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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS
Instituto de Ciências Sociais Aplicadas
GÉSSEM DE FARIA CESAR
OS EFEITOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA SOBRE O RETORNO DAS
AÇÕES DAS EMPRESAS SIDERÚRGICAS GERDAU E USIMINAS.
VARGINHA/MG
2015
GÉSSEM DE FARIA CESAR
OS EFEITOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA SOBRE O RETORNO DAS
AÇÕES DAS EMPRESAS SIDERÚRGICAS GERDAU E USIMINAS.
Trabalho de conclusão de curso
apresentado ao Instituto de Ciências
Sociais Aplicadas da Universidade
Federal de Alfenas, como requisito
parcial à obtenção do título de Bacharel
em Ciências Econômicas com Ênfase
em Controladoria.
Orientador: Prof. Dr. Gabriel Rodrigo
Gomes Pessanha.
Coorientadora: Profª. Drª. Luciene
Resende Gonçalves.
VARGINHA/MG
2015
GÉSSEM DE FARIA CESAR
OS EFEITOS DA GOVERNANÇA CORPORATIVA SOBRE O RETORNO DAS
AÇÕES DAS EMPRESAS SIDERÚRGICAS GERDAU E USIMINAS.
A Banca examinadora abaixo-assinada
aprova a monografia apresentada como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Bacharel em Ciências
Econômicas com Ênfase em
Controladoria da Universidade Federal
de Alfenas.
Aprovada em: 29/ 06/ 2015
Prof. MSc.: Gabriel Rodrigo Gomes Pessanha Assinatura:
Instituição: Universidade Federal de Alfenas
Prof. MSc.: João Estevão Barbosa Neto Assinatura:
Instituição: Universidade Federal de Alfenas
Profª. Drª.: Luciene Resende Gonçalves Assinatura:
Instituição: Universidade Federal de Alfenas
Prof.: Richard Hernani Pereira Assinatura:
Instituição: Universidade Federal de Alfenas
RESUMO
A governança corporativa e suas boas práticas tornam as empresas mais confiáveis aos
investidores e ao mercado acionário. Pois, além de transformar as demonstrações
contábeis mais transparentes, reduz os possíveis atritos de interesses entre proprietários,
acionistas, diretoria e outras possíveis partes interessadas nesse processo. Assim, as
empresas que seguem a boa governança podem obter melhores resultados nos valores
das ações e dos retornos das ações, quando assumem governança corporativa na
BMF&BOVESPA. O presente trabalho tem como finalidade identificar possíveis
reflexos causados sobre os retornos das ações de empresas do setor siderúrgico, após a
adesão à governança corporativa. Depois de realizada análises de intervenção sobre os
retornos, os resultados encontrados permitem admitir que nem todos os eventos de
adesão à governança acabam por ser captados pelo mercado.
Palavras-chave: Governança Corporativa, Análise de Intervenção, Retornos das Ações,
Setor Siderúrgico.
5
ABSTRACT
Corporate governance and its good practices make it the most trusted companies to
investors and the stock market, in addition to transform the most transparent financial
statements, reduces possible friction of interest between owners, shareholders, directors
and other parties. Thus, companies that follow good governance can achieve better
results in the values of stocks and stock returns after adhering to corporate governance.
This study aims to identify possible effects on the returns of stocks of companies in the
steel sector, caused after accession corporate governance. Performed the analysis of
interventions on the returns, the results allow the conclusion that not all governance
adherence events ultimately impact on the values of stock returns.
Keywords: Corporate Governance, Intervention analysis, Shares Returns, Steel Sector.
6
Sumário
1. Introdução .............................................................................................................. 8
2. Objetivo ............................................................................................................... 11
3. Panorama do Setor Siderúrgico no Brasil............................................................ 11
3.1. Gerdau .............................................................................................................. 17
3.2. Usiminas .......................................................................................................... 17
4. Revisão Bibliográfica .......................................................................................... 18
4.1. Governança Corporativa .................................................................................. 18
4.1.1. Conceitos .................................................................................................. 18
4.2. Governança Corporativa no Mundo ................................................................ 20
4.3. Governança Corporativa no Brasil .................................................................. 20
4.4. Níveis de Governança N1, N2, Novo Mercado (NM) e o Índice de Governança Corporativa (IGC) ....................................................................................................... 21
4.5. Impactos da Governança Corporativa .............................................................. 24
4.6. Séries Temporais .............................................................................................. 26
4.6.1. Tendência.................................................................................................. 26
4.6.2. Sazonalidade ............................................................................................. 27
4.6.3. Série Estacionária ..................................................................................... 27
4.6.4. Ruído Branco ............................................................................................ 29
4.7. Volatilidade ...................................................................................................... 29
5. Material e Método ............................................................................................... 31
5.1. Estacionariedade (Análise Gráfica) ................................................................. 31
5.1.1. Função de Autocorrelação (FAC)............................................................. 31
5.2. Identificação do modelo (Análise Gráfica) ...................................................... 33
5.2.1. Função de Autocorrelação Parcial (FACP) .............................................. 33
5.3. Testes ............................................................................................................... 33
5.3.1. Teste do sinal (COX-STUART) ............................................................... 33
5.3.2. Teste de Fisher .......................................................................................... 34
5.3.3. Estatística de Ljung e Box (Estatística LB) .............................................. 35
5.3.4. Teste Dickey-Fuller Aumentado (DFA) ................................................... 35
5.4. Série livre de tendência e sazonalidade ........................................................... 36
5.5. Intervenção ....................................................................................................... 36
5.6. Modelagem de séries temporais ....................................................................... 38
7
5.6.1. Modelo Autorregressivo (AR) .................................................................. 38
5.6.2. Modelo de Médias Móveis (MA) ............................................................. 39
5.6.3. Modelo Autorregressivo de Médias Móveis (ARMA) ............................. 39
5.6.4. Modelo Autorregressivo Integrado de Médias Móveis (ARIMA) ........... 40
6. Análises e Discussões .......................................................................................... 41
7. Considerações Finais ........................................................................................... 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 52
8
1. Introdução
A governança corporativa tem assumido cada vez mais um papel fundamental e
incentivador para as empresas que decidem aderir às boas práticas, que tendem a
respeitar os direitos de todos os agentes com capital investido. Como as instituições
buscam sempre serem eficientes, frente um mercado cada vez mais competitivo e
dinâmico, a eficiência gerada pelas boas práticas da governança protege os investidores
e seus interesses, contra prováveis riscos e perdas.
Assim, na visão de Dedonatto e Beuren (2010), governança corporativa são
mecanismos – ou seja, boas práticas - em que tanto credores, quanto acionistas que
investem nas companhias dispondo de seus recursos recebem como garantia o retorno
do próprio investimento realizado. Onde o resultado esperado, ao aderir tais
mecanismos, é a facilitação do acesso ao capital e valorização da companhia.
Tem-se, de acordo com Callado et al. (2013), que uma maior abordagem sobre o
tema governança corporativa - seus impactos sobre o desempenho das empresas e sobre
seus usuários - se intensificou em meados da década de 1980, principalmente nos EUA,
países europeus e Japão. E mais recentemente, como analisado por Oliveira et al.
(2011), casos de fraudes contra investidores deixaram claras as necessidades de adoção
de práticas que pudessem passar ao mercado de capitais: segurança, transparência e
credibilidade.
Cada vez mais os investimentos externos tornam-se importantes para o
desenvolvimento da economia nos países emergentes, como é o caso do Brasil. Os
investidores, para Dedonatto e Beuren (2010), precisam de certo grau de confiabilidade,
segurança e proteção ao capital investido, que inclui maior respeito aos seus direitos e
aos dos demais agentes envolvidos no processo.
A governança corporativa no Brasil tem se desenvolvido, mais recentemente, de
acordo com as necessidades criadas pelos processos de globalização, privatizações,
estabilidade econômica e problemas para conseguir crédito (DOMINGOS, 2009).
Outros fatores relevantes para o impulso sobre a discussão da governança corporativa
no Brasil estão relacionados, também, segundo Carvalhal da Silva e Leal (2005), a
abertura do mercado brasileiro e ao aumento nos números de empresas nacionais que
estão entrando nos mercados internacionais.
9
Alguns autores como, Rogers e Ribeiro (2006), Andrade et al. (2009), Carvalhal
da Silva e Leal (2005) consideram em seus estudos, como uma das principais e mais
bem sucedidas ações de incentivo e aprimoramento da governança corporativa no
Brasil: a criação dos Níveis diferenciados de governanças e do Novo Mercado pela
Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA), no fim do ano 2000; o Código de
Boas Práticas de Governança Corporativa, criado através do Instituto Brasileiro de
Governança Corporativa (IBGC); as recomendações da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) e da Lei das sociedades Anônimas (Lei 10.303/01).
No processo de tomada de decisão, fatores como a divulgação e a qualidade das
informações colocadas à disposição dos usuários interessados, se tornam fundamentais.
Para Da Silva et al. (2012), a transparência, atrelada a qualidade das informações,
constitui fator importante para a governança corporativa pois, pode exercer influência
sobre a situação econômico-financeira da instituição e do risco inserido no
investimento.
De acordo com Malacrida e Yamamoto (2006), na expectativa de um resultado
positivo no mercado de capitais, as companhias disponibilizam um nível maior de
informações – independente da obrigatoriedade ou não – para que assim, sejam
melhores avaliadas financeiramente. Os autores citam ainda, o maior retorno, menor
custo de captação e a menor flutuação dos preços de mercado, como os impactos mais
relevantes gerados pela maior acessibilidade as informações das empresas.
Com base no analisado em Rabelo (2007), acerca do tema governança
corporativa têm-se como impactos positivos das companhias que aderem as boas
práticas, a redução da volatilidade das ações - consequentemente dos riscos - e o
aumento dos retornos. Isso, através da maior valorização e confiança com que os
investidores passam a ter após a adesão.
Já, com relação ao setor estudado, o siderúrgico produtor de aço tem
considerável peso na economia brasileira, no último ano de 2014 o aço significou 6,4%
do total exportado pelo Brasil, o que equivaleu a uma cifra de mais de 14 bilhões de
dólares. Também no mesmo ano, o país foi o 6° maior produtor líquido de aço do
mundo (INSTITUTO AÇO BRASIL, 2015). A importância do aço está presente
também no crescimento e desenvolvimento do país, já que tem presença marcante no
consumo dos principais setores da economia brasileira, como o de construção,
10
transporte, máquinas, equipamentos e bens de capital, que são responsáveis pela
melhora de infraestrutura e competitividade do país.
Nesse sentido, o presente trabalho busca verificar o comportamento dos retornos
das ações das empresas Gerdau e Usiminas, que aderiram as práticas da governança
corporativa. A fim de levantar a problemática de que, após o comunicado de adesão os
retornos das empresas são influenciados pelo anúncio das boas práticas.
Na seção 1 será apresentada a Introdução; na seção 2 o Objetivo; na seção 3 o
Panorama do setor siderúrgico no Brasil; na seção 4 serão apresentadas as bases teóricas
do trabalho, a Revisão Bibliográfica; na seção 5 o Material e a Metodologia aplicada
com o intuito de verificar as hipóteses; a seção 6 conterá a Análise e os Resultados e,
por fim, serão apresentadas as Conclusões.
11
2. Objetivo
O objetivo central desse trabalho é verificar por meio de uma análise de intervenção
do retorno das ações das empresas Gerdau e Usiminas. E a partir disso, analisar e
concluir se, após o comunicado de adesão à governança corporativa, houve ou não
influência sobre os retornos de tais empresas do setor siderúrgico.
3. Panorama do Setor Siderúrgico no Brasil
O aço foi e é até hoje uns dos responsáveis pelo desenvolvimento de muitos
países, como o Brasil. Está presente no desenvolvimento e melhoria da infraestrutura do
país, como construção de estradas, portos, ferrovias; no crescimento de muitas
indústrias e grandes cidades; nas ferramentas e máquinas que modernizam setores e os
tornam mais competitivos, como o caso do agrícola; está presente na melhoria e
modernização dos meios de transporte e da vida como um todo.
A importância da siderurgia para o Brasil vai além do aspecto estrutural, o setor
possui um peso relevante sobre a economia do país, pois o aço e sua transformação
acabam por movimentar economicamente vários outros setores; é um importante
componente da balança comercial brasileira, movimentando as exportações do país e as
relações internacionais (INSTITUTO AÇO BRASIL, 2015).
Hoje o parque siderúrgico brasileiro está presente em dez estados da união com
destaque, de acordo com a PWC (2013), para a Região Sudeste que é a maior
produtora de aço do país. A Figura1 abaixo apresenta a divisão do parque siderúrgico
brasileiro e suas principais empresas.
12
Figura 1 – Parque siderúrgico brasileiro e suas principais empresas.
Fonte: Instituto Aço Brasil (2015).
A Região Sudeste produz o equivalente a 94% do aço nacional, segundo o
Instituto Aço Brasil (2015).
O aço faz parte do processo de produção de muitos produtos - desde os mais
pesados como tubos e estruturas para construção de prédios, aos leves da linha branca,
de utensílios domésticos - estando envolvido em vários processos e assim, é utilizado
por diversos outros setores produtivos. Os setores que mais consomem aço no território
brasileiro estão representados no gráfico a seguir.
13
Figura 2 – Divisão do consumo de aço no Brasil por setores da economia
Fonte: Instituto Aço Brasil (2015).
De acordo com a Figura 2, pode-se afirmar que grande parte do aço consumido
no Brasil está ligado aos setores de construção civil, automotivo, bens de capital,
máquinas e equipamentos, que somados ultrapassam 80% do consumo nacional.
Com relação à representatividade do setor siderúrgico na economia, o Brasil foi
em 2014 o 14º maior exportador mundial de aço – realizando comércio externo com
cerca de 100 países - e o 6º maior exportador líquido de aço, com 5,8 milhões de
toneladas exportadas (INSTITUTO AÇO BRASIL, 2015). O principal concorrente dos
países produtores de aço é a China, que produziu em 2013 um total de 821.990 mil
toneladas (WORLD STEEL, 2014). A seguir, será apresentada a Tabela 1 que contém
os maiores produtores de aço bruto do mundo.
14
Tabela 1 – Produção de aço bruto no Brasil no ano de 2013
Produção total de aço bruto
2013
China 821.990
Japão 110.595
EUA 86.878
Índia 81.299
Rússia 68.856
Coréia do Sul 66.061
Brasil 34.163
Unidade: mil toneladas.
Fonte: World Steel (2014).
Com base na Tabela 1 podemos analisar que a China é a maior produtora de aço
bruto mundial tendo, uma produção maior que sete vezes a produção do Japão, que é a
segunda nação em produção de ação bruta com 110.595 mil toneladas e, é vinte e quatro
vezes maior que a produção brasileira, de 34.163 mil toneladas, no período de 2013. Por
meio da Tabela 2 é possível observar os produtos e a comparação entre os anos de 2013
e 2014.
Tabela 2 – Produção e principais produtos do aço
Produtos 2013 2014 %
Aço bruto 34.162,5 33.912,2 -1,0
Laminados 26.263,1 24.831,6 -13,4
Planos 15.013,5 14.200,8 -11,3
Longos 11.249,6 10.630,8 -17,0
Semi-acabados p/ vendas 5.621,9 6.987,7 51,2
Placas 4.603,1 6.505,7 68,6
Lingotes, Blocos e Tarugos 1.018,8 482,0 -36,7
Usinas Integradas 26.200,2 26.200,2 11,1
Unidade: mil toneladas.
Fonte: Instituto Aço Brasil (2015).
15
Os dados da Tabela 2 permitem concluir que na maioria dos produtos, a
indústria do aço obteve redução na produção, na comparação dos anos de 2013 para
2014. Mas os aumentos em Placas, Lingotes, Blocos e Tarugos e, Usinadas Integradas,
acabaram por deixar o total dos produtos em patamares bem próximos, 124.132,7 mil
toneladas em 2013 e 123.751 mil toneladas em 2014.
A participação no Produto Interno Bruto (PIB) e o peso na balança comercial
dão a devida importância do setor à economia do país. Os Quadros 1 e 2 a seguir
apresentam os quinze principais produtos exportados pelo Brasil e a participação
individual de cada no montante enviado para fora do país.
Quadro 1 – Principais produtos exportados pelo Brasil em 2013
Fonte: MDIC (2014).
16
Quadro 2 – Principais produtos exportados pelo Brasil em 2014
Fonte: MDIC (2014).
Os Quadros 1 e 2 possibilitam fazer uma análise do papel e peso do produto
metalúrgico. No ano de 2013 exportou-se U$ 13.262 milhões de dólares, ocupando a
oitava posição entre os maiores exportadores e tendo uma participação 5,5% das
exportações totais. Já no ano de 2014, a exportação do mesmo produto teve relativo
aumento se comparado ao ano anterior, um aumento de 8,8%, tendo sua participação no
valor de U$ 14.423 milhões de dólares e em 6,4% do total exportado, alcançando a
sétima colocação em 2014.
O atual momento político-econômico do Brasil não é favorável à indústria de
aço, o país passa por um período de incertezas e seus reflexos estão afetando não só o
setor siderúrgico, mas também seus mercados consumidores assim, tanto vendas quanto
produção do aço não tem obtidos bons resultados (INSTITUTO AÇO BRASIL, 2015).
Para o Instituto Aço Brasil (2015), aumentos nos tributos, no custo de energia
elétrica e variações no câmbio são alguns dos pontos que dificultam a competitividade
das indústrias brasileiras de transformação e desse modo, mantendo essa perspectiva,
não só setor siderúrgico brasileiro, como outros também, sentirão ainda nos próximos
17
períodos dificuldades de importação e exportação, reduzindo assim seu poder de
competitividade.
3.1. Gerdau
A empresa Gerdau, de acordo com Instituto Aço Brasil (2015), no que se refere
a produção de aços é uma das maiores do mundo. É a maior em produção de aços
longos das Américas e uma das maiores quando se trata de aços longos especiais no
mundo. Em 2014 a empresa produziu o equivalente a 18.028 milhões de toneladas de
aço, o equivalente a 14,6% do total produzido no mesmo ano. A empresa aderiu às boas
práticas da Governança Corporativa em Nível 1, na BMF&BOVESPA, em junho de
2001 (GERDAU, 2014).
3.2. Usiminas
A Usiminas, empresa composta por mais 13 companhias e líder do mercado
nacional de aços planos, é a única a produzir aço para a indústria naval e fornece aço a
mercados que possuem alto valor agregado, como é o caso dos setores automobilístico e
o de máquinas (INSTITUTO AÇO BRASIL, 2015). Atualmente, possui capacidade de
produção de 12 milhões de toneladas ao ano; no ano de 2014 a Usiminas produziu 6,1
milhões de toneladas de aço; e aderiu a Governança Corporativa no Nível 1, na
BMF&BOVESPA, em outubro de 2007 (USIMINAS, 2014).
18
4. Revisão Bibliográfica
4.1. Governança Corporativa
4.1.1. Conceitos
A governança corporativa pode ser compreendida como uma importante forma de
gestão, que tem como papel principal auxiliar a transparência das demonstrações
contábeis de uma empresa conquistando desse modo, confiabilidade junto ao mercado e
investidores em potencial. Assim, a boa governança busca firmar vínculos entre
administradores, acionistas, conselhos, investidores e interessados em geral (NESPOLO
et al., 2013).
Governança corporativa, de acordo com Lima (2013) e com o Instituto Brasileiro
de Governança Corporativa (IBGC) é um conjunto de normas e princípios pelo quais as
organizações dirigem suas práticas, na tentativa de minimizar possíveis atritos de
interesses entre proprietários, acionistas, conselho de administração, diretoria, órgãos de
controle e a sociedade como um todo.
Na tentativa de minimizar conflitos de gestão é que se tem a governança e seus
princípios básicos: transparência, prestação de contas, equidade e responsabilidade
corporativa (ANDRADE, 2008).
A transparência está relacionada com a necessidade de se disponibilizar
informações a todos os interessados, tendo como meta criar uma melhor relação de
confiança interna e até mesmo da relação com terceiros. No que se refere à prestação de
contas tem-se, que os agentes de governança têm o dever de prestar tais contas de sua
atuação, sendo responsabilizados por seus atos. Já equidade, estabelece que o tratamento
entre os sócios e outras partes interessadas deve ocorrer de maneira justa e igualitária,
não podendo haver discriminação. O último dos princípios básicos, a responsabilidade
corporativa, determina que os agentes tenham como objetivo proteger os resultados e
retornos financeiros das instituições, levando em consideração também aspectos sociais
e ambientais (IBGC, 2014).
Ainda, de acordo com o IBGC (2014), a governança corporativa é o sistema que
proporciona aos sócios e aos proprietários o controle estratégico da empresa e o
monitoramento da diretoria executiva. Tal monitoramento, resultante da adoção das
19
boas práticas de governança corporativa contribui para a geração de valor, tanto para a
empresa, quanto aumento do retorno para o acionista, o que constitui um dos principais
benefícios decorrentes da adoção de boas práticas de governança.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) define governança corporativa
ainda, como um conjunto de práticas que tem como intuito aperfeiçoar o desempenho de
uma empresa ao proteger todas as partes interessadas - investidores, empregados e
credores -, tornando mais fácil o acesso ao capital (CVM, 2014).
Com isso, a governança deve ser compreendida como uma estrutura equilibrada
que une as decisões a serem tomadas e as práticas de gestão, criando condições para o
desempenho adequado dos negócios (CALLADO et al., 2013).
Ainda, para Carvalhal da Silva e Leal (2005), o conceito de governança
corporativa não se limita apenas às empresas de capital aberto e listadas na bolsa, mas
se aplica principalmente as empresas que procuram fortalecer uma relação de
transparência e confiança com os usuários interessados.
A Figura 3 apresenta de maneira esquematizada o recurso de interação para a
criação de valor em diferentes níveis, possibilitados através da adesão de boas práticas
de governança corporativa.
Figura 3 – Interação para criação de valor em diferentes níveis da economia.
Fonte: Andrade e Rossetti (2004).
20
4.2. Governança Corporativa no Mundo
A necessidade de se ter um ambiente institucional confiável, equilibrado, que
favoreça os negócios e de uma política macroeconômica responsável, e de extrema
qualidade, são os fatores que atualmente, no mundo, levam a adoção e a preferência
pela governança corporativa (IBGC, 2014).
A partir de grandes escândalos internacionais de fraudes contra investidores,
como os ocorridos nos casos Eron, WordCom, Tyco etc., criou-se um maior debate a
cerca da governança corporativa e o desenvolvimento de pesquisas internacionais, com
considerável enfoque tanto na mídia quanto no meio acadêmico, a fim de contribuir com
melhores práticas de governança (PEIXOTO et al., 2009).
Segundo Nespolo at al. (2013) há uma pressão casa vez maior do mercado para
que as práticas de boa governança sejam seguidas. Órgãos como o Banco Mundial e o
Fundo Monetário Internacional (FMI) defendem que as boas práticas são de suma
importância para que os mercados mundiais se recuperem dos impactos das crises.
4.3. Governança Corporativa no Brasil
No Brasil o assunto governança corporativa e os estudos sobre o tema cresceram
simultaneamente com a modernização e a importância do mercado de capitais, pois o
mercado tem respondido de modo a valorizar as instituições que praticam a boa
governança (PEIXOTO et al., 2009).
A governança corporativa no Brasil tem seu início reconhecido no ano de 1999,
ano em que o Instituto Brasileiro de Conselheiros de Administração (IBCA) torna-se o
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e disso, tem-se a elaboração do
primeiro Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do Brasil
(CATAPAN; CHEROBIM, 2010).
Dada à importância dos trabalhos desenvolvidos e do uso da governança
corporativa em âmbito mundial surgiram condições ao processo que desenvolveu os
Códigos das Melhores Práticas de Governança Corporativa (IBGC, 2014). No caso
brasileiro, para Nespolo et al. (2013), a fundação do IBGC teve o papel de desenvolver
as melhores práticas que estimulassem o desempenho das instituições.
21
De acordo com Rogers e Ribeiro (2006), os códigos mais confiáveis sobre o
exercício das boas práticas de governança corporativa são elaborados por importantes
órgãos do mercado de capitais, são eles: o Instituto Brasileiro de Governança
Corporativa (IBGC), Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (ANBID) e do
fundo de pensão do Banco do Brasil, o PREVI, somando-se a eles às recomendações
sobre governança corporativa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa é
composto por seis pontos principais que são: propriedade, conselho de administração,
gestão, auditoria independente, conselho fiscal e, ética e conflitos de interesses têm
como propósito conduzir todos os tipos de sociedades, fornecendo condições para que
possam aprimorar seu desempenho e conseguir também aumentar de maneira
consistente seu valor de mercado assim, adquirindo condições de alcançar capital a
menores custos (NESPOLO et al., 2013).
Ainda, o IBGC listou dez dos principais fatores que incentivam as instituições as
boas práticas de governança corporativa, que são: uma maior valorização das empresas;
melhor acesso ao mercado a custos mais baixos de capital; tornou-se requisito essencial
para o acesso a mercados financeiros internacionais; compreende as exigências para
alianças estratégicas; adequada equiparação entre acionistas, conselhos e diretoria;
consonância dos interesses dos acionistas com demais interessados; queda nos conflitos
de interesses; aumento da segurança com relação aos direitos dos proprietários; criou
condições para o aperfeiçoamento dos processos de gestão; e proporcionou uma melhor
imagem institucional da corporação (IBGC, 2014).
4.4. Níveis de Governança N1, N2, Novo Mercado (NM) e o Índice de
Governança Corporativa (IGC)
No ano 2000, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) criou o Novo Mercado e
os Níveis de governança corporativa 1 e 2, com objetivo principal de listar as empresas
que possuíssem as melhores práticas de governança gerando estímulo aos investidores e
valorizando as empresas (IBGC, 2014). Isso contribuiu para a maior adesão de empresas
as boas práticas de governança junto, com o incentivo gerado pela CVM ao elaborar a
22
cartilha com recomendações de como as empresas deveriam delinear suas condutas no
mercado (COITINHO, 2008).
Ainda, para Coitinho (2008), os níveis diferenciados de governança têm como
intuito estimular investidores e valorizar as empresas no ambientes dos negócios; visto
que as companhias que escolhem seguir as boas práticas passam ao mercado acionário
maior credibilidade e, recebem maior confiança dos investidores que se tornam
dispostos a pagarem melhores preços pelas ações, o que acaba por tornar o custo com
captação menor.
As empresas que se encontram classificadas no Nível 1 (N1) devem seguir
algumas exigências, no que se refere a geração de informações aos investidores e
demais usuários externos. Essas precisarão melhorar as informações com a presença das
Informações Trimestrais (ITRs), como: demonstrações financeiras consolidadas,
demonstração de fluxo de caixa (DFC); apresentar Demonstrações Financeiras
Padronizadas (DFPs); providenciar ajustes nas informações acessíveis ao público com
informações corporativas; efetuar, ao menos uma vez ao ano, reuniões públicas com a
presença de analistas e investidores; apresentar termos dos contratos estabelecidos; e
comprometer-se com a circulação mínima de ações, que é de 25% do capital social da
empresa (MONTE et al., 2010).
As companhias que se encontram listas na BM&FBOVESPA no Nível 2 (N2) de
governança corporativa, de acordo com Monte et al. (2010), ficam obrigadas a realizar
as regras destinadas ao N1 e, somadas a um grupo de práticas relativas aos direitos
societários dos acionistas minoritários como: devem disponibilizar as demonstrações
financeiras dentro dos padrões internacionais (IFRS ou US GAAP).
No Nível 3 ou Novo Mercado (NM), com base no analisado em Monte et al.
(2010), compromete-se formalmente a adesão das melhores práticas de governança que
excedem os Níveis 1 e 2 e por isso, as companhias são valorizadas possuindo liquidez
das ações. Assim, são positivamente influenciadas pelo alto grau apresentado de
segurança aos acionistas e pelo nível de qualidade das informações disponíveis.
A Tabela 3 apresenta um resumo comparativo entre as práticas de governança
corporativa listadas pela BM&FBOVESPA.
24
Fonte: BM&FBOVESPA (2014).
Com relação ao Índice de Governança Corporativa (IGC), esse foi criado pela
Bovespa no ano de 2001, tendo como principal objetivo mensurar o desempenho de
uma carteira de ações que seria formada apenas por ações de instituições que
possuíssem bons níveis de governança corporativa (CATAPAN; CHEROBIM, 2010).
4.5. Impactos da Governança Corporativa
As instituições aderem às práticas de governança corporativa por incentivo,
através de uma melhor perspectiva de valorização de suas ações no mercado e de seus
indicadores financeiros, dado o aumento das informações aos usuários (QUENTAL,
2007).
Para Santos et al. (2008), os maiores reflexos positivos para as empresas que
incorporam os métodos de boa governança são: as ações acabam por ser valorizadas,
graças as maiores informações disponíveis ao mercado, seguidas da redução do custo de
25
capital, da maior liquidez das ações. Fatos esses que são devidos a maior
profissionalização no processo de se gerir as instituições.
Confirmando Santos et al. (2008), os trabalhos de Dedonatto e Buren (2010)
explicitam os ganhos animadores que podem ocorrer ao se adotar as práticas de
governança corporativa, como a tendência de valorização das ações e facilidade ao
acesso de capital.
De acordo com Quental (2007), há evidências em seus estudos de que as
instituições que aderem às boas práticas de governança possuem resultados positivos
sobre liquidez, retornos e têm a volatilidade de suas ações reduzida. Ainda, tendo como
base a análise do autor, as empresas do Novo Mercado foram as que obtiveram os
aumentos de seus índices mais expressivos. Pois, nesse nível, o mercado entende que há
maior comprometimento com as práticas de governança corporativa tendo assim, como
resultado, maiores retornos.
Com base nas análises de Rogers (2006), ao se praticar uma governança
corporativa de maneira eficaz o resultado a ser alcançado tende a ser o aumento, dos
volumes das negociações no mercado, da liquidez, da valorização e, além disso, a
volatilidade das ações tende a ser reduzidas fazendo com que os retornos sejam menos
suscetíveis a influências macroeconômicas.
A partir do apresentado por Peixoto et al. (2009), sobre o levantamento de
trabalhos que tratam de governança corporativa e indicadores de desempenho, 42% das
pesquisas selecionadas e analisadas concluíram que há uma alta correlação entra as
empresas que aderem as boas práticas de governança em seus diferentes Níveis (N1, N2
e Novo Mercado) e o progresso de alguns indicadores financeiros ou operacionais
como: risco, volatilidade, valor da empresa, custo de capital, retorno das ações.
Para Monte et al. (2010), há uma relação entre a maior transparência das
companhias e a variação dos níveis de retorno das ações dessas. Ainda, para o autor,
confirma-se a hipótese de que quanto maior o nível de governança corporativa, menor
serão as variações dos retornos na ocorrência de determinados choques. Assim, as
empresas do Novo Mercado apresentam menor volatilidade e com isso, melhores
resultados na redução de riscos.
26
4.6. Séries Temporais
Séries temporais, de acordo com Morettin e Toloi (2006), é uma sequência de
variáveis observadas de maneira ordenada no tempo e coletadas em intervalos regulares
durante um período. Para muitos autores, séries temporais são desenvolvidas por meio
de um domínio temporal com modelos paramétricos, que possui número finito de
parâmetros, ou também, podem ser realizadas através de um domínio de frequência, que
utiliza-sede modelos não paramétricos.
Podemos caracterizar como principais objetivos de uma análise de séries
temporais, segundo Migon (2004), a compreensão do mecanismo gerador da série e a
previsão de seu comportamento futuro, o qual possibilita descrever de fato o
comportamento da série, encontrar sua periodicidade e algumas vezes obter as razões
para seu comportamento e desse modo, conseguir tomar decisões cabíveis.
De acordo com Pessanha (2010), para se escolher um modelo adequado para a
previsão da série temporal é preciso atentar-se para quatro possíveis hipóteses:
permanência, que se refere à estacionariedade; trajetória padrão, que se analisa a
presença da componente tendência; sazonalidade com permanência, que trata da
sazonalidade; e a sazonalidade com trajetória, onde verifica-se as componentes
tendência e sazonalidade.
4.6.1. Tendência
Tendência é a mudança gradual observada por meio da variação dos valores da
série ao longo do tempo e que se mantém ao se remover a componente sazonalidade e o
componente erro (BATISTA, 2009).
De acordo com Morettin e Toloi (2006) existem vários métodos para se estimar
a componente tendência. Porém os mais utilizados consistem em:
1. Ajustar uma função do tempo, como um polinômio, uma exponencial ou outra
função suave de t;
2. Suavizar (ou filtrar) os valores da série ao redor de um ponto, para estimar a
tendência naquele ponto;
27
3. Suavizar os valores da série através de sucessivos ajustes de retas de mínimos
quadrados ponderados (“lowess”).
Um procedimento utilizado para eliminar a tendência de uma série temporal é
tomar a diferença da mesma. E através da análise gráfica, pode-se avaliar se a série
possui tendência através da análise do gráfico da função de autocorrelação e dos testes
de tendência (BATISTA, 2009).
Para Ehlers (2003), em séries não sazonais a primeira diferença é normalmente
suficiente para induzir estacionariedade aproximada.
4.6.2. Sazonalidade
A sazonalidade é uma componente da série histórica difícil de ser estimada, pois
é preciso ter uma relação entre a questão conceitual do fenômeno em estudo com a
questão estatística. Um fenômeno sazonal é definido como aquele que ocorre
regularmente em períodos de tempo fixos (LATORRE e CARDOSO, 2001).
A componente sazonal capta características da série que ocorrem dentro do
período de um ano, ou seja, fenômenos sazonais ocorrem regularmente em períodos de
no máximo doze meses (BATISTA, 2009).
Toda sazonalidade acima do período de doze meses é considerada um ciclo, se
retirar o efeito do ciclo a série perde muitas observações, reduzindo seu tamanho, o que
prejudica o ajuste do modelo (BATISTA, 2009).
4.6.3. Série Estacionária
Um processo estocástico é um conjunto de variáveis aleatórias formadas por n
elementos pertencentes a um determinado intervalo temporal onde, será estacionário se
sua média e variância forem constantes ao longo do tempo e, se o valor da covariância
entre dois períodos de tempo depender da distância, do intervalo ou da defasagem entre
esses períodos, e não do tempo em que a covariância é calculada (GUJARATI, 2011).
Um processo estacionário de série temporal, na análise de Wooldridge (2001), se
constitui em distribuições de probabilidades que são estáveis no decorrer do tempo em
28
que, se escolhermos qualquer conjunto de variáveis aleatórias na sequência e
posteriormente as utilizarmos em h períodos de tempo não deverão ocorrer mudança
alguma com relação à distribuição de probabilidade.
Ainda, Wooldridge (2001) discorre que para uma série ser estacionária é
fundamental que sua média, variância e autocovariância permaneçam as mesmas - em
diferentes defasagens -, não variando ao longo do tempo.
Morettin e Toloi (2006) afirmam que a maioria das séries econômicas e
financeiras tem tendência (sendo assim, não-estacionárias) apresentando como caso
mais simples aquele em que a série flutua ao redor de uma reta com inclinação positiva
ou negativa.
Uma série temporal é estacionária, na maior parte das análises estatísticas,
quando se desenvolve no tempo aleatoriamente ao redor de uma média constante,
refletindo alguma forma de equilíbrio estável. No entanto, a maior parte das séries que
encontramos na prática apresenta uma forma de não-estacionariedade (MORETTIN e
TOLOI, 2006).
Nos casos em que a série temporal não se apresentar estacionária, ou seja, for
não-estacionária, com base nas análises de Wooldridge (2001), poderão ocorrer três
situações: sua média poderá variar com o tempo; sua variância irá mudar com o tempo;
ou ainda, sua média e variância irão variar ao longo do tempo. E o autor estabelece
ainda, que uma maneira para identificar a não-estacionariedade de uma série temporal é
através da análise da FAC (Função de Autocorrelação).
O método de transformação é utilizado na série temporal que não se apresenta
como estacionária, a transformação mais recorrente é tomar as diferenças. Tal processo
tem o objetivo de tornar a série, estacionária (MORETTIN e TOLOI, 2006).
Morettin e Toloi (2006), afirmam que em situações não anormais a aplicação de
uma ou duas diferenças para que se obtenha uma série estacionária e, nos casos que a
série apresente características sazonais será fundamental a utilização de uma diferença
sazonal.
Ainda, como observado em Rogers (2006), deve-se antes de executar a
diferenciação detectar através de análise gráfica e testes de raízes unitárias, como o teste
de Dickey-Fuller (DF) e o Dickey-Fuller Aumentado (ADF), a estacionariedade ou não
da série temporal.
29
4.6.4. Ruído Branco
De acordo com Bueno (2012), um processo fundamental de séries temporais
estocásticas discretas é o ruído branco. A série será um ruído branco, se cada valor nela
tiver média zero, variância constante e não for correlacionado a qualquer realização da
própria série.
É possível verificar se uma série temporal é um ruído branco através de testes,
como o teste de Box e Pierce e o teste de Ljung e Box.
4.7. Volatilidade
A volatilidade apresenta a velocidade com que as cotações de um ativo variam com
o tempo; o valor desta não pode ser determinado, pois não é passível de ser observada, e
não há como se obter a real população dos retornos de um ativo qualquer. Portanto,
muitos esforços são realizados para se obter a melhor estimação de seu valor, pois o
sucesso de qualquer um dos agentes desse mercado está na eficiência de sua estimação
(SILVEIRA, 2008).
Para Oliveira e Ziegelmann (2010), a volatilidade é um dos dados mais relevantes
para o mercado financeiro, pois, está relacionada a medidas de risco, que compõem a
precificação de ativos financeiros. As medidas de volatilidade são fundamentais para a
gestão de risco, como o Valor em Risco (Value at Risk – VaR) por exemplo, que
estipula a perda máxima esperada para um ativo em um dado período.
Em Oliveira e Ziegelmann (2010), a volatilidade descreve os retornos dos
investimentos, em que a volatilidade do ativo é uma variável não observável e o que
realmente se tem são as variações das cotações de fechamento, de onde, se obtém as
volatilidades.
Silveira (2008) descreve um exemplo de volatilidade que surge como medida de
velocidade da incerteza das movimentações de preços, como é o caso da cotação de
ação de uma empresa de tecnologia, onde este exibe um comportamento mais dinâmico
do que propriamente da taxa de juros livre de risco. O mesmo autor afirma que
mercados que se movem lentamente são ditos como mercados de baixa volatilidade e
mercados dinâmicos são considerados mercados com alta volatilidade.
30
Ainda, Silveira (2008) classifica a volatilidade como uma medida de dispersão do
preço ao redor de seu valor esperado, em um determinado período de tempo. Desta
forma, torna-se de fundamental importância que os participantes do mercado consigam
estimar a volatilidade em prazos diferentes, sendo eles diários, semanais ou anuais, para
que a escolha de uma opção possa ser realizada de maneira eficiente.
31
5. Material e Método
No que se refere à metodologia de pesquisa, o presente trabalho pode ser
classificado como quantitativo, pois busca verificar e dar respostas a possíveis
acontecimentos.
A análise quantitativa, segundo Fonseca (2002), baseia-se na objetividade e
assim, utiliza-se de ferramentas matemáticas para explorar dados e a relação entre
diferentes variáveis, que acabam por tornar o estudo mais confiável e preciso, por
principalmente, integrar a análise empírica com a explicativa dos resultados.
Ainda, de acordo com Pessanha (2010), é relevante observar que a análise
quantitativa permite obter erros mais exatos e testes hipotéticos de maior conclusão, no
entanto, que não são provados.
Na análise dos dados, do período de 2000 a 2013 que foram coletados junto ao
banco de dados Economática, utilizou-se o software Statistica, na construção dos
modelos de intervenção e, também o software R na elaboração dos gráficos das séries
originais, FAC, FACP. Já para os testes econométricos, como o de Dickey Fuller
Aumentado e o Ljung e Box, utilizou-se o software Gretl.
5.1. Estacionariedade (Análise Gráfica)
5.1.1. Função de Autocorrelação (FAC)
O teste de autocorrelação é um dos mais utilizados para se constatar se em uma
série há a presença de ruído aleatório (GUJARATI, 2011). O teste consiste na
denominada função de autocorrelação ou FAC, que na defasagem k, indicada por k
ρ ,
pode ser descrita como:
0
k
k
γρ
γ= (1)
32
em que: k
γ determina à covariância na defasagem k e 0
γ representa a variância.
Assim, a variância e covariância devem ser calculadas na mesma unidade e k
ρ
é uma medida sem unidade, que varia de -1 a +1 como os demais coeficientes de
correlação. A apresentação gráfica de k
ρ contra k resulta em um gráfico designado
correlograma populacional.
O fato é que somente se pode adquirir uma amostra de um processo estocástico,
o que se pode de fato é calcular apenas a função de autocorrelação amostral, ^
kρ . Assim,
é necessário encontrar a variância e covariância referente à amostra, definidas:
_ _^ (Y ).(Y )t t k
k
Y Y
nγ +− −=∑
(2)
_2^
0
(Y )t Y
nγ
−=∑
(3)
onde, n é o tamanho da amostra e _
Y a média da amostra.
De maneira que, a função de autocorrelação amostral pode ser apresentada
como:
^^
^
0
kk
γρ
γ= (4)
Caso uma série temporal seja puramente aleatória, compreendida pela presença
de ruído branco, os coeficientes de autocorrelação amostral serão distribuídos em torno
de uma distribuição normal, com média zero e variância igual 1/n, onde n é o tamanho
da amostra.
33
5.2. Identificação do modelo (Análise Gráfica)
5.2.1. Função de Autocorrelação Parcial (FACP)
A partir da análise de Santos (2014), pode-se compreender que a FACP é de
muita utilidade no ajuste do modelo adequado aos dados a serem trabalhados. Para
Batista (2009), as FACPs são usadas para tornar mais fácil a escolha do modelo, e
indicar a ordem do modelo Autoregressivo (AR).
Segundo Box, Jenkins e Reinsel (1994) apud Morettin e Toloi (2006) o modelo
AR possui FACP diferente de zero quando k p e é nulo quando k p. O processo de
Médias Móveis - MA (q) - apresenta sua FACP com comportamento semelhante ao de
um AR, em que é dominada por exponenciais ou senóides amortecidas. Já a FACP do
processo ARMA (p,q) - que é um modelo de Autoregressivo e de Médias Móveis -
possui características semelhantes ao de um MA.
5.3. Testes
5.3.1. Teste do sinal (COX-STUART)
O teste do sinal tem o intuito de confirmar, segundo Morettin e Toloi (2006), se
há ou não presença da componente tendência na série temporal observada. Tal teste
destina-se em agrupar as observações em pares ( ), ( ), ..., ( ),
onde , se N for par e , se N for ímpar. A cada par ( ) associamos o
sinal positivo (+) se e o sinal negativo (-) se , eliminando os
empates. Sendo n* o número de pares:
onde,
(5)
34
A partir disso, testa-se:
: não há tendência;
: há tendência.
Em que se tem como o número de pares com sinal positivo. Para uma amostra
com número de observações de n* ≤ 20, a regra é baseada na distribuição binomial e
para um n* ˃ 20 usa-se a aproximação normal.
Considerando um teste unilateral; valores grandes de indicam que + é mais
provável que -, portanto rejeitamos se , onde o t é encontrado numa tabela
com distribuição binomial, com parâmetros e n, para um dado nível de
significância α.
5.3.2. Teste de Fisher
Priestley (1989) propôs o teste de Fisher para verificar a existência da
componente sazonalidade, que é baseado nas hipóteses e na equação abaixo:
: não há periodicidade;
: há periodicidade.
(6)
onde é o valor do periodograma no período j e n o tamanho da amostra.
A estatística z é dada, conforme Morettin e Toloi (2006) é dada por:
(7)
35
onde n é o tamanho da série dividida por 2 e α o nível de significância do teste.
Para = α = , rejeita-se a hipótese : não há periodicidade
se g ≥ z, aceitando que a série possui sazonalidade no período j.
A presença de periodicidade em uma série significa que alguma situação se
repete em períodos relativamente curtos de tempo.
5.3.3. Estatística de Ljung e Box (Estatística LB)
O emprego da estatística LB de Ljung e Box é definida por (GUJARATI, 2000):
;
.
(8)
Para um LB maior que o qui-quadrado ( , rejeita-se a hipótese nula, portanto a
série não é ruído branco; se LB for menor que o , não rejeita-se a hipótese nula,
aceitando que a série é um ruído branco.
5.3.4. Teste Dickey-Fuller Aumentado (DFA)
Para Gujarati (2011), o teste Dickey-Fuller Aumentado consiste nas seguintes
hipóteses e na estimação da seguinte equação:
= (9)
36
onde, é um termo de ruído branco puro e
) etc.
O número de termos de diferenças defasados a serem incluídos é determinado
empiricamente; a ideia é incluir termos suficientes para que o termo de erro da equação
(9) seja serialmente não correlacionado, para que possamos obter uma estimativa não
viesadade , o coeficiente defasado de .
A regra de decisão para o teste DFA, é que se o , a série é
estacionária.
5.4. Série livre de tendência e sazonalidade
Séries temporais livres de tendência e sazonalidade têm sua importância nos
ajuste de modelos, pois estão geralmente relacionadas, sendo a influência da tendência
sobre a sazonalidade considerada forte. Ao se estimar tendência e sazonalidade, as
séries ficam ajustadas para ambas ou livre delas (MORETTIN E TOLOI, 2006).
5.5. Intervenção
Segundo Jenkins (1979), os métodos de análise de intervenção representam
generalizações de métodos usados para análise de dados, usualmente não expressos na
forma de séries temporais, aos quais, os estatísticos referem-se pelo título geral de
Delineamento e Análise de Experimentos. Apesar de o modelo parecer simples, ele
descreve um grande número de efeitos simultaneamente.
Em muitos casos, o fator intervenção pode ser obscurecido por três fatores
básicos: a tendência, a sazonalidade e o erro aleatório, os quais conduzem o pesquisador
a falsas conclusões, pois a ocorrência de uma inclinação ou mudança de nível na série
pode não ser necessariamente uma intervenção, podendo ser uma tendência
(BORGATTO; SÁFADI, 2000).
Geralmente, os maiores efeitos causados pelas intervenções estão relacionados à
mudança no nível, na direção ou na inclinação da série. O modelo proposto para a
análise de intervenção é calculado pela expressão (PESSANHA, 2010):
37
( )∑=
+=k
i
ttiit nXBY1
,υ (10)
onde:
Yt : é a variável-resposta do modelo;
K: é o número de intervenções da série;
υ i(B): é o valor da função de transferência;
Xi.t: é a variável binária;
nt: é o ruído do modelo, representado por um modelo ARIMA.
As diferentes funções de transferência v(B) da função apresentada são
apresentadas na Figura 4.
Figura 4 - Estrutura da função de transferência
Fonte: Morettin e Toloi (2006).
Basicamente, a construção dos modelos de intervenção consiste em acrescentar
aos modelos ARIMA os efeitos de variáveis exógenas, através de uma função de
38
transferência. Neste caso, se for observado à ocorrência de um evento independente do
fenômeno que originou a série temporal, que possa influenciar o comportamento da
série, sugere-se a utilização de um modelo com intervenção, a fim de se captar os
efeitos causados (PESSANHA, 2010).
5.6. Modelagem de séries temporais
5.6.1. Modelo Autorregressivo (AR)
Segundo Gujarati (2011), o processo AR é dado a partir de:
(11)
em que,
: é a média de Y;
: é um erro aleatório não correlacionado com média zero e variância constante;
se trata de um ruído branco.
Dessa maneira, assume que é um processo autorregressivo e que, o valor da
variável Y no período t depende do valor do período que o antecedeu e de um termo
aleatório, tal valores devem ser compreendidos como desvio, tomando como regra um
valor médio. Assim, o modelo AR mostra que o valor Y no período t é simplesmente
alguma proporção (= ) mais um choque aleatório no período t, em que se tem
novamente os valores Y expressos em torno dos seus valores médios.
Assim, tem-se:
(12)
em que, segue um processo autorregressivo de ordem p-ésima, AR(p).
39
5.6.2. Modelo de Médias Móveis (MA)
De acordo com Gujarati (2011), pode se entender o processo de Médias Móveis
(MA) a partir de:
(13)
Em que, é uma constante e u é um erro estocástico de ruído branco, como já
foi descrito anteriormente. No modelo MA, se refere a uma constante mais uma
média móvel dos termos de erro atuais e passados. A partir disso, pode se dizer que Y
segue um processo MA de primeira ordem, ou seja, um MA(1).
(14)
A expressão (14) é um processo MA (q).
Ainda, é possível descrever MA como uma combinação linear dos termos de
erro de ruído branco (GUJARATI, 2011).
5.6.3. Modelo Autorregressivo de Médias Móveis (ARMA)
No modelo ARMA é plausível que Y possua tanto características de AR quanto
características de MA, tornando assim, um ARMA (GUJARATI, 2011). Então, segue
um processo ARMA (1,1) que pode ser representado por:
(15)
onde ocorre a presença de um termo autorregressivo e de um termo de média móvel. Na
equação (15), retrata um termo constante.
De modo geral, um processo ARMA (p, q) apresentará termos autorregressivos p
e termos de média móvel q (GUJARATI, 2011).
40
5.6.4. Modelo Autorregressivo Integrado de Médias Móveis (ARIMA)
Para os autores Morettin e Toloi (2006), uma das metodologias mais utilizadas
quando se trata da análise de modelos paramétricos é a abordagem de Box e Jenkins
(1970); que tem o intuito de ajustar modelos ARIMA (p, d, q), a determinados
conjuntos de dados.
Com base em Gujarati (2011), caso haja a necessidade de diferenciar uma série
temporal d vezes para interpretá-la como estacionária e assim, usar o modelo ARMA (p,
q), assume-se que a série temporal original é ARIMA (p,d,q), onde p descreve os
números dos termos autorregressivos, d o número de vezes que a série deve ser
diferenciada - antes de assumir a série como estacionária - e q o número de termos de
média móvel.
Morettin e Toloi (2006) ainda descrevem os principais passos para a construção de
um modelo ajustado: 1), Especificação, testa-se alguns modelos em geral; 2)
Identificação, em que se identifica um modelo a partir de uma análise, de alguns
critérios, como de autocorrelações e autocorrelações parciais; 3) Estimação, processo
que estima os parâmetros do modelo identificado; 4) Verificação, analisa-se o modelo
ajustado para concluir sua adequacidade. Se o modelo não for considerado adequado
para os fins que se pretende, as fases citadas acima se repetem.
A fase de identificação permite a adequacidade de diferentes modelos para uma
mesma série temporal, segundo Morettin e Toloi (2006). De modo geral os modelos
geram resultados que podem ser considerados como confiáveis e as previsões são
precisas.
41
6. Análises e Discussões
Nesta seção serão apresentados os resultados sobre o estudo das séries temporais
dos retornos das ações, com o objetivo de encontrar possíveis impactos, após adesão à
governança corporativa das empresas Gerdau e Usiminas, sobre os retornos.
A seguir estão os gráficos da série diária dos retornos - os dados coletados foram
disponibilizados já deflacionados - das empresas Gerdau e Usiminas.
Figura 5: Gráfico da série do retorno diário das ações da Gerdau, negociadas
na BMF&BOVESPA, no período de 2000 a 2013.
Fonte: dados do trabalho.
42
Figura 6: Gráfico da série do retorno diário das ações da Usiminas,
negociadas na BMF&BOVESPA, no período de 2000 a 2013.
Fonte: dados do trabalho.
Nas Figuras 5 e 6 pode-se observar um comportamento semelhante das séries dos
retornos das empresas estudadas. Em ambos gráficos é possível verificar que os retornos
estão em torno de zero e aparentam ser estacionários em média.
A seguir serão representados os gráficos da Função de Autocorrelação (FAC) e da
Função de Autocorrelação Parcial (FACP) das empresas Gerdau e Usiminas.
43
Figura 7: Gráfico da FAC da série do retorno diário das ações da Gerdau,
negociadas na BMF&BOVESPA, no período de 2000 a 2013.
Fonte: dados do trabalho.
Figura 8: Gráfico da FAC da série do retorno diário das ações da Gerdau,
negociadas na BMF&BOVESPA, no período de 2000 a 2013.
Fonte: dados do trabalho.
44
Figura 9: Gráfico da FACP da série do retorno diário das ações da Gerdau,
negociadas na BMF&BOVESPA, no período de 2000 a 2013.
Fonte: dados do trabalho.
Figura 10: Gráfico da FACP da série do retorno diário das ações da
Usiminas, negociadas na BMF&BOVESPA, no período de 2000 a 2013.
Fonte: dados do trabalho.
45
Os Gráficos da FAC e FACP, Figuras 7, 8, 9 e 10, tem o objetivo de sugerir as
ordens dos modelos a serem testados para melhor modelar as séries, através dos lags
que ultrapassam o limite, representado pela linha pontilhada.
Após uma análise informal - visual - dos gráficos da série dos retornos e dos
gráficos das funções de autocorrelação das duas empresas, não é possível concluir se as
séries são ou não estacionárias. Por isso, é necessário realizar os testes de Fisher e o do
Sinal (Cox-Stuart) para verificar se há a presença das componentes sazonalidade e
tendência. Caso haja a presença de uma das componentes citadas será imprescindível
corrigi-las e assim, tornar a série estacionária.
Os testes do Sinal (Cox-Stuart) e o de Fisher têm o intuito de verificar a presença
de tendência e sazonalidade, respectivamente, na série dos retornos. Abaixo serão
apresentados os testes da empresa Gerdau.
Tabela 3 – Resultado do teste de Cox-Stuart para a empresa Gerdau
Hipóteses Elementos do Teste Valores Decisão
: a série não apresenta
tendência
n* 3.341 810 < 3.341- 946,012
Como < n- t, não rejeita ,
ou seja, a série não apresenta
tendência.
: a série apresenta
tendência
810
T
946,012
Fonte: dados do trabalho.
46
Tabela 4: Resultado do Teste de Fisher para a empresa Gerdau
Hipóteses Elementos do Teste Valores Decisão
: a série não apresenta
sazonalidade
0,004770 0,004770 < 0,006221
Como < , não rejeita
, ou seja, a série não
apresenta sazonalidade.
: a série apresenta
sazonalidade
0,006221
Fonte: dados do trabalho.
A seguir, serão apresentados os testes de Cox-Stuart, Fisher e o gráfico do
periodograma para a empresa Usiminas.
Tabela 5 – Resultado do teste de Cox-Stuart para a empresa Usiminas
Hipóteses Elementos do Teste Valores Decisão
: a série não apresenta
tendência
n* 3.345 807 < 3.345- 876,01
Como < n- t, não rejeita ,
ou seja, a série não apresenta
tendência.
: a série apresenta
tendência
807
T
876,01
Fonte: dados do trabalho.
47
Tabela 6 - Resultado do Teste de Fisher para a empresa Usiminas
Hipóteses Elementos do Teste Valores Decisão
: a série não apresenta
sazonalidade
0,004770 0,004770 < 0,006221
Como < , não rejeita
, ou seja, a série não
apresenta sazonalidade.
: a série apresenta
sazonalidade
0,006221
Fonte: dados do trabalho.
Para as duas empresas analisadas o teste de Cox-Stuart não rejeitou a hipótese
nula ( ), como pode ser verificado nas Tabelas 3 e 5. Sendo assim, não apresentam
tendência. O mesmo acontece para o teste de Fisher, presente nas Tabelas 4 e 6, onde ao
nível se significância de 5% não rejeitou-se e com isso, as séries não possuem
sazonalidade.
A partir da observação e análise dos resultados dos testes, tanto para as empresas
Gerdau quanto para a Usiminas, é possível verificar que em nenhuma das séries, dos
dados de retornos das ações, ocorreu a presença das componentes tendência e
sazonalidade.
Após confirmado que não há a presença de tendência nem sazonalidade nas
séries dos retornos, utiliza-se o teste de Dick-Fuller Aumentado com o objetivo de
concluir se as série são ou não estacionárias. Para isso, tem-se a hipótese nula que a
série é não estacionária e a hipótese alternativa em que a série é estacionária a um nível
de significância de 5%. A empresa Gerdau apresentou p-valor=4,107x , o que é
menor do que os 5% do nível de significância sendo assim, rejeita-se a hipótese nula
admitindo-se que a série dos retornos da companhia Gerdau é estacionária. Já, a
empresa Usiminas teve p-valor=2,336x o que é menor do que o nível de
significância de 5% assim, também se rejeita a hipótese nula, podendo afirmar desse
modo, que a série da companhia Usiminas é estacionária.
48
A presença de intervenção em uma série pode explicar mudanças repentinas
provisórias, repentinas permanentes e mudanças graduais causadas por fatores externos
a série que se deseja estudar. Assim, neste trabalho, objetivou-se testar vários modelos
de intervenção, a fim de encontrar possíveis reflexos da adesão a governança
corporativa sobre os retornos das ações das empresas Gerdau e Usiminas. O período em
que se testou intervenção foi todos os dias úteis do mês posterior ao anúncio de adesão;
no caso da Gerdau os dias úteis do mês de julho de 2001 e da Usiminas, os dias úteis do
mês de novembro de 2007.
É importante ressaltar que foram testadas várias combinações do modelo
ARIMA para intervenção, para ambas as empresas objeto desse estudo, no entanto
foram retiradas do modelo por não apresentarem significância.
Com relação a empresa Gerdau os modelos testados para a análise de
intervenção não se ajustaram adequadamente. Dessa maneira, não há como afirmar
sobre o comportamento na presença de intervenção, não sendo possível inferir sobre a
governança corporativa e seus efeitos sobre o retorno das ações da companhia Gerdau
no período que se objetivou estudar.
Diferentemente da Gerdau, mais de um modelo de intervenção ARIMA testado
para a empresa Usiminas se ajustou adequadamente e apresentou significância o que
demonstra, que o efeito foi confirmado também em outros momentos do mesmo
período, mas que o acontecimento - intervenção - é único.
A seguir, tem-se a Tabela 7 que conterá as estimativas dos parâmetros e os erros-
padrão para o modelo de intervenção ARIMA (4, 0, 5) da empresa Usiminas; os
parâmetros significativos estão destacados.
Tabela 7 – Estimativas dos parâmetros, erros-padrão, do modelo com intervenção
do retorno das ações da Usiminas
Fonte: dados do trabalho.
49
Aplicada a estatística LB para modelo de intervenção da companhia Usiminas
em que, a hipótese nula representa que o resíduo é ruído branco e a hipótese alternativa
de que o resíduo não é um ruído branco, ocorreu que o mesmo que o da companhia
Gerdau, obteve-se que onde, LB=25,0256 e =32,8523. Assim, não se
rejeitou a hipótese nula e o resíduo é um ruído branco.
Com base no exposto na Tabela 7 – onde nem todas as estimativas foram
significativas no modelo de intervenção ARIMA (4, 0, 5), permiti assumir que as
alterações dos retornos das ações da Usiminas em novembro de 2007, período posterior
ao comunicado de adesão às boas práticas de governança, não podem ser explicadas
através do fato da companhia ter assumido o Nível 1 da BMF&BOVESPA.
A não existência de significância para todas as intervenções da companhia
permite concluir que o mercado de ações, através dos investidores, não conseguiu captar
e reagir de forma a valorizar preço e empresa no mercado acionário, dada a informação
de que a empresa assumiu as boas práticas da governança, que a tornam mais
transparente e responsável com os direitos de todos os agentes envolvidos. Ou seja, a
informação de que a Usiminas começou a praticar a governança, no curto prazo de um
mês que foi analisado, não foi suficientemente relevante para modificar o
comportamento dos investidores com relação a uma maior aquisição das ações da
empresa.
50
7. Considerações Finais
A governança corporativa tem se tornado importante instrumento de valorização
das empresas no mercado de ações. Empresas que aderem às boas práticas de
governança corporativa têm maior respeito com os direitos dos investidores e assim, são
mais eficientes frente ao competitivo mercado de ações. Para os investidores a prática
da governança é um sinal positivo, pois além de proteger seus interesses, os protege
também contra prováveis perdas e riscos. O tema governança corporativa tem sido
amplamente discutido nos últimos anos no Brasil, alavancado pelo desenvolvimento do
país e pela necessidade das empresas abrirem seus capitais a mercados e investidores
externos. E junto a isso, soma-se o setor estudado, representado pelas empresas Gerdau
e Usiminas, o setor de siderurgia, importante no desenvolvimento do país e forte
componente da balança comercial brasileira.
Os impactos causados pela governança corporativa sobre as empresas
siderúrgicas estudadas foram avaliados através da análise de intervenção, e assim
objetivou-se encontrar variações nas séries dos retornos das ações, que pudessem ser
explicadas como intervenção, no período seguinte ao de adesão a governança
corporativa. Os resultados deixaram evidentes que nem todas as empresas que aderem à
governança corporativa na BMF&BOVESPA acabam por sofrer influência em seus
retornos após o comunicado. Sobre a empresa Gerdau não foi possível inferir sobre os
impactos da governança dado o não ajustamento do modelo estudado, já a empresa
Usiminas, por sua vez, não apresentou intervenções significativas no período posterior
ao de sua adesão ao Nível 1 de governança corporativa. As explicações para os
resultados ficam a cargo do comportamento dos investidores onde, para a companhia
Usiminas eles não perceberam e assim, não reagiram à informação de governança, ou
seja, não foram sensíveis ao anúncio de adesão.
É relevante ressaltar também as limitações do trabalho aqui apresentado, foram
analisados os dados dos retornos apenas do período, mês, posterior ao anúncio de
governança corporativa das empresas, não se analisou os demais meses que sucederam a
governança.
Ainda, é importante evidenciar a necessidade de estudos futuros sobre o tema
para o desenvolvimento desse trabalho, principalmente no que se refere verificar
períodos maiores, fazer análises de longo prazo para verificar a sensibilidade dos
51
retornos. Como sugestão, fica explorar indicadores financeiros, como o ROA (Retorno
Sobre o Ativo) e ROE (Retorno Sobre o Patrimônio) e também, utilizar outras
metodologias, que não a intervenção, para identificar possíveis impactos da governança
corporativa sobre os resultados das empresas.
52
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