94
i Aspectos Epidemiológicos, Clínicos, Imunológicos e Terapêuticos da Leishmaniose Disseminada produzida por Leishmania braziliensis Maria Elisa Alves Rosa Tese de Doutorado Salvador (Bahia), 2012 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE … · Imunologia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos ... V. RESUMO Aspectos epidemiológicos, clínicos, imunológicos e

Embed Size (px)

Citation preview

i

Aspectos Epidemiolgicos, Clnicos, Imunolgicos e

Teraputicos da Leishmaniose Disseminada produzida

por Leishmania braziliensis

Maria Elisa Alves Rosa

Tese de Doutorado

Salvador (Bahia), 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS DA SADE

R 788 Rosa, Maria Elisa Alves

Aspectos epidemiolgicos, clnicos, imunolgicos e teraputicos da leishmaniose disseminada produzida por Leishmania braziliensis/Maria Elisa Alves Rosa.-Salvador, 2012.

75 f.:Il

Orientador: Paulo Roberto Lima Machado

Tese (Doutorado) Universidade Federal da Bahia. Instituto de C. da Sade, 2012.

1. Leishmaniose. 2. Leishmaniose tegumentar. I. Machado, Paulo Lima. II Universidade Federal da Bahia. III. Ttulo.

CDU: 616.993.161

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE MEDICINA

CURSO DE PS GRADUAO EM CINCIAS DA

SADE

Aspectos Epidemiolgicos, Clnicos, Imunolgicos e

Teraputicos da Leishmaniose Disseminada produzida

por Leishmania braziliensis

Maria Elisa Alves Rosa

Professor-orientador: Paulo Roberto Lima Machado

Tese apresentada ao Colegiado do Programa

de Ps-Graduao em Cincias da Sade, da

Faculdade de Medicina da Universidade

Federal da Bahia, como pr-requisito

obrigatrio para a obteno do grau de Doutor

em Cincias da Sade, da rea de concentrao

em Medicina.

Salvador (Bahia), 2012

iii

COMISSO EXAMINADORA:

1- Maria Ilma Andrade Santos Arajo (Presidente) - Doutora em Biologia

Celular e Molecular pela Fundao Oswaldo Cruz, Brasil (1997),

Farmacutica Bioqumica da Universidade Federal da Bahia, Brasil.

2- Anette Chrusciak Talhari - Doutora em Doenas Tropicais e Infecciosas

pela Universidade do Estado do Amazonas, Brasil (2009),

Pesquisadora Iniciante da Fundao de Medicina Tropical Doutor

Heitor Vieira Dourado, Brasil.

3- Heitor de S Gonalves - Doutor em Farmacologia pela Universidade

Federal do Cear, Brasil (2010), Mdico dermatologista do Centro de

Dermatologia Dona Libnia, Brasil.

4- Jussamara Brito Santos - Doutora em Imunologia pela Universidade

Federal da Bahia, Brasil (2005), Professora da Faculdade Baiana de

Medicina e Sade Pblica, Brasil.

5- Nicolaus Albert Borges Schriefer Doutor em Imunologia pela

Universidade de So Paulo, Brasil (2001), Professor Adjunto da

Universidade Federal da Bahia , Brasil.

6- Paulo Roberto Lima Machado (Professor orientador) - Doutor em

Medicina pela Universidade Federal da Bahia, Brasil (2003), Professor

da Faculdade Baiana de Medicina e Sade Pblica, trabalha na

Universidade Federal da Bahia, Brasil.

javascript:abreDetalhe('K4786006H9','Maria_Ilma_Andrade_Santos_Araujo',53820)javascript:abreDetalhe('K4576270Y3','Anette_Chrusciak_Talhari',3264914)javascript:abreDetalhe('K4789649Z7','Heitor_de_S_Gonalves',49347)javascript:abreDetalhe('K4776485A2','Jussamara_Brito_Santos',446133)javascript:abreDetalhe('K4782906T5','Nicolaus_Albert_Borges_Schriefer',71459)

iv

DEDICATRIA:

Este trabalho dedicado aos pacientes de Corte de Pedra e minha

amada famlia.

v

EQUIPE:

1- Adriano Queiroz Silva Bilogo, Doutor em Imunologia

2- Edgar Carvalho Doutor e Livre Docente-Pesquisador e Chefe do

Servio de Imunologia do Hospital Universitrio Professor Edgard

Santos, Professor Titular em Medicina da FAMED-UFBA

3- Luiz Henrique Guimares Mdico Clnico, Mestre em Medicina e

Sade

4- Olvia Bacellar Bioqumica, Pesquisadora do Servio de

Imunologia do Hospital Universitrio Professor Edgard Santos

5- Paulo Roberto Lima Machado - Mdico Especialista em

Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, Doutor em

Medicina e Pesquisador do Servio de Imunologia do Hospital

Universitrio Professor Edgard Santos

6- Srgio Marcos Arruda Doutor em Patologia Humana e Pesquisador

da Fundao Gonalo Moniz Fundao Oswaldo Cruz

vi

INSTITUIES PARTICIPANTES:

1- Universidade Federal da Bahia Complexo Hospitalar Universitrio

Professor Edgard Santos (COM-HUPES)

Servio de Imunologia

2- Posto de Sade da Vila de Corte de Pedra, Tancredo Neves, Bahia

vii

FONTES FINACIADORAS:

1- Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

(Cnpq)

2- Fundao de Amparo Pesquisa (FAPESB)

3- National Institutes of Health (NIH)

viii

AGRADECIMENTOS:

1- Paulo Roberto Lima Machado, pelo cuidado na orientao

2- Olvia Bacellar, pela realizao da avaliao imunolgica

3- Srgio Arruda, pela realizao das histopatologias

9

NDICE

I- ndice de Figuras 10 II- ndice de Tabelas 11 III- ndice de Grficos 13 IV- ndice de Siglas 14 V- Resumo 15 VI- Objetivos 16 VII- Introduo 17 VIII- Reviso da Literatura 18 IX- Justificativa 36 X- Casustica, Material e Mtodos 37 XI- Resultados 44 XII- Resumo dos Resultados 53 XIII- Discusso 54 XIV- Propostas de Estudo 57 XV- Concluses 59 XVI- Summary 60 XVII- Referncias Bibliogrficas 61 XVIII- Anexos 70

10

I. NDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Histopatologia da borda da lcera e da ppula de 121 pacientes

portadores de Leishmaniose Disseminada acompanhados no Posto de

Sade de Corte de Pedra, BA , 2009-2011

47

Figura 2 - Expresso tecidual de CXCL10 em amostras de lcera e ppula

de pacientes com Leishmaniose Disseminada e Leishmaniose Cutnea,

acompanhados no Posto de Sade de Corte de Pedra, BA, 1998 2001

52

11

II. NDICE DE TABELAS

Tabela 1 LTA no Brasil: espcies de Leishmania, principais vetores,

reservatrios e regies geogrficas

19

Tabela 2 - Aspectos clnico-laboratoriais das formas cutneas de LTA

22

Tabela 3 - Relatos de Leishmaniose Disseminada no Novo Mundo

24

Tabela 4 - Relatos de co-infeco Leishmaniose Disseminada e SIDA

25

Tabela 5 - Citocinas e quimiocinas estudadas e seu papel na resposta

imune frente aos patgenos intracelulares

29

Tabela 6 - Caractersticas demogrficas dos 121 pacientes portadores de

Leishmaniose Disseminada acompanhados no Posto de Sade de Corte de

Pedra, BA, 2009-2011

45

Tabela 7 - Caractersticas clnicas de 121 pacientes portadores de

Leishmaniose Dissemina, acompanhados no Posto de Sade de Corte de

Pedra, BA, 2009-2011

46

Tabela 8 - Nmero de cadeias ganglionares envolvidas em 121 pacientes

portadores de Leishmaniose Disseminada acompanhados no Posto de

Sade de Corte de Pedra, BA, 2009-2011

47

Tabela 9 - Frequncias absoluta e relativa de sintomas sistmicos

observados durante o perodo de disseminao em pacientes com

Leishmaniose Disseminada acompanhados no Posto de Sade de Corte de

Pedra, BA, 2009-2011

47

Tabela 10 - Aspectos laboratoriais em 121 pacientes portadores de

Leishmaniose Disseminada acompanhados no Posto de Sade de Corte de

Pedra, BA, 2009-2011

48

Tabela 11 - Resposta teraputica ao antimonial pentavalente em 114

pacientes com diagnstico de Leishmaniose Disseminada acompanhados

no Posto de Sade de Corte de Pedra - BA, 2009-2011

50

Tabela 12 - Influncia dos aspectos clnicos na resposta ao tratamento

12

com antimonial pentavalente em pacientes com diagnstico de

Leishmaniose Disseminada acompanhados no Posto de Sade de Corte de

Pedra BA, 2009-2011

50

Tabela 13 - Produo de INF e TNF por clulas mononucleares de

sangue perifrico aps estmulo com antgeno solvel de Leishmania em

pacientes portadores de Leishmaniose Disseminada com e sem

envolvimento mucoso, acompanhados no Posto de Sade de Corte de

Pedra, BA, 1998 2001

52

Tabela 14 - Produo tecidual de citocinas e quimiocinas em pacientes

portadores de Leishmaniose Disseminada e Leishmaniose Cutnea,

acompanhados no Posto de Sade de Corte de Pedra, BA, 1998 2001

53

13

III. NDICE DE GRFICOS

Grfico 1 - Distribuio dos casos notificados de Leishmaniose

Tegumentar aAericana, Brasil, 1985 2011

20

Grfico 2 - Proporo de casos de Leishmaniose Disseminada

diagnosticados em Corte de Pedra, Bahia, 1978 2008

25

Grfico 3 - Produo de INF, TNF, IL-5 e IL-10 por clulas

mononucleares de sangue perifrico, aps estmulo com antgeno solvel

de Leishmania em pacientes portadores de Leishmaniose Disseminada

(DL) e Leishmaniose Cutnea (CL), 1998 2001

50

Grfico 4 - Produo de CCL2, CCL3, CCL11, CXCL9 e CXCL10 por

clulas mononucleares de sangue perifrico, aps estmulo com antgeno

solvel de Leishmania em pacientes portadores de Leishmaniose

Disseminada (DL) e Leishmaniose Cutnea (CL), 1998 2001

51

14

IV.NDICE DE SIGLAS

CCL2/MCP-1: do ingls Chemokine (C-C motif) ligand 2/monocyte

chemotactic protein-1

CCL3: do ingls Chemokine (C-C motif) ligand 3

CCL11: do ingls Chemokine (C-C motif) ligand 11

CCL12: do ingls Chemokine (C-C motif) ligand 11

CXCL9: do ingls Chemokine (C-X-C motif) ligand 9

CXCL10/IP-10: do ingls C-X-C motif chemokine 10/ Interferon gamma-

induced protein 10

ELISA: do ingls Enzyme-Linked Immunosorbent Assay

IgG: do ingls Imunoglobulina G

IL-2: do ingls Interleucina 2

IL-4: do ingls Interleucina 4

IL-5: do ingls Interleucina 5

IL-10: do ingls Interleucina 10

INF: do ingls Interferon gama

TGF: do ingls Transforming growth factor beta

TNF: do ingls Tumor necrosis factor alpha

15

V. RESUMO

Aspectos epidemiolgicos, clnicos, imunolgicos e teraputicos da

Leishmaniose Disseminada produzida por Leishmania braziliensis

A Leishmaniose Disseminada (LD) forma grave de Leishmaniose Tegumentar

Americana (LTA), caracterizada pelo aparecimento de mltiplas leses

pleiomrficas, em mais de 2 segmentos corporais no contguos. Ainda pouco

compreendida, importante pelo carter emergente, gravidade das leses e

dificuldade de tratamento. Objetivo: descrio dos aspectos clnicos,

epidemiolgicos, imunolgicos e teraputicos da LD. Desenho do Estudo:

Srie de casos, Corte Transversal e Coorte. Casustica, Material e Mtodos:

acompanhamento clnico de 121 pacientes de LD. Sangue perifrico e tecido de

64 pacientes de LD e de Leishmaniose Cutnea (LC) foram avaliados quanto

produo in vitro e expresso tecidual de INF, TNF, IL5, IL10, CCL2, CCL3,

CCL11, CXCL9 e CXCL10. Resultados: apresentam maior risco de

desenvolverem LD indivduos adultos, do gnero masculino e lavradores.

Envolvimento mucoso foi observado em 50% dos casos, 64% apresentaram

entre 10 e 50 leses, a reao de Montenegro foi positiva em 65% e Leishmania

braziliensis foi identificada em 97% dos pacientes. Cura clnica foi observada

em 36,8% dos pacientes com o uso de 1 a 4 sries de antimonial pentavalente

(SbV); anfotericina B foi utilizada como medicao de resgate em 29% dos

casos, com cura clnica em 100%. Pacientes adultos apresentaram um risco 9

vezes maior de falha teraputica com o SbV que os menores de 18 anos. A

produo in vitro de IFN e de TNF foi mais baixa em pacientes com LD. A

produo de CXCL9 foi mais elevado nos portadores de LD. A expresso

tecidual das citocinas e quimiocinas foi equivalente nas 2 formas. Concluses:

adultos apresentam maior risco de falha teraputica com o SbV. A avaliao

imunolgica sugere que os pacientes de LD apresentam resposta Th1 deslocada

para os tecidos.

Palavras-chaves: Leishmaniose Disseminada, Leishmaniose Tegumentar

Americana, L. braziliensis

16

VI. OBJETIVOS

GERAL

Caracterizar a Leishmaniose Disseminada, quanto aos seus aspectos

clnicos, imunolgicos e teraputicos.

ESPECFICOS

1. Caracterizar os aspectos clnicos da Leishmaniose Disseminada

2. Caracterizar a resposta teraputica ao antimonial e anfotericina B

3. Analisar a resposta imune in vitro, quanto produo das citocinas

INF, TNF, IL5 e IL10 e das quimiocinas CCL2, CCL3, CCL11,

CXCL9 e CXCL10

4. Analisar a resposta imune in situ, por meio da determinao da

produo local das citocinas INF, TNF, IL5 e IL10 e das

quimiocinas CCL2, CCL3, CCL11, CXCL9 e CXCL10

17

VII. INTRODUO

A Leishmaniose Disseminada (LD) forma grave de Leishmaniose

Tegumentar Americana (LTA), associada a severo comprometimento cutneo

e frequncia mais elevada de envolvimento mucoso, quando comparada

Leishmaniose Cutnea (LC).

Na regio de Corte de Pedra Bahia, tem se observado, nos ltimos dez

anos, nmeros cada vez mais elevados de diagnstico de LD.

O acompanhamento clnico dos pacientes portadores de LD revela uma

dificuldade no manejo teraputico dessa forma de LTA, com necessidade de

numerosas sries de antimonial pentavalente ou do uso da anfotericina B para

a cura clnica.

A LD apresenta peculiaridades no quadro clnico que a distinguem da

LC: mltiplas leses em diversos segmentos corporais, elevado ndice de

associao com leso mucosa, presena de sintomas sistmicos no momento

da disseminao e a ausncia de comorbidades imunossupressoras. A LD

tambm deve ser diferenciada da Leishmaniose Cutneo Difusa (LCD), forma

anrgica de LTA, associada a mltiplas leses no ulceradas e riqueza de

parasitas nessas leses.

Estudos realizados pelo nosso grupo tm demonstrado que a LD

apresenta caractersticas imunolgicas prprias que a caracterizam como uma

forma particular dentro do espectro clnico da LTA.

18

VIII. REVISO DA LITERATURA

1. Aspectos epidemiolgicos

A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) uma doena

infecciosa, zoontica, no contagiosa, causada por protozorio do gnero

Leishmania, capaz de envolver pele e mucosas. A leishmaniose tegumentar

considerada, pela Organizao Mundial de Sade, importante problema

de Sade Pblica em 88 pases, com registro anual de 1 a 1,5 milhes de

casos (SVS/MS, 2007; Goto et al, 2012).

A LTA acomete outras espcies animais alm do homem e o meio

ambiente desempenha papel importante na sua epidemiologia. Em todas as

regies do mundo, descrita a transmisso do parasita entre animais

silvestres, entretanto, o desequilbrio ambiental proporcionado pela

penetrao do homem nas florestas implicou numa mudana do ciclo vetor-

reservatrio. Assim que os animais domsticos e o homem entram no

circuito do ciclo de vida da Leishmania (SVS/MS, 2007).

No Brasil, a Leishmaniose Tegumentar apresenta variedade de

espcies de Leishmania, vetores e reservatrios, com diferentes padres de

transmisso (Tabela 1).

So descritos trs perfis epidemiolgicos de transmisso das

Leishmanioses: 1- Silvestre quando ocorre a transmisso em rea de

vegetao primria; 2- Ocupacional ou de lazer quando a transmisso

est relacionada derrubada da mata para explorao econmica ou

turstica; 3- Rural ou periurbana - quando a transmisso ocorre em rea de

colonizao, onde j houve a adaptao do vetor ao peridomiclio

(SVS/MS, 2007).

19

Tabela 1: LTA no Brasil: espcies de Leishmania, principais vetores, reservatrios e regies

geogrficas. Espcie de Leishmania Vetores Reservatrios Regio geogrfica

Leishmania (V.)

braziliensis

Lutzomia

complexa,

L. wellcomei,

L. whitmani,

L. migonei,

L. neivai,

L. intermdia

Roedores silvestres,

ces, gatos, cavalos

Todos os estados do Brasil

Leishmania (V.)

guyanensis

L. umbratilis,

L. anduzei

Preguia, tamandu,

gamb

Acre, Amap, Amazonas,

Roraima e Par

Leishmania (L.)

amazonensis

L. laviscutellata,

L. reducta, L.

olmeca nociva

Roedores silvestres Amazonas, Par, Rondnia,

Tocantins, Maranho,

Bahia, Minas Gerais, So

Paulo, Gois e Paran

L. (V.) lainsoni L. ubiquitalis Paca Par, Rondnia e Acre

L. (V.) naiffi L. ayrozai, L.

paraensis,

L. squamiventris

Tatu Par e Amazonas

L. (V.) lindenberg L. antunesi

(provvel)

- Par

L. (V.) shawi L. whitmani Macaco, quati,

preguia

Par e Maranho

Fonte: SVS/MS

No Brasil, a LTA doena infecciosa dermatolgica de grande

importncia, no s pelo risco de deformidades, como pelo prejuzo

psicolgico, econmico e social que produz. considerada uma doena

endmica, em expanso, havendo registro de casos em todas as regies do

pas; Grfico 1 (SVS/MS, 2007).

20

Grfico 1. Distribuio dos casos notificados de Leishmaniose TegumentarAamericana,

Brasil, 1985 2011.

Fonte: SVS/MS

2. Aspectos Clnicos

As LTAs, no Brasil, apresentam peculiaridades clnicas segundo a

rea geogrfica onde houve a transmisso para o homem, contribuindo para

a forma clnica a espcie do parasita, do vetor, do reservatrio e as

caractersticas dos ecossistemas. So descritas quatro formas clnicas

principais: Leishmaniose Cutnea (LC), Leishmaniose Mucosa (LM),

Leishmaniose Disseminada (LD) e Leishmaniose Cutneo Difusa (LCD)

(Marzochi et al, 1994; Marsden et al, 1986; Jones et al, 1987).

LC associada L. braziliensis caracterizada pelo surgimento, no

local da inoculao, aps um perodo de incubao de 2 semanas a meses

(Furtado et al, 1994), de ppula eritematosa, qual se segue ndulo e

posteriormente lcera, dando origem a apresentao clssica da doena:

uma ou mais leses ulceradas, de bordas elevadas e fundo granuloso,

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000 1

98

5

19

86

19

87

19

88

19

89

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

20

11

Casos Notificados de LTA no Brasil

21

localizadas nas reas expostas do corpo (Aguiar Pupo et al, 1946). Est

associada linfadenopatia regional, com ou sem linfangite em 12 a 30%

(Barral et al, 1995; Gontijo et al, 2003). O envolvimento associado da

mucosa nasal pode ser visto em cerca 3% dos casos; Tabela 2 (Jones et al,

1987). Na regio Norte do pas, so observadas mltiplas leses cutneas,

causadas por L. guyanensis e, aparentemente, relacionadas mltiplas

picadas do inseto vetor (SVS/MS, 2007).

Tabela 2 Aspectos clnico-laboratoriais das principais formas cutneas de LTA Aspectos clnico-laboratoriais Formas clnicas

Cutnea Disseminada Difusa

Manifestaes cutneas lceras Ppulas, leses acneiformes,

exulceraes, lceras

Ndulos, placas

infiltradas

Envolvimento Mucoso 3% 38 48% Raro

Aspectos histopatolgicos Infiltrado

linfoplasmocitrio,

granulomas

Infiltrado linfoplasmocitrio,

com ou sem granuloma

Infiltrado de

linfcitos e

macrfagos sem

granuloma

Presena do parasita Poucos ou ausentes Poucos ou ausentes Mltiplos

Espcie de Leishmania L. amazonensis,

L. braziliensis,

L. guyanensis

L. braziliensis,

L. amazonensis,

L. guyanensis,

L. panamensis

L. amazonensis

Reao de Montenegro Positiva ou Negativa Positiva ou Negativa Negativa

Ttulo de anticorpo (IFI) Baixo Baixo a moderado Alto IFI: imunofluorescncia indireta

A LM, na maioria dos casos, secundria Leishmaniose Cutnea,

podendo ocorrer meses ou anos aps o seu tratamento. Em alguns casos,

sinais de doena cutnea esto ausentes e nestes casos, o envolvimento

mucoso pode ser associado Leishmaniose subclnica ou pode representar

doena mucosa primria. O teste de hipersensibilidade tardia fortemente

positivo e o tratamento prolongado costuma ser eficaz. No Brasil,

causada por L. braziliensis, mas h casos relacionados L. amazonensis e

L. guyanensis. Apresenta-se em cinco estgios clnicos (Lessa et al, 1999).

Estgio I: nodulao esbranquiada localizada no septo

cartilaginoso, assoalho e parede lateral, sem ulcerao.

22

Estgio II: ulcerao superficial, com granulaes finas no septo

anterior, conchas inferiores e assoalho da fossa nasal.

Estgio III: a ulcerao se aprofunda, mostrando granulao

grosseira e infiltrao mucosa. Esta se apresenta frivel, com sangramento

fcil e formao de crostas hemticas. O aspecto externo do nariz de

anta ou nariz de tapir, consequente intensa infiltrao edematosa das

cartilagens, do tecido celular subcutneo e da pele. Neste estgio, os

pacientes se queixam de obstruo nasal, rinorria sanguinolenta e dor

local.

Estgio IV: necrose do septo cartilaginoso anterior, podendo haver

perfurao.

Estgio V: o processo inflamatrio intenso com destruio total da

columela e queda da ponta do nariz, dando origem ao nariz em sela

(Marsden et al, 1994; Lessa et al, 1999; Lessa et al, 2012).

A LD forma grave de LTA, descrita inicialmente por Torres, em

1920, na Bahia (Costa et al, 1986). Tambm foi observada no Maranho

(Galvo et al, 1993), Cear (Sousa et al, 2006), Minas Gerais (Ogawa et al,

2006; Sousa et al, 2006) e no Equador (Calvopina et al, 2005); Tabela 3.

Vrias espcies de Leishmania j foram associadas LD, como L.

amazonensis (Carvalho et al, 1994), L. panamensis (Calvopina et al, 2005)

e L. guyanensis (Couppi et al, 2004), porm, a maioria dos casos descritos

no Brasil so causados pela L. braziliensis (Costa et al, 1986; Galvo et al,

1993; Turetz et al, 2002; Vieira-Gonalves et al, 2008).

Na regio de Corte de Pedra, considerada forma emergente,

correspondendo a 1,6% dos casos de LTA diagnosticados no perodo de

1988 a 1993; essa proporo aumentou para 3,9% nos anos de 2004 a 2008

(Grfico 2).

23

Tabela 3- Relatos de Leishmaniose Disseminada no Novo Mundo*

Local Leishmania Nmero

de casos

Nmero

de leses

Tipo das

leses

Leso

Mucosa

Costa et al, 1986 Bahia,

Brasil

L. braziliensis

L. amazonensis

8 - - -

Galvo et al,

1993

Maranho,

Brasil

L. braziliensis 1 58 lcera -

Carvalho et al,

1994

Bahia,

Brasil

L.amazonensis,

L. braziliensis

8 75-800 Ppulas,

lceras,

leses

acneiformes

38%

Turetz et al, 2002 Bahia,

Brasil

L. braziliensis 42 10-300 Acneiforme,

ppulas,

ndulos,

lceras

29%

Couppi et al,

2004

Guiana

Francesa

L. guyanensis 1 425 Ppulas,

nodules

-

Calvopina et al,

2005

Equador L. panamensis 1 69 lceras,

papulas,

crostas

-

Sousa et al, 2006 Cear,

Brasil

Provavelmente

L. braziliensis

1 749 Ppulas,

crostas,

lceras

-

Ogawa et al,

2006

Cear e

Minas

Gerais,

Brasil

rea endmica

de L.

braziliensis

2 - Ppulas,

ndulos,

placas,

leses

acneiformes,

-

Vieira-Gonalves

et al, 2008

Rio de

Janeiro,

Brasil

L. braziliensis 2 - Ppulas,

ndulos,

crostas,

leses

verrucosas

-

Rincn et al,

2008

Santander,

Colmbia

L. panamensis 2 21 lceras,

ndulos,

induraes

-

*Selecionados somente relatos no associados imunossupresso

(-) No informado

A LD se caracteriza pelo surgimento inicial de lcera clssica de LC

qual se seguem, em algumas semanas, mltiplas leses do tipo

acneiformes, papulosas, pequenas placas e pequenas exulceraes,

distribudas em diversos segmentos corporais. Durante o perodo de

disseminao, o paciente pode queixar-se de febre, astenia, mialgia e queda

do estado geral (Carvalho et al, 1994). Como critrio diagnstico de LD

convencionou-se o nmero mnimo de 10 leses em pelo menos 2

segmentos corporais no contguos. O envolvimento mucoso tambm pode

24

ser observado em cerca de 28 a 48% dos casos de LD (Turetz et al, 2002;

Jirmanus et al, 2012). O teste de hipersensibilidade tardia pode ser positivo

ou negativo, so encontrados pouco ou nenhum parasita nas leses (Tabela

2) e o tratamento costuma ser prolongado e difcil.

Muitos casos de LD relatados na literatura esto associados

imunossupresso (Da-Cruz et al, 1992; Durand et al, 1998; Agostini et al,

1998; Borges et al, 1999; Lindoso et al, 2009, Tabela 4), no entanto, os

casos descritos na Bahia so em pacientes aparentemente saudveis (Turetz

et al, 2002; Rosa et al, 2011).

Tabela 4. Relatos de co-infeco Leishmaniose Disseminada e SIDA. Local Leishmania Nmero

de casos

Nmero

de leses

Tipo de

leso

Leso

Mucosa

Da-Cruz et al, 1992 Brasil L. braziliensis 1 - Ppulas,

ndulos

Presente

Machado et al, 1992 Pernambuco,

Brasil

L. braziliensis 1 - Ppulas,

ndulos

Nasal,

orofaringeana

Durand et al, 1998 Frana L. infantum 1 - - -

Agostini et al, 1998 Itlia L. infantum 7 - - -

Borges et al, 1999 Minas

Gerais,

Brasil

- 2 - Ndulos,

pstulas,

lenticulares,

numulares,

sarcodicas

Oral

Schraner et al, 2005 frica L. major 1 - Mculas,

ppulas,

ndulos

-

Posada-Vergara et

al, 2005

- L. braziliensis 2 - Ppulas,

placas,

lceras

Nasal, oral

Gonzalez et al, 2006 Colmbia L. panamensis 1 300 Ndulos,

placas,

crostas

-

Lindoso et al, 2009 - - 6 - Ndulos,

ppulas,

placas,

lceras

Oral, nasal,

genital

Guerra et al, 2011 Amazonas,

Brasil

- 4 - lceras,

ppulas,

ndulos

-

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Posada-Vergara%20MP%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=16235183http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Posada-Vergara%20MP%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=16235183

25

Silveira et al (2005 e 2009) descrevem uma forma de LTA

denominada Leishmaniose Cutnea Disseminada Borderline (LCDB),

intermediria entre as formas polares LM e LCD. Associada tanto L. (V.)

braziliensis, quanto L. (L.) amazonensis, caracterizada pela inibio

parcial da resposta inflamatria mediada por clulas T com disseminao

de ppulas eritematosas, leses ulceradas e o envolvimento mucoso pode

ser observado.

Grfico 2. Proporo de casos de Leishmaniose Disseminada diagnosticados em Corte

de Pedra, Bahia, 1978 2008.

Fonte: adaptado de Jirmanus et al, 2012

Na LCD, observam-se vrias leses nodulares no ulcerativas de

evoluo lenta e ausncia de envolvimento mucoso (Barral et al, 1995).

forma grave da infeco, com m resposta ao tratamento, caracterizada por

anergia e deficincia da resposta imune celular especfica contra

Leishmania. No Brasil, causada por L. amazonensis.

Leses cutneas, menos frequentes tambm encontradas so:

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

1978 - 1984 1988 - 1993 1994 - 1998 1999 - 2003 2004 - 2008

1,6% 1,5%

2,4%

3,9%

0,2%

26

Ppulo-tuberosas: ppulas ou ndulos subcutneos que

aumentam em tamanho e profundidade

Vegetantes: leses papilomatosos, midas e friveis

Verrucosas: leses ceratsicas, speras, com crostas e

descamao

Esporotricide: leses ppulo-nodulares seguindo o trajeto

linftico, associado linfangite.

Existe ainda, um grupo de indivduos que habitam as reas

endmicas, sendo considerados portadores da forma subclnica da doena,

por no apresentarem leso cutnea, mas com intradermorreao de

Montenegro positiva (Follador et al, 2002).

No Nordeste do Brasil, regio de Corte de Pedra, Bahia, vem se

verificando formas clnicas atpicas de LTA, caracterizadas por leses

verrucosas, crostosas, lupides e vegetantes, mais concentradas na face e,

algumas vezes, associadas gestao ou co-infeco com HIV

(Guimares et al, 2009).

3. Aspectos imunolgicos da LTA

A LTA uma doena de imunopatognese complexa. Estudos em

modelos experimentais da leishmaniose mostram que uma resposta

inflamatria tipo Th1, rica na produo de IL-2, INF- e TNF-, est

associada resistncia e cura espontnea da leso. J uma resposta tipo

Th2, em que predominam IL-4 e IL-5, est relacionada susceptibilidade

ao parasita (Scott et al, 1988; Scott et al, 1989).

27

No entanto, no homem, esse modelo dicotmico no se repete e a

mesma resposta inflamatria capaz de controlar a proliferao da

Leishmania tambm pode produzir a leso tecidual.

Em relao LD, os estudos tm demonstrado uma produo de

INF- e TNF-, porm em nveis mais baixos quando comparados LC.

Turetz et al (2002) observaram que os pacientes de LD tambm produziam

mais IL-5 e IL-10 (citocinas de padro Th2) que os pacientes portadores de

LC. Esses achados sugerem que a disseminao das leses est relacionada

a uma supresso inicial da resposta protetora Th1, com proliferao do

parasita, posicionando essa forma clnica no meio do espectro imunolgico

das LTA (Carvalho et al, 1994).

Esse racional, de modo algum, se ope ideia da disseminao

observada na LM. Talvez, ambas as formas comecem de maneira

semelhante, com uma imunossupresso nos primeiros momentos da

infeco, proliferao e disseminao do parasita; o que seria seguido por

uma resposta inflamatria exuberante, com nveis elevados de citocinas

pr-inflamatrias do perfil Th1, caractersticos da LM. J uma inflamao

menos intensa, com maior disseminao da Leishmania, levaria LD.

Concorreriam para um ou outro quadro, fatores do hospedeiro, do parasita

e do vetor.

As quimiocinas so mediadores essenciais para o recrutamento das

clulas inflamatrias, para a execuo das funes efetoras e para o

controle da infeco (Tabela 5). O perfil de resposta inflamatria Th1,

protetor contra infeces intracelulares, est associado expresso de

nveis elevados de CCL2/MCP-1, CXCL9 e CXCL10/IP-10 (Ritter &

Krner, 2002).

28

Tabela 5- Citocinas e quimiocinas estudadas e seu papel na resposta imune frente

aos patgenos intracelulares

Citocinas e Quimiocinas

estudadas

Papel na resposta imune frente Leishmania braziliensis

INF Produzido por cepas de LT especficos e clulas natural

killer, estimula perfil Th1 de resposta imune

TNF Produzido por macrfagos e linfcitos T CD4+, estimula

o perfil de resposta Th1 da resposta imune

IL-5 Produzido por linfcitos T e mastcitos, relacionado ao

perfil Th2 da resposta imune

IL-10 Produzido por linfcitos T regulatrios, relacionado

inibio da sntese de citocinas

CCL2/MCP1 recrutamento de moncitos, linfcitos T de memria e

clulas dendrticas

CCL3/MIP-1 recrutamento de leuccitos (inflamao aguda)

CCL11/eotaxina recrutamento de eosinfilos

CXCL9 recrutamento de linfcitos T especficos ativados

CXCL-10/IP-10 deslocamento de moncitos/macrfagos, linfcitos T,

clulas natural killer , clulas dentrticas. Adeso de

linfcitos T s clulas endoteliais. Angiognese

Moll (1997) observou que a expresso de MCP-1 era importante

para a mobilizao de macrfagos para a leso e para o desenvolvimento

da sua ao leishmanicida. Vasquez & Soong (2006) demonstraram que

macrfagos da medula ssea oriundos de camundongos BALB/c e

C57BL/6 tratados com CXCL10/IP10 ou com CXCL2/MCP-1 e

posteriormente expostos L. amazonensis foram capazes de controlar a

proliferao do parasita e apresentaram maior produo de IFN-, IL-12 e

xido ntrico.

Infeco por L. braziliensis estimula maior produo de CXCL-10 e

maior expresso de seu receptor CXCR3 pelos moncitos (Vargas-

Inchaustegui et al, 2010).

Neutrfilos so rapidamente mobilizados para o ponto de inoculao

do microrganismo, de onde so capazes de estimular o recrutamento de

clulas fagocticas; a produo de CCL3 por parte desses neutrfilos fator

29

crtico para atrao das clulas dendrticas imaturas para o local de

inoculao da L. major sendo importante no primeiro momento da resposta

inflamatria (Charmoy et al, 2010).

Como acima mencionado, caractersticas do parasita tambm podem

influenciar o padro de resposta inflamatria do hospedeiro e, por seguinte,

a forma clnica da LTA. Na regio endmica de Corte de Pedra, Bahia, so

encontradas populaes multiclonais de L. braziliensis associadas LC,

LM e LD (Schriefer et al, 2004). Leopoldo et al (2006) observaram que

diferentes sub-espcies de L. braziliensis eram capazes de estimular a

resposta imune em diferentes intensidades.

Homens adultos, lavradores parecem ter mais chance de apresentar a

forma disseminada da LTA (Turezt et al, 2002), sugerindo a existncia de

exposio ocupacional, com participao do vetor e do parasita na gnese

da doena.

4. Aspectos diagnsticos

Diante de leses tpicas de LTA, principalmente em pacientes

oriundos de reas endmicas, o diagnstico clnico epidemiolgico pode

ser realizado. Porm, idealmente, sempre que possvel, o diagnstico

clnico epidemiolgico deve ser confirmado por mtodos laboratoriais.

4.1. Exames diretos

4.1.1. Exames parasitolgicos

Os exames parasitolgicos visam demonstrao do parasita, o que

pode ser feito em material obtido por escarificao, aspirado ou bipsia,

por meio da pesquisa direta, do isolamento em meios de cultura e de

30

exames de imunohistoqumica, que detectam antgenos de Leishmania no

tecido.

Comumente, esses mtodos permitem apenas a observao do

parasita, sem, no entanto, possibilitar a determinao da espcie da

Leishmania. Em laboratrios de referncia, parasitas recuperados de

cultura, podem ter a espcie identificada por meio de pesquisa de

anticorpos espcie especficos (Grimaldi et al, 1996) ou da avaliao do

perfil de isoenzimas por eletroforese (Cupolillo et al, 1995). A

sensibilidade desses mtodos varia de cerca de 58% para a cultura e de

88% para a imunohistoqumica (Goto et al, 2012).

4.1.2. Exames moleculares

A Reao em Cadeia de Polimerase (PCR) possibilita a identificao

do parasita assim como a determinao da espcie de Leishmania em

amostras de tecido.

O exame de PCR tem se mostrado sensvel e especfico no diagnstico

da LTA (de Oliveira et al, 2003,), superando os resultados obtidos com

outros mtodos como o exame direto, as sorologias e a cultura (Andrade et

al, 2005). Chrusciak-Talhari et al (2011) identificaram a espcie de

Leishmania em 100% das amostras de pele estudadas, enquanto que Neves

et al (2011) a identificaram em 93% dos casos de LC. Weirather et al

(2011) desenvolveram mtodo sistematizado de PCR quantitativo capaz de

detectar, quantificar e determinar a espcie de Leishmania a partir de

espcimes clnicos.

4.1.3. Exame histolgico

Os padres histolgicos podem ser auxiliares no diagnstico da

LTA. Nas formas ricas em parasitas, como na LCD, as formas amastigotas

31

de Leishmania podem ser visualizadas. Nas formas em que h escassez de

parasitas, as alteraes teciduais podem ajudar no diagnstico, na presena

de quadro clnico compatvel (Tabela 2).

4.2. Exames indiretos

4.2.1. Exames imunolgicos

A sorologia por Imunofluorescncia Indireta (IFI) mtodo pouco

utilizado em que se pesquisa anticorpos anti-Leishmania. No

recomendado como nico mtodo diagnstico, pois existe a possibilidade

de reao falso positiva em indivduos aparentemente sadios ou com

Trypanossoma cruzi, L. chagasi, esporotricose, paracoccidiodomicose e

com o pnfigo foliceo sulamericano (SVS-MS, 2007).

A Intradermorreao de Montenegro (IDRM) se baseia na resposta

de hipersensibilidade celular tardia. feita pela injeo, na epiderme, a

cerca de 3 cm da dobra cubital, de 0.1ml do antgeno. A leitura realizada

com 48 a 72 horas. O teste negativo na ausncia de ppula ou endurao

ou quando estas so inferiores a 5mm. O teste positivo se caracteriza por

ppula ou endurao maior ou igual a 5 mm. Ulcerao tambm

classificada como positividade. A Reao de Montenegro positiva em

mais de 90% dos casos de leishmaniose tegumentar cutnea e cutneo-

mucosa. Podendo ser falso-negativa nas seguintes situaes: no primeiro

ms do incio das leses, na leishmaniose disseminada e cutneo difusa,

nos pacientes imunossuprimidos. Reao cruzada com protozorio do

gnero Trypanosoma, esporotricose, hansenase virchowiana, tuberculose,

cromomicose e alergia ao diluente so causas de falso-positividade da

IDRM. Aps a cura clnica, a IDRM pode permanecer positiva por vrios

anos, assim como pode ser positiva em indivduos sadios, moradores de

32

reas endmicas, o que limita a sua utilizao como mtodo diagnstico

nico da doena.

5. Aspectos Teraputicos

As drogas de escolha para o tratamento das leishmanioses so os

antimoniais pentavalentes, encontrados em duas apresentaes farmacuticas:

antimoniato de N-metilglucamina e estibugluconato de sdio; no Brasil,

somente a primeira disponvel para uso (SVS/MS, 2007).

Os antimoniais atuam inibindo mecanismos bioenergticos da

Leishmania, como a gliclise e a oxidao de cidos graxos, sendo

consideradas drogas leishmanicidas (SVS/MS, 2007).

O antimonial pentavalente, aps administrao parenteral,

rapidamente eliminado por via renal e aps 6 horas, 80% da droga injetada j

foi eliminada pela urina. Injees repetidas vo, progressivamente,

aumentando os nveis de reteno da droga, que fica concentrada nos tecidos

heptico e esplnico, no entanto, no se sabe a concentrao de antimnio

disponvel na pele e na mucosa (SVS/MS, 2007).

A Organizao Mundial de Sade recomenda uma dose de antimonial

de 15 mg SbV/Kg/d, durante 20 dias para a doena cutnea. No havendo

cicatrizao da leso em at 12 semanas do fim do tratamento, ele dever ser

repetido por mais 30 dias. Para a leishmaniose mucosa, a dose recomendada

de 20 mg SbV/Kg/d durante 30 dias. Em caso de falha na cicatrizao aps 12

semanas, a medicao pode ser repetida mais uma vez. A administrao feita

por via parenteral. A via intramuscular muito dolorosa, deste modo, d-se

preferncia via endovenosa, sem necessidade de diluio e com aplicao

lenta.

33

O antimonial pentavalente conta com um grande nmero de efeitos

colaterais a ele relacionados: artralgias, mialgias, sintomas gastro-intestinais,

febre, fraqueza e alteraes eletrocardiogrficas, Insuficicia Renal Aguda,

alm das vrias limitaes de uso: gestao, idade superior a 50 anos, cardio,

nefro e hepatopatias (SVS/MS, 2007).

Na ausncia de resposta ao antimonial, recomenda-se o uso das drogas

de segunda escolha, como a anfotericina B e a pentamidina.

A anfotericina B um antibitico com ao leishmanicida intra e

extracelular, considerada medicao de primeira escolha no tratamento de

gestantes. Podendo ser encontrada sob duas formulaes principais:

desoxicolato sdico e lipossomal. No Brasil, a anfotericina B lipossomal no

est registrada na Agncia de Vigilncia Sanitria (ANVISA) para tratamento

da LTA.

A anfotericina B liga-se amplamente s protenas do plasma, atingindo

altas concentraes no fgado, bao, pulmes e rins. Parcialmente

metabolizada no fgado, eliminada por via biliar e urinria (Cataln &

Montejo, 2006).

A infuso endovenosa de anfotericina B desoxicolato pode produzir

febre, calafrios, tremores, vmitos, cefaleia e queda da tenso arterial. Tais

efeitos podem ser minimizados com hidratao e administrao de

antiemticos, anti-histamnicos, anti-trmicos e hidrocortisona no momento da

infuso (Cataln & Montejo, 2006; Neves et al, 2011).

A nefrotoxidade o efeito adverso mais relevante e limitador tanto de

dose, quanto de tempo de tratamento, sendo reversvel aps suspenso da

droga, mas a recuperao da funo renal pode demorar semanas (Cataln &

Montejo, 2006). Mais de 25% dos pacientes apresentam hipopotassemia e

hipomagnesemia durante o tratamento. Outros efeitos colaterais observados

34

so: anemia normoctica normocrmica, tromboflebite no local da infuso e

arritmias cardacas.

A infuso da anfotericina B lipossomal est associada a poucos efeitos

colaterais, permitindo doses dirias e totais maiores em menor tempo.

A dose recomendada do desoxicolato sdico de anfotericina B de

1mg/Kg/dose, diariamente ou em dias alternados, at atingir as doses totais de

1-1,5g para as formas cutneas e de 2,5-3g para a forma mucosa (SVS-MS,

2007).

Em relao leishmaniose disseminada, no h recomendao especial

quanto dose ou ao tempo de tratamento.

As pentamidinas so aminas aromticas, hipoglicemiantes, capazes de

comprometer o metabolismo dos protozorios (Neves et al, 2011). So

comercializadas sob duas formas: isotionato e mesilato.

O isotionato de pentamidina completamente absorvido aps

administrao parenteral, apresenta ampla distribuio nos tecidos e a

eliminao se d por via urinria (Costa, 1993).

Os efeitos colaterais relacionados ao uso da pentamidina so: dor,

indurao a abscesso estril no local da injeo, nuseas, vmitos, cefaleia,

adinamia, tonturas, mialgia, hipotenso, hipo e hiperglicemia. Diabetes pode

ser observado em dose acumuladas superiores a 1g (SVS/MS, 2007).

A miltefosina um anlogo da fosfatidilcolina, vem sendo utilizada

para tratamento da Leishmaniose Visceral na ndia (Sundar et al, 2002); sua

eficcia para o manejo a LTA do Novo Mundo est em estudo. Essa

medicao foi desenvolvida com objetivos antitumorais e age inibindo a

biossntese de fosfolipdeo e esterol, no entanto o mecanismo de ao anti-

Leishmania ainda no est bem esclarecido (Schraner et al, 2005).

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed?term=Schraner%20C%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=15909255

35

A miltefosina administrada em comprimidos, via oral, na dose de

2,5mg/Kg/dia, mximo de 150mg/dose, durante 28 dias. Os efeitos colaterais

mais frequentemente observados so nuseas, vmitos e dor abdominal

(Machado et al, 2010).

36

IX. JUSTIFICATIVA

A LD forma emergente e ainda insuficientemente descrita de LTA,

associada, na maioria dos casos relatados na Bahia, Leishmania braziliensis.

Em Corte de Pedra, foram diagnosticados 422 casos de LD no perodo

de 1988 a 2011, compreendendo 2,6% dos casos de LTA acompanhados na

regio.

O acompanhamento dos pacientes no ambulatrio de Corte de Pedra,

Bahia, tem sugerido que a histria da LD associada a extenso envolvimento

cutneo e mucoso, muitas vezes, com leses desfigurantes, de difcil

tratamento e recidivas frequentes.

Estudos enfocando a imunopatognese da LD tem mostrado a existncia

de resposta inflamatria tipo Th1, porm de menor intensidade quando

comparada aos pacientes de LC. Podem contribuir para tal, caractersticas do

hospedeiro, do parasita e do ambiente.

Assim que a LD assume importncia clnica pela gravidade do

acometimento tegumentar, pela dificuldade no tratamento, pelo

comprometimento da qualidade de vida dos pacientes e pelas questes de

imunopatognese que merecem ser mais estudadas.

37

X. CASUSTICA, MATERIAL E MTODOS

Desenho do estudo: para a caracterizao dos aspectos clnicos da

leishmaniose disseminada foi realizado estudo de srie de casos. Para a anlise

da resposta imune no sangue perifrico e no tecido, foi realizado estudo de

corte transversal. A caracterizao da resposta teraputica foi realizada por

meio do estudo de coorte.

rea do Estudo: O distrito de Corte de Pedra pertence ao municpio de

Presidente Tancredo Neves, cobre uma rea de 8.000km2, estando localizado

no sudeste do estado da Bahia, a 280 Km de Salvador, onde se situa o Servio

de Imunologia do Complexo Hospital Universitrio Professor Edgard Santos

(COM-HUPES). Corte de Pedra est em regio de Mata Atlntica, quase

completamente desmatada para atividade de cultivo, porm ainda restam

algumas poucas reas de preservao. O Posto de Sade de Corte de Pedra

movido por agentes de sade, bastante familiarizados com a doena. Mdicos,

incluindo Otorrinolaringologistas, Dermatologistas e Clnicos visitam este

posto de sade regularmente. Nessas visitas, novos casos de LTA so

diagnosticados, realizadas bipsias e avaliao imunolgica dos indivduos,

bem como feito o acompanhamento do tratamento da LTA. Este Posto de

Sade referncia para o diagnstico e tratamento de LTA de 15 municpios

vizinhos, num raio de 30 km (Presidente Tancredo Neves, Valena, Tapero,

Nilo Peanha, Ituber, Igrapina, Camamu, Teolndia, Wenceslau Guimares,

Gandu, Pirai do Norte, Nova Ibi, Itamari, Ibirapitanga, Mutupe).

Anualmente, uma mdia de 700 pacientes foram acompanhados nessa unidade

de sade nos ltimos 23 anos. Outras doenas como Tripanossomase

Americana (Doena de Chagas) e Leishmaniose Visceral, que poderiam

38

interferir na avaliao imunolgica e diagnstica dos pacientes no so

observadas naquela regio. Desde 1984, o Posto de Sade de Corte de Pedra

tem servido como base de estudos sobre LTA.

Populao do estudo: para os objetivos especficos 1 e 2, foram

acompanhados 121 pacientes com diagnstico inicial de LD, atendidos no

Posto de Sade de Corte de Pedra, Municpio de Tancredo Neves, Bahia, no

perodo de 2009 a 2011. Para os objetivos especficos 3 e 4 foram

selecionados, 64 pacientes (32 com LC e 32 com LD) acompanhados nessa

unidade nos anos de 1998 a 2001. Esses de 64 pacientes foram escolhidos pela

disponibilidade de sangue e amostra de pele j processados.

Definio diagnstica: leishmaniose disseminada caracteriza-se pela

presena de ao menos 10 leses distribudas em dois ou mais segmentos

corporais no contguos. As leses so pleiomrficas - pequenas placas,

ppulas, exulceraes e leses acneiformes - associadas ou no a leses tpicas

de Leishmaniose Cutnea (Costa, 1986; Turetz, 2002). LC caracterizada

pelo aparecimento, no local da inoculao, de ppula eritematosa, que evolui

para ndulo e posteriormente se ulcera, dando origem apresentao clssica

da doena: uma ou mais leses ulceradas, de bordas elevadas e fundo

granuloso, localizadas nas reas expostas do corpo (Aguiar Pupo, 1946).

Critrios de incluso: para os estudos de srie de casos e de coorte

foram includos todos os pacientes com diagnstico de LD admitidos no Posto

de Sade de Corte de Pedra, Bahia, no perodo de 2009 a 2011. Para o estudo

de corte transversal, foram includos 32 pacientes com diagnstico de LD e 32

39

com diagnstico de LC admitidos no mesmo servio de sade no perodo de

1998 a 2001.

Critrios de cura clnica: foram definidos como curados os pacientes

que apresentaram desaparecimento das leses, com reepitelizao completa

das lceras at 90 dias do incio do tratamento e sem sinais de recidiva por um

perodo de 6 meses.

Caracterizao Clnica: todos os pacientes atendidos no Posto de Sade

de Corte de Pedra com diagnstico clnico de LD submetidos avaliao

clnica dermatolgica que constava de exame da pele, com contagem e

caracterizao das leses, pesquisa de linfadenopatia e de envolvimento

mucoso.

Avaliao laboratorial: foram avaliadas 109 intradermorreaes de

Montenegro (IDRM). Em 12 pacientes o registro desse exame foi perdido,

seja porque a reao foi realizada em outro servio e no tivemos acesso ao

resultado, seja porque o paciente no compareceu no dia marcado para a

leitura. Bipsia para PCR, cultura e/ou estudo histopatolgico foi realizada em

65 pacientes. As amostras de tecido foram obtidas aps anestesia local e coleta

por meio de punch de 4mm, conservadas em formalina a 10% por, no mximo

24 horas e depois de desidratas, colocadas em parafina; as lminas foram

coradas com hematoxilina-eosina e cido peridico de Schiff. Wizard

Genomic DNA Purification Kit (Promega, Madison, WI, USA) foi utilizado

para o isolamento do DNA de Leishmania. O DNA purificado foi re-suspenso

em Tris-EDTA (TE) e conservado a -20C at o momento da utilizao.

Deteco do subgnero Viannia foi feito por meio dos primeres 5-

40

GGGGTTGGTGTAATATAGTGG-3 e 5-CTAATTGTGCACG-3. Os

fragmentos cutneos obtidos foram inoculados em meio de cultura, entre 24C

e 26C; a pesquisa das formas promastigotas de Leishmania foram realizadas

a partir do quinto dia da inoculao.

Avaliao da resposta imune: foi realizada avaliao dos nveis sricos

e da expresso tecidual de citocinas (INF, TNF, IL-5, IL-10) e quimiocinas

(CCL2, CCL3, CCL11, CXCL9, CXCL10).

Produo in vitro das citocinas e quimiocinas, aps estimulao:

clulas mononucleares de sangue perifrico foram obtidas a partir

de sangue venoso heparinizado e separado por meio do gradiente

de Ficoll-Hypaque, lavado e re-suspenso at a concentrao de 3

x 106 clulas/ml, em meio de RPMI 1640 com soro AB inativado

pelo calor. As clulas foram estimuladas com antgeno solvel de

Leishmania a 37C, em CO2 a 5%, durante 72 horas. O

sobrenadante foi coletado e estocado a -70C. As citocinas e

quimiocinas foram medidas por ELISA (R&D Systems,

Minneapolis, MN, USA e Pharmingen, San Diego, CA, USA).

Expresso tecidual de citocinas e quimiocinas: amostras de

bipsia da borda das lceras de ambos os grupos de pacientes e

das ppulas dos pacientes com LD foram congeladas num

composto Optimal Cutting Temperature Compound O.C.T

Foi utilizado o mtodo da avidina-biotina peroxidase, com

anticorpos contra MIP-1 (PeproTech, Rochy Hill, NJ, USA),

INF (Genzyme, Cambridge, MA, USA), TNF (Genzyme),

TGF, CXCL9, IL-10 (Santa Cruz Biotechnology, Santa Cruz,

CA, USA), CCL11/eotaxina, CXCL10/IP-10 e CCL12

41

(PeproTech). As amostras de tecido foram incubadas, a 37C,

durante 90 minutos, com anticorpos-ponte biotinilados (Vector

Laboratories, Burlingame, CA, USA e Santa Cruz

Biotechnology). As lminas de controle foram submetidas

incubao com IgG controle, em substituio aos anticorpos

primrios. A colorao foi feita com 3,30-diaminobenzico

(Vector Laboratories) e hematoxilina. As lminas foram

microfotografadas numa magnificao de 200 vezes e as reas

coradas, contadas usando Adobe Photoshop CS3, os resultados

foram expressos em proporo, mdia e desvio padro do nmero

de rea corada.

Anlise estatstica: Os dados foram armazenados em banco de dados

criado no programa GraphPad InStat, mesmo software utilizado para o

tratamento estatstico. Para a caracterizao dos aspectos clnicos, foi

utilizado o clculo da mdia e desvio padro. Para a avaliao das

variveis contnuas no paramtricas foi utilizado o Teste de Mann-

Whitney. Para a avaliao de risco foram utilizados os Testes de Qui-

quadrado e Exato de Fisher. Foram considerados significantes nveis de

p

42

ARTIGO 1

Disseminated Leishmaniasis: clinical, immunological and therapeutics

aspects. Drug Development Research 72:1-5, 2011

DRUG DEVELOPMENT RESEARCH 72 : 437441 (2011)

Disease Overview

Disseminated Leishmaniasis: Clinical, Immunological,and Therapeutic Aspects

Maria Elisa Alves Rosa and Paulo Roberto Lima Machado

Servic-o de Imunologia, Hospital Professor Edgard Santos, Universidade Federal da Bahia,Salvador, Bahia, Brazil 40110-160

Strategy, Management and Health Policy

Enabling

Technology,

Genomics,

Proteomics

Preclinical

Research

Preclinical Development

Toxicology, Formulation

Drug Delivery,

Pharmacokinetics

Clinical Development

Phases I-III

Regulatory, Quality,

Manufacturing

Postmarketing

Phase IV

ABSTRACT Disseminated leishmaniasis (DL) is a distinct, severe, and emerging form of Americantegumentary leishmaniasis. DL has been characterized by more than 10 multiple and pleomorphiccutaneous lesions, distributed in more than two noncontiguous parts of the body. Mucosal involvement isdetected in up to 44% of cases. The development of the DL involves a complex and poorly understoodnetwork involving parasite, host immune response, and the environment, where L. braziliensispolymorphism plays a major role. A decrease in the type 1 immune response in the peripheral blood ofDL patients appears to be caused by the attraction of Leishmania-activated T cells to the multiplecutaneous lesions. DL is a difficult to cure disease and failure to pentavalent antimony therapy is observedin at least 60% of cases. Drug Dev Res 72:437441, 2011. r 2011 Wiley-Liss, Inc.

Key words: disseminated leishmaniasis; L. braziliensis; immunopathogenesis; American tegumentary leishmaniasis

INTRODUCTION

American tegumentary leishmaniasis (ATL) is anoncontagious infectious disease, caused by severalLeishmania species; it can be associated with aspectrum of clinical forms: cutaneous leishmaniasis(CL), mucosal leishmaniasis (ML), anergic diffusecutaneous leishmaniasis (DCL), and disseminatedleishmaniasis (DL).

DL is an emergent and severe form of ATL,initially described in 1920 by Torres in Bahia, Brazil[Costa et al., 1986]. It has also been observed in otherregions of Brazil and South America [Galvao et al.,1993; Ogawa et al., 2006; Calvopina et al., 2005]. DLhas also been reported in the Old World [Alborzi et al.,2008]; some cases are associated with immunosuppres-sion [Agostini et al., 1998; Schraner et al., 2005;Lindoso et al., 2009].

DL can be caused by several species of Leishmania,like L. amazonensis [Carvalho et al., 1994], L. guyanensis[Couppie et al., 2004], and L. panamensis [Calvopina

et al., 2005], but the main causative agent in theNew World is L. braziliensis [Turetz et al., 2002].

The site of Corte de Pedra, located in the south ofthe state of Bahia, provides the opportunity to studythe different clinical manifestations of L. braziliensisinfection. For instance, L. braziliensis can cause CL,ML, DL, and atypical forms of ATL [Jones et al., 1987;Barral-Netto et al., 1995; Guimaraes et al., 2009].Periodic surveys in this region show that the frequencyof DL has been increasing over the past few years. DLwas considered a rare disease, responsible for 0.2% ofcases of all ATL identified from 1978 to 1984 in this

DDR

Published online in Wiley Online Library (wileyonlinelibrary.com).DOI: 10.1002/ddr.20450

Grant sponsor: Brazilian National Research Council (CNPq).

Correspondence to: Paulo Roberto Lima Machado,Hospital Universitario Prof. Edgard Santos, Servic-o de Imunologia,5 andar, Rua Joao das Botas s/n, Canela 40110-160, Salvador-Bahia-Brazil. E-mail: [email protected]

c 2011 Wiley-Liss, Inc.

endemic area [Jones et al., 1987]. However, from 1992to 1998, this figure rose to 1.9% [Turetz et al., 2002].More recently, we documented DL in more than 3% ofATL cases diagnosed in the Health Post of Corte dePedra in the year 2009, indicating that DL is rapidlyspreading in the region.

To understand the dynamics of the spread of DL,we mapped its distribution in our endemic area during19932002. We found two peaks in the incidence ofDL, the first associated with a clustering in the innerregion around Corte de Pedra, and the second with aspread into the coastal region [Scheriefer et al., 2009].

ETIOPATHOGENESIS

A complex and poorly understood networkinvolving parasite, host immune response, and theenvironment is implicated in the development of DL.

Role of the Parasite and Host Immune Response

DL is a disease associated with L. braziliensisinfection in the great majority of cases in Brazil.Although the first case reports of DL in Bahia showedL. amazonensis as well as L. braziliensis as the causativeagents [Costa et al., 1986; Carvalho et al., 1994], duringthe last decades we only have isolated L. braziliensisfrom DL cases [Turetz et al., 2002]. In the endemic areaof Corte de Pedra, the identification of a multiclonalL. braziliensis population structure showed thatL. braziliensis genotypes are accompanied by specificdisease manifestations, including DL [Schriefer et al.,2004; Leopoldo et al., 2006]. We found evidence thatantigens prepared from genotypically distinct strains ofL. braziliensis induce different degrees of immuneresponse. For instance, L. braziliensis antigens derivedfrom DL patients stimulates higher interferon-g (IFNg)and (TNFa) production than L. braziliensis antigensfrom CL patients [Leopoldo et al., 2006].

However, the evaluation of peripheral cytokineproduction in DL patients shows lower IFNg andTNFa production when compared with CL [Turetzet al., 2002], suggesting that a peripheral decrease inthe type 1 immune response allows parasite growth anddissemination. Interestingly, in contrast to DCL, whichis associated with a high in situ parasite load [Convitet al., 1972], Leishmania amastigotes are not readilyfound in DL lesions, and an absence of type 1 immuneresponse against Leishmania antigens is not documentedin DL [Carvalho et al., 1994; Leopoldo et al., 2006].

Data from in situ studies by our group show thatlymphocytic infiltration and the expression of IFNg,TNFa, CCL2, CCL3, CCL11, and CXCL10 do notdiffer among CL and DL, whereas CXCL9 is producedmainly by peripheral blood mononuclear cells(PBMCs) from DL patients compared with CL

(unpublished data). CXCL9 is a chemokine inducedby IFNg and associated with T-lymphocyte recruitmentand proliferation [Whiting et al., 2004; Teixeira et al.,2006]. These data suggest that a decrease in the type 1immune response in the peripheral blood of DLpatients is attributable to the attraction of Leishmania-specific T cells to the multiple cutaneous lesions.Therefore, the preserved tissue immune response inDL may explain the absence or low number ofparasites in the lesions, as well as the development ofulcers similar to that observed in CL.

The presence of DL cases in HIV carriers orimmunosuppressed patients is reported in associationwith other Leishmania species [Agostini et al., 1998;Schraner et al., 2005; Lindoso et al., 2009]. We foundno evidence for any type of immunosuppression in DLpatients from the L. braziliensis endemic area of Cortede Pedra. This data favors the parasites role indetermining the outcome of ATL.

Role of the Environment

Adult males and agricultural workers are athigher risk of acquiring DL as compared with patientswith localized CL [Turetz et al., 2002], suggesting thatexposure to the parasite is associated with occupationalactivities in plantation fields located in previousAtlantic forest regions. The link of DL to specificexposures to occupational products or vectors isunknown and should be investigated.

More recently, we have documented an increasingnumber of DL cases in patients o18 years old,suggesting a pattern of peridomiciliar transmission ofthe disease.

CLINICAL AND LABORATORIAL ASPECTS

DL is clinically different from CL and DCL. DLis defined by the presence of Z10 mixed-type lesions(e.g., acneiform, papular, nodular, and/or ulcerated),located in Z2 body parts (head, trunk, arms, and legs),and some patients present with hundreds of lesions allover the body (Figs. 1 and 2). The number of lesionsmay range from 10 to 800 [Carvalho et al., 1994; Turetzet al., 2002]. Many cases present a dissemination phase,in which a single initial lesion, usually in one extremity,is followed by disseminated lesions that may involve theentire body, after a period of few days up to 8 weeks.Most DL patients (55%) have widespread dissemina-tion (legs, arms, trunk, and face) at the time ofpresentation, and all cases present lesions above thewaistline [Turetz et al., 2002]. The rapid spread of thelesions and occurrence of systemic symptoms (fever,chills, malaise) in 5075% of cases suggests directhematogenic dissemination [Carvalho et al., 1994;Turetz et al., 2002]. Interestingly, some patients

438 ROSA AND MACHADO

Drug Dev. Res.

(25%) develop disseminated disease after initiation oftreatment with pentavalent antimony (Sbv) for theinitial localized lesion [Turetz et al., 2002]. A highfrequency of nasal mucosal involvement is observed inDL and may vary from 29% [Turetz et al., 2002] to 38%[Carvalho et al., 1994] and up to 44% in a recent caseseries Figure 2.

The diagnosis of DL is based mainly on the clinicalcharacteristics as described above. The intradermalleishmania skin test, along with histopathological aspectsand parasite identification, can be used to confirm ATL

and to differentiate it from other clinical forms. Thepositivity of the leishmania skin test varies among theclinical forms of ATL. Whereas it has a sensitivity of84100% for CL and ML [Shaw et al., 1975], patientswith DCL are negative [Convit et al., 1972]. In DL theMontenegro skin test can be positive or negative[Carvalho et al., 1994], with 67% of positivity in 36patients tested (unpublished data). Additionally, thenegativity of the leishmania skin test in DL cases istransitory and is restored after treatment [Carvalhoet al., 1994]. DL histopathology shows a mononuclearinfiltrate with a predominance of plasma cells. In somepatients, a granulomatous reaction and few amastigotesare observed. The acneiform lesions show a follicularpattern, with an intense inflammatory infiltrate aroundthe follicles [Carvalho et al., 1994] (Fig. 3).

The main differential diagnosis of DL iswith anergic diffuse cutaneous leishmaniasis (DCL)(Table 1). DCL is characterized by multiple infiltratingnodules and plaques resembling lepromatous leprosy,as well as by the absence of ulcers, no mucosalinvolvement, and a negative skin test for Leishmaniaantigen. The main causative agents of DCL areL. aethiopica in the Old World and L. amazonensis inthe New World [Bryceson, 1970; Convit et al., 1972].

Fig. 2. DL patient presenting a leishmaniasis classical ulcer in lowerlimb (initial lesion) associated with multiple papules and acneiformlesions in the trunk. [Color figure can be viewed in the online issuewhich is available at wileyonlinelibrary.com.]

Fig. 1. DL patient with erythematous and hyperkeratotic papules andsuperficial nodules on the face, also presenting acneiform lesions inthe thorax. [Color figure can be viewed in the online issue which isavailable at wileyonlinelibrary.com.]

Fig. 3. Histopathology of a DL papular skin lesion caused byL. braziliensis stained by H&E.20. Dermis with chronic inflamma-tion rich in macrophages, lymphocytes, and plasma cells involvinghair follicles. [Color figure can be viewed in the online issue which isavailable at wileyonlinelibrary.com.]

439DISSEMINATED LEISHMANIASIS

Drug Dev. Res.

Co-infection with HIV/AIDS modifies the clinicalpresentation of CL caused by several Leishmaniaspecies. Thus, HIV-co-infected patients may presentwith multiple cutaneous lesions resembling DL orDCL associated or not with mucosal and visceralinvolvement [Nogueira-Castanon et al., 1996; Lindosoet al., 2009]. The presence of a disseminated phaseassociated with systemic symptoms and the presence ofa mixture of multiple acneiform and papular skinlesions after an initial ulcerated lesion, along withparasite paucity in the infiltrate and a Montenegropositive skin test, favors the diagnosis of a classicalDL in an immunocompetent host.

THERAPEUTIC OUTCOME OF DL

DL is a difficult disease to cure and pentavalentantimonials (Sbv) in the form of meglumine antimoni-ate (Glucantime) in its highest dosage of 20 mg/kg/day,for 30 days, is used for treatment. More than 60% ofcases will require more than one course of Sbv to cure[Turetz et al., 2002].

Amphotericin B is an alternative drug for caseswhere Sbv is not effective or cannot be used. We havesuccessfully treated 9 DL patients refractory to Sbv

therapy with desoxycholate amphotericin B. Allpatients were cured with a 3-mg/kg/dose, 3 times aweek, with a total dose ranging from 650 mg to 1 g.However, the administration of Amphotericin B islimited in the rural setting by its toxicity andhospitalization requirement.

More recently, miltefosine, an oral drug activeagainst several Leishmania species, cured a patientwith DL that had failed to respond to previous Sbv andAmphotericin B therapy [Gonzalez and Velez, 2006].The use of miltefosine in DL patients remainsanecdotal and limited by its cost and unavailability inseveral countries, including Brazil. Therefore, DLremains a therapeutic challenge and much effort

remains to find a better therapeutic approach to thissevere form of ATL.

ACKNOWLEDGMENTS

The authors acknowledge Ednaldo Lima do Lago,Maria Neuza Lago, and Dr. Luiz Henrique Guimaraesfor patients assistance in the endemic area; Dr. SergioArruda for the histopathology photograph. PRLM isinvestigator of the CNPq.

REFERENCES

Agostini C, Dorigoni N, Malfitano A, Caggese L, Marchetti G,Corona S, Gatti S, Scaglia M. 1998. Mediterranean Leishmaniasisin HIV-infected patients: epidemiological, clinical and diagnosticfeatures of 22 cases. Infection 26:9398.

Alborzi A, Pouladfar GR, Fakhar M, Motazedian MH, Hatam GR,Kadivar MR. 2008. Isolation of Leishmania tropica from a patientwith visceral leishmaniasis and disseminated cutaneous leishma-niasis, southern Iran. Am J Trop Med Hyg 79:435437.

Barral-Netto M, Machado P, Barral A. 1995. Human cutaneousleishmaniasis: recent advances in physiopathology and treatment.Eur J Dermatol 5:104113.

Bryceson ADM. 1970. Diffuse cutaneous leishmaniasis in Ethiopia.Immunological studies and pathogenesis. Trans R Soc Trop MedHyg 64:380387.

Calvopina M, Gomez EA, Uezato H, Kato H, Nonaka S,Hashiguchi Y. 2005. Atypical clinical variants in New Worldcutaneous leishmaniasis: disseminated, erysipeloid, and recidivacutis due to Leishmania (V.) panamensis. Am J Trop Med Hyg73:281284.

Carvalho EM, Barral A, Costa JML, Bittencourt A, Marsden P.1994. Clinical and immunopathological aspects of disseminatedcutaneous leishmaniasis. Acta Trop 56:315325.

Convit J, Pinardi ME, Rondon AJ. 1972. Diffuse cutaneousleishmaniasis: a disease due to an immunological defect of thehost. Trans R Soc Trop Med Hyg 66:603610.

Costa JM, Marsden PD, Llanos-Cuentas EA, Netto EM,Carvalho EM, Barral A, Rosa AC, Cuba CC, Magalhaes AV,Barreto AC. 1986. Disseminated cutaneous leishmaniasis in a fieldclinic in Bahia, Brazil: a report of eight cases. J Trop Med Hyg89:319323.

Couppie P, Clyti E, Sainte-Marie D, Dedet JP, Carme B,Pradinaud R. 2004. Disseminated cutaneous leishmaniasis dueto Leishmania guyanensis: case of a patient with 425 lesions. Am JTrop Med Hyg 71:558560.

Galvao CE, Silva AC, Saldanha AC, Silva CM, Costa M do R,Costa JM. 1993. Disseminated cutaneous leishmaniasis due toLeishmania vianna braziliensis in the state of Maranhao, Brazil.Rev Soc Bras Med Trop 26:121123.

Gonzalez LM, Velez ID. 2006. Miltefosine for disseminatedcutaneous leishmaniasis. Biomedica 26(Suppl 1):1316.

Guimaraes LH, Machado PR, Lago EL, Morgan DJ, Schriefer A,Bacellar O, Carvalho EM. 2009. Atypical manifestations oftegumentary leishmaniasis in a transmission area of Leishmaniabraziliensis in the state of Bahia, Brazil. Trans R Soc Trop MedHyg 103:712715.

Jones TC, Johnson WDJ, Barretto AC, Lago E, Marsden PD. 1987.Epidemiology of American cutaneous leishmaniasis due toLeishmania braziliensis. J Infect Dis 156:7383.

TABLE 1. Clinical, Histological, Parasitological, and Delayed-TypeHypersensitivity Response in DL and DCL

Disseminatedleishmaniasis

Diffuse cutaneousleishmaniasis

Clinical pictureSkin lesions Acneiform lesions,

papulesInfiltrated nodules

and plaquesUlcers Present Absent

Mucosal involvement Up to 44% of cases AbsentParasite in tissue Absent or few AbundantLeishmania speciesa Mainly L. braziliensis L. amazonensis,

L. aethiopicaMontenegro skin test Positive 460%

of casesNegative

aImmunocompetent host.

440 ROSA AND MACHADO

Drug Dev. Res.

Leopoldo PT, Machado PR, Almeida RP, Schriefer A, Giudice A,de Jesus AR, Ho JL, Guimaraes LH, Bacellar O, Carvalho EM.2006. Differential effects of antigens from L. braziliensis isolatesfrom disseminated and cutaneous leishmaniasis on in vitrocytokine production. BMC Infect Dis 25:7580.

Lindoso JAL, Barbosa RN, Posada-Vergara MP, Duarte MIS,Oyafuso LK, Amato VS, Goto H. 2009. Unusual manifestationsof tegumentary leishmaniasis in AIDS patients from theNew World. Br J Dermatol 160:311318.

Nogueira-Castanon MC, Pereira CA, Furtado T. 1996. Unusualassociation of American cutaneous leishmaniasis and acquiredimmunodeficiency syndrome. Int J Dermatol 35:295297.

Ogawa MM, Casseb Ruete L, Michalany N, Tomimori-Yamashita J.2006. Disseminated cutaneous leishmaniasis, an emerging form ofcutaneous leishmaniasis: report of two cases. Int J Dermatol45:869871.

Schraner C, Hasse B, Hasse U, Baumann D, Faeh A, Burg G,Grimm F, Mathis A, Weber R, Gunthard HF. 2005. Successfultreatment with miltefosine of disseminated cutaneous leishma-niasis in a severely immunocompromised patient infected withHIV-1. Clin Infect Dis 40:e120e124.

Schriefer A, Schriefer AL, Goes-Neto A, Guimaraes LH,Carvalho LP, Almeida RP, Machado PR, Lessa HA, deJesus AR, Riley LW, Carvalho EM. 2004. Multiclonal Leishmania

braziliensis population structure and its clinical implication in aregion of endemicity for American tegumentary leishmaniasis.Infect Immun 72:508514.

Schriefer A, Guimaraes LH, Machado PR, Lessa M, Lessa HA,Lago E, Ritt G, Goes-Neto A, Scheriefer ALF, Riley LW,Carvalho EM. 2009. Geographic clustering of leishmaniasis innortheastern Brazil. Emerg Infect Dis 15:871876.

Shaw JJ, Lainson R, Leishmaniasis in Brazil:X. 1975. Some observa-tions of intradermal reactions to different trypanosomatid antigens ofpatients from cutaneous and mucocutaneous and mucocutaneousleishmaniasis. Trans R Soc Trop Med Hyg 69:323335.

Teixeira MJ, Teixeira CR, Andrade BB, Barral-Netto M, Barral A.2006. Chemokines in host-parasite interactions in leishmaniasis.Trends Parasitol 22:3240.

Turetz ML, Machado PR, Ko AI, Alves F, Bittencourt A,Almeida RP, Mobashery N, Johnson Jr WD, Carvalho EM.2002. Disseminated Leishmaniasis: a new and emerging form ofleishmaniasis observed in northeastern Brazil. J Infect Dis186:18291834.

Whiting D, Hsieh G, Yun JJ, Banerji A, Yao W, Fishbein MC,Belperio J, Strieter RM, Bonavida B, Ardehali A. 2004.Chemokine monokine induced by IFN-gamma/CXC chemokineligand 9 stimulates T lymphocyte proliferation and effectorcytokine production. J Immunol 172:74177424.

441DISSEMINATED LEISHMANIASIS

Drug Dev. Res.

43

ARTIGO 2

Reappraisal of the immunopathogenesis of disseminated leishmaniasis: in

situ and systemic immune response. Transactions of the royal society of

tropical medicine and hygiene 105:438-444, 2011

Reappraisal of the immunopathogenesis of disseminatedleishmaniasis: in situ and systemic immune response

Paulo R. Machadoa, Maria Elisa A. Rosaa, Diego Costab, Moema Mignaca, Joo S. Silvab,Albert Schriefera, Mauro M. Teixeirac, Olivia Bacellara, and Edgar M. Carvalhoa,d,*aServio de Imunologia, Hospital Universitrio Prof. Edgard Santos, Universidade Federal daBahia, Salvador, BA, BrazilbDepartamento de Bioqumica e Imunologia, Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto,Universidade de So Paulo, Ribeiro Preto, SP, BrazilcDepartamento de Bioqumica e Imunologia, Instituto de Cincias Biolgicas, UniversidadeFederal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, BrazildInstituto Nacional de Cincia e Tecnologia de Doenas Tropicais (CNPq/MCT), Salvador, BA,Brazil

AbstractDisseminated leishmaniasis (DL) is an emerging form of Leishmania braziliensis infectioncharacterised by multiple cutaneous lesions on different parts of the body and a high rate ofmucosal involvement. Systemic production of TNF and IFN in DL patients is lower than incutaneous leishmaniasis (CL) caused by L. braziliensis, which may account for parasitedissemination due to the decreased ability to control parasite growth. In this study, the systemicand in situ immune response of DL and CL patients was characterised through evaluation ofchemokine and cytokine production. In situ evaluation showed similar production of IFN, TNF,IL-10, transforming growth factor-beta (TGF), chemokine (C-C motif) ligand 2 (CCL2), CCL3,CCL11 and chemokine (C-X-C motif) ligand 10 (CXCL10) in papular and ulcerative lesions fromDL as well as in ulcerated lesions from CL. Serum levels of CXCL9, a chemokine that attracts T-cells, was higher in serum from DL than from CL. These data indicate that a decrease in the type 1immune response in peripheral blood of DL patients is due to attraction of Leishmania antigen-activated T-cells to the multiple cutaneous lesions. This may account for the absence of or fewparasites in the lesions and for the development of ulcers similar to those observed in CL.

2011 Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene. Published by Elsevier Ltd. All rights reserved.*Corresponding author. Present address: Servio de Imunologia, Hospital Universitrio Prof. Edgard Santos, 5 andar, Rua Joo dasBotas s/n, Canela 40110-160, Salvador, Bahia, Brazil. Tel.: +55 71 3237 7353; fax: +55 71 3245 7110. [email protected],[email protected] (E.M. Carvalho).Authors contributions: PRM, OB, MEAR, AS, JSS and EMC designed the study protocol; PRM and MEAR carried out the clinicalassessment; OB carried out the immunoassays and the systemic cytokine/chemokine determination; DC and MM carried out the in situcytokine/chemokine determinations; AS carried out Leishmania isolation and identification; PRM, OB, DC, JSS, MM and MMTanalyzed and interpreted the data; PRM, MEAR and OB drafted the manuscript; MMT, DC, JSS, AS, MM and EMC revised themanuscript. All authors read and approved the final manuscript. EMC and PRM are guarantors of the paper.Conflicts of interest: None declared.Ethical approval: This study was approved by the Ethics Committee of the Hospital Universitrio Prof. Edgard Santos (Salvador,Brazil).

NIH Public AccessAuthor ManuscriptTrans R Soc Trop Med Hyg. Author manuscript; available in PMC 2011 August 17.

Published in final edited form as:Trans R Soc Trop Med Hyg. 2011 August ; 105(8): 438444. doi:10.1016/j.trstmh.2011.05.002.

NIH

-PA Author Manuscript

NIH

-PA Author Manuscript

NIH

-PA Author Manuscript

KeywordsDisseminated leishmaniasis; Leishmania braziliensis; Cytokines; Chemokines;Immunopathogenesis; Cutaneous leishmaniasis

1. IntroductionDisseminated leishmaniasis (DL) is an emerging form of Leishmania braziliensis infection,distinguished by its unique clinical and immunological characteristics.13 It is characterisedby the presence of a great number of cutaneous lesions spanning more than one area of thepatients body, mixed types of skin lesions and a high frequency of mucosal involvement.2,3The patient typically reports a single initial lesion, usually on the extremities, followed bydissemination that may involve the entire body, sometimes associated with fever and chills.The importance of DL is outlined by the severity of the disease, therapeutic challenge and anincreasing prevalence. Whilst in 1986 only 0.2% of all cases of L. braziliensis infection wereDL, in 2000 this figure rose to 2%.2,3

DL is distinct from cutaneous leishmaniasis (CL), mucosal leishmaniasis (ML) and diffusecutaneous leishmaniasis (DCL).36 The pathogenesis of DL is not established. In a smallnumber of previously studied cases, we observed a higher frequency of patients with anegative skin test to Leishmania antigen1 and a lower production in vitro of IFN and TNFto Leishmania antigen than in patients with CL.3 Therefore, a decrease in the T-cell responsehas been hypothesised to play a major role in parasite dissemination, and abnormalchemokine production may be associated with this phenomena. The role of chemokineslinking innate to adaptive immunity and in recruiting inflammatory cells to tissue is wellestablished, but remains unknown in DL. For instance, chemokine (C-C motif) ligand 2(CCL2) and CCL3 are associated with antileishmanial activity,7 and tissue expression ofCCL2 is decreased in DCL.8 It is clear that the majority of fresh acneiform lesions of DLdisappear during the first course of antimony therapy,2 but the majority of DL patientsrequire more than a course of antimony therapy to cure and relapse may occur.3 It is notknown why a high failure rate to antimony therapy is observed in these patients. Host andparasitic factors may account both for dissemination and response to therapy. The aim ofthis study was to characterise better the systemic and tissue immune response in patientswith DL compared with patients with localised CL. Cytokines [IFN, TNF, transforminggrowth factor-beta (TGF) and IL-10] and chemokines [CCL2, CCL3, CCL11, chemokine(C-X-C motif) ligand 9 (CXCL9) and CXCL10] were measured in peripheral blood, andtissue expression of these molecules was determined at the lesion site.

2. Materials and methods2.1. Patients

This study included 32 DL patients recruited from 1998 to 2001 at the health post of Cortede Pedra, Bahia State, Brazil. The criteria for diagnosis were a clinical picture of DL asdescribed below, in conjunction with parasite isolation by PCR or a positive skin test forLeishmania antigen plus histopathological features characteristic of leishmaniasis. DL wasidentified according to a case definition of ten or more mixed-type lesions (e.g. acneiform,papular, nodular and/or ulcerated), located on two or more body parts (head, trunk, arms andlegs).3 CL patients were matched by sex and age (5 years) with DL cases. Although notmatched by occupation, all DL and CL patients lived in the same endemic area where up to70% of these patients are farm workers. Patients with CL were characterised by a typicalulcerated lesion with raised borders and had a maximum of three cutaneous lesions. DL andCL patients had a disease duration of 12 months. There was no clinical evidence of HIV

Machado et al. Page 2

Trans R Soc Trop Med Hyg. Author manuscript; available in PMC 2011 August 17.

NIH

-PA Author Manuscript

NIH

-PA Author Manuscript

NIH

-PA Author Manuscript

co-infection in CL or DL patients, and no patient had a positive HIV serology. DL patientswere treated with i.v. pentavalent antimonial (Sbv) (meglumine antimony; Sanofi-Aventis,Paris, France), 20 mg/kg body weight daily for 30 days. Criteria for cure were completeinvolution of papular lesions and/or total scarring of ulcers 90 days after initiation oftherapy. Informed consent was obtained from each participant.

2.2. Soluble Leishmania antigen (SLA)SLA used for skin test and in vitro studies was prepared with an isolate of L. braziliensis aspreviously described.9

2.3. PCR for LeishmaniaDNA isolation was carried out from biopsy samples using the Wizard Genomic DNAPurification Kit (Promega, Madison, WI, USA). Purified DNA was re-suspended in TrisEDTA (TE) buffer and was stored frozen at 20 C until use. Detection of the subgenusViannia used the primers 5-GGGGTTGGTGTAATATAGTGG-3 and 5-CTAATTGTGCACG-3.

2.4. Evaluation of cytokine productionLevels of CCL2/monocyte chemotactic protein-1 (MCP-1), macrophage inflammatoryprotein 1-alpha (MIP-1)/CCL3, CCL11/eotaxin, CXCL10/IFN-inducible protein 10(IP-10) and CXCL9/monokine induced by IFN (MIG) were measured in the serum of 21DL patients and 21 CL patients by ELISA.7 For determination of cytokines and chemokines,peripheral blood mononuclear cells (PBMC) were obtained from heparinised venous bloodlayered over a FicollHypaque gradient, then washed and re-suspended in complete medium(RPMI 1640 with 10% heat-inactivated pooled human AB serum) at a concentration of 3 106 cells/ml. These cells were added to 24-well plates and were kept unstimulated or werestimulated with SLA (10 g/ml) for 72 h at 37 C in 5% CO2. Supernatants were thencollected and stored at 70 C. IFN, TNF, IL-10 and IL-5 levels were measured byELISA (R&D Systems, Minneapolis, MN, USA; and Pharmingen, San Diego, CA, USA).Serum levels of chemokines (CCL2, CCL3, CCL11, CXCL9 and CXCL10) weredetermined by ELISA.10

2.5. Evaluation of cytokine and chemokine expression in situ by immunohistochemistrySkin biopsies from lesion borders of patients with localised CL and DL were frozen inO.C.T. compound (Sakura Finetek, Torrance, CA, USA). Immunohistochemistry wasperformed using the avidinbiotin peroxidase method with mouse anti-human MIP-1(PeproTech, Rocky Hill, NJ, USA), IFN (Genzyme, Cambridge, MA, USA) and TNF(Genzyme) and rabbit anti-human TGF, CXCL9 and IL-10 (Santa Cruz Biotechnology,Santa Cruz, CA, USA), CCL11/eotaxin, CXCL10/IP-10, CCL12/MCP-1 and MIP-1(PeproTech). After 90 min of incubation at 37 C, slides were incubated with biotinylatedgoat anti-rabbit (Vector Laboratories, Burlingame, CA, USA) or goat anti-mouse (SantaCruz Biotechnology) antibodies. Staining was developed with 3,30-diaminobenzidine(DAB) (Vector Laboratories) and was counterstained with Mayer haematoxylin. Controlswere performed by incubating slides with IgG isotype control instead of primary antibodiesand proceeding as described above. The whole biopsy section areas weremicrophotographed with a final magnification of 200 and brown-stained areas werecounted using Adobe Photoshop CS3 (Adobe Systems Inc., San Jos, CA, USA) and ImageJsoftware (National Institutes of Health, Bethesda, MD, USA). Results are expressed aspercent of biopsy area stained positive.

Machado et al. Page 3

Trans R Soc Trop Med Hyg. Author manuscript; available in PMC 2011 August 17.

NIH

-PA Author Manuscript

NIH

-PA Author Manuscript

NIH

-PA Author Manuscript

2.6. Statistical analysisA MannWhitney test was performed for all continuous non-parametric variables. Datawere statistically significant if the probability of a type I error was < 0.05.

3. ResultsDemographic and clinical features of the 32 patients with DL are shown in Table 1. Patientswere primarily adults and male, with a short duration of illness (

Analysis of CXCL9 expression in the tissue was not possible due to cross-reaction of theantibodies leading to high background levels.

In situ expression of IFN, TNF, IL-10 and TGF also showed a similar pattern, with ahigher (non-significant) TGF expression in ulcerated DL (Table 2).

4. DiscussionThe host immunological response plays a pivotal role in the pathogenesis of tegumentaryleishmaniasis. Whilst in CL and ML an exaggerated type 1 immune response is associatedwith tissue damage,12,13 in patients with DCL an absence of cell-mediated immune responseallows parasite multiplication and dissemination.14,15 DL patients may present a hundredlesions and, compared with CL and ML, have a lower production of IFN and TNF.3Therefore, it has been suggested that a decrease in the peripheral production of Th1cytokines may favour dissemination of the lesions in DL. Here we compared the systemicand tissue immune response in CL and DL. These data indicate that the tissue immuneresponse observed in DL is similar to that detected in CL. As these patients present multiplelesions, it is likely that the majority of Leishmania-reactive T-cells are in the lesion, leadingto a decrease in parasite antigen-specific T-cells in the blood and consequently decreasedproduction of TNF and IFN observed in PBMC cultures of DL compared with patientswith CL.

The hypothesis that parasite dissemination in DL is associated with a decrease in type 1immune response comes from studies that show a decreased production of IFN and TNFin supernatants of PBMCs of DL in comparison with CL and also an absence of delayed-type hypersensitivity response to Leishmania antigens in some DL patients.3 This hypothesiswas supported by the role of the absence of type 1 immune response in DCL, the anergicform of CL, which is also associated with multiple cutaneous lesions.6 However, DCLdiffers from DL in clinical, histopathological and immunological features. Specifically, inDCL the lesions usually do not ulcerate and histopathology shows an increase inmacrophages with a high number of amastigotes inside the cells.6,14 In DL the papular andacneiform lesions progress to ulcer, lymphocyte infiltration and granulomas are found, andan absence or low numbers of parasites are documented.2 These histopathological findingsare similar to those observed in CL. We confirmed here that IFN and TNF systemic levelsare significantly lower in DL compared with CL. However, it is clear that the majority ofthese patients produce IFN and some of them produce as much IFN as patients with CL.

Chemokines play a relevant role in the migration of activated T-cells and are themselvesinduced by T-cell-derived cytokines. For example, CXCL9 and CXL10 act on chemokine(C-X-C motif) receptor 3 (CXCR3), which are preferentially expressed on Th1 lymphocytesand are themselves induced by IFN.7 CXCL11 can induce production of IL-12 by dendriticcells, whereas CCL2 and CCL3 can attract monocytic cells and induce antileishmanialactivity.7,16 It has been shown that tissue expression of CCL2 is decreased in DCL incomparison with CL.8 We found no differences regarding the in situ expression of cytokines(IFN, TNF, TGF) and chemokines (CCL2, CCL3, CCL11, CXCL10) comparing papularand ulcerated lesions of DL with the classical ulcerated lesion of CL. In the current series,CXCL9 levels were higher in DL compared with CL. Elevated levels of CXCL9 in theserum of DL patients contrast with the lower production of IFN and TNF by PBMCs ofthese same patients. However, it could indicate that Leishmania-specific T-cells were beingrecruited to the lesion site and were participating in the pathogenesis of the lesion, as pro-inflammatory cytokines are associated with tissue damage in L. braziliensis infection.12,13

Machado et al. Page 5

Trans R Soc Trop Med Hyg. Author manuscript; available in PMC 2011 August 17.

NIH

-PA Author Manuscript