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i
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT
ICET/FAET/FAMEV/IB/ICHS
Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos-PPGRH
Análise da situação ambiental atual da Microbacia Urbana Córrego
Urubu e da capacidade suporte do córrego como subsídio de
enquadramento do corpo hídrico
Gian Pietro Benevento
Cuiabá-MT
2015
ii
Gian Pietro Benevento
Análise da situação ambiental atual da Microbacia Urbana Córrego
Urubu e da capacidade suporte do córrego como subsídio de
enquadramento do corpo hídrico
Dissertação apresentada ao programa de Pós-
graduação em Recursos Hídricos do Instituto
de Ciências Exatas e da Terra da Universidade
Federal de Mato Grosso, como parte dos
requisitos para obtenção do título de Mestre
em Recursos Hídricos, área de concentração:
gestão e planejamento de recursos hídricos.
Orientadora: Prof. Dra. Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima
Cuiabá-MT
2015
iii
Análise da situação ambiental atual da Microbacia Urbana Córrego
Urubu e da capacidade suporte do córrego como subsídio de
enquadramento do corpo hídrico
Gian Pietro Benevento
Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Recursos Hidricos
da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre em Recursos Hídricos.
Aprovada por:
____________________________________
Prof. Dra. Eliana Beatriz Nunes Rondon Lima
Doutor em Engenharia Civil
Departamento de Engenharia Sanitaria e Ambiental/UFMT
____________________________________
Dr. Aldecy de Almeida Santos
Doutor em Engenharia Civil
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental/UFMT
____________________________________
Dra. Carla Maria Abido Valentini
Doutora em Agricultura Tropical
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia – IFMT – Bela Vista
iv
DEDICATÓRIA
Dedico à minha família, à minha esposa Thayana e ao meu filho
Luigi, ao meu pai Augusto Cesar Leon Bordest e à minha mãe
Raquel Correia de Souza Leon Bordest, às minhas avós Suise
Monteiro Leon Bordest e Valderez Correia de Souza, às minhas
irmãs Nicole e Yasmin, aos amigos e às pessoas que acreditaram
em mim.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus e a minha família.
Aos Meus amigos.
Ao Meu anjo da guarda.
A minha orientadora, professora Eliana Rondon, pela paciência, orientação e
socialização de conhecimentos.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, pelo
subsídio financeiro através da bolsa de estudos.
vii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai e Bacia Hidrográfica da
sub-bacia do rio coxipó................................................................................................. 21
Figura 2. Localização da microbacia do córrego Urubu em relação a Sub-bacia do Rio
Coxipó........................................................................................................................... 22
Figura 3. Localização da microbacia do córrego Urubu na cidade de Cuiabá............. 23
Figura 4. Localização da ETE Jardim Universitário na Microbacia do córrego
Urubu............................................................................................................................. 23
Figura 5. Mapa Geológico da microbacia do córrego Urubu........................................ 25
Figura 6. Mapa geomorfológico da microbacia do córrego Urubu............................... 26
Figura 7. Mapa Pedológico da microbacia do córrego Urubu...................................... 27
Figura 8. Av. Fernando Correa da Costa, viaduto do Shopping 3Américas................. 31
Figura 9. Zonas de autodepuração dos cursos d’água.................................................... 46
Figura 10. Fatores interagentes no balanço de OD....................................................... 47
Figura 11. Roteiro metodológico................................................................................... 57
Figura 12. MNT inserido no SIG para efetuar tratamento............................................ 59
Figura 13. Vista de procedimentos de análises laboratoriais para monitoramento........ 62
Figura 15. Método de medição de vazão por flutuador................................................. 65
Figura 16. Mapa de evolução urbana da microbacia do córrego Urubu........................ 68
Figura 17. Estação de tratamento de água Tijucal........................................................ 69
Figura 18. Estação de Tratamento do Jardim Universitário ......................................... 69
Figura 19. Ordem da microbacia do córrego Urubu ..................................................... 72
Figura 20. Mata ciliar localizada na Av. Parque do Bairro Jd.Imperial........................ 73
Figura 21. Mata ciliar localizada próxima a ETE.......................................................... 74
Figura 22. Erosão a jusante da ETE e próximas a habitações........................................ 76
Figura 23. Bolsão de lixo próximo a nascente do córrego Urubu.................................. 77
Figura 24. Bolsão de lixo próximo a nascente do córrego Urubu.................................. 77
Figura 25. Bolsão de resíduos de construção civil próximo do córrego Urubu............. 80
Figura 26. Ligação clandestina de tubulação de esgoto no córrego Urubu................... 81
viii
Figura 27. Variação do pH e OD.................................................................................. 83
Figura 28. Variação do DBO e NKT Total................................................................... 84
Figura 29. Variação do Fósforo e ST........................................................................... 85
Figura 30. Variação de Turbidez e Col.termo............................................................... 85
Figura 31. Avenida das Torres bairro Jardim Imperial................................................ 86
Figura 32. Cruzamento entre Av. das Torres e Av. Central......................................... 87
Figura 33. Mapa da densidade habitacional................................................................. 88
Figura 34. Batimetria de uma seção do córrego Urubu................................................ 90
Figura 35. Perfil do Oxigênio Dissolvido..................................................................... 90
Figura 36. Perfil de DBO5 no curso d’água.................................................................. 91
Figura 37. Mapa dos potenciais impactos..................................................................... 94
Figura 38. Mapa das medidas mitigadoras.................................................................. 99
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Impactos ambientais nas bacias hidrográficas brasileiras............................. 30
Tabela 2. Variáveis e seus métodos de análises da água e suas funções........................ 63
Tabela 3. Parâmetros e seus métodos de análise............................................................ 63
Tabela 4. Classificação dos resíduos sólidos encontrados no córrego Urubu................ 78
Tabela 5. Dados das análises físicas, químicas e microbiológicas do córrego Urubu.... 83
Tabela 6. Caracterização do efluente a ser lançado no rio e resultados da qualidade da
água do córrego Urubu................................................................................................... 89
Tabela 7. Resultados de vazão, área transversal, velocidade média, largura e
profundidade do córrego Urubu..................................................................................... 89
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Tratamento empregado para o esgoto gerado nos bairros da microbacia do
Urubu............................................................................................................................ 24
Quadro 2. Classes e metas progressivas de enquadramento dos corpos hídricos da Bacia
do Rio Coxipó, integrantes da Unidade de Planejamento e Gerenciamento P-4 - Alto
Rio Cuiabá, Município de Cuiabá, córrego Urubu....................................................... 39
Quadro 3. Parâmetros utilizados para calcular a Qualidade da Água.......................... 43
Quadro 4. Variação das faixas de valores de IQA entre os estados brasileiros............ 44
Quadro 5. Valores típicos de K1 em condições de laboratório (base e, 20°)................ 49
Quadro 6. Coeficientes de desoxigenação..................................................................... 49
Quadro 7. Valores típicos de K2 (base e, 20°).............................................................. 51
Quadro 8. Equações para determinação do K2 utilizando as características hidráulicas
do corpo d’água............................................................................................................. 51
Quadro 9. Métodos para obtenção dos dados fisiográficos........................................... 60
Quadro 10. Evolução urbana do Bairro Jardim Universitário...................................... 67
Quadro 11. Dados fisiográficos..................................................................................... 71
Quadro 12.Espécies de plantas do Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD)
realizando pela empresa Ginco no ano de 2008............................................................. 75
Quadro 13. Classificação dos resíduos sólidos encontrados no córrego Urubu............. 78
Quadro 14. Avaliação da qualidade da água na microbacia do córrego........................ 82
xi
LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DBO5 Demanda Bioquímica de Oxigênio em 5 dias
OD Oxigênio Dissolvido
K1 Coeficiente de desoxigenação
K2 Coeficiente de reareação
d Distância
t Tempo
ETA Estação de Tratamento de Água
ETE Estação de Tratamento de Esgoto
IQA Índice de Qualidade da Água
JD Jardim
NBR Norma Brasileira de Regulamentação Técnica
NMP Número Mais Provável
pH Potencial Hidrogeniônico
P Fósforo total
Q Vazão
UNT Unidade de Turbidez
VERAH Vegetação, Erosão, Resíduo, Água e Habitação
ZIAS Zonas de Interesse Ambiental
xii
RESUMO
BENEVENTO, Gian Pietro. Análise da situação ambiental atual da Microbacia
Urbana Córrego Urubu e da capacidade suporte do córrego como subsídio de
enquadramento do corpo hídrico. Cuiabá-MT, 2014. 109p. Dissertação do Programa
de Pós-Graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal de Mato Grosso.
O objetivo deste trabalho foi realizar o diagnóstico ambiental da situação atual da
microbacia Hidrográfica do córrego Urubu, como subsídio de enquadramento do corpo
hídrico e propor, através de um prognóstico, metas e intervenções a serem aplicadas,
identificando os fatores determinantes para mudança do cenário atual. O diagnóstico
ambiental da microbacia foi fundamentado no método VERAH, que tem como
componentes os aspectos: Vegetação, Erosão, Resíduo, Água e Habitação, oferecendo
dados e informações capazes de contribuir na construção de prognóstico com metas e
intervenções necessárias à recuperação do corpo hídrico, e melhoria de índices
ambientais da microbacia. A microbacia está localizada em uma região que possui
situação socioambiental estável, originada quase que totalmente de ocupações
planejadas. Os resultados identificaram impactos visíveis na qualidade ambiental: a
mata ciliar que protege o córrego encontra-se com espaço respeitado, mas pouco densa
em certas regiões do córrego. Foram verificadas ocorrências erosivas ao redor da
microbacia, principalmente no trecho 3. Foram identificados vários bolsões de lixo nas
margens do córrego e nos terrenos circunvizinhos, além de lançamentos de efluentes
domésticos in natura diretamente no corpo hídrico, alterando a qualidade da água
superficial e reduzindo a capacidade de suporte deste. Ao analisar os possíveis
impactados ambientais resultantes do lançamento de efluentes domésticos da Estação de
Tratamento localizada no bairro Recanto dos Pássaros e confrontar as características
qualitativas do córrego Urubu com a legislação CONAMA nº 357/2005, identificou-se
que a qualidade da água do córrego apresenta-se como péssima de acordo com o IQA.
Os resultados dos parâmetros DBO5 e Oxigênio Dissolvido no córrego apresentaram
piores índices de qualidade na Jusante quando comparados com a Montante. Com
relação ao aspecto Habitação, a microbacia se apresenta com predominância de área
residencial e comercial, caracterizada como de alta densidade populacional. Após
determinar a capacidade suporte do córrego Urubu e a partir do estudo de
autodepuração concluiu-se que corpo hídrico não consegue autodepurar todo efluente
lançado devido à concentração elevada de matéria orgânica e a baixa vazão do córrego.
Por fim, a partir do diagnóstico da microbacia foi possível elaborar prognósticos
indicadores de melhoria da qualidade ambiental da área de estudo e sistematização de
cenários futuros propondo a reversão do quadro ambiental atual da microbacia,
adotando ações preventivas, adicionando programas que visem ao monitoramento
contínuo de forma a promover fiscalização efetiva com poder de polícia administrativa
dos órgãos públicos, aliados a programas de educação ambiental para as comunidades.
Palavras-chave: Diagnóstico ambiental, Microbacia Urbana, método VERAH,
Capacidade Suporte, autodepuração, prognóstico, enquadramento.
xiii
ABSTRACT
BENEVENTO, Gian Pietro. Analysis of the current environmental situation of the
Urban Watershed Stream Vulture and stream carrying capacity as water body of
the frame allowance. Cuiabá-MT, 2015. 109p. Master (MSc.) - Graduate Program in
Water Resources, Federal University of Mato Grosso.
The aim of this study was the environmental assessment of the current situation of the
Hydrographic watershed stream Urubu, as a framework subsidy of the water body and
to propose, through a prognosis, goals and interventions to be implemented, identifying
the determinants for change the current scenario. The environmental assessment of the
watershed was based on the method Verah, whose components aspects: vegetation,
erosion, Waste, Water and Housing, providing data and able to contribute information
on the prognosis of construction with goals and interventions necessary for the recovery
of the water body, and improvement of environmental indices of the watershed. The
watershed is located in a region with stable socio-environmental situation, it originated
almost entirely of planned occupations. The results identified visible impacts on
environmental quality: a riparian forest that protects the stream meets respected space,
but sparse in some parts of the stream. Erosive events were observed around the
watershed, especially for section 3. various pockets of waste were identified in the
stream margins and the surrounding land, and domestic effluent discharges in natura
directly into the water body, altering the quality of surface water and reducing the
ability to support this. After analyzing the possible domestic effluent discharge resulting
from environmental impacted the treatment plant located in the Birds Corner
neighborhood and confront the stream Urubu quality characteristics with CONAMA
law No 357/2005, it was found that the stream water quality presents themselves as poor
according to the IQA. The results of DBO5 and dissolved oxygen in the stream
parameters presented worse quality scores in the downstream compared with the
amount. Regarding the aspect Housing, a watershed is presented with a predominance
of residential and commercial area, characterized as high population density. After
determining the stream carrying capacity and from depuration study concluded that
water body can not autodepurar all effluent released due to the high concentration of
organic matter and low-flow stream. Finally, from the diagnosis of the watershed it was
possible to develop prognostic indicators improving the environmental quality of the
area of study and systematization of future scenarios proposing a reversal of current
environmental framework of the watershed, adopting preventive actions, adding
programs aimed at the continuous monitoring to promote effective supervision with
administrative police power of government agencies, together with environmental
education programs for communities.
Keywords: Environmental diagnosis, Watershed Urban, Verah method, support
capacity, self-purification, prognosis, framing.
xv
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18
2. OBJETIVOS .............................................................................................................. 20
2.1. Objetivo Geral................................................................................................ 20
2.2. Objetivos Específicos..................................................................................... 20
3. ÁREA DE ESTUDO................................................................................................. 21
3.1. Geologia........................................................................................................ 24
3.2. Geomorfologia............................................................................................... 25
3.3. Pedologia........................................................................................................ 26
3.4. Clima.............................................................................................................. 27
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 29
4.1. Problemática das microbacias hidrográficas urbanas................................... 29
4.2. A gestão dos Recursos Hídricos.................................................................... 31
4.3.Política Nacional dos Recursos Hídricos........................................................ 33
4.4.Resolução CONAMA n°357/2005................................................................. 35
4.5.Política Estadual dos Recursos Hídricos........................................................ 36
4.6.Conselho Estadual dos Recursos Hídricos (CEHIDRO)............................... 37
4.7.Resolução N°68 de 11 de setembro de 2014................................................. 38
4.8.Métodos e técnicas utilizadas na análise ambiental de microbacias
urbanas.................................................................................................................. 39
4.8.1 MÉTODO VERAH................................................................................ 39
4.8.1.1Definição dos Aspectos – VERAH........................................................ 40
4.8.2.1Fisiografia............................................................................................ 42
4.8.3.1Índice de Qualidade da Água – IQA.................................................... 42
4.8.4.1Cálculo de IQA..................................................................................... 43
4.8.2 CAPACIDADE DE AUTODEPURAÇÃO........................................... 44
4.8.2.1 Zonas de autodepuração...................................................................... 45
4.8.2.2 Balanço de oxigênio dissolvido............................................................ 46
4.8.2.3 Modelagem para estimativa da autodepuração................................ 47
4.8.2.4Modelo de Streeter-Phelps...................................................................47
4.8.2.5 Curva do oxigênio dissolvido............................................................... 48
4.8.2.6Cinética de desoxigenação..................................................................... 48
xvi
4.8.2.7Coeficiente de desoxigenação................................................................ 48
4.8.2.8Coeficiente de remoção de DBO (kd)................................................... 49
4.8.2.9Cinética da reaeração........................................................................... 50
4.8.2.10Coeficiente de reaeração..................................................................... 50
4.8.2.11Equações do Modelo........................................................................... 51
4.8.3 CAPACIDADE SUPORTE................................................................... 53
5.MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 57
5.1.Método VERAH............................................................................................. 58
5.1.1 DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO.................................................. 58
5.1.2 TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO........................................... 58
5.1.3 FISIOGRAFIA DA MICROBACIA..................................................... 59
5.1.4 VEGETAÇÃO........................................................................................ 60
5.1.5 EROSÃO................................................................................................ 61
4.1.6 RESÍDUO............................................................................................... 61
4.1.7 ÁGUA.................................................................................................... 62
4.1.8 HABITAÇÃO........................................................................................ 64
5.2.Capacidade suporte.......................................................................................... 64
5.2.1 MEDIÇÃO DE VAZÃO......................................................................... 64
5.2.2 CÁLCULO DE GRAU DE AUTODEPURAÇÃO............................... 65
5.3. Prognóstico.................................................................................................... 66
6.APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS ....................................... 67
6.1 E
volução urbana da microbacia do córrego Urubu....................................... 67
6.2 Análise Fisiográfica da microbacia do córrego Urubu.................................... 68
6.3 Diagnóstico Ambiental da microbacia do córrego Urubu Utilizando o método
VERAH......................................................................................................................... 70
6.3.1 ANÁLISE FISIOGRÁFICA DA MICROBACIA................................. 70
6.3.2 VEGETAÇÃO........................................................................................ 73
6.3.3 EROSÃO................................................................................................ 75
6.3.4 RESÍDUOS SÓLIDOS........................................................................... 76
6.3.4.1Coleta de lixo......................................................................................... 79
6.3.4.2Resíduos da Construção Civil............................................................... 79
6.3.5 ÁGUA.................................................................................................... 80
6.3.5.1Cálculo do IQA..................................................................................... 82
xvii
6.3.5.2Comparação com a Resolução CONAMA 357.................................... 82
6.3.5 HABITAÇÃO....................................................................................... 86
6.4 Estudo Capacidade Suporte.......................................................................... 88
6.4.1 CÁLCULO DE AUTODEPURAÇÃO.............................................. 90
6.4.2. CÁLCULO DA CAPACIDADE SUPORTE..................................... 91
7. PROGNÓSTICO...................................................................................................... 93
8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................ 101
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 104
18
1. INTRODUÇÃO
As cidades brasileiras apresentam altos índices de urbanização, e na grande
maioria, de forma desordenada e crescente. A concentração da população em
determinadas regiões e cidades implica em demanda alta, tanto para o abastecimento
público, quanto para diluição de cargas poluidoras urbanas.
Segundo Santos (2013), a cidade de Cuiabá não foge dessa grande maioria, que
apresenta quase toda a sua população em áreas urbanizadas, fator que reflete em uma
ocupação de forma desordenada do solo, e com grande tendência ao aumento com
relação à poluição nas microbacias. Os córregos, ribeirões e rios que cortam a cidade,
geralmente sofrem com a urbanização e a ocupação desordenada. Em virtude disso, a
qualidade da água dos mananciais é prejudicada, a vegetação suprimida, e os canais
impermeabilizados, entre outros.
A microbacia do córrego Urubu encontra-se localizada em uma região que
possui situação socioambiental estável, originada quase que totalmente de ocupações
planejadas, mas, observaram-se impactos visíveis na qualidade ambiental, provocada
pelos bolsões de lixo nas margens do córrego e nos terrenos circunvizinhos, e
lançamentos de efluentes domésticos in natura diretamente no corpo hídrico, alterando
a qualidade da água superficial e reduzindo a capacidade suporte do mesmo, entre
outros.
Diante desse cenário, o estudo abordado neste trabalho teve o intuito de
analisar a situação ambiental atual da microbacia do córrego Urubu e também ações
necessárias para solucionar os problemas ocorridos pelo uso indevido de seu solo. O
objetivo deste estudo é a realização de um diagnóstico ambiental da situação atual dessa
microbacia, e propor, através de um prognóstico, metas e intervenções a serem
aplicadas, identificando os fatores determinantes para mudança deste cenário. Deve ser
identificada como uma problemática de extrema relevância, pois possui alta necessidade
de realizar um encadeamento de soluções para estes fatores ambientais, e, dentre eles, é
necessário identificar quais impactos estão agravando a qualidade ambiental da
microbacia, e quais ações podem ser tomadas para solucionar os problemas encontrados
e indicar os possíveis colaboradores nesse processo.
O processo de uso e ocupação do solo da microbacia do córrego Urubu, mesmo
sendo de forma planejada e contendo infraestrutura de saneamento básico, ocasiona
alguns impactos ambientais negativos, que comprometem a saúde e bem estar da
19
própria população, o que inclui os bolsões de resíduos sólidos, a degradação das áreas
de preservação permanente e cursos d’água, a poluição e alteração na qualidade da água
do córrego e a erosão das margens dos córregos. Diante desta situação, é possível
elaborar um planejamento contendo ações integradas, que indiquem ou possibilitem a
redução e a mitigação dos problemas identificados, e melhorem a qualidade
socioambiental da microbacia em questão.
A necessidade de se estudar a microbacia do córrego Urubu, evidencia-se na
condição de que se tome consciência não somente desta bacia em estudo, mas também
com relação às outras bacias urbanas existentes na cidade de Cuiabá, e que a partir deste
cenário, os órgãos responsáveis legalmente realizem ações que reduzam os impactos
causados. O que se pode notar, é que esta microbacia, mesmo após intervenções do
poder público em relação a investimento em saneamento básico, apresenta problemas
contínuos em relação à degradação ambiental. Essa é a causa da importância deste
estudo, a observação detalhada, que identifique se existem problemas remanescentes,
após a suposta “solução” dos órgãos públicos responsáveis, que seriam os projetos de
saneamento.
Os resultados da pesquisa não serão somente utilizados para informar a
população da problemática, mas também estimular um debate sobre tudo que será
exposto no trabalho. A intenção deste estudo foi construir novas concepções e soluções
a partir de opiniões diversas, para buscar a participação de pessoas interessadas e buscar
a melhoria contínua das pesquisas sobre o tema.
20
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Realizar o diagnóstico ambiental da situação atual da microbacia Hidrográfica
do córrego Urubu, como subsídio de enquadramento do corpo hídrico e propor, através
de um prognóstico, metas e intervenções a serem aplicadas, identificando os fatores
determinantes para mudança do cenário atual.
2.2. Objetivos Específicos
- Caracterizar a Microbacia fundamentando-se no método VERAH, interagindo
os aspectos de vegetação, erosão dos solos, qualidade da água, habitação e disposição
dos resíduos;
- Analisar os possíveis impactados ambientais resultantes do lançamento de
efluentes domésticos da Estação de Tratamento localizada no bairro Recanto dos
Pássaros;
- Confrontar as características qualitativas do córrego Urubu com a legislação
CONAMA nº 357/2005;
- Determinar a capacidade suporte do córrego Urubu, a partir do estudo de
autodepuração;
- Propor um prognóstico com metas e intervenções a serem aplicadas
identificando os fatores determinantes para mudança do cenário atual.
21
3. ÁREA DE ESTUDO
O estado de Mato Grosso possui três bacias hidrográficas, a Amazônica, a do
Tocantins e a do Paraguai. Na bacia do Paraguai, na porção conhecida como Alto
Paraguai (Figura 1) está inserida a Bacia do Rio Cuiabá. (PNRH, BRASIL, 2006)
O município de Cuiabá foi fundado no dia 8 de abril de 1719, ato esse
determinado por Pascoal Moreira Cabral, e o município apresenta área total 3.538,17
km², sendo 254,57 km² correspondentes à macrozona urbana (Lei, nº. 4.719/04) e
3.283,60 km² de área rural. Em 2010, segundo Censo Demográfico de 2010 (IBGE,
2013), o município abrigava uma população de 551.250 habitantes e apresentava
densidade demográfica de 156,27 habitantes por km², conforme a (figura 1).
Figura 1. Localização da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai e Bacia Hidrográfica do
Rio Cuiabá e, nesta, inserida a Sub-bacia do Rio Coxipó.
Fonte: Adaptado do PNRH-MMA, BRASI (2006).
22
Um dos principais afluentes do rio Cuiabá é o rio Coxipó (SALOMÃO e
FIGUEIREDO, 2009). De acordo com Lima (2009), o rio Coxipó possui a maior área
de drenagem dentre todas as demais sub-bacias, e tem grande importância para
população, pois é utilizado para o abastecimento público de água, contribuindo
aproximadamente com 30% do total da água abastecida no município de Cuiabá.
Na sub-bacia do rio Coxipó, encontra-se a microbacia do Urubu (Figura 2).A
área em estudo localiza-se nas Regiões Leste da cidade (Figura 3). A microbacia
abrange uma área de 2,1 km², tendo um perímetro de 7,05 km. O córrego principal tem
um comprimento total de 2,4 km, sendo 800 metros de curso d’água canalizado.
Figura 2. Localização da microbacia do córrego Urubu em relação a Sub-bacia do Rio
Coxipó.
Fonte: Benevento, G.P. (2015)
Os bairros que fazem parte da microbacia são: Recantos dos Pássaros com
população de 1.767 habitantes, Jardim Universitário com população de 2.476 habitantes
e o Jardim Imperial com população de 7.460 habitantes (IPDU, 2010). A microbacia
possui também uma porcentagem do Condomínio Belvedere. Esta área é de grande
importância, pois é nela que se localiza a nascente do córrego Urubu.
23
Figura 3 – Localização da microbacia do córrego Urubu na cidade de Cuiabá. Fonte: Benevento,G.P. (2015)
Figura 4 – Localização da ETE Jardim Universitário na microbacia do córrego Urubu.
Fonte: Benevento, G.P. (2015).
No bairro Jardim Universitário o esgoto de 600 residências é 100% coletado,
diferentemente dos outros bairros que compõem a bacia, os quais são o Jardim Imperial
e o Recanto dos Pássaros (Quadro 1).
24
Quadro 1. Tratamento empregado para o esgoto gerado nos bairros da microbacia do
Urubu.
Fonte: Perfil Socioeconômico de Cuiabá - IPDU/DPI/2010.
O processo de tratamento de esgoto concebido para esse bairro foi do tipo
Lodos Ativados com aeração prolongada. O processo Lodos Ativados é constituído de
grade para retenção de sólidos grosseiros, tanque de aeração e decantador secundário.
O Bairro Jardim Universitário é atendido por rede de abastecimento de água
originário da Estação de Tratamento de Água - ETA Tijucal.
3.1 Geologia
A Geologia predominante são as subunidades 5 e 6, e uma falha contracional
que corta a microbacia. Na Subunidade 5 (NPcu5) estão inseridos os filitos e
filitossericiticos, cinzas, prateados e esverdeados, com intercalações e lentes de
metacogiomerados (Mcg), metarenitos (Mar). São frequentes veios de quartzo, paralelos
e oblíquos e metacórceos (Mac). São freqüentes veios de quartzo, paralelos e
oblíquos,na foliação. Na Subunidade 6 (NPcu6), estão inseridos os filitos
conglomeráticos com matriz areno argilosa, contendo clastos de quartzo, filito e
quartzito, com intercalações subordinadas e metarenito.
25
Figura 5 – Mapa Geológico da microbacia do córrego Urubu.
Fonte: Adaptado de SIG Cuiabá (2006)
3.2 Geomorfologia
A microbacia do córrego Urubu apresenta somente uma forma de relevo
sobressaindo as dissecadas em Colinas Médias, que são superfície de aplanamento com
média dissecação, pequena amplitude, declividade média, interflúvios médios, topo
extensos e arredondados com perfis convexos a retilíneos. A drenagem é de densidade
média, com o padrão de drenagem subretangular a dentrítico, vales abertos e fechados.
26
Figura 6 - Mapa geomorfológico da microbacia do córrego Urubu.
Fonte: Adaptado de SIG CUIABÁ (2006)
3.3 Pedologia
A microbacia do córrego Urubu apresenta somente dois grupos pedológicos: a
FFcd e CXbd5. Do grupo FFcd6 fazem parte o plintossolo pétrico concrecionário
distrófico ou léptico, piltossolo pétrico epiconcrecionário distrófico e latossolo
vermelho-amarelo.com textura média muito cascalhenta, relevo suave ondulado. O
primeiro é identificado pela textura média muito cascalhenta, com relevo suave
ondulado. O segundo tem a textura média/argilosa, com relevo suave ondulado. O
terceiro tem a textura média, com relevo suave ondulado, todos “A” moderado, fase
cerrado tropical subcaducifólio.
27
No CXbd5 fazem parte o cambissolo háplico Tb distrófico, com textura média
muito cascalhenta e argilosa, e o latossolo vermelho-amarelo distrófico típico, com a
textura média e argilosa, ambos com “A” moderado, fase cerrado tropical
subcaducifólio, com relevo suave e ondulado.
Figura 7 – Mapa Pedológico da microbacia do córrego Urubu. Fonte: Adaptado de SIG Cuiabá (2006)
3.4 Clima
Segundo a classificação de Köppen, o clima tropical de Mato Grosso é do tipo
equatorial tropical. A temperatura média anual ultrapassa os 26ºC e ocorrem fortes
amplitudes térmicas diárias e pequenas variações médias anuais. Estas características
estão associadas a um período seco (maio a setembro), e outro chuvoso (outubro a
abril). A pluviometria média anual oscila em torno de 1350 m, com temperatura mínima
próxima a 10ºC, e máxima superior a 42ºC (MIRANDA e AMORIM, 2001).
28
Segundo Bombled (s/d) apud IPDU (2010), a cidade de Cuiabá possui um
clima essencialmente tropical continental, mas com algumas variantes típicas do lugar,
apresentando dois períodos distintos: o chuvoso, com duração de oito meses, e o seco,
com duração de quatro meses. Em especial, nos primeiros meses do período chuvoso, a
temperatura é mais elevada, frequentemente começando e terminando por ventanias
violentas acompanhadas de descargas elétricas. Nessa época do ano a pressão
atmosférica mantém-se alta, permitindo suportar as temperaturas mais elevadas,
conferindo alta umidade ao ar e, assim, apresentando um clima tropical continental
úmido. É importante destacar que no período de janeiro de 2008 a janeiro de 2010 a
distribuição temporal da precipitação ocorreu de maneira diferente no município de
Cuiabá (IPDU, 2010). O primeiro ano pode ser considerado como um ano típico na
distribuição das chuvas, porém com precipitação total abaixo da precipitação média
anual (1.077,90 mm), enquanto que o ano de 2009 foi um ano mais chuvoso que a
média histórica anual.
29
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo será abordada a problemática da gestão dos Recursos Hídricos no
Brasil, com ênfase na gestão das microbacias urbanas e, em relação ao tema, os
conceitos, as metodologias aplicadas no levantamento dos dados, além da legislação
aplicável.
4.1. Problemática das Microbacias hidrográficas urbanas
A expansão urbana desordenada provoca sérios problemas às bacias
hidrográficas das cidades. O processo de urbanização acarreta inúmeras alterações
ambientais, o que modifica o funcionamento do ciclo hidrológico local, como a
diminuição da infiltração de água no solo, que pode provocar frequentes enchentes,
assoreamento dos leitos dos rios e erosões. A impermeabilização do solo pela crescente
urbanização é uma das principais causas de inundações nas grandes cidades (MORAES
et. al., 2008).
Tucci (1997) aponta que a ocupação da bacia pela população gera duas
preocupações distintas, quais sejam: o impacto do meio sobre a população através das
enchentes e o impacto do homem sobre a bacia, na preservação do meio ambiente.
Para Tucci et. al. (2003), o país apresenta de 80% a 90% da população
ocupando áreas urbanas, e esta ocupação tem ocasionado mudanças expressivas nas
fontes de abastecimento e mananciais devido à contaminação química, física e biológica
dos cursos de água, decorrente da expansão desordenada da cidade. Os problemas
ocasionados pela falta de saneamento vão desde a falta de tratamento dos efluentes
domésticos, pluviais e industriais, à coleta e tratamento do lixo gerado, além de agravar
os problemas urbanos.
Na tabela 1 estão relacionadas as causas e os respectivos efeitos que podem
ocorrer no meio ambiente.
30
Tabela 1 – Impactos ambientais nas bacias hidrográficas brasileiras – Brasil –
2003.
Fonte: TUCCI et. al. (2003).
Esses impactos ocorrem no Brasil inteiro a todo o momento, e temos como
exemplos várias microbacias urbanas na região de Cuiabá e Várzea Grande que, através
do processo de ocupação desordenada, acabaram por potencializar os problemas.
Segundo Santos (2013), o processo de evolução urbana verificado na
microbacia do córrego Três Barras localizada em Cuiabá, baseou-se em um modelo
calcado na ilegalidade e informalidade, favorecendo uma ocupação desordenada, sem
contar com acompanhamento dos serviços de forma estruturada e, ainda, subtraindo dos
bairros do seu entorno, legalmente constituídos, o suprimento de água, o que ocasionou
o desabastecimento e a intermitência no sistema, provocando conflitos e prejuízos à
essas comunidades.
Na microbacia do córrego Embauval em Várzea Grande/MT estudada por
Mattos (2014), percebe-se muitos impactos, devido à falta de saneamento básico, à
ocupação das áreas de preservação permanente, principalmente por habitações,
disposição de resíduos sólidos no meio ambiente e lançamento de efluentes de
indústrias, comércios, residências e condomínios residenciais nos mananciais
superficiais.
Na microbacia do córrego do Barbado, segundo Ventura (2011), as
características físicas da bacia de estudo demonstraram baixa suscetibilidade à
inundações,mas a análise da impermeabilização da microbacia, a litologia e o tipo de
solo raso verificado na região, apontam uma tendência para ocorrência de enchentes,
31
devido ao aumento do escoamento superficial durante eventos de chuva. O fato se
agravou com a execução de uma obra de engenharia sem contar com projetos
complementares de drenagem, o viaduto do shopping 3 Américas. A Figura 8 demonstra
as consequências da impermeabilização do solo.
Figura 8 – Av. Fernando Correa da Costa, viaduto do Shopping 3 Américas.
Fonte: Midianews, Cuiabá-MT 16/12/2014.
Pode-se afirmar que estes problemas são recorrentes nas microbacias urbanas,
e o grande vilão seria a ocupação desordenada acarretando a impermeabilização, e para
solucionar esses problemas, é necessário aplicar as técnicas de gestão dos recursos
hídricos.
4.2. A gestão dos Recursos Hídricos
A gestão dos Recursos Hídricos no Brasil iniciou-se com o Decreto
24.643/1934, conhecido como Código das Águas ou Lei das Águas, que consistia em
considerar as águas como recursos naturais renováveis. Na época, a função era
proporcionar o desenvolvimento industrial e agrícola do país, incentivando,
principalmente, a produção de energia elétrica.
Na década de oitenta, começou a prevalecer o pensamento sobre a necessidade
de um modelo de gestão integrado e descentralizado, com uma concepção de gestão em
nível de bacias hidrográficas, e, ainda, a ideia do elemento água como um bem de valor
econômico, considerando-se os usos múltiplos da água.
32
Para Tucci (1997), uma Bacia Hidrográfica é uma área de captação natural da
água de precipitação, que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída.
Compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem
formada por cursos de água que confluem, até resultar em um leito único no seu
exutório.
A concepção de gestão por bacias hidrográficas requer a interação das
dimensões ambiental, social e econômica, como se encontra definido no conceito de
sustentabilidade (HARDI e ZDAN, 1997, apud BELLEN, 2006). Dessa forma, para se
conquistar a sustentabilidade, deve-se alcançar o “bem-estar humano e dos
ecossistemas, sendo que o progresso em cada uma dessas esferas não deve ser alcançado
à custa da outra”, quando se trata de um “processo dinâmico de evolução”. (HARDI e
ZDAN, 1997, apud BELLEN, 2006).
A Constituição de 1988 e a Lei 9.433/1997, que criou o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos, buscaram o uso e o aproveitamento das águas no país,
preocupando-se com a atualização do tratamento, tendo em vista incentivar e controlar o
uso industrial e suprir as exigências do ramo hidráulico, mantendo a prioridade ao
desenvolvimento econômico, e tornando a água um bem público. Em 2006, com base na
mesma lei, foi criado o Plano Nacional de Recursos Hídricos, tendo como principal
objetivo dar um tratamento gerencial, ratificando a prioridade da água para consumo
humano.
Rodrigues e Arend (2006) define gerenciamento de recursos hídricos como
ações destinadas a regular o uso e o controle dos recursos hídricos e a avaliar a
conformidade da situação atual com os princípios estabelecidos pela política de recursos
hídricos: “Essas ações refletem-se através de leis e o resultado será a fixação do que é
denominado modelo de gerenciamento ou gestão dos recursos hídricos, entendido como
a configuração administrativa usada pelo Estado para gerir esse recurso natural”.
(RODRIGUES e AREND, 2006).
O uso da água, no entanto, pode gerar possíveis conflitos entre os usuários, já
que sua qualidade e disponibilidade podem ser limitantes ao desenvolvimento das
atividades humanas ou mesmo de seu uso ambiental. Assim, a gestão dos recursos
hídricos busca a conciliação entre os possíveis usos da água na bacia. Como destacado
por Rodrigues (2013), o gerenciamento dos recursos hídricos caminha na direção de
amenizar os conflitos de usos múltiplos, de modo a atender diferentes interesses e
compatibilizar atividades econômicas, promoção do bem estar social e proteção do meio
33
ambiente. A gestão do uso múltiplo integrado deve considerar as variações sazonais e
diárias do sistema hídrico.
Como meio de controle racional do uso da água e agregada com um valor
econômico, iniciou-se a cobrança pelo uso da água, tornando uma fonte de recursos para
investimentos na gestão da água em cada bacia hidrográfica. Os comitês das bacias hoje
são compostas pelos representantes dos poderes públicos federal, estadual e municipal,
usuários, e sociedade civil.
O que se tem a observar é que o sistema de gestão ainda está muito pouco
institucionalizado, principalmente onde os mecanismos operacionais de cobrança pelo
uso da água ainda estão indefinidos, muito embora surpreenda o surgimento de novos
comitês de bacias estaduais, e preparação para novos federais. O registro que se tem é
que pelo menos 14(quatorze) Estados da federação já cuidam de suas próprias leis de
recursos hídricos, baseadas nos documentos federais existentes.
O que mais se tem discutido nos últimos anos é a dominialidade das águas
superficiais e subterrâneas. Pertence à União, quando se acham armazenadas em
reservatórios federais, e aos Estados, quando represadas nos açudes estaduais. As
transferências das águas entre Estados é outro assunto em permanente discussão, na
qual o governo federal, através da sua Agência Nacional de Águas - ANA, tem poderes.
O Código Civil também se ocupa do tema.
4.3. Política Nacional dos Recursos Hídricos
A Lei Nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que cria a Política Nacional de
Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos é
produto de um longo processo de aperfeiçoamento na gestão das águas no Brasil. Esta
se ampara no conceito da água como um bem de domínio público, dotado de valor
econômico, que, em situações de escassez, os usos prioritários são o abastecimento
humano e a dessedentação de animais, e que a bacia hidrográfica é a unidade territorial
para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (GARCIA JR, 2007).
Segundo Pimenta (2011), o tratamento das normas relacionadas aos recursos
hídricos deve levar em consideração a jurisdição da bacia hidrográfica, tendo como
objeto direitos e deveres, mas não a competência dos governantes. Além de que não se
pode pensar em gestão dos recursos hídricos, sem seguir os princípios das leis, pois esta
34
é a base para o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, que foi o
primeiro a aceitar a bacia hidrográfica como unidade de planejamento, como uma
alteração ao ordenamento jurídico então vigente, sobre a definição de domínio.
Conceitua-se, ainda que a coordenação dos recursos hídricos deva sempre
conceder o uso múltiplo das águas, e que a gestão dos recursos hídricos deve ser
descentralizada e contar com a participação do Poder Público, dos usuários e das
comunidades.
A implantação da Lei das Águas objetiva a sustentação da água em quantidade
e qualidade compatíveis com a associação dos usos futuros propostos, e o planejamento
de ações que minimizem os efeitos de eventos hidrológicos críticos.
As diretrizes gerais são compostas de ações integradas, entre os recursos
hídricos, o uso do solo, recursos naturais e o planejamento territorial. Verifica-se que a
Lei das Águas se direciona para a gestão participativa dos recursos hídricos com a
conexão direta entre os segmentos participantes “permitindo que usuários, a sociedade
civil organizada, as ONGs e outros organismos possam influenciar no processo de
tomada de decisão” (MOTTER e FOLETO, 2010). Segundo Granziera (2001) o
gerenciamento de uma bacia hidrográfica envolve, além de objetivos, diretrizes e
instrumentos. Antes que qualquer plano de gestão possa ser desenvolvido, os objetivos
devem ser objeto de acordo: quais usos serão protegidos, quais índices de qualidade
serão buscados, quais compromissos devem ser acertados entre os usos conflitantes.
Uma vez que os objetivos são conhecidos, é necessário buscar um caminho para realizá-
los.
Na Política, os instrumentos básicos estão discriminados, para que possam
auxiliar a sua implementação. São instrumentos da Política de Recursos Hídricos (Lei
9433/2007, Art. 5°):
I. os Planos de Recursos Hídricos;
II. o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da
água,
III. a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV. a cobrança pelo uso de recursos hídricos;
V. a compensação a municípios;
VI. o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
Como o foco do trabalho é discutir o enquadramento entre os instrumentos de
gestão dos recursos hídricos, será aprofundado o assunto mais à frente.
35
Para fortalecer a qualidade adequada da água para seu uso mais exigente,
utiliza-se o enquadramento dos corpos hídricos em classes. Sendo assim, necessário, o
conhecimento dos usos da bacia, e também os hábitos dos usuários da bacia. Assim
estabelece níveis de qualidades a serem respeitados em corpos hídricos ou trechos
destes.
O Art. 9º estabelece o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo
os usos preponderantes da água, que visa a:
I - assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que
forem destinadas;
II - diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações
preventivas permanentes.
O Art. 10 estabelece as classes de corpos de água serão estabelecidas pela
legislação ambiental.
As classes de uso estão determinadas na Resolução do Conselho Nacional de
Recursos Hídricos – CONAMA n° 357 de 17/03/2005, que determinam as classes de
uso para água doce, e os procedimentos definidos pela Resolução n° 91 do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, de 05/11/2008.
4.4. Resolução CONAMA n°357/2005
A Resolução nº 357, de 17 de marco de 2005 do Conselho Nacional do
Meio Ambiente - CONAMA dispõe sobre a categorização dos corpos d’água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e
padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providencias.
Está em vigor, desde o dia 17 de março de 2005, a Resolução n° 357 do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que, ao revogar a Portaria
020/86, reclassificou os corpos d’água e definiu novos padrões de lançamento de
efluentes.
A Resolução do CONAMA nº 357/05 dividiu as águas do território nacional
em águas doces (salinidade ≤ 0,05%), salobras (0.05% < salinidade <3,0%) e salinas
(salinidade ≥ 3,0%). Em função dos usos previstos, há 13 classes (águas doces:
classe especial e 1 a 4; águas salobras: classe especial e 1 a 3; águas salinas: classe
especial e 1 a 3). Cada classe refere-se a um agrupamento de usos com requisitos em
termos de qualidade da água (PROSAB, 2009).
36
Os padrões de qualidade das classes definidas na Resolução nº 357 estão de
certa forma inter-relacionados. Ambos foram determinados com intuito de preservar
a qualidade no corpo d’água.
A Resolução prevê, com base na Lei de Crimes Ambientais (nº 9605/1998),
pena de prisão para os administradores de empresas e Responsáveis Técnicos que
não observarem os padrões das cargas poluidoras.
4.5. Política Estadual dos Recursos Hídricos
A Lei Estadual nº 6.945, de 05 de novembro de 1997 que define a Política de
Recursos Hídricos do Estado de Mato Grosso, instituiu o Sistema Estadual de Recursos
Hídricos, entre outras providências.
A Lei também define que o abastecimento humano e a dessedentação de
animais tem prioridade sobre todos os demais usos. Assim como na Política Nacional, a
Política Estadual de Recursos Hídricos se pauta nos princípios da integração entre os
usos, incentivando os usos múltiplos da água, na adoção da bacia hidrográfica como
unidade físico-territorial de planejamento e gerenciamento e no reconhecimento do
valor econômico da água.
As normas que coordenam as ações da Política Estadual têm como alicerce, as
ações de gerenciamento integrado, descentralizado e participativo, no aspecto
econômico-sócio-ambiental da água, no apoio ao Sistema Estadual de Defesa Civil na
prevenção contra os efeitos adversos dos eventos hidrológicos, naturais e antrópicos.
Baseiam-se também no planejamento e na execução de ações que promovam o
conhecimento das disponibilidades e demandas, e na conciliação de conflitos de uso da
água.
São instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos (Art. 6°):
I. o Plano Estadual de Recursos Hídricos;
II. o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponderantes da
água;
III. a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
IV. a cobrança pelo uso de recursos hídricos; e
V. o Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
37
A exigência pelo uso da água e emissão de efluentes está mudando a gestão
das indústrias, departamento de água e esgoto, entre outros. Essa alteração de
comportamento exige maior controle operacional além de novas tecnologias de
tratamento.
O meio ambiente é o foco de proteção, e as resoluções visam a não
contaminação dos recursos naturais, protegendo-os de toda má utilização e
detrimento de sua qualidade para o mesmo fim.
Para que o efluente líquido seja lançado no corpo receptor, sua qualidade ele
deve respeitar às legislações ambientais. No estado de Mato Grosso deve ser
obedecida a Resolução CONAMA n° 357 de 17 de março de 2005 e a Resolução
CONAMA n° 430 de 13 maio de 2011, como padrões de qualidade para o corpo
receptor e para o lançamento de efluente, respectivamente.
4.6. Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CEHIDRO)
O Estado de Mato Grosso possui o Conselho Estadual de Recursos Hídricos.
É um órgão colegiado constituinte do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, que
reúne órgãos governamentais, sociedade civil e usuários, e que tem como finalidade
discutir a gestão dos recursos hídricos no Estado, para fortalecer a sua utilização e
também evitar o surgimento de conflitos futuros (MATO GROSSO, 2013).
Foi instituído pela Lei Estadual nº 6.945, de 05 de novembro de 1997 e
regulamentado atualmente pelo Decreto nº 2.707, de 28 de julho de 2010 tendo
atribuições consultivas, deliberativas, normativas e recursais. O CEHIDRO encontra-
se ativo desde o ano de 2003, sendo anteriormente regulamentado pelos Decretos nº
3.952, de 06 de março de 2002 e nº 6.822, de 30 de novembro de 2005, revogados
pelo Decreto atual.
De acordo com a Resolução do Conselho Estadual de Recursos Hídricos
CEHIDRO Nº 29, de 24 de setembro de 2009, são estabelecidos critérios técnicos
referentes à outorga para diluição de efluentes em corpos hídricos superficiais de
domínio do Estado de Mato Grosso. A Resolução Nº 39, de 11 de novembro de 2010
altera a Resolução nº 29.
No Art. 1º, a Resolução n° 29 estabelece critérios técnicos a serem
observados na análise dos processos de outorga para fins de diluição de efluentes em
corpos hídricos superficiais de domínio do Estado de Mato Grosso. Deverá ser
38
considerada também a Lei nº 6.945, de 05 de novembro de 1997, que dispõe sobre a
Política Estadual de Recursos Hídricos.
O Decreto 336, de 06 de junho de 2007, regulamentou o regime de outorga
de águas no Estado do Mato Grosso; A Resolução CEHIDRO nº 27 de 09 de julho de
2009, estabeleceu critérios para a emissão de outorga superficial de rios de domínio
do Estado de Mato Grosso; A Resolução do Conselho Nacional de Recursos Hídricos
(CNRH) nº 91 de 05 de novembro de 2008, dispõe sobre procedimentos gerais para o
enquadramento dos corpos de água superficiais e subterrâneos.
Rodrigues (2013) avaliou os usos e impactos na aplicação dos instrumentos
“outorga” e “enquadramento” para o setor de saneamento no perímetro urbano da bacia
do Rio Coxipó, no município de Cuiabá/MT e propôs o enquadramento transitório para
trechos do rio Coxipó, de forma a permitir a regularização do uso para saneamento
público. Logo após este trabalho, foram elaboradas as resoluções n°68 , 69, 70, 71 e 72
de 11 de setembro de 2014, que define a classe correspondente a ser adotada, de forma
transitória, para aplicação do instrumento de outorga, e aprova as metas progressivas
constantes. A resolução n°68 enquadra de forma transitória o córrego Urubu, que é o
foco desse estudo.
4.7. Resolução N°68 de 11 de setembro de 2014
Esta resolução estabelece a classe correspondente a ser adotada, de forma
transitória, para a implementação do instrumento de outorga, e aprova as metas
progressivas constantes no Anexo I para os trechos de corpos hídricos da bacia do Rio
Coxipó citados na mesma, pertencentes à Unidade de Planejamento e Gerenciamento P-
4 – Alto Rio Cuiabá, município de Cuiabá.
A classe empregada de forma transitória é válida somente até a aprovação do
enquadramento pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos. O córrego Urubu se
enquadra na seguinte forma nesta resolução:
39
Quadro 2.Classes e metas progressivas de enquadramento dos corpos hídricos da Bacia do
Rio Coxipó, integrantes da Unidade de Planejamento e Gerenciamento P-4 - Alto Rio
Cuiabá, Município de Cuiabá, córrego Urubu.
Trechos Classe
Concentração
Máxima
Permitida de
DBO - (mg/l)
Concentração
Máxima
Permitida de
DBO - (mg/l)
Concentração
Máxima
Permitida de
DBO - (mg/l)
Meta 5 anos Meta 10 anos
1 4 55 50 45
Fonte: Resolução n°. 68 de 11 de setembro de 2014
4.8. Métodos e técnicas utilizadas na análise ambiental de microbacias
urbanas
Na análise ambiental em microbacias podem ser utilizadas metodologias como:
Características Fisiográficas, Método VERAH e o Método de Análise do Índice de
Qualidade da Água (IQA). No entanto, para analisar as modificações no meio ambiente
nada melhor um Sistema de Informações Geográficas, SIG. O SIG deve ser
compreendido como uma vigorosa ferramenta para apoiar a tomada de decisão por parte
do usuário. A sua estrutura deve, nesse sentido, ser muito bem planejada para que a
interação homem-máquina se dê de maneira eficiente e atenda às necessidades dos
usuários (FITZ, 2008).
4.8.1 MÉTODO VERAH
A metodologia do VERAH realiza o diagnóstico ambiental da microbacia
utilizando os aspectos de vegetação, erosão, resíduos, água e habitação (OLIVEIRA
et. al., 2008) com o propósito de detectar problemas ambientais gerados pelo uso do
solo com a perspectiva de corrigi-los e/ou evitá-los. Esta metodologia foi criada por
Oliveira (2008) que, para sua aplicação deve-se delimitar a microbacia e em seguida
fazer o levantamento dos temas no local para assim ter-se o diagnóstico.
A vegetação, erosão, resíduos, água e habitação devem ser correlacionados
para identificar e priorizar os problemas existentes relacionados a cada tema. Com o
diagnóstico realizado finalizar indicando recomendações com a finalidade de
minimizar os impactos negativos causados pela antropização.
40
Oliveira et al., (2008) apud Guedes (2010) consideram o ambiente da
microbacia uma porção do meio que pode ser delimitada e diagnosticada em
separado, mantendo íntegras as relações dos aspectos.
Santos (2013) utilizou o método VERAH para diagnosticar a microbacia do
córrego Três Barras, que possui como cenário, um ambiente com baixa qualidade
ambiental, com porções legais de áreas de preservação permanente desrespeitadas,
como por exemplo das áreas verdes, o aterramento das margens do córrego, as
construções de forma ilegal de habitações, bolsões de lixo e resíduo da construção civil,
e lançamento do esgoto doméstico i-natura. Esse processo de ocupação desordenada
ocorre sem o acompanhamento da infraestrutura de saneamento básico. Que segundo o
trabalho resultou em um quadro crítico do ponto de vista do prejuízo da qualidade da
água e do desequilíbrio ambiental urbano, somando-se a esses fatores o baixo percentual
de esgoto coletado e tratado.
4.8.1.1 Definição dos Aspectos – VERAH
Vegetação: É o grupo de vegetais que existem em um determinado espaço
geográfico. Ela pode ser composta por plantas de diferentes características e em
situações geográficas bastante variadas ou plantas do mesmo táxon.
O tipo de vegetação é determinado principalmente pelo tipo de clima,
ressaltando que esta regra aplica-se somente a vegetações naturais ou nativas. No
Brasil, os principais tipos de vegetação natural são: Floresta Amazônica, Cerrado,
Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal, Campos Sulinos, Mangues, Matas de Araucárias
(RODRIGUES, 2013).
Erosão: É um processo de deslocamento de terra ou de rochas de uma
superfície, podendo ocorrer por ação de fenômenos da natureza ou do ser humano.
No que se refere às ações da natureza, pode citar as chuvas como principal causadora
da erosão. Ao atingir o solo, em grande quantidade, provoca deslizamentos,
infiltrações e mudanças na consistência do terreno, deslocando volumes de terra. O
vento, a variação de temperatura e composição química do solo também causam
erosões (FONSECA, 2009).
A ação antrópica de retirar a cobertura vegetal do solo diminui a absorção
da água pelas raízes das plantas e os vazios de ar no solo, tornando-o compactado.
Por efeito da compactação do solo, ocorre a diminuição dos macroporos, tornando o
41
solo erodível, pois são estes os poros responsáveis pela infiltração da água
(MEURER, 2004).
Devido a estas ações pode ocorrer o aparecimento de ravinas e voçorocas.
Voçorocas é a evolução do processo erosivo intenso causado pela concentração de
enxurradas em depressões mal protegidas que acumulam grandes volumes de água a
uma alta velocidade.
De acordo com Bertoni e Lombardi Neto (1990), elas são profundas quando
têm mais de 5m de profundidade; médias, de 1 a 5m; e pequenas, menores de 1m.
Pela área da bacia, são consideradas pequenas quando a área de drenagem for menor
do que 2 hectares; médias, de 2 a 20 hectares, e grandes, maiores de 20 hectares.
Outra forma de erosão são as ravinas, estas são de menores profundidades do que as
voçorocas.
Resíduos Sólidos: são todos os restos sólidos ou semi-sólidos das atividades
humanas ou não-humanas, que embora possam não apresentar utilidade para a
atividade fim de onde foram gerados, podem virar insumos para outras atividades.
Grande parte dos resíduos é produzida nos grandes centros urbanos,
originários, principalmente, de residências, escolas, indústrias e construção civil.
Água: É uma substância química essencial para todas as formas de vida. Ela
é encontrada em oceanos, geleiras, aquíferos, rios, vapor d’água, nuvens. A água é
essencial para os humanos e para as outras formas de vida. Age como reguladora de
temperatura, dilui os sólidos e transporta nutrientes e resíduos por entre os vários
órgãos.
Habitação: No dicionário, habitação é o termo utilizado para o lugar em que
se habita; casa, lugar de morada; residência, vivenda; domicílio: habitação ampla e
confortável.
A função primordial da habitação é a de abrigo, protegendo o ser humano
das intempéries e de intrusos (ABIKO, 1995). Com o passar do tempo o homem
passou a utilizar materiais disponíveis em seu meio, tornando o abrigo cada vez mais
elaborado.
Na evolução do homem, de coletor para produtor, este passa não apenas a
produzir sua própria existência, mas também um espaço adequado e ajustado às suas
novas necessidades. A relação passiva mantida até então, entre homem e natureza,
muda e, ao longo da história, o meio ambiente sofrerá, de forma permanente
(CARLOS, 1992).
42
De acordo com Alfonsin e Fernandes (2003), a habitação desempenha três
funções: social, ambiental e econômica. A função social é o de abrigar as pessoas. Na
função ambiental é importante que estejam assegurados os princípios básicos de
infraestrutura, saúde, educação, transportes, lazer, etc., além de determinar o impacto
da habitação sobre os recursos naturais disponíveis. Com relação a economia ela
oferece novas oportunidades de geração de emprego e renda, mobiliza vários setores
da economia local e influencia os mercados imobiliários e de bens e serviços.
4.8.1.2 Fisiografia
A análise fisiográfica tem por princípio o entendimento das condições de
gênese e evolução das paisagens que apresentam estreita associação com os
processos pedogênicos, o que possibilita o reconhecimento dos tipos de solos
associados a cada paisagem (MORAES et al., 2008).
Os dados fisiográficos podem ser obtidos por meio de mapas, aerofotos,
imagem de satélite, para obtenção de as áreas, comprimentos, declividades e
coberturas do solo (SILVEIRA, 2004).
4.8.1.3Índice de Qualidade da Água – IQA
O Índice de Qualidade da Água – IQA foi criado em 1970, nos Estados Unidos.
No Brasil a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB começou utilizar
este índice após 1975 e nas décadas seguintes foi sendo utilizado por outros estados. Ele
avalia a qualidade da água de mananciais superficiais e subterrâneos. Para o cálculo são
utilizados parâmetros que demonstram indicadores de contaminação causada,
principalmente pelo lançamento de esgotos domésticos e industriais.
Para determinar o valor do IQA realiza-se a média ponderada dos parâmetros:
oxigênio dissolvido (OD), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), coliformes fecais,
pH, temperatura, nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais e turbidez, com seus
respectivos pesos (w), os quais foram fixados em função da sua importância para a
conformação global da qualidade da água (Quadro 3):
43
Quadro 3. Parâmetros utilizados para calcular a Qualidade da Água.
Fonte: Adaptado de BRASIL. Agência Nacional de Águas-ANA. Portal da Qualidade das
Águas. (2013)
4.8.1.4.Cálculo de IQA
O cálculo é feito por meio do produtório ponderado dos nove parâmetros,
segundo a seguinte fórmula:
(Equação 1)
Onde:
IQA = índice de qualidade da água, um número de 0 a 100;
qi= parâmetros de qualidade avaliados;
wi= peso atribuído ao parâmetro, em função de sua importância na qualidade,
entre 0 e 1.
n = número de parâmetros que entram no cálculo do IQA.
Os valores do IQA são classificados em faixas, e estes podem variar entre os
estados no Brasil. No estado de Mato Grosso, os índices aplicados são estabelecidos
conforme Quadro 4:
44
Quadro 4. Variação das faixas de valores de IQA entre os estados brasileiros.
Fonte: Alves (2012).
Contudo, esse índice apresenta limitações, pois foi desenvolvido para avaliar a
qualidade das águas, considerando como sua utilização principal, o abastecimento
público. Consequentemente, as outras atividades como as atividades agrícolas e
industriais, que também geram poluentes (ex.: metais pesados, pesticidas, compostos
orgânicos), não são analisados pelo IQA.
Além de não considerar outros parâmetros importantes, tais como os
compostos orgânicos com potencial mutagênico, os metais pesados, as substâncias que
afetam as propriedades organolépticas da água, o potencial de formação de
trihalometanos e a presença de parasitas patogênicos, como descreve Alves (2012) e
Ana (2005).
4.8.2 CAPACIDADE DE AUTODEPURAÇÃO
A autodepuração é um processo natural, no qual cargas poluidoras, de origem
orgânica, lançadas em um corpo d’água são neutralizadas.
Para Sperling (1996), a autodepuração pode ser entendida como um fenômeno
de sucessão ecológica, em que o restabelecimento do equilíbrio no meio aquático, é
realizado por mecanismos essencialmente naturais.
De acordo com Stehfest (1973), a decomposição da matéria orgânica por
microrganismos aeróbios corresponde a um dos mais importantes processos integrantes
do fenômeno da autodepuração. Ele é responsável pelo decréscimo nas concentrações
de oxigênio dissolvido na água devido à respiração dos microrganismos, que por sua
vez decompõem a matéria orgânica.
Segundo Braga et al (2002), o despejo da matéria orgânica no meio aquático
pode ocasionar um desequilíbrio entre a produção e o consumo de oxigênio.
45
4.8.2.1 Zonas de autodepuração
Admite-se que o processo de autodepuração ocorre em quatro zonas
fisicamente identificáveis dentro de um rio. Estas zonas são: zona de degradação, zona
de decomposição ativa, zona de recuperação e zona de águas limpas (Figura 9).
Figura 9. Zonas de autodepuração dos cursos d’água, (adaptado de Braga, 2002).
• Zona de águas limpas - localizada em região à montante do lançamento do
efluente (caso não exista poluição anterior) e também após a zona de recuperação. Essa
região é caracterizada pela elevada concentração de oxigênio dissolvido e vida aquática
superior;
• Zona de degradação - localizada à jusante do ponto de lançamento, sendo
caracterizada por uma diminuição inicial na concentração de oxigênio dissolvido e
presença de organismos mais resistentes;
• Zona de decomposição ativa - região onde a concentração de oxigênio
dissolvido atinge o valor mínimo e a vida aquática é predominada por bactérias e fungos
(anaeróbicos);
• Zona de recuperação - região onde se inicia a etapa de restabelecimento do
equilíbrio anterior à poluição, com presença de vida aquática superior (ANDRADE,
2010).
46
4.8.2.2 Balanço de oxigênio dissolvido
Quando ocorre o lançamento de algum efluente em um curso d’água ocorre
também um consumo de OD. Isto ocorre devido ao processo de estabilização da matéria
orgânica por bactérias decompositoras aeróbias que utilizam o oxigênio.
Segundo Sperling (2007) o oxigênio dissolvido é bastante utilizado para
determinar o grau de poluição e de autodepuração de um curso d’água. Isto porque sua
medição é simples e os resultados (concentração) podem ser utilizados em modelagens
matemáticas, assunto este que será visto adiante.
O balanço de oxigênio que ocorre no fenômeno de autodepuração é
representado pela relação entre as fontes de consumo e de produção de oxigênio.
Diversos fatores intervêm no balanço de oxigênio conforme pode ser visto na Figura 10.
Figura 10. Fatores interagentes no balanço de OD, adaptado de Sperling (2007)
Os principais responsáveis pelo consumo de oxigênio nos corpos hídricos são:
- A matéria orgânica que consome oxigênio para sua estabilização, principal
constituinte dos esgotos;
47
- A demanda bentônica, formada pela matéria orgânica antes em suspensão que
sedimentou, formando o lodo de fundo, sendo também necessária sua estabilização;
- A nitrificação, que necessita da oxidação da amônia em nitritos e este em
nitratos, obtendo a forma para que o plâncton consiga assimilá-la (IMHOFF e IMHOFF,
1996).
4.8.2.3 Modelagem para estimativa da autodepuração
De acordo com Almeida (2005) os modelos de qualidade das águas são
utilizados para que se possa avaliar a qualidade da água, estimar as condições da água
ao longo do percurso do rio e simular os efeitos das cargas poluentes nos cursos
d’águas.
O objetivo de uma modelagem é determinar as variações de concentrações de
alguma carga poluente em função do espaço e do tempo, baseando-se em dados
previamente conhecidos.
Existem diversos modelos de qualidade das águas que envolvem a modelagem
de diversas substâncias. O modelo utilizado neste estudo utilizando OD e DBO é o
proposto por Streeter e Phelps em 1925.
4.8.2.4 Modelo de Streeter-Phelps
Este modelo foi um dos primeiros modelos de qualidade da água. Foi
desenvolvido em 1925 pelos pesquisadores americanos H.S. Streeter e E.B. Phelps, em
um estudo no rio Ohio, com o objetivo de aumentar a eficiência nas ações a serem
tomadas no controle da poluição das águas (NUVOLARI, 2003). Ele é bastante
utilizado, pois há necessidade de poucos parâmetros e dados de entrada, os dados
requeridos são:
Vazão do rio, a montante do lançamento (Qr);
Vazão de esgotos (Qe);
Oxigênio dissolvido no rio, a montante do lançamento (ODr);
Oxigênio dissolvido no esgoto (ODe);
DBO5 no rio, a montante do lançamento (DBOr);
DBO5 no esgoto (DBOe);
48
Coeficiente de desoxigenação (K1);
Velocidade de percurso do rio (v);
Tempo de percurso (t);
Temperatura do líquido (T);
Concentração de Saturação do OD (Cs);
Oxigênio dissolvido mínimo permissível (ODmín).
4.8.2.5 Curva do oxigênio dissolvido
Segundo Sperling (2007) o decréscimo de oxigênio ao longo do curso d’água
pode ser conhecido através da construção da curva do oxigênio dissolvido. Na curva o
eixo vertical representa as concentrações de OD e o eixo horizontal o tempo ou a
distância de percurso.
Alguns aspectos muito importantes são obtidos através dessa curva como: onde
em que ponto do rio, se dará a recuperação do OD, após quanto tempo, a que nível
descerá o teor de OD, a que distância da origem ocorrerá este mínimo.
4.8.2.6 Cinética de desoxigenação
A cinética da reação da matéria orgânica remanescente (DBO remanescente) se
processa segundo uma reação de primeira ordem em que a taxa de mudança na
concentração é proporcional a primeira potência da concentração (SPERLING, 1996).
4.8.2.7 Coeficiente de desoxigenação
O coeficiente de desoxigenação (K1) é um parâmetro muito importante na
modelagem do OD e depende das características da matéria orgânica, da temperatura, e
da presença de substâncias inibidoras.
49
Quadro 5. Valores típicos de K1 em condições de laboratório (base e, 20°).
Origem K1 (dia-1)
Esgoto bruto concentrado 0,35 – 0,45
Esgoto bruto de baixa concentração 0,30 – 0,40
Efluente Primário 0,30 – 0,40
Efluente Secundário 0,12 – 0,24
Curso d’ água com água águas limpas 0,08 – 0,20
Fonte: Adaptado Fair et al (1973) e Arceivala (1981) apud Sperling (2007).
4.8.2.8Coeficiente de remoção de DBO (kd)
Kd é o coeficiente de desoxigenação global dos cursos d'água naturais
decorrente da degradação da DBO Carbonácea. Segundo a EPA - Environmental
ProtectionAgency (1985 apud SPERLING 2007). O Kd que representa a oxidação da
DBO no rio é maior ou igual do que K1 que representa a oxidação da DBO nas garrafas
no laboratório.
O Quadro 6 apresenta uma síntese das faixas dos valores dos coeficientes K1 e
Kd.
Quadro 6. Coeficientes de desoxigenação.
Origem K1
(Laboratório)
Kd (Rio)
Rios rasos Rios
Profundos
Curso d’água recebendo esgoto bruto concentrado 0,35-0,45 0,50 - 1,00 0,35 – 0,50
Curso d’água recebendo esgoto bruto de baixa
concentração
0,30 – 0,40 0,40 – 0,80 0,30 – 0,45
Curso d’água recebendo efluente primário 0,30 – 0,40 0,40 – 0,80 0,30 – 0,45
Curso d’água recebendo efluente secundário 0,12 – 0,24 0,12 – 0,24 0,12 – 0,24
Curso d’água com águas limpas 0,08 – 0,20 0,08 – 0,20 0,08 – 0,20
Fonte: Adaptado de Sperling (2007). Nota: rios rasos: profundidade inferior a cerca de 1 a 1,5m; rios profundos: profundidade superior a cerca
de 1 a 1,5m.
4.8.2.9 Cinética da reaeração
50
Segundo Nuvolari (2003) quando a água é exposta a um gás, ocorre uma troca
contínua de moléculas entre a fase líquida e a fase gasosa (atmosfera), e essa troca é
diretamente proporcional a pressão que o gás exerce sobre o líquido, isto é, quanto
maior a pressão, maior o fluxo de entrada de oxigênio no meio líquido.
Se a concentração de solubilidade na fase líquida for atingida, ambos os fluxos
passam a ser de igual magnitude, o que faz com que a concentração do gás em as fases
não mude.
Este equilíbrio dinâmico define a concentração de saturação (Cs) do gás na fase
líquida (SPERLING, 2007).
4.8.2.10 Coeficiente de reaeração (K2)
De acordo com Sperling (2007) a seleção do K2 tem uma maior influência nos
resultados do balanço de oxigênio dissolvido do que o coeficiente K1, pelo fato da faixa
de variação do último ser mais estreita.
Para se determinar o valor de K2 utilizam-se métodos estatísticos em que são
empregadas as concentrações de OD e diversos tempos (t) como dados de entrada.
Existem vários métodos para obtenção de um valor para o coeficiente K2. No
Quadros 7 e 8 são demonstrados os valores através da profundidade do rio e os que
podem ser obtidos em função das características hidráulicas do corpo d’água
respectivamente.
51
Quadro 7. Valores típicos de K2 (base e, 20°).
Origem K2 (dia-1)
Profundos Rasos
Pequenas lagoas 0,12 0,23
Rios vagarosos, grandes lagos 0,23 0,37
Grandes rios com baixa velocidade 0,37 0,46
Grandes rios com velocidade normal 0,46 0,69
Rios rápidos 0,69 1,15
Corredeiras e quedas d’água > 1,15 > 1,61
Fonte: Adaptado de Fair et al (1973), Arceivala (1981) apud Sperling (2007).
Quadro 8. Equações para determinação do K2 utilizando as características hidráulicas
do corpo d’água.
Autor Equação Faixa de Aplicação
O’Connor-Dobbins 3,93 x v0,5 x H-1,5 0,6m ≤ H < 4 m
0,05 m/s ≤ v < 0,8 m/s
Churchil 5 x v0,97 x H-1,67 0,6m ≤ H < 4 m
0,8 m/s ≤ v < 1,5 m/s
Owens et AL 5,3 x v0,67 x H-1,85 0,1m ≤ H < 0,6 m
0,05 m/s ≤ v < 1,5 m/s
Tsivoglou-Wallace 31,6 x v x t Q entre 0,03 e 0,3 m³/s
15,4 x v x t Q entre 0,3 e 8,5 m³/s
Fonte: Adaptado de Sperling (2007).
Onde: v = velocidade do curso d’água (m/s)
H = altura da lâmina d’água (m)
I = declividade do curso d’água (m/Km)
4.8.2.11 Equações do Modelo
Conforme descrito por Sperling (2007) as equações representativas utilizadas
no modelo de Streeter-Phelps são:
- Concentração e déficit de oxigênio no rio após a mistura com o despejo equação
numerada
52
(Equação 2)
Onde:
C0 = concentração inicial de oxigênio, logo após a mistura (mg/L);
Qr = vazão do rio a montante do lançamento (m³/s);
Qe = vazão de esgoto (m³/s);
ODr = concentração de oxigênio dissolvido no rio, a montante do lançamento
dos despejos (mg/L);
ODe = concentração de oxigênio dissolvido no esgoto (mg/L).
- DBO5 e demanda última no rio após a mistura com o despejo
(Equação 3)
(Equação 4)
Onde:
DBO50 = concentração de DBO5, logo após a mistura (mg/L);
L0 = demanda última de oxigênio, logo após a mistura (mg/L);
DBOr = concentração de DBO5 no rio (mg/L);
DBOe = concentração de DBO5 no esgoto (mg/L);
KT = constante para transformação da DBO5 em DBO última (DBOu).
(Equação 5)
53
- Perfil do oxigênio dissolvido em função do tempo
(Equação 6)
- Tempo crítico
É o tempo onde ocorre a concentração mínima de oxigênio
(Equação 7)
Tc = tempo crítico, ou o tempo no qual o déficit de oxigênio é máximo (d).
(Equação 8)
4.8.3 CAPACIDADE SUPORTE
O lançamento de efluente poderá causar interferências quantitativas e
qualitativas no corpo hídrico, podendo agregar uma série de substâncias com
características físico-químicas e biológicas diferentes dos originalmente presentes no
corpo hídrico.
É necessário, conhecer os impactos qualitativos e quantitativos quando
lançados efluentes nos mananciais ao longo do tempo, dos trechos, em função de cada
parâmetro de qualidade. Após o conhecimento dos impactos individuais de cada
poluidor, é fundamental estimar o impacto cumulativo dos diversos usos nos corpos de
água.
54
De acordo com Kelman (1997) e desenvolvidos por Cardoso da Silva et al.
(2001) as interferências qualitativas no corpo hídrico são “transformadas” em
equivalentes quantitativos.
O balanço qualitativo é baseado na equação derivada da equação de balanço de
massa:
(Equação 9)
Onde:
Ca = concentração de um determinado parâmetro de qualidade no efluente;
Qa = vazão do efluente a;
Cb = concentração de um determinado parâmetro de qualidade no efluente b;
Qb = = vazão do efluente b;
Cmistura = concentração de um determinado parâmetro na mistura resultante
dos efluentes a e b.
A equação em que se baseia o balanço qualitativo é chamada de Equação de
Diluição, proposta por Kelman (1997):
(Equação 10)
Onde:
Qdil = vazão de diluição para determinado parâmetro de qualidade;
Qef = vazão do efluente que contém o parâmetro de qualidade analisado;
Cef = = concentração do parâmetro de qualidade no efluente;
Cperm = concentração permitida do parâmetro de qualidade no manancial onde
é realizado o lançamento;
Cman = concentração natural do parâmetro de qualidade no manancial onde é
realizado o lançamento.
55
A vazão de diluição (Qdil) é a vazão necessária para diluir determinada
concentração (Cef) de dado parâmetro de qualidade, de modo que a concentração
resultante (Cmistura) seja igual à concentração permitida (Cperm).
Admite-se sempre que o manancial receptor do efluente está na condição
natural de concentração do parâmetro de qualidade (Cman) em estudo. Por exemplo,
segundo Klein (1962) apud Sperling (1998), um rio bastante limpo possui uma demanda
bioquímica de oxigênio (DBO) natural de, aproximadamente, 1,0 mg/L, decorrente da
matéria orgânica oriunda de folhas e galhos de árvore, peixes mortos, fezes de animais,
etc.
Segundo Kelman (1997) a adoção da concentração natural de determinado
parâmetro de qualidade no manancial, em lugar da concentração atual, deve-se a três
razões:
a) Avaliar o quanto cada usuário comprometerá qualitativamente o manancial
em termos absolutos, de forma independente e sem a interferência de outros usuários;
b) Caso fosse adotada a concentração atual do manancial, o resultado poderia
ser negativo, significando falta de água para a diluição dos efluentes lançados. Essa
condição faz com que todas as análises retratem situações que são influenciadas pelos
usos existentes, mascarando o real efeito que determinado usuário causa ao manancial;
c) Dois usuários que fazem lançamento de efluentes com as mesmas
características qualitativas e quantitativas seriam tratados de forma distinta caso
iniciassem seus lançamentos em épocas diferentes. Ou seja, se um dos usuários
começasse seus lançamentos cinco anos depois do outro, as vazões de diluição desse
último seriam maiores, admitindo-se que nesse ínterim outros usuários também
comprometessem qualitativamente o manancial.
Ainda conforme Kelman (1997), o resultado da equação de diluição é uma
vazão do manancial, denominada Vazão de Diluição (Qdil), da qual o usuário se
“apropria” virtualmente para diluir determinado parâmetro presente em seu efluente.
Essa vazão se propaga para jusante, podendo o seu valor aumentar, diminuir, ou mesmo
se manter constante, dependendo das seguintes condições:
a) Se o parâmetro de qualidade que está sendo diluído é conservativo ou não-
conservativo;
b) Se as concentrações permitidas (Cperm) do parâmetro nos trechos de jusante
ao do lançamento sofrerão mudanças.
56
Quando do lançamento de efluentes, a Vazão de Diluição somada à vazão do
próprio efluente resulta em uma Vazão de Mistura cuja concentração final não deverá
ultrapassar determinado limite (concentração permitida – Cperm).
Na Vazão de Mistura de um determinado parâmetro de qualidade não poderá
ser diluído mais nenhum lançamento desse mesmo parâmetro, sendo possível, porém, a
sua utilização para diluição de outros parâmetros, bem como para captação.
Considerando o parâmetro DBO a concentração resultante na vazão de mistura
(Cperm) sofrerá um decaimento natural ao longo do tempo e dos trechos do manancial,
decorrente da possibilidade de autodepuração do corpo hídrico. Porém, a vazão da
mistura que este usuário torna indisponível no manancial para outras diluições do
mesmo parâmetro é chamada de Vazão Indisponível (Qindisp).
De acordo com Kelman (1997), a vazão indisponível no ponto de lançamento
(Qindisp1) é obtida pela equação abaixo:
(Equação 11)
Se a vazão indisponível total em qualquer mês, ou qualquer trecho, for maior
que a vazão remanescente (Qindisp>Qreman), significa que não há vazão suficiente
para diluir os efluentes e manter o manancial na qualidade desejada, ou na qualidade
permitida (KELMAN, 1997).
57
5. MATERIAL E MÉTODOS
Para fazer o estudo do córrego do Urubu levantou-se alguns aspectos como:
fisiográficos, sócio ambiental, infraestrutura e informações relevantes sobre a qualidade
ambiental da microbacia, com objetivo de avaliar os impactos causados pelo processo
de uso e ocupação do solo e o reflexo disso diretamente no córrego. Dessa forma, para
alcançar os objetivos propostos nesta dissertação foram definidas etapas metodológicas
apresentadas na Figura 11. Foram utilizados resultados de análises de imagem da bacia
em conjunto com levantamento de dados primários e secundários referente as variáveis
físicas e visitas in loco para observar as particularidades e efetuar as coletas para o
monitoramento qualitativo.
Figura 11 – Roteiro metodológico.
Neste item será apresentada a metodologia de pesquisa aplicada para o
desenvolvimento da dissertação. Os dados necessários para concluir os objetivos deste
trabalho são de fontes secundárias e primárias.
58
5.1. Método VERAH
O método do VERAH possui característica empírica, que compreende uma
análise integrada de cinco atributos sendo: Vegetação, Erosão, Resíduos, Água e
Habitação. Esse método de análise foi criado pelo pesquisador Antonio Manoel do
Santo Oliveira, da Universidade Guarulhos - UNG e vem sendo aplicado desde 2004.
Além de desenvolver os aplicadores ambientais, o método alia a educação a um
procedimento de gestão ambiental, aplicado a microbacias urbanas (OLIVEIRA, et.
al.,2008).
5.1.1. DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
O objeto de estudo é o córrego Urubu e sendo assim, a unidade geográfica
aplicada para delimitar a área de estudo é a bacia hidrográfica. Toda a microbacia do
córrego Urubu está inteiramente situada em perímetro urbano, com isso, está sofre
interferência em seu regime natural de drenagem. Como a microbacia estudada tem um
alto índice de urbanização, as construções e rede de drenagem alteram o regime de
escoamento. Em alguns trechos áreas que seriam contribuintes naturalmente para a
bacia em que faz parte, a do rio Coxipó.
5.1.2. TÉCNICAS DE GEOPROCESSAMENTO
Para avaliar os impactos da urbanização na bacia foram levantados dados de
fisiografia, destinação dos resíduos sólidos, sistema de esgotamento sanitário,
vegetação, uso e ocupação do solo e dados socioeconômicos. A plataforma escolhida foi
a SPOT, por oferecer 58 imagens recentes e com resoluções espaciais que variam de
2,5m a 20m. O satélite utilizado foi o SPOT 5, com imagem de 23 de julho de 2009.
Para o tratamento foi extraída uma máscara da imagem através do polígono base que é a
área de estudo. Utilizou-se as bandas B1, B2 e B3, todas com resolução espacial de 10
metros, a resolução temporal de 26 dias e a área imaginada de 60/60 metros
(EMBRAPA, 2011).
59
Os dados secundários foram levantamentos do histórico da microbacia bem
como dados geográficos foram obtidos junto aos órgãos competentes, municipal e
estadual. Pesquisadores também contribuíram com seus estudos. As informações são
relevantes para análises e complemento dos dados primários.
Os dados primários foram produtos de técnicas de Geoprocessamento, tendo
como instrumento identificador de análise a imagem de satélite e sua classificação por
meio de chaves de identificação. Através do Modelo Numérico do Terreno (MNT) que é
uma representação matemática computacional da distribuição de um fenômeno espacial
que ocorre dentro de uma região da superfície terrestre. Dados de relevo, informação
geológicas, levantamentos de profundidades do mar ou de um rio, informação
meteorológicas e dados geofísicos e geoquímicos são exemplos típicos de fenômenos
representados por um MNT, foram obtidos os dados de altimetria, geomorfologia,
delimitação da bacia e deu apoio para obter outros dados primários, conforme a (figura
12).
Figura 12 – MNT inserido no SIG para efetuar tratamento. Fonte: O autor.
5.1.3. FISIOGRAFIA DA MICROBACIA
A fisiografia de uma bacia descreve seu formato e suas características, dados
que permitem conhecer o potencial natural de risco de enchente de um corpo hídrico.
Para conhecer a fisiografia da bacia do córrego Urubu, o SIG - ArcGIS 9.3™ foi
utilizado na delimitação da área de estudo, na área, no perímetro, na altitude máxima, na
altitude da nascente e no exutório e extensão do córrego, comprimento total dos canais,
bem como comprimento dos afluentes a margem direita e esquerda. O restante dos
60
dados fisiográficos foram determinados aplicando fórmulas específicas, inseridos os
valores levantados anteriormente, conforme a Quadro 9.
Quadro 9. Métodos para obtenção dos dados fisiográficos.
Comprimento do Rio Principal (km) SIG
Área de Drenagem (km2) SIG
Perímetro da Bacia (km) SIG
Coeficiente de Compacidade (Kc) 1,27
Fator de Forma (Kf) Kf = A/ L2
Desnível Total do Curso Principal Di-Df
Declividade Média da Bacia Cot.i-Cot.F/Compr
Comprimento da Rede de Drenagem(m) 2924
Comprimento das Curvas de Nível(m) SIG
Eqüidistância entre Cotas(m) SIG
Elevação Média da Bacia(m) 179,5
Ordem da Bacia 2
Densidade de Drenagem ( km/km2) Dd = Lt / A
Coeficiente de Manutenção (km/km2) 1,01
Índice de Circularidade (IC) IC = 12,57. A/ P2
Altitude Máxima(m) SIG
Altitude Mínima(m) SIG
Altitude Média(m) SIG
Altitude Mediana(m) SIG
Altitude mais Freqüente(m) 180
Extensão Média de Escoamento Superficial (km2) I = A/ 4.ƩL
Fonte: Fitz (2008)
5.1.4. VEGETAÇÃO
Como metodologia utilizada para avaliar o levantamento dos dados relativos à
vegetação em torno da microbacia, foi necessária realizar a classificação da imagem
utilizando o método SIG como ferramenta e levantamento em campo, onde o produto
final se encontrará representado por mapas temáticos, fotos e levantamentos de espécies
de vegetação.
61
5.1.5. EROSÃO
Com relação às erosões constatadas entorno do corpo hídrico da microbacia
analisada e para analise destes processos erosivos, se fez necessário à elaboração de um
mapa das ocorrências identificadas, por meio da classificação e interpretação de
imagens e levantamento em campo. As analises deste trabalho consistiram em descrever
essas ocorrências erosivas ao redor deste corpo hídrico, principalmente na área da
jusante da ETE. As investigações para conclusão deste estudo realizado se fezeram
mediante o uso de GPS, anotações em caderneta de campo e fotografias digitais. Para
avaliação da ocorrência erosiva, foi baseada a erosão causada por águas pluviais,
verificando de que forma ocorre o escoamento superficial ao longo das vertentes, e
através dessa forma, caracterizando os pontos de interesse quanto á suscetibilidade a
erosão laminar, em sulco, ravina ou boçoroca. Diante disso, esses pontos foram
estudados em função do funcionamento hídrico das águas infiltradas e escoadas, bem
como a presença de aquífero freático.
5.1.6. RESÍDUO
Para analise do impacto causado com o descarte de resíduos que causaram
impactos diretamente no fluxo das microbacias, foi realizado um levantamento de dados
secundários,obtidos através de consultas de relatórios de atividade como produção e
coleta de resíduos, dados em revistas, jornais, publicações das organizações, junto aos
órgãos públicos municipais, visita em “in loco” com fotografias digitais.
Após o diagnóstico dos resíduos encontrados, constatou-se especificamente a
presença de resíduos sólidos domésticos produzidos pelas residências e comércios
locais, bem como foram pontuadas as deposições de resíduos da construção civil na
Área de APP do corpo hídrico. Contudo, as maiores evidências encontradas foram
conferidas entorno da área do córrego, ao longo das vertentes demarcadas, onde foi
possível investigar acerca das principais ocorrências relativas á pratica inadequada de
descarte de lixos e resíduos sólidos e de construção civil, demonstrando dessa forma,
como está sendo realizada e aceita a coleta de lixo pela população.
62
Através dessa demonstração, foi possível visualizar o processo de descartes
irregulares, característico da excessiva evolução urbana próxima á microbacia,
percorrendo e observando em campo os pontos de interesse, e como medida de registro
uma sequência de imagens fotográficas.
5.1.7. ÁGUA
Para o levantamento dos dados relativos á qualidade da água, foi necessário
analisar e utilizar como parâmetro identificador o índice de qualidade da água IQA, que
a partir dos cálculos efetuados, pôde-se determinar a qualidade destas águas, variando
numa escala de 0 a 100. Foram realizadas cinco campanhas mensais de coleta de água
com três pontos pré-definidos, aferindo a identificação prévia em campo, tendo como
instrumento o GPS de alta precisão.
As coletas de caráter quantitativo foram realizadas mensalmente, num período
de três meses de monitoramento, de agosto de 2013 a outubro de 2013, adquiridos em
três estações distribuídas ao longo da microbacia do córrego Urubu.
Para a escolha dos pontos foi levado em consideração a necessidade de se ter
pontos estratégicos que poderiam trazer uma representatividade mais abrangente da
microbacia. Foram escolhidos três pontos de coleta: P1 – Ponto próximo a nascente, P2-
Ponto à montante da ETE e P3- Jusante da ETE.
Figura 13 – Vista de procedimentos de análises laboratoriais para monitoramento
(Laboratório Control). Fonte: Benevento, G.P. (2015)
63
Os procedimentos de coleta foram realizados de acordo com o Guia de Coleta
CETESB (2011), e para execução das análises utilizou o livro Standard Methods 22°
edição, conforme (Tabela 2).
Tabela 2. Variáveis e seus métodos de análises da água e suas funções-Brasil-2011
EQUIPAMENTOS MARCA E MODELO FUNÇÕES
Phgâmetro TECNOPON Medir pH
Sonda de Oxigênio
Dissolvido HANNA HI720 Medir OD
Incubadora de DBO QUIMIS Incubar DBO
Estuda de Secagem FANEM Secar ST
Espectrofotômetro HACH DR 6000 Leitura de fósforo e
nitrogênio
Destilador de
Nitrogênio TECNAL Destilar Nitrogênio
Digestor de
Nitrogênio TECNAL Digerir Nitrogênio
Autoclave SPLABOR Autoclavar
vidrarias
Turbidímetro HANNA Medir turbidez
Estuda Bacterológica SPLABOR Incubar Coliforme
VIDRARIAS MARCA E MODELO FUNÇÕES
Pipetas PLENALAB Pipetar
Becker PLENALAB Analisar
Tubos Hack HACH Nitrogênio
Fonte: CETESB (2011).
As variáveis físicas, químicas e microbiológicas avaliadas foram: Temperatura
do da água (°C), pH, Turbidez (uT), Oxigênio Dissolvido (mg/L), Demanda Bioquímica
de Oxigênio (mg/L), Sólidos Totais (mg/L), Nitrogênio Kjedahl Total - NTK (mg/L),
Fósforo Total (mg/L), Coliformes Termotolerantes (NMP/100mL). De base para
executar as análises foi utilizado o livro Standard Methods 22° edição.
Tabela 3. Parâmetros e seus métodos de análise - Brasil - 2011
PARÂMETROS UNIDADE MÉTODO
Temperatura ºC Termométrico
pH - Potenciométrico
DBO mg/L Diluição e Incubação DBO
5, 20°C
Sólidos Totais mg/L Gravimetria
Oxigênio
Dissolvido mg/L Óptico
NKT mg/L Kjeldahl macro
Fósforo Total mg/L Persulfato e leitura
colorimétrica
64
Turbidez UNT Nefelométrico
Coliformes
Termotolerantes. NMP/100mL Tubos Múltiplos
Fonte: CETESB (2011).
5.1.8. HABITAÇÃO
Para este tema foram realizados levantamentos mediante a classificação de
imagens compondo as seguintes classes distintas: Alta Densidade de Habitação; 2)
Média Densidade de Habitação e 3) Baixa Densidade de Habitação; conforme descrito
nos itens Chaves de Identificação e em Classificação de Imagens, anteriormente
abordados.
5.2 Capacidade Suporte
Para determinar a capacidade suporte foi necessário levantar a vazão do
córrego na época mais crítica e confrontar com a qualidade da água obtida.
5.2.1. MEDIÇÃO DE VAZÃO
Para o cálculo da vazão foi utilizado o método da meia seção, em que as vazões
parciais são calculadas por meio da multiplicação da velocidade média na vertical pelo
produto da profundidade média na vertical pela soma das semidistâncias às verticais
adjacentes (vazão parcial determinada para cada região de influência de uma
determinada vertical).
Depois de tentar alternativas de medição de velocidade por métodos
consagrados optou-se pelo flutuador. O material escolhido foi madeira por ser
biodegradável e flutuante 4cm x 4cm x 1cm, essas medidas são suficientes para não
sofrer interferência do vento.
65
Figura 15 – Método de medição de vazão por flutuador. Fonte: Benevento, G.P (2015).
O flutuador foi lançado 2m antes do ponto “A” para eliminar as interferências
do impacto na água. A seção foi dividida em 3 áreas na qual os flutuadores eram
lançados no meio de cada área, atingindo assim a velocidade do centro e das laterais.
Procurou-se lançar 1 flutuador em cada área para cada cota, para calcular a velocidade
média da cota determinada, no entanto, em alguns momentos a oscilação das cotas não
permitiu lançar flutuadores em cada uma das 3 áreas. Para obtenção da vazão,
cronometrou-se o tempo que o flutuador levava para percorrer a distância do ponto A ao
ponto B em medidas de segundos (Figura 15). Logo a velocidade era dada com a
distância percorrida pelo tempo gasto pelo flutuador para percorrer o percurso.
5.2.2 CÁLCULO DE GRAU DE AUTODEPURAÇÃO
A abordagem proposta para o córrego Urubu é a verificação da capacidade de
diluição e de estabilização do oxigênio disponível e DBO ao longo do trecho estudado
no corpo receptor, considerando as vazões e concentrações de DBO e OD do efluente e
do córrego.
Para o estudo de autodepuração o modelo utilizado é o proposto por Streeter e
Phelps em 1925 e para obter o balanço qualitativo usou a equação chamada de Equação
de Diluição, proposta por Kelman (1997).
66
5.3 Prognóstico
Para a elaboração do prognóstico a partir de possíveis cenários e intervenções
que permitiu apresentar ações relacionadas às medidas mitigadoras mais adequadas no
processo de recuperação e melhoria desse corpo hídrico ou trecho dele, a fim de mitigar
os problemas ambientais diagnosticados, promovendo correções ou ainda medidas
preventivas quanto à qualidade socioambiental.
Para apresentação dos cenários a microbacia será dividida em três trechos. Os
cenários serão apresentados da seguinte forma, e serão cinco no total:
Cenário 1 – Sem intervenção de melhoria: Neste cenário será considerada
nenhuma ação de melhoria na microbacia (Situação Atual).
Cenário 2: Com intervenção de melhoria no trecho 2, com redução do efluente
gerado e destinado a galeria de águas pluviais do bairro Jardim Imperial com eficiência
redução de 50% da vazão do esgoto, vegetação e bolsões de resíduos sólidos.
Cenário 3: Com intervenção de melhoria no trecho 3, com aumento da
eficiência da ETE Jardim Universitário para entender classe 2, vegetação, bolsões de
resíduos sólidos, combate a erosão e habitação: Neste cenário será considerada uma
intervenção na eficiência do tratamento do efluente lançado proveniente da ETE Jardim
Universitário, considerando uma eficiência que atenda os limites classe II, além de
intervenções na vegetação, bolsões de resíduos sólidos, erosão e habitação.
Cenário 4 - Com melhoria relacionada a todos os impactos levantados no
diagnóstico do VERAH: Neste cenário será considerada uma intervenção no efluente
lançado proveniente do bairro Jardim Imperial, considerando 100% de redução da carga
poluidora. Também será considerada uma intervenção no na eficiência do tratamento do
efluente lançado proveniente da ETE Jardim Universitário, considerando uma eficiência
que atenda os limites classe II. Além de intervenção nos bolsões de lixo, na vegetação,
erosões e nas habitações irregulares.
67
6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS RESULTADOS
Este capítulo apresenta os resultados obtidos enfatizando os aspectos de
evolução urbana da microbacia, disponibilidade de infraestrutura existente quanto ao
abastecimento de água, esgotamento sanitário. Utilizando o método VERAH e o Estudo
da Capacidade Suporte do córrego Urubu para elaboração do diagnóstico ambiental da
microbacia.
6.1. Evolução urbana da Microbacia
Os bairros inseridos na microbacia tiveram uma ocupação em períodos
diferentes, com uma variação do bairro mais antigo para o mais atual pela data de
aprovação de 26 anos. Sendo o mais antigo, o bairro Parque Universitário e o mais
recente o Residencial Topázio.
Quadro 10 – Evolução urbana do Bairro Jardim Universitário.
Evolução Urbana – JD. Universitário –Cuiabá-MT
Bairro Ocupação Fonte
Acácia do Coxipó 2001/2008 29/06/2004 - Aprovação
Cohasumt 1981/1990 1983 – Aprovação
Pq. Universirário- I loteamento 1971/1980 1979 – Cuiabá na nova realidade
sócio política de MT
Quintas do Rio Coxipó – Loteamento 1981/1990 1984 – Aprovação
Residencial Topázio 2001/2008 23/12/2005
Fonte: IPDU 2010 apud Santos (2013).
Entre as datas do (Quadro 10), também foram aprovados outros residenciais
como, Acácia do Coxipó, com aprovação em 2004 e ocupação de 2001 a 2008.
Residencial Cohasumt, com aprovação em 1983 e ocupação de 1981 a 1990. Quintas
do Rio Coxipó – loteamento, com aprovação em 1983. Residencial topázio, com
aprovação em 1984 e ocupação entre 1981 a 1990. Observando a Figura 16 demonstra
estas ocupações de forma simultânea, conforme (Figura 16).
68
Figura 16 – Mapa de evolução urbana da microbacia do córrego Urubu. Fonte: Benevento.G.P.
Percebe-se que a microbacia se caracteriza por um processo ordenado
verificando a presença de bairros planejados mais recentes, por esse motivo os
problemas deveriam ser menores em relação outras microbacias com presença de
ocupação desordenada.
6.2. Infraestrutura de Saneamento Existente
Os bairros inseridos na microbacia são abastecidos pela ETA Tijucal. Esta é
uma Estação de Tratamento de Água moderna, tendo um sistema de automação que
proporciona redução dos custos operacionais e atende 100% da população inseridas na
microbacia. Sendo compostas por captação, decantação, filtragem e distribuição,
disponibilizando água de qualidade de acordo com a demanda de consumo, eliminando
os desperdícios.
69
Figura 17 – Estação de tratamento de água Tijucal Fonte: CAB ambiental
A ETA Tijucal está localizada no bairro Tijucal, o adjacente aos bairros
inseridos na microbacia do Urubu (Figura 17).
Os efluentes domésticos gerados na microbacia do córrego do Urubu, parte são
coletados e tratados e a outra parte e lançada de forma irregular nas galerias de águas
pluviais. No caso do Bairro Jardim Universitário responsável por 40% do efluente
gerado, foi planejado para possuir uma rede coletora de efluentes, assim destinando o
efluente de forma adequada. A estação de tratamento de efluentes é do tipo Lodos
Ativados. O condomínio Belvedere, por ser mais recente, e tendo que atender as
legislações Vigentes, tem um sistema coletor de efluentes, que também é destinado para
a ETE Jardim Universitário e após tratamento é lançado no córrego Urubu (Figura 18).
Figura 18. Estação de Tratamento do Jardim Universitário
Fonte: IPDU/DPI/2008, apud Santos (2013).
70
O sistema de tratamento de esgoto foi projetado para atender a vazão do Bairro
Jardim Universitário, como este não suportaria a vazão de efluentes de outro bairro sem
que houvesse uma adequação, foi estabelecido que o Belvedere investisse em uma
ampliação do sistema de tratamento, adicionando um Reator UASB.
No bairro Jardim imperial os efluentes são lançados diretamente na galeria de
águas pluviais, que acabam sendo transportados diretamente para o córrego. Essa
demanda de efluente lançado pode ocasionar vários problemas na alteração qualidade
do corpo hídrico que no decorrer do trabalho será discutido.
6.3. Diagnóstico Ambiental da Microbacia do Córrego Urubu Utilizando
o método VERAH
O diagnóstico ambiental da microbacia foi elaborado a partir da caracterização
de cada componente do método, tendo em vista o atendimento ao objetivo da pesquisa
em realizar uma análise ambiental, frente ao processo de uso e ocupação do solo. Este
método foi aplicado, em toda a área de estudo.
6.3.1. ANÁLISE FISIOGRÁFICA DA MICROBACIA
A microbacia do córrego Urubu apresenta uma área de drenagem de 2,1 km2.
Possui um comprimento total dos canais de escoamento de 2.924 Km, com a área da
bacia hidrográfica de 2,1 Km². O seu perímetro é de 7,05 km, e o comprimento do rio
principal é de 2,4 km. As altitudes da microbacia variam entre 202 m (máxima),
representando a sua nascente principal, e 152 m (mínima), representando o ponto mais
baixo, ou seja, o seu exutório. Apresentam-se, no (Quadro 11) os resultados das
principais características físicas da microbacia.
71
Quadro 11. Dados fisiográficos da microbacia córrego Urubu
DADOS FISIOGRÁFICOS VALORES
Comprimento do Rio Principal (km) 2,4
Área de Drenagem (km2) 2,1
Perímetro da Bacia (km) 7,05
Coeficiente de Compacidade (Kc) 1,27
Fator de Forma (Kf) 0,283
Desnível Total do Curso Principal 45,0
Declividade Média da Bacia 0,015
Comprimento da Rede de
Drenagem(m) 2.924,0
Comprimento das Curvas de
Nível(m) 10,0
Eqüidistância entre Cotas(m) 10,0
Elevação Média da Bacia(m) 179,5
Ordem da Bacia 2
Densidade de Drenagem ( km/km2) 1,22
Coeficiente de Manutenção (km/km2) 1,01
Índice de Circularidade (IC) 0,531
Altitude Máxima(m) 202
Altitude Mínima(m) 157
Altitude Média(m) 250
Altitude Mediana(m) 200
Altitude mais Frequente (m) 180
Extensão Média de Escoamento
Superficial (km2) 0,94
De acordo com os resultados obtidos, pode-se considerar que a microbacia do
córrego Urubu, em condições naturais, apresenta situação pouco favorável a ocorrência
de enchentes, quando determinados o coeficiente de compacidade (Kc = 1,27). Porém,
embora não tão distante da unidade (1,00), estabelecendo uma relação de conforto
quando analisado concomitante ao índice de circularidade (Ic = 0,53) e ao fator de
forma baixo (Kf = 0,28), confirmando sua forma alongada. A forma da microbacia em
seu estado natural caracteriza-se como uma forma não suscetível a enchentes, portanto,
não indicando tendências a inundações. Estes índices acabam confirmando o porquê de
não ter nenhuma ocorrência de inundação na região. Porém com a acelerada ocupação
urbana nesta área de estudo, seus aspectos físicos naturais foram alterados, contribuindo
72
com o aumento da vazão pluvial, sobrecarregando o sistema de drenagem, que coleta
boa parte da microbacia.
À densidade de drenagem encontrada na microbacia do córrego Urubu foi de
1,22 km/km2. De acordo com Sthraler (1957), apud Lima (2008), as bacias que
apresentam Dd até 5,0 km/km2 são classificadas em baixas densidades, indicando,
assim, que a microbacia em estudo possui baixa capacidade de drenagem. Valores
baixos de densidade de drenagem estão geralmente associados a regiões de rochas
permeáveis e de regime pluviométrico caracterizado por chuvas de baixa intensidade. O
desnível total do curso principal de 45,0 metros demonstra que a velocidade de
escoamento é alta, assim auxiliando na oxigenação do corpo hídrico.
Nota-se pelos resultados apresentados que a ordem do curso d’água principal é
de grandeza 2, observando suas ramificações de acordo com a (Figura 19).
Figura 19. Ordem da microbacia do córrego Urubu.
Fonte: Benevento, G.P.
As análises dos parâmetros físicos da microbacia demonstraram que não
apresenta tendências para enchentes, principalmente por ter um desnível elevado
proporcionado um escoamento rápido, porém mesmo com ações antrópicas impactantes
as suas condições naturais não fazem com que os eventos de inundação aconteçam na
mesma.
73
6.3.2. VEGETAÇÃO
Segundo Barbosa (2006), as matas ciliares possuem reconhecida importância
ecológica, pois são filtros naturais que auxiliam a retenção de defensivos agrícolas,
poluentes e sedimentos que seriam transportados para os cursos d’água. Atuam como
corredores ecológicos, pois unem fragmentos florestais, facilitam o deslocamento da
fauna e o fluxo gênico entre as populações de espécies animais e vegetais, e protegem o
solo contra os processos erosivos em regiões com topografia acidentada, sendo assim, a
microbacia do córrego Urubu tem boa parte de sua área vegetal conservada, com
delimitações das APPs totalmente respeitadas, visto que, os bairros localizados nela
foram planejados.
Figura 20 – Mata ciliar localizada na Av. Parque do Bairro Jd.Imperial,
Cuiabá-MT 29/11/2013.
A microbacia encontra-se de forma geral com a sua mata ciliar moderadamente
preservada (Figuras 21 e 22). Apesar de existir vegetação de espécies frutíferas, como
bananeiras, mangueiras, goiabeiras e em alguns trechos até plantas ornamentais, poucas
foram às espécies que sofreram a ação do homem de desmatamento, neste trecho em
estudo.
74
Figura 21 – Mata ciliar localizada próxima a ETE,
Cuiabá-MT 29/11/2013.
.
Para ter conhecimento da composição florística de como era a área dos bairros
Jardim Imperial e Jardim Universitário, realizou-se um levantamento de campo e
identificaram-se as espécies arbustivas e arbóreas como também aquelas com
características pioneiras e secundárias que subsidiaram as propostas para a área de
preservação, conforme o Quadro 12.
O desmatamento praticado pela população, com o objetivo de facilitar a
ocupação, principalmente nas áreas de APPs localizadas no trecho canalizado da
microbacia, onde foi verificado um alto movimento de pessoas passando de uma
margem à outra, pode ser uma causa do aumento do volume de escoamento superficial
da água de chuva e água servida oriundas da redução dessa vegetação.
Verifica-se que a baixa densidade de vegetação arbórea pode ser a causa do
aumento da susceptibilidade de erosão em algumas áreas próximas ao leito do corpo
hídrico, como a erosão verificada à jusante da ETE.
75
Quadro 12 – Espécies de plantas do Plano de Recuperação de Área Degradada (PRAD)
realizando pela empresa Ginco no ano de 2008.
Fonte: PRAD/GINCO, 2008, apud Santos (2013).
6.3.3. EROSÃO
A erosão é o conjunto de processos que desagregam e transportam solo e
rochas morro abaixo ou na direção do vento. Esses processos transportam o material
alterado da superfície da Terra de um local e depositam-no em outro lugar. Como a
erosão move o material sólido alterado, novas porções de rocha fresca e inalterada vão
sendo expostas ao intemperismo (PRESS et. al., 2006). Isso ocorre nas partes mais
próximas ao exultório.
Segundo Salomão (2012) as erosões laminares são comandadas por diversos
fatores relacionados às condições naturais dos terrenos, destacando-se: a chuva, a
76
cobertura vegetal, a topografia e os tipos de solos. Em função da ocupação do solo,
esses fatores encontram-se constituídos em um trecho da microbacia conforme ocorre
na figura 22.
Figura 22 – Erosão a jusante da ETE e próximas a habitações,
Cuiabá-MT 29/11/2013.
.
No ponto observado aonde ocorre o processo erosivo, foi constatado a falta de
defesa natural do terreno, que seria a cobertura vegetal. O principal efeito que esse
agravante pode ocasionar é a baixa taxa infiltração do solo, além de que a vegetação
também auxilia na quebra de energia das águas de escoamento superficial.
6.3.4. RESÍDUOS SÓLIDOS
No decorrer do estudo, verificou-se que um dos maiores problemas
encontrados em todos os pontos representativos das amostras diagnosticadas - no alto,
médio e baixo curso do córrego principal, é o descarte inadequado dos resíduos sólidos
domésticos (lixo) e resíduos da construção civil ao longo do córrego Urubu, bem como
nas áreas de APP próximos ao corpo d’água (Figura 23 e 24).
77
Figura 23 – Bolsão de lixo próximo a nascente do córrego Urubu,
Cuiabá-MT 29/11/2013.
.
Figura 24 – Bolsão de lixo próximo a nascente do córrego Urubu,
Cuiabá-MT 29/11/2013.
.
Em campo foram observadas e levantadas as seguintes informações descritas
no Quadro 13. Este quadro apresenta os resíduos por tipo e classificados segundo a
NBR 10004, que classifica os resíduos sólidos em classe I (perigosos) e classe II (não-
perigosos). Esta classificação pode indicar o potencial poluidor do resíduo que é
disposto de forma incorreta.
78
Quadro 13 – Classificação dos resíduos sólidos encontrados no córrego Urubu.
RESÍDUOS DESTINO FINAL
(Reciclagem Interna ou
destinação final fora do âmbito
da empresa)
Nome Classe
NBR 10004 Tipos de resíduos
Lixo comum
II B
Lixo domiciliar
Segregar, para posterior doação
para associações de
recicladores
Enviar para aterros sanitários
Plásticos moles Sacos plásticos: Pretos,
brancos, cinzas.
Papel / papelão Caixas de papelão, papel,
caderno, livros
Vidro Vidro de janelas, de
louças
Madeira Caixa de madeira, resto de
móveis.
Embalagem contaminada c/
produto químico
I ou IIA
(depende do
produto
químico)
Solvetes, latas de tintas
Devolver para o fornecedor;
Reutilizar para armazenamento
de outros produtos
compatíveis, ou;
Enviar para aterros sanitários
ou incineradores licenciados.
Fonte: Adaptado de ABNT (2004)
79
Tabela 4 – Classificação dos resíduos sólidos encontrados nos bolsões – Brasil-2015
RESÍDUOS DESTINO FINAL
(Reciclagem Interna ou
destinação final fora do âmbito
da empresa)
Nome Classe
NBR 10004 Tipos de resíduos
Gramas e podas II B Restos de podas, gramas
cortadas.
Utilizar para recomposição de
área degradada
Lâmpada fluorescente I Todas as áreas da empresa
Segregar para posterior
destinação para empresas
receptoras licenciadas
Fonte: Adaptado de ABNT (2004)
6.3.4.1. Coleta de Lixo
A microbacia do córrego Urubu possui o serviço terceirizado de coleta de lixo,
sendo realizadas três vezes por semana (segundas, quartas e sextas-feiras) no período
diurno, das sete às dezessete horas, tendo como trajeto as ruas pavimentadas e não
pavimentadas, conforme informado pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos.
Em relação à limpeza urbana, nesta microbacia caracteriza-se a formação de
“bolsões de lixo”, onde são removidos, aproximadamente, três vezes ao ano, resíduos da
construção civil e móveis usados, eletrodomésticos e eletroeletrônicos em desuso
(geladeira, fogão, computador etc.), animais mortos, misturados com o lixo orgânico
doméstico. Esses bolsões, após coletados, são destinados ao aterro sanitário de Cuiabá,
localizado na estrada do Balneário Letícia, antiga estrada do Coxipó do Ouro.
6.3.4.2. Resíduos da Construção Civil
Os resíduos da construção civil, gerados na microbacia são provenientes dos
próprios moradores, que aproveitam das poucas áreas não urbanizadas para depositar
seus entulhos (Figura 25).
80
Figura 25 – Bolsão de resíduos de construção civil próximo do córrego Urubu,
Cuiabá-MT 29/11/2013.
.
Esse problema pode ser agravado, pois não há uma fiscalização neste sentido e
há falta de interesse por parte dos moradores, visto que eles acabam colaborando com os
entulhos jogados à beira do córrego, ao invés de destinarem junto à Área de Transbordo
e Triagem de Resíduos de Construção Civil (ATT), conforme preconiza a Lei municipal
no. 4.949, de 5/1/2007, que institui o sistema de gestão sustentável de resíduos da
construção civil e resíduos volumosos e o plano integrado de gerenciamento de resíduos
da construção civil, nos termos da Resolução CONAMA nº 307/2002.
A ATT é uma área que deve ser usada, sem causar danos à saúde pública e ao
meio ambiente, para triagem de resíduos recebidos, eventual transformação e posterior
remoção para adequada disposição, conforme especificações da norma brasileira NBR
15.112/2004-ABNT. A cidade de Cuiabá tem uma empresa responsável por destinar os
RSCC (Resíduos Sólidos de Construção Civil).
6.3.5. ÁGUA
A microbacia é atendida por rede de abastecimento de água originário da
Estação de Tratamento de Água - ETA Tijucal. O esgoto sanitário gerado pelas 600
residências do Bairro Jardim Universitário é cem por cento coletados e tratados
(SANTOS, 2013). Este bairro possui uma estação de tratamento de esgoto (ETE), em
81
que atende 40% da demanda da microbacia, além de receber outra demanda proveniente
do condomínio Belvedere. A vazão lançada de efluentes é de aproximadamente 95 l/s de
efluente tratado, com uma concentração de DBO de aproximadamente 56 mg/l.
O bairro Jardim Imperial não é contemplado por uma rede coletora de esgoto, e
sim por uma galeria de águas pluviais, onde os efluentes são destinados. Este efluente é
lançado nas galerias praticamente in natura, isso ocorre, pois nas residências não é
previsto um pré-tratamento para o esgoto, sendo assim o efluente é encaminhado
diretamente para o córrego sem pré-tratamento. Observa-se também algumas além das
ligações diretas de esgoto no córrego conforme a (Figura 26).
Figura 26 – Ligação clandestina de tubulação de esgoto no córrego Urubu, Cuiabá-MT
29/11/2013.
.
A microbacia possui uns pequenos condomínios não lançam efluentes no corpo
hídrico, assim não afetam a qualidade do córrego em comparação aos bairros citados
acima.
A Resolução N°68 DE 11 de Setembro de 2014 estabelece a classificação
transitória do córrego Urubu. Nela fica estabelecido que o córrego se enquadra na classe
4, e metas de redução da DBO em 10 anos, que é válida somente até a aprovação do
enquadramento pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos.
O objetivo do trabalho foi comparar o córrego em relação à Resolução
CONAMA 357, classe 2, onde os parâmetros comparativos são mais restritos, além de
ser considerado o ideal para conseguir revitalizar o córrego. Para auxiliar nesta
discussão foi utilizado o índice de qualidade da água (IQA) e através de gráficos um
comparativo com valores estabelecidos indicados na classe 2.
82
6.3.5.1. Cálculo do IQA
O IQA – Índice de Qualidade das Águas, que incorpora nove variáveis
consideradas relevantes para a avaliação da qualidade das águas, tendo como
determinante principal a sua utilização para abastecimento público, de forma a verificar
o grau de comprometimento para os seus diversos usos.
Quadro 14. Avaliação da qualidade da água na microbacia do córrego.
Pontos Valor do IQA Avaliação da
Qualidade da Água
Parâmetro em
MT
Nascente 80,5 BOM 70-90
Montante 37,8 RUIM 26-50
Jusante 29,82 RUIM 26-50
Os resultados de IQA obtidos nos três pontos amostrados no córrego
demonstram que a qualidade na nascente principal, no ponto (P1), já se configura como
uma qualidade boa, os pontos a montante da ETE e jusante estão com a qualidade ruim
(P2 e P3), e isto decorre da vulnerabilidade encontrada no córrego, decorrente do
lançamento inadequado do esgoto em galeria de água pluvial, que é encaminhada
diretamente ao corpo hídrico (Quadro 14).
No ponto de coleta a montante, que é próximo a nascente, a qualidade da água
se encontra em condições satisfatórias, atendendo os limites estabelecidos pela
CONAMA 357, classe II. Isso ocorre, pois não foi verificada nenhuma contribuição de
fontes poluidoras à montante do local amostrado.
6.3.5.2. Comparação com a Resolução CONAMA 357
Na Tabela 5 serão apresentados os resultados analíticos das coletas realizadas
no mês de agosto, setembro e outubro de 2013, dos pontos: Nascente (P1), Montante do
Lançamento (P2) e Jusante do Lançamento (P3) do córrego Urubu.
83
Tabela 5. Dados das análises físicas, químicas e microbiológica do córrego Urubu –
Brasil-2015
PONTO pH
OD
(mg/l)
DBO
(mg/l)
NT
K
(mg/
l)
Fósforo
(mg/l)
Sólidos
Totais
(mg/l)
Turb.
(UNT)
Col.Ter
(NMP/10
0ml)
Temp.
Água
(°C)
(1) Nascente
Media
na
7,4
6 5,5 3,1 0,15 0,58 30,2 3,0 14 26,3
(2) Montante
Media
na
7,3
8 2,73 20,2 6,6 4,7 114,5 13,0 250 28,59
(3)
Jusante
Media
na
7,3 2,2 32,3 12,2 10,1 131,4 15,5 390 29,0
Na (Figura 27) os resultados de pH, variaram de 7,3 a 7,46. O menor valor foi
obtido na jusante, pois neste local a concentração de matéria orgânica no córrego é
maior, assim há maior produção de ácidos que provocam a redução do potencial
hidrogeniônico.
Figura 27 – Variação do pH e OD.
Em relação às condições de oxigênio disponível no meio aquático, verifica-se
que apenas no ponto P1 as concentrações estão dentro do limite estabelecidos pela
Resolução CONAMA acima de 5 mg/l. Nos demais pontos, P2 e P3 verifica-se um
decaimento dos seus teores no sentido nascente-jusante e, observa-se que os valores
estão abaixo dos limites estabelecidos pela resolução, atingindo níveis de OD entre 2,2 a
84
3 mg/l no período de estiagem, indicando que o corpo hídrico não suporta a quantidade
de carga poluidora, impossibilitando de ocorrer a reaeração do mesmo. Esse decréscimo
é de acordo com que o corpo d’água vai recebendo efluentes (aumento crescente da
concentração de DBO), o oxigênio presente é consumido para a estabilização da matéria
orgânica.
A DBO apresenta concentrações crescentes no sentido montante-jusante.
Apenas no ponto P1 as concentrações estão dentro do limite estabelecidos pela
Resolução CONAMA de 5 mg/l. Nos demais pontos, P2 e P3 verifica-se a presença dos
efluentes domésticos lançados in natura no corpo receptor e da ETE. Essas
contribuições de efluentes a partir do ponto 2 elevam as concentrações para acima do
limite estabelecido pela norma, que é de 5mg/l, tornando esses trechos fora do
enquadramento classe 2 e 3. Neste caso sobra somente a classificação 4, que estabelece
DBO acima de 10mg/l, não tendo estabelecido um limite para este classificação (Figura
28).
Figura 28 – Variação do DBO e NTK.
O lançamento de efluentes domésticos provoca alteração das concentrações de
nutrientes do corpo d’água. As águas residuárias quando não tratadas possuem
concentrações representativas de fósforo e nitrogênio. Na (Figura 29) estão
demonstradas as concentrações de NTK e Fósforo. Os resultados indicam que a
nascente já apresenta alta concentração de nutrientes. A concentração de fósforo em
todos os pontos está acima de 1 mg/L (valor máximo permitido pelo CONAMA
357/05). Em um estudo sobre a qualidade da água de uma microbacia, Lucas et. al.
(2010) também observaram a variação da concentração do fósforo total ao longo do
85
tempo, e que apresentou valores acima do estabelecido pela do CONAMA (2005),
indicando potencial de eutrofização.
Figura 29 – Variação do Fósforo e ST.
À medida que o córrego Urubu vai tendo maior contribuição de água
residuárias, ocorre o aumento da concentração de sólidos totais, variando de acordo com
a Figura 31, de 80 a 131 mg/L. Além deste fator, o processo de uso e ocupação do solo
em torno do manancial com a retirada da vegetação, provoca o carreamento de material
em suspensão (Figura 30).
Figura 30 – Variação da Turbidez e Col.term.
Com relação aos números de Coliformes Termotolerantes obtidos no córrego,
estão podem ser considerados baixos, estando ambos abaixo de 1.000 NMP/100 mL.
Mas, observa-se um aumento considerável do ponto P1 para o ponto P3.
86
Mesmos com os problemas citados no parágrafo anterior a turbidez da
Nascente, Montante e Jusante encontram-se na faixa de valores de 9 a 15 UNT. Estando
estes valores bem abaixo do máximo permitido, de 100 UNT para classe 2.
A temperatura da água da Nascente à Jusante variou de 26,3 a 29ºC. Uma
causa deste aumento é a canalização do córrego. No local considerado Nascente não
possui impermeabilização diferente dos outros dois pontos, consequentemente a
temperatura da água será menor.
Dos parâmetros analisados, OD, DBO e fósforo não atenderam os padrões de
qualidade exigidos para córrego de Classe 2 de Água Doce. Os resultados destes
parâmetros enquadram o córrego no artigo 17, da resolução CONAMA 357, que
estabelece os padrões para classe 4.
6.3.6. HABITAÇÃO
A ocupação do solo no Brasil caracterizou-se pela falta de planejamento e
conseqüente destruição dos recursos naturais, devido à falsa idéia de que estes eram
inesgotáveis. Isto estimulou o chamado “desenvolvimento” desordenado, sem
compromisso com o futuro (BARBOSA, 2006). Mas a microbacia em estudo foge um
pouco desta premissa, simplesmente por fazer parte dela bairros totalmente planejados,
com estrutura de saneamento básico, galeria de águas pluviais, projeto urbanístico, e
uma ETE para atender boa parte da microbacia (Figura31).
Figura 31 – Avenida das Torres bairro Jardim Imperial, Cuiabá-MT 29/11/2014.
87
Conforme levantamento em campo, a microbacia se apresenta com
predominância de área residencial e comercial. O comércio se concentra principalmente
na Avenida das palmeiras perpendicular a avenida das Torres. A economia encontra-se
representada por pequenos comércios do ramo alimentício, como bares, lanchonetes,
restaurantes, mercados, e também algumas lojas de vestuário, papelaria, farmácias entre
outros.
Figura 32 – Cruzamento entre Av. das Torres e Av. Central, Cuiabá-MT
29/08/2014.
A microbacia possui alguns problemas socioambientais diferentes de outras
microbacias do município de Cuiabá. Os bairros inseridos foram planejados, contendo
praças, avenida parque respeitando as áreas de APP, ruas e avenidas planejadas para
uma melhor moradia. Segundo o IPDU (2010), a classe predominante é média alta,
residências bem planejadas de padrão médio.
Apresenta-se, na Figura 33, o mapa de densidade habitacional, demonstrando
as quatro classes de uso e cobertura do solo da microbacia, classificando quanto ao tipo
de cobertura vegetal e a concentração de densidade habitacional, inserida dentro da
mesma.
88
Figura 33 – Mapa da densidade habitacional. Fonte: O autor.
Observando a densidade habitacional da microbacia, verifica-se uma relação
direta entre o índice de Densidade de Habitação e a área com vegetação arbórea, uma
vez que os percentuais mais baixos de vegetação representam os mesmos bairros e
localidades mapeadas na microbacia, onde a classe densidade de habitação demonstrou
uma alta densidade.
Percebe-se também, que as áreas onde são classificadas como alta densidade,
são onde observa-se maior influencia antrópica na alteração da qualidade da água do
corpo hídrico. Principalmente por serem as regiões com maior índice de poluição
pontual, no bairro Jardim Imperial e no bairro Jardim Universitário onde está localizada
a estação de tratamento de esgoto.
6.4. Estudo da Capacidade Suporte
A Tabela 10 apresenta as características do efluente tratado conforme o projeto
do sistema de tratamento da ETE Jardim Universitário. Para a elaboração do projeto do
sistema de tratamento de efluentes foram considerados valores médios de 5 meses.
89
Tabela 6 - Caracterização do efluente a ser lançado no rio e resultados da qualidade da
água do córrego Urubu –Brasil-2015
Parâmetros Und Efluente
Tratado
Córrego Urubu
(Montante da ETE)
D.B.O. mg / l 57,13 20
Oxigênio Dissolvido mg / l 2,43 2,73
Fonte: o autor.
A vazão de esgotos considerada em estudos de autodepuração é usualmente a
vazão média, sem coeficientes para a hora e o dia de menor consumo. A vazão de
efluente segundo a medição realizada é de 0,012 m³/s (12 L/s).
Na (Tabela 7) é exposto o resultado de vazão, área transversal, velocidade
média, largura e profundidade do córrego Urubu. Com os dados de profundidade e
largura do córrego, foi realizada a batimetria de uma seção (Figura 34).
Tabela 7 - Resultados de vazão, área transversal, velocidade média, largura e
profundidade do córrego Urubu - Brasil-2015
Método da Meia seção
Descarga Líquida 0,095 m³/s ou 95 L/s
Área da Seção Transversal
A– 0,18 m² A – 0,18 m²
Velocidade Média
Vm - 0,625 m/s 0,65 m/s
Largura da Seção Transversal 1,8 m
Profundidade Média da Seção Transversal 0,15 cm
90
Figura 34. Batimetria de uma seção do córrego Urubu.
6.4.1. CÁLCULO DE AUTODEPURAÇÃO
Conforme a Figura 40, a profundidade máxima do córrego neste local é de 15
cm e largura de 180 cm. Como a medição foi no período da seca, a vazão do córrego
estava numa época crítica. No estudo foi estabelecido uma distância de percurso de 500
metros para o monitoramento das concentrações de oxigênio dissolvido (OD) e
demanda bioquímica de oxigênio (DBO), logo encontrou-se os seguintes resultados:
Ao adicionar os valores para se fazer a cálculo de autodepuração, a concentração
de OD do efluente é muito próxima a concentração do córrego, logo, no ato do
lançamento do efluente tratado, o oxigênio dissolvido do córrego decai levemente de
2,73 mg/l para 2,69 mg/l. Em menos de 500 metros o córrego não consegue assimilar a
carga de matéria orgânica. Por isso, observa-se um alto impacto em relação a
concentração de oxigênio dissolvido.
Figura 35: Perfil do Oxigênio Dissolvido, utilizando K1 = 0,24 d-1 e K2 = 0,75 d-1
91
A figura 41 demonstra que o córrego do Urubu já possui um oxigênio dissolvido
baixo à montante de 2,73 mg/l, que influência negativamente na capacidade de
autodepuração do mesmo. Isso somado com a concentração de DBO de 57,13 mg/l, e
um oxigênio dissolvido de 2,43 mg/l, demonstra que o corpo hídrico não consegue uma
reaeração suficiente para entender o mínimo estabelecido pela legislação que é de 5
mg/l, para rios de classe 2.
Figura 36. Perfil de DBO5 no curso d’água.
No caso da DBO o valor é de 20mg/l a montante, e no ato da mistura a
concentração de DBO eleva para 31,89 mg/l, contribuindo para um aumento da
concentração. No trajeto de 500 metros o corpo hídrico não consegue autodepurar o
efluente lançado isso ocorre pela contribuição elevada de matéria orgânica e a baixa
vazão do córrego.
6.4.2. CÁLCULO DA CAPACIDADE SUPORTE
De posse das concentrações de DBO do efluente tratado e do córrego Urubu (a
montante do lançamento) e as vazões de ambos, obteve-se a concentração de DBO da
mistura. O resultado foi de 24,16 mg/L. Sendo que à montante o córrego já apresentava
concentração de 20 mg/L. Assim, houve o aumento de aproximadamente 4 mg/L, este
aumento é considerado significativo, apesar da concentração do manancial anterior ao
lançamento não se comportar mais como corpo hídrico de Classe 2.
É importante ressaltar que a vazão do manancial utilizada no cálculo é
proveniente do período de estiagem, em que não houve precipitações, assim, a vazão é
muito menor do que no período chuvoso.
92
O mesmo cálculo foi feito considerando se o córrego do Urubu apresentasse
concentrasse de DBO de 1 mg/L. Com esta concentração, a DBO da mistura seria 7,29
mg/L, este resultado estaria fora do preconizado pela Resolução CONAMA nº 357, a
qual exige que a concentração de DBO de mananciais de água doce da Classe 2, seja
igual ou inferior a 5 mg/L. Isso demonstra que tratamento realizado deve ser melhorado,
para que os níveis de qualidade do efluente tratado sejam melhores.
Para calcular a vazão de diluição necessária que o córrego Urubu deve ter para
o lançamento do efluente da Estação do Jardim Universitário, foram utilizadas a vazão
do efluente, a concentração de DBO permitida (5 mg/L) e a natural (1 mg/L) do córrego
Urubu e a concentração de DBO do efluente.
Qdil = Qef X (Cef – Cperm) / (Cperm – Cman)
Qdil = 12 x (57,13 – 5) / (5 – 1)
Qdil = 156,4 L/s
O cálculo acima, mostra que para diluir a vazão de efluente de 12 L/s com
concentração de DBO de 57,13 mg/L, é necessária uma vazão de 156,4 L/s. Esta vazão
é superior a vazão obtida no período de estiagem de 95 L/s, indicando que o corpo
receptor não possui capacidade de suportar o lançamento do efluente tratado.
Para a obtenção de outorga de lançamento de efluentes, é realizado também o
cálculo da vazão indisponível. Através dele, é possível determinar quanto que
determinado usuário irá utilizar do corpo hídrico e tornará certa quantia indisponível
para outros usos. Para calculá-la realizasse a soma da vazão de diluição com a vazão do
efluente.
A vazão indisponível obtida neste estudo no período de estiagem é de 168,4
L/s. Como mencionado no parágrafo anterior, tanto a vazão de diluição como a vazão
que seria indisponível, são muito superiores a vazão que o córrego apresenta a montante
do lançamento do efluente tratado da Estação do Jardim Universitário.
93
7. PROGNÓSTICO
Neste capítulo será apresentado o prognóstico ambiental e a identificação dos
potenciais impactos ambientais levantados no diagnóstico. O estudo apresenta os
potenciais impactos, bem como as medidas mitigadoras e compensatórias, dos meios
biótico, físico e socioeconômico.
O prognóstico ambiental procurou prever e caracterizar os potenciais impactos
sob seus diversos ângulos, analisando suas magnitudes através de técnicas específicas,
com o objetivo de interpretar os elementos que se apresentam, estabelecendo a
importância de cada um dos impactos em relação aos fatores ambientais afetados, e
avaliar, por meio da importância relativa de cada, quando comparado aos demais,
propondo medidas mitigadoras e/ou compensatórias (BRASIL, 2006). Logo, a
elaboração do Prognóstico Ambiental leva em consideração as condições ambientais e
sociais emergentes, com e sem a implantação do projeto, e conduz à proposição de
medidas destinadas ao equacionamento dos potenciais impactos. Essa avaliação,
abrangendo os potenciais impactos negativos e positivos da obra, leva em conta o fator
tempo, determinando, na medida do possível, uma projeção dos potenciais impactos
imediatos, a médio e longo prazo.
Para tanto, após a realização do diagnóstico ambiental, foram identificadas as
principais intervenções em prol da recuperação da microbacia hidrográfica. Essas ações,
notadamente, serão voltadas para o saneamento ambiental, como a coleta e tratamento
de efluentes, remoção dos bolsões de resíduos sólidos, preservação da vegetação ciliar,
controle de erosões e melhoria na eficiência da Estação de Tratamento de Efluentes.
Para descrever as medidas mitigadoras da microbacia, foi necessário dividi-la
em três trechos: trecho 1, trecho 2 e trecho 3. O Trecho 1 engloba a área mais
conservada da microbacia, que nela contempla a nascente totalmente conservada, não
existindo nenhuma ação antrópica negativa. O trecho 2 contempla a parte da microbacia
onde se inicia a canalização, que se estende pelo bairro Jardim Imperial até a avenida
das Torres. O trecho 3 contempla a parte da microbacia que se estende do bairro Jardim
Universitário até o Rio Coxipó, conforme a Figura 37.
94
Figura 37. Mapa dos potenciais impactos.
O trecho 1 se encontra totalmente conservado, pois a área está inserida no
condomínio Belvedere, estando protegida de qualquer influência externa que possa
trazer danos ambientais.
No trecho 2 foram verificados impactos na qualidade da água, proveniente dos
esgotos lançados, que estão interligados à drenagem urbana, dos bolsões de resíduos
sólidos às margens do corpo hídrico e à supressão da vegetação que deveria compor a
área de preservação permanente.
No trecho 3, além dos impactos referentes aos bolsões de resíduos sólidos às
margens do córrego, tem-se o agravante do efluente lançado da Estação de Tratamento
de Esgoto Tijucal, habitações irregulares e a erosão identificada em um local.
Dessa forma, destacam-se, na Figura 37, os trechos e pontos mapeados ao longo
da área da microbacia do córrego Urubu, onde serão aplicadas tais ações de
planejamento. Nesse sentido, com base no diagnóstico ambiental, foram elaborados5
cenários, sendo eles:
95
- Cenário 1: Sem intervenção de melhoria: Neste cenário será considerada
nenhuma ação de melhoria na microbacia (Situação Atual).
Neste cenário, o córrego continua poluído, recebendo em suas águas todo tipo
de resíduos poluentes como agentes químicos, físicos e biológicos, prejudiciais ao solo,
à fauna, à flora e às atividades humanas. O lançamento dos efluentes domésticos, acima
da capacidade suporte do córrego, ameaça a biodiversidade do córrego.O bairro Jardim
Imperial possui aproximadamente 7460,0 habitantes, considerando segundo Metcalf &
Eddy (1991) que a DBO produzida por habitante é de 54 g/hab.dia, e um per capita de
consumo de água de 200 l/hab.dia. No cálculo abaixo, estima-se a vazão de efluente e a
concentração que atualmente pode ser lançada sem tratamento.
Observa-se, através do cálculo estimativo, que é lançado no córrego 13,81 l/s
de efluente doméstico com uma concentração de 337,0 mg/l. Esta concentração tem
altíssimo potencial poluidor, prejudicando a classificação do corpo hídrico. Isso ocorre,
pois o efluente não passa por nenhum tipo de tratamento e, é lançado praticamente in
natura pelas casas na galeria de águas pluviais, e também diretamente pelas ligações
clandestinas de esgoto interligadas à margem do corpo hídrico. Neste cenário, o córrego
continua recebendo esta vazão de efluente sem tratamento do bairro Jardim Imperial,
conforme a vazão e concentração encontrada acima.
Outro agravante são os bolsões de resíduos sólidos às margens do corpo
hídrico, ocasionando poluição visual do ambiente, e induzindo ao aumento do hábito de
acondicionar resíduos de forma incorreta, degradando a qualidade do corpo hídrico, que
também influencia na obstrução do leito do córrego, potencializando possíveis
inundações, e proliferação de insetos, roedores e microrganismos patogênicos.
Outro problema acentuado é a eficiência muito baixa da ETE. Esta deveria
operar com a máxima eficiência possível, para diminuir os danos ao meio ambiente.
Mas através do enquadramento provisório e classificando o córrego em classe 4, tende a
não restringir a qualidade do efluente lançado, podendo, em vez de melhorar a
qualidade gradativamente, piorá-la. Com o tempo isso pode caracterizar vários impactos
negativos para a qualidade do corpo hídrico, pois o lançamento de altas concentrações
de matéria orgânica, principalmente nas épocas de seca, em que a capacidade suporte do
córrego é muito reduzida, vai manter o córrego enquadrado em uma classificação
estagnada, sem previsão de melhoria da qualidade.
Caso a mata ciliar não seja reconstituída, podem ocorrer vários impactos
negativos para o equilíbrio ecológico, desproteção para as águas e o solo e
96
potencialização do assoreamento. As habitações irregulares caracterizam vários
impactos negativos relacionados à saúde pública e acidentes devidos às enchentes.
Observa-se que essa situação não só causa muitos danos à população e meio ambiente
que, além de não trazer melhorias, tende a piorar com o tempo.
- Cenário 2: Com intervenção de melhoria no trecho 2, com redução do
efluente gerado e destinado à galeria de águas pluviais do bairro Jardim Imperial,
com eficiência na redução de 50% do parâmetro DBO, vegetação e bolsões de
resíduos sólidos.
Neste cenário, será considerada uma intervenção somente na redução de 50%
da vazão do efluente lançado in natura no corpo hídrico do bairro Jardim Imperial,
índice a ser utilizado também na recuperação da vegetação da APP e retirada dos
bolsões de resíduos sólidos identificados às margens do corpo hídrico.
Em relação aos efluentes, haverá uma melhoria na qualidade do córrego a
montante da ETE, pois haverá somente metade da vazão de efluente considerada no
cenário 1. A partir do cálculo abaixo, considerando as mesmas variáveis anteriores,
estima-se uma vazão de efluente e uma concentração:
O cálculo acima trás a seguinte informação: caso seja feita uma intervenção
reduzindo em 50% o efluente lançado do bairro Jardim Imperial no trecho estudado,
imediatamente o córrego neste trecho poderia se enquadrar em classe 3, conforme a
CONAMA nº 357. Alterando o enquadramento a montante da ETE, as contribuições
feitas à jusante deverão atender o nosso enquadramento, restringindo-se a concentração
lançada atualmente pela ETE Jardim Universitário, e forçando o aumento imediato da
eficiência da estação, pois não deverá alterar a qualidade derivada a montante.
Os bolsões de resíduos sólidos as margens do corpo hídrico, serão retirados e
encaminhados para uma destinação correta, acabando com os impactos como: poluição
visual do ambiente, indução do hábito de acondicionar resíduos de forma incorreta,
obstrução do leito do córrego, potencialização de inundações, proliferação de insetos,
roedores, microrganismos patogênicos e redução da influência desse resíduo na
qualidade do corpo hídrico.
A mata ciliar deverá ser recomposta, auxiliando na minimização de todos
impactos negativos levantados, como: volta do equilíbrio ecológico, proteção para as
águas e o solo e minimização do assoreamento.
97
Porém, o trecho 3 continuaria com os mesmos problemas dos bolsões de
resíduos sólidos às margens do corpo hídrico, a ETE Jardim Universitário lançando
efluentes com potencial poluidor, e as áreas da mata ciliar, valas abertas decorrentes da
erosão trazendo riscos para a população transiente. Por esse motivo, a melhoria somente
do trecho 2 não será suficiente para melhorar o enquadramento do córrego, nem a
qualidade dele.
- Cenário 3: Com intervenção de melhoria no trecho 3, com aumento da
eficiência da ETE Jardim Universitário para anteceder classe 2, vegetação, bolsões
de resíduos sólidos, combate a erosão e habitação.
Neste cenário será considerada uma intervenção com melhoria na eficiência do
efluente lançado pela ETE Jardim Universitário no corpo hídrico para atender a classe 2,
também na recuperação da vegetação da APP e retirada do bolsões de resíduos sólidos
identificados as margens do corpo hídrico, combate a erosão e remoção das habitações
de risco.
Em relação ao aumento da eficiência de tratamento da ETE, ocorrerá uma
drástica melhoria na qualidade do córrego a montante da ETE, pois terá uma redução na
carga de matéria orgânica que é lançada no córrego. A partir do cálculo abaixo,
considerando vazão da ETE (12 l/s), vazão do córrego (95 l/s), estima-se uma
concentração de lançamento que atenda os limites estabelecidos pela classe 2:
O cálculo acima trás a concentração em que a ETE Jd. Universitário necessita
para não alterar a qualidade do corpo hídrico a jusante. Ressaltando que esta
concentração considera uma vazão crítica do córrego, podendo ser alterada de acordo
com um estudo mais aprofundado. Com esta adequação na ETE Jardim Universitário,
melhora a qualidade do efluente a ser lançado, assim haverá um avanço na qualidade do
mesmo, já que o lançamento de cargas de matéria orgânica reduzida aumenta
capacidade suporte do córrego de assimilar este poluente.
Os bolsões de resíduos sólidos as margens do corpo hídrico, serão retirados e
encaminhados para destinação correta, e a mata ciliar deverá ser recomposta, auxiliando
na minimização de todos impactos.
Mas a qualidade a montante continuará péssima, pois neste cenário não se
considera a intervenção no trecho 2. Por isso, a melhoria somente do trecho 3 não será
suficiente para melhorar o enquadramento do córrego, e com isso a qualidade deste.
98
- Cenário 4 - Com melhoria relacionados a todos os impactos levantados
no diagnóstico do VERAH:
Neste cenário, será considerada intervenção total em relação ao diagnóstico do
VERAH. Haverá uma drástica melhoria na qualidade do córrego, cumprindo todos os
quesitos levantados.
Considerando-se uma intervenção com redução de 100% do efluente lançado in
natura no corpo hídrico do bairro Jardim Imperial conforme o cenário 3, imediatamente
o córrego neste trecho poderia se enquadrar em classe 2, atendendo os limites
estabelecidos pela CONAMA 357 de 5mg/l de DBO.
Alterando-se o enquadramento a montante da ETE, as contribuições feitas a
jusante deverão atender o enquadramento, restringindo a concentração lançada
atualmente pela ETE Jardim Universitário, e forçando o aumento da eficiência da
estação. Segundo o cenário 4, a concentração de DBO do efluente tratado da ETE deve
ser no máximo 10mg/l para não alterar a qualidade do corpo hídrico a montante. Com
esta adequação da ETE Jardim Universitário, haverá melhoria na qualidade do corpo
hídrico, pois o lançamento de cargas de matéria orgânica reduzida melhora a capacidade
de suporte do córrego.
Os bolsões de resíduos sólidos às margens do corpo hídrico serão retirados e
encaminhados para uma destinação correta, acabando-se de vez com os impactos como:
poluição visual do ambiente, indução do hábito de acondicionar resíduos de forma
incorreta, obstrução do leito do córrego, potencialização de inundações, proliferação de
insetos, roedores, microrganismos patogênicos e redução da influência desse resíduo na
qualidade do corpo hídrico.
A mata ciliar deverá ser recomposta, auxiliando na minimização de todos
impactos negativos levantados como: volta do equilíbrio ecológico, proteção para as
águas e o solo, minimização do assoreamento. Observa-se que esta é a situação ideal
para a melhoria efetiva da microbacia, pois haverá uma melhoria a curto e longo prazo,
de forma crescente, conforme a Figura 38.
99
Figura 38. Mapa das medidas mitigadoras.
Considerando que o enquadramento expressa metas finais a serem alcançadas,
podendo ser fixadas metas progressivas intermediárias e obrigatórias, visando à sua
efetivação. Segundo a Resolução CONAMA nº 357, o enquadramento dos corpos de
água deve estar baseado não necessariamente no seu estado atual, mas nos níveis de
qualidade que deveriam possuir para atender às necessidades futuras da comunidade,
por isso o enquadramento provisório estabelecido pela Resolução N°68 estabelece um
limite muito acima da realidade, e metas inconsistentes. Partindo-se de um limite
máximo de 55 mg/l de DBO para, após 5 anos, reduzir-se 5 mg/l, abaixando o limite
para 50 mg/l, e, logo e após 10 anos, reduzir-se para 45 mg/l, fica a impressão de que a
meta estabelecida contradiz a resolução CONAMA nº 357, que estabelece que deve
haver sempre uma melhoria continua e efetiva. Assim, o alcance da meta final seguindo
a Resolução nº 68, após 10 anos do enquadramento, não alteraria a classificação do
córrego para classe 3, sendo que este estudo mostrou que é possível melhorar a
qualidade do córrego Urubu de forma efetiva só com intervenções pontuais, a ponto de
alterar o enquadramento do corpo hídrico.
100
Os cenários foram propostos para demonstrar possíveis situações em caso de
haver as intervenções no córrego Urubu, ou até mesmo nenhuma, sendo necessário,
porém, fazer estudos mais aprofundados, contendo dados mais completos, qualitativos e
quantitativos do corpo hídrico, e levantamento de tempo necessário e custos para a
execução das intervenções. Considera-se também fazer o levantamento de outros
possíveis cenários, pois assim é viável ter mais consistência no planejamento das metas.
Estas metas devem realmente atender o interesse da população e melhorar de forma
contínua a qualidade do meio em que vive, e, através de ações conjuntas e a colaboração
de todas as esferas de poder, há grande chance de melhorar o ambiente em que a
população vive.
101
8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A microbacia do córrego Urubu possui infraestrutura de saneamento básico
com bons indicadores, como: abastecimento de água, drenagem urbana, rede coletora de
esgoto, coleta de lixo, Estação de Tratamento de Esgoto, entre outros. Através desse
estudo, foi possível chegar a algumas conclusões sobre quais os problemas que podem
ocorrer após as intervenções, e recomendar soluções pontuais e globais para mitigar os
problemas ocorridos na área de estudo. A análise ambiental da microbacia proporcionou
algumas conclusões relevantes nesse contexto:
- A microbacia, de modo geral, encontra-se com problemas que fazem parte do
processo evolutivo de uma microbacia urbana. O próximo passo é a sensibilização dos
moradores, para minimizar estes impactos a tempo e recuperar a microbacia de forma
sustentável.
- A qualidade da água do córrego apresenta-se como péssima de acordo com o
IQA, apresentando dois trechos com esta classificação. A tendência se houver o
lançamento contínuo de esgoto sem tratamento é agravar os problemas de saúde pública
e a degradação total do córrego, dificultando as intervenções positivas.
- Os resultados dos parâmetros DBO5 Oxigênio Dissolvido no córrego Urubu,
apresentaram-se piores resultados na Jusante quando comparados com a Montante.
Devido ao lançamento do esgoto da ETE, uma vez que as características qualitativas do
córrego agravaram-se em decorrência não somente da ETE, mas também da
contribuição do Bairro Jardim Universitário, que lança esgotos sanitários i-natura pela
rede de drenagem de águas pluviais. Recomenda-se a diminuição dos lançamentos de
efluentes sem tratamento.
- A mata ciliar que protege o córrego encontra-se com espaço respeitado, mas
pouco densa em certas regiões da microbacia. Recomenda-se o plantio de espécies
nativas para recompor a vegetação do local.
- A erosão verificada no trecho 3 pode trazer sérios riscos à população, além de
ser um problema que pode se agravar no caso de não haver ações mitigadoras.
Recomenda-se o plantio da vegetação que foi removida da área e a recomposição do
leito do corpo hídrico.
102
- Os bolsões de lixo podem trazer sérios problemas de saúde pública para os
moradores, além de tornar o local esteticamente feio para os habitantes e visitantes da
microbacia, entre outros problemas citados. Indica a remoção dos bolsões de lixo,
fiscalização do poder público e programa de conscientização da população.
- A Estação de Tratamento de Esgoto Jardim Universitário deve operar com
eficiência mais elevada, pois a baixa eficiência ocasiona alto impacto poluidor no corpo
hídrico. Outro problema apresentado pela baixa eficiência, que foi constatado em visita
in loco,foi o odor exalado pelo sistema devido à má operação e à falta de queimador de
gás, dimensionado para atender a demanda de gás produzida pelo sistema. Sugere-se
revisar o sistema de tratamento para evitar esses problemas que afetam o meio
socioambiental. Dessa forma, melhora o tratamento dos efluentes e reduz as emissões de
gases atmosféricos.
- Em relação ao córrego Urubu, nas questões qualitativas, os efluentes da ETE
influenciam as características qualitativas do manancial. De acordo com a Resolução
CONAMA nº 357, a eficiência mínima de tratamento é de 60%, mas se com esta
porcentagem, alterar a classificação do manancial, a eficiência deverá aumentar de
modo que o corpo hídrico continue na mesma classe verificada a montante do
lançamento. No córrego Urubu, a qualidade é péssima, restringindo assim menos a
qualidade do efluente lançado. Quanto às questões quantitativas, o córrego não suporta
na época crítica os lançamentos levando em consideração tanto a vazão como a
qualidade da sua água.
- O estudo de autodepuração demonstrou que o córrego tem capacidade de
assimilar a carga orgânica lançada pela ETE para atender a classe 2 do CONAMA nº
357, e percebe que as características qualitativas do córrego do Urubu o enquadra na
classe 4, conforme a Resolução n°68. Mas as metas estabelecidas por esta resolução não
possibilitam uma melhoria do corpo hídrico no tempo em que foi determinado, pois na
meta de 10 anos não se percebe nem a melhoria de classe. Recomenda-se que sejam
estabelecidas metas mais restritivas, para que o córrego do Urubu, em 10 anos, no
mínimo, altere sua classificação, ocasionando uma melhoria crescente.
- O cálculo da capacidade suporte do córrego demonstra que é necessário quase
o dobro da vazão utilizada do estudo, para diluir o efluente lançado pela ETE do Jardim
Universitário. Recomendando estudo mais aprofundado de vazão do corpo hídrico, para
se estabelecer restrições em algumas épocas em que a vazão do córrego não suporte o
lançamento de efluentes.
103
- A metodologia aplicada nesta pesquisa envolvendo a combinação de métodos
e ferramentas, permitiu uma integração de base de dados múltiplos, otimizando tempo,
custos e recursos humanos, propiciando uma análise ambiental integrada da microbacia,
com subsídios para elaboração de um prognóstico, que contemplou conceitos e medidas
de recuperação do corpo d’água, de acordo com cada trecho e situação diagnosticada. É
necessário um estudo de viabilidade da execução das intervenções levantadas no
trabalho.
- Para finalizar, recomenda-se adotar ações preventivas, adicionando
programas que visem ao monitoramento contínuo, proporcionando medidas preventivas
dessas áreas de proteção de forma a promover fiscalização efetiva com poder de polícia
administrativa dos órgãos públicos, aliados a programas de educação ambiental, que
sensibilizem a comunidade quanto aos danos ambientais e inúmeros prejuízos à
qualidade de vida.
104
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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