passou a intervir e regular o mercado, sendo entendido desta forma que o
desenvolvimento é uma política pública e um anseio da população. Este argumento
é utilizado por Heidemann e Salm (2010, p. 21):
O Estado passou a regular a economia, e o desenvolvimento foi de então em diante alavancado por um mercado politicamente regulado, ou seja, iniciativa conjunta do Estado e do mercado, ainda que para muitos pensadores nascia um novo mito, o mito do desenvolvimento. Nos últimos anos, porém, em função das deficiências dos modelos institucionais vigentes, outros agentes societários estão se alistando entre os promotores do desenvolvimento sonhado pelas comunidades humanas.
Para Teixeira (2002, p. 2), políticas públicas são:
44
[...] diretrizes, princípios norteadores de ação do poder público; regras e procedimentos para as relações entre poder público e sociedade, mediações entre atores da sociedade e do Estado. São, nesse caso, políticas explicitadas, sistematizadas ou formuladas em documentos (leis, programas, linhas de financiamentos) que orientam ações que normalmente envolvem aplicações de recursos públicos.
Surge então como um dos promotores do desenvolvimento, a sociedade civil
organizada, que vai atuar como agente do desenvolvimento em conjunto com o
Estado e o mercado. Para tanto, se tem um novo conceito denominado governança
pública, envolvendo a participação dos três atores já citados, que passam a fazer a
condução político-econômica das sociedades atuais. Para Heidemann e Salm (2010,
p. 21):
[...] ainda que sob a coordenação imprescindível do Estado: o governo, como um agente coordenador e supervisor; o setor empresarial privado, por meio de suas iniciativas de responsabilidade social; e o terceiro setor, na forma de organizações distintas das governamentais ou empresarias privadas.
O desenvolvimento de uma região sempre esteve relacionado com o aspecto
econômico, sendo a industrialização um dos objetivos, não se levava em conta o
desenvolvimento político, social, sustentável, humano e etc., como na atualidade
quando se trabalha com desenvolvimento regional. Para Heidemann e Salm (2010,
p. 21): “Os principais indicadores eram de natureza econômica. Desenvolver um
país significava, e ainda significa, basicamente, implantar uma economia de
mercado que inclua se não a totalidade, pelo menos a maior parte de seus
cidadãos”.
O desenvolvimento passa então a ser responsabilidade não apenas do poder
público, mas de toda uma sociedade, ou dos atores sociais e desta forma passa a
ser considerada como uma política pública.
Na visão de Teixeira (2002, p. 6):
Essa é a realidade do atual processo social em que a sociedade civil, articulada em suas organizações representativas em espaços públicos, passa a exercer um papel político amplo de construir alternativas nos vários campos de atuação do Estado e de oferecê-las ao debate público, coparticipando, inclusive, na sua implementação e gestão.
45
Por ser política pública, difere de política governamental, uma vez que a
primeira é um desejo da população e pode ser realizada por toda sociedade, já a
segunda é realizada apenas com a estrutura administrativa do governo.
Para Heidemann e Salm (2010, p. 28):
Em termos políticos-administrativos, o desenvolvimento de uma sociedade resulta de decisões formuladas e implementadas pelos governos dos Estados nacionais, subnacionais e supranacionais em conjunto com as demais forças vivas da sociedade, sobretudo as forças de mercado em seu sentido lato. Em seu conjunto, essas decisões e ações de governo e de outros atores sociais constituem o que se conhece com o nome genérico de políticas públicas.
Complementam os autores (2010, p. 31):
A perspectiva de política pública vai além da perspectiva de políticas governamentais, na medida em que o governo, com a sua estrutura administrativa, não é a única instituição a servir à comunidade política, isto é, a promover ‘políticas públicas’. Uma associação de moradores, por exemplo, pode perfeitamente realizar um ‘serviço público local’, movida por seu senso de bem comum e sem contar com o auxílio de uma instância governamental superior ou distante.
A implementação de políticas públicas acontece em fases distintas, e para
que tal política pública possa efetivamente atender aos interesses da sociedade,
Teixeira (2002, p. 5) apresenta as seguintes etapas:
a) Elaboração e formulação de um diagnóstico participativo e estratégico com os principais atores envolvidos, no qual se possa identificar os obstáculos ao desenvolvimento, fatores restritivos, oportunidades e potencialidades; negociação entre os diferentes atores; b) Identificação de experiências bem sucedidas nos vários campos, sua sistematização e análise de custos e resultados, tendo em vista possibilidades de ampliação de escalas e criação de novas alternativas; c) Debate público e mobilização da sociedade civil em torno das alternativas mais entre os atores; d) Decisão e definição em torno de alternativas; competências das diversas esferas públicas envolvidas, dos recursos e estratégias de implementação, cronogramas, parâmetros de avaliação; e) Detalhamento de modelos e projetos, diretrizes e estratégias; identificação das fontes de recursos; orçamento; mobilização dos meios disponíveis e a providenciar; mapeamento de possíveis parcerias, para a implementação; f) Na execução, publicização, mobilização e definição de papéis dos atores, suas responsabilidades e atribuições, acionamento dos instrumentos e meios de articulação; g) Na avaliação, acompanhamento do processo e resultados conforme indicadores; redefinição das ações e projetos.
46
Da mesma forma que se identifica o desenvolvimento regional como uma
política pública, esta não pode ser vista de forma autônoma, sem que sejam
entendidos os fenômenos do mercado e da globalização ou internacionalização do
capital. A globalização na concepção de Diniz (2007) não é um processo de
natureza unicamente econômica, pois existem decisões políticas em torno do tema.
Diniz (2007, p. 24-25) apresenta como argumento da interação entre política e
economia no processo de globalização:
[...] o processo de globalização, como já ressaltado anteriormente, é essencialmente um fenômeno multidimensional. Se, por um lado expressa uma lógica econômica, obedece, por outro lado, a decisão de natureza política. Em outros termos, a economia não se move mecanicamente, independente da complexa relação de forças políticas que se estruturam em âmbito internacional, pela qual se dá a tecedura dos vínculos entre economia mundial e economias nacionais.
Bresser-Pereira (2007, p. 64) define globalização como sendo:
A lógica subjacente da ortodoxia convencional, porém não é a retomada do desenvolvimento, nem mesmo a estabilidade macroeconômica, mas atender os interesses comerciais e financeiros dos países ricos e, portanto neutralizar a capacidade de países de renda média, como o Brasil, que são vistos com competidores e com uma ameaça devido a sua mão–de-obra barata. Isto decorre da própria natureza da globalização, caracterizada por uma competição econômica generalizada entre os Estados-nação.
Há uma estreita relação entre políticas públicas, desenvolvimento regional e
globalização. Não se pode falar em desenvolvimento regional sem considerar o
ingrediente político no aspecto econômico da globalização, sob pena do projeto de
desenvolvimento regional/ territorial não conseguir se sustentar como política
pública. Desenvolver uma região deve ser uma atuação em conjunto de todos os
stakeholders participantes deste processo.
Diniz (2007, p. 24-25) afirma: “Em outros termos, a definição de um projeto
autônomo de desenvolvimento é um constructo político, que depende, para sua
formulação e execução, da sustentação de coalizões políticas identificadas com tal
objetivo”.
Sobre desenvolvimento regional em relação ao aspecto operacional Diniz
(2009, p. 198) descreve:
47
Do ponto de vista operacional, pensar uma política nacional de desenvolvimento regional implica pensar em uma nova regionalização do país para efeitos de política pública, em geral, a da política regional, em particular. No caso do Brasil, a regionalização atual como as cinco macrorregiões, que continua como base para as políticas regionais, está superada, exigindo uma nova divisão territorial do país. Uma nova regionalização deveria considerar três critérios complementares e articulados: econômico, ambiental e político. O critério econômico deve ter como referência básica os efeitos de polarização exercidos pelas cidades, a partir de cuja hierarquia se definiriam as escalas de polarização, das centralidades e suas áreas complementares. O critério ambiental deveria buscar o ajuste dos recortes territoriais às necessidades de aproveitamento econômico do patrimônio natural e da sustentabilidade ambiental. Por fim, o critério de representação política deveria preservar a relação entre o recorte territorial e a identidade cultural e política de seus habitantes e suas instituições e, ao mesmo tempo, os aspectos de geopolítica e soberania nacional.
Na concepção de Dallabrida e Fernandez (2008, p. 41):
Seria possível, então afirmar que o desenvolvimento territorial pode ser entendido como um processo de mudança estrutural empreendido por uma sociedade organizada territorialmente, sustentado na potenciação dos capitais e recursos (materiais e imateriais) existentes no local, com vistas à dinamização socioeconômica e à melhoria da qualidade de vida de sua população.
A Indicação Geográfica tem em sua concepção de desenvolvimento a
utilização de ativos, abordando o aspecto de potenciação dos capitais e recursos, de
determinado território para que possam ser a mola propulsora do desenvolvimento.
Assim, reporta-se desta maneira dos fatores endógenos para o desenvolvimento.
Borba (2011, p. 64) descreve:
A abordagem do desenvolvimento econômico fundamentado em variáveis locacionais, sociais e econômicas regionais, afinal, começa a ser implementada no Brasil, deixando de existir apenas como uma nova retórica, trazendo com ela uma mudança efetiva e fundamental nos agentes envolvidos nas atividades de planejamento urbano associadas ao desenvolvimento econômico.
O autor acrescenta (2011, p. 65):
Esta característica central do desenvolvimento econômico baseado regionalmente determina uma ênfase na política do ‘desenvolvimento endógeno’ usando-se o potencial local de recursos humanos, institucionais e físicos, procurando-se reforçar o conceito mais amplo de desenvolvimento sustentável, onde se destaca o imperativo do planejamento das relações entre os homens e a natureza, determinado pelas necessidades ambientais e econômicas das futuras gerações.
48
2.3.2 As Teorias do Desenvolvimento: Abordagens Regionalistas
As teorias do desenvolvimento sempre buscaram, em alguns casos explicar e
em outros estabelecer formas de desenvolvimento. Sem a intenção de esgotar o
assunto sobre teorias que tratam do desenvolvimento, pretende-se apresentar
algumas abordagens que estão relacionados com o objeto desta pesquisa, em que
se busca identificar, sob o aspecto econômico, a importância da Indicação
Geográfica para o desenvolvimento dos territórios.
2.3.2.1 Distritos industriais italianos
Os distritos industriais italianos foram apresentados por Maschall, no século
XIX, a partir da observação da concentração de empresas especializadas. Estas
tinham como diferencial a divisão do trabalho com pequenos produtores e sempre
com suporte na solidariedade entre os envolvidos no processo produtivo. A partir de
1970, no centro norte da Itália, pequenas e médias empresas passaram a trabalhar
de forma integrada gerando riquezas e desenvolvimento.
Para Vale e Castro (2010 p. 91):
Os distritos industriais italianos, localizados na região da Emília Romana, chamaram, inicialmente, a atenção pela capacidade competitiva de suas pequenas empresas, voltadas, em geral, para produção de bens considerados tradicionais. A vantagem destas regiões não era derivada de baixos custos de salário, mas sim da capacidade de especialização e interação existente no interior das aglomerações.
Segundo Dallabrida (2011), deste modelo Marshilliano, outras teorias
surgiram como, por exemplo: Sistemas locais ou Regionais de Produção, Clusters
(aglomerado de empresas) e os Arranjos Produtivos Locais (APL). Dallabrida (2011,
p. 115) descreve:
A influência desta concepção reformulada gerou a crença na possibilidade de multiplicação de distritos industriais de pequenas e médias empresas em diferentes países, integrando-se em rede, não só nacionalmente, mas mundialmente, contrapondo-se à força avassaladora das grandes empresas multinacionais. Apesar da euforia inicial, esta possibilidade parece não ter se concretizado, como é possível observar nas experiências de distritos industriais, em várias partes do mundo.
49
Em termos de desenvolvimento regional, tomando como base o objeto de
estudo, ou seja, a Indicação Geográfica, esta se dá em relação aos produtos de uma
região com certa especificidade e que vários produtores se apropriam deste ativo
territorial para a geração de renda. Pode-se então verificar a possibilidade de um
pequeno produtor poder vender o produto com um selo, que é o mesmo utilizado por
uma grande indústria. Poderá ainda ocorrer de uma grande empresa se instalar
nesta região de forma a adquirir os produtos destes pequenos produtores, fazendo
desenvolver a região.
2.3.2.2 A escola da regulação
A Escola da Regulação (ER) ou teoria da regulação nasceu na década de 70.
Esta corrente de pensamento econômico teve origem na França.
Para Dallabrida (2011, p. 116):
Segundo a abordagem regulacionista, o capitalismo é um sistema naturalmente instável, sujeito a crises cíclicas. Porém, ele consegue se reproduzir durante um período através da criação de um aparato regulatório que, uma vez aceito pelos agentes econômicos, tende a agir de forma anticíclica. [...] Regime de acumulação é um conceito basilar na Teoria da Regulação. Um regime de acumulação pressupõe um padrão de organização da atividade produtiva adequada ao padrão de organização da atividade produtiva adequada ao padrão de consumo, isto é, um nível de atividade econômica compatível com a demanda efetiva. [...] Outro conceito é o de modo de regulação, entendido como um conjunto de leis, valores, hábitos que mediam a relação com o regime de acumulação e mantêm a coesão social.
Segundo Dallabrida (2011, p. 117):
Um destes modos de regulação, o fordismo, foi responsável, por exemplo, pela grande estabilidade e desenvolvimento dos países capitalistas ricos, desde a Segunda Grande Guerra até meados dos anos de 1970. Fundado sobre a distribuição sistemática dos ganhos de produtividade, de forma a sustentar a demanda necessária para a reprodução ampliada do sistema, é justamente a crise deste modo de regulação que impossibilita a continuidade da divisão internacional do trabalho então vigente, gerando a industrialização de certas regiões do Terceiro Mundo (como o Brasil e a Correia do Sul) e dos próprios países centrais (como o Nordeste da Itália).
De acordo com Bocchi (2000, p. 6):
50
O regulacionismo se apresenta então como a ultrapassagem necessária do althusserianismo para pensar a crise, para mostrar que a reprodução não é isenta de dificuldades e que, se pode perdurar durante um longo período, como o dos ‘Trinta Gloriosos’, também é capaz de acumular no decorrer dele um certo numero de contradições que acabam por se combinar e culminar numa crise.
Bocchi conclui (2000, p. 6):
A literatura sobre a Escola da Regulação normalmente desconsidera a teoria de crise subjacente ao enfoque regulacionista. Ao analisarmos as contribuições de Aglietta, Lipietz e Boyer & Mistral verificamos que enquanto os primeiros abordam a crise a partir da queda da taxa de lucro, na verdade se vinculam à posição desproporcionalidade setorial/subconsumo. Já Boyer & Mistral desconsideram essa perspectiva teórica, atendo-se exclusivamente à questão da queda da produtividade na determinação da crise.
Desse modo, enfatiza-se uma concepção econômica, a qual reforça a
necessidade da regulação da produção, como uma forma de evitar que o aumento
desta em um período seja capaz de gerar um excesso de produção e
consequentemente a queda dos preços. Por outro lado, a falta de produção
acarretaria uma elevação dos preços, e por consequência um processo inflacionário
gerado pela lei da oferta e da procura. Esta regulação seja por leis, valores e
hábitos, também é capaz de influenciar nas formas de organização do capital e na
sua forma de aplicação, uma vez que este busca formas de sua remuneração
através de seus fluxos circulatórios.
2.3.2.3 A escola californiana e o enfoque do “Patrimônio” ou “Ativos Relacionais”
A Escola Californiana evidencia como fator de desenvolvimento a exploração
dos ativos de uma região, de forma a fazer a relação deste com a região onde está
disponível. Identificar este ativo ou transformar um recurso em ativo, e desta forma
obter deste um ativo com capacidade de desenvolver esta região, é o que se busca
com a Indicação Geográfica. A Escola Californiana tem como principais autores
Stoper, Walter, Salais e Scott, os quais dão ênfase à utilização dos ativos ou
patrimônios relacionais para o desenvolvimento regional. Segundo Dallabrida (2011,
p. 127-128):
51
De maneira geral, as vertentes regionalistas sobre desenvolvimento têm como foco o território, na elaboração e condução das políticas públicas. Assim, a política pública de desenvolvimento deveria encontrar e criar, a partir das particularidades do próprio ambiente local, uma economia regional competitiva. Essa concepção é entendida por alguns autores como uma proposta regional alternativa e não liberal. Uma das expressões desta abordagem teórica encontra-se na Escola Californiana, onde se destacam como Stoper, Walker, Salais e Scott.
Portanto, na Escola Californiana encontra-se um dos principais indicativos da
importância da identidade territorial com a busca de recursos que possam vir a se
tornar ativos. Segundo Pecqueur (2005, p. 13) recursos são “fatores a explorar, a
organizar, ou ainda, a revelar”. Pode-se afirmar que recurso é um potencial a ser
explorado e dependendo das condições de produção e inovação tecnológica, serem
transformados em ativo.
De acordo com Denardin e Suzbach (2010), o grande desafio para que possa
haver o desenvolvimento territorial está no trabalho de identificar recursos
específicos de um território, devendo ocorrer um processo de especificação ou
ativação de recursos, o que se constitui em transformar recursos em ativos
específicos.
Dallabrida (2012, p. 110) acrescenta:
Os ativos e recursos genéricos são totalmente transferíveis e seu valor é um valor de troca, estipulado no mercado via o sistema de preços. Já os ativos e recursos específicos, por sua vez, possibilitam um uso particular e seu valor constitui-se em função das condições de seu uso. [...] Assim, os recursos específicos merecem maior atenção. Eles possibilitam a construção de uma argumentação que destaca a importância dos produtos com identidade territorial, para o desenvolvimento.
Deste processo de identificação é que são possíveis os processos de
Indicação Geográfica, visando o desenvolvimento de um território.
Segundo Dallabrida (2011, p. 128):
Ao integrar os interesses da comunidade territorial, o território permite que seja concebido como agente de desenvolvimento, sempre que seja possível manter e desenvolver a integridade de interesses territoriais nos processos de desenvolvimento e mudança estrutural. É uma concepção que reforça a importância da cultura e da identidade territorial local nos processos de desenvolvimento de áreas metropolitanas e regionais mais dinâmicas, conforme defende Scott.
52
Dallabrida (2011, p. 129) ainda faz referência à Escola da Regulação, quando
apresenta a opinião de Storper sobre os “ativos ou patrimônio relacional”:
As experiências poderiam ser consideradas exemplos de territorialização ou reterritorialização do desenvolvimento, demonstrando que esses processos vêm sendo conduzidos por uma série de convenções, normas e regras – explícitas e implícitas – que forma a base do que o autor chama de ‘mundo (regional) de produção. Estas convenções, normas e regras, especificamente, formam o que ele chama de ‘ativos ou patrimônio relacional’ de uma região, com sentido semelhante ao conceito de capital social.
Na busca pela identificação de fatores endógenos para o desenvolvimento, o
termo capital social é visto sobre duas perspectivas, sociológicas e econômicas.
Pierre Bourdieu foi quem primeiro abordou o termo capital social na literatura
sociológica. Bourdieu (1998, p. 67) define o “capital social” como:
O conjunto dos recursos reais ou potenciais que estão ligados à posse de uma rede durável de relações mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e de inter-reconhecimento mútuos, ou, em outros termos, à vinculação a um grupo, como o conjunto de agentes que não somente são dotados de propriedades comuns (passíveis de serem percebidas pelo observador, pelos outros e por eles mesmos), mas também que são unidos por ligações permanentes e úteis.
A comparação entre “ativos ou patrimônio relacional”, quando entendido que
estes são valores materiais e imateriais oriundos de recursos naturais e culturais, e o
termo “capital social”, que representa o conjunto de recursos reais ou potenciais,
remete às potencialidades no desenvolvimento regional ou territorial, pela
identificação destes recursos.
Segundo Pecqueur (2005, p. 1):
O desafio das estratégias de desenvolvimento dos territórios é essencialmente identificar e valorizar o potencial de um território. Trata-se de transformar recursos em ativos, através de um processo de mobilização e arranjos dos atores, frequentemente em torno de um problema inédito. A própria formulação do problema e a procura da sua solução são marcadas por ensaios e iterações sucessivas, entre erros e sucessos. Permitem fazer emergir e mobilizar novas capacidades, de fato, revelar ‘recursos escondidos’. Estes processos concretizam-se por ‘clusters’ (agrupamentos geográficos de entidades interconectadas) onde a multiplicidade das instâncias e dos atores traduz uma ‘policentralidade’ das formas de regulação
Esta especificidade é descrita por Dallabrida (2012, p. 206):
53
Os recursos específicos merecem maior atenção. Eles possibilitam a construção de uma argumentação que destaca a importância dos produtos com identidade territorial, para o desenvolvimento. É o caso de produtos ou serviços que apresentem especificidade e identidade territorial, os quais podem ser alvo de novas Indicações Geográficas.
Nesse sentido, um território, ao identificar os seus recursos, os quais
somados ao estoque de cultura, história e capital social podem vir a se tornar ativos
e serem passiveis da identificação de produtos ou serviços. Este reconhecimento
possibilita o seu registro com uma Indicação Geográfica e assim contribuírem para a
agregação de renda ao produto ou serviço oriundo desta região.
2.4 A IMPORTÂNCIA DO AGRONEGÓCIO NO PIB BRASILEIRO
O Brasil, com suas dimensões continentais e com grande produção agrícola,
tem essa como um importante componente do seu Produto Interno Bruto (PIB). Os
produtos com Indicação Geográfica, que tem origem em produtos agrícolas, podem
certamente contribuir para uma maior participação do agronegócio no PIB Brasileiro.
Nos dados apresentados nas tabelas a seguir, verifica-se que a agricultura tem uma
participação maior no PIB em relação à pecuária. Ambas compõe o chamado
agronegócio, o qual representa os valores que tem como fato gerador os produtos
relacionados com a terra.
Nas tabelas a seguir (1 e 2), são apresentados os valores relativos em termos
da participação do agronegócio em relação ao PIB nacional, do período de 2002 a
2011.
Tabela 1 – Participação do Agronegócio no PIB Nacional de 2002 a 2006 em % (continua)
Agronegócio 2002 2003 2004 2005 2006
Total (A+B+C+D) 25,11 26,45 25,66 23,71 22,91
A) Insumos 2,69 2,99 2,87 2,50 2,34
B) Agropecuária 6,31 6,98 6,55 5,73 5,39
C) Indústria 7,88 8,02 7,97 7,73 7,65
D) Distribuição 8,23 8,46 8,28 7,76 7,54
Agricultura Total (A+B+C+D) 17,62 18,75 18,25 16,67 16,46
A) Insumos 1,67 1,90 1,82 1,50 1,42
B) Agricultura 3,63 4,16 3,87 3,17 3,04
C) Indústria 6,64 6,80 6,78 6,60 6,61
D) Distribuição 5,68 5,89 5,79 5,40 5,38
Pecuária Total (A+B+C+D) 7,49 7,69 7,40 7,04 6,45
A) Insumos 1,02 1,09 1,05 1,00 0,91
54
(conclusão)
Agronegócio 2002 2003 2004 2005 2006
B) Pecuária 2,68 2,82 2,68 2,56 2,35
C) Indústria 1,24 1,22 1,19 1,13 1,03
D) Distribuição 2,55 2,57 2,49 2,36 2,16
Fonte: Cepea-USP/CNA (2011)
No período de 2002 a 2006, a média da participação do PIB do agronegócio
teve uma média de 24,77% (vinte e quatro vírgula setenta e sete por cento), sendo
que a agricultura representa 17,55% do PIB total e a pecuária 7,22%. Portanto,
constata-se que a participação da agricultura no PIB do agronegócio é de 71% e da
pecuária 29%.
No período de 2007 a 2011, a média da participação do PIB do agronegócio
teve uma média de 22,61% (vinte e dois vírgula sessenta e um por cento) uma
redução de 9% (nove por cento) em relação ao período de 2002 a 2006. Assim,
observa-se ainda que a média da participação da Agricultura é de 70% (setenta por
cento) do total do PIB do agronegócio e da pecuária de 30% (trinta por cento), não
havendo mudanças nesta relação à série histórica apresentada nas tabelas 1 e 2.
Tabela 2 – Participação do Agronegócio no PIB Nacional de 2007 a 2011 em %
Agronegócio 2007 2008 2009 2010 2011
Total (A+B+C+D) 23,30 23,55 22,25 21,80 22,15
A) Insumos 2,49 2,78 2,49 2,41 2,62
B) Agropecuária 5,70 6,22 5,80 5,92 6,38
C) Indústria 7,52 7,19 6,92 6,64 6,32
D) Distribuição 7,59 7,36 7,05 6,83 6,84
Agricultura Total (A+B+C+D) 16,57 16,54 15,70 15,30 15,42
A) Insumos 1,53 1,77 1,53 1,47 1,58
B) Agricultura 3,22 3,58 3,29 3,38 3,67
C) Indústria 6,47 6,14 5,98 5,73 5,45
D) Distribuição 5,35 5,05 4,90 4,73 4,72
Pecuária Total (A+B+C+D) 6,74 7,01 6,55 6,50 6,73
A) Insumos 0,96 1,02 0,96 0,95 1,03
B) Pecuária 2,48 2,64 2,51 2,54 2,71
C) Indústria 1,05 1,05 0,94 0,91 0,87
D) Distribuição 2,24 2,31 2,14 2,10 2,12
Fonte: Cepea-USP/CNA (2011)
A maior participação foi no ano de 2003 com 26,45% (vinte e seis vírgula
quarenta e cinco por cento). Evidenciando desta forma a importância da agricultura
no PIB nacional e não apenas no aspecto econômico medido pelo PIB, mas como
55
fonte de geração de emprego e renda no campo, que se dá não apenas no aspecto
do extrativismo, mas também no aspecto de culturas renováveis.
Nesta análise, por ser a relação percentual, o efeito da inflação não interfere
na análise quando ao impacto da agricultura e pecuária em relação aos demais
produtos e serviços que compõe o PIB total. A relação em agronegócio e o montante
global do PIB nacional nos últimos 10 anos esteve acima dos 20% (vinte por cento).
2.5 INSTRUMENTOS PARA ANÁLISE ECONÔMICA/CONTÁBIL/FINANCEIRA DOS
PRODUTOS COM IG
Com objetivo de obter resultado econômico com os produtos que obtiveram o
selo de Indicação de Procedência ou Denominação de Origem é necessário,
primeiramente, estabelecer os mecanismos de controle destes resultados, para
então compará-los com demais produtos de mesma natureza. Importante para esta
análise é a utilização de informações contábeis/financeiras, das quais é necessário
citar:
2.5.1 Orçamento Base Zero (OBZ)
O orçamento base zero constitui um importante relatório para estabelecer os
custos de produção, bem como para que possa fazer o planejamento das ações e o
comparativo entre os valores orçados e os valores realizados. Para sua elaboração
é necessário o levantamento de todos os custos e despesas que envolvem o
produto, deste a matéria prima, mão de obra até os custos de transporte e
embalagem. A administração de uma entidade tem como meta a obtenção de
resultados, os quais dependem de controle dos recursos financeiros disponíveis e a
sua correta alocação. Gitman (2001, p. 16) destaca que:
O objetivo da administração financeira está ligado ao objetivo da empresa: maximização de seu lucro e de seus acionistas. Sua função é criar mecanismos de análise e controle, para orientar e influenciar nas tomadas de decisão que resultem em maior retorno financeiro para a empresa.
Dentre as diferenças encontradas entre o orçamento base zero (OBZ) e o
orçamento baseado na simples atualização de valores históricos de uma empresa,
56
vale lembrar que no OBZ não são utilizados dados históricos, e sim realizado o
levantamento de todos os custos e despesas para a produção de determinado
produto.
Padoveze (2000, p. 384) entende que “a filosofia do orçamento base zero
está em romper com o passado, ou seja, nunca deixar o orçamento partir da
observação dos dados do passado, pois estes podem conter ineficiências que
poderiam ser perpetuadas”.
Atkinson et al. (2000, p. 495), afirma que “o OBZ surgiu, em parte, para
combater os orçamentos incrementais indiscriminados, já que essa abordagem pode
requerer muito pouco raciocínio e pode resultar em má alocação de recursos”. O
mesmo autor (2000, p. 495) acrescenta que: “o orçamento base zero permite que os
planejadores aloquem os recursos escassos da empresa para as propostas de
gastos que, segundo eles, atingirão melhor as metas da empresa”.
Em relação à Indicação Geográfica de produtos, é de suma importância a
elaboração do OBZ, para que seja possível estabelecer os custos de produção, bem
como propiciar a evidenciação da contribuição econômica do produto e sua
capacidade de geração de riquezas. Considerando que para ser viável um pedido de
Indicação Geográfica, e poder motivar a produção, mesmo tratando de um produto
específico e fundamental, que este seja viável, e o OBZ é um importante instrumento
de sua comprovação.
2.5.2 Mark-Up e o Preço de Venda
O Mark-up ou taxa de fixação do preço venda é outra ferramenta gerencial
importantíssima na atividade empresarial, principalmente no caso do objeto de
estudo desta dissertação sobre as Indicações Geográficas. É através dele, que após
apurado os custos de produção e despesas administrativas, financeiras e de vendas,
é possível estabelecer o preço de venda dos produtos, levando-se em conta a
expectativa de lucro e retorno sobre o capital investido.
Com base no preço de venda calculado utilizando o método Mark-up, e
comprando este com o preço dos demais produtos no mercado, é possível não só a
comparação em relação ao preço final, mas a comparação com bases sólidas e de
forma a estabelecer uma margem de lucro, que fará remunerar o produtor por seu
trabalho.
57
2.5.3 Orçamento de Caixa
Com o orçamento de caixa será possível estabelecer os fluxos de entrada e
saída de recursos, bem como prever com certa antecedência a falta de caixa e
assim ser possível fazer um plano de solução destes problemas.
Na visão de Gitman (2000, p. 436) “O orçamento de caixa dá ao gerente
financeiro uma clara visão do momento exato das entradas e saídas de caixa
esperadas através de um dado período”.
Segundo Assaf Neto (2005, p. 502),
A elaboração de um modelo de projeção de caixa deve permitir, em última análise, que a empresa possa antecipar-se a eventuais necessidades futuras de recursos [...] como também melhor programar suas aplicações com os excedentes de caixa que vierem a ser projetados.
Produtos de origem agrícola normalmente possuem períodos com maior
saída de caixa, que se dá na época do plantio e da manutenção da cultura, e outros
períodos onde existe saída e entrada, que é no período da colheita. Equilibrar estes
ciclos é uma tarefa que requer controle por parte do produtor e no caso dos produtos
com Indicação Geográfica não existe diferença.
Segundo Assaf Neto (2005, p. 32), “a Administração Financeira é um campo
de estudo teórico e prático que objetiva, essencialmente, assegurar um melhor e
mais eficiente processo empresarial de captação e alocação de recursos de capital”.
Para Santos (2001, p. 56),
A Administração de Caixa numa empresa abrange as atividades de planejamento e controle das disponibilidades financeiras que é a parcela do ativo circulante, representada pelos depósitos nas contas correntes bancárias e aplicações financeiras de liquidez imediata.
Em relação à IG, requer uma maior atenção por parte do gestor da
associação ou cooperativa, pois os produtores que não possuem familiaridade com
estes controles. Estes podem no período da colheita, gastar mais do que é possível
e em alguns casos, motivados pela colheita, contrair dívidas, as quais irão afetar a
continuidade de sua atividade e em alguns casos até o abandono da atividade.
A decisão de investimento, considerada a mais importante de todas, segundo
Assaf Neto (2005, p. 34), “envolve todo o processo de identificação, avaliação e
58
seleção das alternativas de aplicações de recursos na expectativa de se auferirem
benefícios econômicos futuros”.
O mesmo autor afirma (2005, p. 34) que “as decisões de financiamento, por
outro lado, preocupam-se principalmente com a escolha das melhores ofertas de
recursos e a melhor proporção a ser mantida entre capital de terceiros e capital
próprio”.
A implantação de um projeto de IG requer investimentos e estes devem ser
realizados tomando por base um orçamento de caixa, em que devem ser
considerados além dos fluxos financeiros que advém das atividades, os fluxos de
financiamentos e de investimentos, evitando assim um comprometimento da saúde
financeira do associado ou cooperado no futuro.
No quadro abaixo é apresentado um modelo de orçamento de caixa com
projeção de fluxo futuro para dois anos, extraído de Assaf Neto (2005) e adaptado
para a realidade da empresa, sendo que o período deve ser de acordo com a origem
de recursos de financiamentos para que seja possível prever a amortização do
mesmo.
Quadro 5 – Fluxo de caixa projetado
Descrição Mês 1 Mês 2 [...] Ano 1 Mês 1 Mês 2 [...] Ano 2
A. Saldo Inicial de Caixa
B. Entradas Previstas de Caixa
Recebimento de vendas
Aumento de capital por financiamentos
Recebimento de realizável a curto prazo
C. Total das Entradas mais o Saldo Inicial (A + B)
D. Saídas Previstas de Caixa
Compras de insumos
Pagamento de despesas operacionais
Pagamento de despesas financeiras
E. Total das Saídas
F. Saldo Líquido de Caixa (C - E)
G. Saldo Acumulado de Caixa
Fonte: Assaf Neto (2005, adaptado).
59
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Procedimentos metodológicos representam a estrutura e os meios que serão
aplicadas às técnicas para que possa ser atingido o objetivo da pesquisa científica,
que é responder ao problema, o qual representa a mola propulsora de um projeto de
pesquisa. Neste estudo foi o de verificar: qual a contribuição econômica da
Indicação Geográfica de produtos para o desenvolvimento territorial?
Para responder aos objetivos específicos realizaram-se os procedimentos
metodológicos adiante descritos. Inicialmente foram realizados estudos bibliográficos
sobre o tema Indicação Geográfica e demais temas conexos. Além de livros,
também foram utilizados artigos científicos que versam sobre Indicação Geográfica e
desenvolvimento.
O segundo procedimento, foi aplicar um modelo de análise contábil/financeiro
nas duas experiências de Indicação Geográfica já implementadas, sendo estas o
Vinho de Pinto Bandeira e Uva Goethe de Urussanga, com vistas a avaliar possíveis
diferenciais em termos de agregação de valor ao(s) produto(s) envolvido(s).
O terceiro procedimento foi a pesquisa documental e entrevista estruturada
com os associados e responsáveis pelas associações, onde buscou-se informações
quanto a percepção deste em relação aos benefícios gerados pela IG, bem como de
que forma esta vem contribuindo para o desenvolvimento do território.
A primeira experiência visitada foi da Indicação Geográfica de Pinto Bandeira
no estado do Rio Grande do Sul, onde são produzidos vinhos tintos, vinhos brancos
e espumantes. A data de registro desta IG é de 13 de julho de 2010. A área
geográfica delimitada se situa na Região Nordeste do estado do Rio Grande do Sul,
entre a Serra Geral e o Planalto dos Campos Gerais. A área geográfica delimitada
totaliza 7.960,66 hectares (hec.), sendo que, destes, 7.418 hec., estão no município
de Bento Gonçalves e 543 hec., estão no município de Farroupilha.
A segunda Indicação Geográfica foi a dos Vales da Uva Goethe, no estado de
Santa Catarina, onde são produzidos vinho da uva Goethe. A data de registro desta
IG é de 14 de fevereiro de 2012. A área geográfica é a microrregião localizada entre
as encostas da serra geral e o litoral sul catarinense, nas bacias do rio Urussanga e
60
rio Tubarão, compreendendo os municípios de Urussanga, Pedras Grandes, Cocal
do Sul, Morro da Fumaça, Treze de Maio, Orleans, Nova Veneza e Içara.
Na observação e estudo das experiências, se buscou informações nas
associações que detêm o selo de IG quanto: ao custo de produção; as vendas; a
elaboração de orçamento base zero, Mark-up dos produtos; orçamento de caixa e a
demonstração do valor adicionado. Nestes casos procurou-se evidenciar qual o
resultado econômico da Indicação Geográfica para os produtos e os possíveis
impactos no desenvolvimento territorial.
Para que fosse possível avaliar o diferencial em termos econômicos, de
produtos com Indicação Geográfica, comparativamente aos demais e sua
contribuição no desenvolvimento territorial, foi realizada uma pesquisa de preços
com os associados. A finalidade foi identificar o preço de venda dos produtos com
selo de IG e os similares que não possuem o selo. Também foi levantado junto aos
produtores, qual era o preço de venda praticado antes da obtenção do selo de
Indicação Geográfica e após a certificação. Com a comparação buscou-se
evidenciar o valor agregado aos produtos e os benefícios gerados aos produtores da
região. Para a verificação dos benefícios foram realizadas entrevistas estruturadas
com os representantes da associação.
3.2 METODOLOGIA DA PESQUISA
A classificação da pesquisa em bases metodológicas quanto aos critérios,
métodos e tipologia, permite que esta seja refeita em busca de obter os mesmos
resultados por outros pesquisadores.
O método científico utilizado foi o hipotético-dedutivo, pois dentre as hipóteses
apresentadas para a pesquisa, o método buscou confirmar ou refutar, com base nas
pesquisas realizadas, a importância da Indicação Geográfica para o
desenvolvimento territorial.
Quanto aos critérios de abordagem, o trabalho classifica-se como quantitativo
porque transformou em números os dados coletados e de forma qualitativo, com
vistas a descrever a importância da Indicação Geográfica com vistas ao
desenvolvimento territorial.
61
A natureza da pesquisa é aplicada, porque objetivou, com base na aplicação
de métodos científicos, descrever a realidade existente nas duas IG que foram o
objeto do estudo de caso.
Quanto aos objetivos a pesquisa se caracteriza como exploratória, por
trabalhar no levantamento dos dados sobre a produção nos modelos de Indicação
Geográfica existentes, e verificando a sua importância do desenvolvimento territorial.
Os procedimentos adotados para a pesquisa foram bibliográficos e de estudo
de caso. A pesquisa bibliográfica caracterizou-se no levantamento de publicações
existentes e conceitos relacionados com o objeto da pesquisa. E classificou-se como
um estudo de caso, pois baseado em situações reais, foram realizados
levantamentos dos dados já existentes quanto aos produtos com Indicação
Geográfica.
De acordo com Yin (2010, p. 32):
O estudo de caso é preterido no exame dos eventos contemporâneos, mas quando os comportamentos relevantes não podem ser manipulados. O estudo de caso conta com muitas das mesmas técnicas que a pesquisa histórica, mas adiciona duas fontes de evidência geralmente não incluídas no repertório do historiador: observação direta dos eventos sendo estudados e entrevistas das pessoas envolvidas nos eventos.
Quanto à técnica para a obtenção dos dados, esta foi por meio de entrevista
estruturada com os associados e responsáveis pelas associações, cujos roteiros
constam do apêndice desta dissertação. E documental no levantamento dos dados
da produção, custos, etc. Foram realizadas visitas nas propriedades para a coleta de
informações sobre a área de cultivo, produção, forma de produção, bem como dados
da pessoa jurídica que obteve a declaração de IG.
A população para esta pesquisa é a partir dos registros de IGs, registradas
pelo INPI, num total de 30 registros de Indicação de Procedência. Desse número foi
extraída uma amostra, não probabilista, mas por tipicidade e intencional. A partir daí
foram classificadas duas experiências de Indicação de Procedência, ambas sobre a
produção de vinho: uma em Santa Catarina e outra no Rio Grande do Sul.
Quanto à análise dos dados, por se tratar de uma pesquisa quali-quantitativa,
foi utilizada a análise descritiva e a técnica da análise de conteúdo, pois busca obter
a descrição do conteúdo das mensagens, tendo como fonte os dados das
entrevistas estruturadas. Como afirma Moraes (1999, p. 2):
62
A matéria-prima da análise de conteúdo pode constituir-se de qualquer material oriundo de comunicação verbal ou não-verbal, como cartas, cartazes, jornais, revistas, informes, livros, relatos autobiográficos, discos, gravações, entrevistas, diários pessoais, filmes, fotografias, vídeos, etc. Contudo os dados advindos dessas diversificadas fontes chegam ao investigador em estado bruto, necessitando, então ser processados para, dessa maneira, facilitar o trabalho de compreensão, interpretação e inferência a que aspira a análise de conteúdo.
O capítulo a seguir apresenta os dados coletados e análises, que versam
sobre a Indicação Geográfica, objeto desta pesquisa.
63
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS DA INVESTIGAÇÃO
4.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DAS REGIÕES ESTUDADAS
A pesquisa de campo foi realizada em dois territórios, onde estão localizadas
as experiências de Indicação Geográfica, as quais foram objeto de estudo. Estes
territórios apresentam conformação socioeconômica distinta e para o levantamento
destes dados foram utilizadas informações obtidas nas Prefeituras Municipais, site
da Secretaria da Fazenda dos estados e dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
4.1.1 Território do Vale da Uva Goethe
A Indicação Geográfica da Uva Goethe está inserida na região sul do estado
de Santa Catarina. De acordo com os dados do INPI, o Vale da Uva Goethe, está
localizado entre as encostas da Serra Geral e o litoral sul catarinense nas Bacias do
Rio Urussanga e Rio Tubarão. Segundo dados da Progoethe, os limites nos vales
formados pelas sub-bacias dos rios América, Caeté, Cocal, Carvão e Maior, que são
afluentes do rio Urussanga e o vale principal desse mesmo rio. Acrescidas das sub-
bacias dos rios Lajeado, Molha, Armazém e Azambuja que fazem parte da bacia do
rio Tubarão. A IG compreende os municípios de: Urussanga, Pedras Grandes, Morro
da Fumaça, Cocal do Sul, Treze de Maio, Nova Veneza, Içara e Orleans. A
população destes municípios consta no quadro abaixo:
Quadro 6 – População, área territorial e densidade demográfica do Vale da Uva Goethe
Município População em 2010
Área da Unidade Territorial (km²)
Densidade Demográfica
(hab./km²)
PIB percapta Em mil (R$)
Urussanga 20.223 254,869 84,10 19,338
Pedras Grandes 4107 159,309 23,90 15,888
Morro da Fumaça 16.126 83,120 194,44 22,548
Cocal do Sul 15.159 71,127 212,88 23,031
Treze de Maio 6.876 161,671 42,69 12,598
Nova Veneza 13.309 295,036 45,34 27,708
Içara 58.833 293,553 200,02 16,91
Orleans 21.393 548,792 38,91 21,278
Fonte: IBGE Cidades (2013)
64
Em termos econômicos o Produto Interno Bruto (PIB) destes municípios, que
compõe a território do Vale da Uva Goethe, no ano de 2010, o município de Içara é o
que possui o maior PIB, porém este tem como maior participação o setor de
serviços. O menor PIB é do município de Pedra Grande, sendo que a agropecuária é
item que mais contribui na sua formação.
O quadro a seguir demonstra a participação em reais de cada segmento que
compõe o PIB de cada município no ano de 2010:
Quadro 7 – PIB dos municípios Vale da Uva Goethe (2010)
Ano Município Agropecuária Indústria Serviços Impostos Total
2010
Cocal do Sul 4.153 195.020 149.958 50.349 399.480
Içara 58.084 371.342 565.462 157.646 1.152.534
Morro da Fumaça 8.611 210.763 144.240 44.140 407.754
Nova Veneza 30.096 210.713 127.957 48.566 417.332
Orleans 43.385 204.312 207.506 48.198 503.401
Pedras Grandes 26.889 11.557 26.806 2.727 67.979
Treze de Maio 26.516 18.965 41.143 3.909 90.533
Urussanga 21.029 218.247 151.792 47.728 438.796
Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA (2013, adaptado)
O quadro a seguir demonstra a participação em percentuais de cada
segmento que compõe o PIB de cada município, no período de 2004 a 2010, com o
objetivo de evidenciar o comportamento dos municípios que compõe o território da
IG do Vale da Uva Goethe.
Tabela 3 – Participação percentual dos setores no PIB total, 2004 a 2010 dos municípios da IG do Vale da Uva Goethe
(continua)
Ano Município Agropecuária Indústria Serviço Impostos Total
2010 Cocal do Sul 1% 49% 38% 13% 100%
2009 Cocal do Sul 2% 52% 37% 9% 100%
2008 Cocal do Sul 2% 48% 38% 12% 100%
2007 Cocal do Sul 2% 48% 40% 10% 100%
2006 Cocal do Sul 1% 50% 40% 8% 100%
2005 Cocal do Sul 2% 49% 39% 10% 100%
2004 Cocal do Sul 2% 53% 36% 9% 100%
2010 Içara 5% 32% 49% 14% 100%
2009 Içara 10% 34% 44% 12% 100%
2008 Içara 8% 38% 41% 12% 100%
2007 Içara 5% 39% 43% 13% 100%
2006 Içara 7% 34% 45% 13% 100%
2005 Içara 9% 34% 44% 13% 100%
2004 Içara 10% 35% 42% 14% 100%
2010 Morro da Fumaça 2% 52% 35% 11% 100%
2009 Morro da Fumaça 3% 53% 34% 10% 100%
2008 Morro da Fumaça 3% 53% 34% 9% 100%
2007 Morro da Fumaça 2% 51% 38% 10% 100%
65
(conclusão)
Ano Município Agropecuária Indústria Serviço Impostos Total
2006 Morro da Fumaça 2% 53% 36% 8% 100%
2005 Morro da Fumaça 3% 51% 36% 9% 100%
2004 Morro da Fumaça 3% 53% 34% 10% 100%
2010 Nova Veneza 7% 50% 31% 12% 100%
2009 Nova Veneza 9% 44% 35% 12% 100%
2008 Nova Veneza 8% 47% 33% 12% 100%
2007 Nova Veneza 7% 47% 34% 12% 100%
2006 Nova Veneza 7% 48% 34% 11% 100%
2005 Nova Veneza 8% 47% 33% 12% 100%
2004 Nova Veneza 11% 50% 28% 10% 100%
2010 Orleans 9% 41% 41% 10% 100%
2009 Orleans 15% 35% 40% 10% 100%
2008 Orleans 14% 36% 40% 9% 100%
2007 Orleans 14% 37% 39% 9% 100%
2006 Orleans 13% 36% 41% 10% 100%
2005 Orleans 19% 32% 40% 10% 100%
2004 Orleans 20% 33% 39% 8% 100%
2010 Pedras Grandes 40% 17% 39% 4% 100%
2009 Pedras Grandes 48% 12% 37% 3% 100%
2008 Pedras Grandes 53% 12% 32% 3% 100%
2007 Pedras Grandes 47% 13% 37% 4% 100%
2006 Pedras Grandes 52% 9% 35% 4% 100%
2005 Pedras Grandes 54% 8% 34% 4% 100%
2004 Pedras Grandes 55% 9% 33% 4% 100%
2010 Treze de Maio 29% 21% 45% 4% 100%
2009 Treze de Maio 34% 19% 43% 4% 100%
2008 Treze de Maio 35% 17% 43% 5% 100%
2007 Treze de Maio 33% 19% 44% 4% 100%
2006 Treze de Maio 32% 20% 43% 5% 100%
2005 Treze de Maio 38% 19% 39% 5% 100%
2004 Treze de Maio 36% 23% 34% 7% 100%
2010 Urussanga 5% 50% 35% 11% 100%
2009 Urussanga 6% 46% 37% 11% 100%
2008 Urussanga 6% 47% 36% 11% 100%
2007 Urussanga 4% 48% 36% 12% 100%
2006 Urussanga 5% 45% 40% 10% 100%
2005 Urussanga 8% 43% 38% 10% 100%
2004 Urussanga 8% 45% 37% 10% 100%
Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA (2013, adaptado)
Com base nos dados da tabela acima, no município de Treze de Maio ocorreu
uma mudança perceptível, pois em 2004 a agropecuária representava 36% do PIB e
os serviços 34%, e em 2010 a agricultura recuou para 29% e os serviços passam a
ser o principal componente do PIB com 45%.
No município de Pedras Grandes, no ano de 2004, 55% do PIB era da
agropecuária, 9% da Indústria e 33% dos serviços, sendo que em 2010, passaram a
serem respectivamente, 40%, 17% e 39%, onde então houve uma redução da
66
agropecuária com incremento na indústria e serviços decorrentes da redução da
agropecuária na participação do PIB.
O município de Orleans, apesar de não haver uma mudança na composição
do PIB, houve uma redução da agropecuária, em 2004 20% do PIB advinha da
agropecuária e 33% e 39% da indústria e serviços respectivamente. No ano de
2010, os percentuais passam a ser respectivamente: 9%, 41% e 41%.
Dos demais municípios que compõe o território estudado, no período de 2004
a 2011, nenhum demonstrou de forma clara uma mudança no seu perfil econômico
de participação no PIB,
Comparando a participação da agropecuária da IG do Vale da Uva Goethe
com a média nacional, conforme consta da tabela (4), constata-se que os municípios
de Pedras Grandes e Treze de Maio possuem índices superiores aos do PIB
Nacional, evidenciando, desta forma, que a Agricultura tem pouca representatividade
em relação ao total do PIB, tomando como referência a participação desta, no
contexto nacional. Abaixo a variação no período de 2004 a 2010 e comparativo por
município em relação com o índice nacional:
Tabela 4 – Participação percentual da agricultura no PIB dos municípios do Vale da Uva Goethe em comparação com o percentual do PIB Nacional
Período 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
PIB Nacional 25,66% 23,71% 22,91% 23,30% 23,55% 22,25% 21,80%
Cocal do Sul 2,2% 2,1% 1,5% 1,5% 1,8% 1,7% 1,0%
Içara 9,7% 9,0% 7,4% 4,8% 8,0% 9,6% 5,0%
Morro da Fumaça 3,4% 3,3% 2,5% 2,1% 2,9% 2,8% 2,1%
Nova Veneza 11,2% 8,2% 6,8% 7,1% 8,4% 9,2% 7,2%
Orleans 20,1% 18,6% 12,6% 14,0% 14,3% 15,2% 8,6%
Pedras Grandes 54,6% 54,4% 52,4% 46,8% 53,3% 48,4% 39,6%
Treze de Maio 35,8% 37,8% 32,1% 33,1% 35,3% 33,6% 29,3%
Urussanga 7,7% 7,9% 4,9% 4,4% 6,0% 6,0 % 4,8%
Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA (2013, adaptado)
4.1.1.1 A Uva Goethe de Urussanga
A fundação da Associação dos Produtores da Uva e do Vinho Goethe da
Região de Urussanga (PROGOETHE), segundo seu estatuto, ocorreu em 05 de
setembro de 2007, abrangendo os municípios de Urussanga, Pedras Grandes,
Morro da Fumaça, Cocal do Sul, Treze de Maio, Nova Veneza, Içara e Orleans,
municípios localizados no Sul de Santa Catarina, região esta de tradição na
67
produção de vinhos e a produção destes a partir da uva Goethe, possibilitou uma
transformação na região.
A figura a seguir ilustra o território de abrangência da IG, em que é possível
verificar que a IG não corresponde à divisão política do estado e sim o território de
abrangência da IG.
Mapa 1 – Municípios pertencentes à área delimitada dos Vales da Uva Goethe
Fonte: Silva et al. (2011 apud VIEIRA, WATABABE; BRUCH, 2012, p. 336, adaptado)
A PROGOETHE, com sede no município de Urussanga, conta com a
assessoria técnica do SEBRAE/SC, da EPAGRI, Governo do Estado, Prefeitura
Municipal de Urussanga e da Universidade Federal de Santa Catarina para
realização das pesquisas na busca da Indicação de Procedência dos vinhos Goethe.
Tendo como seu objetivo promover a união dos produtores da uva e do vinho
Goethe, estabelecendo a imagem de um produto nobre e conhecido nacional e
internacionalmente.
No site da Progoethe (2013) encontram-se informações sobre a história da
Uva Goethe:
68
A respeito da variedade Goethe, descreve sua origem a partir do verão de 1851, em Salem, Massachusetts, Estados Unidos da América (EUA), quando Edward Staniford Rogers, um horticulturista amador, realizou o seu primeiro trabalho de hibridação em viticultura. O objetivo era unir a rusticidade das videiras americanas com o sabor rico e delicado das européias. Na hibridação de Muscat Hamburg (Black Hamburg) e Carter, obteve 45 seedlings que passaram a ser conhecidos como os ‘híbridos do Rogers’. Ele numerou cada um destes seedlings e o número 1 ele nomeou de ‘Goethe’ em homenagem ao proeminente pensador alemão. Assim, nasceu à variedade Goethe que apresenta 87,5% de genes de variedades de Vitis vinífera e apenas 12,5% de genes de videiras americanas em seu genoma, sendo uma variedade com características olfativa e gustativa de moscato.
Segundo Rebollar et al. (2007)
[...] A história da Goethe na região começa com o regente do consulado italiano, Giuseppe Caruso Mac Donald, que chegou ao município de Urussanga no final do século XIX. Sua atribuição era de observar a evolução das colônias de imigrantes italianos em Santa Catarina, prestando auxílio a sua população e enviando relatórios à Itália. Nascido na Itália, advogado e jornalista, Caruso Mac Donald tinha uma forte relação com a vitivinicultura. Ele mantinha contato com Benedito Marengo, um imigrante italiano em São Paulo, que foi responsável pela introdução de diversas variedades de uva no Brasil. A Goethe estava entre essas variedades e foi aportada por Caruso Mac Donald à região de Urussanga e distribuída aos imigrantes. Essa variedade, com o decorrer dos tempos, mostrou possuir uma boa adaptação à região e também características típicas que diferenciam o seu vinho das demais variedades e, também, de outras regiões de cultivo.
Conforme o site Progoethe (2013)
[...] Exceto a região de Urussanga e Pedras Grandes em Santa Catarina são raros os locais onde se produz uva da variedade Goethe de forma econômica, e destacando-se ali como patrimônio cultural, onde sua produção de vinho branco faz parte da história e tradição locais. Além disso, surgiu na região uma mutação da variedade. Esse clone, com algumas características distintas da Goethe original (clássica), também conhecida na região por ‘Goethe Primo’, possibilitou a elaboração de vinhos brancos típicos da região.
Dentre as características do vinho da Uva Goethe, bem como os fatores que
contribuíram para que fosse possível receber o selo de Indicação Geográfica,
destaca-se, além das particularidades técnicas do produto, o aspecto cultural, ligado
à imigração italiana no século XIX, que consolidaram junto ao INPI, a identidade dos
"Vales da Uva Goethe", como um território único voltado à produção dos seus vinhos
Goethe. Esta foi a primeira Indicação Geográfica do estado de Santa Catarina, que é
o único território a produzir esta variedade de uva em escala comercial no mundo.
69
A uva Goethe não é considerada uma uva fina ou uva vinífera. Classifica-se
com uma uva americana ou como é mais comum para o consumidor, uma uva de
mesa. São uvas menos sofisticadas e desta forma o seu preço de venda do vinho
produzido com estas uvas tem preço inferior aos vinhos finos, porém possui um
público consumidor maior. Os vinhos de mesa, segundo Celso Panceri, presidente
do Sindivinho (2013, p. 56) “São produtos que alcançam uma parcela bem maior da
população e oferecem uma boa relação custo-benefício para este público. Além do
mais, têm o mérito de contribuir para popularizar o consumo de vinho no País”.
Segundo a revista Indústria & Competitividade da FIESC, edição de maio de
2013, em Santa Catarina são cultivadas 500 hectares de uvas finas, dentre as quais
se destacam: Cabernet Sauvignon, Merlot, Chandonnay e Sauvignon Blanc. As uvas
americanas são cultivadas em uma área de 4.300 hectares, com destaque para
Bordô, Niágara, Isabel e Goethe.
Atualmente os associados da Progoethe são: Vinícola De Noni, Apoio Técnico
EPAGRI, Produtor de Uva Rodolfo Della Bruna, Produtor de Uva Denner
Quarezemin, Produtor de Uva Deivson Baldin, Vinho Artesanal Raul Savio, Vinho
Artesanal Rafael Sorato, Vinho Artesanal Marcio Scremin, Vinho Artesanal
Cancelier, Vinhos Quarezemin, Vinhos Trevisol, Vinícola Irmãos Felipe, Vigna Mazon
– Vinícola Mazon, Vitivinícola Urussanga.
4.1.2 Território do Vinho de Pinto Bandeira
A Indicação Geográfica do Vinho de Pinto Bandeira, está inserida na região
sul, tendo a área Geográfica delimitada de 81,38 km², 91% da região está localizada
em Bento Gonçalves e 9% em Farroupilha, no estado do Rio Grande do Sul. As
coordenadas geográficas da localização da IG são: Latitude: 29° 01’ a 29° 11’ S,
Longitude: 51° 24’ a 51° 31’ WGr, Altitude média de 612m (entre 500 e 770m).
Pinto Bandeira passou a situação de município em 2013, e até então era um
distrito de Bento Gonçalves.
A figura a seguir ilustra a delimitação territorial da IG de Pinto Bandeira.
70
Figura 1 – Limites da região delimitada da IG Pinto Bandeira
Fonte: Site da Asprovinho (2013, adaptado)
No quadro abaixo são apresentados, segundo dados do Instituto Brasileiro de
Estatísticas, a população destes municípios:
Quadro 8 – População, área territorial e densidade demográfica do Vinho de Pinto Bandeira
Município População em 2010
Área da Unidade Territorial (km²)
Densidade Demográfica
(hab./km²)
PIB percapta em Mil (R$)
Bento Gonçalves 107.278 381.958 280,86 29,36
Farroupilha 63.635 360.390 176,57 26,20
Fonte: IBGE Cidades (2013, adaptado)
Em termos econômicos, o Produto Interno Bruto destes municípios que
compõe o território do Vinho de Pinto Bandeira, no período de 2004 a 2010, a
agropecuária representa um dos menores componentes do PIB destes municípios,
que por serem munícipios maiores e mais urbanizados o setor de serviço se
sobressai PIB deste está distribuído por segmento na tabela abaixo:
Tabela 5 – Participação percentual dos setores no PIB total, 2004 a 2010 dos municípios da IG de Pinto Bandeira
(Continua)
Ano Município Agropecuária Indústria Serviços Impostos Total
2010 Bento Gonçalves 2,0% 33,2% 49,8% 14,9% 100%
2009 Bento Gonçalves 2,4% 33,2% 49,6% 14,8% 100%
71
(Conclusão)
Ano Município Agropecuária Indústria Serviços Impostos Total
2008 Bento Gonçalves 2,2% 29,7% 52,4% 15,7% 100%
2007 Bento Gonçalves 2,3% 32,6% 50,9% 14,2% 100%
2006 Bento Gonçalves 2,6% 33,3% 49,6% 14,4% 100%
2005 Bento Gonçalves 2,9% 34,3% 48,3% 14,6% 100%
2004 Bento Gonçalves 3,5% 36,9% 43,6% 15,9% 100%
2010 Farroupilha 3,9% 30,8% 48,0% 17,3% 100%
2009 Farroupilha 4,3% 30,4% 48,3% 17,0% 100%
2008 Farroupilha 4,2% 29,4% 48,0% 18,3% 100%
2007 Farroupilha 5,1% 30,8% 47,3% 16,9% 100%
2006 Farroupilha 6,4% 30,9% 44,8% 17,9% 100%
2005 Farroupilha 5,1% 32,0% 43,5% 19,4% 100%
2004 Farroupilha 5,9% 34,0% 40,2% 19,9% 100%
Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA (2013, adaptado)
A participação da agricultura no Produto Interno Bruto dos municípios que
compõe o território do Vinho de Pinto Bandeira, no período de 2004 a 2010, é pouco
expressiva variando entre 2% ao máximo de 3,5%, em uma relação decrescente no
município de Bento Gonçalves. Já agropecuária, na composição do PIB dos
municípios, variou no período analisado entre 3,9% e 6,4%, também tendo uma
oscilação decrescente com o passar dos anos.
Como já abortado anteriormente, o Brasil, sendo um país de dimensões
continentais, tem em média ¼ de seu PIB originário da Agropecuária, porém, este
não é a realidade da região da IG de Pinto Bandeira. A tabela abaixo compara o PIB
nacional da Agropecuária do período de 2004 a 2010 com dos municípios de Bento
Gonçalves e Farroupilha no mesmo período.
A participação dos municípios que compõe o território da IG de Pinto Bandeira
é pouco representativa e mantém a mesma tendência do indicador nacional, não
podendo ser percebido grandes variações que possam indicar uma mudança de
comportamento da agropecuária, salvo no ano de 2006 no município de Farroupilha.
Tabela 6 – Participação percentual da agricultura no PIB dos municípios da IG de Pinto Bandeira em comparação com o percentual do PIB Nacional
Período 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
PIB Nacional 25,66 23,71 22,91 23,30 23,55 22,25 21,80
Bento Gonçalves 3,5 2,9 2,6 2,3 2,2 2,4 2,0
Farroupilha 5,9 5,1 6,4 5,1 4,2 4,3 3,9 Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA (2013, adaptado)
72
No início de 2013, o Distrito de Pinto Bandeira emancipou-se de Bento
Gonçalves, após várias disputas judiciais. O município de Pinto Bandeira possui as
vinícolas que fazem parte da IG, além dos produtores de uva e pêssego. Não foi
possível levantar qual a participação da agricultura no seu PIB, por ser o primeiro
ano na condição de município. No entanto, pelas visitas realizadas, percebeu-se a
sua vocação para a agricultura e o turismo.
4.1.2.1 Vinho de Pinto Bandeira
Em 1876, houve a chegada dos imigrantes italianos a Pinto Bandeira. Estes
tinham como atividade a agricultura e iniciaram o plantio de produtos para a sua
subsistência, sendo estes, milho, trigo, batata, frutas e hortaliças. Com forte
influência de sua cultura, que era o consumo de vinho, a cultura que mereceu maior
destaque foi a da videira. De acordo com a ASPROVINHO, em 1880, eram
produzidos de forma artesanal nos porões das casas, vinhos para consumo da
família.
A organização dos produtores, em forma de uma cooperativa, se deu na
década de 1930, quando houve a instalação de uma filial da Companhia Vinícola
Riograndense, tendo como uma das principais contribuições à disseminação de
variedades de uvas para vinhos finos.
Na década de 50, uma importante vinícola escolheu o alto do extenso
patamar de Pinto Bandeira, para a instalação de um campo experimental de uvas
viníferas.
Segundo Asprovinho (2013).
Nas décadas seguintes foram instaladas mais vinícolas, que hoje formam a Associação dos Produtores de Vinho de Pinto Bandeira – Asprovinho: em 1965 a Cooperativa Vitivinícola Pompéia; em 1976 a Vinícola Geisse; em 1978 o Centro Tecnológico da Cooperativa Aurora (fundada em 1931); em 1984 a Vinícola Don Giovanni; em 1997 a Vinícola Valmarino e, em 2008 a Vinícola Terraças.
A Associação dos Produtores de Vinhos de Pinto Bandeira (Asprovinho) foi
criada em 29 de junho de 2001, segundo seus estatutos com o objetivo de proteger
a natureza, a cultura local, os produtores de vinho e, sobretudo, preservar a
73
qualidade e afirmar a identidade dos vinhos e espumantes produzidos no local.
Segundo os estatutos os objetivos da Asprovinho (2013) são:
- Contribuir para o desenvolvimento e incentivo da pesquisa vitivinícola. - Implementar ações que organizem e preservem o espaço físico da região
de Pinto Bandeira, realizando estudos e agindo junto às autoridades competentes para a elaboração de leis que atendam aos objetivos da Associação.
- Explorar e divulgar o potencial turístico da região. - Preservar, defender e fazer jus à conquista da Indicação Geográfica dos
Vinhos da Região de Pinto Bandeira. - Estabelecer normas para o uso da identificação ‘Vinhos de Pinto Bandeira’
aos vinhos de viníferas produzidos pelos associados. - Prestar apoio à industrialização e à comercialização de vinhos e bebidas
em geral. - Atuar com o intuito de agregar valor e criar marcas coletivas aos produtos
de seus associados.
Os vinhos produzidos no território que detém o selo de IP, denominado como
“Vinhos Pinto Bandeira”, segundo os dados disponíveis do site da Asprovinho (2013)
possuem as seguintes características:
O espumante fino tem cor palha claro, aroma fino, cítrico, com toque de tostado. O paladar é equilibrado, nítido, de acidez refrescante; boa complexidade de sabor e média persistência. O espumante moscatel tem coloração palha esverdeada e espuma esbranquiçada; o aroma é fino, com notas de ervas-de-quintal, mamão, pêssego, mel, flores brancas, abacaxi e frutas cítricas. Tem sabor doce e acidez refrescante, de paladar cremoso, delicado e persistente. Os vinhos finos brancos têm coloração do amarelo esverdeado ao amarelo-palha, aroma fino, nítido, com predominância de notas cítricas. O sabor é refrescante, delicado e de média intensidade. O Chardonnay destaca-se pelo frutado, notas de manteiga e tostado. O Riesling Itálico tem aroma delicado com notas de flores brancas. Os vinhos finos tintos apresentam cor brilhante, viva, rubi, com tons violáceos. Predominam os aromas de frutas vermelhas escuras e um leve toque de vegetal. O corpo é mediano, com taninos leves e acidez equilibrada. Quando submetidos ao carvalho adquirem notas de coco e especiarias, como a baunilha e o cravo-da-índia. O teor alcoólico é moderado e são adequados ao envelhecimento em garrafa. Perante estas informações, e informações técnicas de área geográfica, tipicidade de solo, clima e relevo, a Indicação de Procedência Pinto Bandeira traz o Regulamento de Uso da Indicação de Procedência (IP) Pinto Bandeira e as Normas de Controle que estão sob a tutela do Conselho Regulador da ASPROVINHO.
A Asprovinho apresenta, em termos de padrão de identidade e qualidade dos
produtos que recebem a certificação de Indicação de Procedência, segundo os
dados do site, as seguintes especificações:
74
Vinhos elaborados exclusivamente com as variedades autorizadas;
Origem da uva procedendo da Área Geográfica Delimitada;
Vinhedos com controle de produtividade;
Padrões diferenciais de maturação das uvas para vinificação;
Elaboração, engarrafamento e envelhecimento na Área Geográfica Delimitada;
Rigorosos padrões de qualidade química;
Padrões de qualidade sensorial dos vinhos 85 a 100%;
Normas de rotulagem.
O controle de qualidade é realizado pela Asprovinho e contempla desde o
cadastramento dos vinhedos, vinícolas, análise químicas, degustação e selo de
controle numerado.
O relevo da região é suavemente ondulado, sendo um terço da área
delimitada com relevo forte ondulado a montanhoso escarpado; exposição norte
predominante. O Solo com predominância de Argissolo Bruno Acinzentado,
derivados de rochas ácidas.
O clima é temperado quente; de noites temperadas; úmido (Sistema CCM
Geovitícola). A geologia apresenta-se com rochas vulcânicas do período Juro-
Cretáceo com 131 milhões de anos, formação Serra Geral - Fácies Caxias.
4.1.3 A Produção de Uva nas Duas IG
Tomando por base os dados do IBGE Cidades do período de 2004 a 2011
sobre a produção de uva nas áreas de abrangência das duas IG, que são objeto
deste estudo, verificou-se uma maior rentabilidade média por hectare em Bento
Gonçalves, o quadro a seguir compara a produção dos dois municípios que compõe
a IG de Pinto Bandeira.
Quadro 9 – Produção de uva IG Pinto Bandeira de 2004 a 2011 em kg/hec.
Município 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004
Bento Gonçalves 20.949 17.000 17.000 21.000 21.000 15.000 21.000 25.100
Farroupilha 18.206 12.600 18.000 18.000 17.000 17.000 11.900 16.600
Fonte: IBGE Cidades (2013, adaptado)
Dentre os municípios que compõe a IG dos vales da Uva Goethe, os
municípios de Pedras Grandes e Treze de Maio estão muito próximos da produção
por hectare produzido em Bento Gonçalves e superando a produtividade de
Farroupinha.
75
Quadro 10 – Produção de uva IG do Vale da Uva Goethe de 2004 a 2011 em kg/hec.
Município 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 Pedras Grandes 20000 13000 13000 13000 13000 13000 13000 13000 Cocal do Sul 10000 12000 12000 15000 15000 10000 10000 10000 Treze de Maio 20000 10000 10000 10000 10000 10000 10000 10000 Orleans 11000 11000 12000 12000 11000 6000 11500 11500 Urussanga 14500 10000 8393 12000 11500 4592 12000 12000 Nova Veneza 10000 10000 10000 10000 10000 6000 12000 10000 Morro da Fumaça 9000 10000 10000 10000 10000 5000 10000 10000 Fonte: IBGE Cidades (2013, adaptado)
Em termos de produção de uva comparando as duas IG, verificou-se que esta
é maior em Pinto Bandeira, sendo que a rentabilidade segue o mesmo patamar.
Conforme pode ser observado no gráfico abaixo:
Gráfico 1 – Rentabilidade da produção de uva (Kg/hec)
Fonte: IBGE Cidades (2013, adaptado)
O Município de Içara aparece sem produção no gráfico, pois o IBGE atribui
zero aos valores dos municípios onde, por arredondamento, os totais não atingem a
unidade de medida de uma tonelada.
A área de cultivo das duas IG também apresenta diferenças bem expressivas,
sendo o território da IG de Pinto Bandeira (quadro 12), bem superior ao da Uva
Goethe (quadro 11). Na IG da Uva Goethe, o município de Pedras Grandes é o que
possui maior volume em hectares plantados com uva, sendo o dobro de Urussanga.
Os demais municípios que compõe a IG são pouco expressivos neste quesito. Em
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Bento Golçalves
Farroupilha
Orleans
Urussanga
Pedras Grandes
Morro da Fumaça
Cocal do Sul
Treze de Maio
Nova Veneza
Içara
76
relação à IG de Pinto Bandeira, Bento Gonçalves é o que apresenta a maior área
plantada.
Quadro 11 – Área plantada na IG do Vale da Uva Goethe (hec)
Ano Orleans Urussanga Pedras
Grandes
Morro da
Fumaça Cocal do
Sul Treze de
Maio Nova
Veneza Içara
2004 12 65 111 1 6 7 3 0
2005 12 65 111 4 9 7 3 0
2006 12 54 117 4 9 7 3 0
2007 12 54 117 4 9 7 3 0
2008 12 54 117 4 9 7 3 0
2009 14 61 122 6 13 7 3 0
2010 14 60 122 6 10 7 3 0
2011 14 60 122 4 10 7 3 0
Fonte: IBGE Cidades (2013, adaptado)
Quadro 12 – Área plantada na IG de Pinto Bandeira (hec.)
Ano Bento Gonçalves Farroupilha
2004 5.400 3.000
2005 5.800 3.200
2006 5.800 3.431
2007 5.800 3.581
2008 5.900 3.661
2009 5.900 3.701
2010 5.900 3.860
2011 6.160 3.880
Fonte: IBGE Cidades (2013, adaptado)
Fator importante na avaliação econômica de um determinado produto é o
preço praticado e posteriormente a sua confrontação com o custo de produção. Por
se tratar de produto agrícola e desta forma mais atrelado à máxima da economia, a
lei da oferta e da procura, estes preços tendem a variar, de forma independente dos
índices de inflação que são apresentados pelos institutos de pesquisa econômica.
Pode-se observar em relação à IG da Uva Goethe que teve uma elevação
após os anos de 2006, mantendo-se estáveis nos demais períodos analisados nesta
pesquisa, conforme quadro 13. Dentre os municípios que compõe a IG da Uva
Goethe, foi Nova Veneza o que possui a maior média entre os anos de 2004 a 2011,
com R$ 1,27 (um real e vinte e sete centavos) por quilograma de uva, e a menor
média foi em Pedras Grandes com R$ 0,93 (noventa e três centavos) por
quilograma.
77
Quadro 13 – Preço da uva IG Uva Goethe (R$/kg)
Ano Orleans Urussanga Pedras
Grandes Morro da Fumaça
Cocal do Sul
Treze de Maio
Nova Veneza Média
2004 0,70 0,60 0,90 1,00 1,00 0,90 1,00 0,87
2005 0,70 0,80 0,90 0,70 0,70 0,90 1,00 0,81
2006 1,19 1,50 1,00 1,30 1,30 1,06 1,28 1,23
2007 1,10 1,20 1,00 1,20 1,20 1,06 1,20 1,14
2008 1,10 1,10 1,00 1,40 1,30 1,20 1,50 1,23
2009 1,50 1,50 0,90 0,90 0,90 0,80 1,40 1,13
2010 1,10 1,10 0,85 1,50 1,00 0,80 1,40 1,11
2011 1,19 1,50 0,90 1,33 1,20 0,90 1,40 1,20
Média 1,07 1,16 0,93 1,17 1,08 0,95 1,27 1,09
Fonte: IBGE Cidades (2013, adaptado)
Sob o aspecto da contribuição do selo de IG da uva Goethe, no preço pago
ao produtor, não é possível fazer uma afirmação positiva, pois dentre a produção do
município apenas uma parte é da uva Goethe. Mas como será explanado quando da
análise das entrevistas, a IG traz benefícios não somente ao produto com IG. Não é
possível com base no quadro 13, verificar uma elevação do preço do quilograma da
Uva após a certificação de IG em 2007.
Em relação à IG de Pinto Bandeira esta situação foi inversa, os preços
recuaram após 2006, sendo que apenas em 2010 começaram a reagir, porém ainda
não está na média praticada em 2006, conforme quadro 14. Comparando os dois
municípios dentre o período de 2004 a 2011, o maior preço médio foi de Farroupilha,
sendo que em 2010 e 2011 o preço em Bento Gonçalves reagiu.
Quadro 14 – Preço da uva na IG de Pinto Bandeira (R$/kg.)
Ano Bento Gonçalves Farroupilha Média
2004 0,55 1,21 0,88
2005 0,60 1,29 0,94
2006 0,58 1,06 0,82
2007 0,47 0,75 0,61
2008 0,56 0,61 0,58
2009 0,46 0,45 0,46
2010 0,64 0,50 0,57
2011 0,89 0,61 0,75
Média 0,59 0,81 0,70
Fonte: IBGE Cidades (2013, adaptado)
O preço médio do quilograma da uva também varia muito entre as IGs, sendo
que o preço médio por quilograma, no território da Uva Goethe é superior ao de
Pinto Bandeira. Porém, no ano de 2005, esta foi inferior a média praticada na IG de
Pinto Bandeira. Alguns fatores podem explicar esta diferença, podendo estar
relacionada com o tipo de uva produzida em cada território ou o fator econômico da
78
lei da oferta e da procura. A diferença de preço não afeta a análise econômica das
duas IGs, uma vez que se está trabalhando com o conceito de Indicação Geográfica,
em que cada território possui outros fatores que não apenas o preço de venda, mas
sim a identidade territorial em relação aos produtos ou serviços. No gráfico a seguir
observa-se a evolução dos preços médios no período de 2004 a 2011, segundo os
dados do IBGE Cidades (2013).
Gráfico 2 – Preço médio da uva nas duas IG (R$)
Fonte: IBGE Cidades (2013, adaptado)
Segundo dados do IBGE Cidades, a produção de uva no estado de Santa
Catarina ocorre em 204 dos seus 293 municípios, o que representa que 7, em cada
10 municípios, ocorre a produção de uva. Considerando a média de produção no
período de 2004 a 2011, considerando a produção em toneladas por hectare
plantado, os municípios que pertencem a IG da Uva Goethe não estão entre os
maiores produtores, conforme o quadro de classificação abaixo:
Quadro 15 – Produção de uva em Santa Catarina (ton/hec)
Classif. Município 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 Média
1º São Pedro de Alcântara 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0
2º São Bonifácio 18,0 20,0 18,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 19,5
3º Apiúna 15,0 15,0 15,4 22,0 22,0 22,0 22,0 22,0 19,4
4º Ascurra 17,0 17,0 11,9 17,0 17,0 20,0 20,0 17,0 17,1
5º Tangará 20,0 20,0 25,0 16,0 14,5 11,2 14,0 14,0 16,8
6º Macieira 15,0 12,5 15,0 18,0 18,0 18,0 18,0 18,0 16,6
-
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Uva Goethe
Pinto Bandeira
79
Classif. Município 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 Média
7º Major Gercino 18,0 18,0 15,0 15,0 15,0 12,0 15,0 20,0 16,0
8º Caçador 20,0 20,0 20,0 15,0 14,0 13,6 11,2 14,0 16,0
9º Rio das Antas 18,0 20,0 20,0 15,0 15,0 11,9 11,9 14,0 15,7
10º Videira 17,0 20,0 20,0 15,0 15,0 12,6 13,0 13,0 15,7
11º Bocaina do Sul 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 20,0 0,0 0,0 15,0
12º Doutor Pedrinho 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0
13º Indaial 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0
14º Modelo 20,0 20,0 20,0 20,0 10,0 10,0 10,0 10,0 15,0
15º Xavantina 15,0 10,0 15,0 15,0 12,0 12,0 20,0 20,0 14,9
16º Passos Maia 12,0 10,0 16,0 20,0 20,0 20,0 9,0 9,0 14,5
17º Pinheiro Preto 18,0 18,0 13,0 16,0 15,0 11,2 11,7 13,0 14,5
18º Iomerê 15,0 15,0 15,0 15,0 14,0 14,0 12,6 14,0 14,3
19º Fraiburgo 12,0 20,0 12,0 15,0 15,0 12,6 12,6 14,0 14,2
20º Ibiam 18,0 13,0 13,0 15,0 15,0 10,0 14,0 14,0 14,0
23º Pedras Grandes 20,0 13,0 13,0 13,0 13,0 13,0 13,0 13,0 13,9
47º Cocal do Sul 10,0 12,0 12,0 15,0 15,0 10,0 10,0 10,0 11,8
57º Treze de Maio 20,0 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 11,3
63º Orleans 11,0 11,0 12,0 12,0 11,0 6,0 11,5 11,5 10,8
65º Urussanga 14,5 10,0 8,4 12,0 11,5 4,6 12,0 12,0 10,6
79º Nova Veneza 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 6,0 12,0 10,0 9,8
92º Morro da Fumaça 9,0 10,0 10,0 10,0 10,0 5,0 10,0 10,0 9,3
Fonte: IBGE Cidades (2013, adaptado)
No estado do Rio Grande do Sul, dentre os seus 496 municípios, segundo
dados do IBGE Cidades, em 464 existe produção representando 94% do total de
municípios. Pode-se verificar que em comparação com o estado catarinense, onde
existe produção de uva em 70% de seus municípios, o estado do Rio Grande do Sul,
tem um número maior de municípios que possuem esta cultura permanente dentre
as atividades agrícolas. Considerando a média de produção no período de 2004 a
2011, os municípios que pertencem a IG de Pinto Bandeira estão entre os 20
maiores produtores do estado. O município de Bento Gonçalves é o 5º e Farroupilha
o 17º, considerando a média de produção em toneladas por hectare plantado,
conforme quadro a seguir:
Quadro 16 – Produção de uva no Rio Grande do Sul (ton/hec)
Classif. Municípios 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 Média
1º Nova Roma do Sul 20,0 20,0 24,0 24,0 20,0 18,3 17,5 25,0 21,1
2º Nova Pádua 18,0 19,0 20,0 22,0 20,0 25,9 17,0 25,0 20,9
3º São Marcos 25,0 20,0 20,0 21,2 19,0 18,0 19,0 23,0 20,7
4º Flores da Cunha 21,2 20,0 20,0 20,0 19,5 19,5 19,5 20,6 20,0
80
Classif. Municípios 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 Média
5º Bento Gonçalves 20,9 17,0 17,0 21,0 21,0 15,0 21,0 25,1 19,8
6º Antônio Prado 28,0 19,0 18,0 20,0 16,0 18,0 15,0 22,0 19,5
7º Arroio do Padre 20,0 20,0 16,0 20,0 20,0 20,0 16,0 20,0 19,0
8º Imigrante 19,0 12,0 20,0 20,0 20,0 16,2 16,2 20,8 18,0
9º Ivoti 18,0 18,0 18,0 18,0 18,0 18,0 18,0 15,0 17,6
10º Campestre da Serra 20,0 18,0 13,0 20,0 16,0 16,0 13,0 20,0 17,0
11º Taquari 21,5 3,8 25,0 25,0 25,0 25,0 8,5 2,0 17,0
12º Garibaldi 20,2 16,2 16,2 18,0 18,0 12,6 16,0 18,0 16,9
13º Paraí 20,8 16,5 16,5 16,5 16,5 15,0 15,0 18,0 16,8
14º Monte Belo do Sul 17,0 15,8 15,8 17,5 16,0 15,0 16,0 18,0 16,4
15º Santa Tereza 17,0 16,0 16,0 16,0 16,0 13,5 18,0 18,0 16,3
16º Triunfo 23,0 17,5 25,0 25,0 25,0 5,0 5,0 5,0 16,3
17º Farroupilha 18,2 12,6 18,0 18,0 17,0 17,0 11,9 16,6 16,2
18º Fazenda Vilanova 12,0 12,2 12,2 12,0 20,0 20,0 20,0 20,0 16,0
19º Nova Prata 15,0 16,0 16,0 16,0 16,0 16,0 16,0 16,0 15,9
20º Caxias do Sul 16,0 14,0 18,0 18,0 16,0 14,0 11,5 18,5 15,8
Fonte: IBGE Cidades (2013, adaptado)
4.2 ANÁLISES DAS ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS ASSOCIADOS DAS
IGs DAS REGIÕES ESTUDADAS
Para esta etapa foram realizadas entrevistas com representantes das duas
associações (Asprovinho e Progoethe), bem como com os associados. A avaliação
fática das vantagens da constituição de uma IG deve levar em conta, além de todo
arcabouço teórico e de dados estatísticos dos institutos de pesquisa, a percepção
que os associados têm sobre a IG.
4.2.1 Constituição Jurídica dos Associados Pesquisados
Dentre os associados entrevistados, a maioria são pessoas jurídicas de direito
privado constituídos segundo o código civil, de sociedade empresária personificada
na forma de Sociedade Limitada, sendo apenas duas cooperativas.
4.2.2 Pessoas Envolvidas Diretamente em Cada IG
Com o objetivo de verificar a quantidade de pessoas envolvidas no processo
de IG em cada associado, foi perguntado para as que são cooperativas quantos
81
associados possuem em seu quadro social, e para as empresas quantos
proprietários, assim como número de empregados.
Quadro 17 – Número de associados, proprietários e empregados dos associados (Asprovinho e Progoethe)
Associado Associação Nº Associados
/Proprietários
Empregados
Cooperativa Vitivinícola Pompéia Asprovinho 250 10
Vinícola Geisse Asprovinho 03 22
Cooperativa Aurora Asprovinho 1100 400
Vinícola Don Giovanni Asprovinho 05 23
Vinícola Valmarino Asprovinho 03 08
Vinícola Terraças Asprovinho 02 03
Vitivinícola Urussanga – Vinhos Casa Del Nono Progoethe 02 08
Vinhos Quarezemin Progoethe 04 00
Vinhos Trevisol Progoethe 03 05
Vinícola Mazon Progoethe 06 04
Vinícola De Noni Progoethe 02 00
Stevan Arcari Progoethe - -
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Em relação ao número de proprietários, observou-se que a grande maioria
são empresas familiares e com um quadro de pessoal bastante reduzido. A vinícola
Dom Giovanni possui um quadro maior em função de manter uma pousada, anexa a
vinícola. No caso da cooperativa Pompéia, devido às dificuldades financeiras, possui
poucos associados, sendo que destes, tem ainda os que apenas estão no quadro
associativo sem participação nas atividades econômicas da cooperativa.
4.2.3 Quanto à Elaboração de Fluxo de Caixa Projetado
Com o objetivo de identificar se os associados utilizam a ferramenta de
gestão do fluxo de caixa, foi perguntado sobre a elaboração e período de projeção
futura.
Quadro 18 – Elaboração do fluxo de caixa associados (Asprovinho e Progoethe)
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia Sim, tendo em vista ao processo de reestruturação da cooperativa que ainda possui dívida com os associados de 10% da safra de 2012 a projeção de caixa é fundamental.
Vinícola Geisse Sim, elabora com no mínimo 2 anos, devido a este ser o tempo mínimo para obtê-la o produto para venda, sendo que existem produtos com tempo superior.
Cooperativa Aurora Sim, não soube precisar método e prazos.
Vinícola Don Giovanni Sim, para período de um ano.
Vinícola Valmarino Sim, com base no ano anterior e uma projeção de 15%.
82
Associado Resposta
Vinícola Terraças Não elabora, está em fase de estruturação da empresa.
Vitivinícola Urussanga – Vinhos Casa Del Nono
Sim, elabora anualmente.
Vinhos Quarezemin Não.
Vinhos Trevisol Não.
Vinícola Mazon Sim.
Vinícola De Noni Sim, projeta para o ano seguinte.
Stevan Arcari Não se aplica.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Ao serem questionados sobre a elaboração do fluxo de caixa, quase todas
elaboram esta demonstração financeira, evidenciando assim a importância deste
instrumento de gestão. A projeção de caixa é realizada pela maioria dos
entrevistados para o período de um ano, sendo apenas a vinícola Geisse que
elabora para dois anos.
A colheita da safra concentra-se nos meses de janeiro e fevereiro, em que
existe uma maior saída de caixa para o pagamento aos produtores, fretes e etc. A
comercialização do produto final será ao longo do ano, com preponderância da
maior entrada de caixa nos meses de inverno, quando o consumo de vinho aumenta
e ao final do ano com a comercialização dos espumantes.
4.2.4 Elaboração do Orçamento Anual Base Zero
Como forma de identificar como é realizado o planejamento futuro, foi
perguntado se elaboram orçamento anual pelo método do orçamento base zero.
Nenhuma das empresas elabora o orçamento base zero, que confirma as respostas
do questionamento a seguir quanto ao uso de dados do ano anterior e sua
atualização.
4.2.5 Elaboração do Orçamento Anual com Base no Ano Anterior
De forma a complementar a informação anterior, foi questionado se os
associados elaboram orçamento para o ano seguinte com base nas informações do
ano anterior ou se não elaboram nenhuma forma de orçamento.
83
Quadro 19 – Elaboração do orçamento anual pelos associados (Asprovinho e Progoethe)
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia Sim, apenas para as despesas devido à fase de reestruturação.
Vinícola Geisse Sim, além das despesas considera a produção anterior e a variação da capacidade.
Cooperativa Aurora Sim, mas não soube precisar os métodos aplicados.
Vinícola Don Giovanni Sim e uma estimativa de crescimento de no mínimo dois anos em função do tempo de produção dos vinhos.
Vinícola Valmarino Sim e como custos a tabela do preço da uva fixada pelo governo.
Vinícola Terraças Não, Devido à fase de reestruturação ainda não elabora orçamento.
Vitivinícola Urussanga Sim, fazendo uma projeção de crescimento para o próximo período.
Vinhos Quarezemin Não.
Vinhos Trevisol Sim e com uma projeção de 40% de aumento nas receitas.
Vinícola Mazon Sim.
Vinícola De Noni Sim, estabelece com base no ano anterior e uma projeção de crescimento.
Stevan Arcari Não se aplica.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Quanto à elaboração do orçamento com base nos dados do ano anterior,
quase a totalidade utiliza este método, que apesar de não ter o mesmo rigor do
orçamento base zero, permite uma projeção de resultados futuros com maior
facilidade. Apenas duas empresas não realizam orçamento anual, em função do
porte (Terraças e Quarezim).
A elaboração do orçamento para o próximo ano pelas empresas, leva em
conta não apenas os dados do ano anterior, uma vez que estas projetam um
crescimento que varia em função da capacidade produtiva da vinícola. No caso da
vinícola Trevisol a projeção de 40% é justificada pelas estratégias de marketing que
esta vem adotando. Como a sua localização é distante do centro, e as condições da
estrada não favorecem o turismo, a solução encontrada foi colocar o produto no
comércio local por meio de vendedores. Está previsto ainda, segundo o proprietário,
a contratação de um repositor, que além de ter a tarefa de repor o produto nas
prateleiras, irá proporcionar aos clientes destas lojas a possibilidade de provar o
produto da vinícola.
4.2.6 Os Custos de Produção Após a Declaração de IG
Os produtos que anteriormente eram vendidos sem o selo de IG, e agora com
o selo, se posicionam de forma diferente no mercado. Esta mudança pode
84
representar um aumento nos custos de produção. Para avaliar esta variável foi
perguntado aos associados sobre os custos de produção. As respostas estão
sintetizadas no quadro de resposta abaixo:
Quadro 20 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe quanto aos custos de produção
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia Não vem comercializando produtos com IG.
Vinícola Geisse A vinícola desde a sua implantação já vem trabalhando dentro das normas da IG, assim não houve elevação nos custos, porém para modificar a forma de produção para se adequar as normas da IG, certamente haverá elevação nos custos. Cabe lembrar que toda a produção poderia ter selo IG, porém não usa, pois elevaria o custo e entende que não traria benefício financeiro, as pessoas compram pela qualidade e por ser de Pinto Bandeira, pela tradição dos espumantes produzidos neste território o terroir
4.
Cooperativa Aurora Com um processo de plantio e colheitas diferenciados, bem como a restrição quanto a produtividade por hectare, os custos tendem a serem maiores.
Vinícola Don Giovanni No caso da Don Giovanni, já estava de acordo com os padrões da IG, assim não houve elevação dos custos.
Vinícola Valmarino Tem um custo maior pelas regras de uma IG.
Vinícola Terraças Não comercializa produtos com IG.
Vitivinícola Urussanga Com valor agregado maior, vai haver elevação nos custos.
Vinhos Quarezemin Custo do rótulo, já produzia conforme o caderno de normas.
Vinhos Trevisol Ainda não comercializa produtos com IG, não está aprovada, mas entende que vai ter elevação dos custos.
Vinícola Mazon Não, já vinham investindo quando do início do processo, agora vai ter apenas o custo do selo.
Vinícola De Noni Sim, os custos são maiores, pois existem maiores exigências na produção, onde o aproveitamento é menor. Hoje 1 kg uva faz 650 ml de vinho, já para IG, 1kg produz 400 ml de vinho.
Stevan Arcari Para alguns produtores não vão alterar, pois já vinham produzindo dentro de um padrão e em alguns casos vai haver um custo maior de adequação as normas.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Sobre os custos de produção após a IG, obteve-se, em síntese, duas
realidades bem distintas. Algumas vinícolas já mantinham um processo produtivo,
conforme o previsto no caderno de normas da IG de cada associação, não sendo
então verificado um aumento no custo de produção. Para aqueles que aderiram ao
projeto e ainda não tinham esta forma de produção, houve uma elevação do custo.
Cabe salientar que independente se vinho de uva vinífera ou americana, quanto
menor a produção de uva por hectare maior será a qualidade do vinho, assim como
quanto menor for a quantidade de litros de vinho produzido por quilograma de uva,
melhor será a sua qualidade.
4 O termo terroir, então, apresenta uma coerência geográfica, socioeconômica e jurídica. Na verdade ele está na base do conceito das denominações de origem.
85
Percebe-se que as vinícolas não têm a intenção de colocar selo em todos os
produtos e sim em algumas marcas, neste caso o custo será ainda acrescido do selo
de IG para estes produtos.
4.2.7 Preço de Venda Após a IG
Outro item questionado foi sobre o aumento no preço de venda dos produtos
aos associados, com o objetivo de avaliar uma mudança no resultado econômico
nos produtos, que hoje recebem o selo de IG. As respostas obtidas estão
sintetizadas no quadro abaixo:
Quadro 21 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe quanto ao preço de venda
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia Devido à crise financeira, vem apenas vendendo suco a granel, não engarrafa e assim não usa o selo de IG.
Vinícola Geisse O que define o preço final do produto é a percepção de qualidade e não se possui ou não selo de IG.
Cooperativa Aurora Um dos poucos produtos com selo de IG é vendido a R$ 35,30 (Chardonnay reserva). Este mesmo produto sem IG estaria sendo vendido a R$ 27,00 (Chardonnay), mas com custos diferentes.
Vinícola Don Giovanni O Selo de IG não agrega valor ao produto, apenas dá visibilidade ao produto.
Vinícola Valmarino Não agrega valor, uma vez que os produtos mais caros da vinícola não possui selo de IG. O preço do vinho está relacionado com o mercado e a percepção de qualidade pelo cliente e por especialistas (enólogos).
Vinícola Terraças Produz apenas sucos e estes não recebem selo de IG.
Vitivinícola Urussanga Expectativa de vender com preço maior, mas temos produtos com preço de R$ 8,00 o litro e outros de R$ 20,00, antes do selo o preço era R$ 14,00 e agora R$ 20,00.
Vinhos Quarezemin Vai depender do mercado, inclusive porque o mercado prefere os vinhos tintos.
Vinhos Trevisol Ainda não comercializa produtos com IG, não está aprovada.
Vinícola Mazon O selo agrega valor, antes o vinho era vendido a R$ 8,00 e agora a R$ 15,00.
Vinícola De Noni Antes a venda era a R$ 6,50 o litro, com IG vai ser R$ 12,00.
Stevan Arcari A expectativa em relação ao vinho é algo em torno de 30%. Tem ainda uma discussão sobre um preço único, porem sou contra, pois o mercado é quem vai regular, além do que, este tabelamento em conjunto configura cartel.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Sobre o preço do produto, após a sua certificação com o selo de IG, obteve-
se duas realidades distintas. No caso de Pinto Bandeira, já existe produto com selo
de IG sendo comercializado e no caso da Uva Goethe esta será a primeira venda.
Assim, a segunda tem uma expectativa de elevação do preço de venda que ainda
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não pode ser medida de forma eficiente, pois, dentre as regras mais antigas se tem
a lei da oferta e da procura, que regula o mercado, o que não é diferente em relação
ao vinho. No caso da Asprovinho, além do fato de já possuir produtos com selo de
IG, algumas vinícolas não fazem uso do selo e outras em apenas uma pequena
parte de seus produtos.
Os produtores da região de Pinto Bandeira entendem que a IG traz ao
produto visibilidade e não necessariamente agregação de valor ao produto. Segundo
alguns entrevistados, os produtos têm uma identificação com a região de produção e
as pessoas compram os produtos por serem de Pinto Bandeira e não por ter ou não
o selo.
Uma das vinícolas entrevistadas, que não usa o selo, vende um produto que
foi considerado o terceiro melhor espumante do mundo. Outra vinícola informou que
o seu principal produto também não usa selo. Desta forma, na região de Pinto
Bandeira não foi possível identificar com rigor científico se houve ou não uma
elevação no preço por conta da Indicação Geográfica. Apenas a Vinícola Aurora,
onde o vinho que utiliza o selo de IG, o Chardonnay Reserva é vendido atualmente a
R$ 35,30, e este mesmo produto, sem o selo de IG estaria sendo vendido a R$
27,00 (Chardonnay). Significa uma elevação de 30,74% sobre o preço sem o selo.
Porém, estes produtos não estão à venda no mesmo instante, assim não é possível
evidenciar se o selo poderia ou não influenciar o consumidor e também porque os
custos de produção são diferenciados.
Os produtos que receberam ou que ainda receberão o selo são únicos, assim
é praticamente impossível a comparação efetiva, e ainda no caso de Pinto Bandeira
existe uma cultura que o preço é definido pela perspectiva de qualidade do produto.
4.2.8 A Utilização do Mark-up para a Fixação do Preço de Venda
Dentre as atividades empresarias que merece grande atenção está a fixação
do preço de venda, que deve levar em conta vários fatores relacionados à produção,
concorrência e posicionamento da marca no mercado. Também é necessário
entender o momento econômico, se existe maior ou menor oferta deste produto no
mercado. Foi perguntado aos associados como estabelecem o preço de venda de
seus produtos e as respostas estão sintetizadas no quadro abaixo:
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Quadro 22 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre o Mark-up e o preço de venda
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia Atualmente o único produto é o suco vendido a granel. Não vem cobrindo os custos de produção, no futuro ao voltar engarrafar, serão tomados como base o Mark-up.
Vinícola Geisse Não somente o Mark-up, pois no mercado do vinho deve ser considerado o valor agregado do produto, que representa quanto o consumidor pagaria pela qualidade do vinho que está adquirindo. Agora após a inclusão do Vinho na ST (Substituição tributária) este deve ser um dos componentes na fixação do preço de venda.
Cooperativa Aurora O que determina o preço do produto são as características do produto e valor de mercado.
Vinícola Don Giovanni Além dos custos, as características do produto são o que determinam o preço de venda.
Vinícola Valmarino O preço de venda é definido pelas características do produto e a percepção obtida pelo consumidor, que é a comparação deste com outros vinhos, o que determina o preço de venda. No nosso caso quando o vinho é avaliado em R$ 100,00, o preço é fixado abaixo deste valor, de forma que o consumidor perceba que está consumindo um vinho de valor bem superior ao valor pago e possibilita a comparação com outros. Com a IG o preço de venda não se eleva, o que existe é uma valorização do produto.
Vinícola Terraças Com base nos custos e o preço pago pelo mercado por produtos simulares, no caso, suco de uva integral.
Vitivinícola Urussanga Sim, O preço é baseado no custo mais lucro e impostos.
Vinhos Quarezemin Não, conforme o preço que o mercado está disposto a pagar.
Vinhos Trevisol Não, com base no preço praticado no mercado.
Vinícola Mazon Além dos custos verifica-se o preço de mercado, nas vendas diretas o valor é maior, nas vendas no mercado o preço é menor, para que chegue ao consumidor a um preço justo.
Vinícola De Noni Com base nos custos mais a margem de lucro, não toma por referencia o mercado, pois iniciou em 2012.
Stevan Arcari Em linhas gerais custo + Lucro + oportunidade, sobre a comparação com os outros vinhos é difícil devido à especificidade do produto.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
O método utilizado na fixação do preço de venda também apresenta
particularidades de cada região estudada, não que o método Mark-up não seja
utilizado pela região de Pinto Bandeira, mas este não é a principal forma de
estabelecer o preço de venda. Na região de Pinto Bandeira, o preço de venda é
definido pelas características do produto, bem como com a percepção obtida pelo
consumidor em comparação com outros vinhos disponíveis no mercado. Desse
modo, se tem um método que além dos custos de produção, impostos e o lucro são
aliados os fatores de mercado, no caso a percepção de qualidade comparada a
outros produtos, principalmente aos importados. Em linhas gerais, a metodologia
utilizada na fixação do preço de venda dos produtos, não permite comparar se
houve ou não agregação de valor com o uso do selo de IG.
88
A percepção de qualidade é um processo complexo em que é realizada a
análise sensorial e degustação, que segundo Miele (2013, p. 1) “A ISO define
análise sensorial como ‘o exame das propriedades organolépticas de um produto
através dos órgãos dos sentidos’. Ou seja, nesta definição estão considerados todos
os órgãos dos sentidos. Já a degustação ‘consiste na avaliação de um produto
alimentar pela boca'".
No caso da uva Goethe, a considerar a preferência do consumidor brasileiro
pelos vinhos tintos, e sendo o vinho Goethe um vinho branco, além da definição do
preço pelo Mark-up, é observado o valor de mercado. Diferente do caso de Pinto
Bandeira, pois não é possível comparar com os vinhos importados, uma vez que a
produção de uva Goethe em escala comercial não existe em outros países, o que
impossibilita a comparação deste produto com esta especificidade.
Assim, pela não aplicação do método Mark-up de forma única e sim com o
acréscimo de outras variáveis incontroláveis do aspecto de métodos de custeio e
fixação de preços, pode-se indicar que, em suma, apenas a Vinícola De Noni vem
aplicando o método, pelo fato de ser o primeiro ano de comercialização do produto e
ainda não ser conhecido no mercado.
4.2.9 Participação dos Produtos com IG em Relação à Produção Total
A avaliação da participação de cada produto no resultado de uma empresa
depende do percentual de participação deste no mix dos produtos. Além do volume
de produção em relação ao total, outro fator é o retorno econômico de cada produto.
Para tanto, foi levantado junto aos associados o volume de produção total e o
volume de produtos com selo de IG, para que possa ser estabelecida a
representatividade dos produtos com selo de IG em relação ao total da produção,
conforme consta do quadro abaixo:
Quadro 23 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre o volume de produção com IG
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia Nenhum produto com IG.
Vinícola Geisse Nenhum Produto com IG.
Cooperativa Aurora Da produção de 55 milhões de litros, apenas 8 mil são produtos com IG.
Vinícola Don Giovanni Da produção de 220.000 litros, 154.000 litros são produtos com IG.
89
Associado Resposta
Vinícola Valmarino Da produção de 150.000 litros, 25.000 litros são produtos com IG.
Vinícola Terraças Nenhum Produto com IG.
Vitivinícola Urussanga Da produção anual de 80 mil litros, 6 mil litros são produtos com IG.
Vinhos Quarezemin Da produção anual de 10.000 litros, 2.000 litros são produtos com IG.
Vinhos Trevisol Da produção de 120.000 lit. apenas 3.000 lit. terão selo de IG.
Vinícola Mazon Da produção de 60.000 lit. apenas 2.000 lit. terão selo de IG.
Vinícola De Noni Da produção de 50.000 lit. apenas 1.000 lit. terão selo de IG.
Stevan Arcari Não se Aplica.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
A participação de produtos com selo de IG, em relação ao volume total de
produção, reforça via de regra, as duas posições apresentadas anteriormente,
quanto à importância do selo de IG. Para a Asprovinho, está relacionado com a
visibilidade do produto e assim, por conseguinte a região produtora. No caso da
Progoethe, que ainda não houve a comercialização com selo de IG, a expectativa é
no retorno econômico sobre o produto, mas, o que ainda não pode ser medido e
comparado através de método científico.
A tabela a seguir demonstra a relação entre a produção total de vinhos e
quanto representa os produtos com IG em relação ao total produzido.
Tabela 7 – Participação dos produtos com IG em relação ao total da produção (%)
Associado Produção Total (lt) Produção com IG (lt) %
Cooperativa Vitivinícola Pompéia
Nenhum produto com IG - 0,00%
Vinicola Geisse Nenhum Produto com IG - 0,00%
Cooperativa Aurora 55.000.000 8.000 0,01%
Vinícola Don Giovanni 220.000 154.000 70,00%
Vinícola Valmarino 150.000 25.000 16,67%
Vinícola Terraças Nenhum Produto com IG - 0,00%
Vitivinícola Urussanga 80.000 6.000 7,50%
Vinhos Quarezemin 10.000 2.000 20,00%
Vinhos Trevisol 120.000 3.000 2,50%
Vinícola Mazon 60.000 2.000 3,33%
Vinícola De Noni 50.000 1.000 2,00%
Stevan Arcari Não se Aplica - 0,00%
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
A partir dos dados apresentados acima, identificou-se uma pequena parcela
da produção com selo de IG e em alguns casos nenhum produto com selo. Dos
dados coletados na IG de Pinto Bandeira a vinícola Dom Giovanni apresenta a maior
participação de produtos com IG em relação ao total, com 70%, seguido da Vinícola
Valmarino com 17%. Na região do Vale da Uva Goethe a maior participação de
90
produtos com IG em relação ao total é da Vinícola Quarezmin, com 20%. Trevisol,
Mazon e De Noni, entre 2% e 3%. A Vinícola Geisse não usa o selo com a
justificativa que apenas haveria o aumento do custo por conta de mais uma pessoa
na linha de produção para colar o selo, e que o seu produto vai vender independente
de ter o selo, (produto premiado internacionalmente).
Esta pequena participação na produção total e assim no resultado da
empresa, inviabilizou a aplicação de métodos contábeis financeiros para a avaliação
da viabilidade econômica através dos relatórios contábeis e financeiros dos produtos
com IG em relação ao volume total.
As demonstrações contábeis e financeiras demonstram a situação econômica
e financeira da empresa. Como os produtos com IG não possuem relevância
econômica nestas demonstrações, tomar estas, para avaliar a lucratividade deste
produto acarretaria uma visão distorcida em alguns casos, atribuindo ao produto
com IG um retorno inexistente, ou o pior, um prejuízo que este não foi responsável.
4.2.10 Envolvimento no Projeto de Indicação Geográfica
Os projetos de IG representam a vontade de determinado grupo em torno de
um produto. Foi questionado sobre quais razões levaram estas pessoas a se
envolverem neste projeto, obtendo as respostas conforme quadro abaixo.
Quadro 24 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre o projeto de IG
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia A Pompeia atravessa uma crise financeira e o seu foco é a sua reestruturação, e vai ainda decidir seu futuro, que pode ser até unir-se a outro grupo para se tornar mais forte e neste caso o fato de estar em uma IG favorecerá este processo de reestruturação.
Vinícola Geisse Apesar de não usar o selo de IG em seus produtos, sempre defendeu a produção de vinhos e espumantes de Pinto Bandeira em seus produtos. Em 1979 o senhor Mário veio para o Brasil com os conceitos de produção de uva da Europa.
Cooperativa Aurora A Aurora mantém uma estação de pesquisa na região de Pinto Bandeira e entende que este processo trará mais visibilidade a Aurora.
Vinícola Don Giovanni Apesar de estar neste projeto, não acredita na IP e entende que no caso de Pinto Bandeira, pelo terroir apenas quando obtiver a DO, é que será interessante para a Dom Giovanni.
Vinícola Valmarino Por acreditar em um diferencial da região e com isso apostar em um prestígio maior dos produtos que tem a certificação.
Vinícola Terraças Em função da movimentação iniciada pela Asprovinho
91
Associado Resposta
Vitivinícola Urussanga No processo desde 2005, o objetivo é chegar a um valor maior ao produto, tem que haver ganho para toda a cadeia produtiva.
Vinhos Quarezemin Para poder entrar no mercado.
Vinhos Trevisol Agregar valor ao produto.
Vinícola Mazon Fomos uns dos proponentes, o diferencial com a uva Goethe e a busca de uma identidade própria.
Vinícola De Noni Para melhorar e ter mais oportunidade e também mais qualidade.
Stevan Arcari Por conta da profissão de enólogo e funcionário da Epagri.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Ao questionar as pessoas sobre o porquê se envolveram no processo de IG,
verificou-se que as respostas obtidas no território da Progoethe dão conta de uma
expectativa de retorno financeiro e agregação de valor aos produtos e na
padronização da qualidade do produto.
No território de Pinto Bandeira, o principal argumento é a visibilidade, a força
do conjunto e o objetivo de obter uma Denominação de Origem. Os vinhos de Pinto
Bandeira anteriormente eram conhecidos como vinhos da montanha já de
reconhecimento no mercado com vinhos diferenciados.
Portanto, obteve-se duas visões sobre ser ou não associado de uma IG, o
que evidencia que os projetos são diferentes quanto à importância da IG para cada
região.
4.2.11 O Diferencial para os Produtos com IG
Com o objetivo de identificar a percepção dos associados quanto ao
diferencial dos produtos com IG e desta forma buscar identificar as vantagens
destes em relação aos demais produtos no mercado, ao serem questionados os
entrevistados sobre estes diferenciais, obteve-se as respostas, conforme o quadro
abaixo.
Quadro 25 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre o diferencial do projeto com IG
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia No caso da Pompeia vão auxiliar na visibilidade da cooperativa, além de ser uma estratégia de Mkt. Gera visibilidade e novas possibilidades de mercado. Para o consumidor a IG ainda é uma novidade e muitos não conseguem entender as diferenças dos produtos.
92
Associado Resposta
Vinícola Geisse A IG não traz diferença, ela apenas identifica a região de produção, somente a DOC seria um diferencial. No mercado internacional a IG não fará diferença, apenas haverá diferença quando obtivermos a DOC (Denominação de Origem Controlada).
Cooperativa Aurora O consumidor brasileiro ainda não sabe o que é uma IG e assim não sabe diferenciar os benefícios de produtos com selo de IG.
Vinícola Don Giovanni O consumidor brasileiro não vê diferença, é uma forma de Marketing com beneficio apenas ao consumidor que entende de vinho. Hoje o principal produto da Dom Giovanni não tem IG e dos 14 produtos que temos, apenas 6 tem selo (4 espumante e 2 vinhos).
Vinícola Valmarino Vai dar credibilidade junto ao consumidor, cabe ressaltar que das vinícolas de Pinto Bandeira a grande maioria trabalha apenas com uvas viníferas de produção própria, apenas as cooperativas trabalha com uma comum.
Vinícola Terraças A IG em questão só diz respeito a vinhos, produto o qual não comercializamos.
Vitivinícola Urussanga Produtos elaborados obedecendo ao caderno de normas onde estão os critérios pré-estabelecidos.
Vinhos Quarezemin Vai depender do interesse do consumidor.
Vinhos Trevisol Um valor agregado maior.
Vinícola Mazon É ainda novo isso ao consumidor, mas os produtos tem mais qualidade, são realizadas análises, as características culturais a tipicidade.
Vinícola De Noni A qualidade, mais isso é para longo prazo.
Stevan Arcari Selo não vende vinho, e sim o trabalho por traz do selo.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Em termos de diferencial sobre os produtos com IG sobre os demais,
observou-se que a certificação de IG trará maior confiabilidade do consumidor ao
produto e que esta confiabilidade se transformará em resultado econômico. Isso,
pelo fato de que o consumidor vem, ao longo do tempo, se tornando cada vez mais
exigente e ao saber que determinado produto tem um controle externo sobre a sua
produção e que é analisado por uma banca, para que possa receber este selo, pode
ser um fator de escolha na hora da compra.
Porém, o que se percebeu é que para a maioria dos associados o maior
problema está no aspecto do consumidor brasileiro ter pouca informação sobre o
que significa um selo de IG e como são controlados os produtos que iram receber
este selo.
4.2.12 A Importância do Turismo na Indicação Geográfica
A importância do turismo do processo de divulgação de uma IG, já vem sendo
tratado na literatura. De forma a verificar a percepção dos associados sobre esta
relação, estes foram questionados, obtendo as seguintes respostas:
93
Quadro 26 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre a importância do turismo na IG
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia A IG por si só não se sustenta, precisa do turismo e outros envolvidos.
Vinícola Geisse O turismo vem crescendo e desta forma dará mais visibilidade a região e aos produtos desta região.
Cooperativa Aurora O turismo pode consolidar a indicação através da compra dos produtos.
Vinícola Don Giovanni O turismo da visibilidade ao produto, inclusive na Dom Giovanni temos uma pousada.
Vinícola Valmarino Valorização do território e dos aspectos turísticos. É pelo turismo que poderá haver o desenvolvimento, a IG e o turismo são ferramentas para o desenvolvimento e não apenas crescimento econômico.
Vinícola Terraças Pode agregar valor à região e a seus produtos divulgando-a através de agências de turismo.
Vitivinícola Urussanga Mais divulgação, agregação de valores, geração maior demanda na produtividade.
Vinhos Quarezemin O turismo é imprescindível, vai trazer pessoas para visitar.
Vinhos Trevisol Vem pessoas de fora para conhecer o produto, é a melhor propaganda. No nosso caso temos que levar para venda no comércio com custos maiores com vendedores e entregas, pois não temos estradas que favoreçam ao turismo.
Vinícola Mazon No caso do litoral o turismo vem de forma natural, no nosso caso é preciso o resgate cultural. A IG é um Marketing para o turismo em roteiros de enoturismo.
Vinícola De Noni Muito importante, a pessoa vem para experimentar o nosso vinho da uva Goethe.
Stevan Arcari Fazer o pessoal conhecer e divulgar o produto na sua origem.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
O turismo é tido como um ponto de extrema relevância para o sucesso da IG,
isso pelo fato de ser uma estratégia de Marketing de divulgação dos produtos. É
pelo turista que os produtos são levados a outros centros consumidores, que se
interessam pelo produto e pela região, indicando a outras pessoas.
Durante a visita à vinícola Urussanga, pode-se acompanhar um grupo de
turistas de Florianópolis, pessoas da área da educação, as quais vieram visitar a
região, pois ouviram falar muito do vinho da uva Goethe. Fizeram várias perguntas
sobre a uva, forma de produção e degustaram o vinho. Mesmo não sendo
consumidoras de vinho, levaram para dar de presente e compraram outros produtos
principalmente o suco de uva.
Este foi um exemplo da importância do turismo para a divulgação da IG, pois
o que trouxe aquelas professoras foi a indicação de outras pessoas que já haviam
visitado a região. Além das compras na vinícola também consumiram em outros
estabelecimentos da cidade.
94
Outro exemplo ainda na região de Urussanga é a vinícola Mazon, que possui
além da vinícola, uma pousada onde existe uma grande área para eventos, os quais
são organizados pela vinícola e atraem várias pessoas, já que são realizados shows
com bandas nacionais. Segundo proprietária em média 3.000 pessoas visitam a
vinícola e levam produtos para casa.
Na região de Pinto Bandeira, a Vinícola Dom Giovanni possui uma pousada, o
que reforça a intenção de associar a produção de vinho com IG ao turismo. A região
de Pinto Bandeira fica nas montanhas com um cenário deslumbrante que favorece a
divulgação como roteiro turístico, bem como a existência do Santuário da Nossa
Senhora do Rosário de Pompéia, tendo a sua pedra fundamental lançada em 1899 e
a sua conclusão em 1915, o que pode desenvolver o turismo religioso.
Com as entrevistas foi possível identificar um vetor para o desenvolvimento
de um território, onde a mola propulsora seja produtos e serviços com Indicação
Geográfica, o qual, sem dúvida, é o turismo.
4.2.13 A Importância das Associações (Asprovinho e Progoethe)
Associativismo pressupõe aspirações e desejos comuns. Ao criar uma
associação esta deve estar focada no cumprimento de seus objetivos estatutários e
em atender aos anseios de seus associados. Diante desta realidade foi perguntado
aos associados a importância da Asprovinho e da Progoethe, obtendo as seguintes
respostas:
Quadro 27 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre a importância da associação
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia É de fundamental importância para a organização dos produtores de vinhos, bem como a busca constante da melhoria de qualidade de seus produtos. Além de sempre estar atenta as mudanças na legislação, no atendimento das necessidades do consumidor e no desenvolvimento do turismo.
Vinícola Geisse A Asprovinho vem trabalhando para divulgar o nome de Pinto Bandeira e trabalhando para obtermos a DOC, e isso fará a diferença.
Cooperativa Aurora É muito importante, principalmente porque tem como objetivo desenvolver a região; 70% da venda dos produtos da região advém do turismo.
Vinícola Don Giovanni O selo de IG no mercado internacional faz uma grande diferença, e a Asprovinho zela pela mantença dos padrões de produção e que a uva processada para usar o selo de IG seja produzida na região delimitada pelo INPI.
95
Associado Resposta
Vinícola Valmarino Cuida da marca através do selo e tem como objetivos desenvolver os atrativos turísticos da região.
Vinícola Terraças Muito importante, pois é uma organização que trabalha em prol dos interesses do setor da vitivinicultura no município desenvolvendo projetos para divulgar a marca Asprovinho e seus associados.
Vitivinícola Urussanga Possibilitou a reunião dos vitivinicultores para produzir um vinho de qualidade e conhecidos nacional e internacionalmente e com um vinho de R$ 20,00 reais a garrafa puxar outros para cima
Vinhos Quarezemin Vai ajudar a vender mais, o selo vai ajudar a vender o vinho Goethe, pois proporcionará mais visibilidade.
Vinhos Trevisol Sem a associação para desenvolver a uva Goethe seria difícil, ela estava jogada e a uva Goethe vai ajudar a puxar os outros vinhos.
Vinícola Mazon Fundamental para recuperar o espaço na vinicultura nacional, o reconhecimento por estâncias governamentais. Os associados passam a serem parceiros e ter mais representatividade, além de possuir um somelier para auxiliar na divulgação do produto.
Vinícola De Noni Reunir o pessoal para formar o grupo
Stevan Arcari Reunir produtores em torno de um produto, porém o associativismo nesta região deixou marcar negativas que agora precisa de tempo para recuperar.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Ao analisar a opinião dos produtores sobre a importância da associação, fica
evidente para todos, que foi pela união de esforços em uma associação que o
processo da obtenção da IG se consolidou.
O trabalho de divulgação da IG fica por conta das associações, bem como a
análise dos produtos que receberão o selo, o que fortalece o princípio associativista
que deve primar nos processos de IG.
O Brasil viveu épocas áureas de formação de um grande número de
associações de produtores e cooperativas, diversos projetos não foram à frente e
em alguns casos gerou uma desconfiança dos produtores. Como por exemplo, a
vinícola Pompeia, que é uma cooperativa que precisa fazer uma recuperação
financeira e por sua vez, tem certa desconfiança de seus associados na entrega dos
produtos à cooperativa.
4.2.14 A IG e o Desenvolvimento de um Território
Dentre os objetivos desta pesquisa, um deles é comprovar ou refutar a
hipótese de que a IG é capaz de desenvolver um território. Então foi perguntado aos
associados a opinião destes, se de forma autônoma, a IG de produtos poderia trazer
96
desenvolvimento. Este questionamento também objetivaram a confirmar as
respostas descritas nos itens 4.2.11, 4.2.12, 4.2,13, 4.2.14. O quadro a seguir
sintetiza a resposta dos associados:
Quadro 28 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre a IG desenvolver um território
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia Sozinha não, pois, vai depender de outros atores, que têm a responsabilidade de decidir em conjunto sobre o território. Inclusive não tem como toda a produção da agricultura ser IG, mesmo no vale dos vinhedos do total da produção uma pequena parte recebe o selo de IG.
Vinícola Geisse Sozinha não.
Cooperativa Aurora Sim, pois é nas particularidades que os vinhos ganham destaque. E como Pinto Bandeira tem características únicas, e os produtos elaborados com os frutos deste território são diferentes.
Vinícola Don Giovanni No caso de Pinto Bandeira só a IG não. Não houve diferença do antes e do depois em relação às vendas. No caso da Dom Giovanni, já vínhamos trabalhando na busca de diferencial e produzindo as uvas dentro das normas da IG.
Vinícola Valmarino A IG vai aumentar a visibilidade, é difícil quantificar quanto vem do vinho, na mídia terá um diferencial e isso pode se traduzir em resultado. No aspecto financeiro não é possível quantificar qual foi o retorno para a vinícola, mas em relação ao produtor esse retorno ainda não pode ser percebido.
Vinícola Terraças Claro, pois caracteriza o principal produto da uma região, divulgando-o como tal fazendo com que este seja mais conhecido.
Vitivinícola Urussanga Vai contribui com certeza.
Vinhos Quarezemin Não, vai depender de parcerias das vinícolas com as prefeituras, hoje está mais para Urussanga.
Vinhos Trevisol Sozinha é difícil, precisa de restaurantes, turismo e assim por diante.
Vinícola Mazon IG é um símbolo, conjunto de práticas que faz manter a cultura e processo produtivo.
Vinícola De Noni Sozinha não.
Stevan Arcari As IG agro alimentares, para os produtores rurais sim, porém na área urbana é limitada.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
As respostas obtidas dos associados quanto à capacidade da IG ser capaz de
desenvolver um território, estas, confirmam as respostas descritas nos itens 4.2.11,
4.2.12, 4.2,13, 4.2.14, onde se verificou que sozinha não é possível. Além da IG, que
depende a priori do turismo como forma de divulgação do produto, é necessário o
trabalho das associações no controle da qualidade dos produtos e na divulgação em
eventos e em publicações.
O desenvolvimento regional ou territorial, como fica mais evidente quando se
fala em IG é complexo e necessita de um conjunto de ações por parte da sociedade
97
e do poder público na busca de vetores de desenvolvimento e certamente a IG é um
destes vetores.
4.2.15 O Mercado para o Ramo da Vinicultura
Alguns fatores devem ser levados em consideração quando se está
analisando o retorno e a rentabilidade de produtos e, neste caso, os produtos com
IG tem a mesma situação. A maior ou menor oferta de produtos no mercado, sejam
estes nacionais ou importados, assim como os aspectos tributários ou de câmbio,
podem interferir no resultado econômico do setor vinícola brasileiro. Diante destes
aspectos foi perguntado aos associados como está o mercado da vinicultura neste
momento, obtendo as respostas descritas no quadro abaixo:
Quadro 29 – Posição dos associados da Asprovinho e Progoethe sobre a situação do mercado da vinicultura
Associado Resposta
Cooperativa Vitivinícola Pompéia O mercado está difícil, pois esta sobrando uva, o preço da uva comum está hoje a R$ 0,57 para o produtor, já a uva vinífera oscila entre R$ 0,80 a R$ 1,20 por quilo. Os custos com mão de obra representam aproximadamente 38% do custo total. É preciso que o produtor diversifique a sua propriedade, a fim de ocupar o tempo e a estrutura. No ano de 2009 e 2010 o governo iniciou uma política de governo para incluir o suco de uva na merenda escolar.
Vinícola Geisse O mercado tem sobra de uva, hoje apenas 5% da produção da Geisse é exportada, nosso foco é o mercado nacional, que está em franca expansão e precisamos proteger o mercado dos produtos importados, principalmente os chilenos no caso de espumante, uma vez que no caso do vinho, hoje o consumidor prefere os vinhos Chilenos.
Cooperativa Aurora Nos últimos quinze anos a vitivinicultura brasileira cresceu muito em qualidade. Nos últimos anos, houve grande investimento em modernização do campo, na tecnologia de produção, com a aquisição de equipamentos de ponta para elaboração de espumantes. Mas houve e há, um trabalho de exposição dessa qualidade para os mercados interno e externo, com diversas ações conjuntas do setor, que potencializam e dão notoriedade para nossos vinhos e espumantes.
Vinícola Don Giovanni Hoje 4% do mercado são de uva viníferas. Existe sobra de uva no mercado e desta forma não é possível que a IG venha a gerar benefícios ao produtor. Hoje buscamos um diferencial quanto à produção, buscando que os vinhedos sejam sustentáveis, reduzindo os produtos químicos, trabalhamos com micro terroir, nos mesmos moldes que existe no Chile para que possamos consolidar no mercado, nosso objetivo é qualidade e não quantidade produzida.
98
Associado Resposta
Vinícola Valmarino Está cada vez mais competitivo, difícil e com muita oferta de produto. Por isso a qualidade e a seriedade são as principais ferramentas para se manter presente no mercado. Alguns diferenciais: como a IG, novas variedades de uva e as premiações em concursos podem contribuir para a valorização do produto e penetração em alguns nichos de mercado.
Vinícola Terraças Em função de muitos problemas, o setor está atualmente passando por algumas dificuldades, mas acredito que a situação irá melhorar.
Vitivinícola Urussanga Bom.
Vinhos Quarezemin Com dificuldade, devido aos impostos e aos vinhos importados.
Vinhos Trevisol Neste ano o mercado esta melhor, como o frio foi forte se vende mais vinho. O problema está com a tributação elevada.
Vinícola Mazon Em crescimento, não é fácil, produzimos vinhos comuns mais com qualidade, com um kg de uva fazemos 750 ml de vinho. Grande participação dos vinhos importados no mercado nacional com preço baixo.
Vinícola De Noni Tá crescendo.
Stevan Arcari A safra de 2013 foi muito boa para a uva Goethe.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Outro aspecto importante no processo de IG é a relação do produto ou
serviço com o mercado. Neste aspecto a concorrência, a lei da oferta e da procura e
aspectos tecnológicos não podem deixar de ser observados, bem como os aspectos
tributários quando este produto tem a concorrência com produtos importados, que
possuem carga tributária inferior ao produto nacional.
Desta forma, busca-se identificar na opinião dos entrevistados como está o
mercado vinícola no Brasil, e segundo eles hoje existe um excedente de uva no
mercado. Esse excedente faz com que o preço pago ao produtor seja baixo, e em
função dos baixos preços, não traz benefícios à produção de uva. Para as vinícolas
o maior problema são os vinhos importados com tributação diferenciada em relação
ao nacional, somado a isso a mudança de forma de tributação, que passou a ser por
meio de substituição tributária, o que obriga as vinícolas a pagarem o Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e
de Comunicação (ICMS) no momento da venda, gerando um desequilíbrio de caixa,
pois o imposto, via de regra, será recolhido antes do recebimento pela venda do
produto.
As regiões pesquisadas estão buscando uma maior produção de espumantes,
pois são considerados de muito boa qualidade, e estes, segundo alguns
depoimentos, não sofre uma concorrência tão acirrada dos produtos chilenos.
99
Em termos de produtos com IG, estes são os vinhos brancos e no caso de
Pinto Bandeira das variedades de uvas viníferas. Os brasileiros estão acostumados
aos vinhos tintos e a grande maioria da população consome vinho de uvas
americanas em função do preço do produto. Vinhos finos são consumidos pelo
público das classes sociais mais altas. O brasileiro vem aprendendo a tomar vinho e
o crescimento de sua renda, poderá favorecer num segundo momento o consumo
de vinhos mais caros. Acredita-se, que com a divulgação dos produtos com IG,
sejam estes os escolhidos futuramente.
4.3 ANÁLISES DAS ENTREVISTAS REALIZADAS COM OS REPRESENTANTES
DAS ASSOCIAÇÕES DAS IGs DAS REGIÕES ESTUDADAS
Para que possa ser comparada a percepção da importância de uma IG no
desenvolvimento territorial, foram realizadas entrevistas com os representantes das
duas IG objeto de estudo. Pela Progoethe quem respondeu foi o senhor Renato
Mariot Damian, que é o presidente da instituição. Pela Asprovinho quem respondeu
foi o presidente da entidade, o senhor Marco Antonio Salton, e ainda no caso da uva
Goethe o senhor Stevan Arcari, enólogo da Epagri, que também é associado da
Progoethe. Os quadros a seguir sintetizam as respostas obtidas e permitem a
comparação das mesmas.
4.3.1 A IG e a Perspectiva da Associação como Alternativa para o Desenvolvimento
Regional/Territorial
As associações têm um papel importante no desenvolvimento de um território,
pois congregam os interesses de determinado grupo, no caso da Asprovinho e
Progoethe estes objetivos estão relacionados com a Indicação Geográfica, razão
pela qual foi perguntado sobre ser esta uma alternativa para o desenvolvimento
territorial.
100
Quadro 30 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre IG e desenvolvimento territorial
Entrevistado Resposta
Asprovinho Sim, inicialmente o beneficiado é a vinícola e posteriormente aos produtores, em alguns casos já está chegando ao produtor.
Progoethe A IG é exclusiva por causa da legislação, pois tem que ter uma estrutura e regras para estar nela, mas ao mesmo tempo includente quando pensado sobre o território, pois varias pessoas podem obter benefícios indiretos com a IG (comércio, serviços etc.). A IG agrega valor ao produto e se transforma em típico da região, para o consumidor um produto único e diferenciado, mas a grande massa não sabe o que é uma IG.
Estevan Arcari Sim, tem uma valorização pelo comércio local, os empreendimentos gastronômicos tiveram investimento, mas no caso de Urussanga, está na fase da revolução industrial e maravilhada com isso e por isso poucos são os investimentos em serviço.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Na visão das associações e do colaborador da Epagri, a IG é sim uma
alternativa para o desenvolvimento do território, agregando valor à cadeia produtiva
e ao comércio local. Na opinião do presidente da Asprovinho, num primeiro
momento o benefício é para as vinícolas e depois aos produtores de uva.
4.3.2 A IG e o Desenvolvimento de um Território
De forma a confrontar as respostas obtidas dos associados, no item 4.2.14,
foi perguntado aos representantes das associações, se na opinião deles a IG de
forma autônoma é capaz de desenvolver um território, obtendo as seguintes
respostas:
Quadro 31 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre IG e desenvolvimento territorial
Entrevistado Resposta
Asprovinho A IG é uma ferramenta de marketing tanto para o vinho como para outros produtos, ela pode gerar tanto benefício como dificuldades, deve ter um vinculo forte com o turismo para a comercialização dos produtos. O Objetivo deve ser a qualidade e não a quantidade. A IG traz visibilidade ao produto e a região.
Progoethe Sozinha não é possível, se faz necessária uma cesta de serviços, no caso do vinho, quando tem o turismo, as pessoas vem atrás do vinho e leva a visita (cultura, passagem, clima etc.).
Estevan Arcari Sozinha não, depende do envolvimento de vários atores.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
101
Sobre a IG sozinha ser capaz de desenvolver um território, a opinião de todos
é unanime que isso não é possível, pois, depende de outros fatores e deve estar
aliada ao turismo, pois irá compor a cesta de serviços oferecidos ao turista.
A opinião da Asprovinho é que a IG deve ser vista como uma ferramenta de
marketing para a região. Neste sentido, entende-se como uma forma de promoção
dos atrativos da região e seus produtos que passam a ser consumidos sejam por
meio dos turistas que visitam a região ou pelo mercado.
Assim, obteve-se uma opinião convergente entre os associados e os
dirigentes das associações neste aspecto quanto a não existir a possibilidade de
uma IG, de forma autônoma ser capaz de trazer o desenvolvimento para um
território.
4.3.3 As Estratégias de Marketing das Associações para Divulgar a IG
É necessária a divulgação dos benefícios de produtos com IG aos
consumidores, diante desta realidade foram questionados os dirigentes das
associações, sobre quais as estratégias vêm sendo implementadas para divulgar
estas regiões e seus produtos com selo de IG, obtendo as respostas abaixo:
Quadro 32 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre as estratégias de marketing para divulgar a IG
Entrevistado Resposta
Asprovinho Dentre as ações destaca-se: - Sinalização interna no município com o nome das vinícolas,
por questões turísticas; - Folder para divulgação; - Projeto para trazer jornalistas especializados em vinho para
divulgar a IG; - Parceria com a Feevale de Novo Hamburgo, com o curso de
gastronomia para que possam provar e comprovar que os vinhos e espumantes podem ser comparados aos importados;
- Trabalho de desenvolvido junto ao MAPA na câmara temática;
- Trabalho junto ao SEBRAE para auxiliar nos estudos sobre IG;
- Buscar de parcerias com o poder público e outros atores sociais para fortalecer a IG.
Progoethe Participação em feiras eventos, criação do site da Progoethe, criação de um DVD para divulgação nas escolas e a elaboração da cartilha do Goethinho que visa através de historia em quadrinho contar sobre a Uva Goethe .
Estevan Arcari Focar em fazer as pessoas provarem o vinho e difundir o que é uma IG, mas a cadeia produtiva não consegue isso sozinha, depende do poder público para ajudar a evidenciar o que é uma IG.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
102
Quanto às estratégias de marketing para divulgar a IG, as associações vêm
participando de eventos e feiras, firmando parcerias com organizações de forma a
demonstrar o que é uma Indicação Geográfica.
Estas ações evidenciam também que as associações de forma isolada não
conseguem desenvolver a IG, e dependem de outras instituições para realizar esta
tarefa. Reforçando o aspecto que IG é o trabalho de construção da identidade de um
produto ou serviço e que depende do envolvimento de vários atores sociais. Não é
possível ver uma IG como projeto autônomo de uma categoria ou grupo econômico
sem a participação da sociedade e do espírito de colaboração de todos.
4.3.4 O Turismo da Região com Fator de Divulgação dos Produtos com Certificação
de IG
A opinião dos associados evidencia a importância do turismo na divulgação
da IG. Para verificar se esta é a opinião das associações foi realizada a mesma
pergunta aos dirigentes das associações. As respostas estão sintetizadas no quadro
abaixo:
Quadro 33 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre a importância do turismo para divulgar a IG
Entrevistado Resposta
Asprovinho O número de turistas quase quadriplicou, um público específico contribuindo na divulgação da IG. O produto em locais especializados, principalmente o espumante, pois o espumante é produzido de forma natural e uma das vinícolas teve o seu espumante como o 3º melhor do mundo.
Progoethe Sim
Estevan Arcari Sim
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
A importância do turismo no processo de divulgação de uma IG também é voz
corrente entre as associações e não apenas uma opinião dos vinicultores.
4.3.5 Interesse de Outras Pessoas em Fazer Parte da Associação Após a
Declaração de IG
Partindo do pressuposto que as pessoas são reticentes a mudanças e
desconfiadas em termos de associativismo, até por experiências mal sucedidas, foi
103
perguntado aos dirigentes se após a declaração de IG outras pessoas demonstram
interesse em associar-se, obtendo as respostas:
Quadro 34 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre interesse em novas filiações depois da declaração da IG
Entrevistado Resposta
Asprovinho Sim, existem duas intenções, porém ainda não estão constituídas, houve ainda o crescimento de pequenos estabelecimentos ligados ao turismo em 2013, agora são 15 associados, assim além das 7 vinícolas temos 8 que são pousadas e lojas de atendimento ao turista.
Progoethe Após a declaração houve a abertura para pousadas e restaurantes. Pelo turismo, houve um engajar da sociedade no projeto.
Estevan Arcari Houve interesse principalmente de hotéis e restaurantes, que agora fazem parte da IG.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
As respostas sobre o interesse de outras vinícolas em se associarem, o que
chama a atenção é de que foram outros empreendimentos, o que demonstra de
forma clara que a IG gerou interesse de outros setores da economia local em
participar deste projeto. Este interesse evidencia que a IG é uma alternativa para o
desenvolvimento territorial e para o crescimento do comércio local. O interesse
esteve ligado ao turismo que a IG irá proporcionar, e assim a necessidade de
melhorar e ampliar a oferta de serviços na rede hoteleira e gastronômica na região.
Então constatou-se que é um circulo virtuoso, ou seja, a IG fortalece o turismo e o
turismo fortalece e consolida a IG.
4.3.6 Ações para Motivar os Associados a Buscarem a Certificação de IG
Ao formar uma associação, além dos interesses comuns, é necessário
motivar as pessoas a fazerem parte deste processo. No quadro abaixo estão as
respostas dos representantes das associações sobre quais foram as formas e ações
utilizadas para motivar estas pessoas a fazerem parte da associação para que
juntas buscassem a certificação.
Quadro 35 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre de que forma as pessoas foram motivadas a participar da associação e a obter a certificação de IG
Entrevistado Resposta
Asprovinho Conversa com os responsáveis levando a eles as informações sobre os benefícios, reuniões mensais com todos onde são abordados todos os assuntos. Existe uma contribuição mensal dos associados para a Asprovinho, para as despesas com manutenção e divulgação da IG.
Progoethe A associação faz reuniões a cada 2 meses.
104
Entrevistado Resposta
Estevan Arcari Com a IG haverá mais visibilidade do produto.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
O processo de associar pessoas em um projeto decorre do interesse das
pessoas sobre o assunto, no caso da IG a visibilidade do produto, os benefícios de
uma IG foram os principais pontos utilizados pelas associações.
4.3.7 Registros Quanto ao Volume de Produção dos Associados
Com o objetivo de verificar se a associação vem controlando a produção com
selo de IG, de forma a estabelecer um conjunto de informações capazes de
futuramente analisar de forma quantitativa esta variação e assim poder medir a
importância deste produto em relação ao volume total da produção do
estabelecimento, obteve-se as seguintes respostas:
Quadro 36 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre o controle dos volumes de produção de produtos com selo de IG
Entrevistado Resposta
Asprovinho Em função da compra de selos pelos associados, a associação recebe uma cópia das notas a fim de controlar a aplicação do selo.
Progoethe Ainda não, pois não houve a comercialização de produtos com selo, agora que estamos recebendo o selo que será entregue aos associados.
Estevan Arcari Ainda não, pois não comercialização com selo de IG.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Quanto ao controle do volume de produção dos associados, constatou-se que
as associações terão controle sobre os produtos que terão o selo de IG, este
controle é necessário para comparar a produção com o selo de IG em relação ao
caderno de normas quanto à produção por hectare.
Atualmente o controle sobre a produção e os benefícios gerados é reduzido,
pois haverá apenas o controle sobre o volume de produção com selo de IG, o que
dificulta a análise econômica com base em dados contábeis das empresas sobre o
resultado gerado pela IG, uma vez que a maior visibilidade do produto trará
benefícios aos produtos com selo e aos demais produtos da vinícola.
Mesmo no caso da Asprovinho, que já distribui o selo a seus associados e
recebe cópia das notas de compra da uva, em que confronta a origem do produto, é
105
possível apenas ao longo do tempo verificar a variação no volume de produção com
IG. Não que este aumento ou diminuição, seja evidência do crescimento ou não do
resultado econômico do associado. Esta afirmação está baseada no caso das
vinícolas de Pinto Bandeira, que mesmo tendo produtos aptos a receber o selo,
preferem não fazer uso do mesmo na comercialização dos seus produtos.
4.3.8 Perspectivas de Exportação dos Produtos com IG
O mercado internacional é o objetivo de muitos segmentos da economia
nacional, de forma a identificar se este é também o objetivo dos produtos com IG
das regiões estudas, para tanto se obteve os seguintes posicionamentos:
Quadro 37 – Posição da Asprovinho e Progoethe sobre a possibilidade de exportação dos produtos com selo de IG
Entrevistado Resposta
Asprovinho A intenção de usar a IG como diferencial, mas não tem muita força na exportação. Outro fator limitador é que no Brasil o vinho é tributado como bebida e nos outros países como alimento, onde a tributação é menor.
Progoethe Somente se entender viável.
Estevan Arcari Ainda não.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Sobre a possibilidade de exportação não existe previsão. No caso da
Asprovinho entende que o fator limitador é a carga tributária sobre este produto, o
que torna o produto muito caro no mercado internacional.
4.4 UMA SÍNTESE DAS OBSERVAÇÕES E ANÁLISES
Para contribuir na compreensão das observações e análises permitidas pela
presente investigação, apresenta-se a seguir um quadro síntese.
Quadro 38 – Síntese das observações e análises das entrevistas com os associados da IGs dos territórios estudados.
Aspecto Principais observações ou análises permitidas pela investigação
Constituição jurídica dos associados pesquisados
A maioria são pessoas jurídicas de direito privado, sendo apenas duas cooperativas.
Número de associados, proprietários e empregados
A grande maioria são empresas familiares e com um quadro de pessoal bastante reduzido.
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Aspecto Principais observações ou análises permitidas pela investigação
Elaboração de fluxo de caixa projetado A projeção de caixa é realizada pela maioria dos entrevistados para o período de um ano.
Elaboração de orçamento anual Nenhuma das vinícolas elabora o orçamento base zero; o orçamento é baseado nos dados do ano anterior com uma previsão de crescimento das vendas.
Os custos de produção após a declaração de IG
Para as vinícolas que estavam produzindo fora do caderno de normas houve o custo de adequação, além do fato de obter-se uma conversão menor de lt de vinho por kg de uva para uma melhor qualidade.
Preço de venda após a IG Foi possível perceber uma elevação do preço de venda, principalmente em Urussanga.
A utilização do Mark-up para a fixação do preço de venda
Em Pinto Bandeira, além dos custos de produção, impostos e o lucro, que compõe o Mark-up, são aliados os fatores de mercado, no caso a percepção de qualidade comparada a outros produtos, principalmente aos importados. O vinho Goethe, além da definição do preço pelo Mark-up, é observado o valor de mercado.
Participação dos produtos com IG em relação à produção total
Identificamos uma pequena parcela da produção com selo de IG e em alguns casos nenhum produto com selo.
Envolvimento no projeto de Indicação Geográfica
No território da Progoethe identificou-se uma expectativa de retorno financeiro com a agregação de valor aos produtos e na padronização da qualidade. No território de Pinto Bandeira, o principal argumento é a visibilidade, a força do conjunto e o objetivo de obter uma DO.
O diferencial para os produtos com IG Para a maioria dos associados o maior problema está no aspecto do consumidor brasileiro ter pouca informação sobre o que significa um selo de IG, e como são controlados os produtos que iram receber este selo.
A importância do turismo na Indicação Geográfica
O turismo é tido como um ponto de extrema relevância para o sucesso da IG, uma estratégia de Marketing e divulgação dos produtos. É pelo turista que os produtos são levados a outros centros consumidores, que se interessam pelo produto e pela região, indicando a outras pessoas.
A importância das Associações Na opinião dos produtores, fica evidente que foi pela união de esforços em uma associação que o processo da obtenção da IG se consolidou.
A IG e o desenvolvimento de um território Só a IG não consegue desenvolver o território, depende de outros fatores associados, com destaque para o turismo como forma de divulgação do produto. O desenvolvimento é complexo e necessita de um conjunto de ações por parte da sociedade e do poder público na busca de vetores de desenvolvimento e certamente a IG é um destes vetores.
O mercado para o ramo da vinicultura Existe um excedente de uva no mercado. Este faz com que o preço pago ao produtor seja baixo. Para as vinícolas o maior problema são os vinhos importados com tributação diferenciada. A substituição tributária do ICMS, também gera um desequilíbrio de caixa, pois o imposto será recolhido por ocasião da venda.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
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Quadro 39 – Síntese das observações e análises das entrevistas com os representantes das associações das IGs dos territórios estudados.
Aspecto Principais observações ou análises permitidas pela investigação
A IG e a perspectiva da Associação como alternativa para o desenvolvimento regional/ territorial
Na visão das associações a IG é sim uma alternativa para o desenvolvimento do território, agregando valor à cadeia produtiva e ao comércio local.
A IG e o desenvolvimento de um território A opinião de todos é unanime que a IG sozinha não é capaz de desenvolver um território, depende de outros fatores e deve estar aliada ao turismo, pois irá compor a cesta de serviços oferecidos ao turista.
As estratégias de marketing das Associações para divulgar a IG
As associações vêm participando de eventos e feiras, firmando parcerias com organizações de forma a demonstrar o que é uma Indicação Geográfica.
O turismo da região com fator de divulgação dos produtos com certificação de IG
A importância do turismo no processo de divulgação de uma IG também é voz corrente entre as associações e não apenas uma opinião dos vinicultores
Interesse de outras pessoas em fazer parte da associação após a declaração de IG
Houve interesse de outros empreendimentos, principalmente os ligados ao turismo, o que demonstra de forma clara que a IG é uma alternativa para o desenvolvimento territorial e para o crescimento do comércio local.
Ações para motivar os associados a buscarem a certificação de IG
A visibilidade do produto, e os benefícios de uma IG, foram os principais pontos utilizados pelas associações.
Registros quanto ao volume de produção dos associados
Atualmente o controle sobre a produção e os benefícios gerados é reduzido, pois haverá apenas o controle sobre o volume de produção com selo de IG.
Perspectivas de exportação dos produtos com IG
Não existe previsão, e na visão da Asprovinho o fator limitador é a carga tributária do produto, que o torna muito caro no mercado internacional.
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
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5 CONCLUSÃO
Diante do objetivo desta pesquisa, que fora, analisar a contribuição
econômica da Indicação Geográfica de produtos no desenvolvimento territorial, as
pesquisas bibliográficas e de campo foram realizadas com o viés de buscar
subsídios para responder aos objetivos específicos que versam sobre o tema.
A dimensão econômica foi tratada no universo do desenvolvimento territorial,
uma vez que Indicação Geográfica representa a delimitação de um espaço territorial
com especificidade. É o Instituto Nacional da Propriedade Industrial o órgão
responsável pela certificação de uma IG no Brasil. Assim, a Indicação Geográfica se
constitui, segundo as normas brasileiras, em um ato declaratório que de acordo com
o pedido será uma Indicação de Procedência ou uma Denominação de Origem.
A IG no Brasil está em um processo de expansão e ao mesmo tempo
estruturação, pois muitas IGs estão sendo constituídas. Nos dois territórios
estudados foram encontradas situações diversas, pois uma já está comercializando
os produtos e a outra iniciará em 2013 a comercialização da primeira safra. Neste
contexto, os aspectos econômicos devem ser analisados não apenas pelo ganho em
escala de produção, mas dos possíveis impactos econômicos no desenvolvimento
territorial.
A Asprovinho, dos vinhos de Pinto Bandeira, e a Progoethe, dos vinhos da
Uva Goethe, são associações que foram declaradas como Indicação de Procedência
e responsáveis pelo gerenciamento e controle da produção. Por meio de seus
comitês gestores, têm a obrigação de verificar se os associados estão seguindo a
cartilha de normas que foram aprovadas quando da obtenção da certificação.
A caracterização socioeconômica dos territórios de abrangência da Uva
Goethe (SC) e Vinhos de Pinto Bandeira (RS), nos permitem identificar as diferenças
em relação à população, área territorial, densidade demográfica e o PIB de cada
município.
Inicialmente estava prevista a aplicação de um modelo de análise
contábil/financeiro nas duas experiências de Indicação Geográfica já
implementadas, com vistas a avaliar possíveis diferenciais em termos de agregação
de valor aos produtos da Uva Goethe de Urussanga e Vinho de Pinto Bandeira. Isso
não foi possível, devido ao fato de apenas uma pequena parte da produção das
vinícolas serem com produtos com IG. Ao analisar o volume de produção e
109
confrontar estes com os relatórios contábeis, verificou-se que apresentam valores
pouco representativos em relação ao total das receitas e dos resultados obtidos com
os produtos com IG, o que inviabiliza o processo de análise contábil financeira.
A pouca relevância entre o volume de produção com certificação de IG em
relação ao total produzido, não chega a ser uma restrição à importância da IG, mas
sim uma questão de mercado, pois nas regiões pesquisadas os produtos com IG,
são os vinhos brancos e espumantes, ao passo que o mercado consome mais
vinhos tintos. Assim, verifica-se que os produtos com IG compõe o mix de produtos
da vinícola, onde existem produtos de menor valor e com maior volume de vendas e
produtos diferenciados com valor maior, no caso os produtos com IG.
Esta condição de mercado é verificada em outros segmentos da economia,
como, por exemplo, a indústria automobilística, em que existem produtos de alto
padrão com um preço de venda elevado, porém com um volume menor de
produção, e os produtos chamados populares que possuem um preço menor e um
elevado volume de produção. Esta mesma estratégia foi verificada nas vinícolas
pesquisadas, onde ficou evidente que ao promover os produtos com IG, que são
destinados a um público mais seletivo, o que é mais significativo são os reflexos
indiretos, favorecendo aos demais produtos em função da visibilidade que a IG
proporciona.
A experiência de avaliar a contribuição econômica da Indicação Geográfica de
produtos no desenvolvimento territorial nos dois territórios estudados, foi bastante
rica sob o aspecto de entender que o processo de busca de ativo territorial ou ainda
de recursos que venha a ser considerado como um ativo e assim obter o ato
declaratório de IG pelo INPI, deve estar intrinsecamente ligada a outras iniciativas
socioeconômicas, com destaque para o turismo. Os dados obtidos demonstram que
é pelo turismo a principal forma pela qual os produtos com IG são reconhecidos fora
de seu território. Da mesma forma, uma região que pensa em desenvolver o turismo,
ao buscar evidenciar seus atributos, deve considerar que estes podem estar
associados a produtos com IG.
Desse modo, observa-se uma relação muito próxima entre a IG e o turismo, o
que certamente favorecerá o desenvolvimento do território, com a união destas duas
ferramentas de desenvolvimento territorial.
Para Dillius, Froehlich e Vendruscolo (2008, p. 1)
110
Assim, conhecimentos e ações que visam consolidar potencialidades contemplando as especificidades histórico-culturais e naturais dos territórios são cada vez mais importantes. Atualmente, uma das principais estratégias que articula os potenciais da noção de identidade territorial para promover ações de desenvolvimento são aquelas que se pautam pela obtenção de dispositivos de reconhecimento via registro de Indicações Geográficas.
Sobre a aliança entre turismo e IG, Nascimento, Nunes e Bandeira (2012, p.
380) descrevem:
A aliança entre Turismo e Indicação Geográfica propicia o reconhecimento de culturas tradicionais, a valorização da gastronomia típica, produção sustentável de alimentos, proteção dos manuseios artesanal e cultural. É uma união que, ao mesmo tempo, fortalece o turismo interno no País e gera renda, agregando valor às atividades agrícolas, artesanais e agroindustriais, colaborando com a preservação do patrimônio natural e cultural.
A identidade territorial é a busca de atributos do território, que podem estar
relacionado com aspectos geográficos, históricos ou por um tipo de produto ou sabor
especial. A busca na identificação destes atributos é o esforço dos atores sociais do
território na trajetória do seu desenvolvimento. Em ambas as experiências visitadas
foi possível observar no aspecto prático a importância destes atores, bem como a
contribuição do turismo para viabilizar os projetos de Indicação Geográfica.
Os resultados obtidos dão conta de um perfeito entrosamento entre a
existência de uma IG e a promoção socioeconômica e cultural do território atingido,
como um processo de beneficio mútuo. Este argumento foi evidenciado quando
perguntado sobre o interesse de outras pessoas em se associarem após a
certificação de IG, e verificou-se que houve a integração de empresas e pessoas
ligadas ao setor de serviço, mais precisamente os serviços de atendimento aos
turistas. Constatou-se então que os turistas vêm em busca do produto com IG e, por
conseguinte, consomem outros produtos e serviços, trazendo benefícios econômicos
a outros empreendimentos locais. Entende-se que a IG é um processo, que mesmo
sendo exclusividade das pessoas ligadas que têm direito ao uso do selo, é inclusiva,
pois gera benefícios indiretos a outros setores da economia.
A Indicação Geográfica, como já fora citado na revisão bibliográfica, é um
processo de construção coletiva, que visa beneficiar a um território, seja pelo
benefício direto aos produtores que a IG pode gerar, seja pelo benefício indireto ao
comércio local ou na pela melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano do
território. Com os dados obtidos nos territórios, objeto deste estudo, ficou
111
evidenciado que a IG gera mais benefícios indiretos para o desenvolvimento
territorial do que diretos, haja visto que existe a necessidade da integração com os
outros setores da economia local. Desta forma, o primeiro passo da IG é a união de
pessoas em torno de um objetivo coletivo.
Para Sacco dos Anjos, Aguilar Criado e Velleda Caldas (2013, p. 209):
[...] as indicações geográficas podem converter-se em um importante instrumento para o desenvolvimento de muitas zonas rurais do Brasil, sempre e quando exista uma base conceitual mais ampla, a qual estabeleça a identidade cultural dos territórios no centro das estratégias de intervenção dos entes públicos ou privados interessados nesses processos. Parte-se aqui da premissa de que não se trata apenas de fortalecer os vínculos verticais da cadeia de valor de um produto típico de um determinado território, sobretudo de ampliar os vínculos horizontais que conectam os distintos atores que compartilham traços de uma mesma identidade cultural.
O impacto produzido por uma IG ocorre centralmente no território onde está a
produção, podendo vir a gerar benefícios em outros territórios. Da mesma forma, foi
possível verificar que os benefícios ocorrem não só para os setores mais próximos,
mas para setores que a principio não estariam envolvidos no projeto. Este impacto
ocorre de forma lateral e periférica ao produto com IG, o qual de certa forma é
apresentado por Albert Hirschmann com o conceito de linkagens, ou encadeamento
para frente e para trás.
Nesse sentido, pode-se dizer que a IG gera um desencadeamento
ascendente – descendente – lateral. No caso do vinho, esta cadeia produtiva
envolve de forma descendente, a partir das vinícolas, os produtores e estes as
empresas que comercializam insumos agrícolas e assim por diante. De forma
ascendente partindo da vinícola, para o setor de transporte e este com o setor de
serviços (combustíveis, autopeças e etc.). De forma lateral se tem o turismo, e este
capaz de gerar um novo desencadeamento. Poderia ainda, parafraseando Perroux,
dizer que os produtos com IG seriam a indústria motriz, capaz de desenvolver outras
atividades em seu entorno.
É possível concluir que quando um território possui um produto ou serviço
com diferencial e que este pode ser declarado como IG se está falando em
desenvolvimento não somente para os produtores e a cadeira produtiva ligada ao
produto com IG, mas ao território. Os dados obtidos dão conta de evidenciar que os
benefícios da certificação de IG são mais indiretos do que diretos e devem ser
112
analisados com um dos fatores que podem contribuir para o desenvolvimento do
território, desde que associados a outros segmentos da economia local.
Desta forma a hipótese levantada, se os produtos que possuem Indicação
Geográfica são capazes de gerar um incremento no preço de venda, e com isso
contribuir para a agregação de renda e ainda, se a Indicação Geográfica pode
contribuir economicamente no desenvolvimento territorial, conclui-se que esta se
confirmou. Os benefícios não estão simplesmente em relação a um incremento de
preço, pois os resultados econômicos para o território são bem superiores. Além da
elevação dos preços de venda dos produtos com IG, os demais produtos similares
também obtêm um ganho econômico, além dos demais setores da sociedade.
A divulgação na mídia de massa sobre o que é uma IG, certamente seria um
grande impulso para este trabalho de busca de produtos e serviços com diferencial
para o desenvolvimento do território. O consumidor, no caso do vinho, tem uma
preferência pelos importados, principalmente pela fama de vinhos de qualidade
superior, e que foi construído pela mídia de massa. Utilizar estes mesmos meios
para evidenciar que os produtos nacionais com selo de IG são produtos de
qualidade e que são certificados fará com que a visibilidade tão pretendida pelos
produtores de vinho das duas regiões possa ser atingida.
Os estudos nas duas regiões devem ser ampliados de forma a verificar se
com o passar do tempo às percepções dos produtores da Uva Goethe se confirmam,
com o aumento da produção e agregação de valor ao produto e assim podendo
gerar mais renda aos produtores e vinícolas. Da mesma forma, em Pinto Bandeira,
com a aspiração de ser declarada uma DO, e esta ser capaz de trazer maior
desenvolvimento ao território do que a declaração de IP. Cabe ainda avaliar os
impactos da IP de Pinto Bandeira em termos de arrecadação do munícipio, que fora
criado em 2013 e assim será possível com o passar do tempo verificar os impactos
da IG neste munícipio, bem como os demais índices de desenvolvimento, uma vez
que a delimitação do território pelo INPI é praticamente o próprio município de Pinto
Bandeira.
Um projeto de desenvolvimento regional pode estar baseado em desenvolver
os fatores endógenos de determinado território. Estes fatores assumem maior
importância, quando são recursos que possuem certa especificidade, as quais
podem estar relacionadas com a cultura, esporte, história, etc. Por serem específicos
podem receber a certificação de Indicação Geográfica, o que trará benefícios ao
113
território. Para tanto, merece por parte das pessoas responsáveis pelo
planejamento, uma análise mais aprofundada destes ativos ou dos recursos
disponíveis no território.
Com base nas observações e conclusões possíveis de serem registradas nas
experiências estudadas, os territórios que venham a buscar o seu desenvolvimento
por meio de produtos e serviços com Indicação Geográfica, estes devem buscar
identificar outros recursos além deste, para que possam aliar outros fatores, com
destaque para o turismo, pois pelos dados levantados na pesquisa, o turismo é um
fator importante para o sucesso da IG. Da mesma forma, o fator de sucesso está
relacionado também ao envolvimento da sociedade neste projeto, pois somente a IG
não é capaz de desenvolver um território, exigindo a atuação do conjunto dos atores
socioeconômicos neste processo.
114
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APÊNDICES
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APÊNDICE A – Roteiro de entrevista com os dirigentes das associações
(Progoethe e Asprovinho)
1. Na perspectiva da PROGOETHE/ASPROVINHO, a IG é uma alternativa para o
desenvolvimento Regional/ Territorial?
2. Na opinião da PROGOETHE/ASPROVINHO, a IG por si só é capaz de
desenvolver uma Região/ Território?
3. Quais as estratégias de Marketing da PROGOETHE/ASPROVINHO para divulgar
a IG da uva Goethe?
4. O turismo da região pode ser considerado um fator de divulgação dos produtos
com certificação de IG?
5. Depois da declaração de IG, houve o interesse de outras vinícolas em participar
da PROGOETHE/ASPROVINHO?
6. Quais foram as ações para motivar os associados a buscarem a certificação de
IG?
7. A PROGOETHE/ASPROVINHO mantém registros quanto ao volume de produção
dos associados?
8. Existe por parte da PROGOETHE/ASPROVINHO alguma ação visando a
exportação dos vinhos Goethe?
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APÊNDICE B – Roteiro de entrevista com o associado da Progoeteh e Enólogo
da Epagri
1. Na perspectiva da PROGOETHE, a IG é uma alternativa para o desenvolvimento
Regional/ Territorial?
2. Na opinião da PROGOETHE, a IG por si só é capaz de desenvolver uma
Região/ território ou necessita de ações complementares e integradas?
3. Quais as estratégias de Marketing da PROGOETHE para divulgar a IG da Uva
Goethe?
4. O turismo da região pode ser considerado um fator de divulgação dos produtos
com certificação de IG?
5. Depois da declaração de IG, houve o interesse de outras vinícolas em participar
da PROGOETHE?
6. Quais foram as ações para motivar os associados a buscarem a certificação de
IG?
7. A PROGOETHE mantém registros quanto ao volume de produção dos
associados da PROGOETHE?
8. Existe por parte da PROGOETHE alguma ação visando a exportação dos vinhos
da Uva Goethe?
9. Em relação aos custos de produção, eles se elevaram após a IG?
10. Houve alteração no preço de venda após a IG?
11. Como são fixados os preço de venda, é com base no mark-up?
12. Como e porque se envolveu neste projeto de IG
13. Qual o diferencial para os produtos com IG?
14. Qual a importância do turismo na indicação Geográfica?
15. Em sua opinião qual a importância da Progoethe ?
16. A IG é capaz de desenvolver um território?
17. Como está o mercado para o ramo vinícola?
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APÊNDICE C – Roteiro de entrevista com os associados da Progoethe e
Asprovinho
1. Quanto à forma de constituição jurídica do associado;
2. Qual o número de proprietários ou associados e o número de empregados de
cada associado?
3. Os associados elaboram de fluxo de caixa projetado?
4. Os associados elaboram o orçamento anual base zero?
5. Os associados elaboram o orçamento anual com base no ano anterior?
6. Em relação aos custos de produção, eles se elevaram após a IG?
7. Houve alteração no preço de venda após a IG?
8. Como são fixados os preço de venda, é com base no mark-up?
9. Quanto representa a produção de produtos com IG do Total da produção?
Período Produção Total (lt) Produção com IG (lt)
2009
2010
2011
2012
2013
10. Como e porque se envolveu neste projeto de IG
11. Qual o diferencial para os produtos com IG?
12. Qual a importância do turismo na indicação Geográfica?
13. Em sua opinião qual a importância da Progoethe?
14. A IG é capaz de desenvolver um território?
15. Como está o mercado para o ramo vinícola?