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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO MÔNICA QUEIROZ NASCIMENTO IMAGEM INSTITUCIONAL: ENFRENTANDO UMA IMAGEM NEGATIVA ESTUDO DO CASO ODEBRECHT Salvador 1997

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO ... · No estudo do caso Odebrecht, em que a organização enfrentou uma imagem negativa, no início da década de 90, foram

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MÔNICA QUEIROZ NASCIMENTO

IMAGEM INSTITUCIONAL: ENFRENTANDO UMA

IMAGEM NEGATIVA

ESTUDO DO CASO ODEBRECHT

Salvador

1997

MÔNICA QUEIROZ NASCIMENTO

IMAGEM INSTITUCIONAL: ENFRENTANDO UMA

IMAGEM NEGATIVA

ESTUDO DO CASO ODEBRECHT

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação

em Administração, Escola de Administração da

Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial

para a obtenção do título de Mestre em Administração.

Orientadora: Profª. Dra. Tânia Maria Diederichs Fischer

Salvador

1997

Escola de Administração - UFBA

N244 Nascimento, Mônica Queiroz.

Imagem institucional: enfrentando uma imagem negativa estudo de

caso Odebrecht / Mônica Queiroz Nascimento. – 199700.

116 f.

Orientador: Profª. Drª. Tânia Fischer.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Universidade

Federal da Bahia, Salvador, 1997.

1. Construtora Norberto Odebrecht - Administração de crises - Estudo de

casos. 2. Imagem corporativa – Administração de crises. 3. Administração de

crises - Estudo comparado. I. Universidade Federal da Bahia. Escola de

Administração. II. Título.

CDD – 658.4056

MÔNICA QUEIROZ NASCIMENTO

IMAGEM INSTITUCIONAL: ENFRENTANDO UMA

IMAGEM NEGATIVA

ESTUDO DO CASO ODEBRECHT

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Administração, Escola de

Administração da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do

título de Mestre em Administração.

Aprovada em 16 de setembro de 1997.

Banca Examinadora

Profª Dra. Tânia Maria Diederichs Fischer

Doutora em Administração pela Universidade de São Paulo

Universidade Federal da Bahia

Prof. Dr. José Antonio Gomes de Pinho

Doutor em Regional Planning pela University of London, Inglaterra

Universidade Federal da Bahia

Prof. Dr. Rogério Hermida Quintella

Doutor em Gerenciamento Estratégico pela University Of Brighton, Inglaterra

Universidade Federal da Bahia

NASCIMENTO, Mônica Queiroz. Imagem institucional: enfrentando uma imagem negativa

Estudo do caso Odebrecht. 116 f. il. 2000. Dissertação (Mestrado) – Escola de Administração,

Universidade Federal da Bahia, Salvador, 1997.

RESUMO

A imagem institucional é abordada neste estudo considerando-se a sua atualidade e relevância

para a empresa moderna. No estudo do caso Odebrecht, em que a organização enfrentou uma

imagem negativa, no início da década de 90, foram utilizadas duas pesquisas, buscando a

percepção de imagem desta instituição através da opinião pública. A a primeira pesquisa foi

realizada, em 1994, pela Organização Odebrecht, e a segunda, foi realizada em 1997,

objetivando subsidiar o estudo comparativo do presente trabalho. Imagem negativa denota

crise, e a administração da crise, o marketing da crise, é abordado, nesse estudo,

principlamente, por uma via, que é a mesma da própria organização estudada, através da TEO

- Teoria Empresarial Odebrecht, cujos princípios constituem os fundamentos das referências

éticas e das filosofias específicas para a condução dos negócios de empresa.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Mapa de análise de reputação e awareness do público ............................................. 22

Figura 2 - Estrutura de Comunicação da Odebrecht na Holding para toda a Organização -

1991/1994 ................................................................................................................ 35

Figura 3 - Estrutura de Comunicação da Odebrecht com Abrangência para toda a Organização

1991/1994 ................................................................................................................ 46

Figura 4 Estrutura de Comunicação da Odebrecht - Operacionalização nas empresas ,

inclusive Odebrecht S.A. internamente e, para Empresas Auxiliares , para

atendimento a necessidades identificadas no âmbito de cada uma. 1996- ............... 47

Gráfico 1 - Conhecimento 61

Gráfico 2 – Classificação do Ono quanto ao Porte ................................................................... 63

Gráfico 3 - Qualidade do S Serviços Executados pela Odebrecht ............................................ 64

Gráfico 4 - Conhecimento CPI ................................................................................................ 65

Gráfico 5 - Conhecimento CPI Odebrecht ............................................................................... 66

Gráfico 6 – Envolvimento da Odebrecht na CPI ...................................................................... 67

Gráfico 7 - Publicidade ............................................................................................................. 68

Gráfico 8 - Conhecimento Patrocínio Cultural ........................................................................ 68

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 7 1.1 O TEMA E SUA IMPORTÂNCIA ...................................................................................... 7 1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ........................................................................................... 8 1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ....................................................................................... 10

2 METODOLOGIA ................................................................................................................ 11 2.1 TIPO DE PESQUISA ......................................................................................................... 11 2.2 UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................................ 12 2.3 SELEÇÃO DOS SUJEITOS .............................................................................................. 13 2.4 COLETA DE DADOS ....................................................................................................... 13

3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 14 3.1 CONCEITO DE IMAGEM ORGANIZACIONAL............................................................ 14 3.2 ELEMENTOS QUE FORMAM A IMAGEM ORGANIZACIONAL .............................. 15 3.3 PROBLEMAS DE IMAGEM ............................................................................................ 18 3.3.1 Identificação dos problemas de imagem ...................................................................... 20 3.4 CRISE - COMO AS EMPRESAS SUPERAM A CRISE .................................................. 23

4 CENÁRIO DE PESQUISA ORGANIZAÇÃO ODEBRECHT ..................................... 26 4.1 HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO .................................................................................. 26 4.2 A EMPRESA ANTES DA CRISE ..................................................................................... 28 4.3 A CRISE ............................................................................................................................. 36 4.4 A EMPRESA DEPOIS DA CRISE .................................................................................... 43

5 A PESQUISA ....................................................................................................................... 48 5.1 PESQUISA 1994 (realizada pela Odebrecht) ..................................................................... 48 5.2 PESQUISA 1998 ................................................................................................................ 54 5.3 RESULTADOS COMPARATIVOS: ................................................................................. 69

6 TEO - TEORIA EMPRESARIAL ODEBRECHT .......................................................... 70 6.1 UMA BREVE EXPLANAÇÃO SOBRE CULTURA ORGANIZACIONAL .................. 70 6.2 A TEO E OS SEUS PRINCIPAIS PRINCÍPIOS ............................................................... 73 6.3 A IMAGEM SOB A ÓTICA DA TEO (antes e após a crise) ............................................ 82

7 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ........................................................................... 85

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................... 86

ANEXO A - Pesquisa Qualitativa Realizada para a Organização Odebrecht ..................... 89

ANEXO B - Relatório ......................................................................................................... 95

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1 INTRODUÇÃO

1.1 O TEMA E SUA IMPORTÂNCIA

Nos últimos anos muitas empresas têm se defrontado com situações que comprometem

sua imagem diante da sociedade. Alguns exemplos recentes, extraídos da obra de Marconi

(1993) em sua obra “Marketing em época de crise” ilustra bem tais situações, com inúmeros

exemplos:

O caso Exxon - Uma das maiores empresas da indústria petrolífera mundial, a Exxon

atravessou sérios problemas de imagem recentemente. No episódio considerado como um dos

maiores desastres ecológicos do século XX, o seu petroleiro Exxon Valdez se viu envolvido

num derramamento de mais de dez milhões de galões de petróleo na Baía Valdez, no Alasca.

O caso Tylenol - a Johnson & Johnson, fabricante do Tylenol, um dos medicamentos

para resfriado mais vendido nos EUA, se viu envolvida com uma suspeita de envenenamento

de todo um lote de seus comprimidos.

O caso McDonald´s - A acusação de que seus hambúrgueres eram feitos com carne de

minhoca envolveu o McDonald´s em uma grave crise de imagem.

Também podem ser citados alguns casos no Brasil. Um caso recente foi a experiência

da Nestlé. A acusação de que seus produtos estavam contaminados por substância venenosa

terminou por levar a empresa a retirar do mercado todo o lote acusado, realizar testes para

assegurar a não adulteração na fábrica e buscar informações sobre pessoas que poderiam ter

adulterado o produto.

Diante dessas e de outras experiências, a imagem institucional tem sido considerada

como um fator importante nas organizações, impactando, em caso de seu comprometimento,

diretamente nos seus negócios.

A literatura apresenta vários autores que trabalham esse tema. De acordo com

Lindquist (1975):

diante de uma nova postura do comportamento do consumidor, a imagem da

organização passa a ser vista como benefício agregado ao produto, sendo

8

formada por fatores tangíveis e intangíveis, que vão,mais do que nunca,

definir uma maior fidelidade e credibilidade do cliente. ( p. 29)

Em concordância com Lindquist, Levitt (1985) observa :

o que se percebe no mundo empresarial de hoje é que o produto tem cada

vez mais seu respaldo de qualidade, confiança e credibilidade percebido pela

imagem da organização que o sustenta, e que quanto menos tangível for o

produto, maior será o julgamento/escolha em cima de metáforas, analogias,

símbolos e informações transmitidas pela percepção do cliente da imagem

da empresa. ( p. 49)

Para Grönross (1987), a imagem é o maior patrimônio de uma organização. Ela

representa seus valores e crenças e é percebida pelo cliente como a realidade a respeito da

organização. ( p.210)

Este estudo atualiza-se, portanto, com a discussão sobre esse tema de muita relevância

para a empresa moderna: a imagem institucional.

Acompanhando a crescente literatura dedicada ao assunto, busca-se com este trabalho

estudar de perto a experiência de uma organização brasileira que passou recentemente por

problemas de imagem: a Organização Odebrecht.

1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O caso em estudo trata da Organização Odebrecht, mais precisamente nas empresas de

engenharia do grupo. Esta explicação deve-se ao fato de que a Odebrecht atua em outros

segmentos (química, petroquímica, celulose, telecomunicações, etc.) que não fizeram parte do

escopo abordado no trabalho, já que os acontecimentos que geraram a crise de imagem

estavam relacionados á área de engenharia da Organização.

O estudo abrange o período de 1989 a 1998. As análises têm início nas antigas

políticas de comunicação e imagem da Odebrecht, entretanto, o ponto de partida está no

episódio que envolve a Odebrecht em uma denúncia de suborno a um ministro de Estado. A

partir desse evento que gerou a crise de imagem da Organização, foi realizado um

acompanhamento das ações da Odebrecht, na busca da superação deste e de outros abalos

seguintes na sua imagem.

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1.3 OBJETIVO DO ESTUDO

O presente estudo se deteve nos momentos atravessados pela organização a partir dos

episódios que geraram desgaste em sua imagem.

Serão analisadas as ações tomadas antes, durante e após os momentos críticos,

buscando também perceber as repercussões na opinião pública e os impactos no negócio

empresarial.

Apresenta-se como questão principal deste estudo, o seguinte: como a estratégia de

comunicação da Organização Odebrecht transformou-se para fazer frente a problemas de

imagem gerados pela crise?

Como questões vinculadas, associadas profundamente a questão central:

Quais são as crenças e valores declarados da Odebrecht?

Quais as estratégias de imagem anteriores à crise?

O que foi a crise de imagem e quais as estratégias de enfrentamento utilizadas pela

Odebrecht durante a crise?

Quais as estratégias após a crise e atuais?

O foco principal deste trabalho serão as estratégias utilizadas pela Organização no

processo de reversão da imagem negativa. Estudando o universo da imagem institucional e

seus elementos, sua importância para a organização, seu processo de formação e de

enfrentamento dos problemas de imagem, busca-se contribuir para os referenciais existentes

através de uma análise de uma situação real.

Portanto, embora cada crise de imagem, como a sofrida pela Organização Odebrecht,

seja uma experiência única para a empresa, o relato do Caso Odebrecht poderá servir de

referência para outras organizações no ambiente de negócios do Brasil, ajudando-as no

enfrentamento de problemas de imagem da mesma ordem.

10

1.4 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente trabalho está apresentado no formato de um estudo de caso. O capítulo 1-

Introdução apresenta o objetivo do estudo, sua importância, e a organização do mesmo. No

capítulo 2 trata-se da Metodologia utilizada, apresentando o tipo de pesquisa, o universo e

amostra, a seleção dos sujeitos, e coleta de dados.

No capítulo 3 é apresentado o referencial teórico utilizado - a revisão da literatura

sobre o tema imagem institucional e uma breve abordagem do tema cultura organizacional,

sob a ótica da Teoria das Organizações.

No capítulo 4 o estudo aborda o cenário de pesquisa: a estrutura da Odebrecht antes,

durante e após as circunstâncias que afetaram sua imagem. Neste capítulo foram analisadas as

formas de comunicação praticadas com os seus públicos e as estratégias de relacionamento

definidas antes da crise de imagem. Neste capítulo é apresentada a Crise de Imagem

propriamente dita, trabalhando a cronologia dos acontecimentos, através de informações

coletadas na cobertura feita pela imprensa nacional e internacional, documentações registradas

pela própria organização durante o período, e entrevistas com profissionais da Odebrecht

diretamente envolvidos com os acontecimentos relatados. No decorrer da descrição dos

acontecimentos, optou-se por apresentar contamitentemente as ações adotadas pela Odebrecht

em cada momento da crise e as explicações para cada ação tomada. Por último, ainda neste

capítulo, o estudo aborda o funcionamento da empresa após a crise, analisando o impacto dos

acontecimentos na Organização Odebrecht, desde as ações de comunicação e relacionamento

adotadas, até ações gerenciais envolvendo seus negócios.

No capitulo 5 são apresentadas as pesquisas de 1994 (realizada pela Odebrecht) e a

pesquisa de 1998, que se constitui na contribuição específica deste estudo, objetivando retratar

a imagem institucional da Organização perante a opinião pública, e o resultado comparativo

entre elas.

No capítulo 6 é apresentado um documento da Organização Odebrecht: TEO - Teoria

Empresarial Odebrecht. O estudo depara-se com uma organização que apresenta uma teoria

empresarial própria, norteadora de políticas e ações da organização, inclusive as que regem o

gerenciamento e a projeção da imagem da instituição.

No capítulo 7, discute-se as conclusões do estudo e apresentam-se as sugestões

identificadas.

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2 METODOLOGIA

2.1 TIPO DE PESQUISA

À luz da investigação realizada, a pesquisa se classifica quanto aos fins como

descritiva, como aquela que expõe características de determinada população ou de

determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua

natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve. (Vergara, 1991)

Foi realizado um Estudo de Caso único na Organização Odebrecht, focalizando a área

de engenharia do grupo, analisando fatos ocorridos e ações tomadas durante os episódios.

Quanto aos meios de investigação utilizados, se classifica como:

Investigação Documental - Foram realizadas análises das políticas, comunicações e

demais documentos relacionados a comunicação e imagem da Organização;

Pesquisa Bibliográfica - Foi realizada pesquisa bibliográfica e estudo de material

relacionado ao tema em livros, revistas, artigos, etc.;

Investigação ex. post facto - Análise de um fato já ocorrido na organização.

Pesquisa de campo - Foi utilizada no presente estudo uma pesquisa de campo realizada

pela Odebrecht com a opinião pública durante a crise de imagem (1992). Foi realizada uma

pesquisa de campo (1998/98) com estrutura similar para comparação dos resultados.

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2.2 UNIVERSO E AMOSTRA

O universo da investigação documental e entrevistas está referido inicialmente na

Odebrecht S.A, holding do grupo, já que dela emanam todas as políticas, práticas e estratégias

de comunicação e imagem para as empresas do grupo. Também foram realizadas investigação

documental e entrevista na área de engenharia do grupo, analisando as características

particulares da comunicação institucional no negócio construção.

Foram realizadas ainda pesquisas em institutos de comunicação/mídia e arquivos da

empresa para montar o histórico jornalístico dos fatos.

Quanto a pesquisa de campo, o estudo faz uso de uma pesquisa de imagem perante a

opinião pública realizada pela Odebrecht durante a crise (1992). Para obter informações

recentes e comparativas á época, foi realizada uma pesquisa de campo com estrutura

semelhante a realizada anteriormente (1998).

Amostra

A pesquisa foi realizada em 6 capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador,

Porto Alegre e Recife, abrangendo profissionais liberais e líderes de opinião da comunidade

em geral.

Cidade P. Liberais Líderes Total

São Paulo 12 06 18

Rio de Janeiro 14 05 18

Brasília 08 04 12

Salvador 20 05 24

Recife 10 06 16

Porto Alegre 08 02 10

Total 72 28 100

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2.3 SELEÇÃO DOS SUJEITOS

Buscou-se em um perfil geral, pessoas com hábito de leitura diária de jornais,

audiências de telejornais, leitores assíduos de revistas informativas. Foram realizadas 100

entrevistas com:

Profissionais liberais (engenheiros, administradores, economistas, psicólogos e

jornalistas) de ambos os sexos e idades de 30 a 45 anos.

Líderes de opinião, (formadores de opinião - pessoas ocupando posições de

liderança nas seguintes áreas de atuação: indústria, comércio, serviços

públicos/privados, justiça, saúde, educação e sindicalistas) de ambos os sexos e

idade de 21 a 50 anos e mais.

2.4 COLETA DE DADOS

Os dados foram coletados através de investigação de documentos internos da

organização, como políticas, estratégias e programas de comunicação, relatórios anuais,

históricos, publicações e informativos internos, etc.

A pesquisa de campo envolveu entrevistas semi-estruturadas aos sujeitos selecionados.

A pesquisa bibliográfica foi realizada na análise de livros, artigos, teses e dissertações, além

de publicações da área.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 CONCEITO DE IMAGEM ORGANIZACIONAL

A imagem é em sua essência, a percepção que as pessoas tem de uma determinada

coisa (objeto, pessoa, instituição). Por se tratar de uma percepção, é claro que a imagem não

possui apenas atributos reais, mas também atributos imaginários que podem, de fato, não

existir na realidade. (ROCHA e CHRISTENSEN, 1959)

Trazendo essa definição para o ambiente da organização, alguns autores apresentam

definições para a imagem da organização:

Engel et al. (1975), apresenta um posicionamento que reforça ainda mais a importância

da imagem para a empresa. “A imagem é o mais importante referencial da estratégia de

comunicação da empresa porque é através da sua avaliação que a organização sabe como

ela está sendo avaliada. A imagem é portanto um importante mecanismo na análise

competitiva dos resultados.” (p.491)

Segundo Mckenna (1993), durante algum tempo as empresas consideravam a imagem

como algo que poderia ser fabricado, projetado e imposto, com a percepção mais voltada ao

lúdico do que a realidade. Nos últimos anos, no entanto, a percepção está mais fundamentada

na realidade, rejeitando o irreal.

Para Druckemmiller (1993) “A imagem de uma organização é o reflexo das relações

desta com todos os envolvidos com seu negócio - consumidores, clientes, funcionários,

parceiros, membros da comunidade, mídia, governo e concorrentes” ( p. 40 )

Essa posição é veementemente defendida por Kotler (1984) que afirma que uma

imagem não se adquire simplesmente por meio de um planejamento de comunicação e ações

de relações públicas, mas sobretudo com a prática da empresa.

De acordo com Kotler (1984)

A imagem é, sobretudo, uma função dos atos reais da organização. Alcançar

uma imagem desejada pode exigir mudanças drásticas nas políticas e

práticas da organização. Se a imagem deve possuir credibilidade, deverá

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estar enraizada no comportamento real da organização e não somente em

palavras da organização. (p.142).

Segundo Kotler (1994), “a imagem é a soma de crenças, idéias, valores, impressões,

experiências e percepções que uma pessoa tem de algo. Em uma análise geral, tudo o que

uma empresa faz, produz, transparece e comunica forma a sua imagem.” (p.143)

A imagem, conceito que se popularizou crescentemente nas ciências de comunicações

humanas a partir do início da segunda metade do século XX, é um conjunto de idéias que uma

pessoa tem ou assimila a respeito de um objeto, e que forma na sua consciência um

entendimento particular sobre tal objeto, seja ele um fato, uma pessoa ou uma intituição. (Vaz,

1995).

Segundo Gronross (1995) “A imagem de uma organização representa os seus valores

e dos seus clientes, existentes ou potenciais, que se identificam com esta imagem como a

realidade da organização.” (p. 210)

3.2 ELEMENTOS QUE FORMAM A IMAGEM ORGANIZACIONAL

A imagem da organização, segundo Courtis (1987), está diretamente ligada aquilo que

ela comunica aos seus diversos públicos: clientes, fornecedores, concorrentes, empregados,

governantes, mídias, a localidade em que atua e a sociedade de um modo geral.

A comunicação se apresenta, nesse contexto, como a forma da organização se tornar

transparente aos seus públicos divulgando informações, formal e informalmente, sobre a vida

e a prática da organização.

Para Cherry apud Rego (1986)

A comunicação é, preliminarmente, uma complexa relação humana, um

intercâmbio biopsicológico, determinado por fatores fisiológicos e

psicológicos, gerando a passagem de mensagens. Na organização toma

forma se constituindo em técnica e habilidade nas comunicações formais e

informais para os diversos públicos organizacionais. ( p. 85-86)

Rego (1986) defende que pela comunicação, os corpos diretivos da empresa passam a

ter uma identidade pública, um perfil técnico, um conceito profissional no mercado, situações

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que vem contribuir para a viabilização do conceito e identidade da organização. A

comunicação é, assim, segundo o referido autor, “ uma função/meio, que parte da

organização para o ambiente externo, utilizando técnicas, métodos e processos que unem o

microorganismo ao macroorganismo da organização”. (p. 104)

Dentro dos fatores que influenciam a formação da imagem de uma empresa a sua

estratégia de comunicação se apresenta como elemento fundamental.

Mason (1993) afirma que:

todas as atitudes da companhia relacionadas ao seu comportamento

com seus públicos afetam sua imagem (...) O que o público percebe

como sua imagem é o que ela realmente é, quer a organização queira

ou não, (...) fruto das suas ações e de como foram comunicadas. (p.

14-15)

Segundo Gronroos (1995), uma imagem favorável e bem conhecida, corporativa ou

local, surge sob o impacto da visão que o cliente tem da operação e, principalmente, da

comunicação da empresa.

Dentro do ambiente da comunicação pode-se identificar, segundo Mason (1993), 5

elementos definidores da imagem de uma organização:

Relações Públicas

Publicidade Corporativa

Relação com clientes

Símbolo organizacional, e

Reputação/Conduta ética .

Esses elementos também são identificados e definidos por outros autores.

Engel et al (1975) na obra “Promotional Strategy”, consideram que:

As Relações Públicas “ constituem um importante integrante na formação da imagem

e através de ações de comunicação interna e externa, deve ser gerenciado para representar a

imagem da organização frente aos seus vários públicos atender aos objetivos “. (p. 490)

A Publicidade Corporativa “tem o seu foco na organização e não no produto, com o

propósito de causar atitudes favoráveis para com a organização e mais awareness no

público. É importante a escolha da seleção da mídia e da maneira a ser veiculada.” (p.491)

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Relacionamento com Clientes. Para construir uma sólida reputação, a empresa deve

estabelecer forte relacionamento não apenas com seus clientes consumidores, mas também

atender as expectativas de seus empregados, investidores e a comunidade, através do

marketing de relacionamento, onde se trabalha um maior contato com o cliente através de

malas diretas, brindes, etc..

“O Símbolo Organizacional e o nome da organização são importantes na

identificação e na diferenciação dos competidores, representando uma referência mais

particular da organização, como um reflexo de suas ações e crenças.” (p.491)

Segundo Capowski (1993) “O design de um símbolo tem a habilidade de acentuar a

identidade da organização com seus consumidores, competidores e comunidade em que

opera, refletindo os valores e cultura da organização.”( p. 37)

Wartick (1992) afirma que “A Reputação é uma importante variável na determinação

da performance organizacional.”( p.33)

Manson (1993) considera que “uma reputação é construída por ações ao longo de

muito tempo (...) pautada em 4 princípios: oferecer ao cliente confiança, comunicar suas

verdadeiras ações, respeitar o público e prover ao cliente o que foi prometido.”( p.14)

Esses cinco elementos estão totalmente interligados, tendo uma maior atitude e um

reflexo direto um no outro.

Em resumo, de acordo com Mason (1993), para manter uma imagem positiva,[e

necessário que seja uma boa corporação cumpridora das sua obrigações para com o cliente

(confiança, respeito...); envolva-se com a comunidade porque é onde são feitos os

julgamentos sobre as corporações; tenha uma atitude ética em conjunto com uma gerência e

promoção ética para o público; sempre fale a verdade e se antecipe rapidamente na divulgação

da notícia, seja contra ou a favor da organização; sempre assuma suas responsabilidades

sociais. (p.15).

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3.3 PROBLEMAS DE IMAGEM

Segundo Mason (1993), a imagem não é encarada como uma variável independente,

mas sim como um elemento essencial representando as características, estratégias e cultura da

empresa. “As ações que a organização efetua no seu dia a dia é quem definem a sua imagem.

Não basta uma boa estrutura de comunicação mas ações que comprovem aos públicos a real

imagem da organização.” ( p.14)

O grande problema no processo de formação da imagem de uma organização é a

dissonância entre o que ela acredita que a sua imagem representa e o como realmente a sua

imagem é percebida pelo público.

Manson (1993) afirma que “manter uma imagem positiva é vital para o sucesso da

corporação. Mas a imagem de uma organização é baseada na percepção pública sobre ela. A

organização precisa reduzir o gap que ocorre entre a visão que ela tem de si mesma e a visão

do público sobre ela.” ( p.13)

Segundo Kotler (1994), uma imagem é tanto influenciada pelas características

objetivas do objeto como pelas características subjetivas daquele que o está percebendo. Ele

apresenta, assim, duas teorias:

- Teoria da imagem determinada pelo objeto - As pessoas formam sua imagem

baseadas no comportamento real da organização.

- Teoria da imagem determinada pela pessoa - As pessoas formam sua imagem

havendo sempre um grande variação da percepção da imagem, influenciada pelas

características pessoais de cada um, experiências, necessidades, antecedentes.

Kotler defende que uma imagem seria influenciada, na verdade, por um meio termo

dessas duas teorias, ou seja, sofreria influência tanto das características pessoais de cada um

como pelas características do objeto. Essa diferenciação entre características pessoais e do

objeto são importantes para ajudar na análise dos problemas de imagem. Ainda, de acordo

com Kotler (1994), os problemas de imagem surgem dessas duas percepções e cabe a

organização perceber onde está havendo a dissonância para que as ações de recuperação de

imagem atinjam seus objetivos.

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Quando o problema está na percepção influenciada pelas características pessoais, ou

seja, a Teoria da Imagem determinada pela pessoa, as variações de percepção de imagem

existirão sempre, mas podem ser atenuadas por programas de imagem que levam ao indivíduo

mais informações sobre atributos que não eram conhecidos ou valorizados, ou que sobre os

quais havia uma visão deturpada.

Kotler (1994) assegura que:

Se o público acredita em alguma coisa sobre a organização, e se lhe dizem

outra, poderá não acreditar na mensagem nova, abandonar a velha crença ou

manter a crença antiga ainda por algum tempo, na espera de provas

adicionais. A partir do momento em que a mesma mensagem nova aparecer

repetidamente, através de fontes de crédito, o público começará a aceitar a

nova mensagem. (p.151)

Quando o problema está na percepção influenciada pelas características do objeto, ou

seja, a Teoria da imagem determinada pelo objeto, as pessoas formarão suas imagens baseadas

no comportamento real da organização, que também podem ser atenuadas com mais

informações sobre a mesma. Entretanto, se a organização quiser modificar sua imagem terá

que mudar o seu comportamento.

Segundo Kotler (1994)

...Uma organização que procura modificar a sua imagem precisará de muita

paciência. A mudança não será alcançada da noite para o dia.

Primeiramente, a organização terá que estudar sua imagem e a imagem de

seus concorrentes. Terá de decidir para onde deseja mudar sua imagem.

Deverá pesquisar os atributos desse tipo de organização que possam ser

determinados para imagem. Deverá decidir que modificações fará quanto as

políticas. Depois de mudar seu verdadeiro comportamento, terá de

disseminar a informação a seus públicos, que poderão não experimentar, em

primeira mão, as mudanças organizacionais. Essa informação deverá ser

disseminada ao não informado, atingindo-o com certa regularidade. O fato

de que existe uma nova realidade organizacional e de que a organização

dissemina notícias novas e convincentes irá eventualmente proporcionar a

mudança desejada da imagem. ( p.152)

A imagem é, portanto, merecedora de muita atenção da organização. Quando se

apresentam problemas quanto à percepção da sua imagem, a organização está ameaçada já

que, ainda segundo Kotler, a organização propõe que exista uma relação íntima entre a

imagem da pessoa quanto à organização e seu comportamento para com ela.

20

3.3.1 Identificação dos problemas de imagem

A fim de medir a imagem, foram indicados por Kotler (1995) cinco métodos, divididos

em dois grupos. O primeiro grupo, constituído pelos métodos de resposta, não oferece

nenhum atributo para o respondente. Ao contrário, este deve descrever a imagem que possui

do objeto e os atributos serão inferidos pelo pesquisador. Os três métodos deste grupo são: as

entrevistas estruturadas, a classificação dos objetos estudados em grupos similares, e a

realização de uma escala multimensional baseada em similares e diferenças entre os objetos

pesquisados.

No segundo grupo constituídos por método de julgamento, os atributos da imagem são

especificados ao respondente. Os dois métodos deste grupo são: listas de itens, na qual o

indivíduo pode avaliar/posicionar as organizações em listas de itens já especificados e os

diferenciais semânticos, no qual é apresentado um grupo em escalas bipolares, contendo

atributos mais importantes do objeto estudado. O respondente deve posicionar as organizações

segundo as escalas definidas.

Para operacionalizar esse estudo de imagem adotou-se como trabalho a ser aqui

analisado o projeto apresentado por Kotler e Barich (1991) sobre gerenciamento de imagem,

no qual os referidos autores sustentam que as empresas fazem estudos ocasionais de imagem,

sendo isto pouco sistemático ou regular. Eles argumentam que uma organização deve

desenhar e operacionalizar um gerenciamento da sua imagem através de constantes retornos

dos seus públicos alvos: um sistema periódico de coleta, análise de informações que

descrevam como os diferentes públicos percebem os atributos chaves da performance da

organização.

Kotler & Barich (1991) apresentam como vantagens desse sistema de gerenciamento:

a empresa pode detectar cedo uma imagem desfavorável e atacar o problema antes

que o mesmo recaia sobre a organização;

a companhia pode identificar as áreas chaves na qual sua performance apresenta

vantagens sobre os competidores e fortalecê-las;

a companhia pode identificar áreas chaves dos competidores e pode capitaliza-las,

e;

21

a companhia pode aprender e acompanhar como as ações corretivas impactam na

sua imagem.

Kotler e Barich (1991) afirmam que:

“Usamos o termo imagem para representar o somatório de crenças, atitudes

e impressões que uma pessoa ou grupo tem de um objeto. Esse objeto pode

ser uma organização, um produto, uma marca, um lugar uma pessoa. As

impressões podem ser verdadeiras ou falsas, reais ou imaginárias. Certa ou

errada a imagem guia o comportamento. As organizações precisam

identificar os pontos fortes e fracos da sua imagem e tomar uma atitude para

melhorar sua imagem”. (p. 96)

O processo de gerenciamento proposto por Kotler e Barich (1991), passa por 4 fases:

DESIGN

COLETA DE DADOS

ANÁLISE DE GAP DE IMAGEM

AÇÕES DE MODIFICAÇÃO DE IMAGEM

Na primeira fase, Design, a organização determina e define os fatores, ofertas e

públicos que são importantes serem analisados. Nesta fase a organização deve buscar como

objetivos:

identificar seus maiores fatores e atributos percebidos pelo público;

explorar seus pontos críticos mais salientes;

explorar o seu público relevante;

explorar a linguagem desse público;

identificar os competidores chaves; e

desenvolver hipóteses para serem testadas na fase de coleta de dados.

Deve-se construir nesta fase uma imagem considerada como a que seria ideal pela

organização. Essa etapa deve ser realizada pelo departamento de pesquisa institucional da

organização.

Na segunda fase, Coleta de dados, a organização vai ter estruturado o mapa que

conduzirá todo o processo de captação de informações e possibilitará ver como está sendo

percebida sua imagem organizacional, e os fatores que estão influenciando-a, seja

positivamente ou negativamente. Para obtenção dessas informações podem ser utilizadas

consultas telefônicas com perguntas rápidas e diretas, entrevistas em profundidade com

questionários longos e complexos, ou dinâmicas de grupo com diferentes públicos. Segundo

22

Kotler e Barich (1991 “nesta fase, dinâmicas de grupo e entrevistas em profundidade são os

mecanismos mais utilizados”( p. 98).

Na terceira fase, Análise do Gap da Imagem, a organização sumariza e analisa os

dados coletados e os autores sugerem a apresentação gráfica dos resultados através de um

gráfico bipolar, onde estão apresentados os fatores e a percepção de cada público. Com esses

dados parte-se para a comparação entre a imagem desejada, desenhada na fase de design, e a

imagem realmente percebida.

As organizações precisam identificar os pontos fortes e fracos da sua imagem e tomar

uma atitude para melhorar sua imagem. Para isso, os referidos autores sugerem que, em um

primeiro momento a organização deve realizar um mapa de pontos para análise da imagem,

que consiste basicamente em uma relação entre a reputação da organização e a awareness

(lembrança) do público em relação a ela. Esse quadro vai possibilitar um posicionamento da

organização frente a esses dois importantes pontos, possibilitando uma estratégia de

marketing mais direcionada.

Reputação favorável

i = I

Baixa Alta awareness awareness

Reputação desfavorável

Fonte: Kotler e Barich.1991.

Na quarta fase de Ações e Direções de Modificação da Imagem a organização deve se

ater aos principais pontos fortes e fracos apresentados, fazendo se possível, uma análise

similar com os concorrentes. Os autores apresentam um quadro de mapeamento dos fatores

importantes da imagem.

Figura 1- Mapa de análise de reputação e awareness do público

23

Quando se percebe o/os “gaps” na imagem eles precisam ser priorizados, sendo

necessário responder a cinco questões segundo os autores citados: Como esse gap influencia

no comportamento do público consumidor? Qual a melhor estratégia para fechar esse “gap”?

Quais são os custos e benefícios para fechar esse “gap”? Quanto tempo é necessário para

fechar esse “gap”? É melhor mudar a importância do fator da imagem ou buscar dar mais

importância ao fator?

Essas perguntas buscam esclarecer à organização que serão utilizados tempo e recursos

para cada gap a ser fechado e a imagem tende a mudar lentamente. Respondendo às cinco

questões, última etapa do ciclo proposto pelo projeto de Kotler e Barich (1991), a organização

poderá preparar uma estratégia de modificação de imagem com mais efeito.

Sidney Levy introduziu em 1955 o conceito de imagem e este conceito foi ampliando

em várias tipologias conhecidas: Corporate Image, na qual se percebe a whole da corporação;

a Product Image, na qual se percebe um produto em particular; Brand Image, na qual se

percebe uma marca em particular frente a outras marcas competidoras.

3.4 CRISE - COMO AS EMPRESAS SUPERAM A CRISE

Selbst (1978) apud Booth (1993) define crise como “uma ação ou ato que interfere

significadamente com o funcionamento das organizações, no alcance de seus objetivos, na

sua viabilidade ou sobrevivência, ou que teve um efeito percebido pela maioria de seus

funcionários, clientes ou acionistas.”(p. 85)

Esta definição, segundo Booth (1983) se concentra numa ação de fracasso, pois

contém uma visão essencialmente negativa de crise. É, portanto, uma limitação na definição

de crise, uma vez que esta pode ser vista, também, em termos positivos.

Pauchant & Mitroff (1992) apud Habermas (1973) definem crise como “uma ruptura

ou disfunção que afeta psicologicamente a organização como um todo e ameça sua

existência” (pp.85-86).

De acordo com Booth (1993), esta definição se aplica à maioria dos tipos de crise

reconhecidas pelos tomadores de decisão, mas ela depende de como o sistema é definido. Em

24

termos de organização essa definição ignora completamente o individual e o grupo e, sua

percepção de crise. O que poderia ser identificado como uma crise pela direção de uma

empresa, pode não ser considerado uma crise na definição de Bauchant e Mitroff. Ao invés de

olhar a crise do ponto de vista do sistema, deve-se buscar uma definição mais modesta: “uma

situação vivida por um indivíduo, grupo, organização, em que eles estejam inaptos a lidar

com os procedimentos normais de rotina e, em que o “stresse” é criado por mudança

súbita”(p. 86)

Segundo Marconi (1993), crise é um termo relativo. “Para alguns, um concorrente

agressivo que se muda para as proximidades constitui uma crise. Para outros, pode ser um

escândalo, uma indicação ou, pelo menos, a consequência de algum malefício que se torna

público, antes que a situação de crise seja percebida como tal.”(p.22)

Há que se observar o poder da mídia na determinação do impacto de uma crise. Aos

olhos do público, os problemas, frequentemente parecem muito maiores do que são, e no ramo

dos negócios, uma instituição em crise, cuja liderança não esteja à disposição para comentar,

dar entrevista e aparecer na televisão, somente acarreta problemas por “mostrar-se culpada”,

como se tivesse alguma coisa da qual poderia envergonhar-se. Neste contexto, reagir,

responder a uma crise é uma atitude que se pode tomar eficientemente e, em última análise, de

acordo com Marconi, deixar a pessoa ou a empresa mais forte, quando a crise já se tenha

encerrado, embora a crise possa, também, acabar com instituições e carreiras.

Na verdade, há aqueles que acreditam, de fato, que uma crise apresenta a oportunidade

real para distinguir-se e elevar-se a pontos de grandeza. Siverman (1990) afirma que “uma

crise é uma condição que promove o crescimento (...) não somente é possível, mas também

deve ser uma maneira de utilizar um período difícil, para saltar em um nível mais elevado de

realização”. (p. 11)

Marconi (1993) identifica uma fórmula de se responder a uma situação em crise:

reconhecer publicamente o problema;

investigar o alcance e o escopo do problema;

designar um único porta-voz para representar a posição da instituição;

apresentar e manter o posicionamento da empresa num contexto mais amplo do que

o problema.

25

Historicamente, as relações públicas têm sido, a ferramenta mais eficaz na

administração de uma crise. Isto se deve, em parte, ao efeito que uma história tem quando é

convincentemente contada por um repórter, redator ou comentarista. Ela tem uma

credibilidade imediata, que não é comumente garantida quando a fonte é o menos objetivo

sujeito da história.

Um dos fatores fundamentais para se ter uma propaganda bem-sucedida é a

credibilidade, que com seu poder de influenciar leva sua mensagem eficazmente para as

massas. O melhor exemplo disto está na situação de crise, quando se faz necessária a

formulação de uma reação. Uma campanha publicitária que cuide da crise pode ser poderosa,

direcionada, eficiente, imediata e receptiva. Ela também pode ser, quando mal trabalhada,

rejeitada como exploradora ou manipuladora e compor o prejuízo.

O marketing da crise - administração da crise -, semelhante à contínua administração

do negócio em si, não deve fundamentar-se em um plano sistemático para enganar o público,

mas deve basear-se na honestidade, na integridade e em criar um bom cidadão corporativo.

26

4 CENÁRIO DE PESQUISA ORGANIZAÇÃO ODEBRECHT

Neste capítulo será apresentado o estudo realizado na Odebrecht, tendo como ponto de

partida o fato gerador da sua crise de imagem.

Por ser a origem da Organização Odebrecht, a Construtora Norberto Odebrecht - CNO

sempre esteve diretamente associada a imagem do grupo. Não foi diferente quando chegou a

público o escândalo envolvendo a “empreiteira” com um então ministro de estado do governo

brasileiro em março de 1992.

Esse estudo buscou acompanhar o processo de crise que perpassa a Odebrecht através

da análise de fatos e informações, visando reconstituir os fatos e as ações tomadas pela

Odebrecht no enfrentamento e na superação da crise de imagem.

É interessante observar como se apresenta um cenário bastante claro do país naquele

momento, no qual a transparência empresarial e política é cada vez mais exigida pela

sociedade e a percepção de imagem pública começa a ser colocada em questão.

4.1 HISTÓRICO DA ORGANIZAÇÃO

A Organização Odebrecht tem suas origens no ramo da construção civil nas décadas de

20 e 30 no Nordeste do Brasil.

Os Odebrecht chegaram ao Brasil em 1850 no auge da imigração germânica para Santa

Catarina. Em 1918 devido às liberações da exportação do açúcar, Emílio Odebrecht resolveu

mudar-se com sua família para Recife na busca de novas oportunidades. Com a proibição da

exportação do açúcar e a redução do ritmo das construções em Pernambuco ele se transfere

para Salvador (BA) em 1926, mudando o nome da sua empresa para “Emílio Odebrecht e

Cia”, a partir de 1936.

Na Bahia a empresa conseguiu prosperar até o advindo da guerra que tornou escassos

os materiais de construção e elevou os preços desses materiais. Como conseqüência a Emílio

Odebrecht e Cia. entregou aos banqueiros e credores o seu patrimônio e o de seu principal

27

sócio-proprietário. Neste momento Norberto Odebrecht, substituiu o pai na direção da firma

buscando sanear as dívidas e conquistar novos clientes e, em 1o de agosto de 1945, foi

fundada a Construtora Norberto Odebrecht Ltda.

A empresa cresce e encerra a década de 50 com necessidade de expandir-se para além

dos limites da Bahia, para o Sul do país. Na década seguinte expande-se também para a região

Centro-Sul do Brasil. Na década de 70 a Organização dá inicio à diversificação dos negócios e

a atuação internacional da engenharia, se intensificando na década de 80 com

empreendimentos solidificados na América do Norte, América do Sul, Europa e África.

Ainda na década de 70 no processo de diversificação passam a fazer parte dois novos

negócios: A perfuração através da OPL - Odebrecht Perfurações Ltda., a primeira empresa

privada brasileira a perfurar plataforma submarina com atuação internacional, e o setor

Petroquímico sendo criada a Odebrecht Química S.A .

Em 1981 foi criada a Odebrecht S.A, holding do grupo, com o objetivo de preservação

das concepções filosóficas e a definição do direcionamento negocial.

O crescimento do negócio engenharia se intensifica na segunda metade da década de

80. A incorporação da Tenenge- Técnica Nacional de Engenharia S.A, marca a expansão da

área de engenharia para o ramo de montagem industrial e a Odebrecht adquire a CMW

Equipamentos S.A ., passando a operar em automação industrial.

Nesta década a atuação internacional ganha novos contornos. A Odebrecht começa a

atuar em Portugal, por meio da aquisição da Bento Pedroso Construções S.A ., e na Inglaterra,

por meio da SLP Engineering Ltda.

Os anos 90 assistem uma maior presença da Odebrecht na América Latina e nos

Estados Unidos. A prestação de serviços para a indústria de petróleo e gás leva a Organização

à Singapura. A Odebrecht abre ainda um escritório em Pequim e é criada a Odebrecht Bau

AG, na Alemanha.

Hoje as empresas da organização Odebrecht estão presentes em mais de 20 países de 4

continentes. Atuam na prestação de serviços de Engenharia e de Automação e

Telecomunicações, e na Indústria nos setores de química e petroquímico, e cultivo florestal

para celulose, através da Vera Cruz Florestal, situada em Eunápolis.

Cerca de 34.000 pessoas integram o efetivo da Odebrecht, deste total 22.700 no Brasil

e 11.300 em outros países.

28

4.2 A EMPRESA ANTES DA CRISE

Essa parte do trabalho visa conhecer a estrutura e a comunicação da Odebrecht antes

de todos os acontecimentos que abalaram a sua imagem. As informações foram conseguidas

através do estudo das políticas e normas da Organização e das entrevistas realizadas.

A Odebrecht sempre foi conhecida nos meios de comunicação pelo seu estilo “ostra”

de ser. A empresa só se pronunciava quando era inevitável e a figura de Norberto Odebrecht,

fundador e conselheiro da Organização Odebrecht, e de seu filho, Emílio Odebrecht, Diretor

Presidente, chegavam a ser lendárias, tal a dificuldade de exposição a entrevistas ou atos

públicos.

Essa postura “low profile” terminou por caracterizar a Organização Odebrecht como

uma organização extremamente fechada aos assédios dos órgãos de imprensa e a exposições

nos meios empresariais.

A explicação para essa conduta passa claramente pelo enfoque cultural. No livro

“Sobreviver, Crescer e Perpetuar”, considerado pela organização a sua bíblia filosófica e

empresarial, Norberto Odebrecht divide em três os rumos que a organização persegue: o rumo

da sobrevivência, o rumo do crescimento e o rumo da perpetuidade. A imagem é tratada no

rumo da Sobrevivência, juntamente com a questão da liquidez. Ou seja, a questão da imagem

só é tratada no plano que estruturalmente acontece no nível do contrato, da obra, nas suas

relações com o cliente.

O conceito de imagem é o de formação exclusivamente devido ao cliente:

Quanto à imagem, o nosso foco de partida é a consciência de que a

responsabilidade social da organização começa no centro de resultado de

cada negócio e o responsável de cada centro de resultado deve contribuir

para a construção da imagem por intermédio da seriedade e da competência

que são indissociáveis de homens cujo propósito de vida é servir. A busca

de resultados nesse campo desdobra-se na busca da identificação e criação

do cliente, na resolução de seus problemas e sua satisfação ao término da

prestação dos serviços ou vendas dos bens com ele contratados” (Márcio

Polidoro – Responsável por Comunicação Empresarial da Odebrecht)

A imagem se restringia, portanto, à relação com o cliente e não havia nenhuma razão

filosófica da organização para se expor, porque essa exposição não impactaria no seu negócio,

nem pelo ponto de vista positivo, nem pelo ponto de vista negativo.

29

É, portanto, uma questão de filosofia da organização, havendo uma clareza em relação

a isso. A comunicação é um dos alicerces da TEO - Tecnologia Empresarial Odebrecht. Nela a

comunicação é percebida como um fator de extrema importância organizacional para deixar

claro a relação entre líder e liderado, e principalmente, legitimar a relação no contrato entre a

empresa e o cliente, não havendo nessas relações a necessidade de exposição da organização.

“Só existem os homens, os negócios e a comunicação entre eles.” (Norberto

Odebrecht)

O crescimento da organização em direção ao exterior, países com culturas diferentes,

línguas diferentes e, principalmente, a participação em sociedades diferentes, com liberdade

de imprensa e outras formas de acesso à informação, terminaram por fazer surgir os primeiros

questionamentos sobre o modelo de gestão de comunicação praticados pela organização.

A questão relativa à presença, no exterior, de uma organização brasileira, proveniente

de um país do terceiro mundo e a baixa credibilidade dos países do terceiro mundo na prática

de negócios no exterior, mostrou a necessidade de se ter mais do que uma comunicação bem

trabalhada, mas uma imagem organizacional forte para confrontar e superar a falta do respeito

e da credibilidade.

Além disso, a comunidade internacional pressionava por informações e referenciais no

Brasil. A organização percebe, então, que o que existia na empresa até o momento era um

processo simples de comunicação e, que isso não era suficiente para a nova realidade

internacional que estava sendo desenhada.

Os países do primeiro mundo começam a pressionar a empresa por informações e

referências do Brasil. As lideranças políticas, parceiros, clientes e sociedades dos países de

atuação da empresa, questionavam a Odebrecht e a sua atuação no Brasil, a opinião da

sociedade brasileira e dos meios de comunicação. Seu estilo “low profile” dificultava a

disponibilidade dessas informações, aliado também a uma realidade de relacionamento com o

cliente no mercado internacional diferente do que era vigente no Brasil na época, com

resquícios dos relacionamentos da cultura militar, onde o cliente era o governo e o governo

era dos militares que não gostavam de muita exposição e publicidade.

Em meio a tantas dúvidas e indagações, a Organização começa a discutir e trabalhar

essas questões de forma aprofundada, percebendo, então, que a estrutura existente na

empresa, até o momento, era um processo simplista de comunicação através de instrumentos

30

como livros, revistas institucionais e vídeos, direcionado ao público interno e clientes, que já

não surtiam mais efeito e que não era suficiente para a nova realidade internacional que estava

sendo desenhada, apontando algumas questões da formação da imagem decorrente, por

exemplo, da prática de uma imprensa livre.

Percebeu-se a necessidade de se trabalhar uma comunicação com todos os públicos e,

principalmente, a necessidade de se trabalhar uma imagem institucional.

Todo esse processo se desenvolveu com mais intensidade no final da década de 80 e,

principalmente, no início da década de 90, com as possibilidades de entrada da Organização

em mercados de países da Europa e nos EUA, onde o ambiente empresarial se apresentava de

maneira muito mais concorrida e informada, e com um público muito mais exigente e

esclarecido.

Fruto dessas discussões e avaliações profundas, depois de um processo de alinhamento

de diretrizes e políticas internas, em 1988, a Odebrecht apresentava uma estrutura de

comunicação empresarial vinculada ao Responsável por Planejamento e Desenvolvimento,

que tinha sob sua responsabilidade um programa que se chamava SADN - Serviço de Apoio

ao Desenvolvimento de Negócios. A condução desse programa era centralizada na holding,

com sua equipe dando apoio a todas as empresas do Grupo. Embora percebesse a importância

de se trabalhar a comunicação e a imagem, a empresa direciona esses elementos para a

condução e sucesso em oportunidades e desenvolvimentos de negócios, orientando seus

empresários (gerentes).

Cada empresário é responsável pela projeção e contínuo fortalecimento da

imagem da Organização na condução do seu negócio, com uma ação

coordenada, uniforme e coerente com os orgãos de comunicação e agências

de publicidade para assegurar que a comunicação jornalística e publicitária

aproveite adequadamente as oportunidades, veículos e públicos-alvo com

mensagens adequadas. (Política de Comunicação da Odebrecht, 1988)

Quanto ao relacionamento, contato com imprensa e trabalhos com publicidade, quem

se apresentava pela empresa era o Diretor de Relações Exteriores, com seus assessores de

imprensa e publicidade, além, é claro, do Diretor Presidente, Diretor Vice-Presidente e o

Diretor de Relações com o Mercado Aberto (busca de novos mercados no Brasil e exterior),

que tinham autonomia de se posicionar e dar entrevistas, mas sempre assessorados pelo

Diretor de Desenvolvimento de Negócios. Esse serviço, também, era centralizado na holding e

apoiava todas as empresas do grupo.

31

Existiam, portanto, dois programas que trabalhavam a comunicação da empresa de

duas maneiras distintas: a primeira voltada para o negócio, visando apoiar a empresa a

conquistar novos mercados e apoiar os clientes, e a segunda visando a comunicação com a

imprensa.

Todas as entrevistas, textos, material de comunicação externa de qualquer

empresa da organização deveriam passar pelo alinhamento/aprovação do

Diretor de Relações Institucionais, e quando sobre assuntos institucionais ou

político-estratégicos, apenas ele pode ser o interlocutor.” (Márcio Polidoro –

Responsável por Comunicação Empresarial da Odebrecht)

Em 1989 a estrutura de comunicação empresarial da Odebrecht passar a atender pelo

nome de SACS - Serviços de Apoio para Comunicação Social, vinculada ainda ao

Responsável por Planejamento e Desenvolvimento da Odebrecht S.A, holding do grupo. O

objetivo do SACS era a integração e consolidação das informações e do fortalecimento da

imagem institucional, apoiando toda a organização.

“Princípios que orientam o SACS:

Apoio e Serviços para enfoque empresarial, ou seja, voltados para

oportunidades/resultados dos Programas de Ação, contribuindo para a satisfação dos clientes;

Enfoque objetivo e austero, simplicidade e sobriedade.”

A organização começa então a abrir mais a participação da comunicação na vida

organizacional, mesmo ainda voltada para o negócio.

“Cada empresário/parceiro é responsável pela comunicação social externamente

(clientes, fornecedores, prestadores de serviço, instituições públicas, orgãos de comunicação e

comunidade que interagem na condução do negócio) e internamente (com os que coordena, os

que o coordenam e com quem interage na organização).”

Para dar esse suporte a essa nova forma de gerenciar a comunicação na organização

são definidas áreas de apoio:

Programas editoriais institucionais

Código de identidade visual

Núcleo de memória Odebrecht

Brindes institucionais

Feiras e Conclaves

Recepção de visitantes em Salvador

32

Em 1991 a organização busca então identificar internamente uma liderança e cria-se

assim a área de Comunicação Social da S.A, divida em Comunicação Social, Comunicação

empresarial e Relações externas/institucionais. A Odebrecht começa então a estruturar suas

políticas e diretrizes de comunicação, mas de maneira muito tímida e subordinando-as a área

de Planejamento e Desenvolvimento, limitando suas atuações a ações que estivessem

diretamente ligadas ao desenvolvimento de negócios.

A empresa percebe então a necessidade de se obter uma unidade conceitual da

comunicação e a coloca como instrumento essencial para a formação e projeção da Imagem

Institucional.

Internamente a organização cria um cargo de Responsável por Comunicação Social e

consegue definir uma política de comunicação social. Esta política é percebida como

importante para se obter unidade conceitual e procedimentos coerentes e sinérgicos na

Organização sob o enfoque da Comunicação Social; importante como instrumento essencial

para a formação e projeção da Imagem institucional; necessária para a definição de uma

Estratégia de Comunicação da Organização.

“Cada membro da organização, em especial os empresários/parceiros e diretores

líderes, é responsável pela:

formação e consolidação da Imagem Institucional da organização, não apenas junto

ao cliente e a sua estrutura, mas também junto a toda a sociedade -comunidades,

agentes financeiros nacionais e internacionais, autoridades governamentais

brasileiras e estrangeiras, enfim, a opinião pública, e ainda junto aos colaboradores

no contexto interno;

divulgação de informações que, no âmbito externo fortaleçam essa imagem, quer

por seu impacto sócio-econômico, quer pela contribuição para o desenvolvimento

dos setores e países onde atuam, e no âmbito interno que apoiem e motivem o

conhecimento das ações empresariais da organização, desenvolvendo uma atitude

que permita antecipadamente conhecer e agir sobre fatos e tendências, seja em

situações favoráveis à organização, seja em momentos de ameaças à sua imagem;

Comunicação Social visando a formulação da Estratégia de Comunicação Social no

Brasil e em outros países, abrangendo não só a Imagem da Organização, como a dos

33

setores de atuação das empresas do grupo, buscando um alinhamento para garantir

nitidez de Imagem nacional e internacionalmente”.

Na estrutura dessa nova área criada na organização se apresentam várias áreas de

atuação:

Relacionamento com a imprensa - Priorizando “o desenvolvimento de um

relacionamento permanente, profissional, sistemático e dinâmico com a imprensa escrita,

falada e televisiva” a organização desenvolve uma área que se responsabilizará por manter a

organização informada de todos os fatos que ocorram, passíveis de afetar a organização direta

ou indiretamente, positiva ou negativamente, bem como de dar apoio a qualquer situação em

que seja necessário o contato com a imprensa.

Relacionamento com os órgãos de publicidade - Visando “assegurar uma maior

coerência de conceitos, unidade e sinergia das mensagens junto aos públicos alvos” essa área

da organização é responsável por manter contato com todas as agências publicitárias,

buscando trabalhar com cada empresa do grupo em suas individualidades, mas mantendo uma

unidade de imagem do grupo.

Programas Editoriais Institucionais - A Odebrecht apresenta várias publicações

institucionais e essa área busca manter uma maior uniformidade de conceitos, bem como

trabalhar as diferentes mensagens para os diferentes públicos de forma a manter a identidade

da organização.

Odebrecht Informa: A revista interna do grupo visa informar aos colaboradores da

notícias das empresas. Publicada trimestralmente é “voltada para o público

interno, orientada pelos propósitos negociais e concepções filosóficas da

organização”, sendo também utilizada para manter os

parceiros/clientes/fornecedores informados sobre a empresa.

Relatórios Anuais: Publicação anual visando informar a situação econômica-

financeira do grupo, bem como as ações gerenciais das empresas durante o ano

retratado.

Perfil Institucional: Publicação contendo um pequeno histórico da organização e o

perfil das empresas que formam o grupo Odebrecht, bem como princípios que

regem a TEO - Tecnologia Empresarial Odebrecht.

34

Vídeo Institucional: Vídeo de utilização interna contendo a história da

organização, filosofia empresarial, perfil das empresas do grupo, fatos e eventos

relevantes, etc. “Serve como instrumento de apoio a negócios e de

informação/desenvolvimento dos colaboradores”.

Edições Culturais: Edições anuais patrocinadas pela organização sobre diferentes

temas e autores, visando o “resgate de valores culturais e do estímulo à

criatividade e a preservação e divulgação do patrimônio histórico do país.”

Código de Identidade Visual - Essa área busca a uniformidade de utilização dos

padrões de apresentação do grupo, mantendo uma sinergia entre todas as empresas do grupo.

Núcleo de Memória Odebrecht - No último andar do edifício sede da Odebrecht em

Salvador se encontra um núcleo de memória da organização, onde estão reunidos os

documentos históricos e acervo empresarial da organização.

Brindes Institucionais - Essa área é responsável pela escolha, logística de distribuição e

coerência de mensagem dos brindes de fim de ano da organização para os seus colaboradores

e clientes.

Feiras e Conclaves - Essa área é responsável pela análise de viabilidade/necessidade da

participação da organização em eventos e feiras, bem como proporciona o apoio necessário

para a participação.

Recepções à visitantes - Área responsável pelo apoio à recepção de personalidades,

executivos e clientes estrangeiros convidados da organização.

Essa era a estrutura de comunicação que a Organização apresentava quando, no meio

de todo esse processo de mudanças na forma de comunicação da Odebrecht, eclodiu a

primeira grande crise de imagem, em março de 1992.

35

Comunicação Social S.A.

Comunicação Comunicação Social Relações externas

Empresarial institucionais

Relacionamento com Programas Editoriais Relacionamento com

a Imprensa Intitucionais Órgãos de

Publicidade

Odebrecht Informa Recepção a Visitantes

Relatórios Anuais Vídeo Institucional Feiras e Conclaves

Perfil Institucional Edições Culturais Núcleo de Memória

Brindes Institucionais Código de Identidade Visual

Figura 2 - Estrutura de Comunicação da Odebrecht na Holding para toda a Organização - 1991/1994

36

4.3 A CRISE

A Organização Odebrecht sempre foi conhecida pelos meios de comunicação por ter

um estilo “low-profile” em sua conduta com os órgãos de imprensa. As aparições públicas ou

entrevistas nunca foram facilmente conseguidas por parte dos seus dirigentes e a explicação

para essa postura encontra-se, como descrito no capítulo anterior, nos conceitos filosóficos

que norteam a organização.

Mas, a Odebrecht se viu forçada a repensar essa sua postura quando em março de 1992

percebeu-se envolvida em uma série de escândalos de proporções nacionais e internacionais,

ficando diretamente exposta a opinião pública.

O estilo “low-profile” adotado pela empresa foi colocado em xeque quando em 11 de

março de 1992, a revista Veja, uma edição periódica nacional, publicou uma matéria

intitulada “ O Dinheiro do Esgoto”, apresentando na íntegra a gravação de uma conversa na

qual o ex-ministro do trabalho, Antônio Rogério Magri (que no período da gravação ainda era

ministro), com um diretor de Arrecadação e Fiscalização do INSS. Na gravação, o ex-ministro

admite ter recebido durante a sua gestão, um suborno de U$30.000, dólares de uma empresa

interessada em acertar suas contas com o FGTS(Veja). (Anexo)

Embora não fosse citado o nome da Odebrecht, trechos da gravação publicada

indicavam que o interesse da empresa era liberar o FGTS para obras de saneamento no Acre

(Isto é). (Anexo)

Na edição de 12 de março de 1992 o jornal paulista A Folha de São Paulo em matéria

de 1a. página, levanta pela primeira vez, o envolvimento da Odebrecht como sendo a empresa

descrita pelo ex-ministro na gravação. A obra seria a construção do Canal da Maternidade,

executada pela Construtora Norberto Odebrecht, no Acre. O jornal levantava, ainda,

denúncias relativas a irregularidades nos processos da construtora com o CRPS - Conselho de

Recursos da Previdência Social. A empresa vira então matéria de capa dos principais jornais

de circulação nacional que divulgavam o seu envolvimento com o caso. (Anexo)

Diante da gigantesca proporção que velozmente o caso tomou, a Odebrecht toma a sua

primeira atitude pública ainda no dia 12 de março, se pronunciando através de entrevistas do

Diretor de Desenvolvimento de Negócios da S.A. Como o Diretor de Comunicação Social

37

estava fora do país no momento, a escolha da pessoa que seria a palavra oficial da organização

foi cuidadosamente definida. A Odebrecht considerou que a figura de um diretor daria mais

respaldo ao que se estava sendo anunciado, possibilitando explicitar um pronunciamento

oficial, e escolheu-se alguém que já havia lidado antes com a imprensa.

Há que se observar que, neste primeiro momento de pronunciamento público, a

estratégia definida pela Odebrecht foi a de repudiar qualquer envolvimento no caso, rejeitando

a acusação, e refutando-a com argumentos pautados em informações técnicas e contratuais,

referentes ao contrato da obra.

A decisão foi a de dar satisfação a sociedade primeiramente reativa. Houve

uma denúncia e não podíamos ficar calados. Por isso agimos de forma

rápida e pautados nas informações do contrato. A partir desse momento, nos

colocamos a disposição da imprensa para quaisquer esclarecimentos. A

orientação era a de que toda informação tinha que ficar rigorosamente

esclarecida. Não podíamos permitir que esses fatos começassem a ser

ventilados sem que houvesse de pronto uma resposta.”(Márcio Polidoro –

responsável por Comunicação empresarial da Odebrecht)

Examinando atentamente o episódio percebe-se que houve uma certa confusão. No

primeiro momento a Odebrecht se pronuncia através de um Diretor da holding do grupo. Já no

dia seguinte, a CNO-Construtora Norberto Odebrecht é que faz a divulgação e assinatura das

notas de repúdio às denúncias distribuídas aos principais jornais de circulação nacional.

(Anexo).

Percebe-se nesses acontecimentos que a Organização ficou um pouco perdida em

como se pronunciar, e, embora mantivesse um discurso coerente nesses dois momentos, no

primeiro termina havendo um comprometimento da Odebrecht enquanto grupo, o que poderia

afetar todas as outras empresas. No segundo momento se direciona à CNO, entendendo que

essa empresa era quem deveria responder pelo ocorrido.

Foi um diretor da S.A. falando pela Organização para dar um maior

respaldo. Mas quem assina a nota é a CNO, porque o fato estava relacionado

a essa empresa. Não havia sentido a organização se expor, e as suas outras

áreas, por um fato que aconteceu a uma empresa do grupo. A idéia era

isolar, manter restrito, para que pudesse ter um maior acompanhamento das

sua repercussões e consequências. (Márcio Polidoro – responsável por

Comunicação Empresarial da Odebrecht)

A imprensa escrita e televisiva continou a cobrir o caso incessantemente e as revistas e

jornais de circulação nacional já traziam nas matérias de capa o nome da Odebrecht ligada ao

escândalo. (Anexo) Veja e Isto É, Senhor 18/03/92

38

Decorrente das denúncias, o TCU - Tribunal de Contas da União abriu uma auditoria

operacional para investigar as denúncias de irregularidades na concorrência da obra do Canal

da Maternidade e as denúncias de suborno ao ex-ministro.

A Odebrecht viu sua imagem seriamente comprometida por esses escândalos perante a

opinião pública no Brasil e no exterior. A exposição contínua na imprensa escrita e televisiva

levou a empresa a se preocupar também com o impacto desses acontecimentos dentro da

própria organização. Foi então divulgada uma carta escrita pelo Presidente da Organização

Odebrecht, Emílio Odebrecht, destinada aos colaboradores e parceiros da Odebrecht, sobre os

fatos que vinham sendo divulgados nos últimos dias e o posicionamento tomado pela

Organização. (Anexo)

Nesse momento, diante da exaustiva exposição na mídia, a Odebrecht divulga na

imprensa uma carta também assinada por Emílio Odebrecht, na qual se reclama da

parcialidade da imprensa no caso. É o primeiro pronunciamento da organização em que seu

Presidente toma a frente, demonstrando claramente o peso de todo o escândalo na postura de

comunicação da Odebrecht. (Jornal da Tarde 12/05/92)

Buscando esclarecer cada notícia que era ventilada, a Odebrecht define como

estratégia responder toda e qualquer denúncia.

Resolvemos colocar o que estava acontecendo de fato. Era uma forma até de

contribuir para a imprensa, por que ela também foi pega nesse furacão e

estava tão desnorteado quanto as vítimas, os acusadores e os réus. Começou

uma luta pela notícia, pelo furo, pelo escândalo do dia e isso acabou gerando

uma confusão de informações distorcidas. (Márcio Polidoro – Responsável

por Comunicação Empresarial da Odebrecht)

No dia 17 de maio de 1992 um episódio coloca a Odebrecht novamente nas manchetes

da imprensa. O então governador do Acre (estado centro das acusações), é encontrado morto

em um hotel na capital paulista, onde também estavam hospedados funcionários da

Odebrecht.

Todo o trabalho de tentativa de recuperação e resgate de imagem que estava sendo

realizado nos últimos meses, cai por terra diante das insinuações de participação da Odebrecht

neste episódio. Já, no mesmo dia, os telejornais anunciavam o fato e mais uma vez a

Odebrecht se viu nas manchetes de jornais e telejornais do país e do exterior, agora com o

agravante da suspeita levantada pela própria imprensa da possibilidade de crime político.

39

Decorrente de toda a repercussão deste episódio, a Odebrecht divulga uma nota oficial

nos principais jornais do país com o título “Basta de Indignidade”.

Nela se percebe um posicionamento novo da Organização. Antes a postura adotada era

reativa, mas a partir desse momento o posicionamento da Odebrecht se torna mais duro. Antes

falavam diretores e assessores em entrevistas e notas liberadas pela empresa. Agora o

presidente, Emílio Odebrecht, toma a frente em uma ação mais ofensiva.

O Emílio entendeu que naquele momento a responsabilidade pelo impacto

na imagem da organização ficou tão forte que ele passaria a se colocar na

frente de todo esse movimento, e deste momento para frente ele assume a

liderança do processo. (Márcio Polidoro- Responsável por Comunicação

Empresarial da Odebrecht)

A própria criação da nota é considerada como um momento importante do processo

para a Organização, que envolveu a todos os Diretores e líderes empresariais.

No dia seguinte (18/05/92) à primeira notícia na mídia sobre o episódio,

toda a diretoria da Odebrecht S.A ficou reunida desde as 13:00h. até às

19:00h. quando decidiu-se por fazer uma nota a ser divulgada no dia

seguinte em todos os jornais e tvs nacionais. Fizemos uma minuta que foi

desenvolvida com a diretoria. Isso durou a noite toda, trabalhando palavra

por palavra, frase por frase. Tudo foi rigorosamente discutido. Ás 05:00h da

manhã a nota ficou pronta e demos o formato oficial. Às 07:00h. ela foi

distribuida para contribuição dos diretores e líderes empresarias das

empresas do grupo e às 11:00h chegamos ao texto final. À tarde foi

realizada a gravação e à noite foi vinculada em horário nobre em todas as

emissoras e distribuída para todos os jornais do país.” (Márcio Polidoro -

Responsável por Comunicação Empresarial da Odebrecht)

A participação de Diretores e Líderes das empresas do grupo na construção de uma

nota oficial demonstra o quanto cuidado se dispensava ao pronunciamento que seria

vinculado. Para uma Organização que tinha um estilo de comunicação ‘low profile”, esse era

um momento em que a participação e o comprometimento de todos era vital para validar todas

as ações tomadas.

Esse alinhamento ocorreu durante todo o processo. Nada, nenhuma daquelas

notas, manifestação formal escrita, saiu sem que não tivesse sido lido

primeiro por Emílio e depois pelos principais líderes empresarias da

Organização. Nenhuma saiu sem que todos lessem, contribuíssem e

aprovassem. O objetivo disso era trazer todas para a questão. Era uma

responsabilidade da Organização. Todos tinham que estar comprometidos,

se responsabilizar pelo que estava sendo escrito, opinar, e expressar o seu

sentimento, a sua orientação, sua percepção, a sua maturidade. Isso

fortaleceu muito a organização, e, inclusive, o processo seguinte de

40

estruturação do programa, porque se havia antes uma cultura que tratava do

assunto comunicação e imagem institucional no conjunto das atribuições

cotidianas do empresariamento, a partir destes episódios esse assunto passou

a ser vital.” (Márcio Polidoro - Responsável por Comunicação Empresarial

da Odebrecht)

A nota significou um marco da mudança na condução de comunicação da organização

nesse momento de crise. Se inicialmente a postura era de responder a todas as acusações e

insinuações, agora a postura é a de evitar que houvessem acusações. Nessa nova fase a

Organização passa a ver dois pontos de maneira diferente. O primeiro diz respeito ao tom dos

pronunciamentos, seja por notas ou entrevistas, passando a ser mais duro e enérgico, visando

uma demonstração de força. No segundo, a Odebrecht busca, agora, o apoio jurídico, o direito

na justiça. Começa a exigir direito de resposta e ameaçar com entrada de processos quando se

sentia caluniada ou injustamente acusada. O jurídico da empresa começa a se expor em

resposta a várias notas e a impor essa nova postura de resposta.

As duas ações tinham como objetivo trazer mais seriedade para a cobertura do

processo por parte da mídia.

Nós percebemos que no conjunto e da atitude responsável, ou da atitude de

investigação que seria o papel da imprensa, havia também um descontrole

de qualidade por parte das diretorias dos jornais para com as informações

conseguidas na base. Tínhamos consciência de que esse processo que

envolvia a Odebrecht fazia parte de todo um movimento sócio-político,

numa reação da sociedade ao governo Collor, que era compreensível, e nós

acreditávamos que era necessário a sociedade brasileira rever os seus

valores, fazendo uma espécie de catarse do clientelismo, da corrupção que

sempre permeou historicamente a vida do país, e nós sabíamos que

estávamos pagando um preço alto e solitário por isso. Mas, além disso, o

caso era propício para os concorrentes e a quem queria atingir a empresa.

Por isso, essa atitude de tom mais duro e ações jurídicas forçando uma

maior responsabilidade sobre o que estava sendo divulgado. (Márcio

Polidoro - Responsável por Comunicação Empresarial da Odebrecht)

As denúncias começam a atingir também outra empresa de engenharia do grupo, a

CBPO, Companhia Brasileira de Projetos e Obras, atuante no sul do país, acusada de

irregularidades.

Naquela circunstância, toda a crise que envolvia a organização pressupunha

se focar em uma pessoa e o Emílio entendeu que ele era a pessoa. Que ele

respondia por todos os atos de todas as pessoas da Organização. Essa atitude

era condizente com a nossa filosofia de condução do negócio. Ele havia

delegado e iria responder pelo atos dos seus liderados. (Márcio Polidoro -

Responsável por Comunicação Empresarial da Odebrecht)

41

Diante dessa nova enxurrada de denúncias a Odebrecht vem a imprensa no dia 11 de

julho com mais uma nota oficial com o título de “Restabelecendo a Verdade” onde repudia as

denúncias e acusações e pela primeira vez fala sobre o abalo a sua imagem. (Anexo)

Nesse momento a organização toma consciência de que seu maior problema não era

a comunicação, mas a formação da sua imagem. Percebe que para um público que não

conhece a empresa, a comunicação via notas e entrevistas de cunho de respostas a acusações

não iriam formar uma imagem melhor da organização, e pela primeira vez ela fala em

prejuízos à sua imagem. Nesse momento, também, surge a assinatura Organização Odebrecht,

pela primeira vez, como estratégia para desvincular uma ação isolada e fraca de uma empresa

do grupo.

A partir daí começa a se perceber que a toda e qualquer matéria ou acusação a empresa

aparece nos espaços dos jornais refutando ou esclarecendo opiniões supostamente deformadas

ou falsas.

A Odebrecht vai ter um descanso público de novembro de 1992 a maio de 1993. Esse

tempo foi importante para que a Organização avaliasse os acontecimentos e definisse mais

claramente suas estratégias de comunicação e imagem.

Quando se pensava que a crise estava superada, a Odebrecht se vê envolvida em outra

denúncia. No início do mês de maio de 1993 a imprensa noticia a suspeita de favorecimento

por parte do então ministro da Fazenda Eliseu Resende de concessão de verbas para a

Construtora Norberto Odebrecht- CNO, empresa na qual tivera no passado um envolvimento

profissional.

No dia 06 de maio do mesmo ano, a assessoria da CNO divulga uma nota oficial

dando explicações sobre a concorrência e processos. Percebe-se que neste momento pontos da

filosofia da organização e questões quanto ao posicionamento da organização no exterior e

seu respaldo em termos de reconhecimento e poderio, começam a ser colocados.

Este novo momento é fruto da análise das ações tomadas nos últimos acontecimentos e

fruto da conclusão de que a Odebrecht não tinha uma imagem formada perante a opinião

pública. A estratégia definida agora era a de passar a filosofia e os valores da Organização

para que a opinião pública pudesse formar uma imagem clara da Odebrecht.

Um exemplo dessa nova fase é uma nota oficial divulgada logo em seguida para

imprensa sob o título “Odebrecht: a verdade”. Nesta nota se percebe o tom ainda raivoso

42

contra as denúncias, mas se fala em Imagem de novo, e agora a nota não é apenas

esclarecedora no sentido do fato, trazendo, também, informações sobre a história da

organização, sua filosofia e política e, seu posicionamento no mercado, além de informações

visando elucidar as relações entre empresa e o então ministro Resende. A organização também

continua respondendo a tudo e a todos.

Neste contexto, a Odebrecht também abriu caminho nos meios de comunicação do

país. O relacionamento que antes da crise era limitado a entrevistas e notas negociais, começa

a ser estreitado pela empresa. Cada vez que era divulgado um fato novo a Odebrecht buscava

os meios de comunicação quase que imediatamente para dar a versão da Organização. Além

disso promoveu encontros entre seus dirigentes e jornalistas para que a relação ficasse mais

fácil e tranqüila.

Envolvida na CPI do orçamento, a Odebrecht percebe que na verdade a imagem do

setor de construção estava muito comprometida, e a empresa resolveu trabalhar também com

esse foco, buscando uma maior integração entre as grandes empresas de construção do país

para amenizar os impactos negativos da CPI das Empreiteiras.

No auge da CPI do orçamento ocorre outro episódio que leva mais uma vez a

Odebrecht às manchetes dos jornais. Dessa vez, são encontrados uma série de documentos,

que envolvem a organização em mais denúncias, na casa de um dos diretores da empresa.

Neste contexto, questões internacionais, relativas a problemas de imagem, começavam

a despontar em Portugal, Angola e EUA, através da divulgação dos acontecimentos no Brasil.

O ano de 1994 se iniciou com ameaças mais graves para a Odebrecht, com o

pronunciamento do então Presidente da República, Itamar Franco, sobre a possibilidade da

suspensão de todas as obras públicas e contratos realizados pelas empreiteiras envolvidas nas

fraudes da CPI do orçamento.

Mas, ainda no início de janeiro, se percebe que a estratégia da empresa de aproximação

dos meios de comunicação começa a dar resultados. É publicada uma matéria no The

Economist apresentando pontos da atuação da Odebrecht no exterior com foco extremamente

favorável a Odebrecht. Essa matéria é reproduzida na Gazeta de 03 de dezembro de 1994.

Durante todo o ano de 1994 aparecem matérias sobre a Odebrecht, em publicações no

Brasil e no exterior, com foco na sua atuação internacional dentro do negócio engenharia e

construção, com ênfases sempre positivas.

43

Nesse ano (1994) ocorre uma das poucas entrevistas concedidas por Emílio Odebrecht.

Ele foi entrevistado pelo jornal “A Folha de São Paulo” no qual aparece em uma matéria

dividida em dois enfoques diferentes. No primeiro enfoque, a filosofia da empresa e o porte da

organização é evidenciada na entrevista. No segundo, respostas de Emílio sobre questões

referentes a situação do país.

Mesmo com melhores relações com os meios de comunicação, Emílio escreve uma

carta a Folha acusando o jornal de ter descontextualizado a sua entrevista e do uso

sensacionalista utilizado pelo jornal.

4.4 A EMPRESA DEPOIS DA CRISE

A estrutura da empresa sofreu modificações durante o processo e depois da crise ter

passado. O principal referencial dessa mudança é constatar que hoje cada empresa do grupo

tem sua área de Comunicação Social e Relacionamento com a Imprensa, trabalhando a

Imagem Institucional da sua empresa e a do grupo.

A política para a Comunicação Social e Comunicação Empresarial da Organização, a

partir de abril de 1994 (Resolução 04/94), está voltada para a formação e consolidação da

Imagem Institucional da Organização, conforme os itens 4 e 5 dessa resolução:

A IMAGEM DESEJADA

No processo de comunicação interna e externa devemos destacar sempre que possível

que a Odebrecht é uma Organização empresarial brasileira:

caracterizada pela solidez e pela competência

de negócios diversificados, com atuação internacional

inovadora e competitiva pela capacidade empresarial e tecnológica

voltada para o atendimento das prioridades dos Clientes, cumprindo

especificações, prazos e custos

44

confiável nos seus compromissos e comportamentos, embasados na prática de

Concepções filosóficas de confiança, valorização ao respeito ao Ser Humano

que entende que o Ser Humano é o Sujeito do seu próprio desenvolvimento e,

como Parceiro, agente do desenvolvimento da Organização

que, no exercício de suas funções sócio-econômicas, oferece oportunidades de

trabalho e desenvolvimento a seus integrantes, participa de empreendimentos

necessários para a comunidade, gera recursos para o Estado através de impostos e

outras contribuições e atua responsavelmente em relação ao meio ambiente

que reinveste os resultados empresariais no crescimento da Organização, gerando

novas oportunidades de desenvolvimento para seus integrantes, e

que contribui para a comunidade, em adição à contribuição que decorre de suas

funções sócio-econômicas, com os programas sociais e com o patrocínio de

projetos culturais.

Essa imagem, sólida e densa de significado, deve ser capaz de:

ampliar a satisfação do Cliente na avaliação do resultado do trabalho da

Organização, fruto de sua capacidade empresarial e tecnológica

despertar no potencial Cliente o desejo de trabalhar com a Organização

desenvolver, na Comunidade, a consciência de que é a principal beneficiária do

trabalho realizado pelas Empresas.

ampliar, na concorrência, o grau de respeito

aumentar, no fornecedor, o grau de satisfação e o sentido de responsabilidade na

atuação conjunta

levar a Imprensa a tratar a Organização de forma isenta, com base no respeito

mútuo e na verdade

estimular, nos jovens de talento, o interesse pela Organização, de modo que a

elejam como meta de suas aspirações profissionais, e

45

sedimentar o prestígio de uma Organização nacional, da qual a sociedade brasileira

se orgulhe

Visando esta Imagem, a Comunicação Social e a Comunicação Empresarial devem ser

orientadas pelos princípios de:

CONFIANÇA no patrimônio moral da Organização, em seu valor econômico e social,

em sua capacidade técnica e idoneidade

VERDADE, inspirada nos fundamentos éticos da Organização e na fidelidade aos seus

Clientes

RESPONSABILIDADE PÚBLICA, que confere legitimidade ao desempenho da

Organização e determina sua postura de respeito às instituições e à ordem jurídica vigente nas

Comunidades onde atua, e

OBJETIVIDADE e SOBRIEDADE, de modo que a comunicação seja substantiva,

despojada de personalismo e reflita os valores da Organização.

A política de comunicação na nova estrutura de negócios da organização é definida

segundo resolução de junho de 1996, do Diretor Presidente:

A Política de Comunicação Social deve ajustar-se à nova macro-estrutura da

Organização Odebrecht determinada pela Resolução 04/96 do DP- Diretor

Presidente , seguindo as diretrizes em vigor das Resoluções 01/94 e 04/94,

também do DP, que definem a responsabilidade dos LEs - Líderes

Empresariais.

A nova macro-estrutura define três áreas de negócios: Engenharia, Química

e Participações. No interesse da aplicação adequada e eficiente da política

de comunicação da Organização, deve ser levado em consideração que é nas

áreas de Engenharia e Química, onde se concentram os problemas de

formação de imagem positiva da marca Odebrecht. É nesses dois setores que

a Organização tem e pretende manter o controle acionário das empresas e,

em conseqüência, o comando político-estratégico dos negócios. Não colide

com esse fato, que, em algumas empresas do setor químico-petroquímico,

ODB tenha participações minoritárias. O importante, na verdade, é que

nesses ramos de negócios é que está em jogo o nome e a imagem da

Organização, de forma direta.

Na área de participações, é patente a prevalência da dispersão de marcas e

imagens (Concer, Águas de Limeira, Stelar, Vera Cruz, Itá, etc.etc.) . Aqui,

cada unidade terá um programa próprio de construção e preservação de sua

imagem positiva. Somente de forma indireta, a marca Odebrecht estará

46

implicada na comunicação social dessas empresas e na formação de suas

imagens. Até porque, não sendo pretensão estratégica da Organização o

controle acionário dessas empresas, a tendência normal é que a imagem

delas se despregue da marca Odebrecht e se firme nas suas próprias marcas.

Conclui-se, daí, que as empresas de Engenharia e Química devem ficar

incumbidas da execução das ações de Comunicação social da ODB.”

Comunicação Social S.A.

Comunicação Comunicação Social Relações externas

Empresarial institucionais

Relacionamento com Programas Editoriais Relacionamento com

a Imprensa Institucionais Órgãos de

Publicidade

Odebrecht Informa Vídeo Institucional Recepção a Visitantes

Relatórios Anuais Edições Culturais Feiras e Conclaves

Registros fotográficos Brindes Institucionais Núcleo de Memória

e audiovisuais Odebrecht

Código de Identidade Visual

Figura 3 - Estrutura de Comunicação da Odebrecht com Abrangência para toda a Organização

1991/1994

47

Comunicação Social S.A.

Comunicação Comunicação Social Relações externas

Empresaria em cada empresa do grupo institucionais

Relacionamento com Programas Editoriais Relacionamento com

a Imprensa Institucionais Órgãos de

Publicidade

Figura 4 Estrutura de Comunicação da Odebrecht - Operacionalização nas empresas , inclusive

Odebrecht S.A. internamente e, para Empresas Auxiliares , para atendimento a necessidades

identificadas no âmbito de cada uma. 1996-

48

5 A PESQUISA

5.1 PESQUISA 1994 (realizada pela Odebrecht)

Após o período de crise que envolveu a organização entre 1992 e 1994, a Odebrecht

resolve fazer uma avaliação de todo o processo vivenciado e contrata uma empresa para

realizar uma pesquisa externa em julho de 1994, visando como objetivo principal:

“Medir o nível de conhecimento, sentimentos predominantes e imagem da organização

Odebrecht.”

A pesquisa foi dividida em duas metodologias distintas:

Grupos de discussão e Questionários estruturados com perguntas fechadas e abertas

(anexo). A pesquisa também apresenta dois enfoques de abordagens que norteam todo o

trabalho investigativo:

1) Dentro do primeiro enfoque denominado “ Nível de Conhecimento” buscou-se:

O que se sabe a respeito da Odebrecht;

Características da Organização Odebrecht, atuação profissional e social: obras

realizadas e ações sociais conhecidas;

Abrangência e interesse na atuação nacional e internacional;

Conhecimento da Organização Odebrecht através das suas empresas;

Conhecimento da filosofia empresarial - modelo de gestão diferenciada; e

Crescimento da Odebrecht - razões/meios.

2) Dentro do segundo enfoque denominado “ Sentimentos Predominantes e Imagem da

Organização Odebrecht ”, buscou-se:

Sentimentos e conotações relacionadas ao nome Odebrecht

- Como é identificada: empreiteira, construtora, empresa nacional, organização,

holding.

- Sentimentos despertados pela menção do nome Odebrecht - presença na mídia .

49

Histórico da formação de imagem

Atuação Técnica

- Eficiência/competência/tecnologia

- Modernidade/atualização

Atuação Social

- Relação com o empregado (benefícios, respeito, etc.)

- Contribuição para o desenvolvimento. do país, cidade, comunidade

Atuação Política

- Ética

- Exposição pública: repercussão dos recentes episódios políticos (CPI, etc.) na

imagem e conhecimento

- Pessoas que integram a Odebrecht - imagem

Avaliação da Responsabilidade sobre a corrupção no país: políticos, empreiteiras,

governos, etc.

Comunicação

- Conhecimento e imagem dos donos/acionistas/dirigentes da empresa

- Conhecimento e credibilidade nos comunicados através da imprensa

Expectativas e sugestões de ações e atitudes

Técnica e Amostra

Foram adotadas duas diferentes técnicas, conforme o segmento de público a ser

pesquisado:

Grupos de discussão (público “propagadores de opinião”)

entrevistas em profundidade (público “líderes de opinião”)

50

A pesquisa foi realizada em 6 capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador,

Porto Alegre e Recife, envolvendo questionários (anexo) e grupos de discussão, norteados

pelos pontos detalhados nos dois enfoques da pesquisa.

Grupos de Discussão

Buscou-se em um perfil geral de propagadores de opinião, pessoas com hábito de

leitura diária de jornais, audiências de telejornais, leitores assíduos de revistas informativas -

assinantes de preferência. As pessoas foram reunidas em 3 diferentes grupos:

Grupo 1: Profissionais liberais, executivos ocupando cargos de chefia/gerência em

empresas privadas e públicas, ambos os sexos, de classe média alta, na faixa de 30-45 anos.

Grupo 2: Engenheiros e profissionais da área de construção e petroquímica, de ambos

os sexos e idades de 30-45 anos.

Grupo 3: Jovens de 18 a 25 anos, classe média alta, escolaridade superior, estudando

ou trabalhando.

Foram realizados 3 grupos por cidade e o trabalho investigativo segue o detalhamento

dos enfoques como base para as discussões.

Entrevistas com Questionários

Foram realizadas 127 entrevistas com

Jornalistas

Líderes de opinião (formadores de opinião) - pessoas ocupando posições de

liderança nas seguintes áreas de atuação: indústria, comércio, serviços

públicos/privados, justiça, saúde, educação, sindicalistas e associações de classe

(empregado e empregador), agricultura, política e igreja.

Amostra

Cidade Jornalistas Líderes Total

São Paulo 10 20 30

Rio de Janeiro 06 15 21

Brasília 10 15 25

51

Salvador 04 12 16

Recife 04 12 16

Porto Alegre 04 15 19

Total 38 89 127

Os questionários foram aplicados individualmente, em visita pessoal a cada um dos

entrevistados.

Resultados

Os resultados dos grupos e dos questionários foram consolidados em uma só análise,

para um melhor entendimento das percepções dos públicos entrevistados.

1- Conceitos: Empresa Nacional

Os pesquisados apresentaram dificuldade em distinguir empresa de capital nacional, ou

seja, empresa nacional com capital totalmente brasileiro, das empresas nacionais, mas com

capital estrangeiro. As Grandes empresas foram percebidas como Multinacionais -

Montadoras, distribuidoras de petróleo, ind. de alimentos, etc.., apresentado-se uma no grupo

de se perceber uma empresa nacional de grande porte.

Depois do estímulo, com esclarecimento do conceito, os pesquisados conseguiram

perceber:

Como exemplo de grandes empresas nacionais apareceram o grupo Votorantim,

Bancos (Itaú, Bamerindus, Bradesco), Rede Globo.

As empresas nacionais estão aquém das multinacionais em termos de imagem e

filosofia do trabalho (remuneração, condições de trabalho, plano de carreira,

oportunidades...)

As empresas multinacionais despertam maior expectativa de carreira e nível de

vida.

2- Conceito: Empresa Ideal

Ao serem provocados para uma definição da empresa ideal, delineou-se o seguinte

perfil de empresa com os seguintes objetivos:

52

Obter lucro

Gerar emprego

Promover desenvolvimento da comunidade

Produção com foco no produto de qualidade

Produzir o necessário para a população

desenvolver tecnologia

treinar e capacitar mão de obra

reinvestir na produção

Dentro dessa visão, as empresas multinacionais foram posicionadas como mais

próximas desse conceito de empresa ideal do que as empresas nacionais.

Para os pesquisados, a empresa ideal no

Âmbito Social da empresa: proporciona qualidade de vida no trabalho e fora

(clubes, promoção. de eventos esportivos e culturais ), programas de incentivos,

assistência médica e educacional para funcionários e familiares.

Âmbito Social amplo: Investe no país, investe em pesquisas nas universidades,

associa-se a prefeituras, associações, instituições (visando melhorar a vida da

população), patrocina eventos esportivos e culturais.

3- Situação Histórica

Quando provocados a uma interpretação histórica da empresa nacional, ela è percebida

dentro de um contexto histórico e político do Brasil, aonde se acentuam

Governo de Getúlio Vargas - benefícios e incentivos fiscais, de impostos a

formação da empresa nacional, ajudando o empresariado nacional a se estabelecer e

crescer.

Empresas em aliança e dependência com o governo - formação de cartéis,

oligopólios, postura individualista, postura parasitária.

lucros abusivos, retorno rápido de investimentos

53

produto de baixa qualidade

sem preocupação com meio ambiente e tecnologia

Mesmo com uma percepção negativa da empresa nacional, conseguem perceber

também um mudança na postura e mentalidade dos empresários nos últimos 5 anos,

provocadas por alguns fatores como

Abertura da democracia

intensificação da crise econômica

abertura do mercado de produtos estrangeiros

nova mentalidade do consumidor (exigente)

O mercado nacional está em um Processo de atualização

Mas essas mudanças são menores nas grandes por sofrerem menor pressão social e de

poder econômico, do que nas pequenas que sofrem diretamente com a concorrência e a crise.

4- Imagem geral das grandes construtoras

Os pesquisados foram levados do conceito de grandes empresas ate o conceito de

empresa nacional, para chegarem a discussão das grandes empresas nacionais de construção.

Os pesquisados compreenderam o conceito de Grandes construtoras – consideram

essas empresas especializadas e gabaritadas para a atividade.

Pereceram facilmente grandes empresas construtoras nacionais, como Odebrecht,

Mendes júnior, Camargo Correia, Andrade Gutierrez e OAS.

Para os pesquisados foi difícil reconhecer:

Estado ou cidade sede das empresas, apenas a Odebrecht é lembrada como baiana

Porte das empresas (número de empregados, países onde atuam, capital, etc.)

Tecnologia utilizada e qualidade final da obra

Organização interna

Participação Social

54

Acreditam que esse desconhecimento è fruto da falta de comunicação por parte das

empresas e pela baixa personalização da obra pública, que è mais percebida como realização

do governante do que pela construtora.

As Grandes Construtoras são caracterizadas como empresa que apresentam ligações

políticas fortes, e nem sempre positivas

Ligação histórica com Brasília, desde o Governo militar com suas construções de

grandes proporções.

Contratos não visíveis para o povo - preço maior, competência e tecnologia não

priorizados, prazo e entrega na gerência do governo que rouba

Quando provocados diretamente sobre a Odebrecht e sua imagem diante dos

escândalos, os grupos

Definem que uma relação pouco visível, como a das construtoras com o governo,

estoura na mídia em aspectos negativos

Imagem do setor prejudicada (especialmente a Odebrecht)

Acreditam na capacidade técnica, mas não confiam na idoneidade política da

Odebrecht.

5.2 PESQUISA 1998

Tomando por base a pesquisa realizada em 1994 foi realizada uma outra em 1998. A

nova pesquisa, realizada através de questionário, trata-se de pesquisa induzida em quase sua

totalidade, uma vez que apenas em cinco quesitos permitiu-se respostas espontâneas.

A pesquisa 1998 foi dividida em dois blocos. No primeiro, buscou-se traçar o perfil

das empresas e empresários brasileiros; como deve ser a empresa ideal; o papel das

Construtoras e dos Empresários das Construtoras de Grandes Obras Públicas para o País; e,

ainda, como o público percebe a conduta empresarial de Grandes Obras Públicas em nosso

País. No segundo bloco objetiva-se comparar os resultados obtidos na pesquisa realizada em

55

1994 com os novos resultados (1998), mormente nas questões relativas ao nível de

conhecimento, sentimentos predominantes e imagem da organização Odebrecht.

No segundo bloco, dentro do primeiro enfoque, buscou-se, aferir o nível de

conhecimento dos entrevistados sobre a Empresa Odebrecht

O que se sabe a respeito da Odebrecht;

Características da Organização Odebrecht, atuação profissional e social: obras

realizadas e ações sociais conhecidas;

Abrangência e interesse na atuação nacional e internacional;

Conhecimento da Organização Odebrecht através das suas empresas;

Dentro do segundo enfoque, sentimentos predominantes e Imagem da Organização

Odebrecht, buscou-se:

Sentimentos e conotações relacionadas ao nome Odebrecht

Histórico da formação de imagem

Atuação Técnica

- Eficiência/competência/tecnologia

- Modernidade/atualização

- Avaliação da Conduta Empresarial da CNO

Atuação Social

- Relação com o empregado (remuneração)

Atuação Política

- Ética

- Exposição pública: repercussão de episódios políticos (CPI.) na imagem e

conhecimento

Comunicação

- Publicidade

- Patrocínio cultural

56

Técnica e Amostra

Pesquisa induzida, realizada através de questionário. Foi realizada em 6 capitais: São

Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Porto Alegre e Recife.

Entrevistas

Buscou-se, em um perfil geral, pessoas com hábito de leitura diária de jornais,

audiências de telejornais, leitores assíduos de revistas informativas.

Foram realizadas 100 entrevistas com:

Profissionais liberais (engenheiros, administradores, economistas, psicólogos e

jornalistas) de ambos os sexos e idades de 30 a 45 anos.

Líderes de opinião, (formadores de opinião - pessoas ocupando posições de

liderança nas seguintes áreas de atuação: indústria, comércio, serviços

públicos/privados, justiça, saúde, educação e sindicalistas) de ambos os sexos e

idade de 21 a 50 anos e mais.

Amostra

Cidade P. Liberais Líderes Total

São Paulo 12 06 18

Rio de Janeiro 14 05 18

Brasília 08 04 12

Salvador 20 05 24

Recife 10 06 16

Porto Alegre 08 02 10

Total 72 28 100

RESULTADOS

I Bloco - questões 01 a 07

1 - Conceitos:

57

01 - Visão Geral das Empresas no Brasil - Perfil da Empresa Brasileira

Os pareceres negativos foram majoritários para a formação do perfil da empresa

brasileira, de acordo com a opinião da população entrevistada. Os pareceres estão

apresentados em ordem proporcional ao número de quesitos assinalados. As pessoas

entrevistadas consideram que as Empresas Brasileiras:

1 - Não buscam a preservação do meio ambiente

2 - São desorganizadas

3 - Não se preocupam com o bem estar dos empregados

4 - Utilizam tecnologias obsoletas

5 - Não promovem e/ou financiam atividades sociais

6 - Não investem na formação de seus funcionários

Na opinião dos entrevistados foram ressaltados dois aspectos positivos no perfil da

empresa brasileira. Tais aspectos estão apresentados em ordem proporcional ao número de

quesitos assinalados:

1 - Buscam a qualidade dos produtos e serviços

2 - São voltadas para o cliente

02 - Visão geral do empresário brasileiro

O resultado da pesquisa aponta para uma visão negativa do empresário brasileiro,

exceto no quesito 6, no qual os entrevistados concordam parcialmente que os mesmos “têm

boa formação gerencial”. Os demais pareceres estão apresentados em ordem proporcional a

quantidade de quesitos assinalados, já que se poderia assinalar em todos, caso o entrevistado

concordasse com a visão apresentada.

1 - Visam exclusivamente lucros altos e rápidos

2 - Somente pensam na carreira pessoal

3 - possuem visão de curto prazo

4 - Não são íntegros

58

5 - Não são conscientes do papel social de sua empresa

6 - Têm boa formação gerencial

03 - Empresa Ideal

A empresa ideal, segundo a população entrevistada, está entre aquelas que,

prioritariamente, preocupam-se com a satisfação de seu cliente e produzem com qualidade. De

acordo, com as pessoas entrevistadas, os itens “cumpre as leis e obrigações fiscais” e

“investem em tecnologia” foram os últimos a serem apontados para a composição do perfil da

empresa ideal.

1 - Preocupa-se com a satisfação de seu cliente

2 - Produz com qualidade

3 - Gera empregos

4 - preocupa-se com seu papel social

5 - preocupa-se com o bem estar social de seus empregados

6 - investe na formação de seus funcionários

7 - dá participação nos lucros aos seus empregados

8 - paga bons salários

9 - preocupa-se com a preservação do meio ambiente e,

promove o desenvolvimento da comunidade

10 - cumpre as leis e as obrigações fiscais

11 - investe em tecnologia

04 - Empresas de Construção de Grandes Obras Públicas conhecidas

Na pesquisa dirigida sobre o conhecimento das grandes empresas construtoras, a

Odebrecht aparece em primeiro lugar, seguida da Andrade Gutierrez.

1 - Odebrecht

2 - Andrade Gutierrez

3 - Camargo Correia

4 - Queiroz Galvão

59

5 - CR Almeida

Nas respostas espontâneas foram citadas, ainda, OAS, ENCOL, PROMON

Engenharia, Mendes Júnior e CBPO.

05 - Papel das Construtoras de Grandes Obras Públicas para o país

O papel das construtoras de Grandes Obras Públicas, segundo a população entrevistada

é, em primeiro lugar, gerar infra-estrutura, secundado pelo aspecto de garantia de qualidade do

resultado do produto final. Tal aspecto sobressaiu no item relativo à empresa ideal, no qual, as

pessoas entrevistadas apontaram “produção com qualidade” também em segundo lugar,

demonstrando coerência nas respostas.

1 – Gerar infra-estrutura

2 – Garantir a qualidade do resultado do produto final

3 – Empregar grandes quantidades de mão-de-obra

4 – Desenvolver tecnologia e/ou Know How

5 – Promover o desenvolvimento da comunidade local

6 – gerar mão-de-obra qualificada

7 – garantir o bem estar da população afetada

8 – buscar baixos custos e alta qualidade

06 - Papel dos empresários das construtoras de Grandes Obras Públicas para o

país. O papel dos empresários das construtoras de Grandes Obras públicas é, primordialmente,

para o público entrevistado, “Garantir a qualidade das obras”, revelando um tipo de

“consciência pública” em que a “qualidade” é cobrada.

1 - garantir a qualidade das obras

2 – cumprir os custos orçados

3 - manter relacionamento ético com o governo

4 - garantir a segurança com o trabalho

5 - garantir o bem estar dos funcionários

6 – cumprir os prazos estabelecidos

60

07 - Percepção da conduta empresarial das construtoras de Grandes Obras

Públicas do Brasil. A imagem da conduta empresarial das construtoras de grandes obras

públicas é negativa; o público mantém uma atitude crítica associada à traços negativos de

imagem do governo e da classe política.

1 - faz má utilização das verbas

2 - não é séria

3 - é lobista

4 - não busca ter preços competitivos

5 - tem envolvimento com políticos

6 - não é idônea

7 - utiliza-se de troca de favores

8 - não é profissional

9 - é incompetente

61

II Bloco - questões de 08 a 19.

08 - Conhecimento da Organização Odebrecht

A Organização Odebrecht é conhecida pela maioria (92,68 %) dos entrevistados.

Gráfico 1 - Conhecimento

Conhecimento Sim Não Total

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Conhecimento Sim Não Total

Conhecimento

09 - Conhecimento das áreas de atuação da Odebrecht (pesquisa espontânea).

Os entrevistados demonstram conhecimento das áreas de atuação da Odebrecht, citando-as,

espontaneamente. No quadro abaixo, as áreas de atuação são apresentadas, seqüencialmente,

de acordo com o número de vezes em que foram citadas.

1 – obras públicas

2 – construção civil

3 – petroquímica

4 – química

5 - montagem industrial

6 – construção pesada

7 – pontes e estradas

8 – naval

62

9 – obras de infra estrutura na África

10 – construção de hidrelétricas no país

11 – telecomunicações

10 - Veículo de conhecimento. Como conheceu a Odebrecht.

As pessoas entrevistadas afirmam que o principal modo através do qual tomaram

conhecimento da Organização Odebrecht é traduzido por notícias veiculadas pela mídia

(imprensa, televisão e rádio).

1 - Através de notícias em jornais , TV ou rádio (mídia)

2 - Através de amigos ou parentes

3 – Profissionalmente

4 - Através de propaganda em jornal , TV ou rádio.

11 - Classificação da Odebrecht quanto ao porte

A Odebrecht foi classificada como empresa de grande porte por 98% do público

entrevistado.

63

Gráfico 2 – Classificação do Ono quanto ao Porte

Grande Porte Não Sabe Total-

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Grande Porte Não Sabe Total

CLASSIFICAÇÃO DA ONO QUANTO AO PORTE

12 - Avaliando a Construtora Norberto Odebrecht

A Organização foi avaliada de modo positivo, majoritariamente, nos aspectos relativos

a ser uma construtora sólida, forte e internacional. Nos demais aspectos, o público revela

desconhecimento (produtividade, gerenciamento, tecnologia moderna, etc.), que é

materializado através das respostas “não concordo nem discordo” utilizadas com freqüência.

Avaliando... Concorda Discorda NCND*

É sólida 100,0 - -

É incompetente 4,8 51 41

É internacional 100,0 - -

Tem baixa produtividade - 36,6 63,4

É forte 73,0 - 27,0

Remunera mal 9,8 14,6 75,6

É moderna 44,0 - 56,0

É ágil 32,0 12,0 56,0

Tem mau gerenciamento 7,3 27,0 65,7

Busca ter custos competitivos 29,0 12,0 59,0

NCND = Não concorda nem discorda

64

13 - Avaliação dos serviços executados pela Construtora Odebrecht.

É difícil para os entrevistados avaliar a qualidade dos serviços prestados pela

Odebrecht como Construtora de Obras Públicas, uma vez que lhes faltam informações sobre

tecnologia e material empregado, para estimar a qualidade das obras realizadas pela empresa,

razão pela qual 49% das pessoas afirmaram “não saber” a qualidade dos serviços prestados.

Gráfico 3 - Qualidade do S Serviços Executados pela Odebrecht

Não sabe média alta baixa Total0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Não sabe média alta baixa Total

QUALIDADE DOS SERVIÇOS EXECUTADOS PELA ODEBRECT

14 - Avaliando a conduta empresarial da Odebrecht

Existe uma forte tendência do público em associar a conduta empresarial da

Odebrecht, e das grandes construtoras de Obras Públicas do Brasil a traços negativos. Nesta

pesquisa induzida, tais traços afloram na consciência pública e a avaliação resulta numa

imagem negativa da conduta empresarial da Odebrecht. Exceto nos itens “faz má utilização

das verbas” e “investe pouco em equipamentos” dos quais o público entrevistado não

concorda nem discorda, por não ter informações suficientes para uma avaliação, as demais

afirmativas assinaladas, concordando ou discordando, apontam para uma imagem negativa.

65

Avaliando a conduta.... Concorda Discorda NCND*

É séria 29,0 34,0 37,0

É antiética 44,0 20,0 37,0

É lobista 73,0 9,8 17,2

É profissional 63,4 7,0 29,6

Investe pouco em equipamentos - 27 73,0

Troca favores com políticos 73,0 - 27,0

É idônea 24,0 39,0 37,0

Faz má utilização das verbas 17,0 12,0 71,0

NCND = Não concorda nem discorda

15 - Conhecimento de CPI no Brasil.

87% dos entrevistados lembram-se de CPIs.

Gráfico 4 - Conhecimento CPI

sim não Total-

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

sim não Total

Conhecimento CPI

CPIs citadas espontaneamente: orçamento, construtoras , precatórios, Collor ,

empreiteiras, PC Farias, Marajás, Anões.

16 - Conhecimento de Odebrecht citada em CPI

Entre as pessoas entrevistadas (66%) têm conhecimento de CPI na qual a Organização

Odebrecht foi citada; 27 % não se lembra e 7% não opinou.

66

Gráfico 5 - Conhecimento CPI Odebrecht

Sim Não Não opinou Total-

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Sim Não Não opinou Total

Conhecimento CPI Odebrecht

CPIs citadas espontaneamente: Obras públicas, orçamento, anões do orçamento,

empreiteiras, Acre/Ministro Magri, PC Farias.

17 - Reconhecimento de que a Odebrecht teve real envolvimento nessas CPIs.

63% dos entrevistados acreditam que a Odebrecht teve real envolvimento nas CPIs,

enquanto 37% não se lembram

67

Gráfico 6 – Envolvimento da Odebrecht na CPI

Sim Não Total0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Sim Não Total

Envolvimento da Odebrect na CPI

18 - Conhecimento de publicidade da Odebrecht.

Entre as pessoas entrevistadas, 47,5 % lembra-se de publicidade da Odebrecht, e

52,5% desconhece qualquer tipo de publicidade da empresa. Foram citadas espontaneamente,

publicidade sobre gestão empresarial, patrocínio, lançamento do projeto Panove Ponto Sampe,

fascículo da Folha de São Paulo e Programa de TV.

68

Gráfico 7 - Publicidade

PUBLICIDADE sim não Total0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

PUBLICIDADE sim não Total

Publicidade

19 - Conhecimento de patrocínio Cultural da Odebrecht

Entre as pessoas entrevistadas, 48% têm conhecimento de patrocínio cultural da

Odebrecht, e 52 % desconhece qualquer tipo de patrocínio por parte da empresa. Foram

citadas espontaneamente, patrocínio para teatro, filmes e pesquisas.

Gráfico 8 - Conhecimento Patrocínio Cultural

sim não Total

-

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

sim não Total

Conhecimento Patrocínio Cultural

69

5.3 RESULTADOS COMPARATIVOS:

Ao se comparar as duas pesquisas, observa-se que a imagem da Odebrecht, obtida

através da pesquisa realizada em 1998 é uma imagem xerocopiada da pesquisa realizada em

1994, na qual a imagem da organização é associada aos traços negativos do governo e da

classe política. Há que se observar que aspectos importantes na formação da imagem da

organização Odebrecht não se arrefeceram no lapso de tempo que se passou entre as duas

pesquisas. O público não se esqueceu das CPIs - 66% das pessoas entrevistadas têm viva a

lembrança da Odebrecht citada em uma CPI e 63% acredita que a mesma teve envolvimento

real nessas CPIs.

Enquanto essas imagens são mantidas na consciência pública, 52% dos entrevistados

não se lembra, ou desconhece qualquer patrocínio cultural ou publicidade da Odebrecht.

Neste sentido, pode-se afirmar que o potencial de comunicação da empresa não é devidamente

explorado.

Quanto aos aspectos positivos, tem-se que na pesquisa de 94, a Odebrecht era uma

empresa desconhecida por grande parte do público entrevistado, constituído então, por

jornalistas e líderes de opinião. Atualmente, embora a empresa, em sua atuação social, seja

pouco divulgada, 92,68% das pessoas ouvidas afirmaram conhecer a organização e, na

pesquisa espontânea demonstraram conhecimento das áreas de atuação da Odebrecht,.

Como na pesquisa 94, na presente pesquisa a Odebrecht (empresa de construção de

obras de grande porte), é avaliada de modo positivo: é sólida, forte e internacional.

Alguns aspectos explorados nas duas pesquisas, relativos à estrutura empresarial da

organização, principalmente nos quesitos relativos à produtividade, remuneração de

funcionários, gerenciamento e custos, são de difícil avaliação para os entrevistados, uma vez

que para se fazer tal avaliação é necessário aprofundar conhecimento sobre a empresa.

Na área de produção, também, em ambas as pesquisas, foi impossível aos

entrevistados avaliar a qualidade dos serviços prestados pela Odebrecht como Construtora de

Obras Públicas, uma vez que falta ao cidadão comum subsídios, tais como informações sobre

tecnologia e material empregado, para estimar a qualidade das obras realizadas pela empresa.

Entre os entrevistados da pesquisa 1998, 27% e 24% afirmaram que os serviços executados

pela Construtora Odebrecht são de alta e média qualidade, respectivamente. Tal avaliação é

feita por dedução, uma vez que grandes obras, ou seja, barragens, usinas, túneis, aeroportos,

etc. precisam ser construídas com qualidade.

70

6 TEO - TEORIA EMPRESARIAL ODEBRECHT

Percebeu-se durante o desenvolvimento dos trabalhos que a organização estudada, a

Odebrecht, tem suas ações, incluindo as relacionadas com a sua estratégia/forma de

comunicação e imagem projetada, baseadas em uma filosofia própria de gestão: a TEO -

Tecnologia Empresarial Odebrecht.

A TEO -Tecnologia Empresarial Odebrecht, é o expoente mais importante da cultura

tangível da Odebrecht, tida como a linha mestra norteadora de todas as políticas e ações da

organização, inclusive as que regem o gerenciamento e a projeção da imagem da instituição.

É interessante observar que, como toda a organização, a TEO também sentiu os efeitos

da experiência vivida e apresentou mudanças que refletem o impacto do processo na cultura e

vida da organização.

Assim, se faz importante para este estudo traçar um breve resumo da TEO e de seus

principais princípios, bem como os principais pontos nela que refletem a importância da

imagem para a cultura da Odebrecht.

6.1 UMA BREVE EXPLANAÇÃO SOBRE CULTURA ORGANIZACIONAL

Como o tema cultura será abordado pela primeira vez no estudo apresentado, será feita

uma “breve” abordagem do conceito cultura e sua utilização nos estudos organizacionais.

Segundo Mason (1993), a imagem não é encarada como uma variável independente,

mas sim como um elemento essencial representando as características, estratégias e cultura da

empresa. Para o referido autor “As ações que a organização efetua no seu dia a dia é que

definem a sua imagem. Não basta uma boa estrutura de comunicação mas ações que

comprovem aos públicos a real imagem da organização.” ( p.14)

Seguindo essa afirmação de Mason, seria um erro deixar de analisar a importância da

cultura na formação da imagem de uma organização, ainda mais em se tratando de uma

71

organização que tem uma tecnologia de gestão própria, que norteia todo as suas ações

negociais e institucionais.

A palavra cultura, segundo Morgan (1986), é derivada de uma idéia “metateórica” da

palavra “cultivation” que significa o processo de cultivar e desenvolver A TERRA. Quando

falamos sobre cultura, estamos tipicamente nos referindo a um padrão de desenvolvimento

que reflete o sistema de uma sociedade de conhecimentos, ideologias, valores, leis, lendas,

mitos e rituais diários.

A palavra também é freqüentemente utilizada como referência para sistemas de

crenças e práticas. Portanto quando falamos em cultura, estamos utilizando uma antiga

metáfora agrícola para voltar nossa atenção para importantes aspectos do desenvolvimento

social. E essa metáfora é considerada relevante para o entendimento das organizações

(Morgan, 112, 1986).

A presença do elemento cultura nos estudos organizacionais é fruto de um momento

histórico na Teoria da Administração.

A Teoria da administração nasce no início do século XX com a chamada

administração Científica, tendo como principais expoentes Taylor, Ford e Fayol, que

apresentavam uma visão tecnicista da organização, com ênfase na visão dos processos e

gerência da produção, fruto da era industrial que se apresentava na sociedade (Morgan, pg.

41).

Na década de 20, ocorre uma experiência promovida por Eltom Mayo, que viria a por

em xeque esses princípios defendidos pela administração científica: a experiência de

Hawthorne.

“ Essa experiência termina por levar a conclusão da inadequação do modelo

empregado e a busca por outras metodologias predominantemente subjetivas”. (Silverman, pg.

44, 1990)

“Os estudos de Hawthone salientaram a importância dos grupos e dos métodos de

compreensão do comportamento grupal e de inter-relacionamentos, conceituados como

organizações informais, reforçando a sua influência no processo produtivo.” (BEATRIZ,

1986, p. 49).

72

Desse processo surgiu então a Escola das Relações Humanas, apresentando um

enfoque mais humanista da organização, estudando o comportamento organizacional.

Diante do impasse frontal entre as duas Teorias da Organização, surge a teoria da

Contingência, com, a proposta de que

“...não há uma proposta de planejamento organizacional que seja a melhor em todas as

situações, e sim, as circunstâncias (ou contingências) de cada caso, como tornar mais

produtiva uma determinada solução organizacional.” (Beatriz, pg. 174, 1986)

“ A Teoria da Contingência se entende como um conjunto de conhecimentos,

derivados de diversos empreendimentos de pesquisa que procuraram delimitar a validade dos

princípios gerais de administração e organização, e situações específicas.” (MOTTA, 1986, p.

29)

Segundo Chanlat (pg. 386, 1989), essa teoria dominou o cenário até meados da década

de 60/70, quando as mudanças nas relações de poder do mundo, a crescente potência japonesa

no mercado internacional, o declínio da industria americana, a crise das práticas gerencialistas

clássicas e insatisfações com a teoria contingencialista, frente a crise e o incremento social,

terminaram por gerar um interesse crescente a um elemento antes reservado apenas aos

estudos da antropologia e da sociologia: a cultura .

Analisando a vencedora experiência japonesa, onde se percebe o que o

conceito no Japão de trabalho e relações entre empregado e suas

organizações, tem uma conotação muito diferente do ocidente com a

organização sendo vista como uma coletividade, com espirito de

colaboração e partilhamento das experiências de trabalho e ajuda mútua; e

analisando a também experiência das empresas multinacionais que

ganhavam o mundo continuando extremamente bem sucedidas, desvendou-

se a grande variável da equação organizacional responsável pelo seu

sucesso: a cultura. (MORGAN, 1986, p. 114)

“ A cultura antes vista como variável externa a organização, passa a ser vista por uma

perspectiva nova de variável também interna a organização, emergindo assim terminologias

como “corpore culture” e “organizational culture” ” . (CHANLAT, 1989, p. 385)

A partir desse momento, a cultura organizacional tornou-se motivo de estudo e centro

das atenções dentro das organizações.

“Organizações são mini sociedades, que tem seus padrões distintos de cultura e

subcultura , que devem ser estudados e respeitados”. (MORGAN, 1986, p. 121).

73

Segundo Shein (1985), a cultura organizacional, na verdade, é intangível, sendo

formada pelos seus muitos valores e ideologias; crenças e visões de mundo; símbolos e

significados; resíduos históricos, tradições e costumes.

Abordando essa definição de Shein e incorporando o conceito de Morgan da empresa

como subcultura, a história da organização e de seus fundadores, sua política, filosofia,

objetivos, missão, valores, crenças, bem como sua estrutura organizacional, procedimentos

gerenciais, normas e regulamentos formam a linha mestra do corpo organizacional que será a

célula mater da cultura da empresa.

Por isso, segundo Shein (1985), quando há uma intenção de mudança de cultura, na

verdade influencia-se os atores (personalidades, conhecimento, competência cultural, valores

individuais, necesssidades e motivações), que passam a promover alterações na sócio-

estrutura. A cultura organizacional apenas sofre o reflexo, que é incorporado a ela somente

após um longo tempo de influência.

Considerando portanto que a cultura de uma organização é representada por seus

valores, crenças, história, filosofia, missão, e também por suas estratégias, estrutura

organizacional, procedimentos e normas, é válido considerar que a cultura espelha uma

organização, sendo portanto um importante, se não o mais importante, elemento formador da

sua imagem.

6.2 A TEO E OS SEUS PRINCIPAIS PRINCÍPIOS

Cobra (1991) afirma que “A cultura de uma organização é largamente desenvolvida e

mantida pelo uso de símbolos e ações simbólicas, e é muitas vezes influenciada pela missão

original do fundador.” (p.29)

Essa afirmação reflete perfeitamente a realidade da Organização Odebrecht, que tem

na experiência profissional e pessoal do seu fundador, Norberto Odebrecht, todo o alicerce

que fundamenta a TEO. Da sua formação luterana da infância, de onde ele extraiu o conceito

do mestre, passando pelas lições aprendidas como jovem engenheiro, até sua consolidação

como gestor de uma organização internacional como a Odebrecht; toda essa experiência

consolidada nesse “guia” negocial.

74

A Tecnologia Empresarial Odebrecht, é, portanto, um conjunto de crenças, valores,

princípios e conceitos, consolidadas em um livro, que é utilizado como principal instrumento

de formação e orientação da Organização Odebrecht, sendo, portanto, o principal expoente da

cultura tangível da empresa.

Nossa Tecnologia Empresarial é o conjunto de crenças e valores, através do

qual podemos praticar a delegação planejada em todos os níveis da

organização... os princípios aqui apresentados constituem os fundamentos de

nossas referências éticas e das filosofias específicas para a condução dos

nossos negócios. Norberto Odebrecht (pg. 2)

Como toda a Organização Odebrecht, a TEO sofreu mudanças motivadas pela crise

atravessada. Por este motivo, vale a pena uma explanação sobre os principais pontos que

norteiam a cultura da empresa, já em uma verão pós-crise, fazendo um breve comentário sobre

a versão existente antes da crise, para que se possa perceber melhor a mudança na cultura da

organização.

P R I N C Í P I O S F U N D A M E N T A I S

Os princípios fundamentais da TEO constituem os fundamentos das referências

culturais e éticas para a condução dos negócios, no âmbito da Organização Odebrecht. São

eles:

SER HUMANO

“A confiança no homem e nos destinos da espécie humana é o fundamento de nossas

Concepções Filosóficas. Por isso, consideramos o homem a origem e o fim de todas as coisas

na sociedade e, através de seu trabalho, o meio primordial de sobrevivência, crescimento e

perpetuidade da espécie.” ( p.29)

Para difundir tal visão integradora em nossa organização é indispensável, em vez da

coerção e do medo, criar e aperfeiçoar motivações que despertem, em cada qual, a consciência

da responsabilidade pelos resultados de seu trabalho específico.

75

CLIENTE

“ O cliente satisfeito é o fundamento da existência da nossa organização e deste

princípio não podemos jamais nos afastar... Aquilo que o cliente realmente necessita, aquilo

que considera valioso, é o decisivo; é o que proporciona trabalho, e assim, a base sobre a qual

podemos planejar.”

“Nosso negócio tem sido, é e continuará sendo servir e , assim, obter a criação do

cliente satisfeito, garantia da sobrevivência, do crescimento e da perpetuidade da

organização.” (p.35)

EMPRESÁRIO

“Empresário é o homem que lidera a produção de uma parcela de riquezas necessárias

à sociedade, coordenando outros homens que dominam tecnologias específicas, por

intermédio de uma arte indispensável ao exercício de sua função: a Tecnologia Empresarial.

O compromisso básico do empresário, portanto, é fazer convergir seu conhecimento e

sua ação para criar riquezas, com enfoque na contribuição, nas oportunidades e nos

resultados... Assim o empresário merecedor deste nome é capaz de avaliar as circunstâncias,

modificar as condições econômicas preexistentes ou mesmo criar novas condições

econômicas, concentrando, para tanto, seus próprios recursos, tempo e energia, bem como os

de sua empresa, nos rumos de ação que escolheu, fazendo, através de criteriosa delegação a

seus auxiliares, todas as coisas prioritárias ao mesmo tempo e uma coisa de cada vez. “ (pg.

38)

ACIONISTA

“Acionista ...o homem que colocou à nossa disposição não só seu patrimônio material,

mas sobretudo seu patrimônio moral, constituído este último:

76

Organização ESPÍRITO Acionista Empresário Cliente EMPRESARIAL Sobrevivência, Crescimento e Espírito empresarial Satisfação do Perpetuidade Cliente Organização Acionista Empresário Cliente GERAÇÃO DE Sobrevivência, RESULTADO Crescimento e Espírito Empreendedor Satisfação do Perpetuidade Cliente

COMUNICAÇÃO

Comunicar é tornar comuns conhecimentos, informações, propósitos e resultados

esperados. Comunicar é influenciar e ser influenciado na busca de o que é certo (eficácia),

visando à obtenção e à superação dos resultados pactuados (eficiência).

“Fornecer, obter e utilizar as informações adequadas, no momento adequado, saber

ouvir ou ler as opiniões dos auxiliares, bem como transmitir com precisão seu pensamento,

através da fala ou da escrita, são dons inatos ou adquiridos, que um empresário precisa

constantemente aperfeiçoar para ter sucesso.”

“As únicas coisas que existem concretamente em uma organização são os Homens,

seus respectivos negócios e a comunicação entre eles; tudo mais é conseqüência.”

77

“O sistema de comunicação, além de envolver toda a empresa, deve envolver também

o Cliente, permitindo que o acompanhamento, a avaliação e o julgamento dos resultados

sejam uma tarefa comum.”

SINERGIA

“Sinergia, aplicada à sociedade humana, significa ação coordenada e simultânea dos

homens em busca de resultados comuns. E conforme a experiência acumulada pela

humanidade o demonstra, havendo efetiva sinergia, a ação simultânea dos homens conduz a

resultados maiores que aqueles obtidos pela ação isolada de cada um.

Daí a razão pela qual construir e ampliar a sinergia dos homens representa a missão

primordial do empresário, pois somente com o concurso da sinergia é possível:

A criação contínua e crescente de um todo maior que a soma das partes; e

A manutenção de sólidos laços de disciplina, respeito e amizade entre os homens e,

por esta via, a manutenção da lealdade de todos à organização”.

CRIATIVIDADE

O autêntico Empresário tem sua criatividade estimulada a partir das necessidades do

Cliente.

78

É no trato de questões muito concretas e específicas e, sobretudo, na prática da

comunicação, questionando e confrontando permanentemente o que existe, que o empresário

identifica as possibilidades de inovação e, na verdade, realiza sua capacidade criativa

A finalidade última de qualquer política de inovação só pode ter a necessidade do

Cliente como ponto de partida e sua satisfação como ponto de chegada.

“Além de identificar novas oportunidades, precisamos igualmente perceber o

envelhecimento de antigas formas de servir e agir, substituindo-as antes de se tornarem inúteis

ou contraproducentes.”

A criatividade, portanto, é indissociável do espírito empresarial. Este definha e morre,

se a contemplação dos êxitos do passado e a acomodação com os êxitos do presente fazem o

empresário esquecer-se de que seu compromisso é com o fazer acontecer; é com um futuro

que se coloca sempre um passo mais adiante.

PARCERIA

A parceria é o contrato moral e psicológico entre o Líder e o Liderado, mediante o qual

ambos se comprometem com o sucesso de um empreendimento conjunto.

A parceria requer o envolvimento do Ser Humano tanto no planejamento quanto na

execução da Tarefa Empresarial; ou seja, desde a conquista até a satisfação do Cliente.

A parceria requer o comprometimento com a obtenção da produtividade e de tudo o

mais que desta decorre, com vistas à superação dos resultados pactuados entre os Parceiros e,

em conseqüência, do montante a partilhar.

PRODUTIVIDADE

“ Interessa-nos a produtividade como um processo incessante de melhoria da relação

entre os resultados efetivos, seus prazos e seus respectivos custos,” significando além disso “

uma atitude permanente de nossos empresários, na busca de o que é o certo e fazer bem o que

é certo.”

79

“Produtividade significa ainda, o fruto que continuamente colhemos, enquanto a

criatividade do empresário permanece a serviço da ampliação da sinergia em nossa

organização.”

EDUCAÇÃO PELO TRABALHO

A educação pelo trabalho visa ao desenvolvimento conjunto do Líder e Liderado e

exige de ambos a reiterada prática da humildade e do diálogo honesto, franco e leal.

Também indissociável do desenvolvimento conjunto é a vontade e a capacidade de

ambos para desaprender o que deixou de ser produtivo e aprender o que possa ser-lhes útil,

para melhor satisfação do Cliente e dos Acionistas.

C O N C E I T O S E S S E N C I A I S

Os conceitos essenciais da TEO constituem, juntamente com os princípios

fundamentais, a base da linguagem comum e do Sistema de Comunicação da Organização

Odebrecht.

Esses conceitos objetivam conferir eficácia à interação dos Líderes com os respectivos

Liderados, pois exigem disciplina mental da parte dos Interlocutores que lhes oferecem, em

troca, clareza na comunicação.

São também o fundamento da eficiência da linguagem comum, vez que cada

conceito é a síntese de crenças e valores que dispensam repetição.

DESCENTRALIZAÇÃO

“O poder, em uma organização, está na linha, isto é, ao longo do eixo

Cliente/Acionista, de tal forma que, independente do porte da organização, exista o contato

direto, permanente e individual entre o responsável pela produção do bem e/ou serviço e o

cliente.”

“Em uma organização, os problemas devem ser resolvidos onde foram identificados e,

desta maneira, transformados em oportunidades”. O termo descentralização está

80

indissociavelmente ligado à idéia de planejamento. Portanto, quando falamos em

descentralização, estaremos falamos sempre de descentralização planejada.”

“As decisões, em nossa organização, sempre serão individuais, assumindo cada

empresário o papel de responsável único pelas decisões finais de sua área de

responsabilidade/autoridade;”

DELEGAÇÃO PLANEJADA

Na Organização Odebrecht, a prática da confiança é sinônimo de delegação planejada,

por intermédio da qual torna-se possível construir um estrutura modular dinâmica,

inteiramente voltada para a satisfação das necessidades de cada cliente.

Delegar uma tarefa a alguém é confiar:

. na retidão de seu caráter;

. no potencial do Ser Humano e em sua vontade de desenvolver-se;

. em sua competência; e

. em seu alinhamento às Concepções Filosóficas da Organização.

TAREFA EMPRESARIAL

“Ao longo das duas metades da tarefa empresarial de cada homem, a primeira a de

planejamento na qual se busca identificar, criar e conquistar o cliente, e a segunda a de

execução na qual se busca satisfazer o cliente; a comunicação entre líderes e liderados

permitirá o acompanhamento, isto é, o confronto entre o previsto no programa e o

efetivamente realizado, e em conseqüência, a avaliação e o julgamento do homem, com base

nos fatos.”

A Tarefa Empresarial é o processo contínuo voltado para:

. a identificação, criação e conquista do Cliente; e

. a satisfação desse Cliente.

81

LÍDER

“É o homem de caráter e de vocação empresarial, capaz de estabelecer, manter e

ampliar a confiança dos homens que lidera, através da criação das condições econômicas

requeridas para a sobrevivência, o crescimento e a perpetuidade da organização.”

RESULTADOS

A contínua valorização do Patrimônio Moral e Material dos Acionistas torna possível

o fluxo de resultados cada vez melhores e maiores, no sentido Cliente Acionista.

Esses resultados podem ser intangíveis ou tangíveis; de curto ou de longo prazos.

O fundamental é que contribuam para a Sobrevivência, o Crescimento e a

Perpetuidade da Organização Odebrecht.

RESPONSABILIDADE SOCIAL

A Organização Odebrecht cumpre sua responsabilidade social, ao:. satisfazer seus

Clientes, com serviços e bens que resultem na melhoria da qualidade de vida nas

Comunidades em que se encontra inserida;

. contribuir para o desenvolvimento social, econômico, tecnológico e empresarial

dessas mesmas comunidades;

. criar oportunidades de trabalho e de desenvolvimento para as Pessoas, inclusive

mediante o reinvestimento dos resultados obtidos;

. gerar riquezas para o Poder Público e para as Comunidades, por meio do

recolhimento de impostos e encargos e pela remuneração a Fornecedores, Integrantes e

Acionistas; e

. assegurar o permanente respeito ao Meio Ambiente, em suas ações empresariais.

. contribuir, adicionalmente, para o enriquecimentos dos processos educacional e

cultural mediante iniciativas que visam resgatar valores artísticos e estimular a

preservação do patrimônio histórico.

82

6.3 A IMAGEM SOB A ÓTICA DA TEO (antes e após a crise)

É interessante observar as mudanças que ocorreram na TEO no decorrer de todo o

processo de desgaste de imagem. O ponto mais claro diz respeito a percepção/definição do

sistema de comunicação para a organização. Na definição atual, o Sistema de Comunicação da

Odebrecht é definido como um enorme guarda-chuva que abarca TODOS os princípios e

conceitos da TEO. Inclusive se fala sobre clareza da comunicação e eficiência da linguagem, o

que demonstra a forte preocupação com esses pontos.

Mas se analisarmos a definição mais antiga de Sistema de comunicação (abaixo),

percebe-se o quão limitada era a visão da sua abrangência (a comunicação entre empresa,

funcionários e clientes), o que termina por indicar um certo despreparo da organização em

lidar com a comunidade e a opinião pública dentro dessa visão antiga do sistema de

comunicação.

Definição antiga de Sistema de Comunicação e Imagem. na TEO

“O sistema de comunicação é uma ampla e densa rede de relacionamento pessoal e

direto que envolve o Cliente, o empresário, os homens que este último coordena e o líder

empresarial.”

Segundo entendemos, a liderança e a comunicação - por permitirem a união fecunda

entre a teoria e a prática - são as bases sobre as quais repousa a organização empresarial, quer

dizer, o instrumento criado pelos homens para gerir a produção social de riquezas e, portanto,

para assegurar a sobrevivência, o crescimento e a perpetuidade de nossa espécie.

“O líder político dialoga com as massas. O líder empresarial dialoga com seus clientes,

fornecedores e com o número mais reduzido possível de homens de linha e assessores que

com ele trabalham.”

“No caso da sobrevivência, a prática tem demonstrado que são seus fatores básicos a

produtividade, a liquidez e a imagem, nesta ordem de prioridade.”

“O compromisso do empresário é, simultaneamente, com a sobrevivência e o

crescimento de sua empresa e a perpetuidade da organização, sendo necessário, portanto,

buscar resultados em todos os campos que possam contribuir para a realização desse

compromisso fundamental.”

83

“Embora cada resultado pressuponha sua identificação e sua busca de maneira

individualizada, usamos o termo no plural propositadamente. Queremos enfatizar que na vida

empresarial, os resultados são sempre múltiplos e, para alcança-los, é necessário aplicar o

princípio de fazer uma coisa de cada vez e todas ao mesmo tempo, através da correta

delegação.”

“A única classificação relevante é a que considera cada resultado sob o ponto de vista

da contribuição ao compromisso fundamental antes aludido; vale dizer que considera os

resultados em face:

da sobrevivência e do crescimento da empresa e, por seu intermédio,

da perpetuidade da organização.

Dentro desta definição antiga de Sistema de Comunicação, a única menção ao tema

imagem ocorre em sub tópico do Conceito Resultados, exposto a seguir:

Resultados relacionados com a sobrevivência:

Em consonância com a classificação estabelecida no item precedente, são os seguintes

os resultados requeridos para garantir a sobrevivência de uma empresa, por ordem de

prioridade:

resultados quanto à produtividade;

resultados quanto á liquidez; e

resultados quanto a imagem, ”

Resultados quanto à Imagem:

“Quanto à imagem, o nosso ponto de partida é a consciência de que a responsabilidade

social de nossa organização começa nos centros de resultado de cada negócio.”

“O responsável de cada centro de resultados deve contribuir para a construção de nossa

imagem, por intermédio da seriedade e da competência, que são indissociáveis de homens

cujo propósito de vida é servir.

A busca de resultados neste campo desdobra-se na:

Identificação e criação do cliente;

84

Resolução de seus problemas;

Sua satisfação ao término da prestação dos serviços ou da venda dos bens com ele

contratados.

Estas três etapas caracterizam um ciclo permanentemente repetido para cada cliente

em particular.

Os três desdobramentos acima não são estanques e, em especial, a satisfação plena de

um cliente é fundamental para a criação de novos clientes e mais ainda para a celebração de

outros contratos com o mesmo cliente.

Assim é preciso discernir, criteriosamente - em cada área negocial, em cada unidade

fabril, em cada contrato e em cada obra - como os resultados em questão se traduzem em

termos próprios aos diversos escalões decisórios da pequena e da grande empresa, bem como

da holding.

Definição nova de Imagem. na TEO

A Organização Odebrecht, através da sua filosofia de gestão, TEO, que espelha

claramente a sua cultura, demonstra que o antigo foco na imagem, apenas como comunicação

entre as partes envolvidas diretamente no negócio empresarial, ou seja empresa, cliente e

fornecedores, não foi suficiente para garantir a Organização uma boa imagem. A opinião

pública de um modo geral e o cliente indireto das obras, as comunidades que se beneficiam da

obra, não estavam envolvidos e, portanto, não poderiam emitir uma opinião clara ou perceber

uma imagem positiva quando da eclosão da crise.

É importante perceber que a mudança foi tão profunda que a TEO se rendeu a nova

visão de imagem organizacional, consolidando as idéias colocadas em prática após a crise.

85

7 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

O Marketing Institucional presta-se às atividades de “polimento de imagem das

organizações”, na busca de sólida reputação e reconhecimento público para a empresa.

Utilizado para formar, manter, consolidar ou ajudar o conceito público de uma organização, é

o sentido mais usual em que se emprega a expressão Marketing Institucional, voltado para a

obtenção, preservação e melhoria da imagem da empresa no mercado.

Para conquistar, melhorar ou garantir sua posição no mercado, cada empresa

desenvolve uma série de atividades, isoladamente ou em conjunto com outras organizações,

de modo a alcançar os objetivos desejados. As ações institucionais, freqüentemente, são

eficazes para solucionar problemas de imagem e reputação.

Em tempos de crise, entretanto, existe a necessidade de objetividade e a capacidade de

identificar o panorama de “pior crise”, o qual as pessoas da organização muitas vezes deixam

de ver. A sinergia de quem está dentro e de quem está fora é importante para que a

organização dê uma satisfação a si mesma, aos clientes e, ao público em geral, de que está

fazendo o possível para conter e controlar a crise e dar uma resposta a ela.

Foi observado, no decorrer deste estudo o poder da mídia na determinação do impacto

de uma crise. Neste contexto é conveniente que a empresa escolha um único porta-voz para

cuidar de declarações e perguntas sobre a crise. É sempre positivo o conselho de um bom

relações públicas, de dentro ou de fora da organização, que normalmente está bem equipado

para cuidar disso, uma vez que o mesmo sabe do que a mídia precisa para cobrir a estória, que

tipo de informação de blackground servirá melhor aos interesses da empresa para controlar a

crise.

Na filosofia empresarial, há que se adotar posturas estratégicas no sentido de viabilizar

e consolidar a política da empresa no que diz respeito ao seu relacionamento público e às

questões de imagem institucional. Nesse sentido, é de extrema importância desenvolver e

consolidar as relações com os diversos segmentos da imprensa nacional e, divulgar no exterior

fatos relevantes dos seus negócios, ou seja, consolidar o relacionamento com a mídia

nacional, mantendo canal permanente a atualização de comunicação da empresa com o meio

externo nacional e internacional.

86

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89

ANEXO A - Pesquisa Qualitativa Realizada para a Organização Odebrecht

JULHO DE 1994

Técnica de amostra

A pesquisa foi realizada em 6 capitais:

São Paulo

Rio de Janeiro

Brasília

Salvador

Porto Alegre

Recife

A técnica utilizada foi a de entrevista em profundidade ( público “líderes de opinião”)

Foram realizadas 127 entrevistas em profundidade com:

Jornalistas

Líderes de opinião (formadores de opinião) ocupando posições de liderança nas seguintes

áreas de atuação:

Indústria, comércio, serviços públicos e privados

Justiça

Saúde

Educação

Sindicatos, associações de classe (empregado e empregador)

Agricultura

Política

Igreja

A amostra foi assim constituída:

Cidade Jornalistas Líderes Total

São Paulo 10 20 30

Rio de Janeiro 06 15 21

Brasília 10 15 25

Salvador 04 12 16

Recife 04 12 16

Porto Alegre 04 15 19

Total 38 89 127

90

QUESTIONÁRIO

Quais as empresas de capital nacional que você conhece no Brasil?

Qual a sua visão da empresa e do empresário no Brasil? (leve em consideração o contexto

sócio-econômico-político do país e a filosofia empresarial adotada.)

Qual o perfil de uma empresa ideal para você?

É possível se fazer um painel dos últimos anos sobre a postura das empresas e do

empresariado no Brasil?

Qual o papel das construtoras de grandes obras públicas e os seus empresários para o país?

Quais as empresas de Construção de Obras Públicas que você conhece no Brasil?

Você conhece a Comstrutora Norberto Odebrecht?

O que você conhece da Construtora Norberto Odebrecht?

Dentro dos pontos considerados em uma empresa ideal, como você os percebe na Construtora

Norberto Odebrecht?

Qual o seu conceito de construtora?

Qual o seu conceito de empreiteira?

Como você percebe os acontecimentos ocorridos envolvendo os políticos e as Grandes

Construtoras de Obras Públicas?

Qual a imagem que você faz da Contrutora Norberto Odebrecht?

95

21. Faixa etária:

Até 21 anos

De 22 a 35 anos

De 36 a 50 anos

Acima de 50 anos

22. Profissão:

Jornalista

Engenheiro

Administrador

Economista

Psicólogo

Outros

23. Estado do Brasil onde reside atualmente:

ANEXO B Relatório

INTRODUÇÃO

96

Este relatório apresenta resultados da Pesquisa Qualitativa realizada especialmente

pela Organização Odebrecht, em 1994, cujo objetivo foi medir o nível de conhecimento, os

sentimentos predominantes e a imagem da Organização Odebrecht e, ainda, resultados da

Pesquisa realizada em 1997 por mestrandos da UFBA e COPPEAD, do curso de Pesquisa de

Marketing.

Na pesquisa realizada em 1997 objetiva-se comparar os resultados obtidos na pesquisa

realizada em 1994 com os novos resultados (1997), mormente nas questões relativas ao nível

de conhecimento, sentimentos predominantes e imagem da organização Odebrecht. Tal

comparação pretende aferir se a “consciência pública” mantém os mesmos níveis conceituais

e de avaliação sobre a imagem da Organização; se as lembranças do público se arrefeceram

em relação à credibilidade da mesma; e ainda, se a comunicação da Odebrecht com o público

ofereceu elementos que sedimentassem uma “nova memória”, e criassem novas associações à

imagem da Odebrecht, que na Pesquisa 94 se associava a traços negativos de imagem do

governo e da classe política.

A pesquisa 1994

Após o período de crise que envolveu a organização entre 1992 e 1994, a Odebrecht

resolveu fazer uma avaliação de todo o processo vivenciado e contratou uma empresa para

realizar uma pesquisa externa em julho de 1994, visando como objetivo principal: “Medir o

nível de conhecimento, sentimentos predominantes e imagem da organização Odebrecht.”

Dentro do primeiro enfoque, Nível de Conhecimento, buscou-se:

O que se sabe a respeito da Odebrecht;

Características da Organização Odebrecht, atuação profissional e social: obras

realizadas e ações sociais conhecidas;

Abrangência e interesse na atuação nacional e internacional;

Conhecimento da Organização Odebrecht através das suas empresas;

Conhecimento da filosofia empresarial - modelo de gestão diferenciada; e

Crescimento da Odebrecht - razões/meios.

97

Dentro do segundo enfoque, sentimentos predominantes e Imagem da

Organização Odebrecht, buscou-se:

Sentimentos e conotações relacionadas ao nome Odebrecht

Como é identificada: empreiteira, construtora, empresa nacional, organização,

holding.

Sentimentos despertados pela mensão do nome Odebrecht - presença na mídia

Histórico da formação de imagem

Atuação Técnica

Eficiência/competência/tecnologia

Modernidade/atualização

Atuação Social

Relação com o empregado (benefícios, respeito, etc.)

Contribuição para o desenvolvimento do país, cidade, comunidade

Atuação Política

Ética

Exposição pública: repercussão dos recentes episódios políticos (CPI, etc.) na

imagem e conhecimento

Pessoas que integram a Odebrecht - imagem

Avaliação da Responsabilidade sobre a corrupção no país: políticos, empreiteiras e

governos

Comunicação

Conhecimento e imagem dos donos/acionistas/dirigentes da empresa

Conhecimento e credibilidade nos comunicados através da imprensa

Expectativas e sugestões de ações e atitudes

Técnica e Amostra

98

Foram adotadas duas diferentes técnicas, conforme o segmento de público a ser

pesquisado:

discussões em grupo (público “propagadores de opinião”)

entrevistas em profundidade (público “líderes de opinião”)

A pesquisa foi realizada em 6 capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília,

Salvador, Porto Alegre e Recife.

Grupos

Buscou-se em um perfil geral, pessoas com hábito de leitura diária de jornais,

audiências de telejornais, leitores assíduos de revistas informativas - assinantes de preferência.

As pessoas foram reunidas em 3 diferentes grupos:

Grupo 1: Profissionais liberais, executivos ocupando cargos de chefia/gerência em

empresas privadas e públicas, ambos os sexos, de classe média alta, na faixa de 30-45 anos.

Grupo 2: Engenheiros e profissionais da área de construção e petroquímica, de ambos

os sexos e idades de 30-45 anos.

Grupo 3: Jovens de 18 a 25 anos, classe média alta, escolaridade superior, estudando

ou trabalhando.

Entrevistas

Foram realizadas 127 entrevistas com:

Jornalistas

Líderes de opinião (formadores de opinião) - pessoas ocupando posições de

liderança nas seguintes áreas de atuação: indústria, comércio, serviços públicos/privados,

justiça, saúde, educação, sindicalistas e associações de classe (empregado e empregador),

agricultura, política e igreja.

Amostra

Cidade Jornalista Líderes Total

São Paulo 10 20 30

Rio de Janeiro 06 15 21

Brasília 10 15 25

99

Salvador 04 12 16

Recife 04 12 16

Porto Alegre 04 15 19

Total 38 89 127

RESULTADOS

1 - Conceito: Empresa Nacional

Dificuldade em distinguir empresa de capital nacional

Grandes empresas - Multinacionais - Montadoras, distribuidoras de petróleo, ind. de

alimentos.

Depois do estímulo

Votorantim, Bancos (Itaú, Bamerindus, Bradesco) Rede Globo

Nacionais aquém das multinacionais em termos de imagem e filosofia do

trabalho (remuneração, condições de trabalho, plano de carreira)

Multinacionais despertam maior expectativa de carreira e nível de vida.

2- Conceito: Empresa Ideal

Multinacionais mais próximas de empresa ideal:

Obter lucro

Gerar emprego

Promover desenvolvimento da comunidade

Produção: produto de qualidade

produzir o necessário para a população

desenvolver tecnologia

treinar e capacitar mão de obra

reinvestir na produção

Âmbito Social da empresa: proporciona qualidade de vida no trabalho e fora

100

clubes, promoção de eventos esportivos e culturais

programas de incentivos

assistência médica e educacional para funcionários e familiares.

Âmbito Social amplo: Investir no país

Investir em pesquisas nas universidades

Associar-se a prefeituras, associações, instituições

(visando melhorar a vida da população)

Patrocínio a eventos esportivos e culturais

3 - Situação Histórica

Getúlio Vargas - benefícios e incentivos fiscais, de impostos

empresas em aliança com o governo - formação de cartéis, oligopólios, postura

individualista

lucros abusivos, retorno rápido de investimentos

produto de baixa qualidade

sem preocupação com meio ambiente e tecnologia

Mudança na postura e mentalidade dos empresários nos últimos 5 anos.

Abertura da democracia

intensificação da crise econômica

abertura do mercado de produtos estrangeiros

nova mentalidade do consumidor (exigente)

Processo de atualização

Menor nas grandes por sofrerem menor pressão social e de poder econômico

4 - Imagem geral das grandes construtoras

Grandes construtoras - especializadas e gabaritadas para a atividade:

Odebrecht, Mendes júnior, Camargo Correia, Andrade Gutierrez, OAS

Desconhece:

101

Estado ou cidade sede das empresas, apenas a ODB é lembrada como baiana

Porte das empresas (número de empregados, países onde atuam, capital)

Tecnologia utilizada e qualidade final da obra

Organização interna

Participação Social

O desconhecimento é fruto da falta de comunicação por parte das empresas e

pela baixa personalização da obra pública.

Ligação histórica com Brasília - Governo militar - empresas escondidas - não

visível para o povo - preço maior, competência, tecnologia, prazo - gerência do governo que

rouba

Relação pouco visível estoura na mídia em aspectos negativos

Imagem do setor prejudicada (especialmente a Odebrecht)

PESQUISA 1997

102

Tomando por base a pesquisa realizada em 1994 foi realizada uma outra em 1997. A

nova pesquisa, realizada através de questionário, trata-se de pesquisa apresentada com

perguntas fechadas em quase sua totalidade, uma vez que apenas em cinco quesitos

apresentam-se questões com respostas abertas.

A pesquisa 1997 foi dividida em dois blocos. No primeiro, buscou-se traçar o perfil

das empresas e empresários brasileiros; como deve ser a empresa ideal; o papel das

Construtoras e dos Empresários das Construtoras de Grandes Obras Públicas para o País; e,

ainda, como o público percebe a conduta empresarial de Grandes Obras Públicas em nosso

País. No segundo bloco objetiva-se comparar os resultados obtidos na pesquisa realizada em

1994 com os novos resultados (1997), mormente nas questões relativas ao nível de

conhecimento, sentimentos predominantes e imagem da organização Odebrecht.

No segundo bloco, dentro do primeiro enfoque, buscou-se, aferir o nível de

conhecimento dos entrevistados sobre a Empresa Odebrecht

O que se sabe a respeito da Odebrecht;

Características da Organização Odebrecht, atuação profissional e social: obras

realizadas e ações sociais conhecidas;

Abrangência e interesse na atuação nacional e internacional;

Conhecimento da Organização Odebrecht através das suas empresas;

Dentro do segundo enfoque, sentimentos predominantes e Imagem da Organização

Odebrecht, buscou-se:

Sentimentos e conotações relacionadas ao nome Odebrecht

Histórico da formação de imagem

Atuação Técnica

Eficiência/competência/tecnologia

Modernidade/atualização

Avaliação da Conduta Empresarial da CNO

103

Atuação Social

Relação com o empregado (remuneração)

Atuação Política

Ética

Exposição pública: repercussão de episódios políticos (CPI.) na imagem e

conhecimento

Comunicação

Publicidade

patrocínio cultural

Técnica e Amostra

Pesquisa em quase sua totalidade apresentada com perguntas fechadas, realizada

através de questionário. Foi realizada em 6 capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília,

Salvador, Porto Alegre e Recife.

Entrevistas

Buscou-se em um perfil geral, pessoas com hábito de leitura diária de jornais,

audiências de telejornais, leitores assíduos de revistas informativas.

Foram realizadas 100 entrevistas com:

Profissionais liberais (engenheiros, administradores, economistas, psicólogos e de

ambos os sexos e idades de 30 a 45 anos.

Líderes de opinião, (formadores de opinião - pessoas ocupando posições de

liderança nas seguintes áreas de atuação: indústria, comércio, serviços

públicos/privados, justiça, saúde, educação e sindicalistas) de ambos os sexos e

idade de 21 a 50 anos e mais.

Amostra

104

Cidade P. Liberais Líderes Total

São Paulo 12 06 18

Rio de Janeiro 14 05 18

Brasília 08 04 12

Salvador 20 05 24

Recife 10 06 16

Porto Alegre 08 02 10

Total 72 28 100

RESULTADOS

I Bloco - questões 01 a 07

1 - Conceitos:

01 - Visão Geral das Empresas no Brasil - Perfil da Empresa Brasileira

Os pareceres negativos foram majoritários para a formação do perfil da empresa

brasileira, de acordo com a opinião da população entrevistada. Os pareceres estão

apresentados em ordem proporcional ao número de quesitos assinalados. As pessoas

entrevistadas consideram que as Empresas Brasileiras:

1 - Não buscam a preservação do meio ambiente

2 - São desorganizadas

3 - Não se preocupam com o bem estar dos empregados

4 - Utilizam tecnologias obsoletas

105

5 - Não promovem e/ou financiam atividades sociais

6 - Não investem na formação de seus funcionários

Na opinião dos entrevistados foram ressaltados dois aspectos positivos no perfil da

empresa brasileira. Tais aspectos estão apresentados em ordem proporcional ao número de

quesitos assinalados:

1 - Buscam a qualidade dos produtos e serviços

2 - São voltadas para o cliente

02 - Visão geral do empresário brasileiro

O resultado da pesquisa aponta para uma visão negativa do empresário brasileiro,

exceto no quesito 6, no qual os entrevistados concordam parcialmente que os mesmos “têm

boa formação gerencial”. Os demais pareceres estão apresentados em ordem proporcional ao

número de quesitos assinalados:

1 - Visam exclusivamente lucros altos e rápidos

2 - Somente pensam na carreira pessoal

3 - possuem visão de curto prazo

4 - Não são íntegros

5 - Não são conscientes do papel social de sua empresa

106

6 - Têm boa formação gerencial

03 - Empresa Ideal

A empresa ideal, segundo a população entrevistada, está entre aquelas que,

prioritariamente, preocupam-se com a satisfação de seu cliente e produzem com qualidade.

De acordo, com as pessoas entrevistadas, os ítens “cumpre as leis e obrigações fiscais” e

“investem em tecnologia” foram os últimos a serem apontados para a composição do perfil da

empresa ideal.

1 - Preocupa-se com a satisfação de seu cliente

2 - Produz com qualidade

3 - Gera empregos

4 - preocupa-se com seu papel social

5 - preocupa-se com o bem estar social de seus empregados

6 - investe na formação de seus funcionários

7 - dá participação nos lucros aos seus empregados

8 - paga bons salários

9 - preocupa-se com a preservação do meio ambiente e,

promove o desenvolvimento da comunidade

10 - cumpre as leis e as obrigações fiscais

11 - investe em tecnologia

.04 - Empresas de Construção de Grandes Obras Públicas conhecidas

107

Na pesquisa dirigida sobre o conhecimento das grandes empresas construtoras, a

Odebrecht aparece em primeiro lugar, seguida da Andrade Gutierrez.

1 - Odebrecht

2 - Andrade Gutierrez

3 - Camargo Correia

4 - Queiroz Galvão

5 - CR Almeida

Nas respostas espontâneas foram citadas, ainda, OAS, ENCOL, PROMON

Engenharia, Mendes Júnior e CBPOL.

05 - Papel das Construtoras de Grandes Obras Públicas para o país

O papel das construtoras de Grandes Obras Públicas, segundo a população entrevistada

é, em primeiro lugar, gerar infra-estrutura, secundado pelo aspecto de garantia de qualidade do

resultado do produto final. Tal aspecto sobressaiu no ítem relativo à empresa ideal, no qual, as

pessoas entrevistadas apontaram “produção com qualidade” também em segundo lugar,

demonstrando coerência nas respostas.

1 - Gerar infra-estrutura

2 - Garantir a qualidade do resultado do produto final

3 - Empregar grandes quantidades de mão-de-obra

4 - Desenvolver tecnologia e/ou Know How

5 - Promover o desenvolvimento da comunidade local

6 - gerar mão-de-obra qualificada

7 - garantir o bem estar da população afetada

8 - buscar baixos custos e alta qualidade

06 - Papel dos empresários das construtoras de Grandes Obras Públicas para o

país. O papel dos empresários das construtoras de Grandes Obras públicas é, primordialmente,

108

para o público entrevistado, “Garantir a qualidade das obras”, revelando um tipo de

“consciência pública” em que a “qualidade” é cobrada.

1 - garantir a qualidade das obras

2 - cumprir os custos orçados

3 - manter relacionamento ético com o governo

4 - garantir a segurança com o trabalho

5 - garantir o bem estar dos funcionários

6 - cumprir os prazos estabelecidos

07 - Percepção da conduta empresarial das construtoras de Grandes Obras

Públicas do Brasil. A imagem da conduta empresarial das construtoras de grandes obras

públicas é negativa; o público mantém uma atitude crítica associada à traços negativos de

imagem do governo e da classe política.

1 - faz má utilização das verbas

2 - não é séria

3 - é lobista

4 - não busca ter preços competitivos

5 - tem envolvimento com políticos

6 - não é idônea

7 - utiliza-se de troca de favores

8 - não é profissional

9 - é incompetente

II Bloco - questões de 08 a 19.

109

08 - Conhecimento da Organização Odebrecht

A Organização Odebrecht é conhecida pela maioria (92,68 %) dos entrevistados .

Conhecimento Sim Não Total

0

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20

30

40

50

60

70

80

90

100

Conhecimento Sim Não Total

Conhecimento

09 - Conhecimento das áreas de atuação da Odebrecht (pesquisa espontânea).

Os entrevistados demonstram conhecimento das áreas de atuação da Odebrecht, citando-as,

espontaneamente. No quadro abaixo, as áreas de atuação são apresentadas, sequencialmente,

de acordo com o número de vezes em que foram citadas.

1 - obras públicas

2 - construção civil

3 - petroquímica

4 - química

5 - montagem industrial

6 - construção pesada

7 - pontes e estradas

8 - naval

9 - obras de infra estrutura na África

10 - construção de hidrelétricas no país

11 - telecomunicações

10 - Veículo de conhecimento. Como conheceu a Odebrecht.

110

As pessoas entrevistadas afirmam que o principal modo através do qual tomaram

conhecimento da Organização Odebrecht é traduzido por notícias veiculadas pela mídia

(imprensa, televisão e rádio).

1 - Através de notícias em jornais , TV ou rádio (mídia)

2 - Através de amigos ou parentes

3 - Profissionalmente

4 - Através de propaganda em jornal , TV ou rádio.

11 - Classificação da Odebrecht quanto ao porte

A Odebrecht foi classificada como empresa de grande porte por 98% do público

entrevistado.

Grande Porte Não Sabe Total-

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20

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60

70

80

90

100

Grande Porte Não Sabe Total

CLASSIFICAÇÃO DA ONO QUANTO AO PORTE

12 - Avaliando a Construtora Norberto Odebrecht

A Organização foi avaliada de modo positivo, majoritariamente, nos aspectos relativos

a ser uma construtora sólida, forte e internacional. Nos demais aspectos, o público revela

desconhecimento (produtividade, gerenciamento, tecnologia moderna, etc.), que é materializado

através das respostas “não concordo nem discordo” utilizadas com frequência.

Avaliando... Concorda Discorda NCND*

111

É sólida 100,0 - -

É incompetente 4,8 51 41

É internacional 100,0 - -

Tem baixa produtividade - 36,6 63,4

É forte 73,0 - 27,0

Remunera mal 9,8 14,6 75,6

É moderna 44,0 - 56,0

É ágil 32,0 12,0 56,0

Tem mau gerenciamento 7,3 27,0 65,7

Busca ter custos competitivos 29,0 12,0 59,0

NCND = Não concorda nem discorda

13 - Avaliação dos serviços executados pela Construtora Odebrecht.

É difícil para os entrevistados avaliar a qualidade dos serviços prestados pela Odebrecht como

Construtora de Obras Públicas, uma vez que lhes faltam informações sobre tecnologia e

material empregado, para estimar a qualidade das obras realizadas pela empresa, razão pela

qual 49% das pessoas afirmaram “não saber” a qualidade dos serviços prestados.

Não sabe média alta baixa Total0

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60

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90

100

Não sabe média alta baixa Total

QUALIDADE DOS SERVIÇOS EXECUTADOS PELA ODEBRECT

14 - Avaliando a conduta empresarial da Odebrecht

112

Existe uma forte tendência do público em associar a conduta empresarial da

Odebrecht, e das grandes construtoras de Obras Públicas do Brasil a traços negativos . Nesta

pesquisa, tais traços afloram na consciência pública e a avaliação resulta numa imagem

negativa da conduta empresarial da Odebrecht. Exceto nos ítens “faz má utilização das

verbas” e “investe pouco em equipamentos” dos quais o público entrevistado não concorda

nem discorda, por não ter informações suficientes para uma avaliação, as demais afirmativas

assinaladas, concordando ou discordando, apontam para uma imagem negativa.

Avaliando a conduta.... Concorda Discorda NCND*

É séria 29,0 34,0 37,0

É antiética 44,0 20,0 37,0

É lobista 73,0 9,8 17,2

É profissional 63,4 7,0 29,6

Investe pouco em equipamentos - 27 73,0

Troca favores com políticos 73,0 - 27,0

É idônea 24,0 39,0 37,0

Faz má utilização das verbas 17,0 12,0 71,0

NCND = Não concorda nem discorda

15 - Conhecimento de CPI no Brasil.

87% dos entrevistados lembram-se de CPIs.

113

sim não Total-

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90

100

sim não Total

Conhecimento CPI

CPIs citadas espontaneamente: orçamento, construtoras , precatórios, Collor ,

empreiteiras, PC Farias, Marajás, Anões.

16 - Conhecimento de Odebrecht citada em CPI

Entre as pessoas entrevistadas (66%) têm conhecimento de CPI na qual a Organização

Odebrecht foi citada; 27 % não se lembra e 7% não opinou.

Sim Não Não opinou Total-

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Sim Não Não opinou Total

Conhecimento CPI Odebrecht

CPIs citadas espontaneamente: Obras públicas, orçamento, anões do orçamento,

empreiteiras, Acre/Ministro Magri, PC Farias.

17 - Reconhecimento de que a Odebrecht teve real envolvimento nessas CPIs.

114

63% dos entrevistados acreditam que a Odebrecht teve real envolvimento nas CPIs, enquanto

37% não se lembram

Sim Não Total0

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Sim Não Total

Envolvimento da Odebrect na CPI

18 - Conhecimento de publicidade da Odebrecht.

Entre as pessoas entrevistadas, 47,5 % lembra-se de publicidade da Odebrecht, e

52,5% desconhece qualquer tipo de publicidade da empresa. Foram citadas espontaneamente,

publicidade sobre gestão empresarial, patrocínio, lançamento do projeto Panove Ponto

Sampe, fascículo da Folha de São Paulo e Programa de TV.

PUBLICIDADE sim não Total0

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PUBLICIDADE sim não Total

Publicidade

115

19 - Conhecimento de patrocínio Cultural da Odebrecht

Entre as pessoas entrevistadas, 48% têm conhecimento de patrocínio cultural da

Odebrecht, e 52 % desconhece qualquer tipo de patrocínio por parte da empresa. Foram

citadas espontaneamente, patrocínio para teatro, filmes e pesquisas.

sim não Total

-

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50

60

70

80

90

100

sim não Total

Conhecimento Patrocínio Cultural

Resultados Comparativos:

Ao se comparar as duas pesquisas, observa-se que a imagem da Odebrecht, obtida

através da pesquisa realizada em 1997 é uma imagem xerocopiada da pesquisa realizada em

1994, na qual a imagem da organização é associada aos traços negativos do governo e da

classe política. Há que se observar que aspectos importantes na formação da imagem da

organização Odebrecht não se arrefeceram no lapso de tempo que se passou entre as duas

pesquisas. O público não se esqueceu das CPIs - 66% das pessoas entrevistadas têm viva a

lembrança da Odebrecht citada em uma CPI e 63% acredita que a mesma teve envolvimento

real nessas CPIs.

116

Enquanto essas imagens são mantidas na consciência pública, 52% dos entrevistados

não se lembra, ou desconhece qualquer patrocínio cultural ou publicidade da Odebrecht.

Neste sentido, pode-se afirmar que o potencial de comunicação da empresa não é devidamente

explorado.

Quanto aos aspectos positivos, tem-se que na pesquisa de 94, a Odebrecht era uma

empresa desconhecida por grande parte do público entrevistado, constituído então, por

jornalistas e líderes de opinião. Atualmente, embora a empresa, em sua atuação social, seja

pouco divulgada, 92,68% das pessoas ouvidas afirmaram conhecer a organização e, na

pesquisa espontânea demonstraram conhecimento das áreas de atuação da Odebrecht,.

Como na pesquisa 94, na presente pesquisa a Odebrecht (empresa de construção de

obras de grande porte), é avaliada de modo positivo: é sólida, forte e internacional.

Alguns aspectos explorados nas duas pesquisas, relativos à estrutura empresarial da

organização, principalmente nos quesitos relativos à produtividade, remuneração de

funcionários, gerenciamento e custos, são de difícil avaliação para os entrevistados, uma vez

que para se fazer tal avaliação é necessário aprofundar conhecimento sobre a empresa.

Na área de produção, também, em ambas as pesquisas, foi impossível aos

entrevistados avalizar a qualidade dos serviços prestados pela Odebrecht como Construtora de

Obras Públicas, uma vez que falta ao cidadão comum subsídio tais como informações sobre

teconologia e material empregado, para estimar a qualidade das obras realizadas pela empresa.

Entre os entrevistados da pesquisa 1997, 27% e 24% afirmaram que os serviços executados

pela Construtora Odebrecht são de alta e média qualidade, respectivamente. Tal avaliação é

feita por dedução, uma vez que para grandes obras, ou seja, barragens, usinas, túneis,

aeroportos, etc. precisam ser construídos com qualidade.