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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA
CURSO DE ZOOTECNIA
ELANINE CRISTINA LIMA DE OLIVEIRA
CONTROLE DE QUALIDADE NO RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DE
MATÉRIAS-PRIMAS EM FÁBRICA DE RAÇÃO
CUIABÁ
2017
ELANINE CRISTINA LIMA DE OLIVEIRA
CONTROLE DE QUALIDADE NO RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO DE
MATÉRIAS-PRIMAS EM FÁBRICA DE RAÇÃO
Trabalho de Conclusão do Curso de
Graduação em Zootecnia da Universidade
Federal de Mato Grosso, apresentado
como requisito parcial à obtenção do grau
de Bacharel em Zootecnia.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Fernanda
Soares Queiroz
CUIABÁ
2017
AOS MEUS PAIS SEBASTIÃO E ROZELITA E AO MEU IRMÃO DENILSON,
DEDICO.
Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus por tudo.
Aos meus Pais Sebastião e Rozelita, pelo esforço nesses longos anos, pelo
amor, apoio e dedicação.
Ao meu irmão por ser meu ponto de equilíbrio.
Aos meus tios Leonardo e Rosinete, por todo apoio prestado a nossa família.
A Prof.ª Dr.ª Maria Fernanda Soares Queiroz, pelo conhecimento transmitido
em sala de aula, por toda a ajuda no processo de escolha do estágio e pela paciência
na elaboração do trabalho de conclusão.
A Priscila Barbosa pela oportunidade de estágio na Rico Nutrição Animal.
Ao Diego Ricci pelo conhecimento transmitido, pela paciência, dedicação e
companheirismo ao decorrer do estágio.
A todos os funcionários da Rico Nutrição Animal que sempre estavam dispostos
a me ajudar, pelo respeito e companheirismo.
A todos os professores pela minha formação acadêmica.
Aos meus amigos que tive o prazer de conviver durante o tempo de graduação.
Ao Mathews por me apoiar nos momentos mais difíceis.
A todos aqueles que fizeram desse sonho de ser zootecnista possível.
‘’ NÃO DEIXE QUE O LAÇO CORTE SEUS SONHOS AO MEIO E
NÃO SOLTE AS RÉDEAS QUE DEUS TE MANTÉM NO ARREIO’’
Fátima Leão
Lista de ilustrações
Figura 1 Rico Nutrição Animal.....................................................................................8
Figura 2 Calador.........................................................................................................11
Figura 3 MOTOMCO 919FOB....................................................................................12
Figura 4 Análise de grãos...........................................................................................13
Figura 5 Armazenamento de amostras .....................................................................13
Figura 6 Moega (A), caminhão descarregando na moega (B) ..................................14
Figura 7 Armazém do milho DDG..............................................................................15
Figura 8 Armazenamento de minerais.......................................................................16
Figura 9 Painel de controle .......................................................................................16
Figura 10 Linha de produção, boca de ensaque........................................................17
Figura 11 Termômetro portátil (A) medindo a temperatura no pêndulo (B) ............. 20
Lista de tabelas
Tabela 1 Especificações técnicas de recebimento de matérias-primas.....................11
Tabela 2 Minerais utilizados na empresa...................................................................15
Lista de abreviaturas
APPCC - Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle
BPF – Boas Práticas de Fabricação
DDG - Dried Distillers Grains (Grãos secos por
destilação)
EE – Extrato Etéreo
FDN – Fibra em Detergente Neutro
IT – Instruções de Trabalho
MAPA – Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento
MS – Matéria Seca
NDT – Nutrientes Digestíveis Totais
PB – Proteína Bruta
PEPS – Primeiro que entra Primeiro que Sai
POP – Procedimentos Operacionais Padrão
Sumário 1.Introdução..................................................................................................................1
2.Objetivos .................................................................................................................. 3
3.Revisão......................................................................................................................4
3.1.Produtos e subprodutos utilizados na fabricação de ração ................................... 5
3.2.Matérias-primas utilizadas na ração ...................................................................... 5
3.2.2.Milho....................................................................................................................5
3.2.2.Sorgo .................................................................................................................. 6
3.2.3.Farelo de soja ..................................................................................................... 6
3.2.4.Milho DDG .......................................................................................................... 6
4.Relatório de estágio..................................................................................................8
5.Atividades desenvolvidas e discussões...................................................................9
5.1.Recebimento e armazenamento de matérias primas............................................9
5.2.Matérias-primas ensacadas.................................................................................10
5.3.Amostragem ........................................................................................................ 10
5.3.1.Milho e Sorgo ................................................................................................... 10
5.3.2.Farelo de soja e casca de soja..........................................................................10
5.3.3.Análises ............................................................................................................ 11
5.4.Armazenamento de grãos e farelos.....................................................................13
5.4.1.Grãos................................................................................................................ 13
5.4.2.Farelos ............................................................................................................. 14
5.5.Armazenamento de minerais ............................................................................... 15
5.5.1.Minerais mais utilizados na produção .............................................................. 15
5.5.2.Armazenamento ............................................................................................... 15
6.Produção ................................................................................................................ 15
6.1.Limpeza dos maquinários.................................................................................... 17
6.2.Controle de pragas .............................................................................................. 18
6.3.Controle de temperatura no silo .......................................................................... 19
7.Conclusões ............................................................................................................. 21
8.Considerações finais .............................................................................................. 22
9.Referências ............................................................................................................ 23
Resumo
A produção de rações segue as regras de um mercado competitivo que exige
redução no custo sem comprometer a qualidade do produto final. Por isso, é desejável
que uma empresa produtora de rações possua controle dos ingredientes recebidos e
garanta a qualidade dos alimentos produzidos. Para isso, são necessários constantes
monitoramentos do processo de produção com o intuito de identificar possíveis
problemas que possam comprometer a qualidade do produto final, pois as variações
na qualidade das rações animais pode ser uma das principais causas no desvio entre
o desempenho planejado e o observado do crescimento animal a campo. O objetivo
com este trabalho é relatar o acompanhamento e desenvolvimento das atividades
relacionadas ao controle de qualidade de recebimento e armazenamento das matérias
primas utilizadas na fabricação de ração, assim como no processo de moagem,
pesagem e mistura da fábrica até a obtenção do produto final da empresa Rico
Nutrição Animal. O controle de qualidade de matérias primas é de suma importância
na fabricação de ração, pois por meio dele é possível garantir um produto final com
qualidade e atender fielmente a formulação da ração, permitindo melhor custo
benefício à empresa. Também se percebeu a grande importância de um profissional
especializado na empresa para garantir as especificações técnicas dos produtos. O
estágio teve grande importância na formação acadêmica como Zootecnista, pois,
permitiu experiências reais da profissão sendo elas boas ou não. Também contribuiu
para capacitação na área de controle de qualidade, além da possibilidade de
aprendizado do fluxo de uma fábrica de rações.
Palavras-chaves: armazenamento de grãos, boas práticas de fabricação, formulação
1
1. Introdução
A produção de rações segue as regras de um mercado competitivo que exige
redução no custo sem comprometer a qualidade do produto final.
Uma empresa produtora de rações deve controlar os ingredientes recebidos, e
garantir a qualidade do que é produzidos. Para isso, são necessários constantes
monitoramentos do processo de produção com o intuito de identificar possíveis
problemas que possam comprometer a qualidade do produto final, pois as variações
na rações animais pode ser uma das principais causas no desvio entre o desempenho
planejado e o observado do crescimento animal a campo.
Há projeção na indústria de rações um crescimento do faturamento anual
(12,98%), em decorrência do aumento estimado na produção e da elevação dos
preços no período, taxas de 3,20 e 9,48%, respectivamente. Segundo o Sindirações
(2016), a elevação de preços das rações está ligada, principalmente, às valorizações
do milho e da soja ocorridas no mercado doméstico ao longo do tempo.
Para otimizar a produção e continuar competitiva no mercado que é tão
variável, as empresas de rações buscam diminuir os custos com os insumos mas com
critério do controle de qualidade dos mesmos. Assim as Boas Práticas de Fabricação,
cuja base são os procedimentos envolvidos em gestão da qualidade e nos princípios
APPCC são programas a serem praticados nas empresas do segmento de
alimentação animal que desejam obter o reconhecimento de qualidade e segurança
de seus produtos atendendo ao cumprimento de normas legislativas.
Segundo definição do SINDIRACÕES (Sindicato Nacional dos Fabricantes de
Rações), as “Boas Práticas de Fabricação, são procedimentos necessários para
garantir a conformidade e inocuidade dos produtos para o animal, o homem e o
ambiente”. Os objetivos específicos preconizados dentro de um programa de BPF de
modo geral incluem:
1. A garantia da qualidade nutricional dos alimentos (evitando a contaminação
química, biológica ou física, prejudiciais à saúde animal, humana e do
ambiente);
2. A garantia da rastreabilidade;
3. A garantia de controle dos processos, padronizando os procedimentos e
reduzindo custos. Os requisitos de BPF aplicam-se quanto à qualidade das
matérias-primas (procedência, registros de amostras e análises entre outros);
2
4. Quanto ao projeto/fluxograma de prédios e instalações;
5. Aos equipamentos e utensílios (projetados de modo a assegurar a higiene e
limpeza evitando contaminações);
6. Procedimentos de limpeza e desinfecção de equipamentos e utensílios usados
na fabricação das rações e manipulação de ingredientes;
7. Conscientização sobre higiene pessoal;
8. Programas de erradicação de pragas.
Considerando a necessidade de um Zootecnista conhecer e poder se
responsabilizar pelos programas nas empresas do segmento de alimentação animal
o estágio foi realizado na Rico Nutrição Animal, desenvolvendo as atividades de
analista de qualidade da fábrica de ração.
3
2. Objetivos
O objetivo com este trabalho foi relatar o acompanhamento e desenvolvimento
das atividades relacionadas ao controle de qualidade de recebimento e
armazenamento das matérias-primas utilizadas na fabricação de ração, assim como
no processo de moagem, pesagem e mistura da fábrica, até a obtenção do produto
final da empresa Rico Nutrição Animal.
4
3. Revisão
A busca por qualidade e produtividade em fábricas de rações passa por
diversas questões, como políticas de gestão da qualidade, análise do melhor sistema
de produção, treinamento, manutenção da produção e escolha adequada de
fornecedores das matérias primas utilizadas (CORADI, 2009).
É fundamental nas empresas manter o controle de qualidade, pois, por meio
dele, se verifica a conformidade dos produtos com os padrões exigidos pelo mercado
e pela legislação. (VILAS BOAS, 2005).
As boas práticas de fabricação devem ser aplicadas desde a recepção e
armazenamento da matéria-prima, processamento, até a expedição do produto final,
abrangendo diversos pontos da indústria, como qualidade da matéria-prima e
ingredientes, especificação de produtos e a seleção de fornecedores, equipamentos
de segurança. (MACHADO et al; 2015).
Antes do recebimento das matérias primas na fábrica de rações, tem-se o início
do controle de qualidade dos ingredientes, ou seja, no momento da compra, deve
existir seleção antecipada do fornecedor. Isto é possível com a formação de um banco
de dados com os resultados das análises laboratoriais e a realização de médias e
desvio padrão, o que será a descrição exata da qualidade e constância do fornecedor
(PINHEIRO, 1994). Com isso, o responsável pelo recebimento deve saber da
qualidade do produto adquirido antecipadamente, e saber informações que o habilite
a reconhecer a qualidade aparente dos produtos e no caso de algum problema recusar
a descarga do mesmo.
Enquanto o armazenamento de matérias primas a granel deve ser controlado
evitando-se a mistura de matérias-primas com características qualitativas diferentes
(Lacerda Filho et al., 2000). Nas matérias-primas ensacadas, a atenção maior se dá
na identificação dos rótulos e lotes em especial a produtos e medicamentos, aditivos
e minerais, os quais devem ser cuidadosamente manipulados e identificados para
evitar o uso indevido (BUTOLO, 2002).
A qualidade das matérias-primas é primordial para a garantia da qualidade do
produto final. A empresa deve estabelecer rotinas de análise das matérias-primas em
laboratório idôneo, e é de suma importância que se tenha conhecimento das
propriedades gerais da mesma, para que qualquer alteração da integridade e pureza
5
da matéria-prima que venha a prejudicar o processo de produção seja identificado e
corrigido (CARDOSO, 2004).
3.1 Produtos utilizados na fabricação de ração
Segundo Rostagno 2011, os alimentos são fontes de nutrientes para as funções
fisiológicas que garanta a vida, saúde e produção dos animais. Com este
conhecimento, poderemos agir ativamente, plantando, comprando, armazenando e
transformando os alimentos, de acordo com o necessário para produzir as rações para
a criação.
Os conceitos de ingrediente e nutriente são importantes e devem estar claros
para entendermos a formulação de rações. Ingrediente é o próprio alimento que
fornece os vários nutrientes. São alguns exemplos de ingredientes: milho, soja, farelo
de soja, trigo, fosfato bicálcio e sal (Rostagno 2011). Os nutrientes são os
componentes ativos dos ingredientes, e participam no processo bioquímico de
formação dos tecidos animais. São exemplos de nutrientes: proteína, aminoácidos,
vitaminas, minerais e compostos bioativos.
Os alimentos e ingredientes devem ser escolhidos e combinados de tal maneira
que permitam uma formulação de ração que seja nutricionalmente equilibrada,
palatável e econômica.
3.2 Matérias-primas utilizadas na ração
3.2.1 Milho
Considerado como o principal ingrediente inserido na dieta dos animais, o milho
merece total atenção quanto ao processo de fabricação das rações. Sua composição,
como em tantos outros alimentos, é influenciada pelo tipo do solo em que foi cultivado,
adubação, condições climáticas e tipo de híbrido, ou seja, de suas misturas genéticas,
além de outros fatores como a contaminação física, química e microbiológica, que
afetam sua estrutura nutricional (Mazzuco e Bellaver, 2011).
O milho é considerado um alimento energético para as dietas humana e animal,
devido à sua composição predominantemente de carboidratos e lipídeos, apresenta
um teor de PB de 8,0 a 9,0% (Embrapa). É rico em carboidrato como o amido,
caracterizando o alimento como um elemento energético.
6
É insumo para produção de uma centena de produtos, porém na cadeia
produtiva de suínos e aves são consumidos aproximadamente 70% do milho
produzido no mundo e entre 70 e 80% do milho produzido no Brasil (SINDIRAÇÕES).
3.2.2 Sorgo
O grão de sorgo (Sorghum bicolor (L). Moench) é uma importante fonte de
energia em dietas de ruminantes e não ruminantes, podendo substituir cereais como
o milho e o trigo (Cabral 2004). Apresenta um teor de (PB) em torno de 8 a 9% (CQBAL
2017), e contém níveis dos aminoácidos metionina e lisina abaixo daqueles
encontrados no milho, porém maior quantidade de triptofano. Dispõe ainda, de
quantidade muito baixo de pigmentos e de extrato etéreo (Scheuermann, 2003).
Além de apresentar menor custo de produção e valor de comercialização de
80% do preço do milho (SEAPI, 2016).
3.2.3 Farelo de soja
O farelo de soja representa uma excelente fonte de proteína, tem aceitabilidade
pelos animais e aminoácidos de alta disponibilidade. O conteúdo de PB, na base
seca, oscila entre 42,5 a 55,6%, dependendo do método de extração de óleo e
processamento, podendo constituir a única fonte proteica na dieta dos animais (Silva,
1995).
A utilização do farelo de soja na dieta de ruminantes está limitada ao seu preço,
pois trata-se de um produto bastante utilizado nas rações de suínos e aves, além de
obter boas cotações no mercado internacional que estimulam a exportação,
pressionando a elevação da demanda e dos preços no mercado interno.
3.2.4 Milho DDG
A produção de etanol a partir do milho é uma nova realidade na entressafra de
algumas usinas brasileiras.
O produto desta operação, que vem se tornando comum em nosso país é o
DDG (Dried Distillers Grains), que em português significa Grãos Secos por Destilação,
7
e é uma alternativa como fonte de proteína, para substituir o milho na alimentação
animal de ser uma alternativa economicamente viável (Peres, 2013).
O DDG de milho obtido a partir do processamento convencional apresenta, em
média, teor de matéria seca (MS) em torno de 89%. Além disso, os teores de PB
variam entre 26 a 30%, fibra em detergente neutro (FDN) cerca de 34%, extrato etéreo
(EE) entre 8 a 12 %, e (NDT) 81%. Devido ao acréscimo dos solúveis o DDG pode
apresentar até 32% de PB (Arquimedes, 2017).
8
4. Relatório de estágio
O estágio final obrigatório do Curso de Graduação em Zootecnia foi realizado
na empresa Rico Nutrição Animal localizada no Distrito Industrial de Cuiabá-MT
(Figura 1), no período de junho a agosto de 2017.
A Rico Nutrição Animal se consolidou no mercado há 12 anos e vem sendo
cada dia mais reconhecida. É uma empresa especializada em suplementos minerais
e rações animais com qualidade assegurada, pois capacita seus funcionários a atingir
este objetivo. Investe em pesquisas, desenvolvimento de produtos e tecnologia.
Sempre se atualizando no mercado nacional e internacional de produtos
agropecuários, afim de fornecer o melhor produto.
A empresa atende os estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná,
São Paulo, Pará e Rondônia, visando futuramente atender todo o Brasil. A fábrica hoje
possui linha única de produção para mistura com capacidade de produção 85
toneladas por dia produzido e uma peletizadora com capacidade de armazenamento
de 2 toneladas.
O estágio ocorreu no setor de controle de qualidade da fábrica de ração,
visando acompanhar e desempenhar as funções do analista de qualidade. A fábrica,
como um todo, desempenha suas funções com base em Procedimento Operacional
Padrão (POP). Todas as atividades possuem um procedimento que se caracteriza
como modelo a ser seguido para o controle do funcionamento da fábrica, e garantia
na qualidade do produto final. O controle é baseado nas exigências do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA e nas Boas Práticas de Fabricação –
BPF.
Figura 1: Rico Nutrição Animal.
Fonte: Arquivo pessoal
9
5. Atividades desenvolvidas e discussões
As atividades foram desenvolvidas a fim de acompanhar desde a recepção e
armazenamento das matérias-primas até o fluxo de produção da fábrica.
Compreenderam recebimento e armazenamento de matérias-primas, amostragem,
análises das matérias-primas, armazenamento, produção e limpeza de maquinários,
controle de pragas e controle de temperatura dos silos.
5.1. Recebimento e Armazenamento de matérias-primas
O recebimento das matérias-primas é de responsabilidade do analista de
qualidade, sendo o mesmo responsável pela inspeção do veículo e das cargas.
A carga contendo grão ou farelo chegava a empresa através de caminhão a
granel, que permanecia do lado externo da empresa onde era coletada uma amostra
representativa através do calador era levada para o laboratório e analisada,
conferindo-se com o padrão aceito pela Rico, que era fixado em frente ao equipamento
de análise.
Os resultados das análises eram registrados no check list (Anexo 1) de
recebimento, e aprovado liberado para o descarregamento.
Não atendendo os padrões pré-definidos, a carga não era descarregada. O
responsável técnico era informado para que as providências pudessem ser tomadas:
devolução do produto, ou ação corretiva.
Ao entrar, o veículo se dirigia ao Setor de Faturamento da empresa para ser
pesado e recebia os check lists de Inspeção de Veículo e de Recebimento de matéria-
prima.
Ao chegar ao pátio da fábrica o transportador entregava a Nota Fiscal
juntamente com os check lists ao respectivo responsável pelo recebimento. O mesmo
verificava na nota fiscal, se o produto constava na lista de fornecedores ativos, Se o
mesmo não estivesse nesta lista o responsável técnico deveria ser informado
imediatamente.
10
5.2 Matérias-Primas ensacadas
No caso das matérias-primas ensacadas (minerais) no decorrer do
descarregamento, era realizada a inspeção visual de acordo com o check list,
verificando o estado das mesmas quanto a integridade das embalagens, rótulos, lotes,
prazos de validade, presença de insetos, possíveis contaminantes, volume/peso,
coloração, granulometria, e se os níveis de garantia estavam de acordo com as
especificações técnicas (disponíveis para conferência no Setor de Recebimento de
Mercadorias).
Terminado o descarregamento, o responsável pelo recebimento deveria datar
e assinar todas as vias da nota fiscal certificando que o produto foi recebido e
devidamente armazenado.
5.3 Amostragem
5.3.1 Milho e Sorgo
As coletas de amostras do milho e do sorgo eram feitas com o uso do calador
(Figura 2) que contém em sua estrutura 14 entradas distintas, possibilitando que a
amostra seja retirada de vários perfis da carga. Eram feitas amostragens no mínimo
em três pontos diferentes da carga e o produto coletado era depositado em um saco
liner. Após este procedimento a amostra era encaminhada ao laboratório de análises,
onde ocorria homogeneização e em seguida a realização das análises.
É de suma importância o treinamento dos funcionários responsáveis pelas
coletas das amostras, para que não tenha despadronização das amostragens.
5.3.2 Farelo de soja e casca de soja
A amostragem era feita manualmente, retirando as amostras de pontos
aleatórios da carga. As mesmas eram depositadas em um saco liner e encaminhadas
ao laboratório de análises, onde ocorria homogeneização da amostra e em seguida a
realização das análises.
11
Figura 2. Calador.
Fonte: Arquivo pessoal
5.3.3 Análises
As análises feitas no laboratório pelo analista de qualidade, verificava a
temperatura, umidade e o grau de impureza do produto. As matérias primas eram
analisadas através do aparelho especifico, o MOTOMCO 919FOB (Figura 3).
A Rico estabeleceu um padrão interno de qualidade para que aceite os grãos e
farelos (Tabela 1), então qualquer valor de análise fora dos padrões definidos eram
caracterizadas como não conforme no check list. Essa informação era levada ao
responsável técnico para análise e decisão de liberação ou impedimento de descarga
do produto.
Tabela 1. Especificações técnicas de recebimento de matérias-primas Matéria Prima - Grãos Especificações Técnicas
Impureza (máx) Temperatura (máx) Umidade (máx)
Milho grão 0,9% 39ºC 14,0%
Sorgo grão 0,9% 39ºC 13,0%
Farelo de soja Visual 39ºC 14,0%
Casquinha de soja Visual 39ºC 14,0% Fonte: Rico Nutrição Animal
12
Figura 3. MOTOMCO 919FOB.
Fonte: Arquivo pessoal
Caso houvesse alguma não conformidade nos resultados das análises e ainda
assim o produto fosse aceito, o mesmo era preconizado para utilização rápida, a fim
de evitar perdas químicas, físicas e biológicas.
O MOTOMCO 919FOB determinador de umidade, não é um equipamento que
possa analisar o milho DDG. Assim a avaliação era visual, com a verificação do grau
de impureza e de infestação de insetos, levando em consideração sabugo, pedaços
de plantas e outros contaminantes. O produto para ser aceito deveria ter o grau de
impureza de até 0,9 % da amostra retirada.
Após as análises (Figura 4) a amostra era identificada, com os resultados das
análises e com o número da nota fiscal de cada produto, e armazenada durante 6
meses para posterior análise da matéria-prima caso houvesse algum problema com o
produto final (Figura 5).
13
Figura 4. Análise de grãos
Fonte: Arquivo pessoal
Figura 5. Armazenamento de amostras
Fonte: Arquivo pessoal
5.4 Armazenamentos de grãos e farelos
5.4.1 Grãos
O milho e o sorgo eram descarregados na moega (Figura 6) que levavam os
ingredientes para os silos ou diretamente para as tulhas, isso dependeria da demanda
e da falta de produto na linha de produção.
Os silos eram distintos para cada ingrediente, possuindo capacidade máxima
especifica para cada grão. O sorgo por ter granulometria e peso menor era
armazenado no silo com maior capacidade de 640 toneladas, enquanto o silo do milho
possuía capacidade para armazenar 560 toneladas.
14
Figura 6. Moega (A), caminhão descarregando na moega (B).
(A) (B) Fonte: Arquivo pessoal
5.4.2 Farelos
O farelo de soja era descarregado na moega e encaminhado diretamente para
a caixa tulha que tinha a capacidade de armazenamento de 25 toneladas. O milho
DDG possuía armazém (Figura 7) separado, em baia, com a capacidade máxima de
54 toneladas.
Figura 7. Armazém do milho DDG
Fonte: Arquivo pessoal
15
5.5 Armazenamento de Minerais
5.5.1 Minerais mais utilizados na produção
Os macro e microminerais eram adquiridos pela empresa (Tabela 2) em sua
forma inorgânica e desta maneira adicionados aos produtos.
Tabela 2. Minerais utilizados na empresa
MINERAIS MAIS UTILIZADOS
Macro Micro
Fosfato bicalcico 18 Enxofre 70s
Sal comum Selenito de sódio 45
Uréia Sulfato de cobre 25
Carbonato e Cálcio Oxido de magnésio 54
Sulfato de ferro 28
Sulfato de cobalto 20
Sulfato de zinco 35
Fonte: Rico Nutrição Animal
5.5.2 Armazenamento
Todas as matérias primas e produtos ensacados devem ser acondicionados
sobre pallets, afastados das paredes laterais 30 cm, para permitir limpeza e
ventilação, em áreas da produção devidamente identificadas.
Os produtos deviam ficar armazenados (Figura 8) de tal maneira que permitisse
o uso de acordo com o sistema PEPS (primeiro que entra primeiro que sai) para
garantir o uso dos produtos mais antigos.
6. Produção
A produção da fábrica era direcionada por um operador de painel, responsável
exclusivamente pela dosagem das matérias-primas: sorgo moído, milho moído, milho
DDG, farelo de soja, fosfato, calcário, ureia e sal moído (Figura 9). A dosagem era
feita com base na instrução de trabalho (IT), feita pela empresa, de acordo com as
especificações do MAPA.
Na IT estavam descritas as fórmulas de cada produto, separadas em pastas, e
as quantidades referentes de cada produto que iria ser produzido.
16
Figura 8. Armazenamento de minerais.
Fonte: Arquivo Pessoal
Figura 9. Painel de controle
Fonte: Arquivo pessoal
A produção iniciava com a passagem dos ingredientes armazenados em tulhas
ou silos para o moinho, no caso dos grãos, ou direto para a balança no caso das
demais matérias-primas.
Após a pesagem, de acordo com a recomendação da IT, os ingredientes eram
transferidos ao misturador, que tinha como tempo de mistura 3 minutos e então o
produto era peneirado, e saía na boca do misturador, pronto para ensaque (Figura
10).
17
Figura 10. Linha de produção, boca de ensaque.
Fonte. Arquivo pessoal.
6.1 Limpeza dos maquinários
Na fabricação de produtos que incluíam ingredientes que poderiam contaminar
o próximo lote de ração a ser fabricado (ex: produtos utilizando ureia) era realizada a
limpeza da linha de produção, comandada pelo operador de painel, que tinha o intuito
de evitar contaminação cruzada de um produto para o outro. A limpeza era feita com
a passagem de 40 kg de milho moído ou com 40 kg de calcário e reprocessado em
seguida.
O cronograma de limpeza dos maquinários deveria estar dentro do padrão
proposto pela empresa, que era feita semanalmente, mensalmente e anualmente,
para que a produção de suplemento mineral, núcleo ou premix fossem produzidos
dentro dos padrões de qualidade necessários.
Nos maquinários, onde havia maior tendência de acúmulo de ingredientes e
sujidades em suas engrenagens, era realizada a limpeza semanal: moega, balança,
dosadora, misturador, peneira, pé do elevador da balança, pulmão de ensaque e
roscas.
Nos maquinários, onde era comum o acúmulo de ingredientes, a limpeza era
mensal: tubo exaustor e filtro da manga.
Nos silos e tulhas, as limpezas eram anuais e ocorriam na entressafra de
produção dos grãos.
18
Todas as limpezas realizadas eram registradas pelo colaborador em uma ficha
e entregue ao controle de qualidade, que repassava as informações para o check list.
6.2 Controle de Pragas
O controle de pragas era realizado em dois âmbitos principais: o preventivo e
o corretivo. Além disso a empresa trabalhava com controle mecânico e químico.
Todas as aberturas da área de produção eram protegidas por telas que
impediam a entrada de animais e insetos.
Através de uma empresa terceirizada era aplicada uma barreira química
externa à indústria, composta por portas-iscas, abastecidos com raticidas e
inseticidas, todos registrados nos órgãos competentes e descritos em ficha específica
na pasta do Controle Integrado de Pragas. Tais portas iscas estavam localizados e
numerados de acordo com recomendações do MAPA. Internamente eram utilizados
túneis de cola onde não existia nenhum tipo de agente químico residual, também
atendendo ao disposto pelo MAPA.
Semanalmente, era feita verificação de todo o programa de pragas feito pela
empresa terceirizada de acordo com o cronograma pré-definido. Nesta verificação
eram observados todos os dispositivos, além da presença de qualquer tipo de praga.
No ato da verificação, era entregue ao analista de qualidade um relatório de
visita descrevendo as ações executadas, os produtos utilizados e a conclusão da
verificação que, posteriormente, era substituído por um relatório mensal.
No âmbito preventivo da empresa Rico Nutrição Animal, era utilizado
tratamento químico nos estoques de grãos, em uma frequência pré-definida, evitando
o aparecimento de pragas.
Toda ação corretiva deveria ser discriminada no relatório de verificação
semanal executado pela empresa terceirizada e conter a aprovação prévia do controle
de qualidade da empresa Rico Nutrição animal quando envolvesse a utilização de
produtos químicos no interior da indústria. Estes relatórios eram arquivados no arquivo
de Controle Integrado de Pragas.
Contudo, na época seca do ano, que aumenta a demanda na produção da
fábrica, dificultando vazio do galpão de produção para que haja o expurgo e a
aplicação dos defensivos para insetos e pragas, pode-se verificar a presença de
insetos quando há falha no controle de pragas.
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6.3 Controle de Temperatura no Silo
O controle de temperatura do silo era realizado por um termômetro portátil
(Figura 11) auxiliado por 3 pêndulos contendo 5 sensores, distribuídos internamente
no silo, para monitoramento da temperatura do silo como um todo. O aparelho gerava
a temperatura média interna de cada silo. E um outro termômetro portátil gerava a
temperatura externa e a umidade do local.
As informações geradas pelo aparelho eram descarregadas no computador
central no qual havia um programa especifico do termômetro portátil, armazenando os
dados de temperaturas realizadas durante todo período de aferição dos silos.
Por fim, a necessidade de aeração dos silos era feita com base na temperatura
interna e externa do silo e na umidade externa local.
Através da diferença entre as temperaturas interna, externa e umidade (ex:
temp. externa: 25ºC, temp. interna: 35ºC, umidade: 46. Diferença: 10ºC) o resultado
obtido era interpretado em um gráfico gerado pela própria empresa (Anexo 2) que
definia o grau de temperatura do silo e a necessidade de aeração. O resultado do
gráfico era anotado na planilha de controle de temperatura do silo (Anexo 3).
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Figura 11: Termômetro portátil (A) medindo a temperatura no pêndulo (B)
(A) (B) Fonte: Arquivo pessoal
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7. Conclusões
O controle de qualidade de matérias primas é de suma importância na
fabricação de ração, pois por meio dele, é possível garantir um produto final com
qualidade e atender fielmente a formulação da ração, permitindo melhor custo
benefício à empresa.
Também se percebeu a grande importância de um profissional especializado
na empresa para garantir as especificações técnicas dos produtos.
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8. Considerações finais
O setor de controle de qualidade é de extrema importância em uma fábrica de
ração quando se busca garantir um produto final que atenda às exigências do
mercado.
Todas as atividades realizadas durante o período de estágio na Rico Nutrição
Animal, demonstraram a importância da adoção de práticas que padronizem a
produção das rações, como as boas práticas de fabricação e a adoção dos
procedimentos operacionais padrão, além de rigorosa inspeção no recebimento e
armazenamento das matérias primas.
O estágio teve grande importância na minha formação acadêmica como
Zootecnista, pois, permitiu experiências reais da profissão sendo elas boas ou não.
Também contribuiu para minha capacitação na área de controle de qualidade, além
da possibilidade de aprendizado do fluxo de uma fábrica de rações.
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9. Referências
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aplicações na formulação de rações para frangos de corte. Tese de doutorado.
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Anexos
Anexo 1. Check list de recebimento de matérias-primas
Fonte: Rico Nutrição Animal
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Anexo 2. Gráfico para definição do grau de temperatura do Silo
Fonte: Rico Nutrição Animal
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Anexo 3. Controle de temperatura
Fonte: Rico Nutrição Animal