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Incidência de Hipertensão Arterial em uma Capital Brasileira: Estudo de Base Populacional Fábio Liberali Weissheimer Cuiabá-MT 2011 Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde Coletiva Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde Coletiva - UFMT, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva Área de concentração: Saúde Coletiva Linha de Pesquisa: Epidemiologia Orientador: Prof. Dr. Luiz César Nazário Scala

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Incidência de Hipertensão Arterial em uma Capital Brasileira:

Estudo de Base Populacional

Fábio Liberali Weissheimer

Cuiabá-MT 2011

Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde Coletiva

Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde Coletiva - UFMT, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva Área de concentração: Saúde Coletiva Linha de Pesquisa: Epidemiologia Orientador: Prof. Dr. Luiz César Nazário Scala

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Fábio Liberali Weissheimer

Incidência de Hipertensão Arterial em uma Capital Brasileira: Estudo de Base Populacional

Cuiabá-MT 2011

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde Coletiva - UFMT, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva Área de concentração: Saúde Coletiva Linha de Pesquisa: Epidemiologia Orientador: Prof. Dr. Luiz César Nazário Scala 

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É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma

impressa como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida

exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a

identificação do autor, título, instituição e ano da dissertação.

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte

W429i Weissheimer, Fábio Liberali.

Incidência de Hipertensão Arterial em uma Capital Brasileira : Estudo de Base Populacional / Fábio Liberali Weissheimer. -- 2011.

116 f. : il. color. ; 30 cm. Orientador: Luiz César Nazário Scala. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso,

Instituto de Saúde Coletiva, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Cuiabá, 2011.

Inclui bibliografia. 1. Hipertensão arterial. 2. Pré-hipertensão. 3. Hipertensão arterial -

Incidência - Cuiabá. I. Título.

CDU 616 12-008 331 1(817 2)

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA Avenida Fernando Corrêa da Costa, 2367 - Boa Esperança - Cep: 78060900 -CUIABÁ/MT

Tel : (65) 3615-8884 - Email : Não Informado FOLHA DE APROVAÇÃO TÍTULO : " Incidência de hipertensão arterial em uma capital brasileira: estudo de 

base populacional."

AUTOR : Mestrando FABIO LIBERALI WEISSHEIMER Dissertação defendida e aprovada em 05/10/2011. Composição da Banca Examinadora: Presidente Banca / Orientador : Doutor LUIZ CESAR NAZARIO SCALA Instituição : UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO Examinador Interno: Doutora DELMA PERPETUA OLIVEIRA DE SOUZA Instituição : UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO Examinador Externo: Doutor JOSÉ FERNANDO VILELA MARTIN Instituição : INEP/DAES

CUIABÁ,05/10/2011.

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Dedico esta Dissertação,

A todos que pela minha vida passaram e fizeram chegar onde

estou e ser quem sou.

Aos meus familiares, meus pais Remi e Celita, minha esposa

Talitha, meus sogros Valdir e Sandra e minha filha Maria

Thereza.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo zelo e cuidado, comigo e minha família, permitindo que eu construísse

este caminho.

Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Cesar Nazário Scala, pelos ensinamentos desde a

graduação, pela dedicação, amizade e exemplo.

Á minha turma de mestrado/2009, em especial às amigas Lúcia e Gisela, pelo

convívio, ensinamentos, alegrias, partilhas e comemorações.

Aos meus alunos da Medicina, que me ajudaram na pesquisa de campo.

Aos meus irmãos Bere, Régis e Junior, que contribuíram muito para esta tese.

Aos amigos Godoy, Luciano, Juliano, Giovana, Ricardo e Huark, que sempre

estiveram disponíveis para assumir minhas funções para que eu pudesse me dedicar

ao mestrado.

A todos meus queridos amigos, que constituí durante esses anos de vida acadêmica

em Cuiabá-MT.

Á Universidade Federal de Mato Grosso, por ser um celeiro de oportunidades.

Ao Instituto de Saúde Coletiva, Professores e Secretários, pelo acolhimento,

dedicação e paciência.

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RESUMO

Weissheimer FL. Incidência de hipertensão arterial em uma capital brasileira:

estudo de base populacional [dissertação de mestrado]. Cuiabá-MT: Instituto de

Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso; 2011. 116 f.

Introdução: A hipertensão arterial sistêmica (HA) é uma condição sistêmica que

envolve alterações estruturais das artérias e do miocárdio, gerando níveis de pressão

arterial (PA) sustentadamente elevados. De causalidade multifatorial é grande

problema de saúde devido às altas prevalência, morbidade, mortalidade e custos.

Estudos brasileiros sobre incidência de HA são raros. Estudo feito em 2008 em Porto

Alegre-RS pontuou que 80% dos pré-hipertensos, entre 40 e 50 anos, terão HA em

10 anos. Desta forma, torna-se pertinente estudar a incidência da HA em Cuiabá-MT

para que se obtenham informações técnico-científicas que subsidiem políticas de

combate a HA. Objetivo: Analisar a incidência de HA e fatores associados em pré-

hipertensos em Cuiabá-MT. Método: Coorte prospectivo de base populacional

aprovado pela CEP/HUJM com acompanhamento em 6,8 anos de população fonte de

400 pré-hipertensos entre 2003 e 2010. Foram usadas estatísticas descritivas e

inferenciais, risco relativo (IC 95%), teste de qui-quadrado de Pearson, p<0,05 e

regressão múltipla de Poisson robusta. Resultados: População amostral de 171

indivíduos, 61,9% homens e 38,1% mulheres, idade média de 46,6 anos. Tempo de

follow up de 6,8 anos. Média de anos de estudo de 9,5 anos. Renda média per capita

de R$ 902,20. Foi observado no estudo que: 10,5% dos entrevistados admitiram

consumir sal em excesso; 76,6% tomam café diariamente; 26,9% são sedentários;

13,4% fumam cigarros diariamente e 28,6% são obesos. A incidência de HA geral

foi de 58,5% sendo que 86% destes estavam com PA descontrolada. Estratificando

por exposição, a incidência de HA encontrada foi de 63,8% em indivíduos com renda

per capita menor que 2 salários mínimos; 65,7% em indivíduos que consomem café

diariamente; 71,7% nos sedentários e 77,6% nos obesos. Após regressão,

mantiveram associadas ao desfecho HA às exposições (fatores de risco): obesos

(p<0,001), tempo de assistir à televisão maior a 4 horas (p< 0,000), consumo de café

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diário (p< 0,005), renda menor que 2 salários mínimos (p< 0,041), número de

moradores maior que 4 (p<0,047) e idade maior que 60 anos (p<0,000). Conclusão:

O estudo demonstrou que há risco de 86% de um pré-hipertenso residente na área

urbana de Cuiabá-MT desenvolver HA em 10 anos, e que a mesma está associada a

fatores de risco conhecidos, em sua maioria modificáveis. Algumas associações

sugerem maior estudo. Adoção de políticas de prevenção, tratamento e controle desta

moléstia são necessárias.

Palavras-chave: Hipertensão Arterial. Pré-hipertensão. Incidência. Epidemiologia.

Doenças Cardiovasculares. Fatores de Risco Cardiovascular. Saúde Pública em

Cuiabá.

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ABSTRACT

Weissheimer FL. Arterial hypertension incidence on a Brazilian capital:

Population-based study [Master’s Dissertation].Cuiabá-MT: Instituto de Saúde

Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso; 2011. 116 f.

Background: The systemic arterial hypertension is a systemic condition which

involves structural alterations of the artery and of the myocardium, generating

continuously high levels of blood pressure. Of multifactorial causality, it is a great

health issue due to its high prevalence, morbidity, mortality and costs. Brazilian

researches on systemic arterial hypertension incidence are unusual. Research

conducted in 2008 in Porto Alegre (RS) stated that 80% of the pre-hypertensive

patients between 40 and 50 years will have systemic arterial hypertension in 10

years. Therefore, it is relevant to study the incidence of systemic arterial

hypertension in Cuiabá (MT) in order to obtain technical-scientific information that

subsidizes prevention policies against systemic arterial hypertension. Objective: To

analyze the incidence of systemic arterial hypertension and associated factors on pre-

hypertensive patients in Cuiabá (MT). Methods: Population-based prospective

cohort approved by CEP/HUJM, with population of 400 pre-hypertensive patients

watched for 6,8 years, from 2003 through 2010. Descriptive and inferential statistics

were used, relative risk (Confidence Intervals - CI 95%), Pearson’s chi-square test,

p<0,05 and multiple Poisson regression with robust variance. Results: Population

sample of 171 patients, 61,9% men and 38,1% women, average of 46,6 years old.

Follow-up time of 6,8 years. Schooling time of 9,5 years. Average per capita income

of R$ 902,20. It was observed in this research that: 10,5% admit high level of salt

consumption; 76,6% have daily coffee consumption; 26,9% are sedentary; 13,4%

smoke cigarrettes; and 28,6% are obese. General systemic arterial hypertension

incidence totaled 58,5%, from which 86% presented uncontrolled blood pressure.

Stratified by exposition, the incidence of systemic arterial hypertension found was

63,8% in patients with per capita income below 2 minimum wages; 65,7% in patients

that consume coffee daily; 71,7% in sedentary patients; and 77,6% in the obese.

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After regression, the following expositions remained associated (risk factors): obese

(p<0,001), time spent watching TV higher than 4h (p< 0,000), daily coffee

consumption (p< 0,005), income lower than 2 minimum wages (p< 0,041), number

of inhabitants higher than 4 (p< 0,047) and age higher than 60 years old (p< 0,000).

Conclusion: The research has shown that there is an 86% risk for a patient who is a

resident of the urban area of Cuiabá (MT) to develop arterial hypertension in ten

years, and this is associated to well known risk factors that are, in majority,

modifiable. Some associations might demand a greater study. The adoption of

prevention policies, treatment and control of this disease are required.

Keywords: Arterial hypertension. Pre-hypertension. Incidence. Epidemiology.

Cardiovascular disease. Cardiovascular risk factors. Public Health in Cuiabá.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Classificação da Pressão Arterial, segundo as VI Diretrizes

Brasileiras de Hipertensão............................................................ 25

Tabela 2- Classificação da Pressão Arterial, segundo o VII Comitê Nacional Americano de Hipertensão............................................ 25

Tabela 3- Distribuição da população de estudo segundo variáveis socioeconômicas e demográficas, Cuiabá-MT, 2010................... 60

Tabela 4- Distribuição da população de estudo segundo hábitos alimentares e estilo de vida, Cuiabá-MT, 2010............................ 62

Tabela 5- Distribuição da população de estudo segundo estilo de vida, Cuiabá-MT, 2010..........................................................................

63

Tabela 6- Distribuição da população de estudo segundo dados antropométricos: circunferência da cintura, relação cintura/quadril e classificação do índice de massa corporal, Cuiabá-MT, 2010..........................................................................

64

Tabela 7- Distribuição da população de estudo, discriminada por gênero, de acordo com a classificação da pressão arterial das VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão e/ou uso de anti-hipertensivos, Cuiabá-MT, 2010..................................................

65

Tabela 8- Distribuição da população de estudo quanto ao grau de conhecimento, tratamento e controle da hipertensão arterial, Cuiabá-MT, 2010..........................................................................

65

Tabela 9- Incidência de hipertensão arterial, risco relativo, intervalo de confiança (IC 95%), segundo características demográficas e socioeconômicas da população de estudo, Cuiabá-MT, 2010......

67

Tabela 10- Incidência de hipertensão arterial, risco relativo, intervalo de confiança (IC 95%), segundo hábito alimentar e estilo de vida da população de estudo, Cuiabá-MT, 2010..................................

68

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Tabela 11- Incidência de hipertensão arterial, risco relativo e intervalo de confiança (IC 95%) segundo características antropométricas e estado nutricional da população de estudo, Cuiabá-MT, 2010.....

69

Tabela 12 - Análise das variáveis independentes de incidência de hipertensão da população de estudo, segundo o modelo de regressão múltipla de Poisson, Cuiabá-MT, 2010........................

70

Tabela 13- Modelo final de regressão múltipla de Poisson: variáveis associadas ao surgimento da hipertensão arterial na população de estudo, Cuiabá-MT, 2010........................................................

71

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Prevalência de hipertensão arterial em estudos populacionais para Pressão Arterial com valores ≥ 140/90 mmHg (SCALA et al., 2011)................................................................................................ 23

Gráfico 2- Idade e gênero versus prevalência de hipertensão arterial em Cuiabá-MT segundo estudo de CASSANELLI (2005)................... 29

Gráfico 3- Incidência de hipertensão arterial (%) por faixa etária (anos) em Cuiabá-MT, 2010 (p<0,005)........................................................... 61

Gráfico 4- Incidência de hipertensão arterial (%) por faixa etária (ano) e

gênero em Cuiabá-MT, 2010 (p<0,520)......................................... 61

Gráfico 5- Controle da pressão arterial em indivíduos hipertensos em Cuiabá-MT, 2010............................................................................ 66

Gráfico 6- Incidência (%) de hipertensão arterial segundo fatores de risco

em Cuiabá-MT, 2010 (p<0,005)..................................................... 72

Gráfico 7- Representação da probabilidade normal dos resíduos no estudo de hipertensão arterial feito em Cuiabá, 2010.................................

73

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Google Maps: área urbana de Cuiabá demarcada com o número de pessoas por setor censitário que participaram do estudo de CASSANELLI, 2005....................................................................... 44

Figura 2- Google Maps: quadra sorteada em área demarcada de Cuiabá, 2005..................................................................................................

44

Figura 3- Google Maps: casa sorteada, após sorteio da face da quadra sorteada de Cuiabá, 2005.................................................................

.

45

Figura 4- Google Maps: utilização de GPS, GOOGLE MAPS® e mapas cartográficos para identificação dos endereços............................... 53

Figura 5 - Modelo de análise da incidência de hipertensão arterial na população urbana de Cuiabá - MT, adaptado de STUMER et al.(2006)........................................................................................... 55

Figura 6 - Distribuição da população amostral de indivíduos pré-hipertensos, residentes na região urbana do município de Cuiabá-MT, 2010.......................................................................................... 59

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A - Classificação Econômica do Brasil da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa............................................................ 103

Anexo B - Atestado de qualidade dos equipamentos utilizados no estudo. 104

Anexo C - Questionário utilizado na coleta dos dados................................. 105

Anexo D - Termo de aprovação: Comitê de Ética em Pesquisa HUJM....... 115

Anexo E - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................ 116

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABEP Associação Brasileira de Empresas e Pesquisas AVE Acidente Vascular Encefálico

CC Circunferência de Cintura

CEP Comitê de Ética de Pesquisa

DCV Doença Cardiovascular

DAC Doença Arterial Coronária

DCbV Doença Cerebrovascular

DNT Doenças Não Transmissíveis

Dr. Doutor

ES Espírito Santo

EUA Estados Unidos da América

GPS Global Positioning System

HAS Hipertensão Arterial Sistêmica

HPSMC Hospital Pronto Socorro Municipal de Cuiabá

HUJM Hospital Universitário Júlio Müller

IAM Infarto Agudo do Miocárdio

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas

IC Índice de Confiança

IMC Índice de Massa Corporal

JOINT Joint National Committee

LOA Lesão em Orgãos-Alvo

LDL Low-densitylipoprotein

MAPA Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial

MG Minas Gerais

MT Mato Grosso

OMS Organização Mundial de Saúde

OPAS Organização Panamericana da Saúde

PA Pressão Arterial

PAD Pressão Arterial Diastólica

PAS Pressão Arterial Sistólica

Prof. Professor

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RCQ Relação Cintura/Quadril

RJ Rio de Janeiro

RR Risco Relativo

RS Rio Grande do Sul

SAOS Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono

SBC Sociedade Brasileira de Cardiologia

SBH Sociedade Brasileira de Hipertensão

SBN Sociedade Brasileira de Nefrologia

SM Síndrome Metabólica

SP São Paulo

SRAA Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TROPHY Trial of Preventing Hypertension

TV Aparelho de Televisão

UFG Universidade Federal de Goiás

UFMT Universidade Federal de Mato Grosso

WHO World Health Organization

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LISTA DE SÍMBOLOS

% Percentual

p Nível de significância

< Menor R$ Real - moeda brasileira

mmHg Milímetro(s) de coluna de mercúrio

≥ Maior e igual

N Número de indivíduos

> Maior vs Versus

= Igual

h Hora

g Grama(s)

g/dia Grama(s) por dia

cm Centímetros

mg/dl Miligrama por decilitro

Kg Quilograma

mm Milímetro

m² Metro(s) ao quadrado

® Marca registrada P (χ2) Valor em Qui-quadrado de Pearson

± Mais ou menos

n Número de indivíduos

≤ Menor e igual

Nº Número

x/semana Vezes por semana

Kg/m² Quilograma por metro quadrado x Média Ñ Não

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................. 19

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................... 21

2.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL: CONCEITO, CAUSA E IMPORTÂNCIA............................................................................................. 22

2.2 HIPERTENSÃO ARTERIAL: CLASSIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO........ 24

2.3 FATORES DE RISCO PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL........................ 26

2.3.1 Fatores Não Modificáveis: fatores genéticos, idade, gênero, raça............. 26

2.3.1.1 Fatores Genéticos............................................................................................. 26

2.3.1.2 Idade................................................................................................................. 27

2.3.1.3 Gênero.............................................................................................................. 28

2.3.1.4 Raça.................................................................................................................. 30

2.3.2 Fatores Modificáveis: socioeconômicos, ingestão de sódio, consumo de bebida alcoólica, sedentarismo, obesidade, síndrome metabólica, síndrome da apneia obstrutiva do sono, hábito tabágico........................... 31

2.3.2.1 Fatores socioeconômicos................................................................................. 31

2.3.2.2 Ingestão de sódio na dieta................................................................................ 31

2.3.2.3 Consumo de bebida alcoólica.......................................................................... 32

2.3.2.4 Sedentarismo.................................................................................................... 33

2.3.2.5 Obesidade........................................................................................................ 34

2.3.2.6 Síndrome metabólica....................................................................................... 34

2.3.2.7 Síndrome da apneia obstrutiva do sono.......................................................... 35

2.3.2.8 Hábito tabágico............................................................................................... 36

2.4 HIPERTENSÃO E PRÉ-HIPERTENSÃO...................................................... 37

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2.5 INCIDÊNCIA DE HIPERTENSÃO................................................................ 39

3 OBJETIVOS................................................................................................... 40

3.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................ 41

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................... 41

4 MÉTODOS...................................................................................................... 42

4.1 DELINEAMENTO AMOSTRAL................................................................... 43

4.1.1 Delineamento do estudo e planejamento amostral...................................... 43

4.2 CRITÉRIO DE INCLUSÃO............................................................................ 45

4.3 CRITÉRIO DE EXCLUSÃO........................................................................... 45

4.4 DEFINIÇÃO DAS VARIAVÉIS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA.......... 46

4.4.1 Variáveis demográficas e socioeconômicas.................................................. 46

4.4.2 Variáveis relacionadas aos hábitos de vida.................................................. 47

4.4.3 Variáveis antropométricas............................................................................. 48

4.5 COLETA DE DADOS..................................................................................... 51

4.5.1 Equipe de campo e treinamento dos entrevistadores.................................. 51

4.5.2 Estudo piloto................................................................................................... 52

4.5.3 Visitas domiciliares e coleta de dados........................................................... 52

4.5.4 Controle de qualidade.................................................................................... 54

4.6 ARMANEZAMENTO E ANÁLISE DE DADOS.......................................... 54

4.7. ASPECTOS ÉTICOS....................................................................................... 55

4.8 DIVULGAÇÃO DOS DADOS E RESULTADOS ESPERADOS................. 56

5 RESULTADOS.............................................................................................. 57

5.1 DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO DE ESTUDO............................................ 59

5.1.1 Características demográficas e socioeconômicas......................................... 59

5.1.2 Hábitos alimentares e estilo de vida.............................................................. 62

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5.1.3 Características antropométricas da população de estudo.......................... 63

5.2. INCIDÊNCIA DE HIPERTENSÃO NA POPULAÇÃO DE ESTUDO......... 64

5.2.1 Conhecimento, tratamento e controle de hipertensão arterial na população de estudo....................................................................................... 65

5.3 ANÁLISE BIVARIADA................................................................................. 66

5.3.1 Variáveis demográficas e socioeconômicas.................................................. 66

5.3.2 Variáveis alimentares e de hábitos de vida.................................................. 67

5.3.3 Variáveis antropométricas e estado nutricional.......................................... 69

5.4 ANÁLISE MULTIVARIADA ENTRE AS VARIÁVEIS INDEPENDENTES DO ESTUDO DE INCIDÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL...................................................................................................... 69

6 DISCUSSÃO................................................................................................... 74

6.1. DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO DE ESTUDO............................................ 76

6.2. INCIDÊNCIA DE HIPERTENSÃO................................................................ 77

6.3. ASSOCIAÇÃO ENTRE HIPERTENSÃO E AS VARIÁVEIS DE ESTUDO.......................................................................................................... 78

7 CONCLUSÕES.............................................................................................. 83

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 85

ANEXOS....................................................................................................................... 102

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19

INTRODUÇÃO

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1 INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças cardiovasculares

(DCV) são responsáveis por 16,7 milhões de mortes por ano. As projeções para 2020 mantêm

esses agravos como as principais causas de morte e incapacitação. Atualmente, os países em

desenvolvimento contribuem de forma mais acentuada para o ônus dessas doenças do que as

regiões desenvolvidas (RAMIRES e CHAGAS, 2005; LIA et al., 2010).

No Brasil, estima-se que as DCV sejam as causas de 30% dos óbitos em indivíduos a

partir dos 20 anos de idade (DATASUS, 2007). Mesmo porcentual dos dados mundiais em

2001 quanto à distribuição de causas de morte (WHO, 2002).

A associação entre risco para desenvolvimento de DCV e elevação da pressão arterial

(PA) é exponencial, independente, preditiva e linear (LEWINGTON et al., 2002; SCALA et

al., 2011).

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é responsável por cerca de 50% dos óbitos

causados pelas doenças cardiovasculares (DCV), principalmente por causar lesões de órgão-

alvo (LOA) que culminam com graves vasculopatias, como o infarto agudo do miocárdio e

acidente vascular encefálico (DATASUS, 2007; SBC, SBH, SBN, 2010). Desta forma, a

hipertensão arterial sistêmica (HAS/HA) torna-se um dos maiores problemas de saúde pública

(LEWINGTON et al., 2002; SCALA et al., 2011).

Considerando-se que o risco cardiovascular aumenta a partir de níveis pressóricos

normais - 115/75 milímetros de coluna de mercúrio (mmHg), há duas importantes razões para

se investigar os portadores de pré-hipertensão (LEWINGTON et al., 2002). A primeira é a

probabilidade de progressão para HAS e a segunda é a própria associação de pré-hipertensão

com o aumento do risco de DCV. A taxa média de progressão para HAS é de 19% em quatro

anos e depende do nível pressórico e da idade (MARTIN e CIPULLO, 2009).

Estudos populacionais de incidência de HAS são raros e de difícil execução. No

Brasil, existe apenas um estudo com estas características, de base populacional, com

características socioeconômicas e de hábitos de vida, totalmente diferente do encontrado em

nosso meio.

O objetivo deste estudo é analisar a incidência de hipertensão arterial sistêmica e os

fatores de exposição para a hipertensão arterial em adultos e idosos pré-hipertensos na

população urbana de Cuiabá-MT, ofertando subsídios técnico-científicos às políticas de

combate a esta importante moléstia.

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REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL: CONCEITO, CAUSA E IMPORTÂNCIA

A hipertensão arterial sistêmica é uma condição clínica multifatorial caracterizada por

níveis elevados e sustentados de PA. Associa-se a alterações funcionais e/ou estruturais dos

órgãos-alvo (coração, encéfalo, rins e vasos sangüíneos) e a alterações metabólicas com

consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais. É considerada

fator de risco para DCV (RAMIRES e CHAGAS, 2005; SBC, SBH, SBN, 2010).

A HAS é de causalidade multifatorial, com evidente interação entre fatores genéticos e

ambientais tais como obesidade, consumo de sal, estresse psicossocial e outros, diretamente

relacionados ao seu desenvolvimento (HARSHFIELD et al., 2009).

A combinação de fatores tais como história familiar de hipertensão e exposição a

fatores ambientais e de risco como os anteriormente citados promovem a ativação de diversos

sistemas, principalmente o sistema nervoso simpático e o sistema renina-angiotensina-

aldosterona (SRAA), causando alterações funcionais e estruturais dos vasos sanguíneos com

aumento da resistência vascular sistêmica, o principal mecanismo hemodinâmico da

hipertensão (MANCIA et al., 1999; SMITH et al., 2004).

A HAS constitui-se em um dos maiores problemas de saúde pública devido ao grande

número de pessoas acometidas, pela elevada morbidade e mortalidade, além das implicações

socioeconômicas para o seu tratamento (KRIEGER e GIORGI, 2005; MALTA et al., 2009;

SCALA, 2009; WILLIAMS, 2010).

Revisão sistemática quantitativa de 44 estudos em 35 países, entre os anos de 2003 e

2008, revelou prevalência global de HAS de 37,8% em homens e 32,1% em mulheres

(PEREIRA et al., 2009).

A hipertensão atinge mais de 36 milhões de brasileiros adultos, participando direta ou

indiretamente de 50% das mortes por DCV. No Brasil 22 estudos populacionais realizados em

todas as regiões, nos últimos 20 anos (critério ≥ 140/90 mmHg), revelam elevadas

prevalências com variação entre 22,3% e 43,9% e média de 32,5% em adultos com mais de 18

anos de idade - Gráfico 1 (SCALA et al., 2011). Atinge cifras acima de 50% na faixa etária de

60 a 69 anos e 75% acima de 70 anos (SBC, SBH, SBN, 2010). A prevalência média de

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hipertensão em 35% de homens e 30% de mulheres, em 22 cidades brasileiras, assemelha-se

às taxas de outros países, inclusive os latinos, com características étnico-raciais e

socioculturais diferentes (PEREIRA et al., 2009).

Estudos de base populacional realizados em áreas urbanas de dois municípios de Mato

Grosso, Cuiabá (N=1.699) e Nobres (N=1.003), em amostras aleatórias, mostraram

prevalências de hipertensão respectivamente de 33,4% e 30,9% (CASSANELLI, 2005;

ROSÁRIO et al., 2009).

Gráfico 1- Prevalência de hipertensão arterial em estudos populacionais para Pressão Arterial com

valores ≥ 140/90 mmHg (SCALA et al., 2011)

A morbidade e a mortalidade da HAS estão relacionadas principalmente à

vasculopatia de órgãos-alvo, tais como doença cerebrovascular (DCbV), doença arterial

coronária (DAC), insuficiência cardíaca, doença arterial obstrutiva periférica, insuficiência

renal e aos baixos índices de conhecimento, tratamento e controle da doença (STRELEC et

al., 2003; GUS et al., 2004; PIERIN et al., 2004; JARDIM et al., 2007).

A associação direta e positiva entre elevação da PA e risco de doença cardiovascular

está cientificamente comprovada. Uma metanálise de 61 estudos de coorte, incluindo

aproximadamente um milhão de indivíduos, com mais de 56 mil mortes no seguimento,

demonstrou haver associação exponencial, independente, preditiva, linear e contínua entre

níveis pressóricos e incidência de DCV (LEWINGTON et al., 2002; SCALA et al., 2011).

22,3

37,932,7

44,0

31,5 31,635,5 36,4 38,2

33,4

0

20

40

60

80

100

São PauloAraraquaraPiracicaba Cotia Catanduva RS Cianorte Goiânia Vitória Cuiabá

%

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A população mundial vive um processo de transição epidemiológica caracterizado por

mudanças no estilo de vida e padrão alimentar, urbanização, aumento da longevidade e de

múltiplos fatores de risco, que conduzem a alterações metabólicas, cujo desfecho é o

incremento na prevalência das DCV (PASSARELLI JÚNIOR et al., 2006).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualmente a maioria das mortes no

mundo é decorrente de doenças não transmissíveis (DNT), em torno de 32 milhões e, destas,

mais da metade (16,7 milhões) relacionadas às DCV (WHO, 2002). Estima-se que em 2020

nos países em desenvolvimento, 75% dos óbitos serão decorrentes do envelhecimento

populacional, predominantemente relacionados às DCV (WHO, 1998).

Similarmente, no Brasil, as DCV representam a principal causa de mortalidade da

população, observadas por alta prevalência de DAC e DCbV (PEREIRA et al., 1999;

LOTUFO, 2005). No ano de 2007, no Brasil, ocorreram 1.157.509 internações por DCV no

Sistema Único de Saúde (SUS), representando 29,4% dos óbitos por DCV em nível nacional e

26% em Cuiabá-MT (BRASIL, 2007). Os riscos de mortalidade por DAC e DCbV aumentam

progressivamente com a elevação da PA em todas as faixas etárias, principalmente entre 40 e

89 anos, sem um ponto de corte que determine um limite definido (JNC VII, 2003; DÓREA e

LOTUFO, 2004).

2.2 HIPERTENSÃO ARTERIAL: CLASSIFICAÇÃO E DIAGNÓSTICO

A HAS é diagnosticada pela detecção de níveis elevados e sustentados de PA pela

medida casual, também denominada de consultório (MOTA-GOMES et al., 2011). Embora a

HAS seja uma doença caracterizada por alterações hemodinâmicas, tróficas, inflamatórias e

metabólicas (síndrome hipertensiva), o diagnóstico dessa situação ainda deve ser realizado

por medidas adequadas e repetidas da PA, utilizando-se equipamentos validados e calibrados

dentro de ambiente dos consultórios, em mais de uma visita (SBC, SBH, SBN, 2010).

As Diretrizes Americana (JNC VII, 2003), Européia (MANCIA, 2007) e Brasileira de

Hipertensão (SBC, SBH, SBN, 2010) definem como hipertenso o adulto que apresenta níveis

sustentados de pressão arterial sistólica (PAS) ≥140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica

(PAD) ≥ 90 mmHg, obtida por medida casual, na ausência de medicação anti-hipertensiva.

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As VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (SBC, SBH, SBN, 2010) classificam como

PA limítrofe o adulto que apresenta PAS entre 130 e 139 mmHg e PAD entre 85 a 89mmHg,

PA normal a PAS entre 120 e 129 mmHg e PAD entre 80 e 84 mmHg e PA ótima quando

abaixo destes valores (Tabela 1).

Tabela 1- Classificação da Pressão Arterial, segundo as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão

CLASSIFICAÇÃO PAS (mmHg) PAD (mmHg)

ÓTIMA < 120 < 80

NORMAL 120 - 129 80 - 84

LIMÍTROFE 130 - 139 85 - 89

HAS ESTÁGIO 1 140 - 159 90 - 99

HAS ESTÁGIO 2 160 - 179 100 - 109

HAS ESTÁGIO 3 ≥ 180 ≥ 110 Fonte: SBC,SBH,SBN, 2010

Por sua vez, o VII JOINT - Comitê Nacional Americano de Hipertensão (JNC VII,

2003) classifica como pré-hipertenso o indivíduo adulto que apresenta PAS entre 120 e 139

mmHg, PAD entre 80 e 89 mmHg e PA normal abaixo destes valores (Tabela 2).

Tabela 2-Classificação da Pressão Arterial, segundo o VII Comitê Nacional Americano de Hipertensão

CLASSIFICAÇÃO PAS (mmHg) PAD (mmHg)

NORMAL < 120 < 80

PRÉ-HIPERTENSÃO 120 - 139 80 - 89

HAS ESTÁGIO 1 ≥ 160 ≥ 100

HAS ESTÁGIO 2 140 - 159 90 - 99

Fonte: VII JOINT, 2003

Outra forma de classificar a HAS é de acordo com sua etiologia. Considerando-se que

na grande maioria dos hipertensos (90 a 95%), a etiologia específica não é identificada, a

hipertensão é denominada de primária ou essencial. Quando a sua causa é determinada

denomina-se secundária (5 a 10% dos casos) (PORTO, 1994; SBC, SBH, SBN, 2010).

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Hipertensão arterial secundária é uma forma de hipertensão de etiologia conhecida que pode

ou não ser passível de correção (BORTOLOTTO et al., 2011). As causas mais comuns são:

nefropatias, renovascular, hiperaldosteronismo primário, síndrome da apneia obstrutiva do

sono, coartação de aorta, hipertensão induzida por medicamentos e drogas, entre outras

(PORTO, 1994; SBC, SBH, SBN, 2010; BORTOLOTTO et al., 2011).

Cabe ressaltar que antes de se investigar as causas secundárias de HAS deve-se excluir

principalmente a ocorrência de medidas inadequadas da PA, hipertensão do avental branco,

tratamento medicamentoso inadequado, não adesão ao tratamento, bem como, progressão das

lesões em órgãos-alvo (LOA), presença de co-morbidades e interação medicamentosa (SBC,

SBH, SBN, 2010).

2.3 FATORES DE RISCO PARA HIPERTENSÃO ARTERIAL

Fatores de risco para a hipertensão arterial são as características ou condições que,

quando presentes, aumentam a probabilidade do seu desenvolvimento. Além da idade

avançada, a raça negra, menor escolaridade, história familiar positiva para hipertensão, morar

em grandes cidades, excesso de peso, consumo elevado de bebidas alcoólicas, sedentarismo,

ingestão excessiva de sal e estresse psicoemocional, são fatores que elevam a prevalência de

HA. O conhecimento da distribuição destes fatores é fundamental para o controle e a prevenção

da hipertensão. De uma forma didática pode-se classificar os fatores de risco em não

modificáveis e modificáveis (SBC, SBH, SBN, 2010).

2.3.1 Fatores Não Modificáveis: fatores genéticos, idade, gênero, raça

2.3.1.1 Fatores Genéticos

Cerca de 30% a 40% da variação da PA é determinada por fatores genéticos, no

entanto a maioria destes estudos é relacionada com a história familiar de hipertensão, um dos

fatores de grande relevância (WILLIAN et al., 1994; BINDER, 2007).

MAGALHÃES et al. (1998) ressaltam a forte correlação entre PA de pais e filhos,

notadamente entre mães e filhos. Pais com hipertensão determinam maior risco para que seus

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filhos desenvolvam a mesma doença (BARTOSH e ARONSON, 1999). Estes fatos foram

confirmados por estudos da WHO (1978) e LÓLIO (1990) em gêmeos onde se mostrou maior

semelhança da PA entre monozigóticos do que entre dizigóticos. Considerando-se que filhos

adotados não apresentam correlação com os níveis de PA de seus pais, reafirma-se a

importância do componente genético.

A associação entre valores pressóricos de pais e filhos também são explicados por

hipóteses ligadas à genética, ao desenvolvimento humano, a má nutrição e ao estado hormonal

maternos durante a gestação. Tais fatos determinam mudanças estruturais, endócrinas e

psíquicas, não bem elucidadas, que repercutirão durante a vida toda com maior risco de

desenvolvimento de DCV, DCbV, infarto agudo do miocárdio, diabetes mellitus tipo 2 e HAS

(BARKER et al., 1990).

Ainda não existem variantes genéticas identificáveis e mensuráveis que possam ser

utilizadas para predizer o risco do indivíduo em desenvolver HAS (DE OLIVEIRA et al.,

2008).

2.3.1.2 Idade

A PA eleva-se com a idade, independentemente do gênero, sendo a prevalência de

HAS superior a 60% na faixa etária acima de 65 anos, mais freqüente nos homens até os 50

anos, invertendo-se a partir da quinta e sexta décadas (GUS et al., 2004; SCALA et al., 2008).

A idade é considerada fator de risco independente para o surgimento da hipertensão arterial

(VASAN et al., 2001; MOREIRA et al., 2008; CIPULLO et al., 2010).

O aumento lento e insidioso da HAS com a idade tem causas multifatoriais, entre as

quais a deposição lenta e progressiva de cálcio e de colágeno, em maior quantidade, e elastina

em menor escala, nas camadas arteriais com redução da distensibilidade, aumento da rigidez

arterial, e elevação da resistência vascular periférica (LAKATTA, 1989).

Em indivíduos com mais de 50 anos a PAS >140 mmHg é o mais importante fator de

risco para a ocorrência de DCV (JNC VII, 2003). Indivíduos entre 55 e 65 anos têm 90% de

risco de desenvolver hipertensão até os 80 anos. Mais da metade dos indivíduos de 55 anos e

dois terços dos indivíduos com 65 anos apresentarão hipertensão em 10 anos (VASAN et al.,

2001).

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De acordo com o Conselho Americano de Cardiogeriatria, a HAS atinge de 60 a 70%

de idosos dos EUA sendo que, em 2030, estes constituirão 22% da população norte-

americana, isto é, 35 milhões de idosos hipertensos (LAPALIO, 1995; HOWELL, 1997).

No Brasil, estima-se que em torno de 65% dos idosos sejam portadores de HA,

podendo acometer até 80% das mulheres com mais de 75 anos (BRASIL, 2002).

Estudos brasileiros como o realizado em Bambuí-MG com 1.742 idosos detectou

prevalência de 61,5% de HAS (FIRMO et al., 2003). Já em Campinas-SP, um estudo com 426

idosos revelou uma prevalência de 51,8% (ZAITUNE et al., 2006). Entre metalúrgicos do RJ

e de SP observou-se que a prevalência de HAS foi de 24,7%, sendo que, idade acima de 40

anos foi a variável que determinou maior risco para hipertensão (MARTINEZ e LATORRE,

2006).

Em Cuiabá-MT, observaram-se prevalências de hipertensão arterial de 33,4% entre os

adultos, 71,9% na faixa etária acima de 60 anos e 78,3% acima de 70 anos (CASSANELLI,

2005).

2.3.1.3 Gênero

Estudos de base populacional indicam que a prevalência, o impacto e o controle da

hipertensão arterial diferem entre os gêneros. Indicam ainda, que a regulação da PA pode

sofrer influencia de situações peculiares às mulheres, como síndrome do ovário policístico,

uso de contraceptivo, gestação, menopausa e reposição hormonal, levando, em algumas

situações, ao aumento significativo da PA e ao desenvolvimento da HAS (COLOMBO,

2011).

Existe uma nítida diferença na prevalência de HAS relacionada ao binômio idade

versus (vs) gênero. Mulheres têm menores valores de PAS que homens até a idade de adultos

jovens, ocorrendo o oposto após a sexta década. A PAD tende a ser sempre menor nas

mulheres, independentemente da faixa etária. A incidência de HAS nas mulheres é menor que

em homens até a quinta década, quando aumenta rapidamente, tornando-se maior após a sexta

década. Esse dismorfismo na PA parece ter impacto, mesmo que parcial, na incidência de

eventos cardiovasculares (a prevalência destes nas mulheres torna-se semelhante ao dos

homens entre a quinta e sexta décadas) (FURTADO e MARTIN, 1994; COLOMBO, 2011).

Diferenças nas características das populações de cada país determinam que o gênero

masculino (Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Japão, China, México, Venezuela) ou

feminino (Itália, Alemanha, Paraguai) esteja associado à maior prevalência de HA. No

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entanto, prevalências similares em torno de 26%, em homens e mulheres, sugerem que o

gênero não seja fator de risco para hipertensão (KEARNEY et al., 2005).

Estudo de base populacional realizado em Cuiabá-MT registrou prevalência global de

hipertensão de 33,4% (faixa de 18 a 74 anos; idade média = 40,6 anos), mais alta em homens

(36,8%) do que em mulheres (30,2%). Em idosos acima de 60 anos (prevalência de 71,9%)

observou-se inversão das prevalências, com predomínio entre as mulheres (76,7% versus (vs)

66,9%), conforme o Gráfico 2 (CASSANELLI, 2005).

Gráfico 2- Idade e gênero versus prevalência de hipertensão arterial em Cuiabá-MT segundo estudo de

CASSANELLI (2005)

Os mecanismos responsáveis pelas diferenças na regulação da PA nos sexos feminino

e masculino não estão completamente compreendidos, mas parecem envolver efeitos dos

hormônios sexuais na manipulação de sódio pelos rins e/ou reatividade vascular

(COLOMBO, 2011).

0102030405060708090

100

18 a 29 30 a 39 40 a 49 50 a 59 60 a 69 70 +

Idade (anos)

%

feminino

masculino

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2.3.1.4 Raça

O impacto da hipertensão não é uniforme entre as raças. É mais prevalente e grave na

raça negra que na branca: nos EUA 60% vs 38% (COOPER e ROTIMI, 1997).

Estudos brasileiros com abordagem simultânea de gênero e raça são escassos, sendo

que as mulheres negras têm excesso de hipertensão de até 130% em relação às brancas (SBC,

SBH, SBN, 2010). As repercussões sobre órgãos-alvo, morbidade e mortalidade são maiores

em negros quando comparadas aos brancos com os mesmos níveis pressóricos (LOPES et al.,

2002).

No Rio de Janeiro-RJ, SICHIERI et al. (2001) detectaram risco aumentado de

hipertensão entre mulheres de raça negra, comparadas às brancas, fato não registrado entre os

homens.

O estudo Corações do Brasil revelou: 34,8% em negros, 29,4% em brancos, 26,3% nos

pardos/mulatos, 11,1% nos indígenas e 10% nos amarelos (NASCIMENTO NETO et al.,

2006).

Existem evidências acerca da maior suscetibilidade para HAS em negros que em

brancos, e as razões para essas diferenças não estão completamente esclarecidas (LOPES,

1999). Alguns fatores ajudam a explicar a maior prevalência da doença entre os indivíduos de

etnia negra: tendência maior à ingestão de sal (KURTZ et al., 1987; KAPLAN, 1998), defeito

hereditário na captação celular de sódio e cálcio, prevalência mais elevada de obesidade, e

menor resposta terapêutica a alguns fármacos (BARRETO et al., 1993). Outros pesquisadores

preferem identificar a raça como uma variável social mais relacionada ao ambiente, por meio

de hábitos dietéticos e estresse psicológico.

FUCHS et al. (1995) em estudo de base populacional realizado no Rio Grande do Sul,

não observou diferenças quanto à prevalência de hipertensão entre as diferentes raças. Viéses

decorrentes do método de avaliação da raça (geralmente “autorreferida”), estudos com poder

estatístico insuficiente, falta de controle de fatores de confusão como educação e renda,

agregação de pessoas miscigenadas como brancos ou não brancos, são fatores que contribuem

para explicar as diferenças entre os resultados positivos (SICHIERI et al., 2001) ou negativos

(FUCHS et al., 1995) quanto à associação entre hipertensão arterial e raça.

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2.3.2 Fatores Modificáveis: socioeconômicos, ingestão de sódio, consumo de

bebida alcoólica, sedentarismo, obesidade, síndrome metabólica, síndrome

de apneia obstrutiva do sono, hábito tabágico

2.3.2.1 Fatores socioeconômicos

Baixa renda e baixa escolaridade associaram-se a maior prevalência de HAS e menor

controle dos níveis pressóricos (DRUMMOND e BARROS, 1999).

Estudo realizado em Vitória-ES, em 2004, mostrou relação inversa e variável entre

prevalência de HAS e nível socioeconômico: no segmento mais alto 30,5% e, até, 47,0% no

mais baixo, com predomínio neste das formas mais graves da doença (MILL et al., 2004).

Outros estudos confirmaram a relação inversa entre hipertensão arterial e escolaridade

(JARDIM et al., 2003b; GUS et al., 2004; CIPULLO et al., 2010) e renda (AYRES, 1991;

DUNCAN et al., 1993; JARDIM et al., 2003a; LESSA et al., 2004; CIPULLO et al., 2010).

Em Cuiabá-MT foi observado que indivíduos com 4 anos ou menos de estudo

apresentam 1,54 vezes mais risco de hipertensão comparados aos com 5 a 8 anos de estudo e

1,61 vezes mais do que aqueles com 9 ou mais anos de estudo. Observou-se ainda prevalência

de HAS 61,5% entre os analfabetos, muito acima da prevalência global de 33,4% nessa

capital (CASSANELLI, 2005).

Já em Nobres-MT, ROSÁRIO et al. (2009) verificaram que os analfabetos

apresentaram três vezes mais HAS comparados aos com oito anos ou mais de estudo.

Contudo, em relação à renda, não foram observadas diferenças significantes entre os

diferentes estratos de renda per capita.

A associação entre fatores socioeconômicos e hipertensão foi estudada por

DRUMMOND e BARROS (1999) que observaram aspectos multifatoriais relacionados à

dieta (elevada ingestão de sal e calorias e baixa de potássio), obesidade, estresse psicológico,

uso/abuso do álcool e menor acesso à saúde, condições estas que são mais prevalentes em

classes sociais de menor renda.

2.3.2.2 Ingestão de sódio na dieta

Evidências da associação entre consumo de sódio e aumento de pressão arterial

provêm de inúmeros estudos realizados em animais de laboratório, populações aculturadas,

populações de migrantes e ensaios clínicos randomizados (WHELTON et al., 2002). Foi

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observada correlação linear e direta entre consumo de sal e PAS e PAD, sendo este efeito

amplificado pela idade e PA basal, ou seja, o sal aumenta mais a PA de idosos e hipertensos

(LAW et al., 1991).

Metanálise sobre o efeito da redução no consumo de sal sobre a pressão arterial

revelou que a queda da PA é tanto maior quanto maior for a redução do conteúdo de sal na

dieta (HE e MACGREGOR, 2003).

O estudo INTERSALT (1998) ao comparar 52 populações diferentes em 32 países da

África, América do Sul e do Norte, Ásia e Europa verificou também que quanto mais alta a

excreção urinária de sódio (e, portanto, ingestão de sódio) mais alta a PA. Entretanto,

verificou-se ausência de elevação da PA com o aumento da idade na população dos

Yanomamis (MANCILHA-CARVALHO e SOUZA E SILVA, 2003).

Curiosamente, EGAN et al. (1991) e ALDERMAN et al. (1995) demonstraram um

paradoxo: apesar da redução da PA e do melhor controle da HA, não há redução de

mortalidade, pois a ingestão muito baixa de sódio está relacionada à ativação do SRAA,

alteração do metabolismo dos lípides e redução da sensibilidade à insulina, situações que

acarretam aumento do risco cardiovascular.

2.3.2.3 Consumo de bebida alcoólica

O consumo de bebidas alcoólicas eleva a PA com efeito variável dependendo do

gênero e etnia. A magnitude da elevação depende da quantidade ingerida, frequência de

ingestão e outras características relacionadas com o padrão de consumo (FUCHS et al., 2001;

FUCHS, 2006). De modo geral, os estudos epidemiológicos são consistentes quanto à

elevação das PAS e PAD quando os indivíduos ingerem três ou mais drinques (30g de álcool)

por dia, sendo a elevação maior para a PAS. Sugeriu-se que o efeito vasopressor do álcool se

exerça por efeito vasoconstritor na musculatura lisa (por meio de afluxo de cálcio) ou

diretamente no endotélio (MACMAHON, 1987).

Estudos de intervenção confirmaram a elevação da PA na fase de consumo e redução

gradual com a suspensão do álcool (UESHIMA et al., 1993). Estudo de coorte com

acompanhamento de adultos-jovens americanos por 20 anos não demonstraram conclusões

claras de associação entre padrão de consumo de álcool e maior ou menor incidência de

hipertensão arterial (HALANYCH et al., 2010).

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O baixo consumo de álcool, em média inferior a 10 g/dia, pode reduzir o risco de

desenvolver problemas cardíacos, entretanto, o consumo superior a 20 g bem como ingerir

uma grande quantidade de bebidas alcoólicas em uma única ocasião aumentam o risco de

arritmia cardíaca e mortes repentinas por problemas coronários (ANDERSON et al., 2008).

Metanálise de 14 ensaios clínicos demonstrou queda de 3,3 mmHg da PAS em 2,0

mmHg da PAD em resposta à redução do consumo de bebida alcoólica durante pelo menos

sete dias (XIN et al., 2001). Já outro estudo, de base populacional, não encontrou associação

entre prevalência de hipertensão e o tipo de bebida ingerida (cerveja, vinho ou destilado), mas

os indivíduos que consumiam álcool fora das refeições apresentaram maior risco de

hipertensão, independentemente da quantidade consumida (STRANGES et al., 2004).

2.3.2.4 Sedentarismo

O sedentarismo contribui para o aumento da freqüência de HAS em crianças,

adolescentes e adultos, ocorrendo relação inversa entre aptidão física e PA (AMERICAN

COLLEGE OF SPORTS MEDICINE, 2001). Uma metanálise (29 ensaios clínicos

randomizados) mostrou que a prática de quatro semanas de atividade física aeróbica reduziu em

4,7 mmHg a PAS e em 3,1 mmHg a PAD de 1.533 hipertensos e normotensos (HALBERT et

al., 1997). Indivíduos sedentários possuem risco 30% maior de desenvolver HAS quando

comparados aos fisicamente ativos (PAFFENBARGER JR et al., 1991; FAGARD, 2005).

Metanálise de 29 ensaios clínicos randomizados (N=1.533 hipertensos e normotensos)

com duração de pelo menos quatro semanas revelou o impacto da prática de atividade física

aeróbica por meio da redução de 4,7 mmHg na PAS e 3,1 mmHg na PAD (HALBERT et al.,

1997). Outros estudos confirmaram a relação inversa entre exercício físico e valores

pressóricos, independente da obesidade, ao mostrar o benefício do aumento do exercício

físico como fator redutor da PA (ARAÚJO, 2003; DOMINGUES et al., 2004).

Portanto, o exercício físico regular está relacionado à redução da PA, do risco de DCV

e mortalidade geral, com benefícios adicionais sobre a dislipidemia, uso do cigarro, tensão

emocional, redução do peso e redução da resistência insulínica (SBC, SBH, SBN, 2002;

RIQUE et al., 2002; WHELTON et al., 2002; PESCATELLO et al., 2004).

No Brasil, 80,8% dos adultos são sedentários (IBGE, 2004). Em São Paulo-SP, 68,8%

(MELLO et al., 1998), e no município de Cuiabá-MT, apenas 22,7% do adultos entrevistados

eram regularmente ativos (CASSANELLI, 2005).

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2.3.2.5 Obesidade

Fortes evidências experimentais, epidemiológicas e clínicas identificam a obesidade

como uma das principais causas de HA, sendo sua prevalência três vezes maior em pacientes

obesos. Estima-se que 85% de todos os diabéticos com mais de 55 anos sejam hipertensos e

obesos; que 80% de todos os obesos apresentem HAS associada à intolerância à glicose; e,

que 67% dos hipertensos sejam diabéticos e obesos (SCALA, 2008).

A obesidade é considerada um dos principais fatores que predispõem à refratariedade

ao tratamento da hipertensão. O aumento de 4,5 kg no peso promove elevação da PAS em

4,4mmHg e para cada Kg de peso perdido há redução da PA de 0,3 a 1,0 mmHg além da

redução da atividade do SRAA (SCALA et al., 2011).

A obesidade central está mais fortemente associada com o surgimento de HAS do que

a adiposidade total (WHO, 1998). Indivíduos que possuem níveis de PA muito baixos quando

apresentam obesidade central têm maior incidência de HAS (DE SIMONE et al., 2006). Mas,

a perda de peso reduz a PA (NETER et al., 2003).

A relação entre obesidade e HAS é observada com maior freqüência em adultos jovens

já obesos e hipertensos brancos (BERTOLAMI, 1994).

Estes dados corroboram as fortes evidências da relação entre excesso de peso,

hipertensão, dislipidemia e doenças CV, cujo substrato fisiopatológico é a resistência à

insulina (ZANELLA e RIBEIRO, 2002; LOPES, 2004). A partir dos estudos de REAVEN

(1988) estabeleceu-se o elo entre esse conjunto de anormalidades metabólicas e

hemodinâmicas, inicialmente chamada de síndrome X e, posteriormente, síndrome metabólica

(FRANCO et al., 2009).

2.3.2.6 Síndrome metabólica

A síndrome metabólica (SM) é uma condição clínica em que coexistem alguns fatores

de risco cardiovascular em maior prevalência, com destaque para a PA elevada, deposição

central de gordura e resistência insulínica. Segundo ALBERTI et al. (2009), os fatores que

compõe a SM são:

• PA ≥ 130/85 mmHg;

• Glicemia de jejum ≥100 mg/dl ou diabetes mellitos tipo 2;

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• Circunferência abdominal aumentada (dependente da etnia do indivíduo, sendo

para os sul-americanos homens ≥ 90 cm e mulheres ≥ 80 cm);

• HDL <40 mg/dl no homem ou <50 mg/dl na mulher;

• Triglicérides ≥150 mg/dl.

Importante associação de fatores de risco para a DCV, esta síndrome merece atenção

especial pelo importante impacto na morbidade e mortalidade cardiovascular (LOPES, 2005).

LAKKA et al. (2002) demonstraram aumento de mortalidade geral em 1,5 vezes e

cardiovascular em 2,5 vezes quando da associação de SM e doença cardiovascular.

Estudos populacionais em diferentes países (México, EUA, Coréia do Sul)

demonstraram prevalência elevadas de SM na população geral, com taxas variáveis de 12,4%

a 28,5% em homens e de 10,7% a 40,5% em mulheres (FORD e GILES, 2003; AGUILAR-

SALINAS et al., 2004; OH et al., 2004).

Estudo de base populacional, realizado na região urbana de Cuiabá-MT, revelou

prevalência de 70,8% de SM em hipertensos, com predomínio no gênero feminino 81,7% vs

60% (FRANCO et al., 2009).

2.3.2.7 Síndrome da apneia obstrutiva do sono

A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é causada pela obstrução recorrente

das vias aéreas superiores durante o sono e é o distúrbio respiratório mais comum nesta fase

do dia.

Estudos populacionais mostram que a SAOS ocorre em aproximadamente 24% de

homens e 9% de mulheres, sendo que um em cada três homens obesos que roncam é portador

da síndrome (YOUNG et al., 1993). O único estudo populacional realizado em uma capital da

América do Sul revelou prevalência de SAOS em 32,8% da população de São Paulo-SP

(TUFIK et al., 2010).

A SAOS está relacionada ao desenvolvimento da HAS e ao aumento da morbidade

cardiovascular, constituindo-se fator de risco independente e causa secundária de HAS

(SJÖSTRÖM et al., 2002). Freqüentemente relacionada à obesidade e à SM, a SAOS deve ser

sempre pesquisada nestes indivíduos (GONÇALVES et al., 2007).

Estima-se que a prevalência da SAOS em pacientes com HAS varia de 30% a 56%,

podendo chegar a 70% em casos de HAS refratária a tratamento medicamentoso (LOGAN et

al., 2001; DRAGER et al., 2007).

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Os mecanismos que relacionam a SAOS e HAS incluem aumento da atividade

simpática, alterações na regulação do sal e da água, hiperatividade vascular e diminuição da

sensibilidade dos barorreceptores (EISENBERG et al., 1990; NARKIEWICZ et al., 1998;

BRADLEY e FLORAS, 2003). A hiperatividade simpática causa vasoconstrição sistêmica e

aumento da retenção hídrica durante os episódios de apneia, com aumentos da PAS em níveis

de 200 mmHg em indivíduos habitualmente normotensos em vigília (ANDERSEN et al.,

2008).

Existe uma relação linear entre HAS e gravidade da SAOS, pois cada episódio extra de

apneia aumenta em 1% o risco de hipertensão (LATTIMORE et al., 2003). Metanálise de

BAZZANO et al. (2007) demonstrou redução da PAS em 2,46 mmHg e da PAD em 1,83

mmHg em pacientes tratados sob ventilação mecânica não invasiva.

A importância do reconhecimento da SAOS na gênese da HAS é fundamental, pois

estudos relacionam SAOS e LOA, além da aceleração do processo aterosclerótico em

hipertensos (DRAGER et al., 2009). No entanto, a dificuldade de acesso à polissonografia

noturna, padrão-ouro para a SAOS, dificulta significativamente seu diagnóstico

(GONÇALVES et al., 2007; GUS et al., 2008).

2.3.2.8. Hábito tabágico

Em relação ao tabagismo sabe-se que a nicotina do cigarro aumenta agudamente a PA,

devido o seu efeito simpaticomimético que dura aproximadamente 30 minutos. Este efeito não

desenvolve tolerância, mesmo em tabagistas crônicos, de modo que a PA se mantém elevada

enquanto o paciente continua a fumar (VERDECCHIA et al., 1995). Entretanto, estudos

epidemiológicos sobre o efeito crônico do tabagismo sobre a PA têm produzido resultados

conflitantes (VERDECCHIA et al., 1995).

Estudos epidemiológicos não demonstraram associação entre tabagismo e HAS.

MANN et al. (1991) destacam o fato desses estudos medirem a PA por métodos casuais, ao

invés de medidas seqüenciais por meio de monitorização ambulatorial da pressão

arterial (MAPA), método superior. GIORGI (2010) aponta outro viés, o fato dos fumantes

terem peso médio inferior que os não fumantes.

O tabagismo exerce efeito adverso na terapêutica de redução dos lípides, além de

induzir resistência ao efeito de alguns fármacos anti-hipertensivos (SCALA et al., 2011).

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2.4 HIPERTENSÃO E PRÉ-HIPERTENSÃO

A linha demarcatória entre PA normal e hipertensão tem apresentado variações ao

longo dos anos. Atualmente, é considerado hipertenso o indivíduo que apresenta PAS ≥140

mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg. Os valores próximos deste limite são de difícil avaliação em

relação à classificação e ao prognóstico, sendo que, em décadas passadas receberam

diferentes denominações: “hipertensão transitória” nos anos de 1940 (LEVY et al., 1944),

“limítrofe ou borderline” na década de 70 (JULIUS e SCHORK, 1971), PA “normal alta” nos

anos de 1990 (JNC VI, 1997) e, recentemente, “pré-hipertensão” (JNC VII, 2003).

Considerando-se que a elevação da PA é um fator de risco independente, linear e

contínuo para a ocorrência de DCV (LEWINGTON et al., 2002) e que indivíduos com

elevação marginal da PA apresentam alta taxa de conversão para HA, em 2003 o VII Joint

National Committee (VII Joint) introduziu o termo pré-hipertensão para limites de PAS entre

120 e 139 mmHg e PAD entre 80 e 89 mmHg, a partir de duas ou mais medidas casuais

adequadamente realizadas com o indivíduo sentado (JNC VII, 2003).

Nos EUA, aproximadamente 31% dos americanos adultos são pré-hipertensos e a

prevalência ajustada por idade é maior em homens (39% vs 27%) (JNC VII, 2003).

Observa-se que pré-hipertensão também tende a se associar a outros fatores de risco

para DCV, como diabetes, dislipidemia e obesidade. Assim, a proporção de pré-hipertensos

com um ou mais fatores de risco cardiovascular é de 85% (VASAN et al., 2001; WANG e

WANG, 2004).

Em Cuiabá-MT, CASSANELLI (2005) observou prevalência geral de HAS em

adultos igual a 33,4% e 23,6% de pré-hipertensão. Entre os adultos pré-hipertensos (N=400)

41,7% apresentaram PA normal e 58,3% PA limítrofe.

O VII Joint reafirmou que a hipertensão arterial é o principal fator de risco

cardiovascular e a importância da redução de suas conseqüências, com a verificação de que o

risco cardiovascular aumenta a partir de níveis de PAS/PAD de 115/75 mmHg (JNC VII,

2003).

Apesar da controvérsia quanto aos limites entre PA normal e HA, existe consenso

entre as diretrizes americana (JNC VII, 2003), européia (MANCIA, 2007) e brasileira de

hipertensão arterial (SBC, SBH, SBN, 2006), quanto aos critérios que definem os valores de

hipertensão (PAS/PAD ≥ 140/90 mmHg) e da PA normal “ótima” (PAS/PAD = 120/80

mmHg).

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É importante destacar que a Diretriz Americana (JNC VII, 2003) não reconhece os

pré-hipertensos como portadores de uma doença, mas sim de um risco cardiovascular maior,

considerando fundamental a conscientização dos médicos e pacientes em relação à prevenção

primária da HAS e de eventos cardiovasculares (PASSARELLI JÚNIOR, 2005).

Considerando o ponto de corte 115/75 mmHg, 61 estudos de coorte com 1 milhão de

indivíduos sob risco (12,7 milhões de pessoas-ano) avaliados por meio de metanálise

revelaram que a freqüência de eventos cardiovasculares dobram a cada 20 mmHg de aumento

da PAS e 10 mmHg da PAD. Observou-se que níveis sustentados de PA acima de 115/75

mmHg se associam a 49% de eventos decorrentes de DAC (morte, Infarto Agudo do

Miocárdio (IAM) e procedimentos de revascularização miocárdica) e 62% de eventos

associados a DCbV (LEWINGTON et al., 2002).

Como a HA, a pré-hipertensão aumenta com a idade. Observou-se um aumento de

progressão para HAS em proporção de 19% em quatro anos na dependência da idade e níveis

tensionais. A incidência de hipertensão em quatro anos em pré-hipertensos com níveis

tensionais mais elevados (PAS entre 130/139 mmHg e PAD entre 85/89 mmHg) foi de 43%

vs 20% naqueles com níveis de pré-hipertensão intermediários (PAS entre 120/129 mmHg e

PAD entre 80/84 mmHg), e 10% naqueles com níveis ainda mais baixos (PAS <120/80

mmHg) (MARTIN e CIPULLO, 2009).

O estudo TROPHY (Trial of Preventing Hypertension) demonstrou taxa de progressão

em quatro anos de 63% entre os participantes na faixa de PA normal alta (JULIUS et al.,

2006).

O risco de eventos cardiovasculares em pré-hipertensos não diabéticos é 1,8 vezes

maior comparado aos normotensos (MARTIN e CIPULLO, 2009) e a associação entre diabete

e pré-hipertensão aumenta o número de DCV em 3,7 vezes (QURESHI et al., 2005).

A pré-hipertensão também se associa à aterosclerose subclínica, com aumento da

espessura da camada íntima-média da carótida, níveis elevados de proteína C-Reativa ultra-

sensível, fator de necrose tumoral, homocisteína e LDL colesterol. Além disso, os pré-

hipertensos apresentam maior risco de microalbuminúria, considerada preditor do

desenvolvimento de HAS e associação com marcadores de resistência à insulina, como a

obesidade e aumento da circunferência abdominal, importantes componentes da SM. Sob este

enfoque, a pré-hipertensão pode ser forte preditor de diabetes (MARTIN e CIPULLO, 2009).

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2.5 INCIDÊNCIA DE HIPERTENSÃO

Existem poucos estudos internacionais que abordaram a incidência de HA,

principalmente em pré-hipertensos. O estudo TROPHY, com idade média de 49 anos,

predominância do sexo masculino, com 381 seguidos por quatro anos demonstrou conversão

para HAS de 40% dos pré-hipertensos (JULIUS et al., 2006).

Por sua vez, os estudos de Framingham, publicados por VASAN et al. (2001), com

66% da população do sexo masculino, com 397 indivíduos com quatro anos demonstraram

19% de casos novos de HA.

Estudos brasileiros, de base populacional, sobre incidência de HAS são raros. No

Brasil existem apenas dois estudos sobre incidência de HAS (CORDEIRO et al., 2004;

MOREIRA et al., 2008), com diferentes perfis epidemiológicos, sendo apenas um de base

populacional.

CORDEIRO et al. (2004) estudaram sete anos de seguimento a dinâmica da PA de 88

trabalhadores homens de um curtume de médio porte em Botucatu-SP. A idade média da

população estudada era de 46 anos, praticamente todos eram de baixas renda e escolaridade, e

não existia sedentarismo. O estudo demonstrou incidência de HAS de 9,64% ao ano. Mas, o

referido estudo possui validade externa muito baixa devido à especificidade de sua população

amostral.

Por sua vez, a coorte realizada em Porto Alegre-RS por MOREIRA et al. (2008) foi

um estudo de base populacional, com 589 indivíduos com idade média de 38, 5 anos, 90% da

raça branca, com maioria do sexo feminino (56%) com tempo médio de seguimento de 5,6

anos e demonstrou incidência global de HAS de 21,56%. No grupo de pré-hipertensos a

incidência acumulada foi de 33%. A idade e o índice cintura/estatura mostraram-se

independentemente relacionados com o surgimento da HA. Também estimou que 80% dos

indivíduos pré-hipertensos na faixa de 40 a 50 anos evoluirão para a condição de hipertensão

arterial no prazo de 10 anos.

Assim, considerando-se os resultados dos estudos e a abordagem da HAS sob os

aspectos epidemiológicos e de saúde pública, torna-se relevante verificar a incidência de

hipertensão arterial em população urbana da região Centro-Oeste brasileira.

Admitiu-se a hipótese de que em Cuiabá, capital de Mato Grosso, há grande incidência

de hipertensão arterial caracterizada por elevada freqüência de fatores de risco e altas taxas

anuais de progressão de pré-hipertensão para HA.

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OBJETIVOS

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a incidência de hipertensão arterial em amostra populacional de adultos e

idosos da área urbana de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, para servir de subsídio

para políticas públicas de combate a HA.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Descrever as características socioeconômicas, demográficas, de estilo de vida e

antropométricas da população de estudo;

Identificar a incidência de hipertensão arterial;

Analisar a associação entre incidência de HAS e os fatores associados.

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MÉTODOS

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4 MÉTODOS

4.1 DELINEAMENTO AMOSTRAL

4.1.1 Delineamento do estudo e planejamento amostral

Trata-se de um estudo de coorte prospectivo, de base populacional, onde foram

pesquisados moradores adultos da área urbana de Cuiabá. O estudo de coorte original iniciou-

se em 2003, com pesquisa de campo realizada entre fevereiro de 2003 a agosto de 2004.

O tamanho amostral populacional da coorte original foi calculado considerando-se o

plano de amostragem aleatória simples com reposição. Estimou-se uma prevalência de

hipertensos de 20% (p=0,2) (BRASIL, 1993; RIBEIRO, 1996), com um erro amostral de 5%

e intervalo de confiança de 95%. Considerou-se a população estimada de Cuiabá em 474.458

habitantes (IBGE, 2000), resultando num plano amostral de 1.699 domicílios (CASSANELLI,

2005).

Realizou-se o estudo a partir de amostragem aleatória em múltiplos estágios, onde no

primeiro estágio foram considerados os setores censitários da zona urbana do município de

Cuiabá-MT; no segundo estágio, amostragem por quadras; no terceiro estágio, amostragem

por domicílios e; o quarto estágio constituiu-se no sorteio de um indivíduo adulto com idade

de 18 a 74 anos pertencente a cada domicílio escolhido aleatoriamente. Conforme as Figuras 1

a 3.

Do total de 1.699 indivíduos entrevistados entre 2003 e 2004, foram escolhidos como

população fonte para o seguimento apenas os indivíduos classificados anteriormente com pré-

hipertensos, ou seja, que tiveram sua PAS entre 120 e 139 mmHg e PAD entre 80 e 89

mmHg. A utilização desta população é uma sugestão do JNC VII (2003).

A prevalência de pré-hipertensão detectada no primeiro estudo foi de 23,6%,

compreendendo 400 indivíduos (CASSANELLI, 2005).

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Figura 1- Google Maps: área urbana de Cuiabá demarcada com o número de pessoas por setor

censitário que participaram do estudo de CASSANELLI, 2005

Figura 2- Google Maps: quadra sorteada em área demarcada de Cuiabá, 2005

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Figura 3- Google Maps: casa sorteada, após sorteio da face da quadra sorteada de Cuiabá, 2005

4.2 CRITÉRIO DE INCLUSÃO

O critério de inclusão foi ter participado do estudo anterior e ter sido classificado

como pré-hipertenso.

4.3 CRITÉRIO DE EXCLUSÃO

Foram excluídos os indivíduos acamados, inválidos, gestantes e lactantes.

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4.4 DEFINIÇÃO DAS VARIAVÉIS E INSTRUMENTOS DE MEDIDA

Os dados deste estudo foram obtidos a partir de inquéritos domiciliares

individualizados e medidas objetivas. Para não causar viéses nas análises comparativas entre

os estudos, adotamos todos os procedimentos realizados anteriormente e validados por

JARDIM et al. (2003a, 2003b) e CASSANELLI (2005), com complementação para raça/cor

autorreferida (IBGE, 2000) e classe econômica (ABEP, 2008).

4.4.1 Variáveis demográficas e socioeconômicas

a) Idade: expressa em anos completos, categorizada em faixas etárias de 20 a 90 anos;

b) Gênero: masculino e feminino;

c) Escolaridade: expressa em anos de estudo, segundo modelo utilizado por JARDIM et al.

(2003b) e CASSANELLI (2005), categorizado em quatro variáveis: zero a quatro anos, cinco

a oito anos, nove a onze anos e doze ou mais anos;

d) Situação conjugal: com ou sem companheiro(a) conforme utilizado por JARDIM et al.

(2003a, 2003b) e CASSANELLI (2005);

e) Raça/cor autorreferida: branca, preta, parda, amarela e indígena (IBGE, 2000);

f) Número de moradores no domicílio: quantidade de moradores que dormem pelo menos três

noites por semana no domicílio do participante (JARDIM et al., 2003b);

g) Renda per capita mensal: foi realizado cálculo de renda familiar total dividida pelo número

de moradores do domicílio e foi analisada segundo valores de salários mínimos, vigentes no

ano de 2009 (R$ 465,00): até ½ salário mínimo; mais de ½ a 2 salários mínimos, mais de 2 a

5 salários mínimos; mais de 5 a 10 salários mínimos e mais de 10 salários mínimos, segundo

Pesquisa de Orçamentos Familiares (IBGE, 2006);

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h) Classe econômica: classificados segundo o Critério de Classificação Econômica do Brasil

da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa que utiliza informações sobre a posse de

determinados itens de conforto, presença de empregados domésticos e escolaridade do chefe

da família. Essa classificação enquadra as pessoas nas classes A a E, a partir dos cortes

alcançados (ABEP, 2008) (ANEXO A).

4.4.2 Variáveis relacionadas aos hábitos de vida

a) Alimentares:

Em razão da dificuldade de se classificar e avaliar os hábitos alimentares optou-se por

manter o questionário utilizado por JARDIM et al. (2003a, 2003b) e CASSANELLI (2005):

- Consumo de gordura: leve, moderado e excessivo;

- Utilização de adoçante: se usa, não usa ou às vezes usa;

- Consumo de sal: nunca consome, consome quando a comida não está salgada e sempre

consome;

- Faz refeições assistindo a televisão/computador: sim, não ou às vezes;

- Total de refeições por dia: menor ou igual a duas, três e quatro ou mais;

- Uso de café: nunca, menos que uma vez por semana, uma a seis vezes por semana e todos os

dias.

b) Prática de atividade física:

Considerou-se se o indivíduo realizava atividade física no trabalho e/ou nos momentos

de folga, segundo critérios estabelecidos por MATSUDO et al. (2001) e utilizados por

CASSANELLI (2005). Desta forma, foram consideradas as seguintes categorias:

- sedentário: o participante que não realiza atividade física no trabalho e nos momentos de

folga;

- irregularmente ativo: subdividido em dois grupos: irregularmente ativo A - o participante

que realiza atividade física no trabalho e é sedentário nos momentos de folga e;

irregularmente ativo B - aquele que realiza atividade física nos momentos de folga e é

sedentário no trabalho;

- fisicamente ativo: o participante que realiza atividade física no trabalho e nos momentos de

folga.

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Na avaliação do nível de sedentarismo também foi determinada a quantidade diária de

horas assistidas de televisão e/ou computador, de acordo com CASSANELLI (2005).

c) Tabagismo:

Classificado em quatro subtipos, de acordo com JARDIM et al. (2003a, 2003b) e

CASSANELLI (2005):

- tabagismo diário: foi considerado tabagista aquele que relatou fumar pelo menos um cigarro

por dia;

- tabagismo ocasional: o participante que não fuma todos os dias;

- ex-tabagista: aquele que fumou regularmente no passado e abandonou completamente o

tabagismo há mais de seis meses;

- não tabagista: participante que nunca fumou.

d) Hábito Alcoólico:

Foi identificado se o participante consumiu bebida alcoólica e sua bebida favorita,

segundo critérios de JARDIM et al. (2003a, 2003b) e CASSANELLI (2005).

e) Conhecimento, tratamento e controle da hipertensão arterial:

Os indivíduos foram avaliados quanto ao conhecimento (se “sabiam”) de ser

hipertenso, se “realizavam ou não” tratamento anti-hipertensivo e, “se a PA estava ou não, sob

controle” (JARDIM et al., 2003a, 2003b; CASSANELLI, 2005).

4.4.3 Variáveis antropométricas

As variáveis antropométricas foram determinadas em duplicidade, sendo adotada para

fins de análise a média dos valores obtidos.

a) Pressão arterial:

Para a medida da PA foram utilizados esfigmomanômetros eletrônicos, automáticos,

oscilométricos (OMRON-HEM 705 CP®), os quais foram previamente enviados à fábrica

para revisão total e recalibragem. Para todos os equipamentos utilizados foram emitidos

“Atestados de Qualidade” (ANEXO B). Este equipamento foi escolhido por diminuir a

influência do entrevistador na medida da pressão arterial, por ter alta sensibilidade e

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especificidade e por já ter sido validado internacionalmente em estudos epidemiológicos e de

base populacional (ARTIGAO et al., 2000; JARDIM et al., 2003a, 2003b; CASSANELLI,

2005; VERA-CALA et al., 2011). Os seus resultados são comparáveis aos obtidos por meio

das medidas com esfigmomanômetros de coluna de mercúrio (padrão ouro).

Durante a medida foi solicitado ao indivíduo manter-se em posição sentada e

respeitando todos os critérios definidos pelas VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (SBH,

SBC, SBN, 2010).

Antes da medida o indivíduo permaneceu em repouso por cinco minutos em ambiente

calmo e temperatura agradável, em posição confortável, com o braço ligeiramente flexionado,

apoiado sobre uma superfície firme e com a palma da mão voltada para cima. Após a

explicação detalhada dos procedimentos ao participante foi perguntado se não estava com a

bexiga cheia, se tinha praticado exercícios físicos ou ingerido bebidas alcoólicas, café,

alimentos ou fumado nos 30 minutos que antecederam à medida. Foi solicitado também que

não falasse durante o procedimento.

O manguito do esfigmomanômetro, de dimensões proporcionais à circunferência do

braço, foi posicionado firmemente dois a três centímetros acima da fossa antecubital,

centralizando-se a bolsa de borracha sobre a artéria braquial. A PA foi medida no braço

esquerdo e ao final da entrevista o participante foi informado dos valores obtidos.

Foram realizadas três medidas da PA com intervalo de 10 minutos entre cada uma. A

primeira medida foi descartada por sofrer a influência do fenômeno conhecido por

hipertensão arterial do “avental branco”. Para o cálculo final foi considerada a média das duas

últimas medidas (SBC, SBH, SBN, 2010).

Foi considerado portador de HAS o indivíduo que apresentou a média das duas

últimas medidas de PAS/PAD ≥ 140/90 mmHg ou aqueles indivíduos sabidamente

hipertensos, que estavam ou não em uso de medicação anti-hipertensiva, independente do

valor pressórico apresentado (SBC, SBH, SBN, 2010).

A partir do cálculo da média da segunda e da terceira medida da PA, e segundo as VI

Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (SBC, SBH, SBN, 2010), os participantes foram

classificados em:

• PA ótima: PAS <120 e/ou PAD < 80 mmHg;

• Pré-hipertensão (normal + limítrofe): PAS 120-139 e PAD 80-89 mmHg;

• HAS 1: PAS 140-159 e/ou PAD 90-99 mmHg;

• HAS 2: PAS 160-179 e/ou PAD 100-109 mmHg;

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• HAS 3: PAS > 179 e/ou PAD > 109 mmHg.

Observado pressões sistólicas ou diastólicas de estágios diferentes, o seguimento

recomendado foi definido pelo maior nível de pressão.

b) Peso:

Para obtenção do peso corporal registrado em quilograma (Kg) foi utilizada balança

digital (PLENNA LITHIUM DIGITAL MEA 08128®) portátil com pesagem máxima de 150

Kg e variação mínima de 0,2 Kg. Para a pesagem, a balança ficou em local plano e o

indivíduo permaneceu em posição ortostática, trajando roupas leves, braços estendidos ao

longo do corpo e sem calçados, anotando-se imediatamente o valor estabilizado no visor da

balança, conforme a técnica recomendada pelo fabricante e validado por GORDON et al.

(1988).

c) Estatura:

Para obtenção da estatura, registrada em centímetros (cm), foi utilizado estadiômetro

portátil (SECA BODYMETER 208®) de 200 cm de extensão com intervalos de 1 (um)

milímetro (mm) fixada em parede lisa sem rodapé ou portal.

Para a medição, o indivíduo ficou em posição ortostática, sem calçados, pés unidos e

braços estendidos ao longo do corpo, encostado no plano vertical da haste, olhando para

frente, posicionado firmemente contra a parte superior da cabeça comprimindo-se levemente

o cabelo. Foi solicitado aos participantes que retirassem diademas e prendedores de cabelo,

segundo técnica de GORDON et al. (1988).

d) Circunferência da cintura e do quadril:

As circunferências da cintura e do quadril foram medidas em duplicata, registradas em

centímetros (cm), com fitas métricas flexíveis e inextensíveis (CARDIOMED®). Para

obtenção destes valores a fita foi posicionada com firmeza em torno do local do corpo a ser

medido, sem esticá-la excessivamente, evitando-se a compressão do tecido subcutâneo. A

leitura foi feita no centímetro mais próximo onde a fita cruzou o ponto zero, considerando-se

para análise a média de duas medidas.

A medida da circunferência da cintura foi realizada, segundo a técnica de

CALLAWAY et al. (1988), com o indivíduo em posição ereta e em pé, obtida no plano

horizontal ao nível da cintura ou na parte mais estreita entre a crista ilíaca anterior superior e a

última costela com precisão de 0,1 cm, considerando-se que este ponto reflete com maior

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acurácia o tecido adiposo visceral (WANG et al., 2003). Os indivíduos foram classificados de

acordo com o risco de desenvolvimento de complicações metabólicas.

A medida da circunferência do quadril foi realizada segundo padronização de

CALAWAY et al.(1988), determinada no plano horizontal, ao nível da circunferência

máxima, na altura da extensão máxima das nádegas, ou seja, na área de maior protuberância

dos glúteos.

e) Cálculo dos Índices Antropométricos:

Índice de Massa Corporal (IMC)

O Índice de Massa Corporal, conhecido como “Índice de Quetelet”, foi calculado

dividindo-se o peso do indivíduo pela sua altura ao quadrado, ou seja: IMC = Peso (kg)/

Altura (m2).

Para avaliação do estado nutricional os participantes foram classificados, conforme

preconiza a OMS e o Ministério da Saúde, em seis categorias: menor que 18,5 - baixo peso;

18,5 a 24,9 - normal; 25 a 29,9 - sobrepeso; 30 a 34,9 - obesidade I; 35 a 39,9 - obesidade 2;

40 ou mais - obesidade 3 (WHO, 1998; BRASIL, 2008).

Relação Cintura / Quadril

Outro parâmetro utilizado para completar a avaliação nutricional foi a relação

cintura/quadril (RCQ), que calcula a distribuição da gordura a partir da divisão das

circunferências da região abdominal (cintura) pela da região glútea (quadril). Para esta

avaliação foram utilizados os pontos de corte definidos pela WHO (1998).

4.5 COLETA DE DADOS

4.5.1 Equipe de campo e treinamento dos entrevistadores

A equipe de pesquisa foi constituída por um coordenador geral do projeto, um

supervisor, dez entrevistadores selecionados entre estudantes do 4º ano do curso de Medicina

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da Universidade de Cuiabá organizados em cinco duplas denominadas “pesquisadores de

campo”.

A escolha da dupla foi por critérios de afinidade e logística. As duplas receberam

treinamento em junho de 2010 para realizar as entrevistas domiciliares e executar as medidas

objetivas de maneira padronizada e sem subjetividade. O treinamento, com a presença de

todos os estudantes participantes, consistiu na realização de diversas oficinas de trabalho com

o auxílio do “Manual do Entrevistador” contendo orientações sobre o processo da entrevista,

esclarecimentos quanto à maneira correta de abordagem do entrevistado e ao uso adequado

das técnicas de obtenção dos dados antropométricos e medida da PA, assim como, foi-lhes

ponderado a necessidade da confidencialidade dos dados e a importância de manter um

ambiente agradável e natural no momento da entrevista.

Os estudantes treinados foram supervisionados periodicamente por meio de contatos

telefônicos com os entrevistados ou revisita por sorteio de domicílios já visitados.

Os entrevistadores portaram crachás de identificação com a logomarca da pesquisa.

4.5.2 Estudo piloto

Um estudo piloto foi realizado em junho de 2010 com a finalidade de testar a

adequação do questionário, manual do entrevistador e os procedimentos propostos,

padronizando a forma de obtenção dos dados, o modo de formulação das perguntas e

aprimorando a habilidade dos entrevistadores. Cada dupla de entrevistadores aplicou o

questionário realizando a coleta de dados em dez voluntários.

4.5.3 Visitas domiciliares e coleta de dados

As visitas domiciliares e a coleta de dados foram realizadas nos meses de julho a

outubro de 2010 com a participação e supervisão direta do autor do estudo. Foi realizada

busca ativa de todos os indivíduos que tinham nome e endereços completos, por meio de

contato telefônico e visita domiciliar, com três tentativas para cada indivíduo, aplicando os

critérios de exclusão anteriormente descritos. Como ferramenta de localização de endereços

utilizou-se: o programa GOOGLE MAPS® com o nome das ruas de Cuiabá, aparelhos digitais

com o sistema GLOBAL POSITIONING SYSTEM (GPS) e mapas cartográficos da cidade

(Figura 4).

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Figura 4- Google Maps: utilização de GPS, GOOGLE MAPS® e mapas cartográficos para identificação dos endereços

Todos os indivíduos localizados foram convidados a agendarem uma entrevista de

cerca de 30 minutos em um momento que não causasse desconforto ou interferência em sua

rotina. Os participantes responderam a um questionário previamente testado sobre dados

sociodemográficos, de hábitos de vida (consumo de sal e gordura, atividade física, hábitos

tabágico e alcoólico) e informações sobre conhecimento, tratamento e controle de HAS (Vide

Questionário - ANEXO C).

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4.5.4 Controle de qualidade

O controle de qualidade da coleta de dados consistiu num minucioso treinamento das

equipes de campo, na criteriosa verificação e revisão de todas as informações coletadas nos

domicílios e na dupla digitação do banco de dados. Também, o supervisor acompanhou

minuciosa e criteriosamente todas as fases da pesquisa.

4.6 ARMANEZAMENTO E ANÁLISE DE DADOS

Os dados foram duplamente digitados no MICROSOFT EXCEL®, onde foram

armazenados com utilização de back-up digital e impressos periódicos.

Para análise, foram utilizados o programa MINITAB® versão 15.0 e STATA® versão

10.0.

Aplicaram-se estatísticas descritivas como tabelas, gráficos, medidas de posição e

variação; estatísticas inferenciais como razão de prevalência com respectivos intervalos de

95% de confiança; assim como, o teste de associação entre as variáveis, verificado por meio

do qui-quadrado (χ2) de Pearson, com nível de significância de p <0,05. Para as frequências

menores que cinco realizou-se o teste exato de Fisher.

A análise de regressão múltipla de Poisson foi realizada considerando que o desfecho

apresentou prevalência de 26,3% de hipertensão arterial (SPIEGELMAN e HERTZMARK,

2005; SZKLO e NIETO, 2007; COUTINHO et al., 2008; HIRAKATA, 2009) e, também,

pelo fato do desfecho do estudo apresentar duas categorias (ser ou não hipertenso) em relação

as variáveis independentes (GRIMES e SCHULZ, 2002).

As variáveis independentes foram introduzidas no modelo considerando o desfecho

(variável dependente), sendo utilizado o processo passo a passo para frente (stepwise

forward). As variáveis que apresentaram p < 0,20 na análise bivariada, foram introduzidas na

análise de regressão, conforme o modelo adaptado de STUMER et al. (2006) apresentado na

Figura 5, e permaneceram segundo o seu nível de significância (p < 0,05).

O modelo final da regressão foi composto pelas variáveis que apresentaram nível de

significância menor que 0,05 (p < 0,05).

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Figura 5- Modelo de análise da incidência de hipertensão arterial na população urbana de Cuiabá-

MT, adaptado de STUMER et al. (2006)

4.7. ASPECTOS ÉTICOS

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário

Júlio Müller da UFMT, sendo aprovado em 9 de dezembro de 2009 de acordo com o

protocolo 717/CEP-HUJM/09 (ANEXO D).

Como já citado no item 4.5.3 - Visitas domiciliares e coleta de dados, os candidatos

participantes encontrados foram convidados a agendarem uma entrevista de cerca de 30

minutos para a leitura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (ANEXO E),

para o aceite ou recusa do mesmo, aplicação do questionário e coleta dos dados

antropométricos. Após o consentimento inicial foram combinados a data, horário e duração da

entrevista, preferencialmente em um momento que não se causasse desconforto ou

interferência na rotina de vida dos participantes.

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Na visita (pré-agendada), inicialmente, foram explicados, verbalmente, os objetivos da

pesquisa e sua forma de realização. Em seguida, procedeu-se a leitura e explicação do TCLE,

conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde de 10 de outubro de 1996, para

obtenção da assinatura do entrevistado. Após a assinatura do TCLE foi realizada a coleta de

dados (questionário e medidas objetivas) no próprio domicílio do participante, que foi

informado acerca do caráter sigiloso dos dados obtidos e da possibilidade de desistir

livremente em qualquer momento do estudo.

Ainda na entrevista, os participantes receberam instruções sobre hábitos saudáveis e

informações sobre mudança do estilo de vida e fatores de risco cardiovascular, ações de

Educação em Saúde objetivando a difusão e consolidação destas informações no seu ambiente

familiar e social.

Quando se mostrou necessário, os participantes da pesquisa foram encaminhados ao

Hospital Universitário Júlio Müller para fins de tratamento em ambulatório de Clínica Médica

e/ou Especialidades.

4.8. DIVULGAÇÃO DOS DADOS E RESULTADOS ESPERADOS

Os resultados e conclusões do estudo serão publicados na forma de artigos científicos

em periódicos nacionais e/ou internacionais, além de serem objetos de “Comunicação” às

Secretarias de Saúde do município de Cuiabá e do estado de Mato Grosso. Será elaborado um

“Relatório Final” com os resultados e conclusões do presente estudo com o objetivo de

fornecer informações úteis ao desenvolvimento de ações de promoção e prevenção da saúde,

no âmbito das DCV.

À comunidade cuiabana oferecer-se-ão subsídios técnicos e científicos úteis à

formulação de políticas públicas de prevenção e tratamento da hipertensão arterial e fatores

associados. Sempre que possível, tentar-se-ão contatos com a comunidade estudada através

dos meios de comunicação.

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RESULTADOS

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5 RESULTADOS

Do total de 1.699 indivíduos residentes na área urbana do Município de Cuiabá do

estudo original realizado entre 2003 e 2004, distribuídos proporcionalmente entre as quatro

macrorregiões da cidade, foram consolidados informações de 400 indivíduos (população

fonte) que se apresentavam pré-hipertensos (PAS/PAD ≥ 120-139 e 80-89 mmHg).

Dos 400 indivíduos pré-hipertensos, apenas 359 (89,8%) apresentaram dados

suficientes no questionário para o presente estudo, em especial os dados de contato e

localização do domicílio para rastreamento após 6,8 anos de seguimento.

Todos os 359 indivíduos foram buscados ativamente, por meio de contato telefônico e

visita domiciliar, com o mínimo de três tentativas para cada indivíduo. Os falecidos,

acamados, inválidos, gestantes, lactantes, os não encontrados em casa após as três tentativas e

os não localizados foram excluídos do estudo.

Dos 359 indivíduos, foram localizados 321 (89,4%) por meio de diversas estratégias:

visitas locais, contatos telefônicos, Google Maps®, equipamentos de GPS e mapas

cartográficos dos bairros de Cuiabá.

Dos 321 endereços obtidos:

• 171 (53,27%) foram efetivamente entrevistados;

• 85 (26,47%) não foram localizados após busca de campo, pois a rua ou o domicílio

não existiam mais;

• 45 (14,01%) endereços existiam, mas os participantes mudaram para outras cidades;

• 10 (3,11%) faleceram;

• 8 (2,49%) recusaram-se participar do estudo;

• 2 (0,62%) foram excluídos por invalidez.

Na Figura 6 pode-se observar a população amostral do presente estudo selecionada por

meio de amostragem sistemática, sem reposição, a partir da população fonte.

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Figura 6- Distribuição da população amostral de indivíduos pré-hipertensos, residentes na região

urbana do município de Cuiabá-MT, 2010

5.1 DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO DE ESTUDO

5.1.1 Características demográficas e socioeconômicas

Dos 171 indivíduos entrevistados, 106 (61,9%) eram do gênero masculino e 65

(38,0%) do feminino. A idade média e o erro padrão da população amostral foram de 46,6 ±

13,5 anos. As mulheres apresentaram idade média de 49,4 (± 12,3) anos e os homens 44,8 (±

14,0) anos. Houve maior concentração de indivíduos na faixa etária de 30 a 39 anos (26,32%,

n=45), sendo que 74 (43,2%) estavam na faixa etária de 40 a 59 anos e 19,8% (N= 34) tinham

idade ≥ 60 anos.

Foi observado que 72,5% dos indivíduos autorreferiram cor não branca (negra, parda,

amarela e indígena) sendo que destes, 50,8% (N= 87) eram de cor parda. Quanto à

escolaridade 57,3% relataram 9 ou mais anos de estudo, enquanto 42,6% freqüentaram a

escola por ≤ 8 anos, com média de 9,5 +/- 5,1 anos de estudo. Em relação à situação

conjugal, 66,6% (N= 114) dos entrevistados referiram ter companheiro(a) e 74,2% (N= 127)

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dos indivíduos habitavam em domicílios com até 4 moradores. A renda média per capita

mensal familiar dos participantes foi de R$ 902,20 (novecentos e dois reais e vinte centavos),

sendo que 67,8% relataram viver com menos de dois salários mínimos. Em relação à classe

social, 44,4% pertencia à classe C, 42,1% eram das classes A e B e 13,4% da classe D,

conforme ABEP (2008).

Tabela 3- Distribuição da população de estudo segundo variáveis socioeconômicas e demográficas,

Cuiabá-MT, 2010

Variáveis Categorias Nº Indivíduos (n) %

Informações demográficas (n= 171) Sexo Masculino 106 61,99 Feminino 65 38,01

Idade (anos) 20 – 29 18 10,53 30 – 39 45 26,32 40 – 49 39 22,81 50 – 59 35 20,47 60 – 69 24 14,04 70 ou mais 10 5,85

Cor/raça Branca 47 27,49 Negra 31 18,13 Parda 87 50,88 Amarela 3 1,75 Indígena 3 1,75

Informações socioeconômicas (n= 171) Escolaridade (anos de estudo) 0-4 48 28,07 5-8 25 14,62 9-11 57 33,33 12 ou mais 41 23,98

Situação conjugal Com companheiro 114 66,67 Sem companheiro 57 33,33 Nº de moradores no domicílio Até 4 127 74,27 5 a 6 34 19,88 7 ou mais 10 5,85

Renda familiar per capita mensal 0 -½ 18 10,53 (salário mínimo) ½ - 2 98 57,31 2 - 5 46 26,9 5 - 10 6 3,51 10 ou mais 3 1,75

Classe econômica A 13 7,6 B 59 34,5 C 76 44,44 D 23 13,45 E 0 0,00

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Gráfico 3- Incidência de hipertensão arterial (%) por faixa etária (anos) em Cuiabá-MT, 2010

(p<0,005)

Gráfico 4- Incidência de hipertensão arterial (%) por faixa etária (ano) e gênero em Cuiabá-MT, 2010

(p<0,520)

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5.1.2 Hábitos alimentares e estilo de vida

As Tabela 4 e 5 descrevem a distribuição da população de estudo em relação às

características de hábitos alimentares e estilo de vida. Observou-se que 68,4% dos

participantes referiram consumo moderado e excessivo de gordura, 12,2% utilizavam

adoçante e 10,5% sempre adicionavam sal na comida antes de experimentar os alimentos. A

maioria dos entrevistados (76,6%) ingeria café diariamente, 44,4% faziam três refeições por

dia, um terço (33,9%) realizavam as refeições assistindo televisão, percentual muito próximo

dos que não assistiam TV durante as refeições e daqueles em que este hábito não era

freqüente (Tabela 4).

Tabela 4- Distribuição da população de estudo segundo hábitos alimentares e estilo de vida, Cuiabá-

MT, 2010

Variáveis Categorias Nº Indivíduos (n) %

Informações sobre hábitos alimentares (n= 171) Consumo de gordura excessivo 51 29,82

moderado 66 38,60 leve 54 31,58

Consumo de adoçante sim 21 12,28 não 136 79,53 às vezes 14 8,19

Acrescenta sal a comida nunca 86 50,29 quando não está salgada 67 39,18 sempre 18 10,53

Consome café nunca 20 11,70 < 1x/semana 7 4,09 1 – 6 x/semana 13 7,60 diariamente 131 76,61

Faz refeições assistindo TV sim 58 33,92 não 61 35,67 às vezes 52 30,41

Total de refeições por dia 1 4 2,34 2 36 21,05 3 76 44,44 4 40 23,39 5 12 7,02 6 3 1,75

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O sedentarismo foi observado em 26,9% dos participantes, sendo que 52,6% relataram

assistir televisão e/ou lidar com computador por mais de 2 horas por dia. Quanto ao

tabagismo, 53,2% relataram não fumar, 30,4% eram ex-fumantes e 13,4% fumavam

diariamente. Quanto à ingestão de bebidas, a maioria (49,7%) tinha preferência por água ou

suco e 25,7% por bebida alcoólica, sendo que 53,2% relataram consumo de álcool diário

(Tabela 5).

Tabela 5- Distribuição da população de estudo segundo estilo de vida, Cuiabá-MT, 2010

Variáveis Categorias Nº Indivíduos (n) %

Informações de hábitos de vida (n= 171) Prática de atividade física sedentário 46 26,90 irregularmente ativo A 48 28,07 irregularmente ativo B 36 21,05 ativo 41 23,98

Horas de televisão por dia < 2 h 81 47,37 2 - 4 h 64 37,43 4 - 6 h 18 10,53 > 6 h 8 4,68

Tabagismo diário 23 13,45 ocasional 5 2,92 ex-fumante 52 30,41 não fumante 91 53,22

Bebida preferida água/suco 85 49,70 refrigerante 42 24,60 bebida alcoólica 44 25,70

Bebida alcoólica diariamente sim 91 53,22 não 80 46,78

5.1.3 Características antropométricas da população de estudo

Observou-se que 43,2% dos indivíduos tinham circunferência da cintura (CC) normal e

29,2% muito aumentada. A relação cintura/quadril (RCQ) estava aumentada em 41,5% dos

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participantes, sendo que 28,6% e 12,8% estavam na faixa de risco alto e muito alto,

respectivamente.

Confrontando a distribuição da população de estudo segundo a classificação do IMC,

verificou-se que a média do IMC foi 27,9 +/- 5,2 Kg/m2, que 28,6% eram obesos e 43,8%

estavam com sobrepeso (Tabela 6).

Tabela 6- Distribuição da população de estudo segundo dados antropométricos: circunferência da cintura, relação cintura/quadril e classificação do índice de massa corporal, Cuiabá-MT, 2010

Variáveis Categorias Nº

Indivíduos (n) %

Informações antropométricas (n= 171) Circunferência da Cintura Normal 74 43,27 Aumentada 47 27,49 Muito aumentada 50 29,24

Relação Cintura/Quadril Baixo 28 16,37 Moderado 72 42,11 Alto 49 28,65 Muito alto 22 12,87

Estado Nutricional (IMC) Magro 1 0,58 Normal 46 26,90 Sobrepeso 75 43,86 Obeso I 36 21,05 Obeso II 8 4,68 Obeso III 5 2,92

5.2 INCIDÊNCIA DE HIPERTENSÃO NA POPULAÇÃO DE ESTUDO

Analisando a população de estudo constituída por 171 pré-hipertensos (≥ 140/90

mmHg), segundo o critério das VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (SBC, SBH, SBN,

2010), observou-se incidência de hipertensão arterial em 58,5% (N=100). Os resultados deste

estudo apontam que a incidência de hipertensão arterial predominou no sexo feminino (61,5

vs 56,6%), de forma estatisticamente não significante (Tabela 7).

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As médias de PAS ( x = 134,9 ± 16,3 mmHg) e de PAD ( x = 82,4 ± 10,7 mmHg) do

sexo masculino não foram significantemente maiores que as médias de PAS ( x = 131,9 ±

17,8 mmHg) e de PAD ( x = 82,7 ± 9,5 mmHg) do sexo feminino (ρ = 0,820).

Tabela 7- Distribuição da população de estudo, discriminada por gênero, de acordo com a classificação da pressão arterial das VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão e/ou uso de anti-hipertensivos, Cuiabá-MT, 2010

Sexo p* Masculino Feminino TOTAL

n % n % n % Hipertensos 60 56,6 40 61,5 100 58,5

0,520 Normotensos 46 43,4 25 38,5 71 41,5

TOTAL 106 100 65 100 171 100 * p: nível de significância, incluindo usuários de medicação anti-hipertensiva; n: número de indivíduos

5.2.1 Conhecimento, tratamento e controle de hipertensão arterial na população

de estudo

Em relação à população de estudo que se tornou hipertensa (N=100), observou-se

que 32% desconheciam esta condição e 68% já sabiam serem hipertensos. Dentre os

hipertensos, 64,8% não estavam em tratamento e apenas 35,2% faziam tratamento, não

farmacológico ou uso de anti-hipertensivos.

Tabela 8- Distribuição da população de estudo quanto ao grau de conhecimento, tratamento e controle da hipertensão arterial, Cuiabá-MT, 2010

Categorias Nº de Indivíduos (n) %

Hipertensão presente (n=100) Desconhecida pelo indivíduo 32 32 Conhecida pelo indivíduo 68 68 TOTAL 100 100,0

Hipertensão conhecida (n=68) Não tratada 44 64,8 Tratada 24 35,2 TOTAL 68 100,0

Hipertensão conhecida e tratada (n=24) Sem controle 10 41,6 Controlada 14 58,4 TOTAL 24 100,0

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Dentre os que sabiam ser hipertensos e que estavam em tratamento, 58,4% (N=14)

tinham a PA controlada (critério: <140/90 mmHg) e 41,6% (N=10) não estavam sob controle,

levando à conclusão que 86% dos hipertensos não estavam com a PA sob controle no

momento da entrevista (Gráfico 5).

Gráfico 5- Controle da pressão arterial em indivíduos hipertensos em Cuiabá-MT, 2010

5.3 ANÁLISE BIVARIADA

A análise bivariada, tendo como desfecho a hipertensão arterial, mostrou diferenças de

risco entre as variáveis de estudo. As variáveis que apresentaram p < 0,20 na análise

bivariada constituíram a análise de regressão múltipla de Poisson.

5.3.1 Variáveis demográficas e socioeconômicas

Observou-se predomínio de hipertensão em idades mais avançadas. Os indivíduos com

idade ≥ 57 anos apresentaram prevalência de hipertensão 51% maior quando comparados aos

de idade inferior a 57 anos (RR= 1,51; IC 95%= 1,21-1,89). Os indivíduos de cor não branca

tiveram risco 27% maior de hipertensão, comparados aos de cor branca, mas com

insignificância estatística (p = 0,118).

Quanto ao número de moradores no domicílio, indivíduos que habitavam em casas

com mais de quatro moradores apresentaram risco 30% maior de ter HAS (RR= 1,30; IC

95%= 1,01-1,66), quando comparados àqueles com menos de quatro moradores no domicílio.

A renda também foi uma característica relacionada ao desenvolvimento da hipertensão, pois

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os indivíduos com renda média familiar mensal inferior a dois salários mínimos apresentaram

32% de excesso de risco de hipertensão (RR=1,32; IC 95%= 0,97-1,81) comparados aos com

renda superior a dois salários mínimos. O fato de ter ou não companheiro não se mostrou

significante estatisticamente. Participantes pertencentes às classes C/D/E apresentaram

incidência 29% maior de hipertensão dos que pertenciam às classes A/B (RR=1,19; IC 95%=

0,99-1,70), dados pontuados na Tabela 9.

Tabela 9- Incidência de hipertensão arterial, risco relativo, intervalo de confiança (IC 95%), segundo

características demográficas e socioeconômicas da população de estudo, Cuiabá-MT, 2010

Variáveis Categorias HA Não HA *RR *IC *p

n % n % (95%) (χ2)

(n= 171) Sexo Masculino 60 56,6 46 43,4 1 - - Feminino 40 61,5 25 38,5 1,09 0,84-1,40 0,520

Idade 20-59 anos 68 54,0 58 46,0 1 - - ≥ 60 anos 32 71,1 13 28,9 1,51 1,21-1,89 0,000

Cor/raça Branca 23 48,9 24 51,1 1 - - Não branca 77 62,1 47 37,9 1,27 0,92-1,75 0,118

Nº morador ≤ 4 69 54,3 58 45,7 1 - - no domicílio >4 31 70,4 13 29,6 1,30 1,01-1,66 0,061

Escolaridade ≥ 8 49 50,0 49 50,0 1 - - (anos de estudo) < 8 51 69,9 22 30,1 1,40 1,09-1,79 0,009

Situação S/companheiro 32 56,1 25 43,9 1 - - conjugal C/companheiro 68 59,7 46 40,3 1,06 0,81-1,40 0,660

Renda per capita ≥ 2 26 47,3 29 52,7 1 - - (salário mínimo) < 2 70 63,8 42 36,2 1,32 0,97-1,81 0,061 Classe econômica (A+B) 36 50,0 36 50,0 1 - - (C+D+E) 64 64,7 35 35,4 1,29 0,98-1,70 0,054

*RR: risco relativo; IC: intervalo de confiança; p-valor (χ2): Qui-quadrado de Pearson; S/companheiro: sem companheiro; C/companheiro: com companheiro; n: número de indivíduos

5.3.2 Variáveis alimentares e de hábitos de vida

Quanto aos hábitos alimentares entre os indivíduos que relataram consumo diário de

café, verificou-se risco, aproximadamente, 90% maior de hipertensão em relação aos que

apresentavam hábito ocasional consumo de café (Tabela 10).

Não foi observada diferença estatística significante entre as pessoas que consumiam

sal em grande quantidade comparadas às que não consumiam (58,8% vs 58,1%; RR= 1,01;

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IC95%= 0,79-1,30) e, de forma similar, as que consumiam gordura (60,7% vs 53,7%,

RR=0,88; IC 95%= 0,66-1,18), não justificando, portanto, inclusão de tais dados na análise

multivariada, sob o modelo de regressão múltipla de Poisson.

Quanto aos hábitos de vida, observou-se que os indivíduos que assistiam televisão

diariamente durante quatro ou mais horas, apresentaram risco 48% maior de hipertensão

(RR= 1,48; IC 95%= 1,17-1,88) comparados aos que informaram tempo inferior a quatro

horas. Os sedentários apresentaram 34% de excesso de risco de hipertensão (RR=1,34)

comparados aos fisicamente ativos e os fumantes 28% de excesso de risco (RR=1,28) em

relação aos não fumantes. Os indivíduos que faziam refeições assistindo TV e referiram

consumo de bebida alcoólica não apresentaram diferenças estatísticas (RR=0,80 e 0,99,

respectivamente), conforme dados na Tabela 10.

Tabela 10- Incidência de hipertensão arterial, risco relativo, intervalo de confiança (IC 95%), segundo hábito alimentar e estilo de vida da população de estudo, Cuiabá-MT, 2010

Variáveis Categorias HA Não HA *RR *IC *p n % n % (95%) (χ2)

(n= 171) Consumo de gordura Não 29 53,7 25 46,3 1 - - Sim 71 60,7 46 39,3 0,88 0,66-1,18 0,389 Consumo de sal Não 50 58,1 36 41,9 1 - - Sim 50 58,8 35 41,2 1,01 0,79-1,30 0,927 Consumo de café Ocasional 14 35,0 26 65,0 1 - - Diário 86 65,7 45 34,3 1,88 1,12-2,91 0,000 Nº de refeição/dia > 2 74 56,5 57 43,5 1 - - ≤ 2 26 65,0 14 35,0 1,15 0,88-1,51 0,338 Bebida preferida Não natural 42 48,8 44 51,2 1 - - Natural 58 68,2 27 31,8 0,72 0,55-0,93 0,010

Realiza refeições Não 41 67,2 20 32,8 1 - - assistindo TV Sim 59 53,6 51 56,4 0,80 0,62-1,02 0,084 Tempo que assiste < 4 h 79 54,5 66 45,5 1 - - TV ≥ 4 h 21 80,8 5 19,2 1,48 1,17-1,88 0,012 Prática de atividade Ativo 67 53,6 58 46,4 1 - - física Sedentário 33 71,7 13 28,3 1,34 1,05-1,71 0,032 Consumo de bebida Sim 53 58,2 38 41,8 1 - - alcoólica Não 47 58,8 33 41,2 0,99 0,77-1,28 0,946 Tabagismo Não fuma 80 55,9 63 44,1 1 - - Fuma 20 71,4 8 28,6 1,28 0,97-1,68 0,128

*RR: risco relativo; IC: intervalo de confiança; p-valor (χ2): Qui-quadrado de Pearson; n: número de indivíduos.

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5.3.3 Variáveis antropométricas e estado nutricional

Em relação à adiposidade localizada, houve prevalência de hipertensão em 66% dos

indivíduos com circunferência da cintura aumentada, caracterizando uma associação linear

direta entre CC e hipertensão (RR= 1,36; IC 95%= 1,03-1,78), com excesso de risco de 36%.

De forma similar, quanto ao estado nutricional, os indivíduos obesos apresentaram risco 53%

maior de hipertensão (RR=1,53, IC 95%= 1,21-1,92) comparados aos não obesos. A relação

cintura/quadril não mostrou associação com hipertensão arterial (Tabela 11).

Tabela 11- Incidência de hipertensão arterial, risco relativo e intervalo de confiança (IC 95%) segundo

características antropométricas e estado nutricional da população de estudo, Cuiabá-MT, 2010

Variáveis Categorias HA Não HA *RR *IC *p

n % n % (95%) (χ2)

(n= 171) Circunferência da Normal 36 48,6 38 51,4 1 - -

Cintura (CC) Aumentada 64 66,0 33 34,0 1,36 1,03-1,78 0,022

Relação cintura/ Normal 16 57,1 12 42,9 1 - - quadril (RCQ) Aumentada 84 58,7 59 41,3 1,03 0,73-1,46 0,875

Estado nutricional Não obesos 62 50,8 60 49,2 1 - - Obesos 38 77,6 11 22,4 1,53 1,21-1,92 0,001

*RR: risco relativo; IC: intervalo de confiança; p-valor: Qui-quadrado de Pearson; n: número de indivíduos

5.4 ANÁLISE MULTIVARIADA ENTRE AS VARIÁVEIS INDEPENDENTES DO

ESTUDO DE INCIDÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL

Foi realizada análise multivariada segundo o modelo de regressão múltipla de Poisson

pelo processo stepwise forward. As variáveis de interesse foram introduzidas como variáveis

contínuas, de acordo com modelo de análise apresentado na metodologia deste estudo,

segundo o p - valor obtido na análise bivariada (p < 0,20).

Sob este modelo, foram analisadas as seguintes variáveis: idade, raça/cor, número de

moradores no domicílio, escolaridade, renda, classe econômica, consumo de café, bebida

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preferida, se realizava refeições assistindo TV, tempo que assistia TV diariamente, prática de

atividade física, tabagismo, circunferência da cintura e estado nutricional (Tabela 12).

Tabela 12- Análise das variáveis independentes de incidência de hipertensão da população de estudo, segundo o modelo de regressão múltipla de Poisson, Cuiabá-MT, 2010

Variáveis Categorias HA Não HA *RR *IC *p-valor n % n % (95%) (χ2)

(n= 171) Idade 20-59 anos 68 54,0 58 46,0 1 - - ≥ 60 anos 32 71,1 13 28,9 1,51 1,21-1,89 0,000

Cor/raça Branca 23 48,9 24 51,1 1 - - Não branca 77 62,1 47 37,9 1,27 0,92-1,75 0,118

Nº morador no ≤ 4 69 54,3 58 45,7 1 - - domicílio >4 31 70,4 13 29,6 1,30 1,01-1,66 0,061

Escolaridade ≥ 8 49 50,0 49 50,0 1 - - (anos de estudo) < 8 51 69,9 22 30,1 1,40 1,09-1,79 0,009

Renda per capita ≥ 2 26 47,3 29 52,7 1 - - (salário mínimo) < 2 70 63,8 42 36,2 1,32 0,97-1,81 0,061

Classe econômica A+B 36 50,0 36 50,0 1 - - C+D+E 64 64,7 35 35,4 1,29 0,98-1,70 0,054

Consumo de café Ocasional 14 35,0 26 65,0 1 - - Diário 86 65,7 45 34,3 1,88 1,121-2,91 0,000

Bebida preferida Não natural 42 48,8 44 51,2 1 - - Natural 58 68,2 27 31,8 0,72 0,55-0,93 0,010

Realiza refeições Não 41 67,2 20 32,8 1 - - assistindo TV Sim 59 53,6 51 56,4 0,80 0,62-1,02 0,084

Tempo que assiste < 4 h 79 54,5 66 45,5 1 - - TV ≥ 4 h 21 80,8 5 19,2 1,48 1,17-1,88 0,012

Prática de Ativo 67 53,6 58 46,4 1 - - atividade física Sedentário 33 71,7 13 28,3 1,34 1,05-1,71 0,032

Tabagismo Não fuma 80 55,9 63 44,1 1 - - Fuma 20 71,4 8 28,6 1,28 0,97-1,68 0,128

Circunferência da Normal 36 48,6 38 51,4 1 - - Cintura (CC) Aumentada 64 66,0 33 34,0 1,36 1,03-1,78 0,022

Estado nutricional Não obeso 62 50,8 60 49,2 1 - -

Obesidade 38 77,6 11 22,4 1,53 1,21-1,92 0,001

*RR: risco relativo; IC: intervalo de confiança; p-valor: Qui-quadrado de Pearson; n: número de indivíduos

Segundo o modelo de regressão múltipla de Poisson, algumas variáveis independentes

tais como: antropométricas, de hábitos de vida e alimentares, demográficas e socioeconômicas

- consideradas fatores de risco, permaneceram associadas à variável desfecho - hipertensão

arterial.

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A obesidade, o tempo de TV diário maior que 4 horas, o consumo diário de café, a

renda familiar média mensal menor que 2 salários mínimos, habitar com mais de 4 moradores

no domicílio e idade maior ou igual a 60 anos mantiveram associação positiva,

estatisticamente significante, com a variável desfecho hipertensão, na população de estudo de

pré-hipertensos avaliada após 7 anos (Tabela 13).

Dentre as variáveis que permaneceram no modelo final, a obesidade representa 44%

maior risco (RR= 1,44; IC 95%= 1,16-1,79) de desenvolvimento de hipertensão, em relação

aos indivíduos eutróficos (Tabela 13).

Tabela 13- Modelo final de regressão múltipla de Poisson: variáveis associadas ao surgimento da hipertensão arterial na população de estudo, Cuiabá-MT, 2010

Variáveis Categorias RR IC (95%) p-valor (χ2)

(n= 171) Idade 20-59 anos 1 - - ≥ 60 anos 1,51 1,21 – 1,89 0,000

Estado nutricional Eutrófico 1 - - Obeso 1,44 1,16 – 1,79 0,001

Tempo que assiste < 4 horas 1 - - TV ≥ 4 horas 1,61 1,27 – 2,04 0,000

Consumo de café Não diário 1 - - Diário 1,75 1,18 – 2,61 0,005

Renda per capita ≥ 2 salários mínimos 1 - - mensal < 2 salários mínimos 1,34 1,01 – 1,77 0,041

Nº morador(es) no ≤ 4 moradores 1 - - domicílio >4 moradores 1,26 1,00 – 1,60 0,047

*RR: risco relativo; IC: intervalo de confiança; p-valor: Qui-quadrado de Pearson; n: número de indivíduos

Quanto às variáveis de hábitos de vida e nutricionais, os indivíduos com mais de

quatro horas diárias de televisão e/ou computador apresentaram risco 61% maior (RR= 1,61;

IC 95%= 1,27-2,04) de desenvolver hipertensão dos indivíduos com menos de quatro horas

deste hábito.

Quanto ao consumo diário de café, quando comparado ao consumo esporádico,

observou-se risco 75% maior (RR= 1,75; IC 95%= 1,18-2,61) para o desenvolvimento de

hipertensão.

As variáveis demográficas e socioeconômicas que mantiveram associação positiva

com o surgimento de hipertensão foram: renda familiar média mensal inferior a dois salários

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mínimos (RR= 1,34; IC 95%= 1,01-1,77) e habitar em domicílio com mais de quatro pessoas

(RR=1,26; IC 95%= 1,00-1,60) (Gráfico 6).

Finalmente, a variável idade revelou importante influência no desenvolvimento de

hipertensão arterial uma vez que os indivíduos de idade ≥ 60 anos apresentaram risco 51%

maior (RR= 1,51; IC 95%= 1,21-1,89) de desenvolver a doença, comparados aos de idade

inferior a 60 anos (Gráfico 6).

Gráfico 6- Incidência (%) de hipertensão arterial segundo fatores de risco em Cuiabá-MT, 2010

(p<0,005)

Diante dos dados apresentados, estipulado o modelo, foi construído o gráfico de

probabilidade normal dos resíduos (Gráfico 7) para verificar a suposição de normalidade dos

mesmos, ou seja, a adequação do modelo obtido na análise. De acordo com o gráfico, o

modelo encontrado é adequado, o que nos leva a afirmar que existe uma relação entre o

surgimento da hipertensão arterial e as variáveis da Tabela 13.

Essa adequação pode ser observada, pois, o gráfico apresenta uma distribuição normal

dos dados e uma linearidade na relação entre a variável resposta (hipertensão arterial) e as

variáveis associadas (idade, estado nutricional, tempo que assiste televisão, consumo de café,

renda per capita e número de moradores no domicílio).

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Gráfico 7- Representação da probabilidade normal dos resíduos no estudo de hipertensão arterial feito

em Cuiabá, 2010

Standardized Residual

Perc

ent

3210-1-2-3

99,9

99

9590

80706050403020

10

5

1

0,1

Normal Probability Plot of the Residuals(response is regress HAS)

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DISCUSSÃO

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6 DISCUSSÃO

Este estudo se insere no âmbito do “Projeto Centro-Oeste de Hipertensão Arterial”

desenvolvido desde 2002 pela Universidade Federal de Mato Grosso (Instituto de Saúde

Coletiva e Faculdade de Medicina) em cooperação com a Universidade Federal de Goiás

(Faculdade de Medicina e Liga de Hipertensão Arterial de Goiás). O objetivo maior deste

projeto é estimular e aprofundar o conhecimento da hipertensão arterial e fatores associados

nesta região do Brasil.

A coorte foi iniciada em 2003 pelo estudo “Prevalência de Hipertensão Arterial

Sistêmica e Fatores Associados na Região Urbana de Cuiabá: estudo de Base Populacional”

(CASSANELLI, 2005), sendo acompanhada a amostra de pré-hipertensos.

Os indivíduos não hipertensos da coorte original expostos aos fatores de risco

relacionados ao surgimento da HAS foram acompanhados, por um tempo médio de 6,8 anos,

com o objetivo de se avaliar a incidência de HAS na população adulta e idosa da área urbana

do município de Cuiabá no período de 2003 a 2010. Foram estudados os indivíduos com PA

normal na faixa de pré-hipertensão (PAS ≥ 120-130 e PAD ≥ 80-89).

Estudos de base populacional apresentam a vantagem de poderem representar o

conjunto total de onde foi retirada a amostra, constituindo-se em importante fonte de

informação para planejar, administrar, organizar e avaliar sistemas ou serviços de saúde

(ABRAMSON, 1997).

Este estudo é um estudo de coorte prospectivo, com as particularidades e limitações

deste tipo de desenho. A perda dos pré-hipertensos elegíveis, da população fonte, ficou em

níveis além do previsto. Perdas semelhantes ou superiores às deste estudo são observadas na

literatura e ocorrem, sobretudo, em estudos baseados em entrevista domiciliar, com referência

para realização de exames em outra data e local, a exemplo dos estudos de WOLF-MAYER et

al. (2003), VICTOR et al. (2004) e COOPER et al. (2005).

Diferenças na distribuição por sexo, faixa etária, hábitos alimentares, grau de atividade

física, além de características étnicas e genéticas, podem afetar a associação entre hipertensão

e demais variáveis independentes. Portanto, a incidência descrita neste estudo é representativa

de uma população brasileira urbana, heterogênea quanto à sua ascendência, constituída de

adultos e idosos na faixa etária acima de 18 anos.

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Nos últimos 20 anos, os 22 estudos brasileiros de base populacional que investigaram

a hipertensão arterial em todas as regiões do Brasil foram, predominantemente, estudos de

prevalência e de corte transversal (revisão em SCALA et al., 2011). O único estudo de

incidência de hipertensão arterial, de base populacional de coorte, é de MOREIRA et al.

(2008) realizado em Porto Alegre-RS. Já, o estudo CORDEIRO et al. (2004), também sobre

incidência, foi realizado com trabalhadores de um curtume de médio porte em Botucatu-SP,

não sendo portanto, referência para um estudo de base populacional.

O desfecho do presente estudo foi avaliado segundo medidas da PA e as variáveis

independentes principais (socioeconômicas, demográficas, de hábitos de vida, alimentares e

antropométricas), segundo critérios metodológicos rigorosos, que exigiram treinamento e

padronização dos examinadores, bem como elevada qualidade dos equipamentos de medida,

especialmente do de medição da PA.

Equipamentos eletrônicos de medida da pressão arterial têm sido usados e

recomendados por COOPER e ROTIMI (1997) para estudos populacionais e também estudos

epidemiológicos nas Américas, por consenso de grupo de trabalho que incluiu diversos

participantes dos “Joints” (PAN AMERICAN HYPERTENSION INITIATIVE, 2003). Uma

vez validados e, convenientemente aprovados, substituem com vantagem o aparelho de coluna

de mercúrio, especialmente onde estes sofrem restrições, além de serem mais adequados do

que os aneróides, mais propensos a erros.

Foram seguidas as recomendações das sociedades científicas que elaboraram as VI

Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (SBC, SBH, SBN, 2010) para a medida, diagnóstico e

classificação da PA, as técnicas originais recomendadas por CALLAWAY et al. (1988), para

a medida da CC e, a técnica de GORDON et al. (1988) para a obtenção do peso e da altura

para cálculo do IMC. Estas técnicas foram decisivas para garantir a qualidade dos dados

obtidos no presente estudo.

6.1. DESCRIÇÃO DA POPULAÇÃO DE ESTUDO

As perdas dos participantes, ocorridas no seguimento deste estudo, devem-se ao

intenso processo de migração interna observado em Mato Grosso, estado que passa por uma

fase de desenvolvimento econômico acelerado, em especial, o município de Cuiabá, cujo

crescimento populacional provocou profundas mudanças em diversos setores da sua área

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urbana. Na tentativa de minimizar estas perdas foram utilizadas estratégias, descritas

anteriormente no item 4.5.3.

Curiosamente, o instrumento Google Maps®, utilizado de forma inédita em pesquisa

epidemiológica, agilizou e facilitou, de forma significativa, a localização dos participantes

deste estudo, reduzindo as perdas.

Observou-se que, no presente estudo, 61,9% dos indivíduos eram do gênero

masculino, com média de idade de 46,6 anos. A maioria dos entrevistados pertencia à faixa

etária de 30 a 39 anos (26,3%), 43,2% à faixa de 40 a 59 anos e 19,8% com idade ≥ 60 anos.

A cor não branca representou 72,5% da amostra populacional estudada, sendo que, destes,

50,8% eram de cor parda. A maioria dos participantes tinha nove ou mais anos de estudo

(57,3%), renda per capita mensal familiar de R$ 902,20, sendo que 67,8% relataram viver

com menos de dois salários mínimos, 44,4% pertenciam à classe C e 42,1% à classe A e B.

Viviam com companheiro(a) 66,6% dos entrevistados, e 74,2% em domicílios com até quatro

moradores.

6.2. INCIDÊNCIA DE HIPERTENSÃO

No presente estudo observou-se incidência acumulada de HAS de 58,5% no período

2003-2010, estimando-se em 86% em período de 10 anos. Significa que, em 10 anos, 86%

dos pré-hipertensos da região urbana de Cuiabá evoluirão para a condição de hipertensão

arterial. A taxa de incidência acumulada neste estudo mostrou-se muito superior às descritas

nos estudos de Framingham, mas foi similar à encontrada no estudo TROPHY, onde cerca de

40% dos indivíduos pré-hipertensos desenvolveram hipertensão em dois anos e 68% em

quatro anos de seguimento. (VASAN et al., 2001; JULIUS et al., 2006).

Em Porto Alegre-RS, MOREIRA et al. (2008) relataram incidência acumulada de

HAS de 21,5%, valor inferior do encontrado no presente estudo. Considerando-se somente os

indivíduos pré-hipertensos de Porto Alegre-RS, observa-se uma incidência acumulada de

33%, valor ainda abaixo do encontrado neste estudo. Os autores do estudo de Porto Alegre-

RS verificaram taxa de incidência de hipertensão de 39 novos casos/1000 pessoas/ano,

enquanto que em Cuiabá-MT, observou-se incidência de 86 novos casos/1000 pessoas/ano.

As diferenças de incidência entre o estudo de MOREIRA et al. (2008) e deste estudo

podem ser explicados por um período de seguimento menor no estudo de Porto Alegre (5,6

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anos vs 6,8 anos), idade média menor (38,5 anos vs 46,6 anos), número de entrevistados maior

(589 vs 171), predomínio do gênero feminino (56,7% vs 38%), predomínio de raça/cor branca

(90% vs 27,5%) e populações amostrais classificadas com PA em diferentes faixas de

normalidade (não hipertensos vs pré-hipertensos).

Em relação ao gênero, observou-se incidência de hipertensão com predomínio em

mulheres (61,5 vs 56.,6%). Estes dados divergem da maioria dos estudos os quais observaram

predomínio de prevalência no sexo masculino (LÓLIO, 1990; MILL et al., 2004; MOREIRA

et al., 2008 e ROSÁRIO et al., 2009), porém coincidem com os resultados de PICCINI e

VICTORA (1994) e FLORÊNCIO et al. (2004).

6.3. ASSOCIAÇÃO ENTRE HIPERTENSÃO E AS VARIÁVEIS DE ESTUDO

Em relação à idade, os dados do presente estudo (média = 46,6) coincidem com os de

CORDEIRO et al. (2004) em população restrita de trabalhadores de um curtume de Botucatu-

SP, cuja média de idade foi de 48 anos. O presente estudo registrou significativo incremento

de incidência de hipertensão em relação à idade. Os indivíduos com 60 anos ou mais

apresentaram risco 51% maior de desenvolver hipertensão em relação aos de faixa etária

inferior a 60 anos, achados compatíveis com os observados por DANNENBERG et al.

(1988); HE et al. (1998); MOREIRA et al. (2008) e ROSÁRIO et al. (2009). Contrariamente,

o estudo de MANCILHA-CARVALHO e SOUZA E SILVA (2003) em população primitiva

de Yanomamis de Mato Grosso, não observou incremento da PA com o aumento da idade.

A maioria dos participantes deste estudo (57,3%) tinha 9 ou mais anos de estudo

(média 9,5 anos de estudo), semelhante à média observada por MOREIRA et al. (2008) em

Porto Alegre-RS (média de 8,7 anos de estudo). Prevalências mais elevadas de hipertensão

neste estudo foram observadas no estrato mais baixo de escolaridade, uma vez que os

indivíduos com menos de 8 anos de escola apresentaram incidência de hipertensão de 70% e

risco relativo de 40% superior aos de maior escolaridade. Ao ser introduzida no modelo de

regressão múltipla de Poisson, esta variável não manteve significância estatística. No entanto

baixa escolaridade surge como um dos fatores mais importantes associados à HA, com razões

de prevalência de 1,4 a 7,3 nas comparações entre analfabetos e entre aqueles com nível

universitário (ORTEGA et al., 1999).

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Segundo o estudo de Framingham (DANNENBERG et al., 1988), idade, gênero e cor

da pele constituíram fatores de risco para a hipertensão. Comparando o presente estudo com o

de HE et al. (1998), observa-se discordância quanto à cor da pele e incidência de hipertensão.

No entanto, coincide em relação à forte associação com aumento de idade e gênero, mesmo

após o controle destas variáveis. Quanto à situação conjugal, não foram observadas

associações significativas com hipertensão, em concordância com ZAITUNE et al. (2006) e

ROSÁRIO et al. (2009). Foi observado que os participantes que co-habitavam em domicílios

com mais de quatro pessoas apresentaram maior risco de hipertensão (26%), fato sem paralelo

em outros estudos.

Os resultados encontrados na análise da associação entre renda e hipertensão arterial

são controversos. Quanto a renda per capita, dois terços (67,8%) dos participantes tinham

renda inferior a dois salário mínimos, em concordância com os achados de CORDEIRO et al.

(2004). Esta população apresentou incidência de HAS de 63,8% com risco relativo 34%

superior aos indivíduos de maior faixa de renda, em consonância com as observações de

AYRES et al. (1991) e FREITAS et al. (2001). Este último estudo, realizado em Piracicaba-

SP, observou que indivíduos pertencentes a classes de baixa renda apresentavam maior

prevalência de hipertensão, com diferenças significativas entre os grupos de diferentes rendas

familiares (p < 0,05). MILL et al. (2004) também observaram, na cidade de Vitória-ES, maior

proporção de hipertensos nas classes de menor renda, ao contrário de GUS et al. (2004) que

não encontraram associação entre renda e HA. Já a divisão por classes econômicas deste

estudo não revelou associação com HA, uma vez que a classe C (44,4%) não diferiu das

classes A/B agrupadas (42,1%), em discordância com PICCINI e VICTORA (1994) que em

Pelotas-RS observaram maiores prevalências de hipertensão em categorias sociais menos

privilegiadas.

A avaliação dietética de sódio é extremamente complexa, já que sua ingestão diária

varia substancialmente, o que pode subestimar a quantidade de sódio ingerida, pois não levam

em consideração as diferenças interpessoais na adição de sal (ESPELAND et al., 2001). Além

disso, populações ocidentais com alto consumo de sal aparecem com maiores porcentuais de

hipertensão, enquanto as populações rurais ou primitivas que não faziam uso de sal de adição

apresentaram menores prevalências ou nenhum caso de HAS (INTERSALT, 1988).

No presente estudo, apenas 10,5% dos participantes informaram adição de sal

suplementar à comida. BARBA et al. (2008) observaram alto risco de hipertensão em

indivíduos inicialmente normotensos, identificados no passado como sensíveis ao sal, os quais

desenvolveram hipertensão em 80% no curso de 15 anos. No entanto, na população deste

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estudo, não foi observada associação entre ingestão adicional de sal e hipertensão, em

concordância ao descrito por PICCINI e VICTORA (1994). Entre as razões frequentemente

apontadas para explicar esta controvérsia, constam limitações de ordem metodológica, tais

como a não quantificação do sal ingerido na dieta, a não determinação da sensibilidade dos

indivíduos ao sódio e, ainda, o uso do método recordatório de informação.

Entre os entrevistados, 76,6% informaram consumo diário de café, com incidência de

65,7% de hipertensão e risco relativo 75% maior quando comparados aos que não consumiam

café diariamente (p < 0,05). Esta curiosa e controversa associação é suscetível de inúmeros

vieses, entre os quais, o mais citado é, a exemplo do sal, a não quantificação do consumo

diário desta bebida. Interessante relatar que ROSÁRIO et al. (2009), em estudo

epidemiológico populacional realizado em Nobres-MT, observou associação positiva entre

ingestão de uma substância estimulante parecida com o café - o guaraná ralado, de uso

corriqueiro naquela cidade, e prevalência de HAS (p<0,05), tema que merece novos estudos.

Os demais hábitos alimentares não apresentaram associação estatisticamente significante com

hipertensão.

Quanto às informações sobre hábitos de vida, verificaram-se porcentagens próximas

entre as categorias estudadas de prática de atividade física, com destaque para 26,9% de

indivíduos sedentários. De acordo com a literatura, o sedentarismo é um importante fator para

surgimento de doenças crônicas não transmissíveis, dentre elas a HAS (WHELTON et al.,

2002; WHO, 2002; FAGARD e CORNELISSEN, 2007), mas não foi observada associação

entre sedentarismo e incidência de HAS neste estudo, em concordância com ARAÚJO

(2003).

Em relação ao número de horas assistindo televisão ou lidando com o computador,

observou-se que 52,6% relataram ocupar mais de 2 horas diariamente para estas finalidades.

Os indivíduos que relataram 4 horas diárias, ou mais, assistindo TV ou usando computador

apresentaram risco 61% maior de hipertensão, quando comparados aos com menos de 4 horas

(p < 0,05). Este interessante achado, até este momento, carece de respaldo científico, uma vez

que pode ser influenciado por outras variáveis de confundimento, aconselhando-se que o tema

deva ser aprofundado por meio de estudos com poder estatístico mais adequado à situação em

questão.

Quanto ao hábito tabágico, 53,2% relataram não serem fumantes, 30,4% eram ex-

fumantes e 13,4% afirmaram fumar diariamente. O consumo de bebida alcoólica foi

observado entre 53,2% dos indivíduos, valor próximo ao valor encontrado no estudo de

CORDEIRO et al. (2004) que foi de 58%, sendo que, 25,7% relataram este tipo de bebida

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como a preferida. Os hábitos tabágico e alcoólico não mostraram associação com o

desenvolvimento de HA, achados corroborados por PICCINI e VICTORA (1994), FUCHS et

al. (1995) e ARAÚJO (2003).

Quanto às características antropométricas, 72,5% dos indivíduos estavam acima do

peso ideal: 43,8% com sobrepeso e 28,6% com obesidade; 41,52% tinham RCQ elevada,

43,2% CC normal e 29,2% CC muito aumentada. Apesar destes perfis antropométricos

desfavoráveis, o presente estudo registrou associação positiva apenas entre obesidade e

hipertensão, sendo que em 77,6% dos obesos desenvolveram-se HA, com risco relativo 53%

superior aos não obesos. Outros estudos confirmaram a relação direta entre obesidade e HA:

FUCHS et al. (1995); FLORÊNCIO et al. (2004); DE SIMONE et al. (2006); MOREIRA et

al. (2008); ROSÁRIO et al. (2009); CIPULLO et al. (2010); OLIVEIRA et al. (2010).

Em estudos prospectivos, o ganho de peso a médio e longo prazo aumentou

consideravelmente a incidência de hipertensão e a perda de peso reduziu esta incidência.

Estimativas do estudo de Framingham sugerem que cerca de 70% dos novos casos de

hipertensão arterial poderiam ser atribuídos à obesidade ou ao ganho de peso (HUBERT et al.,

1983). No Nurses’Health Study, um aumento de IMC de 1 kg/m2 foi associado a um aumento

de 12% no risco de hipertensão (HUANG et al., 1988).

Quanto ao conhecimento, tratamento e controle da hipertensão do grupo de indivíduos

hipertensos, um terço (32%) desconheciam esta condição. Dos que sabiam ser hipertensos

(68%), apenas cerca da metade destes (35,3%) faziam algum tipo de tratamento e a grande

maioria (86%) não tinha PA controlada. Entre os que faziam tratamento, 58,5% estavam com

a PA sob controle. Mas, em relação à totalidade dos pacientes (N=171) apenas 14% do total

de hipertensos estava com a PA sob controle. Estes dados são inferiores a média de controle

da PA (19,6%) de 14 estudos brasileiros realizados no período de 1995 a 2009 (revisão em

SCALA et al., 2011). Em Nobres-MT, ROSÁRIO et al. (2009) observaram que 24,2%

estavam com PA controlada, muito abaixo dos EUA (34%) do Third National Health and

Nutrition Examination Survey - NHANES III (JNC VII, 2003).

Sabendo que a hipertensão arterial é responsável por 80% dos casos de DCbV e 60%

dos casos de IAM, caracteriza-se, assim, um alarmante problema de saúde pública a ser

desafiada. Portanto, o desenvolvimento de políticas públicas de prevenção e combate torna-se

altamente necessário no combate a este agravo de saúde.

GUS et al. (2004) reforçam que a abordagem e controle da HAS devem respeitar as

influências da classe social, de escolaridade e da cultura na qual o indivíduo está inserido.

Algumas variáveis de estilo de vida, tais como, hábitos tabágico, alcoólico e alimentar

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(uso adicional de sal à mesa) não expressaram associação positiva com hipertensão, mediante

análise de regressão logística múltipla. É importante ressaltar que não foi possível quantificar

a ingestão de bebida alcoólica e sal entre os participantes do estudo, o que pode ter limitado a

investigação da associação entre estes hábitos de vida e hipertensão.

A análise das variáveis associadas ao surgimento da HAS por meio do modelo de

regressão logística confirma associações já descritas por outros estudos, como idade,

obesidade e baixa renda. Traz também para discussão, curiosas associações entre HAS e

consumo diário de café, tempo diário de TV/computador e número de moradores no

domicílio. O tipo de delineamento amostral deste estudo não permite estabelecer relações de

causalidade entre as variáveis apresentadas e desenvolvimento de hipertensão. Sugerem-se

novos estudos com maior poder estatístico com o objetivo de testar estas eventuais

associações.

Os resultados deste estudo apontam para um grave e preocupante panorama chamando

a atenção para a necessidade urgente de planejamento e execução de políticas públicas de

prevenção e combate à hipertensão, com o objetivo de minimizar a elevada morbidade e

mortalidade por doenças cardiovasculares nesta região do Brasil.

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CONCLUSÕES

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7 CONCLUSÕES

1. Observou-se incidência de hipertensão arterial em pré-hipertensos adultos e idosos da

área urbana de Cuiabá-MT de 58,5% em seguimento de 6,8 anos;

2. Sob análise de regressão logística, permaneceram associadas com o surgimento da

hipertensão arterial: idade superior a 60 anos, renda per capita mensal familiar inferior

a dois salários mínimos, obesidade, assistir televisão por quatro ou mais horas por dia,

consumo diário de café e habitar em domicílio com mais de quatro moradores;

3. Elevada incidência de hipertensão arterial foi observada em adultos e idosos de

população da área urbana de Cuiabá-MT, associados a alguns fatores de risco bem

conhecidos, alguns deles modificáveis, tais como, baixa renda e obesidade;

4. Algumas associações tais como: assistir televisão por quatro ou mais horas por dia,

consumo diário de café e habitar em domicílio com mais de quatro moradores carecem

de maiores estudos;

5. Os resultados deste estudo sugerem o planejamento e a execução de “Políticas

Públicas de Prevenção e Combate à Hipertensão” com o objetivo de reduzir a

morbidade e mortalidade causadas por este agravo de saúde nesta região do Brasil.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1 De acordo com o Estilo Vancouver.

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ANEXOS

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ANEXO A - Classificação Econômica do Brasil da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

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ANEXO B - Atestado de qualidade dos equipamentos utilizados no estudo

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ANEXO C - Questionário utilizado na coleta dos dados A – IDENTIFICAÇÃO:

1. Nome:

2. Idade (em anos completos): _____________anos

3. Sexo

• Masculino 1

• Feminino 2

Medida da PA (sentado) no membro superior esquerdo:

MEDIR A PRESSÃO ARTERIAL (PA 1) * PA 1 = __/__/__ x __/__/__ *considerar e respeitar todos os cuidados para uma boa medida. 4. Escolaridade: Freqüentou a escola?

• Sim 1

• Não (pular para o item 6) 2

5. Até que ano/série cursou? ___________série (ano)

• Primeiro grau 1

• Segundo grau 2

• Terceiro grau 3

• Antigo primário 4

• Antigo científico/normal 5

• Outro 6

• Não sabe 7

6. Sabe ler? Para quem tem menos de 4 anos de escolaridade).

• Sim 1

• Não 2

7. Qual a sua situação conjugal atual? (reside)

• Com companheiro 1

• Sem companheiro 2

8. Qual a sua raça ou cor?

• Branca 1

• Negra 2

• Parda 3

• Amarela 4

• Indígena 5

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(Continua)

(Cont. Questionário)

9. Apenas para as mulheres entrevistadas. (somar número de nascidos vivos e nascidos mortos).

Paridade: _________

10. Número total de moradores do domicílio: ___________ Enumerar todos os moradores (crianças e adultos), sem renda ou com renda individual (salário, pensão, aposentadoria, ajuda, etc.) • ________________________________________________________ Valor:_________________ • ________________________________________________________ Valor:_________________ • ________________________________________________________ Valor:_________________ • ________________________________________________________ Valor:_________________ • ________________________________________________________ Valor:_________________ • ________________________________________________________ Valor:_________________ • ________________________________________________________ Valor:_________________ • ________________________________________________________ Valor:_________________ • ________________________________________________________ Valor:_________________ • ________________________________________________________ Valor:_________________ • ________________________________________________________ Valor:_________________ • ________________________________________________________ Valor:_________________ RENDA TOTAL: _____________ (Após término da entrevista, dividir a renda total pelo número de moradores) RENDAPERCAPITA: ____________ 11. Classe econômica: total de pontos conforme tabela abaixo:______________

(Continua)

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(Cont. Questionário)

B – ALIMENTAÇÃO:

1. Você retira a gordura da carne?

• Sim 1

• Não 2

• Às vezes 3

2. Você retira a pele do frango?

• Sim 1

• Não 2

• Às vezes 3

3. Você usa adoçante?

• Sim 1

• Não 2

• Às vezes 3

4. Você coloca sal na comida, à mesa?

• Nunca 1

• Quando a comida não está salgada, o suficiente 2

• Sempre, antes de prová-la 3

5. Nos últimos 6 meses recebeu informações de como se alimentar melhor?

• Sim (Se sim, questão 6 da alimentação) 1

• Não (Se não, questão 7 da alimentação) 2

6. Quem orientou: (1 ou mais itens)

• Televisão 1

• Rádio 2

• Jornal 3

• Revista 4

• Vizinho, amigo 5

• Profissional de saúde 6

• Outros (especificar) :___________________________ 7

7. Você faz refeições assistindo televisão?

• Sim 1

• Não 2

• Às vezes 3

8. Quais destas refeições você faz regularmente Não Sim

• Café da manhã

• Lanche da manhã

• Almoço

• Lanche da tarde

• Jantar/lanche da noite

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(Continua)

(Cont. Questionário)

• Ceia

• Outros (além destas, faz outras refeições?). Especificar: _____________

9. Total de refeições por dia: _____________

10. Você mudou sua alimentação por razões de saúde durante o ano (últimos 12 meses passado

(últimos 12 meses)?

Não Sim

• Reduziu a quantidade de gordura

• Mudou o tipo de gordura

• Aumentou o usode vegetais/frutas

• Reduziu a quantidade de açúcar

• Reduziu a quantidade de sal

• Outros (especificar):_____________________

11. Agora vou avaliar o seu consumo alimentar no último ano. Faça um esforço para lembrar o que você costuma comer. Vou ler o nome dos alimentos evocê vai me dizer se come ou não o alimento. Se você comer, deve dizer também o número de vezes por semana ou mês que come cada um.

Alimentos Nunca Menos de 1x ao mês

(rara-mente)

1 a 3x ao mês

1x por sem

2 a 3x por sem. (poucas vezes na semana)

4 a 6x por sem. (quase

todos os dias)

1x ao dia (todos os

dias)

2ou+ vezes

por dia

Leites e Produtos derivados 1. Leite integral 2. Leite desnatado 3. Requeijão, iogurte ou

coalhada

4. Queijo 5. Creme de leite, manteiga de

leite

Carne e ovos 6. Carne de vaca 7. Frango 8. Peixe 9. Sardinha, atum 10. Carne de porco, lingüiça 11. Ovo frito, cozido, mexido,

omelete

12. Salsicha, mortadela, presunto

13. Miúdos, (miolo, rim, fígado, bucho e língua)

Gorduras 14. Margarina tradicional 15. Margarina light 16. Maionese 17. Óleo vegetal (soja, canola,

milho, etc.)

18. Azeite 19. Banha, torresmo, bacon

Cereais, pães e tubérculos 20. Batata, cará, mandioca,

inhame

(Continua)

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(Cont. Questionário) 21. Arroz cozido 22. Macarrão (molho,

manteiga, extrato)

23. Milho verde, angu, polenta, pamonha

Alimentos Nunca Menos de 1x ao mês

(rara-mente)

1 a 3x ao mês

1x por sem

2 a 3x por sem. (poucas vezes na semana)

4 a 6x por sem. (quase

todos os dias)

1x ao dia (todos os

dias)

2ou+ vezes

por dia

24. Massas (lasanha, raviole, etc)

25. Farinhas (mandioca, milho, fubá, mucilon, neston, farinha láctea, cereal matinal)

26. Bolachas, biscoitos, petas 27. Pão francês, pão de forma

Verduras e folhas 28. Alface 29. Acelga, repolho. 30. Couve, espinafre, chicória, rúcula, mostarda, almeirão, taioba, agrião

31. Tomate 32. Pepino, pimentão 33. Brócolis, couve-flor 34. Abobrinha, chuchu 35. Jiló, quiabo 36. Abóbora madura, kabutiá 37. Cenoura, beterraba, vagem

Frutas 38. Abacate, açaí 39. Abacaxi, melão, melancia 40. Banana 41. Laranja, mexirica 42. Maçã, pêra, mamão 43. Manga, goiaba, morango,

uva

44. Ameixa, caqui, pêssego 45. Castanha de caju, côco, amêndoa, amendoim, avelã, castanha do Pará

Leguminosas 46. Feijão, lentilha,,ervilhaetc.

Bebidas 47. Refrigerante normal 48. Refrigerante light, diet 49. Sucos de frutas (pacotinho) (Continua)

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(Cont. Questionário) 50. Sucos naturais com leite 51. Café

Salgados e preparações 52. Salgados fritos (pastel, coxinha, pastelão,quibe etc.)

(Cont.Questionário)

Alimentos Nunca Menos de 1x ao mês

(rara-mente)

1 a 3x ao mês

1x por sem

2 a 3x por sem. (poucas vezes na semana)

4 a 6x por sem. (quase

todos os dias)

1x ao dia (todos os

dias)

2ou+ vezes

por dia

53. Salgados assados (esfira, empada, enroladinho)

54. Salgadinhos de pacote (skine, fandangos, etc.)

55. Pão de queijo, biscoito de queijo

56. Sanduíches 57. Pizza

Açúcares e doces 58. Chocolate, brigadeiro, balas 59. Bolo, roscas 60. Sorvete/Picolé 61. Açúcar 62. Doces: mel, doces de frutas, pudim, goiabada, musse, tortas, rapadura

Outros 63. Achocolatados (Nescau,

Toddy)

64. Sopa 65. Frituras em geral (ovo, banana, batata, carne, mandioca, etc)

66. Conservas ou enlatados (Extrato de tomate, azeitona, palmito, picles)

Medida da PA (sentado) no membro superior esquerdo:

MEDIR A PRESSÃO ARTERIAL (PA 2) * PA 2 = __/__/__ x __/__/__ *considerar e respeitar todos os cuidados para uma boa medida. (Continua)

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(Cont. Questionário) C – ATIVIDADE FÍSICA 1. Que tipo de atividade física você desenvolve em seu trabalho? (Dividimos as ocupações em quatro grupos. Caso não trabalhe, mencione o grupo 1. Marque somente um grupo) • Meu trabalho tem atividades para as quais tenho que ficar sentado. Não caminho muito

enquanto trabalho. Exemplos: relojoeiro, eletrotécnico em rádios, costureira industrial, trabalho burocrático no escritório.

1

• Caminho bastante enquanto trabalho, mas não tenho que levantar nem carregar coisas pesadas. Exemplos: empregados comerciais, trabalho industrial leve, trabalho de escritório que implique movimento.

2

• Tenho que caminhar e mover muitas coisas ou subir escadas ou rampas em meu trabalho. Exemplos: carpinteiros ou trabalhadores agrícolas, trabalho de oficina mecânica, trabalho industrial pesado.

3

(Cont.Questionário) • Meu trabalho exige atividades pesadas, como, por exemplo, mover/levantar coisas pesadas,

trabalhar com madeira ou cortar muito. Exemplos: trabalhador florestal, trabalho agrícola pesado, construção, trabalho industrial pesado.

4

2. Quantos minutos por dia você se dedica a caminhar, andar de bicicleta ou a qualquer outra atividade física quando vai trabalhar? Inclua o tempo que passa indo e vindo do seu trabalho. • Não trabalho ou realizo atividade física alguma quando vou trabalhar 1 • Menos de 15 minutos por dia 2 • 15 – 29 minutos por dia 3 • 30 – 44 minutos por dia 4 • 45 – 59 minutos por dia 5 • Mais de 1 hora por dia 6 3. Que tipo de atividade física você faz durante seu tempo livre ou momentos de folga? • No meu tempo livre, vejo televisão e faço coisas que não precisam de atividade física 1 • No meu tempo livre, caminho, ando de bicicleta ou me movimento de alguma maneira que

tenha atividade física durante um mínimo de 30 minutos por dia, inclusive caminhar pescar ou caçar, jardinagem e outros, porém não ir e vir do trabalho.

2

• No meu tempo livre, faço atividades físicas para manter meu estado físico, como, por exemplo, correr, ginástica, natação, jogos com bola ou trabalhos pesados de jardinagem ou equivalente durante um mínimo 30 minutos por dia.

3

• No meu tempo livre, treino periodicamente, vários dias por semana, para participar de competições, corridas, jogos com bola ou algum outro esporte que exija muita atividade física.

4

4. Quantas vezes por semana você participa nas atividades que mencionou ao responder à pergunta 3?

5. Alguma vez você tentou aumentar suas atividades físicas durante os momentos de folga? Caso afirmativo, quando foi a última vez? • Nunca 1 • Faz mais de 6 meses 2 • Faz de 1 – 6 meses 3 • Durante o último mês 4 6. Você alterou a atividade física que desenvolve durante seu tempo livre durante os últimos 6 meses? • Aumentou muito 1 • Aumento um pouco 2 • Não mudou 3 • Diminuiu um pouco 4 • Diminuiu muito 5 7. O que você acha do seu preparo físico atual? • Muito bom 1 • Bom 2 • Regular 3 • Fraco 4

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(Continua) (Cont. Questionário) • Péssimo 5 8. O que você acha do seu estado de saúde atual? • Muito bom 1 • Bom 2 • Regular 3 • Fraco 4 • Péssimo 5 9. O que você acha do seu peso atual? • Muito abaixo do normal 1 • Abaixo do normal 2 • Normal 3 • Um pouco acima do normal 4 • Muito acima do normal 5 10. Quantas horas por dia você assiste televisão? (Continua) (Cont. Questionário) • Menos de 2 horas por dia 1 • De 2 a 4 horas por dia 2 • De 4 a 6 horas por dia 3 • Mais de 6 horas por dia 4 D – FUMO: 1. Você: • Nunca fumou (ir para o item E – Álcool) 1 • Fuma, mesmo que às vezes (ir para a questão 2 – Fumo) 2 • Parou de fumar (ir para questão 3 – Fumo) 32. Você fuma quantos cigarros por dia? ________________ [ ] às vezes (menos de 1 cigarro por dia) 3. Parou de fumar há_____________ ( ) meses ou ( )anos E – ÁLCOOL 1. Qual a sua bebida preferida? ________________________ 2. Você consome bebida alcoólica? • Sim 1 • Não 2 3. Nos últimos 7dias, você bebeu alguma das seguintes bebidas: Se não consumir escrever “0”

• Cerveja (garrafa) [ ]

• Vinho (cálice/copo) [ ]

• Bebidas destiladas tipo uísque, vodka (dose) [ ]

• Cachaça (dose) [ ]

• Outros (especificar) [ ]

F- CONTROLE DA PRESSÃO ARTERIAL E DOENÇAS CRÔNICAS: 1. Alguma vez alguém já lhe disse que você tem pressão alta?

• Sim 1

• Não (ir para a questão 6) 2

2. De onde veio esta informação? (marcar + de 1, se houver)

(Continua)

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(Cont. Questionário) • Farmácia 1

• Médico 2

• Enfermagem 3

• Campanhas 4

• Outros (Especificar) 5

3. Você faz tratamento para pressão alta?

• Sim (regular, pelo menos 2 consultas/ano) 1

• Não (ir para questão 5 – certificar-se de que o entrevistado não faça nenhum

tratamento)

2

• Às vezes 3

4. Onde você faz tratamento para a pressão alta? • No centro de saúde, posto do PSFou policlínica 1 • No hospital 2 • Em consultório médico 3 • Lugar variável 4 • Outros (Especificar) 5 5. Com relação ao uso de medicamentos para pressão alta, você? • Nunca usou medicamento 1 • Usou medicamento, mas não usa mais 2 • Está usando medicamento

( ) regular (tomou todos os dias nos últimos 3 meses) ( ) irregular (especificar medicação) __________________________________

3

6. Você, alguma vez, foi internado por problemas com a pressão? • Sim 1 • Não (ir para a questão 8) 2 7. Qual foi o problema que você teve, que precisou ser internado? (pode marcar mais de uma opção) • Derrame ou AVC 1 • Infarto ou ameaça de infarto 2 • Angina ou dor no peito 3 • PA alta ou descompensada (não controlada), pré eclampsia 4 • Outros (especificar) 5 8. Você sabe o que pode fazer mal para o coração? • Sim 1 • Não 2 • Já ouviu falar 3 9. Agora vou ler alguns itens e você vai me dizer quais destes podem ajudar no surgimento das doenças

do coração ou “fazem mal” para o coração (pode marcar quantos achar) • Cigarro 1 • Bebida alcoólica 2 • Doces 3 • Diabetes (açúcar no sangue) 4 • Colesterol alto (gordura no sangue) 5 • Obesidade (excesso de peso) 6 • Falta de exercícios 7 • Estresse (nervosismo) 8 • Hipertensão arterial (pressão alta) 9 • Outros (especificar) 10 (Continua)

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(Cont. Questionário) G – ANTROPOMETRIA:

Indicador Valor medido 1 Valor medido 2 Altura ___,___ ___ ___ m ___,___ ___ ___ m

Peso ___ ___ ___, ___ kg ___ ___ ___, ___ kg

Circunferência da cintura ___ ___ ___, ___ cm ___ ___ ___, ___ cm

Circunferência do quadril ___ ___ ___, ___ cm ___ ___ ___, ___ cm

Medida da PA (sentado) no membro superior esquerdo:

MEDIR A PRESSÃO ARTERIAL (PA 3)* PA 3 = __/__/__ x __/__/__ *considerar e respeitar todos os cuidados para uma boa medida

PA 1 /___/___/___/X /___/___/___/ mmHg

PA 2 /___/___/___/X /___/___/___/ mmHg

PA 3 /___/___/___/X /___/___/___/ mmHg

Data da entrevista: Horário de término: Entrevistadores:

Supervisor:

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ANEXO D - Termo de aprovação: Comitê de Ética em Pesquisa HUJM

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ANEXO E - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE SAÚDE COLETIVA DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidado para participar, como voluntário, da pesquisa “Incidência

de hipertensão arterial em uma capital brasileira. Estudo de base populacional”. Este trabalho tem como um dos principais objetivos conhecer a incidência de pressão alta e seus causadores.

Sua participação na pesquisa consistirá em responder a um questionário e ter sua pressão arterial, altura, peso e circunferência da barriga medidos. O tempo total necessário para participar do estudo é de trinta (30) minutos.

Não há riscos relacionados à sua participação. O beneficio relacionado com a sua participação é a contribuição para a descoberta da incidência, ou seja, do número de novos casos de pressão alta e seus causadores em Cuiabá, ajudando na construção de estratégias de melhoria na assistência médica, prevenção e educação em saúde sobre pressão alta e doenças relacionadas, como infarto do coração e derrame cerebral.

O seu beneficio individual será receber orientações sobre estilo de vida saudável e ser for detectado alguma doença, você será convidado a ir ao Hospital Universitário Júlio Muller, para uma consulta médica. Você não receberá dinheiro pela sua participação.

As informações dessa pesquisa serão secretas e garantimos o segredo sobre a sua participação. Você será identificada apenas por um código. Todo o material ficará sob a responsabilidade do pesquisador principal e ao final de 05 anos, os questionários serão destruídos. Em caso de recusa você não terá nenhum prejuízo.

Em caso de dúvida você pode procurar o Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Müller- UFMT- pelo telefone (65) 3615-8254. Você receberá uma cópia desse termo onde tem o nome, telefone e endereço do pesquisador responsável, para que você possa localizá-lo a qualquer momento.

Considerando os dados acima, CONFIRMO que fui informado por escrito e verbalmente dos objetivos desta pesquisa AUTORIZO a minha participação na pesquisa, de livre e espontânea vontade.

Eu....................................................................................................................................... Portador(a) do documento RG nº:.....................................declaro que entendi os objetivos, riscos e benefícios de minha participação na pesquisa e concordo em participar.

_________________________________________ Assinatura do participante e/ou responsável _________________________________________ Assinatura do pesquisador principal Endereços para contatos: Fábio Liberali Weissheimer Pesquisador – Instituto de Saúde Coletiva/UFMT Av. Fernando Corrêa da Costa, s/n. Coxipó – Cuiabá / MT Tel: (065)3615-7340 / (65) 8404-9047 Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Müller- UFMT CCBS I – Campus UFMT. Av. Fernando Correa da Costa s/n. Coxipó – Cuiabá - MT Tel. 65 3615-8254