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CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS PERFIL DO ENCARCERADO NO MUNICÍPIO DE ROLÂNDIA-PR Sandro Alberto Segóvia Thiago Orlandini Pereira LONDRINA - PARANÁ 2008 Universidade Estadual de Londrina

Universidade Estadual de Londrina - Escola de Gestão do Paraná · 2014-06-04 · ... Distribuição dos entrevistados por motivo do crime..... 50 Tabela 12 ... de maneira geral,

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CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS

PERFIL DO ENCARCERADO NO MUNICÍPIO DE ROLÂNDIA-PR

Sandro Alberto Segóvia

Thiago Orlandini Pereira

LONDRINA - PARANÁ

2008

Universidade Estadual de Londrina

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS

ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Perfil do Encarcerado no Município de Rolândia-PR

Sandro Alberto Segovia

Thiago Orlandini Pereira

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Especialização em Formulação e Gestão em Políticas Públicas, como exigência para sua conclusão, orientado pela Professora Dra. Maria de Fátima Sales de Souza Campos.

LONDRINA - PR 2008

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SANDRO ALBERTO SEGÓVIA

THIAGO ORLANDINI PEREIRA

PERFIL DO ENCARCERADO NO MUNICÍPIO DE ROLÂNDIA - PR

COMISSÃO EXAMINADORA

__________________________________________________________ Profa. Dra. Maria de Fátima Sales de Souza Campos – Orientadora __________________________________________________

Prof. MS. Gerson Antonio Melatti – Banca __________________________________________________ Prof. MS. João Luiz Martins Esteves – Banca

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DEDICATÓRIA

Aos nossos pais, que possibilitaram realizar

mais esta etapa, em virtude de tudo o que foi

ensinado durante nossa convivência.

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AGRADECIMENTOS

A Professora Dra. Maria de Fátima Sales de Souza Campos, pelo apoio e

colaboração para a elaboração deste trabalho.

Aos nossos pais e demais familiares, pelo incentivo e motivação para a conclusão de

mais esta etapa em nossa formação profissional.

A todos os professores, por nos transmitirem seus conhecimentos e experiências,

ampliando nossa bagagem cultural.

Aos amigos e colegas do curso, pelo carinho e amizade.

Aos entrevistados na pesquisa, por proporcionarem os meios de se traçar o perfil do

criminoso que age no município de Rolândia.

A todas as pessoas que colaboraram para a realização e conclusão deste trabalho.

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SEGÓVIA, SANDRO ALBERTO; PEREIRA, THIAGO ORLANDINI. Perfil do Encarcerado no Município de Rolândia - PR, 2008. 60 f. Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Formulação e Gestão de Políticas Públicas). Centro de Estudos Sociais Aplicados da UEL, Londrina, 2008.

RESUMO

A pesquisa tem como objetivo principal traçar o perfil do encarcerado da Cadeira Pública do município de Rolândia, Estado do Paraná. A partir da revisão da literatura, enfoca os aspectos gerais da criminalidade, tais como: as definições de crime e de criminoso na Ciência Penal, os fatores criminógenos, as ocasiões criminais e a influência dos fatores econômicos no aumento da criminalidade. Foram aplicados questionários junto aos detentos da Cadeia Pública de Rolândia, com a finalidade de traçar o perfil do agente criminoso local. Os resultados mostraram que os detentos recolhidos na Cadeia Pública de Rolândia são em geral jovens entre 13 e 30 anos de idade, em sua maioria são do sexo masculino, são brancos e pardos, apresentam escolaridade até o Ensino Fundamental, a média do nível de renda é de um a dois salários mínimos, residem em bairros pobres da periferia, possuem religião, mas não são praticantes. A maioria dos entrevistados estava empregada na ocasião em que cometeu o crime, mesmo assim alega que cometeu o crime por necessidade financeira. Constatou-se que 72,32% dos entrevistados praticaram o primeiro delito antes dos 25 anos de idade. Com base neste resultado, sugere-se que os jovens sejam motivados a exercerem atividades lícitas e se tornarem membros atuantes da sociedade em que vivem. Para isso sugere-se a implantação de centros de assistência às crianças e adolescentes, onde os mesmos tenham maior acesso à educação, esportes, bem como cursos de formação técnica e profissional. Por fim, entende-se que a solidificação da família deve ser o pilar de todas as ações de combate às desigualdades sociais e à criminalidade.

Palavras-chave: Crime; Criminalidade; Fatores Criminógenos, Paraná.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição dos entrevistados por faixa etária.......................... .......... 33

Tabela 2 – Distribuição dos entrevistados por cidade de origem................ .......... 36

Tabela 3 -- Distribuição dos entrevistados por bairro onde residem ..................... 37

Tabela 4 – Distribuição dos entrevistados por tipo de crime,

escolaridade e renda individual declarada..........................................39

Tabela 5 – Distribuição dos entrevistados por condição familiar.......................... 43

Tabela 6 – Distribuição dos entrevistados conforme religião, cor da

pele e se pratica ou não a religião...................................................... 44

Tabela 7 – Distribuição dos entrevistados conforme a profissão.......................... 45

Tabela 8 – Distribuição dos entrevistados de acordo com a idade

com que praticou o primeiro delito...................................................... 47

Tabela 9 -- Distribuição dos entrevistados por uso ou não de

substância entorpecente..................................................................... 48

Tabela 10 – Distribuição dos entrevistados se tem ou não amigos

que já praticaram crimes e o tipo de crime cometido....................... 48

Tabela 11 – Distribuição dos entrevistados por motivo do crime.......................... 50

Tabela 12 – Distribuição dos entrevistados por sugestões

para diminuir a criminalidade local................................................... 50

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Distribuição dos entrevistados por gênero .......................................... 34

Gráfico 2 – Distribuição dos entrevistados por raça.............................................. 35

Gráfico 3 – Distribuição de renda Individual em salário mínimo, de

acordo com a cor da pele................................................................... 41

Gráfico 4 – Distribuição dos entrevistados por escolaridade e cor

da pele................................................................................................ 42

Gráfico 5 – Distribuição dos entrevistados por situação empregatícia.................. 46

Gráfico 6 – Distribuição dos entrevistados que agiram por influência

de substância entorpecente ou álcool................................................ 49

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10 1. CRIME E CRIMINOSO: ASPECTOS GERAIS .................................................... 12

1.1 Crime.......................................................................................................... 12

1.2 Fatores Criminógenos ................................................................................ 15

1.3 Ocasiões Criminais .................................................................................... 19

1.4 Conduta dos Criminosos ............................................................................ 20

2. A ECONOMIA DO CRIME ................................................................................... 23 3. HISTÓRICO.......................................................................................................... 29

3.1 Histórico do Município de Rolândia ............................................................ 29

4. METODOLOGIA................................................................................................... 31

4.1 Delineamento da Pesquisa ........................................................................ 31

4.2 Coleta de Dados ........................................................................................ 32

4.3 Resultados ................................................................................................. 32

4.4 Síntese Conclusiva dos Resultados da Pesquisa de Campo......................51

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 54 6. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 57 ANEXO A ................................................................................................................. 61

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INTRODUÇÃO

O aumento nas taxas de criminalidade e violência é um fenômeno que atinge,

de maneira geral, todos os países do mundo, sendo um dos que mais preocupam a

população e os governantes. A população vive amedrontada, presa em casas e

apartamentos cada vez mais seguros, evitando, muitas vezes, sair de casa para se

divertir. Além dos problemas sociais, a criminalidade também possui elevados

custos, tornando-se um grande obstáculo ao desenvolvimento econômico e social de

uma nação.

No Brasil, a taxa de homicídios por 100.000 habitantes vem crescendo

significativamente. Dados do Instituto Nacional de Pesquisa Econômica – IPEA

mostram que em 2002 a região Sudeste era a que apresentava a maior taxa de

homicídios por 100.000 habitantes (36,85) e a região Sul era a que detinha a menor

taxa (18,29). No entanto, ao analisar este índice por estados da região Sul,

observou-se que a taxa de homicídios no Paraná (22,72) era bem maior que as do

Rio Grande do Sul (18,33) e Santa Catarina (10,35).

Cabe lembrar que a criminalidade não é mais um fenômeno circunscrito aos

grandes centros. Ao longo do tempo, ela vem aumentando e se disseminando nas

pequenas cidades. No município de Rolândia a situação da criminalidade não é

diferente das demais cidades brasileiras, uma vez que a incidência de crimes

graves, tais como estupro, roubo, assassinato, tráfico de drogas e crimes contra o

patrimônio público têm ocorrido.

A literatura tem evidenciado que os fatores que motivam os indivíduos a

cometerem crimes são muitos. Os mais destacados são: a desorientação familiar; a

falta de valores morais e éticos; restrições financeiras; ausência de perspectivas de

um futuro melhor, leis brandas; a certeza da impunidade; a influência de traficantes e

marginais no aliciamento de adolescentes etc.

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Pelos motivos elencados, este trabalho tem como objetivo geral traçar o perfil

do encarcerado da Cadeia Pública do município de Rolândia, estado do Paraná,

bem como investigar quais os fatores que o motivaram a cometer crimes.

Especificamente, busca-se: a) traçar o perfil sócio-econômico dos encarcerados na

Cadeia Pública de Rolândia; b) investigar a relação entre escolaridade, renda, tipo

de crime e motivo do crime; c) investigar a relação entre criminalidade e condições

sócio-econômicas adversas.

A realização desta pesquisa pautou-se, primeiramente, em uma revisão da

literatura sobre criminalidade e, em um segundo momento, nos resultados da

pesquisa de campo conduzida junto aos detentos da Cadeia Pública de Rolândia. O

Como instrumento de pesquisa utilizou-se um questionário com 24 (vinte e quatro)

questões, que foi aplicado a 65 (sessenta e cinco) dos 96 (noventa e seis) detentos

da Cadeia Pública do município, que voluntariamente desejaram participar da

pesquisa. Portanto, a amostra obtida totaliza 67,71% da população total.

O trabalho está dividido em cinco seções, sendo a primeira esta introdução. A

seção seguinte traz uma revisão dos estudos que enfocam os aspectos gerais da

criminalidade, do crime e do criminoso, seguida pela seção que enfoca os estudos

conduzidos a partir da Economia do Crime. Na quarta seção realizou-se uma

retrospectiva da cidade de Rolândia e da evolução da criminalidade no município.

Na quinta seção apresenta-se a metodologia utilizada para a pesquisa de campo,

bem como os resultados obtidos. As conclusões e sugestões encontram-se reunidas

ao final do estudo.

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1. CRIME E CRIMINOSO: ASPECTOS GERAIS

A criminalidade tem formas variadas, não se apresenta com a mesma

tonalidade em diferentes locais e épocas diversas, embora haja sempre homens que

violam as normas, fazendo recair sobre si a repressão penal.

A ação criminosa é vista, algumas vezes, como inerente à própria maldade

humana, outras vezes como decorrência de taras, deficiências biológicas e outras

manifestações. A literatura também destaca o papel dos fatores antropológicos, ou

seja, os inerentes à personalidade da pessoa do criminoso, e sociais,

compreendendo: costumes, religião, condições familiares etc.

1.1 Crime

A definição mais aceita do que seja crime é a encontrada no Código Penal

Brasileiro, quando ele dá forma clara e lúcida ao conceito doutrinário de crime, que

exige a configuração dos seguintes elementos fundamentais:

a) o crime é um ato humano;

b) imputável ou seja, exige para o autor desse ato capacidade de receber a

imputação do delito, substrato indispensável para o estabelecimento da

responsabilidade;

c) culposo, praticado com voluntariedade, o que implica em querer ou não

querer, agir ou omitir a ação que vem contrariar a norma jurídica;

d) contrário à norma jurídica, porque se exige que uma lei anterior o defina

como crime;

e) passível de pena expressa em lei.

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O crime é a prática de ato nocivo a outrem, defeso por lei, cujo autor estará

sujeito à pena imposta também por lei. Para Lyra Filho (1980, p. 157), “[...] o crime é

ato de um homem. O crime é fato social das mais graves conseqüências jurídicas e

não fato jurídico de aspectos sociais”.

Não há crime sem ação. É sobre o conceito de ação, ou conduta, que está a

divergência mais expressiva entre os penalistas. As três principais teorias a respeito

de conduta são a Teoria Causalista, a Teoria Finalista e a Teoria Social ou mista.

A Teoria Causalista diz que a conduta humana é um comportamento

voluntário apenas no que diz respeito ao fazer ou não fazer. É um processo

mecânico, muscular e voluntário, onde não é necessário se perguntar qual é o fim a

que essa vontade se dirige. Nesta teoria, basta apenas a certeza de que o indivíduo

atuou voluntariamente, sendo irrelevante o seu querer psíquico, para afirmar que

praticou a ação típica.

Para a Teoria Finalista todo comportamento humano tem uma finalidade.

Trata-se a conduta, de uma atividade final humana e não de um comportamento

somente casual. A conduta realiza-se mediante uma manifestação de vontade

dirigida a um determinado fim. O conteúdo da vontade está na ação dirigida a um

fim. Esta teoria é a adotada no Brasil.

A Teoria Social é uma interligação entre as Teorias Causalista e Finalista, que

leva em consideração não apenas os aspectos causalísticos e finalísticos, mas

principalmente, o aspecto social da ação, ou seja, sua relevância social.

A Criminologia reconhece que os comportamentos desviantes rotulados como

crimes serão sempre corolário de uma escolha mais ou menos arbitrária das

agências que representam o poder, editando o ato legislativo que torna a conduta

desviante um fato tipificado na lei penal.

Por isso mesmo, ao lado daquelas figuras que no consenso social merecem

ser consideradas crimes, e geralmente o são, existem outras que deveriam ser

tipificadas e, no entanto, escapam através das malhas grossas da tolerância; e, ao

revés, comportamentos menos ofensivos, por serem comumente atribuídos aos

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indivíduos dos estratos sociais mais baixos, são aprisionados na rede fina da

repressão e acabam convertidos em tipos penais.

De um modo mais sistemático, reconhece-se que são três as principais

teorias criminológicas que procuram explicar a gênese dos delitos, conforme

assinala Walter Reckless (1970, p. 68), professor de Sociologia da Ohio State

University:

• Teoria Biológica e Constitucional, segundo a qual os móveis principais

do desvio de conduta se encontram na estrutura hereditária física e

mental do indivíduo;

• Teoria Psicogenética, segundo a qual a formação do caráter anti-social

depende dos defeituosos relacionamentos familiares nos primeiros

anos de vida;

• Teoria Sociológica, entendendo que as pressões e as influências do

ambiente social geram o comportamento delinqüente.

Garcia-Pablos (1999) cita também as teorias da associação diferencial de

Sutherland, que sustenta ser o crime fruto de aprendizado e a identificação

diferencial, de Glaser (1978) segundo a qual o “[...] o criminoso absorve os modelos

de comportamentos daqueles grupos de referência com os quais se identifica, ainda

que tal identificação não decorra necessariamente da proximidade entre as pessoas

do grupo eleito, podendo dar-se mesmo à distância” (GARCIA-PABLOS, 1999, p.

306).

Reckless (1970) alude, finalmente, à Teoria dos Contensores, que se baseia na afirmativa de que existem contensores internos e externos nos indivíduos. Para este autor

[...] os contensores internos são os componentes do ego, como o autocontrole, o bom conceito de si mesmo, a força do ego, o superego bem desenvolvido, alta tolerância às frustrações, forte resistência aos estímulos perturbadores, profundo senso de responsabilidade, orientação para fins precisos, habilidade para encontrar satisfações substitutivas, racionalizações que reduzam a tensão, e outros. Já os contensores externos constituem o freio estrutural que, operante no imediato contexto social do sujeito, permite-lhe não ultrapassar os limites normativos. RECKLESS (1970, p. 70).

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Os contensores externos são compostos de alguns elementos, tais como

uma linha coerente de conduta moral, um reforçamento institucional de suas normas,

fins e expectativas sociais, uma vigilância e disciplina eficazes (controles sociais),

um acervo de razoáveis prospectivas de ação (inclusive limites e responsabilidades),

que ajudam a família e outros grupos a conter o indivíduo.

1.2 Fatores Criminógenos

Os fatores criminógenos seriam a antítese dos contensores internos e

externos, pois exercem influência debilitante nas defesas reguladoras. Também são

denominados de endógenos e exógenos.

Na definição de Farias Júnior (2001, p. 99), “[...] fator criminógeno, também

chamado de fator condicionante da criminalidade, é tudo aquilo que, pelas suas

características ou condições, contribui, concorre ou enseja a prática de crime”.

Para Pimentel (1983, p.17), “[...] entende-se o crime como resultante de um

conjunto de fatores, cuja estrutura é complexa, e não o produto de uma única causa,

por exemplo, ao observar a população carcerária, constatou que cerca de 95% dos

detentos são das camadas mais pobres da população. Entretanto, apenas 5% dos

favelados delinqüem.”

A conclusão a que se chega é a que a pobreza não é causa de crime, pois, se

assim o fosse, todos os pobres cometeriam crimes, o que não acontece. Mas,

certamente a situação de pobreza contribui para a prática de crime, porque os 95%

de encarcerados são provenientes da classe mais humilde.

O mesmo se pode dizer relativamente à educação, à instrução, à formação

religiosa etc., fatores que, presentes ou ausentes, terão relevância para a formação

dos contensores internos, ao lado dos demais fatores exógenos ou ambientais.

Ao lado dos fatores individuais, tais como a hereditariedade, o temperamento,

o caráter, a educação, e outros, existe uma inegável influência dos fatores sociais,

que a própria sociedade engendra e desenvolve, através das pressões que exerce

sobre os indivíduos.

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Nem por isso será correto falar-se de uma sociedade criminógena, em sentido

estrito. Mais acertado será dizer sociedade geradora de fatores criminógenos. Não

se pode negar o fato de que a sociedade gera e desenvolve fatores que exercem

pressão sobre os indivíduos. É fácil constatar que a sociedade se caracteriza pela

mutação, pela instabilidade e pela desorganização.

Os problemas decorrentes dos fatores demográficos e da urbanização são

também assinaladamente iguais e determinam as mesmas conseqüências: em todos

os lugares procura-se fugir ao cumprimento das leis, seja pelo fato de haver

exagerado número delas, oprimindo os cidadãos, seja em razão de confrontar-se a

normatização com o interesse particular contrariado, ou ainda porque as leis não se

identificam com a realidade que pretendem normatizar.

Todas as pessoas praticam diariamente algum tipo de comportamento

contrário às normas vigentes, tais como pequenas infrações de trânsito (estacionar

em fila dupla ou em lugar proibido; percorrer um trecho na contramão, ultrapassar

pela direita; exceder a velocidade permitida); obtenção de alguma vantagem

indevida, mediante pequenos subornos; desrespeitar a ordem de preferência de

chegada em balcões ou outros locais de atendimento; comprar mercadorias

estrangeiras contrabandeadas, comprar moedas estrangeiras no manual, e muitos

outros tipos de comportamentos transgressores de menor relevância.

Estes comportamentos desviantes, assumidos por bons cidadãos, dão uma

idéia da anomia existente, significando que os indivíduos não observam fielmente as

normas de conduta preconizadas, gerando o fenômeno aludido por Durkhein, um

estado de confusão, de alegalidade, em que as pessoas procuram agir para

satisfazer seus próprios interesses ou agem conforme seus valores ou fins, em

determinados casos, sem se importarem com o prejuízo que possam causar aos

semelhantes. Esse fenômeno social – a anomia – é fator criminógeno, e resulta, ou

pode resultar de duas situações:

• o indivíduo se encontra imerso em normas que procura respeitar,

meticulosamente, até que se torna impossível obedecer a todas e, aos

poucos, derroga por conta própria algumas delas;

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• a impunidade dos transgressores, desde que conhecida, incentiva a

desobediência, gerando o que se convencionou chamar de

transparência das normas.

Historicamente, todas as sociedades, no seu tempo e ao seu modo,

engendram fatores criminógenos. Os hábitos e condutas privativas dos nobres, pelo

contágio hierárquico, passaram para a burguesia, tornando-se comuns os saques,

as violações, os seqüestros, a embriaguez, comportamentos que não acarretavam

punições para os nobres, mas que se tornaram criminosos quando cometidos pelos

homens do povo.

Ainda hoje se verificam comportamentos de tipo desviante, praticados por

pessoas altamente situadas nas esferas governamentais e políticas, que não são

considerados delituosos, mas violam o sentimento de justiça da comunidade. Esses

comportamentos desviantes atuam, por contágio hierárquico, como fatores

criminógenos, estimulando ações criminosas de indivíduos das classes inferiores,

por imitação, convencidos de que a impunidade é a regra.

Uma ressalva deve ser feita. A pressão exercida pela sociedade é igual sobre

todos os indivíduos de uma mesma classe. Tal pressão, todavia, estimulará reações

diversas aos fatores engendrados, dependendo da fatoração individual

condicionante. Daí porque alguns serão vulneráveis e outros não, o que explica o

fato de, em uma mesma família, um membro estar em conflito com a lei e o outro ser

seu fiel seguidor.

Os fatores criminógenos predisponentes de cunho individual que são

encontrados nas personalidades delinqüentes, com expressiva regularidade, são: a)

egocentrismo; b) labilidade; c) agressividade; d) indiferença afetiva.

Sobre cada uma das características nucleares dessa personalidade atuam os

fatores sociais, dinamizando as potencialidades existentes. O egocentrismo é

dinamizado pelos fatores: massificação, anomia, contágio hierárquico, lesão do

sentimento de justiça, pelo progresso científico e técnico que oprime o ego,

potencializando a covardia do medíocre que se resigna, mas que impulsiona outros

à fuga através das drogas ou, ainda, que provoca a reação violenta dos que não

suportam a pressão e descambam para o comportamento criminoso.

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A sociedade do bem-estar coloca a meta da felicidade na satisfação imediata

do prazer do momento. Os indivíduos são estimulados pela propaganda, que cria

desejos artificiais, modificando o ritmo de vida da sociedade, transformando-a em

uma sociedade de consumo, sempre com novas ondas de necessidade

engendradas pela moda, pela pressão dos noticiários sensacionalistas, pelas

contínuas mudanças e o rápido envelhecimento das novidades, dando margem à

instabilidade e à futilidade; a licenciosidade e permissividade; o pensar pouco e o ler

pouco. Os vazios são preenchidos, erradamente, através de sensações alimentadas,

permanentemente, por gastos excessivos, desprovidos do lastro da experiência

moral, dando como resultado comportamentos criminosos.

Elementos normais, e até mesmo essenciais, integrantes da personalidade

humana ajustada, como a agressividade sadia, podem converter-se em

manifestações anti-sociais quando pressionados pelos fatores gerados pela

sociedade. Por outro lado, as atividades diárias do homem na sociedade acumulam

carga emocional resultante das frustrações e da excessiva competição, causando

fadiga e esgotamento. A ansiedade e a angústia elevam o nível de agressividade

normal e, não raramente, levam à prática de crimes tidos como imotivados e que

frequentemente são noticiados pelos jornais.

A indiferença afetiva, frequentemente observada nos criminosos multi-

reincidentes, é estimulada pela ação da sociedade moderna. Tal carência se torna

mais expressiva quando a sociedade impõe, através do seu mecanismo de atuação

dinâmica, o afastamento dos homens, uns dos outros, os aproximado apenas

superficialmente.

Os fatores criminógenos decorrem de fatos e de circunstâncias operados na

sociedade, tais como a indiferença afetiva, a pobreza econômica e cultural, os meios

de comunicação, a oposição juvenil e o contágio hierárquico, reservando-se, ainda,

uma parcela de influência à anomia e ao deficiente funcionamento das agências de

controle social, frutos da edição de leis penais discriminatórias ou de inadequado

equacionamento da administração da justiça criminal através dos subsistemas

policial, judiciário e penitenciário.

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1.3 Ocasiões Criminais

As ocasiões criminais são aqueles momentos ou situações propícias para o

crime. Pinatel apud Farias Júnior (2001, p. 100) constatou que:

• O clima ou estação quentes favorecem os crimes contra a pessoa, enquanto

o clima frio predispõe mais à prática de crime contra patrimônio.

• Em relação à densidade demográfica, quanto mais elevada é a população,

mais propícias são as ocasiões criminais, valendo dizer que o índice de

criminalidade aumenta numa proporção geométrica, na medida das

concentrações humanas. Já nas regiões de rarefação populacional, nas

zonas rurais pobres, as ocasiões criminais diminuem e o nível delinquencial é

baixíssimo.

• A elevação do nível de vida corre paralela à elevação do nível da

criminalidade. O desenvolvimento da atividade econômica não tem por efeito

somente melhorar o nível de vida; é a fonte de ocasiões suplementares de

criminalidade, pela multiplicação das condições de interesses que engendra.

• Existe um lado nocivo da riqueza, quando esta se abastarda pela ganância,

pela volúpia do ganho fácil e deriva para as explorações, as fraudes, as

falsificações e para os insidiosos, sórdidos atos clandestinos com engenhosas

articulações para explorar e enganar.

• As convulsões sociais, tais como as guerras, revoluções, as turbulências e

outros fenômenos de massa social, suscitam ocasiões para crimes. Alguns

atos criminosos são praticados durante e depois de uma guerra por aqueles

que se aproveitam da convulsão para roubar, matar, estuprar, destruir etc.

• O uso de drogas e do álcool está igualmente subordinado às ocasiões,

dependendo a sua iniciação das companhias, do momento, do local, dos

influxos suasórios etc. São elevadíssimos os índices de alcoólicos e

toxicômanos com poderosos reflexos na criminalidade.

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• O criminoso profissional faz do crime profissão. Não exerce a sua atividade

sozinho, preferindo formar grupo, aliciando ou recrutando cúmplices, e, neste

caso, as ocasiões eleitas são programadas. O sucesso depende da precisão

do plano. Os mais espertos evitam a morte de pessoas nas suas investidas

porque o que querem é a fruição de uma vantagem patrimonial, e se houver

morte não escaparão com facilidade.

Como ressalta Ferri (2006, p. 127), o criminoso profissional “[...] não distingue

uma atividade criminosa de uma atividade honesta, devido a sua insensibilidade

moral; nunca acredita na sua prisão, na sua punibilidade, mas se acontecer, encara

a prisão como um risco natural, um acidente inerente ou próprio de sua atividade”.

1.4 Conduta dos Criminosos

A conduta de um indivíduo é a maneira como ele se comporta, age, reage e

expressa às atitudes no meio social. A conduta do indivíduo retrata a sua

personalidade.

Um indivíduo tem uma conduta normal quando ele respeita as normas e os

padrões sociais do meio onde ele vive. A anormalidade é, então, o desvio dos

padrões de comportamento socialmente aceitáveis. Ela é caracterizada pela

ineficiência do desempenho das funções biopsicológicas e da interação social.

Contudo, é preciso que essa ineficiência seja persistente e o comportamento seja

inerente a todas as pessoas.

Segundo Farias Júnior (2001, p. 291), “[...] existem vários tipos de criminosos,

entre eles o criminoso exógeno circunstancial, o criminoso exógeno mesológico, os

criminosos mesoendógenos, os criminosos com personalidade neurótica e os

criminosos patoendógenos”.

O criminoso exógeno circunstancial é aquele indivíduo psicossomaticamente

normal, que tem seu relacionamento normal com a família e com a sociedade, mas

ocasionalmente ele vem a cometer crimes. Tal delinqüente pode ser chamado de

normal, mesmo tendo ocasionalmente praticado crimes. Para ser enquadrado neste

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tipo, além das características acima, o criminoso deve ser primário, não corrompido

e não perverso. O exógeno circunstancial não é, portanto, perigoso.

O criminoso exógeno mesológico tem como característica principal a falta de

formação moral. Dessa característica decorrem as demais, que são a falta de senso

de dever, de responsabilidade, de reprovabilidade de seus atos, de piedade, a

refratariedade ao trabalho, dificilmente estrutura família, dificilmente se entrega

espontaneamente à polícia e confessa seus crimes pacificamente, não tem medo da

pena de prisão como risco inerente à sua atividade, não distingue a atividade lícita

da ilícita e se torna habitual ou profissional no crime.

Lanyir apud Sznick (1996, p. 43), referindo-se aos delinqüentes habituais,

escreve: “[...] indubitavelmente que, perante a reincidência e a habitualidade no

delito, nada pode o direito penal que nos rege”.

Os pressupostos de periculosidade podem ser reconhecidos pelos três

parâmetros: Multi-reincidência, Personalidade Corrompida e Personalidade

Perversa.

A habitualidade ou a pertinaz reincidência atesta que o criminoso não é

circunstancial, não é ocasional, mas está dominado por uma tendência

profundamente radicada para o cometimento do crime.

A personalidade corrompida se conhece através dos antecedentes, da história

pregressa de sua vida, desde a vida dos pais, do local onde nasceu, onde se criou,

as pessoas com as quais conviveu, episódios em que foi envolvido, a sua

insensibilidade moral, até chegar aos motivos determinantes dos fatos.

A personalidade perversa é a revelada pela índole torpe, malvada, impiedosa,

cruel, desumana e inferida pelos motivos, ou meios ou modos de execução do crime.

Os criminosos mesoendógenos são personalidade psicopáticas ou neuróticas

que incidem em crimes. São insanos constitucionais.

Para Silva (1975 apud Faria Júnior, 2001, p. 297), “[...] as personalidades

psicopáticas não constituem uma entidade uniforme, mas delimitam-se como um

grupo mórbido, algo semelhante aos das esquizofrenias”.

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O portador de personalidade psicopática não é um doente mental, mas um

ser com deficiência nativa e permanente para viver e comportar-se de modo

satisfatório como o comum das pessoas.

Segundo Silva apud Faria Júnior (2001, p. 298), “[...] este tipo de criminoso

possui pouca capacidade de se autodeterminar, uma vez que não se ajusta às

normas da sociedade e do bom senso; contraste entre o ser real do indivíduo e a

aparência de suas exteriorizações devidas à propensão para enganar os seus

circunstantes e a si mesmo; ele é incapaz de entidade autêntica, podendo

apresentar superioridades ilusórias”.

As personalidades neuróticas decorrem de eventos de experiências

emocionais traumatizantes, tensões, fatalidades, circunstâncias infelizes e

insuportáveis ou acumulação de desgraças. No entanto, as neuroses não decorrem

apenas dos fatores externos. É preciso que haja predisposição endógena para que

os influxos exógenos traumatizantes surtam efeitos.

Existem, ainda, os criminosos patoendógenos que são aqueles que, por

doença mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, são levados

à prática de crimes. Estão incluídos nesse tipo os criminosos portadores de

demência senil ou pré-senil; psicoses associadas com infecção intracraniana ou com

afecções cerebrais; psicoses associadas com afecções somáticas; esquizofrenias

em qualquer de suas formas, psicoses afetivas, ciclotímicas, circulares ou outra do

tipo maníaco, do tipo depressivo ou do tipo maníaco-depressivo; eplepsia, paranóia,

parafrenia; psicoses tóxicas; oligofrenias em todos os seus estágios além das

psicoses tóxicas.

Observa-se que a legislação brasileira prevê que o crime é um ato humano,

imputável, praticado com voluntariedade, contrário à norma jurídica e passível de

punição. Vários fatores influenciam no cometimento do crime, fatores individuais,

sociais e também as ocasiões criminais, que são consideradas fatores criminógenos.

Existem inúmeros tipos comportamentos criminosos, o que demonstra que em

alguns casos o indivíduo é portador de transtornos psicológicos e doenças mentais,

podendo ser induzido a cometer crimes, mesmo sem ter a devida noção da

gravidade de seu ato. No próximo capítulo será abordado o crime a partir da ótica

econômica.

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2. A ECONOMIA DO CRIME

O Estudo da criminalidade assume relevância no Brasil e no mundo em

virtude dos custos da criminalidade para a sociedade serem elevados. Como

exemplo, tem-se os gastos públicos e privados com prevenção e combate da

criminalidade; prejuízos materiais, sociais etc.

Entre os prejuízos sociais destacam-se: a redução da qualidade de vida dos

indivíduos; o efeito negativo sobre a imagem de municípios decorrente da

divulgação das atividades criminosas na mídia e, em decorrência, a baixa

atratividade dos investimentos e a fuga de turistas, com reflexos negativos sobre o

emprego e a renda da região, alimentando, ainda mais, a criminalidade.

O artigo seminal de Gary Becker (1968) evidencia que a atividade criminosa

resulta de uma escolha racional dos indivíduos, baseada em análises custo-

benefício. Os benefícios são resultantes da diferença entre os lucros obtidos com a

atividade ilícita comparados com os provenientes da atividade lícita. Por outro lado,

os custos estariam associados às penalidades impostas aos criminosos, em caso de

prisão.

Ehrlich (1973) procurou examinar os efeitos das taxas de desemprego, níveis

de rendimento e a desigualdade de rendimentos sobre a criminalidade. Segundo o

autor, a redução da taxa de desemprego e da desigualdade de rendimentos teve

efeito significativo sobre a redução da criminalidade nos Estados Unidos.

Seguindo a mesma linha, Freeman (1996) conclui que jovens em situação de

pobreza têm maior probabilidade de serem presos e ir para a prisão nos Estados

Unidos. Por sua vez, Tauchen, Witte e Griesinger (1994) encontraram resultados

que sinalizam que, para adolescentes do sexo masculino, ir para o trabalho ou para

a escola tende a reduzir a probabilidade de estarem envolvidos em atividades

criminosas.

Herlow (2003), em um estudo realizado para o Departamento de Justiça dos

Estados Unidos, constatou que 41% da população carcerária não possuía nível

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secundário, contra 18% que não possuía na população total. Por outro lado, apenas

13% dos encarcerados possuía diploma superior, contra 48% na população total.

Segundo Lochner e Moretti (2004, p. 183) “Há muitas razões para esperar

que a educação reduza o crime. Através do aumento dos salários, a educação

aumenta o custo de oportunidade do crime e o custo do tempo despendido na

prisão”. Em seu estudo, os autores mostraram que não terminar o nível secundário

dobra as chances de um indivíduo ser preso por cometer um crime violento nos

Estados Unidos e que a educação reduz significativamente a atividade criminosa.

De acordo com Becker (1968) “[...] o crime pode ser classificado em dois

grupos: o lucrativo ou econômico e o não-lucrativo ou não-econômico”. Os crimes

econômicos são o furto, roubo ou extorsão, usurpação, apropriação indébita,

estelionato, receptação, crimes contra a propriedade imaterial, contra a fé pública,

contra a administração pública, tráfico de entorpecentes. Os crimes não-econômicos

são todos os demais, como homicídios, estupro, tortura etc.

O criminoso econômico pode ser visto como um empresário, que atua com o

objetivo de adquirir vantagens lucrativas e assume os riscos inerentes a sua

profissão. Ele decide racionalmente cometer o crime, aproveita as oportunidades

quando aparecem, sem se preocupar com o lado moral do seu ato. Este criminoso

não é uma vítima influenciada por circunstâncias.

Para Balbinotto Neto (2003, p.1):

[...] os indivíduos se tornam assaltantes e criminosos por que os benefícios destas atividades são compensadores quando comparados com outras atividades ilegais, quando são levados em conta os riscos, a probabilidade de apreensão, de condenação e a severidade da pena imposta. Assim, para os economistas, os crimes são um grave problema para a sociedade por que, em certa medida, vale a pena cometê-los e que os mesmos implicam em significativos custos em termos sociais. O argumento básico da abordagem econômica do crime é que os infratores reagem aos incentivos, tanto positivos como negativos e que o número de infrações cometidas é influenciada pela alocação de recursos públicos e privados para fazer frente ao cumprimento da lei e de outros meios de preveni-los ou para dissuadir os indivíduos a cometê-los. Para os economistas, o comportamento criminoso não é visto como uma atitude simplesmente emotiva, irracional ou anti-social, mas sim como uma atividade eminentemente racional.

Para Fernandez (1998, p. 68) “[...] numa atividade criminal está implícito o

princípio hedonístico o máximo ganho com o mínimo de esforço, isto para variados

graus de risco”.

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Para Balbinotto Neto (2003), [...] a análise econômica do crime baseia-se

fortemente na relação delito-punição como determinante da taxa criminal, em que a

eficácia policial e judicial relaciona-se com a possibilidade dos benefícios da

atividade criminosa suplantarem seus custos e compensarem o risco estipulado.

Assim, quanto maior o nível da atividade econômica criminosa, maior também será a

probabilidade de aumentos nos índices de crimes”.

Para Fernandez (1998, p. 69) “[...] a sociedade deve estar atenta aos

elementos coibidores do crime, como a estruturação dos aparatos policiais,

formação educacional, oferta de trabalho, urbanização planejada, distribuição de

renda, etc.”.

De acordo com Borilli e Shikida (2006, p. 4)

[...] a menor ou maior incidência das atividades ilícitas está diretamente relacionada aos benefícios líquidos provenientes desta atividade. Assim como outra atividade econômica qualquer, os ganhos da atividade empresarial do crime são incertos e dependem essencialmente da probabilidade de sucesso de suas operações. Sendo que esta probabilidade está diretamente relacionada de um lado com o desempenho do criminoso e de outro lado com a eficácia policial e efetividade da justiça.

Para Engel (2003, p. 9-10) das correntes de pensamento econômico que

discutem a economia do crime podem ser destacada três:

- Uma de origem marxista, que acredita que o aumento da criminalidade está

relacionada às características do processo capitalista e é resultado direto das

alterações do comportamento empresarial no período pós-industrial. Os cientistas

enquadrados nesta corrente de pensamento acreditam que devido o processo

empresarial centralizador de capital e os avanços tecnológicos resultantes, os

ambientes sociais tornaram-se mais propensos às atividades criminosas. Segundo

esta linha de pensamento, o convívio social do capitalismo pós-industrial incentivou

a chamada degeneração moral e assim permitiu o crescimento da atividade

criminosa.

- Outra corrente, mais ampla, associa o aumento da criminalidade a

problemas estruturais e conjunturais, tais como índices de desemprego,

analfabetismo e baixos níveis de renda, bem como a desigualdade social. Pode-se

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ainda relacionar a esta corrente as ineficiências policiais e judiciais, que contribuem

para a manutenção e crescimento das organizações criminosas.

- E uma terceira e importante corrente de pensamento da economia do crime

analisa a prática de crimes lucrativos como atividade ou setor da economia como

qualquer outra atividade econômica tradicional. O criminoso é então o empresário na

atividade – é ele quem mobiliza recursos, assume riscos e objetiva lucros nesse

setor ilegal da economia. Sendo assim, a decisão de quanto “investir” na atividade

ilícita dependerá diretamente da probabilidade de sucesso na atividade, ou risco

inerente a ela, que dependerá principalmente da eficiência da polícia e da

efetividade da justiça.

A teoria do crime, fundamentada basicamente em modelagens matemáticas,

obteve recentemente alguns avanços no estudo da criminalidade. Esses modelos

podem ser classificados em quatro grupos distintos.

- Modelo de alocação ótima do tempo – postula que o indivíduo escolhe

quanto do seu tempo ele deverá alocar em uma atividade econômica, seja legal ou

ilegal, procurando maximizar sua função de utilidade esperada, que depende,

fundamentalmente, dos rendimentos das atividades legal e ilegal – a atuação no

setor ilegal ocorrerá se os custos de operação nessa atividade forem menores que

seus benefícios;

- Modelo Comportamental – procura explicar a atividade criminal através das

interações sociais. Segundo Glaser (1999 apud Araújo Jr. e Fainzylber 2000, p. 632)

“[...] a alta variância nas taxas de crime, através do espaço, é evidência da

existência de interações sociais entre os criminosos, neste caso, os indivíduos

cometem crimes em função de seus próprios atributos e das decisões de seus

vizinhos ou pares”;

- Modelo de Migração – os indivíduos irão avaliar as oportunidades

disponíveis nos setores legal e ilegal e poderão migrar para a atividade criminal se

os ganhos esperados superarem os custos de migração, no qual estão inclusos os

custos financeiros e não financeiros;

- Modelo de Portfólio – a decisão individual de participar do crime ocorrerá

mediante a escolha de quanto da riqueza deve ser alocada no mercado legal e

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ilegal, sendo o envolvimento numa atividade de cunho ilegal uma operação

considerada mais arriscada (FERNANDEZ e PEREIRA, 2000).

Benoît e Osborne (1995), salientam que a atividade criminal pode ser

controlada através de punição severa e rígida e por investimentos sociais que

contribuam para a redistribuição de renda, isto aumentaria o custo de oportunidade

do crime.

No Brasil poucos trabalhos abordam o tema da criminalidade sob uma ótica

econômica em razão do tema ser relativamente novo e também pela escassez de

bases de dados sobre criminologia no país. Porém existem alguns trabalhos de

muita relevância para pesquisas como o de Fajnzylber e Araujo Jr. (2001), que

realizaram um estudo sobre o crime e a violência nas microrregiões mineiras,

citando que: “[...] maiores níveis educacionais estão associados a maiores salários e,

portanto, a maiores custos de oportunidade para a atividade criminal. Além disso, a

educação pode ter o efeito de aumentar o custo “moral” associado à participação em

atividades ilegais.” (FAJNZYLBER; ARAUJO JR., 2001, p.17).

Soares (2007) investigou a relação entre educação e criminalidade no Brasil,

procurando identificar se indivíduos mais educados têm menores chances de serem

vítimas de homicídio. O autor finaliza a pesquisa mencionando que “[...] A única

conclusão – tentativa – é que a educação formal parece ter um efeito redutor muito

forte sobre a taxa de homicídio, e que isto possivelmente se deva ao papel

socializador da escola.” (SOARES, 2007, p. 28).

No Estado do Paraná, em pesquisa realizada na cidade de Toledo-PR para

analisar a economia do crime sob a ótica das circunstâncias econômicas da prática

criminosa, Schaefer e Shikida (2000) verificaram que os crimes econômicos mais

comuns foram o tráfico de drogas, seguidos pelo furto e roubo, estes crimes foram

praticados por homens brancos, a maioria jovens que tinham religião e família. Os

entrevistados possuíam baixo nível de escolaridade, sugerindo que maiores níveis

educacionais podem coibir a criminalidade.

Entre os motivos que levaram os entrevistados a migrarem para atividades

criminosas os de maior destaque são a indução de amigos, a necessidade de ajudar

no orçamento familiar e o ganho fácil. Alguns dos entrevistados alegaram, ainda,

terem entrado nesse tipo de atividade por tolice e desatenção.

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De acordo com Schaefer e Shikida (2000, p. 212), “[...] surpreendeu o fato de

um expressivo percentual de entrevistados estarem trabalhando na época que

praticaram o crime. Embora uma pequena fração tenha como motivo para a prática

do crime o fato de estarem desempregados, a relação crime-desemprego não se

verificou tão fortemente neste estudo. Mas as profissões dos entrevistados sugerem

baixos salários”.

Em outro estudo realizado nas Penitenciárias do Estado do Paraná

(Penitenciária Estadual de Piraquara, Penitenciária Central do Estado e

Penitenciária Feminina de Piraquara), onde foram entrevistados presos que

cumprem penas por crimes de natureza econômica, Shikida e Borilli (2005) também

observaram que a grande maioria dos entrevistados eram jovens até 28 anos de

idade, do sexo masculino, brancos e com escolaridade somente até o ensino

fundamental.

Observando os resultados dos autores citados, nota-se que os jovens do sexo

masculino, estão mais propensos a ingressarem na criminalidade, geralmente por

não verem perspectiva de melhora de situação econômica, por possuírem baixos

níveis de escolaridade e andarem com más companhias.

Para Fernandez e Maldonado (1999), as principais causas para as pessoas

decidirem praticar o crime de tráfico de drogas estão tanto nas razões individuais

como nas de cunho social. As causas de cunho social estão ligadas a fatores como

pobreza, desemprego e ignorância. As razões individuais são: cobiça; ambição;

ganho fácil, entre outras.

Araújo Jr. e Fainzylber (2000) constataram que maiores níveis educacionais

implicam menores taxas de crime contra a propriedade e a desigualdade de renda

está associada a maiores taxas de homicídios e menores taxas de roubo de

veículos.

Na próxima seção será efetuado um breve histórico do município de Rolandia

apresentando os principais motivos que contribuíram para o crescimento da

criminalidade no município.

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3. HISTÓRICO

3.1 Histórico do Município de Rolândia

O município de Rolândia foi fundado no ano de 1934, pela Companhia de

Terras Norte do Paraná. O nome de Rolândia é de origem germânica, nome dado

em homenagem a Roland, legendário herói alemão, que na Idade Média guerreava

ao lado de seu tio, Carlos Magno, e seu lema era lutar pela “Liberdade e Justiça”.

Logo que foi fundada a cidade e construída a primeira casa o número de

habitantes foi crescendo a cada ano. No ano de 1936 Rolândia já possuía diversas

casas comerciais, sendo que o número de residências nesta época era de 277.

Rolândia teve seu crescimento estacionado no decorrer do ano de 1939. Para

Schwengber (2003, p. 34), “[...] muitos consideraram que este fato foi ocasionado

pelo surto de tifo que assolou a região e afatou temporariamente os compradores de

terra, mas outro fator que teve grande influência foi a Segunda Guerra Mundial e as

severas restrições impostas pela Alemanha à emigração tanto de alemães como de

alemães-judeus”.

A exemplo de outras cidades brasileiras, cujos nomes eram de origem

germânica, Rolândia teve que mudar seu nome. Em 30 de dezembro de 1943, ao

mesmo tempo em que era criado o município de Rolândia, o nome foi trocado para

Caviúna. Somente em 1947 é que retornou o antigo nome Rolândia.

Dos imigrantes estrangeiros que colaboraram no desenvolvimento de

Rolândia, destacam-se alemães, japoneses, italianos, portugueses, espanhóis, sírio-

libaneses, húngaros, suíços, poloneses, tchecos, austríacos, entre outros.

Até o ano de 1975 a economia do município de Rolândia ia bem, tendo o

plantio de café como a sua principal fonte de renda. Algumas vezes a geada fez

estragos nas plantações, porém naquele ano houve a chamada “Geada Negra”, que

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acabou arrasando os cafezais. O estrago foi tão grande que os agricultores não

tiveram outra opção a não ser erradicar os cafezais completamente, o que causou

transformações no setor econômico/social.

O êxodo rural foi o mais grave problema social decorrente da erradicação dos

cafezais. Rolândia, que até então desconhecia problemas sociais, como o da

formação de favelas, a partir de 1975 passa a conhecer esse problema. As famílias

de trabalhadores rurais foram obrigadas a abandonar as fazendas onde

trabalhavam. Não tendo para onde ir e nem outra profissão vão se instalar na

periferia da cidade, criando com isso bolsões de miséria. Com o fim da cafeicultura,

ocorreu o desemprego em massa, um dos motivos que muito contribuíram para o

aumento da criminalidade no município.

Nos últimos anos houve um grande crescimento nos índices de criminalidade

no município. O levantamento anual da Polícia Militar mostra que os crimes que mais

vêm crescendo nos últimos anos são os homicídios e o tráfico de entorpecentes.

De acordo com a Polícia Militar, a maior parte dos casos de homicídio está

relacionada ao tráfico de entorpecentes, que por sua vez gera ainda um aumento

nos casos de furtos, roubos, estelionatos e muitos outros crimes de menos impacto

social.

O município de Rolândia é uma rota em direção à costa oeste do Paraná,

principalmente para as cidades de Foz do Iguaçu, Guaíra e a região de fronteira com

o Paraguai e Argentina, o que acaba sendo também uma rota para o tráfico de

entorpecentes. Isso está comprovado no grande número de apreensões que a

Polícia Rodoviária tem efetuado na área do município, sendo que a principal

substância apreendida é a maconha.

Outro fator que contribui para o aumento da criminalidade no município é o

fato de que a cidade de Londrina, distante apenas 25 km de Rolândia, teve o

número de policiais militares aumentado recentemente, causando uma sensação de

segurança maior, com isso os marginais migram para regiões mais propícias para

suas atividades, principalmente municípios menores.

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4. METODOLOGIA

Neste capítulo será apresentada a metodologia utilizada para a realização da

pesquisa de campo, iniciando com a descrição da população escolhida, o método

utilizado para a coleta e o tratamento dos dados obtidos e expostas as questões da

pesquisa.

4.1 Delineamento da Pesquisa

De acordo com Gil, (2000, p. 121), “[...] o estudo de caso é caracterizado pela

identificação dos fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos

fenômenos analisados. Este tipo de pesquisa pode ser derivado tanto de

constatações e percepções que têm como norte o desenvolvimento, esclarecimento

ou modificação de conceitos e idéias, como de descrição das características de

determinada população ou fenômeno”.

Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados métodos exploratórios

e descritivos com levantamentos bibliográficos, pesquisa de dados e consultas a

publicações periódicas de vários autores. Para analisar e determinar o perfil dos

criminosos que atuam no município de Rolândia, realizou-se uma investigação

através de dados primários obtidos por meio da aplicação de questionário aos

detentos da Cadeia Pública local. Portanto este estudo pode ser classificado como

pesquisa bibliográfica e de campo.

A população alvo foi compreendeu 96 (noventa e seis) detentos, sendo que a

amostra foi composta de 65 (sessenta e cinco) detentos recolhidos na Cadeia

Pública de Rolândia.

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4.2 Coleta de Dados

Com base na revisão bibliográfica, foi elaborado um questionário com 25

questões, com a finalidade de determinar as características individuais, sócio-

econômicas e motivacionais da população alvo para o cometimento do crime.

Para a aplicação do questionário (Anexo A) obteve-se autorização verbal do

Delegado da Cadeia Pública local, o qual forneceu as condições necessárias para a

aplicação do mesmo. O questionário foi aplicado em dias alternados, conforme a

disponibilidade de efetivo da Polícia Civil para manter a segurança tanto da

estagiária como para evitar que algum dos presos tentasse fugir.

A Cadeia Pública de Rolândia conta com uma população carcerária de 96

presos, 12 mulheres e 84 homens. O questionário foi aplicado a 65 detentos, ou

seja, 67,71% dos presos responderam voluntariamente as questões apresentadas.

A população carcerária entrevistada foi quase que totalmente presa pela

Polícia Militar (87,69%), sendo que dos 12,31% presos pela Polícia Civil, 6,15%

foram presos em ações conjuntas entre a Polícia Militar e a Polícia Civil.

Ao final da coleta de dados, as respostas foram convertidas

quantitativamente, ou seja, em números dispostos e vinte e uma tabelas, seguindo a

ordem das perquntas do questionário. Estes números foram transformados em

percentuais, facilitando a análise e interpretação das respostas.

As Tabulações cruzadas de três ou mais variáveis foram realizadas no

software estatístico SPSS for Windows, os principais resultados serão apresentados

a seguir.

4.3 Resultados

A Tabela 1 apresenta a distribuição dos encarcerados da Cadeia Pública de

Rolândia por faixa etária. Nota-se que a maioria dos criminosos (67,68%) está na

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faixa etária entre 13 e 30 anos de idade, demonstrando que o criminoso de Rolândia

é jovem, o que sinaliza que o jovem é mais disposto a migrar para o mundo do

crime, muitas vezes devido à falta de maturidade, falta de experiência, de

orientação, proposta de ganho fácil etc.

Tabela 1 – Distribuição dos entrevistados por faixa etária

Idade dos entrevistados Quantidade Porcentagem

Menor de 18 anos 7 10,76

De 18 a 20anos 14 21,53

De 21 a 25 anos 13 20

De 26 a 30 anos 10 15,39

De 31 a 35 anos 6 9,24

De 36 a 40 anos 6 9,24

Mais de 40 anos 9 13,84

Total 65 100

Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

Para Farias Júnior (2001, p. 83),

“[...] a aquisição da capacidade potencial para o crime verifica-se mais acentuadamente entre os 12 e os 25 anos de idade, por ser justamente nessa fase que se inicia a luta pela sobrevivência, numa sociedade competitiva. Por um lado, está em jogo a afirmação do jovem, ou para o mal ou para o bem, e por outro, ele está na fase de maior vulnerabilidade aos influxos maléficos ou benéficos. Se recebe influxos maléficos, poderá tender para o caminho do mal, se recebe influxos bons, poderá tender para o caminho do bem, dependendo das condições favoráveis ou adversas”.

Os jovens querem muitas vezes se auto-afirmarem perante o seu grupo, e o

fazem através de atos criminosos, para demonstrar poder, conquistar o respeito dos

outros. Falam de seus atos criminosos com prazer, como se fossem atos heróicos.

Não demonstram sentimentos de arrependimento, chegando mesmo a achar graça

dos crimes que cometem.

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Dos detentos desta faixa etária recolhidos na Cadeia Pública de Rolândia o

principal crime cometido foi o tráfico de entorpecentes, seguido pelo roubo e pelo

furto. Isto mostra que o tráfico de entorpecentes está ligado diretamente a outros

crimes.

Pode-se observar, através do Gráfico 1 que a grande maioria dos criminosos

é do sexo masculino (84,61%), sendo que apenas 15,39% são do sexo feminino. As

mulheres presas estão numa faixa etária entre 20 e 43 anos de idade e todas estão

presas por tráfico de entorpecentes.

Gráfico 1 – Distribuição dos entrevistados por gênero Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

De acordo com Vergara (1998, p. 30), “[...] nos casos de tráfico de drogas a

mulher atua muito mais como coadjuvante, sendo que o protagonista nesta situação

geralmente é do sexo masculino e sempre estão ligados por laços de afetividade,

como irmãos, parceiros, parentes, etc.”.

Para Espinoza (2004, p. 126-7), “[...] nos últimos anos houve mudanças na

conduta delitiva das mulheres. Os crimes cometidos por elas não mais se encaixam

nos denominados “delitos femininos” – infanticídio, aborto, homicídio passional –

pois se deu um incremento nos índices de condenação por crimes de tráfico de

entorpecentes, roubos, seqüestros, homicídios, entre outros.”

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Atualmente existem várias teorias sobre a criminalidade feminina, porém nota-

se que na maioria dos casos essa criminalidade mantém uma estreita relação com a

condição social da mulher, primeiramente deve-se observar o meio social em que

essas mulheres estão inseridas e depois observar as condições biológicas e

sociológicas que também podem contribuir para a incidência e o grau dessa

criminalidade (Gráfico 1).

A maioria da população carcerária de Rolândia (50,77%) é de cor parda,

porém a quantidade de indivíduos da cor branca também é expressiva (43,08%). O

que demonstra que o crime não é privilégio somente da população negra (Gráfico 2).

Rocha e Campos (2007) ressaltam que de acordo com o Censo 2000, a

população de indivíduos de cor branca no Paraná é de 76,81% e indivíduos de cor

parda 19,07%. Portanto, nota-se diferenças substanciais entre essas proporções no

indivíduo encarcerado e na população como um todo.

Para Adorno (1994, p. 01) “[...] não há diferenças entre o “potencial” para o

crime violento revelado pelos réus negros comparativamente aos réus brancos, além

disto, réus negros tendem a ser mais perseguidos pela vigilância policial,

experimentam maiores obstáculos de acesso à justiça criminal e maiores

dificuldades de usufruírem do direito de ampla defesa, em decorrência tendem a

merecer um tratamento penal mais rigoroso, representado pela maior probabilidade

de serem punidos comparativamente aos réus brancos”.

Gráfico 2 – Distribuição dos entrevistados por raça Fonte: Elaborado pelo autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

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A Tabela 2 apresenta a distribuição dos entrevistados por cidade onde

residem, demonstrando que o criminoso que atua no município de Rolândia é

proveniente do próprio município. Observa-se que mesmo com a proximidade com

municípios como Cambé, Arapongas e Londrina, são poucos que os criminosos

dessas cidades que atuam no município. Os criminosos provenientes de outros

Estados geralmente são presos pela Polícia Rodoviária Estadual durante

fiscalizações em ônibus, portanto estavam somente de passagem pela cidade, uma

vez que dos 7 (sete) presos de outros Estados, 6 (seis) estão presos por tráfico de

entorpecentes.

Tabela 2 – a Distribuição dos entrevistados por cidade de origem

Cidade onde residiam os entrevistados Quantidade Porcentagem

Rolandia 47 72,32

Arapongas 1 1,54

Londrina 4 6,15

Sarandi 1 1,54

Curitiba 1 1,54

Porecatu 4 6,15

Outros Estados 7 10,76

Total 65 100

Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

A Tabela 3 apresenta a distribuição dos entrevistados por bairro onde

residem. Dos 47 (quarenta e sete) entrevistados que moram em Rolândia 29 (vinte e

nove) moram nos bairros mais pobres da periferia, que apresentam um grande

índice de violência.

No município de Rolândia, como a maioria das cidades brasileiras, existem

bairros como o San Fernando, Santiago, Padre Ângelo entre outras, onde tudo é

precário, desde as condições de moradia até as condições morais para se viver.

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Tabela 3 -- Distribuição dos entrevistados por bairro onde residem

Bairro onde residiam os entrevistados Quantidade Porcentagem

San Fernando 8 12,29 Jardim Itália 6 9,23 Padre Ângelo 5 7,69 Novo Horizonte 5 7,69 Jardim das Américas 3 4,61 Vila Oliveira 3 4,61 Jardim Aviação 1 1,54 Santiago 1 1,54 Jardim do Lago 2 3,08 Monte Carlo II 2 3,08 Califórnia 1 1,54 Ceboleiro 1 1,54 Parque Industrial 1 1,54 Jardim Caviúna 1 1,54 Jardim Nobre I 1 1,54 Centro 4 6,15 Jardim Cidade Verde 1 1,54 Sítio Nossa Senhora Aparecida 1 1,54 Outros Municípios 11 16,93 Outros Estados 7 10,76

Total 65 100

Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

Não é difícil observar nestas regiões a presença de valores invertidos, ou

seja, o bandido é o mocinho e a polícia é o bandido, o que cria uma tolerância e

proliferação da atividade criminosa. Este tipo ambiente potencializa a criminalidade.

Para Pires (1985), “[...] embora a criminalidade não possa ser explicada pelo

aumento da pobreza, é certo que amplas camadas voltadas para o crime jamais

utilizariam esta forma de sobrevivência, se a sociedade fornecesse oportunidades

mínimas para o seu sustento”.

A exclusão não se refere somente à questão econômica, uma vez que a

inclusão social é um fator que afeta diretamente o custo moral de praticar um crime.

Se um indivíduo não se sente parte da sociedade, dificilmente irá seguir os valores e

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normas impostas por essa sociedade. A inclusão social reduz os custos de entrada

na atividade ilícita.

A Tabela 4 apresenta a distribuição dos entrevistados conforme os dados de

tipo de crime cometido, escolaridade e rendimentos em salários mínimos, notando-

se que a maioria dos entrevistados possuem escolaridade de quinta a oitava série

do ensino fundamental, possuem renda de um a dois salários mínimos, e cometeram

o crime de tráfico de drogas.

A desigualdade de renda é o principal responsável pelo contingente de

pessoas abaixo da linha de pobreza no Brasil. O combate a desigualdade pode

retirar da extrema pobreza inúmeros indigentes.

Para Resende (2007, p. 01), “[...] mais que o desemprego, a pobreza ou a

baixa escolaridade, parece ser a desigualdade de renda o principal fator sócio-

econômico a impulsionar as taxas de criminalidade”.

A falta de oportunidades de trabalho digno, de salário digno, principalmente

para os mais jovens também é um fator relevante na explicação da criminalidade.

Este fator é considerado exógeno porque está relacionado a uma escolha de política

nacional. O Estado brasileiro escolheu gastar a maior parte de seus recursos com as

faixas etárias mais altas, pagando aposentadorias, em detrimento de outras faixas

etárias mais propensas à criminalidade.

A CPI do Menor (1976 apud Farias Júnior, 2001, p 156) cita que “[...] a miséria

é a origem de todos os males e a causa imediata da delinqüência infanto-juvenil”.

Para Farias Júnior (2001, p. 56-7),

“[...] um quarto da população brasileira assalariada ganha menos de um salário mínimo, e metade desse contingente assalariado ganha entre 1 e 2 salários mínimos. Significa que cerca de 70% da população assalariada ganha menos de 2 salários mínimos, ou seja, vivem na miséria. Os filhos desses assalariados são crianças ou jovens que vivem em situação de alto risco, tanto em matéria de saúde física e mental como em matéria de capacitação para o crime”.

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Tabela 4 – Distribuição dos entrevistados por tipo de crime, escolaridade e renda individual declarada

Escolaridade Tipo de crime Homicídio Roubo Furto Tráfico Lei Maria

da Penha Estelionato

Porte ilegal

arma

Receptação Estupro Total

Sem rendimento 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Até 1/2 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

De [1/2 a 1 SM) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1

De [1 a 2 SM) 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1

De [2 a 3 SM) 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1

Mais de 3 SM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Sem escolaridade

Total 1 0 0 1 0 0 1 0 0 3

Sem rendimento 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Até 1/2 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

De [1/2 a 1 SM) 0 0 2 1 1 1 0 0 0 5

De [1 a 2 SM) 1 3 1 2 1 0 0 0 0 8

De [2 a 3 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1

Mais de 3 SM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

1.ª a 4.ª série completa/

incompleta

Total 1 3 3 3 2 1 0 0 1 14

Sem rendimento 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1

Até 1/2 SM) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1

De [1/2 a 1 SM) 1 0 1 1 0 0 0 0 0 3

De [1 a 2 SM) 1 1 1 6 2 0 1 1 0 13

De [2 a 3 SM) 0 0 1 2 0 0 0 0 0 3

Mais de 3 SM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

5.ª a 8.ª série

completa/ incompleta

Total 2 1 3 11 2 0 1 1 0 21

Sem rendimento 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Até 1/2 SM) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1

De [1/2 a 1 SM) 0 0 1 0 0 0 0 0 0 1

De [1 a 2 SM) 1 4 2 3 0 0 0 0 0 10

De [2 a 3 SM) 0 1 0 2 0 0 0 0 0 3

Mais de 3 SM 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Ensino médio completo / incompleto

Total 1 5 3 6 0 0 0 0 0 15

Sem rendimento 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Até 1/2 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

De [1/2 a 1 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

De [1 a 2 SM) 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1

De [2 a 3 SM) 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Mais de 3 SM 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1

Curso superior

Total 1 0 0 1 0 0 0 0 0 2

Fonte: Elaborada pelos autores com base nos resultados da pesquisa de campo.

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A falta da escola afeta as pessoas de duas formas: na formação de valores

morais e na acumulação de capital humano. Na primeira forma, a escola assume um

papel fundamental na formação de valores morais, pois é na escola que se começa

a interagir e ter relacionamentos fora da família, portanto passa as primeiras noções

de convivência em sociedade. Os professores, assim como os pais, podem assumir

o papel de transmissão de valores morais, que serão importantes na construção dos

valores próprios da criança. Vale lembrar, que estes valores serão auto construídos

e que cada etapa da vida de um indivíduo influenciará está construção. Na segunda

forma, a ausência da escola diminuirá seu estoque de capital humano individual, que

implicará em baixos retornos no mercado legal no futuro e um baixo custo de

oportunidade.

Para Farias Júnior (2001, p. 91), “[...] o nível de escolaridade exerce grande

influência na prática do delito. Pode-se aliar a falta de educação com a ignorância. A

ignorância é a falta de representação da realidade; é a falta de vislumbre dos

horizontes dos conhecimentos que só a sabedoria, a cultura e os estímulos

intelectuais podem dar”.

O processo de escolaridade instrui, socializa, abre a mente para os valores da

vida, a importância das relações humanas e a boa convivência social.

Observa-se ainda (Tabela 4) que o crime de maior incidência entre os

detentos da Cadeia Pública de Rolândia é o tráfico de substância entorpecente,

seguido pelo crime de roubos e furtos, sendo que o mesmo fato foi constatado por

Schaefer e Shikida (2000), na pesquisa feita na cidade de Toledo-PR .

De acordo com Adorno (1998), “[...] considera-se criminalidade violenta

aquela que envolve violação grave de um direito fundamental, o direito à vida, “é um

crime que coloca em risco a segurança e a vida das pessoas. Geralmente, são os

assaltos, os roubos – como são conhecidos tecnicamente – estupros, homicídios. O

tráfico de drogas também é incluído, já que é uma variável extremamente importante

no crescimento de homicídios”.

Os usuários de entorpecentes acabam entrando no mundo do crime para

pagar o próprio vício, acabam se tornando empregados dos traficantes, roubam e

até matam para conseguir algum dinheiro para comprar a droga.

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O Gráfico 3 mostra a distribuição de renda individual em salários mínimos de

acordo com a cor da pele dos entrevistados. Fica caracterizado que a maioria dos

entrevistados mesmo sendo branco e não branco possui renda igual, entre um

salário mínimo a dois salários mínimos, demonstrando que o fato de possuirem

renda, mesmo sendo baixa, não os impediu de ingressarem no mundo do crime.

R E ND A E M S AL ÁR IOS MINIMOS

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

S E M

R E NDIME NTO

A TÉ 1/2 S M) DE [1/2 A 1 S M) DE [1 A 2 S M) DE [2 A 3 S M) MA IS DE 3 S M

B R A NC O S Ñ B R A NC OS

Gráfico 3 – Distribuição de renda Individual em salário mínimo, de acordo com a cor da pele.

Fonte: Elaborado pelos autores com base nos resultados da pesquisa de campo.

No Gráfico 4 encontra-se a distribuição dos entrevistados por escolaridade,

segundo a cor da pele. Observa-se que tanto os brancos como os não brancos

possuem algum tipo de escolaridade, porém observa-se que no campo sem

escolaridade o nível de brancos é maior que o de não brancos, sendo que o mesmo

ocorre no campo de 5ª a 8ª série completa/incompleta, porém os entrevistados que

possuem curso superior são brancos.

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ESCOLARIDADE

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

SEM ESCOLARIDADE 1.ª A 4.ª SÉRIECOMPLETA /INCOMPLETA

5.ª A 8.ª SÉRIECOMPLETA /INCOMPLETA

ENSINO MÉDIOCOMPLETO /INCOMPLETO

CURSO SUPERIOR

BRANCOS Ñ BRANCOS

Gráfico 4 – Distribuição dos entrevistados por escolaridade e cor da pele

Fonte: Elaborado pelos autores com base nos resultados da pesquisa de campo.

A Tabela 5 traz a distribuição dos entrevistados conforme a situação familiar.

Observou-se que mais da metade dos entrevistados (56,92%) não reside com os

pais, isto ocorre em virtude de que apenas 7 (sete) detentos são menores de idade,

os demais variam em idades que vão desde os 18 até 71 anos. Nesta faixa etária a

grande maioria já constituiu a própria família, ou já é responsável pela própria vida.

Pinatel (1979) diz que “[...] com o fator familiar chega-se à raiz mais profunda

da criminalidade”. As características da família determinam um conjunto inicial de

valores que podem afetar a vida do indivíduo para sempre. Dos presos recolhidos a

Cadeia Pública de Rolândia, observa-se que 56,92% têm pais separados (Tabela 5).

De acordo com Farias Júnior (2001, p. 89), “[...] a família exerce papel

decisivo na formação da personalidade e a desintegração da família, a ausência da

unidade familiar, a situação familiar conflitiva, são fatores sintomáticos da etiologia

de grande parte da criminalidade, isto é, são fatores suscetíveis de fundar o

prognóstico criminológico”.

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Tabela 5 – Distribuição dos entrevistados por condição familiar

Reside com os Pais? Quantidade Porcentagem

Sim 28 43,08

Não 37 56,92

Total 65 100

Pais Separados? Quantidade Porcentagem

Sim 37 56,92 Não 28 43,08

Total 65 100

Possui Dependentes? Quantidade Porcentagem

Sim 35 53,85

Não 30 46,15

Total 65 100

Com quem foi criado? Quantidade Porcentagem

Pais 30 46,15 Mãe 29 44,62

Avó, irmãos, outros 06 9,23

Total 65 100

Fonte: Elaborada pelos autores com base nos resultados da pesquisa de campo.

Tem-se a tendência em acreditar que pessoas que têm filhos ou dependentes

como pais ou irmãos, têm menos probabilidade de ingressarem no mundo do crime,

porém não é o que se percebe na população carcerária de Rolândia, onde 53,85%

dos entrevistados possuem dependentes.

Os dependentes de criminosos têm direito a receber o Auxílio Reclusão que é

um dos benefícios concedidos pela Previdência Social, que é devido nas mesmas

condições de pensão por morte aos dependentes de segurado de baixa renda

recolhido à prisão. O principal objetivo deste benefício é garantir à família do preso

um mínimo de dignidade.

Porém, muitos dependentes de presidiários desconhecem a existência deste

benefício, que muitas vezes poderia funcionar como um meio de afastamento do

mundo do crime, já que dá uma condição mais digna da família sobreviver.

Nota-se ainda na Tabela 5 que 53,85% dos entrevistados foram criados ou só

pela mãe, ou por avós, irmãos e até mesmo sozinhos. Isto demonstra que a falta da

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estrutura familiar tradicional, composta de pai, mãe e irmãos também afeta os

indivíduos, tornando-os mais propensos a ingressar na criminalidade.

Apesar das famílias chefiadas por mulheres serem cada vez mais comuns,

elas representam um fator de risco mais do que um fator de proteção com relação à

criminalidade, uma vez que possuem vários problemas, como a redução da renda

familiar, pois há somente uma fonte de renda, e vão até problemas para a criação

dos filhos. Como a chefe de família é a responsável pelo sustento da residência, não

é incomum a criação dos indivíduos por irmãos mais velhos, por outros familiares e

em casos extremos, até o abandono dos mesmos, que acabam em situação de rua.

Estes problemas afetam o desenvolvimento do indivíduo, incluindo o seu

desenvolvimento moral. Logo as famílias chefiadas por mulheres representam uma

condição de vulnerabilidade que afeta positivamente a criminalidade.

A Tabela 6 apresenta a distribuição dos entrevistados de confrontando a cor

da pele com a religião e se são praticantes ou não da religião. Observou-se que a

maioria dos entrevistados, tanto os brancos como os não brancos, se identificam

como católicos, porém praticamente 50% deles não são praticantes da religião. Dos

entrevistados que se declaram evangélicos a grande maioria não é praticante da

religião.

Tabela 6 – Distribuição dos entrevistados conforme religião, cor da pele e se

pratica ou não a religião

Religião Ñ tem Religião Católico Evangélico Espírita Candomblé Total

Ñ Praticante 4 10 3 0 0 17

Praticante 0 9 1 0 1 11

Brancos

Total 4 19 4 0 1 28

Ñ Praticante 5 11 7 0 0 23

Praticante 0 11 2 1 0 14

Ñ Brancos

Total 5 22 9 1 0 37

Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

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Segundo Farias Júnior (2001, p. 88), “[...] a religião, quando praticada com

devotamento, proporciona evolução espiritual e moral capaz de opor tendências ao

desumano materialismo de nossos dias e estimula o aperfeiçoamento, a ampliação e

o aprofundamento dos sentimentos de solidariedade e fraternidade. Uma pessoa

com esses sentimentos não pratica crimes”.

De acordo com Borilli e Shikida (2002 e 2003, p. 16), “[...] indivíduos

praticantes de qualquer religião tendem a cometer menos crimes violentos por

possuírem “restrições/travas” morais melhor definidas”.

Porém, de acordo com Farias Júnior (2001, p. 88), “[...] o que há nas prisões é

muita simulação com o intuito de obter certas vantagens. Entretanto, há presos que

se convertem verdadeiramente a uma seita religiosa. Entregam-se por inteiro à

religião e não voltam mais ao crime, mais isso acontece muito raramente”.

Tabela 7 – Distribuição dos entrevistados conforme a profissão

Profissão Quantidade Porcentagem

Doméstica 2 3,08

Costureira 2 3,08

Metalúrgico, Funileiro, Aux. Mecânico, Soldador 5 7,69 Abanador de Café, Lavrador, Jardineiro 3 4,61

Aux. Serviços Gerais 9 13,84

Pedreiro, Ajudante de Pedreiro, Pintor 9 13,84

Estudante 2 3,08

Vendedor, Balconista 3 4,61 Taxista, Moto Taxista, Motorista 5 7,69

Catador de Papel, Chapeiro 2 3,08

Professor, Téc. Informática, Gerente de Compras 3 4,61

Cozinheiro, Marceneiro, Frentista 4 6,15

Artesão, Autônomo 3 4,61 Operador de Máquina 4 6,15

Agente de Saúde, Segurança 2 3,08

Entregador de Mercado 1 1,54

Montador de Isolamento térmico 1 1,54

Profissional do sexo 1 1,54 Não Possui Profissão 4 6,15

Total 65 100 Fonte: Elaborada pelos autores com base nos resultados da pesquisa de campo.

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A Tabela 7 apresenta a distribuição dos entrevistados conforme a profissão

de cada um. Percebe-se que para a maioria das profissões citadas o grau de

instrução exigido é baixo, portanto a remuneração também é pouca, demonstrando

que o fato de estarem empregados, porém possuírem baixa remuneração não

impede que indivíduos migrem para a criminalidade.

O Gráfico 5 mostra a distribuição dos entrevistados por situação empregatícia.

Observa-se que apenas 35,39% dos entrevistados estavam desempregados na

ocasião em que cometeram o crime, sendo que destes 15,39% estavam procurando

emprego. Porém, a grande maioria (63,07%) dos entrevistados estava empregado.

Isto demonstra que o problema da criminalidade no município de Rolândia não está

na falta de empregos.

Muito se tem comentado a respeito da relação que existe entre o desemprego

e a criminalidade, porém, como a grande maioria dos entrevistados possui

profissões com baixa remuneração, reside em bairros pobres da periferia, possui

pouca instrução, migra para a criminalidade como uma forma de resolver problemas

financeiros e tentar melhorar de vida, uma vez que grande parte dos presos alega ter

cometido o crime por necessidade financeira.

63%

15%

20%

2%

Empregado Desempregado / Procurava Emprego

Desempregado / Não Procurava Emprego Não Respondeu

Gráfico 5 – Distribuição dos entrevistados por situação empregatícia Fonte: Elaborado pelos autores com base nos resultados da pesquisa de campo.

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A Tabela 8 traz a distribuição dos entrevistados por idade com que praticaram

o primeiro crime. Observa-se que 72,32% dos entrevistados praticaram o primeiro

delito antes dos 25 anos de idade. Nota-se ainda que somente 19,99% dos

entrevistados cometeram o primeiro crime entre os 26 e 40 anos de idade e apenas

7,69% dos presos cometeram o crime com mais de 40 anos de idade. Isto reforça a

teoria de que os jovens são mais propensos à criminalidade.

Tabela 8 – Distribuição dos entrevistados de acordo com a idade com que praticou o primeiro delito

Idade com que praticou o primeiro delito: Quantidade Porcentagem

Menor de 18 anos 22 33,85

De 18 a 20 anos 15 23,08

De 21 a 25 anos 10 15,39

De 26 a 30 anos 6 9,23

De 31 a 35 anos 3 4,61

De 36 a 40 anos 4 6,15

Mais de 40 anos 5 7,69

Total 65 100 Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

A Tabela 9 apresenta os entrevistados conforme uso ou não de substância

entorpecente. Percebe-se que 66,16% dos entrevistados responderam que não faz

uso de substância entorpecente, sendo que 33,84% usam drogas como maconha,

cocaína e crack.

A cocaína e o crack são drogas classificadas como estimulantes e provocam

excitação, euforia, hiperatividade, insônia, perda de apetite, pupilas dilatadas, enfim,

deixa a pessoa “ligada”. A maconha é classificada como alucinógeno e causa

euforia, relaxamento das inibições, aumento de apetite e comportamento

desorientado.

Os mais jovens normalmente começam a usar drogas consideradas mais

leves como a maconha e a cola, depois migram para as mais pesadas como cocaína

e o crack.

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Tabela 9 -- Distribuição dos entrevistados por uso ou não de substância

entorpecente

Faz uso de substância entorpecente/ Qual? Quantidade Porcentagem

Maconha 12 18,46

Cocaína 1 1,54

Crack 9 13,84

Não 43 66,16

Total 65 100 Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

O crack é uma pasta de coca, ou seja, é a coca que não passou pelo

refinamento, o que o torna muito mais barato, porém ele torna o usuário dependente

em muito pouco tempo em virtude de ser mais ativo que a cocaína.

A Tabela 10 mostra os entrevistados que possuem amigos que já praticaram

crimes. Ficando evidenciado que apenas 32,31% deles não têm amigos no mundo

do crime, sendo que a grande maioria convive com outros criminosos, o que acaba

colaborando para que os que estão próximos também participem.

Tabela 10 – Distribuição dos entrevistados se tem ou não amigos que já praticaram crimes e o tipo de crime cometido

Tem amigos que já praticaram crimes? Qual? Quantidade Porcentagem

Homicídio 8 12,30

Tentativa de Homicídio 1 1,54

Roubo 21 32,31

Furto 6 9,23

Tráfico de drogas 7 10,77

Sim, mas não especificou o crime 1 1,54

Não 21 32,31

Total 65 100 Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

O Gráfico 6 apresenta a distribuição dos entrevistados que cometeram o

crime por influência de substância entorpecente ou álcool, uma vez que o uso de

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substância entorpecente ou mesmo de álcool é considerado um dos fatores que

influenciam na criminalidade. Porém, isso não se confirma entre os entrevistados da

Cadeia Pública de Rolândia porque a maioria dos entrevistados (60%) afirma que

não estava sob o efeito de substância entorpecente no momento do crime.

Dos 20 (vinte) entrevistados que cometeram o crime sob o efeito de

substância entorpecente ou álcool 7 (sete) praticaram furto, 5 (cinco) praticaram

roubo, 4 (quatro) estavam traficando, 2 (dois) cometeram agressão contra mulher, 1

(um) praticou estupro e 1 (um) homicídio.

69%

31%

Não Sim

Gráfico 6 – Distribuição dos entrevistados que agiram por influência de substância entorpecente ou álcool

Fonte: Elaborado pelos autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

A Tabela 11 apresenta os entrevistados analisando os motivos que os

levaram a cometer crimes. Nota-se que 24 (vinte e quatro) dos entrevistados alegam

ter cometido o crime por necessidade financeira, porém 14 (quatorze) destes

estavam empregados. Dos que cometeram o crime por influência de amigos apenas

1 (um) tem mais de 23 anos. Dos que praticaram o crime por espírito de aventura 6

(seis) cometeram roubo e furto, 2 (dois) estavam traficando, 3 (três) são menores de

idade.

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Para Borilli e Shikida (2002 e 2003, p. 16), “[... ]a indução de parceiros (ditos

“companheiros/amigos”) é uma das principais variáveis motivacionais para a

migração para atividades ilícitas”.

Tabela 11 – Distribuição dos entrevistados por motivo do crime

Por que motivo cometeu o crime? Quantidade Porcentagem

Necessidade Financeira 24 36,93

Influência de Substância entorpecente 12 18,46

Influência de amigos 8 12,31

Espírito de aventura 8 12,31

Problemas Pessoais 7 10,77

Crime Passional 3 4,61

Outros 3 4,61

Total 65 100 Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

Tabela 12 – Distribuição dos entrevistados por sugestões para diminuir a criminalidade local

O que deveria ser feito para diminuir a criminalidade em Rolândia?

Quantidade Porcentagem

Maior oferta de empregos 39 60

Aumento do efetivo policial 2 3,08

Mais oportunidades na educação local 18 27,69

Mais políticas públicas para atender população carente

5 7,69

Mais Justiça 1 1,54

Total 65 100 Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos resultados da pesquisa de campo.

A Tabela 12 mostra as sugestões dos entrevistados para diminuir a

criminalidade no município de Rolandia. Notando-se que 60% dos entrevistados

responderam que deveria haver maior oferta de empregos. Porém 63,07% dos

entrevistados estavam empregados na ocasião em que cometeu o crime. Outra

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sugestão dos entrevistados é oferecer maiores oportunidades na educação local

(27,69%).

Observa-se que a criação de empregos pode ser um redutor da criminalidade,

porém, os profissionais devem ganhar o suficiente para ter uma vida digna, com

acesso à educação e lazer.

4.4 Síntese Conclusiva dos Resultados da Pesquisa de Campo

Dos 96 (noventa e seis) presos recolhidos a Cadeia Pública de Rolândia

foram entrevistados 65 (sessenta e cinco), ou seja, 67,71% da população carcerária

do município. Destes 10 (dez) são do sexo feminino e 55 (cinqüenta e cinco) são do

sexo masculino. As idades variam entre 13 e 71 anos de idade, sendo que a grande

maioria está entre os 18 e 30 anos, sugerindo que o criminoso de Rolândia, como

nas demais cidades do país, é jovem.

Observou-se que do total de entrevistados 67,68% têm idade entre 13 e 30

anos de idade. A grande maioria dos criminosos é do sexo masculino (84,61%),

sendo que apenas 15,39% são do sexo feminino. No que se refere à cor 56,92% dos

detentos são de cor negra e parda e 43,08% são de cor branca. Não há nenhum

detento de cor amarela ou indígena. 72,32% dos entrevistados residem em

Rolândia, 16,92% residem em cidades próximas e 10,76% são provenientes de

outros Estados. A grande maioria mora em bairros da periferia da cidade, com altos

índices de criminalidade como o San Fernando, Padre Ângelo, Santiago etc.

Quanto à situação financeira individual dos entrevistados 13,84% não

possuem renda nenhuma e 47,70% vivem com até R$ 500,00 (quinhentos) reais

mensais. Apenas um dos entrevistados possui renda maior de R$ 1.001,00 (mil e um

reais). A renda familiar de 63,08% dos presos é de até R$1.000,00 (mil reais)

mensais. Somente quatro detentos possuem renda familiar maior que R$2.000,00

(dois mil reais).

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Dos entrevistados, 56,92% não residem com os pais, sendo que 56,95% têm

pais separados. 53,85% possuem dependentes. Nota-se ainda que 53,85% dos

entrevistados foram criados ou só pela mãe, ou por avós, irmãos e até mesmo

sozinhos.

Quanto à religião 84,61% dos presos possuem algum tipo de religião como a

católica, evangélica, espírita e candomblé. 15,39% dos presos disseram não possuir

religião alguma. Porém apenas 38,47% são praticantes.

As profissões dos entrevistados vão desde catador de papel, doméstica,

pedreiro, ajudante de pedreiro, frentista, pintor até professor, técnico em informática

e gerente de compras, porém a grande maioria dos entrevistados possui profissões

com menor remuneração.

Quanto à situação empregatícia constata-se que 63,07% dos entrevistados

estavam empregados na ocasião em que cometeram o crime e 35,39% estavam

desempregados. 70,76% vão desde o analfabetismo até o Ensino Fundamental

completo. Somente 3,08% dos entrevistados possuem curso superior.

Percebe-se ainda que 72,32% dos entrevistados praticaram o primeiro delito

antes dos 25 anos de idade, 19,99% cometeram o primeiro crime entre os 26 e 40

anos de idade e apenas 7,69% dos presos cometeram o crime com mais de 40 anos

de idade. 66,16% dos entrevistados respondeu que não faz uso de substância

entorpecente, sendo que 33,84% usam drogas como maconha, cocaína e crack.

Apenas 32,31% dos detentos não têm amigos que já praticaram crimes,

sendo que os demais possuem amigos que já praticaram homicídios, roubo, furto,

tráfico de drogas, etc. 78,45% dizem não ter utilizado armas para cometer o crime,

15,39% utilizaram armas de fogo e 3,08% utilizaram arma branca.

O crime que mais ocorre no município de Rolândia é o tráfico de substância

entorpecente (38,49%), seguido pelo crime de roubo (20%) e furto (15,39%). 69,23%

alegam que não estavam sob efeito de substância entorpecente no momento em

que cometeram o crime, 30,77% tinham usado algum tipo de droga.

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Observa-se que 36,93% dos entrevistados alegam que cometeram o crime

por necessidade financeira, porém a maioria deles estava empregada na ocasião em

que cometeu o crime. 18,46% estavam sob influência de substância entorpecente.

Os mais jovens dizem ter cometido o crime por influência de amigos ou espírito de

aventura.

A maioria dos entrevistados acredita que para acabar com a criminalidade em

Rolândia é necessário a criação de mais empregos (60%), 27,69% acham que deve

haver mais oportunidades na educação local. 7,69% dizem que é necessário a

criação de mais políticas públicas para atender a população carente.

87,69% dos entrevistados foram presos pela Polícia Militar, 12,31% pela

Polícia Civil, destes metade foram presos em operações conjuntas pelas Polícias

Civil e Militar.

Existem 10 (dez) detentas do sexo feminino recolhidas na Cadeia Pública

local, estas estão numa faixa etária entre 20 e 43 anos de idade. Todas estão presas

por tráfico ilícito de entorpecentes. Destas 6 (seis) são pardas e 4 (quatro) são

brancas. Oito são católicas duas são evangélicas. Seis são de Rolândia, uma de

Londrina e três de outros Estados. Cinco possuem dependentes e cinco não

possuem. Seis estavam desempregadas na ocasião em que cometeram os crimes,

destas cinco procuravam emprego. Quatro estavam empregadas. Somente uma tem

o Ensino Médio completo e uma tem curso superior. Quatro são usuárias de drogas.

Nenhuma utilizou arma no crime. Sete alegam ter cometido o crime por necessidade

financeira. Oito acreditam que a criminalidade diminuirá com maior oferta de

empregos.

Observou-se ainda que os entrevistados mais jovens (com menos de 30 anos

de idade), em geral são mais violentos, são os que utilizam armas, principalmente de

fogo, para a execução de seus crimes. Ingressaram na vida criminosa quando ainda

eram menores de idade. São usuários de drogas.

Dos entrevistados mais velhos (acima de 30 anos de idade) apenas um

cometeu o primeiro crime quando era menor de idade, somente um utilizou arma

para cometer o crime.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O combate à criminalidade tem se revestido de matizes vários a refletir as

concepções dominantes sobre a natureza e as causas da conduta delituosa. Para se

combater a criminalidade efetivamente é necessário atacar os fatores que levam

indivíduos a ingressarem no mundo do crime. Acabar com a criminalidade é uma

tarefa muito difícil, mas é possível minimiza-la com algumas atitudes por parte do

Estado e da própria sociedade.

A criminalidade se forma na miséria, na falta de alimentação, na falta de

estrutura familiar, na falta de valores morais, escolares e culturais, na falta de

perspectiva para um futuro melhor.

Combater a criminalidade não é tarefa apenas das Polícias Civil e Militar, é

uma tarefa para governantes, poder judiciário, ministério público, polícias e todos os

demais segmentos da sociedade.

As polícias devem ser melhor preparadas e equipadas tanto para o combate

como para a prevenção da criminalidade. As ações de polícia comunitária vêm

apresentando bons resultados onde são implantadas. Programas de prevenção ao

uso de drogas como o PROERD, que é realizado pela Polícia Militar para alunos da

4ª série do Ensino Fundamental de escolas públicas também tem apresentado

resultados satisfatórios.

A Polícia Civil deve ser melhor estruturada, no que tange ao efetivo, uma vez

que atualmente os policiais não conseguem sair de dentro das delegacias para a

investigação de crimes, em virtude da superpopulação de presos nas cadeias

públicas. Este fato gera a sensação de que depois do crime cometido, ninguém irá

investigá-lo.

Campanhas como a do desarmamento e para desestímulo do uso de

entorpecentes em geral (bebidas alcoólicas, maconha, crack etc.) são outro fator que

contribuirá para a diminuição das taxas de criminalidade.

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Observou-se, neste trabalho, que o crime de maior incidência em Rolândia é

o tráfico de entorpecentes, desdobrando-se ainda em mais crimes, como homicídios,

roubos e furtos. Portanto, é preciso combater o tráfico de entorpecentes de forma

mais efetiva, com punições mais severas aos traficantes. O Estado deve criar

centros de tratamento para os usuários, bem como investir na prevenção, evitando

que crianças e adolescentes em situação de risco fiquem com tempo ocioso e

sozinhos enquanto os pais trabalham fora.

A presente pesquisa mostra que 35,36% dos criminosos que agem em

Rolândia são provenientes do chamado “morro”, que compreende os bairros San

Fernando, Jardim Itália, Padre Ângelo, Jardim Primavera, Conjunto Aviação e Jardim

das Américas. Porém, os bairros mais afetados com a criminalidade, de acordo com

dados da Polícia Militar, são: Centro, Vila Oliveira, Jardim Novo Horizonte e Bairro

Santiago. O Bairro San Fernando e o Santiago são considerados os mais violentos,

normalmente com ocorrências que envolvem brigas e homicídios entre traficantes.

Para combater a criminalidade nesses locais será necessário maior implementação

do policiamento, com operações maciças tanto da Polícia Civil como da Polícia

Militar.

Combater o desemprego através de melhor preparo da mão de obra já

existente, ou seja, de adultos que estão no mercado de trabalho, porém sem a

devida qualificação profissional.

É necessário criar incentivos aos trabalhadores rurais para evitar que eles

abandonem a zona rural e se desloquem para a zona urbana em busca de melhores

condições de vida, aumentando os bolsões de pobreza que afetam praticamente

todas as cidades do país.

Criar campanhas de controle da natalidade para atender as camadas mais

baixas da população, já que é nestas camadas que a miséria é maior e as famílias

são mais numerosas.

Reduzir a sensação de impunidade através de ações dos poderes Executivo,

Legislativo, Judiciário e Ministério Público, com sanções céleres, eficientes e

eficazes.

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Constatou-se que 72,32% dos entrevistados praticaram o primeiro delito antes

dos 25 anos de idade. Com base neste resultado, sugere-se que os jovens sejam

motivados a exercerem atividades lícitas e se tornarem membros atuantes da

sociedade em que vivem. Para isso, sugere-se a implantação de centros de

assistência às crianças e adolescentes, onde os mesmos tenham maior acesso à

educação, esportes, bem como cursos de formação técnica e profissional. Além

disto, firmar convênios entre centros de formação e capacitação de jovens e

empresários locais para inseri-los no mercado de trabalho assim que concluírem o

curso.

A educação é a melhor forma de se prevenir a criminalidade, porém deve ser

uma educação com qualidade. A escola pública deve oferecer aos seus alunos

materiais educativos, espaço para esporte e lazer com mais qualidade. Se a criança

e o adolescente tiverem uma boa escola, uma excelente educação familiar,

educação moral, profissional, cívica, ambiental e religiosa já será um grande passo

na prevenção da criminalidade.

Por fim, deve-se buscar a solidificação da família como pilar de todas as

ações de combate às desigualdades sociais e à criminalidade.

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ANEXO A

QUESTIONÁRIO SOBRE O PERFIL DOS CRIMINOSOS DO MUNICÍPIO DE

ROLÂNDIA

1. Idade: _________________________________________________________

2. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

3. Raça / Cor:

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela ( ) Indígena

4. Cidade onde reside : ______________________________________________

Bairro : _________________________________________________________

Subúrbio: ( ) Sim ( ) Não

5. Renda Individual:_________________________________________________

6. Renda Familiar: __________________________________________________

7. Reside com os pais? ( ) Sim ( ) Não

8. Pais separados? ( ) Sim ( ) Não

9. Possui dependentes?

( ) Sim ( ) Não Quantos? __________________________

10. Com quem foi criado? _____________________________________________

11. Possui religião? ( ) Sim ( ) Não

Qual? ( ) Católica ( ) Evangélica

12. É praticante da religião? ( ) Sim ( ) Não

13. Profissão: _______________________________________________________

14. Estava Empregado ou procurava emprego na ocasião em que cometeu o crime?

_______________________________________________________________

15. Grau de Escolaridade:

( ) 1ª a 4ª série incompleto ( ) 1ª a 4ª série completo

( ) 5ª a 8ª série incompleto ( ) 5ª a 8ª série completo

( ) 1ª a 3ª série EM incompleto ( ) 1ª a 3ª série EM completo

( ) Curso superior ( ) Sem escolaridade

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16. Idade com que praticou o primeiro delito? _____________________________

17. Faz uso de substância entorpecente?

( ) Sim ( ) Não

Qual? ( ) Maconha ( ) Crack ( ) Cocaína ( ) Outras

18. Tem amigos que já praticaram crimes?

( ) Sim ( ) Não Qual? _____________________________

19. Utilizou arma no crime cometido?

( ) Sim ( ) Não Qual? ( ) Arma de fogo ( ) Arma Branca

20. Por qual crime está preso? Se for tráfico, com qual droga estava?

_______________________________________________________________

21. No momento do crime estava sob efeito de substância entorpecente ou álcool?

( ) Sim ( ) Não

22. Por que motivo cometeu o crime? ____________________________________

( ) Necessidade Financeira / Pessoal

( ) Influência de amigos

( ) Influência de substância entorpecente

( ) Espírito de Aventura

23. Em sua opinião, o que deveria ser feito para diminuir a criminalidade em Rolândia?

( ) Maior oferta de empregos

( ) Aumento do efetivo policial

( ) Mais oportunidades na educação local

( ) Mais políticas públicas para atender população carente

24. Foi preso por quem?

( ) Polícia Civil

( ) Polícia Militar

( ) Outros. ___________________________________________________