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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ODONTOLOGIA
PRISCILA ADRIANA LANGER
ALTERAÇÃO DA COR DE UMA RESINA COMPOSTA
SUBMETIDA À AÇÃO DE CORANTES ALIMENTARES
ESTUDO IN VITRO
Itajaí (SC), 2006
2
PRISCILA ADRIANA LANGER
ALTERAÇÃO DA COR DE UMA RESINA COMPOSTA
SUBMETIDA À AÇÃO DE CORANTES ALIMENTARES
ESTUDO IN VITRO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Prof. Nivaldo Murilo Diegoli
Itajaí (SC), 2006
3
ALTERAÇÃO DA COR DE UMA RESINA COMPOSTA SUBMETIDA À AÇÃO DE CORANTES ALIMENTARES – ESTUDO IN VITRO Priscila Adriana LANGER Orientador: Prof. Nivaldo Murilo DIEGOLI Co-orientadora: Prof. Kátia Naomi KUROSHIMA Data da defesa: abril de 2006. Resumo: A resina composta tem grande aplicabilidade devido a sua plasticidade, matização da cor, textura, opacidade e translucência. O presente trabalho foi realizado com o intuito de analisar in vitro a influência das soluções de chá preto, refrigerante do tipo cola e pasta de beterraba na alteração da cor de uma resina composta. Foram confeccionados 40 corpos-de-prova com o auxílio de uma matriz de silicona no formato de uma moeda de 5 centavos de Real, usando a resina composta Herculite XRV. Os corpos-de-prova permaneceram imersos em água destilada por 24 horas e depois, foram imersos nas soluções de chá preto, refrigerante e pasta de beterraba, em estufa à 37 ºC. Os imersos em chá e refrigerante permaneceram por 38 horas nas soluções e àqueles imersos em pasta de beterraba ficaram por 18 horas. O grupo controle permaneceu por 38 horas em água destilada. Ao final do experimento, cada corpo-de-prova foi lavado em água corrente por 2 minutos. Logo após, foram moídos com o auxílio de um moinho de martelo, imersos em etanol absoluto por 24 horas e submetidos à análise espectrofotométrica. As médias resultantes foram: controle – 0,058; chá preto – 0,072; refrigerante do tipo cola - 0,063 e pasta de beterraba 0,050. Analisando os resultados, concluiu-se que houve influência na cor da resina composta Herculite XRV submetida às soluções de chá preto, refrigerante do tipo cola e beterraba, onde o chá preto teve maior capacidade de pigmentação sobre a resina composta, seguido do refrigerante do tipo cola e depois, pasta de beterraba. Palavras-chave: beterraba, descoloração, espectrofotometria, pigmentação.
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 05
2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 07 3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................ 35
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ...................................................... 41
5 DISCUSSÃO ................................................................................................. 43
6 CONCLUSÃO .................................................................................................51
5
1 INTRODUÇÃO
A dentística é um ramo da odontologia que trata de restabelecer a estética, a
função, o conforto e a saúde do paciente. Para isso, existem vários procedimentos
passíveis de serem realizados na clínica odontológica a fim de alcançar esse
objetivo, sendo um deles a restauração de dentes fraturados ou cariados. Tal
procedimento tem por objetivo reconstruir a anatomia dental, reproduzindo os
detalhes das superfícies, dando forma e função ao elemento dental. Para realizar
uma restauração há vários materiais, como o amálgama e a resina composta.
Durante mais de 150 anos os dentistas têm usado a liga de amálgama para
efetuar restaurações em pré-molares e molares. Suas propriedades foram
melhoradas significativamente, ao longo dos anos. Entretanto, o amálgama, possui
algumas propriedades desfavoráveis como: corrosão, facilidade de fratura, a grande
quantidade de tecido dental sadio que precisa ser removido a fim de se obter uma
forma de cavidade aceitável para uma boa retenção, baixa resistência à tração e
falta de estética.
Isso tudo acabou por direcionar as pesquisas na área de dentística, para um
material que servisse de alternativa para o amálgama, que deveria ser
biologicamente aceitável e possuir uma combinação ideal das propriedades
mecânicas, físicas, químicas e estéticas.
Então surgiu, no início dos anos 60, a resina composta, um material de
estética superior aos materiais até então existentes como as resinas acrílicas
restauradoras e o cimento de silicato.
O termo material composto ou compósito pode ser definido como uma
associação entre dois ou mais materiais diferentes dando propriedades superiores
6
ou intermediárias àquelas dos constituintes individuais. Dessa maneira, os
compósitos modernos contêm inúmeros componentes. Os principais são a matriz de
resina e uma carga de partícula inorgânica, sendo necessário um agente de união
entre os dois.
Com isso, a resina composta tem tido grande aplicabilidade na reconstrução
de dentes cariados ou fraturados em função de sua plasticidade, matização da cor,
textura, opacidade e translucência.
No entanto, as resinas compostas sofrem alteração de cor, podendo ocorrer
de duas maneiras: manchamento superficial e descoloração interna.
A presente pesquisa avaliou a alteração de cor de uma resina composta sob à
ação de refrigerante tipo cola, chá preto e pasta de beterraba a fim de verificar a
alteração de cor sofrida pelo material restaurador testado, comparando os resultados
com material que não entrou em contato com as soluções pela espectrofotometria
de luz visível.
7
2 REVISÃO DE LITERATURA
Conforme Phillips (1978), a estabilidade de cor da resina composta é
satisfatória quando submetida ao teste da luz ultravioleta. Todavia, com o passar do
tempo é possível observar alteração na cor das restaurações clínicas, já que o
descoramento é devido a uma pigmentação superficial conseqüente à maior ou
menor aspereza da superfície, resultante do polimento dado a ela.
Uma pesquisa feita por Chan et al. (1980) avaliou o manchamento causado
por 4 alimentos sobre as resinas compostas Adaptic (Johnson & Johnson) e Concise
(3M). Os alimentos utilizados foram café, refrigerante tipo cola, chá e molho de soja.
Para isso, usaram 40 terceiros molares recém extraídos. Em cada elemento foram
realizados 2 preparos, 1 por lingual e outro por vestibular, simulando cavidades
Classe V prontas para restaurar. Depois de limpas e secas, as cavidades
vestibulares foram preenchidas com a resina Adaptic e as linguais com Concise.
Logo após, receberam acabamento com brocas multilanceladas e discos de lixa fina.
As amostras ficaram divididas em 5 grupos de 8 e ficaram imersas nas soluções
testadas separadamente e em água destilada para controle. Por 6 semanas as
amostras foram examinadas visualmente e comparadas à uma escala de cor
marrom com valores de 0 a 10. Ao fim das 6 semanas, metade das amostras foram
tiradas das soluções, escovadas com dentifrício comercial, lavadas com água por 2
minutos e secadas. Após isso, foram comparadas com as amostras não escovadas
e com a escala de cor. As amostras não escovadas foram cortadas
longitudinalmente para observar a profundidade de penetração da mancha. Os
pesquisadores disseram que as amostras do grupo controle não apresentaram
alteração, enquanto que o café e o óleo de soja apresentaram a maior alteração de
8
cor (classificação 3 e 2,9 respectivamente), sendo que o chá e a bebida a base de
cola provocaram um menor manchamento (1,8 para ambas na escala de cores). Não
houve diferença entre as resinas, mas o chá provocou maior alteração de cor na
resina Concise (2,1) do que na Adaptic (1,6). A profundidade de manchamento foi
superficial, 5µ ou menos. Os autores afirmaram que o manchamento foi maior na
primeira e segunda semana, mas é contínuo. Afirmaram que escovar os dentes com
dentifrício comercial diminui o manchamento, entretanto, só remove parte do
mesmo, sendo a alteração de cor ocorre após dois anos nas resinas compostas.
Para eles, a cor da resina composta depois de alterada não volta ao normal porque
ocorre penetração do manchamento nesse material.
Para Craig et al. (1988), as resinas compostas sofrem sorção de água, sendo
que as resinas convencionais têm valores menores de sorção quando comparadas
as micropartículadas. A absorção de água pelas resinas compostas é maior nos 7
primeiros dias, mas continuam a absorvê-la lentamente por 1 mês ou mais. Os
autores disseram que restaurações anteriores de resina composta não apresentam
nenhuma alteração de cor e descoloração marginal por 2 anos, porém tais
mudanças podem ocorrer depois de 3 anos. Segundo os mesmos escritores,
superfícies glaseadas devem ser examinadas após 1 ano, pois aproximadamente
80% das restaurações que recebem o glase não estão completamente cobertas,
apresentando falhas na sua superfície.
Minelli et al. (1988a) realizaram um estudo de resinas submetidas à ação de
alimentos comumente ingeridos. As resinas utilizadas para esse estudo foram:
Adaptic, Alpha Plast, Heliosit, Miradapt e Prisma Fil. Foram confeccionados 10
discos para cada marca de resina composta. Após 48 horas, os discos foram
divididos em 4 grupos e imersos em água destilada, solução de café, solução de chá
9
e vinho tinto. Estes foram mantidos nas soluções por 10 dias, à temperatura
ambiente e ao abrigo da luz, sendo que as soluções eram renovadas a cada 2 dias.
Os autores solicitaram a 2 dentistas com experiência clínica para atribuirem valores,
de 1 a 5, nas alterações de cor. Para isso, os corpos-de-prova eram removidos
diariamente das soluções, lavados em água corrente por 5 minutos, secos e
posicionados contra um fundo branco para a avaliação. As resinas que sofreram
menos coloração, quando imersas na solução de café por 10 dias foram a Miradapt
e a Prisma Fil e também não apresentaram mudança de cor no decorrer do período
estudado. Entretanto, a resina Alpha Plast, corou-se rapidamente e assim
permaneceu. A resina Adaptic ocupou um valor intermediário entre as resinas, e o
material Heliosit terminou recebendo um alto escore. Com a solução de chá,
verificaram que as resinas Miradapt e Prisma Fil também permaneceram pouco
alteradas. A resina Alpha Plast foi a que mais se pigmentou. Com o emprego da
solução de vinho, verificaram que as resinas compostas se pigmentaram com maior
intensidade, sendo que no quarto dia o manchamento se estabilizou nos seus
escores. A resina Alpha Plast corou-se fortemente desde o primeiro dia. Neste
estudo, os autores observaram que a alteração de cor é dependente do tempo.
Verificaram também que o vinho causou maior pigmentação nos materiais, quando
comparado com as soluções de café e chá. Os materiais imersos nas soluções de
café receberam escores que variaram de 2 a 4, indicando uma ação fortemente
ativa. Concluíram que as resinas compostas sofrem alterações de cor em função do
tempo, em relação às diferentes soluções e que algumas resinas apresentam maior
propensão a pigmentar-se.
De acordo com a pesquisa realiza por Minelli et al. (1988b), a estabilidade de
cor dos materiais restauradores estéticos é bastante crítica em função de agentes
10
intrínsecos e extrínsecos sendo que dificilmente a superfície deixada pela matriz é
mantida, devido à necessidade de polimento e acabamento da restauração e esses
procedimentos possuem grande influência no manchamento do material. A
finalidade deste trabalho foi avaliar a alteração de cor de 2 resinas convencionais
(Adaptic e Concise), 2 resinas micropartículas (Heliosit e Isoplast) e 1 resina acrílica
(Texton) quando submersas em solução de café. As amostras foram confeccionadas
com o auxílio de uma matriz de aço inoxidável com 10mm de diâmetro e 1,2mm de
espessura. As amostras de resina fotopolimerizável foram fotopolimerizadas com luz
halogênica durante 20 segundos em cada lado dos corpos-de-prova, dando um total
de 40 segundos para cada pastilha. Um total de 90 corpos-de-prova foi
confeccionado, sendo 18 discos para cada marca comercial. Decorridas 48 horas, as
amostras foram divididas em grupos para receber diferentes tratamentos de
superfície. Cada grupo teve 3 amostras como grupo controle que permaneceram em
água destilada pelo mesmo período de tempo que as outras amostras.Um grupo,
com 5 corpos-de-prova, foi mantido com a superfície lisa. Em outro grupo, com 5
pastilhas, a superfície foi desgastada com lixa número 150, tornando a superfície
rugosa. Já um terceiro grupo, também com 5 corpos-de-prova, teve a superfície
desgastada como o grupo anterior mas, a superfície foi glaseada. Então, as
amostras foram identificadas e colocadas em solução de café na proporção de 30
gramas de café para 300 ml de água destilada, mantidas nessa solução por 10 dias,
temperatura ambiente e ao abrigo da luz. A solução de café foi renovada a cada 2
dias e diariamente as pastilhas eram removidas da solução, lavadas por 5 minutos
em água corrente e secadas para assim, serem analisadas visualmente por 2
dentistas com experiência clínica, os quais atribuíram valores de 0 a 5 nas
alterações de cor durante os 10 dias. Dentre os resultados encontrados, as
11
superfícies que apresentaram maior alteração de cor foram as glaseadas, sendo que
a resina composta obteve maior manchamento em relação à resina acrílica. As
superfícies rugosas apresentaram-se mais estáveis no que se refere à alteração de
cor do que as superfícies lisas e glaseadas. Ressaltaram que segundo Smith (1985),
a resina composta incompletamente polimerizada deverá mostrar propriedades
mecânicas reduzidas, baixa estabilidade de cor e maior susceptibilidade ao
manchamento.
Para Luce e Campbell (1988), as manchas em restaurações podem estar
relacionadas ao tipo de resina, matriz, tamanho de partículas e porcentagem no
material, intensidade e direção da luz fotopolimerizadora, tempo entre acabamento e
polimento, absorção de água, tipo de agente pigmentante e tempo de contato com
ele e o grau da superfície brilhante uniformemente polida. No estudo desses autores
foi verificada a capacidade de 4 substâncias de causarem manchas em 4
compósitos de propriedades parecidas. As soluções pigmentantes eram: café, chá,
coca-cola, tabaco em pó e o grupo controle com água destilada, e as resinas
compostas foram: Durafill, Heliosit, Prisma Microfine e Silux. Foram confeccionadas
através de uma matriz de teflon com 6mm de diâmetro e 5mm, 5 amostras para cada
grupo corante e para o grupo controle. Durante 48 horas, os corpos-de-prova foram
deixados em temperatura ambiente e ao ar livre e então, foi realizado polimento com
discos seqüenciais Soft-lex (3M). As soluções de café e chá foram preparadas como
são feitas para consumo. A coca-cola não foi misturada com nenhum outro produto,
a solução de tabaco teve uma proporção de uma lata do pó para 2400 ml de água
fervente e foi filtrada com um papel toalha depois de resfriada. Cada compósito
testado teve 5 amostras colocadas em cada uma das soluções escolhidas e na
solução controle (água destilada) e levados à estufa em 37°C, sendo que as
12
pastilhas foram marcadas durante sua confecção para posterior identificação. A cada
3 dias as soluções foram trocadas e os corpos-de-prova lavados em 250 ml de água
destilada e em seguida, colocadas nas respectivas soluções as quais foram
renovadas. Os corpos-de-prova permaneceram imersos por um período de 14 dias
nas soluções devido ao fato de as resinas compostas se aproximarem da absorção
máxima de água dentro desse período de tempo. As pastilhas foram então cortadas
e avaliadas em um microscópio a fim de medir a profundidade de penetração da
pigmentação. Depois disso, em uma superfície branca, as amostras e o seu
respectivo controle foram comparadas. Assim, a maioria das pigmentações ocorreu
nos primeiros 10 dias, mas todos os corpos-de-prova, independente da solução
pigmentante, tiveram a mesma penetração de mancha. Dentro das soluções
testadas, a de café foi a que mais pigmentou as amostras, seguido do chá. Logo
depois, a solução de tabaco para todas as resinas compostas, com exceção do Silux
e a coca-cola foi a solução que menos alterou a cor do material testado, menos para
o Silux. No que diz respeito aos materiais, o Prisma Microfine foi o mais resistente à
alteração de cor para as soluções, menos à coca-cola. Já, o compósito de marca
Heliosit mostrou-se resistente à coca-cola e foi o segundo mais resistente para as
outras soluções. A resina composta Durafill ficou em terceiro lugar na resistência à
pigmentação, mas alterou-se mais com a solução de chá. O Silux sofreu maior
manchamento pelas soluções, exceto com o chá. Segundo os autores, os resultados
obtidos são de grande utilidade clínica pois, dessa forma, o cirurgião-dentista pode
orientar seus pacientes sobre os agentes pigmentantes e pode também selecionar o
material restaurador conforme a cooperação do paciente a fim de evitar o
aparecimento de manchas na resina composta.
13
Mello et al. (1990), realizaram uma pesquisa a fim de testar o manchamento
pela verificação da mudança de cor e a diferença na porcentagem de ganho de peso
pela sorção de água da saliva de 3 resinas compostas: Adaptic II, Herculite e P50.
Cada grupo de 5 amostras para cada resina foram colocados em imersão na saliva
artificial e 5 de cada resina em saliva artificial com café. Permaneceram em agitação
nessas soluções com ciclos de troca de temperatura por 15 dias. Depois disso, as
amostras foram secas com papel de filtro e pesadas pela última vez. Com os
resultados, os pesquisadores puderam observar que a resina composta não é
dimensionalmente estável e que a resina uma vez dissecada não recupera mais a
sua composição, surgindo manchas esbranquiçadas, irreversíveis, na superfície. No
que se refere à mudança de cor, todas as amostras sofreram alteração de cor.
Dizem que a estabilidade de cor das resinas varia com a natureza das aminas
usadas como ativadoras, pois os fabricantes não citam o tipo de amina e nem sua
quantidade. Os autores pensam que o não manchamento da resina composta
justifica-se na ausência de fatores que promovam a alteração de cor, como hábitos
favoráveis de indivíduos em não utilizarem substâncias corantes e que quando o
polimento é executado após alguns dias, a estabilidade da cor é maior. Logo,
concluíram que o manchamento ocorre nas superfícies das resinas, não é devido
apenas à presença de corantes, mas pelo mecanismo de sorção, onde a embebição
é sempre menor que a perda de água durante a sinérese. Dizem ainda que os
materiais estéticos apresentam uma série de propriedades que interferem no seu
comportamento clínico, entre elas: resistência à compressão, dureza, resistência à
abrasão, contração de polimerização, homogeneização, translucidez, sorção e
coeficiente de expansão térmica linear. A não adequação dessas propriedades pode
14
levar a fraturas da restauração, desgastes, fraturas marginais, infiltração marginal,
fratura de estrutura dental, bolhas e manchamento de toda a restauração.
Vieira e Garone Filho (1993), fizeram um estudo sobre o efeito do álcool no
manchamento das resinas compostas pelo café. Para isso, foram utilizadas 4
marcas de resinas compostas: 2 de micropartículas (Silux Plus e Durafill) e 2
híbridas (Herculite e Multifill), nas cores universais. Para cada marca comercial
foram confeccionados 8 corpos-de-prova, os quais foram mantidos imersos em água
destilada, por 24 horas, em estufa a 37ºC. Após este tempo, suas cores foram
medidas e chamadas de cor inicial. Os pesquisadores dividiram os 8 corpos-de-
prova de cada marca comercial em 2 grupos, onde os do grupo 1 foram imersos em
álcool por 15 minutos. Depois, eram escovados com escova dental macia e imersos
em café a 50ºC, por 2 minutos. Após isso, eram escovados novamente e mantidos
na estufa em água destilada a 37ºC. Este tratamento foi repetido 4 vezes durante 15
dias. O grupo 2 acompanhou o tratamento 1, executando-se a imersão no álcool. Ao
final desses 15 dias, foram medidas as cores inicial e final dos corpos-de-prova.
Com o resultado, verificaram que o material sofreu manchamento por café. Também
observaram que as resinas compostas de partículas híbridas tiveram uma alteração
de cor menor do que as resinas compostas de micropartículas quando em contato
com o café. Dessa forma, os autores afirmaram que o álcool é um solvente, o qual
facilita a pigmentação de corantes na resina. Citaram que a alteração de cor deu-se
em função da luminosidade, sendo que os corpos-de-prova ficaram mais escuros
quando tratados com álcool antes da imersão no café. Verificaram também que o
tamanho da partícula influenciou na alteração de cor, sendo que houve um
escurecimento maior nas resinas de micropartículas.
15
No trabalho realizado por Dinelli et al., em 1995, buscou-se avaliar as
propriedades estéticas da resina composta realizando testes de translucidez, em
função da retenção de corantes na superfície da resina composta, de tempo, dos
materiais e dos meios de imersão. Para isso, confeccionaram corpos-de-prova com
4 tipos de resina composta: Herculite XR para esmalte; Herculite XR para dentina;
Silux Plus para esmalte; Silux Plus para dentina, todos eles de várias cores. Os
corpos-de-prova ficaram submersos em 4 diferentes meios de imersão: coca-cola,
vinho, café e solução de nicotina, por tempos variados até completar 2 meses e
sendo renovados semanalmente. Assim sendo, para obter os valores de
translucidez, os pesquisadores utilizaram o Aparelho de Eletroforese Jouan.
Analisando os resultados, constataram que materiais diferentes podem resultar em
diferentes níveis de translucidez, independendo do meio de imersão e do tempo.
Confirmaram também, que a translucidez está relacionada com o tipo, quantidade e
tamanho das partículas de carga. Os pesquisadores observaram que os corpos-de-
prova submetidos à ação do café apresentaram maior manchamento, os submetidos
à coca-cola mancharam menos, e aqueles submetidos ao vinho e à nicotina
obtiveram alterações intermediárias e semelhantes entre si. No que diz respeito ao
tempo de imersão, os autores verificaram que a translucidez diminuiu conforme
aumentou o tempo de imersão e que a maior alteração ocorreu nas primeiras 24
horas. Eles afirmaram que a alteração de cor pode estar ligada à retenção lenta e
gradativa dos corantes do meio de imersão. Dessa forma, concluíram que a
interação material x meio de imersão x tempo foi significante.
Para verificar a utilização de espectrofotometria para avaliação da alteração
de cor da resina composta, Gasparetto e Tessmann (1995), confeccionaram 35
corpos-de-prova da resina Prisma Fill fotoativada que foram mantidos em água
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destilada a 37°C. Depois foram submetidos à imersão em café e em vinho tinto por
10 dias a 37° C. Após esse período, os corpos-de-prova foram lavados e submetidos
ao descoramento com soluções de etanol absoluto, etanol 50%, acetona 50%, ácido
fórmico 50%, ácido fórmico 2N, ácido acético 50% e ácido clorídrico 2N (5 corpos-
de-prova para cada solvente). A solução que não sofreu pigmentação foi utilizada
como branco para as leituras espectrofotométricas das soluções de descoramento.
As leituras de absorbância foram feitas nos tempos de descoramento de: 0, 24, 36,
48, 60 e 72 horas. O comprimento de onda foi determinado previamente por
espectros de absorção, na faixa do visível, com as mesmas soluções utilizadas nas
imersões e descoramento, sendo de 380 nm, pois tanto para solução de café como
para o vinho esse é o valor mais próximo da faixa do visível de maior leitura com as
soluções utilizadas. Os autores concluíram que o etanol absoluto e o ácido fórmico
foram os melhores solventes de descoramento da resina, para as amostras de café.
Já para os corpos-de-prova submetidos ao vinho tinto, os melhores solventes foram
acetona 50%, ácido acético 50%, etanol e ácido fórmico 50%. Ainda afirmaram que
os outros solventes foram ineficazes quanto ao descoramento da resina composta
sendo que, recomendam realizar futuros testes com outras resinas compostas para
verificar o seu descoramento. Relataram que com esse método a análise de
alteração de cor da resina composta é menos subjetiva quando comparada à
avaliação visual. Afirmaram que a cor é cada vez mais um fator necessário às
restaurações e que a estabilidade de cor é um problema adicional que precisa ser
enfrentado. Eles citaram métodos para avaliar a alteração de cor: avaliação visual
com uso de tabelas, uso de espectrofotômetros e colorímetros de fibra óptica. Esses
autores disseram que a resina composta freqüentemente torna-se corada e sofre
alterações físico-químicas. A rugosidade da superfície dos compósitos, como nas
17
resinas convencionais, mesmo após acabamento, é devida às irregularidades no
arranjo das partículas inorgânicas do material restaurador. Portanto, as superfícies
destas resinas coram-se facilmente por adsorção mecânica. Os pesquisadores
contaram que a avaliação de cor somente acontece em corpos sólidos sendo que o
café, chá e vinho tinto produzem significantes alterações de cor nas resinas
compostas. Como a pigmentação por café e vinho ocorre provavelmente por
adsorção de pigmentos hidrofílicos às suas superfícies, os pesquisadores usaram
uma metodologia que se referiu à pigmentação e posterior dissolução parcial das
superfícies das resinas com soluções solventes e, então, o uso da
espectrofotometria para avaliação da cor dessas soluções solventes.
Busato et al. (1996), realizaram uma experiência a fim de avaliar o
comportamento clínico de 3 materiais restauradores, sendo eles: Herculite (Kerr),
P30 (3M) e Estilux Posterior (Kulzer). A avaliação foi realizada em períodos pré-
determinados de 2, 4 e 5 anos. Foram preparadas 126 cavidades, 3 em cada
paciente, para colocação dos 3 materiais testados. Após o condicionamento ácido e
aplicação do agente de união, a resina composta foi colocada em incrementos de no
máximo 3 mm cada um e, depois disso, cada porção foi fotopolimerizada por 40
segundos. O acabamento e polimento foram feitos na mesma sessão com uso de
pontas diamantadas de granulação fina, tiras de lixa, taças de borracha e pasta de
acabamento. Após 2 e 4 anos foram chamados e somente 24 pacientes
compareceram para avaliação perfazendo um total de 86 cavidades. Dessas
restaurações, nenhuma apresentava sinais clínicos de alteração de cor. Quando
completaram 5 anos, esses mesmos pacientes retornaram para avaliação e então se
constatou que, entre outras alterações, 8 mostraram alteração de cor de corpo e 6
resultaram em manchamento da interface. Os hábitos dos pacientes que
18
apresentaram mudança de cor nas suas restaurações foram pesquisados e foi
constatado que eram tomadores de líquidos com corantes em grande quantidade.
Considerando todas as variáveis testadas, (desgaste, ponto de contato, cárie
proximal, sensibilidade pós-operatória, manchamento da interface e alteração de cor
no corpo da restauração), o teste de Duncan mostrou que M1 foi estatisticamente
igual ao material M2, entretanto diferente de M3, mas foram significantes as
diferenças entre os materiais M1/M2 em relação ao M3. Afirmaram que as mudanças
nas restaurações de resina composta tornaram-se mais evidentes entre o quarto e
quinto ano, não a ponto de exigirem reparo, mas com sinais clínicos presentes.
De acordo com Mondelli (1984) citado por Busato et al. (1997), as resinas
compostas podem ter sua coloração alterada em um período de 2 a 3 anos podendo
ocorrer de duas formas: manchamento superficial e descoloração interna. O
manchamento superficial está ligado à penetração de corantes contidos em
alimentos, fumo, entre outros, na superfície da restauração. O escritor conta que na
presença de placa bacteriana, ocorre um amolecimento da resina composta, o que
facilita a pigmentação. Para ele, a descoloração interna pode ser resultante de um
processo de fotooxidação de alguns componentes químicos das resinas, sendo as
aminas, que são ativadoras do processo de polimerização, responsáveis pela
alteração de cor. Afirma que se pode esperar inalteração do padrão de cor por cerca
de 5 a 8 anos.
A proposta do trabalho realizado por Menezes et al. (1999), foi avaliar
topograficamente as superfícies das restaurações de resinas compostas híbridas
após serem submetidas ao tratamento com diferentes tipos de polimento e
acabamento, quanto ao manchamento por corantes (café e vinho), bem como
microscopicamente, quanto à textura e formação de porosidades. Para a avaliação
19
do manchamento superficial de resinas compostas, foi empregada a resina APH
Spectrum (Dentsply) na cor A3. O material foi condensado em incrementos e
polimerizado por 20 segundos, através do fotopolimerizador em cavidades de Classe
V na face vestibular de dentes pré-molares humanos extraídos. As cavidades foram
preparadas e padronizadas com ponta diamantada tipo roda, em alta rotação e com
refrigeração ar/água, na profundidade e largura da ponta. Foram preparados 5
dentes para cada condição de teste. Os dentes restaurados com resina composta,
após 24 horas de armazenamento em água a 37°C, receberam tratamento de
acabamento. Depois disso, os dentes restaurados foram imersos em 2 soluções
distintas por 72 horas. Cada 4 grupos, com diferentes tratamentos foram imersos em
cada tipo distinto de solução manchadora de vinho e/ou café. Após o período de
armazenagem, os dentes e as restaurações foram lavados em água destilada para
remoção do excesso do corante (vinho ou café) e avaliadas visualmente por 2
examinadores independentes, na condição de duplo cego, com o seguinte critério:
0= nulo, 1= suave, 2= médio e 3= severo. Depois da avaliação da alteração de cor,
os corpos-de-prova foram secos e desidratados em estufa e metalizados por ouro-
paládio e, em seguida, examinados em MEV (Microscópio Eletrônico de Varredura).
Os autores contaram que as resinas compostas de macropartículas são as que
ofereceram maior rugosidade, independente do sistema de acabamento. Existe
diferença de textura até mesmo entre as resinas híbridas devido à relação entre
suas moléculas, sua forma geométrica e a distribuição dessas partículas na resina.
O melhor acabamento encontrado foi nas resinas compostas microparticuladas. Os
autores afirmaram que o manchamento de uma restauração leva à alteração do
padrão da cor, sendo que a mudança de cor pode estar relacionada a vários fatores
como: oxidação dos corantes da própria resina, absorção de água, contração de
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polimerização com subseqüente infiltração marginal e rugosidade superficial. Essa
rugosidade superficial está diretamente ligada a granulometria do material
restaurador e sua forma de acabamento. Isso acarreta variadas texturas de
superfície que, alem de facilitarem a impregnação de corantes alimentares e outros,
propiciam a aderência da placa dental. São vários os instrumentos utilizados para
acabamento das resinas compostas, dentre eles as pontas diamantadas, as quais se
mostraram extremamente agressivas. Nesse trabalho os pesquisadores observaram
que o aumento de rugosidade e manchamento foram evidentes quando as resinas
compostas receberam acabamento com pontas diamantadas e nenhum tipo de
acabamento foi capaz de tornar a resina composta ideal quanto à sua lisura. As
avaliações de microscopia eletrônica de varredura foram capazes de identificar
variações de textura entre os sistemas de acabamento. Os dentes restaurados com
resina composta e submetidos aos corantes mostraram que o café mancha menos
que o vinho.
Em um trabalho desenvolvido por Campos et al. (1999), foram avaliados os
efeitos de 4 substâncias corantes sobre a translucidez de resinas compostas:
Charisma (Kulzer), e Durafill (Kulzer), ambas na cor A2. As substâncias usadas
foram: refrigerante tipo cola, café, Listerine e vinho. As amostras foram
confeccionadas com matrizes de aço inoxidável, em forma de anel, com 10 mm de
diâmetro e 2 mm de espessura. As resinas eram inseridas na matriz com espátula
de teflon e acondicionadas entre duas placas de vidro revestidas com lâminas de
poliéster. Sobre as placas foi colocado um peso de 1000g por 1 minuto. Depois
disso, o peso foi retirado e a resina fotopolimerizada por 40 segundos em cada lado.
Logo após, a amostra foi retirada da matriz e polimerizada por mais 40 segundos em
cada face. Então, os corpos-de-prova foram colocados em um recipiente com saliva
21
artificial em estufa a 37°C durante 24 horas até o início da leitura da translucidez.
Para a leitura da translucidez foi utilizado o aparelho de Jouan, sendo que as
amostras foram lavadas em água corrente e secas com toalha absorvente antes da
leitura. Depois da leitura inicial, as amostras foram imersas nas soluções de Coca-
Cola, café, vinho e Listerine. Permaneceram em estufa a 37°C e as soluções foram
renovadas a cada 7 dias. As leituras de translucidez foram feitas imediatamente
após a confecção e depois de 1, 10, 31 e 90 dias de imersão. Os pesquisadores
relataram que os materiais apresentaram diferentes percentuais de translucidez,
sendo que a resina composta Charisma apresentou menor nível de translucidez
quando comparado com o Durafill. Relataram, ainda, que o vinho propiciou o maior
manchamento e por conseqüência apresentou os menores valores de translucidez,
seguido do café, depois da Coca-Cola e, então, do Listerine. Com isso, o Listerine
mostrou ser o que promoveu a menor alteração de cor e os maiores valores de
translucidez. Esses autores disseram que as resinas compostas apresentam grande
alteração de cor, principalmente sob a ação da má-higiene oral, impregnação de
corantes de alimentos e raios ultravioletas. Consideraram a influência do processo
de sorção de água das resinas com a conseqüente retenção de corantes, pois para
eles a sorção torna-se preocupante a partir do momento em que possa interferir com
outras propriedades do material, como a estabilidade de cor e a resistência ao
manchamento. Eles relataram que a água sorvida pode provocar alteração de cor e
enfraquecimento da união resina/carga resultando em redução da translucidez do
material, e dessa forma levando produtos corados para o interior da matriz de resina,
favorecendo e criando o aparecimento de manchas difíceis de serem removidas.
Prado Júnior e Porto Neto (2000), pesquisaram a estabilidade do padrão de
cor de resinas compostas quando submetidas à imersão controlada em café. Para
22
este estudo foram confeccionados 15 corpos-de-prova, na cor A3, de cada um dos
materiais estudados que foram Charisma após fotoativação (M1), Charisma após
fotoativação e fototermoativação em Lightbox (M2) e Artglass após fotoativação
(M3). Os corpos-de-prova de M1 foram obtidos colocando-se resina nas matrizes,
com excesso mínimo e, em seguida, foram interpostas entre placas de vidro. O
material foi polimerizado por 40 segundos de cada lado da placa de vidro. Para M2,
os corpos-de-prova foram obtidos da mesma forma e receberam polimerização
adicional por 6 minutos em Lightbox. Os corpos-de-prova de M3 foram
confeccionados da mesma forma que M1 e M2, só que não foram previamente
fotopolimerizados, mas apenas polimerizados em unidade Unixs. Os corpos-de-
prova passaram por umidificação de 1 hora, em recipiente de isopor antes de iniciar
o experimento com um agitador que mantinha os corpos-de-prova submersos em
solução DES-RE, simulando a dinâmica da cavidade bucal. Durante o experimento,
as amostras ficavam armazenadas em solução DES-RE e por 15 minutos diários
eram colocados imersos em solução de café, após a qual era feita uma lavagem em
água destilada. A temperatura foi mantida em 37°C em estufa. Os tempos de leitura
foram: T1 – inicial (1 hora após a polimerização, antes da imersão); T2 – 7 dias de
imersão; T3 – 14 dias de imersão; T4 – 21 dias de imersão. Para obter os valores
percentuais de translucidez foi utilizado o Aparelho de Eletroforese Jouan. Foi
verificada a translucidez estatisticamente igual para M1 e M2, onde a diferença entre
as técnicas de polimerização não influenciou a estabilidade de cor. M3 apresentou
translucidez menor que M1 e M2. O calor reduziu o aparecimento de fendas e
aumentou o grau de polimerização das resinas, pois a resina polimerizada a 250ºC e
85 psi mostrou melhor estabilidade de cor. Foi constatado que a resina foto ou
autopolimerizável tem pior estabilidade de cor do que a termopolimerizável. Os
23
pesquisadores concluíram que a redução da translucidez foi maior nos primeiros 7
dias do experimento, aumentando lentamente e continuamente até o final, sendo
que a alteração de cor ocorreu em todos os materiais testados.
Em 2001, Domingues et al. disseram que a resina composta, apesar de ser o
material de escolha para restaurações estéticas, ainda não é considerada ideal. Isso
porque apresenta relativamente baixa resistência à abrasão, contração de
polimerização com conseqüente infiltração marginal e instabilidade de cor
ocasionada pelo manchamento superficial e descoloração interna. Para esses
autores, a absorção de água, característica desses materiais, interfere na
estabilidade de cor, ou seja, na sua resistência ao manchamento, sendo esse
manchamento superficial também influenciado pela porosidade da resina, que facilita
a penetração de corantes dos alimentos, de resíduos do tabagismo e propicia o
acúmulo de placa dental, o qual acelera a degradação superficial desse material.
Relataram que a resina composta é susceptível ao manchamento quando em
contato com substâncias pigmentantes presentes na dieta como café, chá e vinho e
não sofrem alteração de cor quando imersos em coca-cola. Segundo os autores, o
aumento de lisura superficial interfere na resistência ao manchamento da resina
composta. Uma tentativa de aumentar a lisura de superfície é a aplicação de selante
resinoso sobre a restauração. Para testar a eficiência desse procedimento, os
pesquisadores confeccionaram 120 corpos-de-prova, 10 para cada situação, com a
resina composta Herculite XRV, cor A1, fotopolimerizados com aparelho Optilux (800
mW/cm!). Depois, foi realizado acabamento superficial com lixas d’água de
granulometria 400, 600 e 1200, simulando os procedimentos de polimento e
acabamento clínicos. As amostras foram divididas em 4 grupos: I (sem aplicação de
selante), II, III e IV (que receberam aplicação de selante, cada amostra um tipo de
24
selante) e foram submetidas à imersão nas soluções de café, suco de uva e água
destilada por 15 dias a 37°C. Após esse período, as amostras foram lavadas em
água corrente e submetidas à análise pelo espectrofotômetro Jenway 6300 com
comprimento de onda de 460 nm, sendo que os valores mais altos significaram
maior manchamento da resina, pois corpos-de-prova mais escuros absorvem mais
luz no espectrofotômetro. Para realizar a análise foi utilizada a espectrofotometria,
baseada na passagem de luz ou não, através dos corpos-de-prova, transmitância ou
absorbância. Os resultados encontrados mostraram que o café tem o poder de
pigmentar a resina composta. Já, o suco de uva corou, mas em menor intensidade
que o café. Pela interpretação dos resultados, os pesquisadores relataram que não
houve vantagem na aplicação de selantes para prevenir o manchamento e que se
houver a indicação desse procedimento para melhorar outras características como
resistência ao desgaste e infiltração marginal, deve-se ter em mente a classificação
de seu paciente quanto ao índice de placa e aos hábitos que possam acelerar o
manchamento, como a ingestão de bebidas alcoólicas, tabagismo, alto consumo de
café e etc. Logo, a aplicação de selantes não contribuiu para evitar o manchamento
da resina, ao contrário, dependendo da combinação selante/meio de imersão,
favoreceram-no.
O trabalho realizado por Masson et al. em 2001, teve como objetivo avaliar
por meio da espectrofotometria, o grau de manchamento das resinas compostas
TPH (Dentsply) e Z100 (3M) da cor B2, quando imersas em: refrigerante tipo cola
(Coca-Cola) e café, ambos associados à saliva artificial, nos períodos de tempo de
15, 30 e 45 dias. Foram 180 corpos-de-prova, obtidos por uma matriz de borracha, a
qual era preenchida com resina composta que em seguida era fotopolimerizada com
o aparelho Ultralux num total de 40 segundos. Para cada período de tempo, foram
25
confeccionadas 10 amostras e mais 10 que serviram de controle de cada um dos
períodos de tempo, dando um total de 180 amostras (90 de cada resina). Foram
então divididos em 4 grupos (2 para cada resina), e obedeceram para cada período
de tempo um controle, correspondentes a 15, 30 e 45 dias. Depois disso, os grupos
de amostras foram colocados juntamente com as soluções respectivas em placas de
petri e então armazenados em estufa a 37°C pelos períodos programados. Passado
esse tempo, os corpos-de-prova foram lavados e secos em estufa a 37°C por 24
horas. Depois, cada amostra individualmente foi colocada num tubo de ensaio
contendo etanol absoluto e levado à estufa por 48 horas, sendo após esse período,
avaliada pela espectrofotometria. Disseram que as soluções de Coca-cola + saliva
artificial e saliva artificial não apresentaram diferenças estatisticamente significantes
nos períodos de 15, 30 e 45 dias. Já a solução de café + saliva artificial, teve
alteração significante nos corpos-de-prova das duas resinas nos 3 períodos de
tempo, manchando mais no período de 30 dias. Houve diferença entre as duas
resinas sendo que a resina TPH apresentou maior manchamento que a Z100 no
período de 30 dias. O maior manchamento da Coca-Cola ocorreu nos primeiros 15
dias, sendo que a leitura chegou em 0,0100 de alteração de cor. Nos outros
períodos os valores mantiveram-se semelhantes. Os autores afirmaram que o
manchamento da resina composta pode estar associado ao grau de conversão
desses materiais, oxidação do ativador químico e pela absorção de corantes. Para
eles, a diferença entre a pigmentação de uma resina composta e outra, pode estar
relacionada à diferenças entre a composição química de cada resina, à quantidade e
qualidade de fase inorgânica, bem como à forma e tamanho das partículas de carga.
Concluíram que as resinas compostas sofrem alteração de cor ao longo do tempo,
mas são constantes.
26
De acordo com o site www.hortalimpa.com.br (2001), existem vários tipos de
beterraba, sendo mais conhecidas a beterraba vermelha, usada na alimentação e a
beterraba branca, usada em países frios para obtenção de açúcar. Relatou que a
beterraba deve sempre ser cozida com a casca, já que sem a pele ela desbota e
perde seus nutrientes. Trata-se de um vegetal rico em vitaminas A, B e C, em
cálcio, ferro e açúcar.
Domingues et al. (2002), realizaram um estudo com o objetivo de verificar se
a fotopolimerização interfere no manchamento da resina composta quando essa é
submetida a soluções pigmentantes comumente encontradas na dieta. Para tal,
foram confeccionados 10 corpos-de-prova para cada solução com a resina
composta Herculite XRV, cor A1. As amostras foram fotopolimerizadas com 3
aparelhos diferentes: Heliomat II, Optilux e Curing Light XL 1500, que apresentavam
intensidades de 100, 750 e 600 mW/cm! respectivamente. Depois de prontos,
permaneceram por 15 dias nas soluções de café, chá-mate, coca-cola e água
destilada (grupo controle). Após essa etapa, foram retirados das soluções e lavados
em água corrente. A resistência ao manchamento da resina, relacionada à qualidade
do aparelho fotopolimerizador, foi avaliada observando-se o quanto do pigmento
impregnou nas amostras, utilizando um espectrofotômetro (Jenway 6300) com
comprimento de onda de 460 nm. Nessa pesquisa as amostras do grupo submetido
à solução de coca-cola não pigmentaram; café e chá-mate pigmentaram a resina e a
intensidade de luz teve influência no manchamento, sendo que os espécimes
polimerizados pelo Optilux ofereceram a maior resistência ao manchamento,
seguidos do Heliomat II e Curing Light XL 1500. Com isso percebeu-se na pesquisa
que a luz fotopolimerizadora e a sua qualidade interferem na resistência ao
manchamento. Para se evitar o manchamento, pode-se então considerar que o ideal
27
é de 750 mW/cm! desde o primeiro milímetro, já que a espessura do corpo-de-prova
era essa e somente com essa intensidade foram obtidos os melhores resultados. Os
autores consideram a resina composta o material de eleição no que se refere à
estética devido a sua capacidade em reproduzir as cores e a translucidez da
dentição natural sendo que essas características devem ser preservadas para
garantir a longevidade do tratamento. Relataram que dentre os fatores relacionados
ao manchamento das resinas, está a porosidade superficial, que é uma
característica intrínseca do material, mas pode ser alterada positivamente ou
negativamente pelos procedimentos de acabamento e polimento. Esses interferem
na sorção de água pela superfície, modificando a penetração de corantes
provenientes da dieta, como café, chá e vinho e outras substâncias pigmentantes.
Para os pesquisadores, as resinas fotopolimerizáveis reagem a partir da absorção
da energia de radiação dos aparelhos fotopolimerizadores; a faixa no espectro
eletromagnético e a intensidade da luz emitida por eles podem interferir na qualidade
final da restauração. Concluíram que ainda existe grande parcela de aparelhos de
polimerização que não atinge os requisitos ideais, afetando o sucesso clínico das
restaurações. Por isso, realizaram uma pesquisa com o objetivo de verificar se a
fotopolimerização interfere no manchamento da resina composta quando essa é
submetida à soluções pigmentantes comumente encontradas na dieta.
Em uma pesquisa realizada por Souza e Espíndola (2004), procurou-se
avaliar a influência de corantes como o café e vinho sobre a estabilidade de cor dos
compósitos restauradores diretos. Foram confeccionados 19 corpos-de-prova com o
compósito Herculite XRV e 13 com o compósito Z100 (3 M). Isso foi feito com o
auxílio de uma matriz de silicona no formato de uma moeda de 5 centavos de Real
medindo 1 milímetro de espessura e 20 mm de diâmetro. As amostras foram
28
polimerizadas por 80 segundos de um lado e 40 segundos de outro com
fotopolimerizador da marca Optilux em uma intensidade de luz de 350 mW/cm!.
Depois disso, as amostras foram deixadas em água destilada por 24 horas e em
estufa a 37°C, sendo que não receberam nenhum tipo de tratamento de polimento e
acabamento. Após essa etapa, os corpos-de-prova foram então colocados em
imersão nas soluções de café e vinho e o grupo controle continuou imerso em água
destilada. As pastilhas foram divididas em: Herculite XRV: 3 amostras imersas em
água destilada, 8 no vinho e 8 no café. Z100: 3 amostras imersas em água
destilada, 5 no vinho e 5 no café, a fim de verificar sua alteração de cor. O vinho
tinto usado no trabalho foi o de marca Dom Bosco e não foi misturado a nenhuma
outra solução. Já o café, foi utilizado numa proporção de 30 gramas de café para
300 ml de água. O tempo de permanência das amostras na solução de café foi de
15 dias e no vinho de 30 dias sendo que as soluções foram trocadas diariamente.
Então, os corpos-de-prova foram lavados por 2 minutos em água corrente e depois
disso, foram submetidos à análise por espectrofotometria de luz visível. Após serem
transformados em pó, os corpos-de-prova permaneceram em solução de etanol
absoluto durante 24 horas a qual depois desse período foi centrifugada e o
sobrenadante utilizado para leitura no espectrofotômetro. Para selecionar o
comprimento de onda mais específico para os corantes foi confeccionada
anteriormente uma curva de calibração do aparelho através de soluções padrão de
concentrações do corante conhecidas, sendo que o pico máximo de absorção foi o
comprimento de onda de 380 nm. Portanto, todas as amostras foram lidas nesse
comprimento de onda. A análise das pastilhas mostrou que entre as soluções
testadas o café mostrou maior capacidade de pigmentação sobre as resinas
compostas citadas em relação ao vinho sendo que, as 2 resinas compostas tiveram
29
alteração de cor quando imersas nas 2 soluções. Conforme os resultados, os
autores concluíram que a resina composta é um material que pode alterar de cor
devido seus componentes. Mas pelo fato de estarem expostos na cavidade bucal, os
compósitos podem sofrer alteração de cor pelos pigmentos presentes na dieta do
paciente variando em intensidade de manchamento conforme os pigmentos
utilizados.
O estudo realizado em 2005 por Souza et al., avaliou a ação de M1 (vodka
Natasha), M2 (bebida energética Redbull) e M3 (bebida alcoólica fermentada -
cerveja Skol) sobre a resina composta Esthet-x (Dentsply) no que diz respeito à
lisura superficial desse material. O pH de cada um dos meios de imersão foi
verificado com o aparelho Q-400A calibrado em solução tampão de pH 4,0 e 7,0. Os
pHs encontrados foram de 7,3 para M1, 3,5 para M2 e 4,5 para M3. Utilizaram 30
corpos-de-prova confeccionados com uma matriz de aço inoxidável preenchida em
único incremento, com diâmetro de 10 mm e espessura de 2 mm. Uma placa de
vidro foi colocada sobre a amostra que foi fotopolimerizada por 30 segundos. Após
isso, a placa de vidro foi retirada e a amostra recebeu mais 30 segundos de
fotopolimerização com o aparelho Ultralux Eletronic com potência de 600 mW/cm!.
As amostras foram divididas em 3 grupos (G1, G2 e G3), com 10 corpos-de-prova
para cada solução. A leitura da rugosidade foi realizada com o rugosímetro Suftest
SJ-201P e foi feita em tempos T0 (inicialmente), T1 (após 7 dias de imersão) e T2
(após 14 dias de imersão). Nos tempos entre 0 e 7 dias não houve diferença de
rugosidade estatisticamente significante. Entretanto, a rugosidade superficial das
amostras imersas na solução M2 mostrou-se alterada após 14 dias. Concluíram que
o efeito causado pelo pH ácido associado ao tempo de imersão progressivo alterou
a rugosidade superficial do material avaliado. Afirmaram que a rugosidade pode ser
30
aumentada com escovação dental, componentes salivares, ação abrasiva de jatos
de ar/água/bicarbonato, alterações de pH de soluções orgânicas, aplicação tópica de
fluoretos, bebidas e alimentos, sendo que a presença de rugosidade aumenta a
área de superfície e assim facilita o acúmulo bacteriano e a retenção de corantes,
alterando a cor e translucidez do material, irritando tecidos e propiciando a recidiva
de cárie.
Morimoto et al. (2005), classificaram o manchamento das restaurações de
resina composta em 2 tipos basicamente: o das margens e o do corpo da
restauração. A evidenciação das margens está associada à microinfiltração de
bactérias, fluidos e pigmentos e pode ocorrer devido a: técnicas inadequadas
durante a utilização do sistema adesivo, excessiva contração de polimerização,
penetração de sangue e fluidos no momento da técnica adesiva, deflexão das
cúspides, uso de evidenciadores de cárie, cárie secundária e diferença de
coeficiente térmico linear entre resina e estruturas dentais. Os autores disseram que
a mudança de cor no corpo da restauração pode estar associada a fatores
extrínsecos e intrínsecos. Os extrínsecos acontecem basicamente pela deposição de
pigmentos na superfície da resina composta e podem ser amenizados com boa
higiene bucal, proceder adequadamente no polimento e acabamento da restauração,
evitar uso de substâncias e produtos que contenham corantes como batom, cigarro,
chá, café, entre outras bebidas e alimentos com agentes pigmentantes, fazendo com
que a restauração seja menos susceptível à deposição de pigmentos e bactérias. Os
autores relataram que a placa bacteriana, devido à produção constante de ácidos,
acelera a degradação da matriz orgânica pela quebra da união da cadeia
monomérica e dos monômeros com as cargas inorgânicas resultando no
desprendimento da partícula, aumento da rugosidade e logo aumento do depósito de
31
pigmentos. Eles disseram que o repolimento pode ajudar para que a restauração
volte à sua aparência original, contudo nos casos onde a alteração de cor é de
causa intrínseca o repolimento não resolve, sendo necessário o reparo e
substituição da restauração. As causas da alteração intrínseca podem ser: aplicação
de adesivos na superfície da restauração, polimerização inadequada da resina
composta, penetração de pigmentos na matriz pelos fenômenos de absorção,
difusão ou sorção de água, alteração de cor própria do material após
fotopolimerização, degradação de componentes do material restaurador após longo
período imerso em meio aquoso e degradação da matriz resinosa. Para os
escritores, a alteração de cor é uma característica inerente aos compósitos e o
aumento de carga inorgânica pode não colaborar na redução do manchamento.
Em 2005, Alvarenga e Andrade realizaram uma experiência com o intuito de
observar a capacidade de polimento e a rugosidade superficial de alguns materiais
restauradores. Os materiais testados foram as resinas compostas: Herculite e Point-
4 (Kerr) e Z-250 e A-110 (3M), as quais foram analisadas antes e depois de
receberem o polimento. Para isso, foram confeccionados 15 corpos-de-prova para
cada material testado através de uma matriz de aço circular com 5 mm de diâmetro
e 2 mm de espessura onde a resina era inserida e então, sobre essa matriz foi
colocado papel celofane e uma placa de vidro. Logo após realizaram a
fotopolimerização com aparelho Fibralux. Depois disso, as amostras foram
imediatamente levadas ao rugosímetro digital (Prazis Rug-03) para análise da
rugosidade. Logo depois, as amostras foram armazenadas em saliva artificial a 37°C
por 24 horas, quando, então, foram submetidas a uma segunda análise da
rugosidade superficial. Logo após, os corpos-de-prova receberam uma técnica de
polimento em uma politriz giratória com discos de lixa d’água em abrasividades
32
decrescentes e foram novamente analisados pelo rugosímetro digital, sendo depois
armazenados em saliva artificial a 37°C. Os corpos-de-prova passaram por mais 3
leituras de rugosidade em períodos de 24, 168 e 720 horas, estando sempre imersos
em saliva artificial a 37°C antes de serem submetidos à análise. Observaram que
a resina Herculite mostrou maior rugosidade superficial
(0,048 mm), mas a resina Point-4 apresentou a menor rugosidade superficial (0,0451
mm) sendo que as resinas A-110 (0,0477) e Z-250 (0,0461) mostraram valores
intermediários de rugosidade. Relataram que a menor média de rugosidade foi
encontrada logo depois do polimento e a maior após 720 horas de armazenamento
em saliva artificial. Disseram que a rugosidade superficial é afetada tanto pelo tipo
de resina composta utilizada nos procedimentos quanto pelo tempo em que
permanece sobre a ação da saliva. Para os autores, superfícies rugosas favorecem
o acúmulo de placa bacteriana e a retenção de substâncias corantes, reduzindo a
estética das restaurações.
Conforme o site www.herbario.com.br (2005), a beterraba é um legume rico
em folato e vitamina C e tem poderes analgésicos. Até hoje, alguns terapeutas
naturais a recomendam para prevenir o câncer e acentuar a imunidade; também
sugerem o uso do suco da beterraba crua, para acelerar a convalescença. Todavia,
apresenta o inconveniente de dar uma coloração avermelhada às fezes e à urina,
que geralmente voltam à coloração normal depois de um ou dois dias. Isso acontece
porque a betacianina, pigmento vermelho das beterrabas, passa pelo sistema
digestivo sem ser decomposta. Está relatado que a betacianina é extraída, podendo
ser usada como corante natural para alimentos, ou como tintura.
Martín (2005), afirmou que a beterraba vermelha é a mais conhecida de todas
as espécies de beterrabas sendo parte da família das Chenopodiacias. A beterraba
33
é descendente de uma planta marinha originária do Mediterrâneo e das regiões do
Atlântico Norte na Europa e África do Norte, e foi primeiramente descoberta pelos
romanos. Esse vegetal, somente veio a ter esse formato arredondado e de cor
avermelhada a partir do século 17. A cor da beterraba vem da combinação de dois
tipos de pigmentos: betacianina (roxo) e betaxanatina (amarelo). Porém, atualmente
existem beterrabas de cores variadas, como a beterraba amarelo-ouro e a listrada
de diversas cores. As beterrabas são ricas em vitaminas e minerais. A raiz contém
folato, potássio, manganês, fibras, antioxidantes e vitamina C. As partículas
químicas que causam o pigmento vermelho também contêm agentes
anticancerígenos, e de fato a beterraba tem sido usada no tratamento de câncer já
há algum tempo. Apesar das beterrabas conterem mais açúcar do que a cenoura e o
milho, elas mantêm um sabor extremamente “terrestre”, que vem de um componente
químico chamado geosmina.
Segundo Rossetti (2005), a beterraba atua de forma importante na
recuperação da desnutrição e na anemia causada por carência de ferro. Também
age no fortalecimento muscular, é diurética e colabora no processo digestivo, além
de apresentar alto teor de sais minerais, vitaminas e carboidratos. Possui ação
laxativa e é rica em ferro e potássio, um estimulante natural do coração, por isso
fortalece este órgão.
Para Rossetti (2005), o tanino tem poder adstringente o qual pode provocar a
contração dos tecidos devido à propriedade que têm os taninos de se ligar às
proteínas lubrificantes da saliva e de bloquear suas funções.
Virtuoso et al. (2005), realizaram uma pesquisa a fim de avaliar o efeito
hipolipidêmico do corante natural betalaína e da associação rutina mais betalaína.
A betalaína que é um corante natural extraído da beterraba tem como principal
34
componente a betanina. O vermelho de beterraba é o corante extraído das raízes da
beterraba vermelha (Beta vulgaris, L.var. rubra), a partir do suco obtido por
prensagem ou por extração aquosa e posterior purificação. O produto é constituído
de vários pigmentos, todos pertencentes à classe das betalaínas. Muitos fatores
podem influenciar a quantidade atual do pigmento presente na beterraba, mas suas
concentrações têm sido estimadas em 1000mg/100g de sólidos totais ou
120mg/`100g de matéria fresca. Pode ser usado como corante na indústria
alimentícia.
35
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Com o objetivo de realizar os testes, foram confeccionados 40 corpos-de-
prova com o auxílio de uma matriz de silicona com o formato de uma moeda de 5
centavos de Real, medindo 1mm de espessura e 20mm de diâmetro. O material
utilizado foi a resina composta Herculite XRV (KERR) nas cores A2 e A3 (Figura 1).
Figura 1: Resinas Compostas utilizadas para confecção dos
corpos-de-prova.
Os corpos-de-prova foram confeccionados um a um, fotopolimerizados
durante 80 segundos de um lado e 40 segundos do outro, com aparelho
fotopolimerizador da marca Optilux em uma intensidade de 350 mW/cm!. Depois de
prontos, os corpos-de-prova não foram submetidos a acabamento e polimento
(Figura 2 e Figura 3).
36
Figura 2: Confecção dos corpos-de-prova na matriz de silicona.
Figura 3: Fotopolimerização dos corpos-de-prova.
As amostras permaneceram imersas em água destilada, por 24 horas a 37°C
em estufa. Decorrido esse período, as pastilhas de resina composta foram
submetidas à imersão nas soluções de refrigerante tipo cola, chá preto, pasta de
beterraba e o grupo controle continuou imerso em água destilada.
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As pastilhas foram divididas em grupos da seguinte forma: Herculite XRV cor
A2: 5 corpos-de-prova imersos em água, 5 no refrigerante, 5 no chá preto e 5 na
pasta de beterraba. E para Herculite XRV cor A3: 5 amostras imersas na água
destilada, e no refrigerante tipo cola, 5 no chá preto e 5 na pasta de beterraba.
A proporção utilizada para solução de chá preto foi de 1,6 gramas de chá (um
saquinho) para 180 ml de água, o refrigerante tipo cola utilizado foi Coca-Cola (180
ml) e a pasta de beterraba foi utilizada numa proporção de 200 gramas para 30 ml
de água filtrada. Os corpos-de-prova imersos na solução de chá preto
permaneceram imersos por 38 horas (simulando uma situação real na qual o
indivíduo ingerisse 3 xícaras de chá por dia ficando em média 75 s/dia na cavidade
bucal durante um período de 5 anos). A metodologia empregada para os corpos-de-
prova que permaneceram imersos no refrigerante tipo cola foi idêntica, simulando a
mesma situação. Já os corpos-de-prova imersos na pasta de beterraba,
permaneceram por 18 horas em contato (simulando uma situação na qual o
indivíduo ingerisse uma rodela de beterraba ao dia, permanecendo 36 s/dia na
cavidade bucal por dia durante 5 anos). As soluções foram trocadas após 24 horas e
permaneceram em estufa a 37°C (Figura 4 e Figura 5).
38
Figura 4: Soluções utilizadas na experiência.
Figura 5: Imersão dos corpos-de-prova nas soluções utilizadas.
Depois de permanecerem imersos nas respectivas soluções pelos períodos
determinados, as amostras foram lavadas em água corrente por 2 minutos.
39
Após este procedimento, as pastilhas foram transformadas em pó através do
moinho de martelo da marca Marconi modelo MA600 (utilizado pelo curso de
graduação de Farmácia da Univali para moer pastilhas de variados medicamentos e
outros materiais). Feito isso, o pó de cada pastilha foi colocado em um tubo de
ensaio separadamente com etanol absoluto por um período de 24 horas.
A solução resultante foi centrifugada e o sobrenadante que resultou foi usado
para a leitura no aparelho de espectrofotometria de luz visível-ultravioleta da marca
Shimadzu modelo UV-160 A (Figura 6), usando à passagem de um feixe de energia
radiante em um comprimento de onda específico. Primeiramente foi realizada a
leitura da solução com as pastilhas dos grupos controle e depois, com a solução
preparada com cada uma das pastilhas dos grupos submetidos aos pigmentos.
Figura 6: Espectrofotômetro utilizado na experiência.
40
Uma curva de calibração do aparelho de espectrofotometria foi realizada com
as soluções-padrão de concentrações do corante conhecidas para se obter o
comprimento de onda mais específico para os corantes. Depois de realizar a
varredura espectral (de 200 a 800) das soluções-padrão no espectrofotômetro, ficou
determinado que o pico máximo de absorção foi o comprimento de onda de 380 nm
para o chá preto e para o refrigerante tipo cola, sendo que para a beterraba foi de
540 nm, ambos estando na faixa do visível. Entretanto, optou-se por realizar a
análise individual de todas as amostras com o comprimento de onda de 380 nm para
padronizar a pesquisa e obter meios de comparação, já que a pasta de beterraba
também se apresentou visível no comprimento de onda de 380 nm. Dessa maneira,
os corpos-de-prova foram lidos neste comprimento de onda.
41
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Após o tempo de permanência das pastilhas nas soluções corantes, em
número de dez (10) para cada corante (cinco (5) para cada cor) elas foram
transformadas em pó e diluídas em etanol absoluto. Após isso, foram feitas as
análises de espectrofotometria de absorbância com comprimento de onda de
380nm.
Os resultados dessa análise espectrofotométrica estão expostos na tabela 1
Tabela 1 – Média da análise espectrofotométrica dos grupos controle (água), chá, coca-cola e beterraba das amostras confeccionadas com compósito. Corante Compósito
Água (Controle)
Beterraba Refrigerante (Cola)
Chá
Herculite XRV 0,058 a 0,050 a 0,063 a 0,072 a
Obs.: médias seguidas de mesma letra são estatisticamente iguais entre si.
A análise estatística realizada através do teste de Ryan-Einot-Gabriel-Welsch
não mostrou diferença estatisticamente significante entre os três grupos de
pigmentos e grupo controle.
No entanto, há uma diferença numérica e pode-se comparar separadamente
os resultados dos vários corantes. Na comparação entre o grupo controle/água
(0,058) e os grupos beterraba e refrigerante (0,050 e 0,063 respectivamente)
notamos que a diferença não é muito grande (0,008 e 0,005 respectivamente).
Entretanto, a comparação entre o grupo controle (0,058) e o grupo chá (0,072)
mostra um aumento um pouco maior (0,014). A diferença se acentua, ainda mais,
quando se faz a comparação entre o grupo beterraba (0,050) e o grupo chá (0,072)
mostrando um valor de 0,022.
42
As médias apresentadas na tabela 1 estão visualizadas no gráfico 1.
0,05
0,0580,063
0,072
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
beterraba água refrigerante chá
Gráfico 1 – Ilustração gráfica das médias da análise espectrofotométrica dos grupos controle (água), chá, refrigerante (cola) e beterraba das amostras confeccionadas com compósito.
43
5 DISCUSSÃO
A resina composta é um material restaurador com o qual é possível alcançar
excelentes resultados. Basta que o profissional realize os procedimentos
adequadamente e o paciente tenha uma boa higiene oral. Entretanto, a resina
composta ainda não é perfeita, pois pode ter seu padrão de cor modificado por
pigmentos presentes na dieta do indivíduo, alterando assim a qualidade estética da
restauração.
Dessa maneira, este trabalho analisou a alteração de cor de uma resina
composta provocada por solução de chá preto, refrigerante tipo cola e beterraba,
pois esses são alimentos presentes na dieta de grande parte das pessoas.
O uso da solução de refrigerante do tipo cola neste trabalho é justificado pelo
fato deste produto ter sido considerado um agente pigmentante para o material
testado nos trabalhos de Chan et al. (1980), Luce e Campbell (1988), Dinelli et al.
(1999) e Masson et al. (2001). Além disso, essa solução é, atualmente, uma bebida
ingerida mundialmente, sendo que grande parte dessa população pode possuir
restaurações de resina composta em sua boca. Isso instigou a curiosidade desta
pesquisadora no que diz respeito à alteração de cor que esse alimento poderia
provocar nas resinas compostas usadas em grande escala hoje em dia.
A avaliação da alteração de cor promovida pelo uso da solução de chá preto
pode ser justificada pelo fato de que Domingues et al. afirmaram em 2001, que a
resina composta é susceptível ao manchamento quando em contato com chá e
outros pigmentos presentes na dieta alimentar. Outro motivo de usar o chá neste
trabalho, foi de o chá ter sido considerado pigmentante para a resina composta nos
trabalhos de Chan et al. (1980), Minelli et al. (1988a), Luce e Campbell (1988),
44
Domingues et al. (2001) e Domingues et al. (2002). Vale lembrar que o chá, assim
como o refrigerante testado, também é bastante consumido pela população.
Já a utilização da beterraba nesta pesquisa, não pode ser justificada através
da citação de autores, porque nenhum trabalho realizado anteriormente foi
encontrado na literatura e, por esse motivo, talvez alguns estranhem o seu uso na
pesquisa. Entretanto, corantes extraídos da beterraba são utilizados em larga escala
na indústria alimentícia conforme afirmou Virtuoso (2005) e também encontrado no
site www.herbario.com.br (2005). Conforme o site citado, os corantes da beterraba
também são usados para tinturas e alteram a coloração da urina e fezes humanas.
Segundo Martín (2005), esse vegetal demonstra forte potencial anticancerígeno.
Portanto, se os corantes da beterraba são capazes de corar alimentos, fazer parte
de tintura e de alterar a cor de excrementos humanos, torna-se possível supor que o
consumo diário da beterraba poderia perfeitamente provocar a alteração de cor da
resina composta, justificando o uso nesta pesquisa.
A resina composta escolhida para os testes foi a Herculite XRV (híbrida),
devido à disponibilidade do material no curso e porque no trabalho de Vieira e
Garone Filho (1993), este material mostrou maior resistência ao manchamento do
que outra resina composta de micropartícula, onde foi observado que o tamanho da
partícula influenciou na alteração de cor. Além disso, para Alvarenga e Andrade
(2005), a resina composta Herculite XRV possui relativa rugosidade, o que na
opinião deles favorece a retenção de corantes. Por isso, mo presente trabalho houve
a intenção de verificar se esta resina composta é tão resistente ao manchamento
quando submetido às soluções escolhidas.
O tempo de imersão utilizado neste trabalho foi de 38 horas para as soluções
de chá e refrigerante do tipo cola e 18 horas para a pasta de beterraba, diferindo dos
45
trabalhos pesquisados. Isso ocorreu porque, foi simulada a alteração de cor que
pode ocorrer neste material ao fim de 5 anos, sendo que outras pesquisas não
tiveram como objetivo avaliar a alteração que poderia ocorrer neste tempo. O tempo
determinado para os testes foi baseado na afirmação de Mondelli (1984 apud
Busatto et al., 1997), de que se pode esperar inalteração de cor das resinas
compostas por cerca de 5 a 8 anos.
A metodologia empregada nesta pesquisa foi baseada na experiência de
Souza e Espíndola (2004), diferindo no tempo, material testado e soluções
utilizadas. Assim como no trabalho desses autores, a metodologia empregada nesta
pesquisa, referiu-se à pigmentação e posterior dissolução parcial das superfícies da
resina composta. Da mesma forma, para o descoramento do material testado antes
da análise pela espectrofotometria, foi usado o etanol absoluto como solvente. Isso
porque, segundo Gasparetto e Tessmann (1995), esta solução é um dos melhores
solventes para tal fim.
Na análise das médias mostradas na tabela 1, resultantes da
espectrofotometria dos grupos beterraba, chá e refrigerante do tipo cola, foram
obtidos os seguintes resultados respectivamente: 0,050; 0,072 e 0,063, sendo que
para o grupo controle esse resultado foi de 0,058. Esses resultados, de acordo com
o teste de Ryan-Einot-Gabriel-Welsch, são considerados estatisticamente iguais
entre si. Contudo, matematicamente existe uma pequena diferença entre os valores
encontrados.
Com os resultados, foi possível observar que os corpos-de-prova imersos na
solução de beterraba apresentaram o menor manchamento (0,050) quando
comparados às amostras imersas nas outras soluções e até mesmo quando
comparados ao grupo controle. Possivelmente isso aconteceu porque a beterraba foi
46
cozida e moída e assim, transformada num meio pastoso e não em meio líquido
como as outras soluções testadas e a água do grupo controle.
Segundo o site www.herbario.com.br (2005), o pigmento vermelho da
beterraba passa pelo sistema digestivo sem ser decomposto. Isto pode levar a supor
que pelo fato de as moléculas das substâncias corantes estarem inteiras, elas não
têm capacidade de fixar-se ou aderir em nenhum material, não provocando por
conseqüência, mudanças significativas na cor da resina composta.
De acordo com Mello et al. (1990), a alteração de cor da resina composta não
acontece apenas pela presença de corantes, mas também pelo fato de que a
embebição é sempre menor que a perda de água durante a sinérese. Este fato
talvez possa explicar a maior alteração do grupo controle, amostras mergulhadas em
água, quando comparado ao grupo imerso na pasta de beterraba, no qual a
quantidade de água era bem menor. Além disso, para Campos et al. (1999), a água
absorvida pode provocar alteração de cor na resina composta e para Domingues et
al. (2001) e Morimoto (2005), a água absorvida tem influência na resistência ao
manchamento. Tudo isso pode contribuir para a hipótese de que há diferença entre
imergir a resina composta em meio líquido e pastoso.
As amostras imersas na solução de refrigerante tipo cola (cujo valor foi
0,063), resultaram num maior manchamento quando comparadas às do grupo
controle e beterraba e menor quando comparadas às do chá.
Esses corpos-de-prova, apresentaram uma alteração cujo valor foi 0,005
matematicamente maior do que as amostras do grupo controle. Esse resultado vai
ao encontro dos obtidos por Chan et al. (1980), Luce e Campbell (1988), Dinelli et al.
(1995), Campos et al. (1999) e Masson et al. (2001). Todavia, o resultado
encontrado entra em contradição com Domingues et al. (2001) os quais relatam que
47
a resina composta não passa por alteração de cor quando em contato com essa
solução.
O rótulo comercial do refrigerante do tipo cola mostra que há em sua
composição o corante de caramelo do tipo IV. Possivelmente, essa substância
apresenta alguma influência na alteração de cor do material testado. Além disso,
existe ácido fosfórico na composição dessa solução. É de conhecimento de todos os
cirurgiões-dentistas que o ácido fosfórico é utilizado na clínica rotineira para preparar
a superfície do dente e da própria resina composta, pois facilita os mecanismos de
união por tornar a superfície mais rugosa. Este fato pode levar a pensar que se o
ácido presente na solução usada no experimento tiver ação sobre a resina composta
testada, ele o tornará mais rugoso e dessa forma, será mais fácil a deposição de
corantes na superfície do material, podendo ser uma das causas da alteração de cor
provocada pela solução de refrigerante tipo cola.
Para Menezes et al. (1999), a rugosidade superficial do material está ligada a
sua granulometria e sua forma de acabamento. Essa rugosidade facilita a
impregnação de pigmentos e de placa bacteriana. Esse fato pode corroborar com a
afirmação de que o refrigerante a base de cola, com ácido condicionante na
superfície do material, pode torná-lo rugoso facilitando a impregnação de corantes e
alterando a cor.
Entretanto, Minelli et al. (1988b) relataram que superfícies rugosas são mais
estáveis no que se refere à alteração de cor do que superfícies lisas e glaseadas,
contrapondo a sugestão dada para a causa de manchamento mostrada.
Mondelli (1984 apud Busatto et al. 1997), afirmou que o manchamento
superficial da resina composta está relacionado à penetração de corantes e que a
placa bacteriana pode amolecer o material restaurador facilitando a impregnação
48
dos pigmentos. Fica fácil pensar que tal modificação na estrutura do compósito se dá
pelos ácidos produzidos no metabolismo bacteriano. Imagina-se, então, que
qualquer ácido pode provocar mudanças na superfície da resina composta. Logo, o
ácido contido no refrigerante do tipo cola é capaz de interagir com o material
testado, tornando-o mais susceptível ao manchamento. Para reforçar essa teoria,
Souza et al. (2005), mostraram que o pH ácido altera a rugosidade superficial,
aumentando a área de superfície e assim facilitando o acúmulo bacteriano e a
retenção de corantes. Ainda há Morimoto et al. (2005), que disseram que a placa
bacteriana, devido à constante produção de ácidos, acelera a degradação da matriz
orgânica pela quebra da união da cadeia monomérica e dos monômeros com as
cargas inorgânicas, resultando no desprendimento da partícula, aumentando a
rugosidade e, em conseqüência, o depósito de pigmentos. Isso vem reforçar a idéia
de que o ácido presente no refrigerante do tipo cola pode ter influência no
manchamento do material testado.
Os corpos-de-prova imersos na solução de chá preto resultaram na maior
alteração de cor (0,072). Esse resultado entra em concordância com os resultados
obtidos nas pesquisas de Chan et al. (1980), Minelli et al. (1988a), Luce e Campbell
(1988), Domingues et al. (2001), Domingues et al. (2002) e confirma o que disseram
Gasparetto e Tessmann (2005), os quais relataram o poder de pigmentação do chá
sobre a resina composta.
Os dados encontrados foram concordantes com os obtidos por Chan et al.
(1980) e Luce e Campbell (1988), que também compararam simultaneamente a
alteração de cor da resina composta quando imersa em chá e refrigerante tipo cola.
Nos três trabalhos o chá mostrou-se mais pigmentante do que o refrigerante do tipo
cola.
49
Uma característica da composição do chá usado, é que na sua embalagem
está relatado que ele é feito somente de folhas novas e tenras. Talvez a clorofila que
existia nessas folhas quando verdes, seja transformada em algum agente
pigmentante diferente depois de secas as folhas e, assim possa ser o causador
dessa alteração de cor do material testado.
Na composição de chás, há uma substância chamada tanino, a qual é usada
na curtição de couros, alterando sua coloração. Segundo Rosseti (2005), essa
substância tem poder adstringente, ligando-se às proteínas lubrificantes da saliva e
bloqueando suas funções. Essa capacidade do tanino, poderia acelerar ou colaborar
para o manchamento da resina composta, pois a limpeza e lubrificação feitas pela
saliva ficariam comprometidas.
Outra explicação possível é de que o chá possui cafeína em sua composição,
assim como o café, e que esta substância pode ter alguma relação com a mudança
do padrão de cor da resina composta, pois segundo Minelli et al. (1988a), Luce e
Campbell (1988), Dinelli et al. (1995), Menezes et al. (1999), Campos et al. (1999),
Prado Junior e Porto Neto (2000), Masson et al. (2001), Domingues et al. (2002) e
Souza e Espíndola (2004), o café provoca modificação da cor do material
restaurador.
De acordo com Phillips (1978), Minelli et al. (1988b), Morimoto (2005) e
Alvarenga e Andrade (2005), procedimentos de polimento e acabamento têm grande
influência no manchamento dos compósitos. No entanto, nesta pesquisa as
amostras não foram submetidas a esse tipo de tratamento e esta variável não foi
considerada.
Há uma grande diferença entre a metodologia empregada nesta pesquisa e o
que acontece na cavidade oral na qual as restaurações de compósito estão sendo
50
sempre escovadas após a ingestão de alimentos com corantes. Por este motivo, há
a necessidade de se levar em consideração este fato na análise dos resultados em
relação ao que acontece na realidade.
51
6 CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos pode-se concluir que:
- houve influência na alteração de cor da resina composta Herculite XRV quando
submetida às soluções de chá preto, refrigerante tipo cola e pasta de beterraba;
- entre as soluções testadas, a solução de chá preto mostrou maior capacidade
de pigmentação sobre a resina composta utilizada, seguida do refrigerante tipo cola
e por fim, da pasta de beterraba.
52
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