63
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA DO RIO TELES PIRES NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DA FUTURA UHE SINOP, MT Joici Rodrigues Silva Prado Cuiabá 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS

QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA DO RIO TELES PIRES NA ÁREA DE

INFLUÊNCIA DIRETA DA FUTURA UHE SINOP, MT

Joici Rodrigues Silva Prado

Cuiabá

2018

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA DO RIO TELES PIRES NA ÁREA DE

INFLUÊNCIA DIRETA DA FUTURA UHE SINOP, MT

Joici Rodrigues Silva Prado

Dissertação apresentado ao Programa de Pós-

Graduação em Recursos Hídricos da Universidade

Federal de Mato Grosso para a obtenção do título de

mestre em Recursos Hídricos.

Orientadora: Prof Drª Daniela Maimoni de Figueiredo

Co-Orientadora: Prof Drª Eliana Freire Gaspar de

Carvalho Dores

Cuiabá

2018

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo
Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

R696q Rodrigues Silva Prado, Joici.

QUALIDADE DA ÁGUA DA BACIA DO RIO TELES PIRES NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DA FUTURA UHE SINOP, MT / Joici Rodrigues Silva Prado. -- 2018

62 f. : il. color. ; 30 cm.

Orientadora: Daniela Maimoni de Figueiredo. Co-orientadora: Eliana Freire Gaspar de Carvalho Dores. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso,

Instituto de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos, Cuiabá, 2018.

Inclui bibliografia.

1. Região Hidrográfica Amazônica. 2. Agropecuária. 3. Recursos Hídricos. 4. Empreendimentos Hidrelétricos. 5. Energia

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

AGRADECIMENTOS

A Deus pela força, coragem e proteção.

A minha família por todo o apoio e incentivo

A minha orientadora professora Drª Daniela Maimoni de Figueiredo pelo aceite na orientação

e pela dedicação, ensinamentos, incentivo e contribuições dadas a este trabalho.

A minha co-orientadora professora Drª Eliana Freire Gaspar de Carvalho Dores pelo aceite na

orientação, pelos ensinamentos e por todas as contribuições dadas a este trabalho.

Ao professor Drº Kuang Hongyu pelo auxilio com as análises estatísticas.

A Companhia Energética de Sinop pela concessão dos dados do Monitoramento Limnológico

e de Qualidade da Água que me possibilitaram a realização deste trabalho.

A Capes pela concessão da bolsa de mestrado.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mapa de localização das estações de coleta do monitoramento limnológico da bacia

do Rio Teles Pires ....................................................................................................................21

Figura 2 – Biplot de discriminante canônica das variáveis limnológicas em função das

estações de coleta no Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B) ......................29

Figura 3 – Análise discriminante canônica das variáveis limnológicas das estações de coleta

no Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B) ....................................................29

Figura 4 – Biplot de discriminante canônica das variáveis limnológicas em função das

estações de coleta nos afluentes do Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B) 32

Figura 5 – Análise discriminante canônica das variáveis limnológicas das estações de coleta

nos afluentes do Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B) ..............................32

Figura 1 - Mapa de localização das estações de coleta do monitoramento limnológico e da

qualidade da água, na bacia do Rio Teles Pires área de influência da UHE Sinop .................48

Figura 2 – Uso e ocupação do solo nas sub-bacias do Ribeirão Caldeirão (A), Rio Índio

Possesso (B), Rio Roquete (C), Ribeirão Selma (D), Ribeirão Baixada Morena (E) e Rio

Curupi (F) .................................................................................................................................50

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Estatística descritiva das variáveis limnológicas no período de chuva e estiagem no

Rio Teles Pires .........................................................................................................................23

Tabela 2 – Estatística descritiva das variáveis limnológicas no período de chuva e estiagem

nos afluentes .............................................................................................................................25

Tabela 3 – Análise de variância multivariada para as estações de coleta no Rio Teles Pires ..27

Tabela 4 – Análise Discriminante Canônica para as estações de coleta no Rio Teles Pires

...................................................................................................................................................28

Tabela 5 – Coeficiente canônico padronizado (CCP) das estações de coleta e das variáveis

limnológicas no Rio Teles Pires ...............................................................................................30

Tabela 6 – Análise de variância multivariada para as estações de coleta nos afluentes do Rio

Teles Pires ................................................................................................................................30

Tabela 7 – Análise Discriminante Canônica para as estações de coleta nos afluentes do Rio

Teles Pires ................................................................................................................................31

Tabela 8 – Coeficiente canônico padronizado (CCP) das estações de coleta e das variáveis

limnológicas nos afluentes do Rio Teles Pires .........................................................................33

Tabela 1 – Classes de uso e ocupação do solo nas sub-bacias .................................................51

Tabela 2 – Estatística descritiva dos parâmetros monitorados no período de chuva e estiagem

nos seis afluentes do Rio Teles Pires .......................................................................................51

Tabela 3 – Percentual dos resultados dos parâmetros da qualidade da água avaliados nos

afluentes do Rio Teles Pires em desacordo com a Resolução Conama nº 357/05 para rios de

classe 2 .....................................................................................................................................53

Tabela 4 – Resultados do Índice de Qualidade da Água (IQA) dos rios no período de chuva e

estiagem ...................................................................................................................................53

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

LISTA DE ABREVIATURAS

ADC – Análise discriminante canônica

CE – Condutividade elétrica

Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

Conama – Conselho Nacional de Meio Ambiente

DBO – Demanda bioquímica de oxigênio

DC – Discriminante canônica

DQO – Demanda química de oxigênio

E. coli – Escherichia coli

IQA – Índice de Qualidade da Água

OD – Oxigênio dissolvido

pH – Potencial hidrogeniônico

R-BM – Ribeirão Baixada Morena

R-Cal – Ribeirão Caldeirão

R-Cur – Rio Curupi

R-IP – Rio Índio Possesso

R-Roq – Rio Roquete

R-Sel – Ribeirão Selma

R-Ver – Rio Verde

Sema – Secretaria de Estado de Meio Ambiente

TP1 – Estação Teles Pires 1

TP2 – Estação Teles Pires 2

TP3 – Estação Teles Pires 3

TP4 – Estação Teles Pires 4

TP5 – Estação Teles Pires 5

UHE – Usina Hidrelétrica

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ...........................................................................................................9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................13

CAPITULO I ........................................................................................................................... 16

Limnologia da bacia do Rio Teles Pires na área de influência da UHE Sinop (MT) utilizando

estatística multivariada .............................................................................................................16

RESUMO .................................................................................................................................16

ABSTRACT .............................................................................................................................16

Introdução ................................................................................................................................17

Material e Métodos ................................................................................................................. 19

Resultados ................................................................................................................................22

Discussão .................................................................................................................................33

Conclusão .................................................................................................................................38

Referências Bibliográficas .......................................................................................................39

CAPITULO II ..........................................................................................................................43

Influências do uso do solo na qualidade da água de seis afluentes do Rio Teles Pires, área de

influência direta da UHE Sinop (MT) ......................................................................................43

RESUMO .................................................................................................................................43

ABSTRACT .............................................................................................................................43

Introdução ................................................................................................................................44

Material e Métodos ..................................................................................................................45

Resultados ................................................................................................................................49

Discussão .................................................................................................................................54

Conclusão .................................................................................................................................58

Referências Bibliográficas .......................................................................................................58

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

9

INTRODUÇÃO GERAL

A Bacia Amazônica é a maior bacia hidrográfica do planeta, com uma área de 7,5

milhões de km² e é reconhecida mundialmente, não só pela imensa floresta tropical e serviços

ambientais que proporciona, mas também por sua abundância de água (DALAGNOL et al.,

2017). No Brasil, onde é denominada atualmente de Região Hidrográfica Amazônica (ANA,

2010) compreende uma área de cerca de 5 milhões de km² e possui mais de 60% de toda a

disponibilidade hídrica do país. Dentre os principais e maiores cursos de água, tributários do

rio Amazonas, destacam-se, pela margem direita, os rios Javari, Juruá, Jutaí, Purús, Madeira,

Tapajós e Xingu e, pela margem esquerda, os rios Iça, Japurá, Negro, Uatumã, Nhamundá,

Trombetas e Jari.

Essa bacia possui o maior potencial hidrelétrico do Brasil, devido aos seus afluentes

que percorrem áreas mais elevadas e desniveladas, formando quedas d’água que podem ser

aproveitadas pelas usinas hidrelétricas. Essa característica tem levado a expansão desses

empreendimentos, e, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia, até 2022 20 usinas

hidrelétricas devem entrar em funcionamento nesta região (MINISTÉRIO DE MINAS E

ENERGIA, 2013).

Na bacia do Rio Teles Pires, afluente do Rio Tapajós, estão concentrados quatro

destes empreendimentos hidrelétricos, quais sejam: UHE Sinop e Colíder (com capacidade de

geração de 400 MW e 300 MW, respectivamente) em fase de construção, UHE São Manuel

(com capacidade de geração de 750 MW) em fase de enchimento do reservatório e UHE Teles

Pires (com 1.820 MW), em operação desde 2014.

Os múltiplos aproveitamentos hidrelétricos em uma bacia podem acarretar em

impactos ambientais e sociais cumulativos, decorrentes de impactos pouco ou muito

significativos (GALLARDO, 2017), sendo observado no ecossistema aquático a

transformação de um ambiente lótico em lêntico, que acarretará diversas alterações, inclusive

na qualidade da água.

Ademais, a bacia do Rio Teles Pires está localizada no norte do Estado de Mato

Grosso, região esta em crescente expansão econômica, verificada, principalmente, nas

atividades agropecuárias que demandam intensa ocupação do solo, cujos impactos ambientais,

especialmente nos recursos hídricos, já são bem conhecidos na literatura para outras bacias

hidrográficas (UMETSU et al., 2007).

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

10

Nas porções alta e média da bacia do Rio Teles Pires, nas quais esta inserida a área

de estudo, ainda são escassas as informações e estudos sobre limnologia e qualidade da água,

o que denota a carência de conhecimento sobre os ecossistemas aquáticos desta região, tanto

em relação às condições naturais quanto ao grau e magnitude das alterações causadas pelas

diferentes atividades antrópicas que vêm sendo desenvolvidas na bacia.

Nesse sentido, o monitoramento ambiental da qualidade da água dos rios em bacias

hidrográficas, se torna uma importante ferramenta na gestão dos recursos hídricos,

permitindo, em longo prazo, o conhecimento das tendências de evolução da qualidade das

águas, por meio da quantificação de variáveis físicas, químicas e biológicas. Esse

conhecimento viabiliza o amplo diagnóstico ambiental da bacia hidrográfica estudada,

permitindo a avaliação das respostas dos ambientes aquáticos (em termos espaciais e

temporais) aos impactos antrópicos na sua área de drenagem ou de influência (CUNHA;

CALIJURI, 2010).

Dentre os trabalhos publicados até o momento, a maioria foi realizada na porção

baixa da bacia do Rio Teles Pires, sendo encontrados poucos estudos nas porções alta e

média, destacando-se o realizado por Andrietti et al. (2016), no Rio Caiabi, afluente do Rio

Teles Pires, localizado na região médio norte do Estado de Mato Grosso, que demonstraram

que as águas deste rio possuem boa qualidade e evidenciaram o baixo risco de eutrofização,

com indicação de um ambiente lótico ultraoligotrófico.

Moreira (2011) buscou identificar as características químicas, variações sazonais e a

biogeoquímica dos rios Teles Pires e Cristalino (MT), demonstrando que a sazonalidade da

precipitação resulta em variações significativas das vazões, em ambos os rios, e alterações na

composição química da água. Umetsu et al (2007), com o intuito de avaliar o comportamento

de variáveis físicas e químicas nos períodos de estiagem e cheia destes rios, monitoraram os

rios entre os meses de julho de 2004 a junho de 2005, evidenciando que ambos são fortemente

influenciados pelas características ambiental e geomorfológica de suas bacias de drenagem,

além da influência da precipitação pluviométrica.

A dinâmica do carbono inorgânico dissolvido foi analisada por Dalmagro et al.

(2007), que verificaram que os rios Teles Pires e Cristalino apresentaram variação sazonal de

pH, os valores do íon bicarbonato foram consideravelmente maiores no período de seca e,

ambos os rios, apresentam-se supersaturados de dióxido de carbono em relação a atmosfera.

A qualidade da água da bacia do rio Teles Pires também foi avaliada por Caovilla et

al. (2008), que apontaram variação entre média a boa qualidade da água. Fatores como relevo,

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

11

escoamento superficial, atividades agropecuárias e proximidade a centros urbanos foram

determinantes nos resultados.

As variáveis físicas e químicas da água foram utilizadas por Ferreira et al. (2014)

para avaliar o grau de degradação dos córregos Severo e Papai Noel, em Alta Floresta (MT),

na porção baixa da bacia do Rio Teles Pires.

Bleich (2015) avaliou os impactos de alterações na cobertura florestal ripária sobre a

estrutura de ecossistemas de igarapés no baixo Teles Pires, para tanto foram avaliadas, dentre

outros fatores, as variáveis físicas e químicas da água. As alterações na cobertura florestal

ripária afetaram a variabilidade na estrutura do habitat dos igarapés entre os períodos

hidrológicos, tornando-os mais homogêneos, e contribuindo para uma menor disponibilidade

de material orgânico no substrato bentônico.

Técnicas de geoprocessamento e estatística multivariada foram utilizadas por

Fonseca (2006) para analisar a correlação existente entre a poluição difusa e as características

naturais e de uso e ocupação do solo na bacia do rio Teles Pires. Para tanto foram coletadas

amostras de água em 16 pontos ao longo da bacia para serem correlacionadas com o uso e

ocupação do solo. Os principais mananciais da Bacia do rio Teles Pires apresentaram

alterações dos níveis naturais das variáveis de qualidade de água analisadas, sendo os fatores

pedologia, vegetação, declividade, chuva e índice de desmatamento determinantes para as

alterações.

Os demais estudos disponíveis encontram-se principalmente em relatórios de

monitoramento de órgãos de controle ambiental e publicados pelos empreendedores do setor

energético.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA, 2017) vem

publicando, desde 2007, relatórios sobre a qualidade da água na região hidrográfica

Amazônica. Os resultados dos relatórios são agrupados de acordo com as sub-bacias da

região, sendo na sub-bacia do Rio Teles Pires monitoradas 12 estações de coleta. Os relatórios

demonstraram que, no período de 2007 a 2009, a qualidade da água da bacia do Rio Teles

Pires foi considerada boa em todas as doze estações de coleta monitoradas, porém em alguns

meses obteve-se a classificação média, principalmente nas estações localizadas próximas aos

municípios de Sinop, Sorriso e Alta Floresta, não havendo alterações desses resultados no

período de 2010 a 2011 (SEMA, 2017). O relatório de 2012 a 2014 indicou boa qualidade da

água em quase todas as estações, com exceção das estações do Rio Lira e Rio Celeste

(SEMA, 2017).

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

12

A UHE Colíder desenvolveu, como parte do Estudo de Impacto Ambiental, coletas e

análises de água nos anos de 2007 e 2008 na área de influência direta do empreendimento. Os

resultados apontam que no período de estiagem na maioria dos pontos de coleta, com exceção

de apenas dois, todos os parâmetros estiveram em conformidade com a Resolução Conama nº

357/05, já no período chuvoso foi possível verificar que em todos os pontos de coleta pelo

menos um dos parâmetros resultou em desconformidade com a legislação (ELETRONORTE;

CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ; FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS, 2009).

Na fase de construção desta usina, foi desenvolvido pelo Instituto de Tecnologia para

o Desenvolvimento (LACTEC) o Programa de Monitoramento e Conservação de

Ecossistemas Aquáticos do Projeto Básico Ambiental. Foram produzidos relatórios anuais no

período de 2011 a 2014, os quais mostram que os valores de IQA estiveram entre Aceitável a

Bom, para o trecho monitorado (LACTEC, 2012).

O Relatório de Impacto Ambiental (2010) da UHE Foz do Apiacás, localizada no

Rio Apiacás, porção baixa da bacia do Rio Teles Pires, nos municípios de Apiacás, Paranaíta

e Nova Monte Verde, relata que a qualidade das águas foi considerada boa, de forma geral na

época de seca, mas na época de chuvas grande parte das áreas foi considerada com água de

média qualidade (EPE; PCE; BIODINÂMICA, 2010).

Localizada no trecho médio do Rio Teles Pires, a UHE São Manoel se estende da foz

do Rio São Benedito até a foz do Rio Verde. Para o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) desta

hidrelétrica foram analisadas amostras de água coletadas em nove pontos amostrais, sendo

seis no Rio Teles Pires, dois num afluente da margem esquerda e outro no Rio São Benedito,

nos anos de 2008 e 2009 (EPE; LEME-CONCREMAT, 2010). A qualidade da água no trecho

estudado foi considerada como boa, com baixa contaminação por poluentes urbanos ou

industriais (EPE, 2011).

No monitoramento da fase de implantação, os resultados da qualidade da água da

UHE São Manoel, cujas coletas foram realizadas no período de agosto de 2014 a junho de

2015, compreendendo quatro amostragens, apontam que não há alterações sistemáticas que

possam ser atribuídas à construção da UHE (BORSARI, 2015).

A UHE Teles Pires está situada no Rio Teles Pires e o barramento está localizado na

divisa dos estados de Mato Grosso e Pará, compreendendo os municípios de Paranaíta (MT) e

Jacareacanga (PA). O Estudo de Impacto Ambiental do empreendimento (antes do

barramento) apresentou os resultados de amostras de água coletadas em oito pontos amostrais,

sendo seis no rio Teles Pires e dois no rio Paranaíta, nos anos de 2009 e 2010. Oito

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

13

parâmetros, dos trinta e um com padrão estabelecido, estiveram fora dos limites estabelecidos

na Resolução Conama nº 357/05 (EPE; LEME-CONCREMAT, 2010).

O Relatório de Impacto Ambiental, publicado em 2010, aponta que o trecho estudado

no Teles Pires, apesar de percorrer áreas bastante alteradas pelo homem, ainda apresenta bom

estado de conservação (EPE; LEME-CONCREMAT, 2010).

O Estudo de Impacto Ambiental da UHE Sinop apresenta os resultados de análises

de amostras de água em 14 pontos de coleta, sendo seis no rio Teles Pires, seis nos principais

afluentes e dois em lagoas marginais, no ano de 2008. Os resultados do IQA apontaram que,

com exceção do rio Verde na época de chuva que apresentou índice aceitável, os demais

ambientes apresentaram, em ambos os períodos, água de boa qualidade (EPE; THEMAG,

2010).

Diante do exposto, esta pesquisa buscou avaliar as condições limnológicas e da

qualidade da água do Rio Teles Pires e alguns de seus afluentes, na área de influência direta

da UHE Sinop, cujas amostragens foram realizadas antes do barramento do rio, bem como

verificar as influências do uso e ocupação do solo em seis desses afluentes.

O monitoramento da qualidade da água nesta área de estudo vem sendo realizado

pela Companhia Energética de Sinop, como parte dos compromissos do licenciamento

ambiental, para a fase de construção, cujos dados foram cedidos para este trabalho. Estes

dados são apresentados em forma de relatórios ao órgão ambiental, com abordagem voltada

ao atendimento das condicionantes ambientais, distinta da apresentada neste estudo, que neste

sentido contribuirá para o conhecimento desta bacia e, por conseguinte, para a sua gestão

integrada. As abordagens aqui propostas incluem a compreensão da limnologia dos

ecossistemas e das relações entre o uso e ocupação do solo e as alterações na qualidade da

água.

Assim esta pesquisa teve como produto dois artigos: o Capitulo I, intitulado

“Limnologia na Bacia do Rio Teles Pires na Área de Influência da UHE Sinop, MT”, e o

Capitulo II, intitulado de “Influências do Uso do Solo na Qualidade da Água de Seis

Afluentes do Rio Teles Pires, Área de Influência Direta da UHE Sinop, MT”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Regiões Hidrográficas. 2010. Disponível em:

http://www2.ana.gov.br/Paginas/portais/bacias/default.aspx. Acesso em: 04 de agosto de

2017.

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

14

ANDRIETTI, G.; FREIRE, R.; AMARAL, A.G.; ALMEIDA, F.T.; BONGIOVANI, M.C.;

SCHNEIDER, R.M. Índices de qualidade da água e de estado trófico do rio Caiabi, MT. Rev.

Ambiente & Água. v. 11, nº 1. Taubaté – Jan/mar 2016.

BLEICH, M.E. Efeitos de alterações na zona ripária sobre a integridade de igarapés

amazônicos no baixo rio Teles Pires, Norte de Mato Grosso. Tese (Doutorado) --- INPA,

Manaus, 2015.

BORSARI ENGENHARIA E MEIO AMBIENTE. Diagnóstico Ambiental da Qualidade da

Água e Macrófitas Aquáticas da Usina Hidrelétrica São Manoel. 2015.

BRASIL. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. EMPRESA DE PESQUISA

ENERGÉTICA. Plano Decenal de Expansão de Energia 2022. Brasília: MME/EPE, 2013.

CAOVILLA, F.C. et al. Avaliação da Qualidade da Água da Bacia Hidrográfica do Rio Teles

Pires – Mato Grosso. In: IX Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste, 9, 2008, Salvador.

Anais... Salvador, 2008.

CUNHA, D.G.F.; CALIJURI, M.C. Análise probabilística de ocorrência de incompatibilidade

da qualidade da água com o enquadramento legal de sistemas aquáticos – estudo de caso do

rio Pariquera-Açu (SP). Eng Sanit Ambient. v.15, n.4, p. 337-346, 2010.

DALAGNOL, R. et al. Assessment of climate change impacts on water resources of the Purus

Basin in the southwestern Amazon. Acta Amazônica. V. 47, n. 3, p. 213-226, 2017.

DALMAGRO, H.J. et al. Dinâmica do carbono inorgânico dissolvido nos rios Teles Pires e

Cristalino na bacia Amazônica. Ciência e Natura, v. 29, n. 2, p. 115-127, 2007.

ELETRONORTE; CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ; FURNAS CENTRAIS

ELÉTRICAS. Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Usina Hidrelétrica Colíder. 2009.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Relatório de Impacto Ambiental

(RIMA) da Usina Hidrelétrica São Manoel. 2011.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); LEME – CONCREMAT. Estudo de

Impacto Ambiental (EIA) da Usina Hidrelétrica São Manoel. 2010.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); LEME – CONCREMAT. Estudo de

Impacto Ambiental (EIA) da Usina Hidrelétrica Teles Pires. 2010.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); LEME – CONCREMAT. Relatório de

Impacto Ambiental (RIMA) da Usina Hidrelétrica Teles Pires. 2010.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); PCE, BIODINÂMICA. Relatório de

Impacto Ambiental (RIMA) da Usina Hidrelétrica Foz do Apiacás. 2010.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); THEMAG ENGENHARIA. Estudo de

Impacto Ambiental (EIA) da Usina Hidrelétrica de Sinop. 2010.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

15

FERREIRA, D.A.T. et al. Grau de Degradação de Dois Córregos Urbanos no Município de

Alta Floresta-MT: Variáveis Físico-Químicas. Enciclopédia Biosfera, Centro Cientifico

Conhecer – Goiânia, v.10, n.18, p.1889, 2014.

FONSECA, G.P.S. Análise da Poluição Difusa na Bacia do Rio Teles Pires com Técnicas

de Geoprocessamento. 2006. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em

Geografia, UFMT, Cuiabá, MT.

GALLARDO, A.L.C.F. et al. A avaliação de impactos cumulativos no planejamento

ambiental de hidrelétricas na bacia do Rio Teles Pires (região amazônica). Desenvolvimento

e. Meio Ambiente, v. 43, Edição Especial: Avaliação de Impacto Ambiental, p. 22-47,

dezembro 2017.

LACTEC-Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento; CEHPAR-Centro de Hidráulica e

Hidrologia Prof. Parigot de Souza. Diagnóstico das condições limnológicas e da qualidade

da água superficial na região do empreendimento UHE Colíder: Relatório anual.

Disponível em:

http://www.copel.com/uhecolider/sitearquivos2.nsf/arquivos/agua_1%C2%BA_rel._anual_di

aginotico_das_condicoes_limnologicas_e_da_qualidade_da_agua/$FILE/1%C2%B0%20Rel.

%20Anual%20Di%C3%A1gin%C3%B3tico%20das%20Condi%C3%A7%C3%B5es%20Lim

nol%C3%B3gicas%20e%20da%20Qualidade%20da%20%C3%81gua.pdf. Acesso em: 10 de

maio de 2017.

MOREIRA, K.C.A.M. Aspectos da biogeoquímica dos rios Teles Pires e Cristalino – MT.

2001. Tese (Doutorado em Ciências) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura,

Universidade de São Paulo, São Paulo. 2011.

SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE DE MATO GROSSO (SEMA).

Relatório de Monitoramento de Qualidade da Água. Disponível em:

http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_docman&Itemid=82. Acesso em: 24 de

julho de 2017.

UMETSU, C.A.; UMETSU, R.K.; MOREIRA, K.C.A.M; DALMAGRO, H.J.; KRUSCHE,

A.V. Aspectos Físico-Químicos de Dois Rios da Bacia do Alto Tapajós – Teles Pires e

Cristalino – MT, Durante Período de Estiagem e Cheia. Revista de Ciências Agro-

Ambientais, Alta Floresta, v.5, n.1, p.59-70, 2007.

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

16

CAPITULO I

LIMNOLOGIA DA BACIA DO RIO TELES PIRES NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA

UHE SINOP (MT) UTILIZANDO ESTATISTICA MULTIVARIADA

RESUMO

A bacia do Rio Teles Pires está inserida em uma região do Estado de Mato Grosso em

crescente desenvolvimento econômico, especialmente das atividades agropecuárias e de

infraestrutura. Dos empreendimentos de infraestrutura destacam-se as hidrelétricas em fase de

instalação/operação, como a UHE Sinop, objeto deste estudo, que podem acarretar em

diversos impactos no ecossistema aquático. Diante disso o monitoramento da qualidade da

água se torna uma importante ferramenta na identificação de possíveis alterações na qualidade

da água e do ecossistema aquático. O objetivo deste estudo foi avaliar as condições

limnológicas na porção alta e média da bacia do Rio Teles Pires na área de influência direta

da UHE Sinop. Para tanto foram realizadas dez amostragens para medição e coleta de água no

período de maio de 2014 a novembro de 2016, incluindo época de chuva e estiagem. As

coletas foram realizadas em doze pontos sendo cinco no Rio Teles Pires e sete em afluentes

deste rio. Foram analisados dezessete parâmetros físicos e químicos da água, através da

estatística descritiva e sete parâmetros através da estatística multivariada. Os resultados

demonstraram que as estações de coleta apresentaram uma maior discriminação no período de

chuva estando mais homogêneas no período de estiagem. Os resultados constataram ainda que

as condições limnológicas destes ecossistemas são controladas por fatores naturais como,

geologia, pedologia e sazonalidade de chuvas, e antrópicos, especialmente usos do solo na

agropecuária.

Palavras – chave: Região Hidrográfica Amazônica, Agronegócio, Energia elétrica

ABSTRACT

The Teles Pires River basin is located in a region of the State of Mato Grosso in increasing

economic development, especially agricultural activities and infrastructure. Of the

infrastructure projects, hydroelectric plants in the installation / operation phase, such as the

Sinop HPP, which is the object of this study, can be highlighted, which can lead to several

impacts on the aquatic ecosystem. Therefore, the monitoring of water quality becomes an

important tool in the identification of possible changes in the quality of water and the aquatic

ecosystem. The objective of this study was to evaluate the limnological conditions in the

upper and middle portion of the Teles Pires River basin in the area of direct influence of the

Sinop HPP. For this purpose, ten samplings were used to measure and collect water from May

2014 to November 2016, including rainy season and dry season. The collections were made in

twelve points, five in the Teles Pires River and seven in tributaries of this river. Seventeen

physical and chemical parameters of water were analyzed through descriptive statistics and

seven parameters through multivariate statistics. The results showed that the collection

stations presented a greater discrimination in the rainy season being more homogeneous in the

dry season. The results also verified that the limnological conditions of these ecosystems are

controlled by natural factors such as geology, pedology and seasonal rainfall, and anthropic,

especially the use of the soil in agriculture.

Key – words: Amazonian hydrographic region, agribusiness, Electricity

.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

17

INTRODUÇÃO

A bacia Amazônica ocupa uma área de aproximadamente 7,5 milhões de km², dos

quais cerca de 5 milhões de km² estão no Brasil, abrangendo aproximadamente 60% do

território brasileiro (DARY, 2009).

Esta região caracteriza-se por possuir uma grande diversidade de ambientes

aquáticos reunidos em uma mesma bacia hidrográfica. Esta variedade de ambientes está

relacionada com a dimensão da área de drenagem e a forte relação com os fatores ambientais,

relevo, pedologia, solo, clima, regime hidrológico e os diferentes tipos de vegetação presentes

no entorno dos rios, responsáveis pela diferença natural na composição física e química das

águas (SILVA et al., 2013; BLEICH, 2015).

Harald Sioli (1951) foi o precursor na classificação das águas superficiais da

Amazônia, classificando-as como águas brancas, claras e pretas. Os rios de água branca

apresentam águas turvas, barrenta e amareladas, altos teores de material em suspensão e tem

origem na região Andina, onde os processos erosivos são muito intensos devido à formação

montanhosa recente e de onde transportam grandes quantidades de sedimentos ricos em

nutrientes. Essas águas tem pH quase neutro e concentrações relativamente altas de

eletrólitos. São exemplos de rios de água branca os Rios Solimões e Madeira. Segundo este

autor, os rios de água clara nascem nos maciços do Brasil Central e das Guianas e apresentam

águas transparentes em várias tonalidades de verde, carreiam pouco material em suspensão e

em virtude do relevo mais regular oferece menor possibilidade de erosão. Não formam

várzeas, mas sim praias, possuindo poucos lagos e igapós. O pH varia entre 4,5 e 7,

dependendo do substrato geológico, sendo mais pobres que os rios de água branca. Os rios de

água clara podem assumir características de águas brancas ou pretas, ou mistura desses dois

tipos, dependendo das condições do local e da estação do ano. São exemplos de rios de águas

claras, o Rio Tapajós e seus formadores, o Rio Juruena e Rio Teles Pires (RIOS-

VILLAMIZAR et al., 2013; SOUSA, 2008; SIOLI, 1951).

Apesar das características bem definidas destes tipos de água propostos nem sempre

há clareza na diferenciação de tipos diversos, pois na natureza existem zonas de transição

entre as águas brancas e claras, entre as claras e pretas e brancas e pretas, podendo também

ocorrer variações nos tipos devido às variações sazonais (SOUSA, 2008). Nessa zona de

transição as águas são chamadas por alguns autores de águas mistas, podendo ser verificada

uma maior variabilidade nas características físicas e químicas, originadas da mistura destas

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

18

águas (RIOS-VILLAMIZAR et al., 2013). Além disso, recentes estudos tem demonstrado que

as águas dos rios amazônicos variam continuamente em função das características naturais da

bacia à montante, da litologia do local, e das influências atmosféricas, climáticas e antrópicas

(PEREIRA, 2011; SOUSA, 2008).

O Rio Teles Pires, caracterizado como rio de águas claras, esta localizado em uma

região que vem experimentando diversos impactos ambientais de origem antrópica,

decorrente da intensa atividade agropecuária desenvolvida na região. Segundo o último mapa

da cobertura e uso da terra do Estado de Mato Grosso divulgado pelo IBGE em 2015, a

pecuária ocupava, nessa época, 40% das terras do Estado e segundo dados do Imea em 2017

cerca de 8% da área total de terras mato-grossenses é destinada a produção agrícola de grãos.

Além disso, o grande potencial hidrelétrico desta região tem levado a expansão de tais

empreendimentos, com uma usina em operação desde 2014 (UHE Teles Pires), uma usina em

fase de enchimento do reservatório (UHE São Manuel) e mais duas usinas em fase de

construção (UHE Sinop e Colíder).

A expansão de empreendimentos hidrelétricos nesta região aliada ao intenso uso do

solo na área de drenagem deste rio poderá causar alterações, tendo em vista que as relações

entre rios e reservatórios hidrelétricos e suas respectivas bacias hidrográficas, geram variações

na qualidade da água que são dinâmicas espacial e temporalmente que interferem tanto nos

usos múltiplos da água, inclusive na geração de energia elétrica, quanto no funcionamento e

estrutura dos ecossistemas aquáticos (rio a jusante ou reservatório) (FIGUEIREDO; CRUZ,

2014).

Além disso, a escassez de conhecimento sobre o ecossistema aquático de rios

tributários do Amazonas indica a necessidade de estudos integrados da bacia hidrográfica, que

incluam a análise das características naturais e os fatores controladores das variações

limnológicas destes ecossistemas tropicais, incluindo as alterações provocadas por atividades

antrópicas.

Especificamente na bacia do Rio Teles Pires, a maioria dos estudos foi realizada na

porção baixa desta bacia, sendo encontrados poucos estudos nas porções alta e média, onde

esta inserida a área de estudo, destacando-se os realizados por Andrietti et al. (2016), Moreira

(2011) Umetsu et al. (2007), Dalmagro et al. (2007), Caovilla et al. (2008), Ferreira et al.

(2014), Bleich (2015) e Fonseca (2006), demonstrando a escassez de estudos com abordagem

limnológica e da qualidade da água nesta região. Os demais estudos disponíveis encontram-se

principalmente em relatórios de monitoramento de órgãos de controle ambiental e publicados

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

19

pelos empreendedores do setor energético e denotam, de forma geral, uma qualidade da água

de média a boa para esta bacia (ELETRONORTE; CONSTRUTORA ANDRADE

GUTIERREZ; FURNAS CENTRAIS ELÉTRICAS, 2009; EPE; PCE; BIODINÂMICA,

2010; EPE; LEME-CONCREMAT, 2010; EPE, 2011; BORSARI, 2015; SEMA, 2017).

Desta forma, considerando a construção da UHE Sinop, no leito do Rio Teles Pires

em Mato Grosso, este estudo teve como objetivo avaliar as condições limnológicas da bacia

do Rio Teles Pires, na área de influência direta da UHE Sinop.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

A bacia do rio Teles Pires encontra-se entre os paralelos 15º00' de latitude sul e 7º00'

de latitude norte e os meridianos 54º00' e 58º00' de longitude oeste, compreendendo terras nos

Estados do Mato Grosso e pequena parte do Pará, possuindo aproximadamente 141.483 km²

de área de drenagem e 3.647 km de perímetro (EPE, 2008). Esta bacia engloba total ou

parcialmente 35 municípios, sendo dois localizados no Estado do Pará e 33 em Mato Grosso;

destes, sete estão nos limites da bacia.

O Rio Teles Pires, também conhecido como Rio São Manuel, é um dos formadores

do Rio Tapajós, importante afluente da margem direita do Rio Amazonas.

O Rio Teles Pires nasce nas serras Azul e do Finca Faca, a uma altitude média de

800m (EPE, 2009). Este rio é classificado como rio de águas claras, pois provém, em partes

dos antiquíssimos maciços do Brasil central, os quais, em virtude do relevo mais regular,

oferecem possibilidades bem menores de erosão (SIOLI, 1951).

A UHE Sinop está localizada no limite da porção alta e média da bacia do rio Teles

Pires, distante 70 km da sede do município de Sinop. O reservatório, que terá uma área de 337

km², abrangerá os municípios de Cláudia, Itaúba, Ipiranga do Norte, Sinop e Sorriso, todos no

Estado de Mato Grosso. O reservatório possuirá um volume de 3 bilhões de m³, profundidade

máxima de 48 m e tempo de residência de 39 dias.

A região do estudo está inserida na zona de transição entre os biomas amazônico e de

cerrado, com uso do solo predominantemente agrícola (MOREIRA, 2011). Os solos da região

são do tipo: Latossolos, com predominância do Latossolo Vermelho, Latossolo Amarelo e

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

20

Latossolo Vermelho Amarelo, Neossolos, Gleissolos, Cambissolos e Plintossolos (EPE;

THEMAG, 2010).

A área do alto Rio Teles Pires está situada sobre uma faixa de dobramentos da

formação Raizama, formação Araras, grupo Bauru e grupo Cuiabá. Já a região do médio curso

do Rio Teles Pires está sobre influência de uma estrutura geológica sedimentar da formação

Diamantino, formação Salto das Nuvens, formação Ronuro, unidade Dardanelos e uma

extensa área com cobertura detrítico-lateríticas ferruginosas (ALCÂNTARA, 2009).

O clima da região é do tipo Equatorial Continental Úmido, com temperatura média

anual variando de 24,1 a 25,0 ºC e pluviosidade de 2.000 a 2.200 mm, com duas épocas do

ano bem definidas, chuva de novembro a março e estiagem de maio a setembro (TARIFA,

2011).

A economia da região da bacia do Teles Pires é baseada no agronegócio, que

compreende agricultura e pecuária, bem como extrativismo mineral, comércio, agroindústria e

ecoturismo. Na região do alto Teles Pires a ocupação é mais antiga, sendo que a maior parte

da bacia se caracteriza pela alta produção de grãos, agropecuária de corte e leite, extração

madeireira, extração mineral e turismo (SEMA, 2016).

Estações de coleta de água

Foram estabelecidas cinco estações de coleta ao longo do Rio Teles Pires (TP1 a

TP5) e sete estações de coleta nos seus afluentes, quais sejam: Rio Curupi (R-Cur), Rio

Roquete (R-Roq), Ribeirão Selma (R-Sel) e Ribeirão Baixada Morena (R-BM) na margem

direita do Teles Pires e Rio Verde (R-Ver), Ribeirão Caldeirão (R-Cal) e rio índio Possesso

(R-IP) na margem esquerda (Figura 1).

Coleta das Amostras e Medições em Campo

As coletas das amostras de água compreendem o período de maio de 2014 a

novembro de 2016, durante a fase de construção da hidrelétrica, com um total de dez

amostragens com frequência trimestral. Foram coletadas quatro amostras no período chuvoso

(janeiro 2015, novembro 2015, fevereiro 2016 e novembro 2016) e seis amostras no período

de estiagem (maio 2014, julho 2014, outubro 2014, agosto 2015, maio 2016 e agosto 2016).

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

21

Figura 1 - Mapa de localização das estações de coleta do monitoramento limnológico da bacia

do Rio Teles Pires. Legenda: Rio Teles Pires (TP), Rio Curupi (R-Cur), Rio Roquete (R-Roq),

Ribeirão Selma (R-Sel) e Ribeirão Baixada Morena (R-BM) na margem direita do Teles Pires

e Rio Verde (R-Ver), Ribeirão Caldeirão (R-Cal) e rio Índio Possesso (R-IP) na margem

esquerda do Teles Pires.

Fonte: Próprio autor

Em campo foram medidas a temperatura da água (ºC), o pH e o oxigênio dissolvido

(mg/L). Os demais parâmetros físicos e químicos foram medidos em laboratório, quais sejam:

condutividade elétrica (µS/cm), cor verdadeira (mgPt/L), turbidez (UNT), sólidos totais

(mg/L), sólidos dissolvidos (mg/L), sólidos suspensos (mg/L), ferro total (mg/L), fósforo total

(mg/L), ortofosfato (mg/L), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO-mg/L), Demanda

Química de Oxigênio (DQO-mg/L), nitrato (mg/L), nitrogênio orgânico (mg/L) e nitrogênio

amoniacal (mg/L). Os métodos de coleta e análise de água adotados seguiram o estabelecido

em AWWA/APHA (2012). As coletas foram realizadas na sub-superfície, sempre na margem

(Rio Teles Pires), devido a correnteza, ou canal do rio (maioria dos afluentes).

Os dados limnológicos e todos os custos com coletas e análises são parte do Sub

Programa de Monitoramento Limnológico e da Qualidade da Água da fase de construção da

UHE Sinop, de responsabilidade e propriedade da Companhia Energética de Sinop, cedidos

para este trabalho.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

22

Análise dos Dados

Os dados foram analisados através da estatística descritiva, analítica e análise

multivariada, considerando a variação sazonal e/ou espacial.

Com base na estatística descritiva, foi realizado o cálculo dos valores máximos e

mínimos, média, mediana e desvio padrão para cada um dos parâmetros analisados em cada

estação de coleta em duas épocas do ano, estiagem (maio-outubro) e chuva (novembro-abril).

Vale mencionar que o mês de abril é considerado como transição quanto às chuvas (TARIFA,

2011), mas os rios ainda apresentam volumes compatíveis com a época de chuva ou em leve

declínio (ALCANTARA, 2009). Por outro lado, outubro é considerado por este autor como

época de chuva, mas por se tratar do início das chuvas, os rios ainda apresentam vazão típica

da época de seca (ALCANTARA, 2009).

A partir da estatística analítica, utilizou-se o teste de Kruskal Wallis, com nível de

significância p<0,05, para verificar se os dados apresentavam variação significativa entre os

períodos hidrológicos do ano, chuva e estiagem.

Adotou-se a análise discriminante canônica com o objetivo de analisar a variação

espacial das estações de coleta no Rio Teles Pires e nos afluentes com base nas variáveis

limnológicas. A primeira etapa da análise discriminante canônica foi realizar a análise de

variância multivariada (MANOVA) com a utilização dos testes multivariados Wilks,

Hotelling-Lawley e Roy. Os testes multivariados servem para verificar se existem diferenças

significativas entre as estações de coleta nas funções canônicas. Um gráfico biplot foi

construído para as duas primeiras variáveis canônicas (Can 1 e Can 2).

Para o teste de Kruskal Wallis e análise multivariada foram consideradas somente as

variáveis condutividade elétrica (µS/cm), cor verdadeira (mgPt/L), turbidez (UNT), fósforo

total (mg/L), nitrato (mg/L), nitrogênio orgânico (mg/L) e ferro total (mg/L), escolhidas

empiricamente, pois foram as que melhor descreveram as variações limnológicas dos

ambientes.

Para os resultados que se apresentaram abaixo do limite de detecção do método

empregado foi utilizado, para efeito das análises estatísticas, o valor deste limite de detecção.

RESULTADOS

Análise Descritiva

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

23

A Tabela 1 apresenta os resultados das variáveis limnológicas analisadas durante o

período chuvoso e seco, nas estações de coleta do Rio Teles Pires. As médias e medianas de

pH no Rio Teles Pires se mantiveram abaixo de 7,0 demonstrando o caráter ácido das águas

deste rio. As maiores médias e medianas de condutividade elétrica, temperatura da água, cor,

turbidez, DQO, ferro total, nitrato e nitrogênio orgânico foram observadas no período chuvoso

e as maiores médias e medianas de oxigênio dissolvido e DBO no período de estiagem. A

série de sólidos, o ortofosfato e o nitrogênio amoniacal apresentaram baixos valores.

Tabela 1 – Estatística descritiva das variáveis limnológicas no período de chuva e estiagem no

Rio Teles Pires

Parâmetros Estação Período Chuvoso Período Seco % da

Variação5

Max¹ Min² Média Med³ DP4

Max Min Média Med DP

pH TP1 6,61 5,17 5,94 5,99 0,59 6,85 5,64 6,22 6,28 0,45 -4,50

TP2 7,69 5,76 6,47 6,21 0,85 6,80 5,88 6,22 6,09 0,37 4,01

TP3 7,15 5,69 6,22 6,03 0,68 6,84 5,68 6,10 6,01 0,39 1,96

TP4 6,63 5,85 6,21 6,18 0,34 6,67 5,89 6,33 6,34 0,26 -1,89

TP5 6,67 5,68 6,17 6,16 0,44 7,21 5,84 6,28 6,14 0,48 -1,75

CE (µS/cm) TP1 25 18,6 20,45 19,1 3,04 18,13 9,4 14,69 14,8 3,20 39,21

TP2 14,8 12,9 13,72 13,6 0,89 12 8,7 10,55 10,7 1,07 30,04

TP3 12,9 11,7 12,22 12,15 0,62 10,5 8,6 9,38 9,2 0,71 30,27

TP4 13,8 11,9 13,05 13,25 0,85 11 8,8 9,92 10 0,76 31,55

TP5 12,8 11,7 12,47 12,7 0,52 10,8 8,83 9,69 9,5 0,75 28,68

Temperatura

da Água

(ºC)

TP1 28,5 27 27,8 27,8 0,69 29 25 26,6 26,3 1,41 4,51

TP2 28,7 27,3 28,1 28,2 0,60 29,3 25 26,7 26,4 1,63 5,24

TP3 28,5 27,7 28,1 28,2 0,33 28,5 24,5 26,1 25,9 1,44 7,66

TP4 29 27,7 28,4 28,5 0,54 28,8 25,1 26,6 26,5 1,34 6,76

TP5 28,8 27,6 28,3 28,5 0,52 28,8 24,9 26,6 26,5 1,52 6,39

OD (mg/L) TP1 7,38 5,98 6,73 6,78 0,61 8,94 7,34 7,95 7,56 0,72 -15,34

TP2 7,82 5,21 6,77 7,02 1,10 9,17 6,8 7,77 7,65 0,80 -12,87

TP3 7,24 5,86 6,80 7,1 0,65 9,21 7,31 7,89 7,76 0,69 -13,81

TP4 7,22 6,57 6,98 7,1 0,29 8,74 6,73 7,62 7,66 0,72 -8,39

TP5 7,68 6,13 6,94 6,98 0,63 8,45 7,51 7,87 7,78 0,35 -11,81

DBO

(mg/L)

TP1 2,4 1 1,35 1 0,7 2,9 1 1,49 1 0,80 -9,39

TP2 3,5 1 1,62 1 1,25 4 1 1,92 1,51 1,20 -15,62

TP3 2,4 1 1,6 1 0,71 2,4 1 1,54 1,27 0,66 3,89

TP4 1,8 1 1,2 1 0,4 3 1 1,4 1,05 0,29 -14,28

TP5 1,2 1 1,05 1 0,1 1,7 1 1,16 1,03 0,27 -9,48

DQO

(mg/L)

TP1 28,1 1 11,02 7,5 12,35 10 1 4 1 4,65 175,5

TP2 14,5 1 7,88 8 6,03 19,6 1 5,93 2,5 7,39 32,88

TP3 11,2 1 4,8 3,5 4,44 16 1 4,9 2,5 5,87 -2,04

TP4 25 1 9,25 5,5 10,90 27 1 7,59 3,75 10,10 21,87

TP5 21 1 7,5 4 9,43 19,2 1 4,7 2 7,18 59,57

Cor

Verdadeira

(mgPt/L)

TP1 183 11 72 47 77,04 24 2 10,83 7,5 9,80 564,81

TP2 85 18 43,25 35 29,89 25 2 8,5 6,5 8,55 408,82

TP3 64 18 35,25 29,5 20,25 20 2 8,83 7,5 6,73 299,20

TP4 72 15 38,75 34 26,15 29 2 12,33 11,5 9,69 214,27

TP5 73 13 37,5 32 26,85 22 2 9,83 9,5 7,60 281,48

Turbidez

(UNT)

TP1 45,9 6,19 28,8 31,6 16,5 12 4,27 6,8 6,1 2,9 323,52

TP2 26,5 4,37 14,8 14,2 9,3 5,27 2 3,1 2,8 1,2 377,41

TP3 22,4 6,61 17,1 19,8 7,2 7,05 3,06 4,9 4,6 1,5 248,97

TP4 24,4 4,92 18,4 22,2 9,1 17,2 3,01 8,2 7,4 4,8 124,39

TP5 23,6 4,61 17,1 20 8,5 10 2,94 6,6 6,9 2,3 159,09

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

24

Sólidos

Totais

(mg/L)

TP1 47 19 32,5 32 12,8 44 10 19,3 15,5 12,4 68,39

TP2 23 12 17,5 17,5 5,3 40 10 15,5 10,5 12 12,90

TP3 28 12 22 24 6,9 80 10 21,9 10 28,5 0,45

TP4 30 12 24 27 8,5 124 10 31,2 10 45,8 -23,07

TP5 29 12 20,5 20,5 9,9 48 10 19,3 11 15,3 6,21

Sólidos

Dissolvidos

(mg/L)

TP1 25 19 20,5 19 3 40 10 18,7 15,5 10,8 9,62

TP2 15 12 13,5 13,5 1,3 40 10 15,5 10,5 12 -12,90

TP3 13 12 12,2 12 0,5 80 10 21,9 10 28,5 -44,29

TP4 14 12 12,2 13,5 0,9 120 10 28,5 10 44,8 -57,19

TP5 13 12 12,5 12,5 0,6 40 10 15,3 10,5 12,1 -18,30

Sólidos

Suspensos

(mg/L)

TP1 28 10 17 15 8,7 10 10 10 10 0 70

TP2 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0

TP3 16 10 12 11 2,9 10 10 10 10 0 20

TP4 16 10 13 13 3,5 12 10 10,3 10 0,8 26,21

TP5 16 10 13 13 3,5 16 10 11 10 2,4 18,18

Ferro Total

(mg/L)

TP1 1,19 0,287 0,881 1,023 0,408 0,868 0,212 0,450 0,339 0,259 95,77

TP2 0,802 0,318 0,565 0,570 0,208 0,53 0,01 0,211 0,212 0,196 167,77

TP3 0,73 0,436 0,596 0,609 0,123 0,639 0,01 0,214 0,176 0,235 178,50

TP4 0,82 0,352 0,621 0,656 0,218 0,739 0,01 0,298 0,266 0,284 108,38

TP5 0,84 0,373 0,647 0,687 0,196 0,68 0,01 0,258 0,273 0,247 150,77

Fósforo

Total

(mg/L)

TP1 0,32 0,01 0,155 0,146 0,169 0,566 0,01 0,166 0,079 0,219 -6,62

TP2 0,226 0,01 0,099 0,08 0,108 0,24 0,01 0,089 0,07 0,089 11,23

TP3 0,16 0,01 0,074 0,063 0,069 0,791 0,01 0,193 0,01 0,319 -61,65

TP4 0,259 0,01 0,107 0,08 0,118 0,777 0,01 0,243 0,155 0,279 -55,96

TP5 0,275 0,01 0,101 0,06 0,125 1,003 0,04 0,310 0,18 0,133 -67,41

Ortofosfato

(mg/L)

TP1 0,24 0,01 0,068 0,01 0,115 0,529 0,01 0,098 0,01 0,211 -30,61

TP2 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,02 0,01 0,011 0,01 0,004 -9,09

TP3 0,02 0,01 0,012 0,01 0,005 0,01 0,01 0,01 0,01 0 20

TP4 0,14 0,01 0,044 0,012 0,064 0,521 0,01 0,096 0,01 0,208 -54,16

TP5 0,02 0,01 0,013 0,011 0,004 0,513 0,01 0,095 0,01 0,205 -86,31

Nitrato

(mg/L)

TP1 0,53 0,05 0,285 0,28 0,202 0,24 0,01 0,092 0,072 0,090 209,78

TP2 0,39 0,01 0,197 0,195 0,156 0,19 0,01 0,068 0,01 0,090 189,70

TP3 0,36 0,04 0,232 0,265 0,149 0,21 0,01 0,099 0,085 0,085 134,34

TP4 0,38 0,05 0,215 0,215 0,136 0,20 0,01 0,091 0,077 0,081 136,26

TP5 0,36 0,06 0,222 0,235 0,126 0,19 0,01 0,103 0,103 0,072 115,53

Nitrogênio

Orgânico

(mg/L)

TP1 0,33 0,01 0,235 0,3 0,151 0,6 0,01 0,196 0,134 0,239 19,89

TP2 0,45 0,01 0,24 0,25 0,184 0,27 0,01 0,116 0,109 0,107 106,89

TP3 0,47 0,01 0,245 0,25 0,192 1,118 0,01 0,272 0,138 0,18 -9,92

TP4 0,5 0,01 0,227 0,2 0,202 0,512 0,01 0,260 0,285 0,229 -12,69

TP5 0,6 0,01 0,327 0,35 0,245 0,614 0,01 0,282 0,25 0,248 15,95

Nitrogênio

Amoniacal

(mg/L)

TP1 0,044 0,01 0,018 0,01 0,017 0,025 0,01 0,014 0,011 0,006 28,57

TP2 0,027 0,01 0,014 0,01 0,008 0,04 0,01 0,015 0,01 0,012 -6,66

TP3 0,035 0,01 0,016 0,01 0,012 0,036 0,01 0,014 0,01 0,011 14,28

TP4 0,019 0,01 0,012 0,01 0,004 0,931 ,0,01 0,167 0,013 0,374 -92,81

TP5 0,038 0,01 0,017 0,01 0,014 0,058 0,01 0,018 0,01 0,019 -5,55

¹Valor máximo. ²Valor mínimo. ³Mediana. 4Desvio padrão.

5% da variação do período de

chuva em relação ao período de estiagem

A Tabela 2 apresenta os resultados das variáveis limnológicas analisadas durante o

período chuvoso e seco, nas estações de coleta nos afluentes. O comportamento das variáveis

nos afluentes foi muito semelhante ao comportamento das variáveis no Rio Teles Pires. O pH

apresentou médias e medianas abaixo de 6,5 evidenciando o caráter ácido das águas destes

rios. As variáveis que exibiram maiores médias e medianas no período chuvoso foram:

condutividade elétrica, temperatura da água, DQO, cor, turbidez, ferro total e nitrato. As

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

25

variáveis oxigênio dissolvido, DBO e fósforo total tiveram as maiores médias e medianas no

período de estiagem. As variáveis série de sólidos, ortofosfato e nitrogênio amoniacal também

apresentaram baixos valores nos afluentes.

Tabela 2 – Estatística descritiva das variáveis limnológicas no período de chuva e estiagem

nos afluentes

Parâmetros Estação Período Chuvoso Período Seco % da

Variação5

Max¹ Min² Média Med³ DP4

Max Min Média Med DP

pH R-Ver 7,06 5,47 6,19 6,11 0,69 7,31 5,16 5,64 5,35 0,83 9,75

R-Cal 6,65 5,13 5,77 5,66 0,76 7,31 5,15 5,83 5,66 0,75 -1,02

R-IP 6,11 4,75 5,45 5,47 0,60 7,21 4,92 5,80 5,60 0,78 -6,03

R-Roq 6,31 4,2 5,41 5,57 1,06 6,98 4,62 5,43 5,23 0,82 -0,36

R-Sel 5,46 3,96 4,79 4,86 0,66 5,61 4,47 4,78 4,66 0,43 0,20

R-BM 5,6 4,92 5,25 5,24 0,35 5,91 4,18 4,93 4,75 0,65 6,49

R-Cur 6,42 5,10 5,76 5,75 0,57 7,38 4,88 5,77 5,47 0,88 -0,17

CE (µS/cm) R-Ver 7,8 7,1 7,42 7,4 0,29 7,2 4,69 6,48 6,9 0,96 14,50

R-Cal 7,6 6,7 7,15 7,15 0,39 6,8 4 5,53 5,72 1,18 29,29

R-IP 8,1 7,3 7,55 7,4 0,38 78,5 4,75 18,30 6,9 29,50 -58,74

R-Roq 11,9 4,2 7,05 6,05 3,58 5,1 3,06 4,03 3,91 0,68 74,93

R-Sel 7,6 3,6 4,72 3,85 1,92 4,09 3 3,54 3,5 0,47 33,33

R-BM 6,9 3 4,17 3,4 1,83 4 2,9 3,35 3,3 0,38 24,47

R-Cur 8,5 7,6 7,92 7,8 0,43 7,2 5,3 6,56 6,75 0,71 20,73

Temperatura

da Água

(ºC)

R-Ver 28,1 26,9 27,5 27,5 0,51 27 23 25,3 25,3 1,53 8,69

R-Cal 27,8 25,1 26,3 26,1 1,34 27,7 22,5 24,1 23,9 1,74 9,12

R-IP 26,5 24,7 25,6 25,6 0,93 26 22,1 23,9 24,1 1,48 7,11

R-Roq 29,4 25 26,5 25,8 2,01 25,9 22 23,9 23,8 1,50 10,87

R-Sel 26,8 24,5 25,7 25,7 0,95 26,6 21,9 24,4 24,2 1,62 5,32

R-BM 25,8 24,5 25,1 25,1 0,54 26,4 21,2 24 24 1,71 5,83

R-Cur 27,1 25,3 26 25,8 0,79 26,5 23 24,4 24 1,46 6,55

OD (mg/L) R-Ver 7,57 6,1 6,92 7,01 0,62 8 7,13 7,47 7,43 0,33 -7,36

R-Cal 7,72 6,39 6,99 6,92 0,55 8,03 6,55 7,49 7,71 0,58 -6,67

R-IP 7,23 6,1 6,74 6,81 0,52 8,26 6,89 7,51 7,52 0,45 -10,25

R-Roq 7,27 5,43 6,59 6,83 0,83 7,59 6,59 7,09 7,07 0,37 -7,05

R-Sel 6,91 4,05 5,41 5,34 1,22 7,33 4,13 5,69 5,82 1,17 -4,92

R-BM 7,99 5,56 6,94 7,11 1,02 8,96 7,01 7,82 7,80 0,66 -11,25

R-Cur 7,65 6,6 7,27 7,41 0,47 9,43 6,89 8,14 8,18 0,82 -10,68

DBO

(mg/L)

R-Ver 1,6 1 1,15 1 0,3 5 1 1,93 1,3 1,56 -40,41

R-Cal 1 1 1 1 0 2,6 1 1,3 1 0,64 -23,07

R-IP 2 1 1,25 1 0,5 2,6 1 1,27 1 0,65 -1,57

R-Roq 3 1 1,72 1,45 0,95 4,8 1 1,65 1 1,54 4,24

R-Sel 1 1 1 1 0 2 1 1,25 1 0,42 -20

R-BM 1 1 1 1 0 4,1 1 1,52 1 1,26 -34,21

R-Cur 1 1 1 1 0 2,7 1 1,33 1,05 0,67 -24,81

DQO

(mg/L)

R-Ver 32 1 14,55 12,6 15,49 12 1 5,37 3,5 5,05 -170,94

R-Cal 21,7 1 9,92 8,5 9,07 14 1 5,67 3 5,92 74,95

R-IP 16 1 6,82 5,15 7,26 27,1 1 7,68 4 10,13 -11,19

R-Roq 49,6 1 16,4 7,5 22,64 19,9 1 6,65 2,5 7,98 146,61

R-Sel 33,1 1 11,27 5,5 15,15 16 1 6 2 7,04 87,83

R-BM 30,1 1 9,52 3,5 13,92 37,2 1 10,53 2 15,03 -9,59

R-Cur 27,9 1 11,47 8,5 13,03 16,4 1 4,73 2,5 5,97 142,49

Cor

Verdadeira

(mgPt/L)

R-Ver 39 11 23 21 12,65 32 2 11,3 8 10,76 103,53

R-Cal 94 12 42 31 35,69 39 2 16,6 15,5 12,24 153,01

R-IP 76 17 37,75 29 26,32 38 2 15,3 10 12,82 146,73

R-Roq 54 15 32 29,5 17,60 45 2 19,83 17,5 14,36 61,37

R-Sel 42 23 32,75 33 10,14 42 2 18,17 17,5 13,80 80,24

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

26

R-BM 50 12 26,75 22,5 16,88 29 2 14,67 14 10,46 82,34

R-Cur 73 13 37,5 32 27,13 25 2 12,3 12,5 7,84 204,87

Turbidez

(UNT)

R-Ver 11,7 8,26 10,2 10,4 1,5 4,29 2 3,1 3,1 0,9 229,03

R-Cal 15 6,76 11,4 12 3,4 5,66 2 3 2,3 1,5 280

R-IP 25 8,33 15,1 13,4 7,1 10,7 2 4,2 3 3,4 259,52

R-Roq 15 3,12 6,5 4 5,7 5,14 2 2,8 2,2 1,2 132,14

R-Sel 25 3,24 9,1 4,1 10,6 3,66 2 2,5 2 0,8 264

R-BM 17 3,14 7,9 5,7 6,5 5,13 2 3,3 3 1,3 139,39

R-Cur 20 3,85 11,6 11,2 7,2 7,51 2 4 3,8 2,1 190

Sólidos

Totais

(mg/L)

R-Ver 15 10 11,2 10 2,5 84 10 22,3 10 30,2 -49,77

R-Cal 10 10 10 10 0 84 10 22,3 10 30,2 -55,15

R-IP 19 10 12,5 10,5 4,3 97 10 24,5 10 35,5 -48,97

R-Roq 12 10 10,5 10 1 80 10 21,6 10 28,6 -51,38

R-Sel 10 10 10 10 0 80 10 21,6 10 28,6 -53,70

R-BM 10 10 10 10 0 40 10 15 10 12,2 -33,33

R-Cur 11 10 10,2 10 0,5 19 10 11,5 10 3,7 -11,30

Sólidos

Dissolvidos

(mg/L)

R-Ver 10 10 10 10 0 80 10 21,6 10 28,6 -53,70

R-Cal 10 10 10 10 0 80 10 21,6 10 28,6 -53,70

R-IP 10 10 10 10 0 78 10 21,3 10 27,7 -53,05

R-Roq 12 10 10,5 10 1 80 10 21,6 10 28,6 -51,38

R-Sel 10 10 10 10 0 80 10 21,6 10 28,6 -53,70

R-BM 10 10 10 10 0 40 10 15 10 12,2 -33,33

R-Cur 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0

Sólidos

Suspensos

(mg/L)

R-Ver 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0

R-Cal 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0

R-IP 12 10 10,5 10 1 20 10 11,7 10 4,1 -10,25

R-Roq 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0

R-Sel 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0

R-BM 10 10 10 10 0 10 10 10 10 0 0

R-Cur 10 10 10 10 0 12 10 10,3 10 0,8 -2,91

Ferro Total

(mg/L)

R-Ver 0,534 0,216 0,344 0,312 0,135 0,542 0,060 0,223 0,188 0,165 54,26

R-Cal 0,328 0,176 0,277 0,302 0,068 0,343 0,01 0,164 0,181 0,133 68,90

R-IP 0,609 0,38 0,498 0,502 0,126 0,405 0,01 0,223 0,257 0,178 123,31

R-Roq 0,657 0,22 0,368 0,297 0,203 0,508 0,141 0,258 0,228 0,132 42,63

R-Sel 0,354 0,21 0,281 0,281 0,059 0,308 0,01 0,158 0,178 0,129 77,84

R-BM 0,30 0,136 0,225 0,232 0,068 0,317 0,01 0,139 0,151 0,118 61,87

R-Cur 0,441 0,408 0,424 0,424 0,014 0,537 0,279 0,370 0,363 0,095 14,59

Fósforo

Total

(mg/L)

R-Ver 0,08 0,01 0,027 0,01 0,035 0,913 0,01 0,249 0,103 0,342 -89,15

R-Cal 0,11 0,01 0,05 0,04 0,049 0,317 0,01 0,109 0,09 0,115 -54,12

R-IP 0,09 0,01 0,047 0,045 0,043 0,518 0,01 0,169 0,083 0,083 -72,18

R-Roq 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,772 0,03 0,232 0,108 0,283 -95,68

R-Sel 0,151 0,01 0,045 0,01 0,070 0,771 0,01 0,231 0,127 0,277 -80,51

R-BM 0,11 0,01 0,04 0,02 0,047 0,19 0,02 0,087 0,044 0,078 -54,02

R-Cur 0,104 0,01 0,061 0,065 0,044 0,856 0,03 0,263 0,172 0,306 -76,80

Ortofosfato

(mg/L)

R-Ver 0,06 0,01 0,022 0,01 0,025 0,613 0,01 0,112 0,01 0,245 -80,35

R-Cal 0,04 0,01 0,017 0,01 0,015 0,024 0,01 0,013 0,01 0,005 30,76

R-IP 0,03 0,01 0,015 0,01 0,01 0,353 0,01 0,068 0,01 0,139 -77,94

R-Roq 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,41 0,01 0,081 0,014 0,161 -87,65

R-Sel 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,508 0,01 0,094 0,01 0,203 -89,36

R-BM 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,019 0,01 0,011 0,01 0,004 -9,09

R-Cur 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,7 0,01 0,128 0,01 0,280 -92,18

Nitrato

(mg/L)

R-Ver 0,26 0,03 0,177 0,21 0,106 0,27 0,01 0,122 0,091 0,109 45,08

R-Cal 0,33 0,04 0,202 0,22 0,122 0,26 0,01 0,105 0,069 0,106 92,38

R-IP 0,29 0,01 0,19 0,23 0,127 0,24 0,01 0,118 0,109 0,110 61,01

R-Roq 0,25 0,053 0,173 0,195 0,085 0,26 0,01 0,101 0,048 0,113 71,28

R-Sel 0,22 0,01 0,155 0,195 0,097 0,21 0,01 0,117 0,120 0,81 32,47

R-BM 0,26 0,01 0,182 0,23 0,116 0,21 0,01 0,085 0,065 0,080 114,11

R-Cur 0,33 0,01 0,21 0,25 0,139 0,28 0,01 0,098 0,050 0,111 114,28

Nitrogênio

Orgânico

R-Ver 0,34 0,01 0,187 0,2 0,135 0,79 0,048 0,388 0,335 0,257 -51,80

R-Cal 0,34 0,01 0,137 0,1 0,141 0,682 0,01 0,228 0,112 0,274 -39,91

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

27

(mg/L) R-IP 0,28 0,01 0,122 0,1 0,113 0,72 0,01 0,29 0,25 0,289 -57,93

R-Roq 0,34 0,01 0,187 0,2 0,135 0,32 0,01 0,189 0,25 0,142 -1,05

R-Sel 0,42 0,01 0,232 0,25 0,173 1,05 0,01 0,331 0,194 0,403 -29,90

R-BM 0,37 0,01 0,195 0,2 0,147 0,43 0,01 0,166 0,15 0,160 17,46

R-Cur 0,47 0,01 0,245 0,25 0,192 0,64 0,01 0,239 0,128 0,271 2,51

Nitrogênio

Amoniacal

(mg/L)

R-Ver 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,017 0,01 0,012 0,01 0,003 -16,66

R-Cal 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,048 0,01 0,016 0,01 0,015 -37,5

R-IP 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0

R-Roq 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,032 0,01 0,013 0,01 0,009 -23,07

R-Sel 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0

R-BM 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0

R-Cur 0,01 0,01 0,01 0,01 0 0,656 0,01 0,121 0,01 0,262 -91,73

¹Valor máximo. ²Valor mínimo. ³Mediana. 4Desvio padrão.

5% da variação do período de

chuva em relação ao período de estiagem

Teste de Kruskal Wallis

Os resultados do teste de Kruskal Wallis, comparando os períodos de chuva e

estiagem, demonstraram que ocorreu variação significativa (p<0,05) entre a época de chuva e

estiagem para as variáveis condutividade elétrica, cor, turbidez, fósforo total nos afluentes,

nitrato e ferro total em todos os ambientes avaliados e não ocorreu variação significativa

(p>0,05) nas concentrações de fósforo total, nas estações de coleta do Rio Teles Pires, e para

a variável nitrogênio orgânico, nas estações de coleta do Rio Teles Pires e dos afluentes.

Análise Multivariada

A análise de variância multivariada pela aproximação do teste F mostrou que houve

diferenças significativas entre as estações de coleta nos períodos de chuva e estiagem para as

estações de coleta no Rio Teles Pires (Tabela 3).

Tabela 3 – Análise de variância multivariada para as estações de coleta no Rio Teles Pires

Chuva

Teste GL Aproximação F Valor-p

Wilks 4 1,7416 0,0619

Hotelling-Lawley 4 3,6009 0,0004

Roy 4 21,819 <0,0001

Estiagem

Teste GL Aproximação F Valor-p

Wilks 4 1,9121 0,0152

Hotelling-Lawley 4 2,2375 0,0035

Roy 4 7,3093 0,0001

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

28

A Tabela 4 apresenta a Análise Discriminante Canônica (ADC) com os autovalores,

diferença, porcentagem e porcentagem acumulada para as estações de coleta no Rio Teles

Pires em período de chuva e estiagem. A análise discriminante canônica das estações de

coleta no Rio Teles Pires explicou praticamente toda a variabilidade dos dados, tanto na época

de chuva quanto estiagem, correspondendo a 98,70% da variabilidade dos dados na chuva,

sendo 94,67% na primeira ADC e 4,02% na segunda ADC, e 98,13% da variabilidade dos

dados na estiagem, sendo 64,97% na primeira ADC e 33,16% na segunda ADC.

Tabela 4 - Análise Discriminante Canônica para as estações de coleta no Rio Teles Pires

Chuva

Canônica

Discriminante

Autovalor Diferença Porcentagem

(%)

Acumulado

(%)

1 0,9272 12,7276 12,1870 94,6755 94,6760

2 0,3510 0,5409 12,1870 4,0233 98,6990

3 0,1337 0,1544 12,1870 1,1483 99,8470

4 0,0201 0,0206 12,1870 0,1529 100,0000

Estiagem

Canônica

Discriminante

Autovalor Diferença Porcentagem

(%)

Acumulado

(%)

1 0,69931 2,325701 1,1383 64,96364 64,964

2 0,69931 1,187379 1,1383 33,16697 98,131

3 0,69931 0,054575 1,1383 1,52443 99,655

4 0,69931 0,012350 1,1383 0,34497 100,000

Pela análise discriminante canônica das estações de coleta no Rio Teles Pires no

período de chuva (Figura 2A), pode-se observar a discriminação de TP1 em relação às

estações de coleta TP2, TP3, TP4 e TP5, que apresentaram comportamentos semelhantes

entre si. A primeira DC é responsável por 94,7% da variabilidade e a segunda DC por 4%. A

DC1 foi mais eficaz na discriminação das cinco estações de coleta. No período de estiagem

(Figura 2B) é possível verificar a discriminação de TP1 e TP2 das estações TP3, TP4 e TP5,

que foram similares entre si. A DC1 é responsável por 65% da variabilidade dos dados e a

DC2 por 33,2%.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

29

Figura 2 – Biplot de discriminante canônica das variáveis limnológicas em função das

estações de coleta no Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B). X1 –

condutividade elétrica; X2 – cor; X3 – turbidez; X4 – fósforo; X5 – nitrato; X6 – nitrogênio

orgânico; X7 – ferro total.

Fonte: Próprio autor

O resultado da análise discriminante canônica das estações de coleta no Rio Teles

Pires demonstrou que, no período de chuva, a estação de coleta TP1 foi mais influenciada

pelas variáveis condutividade elétrica (X1), turbidez (X3) e ferro total (X7), e em menor

proporção pela cor (X2), fósforo (X4) e nitrato (X5), enquanto as estações TP2, TP3, TP4 e

TP5 foram influenciadas pelo nitrogênio orgânico (X6) (Figura 3A). No período de estiagem

a estação de coleta TP1 foi induzida pelas variáveis condutividade elétrica (X1) e ferro total

(X7), a estação TP2 pelo ferro total (X7) e as estações TP3, TP4 e TP5 pelo fósforo (X4) e

nitrogênio orgânico (X6). Já as variáveis cor (X2), turbidez (X3) e nitrato (X5) não exerceram

influência sobre as estações de coleta na estiagem (Figura 3B).

Figura 3 – Análise discriminante canônica das variáveis limnológicas das estações de coleta

no Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B)

Fonte: Próprio autor

A Tabela 5 apresenta os coeficientes canônicos padronizados (CCP) da FCD1 e

FCD2 para as estações de coleta no Rio Teles Pires para as variáveis limnológicas analisadas

no período de chuva e estiagem.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

30

Tabela 5 – Coeficiente canônico padronizado (CCP) das estações de coleta e das variáveis

limnológicas no Rio Teles Pires

Chuva Estiagem

Grupos FCD1 FCD2 Grupos FCD1 FCD2

TP1 -6,1104 -0,0282 TP1 2,6719 -0,5002

TP2 0,7646 -0,1684 TP2 0,0899 1,7796

TP3 2,2152 -0,5375 TP3 -0,9191 0,3582

TP4 1,5663 -0,4817 TP4 -0,9128 -0,9934

TP5 1,5643 1,2158 TP5 -0,9299 -0,6440

Variáveis Variáveis

X1 -7,5813 -0,7280 X1 -3,5732 -0,3431

X2 -2,9088 -0,1459 X2 -1,3710 -0,0688

X3 -3,6510 -0,2593 X3 -1,7208 -0,1222

X4 -1,8897 0,4114 X4 -0,8906 0,1939

X5 -1,5068 0,0209 X5 -0,7102 0,0098

X6 0,4855 2,6455 X6 0,2288 1,2469

X7 -3,6076 0,8095 X7 -1,7003 0,3815

A análise de variância multivariada pela aproximação do teste F mostrou que houve

diferenças significativas entre as estações de coleta nos períodos de chuva e estiagem para as

estações de coleta nos afluentes do Rio Teles Pires (Tabela 6).

Tabela 6 – Análise de variância multivariada para as estações de coleta nos afluentes do Rio

Teles Pires

Chuva

Teste GL Aproximação F Valor-p

Hotelling-Lawley 6 1,9115 0,0065

Roy 6 13,265 <0,0001

Estiagem

Teste GL Aproximação F Valor-p

Hotelling-Lawley 6 1,1517 0,0037

Roy 6 5,7482 0,0002

A Tabela 7 apresenta a Análise Discriminante Canônica (ADC) com os autovalores,

diferença, porcentagem e porcentagem acumulada para as estações de coleta nos afluentes do

Rio Teles Pires em período de chuva e estiagem. Para as estações de coleta nos afluentes do

Rio Teles Pires a análise discriminante canônica explicou quase toda a variabilidade dos

dados, correspondendo 88,37% da variabilidade dos dados na chuva, com 77,11% na primeira

ADC e 11,26% na segunda ADC, e 81,31% da variabilidade dos dados na estiagem, com

66,87% na primeira ADC e 14,43% na segunda ADC.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

31

Tabela 7 - Análise Discriminante Canônica para as estações de coleta nos afluentes do Rio

Teles Pires

Chuva

Canônica

Discriminante

Autovalor Diferença Porcentagem

(%)

Acumulado

(%)

1 0,8228 4,6429 3,9646 77,1079 77,1080

2 0,4042 0,6783 3,9646 11,2651 88,3730

3 0,2828 0,3942 3,9646 6,5476 94,9210

4 0,1921 0,2377 3,9646 3,9480 98,8680

5 0,0449 0,0470 3,9646 0,7803 99,6490

6 0,0207 0,0211 3,9646 0,3512 100,0000

Estiagem

Canônica

Discriminante

Autovalor Diferença Porcentagem

(%)

Acumulado

(%)

1 0,5420108 1,1834575 0,92798 66,876307 66,876

2 0,2034921 0,2554803 0,92798 14,437001 81,313

3 0,1882437 0,2318969 0,92798 13,104320 94,418

4 0,0810480 0,0881961 0,92798 4,983897 99,402

5 0,0091164 0,0092002 0,92798 0,519899 99,921

6 0,0013886 0,0013905 0,92798 0,078576 100,000

A discriminante canônica das estações de coleta nos afluentes do Rio Teles Pires, na

época de chuva (Figura 4A), mostrou o agrupamento das estações R-Ver, R-Roq e R-Cur, e a

separação de R-Sel e R-BM, que foram mais semelhantes entre si, e R-IP e R-Cal. A primeira

DC é responsável por 77,1% da variabilidade dos dados e a segunda DC por 11,3%. Já no

período de estiagem (Figura 4B) é possível observar a separação da estação R-Cur das demais

estações de coleta, que foram mais semelhantes entre si. A primeira DC é responsável por

66,9% da variabilidade dos dados e segunda DC por 14,4%.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

32

Figura 4 – Biplot de discriminante canônica das variáveis limnológicas em função das

estações de coleta nos afluentes do Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B).

X1 – condutividade elétrica; X2 – cor; X3 – turbidez; X4 – fósforo; X5 – nitrato; X6 –

nitrogênio orgânico; X7 – ferro total.

Fonte: Próprio autor

O resultado da análise discriminante canônica para as estações de coleta nos

afluentes do Rio Teles Pires indicou que, na época de chuva, as estações R-Ver, R-Roq e R-

Cur foram influenciadas pelas variáveis cor (X2), turbidez (X3) e nitrato (X5), as estações R-

Sel e R-BM pelo nitrogênio orgânico (X6) e as estações R-IP e R-Cal pela condutividade

elétrica (X1) e ferro total (X7) (Figura 5A). Já na estiagem as estações de coleta R-Sel e R-

Cal foram mais influenciadas pela variável cor (X2), a estação R-BM pela turbidez (X3), a

estação R-Ver pelo fósforo (X4), as estações R-IP e R-Roq pelo nitrato (X5) e nitrogênio

orgânico (X6) e a estação R-Cur pela turbidez (X3) e ferro total (X7) (Figura 5B).

Figura 5 – Análise discriminante canônica das variáveis limnológicas das estações de coleta

nos afluentes do Rio Teles Pires no período de chuva (A) e estiagem (B)

Fonte: Próprio autor

Os afluentes R-Ver, R-Cal, R-IP e R-Cur apresentaram maiores concentrações

médias e maiores variações em algumas das variáveis limnológicas analisadas indicando que

estes rios apresentam maiores alterações na qualidade da água e, consequentemente, poderão

causar alterações na qualidade da água do reservatório da UHE Sinop.

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

33

A Tabela 8 apresenta os coeficientes canônicos padronizados (CCP) da FCD1 e

FCD2 para as estações de coleta nos afluentes do Rio Teles Pires para as variáveis

limnológicas analisadas no período de chuva e estiagem.

Tabela 8 – Coeficiente canônico padronizado (CCP) das estações de coleta e das variáveis

limnológicas nos afluentes do Rio Teles Pires

Chuva Estiagem

Grupos FCD1 FCD2 Grupos FCD1 FCD2

R-BM -2,2857 0,6781 R-BM -0,34319 0,87351

R-Cal 1,7423 1,3090 R-Cal 0,43727 0,33725

R-Cur -0,0035 -0,9793 R-Cur -2,12103 -0,19494

R-IP 2,5668 -0,4552 R-IP 0,34605 -0,72364

R-Roq 0,9564 0,0300 R-Roq 0,43679 -0,09273

R-Sel -2,9343 -0,1318 R-Sel 1,33315 0,00842

R-Ver -0,0421 -0,4509 R-Ver -0,08905 -0,20788

Variáveis Variáveis

X1 2,7268 -1,8982 X1 -0,04478 -4,53317

X2 0,7664 0,3706 X2 1,50432 0,35439

X3 1,1618 -0,7618 X3 -1,89050 -2,12747

X4 -0,0609 -0,2234 X4 -0,52080 -2,51236

X5 0,4640 0,0197 X5 0,51384 -1,36392

X6 -1,0955 -0,9430 X6 0,60574 -2,28490

X7 1,4564 -2,3782 X7 -3,32450 -3,86708

As variáveis limnológicas analisadas foram fortemente influenciadas pelo período de

chuvas. As estações de coleta apresentaram uma maior discriminação na época de chuva,

estando mais homogêneas no período de estiagem. As principais variáveis indicadoras desta

sazonalidade foram condutividade elétrica, cor, turbidez, nitrato e ferro que apresentaram

maior influência sobre as estações de coleta no período de chuva.

DISCUSSÃO

A cerca da sazonalidade de chuvas na região, que exerceu influência sobre algumas

das variáveis limnológicas analisadas, Silva et al. (2008) menciona que o regime pluvial

apresenta características específicas de acordo com a localização geográfica e as épocas do

ano, além de apresentar variações espaciais, e estas variações podem afetar as concentrações

das variáveis físicas e químicas nos rios.

Conforme Sioli (1951), durante a época chuvosa, a água que vem de camadas mais

profundas do solo, se dilui com água das chuvas e apresenta, então, um teor menor em sais

extraídos daquelas camadas mais profundas do que se verifica durante a estação seca. Por

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

34

outro lado, porém, a maior parte das águas pluviais, antes de chegar aos rios, entra em contato

com a superfície terrestre e as camadas mais superficiais do solo, extraindo e arrastando delas

certas substâncias que são carregadas para os rios. Durante a estação seca, matéria vegetal

morta, como plantas e folhas, galhos, etc., se acumula no chão da floresta e começa a entrar

em decomposição; os produtos desta decomposição, mais tarde, durante a estação chuvosa e

principalmente no início dela serão transportados aos rios pelas chuvas. Nessa época, as águas

dos rios e riachos se acham muito mais ricas em substâncias orgânicas oxidáveis e em nitratos

os quais igualmente são de origem orgânica, e por outro lado mais ácidas e mais pobres em

bicarbonatos, cálcio, sulfatos, etc., substâncias provenientes de camadas mais profundas, do

que durante a estação seca.

A influência do período de chuvas nas variáveis de qualidade da água já foi

mencionada por diversos autores, inclusive por Rios Villamizar et al. (2011) na bacia do Rio

Purus, Silva et al. (2008) nesta mesma bacia, Umetsu et al. (2007) nos Rios Teles Pires e

Cristalino e Andrietti et al. (2016) na bacia do Rio Caiabi, afluente do Rio Teles Pires.

A bacia do Rio Teles Pires tem sua área ocupada por intensa atividade de agricultura

e pastagem, tendo as sub-bacias do R-Cal, R-IP e R-Cur suas áreas ocupadas,

predominantemente, por essa atividade. As outras sub-bacias dos Rios afluentes apresentam a

vegetação nativa como ocupação dominante, mas ainda assim já se encontram fortemente

ocupadas pelas atividades antrópicas. A ausência de mata ciliar em alguns trechos da margem

de alguns desses afluentes também foi verificada in loco. Os rios afluentes, exceto Rio Verde,

possuem extensão relativamente menor que o Teles Pires (verificado através de imagens de

satélite), possuindo uma dinâmica de diluição/concentração diferenciada.

A discriminação da estação TP1 das demais estações de coleta, em ambos os

períodos estudados, se deve ao fato desta estação estar localizada no Rio Teles Pires, antes da

confluência com o Rio Verde, o que provoca uma dinâmica diferente das outras estações, pois

o Rio Verde favorece o fator de diluição do rio a jusante da estação TP2. As confluências

fluviais caracterizam-se como ambientes bastante complexos, pois nestes locais ocorre a

combinação de matéria (água, sedimentos) e energia (forças exercidas pelos fluxos) oriundas

de diferentes fontes. As interações entre estes elementos resultam em uma variabilidade

processual e morfológica, moldando o canal fluvial em função das flutuações sazonais das

contribuições de cada curso d’água (PAES et al., 2008). Luz et al. (2017) e Parsons et al.

(2007) estudando a hidrodinâmica da confluência dos rios Cuiabá, Paraguai e Paraná,

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

35

respectivamente, observaram um aumento da vazão e aceleração geral do fluxo após a junção

destes rios, que, consequentemente, aumentou a diluição.

Kalavathy (2008), estudando a qualidade da água do Rio Thirumukkudal, na Índia,

formado após a confluência dos rios Cauvery e Amaravathy, verificou a redução na carga de

poluição advinda do Rio Amaravathy após a confluência destes dois rios. Faga e Araújo

(2013), avaliando os níveis de OD e DBO após a confluência do Rio Pirapozinho, no Estado

de São Paulo, com um tributário que recebia descarga de efluentes, observaram uma redução

na qualidade da água após a confluência, todavia, após uma nova confluência com um

tributário de qualidade boa o Rio Pirapozinho teve uma melhoria nos níveis de OD e DBO,

segundo os autores.

As maiores concentrações médias de condutividade elétrica, ferro, turbidez, cor e

nitrato em TP1, no período de chuva, têm origem no aporte de materiais, erosão dos solos e

lixiviação das áreas de agricultura e pecuária, existentes na bacia, que são favorecidos na

época de chuva pelo escoamento superficial. Essas substâncias carreadas sofrem diluição após

a confluência do Rio Teles Pires com o Rio Verde, mantendo condições similares a jusante.

Com relação aos maiores valores de ferro e condutividade elétrica em TP1, nos dois

períodos, e em R-Cal e R-IP, na chuva, estes podem estar relacionados as características

geológicas e pedológicas e aos usos do solo na bacia. A nascente do Rio Teles Pires está

situada nas Formações Raizama e Araras onde predominam rochas carbonáticas, calcárias e

dolomito, constituídas por cálcio e magnésio (ALA FILHO, 2011), podendo ainda o aumento

da condutividade estar relacionado à presença dos íons de ferro. Quanto ao ferro, este pode ter

origem no Latossolo, tipo de solo predominante na região, rico em óxidos e hidróxidos de

ferro, podendo também ser proveniente das atividades de agricultura e pastagem existentes na

região.

Carvalho e Siqueira (2011), avaliando a qualidade da água do Rio Meia Ponte

(Goiás) constataram um aumento da condutividade elétrica pela maior presença de íons de

ferro, devido ao lançamento de efluentes domésticos e industriais e a fatores naturais, como a

presença de rochas que liberam íons na água.

Em um estudo sobre a avaliação dos solos e das águas em Humaitá, Amazonas,

Oliveira et al. (2016) encontraram elevadas concentrações de ferro no curso d’água,

verificando que essas concentrações eram oriundas das características do solo e do ambiente

amazônico, constatando presença abundante de óxidos de ferro e manganês. Igualmente

Miranda et al. (2009) constataram altos valores de ferro na água estudando a qualidade da

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

36

água do Rio Tapajós que, segundo os autores, pode ser explicado pela composição

geoquímica da região onde o ferro apresenta mobilidade relativa regular e que em pH maior

que 4,8 é comum encontrar maior quantidade de ferro nas formas de óxido e hidróxido.

A separação de TP2, na estiagem, pode estar associada ao fluxo moderado das águas

observado nesse trecho do rio, o que favorece a concentração de substâncias, como o ferro, de

origem natural e/ou antrópica, que pode ser proveniente, também, da área a montante,

principalmente TP1, bem como os processos que ocorrem entre a estação TP2 e as demais

estações a jusante, já que a estação TP2 esta localizada logo após a confluência com o Rio

Verde e as outras estações no Teles Pires estão mais próximas entre si e mais distantes de

TP2.

Nos afluentes, a variação da cor nas estações R-Ver, R-Roq e R-Cur, nos meses de

chuva, e R-Cal e R-Sel, na estiagem, e a variação da turbidez nas estações R-Ver, R-Roq e R-

Cur, na chuva, e R-Cur e R-BM, na estiagem, está associado ao aporte de material para os

cursos d’água, provenientes da erosão dos solos e das áreas com atividade agropecuária. Tal

aporte é facilitado na época de chuvas pelo escoamento superficial. Já na estiagem esta

variação pode ser explicada pela presença de processos erosivos nas margens das estações de

coleta devido a ausência de mata ciliar em alguns trechos do R-Cal, R-Sel e R-BM e algum

aporte difuso de criação animal, que ocorre nestas sub-bacias. As alterações de cor e turbidez

verificadas em alguns dos afluentes não foram suficientes para modificar a qualidade da água

do Rio Teles Pires, a partir de TP2, devido ao grande volume de água deste rio em relação aos

seus tributários.

Corroborando estes resultados, Fonseca e Zeilhofer (2007), estudando a poluição

difusa na bacia do Rio Teles Pires, encontraram valores moderados de turbidez e os

relacionaram à intensa atividade agrícola e às altas taxas de desmatamento verificadas na área

do estudo. Do mesmo modo Caovilla et al. (2008), avaliando a qualidade da água nesta

mesma área de estudo constataram valores moderados de turbidez e cor na água, sendo os

maiores valores encontrados no período de enchente e cheia, devido ao aumento dos sólidos

dissolvidos lixiviados pela chuva.

Com relação ao nitrogênio orgânico, este exerceu maior influência sobre as estações

TP2, TP3, TP4, TP5, R-Sel e R-BM, na chuva, e TP3, TP4, TP5, R-IP e R-Roq na estiagem.

Os resultados desta variável podem ter origem na matéria orgânica vegetal das matas ciliares,

que nesta época do ano perdem mais folhas, associado a deflúvios difusos de criação animal e

das atividades de agricultura intensivamente praticadas na bacia. O escoamento superficial do

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

37

período chuvoso facilita a lixiviação da matéria orgânica das áreas com atividade

agropecuária, favorecido pela supressão da mata ciliar em alguns trechos dos afluentes, como

observado in loco, enquanto a estiagem, pela menor diluição, possibilita a concentração

dessas substâncias.

Wieben et al. (2013), encontraram, em um estudo sobre as concentrações de

nutrientes na bacia hidrográfica de Barnegat Bay-Little Egg Harbor, em Nova Jersey,

concentrações de nitrogênio orgânico mais elevadas em sub-bacias mais desenvolvidas (com

maior ocupação urbana e agrícola), devido aos efluentes domésticos e fertilizantes orgânicos

oriundos das áreas de drenagem.

A maior interferência de nitrato em TP1, R-Ver, R-Roq e R-Cur, no período de

chuva, e em R-IP e R-Roq, no período de estiagem, está ligada às atividades de agricultura e

pecuária existentes na bacia. Os resultados de nitrato são considerados baixos e os maiores

valores foram observados para essas estações de coleta. As estações de coleta que

apresentaram os maiores valores de nitrato são as que possuem maior área de drenagem (TP1,

R-Ver e R-Roq) ou as que apresentam intensa atividade agropecuária (R-IP e R-Cur). Os

valores baixos de nitrato podem ser justificados pelo tipo de solo da bacia, o Latossolo, que

devido a suas características químicas, pH ácido e elevadas concentrações de ferro, alumínio e

manganês, reduzem a lixiviação deste nutriente, apesar de comprovado o seu alto teor de

mobilidade (SANTOS, 2004).

Fonseca (2006) em seu estudo sobre a poluição difusa na bacia do Rio Teles Pires

também encontrou baixos valores de nitrato, sendo a maior leitura de 3,07 mg/L, estando as

maiores medianas nas sub-bacias com maior percentual de atividades agrícolas e pecuária e

alta taxa de desmatamento. Do mesmo modo Andrietti et al. (2014) também verificaram

baixos valores de nitrato na bacia do Rio Caiabi, afluente do Rio Teles Pires, sendo a

concentração média igual a 3,15 mg/L.

A influência da variável fósforo total foi notada em TP3, TP4, TP5 e R-Ver, no

período de estiagem, e em TP1 no período de chuva. Segundo Esteves (1998) este nutriente

pode ter origem nos usos do solo das áreas agrícolas e nas características pedológicas e

geológicas da bacia, sendo que, dentre as fontes naturais, as rochas da bacia de drenagem

constituem a fonte básica de fosfato para os ecossistemas aquáticos. SEMA (2009), menciona

que as características pedológicas, o Latossolo Vermelho Escuro Distrófico com presença de

Neossolos Quartzarênicos e Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico, conferem um grande

aporte de cargas de fósforo ao Rio Teles Pires, sendo esta uma característica natural da região

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

38

de estudo. Este trabalho relata ainda que o fósforo nesta região pode variar de 0,1 a 0,3 mg/L,

estando os valores encontrados no presente estudo de acordo com os valores previstos para a

região.

A menor influência do fósforo na época de chuva pode estar relacionada ao fator de

diluição do Teles Pires. Já a influência em TP1, no período de chuva, é decorrente do

carreamento desse nutriente para o corpo d’água através do escoamento superficial da área de

drenagem à montante, ocorrendo diluição após a confluência com o Rio Verde.

Caovilla et al. (2008), estudando a qualidade da água da bacia do Rio Teles Pires

verificaram altas concentrações de fósforo na água, atingindo um valor de 0,84 mg/L, oriundo

do carreamento de matéria orgânica para o rio. Andrietti et al. (2016) avaliando o índice de

qualidade da água e de estado trófico do rio Caiabi, afluente da porção média do Teles Pires,

encontraram valores alterados de fósforo devido a intensa criação animal na região do estudo.

CONCLUSÃO

A análise das variáveis demonstrou que as condições limnológicas do ecossistema

aquático da bacia do Rio Teles Pires, na área de influência da UHE Sinop (MT), são

controladas por fatores naturais, como geologia, pedologia e sazonalidade de chuvas, e fatores

antrópicos, principalmente atividade agropecuária, ficando, por vezes, difícil identificar a

contribuição de cada fator. Porém, é possível verificar que as atividades agropecuárias,

praticadas em larga escala nesta região, vem adotando práticas inadequadas à conservação do

solo e da qualidade da água.

As variáveis limnológicas analisadas foram fortemente influenciadas pelo período de

chuvas e as principais variáveis indicadoras desta sazonalidade foram condutividade elétrica,

cor, turbidez, nitrato e ferro.

O Rio Teles Pires possui uma extensão expressivamente maior que seus afluentes

(exceto o Rio Verde) provocando uma dinâmica de fluxo diferenciada e, consequentemente,

uma dissemelhança nas condições limnológicas desses ambientes. Os afluentes R-Ver, R-Cal,

R-IP e R-Cur apresentaram maiores concentrações médias e maiores variações em algumas

das variáveis limnológicas analisadas (cor, turbidez, ferro total, fósforo total e nitrato)

indicando que estes rios poderão causar alterações na qualidade da água do reservatório da

UHE Sinop.

Considerando que estes cursos d’água são tributários do reservatório da UHE Sinop,

os resultados deste trabalho sugerem a continuidade do monitoramento da qualidade da água,

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

39

especialmente dos nutrientes fósforo, nitrato e nitrogênio orgânico, que podem representar um

fator de eutrofização para o reservatório em formação, buscando assim garantir a sua

qualidade da água, a manutenção do ecossistema aquático e os usos múltiplos da água deste

novo ambiente, incluindo a geração de energia elétrica.

Vale destacar por fim a importância ambiental, social e econômica desta bacia e sua

intensa ocupação nos últimos anos, com tendência de se manter focada no agronegócio em

grandes fazendas tecnológicas, que virão acompanhadas de novas infraestruturas, e a escassez

de estudo dos seus ecossistemas aquáticos, que vem sendo alterados. Isso demonstra o

ineditismo e a importância do presente trabalho e a necessidade de sua ampliação para toda a

bacia, principalmente nas partes altas e médias dos tributários, visando subsidiar a gestão

integrada, considerando a relação água, energia e alimento e a conexão com os ecossistemas

aquáticos. .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALA FILHO, J.O. Substrato Rochoso. In: CAMARGO, L. (org.) Atlas de Mato Grosso.

Abordagem socioeconômica-ecológica. Cuiabá: Entrelinhas-Seplan, 2011. 28-29 p.

ALCANTARA, L.H. Análise Espaço-Temporal do escoamento na bacia do alto e médio

Rio Teles Pires. 2009. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós Graduação em Física

Ambiental, UFMT, Cuiabá, MT, 2009.

ANDRIETTI, G.; FREIRE, R.; AMARAL, A.G.; ALMEIDA, F.T.; BONGIOVANI, M.C.;

SCHNEIDER, R.M. Índices de qualidade da água e de estado trófico do rio Caiabi, MT. Rev.

Ambiente & Água. v. 11, nº 1. Taubaté – Jan/mar 2016.

APHA - American Public Health Association, AWWA - American Water Works Association,

WPCF - Water Pollution Control Federation. Standard Methods. 22 ed., Washington:Ed

APHA,2012.

BLEICH, M.E. Efeitos de alterações na zona ripária sobre a integridade de igarapés

amazônicos no baixo rio Teles Pires, Norte de Mato Grosso. 2015. Tese (Doutorado) ---

INPA, Manaus, 2015.

BORSARI ENGENHARIA E MEIO AMBIENTE. Diagnóstico Ambiental da Qualidade da

Água e Macrófitas Aquáticas da Usina Hidrelétrica São Manoel. 2015.

CAOVILLA, F.C. et al. Avaliação da Qualidade da Água da Bacia Hidrográfica do Rio Teles

Pires – Mato Grosso. In: IX Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste, 9, 2008, Salvador.

Anais... Salvador, 2008.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

40

CARVALHO, G.L.; SIQUEIRA, E.Q. Qualidade da água do Rio Meia Ponte no perímetro

urbano do município de Goiânia – Goiás. REEC – Revista Eletrônica de Engenharia Civil

nº 1 (2011) 1‐13.

DALMAGRO, H.J. et al. Dinâmica do carbono inorgânico dissolvido nos rios Teles Pires e

Cristalino na bacia Amazônica. Ciência e Natura, v. 29, n. 2, p. 115-127, 2007.

DARY, E.P. Composição e estrutura trófica das assembléias de peixes em um trecho do

médio Rio Teles Pires, Mato Grosso, Brasil. 2010. Dissertação (mestrado) – Programa de

Pós Graduação em Água Doce e Pesca Interior, INPA, Manaus, AM, 2010.

ELETRONORTE; CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ; FURNAS CENTRAIS

ELÉTRICAS. Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da Usina Hidrelétrica Colíder. 2009.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Avaliação Ambiental Integrada da

Bacia Hidrográfica do Rio Teles Pires. 2008.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Avaliação Ambiental Integrada da

Bacia Hidrográfica do Rio Teles Pires. Relatório Final. 2009.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Relatório de Impacto Ambiental

(RIMA) da Usina Hidrelétrica São Manoel. 2011.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); LEME – CONCREMAT. Estudo de

Impacto Ambiental (EIA) da Usina Hidrelétrica Teles Pires. 2010.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); PCE, BIODINÂMICA. Relatório de

Impacto Ambiental (RIMA) da Usina Hidrelétrica Foz do Apiacás. 2010.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); THEMAG ENGENHARIA. Estudo de

Impacto Ambiental (EIA) da Usina Hidrelétrica de Sinop. 2010.

ESTEVES, F. A. Fundamentos de limnologia. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2011.

826p.

FAGA, B.F.; ARAÚJO, R.R. Descontinuidade fluvial: estudo de caso no Rio Pirapozinho

(SP). Colloquium Exactarum, vol. 5, n. Especial, Jul–Dez, 2013, p. 82-89. ISSN: 2178-

8332.

FERREIRA, D.A.T. et al. Grau de Degradação de Dois Córregos Urbanos no Município de

Alta Floresta-MT: Variáveis Físico-Químicas. Enciclopédia Biosfera, Centro Cientifico

Conhecer – Goiânia, v.10, n.18, p.1889, 2014.

FIGUEIREDO, D. M. ; CRUZ-FANTIN, R. . Diretrizes para a elaboração e execução de

programas de monitoramento da qualidade da água em pequenos reservatórios hidrelétricos.

REGA. Revista de Gestão de Águas da América Latina , v. 11, p. 45-57, 2014.

FONSECA, G.P.S. Análise da Poluição Difusa na Bacia do Rio Teles Pires com Técnicas

de Geoprocessamento. 2006. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em

Geografia, UFMT, Cuiabá, MT, 2006.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

41

FONSECA, G.P.S.; ZEILHOFER, P. Técnicas de geoprocessamento aplicadas na análise de

poluição difusa da bacia do Rio Teles Pires – MT. Anais XIII Simpósio Brasileiro de

Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, 21-26 abril 2007, INPE, p. 2597-2604.

KALAVATHY, S. Quality of Cauvery River water at Thirumukkudal. 2008.

Disponívelem:http://wgbis.ces.iisc.ernet.in/energy/lake2008/program/Lake2008_Presentation

s/1.11_Kalavathy_22dec2008.pdf. Acesso em: 18 de fevereiro de 2018.

LUZ, L.D. et al. Hidrodinâmica da confluência dos Rios Cuiabá e Paraguai, Pantanal Mato-

grossense. Revista do Departamento de Geografia, Volume Especial – Eixo 1, 1-10, 2017.

MIRANDA, R.G. et al. Qualidade dos recursos hídricos da Amazônia – Rio Tapajós:

avaliação de caso em relação aos elementos químicos e parâmetros físico-químicos. Revista

Ambiente & Água – An Interdisciplinary Journal of Applied Science: v. 4, n. 2, 2009.

MOREIRA, K.C.A.M. Aspectos da biogeoquímica dos rios Teles Pires e Cristalino – MT.

2011. Tese (Doutorado em Ciências) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura,

Universidade de São Paulo, São Paulo. 2011.

OLIVEIRA, B.O.S. et al. Avaliação dos solos e das águas nas áreas de influência de

disposição de resíduos sólidos urbanos de Humaitá, Amazonas. Eng. Sanit. Ambiental v.21

n.3 jul/set 2016 593-601.

PAES, R.J. et al. Dinãmica e morfologia do canal de confluência dos rios Paraná e

Paranapanema pelo método do mapeamento temporal. Geografia - v. 17, n. 2, jul./dez. 2008.

PARSONS, D. R., J. L. et al. Form roughness and the absence of secondary flow in a large

confluence-diffluence, Rio Parana, Argentina, Earth Surf. Processes Landforms, 32(1),

155–162, 2007.

PEREIRA, E.L.S. Influência das características naturais das bacias de drenagem sobre

as propriedades físico-químicas do Rio Solimões – Amazonas e seus principais

tributários brasileiros. 2012. Dissertação (mestrado) – Programa de Pós Graduação em

Clima e Ambiente, UFAM/INPA, Manaus, AM, 2012.

RÍOS-VILLAMIZAR, E. A.; MARTINS JUNIOR, A. F.; WAICHMAN, A. V.

Caracterização físico-química das águas e desmatamento na bacia do rio Purus, Amazônia

Brasileira Ocidental. Revista Geografia Acadêmica, v. 5, n. 2, 2011.

RIOS-VILLAMIZAR, E.A.; PIEDADE, M.T.F.; DA COSTA, J.G.; ADENEY, J.M.; JUNK,

W.J. Chemistry of different Amazonian water types for river classification: a preliminary

review. WIT Trans Ecol Environ., 178, 17-28, 2014.

SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE DE MATO GROSSO (SEMA).

Relatório de Monitoramento de Qualidade da Água. 2016. Disponível em:

http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_docman&Itemid=82. Acesso em: 24 de

julho de 2017.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

42

SEMA - MATO GROSSO. Plano Estadual de Recursos Hídricos. / SEMA – Secretaria de

Estado do Meio Ambiente. Cuiabá: KCM Editora. 184p. 2009.

SILVA, A.E.P. et al. Influência da precipitação na qualidade da água do Rio Purus. Acta

amazônica, v. 38, n. 4, p. 733-742, 2008.

SILVA, M.S.R. Classificação dos rios da Amazônia: uma estratégia para preservação desses

recursos. Holos Environment, v. 13, n. 2, p. 163-174, 2013.

SIOLI, H. Alguns resultados e problemas da limnologia amazônica. Belém, IPEAN, 1951.

p.3-44. (IPEAN. BoletimTécnico, 24).

SOUSA, A.K.F. Variação sazonal e espacial da concentração de elementos-traço nos Rios

Urucu, Solimões e Negro – Amazônia Ocidental, Brasil. 2008. Dissertação (mestrado) –

Programa de Pós Graduação em Química, UFAM, Manaus, AM, 2008.

TARIFA, J.R. Clima. In: CAMARGO, L. (org.) Atlas de Mato Grosso: abordagem

socioeconômica-ecológica. Cuiabá: Entrelinhas/Seplan/Sema, p. 52-57, 2011.

UMETSU, C.A.; UMETSU, R.K.; MOREIRA, K.C.A.M; DALMAGRO, H.J.; KRUSCHE,

A.V. Aspectos Físico-Químicos de Dois Rios da Bacia do Alto Tapajós – Teles Pires e

Cristalino – MT, Durante Período de Estiagem e Cheia. Revista de Ciências Agro-

Ambientais, Alta Floresta, v.5, n.1, p.59-70, 2007.

WIEBEN, C.M. et al. Nutrient concentrations in surface water and groundwater, and nitrate

source identification using stable isotope analysis, in the Barnegat Bay-Little Egg Harbor

watershed, New Jersey, 2010–11: U.S. Geological Survey Scientific Investigations Report

2013–5287, 44 p.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

43

CAPITULO II

INFLUÊNCIAS DO USO DO SOLO NA QUALIDADE DA ÁGUA DE SEIS

AFLUENTES DO RIO TELES PIRES, ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA DA UHE

SINOP (MT)

RESUMO

Na região norte do Estado de Mato Grosso, além das atividades agrícolas e do rebanho bovino

já existentes, há também uma expansão na geração de energia elétrica, especificamente na

bacia do Rio Teles Pires, onde encontram-se, em fase de instalação/operação, quatro usinas

hidrelétricas, entre elas a UHE Sinop, cuja futura área de instalação é objeto deste estudo.

Desta forma, este estudo tem por objetivo analisar a influência dos usos e ocupação do solo na

qualidade da água de seis afluentes do Rio Teles Pires que formarão o reservatório da UHE

Sinop. Para tanto foram realizadas coletas de água em seis tributários do Rio Teles Pires no

período de maio de 2014 a novembro de 2016, totalizando dez amostragens, tanto na época de

chuva quanto de estiagem. Foram analisados 11 parâmetros físicos, químicos e biológicos da

água e os resultados comparados aos padrões da Resolução Conama 357/05 e foi calculado o

IQA – Índice de Qualidade da Água. Posteriormente foi realizado o levantamento e a

classificação dos usos e ocupação do solo nas seis sub-bacias. Os resultados demonstraram

que as sub-bacias com predominância de agricultura/pastagem apresentaram medianas mais

elevadas de cor, turbidez, fósforo total, nitrato e E. coli. Demonstraram ainda o médio estado

de conservação das sub-bacias afluentes ao Rio Teles Pires, devido à antropização pela

agropecuária e supressão da mata ciliar em alguns trechos. Os resultados indicaram a

necessidade de manejo das áreas de agricultura e pastagem e recuperação das matas ciliares e

da continuidade do monitoramento da qualidade da água, visando garantir a qualidade da água

do reservatório, a manutenção dos ecossistemas aquáticos e os usos múltiplos da água.

Palavras-chave: Agropecuária, Empreendimentos Hidrelétricos, Recursos Hídricos

ABSTRACT

.In the northern region of the State of Mato Grosso, in addition to the existing agricultural

activities and the cattle herd, there is also an expansion in electric power generation,

specifically in the Teles Pires River basin, where, during the installation / operation phase,

four hydroelectric plants, among them the Sinop HPP, whose future installation area is the

object of this study. In this way, this study has the objective of analyzing the influence of land

use and occupation on the water quality of six tributaries of the Teles Pires River that will

form the Sinop HPP reservoir. For this purpose, water samples were collected from six

tributaries of the Teles Pires River from May 2014 to November 2016, totaling ten samplings,

both in the rainy season and in the dry season. Eleven physical, chemical and biological

parameters of the water were analyzed and the results were compared to the standards of

Conama Resolution 357/05 and the IQA - Water Quality Index was calculated. Subsequently,

it was carried out the survey and the classification of land use and occupation in the six sub-

basins. The results showed that the sub-basins with predominance of agriculture / pasture had

higher medians of color, turbidity, total phosphorus, nitrate and E. coli. They also

demonstrated the medium state of conservation of the tributary sub-basins to the Teles Pires

River, due to the anthropization by agriculture and the suppression of the riparian forest in

some stretches. The results indicated the need to manage the areas of agriculture and pasture

and recovery of the riparian forests and the continuity of the monitoring of the quality of the

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

44

water, aiming to guarantee the water quality of the reservoir, the maintenance of the aquatic

ecosystems and the multiple uses of the water.

Key – words: Farming, Hydroelectric Projects, Water resources

INTRODUÇÃO

Há algumas décadas a área técnico-científica se deu conta dos efeitos que as

intervenções humanas podem ter na qualidade dos recursos naturais. Os efeitos das ações

humanas se fizeram notáveis inicialmente na qualidade do ar e da água e foram as razões dos

primeiros estudos na área ambiental (LOLLO, 2016).

O uso do solo em bacias hidrográficas quando realizado sem padrão de ocupação e

zoneamento pré-definidos gera impactos consideráveis e provoca a degradação da qualidade

das águas dos rios, alterando suas propriedades físicas, químicas e biológicas (ROSA,

OLIVEIRA; SAAD, 2014). A urbanização e as atividades agropecuárias são as principais

responsáveis pela degradação dos recursos hídricos através da transferência de poluentes do

solo para a água, causando alterações na qualidade dos cursos d’água (MONAGHAN et al.,

2007).

A expansão do uso do solo para agricultura e pecuária no cerrado brasileiro vem

sendo intensa nos últimos 20 a 30 anos, implicando em desmatamento de grandes áreas e

ameaçando este bioma. Mapeamentos recentes indicam uma taxa de conversão antrópica na

ordem de 40% sobre a área original desse bioma, direcionada a atividades de agricultura e

pastagens (HUNKE et al., 2015; BLEICH et al., 2009; RABELO et al., 2009; SANO et al.,

2008), com tendência de aumento, com perda estimada de 1% ao ano entre 2013 e 2015

(OBSERVATÓRIO DO CLIMA, 2017).

No Estado de Mato Grosso, onde predomina este bioma, a agropecuária foi

responsável por 49,8% do Produto Interno Bruto em 2017, concentrada, principalmente, nas

porções alta e média da bacia do Rio Teles Pires, tributário da Região Hidrográfica

Amazônica, para a produção de soja, milho, arroz, algodão e rebanho bovino (IBGE, 2017).

Esta região se caracteriza pela predominância do cerrado e ocorrência de zona de transição

com a floresta Amazônica, local que é hoje uma fronteira agrícola de acesso à ocupação da

floresta pela monocultura de grãos, facilitada pela melhoria das rodovias e recente ampliação

da infraestrutura (MOREIRA, 2011).

Dentre os empreendimentos de infraestrutura, destacam-se as usinas hidrelétricas,

também em expansão nesta região do Brasil, sendo que no Rio Teles Pires foram instaladas

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

45

recentemente quatro usinas hidrelétricas, quais sejam: UHE Sinop e Colíder em fase de

construção, UHE São Manuel em fase de enchimento do reservatório e UHE Teles Pires, em

operação desde 2014. Estes empreendimentos são parte do Plano Decenal de Expansão de

Energia (MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA, 2013) e deverão alagar uma área total de

710 km², gerando cerca de 3.266 MW.

A expansão de usinas hidrelétricas nesta região nos últimos anos, inclusive com

vários barramentos num mesmo rio, como é o caso do Teles Pires, aliada aos intensos usos do

solo na área de drenagem deste rio, pode implicar em futuros conflitos, tendo em vista que o

“reservatório é um coletor e digestor das entradas e dos efeitos existentes nas bacias

hidrográficas, cujos efeitos incluem os processos internos físicos, químicos e biológicos e

suas consequências dentro do reservatório” (STRASKRABA; TUNDISI, 2000). As relações

entre os rios e reservatórios hidrelétricos e suas respectivas bacias hidrográficas geram

variações na qualidade da água que são dinâmicas espacial e temporalmente, que inteferem

tanto nos usos múltiplos da água, inclusive na geração de energia elétrica, quanto no

funcionamento e estrutura dos ecossistemas aquáticos (rio a jusante ou reservatório)

(FIGUEIREDO; CRUZ, 2014). Essa relação indica a necessidade de uma análise integrada na

bacia hidrográfica, visando prevenir conflitos futuros e garantir os usos múltiplos da água,

como preconiza a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433 de 1997).

Uma das principais ferramentas de avaliação integrada de uma bacia hidrográfica é o

monitoramento da qualidade da água, que permite acompanhar as alterações nas

características físicas, químicas e biológicas da água decorrentes das atividades antrópicas e

dos fenômenos naturais, servindo como um subsídio na tomada de decisões, no

gerenciamento dos usos e ocupação do solo, nos investimentos em preservação, na

fiscalização de atividades poluidoras e no acompanhamento do ambiente como um todo

(MATTHIENSEN et al., 2014; NOGUEIRA et al., 2014).

Neste sentido, considerando a construção da UHE Sinop, no leito do Rio Teles Pires

em Mato Grosso, e a intensa ocupação do solo na área de influência desta usina, foi realizado

o presente estudo, com o objetivo de analisar a influência dos usos e ocupação do solo na

qualidade da água de seis tributários do futuro reservatório.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de Estudo

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

46

A bacia do rio Teles Pires encontra-se entre os paralelos 15º00' de latitude sul e 7º00'

de latitude norte e os meridianos 54º00' e 58º00' de longitude oeste, compreendendo terras nos

Estados do Mato Grosso e pequena parte do Pará, possuindo aproximadamente 141.483 km2

de área de drenagem e 3.647 km de perímetro (EPE, 2008). Esta bacia engloba total ou

parcialmente 35 municípios, sendo 2 localizados no Estado do Pará e 33 em Mato Grosso,

destes, sete estão nos limites da bacia.

O Rio Teles Pires, também conhecido como Rio São Manoel, é um dos formadores

do Rio Tapajós, importante afluente da margem direita do Rio Amazonas.

O Rio Teles Pires nasce nas serras Azul e do Finca Faca, a uma altitude média de

800m (EPE, 2009). Este rio é classificado como rio de águas claras, pois provém, em partes

dos antiquíssimos maciços do Brasil central, os quais, em virtude do relevo mais regular,

oferecem possibilidades bem menores de erosão (SIOLI, 1951).

A área do alto Rio Teles Pires está situada sobre uma faixa de dobramentos da

formação Raizama, formação Araras, grupo Bauru e grupo Cuiabá. Já a região do médio curso

do Rio Teles Pires está sobre influência de uma estrutura geológica sedimentar da formação

Diamantino, formação Salto das Nuvens, formação Ronuro, unidade Dardanelos e uma

extensa área com cobertura detrítico-lateríticas ferruginosas (ALCÂNTARA, 2009). A região

do estudo esta inserida na zona de transição entre os biomas amazônico e de cerrado, com uso

do solo predominantemente agrícola (MOREIRA, 2011). Os solos da região são do tipo:

Latossolos, com predominância do Latossolo Vermelho, Latossolo Amarelo e Latossolo

Vermelho Amarelo, Neossolos, Gleissolos, Cambissolos e Plintossolos (EPE; THEMAG,

2010).

A UHE Sinop está localizada no limite da porção alta e média da bacia do rio Teles

Pires, distante 70 km da sede do município de Sinop. O reservatório, que terá uma área de 337

km², abrangerá os municípios de Cláudia, Itaúba, Ipiranga do Norte, Sinop e Sorriso, todos no

Estado de Mato Grosso. O reservatório possuirá um volume de 3 bilhões de m³, profundidade

máxima de 48 m e tempo de residência médio de 39 dias.

O clima da região é do tipo Equatorial Continental Úmido, com temperatura média

anual variando de 24,1 a 25,0º C e pluviosidade de 2.000 a 2.200 mm, com duas épocas do

ano bem definidas, chuva de novembro a março e estiagem de maio a setembro (TARIFA,

2011).

Levantamento dos Usos e Ocupação do Solo

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

47

Para efetuar o levantamento do uso e ocupação do solo foi utilizado o software

ArcGis, com imagens do satélite Landsat 8 de 06/06/2017. Este levantamento foi realizado na

área de drenagem dos afluentes: Ribeirão Caldeirão, Rio Índio Possesso, Rio Roquete,

Ribeirão Selma, Ribeirão Baixada Morena e Rio Curupi. Inicialmente foi realizada a

delimitação das sub-bacias dos afluentes, posteriormente foram identificados os tipos de uso e

ocupação, que neste caso foram vegetação nativa, agricultura/pastagem, solo exposto e área

urbana, em seguida foi mapeado o uso e ocupação do solo e então foi quantificado o

percentual de área correspondente a cada classe de uso e ocupação.

Observações in loco e através de imagens de satélite, Google Earth, permitiram

verificar a ausência de mata ciliar em alguns trechos destes cursos d’água, presença de

moradias e criação animal em suas margens.

Estações de coleta de água

As seis estações de coleta de monitoramento deste estudo estiveram localizadas

próximas à foz de quatro afluentes do Rio Teles Pires e de dois afluentes do Rio Roquete

(afluente do Rio Teles Pires), que estarão localizadas nas áreas de remanso do futuro

reservatório, formadas por cada um destes tributários, quais sejam: Rio Curupi (R-Cur), Rio

Roquete (R-Roq), Ribeirão Selma (R-Sel) e Ribeirão Baixada Morena (R-BM) na margem

direita do Rio Teles Pires e Ribeirão Caldeirão (R-Cal) e rio índio Possesso (R-IP) na margem

esquerda (Figura 1).

Coleta das Amostras e Medições em Campo

A coleta das amostras de água compreendeu o período de maio de 2014 a novembro

de 2016, durante a fase de construção da hidrelétrica, com um total de dez amostragens com

frequência trimestral. Em campo foram medidas a temperatura da água (ºC), o pH e o

oxigênio dissolvido (mg/L). Os demais parâmetros físicos, químicos e biológicos foram

medidos em laboratório, quais sejam: cor verdadeira (mgPt/L), turbidez (UNT), sólidos totais

(mg/L), fósforo total (mg/L), Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO-mg/L), nitrato (mg/L),

nitrogênio amoniacal (mg/L) e bactérias Escherichia Coli (NMP/100ml). Os métodos de

coleta e análise de água adotados seguiram o estabelecido em AWWA/APHA (2012). As

coletas foram realizadas em sub-superfície no canal do rio (maioria dos afluentes).

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

48

Figura 1 - Mapa de localização das estações de coleta do monitoramento limnológico e da

qualidade da água, na bacia do Rio Teles Pires área de influência da UHE Sinop. Legenda:

Rio Curupi (R-Cur), Rio Roquete (R-Roq), Ribeirão Selma (R-Sel), Ribeirão Baixada Morena

(R-BM), Ribeirão Caldeirão (R-Cal) e Rio Índio Possesso (R-IP).

Fonte: Próprio autor

Os dados de qualidade da água e todos os custos com coletas e análises são parte do

Sub Programa de Monitoramento Limnológico e da Qualidade da Água da fase de construção

da UHE Sinop, de responsabilidade e propriedade da Companhia Energética de Sinop,

cedidos para este trabalho.

Análise dos Dados

Os dados foram analisados através da estatística descritiva, utilizando-se o software

estatístico R para o cálculo dos valores da mediana e desvio padrão para cada um dos

parâmetros analisados em cada estação de coleta em duas épocas do ano, chuva (novembro a

abril) e seca ou estiagem (maio a outubro). Vale mencionar que o mês de abril é considerado

como transição quanto às chuvas (TARIFA, 2011), mas os rios ainda apresentam volumes

compatíveis com a época de chuva ou em leve declínio (ALCANTARA, 2009). Por outro

lado, outubro é considerado por este autor como época de chuva, mas por se tratar do início

das chuvas, os rios ainda apresentam vazão típica da época de seca (ALCANTARA, 2009). .

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

49

Para os resultados da qualidade da água que se apresentaram abaixo do limite de

detecção do método empregado foi utilizado, para efeito das análises estatísticas, o valor deste

limite de detecção.

Os resultados foram comparados com os padrões de qualidade da água da Resolução

do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) nº 357 de 2005 para rios classe 2, à qual

pertence o rio Teles Pires e afluentes considerando que não há enquadramento formal até o

presente momento. Os usos da água previstos para esta classe são: abastecimento para

consumo humano, após tratamento convencional; proteção das comunidades aquáticas;

recreação, tais como, natação, esqui aquático, mergulho; irrigação de hortaliças, plantas

frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a

ter contato direto; e aquicultura e atividade de pesca. Realizou-se ainda um cálculo percentual

dos parâmetros que tiveram resultados em desacordo com esta Resolução, em cada sub-bacia.

Foi calculado o IQA (Índice de Qualidade da Água), determinado pelo produto

ponderado das qualidades de água correspondentes aos parâmetros: temperatura da água, pH,

oxigênio dissolvido, Demanda Bioquímicas de Oxigênio (DBO), coliformes fecais (neste caso

Escherichia coli), nitrato, fósforo total, sólidos totais e turbidez.

Com base nos valores de IQA, foi adotada a seguinte classificação, conforme SEMA

(2010): excelente (90 < IQA < 100), bom (70 < IQA < 90), médio (50 < IQA < 70), ruim (25

< IQA < 50) e muito ruim (25 < IQA < 0).

RESULTADOS

Uso e Ocupação do Solo

Na área de drenagem das quatro sub-bacias e duas microbacias estudadas foram

identificadas quatro categorias principais de uso e ocupação do solo: vegetação nativa,

agricultura/pastagem, solo exposto e área urbana (encontrada apenas na sub-bacia do Rio

Curupi) (Figura 2).

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

50

Figura 2 – Uso e ocupação do solo nas sub-bacias do Ribeirão Caldeirão (A), Rio Índio

Possesso (B), Rio Roquete (C), Ribeirão Selma (D), Ribeirão Baixada Morena (E) e Rio

Curupi (F)

Fonte: Próprio autor

O mapa de uso e ocupação do solo das sub-bacias e microbacias demonstra a intensa

atividade antrópica para fins agropecuários, sendo a categoria agricultura/pastagem

predominante nas sub-bacias do Ribeirão Caldeirão (52,77%), Rio Índio Possesso (52,50%) e

Rio Curupi (54,30%). A vegetação nativa é prevalente na sub-bacia do Rio Roquete (54,08%)

e microbacias do Ribeirão Selma (52,87%) e Ribeirão Baixada Morena (52,38%), ficando

como a segunda classe mais abundante nas outras sub-bacias e vice-versa. A categoria área

urbana foi encontrada apenas na sub-bacia do Rio Curupi ocupando 1,56% desta sub-bacia

(Tabela 1). A área urbana observada na sub-bacia do Rio Curupi corresponde ao município de

Sinop que possui uma população de 135.874 habitantes (IBGE, 2017) e tem abastecimento

público com águas subterrâneas, não captando água deste Rio.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

51

Tabela 1 – Classes de uso e ocupação do solo nas sub-bacias

Classes de

uso do solo

R-Cal R-IP R-Roq R-Sel R-BM R-Cur

Km² % Km² % Km² % Km² % Km² % Km² %

Vegetação

nativa

106,06 42,17 88,38 41,95 422,38 54,08 34,5 52,87 39,2 52,38 285,55 43,38

Agricultura/

pastagem

132,74 52,77 110,62 52,50 337,43 43,21 28 42,90 31,32 41,84 357,39 54,30

Solo exposto 12,72 5,06 11,68 5,55 21,15 2,71 2,76 4,23 4,32 5,78 5,02 0,76

Área

urbana

- - - - - - - - - - 10,28 1,56

Área total 251,52 100 210,68 100 780,96 100 65,26 100 74,84 100 658,20 100

Qualidade da Água

A Tabela 2 apresenta os resultados dos parâmetros de qualidade da água analisados

durante o período chuvoso e seco, nas sub-bacias e microbacias selecionadas. As medianas de

pH se mantiveram abaixo de 6,0, valor mínimo para rios de classe 2, demonstrando o caráter

levemente ácido dos rios e as maiores medianas de cor, turbidez e nitrato foram observadas na

época chuvosa. O oxigênio dissolvido apresentou o maior desvio padrão em R-Sel nos dois

períodos de estudo, revelando a maior variabilidade deste parâmetro nesta estação de coleta.

O fósforo total apresentou a maior mediana em R-Cur (0,172 mg/L) no período de estiagem.

Turbidez, cor verdadeira, nitrato e E.coli apresentaram as maiores medianas na época de

chuva e o oxigênio dissolvido na estiagem. As variáveis temperatura da água, DBO, sólidos

totais, e nitrogênio amoniacal apresentaram baixos resultados e dentro do padrão para rios de

classe 2.

Tabela 2 – Estatística descritiva dos parâmetros monitorados no período de chuva e estiagem

nos seis afluentes do Rio Teles Pires

Parâmetros Estação Período Chuvoso Período Seco

Mediana Desvio

Padrão

Mediana Desvio

Padrão

pH R-Cal 5,66 0,76 5,66 0,75

R-IP 5,47 0,60 5,60 0,78

R-Roq 5,57 1,06 5,23 0,82

R-Sel 4,86 0,66 4,66 0,43

R-BM 5,24 0,35 4,75 0,65

R-Cur 5,75 0,57 5,47 0,88

Temperatura

da Água

(ºC)

R-Cal 26,1 1,34 23,9 1,74

R-IP 25,6 0,93 24,1 1,48

R-Roq 25,8 2,01 23,8 1,50

R-Sel 25,7 0,95 24,2 1,62

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

52

R-BM 25,1 0,54 24 1,71

R-Cur 25,8 0,79 24 1,46

OD (mg/L) R-Cal 6,92 0,55 7,71 0,58

R-IP 6,81 0,52 7,52 0,45

R-Roq 6,83 0,83 7,07 0,37

R-Sel 5,34 1,22 5,82 1,17

R-BM 7,11 1,02 7,80 0,66

R-Cur 7,41 0,47 8,18 0,82

DBO

(mg/L)

R-Cal 1 0 1 0,64

R-IP 1 0,5 1 0,65

R-Roq 1,45 0,95 1 1,54

R-Sel 1 0 1 0,42

R-BM 1 0 1 1,26

R-Cur 1 0 1,05 0,67

Cor

Verdadeira

(mgPt/L)

R-Cal 31 35,69 15,5 12,24

R-IP 29 26,32 10 12,82

R-Roq 29,5 17,60 17,5 14,36

R-Sel 33 10,14 17,5 13,80

R-BM 22,5 16,88 14 10,46

R-Cur 32 27,13 12,5 7,84

Turbidez

(UNT)

R-Cal 12 3,4 2,3 1,5

R-IP 13,4 7,1 3 3,4

R-Roq 4 5,7 2,2 1,2

R-Sel 4,1 10,6 2 0,8

R-BM 5,7 6,5 3 1,3

R-Cur 11,2 7,2 3,8 2,1

Sólidos

Totais

(mg/L)

R-Cal 10 0 10 30,2

R-IP 10,5 4,3 10 35,5

R-Roq 10 1 10 28,6

R-Sel 10 0 10 28,6

R-BM 10 0 10 12,2

R-Cur 10 0,5 10 3,7

Fósforo

Total

(mg/L)

R-Cal 0,04 0,049 0,09 0,115

R-IP 0,045 0,043 0,083 0,083

R-Roq 0,01 0 0,108 0,283

R-Sel 0,01 0,070 0,127 0,277

R-BM 0,02 0,047 0,044 0,078

R-Cur 0,065 0,044 0,172 0,306

Nitrato

(mg/L)

R-Cal 0,22 0,122 0,069 0,106

R-IP 0,23 0,127 0,109 0,110

R-Roq 0,195 0,085 0,048 0,113

R-Sel 0,195 0,097 0,120 0,81

R-BM 0,23 0,116 0,065 0,080

R-Cur 0,25 0,139 0,050 0,111

Nitrogênio

Amoniacal

(mg/L)

R-Cal 0,01 0 0,01 0,015

R-IP 0,01 0 0,01 0

R-Roq 0,01 0 0,01 0,009

R-Sel 0,01 0 0,01 0

R-BM 0,01 0 0,01 0

R-Cur 0,01 0 0,01 0,262

E. coli

(NMP)

R-Cal 1,213 1915,9 447 134,73

R-IP 1,089 1077,9 425 549,81

R-Roq 362 26,299 161 198,92

R-Sel 180 63,015 63 27,381

R-BM 545 280,23 369 335,18

R-Cur 238 381,35 133 73,957

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

53

Os parâmetros pH, cor, oxigênio dissolvido, fósforo e E. coli apresentaram resultados

alterados e em desacordo com os padrões estabelecidos pela Resolução Conama nº 357/05

para rios de classe 2 (Tabela 3).

Tabela 3 – Percentual dos resultados dos parâmetros da qualidade da água avaliados nos

afluentes do Rio Teles Pires em desacordo com a Resolução Conama nº 357/05 para rios de

classe 2. Legenda: C- chuva, E- estiagem

Rios pH Cor OD Fósforo E. coli

C E C E C E C E C E

R-Cal 20 50 10 0 0 0 10 30 20 0

R-IP 30 50 10 0 0 0 0 20 40 10

R-

Roq

20 50 0 0 0 0 0 30 0 0

R-Sel 40 60 0 0 20 20 10 40 0 0

R-BM 40 60 0 0 0 0 10 20 0 10

R-Cur 20 40 0 0 0 0 10 40 0 0

IQA

O IQA teve resultado médio em todas as sub-bacias e microbacias, tanto no período

de chuva quanto de estiagem (Tabela 4). Os parâmetros pH, oxigênio dissolvido e E. coli são

os que mais contribuíram para esses resultados, já que são os parâmetros que possuem maior

peso no cálculo, cabendo ressaltar que o pH levemente ácido é uma característica natural dos

rios estudados. Os resultados do IQA demonstram que o R-Roq e R-BM tiveram o melhor

índice no período de chuva, R-Cal e R-IP o melhor índice na estiagem e o R-Sel e R-Cur o

mesmo valor nas duas épocas do ano.

Tabela 4 – Resultados do Índice de Qualidade da Água (IQA) dos rios no período de chuva e

estiagem

Sub-bacias Chuva Estiagem

R-Cal Médio (64) Médio (70)

R-IP Médio (63) Médio (67)

R-Roq Médio (68) Médio (66)

R-Sel Médio (63) Médio (63)

R-BM Médio (65) Médio (64)

R-Cur Médio (70) Médio (70)

Com a finalidade de avaliar a influência do pH nos resultados do IQA, o cálculo foi

refeito utilizando o valor de pH 7 para todas as sub-bacias nos dois períodos de estudo. Os

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

54

resultados mostraram uma melhora no IQA, permanecendo algumas sub-bacias com IQA

médio, mas com valores mais elevados (R-Cal e R-IP no período de chuva), e outras

alcançando o resultado bom (R-Roq, R-Sel, R-BM e R-Cur em ambos os períodos e R-Cal e

R-IP no período de estiagem), comprovando a interferência deste parâmetro no cálculo.

DISCUSSÃO

Em bacias hidrográficas com ocupação agrícola ocorre a entrada de resíduos de

forma difusa nos corpos d´água, contribuindo para a degradação da qualidade da água.

Poluentes na água, como agrotóxicos, sedimentos, fertilizantes, adubo animal e outras fontes

de matéria orgânica e inorgânica, atingem a água superficial e subterrânea durante o processo

de escoamento e percolação (MARQUES et al., 2007). Permatasari et al. (2017), afirmam que

os fertilizantes agrícolas são compostos por diferentes produtos químicos, dentre eles o

nitrogênio e o fósforo, que quando atingem os cursos d’água podem causar diversos danos a

esses ambientes.

Nas sub-bacias do R-Cal, R-IP e R-Cur, as medianas mais elevadas de cor, turbidez,

nitrato e E. coli refletiram a maior taxa de ocupação da área de drenagem pela atividade

agropecuária.

Fernandes et al. (2011) relatam que a turbidez e a cor refletem usos como solo

exposto, urbano e agricultura, por serem estes usos considerados como de maior potencial de

erosão. De acordo com Merten e Minela (2013) as culturas de cana de açúcar, soja e milho

contribuem com 13%, 5 a 8% e 6%, respectivamente, do total de erosão hídrica em uma

bacia, as áreas de pastagem degradada contribuem com 50% e as pastagens não degradadas de

5 a 6%.

Segundo Alcantara (2009), a Bacia do Alto e Médio Rio Teles Pires, em cujos

limites foi realizado o presente trabalho, apresenta cerca de 56,2% de área desmatada, sendo

que o aumento do desmatamento influenciou de maneira imediata no escoamento superficial,

devido à diminuição dos processos de interceptação e infiltração.

Além da ocupação da área de drenagem pela atividade agropecuária, a mata ciliar

suprimida, em alguns locais das margens dos rios estudados, e a presença de processos

erosivos observados in loco também contribuíram para a elevação nas medianas dos

parâmetros citados. Os valores de E. coli acima do limite permitido pela legislação em R-Cal

e R-IP, refletiram ainda a presença de moradias e criação animal nas margens destes rios.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

55

Ribeiro et al. (2014) em um estudo em uma microbacia com produção intensiva de

vegetais no sul do Brasil, observaram que a qualidade da água foi menor na sub-bacia com

maior porcentagem de agricultura, menor porcentagem de floresta nativa, maior área de

drenagem e maior porcentagem de área ribeirinha ocupada por agricultura. Valores acima do

limite permitido pela legislação Conama nº 357/05 foram encontrados por Rabelo et al.

(2009), nos parâmetros turbidez, DBO, nitrato, resíduos totais, fosfato, nitrogênio amoniacal e

coliformes fecais em uma sub-bacia com área dominante por agricultura e pastagem em

Goiás.

Permatasari (2017), Vanzela et al. (2010) e Silva et al. (2010) também identificaram

uma piora na qualidade da água de bacias com presença de agricultura, pecuária e áreas

urbanas.

A sub-bacia do R-Roq e microbacias do R-Sel e R-BM possuem ocupação

dominante por vegetação nativa, o que coincide com menores medianas dos parâmetros

citados acima, quando comparados às outras sub-bacias. De acordo com Donadio et al.

(2005), nas bacias com cobertura florestal natural, a vegetação produz uma proteção contra a

erosão do solo, a sedimentação e a lixiviação exagerada de nutrientes, sendo essas áreas muito

importantes para manter a boa qualidade da água.

A presença de cobertura florestal associada à maior qualidade da água foi verificada

por Wang et al. (2014) na bacia do Rio Daliao na China, identificando que a cobertura

florestal estava altamente correlacionada com as baixas concentrações de nitrogênio

amoniacal, nitrato, nitrogênio total, dureza e salinidade.

Allan (2004) menciona que córregos em bacias hidrográficas agrícolas geralmente

permanecem em boas condições ate que a extensão da agricultura ocupe uma área de

montante equivalente a 30 a 50%, como é o caso de todas as sub-bacias e microbacias aqui

avaliadas, mesmo aquelas com maior cobertura florestal que possuem mais de 40% de suas

áreas ocupadas por agropecuária.

Os parâmetros oxigênio dissolvido em R-Sel, e E. coli, em R-BM, apresentaram

resultados fora dos limites estabelecidos pela Resolução Conama nº 357/05.

Os valores de oxigênio dissolvido abaixo do limite mínimo desta legislação em R-Sel

na época de chuva, decorrem da presença de matéria orgânica, já que os valores de DBO

foram mais elevados na mesma época. O carreamento de matéria orgânica neste rio é

facilitado pela ausência de mata ciliar observada em alguns locais.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

56

No R-BM o valor de E. coli excedente à legislação está relacionado às excretas de

animais e ao possível lançamento de efluentes de um balneário a montante do local de coleta.

A Escherichia Coli é a principal bactéria do grupo de coliformes fecais

(termotolerantes), sendo abundante nas fezes humanas e de animais de sangue quente. É

encontrada em esgotos, efluentes tratados e águas naturais sujeitas à contaminação recente por

efluentes de seres humanos, atividades agropecuárias e animais (VON SPERLING, 2005). De

modo geral, os resultados de E. coli nos seis rios estudados não são considerados alarmantes,

porém alguns valores acima do limite estabelecido na legislação apontam para a necessidade

de identificar e mapear as possíveis fontes desses poluentes nas sub-bacias e microbacias

tributárias visando o controle dos aportes para o reservatório da UHE Sinop. A tendência de

ampliação da ocupação desta região pode comprometer a qualidade da água deste reservatório

a médio e longo prazo, tornando-a imprópria para os usos múltiplos preconizados para corpos

d’água da classe 2.

Segundo a Resolução Conama nº 274/2000, que dispõe sobre critérios de

balneabilidade, as águas consideradas para balneabilidade humana são divididas em:

excelente (máximo de 200 Escherichia coli por 100 ml), muito boa (máximo de 400

Escherichia coli) e satisfatória (máximo de 800 Escherichia coli). Entretanto, se o valor

obtido para esta variável for superior a 2.000 Escherichia coli as águas serão consideradas

impróprias. Assim sendo, a maioria das medianas se manteve na categoria muito boa, com

duas amostras em R-Cal e R-IP na categoria imprópria.

Assis e Lopes (2017) avaliando a qualidade da água na bacia do Ribeirão das Araras

(MG), encontraram valores de E. coli em desconformidade com os limites legais

estabelecidos para a classe de enquadramento do corpo d’água, indicando a influência

negativa da criação animal, realizada sem o tratamento e destino adequado dos resíduos.

O pH levemente ácido e abaixo do limite estabelecido pela legislação pertinente

encontrado em todas as sub-bacias e microbacias, é uma característica natural da região em

estudo, decorrente do tipo de solo (Latossolo) e de rochas muito intemperizadas, pobres em

eletrólitos e de caráter ácido, que são frequentemente carreados para o corpo d’água

(MOREIRA, VASCONCELOS, 2007). O pH levemente ácido também foi encontrado nesta

região de estudo por Bleich et al. (2016), Andrietti et al. (2015) e Umetsu et al. (2007) como

consequência das condições geológicas e pedológicas da bacia.

Todas as sub-bacias e microbacias apresentaram alguns valores de fósforo acima do

limite Conama n 357/05, sendo a maioria das alterações observadas no período de estiagem,

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

57

demonstrando a necessidade de novos estudos para avaliar as fontes desse nutriente nessa

época do ano. Segundo a Cetesb (2010), as concentrações de fósforo na água podem ter

origem nas formas naturais, como a dissolução de compostos do solo e a decomposição

orgânica, além de atividades antrópicas como despejos domésticos e industriais, fertilizantes,

detergentes sintéticos e lixiviações de criatórios animais.

Com relação ao IQA, os resultados médios foram influenciados, principalmente, pelo

baixo valor do pH e elevados de E. coli, que reduzem o valor deste índice. As variações de pH

se mantiveram dentro das condições naturais, tendo em vista que os resultados foram

similares entre as épocas do ano e que este parâmetro é conservativo sendo que não há

referências a sua alteração em bacia com ocupação agrícola.

O IQA é um modelo empírico e, portanto, os pesos de cada atributo não levam em

consideração as condições naturais, como fatores climáticos e condições geológicas, de cada

localidade, sendo sugerido por alguns autores a adaptação deste índice em determinadas

regiões que apresentem particularidades. Segundo De Azevedo Lopes e Magalhães Junior

(2010) a influência do pH no IQA pode ser significativa, já que este apresenta o terceiro peso

mais elevado no cálculo deste índice. Os mesmos autores estudaram a influência das

condições naturais de pH sobre o IQA na bacia do Ribeirão de Carrancas, e identificaram

baixos valores naturais de pH possivelmente relacionados à decomposição da matéria

orgânica presente nas águas, cujos resultados foram de médio a ruim devido a interferência

dos baixos valores de pH mas também do lançamento de esgoto doméstico e áreas com

atividade agropecuária.

O índice de qualidade da água (IQA) na bacia do Rio Teles Pires foi avaliado por

Caovilla et al. (2008) e apontou uma classificação entre médio a bom, sendo o relevo,

escoamento superficial, atividades agropecuárias e proximidade a centros urbanos, fatores

determinantes para esse resultado.

De maneira geral, pode-se observar que os resultados do IQA refletiram as médias

condições de conservação das bacias avaliadas com relação ao uso e ocupação do solo,

indicando uma tendência de aumento desta ocupação, e por conseguinte da degradação da

qualidade da água, tendo em vista que a ocupação da região ainda vem ocorrendo e poderá

aumentar com a presença do reservatório.

Isso permite estimar que estes tributários ao reservatório podem ser um fator de

deterioração atual e futura da qualidade da água, trazendo para este ambiente sedimento

(como indicado pelas concentrações de fósforo), matéria orgânica e nutrientes. O tempo de

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

58

residência médio do reservatório, que é de 35 dias, é suficiente para reter este material e

disponibilizar nutrientes na coluna d´água. Aliado a isto, vale destacar que a declividade

relativamente baixa desta porção da bacia do Teles Pires, pode favorecer a deposição destes

nutrientes e sedimentos nas interfaces entre estes rios tributários e o reservatório, levando à

redução da profundidade, do volume de água e proliferação de macrófitas aquáticas nas áreas

de remanso.

CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo demonstraram o médio estado de conservação das sub-

bacias afluentes ao Rio Teles Pires, devido a antropização de cerca de metade da área de

drenagem das seis sub-bacias, especialmente pelas atividades agropecuárias. Os parâmetros

cor, turbidez, fósforo, nitrato e E. coli foram os principais indicadores desta alteração, estando

alguns resultados em desacordo com o limite estabelecido pela Resolução Conama nº 357/05

para rios de classe 2. Os valores médios ou bons (com ajuste do pH) do IQA foram, de

maneira geral, condizentes com esta ocupação do solo.

Os resultados indicam que o Ribeirão Caldeirão, Rio Índio Possesso e Rio Curupi

são os que apresentam maior possibilidade de causar alterações na qualidade da água do

reservatório da UHE Sinop, pois são os que apresentaram maiores medianas de fósforo,

nitrato e turbidez, além de suas áreas de drenagem serem ocupadas predominantemente por

agricultura/pastagem.

Tendo em vista que esses cursos d’água são tributários do reservatório da UHE

Sinop, os resultados deste trabalho indicam uma tendência de degradação da qualidade da

água em médio e longo prazo. Isso demonstra a necessidade de estudos e ações integradas em

toda a bacia de drenagem, com manejo das áreas de agricultura e pastagem, recuperação e

preservação das matas ciliares, gerenciamento dos usos do solo e a continuidade do

monitoramento da qualidade da água, visando garantir a qualidade da água do reservatório, a

manutenção dos ecossistemas aquáticos e os usos múltiplos da água, inclusive para geração de

energia elétrica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALLAN, J.D. Landscapes and Riverscapes: the influence of land use on stream ecosystems.

Annual Review of Ecology Evolution and Systematics, v.35, p. 257-284, 2004.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

59

ALCANTARA, L.H. Análise Espaço-Temporal do escoamento na bacia do alto e médio

Rio Teles Pires. 2009. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós Graduação em Física

Ambiental, UFMT, Cuiabá, MT.

ANDRIETTI, G.; FREIRE, R.; AMARAL, A.G.; ALMEIDA, F.T.; BONGIOVANI, M.C.;

SCHNEIDER, R.M. Índices de qualidade da água e de estado trófico do rio Caiabi, MT. Rev.

Ambiente & Água. v. 11, nº 1. Taubaté – Jan/mar 2016.

APHA - American Public Health Association, AWWA - American Water Works Association,

WPCF - Water Pollution Control Federation. Standard Methods. 22 ed., Washington:Ed

APHA,2012.

ASSIS, E.C.; LOPES, F.A. Avaliação da qualidade das águas na bacia do Ribeirão das

Araras, Córrego Danta, Minas Gerais. Caminhos de Geografia Uberlândia, MG, v.18, n.63,

set. 2017, ISSN 1678-6343.

BLEICH, M.E, SILVA, C.J, ROSSETE, AN. Variação temporal e espacial das características

limnológicas de um ecossistema lótico no Cerrado do mato Grosso. Biotemas 2009; 22(2):

161-171.

BLEICH, M.E. et al. Dynamics of pristine headwater streams from southern Brazilian

Amazon. River Research Applications. 32: 473-482, 2016.

BRASIL. MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. EMPRESA DE PESQUISA

ENERGÉTICA. Plano Decenal de Expansão de Energia 2022. Brasília: MME/EPE, 2013.

BRASIL. Resolução Conama nº 274 de 29 de novembro de 2000. Define os critérios de

balneabilidade em águas brasileiras.

BRASIL. Resolução Conama nº. 357 de 17 de Março de 2005. Dispõe sobre as

classificações dos corpos d’água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento.

BRASIL. Lei Nº 9433, de 08 de Janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos

Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o

inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei 136 nº 8.001, de 13 de

março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

CAOVILLA, F.C. et al. Avaliação da Qualidade da Água da Bacia Hidrográfica do Rio Teles

Pires – Mato Grosso. In: IX Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste, 9, 2008, Salvador.

Anais... Salvador, 2008.

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Relatório de Qualidade das

Águas Superficiais do Estado de São Paulo. Relatório 2010. Disponível

em:<http://www.cetesb.sp.gov.br/agua/aguas-superficiais/35-publicacoes-/-relatorios>

Acessado em: 15 dez. 2017.

DONADIO, N.M.M.; GALBIATTI, J.A.; PAULA, R.C. Qualidade da água de nascentes com

diferentes usos do solo na bacia hidrográfica do córrego Rico, São Paulo, Brasil. Engenharia

Agrícola 2005; 25(1): 115-125.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

60

DE AZEVEDO LOPES, F. W.; MAGALHÃES JR., A. P. M. Influência das condições

naturais de pH sobre o índice de qualidade das águas (IQA) na bacia do Ribeirão de

Carrancas. Geografias, v. 6, n. 2, p. 134-147, 2010.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Avaliação Ambiental Integrada da

Bacia Hidrográfica do Rio Teles Pires. 2008.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE). Avaliação Ambiental Integrada da

Bacia Hidrográfica do Rio Teles Pires. Relatório Final. 2009.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE); THEMAG ENGENHARIA. Estudo de

Impacto Ambiental (EIA) da Usina Hidrelétrica de Sinop. 2010.

ESTEVES, F.A. Fundamentos de limnologia. [s.l.] 3 ed. Interciência, Rio de Janeiro. Brasil,

2011. 602p.

FERNANDES, M.M.; CEDDIA, M.B.; RAMOS, G.M.; GASPAR, A.; MOURA, M.R.

Influência do uso do solo na qualidade de água da microbacia Glória, Macaé – RJ.

Engenharia Ambiental 2011; 8(2): 105-116.

FIGUEIREDO, D. M. ; CRUZ-FANTIN, R. . Diretrizes para a elaboração e execução de

programas de monitoramento da qualidade da água em pequenos reservatórios hidrelétricos.

REGA. Revista de Gestão de Águas da América Latina , v. 11, p. 45-57, 2014.

HUNKE, P. et al. The Brazilian Cerrado: assessment of water and soil degradation in

catchments under intensive agricultural use. Ecohydrology. 2015;8: 1154–1180.

IBGE. Produto Interno Bruto (PIB). 2017. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/.

Acesso em: 12 de fevereiro de 2018.

LOLLO, J.A.. A influência do uso e ocupação do solo na qualidade da água., p. 20 - 39,

2016.

MARQUES, M.N., et al. Avaliação do impacto da agricultura em áreas de proteção

ambiental, pertencentes à bacia hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape, São Paulo. Química

Nova; v. 30, n. 5, p. 1171-1178, Out. 2007.

MATTHIENSEN, A.; KLOCK, A. ; BEDENDO, G. C. ; MARTINI, R. Monitoramento e

Diagnóstico da Qualidade da Água Superficial. 1. ed. Florianópolis - SC: Projeto

Tecnologias Sociais para Gestão da Água, 2014. v. 1. 127p .

MERTEN, G.H.; MINELLA, J.P.G. The expansion of Brazilian agriculture: soil erosion

scenarios. Int Soil Water Consort Res 1(3):37–48, 2013.

MONAGHAN, R. M. et al. Linkages between land management activities and water quality

in an intensively farmed catchment in southern New Zealans. Agriculture, Ecosystems &

Environment, vol., 118. Issues 1–4. New Zealand, january, 2007, p. 211-222. Disponível em:

<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0167880906001721>. Acesso em:

04 jan. 2018.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

61

MOREIRA, K.C.A.M. Aspectos da biogeoquímica dos rios Teles Pires e Cristalino – MT.

2011. Tese (Doutorado em Ciências) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura,

Universidade de São Paulo, São Paulo. 2011.

MOREIRA, M.L.C.; VASCONCELOS, T.N.N. Mato Grosso Solos e Paisagens. Cuiabá:

Entrelinhas/Seplan, 2007. 272 p.

NOGUEIRA. E.N.; SILVA, F.A.; SOUZA, C.A.; FIGUEIREDO, S.B. Avaliação da

Qualidade das Águas da Sub-Bacia do Rio Juruena-Arinos, MT Com Aplicação do Índice de

Qualidade da Água (IQA) Para os Anos de 2012 e 2013. XII Simpósio de Recursos Hídricos

do Nordeste. Natal. Anais... Rio Grande do Norte. 2014.

OBERVATÓRIO DO CLIMA. Desmatamento do cerrado supera o da Amazônia. 2017.

Disponível em: http://www.observatoriodoclima.eco.br/desmate-no-cerrado-supera-o-da-

amazonia/. Acesso em: 12 de fevereiro de 2018.

PERMATASARI, P.A., et al.The effect of land use change on water quality: A case study in

Ciliwung. IOP Conf. Ser.: Earth Environ. Sci. 54 012026. 2017.

RABELO. C.G. et al. Influência do uso do solo na qualidade da água no bioma Cerrado: um

estudo comparativo entre bacias hidrográficas no estado de Goiás, Brasil. Revista Ambiente

& Água – An InterdisciplinaryJournal of Applied Science: v.4, n.2, 2009.

RIBEIRO, K.H. et al. Quality of surface water related to land use: a case study in a catchment

with small farms and intensive vegetable crop production in southern Brazil. Rev. Bras.

Ciênc. Solo vol.38 no.2 Viçosa Mar./Apr. 2014.

ROSA, A. D. S.; OLIVEIRA, A. M. D. S.; SAAD, A expansão urbana e o IQA como

ferramentas de avaliações e análises da evolução da qualidade das águas do rio Cotia, região

metropolitana de São Paulo, Brasil. RBRH – Revista Brasileira de Recursos Hídricos , São

Paulo, v. Volume 19 , n. n.4 , p. 114-123, Out/Dez 2014.

SANO, E.E. et al. Mapeamento semidetalhado (escala de 1: 250.00) da cobertura vegetal

antrópica do bioma cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 43, n. 1, p. 153-156,

2008.

SILVA, J.S.O., et al. Effects of land cover on chemical characteristics of streams in the

Cerrado region of Brazil. Biogeochemistry 105: 75–88. 2010.

SIOLI, H. Alguns resultados e problemas da limnologia amazônica. Belém, IPEAN, 1951.

p.3-44. (IPEAN. BoletimTécnico, 24).

STRAKRABA, M.; TUNDISI, J. G., 2000, Gerenciamento da qualidade da água de

represas. ILEC, IEE, São Carlos, 280p.

TARIFA, J.R. Clima. In: CAMARGO, L. (org.) Atlas de Mato Grosso: abordagem

socioeconômica-ecológica. Cuiabá: Entrelinhas/Seplan/Sema, p. 52-57, 2011.

UMETSU, C.A.; UMETSU, R.K.; MOREIRA, K.C.A.M; DALMAGRO, H.J.; KRUSCHE,

A.V. Aspectos Físico-Químicos de Dois Rios da Bacia do Alto Tapajós – Teles Pires e

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE … · 2018-09-18 · universidade federal de mato grosso faculdade de arquitetura, engenharia e tecnologia programa de pÓs-graduaÇÃo

62

Cristalino – MT, Durante Período de Estiagem e Cheia. Revista de Ciências Agro-

Ambientais, Alta Floresta, v.5, n.1, p.59-70, 2007.

VANZELA, L. S.; HERNANDEZ, F. B.; FRANCO, R. A. M. Influência do uso e ocupação

do solo nos recursos hídricos do Corrégo Três Barras, Marinópolis. Revista Brasileira de

Engenharia Agrícola e Ambiental, v.14, p.55-64, 2010.

VON SPERLING. M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 2º

Ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária – Ambiental. UFMG. 1996. 243

p.

WANG, G; XU, Z, ZHANG, S. The influence of land use patterns on water quality at

multiple spatial scales in a river system. Hydrol Process 28(20):5259–5272. 2014.