131
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO ESPORTE - CEFID PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU-SENSU EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO - PPGCMH TAISA VENDRAMINI CARACTERÍSTICAS BIOPSICOSSOCIAIS, DOR OROFACIAL E SUA INTERRELAÇÃO COM CONTROLE POSTURAL EM INDIVÍDUOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL TOTAL. FLORIANÓPOLIS, SC 2009

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA …livros01.livrosgratis.com.br/cp138743.pdf · taisa vendramini caracterÍsticas biopsicossociais, dor orofacial e sua interrelaÇÃo com

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA - UDESC

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO ESPORTE - CEFID

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTU-SENSU EM CIÊNCIAS

DO MOVIMENTO HUMANO - PPGCMH

TAISA VENDRAMINI

CARACTERÍSTICAS BIOPSICOSSOCIAIS, DOR OROFACIAL E S UA

INTERRELAÇÃO COM CONTROLE POSTURAL EM INDIVÍDUOS CO M

DEFICIÊNCIA VISUAL TOTAL.

FLORIANÓPOLIS, SC

2009

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

TAISA VENDRAMINI

CARACTERÍSTICAS BIOPSICOSSOCIAIS, DOR OROFACIAL E S UA

INTERRELAÇÃO COM CONTROLE POSTURAL EM INDIVÍDUOS CO M

DEFICIÊNCIA VISUAL TOTAL.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências do Movimento Humano. Orientador(a): Profa. Dra. Susana Cristina Domenech Co-orientador: Prof. Dr. Ruy Jornada Krebs

FLORIANÓPOLIS, SC

2009

Vendramini, Taisa. Características biopsicossociais, dor orofacial e sua interrelação com controle postural em indivíduos com deficiência visual total. / Taisa Vendramini; orientador(a): Susana Cristina Domenech. - Florianópolis, 2009. Inclui referências. Trabalho de conclusão de curso (pós-graduação) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde e do Esporte, Florianópolis, 2009. 1. Impacto psicossocial 2. Dor orofacial. 3. Equilíbrio musculoesquelético 4. Cegueira. I. Domenech, Susana C. II. Título.

TAISA VENDRAMINI

CARACTERÍSTICAS BIOPSICOSSOCIAIS, DOR OROFACIAL E S UA

INTERRELAÇÃO COM CONTROLE POSTURAL EM INDIVÍDUOS CO M

DEFICIÊNCIA VISUAL TOTAL.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação do Centro de Ciências da Saúde e do

Esporte da Universidade do Estado de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre em Ciências do Movimento Humano.

Banca Examinadora Orientador(a): ___________________________________

Profª. Drª. Susana Cristina Domenech - UDESC

Co-orientador: ___________________________________ Prof. Dr. Ruy Jornada Krebs - UDESC

Membro: ___________________________________ Prof. Dr. Paulo César Rodrigues Conti - USP

Membro: ___________________________________ Prof. Dr. Sebastião Iberes Lopes Melo - UDESC

Membro: ___________________________________ Profa. Dra. Monique Silva Gevaerd - UDESC

Florianópolis, 24 de julho de 2009.

Dedico este trabalho a minha “pedra fundamental”: meus pais – Aluir Antônio Vendramini e Olcinei Maria Schwabe Vendramini, – e meus irmãos, Alan Mário Vendramini e Patrícia Vendramini.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a meus pais Aluir e Olcinei, e irmãos, Alan e Patricia, pela

vida e, por desde meu nascimento me amarem profundamente e lutarem por meu crescimento e

desenvolvimento completo.

A minha família como um todo, e especialmente às minhas sobrinhas, por me

proporcionarem ensinamentos puros, alegria e luz.

Ao Murillo Chiarelli, desde o primeiro olhar: respeito, amor e parceria, incondicionais –

juntos, tudo é possível.

Aos grandes mestres, pelos princípios, ética, ensinamentos: Prof. Dr. Sebastião Iberes

Lopes Melo, Prof. Dr. Noé Gomes Borges Jr.; Profa. Monique Silva Gevaerd; em especial à

Profa. Dra. Susana Cristina Domenech.

Aos membros da banca, por aceitarem o convite e aprofundarem, ampliarem meus

conhecimentos e horizontes.

Aos queridos colegas e amigos do Laboratório de Instrumentação (LABIN), como um

todo; e do Mestrado (UDESC).

Aos pacientes e amigos que compartilharam os momentos de ansiedade e expectativa

para o e desenvolvimento e conclusão deste estudo.

A todos os novos amigos que, por meio da deficiência visual, demonstram como a vida é

maravilhosa e muito maior do que nós, videntes, estamos acostumados a percebê-la....!

Muito obrigada, a todos!

RESUMO

VENDRAMINI, Taisa. Características biopsicossociais, dor orofacial e sua interrelação com controle postural em indivíduos com deficiência visual total. 2009. 133 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano – Área: Biomecânica) – Universidade do Estado de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Ciências do Movimento Humano, 2009. O controle postural engloba a postura e o equilíbrio corporal, sendo o resultado de uma complexa interação, e dependente de inúmeros fatores, entre eles, informações dos sistemas proprioceptivo, vestibular e visual. O objetivo deste estudo foi avaliar as características biopsicossociais, a dor orofacial e suas interferências no controle postural em indivíduos com deficiência visual total. A primeira etapa da pesquisa é de caráter descritiva-exploratória (n=21); a segunda, correlacional (n=21); e a terceira, descritiva (n=6), sendo que os sujeitos apresentavam deficiência visual congênita ou adquirida. Os instrumentos utilizados foram o protocolo Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD), o software de avaliação postural SAPO®, e uma plataforma de força com freqüência de 1000 Hz, durante 20 segundos. O processamento dos dados e o tratamento estatístico foram realizados com os softwares Excel 2007 e SPSS versão 17.0 for Windows. Obtiveram-se os valores médios de idade 34,5 anos (±11,62), massa corporal 71,26 kg (±14,02), estatura 1,66 m (± 0,09) e índice de massa corpórea (IMC) 26,05 kg/m2 (±4,92). Realizou-se o teste de correlação de Spearman (p≤0,05) e obteve-se correlação entre grau de instrução e renda, mas esta foi inexistente entre a prática de exercícios físicos regulares e o IMC. A dor crônica não foi importante, porém a depressão e a somatização foram freqüentes. Houve diagnósticos apenas no grupo III do protocolo RDC/TMD, tanto nos cegos congênitos quanto nos adquiridos; uni ou bilateralmente. A ocorrência de DTM está correlacionada com a presença de dor crônica, depressão e somatização. Na avaliação postural evidenciou-se a projeção anterior da cabeça, o incremento das curvaturas vertebrais, a inclinação anterior do tronco e vertical do corpo, e antepulsão dos quadris. A partir do padrão sugerido pela literatura para a estabilometria, metade dos indivíduos apresentou valores normais para a variável amplitude de deslocamento ântero-posterior (AMPLAP), e os demais estiveram acima do esperado. Os valores da amplitude de deslocamento médio-lateral (AMPLML), em 100% dos casos, esteve dentro da normalidade; e a área de oscilação, em apenas dois indivíduos acima de 100 mm2. Nada se pode afirmar acerca da área do CoP, visto não haver valor normativo na literatura para a população estudada. Pode-se concluir que a todas as estruturas e segmentos corporais contribuem para a homeostase fisiológica, porém são necessários novos estudos sobre as interferências das características biopsicossociais e da dor orofacial no controle postural de deficientes visuais. Palavras-chave: impacto psicossocial, dor orofacial, equilíbrio musculoesquelético, cegueira.

ABSTRACT VENDRAMINI, Taisa. Biopsychosocial characteristics, orofacial pain and its relationship with postural control in blindness. 2009. 133 f. Thesis (Master´s Degree in Sciences of Human Movement – Area: Biomechanics) – Santa Catarina State University. Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em Ciências do Movimento Humano, 2009. Postural control cover posture and body balance, being the result of a complex interaction, and dependent of innumerable factors, between them, the information of proprioceptive, vestibular and visual systems. The aim of this study was to evaluate biopsychosocial characteristics, orofacial pain and postural control in individuals with visual impairment. The first stage of this study is descriptive-exploratory (n=21); the second, correlacional (n=21) and the third, descriptive (n=6). Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD) protocol, a postural software SAPO®, and a force plate (1000 Hz of frequency, during 20 seconds) were used as instruments. The processing of the data and the statistical treatment had been carried through with Excel 2007 and SPSS version 17.0 for Windows. The average values are 34,5 years of age (±11,62), body mass 71,26 kg (±14,02), stature 1,66 m (±0,09) and body mass index (BMI) 26,05 kg/m2 (±4,92). Spearman´s correlation was calculated (p≤0,05) and has gotten correlation between instruction degree and income, but this was absent between regular gymnastic and BMI. Chronic pain was not important, but depression and somatization were very common. There was only Group III RDC/TMD diagnostic both in congenital and acquired blind, uni or bilaterally. TMD occurrence is correlated with chronic pain, depression and somatization. Postural assessment showed anterior projection of the head, increase in vertebral curvatures, anterior inclination of the trunk and vertical of the body as well as the hips. From the literature standard, the result of the antero-posterior displacement (AMPLAP) allows to affirm that half of the individuals was inside of normality, while others had excessively been above of the waited one. AMPLML values in 100% of the cases were inside of normality; and the oscillation area, in only two subjects were above 100 mm2. Nothing can be said about CoP´s area because there are no normative values in literature for the studied population. It can be concluded that all the structures and body segments contribute to the physiological homeostasis, but further studies are needed to know the interferences of the biopsychosocial characteristics and orofacial pain in postural control in visual impairment subjects. Key-words: psychosocial impact, orofacial pain, musculoskeletal equilibrium, blindness.

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Postura padrão....................................................................................................... 26

Figura 02: Curvaturas vertebrais............................................................................................. 26

Figura 03: Continuidade das fáscias (cabeça e pescoço)........................................................ 27

Figura 04: Relações ósseas do hióide....................................................................................... 28

Figura 05: Relações musculares do hióide...............................................................................28

Figura 06: Centros de torção (em destaque: osso hióde e vértebra lombar L3)........................28

Figura 07: Diagrama conceitual do sistema de controle postural.............................................30

Figura 08: Representação esquemática de uma plataforma de força e os eixos de medida.... 31

Figura 09: A - Modelo biomecânico do pêndulo invertido durante a postura ereta, no plano vertical; B - Estratégias de equilíbrio postural...........................................

32

Figura 10: Delineamento da pesquisa.................................................................................... 44

Figura 11: Estrutura e dimensões da plataforma de força, em vista superior........................ 49

Figura 12: Ângulo craniovertebral........................................................................................... 55

Figura 13: Organograma dos procedimentos do estudo.......................................................... 56

Figura 14: Exemplos de posturas adotadas por indivíduos com deficiência visual congênita (A e B) e adquirida (C)..........................................................................

72

Figura 15: Cadeias musculares e respectivas posturas corporais............................................. 74

Figura 16: Indivíduo 01........................................................................................................... 78

Figura 17: Indivíduo 02............................................................................................................79

Figura 18: Indivíduo 03............................................................................................................ 80

Figura 19: Indivíduo 04............................................................................................................80

Figura 20: Indivíduo 05............................................................................................................ 81

Figura 21: Indivíduo 06............................................................................................................ 82

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Pontos dos dias de incapacitação ................................................................ 22

Tabela 02: Pontos de incapacitação .............................................................................. 22

Tabela 03: Classificação da dor crônica e da incapacitação ......................................... 22

Tabela 04: Classificação da depressão e sintomas não específicos................................ 23

Tabela 05: Medidas na vista anterior............................................................................. 54

Tabela 06: Medidas na vista lateral..................................................................................54

Tabela 07: Dados antropométricos................................................................................. 60

Tabela 08: Coeficientes de correlação de Spearman para variáveis do perfil biopsicossocial............................................................................................. 66

Tabela 09: Coeficientes de correlação de Spearman para as variáveis DTM, dor crônica e depressão....................................................................................... 68

Tabela 10: Valores da média e mediana da avaliação postural em indivíduos com cegueira congênita........................................................................................ 70

Tabela 11: Avaliação postural em indivíduos com cegueira adquirida......................... 71

Tabela 12: Dados estabilométricos dos indivíduos com cegueira congênita................ 76

Tabela 13: Amplitudes nas direções AP(mm) e ML(mm), área total de deslocamento do CoP(mm2) e área total de oscilação(mm2) dos indivíduos participantes do estudo......................................................................................................

82

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Origem da deficiência visual e distribuição quanto ao gênero.................... 60

Gráfico 02: Etiologia da deficiência visual total............................................................. 61

Gráfico 03: Grau de instrução dos sujeitos com deficiência visual total........................ 62

Gráfico 04: Estado civil dos sujeitos com deficiência visual total................................. 63

Gráfico 05: Prática regular de exercícios físicos............................................................ 64

Gráfico 06: Classificação e ocorrência de dor crônica, depressão e sintomas não específicos....................................................................................................

65

Gráfico 07: Classificação de DTM nos indivíduos com deficiência visual total............ 67

Gráfico 08: Avaliação postural em indivíduos com cegueira congênita........................ 70

Gráfico 09: Estabilometria (deslocamentos AP) em indivíduos com cegueira congênita......................................................................................................

77

Gráfico 10: Estabilometria (deslocamentos ML) em indivíduos com cegueira congênita......................................................................................................

77

Gráfico 11: Estatocinesiograma dos indivíduos com cegueira congênita (deslocamentos em mm)..............................................................................

83

LISTA DE ANEXOS

Anexo 01: Protocolo Research Diagnostic Criteria for temporomandibular Disorders

(RDC/TMD),versão em português.................................................................... 102

Anexo 02: Termo de aprovação do Comitê de Ética..................................................... 117

Anexo 03: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................................. 119

LISTA DE APÊNDICES

Apêndice 01: Ficha cadastral........................................................................................ 123

Apêndice 02: Limiares de carga e índices de exatidão (erros) da plataforma.............. 126

Apêndice 03: Estudo piloto........................................................................................... 129

ACRÔNIMOS E ABREVIAÇÕES

ACIC Associação Catarinense para Integração do Cego AJIDEVI Associação Joinvillense para Deficientes Visuais AMP Amplitude AMPAP Amplitude Antero-Posterior AMPML Amplitude Médio-Lateral AP Ântero-Posterior ATM(s) Articulação(ões) Temporomandibular(es) AVD(s) Atividade(s) de Vida Diária CEP Comitê de Ética em Pesquisa CG Centro de Gravidade CoP Centro de Pressão DCM(s) Desordem(ns) Craniomandibular(es) DTM(s) Disfunção(ões) Temporomandibular(es) EIAS Espinhas Ilíacas Ântero-Superiores EIPS Espinhas Ilíacas Póstero-Superiores F Força IMC Índice de Massa Corporal M Momento ML Médio-Lateral RDC/TMD Research Diagnostic Criteria For Temporomandibular Disorders SAPO® Software de Avaliação Postural TMD Temporomandibular Disorders WHO Word Health Organization

SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................................. 05 ABSTRACT.............................................................................................................................. 06 LISTA DE FIGURAS................................................................................................................... 07 LISTA DE TABELAS.................................................................................................................. 08 LISTA DE GRÁFICOS................................................................................................................. 09 LISTA DE ANEXOS.................................................................................................................... 10 LISTA DE APÊNDICES............................................................................................................... 11 ACRÔNIMOS E ABREVIAÇÕES.................................................................................................. 12 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 15 1.1 PROBLEMA.................................................................................................................... 15 1.2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 18 1.3 OBJETIVOS.................................................................................................................... 19 1.3.1 Objetivo geral...................................................................................................... 19 1.3.2 Objetivos específicos.......................................................................................... 19 1.4 HIPÓTESES.................................................................................................................... 20 1.4.1 Hipótese geral..................................................................................................... 20 1.4.2 Hipóteses específicas.......................................................................................... 20 1.5 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS............................................................................................. 20 1.6 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO............................................................................................ 23 2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................................... 24 2.1 CONTROLE POSTURAL................................................................................................... 24 2.1.1 Postura corporal................................................................................................... 24 2.1.2 Equilíbrio postural............................................................................................... 29 2.2 DOR OROFACIAL .......................................................................................................... 33 2.2.1 Disfunções temporomandibulares (DTMs)......................................................... 33 2.3 VISÃO........................................................................................................................... 36 2.3.1 Deficiência visual................................................................................................ 37

2.4 CONTROLE POSTURAL, DOR OROFACIAL E A INFLUÊNCIA DA VISÃO: ESTUDOS E

TENDÊNCIAS.................................................................................................................. 39

3 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................................................... 43 3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA................................................................................... 43 3.2 SUJEITOS DO ESTUDO.................................................................................................... 44 3.3 INSTRUMENTOS DE MEDIDA........................................................................................... 46 3.3.1 Ficha cadastral..................................................................................................... 46

3.3.2 Protocolo diagnóstico: Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular

Disorders (RDC/TMD)................................................................................................ 46

3.3.3 Máquina fotográfica digital................................................................................. 47 3.3.4 Software de avaliação postural (SAPO®)........................................................... 48 3.3.5 Plataforma de força e sistema de aquisição......................................................... 48 3.3.6 Outros materiais.................................................................................................. 50 3.4 CONTROLE.................................................................................................................... 50 3.4.1 Local.................................................................................................................... 50 3.4.2 Método................................................................................................................ 51 3.5 COLETA DE DADOS........................................................................................................ 56 3.6 PROCESSAMENTO DOS DADOS E ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................. 57 3.7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO............................................................................................... 58 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................................... 60 4.1 CARACTERÍSTICAS BIOPSICOSSOCIAIS........................................................................... 60 4.2 DOR OROFACIAL........................................................................................................... 66 4.3 AVALIAÇÃO POSTURAL................................................................................................. 69 4.4 ESTABILOMETRIA.......................................................................................................... 75 5 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 85 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 87 ANEXOS.................................................................................................................................. 100 APÊNDICES.............................................................................................................................. 121

1 INTRODUÇÃO

1.1 PROBLEMA

O controle postural é um termo que engloba a postura corporal, ou seja, a manutenção da

posição dos segmentos corporais em relação aos próprios segmentos e ao ambiente; assim como

o equilíbrio postural, que representa as relações entre forças que agem sobre o corpo na busca de

um equilíbrio durante as ações motoras (BANKOFF et al., 2006; HORAK e MACPHERSON,

1996). O controle postural, como um todo, é resultado de uma complexa interação, e dependente

de inúmeros fatores, entre eles, as informações provenientes dos sistemas proprioceptivo,

vestibular e oculo-motor - sendo assim, quaisquer alterações nestes, haverá influências e prejuízos

de graus variados em diferentes segmentos e regiões corpóreas, com suas consecutivas

repercussões.

Entre estas alterações, especificamente no sistema óculo-motor, existe a deficiência

visual, que tem um custo de bilhões de dólares em todo o mundo, em decorrência da perda de

produtividade, cuidados com os indivíduos (especialmente os cegos), reabilitação e educação

especial. Os primeiros dados da WHO - World Health Organization (publicados em 1995) -

estimavam que houvesse, pelo menos, 45 milhões de pessoas cegas distribuídas no mundo, com

um incremento aproximado de um milhão de pessoas ao ano devido ao aumento da expectativa de

vida e do crescimento populacional (APPLE et al., 2000; RESNIKOFF et al., 2004). Resnikoff et

al. (2004) publicaram o Bulletin of the WHO, citando que o número de pessoas com deficiência

visual no mundo, no ano de 2002, atingia 161 milhões, sendo 37 milhões delas com cegueira. Isso

significa, conforme Apple et al. (2000), que em 2020, existirão em torno de 70 milhões de

pessoas cegas no mundo, sendo que a maioria delas encontrar-se-á (como atualmente) em nações

em desenvolvimento e aproximadamente 3% serão crianças com idade inferior a 16 anos. A

prevalência global da deficiência visual pode ser visualizada em mapas disponibilizados pela

WHO (2004) demonstrando a desproporcionalidade na distribuição.

O censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2003) no ano

de 2000, revelou que 14,5% da população brasileira era portadora de pelo menos uma deficiência,

sendo que de toda a população investigada, 148 mil eram cegos e 2,4 milhões apresentavam

grande dificuldade em enxergar. Do total de cegos, 77.900 eram mulheres e 70.100 homens,

sendo a maior concentração na região Nordeste do país, seguido pelo Sudeste. A etiologia das

deficiências visuais varia grandemente; de modo geral, podem ser congênitas ou adquiridas, e de

graus variáveis (de baixa visão à cegueira), e se relacionam com fatores sócio-econômicos, assim

como os programas de saúde disponíveis e os serviços de oftalmologia para a população em geral

(APPLE et al., 2000).

A cegueira é citada por Covert et al. (2007) e pela WHO como sendo uma das

deficiências que mais afeta as relações individuais, familiares e sociais, pois provoca grandes

repercussões nas atividades de vida diária, na habilidade de se viver independentemente. Entre

estes comprometimentos, há o aparecimento de alterações biopsicossociais - como as alterações

posturais e de equilíbrio corporal, as dores orofaciais, os estados depressivos e a dificuldade de

relacionamento interpessoal e social. As alterações biológicas (físicas) incluem condições clínicas

que afetam as estruturas musculoesqueléticas alterando a homeostase corporal, a fisiologia e a

biomecânica das estruturas, o que pode culminar em processos patológicos / degenerativos e/ou

no sintoma mais comum, a dor.

Segundo Nicolakis et al. (2000), as disfunções das articulações temporomandibulares

(DTMs) são parte das desordens craniomandibulares (DCMs), atualmente denominadas de dores

orofaciais, bastante comuns na população. A prevalência varia de 20% para 85%, com uma

incidência de sintomas de DTMs de 6% aos 28 anos. No Brasil, milhões de pessoas sofrem de

DTM: estima-se que 20% da população tem alguma alteração, e que em 3% desta o problema é

grave a ponto de necessitar de tratamento (KOMINSKY, 1999). Ash, Ramfjord e Schmidseder

(2007) citam a tríade de sintomas clássicos relacionados à disfunção temporomandibular: dor e/ou

sensibilidade de articulações e músculos, ruídos articulares e limitação dos movimentos

mandibulares. Segundo estes autores, a dor é a queixa principal do paciente.

Estudos sugerem como uma das etiologias das disfunções craniomandibulares a mudança

do padrão postural normal por meio da modificação da posição da cabeça. Steenks e Wijer (1996)

citam que o estado funcional do sistema estomatognático está associado à mobilidade da coluna

cervical e com a maior sensibilidade muscular nas regiões de pescoço e ombros. Catanzariti,

Debuse e Duquesnoy (2005) mencionam que a assimetria craniocervical é responsável por

estresse mecânico repetitivo, sendo uma possível causa de sintomas, visto a inter-relação do

sistema mastigatório e os sistemas de estabilização craniocefálico (via trigeminal). Outros estudos

experimentais também demonstram que modificações na posição da cabeça alteram a posição da

mandíbula, e conseqüentemente, os padrões normais de movimento do côndilo e a atividade dos

músculos mastigatórios (DARLING, KLAUS E GLASHENN-WRAY, 1984; GOLDSTEIN et al.,

1984). Neste sentido, Souchard (2003) menciona que uma tensão inicial em uma cadeia muscular

é responsável por uma sucessão de tensões associadas, provocando deslocamentos sucessivos de

estruturas corporais.

Além dos sinais e sintomas patognomônicos, Hosoda et al. (2007) descrevem que a

posição da cabeça e a oclusão podem afetar até mesmo a função motora geral e o centro de

gravidade corporal – deste modo, podendo aumentar o risco de quedas nas pessoas. Porém, há

ainda dificuldade referente às controvérsias existentes na literatura, devido à complexidade dos

sinais e sintomas, tanto sobre o diagnóstico e inter-relações dessas alterações quanto sobre os

tratamentos mais eficazes. Salienta-se que estas pesquisas têm, na maioria das vezes, amostras de

populações teoricamente “normais” e “saudáveis”, isto é, sem deficiências físicas.

Assim, todas estas intrincadas relações podem perpetuar ou agravar alterações em pessoas

que apresentam algum tipo de deficiência, como por exemplo, a cegueira - visto que as mesmas,

por sua condição, tendem a posicionar a cabeça em posição mais anterior (com ou sem

rotação/inclinação) e com grande probabilidade de alterar as demais curvaturas fisiológicas da

coluna vertebral, numa tentativa de favorecer os sentidos corporais que estão preservados, assim

como o equilíbrio. Conforme apresentado anteriormente, estas alterações provocarão repercussões

em todo o corpo, criando um ciclo que se perpetua.

Então, a partir das informações expostas, surge o seguinte questionamento: quais as

características biopsicossociais, da dor orofacial e suas interferências no controle postural em

indivíduos com deficiência visual total?

1.2 JUSTIFICATIVA

A homeostase dos sistemas corporais e o controle postural (relativo à postura, execução de

movimentos e equilíbrio) são fenômenos intimamente ligados. O funcionamento sinérgico de todo

o corpo permite uma melhor adaptação ao meio em que se vive. De modo abrangente, o controle

postural corresponde à posição e manutenção de um corpo no espaço e tem importantes

implicações na saúde e no bem estar geral, visto que ele determina a quantidade e a distribuição

do esforço sobre os ossos, músculos, tendões, ligamentos e discos, assim como órgãos em geral

(MOFFAT e VICKERY, 2002).

Busquet (2001) descreve o sistema músculo-esquelético de modo integrado, e afirma que a

estrutura da região cervical serve como ligação entre a cabeça e o tórax e por isso deve manter

uma boa coordenação destes. Ao mesmo tempo, para este autor, por meio das cadeias musculares,

a cabeça deve preservar certa independência para que possa se liberar das influências sofridas

vindas das prioridades em manter o olhar horizontal e do equilíbrio (vestibular/ouvido interno).

Estas prioridades podem causar uma mudança inicial na posição de uma estrutura e esta

modificação será transmitida às demais partes interligadas. Estes fatos são visualizados com

facilidade na população com visão normal, cuja prioridade do olhar está mantida. Porém, há

grande deficiência na quantidade e qualidade de pesquisas com indivíduos que possuem

deficiência visual, a fim de descrever como estes fatores e padrões são influenciados e se

evidenciam em cada indivíduo. Além disso, existe a necessidade contínua de pesquisas que

explorem e descrevam as relações entre o controle postural e a presença de deficiências físicas, no

intuito de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, promovendo a saúde integral, por meio,

principalmente, da atenção primária - prevenindo processos crônico-degenerativos e a ocorrência

de sintomas. Em doenças já instaladas e em evolução, objetiva-se melhorar a saúde (atenção

secundária e terciária) aprimorando a consciência corporal, o que repercute como um todo, na

postura, na execução de movimentos e no equilíbrio, sendo os benefícios inerentes a todos os

sujeitos (com e sem deficiência visual).

Adicionalmente, Catanzariti, Debuse e Duquesnoy (2005) ratificam que fatores

anatômicos e fisiológicos estabelecem a sinergia entre o sistema mastigatório e a coluna vertebral,

sendo de fundamental importância o conhecimento de como as alterações temporárias iniciam e

se mantêm ao longo do tempo, evitando que se tornem permanentes. Assim, novamente devido a

esta íntima ligação entre todos os componentes, é imprescindível a descrição e confirmação de

tais associações, promovendo principalmente o diagnóstico correto, para toda equipe multi e

interdisciplinar de modo que também possam ser criadas discussões inter-examinadores e estudos

padronizados.

Portanto, há grande relevância em se iniciar um estudo em indivíduos com deficiência

visual, tendo em vista a inexistência ou precariedade de instrumentos adaptados para obtenção de

informações na literatura para essa população, bem como associada a estas disfunções. Deste

modo, as conseqüentes repercussões acadêmica, tecnológica e social - a partir da transferência do

conhecimento à sociedade em geral e à comunidade científica, há a promoção e melhoria da

qualidade de vida e atendimento em diversos níveis (primário, secundário e terciário) dos

deficientes visuais, melhoria nos protocolos de avaliação e reabilitação, bem como a identificação

de instrumentação necessária para reabilitação e atividades da vida diária (AVDs) por meio de

equipamentos que podem ser produzidos para facilitar as atividades individuais e dos

profissionais que os assistem.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo geral

Avaliar as características biopsicossociais, a dor orofacial e suas interferências no controle

postural em indivíduos com deficiência visual total.

1.3.2 Objetivos específicos

� Determinar as características biopsicossociais dos sujeitos com deficiência visual total, e

verificar as relações entre: grau de instrução e renda; estado civil e depressão; prática de

exercícios e ocorrência de dor crônica, depressão e somatização; e prática de exercícios e índice

de massa corporal.

� Verificar a ocorrência e a classificação de disfunções temporomandibulares, nos

indivíduos com deficiência visual total.

� Relacionar as características de dor crônica, depressão e somatização com a ocorrência de

disfunções temporomandibulares.

� Identificar e analisar as características da postura corporal nos indivíduos com deficiência

total, de origem congênita e adquirida.

� Identificar e analisar as características do equilíbrio (amplitude nas direções ântero-

posterior e médio-lateral, e área) em sujeitos com deficiência visual total de origem congênita.

1.4 HIPÓTESES

As hipóteses formuladas são apenas para a segunda etapa da pesquisa, a correlacional.

1.4.1 Hipótese geral

Existem alterações no controle postural (postura e equilíbrio) em indivíduos com

deficiência visual, e estas se relacionam com a ocorrência de disfunções craniomandibulares.

1.4.2 Hipóteses específicas

� Hipótese 1: entre as características biopsicossociais, há relações entre grau de instrução e

renda; estado civil e depressão; prática de exercícios e ocorrência de dor crônica, depressão e

somatização; e prática de exercícios e índice de massa corporal.

� Hipótese 2: há relações entre as características de dor crônica, depressão e somatização

com a ocorrência de disfunções temporomandibulares.

1.5 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS

Neste momento, são apresentadas as variáveis desta pesquisa, suas definições conceitual e

operacional, bem como os procedimentos pelos quais foram obtidas.

� Controle postural: definido por Mochizuki (2001) e Duarte (2001) como o controle do

arranjo dos segmentos corporais, baseado essencialmente em informações dos receptores

somatossensorial, visual e vestibular. Engloba a postura ereta bípede e a manutenção do equilíbrio

(BANKOFF et al., 2006).

- Postura corporal: para Lapierre (1982) e Denys-Struyf (1995), a postura corporal é uma

questão neuropsicomotora; porém, outros autores a definem como a posição que o corpo

assume no espaço de acordo com os constituintes anatômicos e o equilíbrio muscular

(KENDALL, MCCREARY e PROVANCE, 1995; SPINASANTA e MAURER, 2001).

Operacionalmente, após a demarcação dos pontos anatômicos de interesse, a postura será

avaliada por meio de fotogrametria (fotografia digital incluída em um software de

avaliação postural - SAPO®) que expressa ângulos entre segmentos corporais nos planos

frontal e sagital.

- Equilíbrio postural: para Duarte (2001), representa a oscilação corporal nas direções

ântero-posterior (AP) e médio-lateral (ML). Nesta pesquisa, será mensurado em uma

plataforma de força com freqüência de 1000 Hz, durante 20 segundos, sendo analisadas a

área (em mm2) para estimar a dispersão dos dados; e a amplitude (AMP, em mm) -

distância entre os deslocamentos máximo e mínimo, nas direções AP (AMPAP) e ML

(AMPML).

� Dor orofacial: previamente chamadas de desordens craniomandibulares, a dor orofacial é

conceituada como qualquer alteração que atinge os componentes do sistema craniomandibular e

que pode causar dor orofacial. Abrangem principalmente as disfunções temporomandibulares

(DTMs), as quais, segundo a American Dental Association (2007), correspondem a um termo

coletivo que serve para designar uma série de doenças que comprometem a articulação

temporomandibular, os músculos que movimentam a mandíbula e as estruturas associadas.

Operacionalmente, a DTM será avaliada por meio da anamnese e exame físico, com a

utilização do protocolo Research Diagnostic Criteria for temporomandibular Disorders

(RDC/TMD), versão em português (anexo 01). Este sistema de diagnóstico, como é proposto, não

é hierárquico e permite a possibilidade de múltiplos diagnósticos para um mesmo indivíduo. Os

diagnósticos são divididos em três grupos:

I. Diagnósticos musculares a. Dor miofascial b. Dor miofascial com abertura limitada

II. Deslocamento de disco a. Deslocamento de disco com redução

b. Deslocamento de disco sem redução, com abertura limitada c. Deslocamento de disco sem redução, sem abertura limitada

III. Artralgia, artrite, artrose a. Artralgia b. Osteoartrite da ATM c. Osteoartrose da ATM

Finalmente, o indivíduo recebe o diagnóstico final a partir da inclusão ou exclusão de

fatores relacionados, seguindo a tabela de escores proposta pelo próprio protocolo.

O protocolo RDC/TMD apresenta, na parte 3, a pontuação dos valores obtidos, referente

às características da dor, da ocorrência de depressão e somatização. A intensidade final da dor é

pontuada fazendo-se média aritmética das questões 7, 8 e 9 (do questionário) e multiplicando o

resultado por 10. Em seguida, os pontos dos dias de incapacitação e os pontos de incapacitação

também são somados conforme tabelas pré-determinadas (abaixo) a fim de se obter os pontos

totais de incapacitação.

Tabela 01: Pontos dos dias de incapacitação Tabela 02: Pontos de incapacitação

Número de dias de incapacitação

Pontos de dias de incapacitação

Escores de incapacitação

Pontos de incapacitação

0 – 6 dias 0 0 – 29 pontos 0 7 – 14 dias 1 30 – 49 pontos 1 15 – 30 dias 2 50 – 69 pontos 2

+ 31 dias 3 + 70 pontos 3

__________ + __________ = __________

(pontos dos dias de incapacitação) + (pontos de incapacitação) = (pontos totais de incapacitação)

Estes dois valores (intensidade final da dor + pontos totais de incapacitação) permitem

classificar a dor crônica em:

Tabela 03: Classificação da dor crônica e da incapacitação

Grau 0 Ausência de DTM nos últimos 6 meses Pequena incapacitação

Grau I Baixa intensidade Intensidade final da dor < 50 e menos que 3 pontos totais de incapacitação

Grau II Alta intensidade Intensidade final da dor ≥ 50 e menos que 3 pontos totais de incapacitação

Grande incapacitação Grau III Limitação moderada 3 a 4 pontos totais de incapacitação, sem levar em

consideração a intensidade final da dor Grau VI Limitação severa 5 a 6 pontos totais de incapacitação, sem levar em

consideração a intensidade final da dor

Em relação à depressão e a somatização (presença de sintomas não específicos com e sem

dor), as mesmas são classificadas como normal, moderada ou severa; conforme a pontuação

obtida e demonstrada na tabela abaixo:

Tabela 04: Classificação da depressão e sintomas não específicos Normal Moderada Severa

Depressão < 0,535 0,535 a < 1,105 ≥ 1,105 Sintomas não específicos com dor < 0,500 0,500 a < 1,000 ≥ 1,000 Sintomas não específicos sem dor < 0,428 0,428 a < 0,857 ≥ 0,857

� Deficiência visual: é a perda ou redução de capacidade visual em ambos os olhos

em caráter definitivo, que não possa ser melhorada ou corrigida com o uso de lentes, tratamento

clínico ou cirúrgico (MOSQUERA, 2000). Quando a deficiência é total, é chamada de cegueira,

cuja definição conceitual é ausência total de visão até a perda da percepção luminosa (APPLE et

al., 2000). Os graus de deficiência visual, assim como as causas da cegueira são diversas, porém

podem ser em congênitas ou adquiridas. Operacionalmente, será verificada a causa (etiologia) da

deficiência nos prontuários médicos, e sua categorização será em congênita ou adquirida.

1.6 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo se propôs a avaliar as características biopsicossociais, a dor orofacial e suas

interferências no controle postural (postura e equilíbrio corporal) em indivíduos com deficiência

visual total (cegueira) de origem congênita e adquirida. Foram avaliados indivíduos de ambos os

sexos, na faixa etária entre 18 e 60 anos, que não possuíam diagnóstico de doenças

reumatológicas e neurológicas, assim como doença sistêmica que pudesse ter influência direta na

postura e/ou equilíbrio, tais como labirintite e acidente vásculo-cerebral; uso de medicação com

prescrição controlada, analgésicos, antiinflamatórios, e/ou uso de prótese dentária ou aparelho

ortodôntico. Inicialmente, realizou-se a coleta do estudo piloto, e após a confirmação da

exeqüibilidade da pesquisa, esta foi realizada no Laboratório de Instrumentação da Universidade

do Estado de Santa Catarina – UDESC, na Associação Catarinense de Integração do Cego -

ACIC, ambos em Florianópolis/SC; e na Associação Joinvillense de Deficientes Visuais –

AJIDEVI, em Joinville/SC, no ano de 2008 a junho de 2009.

2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura aborda os temas norteadores do trabalho, que são o controle

postural, que inclui a postura e o equilíbrio corporal; as dores orofaciais, especificamente as

disfunções temporomandibulares; e a visão, enfatizando a deficiência visual total.

2.1 Controle Postural

O controle postural é um termo, conforme Bankoff et al. (2006), que engloba a postura

corporal assim como o equilíbrio postural. Horak e Macpherson (1996) explicam que a primeira é

manutenção da posição dos segmentos corporais em relação aos próprios segmentos e ao

ambiente; já o segundo, representa relações entre forças que agem sobre o corpo na busca de um

equilíbrio durante as ações motoras. Ambos são descritos abaixo.

2.1.1 Postura corporal

A fim de aprofundar os conhecimentos acerca da postura corporal humana, é interessante

conhecer os aspectos fisiológicos, biomecânicos, cinesiológicos e funcionais que envolvem a

coluna vertebral. Estes podem ser encontrados em obras clássicas como Knoplich (1986), Oliver e

Middleditch (1998), Hamill e Knutzen (1999), Kapandji (2000), Souchard (2003), Nordin e

Frankel (2003), entre outros; assim como artigos científicos publicados nacional e

internacionalmente (LOVEJOY, 2005a, 2005b, 2007; ALLUM et al., 1998; KELLER et al.,

2005).

A postura corporal, pode ser definida a partir de duas correntes distintas. Na primeira,

conforme citam Lapierre (1982) e Denys-Struyf (1995), a postura é uma questão

neuropsicomotora, pois é um desequilíbrio permanentemente compensado representando uma

reação pessoal à gravidade. Keleman (1992) a conceitua como uma organização das experiências

humanas, associada a fatores genéticos e emocionais. Para estes autores, não há uma postura

ideal. A segunda linha de pensamento afirma que a postura é a posição que o corpo assume no

espaço de acordo com os constituintes anatômicos e o equilíbrio muscular. Michelotti et al.

(2006) a conceituam como:

“A postura humana é o resultado do posicionamento e orientação do

corpo e membros em equilíbrio com o movimento e gravitação.”

Assim, na postura padrão, a cabeça está equilibrada evitando sobrecargas na região

cervical, o tórax está em uma posição que favorece a função ideal dos órgãos respiratórios, as

curvaturas vertebrais estão normais (fisiológicas) e os membros inferiores estão alinhados para a

sustentação do peso corporal (KENDALL, MCCREARY e PROVANCE, 1995; SPINASANTA e

MAURER, 2001). Neste caso, quando o indivíduo está em pé, a parte posterior do crânio, as

costas e os glúteos são tangentes a um plano vertical (KAPANDJI, 2000). Duarte e Zatsiorsky

(2002) resumem afirmando que o ser humano assume uma postura que busca o alinhamento

vertical. Kendall, McCreary e Provance (1995) e Yip et al. (2007) descrevem os pontos que

coincidem com a linha de referência do alinhamento ideal (Figura 01): nas vistas anterior e

posterior, esta deve seccionar o corpo em duas partes simétricas em relação ao plano sagital; e na

vista lateral, a linha de referência é levemente posterior ao ápice da sutura coronal, passa pelo

meato auditivo externo, pelos corpos da maioria das vértebras cervicais, pela articulação do

ombro, pelos corpos das vértebras lombares, levemente posterior ao eixo da articulação do joelho

e finalmente, levemente anterior ao maléolo lateral.

Figura 01: Postura padrão. Fonte: Spinasanta e Maurer (2001).

Para Kapandji (2000), tanto quanto para Santos (2001) e Keller et al. (2005), a presença

das curvaturas normais da coluna vertebral aumenta a resistência aos esforços de compressão

axial. São considerados fisiológicos os ângulos de 35 a 45º para a lordose cervical (McAVINEY

et al., 2005), cuja curvatura côncava é posterior; de 20 a 50º para a cifose torácica (AVANZI et

al., 2007), de concavidade anterior; e 30 a 35º para o ângulo sacral (superfície superior do sacro e

a horizontal) considerando a lordose lombar (Figura 02).

Figura 02: Curvaturas vertebrais. Fonte: Kapandji (2000).

Fracarolli (1981) complementa que, nesta postura ideal, os centros de gravidade de todos

os segmentos do corpo encontram-se em uma mesma linha vertical, eliminando a tendência da

Lordose cervical

Lordose lombar

Cifose torácica

flexão anterior, embora seja uma posição menos estável. O melhor equilíbrio ocorre com a

projeção da gravidade 3 cm a 5 cm adiante da articulação tibiotársica. Esta posição, conforme

Oliver e Middleditch (1998), requer surpreendentemente uma pequena atividade muscular, desde

que as curvaturas vertebrais estejam em alinhamento correto.

Kendall, McCreary e Provance (1995) ressaltam que a postura será determinada por

cadeias musculares, fáscias, ligamentos e estruturas ósseas, que possuem solução de continuidade

sendo interdependentes entre si e abrangendo todo o organismo, como pode ser visualisado, por

exemplo, na figura 03. Duarte (2000) afirma que as propriedades passivas do sistema músculo-

esquelético também desempenham importante papel na manutenção da postura assim como do

equilíbrio, ou seja, do controle postural como um todo.

Figura 03: Continuidade das fáscias (cabeça e pescoço). Fonte: Netter (1998).

Oliver e Middleditch (1998) enfatizam que a manutenção e a adaptação da postura humana

são resultado de toda a coordenação neuromuscular. Estes autores citam que a importância da

relação correta entre a cabeça e o pescoço sobre a posição de toda coluna já foi enfatizada por F.

M. Alexander, em 1932, no seu estudo The use of self (London: Methuen). Busquet (2001) ratifica

esta relação citando que o osso hióide é cartilaginoso, apresentando forma côncava posterior para

proteger o eixo esôfago-traqueal. Ele funciona como um ponto de forças convergentes, estável

pela ação muscular das cadeias retas e cruzadas anteriores e posteriores (Figuras 04 e 05).

Então, como afirma Okeson (2008), os movimentos da cabeça e pescoço são o resultado

de esforços coordenados de muitos músculos, sendo os da mastigação somente parte deste sistema

complexo.

Figura 04: Relações ósseas do hióide. Figura 05: Relações musculares do hióide. Fonte: Netter (1998) Fonte: Netter (1998).\

Da mesma forma que o osso hióide, a terceira vértebra lombar (L3) desempenha um papel

primordial na estática vertebral devido à sua situação de estar no vértice da lordose lombar, e

porque seus platôs são paralelos e horizontais entre si (KAPANDJI, 2000). Para Busquet (2001),

esta vértebra (L3) também age como um centro de torção, sendo então, o segmento lombar

considerado o mais móvel e o responsável pela maior parte da mobilidade do tronco (figura 06).

Figura 06: Centros de torção (em destaque: osso hióde e vértebra lombar L3). Fonte: Busquet (2001).

Já a movimentação da coluna torácica é muito restrita, pois as vértebras estão amarradas

às costelas, sendo pouco útil do ponto de vista semiológico (VOLPON, 1996). A partir destes

conhecimentos, Souchard (2003) garante que existe a postura ideal, porém esta sofrerá

adaptações a fim de que o corpo mantenha a horizontalidade do olhar e as funções hegemônicas,

que são a respiração, alimentação e função sexual. Além disso, imprescindível a consulta dos

papers de Allum et al. (1998), que revêem novos conceitos sobre o controle proprioceptivo da

postura, e de Lovejoy, que descreve minuciosamente a história natural da postura e da marcha

humana, em seus trabalhos publicados entre 2005 e 2007.

Percebe-se, então, que todas as estruturas têm importância fundamental na manutenção

postural de cada região da coluna vertebral, assim como do corpo como um todo. Por isso, a partir

dos aspectos abordados é importante perceber que se deve considerar o corpo humano

integralmente, com suas interrelações nos mais diversos segmentos e regiões corporais, de modo

que se necessita de uma avaliação global na tentativa de compreender a fisiologia e a patologia;

como os processos de doenças ocorrem e se desenvolvem, assim como para prevenir e buscar os

tratamentos mais pertinentes a cada situação.

Assim, segundo Carnaval (1995), a avaliação postural compreende a determinação e

registro de todas as atitudes corporais que saem do eixo de normalidade, considerando a postura

padrão ideal. Para a avaliação da postura corporal, diversos instrumentos são utilizados:

qualitativamente, têm-se as fichas de avaliação postural (WATSON e MACDONNCHA, 2000) e

a observação direta, com fio de prumo, e/ou com uso de simetrógrafo (KENDALL, MCCREARY

e PROVANCE, 1995); quantitativamente, têm-se os exames radiográficos, calculando-se o

ângulo de Cobb (HARRISON et al., 2000), as réguas flexíveis (PEREIRA, 2005), o

cifolordômetro (BARAÚNA e ADORNO, 2001), e as técnicas de fotografias e aquisição de

imagens, como a cinemetria e as biofotogrametrias, de modos bi ou tridimensionais, e ainda o uso

dos lasers (DAANEN e WATER, 1998). Todas estas técnicas utilizadas atualmente apresentam

vantagens e desvantagens, e são descritas de modo minucioso por Schwertner (2007).

2.1.2 Equilíbrio postural

Biomecanicamente, Duarte (2000) define o equilíbrio postural como a habilidade de

manter e controlar o centro de gravidade (CG) do corpo dentro dos limites da base de suporte, ou

seja, a área entre os pés durante a postura ereta. Winter (1995) afirma que o mesmo está

relacionado às forças inerciais que atuam sobre o corpo e às características inerciais dos

segmentos corporais. Então, a manutenção do equilíbrio do corpo é atribuída ao sistema de

controle postural, ou seja, às funções integradas dos sistemas nervoso, sensorial e motor, a fim de

captar estímulos e provocar respostas neuromusculares, também chamadas de estratégias

posturais (DUARTE, 2000).

O termo “estático” está grandemente associado ao equilíbrio postural, pois, mesmo quando

um indivíduo permanece “parado”, ou seja, “sem movimento”, existem diminutas oscilações,

ocasionando o anulamento das forças apenas momentaneamente (DUARTE, 2000). Enoka;

Duarte; Karlsson e Frykberg (2000), Freitas e Duarte (2006) afirmam que um corpo está em

equilíbrio mecânico quando a somatória de todas as forças (F) e momentos (M) é igual a zero (∑F

= 0 e ∑M = 0), porém, essa tarefa não é fácil pela dificuldade em manter os segmentos corporais

alinhados sobre uma base restrita, além da influência de diversos fatores (e forças) internas,

fisiológicos, como a respiração, os batimentos cardíacos e o retorno venoso (OLIVEIRA et al.,

2000). Assim, para a manutenção do equilíbrio postural, três classes de sensores atuam de modo

complexo e integradamente no corpo: os sistemas óptico, vestibular e somatossensorial

(DUARTE, 2000; MICHELOTTI et al., 2006). Duarte (2000) organiza estas informações sobre o

sistema de controle postural no diagrama abaixo.

Figura 07: Diagrama conceitual do sistema de controle postural. Fonte: Duarte (2000).

Patla (1997) e Hallemans et al. (2009) ratificam a importância da visão na manutenção do

equilíbrio, dizendo que a mesma é, de certo modo, dominante sobre os outros sensores, pois ela

pode alterar as características de estabilidade estática ou dinâmica do corpo.

Segundo Terekhov (1976) apud Duarte (2000), o estudo do equilíbrio corporal é

denominado de estabilometria (também chamada de estabilografia, posturografia, ou

estatocinesiografia), que é a medida e o registro da contínua oscilação (temporal) do corpo. Este

estudo pode ser na posição estática, na qual se avaliam oscilações corporais na postura ereta

quieta; ou pode ser dinâmico, quando existe a aplicação de uma perturbação. Duarte (2000)

afirma que ambas as avaliações apresentam pequenos déficits na descrição da postura ereta

natural, mesmo assim, a variável mais comum analisada é a posição do centro de pressão (CoP),

sobre uma plataforma de força (figura 08). O CoP é definido por Freitas e Duarte (2006) como o

ponto de aplicação da resultante das forças verticais que agem sobre a superfície de suporte, sendo

que o deslocamento do CoP representa uma somatória das ações do sistema de controle postural e

da força de gravidade. Winter (1995) assegura que outras variáveis também são estudadas, como

o centro de massa (CM) e o centro de gravidade (CG). O CM é o ponto equivalente da massa total

do corpo em um sistema de referência global, e é a representação média do CM de cada segmento

do corpo no espaço. O CG, por sua vez, é o centro das forças gravitacionais agindo sobre todos os

segmentos do corpo projetado verticalmente no solo (WINTER, 1995; ZATSIORSKY, 2002).

Figura 08: Representação esquemática de uma plataforma de força e os eixos de medida. Fonte: Freitas e Duarte (2006).

Conforme Mochizuki (2001), na tentativa de descrever e mensurar o equilíbrio, alguns

parâmetros avaliados são a trajetória do deslocamento do CoP, sua amplitude, velocidade (média

e total), área de oscilação, assim como medidas de variabilidade (desvio padrão e desvio

quadrático médio da amplitude do CoP). Le Clair e Riach (1996) apontam que cada parâmetro

pode desvendar um aspecto do controle postural, por exemplo, a variabilidade da velocidade pode

refletir as estratégias de controle postural; a variabilidade da força, reflete a aceleração do centro

de gravidade, e a variabilidade do CoP (deslocamento e amplitudes), os mecanismos centrais de

controle postural.

Modelos biomecânicos para os mecanismos de controle postural também foram

determinados, entre eles destaca-se um modelo físico-matemático, chamado de pêndulo invertido

(figura 09A), demonstrado por Winter (1995), Winter et al. (1998), Duarte (2000), Gage et al.

(2004) e Duarte e Zatiorsky (2002). Neste modelo, Winter et al. (1998) relacionam o controle do

centro de massa com o centro de pressão: a diferença entre eles é proporcional à aceleração do

centro de massa. Duarte (2000) assume que os momentos musculares se resumem à articulação do

tornozelo, e afirma que entre as estratégias para manutenção do equilíbrio têm-se as do tornozelo,

do quadril e do passo.

A B

Figura 09: A - Modelo biomecânico do pêndulo invertido durante a postura ereta, no plano sagital (vista lateral); B - Estratégias de equilíbrio postural. Fonte: Duarte (2001); Winter (1995).

Importante ressaltar que as obras citadas anteriormente, e as Karlsson e Frykberg (2000),

Mochizuki (2001), Freitas e Duarte (2006), entre outras, devem ser consultadas para aprofundar

os conhecimentos sobre o controle postural.

2.2 Dores Orofaciais

O sistema estomatognático ou sistema crânio-cervico-mandibular é uma unidade funcional

do organismo, no qual Evcik e Aksoy (2000) e Leeuw (2010) afirmam ser um importante

componente da porção superior do corpo, junto com a cintura escapular, cabeça e pescoço.

Segundo os autores supra-citados, assim como Marchesan (2001), fazem parte deste sistema os

componentes esqueléticos (maxila e mandíbula), arcadas dentárias, tecidos moles (incluindo

glândulas salivares, suprimento nervoso e vascular), as articulações temporomandibulares

(ATMs), músculos e espaços vazios. Tais estruturas encontram-se interligadas e relacionadas e,

quando em função, visam alcançar o máximo de eficiência com a proteção de todos os tecidos

envolvidos. Neste âmbito, Okeson (1998) descreve que as ATMs representam a ligação articular

da mandíbula com a base do crânio, e desta forma, realizam conexões músculo-ligamentares com

a região cervical – o que se pode chamar de Sistema Cranio-Cervico-Mandibular. Marchesan

(2001) enfatiza que as estruturas, dentro de um processo normal de desenvolvimento, modificam-

se constantemente, e, qualquer alteração, tenderá a levar a um desarranjo de todo o sistema, visto

que há uma interdependência entre essas estruturas. Discrepâncias ósseas, ausência de dentes,

restaurações incorretas, doenças inflamatórias e degenerativas, traumatismos e outras alterações,

comprometem a estabilidade articular, resultando em diversos níveis de disfunções (MACIEL,

1996).

Assim, as dores orofaciais são conceituadas como quaisquer alterações que atingem os

componentes do sistema craniomandibular e que podem causar dor orofacial, sendo as disfunções

temporomandibulares as mais comuns (LEEUW, 2010). Percebe-se na literatura uma evolução

desta nomenclatura – estudos recentes consideram as dores orofaciais como o conjunto total das

disfunções, enquanto que os estudos mais antigos as denominavam de desordens

craniomandibulares, considerando-as, em alguns momentos, como sinônimo de disfunções

temporomandibulares, descritas abaixo.

2.2.1 Disfunções temporomandibulares (DTMs)

Segundo a American Dental Association, o termo disfunção temporomandibular é um

termo coletivo que serve para designar uma série de doenças que comprometem a articulação

temporomandibular, os músculos que movimentam a mandíbula e as estruturas associadas.

Também para Ash, Ramfjord e Schmidseder (2007) e Barros e Rode (1995), as disfunções

temporomandibulares compreendem uma vasta gama de condições clínicas, freqüentemente

justapostas, que podem envolver as articulações temporomandibulares ou o sistema

neuromuscular associado às funções mandibulares. Elas são conceituadas por Maciel (1996) como

um conjunto de manifestações clínicas objetivas e subjetivas associadas a comprometimento nos

tecidos articulares e/ou musculares.

Quanto à etiologia, Sonis et al. (1996) afirma que a grande maioria das disfunções das

ATMs são de caráter funcional e resultam de uma interação complexa entre diversas variáveis,

incluindo estresse psicológico, bruxismo, espasmo muscular, desarmonia da oclusão e agressão

iatrogênica. Até o momento, não há identificação de uma causa universal e não ambígua da DTM.

Por essa razão, a maioria dos fatores discutidos não é causal provada, mas sim, que têm

associação com as disfunções. Os fatores que aumentam o risco da DTM são denominados

predisponentes; aqueles que causam sua instalação, são chamados de iniciação; e aqueles que

interferem na cura ou aumentam a progressão da mesma, são denominados perpetuantes (ASH,

RAMFJORD e SCHMIDSEDER, 2007; LEEUW, 2010).

Segundo Okeson (1998; 2008), um em cada quatro indivíduos de uma população geral terá

consciência de algum sintoma de DTMs. Este autor relata estudos epidemiológicos que

encontraram média de 40% a 60% da população com pelo menos um sinal detectado relacionado

com DTM, que atinge principalmente indivíduos com idade entre 20 e 40 anos. Steenks e Wijer

(1996), em pesquisas realizadas na Finlândia, chegaram à conclusão de que as manifestações das

disfunções ocorrem em todos os grupos etários, que não existem diferenças quanto à freqüência

entre os sexos e que os sinais são mais freqüentes do que se admite até então. Os sinais e sintomas

também são observados em crianças e adolescentes, porém com menor frequência (LERESCHE,

1997). Na visão de Seger (1998), as mulheres costumam procurar mais ajuda profissional que os

homens quando apresentam os sintomas, o que pode erroneamente apontar uma prevalência no

sexo feminino.

Vários sinais e sintomas podem ser vistos em pacientes que apresentam DTM, mas,

classicamente, a dor facial ou cervical, movimentos mandibulares limitados ou assimétricos, dor

nas ATMs e/ou nos músculos mastigatórios e sons anormais (estalidos e crepitação) são os mais

comuns (STEENKS e WIJER, 1996; OKESON, 1998). Para Minori (1995) e Ash, Ramfjord e

Schmidseder (2007), a dor é o sintoma de maior incidência, ela acomete de 70% a 80% de todos

os pacientes - em geral, localizada nos músculos da mastigação, área pré-auricular e/ou

articulação temporomandibular. Okeson (2008) descreve que essas disfunções geralmente seguem

uma trajetória de eventos progressivos, que vão desde a articulação normal saudável até chegar a

uma doença articular degenerativa, passando por um desenrolar contínuo de sinais, onde

encontramos condições que permitem um desvio do disco no côndilo, hiperatividade muscular

(ocasionando uma tração ântero-medial do disco e afinamento de sua borda posterior),

alongamento crescente dos ligamentos retrodiscais inferiores e do disco, deslocamento funcional

deste e retrodiscite (inflamação dos tecidos retrodiscais).

As condições patológicas da articulação temporomandibular podem ser conseqüência de

fatores genéticos, congênitos ou adquiridos. Os distúrbios adquiridos podem ser devidos a eventos

traumáticos, infecções, neoplasias e radiações. Porém, existem distúrbios onde a origem não se

relaciona com nenhum desses fatores - são descritos como alterações miofuncionais da articulação

temporomandibular (MONGINI, 1998). Além desses fatores, há outros contribuintes anatômicos,

sistêmicos, fisiopatológicos e psicossociais que podem reduzir suficientemente a capacidade

adaptativa do sistema mastigatório e causar disfunções temporomandibulares (ASH, RAMFJORD

e SCHMIDSEDER, 2007; LEEUW, 2010).

O sistema de classificação para diagnóstico das DTMs está em constante desenvolvimento

e atualização, foi desenvolvido pela American Academy of Orofacial Pain (MCNEILL, 1993;

LEEUW, 2010) proposto em adição à Classificação e Critérios Diagnósticos de Cefaléia,

Neuralgias Craniais e Dor Orofacial (OKESON, 1998; SHIFFMAN e GROSS, 2001). Pode-se

visualizar então, o conjunto das disfunções temporomandibulares na classificação de diagnóstico

da IHS (Internacional Headache Society) como item 11 da classificação principal - Cefaléia ou

dor orofacial associada à desordem no crânio, pescoço, olhos, orelhas, nariz, seios paranasais,

dentes, boca ou outras estruturas faciais ou cranianas. Conforme Okeson (1998) e Maciel (1996)

são ainda subdivididas em desordens da articulação (11.7) e desordens musculares (11.8) como

podem ser observadas abaixo.

11.7 Desordens articulares da articulação temporomandibular 11.7.1 Desordens de desenvolvimento ou congênitos

11.7.1.1 Aplasia 11.7.1.2 Hipoplasia 11.7.1.3 Hiperplasia 11.7.1.4 Neoplasia

11.7.2 Desordens de desarranjo de disco 11.7.2.1 Deslocamento do disco com redução 11.7.2.2 Deslocamento do disco sem redução

11.7.3 Deslocamento da articulação temporomandibular 11.7.4 Desordens inflamatórias

11.7.4.1 Capsulite/Sinovite 11.7.4.2 Poliartrite

11.7.5 Desordens não-inflamatórias 11.7.5.1 Osteoartrite primária 11.7.5.2 Osteoartrite secundária

11.7.6 Anquilose 11.7.7 Fratura (processo condilar) 11.8 Desordens dos músculos da mastigação 11.8.1 Dor miofascial 11.8.2 Miosite 11.8.3 Mioespasmo 11.8.4 Mialgia local não classificada 11.8.5 Contratura miofibrótica

11.8.6 Neoplasia dos músculos mastigatórios

Os objetivos de tratamento das DTMs incluem a redução da dor e da sobrecarga, a

restauração das funções e o retorno às atividades diárias normais (LEEUW, 2010). Para tanto, a

avaliação das DTMs é realizada clinicamente, mas também são utilizados exames

complementares (por exemplo, raio-x, ressonância magnética, tomografia computadorizada) para

confirmação do diagnóstico, e/ou ainda, por meio de índices ou questionários, como o índice

clínico proposto por Helkimo (1974). Dworkin et al. (1992) propuseram o RDC/TMD (Research

Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders), na qual se observa uma revisão extensa

sobre o assunto, técnicas de avaliação, classificação e especificações sobre as DTMs. Este

protocolo é descrito no capítulo 3 (Material e Método) como um instrumento da presente

pesquisa.

2.3 Visão

A visão é uma habilidade única do sistema sensorial capaz de prover informações

estáticas e dinâmicas sobre o ambiente (próximo e distante) quase instantaneamente onde o

indivíduo vive e locomove-se (PATLA, 1997). Pode-se dizer que a visão normal é o único

sentido que capta informações sobre as características e localização de objetos em diferentes

distâncias, mesmo inanimados. Segundo aquele autor, estimativas sobre as taxas de informação

contendo intensidade luminosa, direção, freqüência e polarização transmitidas pelo sistema visual

têm amplitude entre 106 e 108 bits/segundo. E, por isso, segundo citação de Bittencourt e Hoehne

(2006), a visão é considerada a grande promotora da integração do indivíduo em atividades

motoras, perceptivas e mentais e a perda da mesma pode provocar marcantes alterações,

diminuindo sua capacidade de adaptação na sociedade. Informações aprofundadas sobre a óptica

da visão, funções receptora e neural da retina, neurofisiologia central da visão podem ser obtidas

em consulta a Guyton (1992). Desta forma, este estudo enfocará essencialmente a deficiência

visual total (cegueira).

2.3.1 Deficiência visual

De acordo com Sousa (1997), a visão da criança, do nascimento até cerca de oito anos de

idade, comporta-se de forma diferente do adulto: ela aperfeiçoa-se ou deteriora-se conforme a

qualidade da informação visual. Diante da necessidade da criança em receber informações claras e

precisas, qualquer obstáculo à formação de imagem nítida em cada olho pode levar a um mau

desenvolvimento visual. Para o Instituto Benjamin Constant (2003), existem pessoas com visão

sub-normal, cujos limites variam com outros fatores, tais como: fusão, visão cromática, adaptação

ao claro e escuro, sensibilidades a contrastes, entre outros. Para que haja desenvolvimento normal

da visão, são necessárias boas condições anatômicas e fisiológicas (GRAZIANO e LEONE,

2005). Assim, a deficiência visual é definida como a perda ou redução de capacidade visual em

ambos os olhos em caráter definitivo, que não possa ser melhorada ou corrigida com o uso de

lentes, tratamento clínico ou cirúrgico.

Há vários tipos e graus de deficiência visual, parcial ou total (cegueira). É considerado

com baixa visão aquele que apresenta desde a capacidade de perceber luminosidade até o grau em

que a deficiência visual interfere ou limita seu desempenho. Sua aprendizagem se dá por meios

visuais, mesmo que sejam necessários recursos especiais. As patologias que levam à deficiência

visual incluem, principalmente, alterações das seguintes funções visuais: visão central, visão

periférica e sensibilidade aos contrastes. Já a cegueira, para Lázaro (2007), pode também ser

chamada de amaurose, e classifica-se dependendo de como e onde tenha se produzido o dano que

impede a visão. É considerado cego aquele que apresenta desde ausência total de visão até a perda

da percepção luminosa. Sua aprendizagem ocorre pela integração dos sentidos remanescentes

preservados, tendo como principal meio de leitura e escrita, o sistema Braille. No entanto, os

indivíduos que a apresentam devem ser incentivados a usar seu resíduo visual nas atividades de

vida diária sempre que possível.

Além dos tipos e graus, a deficiência visual pode ser classificada conforme sua origem,

como congênita ou adquirida. Na primeira, a criança nasce com a deficiência, porém a visão não

pode ser considerada isoladamente, mas somente conforme a sua contribuição ao funcionamento

sensorial total. A visão é o elo primário de ligação com o mundo objetivo, proporcionando

informações constantes e verificação imediata e permitindo que os elementos sejam apreendidos

em forma já integrada (PIAGET, 1952). Para a deficiência visual adquirida, Goiato et al. (2004)

mencionam que há uma grande variedade etiológica, como o caso dos traumas e acidentes que são

responsáveis por cerca de 32% das causas de perdas oculares. Porém, para estes autores e para

Cotter et al. (2006), as causas mais freqüentes de cegueira adquirida incluem catarata,

degeneração macular senil, glaucoma e retinopatia diabética. Pode-se afirmar que a catarata é a

maior causa de cegueira no mundo, atingindo em torno de 16 milhões de pessoas (LIRA et al.,

2001). Esta também é considerada a principal causa de cegueira em idosos nos países em

desenvolvimento. Sua ocorrência pode ser devido ao processo natural de envelhecimento ou estar

associada a doenças, caracterizando-se pela opacificação de uma ou mais áreas do cristalino

(GUYTON, 1992). No Brasil, estima-se que cerca de 350 mil cegos por catarata encontram-se na

faixa dos 50 anos. Em 95% destes casos, a cegueira poderia ser eliminada com o recurso da

cirurgia (NEVES e CHEN, 2002). A degeneração macular senil ou degeneração macular

relacionada à idade é atualmente a maior causa de perda de visão em pessoas acima de 50 anos,

sendo considerada como a principal causa de cegueira legal em vários países do mundo ocidental.

Vários fatores estão associados à degeneração macular senil, dentre eles fatores ambientais (como

a exposição excessiva à luz solar e cigarro), individuais (idade), e fatores hereditários. A perda da

visão resulta da neovascularização coroideana, que é o crescimento de novos vasos a partir da

coreocapilar. Esses novos vasos são acompanhados de tecido fibroso, que pode destruir a visão

central em um período de meses a anos.

O glaucoma, como outra causa de deficiência visual, inclui um grupo de condições

oculares caracterizado pela perda do campo visual e freqüentemente atribuído a um aumento da

pressão intra-ocular (GUYTON, 1992). O glaucoma é um problema de saúde pública e uma das

mais importantes causas de cegueira no Brasil e no mundo. Nos Estados Unidos, 2,25 milhões de

pessoas maiores de 45 anos têm glaucoma. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a

incidência de glaucoma no mundo é estimada em 2,4 milhões de casos por ano, e a prevalência de

cegueira por glaucoma é de 5,2 milhões de pessoas, representando a terceira causa de cegueira no

mundo (SOUZA FILHO et al., 2003). Para Wyngaarden, Smith e Bennett (1993), a causa da

perda monocular de visão devido a lesões oculares e retinianas geralmente pode ser detectada com

exame oftalmológico ou com a medida da pressão intra-ocular.

Devido, então, à alta incidência e prevalência na população, assim como a maior

expectativa de vida da população mundial, são importantes as pesquisas e a divulgação dos

resultados, a fim de promover os aspectos preventivos e reabilitativos das deficiências visuais.

2.4 Controle postural, Dor Orofacial e a influência da visão: estudos e tendências

As características e alterações existentes no sistema estomatognático e no controle

postural humano vêm sendo estudadas por diversos pesquisadores da área da Saúde,

principalmente da Odontologia (nas especialidades de Dor Orofacial e Disfunção

Temporomandibular), Fisioterapia (na área das Ciências do Movimento Humano, como a linha

de Biomecânica) e Medicina (ênfase no Diagnóstico e Tratamento da Dor).

De certa forma, este tema – Controle postural, dor orofacial e a influência do sistema

óptico – provoca grandes discussões e certas controvérsias entre os pesquisadores, sendo de

grande dificuldade a obtenção de um consenso. A grande maioria dos estudos tem como

população indivíduos “normais” (“teoricamente saudáveis”), ou que apresentam sinais e sintomas

de uma ou outra alteração, sem qualquer tipo de deficiência física. Estudos sobre postura e

equilíbrio são realizados, por exemplo, com videntes de olhos abertos ou fechados (NOMURA et

al., 2009), porém são menos freqüentes os que têm sua amostra indivíduos deficientes visuais

(FJELLVANG e SOLOW, 1996; NAKATA e YABE, 2001; RAY et al., 2008). Outro fato

percebido durante as buscas, é que a maior parte das pesquisas são exploratórias ou descritivas,

com a intenção de explorar ou descrever parâmetros de uma única variável, a fim de se conhecer

a “normalidade”, ou a maior incidência na população (SHIFFMAN e GROSS, 2001; JONH,

DWORKIN e MANCL, 2005). Algumas buscam correlações entre variáveis (CIANCAGLINI e

RADAELLI, 2001; VISSCHER et al., 2002; AMANTÉA et al., 2004; CATANZARITI,

DEBUSE e DUSQUENOY, 2005; IUNES et al., 2009) ou ainda designs experimentais

(HOSODA et al.; RIES e BÉRZIN, 2007), porém há casos em estes últimos apresentam

restrições acerca das validades interna ou externa, o que os tornam pré-experimentais ou quase-

experimentais. Neste âmbito, nosso estudo procura iniciar e aprofundar alguns conhecimentos, de

modo descritivo e interrelacional, sobre os três assuntos concomitantemente – controle postural,

dor orofacial e deficiência visual.

Assim, há diversas incertezas, principalmente devido à sobreposição de sinais e sintomas

presentes nos indivíduos com dor orofacial (especificamente as disfunções temporomandibulares)

e/ou com desordens cervicais (alterações posturais). Trabalhos mencionam e confirmam que a

relação músculo-esquelética e fascial realmente existe, até mesmo sobre o sistema trigeminal e o

sistema motor cervical, e provoca uma grande repercussão em todas as estruturas imediatamente

adjacentes ou nem tão próximas à alteração inicial. Inclusive já se demonstrou que a ação

respiratória, a posição da cabeça e pescoço, e os estados de humor, especialmente a ansiedade

podem modificar a postura corporal (WADA, SUNAGA e NAGAI, 2001; BOLMONT et al.,

2002).

De modo global, estas modificações podem alterar o controle e o equilíbrio postural, visto

que estes, do mesmo modo, dependem, segundo Frank e Earl (1990), de informações dos

receptores proprioceptivos, vestibulares e visuais. Bricot (2004) propõe que o sistema tônico-

postural depende, sofre e causa influências em diferentes elementos, expondo como principais

“receptores” os pés, os olhos (a visão) e o sistema estomatognático (músculos mastigatórios),

denominando estes três itens de “captores”. A finalidade corporal, para ele e para Souchard

(2003), é manter o plano bipupilar e ótico paralelos entre si e ao chão, e para isto, o corpo se

adaptará de forma compensatória. Kondo e Aoba (1999) expõem que as anormalidades da função

muscular cervical causam uma posição anormal da cabeça, afetando o desenvolvimento e

morfologia da coluna cervical e esqueleto maxilofacial, que poderá provocar assimetria facial e

anormalidades oclusais, por alterações na fossa mandibular, côndilo, ramo da mandíbula e disco,

acompanhada de desequilíbrio muscular.

Ratificando estas relações, ainda há os estudos de Evcik e Aksoy (2000) acerca da

correlação entre doenças da articulação temporomandibular, dor cervical e alterações posturais.

Estes autores utilizaram fotografias e radiografias cervicais, e exames de ressonância magnética

das ATMs, confirmando as hipóteses de que mudanças posturais cervicais afetam a musculatura

do sistema estomatognático e aumentam a incidência de doenças temporomandibulares. Wijer et

al. (1996) e Ries e Bérzin (2007), analisam a ocorrência de sinais e sintomas das disfunções

temporomandibulares e das desordens cervicais. Os autores confirmam uma sobreposição,

indicando de forma consistente que a avaliação de ambas as regiões é de fundamental

importância para a diferenciação das disfunções e conseqüentemente, para obter o diagnóstico

correto e atuação da equipe multidisciplinar para o tratamento, o que também é enfatizado por

Amantéa et al. (2004). Catanzariti, Debuse e Duquesnoy (2005) já citam o inverso, que as

alterações oclusais seriam as causadoras de desequilíbrios musculares e modificações do

posicionamento da cabeça e pescoço, assim como causadoras de sintomas (dor) nesta região.

Entretanto, Visscher et al. (2002) ao avaliar a ocorrência de dor orofacial e a anteriorização de

cabeça por meio de exame físico e exames complementares associado à fotografia, e Duarte et al.

(2006) pesquisando a influência da postura sobre a atividade eletromiográfica dos músculos

temporal (parte anterior) e masseter, não encontraram evidências significativas que pudessem

comprovar tais associações. Porém, neste último estudo, quando existiam alterações posturais,

estas podiam influenciar a atividade eletromiográfica. Perinetti (2006) também não encontrou

correlação entre as posições de descanso mandibular e a posição de máxima intercuspidação

habitual e diferentes condições visuais (olhos abertos e fechados), mas os parâmetros dinâmicos

da posturografia (utilizando uma plataforma de força vertical, com freqüência de aquisição de 10

Hz) foram altos para olhos abertos e fechados em ambas as posições mandibulares. Salienta-se

que existe controvérsia na literatura quanto ao tempo de aquisição para avaliar o equilíbrio, pois,

atualmente, considera-se que existam três fases: adaptação, estabilização e de fadiga muscular.

Conforme descrito anteriormente, tem-se em mente que a visão é o principal sistema de

regulação dos movimentos do corpo e da postura, predominando sobre os demais componentes

do sistema sensorial (CAMPOS e CORAUCCI NETO, 2004). O sistema visual pode ser

considerado o mais importante intercessor dos comandos motores pela antecipação das atividades

e das cargas articulares inesperadas, assim como fornecedor de informações sobre a posição dos

segmentos corporais em relação ao ambiente, estabelecendo noções de profundidade, tipo de

superfície e localização de obstáculos (BUKSMAN e VILELA, 2004). Rougier e Farenc (2000)

asseguram que não há dúvidas sobre esta contribuição do sistema visual no controle postural e

Bankoff et al. (2006), em seus estudos, complementam demonstrando fortes e consistentes

interrelações neuromotoras entre o sistema visual e diferentes posturas corporais.

Devido a estes fatores, percebe-se a contínua necessidade e tendência de aprofundamento,

descrição e avaliação das relações existentes entre os estímulos recebidos interna e externamente

nos sistemas corporais (incluindo o estomatognático) e o controle postural em pessoas com e sem

deficiência física, para uma melhor compreensão dos mecanismos de ajustes e manutenção do

equilíbrio; assim como, realizar estudos e definir protocolos padronizados e validados para obter

confirmações e permitir discussão entre diferentes pesquisadores e linhas de investigação.

3 MATERIAIS E MÉTODO Neste capítulo, são apresentados os procedimentos metodológicos que orientam este

estudo, sendo descritas as características e o delineamento da pesquisa, os sujeitos participantes, a

delimitação e limitações do estudo, os instrumentos utilizados, o procedimento das coletas, e

finalmente, o processamento de dados e o tratamento estatístico.

3.1 Características da pesquisa

O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) sob o número de referência 30/2007. Este

estudo foi desenvolvido entre 2008 e junho de 2009, e apresenta três etapas, conforme os

objetivos específicos listados no capítulo 1 – Introdução, demonstradas na figura 10.

Em um primeiro momento, este estudo é classificado, quanto à técnica, como descritivo e

exploratório, pois pretende identificar e descrever as características biopsicossociais dos sujeitos,

o controle postural e a ocorrência de dor orofacial (especificamente as disfunções

temporomandibulares), nos indivíduos com deficiência visual total. Conforme Rudio (1995) e

Cervo e Bervian (1996), o estudo descritivo é aquele que estuda fatos e fenômenos do mundo

físico, descobrindo, observando, descrevendo, interpretando, analisando e correlacionando fatos

ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Segundo estes autores, o propósito é a familiarização

com o fenômeno, realizando descrições da situação e as relações existentes entre os elementos

componentes da mesma. Em um segundo momento, o estudo é correlacional, pois são verificadas

as associações entre as características biopsicossociais e a ocorrência de DTMs nos indivíduos

com deficiência visual total. Por fim, pode-se dizer que a última fase é também descritiva, devido

à descrição das características do equilíbrio dos sujeitos, expostas de modo individual.

Figura 10: Delineamento da pesquisa. Fonte: Dados do autor.

Além disso, é possível classificar o estudo, de modo generalizado, em relação à

abrangência como um estudo de caso, visto que os participantes são alunos de instituições para

deficientes visuais; e quanto ao ambiente, o estudo também pode ser considerado como de campo,

pois foi realizado naquelas.

3.2 Sujeitos do Estudo

Os sujeitos do estudo foram indivíduos com deficiência visual total, de ambos os

sexos, com faixa etária entre 18 e 60 anos, provenientes de diferentes regiões do Brasil,

especialmente da região Sul, filiados à Associação Catarinense para Integração do Cego (ACIC),

localizada em Florianópolis/SC; e à Associação Joinvillense para Deficientes Visuais (AJIDEVI),

em Joinville/SC.

Os pesquisadores foram às instituições em dias agendados para observar o prontuário

dos indivíduos e estabelecer uma listagem daqueles que apresentavam deficiência visual total de

origem congênita e adquirida, chegando a um total de 12 (doze) na ACIC e 09 (nove) na

AJIDEVI. Após, os sujeitos incluídos na listagem, que estavam presentes nas instituições nos

dias de coleta, foram abordados diretamente e avaliados - após o esclarecimento da aprovação da

pesquisa pelo Comitê de Ética da UDESC (pela leitura do mesmo pelos pesquisadores), dos

objetivos e procedimentos. Todos preencheram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido -

por meio da rubrica de um responsável direto ou acompanhante, pelo registro de sua impressão

digital ou ainda pelo uso de uma guia (régua especial para escrita).

Os critérios de inclusão na pesquisa foram apresentar deficiência visual total congênita

ou adquirida, ter idade entre 18 e 60 anos, e apresentar nível cognitivo adequado para

compreender os objetivos e procedimentos do estudo.

Já os critérios de exclusão foram a presença de alguma doença ou seqüela que

impedisse o exame físico ou a avaliação do controle postural, histórico de trauma (especialmente

na face, nas articulações temporomandibulares), fazer uso de próteses (no caso de edêntulos

totais), uso de medicamentos analgésicos e antiinflamatórios até uma semana antes dos testes, uso

de aparelho ortodôntico e/ou aparelho ortopédico funcional.

Deste modo, 21 indivíduos participaram e determinam a primeira parte da pesquisa, a

descritiva, sobre as características biopsicossociais; destes sujeitos, 14 se submeteram à aplicação

do protocolo RDC/TMD. Já o controle postural, foi analisado inicialmente por meio da avaliação

postural, no qual participaram 08 indivíduos (06 congênitos e 02 adquiridos); e pela avaliação do

equilíbrio postural, com a participação de 06 indivíduos com cegueira congênita, conforme

demonstrado anteriormente (figura 10).

3.3 INSTRUMENTOS DE MEDIDA

3.3.1 Ficha cadastral

A ficha cadastral (apêndice 01) foi desenvolvida especialmente para esta pesquisa e

utilizada para registrar os dados pessoais (idade, sexo, lateralidade, estado civil, profissão e

naturalidade) e clínicos (diagnóstico, etiologia da deficiência visual, medicação em uso, histórico

familiar, presença de lesões ou história de traumas neurológicos e músculo-articulares e presença

de alteração nas funções vestibulares) obtidos por meio da consulta aos prontuários ou

diretamente dos indivíduos pela anamnese; confirmando a inclusão dos sujeitos no estudo.

3.3.2 Protocolo Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders

(RDC/TMD)

O Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD) foi

desenvolvido pelo Department of Oral Medicine and Orofacial Pain Research Group da

Universidade de Washington (Seatle) e é composto por um questionário contendo 31 perguntas

sobre dados pessoais e da história de DTM, assim como por mais 10 itens para registro do exame

físico (palpação muscular e articular, avaliação dos ruídos das ATMs, e mensuração da amplitude

de movimento mandibular).

Este instrumento foi utilizado para avaliação dos sujeitos do estudo, a partir da verificação (e

confirmação) de sua história clínica e da presença ou não de sinais e sintomas clínicos de DTM.

Um indivíduo pode ser classificado como apresentando um ou mais diagnósticos, sendo eles:

muscular (grupo I), de deslocamento de disco (grupo II) ou com artralgia, artrose ou artrite

(grupo III); conforme Dworkin et al. (1992) e Ries e Bérzin (2007). O questionário foi traduzido

para língua portuguesa (anexo 01) durante o I International RDC/TDM Consortium Status of

Translations and Cultural Adaptation, por Welson Pimentel Filho e por Eduardo Favilla

(responsável pela back-translation).

Para padronização dos resultados, o protocolo sugere que o examinador realize um

treinamento ministrado por especialistas, pela visualização e reprodução dos vídeos, com

métodos específicos de exame dos sujeitos, sequência dos procedimentos de avaliação clínica e

os materiais utilizados, a fim de reduzir ou anular os erros da aplicação do mesmo. Este processo

de treinamento foi realizado com os pesquisadores do presente estudo em Florianópolis/SC, em

agosto de 2008, pelo Prof. Dr. José Francisco Pereira Jr., responsável pelo mesmo no Brasil. Os

níveis de confiabilidade deste protocolo (versão em inglês) já foram citados em diversos estudos,

sendo os mais recentes de Lenton et al.; Shiffman et al.; Huggins et al.; Truelove et al.; Look et

al.; Ohrbach et al. (2007) - todos apresentados em seção específica no IADR Meetings

(International Association for Dental Research & American Association for Dental Research)

realizado no Ernest N. Memorial Convention Center em março de 2007. Acerca da versão

traduzida para o português, Lucena et al. (2006), no paper “Validação do questionário

RDC/TMD em português” a consideraram consistente (α Cronbach = 0,72), reprodutível (Kappa

entre 0,73 e 0,91; p≤0,01) e válida (p≤0,01). Campos et al. (2007) também analisaram a

confiabilidade do protocolo, e apresentam os índices de consistência interna (α Cronbach) para as

dimensões de intensidade da dor crônica e incapacidade; limitação da função mandibular;

sintomas físicos não-específicos, incluindo os itens de dor; sintomas físicos não-específicos,

excluindo os itens de dor e depressão de 0,8479; 0,8971; 0,8673; 0,8080 e 0,9270

respectivamente, atestando ao método excelente validade interna.

3.3.3 Máquina fotográfica digital

Foram empregadas duas máquinas fotográficas digitais: 01 Sony Cyber-shot modelo

DSC-P/92 e 01 Panasonic Lumix modelo TZ3, para registro da postura dos indivíduos,

possibilitando armazenamento e avaliação dos dados no software. Com a finalidade de diminuir

os erros de medição e análise, as máquinas fotográficas foram posicionadas a 90º entre elas, sobre

tripés de mesma altura para cada indivíduo (altura do umbigo), e a uma distância do sujeito de

três metros cada, conforme sugere o software de avaliação postural SAPO®, descrito em seguida.

3.3.4 Software de avaliação postural (SAPO®)

Software brasileiro livre e gratuito, desenvolvido com a parceria do Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado de São Paulo (FAPESP), por uma equipe multiprofissional. A construção do software foi

coordenada pelo Prof. Dr. Marcos Duarte (vinculado à Universidade de São Paulo – USP), e o

mesmo foi utilizado para a análise dos dados posturais. Ele possui um protocolo padrão de

avaliação, porém permite a criação de novos protocolos (conforme os objetivos da pesquisa),

assim como também são possíveis a calibração da escala de mensuração, ajustes de zoom, rotação

de imagens para definição da vertical, marcação livre de pontos anatômicos e medição de ângulos

e distâncias (em centímetros). Sua licença integral está disponível em

<http//sapo.incubadora.fapesp.br/ portal/ajuda/license/>. Sua validação (de construto) foi

realizada por Ferreira, em 2005, em sua tese intitulada “Postura e controle postural:

desenvolvimento e aplicação de método quantitativo de avaliação postural”; defendida à

Faculdade de Medicina da USP, sob orientação da Profa. Dra. Amélia Pasqual Marques. No

presente estudo, um novo protocolo (denominado “User 1”) foi utilizado, a partir da marcação de

pontos anatômicos descritos no item controle de variáveis.

3.3.5 Plataforma de força e sistema de aquisição

A plataforma utilizada neste estudo foi desenvolvida no Laboratório de Instrumentação

(LABIN) da UDESC e estima a localização do CoP utilizando as reações verticais. Ela é

constituída de uma lâmina de MDF (Medium Density Fiberboard) com dimensões 0,562 x 0,556

x 0,02 m; e sob esta, três células de carga uniaxiais encaixadas (TS-100 com capacidade de 1kN,

sensibilidade = 2000mV/V, erro = ± 10%, Aeph Brasil) e posicionadas em forma de um triângulo

isósceles. A componente vertical resultante (Fz) corresponde à soma das reações verticais de

cada célula (Fz = F1 + F2 + F3); considerando que F1 = F2 = F3, o CoP está localizado exatamente

no centro geométrico do sistema (Figura 11). A localização do CoP pode ser calculada, então, por

meio das equações:

CoP AP = A [(R2 + R1) – R3]/soma (1)

CoP ML = B (R2 + R1)/soma (2)

Tem-se que A e B são constantes correspondentes à metade da largura e comprimento da

área útil, 281 mm e 278 mm, respectivamente. A área útil é a área formada pela distância dos

centros das células de carga, na qual efetivamente se pode medir o CoP. No apêndice 02, são

apresentados os limiares de carga e os índices de exatidão (erros) da plataforma.

Figura 11: Estrutura e dimensões da plataforma de força, em vista superior; sendo: A = 281 mm; B = 278 mm e

c = 25 mm. Fonte: Dados do autor.

Associado à plataforma, um sistema para a aquisição dos dados também foi desenvolvido

no LABIN: microcontrolado (PIC 18F4550), com um amplificador DC de quatro canais,

conversor A/D com 10 bits de resolução, e alimentado por uma bateria com entrada unipolar de 0

a 5 volts. O sistema comunica-se com um computador utilizando uma porta USB e permite

ajustar freqüências de aquisição de até 5 kHz por canal. Além disso, um software em linguagem

C++ para Windows® foi desenvolvido para gerenciar o sistema.

3.3.6 Outros materiais

� 01 balança mecânica antropométrica adulto da marca Welmy, com sensibilidade de 100g,

para aferição da massa corporal e 01 estadiômetro, com escala de 0,1 cm; para a determinação da

estatura; ambos para o cálculo do índice de massa corpórea (IMC).

� 02 tripés da marca Greika, modelo WT 3730, para suporte das máquinas fotográficas

digitais.

� 02 fios de prumo, demarcados com 03 bolas de isopor de 15 mm de diâmetro e afastamento

de 50 cm entre cada uma delas, para calibração das imagens da avaliação postural.

� folhas de papel A3, de dimensões 297 x 420 mm, caneta hidrográfica para demarcação da

posição dos pés e fita adesiva dupla face, para manter a posição do papel durante a aquisição das

fotografias.

� bolas de isopor de 15 mm de diâmetro e fita dupla-face para demarcação dos pontos

anatômicos.

3.4 CONTROLE

Com a finalidade de assegurar a qualidade do estudo, foram controlados os seguintes

aspectos:

3.4.1 Local

Todas as etapas das coletas (ficha cadastral, aplicação do RDC/TMD, controle postural)

foram realizadas nas instituições ACIC e AJIDEVI, nas cidades de Florianópolis e Joinville,

respectivamente, com agendamento prévio, a fim de manter o ambiente conhecido pelos sujeitos

participantes. Após, os dados foram analisados no Laboratório de Instrumentação (LABIN) da

UDESC, na cidade de Florianópolis/SC.

3.4.2 Método

O pesquisador preencheu a ficha cadastral, inicialmente por meio dos prontuários e em

seguida pelo questionamento direto aos participantes do estudo. Neste momento, o protocolo

RDC/TMD foi preenchido, em modo de formulário. A partir da coleta dos dados

antropométricos, calculou-se o IMC (kg/m2) e sua classificação ocorreu conforme recomendações

da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2009), podendo-se classificar o

mesmo, em: magreza (<18,5), normalidade (entre 18,5 e 24,9), sobrepeso (entre 25,0 e 29,9),

obesidade (entre 30,0 e 39,9) e obesidade mórbida (>40,0).

A postura corporal foi avaliada tendo como referências as linhas padrão definidas por

Kendall, McCreary e Provance (1995) e Spinasanta e Maurer (2001), por meio da utilização do

software de avaliação postural SAPO® que expressa as distâncias dos segmentos corporais à

linha média do corpo ou valores angulares entre pontos anatômicos, no sistema internacional (SI)

de medidas. Para a presente pesquisa, todas as medidas posturais foram angulares, para não

comprometer os dados por diferenças antropométricas, devido ao posicionamento do fio de prumo

e/ou por existirem rotações corporais associadas. O critério de marcação dos pontos anatômicos

de interesse foram realizadas por meio da palpação, segundo o tutorial do software. Os pontos são

especificados abaixo:

Vista anterior (PA)

1. Glabela 2. Trago direito 3. Trago esquerdo 4. Mento 5. Acrômio direito 6. Acrômio esquerdo 7. Manúbrio do esterno 8. Espinha ilíaca ântero-superior direita 9. Espinha ilíaca ântero-superior esquerda 10. Trocânter maior do fêmur direito 11. Trocânter maior do fêmur esquerdo 12. Linha articular do joelho direito 13. Ponto medial da patela direita 14. Tuberosidade da tíbia direita 15. Linha articular do joelho esquerdo 16. Ponto medial da patela esquerda 17. Tuberosidade da tíbia esquerda 18. Maléolo lateral direito 19. Maléolo medial direito 20. Ponto entre o 2º e 3º metatarso direito 21. Maléolo lateral esquerdo 22. Maléolo medial esquerdo 23. Ponto entre o 2º e 3º metatarso esquerdo

Vista lateral direita (LD)

1. Glabela 2. Trago direito 3. Mento 4. Manúbrio do esterno 5. Acrômio direito 6. Processo espinhoso de C7 7. Processo espinhoso de T1 8. Processo espinhoso de T3 9. Processo espinhoso de T5 10. Processo espinhoso de T7 11. Processo espinhoso de T9 12. Processo espinhoso de T11 13. Processo espinhoso de T12 14. Processo espinhoso de L1 15. Processo espinhoso de L3

16. Processo espinhoso de L4 17. Processo espinhoso de L5 18. Processo espinhoso de S1 19. Espinha ilíaca ântero-superior direita 20. Espinha ilíaca póstero-superior direita 21. Trocânter maior do fêmur direito 22. Ponto medial da patela direita 23. Linha articular do joelho direito 24. Tuberosidade da tíbia 25. Ponto sobre o tendão do calcâneo na altura média dos dois maléolos 26. Calcâneo direito 27. Maléolo lateral direito 28. Ponto entre a cabeça do 2º e 3º metatarso direito

Vista lateral esquerda (LE)

1. Glabela 2. Trago esquerdo 3. Mento 4. Manúbrio do esterno 5. Acrômio esquerdo 6. Processo espinhoso de C7 7. Processo espinhoso de T1 8. Processo espinhoso de T3 9. Processo espinhoso de T5 10. Processo espinhoso de T7 11. Processo espinhoso de T9 12. Processo espinhoso de T11 13. Processo espinhoso de T12 14. Processo espinhoso de L1 15. Processo espinhoso de L3 16. Processo espinhoso de L4 17. Processo espinhoso de L5 18. Processo espinhoso de S1 19. Espinha ilíaca ântero-superior esquerda 20. Espinha ilíaca póstero-superior esquerda 21. Trocânter maior do fêmur esquerdo 22. Linha articular do joelho esquerdo 23. Ponto medial da patela esquerda 24. Tuberosidade da tíbia 25. Ponto sobre o tendão do calcâneo na altura média dos dois maléolos 26. Calcâneo esquerdo 27. Maléolo lateral esquerdo 28. Ponto entre a cabeça do 2º e 3º metatarso esquerdo

Vista posterior (PP)

1. Trago direito 2. Trago esquerdo 3. Acrômio direito 4. Acrômio esquerdo 5. Espinha ilíaca póstero-superior direita 6. Espinha ilíaca póstero-superior esquerda 7. Processo espinhoso de C7 8. Processo espinhoso de T1

9. Processo espinhoso de T3 10. Processo espinhoso de T5 11. Processo espinhoso de T7 12. Processo espinhoso de T9 13. Processo espinhoso de T11 14. Processo espinhoso de T12 15. Processo espinhoso de L1 16. Processo espinhoso de L3 17. Processo espinhoso de L4 18. Processo espinhoso de L5 19. Processo espinhoso de S1 20. Trocânter maior do fêmur direito 21. Trocânter maior do fêmur esquerdo 22. Linha articular do joelho direito 23. Linha articular do joelho esquerdo 24. Maléolo lateral direito 25. Maléolo medial direito 26. Calcâneo direito 27. Maléolo lateral esquerdo 28. Maléolo medial esquerdo 29. Calcâneo esquerdo

Ferreira (2005) também descreve e analisa os ângulos que podem ser medidos pelo

software SAPO®. Em nosso estudo, os ângulos medidos são descritos abaixo. Na vista anterior

(VA), tem-se as avaliações:

Tabela 05: Medidas na vista anterior

VIS

TA

AN

TE

RIO

R

MEDIDA AVALIAÇÃO

1. Ângulo tragus/horizontal Alinhamento horizontal da cabeça (inclinação)

2. Ângulo acrômios/horizontal Alinhamento horizontal dos acrômios (inclinação superior do tronco)

3. Ângulo espinhas ilíacas ântero-superiores (EIAS)/ horizontal

Alinhamento horizontal das EIAS (inclinação lateral da pelve)

4. Ângulo entre os dois acrômios e as duas EIAS Alinhamento horizontal do tronco (relação acrômios x EIAS)

5. Ângulo entre o trocânter maior do fêmur / linha articular do joelho/maléolo lateral direito

Ângulo frontal do membro inferior direito

6. Ângulo entre o trocânter maior do fêmur / linha articular do joelho/maléolo lateral esquerdo

Ângulo frontal do membro inferior esquerdo

7. Ângulo entre os trocânteres maiores dos fêmures direito e esquerdo / horizontal

Assimetria no comprimento dos membros inferiores

8. Ângulo entre eixo femoral e tuberosidade da tíbia (centro da patela) direita

Ângulo Q direito

9. Ângulo entre eixo femoral e tuberosidade da tíbia (centro da patela) direita

Ângulo Q esquerdo

Nas vistas laterais direita (VLD) e esquerda (VLE), tem-se:

Tabela 06: Medidas na vista lateral

VIS

TA

LA

TE

RA

L

MEDIDA AVALIAÇÃO

10. Ângulo craniovertebral* Alinhamento horizontal da cabeça (flexão / extensão)

11. Ângulo acrômio/trocânter maior do fêmur/vertical

Alinhamento vertical do tronco (inclinação ântero-posterior ou flexão e extensão)

12. Ângulo espinha ilíaca ântero-superior / trocânter maior do fêmur / linha articular do joelho

Ângulo do quadril

13. Ângulo acrômio/ maléolo / vertical Alinhamento vertical do corpo

14. Ângulo EIAS / EIPS / horizontal Alinhamento horizontal da pelve

15. Ângulo trocânter/linha articular do joelho/maléolo lateral

Ângulo do joelho (flexão / extensão)

16. Ângulo linha articular do joelho/maléolo lateral/ponto entre 2º e 3º metatarsos

Ângulo do tornozelo (flexão dorsal / plantar)

* Ângulo craniovertebral: será utilizado o método proposto por Augustin et al. (2003) e Yip et al. (2007), o qual usa as medidas de posição do trago e da sétima vértebra cervical (C7) em relação à horizontal, traçando retas que se cruzam e formam o ângulo mencionado (figura abaixo).

Figura 12: Ângulo craniovertebral. Fonte: Augustin et al. (2003)

As medidas que possuem em comum a mesma avaliação, porém em hemicorpos diferentes

(laterais direita e esquerda), serão resumidas em uma nova medida, cujo valor corresponderá à

média aritmética das mesmas.

As dores orofaciais, especificamente as DTMs são avaliadas por meio do protocolo

RDC/TMD (questionário e exame físico), verificando os sinais e sintomas dolorosos nas regiões

músculo-articulares e a mobilidade da mandíbula. A categorização da mesma foi exposta no

capítulo 1, no item definição de variáveis.

Finalmente, os dados de equilíbrio são coletados sobre a plataforma de força por 20

segundos, em uma aquisição, pois, conforme definem de Le Clair e Riach (1996), uma única

aquisição é suficiente; e 10 segundos é o tempo mínimo para se obter medidas confiáveis: assim,

optou-se pelo dobro do período sugerido, no qual estes autores acreditam ser a confiabilidade

máxima das medidas (entre 20 e 30 segundos). Freitas e Duarte (2006) citam que, devido aos

ruídos, as freqüências de 100 Hz são as mais comuns para aquisição destes dados, e a maioria das

pesquisas a utiliza em pessoas sem deficiências. No entanto, devido à população do estudo ser

deficiente visual, optou-se em uma freqüência de 1000 Hz para se ter maiores detalhes dos

parâmetros relacionados ao CoP, sendo de interesse, os dados de amplitude de deslocamento AP e

ML, e área total do mesmo.

3.5 Coleta de Dados

Com a finalidade de alcançar os objetivos da pesquisa, elaborou-se um organograma

didático com os procedimentos de coleta, conforme se observa na figura 13. Inicialmente, o

projeto foi submetido ao CEP da UDESC e após sua aprovação, sob número de referência

30/2007, o pesquisador esclareceu os objetivos e procedimentos da mesma, aos responsáveis pelas

instituições de deficientes visuais. A partir da aceitação de parceria, em dia agendado, o

pesquisador retornou às instituições para observar os prontuários dos indivíduos e estabelecer uma

listagem daqueles que apresentavam deficiência visual total de origem congênita e adquirida.

Figura 13: Organograma dos procedimentos do estudo. Fonte: Dados do autor.

Após, os indivíduos incluídos na listagem, que estavam presentes nas instituições nos dias

de coleta, receberam as informações da aprovação da pesquisa pelo CEP (pela leitura do mesmo

pelos pesquisadores), e as orientações sobre os objetivos e procedimentos. Em seguida, assinaram

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, por meio da própria rubrica, de um responsável

ou acompanhante, pelo registro de sua impressão digital ou ainda pelo uso de uma guia (régua

especial para escrita). O pesquisador iniciou, então, preenchimento da ficha cadastral por meio

dos dados dos prontuários, e pelo questionamento direto. Em seguida, procedeu ao preenchimento

do protocolo RDC/TMD em modo de formulário, interrogando o indivíduo sobre cada item. Neste

momento, realizou-se a anamnese e exame físico por meio da palpação muscular e articular das

ATMs (sempre seguindo o protocolo RDC/TMD), para verificar a presença ou não de sintomas

(dor) e a mobilidade (amplitude e característica dos movimentos) destas. Para a aferição da massa

e da estatura corporal (medição antropométrica), as sugestões de Petroski (1999) foram seguidas;

para a colocação dos marcadores nos pontos anatômicos de interesse, solicitou-se que o sujeito

trajasse roupas íntimas ou de praia (biquíni - 2 peças - para as mulheres ou sunga para os

homens), conforme a preferência individual.

O sujeito foi posicionado sobre a plataforma de força, enfatizando-se e solicitando ao

mesmo que “se posicionasse de forma familiar e confortável”. Imediatamente, desenhou-se o

formato dos pés no papel (fixado à plataforma) e o registro fotográfico da postura corporal foi

realizado em bipedestação nas vistas anterior e lateral direita (por meio de duas câmeras

fotográficas colocadas em ângulo de 90º entre elas), assim como os dados de equilíbrio. A

permanência do indivíduo sobre a plataforma foi de 20 segundos, com freqüência da mesma em

1000 Hz. Em seguida, o pesquisador girou o papel (para garantir a mesma posição dos pés) em

180º e auxiliou o sujeito a assumir a nova posição para as imagens nas vistas posterior e lateral

esquerda. Estas imagens foram superficialmente avaliadas para garantir sua validade, sendo

armazenadas para posterior análise no software de avaliação postural. Finalmente, após as

avaliações, o pesquisador analisou os dados e retornou às instituições, entrando em contato com

os indivíduos, a fim de lhes proporcionar um feedback individual sobre as características de

controle postural e das disfunções temporomandibulares, sugerindo métodos para prevenção de

futuras condições patológicas e reabilitação das existentes.

3.6 PROCESSAMENTO DOS DADOS E ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados referentes às características biopsicossociais, DTMs, avaliação postural e

estabilométrica foram inseridos, tabulados e organizados no software Excel for Windows 2007.

Entre as características biopsicossociais, a presença de dor crônica foi classificada em graus zero

(ausência de dor), um (baixa intensidade), dois (alta intensidade), três (limitação moderada) e

quatro (limitação severa), conforme a tabela 03; a depressão e os sintomas não específicos foram

categorizados como normais, moderados ou severos conforme tabela 04, ambas demonstradas no

capítulo 1, no item definição de variáveis. Em relação aos dados posturais, foram analisados os

valores angulares entre pontos anatômicos de interesse, descritos no item Método do presente

capítulo. Para os dados de equilíbrio, foi criada uma rotina (DIAS, 2009) para calcular as

variáveis relacionadas ao CoP, segundo a sugestão de Freitas e Duarte (2000). Assim,

removeram-se a média e a tendência do sinal, aplicou-se um filtro passa-baixa (8 Hz) do tipo

Butterworth de 4ª ordem e posteriormente foram realizados os cálculos da amplitude de

deslocamento nas direções ântero-posterior (AMPAP) e médio-lateral (AMPML) e área total do

deslocamento.

Para a análise estatística, utilizou-se o software SPSS (Statistical Package for the Social

Sciences) versão 17.0 for Windows, em três etapas (conforme as características e delineamento

da pesquisa):

� Etapa I: medidas descritivas.

� Etapa II: coeficiente de correlação de Spearman utilizado entre as características

biopsicossociais entre si, e a ocorrência de DTM, com nível de significância estabelecido em

5% (p≤0,05).

� Etapa III: medidas descritivas. Devido ao pequeno número de indivíduos participantes na

coleta dos dados de equilíbrio, não foi possível a realização de testes estatísticos, e por este

motivo, esta etapa da pesquisa foi, também, descritiva.

3.7 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O estudo pode ser influenciado pela subjetividade, tanto na avaliação postural

(necessidade de índices de confiabilidade dos instrumentos utilizados – fotografia digital e

software de avaliação postural), quanto pela intensidade da dor referida, uma experiência

sensorial que tem relação com fatores intrínsecos e extrínsecos ao indivíduo, como o nível de

ansiedade e estresse dos sujeitos, visto não terem o feedback visual para se familiarizarem aos

pesquisadores e/ou aos procedimentos da pesquisa. Isto foi extremamente relevante para o

processo de seleção e aceitação em participar da pesquisa, assim como na coleta de dados, pois a

capacidade dos indivíduos com cegueira congênita em se expor é extremamente limitada, o que

não houve de modo explícito naqueles com cegueira adquirida. O fato de realizar a avaliação

postural em roupas íntimas ou de banho causou certa ansiedade e nervosismo, com tentativa de

“reduzir” a área corporal exposta, o que pode ter influenciado existe na aplicação do protocolo

RDC/TMD em modo de formulário, sujeito a falhas por parte do pesquisador no questionamento

(apesar da realização do treinamento, para minimizá-las) e do entrevistado no entendimento das

questões abordadas.

Além disso, a presença de doenças não diagnosticadas, assim como os vícios posturais

mantidos durante as atividades diárias e hábitos parafuncionais diurnos e noturnos podem

favorecer o aparecimento ou agravamento de sintomas, como dores cervical, torácica ou lombar

(e suas associações), cefaléia, alteração do limiar doloroso, entre outros, podendo inclusive

provocar posturas antálgicas nos indivíduos. A história pregressa, manifestando-se em condições

psicofísicas podem também determinar diferenças comportamentais entre os grupos observados,

porém aquela não foi estudada nesta pesquisa.

Outro fator a ser levado em consideração é a carência de valores normativos acerca do

controle postural, ou seja, tanto para a postura quanto para o equilíbrio; para população em geral e

principalmente para os que apresentam deficiência visual total (congênita e adquirida).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A fim de tornar didática a apresentação e a discussão dos resultados, e facilitar a

observação da coerência interna do estudo, ambos serão apresentados associadamente, conforme

os objetivos específicos descritos na introdução. Portanto, este capítulo inicia com a descrição das

características biopsicossociais dos sujeitos, após, a verificação da ocorrência e a classificação

das dores orofaciais (especificamente as disfunções temporomandibulares); e finalmente, a

identificação e análise das características posturais e estabilométricas dos indivíduos com

deficiência visual total.

4.1 CARACTERÍSTICAS BIOPSICOSSOCIAIS

A observação dos prontuários (com o preenchimento da ficha cadastral) e a utilização do

protocolo RDC/TMD, permitiu determinar as características biopsicossociais dos indivíduos com

deficiência visual total (cegos) participantes deste estudo. Apesar dos dados da WHO (2004) e do

censo brasileiro do ano de 2000 (IBGE, 2003) apresentarem maior incidência de pessoas cegas do

gênero feminino, numa proporção de 1:1,5 a 1:2 (RESNIKOFF et al., 2004), neste estudo tem-se

que, dos 21 sujeitos, nove apresentavam deficiência visual total de origem adquirida, sendo três

mulheres e seis homens; e 12 indivíduos com cegueira de origem congênita, sendo quatro

mulheres e oito homens (gráfico 01). Apple et al. (2000) e a WHO (2004) também asseguram que

a deficiência visual total de origem adquirida é mais prevalente que a de origem congênita em

todo o mundo, visto o crescimento populacional contínuo, a maior expectativa de vida

(longevidade) da população e a carência de serviços oftalmológicos adequados.

Gráfico 01: Origem da deficiência visual e distribuição quanto ao sexo.

Fonte: Dados do autor.

A raça predominante foi a branca, com 18 indivíduos, seguida apenas pela raça negra, com

três deles, estando de acordo com o censo brasileiro (IBGE, 2003), o qual coloca a raça branca em

primeiro lugar em incidência de cegueira ou deficiência visual, seguida pela negra, amarela, parda

e indígena. Entretanto, Javitt (1995) alega que a raça negra, nas Américas, tem chance duas vezes

maior de apresentar cegueira que a raça branca.

No geral, as médias dos sujeitos foram: idade 34,57 anos (±11,62); massa 71,26 kg

(±14,02), estatura corporal 1,66 m (±0,09) e IMC (Índice de massa corporal) 26,05 m/kg2 (±4,92).

Na tabela abaixo, estes valores são descritos conforme o tipo de deficiência (congênita /

adquirida).

Deficiência visual total (n=21) Idade (anos) Massa (kg) Estatura (m) IMC (m/kg 2) x S x S x S x S

Congênita (n=12) 32,4 11,8 72,89 17,97 1,65 0,34 27,02 6,51 Adquirida (n=9) 37,4 15,5 69,1 13,64 1,67 0,10 24,76 4,33 Média geral dos sujeitos 34,57 11,62 71,26 14,02 1,66 0,09 26,05 4,92

Tabela 07: Dados antropométricos. Fonte: Dados do autor.

Segundo a WHO (2004), a distribuição da deficiência visual como um todo (incluindo

cegueira e diferentes graus de baixa visão), é desigualmente distribuída nas diferentes faixas

etárias, entretanto, pode-se citar que mais de 82% das pessoas que são cegas têm 50 anos de idade

ou mais. Como a amostra foi bastante heterogênea (idade mínima 21 anos e máxima 60 anos),

nada se pode afirmar sobre a distribuição quanto à idade.

No d

e i

nd

ivíd

uo

s a

va

lia

do

s

(fre

qu

ên

cia

ab

solu

ta)

- - - -

Não foram encontrados dados na literatura acerca do IMC de indivíduos com cegueira,

mas, nossa amostra se posicionou no índice apresentando sobrepeso (entre 25,0 e 29,9 kg/m2).

Acerca da lateralidade, todos os indivíduos apresentavam dominância dos membros superiores e

inferiores à direita.

A etiologia da deficiência visual nos sujeitos foi bastante variável (gráfico 02). Nos cegos

congênitos, tem-se a amaurose bilateral (etiologia indefinida, dois casos), atrofia do nervo óptico

(três casos), descolamento da retina (um caso), retinopatia da prematuridade (um caso),

fibroplasia retrolenticular (um caso), glaucoma congênito (um caso), leucoma retiniano (um caso),

retinose segmentar (um caso), e associações de duas ou mais alterações (um caso). Nos cegos de

origem adquirida, tem-se a atrofia do nervo óptico (dois casos), o glaucoma (dois casos), a

toxoplasmose (dois casos) e os traumas por arma de fogo (três casos).

Gráfico 02: Etiologia da deficiência visual total. Fonte: Dados do autor.

Apple et al. (2000) aludem à catarata como a maior causa de deficiência visual mundial,

seguida pelos erros refrativos, ambos responsáveis por 60 a 70% das causas de cegueira, mesmo

que estas variem nas diferentes regiões mundiais, pois são dependentes do fatores sócio-

econômicos e ambientais. Já a WHO (2004), reconhece o glaucoma como a maior causa global de

cegueira, provavelmente afetando mais de 5 milhões de pessoas, que corresponde a 13,5% da

cegueira no mundo.

No d

e i

nd

ivíd

uo

s a

va

lia

do

s

(fre

qu

ên

cia

ab

solu

ta)

Outras etiologias incluem as encontradas em nosso estudo e citadas também pela WHO

(2004), como as retinopatias, as lesões do nervo óptico, os processos degenerativos, as doenças

congênitas (como a toxoplasmose materna), entre outras; que podem estar ligados a comunidades

mais humildes ou com menor acesso aos serviços de saúde preventivos e reabilitativos. Os

traumas, segundo Apple et al. (2000) e a WHO (2004), correspondem a 2% das causas da

cegueira no mundo. Em relação à naturalidade, todos eram brasileiros – 17 indivíduos eram

catarinenses, três paranaenses, e um deles, mineiro. Está claro que esta distribuição ocorre devido

ao fato de ambas as instituições participantes serem da região sul do país.

O grau de instrução está demonstrado no gráfico 03: subentende-se que, pelas próprias

facilidades de aprendizagem, aqueles que apresentam cegueira adquirida têm maior acesso e

estímulo para estudar, porém isso não é citado na literatura, mas foi encontrado em nosso estudo

(08 indivíduos cegos de modo adquirido com 2º grau completo). O IBGE (2003) explana de modo

superficial sobre o grau de instrução de pessoas com deficiência em geral, não demonstrando os

dados apenas de pessoas com deficiência visual, muito menos cegueira. Os dados divulgados por

este instituto mostram que a maior parte das pessoas com deficiências estuda por um período de

04 (quatro) a 07 (sete) anos durante toda a vida.

Gráfico 03: Grau de instrução dos sujeitos com deficiência visual total. Fonte: Dados do autor.

A renda dos sujeitos baseou-se, na grande maioria dos casos, de auxílios governamentais.

Entre os cegos congênitos, cinco tinham renda própria (02 trabalhando apenas) e entre os

No d

e i

nd

ivíd

uo

s a

va

lia

do

s

(fre

qu

ên

cia

ab

solu

ta)

adquiridos, sete com renda (01 com trabalho próprio). A correlação entre o grau de instrução e a

renda foi verificada pelo teste de Spearman (p≤0,01), unicaudal, no qual houve correlação

negativa, de moderada para forte. Essa correlação negativa é explicada pelo fato de a renda ter

sido considerada uma variável nominal dicotômica (com/sem renda), e o grau de instrução uma

variável ordinal, sendo os que apresentam renda recebem, em média, apenas um salário mínimo.

Por conseguinte, podemos afirmar que quanto maior a grau de instrução de um sujeito, maior é a

propabilidade de apresentar renda, mas isso não significa um alto valor da mesma. West e

Sommer (2001) citam que as pessoas com deficiência visual têm desvantagens em muitas das

atividades comuns, e por isso, vivenciam o desemprego com maior frequência.

Entre os cegos congênitos, dois são casados e os demais solteiros; e entre os cegos com

deficiência adquirida, três são casados, um viúvo e os cinco restantes, solteiros (gráfico 04).

Gráfico 04: Estado civil dos sujeitos com deficiência visual total. Fonte: Dados do autor.

A introspecção foi uma particularidade muito comum nos indivíduos pesquisados, e a

condição civil pode revelar a interação entre determinadas pessoas, proporcionando maior contato

físico, um “feedback corporal”, podendo, de certa forma, melhorar a auto-estima e

consequentemente reduzir os casos de depressão ou somatização de doenças. Porém, não foi

possível encontrar associação estatística evidente entre o estado civil e a presença de depressão,

pois todos os dados dos 21 indivíduos não puderam ser mensurados, sete deles estavam ausentes

no momento da coleta do eixo biopsicosocial do protocolo RDC/TMD (referente à dor crônica,

depressão e sintomas não específicos).

No d

e i

nd

ivíd

uo

s a

va

lia

do

s

(fre

qu

ên

cia

ab

solu

ta)

Dos 21 indivíduos, apenas dois apresentavam outra deficiência física associada, no caso, a

auditiva; acerca da presença de deficiências na família, entre os cegos congênitos, seis a

relataram, e entre os cegos com deficiência adquirida, cinco.

Pôde-se constatar que a prática de exercícios físicos regulares está bastante ligada aos

estímulos provenientes da família e dos profissionais que assistem aos cegos. Na Associação em

Joinville/SC, há uma academia à disposição dos alunos e um educador físico exclusivamente para

esta atividade: entre os cegos congênitos, um pratica exercícios e o outro não; porém, entre os

cegos com deficiência adquirida, um é atleta profissional e cinco praticam regularmente. Já na

Associação em Florianópolis/SC, entre os cegos congênitos, somente dois praticam exercícios, e

os demais, inclusive entre os cegos com deficiência adquirida, nenhum pratica regularmente.

Gráfico 05: Prática regular de exercícios físicos. Fonte: Dados do autor.

Para verificar se a prática regular de exercícios físicos está correlacionada ao IMC,

realizou-se o teste de Spearman, unicaudal, p≤0,05: não houve, aparentemente, correlação

estatística (p=0,412), o que significa que as pessoas praticam atividade física, porém não tão

regularmente, a ponto de causar uma alteração evidente no IMC. Mesmo assim esta é uma

característica relevante, pois se sabe que as características antropométricas podem interferir na

morfologia e distribuição do peso corporal (Anker et al., 2007), além de influenciar a consciência

corporal, o que pode intervir na manutenção de posturas e equilíbrio. Potter (2006) divulga a

contribuição da atividade física no bem estar das pessoas com deficiência visual, o autor enfatiza

que há incremento da qualidade de vida por meio do aperfeiçoamento das percepções auditiva

(percepção da distância, direção, campo e profundidade) e tátil (receptores de toque/textura,

pressão), da memória cinestésica e proprioceptiva (percepção dos diferentes segmentos do corpo

No d

e i

nd

ivíd

uo

s a

va

lia

do

s

(fre

qu

ên

cia

ab

solu

ta)

no espaço), favorecendo o controle motor. Além disso, Potter (2006) alude à reorganização

cerebral em cegos congênitos, por meio da plasticidade nas áreas sensoriais.

A aplicação do protocolo RDC/TMD permitiu classificar os sujeitos em relação à

presença de dor crônica, depressão e sintomas não específicos (somatização), com e sem a

presença das queixas álgicas (gráfico 06). Dos 21 indivíduos, 14 estavam presentes nos dias de

coleta do protocolo, proporcionando, portanto a continuidade destas descrições. Entre os cegos

congênitos, três apresentam graduação I para dor crônica, que corresponde à baixa intensidade da

mesma; os demais, inclusive com cegueira adquirida, se apresentaram normais. A correlação de

Spearman entre a prática de exercícios físicos e a ocorrência de dor crônica, apresentou prejuízo

na observação dos dados, não havendo correlação significativa, pois p=0,119.

Gráfico 06: Classificação e ocorrência de dor crônica, depressão e sintomas não específicos.

Fonte: Dados do autor.

A depressão foi classificada nos indivíduos com cegueira congênita como normal, em

dois; como moderada, em dois; e como severa, em cinco. Nos indivíduos com cegueira adquirida,

quatro classificados como normais, um como moderada e não houve nenhuma classificada como

severa. Já a correlação entre a prática de exercício físico e presença de depressão, também não

apresentou correlação significativa, com p=0,420. Isso significa que há outros fatores

influenciando a ocorrência de dor crônica e depressão nos indivíduos.

No d

e i

nd

ivíd

uo

s a

va

lia

do

s

(fre

qu

ên

cia

ab

solu

ta)

A distribuição dos sintomas não específicos (somatização) com dor nos indivíduos com

cegueira congênita deu-se como normal, em quatro; como moderada, em dois; e como severa, em

três. Nos indivíduos com cegueira adquirida, seis classificados como normais, um como

moderado e, em nenhum, classificada como severa. Já os sintomas não específicos sem dor, nos

indivíduos com cegueira congênita, rotularam-se como normal, em cinco; como moderada, em

um; e como severa, em três. Nos indivíduos com cegueira adquirida, não houve aqueles

classificados como normais ou severos; mas dois, como moderados.

Como demonstração, as variáveis relacionadas por meio do teste não paramétrico de

Correlação de Spearman são vistas abaixo:

Variáveis relacionadas Coeficiente de correlação

de Spearman P

Prática de exercícios físicos IMC 0,052 0,412 Grau de instrução Renda -0,67 0,000* Estado civil Depressão 0,46 0,438 Prática de exercícios físicos Dor crônica -0,337 0,119 Prática de exercícios físicos Depressão -0,59 0,420

*significante para p≤0,05 Tabela 08: Índices de correlação de Spearman para variáveis entre as características biopsicossociais.

Fonte: Dados do autor. As características biopsicossociais são complementadas em seguida, por meio da

descrição das características e ocorrência das disfunções temporomandibulares nos indivíduos.

4.2 DORES OROFACIAIS

Conforme o segundo objetivo específico deste trabalho, verificou-se a ocorrência e as

características das disfunções temporomandibulares por meio do protocolo RDC/TMD, que

analisa as condições e achados clínicos (músculo-articulares).

Então, em relação ao diagnóstico de DTM, foram avaliados 14 indivíduos com deficiência

visual, cinco de origem adquirida e nove de origem congênita, sendo que dois congênitos

apresentavam deficiência auditiva (gráfico 07). Os cegos congênitos não foram diagnosticados

como pertencentes ao grupo I; apenas um sujeito classificou-se no grupo IIa para a articulação

direita; e no grupo III, um indivíduo apresentou alteração IIIa bilateralmente, e outro,

unilateralmente à direita (deficiente auditivo); e três indivíduos com alterações no grupo IIIc

bilateralmente. Ressalta-se que o segundo indivíduo com deficiência auditiva apresentou

normalidade em todas as classificações. Apesar de ser explícita esta deficiência associada, não se

sabe o quanto esta interfere na ocorrência de DTM.

Gráfico 07: Classificação de DTM nos indivíduos com deficiência visual total. Fonte: Dados do autor.

Entre os cegos adquiridos, não houve diagnósticos nos grupos I e II; e no grupo III, um

indivíduo apresentou alteração IIIa bilateralmente e outros dois, enquadraram-se no grupo IIIc

unilateralmente à esquerda.

Para alcançar o terceiro objetivo específico, realizou-se o teste de correlação de Spearman

(p≤0,05): as variáveis presença de DTM (independentemente da classificação, tomada como

variável dicotômica: com DTM/sem DTM) e dor crônica estão moderadamente correlacionadas

(p=0,017) enquanto que a presença de DTM e a ocorrência de depressão exibem uma tendência à

fraca correlação (p=0,088).

Variáveis relacionadas Coeficiente de correlação

de Spearman p

DTM Dor crônica -0,592 0,017* DTM Depressão -0,384 0,088 Depressão Somatização com dor 0,746 0,001**

*significante para p≤0,05 ** significante para p≤0,01

Tabela 09: Índices de correlação de Spearman para as variáveis DTM, dor crônica e depressão. Fonte: Dados do autor.

No d

e i

nd

ivíd

uo

s a

va

lia

do

s

(fre

qu

ên

cia

ab

solu

ta)

De modo geral, Bittencourt e Hoehne (2006) mencionam, em uma pesquisa nacional, que

os indivíduos com deficiência visual demonstram boa percepção da qualidade de vida nos

aspectos físico e psicológico, e menor nos domínios das relações sociais e do meio ambiente,

provavelmente decorrentes da situação sócio-estrutural e cultural dos mesmos. Contudo, uma

série de estudos publicados internacionalmente (EVERSOLE et al., 1985; MCCREARY et al.,

1991; RUDY et al., 1995; Di FABIO, 1998; LINDROTH, SCHMIDT e CARLSON; YAP et al.,

2002; JOHN, DWORKIN e MANCL; SCHMITTER et al., 2005) têm avaliado as alterações

psicossociais e psicológicas em relação à ocorrência de DTM, e sugerem que há redução da

qualidade de vida e do funcionamento psicossocial das pessoas, conforme encontrado também em

nosso estudo. Nesta pesquisa, no teste de correlação entre a presença de depressão e a ocorrência

de somatização com dor, tem-se que as mesmas estão correlacionadas de modo positivo, e

fortemente, como os estudos de YAP et al. (2002) – estes pesquisadores reforçam que os fatores

psicológicos estão implicados na predisposição, iniciação e perpetuação das DTMs, sendo a

psicoterapia bastante importante para estes pacientes. Além disso, pode-se dizer que estes fatores

também se relacionam com outras alterações, explícitas de modo minucioso por diversos autores,

citando-se as cefaléias tensionais, o apertamento dentário, os desvios posturais, o bruxismo, a

fibromialgia, e as dores e disfunções miofasciais com ocorrência de pontos-gatilho

(CIANCAGLINI e RADAELLI, 2001; SIMONS, TRAVELL e SIMONS, 2005; KALAMIR et

al., 2006; BALASUBRAMANIAM et al., 2007).

Assim, nota-se que a ocorrência de DTMs neste estudo não foi expressiva, isso significa

que outros fatores interferem na manifestação de sintomas, como a dor. Reforça-se assim o fato

de o corpo ser um todo, que funciona de modo integrado e busca o equilíbrio, independente das

alterações sofridas: a forma (a estrutura) se modifica segundo a função; e vice-versa; sob a

influência da psiquê; e a psiquê, sob a influência do biológico (físico).

4.3 AVALIAÇÃO POSTURAL

Para prover os dados referentes ao quarto objetivo específico deste estudo, os pontos

anatômicos de interesse e os ângulos formados entre eles foram descritos previamente no capítulo

Material e Método.

Nesta etapa, houve a participação de oito sujeitos cegos: seis com a deficiência congênita

e dois com deficiência adquirida - deste modo, não se pode obter uma tendência (embora seja

demonstrada a média dos valores). Nos cegos com deficiência congênita, na avaliação postural

em vista anterior, houve desvios dos alinhamentos horizontais da cabeça (1) em 2,6º (±7,9º)

indicando inclinação da cabeça para direita; dos acrômios (2) em 0,2º (±3,3º), inclinado também á

direita; e das espinhas ilíacas ântero-superiores (3) em 1,0o (±2,1º); e do ângulo entre os acrômios

e as espinhas ilíacas ântero-superiores (4) em 0,8º (±4,1). O valor médio do ângulo frontal do

membro inferior direito (5) foi de -4,3º (±2,9º); e o do membro inferior esquerdo (6) foi de -4,2º

(±2,4) sugerindo valgismo de ambos; a assimetria no comprimento dos membros inferiores (7)

foi de -1,1º (±0,7), podendo então existir um maior comprimento do membro inferior direito em

relação ao esquerdo; os valores para os ângulos Q de 19,8º (±7,4) e 19,2º (±15,3) para os joelhos

direito (8) e esquerdo (9), respectivamente. Para a vista lateral, os ângulos são positivos ínfero-

superiormente (sentido anti-horário), tendo-se: o ângulo craniovertebral (10) teve valor médio de

37,4º (±8,9) indicando extensão de cabeça; o alinhamento vertical do tronco (11) foi de -7,8º

(±1,9º) indicando inclinação anterior do tronco (flexão); o ângulo do quadril (12) foi -15,1º (±5,4)

com a antepulsão do mesmo; o alinhamento vertical do corpo (13) foi de 0,4º (±1,0)

demonstrando a pulsão posterior; o alinhamento horizontal da pelve (14) foi de -8,2º (±7,6)

evidenciando báscula anterior do quadril (anteversão); o ângulo do joelho foi de -1,5º (±7,4)

indicando extensão (tendência à hiperextensão); e por último, o ângulo do tornozelo (16) foi de

84,2 (±4,1º) indicando tendência à flexão plantar. Após a análise da assimetria e da curtose

padronizadas, verificou-se que estas não foram grandemente alteradas por pontos discrepantes

(embora existisse no ângulo 10, alinhamento horizontal da cabeça); os valores seguem a

normalidade - apenas os dados do alinhamento horizontal da pelve (14) não têm distribuição

normal. Assim, os valores da média e desvio padrão são demonstrados na tabela 03 e gráfico 08,

assim como a mediana. Salienta-se que, para os pontos obtidos nas vistas laterais direita e

esquerda, definiu-se um novo valor, correspondente à média aritmética das mesmas para a

descrição da vista lateral. Na vista anterior, os valores positivos representam desvios à direita

(sentido anti-horário), enquanto que valores negativos, desvios à esquerda (sentido horário).

Cegueira congênita

Avaliação Postural

(n=6) Vista anterior Vista lateral

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

X 2,6 0,2 1,0 0,8 -4,3 -4,2 -1,1 19,8 19,2 37,4 -7,8 -15,1 0,4 - -1,5 84,2

SSSS 7,9 3,3 2,1 4,1 2,9 2,4 0,7 7,4 15,3 8,9 1,9 5,4 1,0 - 7,4 4,1

Mediana 1,5 0,6 1,2 0,8 -3,3 -3,8 -1,0 21,7 20,7 34,1 -8,0 -15,7 0,4 -10,4 -3,5 84,7

Tabela 10: Valores da média e mediana da avaliação postural em indivíduos com cegueira congênita. Fonte: Dados do autor.

Gráfi

co 08: Avaliação postural em indivíduos com cegueira congênita. Fonte: Dados do autor.

Nos cegos com deficiência adquirida, conforme se observa na tabela 11, na vista anterior,

houve desvio do alinhamento horizontal da cabeça (1) em -1,4º (±0,6º); dos acrômios (2) em 0º

(±1,1º), e das espinhas ilíacas ântero-superiores (3) em 0,9o (±0,4º), sendo a esquerda mais alta;

do ângulo entre os dois acrômios e as espinhas ilíacas ântero-superiores (4) em 0,9º (±0,7º). O

valor médio do ângulo frontal do membro inferior direito (5) foi de -4,5º (±1,3º), e o do membro

inferior esquerdo (6) foi de -2,3º (±2,5º), ambos indicando valgismo; a assimetria no

comprimento dos membros inferiores (7) foi de 0,2º (±1,1º), demonstrando maior comprimento

do esquerdo; os valores para os ângulos Q de 16,1º (±4,8º) e 5,9º (±14,6º) para os joelhos direito

(8) e esquerdo (9), respectivamente. Para a vista lateral, os ângulos continuam positivos ínfero-

superiormente (sentido anti-horário) - nota-se que o ângulo craniovertebral (10) teve valor médio

de 48,6º (±3,8) – extensão de cabeça; o alinhamento vertical do tronco (11) foi -3,9º (±1,2º)

indicando inclinação anterior do tronco (flexão); o ângulo do quadril (12) foi -9,0º (±3,1) com a

antepulsão do quadril; o alinhamento vertical do corpo (13) foi de 2,2º (±1,3) com a pulsão

posterior do mesmo; o alinhamento horizontal da pelve (14) foi de -1,8º (±4,8) indicando báscula

anterior do quadril (anteversão); o ângulo do joelho (15) foi de 2,9º (±6,3) indicando flexão do

mesmo; e por último, o ângulo do tornozelo (16) foi de 82,1 (±4,4º) indicando tendência à flexão

plantar.

Cegueira adquirida

Avaliação Postural

(n=2) Vista anterior Vista lateral

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

X -1,4 0 0,9 0,9 -4,5 -2,3 0,2 16,1 5,9 48,6 -3,9 -9 2,2 -1,8 2,9 82

SSSS 0,6 1,1 0,42 0,71 1,2 2,5 1,1 4,8 14,5 3,8 1,2 3,1 1,3 4,8 6,3 4,3

Mediana -1,35 0 0,9 0,9 -4,5 -2,3 0,2 16,1 5,9 48,6 -3,9 -8,9 2,1 -1,7 2,8 82,1

Tabela 11: Avaliação postural em indivíduos com cegueira adquirida. Fonte: Dados do autor.

Embora a postura humana seja extensamente estudada (TUNNELL, 1996; PENG et al.,

1999; CHANSIRINUKOR et al., 2001; BISTER et al.; BONNEY e CORLETT, 2002;

AUGUSTIN et al., 2003; HINMAN; DUNK et al., 2004; HARRISON et al.; DUNK et al.,

2005), não há um consenso sobre como o procedimento de avaliação postural deve ser realizado.

Devido à complexidade do ser humano e da manutenção da postura, é muito difícil encontrar na

literatura “padrões” posturais pré-determinados conforme, por exemplo, a faixa etária, o biotipo

(características antropométricas) e hábitos de vida (inclusive ocupação e prática de esportes),

entre outros; mas sabe-se que estes influenciam o posicionamento corporal, provocando

adaptações e compensações nos segmentos corporais. Assim, uma boa postura, de modo

subjetivo, é aquela em que há um alinhamento das estruturas, buscando a simetria entre os

hemicorpos (no plano sagital, vistas anterior e posterior, simetria entre os lados direito e

esquerdo), ou uma busca à verticalidade quando em uma vista lateral (KENDALL, McCREARY

e PROVANCE, 1995; DUARTE e ZATSIORSKY, 2002). Devido a essa carência de valores

normativos, não foram possíveis a realização de testes estatísticos entre as características

biopsicossociais e os ângulos mensurados na avaliação postural da presente pesquisa. Contudo,

abaixo podem ser visualizadas algumas imagens do posicionamento de indivíduos com cegueira,

participantes deste trabalho.

A B C

Figura 14: Exemplos de posturas adotadas por indivíduos com deficiência visual congênita (A e B) e adquirida (C). Fonte: Dados do autor.

Assim sendo, pode-se abordar os valores (os ângulos que determinam as posições

corporais) encontrados neste, com os extensos estudos de Lovejoy (2005a, b; 2007) sobre a história da postura e marcha humana, citando que a primeira será, de certo modo, sempre vista em uma perspectiva adaptativa, provocando alterações na morfologia humana. Saito et al. (2009) avaliaram a postura corporal global e a ocorrência de DTMs (deslocamento anterior de disco) e concluíram que ambos estão fortemente relacionados, porém é impossível determinar uma relação de causa e efeito, pois não se sabe qual das variáveis seria a independente. Além disso, estes autores concordam sobre a ação do sistema músculo-esquelético em cadeias, integradas e interdependentes, o que culmina em adaptações e realinhamento das estruturas. Duarte et al. (2006) estudaram a influência da postura sobre a atividade eletromiográfica dos músculos temporal anterior e masseter, e concluíram que não, necessariamente, as alterações posturais são mais freqüentes em indivíduos com DTM, entretanto, estas, quando presentes, podem influenciar a ação destes músculos. Amantéa et al. (2004) realizaram uma revisão de literatura sobre este tema e relacionam intimamente todas as estruturas corporais, tanto na fisiologia quanto na patologia.

Embora sejam escassos os estudos acerca da postura corporal em indivíduos com deficiência visual total, dois foram encontrados com relevância acadêmica e científica: um nacional, de Sanchez et al. (2008) que por meio da biofotogrametria computadorizada avaliaram deficientes visuais congênitos (n=22) e encontraram maior ângulo craniovertebral evidenciando a protusão (anteriorização) de cabeça. O outro, internacional, de Fjelivang e Solow (1986) com n=30 (cegos) e grupo controle (n=120), sobre as relações craniocervicais de postura e morfologia, identificou que os cegos congênitos posicionavam a cabeça e a coluna cervical mais anterior e inferiormente que os videntes, entretanto as médias da angulação craniocervical foram semelhantes aos videntes devido aos finos ajustes e compensações existentes no restante do corpo. Em nosso estudo, percebeu-se que os indivíduos com deficiência visual mantêm uma hipercifose torácica, favorecida pela inclinação anterior (flexão) do tronco (tanto nos cegos congênitos quanto nos adquiridos); e esta atitude causa a posição adaptativa de anteriorização com extensão de cabeça, indo ao encontro dos estudos citados anteriormente.

Além do sistema sensorial, o envelhecimento natural do ser humano também é um fator que provoca influência nas curvaturas vertebrais. Boyle, Milne e Singer (2002) pesquisaram a influência da idade na acentuação progressiva das curvaturas da coluna vertebral, utilizando 172 radiografias. Seus resultados indicam um ajuste seqüencial na coluna cervico-torácica, acentuando a curvatura cifótica entre as vértebras torácicas, com conseqüente modificação do ponto de transição para a lordose cervical, a fim de permitir a extensão da cabeça, preservando a horizontalidade do olhar. Keller et al. (2005) complementam estudando a influência da morfologia da coluna vertebral sobre as cargas e forças nos discos intervertebrais, e concluem que o alinhamento ideal e a manutenção das curvaturas fisiológicas são essenciais para o equilíbrio de ação muscular em homens e mulheres, considerando o corpo como um todo. Entretanto, há controvérsias: Kondo e Aoba (1999), Tingey et al. (2001), Solow e Sandham (2002), Catanzariti, Debuse e Duquenoy (2005); Ries e Bérzin (2007) concordam que a posição anormal das curvaturas vertebrais, como a crânio-cervical, podem causar DTM e/ou maloclusão (alterações ortodônticas), assim como desordens e algias cervicais (EVCIK e AKSOY, 2000; STIESCH-SCHOLZ et al., 2003), e vice-versa; já Visscher et al. (2002) e Perinetti (2006), não confirmam estas relações. Hosoda et al. (2007) ratificam que a oclusão contribui significativamente para a manutenção da postura e equilíbrio corporal na posição ereta.

Sobre a ocorrência de dor miofascial e limitação na abertura de boca, Komiama et al. (1999) realizaram um estudo experimental e definiram que a correção postural e a intervenção nos aspectos psicológicos e comportamentais é essencial como parte do tratamento em indivíduos, visto a interdependência destes fatores. Isto enfatiza a expressão “o corpo fala” quando se refere ao posicionamento do corpo manifestando os aspectos psicológicos de modo normal, fisiológico, ou em casos de estados depressivos ou somatização de doenças (como também abordado no item ‘Dores orofaciais’ da presente pesquisa).

Figura 15: Cadeias musculares e respectivas posturas

corporais. Fonte: Campignion (2003). Campignion (2003) descreve estas interações (estado psicológico e suas manifestações no

corpo) demonstrando as cadeias musculares e articulares envolvidas em cada tipo de personalidade - estas posturas podem ser transitórias ou permanentes, alteradas inclusive pelos estados humor (figura 15). Como pudemos verificar em nosso estudo, a dor crônica, a depressão e a somatização foram freqüentes, principalmente nos cegos com deficiência visual congênita, assim como ocorreu a relação destas com as DTMs, e isto pode estar influenciando os posicionamentos corporais segmentares ou globais dos indivíduos com deficiência visual total, concordando com os estudos citados previamente neste capítulo.

Não foram encontrados papers abordando o tema “presença de deficiências associadas à cegueira” e as atitudes posturais, porém, clinicamente são observadas estas relações no sentido que o corpo, de modo involuntário e automático, buscará uma posição de adaptação a fim de favorecer os sentidos preservados e manter sua “sobrevivência” frente às necessidades diárias. Os sistemas se adaptarão e promoverão a transmissão de força e cargas mecânicas por meio dos músculos, tendões, fáscias e aponeuroses (BENJAMIN et al., 2006). Ray et al. (2008) comentam que a estratégia do quadril é, geralmente, a mais utilizada em pessoas com profunda perda de visão, o que também foi notável em nosso estudo, com a manutenção da anteriorização do mesmo, tanto nos cegos congênitos quanto naqueles adquiridos. Complementando o estudo sobre a postura corporal, é essencial examinar o tópico “equilíbrio postural” em sequência.

4.4 Estabilometria

Para cumprir o quinto e último objetivo específico deste estudo, na avaliação estabilométrica por meio da plataforma de força, houve a participação de seis sujeitos com a deficiência visual total congênita. Os parâmetros coletados são demonstrados na tabela que segue, porém apenas os dados de amplitude (AMP) nas direções ântero-posterior (AMPAP) e médio-lateral (AMPML); e área, serão analisados nesta dissertação.

Dados estabilométricos

Cegueira congênita

DOT (mm) SDAP SDML

AMPLAP

(mm)

AMPLML

(mm) VMAP (mm/s) VMML VMT

ÁREA (mm2)

X 5.335,89 2,01 1,12 11,66 6,01 194,65 147,90 272,28 43,64

S 112,84 1,08 0,40 5,95 1,92 19,50 17,56 6,13 25,46

CV (%) 2,11 53,66 35,93 51,04 31,93 10,02 11,87 2,25 58,34 Tabela 12: Dados estabilométricos dos indivíduos com cegueira congênita. DOT = deslocamento total do

CoP, SDAP = desvio padrão na direção AP, SDML = desvio padrão na direção ML, AMPLAP = amplitude na direção AP, AMPLML = amplitude na direção ML; VMAP = velocidade média na direção AP, VMML = velocidade média na direção ML, VMT = velocidade média total; e ÁREA = área de deslocamento do CoP. Em azul, dados de

interesse nesta dissertação. Fonte: Dados do autor. Assim como a postura, salienta-se que existe grande dificuldade em discutir estes

resultados por meio de comparações ou correlações, pois não existem dados normativos na

população em geral, e principalmente na população de deficientes visuais. Apenas Winter et al.

(1998) abordam que os deslocamentos do CoP na postura ereta estática com olhos abertos são

menores que 10 mm nas direções AP e ML, porém não foi encontrado na literatura se estes dados

podem ser transpostos para a população com deficiência visual total - mesmo assim, eles serão

considerados como padrão. Subentende-se, desta forma, que sendo o deslocamento “normal” de

10 mm em ambas as direções, a superfície de oscilação englobaria 100 mm2, não havendo

determinada um valor específico de área do CoP. Além disso, estende-se a dificuldade na

discussão, pois o grupo participante deste é bastante heterogêneo: tem-se um grande coeficiente

de variação das variáveis amplitude e área, assim como dos outros parâmetros relacionados ao

centro de pressão (que não fazem parte dos objetivos de análise desta pesquisa). Por estas razões,

esta etapa é descrita como estudo de caso, sendo explícitos os resultados de cada sujeito,

individualmente. Os estabilogramas (gráficos 09 e 10) com os dados brutos, correspondentes aos

deslocamentos AP e ML, respectivamente, são demonstrados abaixo. Percebe-se que todos os

indivíduos permanecem nos quadrantes positivos para os deslocamentos em AP, e todos variam

positiva e negativamente em relação aos deslocamentos na direção ML. Supõe-se que, isto ocorra

pela tendência dos indivíduos em posicionar a cabeça e o quadril mais anteriores, anteriorizando

também a projeção do centro de gravidade. Os estatocinesiogramas são expostos em cada

descrição individual e associadamente no gráfico 11 - para melhor visualização e interpretação,

optou-se em posicionar o eixo x (do gráfico) correspondente aos deslocamentos ML e o eixo y,

AP - ressalta-se que nestes gráficos a média dos pontos brutos X e Y de cada sujeito foi

considerado como sendo o ponto 0,0.

Gráfico 09: Estabilometria (deslocamentos AP) em indivíduos com cegueira congênita. Fonte: Dados do autor.

Gráfico 10: Estabilometria (deslocamentos ML) em indivíduos com cegueira congênita. Fonte: Dados do autor.

O primeiro indivíduo participante (estatocinesiograma 01), do sexo masculino, 48 anos,

apresentou massa corporal de 98 kg e estatura 1,75 m, com IMC de 32 kg/m2, indicando

obesidade. Os dados de equilíbrio analisados demonstram que a amplitude de deslocamento na

direção AP foi 22,47 mm e na ML 7,8 mm; e a área foi de 80,65 mm2. Isso significa que, em

relação à média do grupo, o valor de deslocamento na direção AP foi 92,71%, e na ML 29,78%

maiores; e a área foi de 84,80% maior. Interessante observar que os valores foram os maiores do

grupo: deve-se considerar a grande amplitude demonstrada no quadrante positivo do

estatocinesiograma, devido, por exemplo, a alguma perturbação fisiológica causadora de

instabilidade (por exemplo, movimento inspiratório amplo), conforme citado previamente por

Freitas e Duarte (2006), ou ainda, as questões psicológicas (citadas nas limitações do estudo,

como ansiedade, insegurança e nervosismo) ampliando as oscilações, como demonstrado no

estudo de Brown, Polych e Doan (2006).

Figura 16: Indivíduo 01. Fonte: Dados do autor.

O segundo indivíduo (estatocinesiograma 02), do sexo masculino, 28 anos, apresentou

massa corporal de 80 kg e estatura 1,60 m, com IMC de 31,25 kg/m2, também classificado com

obesidade. Os dados de equilíbrio demonstram que a amplitude de deslocamento AP foi 7,53 mm

e ML 2,62 mm; e a área 8,98 mm2. Em relação à média do grupo, os valores se afastaram

35,42%, 56,40% e 79,42%, respectivamente, mas este indivíduo se destaca dos demais por ter

apresentado os menores valores de oscilação, dentro do padrão de normalidade proposto por

Winter et al. (1998). Porém, o posicionamento dos joelhos em valgo, a maior distância entre os

pés (base de suporte aumentada) e a redução das curvaturas dos mesmos não são citados como

ideal, mas podem explicar os valores encontrados na avaliação do equilíbrio. Estas são

observações clínicas, portanto, não se pode afirmar objetivamente, pois não foram realizadas

medidas sobre estes dados.

Figura 17: Indivíduo 02. Fonte: Dados do autor.

O terceiro indivíduo (estatocinesiograma 03), do sexo feminino, 37 anos, apresentou

massa corporal de 52,6 kg e estatura 1,68 m, com IMC de 18,64 kg/m2, normal. Os dados de

equilíbrio analisados demonstram que a amplitude de deslocamento AP foi 7,78 mm e ML 5,84

mm; e a área 38,24 mm2. Este sujeito apresentou menores valores que a média do grupo, contudo,

os desvios posturais são evidentes, como: projeção anterior e rotação para esquerda da cabeça,

aumento das curvaturas cervical e torácica, antepulsão do quadril, posicionamento assimétrico

dos pés, com rotação lateral do membro inferior direito, conforme se visualiza abaixo.

O quarto indivíduo participante (estatocinesiograma 04), do sexo feminino, 29 anos,

apresentou massa corporal de 58,2 kg e estatura 1,49 m, com IMC de 26,22 kg/m2, indicando

sobrepeso. Os dados de equilíbrio analisados foram todos maiores que a média do grupo:

amplitude de deslocamento AP foi 14,57 mm (24,95% maior) e ML 7,0 mm (16,47%); e a área

45,15 mm2 (3,46%). O sujeito apresenta grande tendência a ter desvio postural do tipo escoliose,

como se observa clinicamente na figura 18: existe inclinação da cabeça, desnivelamento de

acrômios e diferença entre os triângulos de tales esquerdo e direito (posicionamento dos membros

superiores em relação à cintura) e inclinação com rotação do tronco; além do posicionamento dos

pés, com maior rotação externa do lado esquerdo.

Figura 18: Indivíduo 03. Fonte: Dados do autor.

Figura 19: Indivíduo 04. Fonte: Dados do autor.

O quinto indivíduo participante (estatocinesiograma 05), do sexo feminino, 22 anos,

apresentou massa corporal de 60,4 kg e estatura 1,58 m, com IMC de 24,19 kg/m2, indicando

normalidade. Os dados de equilíbrio analisados demonstram que a amplitude de deslocamento

AP foi 10,05 mm e ML 7,48 mm; e a área 62,28 mm2. Isso significa que o afastamento dos

valores em relação à média foi de 9,51% (menor), 24,45% e 42,71% maiores, respectivamente. A

observação clínica do posicionamento corporal revela desvios menos evidentes que os demais

sujeitos do gênero feminino, sendo mais irregular o posicionamento dos membros inferiores e pés

- podendo explicar os valores de deslocamento nas direções AP e ML dentro do padrão adotado

(10 mm cada).

Figura 20: Indivíduo 05. Fonte: Dados do autor.

E, finalmente, o sexto indivíduo (estatocinesiograma 06), do sexo feminino, 40 anos,

apresentou massa corporal de 73,2 kg e estatura 1,59 m, com IMC de 28,95 kg/m2, indicando

sobrepeso. Os dados de equilíbrio analisados demonstram que a amplitude de deslocamento AP

foi 7,54 mm e ML 5,29 mm; e a área 26,56 mm2. Isso significa que os valores se afastam da

média em 35,33%, 11,98% e 39,13%, todavia se mantêm no padrão de 10 mm em ambas as

direções. Embora a manutenção do equilíbrio seja satisfatório, este sujeito também apresenta

desvios posturais típicos de escoliose, semelhante ao indivíduo 04. A diferença entre eles, mais

evidente, está no posicionamento dos pés, enquanto o indivíduo 04 aumenta sua base com a

rotação externa do membro inferior esquerdo, o indivíduo número 06 tem diminuição deste, com

redução da área do polígono de sustentação (tendência à rotação interna dos membros inferiores),

proposto por Freitas e Duarte (2006) e Duarte e Zatsiorsky (2002).

Figura 21: Indivíduo 06. Fonte: Dados do autor.

Os dados obtidos dos indivíduos citados acima são resumidos nesta tabela:

Indivíduos AMPAP AMPML Área CoP Área de oscilação

01 22,47 7,80 80,65 175,26

02 7,53 2,62 8,98 19,72

03 7,78 5,84 38,24 45,43

04 14,57 7,00 45,15 101,99

05 10,05 7,48 62,28 75,17

06 7,54 5,29 26,56 39,88

X 11,66 6,01 43,64 76,24 S 5,95 1,92 25,46 56,45

Tabela 13: Amplitudes nas direções AP(mm) e ML(mm), área total de deslocamento do CoP (mm2) e área total de oscilação (mm2) dos indivíduos participantes do estudo. Fonte: Dados do autor.

Observa-se que apenas três valores do deslocamento AMPAP foram maiores do que o

adotado como padrão para este estudo (indivíduos 01, 04 e 05), o restante foi normal. Se

considerarmos a superfície de oscilação aceita em 100 mm2, apenas os indivíduos 01 e 04 estão

fora do padrão, com área de oscilação de 175,26 mm2 e 101,99 mm2, respectivamente

(multiplicando-se AMPLAP x AMPLML). Esta informação vai ao encontro dos resultados de

Gipsman et al. (1981) no qual os autores definem que os cegos oscilam em territórios menores

que sujeitos videntes de olhos fechados. Os valores da AMPLAP foram maiores que os da

AMPLML em inclusive, até mais de 100%, o mesmo encontrado nos estudos de Celso et al.

(2001), apesar destes autores terem definido uma posição única para os pés (mantendo-os

unidos). Isto por ter ocorrido pela própria morfologia e pelo posicionamento dos pés, assim como

pelo alinhamento vertical do centro de gravidade, localizado ligeiramente à frente da articulação

tíbio-társica (do tornozelo).

Gráfico 11: Estatocinesiograma dos indivíduos com cegueira congênita (deslocamentos em mm).

Fonte: Dados do autor.

Ferdjallaha et al. (2002) pontuam que a redução visual ou restrição do sistema

somatosensorial têm efeitos difíceis de serem compensados, ocasionando prejuízos na

performance motora e diminuição na estabilidade. A modificação de qualquer um destes inputs

sensoriais causa uma redefinição destes estímulos, a fim de assegurar a manutenção da postura.

Isto foi percebido em nosso estudo, à medida que existe alguma instabilidade, novas posições dos

segmentos corporais, e da postura como um todo, são adotadas. E esta readequação causa desvios

posturais compensatórios, temporários – se não corrigidos, permanentes. Pôde-se notar que todos

os indivíduos, sem exceção, posicionaram a cabeça mais anteriormente, e tiveram um incremento

das curvaturas vertebrais, com alteração da posição do quadril e re-harmonização das massas.

Mochizuki e Amadio (2003) esclarecem que estas variáveis (o centro de massa, a linha da

gravidade, a posição da cabeça e o alinhamento do tronco e do corpo como um todo) estão

intimamente relacionadas à manutenção da postura e do equilíbrio. Anker et al. (2007) avaliaram

a relação entre a estabilidade postural e a distribuição da massa corporal em indivíduos saudáveis,

e concluíram que há relação: os efeitos da assimetria de distribuição de massas causa aumento da

instabilidade postural devido à redução da eficiência dos mecanismos de ajustes dos quadris e

aumento compensatório dos momentos nos tornozelos. Ou seja, uma modificação inicial

provocará novas adaptações, culminando em um ciclo de ajustes do controle postural.

Nakata e Yabe (2001) pesquisaram experimentalmente sobre as respostas posturais

automáticas em indivíduos com cegueira congênita: por meio da eletromiografia aplicada em

quatro músculos da perna direita, os autores demonstram que a habilidade de manter o controle

postural durante perturbações não é afetado pela perda de visão desde o nascimento. Contudo

Rougier e Farenc (2000) elucidam que o primeiro efeito da cegueira, a fim de reduzir a amplitude

das oscilações, é diminuir a rigidez articular (modelo do pêndulo invertido), tanto quanto

possível. Esta especificidade se torna presente como uma vantagem em reduzir os deslocamentos

a serem cobertos pelo centro de gravidade, até os mecanismos compensatórios e de ajuste serem

iniciados. Estes autores consideram, então, que os cegos têm desenvolvido maior efetividade nos

mecanismos de correção e ajuste do controle postural, o que foi percebido no presente estudo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES

Com base no referencial teórico, na delimitação e nas limitações deste estudo, assim como

nos resultados obtidos, conclui-se:

� Em relação às características biopsicossociais dos 21 sujeitos participantes: quando

comparados com a literatura, a deficiência adquirida, o gênero masculino, a raça branca

foram mais prevalentes, a faixa de idade e o IMC foram desigualmente distribuídos, a

etiologia bastante variável tanto nos cegos congênitos quanto nos adquiridos, sendo a

causa mais comum a atrofia do nervo óptico. Todos apresentavam lateralidade direita nos

membros, a maioria com instrução no segundo grau e com renda (correlação de Spearman

de moderada a forte entre ambas), e solteiros; a deficiência familiar foi freqüente, porém

não foi relevante entre os sujeitos a ocorrência de deficiências associadas à visual. Acerca

da prática de exercícios físicos, mais de 50% dos indivíduos não a tem com regularidade,

sendo que não houve correlação estatística entre esta e o IMC. Em 14 participantes: A

dor crônica não foi importante, porém a depressão e a somatização foram freqüentes.

� Em relação à ocorrência de dor orofacial, especificamente as DTMs, em 14 sujeitos

participantes: houve diagnósticos apenas no grupo III do protocolo, referente à presença

de artralgia, artrite e artrose, tanto no grupo de cegos congênitos quanto nos adquiridos;

de modo uni ou bilateral.

� Sobre as relações entre as características biopsicossociais, a presença de dor crônica,

depressão e somatização e ocorrência de DTMs, em 14 sujeitos participantes: DTM e

dor crônica estão moderadamente correlacionadas; DTM e depressão tendem à fraca

correlação; e depressão e somatização estão fortemente correlacionadas.

� Em relação à avaliação postural, em 08 sujeitos participantes: evidenciou-se a

projeção anterior da cabeça, incremento das curvaturas vertebrais, inclinação anterior do

tronco e vertical do corpo, assim como a antepulsão dos quadris.

� Em relação à avaliação do equilíbrio, na plataforma de força, em 06 sujeitos

participantes: a partir do padrão sugerido pela literatura, o resultado da variável de

amplitude de deslocamento na direção AP permite afirmar que metade dos indivíduos

esteve dentro da normalidade, enquanto os demais foram acima do esperado; sendo que

todos os valores de amplitude de deslocamento AP foram maiores que os da direção ML,

em todos os sujeitos. Os valores da AMPLML, em 100% dos casos esteve dentro da

normalidade; e a área de oscilação, em apenas dois indivíduos acima de 100 mm2. Nada

de pode afirmar acerca da área do CoP visto não haver valor normativo na literatura para

a população estudada. Deste modo, são necessários novos estudos para determinar dados

de normalidade que possam ser discutidos com maior objetividade e significância.

Deve-se levar em consideração que, mesmo com extensos estudos, a manutenção do

controle postural (postura e equilíbrio corporal) é uma tarefa extremamente complexa e, ainda,

não totalmente compreendida. Exalta-se esta complexidade nos indivíduos com deficiência

visual, pois a performance motora destes, e principalmente dos que possuem cegueira, depende

unicamente dos inputs sensoriais preservados que são o tátil, o proprioceptivo, o vestibular e o

auditivo. Assim, há a necessidade de aprofundamento dos estudos sobre a reorganização do

sistema de controle postural em casos de deficiência, no qual existem, consequentemente,

mudanças morfológicas ou de posicionamento das estruturas, em uma tentativa de reduzir as

sobrecargas. Sugere-se, então, a pesquisa sobre a posição dos pés e a área da base de suporte, pois

como citam Mochizuki e Amadio (2003) esta é a única interação que o corpo humano tem para

restabelecer o equilíbrio. Também é imprescindível o maior conhecimento de como a oclusão

interfere nos mecanismos de ajuste da postura e do equilíbrio. Outro fator necessário é a

divulgação dos estudos científicos para que a abordagem primária na área da saúde seja uma

constante, reduzindo a ocorrência de deficiências globalmente, o que beneficia biopsicossocial e

economicamente toda a população.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALLUM et al. Proprioceptive control of posture: A review of new concepts. Gait and Posture. V. 8, p. 214-242, 1998. AMANTÉA, D. V.; NOVAES, A. P.; CAMPOLONGO, G. D.; BARROS, T. P. A importância da avaliação postural no paciente com disfunção temporomandibular. Acta ortopédica Brasileira. v. 12. n. 3. p. 155-9. 2004. AMERICAN DENTAL ASSOCIATION. Disponível em: <http://www.ada.org> 2007. and severity and disability of patients with neck pain. Manual Therapy. v. 13, p. 148-154, 2008. ANKER, L. C. et al. The relations between postural stability and weight distribuition in healthy subjects. Gait and Posture. 7p. 2007. APPLE et al. Blindness in the World. Survey of ophthalmology. v. 45, supplement 1, p. S21-S31, nov 2000. AUGUSTIN, C. T. S. et al. The amount and variation of craniovertebral angle changes in college-aged students using one-strapped and two-strapped backpacks and bags. Orthopaedic practice. v. 15, n. 3, 2003. p. 30-35. AVANZI, O.; CHIH, L. Y.; MEVES, R.; CAFFARO, M. F. S.; PELLEGRINI, J. H. Cifose torácica e músculos isquitibiais: correlação estético-funcional. Acta Ortopédica Brasileira. v. 15, n. 2, p. 93-96, 2007.

BALASUBRAMANIAM, R. et al. Prevalence of temporomandibular disorders in fibromyalgia and failed back syndrome patients: a blinded prospective comparison study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Rad and Endod, v. 104, n. 2, p. 204-216, 2007.

BANKOFF, A. D. P. et al. Análise do equilíbrio corporal estático através de um baropodômetro eletrônico. Revista Conexões. v. 4, n. 2, p. 19-30, 2006.

BARAÚNA, M. A.; ADORNO, M. L. G. R. Avaliação cinesiológica das curvas lombar e torácica das gestantes através do cifolordômetro e da fotogrametria computadorizada e sua correlação com a dor lombar. Fisioterapia Brasil, v. 2; n. 3; 2001.

BARROS, J. J; RODE, S. M. Tratamento das Disfunções Craniomandibulares: ATM. São Paulo: Santos, 1995.

BENJAMIN, M. et al. Where tendons and ligaments meet boné: attachment sites in relation to exercise and/or mechanical load. J Anat, v. 208, p. 471-490, 2006. BITTENCOURT, Z. Z. L. C.; HOEHNE, E. L. Qualidade de vida de deficientes visuais. Medicina. v. 39, n. 2, p. 260-264, 2006.

BISTER, D. et al. Natural head posture – considerations of reproducibility. European Journal of Orthodontics. v. 24, p. 457-470, 2002. BONNEY, R. A.; CORLETT, E. N. Head posture and loading of the cervical spine. Applied Ergonomics, v. 33, p. 415-417, 2002. BOYLE, J. J. W.; MILNE, N.; SINGER, K. P. influence of age on cervicothoracic spinal curvature: na ex vivo radiografic survey. Clinical Biomechanics, v. 17, p. 361-367, 2002.

BOLMONT, B.; GANGLOF, P.; VOURIOT, A.; PERRIN, P. P. Mood states and anxiety influence abilities to maintain balance control in healthy human subjects. Neuroscience Letters, v. 329, p. 96-100, 2002.

BRICOT, B. Posturologia. 3. ed. São Paulo: Ícone, 2004. 270 p.

BROWN, L. A.; MELODY, A. P.; DOAN, J. B. The effect of anxiety on the regulation of upright standing among younger and older adults. Gait and Posture, v. 24, p. 397-405, 2006. BUSKMAN, S.; VILELA, A. L. Instabilidade Postural e Quedas. In: SALDANHA, A. L.; CALDAS, C. P. Saúde do idoso: a arte de cuidar. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. p. 208-18. BUSQUET, L. As cadeias musculares. 1. ed. 4 v. Belo Horizonte: Edições Busquet, 2001. CAMPOS, M. A.; CORAUCCI NETO, B. Treinamento Funcional Resistido: para melhoria da capacidade funcional e reabilitação de lesões músculo-esqueléticas. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. CAMPIGNION, P. Aspectos biomecânicos: cadeias musculares e articulares - método G.D.S. (noções básicas). 1. ED. São Paulo: Summus, 2003. 142 p. CARNAVAL, P. E. Medidas e avaliação em Ciências do Esporte. Rio de Janeiro: Sprint, 1995. CATANZARITI, J.; DEBUSE, T.; DUQUESNOY, B. Chronic neck pain and masticatory dysfunction. Joint Bone Spine. v. 72, p. 515-519, 2005.

CELSO, C. F. et al. Limites de estabilidade ântero-posterior de adultos normais. In: IX Congresso Brasileiro de Biomecânica. Gramado. Anais do IX Congresso Brasileiro de Biomecânica. Gramado: URGS, 2001. p. 148-151. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996. 209 p. CHANSIRINUKOR, W. et al. Effects of backpacks on students: Measurement of cervical and shoulder posture. Australian Journal of Physiotherapy. v. 47, p.110-116, 2001. CHAMPIGNION, P. Aspectos biomecânicos: Cadeias musculares e articulares – método GDS. São Paulo: Summus, 2003. 144p. CIANCAGLINI, R.; RADAELLI, G. The relationship between headache and symptoms of temporomandibular disorder in the general population. Journal of Dentistry, v. 29, n. 2, February 2001. p. 93-98. COVERT, D. et al. Quality of Life and Health Economic Assessments of Age-Related Macular Degeneration. Surv Ophthalmol, v. 52; p. S20-S25, 2007. COTTER, S. A. et al. Causes of Low Vision and Blindness in Adult Latinos: The Los Angeles Latino Eye Study. Ophthalmology. v. 113, n. 9, p. 1574-1582, 2006. DAANEN, H. A.; WATER, G. J. V. Wholy body scanners. Displays, v. 19; n. 111-120, 1998. DARLING, D. W.; KRAUS, S. L.; GLASHHEN-WRAY, M. Relationship of head posture and the rest position of mandible. Journal of Prosthetic Dentistry. v. 52, p. 111, 1984. DENYS-STRUYF, G. Cadeias musculares e articulares: o método GDS. São Paulo: Summus, 1995. DIAS, J. A. Características da força de preensão manual em judocas: efeitos da postura e da dominãncia, implicações sobre o equilíbrio e simulação da técnica morote-seio-nage. Florianópolis: UDESC, 2009. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado de Santa Catarina. Di FABIO, R. P. Physical therapy for patientes with TMD: a descriptive study of treatment, disability and health status. J Orofac Pain, v. 12, p. 124-135, 1998. DUARTE, C. et al. Estudo da influência da postura sobre a atividade eletromiográfica dos músculos temporal (parte anterior) e masseter. Ortodontia SPO. v. 39. n.4. p. 330-6. 2006. DUARTE, M. Modelagem do controle postural humano. In: IX Congresso Brasileiro de Biomecânica. Gramado. Anais do IX Congresso Brasileiro de Biomecânica. Gramado: URGS, 2001. p. 25-30.

DUARTE, M. Análise estabilográfica da postura ereta humana quasi-estática. São Paulo: USP, 2000. Tese (Doutorado) – Universidade de São Paulo. DUARTE, M; ZATSIORSKY, V. M. Long-range correlations in human standing. Physics Letters A. v. 283, p. 124-128, 2001. DUARTE, M; ZATSIORSKY, V. M. Effects of body lean and visual information on the equilibrium maintenance during stance . Exp Brain Res. v. 146, p. 60-69, 2002. DUNK, N. M. et al. The reliability of quantifying upright standing postures as a baseline diagnostic clinical tool. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. v. 27, n. 2, p. 91-96, 2004. DUNK, N. M. et al. Implication for the use of postural analysis as a clinical diagnostic tool: Reliability of quantifying upright standing spinal postures from photographic images. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. v. 28, p. 386-392, 2005. DWORKIN, S. M et al. Research criteria diagnostic for temporomandibular disorders: review, criteria, examinations and specifications, critique. Journal of Craniomandibular disorders: Facial and Oral Pain. v. 6, p. 301-355. 1992. Disponível em: <http://rdc-tmdinternational.org/translations/frmtranslations.htm>. Acesso em: 14 nov 2007. ENOKA, R. M. Bases Neuromecânicas Cinesiologia. São Paulo: Manole, 2000. EVCIK, D.; AKSOY, O. Correlation of temporomandibular joint pathologies, neck pain and postural differences. Journal Physical Therapy Science. v. 12, p. 97-100, 2000. EVERSOLE, L. et al. Psychosometric profiles and facial pain. Oral Surg Oral Med Pathol Oral Radiol Endod, v. 60, p. 269-274, 1985. FERDJALLAHA, M. et al. Analysis of postural control synergies during quiet standing in healthy children and children with cerebral palsy. Clinical biomechanics, v. 17, p. 203-310, 2002. FERREIRA, E. A. G. Postura e controle postural: desenvolvimento e aplicação de método quantitativo de avaliação postural. São Paulo: USP, 2005. Tese (Doutorado) – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. 114 p.

FJELLVANG, H.; SOLOW, B. Craniocervical postural relations and craniofacial morphology in 30 blind subjects. Am J Orthod Dentofac Orthop. v. 90, n. 4, p. 327-334, 1986.

FREITAS, S. M. S. F., DUARTE. M. Métodos de análise do controle postural. (in Portuguese). (in press) 2006.

FREITAS, S. M. S. F., DUARTE. M. Método de análise do controle postural: LAboratório de biofísica e esporte. Universidade de São Paulo (periódico on line). 2006. Disponível em <http://lob.incubadora.fapesp.br/portal/pdf> Acesso em 1 de abril de 2007.

FRACAROLLI, J. L. Biomecânica: análise dos movimentos. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 1981. FRANK, J. S.; EARL, M. Coordination of posture and movement physical therapy. v. 70, n. 12, dec 1990, p. 855-863. GAGE, W. H. et al. Kinematic and kinetic validity of the inverted pendulum model in quiet standing. Gait & Posture, v. 19, n. 2, p. 124-132, 2004. GISPMAN, S. C. Effect of visual condition on use of proprioceptive cues in performing balance task. J Visual Impair Blind , v. 75, p. 50-54, 1981. GOIATO, M. C.; MANCUSO, D. N.; FERNANDES, A.; DEKON, S. F. Estudo sobre as causas mais freqüentes de perdas oculares. Arquivos em Odontologia. v. 40, n. 3, p. 271-6. 2004. GOLDSTEIN, D. F.; KRAUS, S. L.; WILLAMS, W. B.; GLASHHEN-WRAY, M. Influence of cervical posture on mandibular movement. Journal of Prosthetic Dentistry. v. 52, p. 421, 1984. GRAZIANO, R.; LEONE, C. R. Frequent ophthalmologic problems and visual development of preterm newborn infants. J. Pediatria. Porto Alegre, v. 81, n. 1, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci _arttext&pid=S0021-75572005000200012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 fev 2007. Pré-publicação. doi: 10.1590/S0021-75572005000200012 GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 8. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 1992. 864 p. HALLEMANS, A. et al. Visual deprivation leads to gait adaptations that are age and context specific: Step time parameters. Gait & Posture, v. 30, p. 55-59, 2009. HAMILL, J.; KNUTZEN, K.M. Bases biomecânicas do movimento humano. 1. ed. São Paulo: Manole, 1999. 532 p. HARRISON, D. E. et al. Cobb method or Harrison posterior tangent method. Spine. v. 25, n. 16, p. 2072-2078, 2000. HARRISON, D. E. et al. Concurrent validity of flexicurve instrument measurements: Sagittal skin contour of the cervival spine compared with lateral cervical radiographic measurements. J Manipulative Phisiol Ther. v. 28, p. 597-603, 2005. HELKIMO, M. Studies on function and oclusal state II. Index for anamnesic and clinical dysfunction and oclusal state. Swed. Dent. J., v. 67, p. 101-121, 1974. HINMAN, M. R. Comparison of thoracic kyphosis and postural stiffness in younger and older women. The Spine Journal. v. 4, p. 413-417, 2004.

HORAK, F. B.; MACPHERSON, J. M. Handbook of physiology. New York: Oxford University Press, 1996. HOSODA, M. et al. Effect of occlusion status on the time required for initiation of recovery in response to external disturbances in the standing position. Clinical Biomechanics. v. 22, p. 369-373, 2007. HUGGINS, K. H. et al. Examiner Reliability for the RDC/TMD Arthralgia (Group IIIa) Diagnoses. In: THE IADR/AADR/CADR 85TH - GENERAL SESSION AND EXHIBITION. Anais do The Iadr/Aadr/Cadr 85th General Session And Exhibition . New Orleans, Los Angeles. 21a 24 mar. 2007. Disponível em: < http://iadr.confex.com/ iadr/2007orleans/techprogram/abstract_92965.htm>. Acesso em: 05 jul 2007. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo 2000: Brasil tem 7,4 milhões de pessoas que trabalham ou estudam fora. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/27062003censo.shtm>, 2003. Acesso em 27 mar 2007.

INSTITUTO BENJAMNIN CONSTANT. Um olhar sobre a cegueira. 2003. Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/>. Acesso em: 05 mar. 2007

IUNES, D. H. et al. Craniocervical posture analysis in patients with temporomandibular disorders. Rev Bras Fisioter. v. 13, n. 1, p. 89-95, 2009. JAVITT, J. C. Preventing Blindness in Americans: The Need for Eye Health education. Survey of Ophthalmology, v. 40, n.1, p. 41-44, 1995. IUNES, D. H. et al. A influência postural do salto alto em mulheres adultas: análise por biofotogrametria computadorizada. Ver Bras Fisioter. v. 12, n. 6, p. 441-446, 2008. JOHN, M. T.; DWORKIN, S. F.; MANCL, L. A. Reliability of clinical temporomandibular disorder diagnoses. Pain, v. 118, p. 61-69, 2005. KALAMIR, A. TMD and the problem of bruxism: a review. Journal of Bodywork and Movement Therapies, v. 11, p. 183-193, 2007. KARLSSON, A.; FRYKBERG, G. Correlations between force plate measures for assessment of balance. Clinical Biomechanics. v. 15, p. 365-369, 2000. KAPANDJI, A. I. Fisiologia articular. 5. ed. São Paulo: Panamericana, 2000. 253 p. KELEMAN, S. Anatomia Emocional: a estrutura da experiência. São Paulo: Summus, 1992. KELLER, T. et al. Influence of spine morphology on intervertebral disc loads and stresses in asymptomatic adults: implications for the ideal spine. The Spine Journal. v. 5, p. 297-309, 2005.

KENDALL, F; McCREARY, E; PROVANCE, P. J. Músculos: provas e funções com postura e dor. 4. ed. São Paulo: Manole, 1995. 453 p. KNOPLICH, J. Enfermidades da coluna vertebral. São Paulo: Panamed, 1986. 563.

KOMIYAMA, O. et al. Posture correction as parto f behavioral therapy in treatment of myofascial pain with limited opening. Journal of Oral Rehab, v. 26, p. 428-435, 1999.

KOMINSKY, M. Se você acha que tem alguma desordem relacionada com a articulação temporomandibular. Centro da AT. de Pernambuco. 1999.

KONDO, E.; AOBA, T. J. Case report of malocclusion with abnormal head posture and TMJ symptons. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics. v. 116. n. 5. p. 481-93. 1999. LAPIERRE, A. A. A reeducação postural. 6. ed. Manole: São Paulo, 1982. LÁZARO, R. C. G. Deficiência visual. Divisão de Pesquisa, Documentação e Informação do Instituto Benjamin Constant. Disponível em: <http://www.ibc.gov.br/ ?itemid=93#more>. Acesso em 01 abr. 2007. LE CLAIR, K.; RIACH, C. Posture stability measures: what to measure and for how long. Clinical Biomechanics. v. 11, p. 176-178, 1996. LENTON, P.; et al. Examiner Reliability for the RDC/TMD Group-I Myofascial Pain Diagnoses. In: THE IADR/AADR/CADR 85TH - GENERAL SESSION AND EXHIBITION. Anais do The Iadr/Aadr/Cadr 85th General Session And Exhibition. New Orleans, Los Angeles. 21a 24 mar. 2007. Disponível em: < http://iadr.confex.com /iadr/2007orleans/techprogram/abstract_93046.htm>. Acesso em: 05 jul 2007. LERESCHE, L. Epidemiology of temporomandibular disorders: implications for the investigation of etiologic factors. Crit Rev Oral Biol Med; n. 8; p. 291-305, 1997. LIRA, R. P. C et al. Reasons for cataract surgery cancelation. Rev. Saúde Pública. n. 5, v. 35, 2001. pp. 487-489. Disponível em: <http://www.scielosp. org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102001000500013 &lng=en&nrm =iso>. ISSN 0034-8910. Acesso em: 27 mar. 2007. LINDROTH, J.; SCHMIDT, J. E.; CARLSON, C. R. A comparison between masticatory muscle pain patients and intracapsular pain patients on behavioral and psychossocial domains. J Orofacial Pain, v. 16, p. 277-283, 2002. LOOK, J. O. et al. A Prediction Model for Detection of TMJ Intra-articular Disorders. In: THE IADR/AADR/CADR 85TH - GENERAL SESSION AND EXHIBITION. Anais do The Iadr/Aadr/Cadr 85th General Session And Exhibition. New Orleans, Los Angeles. 21a 24

mar. 2007. Disponível em: < http://iadr.confex.com/iadr/2007 orleans/techprogram/ abstract_93739.htm>. Acesso em: 05 jul 2007. LOVEJOY, C. O. The natural history of human gait and posture: part 1 – Spine and pelvis. Gait and Posture. v. 21, p. 95-112, 2005a. LOVEJOY, C. O. The natural history of human gait and posture: part 2 – Hip and thigh. Gait and Posture. v. 21, p. 113-124, 2005b. LOVEJOY, C. O. The natural history of human gait and posture: part 3 – The knee. Gait and Posture. v. 25, p.325 -341, 2007. MACIEL, R. N. Oclusão e ATM: procedimentos clínicos. São Paulo: Santos, 1996. MARCHESAN, I. Q. Avaliando e tratando do sistema estomatognático. In: IX CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA DO DISTRITO FEDERAL. Distrito Federal, 2001. Resumo eletrônico do IX Congresso Internacional de Odontologia do DF. Disponível em: <http://www.ibemol.com.br/ciodf2001/004.asp>. Acesso em: 17 mar. 2007. McAVINEY, J.; SCHULZ, D.; BOCK, R.; HARISSON, D.; HOLLAND, B. Determinig the relationship between cervical lordosis and neck complaints. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics. v. 28, n. 3, 2005. p.187-193. MCNEILL, C. Temporomandibular disorders: guidelines for classification, assessment and management. The American Academy of Orofacial Pain. Chicago: Quintessence Publishing Co., 1993. McCREARY, C. et al. Psychological distress and diagnostic subgroups of temporomandibular disorders patientes. Pain, v. 44, p. 29-34, 1991. MICHELOTTI, A. et al. Postural stability and unilateral posterior crossbite: is there a relationship? Neuroscience Letters, v. 392, p. 140-144, 2006. MINORI, A. L. Disfunção Temporomandibular – ATM – Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Santos, 1995. MOCHIZUKI, L. Análise biomecânica da postura humana: estudos sobre o controle do equilíbrio. São Paulo: USP, 2001. Tese (Doutorado). Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. 2001. MOCHIZUKI, L.; AMADIO, A. C. Aspectos biomecânicos da postura ereta: a relação entre o centro de massa e o centro de pressão. Rev Portuguesa de Ciências e Desporto, v. 3, n. 3, p. 77-83, 2003. MOFFAT, M.; VICKERY, S. Manual de manutenção e reeducação postural da American Physical Therapy Association. Porto Alegre: Artmed, 2002.

MONGINI, F. ATM e Músculos Craniocervicobraquiais – Fisiologia e Tratamento. São Paulo: Santos,1998. MOSQUERA, C. Educação física para deficientes visuais. Rio de Janeiro: Sprint, 2000. 104 p. NAKATA, H.; YABE, K. Automatic postural response systems in individuals with congenital total blindness. Gait and Posture. v. 14, p. 36-43, 2001. NEVES, L. F.; CHEN, S. R. Atenção à saúde do idoso com deficiência. 2002 NICOLAKIS, P. et al. Exercise Therapy for Craniomandibular Disorders. Arch Phys Med Rehabil. v. 81, sep. 2000. p. 1137-42. NOMURA, K. et al. A quantitative characterization of postural sway during human quiet standing using a thin pressure distribution measurement system. Gait and Posture. v. 29, p. 654-657, 2009. NORDIN, M.; FRANKEL, V. H. Biomecânica básica do sistema musculoesquelético. 3. ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 2003. 401 p. OHRBACH, R. et al. Validity of RDC/TMD Axis II: Identifying Psychiatric Morbidity. In: THE IADR/AADR/CADR 85TH - GENERAL SESSION AND EXHIBITION. Anais do The Iadr/Aadr/Cadr 85th General Session And Exhibition. New Orleans, Los Angeles. 21a 24 mar. 2007. Disponível em: < http://iadr.confex.com/iadr/2007orleans/techprogram/ abstract_93168.htm>. Acesso em: 05 jul 2007. OKESON, J. P. Management of Temporomandibular Disorders and Occlusion. 6. ed. Philadelphia: Elsevier, 2008. OKESON, P. J. Dor Orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 1a ed. São Paulo: Quintessence Publishing Co, 1998. OLIVEIRA, L. F.; IMBIRIBA, L. A.; GARCIA, M. A. Índice de estabilidade para avaliação do equilíbrio postural. Revista Brasileira de Biomecânica, v. 1, n. 1, p. 33-38, nov 2000. OLIVER, J.; MIDDLEDITCH, A. Anatomia funcional da coluna vertebral. Rio de Janeiro: Revinter, 1998. 325 p. PATLA, A. E. Understandig the roles of vision in the control of human locomotion. Gait & Posture, v. 5, p. 54-69, 1997. PENG, L.; COOKE, M. S. Fifteen year reproducibility of natural head posture: A longitudinal study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. v. 116, p. 82-85, 1999. PEREIRA, M. G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.

PEREIRA, G. P. Estudo correlacional entre as medidas angulares da curvatura torácica sagital pelos métodos: radiográfico e régua flexível associada ao avaliador eletrônico. Uberlândia: CUT, 2005. Dissertação (Mestrado em Fisioterapia) – Centro Universitário do Triângulo, 60 f. PERINETTI, G. Dental occlusion and body posture: no detecable correlation. Gait & posture. v. 24. p. 165-168. 2005. PETROSKI, E. L. Antropometria:técnicas e padronizações. Porto Alegre: Palloti, 1999. PIAGET, J. P. The origins of intelligence in children. New York: International Universities Press, 1952. PORTO, C. C. Exame clínico. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. POTTER, J. C. Contribuition de l´activité physique et sportive au bien-être des personnes déficientes visuelles. Science & Sports, v. 21, p. 249-250, 2006. RAY, C. T. et al. The impact of vision losson postural stability and balance strategies in individuals with profound vision loss. Gait and Posture. v. 28, p.58-61, 2008. RESNIKOFF, et al. Global data on visual impairment in the year 2002. Policy and Practice - Bulletin of the World Health Organization. Visual impairment in 2002. v. 82, n. 11, nov 2004. RIES, L.; BÉRZIN, F. Cervical pain in individuals with and without temporomandibular disorders. Brazilian Journal of Oral Science. v. 6. n. 20. p. 1303-7. 2007. ROUGIER, P.; FARENC, I. Adaptative effects of loss of vision on upright undisturbed stance. Brain Research. v. 871, p. 165-174, 2000. RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 19. ed. Petrópolis: Vozes, 1995. 120 p. RUDY, T. et al. Differential treatment responses on TMD patient as function of psychological characteristics. Pain, v. 61, p. 103-112, 1995. SAITO, E. T.; AKASHI, P. M. H.; SACCO, I. C. N. Global body posture evaluation in patients with temporomandibular joint disorder. Clinics. v. 64, n. 1, p.35-39, 2009. SANCHEZ, H. M. et al. Avaliação postural de indivíduos portadores de deficiência visual através da biofotogrametria computadorizada. Fisioter. v.21, n. 2, p.11-20, 2008. SANTOS, A. Diagnóstico clínico postural. São Paulo: Summus, 2001. SCHMITTER, M. et al. Psychosacial behaviour and health care utilization in patients suffering from temporomandibular disorders diagnosed on the basis of clinical findings and MRI examination. European Journal of Pain. v. 9, p. 243-250, 2005.

SCHWERTNER, D. S. Avaliação postural de idosos: metodologia e diagnóstico. Florianópolis: UDESC, 2007. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado de Santa Catarina. 139 f. SHIFFMAN, A.; GROSS, M. D. Diagnostic targeting of temporomandibular disorders. Journal of oral Rehabilitation, v. 28, p. 1056-1063, 2001. SHIFFMAN, E. et al. Diagnostic Validity of Current and Revised RDC/TMD Myofascial Pain Diagnoses. In: THE IADR/AADR/CADR 85TH - GENERAL SESSION AND EXHIBITION. Anais do The Iadr/Aadr/Cadr 85th General Session And Exhibition . New Orleans, Los Angeles. 21a 24 mar. 2007. Disponível em: < http://iadr.confex.com/iadr/2007orleans/techprogram/ abstract_9296.htm>. Acesso em: 05 jul 2007. SEGER, L. et al. Psicologia e Odontologia – Uma Abordagem Integradora. 3a ed. São Paulo: Santos, 1998. SHIFFMAN, A.; GROSS, M. D. Diagnostic targeting of temporomandibular disorders. Journal of oral Rehabilitation, v. 28, p. 1056-1063, 2001. STIESCH-SCHOLZ, M.; FINK, M.; TSCHERNISCHEK, H. Comorbidity of internal derangement of the temporomandibular joint and silent dysfunction of the cervical spine. Journal of Oral Rehabilitation. v. 30, p. 386-391, 2003. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA. Calcule o seu IMC . Disponível em: < http://www.endocrino.org.br/conteudo/publico/imc.php>. Acesso em: 01 fev 2009. SOLOW, B.; SANDHAM, A. Cranio-cervical posture: a factor in the development and function of the dentofacial structures. European Journal of Orthodontics, v. 24, p. 447-456, 2002. SONIS, S. T; FAZIO, R.C.; FANG, L. Princípios e Prática da Medicina Oral. 2a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1996. SOUCHARD, P. E. Fundamentos da Reeducação Postural Global: Princípios e Originalidade. 1. ed. São Paulo: É Realizações. 2003. SOUSA, S. J. F. Fisiologia e desenvolvimento da visão. Oftalmologia para o clínico. Medicina: Ribeirão Preto, v. 30, jan./mar. 1997, p.16-19. SOUZA FILHO, J. P. et al. A evolução do mercado farmacêutico brasileiro no tratamento do glaucoma nos últimos 30 anos. Arq. Bras. Oftalmol., São Paulo, v. 66, n. 6, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php? cript=sci_arttext &pid=S0004-27492003000700014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 13 fev. 2007. Pré-publicação. doi: 10.1590/S0004-27492003000700014

SPINASANTA, S.; MAURER, E. A Head's Up on Posture: Don't Be a Slouch! Disponível em: <http://www.spineuniverse.com/displayarticle.php/article1290.html>. 2001. Acesso em 15 mar. 2007. STEENKS, M. H; WIJER, A. Disfunções da Articulação Temporomandibular do Ponto de Vista da Fisioterapia e Odontologia: Diagnóstico e Tratamento. São Paulo: Santos, 1996. TINGEY, E. M.; BUSCHANG, P. H.; THROCKMORTON, G. S. Mandibular rest position: A reliable position influenced by head support and body posture. Am J Orthod Dentofacial Orthop, v. 120, p. 614-622, 2001. SIMONS, D. G.; TRAVELL, J.; SIMONS, L. S. Dor e disfunção miofascial: manual dos pontos-gatilho. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2005. 2v. TRUELOVE, E. et al. Diagnostic Validity of Current and Revised RDC/TMD Protocols for Arthralgia. In: THE IADR/AADR/CADR 85TH - GENERAL SESSION AND EXHIBITION. Anais do The Iadr/Aadr/Cadr 85th General Session And Exhibition . New Orleans, Los Angeles. 21a 24 mar. 2007. Disponível em: < http://iadr.confex.com/ iadr/2007orleans/techprogram/abstract_92846.htm>. Acesso em: 06 jul 2007. TUNNELL, P. W. Protocolo for visual assessment. Journal of bodywork and movement therapies. v. 1, n. 1, p. 21-27, 1996. VISSCHER, C. M.; BOER, W.; LOBBEZOO, F.; HABETS, L. L. M. H.; NAEIJE, M. Is there a relationship between head posture and craniomandibular pain? Journal of Oral Rehabilitation . v.29, p. 1030-36, 2002. VOLPON, J. B. Semiologia ortopédica. Medicina: Ribeirão Preto. v. 29, jan./mar. 1996, p. 67-79. WADA, M.; SUNAGA, N.; NAGAI, M. Anxiety effects the postural sway of the antero-postterior axis in college students. Neuroscience Letters, v. 302, p. 157-159, 2001. WATSON, A. W. S.; MACDONNCHA, C. A reliable technique for the assessment of posture: assessment criteria for aspects of posture. J Sports Med Phys Fitness, v. 40, n. 3, p. 260-270, 2000. WEST, S.; SOMMER, A. Prevention of blindness and priorities for the future. Bulletin of the World Health Organization, v. 79, n. 3, p. 244-248, 2001. WHO, 2004. Magnitude and causes of visual impairment. Disponível em: <http://www.who.int/blindness/causes/en/> Acesso em: 03 nov 2008. WHO, 2004. Magnitude and causes of visual impairment. Disponível em: <http://www.who.int/blindness/causes/en/> Acesso em: 03 nov 2008.

WIJER, A; STEENKS, M.; BOSMAN, F.; HELDERS, P.; FABER, J. Symptoms of the stomatognathic system in temporomandibular disorders. Journal of Oral Rehabilitation . v. 23. p. 733-41. 1996. WINTER, D. A. Human balance and posture control during standing and walking. Gait & Posture, Amsterdam, v. 3, p. 193-214, 1995. WINTER, D. A. et al. Stiffness control of balance in quiet standing. Journal of Neurophysiology, v. 80, n. 3, p. 1211-1220, 1998. WYNGAARDEN, J.B., SMITH, L.; BENNETT, J. C. Cecil Textbook of Medicine. 22. ed. Philadelphia, PA: Saunders (Elsevier), 1993. 2.496 p. YIN, C. S.; YOUNG JUN LEE, K. M. D.; YOUNG JIN LEE, M. D. Neurological influences od the temporomandibular joint. Applied Physiology – Journal of Bodywork and Movement Therapies. v.11, p. 285-294, 2007. YIP, C. H. T.; CHIU, T. T. W.; POON, A. T. K. The relationship between head posture and severity and disability of patients with neck pain. Manual Therapy. v. 13, p. 148-154, 2008 YAP A.; TAN, K. B.; CHUA, E.K.; TAN, H. H. Depression and somatization in patients with temporomandibular disorders. J Prosthet Dent, v. 88, n.5, p. 479-488, 2002. ZATSIORSKY, V. M. Kinects os human motion. Champaign, IL: Human Kinects, 2002.

ANEXOS

ANEXO 01

NOME: DATA : EXAMINADOR : PRONTUÁRIO :

ANEXO 02

ANEXO 03

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS - CEFID

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA - CEP

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título do Projeto: “Controle postural e sua interrelação com desordens craniomandibulares em indivíduos com deficiência visual total”.

O(a) senhor(a) está sendo convidado a participar de um estudo que visa avaliar as

características do controle postural e a ocorrência de desordens craniomandibulares em indivíduos com deficiência visual. Para tanto, será utilizado uma ficha cadastral, um protocolo de avaliação de desordens temporomandibulares, fotografias na posição de pé e dados de equilíbrio sobre uma plataforma.

Os riscos destes procedimentos serão mínimos, pois envolvem medições não-invasivas. No momento do exame físico, pode haver pequeno desconforto devido à palpação óssea, articular e muscular durante a marcação dos pontos anatômicos e na avaliação das desordens na articulação temporomandibular.

A sua privacidade e identidade serão preservadas, pois cada indivíduo será identificado por um número, não havendo identificação do seu nome.

Os benefícios e vantagens em participar deste estudo serão o conhecimento sobre suas medições corporais, sobre alterações nas articulações temporomandibulares, posturais e de equilíbrio que possam existir, para então, receber orientações sobre como melhorar e manter a saúde e a qualidade de vida.

As pessoas que estarão acompanhando o estudo incluem um(a) professor(a) responsável (Profª. Drª. Susana Cristina Domenech) e estudantes de pós-graduação e graduação: Taísa Vendramini, Jonathan Ache Dias, Márcio Borgonovo dos Santos, Daniela Junckes da Silva Mattos, Ana Paula Shiratori, Shelley Uhlig, e Lucas Borges.

O(a) senhor(a) poderá se retirar do estudo a qualquer momento. Solicitamos a vossa autorização para o uso de seus dados para a produção de artigos

técnicos e científicos. Agradecemos a sua participação e colaboração. Pesquisadores para contato: Profª. Drª. Susana Cristina Domenech Mestranda Taisa Vendramini

Telefones: (48) 3244.6258 – (48) 9911.0900

Endereço: Rua Pascoal Simone, 149 Bairro Coqueiros 88080-350 Florianópolis/SC

TERMO DE CONSENTIMENTO Declaro que fui informado sobre todos os procedimentos da pesquisa e, que recebi de forma clara e objetiva todas as explicações pertinentes ao projeto e, que todos os dados a meu respeito serão sigilosos. Eu compreendo que neste estudo, as medições dos experimentos/procedimentos de tratamento serão feitas em mim. Declaro que fui informado que posso me retirar do estudo a qualquer momento. Nome por extenso _________________________________________________________ . Assinatura _____________________________________ Florianópolis, ____/____/____ .

CONSENTIMENTO PARA FOTOGRAFIAS, VÍDEOS E GRAVAÇÕES

Eu, _________________________________________________________________,

permito que o grupo de pesquisadores relacionados abaixo obtenha fotografia, filmagem ou

gravação de minha pessoa para fins de pesquisa, científico, médico e educacional.

Eu concordo que o material e informações obtidas relacionadas à minha pessoa possam

ser publicados em aulas, congressos, palestras ou periódicos científicos. Porém, a minha pessoa

não deve ser identificada por nome em qualquer uma das vias de publicação ou uso. As

fotografias, vídeos e gravações ficarão sob a propriedade do grupo de pesquisadores pertinentes

ao estudo e, sob a guarda dos mesmos.

A equipe de pesquisadores é composta pelo(a) professor(a) responsável - Profa. Dra. Susana

C. Domenech - e pelos(as) pesquisadores - Taísa Vendramini, Jonathan Ache Dias, Márcio

Borgonovo dos Santos, Daniela Junckes da Silva Mattos, Ana Paula Shiratori, Shelley Uhlig, e

Lucas Borges.

Nome do paciente/indivíduo: ___________________________________________________

Assinatura: _________________________________________________________________

Nome dos pais ou responsável: __________________________________________________

Assinatura: _________________________________________________________________

APÊNDICES

APÊNDICE 01

PROJETO: Controle postural e SUA INTER-RELAÇÃO COM as DESORDENS

CRANIOMANDIBULARES em indivíduos com deficiência visual total.

MESTRANDA: TAISA VENDRAMINI

1 DADOS CADASTRAIS CÓDIGO:

Nº PRONTUÁRIO:

Nome:

Data de nasc.: Idade (anos):

Sexo: ( ) Masc ( ) Fem

Local de nasc.:

Estado civil:

Profissão:

Filiação: Pai

Mãe

Endereço res.: Rua/Av.

Bairro Cidade

Estado CEP

Telefone: res. ( )

celular ( )

E-mail:

2 DADOS CLÍNICOS

Medicação atual de uso contínuo:

( ) não

( ) sim. Qual: _____________________________________________________________

Membro dominante: superior: ( ) direito ( ) esquerdo ( ) ambos

inferior: ( ) direito ( ) esquerdo ( ) ambos

Prática de atividade física:

( ) não

( ) sim. Qual: ____________________________________ Freqüência: ________dias/sem

Uso de aparelho ortodôntico e/ou aparelho ortopédico funcional: ( ) não ( ) sim

Uso de próteses: ( ) não ( ) sim

Deficiência associada: ( ) não ( ) sim

2.1 Avaliação Oftalmológica

( ) Deficiente visual total (cego)

� Fator causal da deficiência:

( ) Congênito: _______________________

( ) Adquirido: _______________________

� Tempo de deficiência: _____________ anos

� Deficiência na família: ( ) não ( ) sim

� Escolarização:

( ) normal ( ) textos ampliados ( ) lê Braille

2.2 Avaliação Neurológica

Presença de lesão atual:

( ) não

( ) sim. Qual: ______________________________ Local: __________________________

Lesão nos últimos 6 meses:

( ) não

( ) sim. Qual: ______________________________ Local: _________________________

Realizou cirurgia neurológica nos últimos 2 anos:

( ) não

( ) sim. Qual: ______________________________ Local: __________________________

2.3 Avaliação Músculo-esquelética

Presença de lesão atual:

( ) não

( ) sim. Qual: ______________________________ Local: __________________________

Lesão nos últimos 6 meses:

( ) não

( ) sim. Qual: ______________________________ Local: __________________________

Realizou cirurgia ortopédica nos últimos 2 anos:

( ) não

( ) sim. Qual: ______________________________ Local: __________________________

2.4 Avaliação Vestibular

Apresenta alteração da função do labirinto:

( ) não

( ) sim. Qual: ______________________________

APÊNDICE 02

L IMIAR DE CARGA E EXATIDÃO ESTABILOMÉTRICA (segundo DIAS, 2009)

Este processo consistiu na aplicação de cargas conhecidas (anilhas de musculação),

previamente medidas em uma máquina de ensaio EMIC DL-3000 sobre a plataforma de força

para verificar seu limiar e exatidão. Foram desenhados os pontos (X, Y) 0, 0; 50, 50; -100, -100;

150, -150; -200, 200 mm sobre a superfície da plataforma, utilizando uma régua de aço inox com

resolução de 1 mm. Quatro anilhas de 10, 8, 11 e 11 kg foram colocadas sobre um destes pontos

em seqüência, com um pequeno intervalo; e posteriormente retirados na mesma ordem, formando

assim um gráfico em escada. O procedimento foi realizado para cada ponto definido durante 80

segundos a uma freqüência de aquisição de 100 Hz.

Como pode ser visualizado, o gráfico abaixo apresenta um exemplo do comportamento

das reações verticais e do CoP durante o teste, e a tabela apresenta os resultados do limiar de

carga e os erros. Deste modo, pode-se afirmar que plataforma apresenta baixa histerese, um erro

de no máximo 4,2% em X e 13% em Y, e o limiar de carga em torno de 30 Kg (aproximadamente

300 N). É possível observar na figura a diminuição do ruído com o aumento da carga. A alta

porcentagem de erro no ponto (-200, 200) é devido ao método de posicionamento do zero (nível

do sinal) que foi utilizado nesta etapa.

Gráfico: Limiar de carga e exatidão estabilométrica. Fonte: Dias (2009).

Tabela: Limiar de carga e exatidão estabilométrica. Fonte: Dias (2009). Como descrito no capítulo Materiais e Método, o amplificador utilizado tem saída

unipolar de 0 a 5 volts - posicionou-se o zero do amplificador próximo aos valores mínimos a fim

de utilizar toda amplitude de variação da tensão. Neste método, quando aplicada uma força

pontual sobre, por exemplo, o ponto (-200, 200), o erro aumenta muito, pois é criado um

momento muito grande em relação à célula de carga mais afastada em sua diagonal, fazendo com

que esta sofra força de tração. Como o posicionamento do zero foi bem próximo ao valor zero de

tensão e o sistema aumenta os valores desta quando as células de carga sofrem força de

compressão, quando existe força de tração esta não é medida. Como a plataforma estabilométrica

é utilizada para medir o CoP de um indivíduo que está sobre a mesma, este erro desaparece, pois

quando um sujeito esta sobre a mesma, os valores de tensão das células de carga aumentam de 30

a 90% dependendo da massa do sujeito, fazendo com que, mesmo que existam forças de tração,

elas sejam medidas. Portanto, os erros encontrados são diminuídos consideravelmente quando é

aplicado um sistema de força distribuído sobre a superfície da plataforma, como por exemplo,

uma pessoa sobre a mesma.

Figura: Limiar de carga e exatidão estabilométrica. Fonte: Dias (2009).

APÊNDICE 03

ESTUDO PILOTO

1 Justificativa

O estudo piloto consistiu, de modo geral, de uma simulação da pesquisa, a fim de investigar a exeqüibilidade da mesma.

2 Objetivos

� Percepção da aceitabilidade e facilidade dos participantes em compreender e executar os

procedimentos da coleta.

� Familiarização dos pesquisadores com o método, com a rotina, com os instrumentos e

equipamentos utilizados na pesquisa.

� Otimização e estimativa do tempo necessário para a realização das coletas.

� Análise e estimativa dos resultados.

3 Procedimentos

O estudo piloto teve início a partir da observação dos prontuários dos deficientes visuais

na AJIDEVI em Joinville. Optou-se em avaliar 01 (um) indivíduo com deficiência visual total, de

origem adquirida, do gênero masculino, com idade de 26 anos. O sujeito foi informado sobre os

objetivos e procedimentos da pesquisa, recebeu o Termo de Consentimento Informado, e

concordou em participar do estudo, assinando-o com o auxílio de uma guia.

Inicialmente, o pesquisador preencheu a ficha cadastral com os dados pessoais e clínicos

do sujeito e procedeu à realização do protocolo RDC/TMD (em modo de formulário),

confirmando a inclusão do mesmo na pesquisa, pois não houve histórico de doença ou seqüela

que impedisse o exame físico ou a avaliação postural; traumas na face, nas ATMs, na região

cervical e na cintura escapular; uso de medicamentos analgésicos e antiinflamatórios até uma

semana antes da coleta; uso de aparelho ortodôntico e/ou aparelho ortopédico funcional ou ainda

uso de próteses. Em seguida, solicitou-se que o sujeito trajasse roupas íntimas ou de praia

(definiu-se biquíni - 2 peças - para as mulheres ou sunga para os homens), e segundo Petroski

(1999), verificaram-se as medidas antropométricas (massa corporal, estatura, IMC), sendo então

fixados os marcadores nos pontos anatômicos de interesse, conforme o tutorial do software

SAPO®.

O sujeito foi posicionado sobre a plataforma de força, enfatizando-se e solicitando ao

mesmo que “se posicionasse de forma familiar e confortável”. Desenhou-se o formato dos pés no

papel (fixado à plataforma) e adquiriram-se as imagens digitais da postura corporal ereta bípede,

nas vistas anterior e lateral direita (por meio de duas câmeras fotográficas colocadas em ângulo

de 90º entre elas), assim como coletados os dados de equilíbrio. Apesar de outros estudos

sugerirem tempo mínimo de 20 segundos, a permanência do indivíduo sobre a plataforma teve

esta duração (para evitar instabilidades devido à ansiedade e fadiga), com freqüência de aquisição

de 1000 Hz, em uma única aquisição, pois, conforme definem de Le Clair e Riach (1996), uma

única aquisição é suficiente (visto a avaliação postural concomitante); e 10 segundos é o tempo

mínimo para se obter medidas confiáveis: assim, optou-se pelo dobro do período sugerido, no

qual estes autores acreditam ter confiabilidade nas medidas (entre 20 e 30 segundos). A

frequência de 1000 Hz foi adotada, a fim de se ter mais detalhes sobre a variação dos

deslocamentos do CoP, visto que 100 Hz é o mínimo ideal para coleta de equilíbrio, conforme

Freitas e Duarte (2006); além disso, por não terem sido encontrados estudos na literatura que

avaliassem ambos (postura e equilíbrio) concomitantemente.

Posteriormente à aquisição das primeiras imagens e dados do equilíbrio, o pesquisador

girou o papel A3 (para garantir a mesma posição dos pés) em 180º e auxiliou o sujeito a assumir

a nova posição para as imagens nas vistas posterior e lateral esquerda. Estas imagens foram

superficialmente avaliadas para garantir sua validade, sendo armazenadas; assim como os dados

brutos das coletas de equilíbrio. A duração desta coleta, desde o início do preenchimento da ficha

cadastral durou em média, 50 a 60 minutos. Optou-se em não utilizar as fotografias em vista

posterior visto que os ângulos de interesse formaram-se em vista anterior. Finalmente, as imagens

foram inseridas no software SAPO®. Terminada a coleta dos dados do dia, estas foram

armazenados no computador, organizados em planilhas eletrônicas, a fim de proceder ao

tratamento estatístico no software SPSS, versão 14.0. Os dados do sujeito participante do piloto

são visualizados na sequência:

4 CONCLUSÕES

A partir do estudo piloto, determinou-se o organograma de execução da pesquisa, sendo

realizadas: a) amostragem dos sujeitos; b) preenchimento da ficha cadastral; c) aplicação do

protocolo RDC/TMD; d) colocação dos marcadores anatômicos de interesse; e) aquisição das

fotografias e dos dados de equilíbrio sobre a plataforma.

A aquisição das fotografias será em máquinas fotográficas digitais com tamanho de

imagem de 03 megapixels, a 03 metros do sujeito cada, formando um ângulo de 90º entre elas,

sendo a altura dos tripés na altura média dos umbigos. Conforme sugestão da literatura, a

plataforma de força coletará dados durante 20 segundos a uma freqüência de 1000 Hz para

fornecer maior número de dados.

A duração de todas estas etapas será em média 50 a 60 minutos, pois pôde-se perceber que

haverá variação conforme o desempenho, a facilidade de cada indivíduo em realizar alguns

movimentos (por exemplo, lateralidade da mandíbula, protrusão, entre outros; durante o

protocolo RDC/TMD) ou compreender o que era solicitado. Assim, determinou-se que antes de

realizar as medidas propriamente ditas, solicitar-se-á aos sujeitos que tentem realizar movimentos

corporais diversos, como flexão/extensão de cabeça, circundução de ombros, movimentos

mandibulares, entre outros; para diminuir a ansiedade, e possibilitar a realização daqueles para as

medições. Após as coletas, as informações cadastrais e do protocolo RDC/TMD serão inseridas

no software Excel for Windows® para organização em planilhas, as imagens no software de

avaliação postural, enquanto que os dados da plataforma passarão pela rotina descrita por Dias

(2009) para então proceder à análise estatística por meio do SPSS versão 14.0.

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo