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UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA MESTRADO EM MÚSICA
O VIOLÃO NO PARANÁ: UMA ABORDAGEM HISTÓRICO-ESTILÍSTICA
Mário da Silva Junior
RIO DE JANEIRO
2002
ii
O VIOLÃO NO PARANÁ: UMA ABORDAGEM HISTÓRICO-ESTILÍSTICA
Mário da Silva Junior
Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Música do Centro de Letras e Artes da Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO), como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Música sob a orientação da Professora Doutora Ingrid Barancoski.
RIO DE JANEIRO
2002
iii
TERMO DE APROVAÇÃO
iv
AGRADECIMENTOS
Ingrid Barancoski, Irma Schaffer Wanke, Mariane Schaffer Dias, Marly Schaffer Dias, Orlando Fraga e Rogério Budasz.
v
SUMÁRIO
LISTA DE EXEMPLOS................................................................................. vii LISTA DE FIGURAS...................................................................................... vii
RESUMO ............................................................................................................ix
ABSTRACT ......................................................................................................x
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................01 2 CONTEXTUALIZAÇÃO .......................................................................................06 2.1 O VIOLÃO NO SÉCULO XX .............................................................................. 06 2.2 A LITERATURA VIOLONÍSTICA NO NACIONALISMO MUSICAL BRASILEIRO............................................................................................................... 16 2.3. A LITERATURA VIOLONÍSTICA E OS COMPOSITORES CONTEMPORÂNEOS DO SUL E SUDESTE DO BRASIL......................................25 2.3.1 Rio de Janeiro ..................................................................................................... 26 2.3.2 São Paulo ............................................................................................................ 35 2.3.3 Rio Grande do Sul .............................................................................................. 41 3 O VIOLÃO NO PARANÁ 3.1 HISTÓRICO ............................................... .......................................................... 49 3.2 COMPOSITORES E REPERTÓRIO VIOLONÍSTICO ...................................... 56 3.2.1 Compositores nascidos entre 1916-1953............................................................. 57 3.2.2 Compositores violonistas da nova geração nascido após 1953........................... 69
3.2.3 Compositores não-violonistas da nova geração nascido após 1953.................... 84
4 CATÁLOGO DE OBRAS PARA VIOLÃO DE COMPOSITORES PARANAENSES 4.1 Admar Garcia..........................................................................................................................................................95 4.2 Waltel Branco.........................................................................................................................................................96 4.3 Arrigo Barnabé.....................................................................................................................................................100 4.4 Jaime Mirtenbaum Zenamon............................................................................................................................101 4.5 Chico Mello...........................................................................................................................................................105 4.6 Norton Dudeque...................................................................................................................................................106 4.7 Rogério Budasz.....................................................................................................................................................107 4.8 Guilherme Campos..............................................................................................................................................108 4.9 Octávio Camargo.................................................................................................................................................109 4.10 João José Felix Pereira......................................................................................................................................110 4.11 Carmo Bartoloni.................................................................................................................................................111 4.12 Harry Crowl........................................................................................................................................................112 4.13 Maurício Dottori.................................................................................................................................................113 4.14 Fernando Riederer.............................................................................................................................................114 Tabela Estatística do Catálogo.................................................................................................................................115 Quadro Estatístico......................................................................................................................................................116
vi
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 117
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 123 ANEXO 1 – DISCOGRAFIA DO VIOLÃO NO PARANÁ ....................... 129 ANEXO 2 – ARTIGOS EM PERIÓDICOS ................................................. 134 ÍNDICE REMISSIVO .................................................................................... 144
vii
LISTA DE EXEMPLOS
Exemplo 1. Igor Stravinsky: Quatro Canções Russas (cc 1-10).................................10 Exemplo 2. Joaquin Rodrigo: Concierto de Aranjuez (cc 79-84).................................12 Exemplo 3. Heitor Villa-Lobos: Concerto (1951), Io e IIo movimentos (cc 79-80) e 6-7).................................................................... ........................... ...................................14 Exemplo 4. Sonoridades idiomáticas de Villa-Lobos:
a) cordas soltas..........................................................................................17 b) utilização de harmônicos naturais e artificiais como linguagem.........17 c) ligados como linguagem e efeito sonoro..............................................18
Exemplo 5. Edino Krieger Ritmata (cc 1-6)................................................................27 Exemplo 6: Edino Krieger: Concerto – Toccatta (6a. cc 12-14; 6b. 33-34)...............27 Exemplo 7: Edino Krieger: Concerto – Toccatta (7a. c 178; 7b. c. 185; 7c. c. 189, 7d. c.191)............................................................................................................................28 Exemplo 8. Admar Garcia: Peça semTítulo (1945)....................................................58 Exemplo 9. Waltel Branco Só Nata Brasileira. (cc. 1-4)...........................................61 Exemplo 10. Waltel Branco: Chorojongo no. 3 (cc. 1-4)...........................................62 Exemplo 11. Arrigo Barnabé: Fragmento (cc 5-56).....................................................64 Exemplo 12. Jaime Zenamon: The Black Widow (cc 1-3)……………...66 Exemplo 13. Jaime Zenamon: Homenagem a Ravel (cc 27-28) e Villa-Lobos: Estudo 11 (cc 23-25).................................... .......................................................................................67 Exemplo 14. Jaime Zenamon: Epigramas (cc 1-2) e Estampas (cc 1-2)……………68 Exemplo 15. Chico Mello: Do Lado do Dedo (cc. 1;2;4;15;49)..................................71 Exemplo 16. Chico Mello: Entre Cadeiras (cc. 1-3)....................................................73 Exemplo 17 Norton Dudeque Peça para Violão 1 (cc. 1-9) ..................................75 Exemplo 18 Norton Dudeque: eça para Violão 2 - Continuum (cc. 1-9) .............76 Exemplo 19. Rogério Budasz:Ritos (cc. 1; 11; 53; 75; 78) ......................................78 Exemplo 20. Rogério Budasz Ritos (cc. 94-97; 138-140) ........................79 Exemplo 21. Guilherme Campos: Balacubaco (cc. 1-4)...........................................82 Exemplo 22. Octávio Camargo: Desafignado (cc. 1-6)................................................83 Exemplo 23. João José Felix Pereira: Suite Para Violão- Prelúdio e Alman (cc. 1-2). ............................................................................................................................85 Exemplo 24. João José Felix Pereira: Toccata 1987- 1º. e 2º. (cc. 29-31; 19-60).... 86 Exemplo 25 Carmo Bartoloni: Divertimento (cc. 21-26).... .....................................87 Exemplo 26. Harry Crowl: Assimetrias -. (cc. 1-21)................................................ 89 Exemplo 27. Maurício Dottori: And now the storm blast comes (1ª. parte)…………91 Exemplo 28. Fernando Riederer: Dois Tempos (para Orlando Fraga) (cc. 29-31)................................................................................................................................. 94
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. CHICO MELLO: ENTRE CADEIRAS. P. 68
ix
FICHA CATALOGRÁFICA
Silva Junior, Mário da, 1962- O Violão no Paraná : uma abordagem histórico-estilística / Mário da
Silva Junior. - Rio de Janeiro, 2002. viii, 140f.
Orientador: Ingrid Barancoski Dissertação (Mestrado) – Centro de Letras e Artes, Universidade do
Rio de Janeiro. Bibliografia: f.112-116 1. Catálogo. 2. Música Contemporânea. 3. Violão I. Barancoski,
Ingrid. II. Universidade do Rio de Janeiro (1979-). Programa de Pós Graduação em Música. III O violão no Paraná: uma abordagem histórico-estilística.
x
RESUMO
O VIOLÃO NO PARANÁ: UMA ABORDAGEM HISTÓRICO-ESTILÍSTICA
Essa dissertação tem como objeto de estudo a produção para violão solo, música de câmara com violão e concertos para violão e orquestra, de compositores paranaenses no período de 1941 até os dias de hoje. Os compositores pesquisados são os nascidos no Paraná, mesmo que radicados hoje em outras localidades, e os não paranaenses, mas que fixaram residência neste estado, resultando em quatorze nomes: Admar Garcia (1916-1994), Waltel Branco (1929-), Arrigo Barnabé (1951-), Jaime Mirtenbaum Zenamon (1953-), Carmo Bartoloni (1956-), Chico Mello (1957-), João José Félix Pereira (1957-), Harry Crowl (1958-), Norton Dudeque (1958-), Maurício Dottori (1960-), Rogério Budasz (1964-), Guilherme Campos (1966-), Octávio Camargo (1967-) e Fernando Riederer (1977-). Estes compositores são classificados em três grupos: (1) compositores nascidos entre 1916 e 1953; (2) compositores violonistas da nova geração nascidos após 1953; e 3) compositores não-violonistas da nova geração nascidos após 1953. O objeto de estudo é contextualizado em três diferentes níveis: (1) os avanços da literatura para violão no século XX; (2) o desenvolvimento da produção violonística no Brasil, a partir de Heitor Villa-Lobos; e (3) o contexto do violão no sul e sudeste do Brasil. O repertório de obras para violão de compositores paranaenses é apresentado em forma de catálogo incluindo informações como instrumentação, dedicatória, movimentos, edição, minutagem aproximada, primeiras audições e gravações disponíveis comercialmente.
xi
ABSTRACT
THE CLASSICAL GUITAR IN PARANÁ: A HISTORICAL STYLISTIC
APPROACH
This study examines the repertoire for solo guitar, chamber music with guitar and guitar concertos by composers from the State of Paraná written from 1941up to date. The list of investigated composers include the ones born in Paraná but now living in other states, and also the ones who have settled down there, although born in other states. They altogether are fourteen: Admar Garcia (1916-1994), Waltel Branco (1929-), Arrigo Barnabé (1951-), Jaime Mirtenbaum Zenamon (1953-), Carmo Bartoloni (1956-), Chico Mello (1957-), João José Félix Pereira (1957-), Harry Crowl (1958-), Norton Dudeque (1958-), Maurício Dottori (1960-), Rogério Budasz (1964-), Guilherme Campos (1966-), Octávio Camargo (1967-) and Fernando Riederer (1977-). These composers are classified into three groups: (1) composers born between 1916 and 1953; (2) guitarist composers born after 1953; and (3) non-guitarrist composers born after 1953. This study presents three interrelated aspects for the understanding of this repertoire: (1) the classical guitar literature achievements in the twentieth century; (2) the development of the classical guitar in Brazil starting from Heitor Villa-Lobos; and (3) the scene of classical Southern and Southeastern Brazil. The repertoire collected is presented as a catalogue, including information such as instrumentation, movements, dedications, timing, premier, and available recordings.
Mário da Silva – O Violão no Paraná 1
1 INTRODUÇÃO
O objeto de estudo deste trabalho é a produção para violão de compositores
paranaenses no período de 1941 até os dias de hoje. Esta produção concentra-se em
Curitiba, capital do Estado, onde encontram-se os principais conservatórios e a Escola
de Música e Belas Artes do Paraná, EMBAP, uma das únicas instituições de ensino
superior do Estado a oferecer cursos de música em nível de graduação em
Instrumentos, Composição, Regência e Canto1. A data inicial da pesquisa é definida
como 1941, por não ter sido encontrada até o momento nenhuma obra para violão de
compositores paranaenses de destaque nas gerações anteriores, tais como Brasílio
Itiberê (1846-1913) e Bento Mussurunga (1879-1970). Os compositores pesquisados
são os nascidos no Paraná, mesmo que radicados hoje em outras localidades, e os não
paranaenses, mas que fixaram residência e atuam neste estado. Esta delimitação resulta
em quatorze nomes, classificados aqui em três grupos: (1) compositores nascidos entre
1916 e 1953, abrangendo desde o precursor Admar Garcia (1916-1994), até os
compositores ainda atuantes Waltel Branco (1929-), Arrigo Barnabé (1951-), e Jaime
Mirtenbaum Zenamon (1953-); (2) compositores nascidos após 1953 compreendendo
dois grupos: 2.1) compositores violonistas da nova geração, atuantes a partir da década
de 80 e integrantes do grupo paranaense de violonistas: Chico Mello (1957-), Norton
Dudeque (1958-), Rogério Budasz (1964-), Guilherme Campos (1966-) e Octávio
Camargo (1967-); e 2.2) compositores não-violonistas da nova geração, compreedendo
vários compositores vindos de outros estados, como reflexo principalmente da
reestruturação do Curso de Composição e Regência da EMBAP em 1992: João José
Félix Pereira (1957-), Carmo Bartoloni (1956-), Harry Crowl (1958-), Maurício
Dottori (1960-) e Fernando Riederer (1977-). A delimitação do objeto de estudo bem
como a contextualização não incluem compositores do violão popular. Na listagem de
compositores deste trabalho, Waltel Branco é o que apresenta maior proximidade com
1 A EMBAP foi a única instituição de ensino na área até a Universidade Estadual de Maringá
(UEM) implantar em 2002 os cursos de Licenciatura em Música e Bacharelado em Instrumento.
2
Mário da Silva – O Violão no Paraná
os gêneros populares, mas sua inclusão é justificada pelo uso de uma sofisticada e
elaborada linguagem.
O repertório paranaense para violão é ainda pouco conhecido e raramente
executado. Este trabalho visa contribuir para sua divulgação apresentando um catálogo
das obras organizado por compositor incluindo informações como instrumentação,
dedicatória, movimentos, edição, (manuscrita, digitalizada em software de computador
pelo próprio compositor e publicada por uma editora), minutagem aproximada,
primeiras audições e gravações disponíveis comercialmente. Após o catálogo,
apresentamos tabelas e gráficos estatísticos com informações percentuais sobre
número de obras gravadas, editadas e tipos de formações instrumentais.
Paralelamente, o trabalho tem por objetivo caracterizar estilisticamente esse
repertório e definir a sua posição no cenário do violão no Brasil e da música
contemporânea. Para essa definição, faz-se necessário traçar o contexto da produção
violonística no século XX, e mais especificamente no Brasil e no Estado do Paraná.
Hoje, é notória em todo o mundo a realidade da composição para violão. Com o
advento da internet, a quantidade de sites específicos de compositores para violão
publicados chega a casa de mil páginas eletrônicas, com um número incontável de
obras listadas. Como contextualização do objeto de pesquisa, cabe a este trabalho
relacionar apenas os compositores mais proeminentes que alavancaram essa realidade.
Optou-se por concentrar os antecedentes do Brasil no Sudeste e no Sul, por
terem sido esses centros os principais influenciadores da escola violonística
paranaense, tanto do ponto de vista do ensino do instrumento quanto das linguagens
composicionais mais utilizadas. Entretanto, tínhamos conhecimento, quando da
realização deste trabalho, da grande contribuição para o violão no Brasil de nomes
atuantes em outras regiões do país como Eugênio Lima de Souza, em Natal (UFRN),
Mário Ulloa e Ana Cristina Tourinho em Salvador (UFBA), Eduardo Meirinhos em
Goiânia (UFGO) e muitos outros que tornariam esta lista muito extensa.
A pesquisa de campo nos acervos particulares de compositores e
instrumentistas foi a principal fonte de coleta de dados deste trabalho, sendo a
principal o arquivo do violonista, Professor e Doutor Orlando Fraga. Os documentos
3
Mário da Silva – O Violão no Paraná
encontrados no arquivo em residência de Admar Garcia nos revelaram informações
importantes sobre o início das atividades do violão no Paraná. Além disso, também
foram utilizados entrevistas gravadas em fita cassete, correspondência trocada através
de correio eletrônico com violonistas e compositores, e encartes de disco vinil e disco
digital (compact disc) encontrados nos acervos do MIS (Museu da Imagem e do Som
do Paraná), Rádio Educativa do Paraná e particulares. O levantamento de gravações
resultou em um catálogo fonográfico do violão no Paraná (ANEXO 1) que poderá ser
útil a pesquisas futuras.
Fontes bibliográficas também contribuíram neste trabalho. Quanto aos
antecedentes do violão no Paraná, o livro Reminiscências Musicais de Charlotte
Frank, de Marisa SAMPAIO forneceu a maioria das informações2. Neste livro a autora
relaciona e descreve de forma sucinta os concertos promovidos pela SCABI
(Sociedade Cultural Brasílio Itiberê) a partir da década de 40 em Curitiba, incluindo
recitais de violão, como o recital de Andrés Segovia em 1953. A música
contemporânea para violão produzida no Paraná ainda não foi contemplada com
pesquisas extensas - os poucos trabalhos encontrados sobre o assunto são monografias
de especialização do curso da EMBAP, além de alguns artigos recentes. Dentre essas
fontes abaixo relacionadas, as monografias trazem dados biográficos, estilísticos e
catálogos de obras a respeito dos compositores João José Félix Pereira, Jaime
Mirtenbaum Zenamon e Chico Mello, enquanto que o artigo de Orlando Fraga traz
dados biográficos genéricos de compositores e violonistas como Luiz Cláudio Ribas
Ferreira, Rogério Budasz e Octávio Camargo.
2 SAMPAIO, Marisa Ferraro. Reminiscências musicais de Charlotte Frank. Curitiba: Lítero
Técnica, 1984.
4
Mário da Silva – O Violão no Paraná
São estas as fontes:
1. FRAGA, Orlando, O Violão no Paraná. REM-Revista Eletrônica de Musicologia, www.cce.ufpr.br/~rem; http://. www.cce.ufpr.br/~ofraga/disc.html Curitiba, UFPR.2001
2. MANTELLI, Ricardo. Jaime Zenamon: Catálogo temático - violão solo (1974-1998). Monografia, (Curso de Especialização em Estética e Interpretação da Música do Século XX). EMBAP, 2001.
3. MELLO, Laura Ritzmann de Oliveira. Comparações entre os procedimentos estéticos em Júlio Cortázar em o Jogo da Amarelinha e Chico Mello em Amarelinha. Monografia, Curso de Especialização em Estética e Interpretação da Música do Século XX. EMBAP, 2001.
4. PETRACA, Ricardo Mendonça. Um signo em expressão: maestro João José de Félix Pereira, Biografia e Catálogo de Obras: 1957-1995. Monografia, Curso de Especialização. EMBAP, 1996.
5. SILVA Jr, Mário da. A música experimental paranaense e o repertório de câmara com violão. Monografia (Curso de Especialização em Música de Câmara). EMBAP, 1998.
6. _______ Música para Violão no Paraná. Violão Intercâmbio, Santos, no. 36, Ano 7, p.23-25., jul./ago. 1999.
No entanto, mesmo nesses trabalhos e artigos, informações específicas sobre
as obras paranaenses para violão são quase inexistentes. Na dissertação de mestrado de
Moacyr Garcia TEIXEIRA NETO intitulada Música Contemporânea Brasileira para
violão3, o único documento publicado sobre música contemporânea para violão
brasileira, o autor faz apenas uma menção genérica à produção paranaense para violão,
citando os nomes de Jaime Mirtenbaum Zenamon, Chico Mello e Norton Dudeque e
listando algumas das principais composições de cada um deles. Teixeira Neto já
antecipa a representatividade do repertório violonístico paranaense:
Nos estados do sul do Brasil, e principalmente no Paraná, encontramos uma das regiões onde
o violão erudito brasileiro (...) encontra sua maior acolhida como instrumento de interesse4.
Esta dissertação está organizada em 5 capítulos. O Capítulo 2 contextualiza o
objeto de estudo em três diferentes níveis: (1) os avanços do violão no século XX,
descrevendo sucintamente a produção violonística solo, de câmara e concertos de
compositores como Stravinsky, Stockhausen, Boulez, Britten, Ginastera e Berio; (2) o
3 TEIXEIRA NETO, Moacyr Garcia. Música contemporânea brasileira para violão. UFRJ,
1995. 4 IBID, p. 46-48
5
Mário da Silva – O Violão no Paraná
desenvolvimento da produção violonística no Brasil, a partir da geração nacionalista
de compositores; e 3) o contexto contemporâneo do violão no sul e sudeste do Brasil.
Referente a este terceiro nível, incluímos compositores de uma geração emergente, e
optamos por fornecer dados biográficos sucintos dos nomes menos conhecidos. O
Capítulo 3 traça um histórico do violão no Paraná e aborda a trajetória e linguagens
musicais de cada compositor paranaense em questão, desde os precursores até as novas
tendências da geração de professores e alunos do curso de Composição e Regência da
Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). O Capítulo 4 apresenta o
catálogo de obras paranaenses para violão e uma tabela estatística. Na Conclusão,
traçamos um perfil histórico-estilístico da música paranaense para violão e definimos a
posição dessa produção no cenário nacional do violão do século XX e na música
contemporânea. Os anexos incluem a discografia do violão no Paraná e transcrições e
cópias de artigos em periódicos relacionados à atividade da SCABI – Sociedade
Cultural Brasílio Itiberê – quanto à realização de concertos com violão entre 1949 e
1969.
6
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2 CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1 O VIOLÃO NO SÉCULO XX
Nos períodos Clássico e Romântico, eram cultivados gêneros de sonoridades
amplas, como em óperas de Richard Wagner (1813-1883) e Giuseppe Verdi (1813-
1901) e em sinfonias de Gustav Mahler (1860-1911)5, razão pela qual o repertório e a
atividade violonística eram bastante reduzidos. A pedido do violonista Francisco
Tárrega (1852-1909), o luthier espanhol Antonio Torres construiu um violão de
proporções maiores, para que o instrumento pudesse competir em sonoridade nas salas
de concerto. Esse acontecimento proporcionou mudanças radicais na execução desse
instrumento e obrigou os violonistas a seguirem uma disciplina mais rígida de estudos.
A prática instrumental violonística se tornou mais elaborada e exigente no início do
século XX, enquanto que os compositores pesquisavam novos procedimentos
composicionais. Isso enfatizava a distinção das atividades de instrumentista versus
compositor. Paralelamente, iniciava-se a interação entre violonistas e compositores
não-violonistas, fator indispensável e constante no desenvolvimento da literatura
violonística do século XX. Os compositores discutiam com os instrumentistas a
viabilidade de execução de suas idéias musicais; por outro lado, os violonistas podiam
propor alternativas sonoras idiomáticas ao instrumento.
Em 1920, Manuel de Falla (1876-1946) compôs a obra Homenagem a Claude
Debussy com a supervisão do violonista catalão Miguel Llobet (1878-1938). Norton
DUDEQUE6 afirma que “Falla decidiu [...] compor uma homenagem, associando o
violão, instrumento espanhol por excelência, à influência da música espanhola sobre
Debussy, manifestada em obras como Soirée dans Grenade ou La Puerta del Vino”.
5 Vale salientar que Gustav Mahler foi o primeiro compositor romântico a inserir o violão na
instrumentação sinfônica em sua Sinfonia nº 7 (1909), 4º movimento. 6 DUDEQUE, Norton. História do violão. Curitiba: UFPR, 1997. p.83-84
7
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Suzanne DEMARQUEZ confirma o resultado idiomático-violonístico:
Os recursos especiais do instrumento são habilmente explorados na forma de arpejos, de
acordes amplamente abertos, de escalas e de harmônicos oitavados.7. Essa obra é considerada um divisor de águas por ser uma das primeiras peças
para violão composta por um compositor não-violonista, seguida de diversas outras
obras compostas em situações semelhantes8.
Na segunda década do século XX, teve início a promissora carreira do
violonista espanhol Andrés Segovia (1893-1987). Em seus concertos, apresentações
em rádio e gravações, Segovia executava não só obras do repertório violonístico
tradicional como de Johann Sebastian Bach e Francisco Tárrega, bem como de
compositores nacionalistas de sua época, como os Estudos 1,8 e 11 (1929), 5 Prelúdios
(1940) e o Concerto para violão e pequena orquestra (1951) do brasileiro Heitor
Villa-Lobos, Valse (1928), Sonatina Meridional (1939) e Concierto del Sur (1941) do
mexicano Manuel Ponce (1882-1948), Sonata op.77 (1934), Capriccio Diabolico op.
85 (1935), Tarantella op.87 (1936) e Tonadilla op.170 (1954) do ítalo-americano
Mário Castelnuovo-Tedesco (1895-1968), e obras de seus compatriotas como
Madroños (1960), Sonatina (1933) e Concerto de Castilla (1960) de Federico Moreno
Torroba (1891-1982), e Homenagem a Tárrega (1935) e Sevillanas (1964) de Joaquim
Turina (1882-1949).
Embora o impulso inicial da atividade violonística seja proveniente da
Espanha, o desenvolvimento da produção de novos repertórios ocorreu em toda a
Europa. Como exemplos citamos Quatro Peças Breves (1937) do suíço Frank Martin
(1890-1974), Três Tentos (1960) e Royal Winter Music (Sonata on Shakespearen
Characters, 1975) do alemão Hans Werner Henze (1926-), Suite (1957) do austro-
americano Ernst Krenek (1900-1991), Cavatina (1952) do franco-polonês Alexandre
Tansman (1897-1986) e Sarabande (1960) do francês Francis Poulenc (1899-1963).
Na Inglaterra, os principais difusores do repertório violonístico britânico são os
7 DEMARQUES, Suzanne. Manuel de Falla. Barcelona: Editorial Labor, AS, 1968. p.123. 8 IBID, p. 85.
8
Mário da Silva – O Violão no Paraná
violonistas Julian Bream (1933) e John Williams (1941), para os quais grande obras
foram dedicadas. Esses dois intérpretes foram responsáveis pela modificação do
panorama violonístico, antes constituído de obras tradicionais, e depois de um
repertório arrojado, resultando na maior transformação estética do século XX. Os
principais títulos deste repertório são Noturnal after John Dowland (1963) de
Benjamin Britten (1913-1976), Sonatina op. 52/1 (1957) e Theme and Variations op.
77 (1970) de Lennox Berkeley (1903-1989), Five Bagatelles (1971) de William
Walton (1902-1983) e Partita (1965), de Stephen Dodgson (1924). As linguagens
utilizadas por esses compositores consistiam de: neoclassicismo com uso de formas
clássicas, sistema tonal e textura polifônica, como é o caso de Tansman e Britten;
experimentações com novas sonoridades, como percussões no tampo e uso de
harmônicos utilizados por Dogson e Walton; e novos sistemas de composição, como o
serialismo, experimentado pela primeira vez ao violão por Martin, seguido de Henze,
Kreneck e Bennet.
Uma das idéias estéticas compartilhadas pelas diversas tendências artísticas
das primeiras décadas do século XX, tais como o Neoclassicismo liderado por Igor
Stravinsky (1882-1971), o Impressionismo de Claude Debussy (1862-1918) e o
Expressionismo de Arnold Schoenberg (1874-1951), era a busca de novas sonoridades,
incluindo experimentação com inovadoras combinações de instrumentos nos grupos de
câmara e nas orquestrações. Isso promovia o reaparecimento do violão na música de
câmara. Alguns dos compositores proeminentes dessas primeiras décadas do século
XX utilizaram o violão em obras orquestrais, assim como em diversas formações
camerísticas, como é listado a seguir:
9
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Data Compositor Obra (s) Instrumentação 1918 Igor Stravinsky (1882-1971) Quatro Canções Russas
Versão instrumental de 1953
Mezzo soprano, violão flauta e harpa
1920-3 Arnold Schoenberg (1874-1951) Serenata op.24 sobre o soneto 256 de Francesco Petrarca
Narrador masculino grave, violão, bandolim, cello, violino e viola
1927 Anton Webern (1883-1945) Canções op. 18 Mezzo-soprano, clarinete em mib e violão
1928 Anton Webern (1883-1945) Peças op.19 Coro, celesta, violão, violino, clarinete e clarone
1940 Igor Stravinsky (1882-1971) Tango, versão instrumental de 1953
Violão, clarinete, clarone, trumpete, trombone e quinteto de cordas
1953-55
Pierre Boulez (1925) O martelo sem mestre Sobre três poemas de René Char: L’Artisanat furieux, Bourreaux de solitude, Bel édifice et lês pressentiment
Contralto, violão, flauta em sol e percussão
1958 Hans Werner Henze (1926) Kammermusik Violão, tenor, clarinete em sib, trompa, fagote e cordas
1965 Bruno Maderna (1920-1973) Aulodia per Lothar Oboé d'amore e violão ad libitum
1969 Hans Werner Henze (1926) El Cimarrón Violão, barítono, flauta e percussão
O uso do violão na música de câmara estimulou os compositores a uma
exploração sonora apurada do instrumento, aproveitando ao máximo suas
possibilidades tímbricas e polifônicas. No primeiro movimento da obra Quatro
Canções Russas de Igor Stravinsky nota-se um belíssimo resultado tímbrico advindo
de uma melodia em oitavas executada em legato pelo violão e pela flauta, agregado ao
acompanhamento da harpa em non legato (Exemplo 1).
10
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 1. Igor Stravinsky: Quatro Canções Russas (1918, instrumentação de 1953), para voz, flauta, harpa e
violão, Io Movimento – The Drake, - cc. 1-10.
11
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Hector BERLIOZ (1803-1869) afirma que o violão é um instrumento
delicado para acompanhar o canto e fazer parte de peças instrumentais de caráter
íntimo: “Este instrumento pode ser comparado a uma pequena orquestra devido às
múltiplas possibilidades tímbricas”9. Considerando que no violão se trabalha direto na
fonte sonora, sem intermediário (martelo, arco ou palheta), qualquer sutil modificação
na posição da mão direita pode alterar o timbre. Essa atitude técnica, quando dominada
pelo instrumentista, traz vários benefícios às texturas contrapontísticas e de variedade
timbrística.
Em novembro de 1940, o violonista Regino Sainz de La Maza estreou em
Barcelona o Concierto de Aranjuez (1939) para violão e orquestra do compositor
espanhol Joaquin Rodrigo (1901-1999). A perfeita orquestração do Concierto de
Aranjuez, combinada à sonoridade flamenca de escalas e rasgueados do instrumento
solista, aperfeiçoou essa formação instrumental com possibilidades até então
consideradas remotas. Rodrigo soube dosar a combinação orquestral de forma
adequada, consciente da riqueza tímbrica e limitações sonoras do violão. No primeiro
movimento (cc. 79-84), por exemplo, os acordes em dinâmica ff do violão simultâneos
à articulação em dinâmica f das cordas contribuem para a densidade dramática, que é
contrastada com a seção em que o violão executa a melodia principal acompanhado
pelo fagote em “p staccatto grazioso” (Exemplo 2).
9 BERLIOZ, Hector; STRAUSS, Richard. Treatise on Instrumentation. Trad: Theodore
Front. Nova Iorque: Dover, 1991, p. 147.
12
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 2. Joaquin Rodrigo: Concierto de Aranjuez (1939) para violão e orquestra – cc. 79-84.
13
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Devido ao sucesso do Concierto de Aranjuez, Rodrigo aperfeiçoou suas idéias
produzindo outros concertos com solo de violão: Fantasia para un Gentilhombre
(1954) para violão e orquestra, Concierto Madrigal (1966) para dois violões e
orquestra, Concierto Andaluz (1967) para quatro violões e orquestra e Concierto Para
una Fiesta (1982) para violão e orquestra.
O Concierto de Aranjuez (1939) de Joaquin Rodrigo e o Concertopara violão
e pequena orquestra (1951) de Heitor Villa-Lobos, são atualmente as obras mais
executadas por orquestras e violonistas solistas ao redor do mundo, ocupando também
o primeiro lugar em gravações desse gênero. Estas duas obras apresentam
características distintas em diversos aspectos: (1) quanto a estrutura formal - o
concerto de Villa-Lobos é entendido por alguns como um tratamento bastante livre das
formas tradicionais e, por outros, como livre de organizações formais preestabelecidas;
Joaquin Rodrigo segue os modelos formais tradicionais, utilizando a forma sonata no
primeiro movimento e texturas contrapontísticas com processo imitativo no terceiro
movimento; (2) quanto ao tratamento do instrumento solista, Villa-Lobos busca uma
maior experimentação sonora idiomática que ele mesmo havia empregado nos seus
estudos de 1929, enquanto que Rodrigo utiliza modelos idiomáticos da música
flamenca para o instrumento solista; (3) quanto à orquestração - Villa-Lobos explora
novas combinações timbrísticas e Rodrigo prima pela orquestração clara e
minuciosamente resolvida, resultado de seus estudos com Paul Dukas (1865-1935) no
Conservatório de Paris (1927-32). Cabe comentarmos que a orquestração de Villa-
Lobos nem sempre é equilibrada: no primeiro movimento, o conjunto instrumental é
mais elaborado, como por exemplo a diversidade tímbrica bastante adequada entre
oboé, violão e cordas (Exemplo 3a); já no segundo movimento Villa-Lobos não é
criterioso na orquestração, na qual o violão executa a frase principal acompanhado por
clarinete, fagote, trompa e trombone10, fazendo com que este conjunto de sopros se
sobreponha a sonoridade do violão. (Exemplo 3b).
10 A questão pode ser justificada em função de que Villa-Lobos aprovava o uso de
amplificação elétrica com microfones para o instrumento solista.
14
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 3a. Heitor Villa-Lobos: Concerto para violão e pequena orquestra, Iº movimento – cc. 78-80
Exemplo 3b. Heitor Villa-Lobos: Concerto para violão e pequena orquestra, IIº movimento – cc. 6-7.
15
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Os concertos de Rodrigo e Villa-Lobos proporcionaram avanços para a literatura
violonística, despertando o interesse de outros compositores e gerando um vasto
repertório de concertos para violão. São listados a seguir os principais títulos11:
Data Compositor Obra (s) Instrumentação 1939 Mario Castelnuovo Tedesco (1895-1968) Concerto em Ré op.99 Violão e orquestra 1942 Guido Santorsola (1904-1994) Concerto para violão Violão e orquestra 1953 Mario Castelnuovo Tedesco (1895-1968) Concerto em Dó op. 160 Violão e orquestra 1957 Malcolm Arnold (1921) Concerto op. 67 Violão e orquestra 1957 Salvador Bacarisse (1898-1963) Concertino op. 72 Violão e orquestra 1958 Leo Brouwer (1939) Três Danças Concertantes Violão e orquestra de cordas 1962 Mario Castelnuovo Tedesco (1895-1968) Concerto op. 201 Dois violões e orquestra 1960 Federico Moreno Torroba (1891-1982) Concierto de Castilla Violão e orquestra 1961 Federico Moreno Torroba (1891-1982) Homenage a la Seguidilla Violão e orquestra 1962 Federico Moreno Torroba (1891-1982) Concierto em Flamenco Violão e orquestra 1966 Guido Santorsola (1904-1994) Concerto para Dois
Violões Dois violões e orquestra
1970 Richard Rodney Bennett (1936) Concerto Violão e Grupo de Câmara 1972 Leo Brouwer (1939) Concerto no. 1 Violão e orquestra 1974 Lennox Berkeley (1903) Guitar Concert op. 88 Violão e orquestra 1986 Leo Brouwer (1939) Concerto Elegíaco Violão e orquestra 1987 Leo Brouwer (1939) Retratos Catalães Violão e orquestra
11 Os concertos para violão e orquestra de compositores brasileiros são mencionados no
Capítulo 2.
16
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.2 A LITERATURA VIOLONÍSTICA NO NACIONALISMO MUSICAL
BRASILEIRO
A relação do nacionalismo musical brasileiro com o violão é inevitável em
função desse instrumento fazer parte da cultura popular brasileira. Os precursores
Joaquim dos Santos (1873-1935), ou Quincas Laranjeiras, e João Teixeira Guimarães
(1883-1947), ou João Pernambuco, vieram de uma cultura violonística popular. A
geração de compositores nacionalistas brasileiros produziu portanto um vasto
repertório violonístico, inspirado e influenciado por estes e outros compositores
populares. A primeira contribuição foi de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), seguido de
Francisco Mignone (1897-1976), Radamés Gnatalli (1906-1988), Camargo Guarnieri
(1907-1993) e Guerra-Peixe (1914-1993).
2.2.1 Heitor Villa-Lobos12
Ano Título Instrumentação 1899 Mazurka in D Violão solo (partitura não localizada) 1900 Panqueca Violão solo (partitura não localizada) 1904 Valsa Concerto n° 2 Violão solo (partitura não localizada)
1908-12
Suíte Popular Brasileira – Mazurka-Choro, Schottish-Choro, Valse-Choro, Gavotta-Choro, Chorinho
Violão solo
1910 Canção Brasileira Violão e canto (partitura não localizada) 1910 Dobrado Pitoresco Violão solo (partitura não localizada) 1910 Quadrilha Violão solo (partitura não localizada) 1910 Tarantela Violão solo (partitura não localizada) 1911 Mazurka Simples Violão solo (partitura não localizada) 1917 Sexteto Místico Flauta, oboé, sax alto, harpa, celesta e violão 1920 Choro n°1 Violão solo 1925 Modinha Violão e canto 1929 Doze Estudos Violão e canto 1929 Introdução ao Choros Violão inserido na orquestra 1937 Distribuição de Flores Violão e flauta 1938 Ária da Bachiana n° 5 Violão e canto 1940 Seis Prelúdios Violão solo (Prelúdio 6, partitura não localizada) 1943 Melodia poética do Século XVIII Violão e canto 1951 Concerto para violão e pequena orquestra Vioão e orquestra 1958 Green Mansions Violão inserido na orquestra
12 FRAGA, Orlando. Heitor Villa-Lobos: A Survey on his Guitar Music. Disponível em
http://www.cce.ufpr.br/~ofraga/revista.html. Acesso em 01/08/02.
17
Mário da Silva – O Violão no Paraná
O cenário violonístico brasileiro ganhou impulso para seu desenvolvimento
principalmente a partir de Heitor Villa-Lobos, reconhecido como um dos compositores
mais importantes para violão do século XX. Isso se deve, em primeiro lugar, à
quantidade de obras produzidas por este compositor, numa escala que vai desde o
repertório solo, como a Suíte Popular Brasileira (1913), os 12 Estudos (1929) e os 5
Prelúdios (1941), passando pelo de câmara, como o Sexteto Místico (1917), para
flauta, oboé, sax alto, harpa, celesta e violão e Distribuição de Flores (1937), para
flauta e violão, até o Concerto para violão e Orquestra (1951); e, em segundo lugar,
ao idiomatismo de novas propostas sonoras, inserindo o violão definitivamente dentro
do contexto musical brasileiro erudito. Dentre as novas sonoridades violonísticas
introduzidas por Villa-Lobos podemos citar: cordas soltas acompanhadas por uma
seqüência de acordes paralelos que, mesmo provocando uma dissonância, aumentam
qualitativamente a sonoridade do instrumento; utilização de harmônicos naturais e
artificiais; ligados como linguagem e como efeito sonoro. As novas sonoridades
idiomáticas introduzidas por Villa-Lobos continuariam a ser usadas por compositores
da geração seguinte, tais como Alberto Ginastera (1916-1983), Edino Krieger (1928-)
e Leo Brouwer (1939-) (Exemplo 4):
Exemplo 4. Sonoridades idiomáticas de Villa-Lobos encontradas em obras de Ginastera, Krieger e Brouwer:
4a) Seqüência de acordes paralelos:
4b) Harmônicos naturais e artificiais:
18
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4c) Ligados como efeito sonoro
2.2.2 Francisco Mignone
Ano Título Instrumentação S/ data Canção da garoa e 4 Valsas Duo de violões 1953 Choro Violão solo 1953 Minueto Fantasia Violão solo 1953 Modinha Violão solo 1953 Repinicando Violão solo 1970 Brazilian Song Violão solo 1970 12 Estudos Violão solo 1970 12 Valsas Brasileiras em Forma de Estudos Violão solo 1974 Prelúdio e Fuga Duo de violões 1975 Concerto Violão e orquestra 1976 Valsa de Esquina Violão solo 1976 Variações sobre o tema Luar do Sertão de Catulo da
Paixão Cearense Violão solo
1976 Choro Voz e violão 1976 Dialogando Voz e violão 1976 O Impossível Carinho Voz e violão 1980 Batuque Violão solo 1980 3 Valsas Brasileiras Violão solo 1981 Choro Duo de violões
19
Mário da Silva – O Violão no Paraná
As primeiras experimentações ao violão de Francisco Mignone (1897-1986)
datam da década de 50, como uso de formas nacionalistas como o choro, no caso de
Repinicando (1953), canções, modinhas e valsas. Em 1970, nos seus 12 Estudos,
Mignone segue a linha de Villa-Lobos concentrando-se no idiomatismo do
instrumento e explorando sistemas diatônicos e cromáticos. Nas Valsas Brasileiras em
forma de estudo, Mignone explora o universo do sistema temperado. Edelton
GLOEDEN faz a seguinte colocação:
Francisco Mignone sistematizou suas 12 Valsas Brasileiras em Forma de Estudos para violão em doze tonalidades menores, dispostas numa seqüência cromática, partindo de do menor até si menor. Mesmo não explorando a totalidade das 24 tonalidades, isto não nos impede de colocar este ciclo entre as raras obras do repertório violonístico baseadas na exploração do universo do sistema temperado13.
Em 1975 Mignone compôs o Concerto para violão e orquestra. Nesta obra, o
compositor emprega sistema diatônico e cromático e desenvolve estruturas rítmicas
variadas no instrumento solista já utilizadas nos 12 Estudos, alternando
freqüentemente fórmulas de compassos (4/4, 3/4, 2/4, 3/8). Mignone não inclui o
violão em suas composições seriais, porém usou de forma muito competente o sistema
diatônico e cromático em obras de caráter nacionalista, confirmando a afirmação de
Neves: “em suas peças de câmera como nas grandes obras sinfônicas, Mignone mostra
sempre seu perfeito domínio da matéria sonora e da técnica composicional”14.
13 Disponível em http://planeta.terra.com.br/arte/violao_intercambio/ . Acesso em 01/01/02. 14 NEVES, José Maria. Música contemporânea brasileira. São Paulo: Ricordi Brasileira,
1977. p.66
20
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.2.3 Radamés Gnatalli
Ano Título Instrumentação 1933 Divertimento para 6 instrumentos Violão, 2 pianos, acordeom, baixo e
bateria 1934 Retratos 2 violões (Transcrição) 1943 Dança Brasileira Violão solo 1944 Seresta Violão, flauta e quarteto de cordas 1946 Quarteto de Violões Transcrição para 4 violões do Quarteto
no. 1 1948 Concertino nº 3 Violão, orquestra de cordas, flauta e
tímpano 1948 Concerto nº 2 Violão (7 cordas) e orquestra 1952 Concerto nº 1 Violão e orquestra 1954 Uma rosa para Pixinguinha Violão, piano, 2 violões 1957 Brasiliana nº 8 2 violões, transcrição da formação
original para 2 pianos 1957 Concerto nº 2 para violão e piano Transcrição do Concerto no. 2 1959 Sonata Flauta e violão 1959 Sonata Violoncelo e violão 1960 Sonatina Cravo e violão 1960 Sonatina Piano e violão 1964 Concerto de Copacabana (Concerto no. 3) Violão e orquestra de cordas 1966 Sonatina Violoncelo e dois violões 1967 Dez estudos para violão
Estudo 1 para Turíbio Santos. Estudo 2 para Waltel Branco, Estudo 3 para Jodacil Damaceno, Estudo 4 para Nelson Piló, Estudo 5 para Sérgio Abreu, Estudo 6 para Geraldo Vespar, Estudo 7 para Barbosa Lima, Estudo 8 para Darci Vilaverde, Estudo 9 para Eduardo Abreu, Estudo 10 in memoriam Garoto.
Violão solo
1967 Concerto à Brasileira nº 4 “Dedicado a Laurindo de Almeida
Violão e orquestra de cordas
1968 Concerto para dois violões e orquestra Dois violões e orquestra 1968 Concerto para dois violões e orquestra de cordas Dois violões e orquestra de cordas 1971 Introdução e Choro Violino e violão 1981 Toccata em ritmo de samba – para Waltel Branco Violão solo 1983 Brasiliana nº 13 “Dedicado a Turíbio Santos” Violão solo 1988 Suite – 1.Pastoril 2.Toada 3. Frevo Violão solo
Radamés Gnatalli (1906-1988) exerceu influência no meio violonístico
brasileiro popular e foi o mentor da Camerata Carioca, grupo do qual faziam parte
violonistas populares renomados hoje como Maurício Carrilho, Luiz Otávio Braga e
Rafael Rabello. Entretanto, na sua obra Dez Estudos para violão, ele homenageia
violonistas de concerto brasileiros. Nesses Estudos “Gnatalli segue o exemplo de
Chopin, Bartók e Villa-Lobos, pois [...] não são didáticos, mas composições com foco
21
Mário da Silva – O Violão no Paraná
em configurações técnicas particulares inspiradas por seus amigos violonistas”15. De
maneira geral em suas obras para violão emprega temas sincopados, com alternância
de compassos (3/8 e 2/4), inseridos em formas clássicas como é o caso da Sonata para
violoncelo e violão, Sonatina para flauta e violão e o Concerto à Brasileira nº 4.
Sobre esta última obra, Daniel WOLFF comenta:
Este concerto, em três movimentos, combina harmonias rebuscadas com os ritmos sincopados da música popular brasileira. Dominando plenamente as características técnicas do violão, Gnatalli atribui-lhe distintas funções ao longo do concerto, ora como solista, ora como acompanhante da orquestra, porém sempre mantendo sua posição de destaque como um dos instrumentos mais cultuados no Brasil16. A maior contribuição para a literatura violonística de Gnatalli foi sua
numerosa produção de concertos para violão e orquestra.
2.2.4 Mozart Camargo Guarnieri
Ano Título Instrumentação 1944 Ponteio (dedicado a Abel Carlevaro) Violão solo 1958 Estudo no. 1 Violão solo 1982 Estudo no. 2 “Tranqüilo” Violão solo 1982 Estudo no. 3 “Sem Pressa” Violão solo 1986 Valsa Choro no. 2 Violão solo
Camargo Guarnieri (1907-1993) escreveu apenas cinco obras para violão,
mas com representativa contribuição à literatura violonística brasileira. A linguagem
empregada se caracteriza por explorações cromáticas resultantes de movimentos
paralelos da mão esquerda do violão, demonstrando influência da obra violonística de
Villa-Lobos. De mneira geral, a rítmica é subordinada aos desenhos melódicos
cromáticos. A primeira obra Camargo Guarnieri para violão datada de 1944, é
entitulada Ponteio e dedicada a Abel Carlevaro; é escrita em linguagem nacionalista e
polifônica. O compositor só iria produzir para o instrumento novamente 38 anos mais
15 GNATALLI, Radamés. Dez Estudos para violão. Paris: Chanterelle Verlag, 1988. 1
partitura. Prefácio de Gennady ZALKOWITSCH, p.1. 16 WOLFF, Daniel. Encarte do Compact Disc Concerto à Brasileira. Daniel Wolff, violão.
22
Mário da Silva – O Violão no Paraná
tarde, compondo as outras três obras na década de 80. Moacyr TEIXEIRA NETO
comenta que sua linguagem neste período percebia uma “tipologia musical que
poderíamos chamar de experimentalista, pois seus trabalhos estão próximos das
tendências dodecafônicas que foram, por ele próprio, criticadas na década de 50”17.
2.2.5 César Guerra-Peixe
Ano Título Instrumentação 1946 Três Peças - I. Ponteio II. Acalanto III. Chôro Violão solo 1948 Suíte - I. Ponteio II. Acalanto III. Chôro Violão solo 1966 Ponteado Violão solo (ou viola) 1969 Sonata – I. Allegro II. Larghetto III. Vivacissimo
“Dedicada a Turíbio Santos Violão solo
1969 Prelúdio nº / “Dedicada a Léo Soares” Violão solo 1970 Prelúdio nº 2 (em forma de Estudo)
“Dedicada a Geraldo Verpar” Violão solo
1970 Prelúdio nº 3 “Dedicada a Sílvio Serpa Costa” Violão solo 1970 Prelúdio nº 4 “Dedicada a Waltel Blanco” Violão solo 1973 Prelúdio nº 1 Violão solo 1973 Prelúdios – I. Lua Cheia II. Isocronia III. Dança Fantástica IV.Canto
do Mar V. Ponteado Nordestino Violão solo
1979 Lúdicas nº 1 Fantasieta “Dedicada a Nélio Rodrigues” Violão solo 1979 Lúdicas nº 2 Dança “Dedicada a Nélio Rodrigues” Violão solo 1979 Lúdicas nº 3 Organum “Dedicada a Nélio Rodrigues” Violão solo 1979 Lúdicas nº 4 Berimbau “Dedicada a Nélio Rodrigues” Violão solo 1979 Lúdicas nº 5 Modinha “Dedicada a Nélio Rodrigues” Violão solo 1979 Lúdicas nº 6 Ponteado “Dedicada a Nélio Rodrigues” Violão solo 1979 Lúdicas nº 7 Diálogo “Dedicada a Nélio Rodrigues” Violão solo 1980 Lúdicas nº 8 Diferencias Brasileñas “Dedicada a Nélio Rodrigues” Violão solo 1980 Lúdicas nº 9 Notas repetidas “Dedicada a Nélio Rodrigues” Violão solo 1980 Lúdicas nº 10 Urbana “Dedicada a Nélio Rodrigues” Violão solo 1981 Breves 1- I. Prelúdio alegre II. Breve cantiga III.Em cinco tempos Violão solo 1981 Breves 2- I. Ligaduras II. Harmônicos naturais III. Arpejado Violão solo 1981 Breves 3- I. Quatro ligadas II. Imperial III. Repetidas Violão solo 1981 Breves 4- I. Uníssonos II. Segundas III. Terças Violão solo 1981 Breves 5- I. Quartas II. Quintas III. Sextas, tempo de paso-doble Violão solo 1981 Breves 6- I. Sétimas II. Oitavas III.Sucessivas Violão solo 1983 Caderno de Mariza para violão - I. Entrada II. Violão a bordo III.
Caprichosa IV.O menino da congada Violão solo
Ao contrário de Radamés Gnatalli, que tem uma produção numerosa incluindo
violão inserido em grupos de câmara e concertos, César Guerra-Peixe (1914-1993)
concentrou-se em obras para violão solo, produzindo 29 títulos. Guerra-Peixe pesquisa
sonoridades específicas do instrumento. Segundo Clayton Daunis VETROMILLA,
Orquestra da Universidade Luterana do Brasil, Tiago Flores, regente. Porto Alegre: Fumproarte, 2000. 17 TEIXEIRA NETO, Moacyr Garcia. Op. Cit, p. 35.
23
Mário da Silva – O Violão no Paraná
“Guerra-Peixe, quando escreve para violão, trata o instrumento com autonomia,
atribuindo-lhe a capacidade de evocar sonoridades diversas e peculiares”18. Guerra-
Peixe insere também o violão na música dodecafônica. VETROMILLA defende a
hipótese da Suite (1948) ser a primeira obra, em escala mundial, a ser escrita para
violão solo dentro da estética serial-dodecafônica. De fato, nesta época Guerra-Peixe
desejava conciliar o sistema serial com música popular criando um “dodecafonismo
brasileiro de séries defectivas (com menos de doze sons) ou emprego seletivo (por
razões estritamente musicais)”19. Na década de 60, Guerra-Peixe compôs a Sonata
(1969) para violão, momento este em que o compositor abandonava seus princípios
dodecafônicos para voltar ao nacionalismo e princípios neo-clássicos. A Sonata é
“constituída de três movimentos, com aspectos cíclicos, explorando intensamente o
virtuosismo do intérprete nos movimentos externos. O idioma harmônico remonta a
um estilo nordestino, enriquecido por procedimentos tais como alterações cromáticas e
acréscimos de nonas”20.
As obras destes compositores nacionalistas, bem como de uma geração
posterior contaram com o estímulo vindo da atuação de violonistas renomados. Dentre
estes violonistas estão Turíbio Santos (1943-), o Duo Abreu - formado pelos
violonistas Sérgio Abreu (1948-) e Eduardo Abreu (1949-), e o Duo Assad – formado
pelos violonistas Sérgio Assad e Odair Assad no Rio de Janeiro. Turíbio Santos
estreou em 16 de novembro de 1962, o Sexteto Místico (1917), de Heitor Villa-Lobos,
e em 21 de novembro de 1963 apresentou a execução integral dos 12 Estudos (1929)
para violão solo, ambas no Rio de Janeiro. Várias obras foram compostas para esses
intérpretes. Por exemplo, Radamés Gnatalli– que usou gêneros populares como choro
e canção dentro de formas tradicionais – compôs a Sonatina para Dois Violões e
18 VETROMILLA, Clayton Daunis. Introdução à obra para violão solo de Guerra-
Peixe. Dissertação de Mestrado em Música, Escola de Música - UFRJ, 2002, p. 23. 19 NEVES, José Maria. Música contemporânea brasileira. São Paulo: Ricordi Brasileira,
1977, p. 102. 20 WOLFF Daniel. Encarte de Compact Disc Fábio Shiro: Recital Brasileiro (RBM 463
022)Porto Alegre, 2000.Disponível em: www.assovio.com.br. Acesso em 28/06/2002.
24
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Violoncelo (1966), para o Duo Abreu, estreada em 25 de março de 1968, na Sala
Cecília Meireles (RJ), com Iberê Gomes Grosso ao violoncelo, e o Concerto para Dois
Violões e Orquestra para o Duo Assad (1968)21. César Guerra-Peixe dedicou a Sonata
(1969) a Turíbio Santos.
Henrique Pinto (1941-), Antônio Carlos Barbosa Lima (1944-), Maria Lívia
São Marcos (1946-) e Dagoberto Linhares (1953-) são os violonistas paulistas que
mais se destacaram por divulgar a produção brasileira. Em 1961 Maria Lívia São
Marcos interpretou o Concerto para violão e pequena orquestra de Heitor Villa-
Lobos, Barbosa Lima estreou o Concerto para violão e orquestra de Francisco
Mignone e Dagoberto Linhares interpretou e gravou as obras Sonata e Portrait to
Dagoberto de Almeida Prado e Yanomami de Marlos Nobre.
Esta geração de intérpretes seria também responsável pela divulgação do
repertório de compositores contemporâneos não-violonistas do sul e sudeste.
21 BARBOSA, V.; DEVOS, A. M. Radamés Gnatalli: o eterno experimentador. Rio de
Janeiro: FUNARTE/Instituto Nacional de Música, 1984. Gravado pelo Duo Assad pela Continental com Orquestra Armorial de Pernambuco (não consta data), p.56.
25
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3 A LITERATURA VIOLONÍSTICA E OS COMPOSITORES
CONTEMPORÂNEOS DO SUL E SUDESTE DO BRASIL
A partir da década de 60, a produção de obras para violão passa a contar com
um número bem maior de compositores, vindos de diversas regiões e estados
brasileiros. Dentre os estados da região sul e sudeste, temos no Rio de Janeiro, Edino
Krieger (1928-), Marlos Nobre (1939-), Ricardo Tacuchian (1939-), Roberto Victório
(1959-), Arthur Kampela (1960-) e Alexandre Faria (1972-); em São Paulo, Sérgio
Vasconcellos Corrêa (1934-), Almeida Prado (1943-), Paulo Bellinati (1950-), Paulo
Porto Alegre (1953-) e Giácomo Bartoloni (1957-); no Rio Grande do Sul, temos
Bruno Kiefer (1923-1987), Antônio Carlos Borges Cunha (1952-), Fernando Lewis de
Mattos (1963-), Vinícius Corrêa (1965-), Daniel Wolff (1967-) e James Correa (1968);
e no Paraná, Admar Garcia (1916-1994), Waltel Branco (1929-), Arrigo Barnabé
(1951-), Jaime Mirtenbaum Zenamon (1953-), Carmo Bartoloni (1956-), Chico Mello
(1957-), João José Félix Pereira (1957-), Harry Crowl (1958-), Norton Dudeque
(1958), Maurício Dottori (1960-), Rogério Budasz (1964-), Guilherme Campos (1966)
e Octávio Camargo (1967-) e Fernando Riederer (1977-).
26
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.1 Rio de Janeiro
A mais recente geração do Rio de Janeiro produziu obras para violão com
influências na escola nacionalista, mas uma nova realidade onde “no lugar da
polarização nacionalismo/vanguarda, entre outras antinomias, a música passou a
apresentar uma pluralidade estética mais diversificada”22. As linguagens e recursos
presentes nas obras dos compositores cariocas englobam tonalismo livre, atonalismo,
experimentalismo com aleatoriedade controlada, instrumento preparado, grafismo e
ruidismo. O desenvolvimento rítmico através de percussões no instrumento é uma
tendência idiomática comum a quase todos. .
2.3.1.1 Edino Krieger
Ano Título Instrumentação 1956 Prelúdio Violão solo 1974 Ritmata Violão solo 1987 Romanceiro Dois violões 1994 Concerto Dois violões e orquestra de cordas 2002 Passacalha para Fred Schneiter Violão solo 2002 Sonancias IV Dois violões e violino
Edino Krieger (1928-) produz esporadicamente para violão, mas suas poucas
obras são bastante significativas no repertório contemporâneo. Sua obra mais tocada é
Ritmata (1974), para violão solo, que freqüentemente é selecionada como peça de
confronto em concursos de interpretação. Nessa obra, o compositor utiliza uma
linguagem atonal agregada a características idiomáticas do instrumento advindas do
contato com Turíbio Santos. O motivo gerador de toda a obra, organizado em
intervalos de quartas superpostas (D, A, E [B] em sentido descendente), é
transformado continuamente, intercalado com um segundo material cromático em
contraponto (Exemplo 5).
22 TACUCHIAN, Ricardo. Duas décadas de música de concerto no Brasil: tendências
estéticas. ANAIS DO XI ENCONTRO NACIONAL DA ANPPOM, Universidade de Campinas (UNICAMP), 24 a 28 de agosto 1998. Rio de Janeiro: UNICAMP, 1998, p. 2.
27
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 5. Edino Krieger: Ritmata para violão solo - cc. 1-6.
No decorrer da peça motivos rítmicos semelhantes são reapresentados,
enriquecidos de efeitos sonoros como percussões no tampo e golpes da mão esquerda e
direita no braço do instrumento. A constante mudança de fórmula de compasso
também é característica.
Na obra Concerto para Dois Violões e Cordas (1994), Krieger alarga várias
idéias da Ritmata, reaproveitadas para um conjunto orquestral. O material temático é
continuamente transformado, com o tema principal retornando em acordes, em
aumentação e tratado em contraponto entre os 2 violões (Exemplo 6a) e entre a
orquestra (Exemplo 6b).
Exemplo 6. Edino Krieger: Concerto para Violão e Orquestra de Cordas – Io Movimento Toccata 6a) cc. 12-
14 e 6b) cc. 33-34.
28
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Na coda, as percussões no tampo dos instrumentos são intercaladas entre
orquestra e instrumentos solistas (Exemplo 7 a, b, c, d).
Exemplo 7. Edino Krieger: Concerto para Violão e Cordas – Io Movimento Toccata 7a) c. 178, 7b) c. 185, 7c)
c. 189 7d) c. 191.
29
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.1.2 Marlos Nobre23
Ano Título Instrumentação 1960 1° Ciclo Nordestino Op. 5b Dois violões 1960 1° Ciclo Nordestino Op. 5c Violão solo 1963 2° Ciclo Nordestino Op. 13b Dois violões 1966 Dengues da Mulata Desinteressada Op.20b Voz e violão 1966 Beiramar Op.21c Voz e violão 1966 3° Ciclo Nordestino Op.22b Dois violões 1966 Modinha, op. 23 Voz, flauta e violão 1968 Desafio XVIII (Amazônia I) Op. 31/18 Voz e violão 1968 Desafio XIX Op.31/19 Violino,violão e violoncelo 1968 Desafio XX Op.31/20 Flauta,violão e violoncelo 1968 Desafio XXI Op.31/21 Violão e harpa 1968 Desafio XXII Op. 31/22 Dois violões 1968 Desafio XXIII Op. 31/23 Violão e orquestra de cordas 1968 Desafio XXIII Op. 31/23b Violão e piano 1968 Desafio XXIV Op.31/24 Conjunto de violões 1968 Dia da Graça op. 32 Voz e violão 1974 Momentos I Op.41/1 Violão solo 1975 Momentos II Op.41/2 Violão solo 1976 Momentos III Op.41/3 Violão solo 1977 Homenagem a Villa-Lobos Op. 46 Violão solo 1980 Yanomami Op. 47 Coro misto, tenor solo e violão 1980 Sonâncias II op. 48 Flauta, violão, piano e percussão 1980 Concerto Opus 51 Violão e orquestra 1982 Momentos IV Opus 54 Violão solo 1982 Momentos V Opus 55 Violão solo 1983 Três Danças Brasileiras Op. 57 Dois violões 1984 Momento VI Op. 62 Violão solo 1984 Momentos VII Op. 63 Violão solo 1984 Prólogo e Toccata Op. 65 Violão solo 1985 Entrada e Tango Op. 67 Violão solo 1989 Fandango Op. 69 Conjunto de violões 1989 Duo op. 71 Violão e percussão 1989 Sonatina Op. 76 Dois violões 1990 Reminiscências Op. 78 Violão solo 1993 Op. 31/18 (Amazônia I) Voz e violão 1993 Rememórias Op. 79 Violão 1994 Concerto duplo Op. 82 Dois violões e orquestra
Marlos Nobre (Recife, 1939-) é radicado no Rio de Janeiro, onde produziu a
maioria de suas obras. Ele diversifica a instrumentação, inserindo o violão em diversos
conjuntos de câmara, incluindo percussão e coro. Suas primeiras obras são da década
de 60 nas quais utiliza elementos emprestados da rítmica e da estrutura melódica da
música folclórica nordestina, embora transformados na linguagem própria do
23 NOBRE, Marlos. Lista de obras para violão.
30
Mário da Silva – O Violão no Paraná
compositor. Estes procedimentos são exemplificados nos Ciclos Nordestinos (1960-
1966). Nestas primeiras obras o compositor afirma ter seguido os conselhos do
violonista Sérgio ASSAD “nenhuma forma de limitação ou restrição, técnica ou
estilística, deixando as soluções para os instrumentistas”24. A série de Momentos
(1974-1984) apresenta um caráter distinto das primeiras obras, com menos freqüência
de elementos rítmicos folclóricos buscando desenvolver estruturas cromáticas e de
intensidade. É a partir de Momentos que Nobre irá explorar o potencial de dinâmica do
instrumento até a saturação, resultando numa sonoridade enérgica e transcendendo o
estigma do violão como instrumento limitado ao acompanhamento de canções
populares. Na sua peça Momentos I (1974) o compositor inicia com “pizzicatto a la
Bartók” executado fortíssimo, provocando um grande impacto numa duplicidade
sonora: a imitação do berimbau pelo violão, e paralelamente, o uso da máxima
sonoridade do violão. Na música de câmara, Nobre também explora as características
percussivas do instrumento, como em Yanomami, na qual busca imitar os ritos
indígenas organizando a obra sob o ponto de vista da intensidade. Nessa obra, o
instrumentista golpeia as cordas do violão em pulsação fixa e reiterada, e o tenor canta
a vogal “o” numa freqüência fixa com acentuações diafragmáticas exageradas. Para
NOBRE “as possibilidades tímbricas do violão não foram totalmente compreendidas
pelos compositores contemporâneos”25. Em sua obra In Memoriam (1976), para
orquestra com violão, NOBRE comenta sobre o efeito aparentemente simples, onde o
instrumento, em um momento dramático da peça, enuncia o trecho em arpegio
ascendente de cordas soltas:
O tremendo impacto e sentimento evocativo que provoca este simples procedimento, dentro de uma textura orquestral complexa, é uma prova clara do poder emocional e expressivo do violão, não somente como instrumento solista, como também instrumento de câmara e orquestra26.
Disponível em: www.uol.com.br/marlosnobre;listaobras.html. Acesso em 09/02/2002. 24 COOPER, Colin. Marlos Nobre: Speaking Internationally, Colin Cooper inter-
views with Marlos Nobre, CLASSICAL GUITAR 12 n°3, November, 1993, p. 13. 25 Ibid., p. 14. 26 Ibid., p. 14.
31
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.1.3 Ricardo Tacuchian
Ano Título Instrumentação 1964/66
Canções Ingênuas (com 2a versão em 2000) Violão e voz média
1978 Libertas quae sera tamen Flautas doce (soprano 3, contralto 1, tenor 1), violão, 3 percussionistas (atabaque, agogô, triângulo, guizos e sinos), narrador e público
1980 Impulsos nº 1 Dois violões 1981 Lúdica I (a Turíbio Santos) Violão solo 1986 Lúdica II (a Hans J. Koellreutter) Violão solo 1986 Evocando Manuel Bandeira (a Paulo Pedrassoli, 2a.
versão em 1996) Violão solo
1986 Maxixando (a Graça Allan, 2a. versão em 1996) Violão solo 1986 Impulsos nº 2 (a José Siqueira) Dois violões 1987 Imagem Carioca Quatro violões 1988 Profiles (a Michael McCormick) Violão solo 1996 Nos Tempos do Bonde (a Turíbio Santos) Violão solo 1996 Largo do Boticário (a Maria Haro) Violão solo 1996 Festas da Igreja da Penha (a Edelton Gloeden) Violão solo 1996 Parque do Flamengo (a Nicolas de Souza Barros) Violão solo 1997 Evocação a Lorenzo Fernandez Violão e flauta 1999 Páprica (a Bartholomeu Wiese) Violão solo
Ricardo Tacuchian (1939-) apresenta uma produção numerosa para violão,
incluindo os gêneros de solo e câmara. Segundo Moacyr TEIXEIRA NETO, “com
uma linguagem de vanguarda, preocupado com a lógica estrutural, o compositor utiliza
todas as nuances do instrumento, como timbres, efeitos de golpes e mudanças de
afinação”27. Essas características são encontradas em Lúdica I (1981), Impulsos I
(1984) para dois violões, Lúdica II (1986) e Profiles (1988). Por outro lado, o
compositor não abandona totalmente traços de caráter nacionalista. Em sua Série Rio
de Janeiro, TACUCHIAN afirma “fazer uma síntese musical partindo de gêneros que
nasceram ou se desenvolveram no Rio de Janeiro e se tornaram um protótipo da
música popular brasileira”28. As obras dessa série são Evocando Manuel Bandeira,
Maxixando, Nos Tempos do Bonde, Largo do Boticário, Festas da Igreja da Penha e
Parque do Flamengo, todas dedicadas a violonistas brasileiros.
27 TEIXEIRA NETO, op. Cit, p. 28. 28 TACUCHIAN, Ricardo. Texto do encarte do Compact Disc Imagem carioca, obras para
violão. Rio de Janeiro: ABM Digital, 2000.
32
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.1.4 Roberto Victório
Ano Título Instrumentação 1980 Para Flores e Estrelas Voz aguda e violão 1984 5 Miniaturas Dois violões 1984 Colônia de Pêssego Flauta e dois violões 1986 5 Miniaturas Quatro violões 1986 Três Peças Cantantes Três violões 1987 Estudos Sintéticos Violão solo 1988 Dois Cânticos para o Sol Voz média e violão 1989 Miniaturas Grupo de choro 1989 Choro Misto Grupo de choro 1990 Tretraktys Violão solo 1994 Cruzar e Bifurcações Flauta, clarinete, trombone baixo, violino, contrabaixo,
violão e barítono 1994 Concerto de Câmara Flauta, violão e grupo de câmara 1997 Introsfera Clarinete, violão, cello e percussão 1998 Cerrados Grupo de choro
Roberto Victório29 (1959-) concluiu o bacharelado em Violão na FAMASF
(1980) e o bacharelado em Composição e Regência na UFRJ (1986). Realizou o
mestrado em Composição na UFRJ (1991) e atualmente cursa o doutorado em Música
na UNIRIO. Reside em Cuiabá (MT), embora mantenha atividades artísticas no Rio de
Janeiro. Produziu obras importantes para violão, utilizando-se de aleatoriedade
controlada e inserindo o instrumento em formações camerísticas variadas. Segundo
Moacyr TEIXEIRA NETO, “sua obra mais conhecida é Tetraktys, uma obra
interessante, de difícil execução, exigindo tanto da técnica como da leitura rítmica,
explorando sobretudo a aleatoriedade como tendência musical da nova composição
para violão”30.
29 EGG, André. “Tetraktys” para violão de Roberto Victório. Monografia (Curso de
Especialização em Estéticas e Interpretação na Música do Século XX), EMBAP, Curitiba, 2001. 30 TEIXEIRA NETO, Op. cit. p. 29.
33
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.1.5 Arthur Kampela
Ano Título Instrumentação 1981/2 Balada Violão solo 1983 Fandango Violão solo 1988 Polimetria Quarteto de violões preparado 1990/3 Percussion Study I e II Violão solo 1994 Textorias Geração por computador e violão
Arthur Kampela (1960-) estudou composição com Hans-Joachim Koellreutter
e Ricardo Tacuchian no Brasil. Foi bolsista do CNPq, tendo concluído seu mestrado
em Composição na Manhattan School of Music (1992). Também teve aulas com o
compositor britânico Brian Ferneyhough (1943-). Arthur Kampela explora os efeitos
percussivos do violão executados com os dedos e unha da mão direita e esquerda (no
tampo, laterais e fundo da caixa do instrumento) e com materiais percussivos como
plástico, vidro e metal. Utilizando-se da mesma nomenclatura dos instrumentos de
percussão (instrumentos de sons determinados e indeterminados), Kampela distribui
estes sons no decorrer da peça de forma imprevisível e complexa. Esta complexidade
também acontece na organização rítmica de freqüentes variações de fórmulas de
compassos (1/4, 3/16, 5/4). Em Danças Percussivas I o compositor escreve em duas
linhas da seguinte forma: (1) no pentagrama superior, sons determinados; e (2) na
linha única inferior (da mesma forma como utilizada na percussão), prescrições de
cordas, dedos da mão direita e sons especiais. Kampela denomina esta técnica de “the
tapping technique” (técnica percussiva)31, a qual está inserida em seu sistema “micro
metric modulation” (modulação micrométrica), que segundo o próprio compositor, é
uma extensão da modulação métrica desenvolvida por Elliott Carter (1908).
31 Para maiores informações sobre “The Tapping technique” (Técnica Percussiva) consultar:
www.kampela.com/bio.htm Acesso em 02/01/2001.
34
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.1.6 Alexandre Faria
Ano Título Instrumentação 1992 Oração Fagote e violão (transcrição pelo
autor para violino e violão) 1993 Entoada Violão solo 1996 Concerto n.1 Violão e orquestra 1997 Prelúdio n.1 "Olhos de uma Lembrança" Violão solo 1999 Concerto n.2 "Mikulov" Violão e orquestra de cordas 2001 Prelúdio n.2 "A morte do desejo" Violão solo
Alexandre Faria (1972-) é bacharel em Violão pela UNIRIO (1993), onde
esteve sob a orientação de Nicolas de Souza Barros. É bacharel em Composição
(1996) pelo King’s College em Londres, onde foi orientado por Robert Keeley, Silvina
Meinstein e Harrison Birtwistle. Foi o vencedor do IX Concurso de Composição
Andrés Segovia (1996), em La Herradura (Granada, Espanha), com a obra Entoada
(1993) para violão solo. Na sua produção se destacam duas obras para violão e
orquestra: Concerto no. 1 (1996) e Concerto Mikulov para Violão e Orquestra de
Cordas (1999), este último estreado por Fábio Zanon (1966), na Morávia, sul da
República Checa em 2000. Segundo o próprio compositor32, sua linguagem baseia-se
em três elementos: (1) “repetitive elements” (elementos repetitivos) ou pequenas
Gestalts organizadas dentro do macro-discurso musical por relações numéricas; (2)
“pitch significance” (significado de notas), que delega a cada nota uma significância
extra-musical; e (3) motivos como elemento estrutural, que, por não serem
desenvolvidos tematicamente, resultam numa certa estaticidade temporal.
32 Declaração feita por Alexandre FARIA em 05/05/01.
35
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.2 São Paulo
A produção para violão paulista das gerações mais recentes é marcada pela
diversidade de linguagens e pela presença de compositores violonistas. Sérgio
Vasconcellos Corrêa (1934-), segue a linha nacionalista, enquanto que Almeida Prado
(José Antonio de Almeida Prado) (1943-) busca novas sonoridades e riqueza tímbrica
em suas obras. Essas linguagens diversas são presentes também nas obras dos
compositores violonistas como Paulo Bellinati (1950-), Paulo Porto Alegre (1953-) e
Giácomo Bartoloni (1957-).
2.3.2.1 Sérgio Vasconcellos Corrêa
Ano Título Instrumentação 1986 6 Peças para Violão Violão solo Valsa choro nº 1 Violão solo Sonatina Violão solo Maneiroso em forma de choro Violão solo Desafio Flauta e violão 1992 Concerto Agreste Violão e orquestra
Sérgio Vasconcellos Corrêa (1934-) estudou composição com Camargo
Guarnieri e harmonia e contraponto com Osvaldo Lacerda. José Maria NEVES afirma
que Vasconcellos Corrêa “adquiriu sólida formação de base e grande apego às normas
do nacionalismo, das quais tenta libertar-se pela aceitação de recursos composicionais
da música contemporânea”33. Foi inserido na linguagem nacionalista que produziu a
maioria das suas obras para violão nas categorias solo, câmara e violão e orquestra.
Nas 6 Peças para Violão (1986), Vasconcellos CORRÊA inclui definições ao final de
cada peça, dando ênfase ao caráter nacionalista, como por exemplo em Ponteando:
33 NEVES, José Maria. Música contemporânea brasileira. São Paulo: Ricordi Brasileira,
1977. p.144.
36
Mário da Silva – O Violão no Paraná
“A palavra PONTÊIO, para designar uma composição musical do tipo PRELÚDIO, ou melhor, para substituir – com intensão nacionalizante – essa denominação internacionalmente consagrada foi, ao que tudo indica, usada pela primeira vez em peças de caráter erudito, por CAMARGO GUARNIERI”34. No Concerto do Agreste (1992), também para violão solo, aborda as
constâncias rítmicas e melódicas presentes na música do agreste brasileiro. Como
experiência de reformulação de linguagem, Vasconcellos Corrêa compõe Concertante
(1970) para percussão, orquestra e fita magnética.
2.3.2.2 Almeida Prado
Ano Título Instrumentação 1972 Ritual da Palavra Barítono, coral (soprano, contralto, tenor e
baixo); flauta, oboé, clarinete, , 2 pianos, violino e violoncelo
1973 Portrait de Dagoberto Violão solo 1974 Livro para Seis Cordas Violão solo 1980 Sonata Violão solo 1980 Celebratio Amoris et Gaudii (Celebracion de
I’amour et de la joie) Coral (soprano, contralto, tenor e baixo)e violão
1983 Poesilúdio no.1 Violão solo 1987 Lira de Dona Bárbara Eliodora – Cantata
Colonial Soprano e Tenor coral (soprano, contralto, tenor e baixo). Orquestra [2 flautas, 2 oboé, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 2 trombones, 2 percussionistas: vibrafone, tam-tam, marimba, campana, tímpano, piano, 3 violões, violinos 1 e 2, viola, violoncelo e contra-baixo]
1996 As 4 Estações Violino e Violão 1996 Sonata Tropical (Com muita Alegria, Scherzo,
Modinha, Batucada) Dois violões
1997 Louvor Universal – Salmo 148 Piano, sax soprano (ou clarinete), sax alto, 3 sax tenor, sax barítono, 5 trompetes, 4 trombones, vibrafone, xilofone, campana, tubular, prato suspenso, .5 ton-tons, 4 timpanos, glocken spiel, violão e contrabaixo
Almeida Prado (1943-) (José Antonio de Almeida Prado) escreveu dez obras
para violão, explorando desde a instrumentação intimista do violão solo e duos, até o
34 CORRÊA, Sérgio Vasconcelos. 6 Peças para violão. São Paulo: Editora do Autor, 1986,
p.3.
37
Mário da Silva – O Violão no Paraná
violão inserido em instrumentações generosas com percussão, orquestra e coro. De
maneira geral sua linguagem ao violão se caracteriza por efeitos timbrísticos,
complexidades rítmicas (como alternâncias de compassos 5/8 e 3/4) e uso da
tonalidade expandida. A primeira obra de Almeida Prado para violão Ritual da
Palavra (1972), pertence a um período em que o compositor já desenvolvia uma
linguagem própria. Nesta obra se observa uma constante busca de novas sonoridades e
uso de aleatoriedade. Na década de 70, Almeida Prado escreveu Portrait (1973) para o
violonista Dagoberto Linhares e Livro para Seis Cordas (1974) para Turíbio Santos. Já
na década de 80, Prado compõe duas obras muito contrastantes em grau de
dificuldade: a) Sonate nº1 (1981), escrita também para Dagoberto Linhares, na qual
Almeida Prado utiliza tonalidade expandida, células rítmicas sincopadas, alternância
de fórmula de compasso e acentuações deslocadas; b) e Poesilúdio nº1 (1983),
constituída de um único movimento utilizando sistema tonal (Mi Maior) com rítmica
uniforme dentro de fórmulas de compasso simples. O experimentalismo e pesquisa
timbrística de Almeida Prado ao violão está presente em Sonata Tropical (1986) para
dois violões na qual ele utiliza aleatoriedade controlada – somado ao uso de um arco
para execução do instrumento - dentro de um ambiente sonoro modal nordestino.
38
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.2.3 Paulo Bellinati35
Ano Título Instrumentação
1978 Jongo Violão solo 1996 Lund-Duos Quatro violões 1997 A Furiosa Quatro violões Alvoroço Violão solo Aristocrática Violão solo 1997 Baião de Gude Três violões Choro Sapeca Violão solo Choro Sereno Violão solo Cordão de Ouro “Lundu Capoeira” Violão solo Dama-da-noite “Modinha Imperial” Violão solo Embaixador “Maracatu” Violão solo Emboscada “Xaxado” Violão solo Estudos Litorâneos: 1. Brisa do Oceano (Bossa Nova)
2. Acalanto das águas 3. Chuva e mar (Tempo de Samba)
Violão solo
Fole Nordestino “Baião” Violão solo Jongo Versão para dois violões Lira Paulistna Violão solo Modinha Violão solo Primorosa “Valsa Brasileira” Violão solo Pulo do Gato Dois violões Rosto Colado “Bolero” Violão solo Sai do Chão “Frevo” Violão solo Serenata “Choros e valsas do Brasil” Violão solo Seresteiro Paulistano “Seresta” Violão solo Suite Contatos Violão solo Tom e Prelúdio Violão solo Um amor de valsa Violão solo Valsa Brilhante Violão solo
Paulo Bellinati (1950-) estudo violão com Isaías Sávio no Conservatório de
São Paulo, complementando seus estudos no Conservatório de Genebra (Suíça). Sua
obra Jongo (1978) para violão solo, traz influências de seus trabalhos com
improvisação jazzística (da época em que trabalhou com o Grupo Pau-Brasil entre
1982 e 1986). Em 1988 venceu o 8º Concurso de Composição para violão da Martinica
com sua obra Jongo. Em 1991 publicou e gravou pela GSP (Guitar Solo Publication)
The Guitar Works of Garoto (obras de Garoto, Aníbal Augusto Sardinha). As
características principais nas obras de Belinatti são a rítmica sincopada, harmonizações
e modulações jazzísticas.
35 BELLINATI, Paulo. Seresteiro paulistano. São Francisco: Guitar Solo Publication
(ASCAP), 1997. No catálogo da editora não consta data das obras.
39
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.2.4 Paulo Porto Alegre
Ano Título Instrumentação 1978 Cinco Peças Violão solo 1978 Mini-suite Violão solo 1991 Toccata I e II Dois violões 1995 Contrastes Violão solo 1995 Stravinsky suíte Quarteto de violões
Paulo Porto Alegre (1953-) estudou violão com Isaías Sávio, Abel Carlevaro e
Henrique Pinto, composição com Sérgio Vasconcelos Corrêa e análise musical com
H.J. Koellreutter. Da geração de compositores paulistas violonistas, Porto Alegre foi
quem mais diversificou linguagens em suas obras para violão. O sistema serial está
presente nas Cinco Peças (1978) para violão solo, tomando como base os modelos
seriais de Anton Webern; desenvolvimentos polirrítmicos com alternância de fórmulas
de compassos estão presentes na obra Mini-Suíte (1978) para violão. Nas suas obras
mais recentes, Tocata I e II (1991) para duo de violões, Contrastes (1995) para violão
solo e Stravinsky Suíte (1995) para quarteto de violões, Porto Alegre utilizou
organizações rítmicas complexas inseridas no sistema tonal expandido.
2.3.2.5 Giácomo Bartoloni
Ano Título Instrumentação 1974 Peça n.º 3 Violão e percussão 1974 Andrômeda Flauta, 2 xilofones e violão 1976 Estudos Violão solo 1979 Elíptica Violão solo 1979 Ditirambo Violão solo 1988 Tango Martes Violão solo 1988 Fantasia del Tambor Duo ou trio de violões 1988 Canção n.º 1 Violão solo. 1989 Chorinho para Fábio Obra didática para violão solo 1994 Rituais Violino e violão 1997 Canção n.º 2 Violão solo 2000 Gnattaliana Trio de violões 2001 Canção n.º 3 Violão solo
40
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Giácomo Bartoloni (1957-) formou-se bacharel em Violão na FAAM-
Universidade São Judas Tadeu (1989) na classe de Henrique Pinto. Neste mesmo ano
participou da gravação do LP Violão-Câmara-Trio, com Henrique Pinto e Ângela
Müner. Bartoloni realizou mestrado em Musicologia no Instituto de Artes/UNESP e
doutorado em História (1995) na Faculdade de Ciências, História e Letras da UNESP
de Assis/SP. Sua produção está mais concentrada em obras para violão solo, mas em
virtude da formação de um duo com o percussionista Carmo Bartoloni, produziu um
número expressivo de obras para esta formação. Sua linguagem é diatônica utilizando
formas populares, como danças brasileiras e de outros países latino-americanos.
41
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.3 Rio Grande do Sul
As atividades violonísticas em Porto Alegre tiveram avanços principalmente
quando o Liceu Palestrina, dirigido por Antonio Crivelaro, produziu a partir de 1969
os Seminários de Violão de Porto Alegre, que aconteceram até 1982. Esse evento
trazia à cidade os nomes mais importantes do meio violonístico sul-americano para
ministrar cursos e tocar em recitais. Assim a produção violonística neste estado se
desenvolveu estreitamente relacionada à influência da escola sul-americana. Na década
de 70 violonistas sul-americanos de renome de países fronteiriços se mudaram para
aquele estado, o que motivou compositores gaúchos a produzirem obras para o violão.
Dentre estes violonistas estão os uruguaios Álvaro Pierri e Krishna Salinas, este último
atual professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e o argentino
Eduardo Castañera, radicado em Porto Alegre.
2.3.3.1 Bruno Kiefer36
Ano Obra Instrumentação 1976 Situação (poesia de Carlos Nejar) a Álvaro Pierri Coro misto e violão 1983 Terra Sofrida ao duo Assad Duo de violões 1983 Sons Perdidos ao duo Silvana Scarinci e Eduardo
Castañera Duo de violões
1983 Quiçá... a Nídia Kiefer Violão solo 1983 Música sem Nome a Pedro Duval Violão solo 1983 Faz de conta... a Silvana Scarinci Violão solo 1983 Música sem incidentes: 1. Tranqüilo. 2. Vivo. Flauta doce contralto e violão 1985 Momento de Ternura Flauta doce contralto e violão 1985 Brincando (do álbum “Música para gente Miúda”) Flauta doce soprano e violão
Bruno Kiefer (Alemanha 1923 Porto Alegre, 1987)37 lecionou na
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS), e em 1966 fundou e dirigiu o Seminário Livre de Música de
36 SOUZA, Márcio & CHAVES, Celso Loureiro. Texto do encarte do Compact Disc Sons
perdidos: o violão na obra musical de Bruno Kiefer. Porto Alegre: Fumproarte, 2000. 37 MATTOS, Fernando. A música para violão in Bruno Kiefer. Porto Alegre: Cadernos Porto
& Vírgula, 1994, p. 57-58.
42
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Porto Alegre. Kiefer começou a escrever para violão a partir de 1976 e desenvolveu
uma linguagem violonística própria, interligada por elementos musicais que conferem
unidade e coerência às suas obras. Segundo Celso Loureiro CHAVES, “Bruno Kiefer
chegou à maturidade do seu estilo instrumental durante os anos que circundam 1970.
Este estilo tem duas características marcantes: uma forma percussiva de aglomerar as
sonoridades e, por antítese, uma opção por linhas horizontais contrapontísticas”38. No
aspecto harmônico, Kiefer emprega explicitamente sonoridades medievais, evitando a
inserção de acordes em encaminhamentos harmônico-funcionais. No aspecto
melódico, “as linhas são construídas com base em dois tipos de escalas: a escala
cromática e escalas diatônicas modais obtidas de forma livre”39.
2.3.3.2 Antônio Carlos Borges Cunha
Ano Obra Instrumentação “Wa” Violão e percussão
Antônio Carlos Borges Cunha (1952-) é um compositor gaúcho que tem
recentemente se interessado pelo violão. Cunha concluiu o mestrado em Música no
New England Conservatory (1991) em Boston, EUA e doutorado em Música na
Universidade da Califórnia (1995) em San Diego, EUA. Suas composições têm sido
tocadas no Brasil, Estados Unidos e Alemanha e se caracterizam por uma exaustiva
procura por diversidade e novidade sonora. Cunha compôs ”WA”40 para um violonista
e um percussionista sob encomenda de Fábio Shiro Monteiro, concertista e professor
de Violão do Conservatório de Karlsruhe, Alemanha. Nessa obra, os intérpretes,
violonista e percussionista, atuam também como vocalistas, utilizando como texto dois
haicais de Matsuo Bashô e um poema de Eugen Gomringer.
38 CHAVES, Celso Loureiro. Prefácio. In: KIEFER, Bruno. Terra selvagem. Porto Alegre:
Ed. Porto, 1982, p.41. 39 MATTOS, op. cit., p. 58. 40 Manuscrito sem data de composição. Estréia: 23/11/2001 com Fábio Shiro Monteiro (violão)
e Manfred Rohrer (percussão), na sala Ordensteinsaal em Karlsruhe, Alemanha.
43
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.3.3 Fernando Mattos
Ano Obra Instrumentação 1987 Poemeto Violão solo 1988 O Vigia (ronda numa noite chuvosa) Violão solo 1989 Hush! Hush! Sweet Charlot Flauta e violão 1989 Duas Peças Para Violão Solo Violão solo 1990 As Parcas Flauta, violão e violoncelo 1992 O Triunfo da Morte – variações Violão solo 1993 Who is out there? Trio de violões 1997 Canção do Dia de Sempre (Bis II) Coro infanto-juvenil, quarteto de
flautas doces e violão 1999 Ibia-Mom Jaci Ndipapahabi Quarteto de violões 1999 As Parcas (Bis II) Flauta e violão 1999 Toccata I Violão solo 2000 Concerto n.º 1 para Violão Violão solo e orquestra sinfônica 2000 In Memoriam C Ph E Bach Flauta doce e violão Em andamento
Concerto n.º 2 para Violão e Orquestra (Inédita) dedicada a Daniel Wolff
Violão e orquestra de cordas
Fernando Lewis de Mattos (1963-) completou o bacharelado em Música,
Habilitação em Violão (1988) e mestrado em Música (1997) na Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em 1998 ingressou no Departamento de Música da
UFRGS como professor das disciplinas Arranjos Vocais, Prosódia, Harmonia e Forma
e Análise. Mattos tem se dedicado à musicologia, apresentando conferências na I
Jornada de Pesquisa do NEA (Núcleo de Estudos Avançados), do Curso de Pós-
Graduação em Música da UFRGS (1995), e no III Simpósio Latino-Americano de
Musicologia (1999), na cidade de Curitiba (PR). Atualmente está cursando o
doutorado em Música, Composição, do Departamento de Música da UFRGS, com
pesquisa voltada para a análise do significado musical na obra de Luiz Cosme. De sua
produção de obras para violão constam diversas formações, tais como peças para
instrumento solista (5 obras para violão solo), música de câmara (7 obras), canções,
música coral, música orquestral (dois concertos para violão), peças didáticas,
transcrições e arranjos.
Desde 1989, Mattos introduz em sua linguagem musical aspectos relacionados
a seus estudos em vários campos lingüísticos, buscando meios de representação
musical através de inter-relações entre os diferentes campos do conhecimento. O
Triunfo da Morte (Variações para violão) (1992) traduz esta tendência do compositor
44
Mário da Silva – O Violão no Paraná
em vários campos. Segundo o autor, a principal citação musical é a Marcha Fúnebre
da Sonata em Sib menor de Chopin, sendo que as demais manifestações artísticas
abordadas e que influenciaram na construção da obra são:
a) Artes Visuais: pinturas de Peter Bruegel, o Velho, tais como O Triunfo da Morte, O Massacre dos Inocentes e A Queda dos Anjos Rebeldes.
b) Poesia: Balalaika de Maiakovsky e Annabel Lee de Poe. c) Literatura: História da Morte no Ocidente de Philippe Ariès, O Homem e a Morte de
Edgar Morin, O Que é Morte de Souza Maranhão, Mitologias de Roland Barthes, O Queijo e os Vermes de Carlo Ginzburg
d) Filosofia: textos de Nietzsche e Schopenhauer41. Nesta mesma obra, as variações Lira de Orfeo e Canto de Orfeo são
intercaladas ao tema da Marcha Fúnebre de Chopin e justificadas da seguinte forma
pelo autor:
A Lira di Orfeo é, na verdade, uma antítese da morte nessa peça (...), visto que Orfeu foi aquele que superou a morte através da música, convencendo os deuses do Hades a deixá-lo levar sua amada Eurídice de volta ao mundo dos vivos – [...] O Canto de Orfeu funciona como o ápice desse sentido na peça. Em termos musicais, busquei trabalhar vários sentidos de morte e de vida através de diferentes estilos e citações musicais e pela oposição entre elementos cromáticos (como o sentido de morte, inevitabilidade da morte) e diatônicos (significando vida, luta pela vida). Assim, a Lira di Orfeo funciona como uma primeira reação ao destino implacável, uma reação abrupta e agressiva, sendo o Canto de Orfeu, a conquista de um novo patamar nessa relação (por isso é diatônico em Mi Maior com caráter modal)42.
A obra O Triunfo da Morte-Variações é rica em indicações que buscam
proporcionar emoções e subjetividade na interpretação como: agressivo, com furia,
dramático. Algumas das variações têm como subtítulo epigramas como: Variação VIII
– O Grotesco. “Há lugares em que os sinos não param de dobrar pelos anjos que
morrem...” (Souza Maranhão) e Variação IX – Libera me. (Libera me, Domine, de
morte aeterna).
41 Declaração feita por Fernando MATTOS através de correio eletrônico em 01/07/02. 42 Ibidem.
45
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.3.4 Vinícius Corrêa
Ano Obra Instrumentação 1988 Catavento Violão solo 1988 Ressonância Violão solo 1989 Momento Característico Quatro violões. Essa obra integra
o CD homônimo do quarteto Contrastos, lançado em 2001.
1989 Expressões I Violão solo 1989 Expressões II Violão solo 1989 Expressões III Violão solo 2000 Expressões IV Violão solo 1994 O Violeiro sobre um poema de Oswald de Andrade Barítono e violão 1992 Dança Imaginária Violão solo 1991 Ladainha Violão solo 1998 Imagens Violão solo 1998 Canção da Ausência I Violão e voz 1998 Canção da Ausência II Violão e voz 2000 Imagens - Segundo Violão Violão solo 1999 Nosso Choro Violão solo 1999 Apimentado Violão solo 2000 Pelas Ruas Violão solo 2001 Batuque Violão solo 2001 Cerro Alegre Violão solo 2001 Fantasia Meridional Violão solo
Vinícius Corrêa (1965-) iniciou os estudos de violão clássico em 1982, no
Liceu Musical Palestrina, em Porto Alegre, e posteriormente realizou estudos com
Eduardo Castañera. Participou do Seminário Internacional de Guitarra de Montevidéu,
no Uruguai, na classe de Álvaro Pierri (Canadá); da Oficina de Música de Curitiba
(Paraná), nas classes de Roberto Gnattali (RJ) e Luís Otávio Braga (RJ); do Seminário
Internacional de Violão da Faculdade Palestrina (Porto Alegre), nas classes de Paulo
Bellinati (São Paulo) e Abel Carlevaro (Uruguai). Participou como intérprete e
compositor em duas edições do Projeto Bruno Kiefer de Música Erudita, em 1990 e
1994. Em 1996 e 1997, realizou turnê pela Bélgica, Alemanha e Holanda,
apresentando-se ao lado do percussionista Mico Louruz. Participou do CD Sons
Perdidos, do violonista gaúcho Márcio de Souza, lançado em 2000, sobre a obra de
Bruno Kiefer. No ano de 2001, teve uma composição sua gravada no CD do Quarteto
Contrastos de violões, intitulada Momento Característico. Sua linguagem musical
explora o atonalismo, incluindo harmonizações livres com contornos melódicos livres
apoiados em textos literários preestabelecidos.
46
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.3.5 Daniel Wolff
Ano Obra Instrumentação 1989 A Terceira Face de Ernesto (Baseada em Temas de Ernesto Nazareth) Dois violões e cordas 1992 Abertura Consort Quatro violões 2001 Scordatura Violão solo 2001 Tristeza (sobre um tema de Hique Gomes) Violão solo
Após a desativação dos seminários de violão em 1982, jovens músicos
gaúchos precisaram fazer o caminho inverso: buscar mestres no Uruguai e em outros
países vizinhos. É o caso de Daniel Wolff (1967-), que estudou com Abel Carlevaro e
Eduardo Fernández, na Escuela Universitária de Música de Montevidéu (1988),
Uruguai. Daniel Wolff graduou-se bacharel em Música (1989), Habilitação em Violão,
pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Concluiu o mestrado
(1991) e o doutorado (1998) em Performance em Violão na Manhattan School of
Music de Nova Iorque, onde recebeu o prêmio Helen Cohn Award. Foi vencedor de
importantes concursos nacionais e internacionais de violão, destacando-se o 1º Prêmio
no 25o Artists International Competition em Nova Iorque, EUA (1997), no Concurso
Nacional de Violão Mozarteum (1986) em São Paulo, no Concurso Villa-Lobos (1987)
Funarte/PUC-RS em Porto Alegre, e no Concurso Jovens Solistas da OSPA de Porto
Alegre (1988). Como compositor e arranjador, teve suas obras executadas por
orquestras e grupos de câmara do Brasil, Estados Unidos, Argentina, Alemanha e
Inglaterra. Lançou o CD Concerto à Brasileira (2000), no qual atua como compositor
e solista de concertos para violão junto à Orquestra de Câmara da Universidade
Luterana Brasileira. Também atuou como arranjador em diversos discos gravados nos
Estados Unidos, o que lhe rendeu o prêmio Grammy Awards (2001) e o Prêmio
Açorianos de melhor arranjador (2001). A transformação temática e a variação com
desenvolvimento (Developing variation) são elementos composicionais utilizados
freqüentemente em suas obras. Sobre sua linguagem o próprio autor afirma: “Meu
estilo vaira entre características harmônicas do jazz americano, mas sempre há
influências no ritmo, na melodia e na harmonia”43.
43 Declaração feita por Daniel Wolff através de correio eletrônico em 19/11/01.
47
Mário da Silva – O Violão no Paraná
2.3.3.6 James Correa
Ano Obra Instrumentação 1986 Prelúdio Estático Violão solo 1988 Aquariana Violão solo 1984/86 Quatro Prelúdio Tonais Violão solo 1986 Prelúdio Estático Dois violões e “live electronics” 1989 Mosaicos Webernianos Trio de violões (ou múltiplos) 1990 Arcanos Maiores Teatro musical para atriz-cantora,
clarinete, violão e sons eletrônicos (quadrafônico)
1991 Epigrama Violão solo 1992 A voz do silêncio Violão e sons eletrônicos pré-
gravados, ou sintetizador ao vivo 1992 O óbvio e o obtuso Violão, soprano, 2 flautas,
vibrafone e cello. 1992 Is there anybody there Trio de violões (ou múltiplos) 1993 A Leaf falls into the night Violão solo 1995 Songs From… book I and II Violão e soprano 2000 Terrains Violão solo 2001 O jardim dos caminhos que se bifurcam Violão e sons eletrônicos pré-
gravados, ou sintetizador ao vivo 2002 Empty spaces/b Violão e sons eletrônicos pré-
gravados, ou sintetizador ao vivo
James Correa (1968-) é compositor e violonista e suas obras tem sido
executadas na Argentina, Estados Unidos, Canadá e Europa, e nos mais importantes
eventos dedicados à música contemporânea no Brasil. Em 1999 James Correa foi um
dos 20 compositores selecionados pelo grupo nova-iorquino North/South Consonance
para a temporada de 2000, onde sua obra Serenata teve sua estréia norte-americana em
Nova York. Correa é filiado à Associação Internacional de Computação Musical
(ICMA), ao Fórum do Ircam nos grupos de Composição Assistida por Computador e
Sound Disign, e ao Laboratório de Música Eletroacústica de Santa Maria (LAMESM),
onde desenvolve pesquisa em Composição Assistida por Computador. Foi também
membro da comissão artística do IV ENCOMPOR e diretor do Núcleo de Música
Contemporânea de Porto Alegre (1994/96). É integrante do grupo de arte eletrônica
Sons Transgênicos e membro fundador do Núcleo de Interação entre Música,
Tecnologia e Artes Contemporâneas (NIMTAC). Suas obras eletrônicas When I Drift
into my Thoughts (estreada em Bourges, França) e Winter Etudes (estreada no Canadá)
fazem parte da Intervenção Collective Jukebox 3.1, obra que já viajou por diversos
48
Mário da Silva – O Violão no Paraná
países e está atualmente em exposição no Museu de Arte Contemporânea de
Strasburgo na França. Possui trabalhos gravados em CD no Brasil, Canadá bem como
gravações para rádio no Brasil e nos Estados Unidos. James Correa é o representante
da música eletroacústica e freqüentemente insere o violão nesta linguagem.
49
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3 O VIOLÃO NO PARANÁ
3.1 HISTÓRICO
Waltel Branco (1929)
Compositor, arranjador e professor
Jaime M. Zenamon (1953) Compositor. Criou o curso fundamental de violão na
EMBAP em 1978
Admar Garcia (1916-1994)
Fundador da APV e professor do Conservatório Carlos Wesley
José Penalva (1924-2002) Compositor. Foi professor de Contraponto e Composição na
EMBAP
Henrique de Curitiba (1934) Compositor. Foi professor de Harmonia e Composição na
EMBAP
Orlando Fraga (1956) Intérprete e professor
da EMBAP que criou o bacharelado em violão
em 1985 nessa instituição.
Chico Mello (1957) Compositor. Foi
professor de Harmonia e Violão da EMBAP até 1987
Norton Dudeque (1958)
Compositor. Foi professor na
Especialização da EMBAP.
João José Felix (1957)
Compositor e professor de
contraponto da EMBAP
Valdomiro Prodóssimo (1944)
Professor e fundador do Conservatório Villa-Lobos
1947 – FUNDAÇÃO DA ESCOLA DE MÚSICA E BELAS ARTES DO PARANÁ (EMBAP)
Guilherme Campos (1966)
Compositor e professor de
musicalização no Colégio Dom Bosco
Rogério Budasz (1964)
Musicólogo e professor de
História da Música da EMBAP
Luiz Cláudio Ferreira (1965)
Intérprete e professor de violão da EMBAP
Mário da Silva (1962)
Intérprete, pesquisador e
professor de violão da EMBAP
Arrigo Barnabé (1951)
Compositor
10/06/1953 – Concerto de Andrés Segovia em Curitiba
Walter Pereira da Silva Constâncio de Sousa Eugênio Martins Cecy Mascarenhas
Márcio Ferreira da Luz Professores e intérpretes
Maurício Dottori (1960)
Compositor e professor de
Composição e Contraponto da
EMBAP
Harry Crowl (1958)
Compositor e professor de
História da Música da EMBAP
Octávio Camargo (1967)
Compositor e professor de Harmonia da
EMBAP
Carmo Bartoloni (1956)
Compositor e professor de percussão da
EMBAP
Fernando Riederer (1977)
Aluno formando de composição da
EMBAP em 2002
50
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Os primeiros registros documentados de atividades violonísticas no Paraná
datam da década de 30. Isto é comprovado por um documento encontrado no acervo
do professor Admar Garcia (1916-1994), um dos precursores do ensino do violão no
Paraná. Este documento é o manuscrito de um arranjo para dois violões da obra
Lágrima, de Francisco Tárrega, cuja parte do 1o violão é assinada pelo professor
Walter Pereira da Silva em 11 de setembro de 1934 em Curitiba, e cuja parte do 2o
violão é assinada por Isaías Sávio em Belo Horizonte44. Um segundo documento
importante deste acervo é uma crônica, sem autor nem data, que retrata o cenário do
violão no Paraná em meados do século:
Até os anos de 1960 contava-se nos dedos os violonistas de Curitiba que realmente conheciam música. Poderíamos citar entre êles três professores: Eugenio Martins, Waldemar Silva e Constâncio de Sousa. Contudo havia alguns apaixonados que não se conformavam com a situação mórbida em que se achava o violão na Terra dos Pinheirais. Entre êles Márcio Ferreira da Luz, aluno de Constâncio de Sousa e Admar Garcia, ex-aluno de Eugênio Martins. Nos primeiros dias de 1961 Marcio e Admar estimulados por seus mestres decidem pugnar pela elevação do conceito de seu instrumento.45.
As atividades violonísticas destes precursores provavelmente despertaram o
interesse do Governo do Estado do Paraná e em fevereiro de 1965, a Secretaria de
Estado da Cultura (SEC) promoveu um curso de violão ministrado por Maria Lívia
São Marcos (1946-).
Outros registros de atividade violonística no Paraná em meados do século XX
dizem respeito a grupos de choro e música popular que se apresentavam nas rádios
PRB2, Tingüi e Guayracá, entre outras. Mas foi na década de 60 que os programas de
rádio incorporaram maior conteúdo musical e informações sobre o violão. Em 1965
Márcio Ferreira da Luz criou um programa na Rádio do Colégio Estadual do Paraná,
no qual eram apresentadas exclusivamente histórias, crônicas, gravações e biografias
dos mais célebres intérpretes do violão.
As atividades em clubes e agremiações eram mais elitizadas, de acordo com os
registros dos programas, que dão conta da realização de concertos de piano, violino,
44 Os numerais do ano no documento de Walter Pereira da Silva estão ilegíveis. 45 Esta crônica encontra-se na íntegra no ítem ANEXO 2.
51
Mário da Silva – O Violão no Paraná
orquestra e coro e, muito raramente, de violão. Um evento violonístico de destaque em
Curitiba, organizado pelo Departamento Cultural do Diretório Acadêmico de
Engenharia do Paraná, no dia 4 de setembro de 1949 nos salões da Sociedade Duque
de Caxias, foi o recital-conferência do violonista espanhol Albor Maruenda (ver no
Anexo 2 o programa executado).
Uma referência importante aos antecedentes do violão no Paraná é Waltel
Branco (1929-), cujo nome está relacionado a eventos de destaque em Curitiba, como
sua participação na execução da cantata O Negrinho do Pastoreio, de Eunice Catunda
(1915-1990), no encerramento da 8a temporada da SCABI, em 1952 (Anexo 2).
Curitiba viria a incorporar-se definitivamente à história do violão em 10 de
junho de 1953, com a presença na cidade de Andrés Segovia, trazido num esforço
memorável da Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê (SCABI). O recital, o de
número 207 da 9a temporada, foi realizado no salão do Clube Concórdia46. A
realização do concerto de Andrés Segovia pode ter significado o início da inserção do
violão na sociedade curitibana. Após esse evento, a SCABI promoveu outros
importantes concertos de violão na cidade. Em 10 de abril de 1958, a violonista
argentina María Luisa Anido (1907-1996) realizou um recital no Auditório do Colégio
Estadual do Paraná pela 14a Temporada da SCABI, e em 16 de junho de 1962 foi a vez
do concertista alemão Sigfrid Behrend (1933-1990) se apresentar pela 18a Temporada.
Behrend retornou em 1965, acompanhando a cantora Belina Behrend. Um dos últimos
recitais de violão promovidos pela SCABI foi o da violonista Marga Beuml e do
violinista Walter Klasinc, realizado em 2 de setembro de 1969 no salão do Clube
Concórdia47. Embora os recitais fossem esporádicos, indiscutivelmente eram de boa
qualidade artística e mereciam a atenção de artigos e críticas em jornais.
46 SCABI. Andrés Segovia é a história da Guitarra – Recital de Guitarra. Gazeta do Povo, 9
jun. 1953, p. 3. 47 SAMPAIO, Marisa Ferraro. Reminiscências musicais de Charlotte Frank. Curitiba: Lítero
Técnica, 1984, p. 199.
52
Mário da Silva – O Violão no Paraná
A vinda de violonistas e professores importantes à cidade despertou interesse
pelo estudo do instrumento. Cecy Mascarenhas48 foi uma das primeiras professoras de
violão em Curitiba e teve a orientação de Constâncio de Sousa, Primeiro Sargento do
Exército. Mascarenhas dava aulas particulares em sua própria residência. Dotada de
grande talento, chegou a dar recitais em São Paulo e Rio de Janeiro. Mudou-se para o
Rio por volta de 1946-47 acompanhando o esposo que, além de militar da aeronáutica,
era exímio flautista. No Rio de Janeiro, Cecy Mascarenhas viria a editar um método de
violão.
As atividades violonísticas em Curitiba no começo da década de 60 passam a
acontecer em torno dos conservatórios e de suas atividades pedagógicas. Admar
Garcia, fundador da Academia Paranaense de Violão (APV) e professor do
Conservatório Carlos Wesley, está provavelmente entre esses primeiros didatas do
violão ligados a escolas de música da capital paranaense. Embora sua atividade
pedagógica fosse muito ligada à escola européia de Francisco Tárrega, Admar Garcia
desenvolveu-se como intérprete e professor paralelamente nos gêneros erudito e
popular. Garcia foi responsável pela formação de professores paranaenses de
acentuada representatividade, como Valdomiro Prodóssimo.
Valdomiro Prodóssimo (1944-)49 atualmente é diretor do Conservatório Villa-
Lobos em Curitiba, criado por ele em 1981, juntamente com a pianista Jane Soares de
Souza Prodóssimo, de Minas Gerais50. O Conservatório Villa-Lobos é uma exceção à
maioria das escolas de música, nas quais predominam alunos e professores de piano: é
um dos poucos no Paraná onde metade do corpo discente é composto por alunos de
violão. Prodóssimo coordena a Orquestra de Violões Villa-Lobos, fundada em 1992,
com 14 integrantes e um CD gravado ao vivo, no qual executam obras do repertório
48 Informações obtidas através de entrevista concedida pelo violonista de choro Oscar Fraga a
Mário da Silva Jr., em 5 de junho de 2001. Até o momento não foram encontrados registros datados das atividades de Cecy Mascarenhas e Constâncio de Sousa em Curitiba e no Rio de Janeiro.
49 Informações coletadas em entrevista concedida por Valdomiro Prodóssimo no Conservatório Villa-Lobos, em Curitiba, 28 de maio de 2001.
50 O pai de Jane, maestro João Soares de Souza, é fundador do Conservatório de Pouso Alegre, no qual foi professor de teoria e solfejo.
53
Mário da Silva – O Violão no Paraná
tradicional, como Concerto em Ré Maior para Cordas e Alaúde (1o e 3o movimentos),
de Antonio Vivaldi (1678-1741); La Boda, de Luis Alonso (1889-1968); e Introdução
e Fandango, de Luigi Bocherini (1743-1805).
A existência de cursos de violão em conservatórios paranaenses e
posteriormente na EMBAP tem origem na formação que os professores trouxeram de
outras localidades, principalmente de países latino-americanos. Uma das razões para
Curitiba sofrer influência da escola violonística não só uruguaia como também
argentina é a proximidade geográfica desses países com a Região Sul do Brasil. Essa
influência ficou ainda mais acentuada com as 14 edições dos Seminários de Violão de
Porto Alegre (1969 a 1982), pois foi nesses seminários que muitos violonistas
paranaenses receberam orientação no decorrer de mais de uma década.
Nesses eventos, grandes nomes sul-americanos do violão estavam presentes,
como Jorge Martinez Zarate (1923-1993) e Roberto Aussel (1954-), da Argentina, e
Abel Carlevaro e Eduardo Fernández (1952-), do Uruguai. Freqüentavam esses
seminários violonistas brasileiros, hoje conhecidos, como Henrique Pinto (1941-),
Paulo Porto Alegre (1953-), Edelton Gloeden (1955-), e Everton Gloeden (1957-), de
São Paulo; Leo Soares e Nicolas Souza Barros, do Rio de Janeiro; e Jaime
Mirtenbaum Zenamon, Orlando Fraga e Norton Dudeque, de Curitiba. Jaime
Mirtenbaum Zenamon, boliviano naturalizado brasileiro, fixou residência em Curitiba
na década de 70 e implantou o curso fundamental de Violão Erudito na Escola de
Música e Belas Artes do Paraná em 1978.
O aluno de Zenamon que mais se destacou sob o ponto de vista didático e
artístico foi Orlando Fraga, que implantou o Curso Superior de Violão da EMBAP, em
1985, sendo hoje o principal responsável pela disciplina naquela instituição. A
importância do violonista Orlando Fraga como pedagogo no Estado é atribuída não só
às suas constantes atividades didáticas e artísticas, mas também ao fato de ele ter sido
o criador dos festivais de violão da EMBAP (1982 a 1990) em Curitiba, numa
promoção conjunta da Fundação Cultural de Curitiba e da Escola de Música e Belas
Artes do Paraná. Nesses festivais participavam seus alunos mais avançados e também
convidados de outros estados, como Henrique Pinto, Giácomo Bartoloni, Fábio Zanon,
54
Mário da Silva – O Violão no Paraná
além de vários sul-americanos, entre os quais destacaram-se Sérgio Fernandes
Cabrera, Eduardo Baranzano e José Fernandez (Uruguai). Orlando Fraga contribuiu
também, em 1983, para a inserção do violão na Oficina de Música – festival
tradicional em Curitiba desde 1982 – e, em 1984, no Festival de Música de Londrina.
Outros alunos de Zenamon que se destacaram foram Norton Dudeque e Chico
Mello. Norton Dudeque manteve atividades como recitalista até 1988, e desde 1993 se
dedica à composição e à musicologia. No Paraná, Chico Mello atuou esporadicamente
como violonista entre 1978 e 1987, paralelamente às suas atividades de docência na
EMBAP como professor de Violão, Harmonia e Composição. Em 1987, transferiu-se
para Berlim, onde atualmente desenvolve sua carreira de compositor.
A geração de violonistas paranaenses nascidos na década de 60 foram nas sua
maioria alunos de Orlando Fraga, e são hoje atuantes no meio musical paranaense com
diversidade de atividades: interpretação, docência e pesquisa. Mário da Silva atua
nesses três campos e em sua produção fonográfica dá destaque ao registro de obras
paranaenses; Guilherme Campos se divide entre as atividades de educador musical e
compositor; Rogério Budasz, antes intérprete atuante até 1992, hoje se dedica a
pesquisas musicológicas e à docência; Luiz Cláudio Ferreira (não foi aluno de Orlando
Fraga), atua como intérprete e leciona violão na EMBAP desde 1989. Sua produção
artística tem registros em disco, com obras de Isaac Albeniz e John Dowland.
Com o objetivo de complementar seus estudos técnicos interpretativos, essa
geração procurou aperfeiçoamento com o professor paulista Henrique Pinto, que teve
papel primordial na formação de toda uma geração de violonistas brasileiros. Vários
violonistas curitibanos hoje atuantes, como Orlando Fraga, Luiz Cláudio Ferreira e
Mário da Silva, receberam orientações dele em festivais e master classes. A formação
de Henrique Pinto é diversificada: conhece as escolas latino-americana e européia,
além de ter tido muito contato com os violonistas Sérgio e Eduardo Abreu, que, por
sua vez, vieram de uma escola de interpretação argentina.
Os compositores paranaenses que tiveram sua formação em Curitiba, tiveram
influência de dois marcos da composição paranaense: José Penalva (1924-2002) e
Henrique Morozowicz (1934-). Esses dois nomes consagrados da música paranaense
55
Mário da Silva – O Violão no Paraná
nunca se dedicaram a compor para violão51. José Penalva foi professor da EMBAP de
Contraponto e Fuga, Música Contemporânea, Análise e Estética, tendo também
participado da fundação da Pró-Música de Curitiba. Foi também professor de Música
Contemporânea da Oficina de Música de Curitiba. Compositores de que tratamos que
já foram orientados por Penalva: Chico Mello, em aulas particulares de Composição e
Contraponto; Norton Dudeque e João José Félix Pereira, em aulas de Contraponto na
EMBAP; e Guilherme Campos, em aulas de Música Contemporânea na Oficina de
Música de Curitiba. José Penalva influenciou indiretamente no repertório
contemporâneo paranaense para violão pois proporcionou a esses compositores um
conhecimento amplo sobre a música contemporânea.
Henrique Morozowicz lecionou Harmonia e Composição na EMBAP e teve
sob sua orientação Chico Mello e João José Félix Pereira.
Penalva e Morozowicz implantaram o curso de Composição e Regência da
EMBAP na década de 70, mas por falta de alunos o curso foi desativado. A
reestruturação só foi ocorrer na década de 90 e atraiu compositores de outros estados a
atuarem como docentes, dentre eles o mineiro Harry Crowl e o carioca Maurício
Dottori. O curso teve como primeiro formando a compositora Helma Haller (1950-)
em 1996. A 2a turma de formandos é de 2000, com apresentações de obras de alunos
com a Orquestra da EMBAP. Esse curso vem formando uma nova geração de
compositores emergentes, alguns já com obras escritas para violão, como Fernando
Riederer.
Arrigo Barnabé estudou piano na EMBAP de 1971 a 1973 mas logo ingressou
na USP em 1974. Embora Arrigo Barnabé tenha produzido somente uma obra original
para violão, ele será incluído neste trabalho por tratar-se de um compositor paranaense
de destaque no cenário musical brasileiro.
51 Há apenas uma obra de José Penalva com violão intitulada Hino ao Beato José Manyanet
(1988) para voz média e violão. PROSSER, E. S. Um olhar sobre a música de José Penalva: catálogo comentado. Curitiba: Champagnat, 2000.
56
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2 COMPOSITORES E REPERTÓRIO VIOLONÍSTICO
Os compositores paranaenses para violão podem ser classificados em três
grupos: (1) compositores nascidos entre 1916-1953, abrangendo desde o precursor
Admar Garcia (1916-1994), até os compositores ainda atuantes Waltel Branco e Jaime
Mirtenbaum Zenamon; (2) compositores nascidos após 1953 e violonistas da nova
geração, atuantes a partir da década de 80, e integrantes do grupo paranaense de
violonistas: Chico Mello, Norton Dudeque, Rogério Budasz, Guilherme Campos e
Octávio Camargo; (3) e compositores nascidos após 1953, não-violonistas da nova
geração, compreedendo na sua maioria compositores vindos de outros estados: Arrigo
Barnabé, João José Félix Pereira, Carmo Bartoloni, Harry Crowl, Maurício Dottori e
Fernando Riederer. A linguagem dos compositores representantes do grupo 2 e 3 se
caracteriza por uso do serialismo, sistema híbridos (tonal/modal), eletroacústica e
multimídia. Este grupo também se caracteriza por uma forte tendência à
experimentações, genericamente através de liberdades formais, inovações em efeitos
de sonoridades, aleatoriedade controlada e instrumento preparado.
O terceiro grupo tem relação direta com a reestruturação do curso de
Composição e Regência na EMBAP, em 1992, que incentivou o surgimento de novas
tedências da composição para violão em Curitiba. O curso tem como professores os
compositores Maurício Dottori (1960-), Harry Crowl (1958-), João José Félix Pereira,
Octávio Camargo (1967-) e o musicólogo Rogério Budasz, entre outros. Em 1997, o
curso de Composição recebeu grande impulso quando o compositor Bertold Türcke
(1957-), um dos fundadores do Grupo Contemposonoro, em 1993, passou a residir em
Curitiba. Além desses compositores ligados ao curso de Composição, outros também
vêm produzindo para violão, como é o caso de Carmo Bartoloni, residente em Curitiba
desde 1985. Nesta ramificação também será incluído Fernando Riederer por
representar uma nova geração de compositores emergentes.
57
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.1 Compositores nascidos entre 1916 e 1953
3.2.1.1 Admar Garcia
a) Trajetória
Admar Garcia nasceu em Pelotas, Rio Grande do Sul, em 1916. A partir de
manuscritos autografados de suas obras, podemos deduzir que o compositor residiu em
cidades do interior do Paraná no início da década de 40. Estudou violão com o
professor Eugênio Martins52. Estabeleceu-se em Curitiba em 1944, onde manteve
intensa atividade como professor de violão. Dedicou-se quase que exclusivamente ao
ensino e fundou a Academia Paranaense de Violão na década de 60, a qual perdurou
até 1971. A Academia chegou a contar com 386 alunos de violão. Um dos alunos mais
expressivos de Admar Garcia foi Valdomiro Prodóssimo, hoje diretor do
Conservatório Villa-Lobos. Depois da extinção da Academia Paranaense de Violão,
Admar Garcia passou a lecionar em sua residência e no Instituto Carlos Wesley até sua
aposentadoria. Faleceu em 1994 em plena atividade.
b) Obras para violão
A obra de Admar Garcia para violão até o presente momento é quase
desconhecida do público, pois as execuções se limitavam a audições no Instituto
Carlos Wesley. Foi encontrado nos seus arquivos pessoais um conjunto de 7 obras para
violão solo, uma obra para canto e acompanhamento para violão e um manuscrito do
compositor Waltel Branco, com quem Garcia mantinha estreitas relações. Cinco obras
datam da década de 40, compostas em cidades do interior do Paraná, tais como
Cornélio Procópio, Ibiporã, Ponta Grossa e Quatiguá. As duas restantes, de 1964 e
1971, foram compostas em Curitiba. Suas obras são criadas dentro do sistema tonal,
geralmente na forma ABA. Os gêneros utilizados são danças que estavam em voga na
época, como valsas, tangos e rancheiras. O compositor também utilizou-se de formas
52 Não foi encontrado nenhum registro sobre Eugênio Martins. Essa informação foi baseada em
uma crônica com logotipo da APV anônima e sem data.
58
Mário da Silva – O Violão no Paraná
livres, como um Prelúdio inspirado em Bach e uma Peça Sem Título. Esta última
apresenta a estrutura ABCA CODA, na qual A é caracterizada por uma melodia em
sextas paralelas na tônica em Ré menor (Exemplo 8a); B transpõe a melodia em sextas
para a tônica relativa em Fá maior; e C apresenta variações progressivas de ligados
com diferentes desenhos rítmicos na tônica em Ré menor (Exemplo 8b).
Exemplo 8. Admar Garcia: Peça sem Título (1945) –8a) cc. 1-4. 8b) cc. 16-20, 8c) cc. 33-40, 8d) cc. 41-47.
59
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.1.2 Waltel Branco
a) Trajetória
Waltel Branco53 nasceu em 22 de novembro 1929, em Paranaguá (PR).
Estudou violão com Oscar Cáceres e com Othon Salero (aluno de Andrés Segovia), no
Rio de Janeiro, na década de 5054. Em 1953, Branco assumiu o lugar de José Menezes
no sexteto de Radamés Gnatalli no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, Branco
conheceu Garoto (Aníbal Augusto Sardinha) e assumiu seu lugar no Trio em Surdina,
que era constituído por Garoto ao violão, Fafá Lemos ao violino e Chiquinho do
Acordeom. Entre 1962 e 1963 freqüentou o Conservatório Lorenzo Fernandes (RJ),
onde estudou composição com Cláudio Santoro e Paulo Silva (1892-1967) e regência e
composição com o curitibano Alceo Bochino (1918). Branco teve também contato
com Francisco Mignone, de quem recebeu manuscritos das obras Menuetto e Fantasia
(1953) e Repinicando (1953) para violão solo. Branco foi convidado a freqüentar
como participante o curso Musica en Compostela (Santiago de Compostela, Espanha)
em 1971, executando para Andrés Segovia as obras Prelúdio 1 e Estudo 3, de Heitor
Villa-Lobos, e Sonata em Mi menor (Albada e Fandango), de Frederico Moreno
Torroba.
A atividade principal desenvolvida por Branco foi a de arranjador e
orquestrador, embora tenha realizado também vários concertos como violonista. Em
1986, no Teatro Cultura Artística de São Paulo (Sala Esther Mesquita), Branco
apresentou-se em concerto, quando executou composições de Radamés Gnatalli e
Guerra-Peixe para violão solo, e composições suas e de José Menezes de música de
câmara.
53 As informações biográficas de Waltel Branco são baseadas em: (1) entrevista realizada por
Mário da Silva Junior em 30 de maio de 2001, na residência de Waltel em Curitiba; (2) revista Cine Radio ACTUALIDAD MONTEVIDÉU. MAR/1955. Ano II no. 972; (3) Revista DIREÇÃO (Brasil), 1955.
54 Segundo Waltel Branco, foi Othon Salero quem lhe repassou conteúdos musicais fundamentais, como projeção de contornos melódicos, condução de vozes e execução de articulações melódicas e rítmicas.
60
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Depois de longa carreira como arranjador e compositor de trilhas sonoras para
televisão no Rio de Janeiro entre 1965 e 1994, voltou a Curitiba em 1995. Branco foi
então convidado por Alice Ruiz (poeta paranaense e Presidente da Fundação Cultural
de Curitiba na época) para comandar o programa Entre Amigos no Teatro
Universitário de Curitiba, promovido pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.
Este programa ainda acontece uma vez por mês, consistindo na primeira parte com
uma apresentação de Branco e uma segunda com um artista convidado. Waltel Branco,
hoje aos 71 anos, além de coordenar o projeto Entre Amigos e compor, leciona na Casa
de Cultura de Ponta Grossa desde 1998 e rege a orquestra sinfônica daquela cidade.
Branco teve influência limitada no cenário do violão no Paraná em virtude de ter
desenvolvido suas principais atividades em São Paulo e Rio de Janeiro.
b) Obras para violão
O catálogo de obras para violão solo de Waltel Branco passa dos 70 títulos. Na
categoria de violão com orquestra foi possível, até o momento da última entrevista em
2001, catalogar dois concertos para violão, sendo que um deles está em fase de revisão
e acabamento. A característica mais marcante nas obras de Branco é a combinação
entre formas tradicionais e gêneros da música popular, como valsas, milongas, choros
e sambas. Como exemplo, temos a obra Só Nata Brasileira no. 1 (1991) em três
movimentos (Prelúdio, Acalanto e Ponteio), na qual cada movimento é baseado em
canções de compositores consagrados da música popular brasileira, entre os quais Noel
Rosa e Vadico (Exemplo 9). Embora Branco intitule a obra de Só Nata, sugerindo uma
alusão à forma Sonata, ela consiste de um grupo de canções contrastantes, não
seguindo essa estrutura de forma.
61
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 9: Waltel Branco: Só Nata Brasileira – 9a) Prelúdio cc. 1-4, 9b) Acalanto cc. 1-4 e 9c) Ponteio cc. 1-4.
62
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Waltel Branco inclui dedicatória em 29 das suas 50 obras para violão solo.
Alguns exemplos são: Valsa, para o violonista paraguaio Agustin Barrios (1885-1944);
Argamassa (canção), para Hermínio Belo de Carvalho, produtor da música popular
brasileira; e Ninho de Cobra, para o conjunto de choro de Jacob do Bandolim.
Uma das práticas mais interessantes no estilo de compor de Waltel Branco é o
uso do melonome, processo no qual a seqüência de notas do material que serve de base
à composição provem de uma correspondência entre notas e letras de um vocábulo
(Exemplo 10). Este procedimento, em alguns casos homenageando renomados
violonistas brasileiros amigos de Branco, pode ser observado em várias de suas obras
como Choro Clássico (Melonome Turíbio Santos), Choro no. 2 Lembranças
(Melonome Rafael Rabello) e Valsa Amorosa (Melonome Laurindo de Almeida).
Exemplo 10. Waltel Branco: Chorojongo no. 3 a Nélio Rodrigues, cc. 1-4.
63
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.1.3 Arrigo Barnabé
a) Trajetória
Arrigo Barnabé nasceu em Londrina, Paraná, em 1951. Estudou piano na
EMBAP de 1971 a 1973, composição na Escola de Comunicação e Artes (USP) de
1974 a 1979, e particularmente com Hans Joachim Koellreutter na década de 70. Na
fronteira entre a música contemporânea e a música popular brasileira, Arrigo Barnabé
produz composições de características atonais e dodecafônicas. Seus trabalhos de
maior destaque são os discos Clara Crocodilo (1980) e Tubarões Voadores (1984); e
suas trilhas para os filmes Estrela Nua (1985), Cidade Oculta (1985), Vera (1987) e
Lua Cheia (1988), todos premiados na categoria de trilha sonora. Entre seus trabalhos
mais recentes estão a obra Peça para dois pianos, percussão e quarteto de cordas e
banda de Rock (1995), o cd Ed Mort (1997) e a trilha sonora para o filme Oriundi
(1998), produzido pelo ator Antony Quinn no Paraná.
b) Obras para violão
Arrigo Barnabé escreveu até o momento uma única obra para violão, em 1999,
intitulada Fragmento. Nessa obra, o compositor utiliza o serialismo combinado a um
tratamento polifônico, com diferentes manipulações de uma mesma série diferenciadas
por articulações distintas e freqüentes alternâncias de fórmula de compasso. A obra é
organizada em 3 seções com funções estruturais distintas: na primeira, a apresentação
da série (cc. 5-6); na segunda, o desenvolvimento polifônico (cc. 13-16); e na terceira,
a liquidação do material (cc. 53-56) (Exemplo 11)55.
55 SCHOENBERG, A. Fundamentos da composição musical. São Paulo: EDUSP, 1993,
p.186. Liquidação é privar gradualmente as formas-motivo de seus elementos característicos, dissolvendo-as em formas amorfas, tal como as escalas e acordes arpejados. Segundo Schoenberg, um dos propósitos da liquidação é neutralizar a extensão ilimitada.
64
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 11. Arrigo Barnabé: Fragmento (1999) - 11a), cc. 5-6, 11b) 13-16, 11c) 53-56.
65
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.1.4 Jaime Mirtenbaum Zenamon
a) Trajetória
Jaime Mirtenbaum Zenamon nasceu em La Paz, Bolívia, em 20 de fevereiro
de 1953, e naturalizou-se brasileiro quando veio residir em Curitiba, na década de 70.
Estudou composição e violão clássico em Israel, Espanha, Portugal e Uruguai. Foi
aluno de Abel Carlevaro (Uruguai, 1918-2001) e Guido Santorsola (Itália, 1904 -
Uruguai, 1994). Quando mudou-se para Curitiba, estabeleceu-se na cidade como
professor de violão. Estimulava seus alunos a estudarem com Abel Carlevaro nos
festivais realizados em Porto Alegre e Uruguai, pois acreditava que Carlevaro trazia
novidades para o ensino do violão e uma delas era executar, além do repertório
tradicional, a música contemporânea da época. Zenamon, que já produzira um número
considerável de obras para violão, gradativamente começou a ganhar a confiança da
sociedade musical curitibana, e em 1978 implantou o curso fundamental em Violão na
EMBAP. No ano seguinte, participou do disco Casamento Campestre da Camerata
Antiqua de Curitiba, em uma gravação integral da obra homônima do compositor Jean
de Roteterre. Radicou-se em Berlim em 1980, a convite da Escola Superior de Artes
(Hochschule der Kunste), onde ocupou o cargo de professor de Violão até 1992.
Realizou concertos nos maiores centros culturais e, como compositor e concertista,
gravou vários long plays e compact discs. Em 1993 voltou a Curitiba, onde atualmente
reside e continua a desenvolver atividades como compositor, recebendo
constantemente encomendas da editora de música Verlag Neue Musik (Margaux,
Berlim, Alemanha). Sua produção como compositor inclui obras para violão, câmara,
orquestra e música eletrônica. Zenamon é um compositor que não está inserido no
meio acadêmico e apresenta-se rarissimamente como instrumentista, sobrevivendo dos
direitos autorais de suas composições, em sua maioria captados na Europa e Estados
Unidos.
66
Mário da Silva – O Violão no Paraná
b) Obras para violão
Na maioria de suas obras, Zenamon combina formas tradicionais com
elementos programáticos. Por exemplo, na obra The Black Widow, as três seções da
obra correspondem aos momentos da cópula da aranha “viúva negra”: “Seduction”, na
forma de um prelúdio com ornamentações em acelerando livre de aleatoriedade
controlada; “Dance and Love”, de forma rítmica alternada entre binário e ternário com
acordes de sétima e efeitos idiomáticos através de ligados; “Satisfaction” Cópula,
através de uma canção (Exemplo 12).
Exemplo 12. Jaime Mirtenbaum Zenamon: The Black Widow. 12a) Sedução c. 1; 12b) Dança cc. 1-3;
12c) Satisfação cc 1-2.
67
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Sob o ponto de vista violonístico, é possível notar influências de Heitor Villa-
Lobos e Leo Brouwer nas obras de Zenamon, principalmente através de
aproveitamentos idiomáticos do instrumento, tais como a utilização de harmônicos
naturais e artificiais, ligados como efeito sonoro e cordas soltas acompanhadas por
uma seqüência de acordes paralelos que, mesmo provocando uma dissonância,
aumentam qualitativamente a sonoridade do instrumento (Exemplo 13).
Exemplo 13. a) Jaime Mirtenbaum Zenamon: Homenagem a Ravel, IIo Lento – cc. 27-28
Exemplo 13. b) Heitor Villa-Lobos: Estudo 11- cc. 23-25
68
Mário da Silva – O Violão no Paraná
O catálogo de Zenamon para violão solo, violão inserido em conjuntos
camerísticos, violão com orquestra, violão combinado com instrumentos não-
convencionais como ventiladores e violão inserido na música eletroacústica conta com
mais de 120 títulos, a maioria editados na Alemanha. As obras para violão de
Zenamon mais conhecidas e executadas são as que se utilizam somente deste
instrumento (violão solo, duos, trios e quartetos de violões). Muitas de suas obras
contam com registros fonográficos, como, por exemplo, a obra The Black Widow, por
Robert Brightmore, em 1994, na Inglaterra, e por Mário da Silva, em 1996, no Brasil.
A sua produção inclui também várias obras de nível intermediário com finalidade
pedagógica. A série Epigramas (1989) consta de dois volumes com 10 peças cada um,
cada peça buscando apresentar ao estudante um elemento técnico específico, como,
por exemplo, ligados no Epigrama nº 17, destaque melódico na voz grave pelo polegar
e na aguda com toques especiais no Epigrama nº 13. Já as 24 Estampas têm grau de
dificuldade mais elevado e segundo o próprio ZENAMON têm duas funções básicas:
“melhorar as condições musicais, ampliando gradualmente o conhecimento da música
moderna; melhorar as condições técnicas, sem esquecer o sentido melódico, sonoro,
rítmico e dinâmico das obras”56.
Exemplo 14. Jaime Zenamon: Epigramas nº 17 e 13 cc.1-2; Estampas nº 13 – cc. 1-2 e Estampas 15 - cc. 1-3.
56 ZENAMON, J.M. Epigramme, 20 leicht Stücke für Gitarre. Berlim: Margaux, 1989.
Prefácio, p.1.
69
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.2 Compositores violonistas da nova geração nascidos após 1953
3.2.2.1 Chico Mello
a) Trajetória
Chico Mello (Luiz Francisco Garcez de Oliveira Mello) nasceu em 1957 em
Curitiba. Iniciou seus estudos musicais através de aulas particulares de contraponto
com José Penalva e composição com Hans-Joachin Koellreutter (1978). Teve o início
de sua formação acadêmica realizada na Escola de Música e Belas Artes do Paraná,
onde estudou violão com Jaime Zenamon e Orlando Fraga concluindo o bacharelado
em Violão em 1984. Embora seu interesse primordial fosse a composição,
desenvolveu-se também como intérprete, tendo executado obras representativas do
repertório, como o Concerto em Ré para violão e orquestra, de Mário Castelnuovo
Tedesco (1895-1968) (com acompanhamento de piano). Em seu concerto de formatura
em 1984, executou obras de Garoto, Heitor Villa-Lobos (Estudos 5 e 12) e estreou sua
obra Do Lado do Dedo. Foi professor de Harmonia e Violão da EMBAP de 1982 a
1985. Nessa época, já exercia paralelamente sua carreira de compositor. Seu long play
Chico Mello e Helinho Brandão (1985), com obras dos dois compositores, inclui o
primeiro registro fonográfico de sua produção, no qual executa sozinho a sua obra
Dança (1984) para quatro violões. Em 1987 ingressou na Escola Superior de Artes de
Berlim (graduação em Composição), onde estudou Composição com Dieter Schnebel
e Witold Szalonek, formando-se em 1992. Nessa mesma cidade continua
desenvolvendo atividades como compositor, intérprete de suas obras e professor de
Composição. Participa regularmente de festivais de música contemporânea, tais como
o Festival de Música Nova de São Paulo, o Encontro de Música Nova de Curitiba, o
Festival de Música Nova de Donnaueschingen (Alemanha), o Festival de Música de
Bourges (França) e o “Bang in a Can” (Nova York, EUA). Tem recebido bolsas e
comissões de obras de diversas instituições alemãs, entre elas o Senado para Assuntos
Culturais de Berlim. Atualmente reside em Berlim e vem divulgando seu mais recente
trabalho, registrado no CD Do Lado da Voz (2000).
70
Mário da Silva – O Violão no Paraná
b) Obras para violão
Chico Mello tem um catálogo violonístico de apenas 9 obras, focando o violão
inserido em grupos de câmara. Chico Mello utiliza o experimentalismo não somente
em recursos técnicos do instrumento e estrutura formal das obras, mas também como
posicionamento estético e busca constante de novas linguagens57. Na obra Do Lado do
Dedo para violão solo, Chico Mello propõe uma scordatura diferenciada do violão,
buscando a sonoridade do berimbau e da viola caipira brasileira (Exemplo 15). Nessa
obra, os recursos composicionais utilizados são instrumento preparado com uso de
uma caneta e reiteração através de motivos percutidos no braço do instrumento. É
Chico MELLO quem afirma:
Do Lado do Dedo se refere à experiência táctil de “tocar” o violão, expandindo seus limites como instrumento de corda e percussão, e em certos momentos, preparando o instrumento no sentido “Cageano” da palavra. As rápidas vibrações produzidas pela afinação microtonal e sua lenta e contínua percussão parecem trazer o violão mais perto do corpo, ao mesmo tempo, produzindo sons associados a outros instrumentos como o berimbau e a viola caipira. O violão é uma continuação de nós mesmos: uma mão amiga, um amigo prá cantar com a gente. Alguém fricciona suas cordas, as acaricia, pergunta algo, e um som nos dá a resposta58.
57 MELLO, Laura Ritzmann de Oliveira. Comparações entre os procedimentos estéticos em Julio Cortázar em o Jogo da Amarelinha e Chico Mello em Amarelinha. Monografia (Curso de Especialização em Estética e Interpretação da Música do Século XX), EMBAP, Curitiba, 2001.
58 MELLO/OCOUGNE, C. S. Música brasileira de(s)composta. Chico Mello e Silva Ocougne, violão. Berlim: Wandelweisers, 1996. 1 CD (56’19): digital, estéreo. Texto do encarte do Compact Disc redigido por Chico Mello.
71
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 15. Chico Mello: Do Lado do Dedo - 15a) c. 1, 15b) c. 2, 15c) c. 5, 15d) c. 15, 15e) c. 49
72
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Chico Mello tem experiências também com a música cênica (Theatre Music) e
música para teatro, sendo freqüentemente convidado a fazer a direção musical em
peças de teatro encenadas em Curitiba, Rio de Janeiro e Berlim. Isso se reflete em sua
obra. Por exemplo, em sua última obra para violão, Entre Cadeiras (1999), utiliza
características cênicas: o violonista é solicitado a executar fragmentos de canções
intercalados com a troca de três cadeiras, sendo que os passos entre essas cadeiras são
organizados em número e em velocidade. Na cadeira 2, o violonista executa a canção
Minha Meia Preta, organizada em células curtas que vão aumentando
progressivamente; na cadeira 3, o violonista executa o tango Silêncio em La Noche
fragmentado; e na cadeira 1 as duas canções são sobrepostas, com o violonista
executando o acompanhamento do tango de forma bem espaçada e a canção Minha
Meia Preta cantada de forma bem articulada, para que apenas os sons percussivos da
movimentação dos lábios e língua sejam audíveis (Exemplo 16). A disposição das
cadeiras e do intérprete no palco é determinada na partitura (Figura 1).
Figura 1. Chico Mello: Entre Cadeiras
.
73
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 16. Chico Mello: Entre Cadeiras (1999) –16a) Cadeira 1 – cc.1-3, 16b) Cadeira 2 – cc.1-2, 16c) Cadeira
3 – cc. 1-2.
74
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.2.2 Norton Dudeque
a) Trajetória
Norton Dudeque nasceu em Curitiba em 1958. Estudou violão com Jaime
Mirtenbaum Zenamon de 1977 a 1978. Em 1979, ingressou na Escuela Universitária
de Música de Montevidéu, Uruguai, onde estudou Violão com Eduardo Fernández,
Abel Carlevaro e Harmonia com Guido Santorsola. Retornou a Curitiba em 1983,
passando a ter aulas particulares de harmonia, contraponto e análise com o maestro
Osvaldo Colarusso. Concluiu o bacharelado em Violão (1985) pela EMBAP e
mestrado em Violão (1991) pela University of Western Ontario, Canadá. Foi professor
da EMBAP nas cadeiras de Violão e Harmonia de 1986 a 1989, e quando regressou do
Canadá foi docente do curso de especialização em Música do Século XX da EMBAP,
na disciplina História da Música do Século XX (1992). Desde 1992, é professor da
Universidade Federal do Paraná no curso de Educação Artística, atuando na disciplina
de Estruturação Musical. Teve aulas particulares de composição com Hans-Joachim
Koellreutter de 1994 a 1995. Publicou o livro História do Violão (1994) e organizou o
volume Música Contemporânea Paranaense (1995), com composições de Chico
Mello e Rodolfo Richter, ambos para a Editora da UFPR. Realizou mestrado em
Musicologia (1997) na Universidade de São Paulo, USP, onde desenvolveu pesquisa
sobre a obra teórica de Arnold Schoenberg. Realizou doutorado em Musicologia
(2002) na Universidade de Reading, Inglaterra, sob a orientação de Jonathan Dunsby.
Atualmente leciona Análise e Contraponto na UFPR e se dedica a trabalhos em
musicologia, teoria, composição e editoração musical.
b) Obras para violão
Sua produção como compositor concentra-se em obras para violão solo,
conjunto de violões e câmara com violão. A primeira delas, Quarteto para violões no.
1 , data de 1993. Suas obras apresentam simultaneidade e variedade de procedimentos
composicionais, como minimalismo e atonalismo livre. Em algumas de suas obras,
Dudeque utiliza um sistema próprio de organização das alturas combinado à variação
75
Mário da Silva – O Violão no Paraná
sistemática das durações, garantindo imprevisibilidade melódica e rítmica. Como
exemplos da variedade de procedimentos podemos citar: reitereção em Peça Para
Violão 2 continuum (1996) e Pintando o 7 (1997); constância de intervalos em Peça
para Violão 1 (1995), que é estruturada em intervalos de segundas e nonas maiores e
menores e sétimas maiores (Exemplo 17).
Exemplo 17. Norton Dudeque: Peça para Violão 1 (1995) para violão solo - cc. 1-9.
76
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Sua Peça para Violão 2 (1999) (cc. 1-9) é desenvolvida dentro do sistema
modal, utilizando-se da reiteração e combinando ostinatos em terças e quartas com
melodias construídas em valores longos com superposição de intervalos de nonas e
quintas (Exemplo 18).
Exemplo 18. Norton Dudeque: Peça para Violão 2 – Continuum (1996) para violão solo - cc. 1 - 9.
77
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.2.3 Rogério Budasz
a) Trajetória
Rogério Budasz nasceu em Curitiba, em 1964. Realizou bacharelado em
Violão (1992) pela EMBAP, mestrado em Musicologia (1996) pela Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP) e PhD em Musicologia
(2001) pela University of Southern California. No período em que atuava como
instrumentista no Quarteto de Violões de Curitiba (1987-1991), e no Grupo Terra
Canora (1991), começou a escrever suas primeiras composições para violão. Mais
recentemente, Rogério Budasz vem se dedicando a pesquisas musicológicas, e é nessa
área que tem recebido destaque. Desde o início da década de 90 tem recebido bolsas de
apoio a seus trabalhos: foi bolsista do CNPq (1993-1995) e da Fundação Calouste
Gulbenkian (1995-1996) para investigações em Portugal sobre a música colonial
brasileira e suas relações com a música ibérica, e da Fundação Vitae (1997) para
pesquisar a influência brasileira no repertório português para guitarra barroca.
Budasz vem participando de congressos e publicando diversos trabalhos de
caráter musicológico. Sua dissertação de mestrado, focalizando a poesia de José de
Anchieta e suas relações com o cancioneiro ibérico, apresentou um repertório, até
então desconhecido, de música praticada no Brasil quinhentista e resultou em
concertos e gravações de intérpretes como Ana Maria Kiefer, Ricardo Kanji, Grupo
Vox Brasiliensis e Grupo Continens Paradisi. Sua tese de doutorado analisa a
literatura portuguesa para guitarra barroca, concentrando-se nas interações entre
Portugal, Brasil e o continente africano. Atualmente é professor de História da Música
e Contraponto da EMBAP.
b) Obras para violão
Rogério Budasz produziu somente 3 obras para violão, todas com
características bastante idiomáticas, resultantes do domínio do repertório violonístico
clássico e contemporâneo pelo compositor. Na obra Ritos (1991) para quarteto de
violões, a primeira seção é construída sobre a reiteração de notas curtas, produzindo
78
Mário da Silva – O Violão no Paraná
um moto contínuo e criando centros gravitacionais em torno das notas lá (c.1), mais
tarde ré sustenido e si (c. 53, e cc. 75-78) (Exemplo 19).
Exemplo 19. Rogério Budasz: Ritos para quatro violões – 1a. seção.
79
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Na segunda seção o moto contínuo é abandonado para dar lugar a um motivo rítmico
posteriormente desenvolvido (cc. 94-97). A terceira seção é caracterizada por uma
estrutura isorrítmica (cc. 138-140) (Exemplo 20).
Exemplo 20. Rogério Budasz: Ritos para quatro violões.
80
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Segundo o próprio compositor, o título Ritos foi escolhido após ele ter delineado a
estrutura da primeira seção, o que lhe pareceu a princípio uma "música de transe". O
aspecto introspectivo e visionário desse transe é explorado na segunda seção, enquanto
que a terceira seção é mais energética, física e corpórea. O autor comenta: “por outro
lado, além dessas associações óbvias, hoje em dia sinto que a peça está mais relacionada
à circularidade (e suspensão, ainda que ilusória) do tempo”59.
59 Declaração feita por Rogério Budasz através de correio eletrônico, em 16 de janeiro de
2002.
81
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.2.4 Guilherme Campos
a) Trajetória
Guilherme Campos (Guilherme José Campos da Silva) nasceu em Curitiba,
em 1966. Iniciou seus estudos musicais com Orlando Fraga, em 1985, e formou-se
bacharel em Violão (1992) na EMBAP. Em cursos e seminários de violão, esteve sob a
orientação de Jaime Mirtenbaum Zenamon, Giácomo Bartoloni, Ângella Müner,
Henrique Pinto, Tadeu do Amaral e Leo Soares. Estudou composição com Aylton
Escobar em 1985, José Penalva em 1989 e João José Félix Pereira em 1991. Vem
desenvolvendo intensa atividade musical como concertista desde 1987, lançando seu
primeiro LP com o Quarteto de Violões de Curitiba (1991), incluindo a obra Cidade
1987, de sua autoria. Foi professor de Violão da Escola de Música e Belas Artes do
Paraná durante o ano de 1991. Atualmente, é professor de Música no Colégio Dom
Bosco, em Curitiba, paralelamente às suas atividades de compositor.
b) Obras para violão
Guilherme Campos utiliza-se de várias linguagens, embora o serialismo seja
uma constante em suas produções. Como forma de crítica à música tradicional de
concerto, busca introduzir o humor nas obras para violão e questiona a função da
música de concerto hoje. Segundo ele, a tecnologia eletrônica contribui para o
deterioramento de uma audição crítica e reflexiva por parte do público. Na obra
Balacubaco (1998), o executante realiza variações com uma caixa de fósforo,
atirando-a ao público, para depois executar uma coda ao instrumento, com acordes de
timbres metálicos e articulados rapidamente (Exemplo 21).
82
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 21. Guilherme Campos: Balacubaco para violão solo – cc. 1-44
83
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.2.5 Octávio Camargo
a) Trajetória
Octávio Camargo nasceu em Curitiba, em 1967. Formou-se bacharel em
Violão (1992) pela EMBAP, onde estudou com Orlando Fraga. Octávio Camargo é
professor do curso de Composição e Regência da Escola de Música e Belas Artes do
Paraná. Desenvolve um trabalho voltado à performance, criando espetáculos ou
intervenções não anunciadas. Faz um amálgama de som, cena e associações literárias,
elementos que se transformam em uma ação estética com os significados trazidos pela
presença física do performer.
b) Obras para violão
Camargo produziu 3 obras para violão solo nas quais percebem-se influências
da MPB e do minimalismo. Na sua obra Desafignado (1997) Camargo faz uma versão
da canção popular de Tom Jobim onde o texto (ausente) é comentado musicalmente
através da inserção de corpos estranhos, como a letra “g” no título. A estrutura formal
da peça é livre e improvisatória. A melodia, sempre em arpejos, busca explorar a
sonoridade própria do instrumento, o que o compositor domina pelo seu conhecimento
do repertório violonístico (Exemplo 22).
Exemplo 22. Octávio Camargo: Desafignado (1996) para violão solo, cc. 1-6.
84
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.3 Compositores não-violonistas da nova geração nascidos após 1953
3.2.3.1 João José Félix Pereira
a) Trajetória
João José Félix Pereira nasceu em Curitiba, em 1957, e iniciou seus estudos ao
piano na Escola de Música e Belas Artes do Paraná em 1972. Em 1976 transferiu-se
para São Paulo, ingressando na Faculdade Paulista de Artes, no Curso Superior de
Canto. Nessa instituição, teve como professores Sônia Kerkezian (Canto), Bernardo
Federowski (Regência) e Achille Pichi (Orquestração). Neste período teve a
oportunidade de realizar estudos particulares com Hans-Joachim Koellreutter. Logo
depois de sua graduação, assumiu na EMBAP as disciplinas de Contraponto (1983) e
Harmonia (1984), substituindo respectivamente José Penalva e Henrique Morozowicz.
Criou os cursos de extensão em Composição (1988) da EMBAP, e entre seus alunos
estiveram os violonistas paranaenses Guilherme Campos e Rogério Budasz. Realizou
mestrado em Comunicação e Semiótica (1992) pela PUC de São Paulo, onde
desenvolveu pesquisas junto a comunidades indígenas na Serra dos Itatins, no sul
daquele estado. Traduziu do idioma Ñandéva para o português o texto “Ara Pyau”,
sobre a grande migração Ñandéva em direção ao Atlântico. Atualmente leciona
Contraponto e Composição na EMBAP e realiza palestras sobre a arte de fazer e tocar
a flauta de bambu. A obra de João José Félix Pereira60 é constituída de 45 títulos
distribuídos nas formações de instrumento solo (piano e violão), duos instrumentais
(dois pianos; clarinete e piano; duo de violões), trios instrumentais (de cordas; flauta,
piano e percussão; piano, sax e violão), quartetos de cordas e violões, orquestra e coro,
orquestra e instrumento solista, canto e instrumentos, canto coral, coro e instrumentos.
60 PETRACA, Ricardo Mendonça. Um signo em expressão: maestro João José de Félix
Pereira, “Biografia e Catálogo de Obras: 1957-1995”. Monografia (Curso de Especialização em História da Arte e Música) EMBAP, 1996. p. 48.
85
Mário da Silva – O Violão no Paraná
b) Obras para violão
A produção para violão de João José Félix Pereira se resume a 9 obras, sendo
duas para violão solo e as demais para grupos de câmara, todas de nível avançado e
com predominância da linguagem atonal. Félix Pereira desenvolveu a escrita em
planimetria. As primeiras experiências com o violão do compositor aconteceram em
São Paulo, quando produziu duas obras para duo de violões: Suíte para Violão:
Prelúdio, Alman, Corranto, Sarabande, Pavane – Venetiana e Gigg (1979), mesclando
a forma antiga da suíte com o sistema serial; e Dois Fragmentos Microsseriais (1981)
(Exemplo 23).
Exemplo 23. João José Félix Pereira: Suíte Antiga (1979) para dois violões. Prelúdio – cc. 1-2; Alman cc. 1-2.
86
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Durante seu período de docência na EMBAP, compôs Maquimal e Toccata
(1987) para violão solo, ambas estreadas por Orlando Fraga, seu incentivador para
composição de obras para violão. Na Toccata, observamos mais liberdade na forma e
familiaridade com a escrita idiomática do violão do que nas obras anteriores, o que é
demonstrado nos seguintes elementos: (1) emprego dos harmônicos artificiais (Io
Movimento - cc. 29-31); (2) utilização do pizzicatto a la Bartok para contraste de
dinâmica (IIo Movimento - cc. 19-20); (3) articulações diferenciadas (IIo Movimento -
c. 60) (Exemplo 24a, 24b e 24c).
Exemplo 24. João José Félix Pereira: Toccata 1987 para violão solo - Iº Movimento 24a ) cc. 29-31, IIº Movimento
24b) cc. 19-20 e 24c) c. 60.
87
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.3.2 Carmo Bartoloni
a) Trajetória
Carmo Bartoloni nasceu em São Paulo, em 1956. Formou-se bacharel em
Percussão (1984) pelo Instituto de Artes da UNESP, onde estudou Composição e
Regência com Aylton Escobar, Henrique Gregori e Celso Majola. Passou a residir em
Curitiba, onde é percussionista da Orquestra Sinfônica do Paraná (1985) e professor de
Percussão (1986) da EMBAP. É membro do Grupo Akros de música contemporânea.
Atualmente realiza mestrado em Música no Instituto de Artes da UNESP. Sua
produção se concentra em obrras para percussão.
b) Obras para violão
Sua produção para violão (que surgiu pela influência de Giácomo Bartoloni
com quem realizou um duo) inclui obras solo, para câmara e com orquestra. Utiliza
linguagem tonal. Na obra Divertimento (1985), para violão e percussão, Bartoloni
desenvolve movimento melódico ascendente a duas vozes para o vibrafone agregado a
um ostinato (fa#, mi) na voz central. O violão atua como ostinato em contrapartida à
percussão melódica. As segundas maiores e a fórmula rítmica do violão provocam
uma sonoridade de características espanholas.
Exemplo 25. Carmo Bartoloni: Divertimento (1985) para violão e um percussionista, cc. 21-26
88
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.3.3 Harry Crowl
a) Trajetória
Harry Lamott Crowl Jr. nasceu em Belo Horizonte em 1958. Em 1977 foi para
os EUA, onde estudou Viola na Westport School of Music e Composição com Charles
Jones, na Juilliard School of Music. Retornou ao Brasil em 1979, e estudou
Composição (1980) com Rufo Herrera e Willy Correia de Oliveira. Em 1983 residiu
em Brasília (DF), onde foi violista da Orquestra Sinfônica de Brasília (FOSB).
Estabeleceu-se em Curitiba em 1994, integrando o corpo docente da EMBAP.
b) Obras para violão
Sua produção para violão inclui obras solo e violão inserido em grandes
grupos de câmara. Sua obra apresenta idioma atonal livre com ocasionais e quase
imperceptíveis incursões à tonalidade e ao modalismo como é o caso de Assimetrias
(1998) para violão solo (Exemplo 26), e sobre a qual o compositor comenta:
Assimetrias" é uma obra que funciona como um grande painel, quase sinfônico para o violão. Sua concepção baseia-se na idéia da auto-suficiência do instrumento, que possui uma personalidade própria muito diferente da de outros, como o piano, por exemplo. A idéia de algo sinfônico é a primeira vista, totalmente oposta ao caráter intimista e delicado do violão. Ao mesmo tempo, o violão é capaz de grandes tramas musicais que até hoje, foram exclusividade daqueles que tocam e compõem para o instrumento. Seguindo uma tradição brasileira e latino-americana, pretendi criar uma obra que levasse as possibilidades do instrumento ao extremo passando por elementos sintáticos que fossem de Villa-Lobos a Ginastera e Brouwer. A gênese desta obra foi um grande desafio, pois não sou violonista. O resultado é uma sonoridade contínua e brilhante deste painel sonoro cheio de grandes contrastes inesperados61.
61 Declaração feita por Harry Crowl através de correio eletrônico, em 19/04/02.
89
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 26. Harry Crowl: Assimetrias para violão solo, cc. 1-21
3.2.3.4 Maurício Dottori
a) Trajetória
Maurício Dottori62 nasceu no Rio de Janeiro, em 1960. Estudou clarinete com
José Botelho na Escola de Música Villa-Lobos (1974-1980) e Composição (1985) no
Teatro Musical na Scuola di Musica di Fiesole, Itália. Realizou mestrado em Artes na
Universidade de São Paulo (1991) e PhD em Música (1997) na Universidade de
Cardiff, País de Gales. Estabeleceu-se em Curitiba em 1992, integrando nesse mesmo
ano o corpo docente da EMBAP como professor de Composição e Contraponto.
62 PROSSER, Elisabeth Seraphim. Tendências da música contemporânea em Curitiba na
segunda metade do século XX. ANAIS III SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DE MUSICOLOGIA, Fundação Cultural de Curitiba, 2000. p. 309-321.
90
Mário da Silva – O Violão no Paraná
b) Obras para violão
Compõe a partir de conjuntos fechados de acordes não-tradicionais
preexistentes à peça e através de melodias não convencionais e fragmentárias. A
rítmica é organizada com alternância entre durações medidas e não medidas, em
planos simultâneos. Na sua obra para quarteto de violões, And now the storm blast
comes (1992), Dottori utiliza móbiles que variam em forma de labirinto. O compositor
faz a seguinte orientação sobre a obra:
O primeiro violonista deverá escolher e começar por uma das células principais numeradas de 1 a 8 e a tocará repetidamente. O violonista à sua esquerda, identificando qual célula toca o primeiro, selecionará ao lado dela, na coluna dita série principal, uma das duas células indicadas (x ou y) e começará a tocá-la repetidamente como estará fazendo o primeiro. Este após a entrada do segundo músico, selecionará e tocará uma única vez uma das células indicadas (w ou z) na coluna transitórias ao lado de sua célula principal; e a esta retornará repetindo-a ainda, até que a entrada do último violonista lhe indique uma outra célula principal para prosseguir. O violonista que houver primeiro tocado todas e cada uma das células finais, de 9 a 12, e a tocará, a primeira vez com um sforzato como notado, repetidamente. A partir deste ponto, todos os músicos restantes passarão a tocar, no mínimo três vezes cada uma, todas as células principais que houverem ainda tocada, saltando em seguida, com sforzato, para uma célula final diferente. A cada entrada sucessiva na parte final, o músico que houver entrado precedentemente nesta fase, retornará à última célula principal que tocou, tocando-a duas vezes, e voltando em definitivo à sua célula final. Quando todos os músicos estiverem na fase final, suprimirão os sforzatti, e farão um longo diminuendo até terminarem juntos ppp. POSTO SONATUM. Chegados ao fim, todos declamarão em desordem caótica e tempestuosa fragmentos deste texto, mas a última frase em uníssono e diminuendo63
63 DOTTORI, Maurício. And now the storm blast comes. Ao Quarteto de Violões de Curitiba,
Edição própria digitalizada, 1992.
91
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 27. Maurício Dottori: And now the storm blast comes. (1a. parte células 1 a 8)
92
Mário da Silva – O Violão no Paraná
A contribuição mais significativa para violão de Dottori, é a criação de All that you
know not to be is utterly true (2001), uma obra eletroacústica com aleatoriedade
controlada inspirada na escola polonesa de Krzystoff Penderecki (1933) e Witold
Lutoslawski (1913) na qual o violão está incluído. É muito provável que esta obra seja
o primeiro registro de composição eletroacústica com violão, produzida em Curitiba.
93
Mário da Silva – O Violão no Paraná
3.2.3.5 Fernando Riederer
a) Trajetória
Fernando Riederer nasceu no Rio de Janeiro, em 1977. Ingressou no curso de
Composição e Regência da EMBAP, em 1997. Estudou Composição e Música
Eletroacústica com Mauríco Dottori, Estética e Música Experimental com Octávio
Camargo e História da Música e Orquestração com Harry Crowl. Com bolsa da
CAPES (1998), estudou com o compositor americano Roger Reynolds em Porto
Alegre. Em 1999, em Cursos de Extensão da EMBAP, cursou as disciplinas História
da Música 1900-1950, com Celso Loureiro Chaves, Novas Tecnologias Aplicadas à
Música, com Fernando Iazzeta, e Interpretação da Música Contemporânea, com
Roberto Victório. Recebeu encomendas de diversos grupos, como o Quarteto de
Cordas Araucária, e de solistas como a pianista Leilah Paiva, a mezzo-soprano Denise
Sartori e o violonista Orlando Fraga. Riederer representa uma nova geração emergente
de compositores paranaenses, com formação no Curso de Composição e Regência da
EMBAP.
b) Obras para violão
Sua linguagem é atonal livre, com uso de aleatoriedade controlada, grafismo e
seções abertas não mensuradas. A obra Dois Tempos (2002) para 4 flautas, violão e 4
cellos, foi escrita para atender uma encomenda de Orlando Fraga. Consta de dois
movimentos. Segundo o compositor, o 1º. Movimento é uma grande variação do
Concerto para flauta e oboé de György Ligeti, escrita originalmente para quarteto de
cordas em 1998. No 2º. Movimento, o violão apresenta um ostinato rápido com pulso
independente das outras vozes e realiza inversões intervalares executadas pelos outros
instrumentos (Exemplo 28). O compositor afirma que faz uso de “planos separados”,
termo que define como “poli-atonalidade, inspirado em teorias de Hindemith e
Dallapicolla sobre a música atonal harmônica, resultado de seus estudos com Maurício
Dottori”64.
64 Declaração feita pelo compositor em entrevista concedida em 08/10/2002.
94
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Exemplo 28. Fernando Riederer: Dois Tempos. (Para Orlando Fraga), cc. 20-31.
95
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4 CATÁLOGO DE OBRAS PARA VIOLÃO DE COMPOSITORES PARANAENSES
4.1 ADMAR GARCIA
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações Observações 1941 Recordação Violão solo Ca. 2’00 “Dedicado à Alda 23/10/41” 1941 Valsa Violão solo “À Minha saudosa irmão Aracy
“escrita em Ponta Grossa em 26/8/41, Cornélio Procópio 29/10/42
1942 Tchau!Tchau!Tchau! Violão solo “Dedicado à irmã Ivone 23/10/42” 1942 Rancheira Violão solo Ca. 3’10 “Ao meu afilhado Wilson”
“Ibiporã 12/7/42 Cornélio Procópio 29/10/42”
1945 Peça Sem Título Violão solo Ca. 5’00 1/4/45 copiado em 17/5/45 1964 Prelúdio Violão solo Ca. 2’20 “Dedicado a minha esposa
Hortencia Garcia”. Curitiba, 20/1/1964
1971 Adeus Academia Violão solo Curitiba, 27/8/1971
96
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.2 WALTEL BRANCO65
Ano Título e Movimentos Instrumentação Duração 1ª. Audição Edições Gravações Observações 1970 Valsa no. 2 “Valsa Ballet” Violão solo Ca. 4’00 Manuscrito Baseado no melonome Fernando Bicudo 1970 Valsa no. 4 Violão solo Ca. 4’00 Manuscrito “À Agustin Barrios” Kyoko “Valsa Choro n. 2” Violão solo Ca. 4’00 Manuscrito 1970 Valsa no. 4 Violão solo Ca. 4’00 Manuscrito “À Jards Macalé” 1970 Menueto e Giga Violão solo Ca. 5’00 Manuscrito “À Nicanor Teixeira” 1974 Estudo Opanijé Violão solo Ca. 6’00 Manuscrito 1974 Madorna “Adágio
Espirituoso” Violão solo Ca. 6’00 Manuscrito
1978 Ponteio, Brasil (1. Andante 2. Moderato 3. Presto)
Violão solo Ca. 6’00 Gravação: Waltel Branco,Som Livre/1978
1990 Toque Panjari “Prelúdio no. 3”
Violão solo Ca. 6’00 Baseado no melonome de Rique Pantoja
1991 Só Nata Brasileira no.1
Violão solo Ca. 7’50 Gravação: Waltel Branco, Estúdio Coda/1994
Feitiço Para Noel, à Vadico
1991 Fantasia Romântica “Ao Cair da Tarde”
Violão solo Ca. 3’26 Gravação: Waltel Branco, Estúdio Coda/1994
Baseado no melonome Geraldo Casé
Preludiando no. 4 Violão solo Ca. 6’00 Seresta Choro Violão solo Ca. 6’00 Chorojongo no. 3 Violão solo Ca. 6’00 Baseado no melonome Anélio Rodrigues Só Nata Brasileira no 2 Violão solo Ca. 6’00 “Homenagem a Tom Jobim”
65 Algumas obras de BRANCO não constam data.
97
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações Observações Só Nata Brasileira no 3 Violão solo Gravação: Waltel Branco-
Naipi, 2000
Choro Clássico “Choro no. 1”
Violão solo Ca. 3’40 Edição de 1997 Saga Music Publishing Ltd, A Division of Thames Publishing
Baseado no melonome Turíbio Santos
Argamassa Violão solo Ca. 3’05 Gravação: Waltel Branco, Som Livre/1978. Gravação: Nova Música Brasileira, Mário da Silva / 1997
“A Erminio Bello de Carvalho”
1991 Valsa XV de Novembro Violão solo Baseado no melonome Borsalo 1991 Choro Empacotado Violão solo Gravação: Entre Amigos
Waltel Branco, Estúdio Coda/1994
Baseado no melonome Edvaldo Pacote
Sonata no. 1 Violão solo 1. Prelúdio 2. Meditação (Adagio) 3. Despertar 4. Chimarrita
“A Dr. Paes Leme”
1991 Estilo Gaúcho Violão solo Baseado no melonome Alpheu
de Azevedo
1991 Bossa do Paulo Violão solo Baseado no melonome Paulo
Moura
1991 Valsa Seresteira Violão solo Baseado no melonome Cesar
Foffa
1995 Vaneirão do Pelão Violão solo Vaneirão do Greca
Fuga no. 2 Violão solo
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Mário da Silva – O Violão no Paraná
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações Observações Ninho de Cobra Violão solo Ca. 3’06 Gravação: Entre Amigos
Waltel Branco Estúdio Coda/1994 Nova Música Brasileira, Mário da Silva / 1997
“Ao conjunto Ninho de Cobra”
Meu Choro Violão solo Baseado no melonome Oromar Terra
Moda de Viola Violão solo Adagio Cômodo Gravação: Waltel Branco CID/1974.
Areia Branca Violão solo “A João Lourenço Melo” Malandrinho - Choro-bossa
no. 3 Violão solo
Divertimento Choro nº 1 Violão solo Milonga Violão solo Choro Ring no. 4 Violão solo “A German” Bela Querência - Vaneirão
do Pelão Violão solo
Divertimento Violão solo 1. Choro 2. Modinha Prelúdio no.1 Violão solo Baseado no melonome Zuza
Homem Melo Prelúdio, Sarabanda e
Bourrée Violão solo Gravação: Waltel
Branco CID/1974.
Choro no. 2 Lembranças Violão solo Baseado no melonome Rafael Rabelo
Choro no. 3 Violão solo Baseado no melonome Turíbio Santos
Samba Ternário Violão solo Ca. 1’15 Estudo de Ligados Turbilhões de Beijos Violão solo Adaptação da obra de Ernesto
Nazareth Choro Seresta Violão solo Baseado no melonome Boni Valsa Amoroso Violão solo Baseado no melonome Laurindo
de Almeida Divertimento Rancheira no. 1 Violão solo Prelúdio Minha Culpa Violão solo
99
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição /gravações Observações 1997 Ipês para Garoto Violão solo Choro Estudo para o indicador (i) e
polegar (p) Meditação Harpa,violino, cello e violão Edição de 1993 Seresta
Music Ltd, Hull, East Yorkshire, England
“A Marcio Malard”
1998 Ternura Violão solo “A Gerson Bientinez” 1998 João Igachira Violão solo “Choro para João Egashira” 1999 Choro Pro Rubinho Violão solo 1999 Concerto Violão e orquestra cordas, fl
2, ob2, fg 1, trompa 1, trombone 1
1.Andante 2 Adágio 3.Presto
2001 Sinfonia Vila Velha de Ponta Grossa
Cordas e violão, 2 flautas, flautim, 2 oboés, 2 fagotes, 4 trompas, 3 trombone tenor, 1 trombone baixo, 1 tuba, tímpano, caixa, bôngos
1.A Cidade velha 2.Osana 3. Allegro66
2002 Concerto Violão e orquestra (cordas, madeiras e metais
“A Mário da Silva"
66 O último movimento seria denominado Oyara, entretanto como o significado deste termo é “essa terra tem dono”, a atual prefeitura de Ponta Grossa
não concordou e pediu a Waltel para retirar o nome original.
100
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.3 ARRIGO BARNABÉ
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1999 Fragmento Violão solo Ca. 4’30 Edição e Gravação:
Mário da Silva, Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999
1a. audição mundial. Mário da Silva no SALONE DEGLI EVENTI DELL’IBRIT – (Milão-Itália) em 23 de fevereiro de 2000
101
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.4 JAIME MIRTENBAUM ZENAMON
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações67 observações 1974 Andante Coral Violão solo Ca. 3’10 Manuscrito 1977 Reflexões no. 1 Violão solo Ca. 5’50 Manuscrito 1977 Reflexões no. 8 2 violões, quarteto de cordas e
Orquestra Ca 16’50 Manuscrito
1977 Reflexões no. 3 Violino e violão Ca. 12’00 MA 1977 Reflexões no. 3 Violoncello e violão Ca. 12’00 MA 1977 Reflexões no.3 Flauta e violão Ca. 12’00 MA 1978 Suíte Caricaturas no. 2 Violino e violão Ca. 11’20 Manuscrito 1978 Suíte Pedras Preciosas Violino e violão Manuscrito - inacabada 1979 XII Pequenos Romances Violino e violão Manuscrito 1979 XII Pequenos Romances Flauta e violão Manuscrito 1979 X Romances Violino e violão Ca. 17’00 Manuscrito 1980 Scherzo Samba Violino e 2 violões Manuscrito 1980 Pequeno Prelúdio Antigo Violão solo Manuscrito 1980 Berlin 5 Graus ao Sol Violino e violão Manuscrito 1981 Pequena Suíte Estilo
Barroco Violão solo Manuscrito
1982 Galliard Flauta, violoncelo e violão Manuscrito Sobre John Dowland 1982 Impressiones Violão solo BA Versão para Violoncelo e violão 1982 Sonata Andina Dois violões Ca. 12’46 1. Vivo 2.Lento
3. Bien Animado BA/MA. Gravação: Jaime Zenamon, Berlim/1993
1983 Ventanita de Cristal Violão solo Ca. 3’00 BA
67 Abreviatura das Editoras: (BA) Bärry-musik Norbert Weber GmbH, Rohrdamm 49 – Berlin; (GS) Gitarren-Studio-Musikverlag, Eleonora & Michael
Haas, Blissestrasse 54 Berlin; (MA) Verlag Neue Musik/Edition Margaux, http://www.verlag-neue-musik.de
102
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição68/gravações observações 1983 Un Camello en la Tierra
Llamada Blues Violão solo Ca. 4’00 BA
1983 Drei Stücke für Guitarre Violão solo BA 1983 Rabbit Walz Dois violões Ca. 5’30 BA 1985 Iguaçu Violão e orquestra Ca. 25’00 MA 1985 Soñando de Alegria Violão solo Ca. 6’20 MA gravada 1985 Reflexões no. 6 Violoncelo e violão Ca. 18’00 MA gravada 1986 24 Estampas Violão solo Ca. 21’30 GS, Gravação: Jaime
Zenamon, Sucadee Music/1986
1986 Introdución e Forreando Caprichoso
Violão solo Ca. 7’30 MA gravada
1986 Três Retratos Flauta e violão Ca. 10’30 MA gravada 1986 Três Retratos Violino e violão Ca. 10’30 MA gravada 1987 Minimalsong Quatro violões Ca. 12’00 Gravada 1987 Demian Violão solo Ca. 22’00 MA gravada 1987 Pirâmide Quarteto de violões Ca. 8’56 Manuscrito / inacabada 1988 Contrastes Quarteto de violões Ca. 10’45 MA gravada 1988 Reflexões no. 7 Violão solo Ca. 10’00 MA gravada 1988 Berlim – Rio Trio de violões Ca. 6’30 Manuscrito 1988 Bahava Gita Canto (soprano) e violão Ca. 10’45 Manuscrito 1989 Epigramme no. 1 Violão solo Ca. 14’20 MA 1989 Epigramme no. 2 Violão solo Ca. 10’15 MA 1989 Epitáfio a Bartolomé de
Las Casas Violão solo MA gravada
1989 1Salsita por el Amor de Dios Trio de violões Ca. 12’00 Manuscrito 1990 Melancoly Quarteto de cordas e Violão Ca. 6’00 Manuscrito 1990 Tango Violino e violão Ca. 3’30 MA 1990 Tango Flauta e violão Ca. 3’30 Manuscrito
68 Abreviatura das Editoras: (BA) Bärry-musik Norbert Weber GmbH, Rohrdamm 49 – Berlin; (GS) Gitarren-Studio-Musikverlag, Eleonora & Michael
Haas, Blissestrasse 54 Berlin; (MA) Verlag Neue Musik/Edition Margaux, www.verlag-neue-musik.de.
103
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1995 Tango Violoncelo e violão Ca. 3’30 MA 1990 A Musical Folder Quarteto de violões Ca. 10’30 Manuscrito 1990 The Black Widow Violão solo Ca. 10’20 1. Seduction
2. Dance and Love 3. Satisfaction
MA. Gravação: Robert Brightmore/1994 e Nova Música Brasileira de Mário da Silva / 1997
1991 Impressionem Dois violões Ca. 20’25 MA gravada 1991 Chinese Blosson Violão solo Manuscrito 1991 Canto Amazônico Dois violões Ca. 13’00 Manuscrito 1991 Experiências Orquestra de violões Ca. 6’00 Manuscrito 1992 Reflexões no. 9 Flauta, clarinete e violão Ca. 17’40 Manuscrito 1992 Reflexões no. 2 Flauta e violão Ca. 7’00 Manuscrito 1993 Poema Violão e orquestra Ca. 18’40 Manuscrito 1993 12 Fantasias Dois violões Ca. 21’00 MA 1994 12 Fantasias Flauta e violão Ca. 21’00 Gravada 1994 12 Fantasias Violoncelo e violão Ca. 21’00 Gravada 1995 Hommage à Maurice Ravel Violão solo Ca. 11’20 MA gravada 1995 Prelúdio e Rondó
Brasiliano Violão solo Ca. 11’00 MA
1995 Sonatina Nostáligica Violão solo Ca. 11’00 MA 1995 Três Temas Tibetanos Dois violões Ca. 11’30 Manuscrito 1995 Dpplekonzert Flauta, orquestra e violão Ca. 16’30 Manuscrito 1995 Casablanca – a place, a
story and a kiss Dois violões e dois ventiladores
Ca. 10’30 Manuscrito gravada
1995 Prelúdios Poéticos Violão solo Ca. 16’00 Manuscrito gravada 1995 Reflexões no. 6 Flauta e violão Ca. 10’00 Manuscrito 1996 Togo Tocata Marimba, vibrafone e violão Ca. 18’00 Manuscrito 1996 Monogamia Dois violões Ca. 17’50 Manuscrito 1996 Sonata Tropical Quarteto de violões Ca. 21’24 Manuscrito 1997 Robison Crousoé Fita magnética e violão Ca. 26’08 Manuscrito 1997 Chilli com Tango Violoncelo e violão Ca. 21’30 Manuscrito gravada 1997 Quadros de uma Exposição Violino e violão Ca. 34’21 Manuscrito gravada Transcrição da obra homônima
de Mussorgski
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Mário da Silva – O Violão no Paraná
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1997 Carisma Orquestra de cordas e 2
violões Ca. 22’00 Manuscrito
1997 4 Etüden für Guitarre Violão solo Ca. 9’07 Manuscrito 1997 Zugabe nº 1 Violão solo Ca. 7’00 Manuscrito 1997 Unicórnio Violão solo Ca. 8’00 Manuscrito 1997 Alfa Centauro Violão solo Ca. 11’20 Manuscrito 1998 Guitar Styles Violão solo Ca. 12’00 Manuscrito 1998 Divertimentos Sax alto e violão Ca. 5’30 Manuscrito 1998 Concerto Místico Orquestra de dois bandolins,
bandola, dois violões e contrabaixo
Ca. 17’00 Manuscrito gravada
1999 Chilli com Tango Bandolin e violão Manuscrito 1999 Epigramme 3 Violão solo Manuscrito 2000 Millenium Orquestra Sinfônica, big band
e 4 violões Ca. 21’00 Manuscrito
2001 Casablanca II Dois violões Manuscrito 2001 Divertimentos Flauta e violão Manuscrito 2002 Sonata de Concierto Violão solo Ca. 17’00 Manuscrito
105
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.5 CHICO MELLO
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1977 Reflexões Flauta e violão 1a. Audição: Norton Morozowicz
(flauta) e Sérgio Abreu (violão), 1978 Teatro Paiol, Curitiba.
1979 Improviso Xaxado Saxofone, violão, violoncello e percussão
1980 R.pressão Flauta, saxofone, violão, piano e bexigas infláveis.
1983 Baiando Saxofone, violão e bongô Edição: Wandelweiser, Alemanha Gravação: Chico Mello e Helinho Brandão/1984
1984 Dança Quatro violões Ca. 4’53 Editora da UFPR. Gravação: Chico Mello e Helinho Brandão/1984 Quarteto de Violões de Curitiba/1988 Nova Música Brasileira/Mário da Silva/1997
1a. Audição: Quarteto Chico Mello, Norton Dudeque, Orlando Fraga e Mário da Silva em 1987.
1986 Do Lado do Dedo Violão solo e versão para dois violões
Ca. 5’40 Gravação: Orlando Fraga/1989 solo. Chico Mello e Silvia Oscougne, Compact Disc /1997 com versão para dois violões
1a. Audição: Chico Mello em 1987
1987 Peça para Oboé e Violão Oboé e violão 1999 Entre Cadeiras Violão solo, voz e passos. Ca. 12’58 Edição: Wandelweiser,
Alemanha Gravação: Mário da Silva, projeto Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999
1999 Çnad/Dança Quatro violões Edição: Wandelweiser, Alemanha
1a Audição: Festival “Klang Aktionen”, Munique, Alemanha em 1999.
106
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.6 NORTON DUDEQUE
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1993 Quarteto para violões 1 Quatro de violões Ca. 10’00 1. Lento
2. Toccata Gravação: Quarteto a Quatro, Suiça / 1998
1a. Audição: Quarteto de Violões da EMBAP, 1994
1995 Peça para Violão 1 Violão solo Ca. 10’04 Gravação: CD Nova Música Brasileira/Mário da Silva/1997
1a. Audição: Mário da Silva. Ciclo das Seis Cordas. Teatro Avenida em Curitiba, PR em 11 de junho de 1995
1995 Une Sonore, Vaine et Monotone...
Flauta e violão Ca. 6’ 00
1996 Peça para Violão 2 Violão solo Ca. 13’47 (Continuum) Edição e Gravação: Mário da Silva no projeto Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999
1997 Pintando o 7 Sete violões Ca. 20’00 1. 2. 3. 1998 Quarteto para violões 2 Quatro de violões Ca. 20’00 2001 Concerto Violão e orquestra (Fl, clb,
trompafa, percussão,4 violinos, 2 violas, 1 cello, 1 cb)
1. 2.
107
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.7 ROGÉRIO BUDASZ
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1991 Ritos Quatro violões 1a. Audição: Quarteto de Violões
de Curitiba MASP em 1992 1991 Variações sobre Bebê (Tema
de Hermeto Pascoal) Quatro violões 1a. Audição: Quarteto de Violões
de Curitiba em 1991
1994 Prelúdio e Giga Trio de flautas-doce, violino e violão
1a. Audição: Quarteto de Violões de Curitiba em 1994
108
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.8 GUILHERME CAMPOS
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1986 Impertinência Urbana Violão solo 1986 Três Peças Curtas Violão solo 1987 Cidade 1987 Quatro violões Ca. 2’38 Gravação: Quarteto de
Violões de Curitiba/1991.
1991 Desenvolvimento no. 2 Violão e flauta Desenvolvimento no. 5 Violão solo Ca. 4’16 Edição Data música.
Gravação: Nova Música Brasileira / Mário da Silva/1997
1998 Balacubaco Violão solo Ca.10’00 Edição e Gravação: Mário da Silva, projeto Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999
1a. audição: Mário da Silva no SALONE DEGLI EVENTI DELL’IBRIT – (Milão-Itália) em 23 de fevereiro de 2000
109
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.9 OCTÁVIO CAMARGO
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1997 Desafignado Violão solo Ca.3’38 Gravação: Nova Música
Brasileira/Mário da Silva/1997
Sobre tema de Tom Jobim
1999
Suite “g” Agguas de Março Violão solo Ca. 2’49 Edição e Gravação: Mário da Silva, projeto Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999
Sobre tema de Tom Jobim
1999 Suite “g” gRosa Violão solo Ca. 3’20 Edição e Gravação: Mário da Silva, projeto Música Contemporânea para Violão Desconstruída sob Encomenda/1999
Sobre tema de Pixinguinha
110
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.10 JOÃO JOSÉ FÉLIX PEREIRA
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1979 Suite Antiga Duo de violões Prelúdio, Alman,
Corranto, Sarabande, Pavana-Venetiana, Gigg
1ª Audição: Mário da Silva e Guilherme Campos, Auditório da EMBAP, Curitiba, em 7 de outubro de 1987
1981 Dois Fragmentos Microsseriais
Duo de violões
1987 Maquimal Violão solo 1ª Audição: Orlando Fraga, Sala Scabi, Curitiba, em 12 de setembro de 1987
1987 Toccata Violão solo 1a Audição: Orlando Fraga 1987 1987 Teorema I Quarteto de violões Ca. 7’16 1a. Audição: Quarteto de Violões,
Auditório da EMBAP, Curitiba em 30 de agosto de 1988
1988 Teorema II Quarteto de violões e clarinete 1a Audição: Quarteto de Violões de Curitiba e Sérgio Albach (clarinete), Curitiba em 1988.
1989 Toccata I Quarteto de violões 1a. Audição: Quarteto de violões de Curitiba
1991 J2R Piano, violão e saxofone 1ª Audição:Carlos Assis (piano), Guilherme Campos (violão), Rodrigo Capistrano (sax) em 1991
111
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.11 CARMO BARTOLONI
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1979 3 Hexosigmas Violão e orquestra de cordas 15’00 1a. Audição: Giácomo Bartoloni,
violão e Orquestra de Cordas da Fundação de Artes de São Caetano do Sul/SP em 1980
1985 Divertimento Violão e um percussionista 7’00 1a. Audição: Giácomo Bartoloni, violão e Carmo Bartoloni, percussão em 1985 no Solar do Barão em Curitiba.
1999 Ter Violão solo 5’00 Violão solo. 1a Audição: Fábio Bartoloni em 1999.
2000 Variações à Flor da Pele Duo de violões e marimba 20’00 1a. Audição: Giácomo Bartoloni e Fábio Bartoloni, violões, Carmo Bartoloni, marimba em 2000.
2000 Seresta Violão solo 5’00 1a Audição: Fábio Bartoloni em 2000.
2001 Sonata Aline Duo de violões 20’00. Inédita.
112
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.12 HARRY CROWL
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1987 Memento Mori Narrador, Soprano, Barítono, 4 flautas-doce, flauta
transversal, oboé, violino, viola,2 violoncelos, violão, cravo, orgão e percussão (1)[2 tímpanos, wood-block, rouxinol, pandeiro, pratos suspensos, ptos. de choque, tambor medieval]
17’00
1988 Concerto para Violino Violino solista, soprano, 4 flautas -doce, flauta transversal (flautim), violino, violoncelo, violão, piano, cravo, percussão (2) [2 tímpanos, caixa clara, 3 ptos.susp., wood-block]
25’00
1994/95
In Solitude, for Company Flauta e violão 15’00
1995 Icnocuícatl 2 flautas (flautins e fl.contralto), 2 clarinetas em sib (2 clarones), trompete em dó, trombone, piano a 4 mãos, violão, quarteto de cordas e percussão (3) [Bombo, tontons, caixa-clara, pratos susp., tantã, marimba, vibrafone, xilofone]
17’00
1996 Sarapalha Barítono, Tenor, Mezzo-soprano, oboé (corne-inglês), violão, viola, gaita-ponto e percussão (1).
55'00 Ópera de câmera em 1 ato sobre texto homônimo de Guimarães Rosa, adaptado por Renata Pallottini.
1997 Assimetrias Violão solo 13’00 1a. Audição: Mário da Silva 3 de maio de 2002 em Curitiba.
1997 Lumen de Lumine violoncelo solista, flauta [flautim e fl contralto], clarineta [clarone], violão [baixo elétrico], piano e percussão (1) [4 tímpanos, caixa-clara, tontons, thai-gongs, vibrafone, marimba, tubular bells, tantã]
15’00
113
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.13 MAURÍCIO DOTTORI
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1979 Profundamente sobre
poesia de Manuel Bandeira Mezzo-soprano, violão e cello.
Ca. 3’30 Inédita
1992 And now the storm blast comes
Quarteto ou quinteto de violões.
Ca. 6’00 1a. Audição: Quarteto de Violões de Curitiba no Teatro Paiol em 1992.
2001 All that you know not to be is utterly true
Tape, 6 violinos, 2 violas, 2 cellos, 1 contra-baixo, flauta, oboé, clarinete, fagote, trumpete, trombone, 2 percussionistas, violão.
Ca. 9’15 Gravação: Universidade Federal do Paraná/2002 com Orlando Fraga ao violão.
Obra criada e estreada na exposição da artista plástica Eleonor Gutierrez em 2001.
114
Mário da Silva – O Violão no Paraná
4.14 FERNANDO RIEDERER
Ano Título e Sub-título Instrumentação duração Movimentos Edição/gravações observações 1999 Um pedaço de sonoro
amarrado cuja nostalgia pretende permanecer no inteligível
Clarineta e violão. Ca. 7`00
1999 Viagem ao fim da noite Quarteto de violões Livre 2002 Dois Tempos Violão, 4 flautas e 4 cellos
115
Mário da Silva – O Violão no Paraná
O VIOLÃO NO PARANÁ - Catálogo Estatístico
Compositores Garcia Branco Zenamon Mello Dudeque Budasz Campos Camargo Barnabé Pereira Bartoloni Crowl Dottori Riederer Geral %
Instrumentação Violão solo 7 50 29 2 2 0 4 3 1 2 2 1 0 0 103 51,0% Grupos de Câmara Pequenos 0 1 4 3 1 1 0 0 0 2 1 0 2 1 16 7,9% Grupos de Câmara Grandes 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 4 1 0 8 4,0% 2 violões 0 0 9 1 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 13 6,4% 3 violões 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1,0% 4 violões 0 0 5 2 2 2 1 0 0 2 0 0 0 1 15 7,4% Canto e violão 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,5% Violino e violão 0 0 9 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 9 4,5% Flauta e violão 0 0 8 1 1 0 1 0 0 0 0 1 0 0 12 5,9% Violoncelo e violão 0 0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5 2,5% Percussão e violão 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 1,0% ConcertosOpera 0 2 6 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 11 5,4% Violão e oboé 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,5% Violão e clarinete 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0,5% Violão e fita magnética 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1,0% Violão preparado 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0,5% Total de Títulos 7 54 84 10 7 3 6 3 1 8 6 7 3 3 202 100,0% Obras Gravadas 0 11 22 1 3 0 3 3 1 0 0 0 1 0 45 22,3% Obras Editadas 0 2 32 3 1 0 1 3 1 0 0 0 0 0 43 21,3%
116
Mário da Silva – O Violão no Paraná
O VIOLÃO NO PARANÁ - Quadro Estatístico
de 1940 a 2002
117
Mário da Silva – O Violão no Paraná
5 CONCLUSÃO
No Paraná, com concentração na cidade de Curitiba, existe uma comunidade
violonística de expressão, tanto de intérpretes quanto de compositores, cujas atividades
tiveram início na década de 30 e persistem até os dias de hoje. Este fato se confirma na
discografia (Anexo 1) e no catálogo de obras, listando um total de 202 títulos, com
maioria de obras para violão solo (103) mas englobando também formações
camerísticas desde duos a grupos maiores, e 10 concertos para violão e orquestra.
Este trabalho apresenta o catálogo de obras de 14 compositores paranaenses,
classificados aqui em três grupos: (1) compositores nascidos entre 1916 e 1953; (2)
compositores violonistas da nova geração nascidos após 1953; (3) compositores não-
violonistas da nova geração após 1953.
O grupo de compositores nascidos entre 1916 e 1953, engloba desde o
precursor Admar Garcia até compositores paranaenses da atualidade como Waltel
Branco, Jaime Zenamon e Arrigo Barnabé. Como características comuns à maioria dos
nomes deste grupo estão: uso de tonalidade, elementos da música popular brasileira e
uso de formas clássicas. Como características particulares estão o uso do melonome
por Waltel Branco e de elementos programáticos por Zenamon. Este último representa
a interseção entre o neoclássico e a vanguarda, utilizando instrumentos não-
convencionais como ventiladores e música eletroacústica. Arrigo Barnabé se
diferencia neste grupo com uma linguagem ligada mais diretamente à vanguarda; sua
obra para violão é serial.
No grupo dos compositores violonistas da nova geração nascidos após 1953,
observamos uma diversidade acentuada de linguagens associada à experimentação e
exploração das possibilidades sonoras do violão. Chico Mello utiliza acordes de
quartas e quintas superpostas e sobrepostas, microtonalidade e aleatoriedade
controlada, e desenvolve jogos lúdicos entre som e silêncio, atonalidade e harmonias
de canções da música popular brasileira e theater music. Nesta mesma linha, Octávio
Camargo faz uma síntese entre a música popular urbana e a música experimental em
algumas de suas obras e utiliza o sistema tonal. Norton Dudeque desenvolve modos
118
Mário da Silva – O Violão no Paraná
próprios originados dentro da oitava, explorando-os através de inversão, mudança de
registro, retrogradação, condensação, saturação e rarefação. Dudeque também utiliza
reiteração com apresentação de elementos novos derivados de anteriores, ritmos
sincopados, pedais, ostinati, acordes construídos a partir de quartas ou quintas
superpostas. Rogério Budasz desenvolve o sistema modal, trabalhando com moto
contínuo melódico, motivo rítmico, reiteração e processos isorrítmicos. Guilherme
Campos utiliza o sistema atonal, buscando técnicas da música contemporânea com
base na arte literária; paralelamente utiliza aleatoriedade controlada e instrumentos
não-convencionais (como caixa de fósforo) e reiteração.
No grupo dos compositores não-violonistas da nova geração nascidos após
1953, observou-se a interação com os violonistas paranaenses, na busca de escritas
idiomáticas para o instrumento. A diversidade de linguagens também é marcante.
Arrigo Barnabé utiliza sistema serial e texturas contrapontísticas atonais com freqüente
alternância de fórmulas de compasso. A linguagem atonal também é o ponto de partida
de João José de Félix Pereira, que a utiliza de maneira diversa, criando módulos
próprios atonais agregados a formas tradicionais, como a suíte. Além disso, Félix
Pereira tem desenvolvido sistemas baseados em fórmulas matemáticas utilizando-se da
planimetria. Assim como Félix Pereira, Maurício Dottori utiliza conjuntos fechados de
acordes, embora dentro do sistema tonal. Utiliza também o sistema eletroacústico para
instalação sonora. Harry Crowl apresenta idioma atonal livre, com incursões à
tonalidade e ao modalismo, explorando todas as possibilidades do violão sob o ponto
de vista da tessitura e do timbre. Fernando Riederer escreve com características atonais
livres; também utiliza aleatoriedade controlada, grafismos e seções abertas não-
mensuradas. Carmo Bartoloni utiliza o sistema tonal e formas convencionais.
Podemos observar um constante intercâmbio de atividades violonísticas entre
o Paraná e os demais estados da região Sul e Sudeste que acontece de várias formas:
com intérpretes de outros estados executando obras de compositores paranaenses – o
duo Norton Morozowicz-Sérgio Abreu interpretou Reflexões (1977) para violão e
flauta de Chico Mello; com intérpretes paranaenses realizando obras de compositores
de outros estados – por exemplo, Orlando Fraga gravou Livro para Seis Cordas (1974)
119
Mário da Silva – O Violão no Paraná
de Almeida Prado e Momentos I (1974) de Marlos Nobre; e com a geração mais
recente de compositores atuantes em Curitiba, vindos de outros Estados. Paralelismos
de estilo podem ser encontrados entre a produção do Paraná e a produção do Sul e
Sudeste. Por exemplo, no Rio de Janeiro, uma tendência idiomática, bastante peculiar
e que caracteriza a composição nessa cidade, é o desenvolvimento rítmico através de
percussões no instrumento. Essa característica pode ser observada desde a Ritmata
(1974), de Edino Krieger, com as primeiras experimentações de percussão no tampo e
braço do instrumento, passando pela Lúdica I (1981), de Ricardo Tacuchian, que
utiliza, além de percussões no tampo, glissandos com a unha da mão direita, até o
sistema composicional desenvolvido por Arthur Kampela nos seus Percussion Studies
(1990-93), que ele mesmo denomina “The Tapping Technique” (técnica percussiva).
Essa característica é encontrada na produção paranaense: em Reflexões no.3 (1977)
para flauta e violão, Jaime Mirtenbaum Zenamon utiliza percussões no tampo do
violão, e na obra Balacubaco (1999), Guilherme Campos agrega percussão no tampo
ao simultâneo uso da voz do intérprete.
Para fins de comparação, classificamos aqui os compositores citados do
Paraná e Sul e Sudeste em violonistas e não-violonistas:
Compositores violonistas paranaenses Compositores não-violonistas paranaenses Admar Garcia, Waltel Branco, Jaime Mirtenbaum Zenamon, Norton Dudeque, Chico Mello, Guilherme Campos, Rogério Budasz, Octávio Camargo
Arrigo Barnabé, João José Félix Pereira, Carmo Bartoloni, Harry Crowl, Maurício Dottori, Fernando Riederer.
Compositores violonistas sul e sudeste Compositores não violonistas sul e sudeste Heitor Villa-Lobos, Arthur Kampela, Alexandre Faria, Giácomo Bartoloni, Paulo Porto Alegre, Paulo Bellinati, Fernando Mattos, Daniel Wolff, Vinícius Corrêa
Edino Krieger, Radamés Gnatalli, Bruno Kiefer, James Correa, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri, Guerra-Peixe, Marlos Nobre, Ricardo Tacuchian, Ségio Vasconcelos Corrêa, Almeida Prado, Roberto Victório
Traçando comparações entre nomes de grupos afins, observamos que entre os
compositores violonistas há semelhanças entre obras de Jaime Zenamon - Sonata
Andina (1982) - e de Giácomo Bartoloni – Tango Martes (1988) -, os quais utilizam
gêneros latino-americanas agregados a efeitos idiomáticos do instrumento.
Considerando Chico Mello e Arthur Kampela, ambos buscam ir além das convenções
120
Mário da Silva – O Violão no Paraná
da interpretação de concerto, utilizando processos não convencionais para novas
sonoridades: Kampela utiliza-se de objetos como colher, deslizamento da unha da mão
esquerda sobre a corda, provocando ruído e percussões diversas em Percussion Studies
(1990-93); e Chico Mello utiliza caneta em Do Lado do Dedo (1986), deslocamento do
intérprete entre cadeiras, percussões diversas em Entre Cadeiras (1999). Entre
compositores não violonistas Arrigo Barnabé em Fragmentos (1999) e Edino Krieger
em Concerto (1994), utilizam o atonalismo e processos seriais da composição. Ricardo
Tacuchian em Lúdica I (1981) e João José Félix Pereira em Dois Fragmentos
Microseriais (1981), procuraram pesquisar as sonoridades do instrumento.
Portanto podemos afirmar que os compositores violonistas utilizam-se com
mais freqüencia de modelos violonísticos idiomáticos em suas obras, enquanto que por
parte dos compositores não violonistas observa-se pensamento organizacional através
de técnicas diversificadas, numa ampla reflexão sobre a eficácia sonora e sobre o papel
do violão de concerto na produção contemporânea brasileira. A produção paranaense
para violão se insere no contexto regional e confirma estas tendências.
As obras paranaenses para violão revelam uma grande diversidade de
linguagens, desde sistemas tradicionais da composição tonal até a mais radical das
experimentações, incursões pela eletroacústica e instrumento preparado, tornando
bastante oportuno o desenvolvimento de palhetas diversificadas de sonoridades por
parte dos violonistas paranaenses. Além dos intérpretes mencionados no ANEXO 1, é
importante salientar os grupos camerísticos de Curitiba que foram responsáveis pela
divulgação de boa parte deste repertório destacando-se o Intermezzo (coordenado por
Chico Mello na década de 70), Quarteto de Violões de Curitiba (coordenado por
Orlando Fraga na década de 80) e o grupo Contemposonoro (coordenado por Bertold
Türcke e Chico Mello na década de 90).
A interação entre compositores e intérpretes paranaenses possibilitou que
compositores não-violonistas também produzissem para instrumentos seguindo a
mesma tendência de Andrés Segovia, Julian Bream e John Williams, que motivaram
compositores de sua época a produzirem para violão. Isto ocorreu com o Trio de
Violões Giuliani, na década de 70, formado por Orlando Fraga, Norton Dudeque e
121
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Jaime Mirtenbaum Zenamon, que interpretava obras deste último (Suíte Caricaturas,
1978)69, Orlando Fraga, que interpretava obras de João José Felix Pereira (Toccata II,
1987), o Quarteto de Violões de Curitiba, formado por Guilherme Campos, Mário da
Silva, Paulo Demarchi e Rogério Budasz, que interpretava obras de Jaime Mirtenbaum
Zenamon (Contrastes, 1988), João José Felix Pereira (Teorema I, 1987), Chico Mello
(Dança, 1984), Maurício Dottori (And now the storm blast comes, 1992), Guilherme
Campos (Cidade 1987) e Rogério Budasz (Ritos, 1991) e Mário da Silva que
interpretava obras de Norton Dudeque (Peça para Violão 1, 1995), Guilherme Campos
(Balacubaco, 1998), Arrigo Barnabé (Fragmentos, 1999) e Harry Crowl (Assimetrias,
1998). Esta ação mútua entre intérpretes e compositores paranaenses promove assim o
crescimento de ambos: de um lado os compositores, solicitando o emprego de novas
sonoridades e exigindo detalhamento timbrístico para clareza de texturas e estruturas
complexas, e de outro os intérpretes, fornecendo aos compositores elementos para
estes avanços e sendo instigados por estas solicitações.
No catálogo de obras para violão que complementa essa dissertação, de um
total de 202 títulos, 45 obras foram gravadas e 43 foram editadas. Mesmo assim, no
que diz respeito ao acesso desse material, alertamos para o fato de que na grande
maioria dos casos são as formas mais “caseiras” de publicação que predominam, como
a entrega pelo próprio compositor de cópias impressas a partir de seu computador
pessoal—quando não fotocópias de manuscritos -, que não se revelam meios
adequados para a distribuição em grande escala.
A produção paranaense contemporânea para violão é recente impossibilitando
a definição de um perfil genérico. Todavia pudemos observar que há um preferência
pelo atonalismo e por explorações de sonoridades não convencionais como percussão
no tampo e no braço.
A produção da música paranaense para violão tem atingido níveis bastante
significativos, tanto quantitativa como qualitativamente. A posição dessas obras no
cenário nacional do violão do século XX e na música contemporânea é notória e
69 Concerto de 1979 no Teatro Paiol, Curitiba.
122
Mário da Silva – O Violão no Paraná
intérpretes paranaenses têm levado este repertório para públicos nacionais e
internacionais diversificados. Este trabalho apresenta uma visão panorâmica da
produção violonística paranaense, o que certamente servirá de base para pesquisas
futuras sobre fatias deste rico repertório.
123
Mário da Silva – O Violão no Paraná
REFERÊNCIAS
1 AZEVEDO, Luiz Heitor Correia. 150 anos de Música no Brasil (1800-1950). Rio
de Janeiro: José Olympo, 1956. 2 BARBOSA, Valdinha Barbosa; DEVOS, Anne Marie. Radamés Gantalli: o eterno
experimentador. Rio de Janeiro: FUNARTE/ Instituto Nacional de Música, 1984. 3 BARTOLONI, Giácomo. Violão: a imagem que fez escola. Tese (Doutorado em
Música ) UNESP, 1995 4 BRANCO, Waltel Branco. Entrevista concedida ao autor. Curitiba 10 abr. 1998/30
maio 2001. 5 BUDASZ, Rogério. Sobre a música no Paraná. Gazeta do Povo, Curitiba, 25
set. 1995. Caderno G. 6 CAMERON, Pedro. Estudo programado de violão. São Paulo: Irmãos Vitale,
1978. 7 CARLEVARO, Abel. Escuela de La Guitarra - Expoposición de La Teoría
Instrumental. Buenos Aires: Barry, 1979. 8 CARVALHO, Leandro. A música para violão de Heitor Villa-Lobos e João
Pernambuco. ANAIS DO I SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE MUSICOLOGIA. Fundação Cultural de Curitiba, 1998, p. 255-264.
9 COOPER, Colin. “Marlos Nobre: Speaking Internationally, Colin Cooper
interviews with Marlos Nobre”, CLASSICAL GUITAR 12 n. 3, November, 1993, p.39.
10 COSTA LIMA, Paulo. Ernest Widmer e o ensino de composição musical na
Bahia. Salvador: Fazcultura/Copene, 1999. 11 DIÓGENES DE, O. J. Violão Brasileiro, 80 anos. Prefeitura Municipal de
Paulicéia, 1981. 12 DUDEQUE, Norton Eloy. Harmonia tonal e o conceito de monotonalidade nos
escritos de Arnold Schoenberg. Dissertação de Mestrado em Musicologia - ECA-USP, 1997. 197 f.
13 _____. Schoenberg e a função tonal. REM-Revista Eletrônica de Musicologia,
Disponível em: www.cce.ufpr.br/~rem Acesso em 14/05/2001 v. 2.1 – out. 1997 .
124
Mário da Silva – O Violão no Paraná
14 _____. História do violão. Curitiba: UFPR, 1997. 15 _____. Música Contemporânea Paranaense. Partitura, Curitiba: UFPR, 1994. 16 EGG, André. “Tetraktys” para violão de Roberto Victório. Monografia (Curso
de Especialização em Estéticas e Interpretação na Música do Século XX), EMBAP, Curitiba, 2001.
17 _____. A obra para violão de Roberto Victório. Violão Intercâmbio, Santos, n. 47,
ª 7, p. 23-26, 2001. 18 FRAGA, Orlando. O violão no Paraná. REM-Revista Eletrônica de Musicologia.
Disponível em: www.cce.ufpr.br/~rem; http://www.cce.ufpr.br/~ofraga/disc.html Acesso em: 22/02/2001.
19 GRAÇAS, Maria R J. Violão carioca: nas ruas, nos salões, na universidade -
uma trajetória. Dissertação de Mestrado em Música, UFRJ, 1995. 20 MANTELLI, Ricardo. Jaime Zenamon: catálogo temático – violão solo (1974-
1998). Monografia (Curso de Especialização em Estética e Interpretação da Música do Século XX). EMBAP, 2001.
21 MARIZ, Vasco. Cláudio Santoro. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1994. 22 _____. História da música no Brasil. 5ª ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2000. 23 MATTOS, Fernando. Sons perdidos. O violão na obra musical de Bruno Kiefer.
Porto Alegre, Encarte de Compact Disc, 2000.
24 MELLO, Laura Ritzmann de Oliveira. Comparações entre os procedimentos estéticos em Júlio Cortazar em o Jogo da Amarelinha e Chico Mello em Amarelinha. Monografia (Curso de Especialização em Estética e Interpretação da Música do Século XX), EMBAP, 2001.
25 MELLO/OCOUGNE, C. S. Música brasileira de(s)composta. Berlim: Wandelweisers Records,1996. Encarte de Compact Disc.
26 Villa-Lobos, sua obra. 3. ed. Rio de Janeiro: Museu Villa-Lobos, 1989, 3a. ed. 27 NEVES, José Maria. Música contemporânea brasileira. São Paulo: Ricordi
Brasileira, 1977.
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Mário da Silva – O Violão no Paraná
28 NOBRE, Marlos. Lista de obras. Disponível em: http://sites.uol.com.br/marlosnobre/listaobras.html Acesso em: 09/02/2002
29 PÁSCOA, Márcio. Cláudio Santoro. Disponível em: http://www.visitamazonas.com.br/serie_memoria_website/ensaios/18_claudio.htm Acesso em: 15/12/2001.
30 PETRACA, Ricardo Mendonça. Um signo em expressão: maestro João José de
Félix Pereira, Biografia e Catálogo de Obras: 1957-1995. Monografia (Curso de Especialização em História da Arte e Música na EMBAP), 1996.
31 PINTO, Henrique. Iniciação ao violão. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1978. 32 _____. Curso progressivo de violão. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1982. 33 PROSSER, Elisabeth Seraphim. Um olhar sobre a música de José Penalva:
catálogo comentado. Curitiba: Champagnat, 2000. 34 _____. “Tendências da música contemporânea em Curitiba na segunda metade do
século XX”. ANAIS III SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DE MUSICOLOGIA, Fundação Cultural de Curitiba, 2000. p. 309-321.
35 SÁVIO, Isaías. Escola moderna de violão. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1961. 36 SAMPAIO, Marisa Ferraro. Reminiscências musicais de Charlotte Frank.
Curitiba: Lítero Técnica, 1984. 37 SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da composição musical. Trad. De:
Eduardo Seincman. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1993. 38 SILVA JR, Mário. A música experimental paranaense e o repertório de grupos
de câmara com violão. Monografia (Curso de Especialização em Música de Câmara), EMBAP, 1998.
39 _____. Música para Violão no Paraná. Violão Intercâmbio, Santos, n. 36, Ano 7,
p. 23-25., jul./ago. 1999.
40 _____. Encarte de Compact Disc, Nova música brasileira. Curitiba, 1997. 41 _____.Encarte de Compat Disc, Música contemporânea para violão
desconstruída sob encomenda, Curitiba, 2000. 42 SIMÕES, Ronoel. The Guitar in Brazil. Guitar Review, n. 22, 1958, p .6.
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Mário da Silva – O Violão no Paraná
43 SOUZA, Marcio. Entrevista com Daniel Wolff. Violão Intercâmbio, Santos, n. 40, a. 7, p. 4-8, mar./abr. 2000.
44 TACUCHIAN, Ricardo. Imagem carioca, obras para violão. Escrito por Ricardo Tacuchian, Rio de Janeiro, 2000. Encarte de Compact Disc.
45 _____. “Duas décadas de música de concerto no Brasil: tendências estéticas”.
ANAIS DO XI ENCONTRO NACIONAL DA ANPPOM, Universidade de Campinas (UNICAMP), 24 A 28 de agosto 1998. Rio de Janeiro: UNICAMP, 1998, 1-4.
46 TEIXEIRA, Moacyr Garcia Neto. Música contemporânea brasileira para violão.
Vitória: A1, 1996. 47 _____. Música contemporânea brasileira para violão. Dissertação de Mestrado
em Música, UFRJ, 1996. 48 TURNBULL, H.; HECK, T.F. Guitar. The New Grove’s Dictionary, Londres,
1983. 49 VETROMILLA, Clayton Daunis. Introdução à obra para violão solo de Guerra-
Peixe. Dissertação de Mestrado em Música, Escola de Música - UFRJ, 2002. 50 WOLFF, Daniel. Concerto à Brasileira. Porto Alegre, Encarte de Compact Disc,
2000. 51 ZANON, Fábio. Prefácio. In: SILVA JR, Mário. Música contemporânea para
violão desconstruída. Curitiba: Fundação Cultural de Curitiba, 2001.
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Mário da Silva – O Violão no Paraná
FONTES PRIMÁRIAS 1. Manuscritos: Acervo particular dos compositores, de Orlando Fraga e Mário da Silva Jr. 2. Correspondência Eletrônica com compositores trocadas em 2001 e 2002: Alexandre Faria,Antonio Carlos Borges Cunha Arrigo Barnabé, Daniel Wolff , Edino Krieger, Fernando Mattos, Leo Brouwer, Norton Dudeque, Paulo Porto Alegre, Ricardo Tacuchian, Roberto Victório e Rogério Budasz. 3. Correspondência Eletrônica com violonistas trocadas em 2001 e 2002: Everton Gloeden, Edelton Gloeden, Fábio Zanon, Giácomo Bartoloni, Graça Alan, Henrique Pinto, Krishna Salinas, Luiz Cláudio Ferreia, Márcio de Souza, Moacyr Teixeira Neto e Paulo Bellinati. 4. Entrevistas: FRAGA, Oscar. Entrevista concedida ao autor. Curitiba, 5 jun. 2001 PRODÓSSIMO, Valdomiro. Entrevista concedida ao autor. Curitiba, 28 maio 2001
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Mário da Silva – O Violão no Paraná
ANEXO 1
DISCOGRAFIA DO VIOLÃO NO PARANÁ
O catálogo fonográfico de violão no Paraná foi elaborado a partir dos arquivos
do MIS (Museu da Imagem e do Som do Paraná), da Rádio Educativa do Paraná e de
arquivos pessoais do pesquisador e dos compositores paranaenses. Para constituir este
catálogo foram selecionados Long Plays e Compact Discs contendo gravações de
obras de compositores paranaenses para violão e/ou obras (de compositores
paranaenses ou não) interpretadas por alaudistas e violonistas paranaenses. Nesta
discografia estão presentes os compositores Arrigo Barnabé, Chico Mello, Guilherme
Campos, Jaime Mirtenbaum Zenamon, Luiz Fernando Melara, Norton Dudeque,
Octávio Camargo e Waltel Branco, os intérpretes alaudistas Sergio Silvestri e Ângelo
Esmanhoto e os intérpretes violonistas Andréa Bernardini, Chico Mello, Guilherme
Campos, Jaime Mirtenbaum Zenamon, Luiz Claudio Ribas Ferreira, Mário da Silva,
Norton Dudeque, Orlando Fraga, Paulo Demarchi, Rogério Budasz, Vital Joffily e
Waltel Branco.
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Mário da Silva – O Violão no Paraná
1. TÍTULO:Waltel Branco, Música do Século XVI ao XX
DADOS EDITORIAIS: 1974, CID DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/2 rpm Estereofônico Vinil 12" ENCARTE: sem texto CONTEÚDO: Face A: Anônimo: Canções do Século XVI; Gluck: Ballet; Schumann: Romanza; Brahms: Valsa no. 15; S.L.Weis: Ballet; F. Chopin: Prelúdio 20; Fernando Sor: Estudos 1 e 6. Face B: F. Poulenc: Sarabande; Waltel Branco: Prelúdio, Sarabanda e Bourrée; Villa-Lobos: Prelúdio 2; Pieter Van Der Staak: Andante; Waltel Branco: Moda de Viola. ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Solo.3.Erudito
2. TÍTULO: Waltel Branco, Recital DADOS EDITORIAIS: 1978, Som Livre ENCARTE: Texto de Júlio Medaglia DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/2 rpm Estereofônico Vinil 12" CONTEÚDO: Face A: Heitor Villa-Lobos: Bachiana no.5; Waltel Branco: Ponteio, Brasil (Andante Moderato, Presto, Argamasse; Tárrega: Estudo no. 1, Dolor; Face B: Maria Tereza Paradis: Ciciliana; Luys Narvaez: Diferencias sobre Guardame Las Vacas.Radamés Gnatalli: Estudo no.2; Christoph Willibald Gluck: Ballet. J.S.Bach: Minueto e Prelúdio 13 (Transcrição Waltel Branco); Waltel Branco: Romance do pescador ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Solo.3.Erudito 3. TÍTULO: Casamento Campestre Jean Roteterre DADOS EDITORIAIS: 1979, Fundação Cultural de Curitiba, Polygram DESCRIÇÃO FÍSICA: 2 discos 33 1/2 rpm Estereofônico Vinil 12" ENCARTE:Texto de Eduardo da Rocha Virmond CONTEÚDO: Jean Roteterre: Suite Casamento Campestre: 1ª Parte – Prólogo: Prelúdio/ 1a Marcha Nupcial/Sarabanda/Marcha da Volta/Os cumprimentos. 2a Parte – O Banquete: Overture – Le Festin/Aria I e II/A procissão/Rondó/Marcha dos Pastores/ Bourrée/ Sarabanda/Menuet I e II/Musette/Branle/Rondó Rústico. 3ª Parte – O Baile: Entrada do Baile/ Quatro Menuets/Rigadon 1 e 2/ Ária Pastoral/ Passepied 1 e 2/ Contredanse/ Cotilon. 4ª Parte: Epílogo: Le Coucher/Despertar Matinal. ASSUNTO/GÊNERO: 1.Orquestra, Coro e solistas 2.Erudito INTÉRPRETES: Jaime Mirtenbaum Zenamon, Norton Dudeque (violão) e Roberto de Regina (1927) (regência), Camerata Antiqua de Curitiba (orquestra), Camerata Antiqua de Curitiba (coro). 4.TÍTULO: Chico Mello e Helinho Brandão DADOS EDITORIAIS: 1984, Sir Laboratório DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/3 RPM Stereo Vinil 12 pol ENCARTE:Texto de Chico Mello CONTEÚDO: Lado A: Hélio Brandão e Chico Mello: Água; Hélio Brandão: Improviso I; Chico Mello: Baiando; Lado B: Chico Mello: Matraca; Hélio Brandão e Chico Mello, Gerson Kornin: Improviso II; Chico Mello: Dança p/ 4 violões ASSUNTO/GÊNERO: 1.Grupo Instrumental 2.Erudito 3. Música Experimental INTÉRPRETES: Chico Mello e Helinho Brandão
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Mário da Silva – O Violão no Paraná
5. TÍTULO: El Alme de las Estampas DADOS EDITORIAIS: 1986, Sucadee Music, Berlim DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Jaime Mirtenbaum Zenamon CONTEÚDO: Lado A: Luiz Bonfa: Passeio no Rio, Sambalamento, Na Sombra da Mangueira; Jaime M Zenamon: 24 Estampas: 1. Nostalgia 2. Danza de las Sulfrides 3. Ronda 4. El Pequeño Coche 5. Sarabande 6. Mi Amigo es Fantasma 7. Pagoda 8. Diálogo entre el tio y el noño 9. Bossa 10. Preludio 11. Cubanita. Lado B (continuação) 12. El elefante volador13. Eco 14. El camino del inca 15. El tren16. En la montaña 17. Danza de las brujas 18. Pieza en Do 19. Carta de amor 20. Dia de inverno 21. Ciudad grande 22. El anillo perdido 23. Niños solitarios 24. Despedida. Ramirez, A.: Alfonsina y el Mar ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão 2. Erudito 3. Música Latino-Americana INTÉRPRETE: Jaime Mirtenbaum Zenamon 6. TÍTULO: Orlando Fraga, violão DADOS EDITORIAIS: 1987, Fundação Cultural de Curitiba, Skylab DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/3 RPM Stereo Vinil 12 pol ENCARTE:Texto de Orlando Fraga CONTEÚDO: Lado A- Francis Poulenc: Sarabande (1960); Abel Carlevaro: Preludios Americanos n. 4 "Ronda"; Marlos Nobre: Momentos I (1974); Leo Brouwer 1939-: Elogio de la Danza (1969); Lado B – Almeida Prado: Livro para Seis Cordas (1974); Chico Mello: Do Lado do Dedo (1986). ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Erudito INTÉRPRETE: Orlando Fraga 7. TÍTULO: Promenade DADOS EDITORIAIS: 1988, Polygram Internacional Music B.V.Baarn. Londres Inglaterra. DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Jaime Mirtenbaum Zenamon CONTEÚDO: Jaime Mirtenbaum Zenamon: Thirteen Kittle Eights · Real Pink II ·Pantanal · End of a Film · Aimaras · The Funny Side of the Street; Roo, M., Jaime Mirtenbaum Zenamon: Three against Four; Appelt, Roo, D. Jaime Mirtenbaum Zenamon: Promenade of the Times Through the Countries Klaus Gertken Diotima ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão 2. Erudito 3. Duo INTÉRPRETE: Jaime Mirtenbaum Zenamon 8.TÍTULO: Luiz Cláudio Ribas Ferreira, violão DADOS EDITORIAIS: 1989, Sir Laboratório DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/3 RPM Stereo Vinil 12 pol NOTA: Gravado em 1987, patrocínio Banco Nacional ENCARTE:Texto de Luiz Claudio Ribas Ferreira CONTEÚDO: A- John Dowland: Lachrimae Antiquae Pavan/Lady Clifton’s Spirit/Sir. John Langhton’s Pavan/Sir John Smith his Almain/The Eare of Essex/ Fantasy I. B – Isaac Albeniz 1860-1909: Granada / Cadiz / Cuba / Mallorca /Sevilla.Total 56’ ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Erudito INTÉRPRETE: Luiz Claudio Ribas Ferreira
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Mário da Silva – O Violão no Paraná
9. TÍTULO: Quarteto de Violões de Curitiba DADOS EDITORIAIS: 1991, Fundação Cultural de Curitiba DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco 33 1/3 RPM Stereo Vinil 12 pol NOTA: Transcriçõs e Arranjos: Orlando Fraga CONTEÚDO: Lado A – Antonio de Cabezon: 5 Diferencias sobre el Canto del Caballero; John Dowland: The Earl of Essex, his Galliard - Captain Digorie Piper's Galliard - The King of Denmark, his Galliard; Igor Stravinsky 1862-1971: Waltz – Andante – Balalaika; Guilherme Campos da Silva: Cidade 87; Lado B – Homero Perera,: Hojas – Charcos – Domingo; Astor Piazzolla: Tango de Angel - Verano Poteño ASSUNTO/GÊNERO: 1.Música de Câmara 2.Violão 2.Erudito INTÉRPRETES: Quarteto de Violões de Curitiba (Mário da Silva, Guilherme Campos, Paulo Demarchi, Rogério Budasz e Orlando Fraga). 10. TÍTULO: Guitarrenmusik des 20. Jahrhunderts aus Lateinamerika DADOS EDITORIAIS: 1993, Gravado em Berlin.Barry-Musik, 1982 DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Jaime Mirtenbaum Zenamon CONTEÚDO: Lado A- Leo Brouwer (Cuba) – Musica Incidental Campesina: - Preludio – Interludio -Danza – Final; Francisco Mignone (Brasil): BrazilianSong; Manuel Ponce (México): Arrulladora Mexicana – Scherzino – Intermezzo; Guido Santorsola, (Uruguai): Finale da Suite Antica. Lado B: Marcela Rodriguez (México) – Madrugada; Jaime M. Zenamon, (Bolivia): Sonata Andina: - Vivo - Lento - Bien Animado; Leo Brouwer (Cuba): 4 Micro Piezas ASSUNTO/GÊNERO: 1.Duo. 2.Violão 3. Erudito, Música Latino-Americana INTÉRPRETE: Laurie Randolph e Jaime Mirtenbaum Zenamon 11. TÍTULO: Jóias da Música Antiga - Sarau na Capela Magdalena DADOS EDITORIAIS: 1994, Paulus DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Roberto de Regina CONTEÚDO: N. Riminsku-Korsakoff: Pater noster (quarteto vocal solo); Henry Purcell: Music for a while (voz e violão); Thomas Campion: Never weather-beaten sail (voz e violão): John Bennet: Weep, o mine eyes (quarteto solo); Thomas Morley: April is my Mistress' face (quarteto solo); John Dowland: Can she excuse (quarteto solo) - Flow, my tears (voz e violão)- Fantasia VII (violão solo) – Come again (voz e violão); Phillip Rosseter: When Laura smile (voz e violão); Henry Purcell: Ground (cravo solo) - O, lead me (voz e violão); G. F.Handel: Sweet Rose and Lilie (voz e violão) J. S Bach: Prelúdio da Partita 2 para alaúde (violão solo); Clement Janequin: Ce moys de may (quarteto solo) - Le chant des oyseuax (quarteto solo) – Mámye a eu de Dieu (quarteto solo) Francis Pilkington: Rest sweet nymphs (quarteto solo) ASSUNTO/GÊNERO: 1.Grupo Vocal. 2.Violão 3.Cravo. 4.Erudito. 5. Música Antiga INTÉRPRETE: Mário da Silva, Quarteto Angra (Darcy de Almeida, soprano, Paulo Mestre, contra-tenor Marcos de Brito, tenor Ademir Silva, baixo) COORDENAÇÃO: Roberto de Regina
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Mário da Silva – O Violão no Paraná
12. TÍTULO:Waltel Branco, Entre Amigos DADOS EDITORIAIS: 1994, CID DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 Fita Cassete, Estúdio Coda. ENCARTE: não há texto CONTEÚDO: Face A: Waltel Branco: 1. Só Nata Brasileira; 2. Rua das Flores; 3. Fantasia Romântica; 4. Choro Pra Turíbio; 5. Estrela; 6. Vida. Face B: Waltel Branco: 1. Ao Cair da Tarde; 2. Paranaguá; 3. Caprichoso; 4. Ninho de Cobra; 5. Forró de Lucas Pacote; 6. Choro Empacotado; 7. O Anjo e o Vampiro; 8. Maha Mantra. ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Solo.3.Erudito INTÉRPRETE: Waltel Branco 13. TÍTULO: Rêverie DADOS EDITORIAIS: 1996 DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Edelton Gloeden CONTEÚDO: Tomaz Albinoni: Adagio 8’18; Francisco Tárrega: Adelita 2’43; Johann Sebastian Bach: Ave Maria 6’11; Vital Joffily: Quando bem Longe eu Estiver 2’46 – Lembranças da Infância 6’49; Robert Schumann: Rêverie; Wolfgang Amadeus Mozart: Marcha Turca 3’44; Franz Schubert: Serenata 4’14; Johann Sebastian Bach: Jesus Alegria dos Homens 2’55 ASSUNTO/GÊNERO: 1.Violão 2.Solo. 3.Erudito INTÉRPRETE: Vital Joffily 14. TÍTULO: Música Brasileira De(s)composta DADOS EDITORIAIS: 1996, Wandelweisers Records DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Chico Mello CONTEÚDO: 1. John Cage na praia n. 1 Mello/Ocougne; 2. Hermeto Paschoal: Bebê. 3. Chico Buarque: Samba e Amor 4. John Cage na praia n. 2 Mello/Ocougne; 5. Mello/Ocougne: Dentro do Tubo 1. 6. Mello/Ocougne: Dentro do Tubo 2 7. John Cage na praia n. 3 Mello/Ocougne; 8. Chico Mello: Do Lado do Dedo 9. Baden Powel: Berimbau 10. Pixinguinha: 1x0; 11. Adoniran Barbosa: Trem das Onze; 12. John Cage na praia n. 4 Mello/Ocougne. ASSUNTO/GÊNERO: 1.Grupo Instrumental 2.Erudito 3. Música Experimental INTÉRPRETES: Chico Mello e Silvia Ocougne, violão 15. TÍTULO: Nova Música Brasileira - Mário da Silva DADOS EDITORIAIS: 1997, Fundação Cultural, Lei de Incentivo -Sonopress DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Mário da Silva e Octávio Camargo CONTEÚDO: Garoto: Jorge do Fusa - Lamentos do Morro; Waltel Branco: Argamassa (Prelúdio) - Ninho de Cobra; Radamés Gnatalli: Dança Brasileira; Edino Krieger: Ritmata; José Eduardo Gramani: Pinho; Jaime Mirtenbaum Zenamon: The Black Widow; Guilherme Campos: Divertimento 5; Octávio Camargo: Desafignado; Norton Dudeque: Peça para Violão Solo; Chico Mello: Dança ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão 2. Erudito INTÉRPRETE: Mário da Silva
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Mário da Silva – O Violão no Paraná
16. TÍTULO: Terra Sonora DADOS EDITORIAIS: 1997, Música de diversas regiões do mundo DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Plínio da Silva CONTEÚDO: 1. Mongólia: Argagüj, Amrag; 2. Lapônia: Normu Jovnna; 3. Brasil, José Eduardo Gramani e Ana Salvagni: Seresta; 4. Venezuela: El Quitapesares; 5. Albânia: Byibali; Brasil, Roberto Corrêa: Baião do Pé Rachado; 7. Bachkiria: Plasavay; 8. Brasil, Manchinha: Pura Inspiração; 9. Noruega: Kamma no; 10. Armênia: O ma belle; 11. Grécia: Yerakina; 12.Transilvânia: Istenem, Istenem; 13. Brasil: José Eduardo Gramani: Manaira; 14. Espanha: Esta noite hai unha fia; 15. Mongólia: Torgud nutag; 16.Brasil: Rogério Gulin: Serra Baixo; 17. China: Phoenix at the lakeshore; 18.Noruega: Kjetta; 19. Zimbábue: Chipindura; 20. Tuva: Dayr-Todur. Total 56:17 ASSUNTO/GÊNERO: 1.Música de Câmara. 2. Música de regiões diversas. INTÉRPRETES: Grupo Terra Sonora: Giampiero Pilatti, flauta; Adriano Mottin,percussão; Plínio Silva, flautas; Rogério Gulin, viola caipira; Andréa Bernardini violão e vozes; Liane Guariente, voz. DIREÇÃO: José Eduardo Gramani COORDENAÇÃO: Plínio da Silva 17. TÍTULO: Coral Impressões DADOS EDITORIAIS: 1998, UFPR, Trace Disc Multimídia Ltda DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Álvaro G Nadolny CONTEÚDO: 1.Luiz Fernando Melara: In Monte Oliveti 2. Wolfgang Amadeus Mozart: Deh, Vieni Alla Finestra; 3. Richard Wagner: Winterstümme Wichen Dem Wonnemond; 4. Léo Delibes: Viens, Mallika (Duo Flores); 5. Antonin Dvorak: Pisen Rusalky o Mesicku; 6. John Dowland: Fine Knacks for Ladies – Flow My Tears; 8. Rugero Leoncavallo: Recitar! Vesti La Giubba; 9. Robert Schumann: Die Beiden Grenadiere; 10. Arrigo Boito: L’Altra Notte in Fondo Al Mare; 11. Carl Bohn: Still Wie Die Nacht; 12. Dietrich Buxtehude: Magnificat Anima Mea; 13. L. de R illé: I martiri alle Arene; ASSUNTO/GÊNERO: 1. Coral 2. Erudito INTÉRPRETES: Coral da UPFR , Karina P.Gineste, piano; Guilherme Campos, violão Álvaro G Nadolny, regente. 18. TÍTULO: Música Contemporânea Desconstruída sob Encomenda DADOS EDITORIAIS: 2000, Fundação Cultural, Lei de Incentivo –CD+ DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Mário da Silva CONTEÚDO: José Eduardo Gramani : Suíte Araucária: Dança do Pião Bailarino / Madeira Verde / Morretes / Largo da Ordem. Guilherme Campos: Balacubaco: Prelúdio / Interlúdio / Final. Octávio Camargo: Agguas de Março e Grosa. Norton Dudeque: Continuum. Arrigo Barnabé: Fragmentos. Chico Mello: Entre Cadeiras ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão 2. Erudito INTÉRPRETE: Mário da Silva
134
Mário da Silva – O Violão no Paraná
19. TÍTULO: Waltel Branco, Naipi DADOS EDITORIAIS: 2000, Lei de Incentivo DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Afrânio Lammy Spolador CONTEÚDO: Waltel Branco: Poema ao Rio Iguaçu, Luana Pilar Browne, Miceli, Prelúdio ao Pequeno Jonatha, Juan Cabeza de Vaca, Só Nata Brsileira no. 3, Nossa Cidade, Fantasia Daniel, Ari Blues, Só – Nata Brasileira no. 4. aprendiz de Compositor, Josephina Spolador, Praça Espanha, Canção Pra Curitiba, Rio Curitiba ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão e voz 2. Erudito e popular INTÉRPRETE: Waltel Branco. 20. TÍTULO: Quadros de uma exposição, Zenamon (violão) – Borgomanero (violino) DADOS EDITORIAIS: 2002, Elysium, DESCRIÇÃO FÍSICA: 1 disco Digital 4,8 pol ENCARTE:Texto de Guido Borgomanero CONTEÚDO: Mussorgski: Quadros de uma Exposição. Jaime Mirtenbaum Zenamon: Suite Caricaturas: Preludio, Calmíssimo, Andante, Danza – Saltando, Fugadito; 3 Retratos: Encuentro, Diálogo, Despedida. ASSUNTO/GÊNERO: 1. Violão 2. Erudito INTÉRPRETE: Jaime Mirtenbaum Zenamon (violão) e Alessandro Borgomanero (violino)
135
Mário da Silva – O Violão no Paraná
ANEXO 2
ARTIGOS EM PERIÓDICOS
Transcrições e cópias dos artigos em periódicos relacionados à atividade da
SCABI-Sociedade Cultural Brasílio Itiberê quanto a concertos de violão entre 1949 e
1953 (material coletado na Biblioteca Pública do Paraná).
� ARTIGO 1. GAZETA DO POVO, Quarta-feira, 1 de setembro de 1949. Scabi
– Recital de Albor Maruenda.
� ARTIGO 2. GAZETA DO POVO, Quarta-feira, 12 de novembro de 1952.
Scabi – Concerto de Orquestra e Côro.
� ARTIGO 3. GAZETA DO POVO, Terça-feira, 9 de junho de 1953. Scabi –
Andrés Segovio e a História da Guitarra.
� ARTIGO 4. GAZETA DO POVO, 9 de abril de 1958. Scabi – Recital de
Maria Luisa Anido.
� ARTIGO 5. ACADEMIA PARANAENSE DE VIOLÃO, não consta data. O
Violão no Paraná.
136
Mário da Silva – O Violão no Paraná
ARTIGO 1.
Periódico: GAZETA DO POVO
Data: Quarta-feira, 1 de setembro de
1949, p. ?.
SCABI
RECITAL DE ALBOR MARUENDA
[...]Albor Maruenda, natural da
Guatemala, um artista que vem [..] das mais
elogiadas referências da crítica internacional.
O recital de Albor Maruenda será
realizado no salão principal da Socieade Duque
de Caxias, às 20:30 horas, devendo ele alcançar
grande êxito, dada a enorme expectativa que se
vem observando em nosos meios sociais-
artísticos pela sua realização.
Albor Maruenda para sua única
apresentação aos nossos aficcionados da arte
oferecerá o seguinte e magnífico programa:
I PARTE
Pavana e gallarda (1674) – Gaspar
Sanz.
Los adioses – Fernando Sor
4 piezas – Frederico Moreno Torroba.
Prelúdio, Mazurka y Estudio –
Francisco Tárrega
II PARTE
Andante – de Haynd
Minuetto – de Mozart
Dos preludes (para Laud) – de Bach
Sarabanda – de Bach
Gavotte I e II – de Bach
Minuette – de ach
III PARTE
Zarabanda lejana – de Joquin Rodrigo
Sonatina em lá mayor – de F. Moreno
Torroba
a) Allegretto gracioso
b) Andante Expressivo
c) Allegro rítmico
Danza no. 5 – Enrique Granados
Asturias (Leyenda) de Albéniz.
[...]
137
Mário da Silva – O Violão no Paraná
138
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Periódico: GAZETA DO POVO
Data: Quarta-feira, 12 de novembro de
1952, p. 3.
SCABI
CONCERTO DE ORQUESTRA E CÔRO
Amanhã, às 21 horas, no salão do Clube
Concordia, terá lugar o 199o concerto da
Sociedade Cultural Artistica Brasilio Itiberê,
com o qual será encerrada a temporada de 1952.
Será um concerto de Orquestra de
Câmara, sob a regência do maestro Jorge
Kaszáz, com a colaboração de um Côro
Feminino e diversos solistas.
O programa, absolutamente inédito para
Curitiba, constará da Cantata do Café, de Bach,
do Negrinho do Pastoreio, de Eunice catunda, e
de um Divertimento, do compositor Rezsoe
Sugar.
Da Cantata do Café participarão os
seguintes solistas: Amanda Doubek Dall'Ingma,
soprano; João da Glória, tenor; Guilherme
Wollf Chaia, barítono; Jorge Frank, flautista;
Reneé Devraine Frank, piano contínuo. Os
solistas serão acompanhados por uma orquestra
de cordas. Essa é a Cantata nº 211, de Bach.
Para melhor compreensão da peça, o programa
trará impresso o texto da Cantata no original
alemão e a tradução em português.
O Negrinho do Pastoreio é uma Cantata
para três vozes femininas, com
acompanhamento de flauta, violão e
instrumentos de percussão. O poema é de Zora
Braga e a música de Eunice Catunda. Inspira-se
a Cantata na conhecida lenda folclórica do Rio
Grande - O Negrinho do Pastoreio - tão
difundida nos pampas gaúchos. Os solistas
dessa parte são os seguintes: Jorge Frank,
flauta; Walter Branco, violão; João Ramalho e
Giuseppe Bertolho, instrumentos de percussão.
Esse conjunto instrumental acompanhará um
Coro Feminino a 3 vozes. Também para melhor
compreensão do público, o programa trará todo
o texto do poema de Z|ora Braga.
São os seguintes compoentes do Coro
Feminino: Amanda Doubek Dall'Ingma,
Walkiria Machado Cortes, Iolanda Caillot,
Gerda Strobel, Frida Vitoria Cobbe, Waldtraut
Sobbol, Esther Graf, Hildegard Soboll e Hellen
Butler.
O Divertimento do jovem compositor
hungaro Rezsoe Sugar preencherá a terceira
parte do programa. É uma peça escrita para
orquestra de cordas. Os componentes dessa
orquestra são os seguintes:
PRIMEIROS VIOLINOS: Bianca
Bianchi, Luiz Eulogio Zilli, Caros Fiedler,
Clovis Carnascialli, Maria Olimpia Lisboa e
Augusto Schlumperge.
SEGUNDOS VIOLINOS: Oezir Correia,
Guilherme Seyer, Ives Diseró, Emilio Ribeiro
da Silva.
VIOLAS: (…), Francisco Schellmann,
Wilson da Rocha Peplow e Benedito Cordeiro.
139
Mário da Silva – O Violão no Paraná
VIOLONCELOS: Charlotte Frank e José
Vaini.
CONTRABAIXOS: Guilherme Carlos
tieplemann e Edino Beltrami.
140
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Periódico: GAZETA DO POVO
Data: Terça-feira, 9 de junho de 1953,
p. 3.
SCABI - ANDRÉS SEGOVIA E A
HISTÓRIA DA GUITARRA
Amanhã, às 21 horas, no salão do Clube
Concórdia terá (...) o 207º concêrto da
Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê
no qual será apresentado, pela primeira vez em
Curitiba, Andrés Segovia, o maior guitarrista do
mundo.
A vinda de Segovia a Curitiba representa
para a nossa cidade um acontecimento invulgar
no campo da arte, pois, além de ser considerado
uma das duas maiores cerebrações musicais do
século, Segovia veio ao Brasil passar apenas
cinco dias e realizar cinco concêrtos, partindo
no dia seguinte ao último para a Europa.
Miguel Llobet reintegrou, no estrangeiro,
a guitarra à música clássica, à margem da qual
tinha vivido durante três quartos de séculos
aproximadamente. Graças a SEGOVIA, a
guitarra recuperou a popularidade universal, da
qual gozava atingamente. Assistimos, por assim
dizer, à sua ressureição – surpreendidos
maravilhados, conquistados desde o instante em
que o grande artista pousa as mãos sôbre o
instrumento delicado, o mesmo que alguém
acreditava estar condenado para sempre às
diversões de pouco valor.
ANDRÉS SEGOVIA não é apenas um
“virtuose” imcomparável, cujos dedos parecem
comprazer-se no seguimento dos problemas
árduos e complexos, mas é músico consumado,
um dos intérpretes mais proeminente e
completos da época atual. Sua técnica é
prodigiosa, flexível igual, ignora os
desfallecimentos e se adapta sem esforço à
realização de obras polifônicas, nas quais
destaca os planos sonoros tão sensíveis e
facilmente, que permite ao instrumentista
desenhar cada frase melódica, iluminando cada
acento e inflexão.
Das seis cordas da guitarra, SEGOVIA
tira uma tão grande variedade de coloridos e
sons delicados, que nos confundem. A sua
técnica sempre se subordina às idéias dos
autores, comportando-se plenamente,
manifestando que virtuosismo deve ser um meio
e nunca uma idéia fundamental.
Êsse grande mestre intérprete
necessitava de seu próprio repertório. Não se
podia contestar com as lamentáveis transcrições
que durante muito tempo representavam toda a
literatura da guitarra. Assim entre as obras que
deixaram os guitarristas da época brilhante,
como Sor, Giuliani, Coste e Tárrega ANDRÉS
SEGOVIA encontrou grande quantidade de
peças que mereciam sobreviver. Mais tarde,
pesquizou entre os guitarristas e mestres do
alaúde de séculos anteriores. Graças a êle, hoje
nos deleitamos com um bom número de
composições antigas, entre as quais existem
verdadeiras obras-mestras, inclusive algumas de
Johann Sebastian Bach que era um ferovoroso
141
Mário da Silva – O Violão no Paraná
admirador do alaúde tendo escrito e transcrito
para este instrumento uma quinze páginas que
significaram uma valiosa contribuição para o
repertório do instrumento.
Hoje são os músicos modernos que
devem enriquecer os programas de SEGOVIA.
Ouvindo-o, não tardaram em dar-se conta que a
guitarra é um instrumento capaz de expressar o
mais belo colorido e as emoções mais intensas;
que, executada por este grande mestre, era
capaz das mais ricas combinações e dos mais
variados desenhos. E, concederam a êste
instrumento ontem ainda desdenhado, toda a
atenção que merece, escrevendo muitas peças
valorosas, que são testemunha do renascimento
definitivo da uma arte que durante muito tempo
parecia ter desaparecido por completo.
Falla, Turina, Moreno Torroba, Salazar,
entre os compositores espanhóis; Ponce,
mexicano; Roussel, Samazeu(..) Laparra,
Collet, Ferroud, Ibert, entre os franceses; o
ingles Cyril Scott e tantos outros nomes que
seria impossível enumerar aqui, são os atuais
colaboradores de SEGOVIA, na grande obra
artística que realiza com unánime êxito. (L.
Aloy Mooser).
NOTAS HISTÓRICAS SOBRE A
GUITARRA
De origem oriental, como a harpa e o
alaúde, foi conhecida desde a mais remota
antiguidade, na Pérsia e no Egito, onde figura
em quase todos os baixo relevos que foram
conservados à posteridade. É certo que a
guitarra foi importada na Espanha pelos arabes,
no fim do século VIII. Naquela época, o alaúde,
parente mais próximo nessa família de
instrumentos, divulga-se rapidamente na Europa
enquanto que a guitarra ficou na Espanha, onde
logo foi eleita pelo público para o seu
instrumento predileto.
Nove séculos mais tarde, a guitarra
transpôs os Pirineus, e encotrou no famoso
Corbetta (1620-1682), “ músico de camera” de
Luiz XIC, Roberto de Visée (aluno de
Corbetta), e mais tarde em François Campio
(até 1710), “virtuoses” que devido à sua arte e
seu entusiasmo, conseguiram a naturalização da
guitarra em França, enquanto que outros artistas
(Montesardo, Foscarini, Roncalli) a cultivavam
na Itália. Porém, na Inglaterra e Alemanha teve
de lutar intensamente para obter um lugar ao
lado do alaúde, então todo poderoso.
A partir de 1770, a guitarra se impõe em
toda a Europa, com êxito extraordinário,
sucedendo aos alaúde que estava vivendo os
seus últimos dias, depois de ter conhecido
séculos de glória, e que moria nas mãos de
alguns dos seus “virtuoses” que ainda lhe eram
fiéis. A guitarra introduziu-se em todos os
salões, graças aos seus executantes
compositores, tais como Bérad, Labarre,
Gataves e Costes, na França; Carulli e Legnani
na Itália; Kamerloher e Babach, na Alemanha;
Pleyel, Held, Jansa e Merts na Áustria; Sy?chra
e Wissotsky, na Rússia enquanto que na
Espanha, desde fins do século XVIII, apareciam
142
Mário da Silva – O Violão no Paraná
artistas que levaram a sua técnica a uma
perfeição até então desconhecidas,, Fernado Sor
e Dionisio Aguado. Desde 1800, vão surgindo
novos adeptos cada vez mais numerosos e
hábeis em Paris, Londres, Viena e São
Petesburgo. Os grande compositores lhes dão
atenão Schubert escreveu 15 “ Lieder” com
acompanhamento de guitarra, um quinteto e
quarteto, nos quais dedica à guitarra uma parte
importante. Weber deixo 60 “Lieder” (...)
guitarra e um divertimento para guitarra e
piano. Haydn dedica-lhe uma parte em dos seus
quartetos. Bocherini a introduz num quinteto e,
finalmente, Paganini, guitarrista consumado,
deixou grande quantidade de peças para guitarra
solo so concertante.
Pouco a pouco, a moda do entusiasmo
pela guitarra começã a passar e na metade do
século XIX existe apenas um grande mestre:
Francisco Tárrega (1854-1909), que com mão
férrea mantém a arte deste instrumento, ao qual
consagra a sua vida inteira. Depois de um
período de brilho incomparável, o velho
instrumento sofre rápida decadência. Esta se
prolonga até os primeiros anos do nosso século,
interrompida pela aparição de Miguel Lloet,
discípulo e continuador de Tárrega, cujo único
desejo é reconquistar para a guitarra o pretígio
de outrora. Hoje o novo propagandista e
animador da guitarra´é o exímio artista ANDRÉ
SEGOVIA. (A.M)
143
Mário da Silva – O Violão no Paraná
144
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Periódico: GAZETA DO POVO
Data: 9 de abril de 1958,
p. ?.
SCABI – MARIA LUISA ANIDO
[...] Maria Luisa Anido nasceu em Moro?
(Argentina). Começou seus estudos de guitarra
na tenra idade de 5 anos. Aos sete, seus estudos
continuaram sob a direção do professor
Domingo Peut, apresentando-se pela primeira
vez em concerto público aos oito anos. Pouco
depois, Miguel Llobet, discípulo predileto de
Francisco Tárrega, se interessou pela precoce
artista, e aceitou-a como aluna. Nos anos
seguintes, Maria Luisa Anido, conquistou uma
grande popularidade em seu país e outros do
continente. Realizou várias tournees e gravou
em com Llobet, para a Odeon. Desde então, a
artista tem desenvolvido uma extraordinária
técnica, e um notável espírito musical,
transformando-se em uma das maiores solistas
argentinas e uma das mais famosas guitarristas
do mundo. Realizou numerosas tournees,
conquistando aplauso dos críticos e do público,
no Brasil, Uruguai, Equador, Colômbia,
Inglaterra, França, [...] Itália, [..] União
Soviética. Em 1954 [..] para viajar ao Japão.
Esta viagem [...] um dos triunfos mais
importantes da carreira da artista. Apresentou-se
em 15 recitais em Tóquio e outras cidades do
país, bem como em inúmeros programas de
rádio e televisão. O professor Takeshi Okada
escreveu: “[..] coisas que realmente atingem
nossa mais profunda sensibilidade. Em uma
palavra Maria Luisa Anido é o melhor
embaixador da cultura argentina, muito melhor
que cem diplomatas. Sua maestria estimula
nossa admiração por aquele país americano, tão
longínquo, no outro lado do mundo. A Câmara
de Deputados organizou uma recepção em sua
honra, no Hotel Sgoto, de Tóquio. Ali, o
presidente da Câmara, senhor Yasujiro
Tsutsumi declarou: “A senhora Anido é a artista
mais importante produzida pela Argentina em
nossos dias. Sua arte e seu nome são admirados
através de todo o mundo, como um marco na
história da música da guitarra. Nesta ocasião, os
representantes japoneses obsequiaram a artista
com uma [...] cinzelada a 250 anos atrás, por
um artesão da família Asado. Em 1956, Maria
Luisa Anido estreou em Moscou, perante a sala
apinhada de público do Teatro Tchaikowsky.
Entre os presentes se encontravam os mais
importantes artistas e músicos soviéticos da
atualidade. Depois deste recital, Dimitri
Kabalevski disse: “Nas mãos de Maria Luisa
Anido a guitarra soa frequentemente como toda
uma orquestra”. Posteriormente, a artista
realizou recitais em outras cidades do país. Na
oportunidade de sua visita a Leningrado W. P.
Machlewitch, da Sociedade de guitarra desta
cidade, escreveu: “Sem dúvida Maria Luisa
Anido é a melhor guitarrista do mundo. Seus
programas de recital são extremamente
interessantes, cheios de calor e mais, [...]
145
Mário da Silva – O Violão no Paraná
146
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Academia Parananense de Violão
Data: não consta
O VIOLÃO NO PARANÁ
Há muitos anos o Paraná recebeu, com
bastante agrado, concertos violonísticos do
imortal Barrios, Livino Albano e outros. Fomos
inclusive honrados com audições do próprio
Andres Segóvia.
Todavia nem por isso o estudo clássico
do instrumentos despertava interesse. Como
tantos cronistas já se referiram o violão era
apenas boêmio e seresteiro e a muito pouco
gente foi dada a oportunidade de ouvir as
maravilhosas gravações de um Tárrega, por
exemplo.
Até os anos de 1960 contava-se nos
dedos os violonistas de Curitiba que realmente
conheciam música. Poderíamos citar entre êles
três professores: Eugenio Martins, Waldemar
Silva e Constâncio de Sousa.
Contudo havia alguns apaixonados que
não se conformavam com a situação mórbida
em que se achava o violão na Terra dos
Pinheirais. Entre êles Márcio Ferreira da Luz,
aluno de Constâncio de Sousa e Admar Garcia,
ex-aluno de Eugênio Martins.
Nos primeiros dias de 1961 Marcio e
Admar estimulados por seus mestres decidem
pugnar pela elevação do conceito de seu
instrumento.
Coadjuvado por Aristides Severo
Athayde Marcio consegue na Rádio Colégio
Estadual do Paraná um horário onde
apresentavam exclusivamente história e
crônicas do violão, bem como gravações e
biografias – dos mais célebres violonistas. Tal
medida despertou a atenção das agremiações
culturais que resolveram trazer bons violonistas
à Curitiba. Tivemos então audições com
Siegfried Behrend (da Alemanha), Charles Byrd
(U.S.A) e brasileiros como Waltel Branco, os
Índios Tabajaras, Raul Santiago e outros.
Por seu lado Admar Garcia resolveu
dedicar-se de corpo e alma, ao ensino do violão.
Animado pela grande receptividade que
encontrou, montou a primeira academia do
estado com o nome de “Academia Paranaense
de Violão”, que contudo ainda é a única.
Todavia espera-se que ainda êste ano sejam
instaladas quatro novas academias. Cumpre
ressaltar que Admar conseguiu, nestes quatro
anos, iniciar nada menos de 386 alunos nos
mistérios dêste belo instrumento.
Até o Estado já está olhando com bons
olhos o desenvolvimento da cultura violonística,
pois a S.E.C e a Pró-Música de Curitiba
promoveram um curso de verão em fevereiro de
1965, com extenso programa musical, onde,
para assombro de todos o curso de violão,
ministrado por Maria Lívia São Marcos, obteve
um número de inscritos tão grande que não foi
possível atender a todos. Foi o curso mais
procurado. Esta professôra deu ainda uma
audição na casa do Exmo. Sr. Ney Braga,
147
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Governador do Estado, fêz apresentações na
Televisão e foi um verdadeiro sucesso o
concerto de Vivaldi para violão e orquestra de
câmera – que que apresentou na Reitoria da
Universidade do Paraná.
Assim Marcio e Admar viram coroados
de êxito os seus empreendimentos
(Sem autor e data)
148
Mário da Silva – O Violão no Paraná
ÍNDICE REMISSIVO
Abreu, Eduardo, 18; Sérgio, 18, 19, 53, 110
Ahanorián, Coriún, 114
Albeniz, Isaac, 53, 121
Allan, Graça, 28
Almeida Prado, José Antonio de, 22, 32, 36, 37, 110111
Almeida, Laurindo de, 19, 60, 90, 121
Amaral, Tadeu do, 77
Andrade, Oswald de, 45
Anido, Maria Luisa, 50
Arnold, Malcolm, 8, 9, 15, 116
Assad, Odair, 18; Sérgio, 18, 27
Assis, Carlos, 102
Aussel, Roberto, 52
Bacarisse, Salvador, 15
Bach, Johann Sebastian, 7, 122, 123, 127
Baranzano, Eduardo, 53
Barnabé, Arrigo, vii, viii, 1, 55, 79, 80, 108, 109, 111, 124
Barrios, Agustin, 60, 88
Bartoloni, Carmo, vii, viii, 1, 38, 55, 84, 103, 110, 111; Giácomo, 1, 22, 32, 38, 53, 77, 84, 111
Bashô, Matsuo, 47
Behrend, Sigfrid, 50, 133
Bellinati, Paulo, 22, 32, 39, 40, 46, 111
Bennett, Richard Rodney, 15
Berkeley, Lennox, 8
Berlio, Hector, 11
Bernardini, Andréa, 119
Beuml, Marga, 50
Birtwistle, Harrison, 31
Bochino, Alceu, 57
Botelho, José, 85
149
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Boulanger, Nadia, 34, 37
Boulez, Pierre, 9
Braga, Luiz Otávio, 19, 46
Branco, Waltel, vii, viii, 1, 2, 33, 50, 55, 56, 57, 58, 59, 60, 88, 89, 90, 109, 111, 114, 120, 123, 125,
127
Brandão, Helinho, 65; Hélinho, 96, 120
Bream, Julian, 8, 108
Brightmore, Robert, 64, 94
Britten, Benjamin, 8
Brouwer, Leo, 15, 16, 63, 85, 122
Budasz, Rogério, iv, vii, viii, 1, 3, 53, 55, 73, 74, 75, 76, 81, 84, 108, 109, 111, 122
Cabrera, Sérgio Fernandes, 53
Cáceres, Oscar, 57
Camargo Guarnieri, Mozart, 22, 32, 34, 35, 111
Camargo, Octávio, vii, viii, 1, 3, 55, 79, 84, 86, 109, 111, 123, 124
Campos, Guilherme, vii, viii, 1, 53, 54, 55, 77, 81, 102, 108, 109, 110, 111
Capistrano, Rodrigo, 102
Carlevaro, Abel, 34, 35, 44, 46, 52, 61, 70
Carter, Elliot, 30
Carvalho, Hermínio Belo de, 60, 89
Castañera, Eduardo, 41, 46
Castelnuovo-Tedesco, Mário, 7
Catunda, Eunice, 50
Chaves, Celso Loureiro, 42, 86
Colarusso, Osvaldo, 70
Corrêa, Sérgio Vasconcelos, 111; Vinícius, 22, 45, 46, 111
Correia de Oliveira, Willy, 85
Costa Lima, Paulo, 114
Crowl, Harry, vii, viii, 1, 55, 84, 85, 86, 108, 110, 111
Cunha, Antonio Carlos Borges, 22, 46
Debussy, Claude, 6, 8
Demarchi, Paulo, 108, 119, 122
Demarquez, Suzanne, 7
150
Mário da Silva – O Violão no Paraná
do Acordeom, Chiquinho, 57
do Bandolim, Jacob, 60
Dodgson, Stephen, 8
Dottori, Maurício, vii, viii, 1, 55, 84, 85, 86, 108, 110, 111
Dowland, John, 8, 53, 92, 121, 122, 124
Dudeque, Norton, vii, viii, 1, 4, 6, 7, 32, 52, 53, 54, 55, 70, 71, 72, 108, 109, 111, 114
Dukas, Paul, 13
Duo Abreu, 18
Duo Assad, 18, 41
Egg, André, 29, 115
EMBAP, 1, 3, 4, 5, 29, 52, 53, 54, 55, 61, 65, 66, 70, 73, 74, 79, 81, 83, 84, 85, 86, 97, 102, 115, 116
Escobar, Aylton, 77, 84
Esmanhoto, Ângelo, 119
Falla, Manuel de, 6
Faria, Alexandre, 22, 31, 111
Federowski, Bernardo, 81
Félix Pereira, João José, vii, viii, 1, 3, 54, 55, 77, 81, 82, 83, 84, 108, 109, 111, 116
Fernandez, Jose, 53; Lorenzo, 28
Fernández, Eduardo, 44, 52, 70
Ferneyhough, Brian, 30
Ferreira da Luz, Márcio, 49
Ferreira, Luiz Cláudio, 49, 53, 121, 133
Fraga, Orlando, iv, 2, 3, 4, 51, 52, 53, 65, 77, 79, 83, 86, 96, 102, 105, 108, 110, 113, 115, 121, 122
Garcia, Admar, vii, viii, 1, 2, 4, 28, 35, 49, 51, 55, 56, 108, 111, 117, 133
Garoto, Aníbal Augusto Sardinha, 19, 40, 57, 65, 91
Ginastera, Alberto, 4, 16, 32, 85
Gloeden, Edelton, 28, 33, 52; Everton, 52
Gnatalli, Radamés, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 57, 111
Gnattali, Roberto, 46
Gomes Grosso, Iberê, 18
Gomringer, Eugen, 47
Gramani, José Eduardo, 123, 124
Gregori, Henrique, 84
151
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Guerra-Peixe, César, 18, 21, 22, 23, 57, 111, 117
Haller, Helma, 54
Haro, Maria, 28
Henze, Hans Werner, 7, 8, 9
Herrera, Rufo, 85
Iazzeta, Fernando, 86
Itiberê, Brasílio, 1
Jobim, Tom, 88, 100
Joffily, Vital, 119, 123
Kampela, Arthur, 22, 30, 110, 111
Kanji, Ricardo, 74
Keeley, Robert, 31
Kerkezian, Sônia, 81
Kiefer, Bruno, 20, 22, 23, 41, 42, 46, 74, 111, 115, 117
Klasinc, Walter, 50
Koellreutter, Hans-Joachim, 28, 30, 65, 70, 79
Krenek, Ernst, 8
Krieger, Edino, 15, 16, 22, 23, 24, 110, 111
Lacerda, Osvaldo, 35
Lemos, Fafá, 57
Linhares, Dagoberto, 18, 37
Llobet, Miguel, 6
Louruz, Mico, 46
Lutoslawski, Witold, 86
Mahler, Gustav, 6
Majola, Celso, 84
Mantelli, Ricardo, 3, 115
Martin, Frank, 7, 8
Martins, Eugênio, 49, 56, 133
Maruenda, Albor, 7, 50
Mascarenhas, Cecy, 51
Mattos, Fernando Lewis de, 22, 42, 43, 111
McCormick, Michael, 28
152
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Meinstein, Silvina, 31
Meirinhos, Eduardo, 2
Melara, Luiz Fernando, 119
Mello, Chico, vii, viii, 1, 3, 4, 53, 54, 55, 65, 66, 67, 68, 70, 96, 108, 109, 110, 111, 112, 113, 120, 123
Mello, Laura Ritzmann de Oliveira, 4, 115
Menezes, José, 57
Messiaen, Olivier, 37
Mignone, Francisco, 22, 32, 33, 34, 57, 111
Morozowicz, Henrique, 53, 54, 81; Norton, 110
Müner, Ângela, 38, 77
Mussurunga, Bento, 1
Nazareth, Ernesto, 44, 90
Neves, José Maria, 22, 34, 35, 37, 116
Nobre, Marlos, 15, 22, 26, 27, 28, 110, 111
Pedrassoli, Paulo, 28
Penalva, José, 53, 54, 65, 77, 81, 116
Penderecki, Krzystoff, 86
Pereira da Silva, Walter, 49
Petraca, Ricardo, 3, 116
Pichi, Achille, 81
Pierri, Álvaro, 41, 46
Pinto, Henrique, 32, 38, 52, 53, 77
Pixinguinha, 19, 100, 123
Ponce, Manuel, 7, 122
Porto Alegre, Paulo, 20, 22, 32, 38, 39, 41, 42, 52, 73, 111
Poulenc, Francis, 8
Prodóssimo, Valdomiro, 51, 56, 116
Prosser, Elisabeth Seraphim, 116
Quarteto de Violões de Curitiba, 73, 77, 96, 99, 102, 122
Rabello, Rafael, 19, 60
Randolph,: Laurie, 122
Ribas Ferreira, Luiz Cláudio, 3
Riederer, Fernando, vii, viii, 1, 54, 55, 84, 86, 110, 111
153
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Rodrigo, Joaquin, 11, 13
Rosa, Noel, 58
Ruiz, Alice, 58
Salero, Othon, 57
Salinas, Krishna, 41
Sampaio, Marisa Ferraro, 3, 116
Santoro, Cláudio, 57, 115, 116
Santorsola, Guido, 15, 61, 70
Santos, Turíbio, 18, 19, 20, 21, 23, 28, 35, 37, 60, 73, 89, 90, 115, 116, 117
Sanz de La Maza, Regino, 11
São Marcos, Maria Lívia, 49, 133
Sartori, Denise, 86
Sávio, Isaías, 32, 49
Schnebel, Dieter, 65
Schoenberg, Arnold, 8, 9, 70, 80, 115
Segovia, Andrés, 3, 7, 31, 50, 57, 108, 129
Shiro Monteiro, Fábio, 46, 47
Silva, Mário da, i, ii, 3, 53, 64, 77, 89, 90, 91, 94, 96, 97, 99, 100, 101, 102, 104, 108, 122, 123, 124,
133;
Silva, Paulo, 57, 122
Silvestri, Sérgio, 119
Siqueira, José, 28
Soares, Leo, 21, 51, 52, 77
Sor, Fernando, 109, 129, 131
Sousa, Constâncio, 49, 51, 133
Souza Barros, Nicolas, 28, 31, 52
Souza, Eugênio Lima de, 2, 46, 51
Souza, Marcio, 117
Stravinsky, Igor, 4, 8, 9, 10, 39
Szalonek, Witold, 65
Tacuchian, Ricardo, 22, 28, 30, 110, 111, 117
Tansman, Alexandre, 8
Tárrega, Francisco, 6, 7, 49, 51, 109, 120, 129, 131, 133
154
Mário da Silva – O Violão no Paraná
Tedesco, Mario Castelnuovo, 15, 65
Teixeira Neto, Moacyr Garcia, 4, 28, 29, 35
Teixeira, Nicanor, 88
Torres, Antonio, 6
Torroba, Federico Moreno, 7, 15, 57, 130
Tourinho, Ana Cristina, 2
Türcke, Bertold, 84, 113
Turina, Joaquim, 7
Ulloa, Mário, 2
Vadico, 58, 88
Vasconcellos Corrêa, Sérgio, 22, 32, 35
Verdi, Giuseppe, 6
Vetromilla, Clayton Daunis, 21, 117
Victório, Roberto, 20, 22, 29, 86, 111, 115
Villa-Lobos,: Heitor, vii, 4, 7, 13, 15, 16, 18, 19, 23, 26, 33, 34, 35, 51, 57, 63, 65, 85, 111, 115
Wagner, Richard, 6
Walton, William, 8
Webern, Anton, 9
Wiese, Bartholomeu, 28
Williams, John, 8, 108
Wolff, Daniel, 20, 22, 42, 44, 111, 117
Zanon, Fábio, 31, 53
Zarate, Jorge Martinez, 52
Zenamon, Jaime Mirtenbaum, vii, viii, 1, 3, 4, 52, 53, 55, 61, 62, 63, 64, 65, 70, 77, 92, 93, 108, 109,
110, 111, 115, 121, 122