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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CURSO DE AGRONOMIA EFEITO DA APLICAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS HÚMICAS VIA FOLIAR EM PARÂMETROS BIOMÉTRICOS DA SOJA (Glycine max) Rodrigo Porto Souza Barra do Garças/MT Outubro/2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS …bdm.ufmt.br/bitstream/1/665/1/TCC_2018_Rodrigo Porto Souza.pdf · amigo tão especial ao qual posso contar em todos os momentos, ao meu

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO ARAGUAIA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

CURSO DE AGRONOMIA

EFEITO DA APLICAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS HÚMICAS VIA FOLIAR EM PARÂMETROS BIOMÉTRICOS DA SOJA (Glycine max)

ACADÊMICO: Rodrigo Porto Souza

ORIENTADOR: Prof. Dr. Milton Ferreira de Moraes

CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Carlos Leandro R. do Santos

Trabalho de Curso (TC) apresentado ao Curso de Agronomia do ICET/CUA/UFMT, como parte das exigências para a obtenção do Grau de Bacharel em Agronomia.

Barra do Garças/MT

Outubro/2018

i

ii

OFEREÇO

À Deus e a minha família

Por estarem sempre comigo em momentos bons e momentos ruins me apoiando me

dando forças para sempre continuar e nunca desistir dos meus sonhos e objetivos

de vida.

Dedico

A minha amada esposa Josiane Ribeiro de Paulo e ao meu filho João Lucas Porto

de Paulo, aos meus pais Severino Miguel de Souza e Vilma Porto Souza ao meu

sogro e sogra Valdomiro Francisco de Paulo e Terezinha de Jesus R. da Costa

Paulo, e aos meus irmãos Solange Porto Souza, Ronis Porto Souza, Rosangela

Porto Souza, meus sobrinhos João Arthur Porto ao meu pastor Elias Barbosa de

Melo, aos quais me deram total suporte e apoio para que eu obtivesse essa grande

conquista sem os quais seria impossível conseguir tal feito.

iii

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar ao Senhor Deus todo poderoso manifesto em três

pessoas Pai, Filho e Espirito Santo, pelo dom da Vida, e a oportunidade que me concedeu

de estar nessa caminhada rumo ao saber pela dadiva de poder acordar todos os dias

crendo que o melhor ainda está por vim nunca desfalecendo o ânimo e a fé.

Em especial gostaria de agradecer grandemente a minha querida e amada esposa,

Josiane Ribeiro de Paulo ao qual esteve ao meu lado todos os dias da academia sendo uma

esposa virtuosa amiga companheira compreensiva, pois por muitas e muitas vezes tive que

deixa-la sozinha em casa e me ausentar para poder suprir as necessidades e demandas do

meu curso, como estudos para provas em grupos trabalhos acadêmicos viagens a

congressos e simpósios em fim toda uma gama de eventos ao qual me impedia de estar

presente em muitas horas do dia e dos finais de semana.

Ao meu filho João Lucas Porto de Paulo, razão pela qual levanto todas as manhas

animado para lutar por meus sonhos, e poder galgar um futuro com melhor estabilidade

financeira para ele e minha família, meu muito obrigado, e minhas sinceras desculpas por

não ter e não ti dar o tempo que você merece de atenção pois os afazeres acadêmicos de

chefe de família as vezes me consome como neste momento que estou escrevendo esses

agradecimentos e você aqui do meu lado na minha mesa me olhando com seu olhar de

ternura e amor dizendo pai brinca comigo, muito obrigado filho pela paciência e

compreensão.

Meus sinceros agradecimentos a minha mãe e ao meu pai, meu pai em especial que

sendo meu sócio em nossa pequena empresa de prestação de serviço sempre esteve a

frente na fazenda quando por motivos estudantis não podia ir me auxiliando em muitas

coisas incentivando sempre, você o meu grande incentivador desde de muito pequeno a

estudar e ser alguém na vida se estou na área rural hoje e por incentivo seu meu pai meu

eterno agradecimento.

Ao meu Sogro Valdomiro, meu muito obrigado quantas e quantas vezes o senhor me

ajudou em tantas situações sempre acreditou em mim e em minha capacidade tenho o

senhor como meu segundo pai, a mais alta estima e amizade e gratidão e admiração a

pessoa do senhor serei eternamente grato por tudo que o senhor faz por min e minha família

espero poder um dia retribuir ao senhor todo afeto amor e dedicação que tem por nós, a

minha sogra Terezinha que sempre me tratou como um filho sempre com muita ternura

bondade e carinho por mim.

iv

Agradeço também grandemente ao meu pastor Elias Barbosa de Melo e sua família

por me apoiar em tudo e em todas as situações me sustentando em orações conselhos

conforto espiritual muito obrigado meu amado pastor que o Senhor retribua infinitamente

mas o que o senhor tem ministrado em minha vida e de minha família, a todos os irmãos da

Igreja de Deus no Brasil ao qual me cobrem de oração e incentivos na vida, são muitos

irmãos para citar aqui todos são especiais mas agradeço a todos os meus irmãos de igreja

na pessoa do irmão Cristiano dos Santos Oliveira obrigado meu irmão por estar sempre do

meu lado dedico a todos da família IDB.

Agradeço grandemente aos meus amigos e não colegas de faculdade Inocêncio

Borges Neto, como você me ajudou meu amigo nos primeiros dias de aula ao qual estava

muito tempo sem estudar e você com paciência me ensinou tanta e tantos conteúdos meu

muito obrigado meu amigo eterna gratidão amizade pra vida toda, ao meu amigo André

Regis Peres Itacarambi, amigo para a vida inteira pela parceria cumplicidade, ao meus

estimado amigo José Ricardo Marques, por me auxiliar em tantas coisas e por ser esse

amigo tão especial ao qual posso contar em todos os momentos, ao meu grande amigo

Gabriel Souza vulgo goiano, muito obrigado meu amigo pela força e amizade, obrigado

pelas aulas de mecânica finais e finais de semanas a fio até consegui passar na matéria,

agradeço por tudo em fim são tantos os amigos e colegas da academia, agradecimento aos

meus amigos do Elite AGRO, Eloir Brunetta, Michelson, Carlos Valin, Samuel Matias,

Denner França, Hiltonnis, Renata Costa minha querida amiga, meu amigo Marcus Vinicius

vulgo castor, meu amigo Antônio Carlos vulgo 300, Mauricio Peres Lineker Matheus,

Francisco Neto vulgo chicão, Vitor Batista em fim são companheiros dessa longa jornada de

aprendizado.

Um agradecimento mais que especial ao meu orientador professor Dr. Milton Moraes

caríssimo mestre e valioso amigo ao qual tenho grande respeito admiração e meu

coorientador Dr. Carlos Leandro, obrigado pela paciência estima e transmissão do

conhecimento pelas nossas longas conversas sobre nutrição de plantas projetos e outros

assuntos pertinentes foram sem sombra de dúvida conversa valorosas, gostaria de estender

meus agradecimentos a estimada professora Dr. Suzana Melo ao qual tenho grande estima

e admiração ao professor Dr. Sidnei Roberto de Marchi ao qual tenho grande apresso e

admiração, ao professor Dr. Glauco Vieira, muito obrigado pelo auxilio em tudo, ao professor

Dr. Laercio meu muito obrigado, ao estimado mestre Dr. Euro Detormini muito obrigado, ao

professor Dr. Devanir Murakami muito obrigado pelo ensino dedicação e amizade preciosa.

Gratidão ao técnico de Laboratório de fertilidade de solos, Bomfim por nos receber e

tratarmos tão bem sempre com muita cordialidade e educação muito obrigado.

v

Agradeço a todos os membros da Universidade Federal de Mato Grosso - Campus

Araguaia, responsáveis por esta instituição de ensino.

Aos componentes da banca examinadora que abriram mão de seu precioso tempo

para avaliar meu conhecimento e o trabalho, perante o curso de Agronomia, recebam

respeitosamente os sinceros agradecimentos.

vi

SUMÁRIO

Página

RESUMO E PALAVRAS-CHAVE.................................................................................... 1 ABSTRACT E KEYWORDS............................................................................................ 2 1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 3

2. REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................................... 4

3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................................ 9

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................. 12

5. CONCLUSÕES........................................................................................................... 16

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 17

vii

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1- Descrição dos Tratamentos..........................................................................

9

Tabela 2- Doses aplicadas do produto em cada tratamento........................................ 10

Tabela 3- Médias dos parâmetros biométricos da soja em resposta a aplicação de

substâncias húmicas via foliar.......................................................................................

12

Tabela 4- Médias dos parâmetros biométricos da soja, em resposta a aplicação de

substâncias húmicas via foliar.......................................................................................

14

1

RESUMO

A cultura da soja tem grande importância mundial em várias cadeias produtivas,

desde a produção de matéria prima até derivados de alta rentabilidade. Assim, possui

relevância para a manutenção da qualidade de vida de boa parte da população mundial.

Dessa forma, há necessidade de incrementos em produtividade. Objetivou-se avaliar o

efeito da aplicação de substância húmica na soja, por meio de seus parâmetros biométricos.

Para isso, foi conduzido um experimento no campo utilizando o delineamento em blocos

inteiramente casualizados composto por 4 blocos e 5 tratamentos. Os tratamentos foram:

doses de substâncias húmicas do produto comercial Ativa Humic (Alternativa Agrícola) em

diferentes estádios, sendo T1 (grupo controle), T2 1 L ha-1 em V4; T3 2 L ha-1 em V4; T4 0,5

L ha-1 em V4 + 0,5 L em R1 e T5 1 L ha-1 em V4 + 0,5 L em R1. Avaliou-se os seguintes

parâmetros biométricos: número de vagens com 1, 2, 3 e 4 grãos, peso de vagem, número

de folhas superiores e inferiores, peso de caule, peso úmido e seco, produtividade em kg ha-

1e sacas ha-1, peso seco com mais 13% de umidade e teor de clorofila nas folhas. Os dados

foram analisados pelo teste de F e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de

Scott Knott a 5% de probabilidade. Não houve diferença estatística entre os tratamentos,

excetuando-se a influência dos mesmos no número de vagens com 3 grãos e peso de

vagem, no entanto, as menores médias foram 31,7; 1,12; 0,93; 2609,0; 43,4; 1,05; 15,4 e as

maiores foram 36,7; 1.40; 1.18; 3314,7; 55,2; 1,34 e 22,5 respectivamente para as variáveis

peso de caule, peso úmido, peso seco, produtividade (kg ha-1), produtividade (sacas ha-1),

peso seco mais 13% de umidade e teor de clorofila. Por sua vez, nas condições em que o

experimento foi conduzido não se justifica a aplicação de substâncias húmicas via foliar,

pois não houve expressividade para a produção e nem produtividade.

Palavras-chave: Produtividade, Ácidos Húmicos e Fisiologia.

2

ABSTRACT

Soybean cultivation has great worldwide importance in several production chains, from the

production of raw material to highly profitable derivatives. Thus, it has relevance for the

maintenance of the quality of life of a large part of the world population. Thus, there is a need

for increases in productivity. The objective of this study was to evaluate the effect of the

application of humic substance to soybean, through its biometric parameters. For this, an

experiment was conducted in the field using a completely randomized block design

composed of 4 blocks and 5 treatments. The treatments were: doses of humic substances of

the commercial product Ativa Humic (Agricultural Alternative) in different stages, with T1

(control group), T2 1 L ha-1; T3 2 L ha-1; T4 0.5 L ha-1 and T5 1 L ha-1 all applied at vegetative

stage 4 (V4), later at the reproductive stage R1 were applied in treatments T4 0.5 L ha-1 and

in treatments T5 1 L ha -1 of the product. The following biometric parameters were

evaluated: number of pods with 1, 2, 3 and 4 grains, pod weight, number of upper and lower

leaves, stem weight, wet and dry weight, productivity in kg ha- 1, dry weight with 13%

moisture content and chlorophyll content in leaves. Data were analyzed by the F test and the

means of the treatments compared by the Scott Knott test at 5% probability. There was no

statistical difference between treatments, except for their influence on the number of pods

with 3 grains and pod weight; however, the lowest mean was 31.7; 1.12; 0.93; 2609.0; 43.4;

1.05; 15.4 and the largest were 36.7; 1.40; 1.18; 3314.7; 55.2; (kg ha-1), yield (ha-1bags), dry

weight plus 13% moisture content and chlorophyll content. On the other hand, under the

conditions in which the experiment was conducted, the application of humic substances via

foliar was not justified, since there was no expressivity for the production and no productivity.

Key words: productivity, Humic Acids and Physiology.

3

1. INTRODUÇÃO

A forte demanda mundial por alimento, provocada pelo aumento exacerbado da

população mundial, vem sendo cada vez mais evidente em alguns países com grande

número populacional, como China e Índia que precisam produzir e comprar de parceiros

comerciais mais mantimentos para atender a demanda por comida.

A produção mundial é de 351,311 milhões de toneladas e a área plantada e

120,958 milhões de hectares (EMBRAPA, 2018).

Acompanhando a demanda mundial por alimento, o Brasil vem ganhando

notoriedade no que diz respeito à produção agrícola, sendo hoje, o segundo no ranking na

produção de grãos no mundo (EMBRAPA, 2018). A estimativa atual da colheita de grãos no

Brasil deverá manter o recorde de segunda maior safra da história, com uma produção de

229,5 milhões de toneladas. Os números estão no 7º Levantamento da Safra de Grãos

2017/2018, divulgado recentemente (CONAB, 2018).

A soja vem se destacando com grande veemência neste cenário, cultura essa que

começou a ser cultivada comercialmente no Brasil em 1914 no Rio Grande do Sul, embora

tenha chegado ao Brasil em 1882 como cultivo experimental e posteriormente em

introduzida como cultura oficialmente em 1901 na estação Agropecuária de Campinas.

O Brasil hoje é o segundo maior produtor de soja do mundo com uma produção

estimada para safra 2017/2018 de 114,9 milhões toneladas do grão e uma área plantada de

33,890 hectares e uma produtividade de 3,362 kg/ ha-1 (CONAB, 2018).

Segundo Filho e Costa (2016), o Brasil passará a ser o maior produtor mundial de

soja em 2025 ultrapassando os EUA, sendo que a produção brasileira passará de uma

média 89 milhões de toneladas para 136 milhões de toneladas. Mato Grosso é o maior

produtor de soja do Brasil com área plantada de 9,4 milhões hectares sua produção está em

32.305,92 milhões de toneladas e sua produtividade e de 3.436,8 kg ha-1 (CONAB, 2018).

Levando em consideração a importância da leguminosa para a produção de

alimentos no Brasil e no mundo, estudos científicos têm sidos empregados exaustivamente

para se atingir altos índices de produtividade e consequentemente produção. Assim, várias

tecnologias têm sido usadas, a exemplo da adubação foliar que tem se tornando grande

aliada para o equilíbrio nutricional das plantas. A aplicação de substâncias orgânicas, ou

seja, ácidos húmicos e fúlvicos aplicados via foliar, tem sido estudada como medida auxiliar

na nutrição de plantas (BENITES et al., 2006). Dessa forma, objetivou-se avalizar

parâmetros biométricos na soja após aplicação foliar de substâncias húmicas.

4

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Fertilização foliar de plantas

A capacidade das folhas em absorver água e nutrientes foi reconhecida há cerca de

três séculos, a adubação foliar é uma ferramenta importante para a gestão sustentável e

produtiva das culturas (FERNANDEZ; EICHERT, 2009)

A aplicação de fertilizantes foliares tem se desenvolvido nos últimos anos, em

virtude, dentre outros fatores, da necessidade de se buscar altas produtividades das culturas

(SOUZA et.al., 2008)

A aplicação de soluções nutritivas nas folhas como meio alternativo para fertilizar

plantas tem sido muito difundida, o uso de fertilizantes foliares como meio para superar as

propriedades físicas e químicas adversas do solo (FERNANDEZ; SOTIROPOULOS;

BROWN, 2015).

No entanto, os fertilizantes foliares são mais caros por unidade de nutriente, em

comparação com uma quantidade equivalente de fertilizantes aplicados no solo, o uso de

fertilizantes foliares direcionado a atender demandas biológicas específicas, como a

prevenção ou impedimento de deficiências que ocorrem devido à incompatibilidade

dependente da fenologia entre a demanda da planta e a oferta de nutriente proveniente do

solo (FERNANDEZ; SOTIROPOULOS; BROWN, 2015).

O papel dos estômatos no processo da absorção foliar foi tema de interesse desde

o início do século 20 no entanto, em 1972, foi postulado que a água pura não poderia se

infiltrar espontaneamente nos estômatos, a menos que um agente tenso ativo aplicado junto

com a solução reduzisse a tensão superficial para menos de 30 mN m-1 (SCHONHERR;

BUKOVAC,1972).

Influência da anatomia das plantas na absorção de fertilizantes foliares

A facilidade com que uma solução nutritiva penetra no interior da planta depende

das características da superfície da mesma, as quais podem variar com o órgão, espécie,

variedade, condições de crescimento e com as propriedades da formulação foliar aplicada

(FERNANDEZ; SOTIROPOULOS; BROWN, 2015).

Os processos pelos quais uma solução nutritiva aplicada às folhas e posteriormente

utilizada pela planta incluem: adsorção foliar, penetração cuticular e absorção no interior dos

compartimentos celulares metabolicamente ativos na folha e posterior translocação e

utilização do nutriente absorvido pela planta (FERNANDEZ; SOTIROPOULOS; BROWN,

2015).

5

A epiderme é revestida externamente pela cutícula, geralmente mais espessa na

face adaxial que na abaxial, essa cutícula é uma membrana constituída de quatro

componentes essenciais: cutina, ceras, pectinas e celulose que são secretadas através das

paredes externas das células da epiderme, a composição dessa cutícula depende da

espécie da planta, mas todas possuem algo em comum dificultam, a absorção foliar

(ROSOLEM, 2002).

Numerosos estudos de absorção foliar e cuticular demonstraram a maior eficácia

das formulações contendo adjuvantes, que aumentam o molhamento, espalhamento,

retenção, penetração e propriedades umectantes de formulações foliares, em comparação

com soluções de elemento mineral puro aplicadas isoladamente, (FERNANDEZ;

SOTIROPOULOS; BROWN, 2015).

Fatores que afetam a fertilização foliar

Segundo Souza et al. (2018) tamanho da molécula na solução nutritiva irá afetar a

velocidade de penetração do fertilizante foliar, como consequência do mecanismo de

absorção cuticular.

A absorção de nutrientes aplicados via foliar envolve uma série de processos e

eventos complexos. Os fatores ambientais, tais como temperatura e umidade relativa, têm

papel importante no desempenho da adubação foliar e na absorção das soluções aplicadas

e podem influenciar na biologia da planta (GOMES; KOZLOWSKI, 1988; HARDWICK et al.,

1983)

A eficácia da aplicação de nutrientes foliares depende não só da absorção, mas

também do transporte desses nutrientes para as outras partes da planta, como frutos, grãos,

folhas jovens, e fatores como: o estádio fenológico e fisiológico da planta, ambiente no qual

ela se desenvolve entre outras condições exógenos e endógenos, influenciam diretamente

na resposta da aplicação do fertilizante, entender essas variáveis é a chave para melhorar a

eficácia e a reprodutibilidade do desempenho dos fertilizantes foliares (BUKOVAC;

WITTWER, 1957).

Outros processos podem e vão influenciar a aplicação do fertilizante foliar, os

principais processos envolvidos incluem: formulação da solução nutritiva, atomização dessa

solução e transporte das gotículas formadas até a superfície da planta, molhamento,

espalhamento, retenção da solução e formação do depósito de pulverização na superfície

da planta; penetração e distribuição dos nutrientes até um sítio reativo (metabólico)

(YOUNG,1979).

6

As propriedades das formulações são cruciais para determinar o desempenho dos

fertilizantes foliares, especialmente porque a maior parte das condições no momento da

aplicação não pode ser totalmente controlada (KANNAN, 1980).

Os produtos para adubação foliar geralmente são soluções aquosas contendo

compostos de elementos minerais como ingredientes ativos, as doses de fertilizantes

foliares recomendadas são altamente variáveis e geralmente baseadas na espécie de planta

considerada conforme descrito anteriormente, as propriedades físico-químicas dos

princípios ativos como, por exemplo, massa molar, solubilidade e ponto de deliquescência,

influenciarão a velocidade de absorção pelas folhas (FERNANDEZ; SOTIROPOULOS;

BROWN, 2015).

Há várias situações em que se orienta a fertilização foliar, entretanto em cada uma

destas condições, a decisão de aplicar fertilizantes foliares é determinada pela magnitude do

risco financeiro associada à incapacidade de corrigir a deficiência de um nutriente e à

provável eficácia da adubação foliar (FERNANDEZ; SOTIROPOULOS; BROWN,2015).

Aplicação de substâncias húmicas.

De acordo com Kelting et al. (1997), existe um grande aumento no uso de

bioestimulantes na agricultura por possuir princípio ativo ou agente orgânico isento de

substâncias agrotóxicas, capaz de atuar, direta ou indiretamente, sobre o todo ou parte das

plantas cultivadas, elevando a produtividade.

Diante disso, levantou-se a hipótese de que a aplicação via foliar de produtos à

base de substâncias húmicas (ácidos húmicos e fúlvicos) aumentariam a produtividade da

cultura do milho (DOMINGOS; PEREIRA; OLIVEIRA, 2015).

Além disso, efeitos de regulação de crescimento promovidos por substâncias

húmicas semelhantes aos dos hormônios vegetais, como a auxina, podem aumentar

significativamente a produção de raízes laterais e pelos absorventes (ZANDONADI et al.,

2014).

As substâncias húmicas originam-se da oxidação e polimerização da matéria

orgânica, podendo influir no crescimento e desenvolvimento de plantas, apresentam

elevadas massas moleculares e variados grupos funcionais, preconizando que compostos

reguladores de crescimento podem estar associados às substâncias húmicas influenciando

direta ou indiretamente no metabolismo, sendo o efeito difícil de ser explicado devido à

complexidade e variação dessas substâncias, em função da origem do material, método de

extração e diferentes concentrações em que se encontram (SILVA et al., 2014). Diversos

experimentos têm comprovado o efeito positivo de ácidos húmicos sobre a fisiologia e sobre

o crescimento de plantas (VAUGHAN; ORD, 1976).

7

Os ácidos húmicos são ácidos orgânicos, solúveis em água, presentes em

diferentes fontes orgânicas, tais como lodo de esgoto, composto orgânico, leonardita,

extratos de algas, turfa e produtos comerciais, e que estimulam a absorção de nutrientes,

principalmente de íons catiônicos. Os resultados obtidos são variáveis e dependem, além da

espécie testada, das substâncias húmicas utilizadas, concentração, grau de purificação do

material e das condições em que foram realizados os experimentos (SILVA et al., 2014).

As substâncias húmicas apresentam efeito sobre a absorção de nutrientes pelas

plantas, principalmente devido a interações destes compostos com os sítios de absorção da

membrana celular. Compostos húmicos ou ácidos húmicos interagem com os fosfolipídios

constituintes da membrana celular se comportando como carreadores de nutrientes do meio

externo para o interno celular. Entretanto as substâncias húmicas não são como as

substancias não-húmicas, não possuem características físicas químicas bem definidas, elas

se dividem em ácidos húmicos e ácido fúlvicos, a classificação se dá pelas suas

características de solubilidade (BORSARI, 2013).

Grande parte dos efeitos bioestimulantes dos ácidos húmicos tem sido creditado à

sua atividade similar à de hormônios vegetais da classe das auxinas, ou seja, podem

promover o crescimento vegetal em concentrações relativamente pequenas (BALDOTTO et

al., 2009).

Produtos comerciais a base de substâncias húmicas tem proporcionado

incrementos nos parâmetros morfológicos em várias culturas como, abacaxi, banana, trigo e

tomate (BALDOTTO et al., 2009).

A aplicação destes produtos via foliar, também tem se tornado uma prática bastante

difundida entre produtores de hortaliças, frutas e, mais recentemente no cultivo de cana de

açúcar, cereais e também algodão (BORSARI, 2013).

Segundo Zandonadi et al. (2014) é importante salientar quatro fatores principais

que podem influenciar decisivamente na bioatividade das substâncias húmicas: (1) a

espécie, o órgão e a idade da planta; (2) a dose recomendada para cada espécie ou cultivar;

(3) a fonte de material orgânico, de onde foi extraída e; (4) as características físico-químicas

específicas das substâncias húmicas a serem utilizadas. Devido a esses e outros fatores, a

utilização de substâncias húmicas (comerciais ou não comerciais) precisa ser feita com

bastante cuidado a fim de evitar efeitos indesejáveis, além disso apesar dos resultados

positivos em ensaios com plantas em laboratório, praticamente não inexistem resultados

científicos robustos relativos à aplicação comercial a campo associados a possíveis

mecanismos de ação.

Ciente de que a aplicação de fertilizantes foliares satisfaz positivamente ao cultivo

de alimentos, produção e produtividade, a soja tem sido a cultura que mais tem feito uso de

tecnologias relacionadas a nutrição de plantas via foliar. Soja essa que se tornou um dos

8

cultivos mais importantes nas últimas décadas, desempenhando um papel-chave na

segurança alimentar mundial.

Com a soja se produz mais proteína por hectare do que qualquer outro grande

cultivo. Nos últimos 50 anos, a produção de soja aumentou de 27 para 269 milhões de

toneladas. Vastas áreas de floresta, pastagem e savana foram convertidas para uso

agrícola, o que ajudou a alimentar a população mundial e trouxe benefícios econômicos

para os países que produzem e comercializam a cultura (FILHO; COSTA, 2016).

9

3. MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido na fazenda São Marcos, de propriedade do grupo

Itaquerê, município de General Carneiro-MT, com coordenadas geográficas: S: 15°24´11

09´´ W: 53°19´55 90´´ altitude de 520 m, na safra 2017/2018, com data de semeadura da

soja 04/11/2017 com emergência na data 13/11/2017 a cultivar semeada foi a: AN 8270 CV,

o sistema de produção e o de semeadura direta no verão e braquiária no inverno sob

pastejo, tratos culturais como inoculação de sementes com microrganismos fixadores de

Nitrogênio e fungicidas e inseticidas foram adotadas na pré-semeadura.

Foi realizado uma adubação anterior a semeadura: 220 kg ha-1 de 42-00-00, 10 dias

antes da semeadura para a braquiária.

A adubação na semeadura se deu com: 230 kg ha-1 de 09-44-00 no sulco de

semeadura. Foi feita também adubação com 180 kg ha-1 de KCl parcelados em cobertura

sendo uma aplicação 5 dias antes da semeadura e outra após 30 a 35 dias de emergência

da cultura da soja.

Foi utilizado o delineamento em blocos inteiramente casualizados, sendo 4 blocos

com 5 tratamentos, cada parcela composta de 5 linhas (0,45 m) x 5 metros, totalizando

11,25m2, ressaltando que o espaçamento adotado na semeadura foi de 0,45 m entre linhas

e de 0,9 entre plantas.

Tabela 1- Descrição dos Tratamentos.

Tratamento Doses Estágio

T1 (Testemunha)

T2 T2 1 L ha-1 V4

T3 T3 2 L ha-1 V4

T4 T4 0,5 L ha-1 + 0,5 L ha-1 V4 + R1

T5 T5 1L ha-1 + 1L ha-1 V4 + R1

O equipamento utilizado para aplicação da substância húmica na cultura foi o

pulverizador costal CO2 com as seguintes descrições técnicas: Kit Pulverizador CO2 para

pesquisa com 1 barra de 4 bicos, espaçamento de 50 cm e conexão (sem antigotejamento)

1 cilindro de alumínio 2 kg para CO2, 1 regulador de pressão para CO2, suporte para o

cilindro de alumínio 1 pescador para pulverizador CO2, com válvula de segurança.

Foi feita uma relação quantitativa dessas respectivas doses de cada tratamento, de

1 hectare 10000 m-2 para 11,25m2, o tamanho real das parcelas.

10

Tabela 2- Doses aplicadas do produto em cada tratamento.

Tratamento Doses Estágio

T1 (Zero)

T2 T2 4,5 mL ha-1 V4

T3 T3 9 mL ha-1 V4

T4 T4 2,25 mL ha-1 + 2,25 mL ha-1 V4 + R1

T5 T5 4,5 mL ha-1 + 4,5 mL ha-1 V4 + R1

A primeira aplicação foi realizada no estádio vegetativo V4 no dia 02/12/2017 às

17:20 com condições de temperatura de 27 °C, os tratamentos receberam as seguintes

doses de calda sequencialmente: T1= Zero, T2= 4,5 mL, T3= 9 mL, T4= 2,25 mL, T5= 4,5

mL.

A segunda aplicação se deu no dia 15/12/2017 no estágio reprodutivo R1 às 8:00

horas da manhã com temperatura de 26 °C, e os tratamentos a receberem as seguintes

doses foram: T4= 2,25 mL, T5= 4,5 mL.

Após o experimento instalado com 35 dias, no dia 18 de dezembro foi realizado a

leitura de clorofila das folhas com clorofilometro (CCM – 200 plus), da seguinte forma:

fazendo a leitura do terceiro trifólio aberto do ápice para a base da planta em dez plantas

por parcela.

Os tratos culturais corriqueiros como aplicação de fungicidas, inseticidas e demais

insumos foram adotados pela fazenda nas áreas experimentais aqui citadas.

No dia 10/02/2018 e 11/02/2018, foram coletadas 5 plantas por parcela no estágio

reprodutivo R6, ensacadas e posteriormente separadas em vagem, caule, ramos, e folhas

superiores e inferiores, após essa separação foi lavada essas partes das plantas e

colocadas na estufa a 65 ºC de temperatura até peso constante.

Após a secagem foram pesadas cada parte da planta, sendo pesadas folhas

superiores, folhas inferiores, caules e ramos, e foi feita também a contagem e pesagem das

vagens destas plantas.

No dia 08/03/2018 foi realizada a colheita da soja já dessecada, da seguinte forma

eliminou-se as fileiras marginais e coletou-se as plantas das 3 fileiras centrais, colhendo 3

metros lineares de cada linha da parcela ou 4,05 m², ensacou-se e foi levada até o

laboratório de fertilidade de solos da UFMT, onde trilhou-se essa soja com a trilhadora, e

obteve-se os grãos úmidos e se fez a pesagem de cada amostra de grãos úmidos dos

respectivos tratamentos : T1,T2,T3,T4 e T5 e foi retirado desses volumes de grãos 200 g

para serem levados estufa para serem secos a 65 °C, onde depois de secas essas amostras

de 200 g foi extrapoladas, e consequentemente adicionou-se 13% de umidade no valor das

11

amostras, fez a relação peso úmido/peso seco, com esses índices estimou-se a

produtividade de cada tratamento. Os dados foram analisados pelo teste F a 5% de

probabilidade e quando o mesmo foi significativo realizou-se o teste de Scott Knott a 5%.

Utilizou-se o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2003).

12

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.

Houve efeito significativo a 5% de probabilidade pelo teste de Scott Knott apenas

em T1 (Testemunha) e T3 (2 L/ha-1) para as variáveis de vagens com três grãos e peso de

vagem (Tabela 1). Estas respostas podem estar relacionadas ao efeito direto no

crescimento de plantas, aumento nas taxas de crescimento radicular, incremento de

biomassa vegetal, alterações na arquitetura do sistema radicular, tais como, incremento da

emissão de pelos radiculares e de raízes laterais finas, resultando no aumento na área

superficial/comprimento do sistema radicular, por meio do uso de substâncias húmicas

(NARDI et al., 1991), em comum acordo com os autores Façanha et al. (2002) e Zandonadi

et al. (2014) citaram que efeitos de regulação de crescimento promovidos por substâncias

húmicas são semelhantes aos hormônios vegetais, como a auxina, que podem aumentar

significativamente a produção de raízes laterais e pelos absorventes.

Tabela 3- Médias dos parâmetros biométricos da soja em resposta a aplicação de substâncias húmicas via foliar.

Doses (L/ha-1)

vagem

c/ 1

grãos

vagem

c/ 2

grãos

vagem

c/ 3

grãos

vagem

c/ 4

grãos

Peso de

vagem

(g)

Folha

inferior

(g)

Folha

superior

(g)

0 22,7 171,7 177,2a 1,0 91,08a 16,8 48,1

1

19,5 136,0 156,7b 0,5 65,63b 14,7 43,1

2

19,0 147,7 168,7a 1,0 78,45a 14,9 45,6

0,5 + 0,5

14,7 141,5 150,2b 1,0 70,51b 19,2 46,5

1 + 1

16,2 127,2 134,7b 0,75 59,41b 15,7 49,8

F 0,53ns 2,28ns 5,6* 0,61ns 6,6* 0,78ns 0,47ns

CV % 45,8 15,37 8,8 118,8 13,0 25,3 15,8

Medias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade de erro; *: significativo a 5% de probabilidade, pelo teste-F; ns: não significativo; C.V.: coeficiente de variação.

De acordo com Vaughan e Org (1985) os efeitos das substâncias húmicas nas

plantas estão relacionados com o aumento na absorção de nutrientes, devido à influência na

permeabilidade da membrana celular e ao poder quelante, bem como à fotossíntese, à

formação de ATP, aminoácidos e proteínas.

13

Os autores Catuchi et al. (2016) observaram efeitos diferentes quanto a

produtividade, onde, nas condições em que realizaram o experimento houve efeitos

positivos da aplicação de ácidos fúlvicos e húmicos na cultura da soja, com resposta e

aumento em produtividade, atribuíram essa melhoria aos efeitos da aplicação dos produtos

no desenvolvimento da parte aérea das plantas, que consequentemente aumentou o

número de vagens por planta (Tabela 3).

Tais efeitos são por causa do incremento no acúmulo de nutrientes e na biomassa

vegetal, estudos apontam que a ação dos ácidos húmicos é incisiva na ativação de H+

ATPase das membranas celulares (ZANDONADI; CANELLAS; FAÇANHA, 2007), são

semelhantemente aos fito hormônios da classe das auxinas no entanto a fonte da matéria

orgânica usada para extração dos ácidos húmicos são fatores que influenciam diretamente

na atuação destes no metabolismo das plantas (BALDOTTO et al., 2009).

As Substâncias húmicas têm efeitos significativos diretos sobre o metabolismo e

desenvolvimento das plantas (CANELLAS; FAÇANHA, 2004). NANNIPIERI et al.(1993);

NARDI et al. (2009); BRAZ, CANELLAS e MEDICI, (2010); KOLODZIEJ, SUGIER e

BIELINSKA, (2013) resumem os efeitos das substâncias húmicas sobre o metabolismo das

plantas em: a) influência positiva sobre o transporte de íons facilitando sua absorção, b)

aumento da respiração e velocidade das reações enzimáticas do ciclo de Krebs, resultando

e maior produção de ATP, c) aumento no conteúdo de clorofila, d) aumento na velocidade e

síntese de ácidos nucléicos, e) efeito seletivo sobre a síntese proteica e f) aumento ou

inibição da atividade das enzimas.

Essas substâncias podem estimular o crescimento radicular das plantas e a

absorção de nutrientes (ATIYEH et al., 2002; FAÇANHA et al., 2002; CANELLAS;

FAÇANHA, 2004; BRAZ; CANELLAS; MEDICI, 2010). Chen e Schnitzer (1978)

identificaram a interação entre os ácidos húmicos e as estruturas fosfolípidicas da

membrana celular, o que promove o carregamento de nutrientes, sem, no entanto, haver

entrada de compostos húmicos na célula vegetal.

Na (Tabela 3) observamos que as variáveis que houve diferença estatística entre os

tratamentos são: testemunha que teve maior média que os outros grupos, sendo 177,2 e

91,08 g, respectivamente para número de vagem com três grãos e peso de vagem, sendo

estas superiores aos resultados dos tratamentos 2, 4 e 5 e semelhantes pela estatística ao

tratamento 3.

Eyheraguibel, Silvestre, Morard (2008), observaram que as plantas foram

influenciadas pela aplicação de substâncias húmicas, e houve um aumento na elongação de

raízes das sementes que foram tratadas. Efeitos positivos também foram notados na

produção de massa seca das plantas cultivadas em solução nutritiva com substâncias

14

húmicas, que ocorreu tanto nas raízes, como nos ramos e folhas. Esse incremento de

massa seca foi acompanhado por um maior consumo de água e absorção dos nutrientes da

solução nutritiva. O uso de substâncias húmicas ainda induziu o florescimento precoce e

modificou o desenvolvimento das raízes, aumentado o crescimento de raízes laterais e

secundárias que, apesar de menores, eram mais ramificadas. No entanto, ficou evidente

que a aplicação foliar das substâncias húmicas em questão não influenciou os outros

parâmetros analisados da soja.

Não houve efeito significativo dos tratamentos em relação aos parâmetros

biométricos analisados (Tabela 4)

Tabela 4- Médias dos parâmetros biométricos da soja, em resposta a aplicação de substâncias húmicas via foliar.

Doses (L/ha-1)

Peso

de

caule

(g)

Peso

úmido

(g)

Peso

seco

(g)

Produti.

kg

ha-1

Produti.

sacas

ha-1

Peso

seco +

13 %

CCM –

200 plus

0 36,7 1,40 1,18 3314,7 55,2 1,34 20,5

1 35,6 1,12 0,95 2652,3 44,2 1,07 22,5

2 31,7 1,21 1,05 2941,8 49,0 1,19 22,0

0,5 + 0,5 35,7 1,16 0,97 2713,1 45,2 1,09 15,4

1 + 1 36,2 1,07 0,93 2609,0 43,4 1,05 19,5

F 0,79ns 2,72ns 2,78ns 2,78ns 2,78ns 2,788ns 0,89ns

CV % 12,6 13,0 12,2 12,2 12,2 12,2 15,3

ns: não significativo pelo teste de Scott Knott; C.V.: coeficiente de variação. T1 (Controle), T2 (1 L ha-1 em V 4), T3 (2 L ha-1 em V 4), T4 (0,5 L ha-1 em V 4 + R1), T5 (1 L ha-1 em V 4 + R1). Não houve diferença significativa entre os tratamentos para nenhum parâmetro

avaliado. Autores como Chen e Aviad (1990); Nardi et al. (2009); Hartz e Bottoms (2010)

relatam que o uso agrícola de substâncias húmicas comerciais podem não ter efeito

positivos sobre o desenvolvimento da planta indicando que as respostas as aplicações

dependem da origem do material e do método de extração das substâncias húmicas,

concentração composição do extrato húmico, além disso a espécie cultivada, o estádio de

desenvolvimento da planta o ambiente de cultivo, esses fatores interferem nos resultados da

aplicação desses compostos, os melhores resultados ocorreram em solos com baixos teores

de matéria orgânica ou quando a planta e cultivada em condições de estresse nutricional e

climático.

15

O Stress hídrico pode ter sido um fator limitante para o desenvolvimento da soja, os

tratamentos não diferiram estatisticamente em relação aos parâmetros analisados (Tabela

4), em virtude desse estresse sofrido pela cultura no segundo decêndio de janeiro de 2018,

período este que correspondeu à fase de enchimento dos grãos (Tabela 3).

O déficit hídrico tem influência direta na taxa fotossintética, a qual está diretamente

associada com a produção de fotoassimilados e, consequentemente, com a produtividade

de sementes, e sua importância varia com o estádio fenológico em que se encontra a planta

(TAIZ; ZEIGER, 2004). Este fato, provavelmente, comprometeu tanto a formação como o

enchimento das vagens e também a produção e consequentemente a produtividade, em

concordância com as observações realizadas por Araújo et al. (1996) e Alleoni et al. (2000).

As menores médias foram 31,7; 1,07; 0,93; 2609,0; 43,4; 1,05; e 15,4,

respectivamente para as variáveis peso de caule, peso úmido, peso seco, produtividade (kg

ha-1), produtividade (sacas ha-1), peso seco mais 13% de umidade e valores CCM 200 plus

e, as maiores médias observadas foram 36,7; 1.40; 1.18; 3314,7; 55,2; 1,34 e 22,5

respectivamente para as mesmas variáveis (Tabela 4).

Todavia, aplicação de ácido húmico ou ácido fúlvicos, pode ter contribuído no maior

aporte hídrico às plantas, em razão da propriedade coloidal das substâncias húmicas, a

agregação das moléculas pelas ligações covalentes com o hidrogênio, formando estruturas

esponjosas, com grandes espaços vazios, consegue reter grandes quantidades de água no

solo, liberando-a lentamente para a planta, controlando sua água capilar (KIEHL, 1985).

(BERNARDES; REIS; RODRUGUES, 2011), ao estudarem o efeito de doses de fertilizante

orgânico (substância húmica comercial), na produção de mudas de tomateiro, constataram

incremento na massa seca da parte aérea das mudas. Rosa et al. (2001), também

constataram efeito positivo de doses de substâncias húmicas na massa seca da parte aérea

de plantas de feijão, no entanto esses incrementos não foram observados na cultura da soja

no experimento executado neste trabalho.

As doses que foram ministradas podem ter sido insuficiente para causar algum

efeito significativo nos parâmetros avaliados, haja visto que a dose recomendada para a

soja no rótulo do produto e de 3 L/ha-1 via foliar e 15 L/ha-1 via solo de 2 a 6 aplicações no

ciclo da cultura, e a dose que mais se aproximou da recomendada foi a dose ministrada no

tratamento T3 (2 L/ha-1) e foi a que se diferenciou estatisticamente nos outros tratamentos

na variável número de vargem de 3 grãos e de peso de vagem (Tabela 3).

16

5. CONCLUSÃO

Nas condições em que o presente experimento foi desenvolvido, pode-se concluir que:

A aplicação de substâncias húmicas via foliar não proporcionou incremento nas

variáveis analisadas, foram iguais estatisticamente com exceção do número de vagem com

3 grãos e peso de vagem.

17

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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