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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS
QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA DO RIO TELES PIRES NA ÁREA DE
INFLUÊNCIA DIRETA DA FUTURA UHE SINOP, MT
Joici Rodrigues Silva Prado
Cuiabá
2018
QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA DO RIO TELES PIRES NA ÁREA DE
INFLUÊNCIA DIRETA DA FUTURA UHE SINOP, MT
Joici Rodrigues Silva Prado
Dissertação apresentado ao Programa de Pós-
Graduação em Recursos Hídricos da Universidade
Federal de Mato Grosso para a obtenção do título de
mestre em Recursos Hídricos.
Orientadora: Prof Drª Daniela Maimoni de Figueiredo
Co-Orientadora: Prof Drª Eliana Freire Gaspar de
Carvalho Dores
Cuiabá
2018
R696q Rodrigues Silva Prado, Joici.
QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA DO RIO TELES PIRES NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DA FUTURA UHE SINOP, MT / Joici Rodrigues Silva Prado. -- 2018
62 f. : il. color. ; 30 cm.
Orientadora: Daniela Maimoni de Figueiredo. Co-orientadora: Eliana Freire Gaspar de Carvalho Dores. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso,
Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos, Cuiabá, 2018.
Inclui bibliografia.
1. Região Hidrográfica Amazônica. 2. Agropecuária. 3. Recursos Hídricos. 4. Empreendimentos Hidrelétricos. 5. Energia
Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.
Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.
AGRADECIMENTOS
A Deus pela força, coragem e proteção.
A minha família por todo o apoio e incentivo
A minha orientadora professora Drª Daniela Maimoni de Figueiredo pelo aceite na orientação
e pela dedicação, ensinamentos, incentivo e contribuições dadas a este trabalho.
A minha co-orientadora professora Drª Eliana Freire Gaspar de Carvalho Dores pelo aceite na
orientação, pelos ensinamentos e por todas as contribuições dadas a este trabalho.
Ao professor Drº Kuang Hongyu pelo auxilio com as análises estatísticas.
A Companhia Energética de Sinop pela concessão dos dados do Monitoramento Limnológico
e de Qualidade da Água que me possibilitaram a realização deste trabalho.
A Capes pela concessão da bolsa de mestrado.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa de localização das estações de coleta do monitoramento limnológico da bacia
do Rio Teles Pires ....................................................................................................................21
Figura 2 – Biplot de discriminante canônica das variáveis limnológicas em função das
estações de coleta no Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B) ......................29
Figura 3 – Análise discriminante canônica das variáveis limnológicas das estações de coleta
no Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B) ....................................................29
Figura 4 – Biplot de discriminante canônica das variáveis limnológicas em função das
estações de coleta nos afluentes do Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B) 32
Figura 5 – Análise discriminante canônica das variáveis limnológicas das estações de coleta
nos afluentes do Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B) ..............................32
Figura 1 - Mapa de localização das estações de coleta do monitoramento limnológico e da
qualidade da água, na bacia do Rio Teles Pires área de influência da UHE Sinop .................48
Figura 2 – Uso e ocupação do solo nas sub-bacias do Ribeirão Caldeirão (A), Rio Índio
Possesso (B), Rio Roquete (C), Ribeirão Selma (D), Ribeirão Baixada Morena (E) e Rio
Curupi (F) .................................................................................................................................50
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Estatística descritiva das variáveis limnológicas no período de chuva e estiagem no
Rio Teles Pires .........................................................................................................................23
Tabela 2 – Estatística descritiva das variáveis limnológicas no período de chuva e estiagem
nos afluentes .............................................................................................................................25
Tabela 3 – Análise de variância multivariada para as estações de coleta no Rio Teles Pires ..27
Tabela 4 – Análise Discriminante Canônica para as estações de coleta no Rio Teles Pires
...................................................................................................................................................28
Tabela 5 – Coeficiente canônico padronizado (CCP) das estações de coleta e das variáveis
limnológicas no Rio Teles Pires ...............................................................................................30
Tabela 6 – Análise de variância multivariada para as estações de coleta nos afluentes do Rio
Teles Pires ................................................................................................................................30
Tabela 7 – Análise Discriminante Canônica para as estações de coleta nos afluentes do Rio
Teles Pires ................................................................................................................................31
Tabela 8 – Coeficiente canônico padronizado (CCP) das estações de coleta e das variáveis
limnológicas nos afluentes do Rio Teles Pires .........................................................................33
Tabela 1 – Classes de uso e ocupação do solo nas sub-bacias .................................................51
Tabela 2 – Estatística descritiva dos parâmetros monitorados no período de chuva e estiagem
nos seis afluentes do Rio Teles Pires .......................................................................................51
Tabela 3 – Percentual dos resultados dos parâmetros da qualidade da água avaliados nos
afluentes do Rio Teles Pires em desacordo com a Resolução Conama nº 357/05 para rios de
classe 2 .....................................................................................................................................53
Tabela 4 – Resultados do Índice de Qualidade da Água (IQA) dos rios no período de chuva e
estiagem ...................................................................................................................................53
LISTA DE ABREVIATURAS
ADC – Análise discriminante canônica
CE – Condutividade elétrica
Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
Conama – Conselho Nacional de Meio Ambiente
DBO – Demanda bioquímica de oxigênio
DC – Discriminante canônica
DQO – Demanda química de oxigênio
E. coli – Escherichia coli
IQA – Índice de Qualidade da Água
OD – Oxigênio dissolvido
pH – Potencial hidrogeniônico
R-BM – Ribeirão Baixada Morena
R-Cal – Ribeirão Caldeirão
R-Cur – Rio Curupi
R-IP – Rio Índio Possesso
R-Roq – Rio Roquete
R-Sel – Ribeirão Selma
R-Ver – Rio Verde
Sema – Secretaria de Estado de Meio Ambiente
TP1 – Estação Teles Pires 1
TP2 – Estação Teles Pires 2
TP3 – Estação Teles Pires 3
TP4 – Estação Teles Pires 4
TP5 – Estação Teles Pires 5
UHE – Usina Hidrelétrica
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO GERAL ...........................................................................................................9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................13
CAPITULO I ........................................................................................................................... 16
Limnologia da bacia do Rio Teles Pires na área de influência da UHE Sinop (MT) utilizando
estatística multivariada .............................................................................................................16
RESUMO .................................................................................................................................16
ABSTRACT .............................................................................................................................16
Introdução ................................................................................................................................17
Material e Métodos ................................................................................................................. 19
Resultados ................................................................................................................................22
Discussão .................................................................................................................................33
Conclusão .................................................................................................................................38
Referências Bibliográficas .......................................................................................................39
CAPITULO II ..........................................................................................................................43
Influências do uso do solo na qualidade da água de seis afluentes do Rio Teles Pires, área de
influência direta da UHE Sinop (MT) ......................................................................................43
RESUMO .................................................................................................................................43
ABSTRACT .............................................................................................................................43
Introdução ................................................................................................................................44
Material e Métodos ..................................................................................................................45
Resultados ................................................................................................................................49
Discussão .................................................................................................................................54
Conclusão .................................................................................................................................58
Referências Bibliográficas .......................................................................................................58
9
INTRODUÇÃO GERAL
A Bacia Amazônica é a maior bacia hidrográfica do planeta, com uma área de 7,5
milhões de km² e é reconhecida mundialmente, não só pela imensa floresta tropical e serviços
ambientais que proporciona, mas também por sua abundância de água (DALAGNOL et al.,
2017). No Brasil, onde é denominada atualmente de Região Hidrográfica Amazônica (ANA,
2010) compreende uma área de cerca de 5 milhões de km² e possui mais de 60% de toda a
disponibilidade hídrica do país. Dentre os principais e maiores cursos de água, tributários do
rio Amazonas, destacam-se, pela margem direita, os rios Javari, Juruá, Jutaí, Purús, Madeira,
Tapajós e Xingu e, pela margem esquerda, os rios Iça, Japurá, Negro, Uatumã, Nhamundá,
Trombetas e Jari.
Essa bacia possui o maior potencial hidrelétrico do Brasil, devido aos seus afluentes
que percorrem áreas mais elevadas e desniveladas, formando quedas d’água que podem ser
aproveitadas pelas usinas hidrelétricas. Essa característica tem levado a expansão desses
empreendimentos, e, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia, até 2022 20 usinas
hidrelétricas devem entrar em funcionamento nesta região (MINISTÉRIO DE MINAS E
ENERGIA, 2013).
Na bacia do Rio Teles Pires, afluente do Rio Tapajós, estão concentrados quatro
destes empreendimentos hidrelétricos, quais sejam: UHE Sinop e Colíder (com capacidade de
geração de 400 MW e 300 MW, respectivamente) em fase de construção, UHE São Manuel
(com capacidade de geração de 750 MW) em fase de enchimento do reservatório e UHE Teles
Pires (com 1.820 MW), em operação desde 2014.
Os múltiplos aproveitamentos hidrelétricos em uma bacia podem acarretar em
impactos ambientais e sociais cumulativos, decorrentes de impactos pouco ou muito
significativos (GALLARDO, 2017), sendo observado no ecossistema aquático a
transformação de um ambiente lótico em lêntico, que acarretará diversas alterações, inclusive
na qualidade da água.
Ademais, a bacia do Rio Teles Pires está localizada no norte do Estado de Mato
Grosso, região esta em crescente expansão econômica, verificada, principalmente, nas
atividades agropecuárias que demandam intensa ocupação do solo, cujos impactos ambientais,
especialmente nos recursos hídricos, já são bem conhecidos na literatura para outras bacias
hidrográficas (UMETSU et al., 2007).
10
Nas porções alta e média da bacia do Rio Teles Pires, nas quais esta inserida a área
de estudo, ainda são escassas as informações e estudos sobre limnologia e qualidade da água,
o que denota a carência de conhecimento sobre os ecossistemas aquáticos desta região, tanto
em relação às condições naturais quanto ao grau e magnitude das alterações causadas pelas
diferentes atividades antrópicas que vêm sendo desenvolvidas na bacia.
Nesse sentido, o monitoramento ambiental da qualidade da água dos rios em bacias
hidrográficas, se torna uma importante ferramenta na gestão dos recursos hídricos,
permitindo, em longo prazo, o conhecimento das tendências de evolução da qualidade das
águas, por meio da quantificação de variáveis físicas, químicas e biológicas. Esse
conhecimento viabiliza o amplo diagnóstico ambiental da bacia hidrográfica estudada,
permitindo a avaliação das respostas dos ambientes aquáticos (em termos espaciais e
temporais) aos impactos antrópicos na sua área de drenagem ou de influência (CUNHA;
CALIJURI, 2010).
Dentre os trabalhos publicados até o momento, a maioria foi realizada na porção
baixa da bacia do Rio Teles Pires, sendo encontrados poucos estudos nas porções alta e
média, destacando-se o realizado por Andrietti et al. (2016), no Rio Caiabi, afluente do Rio
Teles Pires, localizado na região médio norte do Estado de Mato Grosso, que demonstraram
que as águas deste rio possuem boa qualidade e evidenciaram o baixo risco de eutrofização,
com indicação de um ambiente lótico ultraoligotrófico.
Moreira (2011) buscou identificar as características químicas, variações sazonais e a
biogeoquímica dos rios Teles Pires e Cristalino (MT), demonstrando que a sazonalidade da
precipitação resulta em variações significativas das vazões, em ambos os rios, e alterações na
composição química da água. Umetsu et al (2007), com o intuito de avaliar o comportamento
de variáveis físicas e químicas nos períodos de estiagem e cheia destes rios, monitoraram os
rios entre os meses de julho de 2004 a junho de 2005, evidenciando que ambos são fortemente
influenciados pelas características ambiental e geomorfológica de suas bacias de drenagem,
além da influência da precipitação pluviométrica.
A dinâmica do carbono inorgânico dissolvido foi analisada por Dalmagro et al.
(2007), que verificaram que os rios Teles Pires e Cristalino apresentaram variação sazonal de
pH, os valores do íon bicarbonato foram consideravelmente maiores no período de seca e,
ambos os rios, apresentam-se supersaturados de dióxido de carbono em relação a atmosfera.
A qualidade da água da bacia do rio Teles Pires também foi avaliada por Caovilla et
al. (2008), que apontaram variação entre média a boa qualidade da água. Fatores como relevo,
11
escoamento superficial, atividades agropecuárias e proximidade a centros urbanos foram
determinantes nos resultados.
As variáveis físicas e químicas da água foram utilizadas por Ferreira et al. (2014)
para avaliar o grau de degradação dos córregos Severo e Papai Noel, em Alta Floresta (MT),
na porção baixa da bacia do Rio Teles Pires.
Bleich (2015) avaliou os impactos de alterações na cobertura florestal ripária sobre a
estrutura de ecossistemas de igarapés no baixo Teles Pires, para tanto foram avaliadas, dentre
outros fatores, as variáveis físicas e químicas da água. As alterações na cobertura florestal
ripária afetaram a variabilidade na estrutura do habitat dos igarapés entre os períodos
hidrológicos, tornando-os mais homogêneos, e contribuindo para uma menor disponibilidade
de material orgânico no substrato bentônico.
Técnicas de geoprocessamento e estatística multivariada foram utilizadas por
Fonseca (2006) para analisar a correlação existente entre a poluição difusa e as características
naturais e de uso e ocupação do solo na bacia do rio Teles Pires. Para tanto foram coletadas
amostras de água em 16 pontos ao longo da bacia para serem correlacionadas com o uso e
ocupação do solo. Os principais mananciais da Bacia do rio Teles Pires apresentaram
alterações dos níveis naturais das variáveis de qualidade de água analisadas, sendo os fatores
pedologia, vegetação, declividade, chuva e índice de desmatamento determinantes para as
alterações.
Os demais estudos disponíveis encontram-se principalmente em relatórios de
monitoramento de órgãos de controle ambiental e publicados pelos empreendedores do setor
energético.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA, 2017) vem
publicando, desde 2007, relatórios sobre a qualidade da água na região hidrográfica
Amazônica. Os resultados dos relatórios são agrupados de acordo com as sub-bacias da
região, sendo na sub-bacia do Rio Teles Pires monitoradas 12 estações de coleta. Os relatórios
demonstraram que, no período de 2007 a 2009, a qualidade da água da bacia do Rio Teles
Pires foi considerada boa em todas as doze estações de coleta monitoradas, porém em alguns
meses obteve-se a classificação média, principalmente nas estações localizadas próximas aos
municípios de Sinop, Sorriso e Alta Floresta, não havendo alterações desses resultados no
período de 2010 a 2011 (SEMA, 2017). O relatório de 2012 a 2014 indicou boa qualidade da
água em quase todas as estações, com exceção das estações do Rio Lira e Rio Celeste
(SEMA, 2017).
12
A UHE Colíder desenvolveu, como parte do Estudo de Impacto Ambiental, coletas e
análises de água nos anos de 2007 e 2008 na área de influência direta do empreendimento. Os
resultados apontam que no período de estiagem na maioria dos pontos de coleta, com exceção
de apenas dois, todos os parâmetros estiveram em conformidade com a Resolução Conama nº
357/05, já no período chuvoso foi possível verificar que em todos os pontos de coleta pelo
menos um dos parâmetros resultou em desconformidade com a legislação (ELETRONORTE;
CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ; FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS, 2009).
Na fase de construção desta usina, foi desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia para
o Desenvolvimento (LACTEC) o Programa de Monitoramento e Conservação de
Ecossistemas Aquáticos do Projeto Básico Ambiental. Foram produzidos relatórios anuais no
período de 2011 a 2014, os quais mostram que os valores de IQA estiveram entre Aceitável a
Bom, para o trecho monitorado (LACTEC, 2012).
O Relatório de Impacto Ambiental (2010) da UHE Foz do Apiacás, localizada no
Rio Apiacás, porção baixa da bacia do Rio Teles Pires, nos municípios de Apiacás, Paranaíta
e Nova Monte Verde, relata que a qualidade das águas foi considerada boa, de forma geral na
época de seca, mas na época de chuvas grande parte das áreas foi considerada com água de
média qualidade (EPE; PCE; BIODINÂMICA, 2010).
Localizada no trecho médio do Rio Teles Pires, a UHE São Manoel se estende da foz
do Rio São Benedito até a foz do Rio Verde. Para o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) desta
hidrelétrica foram analisadas amostras de água coletadas em nove pontos amostrais, sendo
seis no Rio Teles Pires, dois num afluente da margem esquerda e outro no Rio São Benedito,
nos anos de 2008 e 2009 (EPE; LEME-CONCREMAT, 2010). A qualidade da água no trecho
estudado foi considerada como boa, com baixa contaminação por poluentes urbanos ou
industriais (EPE, 2011).
No monitoramento da fase de implantação, os resultados da qualidade da água da
UHE São Manoel, cujas coletas foram realizadas no período de agosto de 2014 a junho de
2015, compreendendo quatro amostragens, apontam que não há alterações sistemáticas que
possam ser atribuídas à construção da UHE (BORSARI, 2015).
A UHE Teles Pires está situada no Rio Teles Pires e o barramento está localizado na
divisa dos estados de Mato Grosso e Pará, compreendendo os municípios de Paranaíta (MT) e
Jacareacanga (PA). O Estudo de Impacto Ambiental do empreendimento (antes do
barramento) apresentou os resultados de amostras de água coletadas em oito pontos amostrais,
sendo seis no rio Teles Pires e dois no rio Paranaíta, nos anos de 2009 e 2010. Oito
13
parâmetros, dos trinta e um com padrão estabelecido, estiveram fora dos limites estabelecidos
na Resolução Conama nº 357/05 (EPE; LEME-CONCREMAT, 2010).
O Relatório de Impacto Ambiental, publicado em 2010, aponta que o trecho estudado
no Teles Pires, apesar de percorrer áreas bastante alteradas pelo homem, ainda apresenta bom
estado de conservação (EPE; LEME-CONCREMAT, 2010).
O Estudo de Impacto Ambiental da UHE Sinop apresenta os resultados de análises
de amostras de água em 14 pontos de coleta, sendo seis no rio Teles Pires, seis nos principais
afluentes e dois em lagoas marginais, no ano de 2008. Os resultados do IQA apontaram que,
com exceção do rio Verde na época de chuva que apresentou índice aceitável, os demais
ambientes apresentaram, em ambos os períodos, água de boa qualidade (EPE; THEMAG,
2010).
Diante do exposto, esta pesquisa buscou avaliar as condições limnológicas e da
qualidade da água do Rio Teles Pires e alguns de seus afluentes, na área de influência direta
da UHE Sinop, cujas amostragens foram realizadas antes do barramento do rio, bem como
verificar as influências do uso e ocupação do solo em seis desses afluentes.
O monitoramento da qualidade da água nesta área de estudo vem sendo realizado
pela Companhia Energética de Sinop, como parte dos compromissos do licenciamento
ambiental, para a fase de construção, cujos dados foram cedidos para este trabalho. Estes
dados são apresentados em forma de relatórios ao órgão ambiental, com abordagem voltada
ao atendimento das condicionantes ambientais, distinta da apresentada neste estudo, que neste
sentido contribuirá para o conhecimento desta bacia e, por conseguinte, para a sua gestão
integrada. As abordagens aqui propostas incluem a compreensão da limnologia dos
ecossistemas e das relações entre o uso e ocupação do solo e as alterações na qualidade da
água.
Assim esta pesquisa teve como produto dois artigos: o Capitulo I, intitulado
“Limnologia na Bacia do Rio Teles Pires na Área de Influência da UHE Sinop, MT”, e o
Capitulo II, intitulado de “Influências do Uso do Solo na Qualidade da Água de Seis
Afluentes do Rio Teles Pires, Área de Influência Direta da UHE Sinop, MT”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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http://www2.ana.gov.br/Paginas/portais/bacias/default.aspx. Acesso em: 04 de agosto de
2017.
14
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EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); LEME – CONCREMAT. Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) da Usina Hidrelétrica Teles Pires. 2010.
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); LEME – CONCREMAT. Relatório de
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EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); PCE, BIODINÂMICA. Relatório de
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EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); THEMAG ENGENHARIA. Estudo de
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16
CAPITULO I
LIMNOLOGIA DA BACIA DO RIO TELES PIRES NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA
UHE SINOP (MT) UTILIZANDO ESTATISTICA MULTIVARIADA
RESUMO
A bacia do Rio Teles Pires está inserida em uma região do Estado de Mato Grosso em
crescente desenvolvimento econômico, especialmente das atividades agropecuárias e de
infraestrutura. Dos empreendimentos de infraestrutura destacam-se as hidrelétricas em fase de
instalação/operação, como a UHE Sinop, objeto deste estudo, que podem acarretar em
diversos impactos no ecossistema aquático. Diante disso o monitoramento da qualidade da
água se torna uma importante ferramenta na identificação de possíveis alterações na qualidade
da água e do ecossistema aquático. O objetivo deste estudo foi avaliar as condições
limnológicas na porção alta e média da bacia do Rio Teles Pires na área de influência direta
da UHE Sinop. Para tanto foram realizadas dez amostragens para medição e coleta de água no
período de maio de 2014 a novembro de 2016, incluindo época de chuva e estiagem. As
coletas foram realizadas em doze pontos sendo cinco no Rio Teles Pires e sete em afluentes
deste rio. Foram analisados dezessete parâmetros físicos e químicos da água, através da
estatística descritiva e sete parâmetros através da estatística multivariada. Os resultados
demonstraram que as estações de coleta apresentaram uma maior discriminação no período de
chuva estando mais homogêneas no período de estiagem. Os resultados constataram ainda que
as condições limnológicas destes ecossistemas são controladas por fatores naturais como,
geologia, pedologia e sazonalidade de chuvas, e antrópicos, especialmente usos do solo na
agropecuária.
Palavras – chave: Região Hidrográfica Amazônica, Agronegócio, Energia elétrica
ABSTRACT
The Teles Pires River basin is located in a region of the State of Mato Grosso in increasing
economic development, especially agricultural activities and infrastructure. Of the
infrastructure projects, hydroelectric plants in the installation / operation phase, such as the
Sinop HPP, which is the object of this study, can be highlighted, which can lead to several
impacts on the aquatic ecosystem. Therefore, the monitoring of water quality becomes an
important tool in the identification of possible changes in the quality of water and the aquatic
ecosystem. The objective of this study was to evaluate the limnological conditions in the
upper and middle portion of the Teles Pires River basin in the area of direct influence of the
Sinop HPP. For this purpose, ten samplings were used to measure and collect water from May
2014 to November 2016, including rainy season and dry season. The collections were made in
twelve points, five in the Teles Pires River and seven in tributaries of this river. Seventeen
physical and chemical parameters of water were analyzed through descriptive statistics and
seven parameters through multivariate statistics. The results showed that the collection
stations presented a greater discrimination in the rainy season being more homogeneous in the
dry season. The results also verified that the limnological conditions of these ecosystems are
controlled by natural factors such as geology, pedology and seasonal rainfall, and anthropic,
especially the use of the soil in agriculture.
Key – words: Amazonian hydrographic region, agribusiness, Electricity
.
17
INTRODUÇÃO
A bacia Amazônica ocupa uma área de aproximadamente 7,5 milhões de km², dos
quais cerca de 5 milhões de km² estão no Brasil, abrangendo aproximadamente 60% do
território brasileiro (DARY, 2009).
Esta região caracteriza-se por possuir uma grande diversidade de ambientes
aquáticos reunidos em uma mesma bacia hidrográfica. Esta variedade de ambientes está
relacionada com a dimensão da área de drenagem e a forte relação com os fatores ambientais,
relevo, pedologia, solo, clima, regime hidrológico e os diferentes tipos de vegetação presentes
no entorno dos rios, responsáveis pela diferença natural na composição física e química das
águas (SILVA et al., 2013; BLEICH, 2015).
Harald Sioli (1951) foi o precursor na classificação das águas superficiais da
Amazônia, classificando-as como águas brancas, claras e pretas. Os rios de água branca
apresentam águas turvas, barrenta e amareladas, altos teores de material em suspensão e tem
origem na região Andina, onde os processos erosivos são muito intensos devido à formação
montanhosa recente e de onde transportam grandes quantidades de sedimentos ricos em
nutrientes. Essas águas tem pH quase neutro e concentrações relativamente altas de
eletrólitos. São exemplos de rios de água branca os Rios Solimões e Madeira. Segundo este
autor, os rios de água clara nascem nos maciços do Brasil Central e das Guianas e apresentam
águas transparentes em várias tonalidades de verde, carreiam pouco material em suspensão e
em virtude do relevo mais regular oferece menor possibilidade de erosão. Não formam
várzeas, mas sim praias, possuindo poucos lagos e igapós. O pH varia entre 4,5 e 7,
dependendo do substrato geológico, sendo mais pobres que os rios de água branca. Os rios de
água clara podem assumir características de águas brancas ou pretas, ou mistura desses dois
tipos, dependendo das condições do local e da estação do ano. São exemplos de rios de águas
claras, o Rio Tapajós e seus formadores, o Rio Juruena e Rio Teles Pires (RIOS-
VILLAMIZAR et al., 2013; SOUSA, 2008; SIOLI, 1951).
Apesar das características bem definidas destes tipos de água propostos nem sempre
há clareza na diferenciação de tipos diversos, pois na natureza existem zonas de transição
entre as águas brancas e claras, entre as claras e pretas e brancas e pretas, podendo também
ocorrer variações nos tipos devido às variações sazonais (SOUSA, 2008). Nessa zona de
transição as águas são chamadas por alguns autores de águas mistas, podendo ser verificada
uma maior variabilidade nas características físicas e químicas, originadas da mistura destas
18
águas (RIOS-VILLAMIZAR et al., 2013). Além disso, recentes estudos tem demonstrado que
as águas dos rios amazônicos variam continuamente em função das características naturais da
bacia à montante, da litologia do local, e das influências atmosféricas, climáticas e antrópicas
(PEREIRA, 2011; SOUSA, 2008).
O Rio Teles Pires, caracterizado como rio de águas claras, esta localizado em uma
região que vem experimentando diversos impactos ambientais de origem antrópica,
decorrente da intensa atividade agropecuária desenvolvida na região. Segundo o último mapa
da cobertura e uso da terra do Estado de Mato Grosso divulgado pelo IBGE em 2015, a
pecuária ocupava, nessa época, 40% das terras do Estado e segundo dados do Imea em 2017
cerca de 8% da área total de terras mato-grossenses é destinada a produção agrícola de grãos.
Além disso, o grande potencial hidrelétrico desta região tem levado a expansão de tais
empreendimentos, com uma usina em operação desde 2014 (UHE Teles Pires), uma usina em
fase de enchimento do reservatório (UHE São Manuel) e mais duas usinas em fase de
construção (UHE Sinop e Colíder).
A expansão de empreendimentos hidrelétricos nesta região aliada ao intenso uso do
solo na área de drenagem deste rio poderá causar alterações, tendo em vista que as relações
entre rios e reservatórios hidrelétricos e suas respectivas bacias hidrográficas, geram variações
na qualidade da água que são dinâmicas espacial e temporalmente que interferem tanto nos
usos múltiplos da água, inclusive na geração de energia elétrica, quanto no funcionamento e
estrutura dos ecossistemas aquáticos (rio a jusante ou reservatório) (FIGUEIREDO; CRUZ,
2014).
Além disso, a escassez de conhecimento sobre o ecossistema aquático de rios
tributários do Amazonas indica a necessidade de estudos integrados da bacia hidrográfica, que
incluam a análise das características naturais e os fatores controladores das variações
limnológicas destes ecossistemas tropicais, incluindo as alterações provocadas por atividades
antrópicas.
Especificamente na bacia do Rio Teles Pires, a maioria dos estudos foi realizada na
porção baixa desta bacia, sendo encontrados poucos estudos nas porções alta e média, onde
esta inserida a área de estudo, destacando-se os realizados por Andrietti et al. (2016), Moreira
(2011) Umetsu et al. (2007), Dalmagro et al. (2007), Caovilla et al. (2008), Ferreira et al.
(2014), Bleich (2015) e Fonseca (2006), demonstrando a escassez de estudos com abordagem
limnológica e da qualidade da água nesta região. Os demais estudos disponíveis encontram-se
principalmente em relatórios de monitoramento de órgãos de controle ambiental e publicados
19
pelos empreendedores do setor energético e denotam, de forma geral, uma qualidade da água
de média a boa para esta bacia (ELETRONORTE; CONSTRUTORA ANDRADE
GUTIERREZ; FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS, 2009; EPE; PCE; BIODINÂMICA,
2010; EPE; LEME-CONCREMAT, 2010; EPE, 2011; BORSARI, 2015; SEMA, 2017).
Desta forma, considerando a construção da UHE Sinop, no leito do Rio Teles Pires
em Mato Grosso, este estudo teve como objetivo avaliar as condições limnológicas da bacia
do Rio Teles Pires, na área de influência direta da UHE Sinop.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
A bacia do rio Teles Pires encontra-se entre os paralelos 15º00' de latitude sul e 7º00'
de latitude norte e os meridianos 54º00' e 58º00' de longitude oeste, compreendendo terras nos
Estados do Mato Grosso e pequena parte do Pará, possuindo aproximadamente 141.483 km²
de área de drenagem e 3.647 km de perímetro (EPE, 2008). Esta bacia engloba total ou
parcialmente 35 municípios, sendo dois localizados no Estado do Pará e 33 em Mato Grosso;
destes, sete estão nos limites da bacia.
O Rio Teles Pires, também conhecido como Rio São Manuel, é um dos formadores
do Rio Tapajós, importante afluente da margem direita do Rio Amazonas.
O Rio Teles Pires nasce nas serras Azul e do Finca Faca, a uma altitude média de
800m (EPE, 2009). Este rio é classificado como rio de águas claras, pois provém, em partes
dos antiquíssimos maciços do Brasil central, os quais, em virtude do relevo mais regular,
oferecem possibilidades bem menores de erosão (SIOLI, 1951).
A UHE Sinop está localizada no limite da porção alta e média da bacia do rio Teles
Pires, distante 70 km da sede do município de Sinop. O reservatório, que terá uma área de 337
km², abrangerá os municípios de Cláudia, Itaúba, Ipiranga do Norte, Sinop e Sorriso, todos no
Estado de Mato Grosso. O reservatório possuirá um volume de 3 bilhões de m³, profundidade
máxima de 48 m e tempo de residência de 39 dias.
A região do estudo está inserida na zona de transição entre os biomas amazônico e de
cerrado, com uso do solo predominantemente agrícola (MOREIRA, 2011). Os solos da região
são do tipo: Latossolos, com predominância do Latossolo Vermelho, Latossolo Amarelo e
20
Latossolo Vermelho Amarelo, Neossolos, Gleissolos, Cambissolos e Plintossolos (EPE;
THEMAG, 2010).
A área do alto Rio Teles Pires está situada sobre uma faixa de dobramentos da
formação Raizama, formação Araras, grupo Bauru e grupo Cuiabá. Já a região do médio curso
do Rio Teles Pires está sobre influência de uma estrutura geológica sedimentar da formação
Diamantino, formação Salto das Nuvens, formação Ronuro, unidade Dardanelos e uma
extensa área com cobertura detrítico-lateríticas ferruginosas (ALCÂNTARA, 2009).
O clima da região é do tipo Equatorial Continental Úmido, com temperatura média
anual variando de 24,1 a 25,0 ºC e pluviosidade de 2.000 a 2.200 mm, com duas épocas do
ano bem definidas, chuva de novembro a março e estiagem de maio a setembro (TARIFA,
2011).
A economia da região da bacia do Teles Pires é baseada no agronegócio, que
compreende agricultura e pecuária, bem como extrativismo mineral, comércio, agroindústria e
ecoturismo. Na região do alto Teles Pires a ocupação é mais antiga, sendo que a maior parte
da bacia se caracteriza pela alta produção de grãos, agropecuária de corte e leite, extração
madeireira, extração mineral e turismo (SEMA, 2016).
Estações de coleta de água
Foram estabelecidas cinco estações de coleta ao longo do Rio Teles Pires (TP1 a
TP5) e sete estações de coleta nos seus afluentes, quais sejam: Rio Curupi (R-Cur), Rio
Roquete (R-Roq), Ribeirão Selma (R-Sel) e Ribeirão Baixada Morena (R-BM) na margem
direita do Teles Pires e Rio Verde (R-Ver), Ribeirão Caldeirão (R-Cal) e rio índio Possesso
(R-IP) na margem esquerda (Figura 1).
Coleta das Amostras e Medições em Campo
As coletas das amostras de água compreendem o período de maio de 2014 a
novembro de 2016, durante a fase de construção da hidrelétrica, com um total de dez
amostragens com frequência trimestral. Foram coletadas quatro amostras no período chuvoso
(janeiro 2015, novembro 2015, fevereiro 2016 e novembro 2016) e seis amostras no período
de estiagem (maio 2014, julho 2014, outubro 2014, agosto 2015, maio 2016 e agosto 2016).
21
Figura 1 - Mapa de localização das estações de coleta do monitoramento limnológico da bacia
do Rio Teles Pires. Legenda: Rio Teles Pires (TP), Rio Curupi (R-Cur), Rio Roquete (R-Roq),
Ribeirão Selma (R-Sel) e Ribeirão Baixada Morena (R-BM) na margem direita do Teles Pires
e Rio Verde (R-Ver), Ribeirão Caldeirão (R-Cal) e rio Índio Possesso (R-IP) na margem
esquerda do Teles Pires.
Fonte: Próprio autor
Em campo foram medidas a temperatura da água (ºC), o pH e o oxigênio dissolvido
(mg/L). Os demais parâmetros físicos e químicos foram medidos em laboratório, quais sejam:
condutividade elétrica (µS/cm), cor verdadeira (mgPt/L), turbidez (UNT), sólidos totais
(mg/L), sólidos dissolvidos (mg/L), sólidos suspensos (mg/L), ferro total (mg/L), fósforo total
(mg/L), ortofosfato (mg/L), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO-mg/L), Demanda
Química de Oxigênio (DQO-mg/L), nitrato (mg/L), nitrogênio orgânico (mg/L) e nitrogênio
amoniacal (mg/L). Os métodos de coleta e análise de água adotados seguiram o estabelecido
em AWWA/APHA (2012). As coletas foram realizadas na sub-superfície, sempre na margem
(Rio Teles Pires), devido a correnteza, ou canal do rio (maioria dos afluentes).
Os dados limnológicos e todos os custos com coletas e análises são parte do Sub
Programa de Monitoramento Limnológico e da Qualidade da Água da fase de construção da
UHE Sinop, de responsabilidade e propriedade da Companhia Energética de Sinop, cedidos
para este trabalho.
22
Análise dos Dados
Os dados foram analisados através da estatística descritiva, analítica e análise
multivariada, considerando a variação sazonal e/ou espacial.
Com base na estatística descritiva, foi realizado o cálculo dos valores máximos e
mínimos, média, mediana e desvio padrão para cada um dos parâmetros analisados em cada
estação de coleta em duas épocas do ano, estiagem (maio-outubro) e chuva (novembro-abril).
Vale mencionar que o mês de abril é considerado como transição quanto às chuvas (TARIFA,
2011), mas os rios ainda apresentam volumes compatíveis com a época de chuva ou em leve
declínio (ALCANTARA, 2009). Por outro lado, outubro é considerado por este autor como
época de chuva, mas por se tratar do início das chuvas, os rios ainda apresentam vazão típica
da época de seca (ALCANTARA, 2009).
A partir da estatística analítica, utilizou-se o teste de Kruskal Wallis, com nível de
significância p<0,05, para verificar se os dados apresentavam variação significativa entre os
períodos hidrológicos do ano, chuva e estiagem.
Adotou-se a análise discriminante canônica com o objetivo de analisar a variação
espacial das estações de coleta no Rio Teles Pires e nos afluentes com base nas variáveis
limnológicas. A primeira etapa da análise discriminante canônica foi realizar a análise de
variância multivariada (MANOVA) com a utilização dos testes multivariados Wilks,
Hotelling-Lawley e Roy. Os testes multivariados servem para verificar se existem diferenças
significativas entre as estações de coleta nas funções canônicas. Um gráfico biplot foi
construído para as duas primeiras variáveis canônicas (Can 1 e Can 2).
Para o teste de Kruskal Wallis e análise multivariada foram consideradas somente as
variáveis condutividade elétrica (µS/cm), cor verdadeira (mgPt/L), turbidez (UNT), fósforo
total (mg/L), nitrato (mg/L), nitrogênio orgânico (mg/L) e ferro total (mg/L), escolhidas
empiricamente, pois foram as que melhor descreveram as variações limnológicas dos
ambientes.
Para os resultados que se apresentaram abaixo do limite de detecção do método
empregado foi utilizado, para efeito das análises estatísticas, o valor deste limite de detecção.
RESULTADOS
Análise Descritiva
23
A Tabela 1 apresenta os resultados das variáveis limnológicas analisadas durante o
período chuvoso e seco, nas estações de coleta do Rio Teles Pires. As médias e medianas de
pH no Rio Teles Pires se mantiveram abaixo de 7,0 demonstrando o caráter ácido das águas
deste rio. As maiores médias e medianas de condutividade elétrica, temperatura da água, cor,
turbidez, DQO, ferro total, nitrato e nitrogênio orgânico foram observadas no período chuvoso
e as maiores médias e medianas de oxigênio dissolvido e DBO no período de estiagem. A
série de sólidos, o ortofosfato e o nitrogênio amoniacal apresentaram baixos valores.
Tabela 1 – Estatística descritiva das variáveis limnológicas no período de chuva e estiagem no
Rio Teles Pires
Parâmetros Estação Período Chuvoso Período Seco % da
Variação5
Max¹ Min² Média Med³ DP4
Max Min Média Med DP
pH TP1 6,61 5,17 5,94 5,99 0,59 6,85 5,64 6,22 6,28 0,45 -4,50
TP2 7,69 5,76 6,47 6,21 0,85 6,80 5,88 6,22 6,09 0,37 4,01
TP3 7,15 5,69 6,22 6,03 0,68 6,84 5,68 6,10 6,01 0,39 1,96
TP4 6,63 5,85 6,21 6,18 0,34 6,67 5,89 6,33 6,34 0,26 -1,89
TP5 6,67 5,68 6,17 6,16 0,44 7,21 5,84 6,28 6,14 0,48 -1,75
CE (µS/cm) TP1 25 18,6 20,45 19,1 3,04 18,13 9,4 14,69 14,8 3,20 39,21
TP2 14,8 12,9 13,72 13,6 0,89 12 8,7 10,55 10,7 1,07 30,04
TP3 12,9 11,7 12,22 12,15 0,62 10,5 8,6 9,38 9,2 0,71 30,27
TP4 13,8 11,9 13,05 13,25 0,85 11 8,8 9,92 10 0,76 31,55
TP5 12,8 11,7 12,47 12,7 0,52 10,8 8,83 9,69 9,5 0,75 28,68
Temperatura
da Água
(ºC)
TP1 28,5 27 27,8 27,8 0,69 29 25 26,6 26,3 1,41 4,51
TP2 28,7 27,3 28,1 28,2 0,60 29,3 25 26,7 26,4 1,63 5,24
TP3 28,5 27,7 28,1 28,2 0,33 28,5 24,5 26,1 25,9 1,44 7,66
TP4 29 27,7 28,4 28,5 0,54 28,8 25,1 26,6 26,5 1,34 6,76
TP5 28,8 27,6 28,3 28,5 0,52 28,8 24,9 26,6 26,5 1,52 6,39
OD (mg/L) TP1 7,38 5,98 6,73 6,78 0,61 8,94 7,34 7,95 7,56 0,72 -15,34
TP2 7,82 5,21 6,77 7,02 1,10 9,17 6,8 7,77 7,65 0,80 -12,87
TP3 7,24 5,86 6,80 7,1 0,65 9,21 7,31 7,89 7,76 0,69 -13,81
TP4 7,22 6,57 6,98 7,1 0,29 8,74 6,73 7,62 7,66 0,72 -8,39
TP5 7,68 6,13 6,94 6,98 0,63 8,45 7,51 7,87 7,78 0,35 -11,81
DBO
(mg/L)
TP1 2,4 1 1,35 1 0,7 2,9 1 1,49 1 0,80 -9,39
TP2 3,5 1 1,62 1 1,25 4 1 1,92 1,51 1,20 -15,62
TP3 2,4 1 1,6 1 0,71 2,4 1 1,54 1,27 0,66 3,89
TP4 1,8 1 1,2 1 0,4 3 1 1,4 1,05 0,29 -14,28
TP5 1,2 1 1,05 1 0,1 1,7 1 1,16 1,03 0,27 -9,48
DQO
(mg/L)
TP1 28,1 1 11,02 7,5 12,35 10 1 4 1 4,65 175,5
TP2 14,5 1 7,88 8 6,03 19,6 1 5,93 2,5 7,39 32,88
TP3 11,2 1 4,8 3,5 4,44 16 1 4,9 2,5 5,87 -2,04
TP4 25 1 9,25 5,5 10,90 27 1 7,59 3,75 10,10 21,87
TP5 21 1 7,5 4 9,43 19,2 1 4,7 2 7,18 59,57
Cor
Verdadeira
(mgPt/L)
TP1 183 11 72 47 77,04 24 2 10,83 7,5 9,80 564,81
TP2 85 18 43,25 35 29,89 25 2 8,5 6,5 8,55 408,82
TP3 64 18 35,25 29,5 20,25 20 2 8,83 7,5 6,73 299,20
TP4 72 15 38,75 34 26,15 29 2 12,33 11,5 9,69 214,27
TP5 73 13 37,5 32 26,85 22 2 9,83 9,5 7,60 281,48
Turbidez
(UNT)
TP1 45,9 6,19 28,8 31,6 16,5 12 4,27 6,8 6,1 2,9 323,52
TP2 26,5 4,37 14,8 14,2 9,3 5,27 2 3,1 2,8 1,2 377,41
TP3 22,4 6,61 17,1 19,8 7,2 7,05 3,06 4,9 4,6 1,5 248,97
TP4 24,4 4,92 18,4 22,2 9,1 17,2 3,01 8,2 7,4 4,8 124,39
TP5 23,6 4,61 17,1 20 8,5 10 2,94 6,6 6,9 2,3 159,09
24
Sólidos
Totais
(mg/L)
TP1 47 19 32,5 32 12,8 44 10 19,3 15,5 12,4 68,39
TP2 23 12 17,5 17,5 5,3 40 10 15,5 10,5 12 12,90
TP3 28 12 22 24 6,9 80 10 21,9 10 28,5 0,45
TP4 30 12 24 27 8,5 124 10 31,2 10 45,8 -23,07
TP5 29 12 20,5 20,5 9,9 48 10 19,3 11 15,3 6,21
Sólidos
Dissolvidos
(mg/L)
TP1 25 19 20,5 19 3 40 10 18,7 15,5 10,8 9,62
TP2 15 12 13,5 13,5 1,3 40 10 15,5 10,5 12 -12,90
TP3 13 12 12,2 12 0,5 80 10 21,9 10 28,5 -44,29
TP4 14 12 12,2 13,5 0,9 120 10 28,5 10 44,8 -57,19
TP5 13 12 12,5 12,5 0,6 40 10 15,3 10,5 12,1 -18,30
Sólidos
Suspensos
(mg/L)
TP1 28 10 17 15 8,7 10 10 10 10 0 70
TP2 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0
TP3 16 10 12 11 2,9 10 10 10 10 0 20
TP4 16 10 13 13 3,5 12 10 10,3 10 0,8 26,21
TP5 16 10 13 13 3,5 16 10 11 10 2,4 18,18
Ferro Total
(mg/L)
TP1 1,19 0,287 0,881 1,023 0,408 0,868 0,212 0,450 0,339 0,259 95,77
TP2 0,802 0,318 0,565 0,570 0,208 0,53 0,01 0,211 0,212 0,196 167,77
TP3 0,73 0,436 0,596 0,609 0,123 0,639 0,01 0,214 0,176 0,235 178,50
TP4 0,82 0,352 0,621 0,656 0,218 0,739 0,01 0,298 0,266 0,284 108,38
TP5 0,84 0,373 0,647 0,687 0,196 0,68 0,01 0,258 0,273 0,247 150,77
Fósforo
Total
(mg/L)
TP1 0,32 0,01 0,155 0,146 0,169 0,566 0,01 0,166 0,079 0,219 -6,62
TP2 0,226 0,01 0,099 0,08 0,108 0,24 0,01 0,089 0,07 0,089 11,23
TP3 0,16 0,01 0,074 0,063 0,069 0,791 0,01 0,193 0,01 0,319 -61,65
TP4 0,259 0,01 0,107 0,08 0,118 0,777 0,01 0,243 0,155 0,279 -55,96
TP5 0,275 0,01 0,101 0,06 0,125 1,003 0,04 0,310 0,18 0,133 -67,41
Ortofosfato
(mg/L)
TP1 0,24 0,01 0,068 0,01 0,115 0,529 0,01 0,098 0,01 0,211 -30,61
TP2 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,02 0,01 0,011 0,01 0,004 -9,09
TP3 0,02 0,01 0,012 0,01 0,005 0,01 0,01 0,01 0,01 0 20
TP4 0,14 0,01 0,044 0,012 0,064 0,521 0,01 0,096 0,01 0,208 -54,16
TP5 0,02 0,01 0,013 0,011 0,004 0,513 0,01 0,095 0,01 0,205 -86,31
Nitrato
(mg/L)
TP1 0,53 0,05 0,285 0,28 0,202 0,24 0,01 0,092 0,072 0,090 209,78
TP2 0,39 0,01 0,197 0,195 0,156 0,19 0,01 0,068 0,01 0,090 189,70
TP3 0,36 0,04 0,232 0,265 0,149 0,21 0,01 0,099 0,085 0,085 134,34
TP4 0,38 0,05 0,215 0,215 0,136 0,20 0,01 0,091 0,077 0,081 136,26
TP5 0,36 0,06 0,222 0,235 0,126 0,19 0,01 0,103 0,103 0,072 115,53
Nitrogênio
Orgânico
(mg/L)
TP1 0,33 0,01 0,235 0,3 0,151 0,6 0,01 0,196 0,134 0,239 19,89
TP2 0,45 0,01 0,24 0,25 0,184 0,27 0,01 0,116 0,109 0,107 106,89
TP3 0,47 0,01 0,245 0,25 0,192 1,118 0,01 0,272 0,138 0,18 -9,92
TP4 0,5 0,01 0,227 0,2 0,202 0,512 0,01 0,260 0,285 0,229 -12,69
TP5 0,6 0,01 0,327 0,35 0,245 0,614 0,01 0,282 0,25 0,248 15,95
Nitrogênio
Amoniacal
(mg/L)
TP1 0,044 0,01 0,018 0,01 0,017 0,025 0,01 0,014 0,011 0,006 28,57
TP2 0,027 0,01 0,014 0,01 0,008 0,04 0,01 0,015 0,01 0,012 -6,66
TP3 0,035 0,01 0,016 0,01 0,012 0,036 0,01 0,014 0,01 0,011 14,28
TP4 0,019 0,01 0,012 0,01 0,004 0,931 ,0,01 0,167 0,013 0,374 -92,81
TP5 0,038 0,01 0,017 0,01 0,014 0,058 0,01 0,018 0,01 0,019 -5,55
¹Valor máximo. ²Valor mínimo. ³Mediana. 4Desvio padrão.
5% da variação do período de
chuva em relação ao período de estiagem
A Tabela 2 apresenta os resultados das variáveis limnológicas analisadas durante o
período chuvoso e seco, nas estações de coleta nos afluentes. O comportamento das variáveis
nos afluentes foi muito semelhante ao comportamento das variáveis no Rio Teles Pires. O pH
apresentou médias e medianas abaixo de 6,5 evidenciando o caráter ácido das águas destes
rios. As variáveis que exibiram maiores médias e medianas no período chuvoso foram:
condutividade elétrica, temperatura da água, DQO, cor, turbidez, ferro total e nitrato. As
25
variáveis oxigênio dissolvido, DBO e fósforo total tiveram as maiores médias e medianas no
período de estiagem. As variáveis série de sólidos, ortofosfato e nitrogênio amoniacal também
apresentaram baixos valores nos afluentes.
Tabela 2 – Estatística descritiva das variáveis limnológicas no período de chuva e estiagem
nos afluentes
Parâmetros Estação Período Chuvoso Período Seco % da
Variação5
Max¹ Min² Média Med³ DP4
Max Min Média Med DP
pH R-Ver 7,06 5,47 6,19 6,11 0,69 7,31 5,16 5,64 5,35 0,83 9,75
R-Cal 6,65 5,13 5,77 5,66 0,76 7,31 5,15 5,83 5,66 0,75 -1,02
R-IP 6,11 4,75 5,45 5,47 0,60 7,21 4,92 5,80 5,60 0,78 -6,03
R-Roq 6,31 4,2 5,41 5,57 1,06 6,98 4,62 5,43 5,23 0,82 -0,36
R-Sel 5,46 3,96 4,79 4,86 0,66 5,61 4,47 4,78 4,66 0,43 0,20
R-BM 5,6 4,92 5,25 5,24 0,35 5,91 4,18 4,93 4,75 0,65 6,49
R-Cur 6,42 5,10 5,76 5,75 0,57 7,38 4,88 5,77 5,47 0,88 -0,17
CE (µS/cm) R-Ver 7,8 7,1 7,42 7,4 0,29 7,2 4,69 6,48 6,9 0,96 14,50
R-Cal 7,6 6,7 7,15 7,15 0,39 6,8 4 5,53 5,72 1,18 29,29
R-IP 8,1 7,3 7,55 7,4 0,38 78,5 4,75 18,30 6,9 29,50 -58,74
R-Roq 11,9 4,2 7,05 6,05 3,58 5,1 3,06 4,03 3,91 0,68 74,93
R-Sel 7,6 3,6 4,72 3,85 1,92 4,09 3 3,54 3,5 0,47 33,33
R-BM 6,9 3 4,17 3,4 1,83 4 2,9 3,35 3,3 0,38 24,47
R-Cur 8,5 7,6 7,92 7,8 0,43 7,2 5,3 6,56 6,75 0,71 20,73
Temperatura
da Água
(ºC)
R-Ver 28,1 26,9 27,5 27,5 0,51 27 23 25,3 25,3 1,53 8,69
R-Cal 27,8 25,1 26,3 26,1 1,34 27,7 22,5 24,1 23,9 1,74 9,12
R-IP 26,5 24,7 25,6 25,6 0,93 26 22,1 23,9 24,1 1,48 7,11
R-Roq 29,4 25 26,5 25,8 2,01 25,9 22 23,9 23,8 1,50 10,87
R-Sel 26,8 24,5 25,7 25,7 0,95 26,6 21,9 24,4 24,2 1,62 5,32
R-BM 25,8 24,5 25,1 25,1 0,54 26,4 21,2 24 24 1,71 5,83
R-Cur 27,1 25,3 26 25,8 0,79 26,5 23 24,4 24 1,46 6,55
OD (mg/L) R-Ver 7,57 6,1 6,92 7,01 0,62 8 7,13 7,47 7,43 0,33 -7,36
R-Cal 7,72 6,39 6,99 6,92 0,55 8,03 6,55 7,49 7,71 0,58 -6,67
R-IP 7,23 6,1 6,74 6,81 0,52 8,26 6,89 7,51 7,52 0,45 -10,25
R-Roq 7,27 5,43 6,59 6,83 0,83 7,59 6,59 7,09 7,07 0,37 -7,05
R-Sel 6,91 4,05 5,41 5,34 1,22 7,33 4,13 5,69 5,82 1,17 -4,92
R-BM 7,99 5,56 6,94 7,11 1,02 8,96 7,01 7,82 7,80 0,66 -11,25
R-Cur 7,65 6,6 7,27 7,41 0,47 9,43 6,89 8,14 8,18 0,82 -10,68
DBO
(mg/L)
R-Ver 1,6 1 1,15 1 0,3 5 1 1,93 1,3 1,56 -40,41
R-Cal 1 1 1 1 0 2,6 1 1,3 1 0,64 -23,07
R-IP 2 1 1,25 1 0,5 2,6 1 1,27 1 0,65 -1,57
R-Roq 3 1 1,72 1,45 0,95 4,8 1 1,65 1 1,54 4,24
R-Sel 1 1 1 1 0 2 1 1,25 1 0,42 -20
R-BM 1 1 1 1 0 4,1 1 1,52 1 1,26 -34,21
R-Cur 1 1 1 1 0 2,7 1 1,33 1,05 0,67 -24,81
DQO
(mg/L)
R-Ver 32 1 14,55 12,6 15,49 12 1 5,37 3,5 5,05 -170,94
R-Cal 21,7 1 9,92 8,5 9,07 14 1 5,67 3 5,92 74,95
R-IP 16 1 6,82 5,15 7,26 27,1 1 7,68 4 10,13 -11,19
R-Roq 49,6 1 16,4 7,5 22,64 19,9 1 6,65 2,5 7,98 146,61
R-Sel 33,1 1 11,27 5,5 15,15 16 1 6 2 7,04 87,83
R-BM 30,1 1 9,52 3,5 13,92 37,2 1 10,53 2 15,03 -9,59
R-Cur 27,9 1 11,47 8,5 13,03 16,4 1 4,73 2,5 5,97 142,49
Cor
Verdadeira
(mgPt/L)
R-Ver 39 11 23 21 12,65 32 2 11,3 8 10,76 103,53
R-Cal 94 12 42 31 35,69 39 2 16,6 15,5 12,24 153,01
R-IP 76 17 37,75 29 26,32 38 2 15,3 10 12,82 146,73
R-Roq 54 15 32 29,5 17,60 45 2 19,83 17,5 14,36 61,37
R-Sel 42 23 32,75 33 10,14 42 2 18,17 17,5 13,80 80,24
26
R-BM 50 12 26,75 22,5 16,88 29 2 14,67 14 10,46 82,34
R-Cur 73 13 37,5 32 27,13 25 2 12,3 12,5 7,84 204,87
Turbidez
(UNT)
R-Ver 11,7 8,26 10,2 10,4 1,5 4,29 2 3,1 3,1 0,9 229,03
R-Cal 15 6,76 11,4 12 3,4 5,66 2 3 2,3 1,5 280
R-IP 25 8,33 15,1 13,4 7,1 10,7 2 4,2 3 3,4 259,52
R-Roq 15 3,12 6,5 4 5,7 5,14 2 2,8 2,2 1,2 132,14
R-Sel 25 3,24 9,1 4,1 10,6 3,66 2 2,5 2 0,8 264
R-BM 17 3,14 7,9 5,7 6,5 5,13 2 3,3 3 1,3 139,39
R-Cur 20 3,85 11,6 11,2 7,2 7,51 2 4 3,8 2,1 190
Sólidos
Totais
(mg/L)
R-Ver 15 10 11,2 10 2,5 84 10 22,3 10 30,2 -49,77
R-Cal 10 10 10 10 0 84 10 22,3 10 30,2 -55,15
R-IP 19 10 12,5 10,5 4,3 97 10 24,5 10 35,5 -48,97
R-Roq 12 10 10,5 10 1 80 10 21,6 10 28,6 -51,38
R-Sel 10 10 10 10 0 80 10 21,6 10 28,6 -53,70
R-BM 10 10 10 10 0 40 10 15 10 12,2 -33,33
R-Cur 11 10 10,2 10 0,5 19 10 11,5 10 3,7 -11,30
Sólidos
Dissolvidos
(mg/L)
R-Ver 10 10 10 10 0 80 10 21,6 10 28,6 -53,70
R-Cal 10 10 10 10 0 80 10 21,6 10 28,6 -53,70
R-IP 10 10 10 10 0 78 10 21,3 10 27,7 -53,05
R-Roq 12 10 10,5 10 1 80 10 21,6 10 28,6 -51,38
R-Sel 10 10 10 10 0 80 10 21,6 10 28,6 -53,70
R-BM 10 10 10 10 0 40 10 15 10 12,2 -33,33
R-Cur 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0
Sólidos
Suspensos
(mg/L)
R-Ver 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0
R-Cal 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0
R-IP 12 10 10,5 10 1 20 10 11,7 10 4,1 -10,25
R-Roq 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0
R-Sel 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0
R-BM 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0
R-Cur 10 10 10 10 0 12 10 10,3 10 0,8 -2,91
Ferro Total
(mg/L)
R-Ver 0,534 0,216 0,344 0,312 0,135 0,542 0,060 0,223 0,188 0,165 54,26
R-Cal 0,328 0,176 0,277 0,302 0,068 0,343 0,01 0,164 0,181 0,133 68,90
R-IP 0,609 0,38 0,498 0,502 0,126 0,405 0,01 0,223 0,257 0,178 123,31
R-Roq 0,657 0,22 0,368 0,297 0,203 0,508 0,141 0,258 0,228 0,132 42,63
R-Sel 0,354 0,21 0,281 0,281 0,059 0,308 0,01 0,158 0,178 0,129 77,84
R-BM 0,30 0,136 0,225 0,232 0,068 0,317 0,01 0,139 0,151 0,118 61,87
R-Cur 0,441 0,408 0,424 0,424 0,014 0,537 0,279 0,370 0,363 0,095 14,59
Fósforo
Total
(mg/L)
R-Ver 0,08 0,01 0,027 0,01 0,035 0,913 0,01 0,249 0,103 0,342 -89,15
R-Cal 0,11 0,01 0,05 0,04 0,049 0,317 0,01 0,109 0,09 0,115 -54,12
R-IP 0,09 0,01 0,047 0,045 0,043 0,518 0,01 0,169 0,083 0,083 -72,18
R-Roq 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,772 0,03 0,232 0,108 0,283 -95,68
R-Sel 0,151 0,01 0,045 0,01 0,070 0,771 0,01 0,231 0,127 0,277 -80,51
R-BM 0,11 0,01 0,04 0,02 0,047 0,19 0,02 0,087 0,044 0,078 -54,02
R-Cur 0,104 0,01 0,061 0,065 0,044 0,856 0,03 0,263 0,172 0,306 -76,80
Ortofosfato
(mg/L)
R-Ver 0,06 0,01 0,022 0,01 0,025 0,613 0,01 0,112 0,01 0,245 -80,35
R-Cal 0,04 0,01 0,017 0,01 0,015 0,024 0,01 0,013 0,01 0,005 30,76
R-IP 0,03 0,01 0,015 0,01 0,01 0,353 0,01 0,068 0,01 0,139 -77,94
R-Roq 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,41 0,01 0,081 0,014 0,161 -87,65
R-Sel 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,508 0,01 0,094 0,01 0,203 -89,36
R-BM 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,019 0,01 0,011 0,01 0,004 -9,09
R-Cur 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,7 0,01 0,128 0,01 0,280 -92,18
Nitrato
(mg/L)
R-Ver 0,26 0,03 0,177 0,21 0,106 0,27 0,01 0,122 0,091 0,109 45,08
R-Cal 0,33 0,04 0,202 0,22 0,122 0,26 0,01 0,105 0,069 0,106 92,38
R-IP 0,29 0,01 0,19 0,23 0,127 0,24 0,01 0,118 0,109 0,110 61,01
R-Roq 0,25 0,053 0,173 0,195 0,085 0,26 0,01 0,101 0,048 0,113 71,28
R-Sel 0,22 0,01 0,155 0,195 0,097 0,21 0,01 0,117 0,120 0,81 32,47
R-BM 0,26 0,01 0,182 0,23 0,116 0,21 0,01 0,085 0,065 0,080 114,11
R-Cur 0,33 0,01 0,21 0,25 0,139 0,28 0,01 0,098 0,050 0,111 114,28
Nitrogênio
Orgânico
R-Ver 0,34 0,01 0,187 0,2 0,135 0,79 0,048 0,388 0,335 0,257 -51,80
R-Cal 0,34 0,01 0,137 0,1 0,141 0,682 0,01 0,228 0,112 0,274 -39,91
27
(mg/L) R-IP 0,28 0,01 0,122 0,1 0,113 0,72 0,01 0,29 0,25 0,289 -57,93
R-Roq 0,34 0,01 0,187 0,2 0,135 0,32 0,01 0,189 0,25 0,142 -1,05
R-Sel 0,42 0,01 0,232 0,25 0,173 1,05 0,01 0,331 0,194 0,403 -29,90
R-BM 0,37 0,01 0,195 0,2 0,147 0,43 0,01 0,166 0,15 0,160 17,46
R-Cur 0,47 0,01 0,245 0,25 0,192 0,64 0,01 0,239 0,128 0,271 2,51
Nitrogênio
Amoniacal
(mg/L)
R-Ver 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,017 0,01 0,012 0,01 0,003 -16,66
R-Cal 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,048 0,01 0,016 0,01 0,015 -37,5
R-IP 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0
R-Roq 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,032 0,01 0,013 0,01 0,009 -23,07
R-Sel 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0
R-BM 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0
R-Cur 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,656 0,01 0,121 0,01 0,262 -91,73
¹Valor máximo. ²Valor mínimo. ³Mediana. 4Desvio padrão.
5% da variação do período de
chuva em relação ao período de estiagem
Teste de Kruskal Wallis
Os resultados do teste de Kruskal Wallis, comparando os períodos de chuva e
estiagem, demonstraram que ocorreu variação significativa (p<0,05) entre a época de chuva e
estiagem para as variáveis condutividade elétrica, cor, turbidez, fósforo total nos afluentes,
nitrato e ferro total em todos os ambientes avaliados e não ocorreu variação significativa
(p>0,05) nas concentrações de fósforo total, nas estações de coleta do Rio Teles Pires, e para
a variável nitrogênio orgânico, nas estações de coleta do Rio Teles Pires e dos afluentes.
Análise Multivariada
A análise de variância multivariada pela aproximação do teste F mostrou que houve
diferenças significativas entre as estações de coleta nos períodos de chuva e estiagem para as
estações de coleta no Rio Teles Pires (Tabela 3).
Tabela 3 – Análise de variância multivariada para as estações de coleta no Rio Teles Pires
Chuva
Teste GL Aproximação F Valor-p
Wilks 4 1,7416 0,0619
Hotelling-Lawley 4 3,6009 0,0004
Roy 4 21,819 <0,0001
Estiagem
Teste GL Aproximação F Valor-p
Wilks 4 1,9121 0,0152
Hotelling-Lawley 4 2,2375 0,0035
Roy 4 7,3093 0,0001
28
A Tabela 4 apresenta a Análise Discriminante Canônica (ADC) com os autovalores,
diferença, porcentagem e porcentagem acumulada para as estações de coleta no Rio Teles
Pires em período de chuva e estiagem. A análise discriminante canônica das estações de
coleta no Rio Teles Pires explicou praticamente toda a variabilidade dos dados, tanto na época
de chuva quanto estiagem, correspondendo a 98,70% da variabilidade dos dados na chuva,
sendo 94,67% na primeira ADC e 4,02% na segunda ADC, e 98,13% da variabilidade dos
dados na estiagem, sendo 64,97% na primeira ADC e 33,16% na segunda ADC.
Tabela 4 - Análise Discriminante Canônica para as estações de coleta no Rio Teles Pires
Chuva
Canônica
Discriminante
Autovalor Diferença Porcentagem
(%)
Acumulado
(%)
1 0,9272 12,7276 12,1870 94,6755 94,6760
2 0,3510 0,5409 12,1870 4,0233 98,6990
3 0,1337 0,1544 12,1870 1,1483 99,8470
4 0,0201 0,0206 12,1870 0,1529 100,0000
Estiagem
Canônica
Discriminante
Autovalor Diferença Porcentagem
(%)
Acumulado
(%)
1 0,69931 2,325701 1,1383 64,96364 64,964
2 0,69931 1,187379 1,1383 33,16697 98,131
3 0,69931 0,054575 1,1383 1,52443 99,655
4 0,69931 0,012350 1,1383 0,34497 100,000
Pela análise discriminante canônica das estações de coleta no Rio Teles Pires no
período de chuva (Figura 2A), pode-se observar a discriminação de TP1 em relação às
estações de coleta TP2, TP3, TP4 e TP5, que apresentaram comportamentos semelhantes
entre si. A primeira DC é responsável por 94,7% da variabilidade e a segunda DC por 4%. A
DC1 foi mais eficaz na discriminação das cinco estações de coleta. No período de estiagem
(Figura 2B) é possível verificar a discriminação de TP1 e TP2 das estações TP3, TP4 e TP5,
que foram similares entre si. A DC1 é responsável por 65% da variabilidade dos dados e a
DC2 por 33,2%.
29
Figura 2 – Biplot de discriminante canônica das variáveis limnológicas em função das
estações de coleta no Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B). X1 –
condutividade elétrica; X2 – cor; X3 – turbidez; X4 – fósforo; X5 – nitrato; X6 – nitrogênio
orgânico; X7 – ferro total.
Fonte: Próprio autor
O resultado da análise discriminante canônica das estações de coleta no Rio Teles
Pires demonstrou que, no período de chuva, a estação de coleta TP1 foi mais influenciada
pelas variáveis condutividade elétrica (X1), turbidez (X3) e ferro total (X7), e em menor
proporção pela cor (X2), fósforo (X4) e nitrato (X5), enquanto as estações TP2, TP3, TP4 e
TP5 foram influenciadas pelo nitrogênio orgânico (X6) (Figura 3A). No período de estiagem
a estação de coleta TP1 foi induzida pelas variáveis condutividade elétrica (X1) e ferro total
(X7), a estação TP2 pelo ferro total (X7) e as estações TP3, TP4 e TP5 pelo fósforo (X4) e
nitrogênio orgânico (X6). Já as variáveis cor (X2), turbidez (X3) e nitrato (X5) não exerceram
influência sobre as estações de coleta na estiagem (Figura 3B).
Figura 3 – Análise discriminante canônica das variáveis limnológicas das estações de coleta
no Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B)
Fonte: Próprio autor
A Tabela 5 apresenta os coeficientes canônicos padronizados (CCP) da FCD1 e
FCD2 para as estações de coleta no Rio Teles Pires para as variáveis limnológicas analisadas
no período de chuva e estiagem.
30
Tabela 5 – Coeficiente canônico padronizado (CCP) das estações de coleta e das variáveis
limnológicas no Rio Teles Pires
Chuva Estiagem
Grupos FCD1 FCD2 Grupos FCD1 FCD2
TP1 -6,1104 -0,0282 TP1 2,6719 -0,5002
TP2 0,7646 -0,1684 TP2 0,0899 1,7796
TP3 2,2152 -0,5375 TP3 -0,9191 0,3582
TP4 1,5663 -0,4817 TP4 -0,9128 -0,9934
TP5 1,5643 1,2158 TP5 -0,9299 -0,6440
Variáveis Variáveis
X1 -7,5813 -0,7280 X1 -3,5732 -0,3431
X2 -2,9088 -0,1459 X2 -1,3710 -0,0688
X3 -3,6510 -0,2593 X3 -1,7208 -0,1222
X4 -1,8897 0,4114 X4 -0,8906 0,1939
X5 -1,5068 0,0209 X5 -0,7102 0,0098
X6 0,4855 2,6455 X6 0,2288 1,2469
X7 -3,6076 0,8095 X7 -1,7003 0,3815
A análise de variância multivariada pela aproximação do teste F mostrou que houve
diferenças significativas entre as estações de coleta nos períodos de chuva e estiagem para as
estações de coleta nos afluentes do Rio Teles Pires (Tabela 6).
Tabela 6 – Análise de variância multivariada para as estações de coleta nos afluentes do Rio
Teles Pires
Chuva
Teste GL Aproximação F Valor-p
Hotelling-Lawley 6 1,9115 0,0065
Roy 6 13,265 <0,0001
Estiagem
Teste GL Aproximação F Valor-p
Hotelling-Lawley 6 1,1517 0,0037
Roy 6 5,7482 0,0002
A Tabela 7 apresenta a Análise Discriminante Canônica (ADC) com os autovalores,
diferença, porcentagem e porcentagem acumulada para as estações de coleta nos afluentes do
Rio Teles Pires em período de chuva e estiagem. Para as estações de coleta nos afluentes do
Rio Teles Pires a análise discriminante canônica explicou quase toda a variabilidade dos
dados, correspondendo 88,37% da variabilidade dos dados na chuva, com 77,11% na primeira
ADC e 11,26% na segunda ADC, e 81,31% da variabilidade dos dados na estiagem, com
66,87% na primeira ADC e 14,43% na segunda ADC.
31
Tabela 7 - Análise Discriminante Canônica para as estações de coleta nos afluentes do Rio
Teles Pires
Chuva
Canônica
Discriminante
Autovalor Diferença Porcentagem
(%)
Acumulado
(%)
1 0,8228 4,6429 3,9646 77,1079 77,1080
2 0,4042 0,6783 3,9646 11,2651 88,3730
3 0,2828 0,3942 3,9646 6,5476 94,9210
4 0,1921 0,2377 3,9646 3,9480 98,8680
5 0,0449 0,0470 3,9646 0,7803 99,6490
6 0,0207 0,0211 3,9646 0,3512 100,0000
Estiagem
Canônica
Discriminante
Autovalor Diferença Porcentagem
(%)
Acumulado
(%)
1 0,5420108 1,1834575 0,92798 66,876307 66,876
2 0,2034921 0,2554803 0,92798 14,437001 81,313
3 0,1882437 0,2318969 0,92798 13,104320 94,418
4 0,0810480 0,0881961 0,92798 4,983897 99,402
5 0,0091164 0,0092002 0,92798 0,519899 99,921
6 0,0013886 0,0013905 0,92798 0,078576 100,000
A discriminante canônica das estações de coleta nos afluentes do Rio Teles Pires, na
época de chuva (Figura 4A), mostrou o agrupamento das estações R-Ver, R-Roq e R-Cur, e a
separação de R-Sel e R-BM, que foram mais semelhantes entre si, e R-IP e R-Cal. A primeira
DC é responsável por 77,1% da variabilidade dos dados e a segunda DC por 11,3%. Já no
período de estiagem (Figura 4B) é possível observar a separação da estação R-Cur das demais
estações de coleta, que foram mais semelhantes entre si. A primeira DC é responsável por
66,9% da variabilidade dos dados e segunda DC por 14,4%.
32
Figura 4 – Biplot de discriminante canônica das variáveis limnológicas em função das
estações de coleta nos afluentes do Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B).
X1 – condutividade elétrica; X2 – cor; X3 – turbidez; X4 – fósforo; X5 – nitrato; X6 –
nitrogênio orgânico; X7 – ferro total.
Fonte: Próprio autor
O resultado da análise discriminante canônica para as estações de coleta nos
afluentes do Rio Teles Pires indicou que, na época de chuva, as estações R-Ver, R-Roq e R-
Cur foram influenciadas pelas variáveis cor (X2), turbidez (X3) e nitrato (X5), as estações R-
Sel e R-BM pelo nitrogênio orgânico (X6) e as estações R-IP e R-Cal pela condutividade
elétrica (X1) e ferro total (X7) (Figura 5A). Já na estiagem as estações de coleta R-Sel e R-
Cal foram mais influenciadas pela variável cor (X2), a estação R-BM pela turbidez (X3), a
estação R-Ver pelo fósforo (X4), as estações R-IP e R-Roq pelo nitrato (X5) e nitrogênio
orgânico (X6) e a estação R-Cur pela turbidez (X3) e ferro total (X7) (Figura 5B).
Figura 5 – Análise discriminante canônica das variáveis limnológicas das estações de coleta
nos afluentes do Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B)
Fonte: Próprio autor
Os afluentes R-Ver, R-Cal, R-IP e R-Cur apresentaram maiores concentrações
médias e maiores variações em algumas das variáveis limnológicas analisadas indicando que
estes rios apresentam maiores alterações na qualidade da água e, consequentemente, poderão
causar alterações na qualidade da água do reservatório da UHE Sinop.
33
A Tabela 8 apresenta os coeficientes canônicos padronizados (CCP) da FCD1 e
FCD2 para as estações de coleta nos afluentes do Rio Teles Pires para as variáveis
limnológicas analisadas no período de chuva e estiagem.
Tabela 8 – Coeficiente canônico padronizado (CCP) das estações de coleta e das variáveis
limnológicas nos afluentes do Rio Teles Pires
Chuva Estiagem
Grupos FCD1 FCD2 Grupos FCD1 FCD2
R-BM -2,2857 0,6781 R-BM -0,34319 0,87351
R-Cal 1,7423 1,3090 R-Cal 0,43727 0,33725
R-Cur -0,0035 -0,9793 R-Cur -2,12103 -0,19494
R-IP 2,5668 -0,4552 R-IP 0,34605 -0,72364
R-Roq 0,9564 0,0300 R-Roq 0,43679 -0,09273
R-Sel -2,9343 -0,1318 R-Sel 1,33315 0,00842
R-Ver -0,0421 -0,4509 R-Ver -0,08905 -0,20788
Variáveis Variáveis
X1 2,7268 -1,8982 X1 -0,04478 -4,53317
X2 0,7664 0,3706 X2 1,50432 0,35439
X3 1,1618 -0,7618 X3 -1,89050 -2,12747
X4 -0,0609 -0,2234 X4 -0,52080 -2,51236
X5 0,4640 0,0197 X5 0,51384 -1,36392
X6 -1,0955 -0,9430 X6 0,60574 -2,28490
X7 1,4564 -2,3782 X7 -3,32450 -3,86708
As variáveis limnológicas analisadas foram fortemente influenciadas pelo período de
chuvas. As estações de coleta apresentaram uma maior discriminação na época de chuva,
estando mais homogêneas no período de estiagem. As principais variáveis indicadoras desta
sazonalidade foram condutividade elétrica, cor, turbidez, nitrato e ferro que apresentaram
maior influência sobre as estações de coleta no período de chuva.
DISCUSSÃO
A cerca da sazonalidade de chuvas na região, que exerceu influência sobre algumas
das variáveis limnológicas analisadas, Silva et al. (2008) menciona que o regime pluvial
apresenta características específicas de acordo com a localização geográfica e as épocas do
ano, além de apresentar variações espaciais, e estas variações podem afetar as concentrações
das variáveis físicas e químicas nos rios.
Conforme Sioli (1951), durante a época chuvosa, a água que vem de camadas mais
profundas do solo, se dilui com água das chuvas e apresenta, então, um teor menor em sais
extraídos daquelas camadas mais profundas do que se verifica durante a estação seca. Por
34
outro lado, porém, a maior parte das águas pluviais, antes de chegar aos rios, entra em contato
com a superfície terrestre e as camadas mais superficiais do solo, extraindo e arrastando delas
certas substâncias que são carregadas para os rios. Durante a estação seca, matéria vegetal
morta, como plantas e folhas, galhos, etc., se acumula no chão da floresta e começa a entrar
em decomposição; os produtos desta decomposição, mais tarde, durante a estação chuvosa e
principalmente no início dela serão transportados aos rios pelas chuvas. Nessa época, as águas
dos rios e riachos se acham muito mais ricas em substâncias orgânicas oxidáveis e em nitratos
os quais igualmente são de origem orgânica, e por outro lado mais ácidas e mais pobres em
bicarbonatos, cálcio, sulfatos, etc., substâncias provenientes de camadas mais profundas, do
que durante a estação seca.
A influência do período de chuvas nas variáveis de qualidade da água já foi
mencionada por diversos autores, inclusive por Rios Villamizar et al. (2011) na bacia do Rio
Purus, Silva et al. (2008) nesta mesma bacia, Umetsu et al. (2007) nos Rios Teles Pires e
Cristalino e Andrietti et al. (2016) na bacia do Rio Caiabi, afluente do Rio Teles Pires.
A bacia do Rio Teles Pires tem sua área ocupada por intensa atividade de agricultura
e pastagem, tendo as sub-bacias do R-Cal, R-IP e R-Cur suas áreas ocupadas,
predominantemente, por essa atividade. As outras sub-bacias dos Rios afluentes apresentam a
vegetação nativa como ocupação dominante, mas ainda assim já se encontram fortemente
ocupadas pelas atividades antrópicas. A ausência de mata ciliar em alguns trechos da margem
de alguns desses afluentes também foi verificada in loco. Os rios afluentes, exceto Rio Verde,
possuem extensão relativamente menor que o Teles Pires (verificado através de imagens de
satélite), possuindo uma dinâmica de diluição/concentração diferenciada.
A discriminação da estação TP1 das demais estações de coleta, em ambos os
períodos estudados, se deve ao fato desta estação estar localizada no Rio Teles Pires, antes da
confluência com o Rio Verde, o que provoca uma dinâmica diferente das outras estações, pois
o Rio Verde favorece o fator de diluição do rio a jusante da estação TP2. As confluências
fluviais caracterizam-se como ambientes bastante complexos, pois nestes locais ocorre a
combinação de matéria (água, sedimentos) e energia (forças exercidas pelos fluxos) oriundas
de diferentes fontes. As interações entre estes elementos resultam em uma variabilidade
processual e morfológica, moldando o canal fluvial em função das flutuações sazonais das
contribuições de cada curso d’água (PAES et al., 2008). Luz et al. (2017) e Parsons et al.
(2007) estudando a hidrodinâmica da confluência dos rios Cuiabá, Paraguai e Paraná,
35
respectivamente, observaram um aumento da vazão e aceleração geral do fluxo após a junção
destes rios, que, consequentemente, aumentou a diluição.
Kalavathy (2008), estudando a qualidade da água do Rio Thirumukkudal, na Índia,
formado após a confluência dos rios Cauvery e Amaravathy, verificou a redução na carga de
poluição advinda do Rio Amaravathy após a confluência destes dois rios. Faga e Araújo
(2013), avaliando os níveis de OD e DBO após a confluência do Rio Pirapozinho, no Estado
de São Paulo, com um tributário que recebia descarga de efluentes, observaram uma redução
na qualidade da água após a confluência, todavia, após uma nova confluência com um
tributário de qualidade boa o Rio Pirapozinho teve uma melhoria nos níveis de OD e DBO,
segundo os autores.
As maiores concentrações médias de condutividade elétrica, ferro, turbidez, cor e
nitrato em TP1, no período de chuva, têm origem no aporte de materiais, erosão dos solos e
lixiviação das áreas de agricultura e pecuária, existentes na bacia, que são favorecidos na
época de chuva pelo escoamento superficial. Essas substâncias carreadas sofrem diluição após
a confluência do Rio Teles Pires com o Rio Verde, mantendo condições similares a jusante.
Com relação aos maiores valores de ferro e condutividade elétrica em TP1, nos dois
períodos, e em R-Cal e R-IP, na chuva, estes podem estar relacionados as características
geológicas e pedológicas e aos usos do solo na bacia. A nascente do Rio Teles Pires está
situada nas Formações Raizama e Araras onde predominam rochas carbonáticas, calcárias e
dolomito, constituídas por cálcio e magnésio (ALA FILHO, 2011), podendo ainda o aumento
da condutividade estar relacionado à presença dos íons de ferro. Quanto ao ferro, este pode ter
origem no Latossolo, tipo de solo predominante na região, rico em óxidos e hidróxidos de
ferro, podendo também ser proveniente das atividades de agricultura e pastagem existentes na
região.
Carvalho e Siqueira (2011), avaliando a qualidade da água do Rio Meia Ponte
(Goiás) constataram um aumento da condutividade elétrica pela maior presença de íons de
ferro, devido ao lançamento de efluentes domésticos e industriais e a fatores naturais, como a
presença de rochas que liberam íons na água.
Em um estudo sobre a avaliação dos solos e das águas em Humaitá, Amazonas,
Oliveira et al. (2016) encontraram elevadas concentrações de ferro no curso d’água,
verificando que essas concentrações eram oriundas das características do solo e do ambiente
amazônico, constatando presença abundante de óxidos de ferro e manganês. Igualmente
Miranda et al. (2009) constataram altos valores de ferro na água estudando a qualidade da
36
água do Rio Tapajós que, segundo os autores, pode ser explicado pela composição
geoquímica da região onde o ferro apresenta mobilidade relativa regular e que em pH maior
que 4,8 é comum encontrar maior quantidade de ferro nas formas de óxido e hidróxido.
A separação de TP2, na estiagem, pode estar associada ao fluxo moderado das águas
observado nesse trecho do rio, o que favorece a concentração de substâncias, como o ferro, de
origem natural e/ou antrópica, que pode ser proveniente, também, da área a montante,
principalmente TP1, bem como os processos que ocorrem entre a estação TP2 e as demais
estações a jusante, já que a estação TP2 esta localizada logo após a confluência com o Rio
Verde e as outras estações no Teles Pires estão mais próximas entre si e mais distantes de
TP2.
Nos afluentes, a variação da cor nas estações R-Ver, R-Roq e R-Cur, nos meses de
chuva, e R-Cal e R-Sel, na estiagem, e a variação da turbidez nas estações R-Ver, R-Roq e R-
Cur, na chuva, e R-Cur e R-BM, na estiagem, está associado ao aporte de material para os
cursos d’água, provenientes da erosão dos solos e das áreas com atividade agropecuária. Tal
aporte é facilitado na época de chuvas pelo escoamento superficial. Já na estiagem esta
variação pode ser explicada pela presença de processos erosivos nas margens das estações de
coleta devido a ausência de mata ciliar em alguns trechos do R-Cal, R-Sel e R-BM e algum
aporte difuso de criação animal, que ocorre nestas sub-bacias. As alterações de cor e turbidez
verificadas em alguns dos afluentes não foram suficientes para modificar a qualidade da água
do Rio Teles Pires, a partir de TP2, devido ao grande volume de água deste rio em relação aos
seus tributários.
Corroborando estes resultados, Fonseca e Zeilhofer (2007), estudando a poluição
difusa na bacia do Rio Teles Pires, encontraram valores moderados de turbidez e os
relacionaram à intensa atividade agrícola e às altas taxas de desmatamento verificadas na área
do estudo. Do mesmo modo Caovilla et al. (2008), avaliando a qualidade da água nesta
mesma área de estudo constataram valores moderados de turbidez e cor na água, sendo os
maiores valores encontrados no período de enchente e cheia, devido ao aumento dos sólidos
dissolvidos lixiviados pela chuva.
Com relação ao nitrogênio orgânico, este exerceu maior influência sobre as estações
TP2, TP3, TP4, TP5, R-Sel e R-BM, na chuva, e TP3, TP4, TP5, R-IP e R-Roq na estiagem.
Os resultados desta variável podem ter origem na matéria orgânica vegetal das matas ciliares,
que nesta época do ano perdem mais folhas, associado a deflúvios difusos de criação animal e
das atividades de agricultura intensivamente praticadas na bacia. O escoamento superficial do
37
período chuvoso facilita a lixiviação da matéria orgânica das áreas com atividade
agropecuária, favorecido pela supressão da mata ciliar em alguns trechos dos afluentes, como
observado in loco, enquanto a estiagem, pela menor diluição, possibilita a concentração
dessas substâncias.
Wieben et al. (2013), encontraram, em um estudo sobre as concentrações de
nutrientes na bacia hidrográfica de Barnegat Bay-Little Egg Harbor, em Nova Jersey,
concentrações de nitrogênio orgânico mais elevadas em sub-bacias mais desenvolvidas (com
maior ocupação urbana e agrícola), devido aos efluentes domésticos e fertilizantes orgânicos
oriundos das áreas de drenagem.
A maior interferência de nitrato em TP1, R-Ver, R-Roq e R-Cur, no período de
chuva, e em R-IP e R-Roq, no período de estiagem, está ligada às atividades de agricultura e
pecuária existentes na bacia. Os resultados de nitrato são considerados baixos e os maiores
valores foram observados para essas estações de coleta. As estações de coleta que
apresentaram os maiores valores de nitrato são as que possuem maior área de drenagem (TP1,
R-Ver e R-Roq) ou as que apresentam intensa atividade agropecuária (R-IP e R-Cur). Os
valores baixos de nitrato podem ser justificados pelo tipo de solo da bacia, o Latossolo, que
devido a suas características químicas, pH ácido e elevadas concentrações de ferro, alumínio e
manganês, reduzem a lixiviação deste nutriente, apesar de comprovado o seu alto teor de
mobilidade (SANTOS, 2004).
Fonseca (2006) em seu estudo sobre a poluição difusa na bacia do Rio Teles Pires
também encontrou baixos valores de nitrato, sendo a maior leitura de 3,07 mg/L, estando as
maiores medianas nas sub-bacias com maior percentual de atividades agrícolas e pecuária e
alta taxa de desmatamento. Do mesmo modo Andrietti et al. (2014) também verificaram
baixos valores de nitrato na bacia do Rio Caiabi, afluente do Rio Teles Pires, sendo a
concentração média igual a 3,15 mg/L.
A influência da variável fósforo total foi notada em TP3, TP4, TP5 e R-Ver, no
período de estiagem, e em TP1 no período de chuva. Segundo Esteves (1998) este nutriente
pode ter origem nos usos do solo das áreas agrícolas e nas características pedológicas e
geológicas da bacia, sendo que, dentre as fontes naturais, as rochas da bacia de drenagem
constituem a fonte básica de fosfato para os ecossistemas aquáticos. SEMA (2009), menciona
que as características pedológicas, o Latossolo Vermelho Escuro Distrófico com presença de
Neossolos Quartzarênicos e Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico, conferem um grande
aporte de cargas de fósforo ao Rio Teles Pires, sendo esta uma característica natural da região
38
de estudo. Este trabalho relata ainda que o fósforo nesta região pode variar de 0,1 a 0,3 mg/L,
estando os valores encontrados no presente estudo de acordo com os valores previstos para a
região.
A menor influência do fósforo na época de chuva pode estar relacionada ao fator de
diluição do Teles Pires. Já a influência em TP1, no período de chuva, é decorrente do
carreamento desse nutriente para o corpo d’água através do escoamento superficial da área de
drenagem à montante, ocorrendo diluição após a confluência com o Rio Verde.
Caovilla et al. (2008), estudando a qualidade da água da bacia do Rio Teles Pires
verificaram altas concentrações de fósforo na água, atingindo um valor de 0,84 mg/L, oriundo
do carreamento de matéria orgânica para o rio. Andrietti et al. (2016) avaliando o índice de
qualidade da água e de estado trófico do rio Caiabi, afluente da porção média do Teles Pires,
encontraram valores alterados de fósforo devido a intensa criação animal na região do estudo.
CONCLUSÃO
A análise das variáveis demonstrou que as condições limnológicas do ecossistema
aquático da bacia do Rio Teles Pires, na área de influência da UHE Sinop (MT), são
controladas por fatores naturais, como geologia, pedologia e sazonalidade de chuvas, e fatores
antrópicos, principalmente atividade agropecuária, ficando, por vezes, difícil identificar a
contribuição de cada fator. Porém, é possível verificar que as atividades agropecuárias,
praticadas em larga escala nesta região, vem adotando práticas inadequadas à conservação do
solo e da qualidade da água.
As variáveis limnológicas analisadas foram fortemente influenciadas pelo período de
chuvas e as principais variáveis indicadoras desta sazonalidade foram condutividade elétrica,
cor, turbidez, nitrato e ferro.
O Rio Teles Pires possui uma extensão expressivamente maior que seus afluentes
(exceto o Rio Verde) provocando uma dinâmica de fluxo diferenciada e, consequentemente,
uma dissemelhança nas condições limnológicas desses ambientes. Os afluentes R-Ver, R-Cal,
R-IP e R-Cur apresentaram maiores concentrações médias e maiores variações em algumas
das variáveis limnológicas analisadas (cor, turbidez, ferro total, fósforo total e nitrato)
indicando que estes rios poderão causar alterações na qualidade da água do reservatório da
UHE Sinop.
Considerando que estes cursos d’água são tributários do reservatório da UHE Sinop,
os resultados deste trabalho sugerem a continuidade do monitoramento da qualidade da água,
39
especialmente dos nutrientes fósforo, nitrato e nitrogênio orgânico, que podem representar um
fator de eutrofização para o reservatório em formação, buscando assim garantir a sua
qualidade da água, a manutenção do ecossistema aquático e os usos múltiplos da água deste
novo ambiente, incluindo a geração de energia elétrica.
Vale destacar por fim a importância ambiental, social e econômica desta bacia e sua
intensa ocupação nos últimos anos, com tendência de se manter focada no agronegócio em
grandes fazendas tecnológicas, que virão acompanhadas de novas infraestruturas, e a escassez
de estudo dos seus ecossistemas aquáticos, que vem sendo alterados. Isso demonstra o
ineditismo e a importância do presente trabalho e a necessidade de sua ampliação para toda a
bacia, principalmente nas partes altas e médias dos tributários, visando subsidiar a gestão
integrada, considerando a relação água, energia e alimento e a conexão com os ecossistemas
aquáticos. .
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43
CAPITULO II
INFLUÊNCIAS DO USO DO SOLO NA QUALIDADE DA ÁGUA DE SEIS
AFLUENTES DO RIO TELES PIRES, ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DA UHE
SINOP (MT)
RESUMO
Na região norte do Estado de Mato Grosso, além das atividades agrícolas e do rebanho bovino
já existentes, há também uma expansão na geração de energia elétrica, especificamente na
bacia do Rio Teles Pires, onde encontram-se, em fase de instalação/operação, quatro usinas
hidrelétricas, entre elas a UHE Sinop, cuja futura área de instalação é objeto deste estudo.
Desta forma, este estudo tem por objetivo analisar a influência dos usos e ocupação do solo na
qualidade da água de seis afluentes do Rio Teles Pires que formarão o reservatório da UHE
Sinop. Para tanto foram realizadas coletas de água em seis tributários do Rio Teles Pires no
período de maio de 2014 a novembro de 2016, totalizando dez amostragens, tanto na época de
chuva quanto de estiagem. Foram analisados 11 parâmetros físicos, químicos e biológicos da
água e os resultados comparados aos padrões da Resolução Conama 357/05 e foi calculado o
IQA – Índice de Qualidade da Água. Posteriormente foi realizado o levantamento e a
classificação dos usos e ocupação do solo nas seis sub-bacias. Os resultados demonstraram
que as sub-bacias com predominância de agricultura/pastagem apresentaram medianas mais
elevadas de cor, turbidez, fósforo total, nitrato e E. coli. Demonstraram ainda o médio estado
de conservação das sub-bacias afluentes ao Rio Teles Pires, devido à antropização pela
agropecuária e supressão da mata ciliar em alguns trechos. Os resultados indicaram a
necessidade de manejo das áreas de agricultura e pastagem e recuperação das matas ciliares e
da continuidade do monitoramento da qualidade da água, visando garantir a qualidade da água
do reservatório, a manutenção dos ecossistemas aquáticos e os usos múltiplos da água.
Palavras-chave: Agropecuária, Empreendimentos Hidrelétricos, Recursos Hídricos
ABSTRACT
.In the northern region of the State of Mato Grosso, in addition to the existing agricultural
activities and the cattle herd, there is also an expansion in electric power generation,
specifically in the Teles Pires River basin, where, during the installation / operation phase,
four hydroelectric plants, among them the Sinop HPP, whose future installation area is the
object of this study. In this way, this study has the objective of analyzing the influence of land
use and occupation on the water quality of six tributaries of the Teles Pires River that will
form the Sinop HPP reservoir. For this purpose, water samples were collected from six
tributaries of the Teles Pires River from May 2014 to November 2016, totaling ten samplings,
both in the rainy season and in the dry season. Eleven physical, chemical and biological
parameters of the water were analyzed and the results were compared to the standards of
Conama Resolution 357/05 and the IQA - Water Quality Index was calculated. Subsequently,
it was carried out the survey and the classification of land use and occupation in the six sub-
basins. The results showed that the sub-basins with predominance of agriculture / pasture had
higher medians of color, turbidity, total phosphorus, nitrate and E. coli. They also
demonstrated the medium state of conservation of the tributary sub-basins to the Teles Pires
River, due to the anthropization by agriculture and the suppression of the riparian forest in
some stretches. The results indicated the need to manage the areas of agriculture and pasture
and recovery of the riparian forests and the continuity of the monitoring of the quality of the
44
water, aiming to guarantee the water quality of the reservoir, the maintenance of the aquatic
ecosystems and the multiple uses of the water.
Key – words: Farming, Hydroelectric Projects, Water resources
INTRODUÇÃO
Há algumas décadas a área técnico-científica se deu conta dos efeitos que as
intervenções humanas podem ter na qualidade dos recursos naturais. Os efeitos das ações
humanas se fizeram notáveis inicialmente na qualidade do ar e da água e foram as razões dos
primeiros estudos na área ambiental (LOLLO, 2016).
O uso do solo em bacias hidrográficas quando realizado sem padrão de ocupação e
zoneamento pré-definidos gera impactos consideráveis e provoca a degradação da qualidade
das águas dos rios, alterando suas propriedades físicas, químicas e biológicas (ROSA,
OLIVEIRA; SAAD, 2014). A urbanização e as atividades agropecuárias são as principais
responsáveis pela degradação dos recursos hídricos através da transferência de poluentes do
solo para a água, causando alterações na qualidade dos cursos d’água (MONAGHAN et al.,
2007).
A expansão do uso do solo para agricultura e pecuária no cerrado brasileiro vem
sendo intensa nos últimos 20 a 30 anos, implicando em desmatamento de grandes áreas e
ameaçando este bioma. Mapeamentos recentes indicam uma taxa de conversão antrópica na
ordem de 40% sobre a área original desse bioma, direcionada a atividades de agricultura e
pastagens (HUNKE et al., 2015; BLEICH et al., 2009; RABELO et al., 2009; SANO et al.,
2008), com tendência de aumento, com perda estimada de 1% ao ano entre 2013 e 2015
(OBSERVATÓRIO DO CLIMA, 2017).
No Estado de Mato Grosso, onde predomina este bioma, a agropecuária foi
responsável por 49,8% do Produto Interno Bruto em 2017, concentrada, principalmente, nas
porções alta e média da bacia do Rio Teles Pires, tributário da Região Hidrográfica
Amazônica, para a produção de soja, milho, arroz, algodão e rebanho bovino (IBGE, 2017).
Esta região se caracteriza pela predominância do cerrado e ocorrência de zona de transição
com a floresta Amazônica, local que é hoje uma fronteira agrícola de acesso à ocupação da
floresta pela monocultura de grãos, facilitada pela melhoria das rodovias e recente ampliação
da infraestrutura (MOREIRA, 2011).
Dentre os empreendimentos de infraestrutura, destacam-se as usinas hidrelétricas,
também em expansão nesta região do Brasil, sendo que no Rio Teles Pires foram instaladas
45
recentemente quatro usinas hidrelétricas, quais sejam: UHE Sinop e Colíder em fase de
construção, UHE São Manuel em fase de enchimento do reservatório e UHE Teles Pires, em
operação desde 2014. Estes empreendimentos são parte do Plano Decenal de Expansão de
Energia (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2013) e deverão alagar uma área total de
710 km², gerando cerca de 3.266 MW.
A expansão de usinas hidrelétricas nesta região nos últimos anos, inclusive com
vários barramentos num mesmo rio, como é o caso do Teles Pires, aliada aos intensos usos do
solo na área de drenagem deste rio, pode implicar em futuros conflitos, tendo em vista que o
“reservatório é um coletor e digestor das entradas e dos efeitos existentes nas bacias
hidrográficas, cujos efeitos incluem os processos internos físicos, químicos e biológicos e
suas consequências dentro do reservatório” (STRASKRABA; TUNDISI, 2000). As relações
entre os rios e reservatórios hidrelétricos e suas respectivas bacias hidrográficas geram
variações na qualidade da água que são dinâmicas espacial e temporalmente, que inteferem
tanto nos usos múltiplos da água, inclusive na geração de energia elétrica, quanto no
funcionamento e estrutura dos ecossistemas aquáticos (rio a jusante ou reservatório)
(FIGUEIREDO; CRUZ, 2014). Essa relação indica a necessidade de uma análise integrada na
bacia hidrográfica, visando prevenir conflitos futuros e garantir os usos múltiplos da água,
como preconiza a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433 de 1997).
Uma das principais ferramentas de avaliação integrada de uma bacia hidrográfica é o
monitoramento da qualidade da água, que permite acompanhar as alterações nas
características físicas, químicas e biológicas da água decorrentes das atividades antrópicas e
dos fenômenos naturais, servindo como um subsídio na tomada de decisões, no
gerenciamento dos usos e ocupação do solo, nos investimentos em preservação, na
fiscalização de atividades poluidoras e no acompanhamento do ambiente como um todo
(MATTHIENSEN et al., 2014; NOGUEIRA et al., 2014).
Neste sentido, considerando a construção da UHE Sinop, no leito do Rio Teles Pires
em Mato Grosso, e a intensa ocupação do solo na área de influência desta usina, foi realizado
o presente estudo, com o objetivo de analisar a influência dos usos e ocupação do solo na
qualidade da água de seis tributários do futuro reservatório.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
46
A bacia do rio Teles Pires encontra-se entre os paralelos 15º00' de latitude sul e 7º00'
de latitude norte e os meridianos 54º00' e 58º00' de longitude oeste, compreendendo terras nos
Estados do Mato Grosso e pequena parte do Pará, possuindo aproximadamente 141.483 km2
de área de drenagem e 3.647 km de perímetro (EPE, 2008). Esta bacia engloba total ou
parcialmente 35 municípios, sendo 2 localizados no Estado do Pará e 33 em Mato Grosso,
destes, sete estão nos limites da bacia.
O Rio Teles Pires, também conhecido como Rio São Manoel, é um dos formadores
do Rio Tapajós, importante afluente da margem direita do Rio Amazonas.
O Rio Teles Pires nasce nas serras Azul e do Finca Faca, a uma altitude média de
800m (EPE, 2009). Este rio é classificado como rio de águas claras, pois provém, em partes
dos antiquíssimos maciços do Brasil central, os quais, em virtude do relevo mais regular,
oferecem possibilidades bem menores de erosão (SIOLI, 1951).
A área do alto Rio Teles Pires está situada sobre uma faixa de dobramentos da
formação Raizama, formação Araras, grupo Bauru e grupo Cuiabá. Já a região do médio curso
do Rio Teles Pires está sobre influência de uma estrutura geológica sedimentar da formação
Diamantino, formação Salto das Nuvens, formação Ronuro, unidade Dardanelos e uma
extensa área com cobertura detrítico-lateríticas ferruginosas (ALCÂNTARA, 2009). A região
do estudo esta inserida na zona de transição entre os biomas amazônico e de cerrado, com uso
do solo predominantemente agrícola (MOREIRA, 2011). Os solos da região são do tipo:
Latossolos, com predominância do Latossolo Vermelho, Latossolo Amarelo e Latossolo
Vermelho Amarelo, Neossolos, Gleissolos, Cambissolos e Plintossolos (EPE; THEMAG,
2010).
A UHE Sinop está localizada no limite da porção alta e média da bacia do rio Teles
Pires, distante 70 km da sede do município de Sinop. O reservatório, que terá uma área de 337
km², abrangerá os municípios de Cláudia, Itaúba, Ipiranga do Norte, Sinop e Sorriso, todos no
Estado de Mato Grosso. O reservatório possuirá um volume de 3 bilhões de m³, profundidade
máxima de 48 m e tempo de residência médio de 39 dias.
O clima da região é do tipo Equatorial Continental Úmido, com temperatura média
anual variando de 24,1 a 25,0º C e pluviosidade de 2.000 a 2.200 mm, com duas épocas do
ano bem definidas, chuva de novembro a março e estiagem de maio a setembro (TARIFA,
2011).
Levantamento dos Usos e Ocupação do Solo
47
Para efetuar o levantamento do uso e ocupação do solo foi utilizado o software
ArcGis, com imagens do satélite Landsat 8 de 06/06/2017. Este levantamento foi realizado na
área de drenagem dos afluentes: Ribeirão Caldeirão, Rio Índio Possesso, Rio Roquete,
Ribeirão Selma, Ribeirão Baixada Morena e Rio Curupi. Inicialmente foi realizada a
delimitação das sub-bacias dos afluentes, posteriormente foram identificados os tipos de uso e
ocupação, que neste caso foram vegetação nativa, agricultura/pastagem, solo exposto e área
urbana, em seguida foi mapeado o uso e ocupação do solo e então foi quantificado o
percentual de área correspondente a cada classe de uso e ocupação.
Observações in loco e através de imagens de satélite, Google Earth, permitiram
verificar a ausência de mata ciliar em alguns trechos destes cursos d’água, presença de
moradias e criação animal em suas margens.
Estações de coleta de água
As seis estações de coleta de monitoramento deste estudo estiveram localizadas
próximas à foz de quatro afluentes do Rio Teles Pires e de dois afluentes do Rio Roquete
(afluente do Rio Teles Pires), que estarão localizadas nas áreas de remanso do futuro
reservatório, formadas por cada um destes tributários, quais sejam: Rio Curupi (R-Cur), Rio
Roquete (R-Roq), Ribeirão Selma (R-Sel) e Ribeirão Baixada Morena (R-BM) na margem
direita do Rio Teles Pires e Ribeirão Caldeirão (R-Cal) e rio índio Possesso (R-IP) na margem
esquerda (Figura 1).
Coleta das Amostras e Medições em Campo
A coleta das amostras de água compreendeu o período de maio de 2014 a novembro
de 2016, durante a fase de construção da hidrelétrica, com um total de dez amostragens com
frequência trimestral. Em campo foram medidas a temperatura da água (ºC), o pH e o
oxigênio dissolvido (mg/L). Os demais parâmetros físicos, químicos e biológicos foram
medidos em laboratório, quais sejam: cor verdadeira (mgPt/L), turbidez (UNT), sólidos totais
(mg/L), fósforo total (mg/L), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO-mg/L), nitrato (mg/L),
nitrogênio amoniacal (mg/L) e bactérias Escherichia Coli (NMP/100ml). Os métodos de
coleta e análise de água adotados seguiram o estabelecido em AWWA/APHA (2012). As
coletas foram realizadas em sub-superfície no canal do rio (maioria dos afluentes).
48
Figura 1 - Mapa de localização das estações de coleta do monitoramento limnológico e da
qualidade da água, na bacia do Rio Teles Pires área de influência da UHE Sinop. Legenda:
Rio Curupi (R-Cur), Rio Roquete (R-Roq), Ribeirão Selma (R-Sel), Ribeirão Baixada Morena
(R-BM), Ribeirão Caldeirão (R-Cal) e Rio Índio Possesso (R-IP).
Fonte: Próprio autor
Os dados de qualidade da água e todos os custos com coletas e análises são parte do
Sub Programa de Monitoramento Limnológico e da Qualidade da Água da fase de construção
da UHE Sinop, de responsabilidade e propriedade da Companhia Energética de Sinop,
cedidos para este trabalho.
Análise dos Dados
Os dados foram analisados através da estatística descritiva, utilizando-se o software
estatístico R para o cálculo dos valores da mediana e desvio padrão para cada um dos
parâmetros analisados em cada estação de coleta em duas épocas do ano, chuva (novembro a
abril) e seca ou estiagem (maio a outubro). Vale mencionar que o mês de abril é considerado
como transição quanto às chuvas (TARIFA, 2011), mas os rios ainda apresentam volumes
compatíveis com a época de chuva ou em leve declínio (ALCANTARA, 2009). Por outro
lado, outubro é considerado por este autor como época de chuva, mas por se tratar do início
das chuvas, os rios ainda apresentam vazão típica da época de seca (ALCANTARA, 2009). .
49
Para os resultados da qualidade da água que se apresentaram abaixo do limite de
detecção do método empregado foi utilizado, para efeito das análises estatísticas, o valor deste
limite de detecção.
Os resultados foram comparados com os padrões de qualidade da água da Resolução
do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) nº 357 de 2005 para rios classe 2, à qual
pertence o rio Teles Pires e afluentes considerando que não há enquadramento formal até o
presente momento. Os usos da água previstos para esta classe são: abastecimento para
consumo humano, após tratamento convencional; proteção das comunidades aquáticas;
recreação, tais como, natação, esqui aquático, mergulho; irrigação de hortaliças, plantas
frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a
ter contato direto; e aquicultura e atividade de pesca. Realizou-se ainda um cálculo percentual
dos parâmetros que tiveram resultados em desacordo com esta Resolução, em cada sub-bacia.
Foi calculado o IQA (Índice de Qualidade da Água), determinado pelo produto
ponderado das qualidades de água correspondentes aos parâmetros: temperatura da água, pH,
oxigênio dissolvido, Demanda Bioquímicas de Oxigênio (DBO), coliformes fecais (neste caso
Escherichia coli), nitrato, fósforo total, sólidos totais e turbidez.
Com base nos valores de IQA, foi adotada a seguinte classificação, conforme SEMA
(2010): excelente (90 < IQA < 100), bom (70 < IQA < 90), médio (50 < IQA < 70), ruim (25
< IQA < 50) e muito ruim (25 < IQA < 0).
RESULTADOS
Uso e Ocupação do Solo
Na área de drenagem das quatro sub-bacias e duas microbacias estudadas foram
identificadas quatro categorias principais de uso e ocupação do solo: vegetação nativa,
agricultura/pastagem, solo exposto e área urbana (encontrada apenas na sub-bacia do Rio
Curupi) (Figura 2).
50
Figura 2 – Uso e ocupação do solo nas sub-bacias do Ribeirão Caldeirão (A), Rio Índio
Possesso (B), Rio Roquete (C), Ribeirão Selma (D), Ribeirão Baixada Morena (E) e Rio
Curupi (F)
Fonte: Próprio autor
O mapa de uso e ocupação do solo das sub-bacias e microbacias demonstra a intensa
atividade antrópica para fins agropecuários, sendo a categoria agricultura/pastagem
predominante nas sub-bacias do Ribeirão Caldeirão (52,77%), Rio Índio Possesso (52,50%) e
Rio Curupi (54,30%). A vegetação nativa é prevalente na sub-bacia do Rio Roquete (54,08%)
e microbacias do Ribeirão Selma (52,87%) e Ribeirão Baixada Morena (52,38%), ficando
como a segunda classe mais abundante nas outras sub-bacias e vice-versa. A categoria área
urbana foi encontrada apenas na sub-bacia do Rio Curupi ocupando 1,56% desta sub-bacia
(Tabela 1). A área urbana observada na sub-bacia do Rio Curupi corresponde ao município de
Sinop que possui uma população de 135.874 habitantes (IBGE, 2017) e tem abastecimento
público com águas subterrâneas, não captando água deste Rio.
51
Tabela 1 – Classes de uso e ocupação do solo nas sub-bacias
Classes de
uso do solo
R-Cal R-IP R-Roq R-Sel R-BM R-Cur
Km² % Km² % Km² % Km² % Km² % Km² %
Vegetação
nativa
106,06 42,17 88,38 41,95 422,38 54,08 34,5 52,87 39,2 52,38 285,55 43,38
Agricultura/
pastagem
132,74 52,77 110,62 52,50 337,43 43,21 28 42,90 31,32 41,84 357,39 54,30
Solo exposto 12,72 5,06 11,68 5,55 21,15 2,71 2,76 4,23 4,32 5,78 5,02 0,76
Área
urbana
- - - - - - - - - - 10,28 1,56
Área total 251,52 100 210,68 100 780,96 100 65,26 100 74,84 100 658,20 100
Qualidade da Água
A Tabela 2 apresenta os resultados dos parâmetros de qualidade da água analisados
durante o período chuvoso e seco, nas sub-bacias e microbacias selecionadas. As medianas de
pH se mantiveram abaixo de 6,0, valor mínimo para rios de classe 2, demonstrando o caráter
levemente ácido dos rios e as maiores medianas de cor, turbidez e nitrato foram observadas na
época chuvosa. O oxigênio dissolvido apresentou o maior desvio padrão em R-Sel nos dois
períodos de estudo, revelando a maior variabilidade deste parâmetro nesta estação de coleta.
O fósforo total apresentou a maior mediana em R-Cur (0,172 mg/L) no período de estiagem.
Turbidez, cor verdadeira, nitrato e E.coli apresentaram as maiores medianas na época de
chuva e o oxigênio dissolvido na estiagem. As variáveis temperatura da água, DBO, sólidos
totais, e nitrogênio amoniacal apresentaram baixos resultados e dentro do padrão para rios de
classe 2.
Tabela 2 – Estatística descritiva dos parâmetros monitorados no período de chuva e estiagem
nos seis afluentes do Rio Teles Pires
Parâmetros Estação Período Chuvoso Período Seco
Mediana Desvio
Padrão
Mediana Desvio
Padrão
pH R-Cal 5,66 0,76 5,66 0,75
R-IP 5,47 0,60 5,60 0,78
R-Roq 5,57 1,06 5,23 0,82
R-Sel 4,86 0,66 4,66 0,43
R-BM 5,24 0,35 4,75 0,65
R-Cur 5,75 0,57 5,47 0,88
Temperatura
da Água
(ºC)
R-Cal 26,1 1,34 23,9 1,74
R-IP 25,6 0,93 24,1 1,48
R-Roq 25,8 2,01 23,8 1,50
R-Sel 25,7 0,95 24,2 1,62
52
R-BM 25,1 0,54 24 1,71
R-Cur 25,8 0,79 24 1,46
OD (mg/L) R-Cal 6,92 0,55 7,71 0,58
R-IP 6,81 0,52 7,52 0,45
R-Roq 6,83 0,83 7,07 0,37
R-Sel 5,34 1,22 5,82 1,17
R-BM 7,11 1,02 7,80 0,66
R-Cur 7,41 0,47 8,18 0,82
DBO
(mg/L)
R-Cal 1 0 1 0,64
R-IP 1 0,5 1 0,65
R-Roq 1,45 0,95 1 1,54
R-Sel 1 0 1 0,42
R-BM 1 0 1 1,26
R-Cur 1 0 1,05 0,67
Cor
Verdadeira
(mgPt/L)
R-Cal 31 35,69 15,5 12,24
R-IP 29 26,32 10 12,82
R-Roq 29,5 17,60 17,5 14,36
R-Sel 33 10,14 17,5 13,80
R-BM 22,5 16,88 14 10,46
R-Cur 32 27,13 12,5 7,84
Turbidez
(UNT)
R-Cal 12 3,4 2,3 1,5
R-IP 13,4 7,1 3 3,4
R-Roq 4 5,7 2,2 1,2
R-Sel 4,1 10,6 2 0,8
R-BM 5,7 6,5 3 1,3
R-Cur 11,2 7,2 3,8 2,1
Sólidos
Totais
(mg/L)
R-Cal 10 0 10 30,2
R-IP 10,5 4,3 10 35,5
R-Roq 10 1 10 28,6
R-Sel 10 0 10 28,6
R-BM 10 0 10 12,2
R-Cur 10 0,5 10 3,7
Fósforo
Total
(mg/L)
R-Cal 0,04 0,049 0,09 0,115
R-IP 0,045 0,043 0,083 0,083
R-Roq 0,01 0 0,108 0,283
R-Sel 0,01 0,070 0,127 0,277
R-BM 0,02 0,047 0,044 0,078
R-Cur 0,065 0,044 0,172 0,306
Nitrato
(mg/L)
R-Cal 0,22 0,122 0,069 0,106
R-IP 0,23 0,127 0,109 0,110
R-Roq 0,195 0,085 0,048 0,113
R-Sel 0,195 0,097 0,120 0,81
R-BM 0,23 0,116 0,065 0,080
R-Cur 0,25 0,139 0,050 0,111
Nitrogênio
Amoniacal
(mg/L)
R-Cal 0,01 0 0,01 0,015
R-IP 0,01 0 0,01 0
R-Roq 0,01 0 0,01 0,009
R-Sel 0,01 0 0,01 0
R-BM 0,01 0 0,01 0
R-Cur 0,01 0 0,01 0,262
E. coli
(NMP)
R-Cal 1,213 1915,9 447 134,73
R-IP 1,089 1077,9 425 549,81
R-Roq 362 26,299 161 198,92
R-Sel 180 63,015 63 27,381
R-BM 545 280,23 369 335,18
R-Cur 238 381,35 133 73,957
53
Os parâmetros pH, cor, oxigênio dissolvido, fósforo e E. coli apresentaram resultados
alterados e em desacordo com os padrões estabelecidos pela Resolução Conama nº 357/05
para rios de classe 2 (Tabela 3).
Tabela 3 – Percentual dos resultados dos parâmetros da qualidade da água avaliados nos
afluentes do Rio Teles Pires em desacordo com a Resolução Conama nº 357/05 para rios de
classe 2. Legenda: C- chuva, E- estiagem
Rios pH Cor OD Fósforo E. coli
C E C E C E C E C E
R-Cal 20 50 10 0 0 0 10 30 20 0
R-IP 30 50 10 0 0 0 0 20 40 10
R-
Roq
20 50 0 0 0 0 0 30 0 0
R-Sel 40 60 0 0 20 20 10 40 0 0
R-BM 40 60 0 0 0 0 10 20 0 10
R-Cur 20 40 0 0 0 0 10 40 0 0
IQA
O IQA teve resultado médio em todas as sub-bacias e microbacias, tanto no período
de chuva quanto de estiagem (Tabela 4). Os parâmetros pH, oxigênio dissolvido e E. coli são
os que mais contribuíram para esses resultados, já que são os parâmetros que possuem maior
peso no cálculo, cabendo ressaltar que o pH levemente ácido é uma característica natural dos
rios estudados. Os resultados do IQA demonstram que o R-Roq e R-BM tiveram o melhor
índice no período de chuva, R-Cal e R-IP o melhor índice na estiagem e o R-Sel e R-Cur o
mesmo valor nas duas épocas do ano.
Tabela 4 – Resultados do Índice de Qualidade da Água (IQA) dos rios no período de chuva e
estiagem
Sub-bacias Chuva Estiagem
R-Cal Médio (64) Médio (70)
R-IP Médio (63) Médio (67)
R-Roq Médio (68) Médio (66)
R-Sel Médio (63) Médio (63)
R-BM Médio (65) Médio (64)
R-Cur Médio (70) Médio (70)
Com a finalidade de avaliar a influência do pH nos resultados do IQA, o cálculo foi
refeito utilizando o valor de pH 7 para todas as sub-bacias nos dois períodos de estudo. Os
54
resultados mostraram uma melhora no IQA, permanecendo algumas sub-bacias com IQA
médio, mas com valores mais elevados (R-Cal e R-IP no período de chuva), e outras
alcançando o resultado bom (R-Roq, R-Sel, R-BM e R-Cur em ambos os períodos e R-Cal e
R-IP no período de estiagem), comprovando a interferência deste parâmetro no cálculo.
DISCUSSÃO
Em bacias hidrográficas com ocupação agrícola ocorre a entrada de resíduos de
forma difusa nos corpos d´água, contribuindo para a degradação da qualidade da água.
Poluentes na água, como agrotóxicos, sedimentos, fertilizantes, adubo animal e outras fontes
de matéria orgânica e inorgânica, atingem a água superficial e subterrânea durante o processo
de escoamento e percolação (MARQUES et al., 2007). Permatasari et al. (2017), afirmam que
os fertilizantes agrícolas são compostos por diferentes produtos químicos, dentre eles o
nitrogênio e o fósforo, que quando atingem os cursos d’água podem causar diversos danos a
esses ambientes.
Nas sub-bacias do R-Cal, R-IP e R-Cur, as medianas mais elevadas de cor, turbidez,
nitrato e E. coli refletiram a maior taxa de ocupação da área de drenagem pela atividade
agropecuária.
Fernandes et al. (2011) relatam que a turbidez e a cor refletem usos como solo
exposto, urbano e agricultura, por serem estes usos considerados como de maior potencial de
erosão. De acordo com Merten e Minela (2013) as culturas de cana de açúcar, soja e milho
contribuem com 13%, 5 a 8% e 6%, respectivamente, do total de erosão hídrica em uma
bacia, as áreas de pastagem degradada contribuem com 50% e as pastagens não degradadas de
5 a 6%.
Segundo Alcantara (2009), a Bacia do Alto e Médio Rio Teles Pires, em cujos
limites foi realizado o presente trabalho, apresenta cerca de 56,2% de área desmatada, sendo
que o aumento do desmatamento influenciou de maneira imediata no escoamento superficial,
devido à diminuição dos processos de interceptação e infiltração.
Além da ocupação da área de drenagem pela atividade agropecuária, a mata ciliar
suprimida, em alguns locais das margens dos rios estudados, e a presença de processos
erosivos observados in loco também contribuíram para a elevação nas medianas dos
parâmetros citados. Os valores de E. coli acima do limite permitido pela legislação em R-Cal
e R-IP, refletiram ainda a presença de moradias e criação animal nas margens destes rios.
55
Ribeiro et al. (2014) em um estudo em uma microbacia com produção intensiva de
vegetais no sul do Brasil, observaram que a qualidade da água foi menor na sub-bacia com
maior porcentagem de agricultura, menor porcentagem de floresta nativa, maior área de
drenagem e maior porcentagem de área ribeirinha ocupada por agricultura. Valores acima do
limite permitido pela legislação Conama nº 357/05 foram encontrados por Rabelo et al.
(2009), nos parâmetros turbidez, DBO, nitrato, resíduos totais, fosfato, nitrogênio amoniacal e
coliformes fecais em uma sub-bacia com área dominante por agricultura e pastagem em
Goiás.
Permatasari (2017), Vanzela et al. (2010) e Silva et al. (2010) também identificaram
uma piora na qualidade da água de bacias com presença de agricultura, pecuária e áreas
urbanas.
A sub-bacia do R-Roq e microbacias do R-Sel e R-BM possuem ocupação
dominante por vegetação nativa, o que coincide com menores medianas dos parâmetros
citados acima, quando comparados às outras sub-bacias. De acordo com Donadio et al.
(2005), nas bacias com cobertura florestal natural, a vegetação produz uma proteção contra a
erosão do solo, a sedimentação e a lixiviação exagerada de nutrientes, sendo essas áreas muito
importantes para manter a boa qualidade da água.
A presença de cobertura florestal associada à maior qualidade da água foi verificada
por Wang et al. (2014) na bacia do Rio Daliao na China, identificando que a cobertura
florestal estava altamente correlacionada com as baixas concentrações de nitrogênio
amoniacal, nitrato, nitrogênio total, dureza e salinidade.
Allan (2004) menciona que córregos em bacias hidrográficas agrícolas geralmente
permanecem em boas condições ate que a extensão da agricultura ocupe uma área de
montante equivalente a 30 a 50%, como é o caso de todas as sub-bacias e microbacias aqui
avaliadas, mesmo aquelas com maior cobertura florestal que possuem mais de 40% de suas
áreas ocupadas por agropecuária.
Os parâmetros oxigênio dissolvido em R-Sel, e E. coli, em R-BM, apresentaram
resultados fora dos limites estabelecidos pela Resolução Conama nº 357/05.
Os valores de oxigênio dissolvido abaixo do limite mínimo desta legislação em R-Sel
na época de chuva, decorrem da presença de matéria orgânica, já que os valores de DBO
foram mais elevados na mesma época. O carreamento de matéria orgânica neste rio é
facilitado pela ausência de mata ciliar observada em alguns locais.
56
No R-BM o valor de E. coli excedente à legislação está relacionado às excretas de
animais e ao possível lançamento de efluentes de um balneário a montante do local de coleta.
A Escherichia Coli é a principal bactéria do grupo de coliformes fecais
(termotolerantes), sendo abundante nas fezes humanas e de animais de sangue quente. É
encontrada em esgotos, efluentes tratados e águas naturais sujeitas à contaminação recente por
efluentes de seres humanos, atividades agropecuárias e animais (VON SPERLING, 2005). De
modo geral, os resultados de E. coli nos seis rios estudados não são considerados alarmantes,
porém alguns valores acima do limite estabelecido na legislação apontam para a necessidade
de identificar e mapear as possíveis fontes desses poluentes nas sub-bacias e microbacias
tributárias visando o controle dos aportes para o reservatório da UHE Sinop. A tendência de
ampliação da ocupação desta região pode comprometer a qualidade da água deste reservatório
a médio e longo prazo, tornando-a imprópria para os usos múltiplos preconizados para corpos
d’água da classe 2.
Segundo a Resolução Conama nº 274/2000, que dispõe sobre critérios de
balneabilidade, as águas consideradas para balneabilidade humana são divididas em:
excelente (máximo de 200 Escherichia coli por 100 ml), muito boa (máximo de 400
Escherichia coli) e satisfatória (máximo de 800 Escherichia coli). Entretanto, se o valor
obtido para esta variável for superior a 2.000 Escherichia coli as águas serão consideradas
impróprias. Assim sendo, a maioria das medianas se manteve na categoria muito boa, com
duas amostras em R-Cal e R-IP na categoria imprópria.
Assis e Lopes (2017) avaliando a qualidade da água na bacia do Ribeirão das Araras
(MG), encontraram valores de E. coli em desconformidade com os limites legais
estabelecidos para a classe de enquadramento do corpo d’água, indicando a influência
negativa da criação animal, realizada sem o tratamento e destino adequado dos resíduos.
O pH levemente ácido e abaixo do limite estabelecido pela legislação pertinente
encontrado em todas as sub-bacias e microbacias, é uma característica natural da região em
estudo, decorrente do tipo de solo (Latossolo) e de rochas muito intemperizadas, pobres em
eletrólitos e de caráter ácido, que são frequentemente carreados para o corpo d’água
(MOREIRA, VASCONCELOS, 2007). O pH levemente ácido também foi encontrado nesta
região de estudo por Bleich et al. (2016), Andrietti et al. (2015) e Umetsu et al. (2007) como
consequência das condições geológicas e pedológicas da bacia.
Todas as sub-bacias e microbacias apresentaram alguns valores de fósforo acima do
limite Conama n 357/05, sendo a maioria das alterações observadas no período de estiagem,
57
demonstrando a necessidade de novos estudos para avaliar as fontes desse nutriente nessa
época do ano. Segundo a Cetesb (2010), as concentrações de fósforo na água podem ter
origem nas formas naturais, como a dissolução de compostos do solo e a decomposição
orgânica, além de atividades antrópicas como despejos domésticos e industriais, fertilizantes,
detergentes sintéticos e lixiviações de criatórios animais.
Com relação ao IQA, os resultados médios foram influenciados, principalmente, pelo
baixo valor do pH e elevados de E. coli, que reduzem o valor deste índice. As variações de pH
se mantiveram dentro das condições naturais, tendo em vista que os resultados foram
similares entre as épocas do ano e que este parâmetro é conservativo sendo que não há
referências a sua alteração em bacia com ocupação agrícola.
O IQA é um modelo empírico e, portanto, os pesos de cada atributo não levam em
consideração as condições naturais, como fatores climáticos e condições geológicas, de cada
localidade, sendo sugerido por alguns autores a adaptação deste índice em determinadas
regiões que apresentem particularidades. Segundo De Azevedo Lopes e Magalhães Junior
(2010) a influência do pH no IQA pode ser significativa, já que este apresenta o terceiro peso
mais elevado no cálculo deste índice. Os mesmos autores estudaram a influência das
condições naturais de pH sobre o IQA na bacia do Ribeirão de Carrancas, e identificaram
baixos valores naturais de pH possivelmente relacionados à decomposição da matéria
orgânica presente nas águas, cujos resultados foram de médio a ruim devido a interferência
dos baixos valores de pH mas também do lançamento de esgoto doméstico e áreas com
atividade agropecuária.
O índice de qualidade da água (IQA) na bacia do Rio Teles Pires foi avaliado por
Caovilla et al. (2008) e apontou uma classificação entre médio a bom, sendo o relevo,
escoamento superficial, atividades agropecuárias e proximidade a centros urbanos, fatores
determinantes para esse resultado.
De maneira geral, pode-se observar que os resultados do IQA refletiram as médias
condições de conservação das bacias avaliadas com relação ao uso e ocupação do solo,
indicando uma tendência de aumento desta ocupação, e por conseguinte da degradação da
qualidade da água, tendo em vista que a ocupação da região ainda vem ocorrendo e poderá
aumentar com a presença do reservatório.
Isso permite estimar que estes tributários ao reservatório podem ser um fator de
deterioração atual e futura da qualidade da água, trazendo para este ambiente sedimento
(como indicado pelas concentrações de fósforo), matéria orgânica e nutrientes. O tempo de
58
residência médio do reservatório, que é de 35 dias, é suficiente para reter este material e
disponibilizar nutrientes na coluna d´água. Aliado a isto, vale destacar que a declividade
relativamente baixa desta porção da bacia do Teles Pires, pode favorecer a deposição destes
nutrientes e sedimentos nas interfaces entre estes rios tributários e o reservatório, levando à
redução da profundidade, do volume de água e proliferação de macrófitas aquáticas nas áreas
de remanso.
CONCLUSÃO
Os resultados deste estudo demonstraram o médio estado de conservação das sub-
bacias afluentes ao Rio Teles Pires, devido a antropização de cerca de metade da área de
drenagem das seis sub-bacias, especialmente pelas atividades agropecuárias. Os parâmetros
cor, turbidez, fósforo, nitrato e E. coli foram os principais indicadores desta alteração, estando
alguns resultados em desacordo com o limite estabelecido pela Resolução Conama nº 357/05
para rios de classe 2. Os valores médios ou bons (com ajuste do pH) do IQA foram, de
maneira geral, condizentes com esta ocupação do solo.
Os resultados indicam que o Ribeirão Caldeirão, Rio Índio Possesso e Rio Curupi
são os que apresentam maior possibilidade de causar alterações na qualidade da água do
reservatório da UHE Sinop, pois são os que apresentaram maiores medianas de fósforo,
nitrato e turbidez, além de suas áreas de drenagem serem ocupadas predominantemente por
agricultura/pastagem.
Tendo em vista que esses cursos d’água são tributários do reservatório da UHE
Sinop, os resultados deste trabalho indicam uma tendência de degradação da qualidade da
água em médio e longo prazo. Isso demonstra a necessidade de estudos e ações integradas em
toda a bacia de drenagem, com manejo das áreas de agricultura e pastagem, recuperação e
preservação das matas ciliares, gerenciamento dos usos do solo e a continuidade do
monitoramento da qualidade da água, visando garantir a qualidade da água do reservatório, a
manutenção dos ecossistemas aquáticos e os usos múltiplos da água, inclusive para geração de
energia elétrica.
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