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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS REINALDO SIQUEIRA DE AMORIM EFEITO DO USO DE UM VIOLÃO ADAPTADO NA AUTOESTIMA DE CRIANÇAS E JOVENS COM DÉFICIT MOTOR DECORRENTE DE PARALISIA CEREBRAL, SEM DEFICIÊNCIA MENTAL CAMPINAS 2018

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

REINALDO SIQUEIRA DE AMORIM

EFEITO DO USO DE UM VIOLÃO ADAPTADO NA AUTOESTIMA DE CRIANÇAS

E JOVENS COM DÉFICIT MOTOR DECORRENTE DE PARALISIA CEREBRAL,

SEM DEFICIÊNCIA MENTAL

CAMPINAS

2018

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REINALDO SIQUEIRA DE AMORIM

EFEITO DO USO DE UM VIOLÃO ADAPTADO NA AUTOESTIMA DE CRIANÇAS

E JOVENS COM DÉFICIT MOTOR DECORRENTE DE PARALISIA CEREBRAL,

SEM DEFICIÊNCIA MENTAL

ORIENTADOR: Prof. Dr. ROBERTO TEIXEIRA MENDES

CAMPINAS

2018

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas

da Universidade Estadual de Campinas como parte dos

requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em

Ciências na Área de Saúde da Criança e do Adolescente.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha

mãe Genilda Amorim, minha

esposa Sonia Oliveira, meus

filhos Reinaldo, Israel e

Benjamim, meus netos Arthur e

Eduardo e também meus irmãos

Raimundo e Renato.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos professores da FCM/UNICAMP e em especial aos professores

Roberto Teixeira Mendes e Satoshi Kitamura.

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RESUMO

OBJETIVO: Avaliar o efeito do aprendizado do uso de um violão adaptado na

autoestima de crianças e jovens com déficit motor de membro superior unilateral,

decorrente de Paralisia Cerebral, sem deficiência mental. MÉTODO: Foram

selecionadas crianças e adolescentes (N=14) de ambos os sexos (3 meninas), com

idade entre 7 e 21 anos, com deficiência motora em membro superior decorrente de

paralisia cerebral, sem deficiência mental, com ou sem experiência prévia em

música ou prática musical. O aprendizado foi avaliado durante a intervenção por

observação da aquisição da técnica de uso do violão. A autoestima foi avaliada pela

Escala de Autoestima de Rosenberg (1), aplicada antes e depois da intervenção. A

análise estatística foi feita pelo Teste t, com p<0,05 sendo considerado significativo.

RESULTADOS: Todos os participantes da pesquisa conseguiram tocar o

instrumento musical na primeira seção de treino prático. A média dos valores

negativos da Escala de Autoestima variou de (M = 5,71) no teste pré-intervenção,

para (M = 4,53) no pós-intervenção, com SD = +/- 1,17, sendo o teste t = 3,93 e p =

0,002 (IC 95%). A média dos valores positivos variou de (M = 6,42) na pré-

intervenção para (M = 8,57) no pós-intervenção, com SD de +/- 2,15, sendo o teste t

= 6,37 e p = 0,000 (IC 95%). CONCLUSÃO: O uso do Violão Adaptado mostrou-se

de fácil aprendizado, havendo melhora na autoestima dos sujeitos da intervenção.

Palavras - Chave: Déficit Motor, Instrumento Adaptado, Autoestima Adolescentes.

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ABSTRACT

OBJECTIVE: To evaluate the effect of learning to play an adapted guitar in the self-

esteem of children and adolescents with unilateral upper limb motor deficits, due to

Cerebral Palsy, without mental deficiency. METHODS: Children and adolescents (N

= 14) of both sexes (3 girls), aged 7 to 21 years ,with motor deficiency due to

Cerebral Palsy in the upper limb, without mental deficiency, with or without prior

experience in music or musical practice. The learning capacity was evaluated during

the intervention by observation of the acquisition of the guitar technique. Self-esteem

was assessed by the Rosenberg Self-Esteem Scale (1), applied before and after the

intervention. Statistical analysis was performed using the t test, with p <0.05 being

considered significant. RESULTS: All participants were able to play the musical

instrument in the first practical training section. The mean values of the Self-esteem

Scale ranged from (M = 5.71) in the pre-intervention test to (M = 4.53) in the post-

intervention, with SD = +/- 1.17, t test= 3.93 and p = 0.002 (95% CI). The mean of the

positive values varied from (M = 6.42) in the pre intervention to (M = 8.57) in the post

intervention, with SD of +/- 2.15, with the t test= 6.37 and p = 0.000 (95% CI).

CONCLUSION: The use of Adapted Guitars proved to be easy to learn, with an

improvement in the self-esteem of the subjects.

Key Words: Motor Deficit, Adapted Instrument, Self-Esteem, Adolescents.

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LISTA DE INLUSTRAÇÕES

Ilustração 1 - Violão adaptado ................................................................................ 16

Ilustração 2 - Cifras do violão adaptado .................................................................. 19

Ilustração 3 - Critérios de Seleção da Bibliografia Sobre Musicoterapia ................ 21

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LISTA DE TABELA

Tabela 1 - Afinação do violão adaptado ................................................................... 17

Tabela 2 - Frequência e tensão das cordas ............................................................. 18

Tabela 3 - Característica dos estudos analisados .................................................... 27

Tabela 4 - Variação de Autoestima/Escala de Rosenberg ....................................... 34

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12

JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 14

OBJETIVO ............................................................................................................... 14

MÉTODO ................................................................................................................. 14

Violão Adaptado .......................................................................................... 15

Processo da adaptação ao Instrumento ...................................................... 15

Características do Violão Adaptado ............................................................ 16

Cifras do Violão Adaptado .......................................................................... 18

REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 20

Seleção dos Estudos ................................................................................... 20

Resultados da Revisão da Literatura ........................................................... 22

Descrição dos Estudos Incluídos ................................................................. 22

Contribuições Obtidas na Revisão da Literatura .......................................... 30

INTERVENÇÃO ....................................................................................................... 32

Método da Intervenção ................................................................................ 32

Participantes ................................................................................................ 33

Desenho da Intervenção.............................................................................. 33

Medidas ....................................................................................................... 34

RESULTADOS ........................................................................................................ 34

CONCLUSÃO .......................................................................................................... 34

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 35

Limitações do Estudo ................................................................................ 35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 36

ANEXOS ................................................................................................................. 41

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INTRODUÇÃO

A preocupação com a autoestima de deficientes físicos é cada vez maior

entre os profissionais de saúde, que tem buscado desenvolver terapias alternativas

com o interesse de melhorar a vida destas pessoas, estimulando suas capacidades

e melhorando sua autonomia.

A Música é uma arte expressiva que pode ser fruída desde os primeiros

meses de vida da criança e aprendida desde os primeiros anos. Por desencadear

sensações ligadas ao afeto e não ser invasiva, pode ser associada aos processos

terapêuticos e de reabilitação (2).

A música é capaz de modificar o humor por desencadear sentimentos e

emoções nas pessoas. As preferências musicais estão associadas à recuperação de

lembranças, vivências, momentos e sensações que levam a pessoa a reviver

sentimentos e emoções e a produzi-los em uma projeção de novas vivências (3).

A utilização da música no ambiente escolar também é defendida por

educadores como uma boa prática no estímulo ao aprendizado, contribuindo para

exercitar as atividades motoras e cognitivas, colaborando no processo de ensino.

Além disso, beneficia a socialização e o desenvolvimento de habilidades como:

autodisciplina, paciência, sensibilidade, coordenação motora; capacidade de

memorização e concentração. De acordo com Gainza (4), “....a música movimenta,

mobiliza, e por isso contribui para transformação e desenvolvimento”.

Por a música não ser invasiva e/ou ameaçadora, a terapia com música pode

ser facilmente aceita por crianças e adolescentes. Também não apresenta efeitos

colaterais indesejáveis, como os tratamentos farmacológicos, tendo um custo

relativamente baixo (5). Observando os benefícios que a música pode trazer e sua

aceitação por parte de muitos jovens e crianças, a intervenção com música pode ser

usada nos tratamentos clínicos. Segundo NGUYEN, T. N. et. al. (6) “....a música é

um método que pode ser uma alternativa na saúde”.

Para STEGEMÖLLER (7) a música é uma ferramenta poderosa para melhorar

a neuroplasticidade do cérebro. Ao cantar e tocar um instrumento ou mesmo ouvir

uma música, há um agrupamento de emoções, concentrações e raciocínio que

segundo YINGER (8), envolve várias áreas do cérebro implementando o

desenvolvimento social, comportamental, emocional, cognitivo, acadêmico, motor e

os domínios verbais. Para CLIFT, S. M. et. al. (9) também existem várias outras

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dimensões de benefícios: para o bem-estar e relaxamento, para a respiração e

postura, para aspectos sociais e emocionais.

A música como terapia é conhecida como musicoterapia, e foi reconhecida no

ano de 1944 quando da instalação do primeiro curso universitário na Universidade

Estadual de Michigan, nos Estados Unidos, aproveitada como uma terapia

alternativa para a reabilitação física e mental das pessoas. A musicoterapia

considera o paciente e seu gosto musical, sendo este um dos principais

componentes do tratamento. A musicoterapia utiliza dois enfoques: quando a música

é o único componente terapêutico; ou quando a música é utilizada como adjuvante

na terapia (10).

As intervenções com musicoterapia podem ser ativas, quando o paciente

participa ativamente da execução da música: tocando um instrumento, cantando ou

improvisando; e receptivas, quando o participante recebe a música ouvindo e

sentindo (11). Cada vivência musical tem efeitos específicos, sempre associados a

um aperfeiçoamento da discriminação auditiva e a vários efeitos potencialmente

terapêuticos (12).

A música instrumental requer mais habilidades para ser produzida, pois

explora a linguagem do instrumento e habilidades motoras do executante. O

treinamento da música instrumental pode aumentar as habilidades da discriminação

auditiva, habilidades motoras finas, ampliar o vocabulário e o raciocínio não verbal

(13).

A música instrumental geralmente é ensinada em conservatórios e escolas de

ensino de música, ou por familiares e amigos. Os instrumentos mais populares são

preferidos por sua sonoridade, portabilidade, facilidade no aprendizado e baixo

custo. Dentre eles, o violão é um instrumento que tem estas características e está

vinculado à cultura popular, sendo muito usado por cantores e grupos musicais

populares. Por ser também um instrumento de acompanhamento relativamente fácil,

principalmente em músicas que usam poucos acordes, o violão está presente em

diferentes gêneros da música popular em várias épocas.

O violão tem um campo harmônico relativamente amplo comparado com

outros instrumentos musicais como instrumentos de sopro, percutidos e friccionados,

podendo ser tocado em ambientes onde há pacientes, sem necessitar de outros

recursos. Para GOODING (14) “....no campo da terapia de música, o

desenvolvimento de habilidades de violão tornou-se cada vez mais importante”.

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JUSTIFICATIVA

A deficiência motora inata ou adquirida traz outras limitações como as

relativas à comunicação, autonomia e identificação social. A pessoa deficiente

necessita de modos específicos de atenção, seja no campo pessoal, familiar, social

e cultural. Entretanto há muito poucos jovens com deficiências físicas na prática

musical, seja pela falta de métodos, instrumentos adaptados ou escolas de música

especializadas para este público (15).

Em minha vivência como músico instrumental, pude notar o interesse que

pessoas com deficiência de variados tipos e causas tem pela música instrumental.

Diante da necessidade de adaptar materiais e métodos para pessoas com

deficiência física (15), surgiu o desafio de adaptar um violão que possibilitasse

qualquer pessoa a tocar, mesmo com limitações, tendo como objetivo principal o de

incluí-los em atividades musicais, não apenas como ouvintes de recitais, mas como

participantes ativos na prática instrumental tocando violão, instrumento esse que é

popular entre os jovens nos encontros e no lazer em círculos de amigos.

Este trabalho apresenta o desenvolvimento do conceito do violão adaptado e

sua aplicação na reabilitação de crianças e jovens com déficit motor decorrente de

paralisia cerebral.

OBJETIVO

Geral: Avaliar o efeito do uso do violão adaptado na autoestima de crianças e

jovens com déficit motor decorrente de paralisia cerebral

Especifico: Avaliar a capacidade de aprendizagem do uso do violão

adaptado pelas crianças e jovens sujeitos do estudo

MÉTODO

A pesquisa teve três etapas: a) desenvolvimento e construção de violões

adaptados e elaboração do método de ensino; b) revisão bibliográfica sobre a

musicoterapia como tratamento adjuvante a diversas condições clínicas e psíquico

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sociais; c) uma intervenção musical com crianças e adolescentes com paralisia

cerebral.

Violão Adaptado

A música tem um espaço funcional na sociedade e se manifesta nela em três

desenhos bem distintos: no entretenimento, no ensino da educação básica e nas

terapias alternativas de saúde para corpo e a mente. O instrumento musical é um

recurso importante para o músico desenvolver suas capacidades artísticas, pois

serve para guiá-lo na escala melódica sendo este uma base para desenvolver a

harmonia (16).

O violão Adaptado é um instrumento experimental desenvolvido pelo

pesquisador, que teve a preocupação de manter as características do violão

convencional, mas que tem recursos especiais que possibilitam ao executante tocar

com uma única mão, além de dispensar longos períodos de aprendizado. O projeto

do violão permite que ele seja utilizado por portadores de déficit motor tanto em

membro superior esquerdo como direito. O método de aprendizado foi elaborado

com um repertório variado de músicas cifradas, contendo informações claras e

precisas para execução, a teoria básica das músicas a serem tocadas, e todo o

conteúdo a ser apresentado na intervenção. Apresenta a anatomia do instrumento,

as abreviações das cifras e os exercícios a serem realizados pelos alunos. Os

sujeitos da pesquisa puderam acrescentar seu repertório musical de interesse,

causando uma maior motivação.

Processo da adaptação do Instrumento

Foi observada na estrutura funcional do acompanhamento musical, uma base

fundamental no sistema tonal, que dava sustentação para adaptar um violão que

reproduzisse essa escala em harmonia.

Foram feitos testes com afinações diferenciadas com violões simultâneos,

chegando-se à conclusão que três instrumentos poderiam sustentar a harmonia da

maior parte das músicas populares, restando apenas acoplar estes três violões em

um. Para isso foram necessários mais estudos na área da luthieria, com

experimentos que resultaram na construção do instrumento para o resultado termo.

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Ilustração 1- Violão Adaptado

Características do Violão Adaptado

O violão convencional precisa da sincronia das duas mãos para ser tocado,

uma mão formando o acorde e a outra tangendo as cordas. Com o aumento do

número de cordas e usando a estratégia da combinação das tríades que formam os

acordes, construíram-se as notas fundamentais, que são: tônica, dominante e

subdominante, as quais configuram o acompanhamento.

O violão adaptado tem doze cordas e uma afinação especifica em grupos de

quatro cordas, onde cada grupo forma uma tonalidade. As cordas são afinadas de

baixo para cima com as seguintes numerações: 1ª, 2ª, 3ª 4ª, 1ª, 2ª, 3ª 5ª, 1ª, 2ª, 3ª

6ª. Nas seguintes ordens: (1) Fá#, (2) Ré, (3) Lá, (4) Ré; (5) Mí, (6) Dó#, (7) Lá, (8)

Lá; (9) Mí, (10) Sí, (11) Sol#, (12) Mí.

Estas características permitem que pessoas toquem o violão com uma única

mão, dispensando a mão que construiria os acordes, uma vez que a frequência

harmônica de cada corda está diretamente afinada na altura dos sons que formam o

acorde.

O instrumento mesmo adaptado permaneceu com as mesmas características

do violão convencional, com caixa harmônica contendo: laterais, tampo, fundo,

cavalete, rastilho, boca e mosaico; o braço com: tarraxas, escala harmônica de

dezenove trastes, pestana do braço acrescentando mais seis cordas, ficando assim

com doze cordas não sobrepostas em pares. Usando um capotraste, conhecido

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também como braçadeira, pode o executante transpor a tonalidade. Este violão pode

ser executado por meio de qualquer teoria musical como tablaturas, partituras e as

cifras, estas utilizadas na intervenção, por serem mais fáceis e mais utilizadas na

execução do violão popular.

A afinação do violão adaptado é em Lá 440 Hertz de vibração, frequência de

som referência para afinação dos instrumentos musicais tradicionais. Seguem na

tabela abaixo todas as frequências das cordas afinadas do violão adaptado.

Tabela 1- Afinação do Violão Adaptado

Nº Cordas Notas

1 1ª Fá sustenido (#) 4

2 2ª Ré 4

3 3ª Lá 3

4 4ª Ré 3

5 1ª Mi 4

6 2ª Dó sustenido (#) 4

7 3ª Lá 3

8 5ª Lá 2

9 1ª Mi 4

10 2ª Si 3

11 3ª Sol sustenido (#) 3

12 6ª Mi 2

A frequência e a tensão das cordas do violão adaptado são diferentes em

algumas cordas das do violão convencional, porém sem comprometer a tensão

exigida pela qualidade das cordas, sendo aconselhável o uso de cordas de nylon.

A mudança da tensão foi feita nas cordas (1) (2) (3) (6) (7) e (11). Seguem

todas as mudanças na tabela 3.

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Tabela 2- Frequência e Tensão das Cordas do Violão Adaptado

Nº Cordas Hertz Violão Convencional Hertz Violão Adaptado

1 1ª 329,63 369,99

2 2ª 246,94 293,67

3 3ª 195,99 220,00

4 4ª 147,83 147,83

5 1ª 329,63 329,63

6 2ª 246,94 277,18

7 3ª 195,99 220,00

8 5ª 110,00 110,00

9 1ª 329,63 329,63

10 2ª 246,94 246,94

11 3ª 195,99 207,65

12 6ª 82,40 82,40

A diferença das tensões das cordas do violão adaptado para o convencional

foi de 40,36 na primeira corda do violão adaptado, 46,73 na segunda corda, 24,01

na terceira, 30,24 na sexta, 24,01 na sétima e 11,66 na décima primeira. Nas outras

cordas permaneceram as mesmas frequência e tensão.

Cifras no Violão Adaptado

É comum no estudo popular do violão o uso de cifra, que é um desenho do

braço do violão contendo indicações de onde pressionar os dedos para formar o

acorde e onde se vibra ou dedilha as cordas (17). Na cifra do violão adaptado só é

necessário mostrar quais das cordas devem-se vibrar ou dedilhar, como mostra a

figura 2.

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Ilustração 2- Cifras do violão adaptado

Esta afinação quanto à tonalidade está em Lá maior, podendo ser modificada

para Lá menor, podendo também haver mudança no tamanho do instrumento, como

ser fabricado sob medida, dependendo da necessidade do indivíduo.

O violão adaptado pode reduzir o tempo de estudo, possibilitando que a

desenvoltura principal do aprendizado fique apenas no desenvolvimento motor e

rítmico da mão que toca as cordas, podendo o executante ter um maior desempenho

no instrumento, oferecendo condições para este evoluir em outras habilidades no

campo do aprendizado musical.

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REVISÃO DA LITERATURA

A revisão sistemática da literatura traz contribuições importantes nas

investigações científicas, pois contém informações baseadas em evidências que

contribuem para o desenvolvimento da pesquisa e para o necessário diálogo entre a

investigação em curso e os trabalhos já publicados.

Para ampliar a compreensão das possibilidades de aplicação da

musicoterapia em crianças com déficit motor, procedeu-se a uma revisão da

literatura, com o objetivo específico de conhecer métodos, procedimentos e

instrumentos de avaliação.

A revisão foi feita sobre as bases de publicações presentes no Medline,

CENTRAL (Ensaios Clínicos Controlados), Lilacs e Cochrane. Foram utilizados o

EndNot e o PubMed como sistemas de busca. Definiu-se que os artigos deveriam ter

sido publicados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2016, englobando sujeitos com

faixa etária entre 0 e 21 anos. Entre estes artigos foram selecionados os que se

basearam em Ensaios Clínicos Controlados, que descrevessem os instrumentos de

avaliação e que fossem baseados em métodos quali-quantitativos.

Foram utilizados termos de busca em inglês e português, com palavras que

estivessem relacionadas com o uso da música na terapia: Music Therapy And

Physical Disabilities or Cerebral Palsy; Guitar and Music Therapy; Guitar and

Physical Disabilities or Cerebral Palsy; Music Therapy and Quality of Live or Self;

Adapted Musical Instruments. Musicoterapia e Déficit motor ou Paralisia Cerebral;

Musicoterapia, Qualidade de Vida e Bem Estar; Musicoterapia e Déficit motor;

Musicoterapia e Paralisia Cerebral; Instrumentos musicais Adaptados; faixa etária

de 0 a 21 anos.

Seleção dos Estudos

A busca inicial identificou 694 estudos, sendo excluídos após a leitura dos

títulos e resumos 584 estudos, por não se referirem ao tema ou à faixa etária. Os

artigos encontrados em português não mostraram consistência metodológica, sendo

descartados de início.

Foram selecionados 110 artigos para uma análise mais criteriosa; destes,

após leitura completa dos artigos e feita uma tabela com as características dos

estudos, foram excluídos 80 artigos, por estes avaliarem sujeitos com condições

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21

clínicas muito diferentes dos desta pesquisa. Dos 30 artigos restantes foram

excluídos 15 por analisarem os benefícios da música exclusivamente em

procedimentos clínicos, utilizando parâmetros fisiológicos dos pacientes, como:

frequência cardíaca, pressão sanguínea e saturação de oxigênio, entre outros.

Foram incluídos finalmente 15 estudos que preencheram potencialmente os

critérios do objetivo da pesquisa, com as seguintes características para avaliação:

a. Estudos de Ensaios Clínicos sobre os benefícios da Música;

b. Estudos com instrumentos de medidas de qualidade de vida e autoestima;

c. Estudos que abordassem crianças e adolescentes/jovens de 0 até 21 anos;

d. Estudos de intervenção com música como tratamento adjuvante;

e. Estudos que abordassem qualquer aspecto comportamental ou emocional em

crianças e adolescentes, referentes à música;

f. Estudos que utilizaram métodos quali-quantitativos

Ilustração 3- Critérios de Seleção da Bibliografia Sobre Musicoterapia

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Resultados da Revisão da Literatura

Os 15 estudos que preencheram os critérios de inclusão envolveram um total

de 4.500 crianças e adolescentes com idades que variaram de 0 a 21 anos. A

amostra foi composta por 5 Estudos Controlados Randomizados: (13); (18); (19);

(20); (21);, 4 Estudos de Intervenções: (22); (14); (23); (24);, 1 Estudo de

Investigação, (25);, 1 Estudo longitudinal, (26);, 4 Revisões Sistemáticas: (2); (27);

(28); (29);. As Revisões Sistemáticas abrangeram vários estudos com participantes

de diferentes condições clínicas. O artigo (2) envolveu 17 Ensaios Clínicos

Randomizados, o artigo (27) 45 Estudos de Intervenção, o artigo (28) 11 Estudos de

Intervenção e o artigo (29) 28 Estudos Controlados Randomizados. Nos estudos

(13), (24) e (26) os participantes não apresentavam quadros clínicos e estes estudos

observavam apenas os efeitos de musicalização pregressa em crianças e jovens

normais.

Descrição dos Estudos Incluídos

O artigo (13) “Practicing a Musical Instrument in Children Disassociated With

Enhanced Verbal Ability And Verbal Reasoning”, investigou a associação entre a

formação em música instrumental na infância com a habilidade verbal e o raciocínio

não-verbal. Observou-se melhor discriminação auditiva, habilidades motoras finas,

desenvolvimento do vocabulário e raciocínio não-verbal, entre os sujeitos que

haviam aprendido música anteriormente ao estudo.

O artigo (18) “A Randomized Controlled Trial of Muiltimodal Music Therapy for

Children With Anxiety Disorders”, investigou a eficácia da musicoterapia multimodal,

uma combinação de musicoterapia e terapia cognitiva comportamental, em

comparação com o treinamento usual. As intervenções foram divididas

aleatoriamente em 15 sessões, sendo três de musicoterapia individual, nove

sessões de musicoterapia de grupo e três de reestruturação cognitiva. Participaram

desta pesquisa 36 crianças com idade de 8 a 12 com diagnóstico primário de

transtorno de ansiedade. Conforme a pesquisa, a terapia com música foi superior

em comparação ao tratamento usual, de acordo com as taxas de remissão após o

tratamento. Os participantes e seus pais relataram que os sintomas de ansiedade

foram reduzidos surgindo melhora significativa na qualidade de vida entre o pré e o

pós-tratamento.

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O artigo (19) “ The Effects of Improvisational Music Therapy on Joint Attention

Behaviors in Autistic Children: A Randomized Controlled Study”, investigou os efeitos

da terapia de música de improvisação sobre comportamentos de atenção

compartilhada comparando a técnica da Terapia de Música Improvisada (TMI) com a

Terapia com Brinquedos e Jogos (TBJ). Os resultados indicam que a TMI foi mais

eficaz em facilitar comportamentos de atenção compartilhada e em desenvolver

habilidades de comunicação social não-verbais, do que a TBJ, em tratamento

convencional.

O artigo (20) “Specific Music Therapy Techniques in The Treatment of

Primary Headche Disorders in Adolescents: A Randomizad Attention-Placebo-

Controlled Trial”, avaliou se há melhora na qualidade de vida de adolescentes com

cefaléia primária do tipo tensional ou enxaqueca. Observou-se que em nenhuma das

condições foram relatadas melhora na percepção da dor. Entretanto 11 pais

descreveram como a musicoterapia confortou a sua criança, e destes, 3 pais

acreditavam que a terapia forneceu estímulos para as crianças e 2 descreveram

como foi relaxante para as crianças. Para 10 pais as sessões promoveram

experiências positivas, 6 revelaram que foi útil e benéfico para as crianças, 6 pais

descreveram como isso levou melhora na sua própria experiência de pai e 4 famílias

perceberam que a musicoterapia facilitou a comunicação entre eles e os filhos.

O artigo (21) “Music Therapy for Children and Adolescents with Behavioral

and Emotional Problems: A Randomized Controlled Trial”, é um estudo randomizado

controlado, envolvendo 251 crianças e adolescentes com diagnóstico de ansiedade

e depressão, autismo, síndrome de Asperger e outros distúrbios associados ao

retardo mental. Foram realizadas 12 sessões individuais de musicoterapia, com

duração de 30 minutos. Os resultados foram a melhora na auto comunicação e nas

habilidades interativas dos adolescentes, considerando-se a intervenção significativa

tanto para crianças como para adolescentes.

O artigo (22) “Effects of a Musictherapy Group Intervention on Enhancing

Social Skills in Children with Autism”, analisou os resultados de uma intervenção

com musicoterapia em um grupo de crianças com transtorno do espectro do autismo

(TEA) sobre o olhar, a atenção conjunta a comunicação. Os resultados sugerem que

a terapia com música, sessões de segmentação e habilidades sociais, podem

melhorar a atenção conjunta e o olhar fixo em direção a outras pessoas em crianças

com TEA.

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O artigo (14) “The Effect of Music Therapy Social Skills Training Program on

Improving Social Competence in Children and Adolescents With Social Deficits”, teve

como proposta desenvolver três estudos separados entre ambiente escolar, a

própria residência da criança e pós-escolar, com o objetivo de detectar a eficácia de

um programa de intervenção em habilidades sociais com base em musicoterapia, na

melhoria de competência social de crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. Todos

participaram do programa de intervenção com música em cinco sessões de grupo.

Os resultados deste estudo sugerem que a intervenção com musicoterapia foi eficaz

em melhorar a competência social em crianças e adolescentes com desajustes

sociais.

O artigo (23) “Auditory Learning Through Active Engagement With Sound:

Bilogical Impact of Community Music Lessons in At-risk Children”, é um Estudo de

Intervenção com 19 jovens em situação de risco, habilidades linguísticas e

cognitivas menos desenvolvidas, comparando os alunos que foram envolvidos

ativamente com o treinamento de música instrumental versus aqueles alunos que

fizeram aulas somente de apreciação musical. Todas as crianças começaram com

uma aula introdutória de apreciação musical, mas no meio do ano metade das

crianças passou para o treinamento instrumental. Após o ano de treinamento, as

crianças que se envolveram ativamente com o treinamento de música instrumental

tiveram um processamento neural mais rápido e mais robusto do que as outras

crianças.

O artigo (24) “Foundations of Intervention Research in Instrumental Practice”

avaliou uma intervenção organizada em sessões semanais de 60 minutos, sendo 2

reuniões de grupo e 2 reuniões individuais por mês. Os participantes tiveram no total

4 sessões individuais e 4 sessões de grupo. O estudo encontrou evidências para

apoiar a importância do interesse pessoal e envolvimento dos participantes para a

intervenção. Para os autores, o interesse pessoal é uma variável que precisa ser

considerada ao selecionar participantes para futuras intervenções de habilidades

psicológicas no contexto musical.

O artigo (25) “Music Therapy in Pediatric Palliative Care: Family-centered

Care to Enhance Quality of Life” é uma investigação sobre o valor da musicoterapia

em cuidados paliativos pediátricos, estudando a qualidade de vida. A pesquisa

mostrou que a musicoterapia melhorou estados físicos e mentais de crianças e pais,

entre estes, 11 descreveram como a música confortou suas crianças, sendo que 3

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acreditam que a música forneceu estímulos benéficos para a saúde das crianças, e

2 relataram como foi relaxante para os membros da família.

O artigo (26) “Effect of a School-based Instrumental Music Program on Verbal

and Visual Memory in Primary School Children: A Longitudinal Study “, apresenta um

Estudo Longitudinal com 73 crianças na escola, com treinamento instrumental,

avaliando o desenvolvimento de habilidades de memória verbal e visual em crianças

do ensino fundamental. Foram feitas sessões semanais de aulas instrumentais com

duração de 45 minutos (violão, violino, violoncelo, flauta, trompete, clarinete e

bateria) comparando com um grupo que teve aulas normais sem treinamento

adicional. As crianças treinadas em música mostraram aumentos significativos na

pontuação do teste de aprendizagem verbal ao longo de todo o período de teste,

enquanto que essa melhora não foi observada nos outros grupos.

O artigo (2) “The Effectiveness of Music in Pediatric Health Care: A

Systematic Review of Randomized Controlled Trials”, fez uma revisão sistemática

de 17 Ensaios Clínicos Randomizados com a proposta de avaliar a eficácia da

música em problemas pediátricos relacionados à saúde. Nesta revisão, 7 estudos

envolveram crianças com distúrbios de aprendizagem e desenvolvimento; 3

envolveram crianças que experimentaram eventos estressantes; 5 estudos

envolveram crianças com doença física aguda ou crônica; 2 estudos envolveram

crianças com transtornos de humor e psicopatologia. A música melhorou a cognição,

as habilidades sociais, o marco de desenvolvimento, o enfrentamento das doenças,

além de reduzir sintomas físicos e melhorar comportamentos inadequados.

O artigo (27) “Music Research With Children and Youth With Disabilities and

Typically Developing Peers: A Systematic Rewiew” revisou Estudos de Intervenção

Clínica com o objetivo de identificar pesquisas com músicas em crianças e jovens,

comparando os temas de estudos atuais (1999 a 2009) com uma revisão de 20 anos

antes (1979 a 1989). Dos 45 estudos, 12 avaliaram o espectro do autismo (o dobro

do anterior), 7 estudavam crianças com deficiência intelectual (metade do anterior) e

40% dos estudos revisados abordavam a musicoterapia em crianças normais. 32

estudos utilizaram método experimental, com abordagem quali-quantitativa. Nos

estudos experimentais, os autores relataram resultados eficazes em 34% dos

artigos; resultados parcialmente eficazes foram relatados em 47% dos artigos. As

habilidades sociais foram às variáveis dependentes mais frequentes em estudos que

relataram resultados eficazes ou parcialmente eficazes (81%), seguidos de

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habilidades acadêmicas (19%). Como no estudo anterior (1979-1989), o efeito

medido da musicoterapia entre os autistas foi menos evidente.

O artigo (28) “Music Making for Health, Well-being and Behaviour Change in

Youth Justice Settings: A Sistematic Rewiew”, avaliou 11 estudos com evidências

sobre o impacto da música na saúde, bem-estar e comportamento dos jovens

infratores e aqueles considerados em risco de infração. Observou-se melhoria da

confiança, auto-estima, auto conceito e desempenho no aprendizado/escolarização.

Também se comparou diferentes tipos de intervenção musical, incluindo o

desempenho de tocar instrumentos e explorar letras de músicas. Concluiu-se que a

produção de música pode ajudar os participantes a moldar identidades individuais e

coletivas, fornecendo oportunidades práticas de desenvolvimento e desviando a

atenção das influências negativas. Foi também sugerido pelos autores que a

identidade deve ser pensada como passiva de ser moldada pela atividade e

interação.

O artigo (29) “A Systematic Review of Randomized Controlled Trials Using

Music Therapy for Children”, selecionou 28 estudos sobre musicoterapia com

crianças (N=1.138) que foram diagnosticadas com depressão, autismo e doenças

mentais e outros diagnósticos relacionados a comportamentos. Em 9 estudos foi

utilizada uma abordagem de terapia de música ativa, que é terapia com música

prática; 13 usaram uma abordagem de musicoterapia passiva; 5 estudos utilizaram

ambos os tipos de intervenção, e em 1 estudo não foi relatado o tipo de abordagem.

Os estudos tiveram 13 sessões individuais de musicoterapia e 14 sessões em

grupos. Questionários e testes psicrométricos foram empregados para avaliar a

eficácia da musicoterapia. Em 23 dos 28 estudos foram identificados efeitos

positivos da musicoterapia.

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Contribuições Obtidas na Revisão da Literatura

Nas avaliações com questionários, entrevistas e escala para medição

subjetiva de alguns artigos estudados, a música apresentou potencial eficaz para

vários efeitos. As intervenções com musicoterapia foram melhores quando

comparadas a outras terapias usuais (2), (19), (23), (24). Houve em geral melhora na

qualidade de vida, conforto, estímulo, relaxamento, melhora de angústia e ansiedade

(14), (18), (25), atenção conjunta, contato visual (22) e competência social (14), (28).

Os dados qualitativos serviram para interpretar melhor os resultados

quantitativos, e reforçar que a musicoterapia deve ser considerada um recurso vital

para melhorar a qualidade de vida em crianças e adolescentes (2), (18), (20), (25),

(27). Crianças que receberam pelo menos três anos de treinamento de música

instrumental superaram os seus homólogos de controle em dois resultados

intimamente relacionados com a música: nas habilidades de discriminação auditiva e

habilidades motoras finas; e em dois resultados distantemente relacionados com a

música: vocabulário e habilidades de raciocínio não verbal (13). Musicoterapia

dirigida para habilidades sociais em crianças com transtorno do espectro do autismo

tem evidências de resultados que podem melhorar a comunicação, a atenção

conjunta destas crianças e atrair seu olhar (2), (13), (19), (22).

A intervenção com musicoterapia foi eficaz em melhorar a competência social

em crianças e adolescentes com dificuldades de convivência social, havendo

potencial impacto dessa intervenção no crescimento pessoal, no comportamento

socialmente adequado, no aprendizado formal e no bem-estar mental desses jovens

(19), (14).

A musicoterapia também mostrou melhora na competência social em crianças

e adolescentes com déficits sociais, aumentando sua autoestima, confiança,

autoconceito, desempenho de educação/trabalho, dislexia, relações interpessoais,

habilidades sociais, bem-estar mental, emoção e humor (2), (14), (28).

Os benefícios da música em diferentes terapias, onde o paciente ouve e sente

a música, toca um instrumento ou canta uma canção pode ser mais explorada como

adjuvante de tratamentos já consolidados ou em substituição aos poucos eficazes. É

relevante observar os resultados obtidos em pesquisas que focam o envolvimento

do paciente com a música, alcançando uma melhor aceitação da terapia e um

melhor efeito desta.

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31

Há uma grande variedade de abordagens e técnicas de musicoterapia

aplicadas a uma grande diversidade de quadros clínicos e condições de déficits e

transtornos motores, mentais, afetivos e sociais.

Há também uma grande variedade de estudos, muitos ainda sem o

necessário cuidado metodológico, e outros mais bem elaborados, embora utilizando

métodos de avaliação dos efeitos também muito variados. Isso se depreende da

revisão feita aqui, onde as revisões sistemáticas apontam para a dificuldade em se

agrupar os sujeitos e a comparação dos efeitos, pela diversidade da casuística, dos

métodos de análise de resultados e mesmo dos efeitos buscados com as

intervenções.

É importante ressaltar que não foi encontrado nesta revisão nenhum artigo

que avaliasse o uso de instrumento adaptado a déficits motores e seu impacto em

aspectos da qualidade de vida dos sujeitos.

Considerando que a musicoterapia tem se manifestado eficaz em alguma

medida para a enorme gama de problemas e transtornos aos quais tem sido

aplicada, pode-se considerar que seu uso continuará a crescer com o necessário e

progressivo aperfeiçoamento de suas aplicações, juntamente com o estudo de seus

efeitos, contando com a colaboração cada vez mais importante do conhecimento

gerado pela neurociência, que começa a estudar as vias, estruturas e funções

envolvidas nos processos relacionados à musicoterapia em suas diferentes

modalidades.

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32

INTERVENÇÃO

Como vimos, a música quando aplicada como instrumento de intervenção

pode ser terapêutica, pois exercita as atividades motoras, cognitivas e psicoafetivas.

A Paralisia Cerebral é a causa mais comum de deficiência física na infância e

ocorre em uma a cada quinhentas crianças (30), constituindo um grupo de distúrbios

permanentes do movimento e da postura, que causam limitações das atividades,

decorrentes de lesões não progressivas que ocorreram no cérebro fetal ou infantil

em desenvolvimento (31). Essa condição, em uma grande parte dos casos, não

reduz o potencial cognitivo e psicoafetivo da criança, o que permite que ela adquira

habilidades compatíveis com seu déficit motor.

Método da intervenção

Este projeto foi apresentado ao Comitê de Ética em Pesquisa/Unicamp, sendo

aprovado conforme resolução 466/12 do sistema CEP-CONEP. O termo de

consentimento TCLE está anexo. Todos os participantes são pacientes do

HC/UNICAMP.

Foram selecionados por conveniência, crianças e adolescentes de ambos os

sexos, portadores de PC, com idade entre 7 a 21 anos de idade, com deficiência

motora nos membros superiores, sem deficiência mental, com ou sem experiência

prévia em música ou prática de violão, frequentadores de uma APAE,

acompanhados no Hospital de Clínica da Unicamp. Todos os jovens selecionados

tiveram a supervisão dos familiares. Estiveram auxiliando na aplicação das

atividades uma professora de música, uma assistente social e uma psicóloga, esta

encarregada de aplicar o questionário de autoestima preliminar aos alunos antes

deles conhecerem o pesquisador e o instrumento de aplicação da intervenção,

ficando o pesquisador encarregado de fazer o questionário após o término da

intervenção.

Para a realização da intervenção foram utilizados violões adaptados

construídos conforme especificações definidas pelo autor (detentor da patente do

instrumento) e o método de ensino desenvolvido pelo autor. A avaliação da

autoestima foi feita com a Escala de Autoestima desenvolvida por Rosenberg (1).

Esta é uma medida unidimensional constituída por onze afirmações relacionadas a

um conjunto de sentimentos de autoestima e autoaceitação que avalia a autoestima

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33

global. Os itens são respondidos em uma escala tipo Likert de quatro pontos,

variando entre: concordo totalmente, concordo, discordo e discordo totalmente.

Neste estudo foi utilizada a versão adaptada para o português por Hutz (32).

O desfecho primário desta pesquisa foi avaliar o impacto do aprendizado na

autoestima. O desfecho secundário foi avaliar o aprendizado do uso do violão,

observando a eficácia do desenvolvimento na prática.

Participantes

Os participantes eram 22 jovens dos quais 6 participaram do projeto de

música prática, porém não foram incluídos na pesquisa por serem maiores de 21

anos, tendo sido feito todo o procedimento de intervenção das aulas; 1 aluno

desistiu; e 1 aluno participou das intervenções, mas seus familiares não consentiram

que participasse da pesquisa. Restaram 14 sujeitos que preencheram os requisitos

da proposta. Os participantes tinham diagnóstico clínico (CID 10) G80, com Paralisia

Cerebral que interferia na mobilidade de um dos membros superiores.

Desenho da Intervenção

Para a aplicação da pesquisa foi elaborado um estudo de intervenção onde os

sujeitos foram divididos em dois grupos conforme capacidades de sua lateralidade.

Para isso foram utilizados violões adaptados que permitiam aos sujeitos com

mobilidade reduzida no membro superior esquerdo tanger as cordas com a mão

direita, e os que tinham mobilidade reduzida no membro superior direito, tanger as

cordas com a mão esquerda. As intervenções foram compostas de orientações

sobre o manuseio do instrumento, a postura ao tocar o violão, a leitura das cifras,

maneira de usar acessórios como palheta e a braçadeira, seguido de exercícios

práticos como treinos rítmicos, acompanhamentos harmônicos e músicas cantadas.

Foi utilizado um método com repertório de músicas já escolhidas pelo pesquisador

além de outras escolhidas juntamente com os participantes. As letras das músicas

escolhidas eram empregadas com o sistema de notação musical conhecido como

cifra, representada por símbolos gráficos dos chamados acordes musicais citados

anteriormente.

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34

Medidas

A Escala de Autoestima de Rosenberg (1), validada por Hutz (32), contém 6

perguntas de caráter positivo e 5 perguntas de caráter negativo, cada uma com 4

níveis em escala Likert. O total máximo de pontos positivos é 10 e o de pontos

negativos também é de 10.

RESULTADOS

Os alunos não necessitaram de treinos extensivos para produzirem os sons

harmônicos dos acordes, pois a afinação do violão adaptado já propiciava esta

possibilidade. No inicio foi necessário auxiliar alguns participantes, conduzindo sua

mão para vibrar as cordas e fazer o ritmo, porém no decorrer das intervenções foram

percebidas melhoras no ritmo e no equilíbrio sincronizado de todos, mesmo aqueles

que tinham pouca mobilidade. Todas as intervenções foram registradas em imagens

e vídeos para análises posteriores.

A autoestima foi avaliada antes e depois da intervenção com a Escala de

Rosenberg. A análise estatística dos resultados foi feita utilizando o teste t de

Student, por terem uma distribuição normal. A média dos valores negativos da

Escala de Autoestima variou de (M = 5,71) no teste pré-intervenção para (M = 4,53)

no pós-intervenção com SD = +/- 1,17, sendo o teste t = 3,93 e P = 0,002 (IC 95%).

A média dos valores positivos variou de (M = 6,42) no pré-intervenção para (M =

8,57) no pós-intervenção, com SD de +/- 2,15 e teste t = 6,37 com P = 0,000 e IC

95%.

Tabela 4- Variação de Autoestima/Escala de Rosenberg

Questionário N Média Pré Média Pós SD T IC P

Positivo 14 6,421 8,579 2,1571 6,379 95% ,000

Negativo 14 5,714 4,536 1,1786 3,938 95% ,002

CONCLUSÃO

O uso do violão adaptado mostrou-se de fácil aprendizado.

Houve melhora da autoestima após seu aprendizado pelo sujeito.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na convivência com os sujeitos da pesquisa e com os profissionais da equipe

da Instituição, foram relatados outros benefícios não tematizados pelo instrumento

utilizado, mas que podem ser resumidos como: melhor apresentação das

vestimentas, mais cuidado com a aparência, demonstração de satisfação com poder

tocar um instrumento, melhor socialização em casa e na instituição, entre outros.

Esta dimensão de efeitos vinculados à autoestima não foi analisado neste estudo,

podendo sê-lo em outros estudos dirigidos a esse enfoque. A facilidade de tocar o

violão adaptado e a aceitação desta intervenção indica que o método pode ser um

aliado importante na terapia adjuvante para a melhora da saúde física e mental de

deficientes motores

Limitações do Estudo

o O estudo não utilizou controles e tampouco randomização de casuística.

o Um número maior de participantes daria maior consistência ao achado.

o A inclusão de outros sujeitos com déficits motores de outras etiologias poderia

trazer outros resultados na comparação com sujeitos normais (controles) e

nos portadores de paralisia cerebral.

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ANEXOS Anexo 1- Escala Auto-estima, Bem-Estar Subjetivo de Rosenberg, 1965

Adaptação brasileira por HUTZ, C. (2000).

Leia cada frase com atenção e faça um circulo em torno da opção mais adequada

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Anexo 2 - Modelo do procedimento dos cálculos.

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Anexo 3 - TCLE - Modelo De Termo De Consentimento Livre E Esclarecido

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Anexo 4 - Intervenção Musical