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MALÁRIA E DEFICIÊNCIA DA GLICOSE-6-FOSFATO DESIDROGENASE EM INDIVÍDUOS DE UMA COMUNIDADE DE MANAUS, AMAZONAS, BRASIL
MARLI STELA SANTANA MACIEL
MANAUS 2007
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS
ii
MARLI STELA SANTANA MACIEL
MALÁRIA E DEFICIÊNCIA DA GLICOSE-6-FOSFATO DESIDROGENASE EM INDIVÍDUOS DE UMA COMUNIDADE DE MANAUS, AMAZONAS, BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em Convênio com a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas para obtenção do grau de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas.
Orientadora: Profª. Drª. MARIA DAS GRAÇAS COSTA ALECRIM
MANAUS 2007
iii
Santana, Marli Stela
Malária e deficiência da glicose-6-fosfato desidrogenase em indivíduos de uma comunidade de Manaus, Amazonas, Brasil/ Marli Stela Santana Maciel.-Manaus, AM;UEA; FMTAM, 2007. 79 p.: il.
Dissertação – Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical - Mestrado
Orientadora: Maria das Graças Costa Alecrim
1. Doenças Tropicais e Infecciosas. 2. Malária. 3. Hematologia. 4. G6PD. II. Título
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FOLHA DE JULGAMENTO
MALÁRIA E DEFICIÊNCIA DA GLICOSE-6-FOSFATO
DESIDROGENASE EM INDIVÍDUOS DE UMA COMUNIDADE DE MANAUS, AMAZONAS, BRASIL
MARLI STELA SANTANA MACIEL “Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas”.
Banca Julgadora:
____________________________________ Profª. Maria das Graças Costa Alecrim, Dra.
Presidente
__________________________________ Profª. Maria das Graças Vale Barbosa, Dra
_______________________________ Profª. Ivete de Araújo Roland, Dra
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Dedico este trabalho aos meus pais, Maria Estela e José Cândido de Santana (in memorian), que tanto se esforçaram para proporcionar aos seus filhos uma vida digna.
vi
AGRADECIMENTOS
Ao concluir mais esta etapa da minha formação acadêmica, desejo aqui registrar minha gratidão: A Deus, pelo sustento espiritual, neste momento de grandes lutas e alegrias, pois “nEle tudo subsiste” Colossenses 1:17b. À minha família, na figura de minha doce mãe, Maria, pelas orações enviadas.
Ao meu companheiro José Alves, por apoiar meus estudos. À Professora Dra. Maria das Graças Costa Alecrim, que orientou este trabalho com confiança. À Fundação de Medicina Tropical do Amazonas, por apoiar-me no exercício de “fazer ciência”, desde a iniciação científica, PAIC, através do Dr. Wilson Alecrim. Ao Dr. Marcus Lacerda, pela colaboração neste trabalho.
Às funcionárias do laboratório de Malária, Ericilda Silva e Maria Raimunda Silva, pela amizade e valiosa colaboração na coleta de sangue e procedimentos no trabalho de campo. À secretária da Gerência de Malária, Rosemary Viana, por colaborar na entrega de resultados de exames aos pacientes do projeto. À Sra. Laurendina Batalha, pela serviço de lavagem das vidrarias do laboratório.
Aos acadêmicos do curso de Farmácia, Lisele Brasileiro, Suzy Silva, Pricila Santos, Walber Araújo Brandão, Carmem Oliva, Jason Brune, Sabrina Silva, Glória Silva, pelo grande apoio na coleta de amostras e auxílio no laboratório. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) pelo apoio financeiro. Ao Érico Silva, pela colaboração na análise estatística dos resultados. Ao médico Dr. Ricardo Faria, pelo apoio no trabalho de campo. À Dra. Flor Martinez pela rica contribuição nas questões epidemiológicas.
À Dra. Leíla Coelho, pela valiosa colaboração na execução da técnica de eletroforese.
À Dra. Monica Costa e Marly Marques pelo apoio logístico na execução deste trabalho.
À bibliotecária Melquizeth de Almeida, pelo empenho na pesquisa bibliográfica.
vii
Às queridas Marília Fernandes e Rubenita Costa, do HEMOAM, pela grande colaboração no laboratório de Química.
Aos amigos da Igreja Adventista de Manaus, Áurea Costa, Socorro Fernandes, Cheila Bentes, Sara de Faria, pela amizade incondicional. Às queridas amigas dos Ministérios da Mulher pelo apoio através do Ministério da Oração Intercessória.
À Universidade do Estado do Amazonas, com a coordenação do programa de Mestrado em Doenças Tropicais e Infecciosas, através da Dra. Maria das Graças Barbosa e seus acessores Conceição Tufic, Lucilene Guerra e Marcos Castro. Às Dras. Margarida Athayde e Viviane Maia, pelo carinho com que me receberam no estágio em docência na Escola Superior de Ciências da Saúde (UEA). A todos os que embora não nomeados, têm parte neste trabalho, a certeza da minha gratidão.
viii
“Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce”.
Fernando Pessoa
ix
LISTA DE ABREVIATURAS ATP Nucleotídeo de adenosina tri-fosfato NADP Dinucleotídeo fosfatado de adenina NADPH Dinucleotídeo fosfatado de adenina nicotinamida reduzido G6P Glicose6-fosfato G6PD Glicose-6-fosfato desidrogenase GSH Glutatião reduzido GSSG Glutatião oxidado DNA Ácido desoxirribonucléico FMT-AM Fundação de Medicina Tropical do Amazonas MTT 3(4,5-dimetiltiazolil-2-2,5-difenil tetrazolio) - Azul de tiazol PMS Metassulfato de fenazina
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LISTA DE FIGURAS Figura 1 Ciclo do Plasmodium vivax................................................................... 5
Figura 2 Atuação da G6PD na remoção dos peróxidos..................................... 7
Figura 3 Mapa da Cidade de Manaus, em destaque, a Comunidade Ismail
Aziz........................................................................................................
18
Figura 4 Dosagem qualitativa da G6PD............................................................. 22
Figura 5 Resultados da eletroforese em gel de agarose.................................... 24
Figura 6 Distribuição dos indivíduos conforme procedência.............................. 27
xi
LISTA DE TABELAS Tabela 1 Distribuição dos indivíduos quanto à faixa etária, freqüência da
deficiência da G6PD e diagnóstico da malária.....................................
23 Tabela 2 Distribuição dos indivíduos conforme origem étnica e deficiência da
G6PD....................................................................................................
24
Tabela 3 Distribuição das amostras enzimopênicas conforme padrões de eletroforese...........................................................................................
25
Tabela 4 Distribuição dos indivíduos conforme antecedente de malária e deficiência da G6PD.............................................................................
25
Tabela 5 Distribuição dos indivíduos segundo história clínica de malária.......... 26
Tabela 6 Distribuição conforme reação adversa e deficiência da G6PD............ 26
xii
RESUMO
Os dados epidemiológicos atuais são indicadores importantes na confirmação de elevada incidência de malária na Amazônia Brasileira, sendo essas infecções causadas com maior freqüência pelo Plasmodium vivax. Apesar de sua baixa mortalidade, os aspectos de gravidade relacionados a esta espécie de malária abordados neste estudo, consistem no possível risco de hemólise desenvolvida a partir da utilização do antimalárico primaquina, em indivíduos geneticamente deficientes da glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD). A G6PD é uma enzima que catalisa o primeiro passo da via das pentoses fosfato, produzindo NADPH, um cofator importante para a proteção das células contra o estresse oxidativo. A G6PD é expressa em todos os tecidos, mas a sua deficiência manifesta-se essencialmente nas hemácias. Cerca de 400 milhões de pessoas da população mundial são afetadas pela deficiência da G6PD, com maior morbidade em indivíduos do sexo masculino, devido ao caráter recessivo da herança ligada ao sexo. Este estudo teve como objetivo estudar a malária e a deficiência da G6PD, em indivíduos de uma comunidade da cidade de Manaus, Amazonas, Brasil, através da inclusão de 200 indivíduos do gênero masculino, não consangüíneos residentes na comunidade Ismail Aziz. Do total, 6 (3%) indivíduos apresentaram deficiência da G6PD, tendo a deficiência enzimática confirmada por meio da técnica de eletroforese em gel de agarose, que definiu cinco amostras com deficiência do tipo A- e uma com padrão de eletroforese não esperado, a ser esclarecido num estudo futuro. Cinco indivíduos eram enzimopênicos e apresentaram história de primoinfecção, sugerindo assim uma possível vantagem seletiva (χ2 = 9,98; P = 0,0015) entre os indivíduos enzimopênicos que moram em áreas de risco da doença. Na análise das variáveis definidas por indivíduos enzimopênicos que relataram transfusão sanguínea após infecção por Plasmodium, encontrou-se significância estatística (P < 0,05) tanto na relação entre os que utilizaram o antimalárico primaquina, quanto entre os que relataram história de colúria e icterícia, sugerindo história de hemólise pelo antimalárico, assim como os sinais de colúria e icterícia serem dois marcadores clínicos importantes da deficiência da G6PD. Palavras-chaves: Deficiência da G6PD. Malária. Fenotipagem.
xiii
ABSTRACT The current epidemiologic datas are indicating important, in the confirmation of raised incidence of malaria in the Brazilian Amazon, being the infections caused more frequently for the P. vivax. Although its low mortality, the aspects of severity related to this species of malaria to be boarded in this study, consists of the possible risk of hemolisys developed from the use of the primaquine antimalarial, in genetic deficient individuals of the G6PD. G6PD is an enzyme that catalyzes the first step of the pentoses fosfato pathway, producing NADPH, an important cofator for the protection of the cells against oxidative stress. G6PD is express in all the tissues, but its manifest deficiency essentially in the blood red cells. About 400 million people of the world-wide population they are affected by the deficiency of the G6PD, with bigger morbidity in individuals of the masculine sex, had to the recessive character of on inheritance to the sex. Until the moment, it has not given referring to the prevalence of the deficiency of the G6PD in the population of Manaus, that in the past received great contingents from Caucasian immigrants and that it presents in its geography endemic areas of malaria. This study had as scope to study malaria and the G6PD deficiency in individuals of a community in the city of Manaus, State of Amazon, Brazil, through the inclusion of 200 male non-consanguineous individuals residing in the community Ismail Aziz. From the total, 6 (3%) individuals presented deficiency of the G6PD, having the enzymatic deficiency confirmed by means of the technique of electrophoresis in agarose gel, which defined five samples with deficiency of the “A” type and one with pattern of unexpected electrophoresis, to be clarified by a future study. Five individuals were malaria first-infectioned and enzymopenic ones, thus suggesting a possible selective advantage among enzymopenic individuals who live in areas of risk for said disease (χ2 = 9,98; P = 0,0015). In the analysis of the variables defined by enzymopenic individuals who reported blood-transfusions after infection by Plasmodium, a significant statistics was found (P > 0,05) both in the relationship between those who utilized the anti-malaria primaquine, and those who reported a history of dark urine and jaundice, suggesting being two important clinical markers of the G6PD deficiency. Key-words: G6PD deficiency. Malaria. Fenotypic.
xiv
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 1
1.1 A Malária ...................................................................................................... 1 1.2 Transmissão................................................................................................ 1 1.3 Suscetibilidade e Imunidade........................................................................ 3 1.4 Diagnóstico da Malária................................................................................ 3 1.5 Epidemiologia da Malária............................................................................. 3 1.6 Ciclo Biológico............................................................................................. 5 1.7 A Glicose-6-Fosfato Desidrogenase (G6PD)............................................... 6 1.7.1 Bioquímica e Fisiopatogenia da Deficiência da G6PD............................. 6 1.7.2 Manifestações Clínicas............................................................................. 7 1.7.3 Genética.................................................................................................... 8 1.7.4 Diagnóstico da Deficiência........................................................................ 9 1.7.5 Epidemiologia da Deficiência da G6PD.................................................... 10 1.7.6 Malária e Deficiência da G6PD................................................................. 12 1.7.7 A Comunidade.......................................................................................... 14 2 OBJETIVO ...................................................................................................... 16 2.1 Geral............................................................................................................ 16 2.2 Específicos 16 3 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................. 17 3.1 Área de Estudo............................................................................................ 17 3.2 Tipo de Estudo............................................................................................. 17 3.3 Aspectos Éticos........................................................................................... 17 3.4 População de Estudo................................................................................... 17 3.5 Tamanho da Amostra.................................................................................. 19 3.6 Seleção de Indivíduos.................................................................................. 19 3.7 Critérios de Inclusão.................................................................................... 19 3.8 Critérios de Exclusão................................................................................... 20 3.9 Análises Laboratoriais.................................................................................. 20 3.10 Banco de Dados e Análise Estatística....................................................... 21 4 RESULTADOS .............................................................................................. 22 4.1 Características da População de Estudo Quanto à Faixa Etária e Freqüência da Deficiência da G6PD..................................................................
22
4.2 Resultados da Gota Espessa...................................................................... 23 4.3 Origem Étnica e Freqüência da Deficiência da G6PD................................. 23 4.4 Resultados da Eletroforese.......................................................................... 24 4.5 Aspectos Epidemiológicos e Clínicos da Malária........................................ 25 4.6 Dados Sócio-Epidemiológicos..................................................................... 27 5 DISCUSSÃO................................................................................................... 28 6 CONCLUSÕES............................................................................................... 36 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 37 8 ANEXOS......................................................................................................... 45
1
1 INTRODUÇÃO 1.1 A Malária
A malária, doença infecciosa, não-contagiosa e parasitária, de caráter agudo,
de evolução crônica quando não tratada, tem como agente etiológico o protozoário
do gênero Plasmodium. A transmissão se dá através do repasto sangüíneo das
fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles, podendo haver ainda, com infreqüência,
a transmissão transfusional, acidental e congênita. No homem, a doença é
caracterizada por um quadro clínico caracterizado pela tríade: febre, calafrio e
cefaléia (Mutis et al., 2005).
1.2 Transmissão Além das condições geográficas, socioeconômicas e culturais, os principais
fatores determinantes da transmissão da malária estão relacionados à população
vulnerável, levando-se em consideração os projetos de assentamentos, construção
de hidroelétricas, agropecuários e de extrativismo vegetal e mineral, implantados na
Região Amazônica a partir da década de 70, os quais estimularam a migração de
massas populacionais, sem exposição prévia à malária, para as áreas endêmicas.
Esse movimento na busca pelo desenvolvimento tem provocado desmatamento de
vastas áreas, desorganização espacial, afetado a distribuição e densidade de
vetores e concentração de pessoas sob condições sanitárias inadequadas, propícias
para a transmissão da doença (Tadei et al., 1998, Gil et al., 2003; Gonçalves e
Alecrim, 2004).
Deve-se também considerar como fator determinante da transmissão da malária
o seu agente etiológico, que se mantém na cadeia epidemiológica devido à
ocorrência de atraso e inadequação do diagnóstico e tratamento da doença,
ocasionados tanto pela sua resistência às drogas, quanto pela fragilidade
operacional dos órgãos competentes de saúde. No entanto, o Governo Federal,
através do Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Panamericana de
Saúde (OPAS), têm despendido esforços no sentido de avaliar os esquemas
terapêuticos com antimaláricos padronizados no Brasil, por meio do Projeto da Rede
2
Amazônica de Vigilância da Resistência às Drogas Antimaláricas - RAVREDA
(Brasil, 2005).
São parasitos pertencentes à Ordem Coccidiida, Sub-Ordem Haemosporidiidea,
Família Plasmodiidae, Gênero Plasmodium. As espécies de Plasmodium capazes de
infectar o homem de modo natural são: Plasmodium vivax (Grassi e Feletti, 1890),
Plasmodium falciparum (Welch,1897), Plasmodium malariae (Laveran, 1881) e
Plasmodium ovale (Stephens,1922), sendo esta última espécie não encontrada no
Brasil (Mutis et al., 2005)
Um terceiro e importante fator determinante da infecção malárica está na
presença do vetor da doença, conhecido como carapanã, pernilongo e mosquito-
prego, o transmissor da malária é um inseto culicídeo do gênero Anopheles, cujos
sub-gêneros são: Anopheles Meigen, 1918, Cellia Theobald, 1902, Nyssorhyncus
Blanchard, 1902 e Kertezia Theobald, 1905. Há cerca de 400 espécies de mosquitos
do gênero Anopheles no mundo, cerca de 60 delas são vetoras sob condições
naturais e, destas, em torno de 30 apresentam importância epidemiológica (Sallum
et al., 2000).
No Brasil, as espécies mais importantes na transmissão da doença são:
Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi (Root,1926), Anopheles (Nyssorhynchus)
albitarsis (Lynch Arribalzaga, 1878), Anopheles (Nyssorhynchus) deaneorum (Rosa-
Freitas, 1989), Anopheles (Nyssorhynchus) aquasalis (Curry, 1932), Anopheles
(Kerteszia) cruzii (Dyar e Knab, 1908), Anopheles (Kerteszia) bellator (Dyar e Knab,
1908). Mesmo na absoluta ausência das espécies acima apontadas, é importante
notar que outras espécies de Anopheles podem apresentar importância regional ou
transitória (Donnelly et al., 2002).
Tadei e Dutary-Thatcher (2000), em estudo dos fatores determinantes da
transmissão da malária, observaram que das 33 espécies de Anopheles que
ocorrem na Região Amazônica, apenas oito estavam infectadas pelo Plasmodium,
destacando o Anopheles darlingi como o principal vetor, considerado o mais
antropofílico e eficiente da Amazônia Brasileira. Quanto ao subgênero, o
Nyssorhynchus é o de maior ocorrência.
3
1.3 Suscetibilidade e Imunidade
Inicialmente, todo ser humano é suscetível à malária, mesmo aqueles que já
tiveram a infecção várias vezes, uma vez que a imunidade não confere uma
proteção total, ocorrendo apenas um abrandamento dos sintomas, muito freqüente
em áreas endêmicas da doença. Diante de características individuais pode ocorrer
uma resistência natural à doença, as quais representam formas de proteção apenas
parcial, mas suficientes para evitar quadros mais graves, como as
hemoglobinopatias (traço falciforme) em que a invasão pelo P. falciparum é bastante
reduzida; a ausência de antígeno Duffy nos eritrócitos, que os torna refratários à
invasão pelo P. vivax; enzimopatias, como a deficiência em glicose-6-fosfato
desidrogenase, em que os parasitos não apresentam um bom desenvolvimento no
interior dos eritrócitos; fagocitose de hemácias parasitadas com formas anelares
(trofozoítos) também representa um mecanismo de defesa para a malária, em
indivíduos “não imunes” (Ayi et al., 2004; Suzuki et al., 2007).
1.4 Diagnóstico da Malária
O diagnóstico laboratorial pode ser realizado através do exame parasitológico
de sangue (gota espessa) (OMS, 1975), métodos imunocromatográficos (teste em
fita: ParaSight™-F, OptiMal®), sorológicos (imunofluorescência indireta, ELISA)
(Ferreira e Sanchez, 1988; Voller et al., 1974) e de biologia molecular (PCR)
(Tirasophon et al., 1991).
1.5 Epidemiologia da Malária
A Organização Mundial de Saúde considera a malária a doença tropical mais
importante, por apresentar alto índice de morbi-mortalidade, atuando como
promotora de problemas sócio-econômicos, superada em número de mortes apenas
pela AIDS, principalmente em regiões da África. Cerca de 350-500 milhões de novos
casos ocorrem anualmente nas áreas tropicais e subtropicais do globo, sendo a
maioria destas infecções causadas por P. vivax e P. falciparum, e 90% registradas
na África tropical. Os óbitos variam entre 1,5 e 2,7 milhões de casos/ano,
principalmente entre crianças menores de 2 anos (WHO, 2005).
4
A doença encontra-se amplamente distribuída pelo Continente Africano,
Asiático e Americano, sendo uma das mais importantes doenças infecto-parasitárias,
transmitida por vetor, com altos índices de morbidade. De acordo com a
Organização Panamericana de Saúde, cerca de 36% da população do continente
americano vive em áreas de risco de transmissão de malária. Em 2000 foram
notificados nas Américas 1,4 milhão de casos da doença, sendo 82,2% dos casos
causados por P. vivax (PAHO, 2004).
1.5.1 Malária no Brasil
Através da intensificação das políticas de controle da malária no Brasil,
resultados positivos foram alcançados, ao comparar o ano de 2004 em relação ao
de 1999, havendo redução significativa de casos da doença, diminuição dos
municípios de alto risco, com IPA (Incidência Parasitária Anual) acima de 49,9 casos
por 1000 habitantes, do número de internações, assim como de óbitos por malária
(Brasil, 2005).
No entanto, tem sido relatados surtos epidêmicos de malária em regiões não-
Amazônicas, destacando-se o Estado do Ceará, que em 2002 registrou 402 casos
autóctones de malária por P. vivax, e do Estado do Paraná com 106 casos da
doença. No ano de 2006 foram registrados surtos importantes da doença nos
estados do Piauí, com 89 casos, e no Espírito Santo, com 81 casos (SIVEP, 2007a).
Tais dados são preocupantes, pois em regiões não-Amazônicas, há áreas
desprovidas de ações capazes de enfrentar o problema (Brasil, 2005).
1.5.2 Malária na Amazônia
Aproximadamente 99,5% dos casos de malária ocorrem na região
Amazônica, que compreende os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Amapá,
Rondônia, Pará, Mato Grosso, Tocantins e porção ocidental do Maranhão. As áreas
de maior transmissão são aquelas onde há condições precárias de habitação e
trabalho, e encontram-se próximas a florestas e a coleções de água (Brasil, 2005).
5
No ano de 2006, a região Amazônica apresentou 544.615 casos positivos de
malária, e dos nove estados que compõem essa região, o Amazonas notificou
181.973 casos da doença, o que representa 33,4% do total de casos. Em Manaus,
apesar do melhoramento das condições sócio-econômicas e urbanização da
periferia, neste mesmo ano foram registrados 51.228 casos, sendo 40.679 (79,4%)
causadas por P. vivax, 9.845 (19,2%) pelo P. falciparum e 702 (1,3%) infecção mista
(F+V) (SIVEP, 2007b).
A manutenção da alta incidência de malária no município de Manaus está
relacionada a fatores ambientais e sócio-econômicos que incluem altas
temperaturas, umidade relativa do ar, ciclo das chuvas, topografia, densidade de
vetores, a expansão desordenada da periferia urbana e exploração ambiental
predatória (Alecrim et al., 1999; Gonçalves e Alecrim, 2004).
1.6 Ciclo Biológico Segundo com Mutis et al., (2005), o ciclo assexuado do parasito da malária
inicia-se com a inoculação de esporozoítos no ato hematofágico do mosquito do
gênero Anopheles. Tais formas alcançam as células parenquimatosas do fígado,
que eclodem liberando inúmeros merozoítas, os quais se fixam nos eritrócitos,
transformando-se aí em trofozoítos, podendo alcançar a forma de esquizonte (Figura
1).
Figura 1. Ciclo do Plasmodium vivax Fonte: Richie e Saul, 2002. Adaptado
Hipnozoítos
ΘΘ
6
Os merozoítos diferenciam-se nas formas sexuadas do parasito,
denominadas gametócitos, e quando ingeridos pelo mosquito, dão origem ao ciclo
de vida do parasito no invertebrado. Nas infecções causadas por P. vivax e P. ovale,
alguns esporozoítos permanecem nos hepatócitos, formando hipnozoítos,
responsáveis pelas recaídas da doença (Mutis et al., 2005).
A fim de se obter a cura radical sob as formas parasitárias do fígado, e
eliminação de formas sexuadas de todas as espécies de Plasmodium, a Fundação
Nacional de Saúde, em seu manual de terapêutica, preconiza a utilização da
primaquina, uma droga do grupo químico das 8-aminoquinolinas. Administrada por
via oral, a primaquina é bem absorvida, e metabolizada rapidamente no fígado, com
meia-vida de cerca de cinco horas. Tem como efeitos indesejáveis vômito, náusea,
anorexia e metemoglobinemia com cianose (FUNASA, 2001; Santana et al., 2007).
Entretanto, a primaquina é contra-indicada para indivíduos que sejam deficientes da
enzima glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD) e durante a gravidez, pois os fetos
são fisiologicamente deficientes em G6PD (WHO, 1990).
1.7 A Glicose-6-Fosfato Desidrogenase (G6PD) 1.7.1 Bioquímica e Fisiopatogenia da Deficiência da G6PD
A G6PD é uma enzima presente no citoplasma de todas as células, atuando
especialmente na manutenção da integridade dos eritrócitos, evitando a oxidação da
hemoglobina e de outras proteínas celulares. Assim, o eritrócito maduro, em seu
metabolismo, utiliza glicose como principal fonte para gerar energia (ATP) e
potencial redutor (NADP e NADPH), metabolizada por meio da via glicolítica e pela
via das pentoses-fosfato. A enzima G6PD oxida G6P a 6-fosfoglucolactona,
reduzindo NADP a NADPH. Os produtos finais desta via são a pentose D-ribose-5-
fosfato, utilizada na síntese de nucleotídeos, e a coenzima NADPH, principal
doadora de hidrogênio em diversas reações enzimáticas de redução (Luzzatto,
2006).
NADPH irá atuar nas reações de detoxificação celular, eliminando radicais
livres e peróxidos (H2O2). A remoção destes peróxidos é catalisada pela enzima
7
glutatião peroxidase, que ao conjugar-se com o glutatião reduzido (GSH), torna-o
oxidado (GSSH), e na seqüência, recebe um átomo de hidrogênio do NADPH,
retornando a seu estado reduzido. O NADPH então é oxidado a NADP, que na
presença da G6PD, é reduzido novamente a NADPH (Figura 2) (Luzzatto, 2006).
Figura 2. Atuação da G6PD para remoção dos peróxidos
Estudos dos últimos anos demonstram um comportamento diversificado do
sistema de defesa antioxidante do GSH em relação ao envelhecimento. Ao contrário
do esperado, não se observa, necessariamente, deficiência do sistema conforme o
indivíduos envelhece. No entanto os resultados mostram que idosos apresentam
níveis menores de GSH e diminuição da atividade de GSH-Rd e GSH-Px
eritrocitários em relação aos jovens. Observações sugerem ainda que a doenças
degenerativas como Alzeimer e Parkinson podem estimular o sistema antioxidante
eritrocitário em idosos (Benzi et al., 1989; Nohl, 1993).
1.7.2 Manifestações Clínicas
A primaquina foi a primeira droga a ser abordada em estudo, por desencadear
resposta hemolítica em indivíduos com hemácias com deficiência enzimática (Alving
et al., 1956). No estudo das anemias, Llanos et al., (2004), em trabalho realizado em
Cali, Colômbia, discutiram os mecanismos envolvidos na produção de anemia na
infecção malárica, citando a deficiência da G6PD como fator agravante da anemia,
devido ao uso de primaquina.
GSH
GSSH NADP
NADPH
H2O2
G6PD
8
Segundo Prchal e Gregg (2005), indivíduos com deficiência da G6PD podem
apresentar sintomas a partir dos primeiros dias de vida ou mais tardiamente. As
principais conseqüências dessas alterações metabólicas são a hemólise,
desencadeada pelo uso de drogas: Nitrofurantoína; Primaquina; Sulfacetamida;
Fenazopiridina; Sulfanilamida; Sulfapiridina; Sulfametoxazol; Sulfonas; Azul de
Toluidina; Trinitrotolueno; Fenilhidrazina; Acetanilida; Furazolidona; Azul de
Metileno; Ácido Naldíxico; Naftaleno; Niridazol; Dapsona, e outros elementos como
feijão fava e produtos alimentícios contendo nitrito. Além disso, pode ocorrer
hemólise devido a processos infecciosos, na icterícia neonatal, na anemia hemolítica
não esferocítica crônica e na condição de metemoglobinemia (Beutler, 1994;
Santana, 2007).
1.7.3 Genética
A deficiência da G6PD é hereditária, transmitida como caráter recessivo
ligado ao cromossomo X, pelo que os homens têm a deficiência da enzima, e as
mulheres são transmissoras genéticas da doença, podendo também apresentar
deficiência, numa condição rara, em que herdem dois genes que codifiquem a
proteína anormal (Luzzato, 2006).
Os indivíduos do gênero masculino hemizigotos afetados (assim
denominados por possuírem apenas um exemplar do cromossomo X) e homozigotos
do gênero feminino (isto é, dupla expressão de um gene) têm uma atividade
enzimática reduzida, enquanto os heterozigotos do gênero feminino têm uma
expressão variável ou moderada da enzima, dependendo da inativação (lyonização)
do cromossomo X (Takizawa et al., 1986).
De acordo com Beutler (1994), indivíduos heterozigotos apresentam duas
populações de eritrócitos, as quais apresentam a mesma variante de deficiência. No
entanto, metade das células são normais e metade são deficientes, podendo ainda,
em algumas mulheres heterozigotas, apresentar a maioria das células com
deficiência ou a maioria com atividade normal. O diagnóstico da deficiência da
enzima nestes indivíduos pode ser realizado com maior segurança através da
detecção da mutação no DNA genômico.
9
Dentre as variantes da G6PD com atividade deficiente, as que têm maior
relevância epidemiológica são as variantes Africana ou A-, que ocorre em
descendentes do continente africano, assim como no Sul da Itália, Espanha,
Portugal e Península Arábica, e a variante Mediterrânea, que é encontrada
normalmente entre os italianos, gregos, judeus orientais, árabes e persas (Compri et
al., 2000a).
No Brasil, com o advento das técnicas de biologia molecular, têm sido
desenvolvidos vários estudos para a caracterização das mutações causadoras da
deficiência de G6PD, com a predominância das variantes Africana ou A- e
Mediterrânea (Compri et al., 2000a). Novas mutações têm sido descritas, como as
variantes Campinas, Sumaré, Lages, São Borja, Farroupilha e Anaheim (Saad et al.,
1997; Weimer et al., 1998). Compri et al. (2000a) em um estudo genético em uma
comunidade de Bragança Paulista, Estado de São Paulo, comprovaram a
predominância da variante Africana ou A-, e da Mediterrânea em menor proporção.
Hamel et al., (2002) relataram variação molecular do gene G6PD em 196
indivíduos do gênero masculino, doadores de sangue da Cidade de Belém (PA). A
variante da G6PD com maior frequência foi a G6PD A- (202G --> A, 376A --> G)
observada em 161 indivíduos (82,1%), ocasião esta em que também foram descritas
quatro novas variantes causadoras da deficiência, provavelmente devido à grande
miscigenação, que caracteriza fortemente a população da Região Amazônica.
1.7.4 Diagnóstico da Deficiência
Testes de diagnóstico laboratorial da deficiência da G6PD têm sido descritos
e padronizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Brewer et al., (1962)
padronizaram o método fenotípico para rastreio da enzimopatia, o qual apresenta
sua interpretação pela indicação da presença ou ausência de atividade enzimática
na amostra, através da redução da metemoglobina. Por ser este um teste de baixo
custo e de simples execução, pode ser facilmente implantado na rotina dos
laboratórios que prestam atendimento, público ou privado, em áreas endêmicas de
malária.
10
O diagnóstico in vitro da deficiência da G6PD pode ser realizado por teste
quantitativo, através de adição de um hemolisado a uma mistura que contenha
substrato (glicose-6-fosfato) e cofator (NADP); a quantidade de NADPH formado é
medido espectrofotometricamente (Komberg e Horecker, 1955; Lohr e Waller, 1974). O método rápido de “spot test” por fluorescência foi classificado pela OMS
como teste de escolha, devido sua alta sensibilidade e especificidade, e é baseado
na fluorescência de NADPH após se adicionar G6P e NADP a um hemolisado.
Ocorre fluorescência se a G6PD está ausente no hemolisado empregado em papel
de filtro (Beutler e Mitchell, 1968).
Técnicas laboratoriais baseadas nas características bioquímicas e genéticas
da enzima G6PD, são essenciais na identificação de mais de 400 variantes, de
mutações causais e diagnóstico em indivíduos heterozigotos, através da mobilidade
eletroforética de proteínas e de técnicas de caracterização molecular (Forbes et al.,
1991; Jefrey et al., 1993). A identificação das variantes tem função decisiva
principalmente na condução da terapêutica com drogas oxidantes, demonstrando
assim, aquelas variantes cujas características são determinantes do grau de anemia
hemolítica a ser manifestada (Beutler, 1994).
1.7.5 Epidemiologia da Deficiência da G6PD
Cerca de 400 milhões de pessoas da população mundial são afetadas pela
deficiência da enzima G6PD, e apenas uma parcela de indivíduos enzimopênicos
apresenta manifestações clínicas (Luzzatto e Notaro, 2001). A deficiência da G6PD
ocorre mais freqüentemente em indivíduos da África, 3,6 a 28% (Badens et al., 2000;
De Araujo et al., 2006), ocorrendo na Ásia, de 6 a 15,8% (Iwai et al., 2001;
Louicharoen et al., 2005), na Índia, uma média de 10.5% (Sukumar et al., 2004) e na
Península Arábica, 3 a 29% (Al-Rivami e Ebrahim, 2003; Usanga e Ameen, 2000).
Estudos desenvolvidos entre populações do gênero masculino, de diferentes
regiões do Brasil, demonstraram prevalências dessa enzimopenia em torno de 10%
11
entre indivíduos da raça negra. Já entre caucasóides dos Estados de São Paulo e
do Rio Grande do Sul, foram encontradas freqüências de deficientes de G6PD entre
1% e 3% (Lewgoy e Salzano, 1965; Saldanha et al., 1969; Barreto, 1970; Azevêdo e
Azevedo, 1974; Ramalho, 1981).
Quanto à avaliação de morbidade da deficiência da G6PD no Brasil, os
primeiros estudos foram realizados em indivíduos do gênero masculino por Marques
e Campos (1975), em hospitais de Belo Horizonte (MG), registrando deficiência em
7,8%, e por Azevedo et al., (1978), em 815 pacientes de um hospital de Salvador
(BA), encontrando 11,3% de deficientes entre os da raça negra, 7,8% entre os
mulatos escuros e 6,9% entre os mulatos médios.
Ramalho e Beiguelman (1976), precursores do rastreamento da deficiência
em doadores de banco de sangue, verificaram deficiência enzimática em 10,4% dos
negróides e 2,5% em caucasóides, em estudo realizado na Cidade de Campinas
(SP). Mais recentemente, em pesquisa realizada em 4.621 doadores de sangue do
gênero masculino, encontrou-se deficiência em 1,7%, (Compri et al., 2000b).
Na região Norte do país, na busca pela freqüência dessa enzimopenia em
indivíduos residentes em áreas endêmicas de malária, Santos et al., (2002), através
de ensaios por Reação em Cadeia de Polimerase (PCR), detectaram freqüência de
12% da deficiência de G6PD em populações susceptíveis à malária, no município de
Porto Velho. Katsuragawa et al., (2004), numa análise de 122 indivíduos de ambos
os gêneros, 21 destes apresentando diagnóstico positivo para malária, residentes
em uma região de Rondônia, encontrou-se enzimopenia em 5,8% entre os homens,
e 3,3% do total analisado.
Tem sido relatados ao longo dos anos casos de hemólise por administração
do antimalárico primaquina, na Fundação de Medicina Tropical (FMTAM), através de
estudos conduzidos em programas de iniciação científica e mestrado. O resultado de
um destes estudos demonstrou que dentre 71 indivíduos com diagnóstico clínico de
metemoglobinemia pós uso de primaquina, 51,4% apresentaram deficiência da
G6PD (Santana et al., 2007). Em um outro estudo realizado na FMTAM com
12
indivíduos com malária e tratados com primaquina, através da dosagem qualitativa
da enzima encontrou-se 3,5% de deficiência, do total analisado (Sardinha, 2006).
1.7.6 Malária e Deficiência da G6PD
Estudos sobre a deficiência da enzima em áreas malaríngenas demonstram
evidências de que a enzimopenia tem sido associada à proteção, em torno de 50%
contra infecção grave pelo Plasmodium falciparum. Roth et al., (1983), através da
cultura do P. falciparum in vitro demonstraram que o crescimento do parasito é
inibido na presença de hemácias deficientes de G6PD tanto de indivíduos
heterozigotos quanto em hemizigotos.
Esta resistência se deve ao fato de que nas hemácias deficientes da G6PD,
um metabolismo essencial para a sobrevivência do parasito encontra-se em deficit.
Isto se deve à atividade diminuída da G6PD dentro das hemácias, o que conduz à
morte do parasito. Todavia, devido à ineficiência do mecanismo antioxidante em
células deficientes da G6PD, pode ocorrer ainda danos à membrana celular seguida
de fagocitose das hemácias parasitadas (Cappadoro et al., 1998).
A teoria de que a resistência à malaria grave esteja baseada na alta
freqüência da deficiência da G6PD em áreas endêmicas de malária e que
hemizigotos e heterozigotos encontram-se em situação de vantagem foi estabelecida
por Rwende et al., (1995), através de dois estudos de caso-controle realizados com
mais de 2.000 crianças africanas. Concluiu-se que a variante enzimática da
deficiência comum na África (G6PD A-) estava associada a 46 a 58% da redução do
risco de malária grave, tanto em heterozigotos do gênero feminino, quanto em
hemizigotos masculinos.
No entanto, Guindo et al., (2007) realizaram estudo com 3.197 crianças de
ambos os sexos, sendo 2.765 com malária não-complicada e 432 com malária
grave, e proveniente de duas regiões do Máli, África. O estudo revelou que dentre as
crianças com malária-não complicada, a presença da mutação no gene G6PD*A,
que leva à deficiência da G6PD, consiste em fator de proteção contra a malária
grave quando presente em indivíduos do gênero masculino (hemizigoto) e não no
gênero feminino (heterozigoto).
13
Recentemente, uma revisão da literatura apresentou a hipótese de seleção
natural relacionada à proteção contra a malária. Grande parte dos estudos
epidemiológicos, tanto in vivo quanto in vitro, relatam seleção pela deficiência da
G6PD. A análise do gene G6PD também revela que os alelos da deficiência
demonstram alguns sinais de seleção. No entanto, a questão de como tal
polimorfismo tem sido mantido permanece obscuro, visto que os diferentes
genótipos da deficiência nos dois gêneros humanos ainda não foram estabelecidos
(Tripathy e Reddy, 2007).
Quanto ao tema malária vivax e deficiência da G6PD, há poucos dados atuais
na literatura, visto que as atenções em saúde quanto à malária estão voltadas às
regiões da África, em que há maior freqüência de infecções pelo P. falciparum.
Todavia, a malária é um sério problema de saúde pública nas regiões tropicais do
mundo como é o caso da Amazônia Brasileira, onde a transmissão se mantém
devido às condições ambientais propiciatórias, e predomina a infecção pelo P. vivax.
Além do impacto econômico produzido em áreas endêmicas de infecção por
P. vivax, o tema não deve ser subestimado visto que os principais desafios dessa
espécie de malária relacionam-se ao seu tratamento, também pela escassez de
estudos clínicos para a padronização de novos protocolos de antimaláricos análogos
à primaquina em seu efeito hipnozoiticida. Mais estudos deveriam ser desenvolvidos
a fim de prover maiores esclarecimentos direcionados à sua patogênese e
mecanismos de resistência às drogas (Lacerda et al., 2007).
Os dados epidemiológicos apresentados na revisão da literatura são
indicadores importantes, na confirmação de elevada incidência de malária na
Amazônia Brasileira, sendo essas infecções causadas com maior freqüência por P.
vivax. Apesar de sua baixa mortalidade, os aspectos de gravidade relacionados ao
P. vivax abordados neste estudo consistem no possível risco de hemólise
desenvolvido a partir da utilização do antimalárico primaquina, em indivíduos
geneticamente deficientes da G6PD.
Considerando-se também que a deficiência da G6PD é determinada pela
etnia, constitui elemento útil para o estudo da composição genética das
14
comunidades brasileiras, que foram incorporando ao longo de sua história, povos de
várias origens e com diversos graus de miscigenação, como é o caso de Manaus,
Capital do Estado do Amazonas.
Manaus é uma cidade marcada pelos traços étnicos herdados dos
ameríndios, que iniciaram a ocupação humana na Amazônia. Outro elemento
passou a predominar, mesclando as várias raças que marcaram sua presença,
portugueses, espanhóis, franceses, sírio-libanes, e firmando-se como herança dos
que descenderam da miscigenação entre o elemento branco e o indígena, o caboclo
(Benchimol, 1999). A cidade também possui em sua geografia áreas endêmicas de
malária, o que constitui fator de risco à essa população, considerando que indivíduos
afetados por essa condição genética podem sofrer hemólise por uso do antimalárico
primaquina, tornando assim necessária a realização deste estudo em indivíduos
residentes em áreas de risco de transmissão de malária, como é o caso da
população da comunidade Ismail Aziz.
1.7.7 A Comunidade
A comunidade Ismail Aziz está localizada na BR 174, em Manaus, capital do
Estado do Amazonas, reúne condições propícias para a implantação de um projeto
de levantamento epidemiológico da malária e da deficiência da G6PD, devido às
condições ambientais, sociais e econômicas que favorecem a manutenção da
malária no local.
Como tantas comunidades manauaras, Ismail Aziz teve sua origem a partir de
loteamento por invasão de terras, no ano de 2000 por migrantes vindos de várias
regiões do Estado, e até de outras regiões do país, em busca de oportunidades de
emprego no pólo industrial de Manaus, na Zona Franca e construção de moradias,
gerando o desmatamento da periferia urbana e como conseqüência o surgimento
de grandes epidemias de malária no local (Assad, 2005).
Possui em sua estrutura uma igreja católica, uma igreja de ramificação
evangélica, a igreja Assembléia de Deus, vários pontos comerciais onde são
vendidos em sua maioria produtos alimentícios e bebidas. A principal atividade
15
econômica do local é a economia informal, de vendedores autônomos, artesãos e
em segundo lugar representada por trabalhadores das indústrias de
eletroeletrônicos do Pólo Industrial da cidade.
16
2 OBJETIVO
2.1 Geral
Estudar a ocorrência de malária e deficiência da G6PD em indivíduos de uma
comunidade da Cidade de Manaus (AM).
2.2 Específicos
• Estimar a prevalência da deficiência da G6PD na população estudada.
• Identificar variantes enzimáticas por fenotipagem.
• Estimar a freqüência de malária na população estudada.
• Associar a ocorrência de malária e deficiência da G6PD.
17
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área de Estudo
Este estudo foi realizado na comunidade Ismail Aziz, localizada na BR 174
Km 2, pertencente à Zona Norte do Município de Manaus (AM) (Figura 3), a qual
possui em torno de 1.500 habitantes. O clima é tropical e as residências encontram-
se próximas à floresta. A área apresentou uma oficial taxa de incidência de malária,
no ano de 2006, um tanto elevada, com registro de 351 casos positivos, IPA=
234/1000 pessoas (SIVEP, 2007b).
3.2 Tipo de Estudo
Trata-se de um estudo de base populacional, do tipo transversal, para
detecção de prevalência.
3.3 Aspectos Éticos O projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação de
Medicina Tropical do Amazonas, com o nº do processo 2398/2006 – FMT/AM e
CAE-0050.0.114.000-06 (ANEXO 9.1).
3.4 População de Estudo
Indivíduos que concordaram em participar do estudo, residentes na
comunidade Ismail Aziz, Manaus (AM), assinaram um termo de consentimento livre
e esclarecido (ANEXO 9.2 e 9.2.1), e entrevistados para obtenção de dados
epidemiológicos (ANEXO 9.3).
18
Figura 3. Mapa da Cidade de Manaus, em destaque, a Comunidade Ismail Aziz.
19
3.5 Tamanho da Amostra A amostra foi calculada em programa estatístico Epi Info®, versão 2004, com
precisão de 80%; prevalência estimada de 3%; intervalo de confiança de 95%,
tamanho da população masculina de 700 indivíduos, foi de n= 200.
3.6 Seleção dos Indivíduos
O método de captação de sujeitos da pesquisa consistiu primeiramente de
abordagem do colaborador através de explanação dos objetivos da pesquisa,
destacando a importância da participação destes num estudo que iria beneficiá-los
individualmente, ao receberem o resultado dos exames de sangue (ANEXO 9.5) e
informação a respeito da deficiência da G6PD, através de folheto explicativo
(ANEXO 9.6).
Após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, foi aplicado
um questionário sócio-epidemiológico, através de linguagem acessível, para melhor
compreensão dos entrevistados.
A população estudada foi constituída de uma amostra aleatória, estratificada
desproporcionalmente, por residência. Das 350 residências existentes na
comunidade, foram escolhidas duas consecutivamente, intercaladas por uma
abstenção, e assim sucessivamente, até atingir o n= 200. Caso não fosse
estabelecido contato ou o indivíduo não atendesse aos critérios de inclusão da
pesquisa, foi escolhida a residência da seqüência. De cada residência foi
selecionado um indivíduo, evitando assim consangüinidade entre os sujeitos da
pesquisa.
3.7 Critérios de Inclusão Foram convidados a participar do estudo:
• Indivíduos do gênero masculino, entre 1 (por serem fisiologicamente
deficientes da G6PD) a 65 anos (devido ao decréscimo da atividade
20
enzimática na fase senil) e não consangüíneos (para haver uma melhor
representatividade da deficiência da enzima) (Benzi et al., 1989; Nohl,
1993; WHO, 1991) . A amostra composta apenas por indivíduos do sexo
masculino baseia-se no fato da G6PD ser uma enzima cujo loco inativado
encontra-se no cromossomo X, freqüentemente encontrada em indivíduos
do gênero masculino, eliminando-se a análise de fenótipos heterozigotos
que ocorrem com infreqüência na população feminina, em virtude da
inativação casual da mesma região do par de cromossomos X.
• Indivíduos residentes na comunidade Ismail Aziz, Manaus (AM).
3.8 Critérios de Exclusão
• Indivíduos do gênero feminino;
• Indivíduos do gênero masculino com idade inferior a 1 ano e superior a 65
anos.
• Não residentes na comunidade (em trânsito).
3.9 Análises Laboratoriais
Foram coletadas amostras de sangue de cada indivíduo:
a. Por punção venosa: 8 mL em tubo com ACD (ácido citrato dextrose) para a
dosagem qualitativa da G6PD e eletroforese e 5 mL em tubo com EDTA (ácido
etilenodiaminotetracético) para estudos futuros em genotipagem, a serem realizados
no desenvolvimento do projeto contemplado no EDITAL MS/CNPq/FAPEAM N.
014/2006 - PPSUS (ANEXO 9.4) e aprovado pelo CEP da FMTAM.
b. Por punção digital: para diagnóstico da malária, na confecção da gota
espessa. As determinações laboratoriais foram conduzidas nos Laboratórios de
Malária e de Leishmaniose da Fundação de Medicina Tropical do Amazonas
(FMTAM), e as técnicas laboratoriais encontram-se descritas nos ANEXOS (9.7).
21
3.10 Banco de Dados e Análise Estatística
Os resultados obtidos foram registrados em banco de dados, e processados
através de análise estatística descritiva através de tabelas e figuras, e análise
inferencial utilizando-se o programa Epi Info (2004), de distribuição gratuita pelo
CDC/Atlanta e o Minitab (2000). Houve busca de freqüências das variáveis, de
associações estatísticas entre a deficiência da G6PD e as demais variáveis, usando
o testes: qui-quadrado, exato de Fisher, analisadas em nível de significância de 0,05
e intervalo de confiança de 95%.
22
4 RESULTADOS 4.1 Características da População de Estudo Quanto à Faixa Etária e Freqüência da Deficiência da G6PD
Foram avaliados 200 indivíduos não-consangüíneos do gênero masculino, de
1 a 65 anos, com predominância de indivíduos da faixa dos 31 a 40 anos (Tabela 1).
Do total, 6 (3% - IC 95%) apresentaram positividade para o teste de Brewer et al.,
(1962) (Figura 4), tendo a deficiência enzimática confirmada por meio da técnica de
eletroforese em gel de agarose (Figura 5).
Figura 4. Representação do método da dosagem qualitativa da G6PD.
Tubo 1: Teste; Tubo 2: Controlo positivo; Tubo 3: Controle negativo
23
Tabela 1. Distribuição dos indivíduos quanto à faixa etária, freqüência da deficiência
da G6PD e diagnóstico da malária.
G6PD normal
G6PD deficiente
Total analisado
N % N % Faixa etária
1 a 10 27 100 - - 27 11 a 20 37 94,8 2 5,1 39 21 a 30 39 95,1 2 4,8 41 31 a 40 43 97,7 1 2,2 44 41 a 50 21 100 - - 21 51 a 65 27 96,4 1 3,5 28 Total 194 100 6 100 200
Observou-se maior predominância de indivíduos deficientes na faixa etária
dos 11 a 20 e dos 21 a 30 anos. A faixa dos 31 a 40 apresentou a maior
concentração de indivíduos com atividade enzimática normal.
4.2 Resultados da Gota Espessa
Todas as 200 amostras de sangue foram examinadas através do método da
gota espessa, identificadas 3 amostras com diagnóstico positivo para Plasmodium
através do método da gota espessa, de forma clínica assintomática, sendo duas com
parasitos do Plasmodium vivax (3V e 4V) e uma apresentando formas trofozoítos
anelares e formas sexuadas do Plasmodium falciparum (+F/Fg).
4.3 Origem Étnica e Freqüência da Deficiência da G6PD
Dentre os 194 indivíduos normais, 25 (96,1%) eram da raça branca, 11 eram
negros), 157 (96,9%) da raça parda, e apenas 1 representante da raça amarela.
Houve predominância de deficientes da G6PD (3%) entre os indivíduos pardos
(Tabela 2).
24
Tabela 2. Distribuição dos indivíduos conforme origem étnica e deficiência da G6PD.
4.4 Resultados da Eletroforese
A investigação eletroforética realizada nas amostras positivas para o teste de
Brewer revelou que 5 indivíduos apresentavam a deficiência do tipo A- ou Africana
(Figura 5), por terem migração rápida e banda de intensidade fraca, em relação às
bandas das variantes normais, sendo considerada forma moderada da doença. Uma
amostra com deficiência da G6PD apresentou migração normal e banda fraca no gel
de agarose, com padrão de variante não-esperado (Tabela 3).
Figura 5. Resultado da eletroforese em gel de agarose. Bandas fortes: G6PD B ( 2ª , 3ª, 4ª e 5 ª da direita para a esquerda); Banda fraca: G6PD A- (1ª banda, da esquerda para a direita).
G6PD normal
G6PD deficiente
Total analisado
N % N % Origem étnica Branca 25 96,1 1 3,8 26 Negra 11 100 - - 11 Parda 157 96,9 5 3,0 162 Amarela 1 100 - - 1 Total 194 - 6 - 200
25
Tabela 3. Distribuição das amostras enzimopênicas conforme padrões de
eletroforese.
G6PD Deficiente/Total
Migração eletroforética
Intensidade da banda
Variante
5/200 Rápida Fraca A- (Africana)
1/200
Normal
Fraca
Não- Identificada
4.5 Aspectos Epidemiológicos e Clínicos da Malária
Através de um questionário epidemiológico, dentre os 194 indivíduos normais,
31 não relataram antecedente de malária; 27 (87%) relataram primoinfecção; 24
(96%) relataram antecedente de duas infecções e 113 (99,1%) relataram
poliinfecções, o que representa a maioria da amostra. Dos 6 enzimopênicos, 4
(12,9%) relataram primoinfecção (Tabela 4).
Tabela 4. Distribuição dos indivíduos conforme antecedente de malária e deficiência
da G6PD.
G6PD normal
G6PD deficiente
Total analisado
P
N % N % Antecedente de malária
Nenhum 31 100 - - 31 >0,05 Uma infecção* 27 87,0 4 12,9 31 0,03 Duas infecções 24 96,0 1 4,0 25 >0,05 Três ou mais 112 99,1 1 0,8 113 >0,05
Total 194 - 6 - 200
Quanto aos aspectos clínicos da malária, dos 194 indivíduos normais, 48
(90,5%) relataram antecedente de icterícia (P < 0,05); 65 (92,8%) relataram colúria
(P < 0,05); 33 relataram cianose e 39 (97,5%), não apresentaram antecedente de
26
clínica da malária. Dos 6 indivíduos enzimopênicos, 5 (9,4%) relataram icterícia e 4
relataram medida de transfusão sanguínea após infecção malárica, (P < 0,05), o que
indica história de hemólise (Tabela 5).
Tabela 5. Distribuição dos indivíduos segundo história clínica de malária.
G6PD normal
G6PD deficiente
Total analisado
P
N % N % Antecedente
Icterícia/malária* 48 90,5 5 9,4 53 0,026 Colúria/malária* 65 92,8 5 7,1 70 0,011 Cianose/malária 33 100 - - 33 > 0,05
Transfusão/malária* - - 4 100 4 0,004 Nenhum 39 97,5 1 2,5 40 >0,05
Total 194 - 6 - 200
Em relação à história de reação adversa por drogas oxidantes, dentre os 194
indivíduos normais 38 (90,4%) dos entrevistados relataram alguma reação adversa
mediante utilização do antimalárico primaquina e 155 (99,3%) indivíduos não
apresentaram nenhuma história de reação adversa aos medicamentos investigados.
Dos 6 indivíduos enzimopênicos, 4 (9,5%) relataram reação adversa na ingestão de
primaquina e 1 relatou reação na utilização de sulfonamida, e 1 não apresentou
nenhuma reação adversa (Tabela 6).
Tabela 6. Distribuição conforme reação adversa e deficiência da G6PD.
G6PD normal
G6PD deficiente
Total analisado
P
N % N % Reação adversa
Primaquina* 38 90,4 4 9,5 42 < 0,001 Dapsona 4 100 - - 1 >0,05
Sulfonamidas - - 1 100 1 >0,05 Nenhuma 155 99,3 1 0,64 156 >0,05
Total 194 - 6 - 200
27
4.6 Dados Sócio-Epidemiológicos Quanto à procedência dos indivíduos, 132 (66%), eram do Estado do
Amazonas, enquanto os outros 68 (34%) eram: 37 (18,5%) do estado do Pará, 11 do
Maranhão (5,5%), 5 (2,5%) do Ceará, 3 (1,5%) da Bahia; 2 (1%) de Rondônia; 2
(1%) do Paraná; 2 (1%) do Piauí; 1 (0,5%) do Acre; 1 (0,5%) do Tocantins; 1 (0,5%)
do Pernambuco; 1 (0,5%) do Mato Grosso; 1 (0,5%) de Minas Gerais e 1 (0,5%) do
Espírito Santo. Todos os seis indivíduos enzimopênicos eram procedentes do
Estado do Amazonas, e ascendência materna de mesma origem (Figura 6).
Figura 6. Distribuição dos indivíduos conforme procedência.
Na análise das variáveis definidas por indivíduos enzimopênicos que
relataram transfusão sanguínea após infecção por Plasmodium sp., encontrou-se
significância estatística (P < 0,05) tanto na relação entre os que utilizaram o
antimalárico primaquina, quanto entre os que relataram história de colúria.
A investigação de possível vantagem seletiva foi realizada agrupando-se
enzimopênicos e indivíduos gota espessa positiva, não encontrando-se nenhuma
relação entre estas variáveis pois nenhum dos dois indivíduos enzimopênicos tinha
malária. A partir dos dados da história de manifestações clínicas foi demonstrado
que os indivíduos enzimopênicos parecem apresentar-se menos susceptíveis a
infecção malárica (χ2 = 9.98; P= 0.0015) do que os normais. No entanto, há
AM; 132; 66%
Outros Estados; 68;
34%
28
necessidade de investigar outros fatores como idade, tempo de residência na área,
antes de concluir-se acertadamente neste sentido.
5 DISCUSSÃO
O primeiro ponto a ser discutido no presente trabalho diz respeito aos sujeitos
abordados na população em estudo. É certo que poderiam ter sido escolhidos tanto
indivíduos do gênero masculino quanto do feminino. No entanto, a conveniência
prática de realizar triagem somente em indivíduos do gênero masculino consiste no
fato da deficiência da G6PD ser transmitida como caráter recessivo ligado ao
cromossomo X, ocorrendo com maior freqüência em indivíduos do gênero masculino
do que no gênero feminino. Vários estudos desenvolvidos entre indivíduos do
gênero masculino, de diferentes regiões do Brasil, demonstraram esse fato (Lewgoy
e Salzano, 1965; Saldanha et al., 1969; Barreto, 1970; Azevêdo e Azevedo, 1974;
Ramalho, 1981; Compri et al., 2000b).
Outro aspecto a ser considerado é o da falha na acurácia dos testes de
triagem usuais da deficiência da G6PD, no que diz respeito à heterozigose, citando o
caso da eletroforese, devido à complexidade na interpretação das amostras (a
inativação casual do cromossomo X presente na deficiência da G6PD heterozigota,
o que pode levar a ampla variabilidade de padrões eletroforéticos, quanto à
intensidade das bandas, dependentes da quantidade da proporção de cromossomo
X normal e inativados), requerendo assim grande habilidade do examinador.
Ampla variedade de testes diagnósticos podem ser empregados na triagem
da deficiência da G6PD, tais como o teste de redução da metemoglobina (Brewer et
al., 1962), do ascorbato cianeto (Jacob e Jandl, 1966) e da fluorescência (Beutler,
1966). A facilidade do diagnóstico da enzimopenia deste estudo se deve ao fato da
amostra ser composta por homens assintomáticos, tornando o teste utilizado na
triagem da deficiência da G6PD suficientemente sensível. No presente trabalho
utilizou-se o teste de redução da metemoglobina (teste de Brewer), considerado um
método simples que utiliza reagentes de baixo custo, ou seja, nitrito de sódio, glicose
hidratada e azul de metileno, e apesar de ser um método qualitativo, oferece
resultados satisfatórios, tendo sido amplamente utilizado em vários estudos de
29
triagem populacional (Compri et al., 2000a; Garlipp e Ramalho, 1988; Ramalho,
1981; Silva et al., 2004).
Na análise do aspecto da triagem dos indivíduos verificou-se que a população
estudada mostrou-se adequada, tendo sido possível analisar 200 indivíduos do
gênero masculino, identificando-se famílias não-consangüíneas cujos
representantes enzimopênicos conduzem à produção de índices adequados para
uma população de 1.500 habitantes.
No Brasil, estudos populacionais em diferentes grupos étnicos do gênero
masculino têm mostrado variadas freqüências da G6PD. Em Bragança Paulista,
São Paulo, foram selecionados 4.621 doadores de sangue do sexo masculino
atendidos no Setor de Hematologia Clínica e Laboratorial da Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade São Francisco, quando o índice de positividade na
amostra de doadores foi igual a 1,7% (80/4.621). Dentre os casos confirmados, 70
indivíduos não-consangüíneos (60 euro-descendentes e 10 afro-descendentes)
sendo submetidos à análise molecular, todos sem antecedentes clínicos de
hemólise (Compri et al., 2000a).
Em Belém, Estado do Pará, Silva et al., (2004) estudaram as reações
adversas da primaquina, numa dosagem de 0,50 mg/kg/dia, quando foram
investigados em 11 indivíduos com infecção pelo P. vivax, dentre os quais 3
apresentaram a deficiência da G6PD. Alterações clínico-laboratoriais indicaram
presença de processo hemolítico somente nos indivíduos deficientes enzimáticos, e
o tratamento foi interrompido. Ainda sugerem que triagem da deficiência da G6PD
deve ser realizada em pacientes com malária vivax, a fim de evitar complicações
decorrentes do uso de primaquina.
A fim de determinar a prevalência da deficiência da G6PD no sul do Brasil,
Castro et al., (2006) examinaram amostras de sangue de 2.799 recém-nascidos
através de técnica molecular (PCR), no Estado do Rio Grande do Sul. As análises
das amostras demonstraram que 39 (1,4%) tiveram deficiência total, 178 (6,4%)
tiveram deficiência intermediária e 2.582 (92,2%) foram normais. No entanto, ao se
estudar a deficiência da G6PD em neonatos, deve-se levar em consideração que
30
neles, há uma condição de deficiência de G6PD fisiológica, o que contribui para
freqüências um tanto elevadas de deficiência, o que limita estes tipos de estudos de
serem comparados com aqueles onde são analisados indivíduos adultos, mas não
negligenciando sua importância, pois a enzimopatia deve ser investigada,
principalmente no curso de uma icterícia neonatal, que dentre uma das causas está
a deficiência da G6PD, e que se não bem diagnosticada pode acarretar
conseqüências graves como dano neurológico, e, em alguns casos, chegar ao óbito.
A freqüência da deficiência da G6PD encontrada também demonstrou
concordância com aquelas encontradas em outros grupos populacionais brasileiros.
No entanto, a fim de buscar um padrão de qualidade, foi empregado ainda o método
da eletroforese em gel de agarose, uma metodologia um tanto antiga, mas que se
mostrou bastante eficiente na confirmação da deficiência enzimática, visto que o
resultado da análise qualitativa foi compatível com o diagnóstico obtido na
eletroforese, assim como na obtenção dos vários fenótipos, estabelecidos a partir do
padrão de migração e intensidade das bandas.
Desde a identificação da deficiência da G6PD e a sua ligação com o
cromossomo X, assim como descrição de padrões eletroforéticos determinado por
variantes da enzima, ampla variabilidade de polimorfismos têm sido identificados,
através de mais de 400 variantes (Carson et al., 1956; Yoshida et al., 1971;
Luzzatto, 2006).
A caracterização bioquímica permitiu demonstrar que o fenótipo eletroforético
predominante (G6PD) encontrado concorda com os resultados de estudos
realizados em populações com características antropo-epidemiológicas similares
àquelas descritas no presente estudo. Hamel et al., (2002), analizou 196 indivíduos
deficientes enzimáticos assintomáticos, do gênero masculino, doadores de sangue
de Belém (Pará). A deficiência foi confirmada através de eletroforese em gel de
agarose e analisadas através de métodos moleculares, o que demonstrou a
presença da variante G6PD A-, ou Africana em 161 indivíduos (82,1%). Ainda em
Belém, Silva et al., (2004), ao estudarem 11 pacientes com malária vivax,
encontraram a variante G6PD A- nos três deficientes enzimáticos da amostra.
31
Na análise dos resultados obtidos, chama a atenção a presença de uma
variante de G6PD com mobilidade eletroforética normal e intensidade da banda
fraca, diferente do padrão eletroforético da variante encontrada (G6PD A-), a ser
analisado posteriormente, juntamente com as outras 5 amostras, através do projeto
de caracterização molecular, aprovado no edital do Programa de Pesquisa para o
Sistema Único de Saúde - PPSUS/2006, EDITAL MS/CNPq/FAPEAM N. 014/2006 -
PPSUS (ANEXO 9.4).
Outro aspecto a ser considerado neste estudo é que, na comunidade
analisada, a variante G6PD A- não parece estar relacionada a indivíduos da raça
negra, diferente dos resultados encontrados em populações afro-descendentes. Dos
5 indivíduos com essa variante, 4 foram identificados como pardos e 1 como branco
levando-se em consideração a cor da pele, a textura do cabelo e os traços
fisionômicos. Presume-se então que o fenótipo eletroforético em questão constitui
resultado da herança da miscigenação entre o branco e o índio e o pardo.
Faz-se também necessário atentar para o fato da população negra ser
representada por apenas 11 indivíduos da população estudada, reflexo de sua baixa
presença na população do Amazonas. De acordo com o último censo do Instituo
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000), a população do Estado do
Amazonas tem a seguinte composição no quesito cor/raça: 24,8% brancos, 3,7%
negros, 65,7% pardos e 4,4% amarelos e indígenas. Atentando para a baixa
presença do elemento negro e elevada presença do elemento pardo nessa
população se faz necessário analisar a contribuição de outros grupos étnicos na
formação da população do Amazonas, como portugueses, espanhóis, e árabes.
Weimer et al., (1993) e Luzzatto e Mehta (1995) sugerem que a variante
G6PD A- não encontra-se restrita somente a indivíduos de descendência Africana,
mas pode ser encontrada com freqüência em populações do sul da Itália, Espanha,
Portugal e Península Arábica. Portanto, a prevalência desta variante na população
em estudo deve ser investigada a fim de se encontrar concordância de sua
distribuição entre os grupos étnicos que compõem esta população.
32
Na verificação da ascendência materna, em se tratando de caráter recessivo
ligado ao cromossomo X, o gene da deficiência de G6PD é transmitido aos
indivíduos do gênero masculino por intermédio de suas mães, houve presença da
ascendência brasileira em sua totalidade, apresentando ainda uma elevada
freqüência, 132 (66%), de indivíduos de naturalidade do Estado do Amazonas,
demonstrando que os dados encontrados parecem representar as características da
deficiência da G6PD em uma população predominantemente amazônida, pois todos
os enzimopênicos são desta origem, numa investigação até da 2ª geração.
A maioria dos indivíduos enzimopênicos permanecem assintomáticos, embora
possam apresentar crises agudas de hemólise, presentes no favismo, pela
sensibilidade gerada pela primaquina e a outras drogas oxidantes, as quais são
capazes de induzir anemia e icterícia em neonatos, assim como anemia hemolítica
não-esferocítica crônica, após 48 a 72 horas do início da ingestão de uma
determinada droga. Existem ainda outros fatores capazes de influenciar a disposição
e o grau de hemólise desencadeados por drogas oxidantes, tais como a dose, a
absorção, metabolização, excreção relacionados ao princípio ativo ou de metabólitos
gerados, e ainda do tipo de variante da G6PD (Luzzatto et al., 2001).
Entre os cinco enzimopênicos com a variante G6PD A- encontrou-se
significância estatística (P < 0,05) na relação entre os que utilizaram primaquina,
relataram história de colúria, de icterícia e receberam transfusão sanguínea após
infecção por Plasmodium sp., demonstrando evidências de processo hemolítico pelo
uso do antimalárico, trazendo mais uma vez à tona a importância da realização de
estudos sobre a deficiência da G6PD em indivíduos provenientes de áreas onde há
risco de infecção malárica e possível crise hemolítica por primaquina, como é o caso
da população envolvida neste trabalho.
No entanto a escassez de estudos sobre o tema da deficiência da G6PD e
malária, ocorre principalmente pelo fato do foco de atenção em saúde pública
mundial estar voltado às vastas regiões endêmicas da África, onde a maior parte das
infecções são causadas pelo P. falciparum, o que limita a utilização do antimalárico
primaquina. A análise dos resultados do presente estudo indica a necessidade do
33
desenvolvimento de estudos relacionados ao tratamento da malária vivax, pois a
ampla distribuição da deficiência da G6PD tem sido um ponto importante de
discussão no processo de desenvolvimento de novos antimaláricos com potencial de
causar hemólise (Beutler et al., in press).
Na análise das possíveis drogas causadoras de reações adversas, além da
primaquina, foram investigadas as sulfonamidas e a dapsona, pois o Estado do
Amazonas notificou de janeiro a maio de 2007, 188 novos casos de hanseníase,
sendo uma doença importante no estudo da deficiência da G6PD, relacionado à
utilização de dapsona (FUAM, 2007).
A dapsona (DDS; 4, 4'- Diamino-Difenil-Sulfona) encontra-se no centro de
toda terapêutica anti-hansênica e age através da competição com o ácido para-
aminobenzóico (PABA), diminuindo ou bloqueando a síntese do ácido fólico
bacteriano. Vários efeitos colaterais são atribuídos à dapsona, entre os quais:
gastrite, cefaléia, fotodermatite, metahemoglobinemia, anemia hemolítica,
agranulocitose, hepatite, síndrome sulfona, neuropatia periférica e síndrome
nefrótica (Jopling, 1985).
Goulart et al., (2002) revisaram prontuários de 187 pacientes tratados com
poliquimioterapia (PQT/OMS) - composta pelas drogas dapsona, clofazimina e
rifampicina - para a cura da hanseníase com registro de efeitos colaterais em 71
pacientes (37,9%). Sobre a dapsona, os resultados apontaram-na como a principal
droga causadora de efeitos indesejáveis com 80 (70,8%) casos, destacando-se 15
(13,3%) casos de anemia hemolítica e 6 (5,3%) de metemoglobinemia. A anemia
hemolítica mereceu destaque, pois acarreta sérios efeitos, principalmente em
crianças, idosos e pessoas com deficiência G6PD (Yawalkar, 1992). No presente
estudo, apesar de haver relato de antecedente de reação tanto às sulfonamidas
quanto à dapsona, não foram encontradas significâncias estatísticas para os
mesmos.
A ausência de parasitemia por Plasmodium sp. na maioria dos indivíduos
pode refletir o sucesso das políticas de controle à malária na cidade de Manaus, o
qual pode ser evidenciado pela comparação do número de casos positivos da
doença relatados no ano de 2005 (71 casos), com os do ano vigente (31 casos),
34
ocorridos no mesmo período de Abril/Maio (SIVEP, 2007b). No entanto é importante
notar que os únicos três casos de malária diagnosticados, apresentaram-se sob a
ausência de sintomas, estando um deles apresentando formas sexuadas do P.
falciparum na verificação microscópica, o que representa uma fonte de manutenção
da infecção, característica de indivíduos que vivem em áreas endêmicas de malária
(Roshanravan et al., 2003; Suarez-Mutis e Coura, 2007).
A apresentação clínica da infecção por Plasmodium sp. pode variar tanto
entre a forma assintomática e a forma grave da doença. Infecções e imunidade
prévias têm um papel importante no desfecho da doença. O portador de Plasmodium
assintomático é freqüentemente encontrado em regiões de alto risco de transmissão
da África e Sudoeste da Ásia, onde a doença permanece intensamente endêmica ao
longo do ano e indivíduos permanecem expostos ao parasito (Bottius et al., 1996;
Bruce et al., 2000; Owusu-Agyei, 2002).
A malária foi diagnosticada pelo método da gota espessa, o qual tem sido
tradicionalmente empregado, capaz de identificar a espécie do parasito,
quantificação da parasitemia e informar o estádio evolutivo do Plasmodium sp. No
entanto, o método apresenta baixa sensibilidade em situações de baixa parasitemia
(menos de 10 parasitos por μL de sangue) ou quando há presença de infecção por
mais de uma espécie do parasito, o que pode limitar a busca do agente etiológico
(Alves et al., 2002).
Métodos diagnósticos têm sido utilizados na busca por maior sensibilidade na
detecção da malária, principalmente na forma assintomática. Monteiro et al., (2002),
ao analisarem amostras de sangue de indivíduos assintomáticos para malária,
encontraram os resultados para presença de Plasmodium sp. numa positividade de
3% para a gota espessa, 5% para o QBC®, 32% para a PCR. Tais dados
demonstram que caso a triagem da malária nas amostras do estudo tivessem sido
analisadas por um método mais sensível como o da PCR, a freqüência de casos de
malária assintomática poderia ter sido maior que o encontrado (Manso, et al., 2005)
Estudos epidemiológicos têm demonstrado que a deficiência da G6PD sugere
proteção contra a malária pelo P. falciparum (Roth, 1983; Greene, 1999). Dados de
35
estudos clínicos realizados na África demonstraram haver algum tipo de proteção
contra a forma grave da malária tanto em indivíduos enzimopênicos heterozigotos e
homo/hemizigotos (Rwuende, 1995; Guindo, 2007). No entanto, o mecanismo de
proteção permanece desconhecido.
Dados da WHO (2005) demonstram que 95% dos óbitos de malária que
ocorrem no mundo são decorrentes de infecções pelo P. falciparum, o que indica a
importância desse provável mecanismo seletivo em relação às condições genéticas
(traço falciforme, talassemia e deficiência da G6PD), que conferissem aos
portadores algum nível de resistência contra o P. falciparum. Cabe ainda ressaltar
que a perpetuação de indivíduos geneticamente deficientes da G6PD frente ao P.
falciparum pode ser pelo fato dessa espécie de parasito ter predileção por infectar
hemácias mais velhas, e caso também estejam em indivíduos que apresentem a
variante A-, são as hemácias que apresentam maior deficiência da enzima (Balgir,
2006; Ayi et al., 2004).
Não foi encontrada nenhuma possível vantagem seletiva para a malária entre
os indivíduos enzimopênicos, visto que não houve entre eles positividade no exame
da gota espessa. No entanto, na relação dos enzimopênicos que relataram história
de colúria, de icterícia e antecedente de apenas uma infecção por Plasmodium sp.,
os dados são sugestivos de que os indivíduos enzimopênicos podem apresentar-se
menos susceptíveis a infecção malárica (P < 0,05) do que os indivíduos normais.
36
6 CONCLUSÕES
• A prevalência da deficiência da G6PD encontrada concorda com dados de
outros estudos realizados no norte do país. No entanto, difere-se dos outros
quanto à estratégia epidemiológica por ter sido um trabalho de base
populacional.
• Na população estudada há predominância da variante G6PD A- ou Africana, a
variante mais frequentemente encontrada em outros grupos humanos do
Brasil. Daí a necessidade de continuidade em estudos numa abordagem da
variabilidade genética desta população.
• Apesar da baixa freqüência de malária entre os indivíduos estudados, verifica-
se que os dados são sugestivos de que os indivíduos enzimopênicos parecem
apresentar-se menos susceptíveis à infecção malárica do que os indivíduos
normais. Porém, há necessidade de investigar outros fatores relacionados a
tal susceptibilidade como idade, tempo de residência na área estudada, a fim
de obter conclusão mais acertada.
37
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45
8 ANEXOS 8.1 Aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa
46
8.2 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
MALÁRIA E DEFICIÊNCIA DA GLICOSE-6-FOSFATO DESIDROGENASE EM INDIVÍDUOS DE UMA COMUNIDADE DA CIDADE DE MANAUS, AMAZONAS,
BRASIL – COMUNIDADE ISMAIL AZIZ Patrocinador: Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA)
Equipe responsável: Maria das Graças Costa Alecrim (Orientadora) Marli Stela Santana Maciel (Orientanda)
Descrição do projeto: Este é um estudo que estamos fazendo no Hospital Tropical
(FMTAM), através da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com o objetivo de
estudar a malária e a deficiência da glicose-6-fosfato desidrogenase em indivíduos da
comunidade Ismail Aziz, Manaus (AM). Para isso, é preciso que seja feita retirada de
amostra de sangue do paciente, sendo uma parte da amostra reservada a estudos futuros.
Riscos associados ao estudo: Depois de colher sangue do braço, pode ficar com uma
mancha roxa e doer um pouco. Em casos de danos/despesas que venham ocorrer
mediante a participação nesse estudo há garantia de indenização/ressarcimento de nossa
parte. Benefícios: Participando desse estudo não será recebido qualquer benefício
adicional, nem dinheiro, mas estará contribuindo para o conhecimento científico da malária.
Confidencialidade: A participação nesse estudo será confidencial. Os resultados dos
exames serão mostrados às pessoas do Hospital Tropical que trabalham com malária ou
pesquisadores de outras cidades ou países, mas o nome da pessoa que participa nunca
será revelado. Direito à retirada do estudo: A pessoa que participa da pesquisa tem todo
o direito de fazer qualquer pergunta referente aos riscos potenciais ou conhecidos, ou de
dizer que não quer participar dela. Participação voluntária: A participação é voluntária. Se
houver qualquer recusa em participar neste estudo, não ocorrerá qualquer perda de
benefícios. Em caso de dúvida ou nova informação relacionada ao estudo, serei capaz de contatar a Dra. Marli (Bioquímica) no número de telefone 8807-1243. Eu,..............................................................................................................................., recebi a
devida informação sobre o conteúdo deste termo, livremente, sem qualquer pressão por
parte dos pesquisadores, expresso meu consentimento em participar desta pesquisa:
......................................................................... Data...../...../..... Pesquisador que conversou com o paciente
.........................................................................
Assinatura do paciente
47
8.2.1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (pais ou responsável)
MALÁRIA E DEFICIÊNCIA DA GLICOSE-6-FOSFATO DESIDROGENASE EM INDIVÍDUOS DE UMA COMUNIDADE DA CIDADE DE MANAUS, AMAZONAS,
BRASIL – COMUNIDADE ISMAIL AZIZ Patrocinador: Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA)
Equipe responsável: Maria das Graças Costa Alecrim (Orientadora) Marli Stela Santana Maciel (Orientanda)
Descrição do projeto: Este é um estudo que estamos fazendo no Hospital Tropical
(FMTAM), através da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com o objetivo de
estudar a malária e a deficiência da glicose-6-fosfato desidrogenase em indivíduos do sexo
masculino da comunidade Ismail Aziz, Manaus (AM). Para isso, é preciso que seja feita
retirada de amostra de sangue dele, sendo uma parte da amostra reservada a estudos
futuros. Riscos associados ao estudo: Depois de colher sangue do braço, pode ficar com
uma mancha roxa e doer um pouco. Em casos de danos/despesas que venham ocorrer
mediante a participação nesse estudo há garantia de indenização/ressarcimento de nossa
parte. Benefícios: Participando desse estudo, ele não receberá qualquer benefício
adicional, nem dinheiro, mas estará contribuindo para o conhecimento científico da
deficiência da G-6-PD. Confidencialidade: A participação nesse estudo será confidencial.
Os resultados dos exames serão mostrados às pessoas que trabalham neste projeto ou
pesquisadores de outras cidades ou países, mas o nome de quem participa do estudo
nunca será revelado. Direito à retirada do estudo: Você tem o direito de fazer qualquer
pergunta referente aos riscos potenciais ou conhecidos, ou de dizer que não quer que ele
participe dela. Participação voluntária: A participação dele é voluntária. Se houver
qualquer recusa em participar neste estudo, não ocorrerá qualquer perda de benefícios. Em caso de dúvida ou nova informação relacionada ao estudo, serei capaz de contatar a Dra. Marli (Bioquímica) no número de telefone 8807-1243. Eu,..................................................................................................recebi a devida informação
sobre o conteúdo deste termo, sem qualquer pressão por parte dos pesquisadores,
expresso meu consentimento que:...........................................................................................
........................................................................................................, participe desta pesquisa.
......................................................................... Data...../...../..... Pesquisador que conversou com o responsável
.........................................................................
Assinatura do responsável
48
8.3 Ficha Cadastral MALÁRIA E DEFICIÊNCIA DA GLICOSE-6-FOSFATO DESIDROGENASE EM INDIVÍDUOS DE UMA COMUNIDADE DA CIDADE DE MANAUS, AMAZONAS – BRASIL COMUNIDADE ISMAIL AZIZ
Data:....../....../...... nº........................
Nome:..................................................................................................................................
...........................................................................................................................................
Endereço:Rua..............................................................................................nº...................
Fone res.:..................................................cel:......................................................
Idade: 1-6( ) 6-11( ) 11-16( ) 16-21( ) 21-26( ) 26-31( ) 31-36( ) 36-41( )
41-46( ) 46-51( ) 51-56( ) 56-61( ) 61-65( )
Escolaridade: Fundamental( ) Médio( ) Superior( ) Pós-grad.( ) Analfabeto( )
Profissão/ocupação: funcionário público( ) comerciante( ) comerciário( )
autônomo( ) aposentado( ) estudante( ) desempregado( ) outros( )
Raça: 1.Branca( ) 2.Negra( ) 3.Parda( ) 4.Amarela( )
Ascendência materna: italiana( ) espanhola( ) portuguesesa( ) sírio-libanesesa( )
brasileira( ) origem desconhecida( ) outra origem:........................................................
Naturalidade: município: ................................................................................
Estado: AC ( ) AL ( ) AM( ) AP( ) BA( ) CE( ) DF ( ) ES( ) GO ( )
MA( ) MG( ) MS( ) MT( ) PA( ) PB( ) PE( ) PI( ) PR( ) RJ( )
RN( )RO( ) RR( ) RS( ) SC( ) SE( ) SP( ) TO( )
País:Brasil( ) Outros:......................................
Antecedente de malária: ( )0 ( )1X ( )2X ( )3X ou +
Gota espessa: ( )P. vivax ( )P. falciparum ( )<+ ( )+ ( )++ ( )+++ ( )Fg
Já teve icterícia? S( ) N( ) Já fez transfusão após malária? S( ) N( )
Escurecimento da urina S( ) N( ) Lábios e/ou pontas dos dedos roxos S( ) N( )
Teve reação a algum destes agentes: primaquina( ) dapsona( ) naftalina( ) sulfas( )
nitrofurantoína( ) alimentos com nitratos e nitritos ( ) fenilhidrazina( ) azul de toluidina( )
analgésico(acetanilida)( ) vitamina K ( ) feijão fava( )
G-6-PD: ( )atividade normal ( )atividade deficiente Variante:.A( ) B( )
Outra........................... Obs.:......................................................................................
.........................................................................................................................................
Preenchido por:........................................................................................................
49
8.4 Edital do projeto do PPSUS
Pesquisa sobre malária possibilita teste de G6PD em todo o SUS
Uma comunidade de 1.500 habitantes, na zona Oeste de Manaus, serve de campo para um estudo sobre malária, coordenado pela farmacêutica bioquímica Mônica Regina Farias Costa, 29. A comunidade é fruto de invasão e está próxima da floresta, na BR-174, o que a caracteriza como área endêmica da doença. Só nos primeiros quatro meses deste ano já foram registrados 55 casos de malária nessa comunidade.
Intitulado “Caracterização Molecular da Deficiência da G6PD em População de área endêmica de Malária de Manaus”, o estudo pretende estimar a prevalência e identificar as variantes da deficiência de G6PD no universo de pessoas pesquisadas.
A G6PD é uma enzima contida nas células humanas cuja função é protegê-las, mas parte dos indivíduos, por uma condição genético-hereditária é deficiente dessa enzima. Durante o tratamento da malária do tipo vivax, um dos medicamentos obrigatórios (a Primaquina) causa o rompimento dos glóbulos vermelhos. “Aqueles com deficiência de G6PD têm um fator agravante ao tomar o medicamento”, explica Mônica Regina.
O resultado da pesquisa, segundo Mônica Regina, vai auxiliar no tratamento dos pacientes e possibilitar o teste de G6PD em toda a rede do Sistema Único de Saúde. O teste já é feito na Fundação de Medicina Tropical, onde foi realizada a primeira pesquisa em pacientes com malária vivax para identificar a deficiência de G6PD. No universo pesquisado por uma equipe coordenada pelo médico Wilson Alecrim, em 2005, metade dos 300 pacientes apresentaram problema.
A pesquisadora explica que já está descrito na literatura a existência de cerca de 130 mutações relacionadas à deficiência da enzima G6PD. “Isso significa que essas mutações estão relacionadas diretamente com o grau de intensidade que a hemólise (a destruição dos glóbulos vermelhos) se manifesta, que vai desde uma manifestação moderada até a mais grave”. Ao tentar identificar essas mutações, nos pacientes pesquisados, o estudo promete informações mais consistentes para auxiliar os médicos na hora do tratamento dos pacientes com plasmodium vivax.
50
O grupo de pesquisa coordenador por Mônica Regina fez a seleção de 283 pessoas, por sorteio, na comunidade, e está coletando amostras de sangue para análise. A previsão é que o trabalho seja concluído até o final deste ano.
A pesquisa foi uma das selecionadas do Programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde (PP-SUS), com financiamento do Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Foram disponibilizados R$ 112 mil para o estudo.
Valmir Lima - Decon/Fapeam
Publicado em : 09/05/2007
51
8.5 Formulário do Resultado dos Exames
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS PROJETO:
MALÁRIA E DEFICIÊNCIA DA GLICOSE-6-FOSFATO DESIDROGENASE EM
INDIVÍDUOS DE UMA COMUNIDADE (ISMAIL AZIZ) DA CIDADE DE
MANAUS, AMAZONAS - BRASIL
DATA:_____/_____/_____ REGISTRO Nº:______________ NOME:_________________________________________________________
IDADE:__________
ENDEREÇO:____________________________________________________
RESULTADO DA G6PD: ( ) NORMAL ( ) *DEFICIENTE
VARIANTE: COMUM_____________ RARA______________
OBS.:
*Indivíduos deficientes da enzima G6PD devem evitar utilizar a seguinte lista de produtos: Acetanilida; Furazolidona; Azul de Metileno; Ácido Naldíxico;
Dapsona; Naftaleno; Niridazol; Nitrofurantoína; Primaquina; Sulfacetamida;
Fenazopiridina; Sulfanilamida; Sulfapiridina; Sulfametoxazol; Sulfonas; Azul de
Toluidina; Trinitrotolueno; Fenilhidrazina; feijão fava; alimentícios contendo nitritos. Caso seja necessária a utilização de qualquer um destes elementos citados, deve fazê-lo sob supervisão médica.
52
8.7 Técnicas Laboratoriais A. Determinação qualitativa da G6PD
A atividade da G6PD foi verificada através do teste da redução da
metemoglobina, descrita por Brewer et al., (1962). O teste baseia-se no princípio de
que a hemoglobina se oxida pelo nitrito de sódio, para metemoglobina, e há
reconversão enzimática desta na presença do azul-de-metileno. Estima diretamente
a formação de NADPH pela transferência de íons hidrogênio do NADPH para um
aceptor. No teste de redução da metemoglobina o azul de metileno é usado para
transferir hidrogênio do NADPH para a metemoglobina, o qual promoverá sua
redução.
Em um tubo de ensaio foram adicionados 0,1 mL de solução de glicose e a
mesma quantidade de solução de nitrito de sódio e de azul de metileno. A esta
mistura, foi adicionado 2 mL do sangue total a ser investigado, e em seguida
homogeneizado. Dois tubos controles serão utilizados: um incubado apenas com
sangue, glicose e azul de metileno e o outro incubado com sangue, glicose e nitrito
de sódio. Os tubos foram incubados à 37oC durante 3 horas.
Após o período de incubação, é feita a homogeneização e a transferência de
0,2 mL para tubos com 10 mL de água destilada. A leitura é baseada na
comparação da coloração exibida pela amostra com as amostras dos tubos
controles. A cor vermelho vivo indica normalidade e a castanho escuro, deficiência
da enzima.
B. Eletroforese da G6PD A triagem por eletroforese foi realizada nas amostras que apresentarem
positividade no teste de redução da metemoglobina (Brewer et al., 1962). Esse teste
permite a detecção inespecífica de deficiência de várias enzimas que atuam na via
das pentose-fosfato, dentre elas, a G6PD. Desta maneira, uma vez identificada
sugestão de deficiência de alguma dessas enzimas, será realizada a eletroforese
horizontal em gel de amido, um teste específico para a G6PD. A técnica de
53
eletroforese utlizidada foi a de Forbes et al., (1991), com algumas adaptações.
1. Reagentes 1. Solução estoque de tampão TEB pH 9,1
a) Tampão para o gel
Solução estoque 10 mL
Água destilada q.s.p. 100 mL
b) Tampão dos compartimentos da cuba
Utiliza-se a solução estoque. No cátodo se adiciona NADP até uma concentração
final de 10-5M.
2. NADP
3. Solução corante (1 mL de cada componente)
G6PD sal Na+ 4 mmol
NADP 10 mmol
MTT 12 mmol
PMS 0,196 mmol
2. Material 1. Aparelho para eletroforese
2. Placa para o gel, medindo 19 x 10 cm
3. Papel absorvente
4. Papéis de filtro cortados em pedaços de 1 x 0,3 cm
5. Pinça para manipular os papéis de filtro
3. Procedimento 1. Preparar o gel a 0,9%, usando agarose. Dissolvê-lo por meio de aquecimento,
utilizando Erlenmeyer e fogareiro. Despejar o gel na placa. Evitar a formação de
bolhas de ar. Adicionar NADP até uma concentração final de 10-5 M. Deixar esfriar à
temperatura ambiente por uma hora.
2. As amostras se obtêm a partir de eritrócitos lavados com solução de NaCl a 0,8%.
Prepara-se um hemolisado a partir de eritrócitos em partes iguais com solução de
NADP (1mg/10 mL de H2O). Congela-se e descongela-se 3 vezes, centrifuga-se
para eliminar o estroma.
3. Inserem-se o gel as amostras, a 4 cm do cátodo.
54
4. A placa com gel, e as amostras inseridas, é colocada na cuba de eletroforese e
suas extremidades colocadas em contato com os compartimentos eletrolíticos, por
meio de pontes feitas com papel absorvente.
5. Passar 200/250 volts por 40 minutos.
6. Coloração: corta-se longitudinalmente o gel, sua parte inferior é coberta com a
solução corante. A coloração se processa por uma hora a 37ºC. Lavar o gel com
solução de ácido acético a 0,87M.
4. Resultado A G6PD normal migra logo à frente da Hb A, e é designada tipo “B”. A
mobilidade eletroforética da enzima deficiente encontrada nos africanos e seus
descendentes é designada tipo “A”, e migra mais rápido que a do tipo “B”. A
mobilidade eletroforética da G6PD de pessoas afetadas, de origem mediterrânea,
não difere do padrão normal. Atualmente existem mais de uma centena de variantes
consideradas raras, que foram caracterizadas pelas suas posições eletroforéticas,
associadas ou não com deficiências enzimáticas.
C. Diagnóstico de malária – Gota espessa pelo método de Walker, segundo as normas da Organização mundial de Saúde (OMS/OPAS, 1975) 1. Desengordurar a lâmina e identificá-la com iniciais do paciente.
2. Fazer punção digital, preferencialmente do dedo médio, com lanceta, depositando
pequena quantidade de sangue na lâmina.
3. Confeccionar, com auxílio de outra lâmina, um pequeno quadrante com o sangue.
4. Deixar secar a amostra da lâmina em temperatura ambiente ou estufa a 37ºC.
5. Proceder a coloração:
a. Imergir a lâmina em azul de metileno fosfatado (1 segundo).
b. Escorrer o excesso, lavar rapidamente em água tamponada.
c. Cobrir a lâmina com solução alcoólica de Giemsa, por 6 a 10 minutos.
d. Lavar o excesso em água tamponada.
e. Secar e fazer microscopia com objetiva de imersão de 100X.
Obs.: Deve-se usar uma gota do corante alcoólico de Giemsa para cada mL de água
tamponada.
Projeto de Pesquisa
MALÁRIA E DEFICIÊNCIA DA GLICOSE-6-FOSFATO-DESIDROGENASE EM INDIVÍDUOS DE UMA
COMUNIDADE DA CIDADE DE MANAUS, AMAZONAS- BRASIL
Mestranda: Marli Stela S. Maciel Orientadora: Mª das Graças C. Alecrim Em caso de dúvida: Tel.: (92) 2127-3443 (92) 8807-1243 Imagem da capa: http:// www.esa.int/images/bloodcell400.jpg
Apoio:
DEFICIÊNCIA DA GLICOSE-6-FOSFATO DESIDROGENASE
SEM MITOS
Soluções para sua vida
8.6 Folheto Informativo
56
O QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A DEFICIÊNCIA DA G6PD
O que é a G6PD?
A glicose-6-fosfato desidrogenase ou G6PD é uma enzima que está presente em todas as células do corpo humano, e tem como finalidade auxiliar na produção substâncias que as protegem de serem destruídas. As células sanguíneas dependem exclusivamente desta enzima para serem protegidas.
Como alguém tem deficiência da
enzima G6PD?
A deficiência da G6PD é uma condição hereditária, que não se pega em contato direto com alguém que tenha a deficiência. Como posso saber se tenho deficiência da enzima G6PD? Através de um exame de sangue simples, pedido pelo médico.
Quais as chances que uma pessoa tem de ter deficiência da G6PD? A) Se o pai é saudável e a mãe é portadora assintomática: - Um entre dois filhos poderá ser deficiente B) Se o pai é deficiente da G6PD e a mãe é saudável: - Todos os filhos serão saudáveis C) Se o pai é deficiente da G6PD e a mãe é portadora assintomática: - Uma entre duas filhas será deficiente - Um entre dois filhos será deficiente D) Se o pai é saudável e a mãe é deficiente: - Todos os filhos serão deficientes E) Se tanto o pai quanto a mãe forem deficientes: - Todas as filhas serão deficientes - Todos os filhos serão deficientes
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Quais os cuidados que uma pessoa com deficiência da G6PD deve ter? Não tomar nenhum dos medicamentos listados* a seguir sem consultar um medico. Também deve sempre lembrar de informar na primeira consulta ao medico que tem deficiência da G6PD.
Como saber se uma pessoa com deficiência da G6PD está tendo uma reação? A pessoa fica cansada, com dificuldade de respirar, pele e branco dos olhos amarelados, lábios e pontas dos dedos roxos, batimentos cardíacos irregulares, e a urina pode ficar escura. Quem tem deficiência da G6PD pode doar sangue? Não. Normalmente os bancos de sangue não aceitam doação de pessoas com
deficiência da G6PD.
*Acetanilida; Dapsona; Furazolidona; Azul de
Metileno; Ácido Naldíxico; Naftaleno; Niridazol;
Nitrofurantoína; Primaquina; Sulfacetamida; Azul de
Toluidina; Trinitrotolueno; Fenilhidrazina;
Fenazopiridina;Sulfanilamida; Sulfapiridina; Sulfametoxazol;
S lf
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8.8 Artigo da Dissertação Malaria and glucose-6-phosphate dehydrogenase deficiency in Manaus (Brazilian Amazon) Marli Stela Santanaa,*, Marcus Vinicius de Guimarães Lacerdaa,b,c,1, Maria das Graças Vale Barbosa a,b,c,1, Wilson Duarte Alecrimb,1, Maria das Graças Costa Alecrima,b,c,2 a University of the State of Amazonas, Manaus, Amazonas, Brazil b Tropical Medicine Foundation of Amazonas, Manaus, Amazonas, Brazil c Nilton Lins Universitary Center, Manaus, Amazonas, Brazil Short title: Malaria and G6PD deficiency Summary This study had as scope to study malaria and the glucose-6-phosphate dehydrogenase deficiency in individuals of a community in the city of Manaus, State of Amazon, Brazil, through the inclusion of 200 male non-consanguineous individuals residing in the community Ismail Aziz. From the total, 6 (3%) individuals presented deficiency of the G6PD, having the enzymatic deficiency confirmed by means of the technique of electrophoresis in agarose gel, which defined five samples with deficiency of the “A” type and one with pattern of unexpected electrophoresis, to be clarified by a future study. Five individuals were malaria primo-infectioned and enzymopenic ones, thus suggesting a possible selective advantage among enzymopenic individuals who live in areas of risk for said disease (χ2 = 9.98; P = 0.0015; α = 0.05). In the analysis of the variables defined by enzymopenic individuals who reported blood-transfusions after infection by Plasmodium, a significant statistics was found (P > 0.05) both in the relationship between those who utilized the anti-malaria primaquine, and those who reported a history of dark urine and jaundice, suggesting being two important clinical markers of the G6PD deficiency. Keywords Malaria; G6PD deficiency; Fenotypic *Corresponding author. Present adress: Gerência de malária/Fundação
de Medicina Tropical do Amazonas/FMTAM, Avenida Pedro Teixeira 25,
Bairro D. Pedro I, 69040-000 Manaus, AM, Brasil. Tel: 55 92 2127-1243.
E-mail adress: [email protected] (Marli S. Santana). 1 Present adress: Gerência de malária/Fundação de Medicina Tropical do Amazonas/FMTAM, Avenida Pedro Teixeira 25, Bairro D. Pedro I, 69040-000 Manaus, AM, Brasil. 2 Present adress: Gerência de malária/Fundação de Medicina Tropical do Amazonas/FMTAM, Avenida Pedro Teixeira 25, Bairro D. Pedro I, 69040-000 Manaus, AM, Brasil.
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1. Introduction Malaria remains the most important tropical disease in tropical and sub-tropical areas of the world. In Brazil, approximately 99.5% of the cases of malaria occurred within the Amazon Region which, in 2006, presented 544.615 positive cases of malaria and, of the nine states that compose that region, the State of Amazonas notified 181.973 cases of that disease, what represented 33.4% of the total. In Manaus, the capital of the state, despite the improvement of the social-economic conditions and the urbanization of the surrounding areas, 51.228 cases were notified in that same year, 40,679 (79.4%) being caused by Plasmodium vivax (SIVEP, 2006). The maintenance of the high incidence of malaria in the Municipality of Manaus is related to environmental and social-economic factors that include high temperatures, humidity, vectors density, the unplaned expansion of the urban peripheral areas, the predatory environmental exploration and the resistance to antimalarials (Alecrim et al., 1999; Ferreira and Alecrim, 2004). In order to obtain the radical cure of vivax malaria, primaquine is prescribed for all patients (FUNASA, 2001). Despite its low mortality, P. vivax infection may lead to severe clinical complications related to the side effects of the drugs, such as the hemolysis induced by primaquine in individuals genetically deficient for G6PD. The worldwide spread deficiency is an important point of quarrel in the process of development of new antimalarials with the potential of causing hemolysis (Beutler et al., in press). G6PD is an enzyme present in the cytoplasm of all cells, acting specially in the maintance of the integrity of the erythrocytes, avoiding the oxidation of the hemoglobin and other cellular proteins (Luzzato et al., 1995). G6PD deficiency is an X-linked trait and the degree of drug-induced hemolysis may be determined by the G6PD variants involved, grouped in five classes, identified according to the activity of the enzyme, electrophoretic and molecular characteristics (Beutler and Vulliamy, 2002; Yoshida et al., 1971). G6PD deficiency occurs most frequently in individuals of Africa, 3.6 and 28% (Badens et al., 2000; De Araujo et al., 2006) , Asia, 6 and 15.8% (Iwai et al., 2001; Louicharoen et al., 2005), India, range 10.5% (Sukumar et al., 2004) and Middle East, 3 and 29% (Al-Rivami and Ebrahim, 2003; Usanga and Ameen, 2000). In Brazil, studies have evidenced frequencies ranged between 1.7 and 5.5% and the predominance of the variant African or “A” and the Mediterranean variant, being that new mutations have been described (Castro et al., 2006; Saad et al.,1997; Weimer et al., 1993). To date, there is no community-based estimation of the frequency of G6PD deficiency in Manaus, as well as the major enzymatic variants predominating in this population, in one of the major endemic areas for malaria in Brazil. 2. Materials and methods 2.1. Area and population The study was carried out in the Municipality of Manaus, latitude of 03º08' S and longitude of 60º00' W to the 21m altitude of above sea level to the left edge of the Black river, named Ismail Aziz, with an estimated population of 1,500 inhabitants.
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The community was chosen due to a high annual parasite index in 2006 (234/1,000 persons) (Silva, 2001; SIVEP, 2006). 2.2. Study design Two-hundred non-consanguineous men between 1 and 65 years-old were randomly enrolled in the survey. Informed written consent was obtained from all the participants. 2.3. Methods Ten mililiters of venous blood was collected from each person using EDTA tubes (BD Vacutainer®). A qualitative G6PD screening test by methemoglobin reduction method was performed (Brewer et al., 1962). Hemolyses sample were prepared for accomplishment of eletrophoresis from all those initially G6PD deficiency for the method of Forbes et al., (1991) and separate one pellet of leukocytes through centrifugation and frozen to -70C, for future studies for molecular characterization of the found enzymatic deficiency in the samples. Selection of the malaria through the method of the thick blood smear by Walker and examinateds directly to the optic microscope, according to norms of the World Health Organization, was carried through in all the individuals (OMS, 1975). 2.4. Statistical analysis The statistical analyses was performed in Epi Info® (CDC, 2007). The difference of frequencies were determined by chi-square (χ2) and Fisher exact test, with a 5% significance level and 95% confidence interval. 3. Results Of the total (Table 1), 6 (3%) individuals had presented positivity for the Brewer test, having had the confirmed enzymatic deficiency by means of the technique of eletrophoresis in agarose gel, carried out in the positive samples for the test of Brewer. Five samples with G6PD deficiency presented standard of eletrophoresis, of the type “A-”. Two samples of asymptomatic people were positive for P. vivax with low parasitemia (thick blood smear) and one person was positive for P. falciparum. 4. Discussion The practical convenience of realizing a selection only in male individuals consists of the fact that the G6PD deficiency be transmitted with a recessive character linked to the chromosome X, occurring with a major frequency in individuals of the sex masculine than in individuals of the sex feminine. The test of reduction of the metemoglobin it’s a simple method that utilizes low-cost reagents and, although being a qualitative method, offers satisfactory results and has been widely utilized in various studies of populational selection (Compri et al., 2000; Hamel et al., 2002). The easiness of diagnosis of the enzymopeny in this study is due to the fact of the sample be composed by asymptomatic men, as in a period posterior to a hemolytic crisis the number of reticulocytes in the circulating blood becomes high, and they are rich in G6PD, and they may cause a result of false enzymatic activity. In the
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selection of the enzymatic deficient individuals was employed further the method of the electrophoresis in agarose gel, a somewhat old methodology, but that has shown to be sufficient enough, once that the result of the qualitative analysis was compatible with the diagnosis obtained in the electrophoresis, as well as in the obtaining of the various electrophoretic phenotypes, established from the pattern of migration and intensity of the bands (Forbes et al., 1991). The biochemical characterization permitted to demonstrate that the frequency of the G6PD and the predominant electrophoretic phenotype (G6PD “A-”) found, agree with results of studies completed in populations with anthropo-epidemiologic characteristics similar to those described in this study (Hamel et al., 2002; Silva et al., 2004). Upon analyzing the results obtained, the presence of a variant of G6PD with electrophoretic mobility (normal) and band intensity (weak) is relevant, different from the pattern of the predominating variant, and it may be identified in a future study of molecular characterization. Another aspect to be considered in this study is that, in the community analyzed, the variant G6PD “A-” doesn´t seem to be related to individuals of the black race, but to a group that constitutes the result of the miscegenation heritage between the White and the Indian: the Brunette. Among 5 individuals with that variant, 4 were identified as brunettes and one as white, taking into consideration the color of the skin, the texture of the hair and the physionomic traces. Besides this study presents a frequency of the enzymatic deficiency found in a population predominantly from the Amazonian region, it is also assumed that the individuals with the variant G6PD “A-” received such heritage by account of miscegenation, that non-necessarily of the black race, because this ethnic group represents only 5.5% of the population studied, concordant with its scarce presence in the population of Amazon. Hence, the need to verify in a future study the contribution of other ethnic groups in the formation of the population, such as: Portugueses, Spaniards and Arabs, once that the variant G6PD “A-” is also frequently found in those populations (Luzzato et al., 1995; Weimer et al., 1993). Epidemiologic studies have shown that the G-6-PD deficiency suggests protection against malaria by P. falciparum (Greene et al., 1993; Guindo et al., 2007; Roth, Jr. et al., 1983), remaining unknown such a mechanism of protection. It was not found any possible protection against the grave malaria among the enzymopenic individuals in this study, once that among them there was not positivity in the exam of the blood thick smear. However, 16% reported history of primo-infection, among which five were enzymopenic individuals, what suggests a possible selective advantage to malaria and the enzymopenic individuals can be less susceptible to the disease. Still in the analysis of the variables defined by enzymopenic individuals who reported blood-transfusion after infection by Plasmodium, a statistical significance (P<0.05) was found, both in the relation between those who utilized the anti-malaria primaquine, and those who reported history of dark urine and jaundice, suggesting history of hemolysis by the said anti-malaria medicine, as well as signs of urine and jaundice are two important clinical markers of the G6PD deficiency.
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The absence of parasitemia by Plasmodium in the majority of the individuals reflects the success of the policies of control to malaria in the city of Manaus, being outlined the program of vectorial control, what can be evidenced by the comparison of the number of positive cases of the disease in the year 2007 (31 cases) and the ones of the year 2005 (71 cases), reported in the same period (April/May) in which the study in the community has been made (SIVEP, 2007). However, it is important to notice that the only 3 cases of malaria diagnosed presented under the absence of symptoms, being one of them presenting sexed forms of the P. falciparum in the microscopic verification, what represents a source of maintenance of the infection characteristic of individuals who live in endemic areas of malaria (Roshanravan et al., 2003; Suarez-Mutis and Coura, 2007). 5. Conclusions According to results obtained and considering the importance of the diagnosis of the G6PD deficiency, it becomes relevant the selection of deficient individuals in our population, once that exposed to the action of the antimalaria medicine primaquine, those may present hemolysis. In the population studied, the predominance of the variant G6PD “A-” or African does not seem to be related to the black race, once that this population received a higher contribution in its formation from other ethnic groups, such as: Portugueses, Spaniards and Arabs. In view of the significance in the report of history dark urine and jaundice, there is the suggestion to be two important clinical markers of the G6PD deficiency. Data is suggestive that enzymopenic individuals demonstrate to be less susceptible to malaria infection than normal individuals. 6. Ethical clearance The study was approved by the Ethics Committee of the Tropical Medicine Foundation of Amazonas. 7. Conflicts of interest statement The authors have no conflicts of interest concerning the work reported in this paper. 8. Authors' contributions M. G. C. Alecrim and W. D. Alecrim participated in the design of the study and have given final approval of the version to be published. M. V. G. Lacerda and M.G.V. Barbosa have been involved in revising and critical it. M. S. Santana conceived the study, participated in its design, acquisition, analysis and interpretation of data, and draft the manuscript. 9. Acknowledgements Special thanks to Pricila Santos, Suzi Silva, Walber Brandão, Sabrina Silva, Carmem Oliva, Glória Silva, Jason Brune, Ericilda Araújo, Raimunda Silva, Marli Marques, Monica Costa, Jose Alves Jr, Ricardo Faria, Marilia Fernandes, Rubenita Costa and Leíla Coelho who helped in the field and laboratory activities. The study was supported by Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA),
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Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) and Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).
10. References Alecrim, M. G., Alecrim, W. D., Macedo, V., 1999. Plasmodium vivax resistance to chloroquine (R2) and mefloquine (R3) in Brazilian Amazon region. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 32, 67-68. Al-Riyami, A., Ebrahim, G. J., 2003. Genetic Blood Disorders Survey in the Sultanate of Oman. J. Trop. Pediatr. 49, 1-20. Badens, C., Martinez di Montemuros, F., Thuret, I., Michel, G., Mattei, J. F., Cappellini, M. D., Lena-Russo, D., 2000. Molecular basis of haemoglobinopathies and G6PD deficiency in the Comorian population. Hemato. J. 1, 264-268. Beutler, E., Duparc, S., G6PD deficiency Working Group. Glucose-6-phosphate dehydrogenase deficiency and antimalarial drug development. Trans. R. Soc. Trop. Med. Hyg, in press. Beutler, E., Vulliamy, T. J., 2002. Hematologically important mutations: glucose- 6-phosphate dehydrogenase. Blood. Cells. Mol. Dis. 28, 93-103. Brewer, G. J., Tarlov, A. R., Alving, A. S., 1962. The methemoglobin reduction test for primaquine-type sensitivity of erythrocytes. A simplified procedure for detecting a specific hypersusceptibility to drug hemolysis. JAMA 180, 386-388. Castro, S., Weber, R., Dadalt, V., Tavares, V., Giugliani, R., 2006. Prevalence of G6PD deficiency in newborns in the south of Brazil. J. Med. Screen. 13, 85-86. CDC, 2007. EpiInfo Atlanta, GA, U.S.A. Compri, M. B., Saad, S. T., Ramalho, A. S., 2000. Genetico-epidemiological and molecular investigation of G-6-PD deficiency in a Brazilian community. Cad. Saude Publica 16, 335-342. De Araujo, C., Migot-Nabias, F., Guitard, J., Pelleau, S., Vulliamy, T., Ducrocq, R., 2006. The role of the G6PD AEth376G/968C allele in glucose-6-phosphate dehydrogenase deficiency in the seerer population of Senegal. Haematologica. 91, 262-263. Ferreira Goncalves, M. J., Alecrim, W.D., 2004. Non-planed urbanization as a contributing factor for malaria incidence in Manaus-Amazonas, Brazil. Rev. Salud Publica (Bogota.) 6, 156-166. Forbes, J., Steytler, J. G., van, H. R., 1991. Agarose gel electrophoresis of glucose-6-phosphate-dehydrogenase isoenzymes. Clin. Chim. Acta. 199, 279-282.
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