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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO DIEGO DE OLIVEIRA DA CUNHA SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE: INTENÇÃO DE USO DO PRONTUÁRIO MÉDICO ELETRÔNICO EM NITERÓI RIO DE JANEIRO 2020

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UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO

ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

DIEGO DE OLIVEIRA DA CUNHA

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE: INTENÇÃO DE USO DO

PRONTUÁRIO MÉDICO ELETRÔNICO EM NITERÓI

RIO DE JANEIRO

2020

DIEGO DE OLIVEIRA DA CUNHA

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE: INTENÇÃO DE USO DO

PRONTUÁRIO MÉDICO ELETRÔNICO EM NITERÓI

Dissertação apresentada à Universidade do

Grande Rio Professor José de Souza Herdy,

como parte dos requisitos parciais para obtenção

do grau de Mestre em Administração.

Área de Concentração: Estratégia e Governança.

Orientador Acadêmico: Angilberto Sabino de

Freitas, Dsc.

RIO DE JANEIRO

2020

CATALOGAÇÃO NA FONTE

UNIGRANRIO – NÚCLEO DE COORDENAÇÃO DE BIBLIOTECAS

C972s Cunha, Diego de Oliveira da.

Sistemas de informação em saúde: intenção de uso do prontuário médico

eletrônico em Niterói / Diego de Oliveira da Cunha. – Rio de Janeiro, 2019.

88 f. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”, Escola de Ciências Sociais e Aplicadas, 2019.

“Orientador: Prof. Dr. Angilberto Sabino de Freitas”.

Referências: f. 73-82.

1. Administração. 2. Sistemas de informação. 3. Modelo de Aceitação de Tecnologia. 4. Modelagem de Equações Estruturais. 5. Prontuário eletrônico. I. Freitas, Angilberto Sabino de. II. Universidade do Grande Rio “Prof. José de Souza Herdy”. III. Título.

CDD – 658

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE: INTENÇÃO DE USO DO

PRONTUÁRIO MÉDICO ELETRÔNICO EM NITERÓI

Dissertação apresentada à Universidade do Grande

Rio Professor José de Souza Herdy, como parte

dos requisitos parciais para obtenção do grau de

Mestre em Administração.

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________

Prof. Dr. Angilberto Sabino de Freitas – Orientador

Universidade do Grande Rio (Unigranrio)

______________________________________________

Prof. Dr. Luciano Rossoni

Universidade do Grande Rio (Unigranrio)

______________________________________________

Prof. Dr. Igor Pinto Sacramento

Fundação Oswaldo Cruz

RIO DE JANEIRO

2020

DEDICATÓRIA

À minha esposa Ana Paula e meu filho Arthur Oliveira, com as quais aprendi as lições de vida

mais valiosas e me impulsionaram a sempre buscar o melhor.

AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares e amigos por compreenderem a minha ausência.

Ao meu orientador professor Dr. Angilberto Sabino de Freitas, por acreditar em meu potencial

e por tantos ensinamentos durante todo o curso e ter aceitado trabalhar nesse projeto.

Aos demais professores, a coordenação e à equipe administrativa, principalmente a Michelle

que sempre esteve à disposição do curso de Mestrado da UNIGRANRIO.

Aos meus amigos do mestrado e doutorado Rita Coelho, Ely Severiano, Clayton Gonçalves,

Leonardo Bezerra, que me ajudaram a dividir alegrias e angústias durante o curso.

A minha coordenadora Rozidailli Penido e Denise Erbas e toda a equipe de trabalho na FMS-

Niterói que me apoiaram com esta conquista.

E principalmente minha esposa Ana Paula e meu filho Arthur pela compreensão da minha

ausência pela dedicação à pesquisa.

“... tenho a impressão de ter sido uma

criança brincando à beira-mar, divertindo-

me em descobrir uma pedrinha mais lisa ou

uma concha mais bonita que as outras,

enquanto o imenso oceano da verdade

continua misterioso diante de meus olhos.”

(Isaac Newton)

RESUMO

O prontuário eletrônico do paciente pode ser entendido como o conjunto de informações e dados

sobre a situação clínica e cuidado de saúde, no decorrer da vida de um paciente acompanhado,

com armazenamento eletrônico e com possibilidade de inclusão de outras informações

relevantes da atenção e o acompanhamento do paciente. Vários pesquisadores se dedicaram a

estudar, nos últimos anos, os fatores determinantes para a aceitação ou não de um determinado

sistema por parte dos usuários. A questão central que norteou esta pesquisa foi examinar quais

fatores que influenciam positiva ou negativamente a aceitação do uso do prontuário eletrônico

por profissionais de saúde atuante em unidades de saúde de atenção a família do município de

Niterói, como ferramenta de apoio ao processo de trabalho. A partir da revisão da literatura foi

identificado que o Modelo de Aceitação de Tecnologia (TAM) de Davis (1989) seria o mais

robusto para avaliação proposta. Com a finalidade de testar as hipóteses foi feita uma pesquisa

realizada com 244 profissionais de saúde e os dados obtidos e foram analisados através da

Modelagem de Equações Estruturais (SEM) que testaram 6 hipóteses formuladas baseadas nos

construtos estudados. Das hipóteses formuladas, 4 foram confirmadas, verificando-se as

relações entre os construtos estudados e a intenção do uso do prontuário eletrônico.

Palavras-chave: Prontuário Eletrônico, Modelo de Aceitação de Tecnologia; Modelagem de

Equações Estruturais.

ABSTRACT

The electronic medical record of the patient can be understood as the set of information and

data on the clinical situation and health care, throughout the life of a monitored patient, with

electronic storage and with the possibility of including other relevant information of care and

monitoring of the patient. Several researchers have dedicated themselves to studying, in recent

years, the determining factors for the acceptance or not of a given system by users. The central

question that guided this research was to examine which factors positively or negatively

influence the acceptance of the use of electronic medical records by health professionals

working in family health units in the city of Niterói, as a tool to support the work process. From

the literature review, it was identified that Davis's (1989) Technology Acceptance Model

(TAM) would be the most robust for the proposed evaluation. In order to test the hypotheses, a

survey was carried out with 244 health professionals and the data obtained and were analyzed

using Structural Equation Modeling (SEM) that tested 6 formulated hypotheses based on the

studied constructs. Of the formulated hypotheses, 4 were confirmed, verifying the relationships

between the studied constructs and the intention to use the electronic medical record.

Keywords: Patient Electronic Records, Technology Acceptance Model; Structural Equation

Model.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Diagrama do Modelo TAM ................................................................................... 34

Figura 2: Modelo Representativo do Processo de Adoção de Inovações em SI/TI ................ 36

Figura 3: Apresentada a Configuração do Modelo Proposto ................................................. 43

Figura 4: Modelo Estrutural ................................................................................................. 65

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Os Cinco Atributos Percebidos em uma Inovação, por Rogers ............................. 31

Quadro 2: Construtos do modelo TAM e suas definições ..................................................... 35

Quadro 3: Dados Sóciodemográficos ................................................................................... 46

Quadro 4: Construtos e Escalas do questionário da pesquisa ................................................ 47

Quadro 5: Verificação das Hipóteses .................................................................................... 67

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Dados Demográficos da Amostra ......................................................................... 57

Tabela 2: Índices de Ajuste do Modelo de Mensuração Inicial ............................................. 59

Tabela 3: Índices de Ajuste Modelo de Mensuração após Ajustes ........................................ 60

Tabela 4: Matriz de Correlação entre Construtos .................................................................. 61

Tabela 5: Confiabilidade, Confiabilidade Composta e Variância Extraída Média ................. 62

Tabela 6: Cargas Fatoriais Padronizadas .............................................................................. 63

Tabela 7: Matriz de Análise de Validade Discriminante ....................................................... 64

Tabela 8: Índices de Ajuste Modelo Estrutural ..................................................................... 66

Tabela 9: Teste das Hipóteses .............................................................................................. 66

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

AB – Atenção Básica

CDS - Coleta de Dados Simplificada

CNS - Cartão Nacional de Saúde

DATASUS - Departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil

IOM - Instituto de Medicina, do inglês Institute of Medicine,

PEC - Prontuário Eletrônico do Cidadão

PEP - Prontuário Eletrônico do Paciente

PSF - Programa de Saúde da Família

SBIS - Sociedade Brasileira de Informática em Saúde

SEM - Modelagem de Equações Estruturais, do inglês Structural Equation Modeling

SI – Sistema de Informação

SIAB - Sistema de Informação da Atenção Básica

SUS – Sistema Único de Saúde

TAM - Modelo de Aceitação de Tecnologia, do inglês Technology Acceptance Model

TI – Tecnologia da Informação

TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação

TPB - Teoria do Comportamento Planejado, do inglês Theory of Planned Behavior

TRA - Teoria da Ação Racional, do inglês Theory of Reasoned Action

SUMÁRIO

CAPÍTULO I...................................................................................................................... 16

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 16

1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................ 19

1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 19

1.1.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 19

1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................. 19

1.2.1 Sobre o Objeto do Estudo ............................................................................... 19

1.2.2 Delimitação Teórica ....................................................................................... 20

1.2.3 Delimitação Temporal e Geográfica ............................................................... 20

1.3 RELEVÂNCIA DA PESQUISA ............................................................................... 20

1.4 ORGANIZAÇÃO GERAL DA PESQUISA.............................................................. 21

CAPÍTULO II .................................................................................................................... 22

2. REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 22

2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE ........................................................ 22

2.2 PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE (PEP) ........................................... 24

2.2.1 Vantagens e Benefícios do uso do Prontuário Eletrônico do Paciente ............. 26

2.2.2 Dificuldades e desafios na implantação do PEP ............................................. 27

2.3 INOVAÇÃO ............................................................................................................ 28

2.3.1 Difusão e Adoção da Inovação........................................................................ 30

2.4 O MODELO DE ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA (TAM) ..................................... 32

2.4.1 Aceitação e Adoção de Novas Tecnologias ..................................................... 32

2.5 ESTUDOS RELACIONADOS AO MODELO TAM ................................................ 37

2.6 MODELO PROPOSTO ............................................................................................ 39

2.6.1 Relações das Hipóteses com os Construtos ..................................................... 40

2.6.2 Relação das Hipóteses das Variáveis Externas com a Teoria .......................... 41

2.6.3 Variavel Externa - Resistência (RE) ................................................................ 41

2.6.4 Variavel Externa - Influência Externa (IE) ...................................................... 42

CAPÍTULO III................................................................................................................... 44

3. METODOLOGIA ...................................................................................................... 44

3.1 TIPO DE PESQUISA ............................................................................................... 44

3.2 OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS ......................................................... 45

3.2.1 Pré-Teste do instrumento de pesquisa ............................................................. 48

3.2.2 Procedimentos de tradução e adaptação das escalas utilizadas ...................... 48

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................... 48

3.3.1 População ...................................................................................................... 49

3.3.2 Amostra .......................................................................................................... 49

3.4 COLETA DE DADOS DA PESQUISA .................................................................... 50

3.4.1 Instrumento de coleta de dados – Questionário Online ................................... 50

3.4.2 Amostragem por Conveniência e Bola-de-Neve (Snowballing) ........................ 50

3.4.3 Eliminação dos Questionários ........................................................................ 51

3.5 ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................... 51

3.5.1 Validade e Confiabilidade............................................................................... 52

3.5.2 Análises Estatísticas ....................................................................................... 53

3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO .................................................................................. 54

3.6.1 Limitações relacionadas ao critério de amostragem ....................................... 54

CAPÍTULO IV ................................................................................................................... 56

4. MODELAGEM E ANÁLISE DE DADOS ................................................................ 56

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA .................................................................... 56

4.2 ANÁLISES E RESULTADOS ................................................................................. 58

4.2.1 Conversão do diagrama de caminhos em modelo de mensuração e modelo

estrutural ..................................................................................................................... 58

4.2.2 Escolha do Tipo de Matriz de Entrada e Estimação do Modelo Proposto ....... 65

4.2.3 Teste das Hipóteses ......................................................................................... 66

4.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ......................................................................... 67

CAPÍTULO V .................................................................................................................... 70

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................. 70

5.1 CONCLUSÕES........................................................................................................ 70

5.2 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................... 71

5.3 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................... 71

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 73

APÊNDICE A: ESCALAS ORIGINAIS ........................................................................... 84

APÊNDICE B: ESCALAS ADAPTADAS PARA PESQUISA ........................................ 85

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS ...................................... 86

APÊNDICE D: CRONOGRAMA ..................................................................................... 89

APÊNDICE E: AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA ........................................................... 90

16

CAPÍTULO I

1. INTRODUÇÃO

O cenário atual da saúde no Brasil é considerado um dos mais críticos, quando

comparado a outras áreas. Apesar disso, os avanços com Tecnologia da Informação (TI) vêm

contribuindo significativamente para a propagação do conhecimento médico/hospitalar,

apresentando melhoria à assistência ao paciente e diminuindo exponencialmente a margem de

erro (MORAES, 2002). Concomitante a isso, tem-se percebido o aumento na qualidade das

informações referente ao histórico clínico dos indivíduos. Isso se dá pelo fato de o registro

eletrônico em saúde possibilitar a visão da instituição, dos profissionais e da continuidade

assistencial (LAGUARDIA, 2013).

Em relação a outras áreas da saúde, a informática na saúde é uma área relativamente

recente. A utilização de computadores em serviços de saúde teve início da década de 1960,

sendo restrita apenas às unidades acadêmicas. Na época, houve dificuldades devido às

limitações tecnológicas e pelo alto custo dos computadores (IOM, 1997). Para Albertin (2001),

a tecnologia utilizada no desenvolvimento de estratégias e na realização do planejamento

impacta em termos sociais e empresariais, desta forma, é preciso entender a dinâmica

organizacional para que se entenda a aplicação da tecnologia.

As tentativas iniciais de implementação do sistema de prontuário eletrônico

aconteceram na mesma década, de 1960, com os primeiros sistemas de informação em

hospitais, que tinham como principal objetivo a comunicação entre as áreas e funções do

hospital, mas não havendo, num primeiro momento, uma real finalidade clínica. Tais sistemas

para armazenamento das informações do prontuário médico/hospitalar tiveram seu marco pelo

estudo feito no Institute of Medicine (IOM) dos Estados Unidos (IOM, 1997), que viabilizou a

implementação dos sistemas, declarando o prontuário médico como uma ferramenta

tecnológica essencial para organização das informações para ensino, pesquisa científica e

melhoria continua da qualidade assistencial à saúde (IOM, 1997).

No Brasil, o e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) foi criado pelo Departamento de

Atenção Básica do Ministério da Saúde, com o propósito de substituir o Sistema de informação

da atenção básica (Siab), reorganizando os dados da atenção básica atuais. Sabendo-se que a

melhoria do gerenciamento dos dados é importante para o aumento da qualidade da assistência

à população, esta abordagem foi estabelecida para reestruturar os sistemas de informação em

17

saúde do Ministério da Saúde (BRASIL, 2009; BRASIL, 2014B). Dessa forma, a estratégia e-

SUS AB refere-se ao processo de informatização qualificada do SUS em busca de um SUS

eletrônico.

Essa estratégia e-SUS AB, apresentada pelo Ministério da Saúde em 2013, consiste num

sistema de gestão informatizado que visa a articular a reestruturação das formas de coleta,

processamento e uso das informações na atenção básica, além de almejar a integração dos

sistemas na área da saúde. Com utilização obrigatória, possui o propósito de registro da situação

de saúde individualizado por meio do Cartão Nacional de Saúde (CNS). (DATASUS, 2017).

Visando a atender a pluralidade de cenários de informatização e contextos de

conectividade apresentada pelas unidades de saúde da atenção básica, nos numerosos

municípios do país, dispõe de dois sistemas de software para a captação de dados: o sistema

com Coleta de Dados Simplificada (CDS) e o sistema com Prontuário Eletrônico do Cidadão

(PEC), que alimentam o novo Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB)

(PALACIO DO PLANALTO, 2013).

Com a implementação de novas tecnologias e processos, o e-SUS AB busca uma

organização inovadora e diferencial que permita obter retornos acima da concorrência. Essa

procura contínua por oferta de melhores serviços no mercado levou diversos setores a

investirem cada vez mais em Sistemas de Informações (SI) e, de forma mais abrangente, em

Tecnologia de Informação (TI) (DOSI, 1988). Os maiores investimentos são voltados para

tecnologias que possam ter utilização em colhimento, elaboração, organização, processamento,

comunicação e difusão de dados e informações (LUNARDI et al., 2003).

Abrangido por esse sistema do e-SUS AB, o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) é

um banco de dados de informações sobre a história clínica do paciente, tendo como objetivo

principal o armazenamento e a recuperação de eventos clínicos de um indivíduo, de maneira

que todos os profissionais de saúde tenham acesso, garantindo qualidade de atendimento ao

indivíduo (COSTA, 2001; MASSAD, 2003). O PEP possibilita também a utilização destas

informações para a realização de estudos, comparação de dados e resultados, criando assim

indicadores e conhecimentos. O Prontuário Eletrônico do Paciente representa um conceito

atualizado de tratamento da informação em saúde e serve de instrumento para auxiliar no

diagnóstico de uma pessoa, onde quer que ela esteja, e sob quem quer que estejam os seus

cuidados médicos (WECHSLER et al., 2003; MASSAD, 2003).

18

Mesmo diante de todos esses benefícios, a implementação do Prontuário Eletrônico do

Paciente ainda não ocorre com a rapidez e facilidade esperados. Diversos fatores dificultam a

implantação do PEP, dentre eles, os mais citados na literatura estão relacionados ao profissional

de saúde, pois este costumeiramente apresenta, por alguma razão, resistência em operar o

computador. Além desse fator, a alteração do processo de trabalho e o impacto no

relacionamento com o paciente também têm dificultado a implantação do PEP (MAJEWSKI,

2003).

A incapacidade em consolidar a qualidade dos sistemas entregues, assim como a atitude

dos usuários em utilizá-lo, ainda é um problema preocupante. Venkatesh e Davis (2000)

afirmam que se torna necessário entender e criar as condições sob as quais os sistemas de

informação sejam adotados pelas organizações humanas, sendo ainda um campo de pesquisa

de alta prioridade. Desta feita, diversos modelos teóricos têm sido elaborados e utilizados para

observar a aceitação e o comportamento diante do uso de tecnologias de comunicação e

informação. Dentre as várias teorias propostas, o modelo de aceitação de tecnologia,

Technology Acceptance Model (TAM), é considerado um dos mais dominantes e vastamente

utilizado por pesquisadores para descrever a aceitação de determinada tecnologia pelos sujeitos,

estudando a influência de fatores humanos e sociais na adoção de novas tecnologias (DILLON;

MORRIS, 1996; LEE; KOZAR; LARSEN, 2003; SILVA, 2005).

A aparente carência de pesquisas relacionadas à adoção de inovações de tecnologia de

Sistemas de informação na área de saúde, em especial no Brasil, justifica, então, a presente

pesquisa. Corroborando com essa realidade, Teng et al. (2002), avaliou a difusão recente de 20

tecnologias de informação, porém não incluiu nenhuma inovação tecnológica de Sistema de

Informação da área de saúde em seu estudo. Nesse sentido, é imprescindível a contínua

realização de pesquisa sobre SIs na saúde. Neste contexto, formula-se a questão do problema:

Quais fatores contribuem para a intenção de uso do prontuário eletrônico na área

de saúde?

Desta forma, entender como o usuário do sistema de prontuário eletrônico vem

experimentando essa tecnologia nas unidades de saúde e quais os fatores que influenciam a

intenção de adoção futura assume considerável relevância acadêmica e prática.

19

1.1 OBJETIVOS

Esta seção apresenta os objetivos geral e específicos da pesquisa.

1.1.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo é analisar a de intenção e utilização do sistema de

informação em saúde por parte dos usuários desse sistema de prontuário eletrônico das unidades

de atenção básica.

1.1.2 Objetivos Específicos

Identificar os fatores que influenciam a decisão dos usuários em usar um prontuário

eletrônico;

Propor um modelo para avaliar a intenção de uso do indivíduo em relação ao

prontuário eletrônico;

Testar as hipóteses e o modelo proposto.

1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

O objetivo desta seção é apresentar os elementos delimitadores da abordagem da

pesquisa em relação ao objeto do estudo e ao fenômeno, assim como situar a pesquisa em seu

limite de tempo e espaço. A delimitação da pesquisa é fundamental, pois em uma pesquisa mal

delimitada, não se consegue dar sentido aos dados, o que compromete a qualidade da teoria

substantiva e seu poder explicativo.

Este estudo tem como objeto profissionais da área de saúde que atuam nas unidades

públicas de atenção básica, do Programa Médico de Família, no município de Niterói, no estado

do Rio de Janeiro, estado de domicílio do autor.

1.2.1 Sobre o Objeto do Estudo

O tema central é compreender a intenção de uso do Prontuário Eletrônico do Paciente

(PEP) pelos profissionais de saúde atuantes nas unidades de atenção básica de Niterói. Para

isso, buscou-se avaliar a percepção dos profissionais de saúde sobre a importância desse

instrumento tecnológico no processo de trabalho diário.

20

A pesquisa tem como foco identificar e avaliar, pelo modelo proposta de aceitação de

tecnologia, as variáveis relacionadas ao processo de aceitação e intenção de uso do PEP por

profissionais da área da saúde.

A revisão de literatura limitou-se à teoria relacionada ao processo de aceitação de

tecnologia, com a apresentação de pesquisas que analisam a intenção de uso de sistemas de

informação em saúde em um ambiente clínico-hospitalar.

A revisão de literatura teve como objetivos conduzir o pesquisador acerca do atual

conhecimento sobre o fenômeno e buscar estudos relacionados à teoria proposta, para aumentar

a credibilidade e validade da proposta de modelo na pesquisa.

1.2.2 Delimitação Teórica

O tema central é compreender a intenção de uso do Prontuário Eletrônico do Paciente

em ambiente médico hospitalar. Para isso, buscou-se avaliar a percepção dos profissionais de

saúde sobre a importância dessa ferramenta no processo de trabalho diário e disseminação e

consulta as informações de pacientes.

1.2.3 Delimitação Temporal e Geográfica

A pesquisa será aplicada a profissionais que utilizarão o sistema de prontuário nas

unidades de atenção básica do Programa Médico de Família de Niterói, durante o mês de agosto

de 2019.

1.3 RELEVÂNCIA DA PESQUISA

Esta pesquisa pretende colaborar na construção de um conhecimento mais aprofundado

sobre a aceitação ou não do uso do Prontuário Eletrônico do Paciente, por profissionais da área

da saúde, como ferramenta de apoio ao processo de trabalho, podendo ter impacto tanto no

aspecto gerencial como no acadêmico.

Do ponto de vista gerencial, contribui-se com um entendimento mais amplo a respeito

da experiência de uso dessas tecnologias (PEP) para apoio às instituições envolvidas no

processo de desenvolvimento e para que possam definir estratégias mais eficientes e aderentes

às necessidades de seus usuários. Ademais, trará informações que possibilitem as Secretarias

de Saúde e unidades médicas a compreensão de como o uso o PEP poderá contribuir para o

21

acesso a novas tecnologias, e possam, também, ser utilizadas pelos profissionais como forma

mais produtiva.

Do ponto de vista acadêmico, espera-se que a contribuição dessa pesquisa ofereça uma

melhor compreensão do fenômeno de intenção de uso de prontuário médico eletrônico e como

este é percebido dentro do contexto nacional. Atendidas essas expectativas, o trabalho se

justifica pela atualidade e importância do tema ligado aos estudos envolvendo a interação

humano/ computador. O conhecimento sobre as variáveis de aceitação do PEP como ferramenta

de processo de trabalho e disseminação de informações sobre os pacientes.

1.4 ORGANIZAÇÃO GERAL DA PESQUISA

Este trabalho está organizado em cinco capítulos apresentados a seguir:

O primeiro capítulo, a Introdução, compreende a contextualização do problema a

questão do problema, os objetivos, a delimitação do trabalho e a relevância da pesquisa.

No segundo capítulo, o Referencial Teórico, apresentamos as teorias referentes à

informação e dados, informática em saúde, tecnologias, aceitação de inovação e tecnologias,

além de estudos do Modelo de Aceitação de Tecnologia.

No terceiro capítulo aborda-se a metodologia, apresentando o tipo de pesquisa, as

variáveis a serem avaliadas, a população e amostra, assim como o modelo do instrumento de

coleta de dados, operacionalização das variáveis e o modelo proposto.

No quarto capítulo são apresentados as análises e os resultados e a discussão dos

resultados.

Já no quinto capítulo constam as conclusões gerais, o resumo da pesquisa, as conclusões

e implicações, as limitações e as sugestões para trabalhos futuros.

Por fim, são apresentadas as referências utilizadas para o embasamento teórico e os

apêndices.

22

CAPÍTULO II

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo é apresentada uma revisão da literatura já produzida para a sustentação

da construção do arcabouço teórico proposto neste estudo. O capítulo avalia a literatura sobre

aceitação e adoção de novas tecnologias pelos usuários, apresentando os modelos existentes

para a descrição do comportamento de adoção e os respectivos construtos envolvidos no

processo.

2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES EM SAÚDE

Os sistemas de informação tornaram-se uma das principais ferramentas computacionais

capazes de difundir de maneira mais ágil, simples e segura as informações para interceder e

mediar a aprendizagem e auxiliar profissionais e outros usuários na gestão do trabalho

(BENITO; LICHEKI, 2009).

De forma mais simples, o termo Sistema de Informação (SI) traz a imagem de dados

numéricos reunidos e ordenados com o objetivo de facilitar a difusão do conhecimento

específico daqueles que atuam no planejamento, financiamento, controle, administração e

avaliação dos serviços prestados por dada instituição (SILVA, 2012). Silva (2012) ainda

acrescenta que os sistemas de informações (SI) devem assumir características e mecanismo de

segurança a fim de assegurar a autenticidade, confidencialidade e integralidade das informações

em saúde, também adotar uma linguagem palatável, assim facilitando o entendimento de todos

os envolvidos.

Blois e Shortliffe (1990), importantes autores e referenciados pela Sociedade Brasileira

de Informática em Saúde (SBIS, 2006), definem Informática Médica ou Informática em Saúde

(Medical Informatics) a área de pesquisa relacionada ao amplo acesso a recursos que podem

ser utilizados no gerenciamento da informação biomédica, incluindo-se a computação e a

informática médica e a própria pesquisa da informação médica. Na área da saúde, a necessidade

para a tomada de decisão é imprescindível. Para a difusão destas informações, existe a

Informática Médica, que a área cientifica que lida com recursos, dispositivos e uma

metodologia para otimização do armazenamento, recuperação e gerenciamento das

informações biomédicas. A evolução e aumento da Informática Médica como estudo deve-se,

23

em sua maioria, aos avanços tecnológicos em computação e informação, à crescente certeza de

que o conhecimento médico e as informações sobre os pacientes não são mais gerenciais por

processos tradicionais baseados num modelo antigo, ou seja, em papel, e a convicção que os

métodos de acesso ao conhecimento e a tomada de decisões exercem um papel central na

medicina moderna (BLOIS; SHORTLIFFE, 1990).

Na área da saúde, os Sistemas de Informação (SI) têm sido implementados em

organizações com o propósito de diminuição dos problemas, otimização da organização das

empresas, além da operacionalização dos processos e o aparecimento de informações

primordiais para tomada de decisão. Isso permite diversas avaliações, favorecidas pelos

sistemas de informações gerenciais (SIG) ou pelos sistemas de informações epidemiológicas

(CONCEIÇÃO, 2012).

Vale ressaltar que para o resultado positivo na implementação e utilização efetiva desses

sistemas de informações, necessita-se também do empenho dos colaboradores de todos os

níveis, do alto escalação, planejamento à ponta, o operacional (PEREIRA et al., 2012).

Segundo Lee (2004), a utilização de computadores, acompanhamento e monitoramento

dos cuidados de pacientes, além da documentação médica de modo geral significam uma

mudança inovativa e um caminho árduo para enfermeiros (as) e demais profissionais em saúde.

O autor complementa alertando que os cursos de enfermagem e outras áreas da saúde não

disponibilizam disciplinas acerca do tema em informática avançada, alegando, como já

mencionado, que tais profissionais tendem a ter atitudes negativas relacionado ao uso de

computadores. Nesse sentido, tais profissionais precisam de um suporte e atenção especial

voltada para o seu uso.

Tendo em vista os campos de interesse do Congresso 2006 do Sistema Brasileiro de

Informática na Saúde, as aplicações de SI na saúde são relacionadas a seguir (SBIS, 2006).

Nesta lista destaca-se o Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), uma inovação tecnológica,

alvo da pesquisa em questão:

Sistemas de Informação em Saúde;

Prontuário Eletrônico do Paciente;

Sistemas de Apoio à decisão;

Internet em Saúde;

Padronização da Informação em Saúde.

24

A despeito da pertinência dos temas supracitados, uma das grandes dificuldades

observadas na implementação dos sistemas de informação (SI) é a aceitação dos profissionais

usuários no que se descreve a estes recursos tecnológicos e computacionais. A resistência

acontece por diversas situações, sendo elas: a não precisão de informações sobre o objetivo

principal do uso dos sistemas de informação, e a falta de treinamento e aperfeiçoamento para

os profissionais em saúde e falta de estímulos. Contudo, ainda é preciso persistir nas

circunstâncias de que as vantagens e benefícios proposto pelos sistemas de informação são

inúmeras, isso permite que os profissionais transformem suas visões em relações aos novos

meios de tecnologias (BENITO; LICHEKI, 2009).

Lamentavelmente, com toda essa evolução tecnológica, em alguns campos, diversas

instituições utilizam o método arcaico de registro manual e papel para consultar informações,

sendo esse método ultrapassado e extremamente limitado diante das tecnologias digitais

modernas da atualidade, assim ocasionando a insatisfação dos diferentes profissionais na

utilização dessa ferramenta, e dificultando a busca e aquisição das informações consistentes e

integradas dessas instituições (CONCEIÇÃO, 2012).

2.2 PRONTUÁRIO ELETRÔNICO DO PACIENTE (PEP)

Para Oliveira (2011), Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) o conjunto de

informações e dados sobre a situação clínica e cuidado de saúde, no decorrer da vida de um

paciente acompanhado, com armazenamento eletrônico e com possibilidade de inclusão de

outras informações relevantes da atenção e o acompanhamento do paciente, funções não

acessíveis ao registro manual no prontuário em papel: notas de alertas e lembretes; prescrição

médica de medicamentos, relação de bases de conhecimento para o apoio de tomada de decisão,

unificação de protocolos clínicos, interfaces customizadas pelos usuários, integralização com

laboratórios clínicos e farmacêuticos, assim permitindo a consistente integração aos dados dos

pacientes.

Murphy, Hanken e Waters (1999), por sua vez, definem o prontuário eletrônico como o

registro eletrônico em saúde como toda e qualquer informação em conexão ao passado, presente

e/ou futuro da saúde física e condição mental, ou condição de um indivíduo que esteja alocado

em um sistema eletrônico utilizado para captação, transmissão, recebimento, armazenamento,

disponibilização, conexão e manipulação de dados multimídia com a finalidade primária de um

serviço à saúde.

25

Outros autores e pesquisadores comentam que o registro de informações dos pacientes

é a atividade cotidiana no processo de trabalho das equipes da área assistencial. Com diversas

nomenclaturas, o Prontuário Médico, ou do Paciente, ou ainda Registro Médico é o conjunto

de anotações dessas informações clínicas. Desde os tempos de Hipócrates, frequentemente

considerado "pai da medicina", o prontuário manual, no papel, é utilizado, e vem enfrentando

diversas modificações no decorrer do tempo, principalmente no último século, já que se tornou

uma ferramenta sistematizada. Com o processo evolutivo da informática em hospitais, nasceu

o Prontuário Médico do Paciente (PEP), com o objetivo de aperfeiçoar a eficiência, o

armazenamento organizado das informações clinicas em saúde, prometendo não apenas

substituir o prontuário manual de papel, mas elevar a qualidade assistencial à saúde por novos

recursos e aplicações (MCDONALD E BARNETT, 1990; DEGOULET E FIESCHI, 1997;

VAN GINNEKEN E MOORMAN, 1997).

Galvão e Ricarte (2012) completam que o prontuário do paciente tem como objetivo

assegurar de modo contínuo, com eficiência e qualidade, a informação perspectiva, histórica,

atual e futura.

Segundo Massad, Marin e Azevedo Neto (2003), no final do século XVIII o registro

médico, ou mais chamado como prontuário, passou a ser considerado um instrumento

fundamental para a prática médica, fazendo parte da evolução do conhecimento e das práticas

médicas que caracterizam o começo da medicina moderna, evidenciando-se no modo, conteúdo

e definições, dos registros feitos pelos profissionais médicos, que se definiam pela descrição

dos casos, sem padronização, e com o principal objetivo de registrar apenas casos excepcionais

e que deveriam ter uma atenção maior.

O PortalMédico (2006) apresenta os cinco estágios de evolução do registro eletrônico

de dados de saúde:

1. Automatização do registro médico, funcionando em paralelo ao registro manual em

papel;

2. Digitalização de documentos e diminuição do volume de papel com a informatização

dos registros médicos;

3. Registro digital das informações em registro eletrônico médico, concentração local.

Envolve reengenharia dos processos da organização e inclusão de novas

funcionalidades;

26

4. Registro digital das informações em registro eletrônico médico, em nível regional,

nacional ou global. Envolve questões de interoperabilidade, confidencialidade e

consenso de segurança.

5. Registro digital das informações em registro eletrônico médico de informações mais

complexas, não necessariamente em conexão com sua saúde. Visa a acompanhar na

íntegra o paciente no decorrer de sua vida.

O prontuário tem como proposta a facilitação do atendimento médico, não sendo

necessário ao paciente relatar novamente suas consultas anteriores.

O Programa de Saúde da Família (PSF), hoje conhecido como "Estratégia de Saúde da

Família", possui o prontuário da família, que busca concentrar informações e dados clínicos de

todos os indivíduos de uma determinada família. Nesse contexto, espera-se que posteriormente

possamos ter por meio de soluções tecnológica um prontuário da comunidade que possa nos

conceder uma síntese sobre as condições de saúde relativas a um território (MUELLER, 2000).

Para Raitoharju e Laine (2006), a aceitação de um sistema de informação (SI) é uma

das problemáticas para a aquisição das vantagens esperadas a partir de investimentos realizados

com tal tecnologia. Tais autores reforçam que apesar de diversos estudos sobre aceitação de

sistema de informação (SI), sabe-se pouco sobre que fatores afetam o processo de adoção de tal

inovação tecnológica por profissionais da saúde. A concretização da implementação e

utilização dessa tecnologia no âmbito da saúde tem como requisito a cooperação entre os

indivíduos, bem como o envolvimento dos médicos, enfermeiros, psicólogos, dentistas,

assistentes sociais, educadores físicos e demais profissionais da área.

Correia, Padilha, Vasconcelos (2014) afirmam que para que tais bases de dados sejam

uma ferramenta de apoio ao profissional de saúde é necessário que os serviços de saúde

possibilitem o acesso às mesmas e forneçam capacitação necessária aos profissionais que as

utilizarão.

2.2.1 Vantagens e Benefícios do uso do Prontuário Eletrônico do Paciente

Belian e Novais (2000) afirmam que as vantagens obtidas com a informatização do

prontuário médico são diversas, podendo-se analisar desde o progresso do atendimento ao

paciente, com garantias da continuidade da assistência proporcionada ao cidadão. Essa

informatização envolve também a economia do espaço no ambiente e melhor organização das

informações mantidas no meio eletrônico. Os avanços da tecnologia da informação (TI) nos

27

trazem recursos indispensáveis para a implementação dos prontuários eletrônicos dos pacientes.

Com início da informatização do PEP, os acessos aos registros são mais ágeis, promovendo o

compartilhamento e o acesso múltiplo às informações sobre os pacientes da instituição de saúde.

Para Possari (2005), o PEP proporciona aos profissionais da área da saúde atenção ao

paciente na prestação da assistência clínica, fornecendo informações para gerenciamento do

custo direto e indireto por paciente, permitindo avaliar a atuação profissional, contribuindo para

o desenvolvimento do saber científico dos profissionais atuantes na área da saúde. O Prontuário

Eletrônico do Paciente pode ser avaliado como um importante sistema de informação de apoio,

dando suporte ao cuidado em saúde, assim, garantindo a evolução da qualidade em informação,

facilitação ao acesso aos dados, com foco na assistência do paciente, disponibilização de dados

clínicos através dos registros acessíveis, seguros e extremamente úteis no processo de trabalho.

Em um contexto geral, existe um consenso no que diz respeito sobre as vantagens do

uso do prontuário eletrônico do paciente em comparação ao prontuário em papel, uma vez que

a forma eletrônica impede a o desgaste físico, dano ou falsificação da história clínica,

duplicidade nas prescrições terapêuticas, farmacêuticas e de exames, evidenciando, assim, a

diminuição dos custos. Permite ainda agrupar todas as informações do paciente, identificando-

o exclusivamente e preservando sua identidade, além de registrar informações das inter-

consultas (MINISTERIO DA SAUDE, 2004; CAVALCANTE, KERR, 2011).

2.2.2 Dificuldades e desafios na implantação do PEP

Determinados fatores devem ser analisados no instante da implementação e no uso do

sistema de Prontuário Médico Eletrônico do Paciente. Massad, Marin e Azevedo Netto (2003,

p.18), elenca os principais impedimentos para se implementar e chegar ao uso do prontuário

eletrônico:

a) Implementação do sistema sem planejamento estratégico;

b) Falta de incentivo interno da instituição para obtenção da integração clínica, já que o

objetivo é ter acesso a um todo para tratar uma das partes;

c) Independência das clínicas e Hospitais;

d) Ausência de planejamento à saúde da população no atendimento.

28

Os autores ainda afirmam que, as dificuldades para implementação de um Prontuário

Eletrônico do Paciente são ainda extensas, tais como a sua complexidade. A principal

dificuldade está no registro, controle e recuperação das informações clínicas dos pacientes. O

uso de Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) não tem suas dificuldades por conta da

tecnologia, mas sim com relação à forma de trabalho dos profissionais e usuários ou da natureza

da organização. Não só os sistemas precisam estar integrados, mas é necessário que os

profissionais da área também estejam (MASSAD, MARIN E AZEVEDO NETTO, 2003).

Para Dias, Zwicker e Vicentin (2003), por sua vez, alguns pesquisadores abordam o

comportamento de usuários com relação para não aceitação de tecnologia como uma situação

de resistência para mudanças, sem entendimento dos motivos para tal resistência. Maia e

Cendon (2005), explicam que há outros fatores que afetam o comportamento do usuário, tais

como: a capacidade técnica especifica, que influenciam diretamente na utilização de tais

sistemas, assim como, o contexto e o local que essa pessoa desenvolve a utilização.

Saltman et al. (2006) afirma que muitos profissionais atuantes na atenção à saúde,

infelizmente, acreditam que a formação e capacitação atual sobre o uso de computadores e

sistemas seja deficitária e pouco atraente. Com essa percepção, fica difícil abordar esses

trabalhos para o processo de implementação dos sistemas eletrônicos em saúde.

Por fim, para se alcançar as vantagens do Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP) é

necessário saber utilizá-lo. Neste contexto, o sistema oferecerá aos profissionais de saúde

diversos dados e informações preciosas e atuais, informações estas que auxiliarão no

diagnóstico clínico. No entanto, apesar de todos esses benefícios e facilidades propostas pelo

Prontuário Eletrônico do Paciente, a categoria médica questiona a utilização dessa tecnologia,

com a afirmação de que o computador não deva pensar por eles e se mostram preocupados com

a seguridade dos arquivos e informação que podem quebrar o sigilo médico (SORANZ; PINTO;

CAMACHO, 2017).

2.3 INOVAÇÃO

Originada do Latim – innovare -, assim é chamada a Inovação, tem como significado

fazer algo novo, mudar ou alterar as coisas introduzindo lhes novidades (PAROLIN, 2001).

Tidd, Bessant e Pavitt (2005) afirmam que a inovação deve ser compreendida como um

método de uma etapa que tem como objetivo as oportunizar ideias novas e a aplicação dessas

29

ideias na prática. Os autores completam que, a inovação é a ação ou efeito de inovação, ou seja,

renovação de algo; tornar algo novo; ou inserir uma novidade. Ocasionalmente o termo causa

confusão, pois existe uma tendência de a população entender inovação como uma invenção.

De acordo com Schumpeter (1982), a inovação apoia a manutenção e monitoramento

da vantagem competitiva a longo prazo e, com sua mediação, traz como possiblidades a

produção de impactos econômicos significativos quando difundida vastamente entre as firmas,

segmentos e regiões. Para o autor, a inovação supõe a inserção de cinco novos fatores: entrada

de um produto novo, a entrada de um processo novo em produção, o início de um novo mercado,

captação de uma nova fonte de abastecimento de material e o aperfeiçoamento de uma nova

organização industrial.

Segundo Utterback e Albernathy (1975), a inovação se descreve como um produto

tecnológico, inserido no comércio para satisfação de um gosto e preferência dos consumidores.

Ainda focando o mercado consumidor, Markides (1997) reitera que a inovação incide em uma

organização que identifica potenciais oportunidades em campos não atendidos, das novas

necessidades dos consumidores, novos produtos e serviços, ou novos segmentos que não foram

explorados. O entendimento das preferências do consumidor é o primeiro passo para analisar a

estratégia de negócio mais apropriada, estando ligado ao desenvolvimento de um novo produto.

Olenieks e Babauskas (2014) reforçam que a inovação precisa ser observada como um processo

criativo dirigido aos indivíduos, às instituições, um mercado e também à população.

De acordo com Terra (2012), o processo de inovação necessita considerar as estratégias

e objetivos, deixando claros os conceitos e nomenclaturas usadas; também relacionando as

estratégias da organização, tecnologias e o organização das metas com as inovações sugeridas.

O autor acrescenta que a inovação deve acontecer de forma prática, sendo necessária a

utilização de instrumentos institucionais já implementados. Um processo organizacional

nitidamente definido possivelmente facilitará e tornará mais ágil o processo de decisão com

relação aos projetos de inovação. A estratégia de inovação e a estratégia tecnológica são

assuntos diferentes, mas fortemente ligados. A inovação estratégica possui seu foco no mercado

de consumo, posição da empresa e a estratégica tecnológica tem como objetivo alcançar, por

meio de soluções técnicas, a estratégia de inovação pleiteada pela empresa (TERRA, 2012).

A informação, nas últimas décadas, vem assumindo mais um papel importante,

tornando-se comum na sociedade contemporânea, especialmente impulsionadas pelas notas

tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) (MARTINS, 2009).

30

Contudo, mesmo estando a inovação e a tecnologia andando lado a lado, a inovação não

provoca essencialmente a criação, produção e comercialização somente dos maiores avanços

do que é tido como estado da arte em tecnologia, ou inovação radial. Pode-se também ser

incluída mudanças em proporções menores nas tecnologias já usadas atualmente, assim sendo

uma melhoria, mudança gradual ou inovação incremental (TIDD, BESSANT e PAVITT, 2005).

Freire (2002) sintetiza a inovação incremental como melhorias pequenas nos processos,

produtos ou serviços.

Como podemos ver neste capítulo, diversos autores conceituam a inovação como um

novo produto, serviço ou processo, novos métodos de realizar tais processos ou produzir

produtos ou serviços, abrangendo o aspecto tecnológico.

Na presente pesquisa, procura-se avaliar como uma inovação pode ser usada na

elaboração de novos métodos de se produzir novos serviços e processos no setor de saúde,

incluindo clínicas de atenção básica em saúde.

2.3.1 Difusão e Adoção da Inovação

A difusão de uma tecnologia se dá pelo processo de sua comunicação em um contexto

no âmbito social envolvendo pessoas e grupos, normalmente participantes de uma organização.

No entanto, a adoção de inovação é também um processo pelo qual pessoas e grupos decidem

usá-la como melhor caminho disponível. Em compensação da adoção, aparece sua rejeição, ou

seja, quando a decisão é não adotá-la.

Segundo Rogers (2003), a difusão de uma inovação é definida como um tipo de

comunicação social, pela qual as notícias disseminadas estão em conexão com as novas ideias.

O autor ainda completa que a difusão é o processo em que uma inovação é noticiada ao longo

do tempo, mediante a determinados canais, em maio a diversos membros e grupos e um sistema

social.

Diversos autores estudaram nas últimas décadas os principais atributos e características

percebidos em uma inovação e a sua facilidade de adoção, e até mesmo as inovações em

tecnologia da informação (TI) (ROGERS, 1983; MOORE e BENBASAT, 1991;

KARAHANNA et al., 1999; TENG et al., 2002; AHUJA e THATCHER, 2005). Inicialmente

o aspecto pelo qual a inovação é adotada decorre diretamente dos atributos percebidos na

inovação pelos seus usuários. A identificação de cinco atributos percebidos da inovação é

31

oriunda da pesquisa de Rogers (1983) e da literatura sobre a difusão de uma inovação. Larsen

e McGuire (1998) mencionam esses atributos ou aspectos como sendo atributos universais para

pesquisa em adoção de inovação.

Quadro 1 - Os cinco atributos percebidos em uma inovação, por Rogers (1983):

Atributo Descrição

Vantagem

Relativa

Grau com o qual uma inovação é percebida como sendo melhor que seu

precursor.

Compatibilidade

Grau com o qual uma inovação é percebida como sendo consistente com

valores existentes, necessidade e experiências passadas dos adotantes

potenciais.

Complexidade Grau com o qual uma inovação é percebida como sendo difícil de se usar.

Observabilidade Grau com o qual o resultado de uma inovação é observável pela

organização.

Experimentação Grau com o qual uma inovação pode ser experimentada antes da adoção.

Fonte: Rogers (1983).

Existem outros quatro aspectos de categoria interna de uma organização que são vistos

como colaboradores na adoção de uma inovação:

i) o tipo de decisão pela inovação;

ii) a natureza dos canais de comunicação que divulgam a inovação;

iii) a natureza do sistema social;

iv) o esforço dos agentes promotores de mudança na difusão de inovação (Rogers,

2003).

O tipo de decisão de uma inovação se define pela maneira como as decisões de uma

inovação são tomadas, podendo ser: voluntario, grupal ou autoritária. Grande número de

indivíduos no processo de decisão tornará mais lenta sua taxa de decisão; com isso, as

organizações direcionam essa atividade a um grupo menor de pessoas (ROGERS, 2003).

A natureza de divulgação dos canais de comunicação se define pelos instrumentos

empregados nos estágios do processo da difusão de uma inovação. Tais canais de comunicação

separam-se em: canais de comunicação em massa e entre pessoas (ROGERS, 2003).

32

A natureza do sistema social se define pelos fatores definitivos para a difusão e adoção

da inovação, como normas internas, influências e nível de contato com as redes internas

(ROGERS, 2003).

O empenho dos agentes motivadores de mudança: institui a interferência dos agentes

motivadores da mudança em estimular esforços para difusão da inovação, já que a taxa de

adesão entre os indivíduos é baixa, entre 3% a 16% (ROGERS, 2003).

Rogers (2003) afirma que existem sete papéis que os agentes promotores de mudança

devem executar como estimuladores para a realização do processo de inserção de uma

tecnologia no sistema de um cliente:

a) expor a necessidade de mudança;

b) criar uma relação de troca de informações;

c) identificar e investigar problemas;

d) produzir a intenção de mudança;

e) fazer uma atenção se transformar em uma ação;

f) fortalecer a adoção e precaver a descontinuidade;

g) atingir um envolvimento terminal.

Por sua vez, para Caldwell (2003), os agentes de mudança são como orientadores de

desenvolvimento organizacional e exercem um papel fundamental no centro de mudança da

organização, sendo responsáveis para execução da mudança se consolidar.

Os estudos sobre teoria da difusão da inovação têm se concentrado nos atributos de

inovação, dando menos destaque ao ambiente interno: tipo de decisão da inovação, natureza do

canal de comunicação, condição do sistema social.

2.4 O MODELO DE ACEITAÇÃO DE TECNOLOGIA (TAM)

2.4.1 Aceitação e Adoção de Novas Tecnologias

De acordo com Perez e Zwicker (2010), a difusão de uma inovação é compreendida

como o processo de sua comunicação em um dado contexto social, de modo que envolva

indivíduos e grupos, integrantes de uma organização. Já a adoção é um processo em que

33

indivíduos e grupos decidem pelo seu uso, como melhor curso de ação disponível. Caso a

inovação seja rejeitada, ocorre o inverso da adoção, ou seja, a rejeição ocorre quando há a

decisão pela não adoção (PEREZ; ZWICKER, 2010).

Existe alguns modelos e metodologias utilizados para identificação e avaliação dos

antecedentes que determinam a aceitação de tecnologia, sendo que, no que diz respeito à

investigação da aceitação de tecnologias digitais no contexto da informática em saúde, o modelo

TAM aparece como um dos mais utilizados para investigar os antecedentes que afetam a

decisão dos usuários para aceitação de tecnologias (MARTINS; KELLERMANNS, 2004).

O TAM é uma adequação da teoria da atuação racional, derivada da psicologia e alterada

especificamente para gerar modelos de aceitação de tecnologia da informação (GAHTANI,

2001). O Modelo de Aceitação de Tecnologia TAM (DAVIS, 1989; DAVIS et al., 1989) foi

proposto e desenvolvido para compreender a relação causal entre duas variáveis sobre o uso

real da tecnologia: A Utilidade Percebida ou PU (Perceived Usefulness), que é o entendimento

da Utilidade ou como uma tecnologia pode ser útil e a Facilidade de Uso Percebida ou PEOU

(Perceived Ease of Use), que está relacionada a Usabilidade ou a percepção da facilidade de

utilização da tecnologia (DAVIS, 1989). Dessa forma, o uso de um sistema, em teoria, seria

influenciado tanto pela sua utilidade quanto pela sua facilidade de uso. De acordo com o

modelo, um indivíduo fará o uso efetivo de uma determinada tecnologia se acreditar que o uso

desta será capaz de fornecer resultados positivos.

No entanto, para identificação de tal ação, foca-se na facilidade de uso percebida e na

utilidade percebida:

- A utilidade percebida é o grau em que uma pessoa acredita que o uso de uma

determinada tecnologia aumentaria seu desempenho (DAVIS, 1989).

- A facilidade de uso percebida é o grau em que uma pessoa acredita que usar uma

tecnologia seria livre de esforço (DAVIS, 1989).

O modelo inicialmente proposto foi aprimorado e incluiu a influência de variáveis

externas (DAVIS et al.,1989).

34

Figura 1 – Diagrama do modelo TAM

Fonte: Davis et al. (1989)

Os conceitos de utilidade percebida e facilidade de uso percebida possuem similaridade

com os construtos vantagem relativa e complexidade de Rogers (1983).

O TAM pressupõe que o uso real da tecnologia é determinado pela intenção

comportamental de utilização que por sua vez é influenciada tanto pela atitude quanto pela

utilidade percebida. Já a intenção comportamental é afetada pela utilidade percebida e pela

percepção de facilidade de uso. A utilidade percebida por sua vez é influenciada pela facilidade

de uso percebida (DAVIS et al.1989).

Ajzen e Fishbein (1980) afirmam que as atitudes positivas em relação a uma inovação

não se traduzem necessariamente em um comportamento positivo em relação a este. Ou seja,

em Rogers (1983), a percepção está sobre a inovação em si e em Davis (1989) a percepção se

concentra em relação ao uso da inovação.

Desta forma, o modelo TAM tem sido utilizado para avaliar a intenção de uso de

diversas tecnologias em contextos variados como m-commerce, acesso à internet, e-learning,

m-learning entre outros (VENKATESH et al.,2003; FREITAS, 2009; LIU et al., 2010; CHENG

et al., 2011; HUANG et al., 2012; Kurtz et al. (2019).

A aceitação de novas tecnologias vem sendo estudada por uma variedade de modelos e

metodologias que tem como objetivo avaliar e identificar os diversos fatores que influenciam a

atitude de uso e adoção de uma tecnologia, como por exemplo, a Teoria da Ação Racionalizada

ou TRA (FISHBEIN; AZJEN,1975), a Teoria do Comportamento Planejado ou TPB (AJZEN,

1991), a Teoria da Difusão da Inovação ou IDT (ROGERS, 1983) e o Modelo de Aceitação de

Tecnologia TAM (DAVIS, 1989; DAVIS et al., 1989). Venkatesh (2006) afirma que a adoção

35

de tecnologia é uma das áreas de pesquisas mais desenvolvidas na literatura sobre tecnologias

da informação.

Fishbein e Ajzen (1975) descrevem como atitude, os sentimentos, positivos ou

negativos, que um sujeito tem em relação a um comportamento em alvo. A atitude em relação

a um objeto influencia as intenções de uso de tal objeto, consequentemente influenciando o

comportamento em relação ao objeto, ou seja, ao seu uso.

O modelo inicialmente proposto foi aprimorado e incluiu a influência de variáveis

externas (DAVIS et al., 1989). A proposta do modelo é retratar o impacto dos fatos externos

relacionados aos sistemas de informações, sobre aqueles internos do indivíduo, como a atitude

e intenção de uso (DAVIS; BAGOZZI; WARSHA, 1989; DAVIS 1989; DILLON; MORRIS,

1996; LEE; KOZAR; LARSEN, 2003; VENKATESH; MORRIS; DAVIS; DAVIS, 2003).

Quadro 2 - Construtos do modelo TAM e suas definições.

Construtos Definições

Variáveis

externas

Referem-se às características do sistema, ao processo de

desenvolvimento etc. (DIAS; ZWICKER; VICENTIN, 2003, p. 16).

Utilidade

percebida

Grau no qual um indivíduo acredita que o uso de um determinado

sistema aumentará seu desempenho no trabalho (DAVIS, 1989, p. 320).

Facilidade de uso

percebida

Grau no qual um indivíduo acredita que usar um determinado sistema

seria livre de esforços mentais e físicos (DAVIS, 1986, p. 25).

Intenção de uso Grau de sentimento avaliado que o indivíduo associa ao uso de

determinado sistema em seu trabalho (DAVIS, 1986, p. 25).

Comportamento Definido como a medida da força com que uma pessoa tem a intenção

de desempenhar determinado comportamento (DAVIS, 1986, p. 25).

Fonte: Adaptado de Davis (1989); Dias; Zwicker; Vicentin (2003).

O modelo se refere ao comportamental, refere-se apenas às questões diretamente ligadas

com o usuário e suas percepções sobre a utilização do sistema. Portanto, os construtos devem

ser elaborados de modo a captar as opiniões pessoais e debater a respeito de pessoas ou

instituições (SALEH, 2004). Tal modelo é apropriado para identificar os motivos da não

36

aceitação de uma tecnologia ou sistema particularmente pelos usuários, e assim, atuar nas

correções adequadas (DAVIS; BAGOZZI; WARSHA, 1989; DAVIS 1989).

Pesquisas ligadas à adoção de tecnologias da informação (TIC), tal como da avaliação

dos seus impactos são procedimentos relevantes na investigação de sistemas de informação,

tanto em aspectos sociais ou aspectos organizacionais. Em consequência, a sociedade e as

organizações precisam elaborar, não somente uma cultura normalmente propicia, mas

propriedades culturais especificas que potencializem o uso de tecnologias e a performance de

seus funcionários. No entanto, mesmo com toda importância no campo da investigação

relacionada à adoção de tecnologias da informação, ainda não são explicados todos os

fenômenos associados a ela. Tal circunstância se explica, de um lado, pela complexidade dos

processos de ação, espacialmente devido ao envolvimento de pessoas e a interferência com suas

percepções de natureza cognitiva, que nem sempre se gerem por interesses organizacionais

(anteriormente afetada por inquisições de natureza do indivíduo ou cultural; e de outro lado,

pela natureza intensamente ativa e evolutiva das tecnologias de informação, alterando

ligeiramente os padrões tecnológicos, criando novos campos de investigação (SALEH, 2004;

McCOY; GALLETTA, 2007; RAITOHARJU, 2014).

Como introdução ao estudo do modelo de aceitação de tecnologia (TAM), faz-se

necessário ressaltar que ele se enquadra na teoria de aceitação de inovações que ocorrem sob a

perspectiva dos usuários (adotantes) de inovações tecnológicas, como as de SI/TI. A teoria de

aceitação é particularmente útil quando se pretende avaliar a intenção de adoção de novas

tecnologias pelos grupos e indivíduos de uma organização, bem como para a predição da taxa

de adoção dessas tecnologias, conforme estudo dos autores Venkatesh et al. (2003), cuja

proposta está representada na figura 2:

Figura 02 - Modelo representativo do processo de adoção de inovações em SI/TI

Fonte: Venkatesh et al. (2003)

Os autores Davis (1989); Davis, Bagozzi e Warshaw (1989) e Venkatesh (2003) fizeram

a proposta do modelo de aceitação de tecnologia, o TAM (Technology Acceptance Model), com

Uso real do SI/TI

Reações Individuais com relação ao uso

de Um SI/TI

Intenção declarada de

uso do SI/TI

37

o intuito de entender os motivos propulsores que fazem os indivíduos e a organização aceitarem

ou rejeitarem uma tecnologia de informação.

Na procura por entendimento mais assertivo sobre quais fatores afetam o processo de

aceitação de qualquer inovação tecnológica em sistemas de informação e tecnologia da

informação pelos trabalhadores técnicos na área da saúde, Raitoharju e Laine (2006) elaboraram

uma pesquisa para avaliar a percepção de diversos profissionais em saúde como: profissional

administrativo, médicos e enfermeiros. O desfecho do estudo demonstra a distinção entre os

grupos pesquisados. Os pesquisadores observaram, que o suporte de sistemas de informação e

tecnologia da informação não foi avaliado como um item importante para o corpo

administrativo quanto foi para os profissionais médicos e enfermeiros. A facilidade percebida

de uso e a utilidade percebida foram analisadas de forma diferente entre os grupos pesquisados.

A conexão entre as instituições distintas, mas relacionadas, possivelmente pode

melhorar os processos e métodos inovadores entre diversas classes de organizações, assim

como é o caso da prestação de serviço ofertado por clínicas e hospitais (GOES; PARK, 1997).

Tais autores atentam para o fato de que a rede de computadores pode possibilitar a

conectividade entre clínicas e hospitais, e seus fornecedores. As unidades de saúde têm muito

a obter com tais funções inter organizacionais, buscando cooperação, parceiros estratégicos,

gestão do ambiente em situações de crise, e diversas outras possibilidades.

Segundo Magalhães (2006), nas últimas décadas, as instituições de saúde têm desfrutado

das várias oportunidades ofertadas por novas ferramentas de sistemas e tecnologias da

informação, com o propósito de proporcionar melhores serviços aos pacientes, assim como a

redução de custos e o aumento da eficiência dos processos internos e administrativos e clínicos.

Como exemplo positivo, tem-se a manutenção dos registros e informações do estado de saúde,

doenças e os cuidados proporcionado aos pacientes atendidos pelo uso do prontuário eletrônico

(DORILEO et al., 2006).

2.5 ESTUDOS RELACIONADOS AO MODELO TAM

Nesta seção são apresentados alguns estudos relacionados ao modelo TAM, que

serviram como referência para a escolha das variáveis utilizadas no modelo de pesquisa.

No âmbito internacional, é possível citar alguns exemplos que ilustram o uso do TAM

no contexto hospitalar, nos últimos dez anos, como apresentado a seguir:

38

Baharom et al. (2011) – buscaram investigar a intenção de uso do Prontuário

Eletrônico de profissionais médicos de hospitais privados na Jordânia, a pesquisa foi realizada

com base em 239 médicos. Os resultados iniciais propõem fatores adicionais ao longo do

fatores originais no TAM fazendo Utilidade Percebida (PU), Facilidade Percebida De uso

(PEOU), intenção comportamental de usar (BI), SE e PBC trabalhando em incorporação.

Médicos de hospitais públicos estiveram envolvidos neste estudo, que prova que todos os

fatores são confiáveis;

Gagnon et al. (2014) - buscaram investigar a intenção de uso do Prontuário

Eletrônico de profissionais médicos em Quebec (Canadá), a pesquisa foi realizada com base

em 157 médicos. Os resultados mostraram que questões individuais podem afetar a percepção

sobre o sistema de informação, assim como questões relativos a tarefa, pois ficou claro que se

houver sobrecarga de trabalho devido a utilização do sistema, a percepção de sucesso do

sistema será prejudicada;

Noh, Jang e Khongorzul (2016) – investigaram pelo TAM e pela IDT a

percepção dos profissionais de saúde ao utilizar o Prontuário Médico Eletrônico, a pesquisa

foi realizada e analisada por 208 questionários respondidos por usuários do sistema médico.

Os resultados mostram que a precisão das informações, a segurança do sistema e a

compatibilidade do sistema têm um impacto importante na percepção de utilidade do EMR,

enquanto a estabilidade das informações não influencia sua reconhecida utilidade;

Mohamamad e Yunus (2017) – buscaram investigar a intenção de uso do

Registro Médico Eletrônico em um serviço de saúde na Malásia. A pesquisa foi realizada com

base em 703 profissionais da área de saúde da unidade. A maioria dos entrevistados concorda

que a facilidade de uso percebida afeta a intenção de usar o Sistema EMR.

No Brasil, alguns estudos também foram realizados, a exemplo do que aconteceu

no cenário internacional, para avaliar a aceitação de tecnologias na área da saúde.

Santos e Marin (2018), analisaram o uso de um sistema informatizado pelos

gestores hospitalares, avaliando a satisfação quanto à utilidade e facilidade de uso do sistema.

A população alvo por 63 gestores, de acordo com os critérios de inclusão, 60 gestores

compuseram a amostra do estudo. No total, 90,5% dos gestores concordaram com a utilidade

do sistema, enquanto 84,7% concordaram com a facilidade de uso. As variáveis externas

39

analisadas (idade, facilidade com a tecnologia, oferta de treinamentos e apoio técnico,

computadores disponíveis e gostar de utilizar), influenciaram a satisfação da facilidade de uso.

A idade e oferta de treinamentos, não influenciaram a satisfação quanto a utilidade do sistema;

Muylder et al. (2016), procuraram atender as premissas propostas pelo Modelo

do (TAM), na gestão hospitalar, e o objetivo foi investigar como usuários de prontuário

eletrônico do paciente (PEP) percebem a utilidade e facilidade desta tecnologia em seu

cotidiano, sob o ponto de vista dos profissionais da área da saúde da região Metropolitana de

Belo Horizonte. Para tanto, utilizaram uma amostra de 57 profissionais da área da saúde. Os

resultados apontaram que ocorre utilidade percebida com o uso da tecnologia, sendo que

alguns profissionais indicaram dificuldades de uso. A partir da pesquisa, apesar das

limitações, indicam a importância de novos estudos que envolvam a saúde e relevância da

tecnologia para a sociedade;

Perez e Zwicker (2010), já citados neste trabalho, analisaram os principais

fatores que afetam a adoção da inovação tecnológica em sistemas de informações na área de

saúde e os reflexos dessa adoção para os indivíduos, profissionais e grupos sociais envolvidos

com a inovação. No trabalho realizado, foi estudado a adoção do prontuário médico eletrônico

(PEP) em uma instituição de saúde envolvendo usuários médicos, profissionais de

enfermagem e pessoal administrativo. Os resultados da pesquisa indicam que a adoção da

inovação em sistemas de informações na área de saúde é influenciada por características

percebidas pelo uso dessa inovação e acarreta reflexos na percepção de novas possibilidades

de inovação no trabalho.

2.6 MODELO PROPOSTO

Para esse estudo, o modelo TAM será ajustado, de modo a comportar o construto Uso

Efetivo do Sistema; Intenção Comportamental de Uso; Utilidade Percebida; Facilidade de Uso

Percebida e Atitude em Relação ao Uso e as variáveis externas escolhidas foram as seguintes:

Resistência (RE) e Influência Externa (IE).

No intuito de identificar quais as variáveis que influenciam positiva ou negativamente

a aceitação do uso do Prontuário Eletrônico do Paciente por profissionais da área da saúde, das

40

unidades de atenção básica da cidade de Niterói, serão adotadas seis hipóteses, elencadas a

seguir:

a) H1: A Atitude em Relação ao Uso (ATT) influencia diretamente de, forma positiva, a

Intenção de Uso (INT) parte do profissional em saúde, na utilização do Prontuário

Eletrônico;

b) H2: A Facilidade de Uso Percebida (EASE) influencia diretamente de forma positiva a

Atitude em Relação ao Uso (ATT) por parte do profissional em saúde, na utilização do

Prontuário Eletrônico;

c) H3: A Utilidade Percebida (USE) influencia diretamente, de forma positiva, a Atitude

em Relação ao Uso (ATT) por parte do profissional em saúde, na utilização do

Prontuário Eletrônico;

d) H4: O construto Facilidade de Uso Percebida (EASE) influencia diretamente, de forma

positiva, o construto Utilidade Percebida (USE) por parte do profissional em saúde, na

utilização do Prontuário Eletrônico;

e) H5: A Resistência (RE) influencia diretamente, de forma negativa, a Facilidade de Uso

Percebida (EASE), por parte do profissional em saúde, na utilização do Prontuário

Eletrônico;

f) H6: Influência Externa (IE) influencia diretamente, de forma positiva, Utilidade

Percebida (USE), por parte do profissional em saúde, na utilização do Prontuário

Eletrônico.

2.6.1 Relações das Hipóteses com os Construtos

O profissional de saúde pode utilizar o Prontuário Eletronico por intermináveis motivos,

mas estes motivos não são necessários para garantir que este profissional possa ter uma atitude

positiva em relação ao uso do sistema. De acordo com Dimitropoulos et al. (2011), o fato do

profissional de saúde optar em usar o Prontuário Eletrônico não pressupõe que ele tenha uma

atitude positiva com relação ao uso desse sistema.

A hipótese H1: A Atitude em Relação ao Uso (ATT) influencia diretamente, de forma

positiva, a Intenção de Uso (INT) foi fundamentada nos estudos de Martins e Kellermanns

(2004) e Perez e Zwicker (2010).

41

Pesquisas de Martins e Kellermanns (2004) e Perez e Zwicker (2010), referentes à

análise da intenção de uso e à aceitação de sistemas de informação mostram que a Atitude em

Relação ao Uso, além de influenciar diretamente a Intenção de Uso Efetivo, ainda atua como

intermediária dos efeitos da Utilidade Percebida e da Facilidade de Uso Percebida no construto

Intenção de Uso Efetivo.

No entanto, estudos de autores como Varela, Tovar e Chaparro (2010); Muylder et al.

(2016), também voltados para Prontuário Eletrônico, constataram a influência direta da

Utilidade Percebida e da Facilidade de Uso Percebida sobre a Intenção de Uso Efetivo.

As hipóteses H2: A Facilidade de Uso Percebida (EASE) influencia diretamente, de

forma positiva, a Atitude em Relação ao Uso (AT) e H3: A Utilidade Percebida (USE)

influencia diretamente, de forma positiva, a Atitude em Relação ao Uso (ATT) são

fundamentadas nos estudos de Martins e Kellermanns (2004); Varela, Tovar e Chaparro

(2010); Perez e Zwicker (2010); Muylder et al. (2016).

Por fim, na hipótese H4: O construto Facilidade de Uso Percebida (EASE) influencia

diretamente, de forma positiva, o construto Utilidade Percebida (USE) foi formulada com base

em Davis, Bagozzi e Warshaw (1989) e em Farias (2010), que alimentam que o construto

Facilidade de Uso Percebida desempenha influência positiva e direta sobre construto Utilidade

Percebida. Para Farias (2010), os profissionais de saúde que percebem a facilidade do uso do

Prontuário Eletrônico do Paciente estão predispostos a considerá-lo mais útil, pois a redução do

esforço cognitivo dispendido permite a concentração em outras questões do processo de

trabalho ou outras atividades.

2.6.2 Relação das Hipóteses das Variáveis Externas com a Teoria

A seguir são apresentadas as hipóteses vinculadas às variáveis externas e às suas

relações com o referencial teórico da pesquisa.

2.6.3 Variavel Externa - Resistência (RE)

Dias, Zwicker e Vicentin (2003; 2010) observam que a literatura sobre implementação

de mudanças sugere vários fatores que permitem que a mudança seja aceita com mais

facilidade, mas tambem sobre a possível resistência em utilizar novos sistemas e tecnologias.

Zaltman e Duncan (1977) afirmam que a resistência é um fenômeno saudável, pois

pode-se defender a sociedade de mudanças nocivas aos indivíduos ou ao grupo. E também

42

podem acarretar mais preocupações ou adaptações necessárias ao processo de adoção ao

sistema social. Adicionalmente, a resistência à mudança é extremamente importante para a

pesquisa em TI, especialmente para o uso de dispositivos nas organizações com o objetivo de

aprimorar a produtividade e os serviços oferecidos aos clientes (SANFORD; OH, 2010).

No contexto resistência à tecnologia, para Orlikowski e Gash (1994), as reações dos

indivíduos para inserção de novas tecnologias de informação estão atreladas à interpretação da

tecnologia. As autoras afirmam que tal entendimento das interpretações dos indivíduos sobre

as tecnologias é crucial para o entendimento de interações com a tecnologia. Para interação com

a tecnologia, os indivíduos precisam ter contato com ela, e nesse processo, eles elaboram

antecedentes particulares, expectativas e certos conhecimentos sobre ela, que terá contribuição

na formação das ações imediatas acerca da tecnologia.

Portanto, propõe-se a hipótese H5: A Resistência (RE) influencia diretamente, de forma

negativa, a Facilidade de Uso Percebida (EASE), por parte do profissional em saúde, na

utilização do Prontuário Eletrônico. A assunção dessa hipótese tomou como referência,

principalmente, o estudo de Perez e Zwicker (2010).

2.6.4 Variavel Externa - Influência Externa (IE)

Como oberservado na literatura por Albertin (2001), Dosi (1988) e Lunardi et al.,

(2003), as organizações buscam com a implementação de novas tecnologias, tornar-se

inovadora e ter diferencial entre concorrentes, e principalmente organizar suas informações e

ter qualidade nos dados inseridos e disseminados.

Segundo Wood e Júnior (1995), quando se trata de mudança, diversas questões são

abordadas, tais como: a maior parte das organizações mudam em resposta às crises ou a

adaptações ao mercado; as mudanças implicam alterações no comportamento humano, nos

processos de trabalho e nos valores internos organizacionais; um dos princípios para este

processo é a gestão das pessoas; e, para haver mudanças é necessário irromper com a inércia

organizacional, para isso institui a interferência dos agentes motivadores da mudança em

estimular (ROGERS, 1983).

Portanto, propõe-se a hipótese H6: A Influência Externa (IE) influencia diretamente, de

forma positiva, a Facilidade de Uso Percebida (EASE), por parte do profissional em saúde, na

utilização do Prontuário Eletrônico.

43

A seguir são apresentadas as hipóteses vinculadas às variáveis externas e as suas

relações com o referencial teórico da pesquisa.

A Figura 3 apresentada a configuração do modelo proposto.

Fonte: Adaptado de Davis (1989)

Intenção

comportamental de

uso H5

H6 H3

H4

H2

Utilidade

percebida

Facilidade de uso

percebida

Atitude em

relação ao uso

Influência Externa

Resistência

H1

44

CAPÍTULO III

3. METODOLOGIA

O objetivo principal desta pesquisa é avaliar a intenção dos profissionais de saúde de

unidades de atenção básica em relação à utilização de uma nova tecnologia como o Prontuário

Médico Eletrônico. Para isso foram apontados no referencial teórico alguns modelos, de grande

relevância na literatura, capazes de avaliar a intenção de uso do indivíduo em relação a novas

tecnologias. Neste capítulo descrevemos a metodologia adotada para a execução da pesquisa:

tipo de pesquisa, universo e amostra, a escolha das escalas de mensuração das variáveis, o

instrumento utilizado para a coleta de dados, as técnicas e procedimentos empregados para o

tratamento e análise dos dados e as limitações do método.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Seguindo os conceitos propostos por Vergara (2009), a presente pesquisa pode ser

classificada, quanto aos fins, como uma pesquisa explicativa, por esclarecer quais fatores

contribuem para a intenção positiva de aceitação do Prontuário Eletrônico do Paciente no

ambiente profissional e, quanto aos meios, bibliográfica e de campo.

Foi realizada uma revisão da literatura com o objetivo de trazer, de forma conceitual, os

termos utilizados. Procurou-se pesquisar os aspectos e estudos realizados sobre a aplicação de

sistemas de informação em saúde e prontuário eletrônico, em que foi possível observar a

existência de trabalhos que consideram e validam a utilização dessa ferramenta em unidades

hospitalares.

Foi construído um referencial teórico para dar maior robustez e argumentos para a

proposta da utilização do modelo TAM, para melhor explicar a aceitação do prontuário

eletrônico como ferramenta de apoio ao processo de trabalho, utilizando bases de dados

nacionais e internacionais.

A revisão da literatura ofereceu suporte para identificação das variáveis a serem

utilizadas na pesquisa, o que consistiu em uma proposta de extensão para o modelo TAM, cujo

objetivo é identificar se as variáveis escolhidas são capazes de exercer alguma influência na

aceitação do prontuário eletrônico por profissionais da área da saúde.

45

O modelo proposto utiliza 6 (seis) hipóteses com a finalidade de explicar a aceitação do

Prontuário Eletrônico do Paciente pelos profissionais de saúde, por meio do relacionamento

entre os construtos que constituem o modelo de pesquisa.

A pesquisa tem caráter quantitativo, com a utilização de questionário (GoogleForms)

como instrumento de coleta de dados, contendo questões para resposta pelo uso de escala Likert

de pontos, de 1 a 5, variando, de forma crescente, de “discordo totalmente” até “concordo

totalmente”.

As hipóteses foram testadas com aplicação de questionários estruturados e analisadas

por meio da técnica de Modelagem de Equações Estruturais (SEM - Structural Equation

Modeling), escolhida por oferecer ao pesquisador a possibilidade de investigar quão bem as

variáveis preditoras (variáveis independentes) explicam a variável dependente e, também, qual

a variável preditora é a mais importante para o fenômeno estudado.

Hair et al (2009) definem a SEM como um modelo estatístico que tem por objetivo

explicar o relacionamento entre múltiplas variáveis, de modo que examina estruturas de inter-

relacionamentos, expressadas em uma série de equações, similarmente a uma série de equações

de regressões múltiplas.

A SEM vem sendo amplamente utilizada nas ciências sociais e comportamentais, esta

tendência pauta-se na capacidade da metodologia de construir e analisar

modelos/representações a partir da teoria (HAIR et al, 2009). No entanto, alguns autores

sugerem que a aplicação da SEM deve ter como ponto de partida a teoria utilizada pelo

pesquisador acerca das relações causais entre um conjunto de variáveis, ou seja, o pesquisador

deve estar bem fundamentado na teoria para que possa fazer uma utilização correta da técnica

(LUCIAN et al, 2008).

A escolha da SEM, como instrumento de análise desta pesquisa, justifica-se ainda pela

grande representatividade que esta técnica vem adquirindo nas mais diversas áreas do

conhecimento, bem como sua habilidade e relevância ao resolver problemas de pesquisa

relacionados às relações causais entre construtos latentes que são medidos pelas variáveis

observáveis, como é o caso deste estudo.

3.2 OPERACIONALIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS

A pesquisa realizada utiliza escalas já elaboradas e testadas pela literatura para a

medição de todos os construtos envolvidos na estrutura do modelo proposto. Tal deliberação

46

foi tomada pela confiabilidade e consistência dos resultados apresentados em diversos estudos

analisados, ao longo dos anos, especialmente em relação às pesquisas que utilizaram o modelo

TAM, facultando possíveis comparações com os resultados já identificados.

As escalas adaptadas abrangem diversos autores, como: Davis et al. (1989); Davis,

Bagozzi e Warshaw (1992); Wood e Júnior (1995); Davis e Venkatesh (2000); Venkatesh et al.

(2003); Perez e Zwicker (2010).

O quadro 3 apresenta as informações preliminares relacionadas às variáveis

demográficas, aos itens correspondentes no questionário e à escala utilizada. Os itens foram

distribuídos de 1 a 8.

Desta forma, as escalas utilizadas como base para a realização desta pesquisa foram:

Quadro 3: Dados sóciodemográficos

Dados sóciodemográficos Item Escala

Categoria Profissional 1 Médico(a) ( ) Demais Categorias - Não Médico ( )

Experiência com Prontuário Eletrônico 2 Sim ( ) Não ( )

E-mail 3 Variável de Identificação- Opcional

Sexo 4 M( ) F( )

Idade 5 de 18 a 25 anos ( ) de 26 a 35 anos ( ) de 36 a

55 anos ( ) acima de 56 anos( )

Escolaridade 6 ( ) Ensino Médio/Técnico ( ) Graduação

( ) Especialização/MBA/ Residência ( ) Mestrado ( )

Doutorado

Estado Civil 7 Solteiro() Casado( ) Viúvo( ) Outros ( )

Renda familiar média 8 Abaixo de 1.000 reais( ) 1.000 a 2.000 reais( ) 2.000 a 3500 reais( ) 3.500 a 6.000 reais( ) 6.000 a

10.000 reais( ) Acima de 10.000 reais( )

Fonte: Elaborado pelo autor

O quadro 4 apresenta as escalas utilizadas para a medição de cada construto, bem como

os itens correspondentes no questionário. Os itens foram distribuídos de 1 a 26.

As escalas originais serão traduzidas para o português e ajustadas ao modelo proposto,

utilizando como base geral uma escala Likert de 5 pontos, aplicadas em todas as questões, com

47

exceção às questões demográficas e os referentes à atitude com relação ao uso do prontuário

eletrônico.

Quadro 4: Construtos e Escalas do questionário da pesquisa

Construtos Itens do Questionário Escalas de Medição

(INT) Intenção de Uso 1, 2 e 3 Venkatesh et al (2003)

(ATT) Atitude em Relação ao Uso 4, 5, 6 e 7 Venkatesh e Davis (2000)

(USE) Utilidade Percebida 8, 9, 10, 11, 12 e 13 Davis (1989)

(EASE) Facilidade de Uso Percebida 14, 15, 16, 17, 18 e 19 Davis (1989)

(RE) Resistência 20, 21, 22 e 23 Perez e Zwicker (2010)

(IE) Influência Externa 24, 25 e 26 Wood e Júnior (1995)

Fonte: Elaborado pelo autor

Durante a revisão da literatura foram identificadas diversas escalas, utilizadas para

investigar as mesmas variáveis utilizadas nesta pesquisa, no entanto, a escolha das escalas deste

estudo teve como prioridade a confiabilidade e validade das mesmas, fatores estes que foram

identificados e comprovados nos trabalhos analisados.

A confiabilidade das escalas utilizadas foi analisada com base no alfa de Cronbrach,

que é considerado um indicador consistente para análise da confiabilidade, muito embora não

haja um padrão absoluto, valores de alfa de Cronbach iguais ou superiores a 0,70 refletem uma

fidedignidade aceitável (NUNNALY; BERNSTEIN, 1994; HAIR et al, 2009). Tendo, portanto,

estas escalas apresentadas consistência interna (alfa de Cronbach) maior que 0,70, infere-se que

estas tenham sua confiabilidade comprovada.

O instrumento de pesquisa deste estudo (Apêndice C), formado com base nas escalas

apresentadas acima, possui um total de 26 itens e mais 08 itens referentes com questões

demográficas acrescentadas ao instrumento com intuito de caracterizar a amostra.

No apêndice A, segue a tabela com as escalas originais e a respectiva tradução, já no

apêndice B segue a adaptação das respectivas escalas para utilização no instrumento de pesquisa

e no apêndice C o questionário completo utilizado para realização da pesquisa.

48

3.2.1 Pré-Teste do instrumento de pesquisa

Foi realizado um pré-teste do questionário, com uma pequena amostra da população de

interesse, o objetivo foi avaliar a compreensão dos respondentes sobre questionário

apresentado.

Na aplicação do pré-teste foi solicitado aos respondentes que apontassem qualquer tipo

de questionamento, dúvidas ou mesmo incompreensão sobre qualquer parte do questionário,

seja nas questões demográficas, seja nas questões relativas à aceitação do sistema analisado.

O pré-teste foi realizado em novembro, teve a participação de 10 respondentes da

população de interesse. O resultado do pré-teste indicou que o questionário estava de fácil

compreensão para os respondentes, uma vez que eles não apresentaram dúvidas ou

questionamentos em relação às questões apresentadas. Sendo assim, não tendo nenhum ajuste

ou alteração a ser feita no questionário aplicado no pré-teste o mesmo foi utilizado como

instrumento para a pesquisa final.

3.2.2 Procedimentos de tradução e adaptação das escalas utilizadas

As escalas utilizadas neste estudo foram originalmente eleboradas na língua inglesa e

para serem utilizadas com os alunos brasileiros, era necessária a realização da tradução e

adaptação de cada umas das escalas para a lígua portuguesa.

3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Para Bradley (1999), um levantamento é tão representativo quanto são os sujeitos que o

respondem. Esse fato torna a seleção da amostra um fator essencial a qualquer pesquisa.

Para testar as hipóteses descritas, a amostragem empregada possui como característica:

a) Unidade amostral: Profissionais da área da saúde atuantes em Niterói;

b) População pesquisada: Profissionais da área de saúde atuantes no programa

médico de família em Niterói.

49

Existem inúmeras soluções para os problemas de amostragem. Esta pesquisa descreverá

somente os métodos por ela utilizados: amostragem por conveniência e bola-de-neve.

3.3.1 População

Lakatos e Marconi (2007) definem a população de uma pesquisa como sendo o

universo da pesquisa, universo este, composto por indivíduos que partilham de pelo menos uma

característica em comum.

Para representar a população pesquisa foi utilizada, a princípio, uma amostra composta

por profissionais de saúde nas unidades de atenção básica do município de Niterói, sendo o

acesso a esses sujeitos realizado por meio de contato direto com o pesquisador e por meio online

(e-mail e WhatsApp).

3.3.2 Amostra

Em relação à amostra, foi realizada uma amostragem não probabilística por

conveniência. Segundo Malhotra (2004) em amostragens não probabilísticas por conveniência

a seleção das unidades amostrais é deixada em grande parte a cargo do pesquisador, de modo

que os entrevistados escolhidos são escolhidos por estarem no lugar exato, no momento certo e

por serem capazes de fornecer as informações requeridas.

Assim, indo de encontro à concepção de Malhotra (2004), a amostra deste estudo foi

obtida junto a profissionais da área da saúde atuantes no Programa Médico de Família em

Niterói.

Foi enviado o questionário eletrônico para 42 unidades de saúde da Família de Niterói,

totalizando 680 profissionais e obtida uma amostra com 244 respondentes. As questões foram

marcadas como obrigatórias, portanto, a amostra final (sem dados ausentes) foi composta por

244 questionários válidos.

Vale ressaltar que a amostra de 244 respondentes torna-se ainda relevante, pois de

acordo com Hair et al (2009) não há, no uso SEM, um critério único para ditar o tamanho

amostral necessário.

50

3.4 COLETA DE DADOS DA PESQUISA

Os dados serão coletados por meio de questionários auto-administrados online. Os

questionários serão distribuídos por meio de e-mails (contendo o link do questionário) enviados

para lista de contatos do pesquisador e aplicativo de mensagens (WhatsApp).

3.4.1 Instrumento de coleta de dados – Questionário Online

O instrumento de coleta de dados pesquisa (Apêndice C) utilizado é composto por 34

itens divididos da seguinte forma: 1 item para identificar a origem dos dados, 6 para coletar

informações sociodemográficas, 1 para identificar o uso do sistema de Prontuário Eletrônico

do Paciente e 26 itens destinados à medição dos construtos. Das 26 questões de pesquisa, 19

itens são referentes ao modelo TAM original e 7 itens referentes às variáveis externas, que

foram adicionadas ao modelo TAM, constituindo assim, o modelo desta pesquisa. Uma

reprodução do questionário encontra-se no Apêndice C.

O questionário foi desenvolvido no Google Formulários (GoogleForms), que cria um

link na internet possível de ser enviado eletronicamente para todos os respondentes. O link é

gerado gratuitamente e o pesquisador recebe de volta o link com as respostas dos respondentes.

A estrutura do questionário será assim distribuída: no início será apresentado o tema da

pesquisa e as instruções do preenchimento do instrumento. Em seguida o questionário está

dividido em três partes, sendo a primeira referente aos sociodemográficos, a segunda parte

composta pelas questões inerentes à análise dos construtos referentes ao modelo proposto e

referentes à experiência, percepção e intenção de uso dos respondentes com sistemas de

informação em saúde.

3.4.2 Amostragem por Conveniência e Bola-de-Neve (Snowballing)

A amostragem por conveniência tem os sujeitos de pesquisa selecionados de acordo

com a conveniência do pesquisador, ou seja, por estarem disponíveis, próximos ou expressaram

o desejo de participar. Esse tipo produz menor variedade que a população de interesse, uma vez

que exclui quaisquer extremos que não estejam disponíveis (HAIR et al., 2013; BRADLEY,

1999). Esta característica foi observada na coleta em papel, com contato direto entre os sujeitos

e o pesquisador.

51

A amostragem por bola-de-neve é uma técnica não probabilística, cujos sujeitos

participantes recrutam outros sujeitos pertencentes a sua rede de contatos. O número de

conexões possíveis aumenta de acordo com o crescimento de participantes, ou seja, a amostra

cresce de forma similar a uma bola-de-neve (GOODMAN, 1961; MORGAN, 2008). Este foi

um aspecto observado na pesquisa online, com a colaboração de vários participantes, que

divulgaram a pesquisa em suas redes de contato por e-mail e em grupos de profissionais de

saúde de Niterói via WhatsApp e e-mail.

3.4.3 Eliminação dos Questionários

Foram eliminados questionários que não atendiam aos requisitos da pesquisa ou não

apresentavam os aspectos para consideração das respostas, tais como o preenchimento de todas

as questões de forma correta corretamente.

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

Os dados obtidos por meio da aplicação do instrumento de pesquisa foram transcritos

para uma base de dados para fins de processamento estatístico. As análises foram realizadas

com a utilização dos softwares Statistical Package for Social Sciences (SPSS - versão 22.0) e

AMOS (versão 20.0).

Como primeiro passo, foram analisados os dados demográficos para melhor

caracterização da representatividade da amostra, assim como para promover a limpeza de dados

errôneos ou ausentes.

Foi realizado o tratamento dos dados com o objetivo de detectar e eliminar erros de

entrada dos dados e valores ausentes que, por ventura, pudessem ter ocorrido. Posteriormente,

foi realizada uma análise dos dados por meio da utilização das informações contidas nos dados

preliminares, a fim de eliminar quaisquer respondentes que não se encaixassem no perfil

desejado tais como: Profissionais Médicos.

52

3.5.1 Validade e Confiabilidade

Para a estimação do modelo de mensuração e avaliação dos construtos presentes no

instrumento de pesquisa foi realizada uma análise fatorial confirmatória (CFA), tal análise foi

realizada para avaliar especificamente, a unidimensionalidade, validade e a confiabilidade dos

dados obtidos.

Segundo Hair et al (2009, p.470) a unidimensionalidade é a “característica de um

conjunto de indicadores que tem apenas um traço inerente ou conceito em comum”, ou seja, a

avaliação da unidimensionalidade permite verificar se os indicadores estabelecidos representam

de fato um único construto.

Já a validade do construto refere-se à precisão da mensuração, ou seja, é a validade de

construto que atesta o quanto uma escala de fato reflete o construto latente que ela se dispõe a

medir (HAIR et al, 2009).

A confiabilidade, por sua vez, é compreendida como o “grau em que um conjunto de

indicadores de construtos latentes é consistente em suas mensurações” (HAIR et al, 2009,

p.467; FERREIRA, 2010). A confiabilidade dos construtos, utilizados na pesquisa, foi avaliada

por meio do alfa de Cronbach e da confiabilidade composta. O alfa de Cronbach é coeficiente

responsável por indicar a confiabilidade de um questionário, de modo que valores do alfa de

Cronbach e da confiabilidade composta entre 0,7 e 0,8 são considerados bons (HAIR et al,

2009; FIELD,2009).

O exame das cargas fatoriais e da correlação entre os construtos, resultantes da CFA foi

o instrumento utilizado para avaliação da validade dos construtos.

Para análise da validade convergente, que compreende a capacidade com que a variável

latente correlaciona-se com os itens escolhidos para medir aquela variável latente, foi utilizado

à variância extraída média (Average Variance Extracted - AVE) que é uma medida

complementar do valor da confiabilidade do construto, alguns autores sugerem que a variância

extraída exceda 0,50 para um construto (HAIR et al ,2009).

A análise da validade discriminante examina se as variáveis observáveis de um

construto estão relacionadas a outros construtos, ou seja, é a avaliação do quanto um construto

é realmente distinto de outros construtos (HAIR et al, 2009).

Neste estudo, a análise da validade discriminante foi realizada através da análise das

cargas fatoriais de cada item. De acordo com Hair et al (2009) as cargas fatoriais maiores do

que 0,3 são consideradas significativas, maiores do que 0,4 são consideradas importantes e

maiores do que 0,5 podem ser consideradas muito significativas.

53

3.5.2 Análises Estatísticas

As hipóteses desta pesquisa foram testadas por meio da modelagem de equações

estruturais (SEM) e da utilização do software AMOS 20.0. A modelagem de equações

estruturais é uma técnica que testa, empiricamente, um conjunto de relacionamentos de

dependência, entre vários construtos, através de um modelo que operacionaliza a teoria, ou seja,

permite a avaliação conjunta dos efeitos de todos os construtos envolvidos no modelo proposto,

esta característica implicou diretamente, de forma positiva, na escolha da SEM como técnica a

ser utilizada neste estudo (HAIR et al, 2009; SILVA, 2006).

A estimação do modelo de equações estruturais adotou o método de estimação por

máxima verossimilhança (Maximum Likelihood - ML).

Segundo Hair et al (2009), a técnica de estimação por máxima probabilidade é

habitualmente empregada, quando do uso da SEM, os autores acrescentam ainda que estimação

por máxima probabilidade garante a produção de resultados confiáveis e similares aos de

estimações realizadas com o uso de outras técnicas, validando assim, sua utilização neste

estudo.

De acordo com Hair et al (2009), Kline (1998), Irondo et al (2003) e Kelloway (1998)

a condução da Modelagem de Equações Estruturais (SEM) requer que alguns estágios sejam

seguidos, tais estágios tem o propósito de garantir a validade dos resultados, uma vez que busca

especificar tanto o modelo estrutural quanto o de mensuração.

Não há na literatura um consenso sobre a quantidade exata de estágios a seguir de modo

que alguns autores defendem que sejam seguidos 05 estágios (KELLOWAY, 1998) outros, no

entanto, defendem que o ideal é que sejam seguidos 06 estágios (KLINE, 1998; IRONDO et al,

2003) e outros ainda sugerem 07 estágios (HAIR et al, 2009).

Mesmo ocorrendo uma distinção entre os estágios necessários para a condução da SEM,

percebe-se que os estágios, sugeridos pelos autores acima apresentam alguns pontos em

comum, no entanto, para fins deste estudo optou-se por adotar os sete estágios sugerido por

Hair et al (2009) por serem estágios mais detalhados e completos e também por serem o mais

utilizado nos diversos estudos encontrados na literatura.

Os estágios para condução da SEM, propostos por Hair et al (2009) incluem:

desenvolver um modelo teórico; construir um diagrama de caminhos; converter o diagrama de

caminhos; escolher o tipo de matriz de entrada de dados; avaliar a identificação do modelo;

54

avaliar as estimativas do modelo e a qualidade do ajuste e por fim a interpretação e modificação

do modelo.

Já para a avaliação do ajuste dos modelos de CFA e SEM foram analisados os índices

de ajuste propostos por Garver e Mentzer (1999) e Hair et al (2009), são eles: o Tucker-Lewis

Index (TLI ou NNFI), o Comparative Fit Index (CFI), o Root Mean Squared Approximation

Error (RMSEA) e a estatística qui-quadrada do modelo (juntamente com os graus de liberdade

associados).

De acordo com Ferreira (2010, p.103) “todos esses índices (com exceção da estatística

qui-quadrada) são de fácil interpretação por estarem em uma escala contínua de 0 a 1 e são

relativamente independentes de efeitos ligados ao tamanho da amostra. ”

Segundo Hair et al (2009), índices como o Goodness-of-Fit Index (GFI) e o Adjusted

Goodness-of-Fit Index (AGFI) vem sendo pouco utilizado, especificamente, por serem

sensíveis ao tamanho da amostra e à complexidade do modelo, sendo assim tais índices, não

serão apresentados neste estudo.

3.6 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

3.6.1 Limitações relacionadas ao critério de amostragem

Foram tomados diversos cuidados e aplicado um considerável rigor na construção do

modelo conceitual, na geração das hipóteses, na coleta e tratamento dos dados e na conceituação

e validação dos construtos e mesmo assim algumas ressalvas merecem ser mencionadas e,

portanto, cautela deve ser empregada na interpretação dos resultados.

Em primeiro lugar, deve ser mencionado que todo o modelo está sujeito a erros de

aproximação, erros de amostragem e erros de estimação (MacCALLUM; TUCKER, 1991;

MacCALLUM et al, 1994).

Segundo, o tamanho da amostra (244 casos) é considerado satisfatório e similar ao que

é usualmente encontrado em estudos na área, mas talvez relativamente pequeno para análise do

modelo. Um tamanho ainda maior seria recomendável para contornar problemas decorrentes

dos índices de ajuste do modelo.

Foram coletados dados de profissionais saúde de 42 unidades de saúde e em um único

município. Pode existir um viés de locus oriundo do fato de todos os respondentes estarem

inseridos na mesma cidade (Niterói) e no mesmo Programa de Medicina da Família.

55

Devido a um prazo rigoroso para a conclusão do estudo, o questionário só foi

disponibilizado por 6 (seis) semanas, entre os meses de novembro e dezembro de 2019,

influenciando o tamanho da amostra. Nesse período ocorreu um movimento de demissões por

conta de um concurso público que atingiram todas as unidades de atenção básica e todos os

profissionais da saúde que participariam de parte da pesquisa. Esse fato pode ter reduzido de

forma significativa o número de respondentes.

56

CAPÍTULO IV

4. MODELAGEM E ANÁLISE DE DADOS

Neste capítulo será apresentada a caracterização da amostra obtida, o processo de análise

dos dados, respeitando os estágios da análise da Modelagem de Equações Estruturais sugeridos

por Hair et al (2009), o teste das hipóteses e os resultados da pesquisa.

A análise dos dados utilizou técnicas estatísticas multivariadas com a utilização de

software estatístico SPSS. A princípio, os dados obtidos pela aplicação dos questionários foram

tratados e analisados com o Excel e SPSS. Já para o teste das hipóteses, o estudo foi realizado

por meio de SEM, utilizando o software AMOS. Segundo Bagozzi e Philip (1982), o uso de

equações estruturais é adequado às questões levantadas neste trabalho, bem como, às

realizações dos testes das hipóteses apresentadas, uma vez que permite estimar as relações entre

múltiplas variáveis, dependentes e independentes.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Conforme foi apresentado no capítulo três, esta pesquisa obteve uma amostra de 244

respondentes.

A análise feita nos 244 questionários permitiu identificar que deste total 215 são da

categoria não-médicos (88%) e 29 são médicos (as) (12%). E também que no que diz respeito

a experiência com uso de sistema de Prontuário Eletrônico, 98% dos respondentes informaram

que SIM (240) e 2% informaram que NÃO (4).

As questões demográficas, contidas no questionário permitiu identificar que deste total,

79 dos respondentes eram do sexo masculino (32%) e 165 (68%) do sexo feminino. Em relação

à idade do público pesquisado identificou que 10 tinham idade de 18 a 25 anos (4%), 65 tinham

idade de 26 a 35 anos (27%), 136 tinham idade de 36 a 55 anos (56%) e 33 tinha acima de 56

anos (14%). Tais dados revelam que a amostra é composta basicamente por adultos.

Também foram identificadas, nas informações contidas no questionário, que a amostra

é constituída de adultos cujo estado civil é 23% solteiro (56), 60,7% casado (148), 0,4% viúvo

(1) e 16% outros (39).

57

Em relação ao quesito escolaridade identificou-se que 24% dos respondentes possuíam

Ensino Médio/Técnico (59), 20% possuíam apenas a graduação (50), 36% possuíam

Especialização/MBA ou Residência (88), 18% possuíam o título de Mestrado (45) e 1%

possuíam o Doutorado (2).

Em relação ao quesito renda familiar identificou-se que 11% possuíam renda de 1.000

a 2.000 reais (28), 15% possuíam renda de 2.000 a 3.500 reais (37), 36% possuíam renda de

3.500 a 6.000 reais (87), 28% possuíam renda familiar de 6.000 a 10.000 reais (69) e 9%

possuíam renda familiar a cima de 10.000 reais (23).

Os dados referentes à análise demográfica realizada na amostra final podem ser

visualizados na tabela 1, onde é feita uma apresentação dos dados por meio de algumas

estatísticas descritivas.

Tabela 1: Dados Demográficos da Amostra

Característica Porcentagem de Todos os Respondentes (n)

Categoria Profissional

Médico (a) 12% (n= 29)

Demais Categorias (Não Médico) 88% (n = 116)

Experiência no uso de sistema de Prontuário

Não 2% (n= 4)

Sim 98% (n = 240)

Sexo

Masculino 32% (n = 79)

Feminino 68% (n = 165)

Estado Civil

Solteiro 23% (n = 56)

Casado 60,7% (n = 148)

Viúvo 0,4% (n = 1)

Outros 16% (n = 39)

Idade

18 - 25 19,6% (n = 52)

26 - 35 40,9% (n = 113)

36 - 55 20,9% (n = 94)

≥56 18,6% (n = 1)

Escolaridade

Ensino Médio/Técnico 24% (n = 59)

Graduação 20% (n = 50)

Especialização/MBA / Residência 36% (n = 88)

Mestrado 18% (n = 45)

Doutorado 1% (n = 2)

Renda Familiar Média

Abaixo de 1.000 reais 0% (n = 0)

1.000 a 2.000 reais 11% (n = 28)

2.000 a 3.500 reais 15% (n = 37)

3.500 a 6.000 reais 36% (n = 87)

6.000 a 10.000 reais 28% (n = 69)

Acima de 10.000 reais 9% (n = 23)

Fonte: Elaboração própria

58

4.2 ANÁLISES E RESULTADOS

Conforme descrito no capítulo 3, optou-se para fins deste estudo seguir os sete estágios,

propostos por Hair et al (2009) para condução da SEM. Assim, a seguir serão apresentados os

próximos 5 estágios da condição da SEM, visto que os estágios 1 e 2 (Desenvolver um modelo

teórico e construir um diagrama de caminhos) já foram cumpridos e apresentados nos capítulos

anteriores.

4.2.1 Conversão do diagrama de caminhos em modelo de mensuração e modelo

estrutural

O terceiro estágio proposto por Hair et al (2009) para condução da SEM refere-se a

conversão do diagrama de caminhos em modelo de mensuração e em modelo estrutural. Este

estágio consiste na formalização do modelo teórico, por meio do conjunto de equações

propostas para a definição dos relacionamentos entre os construtos que compõem o modelo.

Sendo assim, a construção do modelo de mensuração tem o objetivo de especificar os

construtos a serem mensurados e suas variáveis relacionadas, enquanto o modelo de estrutural

permite a representação do diagrama de caminhos no conjunto de equações estruturais, que

representam as relações entre variáveis e construtos, definidas a partir do modelo de

mensuração (CARVALHO et al 2006).

4.2.1.1 Avaliação do Modelo de Mensuração

Segundo Ferreira (2010) o modelo de mensuração pode ser definido como a

compreensão das relações entre as variáveis observadas e os construtos latentes não observados,

permitindo a avaliação de quanto cada item medido se relaciona com cada fator em particular.

O pesquisador por meio da análise confirmará se a associação, determinada por ele, entre

variáveis e construtos, possui de fato uma associação, uma confiabilidade (HAIR et al, 2009).

Para testar a testar a validade, unidimensionalidade e confiabilidade das escalas

utilizadas no modelo de mensuração, deste estudo, foi realizada uma análise fatorial

confirmatória (CFA).

59

De acordo com Hair et al (2009) o pesquisador é defrontado com a questão sobre quais

medidas de ajuste de qualidade escolher, uma vez que nenhuma medida em especial ou conjunto

delas surge como único método necessário. Assim, para avaliar o modelo de mensuração

proposto, foram utilizados diversos índices de ajuste, tanto incrementais quanto absolutos, tais

indicadores são os mais utilizados, nos estudos com aplicação de SEM, para avaliação dos

modelos de mensuração e estrutural.

A tabela 2 apresenta os índices de ajuste do modelo de mensuração.

Tabela 2: Índices de Ajuste do Modelo de Mensuração Inicial

Índice de

Ajuste

Modelo

Mensuração - Inicial

Valor Sugerido pela

Literatura

χ2/d.f. 2,33 ≤ 3

CFI 0,90 ≥ 0,90

TLI 0,89 ≥ 0,90

IFI 0,90 ≥ 0,90

RMSEA 0,07 ≤0,08

SRMR 0,07 ≤0,08

Fonte: Elaboração própria

Podemos observar que o modelo de mensuração apresentou bons índices, com exceção

do índice TLI, que ficou um pouco abaixo do valor sugerido pela literatura, dessa forma alguns

ajustes foram realizados para identificação de um modelo ainda mais robusto.

Após análise da matriz de confiabilidade e correlações padronizadas dos indicadores da

CFA, observou-se que alguns itens estavam contribuindo para o ajuste fraco do modelo. A partir

desta análise, o modelo foi ajustado e refinado com a eliminação de itens de algumas escalas,

no intuito de obter um melhor ajuste do modelo. Além disso através dos índices de modificações

sugeridos pela CFA (Hair, 2009), foram estabelecidas algumas correlações dos erros amostrais

de alguns indicadores, afim de melhorar o ajuste.

Assim, após os ajustes para refinar o modelo, restaram 24 indicadores no modelo de

mensuração final. Do total de 26 itens, iniciais, que formavam as escalas utilizadas no estudo

02 itens foram eliminados, sendo o item INT3 da escala Intensão de uso, e o item RE4 da escala

Resistência.

60

Deste modo, ficou o modelo de mensuração final, com 24 indicadores, e apresentou

ótimos índices de ajuste, como apresentado na tabela 3:

Tabela 3: Índices de Ajuste Modelo de Mensuração após Ajustes

Índice de

Ajuste

Modelo

Mensuração após Ajustes

Valor Sugerido pela

Literatura

χ2/d.f. 2,034 ≤ 3

CFI 0,935 ≥ 0,90

TLI 0,925 ≥ 0,90

IFI 0,935 ≥ 0,90

RMSEA 0,065 ≤0,08

SRMR 0,068 ≤0,08

Fonte: Elaboração própria

De acordo com esses índices, se pode considerar o modelo ainda mais adequado, pois

atingiu todos os valores sugeridos pela literatura, permitindo assim a validação do modelo

(HAIR et al, 2009; SILVA, 2006).

4.2.1.2 Validade e Confiabilidade dos Construtos

Segundo Pasquali (2003, p. 158) a “validade diz respeito ao aspecto da medida ser

congruente com a propriedade medida dos objetos, e não com a exatidão com que a mensuração

é feita”.

Hair Jr. et al (2009) afirmam que o processo de analisar a validade de um construto

depende, dentre outros fatores, das variáveis a validar, dos objetivos do instrumento de medida

e da população a ser submetida. Ainda de acordo com os autores a validade do construto, pode

ser compreendida como um instrumento capaz de avaliar se a escala está medindo, de fato, o

que se propõe a medir.

Ainda de acordo com Hair et al (2009) a validade de um construto é constituída de

quatro componentes, são eles: a validade convergente, a validade discriminante, a validade de

face e a validade nomológica.

A validade de face refere-se à avaliação subjetiva, porém, sistemática, da

representatividade do conteúdo de uma ou mais escalas utilizadas para a mensuração dos

construtos em estudo (MALHOTRA, 2004). Todas as escalas utilizadas atenderam a validade

61

de face, uma vez que foram escolhidas com base na literatura, traduzidas de forma criteriosa,

mantendo a legitimidade do texto e além destes procedimentos foram também avaliadas por

pesquisadores experientes na área e testadas com uma pequena amostra da polução de interesse.

A validade nomológica verifica se as relações, as correlações e o sentido entre os

construtos presentes são significativos e condizentes com as teorias e conceitos apresentados

(HAIR et al, 2009). De acordo com Ferreira (2010) a validade nomológica pode ser analisada

por meio da avaliação da matriz de correlação entre construtos, verificando se os construtos se

relacionam entre si de acordo com o previsto pela teoria.

A tabela 4 apresenta a matriz de correlação entre todos os construtos deste estudo.

Tabela 4: Matriz de Correlação entre Construtos

Constructos RE IE EASE USE ATT INT

RE 1,00 - - - - -

IE 0,02 1,00 - - - -

EASE -0,03 <0,01 1,00 - - -

USE -0,02 0,09 0,55 1,00 - -

ATT -0,02 0,06 0,55 0,75 1,00 -

INT -0,01 0,05 0,42 0,58 0,77 1,00 Fonte: Elaboração própria

As siglas utilizadas referem-se respectivamente aos seguintes construtos:

• INT – Intenção de Uso;

• ATT – Atitude em Relação ao Uso;

• USE – Utilidade Percebida;

• EASE – Facilidade de Uso Percebida;

• RE – Resistência e

• IE – Influência Externa.

Quase todas as correlações apresentadas na tabela 3 foram significativas, com exceção

as correlações com os constructos RE e IE, indicando que talvez esses constructos estejam com

dificuldades na validade nomológica.

Para análise da consistência interna e a confiabilidade das escalas utilizadas na pesquisa

foram calculados os coeficientes de alfa de Cronbach, conforme listado na tabela 5 que

apresenta os coeficientes, apenas, dos itens presentes no modelo de mensuração final, bem

como as confiabilidades compostas para cada construto.

62

De acordo com Hair et al (2009) coeficientes de alfa de Cronbach é uma medida

comumente usada de confiabilidade para um conjunto de dois ou mais indicadores de construto.

Ainda de acordo com os autores, coeficientes alfa maiores do que 0,8 são considerados bons,

enquanto coeficientes entre 0,7 e 0,8 são considerados aceitáveis.

Todas as escalas utilizadas neste estudo atendem os níveis mínimos recomendados pela

literatura como demonstrado na tabela 5. Ainda de acordo com Hair et al (2009) os valores

indicativos da confiabilidade composta sinalizam a consistência interna dos indicadores que

compõem o construto, sendo os valores até 0,70 considerados mínimos aceitáveis.

Bagozzi e Phillips (1982) definem a validade convergente como a capacidade de

verificar a capacidade da variável latente em correlacionar-se com os itens utilizados, ou

escolhidos, para medir a variável latente em questão, enquanto que, a validade discriminante

está relacionada com a comparação das correlações entre os construtos de um modelo proposto

com um modelo teórico.

Neste estudo para análise da validade convergente foi calculada a variância extraída

média para cada construto (Average Variance Extracted - AVE). De acordo com Ferreira (2010)

valores entre 0,50 e 0,89 (acima do nível recomendado de 0,50) são considerados aceitáveis

para confirmação da validade convergente, os resultados obtidos neste estudo estão sintetizados

na tabela 5.

Tabela 5: Confiabilidade, Confiabilidade Composta e Variância Extraída Média

Escalas Confiabilidade

(α)

Confiabilidade

Composta (CC)

Variância Média

Extraída (VME)

RE 0,72 0,77 0,54

IE 0,87 0,87 0,70

EASE 0,89 0,89 0,58

USE 0,92 0,92 0,66

ATT 0,90 0,92 0,73

INT 0,70 0,72 0,57 Fonte: Elaboração própria

As cargas fatoriais padronizadas para cada variável observada e para cada variável

latente foram analisadas, bem como suas respectivas significâncias.

63

Validade convergente e unidimensionalidade de acordo com Ferreira (2010) indicam

quanto maiores forem as cargas fatoriais mais fortes são as evidências de que as variáveis

medidas representam os construtos subjacentes aos quais estão associadas.

A tabela 6 apresenta as cargas fatoriais padronizadas e a sua significância para cada

indicador do modelo de mensuração estimado neste estudo.

Tabela 6: Cargas Fatoriais Padronizadas

Constructo/Item Carga fatorial

padronizada Valor p

IE - Influência Externa

IE1 0,78 -

IE2 0,92 <0,01

IE3 0,79 <0,01

RE - Resistência

RE1 0,42 -

RE2 0,83 <0,01

RE3 0,87 <0,01

USE - Utilidade percebida

USE1 0,71 -

USE2 0,90 <0,01

USE3 0,89 <0,01

USE4 0,87 <0,01

USE5 0,74 <0,01

USE6 0,76 <0,01

EASE - Facilidade de uso percebido

EASE1 0,72 -

EASE2 0,74 <0,01

EASE3 0,86 <0,01

EASE4 0,75 <0,01

EASE5 0,76 <0,01

EASE6 0,74 <0,01

ATT - Atitude em relação ao uso

ATT1 0,91 -

ATT2 0,86 <0,01

ATT3 0,85 <0,01

ATT4 0,80 <0,01

INT - Intenção de uso

INT1 0,73 -

INT2 0,78 <0,01 Fonte: Elaboração própria

64

Os dados apresentados na tabela 7 revelam que a maioria das cargas estimadas é superior

ao valor 0,70, sendo assim adequadas estatisticamente e significativas conforme sugerido pela

literatura. Mesmo tendo alguns parâmetros apresentados valores inferiores a 0,70 ainda assim

as cargas estimadas são significativas e apresentam magnitude razoável, garantindo assim a

unidimensionalidade e a validade convergente dos construtos.

A validade discriminante é um exame que demonstra se as variáveis observáveis de um

construto estão relacionadas a outros construtos (HAIR et al, 2009). Assim de acordo com

Fornell e Larcker (1981 apud Ferreira, 2010) para se identificar a validade discriminante de um

construto, basta fazer a comparação da variância extraída média (AVE) de cada construto com

a variância compartilhada (o quadrado do coeficiente de correlação) entre todos os pares de

construtos.

“A validade discriminante é verificada quando todos os construtos apresentam

variâncias extraídas maiores do que as respectivas variâncias compartilhadas” (FERREIRA,

2010, p. 115).

A tabela 7 apresenta a matriz para análise da validade discriminante dos construtos deste

estudo, de modo que na diagonal principal contém a AVE para cada construto e nas demais

células o quadrado dos coeficientes de correlação entre cada par de construtos.

Tabela 7: Matriz de Análise de Validade Discriminante

Escalas RE IE EASE USE ATT INT

RE 0,54 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01

IE <0,01 0,70 <0,01 0,01 <0,01 <0,01

EASE <0,01 <0,01 0,58 0,30 0,31 0,18

USE <0,01 0,01 0,30 0,66 0,57 0,33

ATT <0,01 <0,01 0,31 0,57 0,73 0,59

INT <0,01 <0,01 0,18 0,33 0,59 0,57

Fonte: Elaboração própria

A análise da matriz de validade discriminante revela que todos os construtos com

exceção apenas da relação entre a Atitude em relação ao uso (ATT) e Intensão de uso (INT)

não apresentam uma validade discriminante, pois o valor VME do constructo INT é um pouco

menor que a variância compartilhada com ATT.

Após análise dos resultados apresentados na análise fatorial confirmatória, infere-se que

o modelo de mensuração proposto atende os requisitos necessários para sua validação, sendo,

possível, portanto, realizar a investigação das relações entre os construtos latentes por meio do

modelo estrutural.

65

4.2.2 Escolha do Tipo de Matriz de Entrada e Estimação do Modelo Proposto

A escolha do tipo de matriz de entrada e estimação do modelo proposto corresponde ao

quarto estágio da SEM, proposto por Hair et al (2009). Neste estágio se mantém as mesmas

equações do modelo, apenas é feita a escolha do tipo de estimação do modelo que pode ser

padronizada (matriz de correlação) ou por unidade original (matriz de covariância).

Neste estudo, optou-se por utilizar a matriz de correlação, por oferecer a possibilidade

de serem feitas comparações diretas dos coeficientes dentro do modelo pelo fato de estar

padronizada (SILVA, 2006).

4.2.2.1 Análise do Modelo Estrutural

O modelo proposto e as hipóteses desta pesquisa foram testadas por meio da técnica de

modelagem de equações estruturais (SEM) com a utilização do software AMOS 20. Desta

forma o modelo estrutural foi analisado após as modificações propostas para o modelo de

mensuração inicial, utilizando, portanto, os indicadores e construtos presentes no modelo de

mensuração final exposto anteriormente.

4.2.2.2 Normalidade dos Dados

De acordo com Ferreira (2010) para a elaboração de modelos de equações estruturais

por meio de estimação por Máxima Verossimilhança (ML) uma premissa importante deve ser

levada em consideração que é em relação necessidade dos dados apresentem uma distribuição

multivariada normal.

4.2.2.3 Ajuste do Modelo Proposto

O modelo proposto, não teve alteração em sua estrutura, apenas foram feitos ajustes em

suas escalas, no intuito de se obter um modelo mais robusto:

Figura 4: Modelo Estrutural

Fonte: Adaptado de Davis (1989)

Intenção

comportamental de

uso H5

H6 H3

H4

H2

Utilidade

percebida

Facilidade de uso

percebida

Atitude em

relação ao uso

Influência Externa

Resistência

H1

66

O modelo estrutural obedeceu ao mesmo critério de análise do modelo de mensuração

como pode ser visualizado na tabela 8.

Tabela 8: Índices de Ajuste Modelo Estrutural

Índice de

Ajuste

Modelo

Estrutural

Valor Sugerido pela

Literatura

χ2/d.f. 2,03 ≤ 3

CFI 0,94 ≥ 0,90

TLI 0,94 ≥ 0,90

IFI 0,93 ≥ 0,90

RMSEA 0,07 ≤0,08

SRMR 0,07 ≤0,08

Fonte: Elaboração própria

A razão do χ2/g.l. foi estatisticamente satisfatória estando seu valor abaixo de 3, e os

valores de ajuste incrementais atenderam os valores propostos pela literatura. De acordo com

Carvalho et al (2006) e Hair et al (2009) os índices CFI, TLI e IFI, índices de ajustes

incrementais, valores acima de 0,90 são considerados valores aceitáveis.

Em relação aos índices de ajuste absoluto (RMSEA e SRMR) os resultados obtidos na

pesquisa também foram satisfatórios, uma vez que os valores aceitáveis devem variar de 0,05

a 0,08. Portanto, conclui-se que o modelo proposto é ideal.

4.2.3 Teste das Hipóteses

Tabela 9: Teste das Hipóteses

Relação Proposta Coeficiente

Padronizado p-value Hipótese Verificada

H1: ATT INT 0,77 <0,01 Sim

H2: EASE ATT 0,20 <0,01 Sim

H3: USE ATT 0,64 <0,01 Sim

H4: EASE USE 0,55 <0,01 Sim

H5: RE EASE -0,03 0,68 Não

H6: IE USE 0,09 0,12 Não

Fonte: Elaboração própria

Os resultados do teste das hipóteses apresentaram um suporte empírico para 4 das 6

hipóteses formuladas para esta pesquisa, dessas todas as relações foram significativas a um

nível de 0,01 de significância.

67

4.3 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados obtidos revelam que o modelo proposto apresentou bom ajuste, mas não

conseguiu fornecer evidências da relação entre as variáveis externas – Influência Externa e a

Resistência – com a intenção de uso do prontuário eletrônico sob o ponto de vista dos usuários,

no caso os profissionais de saúde, pois as mesmas não tiveram relações significativas com a

utilidade e facilidade de uso percebidas, respectivamente. O quadro 5 resume os resultados

encontrados.

Quadro 5: Verificação das Hipóteses

Hipótese de Pesquisa Hipótese

Verificada

H1: A Atitude em Relação ao Uso (ATT) influencia diretamente de, forma

positiva, a Intenção de Uso (INT) parte do profissional em saúde, na utilização do

Prontuário Eletrônico;

Sim

H2: A Facilidade de Uso Percebida (EASE) influencia diretamente de forma

positiva a Atitude em Relação ao Uso (ATT) por parte do profissional em saúde,

na utilização do Prontuário Eletrônico;

Sim

H3: A Utilidade Percebida (USE) influencia diretamente, de forma positiva, a

Atitude em Relação ao Uso (ATT) por parte do profissional em saúde, na utilização

do Prontuário Eletrônico;

Sim

H4: O construto Facilidade de Uso Percebida (EASE) influencia diretamente, de

forma positiva, o construto Utilidade Percebida (USE) por parte do profissional em

saúde, na utilização do Prontuário Eletrônico;

Sim

H5: A Resistência (RE) influencia diretamente, de forma negativa, a Facilidade de

Uso Percebida (EASE), por parte do profissional em saúde, na utilização do

Prontuário Eletrônico;

Não

H6: Influência Externa (IE) influencia diretamente, de forma positiva, Utilidade

Percebida (USE), por parte do profissional em saúde, na utilização do Prontuário

Eletrônico.

Não

Fonte: Elaboração própria

Após realizado o ajuste do modelo e constatado a boa qualidade do mesmo, é possível

verificar se as hipóteses de pesquisa foram ou não atendidas.

68

Os resultados do estudo comprovam um bom ajuste do modelo utilizado, dessa forma,

podemos afirmar que o modelo proposto é adequado para avaliar a intenção de uso do

prontuário eletrônico por parte dos profissionais de saúde.

As hipóteses testadas oferecem uma boa interpretação sobre quais fatores podem

influenciar a intenção de uso do prontuário eletrônico, bem como a forma como se dá tal

influência. Adiante é discutido os resultados encontrados.

A hipótese 1 (H1) estabelece que “A Atitude em Relação ao Uso (ATT) influencia

diretamente, de forma positiva, a Intenção de Uso (INT) por parte do profissional em saúde, na

utilização do Prontuário Eletrônico”. Esta hipótese foi confirmada e a influência identificada

não só é significativa (valor p < 0,01), como também forte (coeficiente padronizado de 0,77).

Esse resultado aponta que a atitude em relação ao uso é um importante influenciador na intenção

de uso do prontuário eletrônico e está em acordo com os resultados obtidos nos diversos estudos

sobre aceitação do prontuário encontrados na literatura (MARTINS; KELLERMANNS, 2004;

PEREZ; ZWICKER, 2010).

A hipótese 2 (H2) afirma que “A Facilidade de Uso Percebida (EASE) influencia

diretamente de forma positiva a Atitude em Relação ao Uso (ATT) por parte do profissional em

saúde, na utilização do Prontuário Eletrônico”, o que também foi confirmado, sendo essa

influência positiva, e condizentes com os resultados identificados em pesquisas anteriores

(MARTINS; KELLERMANNS, 2004; VARELA; TOVAR; CHAPARRO, 2010; PEREZ;

ZWICKER, 2010; MUYLDER et al.,2016).

Outra relação suportada foi da utilidade percebida sobre a atitude em relação ao uso,

Hipótese 3 (H3), assim como nos estudos (MARTINS; KELLERMANNS, 2004; VARELA;

TOVAR; CHAPARRO, 2010; PEREZ; ZWICKER, 2010; MUYLDER et al.,2016),

apresentando um efeito positivo direto, considerável, com coeficiente padronizado de 0,64, ou

seja, quanto maior for a percepção identificada da utilidade do prontuário eletrônico por parte

dos profissionais, mais positiva será sua atitude em relação ao uso desse sistema.

Quanto ao impacto da Facilidade de uso percebida (EASE) sobre a Utilidade percebida

(USE), Hipótese 4 (H4), temos que o impacto é positivo, de forma que, quanto maior a

percepção de facilidade do uso do prontuário eletrônico maior a percepção de utilidade do

sistema, o que novamente vai de encontro às relações verificadas (DAVIS; BAGOZZI;

WARSHAW, 1989; FARIAS, 2010).

69

A hipótese 5 (H5) afirma que “A Resistência (RE) influencia diretamente, de forma

negativa, a Facilidade de Uso Percebida (EASE), por parte do profissional em saúde, na

utilização do Prontuário Eletrônico”, o que não foi confirmado nesta pesquisa, visto que a carga

padronizada não é estatisticamente diferente de zero, indicando a não relação, nem positiva nem

negativa, entre esses constructos, diferentemente do encontrado pelo Perez e Zwicker (2010),

que diz que caso a inovação seja rejeitada, ocorre o inverso da adoção, ou seja, a rejeição ocorre

quando há a decisão pela não adoção.

Também não foi suportada a relação entre a influência externa e a utilidade percebida,

Hipótese 6 (H6) sendo este resultado diferente do explicado (WOOD; JÚNIOR, 1995), que incita

que existe relação, de forma que a influência externa impacta positivamente na utilidade que é

percebida.

70

CAPÍTULO V

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este capítulo tem o objetivo de apresentar as contribuições deste estudo, suas limitações

e sugerir propostas para novas pesquisas.

5.1 CONCLUSÕES

A questão de pesquisa desse estudo foi avaliar quais variáveis afetam e contribuem

para a intenção de uso dos profissionais de saúde a adotarem o Prontuário Eletrônico como

ferramenta de trabalho no ambiente profissional das unidades de atenção básica de Niterói. O

uso da técnica de modelagem de equações estruturais – SEM para validação das escalas e

hipóteses deste estudo, permitiu a verificação dos objetivos estudados.

Entender o comportamento deste tipo profissional é relevante para as empresas e

instituições de saúde, que têm como objetivo conquistar a confiança dos profissionais e se

manterem atualizadas dentro do contexto hospitalar e melhorias no processo de trabalho e

qualidade das informações. Portanto, os estudos relacionados à intenção do uso de sistemas de

informações em saúde são de interesse das empresas de saúde e instituições públicas em saúde,

pois os mesmos estão relacionados com a intenção de uso dos profissionais.

De acordo com os resultados obtidos, a Influência Externa (IE) e a Resistência (RE)

não são constructos que influenciam na utilidade e facilidade de uso do Prontuário Eletrônico

por parte dos profissionais. No entanto, a própria facilidade de uso percebida causa impacto

significativo positivo sobre a utilidade percebida pelos profissionais.

Já a utilidade e a facilidade de uso percebidas causam impacto positivo direto sobre a

atitude em relação ao uso do prontuário eletrônico, atitude esta que por sua vez relaciona-se

diretamente com a intenção de uso do prontuário eletrônico, de forma positiva.

Apesar do modelo estrutural ter atendido, em maior parte, os indicadores de robustez,

infere-se que a maioria das hipóteses da pesquisa foram confirmadas, 4 de 6, sustentando as

relações propostas com base na literatura.

71

A contribuição deste estudo ofertada às intuições de saúde que utilizam Prontuário

Eletrônico do Paciente em seus processos de trabalho e rotina pauta-se basicamente, de acordo

com os resultados obtidos, na percepção identificada de que estas instituições devem oferecer

aos profissionais de saúde ferramentas úteis, de modo que as vantagens ofertadas por essa

ferramenta possam de fato atender as necessidades do profissional, bem como incrementar as

habilidades do mesmo.

No que tange o contexto acadêmico este estudo oferece uma proposta de extensão do

modelo TAM com análise feita por meio de uma técnica pouco explorada, mas repleta de

potencialidades.

Concluindo, pode-se afirmar que os profissionais das unidades de atenção básica de

Niterói tendem a ter uma intenção positiva de uso do prontuário eletrônico, e que quanto maior

a facilidade e utilidade ofertadas pelo prontuário eletrônico, maior será a atitude em relação ao

uso, o que influi na intenção de uso por parte dos profissionais.

5.2 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

O presente estudo poderá apresentar um viés de locus tendo em vista o fato que a maioria

dos respondentes trabalhem no Rio de Janeiro, na cidade de Niterói. De forma complementar,

a amostragem por snowballing pode gerar viesses de comunidade e base, pois pode seguir uma

tendência comportamental presente na rede de relacionamento acessada e, portanto, não é capaz

de cobrir adequadamente a população desejada.

Apesar da amostra de 244 respondentes ser compatível com o modelo de validade de

dados utilizado neste estudo, dado o número de indicadores presentes no modelo proposto, uma

amostra consideravelmente maior seria recomendável para amenizar problemas presentes nos

dados.

5.3 RECOMENDAÇÕES

Entende-se que a maior limitação deste estudo deriva de o fato da metodologia aplicada

ser relativamente nova e pouco abordada, sobretudo em relação a estudos relacionadas à área

da Administração. Assim algumas limitações foram encontradas neste estudo principalmente

por falta de material sobre o assunto e aplicações na área, neste sentido sugere-se como proposta

72

para estudos futuros uma investigação mais profunda de aplicação da SEM em estudos voltados

para Administração, sobretudo com enfoque na área de estratégia organizacional.

Sugere-se também que para trabalhos futuros sejam feitas comparações entre

instituições distintas, no intuito de se verificar se ocorrem variações nos resultados.

Outra sugestão seria a de se fazer uma investigação comparativa entre categorias

profissionais no âmbito da saúde – médico é não-médicos- e idade no intuito de se verificar se

ocorrem mudanças em relação a cada perfil de respondente.

73

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ZALTMAN, G.; DUNCAN, R. Strategies for planned change. New York: John Willey and

Sons, 1977.

84

APÊNDICE A: ESCALAS ORIGINAIS

CONSTRUTOS QUESTÕES REFERÊNCIAS

Intention to use

Assuming I have access to the Electronic Record system, I intend to

use it.

Since I have access to the Electronic Record system, I assume I will

use it.

I plan to use the Electronic Record in my work in the near future.

Venkatesh et al

(2003)

Attitude toward

using technology

Using the system is a bad/good idea.

Using the system is a foolish/wise idea.

I dislike/like the idea of using the system.

Using the system is unpleasant/pleasant.

Venkatesh and

Davis (2000)

Perceived

usefulness

Using CHART-MASTER in my job would enable me to accomplish

tasks more quickly.

Using CHART-MASTER would improve my job pertormance.

Using CHART-MASTER in my job would increase my productivity.

Using CHART-MASTER would enhance my effectiveness on health

facility.

Using CHART-MASTER would make it easier to do my health

facility.

I would find CHART-MASTER useful in my health facility.

Davis (1989)

Perceived ease of

use

Learning to operate CHART-MASTER would be easy for me.

I would find it easy to get CHART-MASTER to do what I want it to

do.

My interaction with CHART-MASTER would be clear and

understandable.

I would find CHART-MASTER to be flexible to interact with.

It would be easy for me to become skillful at using CHART-

MASTER.

I would find CHART-MASTER easy to use

Davis (1989)

Resistance I don't want Electronic Records to change the way I work.

I don't want E-Records to change the way I interact with patients.

I don't want Electronic Records to change the way I make decisions

in my work.

I don't want E-Records to change the way I share documents in my

work.

Perez and

Zwicker (2010)

External

Influence

My managers encourage me to use the Electronic Record.

Other professionals in my unit encourage me to use the Electronic

Record.

Coworkers have already told me well about the Electronic Record.

Wood and Júnior

(1995)

85

APÊNDICE B: ESCALAS ADAPTADAS PARA PESQUISA

CONSTRUTOS ITENS Nº DE

ITENS

Intenção de Uso

(INT)

INT1 - Supondo que eu tenha acesso ao sistema de Prontuário Eletrônico, eu

pretendo usá-lo.

INT2 - Dado que eu tenha acesso ao sistema de Prontuário Eletrônico, eu presumo

que irei usá-lo.

INT3 - Eu pretendo usar o Prontuário Eletrônico no meu trabalho no futuro

próximo.

03

Atitude em

Relação ao Uso

(ATT)

ATT1 - Utilizar o sistema é uma idéia boa.

ATT2 - Utilizar o sistema é uma idéia sábia.

ATT3 - Eu gosto da idéia de usar o sistema.

ATT4 - Utilizar o sistema é agradável.

04

Utilidade

Percebida (USE)

USE1 - Utilizar o sistema na minha unidade de saúde me permite realizar tarefas

mais rapidamente.

USE2 - Utilizar o sistema melhora meu desempenho na minha unidade que trabalho.

USE3 - Utilizar o sistema na minha unidade aumenta minha produtividade.

USE4 - Utilizar o sistema realça minha eficácia no meu trabalho.

USE5 - Utilizar o sistema torna mais fácil a realização do meu trabalho na minha

unidade de saúde.

USE6 - Eu acho o sistema útil na minha unidade de saúde.

06

Facilidade de Uso

Percebida

(EASE)

EASE1 - Aprender a operar o sistema seria fácil para mim.

EASE2 - Eu acharia fácil levar o sistema a fazer o que eu quero que ele faça.

EASE3 - Minha interação com o sistema seria clara e fácil de compreender.

EASE4 - Eu acharia o sistema flexível para se interagir.

EASE5 - É fácil tornar-me habilidoso ao utilizar o sistema de Prontuário

Eletrônico.

EASE6 - Eu acho o Sistema de Prontuário Eletrônico fácil de utilizar.

06

Resistência (RE)

RE1 - Eu não quero que o Prontuário Eletrônico mude a forma como eu trabalho.

RE2 - Eu não quero que o Prontuário Eletrônico mude a forma como eu interajo

com os pacientes.

RE3 - Eu não quero que o Prontuário Eletrônico mude a forma como eu tomo

decisões no meu trabalho.

RE4 - Eu não quero que o Prontuário Eletrônico mude a forma como eu

compartilho documentos no meu trabalho.

04

Influência Externa

(IE)

IE1 - Meus gestores me estimulam a usar o Prontuário Eletrônico.

IE2 - Outros profissionais da minha unidade me estimulam ao uso do Prontuário

Eletrônico.

IE3 - Colegas de trabalho já me falaram bem do Prontuário Eletrônico.

03

86

APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS

Este questionário refere-se a uma pesquisa de MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

(UNIGRANRIO) elaborada pelo pesquisador DIEGO DE OLIVEIRA DA CUNHA e o objetivo é

identificar quais as variáveis que influenciam positiva ou negativamente a intenção do uso do

Prontuário Eletrônico nas Unidades de Saúde de Niterói.

Sua resposta será valiosa para ajudar a sugerir melhorias na inserção do sistema nas unidades de

saúde. Sua resposta terá total confidencialidade e não será usada para qualquer outro propósito que

não seja o objetivo da pesquisa. A pesquisa levará no máximo 10 minutos.

Desde já agradeço.

E-mail: [email protected]

INSTRUÇÕES:

1- Preencha todas as questões, sem deixar respostas em branco.

2- Não existem respostas certas ou erradas, portanto todas as perguntas devem ser respondidas de forma sincera e de acordo com a sua realidade.

3- É importante que você preencha o questionário até o final. Questionários incompletos invalidam a pesquisa.

Agradeço desde já a atenção dispensada e a colaboração em minha pesquisa.

1- Categoria Profissional:

( ) Médico (a)

( ) Demais Categorias (Não Médico)

2 - Tem alguma experiência no uso de sistema de Prontuário Eletrônico do Paciente?

( ) Sim

( ) Não

3 - Qual o seu e-mail? (Opcional)

___________________________

4 - Qual o seu sexo?

( ) Feminino

( ) Masculino

5 - Qual a sua idade? ( ) de 18 a 25 anos

( ) de 26 a 35 anos

( ) de 36 a 55 anos ( ) acima de 56 anos

6 - Escolaridade: (considerar o último nível que completou)

( ) Ensino Médio/Técnico

( ) Graduação

( ) Especialização/MBA

( ) Mestrado

( ) Doutorado

87

7 - Estado Civil:

( ) Solteiro

( ) Casado/Mora com companheiro(a)

( ) Viúvo

( ) Separado/Divorciado

( ) Outros

8 - Você estima que sua renda familiar média esteja em que faixa de valores? ( ) Abaixo de 1.000 reais

( ) 1.000 a 2.000 reais ( ) 2.000 a 3500 reais

( ) 3.500 a 6.000 reais

( ) 6.000 a 10.000 reais

( ) Acima de 10.000 reais

88

APÊNDICE C

QUESTIONÁRIO DE COLETA DE DADOS

INTENÇÃO DE USO AO PRONTUÁRIO ELETRONICO DO PACIENTE

A seguir, temos uma série de informações relacionadas à sua percepção em relação ao uso do Sistema de

Prontuário Eletrônico do Paciente nas unidades de saúde de atenção básica de Niterói. A presente

pesquisa levará menos de 10 minutos para preencher todas as questões. Você deverá apontar o quanto

você concorda ou discorda, de acordo com a escala apresentada:

Questões Discordo

totalmente

Discordo

parcialmente

Nem concordo,

nem discordo

Concordo

parcialmente

Concordo

totalmente

1. Supondo que eu tenha acesso ao sistema de Prontuário

Eletrônico, eu pretendo usá-lo. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

2. Dado que eu tenha acesso ao sistema de Prontuário Eletrônico, eu presumo que irei usá-lo.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

3. Eu pretendo usar o Prontuário Eletrônico no meu trabalho no futuro próximo.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

4. Utilizar o sistema é uma ideia boa. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

5. Utilizar o sistema é uma ideia sábia. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

6. Eu gosto da ideia de usar o sistema. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

7. Utilizar o sistema é agradável. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

8.Utilizar o sistema na minha unidade de saúde me permite realizar tarefas mais rapidamente.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

9. Utilizar o sistema melhora meu desempenho na minha unidade que trabalho.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

10.Utilizar o sistema na minha unidade aumenta minha

produtividade. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

11. Utilizar o sistema realça minha eficácia no meu trabalho.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

12. Utilizar o sistema torna mais fácil a realização do meu trabalho na minha unidade de saúde.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

13. Eu acho o sistema útil na minha unidade de saúde. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

14. Aprender a operar o sistema é fácil para mim. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

15. Eu acho fácil levar o sistema a fazer o que eu quero

que ele faça. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

16. Minha interação com o sistema é clara e fácil de compreender.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

17. Eu acho o sistema flexível para se interagir. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

18. É fácil tornar-me habilidoso ao utilizar o sistema de Prontuário Eletrônico.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

19. Eu acho o Sistema de Prontuário Eletrônico fácil de utilizar.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

20. Eu não quero que o Prontuário Eletrônico mude a

forma como eu trabalho. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

21. Eu não quero que o Prontuário Eletrônico mude a forma como eu interajo com os pacientes.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

22. Eu não quero que o Prontuário Eletrônico mude a forma como eu tomo decisões no meu trabalho.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

23. Eu não quero que o Prontuário Eletrônico mude a

forma como eu compartilho documentos no meu trabalho. ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

24. Meus gestores me estimulam a usar o Prontuário Eletrônico.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

25. Outros profissionais da minha unidade me estimulam ao uso do Prontuário Eletrônico.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

26. Colegas de trabalho já me falaram bem do Prontuário Eletrônico.

( ) ( ) ( ) ( ) ( )

89

APÊNDICE D: CRONOGRAMA

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

PERÍODO EM MESES (2019) 2020

Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev

Levantamento de literatura X X

Definição de objetivos gerais e

específicos X

Elaboração de referencial teórico X X X

Definição de metodologia

X

Elaboração do projeto parcial

X

Entrega do projeto parcial

X

Qualificação

X

Revisão de dados após a qualificação

X X X X

Elaboração de questionário de pesquisa

X X

Coleta e tratamento de dados

X X

Montagem final do projeto e revisão do

texto

X X

Entrega da versão final do trabalho e

defesa

X

90

APÊNDICE E: AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA

Autorização de Pesquisa

Autorizamos, segundo o parecer da Secretária de Saúde datado de 02/12/2019 no

processo 20012385/2019, a pesquisador Diego de Oliveira da Cunha, a iniciar a

pesquisa intitulada " Sistemas de informação em saúde: Intenção de uso do

prontuário médico eletrônico em Niterói."

A população pesquisada, será os profissionais da área de saúde atuante no

Programa Médico de Família em Niterói/RJ.

Aguardamos o resultado em cópia da pesquisa, para o acervo do NEPP e possível

apresentação aos profissionais dos setores envolvidos.

Declaro conhecer o teor integral do desenvolvimento deste estudo e os objetivos

do mesmo.

Niterói, 04 de dezembro de 2019.

Secretária Municipal de Saúde Fundação Municipal de Saúde de Niterói Núcleo de Educação Permanente e Pesquisa - NEPP

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