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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA CALINE RODRIGUES GALLY POTENCIALIDADE DO USO DE RESÍDUO CATALÍTICO GERADO EM REFINARIA DE PETRÓLEO PARA PRODUÇÃO DE MATERIAIS CIMENTÍCEOS DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL Salvador 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA

CALINE RODRIGUES GALLY

POTENCIALIDADE DO USO DE RESÍDUO CATALÍTICO GERADO EM

REFINARIA DE PETRÓLEO PARA PRODUÇÃO DE MATERIAIS CIMENTÍCEOS

DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

Salvador

2012

CALINE RODRIGUES GALLY

POTENCIALIDADE DO USO DE RESÍDUO CATALÍTICO GERADO EM

REFINARIA DE PETRÓLEO PARA PRODUÇÃO DE MATERIAIS CIMENTÍCEOS

DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

Dissertação de Mestrado entregue ao Programa de

Mestrado em Engenharia Ambiental Urbana, da

Universidade Federal da Bahia, como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do título de

Mestre em Engenharia Ambiental Urbana.

Orientador (es): Prof.° Jardel Pereira Gonçalves

Prof.° Vanessa Silveira Silva

Salvador

2012

G162 Gally, Caline Rodrigues

Potencialidade do uso de resíduo catalítico gerado em refinaria de petróleo para produção de materiais cimentíceos de baixo impacto ambiental / Caline Rodrigues Gally. – Salvador, 2012.

115 f. : il. color.

Orientador: Profº. Dr. Jardel Pereira Gonçalves

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2012.

1. Argamassa. 2. Resíduos industriais - Reaproveitamento. 3. Impacto ambiental. I. Gonçalves, Jardel Pereira. II. Universidade Federal da Bahia. III. Título.

CDD: 628

CALINE RODRIGUES GALLY

POTENCIALIDADE DO USO DE RESÍDUO CATALÍTICO GERADO EM

REFINARIA DE PETRÓLEO PARA PRODUÇÃO DE MATERIAIS CIMENTÍCEOS

DE BAIXO IMPACTO AMBIENTAL

Dissertação para obtenção do grau de mestre em Engenharia Ambiental urbana.

Salvador, 28 de setembro de 2012.

Banca Examinadora: Prof. Jardel Pereira Gonçalves _________________________________ Universidade Federal da Bahia - UFBA

Prof. Marcos Martinez Silvoso _________________________________ Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Prof. Ricardo Fernandes Carvalho _________________________________ Universidade Federal da Bahia - UFBA

Com muito amor e carinho, dedico este trabalho aos maiores tesouros

da minha vida, meus queridos pais Gilson e Kátia Silvana.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus pela realização e conclusão de mais uma etapa,

sem Ele nada conseguiria fazer, nessa caminhada que por diversas vezes parecia

interminável.

À minha família pelo apoio e compreensão e acima de tudo pelo amor dedicado.

Seria pouco expressar meus mais profundos agradecimentos por meio de palavras,

em especial meus pais Gilson e Kátia Silvana e meus irmãos Caroline e Heverton.

Amo vocês.

Aos meus orientadores, professores Jardel Gonçalves e Vanessa Silva, pela

paciência e condução deste trabalho, além do colega Gabriel pela força e

disponibilidade em estar sempre pronto a me ajudar.

Aos colegas do Grupo de Estudos em Materiais de Construção GEMAC/UFBA, em

especial a Paulo César pela ajuda nas realizações dos ensaios laboratoriais e deste

trabalho.

Aos colegas de trabalho, em especial a Sidivaldo Oliveira, Fátima Barbosa e Ivo

Souza, além de todos que de alguma forma colaboraram para a concretização dessa

publicação. Muito obrigada!

A CNPQ e CAPES pelo suporte financeiro.

Há homens que lutam um dia e são bons.

Há outros que lutam um ano e são melhores.

Há os que lutam muitos anos e são muitos bons.

Porém, há os que lutam toda a vida.

Esses são os imprescindíveis.

Bertolt Brecht

GALLY, Caline Rodrigues. Desenvolvimento de materiais cimentíceos de baixo

impacto ambiental contendo resíduo catalítico gerado em refinaria de petróleo. 154

p. il. 2012. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica, Universidade Federal da

Bahia, Salvador, 2012.

RESUMO

As unidades de craqueamento catalítico em leito fluidizado de refinarias

(FCC) processam cargas contendo materiais pesados de petróleo, visando sua

conversão em compostos mais leves e de maior valor agregado, utilizando um

catalisador contendo zeólita. Este trabalho visa avaliar a potencialidade do resíduo

catalisador residual de unidades de craqueamento catalítico (FCC) como substituto

parcial do cimento portland para produzir material de baixo impacto ambiental.

Foram realizados ensaios de caracterização física, química e mineralógica do

resíduo, avaliação do risco ambiental do resíduo, estudos de hidratação das pastas

e avaliação da elevação semi-adiabática da temperatura das pastas contendo

resíduo catalítico, além de estudo do teor ótimo de substituição de cimento por

resíduo de FCC para produção de argamassas. Os resultados das análises

indicaram que o resíduo possui características de toxicidade, sendo classificado

como Resíduo Perigoso Classe I. Os ensaios termogravimétricos e de calorimetria

indicaram que o resíduo reage pozolanicamente, mas, atua principalmente como

microfiller. Todas as pastas, independente do teor de substituição, apresentaram

estruturas cristalinas, contendo algumas fases amorfas identificadas pela presença

de óxido de sílica e hidróxido de cálcio, provenientes das reações de hidratação do

cimento. Pode-se visualisar que a mistura para todos as relações a/c que obteve

melhor desempenho, foi a que continha 10% de susbstituição. O objetivo principal foi

alcançado com a verificação de potencialidade do resíduo catalítico em pastas e

argamassa.

.

Palavras – Chave: Argamassa; Resíduo Catalítico; Impacto Ambiental.

GALLY, Caline Rodrigues. Desenvolvimento de materiais cimentíceos de baixo

impacto ambiental contendo resíduo catalítico gerado em refinaria de petróleo . 154

p. il. 2012. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica, Universidade Federal da

Bahia, Salvador, 2012.

ABSTRACT

The units of fluidized catalytic cracking refineries (FCC) process materials containing

heavy loads oil, aiming at their conversion into compounds lighter and higher value-

added, using a catalyst containing zeólita. This study aims to evaluate the potential of

the residue of spent catalyst catalytic cracking units (FCC) as a partial substitute for

portland cement to produce materials with low environmental impact.

Tests of physical, chemical and mineralogical composition of the waste,

environmental risk assessment of residue studies of hydration of the folders and

evaluation of elevation semi-adiabatic temperature of folders containing catalytic

residue, and study the optimal level of cement replacement by FCC residue to

produce mortars. The analysis results showed that the waste has characteristics of

toxicity and is classified as Class I Hazardous Waste. Assays calorimetry and

thermogravimetric indicated that the residue reacts pozolanicamente, but mainly acts

as microfiller. All folders, independent of substitution, showed crystalline structures,

containing some amorphous phases identified by the presence of oxide, silica and

calcium hydroxide from the hydration reactions of the cement. One can visualize the

mixture for all the relations c / o that performed better was the one containing 10%

substitution. The main objective was achieved with the scanning capability of the

catalytic residue in folders and mortar.

Key - Words: Mortar, Catalytic Cracking; Environmental Impact.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS ................................................................................... 15

1.1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 15

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 19

1.2.1. Objetivo Geral ................................................................................................... 19

1.2.2. Objetivos Específicos ...................................................................................... 19

1.3 HIPÓTESE ............................................................................................................... 19

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA E ESTRUTURA DO TRABALHO ................. 19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................... 21

2.1 PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO BRASIL ........................................................ 21

2.2 PROCESSO PRODUTIVO DE REFINO DE PETRÓLEO ............................... 22

2.2.1. Processos de Separação ............................................................................... 23

2.2.2. Processos de Conversão ............................................................................... 27

2.2.3. Tratamentos Químicos .................................................................................... 33

2.2.4. Processos Auxiliares ....................................................................................... 35

2.3 GERAÇÃO DO CATALISADOR RESIDUAL ...................................................... 36

2.3.1. Fontes de perdas do resíduo catalítico ........................................................ 38

2.4 ZEÓLITAS ................................................................................................................ 40

2.5 IMPACTOS AMBIENTAIS DO REFINO DE PETRÓLEO ................................ 41

2.5.1 Impactos do catalisador residual ................................................................... 44

2.6 GESTÃO AMBIENTAL DA REFINARIA .............................................................. 46

2.7 A RLAM – REFINARIA LANDULPHO ALVES MATARIPE .............................. 49

2.8 ESTUDOS DESENVOLVIDOS UTILIZANDO CATALISADOR RESIDUAL

DE UNIDADES FCC ......................................................................................................... 52

2.8.1 Uso do resíduo em argamassas ................................................................... 52

2.9 AGLOMERANTES HIDRÁULICOS E ADIÇÕES MINERAIS .......................... 49

3 PROGRAMA EXPERIMENTAL .................................................................................. 59

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS ..................................................................................... 60

3.1.1. Cimento Portland ............................................................................................. 60

3.1.2. Areia ................................................................................................................... 60

3.1.3. Resíduo catalítico ............................................................................................ 60

3.1.4. Aditivo superplastificante GLENIUM SP ...................................................... 61

3.2 MÉTODOS ............................................................................................................... 61

3.2.1. Etapa I: Caracterização e avaliação das matérias primas ........................ 61

a) Areia....................................................................................................................... 61

b) Cimento ................................................................................................................. 61

c) Resíduo Catalítico ............................................................................................... 62

3.2.1. Etapa II: Avaliação da influência da substituição parcial do cimento por resíduo catalítico ............................................................................................................ 66

a) Pastas .................................................................................................................... 67

b) Argamassas .......................................................................................................... 70

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 72

4.1 ETAPA I: CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS MATÉRIAS PRIMAS .. 72

4.1.1. Cimento Portland ............................................................................................. 72

4.1.2. Areia ................................................................................................................... 74

4.1.3. Resíduo Catalítico ........................................................................................... 75

4.2 ETAPA II: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL EM

MASSA DO CIMENTO POR RESÍDUO CATALÍTICO ................................................ 85

4.2.1. Pastas ................................................................................................................ 85

4.2.2. Argamassas ...................................................................................................... 90

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................ 98

6 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 100

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Esquema da Unidade de Craqueamento. ..................................................... 30

Figura 2 – Carreta silo transportando catalisador residual. ........................................... 39 Figura 3 – Resíduo Sólido de Varrição (RSV). ................................................................ 39

Figura 4 – Vazamento de óleo. ........................................................................................... 40 Figura 5 – Fluxograma das etapas. ................................................................................... 59

Figura 6 – Determinação do índice de consistência. ...................................................... 66

Figura 7 – Figuras do esquema de ensaio a resistência. ............................................... 71 Figura 8 – Distribuição granulométrica do cimento. ........................................................ 73

Figura 9 – MEV do cimento. Aumento 500x. .................................................................... 73

Figura 10 – MEV do cimento. Aumento 1000x. ............................................................... 73

Figura 11– MEV do cimento. Aumento 2000x. ................................................................ 74 Figura 12 – MEV do cimento. Aumento 5000x. ............................................................... 74

Figura 13 – Curva granulométrica da areia. ..................................................................... 74 Figura 14 – Distribuição granulométrica do resíduo. ...................................................... 76 Figura 15 – MEV do resíduo A. Aumento 500x. .............................................................. 77

Figura 16 – MEV do resíduo B. Aumento 500x. .............................................................. 77 Figura 17 – MEV do resíduo A. Aumento 1000x. ............................................................ 77

Figura 18 – MEV do resíduo B. Aumento 1000x. ............................................................ 77 Figura 19 – MEV do resíduo A. Aumento 2000x. ............................................................ 77

Figura 20 – MEV do resíduo B. Aumento 2000x. ............................................................ 77 Figura 21 – MEV do resíduo A. Aumento 5000x. ............................................................ 78

Figura 22 – MEV do resíduo B. Aumento 5000x. ............................................................ 78

Figura 23 – Análise pontual do resíduo A. ........................................................................ 78

Figura 24 – Análise EDS do resíduo A. ............................................................................. 79

Figura 25 – Análise pontual do resíduo B. ........................................................................ 79

Figura 26 – Análise EDS do resíduo B. ............................................................................. 79

Figura 27 – Difratograma da amostra A: refinaria (zeólita). ........................................... 81

Figura 28 – Estrutura Molecular da Faujasita. ................................................................. 81 Figura 29 – Curvas TG / DTG do resíduo catalítico. ....................................................... 82

Figura 30 – Difratograma de raio X das pastas. .............................................................. 88

Figura 31 – Curvas TG / DTG das amostras de pasta de cimento: 0%, 10%, 20%, 30%. ......................................................................................................................................... 86

Figura 32 – Curvas DTA das amostras de pasta de cimento: 0%, 10%, 20%, 30%. 86

Figura 33 – Evolução do teor de água combinada RHC, TH e OH. ............................. 87

Figura 34 – Gráfico da Calorimetria das Pastas. ............................................................. 89 Figura 35 – Resistências à compressão axial (a/c = 0,6). ............................................. 90 Figura 36 – Resistências à compressão axial (a/c = 0,5). ............................................. 91

Figura 37 – Resistências à compressão axial (a/c = 0,4). ............................................. 92 Figura 38 - Gráfico de resistências à compressão diametral (a/c = 0,6). .................... 93

Figura 39 - Gráfico de resistências à compressão diametral (a/c = 0,5). .................... 94 Figura 40 - Gráfico de resistências à compressão diametral (a/c = 0,4). .................... 95

Figura 37 – Relações Ftd/Fc – 1dia. .................................................................................. 96

Figura 38 – Relações Ftd/Fc – 3dias. ................................................................................ 96

Figura 39 – Relações Ftd/Fc – 7dias. ................................................................................ 96 Figura 40 – Relações Ftd/Fc – 28dias. ............................................................................. 96

Figura 41 – Relações Ftd/Fc – 91dias. ............................................................................. 97

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Aspectos e impactos ambientais das atividades de uma refinaria............ 42

Tabela 2 – Aspectos e impactos ambientais das atividades de uma refinaria............ 43

Tabela 3 – Porcentagens de aditivo incorporado e índice de consistência. ................ 67

Tabela 4 – Composição química e resistência à compressão. ..................................... 72 Tabela 5 – Finura, Expansibilidade, Pega e Consistência do cimento. ....................... 72

Tabela 6 – Caracterização da areia. .................................................................................. 75

Tabela 7 – Análise química e módulos de dosagem. ...................................................... 80

Tabela 8 – Resultados do ensaio de solubilização e lixiviação do resíduo catalítico. .................................................................................................................................................. 83

Tabela 9 – Metais e semimetais solubilizados e lixiviados e suas respectivas fontes de riscos. ................................................................................................................................. 84

Tabela 10 – Parâmetros TH, RHC e OH. .......................................................................... 87 Tabela 11 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,6). .............................................. 90

Tabela 12 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,5). .............................................. 91 Tabela 15 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,4). .............................................. 92

Tabela 16 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,6). .............................................. 93

Tabela 15 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,5). .............................................. 94 Tabela 18 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,4). .............................................. 95

Tabela 11 – Distribuição granulométrica do cimento .................................................... 112 Tabela 12 – Temperatura, variação e variação referencial x tempo em horas ......... 112

Tabela 13 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,6). Erro! Indicador não definido.

Tabela 14 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,5). Erro! Indicador não definido.

Tabela 15 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,4). Erro! Indicador não definido.

Tabela 16 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,6). Erro! Indicador não definido. Tabela 17 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,5). Erro! Indicador não definido.

Tabela 18 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,4). Erro! Indicador não definido. Tabela 19 – Relação Ftd/Fc .............................................................................................. 112

LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

CETA – Centro Tecnológico da Argamassa

CSH – Silicato de cálcio hidratado

CO – Monóxido de carbono

CO2 – Dióxido de carbono

CH4 – Metano

DCTM – Departamento de Ciência e Tecnologia dos Materiais

DEA – Dietanolamina

FCC – Craqueamento Catalítico Fluido

GEMAC – Grupo de Estudos em Materiais de Construção

GLP – Gás Liquefeito de Petróleo

H2S – Gás Sulfídrico

NO2 – Óxido Nítrico

NOx – Óxidos de Nitrogênio

OPC – Cimento Portland Comum

RLAM – Refinaria Landulfo Alves Mataripe

SO2 – Dióxido de Enxofre

SOx – Óxidos de Enxofre

TEP – Tonelada equivalente de petróleo

UFBA – Universidade Federal da Bahia

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

USA – Estados Unidos da América

U-39 – Unidade 39

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1 INTRODUÇÃO E OBJETIVOS

1.1 INTRODUÇÃO

As grandes inovações tecnológicas e o aumento populacional ao longo do

século XX fizeram surgir para a sociedade novas necessidades humanas, isso vem

provocando problemas sociais, econômicos e ambientais com sérias implicações na

qualidade de vida do homem, devido aos resíduos resultantes de suas atividades.

O aumento excessivo dos resíduos, inclusive de novas substâncias

sintetizadas pela indústria química, passou a estar presentes no ar, solo, rios e

mares nos ciclos bioquímicos, desestabilizando o equilíbrio natural dos

ecossistemas, acelerando e agravando o processo contínuo de degradação

ambiental (CUNHA, 2009).

Devido à falta de alternativas políticas, econômicas e tecnologicamente

viáveis, esses resíduos estão causando impactos ambientais de diferentes

grandezas, principalmente pela exploração não sustentável dos recursos naturais

(GUILHERMINO, 2008).

Qualquer estratégia de desenvolvimento deve prioritariamente utilizar uma

mistura de técnicas, com o mínimo de desperdício, desde a escolha do material até

o fim do processo produtivo, devendo-se procurar a composição de tecnologias

caracterizadas por produtos duráveis e de reduzido impacto ambiental (FAJARDO,

2005).

Por mais que existam técnicas eficientes para a redução e controle da

poluição, a situação global é preocupante, a falta de conscientização da sociedade

para questões ambientais está encaminhando o mundo para um colapso ambiental,

as cidades não param de crescer e com elas, o aumento respectivo da poluição

interferindo no equilíbrio ecológico e causando diversas catástrofes ambientais

(CUNHA, 2009).

Estudar estas questões é determinante para minimizar o caos gerado no meio

ambiente, tornando-se um grande desafio a ser solucionado pelo poder público em

busca da sustentabilidade, procurando respeitar a capacidade de carga da natureza

(CUNHA, 2009). Dentro dessa situação o ambiente é menos perceptivelmente

16

degradado, já que o processo entrópico nunca para, levando ao declínio inflexível do

estoque de energia disponível na terra. Esta é essencialmente a natureza do

problema ecológico (CAVALCANTI, 1998).

A indústria da construção civil

A construção civil é uma das maiores consumidoras de matérias-primas

naturais, sendo responsável por um consumo estimado entre 20 a 50% dos recursos

naturais utilizados, a utilização do mesmo se dá principalmente na produção de

cimento e no beneficiamento de agregados, pedra britada e areia, visando à

produção de argamassas e concretos. (JOHN, 2011)

Segundo Malhotra (1999), a indústria do cimento é responsável pela emissão

de cerca de 7% da emissão mundial de CO2, além de emitir para a atmosfera gases

como CO, CH4, CO2, NOX, NO2 E SO2, compostos orgânicos voláteis e odores,

contribuindo significativamente para o aquecimento global, devido ao processo de

calcinação do carbonato de cálcio (CaCO3) e da queima dos combustíveis utilizados

no seu processo de fabricação. No cenário internacional estima-se que para cada

tonelada de clínquer produzida é geradas cerca de uma tonelada de CO2 (METHA,

1999).

O relatório da OECD – Organization for Economic Co-operation and

Development (2000), da Agência Internacional de Energia, também apresenta a

indústria de cimento como grande consumidora de energia e geradora de impactos

ambientais.

Dentre as várias alternativas para redução dos impactos energéticos e

ambientais decorrentes da produção de cimento, pesquisadores e empresas buscam

o desenvolvimento de novos materiais cimentíceos, chamados aditivos na

composição do produto, e de novas formas de utilização dos materiais já existentes,

reduzindo a relação clínquer/cimento.

Um material bastante estudado para produção de materiais de construção são

os resíduos gerados nas unidades de craqueamento catalítico em leito fluidizado de

refinarias.

Estudos realizados na Polônia, na Espanha, em Taiwan, na Colômbia e no

Brasil, apontam o potencial de utilização do resíduo principalmente como substitutivo

parcial do cimento Portland.

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O reaproveitamento dos resíduos gerados que, até pouco tempo, eram

desprezados surge então como caminho para mitigação do problema com

disposição e tratamento, desenvolvendo mecanismos de produção mais limpa, com

menos impacto, através do aproveitamento de resíduos, reciclagem, máxima

utilização da matéria prima e consequentemente, diminuindo o consumo de recursos

naturais.

Unidades de craqueamento catalítico em leito fluidizado (FCC)

As unidades de FCC processam cargas contendo materiais pesados de

petróleo, tais como resíduos de destilação atmosférica e a vácuo, através da quebra

da molécula de hidrocarboneto, visando sua conversão em compostos mais leves e

de maior valor agregado. No Brasil, já são produzidos mais de um milhão de barris

de petróleo por dia e as unidades FCC das refinarias processaram de três a dez mil

m3/dia de cargas de materiais pesados (VALORECONÔMICO, 2005).

Catalisadores residuais gerados em FCC apresentam composições e

características específicas às cargas processadas em cada refinaria que se constitui

de hidrocarbonetos diversos contendo compostos olefínicos, parafínicos, aromáticos,

naftênicos e de impurezas orgânicas contendo oxigênio, nitrogênio e enxofre, além

de metais pesados e metais como sódio, cálcio e potássio (BAPTISTA, 2004),

podendo ter propriedades finais diferentes após seu processamento e regeneração

influenciadas por composições diferentes de metais contaminantes que possa haver.

Os catalisadores utilizados na maioria das unidades de craqueamento

catalítico de leito fluidizado de petróleo no mundo são formados por zeólita ou outros

compostos de sílica alumina, mesmo havendo diversas pesquisas para o

desenvolvimento de novos materiais com potencialidade para uso como

catalisadores.

Processos de hidrotratamento são aplicados aos resíduos de destilação e a

vácuo (PETROEQUÍMICA, 2005), visando obter uma carga de FCC com menos

impurezas como enxofre, nitrogênio e metais, que são prejudiciais ao processo de

craqueamento catalítico, pela redução da atividade do catalisador proveniente da

desativação parcial devido à ação de alguns compostos presentes na carga de

craqueamento (MARAFI, et al. 2003).

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Os metais pesados mais comuns presentes são cobre, ferro, vanádio e

níquel. Como exemplos dessa ação deletéria, o vanádio modifica parcialmente a

composição e estrutura da zeólita do catalisador, enquanto que o níquel apresenta

uma ação desidrogenante segundo Roncolatto e Lam (1998) e Callejas et al. (2001).

Pesquisas mais recentes têm sido realizadas na obtenção de catalisadores

contendo zeólita mais resistentes à ação dos metais ou de outros materiais, sendo

utilizados catalisadores diferentes para cada tipo de cada carga a ser processada

em cada refinaria. Destacam-se trabalhos de Matsumura et al.(2005a; 2005b);

Genco et al. (2001) e Panariti et al. (2000)

Para manter a atividade de um dado catalisador, o catalisador residual, cujo

retorno ao processo não é mais viável, é substituído após etapa de regeneração por

quantidade equivalente de catalisador novo. A parte do catalisador retirado do

processo contém em sua composição significativos teores de alumina e sílica, que

devidamente beneficiados, podem atribuir características pozolânicas a este

resíduo(CHEN et al. 2004; LEMOS et al. 2002; BAPTISTA et al., 2002),.

O uso do catalisador residual proveniente de Unidades de FCC como matéria-

prima permite a preservação e redução dos recursos naturais e energia utilizada

pela industria cimentícia.

O reaproveitamento deste resíduo além de diminuir a área de disposição e

seus possíveis impactos ambientais e sociais, contribuindo para a sustentabilidade

ambiental e ecológica do meio, também atribui valor econômico a um material que

seria desprezado, impactando positivamente na sociedade através da diminuição

dos custos financeiros com o produto.

A presente pesquisa visou avaliar o potencial de utilização do resíduo

catalítico da Unidade de FCC da Bahia como material pozolânico em substituição

parcial ao cimento na produção de materiais cimenticeos de baixo impacto

ambiental, pois o resíduo catalítico de forma geral é enviado para cimenteiras sendo

coprocessado e incorporado a produção de clinquer ou depositados em aterros. A

viabilidade técnica do uso do resíduo catalítico para produção de materiais

cimentíceos pode proporcionar melhorias nas propriedades destes materiais, além

de reduzir o impacto ambiental relacionado com este setor.

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1. Objetivo Geral

Avaliar a potencialidade do catalisador residual (Ecat) de unidades de

craqueamento catalítico (FCC) como substituto parcial do cimento portland para

produzir material de baixo impacto ambiental.

1.2.2. Objetivos Específicos

a) Avaliar o risco ambiental do resíduo catalítico sem beneficiamento, através de

ensaios de lixiviação e solubilização no resíduo.

b) Estudar a hidratação de pastas contendo o resíduo catalítico de Unidades de

FCC sem beneficiamento, através de análises térmicas: análise

termogravimétrica (TG), análise termogravimétrica derivada (DTG), análise

térmica diferencial (DTA) e elevação semi adiabática da temperatura de pastas

contendo resíduo de FCC.

c) Testar a melhoria do efeito de mistura contendo substituição parcial do cimento

por resíduo de FCC sem beneficiamento para produção de argamassas.

1.3 HIPÓTESES

a) O resíduo apresenta risco ambiental.

b) O resíduo influencia na hidratação da pasta de cimento.

c) O uso do resíduo é viável tecnicamente para produção de argamassas.

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA E ESTRUTURA DO TRABALHO

No capítulo 1, foi elaborada uma breve introdução abordando a problemática

ambiental dos resíduos gerados pela indústria de petróleo, em especial os resíduos

das Unidades de FCC. São também descritos o objetivo geral e os específicos,

hipótese e estrutura do trabalho.

No capítulo 2, é realizada uma revisão bibliográfica onde se discutem os

principais e mais comuns processos de refino de petróleo, os impactos causados por

20

sua atividade, os diferentes tipos de processo produtivo, dando enfoque a unidade

de craqueamento catalítico e os impactos causados pelo catalisador residual, além

de citar os estudos que já foram desenvolvidos com a utilização desse resíduo.

No capítulo 3, apresenta-se o programa experimental da pesquisa os

materiais utilizados, além dos ensaios que serão realizados.

No capítulo 4, tecem-se algumas considerações de ordem geral, baseado nos

resultados dos ensaios.

No capítulo 5, apresentam-se as conclusões do trabalho e, com base nestas

últimas, fazem-se algumas recomendações decorrentes da pesquisa.

No capítulo 6, são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas como

matéria prima para a produção do texto.

O catalisador utilizado neste trabalho foi proveniente de uma refinaria em

particular (RLAM – Refinaria Landulpho Alves Mataripe).

21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 PRODUÇÃO DE PETRÓLEO NO BRASIL

A história da execução das atividades do setor petrolífero no Brasil é descrita

de acordo com Petrobrás (2012).

Em nome da União, a Petrobrás foi criada em 1953, mas sua instalação só foi

concluída em 54, ao herdar do Conselho Nacional de Petróleo duas refinarias, a de

Mataripe (BA) e a de Cubatão (SP), que começaram a operar, com uma produção

de 2.663 barris, equivalente a 1,7% do consumo nacional.

Em 1961 foi fundada a REDUC - Refinaria de Duque de Caxias - hoje a mais

completa refinaria do Sistema Petrobras. Neste mesmo ano a Petrobras dá início à

procura de petróleo na plataforma continental. A primeira descoberta de petróleo no

mar foi em Sergipe, em 1968, no Campo de Guaricema.

Em 1974 foi descoberta a Bacia de Campos - situada na costa norte do

estado do Rio de Janeiro, estendendo-se até o sul de Espírito Santo. Ela se torna

maior província petrolífera do Brasil, responsável por mais de 80% da produção

nacional do petróleo.

Nos anos seguintes, sucessivas descobertas deslocaram as atenções e os

investimentos para a Bacia de Campos. Após a descoberta do Campo de Garoupa,

a Petrobras ainda descobriria, no ano seguinte, os campos de Pargo, Namorado e

Badejo - e em 1977 os campos de Bonito, Cherne e Pampo.

Em 1984 o Campo de Albacora foi descoberto na Bacia de Campos, provando

a existência de campos gigantes a grandes profundidades no Brasil, marcando a

história da empresa em exploração em águas profundas, nunca antes exploradas.

Em Janeiro de 1985, foi descoberto o campo de Marlim. Está localizado na Bacia de

Campos, distante aproximadamente 110km do litoral do Rio de Janeiro. Nesse ano,

o país já produzia metade do petróleo que consumia, muito acima dos 14%

registrados em 1979. No ano de 1988, entra em produção o campo de Rio Urucu, no

Alto Amazonas.

A autossuficiência sustentável do Brasil na produção de petróleo e gás foi

comemorada com a entrada em operação das plataformas P-34 e P-50. Com

22

produção média diária de 1,9 milhão de barris por dia, o país passou a exportar mais

petróleo e derivados do que importar.

Segundo Cunha (2012), no ano de 2003 foram identificadas novas províncias

de óleo de excelente qualidade, gás natural e condensado, permitindo que o perfil

das reservas e produção brasileira, começasse a mudar para um perfil de maior

valor no mercado mundial de petróleo.

Em Janeiro de 2012 o Brasil, produziu 2, 231 milhões de barris de petróleo

por dia, o que significa aumento de 5,1% na comparação com janeiro de 2011 e de

0,8% em relação a dezembro (EXAME, 2012).

Com o aumento da demanda de petróleo, consequentemente, houve uma

demanda maior pelo consumo de catalisador em unidades de craqueamento

catalítico. Segundo Cunha (2012), atualmente estima-se que 35 mil toneladas por

ano de catalisadores de FCC no Brasil, sejam utilizados, gerando quantidade

equivalente de resíduo.

2.2 PROCESSO PRODUTIVO DE REFINO DE PETRÓLEO

O petróleo no estado bruto, ou seja, da forma em que é extraído do solo, é

uma complexa mistura de compostos orgânicos e inorgânicos predominando os

hidrocarbonetos e algumas impurezas, que na sua forma bruta praticamente só

serve como óleo combustível, sem muitas aplicações. Não existe um único tipo de

petróleo, o que acaba influenciando diretamente de forma decisiva, tanto nos

rendientos quanto na qualidade das frações (ABADIE, 1999).

O óleo deve ser processado e transformado com o propósito de obtenção do

maior número possível de produtos de maior qualidade e valor comercial. Esses

beneficiamentos englobam etapas físicas e químicas de separação, que originam as

grandes frações de destilação, ou seja, os derivados finais do petróleo (NEIVA, 1983

apud MARIANO, 2001).

O encadeamento das várias unidades de processo dentro de uma refinaria é

denominado de Esquema de Refino seguido de várias etapas. Os processos em

uma refinaria podem ser classificados em quatro grandes grupos: Processos de

Separação; Processos de Conversão; Processos de Tratamento; e Processos

Auxiliares.

23

Os processos de separação são sempre de natureza física, utilizando

modificações de temperatura e pressão ou o uso de solventes, tendo por objetivo

dividir o petróleo em suas frações básicas ou processar uma fração que tenha sido

anteriormente gerada, no sentido de retirar dela um grupo específico de compostos

(ABADIE, 1999).

Os processos de conversão têm como finalidade transformar frações do

petróleo de baixo valor econômico em outras de maior valor comercial com maior

rentabilidade.

Estes processos possuem natureza química e se utilizam de reações de

quebra, reagrupamento ou reestruturação molecular alterando a constituição

molecular, transformando-as em moléculas de melhor qualidade obtidas através da

ação conjugada de temperatura e pressão sobre os cortes que foram obtidos nos

processos de separação, sendo bastante frequente, também, a presença de

catalisador que promova a reação desejada (MARIANO, 2001).

Os processos de tratamento têm por como objetivo eliminar as impurezas

presentes nas frações, tais como enxofre e nitrogênio, que podem comprometer

suas qualidades finais e garantir estabilidade química ao produto acabado (ABADIE,

1999).

Os processos de tratamento podem ser classificados em dois tipos:

Processos Convencionais, aplicados às frações leves e hidroprocessamento para

frações médias e pesadas, e os Processos Auxiliares que são destinados a viabilizar

insumos à operação dos outros processos citados acima, ou a tratar rejeitos desses

mesmos processos (ABADIE, 1999).

2.2.1. Processos de Separação

As principais operações são: Dessalinização, Destilação Atmosférica,

Destilação a Vácuo, Desasfaltação a Propano, Desaromatização a Furfural,

Desparafinação e Desoleificação.

a) Destilação

Processo físico de separação dos componentes de uma mistura, com base

nas diferentes temperaturas de ebulição de seus componentes, através da variação

24

das condições de aquecimento. Outro fator importante é a pressão a qual o líquido

está sendo submetido. Assim, quanto maior a pressão, maior a temperatura de

ebulição, sendo esta relação fundamental para o fracionamento do petróleo.

A depender do objetivo desejado a destilação pode ser feita em várias etapas

e em diferentes níveis de pressão, ou seja, é realizado um desdobramento em

cortes de faixas de ebulição, vaporizando os compostos leves, intermediários e

pesados, que, ao se condensarem, podem ser fracionados (ABADIE, 1999).

b) Dessalinização

Este processo tem início com o bombeamento contínuo de uma mistura do

petróleo cru com água onde este é progressivamente aquecido. A água injetada

dissolve os sais e é separada do petróleo (MARIANO, 2001).

O processo remove sais corrosivos, alguns metais e os sólidos em

suspensão, esses compostos formam a lama de dessalinização que podem reduzir a

eficiência ou causar danos às unidades de destilação, provocar corrosão nos

equipamentos (principalmente na região de topo), se depositar nas paredes dos

trocadores de calor causando entupimentos e redução da eficiência de troca térmica,

além de catalisarem a formação de coque nas tubulações e danificar os

catalisadores que serão usados nas posteriores etapas de processamento (ABADIE,

1999).

c) Destilação atmosférica

Neste processo o petróleo cru dessalinizado é aquecido até uma temperatura

em torno de 400° C, máxima temperatura suportada pelo petróleo sem que haja

decomposição térmica das frações pesadas presentes no óleo bruto (MARIANO,

2001).

No interior das torres existem pratos que permitem a separação do petróleo

nas suas diferentes frações em função dos seus diferentes pontos de ebulição. O

vapor ascendente entra em contato com os pratos que possuem líquidos com

temperatura diferentes e se condensa devido à troca de calor e massa (ABADIE,

1999).

25

As frações que não vaporizaram na coluna são retiradas no fundo desta, sob

a forma de asfaltos ou cru reduzido, conhecido como resíduo atmosférico, e

encaminhados para serem separados na destilação a vácuo, pois, desses resíduos

ainda podem ser retiradas frações importantes (CUNHA, 2009).

d) Destilação a vácuo

A destilação a vácuo é a destilação das frações de petróleo a pressões muito

baixas reduzindo, consequentemente, a temperatura de ebulição da carga, que será

vaporizada a uma temperatura menor que a necessária quando submetida à

pressão atmosférica (ABADIE, 1999).

O produto desse processo é gasóleo leve e gasóleo pesado, que são

matérias primas para a produção de lubrificantes e sevem como carga para

unidades de craqueamento catalítico ou pirólise. Os rejeitos produzidos no

fracionamento a vácuo, conhecidos como óleos destilados podem ser utilizados

como asfalto ou como matéria-prima para à produção de óleo combustível (ABADIE,

1999).

e) Desasfaltação a propano

Este processo ocorre através da utilização de propano à alta pressão, como

solvente, consegue-se extrair um gasóleo de alta viscosidade e com alto valor

comercial, extraído do resíduo de vácuo. O óleo, que é mais solúvel no propano, é

dissolvido e flui para o topo da torre. Os asfaltenos e as resinas fluem para a base

da torre, onde são removidos misturados com propano. O propano é recuperado das

duas correntes através de sistemas de flash, seguidos de retificadores de vapor nos

quais o propano é condensado e removido por resfriamento em alta pressão no

primeiro estágio e em baixa pressão no segundo estágio (ABADIE, 1999).

Como subproduto deste processo, é gerado um resíduo asfáltico, conhecido

como óleos residuais que podem ser utilizado como asfalto ou como óleo

combustível, podendo ser utilizado, ainda, como carga para outras unidades.

(ABADIE, 1999).

26

f) Desaromatização a furfural

Este é um processo típico de produção de lubrificantes, bastante semelhante

à desasfaltação, que apresenta as seções de extração, recuperação de solvente do

extrato e recuperação de solvente do rafinado. Existe também uma seção de

purificação do solvente, onde o furfural é isento de água e resíduos oleosos. Este

processo consiste na extração de compostos aromáticos polinucleados de altos

pesos moleculares por um solvente específico, no caso o furfural, para evitar

variações de viscosidade nos óleos. O produto principal, o óleo desaromatizado, é

estocado para o seu posterior processamento (ABADIE, 1999).

g) Desparafinação

Este processo objetiva a remoção com solvente de compostos parafínicos (n-

parafinas) caracterizados por altos pontos de fluidez. A remoção da parafina é

realizada por meio de extração com solvente que facilita o escoamento, quando

utilizada a baixas temperaturas, favorecendo sua capacidade de lubrificação e

evitando que a máquina sofra danos. A unidade é composta de quatro seções

principais, que são: seção de resfriamento e filtração, seção de recuperação de

solvente do filtrado, seção de recuperação de solvente da parafina e seção de

purificação do solvente. A unidade produz óleo desparafinado e parafina oleosa

(MARIANO, 2001).

h) Desoleificação

Seção semelhante à de resfriamento e filtração. Entretanto, as condições de

diluição, resfriamento e filtração são bem mais severas. Este processo é um

prolongamento da unidade de desparafinação do conjunto de lubrificantes, que visa

remover consideravelmente o óleo contido na parafina, e torná-la um produto de

qualidade e uso comercial (ABADIE, 1999; MARIANO, 2001).

Os produtos desta seção são chamados de parafina dura (que após ser

hidrogenada é vendida como parafina comercial) e parafina mole (mistura de

isoparafinas e óleo residual que é enviada ao craqueamento catalítico).

27

A fração oleosa, removida pela ação do solvente e da filtração, por tratar-se

de um gasóleo, normalmente é enviada ao craqueamento, depois de purificada. Ela

também pode ser aproveitada para a produção de geléias, óleos, vaselinas e outros

produtos farmacêuticos (ABADIE, 1999; MARIANO, 2001).

2.2.2. Processos de Conversão

Os principais processos de conversão são: Craqueamento Térmico,

Viscorredução, Coqueamento, Craqueamento Catalítico, Hidrocraqueamento

Catalítico, Hidrotratamento/Hidroprocessamento, Alquilação, Isomerização,

Polimerização e Reforma Catalítica.

a) Craqueamento térmico

É um processo de refino que tem como carga de alimentação gasóleos

pesados e o resíduo do processo de destilação a vácuo. Essa carga entra aquecida

na coluna de fracionamento e a corrente resultante sai pelo fundo da torre em

direção aos fornos de craqueamento. Dentro desses fornos, se utiliza calor e um

reator mantido a uma dada pressão para a quebra de moléculas grandes de

hidrocarbonetos em moléculas menores e mais leves, sendo direcionados a uma

câmara de vaporização, para redução da pressão, vaporização e remoção dos

produtos mais leves que servem para alimentar a torre de fracionamento, onde as

várias frações são então separadas. (ABADIE, 1999; MARIANO, 2001)

b) Viscorredução

Este processo se caracteriza por um tipo de craqueamento realizado a

temperaturas mais brandas que os demais processos de quebra de moléculas. A

sua função é diminuir a viscosidade dos óleos residuais pesados através da ação da

temperatura, buscando obter um maior rendimento em gasóleo, para posterior

craqueamento catalítico e produção de gasolina, ou seja, sua função é produzir um

produto mais vendável (ABADIE, 1999).

É um processo parecido com o craqueamento térmico, porém é mais intenso.

Esta atividade permite aumentar o rendimento de derivados leves e do tipo de

28

gasolina que possui mais elevado valor, em detrimento da obtenção de frações mais

pesadas, economicamente menos interessantes. O produto residual, com sua

viscosidade diminuída, é incorporado à produção de óleo combustível da refinaria

(ABADIE, 1999).

c) Coqueamento retardado

É um processo similar ao craqueamento térmico usado para reduzir a

quantidade de óleos combustíveis residuais gerados nas refinarias. Porém, o tempo

de reação é maior e não há refrigeração. Esse processo reduz o coque, substancia

composta por carbono sólido, hidrocarbonetos e impurezas, sua carga é resíduo de

vácuo, que craqueia moléculas, resinas e asfaltenos, produzindo gases, nafta,

diesel, gasóleo e principalmente coque de petróleo que é muito utilizado para a

produção dos eletrodos necessários para a obtenção do alumínio e no uso da

siderurgia para produção de aços especiais, valorizando economicamente o produto.

(ABADIE, 1999).

d) Craqueamento catalítico

Esse processo possui algumas limitações de acordo com as propriedades da

carga que devem possuir faixa de destilação entre 340º C a 570º C, possuir resíduo

de carbono baixo (em torno de 1,5%, em massa) para minimizar-se a formação de

coque, um baixo teor de metais, para que a atividade e a seletividade do catalisador

seja menos afetada e possuir elevado fator de caracterização, ou seja, quanto mais

parafínica for à carga, mais facilmente será craqueada (ABADIE, 1999).

Com uma operação flexível, o processo pode ser ajustado para maximizar um

determinado produto de interesse. Entretanto, o que o consagrou está relacionado

aos aspectos econômicos. Pois, o processo torna-se também rentável

economicamente devido sua auto-suficiência energética. A partir da queima do

coque durante a regeneração do catalisador – promovida no regenerador – o

processo tem energia necessária para o craqueamento (PENTEADO, 2003).

A carga utilizada neste processo é proveniente da destilação a vácuo e que

seria utilizada como óleo combustível. É um gasóleo obtido por destilação a vácuo, e

o óleo desasfáltico, com faixa de destilação intermediária entre o óleo diesel e o

29

resíduo de vácuo. A carga entra em contato com o catalisador a uma temperatura

elevada, ocorrendo à ruptura (“cracking”) das cadeias moleculares e dando origem a

uma mistura de hidrocarbonetos que são, posteriormente, fracionados (MARIANO,

2001).

Esse tipo de craqueamento utiliza um catalisador em forma de um pó muito

fino, composto predominantemente por aluminossilicato cristalino, zeólita, alumina,

argila (usualmente caulim) e um ligante (geralmente um sol de sílica). No processo,

é utilizado catalisador, calor e pressão para efetuar a quebra das moléculas grandes

de hidrocarbonetos em moléculas menores e mais leves. O óleo aquecido a uma

temperatura de 260° C a 430° C entra em contato com o catalisador a uma

temperatura de 700° C no reator, onde a maioria das reações acontecem (ABADIE,

1999).

O catalisador fluidizado e os vapores de hidrocarbonetos que já reagiram são

separados e qualquer resíduo de óleo que permaneça sobre o catalisador é

removido através de retificação com vapor d’água. Os vapores craqueados através

de um diferencial de pressão são transportados alimentando, então, uma torre de

fracionamento, onde as várias frações de hidrocarbonetos obtidas são separadas e

coletadas. Essa atividade possui metais pesados presentes nas cargas processadas

na unidade, além de produzir um resíduo de alto teor de carbono, denominado

coque, que se deposita sobre a superfície do catalisador, diminuindo sua atividade

de catálise, necessitando de constante renovação, passando a constituir um resíduo

que deve ser corretamente disposto (ABADIE, 1999).

O catalisador exausto que é removido do processo para não prejudicar a ação

catalítica é enviado para um regenerador onde o coque agregado nas partículas do

catalisador é queimado na presença de ar transformando o nitrogênio e enxofre em

SOx e NOx juntando-se às emissões gasosas emitidas pelas chaminés dos

regeneradores, como: O2, N2, CO, H2O e material particulado. Os gases de

combustão são separados do catalisador e enviados a uma caldeira de recuperação

de gases recebendo uma quantidade extra de ar. O CO é convertido quase que

totalmente em CO2 (JÚNIOR, 2010).

O catalisador, com baixo teor de coque, tem sua atividade recuperada sendo

devolvido e misturado novamente à carga de alimentação, para início de um novo

ciclo e depois ser novamente regenerado, repetindo esse ciclo diversas vezes. A

30

cada ciclo de reutilização há um aumento no teor de compostos cancerígenos no

catalisador, como metais pesados e coque (CERQUEIRA Et al., 2001).

Na Figura 1, adaptada de Costa et al. (2004) é apresentado um esquema

simplificado de conversor de Craqueamento Catalítico Fluidizado.

Figura 1 – Esquema da Unidade de Craqueamento.

Fonte: Costa et al., 2004.

Existem diversos tipos de unidades de craqueamento catalítico fluido,

diferindo uma das outras pelo arranjo relativo entre o reator e o regenerador.

e) Hidrocraqueamento catalítico

Nesse processo a corrente de alimentação são produtos que não podem ser

craqueados cataliticamente com facilidade. Esse processo visa diminuir a

quantidade de coque que se deposita sob o catalisador, hidrogenar os compostos

aromáticos polinucleados facilitando sua decomposição e hidrogenar olefinas e

diolefinas formadas no processo de craqueamento, aumentando a estabilidade

31

química dos produtos finais, além de retirar enxofre e nitrogênio dos produtos,

evitando o envenenamento do catalisador (ABADIE, 1999).

As vantagens de utilização desse processo são devido ao melhoramento do

balanceamento na produção de gasolina e frações destiladas intermediárias e

suplementação do craqueamento catalítico fluido, possibilitando a conversão de

cargas que este processo não poderia decompor (ABADIE, 1999).

f) Hidrotratamento/Hidroprocessamento

O Hidrotratamento e o hidroprocessamento utilizam catalisadores na

presença de substanciais quantidades de hidrogênio sob condições de altas

pressões e temperaturas, para que possam ocorrer as reações entre a carga e este

gás, estabilizando todas as frações de petróleo ou eliminando compostos

indesejáveis como; enxofre, nitrogênio, oxigênio, halogênios e metais. O processo

produz o produto tratado e uma corrente de gases combustíveis leves, gás sulfídrico

e amônia e um gás rico em hidrogênio, que é reciclado para o reator. Esse gás rico

em hidrogênio é normalmente enviado à unidade de tratamento de gases ácidos e à

unidade de recuperação do enxofre (MARIANO, 2001).

g) Alquilação

Na indústria de refino, a alquilação tem um lugar de destaque, devido a sua

utilização na produção de naftas de alto índice de octanagem. A carga é tratada

antes de ser encaminhada ao reator, são desidratadas e submetidas a contato com

ácido fluorídrico e segue para o reator para otimização do contato

reagente/catalisador (ABADIE, 1999).

O efluente de topo é uma emulsão hidrocarbonetos/catalisador, que passa ao

tambor de decantação, onde o ácido é separado dos hidrocarbonetos e enviado ao

reator e os hidrocarbonetos seguem para seção de recuperação de reagentes,

sendo aquecidos e enviados à torre deisobutanizadora, onde o isobutano e outros

compostos mais leves são removidos dos hidrocarbonetos alquilados, condensados

e divididos em duas correntes. Uma delas incorpora-se ao reciclo e outra vai a uma

torre depropanizadora e é enviada à estocagem para a venda como GL (ABADIE,

1999).

32

h) Isomerização

Esta unidade promove alterações na estrutura molecular sem remover ou

adicionar nada à molécula original, a temperaturas entre 90 e 200º C, com a

presença de dois tipos de catalisadores especiais que estão atualmente em uso e

que necessitam de atmosfera de hidrogênio para atuar. Um desses catalisadores

requer a contínua adição de pequenas quantidades de cloretos orgânicos, que são

convertidos em ácido clorídrico no reator, o outro utiliza uma peneira molecular como

suporte e não requer que a carga esteja seca ou livre de oxigênio. O objetivo é

minimizar a formação e deposição de coque. O catalisador precisa ser reposto,

normalmente, a cada dois ou três anos de uso (MARIANO, 2001).

i) Polimerização

A polimerização é utilizada para converter propano e butano em componentes

de gasolina. As reações usualmente ocorrem sob altas pressões e na presença de

ácido fosfórico, que age como catalisador. A corrente de propano e butano passa

por uma lavagem cáustica para e depois por um tratamento com uma amina para

que o gás sulfídrico seja retirado. Em seguida é lavada com água, para que os

resíduos da lavagem cáustica e da amina sejam eliminados, e finalmente é

dessecada passando através de sílica gel ou de peneiras moleculares dessecadoras

(MARIANO, 2001).

j) Reforma catalítica

Este processo tem como objetivo o rearranjo da estrutura molecular dos

hidrocarbonetos contidos em determinadas frações do petróleo, para a obtenção de

um produto próprio para queima em motores de altas taxas de compressão ou para

a formação de um produto rico em hidrocarbonetos aromáticos nobres,

posteriormente fracionados e recuperados, para se obter elevado grau de pureza,

visando à produção de gasolina de alta octanagem. No entanto a maior parte das

unidades operam na produção de aromáticos leves para posterior geração de

compostos petroquímicos (MARIANO, 2001).

33

As correntes de alimentação são hidrotratadas antes de entrarem no reator

para remoção de impurezas, evitando a contaminação do catalisador constituído de

um suporte de alumina impregnado de elemento ativo de natureza metálica.

Sequencialmente, essa corrente passa sobre um catalisador, geralmente de platina,

associada a outro metal nobre, uma mistura de hidrocarbonetos e hidrogênios

desencadeando reações diversas que formam um produto rico em hidrocarbonetos

aromáticos e isoparafínicos, produtos leves (GLP), hidrogênio e coque (MARIANO,

2001).

2.2.3. Tratamentos Químicos

Os derivados de petróleo, na maioria das vezes, não se enquadram nas

especificações requeridas, principalmente em relação ao teor de enxofre nitrogênio

ou oxigênio em suas moléculas. Os tratamentos químicos, então, são usados para

eliminar ou modificar as propriedades das contaminações que o óleo bruto

apresenta. Os principais tratamentos químicos efetuados nas refinarias segundo

Abadie (1999) serão descritos a seguir:

a) Lavagem cáustica

Usado para a remoção de mercaptans (compostos que possuem um grupo

funcional formado por enxofre e hidrogênio) e H2S dos produtos, e também outros

compostos ácidos que esteja presente no derivado que será tratado. O processo

consegue remover também, porém em menor escala, cianetos e fenóis. Só é

empregado no tratamento de frações leves quando o teor de enxofre não é muito

elevado, como o gás combustível, o GLP e naftas.

A carga inicial a ser tratada com esse processo recebe uma solução aquosa

de soda cáustica ou hidróxido de potássio com concentração entre 15 a 20 %,

ocorrendo então reações de neutralização. Após essa mistura, a concentração da

solução de soda caustica diminui, chegando de 1 a 2%, sendo substituída por uma

nova solução. Após as reações, as duas fases são separadas em um vaso

decantador, devido às diferenças de densidade. A fase orgânica deixa o decantador

por cima, enquanto que a solução cáustica sai pelo fundo.

34

Pode ser encontrado em seções de tratamento em unidades de Destilação,

Craqueamento e Alquilação, porém, o elevado consumo de consumo de soda

cáustica e a geração de grandes volumes de resíduo (soda gasta), torna o processo

desvantajoso.

b) Bender

Desenvolvido para transformar compostos agressivos de enxofre (S, H2S e

RSH) em outros menos prejudiciais (RSSR e dissulfetos), objetiva melhorar a

qualidade do querosene de aviação conhecido por isso como “de adoçamento”. O

catalisador utilizado no processo é à base de óxido de chumbo.

A carga é aquecida no processo inicial e misturada com soda cáustica

seguindo então para um precipitador eletrostático, sendo submetida a um campo

elétrico da ordem de 20.000 V, que promove a quebra e separação das fases

cáustica e orgânica. Após a etapa de lavagem cáustica, a carga é dividida em duas

correntes, a de menor vazão é enviada para uma torre absorvedora de enxofre, logo

após recebe uma injeção de ar comprimido, e penetra no fundo do reator Bender. No

interior do reator existe um leito fixo de catalisador, que promove as reações de

adoçamento desejadas.

O efluente do reator retirado pelo ápice e recebe uma injeção de água de

processo, removendo a soda cáustica do produto e impurezas que possa ter ido

junto sendo seguidamente submetida a um turbilhonamento encaminhada a um vaso

de lavagem com água, promovendo a separação entre a fase aquosa e o produto.

O tratamento Bender é pouco usado, uma vez que os modernos rumos no

refino são caminhar cada vez mais no sentido dos processos de hidrogenação.

c) Merox

Processo de tratamento mais moderno, aplicável a frações leves, como GLP e

nafta, e intermediárias, como querosene e Diesel. Este processo caracteriza-se pela

extração cáustica dos mercaptans existentes nos derivados, que posteriormente são

oxidados a dissulfetos, ao mesmo tempo em que a solução cáustica é regenerada.

As reações são promovidas por um catalisador organo metálico.

35

A carga penetra pelo fundo da torre, escoando em contracorrente com a

solução cáustica de lavagem, o produto tratado sai por cima, encaminhando-se para

um decantador, onde fica retida a soda que possa ter sido levada junto, saindo por

baixo da torre, reúne-se com a corrente que foi recuperada e recebe uma injeção de

ar comprimido sendo enviada para uma torre de oxidação, onde ocorre a sua

regeneração.

d) Dea (Di-Etanol-Amina)

Caracteriza-se por remover o ácido sulfídrico do gás combustível e do GLP, a

fim de que tais frações possam atender às especificações relacionadas à

corrosividade e ao teor de enxofre. Os produtos formados, ao serem submetidos ao

aquecimento, se decompõem, regenerando a solução original e liberando o gás

anteriormente absorvidos, que pode ser então enviado à uma unidade de

recuperação de enxofre.

A carga penetra próxima ao fundo da torre, ao mesmo tempo é injetada a

solução de dietanolamina (DEA) na parte superior, permitindo a absorção do H2S

pela DEA. A carga tratada sai da torre de extração pela parte superior,

sequencialmente sendo enviada a unidade de tratamento Merox, enquanto a

solução de DEA rica em H2S deixa a torre pelo fundo para uma torre de

regeneração, onde é aquecida, liberando o H2S, que é queimado em um flare ou

enviado para uma unidade de recuperação de enxofre. A DEA tratada é resfriada e

retorna ao processo.

2.2.4. Processos Auxiliares

Fornecem insumos à operação dos outros anteriormente citados,

desempenhando um papel de suporte. Incluem-se, neste grupo, a Geração de

Hidrogênio (fornecimento deste gás às unidades de hidroprocessamento), a

recuperação de Enxofre (produção desse elemento a partir da queima do gás ácido

rico em H2S) e as utilidades (vapor, água, energia elétrica, ar comprimido,

distribuição de gás e óleo combustível, tratamento de efluentes e tocha), que,

embora não sejam de fato unidades de processo, são imprescindíveis a eles.

(ABADIE, 1999).

36

2.3 GERAÇÃO DO CATALISADOR RESIDUAL

A partir da segunda década do século XX, os processos comerciais de

craqueamento começaram a surgir para atender as necessidades da indústria

automobilística. O primeiro processo a ser utilizado foi o de craqueamento térmico,

sendo substituído pelo craqueamento catalítico que trabalha com pressões elevadas

(25 a 70kg/cm2) em relação ao térmico que trabalha com pressões baixas

(MARIANO, 2001).

Em 1942 foi o primeiro modelo de unidade de craqueamento foi empregado,

baseado na utilização de partículas de catalisador à base de alumina de baixa

atividade que através de um reator eram suspensas em fluxo de alimentação

ascendente de hidrocarbonetos (FARIA, 2012).

Esse processo foi usado com o objetivo de analisar a seletividade e atividade de

alguns catalisadores (COELHO, 1992 apud RIBEIRO, et al. 2004 ).

Atualmente o processo de craqueamento catalítico fluido é difundido em todo

o mundo por aumentar a produção de gasolina e GLP e melhorar a qualidade da

mesma em uma refinaria de petróleo por meio da conversão de frações pesadas,

provenientes da destilação do petróleo em unidades anteriores em frações mais

leves e de melhor qualidade.

O consumo de gasolina é superior á dos óleos combustíveis em diversos

países. Sendo assim, o craqueamento catalítico corrige o déficit da produção de

gasolina e GLP, suplementando a diferença entre a demanda de oferta e o consumo

(NETO & ALVES, SD).

Atualmente, vários tipos de reatores de craqueamento catalítico estão em uso

no mundo, incluindo reatores de leito móvel e leito fluidizado FCC’s.

O craqueamento catalítico usa calor, pressão e um catalisador para efetuar a

quebra de grandes moléculas de hidrocarbonetos em moléculas menores e mais

leves. Esta unidade permite processar resíduos originados de outras unidades.

O catalisador utilizado na unidade FCC é normalmente um pó granular

finíssimo, branco, composto por zeólita, matriz, filer e binder, que quando

atravessado por uma corrente grossa, comporta-se como um fluido.

A zeólita é responsável por grande parte da atividade do catalisador, através

da propriedade catalítica relacionada principalmente com as superfícies ativas das

estruturas das zeólitas (FARIA, 2012).

37

Com exceção da zeólita, a matriz envolve todos os componentes do

catalisador, podendo contribuir para o desempenho do catalisador devido a sua

estrutura porosa, permitindo a difusão dos hidrocarbonetos no catalisador e

protegendo-a da contaminação precoce por nitrogênio e outros metais. (FARIA,

2012).

O filer (caulim) é uma argila, sua função no catalisador é diluir sua atividade.

O binder desempenha o papel de junção de todos os componentes do catalisador

(FARIA, 2012).

Segundo Abadie (1999) existem três tipos diferentes de catalisador: baixa

alumina (11-13% Al2O3), alta alumina (25% Al2O3) e do tipo zeolítico (cristalino).

Esses catalisadores desempenham funções para promover as reações do

craqueamento em condições de pressão e temperatura muito mais baixas do que as

requeridas no craqueamento térmico.

Essa atividade produz coque, que se deposita sobre a superfície do

catalisador, diminuindo sua eficiência. Quando perdem seu poder de reação, ou

seja, sua atividade, o catalisador é enviado ao regenerador para remoção do coque

por queima. No entanto, a regeneração deste provoca degradação estrutural do

catalisador, limitando-o a uma quantidade de reutilização.

Quando o catalisador não pode ser mais regenerado, este é substituído por

outro fresco que ainda não reagiu e possui atividade máxima especificada para

continuidade das reações e compensações das perdas pela chaminé.

No regenerador, através das reações de combustão para remoção do coque

depositado é gerado calor que atua como agente de transferência de calor,

retirando-o da zona de combustão e utilizando-o para aquecer e vaporizar a carga,

elevando sua temperatura para possibilitar e manter as reações de craqueamento.

Após processo de queima o resíduo catalítico obtém coloração cinza claro e teor de

coque de 0,1 a 0,5% em massa (ABADIE, 1999).

As reações que se desenvolvem durante a queima do coque, segundo

Abadie (1999) são as equações 2.1, 2.2 e 2.3.

H2 + ½O2 H2O + 68.317,4 cal (2.1)

C + ½O2 CO + 26.415,7 cal (2.2)

CO + ½O2 CO2 + 67.636,1 cal (2.3)

38

Dois tipos de resíduos de catalisadores podem ser obtidos após a reação

catalítica na unidade de craqueamento catalítico fluido. Um deles chamado de

catalisador de equilíbrio (Ecat), é o catalisador removido do processo que deve ser

substituido por catalisadores novos, a fim de manter a atividade catalítica. O outro

tipo é chamado catalisador precipitador eletrostático (EPcat), regenerados e

coletados a parte por um precipitador eletrostático (SU et al., 2000).

A geração desse resíduo em grande escala diária associado às unidades de

regeneração que não são suficientes para tratar esse resíduo, se tornou um grande

problema ambiental.

Em função da dificuldade de licenciar aterros indústrias para dispor esse

material a Petrobrás passou a enviar o resíduo mais volumoso de suas unidades de

craqueamento catalítico para co-processamento em indústrias de cimento

Segundo Corradi (2008), 40.000 toneladas/ano de resíduo catalítico eram

gerados nas refinarias da Petrobrás S.A. em 2008, sendo que 25.000 eram

destinados para cimenteiras e 15.000 aproveitadas em unidades de craqueamento

fluido de resíduo.

No trabalho de Hsu et al. (1996), estudos demonstraram que catalisadores

exaustos podem ser submetidos a uma temperatura de mais de 1750 ° C. Portanto,

ele pode ser usado para fabricação de materiais resistentes ao fogo ou adicionado à

argila e tratados termicamente para formar materiais de construção, tais como telhas

cerâmicas, tijolos refratários, tijolos e isolamento.

2.3.1. Fontes de perdas do resíduo catalítico

As unidades de craqueamento catalítico possuem geralmente quatro tipos de

fontes de perda do resíduo segundo Júnior (2010), sendo eles: a) Rotina de descarte

por técnicos de operação da unidade geradora do catalisador residual para

cimenteiras, através de carretas silos (ver Figura 2); b) Perda direta para o meio

pelas chaminés dos regeneradores, através de uma mistura gasosa de poluentes

gerada no processo e que arrastaram finos de catalisador (ver Figura 3); c) Perdas

por emissões fugitivas, devido a vazamentos do produto por equipamentos,

tubulações e conexões sob pressão, depositando-se em área interna e incorpados

aos resíduos sólidos de varrição (ver Figura 4); d) Perda através das chaminés dos

39

fornos e caldeiras que utilizam o óleo decantado como combustível considerado

potencial poluente atmosférico por conter finos de catalisador.

Figura 2 – Carreta silo transportando catalisador residual.

Fonte: Júnior (2010).

Figura 3 – Resíduo Sólido de Varrição (RSV).

Fonte: Petrobrás (2007) apud Junior (2010).

40

Figura 4 – Vazamento de óleo.

Fonte: Petrobrás (2007) apud Junior (2010).

2.4 ZEÓLITAS

O catalisador residual da unidade de FCC é formado por uma zeólita sintética,

composta basicamente de sílica e alumina, que apresenta elevada superfície

especifica, principalmente devido a sua porosidade, como matriz ativa.

A produção brasileira, pela Fábrica Carioca de Catalisadores, é de cerca de

25 mil t/ano, sendo integralmente destinada à síntese de catalisadores utilizados no

craqueamento do petróleo (GUILHERMINO, 2008).

A zeólita é o componente ativo do catalisador de craqueamento formados por

tetraedros de SiO4 e AlO4 conectados pelos átomos de oxigênio nos vértices. São

aluminossilicatos cristalinos, com armação estrutural incluindo canais e cavidades

ocupadas por cátions grandes e moléculas de água, variando de uma zeólita para

outra, alguns dos cátions típicos encontrados são metais alcalinos (Na+, K+, Rb+,

Cs+) e alcalinos terrosos (Mg2+, Ca2

+), NH4+, H3O

+, TMA+ (tetrametilamônio) e outros

cátions nitrogenados, terras raras e metais nobres, com considerável mobilidade,

permitindo troca iônica e desidratação reversível (JIMENEZ, 2004).

A remoção das moléculas de água e a substituição dos cátions

intercambiáveis não alteram a estrutura básica das zeólitas (FUNGARO, 2002).

Segundo Cunha (2012), a fórmula geral que compõe as zeólitas é mostrada na

equação 2.4.

41

Mx/n(AlO2)x(SiO2)y.wH2O (2.4)

Onde M é um cátion de valência n, que neutraliza as cargas negativas na

estrutura do aluminossilicato. A propriedade catalítica da zeólita está diretamente

relacionada à sua morfologia, superfície ativa, tamanho das cavidades internas,

estabilidade térmica e sua propriedade de troca catiônica. (CUNHA, 2012)

Dessa forma, as zeólitas apresentam propriedades de grande importância

para os processos industriais, como: alto grau de hidratação; baixa densidade e

grande volume de vazios quando desidratada; propriedades de troca catiônica;

canais uniformes nos cristais desidratados; condutividade elétrica; estabilidade da

estrutura cristalina quando desidratada; adsorção de gases e vapores e

propriedades catalíticas (GUILHERMINO, 2008).

Sua perda funcional no processo de craqueamento é devido ao colapso e

sinterização dos compostos cristalinos.

2.5 IMPACTOS AMBIENTAIS DO REFINO DE PETRÓLEO

Segundo a resolução 001/86 do CONAMA, impacto ambiental é “qualquer

alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente,

causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades

humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a segurança e o bem-estar

da população; as atividades sociais e econômicas; a biota (conjunto de seres vivos

de um ecossistema); as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente, e a

qualidade dos recursos ambientais”.

Para evitar ou mitigar os problemas ambientais das refinarias de petróleo,

deve-se estudar o tratamento e a destinação final adequada para cada tipo de

agente poluidor, além de aperfeiçoar os processos industriais, aproveitando ao

máximo ou em sua totalidade a matéria prima, sendo necessário um estudo para

cada refinaria, já que a composição do petróleo varia, resultando em agentes

poluidores de concentrações diferentes. A Tabela 1 e a Tabela 2 definem os

aspectos causados por cada aspecto ambiental e relaciona os impactos respectivos.

42

Tabela 1 – Aspectos e impactos ambientais das atividades de uma refinaria. Fonte: Petrobrás (2010)

ASPECTO AMBIENTAL

IMPACTO AMBIENTAL

Alteração da qualidade Alteração

da flora e

da fauna

Contribui para o

esgotamento

dos recursos

naturais

água

superficial

água

subterrânea Solo Ar

Descarte de efluentes

para corpo receptor X X X

Geração de efluentes

líquidos oleosos X X X X

Geração de efluentes

ácidos X X X X

Geração de efluentes de

águas contaminadas X X X X

Emissões de material

particulado X

Emissões de gases de

combustão - fonte fixa X

Emissões de gases de

combustão - fonte móvel X

Emissões de névoas ou

neblinas ou gases ou

vapores tóxicos

X

Emissões Fugitivas –

VOC X

Descarte de Sucatas de

metais ferrosos e não-

ferrosos

X

Descarte de Resíduos

Oleosos - Lubrificantes

usados

X

Descarte de Resíduos

Contaminados X

Descarte de Resíduos

de papel e papelão X

Descarte de Resíduos

de Catalisadores

residuais

X

Descarte de Resíduos

de recheios de torres X

Descarte de Resíduos

de recheios de reatores X

Descarte de Resíduos

de pinturas X

Descarte de Resíduos

de construção civil X

Descarte de Resíduos

de embalagens de

produtos químicos

X

Descarte de borras

oleosas X

Descarte de resíduo de

carvão apassivado X

43

Tabela 2 – Continuação da Tabela 1. Fonte: Petrobrás (2010)

Descarte de Resíduos

de fuligem de fornos e

caldeiras

X

Descarte de EPIs

usados X

Descarte de Resíduos

de silicatos X

Consumo de energia

elétrica X

Consumo de água X

Consumo de petróleo,

derivados e Gás Natural X

As refinarias utilizam grandes quantidades de água em seus processos, tendo

como principal função o resfriamento. As fontes geradoras desse tipo de efluente

são: os acumuladores das torres de destilação e de craqueamento, a água de

refrigeração dos condensadores barométricos da destilação a vácuo, os agentes

químicos oriundos do tratamento dos destilados, a manufatura de petroquímicos e

as águas dos tanques de armazenamento do petróleo cru e dos derivados. Esses

efluentes gerados podem conter grandes quantidades de óleo, sólidos em

suspensão, sulfetos, cloretos, mercaptans, fenóis, amônia, glicóis e aminas, além de

ácidos provenientes de catalisador residual e solventes oriundos de vazamentos.

Diversos impactos podem ser causados por esses tipos de efluentes, como o

desequilíbrio ecológico, alteração da qualidade da água, assoreamento dos

mananciais, prejuízos aos peixes e a outros organismos aquáticos, eutrofização e

degradação da paisagem devido às conseqüências desses impactos. (MARIANO,

2001)

Os impactos relevantes sobre a qualidade do ar tem origem nas emissões

atmosféricas da operação da refinaria. Os principais poluentes emitidos pela

refinaria são SOx, NOx, H2S, CO, mercaptans, os materiais particulados, e os

hidrocarbonetos (que geralmente constituem as emissões fugitivas de compostos

orgânicos voláteis, os VOC). Esses poluentes são liberados nas áreas de

armazenamento, nas unidades de processo, em vazamentos que podem ocorrer e

nas unidades de queima de combustíveis fósseis. A dispersão desses poluentes

produz nuvens tóxicas ou inflamáveis, ocasionando chuvas ácidas (MELO et al.,

2010).

A presença de contaminantes na atmosfera produz a absorção e a dispersão

da luz solar, causando redução da visibilidade, além de chuvas ácidas que causam

44

alterações no meio devido ao seu efeito abrasivo e ao aumento da temperatura e

variações climáticas, devido ao aumento da concentração de CO2 e outros

poluentes. O efeito desse tipo de poluição sobre a saúde acarreta a irritação nos

olhos, impacto sobre o sistema cardiovascular, por meio da absorção de chumbo e

CO pela corrente sanguínea, problemas respiratórios devido à exposição aos

contaminantes dispersos (MARIANO, 2001).

A disposição inadequada dos resíduos é considerada problema central dos

impactos ambientais. São oriundos do processo de refino e manuseio do petróleo,

assim como na etapa do tratamento de efluentes, geralmente sob a forma de lamas,

catalisadores de processo exaustos, cinzas de incineradores e borras de filtração.

Estes resíduos incluem, em sua composição, enxofre, ácido acético, ácido fosfórico,

chumbo, ferro, cádmio, cobre, amônia, metais pesados, sólidos dissolvidos e gás

sulfídrico (MARIANO, 2001).

Segundo Mariano (2001) e o Relatório de Impacto Ambiental do Complexo

Petroquímico do Rio de Janeiro, são descritos alguns impactos potenciais

decorrentes disposição e contaminação por resíduos sólidos, como poluição dos

recursos pelo assoreamento, soterramento e intoxicação de animais e ovos de

peixes, aumento da turbidez da água, reduzindo a população de espécies, variações

de pH, além de danos à fauna e à flora, produção de maus odores, liberação de

gases tóxicos e danos diversos a saúde humana.

2.5.1 Impactos do catalisador residual

Este catalisador é muito utilizado para processar misturas de hidrocarbonetos,

em composição controlada, para a obtenção de combustíveis ou produtos químicos.

Existem diversas fontes de poluição pelo resíduo: emissões fugitivas através

de vazamentos, perda direta pelas chaminés dos fornos, caldeiras e regeneradores,

perda pela rotina de descarte e sua própria geração devido à utilização nas

atividades da unidade de craqueamento catalítico.

Boa parte desse resíduo atinge região externa à refinaria e sua presença

pode causar diversos efeitos críticos à saúde e ao meio ambiente. Sendo, de uma

forma geral, considerado como perigoso devido a sua composição e tamanho de

partícula de fácil inalação e dispersão.

45

“Quanto menor o tamanho da partícula, mais danos

esta pode causar a saúde, devido à fácil penetração no

organismo. “A fração inalável MP(10) pode atingir a mucosa

nasal, faringe, laringe e parte superior da traquéia,

correspondendo às vias aéreas superiores. Partículas abaixo

de 2,5 μm MP(2,5) atingem a parte inferior da traquéia,

brônquios, bronquíolos e alvéolos. E a fração respirável,

partículas com tamanho inferior a 1 (um) μm MP(1,0), é

absorvida pelo sangue, distribuída pelo organismo e ao final

metabolizada por meio de biotransformações mediadas por

enzimas” (BAHIA,2003 apud JUNIOR, 2010)

Os catalisadores de FCC convencionais são normalmente compostos por

zeólitas (componente ativo), caulim, alumina e sílica (RIBEIRO et al., 2004)

O caulim ou silicato de alumínio pode causar sintomas como irritação nos

olhos, ressecamento da pele. A ingestão em grandes quantidades pode causar

distúrbios gastro-intestinais e a inalação excessiva de poeira pode causar tosse,

espirro e irritação nasal. Não causa impacto ambiental, pois é um produto totalmente

inerte (CINDUKERN, 2007).

A alumina, também conhecida como óxido de alumínio, e a sílica, podem

causar tosse ou dificuldade respiratória e irritação a pele por abrasão mecânica

(ANCHORTEC, 2006).

O catalisador exausto e os finos gerados contêm metais pesados do óleo cru

e hidrocarbonetos, silicato de alumínios e metais (CUNHA, 2009). Quando disposto

de forma inadequada, ele pode causar assoreamento dos rios, intoxicação da fauna

aquática, causando desequilíbrio no ecossistema, ocupação e contaminação do

solo, geração de nuvens de poeira devido à dispersão dos finos, acarretando em

problemas com a saúde humana e do meio ambiente.

O resíduo catalítico apresenta constituintes perigosos como o benzeno e

arsênio, caracterizando-o como tóxico e de periculosidade inflamável de acordo com

a NBR 10004/04. Segundo Afonso et al. (2003) apud Faria (2012) o catalisador

residual são poluentes em potencial devido ao teor elevado de metais pesados; o

coque depositado sobre o catalisador exausto que possui compostos como o

46

benzeno; e a elevada ácido-basicidade desses materiais, sendo muito superior que

a do solo.

No anexo I deste trabalho é apresentado à ficha de informação de segurança

do catalisador de equilíbrio, segundo anexo VIII do trabalho de Júnior (2010).

2.6 GESTÃO AMBIENTAL DA REFINARIA

As refinarias são destilarias de petróleo que realizam o processo químico de

limpeza e refino do óleo bruto, tendo como função o beneficiamento do mineral bruto

produzindo derivados diversos de petróleo, dependendo das propriedades do

petróleo a ser processado, já que não existem composições idênticas de petróleo.

As características do petróleo têm grande influência sobre a escolha das

técnicas que serão adotadas para o seu refino, de um modo geral são elas que irão

determinar quais serão os produtos que melhor poderão ser obtidos de um dado

petróleo, pois é sabido que nem todos os derivados podem ser produzidos com

qualidade e de forma economicamente viável a partir de qualquer tipo de petróleo

(MARIANO, 2001).

Com o aumento da produção de petróleo, consequentemente houve um

aumento das atividades relacionadas ao refino gerando uma demanda maior de

emissões, efluentes e resíduos, evidenciando diversos impactos ambientais.

Com o advento da lei de crimes ambientais (LEI 6938/98), que dispõe sobre a

Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e

aplicação, as empresas e os órgãos ambientais têm se esforçado para realizar um

gerenciamento adequado dos resíduos, já que a fonte geradora é responsável pelo

seu resíduo até a sua destruição ou destinação final. Porém essa situação ainda não

é totalmente efetiva, em ambos os setores - público e privado (ARAÚJO ET AL.,

2002).

Existem diversas legislações ambientais, no qual a atividade de refino está

incluída, formada por um conjunto de constituição, leis, portarias, resoluções,

normas técnicas e regulamentadoras.

Para Robles Jr. (2006), um sistema de gestão ambiental é definido como um

“conjunto de medidas e procedimentos definidos e

adequadamente aplicados que visa reduzir e controlar os

47

impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio

ambiente”.

Para qualquer organização que deseja incorporar um sistema de gestão, a

norma NBR ISO 14001/04, define alguns aspectos que devem ser seguidos:

“a) implementar, manter e aprimorar um sistema de

gestão ambiental; b) assegurar-se de sua conformidade com

sua política ambiental definida; c) demonstrar tal conformidade

a terceiros; d) buscar certificação/registro do seu sistema de

gestão ambiental por uma organização externa; e) realizar uma

auto-avaliação e emitir auto declaração de conformidade com

esta Norma”.

Para uma gestão ambiental eficiente é necessário em um primeiro momento

um comprometimento da empresa buscando atingir benefícios legais, sociais,

econômicos e ambientais.

As atividades de refino da indústria de petróleo geram resíduos que causam

impactos ao meio ambiente. A utilização de tecnologias que previnam e controlem a

poluição são indispensáveis. Sendo assim, é preciso que seja adotado um sistema

de gestão e dentro desse sistema esté incluso o Plando de Gerenciamento de

Residuos Sólidos que, de acordo com o Decreto 7.967 (BAHIA, 2001a), tem como

responsáveis as empresas que geram, transportam ou receptam o resíduo sólido,

além de descrever todos os procedimentos necessários para uma produção mais

limpa, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final.

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos é um item do processo de

licenciamento ambiental da empresa geradora e receptora que deve ser

acompanhado pelo órgão ambiental responsável de acordo com a complexidade do

empreendimento.

A empresa deve aderir a alguns requisitos, como a adoção de uma política

ambiental; planejamento em relação aos aspectos ambientais, objetivos e metas,

requisitos legais; a implementação e operação das atividades em relação à estrutura

e responsabilidade, treinamento dos funcionários, conscientização, competência,

comunicação interna entre vários níveis e funções, documentação do sistema de

48

gestão ambiental, controle operacional, preparação e atendimento a emergências;

verificação e ação corretiva através do monitoramento e medição, ações corretivas e

preventivas, registros, auditoria do sistema de gestão ambiental e análise crítica pela

administração (NBR ISO 14001, 2004).

Na indústria de refino existem três linhas de poluição, a poluição atmosférica,

os efluentes líquidos gerados e os resíduos sólidos produzidos pelo processo.

A poluição atmosférica gera aumento da concentração da poluição pela

dispersão de poeira, produzindo nuvens tóxicas ou inflamáveis compostas de óxidos

de enxofre e nitrogênio, amoníaco e compostos de flúor, provenientes de todas as

operações da planta. A contaminação hídrica ocorre devido ao lançamento de

efluentes como águas de lavagem, águas de resfriamento e lixiviação das áreas de

depósitos de materiais ou rejeitos, causando alterações físicas, químicas e

biológicas no meio (MARIANO, 2001).

A poluição por resíduos sólidos, devido à liberação casual de solventes e

materiais ácidos ou alcalinos, potencialmente perigosos e a disposição inadequada

de lodos de tratamento de efluentes hídricos e gasosos e partículas sólidas dos

coletores de poeira causam impactos químicos, físicos e biológicos na área

diretamente afetada, seja ela terrestre ou aquática (MARIANO, 2001).

Com a adoção de tecnologias mais limpas, pode ser reduzido ou controlado a

níveis toleráveis o volume e a concentração de gases, vapores e material

particulado, emitidos durante o processo de refino. Já os efluentes líquidos do refino

devem ser tratados por tecnologias que envolvam processos físicos, químicos e

biológicos, garantindo assim maior eficácia no controle da poluição hídrica gerada

durante a produção de derivados.

As refinarias devem possuir ou estimular a criação de programas de

minimização de resíduos baseados no conceito de redução na fonte, do

reaproveitamento e da reciclagem. Porém nem todos os resíduos gerados durante o

processo de refino apresentam características potencialmente perigosas ao meio

ambiente (CUNHA, 2009).

Após análise de todo o processo industrial, e do inventário de agentes

poluidores gerados, deve ser realizado um gerenciamento desses resíduos, sendo

considerados: a origem, a classificação, a forma de acondicionamento, o transporte,

o armazenamento e o tratamento do material, além da responsabilidade e dos

49

custos gerados com cada resíduo, requisitos fundamentais para um plano de

gerenciamento de resíduos.

2.7 A RLAM – REFINARIA LANDULPHO ALVES MATARIPE

A refinaria em estudo é a Refinaria Landulpho Alves – RLAM, localizada no

município de São Francisco do Conde, no estado da Bahia, que pertence à

Petrobras, começou a ser construída em 1949 e foi incorporada a Petrobrás em

1953. Está diretamente ligada à descoberta dos primeiros poços de petróleo no País

e processa petróleo proveniente do Recôncavo Baiano (MATTOS, 2000).

Possui capacidade instalada para 323 mil barris/dia. Segundo dados da FIEB

(2009) empregam cerca de 1330 trabalhadores, sua área é de 9,1 quilômetros

quadrados e a contribuição em impostos de 12,8 bilhões de reais por ano (AGÊNCIA

PETROBRÁS, 2010).

Seus principais produtos são: propano, iso-butano, gás de cozinha, gasolina,

nafta petroquímica, querosene, querosene de aviação, parafinas, óleos combustíveis

e asfaltos.

Esta Refinaria possui duas unidades de craqueamento: Unidade de

Craqueamento Catalítico em Leito Fluidizado (UFCC), com capacidade de

processamento de até 5.000 m3/dia e; Unidade de Craqueamento Catalítico de

Resíduo em leito Fluidizado (URFCC), com capacidade de processamento de até

10.000 m3/dia, sendo esta a maior unidade de craqueamento catalítico

(fracionamento do petróleo com o uso de catalisadores) de resíduos da América

Latina. Em 1960, sua primeira unidade de craqueamento catalítico entrou em

operação (JÚNIOR, 2010).

2.8 AGLOMERANTES HIDRÁULICOS E ADIÇÕES MINERAIS

O cimento é produzido através da moagem de uma mistura composta

basicamente de calcário e argila, sendo levado ao forno e permanecendo até os

componentes se fundirem formando então o clinquer. A este produto é adicionado

gipsita para retardar o tempo de pega (mudança do estado fluido para um estado

rígido), além de outros materiais agregados e moídas até virarem pó (GÒMEZ,

2007).

50

Os principais componentes do cimento são silicato tricálcico e bicálcico (C3S e

C2S), aluminato tricálcico e ferro aluminato tetracálcico (C3A e C4AF) e gesso para

controlar a taxa de hidratação do aluminatos, regulando o tempo de pega (CUNHA,

2012). O cimento é composto de uma mistura heterogênea contendo diversos

compostos que reagem simultâneamente na presença de água, os silicatos e os

aluminatos presentes resultam em produtos de hidratação que possuem

características de pega e endurecimento e com o passar do tempo dão origem a

uma massa firme e resistente.

Os compostos se hidratam a velocidades diferentes, os aluminatos se

hidratam mais rapidamente que os silicatos, liberando grande quantidade de calor e

conferindo características de enrijecimento e pega. Os silicatos tem função

dominante no desenvolvimento da resitência.

O processo de hidratação do cimento abrange um conjunto de reações

interdependentes, com cinética diferente, dando origem a silicatos de cálcio

hidratados que possuem composição química muito variada e são representados

genericamente por C-S-H e hidróxido de cálcio – Ca(OH)2, compostos que

preenchem o espaço ocupado previamente pela água e pelas partículas de cimento

em dissolução.

C3A – É a fase que reage mais rápido, apresenta pega instantânea e elevado

calor de hidratação, formando rapidamente os aluminatos de cálcio hidratado

(C3AH6, C4AH19 e C2AH8), com a liberação de elevada quantidade de calor. O

agente controlador das reações e do tempo de hidratação do C3A é o gesso, agindo

como retardante de pega.

C4AF – Não possui pega instantânea, mas tem pega rápida e age como

fixador de alumina na mistura.

C3S – Silicato tricálcio, também conhecido como alita possui fórmula química

3 CaO.SiO2. É o maior responsável pela resistência a compressão do cimento após

hidratação

C2S – Silicato dicálcio, conhecido também como belita, possui pega lenta e é

responsável pelo ganho de resistência no processo de endurecimento num período

com um maior tempo de cura, apresentando baixo calor de hidratação.

Atualmente cimentos mistos são comumente usados. Estes são obtidos por

moagem ou mistura de cimento Portland com minerais específicos e podem ser de

origem natural ou artificial.

51

As pozolanas naturais são constituídas por rochas consolidadas ou não, mais

ou menos friáveis e intemperizadas, bem como por solos derivados do intemperismo

de cinza vulcânicas. As mais conhecidas são: A Terra de Santorim; Tufos

Vulcânicos, Terras Diatomáceas e os Pumicitos (FAJARDO, 2005).

As pozolanas artificiais são formadas por resíduos e sub-produtos minerários,

industriais e agrícolas, que apresentam propriedades pozolânicas intrínsicas ou

latentes. As principais pozolanas constituintes deste grupo são: as cinzas derivadas

da calcinação de materiais inorgânicos e orgânicos (volante, de fundo, de grelha, da

incineração de lamas, cinzas da casca do arroz, do bagaço de cana, da turfa, do

amendoim, etc), as escórias metalúrgicas ferrosas e não-ferrosas, resíduos

cerâmicos, e a microssílica proveniente da indústria do Fe-Si (FAJARDO, 2005).

Definem-se como pozolanas os materiais siliciosos ou silico-aluminosos,

naturais ou artificiais, que contem um elevado teor de sílica em forma reativa, ou

seja, não cristalina (vítrea). São materiais com pouca qualidade cimentante, que por

si só não apresentam poder aglomerante hidráulico, mas quando finamente

pulverizados e na presença de água, a temperatura normal, são capazes de reagir

com hidróxido de cálcio, dando origem a compostos com características

tecnológicas superiores as argamassas e concretos sem adição, conferindo grande

estabilidade e resistência (GUILHERMINO, 2008).

Na equação 2.5 é apresentada a reação entre os materiais pozolânicos, o

hidróxido de cálcio e a água, sendo denominada segundo Gòmez (2007) como

reação pozolânica

Pozolana Água CaOHC S H (2.5)

Em alguns casos, a pozolana contendo outros componentes reativos,

principalmente alumina, pode mudar a natureza dos produtos pozolânicos,

formando aluminatos de cálcio e silicatos de alumínio hidratados de cálcio

(CAH e CAIXA), respectivamente (GOMÈZ, 2007).

A principal vantagem na adição de pozolanas ao cimento comum reside na

sua hidratação lenta e, portanto, com baixo desprendimento de calor, a reação

causadas pela adição deste material deixa menos hidróxido de cálcio para ser

lixiviado, reduzindo também a permeabilidade do concreto. Outra vantagem em seu

emprego é o aumento de resistência do concreto aos sulfatos e outros agentes

52

agressivos ácidos. Além disso, contribui para o aumento da resistência mecânica a

médio e longo prazo, o controle do pH e da expansão alcali-agregado, levando ao

aumento da sua estabilidade e durabilidade (GUILHERMINO, 2008).

2.9 ESTUDOS DESENVOLVIDOS UTILIZANDO CATALISADOR RESIDUAL

DE UNIDADES FCC

Algumas pesquisas já foram desenvolvidas utilizando o catalisador residual.

Como material de construção estudos foram desenvolvidos utilizando o catalisador

residual em massa cerâmica (ESCARDINO et al., 1995), em substituição ao caulim

(rico em alumínio e sílica) para produção de fritas cerâmicas, materiais de natureza

vítrea preparados pela fusão de um conjunto de matérias primas a temperaturas

próximas a 1500 °C a fim de insolubilizar alguns elementos químicos contidos e

estender as faixas de temperatura de trabalho. São usadas para a obtenção do

esmalte usado no revestimento de azulejos de cerâmica, sendo avaliadas as

características estéticas e técnicas (brancura, dureza, brilho, etc). As matérias

primas utilizadas para preparação das fritas cerâmicas foram misturadas num

moinho de esferas rapidamente, sendo elas: caulim, sódio e potássico, feldspato,

quartzo colemanita, silicato de zircônio, óxido de zinco, cálcio, magnésio, bário, e

carbonatos de potássio e ácido bórico, bem como o catalisador residual da Unidade

FCC. A utilização do catalisador exausto não interferiu significativamente nas

propriedades finais das cerâmicas resultantes dos esmaltes obtidos a partir deles. A

dispersão observada nos valores das propriedades dos esmaltes obtidos foi inferior

a 3%, garantindo que é possível usar esta resíduos em vez de caulim.

2.8.1 Uso do resíduo em argamassas

Em relação á utilização do catalisador residual ou resíduo catalítico em matriz

de cimento pode-se listar alguns dos principais grupos de pesquisa no mundo.

Dentre eles destacam-se a Universidade de Tecnologia Warsaw, na Polônia, a

Universidade Politécnica de Valência, na Espanha e a Universidade Normal

Nacional de Taiwan, Taiwan.

Na Polônia destacam-se os trabalhos de Pacewska et al. No estudo

Pacewska et al. (2000) realizaram um estudo de hidratação em pastas de cimento

53

contendo catalisador residual moído de unidades FCC com relação a/c = 0,5 e teor

de substituição para o cimento de 0, 5, 10, 15, 20 e 25%, demonstrando que a

utilização desse resíduo como aditivo para cimento modifica ativamente o processo

de hidratação, reduzindo o calor de hidratação em misturas contendo valores de

substituição em massa superiores a 10%. Quantidades inferiores a 10% aceleram o

processo de ligação, que se manifesta no aumento da quantidade de calor e torna

mais rápida a formação de hidróxido de cálcio. O conteúdo de Ca(OH)2 diminui

também com o aumento da quantidade do resíduo. O fato pode ser explicado devido

às propriedades pozolânicas do material. Quanto maior a quantidade de catalisador

residual, maior o tempo de hidratação.

A Influência de alguns meios agressivos na resistência à corrosão de

argamassas contendo catalisador residual moído (10 e 20%) e relação a/c igual à

0,5 foi testado por Pacewska et al. (2000b). As amostras de argamassas foram

submetidas ao ataque por cloreto e sulfato. A suscetibilidade à corrosão foi

observada apenas em uma diminuição da resistência à compressão em argamassas

contendo 10% de substituição. A resistência à compressão das argamassas

contendo adições de 20% de resíduo foi praticamente idêntica, independentemente

do tipo de meio agressivo usado.

O efeito do catalisador residual de unidades de FCC na hidratação do cimento

e nas propriedades das argamassas de cimento foi investigado por Pacewska et al.

(2002). Os estudos foram realizados para as pastas com 0, 10 e 20% de substituição

em massa de cimento por catalisador residual e relação a/c igual a 0,5 e

constataram que o resíduo catalítico pode desempenhar um papel de microfiller ativo

quando utilizado em misturas de cimento hidratado, podendo ter seu efeito

modificado a depender de sua finura e conteúdo (argamassa/concreto). O material

com elevada finura (diâmetro médio = 34 mm), quando utilizado em baixa

quantidade (5-10.%), pode ser considerado como um substituto do cimento. O

resíduo contendo uma granulometria maior (diâmetro médio = 76 mm) mostra baixa

atividade, nas misturas contendo 20% de substituição, no entanto, quando usado

como substituição parcial de areia, confere maior força, em comparação com os

valores de referência para as argamassas.

Payá et al. (2003a), avaliaram a atividade pozolânica do catalisador residual

proveniente de unidades de FCC, através de estudos de análise termogravimétrica

em pastas de cimento Portland. Devido à composição química do resíduo que é

54

semelhante à do metacaulim (MK), e sabendo que MK tem uma alta atividade

pozolânica, este último foi utilizado como material de comparação no estudo da

influência relação água/aglomerante. O resíduo moído mostrou uma reatividade

similar ao MK, produzindo produtos pozolânico similares: O teor ótimo se situou

entre 15% e 20%.

Em Payá et al. (2003b), a determinação da atividade pozolânica do resíduo

moído de craqueamento catalítico fluido, foi investigado em pastas de cimento. O

metacaulim MK também foi utilizado neste trabalho como material de comparação.

Os resultados revelaram que os produtos que surgiram da reação entre o resíduo e

a cal na reação principal foram semelhantes aos da gelenita hidratada que também

foram formadas na reação.

Em Payá et al. (2007), foi avaliada a ativação química da reação pozolânica

do catalisador residual moído de craqueamento catalítico fluido em pastas com cal,

através do monitoramento por meio do consumo de CH. Para o desenvolvimento de

resistência mecânica são citadas, a saber, os ativadores químicos diversos

utilizados: sulfato de sódio, cloreto de cálcio, hidróxido de sódio e mistura de gesso.

Sulfato de sódio foi o ativador utilizado neste trabalho. A fim de avaliar os resultados,

foram realizados ensaios mecânicos e excelentes correlações foram obtidas,

especialmente no início de idades de cura, embora para as idades de cura

posteriores, a pasta sem ativador rendeu resistência satisfatória.

Alguns autores (BUKOWSKA et al. 2003), compararam corpos de

argamassas contendo o resíduo catalítico moído em teores de substituição e massa

de cimento de 0, 10 e 20% imersas em água ou atacadas por soluções agressivas

de sulfato de sódio e salmoura saturada. As análises termogravimétricas, de

espectroscopia de infravermelho, de difração de raios X, e os estudos de

porosimetria de mercúrio em argamassas de cimento contendo 20% do resíduo e

mantido durante nove meses na água, confirmam as propriedades pozolânicas

desse aditivo, mas também a ocorrência do processo de carbonatação

acompanhado por lixiviação. As mudanças na microestrutura das argamassas

submetidas ao ataque de sulfato de sódio ou de salmoura saturada são refletidas

principalmente na mudança de resistência à compressão. O meio de sulfato dá um

ligeiro aumento de resistência das argamassas, enquanto a ação da água salgada

reduz consideravelmente a força de compressão. Uma adição de 20% de catalisador

55

residual tem um efeito favorável sobre a resistência à compressão no meio

agressivo.

No trabalho de Pacewska et al. (2004), os autores tentaram melhorar a

atividade pozolânica de catalisadores residuais de leito fluidizado, usado tanto na

sua forma bruta como após a moagem em um moinho de bolas por 60 min. Para

este fim, uma série de misturas de cimento com este material de resíduos foram

preparadas com teor de substituição de 0, 10, 20 e 30% para pastas e 0 e 25% para

argamassas. A resistência à compressão de argamassas é maior para amostras

sem o resíduo em comparação às que contêm 25% de catalisador residual

adicionado em substituição ao cimento. Para as argamassas com substituição, os

testes mostraram uma diminuição na resistência à compressão mais evidente para o

resíduo sem beneficiamento.

Estudos mais amplos sobre a influência da adição de resíduo catalítico moído

de unidades FCC na hidratação de dois tipos de cimento (40 e 70% de teor de

alumina), à temperatura ambiente, foram realizados por Pacewska et al. (2011).

Pastas de cimento foram preparadas com fator a/c de 0,5 e com teor de substituição

em massa de cimento de 0, 5 e 25%. As amostras foram armazenadas em

temperatura ambiente. Análise térmica (TG, DTG), absorção no infravermelho e

métodos de difração por raio X foram aplicados para investigar mudanças em vários

períodos de hidratação (até 150 dias). A resistência à compressão de argamassas

de cimento também foi testada. Verificou-se que a hidratação do cimento depende

do tipo de cimento de aluminato, levando a produzir estrutura com diferentes

proporções de hidratos. A utilização de 5% do resíduo acelera a criação de hidratos

em ambos cimentos, atuando como centros de nucleação. A influência do teor de

25% de resíduo em períodos iniciais de hidratação está relacionado ao tipo de

cimento, a função primária do catalisador de FCC exausto em cimentos contendo

70% de alumina na matriz de cimento é atuar como um enchimento, enquanto no

cimento contendo 40% este mineral reage para produzir mais quantidades de

hidratos do que para a amostra de referência.

Na Espanha destacam-se os trabalhos de Payá et al. e Zornoza et al. que

verificaram o incremento da atividade pozolânica do resíduo catalítico com a

moagem e o comportamento mecânico em argamassas contendo até 30% de

substituição de cimento do catalisador residual.

56

Em Payá et al. (1999), o catalisador residual de unidades FCC foi estudado

para fins de construção como subproduto para melhorar o desenvolvimento da

resistência. O resíduo apresentou uma área superficial muito elevada, que produziu

uma diminuição na trabalhabilidade de argamassas à base de cimento contendo o

resíduo. No entanto, essa trabalhabilidade pode ser aumentada através de um

superplastificante. Neste trabalho verificou-se que a substituição de cimento por

resíduo em argamassas produziu um aumento muito importante na resistência à

compressão, provavelmente devido à reação pozolânica. Constatou-se que este

resíduo pode ser utilizado para preparar cimentos com excelentes propriedades

mecânicas.

As propriedade físicas, químicas e mecânicas de misturas de cimento

Portland contendo catalisador residual moído na faixa de 6 à 20% (em massa) foram

estudadas por Payá et al. (2001). Neste estudo, os resultados foram comparados

com misturas contendo cimento Portland comum (OPC). Testes químicos e

mecânicos sugeriram a importância da atividade pozolânica do resíduo, uma vez

que um aumento na resistência à compressão das argamassas contendo o resíduo

foi observado.

A indução por cloreto através de rachaduras na corrosão do aço incorporado

em argamassas contendo catalisador residual de FCC e cinzas volantes foram

testadas por Zornoza et al. (2008). Os resultados mostram que nas argamassas

contendo resíduo houve uma melhora nas propriedades de ligação e que a adição

de cinzas volantes reduziu a porosidade total, ambos os fatores que levam a uma

maior resistência à penetração de cloreto.

A melhoria da resistência à penetração de cloretos em argamassas OPC

usando catalisador residual foi avaliada em Zornoza et al. (2009a).

Análises de porosimetria de intrusão de mercúrio demonstraram que o

resíduo catalítico produz uma significativa redução do volume de poros capilares.

Como resultado, os coeficientes de difusão de cloreto foram reduzidos, aumentando

a resistência à penetração de cloretos em argamassas com catalisador residual. Os

resultados mostraram que o incorporação do resíduo diminuiu as taxas de corrosão

dos aços, causado pelo cloreto. Por esta razão, o resíduo é um material pozolânico

interessante que pode ser usado em concreto armado para construção civil e

aplicações de engenharia expostos à ação de cloretos.

57

Em Zornoza et al. (2009b), a carbonatação acelerada e a influência sobre as

propriedades mecânicas em argamassas de cimento portland e em pastas,

substituidas parcialmente com catalisador residual proveniente de unidades de

craqueamento catalítico fluido e sua influência sobre suas propriedades mecânicas

foram testadas. Este estudo revelou que a incorporação do resíduo produz uma

redução significativa da reserva alcalina e na porosidade de argamassa. Quando a

relação água / aglomerante é baixa, a taxa de carbonatação de argamassas é

desprezível e não é modificada pela presença de resíduo. Quando essa relação é

média ou alta, a taxa de carbonatação aumenta acentuadamente. Nestes casos, a

presença de resíduo acelera o processo de carbonatação.

Nos trabalhos desenvolvidos em Taiwan, Su et al. (2000), Hsu et al. (2001),

Wu et al. (2003) e Tseng et al. (2003), foi verificada a viabilidade de utilização do

resíduo catalítico para a produção de argamassas e concretos em substituição

parcial do cimento.

Em Su et al. (2000) foram realizados estudos para análise das propriedades

químicas básicas de dois tipos de resíduo, o catalisador de equilíbrio (Ecat) e o

catalisador precipitador eletrostático (EPcat), da indústria petroquímica na

preparação de argamassas com proporção de substituição de cimento neste teores

de 0%, 5%, 10% e 15%. As composições químicas do Ecat e do Epcat são

semelhantes, sua estrutura catalítica é porosa, enquanto o seu padrão cristalográfico

é semelhante ao de Faujasita zeólita e sua superfície específica varia com diferentes

tipos de catalisadores. O concreto com substituição parcial da massa de cimento por

resíduo mostra uma resistência à compressão maior do que o concreto sem

substituição. O calor de hidratação das argamassas com substituição de 10% e 15%

estão próximos aos valores de argamassa sem substituição porque estes

catalisadores resíduais são exotérmicos. Conforme os resultados da análise,

indicam, estes catalisadores usados devem ser classificados como resíduos

industriais não perigosos. A reutilização destes catalisadores de resíduos industriais

é viável e não vai resultar em poluição devido à lixiviação de metais pesados.

Argamassas com substituição de 5% possui maior resistência na fase inicial, porém

as misturas que contém 10% de substituição possuem resistência inicial mais baixa

do que a de referência, aumentando na fase posterior. As misturas contendo 15% de

susbstituição de Epcat apresentam melhor resistência à compressão do que as

misturas de referência.

58

No trabalho de Hsu et al. (2001) argamassas contendo resíduos de

catalisador (Epcat com tamanho de partícula de 1,7 µm, uma superfície específica

de 47 m2 /g e peso específico de 2,36) foram caracterizadas. Os teores de

susbstituição desse resído incluiram 0%, 5%, 10%, 15% e 30% e os resultados dos

testes indicam que mais superplastificante ou água é necessária para manter a

trabalhabilidade de argamassas contendo EPcat. No entanto, argamassas com

substituição em massa de cimento por resíduo de 10-15% com idades de 7 à 28 dias

exibem maior resistência à compressão atribuida à alta atividade do resíduo em

comparação às argamassas que não a possuiam. Foi observado que o resíduo pode

acelerar a hidratação do cimento através da indução de uma reação pozolânica

entre o catalisador e o hidróxido de cálcio.

No trabalho de Wu et al. (2003) foram preparadas pastas e argamassas

contendo resíduo de catalisador de unidades FCC (tamanho médio de partícula 67,2

µm e área superficial específica de 114 m2 / g) com teor de substituição de 0, 5, 10 e

15% para avaliação da resistência de compressão após 3, 7 e 28 dias de cura.

Superplastificante foi adicionado em cada mistura para garantir a trabalhabilidade

similar. Os resultados indicam que a presença de Epcat aumentaria a resistência à

compressão de argamassas, porém, foi verificado nos estudos que a alta dosagem

de superplastificante adicionado na obtenção da trabalhabilidade adequada afeta o

desenvolvimento da resistência.

Tseng et al. (2005), realizou estudos utilizando o catalisador de equilíbrio

(Ecat) de unidades de craqueamento catalítico fluido para avaliar os efeitos sobre a

atividade pozolânica na calcinação do resíduo e na resistência à compressão em

concreto e argamassa, indicando que a atividade pozolânica do resíduo pode ser

melhorada por tratamento térmico ou moagem. Os resultados mostram que,

inicialmente, a atividade pozolânica aumenta com uma maior temperatura de

calcinação, atinge um máximo e depois diminui. Argamassas e concreto com 10%

de catalisador beneficiado com idade de 28 dias de cura exibem resistência maior do

que amostras com o resíduo sem tratamento.

59

3 PROGRAMA EXPERIMENTAL

O presente trabalho foi realizado em duas etapas principais, apresentados no

esquema da Figura 5. Na primeira foi realizada caracterização da matéria prima

utilizada e na segunda etapa foi avaliada a influência da substituição parcial do

cimento por catalisador residual.

Figura 5 – Esquema das etapas.

Matérias Primas

Pasta

Areia

Cimento

Resíduo

Granulometria

Materiais pulverulentos

Teor de impurezas orgânicas

Massa específica

Argamassa

Granulometria a laser

BET

MEV

Massa específica

Granulometria a laser

BET

MEV/EDS

FRX

DRX

TG e DTG

Avaliação de risco ambiental ambiental

Elevação semi-adiabática da temperatura

DRX

TG/DTG/DTA

Propriedades mecânicas

60

3.1 MATERIAIS UTILIZADOS

3.1.1. Cimento Portland

O cimento utilizado no estudo foi o cimento portland (CPV – ARI), por não

conter adições (pode conter 5% em massa de material carbonático), este é

constituído em sua maior parte de silicatos de cálcio hidráulicos. Segundo a NBR

5733/91 possui a peculiaridade de atingir alta resistência inicial, se diferenciando dos

demais cimentos devido ao processo de dosagem de calcário e argila na produção

do clínquer, ao qual se adiciona, durante a operação, a quantidade necessária de

uma ou mais formas de sulfato de cálcio, além de permanecer por um tempo maior

no moinho tornando-se um material mais fino.

3.1.2. Areia

A areia utilizada é fina, natural, de origem quartzosa típica da região de

Salvador-BA.

3.1.3. Resíduo catalítico

O Catalisador de Equilibrio (Ecat) é o resíduo gerado no processo e utilizado

no presente estudo, considerado como poluente em potencial devido principalmente

ao teor considerável de metais pesados; elevada acidez; e presenca de compostos

altamente cancerígenos nos depósitos carbonáceos (coques) remanescentes.

(GUILHERMINO, 2008)

O resíduo foi disponibilizado pela Unidade 39 da Refinaria Landulpho Alves –

Mataripe, para que fosse estudado na forma de reaproveitamento. O catalisador

virgem é fornecido para a Refinaria Landulpho Alves Mataripe.

Esse catalisador é uma zeólita possuindo, em sua composição,

principalmente sílica e alumina com nenhuma ou pouca atividade aglomerante,

desempenhando esse papel quando reage com o hidróxido de cálcio, formando

componentes com propriedades cimentantes.

Este resíduo é utilizado na unidade de craqueamento para quebrar moléculas

de hidrocarbonetos em duas ou mais moléculas. Nesta dissertação o resíduo

utilizado não sofreu qualquer tipo de tratamento.

61

3.1.4. Aditivo superplastificante GLENIUM SP

Líquido branco, livre de cloretos, desenvolvido para a produção de concretos

fluidos, concretos reodinâmicos e concretos de alto desempenho (CAD), geralmente

utilizados na indústria de pré-moldados e concretos protendidos, onde se requer

maior durabilidade e desempenho (BASF, 2012). Este aditivo reduz o fator a/c, a

permeabilidade, a segregação, as fissuras e os tempos de cura e a trabalhabilidade

(BASF, 2012). Para assegurar que as características técnicas do sistema sejam

atendidas, o fabricante informa a utilização do aditivo até 0,8%.

3.2 MÉTODOS

3.2.1. Etapa I: Caracterização e avaliação das matérias primas

a) Areia

Os resultados da análise granulométrica foram realizados segundo a NBR

7211/09, através de peneiramento e sedimentação. A quantidade de material

pulverulento foi determinada conforme a NBR NM 46/03, utilizando duas amostras

de areia secas em estufa a 105 °C por 24 horas.

O teor de impurezas orgânicas húmicas foi determinado pela NBR NM 49/01,

utilizando duas amostras de areia secas ao ar livre, contendo hidróxido de sódio, por

um período de (24 ± 2)h em local escuro comparando-as com a solução padrão que

contém ácido tânico também deixado em ambiente escuro pelo mesmo período.

A massa específica da areia estudada foi determinada pelo método do frasco

de Chapman. Todos os ensaios de caracterização da areia foram realizados nos

laboratórios do GEMAC na UFBA.

b) Cimento

Caracterização granulométrica a laser

A distribuição granulométrica do cimento foi determinada através do ensaio de

difração a laser utilizando o equipamento a laser Cilas – Modelo 1180L. O ensaio foi

realizado no Laboratório de materiais cerâmicos/UFRGS, utilizando-se água.

62

Análise de área superficial específica BET

A área superficial específica das amostras obtidas do cimento foi determinada

através das técnicas isotérmicas de adsorção/dessorção utilizando nitrogênio como

gás adsorvente, após preparação em vácuo à 200 °C por três horas. O método BET

(Brunauer-Emmet-Teller) consiste na adsorção física de um gás inerte a baixas

temperaturas.

A isoterma de BET utiliza modelos que tornam possível avaliar o número de

moléculas adsorvidas na monocamada e consequentemente a área superficial do

sólido. Segundo Faria (2012) esta análise é importante devido à influência na

porosidade e trabalhabilidade dos produtos cimentíceos, relacionado à área de

contato da superfície com os aditivos e a água. O equipamento utilizado para esta

análise foi o Quantachrome, modelo Nova 1000.

Caracterização por microscopia eletrônica de varredura (MEV)

A microscopia eletrônica de varredura é capaz de produzir imagens de alta

resolução da superfície da amostra, podendo-se avaliar a sua estrutura superficial.

Os dados obtidos nesse ensaio foram gerados no Laboratório de materiais

cerâmicos/UFRGS, utilizando-se o equipamento SwiftED 3000 da Oxford

Instruments (X-Ray Microanalysis for Hitachi TM3000).

c) Resíduo Catalítico

Foram avaliados duas amostras de dois lotes distintos do resíduo catalítico, a

fim de se verificar se existia diferença significativa entre as amostras.

Neste trabalho foi nomeado como amostra A o resíduo coletado em julho de

2011 e Amostra B o resíduo coletado em março de 2012.

Determinação da massa específica

Os ensaios foram realizados num picnômetro a gás no Laboratório de

Catálise na UFBA utilizando o equipamento Gas Pycnometer, 1340, Micromeritics.

63

Este ensaio determina o volume verdadeiro de um sólido, mesmo que poroso, por

variação da pressão de gás numa câmara de volume conhecido.

Antes de iniciar a análise propriamente dita, amostra, é seca por 15 minutos a

150°C. Posteriormente é colocada na respectiva câmara e submetida a um processo

de degaseificação que consiste em ciclos de purgas com hélio (Total de dez ciclos),

para remoção de impurezas e umidade que eventualmente possa conter. Logo após

a câmara que contém a amostra é pressurizada até uma pressão P1 (cerca de

19.500 psi).

Seguidamente, a válvula de expansão é aberta e, em consequência, ocorre

um abaixamento de pressão para P2. Admitindo comportamento ideal do hélio, o

volume do sólido pode ser calculado a partir de equações matemáticas. A densidade

é automaticamente calculada pelo aparelho, através da relação entre a massa do

sólido (introduzida como dado de entrada) e o volume derivado da equação.

Caracterização granulométrica a laser

A caracterização granulométrica foi realizada por meio do analisador de

partículas por difração a laser no laboratório da ABCP/SP de acordo com o método

PO – GT – 1043. O método consiste em verter no porta amostra do equipamento a

laser CILAS – Modelo 1064 alguns gramas de amostra suficientes para atingir o

intervalo de concentração recomendado pelo fabricante. A seguir utilizando-se álcool

anidro e ultrassom durante 60 segundos, é efetuada a dispersão da amostra. Uma

bomba peristáltica garante a circulação da amostra no porta amostra. Um fotodiodo

a laser emite feixe de luz que é captado por um sistema óptico que ativa o pó a ser

analisado. Através de medidas de distribuição de energia dos anéis de difração, é

possível a conversão dos sinais em diâmetro de partículas.

Análise de área superficial BET

A área superficial específica das amostras do resíduo catalítico foi

determinada utilizando mesmo método e equipamento descrito no item 3.2.1.2 a.

64

Caracterização por microscopia eletrônica de varredura (MEV) e energia

dispersiva de raio X (EDS)

A microscopia eletrônica de varredura do resíduo catalítico foi realizada

utilizando mesmo método e equipamento descrito no item 3.2.1.2 c.

Análise química por fluorescência de raios X (FRX)

A composição química foi determinada por fluorescência de raio X, utilizando-

se o equipamento SHIMADZU XRF 1800. As amostras foram previamente secas a

110°C durante 24 horas (varredura 20°C/min). Os dados obtidos nesse ensaio foram

gerados no Laboratório de materiais cerâmicos/UFRGS.

Análise mineralógica por difratometria de raio X

A análise foi realizada no laboratório da ABCP/SP. Esta é uma das principais

técnicas de caracterização da microestrutura de materiais cristalinos, devido à

identificação de compostos químicos na amostra. O equipamento utilizado foi o

D/MAX – 2.100 da marca RIGAKU, dotado de tubo de cobre e monocromador de

grafite.

Os raios X ao atingirem a amostra difratam em um cristal desconhecido sem

perda de energia pelos elétrons de um átomo. As medidas dos ângulos de difração

dos raios emergentes podem elucidar a distância dos átomos no cristal e,

consequentemente, a estrutura cristalina. O fóton de raios X não muda sua trajetória

após a colisão, mantendo a mesma fase e energia do fóton incidente.

Termogravimetria (TG) e termogravimétrica derivada (DTG)

Este ensaio busca avaliar o comportamento do material durante o

aquecimento, como perda de massa, transformações de fase e estrutura e variações

dimensionais. Os dados obtidos nesse ensaio foram gerados no Laboratório de

materiais cerâmicos/UFRGS através de medidas da quantidade de calor gerada e

sua influência na cinética das reações. Foi realizado através de análises

termogravimétricas (TG) e termogravimétrica derivada (DTG).

65

As amostras do resíduo catalítico foram aquecidas até 1100 °C, com taxa de

aquecimento de 10 °C/min em atmosfera de ar sintético, utilizando-se o equipamento

da Mettler Toledo TGA/SDTA 851e.

Avaliação do risco ambiental do resíduo

O ensaio de lixiviação foi realizado de acordo com a NBR 10005/04 que fixa

os requisitos exigíveis para a obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos,

visando diferenciar os resíduos classificados pela ABNT NBR 10004/04 como classe

I – perigosos - e classe II – não perigosos. É um processo que determina a

capacidade de transferência de substâncias orgânicas e inorgânicas presentes no

resíduo sólido, por meio de dissolução no meio extrator.

Foram utilizados 100g do material sólido. A amostra fragmentada foi

colocada em um frasco de 2L com 1600 ml de água deionizada, na proporção 16:1.

O pH foi ajustado em 5 ± 0,2, com ácido acético para os tempos de 15, 30 e 60 min,

contados a partir do final da etapa anterior. O ensaio de lixiviação teve a duração de

24 horas, sob agitação. No final deste período, filtrou-se a amostra. O extrato obtido

do lixiviado foi submetido à análise química por ICP. O equipamento utilizado foi um

Perkin-Elmer Optima™ 7300 DV ICP-OES.

O ensaio de solubilização foi realizado baseado na NBR 10006/04, fixando os

requisitos exigíveis para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos,

visando diferenciar os resíduos classificados na ABNT NBR 10004/04 como classe II

A - não inertes – e classe II B – inertes.

Foram utilizados 100g do material sólido. A amostra fragmentada foi colocada

em um frasco de 2L com 1600 ml de água deionizada, na proporção 16:1. O ensaio

de solubilização teve a duração de sete dias. No final deste período, filtrou-se a

amostra. O extrato obtido do solubilizado foi submetido à análise química por ICP. O

equipamento utilizado foi um Perkin-Elmer Optima™ 7300 DV ICP-OES.

Os ensaios foram realizados no Laboratório de materiais cerâmicos/UFRGS.

66

3.2.1. Etapa II: Avaliação da influência da substituição parcial do

cimento por resíduo catalítico

Com o intuito de cumprir os objetivos específicos propostos, foram realizadas

misturas para a produção de pastas e argamassas de acordo com o método do

ACI/ABCP que se caracteriza por uma metodologia de dosagem experimental

adaptado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) às condições

brasileiras para cumprimento da NBR 7211/09.

As dosagens para as pastas e argamassas foram fixadas de modo a se obter

três diferentes fatores (água/sólidos) 0,4; 0,5; 0,6, em função das relações habituais

de argamassas para concreto, porém mantendo a massa especifica aparente seca

constante. Este mesmo procedimento foi repetido para uma mesma formulação, de

modo a variar os teores de substituição do resíduo de 0 – 40% mantendo constantes

os fatores (água/sólidos). Ou seja; obteve-se famílias de curvas com os mesmos

fatores (água/aglomerantes) e diferentes valores da densidade aparente, de modo a

ser possível a comparação dos resultados obtidos para uma mesma formulação bem

como a comparação entre as diversas formulações para que se possa avaliar o

efeito de substituição do resíduo em estudo na massa do cimento.

Foi definido como parâmetro de trabalhabilidade, o índice de consistência

obtido por meio do ensaio de acordo com a NBR13276/02, de forma que a

plasticidade fosse aproximadamente 230 mm, conforme Figura 6.

Figura 6 – Determinação do índice de consistência.

Para obter a consistência foi utilizado o plastificante em substituição a massa

do cimento, de forma a atender o limite máximo do fabricante de 0,8%.

67

As misturas não moldáveis não atingiram o valor mínimo de plasticidade

estabelecido no trabalho, mesmo utilizando a porcentagem máxima de aditivo. As

que não necessitaram da aplicação do aditivo possuíam índice de consistência

acima de 230 mm, dispensando assim o uso do mesmo. Na Tabela 3 estão descritas

as porcentagens de incorporação do plastificante para cada mistura.

Tabela 3 – Porcentagens de aditivo incorporado e índice de consistência.

a/c

0% 10% 20% 30% 40%

C(mm) A C(mm) A C(mm) A C (mm) A C (mm) A

0,4 242 0,2 272 0,6 * - * - * -

0,5 286 - 284 - 270 0,15 264 0,4 * -

0,6 370 - 357 - 320 - 260 - 243 -

Simbologia: * = Não moldável (descartado); - = Não necessitou a aplicação de aditivo;

C = Índice de consistência; A= Porcentagem de aditivo.

a) Pastas

O procedimento utilizado para produzir as pastas foi colocar a água no

misturador mecânico com capacidade para cinco litros, posteriormente toda a parte

seca (Cimento/resíduo), e por fim, o superplastificante. A mistura foi realizada

inicialmente na velocidade baixa por 30s. Após esse tempo alterou-se para a

velocidade alta por mais 30s. Após esse tempo, o misturador foi desligado durante 1

min e 30s. Com o auxílio de uma espátula, foi retirada a pasta que ficou aderida na

parede da cuba. Logo após esse período de descanso a pasta foi misturada por

mais 1 min em velocidade alta.

Difratometria de Raios X

As fases cristalinas presentes foram identificadas através da análise por difração

de raios X, com o auxílio do software X'Pert HighScore, utilizando um equipamento

Philips (modelo X’Pert MPD) operando a 40 kV e 40 mA, com radiação padrão. A

análise foi realizada no Laboratório de materiais cerâmicos/UFRGS a uma taxa de

0,05 ºC/ min, com um passo de 1 segundo em uma faixa de 5 – 75 °C.

68

Análise térmica diferencial (ATD), termogravimetria (TG) e termogravimétrica

derivada (DTG)

Foram preparadas amostras contendo de 0 – 30% de substituição em massa de

catalisador residual por cimento, realizando-se primeiramente a mistura do cimento e

do resíduo até obter homogeneização, a água foi sendo colocada gradualmente

colocada. As pastas foram acondicionadas em sacos plásticos até a idade de 28

dias para realização do ensaio.

As análises foram realizadas no Laboratório de materiais cerâmicos/UFRGS.

As amostras foram submetidas a aquecimento variando de 30 °C até 1100 °C, com

taxa de aquecimento de 10 °C/min em atmosfera de ar sintético, utilizando-se o

mesmo método e equipamento descrito no item 3.2.1.3 e.

São encontrados nas curvas DTG três picos característicos de perda de

massa. O primeiro pico é caracterizado pela decomposição da etringita e C-S-H, o

segundo pico pela desidroxilação do CH e o último pico pela decomposição do

carbonato de cálcio.

Segundo Faria (2012) a decomposição da etringita e do C-S-H, são

identificadas por meio de picos exotérmicos variando de 80 – 130°C.

Nas temperaturas entre 180 – 240°C, ocorre a desidratação de C-A-H e C-A-

S-H, segundo Payá et al. (2003a). De acordo com Cunha (2012), o pico

característico da decomposição do hidróxido de cálcio e do carbonato de cálcio

ocorrem respectivamente entre 350 – 450°C e 550 – 750°C.

Para a análise das perdas de água quimicamente combinada do CH e

hidratos, foi utilizado o método de Gonçalves et al. (2006) no qual se analisa as

curvas termogravimétricas das pastas obtidas em função da base calcinada (massa

a 1.000 °C). A partir dessas curvas, foram identificados os valores relativos de perda

de massa das pastas na temperatura de 80°C, conforme preconizado por Faria

(2012), nas temperaturas inicial e final de decomposição do hidróxido de cálcio e na

temperatura de 1000°C.

A partir desses dados foram calculados os parâmetros RHC, TH e OH para

cada pasta, dados pelas Equações 3.1, 3.2 e 3.3, respectivamente.

69

RHC = Mtich - Mtfch

M1000°C

(3.1)

TH = M105°C - Mtfch

M1000°C

(3.2)

OH = TH-RHC (3.3)

Onde:

RHC: quantidade de água quimicamente combinada relativamente ao

hidróxido de cálcio em relação à perda de massa a 1.000 °C;

Mtich: massa referente à temperatura inicial do pico característico ao CH (%);

Mtfch: massa referente à temperatura final do pico característico ao CH (%);

TH: quantidade de água quimicamente combinada dos hidratos entre 80°C e

a temperatura final do pico característico ao CH (%);

M80°C: massa referente à temperatura de 80°C (%);

M1.000°C: massa referente à temperatura de 1.000 °C (%);

OH: diferença entre a quantidade de água quimicamente combinada entre

80°C - temperatura final do CH e a água combinada inerente ao CH.

Elevação semi-adiabática de temperatura de pastas contendo resíduo

catalítico

A avaliação da elevação semi-adiabática da temperatura de pastas contendo

resíduo de FCC tem como objetivo avaliar a perda de calor durante o ensaio,

permitindo a posterior compensação numérica durante o cálculo do calor gerado.

Essas análises foram realizadas no laboratório do GEMAC na UFBA, utilizando um

calorímetro da marca Visomes e pasta de cimento no traço 1:0,5 (cimento: água),

variando o teor de substituição em massa do cimento de 0 – 30%.

O ensaio foi feito em pasta e apenas para um valor de relação água/cimento,

para que fosse possível perceber o efeito da substituição na elevação de

temperatura das amostras. Não foi realizado o ensaio para a mistura com

porcentagem de substituição de 40% em massa do resíduo pelo cimento, devido à

70

determinação do índice de consistência adotado neste trabalho de 230 mm, que não

foi atingido por essa mistura.

Em virtude do equipamento ter a limitação de medição da temperatura de 100

°C, foi estabelecido que todas as misturas seriam avaliadas até próximo ao período

de tempo em que foi obtido o limite térmico na amostra de referência, que neste

caso foi de 10 horas.

b) Argamassas

Para a produção de argamassas, foi definido o traço 1: 2 (cimento: areia), em

massa, variando a relação a/c. Para a relação a/c de 0,4, apenas foi possível moldar

a argamassa de referência e a mistura contendo 10% de substituição. Na relação a/c

de 0,5 as misturas foram moldadas variando o teor de substituição de 0 – 30%. Para

relação a/c de 0,6, foi possível a moldagem de todas as misturas que variaram o teor

de 0 – 40%.

As argamassas foram misturadas mecanicamente em betoneira com

capacidade de 120L, respeitando as etapas: (a) Colocação de uma parte da água na

betoneira; (b) Homogeneização da parte seca: cimento, areia e resíduo, inserindo

gradualmente na betoneira; (c) Adição da segunda parte da água.

O tempo de mistura das argamassas foi de um minuto e meio, exceto para as

misturas com relação a/c de 0,4, a mistura contendo 40% de substituição com

relação a/c de 0,6 e a mistura contendo 30% de substituição com relação a/c de 0,5.

Os corpos de prova foram adensados mecanicamente através de uma mesa

vibratória e expostas à temperatura ambiente por um período médio de 24 horas,

sendo desmoldados e colocados seguidamente na cura com cal até completar as

idades de 1, 3, 7, 28 e 91 dias.

Determinação das propriedades mecânicas

A determinação da resistência à compressão axial foi realizada de acordo

com a NBR 7215/96. A determinação da resistência a tração por compressão

diametral foi realizada de acordo com a NBR 7222/94.

Para cada fator (água/aglomerantes) foram confeccionados quarenta corpos

de prova por batelada, sendo vinte destinados ao ensaio de resistência por

71

compressão axial e vinte para a compressão diametral, sendo rompidos quatro

corpos de prova por idade (um, três, sete, 28 e 91 dias) mostrados na Figura 7.

Os corpos de prova foram rompidos na Prensa Hidráulica Universal

eletromecânica WPM com capacidade máxima de 300 toneladas força. Os corpos

de prova foram submetidos ao ensaio de resistência à compressão simples, com

velocidade constante igual a 0,5 mm/min. As medidas de carga foram obtidas por

um anel dinanométrico fixado a prensa com capacidade máxima de 10 toneladas.

Foi calculada uma média com os resultados e apresentados em tabela com

tratamento estatístico.

a) Esquema do ensaio à compressão axial. b) Esquema do ensaio a tração por compressão

diametral.

Figura 7 – Figuras do esquema de ensaio a resistência.

72

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 ETAPA I: CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS MATÉRIAS PRIMAS

4.1.1. Cimento Portland

As propriedades físicas e químicas do cimento CPV - ARI utilizado atendem

as especificações da NBR 5733/91 e foram fornecidas pelo fabricante, sendo

descritas na Tabela 4 e Tabela 5.

Tabela 4 – Composição química e resistência à compressão.

(Dados fornecidos pelo fabricante).

Composição Química (%) Resistência à Compressão

(MPa)

Perda ao fogo 3,92 1 dia 18,05

RI 1,49 3 dias 30,88

SO3 3,46 7 dias 34,34

CaO livre 2,14 28 dias 45,44

Tabela 5 – Finura, Expansibilidade, Pega e Consistência do cimento.

(Dados fornecidos pelo fabricante).

Finura Expansibilidade Pega Consistência

Massa

específica

(g/cm³)

Blaine

(cm²/g)

# 325

(%)

# 200

(%) Quente (mm)

Início

(min)

Fim

(min) Normal (%)

3,11 4.200 3,10 0,15 0,50 145 210 28,80

a) Caracterização granulométrica a laser

A caracterização granulométrica a laser demonstrou que as partículas

possuem diâmetro médio de 18,06 µm, 10% destas encontram-se com diâmetro

abaixo de 2,28 µm e 90% encontra-se com diâmetro abaixo de 35,86 µm (Ver Figura

8).

73

Figura 8 – Distribuição granulométrica do cimento.

b) Análise de área superficial específica (BET) e microscopia eletrônica de

varredura (MEV).

O cimento apresenta área superficial de 2,044 m2/g, analisadas por BET. As

microscopias eletrônicas de varredura do cimento (Figura 9 a Figura 12) mostram

que o cimento apresenta partículas não esféricas. Segundo Cunha (2012)

provavelmente essa forma se deve a sua constituição que em sua maioria é de

clínquer moído.

Figura 9 – MEV do cimento. Aumento 500x. Figura 10 – MEV do cimento. Aumento 1000x.

74

Figura 11– MEV do cimento. Aumento 2000x. Figura 12 – MEV do cimento. Aumento 5000x.

4.1.2. Areia

A composição granulométrica dos agregados influencia diretamente na dosagem das argamassas devido ao consumo de água e cimento. A

Figura 13 demonstra a curva da zona utilizável inferior. Os limites da

distribuição granulométrica do agregado são estabelecidos pela NBR 7211/09.

Figura 13 – Curva granulométrica da areia.

Os valores dos ensaios de caracterização da areia são demonstrados na

Tabela 6. Para a análise do percentual de impurezas orgânicas, as amostras de

areia apresentaram uma coloração mais clara que a as amostras padrão,

encontrando-se dentro do limite aceitável. A quantidade de material pulverulento foi

75

determinada conforme a NBR NM 46/03, os valores obtidos estão de acordo do com

os valores aceitáveis segundo a NBR 7211/09, inferiores a 5%.

Tabela 6 – Caracterização da areia.

Materiais Pulverulentos 4,38%

Massa Específica 2,62 g/ cm3

Impurezas Orgânicas Dentro do aceitável

Granulometria Módulo de finura: 1,52

Dimensão Máxima Característica: 2,36 mm

4.1.3. Resíduo Catalítico

a) Determinação de massa específica por picnometria a gás hélio e

caracterização granulométrica a laser

Para a amostra A, a massa específica foi de 2,76 (g/ cm3) e a amostra B

obteve 2,72 (g/ cm3). Nota-se que a diferença entre as amostras não é expressiva,

em torno de 1,45%.

A dimensão média da partícula do resíduo catalisador da amostra A foi

definida através do ensaio de granulometria por difração a laser apresentados na

Figura 14. As partículas possuem dimensão média de 89,99 (µm), 10% destas

encontram-se com diâmetro abaixo de 60,62 (µm) e 90% encontra-se com diâmetro

abaixo de 135,60 (µm). O material retido na peneira 45 µm foi de 1,5 %.

Nota-se que a dimensão média das partículas do resíduo são bem maiores

que a do cimento (18,06 µm). A finura afeta a reatividade com a água, quanto mais

grosso o material mais demorada será sua reação.

76

Figura 14 – Distribuição granulométrica do resíduo.

b) Análise de área superficial específica (BET) e caracterização do resíduo

por microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As amostras A e B apresentam respectivamente área superficial de 90,6 m2/g

e 86,8 m2/g, analisadas por BET. A diferença entre as mesmas é de 4,2%, valor este

não muito expressivo. No entanto, esta área em comparação com a do cimento

(2,044 m2/g) é muito maior, apresentando uma grande capacidade de adsorção de

água e outras substâncias pela tensão superficial ou outras forças adesivas.

A análise da morfologia e da variação de tamanho das partículas das

amostras A e B foram feitos por meio da técnica de MEV demonstradas na Figura 15

até a Figura 22, comparando- as entre si. As partículas se apresentam em forma de

grânulos de diferentes tamanhos. Percebe-se que as partículas das amostras A e B

são semelhantes, esféricas com irregularidades na superfície.

77

Figura 17 – MEV do resíduo A. Aumento 1000x. Figura 18 – MEV do resíduo B. Aumento 1000x.

Figura 19 – MEV do resíduo A. Aumento 2000x. Figura 20 – MEV do resíduo B. Aumento 2000x.

Figura 15 – MEV do resíduo A. Aumento 500x. Figura 16 – MEV do resíduo B. Aumento 500x.

78

c) Análise EDS do resíduo catalítico

A análise EDS da amostra A e B são apresentadas respectivamente na Figura

24 e na Figura 26. A partir deste ensaio percebe-se nas amostras superficialmente a

presença de: Carbono, Oxigênio, Sódio, Alumínio, Sílica, Fósforo, Enxofre, Potássio,

Cálcio, Vanádio, Ferro, Níquel e Lantânio.

Figura 23 – Análise pontual do resíduo A.

Figura 21 – MEV do resíduo A. Aumento 5000x. Figura 22 – MEV do resíduo B. Aumento 5000x.

79

Figura 24 – Análise EDS do resíduo A.

Figura 25 – Análise pontual do resíduo B.

Figura 26 – Análise EDS do resíduo B.

80

d) Análise química por fluorescência de raios X

A composição química encontrada nas duas amostras não foram dispares em

valores expressivos, conforme apresentado na Tabela 7, no qual pode-se notar

maiores teores de óxidos de sílica, alumínio e lantânio.

Segundo a NBR 12653/92 a porcentagem mínima de SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 é

70% para as classe N no qual se enquadra o resíduo. Os valores respectivos desta

soma para a amostra A e B equivale a 91,03% e 90,46%.

Tabela 7 – Análise química e módulos de dosagem.

Composição Química Teor

Amostra A Amostra B

SiO2 54.71 % 54,70 %

Al2O3 34.52 % 34,05 %

La2O3 2.79 % 2,69 %

Fe2O3 1.80 % 1,71 %

P2O5 1.19 % 1,08 %

V2O5 0.94 % 1,06 %

CaO 0.55 % 0,27 %

TiO2 0.46 % 0,46 %

SO3 0.19 % 0,21 %

Na2O 0.17 % 0,18 %

K2O 0.12 % 0,14 %

CO2O3 0.07 % 0,07 %

ZnO 0.03 % 0,03 %

ZrO2 0.03 % 0,03 %

SrO 0.02 % 0,02 %

CO2 2.40 % 3,22 %

e) Análise mineralógica por difratometria de raio X

Com base no difratograma da Figura 27 gerado pela análise mineralógica

realizado com a amostra A do resíduo, observa-se que esta é constituída pelo

mineral faujasita (mineral de zeólita) com fórmula química aproximada

Na1,88Al2Si4,8O13,549H2O e por material amorfo ou mal cristalizado evidenciado pela

presença de um halo amorfo 2θ 15° e 35°.

81

Figura 27 – Difratograma da amostra A: refinaria (zeólita).

A Faujasita é uma zeólita, ou seja, substância cristalina formada basicamente

de alumina e sílica, com uma estrutura caracterizada por uma rede tridimensional de

tetraedros conectados (Figura 28), cada um consistindo de quatro átomos de

oxigênio ao redor de um cátion, conectados em forma de gaiolas onde moléculas de

água e cátions, não pertencentes à rede, e que são trocáveis, passam de forma

desordenada. Essa rede pode ser interrompida por grupos (OH-) ou átomos de

Flúor, que ocupam os vértices dos tetraedros e que não são compartilhados com os

tetraedros adjacentes. (Petry et al.)

Figura 28 – Estrutura Molecular da Faujasita.

FONTE: Petry et al.

82

f) Termogravimetria (TG) e termogravimétrica derivada (DTG)

A Figura 29 apresenta a curva TG/DTG do resíduo catalítico. A identificação

das fases foi realizada através dos picos característicos na curva, onde pode-se

observar a perda de massa em função da elevação da temperatura até 1000°C.

A perda de massa total do resíduo foi de 2,58%, devido à quantidade de água

quimicamente combinada da faujasita.

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Temperatura (ºC)

80

85

90

95

100

Pe

rda

de

ma

ssa

(%

)

TG

DTG

0.001

0

-0.001

-0.002

-0.003

De

riv

ma

ssa

\min

-1

Figura 29 – Curvas TG / DTG do resíduo catalítico.

g) Avaliação do risco ambiental

Os resultados da avaliação do risco ambiental estão descritos na Tabela 8.

83

Tabela 8 – Resultados do ensaio de solubilização e lixiviação do resíduo catalítico.

Elementos

Metais Solubilizados Metais Lixiviados

Resíduo

(mg/l)

Limite

máximo NBR

10004 (mg/l)

Resíduo

(mg/l)

Limite

máximo NBR

10004 (mg/l)

Potássio 0,29 -- 4,6 --

Cálcio < 0,1 -- 7,7 --

Magnésio < 0,04 -- 1,4 --

Cobre < 0,004 2,0 0,02 --

Zinco < 0,02 5,0 0,24 --

Ferro 0,17 0,3 < 0,04 --

Manganês < 0,03 0,1 0,32 --

Sódio 62 200 1363 --

Cádmio < 0,002 0,005 < 0,002 0,5

Cromo < 0,004 0,05 < 0,004 5,0

Níquel 0,07 -- 1,9 --

Chumbo < 0,02 0,01 < 0,02 1,0

Alumínio 0,45 0,2 1,4 --

Cobalto 0,01 -- 0,21 --

Arsênio 0,04 0,01 1,3 1,0

Selênio < 0,03 0,01 0,04 1,0

Vanádio 20 -- 5,1 --

Bário < 0,01 0,7 0,25 70,0

Lítio 0,02 -- 0,03 --

Molibdênio 0,43 -- 0,08 --

Enxofre 27 -- 10 --

Observação: Alguns compostos presentes neste ensaio não foram detectados por FRX, isso

ocorreu porque o método utilizafoi por absorção atômica, mais preciso para elementos com baixa

concentração na amostra.

No ensaio de solubilização observa-se que alguns elementos como: chumbo,

alumínio, arsênio e selênio, solubilizaram a concentrações superiores aos padrões,

conforme anexo G estabelecido pela NBR 10004/04.

No ensaio de lixiviação o elemento arsênio apresentou concentração superior

aos padrões da NBR 10004/04, anexo F que estabelece limites máximos no extrato

obtido no ensaio de lixiviação, neste caso o resíduo deve ser considerado como

tóxico.

84

No anexo B da NBR 10004/04, no item refino de petróleo não há referência ao

resíduo catalítico proveniente do processo de craqueamento catalítico em leito

fluidizado. Recomenda-se que na revisão desta norma inclua-se este processo por

conter resíduos que são lixiviados e no processo de descarte podem causar danos

ao meio ambiente.

Percebe-se através dos resultados que o resíduo possui características de

toxicidade, sendo classificado como Resíduo Perigoso Classe I de acordo com a

NBR 10004/04. Entretanto, Guilhermino (2008) por meio dos ensaios de lixiviação e

solubilização seguindo recomendações da NBR 10005/04 e da NBR 10006/04 para

avaliação do risco ambiental do resíduo catalítico, obteve resultados que

demonstraram que o resíduo pode ser classificado como II B – Inerte e, considerado

como material não tóxico ou não perigoso. Conforme os resultados da análise, em

Su et al. (2000) indicam que estes catalisadores residuais devem ser classificados

também como resíduos industriais não perigosos.

Essa diferença provavelmente é devido ao tipo de petróleo refinado, que

possuem composições diferentes de cada poço que é originado.É importante

ressaltar que o catalisador residual em estudo apresenta mudanças na composição

e características específicas às cargas processadas em cada refinaria em função da

mudança dos lotes de petróleo recebidos. Na Tabela 9, são apresentados os efeitos

causados pelas substâncias que ultrapassaram os limites padrões para o ensaio de

risco ambiental do resíduo.

Tabela 9 – Metais e semimetais solubilizados e lixiviados e suas respectivas fontes de riscos. Fonte:

USEPA (2012).

Metais Efeitos

Alumínio Danos ao sistema nervoso central. perda de memória.

Arsênio Dermatite, faringite, conjuntivite, e rinite, efeitos gastrintestinais, distúrbios do

sistema nervoso, anemia, neuropatia periférica, lesões de pele,

hiperpigmentação, lesões vasculares, câncer e abortos espontâneos.

Chumbo

Anemia renal, problemas reprodutivos e deficiências neurológicas, como

convulsões, retardo mental e / ou distúrbios comportamentais, alterações

fundamentais em transferência enzimática de energia e outros processos no

corpo. Danos no sistema nervoso central ou crescimento lento. O chumbo pode

também contribuir para a osteoporose em mulheres pós-menopáusicas.

Selênio Danos ao sistema nervoso periférico, fadiga e irritabilidade, queda de cabelo e

unha; danos ao rim e fígado, sistemas nervoso e sistemas circulatórios.

85

As substâncias enxofre e vanádio chamam a atenção no ensaio de risco

ambiental devido à grande quantidade lixiviada e solubilizada.

Segundo USEPA (2012), grandes concentrações de vanádio no organismo

pode causar irritação do trato respiratório superior caracterizada por rinite,

hemorragia, chiado nasal, conjuntivite, tosse, dor de garganta e dor no peito.

O enxofre de acordo com Teves (2003) pode ser nocivo se ingerido ou

inalado e causar náuseas, dor de cabeça, inconsciência em casos severos, além de

causar irritações no olho, pele e trato respiratório. A exposição prolongada pode

provocar doença pulmonar crônica e sinusite.

Recomenda-se que na revisão da NBR 10004/04 inclua-se estas substâncias

que no processo de descarte podem causar danos à saúde e ao meio ambiente.

4.2 ETAPA II: AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA SUBSTITUIÇÃO PARCIAL

EM MASSA DO CIMENTO POR RESÍDUO CATALÍTICO

4.2.1. Pastas

a) Análise térmica diferencial (ATD), termogravimetria (TG) e

termogravimétrica derivada (DTG)

As análises foram realizadas utilizando amostras contendo de 0 – 30% de

substituição de cimento por resíduo catalítico para a idade de 28 dias.

As curvas TG e DTG das pastas estão apresentadas na Figura 30 e as curvas

DTA na Figura 31.

Nas curvas DTA é possível notar os picos endotérmicos característicos das

decomposições que ocorrem, CH no intervalo de temperatura de 410 – 480°C, e

decomposição das fases carbonáticas na faixa de 480 – 900°C.

As perdas de massa totais nas pastas contendo 0%, 10%, 20% e 30% de

substituição foram respectivamente: 10,14%, 10,20%, 9,74% e 9,45%. Nota-se que

a perda totais nas misturas não foram expressivas.

A partir das curvas (REF, 10%, 20% e 30%) foram calculados os parâmetros

RHC, TH e OH.

86

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Temperatura (ºC)

80

85

90

95

100

Pe

rda

de

ma

ssa

(%

)

REF

10%

20%

30%

-0.008

-0.004

0

0.004

0.008

0.012

De

riv

ma

ssa

\min

-1

Figura 30 – Curvas TG / DTG das amostras de pasta de cimento: 0%, 10%, 20%, 30%.

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Temperatura (ºC)

-2

-1.8

-1.6

-1.4

-1.2

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

Va

ria

ção

de

tem

pe

ratu

ra (

ºC)

REF

10%

20%

30%

Figura 31 – Curvas DTA das amostras de pasta de cimento: 0%, 10%, 20%, 30%.

Na Figura 32 são apresentadas a evolução do teor de água quimicamente

combinada relativo ao hidróxido de cálcio e o parâmetro RHC. Nota-se que nas

87

pastas contendo resíduo a quantidade de água quimicamente combinada no CH é

inferior ao de referência. Essa quantidade diminui proporcionalmente à quantidade

de substituição do resíduo por cimento, com reduções de 15%, 28% e 39% da água

quimicamente combinada para as substituições de cimento em 10%, 20% e 30% em

relação à pasta de referência. As diferenças entre os percentuais de redução em

função do aumento do teor de resíduo são de 5%, 8% e 9% demonstrando um baixo

grau de reatividade pozolânica.

Com relação ao parâmetro TH (Figura 32), é possível notar no gráfico que

praticamente não houve variação na água combinada dos hidratos (3%, -1% e 2%

para as substituições de cimento em 10%, 20% e 30% em relação à pasta de

referência). Reforçando o baixo grau de reatividade pozolânica mencionado

anteriormente.

Figura 32 – Evolução do teor de água combinada RHC, TH e OH.

Tabela 10 – Parâmetros TH, RHC e OH.

Parâmetros REF 10% 20% 30%

W (80°c) 98,4 98,32 98,41 98,57

Winic CH 93,69 93,27 93,39 93,44

Wfin CH 92,45 92,21 92,49 92,68

W (1000°c) 89,86 89,8 90,27 90,56

TH (%) 6,62 6,80 6,56 6,50

RHC (%) 1,38 1,18 1,00 0,84

OH = TH – CH

5,24 5,62 5,56 5,66

88

a) Difratometria de Raios X

Com base no difratograma de raio X da Figura 33, observa-se a ocorrência de

estruturas cristalinas contendo SiO2 nas três amostras, em picos semelhantes, esse

óxido é proveniente do catalisador residual, que se comporta como material inerte na

mistura não reagindo pozolanicamente, conforme resultados da termogravimetria.

Foi encontrada também presença de hidróxido de cálcio na amostra, que decorre

das reações de hidratação do cimento.

Figura 33 – Difratograma de raio X das pastas.

b) Elevação semi-adiabática da temperatura de pastas contendo resíduo

catalítico

A análise da temperatura se iniciou a partir da colocação das misturas no

aparelho, não sendo possível medir no instante inicial do contato com a água,

devido ao tempo demandado para se colocar as amostras dentro da cuba do

calorímetro.

Pode-se notar no gráfico da Figura 34 que houve pouca variação de

temepratura do momento inicial até o tempo de 300 minutos de ensaio , já que o

resíduo potencialmente não reage como demonstrado nos ensaios

89

termogravimétricos e na Tabela 10, onde a quantidade de água quimicamente

combinada relativamente ao hidróxido de cálcio em relação à perda de massa a

1.000 °C praticamente não varia.

A partir da quinta hora pode-se observar que todas as misturas obtiveram

temperaturas inferiores em relação a pasta de referência, obtendo redução do calor

de hidratação em função do teor de substituição, ou seja, quanto maior o teor de

resíduo menor a temperatura após o tempo de 300 minutos, possivelmente devido à

dimimuição da quantidade de cimento utilizado.

Figura 34 –Gráfico da variação de temperatura em função do tempo.

Figura 35 –Gráfico da (variação de temperatura/variação do tempo) em função do tempo.

90

4.2.2. Argamassas

a) Determinação das propriedades mecânicas

As propriedades mecânicas avaliadas neste trabalho foram resistência a

compressão axial e diametral, conforme mostrado a seguir. As propriedades

mecânicas definem o comportamento do material quando sujeitos à esforços

mecânicos, compreendendo a resposta dos materiais às influências mecânicas

externas, manifestadas pela capacidade de desenvolverem deformações reversíveis

e irreversíveis, e resistirem à fratura.

Resistência à Compressão Axial

Os resultados de resistência a compressão para os traços com relação a/c =

0,6; 0,5; 0,4 e teor de substituição de 0 – 40% pelo resíduo catalítico para as idades

são apresentados nos gráficos da Figura 36, Figura 37 e Figura 38.

Figura 36 – Resistências à compressão axial (a/c = 0,6).

Tabela 11 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,6).

Idade (dias)

0% 10% 20% 30% 40%

fc C.V. % fc C.V. % fc C.V. % fc C.V. % fc C.V. %

1 7,90 6,25 3,71 6,19 2,56 7,51 2,46 7,05 1,92 8,48

3 15,01 4,10 11,00 2,78 6,23 4,65 6,94 6,74 4,37 7,21

7 20,30 6,90 16,96 6,31 12,11 5,77 10,62 7,19 6,79 4,47

28 24,64 1,55 26,17 2,30 19,02 2,13 17,63 7,11 12,68 2,20

91 28,15 0,47 28,36 3,54 24,73 6,25 23,55 2,07 18,43 1,98

91

Na Figura 36 a mistura contendo 10% de substituição apresenta após 28 dias

valor superior ao de referência em 6,21% e aos 91 dias valor superior em 0,74%.

Nas misturas contendo 20% e 30% de substituição o comportamento ao longo das

idades foi semelhante, porém com desempenho inferior ao de referência em 22,81%

e 28,45% respectivamente aos 28 dias e 12,15% e 16,34% respectivamente aos 91

dias, esse acréscimo de resistência é devido à evolução das reações de hidratação

do cimento com a idade. Os coeficientes de variação mostrados na Tabela 11 foram

todos inferiores a 15%, mostrando a baixa dispersão entre os resultados.

A argamassa com 40% de substituição obteve o pior desempenho em relação

ao de referência, sendo inferior a 48,53% aos 28 dias e 34,53% aos 91 dias.

0

10

20

30

40

50

1 dia 3 dias 7 dias 28 dias 91 dias

Re

sist

ên

cia

a co

mp

ress

ão (

MP

a)

Idades

0%

10%

20%

30%

Figura 37 – Resistências à compressão axial (a/c = 0,5).

Tabela 12 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,5).

Idade (dias)

0% 10% 20% 30%

fc C. V. % fc C. V. % fc C. V. % fc C. V. %

1 8,73 8,85 8,37 4,32 9,40 3,87 6,23 2,35

3 17,72 10,45 18,24 5,51 15,89 6,47 13,60 2,75

7 21,31 5,39 25,34 3,79 23,59 2,77 16,88 5,04

28 29,89 9,18 34,76 4,49 29,32 3,89 23,81 4,14

91 34,19 2,99 45,65 6,75 42,78 7,14 31,19 5,79

Na Figura 37, a misturas de 10% foram superiores ao de referência em

16,29% aos 28 dias e 33,52% aos 91 dias. Nas misturas de 20% de substituição o

valor foi inferior em 1,90% aos 28 dias e superior em 25,31% aos 91 dias em relação

92

ao de referência. O valor da resistência nas idades de 1, 3, 7 e 28 dias foram

semelhantes, entre a mistura de referência e a mistura contendo 20% de

substituição, dando um salto de resistência aos 91 dias, possivelmente promovido

pelo efeito microfiller. Na mistura com 30% de substituição teve desempenho inferior

correspondente a 20,34% aos 28 dias e 19,01% aos 91 dias em relação ao de

referência. Os coeficientes de variação mostrados na Tabela 12 foram todos

inferiores a 15%, mostrando a baixa dispersão entre os resultados.

0

10

20

30

40

50

60

1 dia 3 dias 7 dias 28 dias 91 dias

Re

sist

ên

cia

a co

mp

ress

ão (

MP

a)

Idades

0%

10%

Figura 38 – Resistências à compressão axial (a/c = 0,4).

Tabela 13 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,4).

Idade (dias)

0% 10%

fc C. V. % fc C. V. %

1 21,64 5,49 20,47 4,31

3 28,74 5,67 31,51 5,73

7 34,12 4,52 31,67 1,01

28 38,10 3,51 41,92 7,78

91 52,97 5,83 51,18 1,72

Na Figura 38 a argamassa contendo 10% de substituição obteve desempenho

inferior de 10,03% aos 28 dias e superior de 3,38% aos 91 dias ambos em relação

ao de referência. Os coeficientes de variação mostrados na Tabela 13 foram todos

inferiores a 15%, mostrando a baixa dispersão entre os resultados.

O comportamento mecânico a compressão axial das argamassas mostrado

na Figura 36, Figura 37 e Figura 38 é fortemente influenciado pela relação a/c,

sendo os melhores desempenhos obtidos nas misturas de 10% para todas as

relações a/c. Na relação a/c de 0,5 a mistura contendo 20% também apresentou

melhor desempenho que o de referência.

93

Os ensaios encontrados confirmam as análises feitas por termogravimetria,

no qual demonstraram que o resíduo apresenta baixa atividade pozolânica, onde se

comporta predominantemente como microfiller, o que é comprovado com as quedas

de resistência em função do aumento do resíduo, com conseqüente redução do teor

de cimento, para as mesmas relações a/c evidenciando que o resíduo não

desenvolve reação química na matriz de cimento. Isso não ocorreu com teor de

substituição de 10% porque a substituição foi baixa e o resíduo desenvolveu o efeito

físico já citado por meio do refinamento dos poros internos da pasta, conforme

preconizado por Silva et al. (2005)

Resistência à Tração por Compressão Diametral

Os resultados de resistência a compressão para os traços com relação a/c =

0,6; 0,5; 0,4 e teor de substituição de 0 – 40% pelo resíduo catalítico são

apresentados nos gráficos da Figura 39, Figura 40 e Figura 41.

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

1 dia 3 dias 7 dias 28 dias 91 dias

Re

sist

ên

cia

a tr

ação

po

r co

mp

ress

ão

dia

me

tral

(M

Pa)

Idades

0%

10%

20%

30%

40%

Figura 39 - Gráfico de resistências à compressão diametral (a/c = 0,6).

Tabela 14 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,6).

Idade (dias)

0% 10% 20% 30% 40%

ftd C. V. % ftd C. V. % ftd C. V. % ftd C. V. % ftd C. V. %

1 1,25 5,21 0,71 6,98 0,33 6,66 0,34 2,17 0,22 9,90

3 2,02 3,44 1,59 7,91 1,07 6,52 0,89 6,45 0,63 9,08

7 3,72 1,96 2,49 4,10 2,04 7,10 1,93 15,35 1,00 8,45

28 4,44 19,61 4,41 6,06 3,22 3,67 2,64 7,52 2,70 13,19

91 4,42 8,83 4,61 1,04 3,88 5,80 3,54 7,49 3,17 3,55

94

Na Figura 39, a mistura contendo 10% de substituição apresenta aos 28 dias

valores iguais ao de referência e valor superior em 4,30% aos 91 dias, não

apresentando para estas duas idades variações expressivas em relação a

referência. A mistura de 20% obteve resultados inferiores ao de referência em

27,48% aos 28 dias e 12,22 % aos 91 dias. A mistura de 30% obteve resultados

inferiores ao de referência em 40,54% aos 28 dias e 19,91% aos 91 dias. A mistura

de 40% obteve resultados inferiores ao de referência em 39,19% aos 28 dias e

28,28% aos 91 dias, sendo este o pior resultado entre as misturas realizadas.

Os coeficientes de variação mostrados na Tabela 14 foram em maioria

inferiores a 15%, mostrando a baixa dispersão entre os resultados.

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

1 dia 3 dias 7 dias 28 dias 91 dias

Re

sist

ên

cia

a tr

ação

po

r co

mp

ress

ão

dia

me

tral

(M

Pa)

Idades

0%

10%

20%

30%

Figura 40 - Gráfico de resistências à compressão diametral (a/c = 0,5).

Tabela 15 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,5).

Idade (dias)

0% 10% 20% 30%

ftd C. V. % ftd C. V. % ftd C. V. % ftd C. V. %

1 1,32 11,60 0,93 8,55 0,92 12,50 0,86 5,74

3 2,31 9,96 1,89 8,65 1,76 15,68 1,84 5,80

7 2,87 15,31 3,67 5,51 2,15 12,59 2,70 3,89

28 4,06 9,51 4,13 8,73 3,70 7,41 5,21 2,02

91 4,49 1,74 5,98 3,32 5,25 4,45 4,68 7,36

Na Figura 40 - Gráfico de resistências à compressão diametral (a/c = 0,5)., a

mistura de 10% obteve aumento em 1,72% e 33,18% aos 28 e 91 dias

respectivamente em relação ao de referência. Na mistura contendo 20% aos 28 dias

o resultado foi inferior em 8,87% aos 28 dias e superior em 16,93% aos 91 dias. A

95

mistura de 30% obteve os melhores resultados com valores superiores em relação

ao de referência em 28,32% aos 28 dias e 4,23% aos 91 dias.

Os coeficientes de variação mostrados na Tabela 15 foram em maioria

inferiores a 15%, mostrando a baixa dispersão entre os resultados.

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

5,0

5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

1 dia 3 dias 7 dias 28 dias 91 dias

Re

sist

ên

cia

a tr

ação

po

r co

mp

ress

ão

dia

me

tral

(M

Pa)

Idades

0%

10%

Figura 41 - Gráfico de resistências à compressão diametral (a/c = 0,4).

Tabela 16 – Média e Coeficiente de variação (a/c = 0,4).

Idade (dias)

0% 10%

ftd C. V. % ftd C. V.

%

1 2,27 12,09 2,21 14,16

3 3,82 15,62 3,57 4,09

7 4,32 6,60 3,99 8,61

28 5,23 4,22 5,60 9,99

91 6,88 10,70 7,16 9,04

No gráfico (c), a argamassa contendo 10% de substituição obteve resultado

superior ao de referência em 7,07% aos 28 dias e 4,07% aos 91 dias.

Evidencia-se nos gráficos (a), (b) e (c) que o comportamento mecânico a

compressão diametral das argamassas é fortemente influenciado pela relação a/c,

sendo os melhores resultados obtidos na mistura de 10% para a relação a/c de 0,6,

as misturas de 20 e 30% resultados superiores para a relação a/c de 0,5 e 40% não

obteve resultados satisfatórios para nenhuma das misturas.

Na Figura 39, Figura 40 e Figura 41, o comportamento mecânico á tração por

compressão diametral das argamassas é fortemente influenciado pela relação a/c,

sendo os melhores desempenhos obtidos nas misturas de 10% para todas as

relações a/c, pelos mesmos motivos explicados na resistência à compressão axial.

96

Na relação a/c de 0,5 todas as misturas apresentaram resistência média

maior que o de referência, em especial as com teores de substituição de 20 e 30%

após 28 dias. Esse comportamento não era esperado por conta dos resultados

obtidos nas outras relações a/c, não foi possível identificar as prováveis causas para

este ocorrido.

Relação da resistência à tração por compressão diametral e compressão axial

Foram avaliadas as relações entre as resistências mecânicas de tração por

compressão diametral e compressão axial, conforme Figura 42 á Figura 46.

0,09

0,11

0,13

0,15

0,17

0,19

0% 10% 20% 30% 40%

0,6

0,5

0,4

Teor de substituição

Rela

ção

ftd

/fc

0,11

0,13

0,15

0,17

0,19

0,21

0,23

0% 10% 20% 30% 40%

0,6

0,5

0,4

Teor de substituição

Rela

ção

ftd

/fc

Figura 44 – Relações ftd/fc – 7dias. Figura 45 – Relações ftd/fc – 28dias.

0,09

0,11

0,13

0,15

0,17

0,19

0,21

0% 10% 20% 30% 40%

0,6

0,5

0,4

Teor de substituição

Rela

ção

ftd

/fc

0,09

0,11

0,13

0,15

0,17

0,19

0% 10% 20% 30% 40%

0,6

0,5

0,4

Teor de substituição

Rela

ção

ftd

/fc

Figura 42 – Relações ftd/fc – 1dia. Figura 43 – Relações ftd/fc – 3dias.

97

0,11

0,13

0,15

0,17

0% 10% 20% 30% 40%

0,6

0,5

0,4

Teor de substituição

Rela

ção

ftd

/fc

Figura 46 – Relações ftd/fc – 91dias.

Analisando-se os gráficos da Figura 42 á Figura 46, pode-se observar que

não há uma relação constante entre as misturas para a mesma idade, variando o

teor de substituição, exceto para as relações a/c = 0,6 até 20% de substituição aos

28 e 91 dias e a/c = 0,4 aos 91 dias. Isso ocorre devido às variações das

resistências mecânicas obtidas, já explicadas anteriormente.

98

5 CONCLUSÃO

Este trabalho visou sinalizar a existência dos problemas ambientais decorrentes

da produção de catalisador residual gerado na UFCC da RLAM - Refinaria

Landulpho Alves Mataripe.

A conclusão apresentada neste trabalho refere-se aos resultados obtidos com os

estudos do resíduo catalítico e sua aplicação em pastas e argamassas produzidas

com os materiais, traços e técnicas de execução específicas. Sua representatividade

deve ser confirmada através de novos estudos que devem ser realizados levando

em consideração aspectos que confirmaram e complementaram o comportamento

do resíduo catalítico de petróleo em matrizes cimentíceas.

5.1 RESÍDUO CATALÍTICO

As avaliações físicas, químicas e mineralógicas obtidas mostraram que não

existem diferenças significativas e impactantes nos diferentes lotes de resíduo para

uso em matrizes cimentíceas. A caracterização física do resíduo mostrou que ele

possui morfologia esférica com irregularidades de superfície e em comparação ao

cimento utilizado neste estudo possui dimensões maiores, impactando na

reatividade dentro da matriz, tornando-o um material com atuação essencialmente

microfiller. Apesar disso obtiveram-se bons resultados mecânicos utilizando-o no

estado natural, não necessitando passar pelo processo de moagem.

5.2 AVALIAÇÃO DE RISCO AMBIENTAL

Quanto aos aspectos ambientais, às análises de lixiviação e solubilização

realizadas no resíduo demonstraram que o mesmo possui características de

toxicidade, sendo classificado como Resíduo Perigoso Classe I, podendo causar

danos a saúde humana e ao ambiente. É necessário estudo adicional para a

utilização segura deste resíduo em componentes da construção e demais usos,

além da gestão adequada.

99

5.3 PASTAS

As perdas de massa totais nas pastas, de acordo com os resultados dos ensaios

termogravimétricos não foram expressivas, demonstrando que o resíduo obteve

interação física com o cimento, ou seja, o resíduo tem baixa pozolanicidade, atuando

efetivamente como microfiller. Isso é reforçado pela redução proporcional da água

quimicamente combinada do CH em função do aumento de resíduo e conseqüente

redução do teor de cimento.

Na calorimetria pode-se observar que todas as misturas obtiveram temperaturas

inferiores em relação a pasta de referência, obtendo redução do calor de hidratação

em função do teor de substituição, ou seja, quanto maior o teor de resíduo menor a

temperatura após o tempo de 300 minutos, possivelmente devido à dimimuição da

quantidade de cimento utilizado, confirmando os resultados termogravimétricos.

5.4 ARGAMASSAS

De acordo com os resultados mecânicos obtidos pode-se constatar que o resíduo

no estado natural apresenta bons desempenhos mecânicos para todas as relações

a/c com teores de substituição de 10%. De maneira global não houve

comportamento mecânico constante na relação de resistência por tração a

compressão diametral/ Resistência a compressão axial.

Conclui-se que o objetivo principal foi alcançado com a verificação de

potencialidade do resíduo catalítico em pastas e argamassa.

5.5 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS

Realização de estudos de risco ambiental de produtos da construção que

utilizem resíduo.

Estudo da viabilidade do uso do resíduo em componentes da construção.

Estudo da viabilidade do uso do resíduo em outras aplicações da engenharia

das quais revestimentos de poços de petróleo e concretos betuminosos.

Estudo da atividade pozolânica de resíduo moído.

100

6 REFERÊNCIAS

ABADIE, E. Processos de Refinação. Petrobras, Rio de Janeiro, 1999.

ABNT NBR ISO 14001: Sistema de Gestão Ambiental – Especificações e Diretrizes. Associação

Brasileira de Normas Técnicas, 1996. 14 p.

ABNT NM 46: Agregados - Determinação do material fino que passa através da peneira 75 µm,

por lavagem. Rio de Janeiro. 2003

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108

ANEXO I

Ficha de informações de segurança de catalisador de equilíbrio.

109

110

111

112

ANEXO II

Tabelas

Tabela 17 – Distribuição granulométrica do cimento

Cimento CPV – ARI

Diâmetro a 10% 2,28

Diâmetro a 50% 16,64

Diâmetro a 90% 35,86

Diâmetro Médio 18,06

Tabela 18 – Temperatura, variação e variação referencial x tempo em horas

0%

Tempo (hs) 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

T ( ° C) - 27,05 27,87 29,86 33,34 40,29 49,74 66,1 81,86 90,04 94,85 99,97 101

Variação - 0 0,82 1,99 3,48 6,95 9,45 16,36 15,76 8,18 4,81 5,12 1,03

Var. Ref. - 0 0,82 2,81 6,29 13,24 22,69 39,05 54,81 62,99 67,8 72,92 73,95

10

%

T ( ° C) - 27,8 28,67 30,71 34,02 39,71 49,27 59,32 69,13 78,32 83,6 86,98 89,88

Variação - 0 0,87 2,04 3,31 5,69 9,56 10,05 9,81 9,19 5,28 3,38 2,9

Var. Ref. - 0 28,67 30,71 34,02 39,71 49,27 59,32 69,13 78,32 83,6 86,98 89,88

20

%

T ( ° C) - 29,27 30,97 33,05 36,45 41,82 49,26 57,63 64,53 71,22 76,62 79,47 82,13

Variação - 0 1,7 2,08 3,4 5,37 7,46 8,35 6,9 6,69 5,4 2,85 2,66

Var. Ref. - 0 30,97 33,05 36,45 41,82 49,28 57,63 64,53 71,22 76,62 79,47 82,13

30

%

T ( ° C) - 30,07 31,86 33,69 37,36 42,87 48,97 55,94 61,67 66,25 71,02 73,85 76,36

Variação - 0 1,79 1,83 3,67 5,51 6,1 6,97 5,73 4,58 4,77 2,83 2,51

Var. Ref. - 0 31,86 33,69 37,36 42,87 48,97 55,94 61,67 66,25 71,02 73,85 76,36

Tabela 19 – Relação Ftd/Fc

Relação a/c 0% 10% 20% 30% 40%

1 dia

0,6 0,16 0,19 0,13 0,13 0,11

0,5 0,15 0,1 0,11 0,14 -

0,4 0,1 0,11 - - -

3 dias

0,6 0,13 0,15 0,17 0,13 0,14

0,5 0,14 0,1 0,11 0,16 -

0,4 0,13 0,1 - - -

7 dias

0,6 0,19 0,17 0,15 0,17 0,15

0,5 0,16 0,14 0,09 0,16 -

0,4 0,14 0,13 - - -

28 dias

0,6 0,17 0,17 0,17 0,16 0,21

0,5 0,14 0,12 0,13 0,22 -

0,4 0,14 0,12 - - -

91 dias

0,6 0,16 0,16 0,16 0,15 0,17

0,5 0,13 0,1 0,13 0,2 -

0,4 0,14 0,14 - - -

113