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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade Tese Cochonilhas-farinhentas associadas à videira na Serra Gaúcha, bioecologia e controle de Planococcus citri (Risso, 1813) (Hemiptera: Pseudococcidae) Wilson José Morandi Filho Pelotas, 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós … · Departamento de Fitossanidade, pelos ensinamentos e amizade durante a realização do curso de Pós-Graduação. À amiga,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASPrograma de Pós-Graduação em Fitossanidade

Tese

Cochonilhas-farinhentas associadas à videira na Serra Gaúcha,

bioecologia e controle de Planococcus citri (Risso, 1813)

(Hemiptera: Pseudococcidae)

Wilson José Morandi Filho

Pelotas, 2008

Wilson José Morandi Filho

Cochonilhas-farinhentas associadas à videira na Serra Gaúcha,

bioecologia e controle de Planococcus citri (Risso, 1813)

(Hemiptera: Pseudococcidae)

Tese apresentada ao Programa de Pós-graduação em Fitossanidade da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências (Área do conhecimento: Entomologia)

Orientador: Dr. Anderson Dionei Grützmacher

Co-orientador: Dr. Marcos Botton

Pelotas, 2008

Dados de catalogação na fonte:( Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744 )

M829c Morandi Filho, Wilson José Cochonilhas-farinhentas associadas à videira na Serra

Gaúcha, bioecologia e controle de Planococcus citri(Risso,1813) (Hemiptera: Pseudococcidae ) / Wilson José Morandi Filho. - Pelotas, 2008.

91f. : il.

Tese (Doutorado em Entomologia) – Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. - Pelotas, 2008, Anderson Dionei Grützmacher, Orientador; co-orientador Marcos Botton.

. 1.Planococcus citri 2. Ciclo biológico 3. Constante

termica 4. Controle quimico 5. Graus-dia 6. Uva I Grützmacher, Anderson Dionei II .Título.

CDD 595.7

Banca Examinadora:

Dr. Anderson Dionei Grützmacher (Orientador)

Dra. Ana Paula Schneid Afonso

Dr. Dori Edson Nava

Dr. Régis Sivori Silva dos Santos

Dra. Vera Regina dos Santos Wolff

A minha mãe Vera Lúcia, meu pai Wilson, meu irmão Vinícius e minha

madrinha Sirlei pelo amor incondicional, carinho, exemplo, confiança e

auxílio para que meus sonhos sempre se tornassem realidade. Minha

eterna gratidão!

Dedico e Ofereço

A Deus pela saúde e disposição para superar obstáculos, oferecendo

sempre oportunidade de vivenciar momentos tão especiais.

Agradeço

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) pela concessão da bolsa de estudos e pesquisa, fundamental para

realização do curso de Doutorado.

À Universidade Federal de Pelotas – UFPel, pela oportunidade de

realização do curso de Doutorado em Fitossanidade/Entomologia.

À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – Centro

Nacional de Pesquisa de Uva e Vinho (CNPUV), na pessoa do Chefe Geral Dr.

Alexandre Hoffmann, por ter permitido, através da parceria UFPel – Embrapa, a

realização do trabalho de conclusão do Curso de Doutorado, juntamente com as

atividades de pesquisa da Empresa.

Ao Dr. Anderson Dionei Grützmacher, Professor Associado do

Departamento de Fitossanidade da Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”,

Universidade Federal de Pelotas (PPGFs/FAEM/UFPel) pela oportunidade de

realização do curso e orientação.

Ao pesquisador e professor Dr. Marcos Botton, da Embrapa Uva e Vinho,

pela co-orientação, pela idéia do trabalho a ser realizado, orientando em todos os

momentos, sempre disposto a indicar o melhor caminho. Agradeço por todo o

trabalho burocrático relacionado à aquisição de materiais, equipamentos e grupo

de auxílio, pelas oportunidades oferecidas durante este período como

participação em congressos, projetos, publicações e pelo fornecimento de

material bibliográfico ao longo do curso. Pelos ensinamentos, confiança,

paciência, verdadeira e sincera amizade, compreensão, estímulo e exemplo de

profissional a ser seguido.

Aos pesquisadores e funcionários da Embrapa Uva e Vinho pela acolhida,

ensinamentos, amizade e profissionalismo em especial: Dra. Ana Beatriz C.

Czermainski, Dr. Lucas da R. Garrido, Dra. Lucimara Antoniolli, Dra. Rosemary

Hoff, Dr. Saulo de Jesus Soria, Sandra de Souza Sebben e Viviane Zanella.

Aos professores Dr. Alci Enimar Loeck e Dr. Mauro Silveira Garcia do

Departamento de Fitossanidade, pelos ensinamentos e amizade durante a

realização do curso de Pós-Graduação.

À amiga, professora e pesquisadora Dra. Mari Inês Carissimi Boff, pela

amizade, estímulo e boa vontade em auxiliar-me, por ter despertado meu

interesse pela Entomologia. Mesmo estando distante, sempre esteve presente

nesta importante etapa de minha vida.

Aos pesquisadores-taxonomistas Dra. Maria Cristina Granara de Willink

(Conicet-Argentina) e Dr. Ernesto Prado (INIA/Chile), pelo auxilio na identificação

e confirmação dos exemplares de cochonilhas.

À amiga Aline Bertin, Bolsista de Iniciação Científica – CNPq, pela

amizade, estímulo, dedicação, revisão dos abstracts, pelo apoio para a realização

dos experimentos da tese.

À amiga e funcionária do Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e

Vinho, Vânia Maria Ambrosi Sganzerla, pelo auxilio, apoio, verdadeira amizade,

carinho, conselhos valiosos tanto na vida profissional como pessoal, convivência

e exemplo de profissionalismo.

Ao funcionário e amigo Léo Antonio Carollo, do Laboratório de Entomologia

da Embrapa Uva e Vinho, pela amizade e colaboração nos trabalhos de pesquisa.

Às bibliotecárias da Embrapa Uva e Vinho Kátia Midori Hiwatashi,

Fernanda Pazini e Claúdia Ana Reczko, pela amizade, auxílio nas revisões e

citações bibliográficas.

À amiga Aline Nondillo, pelo carinho, auxilio em todos os momentos,

palavras de incentivo, momentos de descontração e amizade incomparável.

Aos amigos que conquistei na casa dos estagiários da Embrapa Uva e

Vinho em especial Cristiano João Arioli, Cristiane Müller, Elisabete dos Santos

Barbosa, Fábio Nascimento da Silva, Jandora Severo Poli, Marcelo Zart, Magda

Andréia Tessmer, Patrik Luiz Pastori e Wagner da Roza Härter pela amizade,

convívio, apoio incondicional e festas durante a vivência na pousada.

Aos colegas e amigos do Departamento de Fitossanidade da FAEM/UFPel,

em especial Aldomário Santo Negrisoli Júnior, Carla Ruth de Carvalho Barbosa,

Cristine Ramos Zimmer, Fabrizio Pinheiro Giolo, Getúlio Jorge Stefanello Júnior e

Regina da Silva Borba, pela convivência, incentivo, companheirismo.

Aos colegas e amigos do Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e

Vinho, especialmente Aline Bertin, Cristiane Müller, Marcelo Zart, Patrícia

Poggere, Rafael Meirelles, Rodrigo Fornari, e Wilson Sampaio de Azevedo Filho,

pela convivência, incentivo, companheirismo, colaboração nos trabalhos de

pesquisa e compreensão nos momentos de mau humor.

A todos, que direta ou indiretamente, colaboraram para o êxito deste

trabalho, o meu sincero agradecimento.

“A razão por que os rios e os mares recebem a

homenagem de centenas de córregos das

montanhas, é que eles se acham abaixo dos

últimos. Por isso, o sábio desejando pairar acima

dos demais homens, coloca-se abaixo deles.”

Lao-Tsé

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS........................................................................................... 12

LISTA DE FIGURAS............................................................................................ 15

RESUMO.............................................................................................................. 16

ABSTRACT........................................….............................................................. 18

INTRODUÇÃO GERAL………………………...................………………………… 20

CAPÍTULO 1 - ESPÉCIES DE COCHONILHAS-FARINHENTAS

(HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) ASSOCIADAS À CULTURA DA

VIDEIRA NA REGIÃO DA SERRA GAÚCHA..................................................... 23

1. Introdução........................................................................................................ 23

2. Material e Métodos........................................................................................... 25

3. Resultados e Discussão................................................................................... 26

4. Conclusões....................................................................................................... 33

CAPÍTULO 2 - BIOLOGIA E TABELA DE VIDA DE FERTILIDADE DE

Planococcus citri (RISSO, 1813) (HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) EM

DIFERENTES ESTRUTURAS VEGETATIVAS E CULTIVARES DE

VIDEIRA............................................................................................................... 34

1. Introdução........................................................................................................ 34

2. Material e Métodos........................................................................................... 35

3. Resultados e Discussão................................................................................... 37

3.1 Duração e Viabilidade.................................................................................... 37

3.2 Longevidade e fecundidade........................................................................... 42

3.3 Tabela de Vida de Fertilidade........................................................................ 43

4. Conclusões....................................................................................................... 45

CAPÍTULO 3 - EXIGÊNCIAS TÉRMICAS E ESTIMATIVAS DO NÚMERO

ANUAL DE GERAÇÕES DE Planococcus citri (RISSO, 1813)

(HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) NA CULTURA DA

VIDEIRA............................................................................................................... 46

1. Introdução........................................................................................................ 46

2. Material e Métodos........................................................................................... 47

3. Resultados e Discussão................................................................................... 48

4. Conclusões....................................................................................................... 56

CAPÍTULO 4 - EFEITO DE INSETICIDAS SOBRE A COCHONILHA-

FARINHENTA Planococcus citri (RISSO, 1813) (HEMIPTERA:

PSEUDOCOCCIDAE) NA CULTURA DA VIDEIRA........................................... 57

1. Introdução........................................................................................................ 57

2. Material e Métodos.......................................................................................... 59

2.1 Experimento em casa-de-vegetação.............................................................. 60

2.2 Experimento em vinhedo comercial............................................................... 60

2.3 Análise estatística.......................................................................................... 61

3. Resultados e Discussão................................................................................... 61

3.1 Experimento em casa-de-vegetação.............................................................. 61

3.2 Experimento em vinhedo comercial............................................................... 63

3.2.1 Aplicação via solo...................................................................................... 63

3.2.2 Aplicação via foliar..................................................................................... 67

4. Conclusões....................................................................................................... 69

CONCLUSÕES.................................................................................................... 70

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 74

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Data de coleta, variedade de uva, produtor e localização do

vinhedo com presença de cochonilhas-farinhentas em cachos de videira na

região de Bento Gonçalves. Bento Gonçalves, RS, 2007................................... 27

Tabela 2 - Data de coleta, variedade de uva, produtor e localização do

vinhedo com presença de cochonilhas-farinhentas em raízes de videira. Bento

Gonçalves, RS, 2006........................................................................................... 30

Tabela 3 - Duração (X EP, dias) das fases de desenvolvimento de

Planococcus citri em folhas de videira da cultivar Cabernet Sauvignon, Itália e

Isabel; raízes do porta enxerto 101-14, IAC-572 e cultivar Isabel; bagas da

cultivar Itália em laboratório. Temperatura de 25 2º C; UR: 70 10%;

Fotofase: 12 horas. Bento Gonçalves, RS, 2007................................................. 38

Tabela 4 - Viabilidade (X EP) das fases de desenvolvimento de Planococcus

citri sobre folhas de videira cultivar Cabernet Sauvignon, Itália, Isabel; raízes

do porta enxerto 101-14, IAC-572 e cultivar Isabel; bagas da cultivar Itália em

condições de laboratório. Temperatura de 25 2º C; UR: 70 10%; Fotofase:

12 horas. Bento Gonçalves, RS, 2007................................................................. 39

Tabela 5 - Longevidade (X EP) em dias de Planococcus citri e fecundidade

quando as fêmeas foram criadas sobre folhas de videira da cultivar Cabernet

Sauvignon, Itália, Isabel; raízes do porta enxerto 101-14, IAC-572 e cultivar

Isabel; bagas da cultivar Itália em condições de laboratório. Temperatura de

25 2º C; UR: 70 10%; Fotofase: 12 horas. Bento Gonçalves,

2007..................................................................................................................... 43

Tabela 6 - Duração média de uma geração (T), taxa líquida de reprodução

(Ro), razão infinitesimal de aumento (Rm) e razão finita de aumento () de

Planococcus citri sobre folhas de videira das cultivares Cabernet Sauvignon,

Itália e Isabel; raízes do porta enxerto 101-14, IAC-572 e cultivar Isabel; bagas

da cultivar Itália em condições de laboratório. Temperatura de 25 2º C; UR:

70 10%; Fotofase: 12 horas. Bento Gonçalves, RS, 2007................................ 44

Tabela 7 - Duração (média ± EP), da fase de ovo, 1º, 2º, 3ºinstar e ciclo

biológico (ovo-adulto) de Planococcus citri em folhas de videira da cultivar

Itália, nas temperaturas de 16, 19, 22, 25, 28 e 31 ºC (UR: 70 ± 10%; fotofase

12horas)............................................................................................................... 50

Tabela 8 - Viabilidade média (% ± EP), da fase de ovo, 1º, 2º, 3ºinstar e ciclo

biológico (ovo-adulto) de Planococcus citri mantidos em folhas de videira

cultivar Itália, nas temperaturas de 16, 19, 22, 25, 28 e 31 ºC (UR: 70 ± 10%;

fotofase 12 horas).................................................................................................. 51

Tabela 9 - Limiar térmico inferior de desenvolvimento (Tb), constante térmica

(K), em graus-dia (GD), equação linear da velocidade de desenvolvimento

(1/D) e coeficiente de determinação (R2) da fase de ovo, 1º instar, 2º instar e

3º instar e ciclo biológico (ovo-adulto) de P. citri mantidos em folhas de videira

cultivar Itália, nas temperaturas de 16, 19, 22, 25 e 28ºC (UR: 70 ± 10%;

fotofase 12 horas)................................................................................................ 53

Tabela 10 - Regiões produtoras de uva, Estados da Federação, temperaturas

médias anuais (ºC), graus-dias anuais acumulados (GD) e número provável

de gerações de P.citri por ano (Tb utilizada nos cálculos de 8,16 ºC para o

período de ovo-adulto)......................................................................................... 55

Tabela 11 - Inseticidas avaliados para o controle de Planococcus citri na

cultura da videira. Bento Gonçalves, RS, 2008................................................... 59

Tabela 12 - Número médio de ninfas vivas de primeiro ínstar (X EP) de

Planococcus citri vivas submetidas a diferentes tratamentos em casa-de-

vegetação em plantas novas de videira da cultivar Cabernet Sauvignon, via

solo. Bento Gonçalves, RS, 2007........................................................................ 64

Tabela 13 - Número médio de ninfas de primeiro ínstar (X EP) de

Planococcus citri vivas submetidas a diferentes tratamentos em vinhedo

comercial da cultivar Cabernet Sauvignon, via solo. Bento Gonçalves, RS,

2007..................................................................................................................... 65

Tabela 14 - Número médio de ninfas de primeiro ínstar (X EP) de

Planococcus citri vivas submetidas a diferentes tratamentos em vinhedo

comercial da cultivar Cabernet Sauvignon, via foliar. Bento Gonçalves, RS,

2008..................................................................................................................... 67

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Porcentagem de vinhedos onde foram constatadas as diferentes

espécies de cochonilhas-farinhentas ocorrentes na Região de Bento

Gonçalves, RS..................................................................................................... 30

Figura 2 - Espécies de Pseudococcidae encontradas nos vinhedos infestados

na Região de Bento Gonçalves, RS e sua porcentagem de ocorrência,

RS........................................................................................................................ 30

Figura 3 - Estimativa do número de gerações/mês de P.citri para os

municípios de Petrolina (PE), São Lourenço (MG), Londrina (PR), Bagé (RS),

Jales (SP) e Bento Gonçalves (RS)..................................................................... 56

Figura 4 - Mortalidade de Planococcus citri após a aplicação via solo dos

inseticidas acetamiprid, imidacloprid e tiametoxam, em plantas de videira com

um ano e 15 anos de idade da cultivar Cabernet Sauvignon em casa-de-

vegetação (CV) e vinhedo comercial (VC). Bento Gonçalves, RS, 2007............ 62

Resumo

MORANDI FILHO, W.J. Cochonilhas-farinhentas associadas à videira na Serra Gaúcha, bioecologia e controle de Planococcus citri (Risso, 1813) (Hemiptera: Pseudococcidae). 2008. 91f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Cochonilhas da família Pseudococcidae têm sido relatadas como causadoras de danos diretos (perdas na produção) e indiretos (transmissão de vírus) na cultura da videira. Poucas informações estão disponíveis sobre as espécies presentes nos vinhedos e a bioecologia das mesmas. Neste trabalho foram identificadas as espécies de Pseudococcidae associados à cultura da videira na região da Serra Gaúcha; estudado a biologia e determinado as exigências térmicas de Planococcus citri, estimado o número de gerações anuais nas diferentes regiões produtoras e avaliado o efeito de inseticidas alternativos aos fosforados para o controle da espécie. P. citri, Planococcus minor, Pseudococcus viburni, Pseudococcus maritimus, Dysmicoccus brevipes foram constatadas associadas à cultura da videira na região da Serra Gaúcha, sendo que P. citri foi a espécie mais abundante nos vinhedos. A biologia de P. citri foi estudada em folhas de videira das cultivares Cabernet Sauvignon, Itália e Isabel, bagas da cultivar Itália e raízes da cultivar Isabel e porta-enxertos 101-14 e IAC-572. Em raízes do porta-enxerto IAC-572 a cochonilha não completou o ciclo biológico. Em bagas de uva Itália, o inseto completou a fase de ninfa, porém os adultos foram inférteis. Em folhas de videira das diferentes cultivares, a duração média do período ovo a adulto dos machos foi de 24,630,10 dias com viabilidade de 32% enquanto que as fêmeas duraram 32,000,11 dias com viabilidade de 56%. Em raízes, a duração do ciclo biológico das fêmeas e machos foi de 32,450,19 e 29,500,51 dias, respectivamente. A menor viabilidade do ciclo ninfal foi verificada em raízes de Isabel, sendo de 8,1% para fêmeas e 4,0% para machos enquanto a maior foi obtida em folhas de Cabernet Sauvignon, sendo de 62,70% e 32,7% para fêmeas e machos, respectivamente. Em folhas a fecundidade foi de 67,2710,70; 53,331,68 e 66,094,68 ovos por fêmea nas cultivares Cabernet Sauvignon, Itália e Isabel, respectivamente. Enquanto em raízes, foi obtido 30,406,12 e 70,0010,5 ovos por fêmea no porta-enxerto 101-14 e Isabel, respectivamente. A velocidade de desenvolvimento de P. citri aumenta com a elevação da temperatura sendo a faixa de temperatura entre 25 ºC e 28 ºC a mais adequada para a espécie. A temperatura base e a constante térmica para o ciclo total (ovo-adulto) de P. citri em folhas de videira da cultivar Itália foi de 8,16 ºC e 574,71 graus-dia, respectivamente. Com base nas exigências térmicas estimou-se que o inseto pode completar 5,7 gerações anuais em Bento Gonçalves (RS), 6,2 em

Bagé (RS), 6,9 em São Lourenço (MG), 7,9 em Londrina (PR), 9,7 em Jales (SP) e 11,5 em Petrolina (PE). Na avaliação de inseticidas para o controle de P. citriverificou-se que os neonicotinóides acetamiprid (0,60g i.a./planta), imidacloprid (0,70g i.a./planta) e tiametoxam (0,75g i.a./planta) são eficazes no controle de P. citriem plantas de videira com um ano de idade. Entretanto, em plantas com 15 anos de idade de C. sauvignon os inseticidas neonicotinóides acetamiprid, imidacloprid e tiametoxam nas mesmas doses não foram eficazes para o controle da espécie. Ao estudar o efeito dos inseticidas neonicotinóides acetamiprid (6g i.a./100L), imidacloprid (7g i.a./100L), tiametoxam (7,5g i.a./100L) e os reguladores de crescimento buprofezin (25g i.a./100L) e pyriproxyfen (10g i.a./100L) aplicados via foliar observou-se que os mesmos não proporcionam mortalidade significativa de P. citri na cultura da videira após a pulverização nos vinhedos e avaliação da mortalidade em laboratório.

PALAVRAS-CHAVE: Planococcus citri, ciclo biológico, constante térmica, graus-dia, controle químico, uva.

Abstract

MORANDI FILHO, W.J. MEALYBUGS ASSOCIATED IN THE SERRA GAUCHA VINEYARDS, BIOECOLOGY AND CONTROL Planococcus citri (RISSO, 1813) (HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE). 2008. 91f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Fitossanidade. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Mealybugs of the Pseudococcidae family have been reported as causing direct damage (losses in production) and indirect (transmission of virus) in vineyards. Few information is available about the species occuring in the vineyards and the bioecology of pseudococidae in Brazil. In this work we identified the species of Pseudococcidae associated with vineyards in Serra Gaúcha region; studied the biology and determined the thermal requirements of Planococcus citri estimating the number of annual generations in different producing regions and, evaluated the effect of insecticides alternative to phosphorous for the control of the species. P. citri, Planococcus minor, Pseudococcus viburni, Pseudococcus maritimus, Dysmicoccus brevipes were found associated with the vineyards in the region. P. citri was the most abundant species. The biology of P. citri was studied in leaves of the vine cultivars Cabernet Sauvignon, Italy and Isabel, in fruits of cultivar Italy, in roots of cultivars Isabel and in 101-14 and IAC-572 rootstocks. On roots of the rootstock IAC-572, P. citri was unable to complete the life cycle. The average period from egg to adult males was 24.63 ± 0.10 days with viability of 32% while females lasted 32.00 ± 0.11 days with viability of 56% when fed on leaves of vine cultivars. In roots, the cycleduration of the females and males was 32.45±0.19 and 29.50±0.51 days, respectively. The lowest viability of the nymphal cycle was found in roots of Isabel, 8.1% for females and 4.0% for males while the high viability was obtained in leaves of Cabernet Sauvignon, 62.7% and 32.7% for females and males, respectively. The mealybug P. citri completed the life cycle in leaves of the vine cultivars Cabernet Sauvignon, Italy, Isabel; roots of the rootstocks 101-14 and Isabel. The Italy grape berries allowed the nymphal development of P. citri, however the adults were infertile. The roots of the door graft IAC-572 are immune to P. citri. The speed of development of P. citri increases with temperature elevation. The temperatures of 25°C and 28°C were the most appropriate for the insect development. The threshold temperature and thermal constant for the full cycle (egg-adult) of P. citri in vine leaves of the cultivar Italy was 8.16°C and 574.71 degree days, respectively. Based on the thermal requirements, we estimated that the insect may have 5.7 annual generations in Bento Gonçalves (RS), 6.2 in Bagé (RS), 6.9 in São Lourenço (MG), 7.9 in Londrina ( PR), 9.7 in Jales (SP) and 11.5 in Petrolina (PE). In the assessment of insecticides for the control of the insect, the neonicotinoids acetamiprid (0.60 g ai / plant), imidacloprid (0.70 g ai / plant) and thiamethoxam (0.75 g ai plant) were effective in the control of P. citri in vine plants with 1 year old. In adult plants (15 years) the same treatments and doses were not effective to pest control. Foliar spray of acetamiprid (6

20

ia/100L), imidacloprid (7 ia/100L), thiamethoxam (7.5 g ia/100L) and insect growth regulators buprofezin (25 ia/100L) and pyriproxyfen (10g ai 100L) were not effective to control P. citri.

KEY-WORDS: citrus mealybug, biological life cycle, thermal requirements, degree-day, chemical control, grape

INTRODUÇÃO GERAL

A produção de uvas no Brasil encontra-se principalmente nas regiões Sul,

Sudeste e Nordeste com destaque para os Estados do Rio Grande do Sul, Santa

Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco (PROTAS et al., 2002). O

Rio Grande do Sul concentra aproximadamente 54% da área cultivada no Brasil que

é de 89.062 ha sendo o principal produtor de uvas para processamento (IBGE,

2007).

A vitivinicultura é uma atividade de grande importância econômica para o Rio

Grande do Sul, principalmente para os produtores localizados na região da Serra

Gaúcha, geograficamente conhecida como Encosta Superior da Serra do Sudeste e,

mais recentemente, nos municípios localizados na metade sul do Estado, onde a

atividade encontra-se em plena expansão (PROTAS et al., 2002).

Em todas as áreas vitivinícolas do mundo, as pragas e doenças constituem-se

num dos maiores obstáculos a expansão do cultivo da videira, afetando tanto a

quantidade como a qualidade do produto final, sendo consideradas limitantes ao

desenvolvimento da atividade (KUHN; NICKEL, 1998). Um dos fatores marcantes da

viticultura brasileira é a freqüente ocorrência de vírus nas diferentes regiões

produtoras o que resulta na degenerescência das plantas, podendo culminar com a

sua morte (REIS; MELO, 1984; REIS et al., 1998; FAJARDO et al., 2003; KISHINO

et al., 2007). Este tem sido um dos principais motivos para a importação de material

propagativo livre de vírus realizada pelo Brasil nos últimos anos (FAJARDO et al.,

2003, KUHN; FAJARDO, 2004). Mesmo com a introdução deste material “limpo”,

observações de campo têm indicado uma dispersão crescente de vírus nos

vinhedos, provavelmente associada à presença de insetos vetores.

Os insetos da família Pseudococcidae são conhecidos como cochonilhas-

farinhentas por apresentarem o corpo recoberto por uma secreção pulverulenta de

cera branca (RIPA; RODRIGUEZ, 1999). Estas cochonilhas têm sido as principais

22

responsáveis pela dispersão de vírus na cultura da videira em países como África do

Sul, Argentina, Austrália, Chile, Espanha, Estados Unidos, Itália, Nova Zelândia,

Portugal e Uruguai (GULLAN, 2000; GEIGER; DAANE, 2001; GONZÁLEZ;

VOLOSKY, 2004; CHARLES et al., 2006; CID et al., 2007). Especificamente no

Brasil, as cochonilhas desta família não têm sido relatadas como pragas que

causam danos diretos a produção (HICKEL, 1996, REIS et al., 1998, HAJI et al.,

2001; BOTTON et al., 2003b). Entretanto, as mesmas tem sido registradas como de

ocorrência frequente e prejudicial em uvas de mesa principalmente do grupo Itália

(BOTTON et al., 2003; MORANDI FILHO et al., 2007; EMBRAPA UVA E VINHO,

2007, KISHINO et al., 2007).

O dano de Pseudococcidae na cultura da videira decorre da sucção de seiva

e injeção de toxinas sendo sua presença facilmente notada, pois forma colônias de

coloração branca farinhosa nos cachos no período da colheita (FLAHERTY et al.,

1992; GONZÁLEZ, 2003). As secreções do inseto contêm açúcares que são

aproveitados por formigas doceiras, servindo também como substratos para o

desenvolvimento da fumagina (FOLDI; SORIA, 1989; ARTIGAS, 1994; GONZÁLEZ

et al., 2001; AFONSO, 2005). A presença da cochonilha nos rácimos aumenta

significativamente o descarte da fruta e, naquela destinada à exportação, caso seja

identificada a presença do inseto, pode haver restrições quarentenárias

(GONZÁLEZ; VOLOSKY, 2004).

Até o momento, não foi realizado um levantamento sistemático das espécies

de Pseudococcidae associadas aos vinhedos no Brasil. Dentre as espécies

relatadas para a cultura no Brasil destacam-se Pseudococcus maritimus (Ehrhorn,

1900), Pseudococcus longispinus (Targioni-Tozetti, 1867), Pseudococcus viburni

(Signoret, 1875), Planococcus citri (Risso, 1813) e Planococcus ficus (Signoret,

1875) (SILVA et al., 1968; WOERNER, 1983; FOLDI; SORIA, 1989; AFONSO, 2005;

KUNIYUKI et al., 2005; FOLDI; KOZÁR, 2006; KUNIYUKI et al., 2006).

As cochonilhas da família Pseudococcidae não têm sido relatadas como

pragas-chave causando danos diretos à produção (BOTTON et al., 2003a). A

importância da família na cultura diz respeito principalmente a transmissão de vírus

(GLRaV 3 e GVB) já comprovado para a espécie P. longispinus (KUNIYUKI et al.,

2005; KUNIYUKI et al., 2006).

Quando a população de cochonilhas-farinhentas nos parreirais é elevada, os

produtores geralmente aplicam inseticidas fosforados, que são altamente tóxicos,

23

pouco seletivos aos inimigos naturais e ainda possuem grande intervalo de carência

existindo a possibilidade de deixar resíduos nos frutos (GONZÁLEZ et al., 1995,

LARRIAN, 1999; WALTON; PRINGLE, 1999; BECERRA, 2001; BOTTON et al.,

2003a; EMATER, 2003; ERAZO, 2004). Tais fatos reforçam a necessidade de se

avaliar novas alternativas de controle, principalmente quando a videira é cultivada no

sistema de produção integrada e/ou orgânica.

O controle da cochonilha tem sido uma prática pouco realizada pelos

vitivinicultores devido ao hábito das colônias localizarem-se nas raízes e/ou sob a

casca, o que dificulta a visualização da praga. Nestes casos, o monitoramento da

cochonilha nos vinhedos seria fundamental para se detectar os focos de infestação e

o período de migração das ninfas do solo para a parte aérea das plantas, período

em que é indicado o controle (GONZÁLEZ, 2003).

As informações disponíveis no Brasil a respeito da taxonomia, bioecologia e

métodos de controle dessa família associada à cultura da videira são escassas. Os

produtores, não tendo uma orientação específica para o manejo da praga acabam

utilizando técnicas de manejo recomendadas para outras culturas, ou então não

adotam qualquer método de controle. A aplicação foliar de inseticidas também não

tem sido eficaz devido à localização da praga no solo ou sob a casca das plantas

(GEIGER; DAANE, 2001). Inseticidas neonicotinóides e reguladores de crescimento

já avaliados em outros países (GONZÁLEZ, 2002; BENTLEY et al., 2004) poderão

servir de alternativa aos inseticidas fosforados para o manejo da espécie, permitindo

um controle localizado nos vinhedos.

Os objetivos deste trabalho foram identificar as espécies de Pseudococcidae

associadas à cultura da videira na região da Serra Gaúcha; estudar a biologia e

determinar as exigências térmicas de P. citri, estimando o número de gerações

anuais nas diferentes regiões produtoras; e, conhecer o efeito de inseticidas

alternativos aos fosforados para o controle da espécie.

CAPÍTULO 1

ESPÉCIES DE COCHONILHAS-FARINHENTAS (HEMIPTERA:

PSEUDOCOCCIDAE) ASSOCIADAS À CULTURA DA VIDEIRA NA REGIÃO DA

SERRA GAÚCHA

1 Introdução

As cochonilhas-farinhentas (Hemiptera: Pseudococcidae) têm sido relatadas

na cultura da videira causando danos nos cachos durante a colheita, principalmente

nas uvas finas de mesa (MORANDI FILHO et al., 2007; KISHINO et al., 2007).

Nestes vinhedos, os prejuízos causados pelas cochonilhas são resultantes das

secreções que contêm açúcares e aminoácidos, os quais servem de substrato para

o desenvolvimento de fungos como a fumagina (Capnodium sp.), que depreciam os

cachos para comercialização (ARTIGAS, 1994; GONZÁLEZ et al., 2001; AFONSO,

2005). Além disso, a presença de Pseudococcidae nos racimos aumenta

significativamente o descarte da fruta e, naquela destinada à exportação, caso seja

identificada a presença da praga, pode haver restrições quarentenárias

(GONZALEZ; VOLOSKY, 2004).

A vitivinicultura é uma atividade de significativa importância econômica para o

Rio Grande do Sul, principalmente para os produtores localizados na região da Serra

Gaúcha, geograficamente conhecida como Encosta Superior da Serra do Sudeste

(PROTAS et al., 2002). Na região, a videira tem sido cultivada principalmente para

fins de processamento e neste caso, o ataque das cochonilhas-farinhentas não tem

sido relatado como responsáveis por prejuízos diretos a produção (BOTTON et al.,

2003a).

No entanto, a incidência de viroses com destaque para a causada pelo vírus

do enrolamento da videira GLRaV-3 (Grapevine leafroll associated virus 3) tem sido

25

constatado nas diferentes cultivares, afetando tanto a qualidade do produto final

como a longevidade dos vinhedos (KUHN; NICKEL, 1998; FAJARDO et al., 2003). A

principal estratégia para o manejo das viroses tem sido a implantação de novos

parreirais com material vegetativo livre de vírus (FAJARDO et al., 2003; KUHN;

FAJARDO, 2004). No entanto, mesmo com a introdução deste material “limpo”,

observações de campo têm indicado um aumento crescente na incidência de viroses

nos vinhedos, provavelmente associada a presença de insetos vetores (FAJARDO

et al., 2003; MORANDI FILHO et al., 2007).

As cochonilhas-farinhentas têm sido relatadas como as principais

responsáveis pela dispersão de vírus na cultura da videira em países como África do

Sul, Argentina, Austrália, Chile, Espanha, Estados Unidos, Itália, Nova Zelândia,

Portugal e Uruguai (CHARLES et al., 2006). No Brasil, as espécies de

Pseudococcidae relatadas para a cultura são P. citri (SILVA et al., 1968; WOERNER,

1983; FOLDI; SORIA, 1989); P. longispinus (SILVA et al., 1968; WOERNER, 1983;

FOLDI; SORIA, 1989; KUNIYUKI et al., 2005), P. viburni (FOLDI; SORIA, 1989;

AFONSO, 2005), P. ficus (SILVA et al., 1968; WOERNER, 1983; FOLDI; SORIA,

1989; FOLDI; KOZÁR, 2006) e P. maritimus (Ehrhorn, 1900) (FOLDI; SORIA, 1989).

Estas informações foram baseadas em coletas e identificações pontuais, sem

haver um inventário mais sistematizado sobre a incidência de Pseudococcidae nas

diferentes regiões produtoras. Além disso, a taxonomia do grupo é complexa

levando a problemas de identificações incorretas e sinonímias (SANTA-CECÍLIA et

al., 2002).

O conhecimento das espécies de Pseudococcidade associadas aos vinhedos

é fundamental para o manejo das viroses que ocorrem na cultura. No Brasil, o

controle das cochonilhas vetoras de vírus da videira não tem sido implementado

mesmo com a comprovação da transmissão de GLRaV-3 e GVB por P. longispinus

(KUNIYUKI et al., 2005; KUNIYUKI et al., 2006) e a constatação de que P. viburni

adquire os mesmos vírus, embora não tenha sido comprovada a transmissão

(AFONSO, 2005). Em outros países, entrentanto, o controle das cochonilhas vetoras

é prioritário visando reduzir a dispersão dos vírus na cultura (ROSCIGLIONE;

CASTELLANO, 1985; CABALEIRO; SEGURA, 1997a; GODINHO; FRANCO, 2001;

GEIGER; DAANE, 2001; GULLAN, 2000; GOLINO et al., 2002; CHARLES et al.,

2006; CID et al., 2007).

26

Este trabalho foi realizado com o objetivo de conhecer as espécies e a incidência

de cochonilhas-farinhentas associadas aos vinhedos na região da Serra Gaúcha

visando fornecer subsídios para futuros estudos de bioecologia, monitoramento e

controle.

2 Material e Métodos

As espécies de Pseudococcidae associadas à cultura da videira foram

avaliadas na safra 2006/07 durante a colheita (janeiro a março). A amostragem foi

realizada no momento da entrega da uva nas vinícolas selecionando-se produtores

da região da Serra Gaúcha. De cada vinhedo, foram coletados 50 cachos de uvas

por vinhedo num total de 131 produtores (Tab. 1), os quais foram triados na

plataforma de entrega das vinícolas coletando-se as fases de desenvolvimento das

cochonilhas presentes (ninfas e/ou fêmeas com ou sem ovissaco). As cochonilhas

encontradas foram levadas no próprio cacho para o Laboratório de Entomologia da

Embrapa Uva e Vinho, localizado em Bento Gonçalves, RS. No laboratório (25±1°C

de temperatura, 70±10% de umidade relativa e 14 horas de fotofase) as formas

coletadas foram individualizadas em abóboras (Cucurbita maxima Duchesne) da

variedade Cabotchá acondicionadas em bandejas plásticas cobertas com tecido voil

conforme a metodologia descrita por Lepage (1942). Este procedimento foi adotado,

pois é comum mais de uma espécie de Pseudococcidae estar associada ao mesmo

hospedeiro (SANTA-CECÍLIA et al., 2007). Ao atingir a fase adulta, as fêmeas foram

preparadas em lâminas e identificadas com base na chave de Williams; Willink

(1992) e confirmadas pela Drª. Maria Cristina Granara de Willink do Instituto Superior

de Entomologia, Facultad de Ciências Naturales e Instituto y Fundacion Miguel Lillo

de Tucumán, Argentina. As lâminas estão depositadas na coleção de referência no

laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e Vinho (AZEVEDO-FILHO, 2007).

Paralelamente a este trabalho, conforme a demanda dos produtores foram

visitadas propriedades com relato da presença de cochonilhas nas raízes quando da

renovação dos vinhedos (Tab. 2). As espécies presentes foram coletadas e

identificadas seguindo o mesmo procedimento.

27

3 Resultados e Discussão

Do total de vinhedos amostrados (n=131), foi constatada a presença de

cochonilhas da família Pseudococidae em 35 propriedades ou 27% das amostras

(Tab. 1). As espécies encontradas e porcentagem de ocorrência foram: P. citri

31,43%, Dysmicoccus sp. 22,86%, Planococcus minor (Maskell, 1897) 11,43%,

Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893) 5,71%, Pseudococcus sp. 17,14%, P.

viburni 8,57% e P. maritimus 2,86% (Fig. 1).

Em cada vinhedo amostrado com registro das cochonilhas, somente foi

encontrada uma espécie por cacho, geralmente com um número reduzido de

indivíduos. Da mesma forma, a porcentagem de cachos infestados por vinhedo foi

sempre igual ou inferior a 4% (Tab. 1) demonstrando uma baixa incidência das

espécies nos cachos nas uvas destinadas ao processamento, comprovando que

Pseudococcidae não é uma praga primária que cause danos diretos nos vinhedos

da região. O reduzido nível de infestação nos cachos também foi registrado por

Kuniyuki et al., (2006) na cultivar Niagara Branca em São Paulo e provavelmente

seja resultado da presença de inimigos naturais que conseguem manter a população

da cochonilha em níveis reduzidos (DE JONG; ALPHEN, 1989; ISLAM; COPLAND,

2000; DAANE et al., 2004; WALTON; PRINGLE, 2005; DAANE et al., 2006), da

baixa adaptação das espécies nas regiões produtoras e/ou da resistência das

cultivares.

Dentre as espécies encontradas, P. citri foi a mais abundante, representando

31,43% das espécies coletadas (Fig. 2). Esta espécie transmite os vírus GLRaV-3,

GVA e GVB (ROSCIGLIONE; CASTELLANO, 1985; CABALEIRO et al., 1997b; CID

et al., 2007). P.viburni, também encontrada neste inventário é vetora de GLRaV-3,

GVA e GVB (GOLINO et al., 2002) enquanto que P. maritimus transmite GLRaV-3

(SFORZA et al., 2000). Para as demais espécies não existem relatos de transmissão

de vírus na cultura, embora D. brevipes seja transmissora de vírus no abacaxi

(SETHER et al., 1998).

A espécie P. citri encontrada de forma mais abundante no inventário

normalmente esta associada à cultura dos citros (GULLAN, 2000), embora também

seja referida como praga do cafeeiro (SANTA CECÍLIA et al., 2007) e outras

frutíferas (WILLIAMS; WILLINK, 1992; WILLIAMS; MOGHADDAM, 2000).

28

Tabela 1. Data de coleta, variedade de uva, produtor e localização do vinhedo com

presença de cochonilhas-farinhentas em cachos de videira na região de

Bento Gonçalves. Bento Gonçalves, RS, 2007.

Data da Coleta Variedade Produtor Localidade/ Vinhedo % de infestação

10.01.2007 Pró-Seco Gabriel Bento Gonçalves 2,010.01.2007 Pinotage Salvador Detoni Pinto Bandeira 2,010.01.2007 Moscato Nestor Coegtto Pinto Bandeira 2,010.01.2007 Chardonnay Benvenuti Bento Gonçalves 0,010.01.2007 Concord Favaretto Linha Demari 0,010.01.2007 Concord Argenta Faria Lemos 0,010.01.2007 Concord Perici Cotiporã 0,010.01.2007 Moscato Iboldi Bento Gonçalves 0,010.01.2007 Pinot Noir Conzatti Bento Gonçalves 0,010.01.2007 Concord Dal-Castel Monte Belo do Sul 0,010.01.2007 Riesling Itálico Nilo Monte Belo do Sul 0,010.01.2007 Pinotage De Villa Monte Belo do Sul 0,010.01.2007 Moscato Salvador Detoni Monte Belo do Sul 0,010.01.2007 Pró-Seco Simadol Bento Gonçalves 0,013.01.2007 Riesling Barbieri Monte Belo do Sul 2,015.01.2007 Riesling Barbieri Monte Belo do Sul 2,017.01.2007 Riesling Ângelo Marin Veranópolis 2,017.01.2007 Merlot Zanoela Bento Gonçalves 0,017.01.2007 Niágara Ângelo Marin Veranópolis 0,017.01.2007 Tannat Ângelo Marin Veranópolis 0,017.01.2007 Pinot Noir Carraro Bento Gonalves 2,017.01.2007 Pinotage Schalco Monte Belo do Sul 0,017.01.2007 Riesling Ivo Detoni Pinto Bandeira 2,017.01.2007 Merlot Ivo Detoni Pinto Bandeira 0,017.01.2007 Pró-Seco Gabriel Bento Gonçalves 4,017.01.2007 Pinotage Sganzerla Pinto Bandeira 2,017.01.2007 Pinot Noir Sinigagli Veranópolis 2,017.01.2007 Moscato Paesi Pinto Bandeira 0,017.01.2007 Moscato R2 Salvador Detoni Pinto Bandeira 0,017.01.2007 Moscato Nazareno Arcaio Pinto Bandeira 0,017.01.2007 Egiodola Moretto Bento Gonçalves 0,017.01.2007 Chardonnay Inácio Salton Bento Gonçalves 0,017.01.2007 Riesling Itálico Ademir Ferro Monte Belo do Sul 2,017.01.2007 Niágara Branca Locatelli Bento Gonçalves 0,017.01.2007 Pinotage Kunz São Valentim do Sul 0,017.01.2007 Moscato Nazareno Aristides Detoni Pinto Bandeira 0,017.01.2007 Moscato De Villa Monte Belo do Sul 0,017.01.2007 Moscato R2 Spadari Pinto Bandeira 0,017.01.2007 Trebiano Benvenuti Bento Gonçalves 0,017.01.2007 Chardonnay Locatelli Bento Gonçalves 2,017.01.2007 Pinotage Grapeggia Veranópolis 0,018.01.2007 Riesling Barbieri Monte Belo do Sul 2,023.01.2007 Chardonnay Conzatti Leopoldina 0,023.01.2007 Egiodola Benvenutti Bento Gonçalves 0,023.01.2007 Niágara Rosada Toneti Bento Gonçalves 0,023.01.2007 Egiodola Reginato Bento Gonçalves 0,023.01.2007 Pinotage Dalle Monte Belo do Sul 0,023.01.2007 Egiodola De Biasi Bento Gonçalves 0,0

continuação...

29

23.01.2007 Malvasia Basani Cotiporã 0,023.01.2007 Merlot Grassieli Bento Gonçalves 0,023.01.2007 Egiodola Vacari São Valentim 0,023.01.2007 Pinotage Roma Bento Gonçalves 0,023.01.2007 Pinotage Garbin Bento Gonçalves 0,023.01.2007 Riesling Itálico Cavaleri Bento Gonçalves 0,023.01.2007 Moscato Dalponte Bento Gonçalves 2,023.01.2007 Riesling Ivo Detoni Pinto Bandeira 2,023.01.2007 Pinotage Salvador Detoni Pinto Bandeira 2,023.01.2007 Egiodola Tedesco São Valentim 2,031.01.2007 Merlot De Biasi Bento Gonçalves 2,031.01.2007 Merlot Léo Lazarotto Bento Gonçalves 2,031.01.2007 Merlot Denilson Gallina Bento Gonçalves 2,031.01.2007 Ancelotta Perin Monte Belo do Sul 0,031.01.2007 Tannat Bagatello Veranópolis 0,031.01.2007 Franc Colombar Reginatto Bento Gonçalves 0,031.01.2007 Carminere Santo Dura Pinto Bandeira 0,031.01.2007 Merlot De Marco Bento Gonçalves 0,031.01.2007 Tempranillo Fracalossi Bento Gonçalves 0,031.01.2007 Egiodola Poloni Bento Gonçalves 0,031.01.2007 Pinotage Larin Bento Gonçalves 0,031.01.2007 Tannat Arcari Pinto Bandeira 0,031.01.2007 Rubi Cabernet Balbinote Bento Gonçalves 0,031.01.2007 Merlot Petroli Bento Gonçalves 0,031.01.2007 Tannat Tomasi Bento Gonçalves 0,031.01.2007 Pinotage Dalponte Bento Gonçalves 0,008.02.2007 Ancelotta Amélio Perin Monte Belo do Sul 2,008.02.2007 Cabernet Franc Luiz Bagatelo Veranópolis 2,008.02.2007 Ancelotta Jaime Viel São Valentim do Sul 0,008.02.2007 San Juveda Celino de Bacaro Bento Gonçalves 0,008.02.2007 Moscato Nazaré Odair Detoni Pinto Bandeira 0,008.02.2007 Moscato Flávio Basso Bento Gonçalves 0,008.02.2007 Merlot Menegotto Bento Gonçalves 0,008.02.2007 Egiodola Tedesco Bento Gonçalves 0,008.02.2007 Tannat Darci Paese Pinto Bandeira 0,008.02.2007 Egiodola Dalpiva Bento Gonçalves 0,008.02.2007 Rubi Cabernet Luis Moro São Valentim 0,008.02.2007 Niágara Valdir Rubbo Pinto Bandeira 0,008.02.2007 Merlot Valdir Rubbo Pinto Bandeira 0,008.02.2007 Merlot Salvador Detoni Pinto Bandeira 0,008.02.2007 Ancelotta Camerini Bento Gonçalves 0,013.02.2007 Cabernet Franc Ademar Tomasi Bento Gonçalves 2,013.02.2007 Merlot Celino Rigon Pinto Bandeira 2,013.02.2007 Merlot Alzir Tomasi Bento Gonçalves 2,013.02.2007 Tannat Mario Bragagnolo Monte Belo do Sul 2,013.02.2007 Tannat Roberto Tomasi Bento Gonçalves 2,013.02.2007 Merlot Moisés Pedrotti Bento Gonçalves 2,013.02.2007 Merlot Carlos Marchetta Pinto Bandeira 0,013.02.2007 Moscato Durante Pinto Bandeira 0,013.02.2007 Egiodola Augustinho São Valentim 0,013.02.2007 Egiodola Poloni Bento Gonçalves 0,013.02.2007 Merlot Dalpulbe Bento Gonçalves 0,013.02.2007 Tannat Larenti Bento Gonçalves 0,013.02.2007 Cabernet Franc Bavaresco Veranópolis 0,013.02.2007 Cabernet Franc Leopoldo Monte Belo do Sul 0,013.02.2007 Tannat Gentilia Conzatti Monte Belo do Sul 0,013.02.2007 Merlot José Dallé Monte Belo do Sul 0,0

continuação...

30

Na cultura da videira, a espécie normalmente não tem sido relatada em altas

populações (CABALEIRO; SEGURA, 1997a; CID et al., 2007). No entanto, P. citri é

muito próxima tanto biologicamente como morfologicamente a Planococcus ficus,

espécie invasora de grande importância como transmissora de vírus em vinhedos

dos Estados Unidos, África do Sul, Argentina e Uruguai a qual não foi encontrada

neste estudo (CHARLES et al., 2006) embora Foldi, Kozár (2006) tenham citado

para o município de Veranópolis, RS. As diferenças entre as duas espécies somente

são observadas com auxílio de especialistas o que tem levado ao desenvolvimento

de chaves moleculares para facilitar a identificação (DEMONTIS et al., 2007).

Quando foram coletadas cochonilhas presentes nas raízes, em duas

propriedades (Tab. 2) também foi encontrado a espécie P. citri, indicando que a

mesma pode também se desenvolver nesta estrutura vegetativa da videira. Numa

das propriedades a mesma foi encontrada juntamente com Dysmicoccus sp.

13.02.2007 Cabernet Franc Roberto Bono Pinto Bandeira 0,013.02.2007 Merlot Anzonet Veranópolis 0,013.02.2007 Rubi Cabernet Sérgio Tomasi Bento Gonçalves 0,013.02.2007 Tannat Marcolin Bento Gonçalves 0,013.02.2007 Rubi Cabernet Rossato Bento Gonçalves 0,002.03.2007 Cabernet

SauvignonCalisto Lerin Bento Gonçalves 2,0

02.03.2007 Cabernet Franc Lena Manfroi Bento Gonçalves 2,002.03.2007 Moscato Branco Vilmar Moroni Pinto Bandeira 0,002.03.2007 Cabernet

SauvignonEduardo Zanet Veranópolis 0,0

02.03.2007 Cabernet Sauvignon

Ulisses Tonho Pinto Bandeira 0,0

02.03.2007 Cabernet Sauvignon

Silo Perin Monte Belo do Sul 0,0

02.03.2007 Courdec 13 Marciano Fracalossi Bento Gonçalves 0,002.03.2007 Cabernet Franc Ciro Pavan Pinto Bandeira 0,002.03.2007 Moscato Branco Ildo Pozza Pinto Bandeira 0,002.03.2007 Cabernet Franc Valmor Dalpuber Bento Gonçalves 0,002.03.2007 Moscato Sganzerla Pinto Bandeira 0,002.03.2007 Cabernet

SauvignonOclides Arsego Bento Gonçalves 0,0

02.03.2007 Cabernet Sauvignon

Raimundo Zuchi Bento Gonçalves 0,0

09.03.2007 Courdec Mauri Moro Bento Gonçalves 2,009.03.2007 Courdec Argir Tomasi Bento Gonçalves 2,009.03.2007 Cabernet

SauvignonIvanir Rubbo Pinto Bandeira 2,0

09.03.2007 Cabernet Sauvignon

Fernando Cobalquini Bento Gonçalves 2,0

09.03.2007 Cabernet Sauvignon

Airton Frare Bento Gonçalves 0,0

09.03.2007 Moscato Híbrido Rudimar Moroni Pinto Bandeira 0,009.03.2007 Cabernet Franc Santo Duarte Pinto Bandeira 0,009.03.2007 Cabernet

SauvignonNatalino Paesi Pinto Bandeira 0,0

31

Tabela 2. Data de coleta, variedade, produtor e localização do vinhedo com presença

de cochonilhas-farinhentas em raízes de videira. Bento Gonçalves, RS,

2006.

Data da Coleta Variedade Produtor Localidade/Vinhedo Espécie

13.04.2006 Riesling Sr.Barbieri Monte Belo do Sul Planococcus citri 15.04.2006 Riesling Sr.Barbieri Monte Belo do Sul Dysmicoccus sp.22.10.2006 Cabernet Sauvignon Embrapa Uva e Vinho Bento Gonçalves Pseudococcus sp.

0

2

4

6

8

10

12

Planococcuscitri

Dysmicoccussp.

Planococcusminor

Dysmicoccusbrevipes

Pseudococcussp.

Pseudococcusviburni

Pseudococcusmaritimus

% d

e o

co

rrê

nc

ia

Figura 1. Porcentagem de vinhedos onde foram constadas as diferentes espécies de

cochonilhas-farinhentas ocorrentes na região de Bento Gonçalves, RS.

31,4

22,711,4

5,7

17,1

8,6 2,9 Planococcus citri

Dysmicoccus sp.

Planococcus minor

Dysmicoccus brevipes

Pseudococcus sp.

Pseudococcus viburni

Pseudococcus maritimus

Figura 2. Espécies de Pseudococcidae encontradas nos vinhedos infestados na

Região de Bento Gonçalves, RS e sua porcentagem de ocorrência.

32

A espécie P. minor também é muito similar a P. citri sendo facilmente

confundida (BASTOS et al., 2007). É uma praga importante causando danos em 250

culturas pertencentes a cerca de 80 famílias cultivadas na África, Austrália, Ásia e

regiões Neárticas, Neotropicais e Orientais (VENETTE; DAVIS, 2004). Entre as

culturas atacadas e de maior expressão econômica pode-se citar banana, batata,

beringela, cacau, café, citros, manga, milho, soja e uva (REDDY; SEETHARAMA

1997; LIT JR et al., 1998; REDDY et al., 1999; SANTA-CECÍLIA et al., 2002;

VENETTE; DAVIS, 2004). Em videira, a cochonilha já foi relatada em vários países

(WILLIAMS; WATSON, 1988; BEN-DOV, 1994; WILLINK et al., 1997). No Brasil, até

o momento, não existe relato desta espécie associada à cultura da videira.

Segundo Santa-Cecília (2007); Williams; Willink (1992) P. citri e P. minor podem

ocorrer na mesma planta hospedeira, além de causar danos similares atacando

tanto a parte aérea como as raízes. D. brevipes é considerada uma espécie polífaga

encontrada infestando raízes, frutos e folhas de diferentes culturas agrícolas com

destaque para o abacaxi (SANTA-CECÍLIA et al., 2007). Em videira, a espécie não

foi relatada no Brasil sendo encontrada com freqüência no Sul da Ásia (WILLIAMS,

2004). A espécie é transmissora do Pineapple mealybug wilt-associated virus

(PMWaV) na cultura do abacaxi (SETHER et al., 1998). Na videira, não existem

relatos que demonstram a transmissão de vírus pela cochonilha.

Pseudococcus viburni também é uma espécie cosmopolita e polífaga, com

capacidade de estabelecer-se sobre um amplo número de hospedeiros (BEN-DOV,

1994). Na cultura da videira, a mesma já foi relatada em zonas de clima temperado

do Hemisfério Norte, África do Sul, Austrália e Nova Zelândia, Itália, França,

Portugal, Espanha, como também desde o México até a Argentina incluindo o Brasil

(FOLDI; SORIA, 1989; GULLAN, 2000; GEIGER; DAANE, 2001; GODINHO;

FRANCO, 2001; GOLINO et al., 2002; GONZÁLEZ; VOLOSKY, 2004). Afonso

(2005) estudando esta espécie na cultura da videira, constatou que a mesma tem

capacidade de adquirir os vírus GLRaV-3 e GVB, no entanto, não foi comprovado a

transmissão.

Pseudococcus maritimus é uma espécie polífaga (MCKENZIE, 1967;

GONZÁLEZ, 1983; BEN-DOV, 1994). Na videira, P. maritimus pode ser localizada

em raízes, folhas e cachos (FLAHERTY et al., 1992; GONZÁLEZ, 2003). Segundo

González (2003), a espécie tem sido confundida com P. viburni, pois além de

estarem próximas taxonomicamente, muitas vezes coabitam a mesma região do

33

hospedeiro. A espécie é relatada como transmissora do vírus do enrolamento

GLRaV-3, GVA e GVB (GOLINO et al., 2002; CHARLES et al., 2006).

Em cachos de uva (Tab. 1) e em raízes (Tab. 2) foram coletados exemplares

do gênero Dysmicoccus os quais estão sendo consideradas como nova espécie

ainda não descrita (WILLINK, informação pessoal 2007). No caso de Pseudococcus

sp. coletada tanto em cachos (Tab. 1) como em raízes (Tab. 2) não foi possível

identificar os exemplares a nível de espécie devido a dificuldade para observar os

caracteres nas lâminas.

Em algumas coletas, foi registrada a presença de formigas junto às colônias

de cochonilha. Os exemplares foram identificados como pertencentes ao gênero

Linepithema pelo Dr. Odair Bueno (UNESP-Rio Claro), porém, devido a recente

revisão do gênero (WILD, 2007) não foi realizada a determinação específica. Em

outros países, a formiga argentina Linepithema humile (Mayr, 1868), é uma das

principais espécies associadas as cochonilhas farinhentas a qual se alimenta do

“honeydew” liberado pelo inseto. A presença de L. humile nos vinhedos é

considerado um indicativo da presença de populações de cochonilhas (DAANE et

al., 2006). Por outro lado, a implementação de um programa de manejo das

cochonilhas-farinhentas envolveria também o controle das formigas associadas, pois

estas além de auxiliarem na dispersão, também reduzirem o potencial de controle

biológico da praga (DAANE et al., 2007).

De maneira geral, foi registrado uma ampla gama de espécies de

Pseudococcidae associados aos vinhedos da região da Serra Gaúcha. A maioria

dos exemplares foram coletados nos frutos comprovando a multiplicação do inseto

na cultura. No entanto, devido a polifagia das espécies, os pseudococcídeos podem

estar também presentes em outros hospedeiros localizados dentro ou próximo ao

vinhedo incluindo plantas invasoras (BEN-DOV, 1994). Nem todas as espécies

encontradas já foram citadas como vetoras de vírus, porém, sabe-se que os

closterovírus (Família: Closteroviridae) a qual pertence o vírus do enrolamento da

folha da videira esta associado à Pseudococcidae como vetor (ROSCIGLIONE;

CASTELLANO, 1985; CABALEIRO, 1997a; FAJARDO et al., 2003; KUNIYUKI et al.,

2006; CID et al., 2007).

Neste caso, embora as cochonilhas não estejam causando danos diretos nas

uvas destinadas ao processamento, à presença das diferentes espécies em

aproximadamente 30% dos vinhedos é considerada significativa quando se trata de

34

vetores (DOUGLAS; KRÜGER, 2006). Os pseudococcídeos podem apresentar

várias gerações durante o ano além de possuírem uma ampla gama de hospedeiros

proporcionando a sua sobrevivência ao longo do ano (BEN DOV, 1994). No caso de

P. citri, também já foi comprovado que a transmissão do vírus pode ocorrer quando

somente um indivíduo se alimenta da planta contaminada (DOUGLAS; KRÜGER,

2008) além de haver uma relação cochonilha x vírus circulativa (CID et al., 2007).

Outro fator a ser considerado é que na região amostrada, as propriedades

são pequenas sendo freqüente o replantio dos vinhedos nas mesmas áreas. Nas

duas propriedades onde foram coletadas as cochonilhas nas raízes, a implantação

de novos vinhedos em áreas já contaminadas com vírus é uma prática que deve ser

evitada. Tal fato tem sido a origem de contaminação por vírus em novos plantios em

países como a África do Sul, devendo se adotar um manejo específico nestas

situações (PIETERSEN, 2008).

4 Conclusões

As espécies P. citri, P. minor, P. viburni, P. maritimus, D. brevipes,

Dysmicoccus sp. e Pseudococcus sp. estão associadas à cultura da videira na

região da Serra Gaúcha.

P. citri é a cochonilha mais abundante nos vinhedos da região da Serra

Gaúcha.

35

CAPÍTULO 2

BIOLOGIA E TABELA DE VIDA DE FERTILIDADE DE Planococcus citri (RISSO,

1813) (HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) EM DIFERENTES ESTRUTURAS

VEGETATIVAS E CULTIVARES DE VIDEIRA

1 Introdução

A família Pseudococcidae inclui um grupo de insetos conhecidos como

cochonilhas-farinhentas por apresentarem o corpo recoberto por uma secreção

pulverulenta de cera branca (RIPA; RODRIGUEZ, 1999). Dentre os gêneros da

família Pseudococcidae, destaca-se o Planococcus, cujas espécies são

consideradas importantes pragas em vários agroecossistemas (CORREA, 2006). O

gênero Planococcus é originário do velho mundo e contém 43 espécies descritas

(BEN-DOV, 1994), sendo que seis ocorrem nas Américas Central e do Sul

(WILLIAMS; WILLINK, 1992) destacando-se P. citri conhecida como cochonilha-

branca, cochonilha-farinhenta ou cochonilha-dos-citros.

A espécie P. citri tem sido relatada como importante praga em diversas

plantas cultivadas, como por exemplo, abacaxizeiro, algodoeiro, bananeira, cafeeiro,

cana-de-açúcar, carambola, citros, coqueiro, figueira, goiabeira, mangueira,

macadâmia, soja e plantas ornamentais (BALACHOWSKY, 1935; SILVA et al., 1968;

DEAN et al., 1977; GULLAN, 2000; PARRELA, 2007). Na cultura da videira a

espécie também tem sido encontrada associada (MARTIN-MATEO, 1985;

MAROTTA, 1987; TEJERO, 1991; WILLIAMS; WILLINK, 1992; BEN-DOV, 1994;

WILLINK et al., 1997; UYGUN et al., 1998; WILLIAMS; MOGHADDAM, 2000;

GRAVENA, 2003; RAO et al., 2006; KISHINO et al., 2007, SANTA-CECÍLIA et al.,

2007).

No Brasil, P. citri é mencionada como uma das espécies de Pseudococcidae

associadas a cultura da videira juntamente com P. maritimus, P. longispinus, P.

viburni e P. ficus (SILVA et al., 1968; WOERNER, 1983; FOLDI; SORIA, 1989;

36

KUNIYUKI et al., 2005; FOLDI; KOZÁR, 2006; KISHINO et al., 2007). A espécie P.

citri é responsável pela transmissão do vírus do enrolamento da folha-da-videira

GLRaV-3, caneluras do tronco-da-videira (GVA) e intumescimento dos ramos (GVB),

importantes viroses que tem prejudicado de forma significativa a viticultura mundial

(ROSCIGLIONE; CASTELLANO, 1985; CABALEIRO; SEGURA, 1997a; CID et al.,

2007). A espécie pode se desenvolver em raízes, folhas e frutos da videira sendo

que neste último caso, ao se alimentar das bagas, sobre o “honeydew” excretado

desenvolve-se a fumagina que deprecia o produto comercial resultando em descarte

da fruta (GONZALEZ; VOLOSKY, 2004). Além disso, a presença do inseto nas

bagas impede a exportação devido às restrições quarentenárias impostas por alguns

países importadores (GONZALEZ et al., 1996; GONZALEZ; VOLOSKY, 2004).

No Brasil, existe uma diversidade de cultivares e porta-enxertos de videira os

quais, dependendo da combinação empregada, podem influenciar na maior ou

menor incidência da cochonilha nos vinhedos devido a resistência genética. Neste

trabalho, foi estudado a biologia e elaborando uma tabela de vida de fertilidade de P.

citri em diferentes estruturas vegetativas e cultivares de videira visando fornecer

informações para o manejo integrado da praga na cultura.

2 Material e Métodos

O trabalho foi conduzido no Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e

Vinho em câmara climatizada com temperatura de 25 2°C, 70 10% de umidade

relativa e 14 horas de fotofase. Fêmeas adultas de P. citri foram coletadas em raízes

e folhas da cultivar Riesling Itálico (Vitis vinifera) no mês de dezembro de 2006, no

município de Monte Belo do Sul (RS) (29º 09’ 46’’ S e 51º 37’ 54’’ O; 645 m de

altitude). Os insetos foram transportados para o laboratório e criados em abóbora

(Cucurbita maxima) da variedade Cabotchá acondicionadas em bandejas plásticas

cobertas com tecido “voile” conforme a metodologia descrita por Lepage (1942). A

cochonilha foi identificada pela Dra. Maria Cristina Granara de Willink do CONICET,

Superior Institute of Entomologia “Dr. A. Willink”, National University of Tucumán,

Argentina. Os exemplares estão disponíveis na coleção de referência no laboratório

de Entomologia da Embrapa Uva e Vinho (AZEVEDO-FILHO, 2007).

37

A biologia de P. citri foi estudada em folhas de videira Vitis vinifera das

cultivares Cabernet Sauvignon e Itália; Vitis labrusca cultivar Isabel, bagas da

cultivar Itália e raízes da cultivar Isabel e dos porta-enxertos 101-14 (Vitis riparia x

Vitis rupestris) e IAC-572 (Vitis caribaea x Vitis rupestris). As folhas foram colhidas

em vinhedos sem aplicação de inseticidas localizados na Embrapa Uva e Vinho,

sendo em seguida acondicionadas em placas de Petri contendo uma lâmina de 5

mm de ágar-água (15%). As raízes foram retiradas de mudas de videiras com um

ano de idade cultivadas em baldes plásticos (uma muda/balde) com capacidade de 5

litros. As bagas de uva foram adquiridas de produtores que não aplicam inseticidas

sendo individualizadas com o auxilio de tesoura, deixando-se o pedicelo. Logo após

a individualização, as bagas foram acondicionadas em recipientes de plástico (30

mL), sob uma camada de vermiculita esterilizada (0,5 cm), numerados e tampados.

Na tampa, foi aberto um orifício (1cm²) para a troca de gases com o ambiente e

posteriormente fechado com papel filtro e fita adesiva.

A cada cinco dias as folhas de videira e o ágar-água foram renovados,

substituindo-se as placas. A transferência da cochonilha foi feita cortando-se uma

pequena área foliar (3 mm) ao redor da mesma e, com o auxílio de uma pinça,

transferiu-se a área recortada para uma nova placa ocorrendo o deslocamento

natural do inseto, evitando-se danos nas peças bucais. Os discos foliares contendo

os casulos das ninfas macho foram transferidos para placas sem ágar, uma vez que,

nessa fase, o inseto não se alimenta (MALLESHAIAH et al., 2000).

Foram utilizadas 30 placas por repetição “inoculando-se” uma ninfa de

primeiro ínstar por placa no delineamento experimental inteiramente casualizado.

Após a “inoculação” das ninfas, as placas e os recipientes plásticos foram colocados

em câmara climatizada do tipo BOD (FANEM modelo 347-CDG).

A avaliação dos ínstares das fêmeas e machos foi realizada com base na

presença das exúvias liberadas pelas ninfas, analisando-as a cada dois dias, com

auxilio de uma lupa binocular (com aumento de 10 vezes) (CORREA et al., 2006).

Como não há diferença sexual evidente no início do desenvolvimento ninfal, as

repetições foram constituídas por indivíduos com sexo não conhecido, definindo-se o

sexo a partir do segundo instar quando os machos formam casulos para completar o

seu desenvolvimento (LOAEZA, 1958).

A fecundidade foi obtida através da contagem do número de ovos por saco

ovígero de 20 fêmeas e a viabilidade individualizando-se 20 ovos de cada fêmea em

38

placas de Petri de 9,5 cm de diâmetro, contendo papel filtro umedecido no fundo,

registrando-se o número de ninfas eclodidas.

Os seguintes parâmetros foram avaliados por sexo: duração e viabilidade dos

estágios de ovo e ninfa; fecundidade (em fêmeas) e longevidade. Com os dados

obtidos foi elaborada a tabela de vida de fertilidade para as diferentes cultivares

(SILVEIRA NETO et al., 1976) estimando-se a duração média de uma geração (T), a

taxa líquida de reprodução (Ro), a razão infinitesimal de aumento (Rm) e a razão

finita de aumento (). Os dados foram submetidos à análise de variância, sendo as

médias comparadas pelo teste de Tukey (p0,05) através do programa Genes

(CRUZ, 2001).

3 Resultados e Discussão

3.1 Duração e Viabilidade

Em raízes da cultivar IAC-572, as cochonilhas não se desenvolveram

indicando a inadequação deste porta enxerto ao desenvolvimento da espécie (Tab.

3). Nachtigal (2003) cita alguns porta-enxertos para a cultura da videira que são

resistentes a alguns insetos de solo dentre eles o IAC-572 que é resistente a filoxera

(Daktulosphaira vitifoliae) demonstrando a existência de componentes nas raízes

que conferem resistência. Este fato, pode auxiliar na explicação da imunidade

destas raízes ao dano do inseto, visto que o mesmo pode passar parte do ano nas

em raízes de videiras.

O desenvolvimento ninfal dos machos de P. citri, independente da cultivar e

da estrutura vegetativa em que o inseto se alimentou, foi de quatro ínstares, sendo

que no final do segundo, foi construído um casulo de filamentos cerosos (pupa), no

interior do qual as ninfas permaneceram durante o terceiro e quarto ínstares,

seguindo-se a emergência dos adultos (Tab. 3). As fêmeas apresentaram três

instares livres (sem presença de casulos).

A duração média do período embrionário foi semelhante em todas as

cultivares sendo em média de 4,00,14 dias com viabilidade de 79,9% (Tab. 4).

Tabela 3. Duração (X EP, dias) das fases de desenvolvimento de Planococcus citri em folhas de videira da cultivar Cabernet Sauvignon, Itália e Isabel; raízes do porta-enxerto 101-14, IAC-572 e da cultivar Isabel e em bagas da cultivar Itália em laboratório. Temperatura de 25 2º C; UR: 70 10%; Fotofase: 12 horas. Bento Gonçalves, RS, 200

1n.s – não significativo 2Médias ( EP) seguidas da mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey (P0,05)OBS: Valores entre colchetes indicam o número de observações [n].

ESTRUTURA

VEGETATIVA

CULTIVAR/

PORTA ENXERTO

SEXO OVO 1°ÍNSTAR 2°ÍNSTAR 3°ÍNSTAR 4°ÍNSTAR PERÍODO

OVO-ADULTO

Fêmeas 4,250,25 n.s1 11,170,18 b2 [20] 8,50,26 b [20] 8,330,11 b [20] - 32,250,09 bC. Sauvignon

Machos 4,250,25 [30] 11,170,18 b [20] 2,720,14 b [20] 2,870,06 b [5] 3,800,19 b [5] 24,810,10 b

Fêmeas 4,00,14 [30] 11,20,16 b [20] 8,650,25 b [20] 8,300,10 b [20] - 32,150,11 bItália

Machos 4,00,14 [30] 11,20,16 b [20] 2,600,24 b [20] 2,900,11 b [5] 3,800,33 b [5] 24,500,10 b

Fêmeas 4,150,13 [30] 11,060,20 b [20] 8,130,13 b [20] 8,270,12 b [20] - 31,610,13 b

FOLHAIsabel

Machos 4,150,13 [30] 11,060,20 b [20] 2,660,12 b [20] 2,860,05 b [5] 3,880,16 b [5] 24,610,10 b

Fêmeas 4,00,14 [30] 12,00,32 b [20] 8,600,17 b [20] 8,400,21 b [20] - 33,000,19 b101-14

Machos 4,00,14 [30] 12,00,32 b [20] 4,00,31 b [20] 4,00,31 a [5] 5,00,32 a [5] 29,000,63 b

Fêmeas - - - - - -IAC-572

Machos - - - - - -

Fêmeas 4,00,14 [30] 11,90,23 b [20] 8,20,13 b [20] 7,80,14 b [20] - 31,900,23 b

RAÍZ

Isabel

Machos 4,00,14 [30] 11,90,23 b [20] 4,00,31 b [20] 5,00,31 a [5] 5,00,32 a [5] 29,900,39 b

Itália Fêmeas 4,00,14 [30] 150,45 a [10] 130,21 a [10] 150,45 a [10] - 47,000,15 aBAGA

Machos - - - - - -

40

Tabela 4. Viabilidade (X EP) das fases de desenvolvimento de Planococcus citri sobre folhas de videira cultivar Cabernet Sauvignon, Itália,

Isabel; raízes do porta-enxerto 101-14, IAC-572 e cultivar Isabel; bagas da cultivar Itália em condições de laboratório. Temperatura de 25

2º C; UR: 70 10%; Fotofase: 12 horas. Bento Gonçalves, RS, 2007.

ESTRUTURA

VEGETATIVA

CULTIVAR/

PORTA ENXERTO

SEXO OVO 1°ÍNSTAR 2°ÍNSTAR 3°ÍNSTAR 4°ÍNSTAR PERÍODO OVO-

ADULTO

Fêmeas 92,000,80 a1 [30] 85,006,78 a [20] 85,006,78 a [20] 85,006,78 b [20] - 56,49 aC. Sauvignon

Machos 92,008,77 a [30] 74,008,77 a [20] 74,008,77 a [20] 74,008,77 a [5] 74,008,77 b [5] 27,59 b

Fêmeas 80,005,00 b [30] 80,009,17 a [20] 98,008,0 a [20] 100,000,0 a [20] - 62,72 aItália

Machos 80,002,0 b [30] 80,002,00 a [20] 80,002,0 a [20] 80,002,0 a [5] 80,002,0 a [5] 32,72 b

Fêmeas 84,662,4 a [30] 83,3311,07a[20] 83,3311,07a[20] 83,3311,07b[20] - 49,00 a

FOLHAIsabel

Machos 84,662,41 a [30] 75,009,00 a [20] 75,009,00 a [20] 75,009,00 a [5] 75,009,00 b [5] 35,71 b

Fêmeas 80,009,17 b[30] 80,009,17 a [20] 98,008,0 a [20] 100,000,0 a [20] - 62,72 a

101-14

Machos 80,002,0 b [30] 80,002,0 a [20] 80,002,0 a [20] 80,002,0 a [5] 80,002,0 a [5] 32,72 b

Fêmeas - - - - - -IAC-572

Machos - - - - - -

Fêmeas 65,552,71 c [30] 50,0015,07c[20] 50,0015,07c[20] 50,0015,07c[20] - 8,19 cRAÍZ

Isabel

Machos 65,552,71 c [30] 50,0015,07b[20] 50,0015,07b[20] 50,0015,07 b [5] 50,0015,07 c [5] 4,06 c

Itália Fêmeas 75,007,8 b [30] 70,0015,2 b [10] 75,0013,43b[10] 74,0013,26b[10] - 29,13 bBAGA

Machos - - - - - -

1Médias ( EP) seguidas da mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey (P0,05). OBS: Valores entre colchetes indicam o número de observações [n].

A duração do primeiro ínstar, tanto das fêmeas como dos machos, foram

semelhantes nas folhas e raízes, não havendo diferenças significativas entre as

mesmas, sendo em média 11,470,18 e 11,490,28 dias com viabilidade de 74,7% e

71,8% para fêmeas e machos, respectivamente (Tab. 3). Em bagas, foi observado

um prolongamento significativo desta fase quando comparado com as demais

estruturas, sendo que a duração foi de 150,45 dias com viabilidade de 70% (Tab.

3). Este instar apresentou maior duração, tanto para machos como para fêmeas,

assemelhando-se aos resultados encontrados por MALLESHAIAH et al. (2000), que

encontraram 10,91,93 dias para machos e 11,21,25 dias para fêmeas de P. citri

em frutos de abóbora na temperatura de 262°C. CORREA et al. (2005) também

verificaram em folhas de Citrus cinensis maior duração deste ínstar sendo 10,43,1

e 11,62,6 dias para machos e fêmeas, respectivamente, na temperaturas de

251°C.

O segundo instar dos machos e fêmeas alimentados em folhas foram

semelhantes, sendo de 8,40,21 dias com viabilidade de 81,5% para fêmeas e

2,800,16 dias com viabilidade de 71,8% para machos, não havendo diferença entre

os sexos. Os valores de duração deste ínstar (Tab. 3) divergiram daqueles

constatados por MALLESHAIAH et al. (2000), que foram de 2,50,60 e 8,60,75 dias

respectivamente, para machos e fêmeas (na temperatura de 262°C). Da mesma

maneira, CORREA et al. (2005), encontraram para o segundo instar a duração de

10,14,7 e 6,42,4 dias respectivamente para machos e fêmeas, nas temperaturas

de 251°C diferindo dos resultados encontrados neste trabalho. Quando

alimentados com raízes, o desenvolvimento dos machos foi mais prolongado, em

5,00,31 dias em comparação com os demais substratos (Tab. 3).

Para o terceiro instar, a duração média das ninfas fêmeas foi de 8,220,11

dias com viabilidade de 82,0%, não havendo diferenças entre as estruturas

vegetativas estudadas. Estes resultados foram semelhantes aos encontrados por

MALLESHAIAH et al. (2000) de 8,300,98 dias, para fêmeas, porém, foram

inferiores aos encontrados CORREA et al. (2005), que observaram 6,31,9 dias para

as fêmeas.

As diferenças ocorridas na duração de cada instar podem ser explicadas, por

diferenças de temperatura, hospedeiro e estruturas vegetativas das plantas

40

42

avaliadas neste experimento e os utilizados por MALLESHAIAH et al. (2000) em

abóbora e CORREA et al. (2005) em citros.

O período em que os machos passaram no interior do casulo abrangeu o

terceiro e quarto instares, correspondendo a um tempo de 6,700,23 dias e

viabilidade de 76,3% quando criados em folhas e de 9,50,32 dias e viabilidade de

65,0% em raízes. Estes resultados concordam com os encontrados por

MALLESHAIAH et al. (2000) no qual este período foi de 6,60,73 dias sem informar

a viabilidade da fase e discordam de CORREA et al. (2005) que obteram 10,72,7

dias com viabilidade de 100%.

A duração média do ciclo total (ovo-adulto) dos machos foi de 24,630,10

dias, e viabilidade do período de 32,0%, enquanto que as fêmeas duraram em média

320,11 dias com viabilidade de 56,0% quando alimentadas com folhas de videira

nas diferentes cultivares. Em raízes, o ciclo biológico da fêmea foi em média

32,450,19 dias enquanto a dos machos foi de 29,50,51 dias. A menor viabilidade

do ciclo ninfal foi verificada em raízes de Isabel, sendo de 8,1% para fêmeas e 4,0%

para machos. Foi encontrada a menor viabilidade do ciclo total em folhas e raízes de

Isabel. Estes resultados são semelhantes aos encontrados por MALLESHAIAH et al.

(2000) que verificaram uma duração do ciclo total das fêmeas de 31,450,96 dias e

dos machos de 23,400,97 dias, no entanto estes autores não discutem a

sobrevivência dos instares no experimento. Foi observado um prolongamento do

ciclo total em 15 dias quando a espécie se desenvolveu em bagas de uva da cultivar

Itália resultando num ciclo total de 47,000,15 dias com viabilidade de 29,1%

indicando que bagas de videira da cultivar Itália não são bons substratos para o

desenvolvimento da cochonilha (Tab. 3 e 4). Entretanto, em condições de campo, os

pseudococcídeos têm sido encontrados de maneira freqüente associados à

presença da fumagina (KISHINO et al., 2007). Em hipótese, a presença de P. citri

nas bagas é resultado do desenvolvimento das primeiras gerações da espécie em

folhas, migrando para os frutos próximo a colheita (ETCHEBARNE et al., 2003).

SALAZAR (1996), em estudos realizados em vinhedos da Espanha verificou

que sistemas de condução latada são ideais para o desenvolvimento do inseto, pois

as mesmas ficam protegidas da luminosidade, chuva e vento. O autor relata ainda

que a incidência da cochonilha é maior em videiras vigorosas, de maturação tardia e

racimos mais compactos fato corroborado por GONZÁLEZ (1983) no Chile. Este fato

43

pode auxiliar na confirmação das observações realizadas neste experimento onde

as cultivares Cabernet Sauvignon e Itália consideradas tardias e com rácimos

compactados foram mais adequadas ao desenvolvimento do inseto.

3.2 Longevidade e Fecundidade

A longevidade das fêmeas diferiu em função do substrato e cultivares na qual

a cochonilha foi alimentada nas fases imaturas (Tab. 5). Em folhas, a longevidade foi

de 56,416,4, 50,413,5 e 52,313,5 dias nas cultivares Cabernet Sauvignon, Itália e

Isabel, respectivamente (Tab. 5). Em raízes do porta-enxerto 101-14 e Isabel e em

bagas da cultivar Itália, a longevidade foi de 52,313,5 dias (Tab. 5). Estes valores

foram superiores àqueles obtidos por MALLESHAIAH et al. (2000), que constataram

uma duração de 45,1 dias para P. citri criada em frutos de abóbora sendo

semelhantes aos 56,0 dias encontrados por CORREA et al. (2005) em citrus.

Para os machos, a longevidade foi de 2,0 dias em todos os substratos

avaliados equivalentes ao observado por CORREA et al. (2005) em citros e

inferiores aos 4,4 dias verificados por MALLESHAIAH et al. (2000) em frutos de

abóbora, atribuindo-se as diferenças ao substrato empregado nos diferentes

trabalhos.

A fecundidade das fêmeas variou conforme a estrutura vegetativa em que os

insetos foram criados (Tab. 5). Em folhas de videira, a fecundidade foi de

67,2710,70; 53,331,68 e 66,094,68 ovos por fêmea nas cultivares Cabernet

Sauvignon, Itália e Isabel respectivamente. Em raízes, foi obtido 30,46,12 e

70,0010,5 ovos por fêmea no porta-enxerto 101-14 e Isabel respectivamente. Estes

resultados foram inferiores aos encontrados por MALLESHAIAH et al. (2000), que foi

de 232,5 ovos por fêmea, por MAYNE (1932) com 350-650 ovos, SOUTHERLAND

(1972) com 172 ovos, ENTWISTLE, (1972) com 150 a 300 e BODENTHEIMER

(1951) com 176 a 400 ovos por fêmeas em frutos de abóboras, café, cacau e citrus

respectivamente. No porta-enxerto IAC-572 e nas bagas de uva da cultivar Itália, não

foram obtidas posturas.

A espécie P. citri conseguiu se multiplicar em folhas de cultivares de Vitis

vinifera (Cabernet Sauvignon e Itália) e Vitis labrusca (Isabel) e em raízes dos porta

enxertos 101-14 e Isabel. O porta enxerto IAC-572 mostrou ser inadequado ao

desenvolvimento do inseto enquanto que em bagas da cultivar Itália, embora tenha

44

ocorrido o desenvolvimento das fases jovens, não originou descendentes, indicando

serem hospedeiros não adequados ao desenvolvimento da espécie.

Tabela 5. Longevidade (X EP) em dias de Planococcus citri e fecundidade quando

as fêmeas foram criadas sobre folhas de videira da cultivar Cabernet

Sauvignon, Itália, Isabel; raízes do porta enxerto 101-14, IAC-572 e

cultivar Isabel; bagas da cultivar Itália em condições de laboratório.

Temperatura de 25 2º C; UR: 70 10%; Fotofase: 12 horas. Bento

Gonçalves, RS, 2007.

ESTRUTURA

VEGETATIVA

CULTIVAR/

PORTA ENXERTO

LONGEVIDADE FECUNDIDADE

FÊMEA MACHO

C. Sauvignon 56,416,4 a1 [20] 2,00,5n.s2 [5] 67,2710,70 a [15]

Itália 50,413,5 b [20] 2,00,5 [5] 53,331,68 b [15]FOLHA Isabel 52,313,5 a [20] 2,0 0,5 [5] 66,094,68 a [10]

101-14 52,313,5 a [20] 2,00,5 [5] 30,46,12 c [15]

IAC-572 - - -

RAÍZ Isabel 52,313,5 a [20] 2,00,5 [5] 70,0010,51 a [10]

BAGA Itália 52,313,5 a [10] 2,00,5 [5] -

1Médias ( EP) seguidas da mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste de Tukey (P0,05).OBS: Valores entre colchetes indicam o número de observações [n].2n.s – não significativo.

3.3 Tabela de Vida de Fertilidade

Em raízes do porta-enxerto IAC-572 e em bagas de uva da cultivar Itália, não

foi calculado a tabela de vida de fertilidade devido a ausência de descendentes. Nos

demais substratos, a duração média de uma geração (T) de P. citri variou em função

da estrutura vegetativa e cultivar (Tab. 6). A menor duração de uma geração foi

verificada em folhas da cultivar Isabel (40,50 dias) sendo que na Cabernet

Sauvignon e Itália, o valor foi próximo de 41,00 dias em ambas as cultivares (Tab. 6).

Em raízes do porta-enxerto 101-14, a duração de uma geração foi de 42,00 dias,

enquanto que em raízes da cultivar Isabel foi de 41,00 dias.

A taxa líquida de reprodução Ro (número de vezes que a população aumenta

a cada geração), também apresentou diferença em função da estrutura vegetativa

45

avaliada ou da cultivar (Tab. 6). Em folhas e raízes da cultivar Isabel foi encontrada a

menor capacidade de reprodução sendo de 259,07 e 45,36 respectivamente.

Tabela 6. Duração média de uma geração (T), taxa líquida de reprodução (Ro), razão

infinitesimal de aumento (Rm) e razão finita de aumento () de Planococcus

citri sobre folhas de videira das cultivares Cabernet Sauvignon, Itália e Isabel;

raízes do porta enxerto 101-14, IAC-572 e cultivar Isabel; bagas da cultivar

Itália em condições de laboratório. Temperatura de 25 2º C; UR: 70 10%;

Fotofase: 12 horas. Bento Gonçalves, RS, 2007.

Em folhas de Cabernet Sauvignon, Itália e raízes de 101-14 os valores foram

de 301,37, 267,59 e 152,54 respectivamente.

A razão infinitesimal de aumento populacional (Rm) das estruturas

vegetativas nas diferentes cultivares de videira foram todas equivalentes sendo de

0,125 (Tab. 6).

A razão finita de aumento () que representa o número de fêmeas

adicionadas à população por fêmeas numa unidade de tempo foi semelhante em

todas as estruturas avaliadas apresentando maior valor (1,149) em folhas de videira

da cultivar Cabernet Sauvignon e menor (1,097) em raízes da cultivar Isabel (Tab.

6).

Através da utilização da tabela de vida de fertilidade, que é um critério de

avaliação do desempenho de uma dieta e ou hospedeiro na criação de insetos

ESTRUTURA

VEGETATIVA

CULTIVAR/

PORTA ENXERTO

T (dias) Ro Rm

Cabernet Sauvignon 41,00 301,37 0,1392 1,149

Itália 41,00 267,59 0,1363 1,146

FOLHAIsabel 40,50 259,07 0,1372 1,147

101-14 42,00 152,54 0,1196 1,1270

IAC-572 - - - -

RAÍZIsabel 41,00 45,36 0,093 1,097

BAGA Itália - - - -

46

(PARRA, 1996), verificou-se que diferentes estruturas vegetativas e cultivares

afetaram a duração em dias de uma geração, a taxa líquida de reprodução, a razão

infinitesimal de aumento populacional e a razão finita de aumento de P. citri. Desta

maneira, visando reduzir a infestação de P. citri nos vinhedos, recomenda-se o

emprego do porta-enxertos IAC-572 e/ou a cultivar Isabel que pode ser cultivada

tanto com pé-franco como utilizada como porta-enxerto. No caso de variedades

copa, pode se utilizar a cultivar Isabel e Cabernet Sauvignon.

4 Conclusões

A cochonilha P. citri completa o ciclo biológico em folhas de videira V. vinifera

das cultivares Cabernet Sauvignon e Itália; raízes porta enxerto 101-14 (V. riparia x

V. rupestris) e folhas e raízes de V. labrusca Isabel.

Bagas de uva da cultivar Itália permitem o desenvolvimento das fases ninfais

de P. citri mas os adultos são inférteis.

As raízes do porta enxerto IAC-572 não permitem o desenvolvimento de P.

citri.

47

CAPÍTULO 3

EXIGÊNCIAS TÉRMICAS E ESTIMATIVA DO NÚMERO ANUAL DE GERAÇÕES

DE Planococcus citri (RISSO, 1813) (HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) NA

CULTURA DA VIDEIRA

1 Introdução

Na cultura da videira, as cochonilhas da família Pseudococcidae tem sido

relatadas causando danos diretos, principalmente em uvas de mesa da cultivar Itália

(MORANDI FILHO et al., 2007; KISHINO et al., 2007). Entretanto, a importância

desta família na cultura tem sido ampliada nos últimos anos, devido a capacidade

das espécies transmitirem vírus com destaque para o vírus do enrolamento GLRaV 3

(Grapevine leafroll associated virus 3), GVA (Grapevine trichovirus A) e GVB

(Grapevine trichovirus B) (ROSCIGLIONE; CASTELLANO, 1985; CABALEIRO;

SEGURA, 1997a, PETERSEN; CHARLES, 1997, SFORZA et al., 2003, GOLINO et

al., 2002, BORBÓN et al., 2004; KUNIYUKI et al., 2005, KUNIYUKI et al., 2006, CID

et al., 2007).

Na região da Serra Gaúcha, principal pólo produtor de uva para

processamento do Brasil (PROTAS et al., 2002) P. citri é mencionada como uma das

espécies de Pseudococcidade associadas a cultura da videira (SILVA et al., 1968;

WOERNER, 1983; FOLDI; SORIA, 1989; MORANDI FILHO et al., 2007). No entanto,

poucas informações estão disponíveis sobre a biologia da cochonilha na cultura e

principalmente em relação aos efeitos de fatores abióticos e bióticos no

desenvolvimento da espécie. Dentre os fatores abióticos que se destacam pelos

seus efeitos na biologia, ecologia e dinâmica populacional das espécies merece

destaque a temperatura (HONĔK, 1996, HADDAD et al., 1999, TRUDGILL et al.,

2005).

A influência da temperatura sobre a biologia de Pseudococcidae tem sido

pouco investigada. No caso de P. citri, existem informações quando a cochonilha foi

48

alimentada em batata, citros, roseira e cafeeiro (ISLAM et al., 1995, ARAI, 1996,

MARTINEZ-FERRER et al., 2003, LAFLIN; PARRELLA 2004, CORREA et al., 2008).

Na videira, não existem dados disponíveis sendo as informações geradas somente

para P. ficus (WALTON; PRINGLE 2005), espécie próxima a P. citri que tem ocorrido

com maior freqüência nos vinhedos de outros países (DEMONTIS et al., 2007).

O conhecimento das necessidades e dos limites térmicos para o

desenvolvimento de uma espécie é fundamental para definir o potencial de

adaptação e crescimento de uma praga nas diferentes regiões produtoras. No caso

da videira, este fator tem sido ainda mais importante visto a ampliação do cultivo

para diferentes regiões do Brasil incluindo as de clima tropical (PROTAS et al.,

2002).

Neste trabalho foi estudado o efeito da temperatura sobre a biologia de P. citri

em folhas de videira estimando-se o número de gerações anuais que o inseto pode

completar nas principais regiões produtoras de uva do Brasil.

2 Material e Métodos

O trabalho foi conduzido no Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e

Vinho em Bento Gonçalves, RS. A biologia de P. citri foi estudada em folhas de

videira Vitis vinifera da cultivar Itália, retiradas em vinhedos sem aplicação de

inseticidas. No laboratório, as folhas foram acondicionadas em placas de Petri (9,5

cm de diâmetro x 1,7 cm altura) contendo uma lâmina de 5 mm de ágar-água (15%)

e colocadas em câmaras climatizadas nas temperaturas de 16, 19, 22, 25, 28 e 31

ºC, com umidade relativa de 70 10% e 12 horas de fotofase. Os insetos utilizados

nos experimentos foram provenientes da criação de manutenção em abóboras

(Cucurbita maxima) da variedade Cabotchá conforme a metodologia descrita por

Lepage (1942). A cochonilha foi identificada pela Dra. Maria Cristina Granara de

Willink do CONICET, Instituto Superior de Entomologia “Dr. A. Willink”, Universidade

Nacional de Tucumán, Argentina. Os exemplares testemunha estão depositados na

coleção entomológica de referência da Embrapa Uva e Vinho (AZEVEDO-FILHO et

al., 2007).

Foram utilizadas 30 placas por repetição em cada temperatura inoculando-se

uma ninfa de primeiro ínstar com um dia de idade por placa no delineamento

experimental inteiramente casualizado. Para a verificação da temperatura base (Tb)

49

da fase de ovo, os mesmos foram provenientes das fêmeas existentes na criação de

manutenção em abóboras, utilizando-se 30 ovos em cada temperatura.

A avaliação do número de ínstares da cochonilha foi realizado com base na

presença das exúvias liberadas pelas ninfas, analisando-as diariamente, com auxilio

de uma lupa binocular (10 x) (CORREA, 2006).

As exigências térmicas das fases imaturas de P. citri foram estimadas pelo

método da hipérbole (HADDAD et al., 1999), calculando-se a temperatura base (Tb)

e a constante térmica (K) com o programa SAS (SAS INSTITUTE, 1998). A

significância das diferenças entre os períodos de duração foi comparada através do

teste de Tukey (p≤0,05) utilizando-se o programa Sisvar (FURTADO, 2007).

O valor de K foi obtido através da fórmula K= y (t - a), sendo K= constante

térmica em graus dia; y= tempo requerido, em dias, para completar o

desenvolvimento; t= temperatura ambiente em °C; a=limiar térmico inferior em °C

(SILVEIRA NETO et al., 1976).

O número provável de gerações (NG) anuais de P. citri foi calculado

utilizando-se as normais térmicas para Bento Gonçalves (RS), Bagé (RS), Londrina

(PR) Petrolina (PE), Jales (SP) e São Lourenço (MG) considerados importantes

pólos produtores de uva do Brasil (PROTAS et al., 2002) com base nas exigências

térmicas (CIVIDANES, 2000), utilizando-se as normais meteorológicas desses

municípios. Embora Londrina (PR) e São Lourenço (MG) não sejam tradicionais

produtores de uva, as normais térmicas destes municípios foram utilizadas, por

serem estes os mais próximos, e que apresentam altitude semelhante a de Marialva

(PR) e Andradas (MG), respectivamente.

As normais meteorológicas dos municípios foram obtidos no Departamento

Nacional de Meteorologia (BRASIL, 1992) e no Laboratório de Meteorologia da

Embrapa Uva e Vinho. O cálculo do NG foi efetuado por meio da equação: NG =

{T(Tm – Tb)/K}, onde: K = constante térmica, Tm = a temperatura média para cada

localidade estudada, Tb = temperatura base e T = o tempo em dias.

3 Resultados e Discussão

A duração das fases do ciclo biológico de P. citri apresentou relação inversa à

elevação da temperatura exceto quando os insetos foram mantidos a 31ºC, onde as

ninfas somente se desenvolveram até o segundo instar (Tab. 7). No período

embrionário, a maior duração foi registrada na temperatura de 16ºC (14,4 ± 0,10

50

dias) e a menor a 28ºC (3,9 ± 0,08 dias). Com exceção das temperaturas de 25 e

28ºC, os valores correspondentes a duração desta fase diferiram entre si (p≤0,05)

(Tab. 7). A viabilidade da fase de ovo não variou entre as temperaturas sendo em

todas de 100% (p≤0,05) (Tab. 8).

A influência da temperatura sobre a velocidade do desenvolvimento

embrionário de P. citri também foi relatada por Correa et al. (2007) para ovos

oriundos da criação de manutenção em laboratório em abóboras (Cucurbita maxima

Duchesne) em temperaturas que variaram de 15 a 35 ºC. Os valores médios da

duração dessa fase registrados pelos autores, nas temperaturas de 15 ºC (14,73 ±

0,26), 20 ºC (7,06 ± 0,04), 25 ºC (4,29 ± 0,13) e 30ºC (3,24 ± 0,09) são próximos aos

obtidos neste estudo, respectivamente, para as temperaturas de 16, 19, 25 e 28 ºC

(Tab. 7). A mesma tendência foi observada por Walton; Pringle (2005), para os ovos

de P. ficus em plantas de videira em temperaturas que variaram entre 18 (11,70 ±

0,12 dias) e 30 ºC (6,37 ± 0,2 dias), respectivamente.

A redução das durações médias para o estágio de ovo, também foi detectada

por Chong et al. (2003), para Phenacoccus madeirensis Green (Hemiptera:

Pseudococcidae) em crisântemo (Dendrathema grandiflora Tzevelev) nas

temperaturas entre 15 a 35 ºC. A duração média registrada pelos autores a 15 ºC

(19,9 ± 0,1), 20 ºC (13,5 ± 0,1), 25ºC (8,2 ± 0,1), 30ºC (6,3 ± 0,1) e 35 ºC (6,1 ±

0,02). Uma possível explicação, para o fato de alguns autores conseguirem

desenvolver a cochonilha a temperaturas acima de 30 ºC seria a adaptação da

população a temperaturas mais quentes.

O limiar térmico inferior de desenvolvimento (Tb) para o estágio de ovo de P.

citri foi de 10,62 °C e a constante térmica (K) de 64,60 graus-dia (GD) (Tab. 9). Um

valor de Tb (10,96) e GD (61,45) próximos a este foi registrado para os ovos da

mesma espécie de cochonilha em abóboras por Correa et al. (2007).

Cabe ressaltar que ocorreu um aumento na duração média da fase de ovo em

1,6 dias na temperatura de 31ºC, em relação à de 28ºC, indicando que a

temperatura base superior foi ultrapassada, resultando numa redução na velocidade

de desenvolvimento (Tab. 7). Este fato foi semelhante aos resultados de Correa et

al. (2007) que verificaram a mesma tendência quando inseto foi criado em abóbora.

51

TABELA 7. Duração (média ± EP), da fase de ovo, 1º, 2º, 3º ínstar e ciclo biológico

(ovo-adulto) de Planococcus citri em folhas de videira da cultivar Itália,

nas temperaturas de 16, 19, 22, 25, 28 e 31 ºC (UR: 70 ± 10%; fotofase

12 horas).

Duração (dias)Temperatura

ºC Ovos

Ninfa 1° ínstar

Ninfa 2° ínstar

Ninfa3° ínstar

Ciclo Biológico (ovo-adulto)

1614,4 ± 0,10 a1

(30)218,3 ± 0,24 a

(30)17,3 ± 0,29 a

(27)19,0 ± 0,44 a

(23)68,8 ± 0,62 a

(23)

19 7,3 ± 0,13 b (30)17,0 ± 0,42 a

(25)16,5 ± 0,15 a

(23)16,9 ± 0,15 b

(23)57,8 ± 0,49 b (23)

22 5,2 ± 0,08 c (30)12,2 ± 0,15 b

(28)11,9 ± 0,05 b

(21)12,5 ± 0,14 c

(21)41,8 ± 0,27 c (21)

25 4,3 ± 0,11 d (30)11,2 ±0,08 b

(29)8,4 ± 0,09 c

(23)8,3± 0,08 d

(23)32,3 ± 0,18 d (23)

28 3,9 ± 0,08 d (30)10,5 ± 0,09 b

(30)7,5 ± 0,13 c

(24)7,5 ± 0,11 d

(24)29,6 ± 0,18 d (24)

315,5± 0,12 b

(30)10,0 ± 0,34 b

(22)- - -

1 Médias seguidas de letras diferentes, na vertical, diferem entre si pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05); 2 Valores entre parênteses indicam o número de observações

Com relação à duração média da fase de ninfa de primeiro instar de P. citri,

constatou-se um decréscimo significativo com o aumento da temperatura na faixa de

16 a 22°C (p≤0,05) sendo que esta última não diferiu das demais temperaturas

superiores (Tab. 7). Embora a viabilidade tenha sido elevada nesta fase em média

de 91%, as temperaturas de 22 (100%), 25 (96,6%) e 28°C (100%) diferiram

significativamente (p≤0,05) de 31°C (73,3%) (Tab. 8).

A duração do segundo ínstar nas temperaturas de 16 (17,3 ± 0,29 dias), 19

(16,5 ± 0,15 dias) e 22°C (11,9 ± 0,05 dias) diferiu significativamente (p≤0,05) da

registrada a 25 (8,4 ± 0,09 dias) e 28°C (7,5 ± 0,13 dias), enquanto a viabilidade

somente diferiu na temperatura de 22°C (90%) onde foi encontrado a maior

sobrevivência nesta fase. Na temperatura de 31°C, as ninfas de segundo instar não

conseguiram completar o desenvolvimento (Tab. 7). Neste caso, observou-se que as

ninfas não conseguiram produzir a secreção cerosa branca que recobre o corpo.

52

TABELA 8. Viabilidade média (% ± EP), da fase de ovo, 1º, 2º, 3º ínstar e ciclo

biológico (ovo-adulto) de Planococcus citri mantidos em folhas de

videira cultivar Itália, nas temperaturas de 16, 19, 22, 25, 28 e 31 ºC (UR: 70

± 10%; fotofase 12 horas).

1Médias seguidas de mesma letra, nas colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P ≤ 0,05); 2Valores entre parênteses indicam o número de observações.

Como essa camada de cera protege do inseto da perda de água, acredita-se

que os insetos morreram por desidratação. Cabe ressaltar, entretanto, que nos

vinhedos, os adultos e ninfas vivem em colônias localizadas nas raízes, sob a casca

do tronco, folhas e cachos de uva, regiões da planta que proporcionam um

microclima mais favorável ao desenvolvimento (GEIGER; DAANE 2001). Além disso,

em condições naturais, os insetos não são submetidos a temperaturas constantes

(COLEN et al., 2000). A ausência de desenvolvimento das ninfas de P. citri a 31°C

corrobora os resultados de Arai (1996) em citros que também observou que a

cochonilha não se desenvolve a 30°C, indicando uma maior adaptação da espécie a

baixas temperaturas.

A duração do terceiro ínstar nas temperaturas de 16 (19,0 ± 0,44 dias), 19

(16,9 ± 0,15 dias) e 22°C (12,5 ± 0,14 dias) diferiu significativamente (p≤0,05) da

registrada a 25 (8,3 ± 0,08 dias) e 28°C (7,5 ± 0,11 dias), enquanto a menor (p≤0,05)

viabilidade foi encontrada a 16°C (70,0%).

Considerando a fase ninfal como um todo, Islam et al. (1995) e Walton;

Pringle (2005) constataram que para P. citri e P. ficus respectivamente, ocorre

redução na duração da fase com a elevação da temperatura. No entanto, os valores

Viabilidade (%)

TemperaturaºC

OvoNinfa

1° ínstarNinfa

2° ínstarNinfa

3° ínstarCiclo Biológico (ovo-adulto)

16100 ± 0,00 a1

(30)293,3 ± 0,05 ab

(28)70,0 ± 0,08 b

(21)70,0 ± 0,08 b

(21)45,7 ± 0,10 b

(21)

19100 ± 0,00 a

(30)83,3 ± 0,07 ab

(25)77,0 ± 0,08 b

(23)77,0 ± 0,08 a

(23)49,4 ± 0,09 b

(23)

22100 ± 0,00 a

(30)100 ± 0,00 a (30)

90,0 ± 0,06 a (27)

77,0 ± 0,08 a (23)

69,3 ± 0,09 a (23)

25100 ± 0,00 a

(30)96,6 ± 0,03 a (29)

76,7 ± 0,08 b (23)

76,7 ± 0,08 a (23)

56,8 ± 0,09 b (23)

28100 ± 0,00 a

(30)100 ± 0,00 a

(30)80,0 ± 0,07 ab

(24)80 ± 0,07 a

(24)64,0± 0,08 a

(24)

31100 ± 0,00 a

(30)73,3 ± 0,08 b (23) - - -

53

registrados por Islam et al. (1995), foram superiores a este trabalho, enquanto, os

encontrados por Walton; Pringle (2005) foram inferiores.

O limiar térmico inferior de desenvolvimento (Tb=8,16) para os instares ninfais

(1º, 2º e 3º) de P. citri foram inferiores ao encontrado por Correa et al. (2008) (Tb =

10,6) para a mesma fase na cultura do café. Laflin; Parrella (2004) encontraram para

a mesma espécie, tendo como hospedeiro roseira (Rosa hybrida L.) uma Tb = 11ºC

e uma constante térmica, inferior a este trabalho (327 GD). Atribui-se a variação

encontrada ao hospedeiro e população de P. citri com que foram conduzidos os

trabalhos visto que recursos alimentares de baixa qualidade nutricional podem exigir

um tempo maior de alimentação para garantir os nutrientes necessários para o

crescimento e desenvolvimento (STRONG et al., 1984).

O maior valor de Tb foi o obtido para a fase de ovo (10,62ºC) (Tab. 9),

concordando com Correa et al. (2007) que registraram uma Tb de 10,96 ºC e uma

constante térmica inferior de 61,45 GD similar aos 64,60 GD.

A duração média do ciclo biológico (ovo-adulto) de P. citri apresentou relação

inversa à elevação da temperatura (Tab. 9). Aproximadamente 98% do decréscimo

do tempo de desenvolvimento foi explicado pelo aumento na temperatura (R2 = 0,

98).

No intervalo de temperatura avaliado, foi observada diferença significativa

(p≤0,05) na duração do ciclo biológico, dos 16ºC (68,8 ± 0,62 dias) até 25ºC (32,3 ±

0,18 dias), sendo que a partir desta temperatura, os valores registrados não

diferiram (Tab. 7). O alongamento do ciclo biológico em função de baixas

temperaturas é comum entre os insetos, sendo esta uma das estratégias utilizadas

para as espécies sobreviverem em baixas temperaturas (LEATHER et al., 1993).

Islam et al. (1995), relataram uma duração do ciclo total de P. citri a 24ºC em

brotos de batata de 41,96 ± 0,67 dias, valores estes superiores aos 32,3 0,18 dias

encontrados neste experimento a 25ºC. Em abóboras, Malleshaiah et al. (2000),

constataram 31,45 0,96 dias a 26 2°C.

A menor viabilidade do ciclo biológico de P. citri foi de 45,7% (16 ºC) e a maior

69,3% (22 ºC), sendo significativa a diferença para os valores obtidos (p≤0,05). Com

base na duração do ciclo biológico e viabilidade (Tab. 7 e 8), verifica-se que

temperaturas entre 25 a 28ºC são as mais adequadas para o desenvolvimento do

inseto. Estes resultados corroboram as observações realizadas por Islam et al.

(1995) em brotos de batata, Arai et al. (1996) em citros e Laflin; Parrella (2004) em

54

roseiras. Em observações de campo, em vinhedos da região de Bento Gonçalves

(RS), a espécie P. citri foi encontrada na parte aérea das plantas no período de

novembro a março, período este que a temperatura média é de 25 a 28 ºC

corroborando com os dados que demonstram ser esta a melhor faixa térmica para o

desenvolvimento do inseto.

TABELA 9. Limiar térmico inferior de desenvolvimento (Tb), constante térmica (K),

em graus-dia (GD), equação linear da velocidade de desenvolvimento

(1/D) e coeficiente de determinação (R2) da fase de ovo, 1º ínstar, 2º

ínstar e 3º ínstar e ciclo biológico (ovo-adulto) de Planococcus citri

mantidos em folhas de videira cultivar Itália, nas temperaturas de 16, 19,

22, 25 e 28ºC (UR: 70 ± 10%; fotofase 12 horas).

Estágio Tb (ºC) K (GD) Equação de regressão R2 F P

Ovo 10,62 64,60 y = - 0,16438 + 0,01548 x 0,97 90,74 0,0025

1º ínstar 1,61 268,10 y = -0,00599 + 0,00373 x 0,93 42,51 0,0073

2º ínstar 8,88 144,72 y = -0,06134 + 0,00691 x 0,94 49,31 0,0059

3º ínstar 10,01 134,41 y = -0,07447 + 0,00744 x 0,94 48,53 0,0061

Ciclo Biológico 8,16 574, 71 y = -0,01419 + 0,00174 x 0,98 122,90 0,0016

O limiar térmico inferior de desenvolvimento de P. citri em folhas de videira da

cultivar Itália foi de 8,16 ºC, similar ao constatado por Martinez-Ferrer et al. (2003)

(8,3 ºC) e inferior aos 10,6 ºC encontrados por Correa et al. (2008) para a mesma

espécie em citros e folhas de cafeeiro, respectivamente. Para a espécie P. ficus, na

cultura da videira, a Tb é de 8,85 ºC (WALTON; PRINGLE 2005) similar a espécie

utilizada neste estudo.

A relação negativa entre a constante térmica e o limiar térmico inferior,

corrobora a teoria da predição funcional (TRUDGILL; PERRY 1994, TRUDGILL

1995), segundo a qual um alto valor para o limiar de desenvolvimento e um pequeno

para a soma térmica é esperado para espécies adaptadas as áreas quentes

(tropicais) do que para as de áreas frias (temperadas). No caso da espécie em

estudo verifica-se que a mesma é adaptada a regiões frias (temperadas).

55

Segundo Honěk (1996), o limiar térmico inferior de desenvolvimento diminui

com o aumento da latitude. Espécies que vivem nos trópicos possuem uma

temperatura base maior (13,7 ºC) do que as que habitam regiões subtropicais (10,5

ºC) e temperadas (7,9 ºC). O valor do limiar térmico inferior calculado neste estudo

para o ciclo biológico (8,16 ºC) de P. citri demonstra que a população da espécie

esta adaptada a região de clima temperado.

No presente estudo, com base na Tb (8,16 ºC) constatou-se que P. citri

requer 574,71 GD para completar seu desenvolvimento. Valores inferiores foram

verificados para a mesma espécie por Correa et al. (2008) em folhas de cafeeiro

(334,90 GD), por Arai et al. (1996) em folhas de citros (401,00 GD) e por Laflin;

Parrella (2004) em roseiras (326,00 GD). Esta variação verificada nos valores

estimados para diferentes populações de P. citri se devem, segundo Laflin; Parrella

(2004) e Bergant; Trdan (2006) à qualidade nutricional da planta hospedeira, à

adaptação da população, às condições climáticas do local no qual vivem e ao

fotoperíodo.

O número estimado de gerações anuais de P.citri para os municípios

produtores de uva de Bento Gonçalves (RS), Bagé (RS), São Lourenço (MG),

Londrina (PR), Jales (SP) e Petrolina (PE) foram, respectivamente, de 5,7, 6,2, 6,9,

7,9, 9,7 e 11,5 (Tab. 10; Fig. 3). Desta maneira, um maior número de gerações é

esperado nas regiões mais quentes desde que as populações se adaptem as

condições climáticas de temperatura mais elevada.

Até o momento, P. citri tem sido relatada na região produtora da Serra

Gaúcha. Caso a espécie seja constatada nas demais regiões produtoras, os dados

de temperatura indicam que a mesma pode se adaptar e reproduzir nos vinhedos. A

determinação das exigências térmicas de P. citri em vinhedos poderá ser utilizada

como uma ferramenta para auxiliar na previsão de picos populacionais, indicando

quando as amostragens para monitoramento populacional devem ser iniciadas ou

intensificadas, e em que momento o controle deve ser implementado. Além disto,

estas informações são importantes para fins de estabelecimento de programas de

controle biológico, onde em determinadas épocas do ano as cochonilhas estão em

estágios de desenvolvimento com maior suscetibilidade ao parasitismo. Por

exemplo, Anagyrus pseudococci (Girault), Leptomastidea abnormis (Girault) e

Leptomastidea dactylopii (Howard) (Hymenoptera: Encyrtidae) são inimigos naturais

que parasitam fêmeas de cochonilhas da família Pseudococcidae. Desta maneira, os

56

parasitóides preferem fêmeas de terceiro instar e adultos, ninfas de primeiro instar e

fêmeas adultas de cochonilhas, respectivamente (LAFLIN; PARRELLA, 2004). Com

o conhecimento das exigências térmicas associado à amostragem da população,

seria possível prever o melhor período de liberação dos parasitóides.

Outro fator que deve ser considerado, diz respeito, as estratégias de manejo

do inseto quando se pensa na mesma como vetora. Foi comprovado que P. citri

apresenta diversas gerações ao longo do ano, similar ao observado para P. ficus.

Neste caso, como a transmissão de vírus pela espécie diz respeito principalmente as

ninfas de primeiro instar (Douglas; Krüger 2008), a presença contínua de indivíduos

aptos a transmissão aumentam as dificuldades de manejo da espécie.

TABELA 10. Regiões produtoras de uva, Estados da Federação, temperaturas

médias anuais (ºC), graus-dias anuais acumulados (GD) e número

provável de gerações de Planococcus citri por ano (Tb utilizada nos

cálculos de 8,16 ºC para o período de ovo-adulto)

1São Lourenço (MG) e Londrina (PR) não são produtores de uvas, no entanto, representa as condições climáticas de Andradas (MG) e Marialva (PR), respectivamente, que são produtores.

MunicípioTemperatura média

anual (ºC)

Graus-dias

acumulados

(GD)

Nº provável de

gerações/ano

Bento Gonçalves (RS) 17,2 3297,00 5,7

Bagé (RS) 17,9 3539,00 6,2

São Lourenço (MG)1 19,1 3985,70 6,9

Londrina (PR)1 20,6 4542,70 7,9

Jales (SP) 23,5 5585,70 9,7

Petrolina (PE) 26,3 6600,90 11,5

57

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

de g

erac

ões

de P

lano

cocc

us c

itri

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

Tem

pera

tura

méd

ia m

ensa

l (ºC

)

Petrolina, PESão Lourenço, MGLondrina, PRBagé, RSJales, SPBento Gonçalves, RS

FIGURA 3. Estimativa do número de gerações/mês de Planococcus citri para os

municípios de Petrolina (PE), São Lourenço (MG), Londrina (PR),

Bagé (RS), Jales (SP) e Bento Gonçalves (RS).

4 Conclusões

A velocidade de desenvolvimento de P. citri aumenta com a elevação da

temperatura;

A faixa de temperatura entre 25 ºC e 28 ºC é a mais adequada para o

desenvolvimento de P. citri;

A temperatura base e a constante térmica para o ciclo total (ovo-adulto) de P.

citri em folhas de videira da cultivar Itália é de 8,16 ºC e 574,71 graus-dia,

respectivamente;

Nos municípios de Bento Gonçalves (RS), Bagé (RS), São Lourenço (MG),

Londrina (PR), Jales (SP) e Petrolina (PE) P. citri completa respectivamente 5,7, 6,2,

6,9, 7,9, 9,7 e 11,5 gerações anuais.

58

CAPÍTULO 4

EFEITO DE INSETICIDAS SOBRE A COCHONILHA-FARINHENTA Planococcus

citri (RISSO, 1813) (HEMIPTERA: PSEUDOCOCCIDAE) NA CULTURA DA

VIDEIRA

1 Introdução

Dentre as espécies de cochonilhas-farinhentas (Hemiptera: Pseudococcidae)

relatadas para a cultura da videira no Brasil destacam-se P. maritimus, P.

longispinus, P. viburni (Signoret, 1875), P. citri (Risso, 1813) e P. ficus (Signoret,

1875) (SILVA et al., 1968; WOERNER, 1983; FOLDI; SORIA, 1989; AFONSO, 2005;

KUNIYUKI et al., 2005; FOLDI; KOZÁR, 2006; KISHINO et al., 2007; MORANDI

FILHO, et al., 2007). As cochonilhas desta família, entretanto, não têm sido relatadas

como pragas-chave causando danos diretos à produção nas uvas destinadas ao

processamento (BOTTON et al., 2003a). Os principais prejuízos causados pelas

cochonilhas são observados em uvas de mesa da cultivar Itália (V. vinifera) onde

danificam as bagas, provocando o aparecimento da fumagina o que inviabiliza a

fruta para o comércio “in natura” e, em alguns casos, devido as restrições

quarentenárias, podem impedir a exportação (KISHINO et al., 2007; MORANDI

FILHO et al., 2007). Entretanto, a importância destas cochonilhas na cultura da

videira tem aumentado nos últimos anos principalmente após a comprovação da

transmissão de vírus GLRaV 3 (Grapevine leafroll associated virus 3), GVA

(Grapevine trichovirus A) e GVB (Grapevine trichovirus B) pelas espécies

(ROSCIGLIONE; CASTELLANO, 1985; ENGELBRECHT; KASDORF, 1990; GARAU

et al., 1995; CABALEIRO; SEGURA, 1997a; CABALEIRO; SEGURA, 1997b;

PETERSEN; CHARLES, 1997; SFORZA et al., 2003; GOLINO et al., 2002; BORBÓN

et al., 2004; CID et al., 2007).

59

No Brasil, este fato já foi comprovado para os vírus GLRaV 3 e GVB para P.

longispinus (KUNIYUKI et al., 2005; KUNIYUKI et al., 2006) sendo que no caso de P.

viburni, somente foi verificado a aquisição do vírus pela cochonilha, faltando a

comprovação da transmissão para plantas sadias (AFONSO, 2005).

O controle das cochonilhas-farinhentas tem sido uma prática pouco realizada

pelos viticultores devido ao desconhecimento da ação vetora e também, devido ao

hábito das cochonilhas localizarem-se nas raízes e/ou sob a casca, o que dificulta a

visualização da praga e o contato com inseticidas (GEIGER; DAANE, 2001; FU et al.,

2002). Quando a infestação é observada nos cachos, geralmente os produtores

aplicam inseticidas fosforados, os quais além de apresentarem elevada toxicidade,

são pouco seletivos aos inimigos naturais e apresentam grande período de carência

(BOTTON et al., 2003b). Além disso, as pulverizações, dependendo da fase em que

são realizadas apresentam reduzida eficácia devido à localização da praga no solo,

sob o ritidoma e/ou no interior dos cachos, limitando o contato com os ingredientes

ativos.

Considerando o hábito alimentar (sugadores de seiva do floema) e a

localização das cochonilhas na planta, os inseticidas neonicotinóides e reguladores

de crescimento poderão servir como alternativa aos inseticidas fosforados. Neste

sentido, resultados promissores já foram registrados em outros países como por

exemplo Alemanha, Argentina, Chile, Estados Unidos, México (DIESTRE; SAZO,

1990; ELBERT et al., 1991; MENDEL et al., 1991; BROEKSMA et al., 1993;

OROZCO et al., 1995; GONZALEZ et al., 1995; LARRAIN, 1999; CLOYD, 2003;

MUTHUKRISNAN et al., 2005; DAANE et al., 2006; GONZÁLEZ; VOLOSKY, 2006).

No caso dos neonicotinóides, os melhores resultados têm sido obtidos quando os

produtos são aplicados via solo, associado ao sistema de irrigação, permitindo

atingir os insetos via ingestão (ABBINK, 1991; ELBERT et al., 1991; PALUMBO et

al., 1996; LARRAIN, 1999; CAPELLA et al., 2004; ERAZO, 2004; CASTILLO et al.,

2004). Este tipo de aplicação permitiria um controle localizado nos vinhedos,

preservando os inimigos naturais além de atingir os insetos no inicio da infestação.

Outra estratégia importante para o emprego de inseticidas sistêmicos via solo seria o

uso em matrizeiros de plantas, onde o tratamento preventivo com os produtos

minimizaria o potencial de dispersão de vírus pelas cochonilhas vetoras antes que as

plantas apresentem os sintomas, permitindo eliminar as plantas viróticas, reduzindo

os focos de infestação (CHARLES et al., 2006). Em alguns casos, a aplicação via

60

solo tem sido preterida pelos produtores principalmente pela dificuldade de distribuir

o inseticida em locais onde não há sistema de irrigação além do tratamento ter que

ser realizado de maneira preventiva, em função do histórico de ocorrência da praga,

resultando num aumento do custo de produção. Nestes casos, a avaliação de

inseticidas alternativos aos fosforados para o controle do inseto via pulverização

foliar também deve ser pesquisado.

O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de inseticidas reguladores de

crescimento e neonicotinóides via solo e pulverização foliar visando o controle de P.

citri na cultura da videira.

2 Material e Métodos

Os experimentos foram conduzidos em casa-de-vegetação e em vinhedo

comercial da cultivar Cabernet Sauvignon. A metodologia utilizada teve como base o

trabalho de González et al. (1995). Os inseticidas (Tab. 11) foram aplicados nas

plantas e posteriormente, folhas foram oferecidas às ninfas de primeiro ínstar de P.

citri avaliando-se a mortalidade em laboratório. Os insetos utilizados nos

experimentos foram provenientes da criação de manutenção de P. citri mantida no

Laboratório de Entomologia da Embrapa Uva e Vinho conforme metodologia descrita

por Lepage (1942) utilizando abóboras (Cucurbita maxima) da variedade Cabotchá.

Tabela 11. Inseticidas avaliados para o controle de Planococcus citri na cultura da

videira. Bento Gonçalves, RS, 2008.

1Nomenclatura de acordo com ABAKERLI et al. (2003);2S= Sistêmico; C=Contato;3CT= Classe Toxicológica: I=extremamente tóxico; II=Altamente tóxico; III=Medianamente tóxico; IV=Pouco Tóxico.

Ingrediente

Ativo (i.a)1

Produto

Comercial (p.c.)

Formulação Concentração

g/L ou g/Kg

Modo de

Ação2

CT3 Grupo Químico

Tiametoxam Actara® 250 WG Granulado

dispersível

250 S III Neonicotinóide

Acetamiprid Mospilan® Pó solúvel 200 S III Neonicotinóide

Imidacloprid Confidor® 700

GRDA

Granulado

dispersível

700 S IV Neonicotinóide

Pyriproxyfen Tiger® 100 CE Concentrado

Emulsionável

100 C I Piridil Éter

Buprofezin Applaud® 250 Pó Molhável 250 C IV Thiadiazina

61

2.1 Experimento em casa-de-vegetação

Mudas enraizadas de videira com um ano de idade da cultivar Cabernet

Sauvignon enxertadas sobre o porta-enxerto Paulsen 1103 foram plantadas em

baldes (uma muda/balde) com capacidade de 5 litros em outubro de 2006. Os

inseticidas e doses avaliadas foram: acetamiprid (Mospilan, 0,6g i.a./planta),

imidacloprid (Confidor 700 GRDA, 0,7g i.a./planta) e tiametoxam (Actara 250 WG,

0,75g i.a./planta). Os inseticidas foram aplicados via solo 30 dias após o plantio,

utilizando 200 mL de calda por planta. Estas doses foram selecionadas de acordo

com a empregada para o controle de outros insetos pragas da videira (CASTILLO et

al., 2004; GONZÁLEZ; VOLOSKY, 2006). Como testemunha foram mantidas plantas

sem aplicação dos inseticidas.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com dez

repetições, sendo cada planta considerada uma repetição. Aos 3, 7, 14, 21, 28, 35 e

60 dias após a aplicação (DAA) dos inseticidas, em cada repetição foi retirado uma

folha (da região mediana da planta) a qual foi levada ao laboratório e acondicionada

no interior de uma placa de Petri contendo ágar-água (15%) ao fundo para evitar o

ressecamento. Cada uma das placas foi infestada com 5 ninfas de primeiro instar

com um dia de idade num total de 10 repetições por tratamento. A avaliação da

mortalidade dos insetos foi realizada 24, 48, 72 e 96 horas após o fornecimento das

folhas as ninfas sendo considerado indivíduo “vivo” aquele que apresentou

movimentos perceptíveis ao toque de um pincel sob microscópio estereoscópico (20

X). As avaliações da mortalidade causada pelos produtos foram realizadas até o

momento em que o número de ninfas sobreviventes nos tratamentos com inseticidas

igualou-se a testemunha (sem controle).

2.2 Experimento em vinhedo comercial

No experimento em vinhedo comercial foram utilizadas plantas da cultivar

Cabernet Sauvignon, plantadas em 1993, no espaçamento 2,7m x 1,7m, conduzidas

em sistema latada. Os inseticidas e doses avaliadas via solo foram: acetamiprid

(Mospilan, 0,6g i.a./planta), imidacloprid (Confidor 700 GRDA, 0,7g i.a./planta) e

tiametoxam (Actara 250, WG 0,75g i.a./planta). Neste mesmo vinhedo foram

avaliados, via foliar os inseticidas e doses: acetamiprid (Mospilan, 6g i.a./100L),

buprofezin (Applaud 250, 25g i.a./100L), imidacloprid (Confidor 700 GRDA, 7g

62

i.a./100L), pyriproxyfen (Tiger 100CE, 10g i.a. mL/100L), tiametoxam (Actara 250

WG, 7,5g i.a./100L) e mantendo-se um tratamento testemunha (somente água).

Os produtos foram aplicados via solo em 28 de outubro de 2007 diluídos em 1

litro de calda por planta com auxílio de um becker graduado. Previamente a

aplicação dos tratamentos, procedeu-se a limpeza do solo ao redor do tronco das

plantas, num raio de 60 cm, retirando as plantas invasoras existentes. As

pulverizações via foliar, foram realizadas em 09 de janeiro de 2008 com pulverizador

costal manual, modelo PJH 20, com capacidade de 20 litros, equipado com bico de

cone vazio, modelo JA-1-5, num volume aproximado de 800 L/ha. No experimento

onde os inseticidas foram aplicados via solo, a metodologia e o período de avaliação

foram os mesmos do experimento conduzido em casa-de-vegetação. No caso do

experimento onde os produtos foram pulverizados via foliar, a mortalidade foi

avaliada aos 1, 5 e 10 (DAA).

2.3 Análise estatística

Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas

pelo teste de Tukey (p≤0,05), com auxilio do programa Sisvar (Furtado, 2007) sendo

a porcentagem de mortalidade calculada pela fórmula de Abbott (1925). Os dados

não foram transformados, pois apresentaram homogeneidade da variância.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Experimento em casa-de-vegetação

Em todas as avaliações realizadas após a aplicação dos inseticidas, a

mortalidade observada às 24 horas após a infestação com as ninfas foi equivalente

(p≤0,05) a realizada às 96 horas. Por este motivo, todos os resultados serão

discutidos com base na mortalidade observada às 96 horas.

Na primeira avaliação realizada 3 DAA, foi observada uma redução

mortalidade das ninfas sendo de 46,67, 46,67 e 48,89% para os inseticidas,

tiametoxam, acetamiprid e imidacloprid, respectivamente (Tab. 12). Estes resultados,

entretanto, foram equivalentes (p≤0,05) ao tratamento testemunha (Tab. 12). Este

fato foi atribuído, provavelmente ao tempo necessário a absorção dos inseticidas

pelas raízes e deslocamento até as folhas onde foram ingeridos pela cochonilha.

Byrne; Toscano (2006) realizaram estudo em vinhedos irrigados na Califórnia

63

aplicando o imidacloprid para o controle de Homalodisca coagulata (Say)

(Hemiptera: Cicadellidae). Os autores demonstraram que em plantas com até 4

anos, com aplicação via irrigação nas doses de 281 e 562 g/ha o produto atingiu o

limiar no xilema a partir de dois dias e em plantas adultas (20 anos), o tempo para

atingir este patamar foi de 6 a 8 dias.

Aos 7 DAA, todos os inseticidas provocaram mortalidade significativa

(p≤0,05) atingindo cerca de 92% de mortalidade das ninfas de primeiro instar (Tab.

12). Tal efeito foi observado até os 35 DAA quando o controle da cochonilha foi

próximo a 80% (Fig. 4). Aos 60 DAA, a mortalidade foi de 12% em média para todos

os tratamentos, não diferindo (p≤0,05) do tratamento testemunha. Não foi observada

diferença entre os inseticidas acetamiprid, imidacloprid e tiametoxam nas doses

avaliadas ao longo do período de avaliação (Tab. 12).

Casa-de-vegetação (coluna) X Vinhedo Adulto (linha)

0

20

40

60

80

100

3 7 14 21 28 35 60

Dias Após Aplicação dos Tratamentos (DAA)

% M

ort

alid

ade

das

Nin

fas

Actara-CV Mospilan-CV Confidor-CV

Actara-VS Mospilan-VS Confidor-VS

Figura 4. Mortalidade de Planococcus citri após a aplicação via solo dos

inseticidas acetamiprid, imidacloprid e tiametoxam, em plantas de

videira com um ano e 15 anos de idade da cultivar Cabernet Sauvignon

em casa-de-vegetação (CV) e vinhedo comercial (VC). Bento

Gonçalves, RS, 2007.

64

3.2 Experimento em Vinhedo Comercial

3.2.1 Aplicação Via Solo

Quando os inseticidas foram aplicados via solo, foi observado que aos 3 DAA,

todos os inseticidas avaliados não apresentaram diferenças (p≤0,05) em relação à

testemunha (Tab. 13). Aos 7 DAA, o inseticida imidacloprid apresentou maior

mortalidade das ninfas de P. citri, reduzindo a população em 63,04%, não diferindo

(p≤0,05) do tiametoxam (32,61%), mas diferindo (p≤0,05) do acetamiprid (10,87%)

sendo que este último foi equivalente a testemunha sem controle (Fig. 4). Aos 14

DAA, o inseticida imidacloprid foi o que apresentou maior mortalidade das ninfas de

P. citri (57,45%), seguido pelo acetamiprid (36,17%) e o tiametoxam 23,40%. Tal

efeito foi verificado até os 21 DAA. Aos 28 DAA, a mortalidade média proporcionada

pelos inseticidas foi próxima a 20%. Aos 35 DAA todos os tratamentos igualaram-se

a testemunha, fato também observado até os 60 DAA (Fig. 4).

González (2003), em experimento realizado em vinhedos com 15 anos de

idade no Chile, também avaliou os inseticidas neonicotinóides (acetamiprid,

imidacloprid e tiametoxam) para controle de P. viburni, P. longispinus e

Pseudococcus calceolariae (Maskell, 1879) (Hemiptera: Pseudococcidae)

encontrando elevada mortalidade das três espécies. Resultados similares foram

obtidos por Larrain (1999) no Chile e Erazo (2004) na Argentina que estudaram o

efeito de imidacloprid, aplicado via solo, em plantas adultas para o controle de ninfas

e adultos de P.viburni e P. ficus, respectivamente. No caso de P. citri, Broesksma et

al. (1993) demonstraram que em pomares de citros da África do Sul, o inseticida

imidacloprid aplicado via solo foi eficaz no controle da praga por 80 dias.

Tabela 12. Número médio de ninfas vivas de primeiro ínstar (X EP) de Planococcus citri vivas submetidas a diferentes

tratamentos em casa-de-vegetação em plantas novas de videira da cultivar Cabernet Sauvignon, via solo. Bento

Gonçalves, RS, 2007.

1Gramas ou mL do produto comercial (p.c.) por 100L de água;2DAA: Dias Após a Aplicação dos Tratamentos;3Número médio de insetos vivos por tratamento (N);4Mortalidade corrigida (MC) por Abbott (ABBOTT, 1925);5Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P≤ 0,05).

Dose1 3 DAA2 7 DAA 14 DAA 21 DAA 28 DAA 35 DAA 60 DAAProduto/Comercial p.c N3,5 %MC4 N3,5 %MC4 N3,5 %MC4 N3,5 %MC4 N3,5 %MC4 N3,5 %MC4 N3,5 %MC4

Actara® 250 WG 3 2,4±0,92 a 46,67 0,0±0,00 a 100,0 0,1±0,03 a 93,75 0,1±0,03 a 93,75 0,1±0,10 a 98,00 0,9±0,31 a 82,00 4,8±0,13 a 4,00

Mospilan® 3 2,4±0,82 a 46,67 0,4±0,13 a 93,10 0,4±0,13 a 75,00 0,4±0,13 a 75,00 0±0,00 a 100,0 0,9±0,46 a 82,00 4,4±0,27 a 12,00

Confidor® 700 GRDA 1 2,3±0,91 a 48,89 0,5±0,16 a 91,38 0,0±0,00 a 100,0 0,0±0,00 a 100,0 0,0±0,00 a 100,0 0,3±0,15 a 94,00 4,6±0,16 a 8,00

Testemunha 0 4,5±0,50 a - 5,8±1,83 b - 1,6±0,51 b - 1,6±0,51 b - 5,0±0,00 b - 5,0±0,00 b - 5,0±0,00 a 0

66

Tabela 13. Número médio de ninfas de primeiro ínstar (X EP) de Planococcus citri vivas submetidas a diferentes tratamentos em

vinhedo comercial da cultivar Cabernet Sauvignon, via solo. Bento Gonçalves, RS, 2007.

1Gramas ou mL do produto comercial (p.c.) por 100L de água; 2DAA: Dias Após a Aplicação dos Tratamentos; 3Número médio de insetos vivos por tratamento (N); 4Mortalidade corrigida (MC) por Abbott (ABBOTT, 1925); 5Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P≤ 0,05).

Dose

1 3 DAA2 7 DAA 14 DAA 21 DAA 28 DAA 35 DAA 60 DAAProduto/

Comercial p.c N3,5 %MC4 N3,5 %MC4 N3,5 %MC4 N3,5 %MC4 N3,5 %MC4 N3,5 %MC4 N3,5 %MC4

Actara® 250 WG3 3,3±0,34 a 23,26 3,1±0,43 ab 32,61 3,6±0,34 b 23,40 2,2±0,41 ab 42,11 2,7±0,54 a 37,21 3,1±0,35 a 26,19 4,8±0,13 a 4,00

Mospilan®3 3,1±0,35 a 27,91 4,1±0,43 b 10,87 3,0±0,15 b 36,17 1,8±0,35 a 53,22 3,8±0,39 ab 11,63 3,3±0,40 a 21,43 4,4±0,26 a 12,00

Confidor® 700 GRDA1 3,4±0,40 a 20,93 1,7±0,21 a 63,04 2,0±0,30 a 57,45 2,1±0,31 a 44,74 3,1±0,31 ab 27,91 3,4±0,37 a 19,05 4,6±0,16 a 8,00

Testemunha0 4,3±0,15 a 0 4,6±0,30 b 0 4,7±0,15 c 0 3,8±0,13 b 0 4,3±0,21 b 0 4,2±0,20 a 0 5,0±0,00 a 0

Por outro lado, Larrain (1999) verificou em vinhedos adultos da cultivar

Thompson Seedless no Chile, que o imidacloprid, 0,7 g i.a/planta (Confidor® 350

SC), quando utilizado para controlar P. viburni, foi absorvido pelas raízes ao ser

aplicado via solo, reduzindo a população de cochonilhas que estavam nos cachos

em 65,40%, neste caso, com resultados semelhantes aos 63% observados neste

experimento aos 14 DAA (Tab. 14). A mesma autora verificou que o inseticida foi

eficaz no controle da praga por um período de 40 dias após a aplicação.

Castillo et al. (2004) avaliaram no México, diferentes doses de imidacloprid

em plantas de videira com 20 anos de idade da cultivar Flame Seedless para o

controle de P. fícus. Os autores verificaram que doses de 0,15 e 0,12 g.ia/planta

reduziram a população do inseto em 87 e 86% por 77 dias. Na Argentina, Erazo

(2004) demonstrou efeito similar do imidacloprid via irrigação para o controle de P.

fícus, demonstrando que o produto reduziu os danos nos rácimos em 90% por um

período de 45 dias.

No presente trabalho, a mortalidade de P. citri obtida em plantas novas de

videira, demonstrou que os inseticidas acetamiprid, imidacloprid e thiamethoxam

foram equivalentes entre si. Em plantas adultas, entretanto, os melhores resultados

foram obtidos com o imidacloprid, mesmo assim com um máximo de controle de

63% aos 7 DAA. Neste caso, evidencia-se que os inseticidas neonicotinóides

acetamiprid, imidacloprid e tiametoxam apresentaram atividade biológica contra a

praga reduzindo a infestação na cultura da videira, porém, ajustes em relação à

dose empregada devem ser feitos de acordo com a idade das plantas. O melhor

desempenho dos inseticidas neonicotinóides verificados em outros países em

vinhedos comerciais adultos pode ser explicado, pelo fato que a maioria das

aplicações terem sido realizadas via irrigação, e em uva de mesa, o que permite

direcionar os tratamentos na zona onde as raízes estão ativas. Além disso, de

maneira geral, os solos em alguns países como Chile e Argentina onde a videira é

cultivada são arenosos e com baixa quantidade de matéria orgânica (1,2%)

(GONZÁLEZ et al., 1995, LARRAÍN, 1999; ERAZO, 2004) o que permite uma melhor

absorção deste tipo de composto (LARRAÍN, 1999; RAMAKRISHNAN et al., 2000;

BYRNE; TOSCANO, 2006).

66

68

Tabela 14. Número médio de ninfas de primeiro ínstar (X EP) de Planococcus citri

vivas submetidas a diferentes tratamentos em vinhedo comercial da

cultivar Cabernet Sauvignon, via foliar. Bento Gonçalves, RS, 2008.

1Gramas ou mL do produto comercial (p.c.) por 100L de água;2DAA: Dias Após a Aplicação dos Tratamentos;3Número médio de insetos vivos por tratamento (N);4Mortalidade corrigida (MC) por Abbott (ABBOTT, 1925);5Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P≤ 0,05)

Nas condições deste experimento, onde o vinhedo está instalado em solo

argiloso (23%), com alta porcentagem de matéria orgânica (4%) e sem irrigação, tais

fatores podem ter atuado em conjunto reduzindo a eficácia do tratamento. Outro

fator que deve ser considerado é a amplitude do sistema radicular da videira

cultivada nestas condições, com ampla distribuição, o que reduz a capacidade de

absorção e translocação dos produtos para as plantas (BASSOI et al., 2003).

3.2.2 Aplicação Via Foliar

Quando os inseticidas acetamiprid, imidacloprid e tiametoxam foram aplicados

via foliar com posterior infestação das ninfas em laboratório, foi observado diferença

significativa (p<0,05) entre eles na avaliação realizada 1 DAA, sendo que o

tiametoxam foi o que obteve melhor resultado de controle (36,70%), igualando-se ao

imidacloprid com 20% (Tab. 14). O controle obtido com o inseticida neonicotinóide

acetamiprid equivaleu-se aos reguladores de crescimento buprofezin e pyriproxyfen

que foram similares a mortalidade da testemunha (Tab. 14). Aos 5 DAA, o inseticida

tiametoxam apresentou controle das cochonilhas em 20%, equivalendo-se (p<0,05)

ao acetamiprid com 13%, sendo que os demais igualaram-se a mortalidade da

Dosagem1 1 DAA2 5 DAA 10 DAAProduto

Comercial p.c./100L N3,5 %MC4 N3,5 %MC4 N3,5 %MC4

Actara® 250 WG30 1,9±0,31 a 36,70 2,40±0,16 a 20,00 2,8±0,13 a 6,70

Mospilan®30 2,9±0,1 b 3,40 2,60±0,16 ab 13,33 3,0±0,00 a 0,00

Confidor® 700 GRDA

10 2,4±0,22 ab 20,00 2,70±0,15 b 10,00 3,0±0,00 a 0,00

Applaud® 250 100 2,8±0,13 b 6,70 3,0±0,00 b 0,00 3,0±0,00 a 0,00

Tiger® 100CE 100 3,0±0,10 b 0,00 2,9±0,1 b 3,33 3,0±0,00 a 0,00

Testemunha 0 3,0±0,10 b 0,00 3,0±0,0 b 0,00 3,0±0,00 a 0,00

69

testemunha. Este fato não foi verificado aos 10 DAA, onde todos os tratamentos

igualaram-se a tratamento testemunha (Tab. 14).

Erazo (2004) avaliou o efeito de aplicações foliares de imidacloprid 20% SL

(20 g.i.a./100L), mostrando um controle efetivo de P. ficus em folhas e frutos de

videira. Resultados semelhantes foram verificados por Larrain (1999), em vinhedos

do Chile, avaliando o efeito de imidacloprid via aplicação foliar (21 g i.a./100L) para o

controle de P. viburni, resultando em presença do inseto a níveis inferiores a 20%

nos cachos. Os resultados obtidos neste trabalho, não corroboraram os verificados

em outros países que demonstraram uma eficácia dos inseticidas neonicotinóides

quando aplicados via foliar para o controle de diferentes espécies de

Pseudococcidae. Acredita-se que o principal fator para estas diferenças deve-se a

metodologia empregada, visto que nos outros trabalhos, quando os inseticidas foram

aplicados, atingiram também os insetos via contato. Além disso, os pesquisadores

avaliaram a presença/danos dos pseudococcídeos nos cachos de uva e não a

mortalidade direta causada nas cochonilhas. No presente trabalho os produtos não

entraram em contato direto com os insetos, o que pode ter resultado na redução da

eficiência de controle.

Mendel et al. (1991), avaliaram o efeito do regulador de crescimento

buprofezin, em condições de laboratório, sobre ninfas de primeiro e segundo ínstar e

fêmeas de P. citri, demonstrando que quando aplicado sobre as fêmeas, o mesmo

reduziu a fecundidade em 49%. Além disto, buprofezin 20 g.i.a/100L teve uma

elevada atividade ovicida (80%) para P. citri. No controle das ninfas, o inseticida foi

eficiente para ambas as espécies proporcionando uma mortalidade final acima de

90% em concentrações de 20 a 40g i.a/100L 28 (DAA). Neste trabalho, utilizando a

dose de 25g i.a./100L a mortalidade das ninfas foi de 6,7%. Ressalta-se que as

ninfas entraram em contato com os inseticidas via contato residual sem atingir

diretamente os insetos e no período de avaliação da mortalidade (96 horas), foi

possível observar a troca de instar, não observando-se efeito dos produtos durante a

ecdise.

Muthukrishnan et al. (2005), avaliaram em vinhedos o efeito do regulador de

crescimento buprofezin sobre ninfas da cochonilha Maconellicoccus hirsutus (Green,

1908) (Hemiptera: Pseudococcidae) aplicados via foliar nas concentrações de 56 e

75g i.a./100L, concluindo que após 3 dias de aplicação o produto não reduziu a

população do inseto. No entanto, foram feitas reaplicações dos tratamentos a cada

70

quinze dias resultando num controle de 76,70 e 79,00%, respectivamente. Estes

resultados contrastam com os encontrados neste trabalho provavelmente pela

diferença na metodologia e nas doses empregadas visto que o buprofezin tem sido

um dos produtos recomendados para o controle de P. ficus na Califórnia (DAANE et

al., 2006).

Comparando-se as formas de aplicação dos inseticidas neonicotinóides, foi

observado que as aplicações via solo apresentaram maior persistência biológica e

foram mais eficazes em relação as pulverizações foliares. O tratamento via solo teria

como vantagem adicional um menor efeito sobre os organismos benéficos

localizados na parte aérea das plantas (GUBLER et al., 1999). Além disso, os

inseticidas aplicados no solo permanecem protegidos da luz, reduzindo a

fotodegradação. No caso da pulverização foliar, embora em outros países tenham

sido observados resultados positivos com os neonicotinóides e reguladores de

crescimento, tais resultados não foram encontrados neste trabalho com a

metodologia empregada. Por isso, sugere-se que em trabalhos futuros os inseticidas

sejam empregados em doses maiores e/ou de maneira seqüencial permitindo atingir

diretamente a população de cochonilhas no vinhedo. Porém, para que isto ocorra,

trabalhos visando conhecer a estrutura etária da população ao longo do ano,

visando definir o melhor momento de controle, devem ser realizados.

4. Conclusões

Os inseticidas neonicotinóides acetamiprid (0,60g i.a./planta), imidacloprid

(0,70g i.a./planta) e tiametoxam (0,75g i.a./planta) são eficazes no controle de P. citri

em plantas de videira com 1 ano de idade.

Os inseticidas neonicotinóides acetamiprid, imidacloprid e tiametoxam nas

doses de 0,60g i.a./planta, 0,70g i.a./planta e 0,75g i.a./planta, respectivamente não

são eficazes para o controle de P. citri em plantas de videira com 15 anos de idade.

Os inseticidas neonicotinóides acetamiprid (6g i.a./100L), imidacloprid (7g

i.a./100L), tiametoxam (7,5g i.a./100L) e os reguladores de crescimento buprofezin

(25g i.a./100L), pyriproxyfen (10g i.a./100L) aplicados via foliar não proporcionam

mortalidade significativa de P. citri na cultura da videira.

71

CONCLUSÕES

Este trabalho apresentou pela primeira vez um inventário da presença de

cochonilhas da família Pseudococcidae na cultura da videira na Região da Serra

Gaúcha, principal pólo produtor de uvas para processamento do Brasil. As

informações disponíveis a respeito da taxonomia, bioecologia e métodos de controle

de pseudococcídeos associados à cultura da videira ainda são escassos no País. Os

estudos devem ser ampliados principalmente visando conhecer a ação da

cochonilha como vetora. Foi demonstrada a presença de cochonilhas da família

Pseudococcidae em 27% das propriedades amostradas. Isto é um fato importante se

for considerado que a amostragem não foi absoluta nos vinhedos. Das espécies

encontradas, Planococcus citri (Risso, 1813) 31,43%, Dysmicoccus sp. 22,86%,

Planococcus minor (Maskell, 1897) 11,43%, Dysmicoccus brevipes (Cockerell, 1893)

5,71%, Pseudococcus sp. 17,14%, Pseudococcus viburni (Signoret, 1875) 8,57% e

Pseudococcus maritimus (Ehrhorn, 1900) 2,86%, as mais freqüentes são

reconhecidamente transmissoras de vírus GLRaV-3, GVA e GVB na cultura.

Entretanto, como as diferenças taxonômicas entre as espécies somente podem ser

observadas com auxílio de especialistas, sugere-se a continuidade deste trabalho

visando elaborar chaves moleculares, para identificação, fato já realizado e de uso

rotineiro em diferentes paises.

Nos estudos de biologia conduzidos com a espécie P. citri, foi possível

observar que a mesma se desenvolve em diferentes variedades produtoras e de

porta-enxertos (Cabernet Sauvignon, Itália; Isabel, 101-14) bem como, sobre

diferentes estruturas vegetativas (raízes e folhas) o que demonstra o potencial de

adaptação da espécie. Outrossim, o não desenvolvimento da espécie em raízes do

porta-enxerto IAC-572 e a reduzida viabilidade em bagas da cultivar Itália, indicam o

potencial de emprego da resistência de plantas para reduzir a infestação da praga

72

e/ou, direcionar o tratamento a fases em que a cochonilha fica mais exposta como é

o caso das folhas.

Com base nas exigências térmicas, verifica-se que a cochonilha pode se

desenvolver nas principais regiões produtoras de uva do Brasil, completando de 5,7

a 11,5 gerações ao ano como é o caso de Bento Gonçalves (RS) e Petrolina (PE),

respectivamente. O grande número de gerações que a cochonilha pode completar

durante o ciclo de desenvolvimento da cultura é mais um fator que aumenta as

possibilidades de dispersão de vírus, reconhecidamente mais eficaz para as ninfas

de primeiro instar. A determinação das exigências térmicas de P. citri em vinhedos

poderá ser utilizada como ferramenta para auxiliar na previsão de picos

populacionais, indicando quando as amostragens devem ser iniciadas ou

intensificadas, e em que momento o controle deve ser implementado. Além disto,

estas informações são importantes para fins de estabelecimento de programas de

controle biológico, onde em determinadas épocas do ano as cochonilhas estão em

estágios de desenvolvimento com maior suscetibilidade ao parasitismo. Com o

conhecimento das exigências térmicas associado à amostragem da população, é

possível prever o melhor período de liberação dos parasitóides. Este tema, não

abordado no presente trabalho, deve ser um dos estudos prioritários para o futuro

visto o sucesso que o controle biológico com parasitóides tem atingido em outros

paises.

Outro fator que deve ser considerado diz respeito as estratégias de manejo do

inseto quando se pensa no mesmo como vetor. P. citri apresenta diversas gerações

ao longo do ano, similar ao observado para P. ficus que é a principal espécie vetora

de vírus nos EUA, África do Sul, Argentina e Uruguai. Neste caso, como a

transmissão de vírus pela espécie diz respeito principalmente as ninfas de primeiro

instar, a presença contínua de indivíduos aptos a transmissão aumentam as

dificuldades de manejo da espécie.

P. citri demonstrou ser sensível aos inseticidas neonicotinóides acetamiprid

(0,60g i.a./planta), imidacloprid (0,70g i.a./planta) e tiametoxam (0,75g i.a./planta) em

plantas de videira com 1 ano de idade. No entanto, em plantas com 15 anos de

idade, estes produtos utilizados nas mesmas doses não foram eficazes para o

controle de P. citri. A mortalidade de P. citri obtida em plantas novas de videira

demonstrou que os inseticidas acetamiprid, imidacloprid e thiametoxam foram

equivalentes entre si. Em plantas adultas, entretanto, os melhores resultados foram

73

obtidos com o imidacloprid, mesmo assim com um máximo de controle de 63%.

Neste caso, evidencia-se que os inseticidas neonicotinóides apresentaram atividade

biológica contra a praga reduzindo a infestação na cultura da videira, porém, ajustes

em relação à dose empregada devem ser feitos de acordo com a idade das plantas.

Quando aplicados via foliar, os inseticidas neonicotinóides acetamiprid (6g

i.a./100L), imidacloprid (7g i.a./100L), tiametoxam (7,5g i.a./100L) e os reguladores

de crescimento buprofezin (25g i.a./100L) e pyriproxyfen (10g i.a./100L) não

proporcionam mortalidade significativa de P. citri na cultura da videira. Comparando-

se as formas de aplicação dos inseticidas neonicotinóides, foi observado que as

aplicações via solo apresentaram maior persistência biológica e foram mais eficazes

em relação pulverização foliar. O tratamento via solo teria como vantagem adicional

um menor efeito sobre os organismos benéficos localizados na parte aérea das

plantas. Além disso, os inseticidas aplicados no subsolo permanecem protegidos da

luz, reduzindo a fotodegradação. No caso da pulverização foliar, embora em outros

países tenham sido observados resultados positivos com os neonicotinóides e

reguladores de crescimento, tais resultados não foram encontrados neste trabalho

com a metodologia empregada. Por isso, sugere-se que em trabalhos futuros, estes

inseticidas sejam empregados em doses maiores e/ou de maneira seqüencial,

permitindo atingir diretamente a população de cochonilhas no vinhedo. Além disso, a

mortalidade da praga deve ser avaliada diretamente no campo associado a redução

no dano nos cachos. Porém, para que isto ocorra, trabalhos visando conhecer a

estrutura etária da população ao longo do ano, visando definir o melhor momento de

controle, devem ser realizados.

Devido ao fato de diversas espécies de pseudococcídeos terem sido

encontradas no inventário, e algumas com capacidade de transmitir vírus nos

vinhedos, recomenda-se futuramente conduzir experimentos, objetivando conhecer a

biologia e a fenologia de ataque na cultura.

Em algumas coletas, foi registrada a presença de formigas junto às

cochonilhas. Em outros países, as formigas principalmente a argentina Linepithema

humile (Mayr, 1868), é uma das principais espécies associadas as cochonilhas

farinhentas a qual se alimenta do “honeydew” liberado pelo inseto. A presença de L.

humile nos vinhedos é considerada um indicativo da presença de populações de

cochonilhas. Por outro lado, a implementação de um programa de manejo das

cochonilhas-farinhentas envolveria também o controle das formigas associadas, pois

74

estas além de auxiliarem na dispersão, também reduzirem o potencial de controle

biológico da praga, sendo assim recomenda-se estudos posteriores visando o

controle de formigas dispersoras.

75

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