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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA IRACEMA VITERBO SILVA VIOLÊNCIA NO TRABALHO EM SAÚDE: A INVISIBILIDADE DO SOFRIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES DE SAÚDE NA BAHIA Salvador 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

IRACEMA VITERBO SILVA

VIOLÊNCIA NO TRABALHO EM SAÚDE:

A INVISIBILIDADE DO SOFRIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES DE

SAÚDE NA BAHIA

Salvador

2013

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IRACEMA VITERBO SILVA

VIOLÊNCIA NO TRABALHO EM SAÚDE: A INVISIBILIDADE DO SOFRIMENTO NAS ORGANIZAÇÕES

DE SAÚDE NA BAHIA

Tese apresentada ao programa de Pós Graduação em

Saúde Coletiva do Instituto de Saúde Coletiva da

Universidade Federal da Bahia, como requisito para

obtenção do grau de Doutor em Saúde Pública, área

de concentração em Epidemiologia.

Orientadora: Profa. Estela Maria Leão de Aquino

Co-Orientadora: Profa. Isabela Cardoso de M. Pinto

Salvador

2013

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Ficha Catalográfica

Elaboração - Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

___________________________________________________

S586v Silva, Iracema Viterbo.

Violência no trabalho em saúde: a invisibilidade do sofrimento

nas organizações de saúde na Bahia / Iracema Viterbo Silva.--

Salvador: I.V. Silva, 2013.

171 f.

Orientadora: Profª. Drª. Estela Maria Leão de Aquino.

Co-Orientadora: Profª. Drª. Isabela Cardoso de M. Pinto.

Tese (doutorado) – Instituto de Saúde Coletiva. Universidade

Federal da Bahia.

1. Violência – Trabalho Saúde. 2. Assédio Moral. 3.

Trabalhadores da Saúde. I. Título.

CDU 364

_________________________________________________________

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Aos meus pais, Homero e Juracy, grandes incentivadores na minha incessante busca

por conhecimento.

A minha filha Caroline, por me ensinar que a persistência e a determinação são

fundamentais para quem deseja alcançar o êxito.

A Adelmo, esposo e companheiro, sempre presente apoiando as minhas escolhas.

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AGRADECIMENTOS

À Profa ESTELA AQUINO, minha orientadora, pela paciência, liberdade e apoio na

escolha do tema e pelas orientações recebidas.

À Profa

ISABELA PINTO, co-orientadora, responsável pela apresentação do projeto à

Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia e grande colaboradora no processo

de concepção e condução desta tese. Agradeço pela amizade, incentivo e apoio sempre

presentes.

À Profa

VILMA SANTANA pelas contribuições antes e durante o exame de

qualificação.

À Profa TÂNIA ARAÚJO pelas contribuições durante o exame de qualificação.

À Profa

EDINÁ COSTA e sua equipe que, de maneira solícita, nos acolheu em seu

espaço de trabalho.

Ao Prof. CARLOS TELES e à Profa

MARIA DA CONCEIÇÃO ALMEIDA pelas

orientações estatísticas.

À SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA- SESAB, na pessoa do

Exm° Sr. Dr. JORGE SOLLA, Secretário Estadual da Saúde, cedendo-nos ao Instituto

de Saúde Coletiva e autorizando a realização deste estudo.

À Superintendente de Recursos Humanos da SESAB, Profa

TELMA DANTAS e às

colegas da assessoria técnica e administrativa, em especial a MARIA LUCIA,

MARINALVA E ROSÂNGELA por todo o apoio recebido.

Às colegas da Diretoria de Recursos Humanos, as Assistentes Sociais MARIA DE

FÁTIMA MASCARENHAS E MARIA DA GLÓRIA ALMEIDA pela ajuda e pelas

informações, sem as quais não teria sido possível a realização deste estudo.

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Aos SERVIDORES DA REDE ESTADUAL DE SAÚDE de Salvador que

participaram do estudo e às DIRETORIAS, COORDENAÇÕES E NÚCLEOS DE

GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO NA SAÚDE – NUGETS que

facilitaram o acesso dos entrevistadores nas unidades.

Aos entrevistadores LUIS OLIVEIRA, VEUBER ARAUJO, MICHELE BARROS,

THALIANE FILARDI, ADRIANA FONSECA, CHARLY BARBERINO,

ACÁCIA MAYRA, DIANA FRÁGUA, JADE STARTERI, CLAUDIA DANTAS,

LILIANE PIMENTA, DAVLLYN OLIVEIRA, JUCIANA DAMACENA, pelo

profissionalismo, interesse e ética na produção dos dados.

Às digitadoras, CAROLINA DANTAS e CAROLINE NEVES, pela responsabilidade

na montagem do banco de dados.

À colega, Assistente Social, LÓIDE BONINA, pela valiosa ajuda no contato com os

servidores do Hospital Geral do Estado.

Ao Coordenador da JUNTA MÉDICA DO ESTADO, Dr. CARLOS CALDAS e a

secretária, BÁRBARA CRISTINA, ao disponibilizarem os primeiros dados sobre a

situação de saúde dos servidores da saúde na Bahia.

Ao INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA pela acolhida de professores e

funcionários, sempre solícitos e dispostos a ajudar.

Aos colegas do doutorado, em especial KARINA PINTO, pelo compartilhamento de

momentos de alegria e também de dificuldades.

Ao colega DAVLLYN OLIVEIRA, responsável pela diagramação do material de

divulgação da pesquisa e recursos gráficos da tese.

À colega LILIANA SANTOS pelas suas palavras de carinho e estímulo que nos deram

força para seguir em frente e acreditar que não estava sozinha.

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Aos colegas DAVLLYN OLIVEIRA, VINICIO OLIVEIRA, IARA OYRAM,

ROSA MALENA E KELLY ARAÚJO, pela convivência diária, amizade e parceria.

Ao GRUPO DE PESQUISA TRABALHO E EDUCAÇÃO NA SAÚDE pelas

contribuições relevantes.

A Profa

JENNY ARAUJO, pesquisadora do ELSA – ESTUDO LONGITUDINAL

SOBRE SAÚDE DO ADULTO pela ajuda na seleção dos entrevistadores.

A EDLEUSA e a FRAN SCHIAVO, respectivamente, secretária e pesquisadora do

MUSA – PROGRAMA DE ESTUDO EM GÊNERO E SAÚDE a quem sempre

recorríamos em busca de uma informação.

À FUNDAÇÃO DE APOIO À PESQUISA DO ESTADO DA BAHIA – FAPESB

responsável pelo financiamento deste estudo.

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Ao olhar o passado vejo-me diante de um monte, cujo cume desejasse muito chegar,

porém me parecia inalcançável. Hoje, vencida a prova, pude compreender as palavras

do apóstolo Paulo em sua Carta aos Filipenses, capítulo 4, versículo13: Tudo posso

naquele que me fortalece e vislumbro o futuro na certeza de que se tivermos fé como

um grão de mostarda, diremos a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de

passar; e nada nos será impossível (Mateus 17:20).

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SILVA, Iracema Viterbo. Violência no trabalho em saúde; a invisibilidade do

sofrimento nas organizações de saúde na Bahia. 171f., 2013. Tese (Doutorado) –

Instituto de Saúde Coletiva, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.

RESUMO

Esta tese foi produzida a partir de dados da pesquisa “Perfil da morbidade e fatores

subjacentes às licenças médicas de servidores públicos da Secretaria da Saúde do

Estado da Bahia”, cujo projeto foi apoiado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do

Estado da Bahia – FAPESB (Edital 004/2009 de Pesquisas Prioritárias para o SUS –

PPSUS). O estudo teve como principal objetivo identificar as morbidades mais

prevalentes entre trabalhadores da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, afastados

por licença médica e investigar fatores associados. Antecedendo este estudo, foi feita

uma análise de dados secundários referentes aos afastamentos por licença médica dos

servidores estaduais da saúde no período de 2007 a 2009, a fim de identificar as doenças

mais prevalentes. A literatura consultada confirmava a elevada prevalência de algumas

doenças entre os profissionais de saúde e sua relação com as condições de trabalho

como as doenças osteomusculares e os transtornos mentais. Além disto, outras situações

detectadas entre os trabalhadores como estresse, desgaste físico, emocional e

psicológico, desistências, descrédito, sofrimento, sensação de impotência, além do

número e frequência de pedidos de licença médica e afastamento do trabalho, ainda tem

suas causas pouco esclarecidas. Para o desenvolvimento da presente tese foram

utilizados dados primários produzidos por entrevistas a uma amostra de servidores da

saúde, a fim de investigar a ocorrência da violência no local de trabalho como um dos

problemas atuais que, ademais, podem influenciar a ocorrência de outros problemas de

saúde dos trabalhadores. O fenômeno estudado em vários países como um fator a que

estão expostos muitos profissionais, é apontado como causa de adoecimento físico e

mental. Assim, foram investigadas algumas modalidades de violência, incluindo o

assédio moral, cuja mensuração ainda se constitui um desafio, devido às dificuldades

conceituais e semânticas do termo, especialmente no Brasil, onde outros tipos de abuso,

equivocadamente, têm recebido essa denominação. Neste particular, contemplou-se a

avaliação das características psicométricas de um instrumento para detecção desse tipo

de violência no trabalho e, finalmente, uma investigação sobre fatores individuais e

ocupacionais associados a este problema. Os resultados de caráter exploratório são

apresentados em forma de três artigos, precedidos por uma introdução ao tema da

violência, sua inserção nas ciências da saúde e a sua disseminação no espaço do

trabalho. Os procedimentos metodológicos utilizados para o desenvolvimento da

produção de dados também são descritos, bem como as dificuldades enfrentadas e as

estratégias utilizadas para superá-las.

Palavras-chave: Violência no trabalho em saúde; assédio moral; trabalhadores da

saúde; instrumento.

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SILVA, Iracema Viterbo. Violence in health work: invisibility of suffering in health

organizations in Bahia. 171 f., 2013. Tese (Doutorado) – Instituto de Saúde Coletiva,

Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.

ABSTRACT

This thesis was produced from survey data "Profile of morbidity and factors underlying

the medical licenses of civil servants of the Secretaria da Saúde do Estado da Bahia",

whose project was supported by the Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia -

FAPESB (Proclamation 004/2009 Research Priority for SUS - PPSUS). The study

aimed to identify the most prevalent morbidities among employees of the Secretaria da

Saúde do Estado da Bahia away for medical leave and investigate factors associated

with such clearances. Prior to this study, an analysis of secondary data relating to sick

leave for medical state of health of the servers in the period 2007-2009 was done in

order to identify the most prevalent diseases. The literature confirmed the high

prevalence of certain diseases among health professionals and its relation to working

conditions such as musculoskeletal diseases and mental disorders. In addition, other

situations detected among workers as stress, physical stress, emotional and

psychological, dropouts, disbelief, grief, powerlessness, and the number and frequency

of requests for sick leave and absence from work, still has its causes unclear. For the

development of this thesis were used primary data produced by interviewing a sample

of servers health in order to investigate the occurrence of violence in the workplace as

one of the current problems, moreover, may influence the occurrence of other health

problems of workers. The phenomenon studied in several countries as a factor that are

exposed to many professionals, is shown to cause physical and mental illnesses. Thus,

we investigated some forms of violence, including bullying, whose measurement is still

a challenge due to the difficulties of conceptual and semantics issues of the term,

especially in Brazil, where other types of abuse, mistakenly, have received that

designation. For that, it was contemplated the evaluation of the psychometric properties

of an instrument for the detection of this type of workplace violence, and finally, an

investigation of individual and occupational factors associated with this problem. The

results presented are exploratory in form of three articles, preceded by an introduction to

the topic of violence, its inclusion in the health sciences and their dissemination in the

work space. The methodological procedures used for the development of data

production are also described, as well as the difficulties faced and the strategies used to

overcome them.

Keywords: Violence in health work; bullying; health workers; instrument.

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Introdução

Figura 1: Modelo teórico explicativo proposto para a violência no local de trabalho em

saúde

Figura 2: Fluxograma da seleção amostral do estudo sobre violência auto-referida no

local de trabalho, entre servidores estaduais da saúde em Salvador-Bahia, Brasil, 2012.

Artigo I – Violência no trabalho em saúde: a experiência de servidores estaduais

da saúde no Estado da Bahia

Figura1: Prevalência de violência auto-referida no trabalho entre servidores estaduais

da saúde, por sexo. Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

Tabela 1: Distribuição percentual, por sexo, dos servidores estaduais da saúde segundo

características sócio-demográficas e ocupacionais, Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

Tabela 2: Prevalência (P) e Razão de Prevalência (RP) de violência auto-referida no

local de trabalho em saúde, segundo características sócio-demográficas e ocupacionais,

Salvador, Bahia, Brasil 2012.

Tabela 3: Fatores associados à violência auto-referida no trabalho, entre servidores

estaduais da saúde, conforme análise de regressão logística, Salvador, Bahia, Brasil,

2012.

Artigo II – Características psicométricas do Negative Acts Questionnaire para

detecção do assédio moral no trabalho: estudo com uma amostra de servidores

estaduais da saúde.

Tabela 1: Resultado das cargas fatoriais dos fatores identificados na análise fatorial do

Negative Acts Questionnaire – Revised - NAQ-R, em uma amostra de servidores

estaduais da saúde, de acordo com o sexo. Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

Tabela 2: Correlação Tetracórica entre as dimensões do NAQ-R e saúde auto-referida,

ansiedade e satisfação com o trabalho.

Artigo III – Assédio moral no trabalho: a violência invisível entre servidores

estaduais da saúde

Figura 1: Prevalência de assédio moral entre servidores estaduais da saúde, por sexo e

segundo o critério de classificação utilizado. Salvador, Bahia, Brasil. 2012.

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Figura 2: Prevalência de assédio moral entre servidores estaduais da saúde, por sexo e

segundo variáveis latentes do Negative Acts Questionnaire – NAQ-R. Salvador, Bahia,

Brasil. 2012.

Tabela 1: Prevalência (P) e Razão de Prevalência (RP) de atos negativos detectados

através do NAQ-R, ocorridos nos últimos seis meses e referidos pelos servidores

estaduais da saúde. Salvador, Bahia, Brasil. 2012.

Tabela 2: Prevalência (P) e Razão de Prevalência (RP) de assédio moral entre

servidores estaduais da saúde, de acordo com o critério utilizado e segundo variáveis

sócio-demográficas e ocupacionais. Salvador, Bahia, Brasil. 2012.

Tabela 3: Prevalência (P) e Razão de Prevalência (RP) de assédio moral entre

mulheres, servidoras estaduais da saúde, segundo classificação por tipo de assédio

moral, pessoal e relacionado ao trabalho e características sócio-demográficas e

ocupacionais. Salvador, Bahia, Brasil. 2012.

Tabela 4: Prevalência (P) e Razão de Prevalência (RP) de assédio moral, entre homens,

servidores estaduais da saúde, segundo classificação por tipo de assédio moral, pessoal

e relacionado ao trabalho e características sócio-demográficas e ocupacionais.

Salvador, Bahia, Brasil. 2012.

Tabela 5: Fatores associados ao assédio moral em servidores estaduais da saúde,

segundo os escores do Negative Acts Questionnaire – Revised, NAQ-R e critérios

utilizados para definição do fenômeno, conforme análise de regressão logística.

Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

Tabela 6: Fatores associados ao assédio moral em servidores estaduais da saúde,

segundo variáveis latentes do Negative Acts Questionnaire – Revised, NAQ-R, conforme

análise de regressão logística. Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................13

2. OBJETIVOS.........................................................................................................20

3. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS.........................................................................21

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.........................................................24

5. ARTIGO I – VIOLÊNCIA NO TRABALHO EM SAÚDE: A EXPERIÊNCIA

DE SERVIDORES ESTADUAIS DA SAÚDE NO ESTADO DA

BAHIA..................................................................................................................30

5.1 Resumo................................................................................................................31

5.2 Introdução............................................................................................................32

5.3 Metodologia.........................................................................................................35

5.4 Resultados............................................................................................................40

5.5 Discussão.............................................................................................................43

5.6 Referências...........................................................................................................46

5.7 Tabelas.................................................................................................................49

6. ARTIGO II – CARACTERÍSTICAS PSICOMÉTRICAS DO NEGATIVE ACTS

QUESTIONNAIRE PARA DETECÇÃO DO ASSÉDIO MORAL NO

TRABALHO: ESTUDO COM UMA AMOSTRA DE SERVIDORES

ESTADUAIS DA SAÚDE...................................................................................53

6.1 Resumo................................................................................................................54

6.2 Introdução............................................................................................................55

6.3 Metodologia.........................................................................................................58

6.4 Resultados............................................................................................................61

6.5 Discussão.............................................................................................................65

6.6 Referências...........................................................................................................68

6.7 Tabelas.................................................................................................................71

7. ARTIGO III – ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO: A VIOLÊNCIA

INVISÍVEL ENTRE SERVIDORES ESTADUAIS DA SAÚDE......................73

7.1 Resumo................................................................................................................74

7.2 Introdução............................................................................................................75

7.3 Metodologia.........................................................................................................79

7.4 Resultados............................................................................................................81

7.5 Discussão.............................................................................................................84

7.6 Referências...........................................................................................................87

7.7 Tabelas.................................................................................................................90

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................97

9. REFERÊNCIAS..................................................................................................100

ANEXOS...........................................................................................................104

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1. Introdução

Nas últimas quatro décadas as abordagens sobre as necessidades de saúde dos

trabalhadores e dos aspectos inerentes a cada categoria profissional ampliaram-se,

produzindo novos saberes sobre a atuação do trabalhador no âmbito institucional

(Lacaz, 2000). Essas novas abordagens articulam interesses que extrapolam aos do

capital e do trabalho e, ao mesmo tempo, não se limita à prevenção dos acidentes e

doenças consideradas diretamente relacionadas ao trabalho, avançando na discussão

sobre outros agravos que ocorrem na população em geral, mas que também têm relação

com o mundo do trabalho (Maeno e Carmo, 2005).

No que se refere ao trabalho na saúde, somente após a década de 1980 é que as

questões relacionadas aos trabalhadores deste segmento passaram a ser incluídas nas

agendas dos gestores públicos da área, muito mais voltados para as discussões sobre

financiamento e organização da rede de serviços do Sistema Único de Saúde (Brasil,

2007).

Os debates que se desenvolveram nas décadas seguintes apontaram para um

novo paradigma do trabalho em saúde, abordando temas como gestão do trabalho e

elegendo os trabalhadores da saúde personagens centrais dessas discussões. Como

resultado, mecanismos ministeriais foram criados, definindo entre outras diretrizes a

valorização dos trabalhadores e a promoção da saúde nos locais de trabalho, sendo

atribuição do próprio Sistema Único de Saúde a execução dessas ações (Brasil, 2006).

Evidências de que os riscos ocupacionais não estão limitados a fatores físicos,

químicos e biológicos induziram estudos sobre os agravos associados às relações de

trabalho e à organização dos processos de trabalho (Jackson Filho, 2004). Estudos têm

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constatado que os modos de organização e funcionamento do setor público têm

influência no adoecimento dos trabalhadores, sendo um fator determinante para a

precariedade e conseqüente comprometimento dos serviços prestados à população

(Jackson Filho, 2004; Barros et al, 2006).

Os profissionais de saúde acabam sofrendo os danos decorrentes da organização

e dos processos de trabalho, expondo-se a condições adversas que incluem a hostilidade

e a violência (Jackson et al, 2002). Alguns estudos têm constatado que este fenômeno é

comum no espaço do trabalho em saúde, expresso em forma de agressões física e

verbal; assédios moral e sexual, além de discriminação racial e social e maus tratos

(Cezar e Marziale, 2006; Xavier et al, 2008).

A violência é um fenômeno que tem merecido a atenção das diversas áreas de

conhecimento, incluindo as ciências da saúde. Nesta área o interesse foi despertado com

a elevação da mortalidade pelas chamadas causas externas, verificada a partir da década

de 1980 (Minayo e Souza, 1998). Aos poucos as investigações passaram a considerar

não apenas os casos fatais, incluindo aquelas situações que costumam deixar sequelas

em suas vítimas sejam físicas, emocionais ou psíquicas (Deslandes, 1999).

Os estudos sobre o assunto também ampliaram o seu interesse quanto ao lócus

de ocorrência da violência, antes mais voltado para os espaços coletivos (Oliveira e

Mendes, 1997). O aumento do registro de episódios violentos, envolvendo mulheres e

crianças, tornou visíveis situações que já existiam, mas eram naturalizadas ou ocultadas

pela privacidade do lar ou de outras instituições mais fechadas como a escola (Schraiber

e d’Oliveira, 1999; Sposito, 2001). Aos poucos, a violência foi aparecendo em outros

espaços ou apresentando-se sob outras modalidades e, também, tornou-se visível no

mundo do trabalho, não se restringindo aos acidentes (Oliveira e Nunes, 2008).

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Em se tratando da violência relacionada ao trabalho, alguns autores costumam

fazer distinção entre as denominações violência do trabalho e violência no trabalho. A

primeira está relacionada às precárias condições laborais e aos novos paradigmas que

regulam e norteiam a condução dos processos de trabalho, aumentando a exposição dos

trabalhadores a riscos de acidentes e de adoecimentos. Por outro lado, a violência

presente nas relações interpessoais, seja com chefias, colegas ou o público no exercício

das atividades, caracteriza a violência no trabalho (Lancman et al, 2009). Embora

reconhecendo os efeitos negativos que a violência do trabalho é capaz de produzir sobre

o trabalhador, esta tese teve sua atenção voltada para a segunda modalidade.

Relatos de violência no trabalho em saúde, nas suas variadas formas, estão

presentes em estudos realizados em diversos países do mundo como Austrália, Ruanda e

Canadá. Na Austrália, um estudo com profissionais de saúde que prestam serviço de

emergência na zona rural, observou que 87,5% dos participantes haviam experimentado

pelo menos uma forma de violência relacionada ao trabalho nos últimos doze meses

(Boyle et al, 2007). No Canadá, estudo com médicos da família constatou que 98% dos

profissionais entrevistados afirmaram ter experimentado pelo menos uma experiência de

violência em suas carreiras, que iam de comportamentos desrespeitosos à perseguição

(Miedema et al, 2011). Aproximadamente 39% dos 297 trabalhadores de saúde que

participaram de um inquérito em Ruanda, referiram pelo menos uma forma de violência

no local de trabalho nos últimos doze meses, sendo a agressão verbal a modalidade mais

freqüente com 27% (Newman et al, 2011).

Tais resultados atestam que a violência no trabalho pode ocorrer

independentemente do contexto sócio-econômico e do tipo de sistema de saúde vigente.

O Canadá, por exemplo, há muitos anos, possui um sistema de assistência médica que

tem servido de modelo para outras nações, ao fornecer uma cobertura universal e

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abrangente de serviços médico-hospitalares. Todavia, essa prerrogativa não impede a

ocorrência de conflitos entre trabalhadores e usuários, conforme se verifica nos

resultados dos estudos no país (Fernandes, 1999; Miedema, 2011).

Não obstante, os episódios de violência no trabalho em saúde não se restringem

às relações entre profissionais e usuários, uma vez que conflitos entre os próprios

trabalhadores também têm ocorrido (Santos Junior e Dias, 2005). Algumas ações são

marcadas pela sutileza com que são praticadas, podendo caracterizar o assédio moral,

uma prática tão antiga quanto o próprio trabalho, mas que não era considerada

violência.

O assédio moral só foi descrito e investigado no início da década de 1980 e,

quando percebido como importante para a relação entre saúde e trabalho, entrou na

pauta das pesquisas acadêmicas (Fontes et al, 2011). Segundo a literatura, o fenômeno

teria sido apresentado pela primeira vez pelo psiquiatra americano Carroll Brodsky em

seu livro “The harrassed worker” publicado em 1976 (Notelaers et al, 2006).

Entretanto foi com Heinz Leymann (1990) que o problema ganhou maior

visibilidade enquanto objeto de pesquisa. Em seu estudo foi observado um tipo de

violência laboral que não era física, mas psíquica que foi denominada de terrorismo

psicológico ou psicoterror, sendo cunhado o termo mobbing (Fontes et al, 2011; Giorgi

et al, 2011; Leymann, 1996; Soboll, 2008).

Até então, a palavra mobbing, no idioma inglês, não havia sido usada neste

contexto. Mobbing havia sido usada pelo etólogo, Konrad Lorenz, para descrever o

comportamento de grupo de animais, referindo-se aos ataques sofridos por um único

animal de maior porte por parte de um grupo de animais menores. Mais tarde um

médico sueco, em 1970, Peter-Paul Heinemann passou a interessar-se pela atitude de

crianças em relação a outras no ambiente escolar, tomando emprestado o termo

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mobbing para definir o comportamento destrutivo de um pequeno grupo de crianças

contra uma única criança. Foi seguindo essa mesma lógica que Leyman, ao encontrar

semelhanças desse tipo de comportamento nos locais de trabalho, utilizou a palavra

mobbing, em vez de bullying, termo usado pelos pesquisadores ingleses e australianos

(Cahú et al, 2012; Fajana et al, 2011).

Para este estudo utilizou-se o termo assédio moral, considerado o que melhor

expressa o fenômeno, sendo também o mais utilizado e defendido na área acadêmica

(Cahú et al, 2012). Isto porque, conforme afirma Hirigoyen (2006) enquanto a palavra

assédio representa pequenos ataques ocultos e insidiosos, tanto de um indivíduo como

de um grupo, contra uma ou várias pessoas, o vocábulo moral sinaliza as agressões de

natureza psicológica e, também, a noção de bem e mal definida culturalmente (Soboll,

2008).

No Brasil, a introdução do tema, a partir de 2000, foi marcada por dois

importantes trabalhos. Trata-se da tradução da obra de Marie-France Hirigoyen,

psiquiatra francesa, “Assédio Moral: a violência perversa no cotidiano” e a dissertação

de mestrado, em psicologia social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

de autoria da médica, Margarida Barreto, sobre humilhação no trabalho, com

trabalhadores do setor químico e similares, dando origem a cartilhas sindicais e outros

materiais literários de fácil acesso ao público (Soboll, 2008; Caniato & Lima, 2008).

Vale ressaltar que a preocupação com o assunto também ocorreu de forma articulada

com as discussões sobre saúde mental e trabalho (Soboll, 2008).

Destaca-se que nem todo ato abusivo se enquadra na condição de assédio moral.

No Brasil, os trabalhos produzidos e publicados sobre o assunto contribuíram para a sua

difusão, contudo alguns autores consideram que o entendimento equivocado das suas

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características tem levado ao uso indiscriminado do termo para qualquer ato ou caso de

agressão (Heloani e Barreto, 2010).

Uma das situações que têm levado a interpretações errôneas é a gestão por

injúria, caracterizada pelo comportamento despótico de alguns dirigentes que, por

despreparo, submetem os empregados, indiscriminadamente, a pressões extremas ou

agem com violência injuriando-os ou insultando-os. A diferença é que, enquanto no

assédio as ações estão mais encobertas, na gestão por injúria o comportamento abusivo

é notado e sentido por todos (Soboll, 2008; Hirigoyen, 2006).

Também é confundida com o assédio moral a gestão por estresse que é uma

forma empregada para melhorar o desempenho no trabalho, não existindo a intenção de

destruir o empregado; e, ainda, as agressões pontuais que embora se constituam em um

ato de violência e possam trazer consequências negativas para as vítimas, diferem do

assédio moral por não serem repetitivas.

Com esses esclarecimentos, o assédio moral é assim definido:

“qualquer conduta abusiva (gesto, comportamento, atitude...) que

atente por sua repetição ou sistematização contra a dignidade ou

integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu

emprego ou degradando o clima de trabalho” (Hirigoyen, 2002).

As formas de assédio moral são diversas e Freire (2008) apresenta algumas entre

as consideradas de maior importância:

“piadas acerca de atributos, ou a respeito da religião ou orientação

sexual da vítima; isolamento ou exclusão da vítima; intromissão em

sua vida privada; ameaças de violência; inferiorização e

ridicularização, especialmente perante colegas ou superiores;

instigação dos colegas contra a vítima; divulgação de informações

falsas; assédio sexual, dentre outras”.

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No Brasil, um estudo envolvendo 218 trabalhadores de diversos ramos de

atividade constatou que 25,2% dos respondentes disseram-se vítimas de assédio moral,

entretanto quando considerada a definição de Leyman em relação à freqüência, no

mínimo, semanal, o percentual de assediados regularmente caiu para 12,9%, enquanto

que 12,3% eram assediados ocasionalmente (Gonçalves, 2006). Além do critério

subjetivo, a autora utilizou os 22 itens do Negative Acts Questionnaire – Revised -

NAQ-R encontrando uma prevalência de 66,9% de casos de exposição a, no mínimo, um

ato negativo regularmente.

Há evidências de que as mulheres sofrem mais assédio moral e assédio sexual,

enquanto que os homens são mais ameaçados verbalmente e humilhados (Miedema et

al, 2010; Boyle et al, 2007). Em relação à violência física, pesquisas nos Estados

Unidos e na Alemanha revelam que os homens também são mais atingidos por essa

modalidade quando comparado às mulheres (Gerberich et al, 2004; Franz et al, 2005).

Todavia, apesar de investigada em várias partes do mundo, a violência no

trabalho em saúde ainda se constitui um evento pouco estudado no Brasil. Por se tratar

de um tema complexo e polissêmico, muitas são as definições e as tentativas para

explicar a sua ocorrência, justificando a realização de estudos sobre o assunto.

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2. Objetivos:

2.1 Geral:

Investigar a ocorrência de variadas formas de violência no trabalho em saúde em

uma amostra de servidores públicos da saúde.

2.2 Específicos

Estimar a prevalência de violência auto-referida no trabalho em uma amostra

de servidores estaduais da saúde, observando a sua distribuição por

características individuais e laborais.

Avaliar as propriedades psicométricas do Negative Acts Questionaire -

Revised, instrumento para detecção do assédio moral;

Estimar a prevalência de assédio moral no trabalho em uma amostra de

servidores estaduais da saúde, observando a sua distribuição por

características individuais e laborais.

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3. Considerações Teóricas

Nesta tese foram estudadas algumas modalidades de violência e a sua relação

com as características sócio-demográficas e ocupacionais, tomando como marco teórico

os conceitos de processo de trabalho em saúde e de gênero, conforme o modelo gráfico

apresentado (Figura 1). O conceito de processo de trabalho costuma ser utilizado como

categoria central nas abordagens entre trabalho e saúde, porém neste caso, sua

importância se dá não na perspectiva do paradigma da produção, equivalente ao

trabalho industrial, mas sim, em relação aos serviços (Lacaz e Gomez, 2005).

Nesse sentido é que se utiliza o conceito mais específico de processo de trabalho

em saúde que diz respeito à prática dos trabalhadores de saúde no cotidiano da produção

e consumo dos serviços de saúde, cujo conceito foi formulado por Ricardo Bruno

Mendes-Gonçalves, a partir da análise do processo de trabalho médico (Peduzzi e

Schraiber, 2008). Tomando o conceito de Marx sobre processo de trabalho, Mendes-

Gonçalves (1992) definiu de forma análoga os elementos que compõem este processo

na área da saúde. Enquanto no conceito marxista o objeto de trabalho constitui-se na

matéria prima, no processo de trabalho em saúde esse objeto representa as necessidades

humanas de saúde, expressas pelas demandas que chegam aos serviços de saúde.

Assim, no processo de trabalho em saúde a finalidade é a ação terapêutica, tendo

como objeto de trabalho as necessidades de saúde do indivíduo doente ou exposto a

risco de adoecer, sendo que este objeto é um ser humano permeado por uma

subjetividade que pode interferir no trabalho que é realizado (Nogueira, 2002;

Deslandes, 2002). Diferentemente do passado, hoje, as necessidades de saúde para

serem satisfeitas envolvem uma série de procedimentos e especialidades que não só

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geram custos, mas fragmentam e retardam os processos de diagnóstico e tratamento,

podendo ainda sofrer interferências pelas dificuldades operacionais do sistema de saúde

do país em prestar um serviço de qualidade.

Figura 1: Modelo teórico explicativo proposto para a violência no local de trabalho em

saúde

Esta ineficiência do sistema em suprir as necessidades de saúde da população

pode reverberar em prejuízo para a população, mas também para o profissional de

saúde, a quem, muitas vezes, é atribuída tal incapacidade. Insatisfeitos, os usuários

podem responder com agressividade, contribuindo para que a violência ocupe os

espaços institucionais, tornando-se, assim, importante objeto de investigação nas

pesquisas, em razão das consequências que representam para o trabalhador e para o

serviço (Morrison et al, 1998; Jackson et al, 2002; Kwok et al, 2006; Cezar e Marzialle,

2006).

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Esses conflitos não se restringem aos profissionais e usuários, mas também se

desenvolvem entre os próprios trabalhadores que afetados por esses embates e/ou

separados por relações de poder também se confrontam. Historicamente, na área da

saúde, os médicos, com todas as dificuldades, ainda detém certo controle sobre o

próprio trabalho, exercendo influência sobre as outras profissões que, hierarquicamente,

acabam ocupando um espaço com reduzida autonomia, menos autoridade e mais

desprestígio, ainda que também reproduzam o domínio sobre outras categorias, numa

manifestação do macro e do micro poder (Deslandes, 2002; Sá, 2001).

Embora as características individuais e laborais sejam condicionantes na

ocorrência desses confrontos, observa-se que outras categorias de análise são

necessárias para entender os fenômenos aqui em exame, entre as quais se destaca

gênero. Ainda hoje algumas profissões da área da saúde consideradas tipicamente

femininas são majoritariamente exercidas pelas mulheres, Por serem voltadas para a

assistência e o cuidado são associadas à figura feminina, a quem se atribuem

características singulares à prática de tais profissões (Mott et al, 2008).

Provavelmente, sendo a área da saúde ocupada predominantemente pelas

mulheres, muitas situações são determinadas pelas influências de gênero. Embora não

restrito a esta área é crescente o número de pesquisas que utilizam este conceito em suas

análises a fim de explicar como os papéis sociais distintos, construídos culturalmente,

acabam definindo modos diferentes de viver e de exprimir-se entre homens e mulheres

que, consequentemente, são atingidos pelos problemas de forma diferenciada (Krieger,

2002; Cooper, 2002; Aquino, 2006). Desmistificando as explicações baseadas no

determinismo biológico, consiste em uma categoria analítica importante para a

compreensão do tema em estudo.

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4. Procedimentos Metodológicos

Universo de Estudo

O universo escolhido para este estudo foram os trabalhadores da Secretaria da

Saúde do Estado da Bahia – SESAB, criada pela Lei nº 2.321, de 11 de abril de 1966 e

regida atualmente pela Lei nº 10.955, de 21 de dezembro de 2007. Este órgão “tem por

finalidade a formulação da política estadual de saúde, a gestão do Sistema Estadual de

Saúde e a execução de ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da

saúde, em consonância com as disposições da Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro

de 1990, que constitui o Sistema Único de Saúde – SUS”.

Além dos órgãos colegiados da administração direta e das 31 diretorias regionais

de saúde (trinta com sede em cidades do interior do estado), existem 56 unidades de

saúde, sendo que vinculadas técnica e administrativamente à Superintendência de

Atenção Integral à Saúde. Essas unidades compreendem 37 hospitais classificados em

tipo I a VII, de acordo com o nível de complexidade, sendo 14 localizados em Salvador

e os demais no interior do estado. Na capital localizam-se, ainda, cinco unidades de

emergência de pequeno porte e sete unidades especiais de saúde, além de quatro

maternidades. Na capital, apenas 24 unidades estão sob gestão direta da SESAB e, junto

com o nível central (área de formulação das políticas) foram incluídas na pesquisa.

Dos hospitais localizados em Salvador, quatro possuem atendimento de

emergência, dois são destinados a pacientes psiquiátricos, um em doenças pulmonares e

dois em doenças infecto-contagiosas, um deles exclusivo para portadores de hanseníase.

Quanto às unidades especiais de atenção à saúde, as especialidades consistem em

atenção ao idoso; ao deficiente, tratamento para diabetes e endocrinologia, doenças

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sexualmente transmissíveis; anti-veneno; oncologia; e um laboratório de análise clinica

e patologia.

Procedimento Amostral

Por ocasião da seleção amostral, foi disponibilizado pela SESAB um

quantitativo de 20.187 servidores, correspondendo ao seu quadro efetivo à época, sendo

que 14.481 estavam lotados em unidades localizadas em Salvador, porém 1.091

exerciam suas atividades em uma fundação e em um hospital federalizado, não sendo

incluídos neste estudo, conforme critérios de exclusão definidos. Foram incluídos no

estudo os servidores em atividade ou afastados temporariamente por problemas de

saúde, licença prêmio ou férias.

Os casos inelegíveis detectados durante o processo de produção de dados foram

substituídos por sujeitos com as mesmas características, considerando sexo, faixa etária,

local de trabalho e categoria profissional. Foram considerados inelegíveis os servidores

cedidos a outros órgãos e secretarias estaduais, servidores que trabalham em unidades

municipalizadas, federalizadas, fundações ou sob gestão terceirizada e aqueles lotados

em unidades do interior do Estado, bem como os aposentados e afastados por licença

para interesse particular (licença sem vencimentos).

Para definição do tamanho amostral, foi calculada uma amostra probabilística do

tipo aleatória simples. A população de referência para efeito de cálculo amostral foi

composta de 13.390 trabalhadores distribuídos em 24 unidades assistenciais e setores da

administração central. Assumiu-se uma prevalência de 33,0%, um erro aceitável de 5%

e um poder de 80%, ficando a amostra definida em 676 servidores. Considerando

possíveis perdas ou recusas este número foi ampliado para 800 pessoas, correspondendo

a 5,9% da população de mulheres e 6,0% de homens (Figura 2). O cálculo amostral e a

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seleção dos sujeitos foram realizados por meio do procedimento sample do programa

SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 13.

Produção dos Dados

Para a produção dos dados foi desenvolvido um questionário contendo perguntas

fechadas, aplicado por meio de entrevistas face a face. Para tanto, foram treinados 13

entrevistadores sendo elaborado, também, um manual de pesquisa para auxiliar no

entendimento das questões. Os entrevistadores eram estudantes e profissionais da área

da saúde com experiência em pesquisa ou em atividades de contato com o público,

ficando a própria pesquisadora responsável pelo treinamento do grupo. Após

conhecerem o projeto, os entrevistadores tiveram a oportunidade de aplicar o

questionário entre eles, esclarecendo dúvidas acerca do instrumento.

Em outubro de 2011 o projeto foi apresentado em uma das instituições da rede

de assistência, oportunidade em que foi realizado um pré-teste do instrumento de

produção de dados. Na mesma ocasião foi discutida a importância da realização de um

estudo piloto, sendo escolhido o hospital federalizado com número significativo de

servidores estaduais a serviço, com a seleção aleatória de 60 participantes.

Durante o piloto foram identificadas algumas dificuldades que também foram

enfrentadas no trabalho de campo, sendo a principal delas a localização dos servidores,

considerando os casos de transferências, as trocas de escala, além dos afastamentos

motivados por férias, problemas de saúde, licença prêmio, entre outros. Ante tais

dificuldades recorreu-se à Diretoria de Recursos Humanos da SESAB que

disponibilizou informações sobre a lotação do servidor, situação funcional (em

atividade ou afastado) endereço e telefones para contato. Após fazer uso desta estratégia

o estudo teve início em dezembro de 2011.

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Figura 2: Fluxograma da seleção amostral do estudo sobre violência auto-referida no

local de trabalho, entre servidores estaduais da saúde. Salvador-Bahia, Brasil, 2012.

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Alcançou-se uma taxa de resposta de 84,9 %, sendo maior entre as mulheres

(88,3%) do que entre os homens (78,6%) (Figura 2). Dificuldades impediram que

alguns sujeitos fossem entrevistados. Em algumas instituições os servidores

selecionados não eram conhecidos ou as informações acerca deles eram incorretas.

Alguns endereços e telefones fornecidos estavam desatualizados, inviabilizando a

localização e posterior contato com os que se encontravam afastados por férias e

licenças médicas. As escalas de serviço disponibilizadas nem sempre eram garantia de

que estariam, de fato, em serviço naquele dia, em razão das constantes trocas de plantão,

especialmente na equipe de enfermagem. Estas intercorrências demandaram diversas

visitas dos entrevistadores às instituições em busca do mesmo sujeito, prorrogando o

prazo esperado para o término das entrevistas que se estendeu até a primeira semana de

julho de 2012.

Para a apresentação dos resultados foi produzido o primeiro artigo cujo objetivo

foi estimar a prevalência de violência auto-referida no trabalho em saúde, identificando

as modalidades mais comuns e o perfil sócio-demográfico e ocupacional dos

profissionais atingidos e tendo como título “Violência no trabalho em saúde: a

experiência de servidores estaduais da saúde no Estado da Bahia”.

Considerando que algumas modalidades de violência no trabalho são marcadas

pela invisibilidade, devido à sutileza com que os atos abusivos acontecem, foi

investigada de maneira específica o assédio moral no trabalho. Entretanto, em razão da

necessidade da utilização de instrumentos válidos e confiáveis, foi realizado um estudo

sobre as características psicométricas do Negative Acts Questionnaire – Revised (NAQ-

R) instrumento para detecção do assédio moral no trabalho. Aplicado mundialmente e já

adaptado e validado no Brasil, o instrumento foi utilizado no presente estudo para

mensurar a ocorrência do fenômeno entre os servidores estaduais da saúde.

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Assim, com base nos resultados do NAQ-R, foi produzido o artigo intitulado

“Características psicométricas do Negative Acts Questionnaire para detecção do

assédio moral no trabalho: estudo com servidores estaduais da saúde”, cujo objetivo

foi avaliar as propriedades psicométricas do instrumento de detecção do assédio moral

NAQ-R e mensurar a prevalência do fenômeno na população.

Finalizando, foram investigados fatores individuais e ocupacionais associados ao

assédio moral, originando o terceiro e último artigo intitulado “Assédio moral no

trabalho: a violência invisível entre servidores estaduais da saúde”.

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5. ARTIGO I

Violência no trabalho em saúde: a experiência de

servidores estaduais da saúde no Estado da Bahia

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Violência no trabalho em saúde: a experiência de servidores

estaduais da saúde no Estado da Bahia

Iracema Viterbo Silva

Estela M. L. Aquino

Isabela Cardoso de Matos Pinto

Resumo

Apresentando-se como novo risco ocupacional, a violência no trabalho vem

suscitando o interesse de pesquisadores em todo o mundo. Embora presente em todos os

espaços laborais, atribui-se sua maior ocorrência nos lugares onde há predominância de

mulheres, caso do setor saúde e dos serviços sociais. No Brasil os estudos ainda são

incipientes, especialmente na área da saúde, sendo também várias as definições que

podem ser encontradas na literatura, o que acaba dificultando a compreensão da

magnitude do problema. Este estudo tem como objetivo estimar a prevalência de

violência auto-referida no trabalho em saúde. Trata-se de um estudo transversal

realizado com uma amostra de 679 servidores estaduais da saúde, na Bahia, através de

entrevistas face a face com a utilização de um questionário. Constatou-se que 25,9% (IC

95%: 22,6% - 29,2%) dos entrevistados referiram pelo menos uma das modalidades de

violência investigadas, sendo a agressão verbal (19,4%) a mais frequente. As mulheres

na faixa etária de 25 a 39 anos apresentaram um acréscimo de 80% na ocorrência de

violência em relação às mais velhas (OR= 1,8; IC95% 1,1 -3,0) enquanto que as

médicas também foram as mais atingidas (OR=2,5; IC95%: 1,2 – 12,5). Entre os

homens, ter entre 25 a 39 anos (OR=3,9; IC95%: 1,9 – 16,4) e trabalhar como auxiliar

ou técnico em enfermagem (RP=3,9; IC95% 1,1-13,2) aumentou quase 4 vezes a

ocorrência de violência no trabalho em saúde. Acredita-se que este estudo possa trazer

contribuições importantes para a visibilidade da violência no setor saúde e servir de

subsídios para a formulação de políticas de atenção aos trabalhadores com repercussão

na qualidade do atendimento prestado à população.

Palavras Chaves: Violência no trabalho; trabalhador da saúde; gênero; processo de

trabalho em saúde.

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Introdução

A violência no local de trabalho tem sido apresentada como um novo risco

ocupacional, estando os trabalhadores da saúde particularmente expostos a este tipo de

violência (Contrera-Moreno & Contrera-Moreno, 2002). É definida pela Organização

Mundial de Saúde como “o uso intencional da força, real ou em forma de ameaça,

contra outra pessoa ou contra um grupo, em circunstâncias relacionadas com o

trabalho que resulte ou possa resultar em lesão, morte, dano psicológico, mau

desenvolvimento ou privação” (WHO, 1996).

Não obstante a abrangência dessa definição, inúmeros são os significados que

podem ser encontrados na literatura acerca do fenômeno. Alguns consideram apenas os

casos de ameaça ou agressão física, enquanto outros, qualquer tipo de comportamento

que venha a prejudicar os trabalhadores ou suas organizações (Leather, 2002). As várias

definições existentes acabam dificultando a estimativa da incidência do problema no

setor, sendo importante a realização de estudos que dêem visibilidade ao problema.

Ainda que presente em todos os setores ocupacionais a violência no trabalho é

considerada mais freqüente nos espaços onde há predominância de mulheres, caso do

setor saúde e de serviços sociais (Cooper & Swanson, 2002). Fato que sugere a

influência das relações de gênero nessa determinação. De modo que, embora se atribua

a ocorrência de violência entre as profissões consideradas mais perigosas, como a de

vigilantes e policiais, os estudos têm chamado a atenção para a elevada prevalência do

problema nas profissões tipicamente femininas, em particular exercidas por mulheres

mais jovens e com menor nível de escolaridade (Ferrinho et al, 2003; Curbow, 2002).

No que tange à violência às mulheres, já existe vasta literatura que associa a

vitimização às diferenças de gênero. Entretanto, apesar dos vários estudos sobre o

assunto no espaço doméstico, presume-se que a violência contra as mulheres no local de

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trabalho, especialmente no que se refere ao assédio sexual, ainda permanece na

invisibilidade. (Palácios et al, 2003).

Em relação à violência física, o estudo de Franz et al (2005) realizado na

Alemanha, encontrou uma prevalência de 7,7%, tendo os autores observado que

profissionais com idade igual ou menor a 44 anos estavam mais sujeitos a sofrer esse

tipo de agravo. A prevalência também foi maior para trabalhadores de hospital, tendo

médicos, enfermeiros e trabalhadores de ambulância como as categorias que mais

referiram esta modalidade. No mesmo estudo a violência psicológica, expressa

principalmente através de agressão verbal, apresentou uma prevalência de 38,6%,

atingindo os vários grupos etários, porém um pouco maior entre as pessoas mais jovens.

Em relação aos agressores, na totalidade dos estudos, os pacientes aparecem

como principais perpetradores seguidos de seus familiares, mas se observa que

freqüentemente a violência no espaço da saúde também ocorre por parte de membros da

própria equipe (Gerberich et al, 2004). Estudo realizado na Jamaica com profissionais

de saúde mostra que quase todos os atos de violência física (97%) e psicológica (94%)

ocorreram dentro da instituição de saúde, sendo poucos os incidentes ocorridos no

percurso do trabalho ou fora da unidade (Jackson & Ashley, 2005).

Ainda que a violência seja um fenômeno que afeta praticamente todos os setores

e categorias de trabalhadores, o setor saúde apresenta algumas singularidades. Muitos

trabalhadores da saúde exercem suas atividades, à noite, sozinhos ou de forma isolada,

estando sujeitos a um risco maior de violência (ILO/ICN/WHO/PSI, 2002). Por outro

lado é uma atividade na qual o trabalhador mantém uma relação direta com seu objeto

de trabalho que são as necessidades de saúde do indivíduo doente ou exposto a risco de

adoecer e sendo este indivíduo um ser humano permeado de subjetividade poderá

interferir no trabalho que é realizado (Mendes-Gonçalves, 1992; Deslandes, 2002).

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No Brasil, observa-se certa naturalização do fenômeno, na medida em que os

profissionais mostram aceitar tais fatos como parte do cotidiano do trabalho,

demonstrando certo desinteresse na tomada de providências. De acordo com os autores

consultados, a não ser que ocorra um episódio considerado grave ou surjam ameaças

contínuas, procedimentos formais de notificação são pouco conhecidos e utilizados

pelos profissionais (Batista et al, 2011).

A falta de notificação camufla o problema e prejudica os trabalhadores

atingidos a quem, segundo Lancman et al (2007) não são oferecidos programas de

prevenção e apoio, devido à forma banal como a situação é encarada, o que acaba

indicando certa omissão em relação ao problema. Acredita-se que uma política de não

valorização do profissional da saúde aliado a uma sociedade em que não há punição

para atos de violência acabe por desmotivar a denúncia e a busca por providências.

Esta naturalização do fenômeno também é observada nos estudos realizados em

outros países. Na Jamaica onde as equipes de saúde têm experimentado frequentemente

algumas formas de violência física ou psicológica, o fenômeno é considerado pelos

profissionais como “uma parte inevitável do trabalho”, sendo encarado como situação

normal (Jackson e Ashley, 2005).

Apesar dessa naturalização, a violência no trabalho em saúde, como todo

comportamento abusivo, é considerada pelos autores como um fator que leva ao

adoecimento, medo, insatisfação e outros sentimentos de insegurança e desmotivação

que trazem repercussões para a saúde do trabalhador (Batista et al, 2011). Muitos são os

sintomas de ordem física, mental e comportamental decorrentes da situação de violência

vivida no trabalho, podendo os trabalhadores experimentar medo, diminuição da

autoconfiança, distúrbios do sono e irritabilidade, além de depressão e síndrome de

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estresse pós traumático, em muito maior proporção para violência não física (Gerberich

et al, 2004).

Considerando que ainda são poucas as pesquisas e insuficientes as informações

sobre o assunto, além dos efeitos negativos que o problema traz para o trabalhador do

segmento, foi realizado este estudo com o objetivo de estimar a prevalência de violência

auto-referida no trabalho em saúde, identificando as modalidades mais comuns e o

perfil sócio-demográfico e ocupacional dos profissionais atingidos.

Metodologia

Desenho de Estudo

Trata-se de um estudo de corte transversal que incluiu servidores estatutários

lotados no nível central e nas unidades de saúde sob gestão direta da Secretaria da

Saúde do Estado da Bahia - SESAB, localizadas no município de Salvador. Foram

incluídos os trabalhadores em atividade ou afastados temporariamente por problemas de

saúde, licença prêmio ou férias. Foram inelegíveis os servidores cedidos a outros órgãos

e secretarias estaduais, servidores que trabalham em unidades municipalizadas,

federalizadas, fundações ou sob gestão terceirizada e aqueles lotados em unidades do

interior do Estado, bem como os aposentados e afastados por licença para interesse

particular (licença sem vencimentos).

Plano Amostral

Para definição do tamanho amostral, foi calculada uma amostra probabilística do

tipo aleatória simples. Assumiu-se uma prevalência de 33,0%, um erro aceitável de 5%

e um poder de 80%, ficando a amostra definida em 676 servidores. Considerando

possíveis perdas ou recusas este número foi ampliado para 800 pessoas. Na seleção dos

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sujeitos realizada eletronicamente por meio do SPSS (Statistical Package for the Social

Sciences) recorreu-se à lista de servidores lotados em unidades localizadas no município

de Salvador, fornecida pela SESAB, com um total de 13.390, utilizando como

identificador o número da matrícula no órgão. Os casos inelegíveis identificados durante

a produção de dados foram substituídos por sujeitos com características similares que

atenderam aos critérios de inclusão, enquanto que as recusas, óbitos e condições de

saúde que impediram a realização da entrevista foram considerados como perdas.

Produção de Dados

Os dados foram produzidos por meio de entrevista face a face, sendo utilizado

um questionário composto de 195 questões, distribuídas em oito blocos. Além das

características sócio-demográficas e ocupacionais, o instrumento incluía um bloco sobre

violência no local de trabalho, com episódios ocorridos nos últimos doze meses.

Para investigação da violência auto-referida no local de trabalho foram

selecionadas as 19 questões do instrumento utilizado no estudo “Violência no Local de

Trabalho no Setor Saúde”, versão em português e que abordavam cinco modalidades de

violência, sua frequência e tipo de agressor. Esta pesquisa foi realizada em oito países,

incluindo o Brasil, sendo uma iniciativa do International Labour Office – ILO,

International Council of Nurses – ICN, World Health Organization – WHO e o Public

Services International – PSI (2002). O instrumento investigava o grau de preocupação

do entrevistado sobre a violência no seu local de trabalho, de acordo com cinco níveis

de respostas: bastante preocupado; muito preocupado; preocupado; pouco

preocupado; e nada preocupado. Também buscava informações sobre os tipos de

violência sofrida – física, sexual e/ou psicológica, conforme definição utilizada:

violência física entendida como o uso da força física contra outra pessoa ou grupo que

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resulta em dano físico, sexual ou psicológico. Inclui bater, dar pontapé, esbofetear,

alvejar, empurrar, morder, beliscar, contaminar com produtos orgânicos – saliva,

sangue, entre outros.

A violência psicológica foi investigada de acordo com três modalidades:

ameaça ou agressão verbal, discriminação e danos contra propriedade pessoal. Foi

considerada ameaça ou agressão verbal, um comportamento que humilha, degrada ou

indica uma falta de respeito pela dignidade e valor de uma pessoa. É a comunicação

por palavras, tom ou postura que rebaixa, ameaça, acusa ou desrespeita o outro

(ILO/ICN/WHO/PSI, 2002). Como discriminação considerou-se qualquer conduta

ameaçadora baseada na raça, cor linguagem, nacionalidade, religião, associação com

uma minoria, nascimento ou outra característica que não é recíproca nem desejada e

que afeta a dignidade das mulheres ou dos homens no trabalho (ILO/ICN/WHO/PSI,

2002). No que se refere à violência sexual, investigou-se a ocorrência de assédio sexual,

entendendo-se como qualquer comportamento de natureza sexual indesejado, não

recíproco e mal recebido que é ofensivo para a pessoa envolvida que faz com que se

sinta ameaçada, humilhada ou embaraçada (ILO/ICN/WHO/PSI, 2002). Investigou-se,

ainda, a freqüência e a autoria da violência e se já havia testemunhado algum desses

tipos de violência sendo praticado contra outra pessoa no seu local de trabalho.

O estudo foi realizado no período de dezembro de 2011 a julho de 2012 e à

proporção que as entrevistas eram realizadas, os dados iam sendo digitados utilizando-

se o aplicativo Epi Data (Epi Data Association, Odense Denmark 2002, versão 3.0).

Análise de dados

As diversas formas de violência investigadas tiveram as suas frequências

apresentadas, porém, para efeito de análise, devido à baixa freqüência de alguns tipos,

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foi criado um indicador único para medir a ocorrência de violência no local de trabalho,

a partir do agrupamento dessas variáveis. Foi considerada vítima de violência no local

de trabalho, a pessoa que referiu pelo menos uma dessas modalidades nos últimos 12

meses.

Como variáveis independentes foram consideradas as características individuais

e laborais: sexo, idade, cor da pele auto-referida (branca e negra, incluindo preta e

parda), escolaridade (até o nível médio e ensino superior) situação conjugal, categoria

profissional (médicos (as), outros profissionais de nível superior, auxiliares ou técnicos

em enfermagem, e outros profissionais / trabalhadores até nível médio de ensino); tipo

de unidade (hospital de emergência, hospital especializado, nível central – responsável

pela formulação das políticas – outros); tipo de atividade (assistencial e não assistencial)

e religião no sentido de pertencimento a uma denominação (sim e não). Devido à baixa

freqüência de amarelos e indígenas (1,63 %) essas categorias não entraram na análise.

Em relação à situação conjugal foram utilizadas duas categorias: se unido, sim, o

contrário, não. Após a avaliação das medidas de tendência central, as variáveis

contínuas, idade e tempo de serviço foram convertidas em variáveis categóricas. Foram

criadas duas categorias para a variável tempo de serviço: 1 a 19 anos e 20 a 41 anos,

enquanto que idade foi recategorizada em três faixas etárias. Uma faixa de 25 a 39 anos,

outras duas de 40 a 49 anos e de 50 a 69 anos.

Para a análise utilizou-se o programa Stata versão 10.0 (Stata Corp. College

Station, Estados Unidos). Realizou-se a análise univariada, descrevendo a distribuição

das variáveis dependente e independentes, geral ou por sexo. Após a apresentação da

prevalência global da violência auto-referida no trabalho em saúde, foi investigada a sua

associação com as características individuais e laborais. Calculou-se a prevalência do

fenômeno em cada um dos estratos, sendo verificadas as associações estimadas pela

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razão de prevalência (RP) e intervalos de confiança pelo método Mantel Haenszel a

95%. Por último procedeu-se à análise multivariada por meio de regressão logística,

considerando no modelo as variáveis que apresentaram nível de significância estatística

a 5%. Devido à presença de associação, foram excluídas desta análise tempo de serviço

que apareceu associada com idade; e tipo de atividade com unidade e categoria

profissional; também se excluiu escolaridade, associada com cor da pele, esta última foi

priorizada devido à possibilidade da sua influência em episódios envolvendo a

discriminação racial. Por outro lado, a variável escolaridade foi contemplada na

distribuição das categorias profissionais, ao distinguir profissionais com nível superior

daqueles que cursaram até o nível médio de ensino.

Aspectos Éticos

Atendendo aos princípios éticos que regulamentam pesquisas envolvendo seres

humanos, o projeto foi previamente analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa, da Secretaria Estadual da Saúde da Bahia, Parecer n° 378/2009. Pela

assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido buscou-se a anuência dos

servidores que eram informados sobre os objetivos, métodos e possíveis benefícios do

estudo. Ao mesmo tempo, foram garantidas a confidencialidade e a privacidade das

informações.

O estudo foi divulgado no órgão público por meio de boletim eletrônico interno,

além de folders e cartazes que foram distribuídos nas diversas unidades assistenciais e

setores da instituição. Cada servidor recebeu uma carta informando sobre a pesquisa e

os procedimentos que seriam adotados na produção dos dados.

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Resultados

Foram entrevistados 679 servidores distribuídos entre as 24 unidades

assistenciais e a administração central, obtendo-se uma taxa média de resposta de 85%.

Das 800 pessoas selecionadas e que atendiam aos critérios de inclusão, 121 pessoas

recusaram participar do estudo ou não foram localizadas, correspondendo a 4,3% de

recusas e 10,8% de perdas. Considerando as entrevistas não realizadas, observou-se que

entre as mulheres o percentual foi de 13,5%, enquanto que entre os homens foi de

21,3%. Das 86 mulheres não entrevistadas, 31,4% recusaram, enquanto que entre 35

homens não entrevistados, o percentual de recusas foi de 20,0%. Em relação às perdas,

o percentual entre as mulheres foi de 68,6% e entre os homens 80%. Assim, entre as

perdas e recusas, 71,9% eram mulheres e a mediana de idade 51 anos (IIQ: 30; 65); em

relação ao local de trabalho, 62,8% estavam lotados em hospitais; quanto à função

exercida, 33,0% eram profissionais da medicina, 34,7% auxiliares e técnicos em

enfermagem e 14% auxiliares ou técnicos administrativos.

Segundo a Tabela 1, dos entrevistados, 81% eram mulheres e 19% homens; a

maioria residia na capital, porém 9,1% viviam em cidades do interior do estado, sendo

que a mais distante está a 494 km da capital; a mediana de idade era de 48 anos (IIQ:

40; 54) para ambos os sexos, sendo que 43,3 % das mulheres e 49,6 % dos homens

encontravam-se na faixa etária de 50 a 69 anos; em relação à cor da pele 81,0 % das

mulheres e 88,9 % dos homens consideravam-se negros (pretos e pardos); entre as

mulheres o percentual de graduadas foi de 50,5% e entre os homens de 45,7%; no que

se refere à situação conjugal, 54,4% das mulheres e 67,4% dos homens eram unidos.

Em questão de religião, 83,8% das mulheres e 79,8% dos homens disseram ter

religião ou freqüentar algum grupo religioso; em relação ao tempo de serviço, a

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mediana foi de 19 anos (IIQ: 5; 26) para ambos os sexos, de modo que 58,7% das

mulheres e 55,8 % dos homens tinham menos de 1 ano a 19 anos de serviço; no que se

refere à função exercida 32,0 % das mulheres eram auxiliares ou técnicas em

enfermagem, enquanto 31,8% dos homens trabalhavam como auxiliares ou técnicos

administrativos; a maioria das pessoas trabalhava em unidades de emergência, sendo

43,5% entre as mulheres e 42,6% entre os homens; o percentual de mulheres que

trabalhavam na assistência era de 62,2% e entre os homens de 50,4% (Tabela 1).

Padrão de ocorrência de violência auto-referida no local de trabalho

Apenas 17,8% das pessoas entrevistadas informaram não ter qualquer

preocupação e 23,4 % estavam pouco preocupadas em relação à violência no seu local

de trabalho. Quanto às demais, 28,8% responderam que se sentiam preocupadas,

enquanto que 30,0 % muito ou bastante preocupadas; os auxiliares / técnicos em

enfermagem foram os mais preocupados (38,3%) (dados não apresentados). Ao

investigar sobre cada um dos cinco tipos de violência (física, verbal, assédio sexual,

discriminação e danos contra a propriedade pessoal) constatou-se que 25,9% (IC 95%:

22,6% - 29,2%) dos entrevistados referiram pelo menos uma dessas modalidades, sendo

a agressão verbal (19,4%) a mais frequente, atingindo, especialmente, os auxiliares /

técnicos em enfermagem (28,0%) e os médicos (23,9%). Em 66,6% dos casos a

violência aconteceu por mais de duas vezes. Em seguida, aparece a discriminação

(5,9%) destacando-se a racial e a social, baseada na função exercida, entre as mais

citadas. Nesta modalidade os auxiliares / técnicos administrativos (9,9 %) foram os mais

atingidos. As demais formas apresentaram percentuais abaixo de 4,0 % (dados não

apresentados).

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Homens e mulheres apresentaram uma prevalência global muito próxima para os

cinco tipos de violência investigados. Enquanto entre os homens a proporção foi de

23,3%, entre as mulheres foi de 26,5%. Ao considerar cada tipo de violência

separadamente e por sexo, observou-se não haver diferenças estatisticamente

significantes entre homens e mulheres (Gráfico 1). No que se refere à autoria dos atos

de violência, observou-se que em 68,0 % dos casos, pacientes e familiares ocuparam o

primeiro lugar. Constatou-se que 28,7% dos entrevistados também já testemunharam

algum tipo de violência no local de trabalho.

Quando analisadas as características sócio-demográficas e ocupacionais, por

sexo, observou-se que as mulheres entre 25 a 39 anos apresentaram 50,0 % a mais de

relato de violência em relação àquelas acima desta faixa etária (RP= 1,5; IC95% 1,1 –

2,2); as médicas (RP= 2,4; IC95%: 1,4 – 4,1) e as auxiliares / técnicas em enfermagem

(RP=2,1; IC95%: 1,3 – 3,4) referiram duas vezes mais o agravo, quando comparadas a

outros profissionais com até nível médio de ensino. Entre os homens, observou-se que

aqueles entre 25 a 39 anos (RP= 3,1; IC95%: 1,5 – 6,1) e com menos de 20 anos de

serviço (RP= 3,2; IC95%: 1,4 – 7,2) referiram três vezes mais violência do que os

demais e com maior tempo de serviço; também os homens que trabalhavam em

atividades assistenciais referiram mais violência quando comparados aos que

desenvolviam outras atividades (RP=2,3; IC95% 1,1 – 4,8) (Tabela 1).

Após a realização da análise multivariada, observou-se que, entre as mulheres,

idade e categoria profissional mantiveram associação positiva com violência auto-

referida no local de trabalho. As mulheres na faixa etária de 25 a 39 anos apresentaram

um acréscimo de 80% em relação às outras (OR= 1,8; IC95% 1,1 -3,0) enquanto que as

médicas também foram as mais atingidas (OR=2,5; IC95%: 1,2 – 12,5). Entre os

homens, ter entre 25 a 39 anos (OR=3,9; IC95%: 1,9 – 16,4) e trabalhar como auxiliar

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ou técnico em enfermagem (RP=3,9; IC95% 1,1-13,2) aumentou quase quatro vezes a

ocorrência de violência no trabalho em saúde (Tabela 3).

Discussão

Este estudo obteve uma taxa de resposta de 85,0 %, sendo maior entre as

mulheres, resultado considerado satisfatório para um estudo realizado em local de

trabalho. A dificuldade em localizar alguns servidores e o receio de que informações

fornecidas pudessem ser utilizadas contra si levaram a 15% de perdas e recusas. Neste

último caso, a relutância e a desistência em participar foram, algumas vezes, um indício

da influência que as pressões político-partidárias ainda exercem sobre o servidor

público que teme represálias quando discorda ou tece críticas contra a gestão.

Não se pode afastar algum viés de informação decorrente da omissão de

situações de abuso, devendo a prevalência encontrada ser considerada em um patamar

mínimo. A agressão verbal foi o tipo mais comum de violência praticada contra os

profissionais de saúde, confirmando os achados de outros estudos (Menckel e Viitasara,

2002; Palácios et al, 2003; Cezar e Marziale, 2006). As unidades de emergência foram

as que apresentaram a maior ocorrência de violência, corroborando a elevada

prevalência encontrada em estudos neste tipo de unidade (Palácios et al, 2003; Santos

Junior e Dias, 2005).

O presente estudo não confirmou diferenças estatisticamente significantes entre

homens e mulheres ao comparar as diversas modalidades de violência, visto que os

intervalos de confiança se superpõem. Entretanto, alguns autores consideram que o

entendimento do homem sobre o assédio sexual, por exemplo, pode diferir ao das

mulheres, sendo necessário lembrar que eles também podem sofrer este tipo de abuso,

seja do sexo oposto ou de pessoas do mesmo sexo (Palácios, et al, 2003).

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Médicos e auxiliares / técnicos em enfermagem foram os que mais referiram

violência, sendo, neste caso, confirmadas diferenças entre os sexos. Entre as mulheres, a

maior ocorrência foi entre as médicas, enquanto que entre os homens sobressaíram os

auxiliares / técnicos em enfermagem. Esta última categoria é citada em outros estudos

como a que mais frequentemente sofre violência no trabalho em saúde e a mais

preocupada com o assunto (Campos e Dias, 2006; Xavier et al, 2008; Palácios et al,

2003). Em relação à discriminação, os mais atingidos por essa modalidade foram os

auxiliares / técnicos administrativos, ou seja, aqueles que não tinham contato direto com

o paciente, resultado também encontrado por Palácios et al (2003).

Durante muitos anos a prática da medicina foi exercida exclusivamente por

homens, enquanto que funções julgadas menos importantes, voltadas para a assistência

e o cuidado eram atribuídas às mulheres. Assim, não se pode afastar a possibilidade de

que, ainda hoje, concepções que fazem distinção na capacidade de homens e mulheres

estejam presentes no imaginário popular, contribuindo para atitudes de desrespeito e

discriminação contra profissionais e trabalhadores da saúde.

A violência foi mais prevalente entre as pessoas na faixa etária de 25 a 39 anos,

resultado também encontrado por outros autores (Franz et al, 2005). Geralmente com

menor tempo de serviço, é provável que essas pessoas ainda não detenham a experiência

necessária para lidar com as situações de conflito, o que pode acarretar problemas nas

relações interpessoais. Por outro lado, as pessoas mais jovens, geralmente, estão em

posição de desvantagem na hierarquia social, o que as tornam mais vulneráveis a sofrer

abusos de superiores ou colegas mais experientes.

De modo que, na análise estratificada, observou-se que a variável tempo de

serviço estava associada com a ocorrência do fenômeno, sendo a violência, auto-

referida, três vezes mais prevalente em homens com menos de 20 anos de serviço.

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Entretanto, este resultado difere do estudo com médicos de unidades de pronto-

atendimento, onde os mais atingidos foram os profissionais com maior tempo de

admissão (Santos Junior e Dias, 2005).

O baixo poder amostral entre os homens pode ter concorrido para que eventos

com pouca ocorrência não fossem detectados. Não obstante, acredita-se que o estudo

possa trazer contribuições importantes para a visibilidade da violência no setor saúde e

fornecer subsídios para a formulação de políticas de atenção à saúde dos trabalhadores.

Entende-se que todas as medidas adotadas no sentido de melhorar as condições de

trabalho dos profissionais da saúde terão repercussão na qualidade do atendimento

prestado à população.

Aspectos que são determinantes na ocorrência dos agravos, como as

características organizacionais e o processo de trabalho em saúde devem ser incluídos

nas investigações, contribuindo, assim, para um maior entendimento da violência no

trabalho em saúde e para a busca de estratégias para combatê-la.

Investigações que contemplem as populações assistidas poderão trazer

elementos para o entendimento das expectativas em relação ao serviço que lhes é

prestado, identificando falhas no sistema de saúde que comprometam a relação entre

profissional e usuário. Cabe, ainda, uma reflexão sobre a formação do profissional e

trabalhador da saúde, na busca de maior articulação entre trabalho, ensino e serviço, de

modo a garantir a capacitação de pessoas comprometidas com uma assistência de

melhor qualidade e em condições de lidar com situações de conflito decorrentes das

diferenças sociais, econômicas e culturais.

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Figura1: Prevalência de violência auto-referida no trabalho, entre servidores

estaduais da saúde, por sexo. Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

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Tabela 1 – Distribuição percentual, por sexo, dos servidores estaduais da saúde

segundo características sócio-demográficas e ocupacionais, Salvador, Bahia, Brasil,

2012.

CARACTERÍSTICAS

SEXO

Mulheres Homens

n % n %

550 81,0 129 19,0

Idade

25 – 39 anos 139 25,3 27 20,9

40 – 49 anos 173 31,4 38 29,5

50 – 69 anos 238 43,3 64 49,6

Cor da pele auto-referida

Negra1

439 81,0 112 88,9

Branca 103 19,0 14 11,1

Escolaridade

Até Ensino Médio 272 49,5 70 54,3

Ensino Superior 278 50,5 59 45,7

União conjugal atual

Não

251 45,6 42 32,6

Sim 299 54,4 87 67,4

Religião

Sim 461 83,8 103 79,8

Não 89 16,2 26 20,2

Tempo de serviço no Estado

< 1 a 19 anos 323 58,7 72 55,8

20 – 41 anos 227 41,3 57 44,2

Atividade Profissional

Médicos (as) 61 11,1 31 24,0

Enfermeiros (as) 58 10,5 1 0,8

Aux. Téc. Enfermagem 176 32,0 21 16,2

Aux. Téc. Administrativo 120 21,8 41 31,8

Outros de Nível Superior 34 6,2 22 17,1

Outros até Nível Médio 101 18,4 13 10,1

Tipo de Unidade

Emergência 239 43,4 55 42,6

Hospitais especializados 150 27,3 30 23,3

Atenção especial e outros 83 15,1 15 11,6

Nível Central 78 14,2 29 22,5

Tipo de atividade

Assistencial 342 62,2 65 50,4

Não assistencial 208 37,8 64 49,6 Nota: 1Inclui preta e parda

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Tabela 2 – Prevalência (P) e Razão de Prevalência (RP) de violência auto-referida

no local de trabalho em saúde, segundo características sócio-demográficas e

ocupacionais, Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

CARACTERÍSTICAS Mulheres (550) Homens (129)

n P(%) RP (IC95%) N P(%) RP IC95%

Prevalência Global 550 26,5 - 129 23,3 -

Idade

25 – 39 anos 139 34,5 1,5 (1,1 - 2,2) 27 48,2 3,1 (1,5 - 6,1)

40 – 49 anos 173 26,6 1,2 (0,9 - 1,7) 38 18,4 1,2 (0,5 – 2,8)

50 – 69 anos 238 21,8 * 64 15,6 *

Cor da pele auto-referida

Negra1 439 28,0 1,4 (0,9 – 2,1) 112 25,0 1,8 (0,5 – 6,6)

Branca 103 20,3 * 14 14,2 *

Escolaridade

Até Ensino Médio 272 25,0 0,9 (0,7 – 1,2) 70 28,5 1,7 (0,9 – 3,3)

Ensino Superior 278 28,0 * 59 16,9 *

União conjugal atual

Não 251 29,0 1,2 (0,9 – 1,6) 42 28,7 1,4 (0,7 – 2,6)

Sim 299 24,4 * 87 20,7 *

Religião

Sim 461 25,4 0,8 (0,6 – 1,1) 103 22,3 0,8 (0,4 – 1,7)

Não 89 32,6 * 26 26,9 *

Tempo de serviço no Estado

1 a 19 anos 323 29,4 1,3 (0,9 – 1,8) 72 33,3 3,2 (1,4 – 7,2)

20 – 41 anos 227 22,5 * 57 10,5 *

Atividade Profissional

Médicos (as) 61 37,7 2,4 (1,4 – 4,1) 31 12,9 0,4 (0,1 – 1,4)

Enfermeiros (as) 58 25,8 1,6 (0,9 – 3,0) 1** - -

Aux. Téc. Enfermagem 175 33,1 2,1 (1,3 – 3,4) 21 52,4 1,7 (0,7 – 4,2)

Aux. Téc. Administrativo 120 22,5 1,3 (0,8 – 2,2) 41 17,0 0,7 (0,3 – 1,9)

Outros de Nível Superior 34 20,5 1,3 (0,6 – 2,9) 22 18,1 0,6 (0,2 – 1,9)

Outros de Nível Básico 102 15,7 * 13 30,7 *

Tipo de Unidade

Emergência 239 30,5 1,7 (1,0 – 2,8) 55 34,5 2,5 (0,9 – 6,7)

Hospitais especializados 150 28,0 1,6 (0,9 – 2,7) 30 13,8 1,2 (0,4 – 4,1)

Atenção especial e outros 83 20,4 1,1 (0,6 – 2,2) 15 13,3 1,0 (0,2 – 4,7)

Nível Central 78 17,9 * 29 13,7 *

-

Tipo de atividade

Assistencial 342 30,1 1,5 (1,0 – 2,0) 70 32,3 2,3 (1,1 – 4,8)

Não assistencial 208 20,7 *

59 14,1 *

Nota: 1Excluídos desta análise 1,63% de indígenas, amarelos e uma recusa à questão; negra inclui preta e parda. *Valor de referência; **não foi possível realizar a análise com a categoria enfermeiro, em virtude do número insuficiente de homens nesta

função.

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Tabela 3: Fatores associados à violência auto-referida no trabalho, entre

servidores estaduais da saúde, conforme análise de regressão logística, por sexo.

Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

Nota: *Categoria de Referência.

CARACTERÍSTICAS Mulheres (550) Homens (129)

OR (IC95%) OR (IC95%)

Idade

25 – 39 anos 1,8 (1,1 – 3,0) 3,9 (1,2 – 12,5)

40 – 49 anos 1,3 (0,8 – 2,1) 0,8 (0,2 – 2,7)

50 – 69 anos * *

Cor da pele auto-referida

Negra1 1,4 (0,8 -2,6) 1,6 (0,2 – 9,8)

Branca * *

União conjugal atual

Não 1,3 (0,9 – 2,0) 1,2 (0,4 – 3,4)

Sim * *

Crença religiosa

Não 1,2 (0,7 – 2,1) 1,0 (0,3 – 3,2)

Sim * *

Atividade Profissional

Médicos (as) 2,5 (1,2 – 5,2) 0,5 (0,1 – 6,1)

Auxiliar / Técnico em enfermagem 1,5 (0,8 – 2,6) 3,9 (1,1 – 13,2)

Outros Profissionais de Nível Superior 0,8 (0,4 – 1,5) 1,2 (0,2 – 6,1)

Outros Profissionais de Nível Básico * *

Tipo de atividade

Assistencial 0,6 (0,3 – 1,2) 0,7 (0,1 – 2,5)

Não assistencial *

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6. ARTIGO II

Características psicométricas do Negative Acts Questionnaire para

detecção do assédio moral no trabalho: estudo com uma amostra de

servidores estaduais da saúde

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Características psicométricas do Negative Acts Questionnaire para detecção

do assédio moral no trabalho: estudo com uma amostra de servidores

estaduais da saúde

Iracema Viterbo Silva

Estela M.L. de Aquino

Isabela Cardoso de Matos Pinto

Resumo

Em razão das limitações na definição do assédio moral e nas formas de

identificá-lo, torna-se cada vez mais relevante o desenvolvimento de instrumentos

válidos e confiáveis, uma vez que as diferentes formas de tratar o problema criam

dificuldades na identificação e estimativa da prevalência do fenômeno, que acaba

confundido com outras práticas humilhantes e também prejudiciais. Alguns

instrumentos têm sido criados com o intuito de oferecer um diagnóstico mais preciso

acerca da ocorrência do assédio moral no trabalho. Este estudo tem como objetivo

avaliar as propriedades psicométricas do Negative Acts Questionaire - Revised,

instrumento para detecção do assédio moral, através de uma análise fatorial em uma

amostra de servidores estaduais da saúde. Os resultados apontaram para a existência de

três dimensões ou variáveis latentes, identificadas como assédio moral pessoal, assédio

moral relacionado ao trabalho, e desqualificação pessoal e profissional, esta última

apenas entre os homens. O instrumento também demonstrou boa consistência interna,

sendo o resultado do Alpha de Cronbach igual a 0,79 entre os homens e de 0,82 entre as

mulheres. A dimensão assédio relacionado ao trabalho esteve correlacionada, entre os

homens, com saúde auto-referida (RHO=0,40; p=0,00) e entre as mulheres com

satisfação com o trabalho (RHO=0,34; p=0,00). O mesmo ocorreu com o assédio moral

pessoal, que apresentou correlação com saúde auto-referida entre os homens

(RHO=0,35; p=0,02) e entre as mulheres com satisfação com o trabalho (RHO=0,25;

p=0,00). Ante os resultados, acredita-se que o NAQ-R possua um desempenho aceitável

a fim de detectar o assédio moral no trabalho, demonstrando habilidade em identificar

os atos negativos que caracterizam este tipo de abuso.

Palavras Chaves: assédio moral; mobbing; violência no trabalho; instrumento

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Introdução

A violência no local de trabalho vem se constituindo em um fenômeno

preocupante na sociedade moderna ante a situação de insegurança, revolta e insatisfação

da população em relação ao atendimento de suas necessidades básicas. No setor de

serviços como saúde e outros órgãos públicos não são raros os episódios envolvendo

trabalhadores e usuários que insatisfeitos com o atendimento que lhes é oferecido

expressam de modo agressivo o seu descontentamento (Deslandes, 2002). Nesse caso, a

violência é direta e visível, sendo os autores quase sempre os usuários. Entretanto, o

fenômeno nem sempre se manifesta de maneira tão perceptível. Por vezes, descortina-se

entre os próprios trabalhadores um tipo de relação, com características antagônicas,

marcada pela violência psicológica ou perseguição, denominada de assédio moral.

Apesar de frequente, a prevalência do assédio moral no trabalho costuma

apresentar resultados distintos nos diversos estudos realizados, internacionalmente e

também no Brasil. No Japão a prevalência foi de 9,0 % entre servidores públicos (Tsuno

et al, 2010); na Itália encontrou-se uma prevalência de 15,2 % em uma amostra

composta por mais de 3.000 trabalhadores dos setores públicos e privados (Giorgi et al,

2011); estudo realizado na Bélgica obteve resultados diferenciados a depender da

avaliação que foi feita em relação ao assédio: grave 3% e 17% menos grave (Notelaers

et al, 2006). No Brasil, um estudo realizado em Fortaleza com 218 trabalhadores

escolhidos aleatoriamente nas filas de seguro-desemprego e orientação trabalhista da

Delegacia Regional do Trabalho detectou 25,2% de pessoas que se consideravam

vítimas do assédio moral (Gonçalves, 2006).

Essas variações nas prevalências encontradas resultam do modo como o assédio

é entendido e das diferentes medidas e critérios utilizados (Notelaers et al, 2006). Dois

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métodos distintos costumam ser utilizados para medir ou identificar o assédio moral no

trabalho. Um deles, denominado critério subjetivo, consiste em perguntar diretamente

aos entrevistados, após apresentar-lhes uma definição do fenômeno, se eles percebem-se

vítimas de assédio moral.

Os que utilizam essa modalidade acreditam na sua capacidade de distinguir

entre comportamentos que são tolerados e não tolerados (Fontes e Carvalho, 2012;

Giorgi et al, 2011). Para esses autores, a maneira como a pessoa reage a uma ação é que

vai determinar a sua gravidade. Isto significa que o ato praticado somente será

considerado negativo e, consequentemente, assédio moral, caso a vítima assim o

considere.

Entretanto, ainda que o respondente se enxergue vítima de assédio ante um

comportamento que não é desejado e que pode ser prejudicial, isto não é suficiente para

tipificar tal comportamento. Neste sentido, não se trata apenas de saber se o ato é ou não

tolerado, mas definir, neste caso, se o que está ocorrendo é ou não assédio moral. De

modo que em países onde o fenômeno ainda é pouco conhecido, este método apresenta

limitações, motivo pelo qual, muitos estudos têm utilizado um método mais objetivo,

ainda que faça uso do método subjetivo (Maciel e Gonçalves, 2008).

Assim, outra forma de investigação consiste em saber com que frequência os

participantes são expostos a diferentes atos ou comportamentos negativos que

caracterizam o assédio moral, sem, contudo, fazer referência ao fenômeno. De acordo

com o critério operacional definido por Leymann (1996) o assédio ocorre quando pelo

menos um desses atos negativos é mencionado pela vítima, semanalmente ou

diariamente e por um período de pelo menos seis meses (Jimenez et al, 2007). Todavia,

alguns autores preferem ampliar para dois, ao invés de um, o número de atos a serem

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computados, seguindo a sugestão de Mikkelsen e Einarsen (Giorgi et al, 2011;

Mikkelsen e Einarsen, 2001 ).

Assim, devido às limitações na definição do assédio e nas formas de identificá-

lo, torna-se cada vez mais relevante o desenvolvimento de instrumentos válidos e

confiáveis, uma vez que as diferentes formas de tratar o problema criam dificuldades na

identificação e estimativa da prevalência do fenômeno que acaba sendo confundido com

outras práticas humilhantes e também prejudiciais.

Alguns instrumentos têm sido criados com o intuito de oferecer um diagnóstico

mais preciso acerca da ocorrência do assédio moral no trabalho. Um desses

instrumentos é o Negative Acts Questionnaire – Versão revisada – NAQ-R,

desenvolvido por Einarsen e Raknes (Notelaers et al, 2006). Sua versão inicial era

composta de 48 questões, passando a 22 itens depois de revisada. Seus itens referem-se

a determinados comportamento negativos sem fazer referência ao termo assédio moral.

As evidências sugerem que a dimensionalidade do questionário parece convergir para

duas estruturas fatoriais, sendo que o primeiro fator inclui ações hostis com respeito à

pessoa – é o assédio pessoal; enquanto que o segundo fator os atos de hostilidade estão

direcionados ao trabalho da pessoa – é o assédio moral relacionado ao trabalho (Giorgi

et al, 2011). Outros estudos, porém, têm identificado três ou mais estruturas fatoriais,

além dessas, como desqualificação pessoal e profissional e intimidação física (Christ,

2011).

No Brasil, o NAQ-R foi testado e validado por Maciel e Gonçalves (2008) com

duas amostras, uma composta de trabalhadores de vários setores e outra exclusivamente

de bancários. O coeficiente de confiabilidade obtido por meio do Alpha de Cronbach a

partir da combinação das duas amostras (n=1026) foi de 0,90. Resultado que mostra

uma excelente consistência interna. Além desse procedimento foi observada a

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correlação entre a somatória dos 22 itens da escala e uma pergunta sobre assédio

subjetivo, cujo resultado foi um Coeficiente de Correlação de Pearson=0,49, p<0,01, o

que indicaria que “sentir-se assediado” está relacionado ao relato da frequência de atos

negativos.

Com base nesses resultados as autoras concluíram que o NAQ-R possui

validade de constructo, uma vez que as duas formas de avaliar o assédio (objetivo e

subjetivo) estariam correlacionadas de forma positiva. Entretanto, Martins e Ferraz

(2011) argumentam que os procedimentos adotados pelas autoras não seriam provas

suficientes para confirmar a validade do instrumento, o que justificaria a realização de

outros estudos, inclusive com outras categorias, no sentido de avaliar não somente as

características psicométricas do instrumento, bem como estimar a prevalência do

fenômeno.

Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar as propriedades psicométricas do

instrumento de detecção do assédio moral Negative Acts Questionnaire – NAQ-R em

uma amostra de servidores estaduais da saúde e mensurar a prevalência do fenômeno

nesta população.

Metodologia

Desenho de Estudo

Trata-se de um estudo de corte transversal que incluiu 679 servidores

estatutários lotados no nível central e nas unidades de saúde sob gestão direta da

Secretaria da Saúde do Estado da Bahia - SESAB, localizadas no município de

Salvador.

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Instrumento de Produção de Dados

Os dados foram produzidos através de entrevista face a face, com o auxílio de

um questionário que trazia em primeiro plano, questões sobre as características sócio-

demográficas e laborais. Para investigação do assédio moral foi utilizado o Negative

Acts Questionnaire, Revised – NAQ-R composto de 22 questões objetivas referentes a

atos negativos, com possibilidade de cinco níveis de respostas (nunca, de vez em

quando, mensalmente, semanalmente e diariamente). Para facilitar a aplicação desse

instrumento foram utilizados cartões de respostas que eram entregues aos sujeitos no

momento da entrevista. À proporção que as entrevistas eram realizadas os dados iam

sendo digitados utilizando-se o programa Epi Data (The EpiData Association,

Dinamarca).

Análise

Utilizando o programa Stata versão 10.0 (Stata Corp College Station, Estados

Unidos), realizou-se uma análise fatorial estratificada por sexo do Negative Acts

Questionnaire – Revised - NAQ-R. Inicialmente foi feito o cálculo da matriz de

correlação dos itens do instrumento a fim de verificar o grau de associação entre eles.

Visando testar a aplicação da Análise Fatorial utilizou-se o teste Kaiser-Meyer-Olkin de

medida de adequação da amostra, tomando como parâmetro para a sua interpretação os

seguintes critérios: Igual ou maior a 0,80, admirável; entre 0,79 e 0,70, mediano; de

0,60 a 0,69, medíocre; de 0,59 a 0,50, ruim; e abaixo de 0,50, inaceitável (Hair Jr et al,

2005) A consistência interna do instrumento foi verificada por meio do Alpha de

Cronbach, considerando como satisfatório valor próximo a 1. Para identificação da

estrutura e das dimensões presentes no conjunto de variáveis analisadas fez-se uso do

método de extração dos Componentes Principais, sendo aplicado o critério de Kaiser

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que sugere a utilização dos fatores com autovalores (eigenvalues) iguais ou superiores a

uma unidade. Foram observados os valores das comunalidades e para facilitar a

interpretação dos fatores, utilizou-se a rotação varimax ortogonal, levando em conta

cargas fatoriais iguais ou maiores que 0,40.

A fim de testar a validade externa do constructo foi investigada a correlação

entre as dimensões identificadas no instrumento e as seguintes variáveis: satisfação no

trabalho e saúde auto-referida. Como as variáveis latentes eram contínuas foi feita a

recategorização transformando-as em variáveis binárias com ponto de corte no segundo

quartil e sendo utilizado o teste de correlação tetracórica para a análise.

Para investigar os aspectos relacionados com a saúde auto-referida fez-se uso de

uma questão do instrumento sobre qualidade de vida Medical Outcomes Study 36- SF-

36 que investigava as condições de saúde a partir da percepção do próprio indivíduo que

respondia de acordo com cinco alternativas (excelente; boa; regular; fraca e muito

fraca) a seguinte questão: De um modo geral, em comparação a pessoas da sua idade,

como o (a) senhor (a) considera sua saúde? Duas categorias foram criadas, tendo

excelente e boa como referência.

A satisfação no trabalho foi medida através da questão “Como o (a) Sr (a) se

sente em relação ao seu trabalho neste lugar”, com possibilidade de cinco alternativas

de respostas: muito satisfeito, razoavelmente satisfeito, pouco satisfeito, insatisfeito e

muito insatisfeito. Foram criadas duas categorias, tomando como referência as pessoas

muito ou razoavelmente satisfeitas.

Para estimação da prevalência de assédio moral no trabalho, considerou-se a

ocorrência de pelo menos um ato semanal, segundo o critério de Leymann (1990).

Também foi utilizado um critério mais rígido, considerando o relato de dois atos

negativos ao invés de um, de acordo com o critério de Mikkelsen e Einarsen (2001).

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Aspectos Éticos

Atendendo aos princípios éticos que regulamentam pesquisas envolvendo seres

humanos, o projeto foi previamente analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa, da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, Parecer n° 378/2009. Através do

consentimento livre e esclarecido, buscou-se a anuência dos servidores que eram

informados sobre os objetivos, métodos e possíveis benefícios do estudo. Ao mesmo

tempo, foram garantidas a confidencialidade e a privacidade das informações.

Resultados

Dos 679 servidores que participaram da pesquisa duas pessoas não responderam

ao NAQ-R, por se encontrarem afastadas nos últimos seis meses anteriores ao estudo,

tempo definido como um dos critérios para caracterizar a ocorrência do fenômeno.

Assim foram consideradas nesse estudo 677 pessoas. Desta população, 81% eram

mulheres e 19% homens.

A maioria de homens e mulheres residia na capital, porém 9,3% viviam em

cidades do interior do estado, sendo que a mais distante estava a 494 km da capital; a

mediana de idade foi de 48 anos (IIQ: 40; 54) para homens e mulheres; a população era

composta, na sua maioria, de pretos e pardos (negros) sendo 88,9% entre os homens e

80,9% entre as mulheres. Em relação ao nível de escolaridade, 50,7% das mulheres

possuíam nível superior, mas entre os homens o percentual caiu para 45,7%. No que se

refere à situação conjugal, 54,2 % das mulheres eram casadas ou tinham companheiro;

entre os homens este percentual foi de 67,4%.

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Validade Interna

Entre os homens

Entre os homens, a medida de adequação da amostra, Kaiser-Meyer-Olkin -

KMO apresentou um resultado total de 0,66 para os itens da escala. Com exceção dos

itens 18:“Sofreu supervisão excessiva do seu trabalho” (0,39), 15:“Pessoas com as

quais você não tem intimidade lhe aplicaram pegadinhas” (0,34) e 22:“Foi ameaçado

de violência ou abuso físico ou foi alvo de violência real” (0,32), todos os demais

valores do KMO para os itens, individualmente, foram iguais ou maiores que 0,57. O

resultado do Alpha de Cronbach foi igual a 0,79. Os resultados apontaram para a

existência de três dimensões ou variáveis latentes, identificadas como assédio moral

relacionado ao trabalho, assédio moral pessoal e desqualificação pessoal e

profissional.

Observando a Tabela 1, nota-se que o primeiro fator composto por 7 itens

(3,4,7,12,14,19 e 21) refere-se ao “assédio relacionado ao trabalho”; o segundo fator

com cinco itens (1, 2, 5, 10 e 17) ao “assédio moral pessoal”; o terceiro fator com 4

itens (9, 11, 13, e 20) assédio compatível com desqualificação pessoal e profissional.

No fator 1, o item que apresentou maior carga foi o item 3, “Foi obrigado a realizar um

trabalho abaixo do seu nível de competência ”(0,82); no fator 2 a maior carga foi para o

item 5, “Espalharam boatos ou rumores sobre você (0,83); já no fator 3, aquele que

apresentou a maior carga fatorial foi o 20: “Foi submetido a sarcasmos ou alvo de

brincadeiras excessivas” (0,61). Nenhum item apresentou carga elevada em mais de um

fator. O alfa de Cronbach para cada um dos fatores foi respectivamente 0,65; 0,66 e

0,54. No modelo final o fator 1, assédio relacionado ao trabalho apresentou um

autovalor de 2,93, explicando 29,5% da variância, enquanto os demais fatores

compatíveis com assédio moral pessoal e desqualificação pessoal e profissional

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autovalores iguais a 2,63 e 1,89, respectivamente, sendo responsáveis, juntos, por

45,5% da variância. Em relação às comunalidades, estas variaram de 0,01 a 0,77. O item

que apresentou o valor mais elevado foi o item 5 “Espalharam boatos ou rumores sobre

você”. Já o item 22 “Foi ameaçado de violência ou abuso físico ou foi alvo de violência

real” foi o que apresentou menor comunalidade.

Entre as mulheres

Ainda na Tabela 1, é mostrado que entre as mulheres emergiram dois fatores que

juntos explicavam 85,2% da variabilidade. O resultado do teste de adequação da

amostra, KMO, foi igual a 0,84. O maior valor foi para o item 14: “Suas opiniões e

pontos de vista foram ignorados” (0,90) enquanto que o item com menor valor foi o 15:

“Pessoas com as quais você não tem intimidade lhe aplicaram pegadinhas” (0,62). Os

demais itens apresentaram valor igual ou maior que 0,72. A amostra apresentou um alfa

de Cronbach de 0,82. A análise exploratória sustentou a presença dos dois fatores,

sendo que o primeiro fator é composto por 10 itens (2, 5, 6, 7, 8, 9, 12, 13, 17, 20)

caracterizando o assédio pessoal. O fator 2, por sua vez era composto por seis itens (4,

14, 16, 18, 19 e 21), caracterizando o assédio relacionado ao trabalho. Os itens que

apresentaram a maior carga fatorial, no fator 1, foram os itens 7 “Foram feitos

comentários ofensivos sobre a sua pessoa, suas atitudes ou sobre sua vida privada” e

17“Foram feitas alegações contra a Senhora”, ambos com carga fatorial igual a 0,63; e

no fator 2, o item 16, “foi solicitada a realizar tarefas despropositadas ou com um

prazo impossível de ser cumprido” (0,54). O alfa de Cronbach para o fator 1 foi de

0,80, enquanto que para o fator 2 foi de 0,67. Do mesmo modo que na amostra de

homens, nenhum item carregou em ambos os fatores. No modelo final, o fator 1,

compatível com assédio moral pessoal apresentou um autovalor igual a 3,63, sendo

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responsável por 52,1% da variância, enquanto que o fator 2, assédio moral relacionado

ao trabalho o autovalor foi igual a 2,30, explicando 33,1 % da variabilidade. Em relação

às comunalidades estas variaram de 0,03 a 0,45, sendo que o item 17 “Foram feitas

alegações contra a Senhora” apresentou o maior valor, enquanto que o item 15

“Pessoas com as quais você não tem intimidade lhe aplicaram pegadinhas”, o menor

valor.

Validade externa dos constructos

O teste de correlação tetracórica mostrou que a dimensão assédio relacionado ao

trabalho esteve correlacionada, entre os homens, com saúde auto-referida (RHO=0,40;

p=0,00) e entre as mulheres com satisfação com o trabalho (RHO=0,34; p=0,00). O

assédio relacionado ao trabalho também esteve correlacionado com saúde auto-referida

entre as mulheres (RHO=0,16; p=0,02). Quanto ao assédio moral pessoal, observou-se

correlação com saúde auto-referida entre os homens (RHO=0,35; p=0,02) e entre as

mulheres com satisfação com o trabalho (RHO=0,25; p=0,00). A dimensão

desqualificação pessoal e profissional, entre os homens, não apresentou resultado

significante (Tabela 2).

Prevalência do assédio moral no trabalho em saúde

Das 677 pessoas que responderam ao NAQ-R, 62,4% (IC95%: 58,2% - 66,4%)

das mulheres referiram algum dos comportamentos negativos nos últimos seis meses,

enquanto entre os homens a prevalência foi de 58,1% (IC95%: 49,1 - 66,7%). Quando o

critério operacional de Leymann foi usado, a prevalência do assédio moral entre as

mulheres foi de 11,5% (IC95%: 8,9 – 14,4) e entre os homens 6,2% (IC95%: 2,7 –

11,8). Entretanto ao considerar o critério de Mikkelsen e Einarsen a prevalência do

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assédio moral foi de 4,0 % (IC95%: 2,5 – 6,0) entre as mulheres e de 2,3% (0,4 – 6,6)

entre os homens (dados não apresentados).

Discussão

O instrumento mostrou boa consistência interna, sendo tal resultado, mais

favorável na amostra de mulheres. Isto pode ser justificado pelo baixo poder amostral

entre os homens. Ainda assim, considerando os critérios de Hair et al (2005) baseados

no tamanho amostral, observou-se que os valores das cargas fatoriais encontradas em

cada um dos fatores apresentaram boa correlação entre os itens do NAQ-R e seu fator.

Os itens “Foi obrigado (a) a realizar um trabalho abaixo do seu nível de competência”

do Fator I (assédio relacionado ao trabalho) e “Espalharam boatos ou rumores sobre

você” do Fator II (assédio moral pessoal) na amostra de homens apresentaram valores

elevados, revelando que esses atos são os mais adequadamente mensurados. Entre as

mulheres, sobressaíram os itens “Foram feitos comentários ofensivos sobre sua pessoa,

suas atitudes ou sobre a sua vida privada” e “Foram feitas alegações contra a

senhora”, ambos para o Fator I (assédio moral pessoal).

Constatou-se que a extração dos fatores por sexo, apresentou resultados

distintos, o que pode apontar para a sensibilidade do instrumento em detectar diferenças

de gênero. Enquanto entre os homens o primeiro fator dizia respeito ao assédio

relacionado ao trabalho, entre as mulheres o assédio pessoal explicava a maior

variância. Este resultado pode estar associado ao modo como homens e mulheres são

tratados pela sociedade, onde atos abusivos contra as mulheres têm por objetivo

principal a sua desqualificação pessoal, sustentada por sua condição de mulher. Entre os

homens, embora possam existir críticas ao seu trabalho, estas não são justificadas pelo

fato de ter sido realizado por um homem.

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As dimensões identificadas, assédio moral pessoal e assédio relacionado ao

trabalho, estão consistentes com aquelas encontradas em outras pesquisas que fizeram

uso do NAQ-R (Giorgi et al, 2011; Jiménez et al, 2007). Entretanto, não foram

localizados trabalhos que tenham realizado análise por sexo, a fim de comparar se as

diferenças aqui identificadas são compatíveis com outras populações de homens e

mulheres.

Com alguns itens apresentando cargas fatoriais muito baixas, acredita-se que

algumas questões do instrumento precisam ser revisadas e até mesmo avaliadas quanto

à permanência na escala. Um exemplo disso é o item 22 “Foi ameaçado (a) de

violência ou abuso físico ou foi alvo de violência real”. Na Itália, Giorgi et al (2011)

optaram em utilizar uma versão reduzida composta de 17 itens, pois segundo os autores

cinco itens foram considerados inapropriados para a realidade local. Considerando a

definição de Hirigoyen acerca do fenômeno e a sutileza com que o assédio moral

acontece, tornar-se alvo de violência real, significa que o comportamento abusivo já não

permanece na invisibilidade, pondo em risco até mesmo a integridade física da vítima,

não se tratando, talvez, de assédio moral. Em determinadas culturas esse tipo de

comportamento pode até mesmo ser considerado um crime com conotações mais

severas (Tsuno et al, 2010)

Este estudo também não considera o NAQ-R um instrumento exaustivo,

podendo existir outros comportamentos que caracterizam o assédio moral que não

tenham sido contemplados. Posição defendida por Salin (2001) que também entende

não ter todos os comportamentos a mesma gravidade.

Ao verificar a validade externa, o teste de correlação tetracórica mostrou que a

dimensão do NAQ-R mais fortemente correlacionada com os constructos investigados

foi assédio relacionado ao trabalho. Entre os homens significa que sofrer assédio moral

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relacionado ao trabalho está associado com pior saúde auto-referida e entre as mulheres

com insatisfação com o trabalho. Resultado este, compatível com estudo sobre assédio

moral no trabalho e sua associação com a qualidade do ambiente de trabalho (Einarsen

et al, 1994). Quanto ao assédio moral pessoal, também se observou a sua associação

com pior saúde auto-referida entre os homens, enquanto que entre as mulheres a

dimensão esteve associada à insatisfação com o trabalho. Resultado que é sustentado

por Sales (2009) em seu estudo com trabalhadores de limpeza. A autora constatou que

50% dos que se disseram vítimas de assédio moral, também estavam insatisfeitos com o

trabalho.

Quanto ao Fator III, referente à desqualificação pessoal e profissional, na

população de homens, não foi possível identificar pontos distintos em relação aos

demais fatores. Sua consistência interna foi baixa, significando que seus itens estavam

pouco correlacionados entre si e com o resultado geral do estudo. A consistência externa

também não apresentou significância estatística em relação aos constructos

investigados.

Não houve registros de problemas na compreensão das questões do instrumento

por parte dos entrevistados, minimizando a possibilidade de um viés de informação. O

uso dos cartões de respostas certamente facilitou a escolha da alternativa que melhor

refletia a situação vivenciada pelo sujeito em relação à frequência dos comportamentos

abusivos.

A prevalência de assédio moral encontrada neste estudo ao utilizar o critério

adotado por Leyman está compatível com os resultados encontrados por outros

pesquisadores. Tsuno et al (2010) utilizando o mesmo instrumento e o mesmo critério

com uma amostra de servidores públicos, no Japão, encontrou uma prevalência de 9,0%

de assédio moral no trabalho. Neste estudo, apesar dos resultados serem pouco precisos

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em relação às diferenças entre homens e mulheres, alguns autores confirmam que as

mulheres sofrem mais assédio moral do que os homens (Guimarães e Rimoli, 2006).

Segundo afirmam, além de serem vítimas com mais frequência, o assédio contra as

mulheres diferencia-se por ter, frequentemente, conotação sexual ou “machista”.

Ante os resultados, acredita-se que o NAQ-R possua um desempenho aceitável a

fim de detectar o assédio moral no trabalho, demonstrando habilidade em identificar os

atos negativos que caracterizam este tipo de abuso.

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Tabela 1: Resultado das cargas fatoriais dos fatores identificados na análise

fatorial do Negative Acts Questionnaire Revised – NAQ-R, em uma amostra de

servidores estaduais da saúde, de acordo com o sexo. Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

Itens Sexo

Homens Mulheres Fator

1 Fator

2 Fator

3 Com1 Fator

1 Fator

2 Com1

1 Alguém reteve informações que podem afetar o seu

desempenho no trabalho * 0,66 * 0,50 * * 0,18

2 Foi humilhado (a) ou ridicularizado (a) em relação ao

seu trabalho * 0,56 * 0,37 0,56 * 0,34

3 Foi obrigado (a) a realizar um trabalho abaixo do seu

nível de competência 0,82 * * 0,70 * * 0,15

4 Áreas ou tarefas de sua responsabilidade foram

retiradas ou substituídas por tarefas mais

desagradáveis ou mais simples

0,65 * * 0,45 * 0,47 0,23

5 Espalharam boatos ou rumores sobre você * 0,83 * 0,77 0,56 * 0,33 6 Foi ignorado (a) excluído (a) ou “colocado (a) na

geladeira” * * * 0,21 0,45 * 0,29

7 Foram feitos comentários ofensivos sobre a sua

pessoa, suas atitudes ou sobre sua vida privada 0,44 * * 0,28 0,63 * 0,41

8 Gritaram com o (a) Sr (a) ou o (a) Sr (a) foi alvo de

agressividade gratuita * * * 0,16 0,46 * 0,27

9 Foi alvo de comportamentos intimidativos tais como

“apontar o dedo”, invasão do seu espaço pessoal,

empurrões

* * 0,53 0,31 0,41 * 0,18

10 Recebeu sinais ou dicas de que você deve pedir

demissão ou largar o emprego (transferir-se para outra

unidade)

* 0,72 * 0,55 * * 0,27

11 Foi constantemente lembrado do seus erros ou

omissões * * 0,49 0,27 * * 0,17

12 Foi ignorado ou foi recebido com uma reação hostil

quando tentou uma aproximação 0,42 * * 0,30 0,62 * 0,43

13 Recebeu críticas persistentes ao seu trabalho e esforço * * 0,58 0,45 0,57 * 0,36 14 Suas opiniões e pontos de vista foram ignorados 0,48 * * 0,28 * 0,52 0,37 15 Pessoas com as quais você não tem intimidade lhe

aplicaram “pegadinhas” * * 0,01 * * 0,03

16 Foi solicitado (a) a realizar tarefas despropositadas ou

com um prazo impossível de ser cumprido * * * 0,15 * 0,54 0,31

17 16 Foram feitas alegações contra o (a) Sr (a) * 0,57 * 0,51 0,63 * 0,45 18 Sofreu supervisão excessiva de seu trabalho * * * 0,13 * 0,52 0,32 19 Foi pressionado a não reclamar um direito que o (a) Sr

(a) tem. 0,58 * * 0,47 * 0,53 0,34

20 Foi submetido a sarcasmos ou alvo de brincadeiras

excessivas * * 0,61 0,43 0,52 * 0,30

21 Foi exposto a uma carga de trabalho excessiva 0,52 * * 0,30 * 0,50 0,27 22 Foi ameaçado (a) de violência ou abuso físico ou foi

alvo de violência real * * * 0,01 * * 0,06

Autovalores 2,93 2,63 1,89 - 3,63 2,30 - % 29,5 26,5 19,1 - 52,1 33,1 - Alfa de Cronbach 0,65 0,66 0,54 0,80 0,67 Nota:1 Comunalidades ; *Carga Fatorial com valor menor que 0,40

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Tabela 2: Correlação Tetracórica entre as dimensões do NAQ-R, saúde auto-

referida e satisfação com o trabalho (N=677)

Con

stru

ctos

Dimensões do NAQ-R

Assédio Moral Pessoal Assédio relacionado ao

trabalho

Desqualificação

pessoal e

profissional

Sexo

Homem

Mulher Homem Mulher Homem

Corr Valor

de p

Corr Valor

de p

Corr Valor

de p

Corr Valor

de p

Corr Valor de p

Saúde auto-

referida

0,35 0,02 0,12 0,06 0,40 0,00 0,16 0,02 0,12 0,51

Satisfação

com o

trabalho

0,21 0,17 0,25 0,00 0,25 0,11 0,34 0,00 0,29 0,06

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7. ARTIGO III

Assédio moral no trabalho: a violência invisível entre servidores

estaduais da saúde

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Assédio moral no trabalho: a violência invisível

entre servidores estaduais da saúde

Iracema Viterbo Silva

Estela M.L. Aquino

Isabela Cardoso de Matos Pinto

Resumo

Recebendo várias denominações, o assédio moral no local de trabalho tem sido

estudado por diversos autores em todo o mundo, inclusive no Brasil. É considerado

pelos pesquisadores como um problema grave, em razão dos efeitos prejudiciais que

pode causar às vítimas. Entretanto, muitos atos abusivos são erroneamente classificados

como assédio moral, referindo-se a outros tipos de abuso que apesar de acarretar

prejuízos para o individuo, inclusive para a saúde mental, não são considerados como

assédio moral. Assim, considerando a necessidade de investigar e esclarecer as

situações que cercam o fenômeno, este estudo tem por objetivo estimar a prevalência de

assédio moral no trabalho em uma amostra de servidores estaduais da saúde,

observando a sua distribuição por características individuais e laborais. Os dados foram

produzidos através de entrevista face a face, com o auxílio de um questionário, sendo

investigada a ocorrência de 22 atos negativos que caracterizam o assédio moral,

utilizando o Negative Acts Questionnaire- Revised (NAQ-R). Das 677 pessoas que

responderam ao NAQ-R, 61,6% referiram pelo menos um ato negativo nos últimos seis

meses. A depender do critério utilizado a prevalência de assédio moral foi de 10,5% ou

de 3,6%. Verificou-se que as pessoas entre 25 a 49 anos referiram duas vezes mais a

ocorrência de atos negativos do que aquelas acima dessa faixa etária (OR=2,0; IC

95%1,4 – 2,8). Resultado semelhante para a categoria “outros profissionais de nível

superior” (OR=2,3; IC95%: 1,4 – 3,7). Por outro lado, as pessoas lotadas em hospitais

especializados e outras unidades assistenciais tiveram a associação negativa confirmada

ao apresentarem uma redução entre 50% a 60% em relação ao nível central. Este estudo

pode contribuir para a visibilidade do assédio moral no trabalho em saúde, apontando

algumas características das pessoas que costumam sofrer esse tipo de abuso. Entretanto

é aconselhável que os resultados aqui apresentados sejam testados em amostras maiores.

Palavras Chaves: violência no trabalho; assédio moral; gênero; mobbing; processo de

trabalho em saúde.

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Introdução

O assédio moral no local de trabalho vem sendo estudado por diversos autores,

recebendo várias denominações - mobbing, bullying, psicoterror (Leymann, 1990,

1996; Einarsen e Skogstad, 1996). Entretanto, independentemente do termo utilizado, o

problema tem sido objeto de estudos em várias partes do mundo, inclusive no Brasil,

quando o tema foi introduzido a partir de 2000 pela obra traduzida da psiquiatra

francesa, Marie-France Hirigoyen:“Assédio moral: a violência perversa no cotidiano”.

Nessa mesma época, a médica Margarida Barreto, sem fazer referência a

qualquer um dos termos, defendia a sua dissertação de mestrado em São Paulo sobre

humilhações vivenciadas por trabalhadores no ambiente de trabalho (Soboll, 2008).

Além da semelhança nos comportamentos estudados, as duas obras evidenciavam um

problema grave, apontado como uma das causas de sofrimento no trabalho e com

repercussões sobre a saúde mental.

Trata-se de um fenômeno que começou a ser investigado desde a década de 70

entre populações de escolares, sendo geralmente denominado de bullying (Einarsen e

Skogstad, 2008). Era considerado como uma agressão contra uma pessoa que não estava

em condições de defender-se, sendo praticada durante um longo período de tempo. Na

década seguinte, o mesmo tipo de comportamento começou a ser observado também

entre os adultos no ambiente de trabalho, entretanto o estudo de Leymann (1990) teria

sido o primeiro de caráter empírico a empregar os termos mobbing ou bullying fora do

ambiente escolar (Matthiesen e Einarsen, 2007). Leymann, inclusive, faz distinção entre

as duas expressões adotando mobbing quando se trata de adultos e reservando bullying

para crianças e adolescentes.

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Segundo Leymann (1996) o fenômeno envolve hostilidade e comunicação anti-

ética no ambiente de trabalho, praticada por uma ou mais pessoas contra alguém que

não tem condições de defender-se. Conforme descreve, o abuso é precedido por uma

fase de conflito. No começo as vítimas são atingidas apenas de vez em quando e à

medida que o conflito agrava, a frequência dos ataques pode aumentar e após algum

tempo as vítimas são atingidas semanalmente ou diariamente. A fase de conflito ainda

não é considerada mobbing, conforme refere o autor, pois é necessário que os

comportamentos negativos contra a pessoa ocorram pelo menos uma vez por semana e

no mínimo durante seis meses. De modo que entre as características básicas do assédio

estão a repetição e a regularidade com que os atos negativos acontecem. Como o

próprio Leymann pontua, a distinção entre “mobbing” e o “conflito” não está no que é

feito nem como é feito, mas na freqüência e duração do que é feito.

No Brasil, em relação ao termo utilizado, assédio moral é o mais freqüente,

provavelmente devido à influência da obra de Hirigoyen (2006) que o define como:

“toda e qualquer conduta abusiva que se manifesta, sobretudo, por

comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos, que possam trazer

dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica

de uma pessoa, além de pôr em perigo seu emprego ou degradar o

ambiente de trabalho”.

Segundo a mesma autora, no serviço público o assédio moral seria mais

acentuado quando comparado ao serviço privado, uma vez que a estabilidade garante a

permanência do trabalhador no serviço, fazendo com que situações de assédio perdurem

por muitos anos. Neste espaço, o problema também está mais relacionado com as

disputas de poder, sendo frequentes os abusos cometidos, em decorrência das diferenças

hierárquicas (Câmara et al, 2012).

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Entretanto, apesar de compor a agenda das pesquisas no Brasil nesses últimos

anos, o assédio moral ainda apresenta problemas, enquanto objeto de estudo. A razão

seria a falta de precisão quanto a sua definição e modo de detecção, (Soboll, 2008). De

modo que os estudos sobre o assunto ainda são incipientes. Observa-se que a maioria

consiste em ensaios teóricos ou estudos qualitativos, sendo importante também a

realização de estudos epidemiológicos que mensurem a frequência dos eventos e

busquem relações com fatores ou características que sejam determinantes na ocorrência

do fenômeno.

Além de unânime entre os pesquisadores acreditar nos efeitos destrutivos que o

assédio moral tende a causar sobre suas vítimas, também é consenso tratar-se de um

fenômeno complexo que resulta de variáveis do ambiente de trabalho e de

características individuais (Giorgi et al, 2011). Heloani e Barreto (2010) acreditam que

algumas situações podem desencadear o problema, sendo uma delas a dificuldade de

lidar com as diferenças. Desta forma, pessoas que no local de trabalho são minoria, seja

por sexo, orientação sexual, escolaridade, crença religiosa, concepção política ou outros

atributos que as tornem diferentes da maioria, podem vir a sofrer perseguição, exclusão,

ironia, entre outros comportamentos que atentem para a dignidade do ser humano,

caracterizando, assim o assédio moral (Freire, 2008; Hirigoyen, 2006).

Não obstante, no Brasil, muitos atos abusivos são erroneamente classificados

como assédio moral, conforme se verifica em estudo realizado a partir de denúncias

apresentadas por trabalhadores à Ouvidoria do Ministério do Trabalho e Emprego

(Stelko et al, 2008). Apesar de várias situações apresentadas atenderem à definição de

assédio moral, observou-se que muitas outras diziam respeito a outros tipos de abuso

descritos na literatura, como discriminação, agressões pontuais, gestão por injúria,

gestão por medo e gestão por estresse, frutos das formas atuais de organização do

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trabalho (Caldas e Neves, 2008). Ainda que essas ações possam trazer repercussões

negativas para o individuo, inclusive para a saúde mental, episódios pontuais e que tem

por objetivo o aumento da produtividade e o controle do trabalho, sem, contudo, buscar

a exclusão e a destruição do trabalhador não são considerados como assédio moral. Ao

contrário, é preciso que haja “repetição dos atos, pessoalidade e intencionalidade”

(Soboll, 2008)

Os resultados dos estudos realizados no Brasil e em outros países demonstram

que a frequência do evento também é bastante variada, sendo tal variação atribuída não

somente ao universo pesquisado, mas especialmente às diferentes medidas e conceitos

utilizados por diferentes autores. No Brasil, um estudo com 218 trabalhadores

escolhidos aleatoriamente nas filas do Seguro-Desemprego encontrou uma prevalência

de 25,2% de assédio moral no trabalho, sendo o resultado considerado abaixo daqueles

encontrados em outras pesquisas no país (Gonçalves, 2006). Sales (2009) ao entrevistar

780 trabalhadores de uma empresa do setor de serviços, especializada em limpeza,

encontrou uma prevalência de 42,6%, resultado que caiu para 14,1% quando utilizado o

método subjetivo de auto-percepção.

Em seu estudo realizado na Noruega, Einarsen e Skogstad (1996) encontraram

uma prevalência de 8,6% de assédio moral, de acordo com a percepção dos sujeitos de

uma amostra composta de 7.787 trabalhadores, participantes de 14 inquéritos sobre

qualidade de vida no trabalho. Todos os trabalhadores responderam a uma mesma

questão sobre a ocorrência de assédio moral no trabalho. Das 669 pessoas que se

disseram vítimas do abuso, 4,0% passaram pelo problema uma ou duas vezes, 3,3% de

vez em quando e 1,2% semanalmente.

Contudo, as controvérsias em torno da caracterização do assédio moral, também

se estendem para as suas causas não se restringindo aos aspectos da organização do

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trabalho, mas também a elementos da personalidade do indivíduo. Alguns acreditam

que o papel das características das vítimas tem sido negligenciado pela maioria dos

estudos e defendem que certos traços da personalidade tenham relação com a ocorrência

do assédio (Balducci et al, 2011). Esses autores crêem que indivíduos neuróticos podem

comportar-se de tal forma a produzir conflitos que podem culminar em uma agressão

pessoal. Entretanto, deve-se ter cuidado com essa forma de explicar a ocorrência do

assédio moral, visto que não é incomum em um ambiente abusivo, rotularem a vítima

de “problemática” e de apresentar problemas mentais, como forma de camuflarem ou

justificarem os atos abusivos praticados contra ela.

Alguns autores compartilham a idéia de que as características sócio-

demográficas podem explicar o porquê de determinadas pessoas serem vítimas de

assédio moral de forma mais freqüente, supondo, inclusive que a proporção de mulheres

vítimas do abuso é maior do que a de homens. Todavia, há os que discordem, por não

encontrarem em suas pesquisas nenhuma relação com idade, sexo, características

profissionais, hábitos de saúde como consumo de álcool, tabagismo ou atividade física

(Fajana et al, 2011).

Assim, considerando a necessidade de investigar e esclarecer as situações que

cercam o estudo do fenômeno, este estudo tem por objetivo estimar a prevalência de

assédio moral no trabalho em uma amostra de servidores estaduais da saúde,

observando a sua distribuição por características individuais e laborais.

Metodologia

Instrumento de Produção de Dados

Os dados foram produzidos através de entrevista face a face, com o auxílio de um

questionário que trazia em primeiro plano, questões sobre as características sócio-

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demográficas. Para investigação do assédio moral foi utilizado o Negative Acts

Questionnaire - Revised – NAQ-R, composto de 22 questões objetivas referentes a atos

negativos, com possibilidade de cinco níveis de respostas (nunca, de vez em quando,

mensalmente, semanalmente e diariamente). Para facilitar a aplicação desse instrumento

foram utilizados cartões de respostas que eram entregues aos sujeitos no momento da

entrevista. À proporção que as entrevistas eram realizadas os dados iam sendo digitados

utilizando-se o programa Epi Data.

Análise

Para determinação do assédio moral, considerou-se o critério de Leyman (1996)

que considera como assédio moral a ocorrência de pelo menos um ato negativo semanal,

nos últimos seis meses e, ainda, o critério de Mikkelsen e Einarsen (2001) que

contempla dois atos negativos com a mesma periodicidade.

A referência aos atos negativos também foi mensurada, independentemente da

freqüência com que tenham ocorrido. Do mesmo modo foram consideradas as variáveis

latentes geradas a partir de uma análise fatorial do NAQ-R realizada em estudo anterior.

A primeira variável, denominada assédio pessoal; e a segunda, assédio relacionado ao

trabalho. Entre os homens também foi considerada a variável desqualificação pessoal e

profissional. Tratando-se de variáveis contínuas, estas foram dicotomizadas, tomando

como ponto de corte o segundo tercil, correspondendo às cargas fatoriais iguais ou

maiores que 0,40.

Para a análise utilizou-se o programa Stata versão 10.0 (Stata Corp. College

Station, Estados Unidos), iniciando com a análise univariada, descrevendo a

distribuição das variáveis dependentes e independentes na população estudada. Após a

apresentação da prevalência global do assédio moral no trabalho, foi investigada a sua

associação com as características individuais e laborais. Através da análise estratificada

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foi calculada a prevalência do fenômeno em cada um dos estratos, sendo verificadas as

associações estimadas pela razão de prevalência (RP) e a inferência estatística baseada

em intervalos de confiança pelo método Mantel Haenszel (alfa = 5%). Por último

procedeu-se à análise multivariada por meio de regressão logística, sendo observadas as

variáveis que apresentaram p < 0,05.

Aspectos Éticos

Atendendo aos princípios éticos que regulamentam pesquisas envolvendo seres

humanos, o projeto foi previamente analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Secretaria Estadual da Saúde da Bahia. Através do consentimento livre e

esclarecido, buscou-se a anuência dos servidores que eram informados sobre os

objetivos, métodos e possíveis benefícios do estudo. Ao mesmo tempo, foram

garantidas a confidencialidade e a privacidade das informações.

O estudo foi previamente divulgado no órgão público através de boletim

eletrônico interno, além de folders e cartazes que foram distribuídos nas diversas

unidades assistenciais e setores da instituição. Cada servidor recebeu uma carta

informando sobre a pesquisa e os procedimentos que seriam adotados na produção dos

dados.

Resultados

Características da população

Dos 679 servidores que participaram da pesquisa duas pessoas não responderam

ao Negative Acts Questionnaire - Revised – NAQ-R. Isto porque estiveram afastadas nos

últimos seis meses anteriores ao estudo, tempo definido como um dos critérios para

caracterizar a ocorrência do fenômeno. Assim foram consideradas na análise 677

pessoas. Dessa população, 81% eram mulheres; a maioria residia na capital, porém

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9,1% viviam em cidades do interior do estado, sendo que a mais distante estava a 494

km da capital; a mediana de idade foi de 48 anos (IIQ: 40; 54) para homens e mulheres;

a população era composta, na sua maioria, de pretos e pardos (34,6% e 46,5%

respectivamente); menos da metade possuía nível superior (49,6%). Entretanto, neste

grupo, 68,8% eram pós-graduados; em relação à situação conjugal, 56,8% eram casados

ou tinham companheiro (dados não apresentados).

Prevalência de Assédio Moral no Trabalho

Das 677 pessoas que responderam ao NAQ-R 61,6% referiram pelo menos um

ato negativo nos últimos seis meses. Quando o critério operacional de Leymann foi

usado, a prevalência de assédio moral foi de 10,5%, enquanto que pelo critério de

Mikkelsen e Einarsen foi de 3,6%. Ao estratificar por homens e mulheres não foram

encontradas diferenças estatisticamente significantes (Figura 1). Quando foi

considerado o tipo de assédio moral, a partir das variáveis latentes geradas pela análise

fatorial, verificou-se que homens e mulheres apresentaram prevalências semelhantes

para os tipos “pessoal e relacionado ao trabalho”. Entre os homens, a variável

desqualificação pessoal e profissional apresentou uma prevalência de 31,8% (Figura 2).

Observou-se, ainda, que 7,4% das pessoas entrevistadas disseram ter testemunhado

algum episódio de assédio moral no local de trabalho.

Padrão de ocorrência do assédio moral no local de trabalho

Observou-se que a referência aos atos negativos foi 30,0% maior em pessoas na

faixa etária de 25 a 49 anos (RP=1,3; IC95% 1,2 – 1,5) com menos de 20 anos de

serviço (RP=1,3; IC95%: 1,1 – 1,5) e em profissionais de nível superior, exceto médicos

(RP=1,3; IC95%: 1,1 – 1,5). As unidades assistenciais apresentaram uma redução de

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10,0% a 20,0% em relação ao nível central, sendo que apenas os hospitais

especializados apresentaram medida com significância estatística (RP=0,8; IC 95%: 0,6

– 0,9) enquanto que as demais unidades a significância foi em nível limítrofe (Tabela 1).

Aos utilizar os critérios de classificação de assédio moral, apenas idade pelo

critério de Mikkelsen e Einarsen apresentou associação positiva estatisticamente

significante. Conforme se observa na tabela 2, a prevalência de assédio moral em

pessoas entre 25 a 49 anos foi três vezes maior quando comparadas àquelas com idade

acima dessa faixa etária (RP=3,1; IC95%: 1,2 – 8,3).

A tabela 3 apresenta os resultados em relação às variáveis latentes. Verificou-se

que, entre as mulheres, a prevalência de assédio moral pessoal foi 30,0% maior na faixa

etária de 25 a 49 anos (RP=1,3; IC 95%: 1,1 – 1,7) enquanto que as médicas

apresentaram uma redução de 60% (RP=0,4; IC 95%: 0,2 – 0,7). Em se tratando do

assédio relacionado ao trabalho, o acréscimo para a faixa etária de 25 a 49 anos foi de

50,0% (RP=1,5; IC 95%: 1,3 – 1,8). A prevalência deste tipo de assédio foi 40,0%

maior para mulheres com menos de 20 anos de serviço (RP=1,4; IC95%: 1,2 – 2,7) e

30,0 % mais prevalente entre auxiliares e técnicos em enfermagem (RP=1,3; IC 95%

1,1 – 2,7). Por sua vez, as mulheres que possuíam até o nível médio de escolaridade

apresentaram uma prevalência 30,0% menor, quando comparadas àquelas com nível

superior de ensino (RP=0,7; IC95%: 0,6 – 0,9).

Entre os homens, apenas foi encontrada associação estatisticamente significante

para o assédio relacionado ao trabalho que foi 90,0 % maior para profissionais de nível

superior, excluindo o médico (Tabela 4).

Após a realização da análise multivariada verificou-se que as pessoas entre 25 a

49 anos referiram duas vezes mais a ocorrência de atos negativos do que aquelas acima

dessa faixa etária (OR=2,0; IC 95%: 1,4 – 2,8). Resultado semelhante para a categoria

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“outros profissionais de nível superior” (OR=2,3; IC95%: 1,4 – 3,7). Por outro lado, as

pessoas lotadas em hospitais especializados e outras unidades assistenciais tiveram a

associação negativa confirmada ao apresentarem uma redução entre 50,0% a 60,0% em

relação ao nível central. Ao utilizar os critérios para a definição do assédio moral,

apenas idade entre 25 a 49 anos (OR= 3,9; IC95%: 1,4 – 10,9) confirmou associação

estatisticamente significante, segundo o critério de Mikkelsen e Einarsen (Tabela 5).

A análise múltipla também ratificou alguns resultados em relação ao tipo de

assédio. O assédio pessoal apresentou um acréscimo de 70,0 % para as mulheres na

idade de 25 a 49 anos (OR=1,7; IC95%: 1,2 - 2,5) e uma redução no mesmo valor entre

a categoria médica (OR=0,3; IC95%: 0,2 - 0,7). As mulheres entre 25 a 49 anos

(OR=2,3; IC 95%: 1,6 – 3,3) e que eram profissionais de nível superior, salvo médica

(OR= 2,0; IC95%: 1,2 – 3,4) sofreram duas vezes mais assédio relacionado ao trabalho

do que as categorias para as quais é exigido até o nível médio de ensino. O assédio

relacionado ao trabalho ocorreu quase quatro vezes mais entre homens que exerciam a

função de auxiliar ou técnico em enfermagem (OR=3,9; IC95%: 1,2 – 12,5) enquanto

que o assédio pessoal teve uma redução de 70,0% (OR=0,3; IC95%: 0,1 - 0,9) para

homens que trabalhavam em hospitais especializados, comparados com aqueles lotados

no nível central (Tabela 6).

Discussão

A depender do critério considerado foram encontradas frequências variadas para

o assédio moral no trabalho. Resultado que se assemelha ao de outros estudos

(Notelaers et al, 2005). É possível que tenha ocorrido algum viés de informação, por

parte dos sujeitos que declinaram em confirmar a ocorrência de atos negativos por medo

ou receio de perseguição, o que pode ter levado a uma estimativa da prevalência do

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assedio moral aquém da existente na população. Alguns resultados não apresentaram

significância estatística, aspecto que pode estar relacionado com o baixo poder amostral,

especialmente no grupo de homens.

Não obstante, ao considerar as características individuais e laborais, alguns

achados chamam a atenção. Neste estudo, contrariando pesquisas que apontam as

pessoas de mais idade como sendo as mais vulneráveis ao assédio moral, o grupo com

menos idade apresentou maior prevalência (Einarsen e Skogstad, 2008).

Profissionais de medicina sofreram menos assédio moral, especialmente do tipo

pessoal, desfecho que melhor traduz o comentário de um profissional durante as

perguntas sobre os atos negativos: “com médico não existe isso, eles respeitam muito”.

Por outro lado os demais profissionais de nível superior sofreram mais esse tipo de

abuso. Pela sutileza com que os atos negativos são praticados é provável que algumas

pessoas menos esclarecidas não se apercebam quando são vítimas dessas atitudes

desrespeitosas. Contudo, há autores que entendem que pessoas com nível de educação

mais elevado apresentam maior prevalência porque seus atributos intelectuais se

constituem numa ameaça para o assediador, tornando-os vítimas do assédio. Um

exemplo é o estudo de Quine (2001) realizado com enfermeiras, na Inglaterra.

Constatou-se que as profissionais mais qualificadas sofriam mais assédio do que as

menos qualificadas.

Vale ressaltar que profissionais de enfermagem são apontados como aqueles que

costumam apresentar maior prevalência de assédio moral (Xavier et al, 2008; Cezar e

Marziale, 2006). De modo que, neste estudo, ao considerar o assédio relacionado ao

trabalho, homens que exercem a função de auxiliar ou técnico em enfermagem

apresentaram maior prevalência deste tipo de agravo. Os resultados também são

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consistentes com pesquisas que apontam para a ocorrência do assédio moral entre

determinados grupos ocupacionais (Quine, 2001).

O nível central apresentou maior prevalência de assédio moral quando

comparado às unidades assistenciais. Esta diferença pode ter relação com o fato da área

da gestão existir um contato mais diário entre as pessoas, diferindo da área da

assistência onde as escalas de plantão são mais dinâmicas, tornando os encontros entre

os profissionais e chefias mais eventuais. Por outro lado, na gestão as disputas por

cargos comissionados são mais frequentes e na maioria das vezes a ocupação destes é

influenciada pelas disputas político-partidárias, situação que pode gerar animosidades e

perseguições.

Quando investigada a ocorrência de testemunho ao assédio moral, verificou-se

uma freqüência menor em relação à vitimização. Tendo em vista que este tipo de

comportamento ocorre de forma sutil, é justificável que muitas pessoas não o percebam

no ambiente de trabalho. Vale ressaltar que, neste caso, foi utilizado um critério

subjetivo, baseado na percepção dos sujeitos.

Por não ter sido contemplado, não se tem como afirmar, neste estudo, que o

assediador possua características que o difira das vítimas. Entretanto, os resultados

apontam que a vítima é quase sempre jovem e, provavelmente, possui atributos que se

constituem em ameaça para quem assedia.

A menção de atos negativos apresentou uma elevada prevalência e mesmo não

caracterizando o assédio moral, devido à frequência com que ocorreram, vale lembrar

que a sua ocorrência pode ser classificada como situação de conflito. Considerando que

a prática do assédio moral é sempre precedida por esta fase, não se deve ignorá-la.

Não foram registradas dificuldades no entendimento das questões do

instrumento utilizado para a detecção do assédio moral. Testado em vários países,

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incluindo o Brasil, onde já foi validado, também teve suas características psicométricas

avaliadas em estudo anterior, quando ficou demonstrada sua boa aceitação para a

detecção do fenômeno estudado.

Por se tratar de um método operacional que não considera apenas a auto-

percepção do sujeito em se sentir vítima de assédio moral, acredita-se que a

possibilidade de um viés causado pelo uso indiscriminado do termo seja menor. Por

desconhecimento conceitual é comum seu uso para designar outros tipos de

comportamento abusivo, de modo que não mencioná-lo pode assegurar maior

consistência aos resultados aferidos.

Alguns autores também acreditam que a percepção das pessoas nem sempre é

uma medida adequada para quantificar o assédio moral, isto porque as pessoas tendem a

negar ou minimizar o abuso sofrido como estratégia de sobrevivência em um ambiente

abusivo. Além disso, admitir que é vítima de assédio moral no trabalho pode ser

considerado uma fraqueza, o que pode representar uma ameaça a auto-estima de muitas

pessoas (Gonçalves, 2006; Coyne et al, 2003). Para os autores, o uso dos dois critérios

em um mesmo estudo costuma apresentar prevalências distintas, sendo esta menor

quando o critério subjetivo é utilizado.

Acredita-se que este estudo tenha contribuído para a visibilidade do assédio

moral no trabalho em saúde, apontando algumas características das pessoas que

costumam sofrer esse tipo de abuso. Entretanto em razão do número menor de homens,

é recomendável que os resultados aqui apresentados sejam testados em amostras

maiores.

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Figura 1: Prevalência de Assédio Moral entre servidores estaduais da saúde, por

sexo e segundo o critério de classificação utilizado. Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

Figura 2: Prevalência de assédio moral entre servidores estaduais da saúde, por

sexo e segundo variáveis latentes do Negative Acts Questionnaire – NAQ-R.

Salvador, Bahia, Brasil. 2012.

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Tabela 1: Prevalência (P) e Razão de Prevalência (RP) de atos negativos detectados

através do NAQ-R, ocorridos nos últimos seis meses e referidos pelos servidores

estaduais da saúde. Salvador. Bahia. Brasil. 2012

Características N P RP (IC 95%)

Prevalência Global 677 61,6 -

Sexo

Feminino 548 62,4 1,0 (0,9 – 1,2)

Masculino 129 58,1 *

Idade

25 – 49 anos 377 70,0 1,3 (1,2 – 1,5)

50 – 69 anos 300 51,0 *

Cor da pele auto-referida1

Negra 549 62,2 1,0 (0,8 – 1,2)

Branca 117 59,8 *

Escolaridade

Ensino básico 340 57,6 0,8 (0,7 – 0,9)

Ensino superior 337 65,5 *

União Conjugal

Não 293 63,1 1,0 (0,9 – 1,1)

Sim

384 60,4 *

Religião

Sim 562 61,0 0,9 (0,8 – 1,1)

Não 115 64,3 *

Tempo de serviço no Estado

1 a 19 anos 395 69,1 1,3 (1,1 – 1,5)

20 a 41 anos 282 51,0 *

Atividade Profissional

Médicos (as) 92 50,0 0,9 (0,7 – 1,1)

Outros profissionais de nível superior 173 73,4 1,3 (1,1 – 1,5)

Auxiliares e técnicos (as) em enfermagem 195 63,5 1,1 (0,9 – 1,3)

Outros profissionais até nível médio 217 55,2 *

Tipo de Unidade

Emergência 293 63,1 0,9 (0,7 – 1,0)

Hospitais especializados 179 56,9 0,8 (0,6 – 0,9)

Outras unidades assistenciais 98 57,1 0,8 (0,6 – 1,0)

Nível Central 107 69,1 *

Tipo de atividade

Assistencial 405 61,2 0,9 (0,8 – 1,1)

Não assistencial 272 62,1 * Nota: 1Excluídos desta análise 1,63% de indígenas, amarelos e uma recusa à questão.*Categoria de referência

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Tabela 2: Prevalência (P) e Razão de Prevalência (RP) de assédio moral entre

servidores estaduais da saúde, de acordo com o critério utilizado e segundo

variáveis sócio-demográficas e ocupacionais.

Características

N

Assédio Moral

Leymann1

Mikkelsen e Einarsen2

P RP (IC 95%) P RP (IC 95%)

Prevalência Global 677 10,5 - 3,6

Sexo

Feminino 548 11,4 1,8 (0,9 – 3,7) 4,0 1,7 (0,5 – 5,6)

Masculino 129 6,0 * 2,3

Idade

25 – 49 anos 377 11,9 1,3 (0,87– 2,1) 5,3 3,1 (1,2 – 8,3)

50 – 69 anos 300 8,7 * 1,6

Cor da pele auto-referida3

Negra 549 10,2 0,8 (0,4 – 1,4) 3,6 0,8 (0,3 – 2,2)

Branca 117 11,9 * 4,2

Escolaridade

Ensino básico 340 8,8 0,7 (0,4– 1,1) 2,6 0,5 (0,2 – 1,2)

Ensino superior 337 12,1 * 4,7 *

Situação Conjugal

Não

293 43,3 1,0 (0,8 – 1,2) 4,7 1,6 (0,7 – 3,6)

Sim 384 40,9 * 2,8

Religião

Com religião 562 10,8 1,2 (0,6 – 2,3) 3,5 0,8 (0,3 – 2,1)

Sem religião 115 8,6 4,3

Tempo de serviço no Estado

1 a 19 anos 395 11,1 1,1 (0,7 – 1,8) 4,5 1,8 (0,7-4,3)

20 – 41 anos 282 9,5 * 2,4

Atividade Profissional

Médicos (as) 92 15,2 1,7 (0,9 – 3,3) 6,5 1,5 (0,5 – 4,2)

Outros profissionais de nível superior 173 9,8 1,1 (0,6 – 2,0) 3,4 0,8 (0,3 – 2,3)

Auxiliar e técnico em enfermagem 195 10,7 1,2 (0,6 – 2,2) 2,0 0,4 (0,1 – 1,5)

Outros profissionais de nível básico 217 8,7 * 4,1

Tipo de Unidade

Emergência 293 12,6 1,1 (0,6 – 2,0) 4,0 1,0 (0,3 – 3,3)

Hospitais especializados 179 7,8 0,6 (0,3 – 1,4) 3,3 0,8 (0,2 – 3,1)

Outras unidades assistenciais 98 8,1 0,7 (0,3 – 1,7) 3,0 0,8 (0,1 – 3,5)

Nível Central 107 11,2 * 3,7 *

Tipo de atividade

Assistencial 405 10,3 0,9 (0,6 – 1,5) 10,3 0,9 (0,6 – 1,5)

Não assistencial 272 10,6 * 10,6 Nota:1Critério de Leymann: um ato negativo semanalmente ou menos; 2dois atos negativos semanalmente ou menos;3Excluídos desta análise 1,63% de indígenas, amarelos e uma recusa à questão. *Categoria de referência.

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Tabela 3 – Prevalência (P) e Razão de Prevalência (RP) de assédio moral entre

mulheres, servidoras estaduais da saúde, segundo classificação por tipo de assédio

moral, pessoal e relacionado ao trabalho e características sócio-demográficas e

ocupacionais. Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

Características

N

Assédio Moral

Pessoal Relacionado ao trabalho

P % RP (IC 95%) P % RP (IC95%)

Assédio Moral Global 548 43,9 - 50,0 -

Idade

25 – 49 anos 312 50,0 1,3 (1,1 – 1,7) 59,2 1,5 (1,3 – 1,8)

50 – 69 anos 236 36,0 * 37,7 *

Cor da pele auto-

referida1

Negra 437 45,3 1,1 (0,8 – 1,4) 50,5 1,0 (0,8 – 1,2)

Branca 103 40,7 * 48,5 *

Escolaridade

Ensino básico 270 43,3 0,9 (0,8 – 1,1) 43,3 0,7 (0,6 – 0,9)

Ensino superior 278 44,6 * 56,4 *

Sit. Conjugal - Unida

Não 251 43,8 0,9 (0,8 – 1,2) 51,7 1,0 (0,9 -1,2)

Sim

297 44,1 * 48,4 *

Religião

Sim 459 44,0 1,0 (0,7 – 1,2) 52,8 1,0 (0,8 – 1,3)

Não 89 43,8 * 49,4 *

Tempo de serviço no

Estado

1 a 19 anos 323 48,9 1,3 (1,0 – 1,6) 57,5 1,4 (1,2 – 2,7)

20 – 41 anos 225 36,8 * *

Atividade Profissional

Médicos (as) 61 21,3 0,4 (0,2 – 0,7) 37,7 0,8 (0,5 – 1,2)

Auxiliares e técnicos

(as) em enfermagem

160 50,6 1,0 (0,8 – 1,3) 60,6 1,3 (1,1 – 1,7)

Outros profissionais

Nível Superior

173 43,9 0,9 (0,7 – 1,2) 49,7 1,1 (0,8 – 1,4)

Outros profissionais

Nível Básico

154 46,1 * 44,1 *

Tipo de Unidade

Emergência 238 44,1 0,9 (0,6 – 1,1) 51,2 0,9 (0,7 – 1,1)

Hospitais

especializados

149 43,6 0,8 (0,6 – 1,1) 46,3 0,8 (0,6 – 1,0)

Outras unidades

assistenciais

83 39,7 0,8 (0,5 – 1,1) 48,1 0,8 (0,6 – 1,1)

Nível Central 78 48,7 * 55,1 *

Tipo de atividade

Assistencial 362 41,4 0,8 (0,6 – 1,0) 48,8 0,9 (0,7 – 1,1)

Não assistencial 186 48,9 * 52,1 *

Nota: 1Excluídos desta análise 1,63% de indígenas, amarelos e uma recusa à questão.*Categoria de referência

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Tabela 4: Prevalência (P) e Razão de Prevalência (RP) de assédio moral entre

homens servidores estaduais da saúde, segundo classificação por tipo de assédio

moral, pessoal e relacionado ao trabalho e características sócio-demográficas e

ocupacionais. Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

Características

N

Assédio Moral

Pessoal Relacionado ao trabalho

P % RP (IC 95%) P % RP (IC95%)

Assédio Moral Global 129 41,0 - 48,0 -

Idade

25 – 49 anos 65 43,0 1,1 (0,7 – 1,6) 52,3 1,1 (0,8 – 1,7)

50 – 69 anos 64 39,0 * 43,7 *

Cor da pele auto-

referida1

Negra 112 40,1 0,9 (0,4 – 1,7) 45,5 0,7 (0,4 – 1,0)

Branca 14 42,8 * 64,2 *

Escolaridade

Ensino básico 70 8,8 0,7 (0,4 – 1,1) 45,7 0,8 (0,6 – 1,2)

Ensino superior 59 12,1 * 50,8 *

Sit. Conjugal - Unida

Não 42 50,0 1,3(0,9 – 2,0) 54,7 1,2 (0,8 – 1,7)

Sim

87 36,7 * 44,8 *

Religião

Sim 26 50,0 1,2 (0,8 – 2,0) 45,6 0,7 (0,5 – 1,1)

Não 103 38,8 * 57,6 *

Tempo de serviço no

Estado

1 a 19 anos 72 47,2 1,4 (0,9 – 2,2) 54,1 1,3 (0,9 – 1,9)

20 – 41 anos 57 33,3 * 40,3 *

Atividade Profissional

Médicos (as) 31 41,9 1,2 (0,7 – 1,5) 51,6 1,4 (0,8 – 2,2)

Outros profissionais de

Nível Superior

14 57,1 1,7 (0,9 – 3,0) 71,4 1,9 (1,2 – 3,1)

Auxiliares e Técnicos

em Enfermagem

21 52,3 1,5 (0,9 – 2,6) 61,9 1,6 (1,0 – 2,7)

Outros profissionais de

Nível Básico

63 33,3 * 36,5 *

Tipo de Unidade

Emergência 55 40,0 0,7 (0,4 – 1,1) 45,4 0,7 (0,4 – 1,0)

Hospitais

especializados

30 33,3 0,6 (0,3 – 1,1) 40,0 0,6 (0,3 – 1,0)

Outras unidades

assistenciais

15 33,3 0,6 (0,2 – 1,3) 46,6 0,7 (0,4 – 1,3)

Nível Central 29 55,1 * 62,0 *

Tipo de atividade

Assistencial 65 38,4 0,8 (0,5 – 1,3) 49,2 1,0 (0,7 – 1,5)

Não assistencial 64 43,7 * 46,8 *

Nota: 1Excluídos desta análise 1,63% de indígenas, amarelos e uma recusa à questão.*Categoria de referência

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Tabela 5: Fatores associados ao assédio moral em servidores estaduais da saúde,

segundo os escores do Negative Acts Questionnaire – Revised, NAQ-R e critérios

utilizados para definição do fenômeno, conforme análise de regressão logística.

Salvador, Bahia, Brasil, 2012 (n=677)

Características individuais e

laborais

NAQ

Assédio Moral

Critérios de Classificação

Leymann Einarsen

OR (IC95%) OR (IC 95%) OR (IC 95%)

Sexo Feminino 0,9 (0,6 – 1,5) 2,2 (0,9 – 4,9) 2,1 (0,6 – 7,6) Masculino * * * Idade 25 – 49 anos 2,0 (1,4 – 2,8) 1,4 (0,8 – 2,4) 3,9 (1,4 – 10,9) 50 – 69 anos * * * Cor da pele auto-referida

1

Negra 1,2 (0,7 – 1,9) 0,8 (0,4 – 1,8) 0,9 (0,2 – 2,8) Branca * * * União Conjugal Não 1,1 (0,8 – 1,5) 1,0 (0,6 – 1,7) 1,7 (07 – 4,1) Sim

* * *

Religião Sim 1,0 (0,6 -1,6) 0,7 (0,3 – 1,4) 0,8 (0,3 – 2,5) Não Atividade Profissional

Médicos (as) 0,9 (0,5 – 1,5) 2,0 (0,9 – 4,4) 1,7 (0,5 – 5,7) Outros profissionais de nível superior 2,3 (1,4 – 3,7) 0,8 (0,4 – 1,8) 0,5 (0,2 – 1,8) Auxiliares e técnicos (as) em

enfermagem 1,4 (0,9 – 2,2) 0,9 (0,4 – 1,9) 0,3 (0,1 – 1,1)

Outros profissionais até nível médio * * Tipo de Unidade Emergência 0,6 (0,3 – 1,0) 1,1 (0,5 – 2,3) 1,5 (0,4 – 5,3) Hospitais especializados 0,5 (0,3 – 0,9) 0,6 (0,3 – 1,5) 1,1 (0,3 – 4,3)

Outras unidades assistenciais 0,4 (0,2 – 0,8) 0,6 (0,2 – 1,6) 0,8 (0,2 – 4,2)

Nível Central * * *

Nota: 1Excluídos desta análise 1,63% de indígenas, amarelos e uma recusa à questão.*Categoria de referência

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Tabela 6: Fatores associados ao assédio moral em servidores estaduais da saúde,

segundo variáveis latentes do Negative Acts Questionnaire – Revised, NAQ-R,

conforme análise de regressão logística. Salvador, Bahia, Brasil, 2012.

Características individuais e

laborais

Mulheres Homens

n=548 n=129

Tipo de Assédio Moral Pessoal Trabalho Pessoal Trabalho

OR

(IC95%)

OR

(IC95%)

OR (IC95%) OR (IC95%)

Idade

25 – 49 anos 1,7 (1,2-2,5) 2,3 (1,6-3,3) 0,8 (0,4-1,9) 1,1 (0,5–2,6)

50 – 69 anos * * * *

Cor da pele auto-referida1

Negra 1,0 (0,6-1,8) 1,2 (0,7-2,0) 1,1 (0,3-4,3) 0,5 (0,1-1,9)

Branca * * * *

União Conjugal

Não 1,0 (0,7-1,4) 1,2 (0,8-1,7) 1,6 (0,6-3,9) 1,1 (0,4-2,6)

Sim * * * *

Religião

Sim 0,9 (0,5-1,4) 0,9 (0,6-1,6) 1,9 (0,7-4,9) 1,8 (0,7-4,7)

Não * * * *

Atividade Profissional

Médicos (as) 0,3 (0,2-0,7) 0,9 (0,4-1,8) 1,5 (0,5-4,1) 1,6 (0,6 –4,3)

Outros profissionais de nível superior 1,2 (0,7-1,9) 2,0 (1,2-3,4) 1,9 (0,5-4,7) 3,0 (0,7 12,1)

Auxiliares e técnicos (as) em enfermagem 0,9 (0,6 1,5) 1,2 (0,7-2,0) 2,7 (0,8 – 8,5) 3,9 (1,2 –12,5)

Outros profissionais até nível médio

*

*

*

*

Tipo de Unidade

Emergência 0,7 (0,4-1,3) 0,7 (0,4-1,2) 0,5 (0,2-1,4) 0,4 (0,1 -1,1)

Hospitais especializados 0,8 (0,4-1,4) 0,6 (0,4-1,2) 0,3 (0,1-0,9) 0,3 (0,1 – 0,9)

Outras unidades assistenciais 0,6 (0,3-1,2) 0,6 (0,3 -1,2) 0,3 (0,1-1,4) 0,3 (0,1 – 1,5)

Nível Central * * * *

Nota: 1Excluídos desta análise 1,63% de indígenas, amarelos e uma recusa à questão.*Categoria de referência

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97

Considerações Finais

Os estudos sobre a violência no trabalho em saúde não se esgotam com esta tese.

Certamente existem várias situações no ambiente de trabalho não contempladas neste

estudo que são consideradas abusivas e que precisam ser investigadas. A descrição e

definição da violência é sabidamente um desafio em razão da sua complexidade e do

seu caráter polissêmico. Muitas vezes o desconhecimento e o receio de falar sobre

situações indesejáveis impedem que o problema seja conhecido e combatido.

Relatos de agressões verbais e ameaças têm sido registrados nos estudos que

tratam da questão da violência no trabalho em saúde. Este estudo mostrou que tais

comportamentos fazem parte do cotidiano dos profissionais da área da saúde, atingindo

pessoas mais jovens e determinadas categorias profissionais.

Algumas modalidades de violência ainda precisam ser reavaliadas quanto aos

critérios de identificação. Caso do assédio moral que a depender do critério utilizado

apresentou diferentes prevalências, situação que acaba dificultando a comparação entre

os estudos.

A análise das características psicométricas do Negative Acts Questionnaire –

Revised – NAQ-R mostrou que o instrumento possui uma boa consistência interna

Entretanto instrumentos com boa sensibilidade para detectar comportamentos suspeitos

ou reconhecidamente prejudiciais no ambiente de trabalho precisam ser criados e os já

existentes devem ser testados com várias populações para serem utilizados com a

segurança de que seus resultados serão confiáveis.

Outros fatores que possam ter associação com a ocorrência da violência devem

ser investigados. Embora o presente estudo não tenha contemplado a localização

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98

geográfica das unidades de lotação dos servidores, esta é reconhecidamente um fator a

ser considerado em próximas investigações. Hoje, já se sabe que unidades de saúde em

áreas com maior risco de violência dificultam a fixação de profissionais de saúde,

comprometendo a assistência à população.

Por se tratar de um estudo exploratório não foi efetuada análise de associação

entre a violência e as condições de saúde dos participantes, incluindo seus efeitos sobre

a saúde mental, mencionados pela revisão de literatura. Todavia, a abrangência do

projeto que deu origem a esta tese, cria possibilidades de análises futuras que incluam

estes aspectos.

O contexto atual verificado no âmbito da Secretaria de Saúde do Estado da

Bahia contribuiu para a realização deste estudo, na medida em que as discussões em

torno da precarização das condições de trabalho se constituíram em um problema

importante no processo de formulação da Política de Gestão do Trabalho e Educação na

Saúde do referido órgão. Tendo a gestão do trabalho como prioridade de pesquisa para o

PPSUS – Programa Pesquisa para o SUS, o projeto contou com recursos financeiros

disponibilizados pela FAPESB – Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia, o

que garantiu a viabilidade da investigação.

Finalmente, vale ressaltar que o estudo produziu evidências importantes para a

análise da gestão do trabalho e de estratégias que venham a contribuir com a melhoria

do desempenho das organizações públicas, responsáveis pela condução das políticas.

Neste sentido, algumas possibilidades podem ser apontadas como contribuições ao

Sistema Único de Saúde – SUS.

Informações sobre condições de trabalho e saúde dos trabalhadores da saúde, a

partir das análises dos processos de trabalho e das características individuais são

importantes para que se possa determinar a magnitude do problema. Significa a

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99

possibilidade de identificar os “nós críticos” que comprometem as práticas e a

organização dos processos de trabalho em saúde. A identificação dos trabalhadores com

maior risco e o estabelecimento de prioridades, oferece subsídios para o planejamento de

ações de promoção, prevenção e vigilância de agravos em trabalhadores do Sistema

Único de Saúde, no Estado da Bahia.

Ao produzir o diagnóstico das condições de trabalho, pretende-se ter contribuído

para a formulação de políticas de promoção da saúde do servidor estadual da saúde, ao

fornecer subsídios para a implantação e fortalecimento de programas de atenção à saúde

do trabalhador da saúde. Espera-se que a implementação dessas políticas, em última

instância, produza impacto na qualidade da atenção prestada à população.

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103

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Anexos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA

IDENTIFICAÇÃO

EEssttuuddoo ssoobbrree oo PPeerrffiill ddee MMoorrbbiiddaaddee ddooss TTrraabbaallhhaaddoorreess ddee SSaaúúddee ddaa SSeeccrreettaarriiaa ddaa SSaaúúddee

ddoo EEssttaaddoo ddaa BBaahhiiaa””..

(Apoio: FAPESB – Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Bahia)

QUESTIONÁRIO

2011

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1

ENTREVISTADOR (A): (Estas informações deverão ser preenchidas previamente)

A1. Formulário n° (Será preenchido pela Coordenação da Pesquisa)

A2. Código da unidade

A3. Matrícula do (a) entrevistado (a) n°

A4. Código do (a) entrevistador (a):

A5. Data da entrevista: ____/____/_____

A6. Local da entrevista: 1 Trabalho 2 Residência 3 Outro_____________________

ENTREVISTADOR (A): Iniciaremos nossa entrevista solicitando algumas informações sobre seus

dados pessoais e vida familiar

B1 Idade:_____ Data de Nascimento:___/___/__

B2 Sexo:

1 Feminino

2 Masculino

B3. Local de moradia:

1 Capital __________________________(bairro)

2 Interior__________________________ (cidade)

B4. Com relação a sua raça ou cor o (a) Sr (a) a considera: (Resposta estimulada e única). MOSTRE CARTÃO DE

RESPOSTAS n° 1

PARTE B - DADOS PESSOAIS E VIDA FAMILIAR

PARTE A – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

BLOCO I

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2

1 Branca

2 Preta

3 Parda

4 Amarela (de origem asiática)

5 Indígena

8 Recusou-se a responder

9 Não sabe

B5.Qual o grau mais alto de educação que o (a) Sr (a) cursou?

1 Alfabetização

2 Primeiro grau. 21 completo 22 incompleto

3 Segundo grau.31 completo 32 incompleto

4 Superior. 41 completo 42 incompleto

5 Especialização / Residência

6 Mestrado

7 Doutorado

B6. Com relação a sua situação conjugal atual o (a) Sr (a) é:

01 Casado (a) ou possui companheiro (a)

21 Solteiro (a)

22 Separado (a), desquitado (a) ou divorciado (a).

23 Viúvo (a)

B7. O (a) Sr (a) tem filhos?

1 Sim. Quantos?

2 Não

B8. Qual a idade do filho mais velho? anos e do mais novo? anos

8 Não respondeu

9 NSA

B9. Quantas pessoas residem com o (a) Sr (a)?

Reside sozinho (a)

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3

B10. Em sua casa, quem é considerado o chefe da família ou o principal responsável pela casa? (Leia as

alternativas)

1 O (a) senhor (a)

2 Seu (ua) cônjuge ou companheiro (a)

3 O (a) senhor (a) e seu cônjuge ou companheiro (a), igualmente

4 Seu pai ou sua mãe

5 Seu filho ou sua filha

6 Não tem chefe

7 Outra pessoa:_____________________________

8 Não sabe/não quer responder

B11. O (a) Sr (a) costuma realizar alguma dessas atividades em casa?

Lavar 01 sim 02 não

Passar 01 sim 02 não

Cozinhar 01 sim 02 não

Limpar 01 sim 02 não

Cuidar de filhos 01 sim 02 não

B12. Quanto tempo no total o (a) Sr (a) costuma gastar, por semana, na realização dessas atividades?

horas minutos 00 Não realiza essas atividades

B13. Alguém realiza ou ajuda o (a) Sr (a) a realizar essas atividades em casa?

01 Nunca

02 De vez em quando. Quem?________________________________

03 Sempre. Quem?_________________________________________

B14. Qual foi, aproximadamente, a faixa de renda total de sua família no mês passado?

1 1 SM até 3 SM

2 Acima de 3 SM até 6 SM

3 Acima de 6 SM até 10 SM

4 Acima de 10 SM até 14 SM

5 Acima de 14 SM

7 Não lembra 8 Recusou-se a responder

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4

ENTREVISTADOR (A):Agora farei algumas perguntas relacionadas a sua inserção na SESAB e sobre o local

onde o (a) Sr (a) está lotado.

A1. Qual a data da sua admissão na SESAB?_____/_____/____

A2. Ao ser admitido na Secretaria de Saúde do Estado em quantas unidades (a) Sr (a) já trabalhou,

incluindo a que trabalha atualmente?_________________

ENTREVISTADOR (A): As próximas perguntas dizem respeito à unidade da SESAB que o (a) Sr (a)

trabalha atualmente

A3. Lotação atual:______________________________________________

A4. Tipo de unidade [Entrevistador (a) assinala a resposta de acordo com as instruções do manual]

01 Hospital de Emergência (grande e médio porte)

02 Unidade de Emergência (pequeno porte)

03 Hospital Especializado

04 Unidade de Atenção Especial à Saúde

05 Maternidade

05 Nível Central

06 Outro

A5. Com relação a sua atividade profissional o (a) Sr (a) é: (Resposta estimulada e única)

01 Médico

02 Enfermeiro

03 Fisioterapeuta

04 Nutricionista

05 Assistente Social

06 Farmacêutico

07 Terapeuta Ocupacional

08 Auxiliar de Enfermagem

09 Técnico de Enfermagem

10 Técnico em Radiologia

BLOCO II – QUESTÕES SOBRE CARACTERÍSTICAS OCUPACIONAIS

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5

11 Psicólogo

12 Auxiliar ou Técnico Administrativo

13 Outros___________________________________________________

A6. Que tipo de atividade o Sr (a) desenvolve atualmente?

01 assistencial

02 administrativa

03 gestão

04 fiscalização / auditoria

05 Outra_______________________________________________________

A7. Quantas horas o (a) Sr (a) trabalha por dia nesse lugar? horas

A8. Quantos dias o (a) Sr (a) trabalha na semana nesse lugar? dias

A9. Há quanto tempo o (a) Sr (a) está lotado (a) nesse lugar? anos meses dias

A10. A função que o (a) Sr (a) exerce atualmente está compatível com o seu nível de escolaridade e de

capacitação? (Apresente o CARTÃO DE RESPOSTAS 2)

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

A11. Como o (a) Sr (a) se sente em relação ao seu trabalho neste lugar? (Apresente o CARTÃO DE

RESPOSTAS 3)

01 Muito satisfeito

02 Razoavelmente satisfeito

03 Pouco satisfeito

04 Insatisfeito

05 Muito insatisfeito

A8. O (a) Sr (a) possui outro vínculo profissional?

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6

1 Sim. Com o Serviço Público. Qual a instância?

01 Federal______________________________

02 Estadual______________________________

03 Municipal______________________________

2 Sim. Com o Serviço Privado

3 Sim. Trabalha por conta própria. Possui consultório ou negócio próprio

4 Não.

ENTREVISTADOR (A):Se A8=SIM aplicar as questões A9 e A10. Se A8=NÃO pule para o bloco III

A9. Juntando as horas que o (a) Sr (a) trabalha nesse (s) outro (s) lugar (es) qual o total de horas que o (a)

Sr (a) trabalha por dia nesse (s) outro (s) lugares?

horas 99 NSA

A10. Quantos dias o Sr. (a) trabalha por semana nesse (s) outro (s) lugar (es)?

dias 99 NSA

ENTREVISTADOR (A):A seguir apresentarei algumas afirmações referentes às suas condições de trabalho

atuais aqui nessa unidade da SESAB. O (a) Sr (a) deverá dizer se concorda ou discorda, de acordo com as opções

deste cartão de respostas (Apresentar CARTÃO DE RESPOSTAS 4).

A1 – O (a) Sr.(a) se sente constantemente pressionado (a) para fazer seu trabalho em pouco tempo.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

A2 – Constantemente interrompem e atrapalham seu trabalho.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

BLOCO III – QUESTÕES SOBRE AS CONDIÇÕES DE TRABALHO – Effort-Reward Imbalance

PARTE A - ESFORÇO

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7

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

A3 – O (a) Sr(a) tem muita responsabilidade no seu trabalho.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

A4 – O (a) Sr (a) é pressionado (a) com freqüência a trabalhar além do horário.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

A5 – Seu trabalho exige esforço físico.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

A6 – Nos últimos anos, seu trabalho tem se tornado cada vez mais exigente.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

B1 – O (a) Sr(a) tem o respeito que merece dos seus chefes.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

PARTE B - RECOMPENSA

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8

B2 – O (a) Sr (a) recebe o respeito que merece dos seus colegas de trabalho.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

B3 – No trabalho o (a) Sr (a) pode contar com apoio em situações difíceis.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

B4 – O (a) Sr (a) é tratado injustamente no trabalho.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

B5 – O (a) Sr (a) vê poucas possibilidades de ser promovido (a) no futuro.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

B6 – O (a) Sr (a) passou ou ainda pode passar por mudanças não desejadas no trabalho.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

B7 – O (a) Sr (a) tem pouca estabilidade no trabalho.

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9

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

B8 – A posição que o (a) Sr (a) ocupa atualmente no trabalho está de acordo com seu nível educacional e

seu treinamento.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

B9 – No trabalho, considerando todos os seus esforços, o (a) Sr (a) recebe o respeito e o reconhecimento que

merece.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

B10 - Suas chances futuras no trabalho estão de acordo com o seu esforço e conquistas.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

B11 – Considerando todos os seus esforços e conquistas, seu salário/renda é adequado.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

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10

C1 – O (a) Sr(a) fica facilmente saturado (a) pelas pressões de tempo no serviço.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

C2 – O (a) Sr (a) começa a pensar nos problemas de trabalho logo que acorda pela manhã.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

C3 – Quando chega em casa, o (a) Sr (a) consegue relaxar e desligar-se do trabalho com facilidade.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

C4 – As pessoas próximas dizem que o (a) Sr (a) se sacrifica demais pelo seu trabalho.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

C5 – O trabalho raramente deixa o (a) Sr (a). Ele ainda está na sua cabeça quando o (a) Sr (a) vai dormir.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

PARTE C – COMPROMETIMENTO EXCESSIVO

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11

04 Discordo totalmente

C6 – O (a) Sr (a) não consegue dormir direito à noite se adiar alguma tarefa de trabalho que deveria ter feito hoje.

01 Concordo totalmente

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

ENTREVISTADOR (A):Agora apresentarei para o (a) Sr (a) idéias ou concepções que algumas

pessoas costumam ter em relação ao homem e à mulher. O (a) Sr (a) deverá dizer se concorda ou

discorda em cada uma das afirmativas que eu irei apresentar. (Apresentar CARTÃO DE RESPOSTAS 4)

A1. A mulher que pode escolher não deve trabalhar fora de casa.

01 Concordo

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

A2. A natureza da mulher a torna melhor profissional de enfermagem, serviço social e nutrição do que o

homem.

01 Concordo

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

A3. O homem é naturalmente mais capaz de assumir cargos de direção e comando do que a mulher.

01 Concordo

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

A4. Profissionalmente, os médicos são mais confiáveis do que as médicas.

01 Concordo

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

BLOCO IV – QUESTÕES SOBRE GÊNERO E TRABALHO

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12

04 Discordo totalmente

A5. As mulheres são pacientes mais fáceis de lidar do que os homens.

01 Concordo

02 Concordo mais que discordo

03 Discordo mais que concordo

04 Discordo totalmente

ENTREVISTADOR (A): Agora faremos algumas perguntas sobre sua saúde e alguns problemas que o (a) Sr.(a)

teve ou tenha.

De um modo geral, em comparação a pessoas da sua idade, como o (a) senhor (a) considera sua saúde?

(Apresente o CARTÃO DE RESPOSTA 5)

1 Excelente

2 Boa

3 Regular

4 Fraca

5 Muito fraca

A – Alguma vez um médico lhe informou que o (a) Senhor (a) teve ou tem alguma das seguintes

doenças?

A1 – Hipertensão (pressão alta)

01 Sim. Com que idade?------------------------------

02 Não 03 Sim, somente durante gravidez 04 Não sabe/ NQR

A2 - Diabetes

01 Sim. Com que idade? ------------------------------

02 Não 03 Sim, somente durante gravidez 04 Não sabe/ NQR

A3 – Colesterol alto (gordura no sangue)

BLOCO V - QUESTÕES SOBRE SAÚDE

PARTE A – DOENÇAS JÁ DIAGNOSTICADAS

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01 Sim. Com que idade?------------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A4 – Infarto do miocárdio (ataque do coração)

01 Sim. Com que idade?------------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A5 – Angina de peito (dor no peito ou isquemia ou má circulação no coração)?

01 Sim. Com que idade?--------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A6 – Insuficiência cardíaca (coração grande ou dilatado)

01 Sim. Com que idade?--------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A7 – Febre reumática (reumatismo com problema no coração, válvula entupida, sopro no coração que

exige controle médico)

01 Sim. Com que idade? -----------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A8 – Doença de Chagas

01 Sim. Com que idade?-------------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A9 – Acidente Vascular Cerebral

01 Sim. Com que idade?--------------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A10 – Doença do rim (insuficiência, pedra ou cálculo, nefrite, doença policística)

01 Sim. Com que idade? ------------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A11 - Trombose ou embolia

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14

01 Sim. Com que idade?----------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A12 – Asma (bronquite asmática)

01 Sim. Com que idade?----------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A13 – Enfisema, bronquite crônica ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

01 Sim. Com que idade?----------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A14 Artrite reumatóide, lúpus eritematoso, reumatismo, artrose, artrite ou outro problema nas

articulações (juntas)?

01 Sim. Com que idade?-------------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A15 – Cirrose de fígado ou hepatite

01 Sim. Com que idade?--------------------

02 Não 03 Não sabe/ NQR

A16- Câncer

01 Sim. Com que idade? ------------------------

02 Não 03 Não sabe / NQR

ENTREVISTADOR (A):As questões seguintes referem-se a afastamentos por motivo de doença que

porventura o (a) Sr (a) tenha tido no último ano ou nos últimos dez meses.

B1 – O (a) Sr (a) esteve afastado (a) das suas atividades laborais em decorrência de problemas de saúde no período

de JANEIRO A DEZEMBRO DE 2010?

PARTE B – AFASTAMENTOS POR MOTIVO DE DOENÇA

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15

01 Sim

02 Não

B2 - Quantas vezes isto aconteceu? _______vez (es) NSA

B3 – Qual foi o diagnóstico?_________________________________________ NSA

B4 – Quanto tempo o (a) Sr (a) permaneceu afastado nesse período?

anos meses dias NSA

B5 – O (a) Sr (a) esteve afastado (a) das suas atividades laborais em decorrência de problemas de saúde em2011?

01 Sim

02 Não

B6 - Quantas vezes isto aconteceu? _______vez (es) NSA

B7 – Qual foi o diagnóstico?_________________________________________ NSA

B8 – Quanto tempo o (a) Sr (a) permaneceu afastado nesse período?

anos meses dias NSA

ENTREVISTADOR (A): Verifique

Se B1 e / ou B5 = SIM, APLIQUE B9 e B10.

Se B1 e B5 = NÃO, PULE PARA A PARTE C.

B9 – O (a) Sr (a) recebeu o apoio necessário de seus colegas quando precisou ausentar-se do trabalho por motivo de

doença? (Apresentar CARTÃO DE RESPOSTAS 2).

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

06 NSA

B10 – O Sr (a) recebeu o apoio necessário do seu (sua) chefe quando precisou ausentar-se do trabalho por motivo

de doença? (Apresentar CARTÃO DE RESPOSTAS 2).

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16

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

06 NSA

ENTREVISTADOR (A): Agora gostaria de fazer algumas perguntas sobre como o (a) Sr(a) tem se sentido nos

últimos dias.

SEÇÃO A

A1. Às vezes, as pessoas se sentem tristes ou deprimidas. NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, o(a) Sr(a) tem se

sentido triste ou deprimido?

01 Sim----------------------

02 Não

01 Sim

02 Não

A2. NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, o (a) Sr (a) foi capaz de gostar ou se interessar pelas coisas como costumava fazer?

01 Sim

02 Não, não me divirto ou me interesso ----

01 Sim

02 Não

A3. ENTREVISTADOR (A) verifique:

PARTE C – QUESTÕES SOBRE A SITUAÇÃO EMOCIONAL

A4. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, o(a) Sr(a) se sentiu triste

ou deprimido(a)?

A5.NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, o (a) Sr(a) foi

capaz de gostar ou se interessar pelas

coisas como costumava fazer?

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17

SE A1 = NÃO E A2 = SIM, PULE PARA SEÇÃO C

SE A2 = NÃO E A5 = SIM, PULE PARA SEÇÃO C

SE A4 = NÃO E A2 = SIM, PULE PARA SEÇÃO C

SE A4 = NÃO E A5 = SIM, PULE PARA SEÇÃO C

SE A4 = SIM OU A5 = NÃO, APLIQUE A6

A6. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, em quantos dias o (a) Sr(a) se sentiu triste, deprimido(a)/incapaz de gostar ou se

interessar pelas coisas?

01 4 dias ou mais

02 2 a 3 dias

01 1 dia

A7. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, o(a) Sr(a) se sentiu triste, deprimido (a) / incapaz de gostar ou se

interessar pelas coisas, por mais de 3 horas no total em algum dia?

01 Sim

02 Não

A8. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, o que deixou o (a) Sr (a) triste, deprimido (a) / incapaz de gostar ou se

interessar pelas coisas? O (a) Sr (a) pode escolher uma ou mais opções deste cartão? Entrevistador (a):

MOSTRE O CARTÃO 6.

Situações com membros da sua família

Relacionamento com esposo(a) companheiro(a)

Relacionamento com amigos

Moradia

Problemas financeiros

Sua saúde física

b) Qual a principal razão? a) Múltipla escolha

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18

Sua saúde mental

Trabalho / estudo ou falta de trabalho

Problemas com a justiça

Problemas políticos / notícias

Outros ________________________________________________________

Não sabe informar / nada em especial

A9. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, quando o(a) Sr(a) estava triste, deprimido (a) / se sentindo incapaz de gostar ou se

interessar pelas coisas, alguma vez o (a) Sr (a) se sentiu mais alegre quando algo de bom aconteceu ou quando

estava acompanhado?

01 Sim, pelo menos uma vez

02 Não

A10. Há quanto tempo o (a) Sr (a) tem se sentido triste, deprimido (a) / incapaz de gostar ou se interessar

pelas coisas do modo como (a) Sr (a) me descreveu? Entrevistador (a): Apresente CARTÃO DE

RESPOSTAS 7)

01 Menos que duas semanas

02 Entre duas semanas e menos de seis meses

01 Entre seis meses e menos de um ano

02 Entre um ano e menos de dois anos

01 Dois anos ou mais

SEÇÃO B

APLIQUE ESTA SEÇÃO SE O (A) PARTICIPANTE RESPONDEU A4=SIM OU A5=NÃO. SE NÃO,

PASSE PARA A PRÓXIMA SEÇÃO C

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19

B1. Gostaria de perguntar sobre quando o (a) Sr (a) se sentiu triste deprimido (a) / incapaz de gostar ou se

interessar pelas coisas.

NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, o (a) Sr (a) se sentiu pior: LEIA AS ALTERNATIVAS

01 durante a manhã

02 no final do dia

03 não teve diferença

B2. Muitas pessoas sentem que, quando estão tristes, deprimidas / se sentem incapazes de gostar ou se

interessar pelas coisas têm seu desejo sexual modificado. NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, o (a) Sr (a) acha

que seu desejo sexual: LEIA AS ALTERNATIVAS

01 aumentou

02 diminuiu

03 ou está o mesmo de sempre

04 não se aplica

B3a. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, quando o(a) Sr(a) se sentiu triste, deprimido(a)/ incapaz de gostar ou se

interessar pelas coisas, o (a) Sr(a) estava tão inquieto (a) que não conseguia ficar sentado (a)?

01 Sim

02 Não

B3b. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, quando o(a) Sr(a) se sentiu triste, deprimido (a) incapaz de gostar ou se

interessar pelas coisas o(a) Sr (a) estava fazendo coisas mais lentamente como, por exemplo, caminhar

mais devagar?

01 Sim

02 Não

B3c. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, quando o (a) Sr (a) se sentiu triste deprimido (a) / incapaz de gostar ou se

interessar pelas coisas o(a) Sr (a) estava falando menos do que o normal?

01 Sim

02 Não

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B4. Agora, penseNOS ÚLTIMOS 7 DIAS. Em pelo menos uma ocasião, o (a) Sr (a) se sentiu culpado

(a) por alguma coisa que não deu certo, mesmo não sendo sua culpa?

01 Sim, ao menos uma vez

02 Não

B5. DURANTE OS ÚLTIMOS 7 DIAS, o(a) Sr (a) tem sentido que não é tão bom (boa) quanto as

outras pessoas?

01 Sim

02 Não

B6. DURANTE OS ÚLTIMOS 7 DIAS, o(a) Sr (a) se sentiu completamente sem esperança, por

exemplo, em relação ao seu futuro?

01 Sim

02 Não

B7. Entrevistador (a): Verifique

Se B4=NÃO e B5=NÃO e B6=NÃO, PULE PARA A SEÇÃO C

Se B4=SIM ou B5=SIM ou B5=SIM ou B6=SIM, APLIQUE B8

B8. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, o (a) Sr(a) sentiu que não vale a pena viver?

01 Sim

02 Sim, mas não nos últimos 7 dias (PULE PARA A SEÇÃO C)

03 Não (PULE PARA SEÇÃO C)

B9. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, o (a) Sr. (a) pensou em se matar?

0 1 Sim

02 Sim, mas não nos últimos 7 dias (PULE PARA A SEÇÃO C)

03 Não (PULE PARA SEÇÃO C)

(a). O (a) Sr (a) falou com seu médico sobre isso (pensar em se matar)?

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01 Sim

02 Não, mas falou com outra pessoa

03 Não

SEÇÃO C

ENTREVISTADOR (A):Agora, gostaria de perguntar sobre preocupações.

C1. NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, o (a) Sr (a) notou que estava mais preocupado (a) com as coisas do que

deveria estar?

01 Sim, preocupado

02 Não--------------------

01 Sim

02 Não (PULE PARA A SEÇÃO D)

C3 (a). O (a) Sr(a) pode me dizer o que tem deixado o(a) Sr (a) preocupado (a)NOS ÚLTIMOS 30

DIAS? Escolha uma ou mais opções desse cartão. Entrevistador (a):Mostre o CARTÃO DE

RESPOSTAS 6

Situações com membros da sua família

Relacionamento com esposo(a) companheiro(a)

Relacionamento com amigos

Moradia

Problemas financeiros

Sua saúde física (Vá para a PARTE D)

Sua saúde mental

C2 NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, o (a) Sr (a) teve alguma preocupação:

b) Qual a PRINCIPAL razão? a) Múltipla escolha

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Trabalho / estudo ou falta de trabalho

Problemas com a justiça

Problemas políticos / notícias

Outros __________________________

Não sabe informar / nada em especial

ENTREVISTADOR (A): Para as próximas perguntas, gostaria que o (a) Sr (a) pensasse sobre as

preocupações (EXCLUINDO AQUELAS RELACIONADAS A SUA SAÚDE FÍSICA) que o (a) Sr (a) teve.

C4. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, em quantos dias o(a) Sr (a) teve essas preocupações?(EXCLUINDO

PREOCUPAÇÕES REFERENTES À SUA SAÚDE FÍSICA)

01 4 dias ou mais

02 1 a 3 dias

03 nenhum (PULE PARA A SEÇÃO D)

C5. Tendo em vista sua situação atual, o (a) Sr (a) considera que tem se preocupado demais

(EXCLUINDO PREOCUPAÇÕES REFERENTES A SUA SAÚDE FÍSICA)

01 Sim

02 Não

C6. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, essas preocupações (EXCLUINDO AQUELAS REFERENTES A SUA

SAÚDE FÍSICA) foram: LER AS ALTERNATIVAS

01 muito desagradáveis

02 um pouco desagradáveis

03 ou não foram desagradáveis

C7.NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, o (a) Sr (a) esteve preocupado (a) (EXCLUINDO PREOCUPAÇÕES

REFERENTES A SUA SAÚDE FÍSICA) por mais de 3 horas no total, em algum dia?

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01 Sim

02 Não

C8. Há quanto tempo o(a) Sr (a) tem se preocupado com as coisas do modo como o (a) Sr (a) me

descreveu? (Apresentar CARTÃO DE RESPOSTAS 7)

01 Menos que duas semanas

02 Entre duas semanas e menos de seis meses

03 Entre seis meses e menos de um ano

04 Entre um ano e menos de dois anos

05 Dois anos ou mais

SEÇÃO D

D1. NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, o (a) Sr (a) tem se sentido ansioso (a) ou nervoso (a)?

01 Sim, ansioso ou nervoso

02 Não----------------------------

01 Sim

02 Não

Algumas pessoas têm fobias, isto é ficam nervosas ou desconfortáveis com coisas ou em situações

específicas em que não existe um perigo real, Por exemplo, elas podem ficar nervosas falando ou

comendo na frente de estranhos, quando estão longe de casa ou em salas cheias ou podem ter medo de

altura. Outros se sentem nervosos ao ver coisas como sangue ou aranhas.

D3. NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, o (a) Sr (a) se sentiu ansioso (a) ou nervoso (a) / tenso (a) com alguma

coisa ou situação específica em que não existia perigo real?

01 Sim

02 Não (D1= Não D2= NÃO, PULE PARA A PARTE D – USO DE MEDICAMENTOS )

D2. NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, o (a) Sr (a) notou alguma vez que seus

músculos estavam tensos ou que o (a) Sr (a) não conseguia

relaxar?

D4. Entrevistador(a): verifique

Se D1 = SIM ou D2 = SIM e D3 = SIM. APLIQUE D5

Se D1 = SIM ou D2 = SIM e D3 = NÃO. PULE PARA D6

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D5. NOS ÚLTIMOS 30 DIAS, quando o (a) Sr (a) se sentiu ansioso (a) ou nervoso (a) / tenso (a), isso

foi sempre ocasionado por alguma situação ou coisa específica ou às vezes o (a) Sr (a) sentiu ansiedade /

nervosismo/ tensão de uma maneira geral?

01 Sempre ocasionada por uma fobia. PULE PARA A PARTE D (USO DE MEDICAMENTOS)

02 Às vezes sentiu ansiedade em geral

D6. As próximas perguntas estão apenas relacionadas com ansiedade ou nervosismo / tensão de uma

maneira geral.

Em quantos, DOS ÚLTIMOS 7 DIAS, o (a) Sr (a) sentiu ansiedade / nervosismo/ tensão de uma

maneira geral?

01 4 dias ou mais

02 1 a 3 dias

01 Nenhum (PULE PARA A PARTE D - USO DE MEDICAMENTOS)

D7. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, essa ansiedade ou nervosismo / tensão foi: LEIA AS ALTERNATIVAS.

01 muito desagradáveis

02 um pouco desagradáveis

03 ou não foram desagradáveis

D8. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, quando o (a) Sr (a) se sentiu ansioso (a) ou nervoso (a) / tenso (a) o (a) Sr

(a) teve algum dos sintomas que APARECEM NESTE CARTÃO? MOSTRE O CARTÃO DE

RESPOSTAS 8

01 Sim--------------------------------------

01 coração acelerado ou palpitações

D7a. Qual desses sintomas o (a) Sr (a) teve quando

se sentiu ansioso (a) / nervoso (a) / tenso (a)? É

possível escolher mais de uma opção. MOSTRE O

CARTÃO 8

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02 mãos suadas ou tremendo

03 tontura

04 falta de ar

05 sensação estranha no estômago

06 boca seca

07 náusea ou vontade de vomitar

02 Não

D9. NOS ÚLTIMOS 7 DIAS, o (a) Sr (a) se sentiu ansioso (a) / nervoso (a) / tenso (a) por mais de 3

horas, no total, em algum desses dias?

01 Sim

02 Não

D10. Há quanto tempo o (a) Sr (a) tem sentido ansiedade / nervosismo / tensão de maneira geral do modo

como o (a) Sr (a) me descreveu? (Apresentar CARTÃO DE RESPOSTAS 7)

01 Menos que duas semanas

02 Entre duas semanas e menos de seis meses

03 Entre seis meses e menos de um ano

04 Entre um ano e menos de dois anos

05 Dois anos ou mais

ENTREVISTADOR (A):Agora faremos algumas perguntas sobre o uso de medicamentos que o (a) Sr

(a) tenha usado nas últimas duas semanas

1 – Nas últimas duas semanas, o (a) Sr (a) usou algum tipo de medicamento?

01 Sim

02 Não

2 – Em caso positivo, essa medicação é de uso contínuo?

01 Sim

02 Não, apenas de uso esporádico

PARTE D – USO DE MEDICAMENTOS

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03 NSA

3 – Para que foi / foram o (s) medicamento (s) que o(a) Sr (a) tomou durante as últimas duas semanas .

ENTREVISTADOR (A):Agora, gostaríamos de saber um pouco sobre os seus hábitos de vida. Vamos

falar sobre o hábito de fumar, uso de bebidas alcoólicas e sobre a prática de atividade física.

A1. O (a) Sr (a) fuma ou já fumou alguma vez na vida?

01 Sim -----------------------------

02 Não, mas já fumei

03 Não

A3. Com que freqüência o (a) Sr (a) consome bebidas alcoólicas (cerveja, vinho, cachaça, etc.)?

01 Nunca

02 Uma vez por mês ou menos

03 2 ou 4 vezes por mês

04 2 a 3 vezes por semana

05 4 ou mais vezes por semana

A4. Quantas doses/ copos/ taças, contendo álcool, o (a) Sr. (a) consome num dia em que normalmente bebe?

01 1 a 2

02 3 a 4

03 5 a 6

04 7 a 9

05 10 ou mais

06 NSA

A5. Em relação à atividade física, o (a) Sr (a) costuma realizar algum tipo de atividade física no seu

tempo livre?

BLOCO VI – HÁBITOS DE VIDA RELACIONADOS À SAÚDE

A2. Em geral, quantos cigarros por dia o (a)

Senhor (a) fuma?_____________________

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01 Sim. De que tipo?

01 Caminhada

02 Corrida

03 Ginástica de academia

04 Natação

05 Pedalar

06 Outro_____________________

02 Não

Quantos dias por semana o (a) Sr (a) faz esse tipo de atividade e quanto tempo no total elas duram por

dia?

dias por semana minutos/dia NSA

ENTREVISTADOR (A):Atualmente as pessoas vivem muito preocupadas com a situação de violência

que vem atingindo a sociedade moderna, inclusive em alguns espaços de trabalho. As perguntas

seguintes dizem respeito a algumas situações que o (a) Sr (a) possa ter vivenciado no seu trabalh.

A1 - Qual é o seu grau de preocupação com a violência na unidade da SESAB onde o Sr (a) trabalha? (Apresentar

CARTÃO DE RESPOSTAS 9).

01 Muito preocupado

02 Bastante preocupado

03 Preocupado

04 Pouco preocupado

05 Nada preocupado

A2 - NOS ÚLTIMOS 12 MESES, o (a) Sr (a)foi vítima de VIOLÊNCIA FÍSICA na unidade da

SESAB onde trabalha? (entende-se por VIOLÊNCIA FÍSICA o uso de força física contra outra pessoa

BLOCO VII - QUESTÕES SOBRE VIOLÊNCIA NO TRABALHO

PARTE A – VIOLÊNCIA

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ou grupo que resulta em dano físico, sexual ou psicológico. Inclui bater, dar pontapé, esbofetear, alvejar,

empurrar, morder, beliscar, contaminar com produtos orgânicos – p.e, saliva, sangue, entre outros)

01 Sim. Quantas vezes?___________

01 Chefe do setor. Supervisor ou Diretor

02 Colega de profissão

03 Médico da equipe

04 Outro profissional da equipe_________________

05 Usuário

06 Outros________________

02 Não

A5 - NOS ÚLTIMOS 12 MESES, o (a) Sr (a) foi vítima de AMEAÇA/AGRESSÃO VERBAL na

unidade da SESAB onde trabalha? (entende-se por AMEAÇA/AGRESSÃO VERBAL um comportamento

que humilha, degrada ou indica uma falta de respeito pela dignidade e valor de uma pessoa. É a

comunicação por palavras, tom ou postura que rebaixa, ameaça, acusa ou desrespeita o outro)

01 Sim. Quantas vezes?____________

01 Chefe do setor. Supervisor ou Diretor

02 Colega de profissão

03 Médico da equipe

04 Outro profissional da equipe_________________

05 Usuário

06 Outros________________

02 Não

A7 - NOS ÚLTIMOS 12 MESES, o (a) Sr (a)foi vítima de ASSÉDIO SEXUAL na unidade da SESAB

onde trabalha? (Entende-se por ASSÉDIO SEXUAL qualquer comportamento de natureza sexual

indesejado, não recíproco e mal recebido que é ofensivo para a pessoa envolvida que faz com que se

sinta ameaçada, humilhada ou embaraçada)

01 Sim. Quantas vezes?______________

A4 - Quem o (a) agrediu fisicamente?

A6 - Quem o (a) ameaçou verbalmente?

A8 - Quem o (a) assediou?

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01 Chefe do setor. Supervisor ou Diretor

02 Colega de profissão

03 Médico da equipe

04 Outro profissional da equipe_________________

05 Usuário

06 Outros________________

02 Não

A9 -Nos últimos 12 meses, o (a) Sr (a) sofreu DISCRIMINAÇÃO na unidade da SESAB onde trabalha?

(Entende-se por DISCRIMINAÇÃO qualquer conduta ameaçadora baseada na raça, cor, linguagem,

nacionalidade, religião, associação com uma minoria, nascimento ou outra característica que não é

recíproca nem desejada e que afeta a dignidade das mulheres ou dos homens no trabalho).

01 Sim. Quantas vezes?______ De que tipo?________________________

01 Chefe do setor. Supervisor ou Diretor

02 Colega de profissão

03 Médico da equipe

04 Outro profissional da equipe_________________

05 Usuário

06 Outros________________

02 Não

A11 - Nos últimos 12 meses, o (a) Sr (a) sofreu danos materiais contra a sua PROPRIEDADE

PESSOAL na unidade da SESAB onde trabalha? (Por exemplo: danos a seu veículo particular, assalto ou

roubo)

01 Sim. Quantas vezes?____________

01 Chefe do setor. Supervisor ou Diretor

A10 - Quem o (a) discriminou?

C1 - Quem provocou os danos?

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30

02 Colega de profissão

03 Médico da equipe

04 Outro profissional da equipe_________________

05 Usuário

06 Outros________________

02 Não

A6 - Nos últimos 12 meses, o (a) Sr (a) testemunhou na unidade da SESAB onde trabalha algum

incidente de: (indique mais de uma opção se for o caso)

01 Violência física

02 Ameaça / agressão verbal

03 Assédio moral

04 Assédio sexual

05 Discriminação

06 Violência contra propriedade pessoal

07 Não testemunhei nenhum incidente

A7 - Nos últimos 12 meses, quantas vezes o (a) Sr (a) testemunhou algum desses incidentes?

01 Uma vez

02 2 ou 4 vezes

03 5 a 10 vezes

04 várias vezes por mês

05 uma vez por semana

06 diariamente

07 Nenhuma

ENTREVISTADOR(A):as questões que se seguem referem-se a alguns comportamentos que podem ocorrer por

parte de colegas ou superiores. O (a) Sr (a) deverá responder de acordo com a resposta que melhor corresponde à

sua experiência nos últimos seis meses: (Apresentar CARTÃO DE RESPOSTAS 10).

PARTE B - QUESTÕES SOBRE ASSÉDIO MORAL

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B1. Alguém reteve informações que podem afetar o seu desempenho no trabalho?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B2. Foi humilhado (a) ou ridicularizado (a) em relação ao seu trabalho?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B3. Foi obrigado a realizar um trabalho abaixo do seu nível de competência?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B4. Áreas ou tarefas de sua responsabilidade foram retiradas ou substituídas por tarefas mais desagradáveis ou mais

simples?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B5. Espalharam boatos ou rumores sobre você?

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01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B6. Foi ignorado (a), excluído (a) ou “colocado (a) na geladeira”?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B7 – Foram feitos comentários ofensivos sobre a sua pessoa, suas atitudes ou sobre sua vida privada?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B8 – Gritaram com o (a) Sr (a) ou o(a) Sr (a) foi alvo de agressividade gratuita?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B9 – Foi alvo de comportamentos intimidativos tais como “apontar o dedo”, invasão do seu espaço pessoal,

empurrões?

01 Nunca

02 De vez em quando

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03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B10 – Recebeu sinais ou dicas de que você deve pedir demissão ou largar o emprego [transferir-se para outra

unidade]?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B11 – Foi constantemente lembrado dos seus erros ou omissões?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B12 – Foi ignorado ou foi recebido com uma reação hostil quando tentou uma aproximação?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B13 - Recebeu críticas persistentes ao seu trabalho e esforço?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

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34

05 Diariamente

B14 – Suas opiniões e pontos de vista foram ignorados?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B15 – Pessoas com as quais você não tem intimidade lhe aplicaram “pegadinhas”?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B16 – Foi solicitado (a) a realizar tarefas despropositadas ou com um prazo impossível de ser cumprido?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B17 - Foram feitas alegações contra o (a) Sr (a)?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

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05 Diariamente

B18 – Sofreu supervisão excessiva de seu trabalho?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B19 – Foi pressionado a não reclamar um direito que o (a) Sr (a) tem?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B20 – Foi submetido a sarcasmos ou alvo de brincadeiras excessivas?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

B21 – Foi exposto a uma carga de trabalho excessiva?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

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05 Diariamente

B22 – Foi ameaçado (a) de violência ou abuso físico ou foi alvo de violência real?

01 Nunca

02 De vez em quando

03 Mensalmente

04 Semanalmente

05 Diariamente

ENTREVISTADOR (A):As perguntas seguintes dizem respeito a acidentes ou lesões físicas que possam

ter ocorrido com o (a) Sr (a) na unidade da SESAB onde trabalha.

C1. Alguma vez na vida o (a) Sr (a) sofreu algum tipo de lesão física ou acidente no seu local de

trabalho?

01 Sim

02 Não

C2. Em caso positivo, de que tipo?

01 Acidente com pérfuro-cortante

02 Queda

03 Outro__________________________________

C3. Em caso positivo, foi feita a notificação à Junta Médica?

01 Sim

02 Não

BLOCO VIII - QUESTÕES SOBRE RELIGIÃO

PARTE A - DENOMINAÇÃO RELIGIOSA

PARTE C – ACIDENTE DE TRABALHO

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ENTREVISTADOR (A): As próximas perguntas que farei referem-se à prática de atividade religiosa

A1. O (a) Sr (a) tem alguma religião ou freqüenta algum grupo religioso?

01 Católico

02 Evangélico

03 Protestante

04 Candomblé

05 Espírita

06 Espiritualista

97 Outra. Qual?_______________________________________

08 Não tem religião, mas acredita em Deus

09 É ateu

A2. Para quem tem religião: o (a) Sr (a) é praticante?

01 Sim

02 Não

03 Não se aplica

A3. Com que freqüência o (a) Sr (a) participa das atividades da sua religião?

01 Diariamente

02 Duas ou três vezes por semana

03 Semanalmente

04 Quinzenalmente

05 Mensalmente

06 Anualmente

07 Não se aplica

ENTREVISTADOR (A): Independentemente de ter ou não ter religião, as questões seguintes referem-se às suas

crenças pessoais, e o quanto elas afetam a sua qualidade de vida. As questões dizem respeito não somente à

religião ou à espiritualidade, bem como a outras crenças que o (a) Sr (a) possa ter. (Apresente o CARTÃO DE

RESPOSTAS 2)

PARTE B -QUESTÕES SOBRE CRENÇAS PESSOAIS – SRPB

Domínio: “espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais”

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38

B1 – Até que ponto alguma ligação a um ser espiritual ajuda o (a) Sr (a) a passar por épocas difíceis?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B2 – Ate que ponto alguma ligação a um ser espiritual ajuda o (a) Sr (a) a tolerar o estresse?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B3 – Até que ponto alguma ligação a um ser espiritual ajuda o (a) Sr (a) a compreender os outros?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B4 – Até que ponto alguma ligação a um ser espiritual conforta / tranqüiliza o (a) Sr (a)?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B5 – Até que ponto o (a) Sr (a) encontra um sentido na vida?

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39

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B6 – Até que ponto cuidar de outras pessoas proporciona um sentido na vida para o (a) Sr (a)?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B7 – Até que ponto o (a) Sr (a) sente que a sua vida tem uma finalidade?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B8 – Até que ponto o (a) Sr (a) sente que está aqui por um motivo?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B9 – Até que ponto o (a) Sr (a) consegue ter admiração pelas coisas a seu redor (por exemplo: natureza, arte,

música?

01 Nada

02 Muito pouco

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40

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B10 – Até que ponto o (a) Sr (a) se sente espiritualmente tocado pela beleza?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B11 – Até que ponto o (a) Sr (a) tem sentimentos de inspiração (emoção) na sua vida?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B12 – Até que ponto o (a) Sr (a) se sente agradecido por poder apreciar (“curtir”) as coisas da natureza ?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B13 – Até que ponto o (a) Sr (a) sente alguma ligação entre a sua mente, corpo e alma ?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

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41

B14 – Quão satisfeito o (a) Sr (a) está por ter um equilíbrio entre a mente, o corpo e a alma?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B15 – Até que ponto o (a) Sr (a) sente que a maneira em que vive está de acordo com o que você sente e pensa?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B16 – Quanto as suas crenças ajudam-no a criar uma coerência (harmonia) entre o que o (a) Sr (a) faz, pensa e

sente?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B17 – Até que ponto o (a) Sr (a) sente força espiritual interior?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B18 – Até que ponto o (a) Sr (a) pode encontrar força espiritual em épocas difíceis?

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42

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B19 – Quanto a força espiritual o ajuda a viver melhor?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B20 – Até que ponto a sua força espiritual o ajuda a se sentir feliz na vida?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B21 - Até que ponto o (a) Sr (a) se sente em paz consigo mesmo?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B22 - Até que ponto o (a) Sr (a) tem paz interior?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

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43

05 Extremamente

B23 - Quanto o (a) Sr (a) consegue sentir paz quando você necessita disso?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B24 - Até que ponto o (a) Sr (a) sente um senso de harmonia na sua vida?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B25 - Quão esperançoso o (a) Sr (a) se sente?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B26 - Até que ponto o (a) Sr (a) está esperançoso com a sua vida?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

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B27 - Até que ponto ser otimista melhora a sua qualidade de vida?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B28 - Quanto o (a) Sr (a) é capaz de permanecer otimista em épocas de incerteza?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B29 - Até que ponto a fé contribui para o seu bem-estar?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B30 - Até que ponto a fé lhe dá conforto no dia-a-dia?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B31 - Até que ponto a fé lhe dá força no dia-a-dia?

01 Nada

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45

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

B32 - Até que ponto a fé o ajuda a gozar (aproveitar) a vida?

01 Nada

02 Muito pouco

03 Mais ou menos

04 Bastante

05 Extremamente

ENTREVISTADOR (A):Aqui nós concluímos a nossa entrevista. O (a) Sr (a) tem alguma observação a

fazer ou algo mais a acrescentar?

_________________________________________________________________________

Agradecemos pela sua colaboração!

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA

Trabalho e saúde: um estudo com servidores da saúde no

Estado da Bahia Projeto de Pesquisa

Manual do Entrevistador

Agosto - 2011

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2

Prezado (a) entrevistador (a),

O instrumento de produção de dados do estudo “Trabalho e saúde: um estudo com servidores da

saúde no Estado da Bahia” está dividido em blocos, no total de 5(cinco) sendo, também,

subdivididos em partes.

PROCEDIMENTOS PARA A REALIZAÇÃO DA ENTREVISTA

1 – Ao chegar à unidade onde o servidor é lotado, identifique-se na portaria apresentando o

crachá e solicitando acesso aos setores, onde os servidores trabalham. Em caso de

necessidade, procure o Setor de Recursos Humanos ou verifique a existência de Núcleos de

Saúde Ocupacional para solicitar algum tipo de apoio na realização das entrevistas.

Verifique se o servidor encontra-se de plantão nesse dia, caso contrário obtenha

informações sobre quando pode encontrá-lo.

2 – Ao localizar o servidor, identifique-se com a seguinte consigna; “Meu nome é..... Sou

entrevistadora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia e estou

aqui para fazer uma pesquisa sobre condições de saúde do trabalhador da saúde, poderia

falar com o Sr (a)?”.Todo entrevistador deverá portar o crachá em lugar visível e também a

carta de apresentação, que poderá ser mostrada em caso de necessidade.

3 – Consulte o servidor acerca do melhor momento para a entrevista e sobre um lugar para a

sua realização que permita um mínimo de privacidade. Diga que a conversa será em

particular para evitar a permanência de outras pessoas no lugar da entrevista.

4 - Inicie prestando informações sobre a pesquisa, explicando seu objetivo e os benefícios

que ela poderá trazer. Acrescente em linhas gerais o que você irá fazer nessa entrevista e o

tipo de dados que pretende obter. Ressalte que está assegurado a confidencialidade e que o

uso das informações será exclusivamente para fins científicos. Informe que a entrevista

deverá ter uma duração aproximada de 30 minutos.

5 – Obtenha uma resposta sobre a aceitação em participar da pesquisa e, obviamente, de ser

entrevistado (a) naquele momento. Apresente o termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, explicando tratar-se de um procedimento exigido pelo Comitê de Ética em

Pesquisa a fim de confirmar a participação voluntária do servidor. Esclareça que a

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3

participação não é obrigatória e que o servidor poderá recusar responder alguma pergunta

do questionário ou interromper a qualquer momento. Entretanto, ressalte a importância da

sua participação para o êxito da pesquisa.

6 - Procure ser rápido, evitando conversas paralelas ou tomando muito tempo do

entrevistado. Informe que posteriormente ele deverá ser procurado por uma pessoa da

equipe da pesquisa para confirmação de alguns dados.

7 – Antes de sair, dê uma olhada em todas as folhas utilizadas para ver se houve

esquecimento de alguma coisa. Lembre-se que se houver falha você deverá voltar para uma

reentrevista.

8 – Agradeça e se despeça com gentileza.

II - PROCEDIMENTOS PARA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

BLOCO I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

PARTE A – DADOS INSTITUCIONAIS

(Para agilizar, esses dados poderão ser preenchidos minutos antes da entrevista)

A1. Formulário n°. Todo questionário deverá trazer um número no local indicado que será

seqüenciado, de acordo com a ordem da realização das entrevistas e/ou entrega dos

questionários à coordenação. Ficará a cargo da coordenação da pesquisa enumerar os

questionários à proporção que forem entregues pelos entrevistadores.

A2. Código da Unidade: refere-se à unidade em que o (a) servidor (a) está lotado (a),

não sendo ainda o setor em que exerce suas atividades. Por exemplo: O (a) servidor (a)

está lotado (a) no Hospital Geral do Estado e exerce suas atividades na Emergência.

Outro (a) está lotado (a) na Superintendência de Recursos Humanos, mas exerce as

atividades na Escola Estadual de Saúde Pública.

H01 – Hospital Central Roberto Santos

H02 – Hospital Geral do Estado

H03 – Hospital Geral Ernesto Simões Filho

H04 – Hospital João Batista Caribé

H05 – Hospital Otávio Mangabeira

H06 – Hospital Couto Maia

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4

H07 – Hospital Juliano Moreira

H08 – Hospital Especializado Mário Leal

H09 – Hospital Especializado Dom Rodrigo de Menezes

H10 – Hospital Manoel Vitorino

M01 – Maternidade Tsyla Balbino

M02 – Maternidade Albert Sabin

M03 – Instituto de Perinatologia da Bahia – IPERBA

CR01 – CICAN

CR02 – CEDEBA

CR03 – CREASI

CR04 – LACEN

CR05 – CIAVE

CR06 – CEDAP

CR07 - CEPRED

NC01 – SAIS – Superintendência de Atenção Integral à Saúde

NC02 – SAFTEC – Superintendência de Assistência Farmacêutica Ciência e

Tecnologia

NC03 – SUREGS – Superintendência de Regulação da Saúde

NC04 – SUVISA – Superintendência de Vigilância à Saúde (DIVEP, DIVISA, DIS e

CESAT)

NC05 – SUPERH – Superintendência de Recursos Humanos da Saúde

NC06 – Diretoria Geral

NC07 – Auditoria

NC08 – Outros

UE01 – Todas as unidades de emergência de pequeno porte (Pirajá, Cajazeiras,

Plataforma e Curuzu)

A3. Matrícula da entrevistada: número de identificação do (a) servidor (a) que consta

na relação de selecionados entregue a cada entrevistador (a). Cuide para anotá-lo sem

errar, pois no questionário não deverá constar o nome do (a) servidor (a), sendo a

matrícula a única forma de identificação, caso haja a necessidade de rever informações.

A4. Código do (a) Entrevistador (a): Número de identificação que cada entrevistador

(a) recebeu da coordenação da pesquisa

A5. Data da Entrevista: dia, mês e ano em que a entrevista foi realizada

A6. Local da Entrevista: local em que a entrevista foi realizada com as seguintes

opções: Trabalho (referindo-se à unidade da SESAB onde o (a) servidor (a) trabalha);

Residência (residência do entrevistado (a) e Outro – especificar). Caso a realização

da entrevista aconteça no período de féria ou licença prêmio do (a) servidor (a)

coloque esta observação ao lado da questão A6.

PARTE B - DADOS PESSOAIS E VIDA FAMILIAR

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5

B1 Idade: idade em anos do (a) entrevistado (a). Data de Nascimento: registrar o dia, mês e

ano de nascimento

B2 Sexo: feminino ou masculino

B3. Local de moradia: Capital: para os que residem em Salvador, especificando o bairro;

Interior: para os que residem fora de Salvador, em cidades do interior do estado, incluindo

região metropolitana. No espaço em branco deve ser registrado o nome do município.

B4. Raça ou cor: o (a) entrevistado (a) deverá escolher uma das opções apresentadas, não sendo

aceitas outras classificações. Deixar claro que a resposta deve ser de acordo como ele (a) se vê.

Caso o (a) entrevistado (a) não concorde com nenhuma das opções ou não souber responder,

assinalar a resposta correspondente: não quis responder ou não sabe.

B5.Grau mais alto de educação cursado: refere-se ao nível mais alto de educação

alcançado pelo (a) entrevistado (a). Com exceção dos itens 2, 3 e 4 em que existem as

opções completo e incompleto, todos os demais somente deverão ser assinalados se o

(a) servidor (a) concluiu o curso.

B6.Situação conjugal atual: refere-se ao estado civil do (a) entrevistado (a) contemplando

também aqueles que vivem conjugalmente, ainda que a relação não seja oficial.

B7 e B8. Filhos: informar se o entrevistado (a) possui filhos e, em caso positivo, a quantidade

de filhos. Informar apenas a idade do mais velho e do mais novo, independentemente de ter

mais de dois filhos.

B9. Pessoas que residem com o (a) entrevistado (a): número de pessoas que residem no

mesmo domicílio do (a) entrevistado (a). Observar que na resposta o entrevistado (a) não está

incluído (a), sendo registrado, apenas, o número de pessoas que residem em sua companhia.

B10. O chefe da família ou o principal responsável pela casa. O provedor da casa,

responsável pela administração e finanças.

B11. Realização de atividades domésticas como lavar, passar cozinhar, limpar e cuidar de

filhos. Assinalar sim, quando o entrevistado realiza essas atividades em algum momento,

independentemente do tempo e não, quando não realiza

B12. Tempo no total que o (a) entrevistado (a) costuma gastar, por semana, na

realização dessas atividades. Computar em horas ou minutos o tempo total que o (a)

entrevistado (a) costuma gastar por semana na realização das atividades domésticas

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6

referidas na questão anterior. Caso não realize em momento algum, assinalar a opção:

Não realiza essas atividades.

B13. Ajuda na realização dessas atividades em casa. Escolher as opções: nunca, caso

não receba ajuda em momento algum; de vez em quando, se recebe ajuda

esporadicamente e sempre, quando as atividades são compartilhadas ou realizadas por

membros da família ou funcionária da casa.

B14. Renda total da família no mês passado. Soma total da renda individual de cada membro

da família que reside no mesmo domicílio do (a) entrevistado (a). Assinalar de acordo com a

faixa salarial, tomando por parâmetro o salário mínimo.

1 SM até 3 SM = 545,00 a 1.635,00

Acima de 3 SM até 6 SM = 1.636,00 a 3.720,00

Acima de 6 SM até 10 SM = 3.721,00 a 5.450,00

Acima de 10 SM até 14 SM = 5.451,00 a 7.630,00

Acima de 14 SM = 7.631,00 e mais

Caso o (a) entrevistado (a) não lembre e ou se recuse a responder assinalar as opções

correspondentes.

A1. Data admissão na SESAB. Refere-se à data em que o (a) entrevistado (a) assinou o

contrato com o órgão público (SESAB). Preferencialmente expressa em dia, mês e ano.

Caso o (a) servidor (a) não lembre, tentar registrar pelo menos o ano.

A2. Unidades que já trabalhou. Todas as unidades em que o (a) entrevistado (a)

trabalhou desde a sua admissão na SESAB, incluindo a unidade em que trabalha

atualmente.

A3. Lotação atual. Unidade da SESAB em que o (a) entrevistado (a) está lotado (a) e que

trabalha atualmente. Caso o servidor possua outro vínculo com a SESAB considerar nesse

momento apenas o vínculo que foi selecionado para a realização da pesquisa.

BLOCO II – QUESTÕES SOBRE CARACTERÍSTICAS OCUPACIONAIS

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7

A4. Tipo de unidade: perfil da unidade com relação ao tipo de assistência que presta à

comunidade.

Hospital de Emergência (grande e médio porte): Hospital Roberto Santos, Hospital Geral do

Estado; Hospital Ernesto Simões Filho e Hospital João Batista Caribé.

Hospital Especializado: Hospital Couto Maia, Hospital Otávio Mangabeira, Hospital

Dom Rodrigo de Menezes, Hospital Juliano Moreira, Hospital Especializado Mário

Leal.

Unidade de Atenção Especial à Saúde: CICAN, LACEN, CEPRED, CEDEBA. CREASI,

CEDAP, CIAVE.

Nível Central: Área da gestão, compreendendo a diretoria geral, auditoria, superintendências e

demais setores envolvidos com a gestão da SESAB.

Outro: alguma outra situação que não se enquadre nas unidades referidas, como por

exemplo, assistência domiciliar.

A5. Atividade profissional: cargo para o qual foi nomeado (médico, assistente social,

auxiliar de enfermagem etc).

A6. Tipo de atividade que desenvolve atualmente

Assistencial, caso trabalhe no atendimento direto à população no que se refere aos

cuidados com a saúde; administrativa quando se tratar de atividades mais burocráticas,

semelhantes as exercidas pelos que trabalham em serviço de arquivo médico, setor

pessoal etc.; gestão, quando se tratar de atividades técnicas voltadas para a formulação e

implementação de políticas, ações e programas, supervisão, coordenação e gerência;

auditoria e fiscalização e outros (especificar)

A7. Horas que trabalha por dia: número total de horas que trabalha por dia na unidade da

SESAB onde está lotado (a) e na qual foi selecionado (a) para a pesquisa.

A8. Quantidade de dias que trabalha na semana neste lugar: número de dias que

trabalha por semana na unidade da SESAB onde é lotado (a) e na qual foi selecionado

(a) para a pesquisa.

A9. Tempo de lotação: tempo em anos, meses ou dias em que está lotado na unidade

da SESAB em que trabalha atualmente.

A10. Função compatível com o nível de escolaridade e de capacitação: com cinco

opções de resposta, o (a) servidor (a) irá avaliar se as funções e as atividades que

desenvolve estão de acordo com a formação e capacitação que recebeu.

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8

A11. Como se sente em relação ao seu trabalho: refere-se ao nível de satisfação do (a)

servidor (a) com relação ao seu trabalho, com cinco opções de resposta.

ERRATA: As três questões que se seguem deverão ter a sua numeração corrigida A8

(=A12) A9 (=A13) e A10 (=A14)

A12. Outro vínculo profissional: outros vínculos que o servidor possua com o serviço

público em suas diversas instâncias, com o serviço privado ou se trabalha por conta

própria. Será aceita mais de uma resposta.

OBSERVAÇÃO: as questões seguintes só deverão ser aplicadas se o entrevistado (a)

respondeu sim às questões A8 (leia-se A12)

A13. Horas de trabalho em outros lugares. Esta questão é para aqueles (as) que

possuem outro vínculo com a SESAB ou com outras instâncias, sendo a soma de horas

trabalhadas nesses lugares, por semana.

A14. Número de dias por semana que trabalha em outros lugares. Da mesma forma

que a questão anterior, esta questão só deverá ser respondida por quem possui outros

vínculos. É o total de dias por semana que o (a) servidor (a) trabalha em função desses

outros vínculos.

O Effort-Reward Imbalance é uma escala em forma de likert que deve ser apresentada a (o)

entrevistado (a) em forma de afirmativas. O (a) entrevistado (a) deverá escolher uma das

respostas apresentadas. Cuide para que nenhuma questão fique sem resposta.

Afirmativas sobre concepçõesque as pessoas costumam ter em relação ao homem e à

mulher. O (a) entrevistado (a) deverá dizer se concorda ou discorda sobre cada uma das

afirmativas que serão apresentadas.

BLOCO V - QUESTÕES SOBRE SAÚDE

BLOCO III – QUESTÕES SOBRE AS CONDIÇÕES DE TRABALHO – Effort-Reward Imbalance

BLOCO IV – QUESTÕES SOBRE GÊNERO E TRABALHO

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9

A primeira questão do bloco investiga a concepção do (a) servidor (a) com relação a sua própria

saúde. É como ele (a) avalia a própria saúde.

Registro das doenças diagnosticadas em algum momento da vida do (a) servidor (a). Em

caso positivo, registrar a idade que o servidor (a) tinha quando recebeu o diagnóstico

pela primeira vez.

B1 – Afastamento em decorrência de problemas de saúde no período de JANEIRO A

DEZEMBRO DE 2010. Considerar apenas os afastamentos por motivo de doença com atestado

médico, ocorridos em 2010.

B2 – Número de vezes que se afastou por motivo de doença. Computar o número de

vezes que o (a) servidor (a) precisou afastar-se em decorrência de problemas de saúde,

com atestado médico, em 2010.

B3 – Diagnóstico. Registrar o diagnóstico médico. No caso de mais de um afastamento

com diagnósticos diferentes, registrar todos os diagnósticos, na ordem em que

aconteceram em 2010.

B4 – Tempo de afastamento. Tempo total que o (a) servidor (a) permaneceu afastado,

considerando todos os afastamentos por doença ocorridos no período. Registrar em anos

se o afastamento aconteceu em todo o período de 2010. Pode ser computado pelo

número de atestados emitidos e número de licenças iniciais e renovadas, no caso de

afastamentos por mais de 15 dias, através da Junta Médica.

B5 – Afastamento das atividades laborais em decorrência de problemas de saúde neste ano

de 2011. Considerar nesta questão apenas os afastamentos por doença com atestado médico,

ocorridos em 2011.

PARTE B – AFASTAMENTOS POR MOTIVO DE DOENÇA

PARTE A – DOENÇAS JÁ DIAGNOSTICADAS

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10

B6 – Número de vezes que se afastou por motivo de doença. Computar o número de

vezes que o (a) servidor (a) precisou afastar-se em decorrência de problemas de saúde

em 2011. Pode ser computado pelo número de atestados emitidos e número de licenças

iniciais e renovadas, no caso de afastamentos por mais de 15 dias, através da Junta

Médica.

B7 – Diagnóstico. Registrar o diagnóstico médico. No caso de mais de um afastamento

com diagnósticos diferentes, registrar todos os diagnósticos, na ordem em que

aconteceram em 2011.

B8 – Tempo de afastamento. Tempo total que o (a) servidor (a) permaneceu afastado,

considerando todos os afastamentos por doença ocorridos no período. Registrar em

anos apenas se o afastamento aconteceu em todo o período de 2011.

ENTREVISTADOR (A): Apenas se as questões B1 e ou B5 foram SIM, serão

aplicadas as questões B9 e B10.

B9 e B10 – Apoio necessário de colegas e chefia nas ausências por motivo de doença.

Refere-se ao modo como colegas e chefia acolhe e aceita o afastamento do (a) servidor (a) sem

expressar hostilidade e desconfiança, apoiando-o (a) e ajudando-o (a) na sua recuperação e

reabilitação, se necessário.

Esta parte do questionário, composta de quatro seções – A, B, C e D – refere-se a uma única

escala de avaliação, devendo ser aplicada com bastante atenção, uma vez que nenhuma questão

poderá ficar sem resposta, a não ser quando não houver necessidade de resposta (pulos).

Observe que algumas questões referem-se a acontecimentos ocorridos nos últimos 30 dias,

enquanto que outros, nos últimos 7 dias, sendo o dia da entrevista a data de referência.

Recomenda-se assistir o vídeo disponibilizado anteriormente, com a simulação desta parte da

entrevista.

PARTE C – QUESTÕES SOBRE A SITUAÇÃO EMOCIONAL

PARTE D – USO DE MEDICAMENTOS

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Na parte D será investigado o uso de medicamentos por parte dos entrevistados, nas

últimas duas semanas. Verificar se a medicação é de uso contínuo. É o caso de

medicações para hipertensos, diabéticos ou outros problemas de saúde que requeiram a

utilização diária ou sistemática da medicação. As medicações de uso esporádico são

aquelas que o indivíduo utiliza apenas quando há uma necessidade pontual, decorrente

de doenças agudas ou agravos cujos sintomas aparecem de forma eventual, como é o

caso de alguns problemas osteomusculares. Na questão 3 deverá ser especificado a

doença ou agravo que motivou o uso do medicamento e não o nome do medicamento.

O bloco VI investiga hábitos de vida relacionados com tabagismo, uso de bebidas

alcoólicas e atividade física.

A1 e A2.Tabagismo: deverá ser informado se o (a) entrevistado (a) fuma, já fumou

alguma vez na vida ou nunca fumou. Caso ainda fume, registrar a quantidade de

cigarros que é consumida diariamente.

A3.Uso e freqüência de bebidas alcoólicas: a resposta à questão pode ser nunca, se o

(a) entrevistado (a) não consome nenhum tipo de bebida alcoólica em nenhum

momento. Caso faça uso de bebidas alcoólicas, especificar a periodicidade do uso. As

pessoas que costumam fazer uso de bebidas apenas em ocasiões especiais, como festas

de aniversário e casamento e outras comemorações, serão contempladas com a resposta

de n° 2: uma vez por mês ou menos.

Na questão A4 informar a quantidade de doses, copos ou taças (a depender do tipo de

bebida utilizada)

A5. Atividade Física. Considerar os casos em que os (as) entrevistados (as) realizam

atividades físicas regulares, ou seja, toda a semana. Se por algum motivo, em

determinada semana, a atividade não pôde ser realizada, ainda assim a prática deverá ser

considerada. Caso a pessoa realize mais de um tipo de atividade, assinalar mais de uma

resposta. Na última questão registrar quantos dias por semana e quantos minutos por dia

são gastos com a (s) atividade (s).

Neste bloco, parte A, serão investigadas situações de violência que o (a) servidor (a)

possa ter vivenciado nos últimos 12 meses na unidade onde exerce suas atividades. A

BLOCO VII - QUESTÕES SOBRE VIOLÊNCIA NO TRABALHO

PARTE A – VIOLÊNCIA

BLOCO VI – HÁBITOS DE VIDA RELACIONADOS À SAÚDE

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primeira questão visa avaliar o grau de preocupação com relação a esta questão. As

modalidades de violência encontram-se definidas em cada uma das questões. Em caso

de resposta positiva informar quem foi o (a) agressor (a) e o número de vezes que a

agressão aconteceu. Na eventualidade da violência ter sido freqüente com agressores

distintos, assinalar mais de uma resposta na questão que especifica o (a) agressor (a).

A parte B compreende o instrumento denominado NAQ – Questionário de Atitudes Negativas e

compõe-se de 23 questões referentes a comportamentos que tenham ocorrido nos últimos seis

meses. O (a) entrevistado (a) deverá responder nunca se no período mencionado o

comportamento não aconteceu. Caso tenha ocorrido responderá de acordo com a periodicidade

que o mesmo aconteceu.

Esta parte do instrumento visa investigar a ocorrência de acidentes de trabalho,

porventura ocorridos no local de trabalho. As lesões podem ser acidentais ou não,

como, por exemplo, uma agressão física. Não estarão incluídos os acidentes de

percurso.

A1. Religião – denominação religiosa ou crença cultuada pelo (a) entrevistado (a). Assinale a

alternativa, a depender do modo como o indivíduo se autodenomina.

A2 e A3. Prática religiosa – será considerado praticante o (a) entrevistado (a) que

possua uma religião e que frequente ou cultue esta crença diariamente, duas ou três

vezes por semana, semanalmente etc.

BLOCO VIII - QUESTÕES SOBRE RELIGIÃO

PARTE B -QUESTÕES SOBRE CRENÇAS PESSOAIS – SRPB

Domínio: “espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais”

PARTE B - QUESTÕES SOBRE ASSÉDIO MORAL

PARTE A - DENOMINAÇÃO RELIGIOSA

PARTE C – ACIDENTE DE TRABALHO

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Esta parte será aplicada independentemente de ter ou não ter religião, sendo as questões

referentes às crenças pessoais, e o quanto elas afetam a qualidade de vida das pessoas. As

questões dizem respeito não somente à religião ou à espiritualidade, bem como a outras crenças

que o indivíduo possa ter. As questões se aplicam a qualquer pessoa não importando a sua

crença.

Ao final do questionário foi disponibilizado um espaço para o registro de observações

que o (a) entrevistado (a) venha a fazer acerca do estudo.

ANOTAÇÕES DO (A) ENTREVISTADOR (A)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

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INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA

Salvador, 10 de outubro de 2011.

Prezado (a).................................................................................................................. .................

O motivo desta é para informá-lo sobre a realização de uma pesquisa que está sendo conduzida pelo

Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia com apoio da Fundação de Apoio à

Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB e autorização da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia –

SESAB. Trata-se de um estudo com trabalhadores da saúde e tem por objetivo investigar as suas

condições de trabalho e saúde. O estudo será realizado com uma amostra de 800 servidores lotados no

nível central e em unidades sob gestão direta da SESAB, localizadas em Salvador. A escolha dos

participantes é aleatória, sendo que você foi uma das pessoas selecionadas para esse estudo.

Breve você será procurado (a) em seu local de trabalho por um (a) entrevistador (a) devidamente treinado

(a) que se identificará e, mediante um questionário contendo perguntas fechadas, realizará a entrevista

para a produção dos dados. A entrevista tem previsão de 30 minutos e as perguntas que serão feitas dizem

respeito às características sócio-demográficas, ocupacionais, sobre as condições de saúde e sobre

situações que você possa vivenciar ou ter vivenciado no local ou no processo de trabalho em saúde.

Antes da entrevista você deverá dar o seu consentimento para a realização, assinando o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido que também será assinado pelo entrevistador, conforme determinação

da Resolução n° 196/2006 que dispõe sobre os aspectos éticos envolvendo pesquisas com seres humanos.

Uma cópia do documento ficará com você e nele você terá informações sobre a pesquisa e telefones para

contato com a Coordenação e equipe da pesquisa, caso necessite de outras informações.

A pesquisa é sigilosa e confidencial, sendo as informações utilizadas apenas para fins científicos e como

subsidio para a formulação de políticas, realização de ações e programas de prevenção e promoção da

saúde do trabalhador da saúde. A sua participação é livre, mas de fundamental importância para o êxito da

pesquisa, pois através do estudo será possível identificar e prevenir situações no trabalho em saúde que

podem levar ao adoecimento e com repercussões sobre os serviços prestados à população.

Finalmente, ressalta-se o nosso compromisso com o trabalho que será realizado no sentido de apresentar

os resultados da pesquisa assim que a investigação estiver concluída.

Desde já agradecemos pela participação e confiança

Isabela Cardoso de Matos Pinto

Professora Adjunta e Vice-Diretora do Instituto de Saúde Coletiva

Coordenadora do Projeto de Pesquisa “Trabalho e Saúde: um estudo com trabalhadores da SESAB

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA

Apoio: Fundação de Apoio à pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB

Secretaria da Saúde do Estado da Bahia

“Estudo sobre o Perfil de Morbidade dos Trabalhadores de Saúde da Secretaria da

Saúde do Estado da Bahia”

Trabalho e Saúde: Um estudo com servidores da SESAB

Eu,______________________________________,concordo em participar deste estudo

que tem por objetivo investigar o perfil da morbidade dos trabalhadores de saúde da

Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, identificando possíveis fatores que se acham

associados a essas morbidades. Os resultados deste estudo poderão contribuir para o

planejamento de ações voltadas para a implantação de programas de atenção à saúde do

trabalhador do Sistema Único de Saúde e de ações de promoção e prevenção de doenças

ocupacionais entre trabalhadores da saúde. Estou ciente e seguro (a) que os dados por

mim fornecidos serão utilizados unicamente para fins científicos e em hipótese alguma

minha identidade será revelada.

Salvador,___/____/____

________________________

________________________

_

ENTREVISTADO (A) ENTREVISTADOR (A)

Caro (a) entrevistado (a),

Em caso de dúvidas e outros esclarecimentos, entrar em contato com a equipe do

projeto, sob a coordenação da Professora Isabela Cardoso de Matos Pinto, no Instituto

de Saúde Coletiva – sito à rua Basílio da Gama, s/n – Canela, ou pelos telefones

32837463/7459

CONSENTIMENTO AUTORIZADO

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