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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS JEANNY ALVES SILVEIRA ANÁLISE SOBRE A ABORDAGEM DA BIOLOGIA EVOLUTIVA EM LIVROS DIDÁTICOS UTILIZADOS NO MUNICÍPIO DE BARRA DO GARÇAS, MT Pontal do Araguaia 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …bdm.ufmt.br/bitstream/1/527/1/TCC_2018_Jeanny Alves Silveira.pdf · 1930 (KOSWOSK et al., 2016). Uma vez que a Evolução constitui um

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

JEANNY ALVES SILVEIRA

ANÁLISE SOBRE A ABORDAGEM DA BIOLOGIA EVOLUTIVA EM LIVROS

DIDÁTICOS UTILIZADOS NO MUNICÍPIO DE

BARRA DO GARÇAS, MT

Pontal do Araguaia

2018

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

JEANNY ALVES SILVEIRA

ANÁLISE SOBRE A ABORDAGEM DA BIOLOGIA EVOLUTIVA EM LIVROS

DIDÁTICOS UTILIZADOS NO MUNICÍPIO DE

BARRA DO GARÇAS, MT

Pontal do Araguaia

2018

iii

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado, para obtenção do grau de Licenciada em Ciências Biológicas, à Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia.

JEANNY ALVES SILVEIRA

ANÁLISE SOBRE A ABORDAGEM DA BIOLOGIA EVOLUTIVA EM LIVROS

DIDÁTICOS UTILIZADOS NO MUNICÍPIO DE

BARRA DO GARÇAS, MT.

Orientador: Prof. Dr. Fabricius Maia Chaves Bicalho Domingos

Pontal do Araguaia

2018

iv

Alves Silveira, Jeanny

Análise sobre a abordagem da biologia evolutiva em livros didáticos

utilizados no município de Barra do Garças, MT. Pontal do Araguaia. 2018.

35 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Universidade Federal de

Mato Grosso, Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Fabricius Maia Chaves Bicalho Domingos

1.Aprendizagem. 2. Evolução Biológica. 3.PNLD. 4.Seleção Natural.

v

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado, para obtenção do grau de Licenciada em Ciências Biológicas, à Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia.

JEANNY ALVES SILVEIRA

ANÁLISE SOBRE A ABORDAGEM DA BIOLOGIA EVOLUTIVA EM LIVROS

DIDÁTICOS UTILIZADOS NO MUNICÍPIO DE

BARRA DO GARÇAS, MT.

Aprovado em 11 de Outubro de 2018.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Dr. Fabricius Maia Chaves Bicalho Domingos (Orientador)

Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, ICBS – UFMT

___________________________________________

Prof. Dr. Dilermando Pereira Lima Júnior

Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, ICBS – UFMT

___________________________________________

Prof.ª Dra. Marilene Marzari

Instituto de Ciências Humanas e Sociais, ICHS – UFMT

vi

AGRADECIMENTOS

Agradeço minha mãe Ireny, pelo o amor, incentivo e apoio incondicional.

Agradeço ao meu orientador Dr. Fabricius Domingos, pela sua compreensão, paciência e

ensinamentos.

Sou grata a todos os meus amigos que me apoiaram, me incentivaram e me deram forças para

continuar.

Muito Obrigada!

vii

RESUMO

O livro didático foi concebido como um recurso de instrumento pedagógico devido ao seu potencial alcance de uma fronteira antes não englobada pela educação. Sua utilização nas escolas públicas brasileiras é regida pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), onde as obras são avaliadas por professores atuantes em diferentes regiões do país. O livro didático e sua utilização em sala de aula é ainda alvo de diversas pesquisas, pois alguns assuntos carecem de uma abordagem adequada para compreensão da temática específica. Um desses temas é a Biologia Evolutiva, que ainda não foi tratada de forma adequada em muitos livros didáticos, provavelmente devido às suas amplas implicações tanto sociais quanto científicas. O objetivo deste trabalho foi analisar o conteúdo de Biologia Evolutiva nos livros didáticos sugeridos no PNLD 2015, visando verificar como o conteúdo de evolução está sendo abordado nesse recurso de ensino na educação pública do Município de Barra do Garças, MT. A revisão foi realizada em sete livros sugeridos pelo PNLD 2015, através de uma análise quanti-qualitativa. A presença ou ausência de definições norteadoras para a compreensão do conteúdo de biologia evolutiva foram observadas e discutidas. A definição de seleção natural e evolução se destacaram entre as demais, e foram as mais presentes em todas as obras analisadas. O conceito de ancestralidade comum e filogenia estavam ausentes na maioria dos livros analisados. Notamos que a forma com que a biologia evolutiva é apresentada em alguns livros didáticos segue parte das orientações das Diretrizes Curriculares Nacionais, as quais sugerem que a evolução seja um eixo integrador do ensino de ciências e biologia. Contudo, algumas definições, como a de evolução biológica propriamente dita devem estar estritamente explícitas para os estudantes, e sugerimos que os professores de biologia complementem em sala de aula as fragilidades pontuadas em relação ao conteúdo de Biologia Evolutiva.

Palavras-chave: Aprendizagem, Evolução Biológica, PNLD 2015, Seleção Natural.

viii

ABSTRACT

Textbooks were conceived as differentiated pedagogical instruments because of their potential to reach a frontier that was previously not encompassed by education. The National Textbook Plan (Plano Nacional do Livro Didático, PNLD) governs its use in Brazilian public schools, where teachers working in different regions of the country evaluate the books and suggest the use of some of them. Textbooks and their use in the classroom environment are still a present-day research area, since some subjects lack an adequate pedagogical approach to provide the correct understanding of some specific topics being studied. One of those topics is Evolutionary Biology, which has not been adequately treated in many textbooks, probably because of its broad social and scientific implications. The aim of this work was to perform a review of the Evolutionary Biology content present in the textbooks suggested by the 2015 PNLD, in order to verify how the content of evolution has been approached in this teaching instrument in the public education of the Municipality of Barra do Garças, MT. The review was carried out in seven books suggested by the 2015 PNLD, through a quanti-qualitative analysis. The presence or absence of guiding definitions for the understanding of the content of evolutionary biology was observed and discussed. The definitions of natural selection and evolution stood out among the others, and were the most present in all the analyzed books. The definitions of common ancestry and phylogeny were absent in most of the analyzed books. We found that the way in which evolutionary biology is presented in some textbooks has been improved over the years, following some of the guidelines of the Diretrizes Curriculares Nacionais, which suggest that evolution is used as an integrating axis of science and biology teaching. However, some definitions, such as the concept of biological evolution itself, should be strictly explicit for the students, and we suggest that biology teachers should complement the subjects and provide the adequate definitions in the classroom environment. Keywords: Evolutionary Biology. Learning. Natural Selection. PNLD 2015.

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Escolas estaduais de ensino médio do município de Barra do Garças, MT, e as

respectivas coleções de livros didáticos de Biologia adotadas.................................................17

Tabela 2: Apresentada no livro 7, sobre teorias possivelmente concorrentes de surgimento da

diversidade biológica…............................................................................................................21

Tabela 3: Definições de Seleção Natural apresentados de maneira explicita nos livros

didáticos…................................................................................................................................22

Tabela 4: Incidência das definições de maneira explícita nos livros didáticos........................26

x

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................... 11

OBJETIVOS........................................................................................................................ 14

MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................................15

RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................ 17

A DEFINIÇÃO DE EVOLUÇÃO................................................................................19

A DEFINIÇÃO DE SELEÇÃO NATURAL................................................................21

AS DEFINIÇÕES DE FILOGENIA E ANCESTRALIDADE COMUM....................24

PRESENÇA E USO DAS DEFINIÇÕES NOS LIVROS DIDÁTICOS.......................25

TEMAS TRANSVERSAIS: ESPECIAÇÃO E DIVERSIFICAÇÃO..........................26 TEMAS TRANSVERSAIS:GEOLOGIA.....................................................................27

CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 30

APÊNDICE..........................................................................................................................33

ANEXO: LIVROS SUGERIDOS PELO PNLD 2015........................................................ 34

11

INTRODUÇÃO

O livro didático foi concebido como um recurso pedagógico dado ao seu

potencial alcance de uma fronteira antes não englobada pela educação. Sua distribuição

gratuita e garantida pela União representa o principal recurso de ensino utilizado no

Brasil. Em muitos casos, um dos poucos materiais de apoio didático disponível para

alunos e professores em nosso sistema de escolarização. Os professores podem usar o

livro didático associados às várias coleções didáticas, como apoio às atividades de

ensino-aprendizagem, e ainda como fonte bibliográfica (MEGID-NETO e

FRACALANZA, 2003 Apud. LOPES e VASCONCELOS, 2012). O livro didático é o

recurso pedagógico mais empregado em sala de aula e tem se mostrado como o

principal controlador do currículo escolar (FREITAG et al., 1989; HÖFFLING, 2000) e

legitimador de conteúdos (GOLDSTON e KYZER, 2009). Alvo de diversas pesquisas

(CHOPPIN, 2004), no livro didático estão contidos os conteúdos básicos que devem ser

abordados durante todos os anos do ensino básico no território nacional. O livro

didático é ainda um dos principais recursos impressos que os alunos do ensino público

têm acesso (RODRIGUES, 2011), tornando-os imprescindíveis e indissociáveis do

ambiente de sala de aula. Todavia, alguns assuntos de suma importância ainda carecem

de uma abordagem adequada para sua efetiva compreensão. Este é o caso da Evolução

Biológica (TOMOTANI e SALVADOR, 2017).

A abordagem da Evolução nos livros didáticos nacionais teve início a partir de

1930 (KOSWOSK et al., 2016). Uma vez que a Evolução constitui um tema central e

unificador na Biologia (BRASIL, 2006), desde esta introdução tal conteúdo tem sido

também analisado nos livros didáticos de ensino fundamental (TOMOTANI e

SALVADOR, 2017) e ensino médio (BIZZO, 1994). Em linhas gerais, essas análises

têm mostrado que os conteúdos sobre Evolução são descuidados na linguagem (BIZZO,

1994), e que os conteúdos são abordados de forma superficial ou fragmentada

(DALAPICOLLA et al., 2015). No ambiente escolar, é corriqueiro que os professores,

adequem os conhecimentos ao cotidiano dos estudantes. Porém, tal abordagem, caso

feita de maneira descuidada, pode acabar distanciando o conteúdo dos conhecimentos

científicos originais, gerando um mero repasse mecânico dos mesmos (BELLINI,

2006). Além disso, a resistência sofrida pelo ensino de Evolução devido a paradigmas

12

religiosos, o preparo precário de muitos professores, e até mesmo o desconhecimento da

própria Evolução são fatores limitantes para o ensino da Evolução (GOEDERT, 2004).

As Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio (DCNEM) foram formuladas

com diversas propostas pedagógicas, e uma delas é a adequação do currículo para que

os conteúdos sejam tratados de forma interdisciplinar (DCNEM, 2013). Os Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN) sugerem que o evolução biológica seja abordada de

forma interdisciplinar nas diferentes áreas, como citologia, genética, zoologia, fisiologia

e botânica (BRASIL, 2012). O PCN+ propõe seis temas estruturadores como principais

na área da Biologia, dando ênfase ao tema do presente estudo, que é o sexto abordado –

“Origem e evolução da vida”. Desta maneira, o PCN apresenta uma estratégia de como

abordar o tema, que seria por meio de debates para estabelecer a distinção das

concepções científicas e filosóficas, através de pesquisas feita pelos estudantes

(BRASIL, 2004). O Plano Nacional do Livro Didático (PNLD), que norteia a utilização

dos livros didáticos nas escolas públicas nacionais, segue os critérios sugeridos pelas

Diretrizes Curriculares Nacionais (PNLD, 2015).

Na elaboração no Plano Nacional do Livro Didático 2015, as obras foram

avaliadas por uma equipe de 37 professores da área de Biologia e Ensino de Biologia

que atuam na Educação Básica e nas Universidades de diversas regiões brasileiras

(PNLD, 2015). Essa equipe têm a função de avaliar os conceitos biológicos e

pedagógicos de cada obra (PNLD, 2015), e sugerir aqueles com melhor abordagem e

que podem ser adotados pelas escolas públicas nacionais. As coleções enviadas para

análises encontravam-se totalmente descaracterizadas, para garantir o anonimato desse

processo (PNLD, 2015). Cinco professores das áreas especificas da Biologia fazem uma

análise mais precisa dos conhecimentos biológicos para elaboração de um documento

da avaliação das coleções onde houve troca de experiências e reflexões para elaborar as

resenhas das obras aprovadas e, finalmente, o Guia do Livro Didático de Biologia

(PNLD, 2015). O objetivo desse Guia é expor as resenhas das obras para que as escolas

possam realizar a escolha do livro que acompanha o estudo dos alunos por três anos

(PNLD, 2015).

Considerando o exposto acima, fica claro que o livro didático possui papel

central na educação pública brasileira (VASCONCELOS; SOUTO, 2003). Portanto,

análises conceituais dos conteúdos presentes nos livros podem ser capazes de prover

direções e possíveis melhorias na prática do ensino-aprendizagem utilizando este

recurso pedagógico (FERREIRA; SELLES, 2003). Neste sentido, Selles e Ferreira

13

(2004) apresentam uma proposta de uma tripla dimensão pedagógica que envolve os

livros didáticos: orientam o currículo escolar, a ação didática, além de serem a fonte de

conhecimento para a própria formação continuada dos professores. Considerando esse

cenário, e a problemática envolvida com o ensino de Evolução Biológica nas escolas,

uma análise do conteúdo de biologia evolutiva nos livros didáticos sugeridos pelo

PNLD torna-se oportuna no cenário da educação brasileira atual.

14

OBJETIVOS

Objetivo Geral: O presente trabalho teve como objetivo analisar o conteúdo de Biologia

Evolutiva nos livros didáticos sugeridos pelo PNLD 2015 e adotados nas escolas de

ensino médio do município de Barra do Garças, MT.

Objetivos específicos:

• Compilar os livros de Biologia adotados pelas escolas públicas do Município de

Barra do Garças, MT;

• Identificar a incidência das definições norteadoras de evolução, seleção natural,

filogenia e ancestralidade comum; bem como dos temas transversais especiação,

diversificação e uso da geologia;

• Discutir a apresentação das definições e os possíveis equívocos de interpretações

que podem comprometer o conhecimento científico e a aprendizagem dos

estudantes.

15

MATERIAL E MÉTODOS

A análise dos livros foi realizada utilizando uma abordagem quanti-qualitativa.

Para o levantamento quantitativo acerca das coleções de livros didáticos, foi observada

em quantos e quais livros as definições são apresentadas de maneira clara e explícita.

Além disso, foi analisada a qualidade da informação apresentada, em termos científicos

e pedagógicos. Tais informações foram obtidas através de uma comparação das

definições apresentadas nos livros com as definições científicas utilizadas em Evolução

Biológica. Concomitantemente, fornecemos uma discussão da maneira como as

definições foram apresentadas e discutidas. Nesse sentido, nos baseamos na acuidade

científica utilizada na apresentação dos conceito, nos detalhes como as definições foram

apresentadas, na forma de apresentação em relação ao potencial aprendizado do aluno,

bem como possíveis equívocos de interpretação por parte dos mesmos. Os dados foram

coletados utilizando um questionário de referência para guiar a análise do conteúdo

(Apêndice 1).

Para a análise propriamente dita dos livros didáticos foram selecionados alguns

conteúdos considerados importantes no ensino de Evolução. Estes temas foram os

seguintes: a definição de Evolução, o mecanismo de atuação da Seleção Natural, a

definição de Filogenia e a representação da ancestralidade em comum entre os

organismos. Estes conteúdos foram resumidos de forma didática no Quadro 1, de forma

que pudessem ser comparados com aqueles apresentados nos livros didáticos, para

verificar se estavam de acordo com o conhecimento científico corrente sobre o assunto.

Além disso, avaliamos ainda outros temas transversais, centrais e importantes para a

compreensão da biologia evolutiva, que foram as definições acerca de especiação e

diversificação, bem como o uso da geologia para a complementação da compreensão da

evolução biológica.

16

Quadro 1: Definições em Biologia Evolutiva Tema Definição Fonte

Evolução Evolução significa descendência com modificação, ou

mudança na forma e no comportamento dos organismos ao

longo das gerações. As variações evolutivas dos seres vivos

ocorrem em um padrão de árvore, ramificado de acordo com

o surgimento das linhagens ao longo do tempo.

Ridley, 2006

Seleção Natural Seleção Natural é o processo pelo qual formas de organismos

de uma população que estão mais bem-adaptadas ao

ambiente aumentam em frequência relativamente as formas

menos bem-adaptadas, ao longo de uma série de gerações.

Ridley, 2006

Filogenia É um diagrama ramificado que mostra as relações evolutivas

entre espécies, de acordo com seus ancestrais comuns mais

recentes.

Ridley, 2006

17

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O município de Barra do Garças, localizada na região do Médio Araguaia de

Mato Grosso, com população de 58.974 habitantes (IBGE, 2010) conta com oito escolas

estaduais de ensino médio e uma escola de Ensino de Jovens e Adultos (EJA) (Tabela

1). Nós analisamos os livros de Biologia adotados por cada uma destas escolas, com

enfoque específico na apresentação dos conteúdos estritamente relacionados à Biologia

Evolutiva (Tabela 1). Tal abordagem foi adotada tendo em vista que as escolas

escolhem os livros didáticos baseada naqueles indicados pelo Plano Nacional do Livro

Didático PNLD 2015/2016/2017 (Anexo 1). A Tabela 1 apresenta as nove (9) escolas

onde se realizou a pesquisa, a modalidade de ensino da escola e livro adotado entre os

anos de 2015/2017.

Tabela 1: Escolas estaduais de ensino médio do município de Barra do Garças, MT, e

as respectivas coleções de livros didáticos de Biologia adotadas. Escolas Modalidade Referência utilizada na escola Editora

Escola Estadual Antônio

Cristino Cortes

Médio OSORIO, Tereza Costa. Ser

protagonista: biologia. 2.ed. Ed. SM,

São Paulo, 2013.

SM

Escola Estadual Dep

Norberto Schwantes

Médio OSORIO, Tereza Costa. Ser

protagonista: biologia. 2.ed. Ed. SM,

São Paulo, 2013.

SM

Escola Estadual Heronides

Araújo

Médio OSORIO, Tereza Costa. Ser

protagonista: biologia. 2.ed. Ed. SM,

São Paulo, 2013.

SM

Escola Estadual Irma Diva

Pimentel

Médio BRÖCKELMANN, Rita Helena.

Conexões com a Biologia. 1.ed. Ed:

Moderna, São Paulo,2013.

Moderna

Escola Estadual Marechal

Eurico Gaspar Dutra

Médio FAVARETTO, José Arnaldo. Biologia

unidade e diversidade. Vol 3. 1ª ed.

Ed.Saraiva, São Paulo, 2013.

Saraiva

Escola Estadual Francisco

Dourado

Médio OSORIO, Tereza Costa. Ser

protagonista: biologia. 2.ed. Ed. SM,

São Paulo, 2013.

SM

18

Tabela 1 (cont.) Escolas Modalidade Referência utilizada na escola Editora

Escola Estadual Nossa

Senhora da Guia

Médio Integral LINHARES, Sergio.

GEWANDSZNAJDER,

Fernando. Biologia. 2ª ed. Ed. Ática. São

Paulo, 2013.

Ática

Escola Estadual Prof.

Maria de Lourdes Hora de

Moraes

Médio AMABIS, Jose Mariano. MARTHO,

Gilberto Rodrigues. Biologia em

contexto. 1ª ed. Ed. Moderna. São Paulo,

2013.

Moderna

CEJA Profª Marisa

Mariano da Silva

EJA Ciência, transformação e cotidiano:

ciências da natureza e matemática ensino

médio: Educação de Jovens e Adultos.-

1.ed.- São Paulo: Global,2013.- (Coleção

Viver, Aprender)

Global

Como se percebe, nas nove escolas onde foi realizado o trabalho foram

utilizados sete livros diferentes. Além disso, é importante destacar que a escola “CEJA

Profª Marisa Mariano da Silva” adotou, no período, um livro não indicado pelo PNLD

(Anexo 1). Para facilitar a análise e menção aos livros no decorrer do trabalho,

apresentamos abaixo a lista de livros analisados conforme ordem alfabética:

• AMABIS, José Mariano. MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia em

contexto. Vol. 2. Ed. Moderna. São Paulo, 2013 (Livro 1).

• AMABIS, José Mariano. MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia em

contexto. Vol. 1. Ed. Moderna. São Paulo, 2013 (Livro 2).

• BRÖCKELMANN, Rita Helena. Conexões com a Biologia.

Ed.Moderna. São Paulo, 2013 (Livro 3).

• FAVARETTO, Jose Arnaldo. Biologia unidade e diversidade. Ed.

Saraiva. São Paulo, 2013 (Livro 4).

• LINHARES, Sérgio. GERWANDSZNAJDER, Fernando. Biologia

Hoje. Editora Ática. São Paulo, 2013 (Livro 5).

• OSORIO, Tereza Costa. Ser Protagonista. Ed. SM. São Paulo, 2013

(Livro 6).

• Viver, Aprender. Ed. Global. São Paulo, 2013 (Livro 7)

19

Também torna-se importante salientar que as escolas, geralmente, adotam a

coleção completa dos livros (do 1º ao 3º ano do ensino médio) e, portanto, a maioria dos

livros citados são do 3º ano, pois é onde o conteúdo de Evolução é majoritariamente

tratado. Contudo, os livros referidos como 1 e 2 na lista acima, pertencem ao 2º ano e 1º

ano do ensino médio, respectivamente, pois esta coleção aborda o conteúdo de forma

diferenciada.

A definição de Evolução

A definição de Evolução não foi apresentada no Livro 1 de maneira explícita.

Os autores apresentaram as ideias propostas por Darwin, relacionando com alguns

fatores evolutivos principais. Já no livro 2, é apresentado a definição de maneira

explícita, onde lê- se: A partir de meados do século XIX, principalmente graças aos trabalhos de Charles Darwin (1809-1882), ganhou força entre os cientistas a ideia de que os seres vivos evoluem, isto é, de que as espécies vivas se modificam ao longo do tempo, adaptando-se e originando novas espécies. Essa é a essência da teoria da evolução biológica (AMABIS; MARTHO, 2013, p. 51).

A definição de Evolução foi apresentada, de maneira explícita no Livro 3. A

autora define Evolução da seguinte forma: A evolução biológica é o conjunto de mudanças que ocorrem nos seres vivos ao longo do tempo. Essas mudanças podem ser de diversos tipos, incluindo moleculares (como o surgimento de uma nova enzima), fisiológicas (como as alterações metabólicas provocadas por essa nova enzima), morfológicas (como o surgimento de penas nas aves) e comportamentais (como o cuidado parental em mamíferos). As mudanças evolutivas dependem do surgimento, ao acaso, de variações, assim como das condições atuais do ambiente. Uma característica favorável em certas condições ambientais pode se tornar desfavorável em outras. Portanto, a evolução não apresenta uma direção preestabelecida nem é sinônimo de progresso (BRÖCKELMANN, 2013, p. 100).

A definição de Evolução também aparece de maneira explícita no Livro 4. O

autor a define da seguinte forma: “a evolução pode ser entendida como o conjunto de

mudanças das frequências de alelos” (FAVARETTO, 2013, p. 286). Em outros

momentos no texto o autor reforça a explicação: A palavra evolução é usada com os mais diversos significados. Na economia, na moda, na música ou na vida escolar; enfim, em diferentes contextos, evoluir pode significar progredir, melhorar, avançar em busca de um objetivo. Em biologia, evolução não tem sentindo e não decorre de um projeto preconcebido: evolução significa mudança (FAVARETTO, 2013, p. 306).

20

A definição de Evolução também aparece de maneira explícita no livro 5, onde

os autores a definem como: “A evolução pode ser definida como uma mudança, ao

longo do tempo, da frequência dos alelos de uma população” (LINHARES;

GEWANDSJDER, 2013, p. 141).

No livro 6, a editora responsável define Evolução da seguinte maneira: “Assim,

com o passar das gerações, a maior parte da população será portadora das variações

vantajosas dessas características. Essa mudança na composição da população é o que se

denomina evolução” (OSORIO, 2013, p. 137). Em outros momentos no texto ela

reforça a definição como: “[...] a evolução ocorre por descendência com modificação

[...]” (OSORIO, 2013, p. 165). E também como “A genética das populações dedica-se

ao estudo da evolução com base no estudo das mudanças da composição gênica de uma

população ao longo das gerações” (OSORIO, 2013, p. 153).

Segundo a definição norteadora de Ridley (2006), está correta a forma que os

autores definiram evolução nos livros didáticos mencionados acima. Para facilitar a

concepção e interiorização de definições complexos pelos estudantes, é aconselhável

que eles sejam apresentados de forma explícita e acompanhados de exemplos que

auxiliem na compreensão. É também muito interessante a forma como os autores do

Livro 4 e 6 reforçam as definições ao longo do texto para que não haja interpretações

equivocadas sobre as concepções básicas de evolução biológica. De modo geral, esse

tipo de abordagem é bastante útil para o aluno ao longo do processo de aprendizagem. O

autor do livro 1 não apresentou, em suas obras, a definição de evolução (Tabela 4). Para

facilitar o processo de aprendizagem, é recomendável que a definição de evolução esteja

escrita de forma explícita. Não apenas isso, mas apenas apresentar o conceito de forma

correta não significa que o processo de aprendizagem ocorra de maneira adequada. Por

exemplo, no Livro 5, a definição é apresentada de forma cientificamente coerente, mas

com uma linguagem e simplicidade que pode não ser a mais conveniente para o

aprendizado dos estudantes que estão entrando em contato com o conceito pela primeira

vez.

No livro 7, os autores apresentam, de forma resumida, as teorias evolutivas, e

no final do capítulo no formato de uma tabela (reproduzida abaixo, Tabela 2) somente

com diferenças e semelhanças entre três teorias potencialmente concorrentes sobre o

surgimento da diversidade biológica (p. 448). O livro não aborda de maneira detalhada e

discutida, por meio de exemplos, a definições de evolução, seleção natural, filogenia, ou

os temas conexos de geologia. Dessa forma, imaginamos que, apesar da tentativa de

21

expor diferentes teorias evolutivas e a maneira como a ideia sobre evolução se

modificou ao longo da História, tal livro comete equívocos ao não transmitir o

conhecimento de maneira integrada aos estudantes.

Tabela 2: Tabela apresentada no livro 7, sobre teorias possivelmente concorrentes de

surgimento da diversidade biológica.

Lamarckismo Darwinismo Neodarwinismo

Ambiente É o agente causador das modificações. Uma alteração no meio

ambiente provoca o aparecimento de novas

características que permitem a adaptação a

esse ambiente. Essa relação está explicitada na lei do uso e desuso e na lei

das transmissões dos caracteres adquiridos.

É o agente que no processo de seleção natural

determina os seres vivos que sobrevivem e os que

são eliminados.

Quando há uma alteração do ambiente, as populações portadoras de genes que

originam variações favoráveis são naturalmente selecionadas

por esse ambiente,

Variabilidade genética

Mecanismo de evolução

Não acontece. De acordo com a teoria, novas

espécies aparecem por evolução, devido à perda

ou ao ganho de características por

necessidade do ser vivo. Advindos do ambiente e

das necessidades dos seres vivos.

Ocorre dentro da mesma espécie, gerando o

aparecimento de seres vivos diferenciados em

relação aos pais.

A seleção natural dos seres vivos permite a

sobrevivência daqueles com as características mais

favoráveis para determinado ambiente e a

sua reprodução.

A existência de variabilidade genética dentro da mesma

espécie possibilita a atuação da seleção natural.

É semelhante ao darwinismo, pois também defende a

seleção natural das espécies e a sobrevivência daqueles com

as melhores características para determinado ambiente.

Transmissão das

características

Os pais transmitem aos descendentes as

características adquiridas.

As características surgidas ao acaso, se aprovadas pela

seleção natural, são herdadas dos antepassados

e passadas para os descendentes.

É semelhante ao darwinismo, mas afirma que a seleção

natural atua sobre o material genético dos indivíduos de

uma população.

A definição de Seleção Natural

A definição de Seleção Natural é apresentada de maneira explícita pela maioria

dos autores, como mostrado na Tabela 3.

22

Tabela 3: Definições de Seleção Natural apresentados de maneira explicita nos livros

didáticos.

Livro Definição

01 “A seleção natural implica a reprodução diferencial dos indivíduos de uma população, em

que os mais bem adaptados têm maior chance de deixar descendentes”.

03 “Os indivíduos com características mais favoráveis as condições do meio têm mais

chances de sobreviver e deixar descendentes, que herdarão tais características”.

04 “O ambiente atua sobre a diversidade intraespecífica, selecionando os mais adaptados,

que sobrevivem e se reproduzem”.

05

06

06

“A seleção natural é uma reprodução diferencial, ou seja, uma consequência do fato de

indivíduos com genótipos diferentes terem sucesso reprodutivo distinto”.

“Segundo esse princípio, os organismos com características mais vantajosas no ambiente

em que se encontram teriam maiores possibilidades de sobreviver e de reproduzir-se. A

prole desses organismos herdaria essas características vantajosas. Esse processo se

repetiria ao longo das gerações, podendo levar a melhor adaptação ou à formação de

novas espécies”.

“Durante o processo de evolução, a seleção atua sobre a variabilidade existente nas

populações, favorecendo os indivíduos que, em relação ao restante da população,

apresentam características hereditárias mais vantajosas num ambiente. Esses indivíduos

têm mais chances de sobreviver e de se reproduzir com sucesso, deixando um número

maior de descendentes ao longo das gerações. Isso significa que são selecionados os

organismos mais adaptados ao contexto ecológico em que vivem, o que inclui desde

adaptações aos aspectos físicos do ambiente, como clima e altitude, até adaptações

relacionadas ao comportamento e as relações desses organismos entre si e com seres de

outras espécies”.

Uma compreensão adequada da seleção natural deve envolver o

reconhecimento de que ela funciona como um processo que ocorre dentro das

populações, e ao longo de muitas gerações. A maneira como os autores livro 1

definiram o conteúdo pode gerar confusões levando a interpretações errada dos alunos.

O termo adaptação pode ser corretamente usado tanto como uma característica de uma

população quanto do indivíduo. Porém, tal distinção é difícil de ser realizada,

principalmente para estudantes que estão sendo introduzidos aos conceitos. Nesse caso,

ela é utilizada como uma característica do indivíduo, mas como a seleção natural, ao

longo do tempo, também gera adaptações (em nível populacional), geralmente seria

adequado substituir o termo “adaptação do indivíduo” por “características”.

23

No livro 3, a definição é curta e simples, e não vem acompanhada de exemplos

que possam auxiliar na sua compreensão.

Na definição do livro 4, ocorre um problema similar ao mencionado acima

para o livro 1. Uma boa estratégia seria, ainda, acrescentar que isso ocorre ao longo das

gerações para terminar a definição e deixá-la mais clara do ponto de vista evolutivo.

A maneira que é apresentado a definição no livro 5 está parcialmente correto,

visto que limita-se a falar de reprodução diferencial, quando na realidade a seleção

natural é sobrevivência e reprodução diferenciais. Além disso, pode ser cientificamente

incoerente afirmar que tal reprodução diferencial é uma consequência direta e exclusiva

do fato de que os indivíduos possuem “genótipos” diferentes, visto que isso não

necessariamente significaria um fenótipo diferente que favoreceria sobrevivência e

reprodução.

Já no livro 6, a primeira definição que a autora faz é bem didática e completa.

Porém, a afirmação de que poderia ocorrer a formação de novas espécies pode gerar,

nos estudantes, a ideia de que poderiam surgir novas espécies totalmente diferentes, sem

que o processo pelo qual isso aconteceria esteja claro. Da maneira como ela coloca, com

“espécies” no plural, exigiria a inclusão de que algum tipo de interrupção do fluxo

gênico, entre duas ou mais populações, deveria ocorrer de forma que a seleção atuaria

modificando as características dessas populações (mesmo que em simpatria). Por outro

lado, ela poderia estar se referindo ao processo de anagênese (modificação dentro de

uma mesma linhagem, ao longo das gerações) e não cladogênese (separação de

linhagens ao longo das gerações, com interrupção do fluxo gênico). Se fosse esse o

caso, mais conceitos ainda deveriam ser explicados, o que poderia gerar mais

problemas. Talvez uma sugestão para melhorar essa parte seria simplesmente excluir a

possibilidade de formação de novas espécies, ou explicar, de forma mais completa, para

que o processo de especiação seja compreendido. Já na segunda definição, a explicação

é coerente, e fundamental para a compreensão dos alunos.

A definição de Seleção Natural foi a mais presente de forma explícita quando

levamos todos os livros em consideração (Tabela 4), até mesmo mais do que a da

própria Evolução em si.

24

As definições de Filogenia e Ancestralidade Comum

A definição do Livro 1 explica o que é uma árvore filogenética da seguinte

maneira: Uma árvore filogenética, ou árvore evolutiva, é um diagrama ramificado que indica relações de parentesco evolutivo entre grupos de seres vivos, ou seja, sua filogenia. Ao escolher qualquer espécie atual e “descer” pelo ramo que a originou, chegamos, depois de muitas e muitas bifurcações, o tronco primitivo ancestral, representado pelos primeiros seres que habitaram a Terra. As bifurcações ao longo do caminho correspondem aos pontos em que novas linhagens se diversificaram, indicando as relações de parentesco evolutivo entre elas. Por exemplo, ao descer pelo ramo evolutivo de nossa própria espécie, chegamos a uma bifurcação, correspondente ao ancestral que originou os chimpanzés, os bonobos e os seres humanos atuais. Acredita-se que essa ramificação da arvore ocorreu entre 7 milhões e 8 milhões de anos atrás. Descendo ainda mais, atingimos a ramificação correspondente à diversificação da espécie réptil que originou as aves e os mamíferos. Supõe-se que essa bifurcação da arvore da vida aconteceu há mais de 300 milhões de anos (AMABIS; MARTHO, 2013, p. 243).

Desta forma, a definição dos conteúdos de filogenia e árvore filogenética foi

feita por meio de um exemplo e da interação com a figura apresentada no livro didático.

É importante que haja instruções de como interpretar essas filogenias após a

apresentação do conteúdo no texto. No decorrer da definição, contudo, um novo termo é

apresentado, “linhagens” e seria prudente que o aluno saiba diferenciar linhagens de

espécies.

A editora do Livro 3 no subtítulo de “Ancestralidade comum” não define

árvore filogenética, mas em uma ilustração ela explica:

Relações evolutivas entre grandes primatas (família Hominidae). O cladograma, ou árvore filogenética, é a representação adotada atualmente para expressar a relação de parentesco entre espécies diferentes. Cada nó representa um ancestral comum hipotético, que originou os grupos representados pelos ramos que partem dele (BRÖCKELMANN, 2013, p. 101).

A editora deveria, além da utilização da imagem, apresentar esse conteúdo

explicitamente no texto. Apesar das ilustrações serem essenciais para o aprendizado na

utilização do livro didático, definição chave devem ser tratados de maneira clara no

texto. Assim, quando a ilustração é a única fonte de tal definição, se não correlacionada

com o texto de maneira eficiente, muitas vezes a ideia pode passar despercebida, e a

definição poderá ficar disperso ao longo do livro didático.

Nos livros 2, 4, 6 e 7 os autores não apresentaram as definições de filogenia e

ancestralidade comum (Tabela 4). Isto evidencia que os livros didáticos de ensino

25

médio, quando tratando do tema da biologia evolutiva, geralmente ignoram as filogenias

ou as apresentam superficialmente. Ainda, de modo geral, não há instrução de como

interpretar as filogenias. Isto se torna problemático no processo de aprendizagem dos

estudantes, visto que ancestralidade em comum é um conteúdo central da biologia

evolutiva. Entender que os organismos mudam ao longo do tempo, por meio da seleção

natural (ou os outros mecanismos evolutivos), e que isso gera o padrão de ramificação

da vida no planeta (ancestralidade comum dos organismos), é fundamental para o

entendimento da biologia evolutiva. Desta maneira, definir tais conceitos científicos no

processo de ensino, e explicitamente nos livros didáticos, é essencial para não

comprometer a compreensão do tema (CARNEIRO, 2004).

No livro 5 os autores definem: a árvore representa a visão que Darwin tinha sobre a história da vida: todas as espécies estão relacionadas entre si e evoluíram a partir de um ancestral comum (um tronco comum), com as espécies atuais nas pontas dos galhos da árvore (LINHARES; GEWANDSJDER, 2013, p. 110).

Foi utilizada a metáfora de uma árvore, importante para explicar as ideias de

Darwin, visto que esse conceito, de árvore da vida, permanece atual e central. Contudo,

ao julgar pela imagem apresentado, é possível que os discentes possam desenvolver

uma ideia equivocada da definição. Levando em consideração que essa ilustração é a

única utilizada pelo autor, tal imagem não é insuficiente para explicar e contextualizar o

que a ancestralidade em comum representa, demonstrando que existe ainda algumas

lacunas na definição no livro 5.

Presença e uso das definições nos livros didáticos

Ao observar, acima, a presença, forma de apresentação, e utilização das

definições de Evolução, Seleção Natural, Filogenia e Ancestralidade comum, alguns

padrões podem ser levados em consideração. Antes de mais nada, é evidente que nem

todos os livros apresentam todas as definições de forma explícita (Tabela 4). Além

disso, quando presentes, as definições muitas vezes carecem de aprofundamento teórico

e, geralmente, melhores exemplos e contextualizações por parte dos autores dos livros.

Isso se configuraria como uma estratégia pedagógica mais eficiente para que a simples

compreensão das definições em biologia evolutiva não seja um fator limitante que

dificulte o aprendizado dos estudantes.

26

Além do papel dos autores dos livros, na tentativa de contornar esses problemas

de presença e apresentação das definições, é importante também ressaltar o papel que os

professores possuem em sala de aula. Muitos possíveis problemas de aprendizagem

causados pela leitura de definições incorretas ou incompletas podem e devem ser

sanados pelo professor, que claramente possui papel mais importante que os livros no

ambiente escolar. Desta forma, ressaltamos tal papel do professor no ensino da evolução

biológica no Ensino Médio, e sugerimos que os professores de biologia complementem

em sala de aula as fragilidades pontuadas em relação ao conteúdo presente nos livros.

Tabela 4: Incidência das definições de maneira explícita nos livros didáticos.

Conceito Livro 1 Livro 2 Livro 3 Livro 4 Livro 5 Livro 6 Livro 7

Evolução Ausente Presente Presente Presente Presente Presente Ausente

Seleção Natural Presente Ausente Presente Presente Presente Presente Ausente

Filogenia Presente Ausente Presente Ausente Presente Ausente Ausente

Ancestralidade

Comum

Presente Ausente Ausente Ausente Presente Ausente Ausente

Temas transversais: especiação e diversificação

Todos os livros, de uma forma ou de outra, tratam sobre a origem de novas

espécies e sobre a diversidade da vida. Alguns definem o surgimento de novas espécies

como especiação. No livro 1, a definição aparece da seguinte forma:

A formação de novas espécies de seres vivos – fenômeno denominado especiação - é uma etapa fundamental do processo evolutivo. De acordo com a linha de pensamento predominante atualmente, as espécies surgem normalmente por diversificação de populações de uma espécie ancestral, que se mantêm isoladas no território, o que se denomina isolamento geográfico (AMABIS; MARTHO, 2013, p. 245).

Já no livro 3, a especiação aparece como “o processo de formação de espécies

é chamado especiação” (BRÖCKELMANN, 2013, p. 131).

Já no livro 5, a definição é dada “(...) especiação, isto é, a formação de novas

espécies” (LINHARES; GEWANDSJDER, 2013, p. 144).

No livro 6, a definição é apresentada no tópico do livro chamado de

especiação: Especiação é a formação de duas ou mais espécies a partir de uma espécie ancestral. Como visto no tópico anterior, a deriva genética e a seleção natural

27

originam mudanças genéticas em uma população que podem produzir duas ou mais linhagens diferentes de uma mesma espécie. Dependendo do tipo de variação entre as linhagens, podem continuar a ocorrer cruzamentos entre os indivíduos, com a produção de descendentes férteis. Assim, embora diferentes, as linhagens se mantêm como uma única espécie. A especiação ocorre quando duas ou mais linhagens de uma espécie apresentam diferenças genéticas que se expressam de forma a impedir o cruzamento e o sucesso reprodutivo entre elas, ou quando alguma circunstância, como a distância geográfica entre os indivíduos de uma população, favorece essas consequências. Nessas situações, a espécie ancestral pode dar origem a duas ou mais espécies (OSORIO, 2013, p. 160).

Em outro momento no capítulo, ela reforça a definição, como: “especiação

referem-se especificamente a formação de novas espécies por cladogênese” (OSORIO,

2013, p. 164).

Como pode ser visto, os conceitos de surgimento de novas espécies e linhagens

não aparecem em todos os livros (livros 2, 4 e 7 não abordaram o assunto), o que é um

problema, visto que para se compreender modificação ao longo do tempo (evolução),

em um padrão ramificado (ancestralidade em comum), é imprescindível que se

compreenda o surgimento de novas espécies e linhagens. A definição dada no livro 6 e

ilustra de maneira concisa e eficiente a abordagem do assunto, embora coerentes, as

definições que aparecem nos outros livros são simplificadas e pouco informativas.

Temas transversais: geologia

Todos os livros apresentaram a importância da geologia para o estudo da

evolução biológica, principalmente em relação aos fósseis e estruturas homólogas. A

apresentação deste conteúdo, na maioria dos livros, ocorre logicamente, de forma

correlacionada com a paleontologia, o que acreditamos ser um aspecto interessante.

Por exemplo, nos livros 1, 3, 5, e 6 são apresentadas imagens contendo o tempo

geológico e os principais eventos geológicos e tectônicos que marcaram a vida na Terra.

Além disso, o livro 6 também se destaca por possuir a abordagem das profissões do

geólogo e do paleontólogo. Já os livros 2, 4 e 7 não possuem uma imagem do tempo

geológico, o que dificulta a compreensão da escala de tempo necessária para a

introdução de conteúdos evolutivos.

No livro 5, os autores tratam de geologia e também filogenia de forma

concomitante: A paleontologia (palaios= antigo; ontos= ser; logos= estudo; estudo dos fósseis) fornece importantes dados sobre a história evolutiva de uma espécie, isto é, sobre sua filogenia ou filogênese (phylon= grupo; genos= origem). Além disso, contribui com valiosas informações sobre espécies extintas. Para isso usa métodos e dados de várias outras ciências, como a Geografia, a

28

Geologia, a Química e a Biologia, etc. De acordo com a teoria da evolução, espera-se que os fósseis mais semelhantes as espécies atuais sejam encontradas nas camadas mais superficiais (recentes) do terreno examinado. Espera-se também encontrar fósseis de organismos de transição entre grupos com um ancestral comum mais recente, como aves e dinossauros, peixes e anfíbios, etc (LINHARES; GEWANDSJDER, 2013, p. 157).

A maneira com que os autores apresentam é de forma integradora com outras

disciplinas, como geografia, química e geologia. Isto é desejável, visto que seguiriam as

orientações da Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) que propõe que a biologia

evolutiva seja abordada de forma interdisciplinar (MEC, 2013). A explicação de

evolução biológica usando geologia possui o potencial de facilitar o aprendizado, visto

que introduz a escala temporal necessária.

29

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados encontrados, nesta pesquisa, mostram que muitas definições

relacionadas à biologia evolutiva ainda necessitam ser aprimoradas nos livros didáticos

do Ensino Médio. Os livros que se destacaram por possuírem as definições norteadoras

foram os livros 1, 5 e 6. O livro 5 se destaca por apresentar os conceitos de forma

explícita, e por trazer a biologia evolutiva como eixo unificador citando outras áreas da

biologia, como a paleontologia e geologia. Ambos os autores dos livros 3 e 4 deixam de

apresentar a definição norteadora filogenia e ancestralidade comum, mas abordaram, de

forma explícita, a seleção natural e a evolução. Assim, podemos também destacar o

livro 6 que reforça o conceito de seleção natural e evolução de forma coerente e

explícita.

Os livros didáticos devem oferecer um suporte mínimo para os estudantes

buscarem o conhecimento. Os dois conceitos norteadores presentes na maioria dos

livros foram evolução e seleção natural. Os demais estão parcialmente ausentes, como

os conceitos de filogenia e ancestralidade comum que estiveram presentes em apenas

três. Tal padrão é claramente problemático, visto que a apresentação da evolução e da

seleção natural sozinhas, sem ancestralidade em comum para nortear a compreensão das

mudanças evolutivas ao longo do tempo, pode comprometer a assimilação do conteúdo

pelos estudantes.

De modo geral, comparado com estudos anteriores que avaliaram livros

didáticos brasileiros, é aparente que eles apresentaram melhorias na sua qualidade em

relação aos conteúdos de evolução. O Plano Nacional do Livro Didático apresenta

novas sugestões para melhoria do conteúdo apresentado nos livros a cada três anos, e

talvez isso seja um dos motivos pelos quais esse conteúdo foi aprimorado ao longo do

tempo. Por meio desse Trabalho de Conclusão de Curso observamos que alguns livros

estão mais completos e unificando a biologia evolutiva com outras disciplinas,

tornando-a um eixo unificador como sugerido pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e

Plano Nacional do Livro Didático. Entretanto, as principais definições norteadoras da

Evolução Biológica devem estar explícitas para os estudantes, de forma que a simples

compreensão das definições não seja um fator limitante do aprendizado. Neste sentido,

além da melhoria do conteúdo dos livros em edições subsequentes, ressaltamos também

o papel do professor de biologia, que deve complementar em sala de aula as fragilidades

pontuadas em relação ao conteúdo de Biologia Evolutiva.

30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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31

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didáticos do Ensino Fundamental brasileiro. Pesquisa e Ensino em Ciências Exatas e da

Natureza, 1(1): 5-18. 2017.

33

APÊNDICE

Apêndice 1: Questionário utilizado para a análise de dados

1.Tema: Evolução

a) Em algum momento a definição está explícita? O que é evolução

para esse autor? Se estiver explícita colocar a definição. Existe

algum equívoco?

2. Seleção Natural

a) Em algum momento a definição e o mecanismo de atuação da

Seleção Natural está explícito? O que é Seleção Natural para esse

autor? Se estiver explícita colocar a definição. Existe algum

equívoco?

3. Filogenia e Ancestralidade em Comum

a) Em algum momento a definição de Filogenia está explícita? Se

estiver explícita colocar a definição. Existe algum equívoco?

b) Em algum momento a definição de Ancestralidade Comum está

explícita? Se estiver explícita colocar a definição. Existe algum

equívoco?

c) Filogenia é de alguma forma correlacionada com a apresentação da

definição de ancestralidade Comum?

Tema: Especiação e Diversificação

a) O livro fala sobre origem de novas espécies?

b) E sobre a diversidade da vida? Como ele explica o surgimento de

novas espécies?

Tema transversais: Geologia

a) O livro introduz conceitos básicos geologia? Se sim, quais? Existe

algum equívoco?

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ANEXO

Anexo 1: Livros sugeridos pelo PNLD 2015

Livro 1

Nome: Biologia hoje

Autor: Sérgio de Vasconcelos Linhares; Fernando Gewandsznadjer

Editora: Ática

Ano: 2ª Edição de 2013

Coleção: Tipo I

Livro 2

Título: Bio

Autor: Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes; Sergio Rosso.

Editora: Saraiva

Ano: 2ª Edição de 2013

Coleção: Tipo I

Livro 3

Nome: Biologia em contexto

Autor: José Mariano Amabis; Gilberto Rodrigues Martho

Editora: Moderna

Ano: 1ª Edição de 2013

Coleção: Tipo I

Livro 4

Nome: Biologia

Autor: Vivian Lavander Mendonça

Editora: AJS

Ano: 2ª Edição de 2013

Coleção: Tipo I

Livro 5

Nome: Biologia

35

Autor: César da Silva Júnior Sezar Sasson; Nelson Caldini Júnior

Editora: Saraiva

Ano: 11ª Edição de 2013

Coleção: Tipo I

Livro 6

Nome: Biologia unidade e diversidade

Autor: José Arnaldo Favaretto

Editora: Saraiva

Ano: 1ª Edição de 2013

Coleção: Tipo I

Livro 7

Nome: Conexão com a Biologia

Autor: Rita Helena Bröckelmann

Editora: Moderna

Ano: 1ª Edição de 2013

Coleção: Tipo I

Livro 8

Nome: Novas bases da Biologia

Autor: Nélio Marco Vicenzo Bizzo

Editora: Ática

Ano: 2ª Edição de 2013

Coleção: Tipo I

Livro 9

Nome: Ser protagonista - Biologia

Autor: Márcia Regina Takeuchi; Tereza Costa Osorio

Editora: SM

Ano: 2ª Edição de 2013

Coleção: Tipo I