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6 UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA Rômulo de Castro Martins PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR PARA O HU/CAS DA UFJF Juiz de Fora 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORAFACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

Rômulo de Castro Martins

PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR PARA O HU/CAS DA UFJF

Juiz de Fora

2007

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Rômulo de Castro Martins

PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR PARA O HU/CAS DA UFJF

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Fisioterapia.

Orientador: Prof. Dr. José Marques Novo Jr.

Co-Orientadora: Profª Ms. Lilian Pinto da Silva

Juiz de Fora

2007

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AGRADECIMENTOS

À Deus por clarear meus caminhos,

À minha família pelo apoio,

À Aline por me agüentar durante o período da execução do trabalho,

Aos meus amigos pela força,

À Lílian por fornecer mais duas mãos, uma mente pensante e muita paciência,

Ao Marques pela confiança,

E para não correr o risco de chatear ninguém, agradeço a todos que se sentem

colaboradores neste “feito”,

E até àqueles que mesmo atrapalhando acabaram me levando a escrever essas

páginas.

O caminho foi longo mais ainda continua...

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“O corpo precisa de exercício, só que não deve ser ao ponto de exaustão. O exercício expele o ar

viciado do organismo, melhora a livre circulação do sangue e afasta a doença. Os degraus da

porta sempre usados jamais apodrecem. É, por isso, que os antigos praticavam os movimentos...

para evitarem a velhice.”(Huang-Ti - 2600 a.C.)

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RESUMO

A Reabilitação Cardiovascular (RCV) é definida como um processo multifatorial que visa limitar os efeitos adversos da disfunção cardíaca e influenciar favoravelmente nos fatores de risco da mesma, de forma que através dos próprios esforços do paciente, ele possa preservar ou retomar seu papel na sociedade. A literatura nacional e internacional sustém de forma substancial a prática da RCV, definindo seus princípios norteadores como explicitado nos consensos e diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) ainda não se encontra estruturado um programa de RCV que contemple todos os seus níveis de atenção. Têm-se sim, o Programa de Caminhada Orientada e a disciplina de Fisioterapia Cardiológica, que desenvolvem atividades afins, porém de maneira desarticulada. Sendo assim, este trabalho teve por objetivo principal propor um protocolo de RCV, que prime pela qualidade e integralidade e, que atenda tanto aos interesses acadêmicos quanto aos anseios da comunidade. Para tanto, utilizou-se de pesquisa bibliográfica em busca dos modelos atuais de RCV; de um estudo de campo com visitação de serviços de RCV pioneiros e consagrados que agreguem experiências bem sucedidas; de fazer contato com os profissionais atuantes no HU/CAS-UFJF; e do acompanhamento dos serviços existentes na UFJF, que possam ser envolvidos na RCV, para conhecer a essência local dos mesmos. Ao final do estudo desenvolveu-se um protocolo de atendimento para o HU/CAS-UFJF, englobando os profissionais atuantes no mesmo e adequado as realidades locais. Por fim, conclui-se com base nas informações colhidas neste estudo, que a implantação de um programa de RCV é de aplicabilidade imediata.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 62 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................. 82.1 Doenças Cardiovasculares ................................................................. 82.2 Doenças Metabólicas ........................................................................... 112.3 Fatores de Risco Modificáveis ............................................................ 152.4 Reabilitação Cardiovascular ............................................................... 182.5 Benefícios da Reabilitação Cardiovascular ....................................... 202.6 Estratificação de Risco Para Inclusão em Programas de RCV ....... 212.7 Equipes Multiprofissionais em Programas de RCV .......................... 243 JUSTIFICATIVA .................................................................................... 264 OBJETIVOS ........................................................................................... 285 METODOLOGIA .................................................................................... 295.1 Revisão Bibliográfica ........................................................................... 295.2 Visita aos Serviços de RCV ................................................................. 295.3 Contato com os Profissionais do HU/CAS – UFJF ........................... 305.4 Acompanhamento dos Pacientes ....................................................... 306 RESULTADOS ...................................................................................... 316.1 Visita aos Serviços de RCV ................................................................. 316.1.1 Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro .............................. 316.1.2 Hospital Pró – Cardíaco ......................................................................... 326.2 Observação dos Pacientes ................................................................. 326.3 Contato com os Profissionais do HU/CAS – UFJF ........................... 337 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 37REFERÊNCIAS .................................................................................................. 39

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1 INTRODUÇÃO

As transformações sociais e econômicas ocorridas no Brasil durante o século

passado provocaram mudanças importantes no perfil de ocorrências das doenças na

população.

Na primeira metade do século 20, as doenças infecciosas transmissíveis eram

as mais freqüentes causas de mortes. A partir dos anos 60, as doenças e agravos

não transmissíveis (DANT) tomaram esse papel. Entre os fatores que contribuíram

para essa transição epidemiológica estão: o processo de transição demográfico,

com queda nas taxas de fecundidade e natalidade e um progressivo aumento na

proporção de idosos, favorecendo o aumento das doenças crônico-degenerativas,

dentre elas as doenças cardiovasculares, câncer, diabetes e doenças respiratórias;

e a transição nutricional, com diminuição expressiva da desnutrição e aumento do

número de pessoas com excesso de peso (sobrepeso e obesidade) e com aumento

dos níveis de colesterol no sangue (LESSA, 1996; SCHRAMM, 2004).

Projeções para as próximas décadas apontam para um crescimento epidêmico

das DANT na maioria dos países em desenvolvimento, em particular das doenças

cardiovasculares, neoplasias e diabetes tipo 2. As DANT respondem pelas maiores

taxas de morbi-mortalidade e por cerca de mais de 70% dos gastos assistenciais

com a saúde no Brasil, com tendência crescente (TEIXEIRA, 2004).

Tendo em vista o impacto causado por essas mudanças na saúde pública

brasileira, é de vital importância reconsiderar a forma de abordagem e tratamento

diante deste novo quadro. O controle das DANT baseia-se, de maneira geral, em

evitar ou postergar a data do seu aparecimento (prevenção primária), e limitar a

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extensão do dano, uma vez que o indivíduo apresente-se afetado (prevenção

secundária).

Como o enfoque é a prevenção, não basta intervir apenas na doença, como

acontece nas estratégias tradicionais, mas também, e principalmente, agir no

indivíduo. Deve-se enfatizar a modificação de comportamentos e características que

possam influenciar negativamente na doença.

No que diz respeito às doenças cardiovasculares, a forma de atuação,

inicialmente, propunha a manutenção do paciente em repouso absoluto após algum

evento cardíaco ou procedimento no aparelho circulatório. Entretanto, foi-se

percebendo que tal imobilização não era benéfica para os pacientes, os quais

tinham sua vida produtiva cerceada aos limites de seu leito. Com base nessas

observações, desenvolveu-se a Reabilitação Cardiovascular (RCV), tendo como

objetivo a movimentação precoce do paciente, assim como a reversão das

limitações impostas pela doença e pelo repouso prolongado.

Na atualidade a RCV vem sendo amplamente empregada, porém esse fato é

recente. Os primeiros trabalhos que investigaram os efeitos do exercício físico sobre

o sistema cardiovascular remontam à década de 30 e a elaboração de métodos

científicos para a prescrição de exercícios físicos só surgiu no início dos anos 70.

Contudo, apesar da comprovação científica, por meio de evidências clínicas, e

da conscientização a respeito dos benefícios da RCV, sua aplicação ainda não é

massificada. Os programas de RCV se restringem aos grandes centros urbanos e

atingem uma parcela pequena da população. Na cidade de Juiz de Fora - MG, onde

o presente estudo foi conduzido, não há nenhum serviço público que ofereça um

programa de RCV. Além disso, ainda resta ser estabelecido pela literatura quais os

modelos para a implantação de programas de RCV envolvendo equipes

interdisciplinares, as estratégias para diminuir a evasão e os efeitos da participação

de pacientes em programas de longa duração.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Doenças Cardiovasculares

As doenças do aparelho circulatório representam um importante problema de

saúde pública em nosso país. Há algumas décadas vem sendo a primeira causa de

morte no Brasil, segundo registros oficiais. Em 2000, corresponderam a mais de

27% do total de óbitos, ou seja, neste ano 255.585 pessoas morreram em

conseqüência de doenças do aparelho circulatório. Em 2005 esses números subiram

para 283.927 óbitos. No Sistema Único de Saúde (SUS), as doenças

cardiovasculares são responsáveis por 1.150.000 internações/ano, com um custo

aproximado de 475 milhões de reais, sendo que nestes números não estão incluídos

os gastos com procedimentos de alta complexidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2007).

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC, 2006), as doenças

cardiovasculares estão entre as principais indicações para RCV, destacando-se a

doença coronária aterosclerótica, a insuficiência cardíaca, a hipertensão arterial

sistêmica e a doença arterial periférica.

Considerada anteriormente uma “doença de idosos”, atualmente a doença

arterial coronariana tem sido observada em faixas etárias cada vez menores. Esta

doença é um distúrbio no qual depósitos de gordura acumulam-se nas células que

revestem a parede das artérias coronárias e, consequentemente, levam à obstrução

do fluxo sangüíneo para o músculo cardíaco. Os depósitos de gordura

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(denominados ateromas ou placas) formam-se gradualmente e desenvolvem-se nos

grandes ramos das duas artérias coronárias principais, as quais circundam o

coração e provêem sangue ao mesmo. Esse processo gradual é conhecido como

aterosclerose. Os ateromas produzem proeminências no interior da luz das artérias,

estreitando-as. Há evidências de que o processo de formação da aterosclerose

inicia-se na infância com as primeiras lesões gordurosas nas artérias, progredindo

lentamente ao longo da adolescência e da vida adulta (SILVA, C. A. B., 2004).

À medida que os ateromas crescem, alguns se rompem liberando fragmentos

livres na corrente sangüínea ou pode ocorrer a formação de pequenos coágulos

sangüíneos sobre sua superfície. Para que o coração contraia e bombeie o sangue

normalmente, o músculo cardíaco (miocárdio) necessita de um fornecimento

contínuo de sangue enriquecido de oxigênio. No entanto, o agravamento da

obstrução de uma artéria coronária pode promover uma isquemia (irrigação

sangüínea inadequada) miocárdica, com conseqüente lesão do músculo cardíaco. A

causa mais comum de isquemia do miocárdio é a doença arterial coronariana, cujas

principais complicações são a angina e o infarto do miocárdio (SILVA, O. J. , 2006).

A insuficiência cardíaca (IC) é uma condição grave na qual o coração não

consegue manter um débito cardíaco compatível com as necessidades teciduais

para a manutenção da homeostasia do organismo, ou quando esta manutenção só é

possível através do aumento das pressões ventriculares. As causas podem ser por

dificuldades no enchimento ventricular, na função contrátil ou no esvaziamento da

cavidade ventricular. Mecanismos compensatórios surgem na tentativa de aumentar

o débito cardíaco, como o aumento da freqüência cardíaca, da pressão diastólica

final e da massa ventricular. No entanto ao longo da sua evolução, a função

ventricular declina progressivamente (ARAÚJO, D. V., 2005; AUSTIN, 2005). Esta

doença é muito mais comum entre os idosos, representando a principal causa de

internação no SUS a partir dos 65 anos, pois estes pacientes têm uma maior

probabilidade de apresentar outras doenças que a desencadeie. Apesar do quadro

clínico agravar-se com o decorrer do tempo, os pacientes com IC podem viver

muitos anos depois do diagnóstico. A prevalência desta doença vem aumentando,

em decorrência do incremento na expectativa de vida, e a maior efetividade dos

novos medicamentos para o controle da sua evolução prolongam a sobrevida dos

pacientes (MISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

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A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema crônico bastante comum,

onde a pressão sangüínea ou arterial mantém-se cronicamente elevada, acima dos

níveis considerados normais para a idade e superfície corporal da pessoa. A

mortalidade por doença cardiovascular aumenta progressivamente com a elevação

da pressão arterial acima de 115/75 mmHg. A tabela 1 mostra a classificação dos

valores da pressão arterial.

TABELA 1 – Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no

consultório (> 18 anos)

ClassificaçãoPressão Sistólica

(mmHg)Pressão Diastólica

(mmHg)Ótima < 120 < 80

Normal < 130 < 85

Limítrofe 130 – 139 85 – 89

Hipertensão estágio 1 140 – 159 90 – 99

Hipertensão estágio 2 160 – 179 100 – 109

Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ≥ 110

Hipertensão sistólica isolada ≥ 140 < 90Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. 2006.

Sua prevalência é alta e aumenta em faixas etárias maiores. Estudos

epidemiológicos brasileiros, realizados a partir da medida casual da pressão arterial,

registram prevalências de hipertensão em 40% a 50% dos adultos com mais de 40

anos de idade (MISTÉRIO DA SAÚDE, 2007). Considerada um dos principais

fatores de risco para morbidade e mortalidade cardiovascular, representa alto custo

social, uma vez que é responsável por cerca de 40% dos casos de aposentadoria

precoce e absenteísmo no trabalho. Mesmo sendo assintomática, é responsável por

complicações cardiovasculares, encefálicas, coronarianas, renais e vasculares

periféricas. Estima-se que 40% dos acidentes vasculares encefálicos e em torno de

25% dos infartos do miocárdio ocorridos em pacientes hipertensos poderiam ser

prevenidos com terapia anti-hipertensiva adequada. A identificação e o tratamento

de pacientes com HAS constituem um problema de saúde publica no Brasil, pois

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uma parcela importante da população adulta não sabe que tem a doença (SBC,

2006).

A doença arterial oclusiva inclui tanto a doença arterial coronariana, a qual pode

acarretar o infarto do miocárdio, quanto à doença arterial periférica, a qual pode

afetar a aorta abdominal e seus principais ramos, assim como as artérias dos

membros inferiores. Outras doenças arteriais periféricas são a doença de Burger, a

doença de Raynaud e a acrocianose. Quase todos os indivíduos com doença arterial

periférica apresentam aterosclerose, um processo patológico no qual ocorre

acúmulo de gordura sob o revestimento da parede arterial, produzindo um

estreitamento gradual da artéria. No entanto, a oclusão parcial ou completa de uma

artéria pode ser decorrente de outras causas como, por exemplo, de um coágulo

sangüíneo. Quando uma artéria apresenta estenose, as partes do corpo supridas

pelo vaso podem não receber sangue suficiente. A conseqüente diminuição do

fornecimento de oxigênio (isquemia) pode ocorrer de modo súbito (isquemia aguda)

ou gradual (isquemia crônica). Para se evitar a doença arterial periférica, deve ser

reduzido o número de fatores de risco para a aterosclerose, como o tabagismo, a

obesidade, a HAS e os níveis elevados de colesterol (KAUFFMAN, 2005).

O diabetes também é uma causa importante de doença arterial periférica e o seu

tratamento adequado pode retardar a doença arterial. Assim que a doença arterial

periférica se manifesta, o tratamento visa sobretudo as suas complicações: câimbras

intensas nos membros inferiores durante a marcha, angina, arritmias cardíacas,

insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência

renal.

2.2 Doenças Metabólicas

Com o avanço de pesquisas a respeito dos benefícios à saúde proporcionados

pelos programas de RCV, a atuação de tais programas tornou-se mais abrangente e

em conformidade com as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Atualmente os programas de RCV passam a atender também portadores de

doenças metabólicas, como obesidade, diabetes e síndrome metabólica (SBC,

2006).

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A obesidade pode ser conceituada, de maneira simplificada, como uma condição

de acúmulo anormal ou excessivo de gordura no organismo, levando ao

comprometimento da saúde. O grau de excesso de gordura, sua distribuição e

associação com conseqüências para a saúde variam, consideravelmente, entre os

indivíduos obesos. É importante identificá-la, uma vez que os portadores dessa

condição apresentam risco aumentado de morbidade e mortalidade. Em estudos

epidemiológicos, o diagnóstico de obesidade é feito a partir do Índice de Massa

Corporal – IMC, obtido pela divisão entre a massa corporal (medida em quilogramas)

e o quadrado da estatura (medida em centímetros). Considera-se excesso de peso

quando o IMC alcança valor igual ou superior a 25 kg/m2, enquanto que a obesidade

é diagnosticada a partir de um IMC de 30 kg/m2 (MINISTÉRIO DA SAUDE, 2006). O

diagnóstico também pode se feito pela mensuração de dobras cutâneas, pesagem

hidrostática, avaliação da impedância bioelétrica, entre outros.

A obesidade de causa nutricional, também denominada simples ou exógena,

representa o tipo mais freqüente (mais de 95%). O meio ambiente, os fatores

culturais, econômicos e sociais, a ingestão de alimentos de alto valor calórico, a

diminuição da prática de atividades físicas, a estrutura familiar e os fatores

emocionais são cada vez mais permissivos à expressão das tendências genéticas

da obesidade (TRICHES, 2005).

Na atualidade, a obesidade se coloca de maneira prioritária para intervenção,

individualmente e na comunidade, como um problema de nutrição em saúde pública.

Dados recentes estimam que mais de 2 bilhões de pessoas acima dos 15 anos de

idade apresentam excesso de peso e, dentre esses, há 400 milhões de obesos.

Alem disso, as projeções futuras para o ano de 2025 indicam que o aumento

mundial do número de pessoas adultas com excesso de peso e obesidade

aumentará para 3 bilhões e 700 milhões, respectivamente. No Brasil estima-se que

11% da população das capitais esteja obesa (WHO, 2002).

O diabetes é uma doença metabólica caracterizada por hiperglicemia e está

associada a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos,

especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sangüíneos. Pode

resultar de defeitos na secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos

patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas

(produtoras de insulina), resistência tecidual à ação da insulina, distúrbios da

secreção da insulina, entre outros. É uma doença bastante comum e de incidência

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crescente. Em 1995, atingia 4% da população adulta mundial e estima-se que em

2025 alcançará a cifra de 5,4%. A maior parte desse aumento se dará em países em

desenvolvimento, acentuando-se, nesses países, o padrão atual de concentração de

casos na faixa etária dos 45 aos 64 anos. No Brasil, no final da década de 1980,

estimou-se que o diabetes ocorria em cerca de 8% da população, de 30 a 69 anos

de idade, residente em áreas metropolitanas brasileiras. Essa prevalência variava de

3% a 17% entre as faixas etárias de 30-39 e de 60-69 anos. Hoje se estima em 11%

da população igual ou superior a 40 anos, o que representa cerca de 5 milhões e

meio de portadores (LEITE, 2001).

O diabetes apresenta alta morbi-mortalidade, com perda importante na qualidade

de vida. É uma das principais causas de mortalidade, insuficiência renal, amputação

de membros inferiores, cegueira e doença cardiovascular. A OMS estimou em 1999

que, após 15 anos de doença, 2% dos indivíduos acometidos estarão cegos e 10%

terão deficiência visual grave. Além disso, foi estimado que, no mesmo período de

doença, 30 a 45% dos pacientes terão algum grau de retinopatia, 10 a 20% terão

nefropatia, 20 a 35% terão neuropatia e 10 a 25% terão desenvolvido doença

cardiovascular. Mundialmente, os custos diretos para o atendimento de pacientes

diabéticos variam de 2,5% a 15% dos gastos nacionais em saúde, dependendo da

prevalência local de diabetes e da complexidade do tratamento disponível. Além dos

custos financeiros, o diabetes acarreta também outros custos associados à dor,

ansiedade, inconveniência e menor qualidade de vida que afeta os doentes e suas

famílias. Esta doença representa também carga adicional à sociedade, em

decorrência da perda de produtividade no trabalho, aposentadoria precoce e

mortalidade prematura (WHO, 1999).

A síndrome metabólica (SM) caracteriza-se pela associação, num mesmo

indivíduo, de dislipidemia, diabetes do tipo 2 ou intolerância à glicose, hipertensão

arterial e excesso de peso ou obesidade. Além disso, a presença da resistência

tecidual à insulina (hiperinsulinemia), interligando as alterações metabólicas

descritas acima, tornou esta doença também conhecida como síndrome de

resistência à insulina. Atualmente é a doença metabólica mais comum e a maior

responsável por eventos cardiovasculares (LOPES, 2004; MATOS, 2003).

Existem poucos estudos epidemiológicos sobre esta síndrome devido ao fato de

não haver um único critério internacional para a sua descrição definitiva, pois cada

grupo de pesquisadores segue um conjunto de patologias associadas, de acordo

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com trabalhos já desenvolvidos. Um grupo de especialistas do Programa Nacional

de Educação em Colesterol (NCEP), nos Estados Unidos da América, apresentou

outra versão para a definição da síndrome baseada nos fatores de risco, sendo que

o diagnóstico da SM será feito quando estiverem presentes três ou mais dos fatores

relacionados na tabela 2.

TABELA 2 – Identificação da Síndrome Metabólica, segundo o NCEP

Fator de Risco DefiniçãoObesidade abdominal Até circunferência da cintura > 102 cm em homens

e > 88 cm em mulheres Triglicérides elevados > 150 mg/dl“Bom colesterol” (HDL) baixo < 40 mg/dl em homens e < 50 mg/dl em mulheresHAS > 130/85 mmHgHiperglicemia de jejum > 110 mg/dl

Fonte: Executive Summary of the Third Report of The National Cholesterol Education Program (NCEP) Expert Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol in Adults (Adult Treatment Panel III). JAMA. V. 285, p. 2486-97, 2001.

Recentemente, o grupo de consultores da OMS (1999) que propôs a

denominação de SM, sugeriu que esta seria diagnosticada quando o indivíduo

possuir dois ou mais dos componentes descritos abaixo:

• Regulação alterada da glicose ou diabetes e/ou resistência à insulina;

• Pressão arterial elevada (> 140/90 mmHg);

• Triglicérides plasmáticos elevados (> 1,7 mmol; 150mg/dl);

• Colesterol HDL baixo (< 0,9 mmol, 35 mg/dl para homens; < 1,0 mmol, 39 mg/

dl para mulheres);

• Obesidade central (relação cintura/quadril > 0,90 para homens e 0,85 para

mulheres) e IMC > 30kg/m2;

• Microalbuminúria (excreção > 15 µg/min ou relação albumina/creatinina na

urina > 30 mg).

2.3 Fatores de Risco Modificáveis

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Estimativas da OMS indicam que um pequeno conjunto de fatores de risco

responde pela grande maioria das mortes ocasionadas por doenças ou agravos não

transmissíveis e por uma fração substancial da carga de doenças decorrentes

dessas enfermidades. Dentre esses fatores, destaca-se o tabagismo, a dislipidemia,

o pré-diabetes ou intolerância à glicose, o excesso de estresse e o sedentarismo

(WHO, 2002).

O tabagismo, no passado visto como um estilo de vida, atualmente é

reconhecido como uma dependência química que expõe os indivíduos à inúmeras

sustâncias tóxicas. Considerado pelos órgãos mundiais de saúde como um grande

problema de saúde pública, deve ser encarado como uma pandemia, responsável

por cinco milhões de mortes por ano em todo o mundo (WHO, 2002).

De acordo com dados do IBGE divulgados na década de 90, a prevalência de

tabagismo em pessoas acima de cinco anos de idade era de 24%, com maior

concentração na faixa etária entre 30 e 49 anos. Recentemente, um estudo da

Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo mostrou que as taxas de

prevalência de tabagismo eram de 17%, após avaliação de aproximadamente

20.000 indivíduos em dezenove cidades neste estado (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2006).

O tabagismo aumenta o risco de morbi-mortalidade por doenças coronarianas,

HAS, acidente vascular encefálico, bronquite, enfisema e câncer. Dentre as

neoplasias relacionadas ao uso do tabaco, destacam-se os cânceres de pulmão

(com um risco atribuível superior a 90%), laringe, cavidade oral, faringe, estômago,

fígado, esôfago, pâncreas, bexiga e colo do útero. Além disso, é responsável por

enormes custos sociais, econômicos e ambientais (GUERRA, 2005).

Evitar esse hábito, que em 90% dos casos inicia-se na adolescência, é um dos

maiores desafios em razão da dependência química causada pela nicotina. O

cuidado individual do tabagista é prioritário para toda a equipe de saúde. O apoio

psicoemocional incondicional ao tabagista e a prescrição de medicamentos

associados à adoção de um estilo de vida ativo e educação alimentar, têm-se

mostrado muito eficazes (SBC, 2006).

A dislipidemia aumenta o risco de morte, como demonstrado claramente em

numerosos estudos experimentais, epidemiológicos, ensaios clínicos e metanálises.

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A elevação dos níveis plasmáticos de triglicérides (TG) e da lipoproteína de baixa

densidade (LDL-C), a qual participa diretamente na formação do ateroma,

associados à redução dos níveis plasmáticos da lipoproteína de alta densidade

(HDL-C), responsável pelo transporte reverso do colesterol, são fatores de risco para

eventos cardiovasculares (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). Os valores de referência

para os lipídeos plasmáticos são descritos na tabela 3.

TABELA 3 – Valores de referência dos lipídeos para indivíduos > 20 anos de idade

Lípides Valores (mg/dl) Categoria

CT

< 200 Ótimo

200-239 Limítrofe

≥ 240 Alto

LDL-C

< 100 Ótimo

100-129 Desejável

130-159 Limítrofe

160-189 Alto

≥ 190 Muito alto

HDL-C < 40 Baixo

>60 Alto

TG

< 150 Ótimo

150-200 Limítrofe

201-499 Alto

≥ 500 Muito altoFonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose. 2001

Um estudo conduzido em nove capitais brasileiras, envolvendo 8.045 indivíduos

com idade mediana de 35 anos, revelou que 38% dos homens e 42% das mulheres

possuíam níveis séricos de colesterol total (CT) > 200 mg/dL no ano de 1998. Este

estudo também mostrou que os valores do CT foram mais altos no sexo feminino e

nas faixas etárias mais elevadas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002).

Vários ensaios clínicos demonstram que tratamentos efetivos para a redução do

LDL-C levam a uma diminuição da taxa de eventos cardiovasculares. Tais

tratamentos, quando aplicados tanto na prevenção primária quanto secundária das

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17

doenças cardiovasculares, podem reduzir a incidência de doença isquêmica do

coração em 25% a 60% e o risco de morte em 30%, além de outros efeitos em

eventos mórbidos, como angina, acidentes vasculares encefálicos, necessidade de

procedimentos de revascularização miocárdica e periférica (SBC, 2001).

O pré-diabetes é uma condição clínica em que o paciente apresenta elevação

anormal dos níveis sanguíneos de glicose, no entanto, esses níveis não são

suficientemente altos para que seja caracterizado o diagnóstico de diabetes. O

termo intolerância à glicose, também é uma forma de se referir ao pré-diabetes. A

identificação do pré-diabetes é realizada através da dosagem da glicemia, a saber:

quando a taxa de glicemia de jejum (mínimo de oito horas) encontra-se entre 100 e

125 mg/dl e/ou quando o valor de glicemia na segunda hora do teste de sobrecarga

oral à glicose, também chamado de curva glicêmica, está entre 140 e 199 mg/dl.

Acredita-se que a maioria dos pacientes portadores de diabetes do tipo 2,

antes de terem o seu diagnóstico estabelecido, passaram por uma fase de pré-

diabetes. Estudos científicos mostram que 50% das pessoas com pré-diabetes, se

não forem tratadas, irão desenvolver diabetes do tipo 2 e as suas possíveis

complicações nos dez anos subseqüentes. Além disso, os portadores de pré-

diabetes apresentam 34% mais chances de morrerem devido a um evento

cardiovascular do que pessoas saudáveis (RYDÉN, 2007).

O sedentarismo é definido como ausência ou redução da prática de atividades

físicas. Atualmente, o sedentário é definido como um indivíduo que gasta poucas

calorias por semana em atividades ocupacionais e ou esportivas (MINISTERIO DA

SAÚDE, 2007).

Os resultados do levantamento do Atlas - Corações do Brasil, apresentam um

índice de 83% de sedentarismo para uma amostra de 2550 indivíduos, distribuídos

em cinco regiões brasileiras. Porém, nesta pesquisa foram considerados como

sedentários todos os sujeitos que não participavam de programas regulares de

treinamento físico e desconsideradas atividades físicas praticadas de forma não tão

regular durante as atividades de vida diária (ex: caminhar, andar de bicicleta,

trabalho rural, etc). Um levantamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA),

realizado entre os anos de 2003 e 2004, concluiu que o sedentarismo no Brasil é de

cerca de 40% (RAMOS, 2006).

A falta ou a prática reduzida de atividades físicas predispõe o individuo a

doenças isquêmicas do coração, HAS, diabetes tipo 2, osteoporose, câncer de cólon

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e reto, câncer de mama e depressão, dentre outras. Estimativas globais indicam que

a inatividade física é responsável por quase dois milhões de mortes, por 22% dos

casos de doença isquêmica do coração e por 10 a 16% dos casos de diabetes e

cânceres de mama, cólon e reto. A Estratégia Global para Dieta, Atividade Física e

Saúde da OMS recomenda pelo menos trinta minutos de atividade física moderada,

na maioria dos dias de semana, para reduzir os riscos de doenças crônicas (WHO).

O estresse mental ou emocional é um dos maiores problemas das sociedades

modernas, pois pode agir como causador de doenças cardiovasculares de forma

aguda e crônica. Em uma situação de estresse, o organismo humano redistribui

suas fontes de energia, antecipando uma agressão iminente. Esse mecanismo de

adaptação só é vantajoso se realmente houver perigo urgente. Entretanto, se esse

estado persistir por muito tempo, os danos ao organismo serão inevitáveis. O

sistema cardiovascular participa ativamente das adaptações ao estresse, estando,

portanto, sujeito às suas influências neuro-humorais. As respostas cardiovasculares

resultam principalmente em um aumento da freqüência cardíaca, da contratilidade

miocárdica, do débito cardíaco e da pressão arterial. Somam-se ainda a

hiperatividade simpática e a inibição vagal que o estresse desencadeia, causando

um desequilíbrio na modulação autonômica cardíaca, possibilitando eventos

isquêmicos e arrítmicos, e contribuindo para uma disfunção endotelial (LOURES,

2002).

2.4 RCV

A RCV é definida pela OMS como uma abordagem ampla, de integração entre

as ações não farmacológicas, e que visa atingir não apenas os pacientes com

doenças cardiovasculares, mas também os com doenças pulmonares e metabólicas,

favorecendo a melhoria dos aspectos físicos, mentais e sociais dos mesmos de

forma ativa e produtiva (WHO, 1993).

Os primeiros trabalhos relatando os efeitos do exercício físico sobre o aparelho

cardiovascular remontam a pouco antes do início da década de 30. Porém, em 1772,

Heberden relatou sobre um de seus pacientes, que possivelmente tinha angina

estável, e que ficou praticamente curado depois da modificação de seu hábito de

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vida, passando a serrar lenha todos os dias. Existem também referências do

exercício físico como tratamento de enfermidades no século II a.C.(YASBEK, 2005).

Durante o inicio do século passado preconizava-se o repouso absoluto aos

cardiopatas, inclusive durante a fase aguda da doença, recomendando o

afastamento prolongado do trabalho e aposentadorias precoces. Até o início dos

anos 60, recomendava-se repouso durante três semanas aos pacientes que se

recuperavam de infarto agudo do miocárdio, baseando-se no pressuposto de que tal

conduta facilitaria o processo de cicatrização do miocárdio. Entretanto, observou-se

que o repouso prolongado no leito resultava em efeitos deletérios, como reduções

da capacidade funcional e do rendimento cardíaco, alteração dos reflexos cardíacos,

predisposição a tromboembolismo pulmonar, redução da massa muscular e

aumento da pressão arterial e da ansiedade (SBC, 2004).

Segundo SILVA (2006), em 1951 Levine e Lown propuseram algo inovador para

a época, o “armchair treatment”, que introduziu o repouso em cadeira para o

paciente com trombose coronária aguda que, até então, deveria permanecer restrito

ao leito hospitalar. Esses pacientes permaneciam internados durante 24 dias, em

média, sendo tratados apenas com drogas anitcoagulantes e digitálicos. Este

tratamento inovador propiciou uma atividade mais precoce ao paciente e,

conseqüentemente, abreviou a alta hospitalar, melhorando a evolução e o

prognóstico da doença.

Em 1957, De La Chapelle fez referência à ciência da “reabilitação cardíaca”,

onde exercícios físicos foram incorporados ao tratamento de cardiopatias

(MEIRELLES, 2006). Segundo MENEGHELO (1993), foi no final da década de 60

que se estabeleceu o conceito de RCV após infarto do miocárdio. Para a SBC

(1997), foi nas décadas de 60 e 70 que foram criados os princípios básicos da

“reabilitação cardíaca”, tanto para pacientes internados como após a alta hospitalar,

que se constituem na orientação para a “reabilitação cardíaca” atual.

Nesta mesma época no Brasil, mais precisamente em 1968, houve o primeiro

relato de atividade de um programa de reabilitação cardiovascular – o Serviço de

Reabilitação Cardiovascular do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro –

no Rio de Janeiro. No início da década de 70, surgiram os primeiros serviços de

reabilitação cardíaca em São Paulo, como os do Hospital das Clínicas da Faculdade

de Medicina da USP, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, e outros privados

como os do Procordis e da Fitcor (SBC, 1997).

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20

Em 1994, a American Heart Association declarou que a “reabilitação cardíaca”

não pode ser limitada a um programa de exercícios, devendo incluir abordagens

multifacetadas com o objetivo de reduzir os fatores de risco modificáveis da doença

cardiovascular (COOPER, 2002).

Uma das primeiras estratégias adotadas na RCV foi a EX – CR (“exercise only”),

traduzida como reabilitação cardiovascular com ênfase no exercício (RCEE), a qual

prioriza o exercício físico como forma de restabelecer o paciente. Porém, para a

retomada e ampliação da qualidade de vida, mostrou-se indispensável que, além

dos exercícios físicos, seria necessário prover o paciente de um maior grau de

informação, favorecendo melhores condições e um estímulo mais eficaz para uma

mudança de estilo de vida. Assim, distingui-se outra estratégia, a CCR

(“comprehensive care rehabilitation”), a qual pode ser traduzida como reabilitação

cardiovascular abrangente. Logo, um programa de RCV deve incluir

acompanhamento multidisciplinar, envolvendo médicos, enfermeiros, nutricionistas,

psicólogos, assistentes sócias, fisioterapeutas e profissionais de educação física.

(SBC, 2005)

2.5 Benefícios da Reabilitação Cardiovascular

Basicamente, as mesmas modificações encontradas em indivíduos normais

sedentários que iniciam um programa de treinamento físico são documentadas em

coronariopatas que se engajam na prática de exercícios regulares. Essas mudanças,

além de morfológicas, hemodinâmicas e metabólicas, englobam modificações nos

fatores de risco e na qualidade de vida (LION, 1997).

A tabela 4 resume os benefícios promovidos pelos exercícios físicos

adequadamente prescritos e executados de forma regular e segura.

TABELA 4 – Benefícios da Reabilitação Cardiovascular

Variável EfeitoFreqüência cardíaca de repouso, freqüência cardíaca submáxima,

pressão arterial

Redução

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21

Potencia aeróbia, tolerância ao esforço, relação carga/duplo produto,

relação carga/isquemia

Elevação

Tônus simpático, adrenalina (repouso e esforço) e noradrenalina

(esforço) séricos, resposta simpática ao esforço, resposta

vasoconstritora ao esforço.

Redução

Sensação de fadiga ReduçãoTônus parassimpático ElevaçãoColesterol total, LDL-colesterol, triglicérides séricos ReduçãoHDL-colesterol ElevaçãoTolerância à glicose, sensibilidade à insulina ElevaçãoFibrinogênio sérico, inibidores de plasminogênio ReduçãoAtivadores de plasminogênio ElevaçãoFunção endotelial MelhoriaTabagismo, obesidade, hipertensão arterial, risco de diabetes tipo 2,

estresse

Redução

Estado psicológico, relacionamento pessoal MelhoriaEfetividade da revascularização miocárdica MelhoriaRisco de fibrilação ventricular e risco de primeiro acidente vascular

cerebral, risco de infarto durante o exercício

Redução

Mortalidade ReduçãoFonte: SILVA, Osni Jacó da. A contribuição da Reabilitação Cardiovascular na evolução clínica, terapêutica e estilo de vida de portadores de Doença Arterial Coronariana. 2006. 153f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, Florianópolis.

2.6 Estratificação de Risco para Inclusão em Programas de RCV

Devido ao fato dos pacientes apresentarem diferentes patologias e diversos

níveis de evolução da mesma faz-se necessário estratificar o risco para a inclusão

destes nos programas de RCV. Atualmente são adotados os critérios descritos na

Tabela 5.

Estabelecido os níveis de risco, os pacientes indicados a participar de um

programa de RCV, serão inseridos em etapas concernentes ao seu estado clínico

geral. Tais etapas, denominadas como fases, implicam em critérios de intervenção,

que ao serem cumpridos marcam a evolução do paciente no tratamento. Nos moldes

atuais, a RCV é dividida em quatro fases (CARVALHO, 2006):

• Fase 1 – realizada com pacientes internados para a realização de

cirurgias ou intervenções cardiológicas, pós-infarto agudo do miocárdio

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e por descompensação cardiovascular, pulmonar ou metabólica.

Iniciada após a estabilização do quadro clínico, é baseada em

exercícios de baixa intensidade, técnicas para controle do estresse e

programas de educação em relação a fatores de risco. Objetiva dar

condições físicas e psicológicas ao paciente para a alta hospitalar.

• Fase 2 – realizada após a alta, em ambiente extra-hospitalar, deve ser

supervisionada e com monitorização de variáveis cardiovasculares. Os

exercícios devem ser prescritos individualmente. Tem por objetivo

principal contribuir para o mais breve retorno do paciente às atividades

sociais e laborais.

• Fase 3 – pode ser iniciada em qualquer etapa da evolução da doença.

Os exercícios devem ser supervisionados, aprimorando o

condicionamento físico, promovendo o bem-estar, controlando os

fatores de risco e reduzindo o risco de complicações clínicas.

• Fase 4 – tem por objetivo a manutenção e ou o aumento da aptidão

física por meio de atividades prescritas conforme as características de

cada paciente. Não há a obrigatoriedade de ter passado pela fase 3 e a

supervisão deve ser realizada sempre que possível.

TABELA 5 - Estratificação de risco para inclusão de pacientes em programas de

RCV

Risco Características

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Baixo

Capacidade funcional ≥ 7 METs

Ausência de isquemia miocárdica em repouso ou em teste de

esforço com intensidade menor que 6 METs

Fração de ejeção do ventrículo esquerdo ≥ 50%

Ausência de ectopia ventricular significante após o 3º dia pós-

IAM

Resposta adequada da pressão arterial ao esforço

Capacidade de automonitorizar a intensidade com que se

exercita

Moderado

Presença de isquemia miocárdica

Depressão de segmento ST = 2 mm

Anormalidades reversíveis, durante o exercício, na cintilografia

miocárdica com tálio

Fração de ejeção do ventrículo esquerdo de 35 a 49%

Ausência de ectopias ventriculares complexas

Ausência de queda na pressão arterial durante o exercício

Alto

Angina recorrente com alterações isquêmicas no segmento

ST além das 24 horas seguintes à admissão hospitalar

Sinais e sintomas de insuficiência cardíaca congestiva

Fração de ejeção do ventrículo esquerdo ≤ 35%

Ectopias ventriculares complexas (extra-sístoles ventriculares

multifocais, taquicardia ventricular, fenômeno R sobre T,

fibrilação ventricular)

Capacidade funcional ≤ 5 METs em teste de esforço limitado por

angina, infradesnível de segmento ST ou resposta inadequada

da pressão arterial

Diminuição ou incapacidade de aumento da pressão arterial

sistólica durante o esforço

Alterações isquêmicas persistentes no segmento ST e/ou angina

durante o exercícioFonte: Modificado de Diretriz de Reabilitação Cardíaca. Arq Bras Cardiol 2005; 84; 431-52.

Tendo em vista as dificuldades logísticas e financeiras, nem sempre é

possível desenvolver programas de RCV supervisionada. Para tanto, existe a

reabilitação não-supervisionada que tem por objetivo principal exercitar pacientes

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sob supervisão indireta, estendendo a prática de exercícios a um maior número de

pacientes que sejam considerados de baixo risco (OLIVEIRA FILHO, 2002).

A reabilitação não supervisionada já vem se consolidando, visto que atende

melhor a pacientes com riscos cardiológicos baixos e que não necessitam de

monitorização constante, já que pode ser realizada pelo paciente no ambiente,

horário e companhia que lhe sejam mais convenientes. Além disso, os custos mais

baixos e facilidades de aplicação favorecem menores taxas de evasão. Suas formas

de aplicação variam amplamente nos serviços de referência, indo desde controles

diários a mensais. Alguns programas propõem ainda que este controle seja feito por

telefone, pela Internet ou por anotações em cadernetas (OLIVEIRA FILHO, 2004;

NOGUEIRA, 2005).

2.7 Equipes Multiprofissionais em Programas de RCV

A formação de equipes multiprofissionais e interdisciplinares propicia que seja

levado ao paciente um maior número de informações sob pontos de vista diferentes.

Esse aspecto influencia diretamente na adesão do paciente ao tratamento, pois este

se encontra mais bem orientado, além de atualizar e preparar toda a equipe com a

troca de informações (JARDIM, 1996; ARAÚJO, J. A., 2007). As equipes de saúde

podem estar organizadas das mais variadas formas, havendo inúmeras diferenças

no que diz respeito à interação, colaboração, organização hierárquica, comunicação

horizontal e vertical e responsabilidades individuais (PORTO, 2002).

Na composição da equipe multiprofissional, pressupõe-se a participação ativa do

paciente. Este deve ser considerado como o elemento número um, pois representa o

próprio sentido da formação do grupo. Sua inclusão, como elemento integrante da

equipe, cria com o mesmo compromisso para com o sucesso da terapêutica,

tornando-o sujeito e não simples objeto das ações de saúde dirigidas a ele.

O treinamento inicial para os procedimentos técnicos deve ser enfatizado e as

correções de rumo devem ser estimuladas em reuniões de equipe, realizadas

periodicamente.

Segundo Jardim (1996), os seguintes passos devem ser seguidos para a

formação de uma nova equipe:

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a) identificar elementos que comunguem da mesma filosofia de trabalho;

b) identificar elementos que, potencialmente, possam ser integrados neste

tipo de atividade;

c) traçar metas (a curto, médio e longo prazo) a serem alcançadas;

d) estabelecer um cronograma de atuação;

e) estabelecer prioridades de ações;

f) iniciar o treinamento da equipe para uniformização de condutas;

g) organizar sistema de informação para retroalimentar o sistema, isto poderá

ser feito através de reuniões periódicas, boletins, relatórios, etc.

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3 JUSTIFICATIVA

No âmbito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), observa-se que não

há um programa de RCV estruturado, e sim, dois programas distintos que

desenvolvem atividades semelhantes com pacientes portadores de fatores de risco

para doença aterosclerótica coronariana, cardiopatas e coronariopatas.

Um desses programas é desenvolvido no Departamento de Fisioterapia da

Faculdade de Medicina, durante as aulas práticas da disciplina de Fisioterapia

Cardiológica do Curso de Fisioterapia onde são realizadas ações de saúde dessa

natureza. A equipe é formada pelos discentes sob a supervisão docente, com auxílio

dos monitores da disciplina. Os pacientes são selecionados conforme relevância

clínica/pedagógica, o que faz com que haja patologias diversas e níveis de risco

diferentes. Eles são submetidos previamente à avaliação fisioterapêutica, na qual é

ponderado todo o aspecto clínico–cardiológico, e após são prescritos os exercícios

com intensidades individualizadas para serem realizados na esteira rolante ou no

cicloergômetro. As sessões de tratamento são realizadas duas vezes por semana,

com duração média de sessenta minutos, divididos em aquecimento, treinamento

aeróbio e desaquecimento, e respeitam o calendário acadêmico.

O outro programa diz respeito ao projeto de extensão e treinamento profissional

“Programa de Caminhada Orientada”, da Faculdade de Educação Física e

Desportos. Tal programa foi idealizado a partir de 2002 por conta da elaboração do

projeto para implantação do Centro de Atenção à Saúde (HU/CAS) da UFJF. Ele

consiste de uma equipe formada por acadêmicos dos cursos de educação física,

fisioterapia, medicina, enfermagem e farmácia com supervisão dos docentes das

respectivas áreas. As atividades são desenvolvidas interdisciplinarmente,

abrangendo avaliação clínico-cardiológica, avaliação física, avaliação

fisioterapêutica, perfil e orientação nutricional, perfil e orientação psico-fisiológica,

prescrição e acompanhamento da atividade física. Os pacientes são encaminhados

em sua maioria pelo Serviço de Controle da Hipertensão Arterial, do Diabetes e da

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27

Obesidade – SCHDO/SUS, o que proporciona uma homogeneidade em relação ao

perfil cardiológico, porém em níveis de risco diferentes. Após avaliação e prescrição

individualizada, os pacientes realizam duas sessões semanais de caminhada ao ar

livre, sob supervisão de acadêmicos dos cursos envolvidos, com durações diferentes

para cada um. As sessões são compostas por aquecimento, treinamento aeróbio e

desaquecimento, podendo ser realizados também exercícios para fortalecimento

muscular. Caso seja necessário, poderá haver intervenção específica de qualquer

um dos membros da equipe em sua área de atuação (NOVO JR, 2005).

A falta de interação entre esses dois programas minimiza os benefícios

alcançados para os pacientes assistidos e o aprendizado/experiência acadêmico,

considerando-se que os discentes não observam o contexto completo da

reabilitação cardiovascular e os pacientes, por sua vez, não desfrutam de um

tratamento abrangente. Além disso, ocorreu a recente implantação do Centro de

Atenção à Saúde (HU/CAS-UFJF), que concebido com base nos princípios

norteadores do SUS – integralidade, equidade e universalidade – busca o

desenvolvimento de ações integradas (MARTINS, 2007).

Sendo assim, é bastante pertinente que sejam despendidos esforços para a

junção dos dois programas supracitados e a criação de um programa de RCV

pautado em ações interdisciplinares.

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4 OBJETIVOS

Objetivo geral:

Propor um protocolo para implantação de um programa de RCV que

integre os profissionais de saúde atuantes no HU/CAS – UFJF e as

atividades desenvolvidas durante as aulas práticas da disciplina de

Fisioterapia Cardiológica e o Programa de Caminhada Orientada.

Objetivos específicos:

Averiguar a possibilidade de implantação do programa.

Conhecer quais os profissionais de saúde que poderiam envolvidos.

Estabelecer quais as rotinas a serem seguidas para atendimento dos

pacientes.

Formar recursos humanos capacitados a atuar na área.

Produzir conhecimento na área.

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5 METODOLOGIA

5.1 Revisão Bibliográfica

Foi realizada a revisão da bibliografia a respeito do assunto a ser estudo,

buscando informações que subsidiassem a formatação do projeto para implantação

de um programa de RCV no HU/CAS – UFJF. Foram pesquisados na literatura

novos métodos e protocolos com embasamentos científicos, assim como consensos

nacionais e internacionais, além de relatos de programas já consolidados.

5.2 Visita aos Serviços de RCV

Foram visitados os serviços de RCV do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio

de Castro e do Hospital Pró-Cardíaco, ambos localizados na cidade do Rio de

Janeiro e conceituados nacionalmente. As visitas foram realizadas durante o período

em que os pacientes recebiam tratamento, e tiveram o intuito de conhecer os

critérios de inclusão, avaliação, tratamento e alta, alem é claro, de observar toda a

estrutura e funcionamento dos serviços.

5.3 Contato com os Profissionais do HU/CAS – UFJF

Os profissionais de saúde atuantes no HU/CAS – UFJF que poderiam vir a ter

alguma relação com o programa de RCV foram contatados. Os responsáveis pelos

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serviços de Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Cardiologia, Nutrição,

Psicologia e Serviço Social foram procurados e informados a respeito da proposta

de implantação do programa de RCV. Os que não dispunham de conhecimento a

respeito da RCV receberam material explicativo a respeito, antes de exporem suas

opiniões.

5.4 Acompanhamento dos Pacientes

Durante a realização do estudo também foi observada a transição dos pacientes

acompanhados nas aulas práticas de Fisioterapia Cardiológica no HU/CAS, que

receberam alta do programa de exercícios físicos ambulatoriais, para o Programa de

Caminhada Orientada da Faculdade de Educação Física e Desportos/UFJF. Essa

observação teve como finalidade investigar se os pacientes que participavam de

sessões de tratamento sob monitorização individualizada e contínua dos

acadêmicos de fisioterapia e da professora responsável, teriam dificuldades de

adaptação, evolução e/ou adesão ao outro programa, no qual eles receberiam

acompanhamento em grupo e com automonitorização.

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31

6 RESULTADOS

6.1 Visita aos Serviços de RCV

6.1.1 Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro

O programa atende aos pacientes originados do próprio serviço de cardiologia

do hospital e, devido a grande demanda existente, forma-se uma fila de espera para

o ingresso. Durante este período “de espera” os pacientes freqüentam reuniões e

palestras, nas quais lhes são passadas informações a respeito do papel do sistema

cardiopulmonar nas funções do organismo, do mecanismo das doenças

cardiovasculares e do funcionamento do programa de RCV. Ao iniciarem as sessões

de treinamento, todos os pacientes aprendem a monitorar sua freqüência cardíaca e

são orientados a respeito da importância da manutenção desta variável dentro de

uma zona alvo para treinamento, a qual é determinada individualmente de acordo a

condição apresentada pelo paciente no teste ergométrico. Além disso, são

realizadas medidas da pressão arterial e a sensação subjetiva do esforço é avaliada

por meio da escala de Borg modificada, ao longo da sessão de exercícios. Nas duas

primeiras semanas, o eletrocardiograma é monitorizado durante a execução dos

exercícios físicos, com objetivo de observar quaisquer alterações

eletrocardiográficas que não tenham ocorrido no teste de esforço. O treinamento tem

duração de uma hora, dividido em ciclos de 20 minutos em esteira ergométrica, 20

minutos em cicloergômetro e 20 minutos de musculação. São duas sessões

semanais e três turmas diárias sob supervisão direta de um fisioterapeuta, um

profissional de educação física e um médico. O período de reabilitação dura seis

meses. Ao completar este período os pacientes são reavaliados pelos seus médicos

de origem, podendo receber alta ou serem reinseridos no programa.

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6.1.2 Hospital Pró – Cardíaco

Os pacientes são encaminhados ao serviço pelos seus cardiologistas. Não há

qualquer tipo de componente educacional envolvido no programa. A duração das

sessões e o número de vezes a serem realizadas são prescritos pelo médico que

encaminhou o paciente, assim como a intensidade e o tipo de exercício. Os

pacientes podem exercitar-se em cicloergômetro e/ou esteira ergométrica e executar

exercícios utilizando aparelhos com pilhas de pesos, halteres e caneleiras para

fortalecimento muscular. Durante as sessões de tratamento são monitorizados:

pressão arterial, freqüência cardíaca e sensação subjetiva do esforço (escala de

Borg modificada). A equipe de acompanhamento é composta por um fisioterapeuta e

um profissional de educação física, que realizam avaliações específicas, pertinentes

à sua área de atuação, e supervisionam a execução dos exercícios. Ao fim das

sessões programadas o paciente é reavaliado pelo seu médico, que indicará ou não

o prosseguimento deste tratamento. A diferença mais evidente entre os dois serviços

diz respeito às instalações, já que a última, por ser uma entidade privada, oferece

ambiente mais agradável, acomodações confortáveis e aparelhos modernos.

6.2 Observação dos Pacientes

Na UFJF observou-se a transição dos pacientes da aula prática de Fisioterapia

Cardiológica para o Programa de Caminhada Orientada. Por apresentarem risco

cardiológico baixo e não necessitarem de monitorização constante, um grupo de seis

pacientes recebeu alta do atendimento ambulatorial supervisionado e ingressou no

Programa de Caminhada Orientada, realizado nas dependências da Faculdade de

Educação Física. Houve uma excelente adaptação ao novo modelo de reabilitação,

com ampla adesão e ausência de quaisquer tipos de intercorrências, exceto pela

falta de obediência à prescrição do exercício apresentada por um paciente.

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33

6.3 Contato com os Profissionais do HU/CAS – UFJF

Dos profissionais de saúde atuantes no HU/CAS – UFJF e que poderiam

contribuir com um futuro programa de RCV, todos foram contatados e apoiaram o

projeto. Em sua totalidade eram chefes dos serviços, com exceção dos Serviços de

Enfermagem e Serviço Social, em que responsáveis foram designados por seus

superiores.

Embora as responsabilidades e atribuições específicas de cada profissional da

equipe, bem como as rotinas para o funcionamento do programa, só venham a ser

discutidas com a concreta implantação do programa, alguns aspectos práticos de

funções e de atendimentos a serem realizados foram definidos.

Os responsáveis pelos setores de Educação Física e Fisioterapia tiveram maior

facilidade em compreender e aceitar a idéia do projeto, provavelmente pelo fato de

já desenvolverem atividades com pacientes portadores de fatores de risco,

coronariopatas e cardiopatas. Inicialmente, eles serão responsáveis pelas

avaliações físicas e fisioterapêuticas, respectivamente, além dos itens de rotina,

como antropometria e avaliação postural. Os pacientes que, anteriormente, tenham

realizado um teste de esforço máximo solicitado pelo seu cardiologista serão

submetidos a um teste cardiopulmonar submáximo, conduzido pelos profissionais de

educação física e fisioterapeutas, ao ingressarem programa e em reavaliações

periódicas. O protocolo do teste encontra-se em desenvolvimento no Laboratório de

Educação Física do HU/CAS, e deverá estar definido até o início de funcionamento

do programa, assim como o intervalo de tempo entre as reavaliações.

Além disso, caberá aos profissionais do setor de educação física e fisioterapia o

acompanhamento das sessões de treinamento, realizando aquecimento,

condicionamento, desaquecimento e monitorização, tanto em ambiente ambulatorial

quanto não-ambulatorial. Inicialmente as atividades descritas seriam realizadas

pelos acadêmicos dos cursos envolvidos, sob supervisão direta dos professores

responsáveis, visto que não há nenhum profissional contratado pelo hospital a ser

disponibilizado para tal fim.

Os pacientes a serem atendidos pelo programa de RCV seriam encaminhados

pelo próprio serviço de cardiologia do hospital ou por cardiologistas da cidade, a fim

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de atender a demanda do restante da população, já que na área em que o HU/CAS

referencia não é ofertado esse serviço público. Após serem encaminhados por seus

médicos, os pacientes entrarão na rotina de atendimentos do programa. A primeira

etapa seria a consulta de enfermagem que, proposta pelo responsável do setor,

deverá ser realizada por um residente e constará de: mensuração da pressão

arterial, ausculta cardíaca e pulmonar, registro do eletrocardiograma (ECG) de

repouso, pedido de exames laboratoriais, verificação dos exames existentes e dos

medicamentes em uso. Todos esses dados serão reunidos e enviados ao

cardiologista do paciente para o embasamento/atualização da sua avaliação médica.

Além disso, o residente de enfermagem estaria envolvido em encontros de

educação em saúde, com o intuito de atuar sobre os fatores de risco modificáveis.

O cardiologista do hospital será um residente da área designado pelo chefe do

serviço. Com base nas informações colhidas pelo enfermeiro, caberá a ele avaliar o

paciente confirmando o diagnóstico descrito no encaminhamento, além de realizar o

teste ergométrico e requerer exames complementares, se necessário. Após a

avaliação médica e com os dados do paciente em mãos, prescreverá juntamente

com os profissionais responsáveis pelo treinamento, o tipo e intensidade do

exercício, além de informar sobre possíveis intercorrências e cuidados especiais a

serem tomadas com o paciente durante a execução dos exercícios.

Questões sociais, familiares e sobre benefícios governamentais serão da

competência do setor de Serviço Social. A assistente social responsável por

acompanhar todos os pacientes do serviço de Fisioterapia do HU/CAS, também

avaliará as pessoas envolvidas no programa de RCV. Será feita uma avaliação

social buscando conhecer o paciente e sua família e as dificuldades encontradas

pelos mesmos, as quais poderiam vir a interferir no sucesso do tratamento.

Problemas quanto à aquisição de medicamentos, alimentação, transporte ou

conflitos domésticos serão resolvidos com ajuda do próprio hospital, do poder

público ou de órgãos não-governamentais, sempre que possível.

A Equipe de Orientação Nutricional Enteral e Parenteral do HU/CAS será a

responsável por avaliar e direcionar a dieta dos pacientes admitidos no programa.

As nutricionistas realizarão exame físico, observando aspecto de cabelos, unhas,

pele, sistema músculo esquelético, gastrintestinal, entre outros; avaliação global do

estado nutricional, onde serão colhidos dados antropométricos, bioquímicos,

imunológicos e da interação droga-nutriente; avaliação subjetiva global do estado

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nutricional, na qual o paciente relatará mudanças de peso e capacidade funcional; e

por último a anamnese alimentar, onde serão conhecidos os hábitos alimentares. Ao

final, proporão a dieta adequada para cada paciente, fornecendo também

informações úteis quanto a alimentos saudáveis e práticas alimentares inadequadas.

O atendimento psicológico será realizado na época da admissão do paciente no

programa, podendo também ser repetido quando necessário. Tanto os pacientes

quanto os familiares poderão ser avaliados visando o bem estar psíquico, visto que

depressão, isolamento social, apatia e falta de apoio familiar são muito comuns.

Grupos de participantes do programa poderão ser formados para reuniões,

dinâmicas e debates para trocas de experiências em busca da melhoria mútua.

Todos os profissionais foram unânimes em considerar imprescindível a

realização de reuniões periódicas, antes de implantar o programa e durante todo o

seu funcionamento, para discussões a respeito das rotinas do mesmo e da evolução

dos pacientes. Outra questão de consenso foi a de que as avaliações a serem

realizadas por todos os membros da equipe acontecerão individualmente com cada

profissional, através de agendamento, ao invés de consultas multiprofissionias,

como vem sendo realizado em algumas especialidades no HU/CAS – UFJF.

Com base em todas as informações descritas propôs-se o um fluxograma de

atendimento (Figura 1) para o programa de RCV a ser implantado no HU/CAS da

UFJF. Nele está detalhado o caminho pelo qual o paciente deverá percorrer, a partir

do seu ingresso no programa, as avaliações e exames a serem realizados e a

evolução nas etapas da reabilitação.

Sessões de Treinamento Ambulatoriais

Fisioterapeuta - Educador Físico

Sessões de Treinamento Não-Ambulatoriais

Fisioterapeuta – Educador Físico

Avaliação Fisioterapêutica

Fisioterapeuta

Avaliação Física

Educador Físico

Acolhimento

Pré-Consulta

Enfermagem

Avaliação Médica

Cardiologista

Avaliação Social

Assistente Social

Avaliação Psicológica

Psicólogo

Avaliação Nutricional

Nutricionista

- Exames Laboratoriais- ECG Repouso

- Exames Complementares- Teste Ergométrico

Sessões Não Supervisionadas

- Teste Cardiopulmonar Submáximo

Sessões de Treinamento Ambulatoriais

Fisioterapeuta - Educador Físico

Sessões de Treinamento Não-Ambulatoriais

Fisioterapeuta – Educador Físico

Avaliação Fisioterapêutica

Fisioterapeuta

Avaliação Física

Educador Físico

Acolhimento

Pré-Consulta

Enfermagem

Avaliação Médica

Cardiologista

Avaliação Social

Assistente Social

Avaliação Psicológica

Psicólogo

Avaliação Nutricional

Nutricionista

- Exames Laboratoriais- ECG Repouso

- Exames Complementares- Teste Ergométrico

Avaliação Fisioterapêutica

Fisioterapeuta

Avaliação Física

Educador Físico

Acolhimento

Pré-Consulta

Enfermagem

Avaliação Médica

Cardiologista

Avaliação Social

Assistente Social

Avaliação Psicológica

Psicólogo

Avaliação Nutricional

Nutricionista

- Exames Laboratoriais- ECG Repouso

- Exames Complementares- Teste Ergométrico

Acolhimento

Pré-Consulta

Enfermagem

Avaliação Médica

Cardiologista

Avaliação Social

Assistente Social

Avaliação Psicológica

Psicólogo

Avaliação Nutricional

Nutricionista

- Exames Laboratoriais- ECG Repouso

- Exames Complementares- Teste Ergométrico

Sessões Não Supervisionadas

- Teste Cardiopulmonar Submáximo

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Figura 1: Fluxograma de atendimento aos pacientes no programa de RCV do

HU/CAS - UFJF

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos resultados apresentados no trabalho, conclui-se pela viabilidade da

implantação imediata do programa de RCV no HU/CAS – UFJF, atuando entre as

fases 2 e 4 da RCV. Porém, alguns pontos devem ser mais bem avaliados e

discutidos entre os profissionais envolvidos no programa.

Entre essas questões está a definição da origem dos pacientes a serem

encaminhados para o programa de RCV. Tal assunto merece atenção da área

administrativa do hospital e também do gestor municipal de saúde, visto que Juiz de

Fora e região não oferecem um serviço público neste âmbito. Algumas das

possibilidades a serem consideradas seriam: continuar recebendo pacientes

portadores de fatores de risco cardiovasculares do SCHDO; tratar os pacientes

oriundos do próprio HU/CAS – UFJF; ou até então trabalhar com demanda

espontânea, com pessoas chegando das mais diversas vias apenas com o

encaminhamento de seu cardiologista. Todas as propostas devem ser muito bem

analisadas visando conjugar todos os princípios de um hospital universitário,que são

a assistência, o ensino e a pesquisa.

Aspectos práticos e do dia – a – dia do funcionamento do programa de RCV

deverão ser tema de discussão na iminência de sua implantação. A duração das

sessões, formas de monitoramento, tipos de exercício, padronização das fichas de

avaliação, arquivamento de dados dos pacientes, horário e local das avaliações

necessitam ser definidos, levando-se em conta a opinião de cada profissional

envolvido e também o contexto geral da época em que será implantado o programa.

Dentro deste detalhamento cabe uma revisão do fluxograma de durante o

funcionamento do programa, considerando-se que o mesmo é totalmente mutável às

necessidades prementes. Uma dessas necessidades seria a criação de caminhos

alternativos, visando alocar corretamente o paciente nas etapas da RCV de acordo

com sua condição clínica. Pacientes com risco cardiológico baixo, por exemplo, não

necessitariam passar pelas fases inicias em ambulatório, podendo ser iniciados

diretamente nas sessões não supervisionadas. Este e outros casos poderão ser

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avaliados ainda durante o acolhimento, no qual os pacientes passariam por uma

triagem através de uma avaliação padronizada, estratificando seus riscos e

adequando a RCV às suas necessidades.

Por tratar-se de programa que atenderá pacientes cardiopatias, coronariopatas e

portadores de fatores de risco, intercorrências cardiológicas poderão acontecer.

Para tanto a equipe e o hospital deverão estar preparados para prover o suporte

básico de vida. No HU/CAS – UFJF, para onde é proposto este trabalho, existem

desfibriladores e funciona um serviço de “hospital – dia” preparado para receber

casos de urgência, com o qual deverá ser firmada uma parceria para o atendimento.

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