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Universidade Estadual de Montes Claros Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Biológicas SUCESSO REPRODUTIVO DE Dimorphandra mollis (LEGUMINOSAE: MIMOSOIDAE): O PAPEL DA INTERAÇÃO FORMIGA-HOMÓPTERA KÁTIA CIPRIANA PEREIRA SILVA SANTOS Montes Claros Minas Gerais 2013

Universidade Estadual de Montes Claros · Montes Claros – Minas Gerais ... herbívoros do que os botões florais. ... várias interações com diferentes grupos de animais e plantas

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Universidade Estadual de Montes Claros

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Biológicas

SUCESSO REPRODUTIVO DE Dimorphandra mollis (LEGUMINOSAE:

MIMOSOIDAE): O PAPEL DA INTERAÇÃO FORMIGA-HOMÓPTERA

KÁTIA CIPRIANA PEREIRA SILVA SANTOS

Montes Claros – Minas Gerais

2013

KÁTIA CIPRIANA PEREIRA SILVA SANTOS

SUCESSO REPRODUTIVO DE Dimorphandra mollis (LEGUMINOSAE:

MIMOSOIDAE): O PAPEL DA INTERAÇÃO FORMIGA-HOMÓPTERA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em

Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Montes Claros

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências

Biológicas da Universidade Estadual de

Montes Claros, como requisito necessário

para conclusão do curso de Mestrado em

Ciências Biológicas.

Orientador: Prof. Dr. MARCÍLIO FAGUNDES

Montes Claros – Minas Gerais

2013

KÁTIA CIPRIANA PEREIRA SILVA SANTOS

SUCESSO REPRODUTIVO DE Dimorphandra mollis (LEGUMINOSAE:

MIMOSOIDAE): O PAPEL DA INTERAÇÃO FORMIGA-HOMÓPTERA

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências

Biológicas da Universidade Estadual de

Montes Claros, como requisito necessário

para conclusão do curso de Mestrado em

Ciências Biológicas.

em 12 de setembro 2013

Dr. Maurício Lopes de Faria - UNIMONTES

Dr. André Rinaldo Senna Garraffoni - UFVJM

Orientador: Prof. Dr. MARCÍLIO FAGUNDES

Montes Claros – Minas Gerais

2013

A minha avó Adinê

DEDICO

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida e por me dar forças a cada

dia, me fazendo acreditar que o sonho é possível.

Ao amor da minha vida, minha avó Adinê que infelizmente não está mais aqui,

mais que estará sempre presente em meu coração, obrigada por me amar, me ouvir,

cuidar de mim, me ensinar a importância de trabalhar, estudar, correr atrás, obrigada por

me ensinar a ter caráter e nunca passar por cima de ninguém, eu amo você

incondicionamente. Ao meu Pai Arlindo,avô, pai, amigo por me amar, por me criar, por

acretidar sempre em mim, na minha capacidade, por me ensinar os valores que sei hoje.

A minha amada mãe por ter me ensinado o valor do respeito, da dignidade, da

luta e de sempre ser perceverante, me mostrando que mesmo quando tudo parece

impossível é importante não desistir e arriscar. Ao meu pai Welligton que sempre me

acolheu e me ajudou na minha formação com seu carinho e amor. Aos meus irmãos por

me fazerem sorrir e me divertir sempre, recarregando minhas energias.

Obrigada ao meu querido tio e irmão Junior por me ajudar sempre nos

momentos difíceis, por me levar no campo toda semana para coletar, por me salvar de

TODAS as minhas enrrascadas. Aos meus outros tios por sempre estarem presentes em

minha vida.

Gostaria de agradecer também a família Oliveira em especial à Rosangela,

Rogério, Ana Paula e Mark que me acolheram como amiga, filha, participando

intensamente dessa jornada, obrigada pelos conselhos, pelo amor, pelas festinhas do

final de semanas, pelo direcionamento quando eu estava perdida.

É com muita gratidão que eu agradeço a Unimontes, ao PPGCB e ao laboratório

de Biologia da Conservação pelos seis anos que tive a oportunidade de estudar e

conhecer pessoas que levarei para o resto da vida. Muitissímo obrigada ao meu querido

orientador Marcílio Fagundes pelos ensinamentos, pela confiança em mim depositada e

pela oportunidade de desenvolver um trabalho ao seu lado.

Aos meus amigos da estufa os antigos e os atuais, pelas agradáveis horas no

café, pelas discussões, por me ajudarem com as análises, com os conselhos, com uma

palavra amiga de conforto, com nossas saídas divertidissímas. Os meus sinceros

agradecimentos à Luiz Falcão, Dudu, Lukete, Camila (Manu), Malzinha, Renata,

Gramps, Malu, Laurinha, Créu, Leozim, Medina, Serapas, Suellen, Hugo, Patty,

Lorenzo, Paulinho e em especial a Letícia minha grande companheira nesse trabalho,

que encarou esse trabalho com muita seriedade me ajudando em todas as etapas. A

Jacque (guiga) queria agradecer por me ouvir, por me ajudar sempre que preciso, por

salvar meu computador e a dissertação, obrigada por tudo. Gostaria de agradecer

também a toda minha turma do mestrado, vocês foram demais galera!!!

As minhas eternas amigas e companheiras Betty, Polly, Camila, Raissinha nossa

amizade é pra toda vida, obrigado por terem estado ao meu lado durante esses seis anos,

passando por tudo comigo, desde os momentos felizes, das horas no buraco aos

momentos tristes.

Por fim gostaria de agradecer a pessoa que mais me ajudou nessa etapa, obrigada

Mariana por tudo, por virar bióloga algumas vezes, coletando comigo, medindo

sementes. Obrigada por ser amiga quando eu precisei, por ser minha companheira

incondicional me colocando acima de tudo, quando pra mim era impossível ver uma luz

no fim do túnel, obrigada por arrumar minha vida pra que sempre desse tempo de eu

fazer minhas coisas, obrigada pelos fins de semanas, pelas histórias, pelas músicas

repetidas, pelo colo e por sempre me fazer sorrir.

Enfim obrigada a todos que participaram diretamente ou indiretamente dessa

jornada comigo. Amo todos vocês!

Pelo apoio e financiamento:

Resumo

As formigas podem estabelecer uma relação mutualística com os homóptera produtores

honeydew porque as formigas obtêm um recurso alimentar rico em nutrientes e em

contrapartida protegem os homóptera contra o ataque de predadores e parasitóides. A

ação destas formigas também pode estender seus efeitos para a planta hospedeira. As

formigas atuam como defesa biótica para planta afungentando insetos herbívoros. As

plantas geralmente não possuem recursos para investir simultaneamente em todas as

metabólicas, deste modo na presença das formigas, as plantas investem menos na

produção de compostos de defesa, alocando mais recursos para reprodução. Desde

modo, os efeitos dos homópteras, das formigas e da interação homóptera-formiga na

comunidade de insetos herbívoros associados as inflorescências e no sucesso

reprodutivo de Dimorphandra mollis (Fabaceae) foram testados em um experimento de

exclusão. O trabalho foi conduzido em uma área de cerrado sentido restrito, localizada

em Montes Claros, Minas Gerais. Foram marcadas 20 plantas, 3 inflorescências em

cada planta (t1=controle, t2=exclusão de homópteras, t3=exclusão de formigas).

Quatorze espécies de insetos (10 famílias) e seis espécies de formigas (2 famílias) foram

coletadas nas inflorescências de D. mollis. A exclusão do homóptera Membracis foliata

reduziu 270% da população de formigas. A exclusão do homóptera afetou

positivamente a abundância de mastigadores , por outro lado a exclusão das formigas

afetou positivamente a riqueza e abundância de abelhas . Os insetos sugadores não

foram afetados pelos tratamentos de exclusão. As flores sofreram maior ataque dos

herbívoros do que os botões florais. As inflorescências do tratamento que apresentava

interação entre homóptera-formigas (controle) produziram mais frutos, no entanto o

número de sementes não foi afetado pelos tratamento. No tratamento controle foi

observado frutos e sementes maiores, além disso a velocidade e a porcentagem de

germinação das sementes foram positivamente afetadas. As sementes pertencentes aos

tratamentos controle e exclusão de homóptera apresentaram plântulas mais vigorosas.

Portanto, os resultados encontrados nesse trabalho sugere que a interação homóptera-

formiga foi eficaz na redução da herbivoria e afetaram positivamente o sucesso

reprodutivo de D. mollis.

PALAVRAS-CHAVE: Alocação de recursos, Defesa biótica, Interação formiga-planta,

Germinação de sementes, Membracis foliata, Vigor de plântulas.

Sumário

Introdução 1

Metodologia 5

O Sistema Estudado…………………………………………………………………………...5

Área de Estudo……………………………………………………………………………….....6

Trabalho de campo……………………………………………………………………………...6

Fauna de insetos associados a inflorescência de Dimorphandra mollis………………..7

Produção de frutos e sementes em função dos tratamentos de exclusão………………..8

Germinação das sementes em função dos tratamentos de exclusão……………………...9

Resultados 11

Assembléia de formigas associada a inflorescência de Dimorphandra mollis ………11

Assembléia de insetos herbívoros associados a inflorescência de Dimorphandra

Mollis……………………………………………………………………………………………..12

Efeitos dos tratamentos de exclusão no tamanho e número de frutos…………………...18

Efeito dos tratamentos de exclusão no número e tamanho das sementes……………….20

Germinação de sementes e vigor de plântulas……………………………………………...22

Discussão 26

Referências 31

1

Introdução

As formigas (Hymenoptera: Formicidae) são os animais mais abundantes na

maioria dos ecossistemas terrestres (Bolton et al. 2007). As formigas desenvolveram

várias interações com diferentes grupos de animais e plantas que variam de negativas a

positivas (Fernandes et al. 1999). Por exemplo, algumas espécies de formigas podem

cultivar e se alimentar de fungos (Quilan & Cherrett 1977), enquanto outras são

predadoras de artrópodes e pequenos vertebrados (Hölldobler & Wilson 1990). As

formigas também podem se alimentar de fluidos açucarados secretados por nectários

extraflorais (Wäckers 2001; Lach 2005; Wäckers et al. 2008; Queiroz et al. 2013),

galhas (Fernandes et al.1999) ou do honeydew produzidos por borboletas, pulgões e

membracídeos (Buckley 1987; Del-Claro & Oliveira 1999; Oliveira & Del-Claro 2005;

Wäckers et al. 2008). O Honeydew é uma substância açucarada rica em açúcares,

aminoácidos, aminas e proteínas que representa uma fonte importante de alimento para

várias espécies de formigas (Auclair 1963; Mattson 1980).

As formigas podem estabelecer uma relação mutualística com os homóptera

produtores honeydew porque as formigas obtêm um recurso alimentar rico em

nutrientes e em contrapartida protegem os homóptera contra o ataque de predadores e

parasitóides (Buckley 1987; Cushman & Beattie 1991). A ação destas formigas também

pode estender seus efeitos para a planta hospedeira. De fato, as plantas podem se

beneficiar da interação formiga-homóptera porque as formigas que ordenham os afídeos

agem como defesa biótica, expulsando ou predando outros herbívoros presentes nas

plantas (Del-Claro & Oliveira 1999; Del-Claro & Oliveira 2000; Coley et al. 2005;

Fernandes et al. 2005, Fagundes et al. 2005; Queiroz et al. 2013). Além disto, alguns

2

estudos também sugerem que, na presença das formigas, as plantas investem menos

recurso na produção de compostos de defesa antiherbívoros (Whaterman et al. 1984).

Neste caso, estes recursos podem ser usados diretamente no desenvolvimento vegetativo

ou reprodutivo, aumentando o fitness da planta.

A interação planta-homóptera-formiga pode assumir um caráter mais complexo.

Por exemplo, se as formigas forem excluídas do sistema, a população de homóptera

pode aumentar (as formigas regulam a população dos homópteras eliminando

indivíduos de ramos altamente infestados) e afetar diretamente o desenvolvimento da

planta devido a elevada exploração da seiva (Fagundes et al. 2005). Além disto, quando

as formigas não ordenham os homópteras, ocorre um acúmulo de honeydew nos ramos

da planta que favorece o desenvolvimento de fungos e bactérias que prejudicam o

desenvolvimento vegetativo da planta (Neves et al. 2011). Contudo, este aspecto da

interação planta-homóptera-formiga ainda é pouco discutido na literatura.

Enquanto a maioria dos insetos herbívoros se alimentam de folhas (Coley &

Kursar 1996; Koptur et al. 2002; Queiroz et al. 2013), outros podem se alimentar de

partes reprodutivas como flores, frutos e sementes (Burgess 1991; Mccall & Irwin

2006). Os ataques podem ocorrer desde os botões florais até flores maduras (Burgess

1991; Fernandes et al. 2005). As flores apresentam vários atrativos como cores diversas,

produção de pólen e néctar para que funcionam como atração para polinizadores (Bawa

1990; Brugess 1991) mais podem também atrair outros insetos herbívoros (Fernandes et

al. 2005; Maccall & Irwin 2006; Raven et al. 2007).

Os homópteras produtores de honeydew normalmente formam colônias densas

em locais de intenso crescimento, especialmente próximos às inflorescências das plantas

(Fagundes et. al 2005; Del-Claro & Oliveira 1999; Neves et al. 2011). Neste caso, as

formigas que ordenham estes homópteras também patrulham as estruturas reprodutivas

3

das plantas e potencialmente podem proteger estes órgãos contra outros herbívoros (veja

Fernandes et al. 2005). Por outro lado, as formigas também podem afugentar possíveis

polinizadores, afetando negativamente a produção de sementes pelas plantas (Oliveira et

al. 1999). Neste cenário, o resultado da interação planta-homóptera também depende do

comportamento das formigas. Por exemplo, na ausência de formigas ocorre um aumento

na população de homópteras que afeta negativamente o desenvolvimento de frutos e

sementes pela planta (Buckley 1987). Por outro lado, quando as formigas estão

presentes, as plantas investem menos recursos na produção de compostos de defesa e os

recursos podem ser alocados para a produção de frutos e sementes (Whaterman et al.

1984). Novamente, estes aspectos da interação planta-homóptera-formiga ainda são

pobremente enfocados.

O tamanho das sementes (biomassa) afeta o tempo (Murali 1997), a

percentagem de germinação (Mölken 2005) e o vigor das plântulas (Yanlonget al.

2007). Sementes pequenas germinam mais rapidamente, sendo favorecidas em

ambientes transitórios (Baskin & Baskin 1998). Sementes grandes germinam mais

lentamente, mas normalmente apresentam maior percentagem de germinação, sendo

favorecidas em ambientes previsíveis (Geritz 1995; Ferreira & Borghetti 2004). Além

disto, sementes grandes produzem plântulas mais vigorosas e resistentes a injúrias

porque estas sementes acumulam maior quantidade de reservas (Yanlong et al. 2007).

Assim, seria esperado que variações nas caracterísitcas da interação planta-homóptera-

formiga afetem o sucesso reprodutivo das plantas.

Apesar de alguns estudos demonstrarem a importância das formigas na defesa de

inflorescências (Fagundes et al. 2005; Fernandes et al. 2005; Neves et al. 2011),

poucos trabalhos relatam e o efeito isolado do pulgão nas plantas (Fagundes et al. 2005;

4

Neves et al. 2011) e o efeito da interação homóptera-formiga no sucesso reprodutivo

das plantas (Messina 1981; Rico-Gray & Castro 1996).

Este estudo foca no papel da interação formiga-homóptera no sucesso

reprodutivo da planta hospedeira Dimorphandra mollis. O sistema é formado pela

planta D. mollis, o homóptera Membracis foliata e as formigas que ordenham os

homópteras. Assim, os objetivos deste trabalho foram avaliar a influência da interação

homóptera-formiga na defesa das inflorescências contra herbívoros e no sucesso

reprodutivo de Dimorphandra mollis, testando as seguintes hipóteses: (i) a presença de

homóptera afeta a atração de formigas para as inflorescências; (ii) a associação

homóptera-formiga confere as inflorescências defesa biótica contra insetos herbívoros e

(iii) a interação homóptera-formiga influencia no sucesso reprodutivo de D. mollis.

5

Metodologia

O Sistema Estudado

Dimorphandra mollis Benth. popularmente conhecida como fava d’anta, faveira,

favinha, falso barbatimão (Lorenzi 1992), a espécie pode ser encontrada em Minas

Gerais, Mato Grosso do Sul, Pará e São Paulo (Lorenzi 1992), Amazonas, Bahia,

Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Piauí e Tocantins (Almeida et al. 1998). D. mollis é

importante na flora do cerrado brasileiro (Chaves & Usberti 2003), visto que a planta

serve de alimento para alguns vertebrados e invertebrados (Bizerril et al. 2005).

Contudo, D.mollis é considerada tóxica para várias espécies de Artropoda (Cintra et al.

2002), pois a planta produz flavonóides que minimizam a herbivoria (Costa et al. 2000).

As plantas apresentam homópteras associados com suas inflorescências que atraem

formigas. D. mollis apresenta inflorescências (500 flores) em espigas terminais com

flores hermafroditas 5-pétalas livres, 5-estames, ovário súpero, unilocular, com muitos

óvulos (Almeida et al.1998). As flores de D. mollis são polinizadas principalmente por

abelhas, mas suas flores podem ainda atrair outros polinizadores e insetos devido aos

flavonóides que podem atuar como sinais atrativos (Costa et al. 2000).

As plantas atingem de 4-8 metros de altura e diâmetro do tronco de 30-50

centímetros (Lorenzi 1992). A floração ocorre de setembro a novembro, com picos no

mês de outubro (Caldeira Junior et al. 2008). As inflorescências apresentam pequenos

botões florais e diversas flores amarelas organizadas em cachos. Os seus frutos crescem

em cachos e amadurecem na estação seca, geralmente de junho a agosto (Bizerril et al.

2005). O fruto é um legume semindeiscente, que se torna negro e rígido com o

amadurecimento (Bizerril et al. 2005). As sementes possuem tegumento rígido, que

6

dificulta a absorção de água pelas sementes, apresentando deste modo dormência física

(Rizzini 1965).

Área de Estudo

O presente estudo foi desenvolvido em uma área de cerrado strictu sensu

localizada na região norte da cidade de Montes Claros, Minas Gerais (16º 40'26" S e 43º

48'44" W). A área de estudo possui solo argiloso oligotrófico (Fagundes et al. 2011) e

estrato herbáceo-subarbustivo pouco desenvolvido que frequentemente é afetado pela

ação do fogo (Costa et al. 2011). Fisionomicamente, a região localiza-se entre os

domínios do Cerrado e da Caatinga (Rizzini 1997), apresentando clima semi-árido com

estações seca e chuvosa bem definidas. A temperatura média anual da região é de

aproximadamente 23°C e a média de precipitação é de cerca de 1.000 mm/ano,

concentrada principalmente nos meses de outubro a janeiro (Costa et al. 2011).

Trabalho de campo

Um total de vinte indivíduos de D. mollis que iniciavam a fase reprodutiva

(indivíduos em fase inicial de formação de botões florais) foi selecionado e marcado, na

área de estudo, durante o mês de outubro de 2011. Todos os indíviduos selecionados

apresentavam CAP (circunferência à altura do peito) ≥ 10 cm e altura entre dois e cinco

metros. Estas plantas distavam-se de pelo menos 50m e estavam distribuídas

aleatoriamente em uma área aproximada de cinco hectares.

Em cada um dos indivíduos marcados foram selecionadas três inflorescências

com flores em estágio de pré-antese e divididas em três tratamentos: (t1 = controle)

inflorescência com acesso livre para formigas e homópteras, (t2 = exclusão de formigas)

inflorescência com homópteras e sem acesso para formigas e (t3 = exclusão de

homópteras) inflorescência sem homópteras e com livre acesso para formigas. As

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formigas foram excluídas do tratamento t2 através da aplicação de uma resina pegajosa

não tóxica (tanglefoot, Empresa uísque, Michigan, EUA) próxima a base da

inflorescência. Os homópteras foram excluídos do tratamento t2 manualmente com o

auxílio de um pincel. Os ramos que se encontravam próximos as inflorescências dos

tratamentos t2 e t3 foram cortados para evitar o acesso de formigas ou de homópteras,

respectivamente. Estas inflorescências foram monitoradas semanalmente durante todo o

experimento para se assegurar da eficiência dos tratamentos.

Fauna de insetos associados a inflorescência de Dimorphandra mollis

Para se avaliar os efeitos dos tratamentos de exclusão na fauna de insetos

associados a inflorescências de D. mollis cada inflorescência marcada foi monitorada

durante cinco minutos durante 10 semanas consecutivas, no período de outubro 2011 a

dezembro de 2012. Assim, todos os insetos presentes nas inflorescências (excluindo-se

membracis foliata) foram coletados e levados para o Laboratório de biologia da

Conservação para triagem e identificação. As amostragens foram realizadas no período

diurno entre 07h00min e 11h00min.

A análise dos dados foi realizada com o auxílio do software R versão 2.15.0 (R

Development Core Team 2011). Para testar o efeito da presença de homóptera na

riqueza e abundância de formigas, o efeito da fenologia e do tratamento na riqueza e

abundância dos insetos herbívoros e abelhas, foram construídos modelos lineares de

efeito misto (LME), onde a riqueza e a abundância de formigas, insetos herbívoros e

abelhas foram utilizados como variável resposta, enquanto o tratamento e a fenologia

foram utilizados como variáveis explicativas. Como os dados foram coletados nos

mesmos indivíduos ao longo da amostragem violando o pressuposto da independência

das amostras. Os modelos lineares de efeito misto são recomendados para minimizar os

8

efeitos da pseudorepetição temporal. Deste modo, com a utilização do LME a variável

resposta não representa uma medida individual, mas uma sequência de medidas em um

mesmo indivíduo durante a amostragem (Crawley 2007).

Produção de frutos e sementes em função dos tratamentos de exclusão

Para avaliar os efeitos dos tratamentos de exclusão na produção e

desenvolvimento dos frutos de D. mollis todas as inflorescências marcadas foram

monitoradas até o período de maturação dos frutos (julho 2012). Assim, o número

inicial de frutos produzidos em cada inflorescência foi determinado no final de janeiro

de 2012 através de contagem direta dos frutos imaturos. No início do mês de julho os

frutos maduros presentes em cada inflorescência foram contados novamente, coletados

e encaminhados ao laboratório de biologia da conservação para triagem. Assim, obteve-

se dados de comprimento, largura, espessura de cada fruto com uso de um paquímetro

digital.

Após estas medições os frutos foram quebrados manualmente para obtenção das

sementes. Todas as sementes foram medidas com um paquímetro digital, obtendo-se

dados biométricos de comprimento, largura e espessura de cada semente.

Posteriormente a retirada das sementes a material vegetal dos frutos foi acondicionado

individualmente em sacos plásticos para secagem em estufa a 70°C durante 72 horas

para obtenção do peso seco dos frutos.

Foram construídos modelos lineares generalizados (GLM) para avaliar a

influência do tratamento no sucesso reprodutivo de D. mollis. O número de frutos

produzidos, número de frutos maduros, número de sementes total, o tamanho dos frutos

(comprimento, largura e espessura) e o peso foram utilizados como variável resposta,

9

enquanto os tratamentos foram utilizados como variáveis explicativas. Para avaliar o

vigor das sementes em função do tratamento foram contruídos GLMs onde o tamanho

das sementes (comprimento, largura e espessura) e o peso foram utilizados como

variável resposta e os tratamento utilizados como variável explicativa. Os modelos

construídos foram utilizados com uma distribuição de erros adequada para cada variável

resposta, segundo a crítica do modelo (Crawley 2007).

Germinação das sementes em função dos tratamentos de exclusão

Um total de 256 sementes (t1: n = 110, t2: n = 110 e t3 n = 36) foram usadas

para avaliar os efeitos dos tratamentos de exclusão na germinabilidade das sementes de

D. mollis. Assim, estas sementes foram semeadas individualmente em bandejas de

germinação contendo vermiculita como substrato a aproximadamente 01cm de

profundidade.

Após a semeadura as bandejas foram acondicionadas em câmara de germinação

com fotoperíodo e temperatura controlados (12h/luz a 35°C e 12h/escuro a 30°C). Cada

semente foi irrigada diariamente com 1,5 mL de água diariamente como forma de se

manter a capacidade de campo do substrato. As sementes foram monitoradas

diariamente para determinar o percentual e a velocidade de germinação em cada

tratamento. Considerou-se germinada as sementes que emergiram do substrato expondo

os codilédones.

As plântulas que emergiram foram mantidas na câmara de germinação até a

queda dos cotilédones para se avaliar o vigor das plântulas. Após este período as

plântulas foram retiradas do substrato para se determinar o comprimento da raiz e da

parte aérea. Estas medidas foram realizadas com auxílio do paquímetro digital.

Finalmente, a parte aérea foi separada do sistema radicular de todas as plântulas. Este

10

material foi acondicionado em sacos de papel e secos em estufa a 70°C durante 72 horas

para obtenção do peso seco das plantulas.

Para avaliar o tempo de emergência entre os tratamentos foi utilizada a análise

de sobrevivência, visto que, o experimento apresentava pseudo-repetição temporal.

Foram consideradas como variável resposta a porcentagem de germinação entre

tratamentos e o tempo germinação como variável explicativa. Para avaliar a influência

do tratamento na porcentagem de germinação e no vigor das plantas foram contruídos

modelos lineares generalizados (GLM). A porcentagem de germinação, o comprimento

e o peso seco da parte áerea e do sistema radicular foram utilizados como variável

resposta e os tratamentos como variável explicativa. Todos os modelos foram

construídos utilizando a distribuição de erro adequada para cada variável resposta,

considerando a crítica do modelo (Crawley 2007). Cada modelo criado foi comparado

com o modelo nulo, o modelo mínimo adequado foi criado com a omissão dos termos

que não foram significativos. A adequação dos modelos foi testada a partir da análise de

resíduos

11

Resultados

Assembléia de formigas associada a inflorescência de Dimorphandra mollis

Foram coletados um total de 459 formicídeos pertencentes às subfamílias Formicinae e

Ectatomminae. As espécies mais abundantes foram Camponotus blandus (39,43%) e

Camponotus arbóreos (33,99%), enquanto Brachymyrmex sp. (0,22%) foi a menos

abundante no estudo (Tab. 1).

Tabela 1. Abundância de formicídeos amostrados nas inflorescências de Dimorphandra

mollis no período de Setembro à Novembro de 2012, Montes Claros, Minas Gerais.

Subfamília Espécies Abundância (%)

Formicinae Brachymyrmex sp. 1 0,22

Camponotus arboreos 156 33,99

Camponotus blandus 181 39,43

Camponotus crassus 58 12,64

Camponotus triceps 38 8,28

Ectatomminae Ectatoma turbeculato 25 5,44

Total 6 459

A riqueza dos formicídeos não variou em função da presença ou ausência de

Membracis foliata. Contudo, a abundância de formigas foi aproximadamente 270,16%

menor nos ramos onde os homópteras foram removidos (Tab. 2; Fig. 1).

12

Tabela 2 Análise de deviance dos modelos completos para avaliar o efeito dos

tratamentos de exclusão nas variáveis resposta (riqueza e abundância de formigas).

Variável Resposta Variável

Explicativa

F Distribuição

de erro

G.L G.L.R. P

Riqueza de formigas Tratamento 2.3207 Poisson 3 17 0.127

Abundância de formigas

Tratamento 65.268 Poisson 3 17 <0.001

Fig.1 Riqueza (A) e abundância (B) média de formigas nos tratamentos controle (presença de

homóptera e formigas) e exclusão de homóptera (presença apenas de formigas) em

inflorescências de Dimorphandra mollis. Barras verticais = erros padrão.

Assembléia de insetos herbívoros associados a inflorescência de Dimorphandra

mollis

Um total de 241 insetos herbívoros (excluindo Membracis foliata), distribuídas

em quatorze morfoespécies, dez famílias e três guildas alimentares foram observados

nas inflorescências de Dimorphandra mollis. A maioria das espécies de herbívoros

apresentou abundância baixa (Tab. 3). Contudo, deve-se destacar a elevada abundância

relativa de Pelidnota sp. (61%). Este inseto alimenta-se no interior da inflorescência

13

onde causa injúrias consideráveis. Trigona spinipes também apresentou abundância

relativa alta (29,46%). Apesar de classificado como lambedor, estas abelhas danificam

as peças florais de D. mollis.

Tabela 3. Abundância de insetos amostrados nas inflorescências de Dimorphandra

mollis durante sete semanas de observação, (S = sugadores, M = mastigadores e L =

lambedor).

Grupo Taxonômico Guilda

Alimentar

Abundância (%)

Heteroptera

Pentatomidae

Pentatomidae sp.1

Pentatomidae sp.2

S

S

8

3

3,32

1,24

Thyreocoridae

Thyreocoridae sp.1

S

5

2,07

Pyrrchocoridae

Pyrrchocoridae sp.1

S

2

0,83

Homóptera

Fulgoridae

Fulgoridae sp.1

S

2

0,83

Cicadellidae

Cicadellidae sp.1

S

3

1,24

Coleoptera

Chrysomelidae

Chrysomelidae sp.1

Chrysomelidae sp.2

M

M

6

3

2,49

1,24

Bruchidae

Bruchidae sp.1

Bruchidae sp.2

M

M

6

1

2,49

0,41

Scarabaeidae

Pelidnota sp.

M

126

52,28

Tenebrionidae

Tenebrionidae sp.1

M

5

2,07

Apocrita

Apidae

Trigona spinipes

Apidae sp.1

L

L

53

18

21.99

7,47

Total 241

14

A riqueza e a abundância de insetos sugadores variaram entre os estágios

fenológicos das inflorescênciais de D. mollis. De fato, observou maior diversidade de

insetos sugadores nas inflorescências com flores em ântese. Contudo, os tratamentos de

exclusão e a interação tratamento x fenologia floral não afetaram a diversidade de

insetos sugadores (Tab. 4;Fig. 2a, b).

A riqueza de insetos mastigadores não foi afetada pelos tratamentos de exclusão,

pela fenologia floral ou pela interação tratamento x fenologia (Tab. 4). Contudo a

abundância de mastigadores foi maior nas inflorescências em antese e no tratamento de

exclusão de homóptera (Tab. 4;Fig. 2d ).

A riqueza e a abundância de abelhas responderam similarmente aos tratamentos.

Assim observou-se que à interação tratamento x fenologia floral não afetou a riqueza e a

abundância de abelhas (Tab. 4). Contudo, a riqueza e abundância de abelhas foram

maiores nas inflorescências em antese e no tratamento de exclusão de formigas (Tab. 4;

Fig. 2e, f).

15

Tabela 4 Análise de deviance dos modelos completos para avaliar o efeito dos estágios

fenológicos florais e dos tratamentos de exclusão nas variáveis resposta (riqueza e

abundância de sugadores, mastigadores e abelhas).

Variável resposta

Variável explicativa

F

GL.

Distribuição

de erro

Gl.

Residual

P

Riqueza de

sugadores

Efeito Fenológico

Tratamento

Efeito fenológico x

Tratamento

10.971

1.058

1.644

3

4

7

Poisson

Poisson

Poisson

17

16

13

<0.001

0.5891

0.4395

Abundância de

sugadores

Efeito Fenológico

Tratamento

Efeito fenológico x

Tratamento

18.295

1.099

3.582

3

4

7

Poisson

Poisson

Poisson

17

16

13

<0.001

0.5772

0.1668

Riqueza de

mastigadores

Efeito Fenológico

Tratamento

Efeito fenológico x

Tratamento

0.04

2.99

2.025

3

4

7

Poisson

Poisson

Poisson

17

16

13

0.8415

0.2242

0.3631

Abundância de

mastigadores

Efeito Fenológico

Tratamento

Efeito fenológico x

Tratamento

0.127

33.009

0.646

3

4

7

Poisson

Poisson

Poisson

17

16

13

<0.001

<0.001

0.7239

Riqueza de abelhas

Efeito Fenológico

Tratamento

Efeito fenológico x

Tratamento

7.953

8.618

0.087

3

4

7

Poisson

Poisson

Poisson

17

16

13

0.0048

0.0134

0.957

Abundância de

abelhas

Efeito Fenológico

Tratamento

Efeito fenológico x

Tratamento

48.432

38.34

0.230

3

4

7

Poisson

Poisson

Poisson

17

16

13

<0.001

<0.001

0.8911

16

A riqueza e a abundância de abelhas não diferiu entre os tratamentos controle e exclusão

de homóptera, sendo maior no tratamento de exclusão de formigas (Fig. 2).

17

Fig. 2 Efeitos dos tratamentos de exclusão e de fenologia floral na riqueza e abundância de três

guildas de insetos associados com as inflorescências de Dimorphandra mollis (A. Riqueza de

sugadores, B. Abundância de sugadores, C. Riqueza de mastigadores, D. Abundância de

mastigadores, E. Riqueza de abelhas, F. Abundância de abelhas). Barras verticais = erros

padrão.

A

C

B

D

E F

18

Efeitos dos tratamentos de exclusão no tamanho e número de frutos

Os tratamentos de exclusão afetaram o número de frutos produzidos e frutos

maduros por inflorescência (Tab. 5). De fato, o número de frutos produzidos por

inflorescência foi maior no tratamento controle (presença de formigas e homóptera)

(Fig. 3a). O número de frutos maduros foi negativamente afetado pela ausência de

formigas, já os tratamentos controle e o tratamento que excluia o homóptera não

apresentaram diferenças quanto ao número de frutos maduros (Fig. 3b).

Fig.3 Efeitos dos tratamentos de exclusão no número de frutos produzidos por Dimorphandra

mollis (A. Frutos jovens e B. Frutos maduros).

19

Os tratamentos de exclusão afetaram similarmente o comprimento, a largura, a

espessura e o peso dos frutos de D. mollis. De fato, todas estas características

biométricas dos frutos foram afetadas negativamente pela exclusão de formigas das

inflorescências de D. mollis. Além disto, deve-se notar que a biometria dos frutos não

variou entre os tratamentos de exclusão de homóptera e controle (Tab. 5 Fig. 4 ).

Fig. 4 Relação entre os tratamentos de exclusão e o vigor dos frutos (A. Tamanho vertical, B.

Tamanho horizontal, C. Espessura, D. Peso) em Dimorphandra mollis.

A B

C D

20

Tabela 5 Análise de deviance dos modelos completos para avaliar o efeito dos tratamentos de

exclusão nas variáveis resposta (tamanho vertical, horizontal, espessura, peso dos frutos,

número de frutos produzidos, número de frutos maduros).

Efeito dos tratamentos de exclusão no número e tamanho das sementes

Os tratamentos de exclusão não afetaram o número de sementes por

inflorescência (Tab. 6). Contudo, o comprimento (Fig. 5a), a largura (Fig. 5b), a

espessura (Fig. 5c) e o peso das sementes variaram entre os tratamentos de exclusão

(Fig. 5d ). Além disto, a análise de contraste mostrou que as sementes do tratamento

exclusão de formigas apresentaram menores dimensões e peso comparativamente aos

demais tratamentos (Fig. 5).

Variável resposta

Variável

explicativa

F

Distribuição

de Erro

G.l.

Deviance

Gl.

Residual

Deviance

Residual

P

Tamanho vertical

frutos

Tratamento

3.0499

Gaussian

2

1558.8

49

12521

0.056

Tamanho

horizontal frutos

Tratamento

6.2481

Gaussian

2

80.344

49

315.04

0.004

Espessura frutos

Tratamento

17.424

Gaussian

2

70.41

49

99.003

<0.001

Peso frutos

Tratamento

6.2454

Gaussian

2

645.37

49

2531.7

0.004

Número de frutos

produzidos

Tratamento

53.444

Quasipoisson

2

53.444

45

306.64

0.038

Número de frutos

maduros

Tratamento

36.495

Quasipoisson

2

36.495

45

154.96

0.034

21

Tabela 6 Análise de deviance dos modelos completos para avaliar o efeito dos dos tratamentos

nas variáveis resposta (tamanho vertical, horizontal, espessura e peso das sementes).

Variável resposta

Variável

explicativa

F

Distribuição

de Erro

Gl.

Deviance

Gl.

Residual

Deviance

Residual

P

Número de sementes

total

Tratamento

0.3533

Quasipoisson

2

0.3533

49

26.780

0.712

Tamanho Vertical

Sementes

Tratamento

159.05

Gaussian

2

384.75

524

633.8

<0.001

Tamanho Horizontal

Sementes

Tratamento

123.01

Gaussian

2

63.671

534

135.61

<0.001

Espessura Sementes

Tratamento

78.2666

Gaussian

2

32.97

524

110.37

<0.001

Peso Sementes

Tratamento

279

Gaussian

2

0.56968

524

0.53496

<0.001

22

Fig.5 Efeitos dos tratamentos de exclusão na biometria das sementes (A Tamanho vertical; B

Tamanho horizontal; C Espessura; D Peso).

Germinação de sementes e vigor de plântulas

O processo de germinação iniciou no sexto dia de experimento e estendeu até o

78° dia. O tempo de germinação foi afetado pelos tratamentos (X2

= 24.17, P < 0,001).

As sementes dos tratamentos controle e exclusão de homópteras germinaram mais

rapidamente, enquanto que as sementes do tratamento exclusão de formigas germinaram

mais lentamente (Fig. 6a).

A porcentagem total de germinação total foi de 42% e variou entre os

tratamentos (X2 = 24.4, P = 0,0000053). As sementes dos tratamentos controle e

exclusão de homópteras não diferiram na porcentagem de germinação. Contudo o

23

tratamento exclusão de formigas apresentou menor porcentagem de germinação (Fig.

6b).

Figura 6 Tempo médio de germinação (A) e Porcentagem de germinação (B) das sementes de

Dimorphandra mollis em função dos diferentes tratamentos de exclusão.

O vigor das plântulas variou entre os tratamentos de exclusão. O tamanho e o

peso seco da parte áerea das plântulas foram menores no tratamento de exclusão de

formigas (Tab. 7). Contudo, o tamanho e o peso da radícula não foram influenciados

pelos tratamentos de exclusão (Fig. 7).

24

Tabela 7 Análise de deviance dos modelos completos para avaliar o efeito dos dos tratamentos

nas variáveis resposta (tamanho parte aérea, tamanho radícula, peso parte aérea, peso radícula).

Variável resposta

Variável

explicativa

F

Distribuição

de Erro

Gl.

Deviance

Gl.

Residual

Deviance

Residual

P

Tamanho parte

aérea

Tratamento

4.7295

Gaussian

2

1012.6

29

3104.5

0.0167

Tamanho radícula

Tratamento

2.8245

Gaussian

2

1018.4

29

5228.0

0.076.

Peso parte aérea

Tratamento

6.0942

Gaussian

2

0.010867

15

0.025856

0.006

Peso radícula

Tratamento

1.755

Gaussian

2

8.7422e-05

15

0.00072231

0.191

25

Figura 7 Efeitos dos tratamentos de exclusão no tamanho das plântulas de Dimorphandra

mollis (A Comprimento da parte aérea; B Comprimento da radícula; C Peso da parte aérea; D

Peso da parte aérea).

26

Discussão

Homópteras e formigas comumente são observados estabelecendo relação

mutualística em diferentes espécies de planta (e.g., Abe 1998; Fagundes et al. 2005;

Kaminski et al. 2010; Neves et al. 2011). Nesta associação as formigas atraídas pelo

honeydew protegem os homópetras contra parasitas e predadores (Bristow 1983;

Buckley 1987; Buckley & Gullan 1991; Del-Claro & Oliveira 2000) e muitas vezes

podem estender seus efeitos para outros níveis tróficos (Del Claro et al. 1996; Fagundes

et al. 2005; Tegelaar et al. 2012). Contudo, poucos estudos avaliam os efeitos isolados

de homópteras produtores de honeydew ou de formigas na interação planta-homóptera-

formiga (veja neves et al. 2011).

Comparativamente a outros estudos realizados no cerrado (e.g. Neves et al.

2012; Queiroz et al. 2013; Santos & Del-Claro 2001; Oliveira et al. 2002), pode-se

dizer que a riqueza de formigas observadas nas inflorescências de Dimorphandra mollis

foi baixa. Além disto, a presença de Membracis foliata não afetou a composição de

espécies de formigas nas inflorescências de D. mollis. Contudo, deve-se destacar que as

inflorescências colonizadas por M. foliata atraiu 2,71 vezes mais formigas do que as

inflorescênciais sem M. foliata. Estes resultados salientam a importância do honeydew

produzido por M. foliata para o recrutamento das formigas.

A riqueza de insetos herbívoros coletados nas inflorescências foi baixa,

provavelmente porque D. mollis apresenta alta concentração de flavonóides,

especialmente rutina nos seus tecidos (Chavez & Usberi 2003; Oliveira 2008). Além

disso, diversos trabalhos têm relatado que no período reprodutivo pode ser encontrado

na planta uma substância denominada Astilbin considerada tóxica para alguns insetos

27

(Cintra et al. 2002; Cintra et al. 2003; Cintra et al. 2005). Além disto, a fauna de insetos

herbívoros associada com as inflorescências de D. mollis caracterizou-se principalmente

pela baixa abundância da maioria das espécies. Resultados similares também foram

descritos por outros autores que trabalharam com insetos herbivoros de vida livre

associados com um hospedeiro particular (e.g. Baccharis dracunculifolia: Fagundes &

Fernandes 2012, Cariocar brasilienis: Neves et al. 2012, Copaifera langsdorffii:

Queiroz et al. 2013). Provavelmente esta raridade da fauna de herbívoros está associada

com a alta mobilidade, baixa especificidade e alta diversidade botânica encontrada nos

trópicos (Lewinsohn et al. 2005). Contudo, deve-se ressaltar a alta abundância de

Pelidnota sp. observado nas inflorescências de D. mollis. Este escarabaeídeo possui

hábito gregário e permanece por longos períodos se alimentando protegido no interior

das inflorescências de D. mollis.

Diversos estudos têm demonstrado que formigas atraídas pelo honeydew

produzidos por homópteros afetam negativamente a riqueza e a abundância de outros

insetos herbívoros (Neves et al. 2011; Flatt & Weisser 2000). Contudo, os resultados

desta interação variam no tempo e no espaço e também dependem das espécies de

formigas e da habilidade dos insetos de evitarem as formigas (Del-Claro 1998; Gaume

et al. 1997; Chamberlain & Holanda 2009; Rosumek et al. 2009). Por exemplo, insetos

sugadores geralmente são mais sensíveis a presença das formigas porque necessitam de

maior tempo para se alimentarem na planta (Oliveira et al. 1999, Mody & Linsenmair

2004). Além disto, a simples presença de homópteras na planta hospedeira pode afetar

negativamente outros herbívoros devido a mudanças na qualidade do recurso alimentar

(Fagundes et al. 2005; Stadler & Dixon 1999).

Contrariamente ao esperado, a riqueza e a abundância de insetos sugadores nas

inflorescências de D. mollis não variaram entre os tratamentos de exclusão. Contudo, a

28

grande maioria dos insetos sugadores ocorreu nas flores em antese provavelmente

devido a maior disponibilidade de recursos alimentares nesta fase do desenvolvimento

floral (Raven et al. 2007; Kirk et al. 1995). Por outro lado, a abundância de insetos

mastigadores foi maior no tratamento de exclusão de homóptera e nas inflorescências

em ântese. De acordo com Neves et al. (2011) a presença de homópteras pode alterar a

qualidade do recurso alimentar e afetar negativamente outros herbívoros na planta,

justificando a maior abundância de herbívoros nos ramos onde os homópteros foram

excluídos. Além disto, deve-se considerar que neste estudo 85,71% dos insetos

mastigadores pertence a espécie Pelidnota sp. que se alimenta protegido no interior das

inflorescências de D. mollis. Assim, este comportamento do escarabaeídeo poderia

inibir o possível papel protetor exercido pelas formigas enquanto a simples presença do

homóptera teria um efeito mais representativo para inibir o ataque deste herbívoro nas

inflorescências de D. mollis.

A hipótese que o comportamento de Pelidnota sp. funciona como um escape das

formigas pode ser reforçada quando se observa o papel das formigas na fauna de

abelhas. De fato, a riqueza e a abundância de abelhas nas inflorescências de D. mollis

foram maiores no tratamento de exclusão de formigas, indicando que as formigas

afugentaram as abelhas das inflorescências dos tratamentos controle e exclusão de

homóptera. As abelhas geralmente visitam as inflorescências procurando recursos da

planta (néctar, pólen, resinas, odores) e em troca promovem a fecundação das flores.

Contudo, observou-se que neste estudo Trigona spinipes também coleta honeydew

excretado por M. foliata (veja também Vieira et al. 2007) e danifica as flores de D.

mollis. Neste cenário, as formigas podem desempenhar dois papéis antagônicos na

reprodução de D. mollis: (1) as formigas inibem a ação das abelhas (prováveis agentes

polinizadores) e (2) as formigas reduzem os danos produzidos pelas abelhas nas peças

29

florais. Os resultados desta interação ainda merecem maior atenção em trabalhos

futuros.

Apesar de relativamente pouco documentado, as formigas que se alimentam nos

nectários extraflorais ou de exudados de homópteras também podem afetar

positivamente o número de frutos produzidos pelas plantas (e.g. Del-Claro et al. 1996;

Keeler 1981; Messina 1981; Fernandes et al. 2005;). Resultados similares foram

observados neste estudo porque D. molis produziu maior número de frutos (jovens e

maduros) nas inflorescências do tratamento controle (presença de formigas e

homóptera). Provavelmente este resultado está associado ao fato que as formigas podem

reduzir os danos a peças florais causado por abelhas enquanto que a presença do

homóptera inibe o ataque de Pelidinota sp., conforme discutido acima. Portanto, a

interação formiga-homóptera é importante para a produção de frutos por D. mollis.

Formigas que se alimentam de honeydew geralmente atuam como defesa biótica

das plantas (Koptur 1979; Messina 1981; Del-Claro & Oliveira 1999; Coley & Barone

2001; Coley et al. 2005; Fagundes et al. 2005). Além disto, alguns estudos sugerem que

na ausência desta defesa biótica as plantas investem maior quantidade de recursos na

produção de compostos de defesa anti-herbívoros (Jansen 1966; Rehr et al. 1973;

Seigler & Ebinger 1987; Whaterman et al. 1984). Contudo, as plantas geralmente não

dispõem de recursos para investir suficientemente em crescimento, reprodução e defesa

química, gerando uma demanda conflitante entre as diferentes rotas metabólicas (Kursar

& Coley 2003; Isagi et al. 1997; Obeso 2002; Stamp 2003; Imaji & Seiwa 2010; Bryant

et al. 1983; Herms & Mattson 1992). Os resultados deste estudo mostraram que na

ausência das formigas houve redução em todos os parâmetros biométricos dos frutos e

das sementes de D. mollis. Neste contexto nós hipotetizamos que na ausência das

30

formigas D. mollis alocou mais recursos para a produção de compostos de defesa em

detrimento da formação de frutos e sementes.

O tamanho das sementes é uma característica importante para a sobrevivência

das plântulas e organização das comunidades vegetais (Cordazzo 2002; Mölken 2005;

Yalong et al. 2007; Silveira et al. 2012). Geralmente sementes grandes germinam mais

lentamente e apresentam maior percentagem de germinação comparativamente a

sementes pequenas (Geritz 1995; Ferreira & Borghetti 2004). Além disto, sementes

grandes produzem plântulas mais vigorosas e resistentes que possuem vantagens

adaptativas especialmente em ambientes previsíveis (Geritz 1995; Ferreira & Borghetti

2004; Yanlong et al. 2007). Neste estudo, as sementes oriundas das inflorescências do

tratamento exclusão de formigas apresentaram menor percentagem de germinação e

produziram plântulas menos vigorosas, indicando que a presença de formigas na planta

hospedeira pode estender seus efeitos benéficos para a progênie da planta mãe.

De acordo com Fagundes et al. (2011) a distribuição das plantas de D. mollis

entre ambientes é afetada por características das sementes e qualidade do solo. Assim, o

menor tamanho das sementes e menor vigor das plântulas observado no tratamento de

exclusão de formigas e homópteras indicam que a interação formiga-homóptera também

pode ter amplos efeitos na sobrevivência das plântulas e distribuição geográfica de D.

mollis. Finalmente, baseado nos resultados deste estudo e nas evidências da literatura

pode-se concluir que a interação formiga-homóptera desempenha um importante papel

na reprodução, estabelecimento e colonização de D. mollis.

31

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