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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA PRÁTICAS DE QUÍMICA ORGÂNICA – QUI-703 Curso: Ciência e Tecnologia dos Alimentos Prof. Dr. Leandro Vinícius Alves Gurgel [email protected] SETOR DE QUÍMICA ORGÂNICA Ouro Preto, 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E BIOLÓGICAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA

PRÁTICAS DE QUÍMICA ORGÂNICA – QUI-703

Curso: Ciência e Tecnologia dos Alimentos

Prof. Dr. Leandro Vinícius Alves Gurgel

[email protected]

SETOR DE QUÍMICA ORGÂNICA

Ouro Preto, 2016

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Sumário

PRÁTICA 01 ............................................................................................................................................ 2

ANÁLISE ELEMENTAR QUALITATIVA ............................................................................................ 2

(Combustão e Ensaio de Lassaigne) ......................................................................................................... 2

PRÁTICA 02 ............................................................................................................................................ 5

SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS ............................................................................. 5

PRÁTICA 03 ............................................................................................................................................ 9

PURIFICAÇÃO DE UM COMPOSTO ORGÂNICO SÓLIDO - RECRISTALIZAÇÃO ...................... 9

PRÁTICA 04 .......................................................................................................................................... 12

DETERMINAÇÃO DO PONTO DE FUSÃO ....................................................................................... 12

PRÁTICA 05 .......................................................................................................................................... 15

CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA DE SÍLICA ........................................................... 15

PRÁTICA 06 .......................................................................................................................................... 17

CROMATOGRAFIA EM COLUNA ..................................................................................................... 17

PRÁTICA 07 .......................................................................................................................................... 19

DESTILAÇÃO SIMPLES E FRACIONADA ....................................................................................... 19

PRÁTICA 08 .......................................................................................................................................... 24

EXTRAÇÃO CONTÍNUA E EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO ....................................................... 24

PRÁTICA 09 .......................................................................................................................................... 28

DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR: EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE CRAVO ....................... 28

PRÁTICA 10 .......................................................................................................................................... 31

SÍNTESE DO CLORETO DE TERC-BUTILA ..................................................................................... 31

PRÁTICA 11 .......................................................................................................................................... 33

REAÇÃO DE SAPONIFICAÇÃO ........................................................................................................ 33

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PRÁTICA 01

ANÁLISE ELEMENTAR QUALITATIVA

(Combustão e Ensaio de Lassaigne)

Objetivo: Investigar a natureza orgânica de um composto orgânico através da

caracterização dos principais elementos químicos.

Materiais: Tubos de ensaio, béquer, conexões de vidro, rolhas de cortiça, pinças, bico de

gás, funil, papel de filtro, espátula metálica.

Reagentes: Sódio metálico, solução a 10% de hidróxido de bário, solução aquosa a 10%

de ácido acético, solução a 10% de acetato de chumbo, soluções aquosa de ácido nítrico,

nitrato de prata, ácido sulfúrico, solução de amoníaco, nitrito de sódio a 20%, compostos

orgânicos diversos, sulfato ferroso e óxido de cobre.

Aspectos de segurança: o aluno deverá usar jaleco (próprio), sapato fechado e as

mulheres deverão prender o cabelo. Durante essa aula prática o aluno deverá usar óculos

de segurança a ser fornecido pelo técnico responsável pelo laboratório.

Aspectos teóricos:

Os elementos mais comumente encontrados nos compostos orgânicos são o

carbono, o hidrogênio, o oxigênio, o nitrogênio, o enxofre e os halogênios. A evidência

da natureza orgânica pode ser verificada através de um ensaio direto que constata a

presença dos elementos C e H. Neste método, uma ponta de espátula da amostra

(substância orgânica) é queimada na presença de óxido de cobre e o CO2 liberado é

borbulhado em uma solução aquosa de hidróxido de bário, o que leva a formação de um

precipitado, confirmando a presença de C, enquanto que gotículas de água nas paredes do

tubo confirmam a presença de H. A fim de verificar a presença de N, S e halogênios em

compostos orgânicos, faz-se necessário convertê-los em substâncias inorgânicas

ionizáveis, de modo que os ensaios iônicos de análise qualitativa inorgânica possam ser

aplicados. O melhor procedimento para essa conversão consiste em fundir o composto

orgânico com sódio metálico (ensaio de Lassaigne). Deste modo ocorre a formação de

sais de sódio: 1 - Cianeto (se Nitrogênio estiver presente na amostra), que pode ser

detectado através de reações que levem ao ferrocianeto férrico (azul da Prússia). É

possível que não ocorra formação do azul da Prússia. Isso pode ser atribuído a pouca

quantidade de sódio. 2 - Sulfeto (se Enxofre estiver presente na amostra), através de

reações que levem ao sulfeto de chumbo; 3 - Haletos (se Halogênios estiverem presentes

na amostra), através de reações que levem aos haletos de prata correspondentes.

Procedimentos:

1- Caracterização dos elementos químicos N, S e X (análise elementar pelo Ensaio

de Lassaigne) Coloque uma ponta de espátula da amostra em um tubo de ensaio contendo um

pequeno pedaço de sódio metálico recém-cortado. Prenda-o com uma pinça e aqueça-o,

cuidadosamente, no bico de gás (pode haver liberação de gases combustíveis, portanto, o

aquecimento no início deve ser feito retirando o tubo periodicamente da chama). Continue

o aquecimento até que o conteúdo se torne vermelho (sinal de fusão e consequente

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decomposição da amostra). Adicione ao tubo ainda quente cerca de 10 mL de água

destilada com cuidado, (coloque o tubo dentro de um béquer); pois o tubo pode se romper

uma vez que o excesso de sódio reage energicamente com a água e as substâncias minerais

se dissolvem. Filtre a solução. Numere 4 tubos de ensaio e coloque cerca de 1 mL

(aproximadamente 1 cm de altura no tubo) da solução nos tubos de 1 a 3.

Ensaio do Nitrogênio: Pegue o tubo “1” e adicione uma ponta de espátula de sulfato

ferroso. Aqueça até perceber fervura e, então, acidifique com algumas gotas de solução

de ácido sulfúrico até notar a mudança de coloração para azul (cerca de três gotas).

Ensaio do Enxofre: Pegue o tubo “2” e acidifique a solução com três gotas de solução

de ácido acético. Adicione algumas gotas de solução de acetato de chumbo até notar

formação de precipitado preto (cerca de três gotas).

Ensaio do Halogênio: Pegue o tubo “3” e acidifique a solução com três gotas de solução

de ácido nítrico. Adicione algumas gotas de solução de nitrato de prata até a formação de

precipitado branco (AgCl), ou amarelo-pálido (AgBr), ou amarelo (AgI).

Caracterização do Halogênio: Se o teste for positivo para halogênio, decante a água-

mãe e trate o precipitado com solução diluída e aquosa de amoníaco. Se o precipitado for

branco e rapidamente solúvel na solução de amoníaco, está confirmada a presença de

cloro; se for amarelo-pálido e pouco solúvel, o bromo está presente; se for amarelo e

insolúvel, está indicada a presença de iodo. Um teste para confirmação de iodo pode ser

realizado acidificando 1-2 mL da solução de “fusão” com um ligeiro excesso de ácido

acético glacial e adicionando 1 mL de tetracloreto de carbono. Adicione, gota a gota,

solução de nitrito de sódio a 20%, com agitação constante. O aparecimento de cor púrpura

ou violeta na camada orgânica indica a presença de iodo.

Reações Químicas:

2 2

CuO

x yC H CO H O

(1)

2( ) 2 3( ) 2( )g sCO Ba OH BaCO H O (2)

( )

2

1) ,

22)

" "

( , , , , , ) sNa

H O

Solução de fusão

Amostra C H N S O X NaCN Na S NaX NaOH

1 4 4 4 4 4 2 4 4 4 4 4 3

(3)

4 4 6 2 46 [ ( ) ]NaCN FeSO Na Fe CN Na SO (4)

4 2 4 2 2 4 3 212 ( )

2FeSO H SO O Fe SO H O (5)

4 6 2 4 3 4 6 3 2 4

Azulda Prússia

3 [ ( ) ] 2 ( ) [ ( ) ] 6Na Fe CN Fe SO Fe Fe CN Na SO 1 4 4 2 4 43

(6)

2 3 2 ( ) 3( ) 2sNa S CH COO Pb PbS CH COONa (7)

3 ( ) 3sNaX AgNO AgX NaNO (8)

Resultados

Anote o resultado de cada teste realizado na tabela 1, a seguir, usando um sinal

positivo (+) ou um sinal negativo (-) para a presença ou não de cada elemento pesquisado,

respectivamente.

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Tabela 1. Resultados obtidos na identificação dos elementos constituintes de uma amostra (composto

orgânico).

Elemento pesquisado Resultado obtido

C

H

O

S

Halogênios

Cl

Br

I

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PRÁTICA 02

SOLUBILIDADE DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

Objetivos: Identificar as classes de substâncias orgânicas através do teste de solubilidade.

Material: Béquer de 50 mL, tubos de ensaio, pipetas de Pasteur, espátula metálica, papel

de tornassol azul e vermelho e pipetas graduadas de 5,0 mL.

Reagentes: amostras variadas, solução de ácido clorídrico 5%, ácido sulfúrico

concentrado (96%), ácido fosfórico concentrado (85%), solução aquosa de bicarbonato

de sódio 5%, éter dietílico, solução aquosa de hidróxido de sódio 10%, solução aquosa

de hidróxido de sódio 5% e solução aquosa de ácido clorídrico 5%.

Aspectos Teóricos:

Existem diversas maneiras de se identificar uma substância. Os procedimentos

variam desde testes qualitativos simples (identificação de grupos funcionais) as mais

sofisticadas técnicas instrumentais, como espectroscopia no infravermelho, ressonância

magnética nuclear, espectrometria de massas, etc.

Quando se conhece algo sobre a origem do composto, como reagentes utilizados

em seu preparo e condições reacionais, etc., é possível estimar algo sobre a natureza da

substância desconhecida. Entretanto, existem casos em que não se tem qualquer

antecedente sobre o composto a ser identificado, o que torna bem mais difícil a tarefa de

identificação.

Conhecendo a estrutura de um composto orgânico é possível predizer em que tipo

de solvente o composto se dissolverá. Esta predição baseia-se na presença de certos

grupos funcionais (carboxila, hidroxila, grupo amino, etc.) e na possibilidade de

interações desses grupamentos químicos com as moléculas do solvente.

Sendo conhecida a solubilidade do composto orgânico em determinados solventes

é possível seguir o raciocínio inverso ao anterior e prever que tipos de grupamentos

funcionais estarão presentes na molécula. Unindo os testes de solubilidade a outras

técnicas (análise elementar, preparação de derivados, espectroscopias e etc.) é possível

deduzir a estrutura de um composto orgânico.

Os testes de solubilidade são feitos utilizando-se solventes como água destilada,

éter dietílico, solução de hidróxido de sódio 5%, de bicarbonato de sódio 5%, de ácido

clorídrico 5% e ácido sulfúrico concentrado e etc.

Os resultados finais dos testes definem as classes de compostos orgânicos

possíveis para o composto cuja solubilidade está sendo testada conforme apresentado na

Figura 1. As classes de substâncias determinadas pelos testes de solubilidade

correspondem aos seguintes grupos de compostos orgânicos: S1, S2, SA, SB, A1, A2, B,

N1, N2, I e MN.

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Figura 1. Classificação dos compostos orgânicos pela solubilidade.

S2 – Sais de ácidos orgânicos, cloridratos de aminas, aminoácidos e compostos

polifuncionais.

SA – Ácidos monocarboxílicos com cinco átomos de carbono ou menos e ácidos

arenossulfônicos.

SB – Aminas monofuncionais com seis átomos de carbono ou menos.

S1 – Álcoois, aldeídos, cetonas, ésteres, nitrilas e amidas, com cinco átomos de

carbono ou menos (monofuncionais).

A1 – Ácidos orgânicos fortes: ácidos carboxílicos com mais de seis átomos de

carbono, fenóis com grupos eletrofílicos em posição orto e para, e -dicetonas.

A2 – Ácidos orgânicos fracos: fenóis, enóis, oximas, imidas, sulfonamidas, tiofenóis,

todos com mais de cinco átomos de carbono. Incluem-se também as -dicetonas, os

compostos nitro com hidrogênio em e as sulfonamidas.

B – Aminas alifáticas com oito ou mais carbonos, anilinas (somente um grupo fenil

ligado ao nitrogênio) e alguns oxiéteres.

N1 – Álcoois, aldeídos, metilcetonas, cetonas cíclicas e ésteres com um só grupo

funcional e mais de cinco átomos de carbono, mas menos do que nove. Éteres com

menos de oito átomos de carbono e epóxidos.

N2 – Alquenos, alquinos, éteres, compostos aromáticos (especialmente os que têm

grupos ativantes) e cetonas (exceto as da classe N1).

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I – Hidrocarbonetos saturados, alcanos halogenados, haletos de arila, éteres diarílicos

e compostos aromáticos não ativos.

MN – Diversos compostos neutros, com mais de cinco átomos de carbono, contendo

nitrogênio ou enxofre (esta informação deve ser obtida por meio de análise

elementar).

Nesta prática, serão realizados testes de solubilidade com diferentes compostos

orgânicos.

Os testes de solubilidade deverão ser realizados seguindo-se toda a sequência de

testes de solubilidade apresentados na Figura 1. Importante: após cada teste, uma ponta

de espátula no caso de sólido ou três gostas no caso de líquido deverão ser transferidas

para novos tubos de ensaio para dar prosseguimento aos testes de solubilidade.

O primeiro teste de solubilidade deve ser feito com a água destilada e a partir do

resultado, seguir a sequência adequada (Figura 1). Por exemplo, se a amostra for solúvel

em água destilada seguir para o teste com éter dietílico utilizando-se uma nova amostra

em um novo tubo de ensaio. Se o composto for solúvel em éter dietílico verificar o pH da

solução com papel de tornassol (vermelho se o pH é ácido, azul se o pH é básico e roxo

se o pH é neutro) (a mudança de cor ocorre para variações no pH de 4,5 a 8,3),

classificando-o nas classes SA, SB ou S1. Caso o composto seja insolúvel em éter dietílico

será classificado como pertencente à classe S2.

ATENÇÃO! Sendo a substância solúvel em água destilada automaticamente exclui-

se a realização dos testes com solução de NaOH 5%, NaHCO3 5%, HCI 5%, H2SO4 (96%)

e H3PO4 (85%). O raciocínio inverso é válido para uma substância insolúvel em água

destilada.

Procedimentos:

Para cada teste a ser realizado, utilizar nova amostra. De modo a otimizar os

experimentos realize todos os testes necessários com cada amostra-problema até

que ela seja definitivamente classificada.

a) Colocar 0,1 g da amostra sólida ou o equivalente (0,2 mL ou 3 gotas) da amostra

líquida em 3 mL do solvente em que se quer testar a solubilidade. Agitar

vigorosamente o tubo de ensaio por aproximadamente 3 minutos e observar se

ocorreu solubilização da amostra. Realizar os testes propostos:

1º teste: deve ser feito com água destilada. Se a amostra for solúvel, realizar o 2º teste.

Se for insolúvel, passar diretamente para o 3º teste.

2º teste: se a substância for solúvel em água destilada faça o teste com éter dietílico. Se

for insolúvel em éter dietílico, ela pertence ao grupo S2. Se ela for solúvel em éter

dietílico, é classificada como SA, SB ou S1, dependendo do pH da sua solução aquosa, o

qual é determinado com papel de tornassol.

3º teste: se a amostra for insolúvel em água destilada testa-se a sua solubilidade em

solução aquosa de NaOH 5%. Se for solúvel nesta solução realize o 4º teste; se insolúvel,

passe para o 5º teste.

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4º teste: teste a amostra em solução aquosa de NaHCO3 5%. Se for solúvel, pertence à

classe A1 e, se for insolúvel, à classe A2.

5º teste: faça o teste com solução aquosa de HCI 5%. Se a amostra for insolúvel nesse

solvente e se houver a informação (por meio de análise elementar) de que ela é neutra e

possui nitrogênio ou enxofre, ela pertencerá à classe MN. Caso seja solúvel, ela pertence

à classe B. Se for insolúvel e não houver sido classificada com MN, faça o 6º teste.

6º teste: realize o teste com H2SO4 (96%). Se a amostra for solúvel, faça o teste com

H3PO4 (85%). Se for insolúvel, ela pertence à classe I.

Anotar os resultados dos testes realizados na tabela a seguir:

Tabela 2. Resultados obtidos na identificação das amostras pelo teste de solubilidade (composto orgânico).

Amostra Água Éter NaOH 5% HCI 5% NaHCO3 5% H2SO4 96% Classe

1

2

3

4

5

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PRÁTICA 03

PURIFICAÇÃO DE UM COMPOSTO ORGÂNICO SÓLIDO -

RECRISTALIZAÇÃO

Introdução

Uma reação orgânica dificilmente leva a formação de apenas um composto.

Geralmente obtém-se uma mistura, onde um determinado produto encontra-se em maior

quantidade e os demais podem ser considerados como impurezas. As impurezas podem

retardar ou até mesmo impedir a recristalização quando efetuada diretamente sobre o

produto da reação, e são toleráveis desde que representem até 5% da massa da amostra.

A purificação de sólidos por recristalização baseia-se na diferença de solubilidade

do produto e da impureza em um determinado solvente ou mistura de solventes. Logo, a

escolha de um solvente adequado representa um grande percentual do sucesso de uma

recristalização. As características mais desejáveis para que um solvente seja escolhido

são:

alta dissolução da substância a ser purificada em elevadas temperaturas e baixa

dissolução a temperatura ambiente ou inferior;

dissolver ou não as impurezas à temperatura ambiente e/ou inferior;

possuir ponto de ebulição relativamente baixo;

não reagir com a substância a ser purificada.

Os solventes comumente usados para recristalizar compostos orgânicos são o

álcool, benzeno, éter, tetracloreto de carbono, acetona, éter de petróleo e ácido acético;

água pode ser empregada com algumas substâncias.

O processo de recristalização consiste basicamente em:

1) Dissolver a mistura em um solvente apropriado no ponto ou próximo ao ponto de

ebulição;

2) Filtrar a solução a quente (eliminando assim impurezas insolúveis);

3) Deixar a solução esfriar e aguardar a cristalização;

4) Filtrar a solução, a vácuo e a frio, para separar os cristais da solução. O filtrado

nesse caso é chamado de “água-mãe”.

5) Lavar os cristais com solvente adequado para remover solvente residual da “água-

mãe”.

6) Secar os cristais para remover o solvente residual.

7) Realizar testes para verificação da pureza da substância.

Objetivos: Purificação de um composto orgânico sólido (acetanilida) através do método

de recristalização e sublimação.

Materiais: Erlenmeyers, funil de Büchner, funil simples, kitassato, bico de Bünsen,

bastão de vidro, papel de filtro, béquer e dessecador.

Reagentes: Água (solvente), acetanilida impura.

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Composto impuro

1- Dissolução em solvente a quente

2- Adição de carvão ativado.

3- Filtração simples da solução a quente.

Impurezas

insolúveis

Filtrado

Descartar

Composto mais

impurezas solúveis

1- Cristalização

2- Filtração a vácuo

Cristais do

composto úmido

com solvente

Filtrado (água-mãe +

impurezas solúveis).

Descartar ou

recolher mais

cristais

Secagem

Cristais secos

Teste de pureza

Figura 1. Fluxograma das etapas envolvidas na recristalização

Métodos de recristalização: envolvem, basicamente dois procedimentos:

Filtração a quente:

O procedimento deve ser realizado rapidamente, evitando-se desta forma o

resfriamento prematuro da solução (amostra) e da montagem de filtração. É vantajoso

aquecer o funil antes de iniciar o procedimento. O uso do papel pregueado "minimiza" a

possibilidade de cristalização da substância sobre o mesmo.

Filtração a vácuo:

A finalidade deste procedimento está na rapidez e na possibilidade de se eliminar

ao máximo a água-mãe dos cristais. Utiliza-se um funil de Büchner, associado a um papel

de filtro mais fino, previamente umedecido com o solvente em questão. O frasco coletor

é o kitassato, com saída para linha de vácuo, seguido de um frasco de segurança,

intercalado entre o primeiro e a origem do vácuo (bomba de vácuo ou trompa d'água).

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Figura 2. montagem para filtração a vácuo

Secagem dos compostos:

Um sólido umedecido com água ou solvente orgânico volátil, pode ser seco sob

pressão reduzida com o auxílio de um dessecador a vácuo. O uso de agentes secantes

apropriados é normalmente recomendado para uma maior eficiência quanto a secagem da

substância. Normalmente, introduz-se ácido sulfúrico concentrado na parte inferior do

dessecador, enquanto que sobre a placa de porcelana, contido dentro de um recipiente,

emprega-se hidróxido de sódio granulado. Desta forma garantimos a adsorção de

solventes de natureza ácida e/ou básica.

Procedimentos:

Pese o sólido obtido (em vidro de relógio) para o cálculo do rendimento da reação.

Guarde uma pequena quantidade (suficiente para determinação do ponto de fusão)

para utilização posterior. Num béquer de 500 mL coloque 250 mL de água destilada e 5

mL de etanol. Adicione aos poucos a acetanilida, sob agitação, para tentar dissolvê-la.

Aqueça até ebulição com frequente agitação, até total dissolução da acetanilida (se houver

necessidade, adicione outros 5 mL de álcool). Se a solução não estiver totalmente límpida,

será necessário filtrá-la a quente (é necessário manter o sistema aquecido durante o

processo de filtração). Se o aspecto da solução não for incolor, adicione cuidadosamente

(pode haver superebulição na primeira adição) pequena quantidade de carvão ativado e

filtre sob vácuo a quente.

Recolha o filtrado em Erlenmeyer de 500 mL e leve-o a um banho de água fria ou

gelada. Mantenha o frasco em repouso e observe a recristalização. Filtre a vácuo, lavando

com água fria e coloque a acetanilida recristalizada em vidro de relógio rotulado.

Pese a acetanilida recristalizada, calcule a eficiência da recristalização e determine

o ponto de fusão das duas acetanilidas (da recristalizada e da impura).

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PRÁTICA 04

DETERMINAÇÃO DO PONTO DE FUSÃO

Objetivos: Determinação do ponto de fusão da amostra recristalizada e impura.

Materiais: Tubos de Thiele, termômetro, tubos capilares, bico de Bünsen, suporte, tripé,

garra e mufa.

Reagentes: Glicerina e amostra da substância recristalizada e impura.

Aspectos teóricos:

A maioria dos compostos orgânicos utilizados em laboratórios de química é

sólida ou líquida;

O grau de pureza química desses compostos pode ser avaliado pela

determinação das constantes físicas, pois as substâncias puras possuem

propriedades físicas específicas e bem definidas;

Impurezas produzem, geralmente, um alargamento no intervalo de fusão,

além de abaixarem essa temperatura;

Uma substância orgânica e cristalina é considerada pura se a temperatura

de fusão compreender uma variação de 0,5 a 1,0°C;

Se a substância for impura, a temperatura de fusão varia de 2°C a 5°C;

Se for uma mistura, a temperatura de fusão sofre uma variação maior do que

5°C;

A medida de temperatura de fusão pode ser feita em aparelhagem apropriada

(aparelhos para a determinação de temperatura de fusão – fusômetro analógico)

ou através de montagens e adaptações realizadas em laboratórios. A fonte de

aquecimento dependerá do tipo de aparelhagem utilizada, que pode ser um

banho de aquecimento (óleo mineral ou glicerina) ou aquecimento elétrico.

O ponto de fusão é usado como critério para avaliar o grau de pureza de um

composto, ou ajudar na sua identificação através de comparações com tabelas de pontos

de fusão.

Figura 1. Montagem para determinação de temperatura de fusão.

Para determinar corretamente a temperatura de fusão de um sólido, devem ser

observadas todas as suas mudanças, conforme apresentado na Figura 2.

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Figura 2. Transformações ocorridas no intervalo de fusão.

Procedimentos:

Determinação do ponto de fusão da amostra

Utilizando um sistema apropriado, determine as faixas de fusão (valores de

temperatura de início e término da fusão) para a amostra recristalizada e impura. Para

isso, feche uma das extremidades de um capilar de fusão girando-o ao leve contato com

a chama do bico de gás. Coloque um pouco da amostra num vidro de relógio e introduza

a substância no capilar tocando-a com a extremidade aberta do mesmo. Talvez seja

necessário pulverizar o sólido. Para tal use um bastão de vidro ou a espátula. Com auxílio

de um tubo longo de vidro compacte o sólido no fundo do capilar (deixando o tubo capilar

cair até atingir o fundo do tubo de vidro, com a extremidade fechada para baixo e dentro

do tubo longo de vidro). Verifique a quantidade de sólido no tubo capilar (cerca de 2 mm

de altura no capilar) e codifique o tubo capilar utilizando pincel atômico.

Com o auxílio de uma gominha de látex fixe cuidadosamente os dois tubos

capilares ao termômetro de modo que as substâncias fiquem na mesma altura do bulbo

do termômetro e a gominha o mais próximo possível das extremidades abertas dos

capilares.

Prenda o termômetro a uma garra, de modo que o bulbo do termômetro fique

totalmente submerso no líquido. Cuide para que a gominha não seja atingida pela

glicerina, nem mesmo após o aquecimento.

Este sistema deve ser aquecido gradualmente (o aquecimento deverá se dar a

uma velocidade de 1°C por minuto, aproximadamente), enquanto o material no capilar

é cuidadosamente observado. Devem ser registradas a temperatura na qual a primeira

gota de líquido se forma e aquela em que os últimos cristais de sólido desaparecem.

Questões:

1) Qual a faixa de temperatura que a maioria dos compostos orgânicos se funde?

2) Uma determinada substância na mudança de estado (sólido para líquido) possui uma

ampla faixa de temperatura de fusão. O que isso indica?

3) Explique: Duas amostras puras de um mesmo composto deverão fundir a uma mesma

temperatura. Entretanto, duas amostras desconhecidas que se fundem a uma mesma

temperatura não são necessariamente o mesmo composto.

4) Discuta sobre os valores de faixa de fusão obtidos para sua amostra pura e impura.

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5) Identifique, a partir dos dados obtidos, a natureza da sua amostra.

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PRÁTICA 05

CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA DE SÍLICA

Objetos: separar, identificar, purificar e dosar misturas moleculares.

Materiais: Placas de vidro comum, cubas cromatográficas, capilares de vidro, béqueres

de 50 mL e provetas de 50 mL.

Reagentes: solventes e compostos orgânicos.

Aspectos Teóricos A cromatografia tem sido definida, em princípio, como um processo de separação

que é utilizado essencialmente para a separação e identificação de misturas moleculares,

bem como para purificação e dosagem das mesmas. O processo se baseia na redistribuição

das moléculas da mistura entre duas ou mais fases. A distribuição se passa entre uma fase

estacionária (suporte) e um fluido móvel (eluente) que está em contato íntimo com ela.

Trataremos apenas de aspectos selecionados da cromatografia de partição sobre celulose

(papel) e cromatografia em camada delgada (cromatoplacas).

Cromatografia de Partição: Na cromatografia de papel o suporte é o próprio papel (o

papel de filtro é constituído de celulose, que contém aproximadamente 22 % de água

adsorvida), ou ainda um papel tratado (introdução de grupos dietilaminoetílicos,

carboxílicos ou de grupos fosfatos). A técnica simplificada da cromatografia de partição

em papel consiste em aplicar (com o auxílio de um capilar) uma solução, contendo a

mistura a ser analisada, próximo à extremidade de uma tira de papel de filtro com 8,0 cm

de comprimento e 3,0 cm de largura (Figura 1a). Deposita-se então, a tira com a amostra

adsorvida, dentro da câmara cromatográfica (previamente saturada com o vapor do

eluente) (Figura 1b). O eluente passa, por ação de capilaridade, sobre a mancha (amostra

adsorvida no papel) (Figura 1a) arrastando os componentes com velocidades diferentes.

Os componentes a separar sofrem uma partição entre a fase aquosa suportada numa matriz

inerte de celulose e o solvente orgânico usado numa fase móvel (Figura 1c).

Figura 1. Cromatoplacas. (a) Preparada para separação; (b) no instante inicial após ser introduzida na

cubra cromatográfica; (c) após o eluente percorrer a placa por capilaridade e (d) fora da cubra

cromatográfica para aferir as distâncias percorridas pelas amostras e pelo eluente (Rf).

O valor de Rf (“fator de retenção”) mede a velocidade do movimento da zona

relacionada com a distância percorrida pelo eluente em relação à distância percorrida pela

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zona da substância. Os valores de Rf devem ser menor do que a unidade. Quando este for

igual a zero, conclui-se que a substância não se deslocou, quando for igual a unidade,

conclui-se que a mesma se moveu junto com o solvente. Para ambos os casos, a escolha

do eluente não foi apropriada, devendo-se procurar então um novo eluente ou uma nova

mistura eluente.

Muitas das substâncias separadas por este processo não são coloridas (Figura 1d).

A cor pode ser desenvolvida momentaneamente (para determinados compostos) por

exposição do sistema à luz ultravioleta (fluorescência). Pode-se também converter tais

substâncias incolores a derivados coloridos quando o sistema é pulverizado com um

reagente apropriado (sulfato cérico, ninidrina, cloreto férrico, entre outros ) ou expondo

a cromatoplaca a atmosfera saturada com I2.

Cromatografia de Adsorção (cromatoplaca): Na cromatografia de camada fina o

adsorvente é espalhado sob a forma de um revestimento numa placa de vidro, folha

plástica ou de alumínio. O desenvolvimento do cromatograma é semelhante à

cromatografia em papel. A cromatografia em camada fina apresenta algumas vantagens

em relação à cromatografia em papel, tais como, maior nitidez, alta sensibilidade, grande

rapidez e ainda, a possibilidade do emprego de solventes e reveladores normalmente

nocivos ao papel (à base de ácidos concentrados e compostos fortemente oxidantes).

Procedimentos:

A- Separação dos componentes de uma mistura: Com um tubo capilar, aplicar a 1,0 cm

de altura em relação à extremidade inferior da placa cromatográfica uma gota da mistura

em questão.

Cuidado para que a mancha formada não ultrapasse o diâmetro de 3 mm, deixando

secar a primeira gota antes de colocar a segunda. Levar o sistema para a eluição

dentro da câmara cromatográfica, contendo o eluente adequado. O nível de eluente

deve estar abaixo do nível das manchas na placa.

Deixar o eluente subir até a demarcação superior da placa. Retirar a placa depositando-a

sobre a bancada para secar. Observar e marcar levemente as manchas, anotar os

resultados. Calcule os Rf. Se as manchas forem incolores, levar o sistema para a exposição

à luz ultravioleta, ou câmara de iodo, observar e marcar as manchas reveladas.

B- Identificação de um desconhecido usando padrões como referência: Usando um tubo

capilar, aplicar a 1,0 cm de altura em relação à extremidade da cromatoplaca uma gota

da amostra conhecida A. Cuidar para que a mancha formada não ultrapasse o diâmetro

de 3 mm, deixando secar a primeira gota antes de colocar a segunda. E por fim, aplicar

duas gotas da amostra desconhecida B no ponto 2. Levar o sistema para a eluição dentro

da câmara cromatográfica. Deixar o eluente subir até 8,0 cm da placa. Retirar a

cromatoplaca depositando-a sobre a bancada para secar. Levar o sistema para a revelação.

Observar a diferença das manchas.

Questões:

1- Calcule os valores de Rf para cada uma das substâncias reveladas nas placas

cromatográficas e compare com o valor obtido pelos demais grupos.

2- Identifique a amostra desconhecida B.

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PRÁTICA 06

CROMATOGRAFIA EM COLUNA

Objetivos: Purificação e separação de um composto orgânico.

Materiais: coluna de vidro, algodão, béquer, funil, rolha de borracha, proveta e pipeta de

Pasteur.

Reagentes: etanol, sílica gel, ácido acético e etanol, mistura de ácido acético e etanol, 1:1

(v/v).

Aspectos teóricos: Os componentes de uma amostra movem-se com o solvente pela

coluna com velocidades diferentes, dependendo de vários fatores, tais como a natureza

de cada substância, a natureza do solvente e a atividade do adsorvente. A separação dos

constituintes de uma mistura é efetuada através da passagem do solvente pela coluna e

baseia-se na interação dos componentes da amostra e do solvente com a superfície do

adsorvente. Um adsorvente sólido ativo tem uma grande área superficial, dispondo de

inúmeros sítios polares que podem se combinar reversivelmente ou adsorver pequena

concentração de substâncias, através de forças de atração eletrostáticas. O solvente

movendo-se pela superfície do adsorvente compete com a amostra adsorvida e com o

adsorvente, e então desloca seus constituintes reversivelmente e continuamente pela

coluna. Este processo pode ser visualizado como uma competição entre a amostra, o

solvente e o adsorvente, e pode ser expresso pelo seguinte equilíbrio:

amostra-adsorvente solvente amostra-solvente

A velocidade de eluição dos componentes vai depender da natureza de cada um

destes. Compostos polares ou polarizáveis, tais como álcoois, ácidos carboxílicos, amidas

e aminas, são adsorvidos mais fortemente e eluídos menos prontamente do que compostos

pouco polares, tais como compostos halogenados, aldeídos, cetonas, éteres e

hidrocarbonetos.

A atividade do adsorvente sólido vai também determinar a velocidade com que as

substâncias são eluídas. A atividade é determinada pelo seu conteúdo de água e pela

granulação das partículas. O solvente empregado também afetará a velocidade de eluição.

Quanto mais polar for o solvente, mais rapidamente os componentes se moverão. A

escolha do solvente vai ser determinada pela natureza dos componentes a serem

separados. Solventes pouco polares são empregados para substâncias fracamente

adsorvidas e solventes polares para aquelas fortemente adsorvidas. Alguns solventes

normalmente utilizados estão listados a seguir na ordem de aumento de polaridade:

Hexano < tetracloreto de carbono < tolueno < diclorometano < clorofórmio < éter

etílico < acetato de etila < etanol < metanol < água.

Procedimentos: Adapte um chumaço de algodão na parte inferior da coluna. Pese 2,0 g

de sílica gel em um béquer e adicione cerca de 10 mL de etanol, agite bem a suspensão

com o auxílio de um bastão de vidro e transfira todo o material para a coluna com o

auxílio de um funil, recolhendo o solvente a eluir em outro recipiente. A sílica deve ficar

muito bem compactada, e para isso utiliza-se uma rolha de borracha presa a um bastão de

vidro para golpear a coluna levemente, até que a altura (compreendida pela sílica)

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permaneça inalterada. Durante toda a operação nunca permita que a sílica fique sem o

solvente. Depois de colocada toda a sílica na coluna, introduza a solução de uma a duas

gotas da solução de azul de metileno e fucsina com o auxílio de uma pipeta de Pasteur.

Deixe o material acomodar (lembre-se de nunca deixar a sílica secar) e só então adicione

mais quantidade do eluente (etanol).

A separação terá início e a fucsina ácida começará a se separar da mistura. Eluída

toda a fucsina, aumente a polaridade do eluente usando mistura de etanol e ácido acético

1:1 (v/v). Começará a ser arrastado o azul de metileno que após algum tempo sairá nas

frações eluídas. Estará assim efetuada a separação dos dois corantes.

Questões:

1- Qual é a função da sílica gel na cromatografia em coluna?

2- Correlacione a polaridade com a estrutura dos componentes da mistura.

3- Quais os cuidados necessários ao empacotar uma coluna?

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PRÁTICA 07

DESTILAÇÃO SIMPLES E FRACIONADA

undamentação teórica

Um processo de destilação é caracterizado pela vaporização de uma substância,

seguido de sua condensação e coleta do condensado em outro frasco. Esta técnica é útil

para separar uma mistura quando os componentes têm diferentes pontos de ebulição,

caracterizando-se como principal método de purificação de um líquido.

Um exemplo largamente conhecido de utilização de técnicas de destilação é a

produção de bebidas alcoólicas. A bebida é feita pela condensação dos vapores de álcool

que escapam mediante o aquecimento de um mosto fermentado. Como o ponto de

ebulição do álcool é menor que o da água presente no mosto, o álcool evapora, dando-se

assim a separação da água e o álcool.

Destilação Simples: A destilação simples é uma das operações de uso mais comum na

purificação de líquidos e consiste, basicamente, na vaporização de um líquido por

aquecimento, seguida da condensação do vapor formado, conforme mostrado na Figura

1. Quando uma substância pura é destilada à pressão constante, a temperatura do vapor

permanece constante durante toda a destilação. O mesmo comportamento é observado em

misturas contendo um líquido e uma impureza não volátil, uma vez que o material

condensado não está contaminado pela impureza. A destilação simples só deve ser usada

na purificação de misturas líquidas onde somente um dos componentes seja volátil, ou a

diferença entre os pontos de ebulição das substâncias seja maior que 30ºC.

Figura 1. Aparato experimental para destilação simples.

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Destilação Fracionada: A técnica de destilação é comumente usada em laboratório para

separação e purificação de líquidos voláteis. Quando o líquido a ser destilado é uma

mistura de solventes a serem separados, pode-se realizar uma destilação fracionada. Se

as pressões de vapor de duas ou mais substâncias são tão próximas de modo que não

possam ser separadas por destilação simples, deve-se usar uma coluna de fracionamento

para separá-las. Considerando uma solução de dois líquidos em equilíbrio com o seu

vapor, o qual contém os dois componentes, a uma determinada temperatura,

evidentemente este vapor estará mais rico no componente mais volátil. Se condensarmos

este vapor e deixarmos que o condensado entre em equilíbrio com o seu vapor, esse

segundo vapor, apresentará maior proporção do componente mais volátil do que o seu

condensado, que assim sucessivamente. Baseado neste princípio, na destilação

fracionada, ao invés de fazermos destilações sucessivas das primeiras frações do

destilado, utiliza-se uma coluna de fracionamento (coluna de Vigreux) à montagem da

destilação simples, conforme mostrado na Figura 2.

Figura 2. Aparelhagem de destilação fracionada.

Destilação Fracionada - Sistemas com ponto de ebulição mínimo ou máximo: O

diagrama de fase líquido-vapor de uma mistura de dois solventes pode apresentar

composições de ponto de ebulição mínimo ou máximo. Neste ponto, o sistema destila

sem variação de composição e são chamados de composição ou mistura azeotrópica. Um

exemplo de mistura com ponto de ebulição mínimo é a formada por etanol (P.E. = 78,3°C,

componente A) e tolueno (P.E. = 110,6°C, componente B). O ponto de ebulição da

mistura azeotrópica é de 76,7°C e a composição em peso tem 68% de etanol. Um exemplo

de mistura com ponto de ebulição máximo é a formada por acetona (P.E. = 56,4°C,

componente A) e clorofórmio (P.E. = 61,2°C, componente B). O ponto de ebulição da

mistura azeotrópica é de 64,7°C com composição de 80% em clorofórmio.

Em uma destilação fracionada de mistura tolueno/etanol, o vapor coletado irá ter a

composição de azeótropo enquanto que o resíduo líquido irá se aproximar de etanol (A)

ou tolueno (B) puro dependendo da composição inicial estar à esquerda ou direita do

ponto mínimo. No caso de destilação de mistura acetona/clorofórmio, a situação se

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inverte. O resíduo líquido caminha para o ponto de mistura azeotrópica enquanto que o

destilado pode ser obtido puro em A ou B dependendo da posição do ponto de composição

inicial. A separação de misturas azeotrópicas pode ser feita por diversas formas. Um dos

artifícios utilizados é a adição de uma terceira substância que altera a razão de pressão de

vapor no azeótropo. Também podem ser utilizados métodos químicos (o reagente

adicionado interage com um dos componentes e, portanto, quebra a razão de composição)

ou métodos de adsorção seletiva.

Figura 3. Diagrama temperatura-composição da mistura de dois líquidos A e B. Caso I: ponto de

ebulição mínimo e Caso II: ponto de ebulição máximo.

Segundo a Lei de Raoult, a pressão de vapor de um solvente é proporcional à sua

fração molar em solução:

𝑃𝑚𝑖𝑠𝑡𝑢𝑟𝑎 = 𝑥𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒𝑃𝑠𝑜𝑙𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒 (1)

Soluções que obedecem a essa relação em qualquer faixa de concentração são

chamadas de soluções ideais. Quando a solução é formada por uma mistura binária de

dois líquidos voláteis, A e B, cada componente tem a pressão de vapor dada pela Lei de

Raoult:

𝑃𝐴 = 𝑥𝐴,𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑃𝐴,𝑝𝑢𝑟𝑜 𝑒 𝑃𝐵 = 𝑥𝐵,𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑃𝐵,𝑝𝑢𝑟𝑜 (2)

Por outro lado, a Lei de Dalton das pressões parciais afirma que a pressão total do

vapor é a soma das pressões parciais:

𝑃𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑃𝐴 + 𝑃𝐵 (3)

𝑃𝐴 = 𝑥𝐴,𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑃𝐴,𝑝𝑢𝑟𝑜 + 𝑥𝐵,𝑙í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜𝑃𝐵,𝑝𝑢𝑟𝑜 (4)

Pela expressão da Eq. (4), nota-se que o vapor da mistura é mais rico no

componente mais volátil (componente com maior pressão de vapor) que o líquido. Assim,

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na mistura etanol/tolueno, espera-se que o vapor em equilíbrio com a mistura líquida seja

mais rico em etanol que o líquido. Com o aumento da temperatura, espera-se ainda, que

a composição do vapor fique cada vez mais rica no componente com maior pressão de

vapor.

Objetivo

Purificação de líquidos e familiarização com as técnicas de destilação.

Materiais

Colunas de vidro (condensador reto e coluna de Vigroux), balão de fundo redondo,

condensador, Erlenmeyer, béquer, rolha de borracha, pipeta, pedras de ebulição e manta

aquecedora.

Reagentes

Amostras/misturas de interesse.

Procedimento

Destilação simples

a) Adicione ao balão de destilação as pedras de ebulição e a mistura a ser destilada.

b) Monte um sistema de destilação simples como mostrado na Figura 1.

c) Inicie o aquecimento do sistema.

d) Observe atentamente o sistema enquanto ocorre o aquecimento, constantemente

observando a temperatura que é registrada no termômetro.

e) Observe a temperatura de ebulição do primeiro componente da mistura. Ele vai

destilar por algum tempo e a temperatura vai permanecer constante; anote esta

temperatura.

f) Quando a temperatura começar a subir rapidamente, troque o Erlenmeyer

imediatamente; esta fração vai conter uma mistura dos dois líquidos.

g) Quando a temperatura estabilizar de novo, troque novamente o Erlenmeyer e

recolha o segundo líquido; anote a temperatura (Não deixe que o balão fique

completamente seco).

h) Faça os testes necessários para avaliar se a destilação foi bem sucedida.

Destilação fracionada

a) Transfira a mistura de líquidos ao balão de fundo redondo e adicione algumas

pedras de ebulição.

b) Monte o sistema de destilação fracionada, de acordo com a Figura 2, e ligue o

aquecimento (monte em seu caderno um planilha relacionando o volume destilado

contra a temperatura de ebulição).

c) Observe a ebulição do primeiro componente. Ele vai destilar por algum tempo e

a temperatura vai permanecer constante por algum tempo; anote esta

temperatura.

d) Quando a temperatura começar a subir, troque o Erlenmeyer imediatamente; ele

vai conter uma mistura dos líquidos.

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e) Quando a temperatura estabilizar de novo, anote a temperatura e troque

novamente o Erlenmeyer, recolhendo o segundo líquido.

f) Repita os passos “d” e ”e” (se necessário) até que todos os componentes da

mistura tenham sido coletados (Não deixe que o balão fique completamente

seco).

Questões:

1- Quais os possíveis tipos de interações que levam um par de líquidos a formarem

azeótropo de máximo? E de mínimo?

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PRÁTICA 08

EXTRAÇÃO CONTÍNUA E EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO

Fundamentação teóricaA extração é um processo de separação de compostos que

consiste em transferir uma substância da fase na qual essa se encontra (dissolvida ou em

suspensão) para outra fase líquida.

Quando um soluto A contido no solvente 1 recebe a adição de segundo solvente

2, imiscível, e a mistura é homogeneizada por agitação, o soluto A se distribui entre as

duas fases líquidas. Após a separação das fases, estabelece-se uma situação de equilíbrio

em que a relação das concentrações do soluto nas duas fases é definida por uma constante

K, chamada de coeficiente de partição, dada por:

𝐾 =𝐶1

𝐶2

onde C1 e C2 são as concentrações do soluto A nos solventes 1 e 2, respectivamente.

O coeficiente de partição depende da natureza dos solventes usados e da

temperatura. O soluto passa para o segundo solvente em uma quantidade determinada

porque segue sendo solúvel no primeiro e porque pode saturar o segundo. Assim sendo,

escolhe-se como solvente extrator um solvente que solubilize o soluto muito mais que o

solvente original (solvente 1). Na maior parte dos casos quanto maior a temperatura maior

a solubilidade do soluta A no solvente 2 (que deve ter maior afinidade pelo soluto do que

o solvente 1).

A eficiência da extração está diretamente relacionada com a quantidade de

solvente empregado e, principalmente, com o número de vezes (ciclos) em que a extração

é repetida. Assim, ainda que o volume final de solvente extrator a ser empregado seja o

mesmo (por exemplo, 50 mL) obtém-se maior quantidade de soluto extraído realizando 2

ou 3 extrações com volumes menores (por exemplo, duas extrações com 15 mL e uma

com 20 mL) do que uma única com o volume total do solvente.

Extração contínua: É comumente utilizada nos casos onde a solubilidade do soluto é

baixa, ou quando é necessário maximizar a extração do soluto. Para tanto, um aparelho

muito utilizado para este fim é o Extrator de Soxhlet, representado na Figura 1. O extrator

Soxhlet é utilizado para a extração de óleos não voláteis presentes em amostras sólidas e

a eficiência do método depende: das propriedades e natureza do material a ser extraído,

polaridade do solvente, ligação dos materiais de interesse com outros componentes,

circulação do solvente através da amostra, tamanho das partículas, umidade da amostra,

velocidade de refluxo e quantidade relativa de solvente.

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Figura 1. Aparato extrator Soxhlet.

O processo utiliza geralmente um solvente a quente e a amostra é colocada em um

cilindro (cartucho) poroso, confeccionado de papel de filtro resistente, que é, por sua vez,

colocado no interior do aparelho de Soxhlet. Um balão é então conectado contendo o

solvente de extração e um condensador de refluxo. Com o aparato devidamente montado,

o balão contendo o solvente para extração, é aquecido. O vapor do solvente sobe pela

conexão e ao entrar em contato com o condensador se liquefaz caindo na parte superior

do cartucho, o qual contém a amostra, que é lentamente enchido pelo solvente. Estando o

cartucho, com a amostra, completamente cheio, o solvente, já com a substância a ser

extraída, é sifonado para o balão onde encontrava-se o solvente, até então puro. O

processo se reinicia até que a extração seja completada.

Extração líquido-líquido: Neste caso a separação está relacionada com a distribuição

diferenciada do soluto pelas duas fases imiscíveis em contato. A amostra líquida contendo

o soluto de interesse é misturada com o solvente da extração, assim o soluto vai distribuir-

se de forma desigual entre o solvente que se adicionou e o diluente inicial, passando,

preferencialmente, para o novo solvente. O solvente e o diluente devem ser os mais

imiscíveis possível.

A extração é normalmente escolhida quando a separação por destilação é difícil,

ou seja, em misturas azeotrópicas ou de volatilidade relativa próxima da unidade. Outra

situação onde faz sentido recorrer à extração é no tratamento de misturas aquosas pouco

concentradas.

Na extração líquido-líquido o diluente que contém o soluto a extrair é misturado

com o solvente do processo, o qual deve ser o mais imiscível possível com o diluente.

Como resultado desse processo produzem-se duas fases, uma rica no solvente e outra rica

no diluente. O solvente que se seleciona para o processo de extração deve ter grande

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afinidade com o soluto, de tal modo que, no processo de mistura, a transferência de massa

ocorra no sentido que o soluto fique preferencialmente retido na fase do solvente

adicionado. Em seguida deve-se deixar repousar a mistura para separar as duas fases

praticamente imiscíveis e, por diferença de densidade, serão produzidos extrato e o

resíduo.

Objetivo

Demonstrar o funcionamento de um extrator de Soxhlet, separar compostos

orgânicos através de extração sólido-líquido e extração líquido-líquido.

Materiais

Balão de fundo redondo de com boca esmerilhada, aparelho de Soxhlet, papel de

filtro, manta de aquecimento, funil de separação, suporte universal e garras.

Reagentes

Amostra contendo material a ser extraído e solventes apropriados para realizar a

extração.

Procedimento

Extração de Soxhlet

a) Pese a amostra em um béquer.

b) Com o auxílio do papel de filtro, faça um cartucho com diâmetro inferior

ao do copo do extrator e altura inferior à do sifão. É importante que o

cartucho tenha a parte inferior totalmente fechada.

c) Coloque a amostra no cartucho.

d) Feche a parte superior do cartucho (para fechar o cartucho na sua parte

superior pode-se usar uma pequena quantidade de algodão, a fim de evitar

a perda de material por dispersão através do papel).

e) Introduza o cartucho no extrator Soxhlet e faça a montagem do

equipamento.

f) Em uma proveta, meça o volume necessário de solvente.

g) Coloque 5 pérolas de vidro no balão de fundo redondo, a fim de evitar a

ebulição severa, e transfira para ele o solvente contido na proveta.

h) Coloque o balão novamente no sistema e verifique se todas as partes estão

bem encaixadas.

i) Ligue o aquecedor, deixando o sistema interagir.

j) Após o número de refluxos necessários desligue o sistema e deixe esfriar.

k) Transfira o material extraído para um recipiente adequado.

Extração líquido-líquido

a) Meça 10 mL da solução aquosa, contendo o soluto de interesse, com o

auxílio de uma proveta e transfira para o funil de decantação. Antes, tenha

certeza que a torneira esteja fechada.

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b) Meça 10 mL de solvente orgânico com o auxílio de uma proveta e transfira

para o funil de decantação. Observe que as fases orgânica e aquosa não se

misturam.

c) Feche o funil de decantação com rolha apropriada.

d) Com uma das mãos segure a rolha para ter certeza que não soltará e com

a outra mão segure a torneira.

e) Em seguida, inverta o balão de ponta-cabeça fazendo um ângulo de 45° e

agite vigorosamente com movimentos circulares.

f) Incline a parte inferior do funil para cima e abra lentamente a torneira, para

deixar sair os gases que possam ser formados. Tome o máximo de

cuidado para não dirigir a saída dos vapores para si ou para seus

colegas.

g) Prenda o funil de decantação com uma garra de argola com um béquer ou

Erlenmeyer afixado logo abaixo da saída do funil.

h) Espere que as duas fases se separarem (a fase aquosa deverá ser a camada

inferior e a orgânica a superior).

i) Abra a tampa da parte superior e separe as duas fases abrindo a torneira.

j) Transfira a fase orgânica pela tampa do funil de decantação para um

béquer.

k) Recoloque a fase aquosa dentro do funil de decantação e adicione mais 10

mL de solvente.

l) Separe novamente as fases. Faça esse processo ao todo 3 vezes.

m) Faça os testes necessários para avaliar a eficiência do processo.

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PRÁTICA 09

DESTILAÇÃO POR ARRASTE DE VAPOR: EXTRAÇÃO DO ÓLEO DE CRAVO

Introdução

O cravo é uma planta usada como tempero desde a antiguidade. Era uma das

mercadoras entre as especiarias da China que motivaram inúmeras viagens de

navegadores europeus para o continente asiático. Na China os cravos eram usados não só

como condimentos, mas também como antisséptico bucal. Qualquer um com audiência

com o imperador precisava mascar cravos para prevenir o mau hálito. Viajantes arábicos

já vendiam cravos na Europa ainda no Império Romano. O cravo também tem sido

utilizado há mais de 2000 anos como uma planta medicinal. Os chineses acreditavam em

seu poder afrodisíaco. O óleo de cravo é um potente antisséptico. Seus efeitos medicinais

compreendem o tratamento de náuseas, flatulências, indigestão, diarreia, tem

propriedades antibactericidas e antivirais e é usado também com anestésico para o alívio

de dores de dente. O eugenol também é empregado na indústria de cosméticos.

O conteúdo total de óleo em cravos (de boa qualidade) chega a 15%. O óleo é

constituído, basicamente, por eugenol (70 a 80%), acetato de eugenol (15%) e -

cariofileno (5 a 12%).

A destilação por arraste a vapor é geralmente aplicada a folhas e ervas, mas nem

sempre é indicada para extrair-se o óleo essencial de sementes, raízes, madeiras e algumas

flores, porque devido às altas pressões e temperaturas empregadas no processo as frágeis

moléculas aromáticas podem perder seus princípios ativos. Qualidade do produto final:

satisfatória, para óleos essenciais de folhas e ervas que não sofrem modificações com

altas temperaturas e pressões.

Empregada para destilar substâncias que se decompõem nas proximidades de seus

pontos de ebulição e que são insolúveis em água ou nos seus vapores de arraste. Esta

operação baseia-se no fato de que, numa mistura de líquidos imiscíveis, o ponto de

ebulição será a temperatura na qual a soma das pressões parciais dos vapores é igual à da

atmosfera, o que constitui uma decorrência da lei das pressões parciais de Dalton. Se, em

geral, o arraste se faz com vapor d’água, a destilação, à pressão atmosférica, resultará na

separação do componente de ponto de ebulição mais alto, a uma temperatura inferior a

100ºC.

Matematicamente, a pressão total de uma mistura de gases pode ser definida

como:

1 2 ... nP p p p

onde p1, p2,..., pn representam a pressão parcial de cada componente na mistura.

É assumido que os gases não reagem um com o outro. Portanto, a pressão parcial

do componente na mistura é:

i ip P x

onde xi é a fração molar do enésimo componente na mistura total de n componentes e P

é a pressão de vapor do componente (puro).

Objetivos

Isolar o eugenol (4-alil-2-metoxifenol) do óleo de cravo (Eugenia caryophyllata)

pela técnica de destilação por arraste a vapor, separá-lo da solução aquosa obtida e secá-

lo.

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Procedimento Experimental

Materiais

Cravos, cloreto de metileno (CH2Cl2), sulfato de sódio anidro, sistema de

destilação por arraste a vapor, frasco Erlenmeyer de 125 mL, funil de separação de 250

mL e béquer de 100 mL.

Extração do eugenol

Monte a aparelhagem conforme a Figura 1. O frasco coletor de 125 mL pode ser

um frasco Erlenmeyer e a fonte de calor uma manta elétrica ou um bico de Bünsen

equipado com um suporte contendo uma tela de amianto.

Figura 1. Exemplo de montagem para destilação por arraste a vapor

Coloque 10 g de cravos num balão de fundo chato de 1 L e adicione 150 mL de

água. Inicie o aquecimento de modo a ter uma velocidade de destilação lenta, mas

constante. Durante a destilação observe o vapor de água percolando os cravos e extraindo

o eugenol. O vapor condensado na coluna de condensação reta tem uma cor turva para o

branco, sinal de que o eugenol está sendo extraído. Continue a destilação até coletar cerca

de 100-150 mL do destilado. Transfira o destilado para um funil de separação de 250 mL.

Extraia o destilado com três porções de cloreto de metileno (10 mL cada). Separe as

camadas (orgânica e aquosa) e despreze a fase aquosa coletando a fase orgânica em um

béquer de 100 mL. Traços de água presentes no solvente deverão ser retirados com a

ajuda de um sal dessecante (sulfato de sódio anidro). Adicione sulfato de sódio anidro

para secar a fase orgânica. Filtre a mistura em papel de filtro pregueado, coletando o

filtrado em outro béquer de 100 mL previamente tarado. Após a filtração concentre a

mistura utilizando um banho-maria na capela, transfira o líquido restante para um béquer

de 50 mL previamente tarado e concentre o conteúdo novamente por evaporação em

banho-maria até que somente um resíduo oleoso permaneça. Seque o béquer de 50 mL e

pese. Determine a massa de óleo extraída e calcule o rendimento da extração com base

na massa de cravo utilizada na extração. Calcule também o volume de óleo extraído

(densidade = 1,06 g/mL).

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Figura 2. Estrutura química do eugenol e suas propriedades físicas (Pressão de vapor da água a 100ºC =

760 torr, a altura do mar)

Tabela 1. Dados obtidos no experimento de extração do eugenol.

Massa de

cravo (g)

Massa

béquer

vazio (g)

Massa

béquer com

óleo (g)

Massa de

óleo obtida

(g)

Volume de

óleo obtido

(mL)

Porcentagem

de óleo no

cravo (%)

Questões:

1) Porque é necessário usar a destilação por arraste a vapor para extrair o eugenol?

2) Correlacione a estrutura química do eugenol com as suas propriedades físicas.

3) É necessário conhecer o teor de umidade dos cravos para se calcular o rendimento de

extração?

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PRÁTICA 10

SÍNTESE DO CLORETO DE TERC-BUTILA

Introdução

Haletos de alquila podem ser preparados através de seus álcoois correspondentes

via uma reação substituição ácido-catalisada. O mecanismo destas reações de substituição

ácido-catalisadas é chamado de SN1 (substituição nucleofílica unimolecular) e SN2

(substituição nucleofílica bimolecular). Álcoois terciários seguem o mecanismo SN1,

álcoois primários seguem o SN2 e os secundários podem seguir ambos os mecanismos

dependendo das condições reacionais.

Sob condições ácidas, o mecanismo da reação SN1 envolve uma etapa rápida de

protonação do álcool, seguida da perda de água como a etapa limitante da velocidade da

reação. Esta gera um carbocátion relativamente estável, o qual é atacado por um íon haleto

para formar um haleto de alquila. As reações SN1 são favorecidas pelos álcoois terciários

porque elas tendem a formar carbocátions mais estáveis.

Figura 1. Conversão do t-butanol a cloreto de t-butila

A confirmação da obtenção do produto, cloreto de t-butila (Figura 1), pode ser

feita através da reação do produto com uma solução de nitrato de prata em etanol. O haleto

de alquila terciário reagirá por meio de um mecanismo SN1 com o nitrato de prata para

formar um haleto de prata insolúvel. A aparecimento do precipitado indica um resultado

positivo para a presença de um haleto de alquila terciário.

Objetivos

Sintetizar o cloreto de t-butila via uma reação SN1;

Caracterizar o cloreto de t-butila usando o teste do nitrato de prata.

Procedimento experimental

Materiais e reagentes

Agitador magnético, suporte universal, garras, manta de aquecimento, funil

raiado, balão de fundo chato de 250 mL, proveta de 100 mL, barra magnética, balão de

fundo redondo de 100mL condensador de bolas, condensador reto e conexões para

destilação simples, funil de separação, Erlenmeyer de 125 mL, sulfato de sódio anidro,

álcool t-butílico, ácido clorídrico concentrado a 5oC.

Métodos

1) Em um balão de fundo chato de 250 mL coloque 70 mL de HCl concentrado

previamente resfriado na geladeira a 5 oC;

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2) Adicione, cautelosamente, 20 g de álcool t-butilico em pequenas porções e

com leve agitação;

3) Após o término da adição, deixe o balão a temperatura ambiente e agite

suavemente durante 20 minutos.

4) Transfira o conteúdo do balão para um funil de separação e aguarde a nítida

separação de fases.

5) Retire a fase ácida e lave a fase orgânica com 3 porções de 30 mL de solução

de bicarbonato de sódio a 10%.

6) Em seguida lave a fase orgânica com 3 porções de 30 mL de água gelada.

7) Transfira a fase orgânica para um Erlenmeyer com tampa de volume

compatível e adicione agente secante (sulfato de sódio anidro).

8) Após um tempo de contato de pelo menos 1 h, filtre coletando o filtrado

diretamente em um balão de destilação de 100 mL, e destile com equipamento

de destilação simples e recolha a fração um Erlenemyer imerso em gelo.

9) Meça o volume obtido utilizando uma proveta.

10) Caracterize o seu produto obtido com nitrato de prata.

Dados

1) Densidade álcool terc-butílico = 0,770 g/mL

2) Densidade cloreto de terc-butila = 0,846 g/mL

3) Pe,cloreto de t-butila = 51 oC

Questões

1) Escreva a equação química para a reação de síntese realizada e sugira um

mecanismo para a reação.

2) Explique no mecanismo quem é nucleófilo e quem é grupo de saída.

3) Calcule o rendimento da reação.

4) Por que o haleto foi lavado com bicarbonato de sódio?

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PRÁTICA 11

REAÇÃO DE SAPONIFICAÇÃO

Introdução

Um sabão é um sal de sódio ou potássio de um ácido graxo de cadeia longa obtido

a partir da reação de saponificação. Os ácidos graxos contêm normalmente de 12 a 18

átomos de carbono. A fonte dos ácidos graxos pode ser tanto gordura animal quanto

vegetal, os quais são ésteres de ácidos carboxílicos. Eles têm uma alta massa molar e

contém um álcool, o glicerol. Quimicamente, estas gordutas e óleos são chamados de

triglicerídeos.

Sabões sólidos normalmente consistem de sais de sódio de ácidos graxos,

enquanto os líquidos consistem de sais de potássio de ácidos graxos. Um sabão como o

estereato de sódio consiste de um final de cadeia apolar (a cadeia de hidrocarboneto do

ácido graxo) e um polar (função carboxilato).

Figura 1. Estearato de sódio (sabão).

Porque “semelhante dissolve semelhante” o final apolar (parte hidrofóbica ou não

a fim de água) da molécula de sabão pode dissolver a sujeira gordurosa e a parte polar ou

iônica (hidrofílica ou a fim de água) da molécula é atraída por moléculas de água.

Portanto, a sujeira de uma superfície a ser limpa será retirada e suspensa em água. Assim,

o sabão age como um agente emulsificante, uma substância usada para dispersar um

líquido (moléculas de óleo) na forma de partículas finamente suspendidas ou gotículas

em outro líquido (moléculas de água).

O tratamento de gorduras e óleos com bases fortes como hidróxido de sódio

(NaOH) ou de potássio (KOH) faz com que eles sofram hidrólise (saponificação) para

formar glicerol e o sal de um ácido graxo de cadeia longa (sabão).

Ácidos graxos naturais são raramente de um único tipo em qualquer gordura ou óleo. De

fato, uma única molécula de triglicerídeo em uma gordura pode conter três resíduos de

ácido diferentes (R1COOH, R2COOH, R3COOH), e nem todos os triglicerídeos na

substância serão idênticos.

As gorduras e óleos que são mais comuns nas preparações de sabão são banha e

sebo de origem animal e óleos de coco, palmeiras e oliveiras de fontes vegetais. O

comprimento da cadeia de hidrocarboneto e o número de duplas ligações no sal de ácido

carboxílico da porção ácido carboxílico da gordura ou óleo determinarão as propriedades

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do sal resultante. Por exemplo, o sal de uma cadeia de ácido longa saturada pode fazer

um sabão mais duro, mais insolúvel. A cadeia longa também afeta a solubilidade.

Figura 2. Reação de saponificação (produção de sabão).

O sebo é o principal material gorduroso utilizado na fabricação de sabão. As

gorduras sólidas de gado são fundidas com o vapor e uma camada de sebo formada no

topo é removida. Fabricantes de sabão normalmente misturam sebo com o óleo de coco

e saponificam esta mistura. O sabão resultante contém principalmente os sais de ácido

palmítico, esteárico e oleico do sebo e sais de ácido láurico e mirístico de óleo de coco.

O óleo de coco é adicionado para produzir um sabão mais suave, mais solúvel. A banha

difere de sebo em que a banha contém mais ácidos oleicos.

Óleo de coco puro produz um sabão que é muito solúvel em água. É tão suave que

faz muita espuma mesmo em água salgada. O óleo de palma contém principalmente dois

ácidos, ácido palmítico e oleico, em igual quantidade. A saponificação deste óleo produz

um sabão que é um importante constituinte de sabonetes. O azeite de oliva contém

principalmente ácido oleico. Ele é usado para preparar sabão castela.

Sabonetes geralmente foram cuidadosamente lavados para ficar livre de qualquer

álcali remanescente após a saponificação. Tanto quanto possível o glicerol é normalmente

deixado no sabão, e perfumes e agentes medicinais são muitas vezes adicionados. Sabões

suaves são feitos usando hidróxido de potássio, obtendo-se os sais de potássio. Eles são

usados em cremes de barbear e sabonetes líquidos.

Porque sabões são sais de bases fortes e ácidos fracos, eles devem ser fracamente

alcalinos em solução aquosa. Contudo, um sabão livre de álcali pode causar danos para a

pele, seda ou lã. Assim, um teste para a basicidade do sabão é muito importante.

O sabão tem sido amplamente substituído por detergentes sintéticos durante as

duas últimas décadas, porque o sabão tem dois graves inconvenientes. Um deles é que o

sabão se torna ineficaz em água dura; é esta água que contém quantidades apreciáveis de

sais de Ca2+ ou Mg2+.

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Tabela 1. Estrutura de ácidos comumente encontrados em sabão

Ácido Estrutura

Ácido palmítico CH3(CH2)14COOH

Ácido estearíco CH3(CH2)16COOH

Ácido oleico CH3(CH2)7CH=CH (CH2)7COOH

Ácido Láurico CH3(CH2)10COOH

Ácido mirístico CH3(CH2)12COOH

A outra é que em uma solução ácida, o sabão é convertido em ácidos graxos livres,

e, portanto, perde a sua ação de limpeza.

Figura 3. Reação do sabão com (a) água dura e (b) em água ácida.

Objetivos

O objetivo deste experimento é a síntese de um sabão a partir da reação de

hidrólise de um éster. Esta reação de hidrólise é chamada de Reação de Saponificação,

uma vez que a hidrólise de um tipo especial de éster, que são as gorduras ou óleos,

produzem sabões. No nosso caso utilizaremos o óleo soja para obtenção de sabão.

Procedimento experimental

Materiais

Béquer de 500 mL, provetas de 10 (2x), 20 e 50 mL, bastão de vidro, funil raiado,

béquer de 250 mL, suporte universal e garra para prender o frasco Erlenmeyer de 250

mL, placa aquecedora, banho de gelo, suporte universal e alça para prender o funil raiado

e papel de filtro pregueado, água destilada gelada.

Reagentes

Óleo de soja, hidróxido de sódio 25% (25 g de NaOH em 100 mL de água

destilada, use óculos de proteção, reação exotérmica, cuidado), álcool etílico 95%,

solução saturada de cloreto de sódio (150 g de NaCl em 150 mL de água destilada, agitar

bem).

Preparação do sabão de óleo de soja

1) Meça 23 mL de óleo de soja em um frasco Erlenmeyer de 250 mL;

2) Transfira 10 mL de álcool etílico 95% (para agir como solvente) e 20 mL de

solução aquosa de NaOH 25% para o frasco Erlenmeyer cuidadosamente agitando

a mistura constantemente com um bastão de vidro;

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3) Aqueça o frasco Erlenmeyer gentilmente em um banho maria em ebulição.

Observação: use um béquer de 500 mL ou maior contendo 200 mL de água de

torneira e dois cacos de porcelana para servir como banho maria (Figura 4)

(Cuidado porque o álcool é um solvente inflamável!).

4) Após a mistura ser aquecida por cerca de 20 minutos, o odor de álcool irá

desaparecer, indicando a conclusão da reação. Uma massa pastosa contendo uma

mistura do sabão, glicerol e excesso de hidróxido de sódio é obtida;

5) Use um banho de gelo triturado para resfriar o frasco e seu conteúdo;

6) Para precipitar ou “salt out” o sabão adicione 150 mL de uma solução saturada de

cloreto de sódio a mistura de sabão sob agitação vigorosa. Este processo aumenta

a densidade da solução aquosa, e, portanto, o sabão flutuará da solução aquosa;

7) Filtre a mistura com o sabão precipitado em um funil raiado com papel pregueado

e lava o sabão com 10 mL de água gelada.

Figura 4. Montagem para a preparação do sabão.

Propriedades emulsificantes do sabão

1) Em um tubo de ensaio adicione 5 gotas de óleo contendo 5 mL de água;

2) Agite o tudo. Uma emulsão temporária de finas gotículas de óleo em água será

formada;

3) Repita o mesmo teste, mas dessa vez adicione um pequeno pedaço do sabão que

você preparou antes de agitar;

4) Deixe ambas as soluções descansar por um curto período de tempo;

5) Compare a aparência e a estabilidade relativa das duas emulsões.

Questões

1) Quando você prepara o sabão, primeiro você dissolveu o óleo vegetal em álcool

etílico. O que aconteceu ao álcool etílico durante a reação?

2) Quais são as vantagens e desvantagens do sabão em relação ao detergente?

3) O que aconteceu durante o teste para verificar as propriedades emulsificantes do

sabão preparado? Justifique o que foi observado usando a teoria.