203
Universidade Federal de Sergipe Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente TESE DE DOUTORADO MARIANA ALVES PAGOTTO A VEGETAÇÃO LENHOSA DA CAATINGA EM ASSENTAMENTO DO ESTADO DE SERGIPE: ASPECTOS FITOSSOCIOLÓGICOS, ANATÔMICOS E DENDROCRONOLÓGICOS São Cristóvão SE 2015

Universidade Federal de Sergipe Pró-Reitoria de Pós ......ii Universidade Federal de Sergipe Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento

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Universidade Federal de Sergipe

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação em

Desenvolvimento e Meio Ambiente

TESE DE DOUTORADO

MARIANA ALVES PAGOTTO

A VEGETAÇÃO LENHOSA DA CAATINGA EM ASSENTAMENTO DO ESTADO

DE SERGIPE: ASPECTOS FITOSSOCIOLÓGICOS, ANATÔMICOS E

DENDROCRONOLÓGICOS

São Cristóvão – SE

2015

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ii

Universidade Federal de Sergipe

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação em

Desenvolvimento e Meio Ambiente

MARIANA ALVES PAGOTTO

A VEGETAÇÃO LENHOSA DA CAATINGA EM ASSENTAMENTO DO ESTADO

DE SERGIPE: ASPECTOS FITOSSOCIOLÓGICOS, ANATÔMICOS E

DENDROCRONOLÓGICOS

Tese submetida ao Programa de Pós-Graduação

em Desenvolvimento e Meio Ambiente, como

requisito para a obtenção do título de Doutora

em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Adauto de Souza

Ribeiro

Coorientador: Prof. Dr. Claudio Sergio Lisi

São Cristóvão – SE

2015

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

P139v

Pagotto, Mariana Alves A Vegetação lenhosa da caatinga em assentamento do estado de Sergipe: aspectos fitossociológicos, anatômicos e dendrocronológicos / Mariana Alves Pagotto ; orientador Adauto de Souza Ribeiro. – São Cristóvão, 2015.

185 f. : il.

Tese (doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente) – Universidade Federal de Sergipe, 2015.

1. Vegetação - Classificação. 2. Caatinga. 3. Madeira - Anatomia. 4. Assentamentos humanos - Sergipe. I. Ribeiro, Adauto de Souza, orient. II. Título.

CDU 581.9:911.37(813.7)

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iv

MARIANA ALVES PAGOTTO

A VEGETAÇÃO LENHOSA DA CAATINGA EM ASSENTAMENTO DO ESTADO

DE SERGIPE: ASPECTOS FITOSSOCIOLÓGICOS, ANATÔMICOS E

DENDROCRONOLÓGICOS

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da

Universidade Federal de Sergipe, como requisito para a obtenção do título de Doutor em

Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Aprovada em 24/02/2015

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Adauto de Souza Ribeiro

(Universidade Federal de Sergipe. Orientador e Presidente da banca)

Prof. Dr. Stephen Francis Ferrari

(Universidade Federal de Sergipe, PRODEMA)

Profa. Dra. Maria do Socorro Ferreira da Silva

(Universidade Federal de Sergipe, PRODEMA)

Profa. Dra. Flávia de Barros Prado Moura

(Universidade Federal de Alagoas, UFAL)

Prof. Dr. Francisco de Assis Ribeiro dos Santos

(Universidade Estadual de Feira de Santana, UEFS)

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v

“[...] E ao tornar da travessia o viajante, pasmo,

não vê mais o deserto. Sobre o solo, que as

amarílis atapetam, ressurge triunfalmente a flora

tropical.

[...] E o sertão é um paraíso...”

Os Sertões - Euclides da Cunha

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vi

AGRADECIMENTOS

Durante um curso de doutorado, além da dedicação, é preciso a ajuda de muitas pessoas. Tive

a sorte de poder contar com ótimos professores, diversos colegas de laboratório, amigos e

familiares que me auxiliaram nesta caminhada. E, a estas pessoas, faço aqui, através de

poucas palavras, os meus sinceros agradecimentos:

Ao meu orientador e grande amigo Professor Adauto, pela confiança que teve em mim desde

o início, pela paciência, pelos conhecimentos transmitidos com a enorme simplicidade que o

caracteriza, pelo apoio em todas as etapas deste doutorado e sobretudo pela amizade, muito

obrigada!!

Ao meu coorientador e grande amigo Professor Claudio, por ter me recebido e concedido um

espaço em seu laboratório, pelos ensinamentos, confiança em meu trabalho, pela oportunidade

de orientação e incentivo em todo o curso, muito obrigada!!

À professora Maria Cristina Nabais, agradeço muito a oportunidade que me foi concedida de

passar uma temporada de 4 meses em seu laboratório na Universidade de Coimbra. Muito

obrigada por me receber tão bem em Portugal e pelos ensinamentos e experiências que tive a

oportunidade de vivenciar.

Aos professores Mário Tomazello e Fidel Roig, e a técnica Maria, obrigada por me receberem

na Esalq, em Piracicaba, durante o curso de Dendrocronologia e por contribuírem de forma

significativa neste trabalho.

Aos amigos que tive a felicidade de conviver em Portugal: Ana, Lucía, Rúben, Susana,

Giovanna, Filipe e Joana, obrigada pela amizade, paciência, troca de experiências e pelos

ótimos momentos que passamos em Coimbra.

Aos amigos do laboratório, Aninha, Luiz Aquino, Roberto, Taiguã, Jéssica, Túlio, Francisco,

Nayanne, Leonardo e Ítalo, muito obrigada por toda a ajuda que vocês me deram, sobretudo

nas saídas de campo, trabalhos de laboratório e análises estatísticas. Obrigada também pela

amizade que foi construída. Sem vocês, este trabalho não seria possível.

Aos amigos da turma de doutorado/2011, obrigada por fazerem parte dessa turma!!

Aos agricultores entrevistados que participaram desta pesquisa e também ao Betinho, nativo

da região, que me acompanhou durante parte das entrevistas.

Ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente e à FAPITEC/SE,

pelo apoio financeiro, concedendo uma bolsa de estudos. À CAPES pela bolsa de estudos

concedida durante o estágio em Portugal.

Agradeço também aos meus pais, que mesmo de muito longe sempre me apoiaram, me deram

força e acreditaram em mim e nos meus objetivos; aos meus sogros, pelo carinho e paciência

e sobretudo por cuidarem, com tanto zelo, das minha “doguinhas” durante a minha estadia em

Portugal; e ao meu carinhoso marido André, agradeço muito por toda a ajuda no trabalho,

apoio nos momentos difíceis, e por estar sempre ao meu lado.

E, sobretudo a Deus, por dar-me vida e muita saúde.

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vii

RESUMO

Na Caatinga do Estado de Sergipe, onde predominam os assentamentos de reforma agrária, os

principais produtos da exploração madeireira são a lenha, o carvão vegetal e as estacas. Com

o propósito de gerar conhecimentos para subsidiar programas de manejo florestal sustentável

em assentamentos do semiárido de Sergipe, este trabalho analisou o potencial da vegetação

lenhosa da Caatinga para o extrativismo madeireiro. Neste contexto, identificou-se as

carcateristicas socioeconômicas e ambientais de um assentamento rural localizado na

Caatinga; os aspectos estruturais e ecológicos da vegetação lenhosa que o compõem; e as

particularidades anatômicas do lenho de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz

(catingueira) e Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro), gerando informações relativas à

qualidade da madeira, ao incremento médio anual e os fatores ambientais que condicionam a

vida dessas árvores. Foram realizadas 22 entrevistas semi-estruturadas com os agricultores do

assentamento para a análise socioambiental. No estudo da flora, foram utilizados os métodos

wandering-quarter e as fotografias hemisféricas para o conhecimento da estrutura da

vegetação e da dinâmica do dossel, respectivamente. Por meio dos métodos clássicos da

anatomia da madeira, da ciência da dendrocronologia e da densitometria de raios X foi

possível caracterizar o lenho das árvores e sua resposta às variáveis ambientais. Os resultados

mostraram que apesar da boa infraestrutura do assentamento, os assentados enfrentam

limitações quanto à escolaridade, à produtividade e a diversificação de atividades econômicas.

As práticas da agricultura de sequeiro e da pecuária leiteira não têm sustentabilidade

ecológica e as consequências socioeconômicas são notadas na oscilação da produtividade,

migração dos assentados e degradação da Caatinga. A vegetação arbórea do assentamento

apresentou diversas espécies de caráter pioneiro, demonstrando que as matas vêm sendo

exploradas pela comunidade. A Poincianella pyramidalis foi a espécie mais abundante

seguida de Aspidosperma pyrifolium. Ambas apresentaram o lenho com adaptações

anatômicas características de vegetação de ambiente xérico e o crescimento secundário foi

influenciado pela precipitação local e pela temperatura da superfície do oceano Atlântico. P.

pyramidalis apresentou fibras mais espessas e maior quantidade de celulose, expressas na

elevada densidade aparente da madeira (1,10 ± 0,13 g/cm3), refletindo o potencial para a

geração de energia. As informações oriundas deste estudo apontam que a P. pyramidalis é

uma espécie muito abundante no local e pode contribuir para a inserção do manejo florestal

sustentável em áreas de assentamento, proporcionando tanto uma atividade econômica

complementar na renda dos assentados, quanto no uso mais sustentável deste recurso.

Palavras-chave: semiárido; madeira; anatomia

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THE WOODY VEGETATION OF A RURAL SETTLEMENT IN THE SEMI-ARID

CAATINGA OF SERGIPE: PHYTOSOCIOLOGICAL, ANATOMICAL AND

DENDROCHRONOLOGICAL ASPECTS

Mariana Alves Pagotto – Doctoral dissertation, Graduate Program in Development and

Environment (PRODEMA), Federal University of Sergipe, São Cristóvão – SE, Brazil.

ABSTRACT

In the semi-arid Caatinga of the Brazilian state of Sergipe, where the land is occupied

predominantly by settlements of the agrarian reform, the principal products – firewood,

charcoal, and fence-posts – are derived from forestry practices. With the aim of providing

practical guidelines for the implementation of sustainable forestry management practices in

these settlements, the present study analyzed the potential of local woody species as sources

of timber. In this context, the socioeconomic and environmental characteristics of the Barra da

Onça settlement in Poço Redondo (Sergipe) were identified, the structural and ecological

traits of local plots of woodland were analyzed, and the anatomical traits of the wood of

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) and Aspidosperma pyrifolium

Mart. (pereiro) were described. This involved the collection of data on the quality of the

wood, mean annual increment, and the identification of the environmental factors that

determine growth patterns. For the socio-environmental analysis of the settlement, 22 local

residents were interviewed using semi-structured questionnaires. For the botanical study,

wandering-quarter surveys and hemispherical photographs were used to characterize the

structure of the vegetation and canopy dynamics, respectively. The characteristics of the wood

of P. pyramidalis and A. pyrifolium and its responses to environmental variables were

examined using the traditional methods of wood anatomy, classic dendrochronology and X-

ray densitometry. The results indicated that, while the settlement has adequate infrastructure,

there are many limitations in terms of educational opportunities, the productivity of local

agricultural practices, and the diversification of economic activities. The local rain-fed

agriculture system and livestock practices are not ecological sustainable, and the

socioeconomic consequences are apparent in fluctuations of productivity, the migration of

settlers, and the degradation of the Caatinga. The vegetation of the settlement was dominated

by a number of pioneer species, reflecting its exploitation by the local population. The wood

of both P. pyramidalis and A. pyrifolium presented anatomical adaptations typical of xeric

environments, and annual growth rings, permitting the construction of tree-ring chronologies,

which presented annual variation closely correlated with rainfall levels and the surface

temperature of the Atlantic Ocean. Poincianella pyramidalis, the most abundant species in the

study area, had thicker fibers and a large amount of cellulose, reulting in high density wood

(1.10 ± 0.13 g/cm3). Due to these features, this species is well adapted for the production of

firewood in the rural settlements of Sergipe. These findings may contribute to the

development of forest management practices in the local settlements, potentially providing an

additional source of income in a sustainable way.

Keywords: semiarid; wood; anatomy

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ix

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ ix

LISTA DE TABELAS........................................................................................................ xvii

INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 1

OBJETIVOS......................................................................................................................... 3

Objetivos gerais...................................................................................................................... 3

Objetivos específicos.............................................................................................................. 3

CAPÍTULO I – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................... 4

As florestas tropicais secas..................................................................................................... 4

A Caatinga.............................................................................................................................. 6

Os assentamentos da reforma agrária no semiárido............................................................... 9

Anatomia e dendrocronologia dos recursos florestais............................................................ 18

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e Aspidosperma pyrifolium

Mart. (pereiro) como estudos de caso..................................................................................... 23

CAPÍTULO II – MATERIAL E MÉTODOS.................................................................... 24

1. Caracterização da área de estudo........................................................................................ 24

2. Obtenção dos dados............................................................................................................ 28

2.1. Diagnóstico socioeconômico e ambiental....................................................................... 28

2.2. Estrutura da vegetação..................................................................................................... 29

2.3. Estrutura do dossel........................................................................................................... 35

2.4. Estudo do lenho de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)............................................................................... 37

- Coleta das amostras......................................................................................................... 37

- Análises anatômicas........................................................................................................ 38

- Análise da densidade aparente do lenho por densitometria de raios X........................... 39

- Análise da largura dos anéis de crescimento................................................................... 42

- Obtenção e análise das séries dos anéis de crescimento.................................................. 43

CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................... 45

1. O assentamento Barra da Onça e as caracteristicas socioeconômicas e ambientais........... 45

2. Estrutura e composição da vegetação lenhosa.................................................................... 65

3. Estrutura do dossel.............................................................................................................. 84

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x

4. Descrição anatômica de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)............................................................................... 97

5. Caracterização do lenho de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira)

e Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro) por densitometria de raios X.............................. 109

6. Dendrocronologia de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)............................................................................... 117

7. Incremento médio anual de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira)

e Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)............................................................................ 135

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 140

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 143

ANEXOS................................................................................................................................ 168

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xi

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO I – REFERENCIAL TEÓRICO

Figura 1. Distribuição geográfica das Florestas Tropicais Secas no centro-sul da

América............................................................................................................................................... 5

Figura 2. Localização geográfica da Caatinga no território Brasileiro. A vegetação está presente

no norte de Mina Gerais e em todos os Estado do Nordeste, exceto o Maranhão............................ 7

Figura 3. Curva de Segurança Alimentar para o Semiárido.............................................................. 14

Figura 4. Estados do Nordeste que apresentam Planos de Manejo Florestal Sustentável e sua evolução ao

longo do tempo.................................................................................................................................... 16

Figura 5. (a) Anéis de crescimento de uma Gimnosperma (Pinaceae). (b) Corte transversal

evidenciando o anel de crescimento. ................................................................................................ 21

CAPÍTULO II – MATERIAL E MÉTODOS

1. Caracterização da área de estudo

Figura 1.1. Localização geográfica da área de estudo....................................................................... 26

Figura 1.2. Sazonalidade climática, com temperatura média mensal e média histórica de

precipitação (1963-2010), Poço Redondo, Sergipe........................................................................... 27

Figura 1.3. Vegetação do local de estudo. (A) Caatinga hiperxerófila do assentamento Barra da

Onça. (B) Destaque do solo raso e pedregoso................................................................................... 28

2. Obtenção dos dados

2.2 – Estrutura da vegetação

Figura 2.2.1. Recorte do assentamento Barra da Onça evidenciado os limites dos lotes. As

estrelas representam as áreas selecionadas........................................................................................ 29

Figura 2.2.2. Exemplo dos tipos de remanescentes analisados......................................................... 30

Figura 2.2.3. Esquema de amostragem do quadrante móvel ou wandering-quarter......................... 31

2.3 – Estrutura do dossel

Figura 2.3.1. Tripé e lente fisheye acoplada a câmera fotográfica digital para captura de imagens

do dossel, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe..................................................... 36

2.4 – Estudos do lenho de Poincianella pyramidalis e Aspidosperma pyrifolium

Figura 2.4.1. (A) coleta de amostra cilíndrica por trado motorizado. (B) coleta de disco com

auxílio de serrote. (C) exemplo de amostra cilíndrica de Aspidosperma pyrifolium. (D) disco de

Poincianella pyramidalis. ................................................................................................................. 37

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xii

Figura 2.4.2. (A) Amostras cilíndricas coladas em suporte de madeira. (B) Corte das amostras do

lenho em equipamento de dupla serra. (C) Amostra do lenho de Aspidosperma pyrifolium e (D)

Poincianella pyramidalis com 2 mm de espessura coladas em suporte de madeira para a leitura

da densidade de raios X. ....................................................................................................................

40

Figura 2.4.3. Obtenção dos perfis de densidade. (A) equipamento de raio X QTRS-01X (B)

suporte metálico com amostras do lenho. (C) seção transversal do lenho e perfil de densidade

aparente obtida pelo software QMS. ................................................................................................. 41

Figura 2.4.4. Amostra do lenho de Poincianella pyramidalis e respectivo perfil de densidade

aparente. ............................................................................................................................................ 42

CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. O assentamento Barra da Onça e as características socioeconômicas e ambientais

Figura 1.1. Lote abandonado no assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.................. 45

Figura 1.2. Distribuição do grau de escolaridade dos agricultores entrevistados e dos membros da

família (n = 74), assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. Jovens estudantes =

crianças com idade inferior a 15 anos que encontram-se matriculados em escolas........................... 48

Figura 1.3. A, B e C – Imagens das escolas abandonadas. D – Colégio Municipal Padre Cícero,

única escola ativa localizada no interior do assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. 49

Figura 1.4. Imagem da estrada do assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe................ 51

Figura 1.5. Distribuição dos entrevistados quanto à participação nas diversas associações no

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe...................................................................... 52

Figura 1.6. Assentados participando do processamento de frutos nativos, assentamento Barra da

Onça, Poço Redondo, Sergipe............................................................................................................ 53

Figura 1.7. Exemplo de cultura consorciada, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo,

Sergipe................................................................................................................................................ 54

Figura 1.8. Distribuição percentual de hectares de terra em relação ao uso do solo no

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe...................................................................... 55

Figura 1.9. Média da produtividade do leite segundo os relatos dos entrevistados do

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. .................................................................... 56

Figura 1.10. (A) Cooperativa Laticínio União localizada no interior do assentamento. (B)

Veículo de transporte da cooperativa Natville no assentamento Barra da Onça, Sergipe............... 58

Figura 1.11. Áreas de Preservação Permanente desmatadas e com presença de pastoreio,

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe...................................................................... 61

Figura 1.12. Remanescente de Caatinga nativa ao fundo do lote com presença de animais,

assentamento Barra da onça, Poço Redondo, Sergipe....................................................................... 62

Figura 1.13. Porcentagem de citações para as espécies destinadas ao uso da madeira (A) e ao uso

da lenha (B) no assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe............................................. 63

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xiii

Figura 1.14. Recurso madeireiro encontrados em um lote do assentamento Barra da Onça, Poço

Redondo, Sergipe. ............................................................................................................................. 64

2. Estrutura da vegetação

Figura 2.1. Porcentagem das espécies mais abundantes amostradas no assentamento Barra da

Onça, Poço Redondo, Sergipe. .......................................................................................................... 68

Figura 2.2. Diagrama de Whittaker (ou de dominância) para as cinco comunidades. A área 2

(cruz) possui um número maior de espécies (cauda mais comprida) e maior equabilidade (curva

menos inclinada). A área 4 (quadrado) possui um menor número de espécies (cauda mais curta) e

menor equabilidade (curva mais inclinada). ..................................................................................... 70

Figura 2.3. Densidade de indivíduos amostrados para os cinco remanescentes de Caatinga,

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe (CAP ≥ 5 cm). Os pontos representam o

valor de densidade encontrado em cada transecto. ........................................................................... 71

Figura 2.4. Distribuição dos valores de dominância das espécies amostradas em cada área de

estudo (A1-A5), assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe........................................... 77

Figura 2.5. Distribuição de frequência das classes de diâmetro (DAP) das árvores com CAP ≥ 5

cm em cada fragmento amostrado, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. I =

1,5cm ≤ DAP ≤ 6cm; II = 6,1cm ≤ DAP ≤ 10cm; III = 10,1cm ≤ DAP ≤ 15cm; IV = 15,1cm ≤

DAP ≤ 20cm; V = 20,1cm ≤ DAP ≤ 25cm; VI = 25,1cm ≤ DAP ≤ 30cm; VII = 30,1cm ≤ DAP ≤

35cm; VIII = 35,1cm ≤ DAP ≤ 40cm................................................................................................ 79

Figura 2.6. Distribuição de frequência das classes de diâmetro (DAP) das árvores de

Poincianella pyramidalis com CAP ≥ 5 cm em cada fragmento analisado, assentamento Barra da

Onça, Poço Redondo, Sergipe. I = 1,5cm ≤ DAP ≤ 6cm; II = 6,1cm ≤ DAP ≤ 10cm; III = 10,1cm

≤ DAP ≤ 15cm; IV = 15,1cm ≤ DAP ≤ 20cm; V = 20,1cm ≤ DAP ≤ 25cm; VI = 25,1cm ≤ DAP

≤ 30cm; VII = 30,1cm ≤ DAP ≤ 35cm; VIII = 35,1cm ≤ DAP ≤ 40cm............................................ 80

Figura 2.9. Distribuição de frequência das classes de altura (H) das árvores com CAP ≥ 5 cm em

cada fragmento analisado, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. I = 1,0 m ≤ H ≤

2,0 m; II = 2,1 m ≤ H ≤ 3,0 m; III = 3,1 m ≤ H ≤ 4,0 m; IV = 4,1 m ≤ DAP ≤ 5,0 m; V = 5,1 m ≤

H ≤ 6,0 m; VI= 6,1 cm ≤ H ≤ 7,0 m; VII = 7,1 m ≤ H ≤ 8,0 m; VIII = > 8,1m................................. 82

3. Estrutura do dossel

Figura 3.1. Exemplo das fotografias hemisféricas analisadas no programa GLA. (A) período seco

(novembro) de 2012. (B) período de chuva (maio) de 2013. (C) período seco (novembro) de

2013.................................................................................................................................................... 85

Figura 3.2. Observações obtidas para o IAF nos períodos de chuva (maio-junho) e seca (outubro-

novembro) de 2013, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. (A) valores do IAF

em cada ponto de amostragem para as cinco áreas, período de chuva. (B) valores do IAF em cada

ponto de amostragem das cinco áreas, período seco. (C) distribuição da frequência do IAF nos

dois períodos analisados. (D) variação das médias do IAF nos períodos de chuva e seca de 2013

(n = 75)...............................................................................................................................................

86

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xiv

Figura 3.3. Observações da abertura do dossel nos períodos de chuva (maio-junho) e seca

(outubro-novembro) de 2013, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. (A) variação

da abertura do dossel entre as áreas no período de chuva. (B) variação da abertura do dossel entre

as áreas no período seco. (C) distribuição de frequência da abertura do dossel nos dois períodos

(D) variação das médias da abertura do dossel nos períodos de chuva e de seca de 2013 (n = 75).. 88

Figura 3.4. Variação do IAF em relação a abertura do dossel, assentamento Barra da Onça, Poço

Redondo, Sergipe. (A) correlação entre IAF e abertura do dossel (%) no período de chuva (maio-

junho) de 2013; (B) correlação entre IAF e abertura do dossel (%) no período de seca (outubro-

novembro) de 2013 (n = 75).............................................................................................................. 89

Figura 3.5. Variação da transmitância em relação à abertura do dossel, assentamento Barra da

Onça, Poço Redondo, Sergipe. (A) correlação entre abertura do dossel (%) e transmitância (w.m-

2) no período de chuva (maio-junho) de 2013; (B) correlação entre abertura do dossel (%) e

transmitância (w.m-2

) no período de seca (outubro-novembro) de 2013 (n = 75)............................. 92

Figura 3.6. Correlação entre IAF e abertura do dossel (%) no período de seca (outubro-

novembro) de 2012, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe (n = 45)....................... 92

Figura 3.7. Observações obtidas para o IAF e a abertura do dossel no período seco (outubro-

novembro) de 2012, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. (A) distribuição de

frequência do IAF (B) variação do IAF entre as áreas. (C) Distribuição de frequência da abertura

do dossel (D) variação da abertura do dossel entre as áreas (n = 45)................................................ 93

Figura 3.8. Comportamento do IAF e abertura do dossel em áreas de Caatinga, Assentamento

Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. (A) variação do IAF entre o período seco/2012 e período

de chuva/2013. (B) variação da abertura do dossel entre o período seco/2012 e período de

chuva/2013. (C) variação do IAF entre o período seco/2012 e seco/2013. (C) variação da abertura

do dossel entre o período seco/2012 e seco/2013 (n = 45)................................................................ 94

Figura 3.9. Totais mensais de precipitação para os anos de 2012 e 2013, Poço Redondo, Sergipe. 95

4. Descrição anatômica de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)

Figura 4.1. Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz. Seção transversal. (A) Camadas de

crescimento delimitadas por parênquima marginal (setas). (B) Detalhe do parênquima marginal

em linha (seta). (C) Vasos de distribuição difusa, solitários, geminados e múltiplos radiais. (D)

Detalhe do parênquima aliforme confluente. .................................................................................... 98

Figura 4.2. Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz. (A) Seção radial. Raio homogêneo.

(B) Seção tangencial. Raios estratificados, unisseriados (seta branca) e bisseriados (seta preta)..... 99

Figura 4.3. Material macerado de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz. (A) Vaso com

pontoações (seta preta) e fibras com armazenamento de substâncias (setas brancas). (B) Cristais

(seta preta) e fibras de parede espessa e substâncias armazenadas no lúmen (seta branca).............. 100

Figura 4.4. Aspidosperma pyrifolium Mart. (A) Seção transversal. Camadas de crescimento

(setas). (B) Seção transversal, marcação das camadas de crescimento (seta branca) e parênquima

radial (seta preta). (C) Material macerado. Elemento de vaso, com destaque para o apêndice (seta 101

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preta) e placa de perfuração simples (seta branca). (D) Material macerado. Elemento de vaso

desprovido de apêndice em ambas as extremidades com destaque para as pontoações (seta

branca). ..............................................................................................................................................

Figura 4.5. Aspidosperma pyrifolium Mart. (A) Seção radial. Parênquima radial com

armazenamento de substâncias (seta branca) e das células procumbentes (seta preta). (B) Seção

tangencial. Parênquima radial unisserido (seta branca) e bisseriados (seta preta)............................. 102

Figura 4.6. Aspidosperma pyrifolium Mart. Material macerado. Fibras libriformes, com

pontoações (seta branca) e cristais (seta preta). ................................................................................ 102

5. Caracterização do lenho de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro) pelo método de densitometria de Raios X

Figura 5.1.1. Variação da densidade aparente do lenho de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P.

Queiroz em relação ao diâmetro altura do peito (DAP). (A) Densidade aparente média e DAP (ρ

= 0,67). (B) Densidade aparente máxima e DAP (ρ = 0,72). C. Densidade aparente mínima e

DAP (ρ = 0, 13).................................................................................................................................. 111

Figura 5.1.2. Variação da densidade aparente do lenho de Aspidosperma pyrifolium Mart. em

relação ao diâmetro altura do peito (DAP). (A) Densidade aparente média e DAP (ρ = 0,22). (B)

Densidade aparente máxima e DAP (ρ = 0,62). C. Densidade aparente mínima e DAP (ρ = 0,24).. 113

6. Dendrocronologia de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)

Figura 6.1.1. Poicianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz. Largura dos anéis de crescimento

(linhas cinzas) e cronologia Standard (linha preta) obtido por: (A) Programa de imagens Image

ProPlus; (B) Mesa de mensuração; (C) Densitometria de raios x; (D) Densidade aparente média

(E) Densidade aparente mínima. (F) Densidade aparente máxima. Os polígonos cinzas

representam as quantidades de séries contribuintes em cada cronologia........................................... 118

Figura 6.1.2. Cronologias de anéis de crescimento de 12 raios de Poicianella pyramidalis (Tul.)

L. P. Queiroz, obtidas com base nas mensurações de programa de imagem (Image ProPlus), mesa

de mensuração (LinTab) e densitometria de raios X. ....................................................................... 119

Figura 6.1.3. Cronologias de anéis de crescimento de 12 raios de Poicianella pyramidalis (Tul.)

L. P. Queiroz obtidas com base nos valores de densidade aparente de raios X. Dmáx: valores de

densidade máxima. Dmín: valores de densidade mínima. Dméd: valores de densidade média........ 119

Figura 6.1.4. Correlação entre os totais anuais de precipitação do município de Poço Redondo,

Sergipe, e as cronologias de anéis de crescimento de 12 raios de Poncianella pyramidalis (Tul.)

L. P. Queiroz. (A) cronologias obtidas em programa de imagem (Image ProPlus), mesa de

mensuração (LinTab) e densitometria de raios X. (B) cronologias obtidas com base nos valores

de densidade aparente de raios X - Dmáx: densidade máxima, Dmín: densidade mínima, Dméd:

densidade média................................................................................................................................. 121

Figura 6.1.5. Correlações das cronologias dos anéis de crescimento de Poicianella pyramidalis

(Tul.) L. P. Queiroz, Poço Redondo, Sergipe. (A) Temperatura da superfície do Atlântico (TSA)

e cronologia standard obtida por programa de imagem. (B) Precipitação mensal acumulada e

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xvi

cronologia standard obtida por programa de imagem. (C) TSA e cronologia standard obtida por

mesa de mensuração. (D) Precipitação mensal acumulada e cronologia standard obtida por mesa

de mensuração. (E) TSA e cronologia standard obtida por densitometria de raios X. (F)

Precipitação mensal acumulada e cronologia standard obtida por densitometria de raios X. As

linhas pontilhadas indicam valores mínimos significativos. As colunas pretas indicam valores

significativos. ....................................................................................................................................

124

Figura 6.1.6. Aspidosperma pyrifolium Mart. Largura dos anéis de crescimento (linhas cinzas) e

cronologia Standard (linha preta) obtido por: (A) Programa de imagens Image ProPlus; (B) Mesa

de mensuração; (C) Densitometria de raios x; (D) Densidade aparente média (E) Densidade

aparente mínima. (F) Densidade aparente máxima. Os polígonos cinzas representam as

quantidades de séries contribuintes em cada cronologia. .................................................................. 127

Figura 6.1.7. Cronologias de anéis de crescimento de 11 raios de Aspidosperma pyrifolium Mart.

obtidas com base nas mensurações de programa de imagem (Image ProPlus), mesa de medição

(LinTab) e densitometria de raios X.................................................................................................. 128

Figura 6.1.8. Cronologias de anéis de crescimento de 12 raios de Aspidosperma pyrifolium Mart.

obtidas com base nos valores de densidade aparente de raios X. Dmáx: valores de densidade

máxima. Dmín: valores de densidade mínima. Dméd: valores de densidade média......................... 129

Figura 6.1.9. Correlação entre os totais anuais de precipitação do município de Poço Redondo,

Sergipe, e as cronologias de anéis de crescimento de 12 raios de Aspidosperma pyrifolium Mart.

(A) cronologias obtidas em programa de imagem (Image ProPlus), mesa de mensuração

(LinTab) e densitometria de raios X. (B) cronologias obtidas com base nos valores de densidade

aparente de raios X - Dmáx: densidade máxima, Dmín: densidade mínima, Dméd: densidade

média.................................................................................................................................................. 130

Figura 6.1.10. Correlações das cronologias dos anéis de crescimento de Aspidosperma pyrifolium

Mart., Poço Redondo, Sergipe. (A) Temperatura da superfície do Atlântico (TSA) e cronologia

standard obtida por programa de imagem. (B) Precipitação mensal acumulada e cronologia

standard obtida por programa de imagem. (C) TSA e cronologia standard obtida por mesa de

mensuração. (D) Precipitação mensal acumulada e cronologia standard obtida por mesa de

mensuração. (E) TSA e cronologia standard obtida por densitometria de raios X. (F) Precipitação

mensal acumulada e cronologia standard obtida por densitometria de raios X. As linhas

pontilhadas indicam valores mínimos significativos. As colunas pretas indicam valores

significativos...................................................................................................................................... 132

7. Incremento médio anual de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)

Figura 7.1. Curvas de incremento diamétrico acumulado de (A) Poincianella pyramidalis (Tul.)

L. P. Queiroz e (B) Aspidosperma pyrifolium Mart. A linha pontilhada representa a média da

população analisada......................................................................................................................... 136

Figura 7.2. Incremento médio anual de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz e

Aspidosperma pyrifolium Mart........................................................................................................ 138

Figura 7.3. Relação do diâmetro altura do peito (DAP) com o incremento médio anual de (A)

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz e (B) Aspidosperma pyrifolium Mart..................... 139

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xvii

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. O assentamento Barra da Onça e as características socioeconômicas e ambientais

Tabela 1. Porcentagem de entrevistados de acordo com a forma de aquisição do lote de terra do

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe (n = 22)......................................................... 46

2. Estrutura da vegetação

Tabela 2.1. Relação de famílias botânicas e espécies arbóreas amostradas e sua distribuição nos

remanescentes de Caatinga do assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe...................... 66

Tabela 2.2. Número de indivíduos (N), número de espécies (S), densidade média (DT = ind.ha-1

),

índice de diversidade de Shannon (H‟) e índice de equabilidade de Pielou (J‟) encontrados para os

cinco fragmentos de Caatinga do assentamento Barra da Onça, Poço Redondo,

Sergipe................................................................................................................................................ 69

Tabela 2.3. Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na Área 1, ordenados

decrescentemente pelo número de indivíduos, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo,

Sergipe................................................................................................................................................ 72

Tabela 2.4. Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na Área 2, ordenados

decrescentemente pelo número de indivíduos, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo,

Sergipe................................................................................................................................................ 73

Tabela 2.5. Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na Área 3, ordenados

decrescentemente pelo número de indivíduos, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo,

Sergipe................................................................................................................................................ 74

Tabela 2.6. Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na Área 4, ordenados

decrescentemente pelo número de indivíduos, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo,

Sergipe................................................................................................................................................ 75

Tabela 2.7. Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na Área 5, ordenados

decrescentemente pelo número de indivíduos, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo,

Sergipe................................................................................................................................................ 76

Tabela 2.8. Relação do número de fustes encontrado em cada fragmento amostrado, Poço

Redondo, Sergipe................................................................................................................................ 83

3. Estrutura do dossel

Tabela 3.1. Média e desvio padrão do índice de área foliar (IAF) e da abertura do dossel (%)

obtidos a partir das fotos hemisféricas durante o período de chuva (maio-junho) e de seca

(outubro-novembro) do ano de 2013 para cinco fragmentos de Caatinga, assentamento Barra da

Onça, Poço Redondo, Sergipe............................................................................................................ 84

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Tabela 3.2. Média e desvio padrão do índice de área foliar (IAF) e da abertura do dossel (%)

obtidos a partir das fotos hemisféricas durante o período de seca (outubro-novembro) de 2012

para três fragmentos de Caatinga, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo,

Sergipe................................................................................................................................................ 84

4. Descrição anatômica de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)

Tabela 4.1. Valores mínimos, máximos, médios e desvio padrão dos caracteres anatômicos

analisados em Poincianella pyramidalis (catingueira) e Aspidosperma pyrifolium (pereiro),

Caatinga de Sergipe.. ......................................................................................................................... 102

5. Caracterização do lenho de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro) pelo método de densitometria de Raios X

Tabela 5.1. Valores médios, máximos e mínimos de densidade aparente do lenho (g/cm3) e

diâmetro altura do peito (DAP) das árvores de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz........ 110

Tabela 5.2. Valores médios, máximos e mínimos de densidade aparente do lenho (g/cm3) e

diâmetro altura do peito (DAP) das árvores de Aspidosperma pyrifolium Mart................................ 112

6. Dendrocronologia de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)

Tabela 6.1. Valores de intercorrelação para as séries temporais dos anéis de crescimento de

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz obtidas em diferentes técnicas de

mensuração.......................................................................................................................................... 117

Tabela 6.2. Valores de intercorrelação para as séries temporais dos anéis de crescimento de

Aspidosperma pyrifolium Mart. obtidas em diferentes técnicas de mensuração................................ 126

7. Incremento médio anual de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)

Tabela 7.1. Valores mínimos, médios e máximos do incremento anual, idade e diâmetro altura do

peito (DAP) de árvores de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz da Caatinga de Sergipe.. 135

Tabela 7.2. Valores mínimos, médios e máximos do incremento anual, idade e diâmetro altura do

peito (DAP) de árvores de Aspidosperma pyrifolium Mart. da Caatinga de Sergipe......................... 137

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1

INTRODUÇÃO

A Caatinga é uma formação florestal característica da região nordeste do Brasil. Ocupa

uma extensão aproximada de 900 mil km2, o que representa 55% de todo o nordeste e 11% da

superfície do país (IBGE, 2007). A região é caracterizada como semiárida em função das

particularidades climáticas como, forte insolação, temperaturas altas e sazonalidade hídrica

marcada pela escassez, irregularidade e concentração das precipitações em curto período. Tais

aspectos fazem com que a Caatinga seja classificada como uma floresta tropical seca, um tipo

peculiar de ecossistema cuja temperatura média ao longo do ano é relativamente alta e a

precipitação média anual é inferior a 1600 mm, com um período mínimo de seis meses

recebendo menos de 100 mm de chuvas (Pennington et al., 2009).

Frequentemente, as florestas tropicais secas são encontradas em solos com boa

fertilidade, tornando-as zonas preferenciais para agricultura e assentamentos humanos

(Pennington et al., 2000). Na América Central, Caribe e América do Sul as florestas secas já

constituem ecossistemas bastante alterados, devido à sua rápida conversão em terras agrícolas

(Sanchez-Azofeifa, 2005; Nassar et al., 2008).

O semiárido do Estado de Sergipe, ocupado pela Caatinga, representa uma dessas

áreas. Apesar das dificuldades impostas pelas condições climáticas, a região foi submetida a

um intenso processo de distribuição de terras, sendo considerada a localidade com a maior

densidade de assentamentos de reforma agrária de todo o nordeste (Gariglio, 2010). A

exploração predominante tem sido a pecuária e a agricultura de subsistência, sujeitos aos

longos períodos de seca (Araújo Filho e Carvalho, 1997), bem como a extração de inúmeros

produtos e subprodutos vegetais, como forragens, frutos, raízes, fitoterápicos e

principalmente, a madeira, que assume importante papel no contexto socioeconômico dos

assentados (Silva et al., 2012).

De maneira geral, os recursos florestais não vêm sendo considerados no atual modelo

de planejamento dos assentamentos inseridos na Caatinga. Além disso, a falta de

investimentos nos processos produtivos agropecuários repercute no extrativismo generalizado,

que é intensificado durante as épocas de estiagens prolongadas. Por outro lado, a grande

demanda por recursos florestais, principalmente energéticos como carvão e lenha, representa

uma oportunidade de renda para os agricultores assentados (Gariglio e Barcellos, 2010). É

necessário, no entanto, um maior conhecimento desses recursos, a fim de garantir a

preservação da Caatinga e a própria permanência dos assentados nas áreas.

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2

São escassas as informações sobre a estrutura da vegetação da Caatinga em áreas de

assentamentos, especialmente para o Estado de Sergipe, bem como as características da

madeira de espécies úteis como fonte de energia primária e/ou complemento de renda para as

famílias assentadas. Essa escassez limita analisar as características relativas à produtividade,

qualidade da madeira, taxas de crescimento, etapas de senescência, determinação da idade e

os fatores ambientais que condicionam a vida das plantas, conhecimentos vistos como

essenciais para aperfeiçoar programas de manejo e conservação das árvores nativas (Roig et

al., 2012).

Considerando que a complexidade da interação homem-ambiente coloca diante do

pesquisador o desafio de aprofundar-se em um tema específico sem perder de vista o contexto

em que o objeto de estudo está inserido, este trabalho apresenta informações acerca do

contexto socioambiental de um assentamento inserido na Caatinga do Estado de Sergipe e

explora as características de sua vegetação, destacando as particularidades anatômicas do

lenho de duas espécies nativas de importância social.

As questões que nortearam esta pesquisa foram: frente as especificidades ecológicas

de uma floresta tropical seca e das mudanças socioambientais que procedem com a inserção

dos projetos de assentamentos neste tipo de ecossistema, como encontra-se a vegetação

inserida em assentamentos do Estado de Sergipe? Quais são os aspectos anatômicos e a

dinâmica de crescimento das árvores utilizadas pelos assentados para a produção de lenha e

madeira?

De maneira interdisciplinar, este estudo foi desenvolvido com o auxílio de diferentes

ferramentas de pesquisa. Em um primeiro momento, buscou-se compreender o contexto

social, econômico e ambiental do assentamento mais antigo de Sergipe, Barra da Onça, a

partir da análise descritiva dos dados obtidos em entrevistas semiestruturadas. Em seguida,

analisou-se, com base nos métodos clássicos de fitossociologia, a flora e a estrutura da

vegetação dos remanescentes de Caatinga que estão inseridos neste assentamento. E,

finalmente, por meio da anatomia vegetal, da densitometria de raios X e da ciência da

dendrocronologia, foi possível aprofundar o conhecimento acerca do xilema secundário das

plantas e sua resposta às variáveis ambientais, em duas espécies de importância

socioeconômica e ecológica para esta região: Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro) e

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira).

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3

A pesquisa foi desenvolvida nos laboratórios de Ecologia da Conservação e de

Anatomia Vegetal e Dendrocronologia, ambos da Universidade Federal de Sergipe (UFS), em

parceria com o laboratório de Anatomia, Identificação e Densitometria de Raios X em

Madeira, da ESALQ-USP e o laboratório de Dendrocronologia da Universidade de Coimbra,

Portugal, por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE/CAPES).

As informações oriundas deste estudo são fundamentais para a compreensão do

cenário atual de um assentamento situado no semiárido de Sergipe e das características

ambientais que influenciam no desenvolvimento das plantas, que por sua vez, fazem parte do

contexto socioambiental da Caatinga. São informações úteis para pessoas, instituições, e

organizações governamentais ou não-governamentais, interessadas na conservação da

Caatinga e no desenvolvimento de futuros planos de manejo em áreas de assentamentos do

Estado de Sergipe.

OBJETIVOS

Objetivos gerais

Avaliar os aspectos fitossociológicos, dendroecológicos e anatômicos da madeira de

Poincianella pyramidalis (Tul.). L. P. Queiroz (catingueira) e Aspidosperma pyrifollium

Mart. (pereiro) e o potencial uso sustentável da vegetação lenhosa no assentamento Barra do

Onça, semiárido de Sergipe.

Objetivos específicos

1 – Identificar as características socioeconômicas e ambientais do assentamento Barra da

Onça, Município de Poço Redondo, Estado de Sergipe.

2 – Analisar a estrutura, a composição florística e a dinâmica do dossel da comunidade

arbórea do assentamento em estudo.

3 – Caracterizar o lenho de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz e Aspidosperma

pyrifolium Mart. a partir da anatomia da madeira e da densitometria de raios X.

4 – Gerar cronologias (séries temporais), por meio de diferentes métodos dendrocronológicos,

em Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz e Aspidosperma pyrifolium Mart.,

identificando as relações clima-crescimento e o incremento médio anual das plantas.

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CAPÍTULO I - REFERENCIAL TEÓRICO

As Florestas Tropicais Secas

As Florestas Tropicais cobrem atualmente cerca de 40% da superfície terrestre (FAO,

2012). Destes, 42% (aproximadamente 722 milhões de hectares) equivalem as Florestas

Tropicais Secas, que são encontradas na Austrália, Ásia, África e Américas (Miles et al.,

2006). No continente Americano, as Florestas Tropicais Secas abrangem 519.597 km2 sendo

que o México, o Brasil e a Bolívia são os países que abrigam os maiores fragmentos (Portillo-

Quintero e Sánchez-Azofeifa, 2010).

A Floresta Tropical Seca refere-se a uma vegetação que ocorre em regiões tropicais

com presença de vários meses de seca severa ou absoluta (Mooney et al., 1995). Também

podem ser definidas pela presença de uma vegetação submetida a uma precipitação anual total

menor que 1600 mm e com um período de no mínimo seis meses recebendo menos que 100

mm (Pennington et al., 2009). Essas definições englobam florestas semidecíduas e decíduas,

de grande porte ou de vegetação arbustiva com presença de cactos e recebem diferentes

nomes e classificações regionais (Murphy e Lugo, 1995). No Brasil, tais florestas são

representadas pela Caatinga, alguns tipos de Cerrado e os Campos Rupestres (Figura 1).

A água tem um papel bastante expressivo nas Florestas Tropicais Secas e as condições

climáticas de cada uma moldam as características de sua vegetação. Por exemplo, uma

pequena variação anual de 2 ou 3 meses no período seco pode alterar significativamente a

composição e a estrutura da vegetação deste tipo de ecossistema. Em ambientes mais secos, as

espécies decíduas e perenes coexistem em diferentes proporções, dependendo também das

condições do solo. As florestas secas também podem ter dossel e índice de área foliar

reduzidos cerca de 50% quando comparados com áreas mais úmidas (Murphy e Lugo, 1995).

A Floresta Tropical Seca foi considerada o tipo de vegetação tropical mais ameaçado

de acordo com Janzen (1988) e permanece atualmente exposta a várias ameaças resultantes

das atividades humanas, sendo extensivamente ocupadas e transformadas em áreas agrícolas e

urbanas. Na América Latina, por exemplo, 66% dessas florestas já foram destruídas (Quesada

et al., 2009).

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Figura 1. Distribuição geográfica das Florestas Tropicais Secas no centro-sul

da América. Fonte: Portillo-Quintero e Sánchez-Azofeifa (2010).

A conversão de florestas para áreas de criação extensiva de gado e a sobre-exploração

de recursos para a produção de carvão vegetal têm sido identificados como um dos principais

fatores de fragmentação da Floresta Seca nas Américas (Trejo e Dirzo, 2000; Miles et al.,

2006; Espírito-Santo et al., 2009). Estes processos geralmente são fomentados por políticas

governamentais que tomam como base a percepção de que tais ambientes são irrelevantes

para a conservação e, portanto devem ser disponibilizadas para produção e exploração

intensiva (Sanchez-Azofeifa et al., 2001; Castillo et al., 2005).

Outras causas de perda de cobertura florestal são a falta de planos de manejo florestal

e os meios para implementar esses planos. Particularmente nas Florestas Tropicais Secas da

África, este resultado aparece, em grande parte, como fruto da concentração de esforços em

plantações florestais para introduzir o rápido crescimento de espécies exóticas em vez de

gerenciar as florestas existentes (Fries e Heermans, 1990).

A redução da área de Florestas Tropicais Secas também está relacionada com as áreas

densamente povoadas. Especialmente nos países em desenvolvimento, as florestas

proporcionam emprego e meios de subsistência para uma grande parcela da população e

muitas vezes agem como uma rede de segurança econômica e alimentar (FAO, 2012). Além

disso, as taxas de desmatamento e o aumento populacional têm diversos aspectos em comum:

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ambos tendem a variar entre as diferentes regiões do mundo; ambos aumentam durante os

períodos de desenvolvimento econômico de um país; e por fim ambos estabilizam ou mesmo

diminuem após determinada sociedade atingir certo nível de riqueza (FAO, 2012).

Como consequência de todos esses fatores, as Florestas secas dos trópicos estão

desaparecendo em um ritmo acelerado ou sendo reduzidas em forma de mosaicos. Ainda que

desde a década de 1990 o papel das florestas no ambiente global tenha sido amplamente

reconhecido como fundamental no desenvolvimento sustentável (FAO, 2012), pouco tem sido

feito no que diz respeito à gestão dessas florestas para um melhor aproveitamento dos seus

recursos e conservação de sua biodiversidade.

A falta de informações e dados científicos sobre a ecologia, biologia, recursos

madeireiros e não-madeireiros e técnicas de melhoria para a gestão das florestas áridas e

semiáridas dos ambientes tropicais não propicia o estabelecimento de políticas públicas que

visem a difusão de atividades sustentáveis.

A Caatinga

Situada entre o Equador e o Trópico de Capricórnio, está a Caatinga, um conjunto de

formações vegetais com características comuns que abrange 55% da área do Nordeste do

Brasil (aproximadamente 900.000 km2) e 11% de todo o território brasileiro (IBGE, 2006).

Trata-se do único ecossistema cujos limites estão inteiramente restritos ao território nacional

(Leal et al., 2003; Figura 2).

Submetida a um clima semiárido e bordejada por áreas de clima mais úmido, a floresta

de Caatinga dispõe de intensa luminosidade durante todo o ano, altitudes relativamente baixas

e temperaturas altas e pouco variáveis, espacial e temporalmente (Sampaio, 2010). Por outro

lado, a disponibilidade hídrica é limitante e variável no tempo e no espaço, com 6 a 8 meses

de período seco e médias anuais de precipitação entre 300 a 1000 mm anuais em diferentes

regiões. As principais causas dessa sazonalidade são atribuídas aos (i) sistemas muito

complexos de formação de chuvas, com frentes que vem de vários quadrantes e que perdem

sua força na medida em que avançam no núcleo semiárido; (ii) disposição orográfica, com

serras e chapadas mais altas interceptando as frentes úmidas; (iii) escoamento das águas,

deixando as encostas mais secas e concentrando-se nos vales, formando lagoas e rios

temporários e (iv) ocorrência de variabilidade de solos (diferentes profundidades e texturas),

com maior ou menor capacidade de reter a água das chuvas (Sampaio, 2010).

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As evapotranspirações potenciais, por sua vez, variam bem menos que as chuvas,

situando-se entre 1500 e 2000 mm anuais, caracterizando a deficiência hídrica definidora de

semiaridez climática da Caatinga (relação precipitação/evapotranspiração < 0,65; Sampaio,

2010).

Figura 2. Localização geográfica da Caatinga no território Brasileiro. A

vegetação está presente no norte de Mina Gerais e em todos os Estado do

Nordeste, exceto o Maranhão. Elaborado por: André Beal Galina.

A vegetação é caracterizada como tropical seca, dotada de mecanismos de

sobrevivência relacionadas à deficiência hídrica como suculência, caules clorofilados,

acúleos, espinhos, folhas pequenas, vegetais lenhosos que perdem as folhas na estação seca,

cutículas foliares espessas, mecanismos especiais de abertura e fechamento dos estômatos,

troncos suberificados, raízes tuberosas, presença de herbáceas anuais e uma composição

florística não uniforme (Andrade-Lima, 1981; Mendes, 1997; Prado, 2008).

Existem vários subtipos de Caatinga, sendo que a principal diferença fisionômica é a

predominância de arbustos ou árvores, distinguindo-se em Caatinga arbustiva (árvores abaixo

de 2 metros de altura), Caatinga arbustivo-arbórea (árvores de 2 a 5 metros) ou Caatinga

arbórea (árvores de 8 a 12 metros). A densidade de indivíduos arbustivos ou arbóreos, por sua

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vez, define se a vegetação é aberta, quando menos densa, ou fechada, quando mais densa.

Face a essa variada classificação, a Caatinga pode ser referida utilizando o termo no plural –

Caatingas (Bernardes, 1999; Cunha, 2002).

A vegetação ainda pode ser enquadrada em dois grandes grupos, a Caatinga

Hiperxerófita – composta por vegetação arbustiva e rala, com forte presença de cactáceas e

bromeliáceas, situadas nas regiões mais secas, com baixos índices pluviométricos,

temperaturas elevadas e solo predominantemente raso e pedregoso, dificultando a absorção de

água; e a Caatinga Hipoxerófita – formada por vegetação arbustivo-arbórea, relativamente

densa, com ou sem cactáceas, situada em áreas com condições edafoclimáticas mais brandas e

presença de espécies vegetais de mata úmida, o que confere um caráter de transição entre

biomas (Alves, 2008).

Logo, a vegetação de Caatinga encontra-se bem delimitada do ponto de vista

biogeográfico, mas está distante de ser homogênea do ponto de vista fisionômico,

apresentando algumas fisionomias similares às regiões áridas da América Central e do norte

colombiano e venezuelano (Prance, 1987; Rizzini, 1997).

Com a mais diversa das paisagens brasileiras, tanto em relação à geomorfologia quanto

aos tipos de vegetação, a Caatinga exprime altas taxas de biodiversidade e padrões

biogeográficos complexos (Giulieti et al., 2006). Levantamentos recentes demostram que a

floresta seca brasileira possui significativo número de espécies endêmicas (Sampaio et al.,

2002; 2010). Dentre as plantas, já foram listadas até o momento, 18 gêneros e 318 espécies

endêmicas, pertencentes a 42 famílias (Giulietti et al., 2002). A família com maior número de

espécies endêmicas é a Fabaceae (80 espécies), que é também o grupo mais bem representado

nas diferentes formações de Caatinga, seguida pela Cactaceae (41 espécies; Queiroz, 2002;

Taylor e Zappi, 2002).

Superposta a essa biodiversidade encontra-se a ocupação humana. A vegetação de

Caatinga padece com forte pressão antrópica de diversos tipos, com modificações

fitofisionômicas e estruturais, em função, principalmente das práticas da pecuária bovina,

agrícolas e a extração de madeira e lenha (Andrade et al., 2005). Estima-se que hoje, apenas

40% da área original são cobertos de vegetação nativa, ainda assim totalmente sobreexplorada

para extração de lenha e grande parte encontra-se em estágio de sucessão secundária

(Sampaio, 2010).

O Estado de Sergipe possui a menor área de Caatinga do semiárido nordestino,

abrangendo 10.395 km2, correspondente a 47,48% do total do Estado (Paiva e Campos, 1995).

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Atualmente, dos 13,03% que restam de cobertura de vegetação nativa em Sergipe, apenas

3,08% representam áreas de Caatinga, sendo 1,61% para Caatinga arbustiva, 2,10% para

Caatinga arbustiva-arbórea e 0,09% para Caatinga arbórea (Sergipe, 2014). Para Poço

Redondo, o maior município do Estado e que está inserido na Caatinga, dos 121.246,10 ha

apenas 19% representam área de vegetação de Caatinga, porém de maneira bastante

fragmentada, sendo representada basicamente por áreas fragmentadas e isoladas, fornecendo

uma falsa ilusão de conservação (Sergipe, 2014).

O protótipo de cobertura vegetal em Sergipe e de seus Municípios inseridos na Caatinga

segue o mesmo padrão dos demais Estados do Nordeste, onde os remanescentes de floresta

seca estão distribuídos em muitos fragmentos de diferentes tamanhos, com grande parte da

cobertura vegetal em processo de recuperação após corte raso ou ainda sofrendo os efeitos da

pecuária (Casteletti et al., 2004). A fragmentação de habitats e a supressão da vegetação

nativa estão entre as maiores ameaças à biodiversidade (Myers et al., 2000).

A Caatinga do Nordeste brasileiro é uma zona semiárida muito populosa, com 28

milhões de pessoas vivendo nessa área (Pareyn et al., 2010; Pereira Filho e Bakke, 2010). Em

Sergipe, boa parte das pessoas que vivem na Caatinga encontram-se no meio rural. Nos

últimos anos, essa região teve sua população total duplicada, sendo que, o meio rural cresceu

1,4 vezes. Em números absolutos, entre 1970 e 2006, a população passou de 60 mil para 120

mil, sendo 1/3 desse crescimento correspondente aos domicílios rurais (Silveira, 2006).

Atualmente, grande parte dessa população rural corresponde aos assentamentos de reforma

agrária.

Considerando a extensão da Caatinga e sua importância econômico-ecológica, bem

como o nível de alteração em que a floresta encontra-se submetida, justifica-se a preocupação

com a biodiversidade deste ecossistema. Conhecer a biodiversidade do semiárido e os

processos físicos, químicos, biológicos e sociais que afetam sua biota é um importante passo

para que se possa estabelecer políticas públicas de conservação e para que seus recursos

possam ser geridos de maneira sustentável, reduzindo a degradação e melhorando a qualidade

de vida de seus habitantes (Tabarelli e Vicente, 2002; Rapini et al., 2006).

Os assentamentos da reforma agrária no semiárido

O termo assentamento procede do contexto da reforma agrária da Venezuela na década

de 1960. Posteriormente foi difundido em vários países, inclusive no Brasil, se referindo as

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unidades de produção agrícolas resultantes do processo de políticas governamentais (reforma

agrária) visando o reordenamento do uso da terra, em benefício de trabalhadores rurais sem-

terra ou com pouca terra (Veiga, 1984; Bergamasco e Norder, 1996).

Historicamente, a estrutura fundiária brasileira nasceu pautada na grande propriedade

rural, o latifúndio, estabelecido no Brasil colonial com a divisão do território em capitanias

hereditárias, que eram doadas às famílias de nobres com poderes sobre o território. Os

donatários que não dispunham de recursos suficientes para explorar seus domínios, mas

tinham poder de dispor das terras, concederam extensas áreas (chamadas de sesmarias) aos

colonos europeus (Prado Junior, 1981). Ainda assim, frente às dificuldades encontradas em

função da extensão das terras, da falta de recursos e dos conflitos com os índios, as sesmarias

eram frequentemente abandonadas, devolvidas ou vendidas para nobres, militares e

navegadores. Esses novos donos eram obrigados a cultivar as terras ou então as mesmas

seriam vendidas novamente. Por isso, muitas vezes as terras eram repassadas, de maneira

ilegal, para posseiros que usufruíam das mesmas mas não eram os proprietários legais. Em

1822, com o fim do sistema das sesmarias, os posseiros passaram a ser os donos legais das

terras que haviam ocupado. As posses se imbuíram do espírito latifundiário, passando a

abranger grandes extensões de terra (Reis, 2008).

Em 1850, com a promulgação da Lei de Terras e com a primeira lei anti-escravagista,

que proibia o tráfico negreiro, os donos de terra sentiram a necessidade de definir a

propriedade, bem como delimitá-la nos termos das ocupações existentes. Ficou estabelecido

que a aquisição de terras ocorreria mediante a compra e venda (Reis, 2008). Tal determinação

retirou dos pobres, dos ex-escravos e dos imigrantes carentes a possibilidade de acesso à terra:

“[...] os escravos libertos que deixaram as fazendas migraram

pelas estradas, por onde encontraram terras cercadas. Quando

acampavam nas fazendas, os coronéis convocavam a polícia para

expulsá-los. Igualmente, os camponeses europeus continuaram

neste País, suas caminhadas em busca da terra. Migraram por e

para diferentes regiões, lutando contra o latifúndio. Muitos de seus

filhos e netos ainda continuam migrando. A maioria absoluta

desses trabalhadores começou a formar uma categoria, que ficaria

conhecida no final do século XX, como Sem-Terra”.

(Fernandes, 2001)

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Durante três séculos o controle da terra por uma pequena parcela de proprietários foi

determinante na definição da estrutura agrária do Brasil (Prado Júnior, 1981). Cidadãos livres,

indígenas e escravos libertos não tiveram outra opção que vender sua força de trabalho aos

fazendeiros da época (Marés, 2003) A questão da distribuição das terras é, portanto,

contemporâneo ao período colonial.

No ano de 1950, a questão agrária no Brasil assumiu maior expressão política com as

chamadas reformas de base (agrária, fiscal, eleitoral, urbana, bancária e educacional) que

eram consideradas essenciais para o desenvolvimento social do país (Reis, 2008). No entanto,

só em 1980 que o termo reforma agrária ganhou destaque nas políticas de desenvolvimento

econômico. O conceito passou a ser utilizado para descrever distintos processos com vistas às

transformações econômica, social e política do meio rural, dando acesso à posse da terra e aos

meios de produção para os trabalhadores rurais que não a possuíam, refletindo no conjunto de

toda a sociedade (Gomes da Silva, 1971; Ranieri, 2003).

Ainda na década de 1980, os movimentos sociais em torno da reforma agrária tomam

força. Surge o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terras (MST), um dos principais

movimentos sociais da reforma agrária cujos objetivos eram desapropriar os latifúndios em

posse das multinacionais e de todos aqueles que estivessem improdutivos. Os assentamentos

rurais passaram a existir oficialmente com a finalidade de distribuir melhor as terras entre os

povos, diminuindo o número de grandes latifúndios.

No Estado de Sergipe, o início da reforma agrária é registrado para o ano de 1985 na

região do semiárido, com aproximadamente 15 mil hectares de terras desapropriadas e quase

500 famílias assentadas em seis projetos de assentamento (Silva e Lopes, 1996). Desde então,

mais da metade dos assentamentos de reforma agrária estão localizados na região semiárida

do Estado, nos municípios que integram o bioma Caatinga.

De acordo com Silva e Lopes (1996), os fatores que mais contribuíram para a

manifestação de projetos de assentamentos nessa região foram a (i) a alta densidade de

latifundiários e fazendas de criação extensiva de gado, habitados por muitos trabalhadores

rurais e camponeses pobres. Na década de 1980, o índice de GINI, desenvolvido para medir o

grau de concentração de renda, era acima de 0,84, indicando uma concentração de renda

muito forte. Ainda, 21,6% dos proprietários possuíam mais de um imóvel; (ii) a expansão do

capitalismo no campo, estimulados em grande parte pelo Estado, modificando tradicionais

economias camponesas e transformando os pequenos proprietários em assalariados; (iii) a

concentração dos sindicatos de trabalhadores rurais mais combativos do Estado de Sergipe, o

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que caracterizou a luta particularmente violenta pela terra nesta região; e (iv) a construção da

Usina Hidrelétrica de Xingó que, a partir de 1960, favoreceu a migração de um grande

número de pessoas para esse sítio (Santos, 2005).

Diversos estudos afirmam que a implementação de projetos de assentamentos tem

contribuído com impactos sociais, políticos e econômicos para determinados locais, como

diversidade de atividades econômicas do meio rural, a profissionalização dos produtores

rurais e mudanças na economia local (Balsadi, 2001; Peixoto, 2002; Schneider, 2003). Além

destes, faz-se necessária maior atenção aos impactos socioambientais intrínsecos ao processo

de reforma agrária vigente no país.

No Nordeste do Brasil, ainda não se pode qualificar a atual situação dos impactos

socioambientais da distribuição de terras da reforma agrária, uma vez que permanecem

elementos que reclamam por maior análise (Paupitz, 2010). Mas verifica-se que nos projetos

de assentamentos inseridos na Caatinga existe um amplo contingente populacional com pouca

ou nenhuma escolaridade, dos quais utilizam a forma tradicional de trabalho da terra e que

pela prática da agricultura de subsistência, torna-se extremamente vulnerável às recorrentes

secas, podendo acarretar em consequências sociais negativas, descaracterizando a função

primordial do assentamento e agravando os problemas ambientais.

Particularmente em Sergipe, 68% das práticas internas das propriedades rurais estão

voltadas à formação de pastagem, com preparo do solo a partir de práticas manuais e uso do

fogo (Sergipe, 2014). Logo, as áreas rurais do Estado são marcadas pela degradação da

cobertura florestal, disseminação de práticas agrícolas inadequadas e pastoreio excessivo,

colocando em questão a própria capacidade de uso da terra (Sergipe, 2014).

Outros estudos referentes a assentamentos têm sido realizados sob diversos enfoques

para o semiárido de Sergipe: Menezes (2004) identificou a situação da cobertura vegetal da

área rural de Poço Redondo e os principais sistemas agropecuários utilizados a fim de definir

atividades alternativas e sustentáveis para a região; Lisboa (2005) analisou um programa de

redução da pobreza rural como uma estratégia para o desenvolvimento sustentável; Santos

(2005) buscou compreender a importância da escolarização na opinião dos assentados do

sertão de Sergipe; Carvalho et al. (2009) visaram contribuir com a melhoria da qualidade do

leite produzido nos assentamentos através de pesquisa participativa de tecnologias e Santos

(2010) ressaltou o saber dos assentados na perspectiva de verificar sua relação com o

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ambiente e sua lógica de conservação e preservação na promoção do desenvolvimento

sustentável.

Neste esforço de caracterização da estrutura fundiária de Sergipe, ainda faltam

elementos que fundamentem uma estratégia para os assentamentos rurais na Caatinga onde

estejam incluídas a conservação ambiental e o desenho de paisagens sustentáveis. Os

assentamentos podem ter vários formatos e funções, mas quando são desenvolvidos com base

em modelos sustentáveis cumprem papéis complementares no processo do equilíbrio

socioambiental, como proteção dos recursos naturais, segurança alimentar e diversificação na

produção e estabilidade econômica (Silva, 2003).

Dentro deste contexto, Gariglio et al. (2010) consideram a possibilidade de

incorporação dos recursos florestais do semiárido como uma janela de oportunidades para

conduzir processos de utilização sustentável. Os mesmos autores concordam que a reforma

agrária poderia beneficiar-se da integração da produção agroflorestal como alternativa no

âmbito da segurança alimentar dos assentados. Ou seja, em função da sazonalidade da

produção agrícola ser uma das principais características da agricultura nas áreas de Caatinga,

a incorporação de faixas florestais para a produção de lenha, carvão vegetal, madeira e outros

produtos (mel, fibras, frutos e ervas medicinais) podem permitir a formação de receitas

complementares à renda familiar, especialmente durante as estiagens e os períodos pré-safra

(Paupitz, 2010; Figura 3).

É bem conhecido que no Nordeste do Brasil existe uma forte relação de dependência

entre o uso de espécies vegetais produtoras de carvão e lenha e o desenvolvimento regional,

que gera cerca de 90.000 empregos na zona rural e é responsável pelo atendimento de 30% da

matriz energética da região (Ferraz, 2011). Porém, o uso destes recursos em um ambiente

complexo, como é o caso da Caatinga, sem um conhecimento prévio de sua vegetação, pode

levar a um processo irreversível de degradação (Santana e Souto, 2006).

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Figura 3. Curva de Segurança Alimentar para o Semiárido. Fonte: Paupitz (2010).

Neste âmbito, a política florestal brasileira declarou que a exploração florestal, seja

para a produção madeireira ou outros subprodutos florestais, obrigatoriamente basear-se-á em

florestas exploradas sob regime sustentável, através de “planos de manejo florestal

sustentável” ou de desmatamentos autorizados (Ferraz, 2011). O conceito de manejo consiste

em planejar e executar atividades que assegurem a conservação e a utilização de uma floresta,

de acordo com os objetivos a serem atingidos dentro de um contexto físico e social (FAO,

1992).

As primeiras idealizações de Planos de Manejo em áreas de Caatinga datam da década

de 1980 no Estado do Rio Grande do Norte, com a finalidade de satisfazer a demanda de

carvão vegetal de uma fábrica de cimentos (Riegelhaupt et al., 2010). Naquela época os

promotores do manejo florestal eram as próprias indústrias consumidoras, uma vez que os

órgãos ambientais não realizavam nenhuma ação de promoção efetiva. Ainda que esta

expansão tenha acontecido de forma desordenada, data dessa década o estabelecimento da

primeira geração de planos de manejo e as bases experimentais de pesquisa em florestas de

Caatinga.

Já na década de 1990, foi estabelecido o primeiro Instrumento Normativo (IN) que

regulamentou a elaboração e execução dos Planos de Manejo Florestal Sustentado da

Caatinga (IN nº 001/1998; IBAMA, 1998). A IN apresentava alguns requisitos básicos para a

realização dos inventários florestais e definia o ciclo de corte mínimo de 10 anos e o número

de talhões igual ao número de anos do ciclo de corte.

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No ano de 2001, a Instrução Normativa nº 03 (IBAMA, 2001), institui categorias de

Planos de Manejo: Plano de Manejo Florestal Sustentável para fins madeireiros; Plano de

Manejo Florestal Sustentável para usos múltiplos; Plano de Manejo Florestal Simplificado,

para projetos com áreas inferiores a 150 hectares e o Plano de Manejo Florestal Comunitário.

Em todos os casos, o ciclo de corte não poderia ser inferior a 10 anos, a menos que

justificativas técnico-científicas fossem apresentadas (Ferraz, 2011).

Em 2006, a Lei nº 11.284 atribui aos órgãos estaduais do Sistema Nacional de Meio

Ambiente a responsabilidade pela aprovação dos procedimentos de manejo florestal, entre os

quais se encontram os Planos de Manejo: “A exploração de florestas e formações sucessoras,

tanto de domínio público como de domínio privado, dependerá de prévia aprovação pelo

órgão estadual competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, bem como

da adoção de técnicas de condução, exploração, reposição florestal e manejo compatíveis com

os variados ecossistemas que a cobertura arbórea forme” (Ferraz, 2011).

De acordo com o Centro Nordestino de Informações sobre Plantas (CNiP) da

Associação Plantas do Nordeste, em toda a Caatinga existem hoje cerca de 700 Planos de

Manejo Florestal Sustentado, protocolados junto aos órgãos ambientais responsáveis. Destes,

468 estão ativos e, em termos de área manejada, representam 69% do total, atingindo em 2012

quase 340.000 hectares manejados. Considerando que a superfície do bioma Caatinga é de

aproximadamente de 900.000 km2, mas que apenas 50% constituem áreas de vegetação

remanescente, destaca-se que somente 0,8 % da área de vegetação nativa está sob regime de

manejo florestal sustentado (CNiP, 2013). Na figura 4, nota-se a distribuição dos planos de

manejo entre os Estados do Nordeste. Também observa-se que nos últimos 10 anos houve um

aumento no número de planos de manejo assim como na quantidade de área manejada.

Verifica-se ainda que não há informações de planos de manejo da Caatinga para o Estado de

Sergipe.

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Figura 4. Estados do Nordeste que apresentam Planos de Manejo Florestal Sustentável e sua evolução

ao longo do tempo. Fonte: www.cnip.org.br/planos_manejo.html

Referente aos estudos sobre manejo da Caatinga, a Rede de Manejo Florestal da

Caatinga é pioneira na coleta dessas informações, com 12 áreas experimentais distribuídas em

cinco Estados e com mais de 20 anos de observação contínua (Gariglio, 2010). Estes estudos

também têm dado enfoque ao desenvolvimento de planos de manejo em áreas de

assentamento de reforma agrária, uma vez que a Caatinga possui um enorme contingente

desse tipo de estabelecimento rural.

Tais pesquisas indicam que, apesar do manejo florestal ser mais indicado para áreas

com mais de 200 hectares, os assentamentos também podem se beneficiar desta atividade que

complementa a renda do pequeno produtor rural e explora os recursos vegetais como lenha,

carvão, forragem e outros produtos derivados das florestas de maneira sustentável (Gariglio e

Barcellos 2010; Pareyn, 2010).

Silva et al. (2008) destacam três aspectos fundamentais na implementação do manejo

florestal em assentamentos: (i) o ordenamento do uso da terra no assentamento; (ii) o

compromisso de proteger, de acordo com a lei, as áreas destinadas à conservação, como Áreas

de Proteção Permanente e Reservas Legais que, em média, representam 30% da área total

disponível e (iii) o compromisso de manter a cobertura florestal em outros 28% da área que

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será destinada ao manejo florestal produtivo. Em conjunto, quase 60% do total dos

assentamentos que aderem ao plano de manejo tendem a ficar com cobertura florestal. Além

disso, as áreas manejadas permitem o desenvolvimento de outras atividades produtivas como

a apicultura e os produtos florestais não-madeireiros.

Por outro lado, nos assentamentos em que não há a presença do plano de manejo, os

compromissos inexistem e nada garante a conservação da cobertura florestal (Silva et al.,

2008). A tendência será o desmatamento para plantações, pastagens, produção de lenha e

carvão gerando consequências desastrosas para o ambiente e posteriormente para o próprio

produtor. Alguns fatores podem contribuir para a não implementação do manejo florestal em

assentamentos da Caatinga, como a segurança alimentar, a falta de subsídios, os obstáculos

burocráticos, a falta de informações técnicas e também a falta de dados científicos que

assegurem o tempo correto para o ciclo de corte (Riegelhaupt et al., 2010).

Tendo em vista que qualquer tipo de manejo deve se basear na resiliência da vegetação

nativa e que o crescimento das árvores é a propriedade básica que fundamenta o uso produtivo

das florestas (Riegelhaupt et al., 2010), o uso das espécies lenhosas deve ser direcionado por

ambiente e por espécie, de acordo com o seu ritmo de crescimento e o seu potencial de

recuperação (Mattos et al., 2011).

Na Amazônia, por exemplo, as espécies de madeira com densidade baixa e taxas de

crescimento rápido, podem alcançar o limite de diâmetro para corte antes do tempo

estabelecido pelo plano de manejo, enquanto espécies de madeira densa levam maior tempo

para atingir o diâmetro de derrubada (Rosa, 2008). Já em florestas tropicais secas, os ciclos de

cortes podem variar muito a depender do tipo do ambiente ou do objetivo do manejo. Um

estudo realizado em florestas secas no centro-sul da África evidenciou que a produtividade

madeireira tem variações importantes em função da época do corte, enquanto os tipos de corte

(raso ou seletivo) têm pouca influência. Mostrou também que os ciclos de corte podem variar

de 13 a 19 anos para produção de lenha ou de 30 a 50 anos para a produção de mourões

(Chidumayo, 1997).

Para a Caatinga, estudos realizados no Rio Grande do Norte e no Ceará mostram que

há bastante variabilidade tanto nas taxas de incremento médio anual das árvores como

também nas estimativas do ciclo de corte, que variam entre 8 e 20 anos (Riegelhaupt et al.

2010) o que demonstra heterogeneidade entre as áreas amostradas. No Estado de Sergipe, não

há informações referentes aos ciclos de cortes e tampouco a biologia e desenvolvimento das

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espécies lenhosas, portanto, muitas questões ainda precisam ser consideradas no contexto do

uso deste recurso para o Estado.

No que concerne a vegetação manejada da Caatinga, as pesquisas afirmam que grande

parte das espécies arbóreas e arbustivas são utilizadas para fins energéticos, sendo que a lenha

produzida por determinadas espécies é de alta qualidade e representa a fonte primária de

energia para muitas famílias no preparo de alimentos e para o setor comercial da região

Nordeste (Alvarez et al., 2009; Paes et al., 2012). Também existem outros importantes usos

não-energéticos dos recursos florestais dos quais sobressaem-se as demandas de estacas,

varas, madeira para construções bem como raízes e cascas de espécies medicinais (Sampaio et

al., 2003).

Em Sergipe, os principais produtos da exploração da Caatinga são a lenha, o carvão

vegetal e as estacas (SERGIPE, 2014). A lenha derivada de espécies da Caatinga abastece

mais da metade dos estabelecimentos de cerâmica de todo o Estado mesmo com a ausência de

plano de manejo (Machado et al., 2010). Os processos produtivos informais são comuns em

todo o Estado e são resultantes de práticas predatórias e ilegais (SERGIPE, 2014).

Portanto, no contexto do semiárido de Sergipe, onde predominam os assentamentos de

reforma agrária e a exploração dos recursos vegetais lenhosos, é possível subsidiar práticas

rurais sustentáveis com base no conhecimento das potencialidades e limitações do bioma

Caatinga, visando tanto a melhoria das condições de vida dos agricultores quanto a

conservação da biodiversidade e dos recursos naturais. Isto é, para cada ambiente existe uma

atividade adequada, que pode ser menos impactante, devendo ser prognosticada através do

conhecimento das relações que se processam nos sistemas ambientais, em função das suas

potencialidades e vulnerabilidades (Bertrand, 1971).

Ainda que a vegetação da Caatinga represente uma fonte importante de energia e

madeira é grande a carência de informações sobre as plantas que fornecem estes produtos

(Oliveira et al., 2006a). Para a aplicação de métodos de manejo florestal para fins energéticos

ou produção de madeira e estacas, são necessárias análises da anatomia e das características

físico-químicas das madeiras das espécies florestais (Silva, 2006).

Anatomia e dendrocronologia dos recursos florestais

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Nas plantas vasculares, o xilema é um tecido complexo, formado por elementos

condutores, células parenquimáticas e fibras, sendo responsável pelo transporte de água e

solutos, armazenamento de nutrientes e suporte mecânico. Ontogeneticamente, distingue-se o

xilema primário, formado a partir de células do procâmbio, que organizam-se apenas no eixo

axial, e o xilema secundário, formado a partir do câmbio vascular, um meristema lateral que

está organizado nos eixos axial e radial (Costa et al., 2006). O desenvolvimento dos tecidos

vasculares secundários (xilema e floema) a partir do câmbio é típico de Eudicotiledôneas,

Magnolideas e Gimnospermas, sendo o caule e as raízes os órgãos que apresentam acentuado

crescimento secundário (Fahn, 1974).

Estudos sobre o xilema secundário vêm sendo desenvolvidos para identificação

taxonômica vegetal e avaliação da relação planta-ambiente, bem como nos trabalhos

aplicados à tecnologia da madeira no que tange a sua qualificação para atender a grande

variedade de uso. Tais estudos estão relacionados à anatomia da madeira, que envolve o

conhecimento acerca dos diversos tipos de células que integram o xilema secundário, sua

organização, funções e particularidades estruturais (Zenid, 2008).

O conhecimento das propriedades do xilema secundário possibilita um uso mais

racional da madeira (Lobão e Pereira, 2005), isto é, direciona-se as utilizações mais

adequadas de acordo com as características estruturais de suas células (Botosso, 2011). As

inferências são possíveis porque o comportamento da madeira é um reflexo de suas

características anatômicas. Assim, a descrição anatômica (estrutura e a organização de seus

elementos constituintes) e a densidade da madeira formam os parâmetros físicos que

constituem a base para o conhecimento tecnológico da madeira, auxiliando no emprego

correto para determinado tipo de uso (Vital, 1984; Burger e Richter, 1991). É neste contexto

que o estudo do xilema secundário pode fornecer informações relevantes no que concerne a

aplicação de um uso sustentável dos recursos florestais (Silva, 2007).

Em outras palavras, para que a produção de lenha ou estacas, comum nas comunidades

rurais da Caatinga, seja feita de forma adequada, é necessário o maior conhecimento dos

caracteres anatômicos como dimensões e percentagem das fibras, variações nas dimensões,

frequência e arranjo dos elementos estruturais, fundamentais na determinação do

aproveitamento tecnológico de cada espécie (Silva et al., 2009).

A literatura sobre anatomia da madeira apresenta um significativo número de trabalhos

relacionando as características das células que compõem o xilema secundário com o seu uso

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adequado. É preciso ressaltar, no entanto, que para as árvores nativas da Caatinga, verifica-se

que estas questões são pouco pesquisadas, salvo exceções como alguns trabalhos

desenvolvidos por Paula (1980; 1993) e Paula e Alves (1997) nos quais são apresentados

resultados relativos ao potencial de espécies da Caatinga; Silva (2007) que analisou a variação

na estrutura da madeira de quatro espécies da Caatinga e seu potencial para o

desenvolvimento sustentável; Dias Leme et al. (2010; 2012) que evidenciaram as alterações

anatômicas de três espécies nativas sob diferentes procedimentos de usos e Neto et al. (2012;

2014) que avaliaram as características físico-químicas e energéticas da madeira, os

rendimentos da carbonização e a caracterização do carvão vegetal das espécies Poincianella

pyramidalis Tul. L. P. Queiroz e Handroanthus impertiginosus (Mart. ex DC.) Mattos.

As estruturas anatômicas do xilema secundário das plantas lenhosas são determinadas

geneticamente, mas também estão sujeitas a uma variabilidade em função das condições

ambientais (Wimmer, 2002). As árvores podem ajustar sua estrutura xilemática às condições

ecológicas de seu habitat e responder adequadamente a uma variação estacional (Fonti et al.,

2010). Logo, os efeitos dos fatores ambientais podem ser registrados constantemente no

xilema secundário das árvores, sendo incorporados nos anéis de crescimento (Schweigruber,

1988).

A ciência que investiga os anéis de crescimento das árvores é a dendrocronologia

(dendron = madeira; chronos = tempo; logus = estudo). Os anéis de crescimento são

estruturas anatômicas do xilema secundário, que observados em corte transversal, configuram

círculos mais ou menos concêntricos ao redor da medula (Larson, 1994). Resultam da

deposição sucessiva de camadas de tecidos lenhosos em razão da atividade cambial periódica.

Tal periodicidade manifesta-se em função de uma fase de estresse fisiológico que ocorre

durante o ano. Isto é, em plantas que formam anéis de crescimento, o câmbio vascular é ativo

em um período do ano e inativo (dormente) em outro, em resposta às variações das estações

de crescimento. As plantas que não formam esses anéis possuem o câmbio ativo ao longo de

toda a vida, dividindo-se continuamente, e são comuns em habitats cujas variáveis ambientais

são relativamente constantes (Fahn, 1974). Dentre os grupos taxonômicos que podem formar

os anéis de crescimento destacam-se as gimnospermas e as angiospermas dicotiledôneas

(Larson, 1994).

O anel de crescimento é composto de duas camadas, o lenho inicial, que corresponde

ao crescimento da árvore no período vegetativo, quando as plantas reassumem suas atividades

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fisiológicas, e o lenho tardio, formado durante o período de dormência, quando as células

diminuem paulatinamente a sua atividade fisiológica, tornando suas paredes celulares

gradualmente mais espessas (Figura 5). A formação dos anéis de crescimento anuais no lenho

das árvores é, portanto, resultado da periodicidade no tipo (vasos, parênquimas, fibras) e na

forma (tamanho do lúmen, espessamento da parede celular) dos elementos lenhosos formados

pelo câmbio (Callejas, 2011).

Figura 5. (a) Anéis de crescimento de uma Gimnosperma (Pinaceae). (b) Corte transversal

evidenciando o anel de crescimento. Fonte: Coradin (2002).

Inúmeros fatores ambientais (bióticos e abióticos) regulam o crescimento secundário

das plantas, como competição entre organismos, água, luz, temperatura, vento, fogo,

nutrientes, entre outros. Sendo assim, os efeitos dos fatores ambientais são registrados

constantemente nas características anatômicas dos anéis de crescimento constituindo-se em

verdadeiros arquivos históricos do ambiente e, seus atributos como largura ou densidade,

podem ser datados (Fritts, 2001). Desta forma, a análise desses anéis permite inferir historias

vinculada a vida das árvores, entre elas, as condições do ambiente que marcaram o seu

desenvolvimento (Roig et al., 2012).

Porém, decodificar essa informação não é trivial, uma vez que os fatores ambientais

são múltiplos e interativos. Mas, de maneira geral, as árvores que estão sob a influência de

uma mesmo fator limitante, que varie na intensidade ao longo dos anos, devem apresentar

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sincronismo na largura dos anéis de crescimento. Por exemplo, em uma região em que o

crescimento das plantas é limitados pela disponibilidade hídrica, espera-se que a maioria das

árvores formem anéis estreitos em anos de baixa pluviosidade e anéis mais largos em anos

mais chuvosos.

A partir deste pressuposto, pode-se comparar as séries temporais de anéis de

crescimento entre as árvores e aferir a datação dos mesmos, desde que sejam contemporâneos

a alguma série de idade conhecida. Este é um princípio fundamental na dendrocronologia

denominado de datação-cruzada. Via de regra, o sincronismo de crescimento entre as árvores

de uma dada região é determinado por variações climáticas, sugerindo sazonalidade na

atividade cambial (Oliveira, 2007).

Durante muito tempo, a aplicação de técnicas dendrocronológicas esteve extensamente

aplicada e restrita aos vegetais que se desenvolviam em regiões de clima temperado, cuja

sazonalidade é bem definida. Teoricamente, as árvores de regiões tropicais e subtropicais não

apresentariam sazonalidade da atividade cambial, pelo fato das condições climáticas serem

consideradas constantes durante o ano (Tomazello Filho et al., 2001).

No entanto, pesquisas têm demonstrado que muitas espécies de árvores tropicais e

subtropicais apresentam crescimento intermitente como resposta às variáveis ambientais

(temperatura, pluviosidade, fotoperíodo e umidade relativa do ar), na dinâmica dos seus

processos fisiológicos (Tomazello Filho et al., 2001). Worbes (2002) mostrou que em mais de

20 países tropicais inúmeras espécies com anéis de crescimento anuais foram confirmadas em

resposta à sazonalidade climática, como secas ou inundações. No Brasil, estudos sobre

dendrocronologia vem sendo desenvolvidos na Amazônia (Rosero et al., 2010; Schöngart,

2008; Schöngart et al., 2005; Dünisch et al., 2003; Vetter e Botosso, 1989), na Mata Atlântica

(Brandes et al., 2011; Oliveira et al., 2010; Estrada et al., 2008; Lisi et al., 2008; Callado et

al., 2001a, 2001b; Tomazello Filho et al., 2001; Spathelf et al., 2000) e no Pantanal (Mattos e

Seitz, 2008).

As florestas de regiões tropicais apresentam uma estação seca definida, podendo

atingir menos de 50 mm de chuvas neste período. Com a reduzida disponibilidade hídrica, as

árvores tropicais formam seus anéis de crescimento (Worbes, 1995). O ritmo de crescimento é

atribuído a sazonalidade das chuvas que altera a fisiologia das plantas, causando a perda de

folhas no período de estiagem em algumas espécies (Borchert, 1999), com a grande maioria

sofrendo redução e mesmo parada da atividade cambial.

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Neste sentido, a dendrocronologia surge como uma ferramenta potencial para o

entendimento da relação planta-ambiente nas florestas de Caatinga, uma vez que essa região

apresenta uma sazonalidade climática bem definida, com um período chuvoso (outono-

inverno) seguido por outro seco (primavera-verão) favorecendo a formação de camadas de

crescimento no xilema secundário das plantas. A dendrocronologia também pode contribuir

com resultados de aplicação direta no manejo florestal, a partir da determinação do

incremento médio anual e estimativas de idade (Mattos et al., 2011).

Estudos desta natureza com espécies da Caatinga ainda são incipientes. Poucos

trabalhos descrevem algumas espécies como formadoras de anéis de crescimento anuais e

com potencial para a dendrocronologia (Tsuchiya 1988, 1990, 1995; Silva 2007; Nogueira Jr

2011; Anholeto, 2013). Muito ainda precisa ser feito, principalmente quando o assunto se

remete à dinâmica de crescimento das espécies arbóreas. É preciso desenvolver estudos

dendrocronológicos e anatômicos do xilema secundário das espécies da Caatinga e incorporar

estas ferramentas nas pesquisas que visam o apoio ao manejo florestal sustentável, elucidando

questões referentes às estratégias de conservação, qualidade da madeira e a correta destinação

de seu uso.

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e Aspidosperma

pyrifolium Mart. (pereiro) como estudos de caso

A Poincianella pyramidallis é uma das espécies de porte arbóreo mais bem distribuída

nos levantamentos realizados no bioma Caatinga. Pertencente à família Fabaceae, é

considerada endêmica da Caatinga e pode ser encontrada em diversas associações vegetais

(Maia, 2012). Normalmente apresenta-se com número significativo de representantes, com

valores elevados de frequência e densidade nas amostragens da vegetação, indicando que a

população tende a apresentar padrão de distribuição espacial regular (Alcoforado-Filho et al.,

2003; Amorim et al., 2005). Entretanto, raramente ocorre com altura e diâmetros médios

acentuados (Santana e Souto, 2006; Rodal et al., 2008a).

A árvore geralmente apresenta-se de porte médio, com altura variando de 4 a 12

metros, com copa aberta e irregular. Em ambientes com melhores suprimentos de água e solos

profundos, a árvore pode chegar a 12 m de altura, com caule retilíneo (30-35 cm de

circunferência), enquanto em ambientes mais secos e solos rasos chegam a 0,80-1,00 m de

altura, apresentando caule tortuoso e múltiplos fustes. Nas plantas mais velhas, o cerne de cor

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castanho escuro, apodrece quase completamente servindo de abrigo para pequenos animais e

insetos (Maia, 2012).

Esta espécie é conhecida popularmente como catingueira e possui múltiplas utilidades,

sendo bem explorada pela população local como fonte de lenha, carvão vegetal, forragem e

uso medicinal, apicultura e construção rural (Francelino et al., 2003; De Figueirôa et al., 2005;

Nishizawa et al., 2005; Santos et al., 2008). Por ser uma espécie considerada como pioneira e

colonizadora de áreas antropizadas, pode ser indicada para recuperação de áreas degradadas

(Figueiredo, 2010; Maia, 2012).

A Aspidosperma pyrifolium é uma planta da família Apocynaceae, conhecida como

pereiro. Ocorre com larga dispersão em toda a zona da Caatinga, sendo encontrada em vários

tipos de solos, desde condições encharcadas até nos locais mais secos, entre pedras e

rochedos. É considerada espécie endêmica na caatinga (Alves, 2009; Maia, 2012).

É uma árvore de porte regular, podendo atingir em média 5 m de altura, de tronco bem

desenvolvido, ereto, podendo chegar de 15 a 20 cm de diâmetro. Tipicamente xerófita, sem

espinhos, decídua, dotada de copa pouco alargada e espalhada (Lorenzi, 2002; Maia, 2012).

O pereiro possui várias utilizações, dentre elas a sua madeira, que possui cor clara,

moderadamente pesada, macia e de fácil trabalho, resistente e muito durável, sendo bastante

utilizada para serviços de carpintaria, cerca, estacas, lenha e carvão (Maia, 2012).

Assim como a catingueira, o pereiro também é utilizado na recuperação de áreas

degradadas, inclusive em matas ciliares. É uma das poucas espécies indicadas para a

recuperação de áreas em processo de desertificação, por sua importância ecológica e

adaptação às mais severas condições de seca e solos rasos ou pedregosos (Maia, 2012).

Ambas as espécies se mostraram favoráveis para os estudos anatômicos e

dendrocronológicos, com presença de camadas de crescimento visíveis, considerável número

de indivíduos distribuídos em diversas regiões da Caatinga e com importância social em todo

o nordeste brasileiro.

CAPÍTULO II – MATERIAL E MÉTODOS

1. Caracterização da área de Estudo

O presente estudo foi realizado no assentamento Barra da Onça, município de Poço

Redondo, região semiárida do Estado de Sergipe (Figura 1.1).

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O Município de Poço Redondo (09° 48‟ 17” Sul, 37° 41‟ 06” Oeste) está localizado na

região noroeste do Estado de Sergipe, a 184 km de Aracaju. Constitui o maior município em

extensão de todo o Estado (1.220km2) e limita-se a nordeste com o Estado de Alagoas, a

sudoeste com o Estado da Bahia, a sul e a leste com o município de Porto da Folha e a oeste e

a norte com o município de Canindé do São Francisco (Bonfim et al., 2002).

O município está inserido na bacia hidrográfica do rio São Francisco e constituem a

drenagem principal, além do rio São Francisco, o rio Jacaré e o rio Marraquinho. A sede é

abastecida de água captada do rio São Francisco e algumas vilas e povoados utilizam água

captadas de minadouros e poços artesianos. O esgotamento sanitário é efetuado através de

fossas sépticas e comuns, e o lixo urbano coletado e depositado a céu aberto (Bonfim et al.,

2002).

Com cerca de 31.000 habitantes e o pior IDH do Estado (0,529), as receitas de Poço

Redondo provêm basicamente da pecuária, agricultura e avicultura. Os principais produtos

agrícolas são o milho, feijão e a mandioca. Os principais efetivos na avicultura são os

galináceos e os maiores rebanhos são de bovinos, ovinos, suínos, equinos e caprinos (Bonfim

et al., 2002).

Durante a emancipação do município, em 1954, diversos povoados foram surgindo,

muitos deles sendo conquistados pela desapropriação de latifúndios improdutivos destinados

para a reforma agrária, como o assentamento Barra da Onça. Este, por sua vez, é considerado

oficialmente o primeiro assentamento de reforma agrária do Estado de Sergipe.

A desapropriação da Fazenda Barra da Onça (6. 261 ha) deu-se em 1986 e foi alvo de

ocupação por parte dos trabalhadores rurais sem terra, mobilizados pela Diocese do município

de Propriá e sindicato de trabalhadores rurais do município de Nossa Senhora da Glória e

Poço Redondo (Lopes, 1988; Silva e Lopes, 1996). O objetivo inicial dos assentados era a

produção tradicional de feijão, milho e algodão, mas a instabilidade da produção agrícola, a

oscilação dos preços das culturas de subsistência e a chamada “praga do bicudo”, um inseto

que dizimou as plantações de algodão, contribuíram para que os trabalhadores passassem a

plantar palma e pastagem, visando à criação de gado leiteiro (Lopes, 1988).

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Figura 1.1. Localização geográfica da área de estudo. Elaborado: André Beal Galina.

De maneira geral, o local de estudo constitui uma área uniforme, com altitude média

em torno de 240 m. A precipitação média anual é de 560 mm e a temperatura do ar é

relativamente constante, com média de 25,6° C (Figura 1.2). Dezembro é o mês mais quente e

o julho o mais frio (Figura 1.2).

O clima é semiárido (Bsh; Köppen, 1948) sendo caracterizado por uma estação seca de

agosto-dezembro e uma estação chuvosa, de abril-julho. Os primeiros meses do ano, janeiro-

julho, também são considerados período seco (Magalhães, 2012), embora grandes flutuações

são observadas entre os anos - como mostram os desvios-padrão das médias históricas (Figura

1.2) - e chuvas intensas e localizadas podem ocorrer a qualquer momento durante este período

(Nobre, 2012). Logo, neste estudo, o referido período foi caracterizado como estação

intermediária (Figura 1.2).

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Figura 1.2. Sazonalidade climática, com temperatura média mensal e média histórica de precipitação

(1963-2010), Poço Redondo, Sergipe. Fonte: SEMARH/SE.

A vegetação nativa da região é classificada como Caatinga hiperxerófila arbórea, com

porte variando de 6 a 12 m de altura, constituída principalmente por espécies caducifólias,

geralmente dotadas de espinhos (Figura 1.3A). As famílias mais frequentes são Fabaceae

Caesalpinoideae, Fabaceae Mimosoideae, Euphorbiaceae e Cactaceae (Fonseca, 1991).

Devido ao histórico de exploração, o uso indiscriminado dos recursos madeireiros e pastagem

de gado, a vegetação da região constitui um mosaico de habitats, em diferentes estágios de

regeneração (Ribeiro e Mello, 2007; Maia, 2012).

A região caracteriza-se também por rios de fluxo intermitente, tendo as suas terras em

grande parte dominadas por solos rasos, com profundidade inferior a um metro, afloramentos

rochosos, alta erodibilidade, ampla variação de fertilidade e baixa capacidade de

armazenamento de água das chuvas (Ab‟ Saber, 1985; Silva e Silva, 1997; Araújo, 2007;

Figura 1.3B). Os solos classificam-se como Bruno não calcário (NC) e Planossolo Solódico

Eutrófico (PLS) de textura arenosa com pequena profundidade, limitações à percolação da

água (Barros et al., 2006a).

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Figura 1.3. Vegetação do local de estudo. (A) Caatinga hiperxerófila do assentamento Barra da Onça. (B) Destaque do solo

raso e pedregoso.

2. Obtenção dos dados

2.1 – Diagnóstico socioeconômico e ambiental

Para a caracterização dos aspectos sociais, econômicos e ambientais do assentamento

em estudo, foram realizadas observações sobre o local, através de visitas a campo. Em

seguida, foi construído um questionário semi-estruturado (Anexo I) com perguntas elaboradas

de acordo com a literatura (Ditt et al., 2003; Sparovek, 2003; Nassar et al., 2008). O

questionário foi aplicado em forma de entrevista e de maneira aleatória aos agricultores do

assentamento Barra da Onça que, por sua vez, deveriam ter idade superior a 18 anos. Apenas

uma pessoa por família foi entrevistada.

Em metodologia de base qualitativa, o número de sujeitos que virão a compor o quadro

das entrevistas dificilmente é determinado a priori. Enquanto surgirem informações originais

ou dados que possam indicar novas perspectivas à investigação, as entrevistas precisam

continuar sendo feitas. Quando já é possível identificar padrões e as recorrências atingem o

“ponto de saturação”, dá-se por finalizado o trabalho de campo (Duarte, 2002; Guest et al.,

2006; Thiry-Cherques, 2009). Para o presente estudo, as 22 entrevistas realizadas no período

de maio a junho de 2012, com duração média de 60 minutos, permitiram compreender o

sistema em estudo e identificar padrões, virtudes e fragilidades do assentamento. Os dados

dos questionários foram analisados de forma descritiva.

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2.2 – Estrutura da vegetação

Para esta etapa, selecionou-se, aleatoriamente, fragmentos de Caatinga localizadas no

interior de cinco diferentes parcelas de terra do assentamento Barra da Onça (Figura 2.2.1) e

foram denominadas de A1, A2, A3, A4 e A5 (Figura 2.2.2). Tais sítios foram correspondem a

10% de um total de 30 hectares do lote familiar.

Figura 2.2.1. Recorte do assentamento Barra da Onça evidenciado os limites dos

lotes. As estrelas representam as áreas selecionadas. Elaborado: André Beal

Galina.

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Figura 2.2.2. Exemplo dos remanescentes analisados.

A amostragem da vegetação foi realizada utilizando o método de quadrantes móveis,

também conhecido como quadrante errante ou ainda wandering-quarter (Catana e Anthony,

1963), que consiste em uma variação do método do ponto quadrante e tem como orientação

transectos paralelos. O método fundamenta-se em amostrar o indivíduo que se encontra mais

próximo do primeiro vértice. Este indivíduo amostrado, por sua vez, torna-se vértice para o

ponto seguinte e assim sucessivamente (Figura 2.2.3).

Os métodos baseados em distâncias possuem vantagens como o ganho de tempo em

não se instalar parcelas; eliminação da influência da forma da parcela sobre os resultados;

maior agilidade no campo permitindo analisar amostras de tamanho maior; fácil localização

dos pontos de amostragem pela utilização do transecto; melhor cobertura espacial das

unidades amostrais e, maior representação do ambiente (Moscovich et al., 1999).

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Figura 2.2.3. Esquema de amostragem do quadrante móvel ou wandering-quarter.

Fonte: Brower e Zar (1977).

Em cada área foram delimitados três transectos paralelos de 100 m cada, distando 25

m entre si. O primeiro transecto foi determinado aleatoriamente e os demais transectos

paralelos a este. Como critérios de inclusão foram considerados todos os indivíduos vivos ou

mortos, ainda em pé, com Circunferência na Altura do Peito (CAP = 1,30 m) ≥ 5 cm. No caso

de indivíduos com troncos múltiplos acima ou no nível do solo, foram medidos todos os

caules e, em laboratório, a área basal de cada ramificação foi calculada e posteriormente

somada, segundo recomendações de Moro e Martins (2011).

As árvores foram etiquetadas com plaquetas feitas com latas descartáveis de alumínio

contendo número da árvore, número do transecto e nome do local. Para cada indivíduo

registrou-se o nome científico e/ou comum e mediu-se o CAP, a altura total estimada, e a

distância entre a planta e o vértice em cada um dos quadrantes móveis. O material botânico

foi coletado para confirmação da identificação e, em seguida, depositado junto ao acervo do

Herbário ASE da UFS.

Os cinco fragmentos foram analisados separadamente. Os parâmetros

fitossociológicos calculados foram:

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1. Abundância - é o número de indivíduos amostrados. Refere-se tanto ao número de

indivíduos registrados para uma espécie quanto para a comunidade como um todo (Moro e

Martins, 2001).

2. Área Basal (AB) – constitui a área da seção transversal do tronco no nível do peito.

Refere-se ao valor de cobertura, por plantas, de uma determinada área de superfície do solo.

AB = CAP2/(4* π)

Onde CAP representa o valor da circunferência na altura do peito (1,30m) de cada planta

amostrada.

3. Densidade Total (DT) - número de indivíduos amostrados por unidade de área (ha),

calculado para cada um dos cinco sítios amostrados:

DT = (4u (∑n – 1)) / (π∑di2)

Onde u representa o valor da unidade de área usado para expressar densidade (m2); n é o

número de indivíduos amostrados e di a soma do quadrado das distâncias entre as plantas

amostradas (Pollard, 1971).

4. Densidade relativa (DR) – é a porcentagem relativa de indivíduos que pertencem a uma

mesma espécie:

DRi = ni / ∑n

Onde ni é o número de indivíduos amostrados da espécie i e ∑n é o total de todas as espécies

amostradas.

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5. Densidade absoluta (DA) - se refere ao número de indivíduos de uma determinada espécie

por unidade de área (ha):

DAi = (DRi)*(DT) = (DRi)*( ∑D)

Onde DRi é a porcentagem de indivíduos que pertencem a uma determinada espécie e DT é o

número total de indivíduos amostrados na comunidade por unidade de área.

6. Frequência absoluta (FA) - quantidade de unidades amostrais em que determinada espécie

está presente:

FAi = ji / k,

Onde, j é o número de unidades amostrais em que ocorre a espécie i e k é o total de unidades

amostrais do estudo.

7. Frequência relativa (FR) - é a proporção da frequência absoluta da comunidade que dada

espécie possui:

FRi = FAi / ∑F

Onde ∑F é o total de frequência para todas as espécies.

8. Dominância absoluta (DoA) - representa o espaço ocupado pela espécie na comunidade. É

a soma das áreas basais dos caules de todos os indivíduos de uma mesma espécie:

DoA = (ai)*(DRi) / ni

Onde, a é a soma das áreas basais da espécie i e DR é a densidade relativa da espécie i; e n é a

abundância da espécie i.

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9. Dominância relativa (DoR) - é a proporção da área basal total da comunidade que dada

espécie possui:

DoR = DoA/∑Do

Onde ∑Do é o total de dominância para todas as espécies.

10. Valor de importância (VI) – agrega as variáveis densidade relativa, frequência relativa e

dominância relativa, indicando quais espécies tem maior contribuição para a comunidade:

VI = (Dri + FRi + DoRi)/3

Onde Dr é a densidade relativa da espécie i, FR é a frequência relativa da espécie i e DoR

dominância relativa da espécie i.

11. Índice de diversidade (H’) – Representa a complexidade da comunidade (Brower et al.,

1998):

H’ = - ∑pi log pi,

Onde H’ representa o índice de diversidade de Shannon e p a proporção do total do número de

indivíduos que ocorre na espécie i.

12. Índice de Equabilidade de Pielou (J’) – expressa a relação entre diversidade real (H‟) e

a diversidade máxima (Hmáx). Possui intervalo de 0 a 1, onde 1 representa a máxima

equabilidade (Brower et al., 1998):

J’ = H’ / H(máx)

Em que Hmáx = ln (S) e

S = número de espécies amostradas

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Também foram calculados a distribuição de frequência das classes diamétricas e

classes de altura para a avaliação da estrutura horizontal e vertical de cada remanescente

estudado. Para a distribuição dos diâmetros foi considerada uma amplitude de 5,0 centímetros

e, em classes de altura amplitude de 1,0 metro. Outro parâmetro analisado foi o número de

fustes (perfilhos), a partir da altura do CAP, das árvores amostradas e relacionados com a

diversidade de cada ambiente inventariado.

A tabulação e o processamento dos dados foram feitos com o auxílio dos softwares

EXCEL e STATISTICA 12. Foi realizada Análise de Variância (ANOVA) para investigar

diferenças nas estruturas comunitárias dos sítios amostrados sendo complementada pelo Teste

de Tukey nos casos de diferenças significativas.

2.3 – Estrutura do dossel

Nas cinco propriedades selecionadas (A1-A5) foram amostrados os parâmetros da

estrutura do dossel na estação chuvosa (maio-junho) do ano de 2013 e na estação seca

(outubro-novembro) do mesmo ano. Para três áreas (A1, A2 e A3) foi possível analisar

também o período seco (outubro-novembro) do ano de 2012.

Foi utilizado o método das fotografias hemisféricas, o qual permite estimar

indiretamente o índice de área foliar (IAF) e a abertura do dossel, além de outras variáveis

relacionadas à estrutura do dossel (De Paula e Lemos Filho, 2001).

As fotografias hemisféricas foram realizadas ao longo dos transectos delimitados

inicialmente. Em cada transecto determinou-se cinco pontos distantes 20 m entre si,

totalizando 15 pontos amostrais/propriedade.

Em cada ponto amostral e em cada estação analisada (seca/2012; chuva/2013 e

seca/2013) foram registradas duas imagens hemisféricas do dossel com o auxílio de uma

câmera fotográfica digital (Sony Ericsson, DSC-H20) e uma lente Fisheye (abertura 180º)

acoplada a mesma. O equipamento foi fixado ao chão por um tripé a 1,30 m do solo, nivelado

e tendo a câmera posicionada superiormente para o norte, detectado através de bussola

(Figura 2.3.1).

Os parâmetros abordados neste estudo foram o índice de área foliar (IAF), a

porcentagem de abertura do dossel e a transmitância. Por meio do software GLA (Gap Light

Analyzer Version 2.0) as imagens coloridas foram (1) processadas e convertidas para imagens

com primeiro plano preto e fundo branco; (2) corrigidas, quando necessário, as distorções

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causadas pela projeção, ou seja, os pequenos reflexos em galhos, troncos e folhas que

assumiram a coloração branca e que seriam considerados como parte do dossel; (3)

configuradas pela altitude e coordenadas locais conforme o sítio amostrado e (4) obtidos os

dados para a estrutura do dossel.

Figura 2.3.1. Tripé e lente fisheye acoplada a câmera

fotográfica digital para captura de imagens do dossel,

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Os valores dos parâmetros analisados foram submetidos ao teste de normalidade

Shapiro-Wilks. Para detectar diferenças no comportamento do dossel da vegetação entre os

fragmentos utilizou-se Análise de Variância (ANOVA) para dados com distribuição normal e

Kruskal-Wallis para os demais. Da mesma maneira, para averiguar possíveis diferenças dos

parâmetros entre as estações amostradas (seca/2012-chuva/2013-seca/2013), utilizou-se Teste

t de Student para dados paramétrico com distribuição normal e teste de Wilcoxon para dados

ordinais não-paramétricos. Os parâmetros do dossel também foram relacionados com as

variáveis estruturais da vegetação (número de indivíduos, densidade arbórea, riqueza e

dominância) sendo que a correlação de Spearman foi utilizada para encontrar relações entre

duas variáveis não paramétricas e a Regressão Linear Simples para relações entre variáveis

paramétricas. As análises estatísticas foram feitas no software STATISTICA 12.

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37

2.4 – Estudos do lenho de Poincianella pyramidalis e Aspidosperma pyrifolium

Coleta das amostras

No fragmento de Caatinga do assentamento Barra da Onça foram coletadas 10

amostras de P. pyramidalis e nove de A. pyrifolium, em março de 2013.

Para as duas espécies utilizou-se o método não-destrutivo, por meio de um trado de

incremento motorizado (Stihl BT45), obtendo amostras cilíndricas, e o método destrutivo,

com o auxílio de um serrote, obtendo amostras em discos. A coleta do lenho deu-se em

árvores que não apresentavam tortuosidades nos locais onde foram retiradas as amostras

(Figura 2.4.1).

A

B

C

D

Figura 2.4.1. (A) coleta de amostra cilíndrica por trado motorizado. (B) coleta de disco com auxílio de

serrote. (C) exemplo de amostra cilíndrica de Aspidosperma pyrifolium. (D) disco de Poincianella

pyramidalis.

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Análise anatômica

Para a descrição anatômica da madeira, obteve-se corpos de prova das amostras

(cilíndricas e discos) na região intermediária entre a medula e a casca, com dimensões 2 x 2 x

3 cm. Em função das amostras serem relativamente pequenas, não houve discriminação entre

cerne e alburno. Em seguida, os corpos de prova passaram pelo processo de amolecimento. As

amostras de A. pyrifolium tiveram os corpos de prova imersos em solução de água com

glicerina (2:1) e fervura por quinze minutos, enquanto as amostras de P. pyramidalis foram

imersas em uma solução de peróxido de hidrogênio a 5% e álcool 70%, e mantidas em estufa

a 60°C por um período de 24h.

Foram obtidos cortes histológicos nos sentidos transversal, longitudinal tangencial e

longitudinal radial, com 15-20 µm de espessura, utilizando um micrótomo de deslize. Para

cada amostra obteve-se em média 30 cortes histológicos por plano. Os cortes histológicos

foram então clarificados com hipoclorito de sódio (20%) morno, lavados em água destilada,

submetidos a uma série alcoólica (30-50%) e corados com safranina (1%). O excesso de

corante foi eliminado com álcool 50%, e os cortes foram dispostos sobre lâminas com

glicerina para finalizar o processo de confecção de lâminas semi-permanentes (Johansen

1940).

Para a determinação das dimensões das fibras, parte das amostras foi destinada à

maceração, no qual lascas de 1 x 0,5 x 0,5 cm de cada amostra foram dispostas em tubos de

ensaio, imersas em uma solução de peróxido de hidrogênio e ácido acético (1:1), e mantidas

em estufa a 60°C por um período de 48h. Após a retirada da estufa, o material foi lavado em

água corrente para a remoção do excesso da solução macerante. Com o auxílio de um estilete,

o material foi disposto sobre lâminas histológicas e separado mecanicamente. Na sequência,

foi estilada uma gota de safranina (1%) sobre as amostras e o excesso foi retirado com uma

gota de glicerina (50%).

Em microscópio de luz e com auxílio de uma câmera digital acoplada, foram capturadas

fotografias de todas as lâminas confeccionadas, nos aumentos de 4x, 10x, e 40x, sendo

realizadas 30 imagens por aumento para cada amostra. A partir dessas imagens, foram feitas

observações e mensurações dos elementos de vaso, fibras e parênquima radial e longitudinal,

utilizando-se o programa Image Pro-plus, com precisão de 0,01 mm. Na descrição dos

parâmetros anatômicos, foram aplicadas as normas da IAWA Committee (1989).

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Análise da densidade aparente do lenho por densitometria de Raios X

Os procedimentos desta etapa foram realizados no laboratório de Anatomia,

Identificação e Densitometria de Raios X em Madeira, da ESALQ-USP, em Piracicaba, São

Paulo.

Após a coleta, as amostras cilíndricas foram coladas em suporte de madeira e

seccionadas em equipamento de dupla serra circular paralela no sentido transversal, com 2,0

mm de espessura (Figura 2.4.2B). Nas amostras de discos, selecionou-se os raios

representativos que foram cortados com serra em dimensões de aproximadamente 1 cm de

largura x 1 cm de altura e comprimento variável de acordo com a extensão dos raios. Essas

amostras também foram fixadas em suportes de madeira e serradas em equipamento de dupla

serra paralela. As sub-amostras geradas foram acondicionadas em câmara de climatização (12

h, 20°C, 50% UR) até atingir 12% de umidade. Em seguida, foram novamente coladas em

suporte de madeira e lixadas utilizando uma série de lixas com granulometria progressiva de

80 à 1200 mm para permitir a observação e distinção nítida das camadas de crescimento

(Figura 2.4.2).

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A

B

C

D

Figura 2.4.2. (A) Amostras cilíndricas coladas em suporte de madeira. (B) Corte das

amostras do lenho em equipamento de dupla serra. (C) Amostra do lenho de

Aspidosperma pyrifolium e (D) Poincianella pyramidalis com 2 mm de espessura

coladas em suporte de madeira para a leitura da densidade de raios X.

O perfil da densidade aparente do lenho foi obtido no equipamento Quintek

Measurement Systems, modelo QTRX-01X (Figura 2.4.3A). As amostras do lenho foram

ajustadas ao suporte metálico do equipamento e inseridas em um compartimento interno

blindado (Figura 2.4.3B). Em seguida, foi realizada a calibração do equipamento e a varredura

radial contínua da superfície transversal da amostra por um feixe de raios X colimado. Os

valores de raios X que cruzaram a amostra do lenho foram transformados em densidade

aparente através do software QMS (Figura 2.4.3C). Este gerou um arquivo DAT que pode ser

lido pelo software Excel e assim foi possível obter os valores pontuais de densidade aparente

do lenho a cada 80 µm.

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A

B

C

Figura 2.4.3. Obtenção dos perfis de densidade. (A) equipamento de raio X QTRS-01X (B)

suporte metálico com amostras do lenho. (C) seção transversal do lenho e perfil de densidade

aparente obtida pelo software QMS.

Na sequencia, foram calculadas as densidades média, mínima e máxima para cada

amostra e para cada anel de crescimento, nas duas espécies em estudo. Além disso, os

gráficos de densidade de cada amostra foram sobrepostos às imagens das seções transversais

do lenho (Figura 2.4.4), permitindo identificar os limites das camadas de crescimento e gerar

medidas de largura radial dos anéis a partir dos valores de densidade aparente.

Para as análises estatísticas foi utilizado o softaware STATISTICA 12. O teste de

Análise de Variância (ANOVA) foi realizado para verificar diferenças entre os valores de

densidade aparente média do lenho nos indivíduos da mesma espécie. O teste de correlação de

Spearman foi feito para buscar possíveis correlações entre os valores de densidade aparente

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mínima, média e máxima e o diâmetro a altura do peito (DAP) das árvores. O Teste t de

Student foi utilizado para verificar as diferenças na densidade média entre as duas espécies

estudadas.

Figura 2.4.4. Amostra do lenho de Poincianella pyramidalis e respectivo perfil de densidade

aparente.

Análise da largura dos anéis de crescimento

Com as seções transversais do lenho das árvores coladas em suporte de madeira e

lixadas diversas vezes com lixas de diferentes granulometrias (80 – 1200 mm), as amostras

puderam ser examinadas em um microscópio estereoscópico Motic (aumento de 10-40x) para

a demarcação das camadas de crescimento. Quando coletada a secção parcial do caule com

serrote, obtendo os discos, foram traçados dois raios da medula para a casca e realizadas as

medições. Desta forma, foi possível acompanhar cada anel de crescimento ao longo de toda

sua circunferência e certificar que não se tratava de falsos anéis além de conferir se

coincidiam entre os raios analisados.

Posteriormente, as amostras foram digitalizados em scanner (HP Deskjet F4100), com

resolução de 1200 dpi e formato .tif. Com a imagem digital foram determinadas as larguras

dos anéis, no sentido radial, perpendicular ao limite da camada de crescimento, utilizando o

programa Image Pro-plus com precisão de 0,01 mm. Os dados de largura dos anéis gerados

neste software foram exportados para o Excel e, posteriormente, organizados e analisados.

As amostras também foram submetidas ao método de medição da largura dos anéis em

mesa de mensuração. Os anéis foram medidos a uma precisão de 0,01 mm utilizando a mesa

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LintabTM

(Frank Rinn S.A., Heidelberg, Germany) e o programa TSAP-Win (Rinn, 2003). As

medidas obtidas aqui também foram transferidas para uma planilha eletrônica no Excel, na

qual foram conferidas e analisadas. As medidas na mesa de mensuração foram realizadas no

laboratório de Dendrocronologia da Universidade de Coimbra, em Portugal.

O outro método de mensuração da largura dos anéis de crescimento foi baseado nos

resultados da densitometria de raios X, onde os perfis radiais de densidade aparente foram

comparados com as respectivas imagens do lenho, encontrando-se os valores correspondentes

aos limites dos anéis de crescimento.

Obtenção e análise das séries dos anéis de crescimento

A partir dos métodos descritos, foi possível obter séries das larguras dos anéis de

crescimento por diferentes técnicas: (i) análise de imagem, (ii) mesa de mensuração e (iii)

densitometria de raio X. A técnica de raios X também proporcionou obter séries temporais

com valores de (iv) densidade mínima, (v) densidade máxima e (vi) densidade média. Ao

todo, cada espécie obteve seis séries cronológicas de anéis de crescimento.

Em cada um desses procedimentos foi preciso identificar e eliminar os falsos anéis e

outros possíveis erros de demarcação, bem como sincronizar as séries e obter uma série

média. Deste modo, as séries obtidas pela análise de imagem, mesa de mensuração e

densitometria de raios X foram comparadas graficamente no Excel. Os gráficos foram

utilizados primeiramente para conferir a coincidência nos valores da largura dos anéis entre os

raios de cada amostra e depois entre as médias de cada uma das técnicas.

O controle de qualidade e a verificação da sincronização foram feitos com o programa

COFECHA, um dos principais softwares utilizados pelos dendrocronologistas para melhorar a

sincronização de cada uma das séries (Holmes, 1983). Este programa proporciona o controle

de qualidade das medidas originais de larguras dos anéis uma vez que as transforma em

índices e elimina a tendência biológica de crescimento das árvores, possibilitando a

comparação das séries entre os indivíduos de cada população.

Após a sincronização das amostras e sua correta datação, gerou-se cronologias para

cada espécie e para cada uma das séries temporais, utilizando o programa ARSTAN. Este

programa apresenta um pacote estatístico que possibilita determinar a melhor função para

cada série de medidas dos anéis de crescimento, como regressão linear, funções exponenciais

negativas, dentre outras, a fim de eliminar as tendências de crescimento. Neste estudo, as

séries de anéis de crescimento foram padronizadas (de-trended) com base em regressões

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lineares e uma curva spline (cubic smoothing spline 50% cutoff for filtering). A padronização

tem como objetivos remover as tendências de baixa frequência, como as variações não

climáticas e as diferenças absolutas de crescimento em função das variações fisiológicas

inerentes a cada indivíduo (Cook e Peters 1981; Stahle et al. 1999).

Utilizou-se a cronologia Standard para (i) verificar, através da Análise de Variância

(ANOVA) se há diferenças entre as cronologias; (ii) fazer uma comparação entre as

cronologias obtidas pelo programa de imagens, mesa de mensuração e densitometria de raios

X, de forma a obter um coeficiente de correlação, visando determinar a precisão dos métodos

na identificação exata dos limites dos anéis de crescimento; (iii) determinar, por meio de

regressão múltipla, o coeficiente de correlação (r2) entre os valores de densidade aparente

média (variável dependente) e os valores de densidade mínima e máxima (variáveis

independentes); (iv) determinar se os valores de densidade aparente são dependentes da

largura do anel de crescimento, realizando uma regressão linear simples; (v) correlacionar,

por meio da correlação de Pearson, as cronologias com a série histórica de precipitação anual

total do município de Poço Redondo e (vi) realizar uma análise detalhada entre as cronologias

resultantes do programa de imagens, mesa de mensuração e densitometria de raios X com a

temperatura da superfície do oceano Atlântico (TSA) e com os valores históricos mensais de

precipitação de Poço Redondo, utilizando o software RESPO (Holmes, 1994), que analisa a

resposta das árvores à variável climática mensal, mediante os coeficientes de correlação de

Pearson. Os dados climáticos foram cedidos pela Secretaria do Meio Ambiente e dos

Recursos Hídricos (SEMARH) do Estado de Sergipe e pelo NOAA (National Oceanic and

Atmosferic Administration).

Através das mensurações da largura dos anéis de crescimento, foram computadas as

taxas de incremento médio e os parâmetros descritivos, como o desvio padrão, o incremento

máximo, mínimo e a idade. A idade dos indivíduos foi inferida na altura de onde se retirou a

amostra (1,30 m do solo), desconsiderando o tempo de crescimento até atingir essa altura.

Com base nos dados de incremento para cada individuo e para cada espécie, foram efetuadas

a análise de variância para verificar a existência de diferenças significativas no crescimento

radial entre os indivíduos, e entre espécies e análises de correlação visando estabelecer

possíveis padrões associados ao porte dos indivíduos. Para tais análises, foi utilizado o

software STATSTICA 12.

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CAPÍTULO III - RESULTADOS E DISCUSSÃO

1. O assentamento Barra da Onça e as características socioeconômicas e ambientais

As informações obtidas resultam de entrevistas realizadas com 15 homens, entre 25 e

75 anos de idade e sete mulheres, entre 23 e 68 anos. Inicialmente acreditava-se que o número

de entrevistas perfazia uma amostragem de 10% da população, uma vez que, de acordo com o

cadastro da Relação de Beneficiários obtido junto ao INCRA/SE, o assentamento era ocupado

por 211 famílias, cada uma delas habitando um lote de cerca de 30 ha. No entanto, foi

observado a presença de lotes de terra abandonados (Figura 1.1), o que ilustra de forma clara

a falta de informações atuais por parte do INCRA e impede de se ter a porcentagem real da

amostragem realizada.

A partir da avaliação das características do assentamento, foi possível identificar

pontos positivos e pontos críticos nas três dimensões analisadas.

Figura 1.1. Lote abandonado no assentamento Barra da Onça,

Poço Redondo, Sergipe.

Dimensão Social

A composição familiar dos entrevistados foi, em média, de 4,9 pessoas, mínimo de

três e máximo de 15, sendo registradas somente as pessoas que ainda vivem no assentamento.

Todos os entrevistados (100%) possuíam origem rural, tendo a agricultura como

experiência profissional anterior. No entanto, 54,5% deles praticavam a agricultura em outros

municípios de Alagoas, Pernambuco e Sergipe antes de se estabelecerem no assentamento

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Barra da Onça. Esta mesma parcela de entrevistados representa aqueles que fizeram parte do

Movimento Social Sem-Terras (MST) quando, na década de 1980, ocuparam a área e lutaram

pela aquisição do lote. A expansão do capitalismo no campo e a elevada concentração

fundiária foram, na época, os principais fatores que contribuíram para os conflitos agrários e a

consequente redistribuição de terras em Sergipe (Silva e Lopes, 1996). Outras formas de

aquisição do lote foram relatadas durante as entrevistas (Tabela 1). Cabe destacar que 9,09%

adquiram a terra por herança de pais e avós que, por sua vez, faziam parte do MST.

Tabela 1. Porcentagem de entrevistados de acordo com a forma

de aquisição do lote de terra do assentamento Barra da Onça,

Poço Redondo, Sergipe (n = 22).

Formas de aquisição das propriedades

Luta pela terra Herança Compra Aluguel

54,5 9,09 31,8 4,61

Os resultados mostraram dois cenários dentro de um mesmo assentamento. De um

lado tem-se a permanência daqueles que lutaram pela terra, do outro, existe um espaço

formado por trabalhadores migrantes, beneficiados pelas práticas de venda ou arrendamento

do lote.

A desistência, abandono ou venda do lote de terras é um processo comum nos

assentamentos de reforma agrária em todo o Brasil e pode refletir uma série de fatores como a

falta de adaptação do assentado, a falta de experiência no trabalho agrícola, agravamento do

estado de saúde, dívida de financiamento e, de uma forma geral, a falta de implementação de

políticas públicas (Vera et al., 2000; Zinga e Pedowski 2003).

Em Barra da Onça, as decisões de entrada no assentamento (compra do lote), relatadas

durante as entrevistas pelos agricultores, foram relacionadas com a possibilidade de viver em

um lote de terra maior, enquanto as decisões de saída (venda ou abandono do lote) estão

relacionadas com as condições climáticas e de solo, ao insucesso das atividades produtivas e a

mudança nas condições de vida. Ainda, em todas as entrevistas foi relatada a emigração dos

filhos dos agricultores para a busca de emprego, muitas vezes para amenizar o baixo

rendimento obtido no assentamento.

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Silva (2001) apresenta um rol de velhos mitos sobre as representações rurais. Um

destes mitos supõe que a gestão das pequenas e médias propriedades rurais é feita pela família

como um todo. O autor afirma que a gestão da propriedade rural está se individualizando,

ficando apenas um ou alguns membros da família encarregados pelas atividades relacionadas

à agricultura, enquanto os demais procuram outras formas de inserção produtiva, em geral

fora da propriedade.

No caso do assentamento Barra da Onça, as informações adquiridas nas entrevistas

demonstraram que os jovens almejam novas oportunidades fora do contexto rural. Essa é uma

realidade comum em outras zonas rurais, que demonstram haver uma desvalorização do meio

rural por parte da juventude, contribuído com a constante saída de jovens para as cidades em

busca de novos horizontes profissionais e pessoais (Oliveira 2006b; Oliveira, 2007; Troian et

al., 2009). É preciso disponibilizar aos jovens imersos no meio rural, políticas públicas que

criem um ambiente favorável às condições de vida no campo e que forneçam oportunidades

para o jovem se qualificar e permanecer no meio rural (Oliveira 2006b; Troian et al., 2009).

Um dos fatores responsáveis pela falta de perspectiva em relação às oportunidades é a

baixa escolarização no campo. Dos 22 agricultores entrevistados, 45% eram analfabetos. O

grau de escolaridade dos demais membros da família também foram avaliados. De um total de

74 pessoas analisadas quanto ao grau escolar (28 mulheres, 25 homens e 21 jovens abaixo de

15 anos), 27,02% foram considerados analfabetos. As demais pessoas foram distribuídas entre

Ensino Fundamental completo e incompleto, Ensino Médio completo e incompleto, Ensino

Superior completo e Jovens estudantes (Figura 1.2).

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Figura 1.2. Distribuição do grau de escolaridade dos agricultores entrevistados e dos membros da

família (n = 74), assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. Jovens estudantes = crianças

com idade inferior a 15 anos que encontram-se matriculados em escolas.

Índices variando entre 28% a 49% de analfabetos foram encontrados por Oliveira et al.

(2013) para outros três assentamentos do semiárido de Sergipe. Segundo IBGE (2012), em

zonas rurais do Brasil, a taxa de analfabetos para a população acima de 15 anos de idade foi

de 21,2% no ano de 2011. Nota-se que os percentuais de Barra da Onça encontram-se

semelhantes aos assentamentos da mesma região, analisados por Oliveira et al. (2013), porém

estão acima da média nacional.

Estes resultados apontam para a existência de um problema regional e para uma

situação precária de escolarização no meio rural no Estado de Sergipe. Ao mesmo tempo,

reflete uma situação negativa comum nas áreas rurais em todo Brasil. Soma-se a este fato que

as poucas escolas que praticam a educação no meio rural em todo o país, não possuem o

atendimento das reais necessidades e interesses dessas populações (Damasceno e Bezerra,

2004). Destaca-se ainda que, durante as visitas a campo, observou-se a presença de pelo

menos três escolas abandonadas (Figura 1.3).

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A

B

C

D

Figura 1.3. A, B e C – Imagens das escolas abandonadas. D – Colégio Municipal Padre Cícero, única

escola ativa localizada no interior do assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

A educação é apontada como um fator fundamental para a redução da desigualdade

social, influenciando de várias formas na qualidade de vida, na produtividade e renda do

trabalhador, como também na existência de uma população mais educada, capaz de participar

de forma mais ativa na vida social e política do país (Ney e Hoffmann, 2009). As pessoas com

menor grau de escolaridade apresentam maior dificuldade em aceitar novas tecnologias e

assimilar novas informações e, portanto, a educação é um fator que influencia a eficiência da

produção e na qualidade de vida da população que vive da agricultura (Vicente, 2004).

Ressalta-se que as políticas de desenvolvimento na área educacional devem considerar tanto a

melhoria da qualidade e oferta de educação quanto a geração de oportunidades na área rural,

que possibilitem o estabelecimento de uma dinâmica de desenvolvimento (Viegas, 2005).

Analisando as condições de moradia dos assentados de Barra da Onça, observou-se

que 87% das famílias viviam em casas próprias com boa infraestrutura, feitas de tijolo com

reboco e piso e 100% possuíam rede pública de abastecimento de água e eletricidade. A

presença da energia elétrica neste assentamento permitiu condições para o acesso a aparelhos

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50

eletrodomésticos. Assim, todos entrevistados tinham diversos equipamentos domésticos,

como geladeira, liquidificador, ventiladores, televisor, rádio, aparelho de som e telefones

celulares. Uma única família tinha computador, inclusive com acesso à internet. Os

assentados também possuíam fogão a gás e o tradicional fogão a lenha. Em relação aos meios

de transporte, 82% dos assentados entrevistados destacaram a moto como principal veículo

tanto para deslocamento das pessoas como para escoamento da produção.

As condições de moradia entre os assentamentos rurais do sertão sergipano são

semelhantes. Sousa et al. (2012) analisaram 79 famílias de três assentamentos localizados no

semiárido de Sergipe e registrou que 88% das famílias possuíam casas feitas com alvenaria,

92% tinham energia elétrica e 86% rede de abastecimento de água. Estes dados evidenciam o

que se denomina de urbanização da área rural (Flexor, 2012). As famílias apresentam casas

com boa infra-estrutura, transportes, energia elétrica e água canalizada, o que permite uma

oportunidade para o assentado construir sua trajetória de vida e trabalho, estabelecendo

relações sociais de modo mais permanente no meio rural (Deser, 2010).

O saneamento básico do assentamento Barra da Onça, no entanto, monstrou-se pouco

eficiente. As famílias não preservavam o costume de filtrar ou ferver a água para consumo.

Não existia um sistema de coleta e tratamento de esgoto, mas as casas possuíam fossas

sépticas. Também não havia um sistema de coleta de lixo doméstico. Todo os moradores

entrevistados afirmaram que os resíduos sólidos (restos de alimentos, embalagens e sacolas

plásticas) eram depositados no solo, nas adjacências das residências, e posteriormente eram

queimados ou apenas deixados para decomposição.

As condições de infraestrutura sanitária em Barra da Onça refletem a realidade

brasileira, onde apenas 24% da população rural dispõem de esgotamento sanitário, como

suprimento de água potável e disposição conveniente dos rejeitos líquidos e sólidos (Silva,

2014). Sousa et al. (2012) descreveram que mais de 50% das famílias de três assentamentos

do sertão de Sergipe queimam o lixo doméstico. Santos e Daltro Filho (2001) e Santos e

Souza (2005) encontraram a mesma situação para outros assentamentos de reforma agrária de

Sergipe, destacando que as condições de saneamento e práticas de higiene e educação

sanitária, determinantes sobre a saúde e a qualidade de vida de uma população, não são

priorizadas em áreas de assentamentos.

Durante as entrevistas, foi questionada a disponibilidade dos serviços públicos de

saúde, educação e transporte para os assentados. Apenas 13,6% entrevistados relataram a

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51

visita de um médico no assentamento uma vez ao mês. Os demais informaram que o acesso a

saúde (médicos, dentistas e atendimento a primeiros socorros) é realizado nos municípios

mais próximos (Poço Redondo e Nossa Senhora da Glória). Referente às escolas públicas,

existe apenas uma em atividade, exclusiva para crianças pequenas. O assentamento não

dispõe de escolas para os jovens, que acabam frequentando aquelas instituídas na sede do

município. Quanto ao transporte público, todos os entrevistados relataram a presença de um

ônibus escolar que além de transportar os alunos, também levavam os assentados até a cidade.

Numa perspectiva de médio e longo prazo, o acesso aos serviços na área de educação,

saúde, transporte, cultura e lazer constitui-se num fator essencial para viabilizar a

permanência dessas famílias nas áreas assentadas. Para que as famílias possam viver

dignamente e com qualidade de vida torna-se imprescindível o cumprimento de seus direitos

sociais básicos (Deser, 2010).

Em relação às condições das estradas, que servem para o escoamento da produção,

acesso às escolas, à sede do município, à saúde e aos serviços diversos, as entrevistas

mostraram que 77% consideram as estradas de boa qualidade (Figura 1.4). As condições de

acesso de um assentamento podem ser fatores limitantes para o estabelecimento de relações

organizacionais, como o acesso às políticas públicas e outros programas sociais e produtivos,

mas não se colocam como determinantes para seu sucesso ou insucesso (Deser, 2010).

Figura 1.4. Imagem da estrada do assentamento Barra da

Onça, Poço Redondo, Sergipe.

No tocante às participações no associativismo, 77% dos assentados responderam que

faziam parte de alguma associação. Estas são definidas como espaços nos quais os assentados

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se desenvolvem política e socialmente, representando um dos principais canais de acesso das

famílias na busca de políticas públicas voltadas para a reforma agrária (Neves 1997). No

assentamento Barra da Onça, as associações funcionam também como estratégias para

comercialização dos produtos gerados.

Foram citadas quatro associações (Figura 1.5). Destas, a Associação Camponesa

destacou-se quanto ao número de citações e na participação de projetos alternativos, como a

capacitação dos agricultores no processamento de frutos nativos visando a venda de doces

caseiros (Figura 1.6).

Figura 1.5. Distribuição dos entrevistados quanto à participação nas diversas associações no

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Quando as associações auxiliam o acesso às tecnologias e a capacitação permanente

dos agricultores, tornam-se elementos primordiais para garantir a sustentabilidade dos

sistemas rurais. Contudo, houve um consenso entre os entrevistados em relação ao atual

funcionamento das associações:

“A associação hoje está ruim. Se soubessem o que era ser sócio,

era bom. Associação não é só eu, é todo mundo”

“Era pra ser uma coisa boa. Mas hoje os presidentes se

consideram donos. A associação funciona só pra uns. Tem associado

que não tem informação de nada.”

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53

A organização coletiva deve ser trabalhada com o princípio para uma melhor

convivência social, além de ser um importante facilitador na viabilidade socioeconômica nos

projetos de reforma agrária. As narrações, no entanto, reforçam a ideia de que nos

assentamentos de reforma agrária, a tendência é a formação de um associativismo excludente,

com forte caráter presidencialista e sem tradição de gestão de empreendimentos individuais e

coletivos (Valladares-Pádua et al., 2002).

Figura 1.6. Assentados participando do processamento de

frutos nativos, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo,

Sergipe.

Os resultados também corroboram com Sparovek (2003) no qual comprova por meio

de uma pesquisa que englobou mais de 4 mil assentamentos de reforma agrária no Brasil, que

de uma forma geral, os assentados preferem administrar seus lotes individualmente e não

priorizam ações coletivas que visam à produção.

É preciso, portanto, reinventar os processos associativos com base na autonomia e

liberdade individual, que inclua e valorize as diferenças e desenvolva capacidades de

autogestão para o desenvolvimento local. Incentivos por intermédio de créditos específicos,

campanhas de esclarecimento, cursos de capacitação gerencial, fortalecimento da assistência

técnica e social nos assentamentos e priorização das parcerias locais são ações que podem

impulsionar o aspecto associativo (Sparovek, 2003).

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Dimensão Econômica

A bovinocultura do leite representou a principal fonte de renda dos assentados, em

associação com as culturas de palma, milho e feijão. Dos entrevistados, 90% cultivavam a

palma e o milho com a finalidade de alimentar o efetivo gado. Os mesmos também plantavam

o feijão e, por vezes, a abóbora, para a subsistência das famílias. Os assentados (27%) ainda

realizavam o consórcio entre as culturas de milho/feijão, milho/sorgo ou ainda milho/palma

(Figura 1.7). Foi informado também a venda do milho e do feijão em anos de colheitas

satisfatórias às famílias.

Figura 1.7. Exemplo de cultura consorciada,

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

O milho e o feijão, cultivados através de força de trabalho familiar, constituem

culturas essenciais tanto na alimentação das famílias como na sustentação de outras atividades

agropecuárias desenvolvidas no interior dos lotes. O milho, para se desenvolver e produzir,

precisa de pelo menos 600 mm de chuva, em um período de no mínimo 100 dias, enquanto o

feijão necessita de 300 mm de água em 60 dias (Embrapa, 2006). Logo, ambas as culturas

apresentam estabilidade de produção nos anos com precipitações consideradas normais para a

região. Em anos mais secos, a produção dessas culturas diminui para menos da metade ou

atinge a perda total de produção. De acordo com o Conselho Nacional de Reserva da Biosfera

da Caatinga (2004), as recorrentes secas no nordeste são, hoje, um problema muito mais

socioeconômico que climático. A incapacidade da população de acumular reservas, seja de

água ou de alimentos, relaciona-se com a incerteza da produção que, por sua vez, são

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decisivas na definição da segurança alimentar e produtividade de um assentamento. Neste

caso, políticas públicas mais adequadas às necessidades dessa população como, crédito,

assistência técnica, capacitação, inovação tecnológica e manejo para a redução de perdas,

podem diminuir a perda dessas culturas, a insegurança alimentar e manter a produtividade do

assentamento (Silva et al., 2010).

Foi observado que dos 30 hectares de terra, em média 14,58% destinava-se a plantação

de milho; 8,16% a palma; 4,26% ao feijão; 63% destinavam-se ao pasto e 10% equivaliam a

um remanescente de Caatinga nativa. Uma vez que o milho e a palma destinavam-se a

alimentação do gado, constatou-se então, que mais de 80% de todo o lote era destinado à

comercialização do leite (Figura 1.8).

10%4%

86%

Mata nativa

Subsistência

Comercialização

15% 4,26%

8,16%

10%63%

Milho

Feijão

Palma

Mata nativa

Pasto

Figura 1.8. Distribuição percentual de hectares de terra em relação ao uso do solo no assentamento

Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

A literatura aponta que a pecuária leiteira tem uma grande importância econômica para

o semiárido por ser, teoricamente, menos vulnerável à seca quando comparada com outras

atividades agrícolas (Ferreira et al., 2009; Oliveira et al., 2013). Mateus et al. (2013)

descreveram a bovinocultura do leite como a principal atividade desenvolvida no

assentamento Florestan Fernandes, do município de Canindé de São Francisco. Oliveira et al.

(2013) encontraram o mesmo padrão para outros três assentamentos de Poço Redondo. Esta

realidade relaciona-se com a localização destes na bacia leiteira do sertão do São Francisco.

Nessa região, a atividade leiteira está presente em 87% dos estabelecimentos rurais, dos quais

90% são minifúndios produzindo pequenos volumes de leite, de baixa qualidade, obtidos a

custos elevados, por conta da demasiada dependência de compras externas para a alimentação

dos rebanhos (Carvalho Filho, 2013).

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56

Porém, vale ressaltar que este panorama também é consequência da ausência de

investimentos em outras atividades econômicas que poderiam valorizar os recursos naturais

locais.

Com relação ao número de animais para a produção do leite, apenas um agricultor

relatou possuir 50 cabeças de gado em sua propriedade. Para os demais agricultores

entrevistados, a média de bovinos foi de 16,18 ± 9,15 animais. Os assentados também

desenvolviam a criação de equinos, ovinos, caprinos, muares e aves (galinhas e guinés), mas

essa produção não objetivava a comercialização.

A informação relativa à produção do leite variou entre os entrevistados e somente 16

deles souberam comunicar a quantidade de leite produzida em litros por dia. Os períodos

considerados bons para a produção de leite foram relacionados com o período chuvoso

(inverno), cuja produtividade média chegava a 96,25 L/dia de leite. Em contrapartida, nos

períodos secos (verão), a média foi de 32,18L/dia (Figura 1.9).

Figura 1.9. Média da produtividade do leite segundo os

relatos dos entrevistados do assentamento Barra da Onça,

Poço Redondo, Sergipe.

Tais valores podem ser considerados baixos quando comparados à produção leiteira de

propriedades rurais do município vizinho, Nossa Senhora da Glória, de acordo com o

levantamento feito por Sá et al. (2010). Neste estudo os autores demonstraram que em

propriedades cuja ordenha era feita duas vezes ao dia, as médias de produção chegavam

69,25L/d no inverno e 146L/d no verão. Nas propriedades que realizavam apenas uma

ordenha por dia, as médias de produção foram de 124,77 L/dia no inverno e 132,80 L/dia no

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verão. O aumento da produção na época seca (verão) foi atribuído ao uso de rações

concentradas na alimentação do rebanho neste período (Sá et al., 2010). Logo, a produção de

leite em Barra da Onça foi inferior aos assentamentos de N. S. da Glória, principalmente no

período de verão. A produção e a qualidade do leite de vaca são influenciadas por inúmeros

fatores, inclusive por fatores ambientais e nutricionais (Bowden, 1981).

A característica de produção de leite em Barra da Onça evidenciou não só uma baixa

produtividade desta atividade como também a baixa confiabilidade e flexibilidade do sistema

(Masera et al., 2000). Isto é, a partir das informações dos entrevistados, pode-se constatar que

o sistema de bovinocultura leiteira empregado no assentamento Barra da Onça não é capaz de

manter sua produtividade em níveis próximos ao equilíbrio diante das perturbações normais

do ambiente (baixa confiabilidade), por exemplo as variações hídricas. Ainda, os assentados

não possuem estratégias para que a produtividade aumente ou retorne ao equilíbrio frente às

condicionantes externas (baixa flexibilidade).

Outros problemas enfrentados no desenvolvimento da bovinocultura leiteira em Barra

da Onça foram a falta de assistência técnica rural, a venda de parte do rebanho para obtenção

de ração comercial (milho, soja e caroço de algodão), demonstrando a alta dependência dos

insumos externos, e o alto preço destes insumos que elevam o custo de produção do leite. A

alta dependência dos insumos externos e o alto custo foram relatados ainda por Sá et al.

(2010), Mateus et al. (2013) e Oliveira et al. (2013) em assentamentos do semiárido de

Sergipe.

O espaço ocupado pelos bovinos também pode ser considerado um agravante.

Guimarães Filho et al. (1995) relataram valores de 12 - 15 ha/animal/ano para a capacidade de

suporte da Caatinga. Logo, quanto mais cabeças de gado são adquiridas, maior deve ser o

espaço ocupado pelo rebanho e maior é a área do lote disponibilizada para pastagens.

Consequentemente, menor é quantidade de área disponível para outras atividades que

poderiam contribuir com a renda dos assentados.

A criação do gado leiteiro, portanto, tem sido uma atividade extremamente vulnerável,

com características de um sistema insustentável ao longo do tempo. A diversificação das

atividades produtivas e a inserção de tecnologias poderiam auxiliar para melhorar a realidade

destes sistemas.

Outro aspecto inerente às fragilidades deste assentamento foram os processos de

comercialização dos produtos agropecuários, fundamentais para a geração de renda das

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famílias assentadas. Do total de entrevistados, 65% vendiam o leite para as cooperativas

Natville ou Laticínio União (Figura 1.10), 15% para as fábricas caseiras distribuídas no

próprio assentamento e 9% afirmaram que o leite produzido destinava-se à subsistência. A

comercialização do leite, tanto para as cooperativas quanto para as fábricas caseiras, era

realizada em média a R$ 0,76/L. De maneira geral, os assentados consideraram o preço

bastante desvalorizado, sendo visto como mais uma problemática enfrentada na pecuária

local.

Nogueira e Schmukler (2011) afirmam que uma alternativa para ampliar a valorização

do produto são os certificados de algum atributo funcional que seja apreciado por um grupo

de consumidores, por exemplo, as certificações de exigências ambientais e sanitárias de

determinados mercados ou certificação de orgânicos.

A

B

Figura 1.10. (A) Cooperativa Laticínio União localizada no interior do assentamento. (B) Veículo de

transporte da cooperativa Natville no assentamento Barra da Onça, Sergipe.

Apesar de a pecuária leiteira ser a atividade mais importante para os moradores de

Barra da Onça, esta não foi a única fonte de renda registrada para um número considerável de

famílias. Do total de entrevistados, 80% relataram o recebimento de rendas provenientes de

programas de assistência do governo federal. As aposentadorias também estavam presentes

em 30% das entrevistas. Outras atividades que geram renda também foram relatadas, como a

apicultura (18%), o comércio (4,54%) e os cargos municipais de Poço Redondo (13%).

Segundo Schneider (2007), essa interação entre atividades agrícolas e não agrícolas ampliam

as condições de reprodução social e econômica e permitem que as famílias possam

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estabelecer iniciativas de diversificação das suas ocupações, interna e externamente à unidade

de produção, bem como aumentam as fontes e as formas de acesso a rendas, reduzem o

desemprego, as migrações e permitem o acesso a bens, alimentos e serviços.

A renda dos entrevistados destinou-se aos gastos com alimentação, água, luz, telefone

celular, contratação de mão de obra, aluguel de trator para preparo da terra, tratamento com os

animais, combustível, transporte, remédios e vestuários. Em anos com excessiva estiagem,

acrescenta-se o investimento na compra de sementes (milho e feijão) e ração para o gado.

Dimensão Ambiental

Durante as observações em campo, foi possível notar o uso intensivo da terra sem uma

preocupação ambiental por parte dos agricultores de Barra da Onça. Estes relataram a prática

do desmatamento seguido da queima da vegetação como forma de ocupar a terra.

Quando se perde a cobertura vegetal por corte, queima ou pastoreio, a exposição do

solo desnudo promove a formação de uma crosta superficial devido ao impacto direto das

gotas de chuva, o que reduz a infiltração da água, aumenta o escoamento e diminui as

possibilidades de recrutamento de novas plantas (Galindo et al., 2008). Por conseguinte, os

solos descobertos tornam-se muito suscetíveis à erosão, processo que corresponde ao

desprendimento, transporte e deposição de partículas de solo, ocasionados pela ação do vento

(erosão eólica) e da água (erosão hídrica), sendo a principal causa da degradação de terras

agrícolas (Pruski, 2006).

Em Barra da Onça, pode-se observar lotes de terra com solos expostos e sinais de

erosão. Em dois dos 22 lotes visitados, foi observado formas avançadas de erosão onde os

proprietários relataram a improdutividade da terra e afirmaram que a criação do gado dava-se

exclusivamente através da alimentação com ração e insumos externos à propriedade.

A presença de solo exposto em áreas com solos rasos e com baixa capacidade de

retenção de água, como é o caso da Caatinga hiperxerófita, é uma das principais

características do fenômeno da desertificação no semiárido (Vasconcelos Sobrinho, 1983).

Nas análises de Duque (2004), o desnudamento do solo contribui para o aumento da

insolação, calor, ressecamento, irregularidade pluviométrica e processos erosivos, resultando

em um deserto econômico.

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As observações em campo e os relatos das entrevistas, somadas às características do

solo do assentamento Barra da Onça, à distribuição irregular das chuvas e ao cultivo e ao

pastoreio sem medidas de proteção do solo, sugerem que este assentamento possui

suscetibilidade à erosão e aos processos de desertificação.

Além do desmatamento, uso do fogo e dos solos susceptíveis à erosão, 100% dos

entrevistados que praticavam a agricultura faziam o uso de algum tipo de agrotóxico e/ou

herbicida para controle de pragas e plantas invasoras. A forma de pulverização era através da

manipulação da bomba costal de 20 litros. Este resultado é comum em outros assentamentos

de reforma agrária e pode estar associada à forte presença de cultivos de monoculturas (Leite

e Torres, 2008; Terra e Pedlowski, 2009; Castro et al., 2011).

O uso de defensivos agrícolas merece destaque por afetar diretamente todo o sistema.

Dentre as consequências pode-se citar a presença de resíduos nos alimentos, solo, água,

tecidos vegetais e animais; destruição de microorganismos do solo; mortalidade de insetos

benéficos ao equilíbrio do sistema; efeitos prejudiciais sobre organismos não alvos (aves,

peixes e animais silvestres) e a contaminação humana, seja por via ocupacional, ambiental ou

alimentar (Dores e Freire, 1999). Um estudo realizado por Borges (2008) em assentamentos

no interior de São Paulo, aponta para o alto grau de risco de intoxicação/contaminação

humana e ambiental como resultado do uso indiscriminado de agrotóxicos por agricultores

familiares.

Os assentamentos do Estado de Sergipe carecem de informações de diagnóstico do uso

de agrotóxicos. É preciso pesquisas para analisar a incidência de doenças, pragas ou plantas

invasoras, campanhas de informação e cursos de qualificação aos agricultores e técnicas

alternativas para solucionar questões de saúde e ambiente no que concerne ao uso dos

agrotóxicos nos assentamentos inseridos na Caatinga.

Durante as entrevistas, 63,6% dos agricultores afirmaram realizar a prática do pousio,

com períodos de descanso da terra inferior a cinco anos. O pousio é uma das técnicas para

recuperação do solo e tem como base o próprio poder de resiliência do solo. Martins et al.

(2014) estudaram o efeito do pousio sobre a população microbiana do solo da Caatinga e

concluíram que é preciso um período de 15 anos para restaurar a microbiota do solo. Práticas

mais sustentáveis na Caatinga eram realizadas no passado quando a densidade populacional

era baixa e permitia a recuperação da vegetação e da fertilidade do solo através de longos

períodos de pousio entre os cultivos (Nunes et al., 2006). Hoje a pressão demográfica reduziu

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o período de repouso para menos de 10 anos, resultando em perda da vegetação primária

(2,7% ao ano) e manutenção da cobertura vegetal em estágios de sucessão secundária (Araújo

Filho e Barbosa 2000). A prática de curtos períodos de pousios, a longo/médio prazo, pode

afetar a fertilidade do solo das áreas agrícolas de Barra da Onça ou comprometer a capacidade

de recuperação dos solos e novas áreas para plantio porventura serão necessárias, podendo

acarretar no aumento da taxa de desmatamento ou ainda no abandono da terra.

Não foi constatada a utilização de insumos químicos no solo para melhorar a

produtividade das culturas ou assegurar os índices de produção. Os 54,5% de assentados que

fertilizavam a terra, utilizavam o esterco do próprio gado.

Em relação ao cumprimento das leis ambientais, foi constatado que as Áreas de

Preservação Permanente (APP) estavam integralmente desmatadas e destinavam-se ao

pastoreio (Figura 1.11) e as Áreas de Reserva Legal (RL) averbadas junto ao órgão de meio

ambiente eram inexistentes. O novo código florestal, Lei 12.651, estabelece que os imóveis

rurais, incluindo os assentamentos, devem manter uma área com cobertura de vegetação

nativa protegida. Para a Caatinga, a legislação ambiental estabelece a obrigatoriedade de

proteger as Áreas de Preservação Permanente e destina que 20% da área da propriedade rural

sejam para a Reserva Legal. O restante da propriedade pode ser utilizado para atividades

agrícola, pecuária ou florestal.

Figura 1.11. Áreas de Preservação Permanente desmatadas e com presença de pastoreio,

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Uma pesquisa feita por Vieira et al. (2013) sobre Reservas Legais em Sergipe, relatou

que a função do Estado de conservar a vegetação nativa por meio da averbação das RL das

propriedades rurais mostrou-se comprometida entre os anos de 1980 a 2011 em função do

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baixo número de averbações e pelas poucas ações de monitoramento das áreas averbadas.

Ainda, a maior parte das averbações deste período ocorreu no Bioma Mata Atlântica e as

poucas áreas de RL averbadas na Caatinga (17.443,17 ha) corresponderam a apenas 1,95%

em relação à área total dos municípios que a compõem.

Apesar do assentamento Barra da Onça não estar de acordo com as leis ambientais no

que concerne as áreas legalmente protegidas, 77% dos entrevistados citaram a existência de

um fragmento de mata nativa correspondente a 10% do total do lote (Figura 1.12). Os

mesmos afirmaram que a referida mata é mantida, por solicitação do INCRA, para

preservação, não devendo o assentado desmatá-la para usufruir de atividades de agricultura e

pecuária.

Figura 1.12. Remanescente de Caatinga nativa ao fundo do lote

com presença de animais, assentamento Barra da onça, Poço

Redondo, Sergipe.

Os entrevistados relataram, no entanto, que predomina a exploração de maneira

indireta, através do livre acesso aos animais e do uso indiscriminado da madeira e da lenha.

Pode-se inferir que a necessidade de produção para sobrevivência contribui para o cenário

identificado.

Finalmente, a aplicação das entrevistas junto aos assentados permitiu obter o

conhecimento quanto ao uso dos recursos madeireiros. Foi construída uma lista com 75

citações de plantas, distribuídas em 11 famílias, 18 gêneros e 19 espécies. Destas, nove

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espécies foram destinadas para o uso madeireiro, três espécies para a lenha e sete para fins

não-madeireiros (alimentação, remédios e forragem). Mimosa tenuiflora (jurema), citada 17

vezes, Aspidosperma pyrifolium (pereiro) e Anadenanthera colubrina (angico), citadas 10

vezes cada, destacaram-se em relação ao uso da madeira (Figura 1.13A). Para o uso da lenha,

40% dos entrevistados trouxeram a Poincianella pyramidalis (catingueira) como a melhor

espécie para este fim, seguida da Mimosa tenuiflora e Prosopis juliflora (algaroba) além das

madeiras secas de quaisquer espécies disponíveis no lote (Figura 1.13B).

A

B

Figura 1.13. Porcentagem de citações para as espécies destinadas ao uso da madeira (A) e ao uso da

lenha (B) no assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Constatou-se, portanto, que há um considerável número de plantas da flora nativa

conhecidas pelos agricultores de Barra da Onça e que a biodiversidade vegetal é um

importante recurso disponível para esta população, da qual se obtém vários produtos. De

acordo com as informações dos entrevistados, o uso da lenha referiu-se principalmente como

fonte direta de energia no cozimento de alimentos para a própria família e o uso da madeira,

na forma de mourões e estacas, para cercar a propriedade ou, ainda, para a construção de

currais (Figura 1.14).

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Figura 1.14. Recurso madeireiro encontrados em um lote do

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Barbosa (2001) afirma que a retirada desses recursos é preocupante, uma vez que estes

podem não ser destinados apenas para abastecimento e subsistência. Uma pesquisa sobre o

consumo de lenha pelas indústrias de cerâmica de Sergipe mostrou que o material

combustível utilizado pelas cerâmicas é procedente de várias origens, sendo que 53% são de

espécies nativas oriundas da Caatinga, tais como angico, catingueira, juazeiro, jurema,

marmeleiro e sabiá (Machado et al., 2010). O mesmo estudo também citou as padarias e os

pequenos produtores rurais como grandes consumidores de madeira, lenha e carvão

provenientes da Caatinga.

Em Sergipe não existem plantios de espécies florestais de rápido crescimento e

nenhum projeto de licenciamento de manejo da Caatinga junto aos órgãos ambientais (Aragão

et al., 2008). Segundo IBGE (2013), Poço Redondo produziu 15.300 m3 de lenha no ano de

2011, fazendo deste o município da região da Caatinga que mais produziu essa quantidade de

recurso e o 4° município em relação a todo o Estado. Portanto, a pressão sobre a Caatinga de

Sergipe se faz não só com a retirada da vegetação para a implantação de outras atividades

produtivas, como os assentamentos, mas também alimenta uma demanda energética em todo

o Estado sem a existência de planos de manejo sustentável.

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2. Estrutura e composição da vegetação lenhosa

A flora arbórea dos remanescentes de Caatinga do assentamento Barra da Onça,

apresentou um total de 656 indivíduos, pertencentes a 28 espécies e 13 famílias. Destas, 20

foram identificados até espécie (57,14%), duas até gênero (5,71%), duas até família (5,71%) e

quatro indivíduos ainda não foram identificados (11,42%) devido à falta de material fértil

(Tabela 2.1).

As famílias Fabaceae Mimosoideae e Euphorbiaceae, com seis e quatro espécies

respectivamente, foram as mais representativas tanto em número de indivíduos quanto em

riqueza específica, o que coincide com os resultados de levantamentos florísticos realizados

para a mesma região (Fonseca, 1991; Silva, 2011; Oliveira, 2011; Ferraz et al., 2013) e para

outras áreas de Caatinga (Araújo et al., 1995; Rodal et al., 1998; Lemos e Rodal, 2002;

Andrade et al., 2005). Os resultados corroboram também com as observações de Rodal

(1992), que apontou estas famílias como as principais, em termos de gênero, espécie e

abundância, nas diferentes fitofisionomias da Caatinga.

Das espécies identificadas na área de estudo, oito delas (Aspidosperma pyrifolium

Mart.; Cereus jamacaru DC; Comminphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett; Jatropha

molíssima (Pohl) Baill.; Maytenus rígida Moric; Parapiptadenia zehntneri (Harms) M.P.Lima &

Lima; Pilosocereus piauhyensis (Gurke) Byles & G.D. Rowley e Poincianella pyramidalis (Tul.) L.

P. Queiroz) são indicadas como endêmicas da Caatinga (Giulietti et al., 2002) evidenciando a

importância destes fragmentos para a conservação da diversidade da flora arbórea.

Dentre as 28 espécies amostradas, somente quatro (14,28%) foram comuns aos cinco

remanescentes (Jatropha molissima, Mimosa tenuiflora, Myracrodruon urundeuva e

Poincianella pyramidalis) Tais espécies destacam-se por formarem populações amplamente

distribuídas na Caatinga arbórea-arbustiva hiperxerófila e por serem caracterizadas como

tolerantes a variações nos solos (Sampaio, 1995; Maia, 2012). Além disso, com exceção de M.

urundeuva que ocorre mais comumente em vegetação secundária, essas espécies são

classificadas como pioneiras sendo típicas plantas de Caatinga antropizada (Maia, 2012).

Myracrodruon urundeuva se encontrou bem representada nestes remanescentes (com

exceção da área 4) possivelmente por possuir adaptabilidade às variações de sítio (Ferraz,

2011c) ou por ter o seu corte e manejo proibidos. A espécie encontra-se na lista vermelha da

flora ameaçada de extinção e é frequentemente citada como menos abundante nos

levantamentos de Caatinga (Maia, 2012; IBAMA, 2005).

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66

Tabela 2.1. Relação de famílias botânicas e espécies arbóreas amostradas e sua distribuição nos

remanescentes de Caatinga do assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Família/Espécie Nome popular A1 A2 A3 A4 A5

ANACARDIACEAE

Myracrodruon urundeuva Allemão Aroeira 12 6 11 1 8

Schinopsis brasiliensis Engl. Braúna - 2 1 1 -

ANNONACEAE

Annona sp - - 2 - -

Indeterminada 1 - 4 - - -

APOCYNACEAE

Aspidosperma pyrifolium Mart. Pereiro 5 11 - 41 3

BURSERACEAE

Comminphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett Amburana-de-

cambão 7 29 18 - -

CACTACEAE

Cereus jamacaru DC Mandacaru - - - 4 -

Pilosocereus piauhyensis (Gurke) Byles &

G.D. Rowley Facheiro 3 5 1 - 4

CELASTRACEAE

Maytenus rigida Moric Bom-nome - - - 3 -

EUPHORBIACEAE

Cnidoscolus phyllacanthus (Mull. Arg.) Pax. L.

Hoffm. - 1 2 - -

Cnidoscolus uren (L.) Arthur - 1 2 - -

Jatropha molissima (Pohl) Baill. 3 7 8 2 3

Manioht sp 3 - 1 - -

FABACEAE-CESALPINOIDEAE

Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. Mororó - 10 19 - 10

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz Catingueira 35 16 15 98 66

FABACEAE MIMOSOIDEAE

Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb.)

Altshul Angico-de-caroço 3 7 12 - 3

Chloroleucon foliolosum (Benth.) G. P. Lewis Arapiraca - 1 - - -

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. Jurema-preta 41 4 4 6 2

Parapiptadenia zehntneri (Harms) M.P.Lima &

Lima Angico-manjolo - - - - 2

Piptadenia stipulata (Benth.) Ducke Pau-galheiro 4 23 - 4 11

Pithecellobium diversifolium Benth. Carcarazeiro - - - 1 -

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67

Continuação

Família/Espécie Nome popular A1 A2 A3 A4 A5

MALVACEAE

Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil., Juss. &

Cambess.) A.Robyns Embiratanha - 3 - - 1

RUBIACEAE

Indeterminada - 1 - - -

SAPOTACEAE

Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult)

T.D. Penn. - - - - 1

INDETERMINADAS*

Indeterminada 1 4 - - - -

Indeterminada 2 - - - 2 -

Indeterminada 3 - - - - 2

Indeterminada 4 - - - - 5

Mortas 8 1 12 2 3

*Os indivíduos indeterminados não foram encontrados com material fértil para a identificação.

A espécie com maior abundância de indivíduos foi Poincianella pyramidalis

(catingueira) com 228 árvores amostradas (34,75% do total), seguida de Aspidosperma

pyrifolium, Mimosa tenuiflora, Commiphora leptophloeos, Piptadenia stipulaceae, Bauhinia

cheilanta, Myracrodruon urundeuva, Anadenanthera colubrina, Jatropha molissima e

Pilosocereus piauhyensis (Figura 2.1).

A catingueira é uma das espécies de mais ampla dispersão no nordeste semiárido, com

extensa faixa de tolerância, sendo detectada desde as áreas de Caatinga arbórea até aquelas de

condições extremadas (Maia, 2012). A eficiência desta planta em determinados ambientes

pode estar relacionada com a habilidade de adaptação das plântulas às condições de

luminosidade e/ou as estratégias de resistência à seca (Dantas et al., 2007), fazendo com que

esta espécie tenha um crescimento inicial relativamente pequeno, porém, sua forte resistência

à seca e boa capacidade de competição por luz, fazem com que seja uma das espécies

dominantes nas etapas posteriores do processo de sucessão (Sampaio et al., 1998).

A literatura traz que a presença em grande quantidade de indivíduos deste táxon pode

refletir o grau de conservação da vegetação, sendo que a densidade populacional desta espécie

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68

é maior em ambientes moderadamente degradados quando comparados aos ambientes

totalmente degradados ou conservados (Galindo et al., 2008; Fabricante et al., 2009).

35%

8.68%8.68%

8.23%

6.42%

5.94%

5.79%

3.81%

3.50% 1.82%

Poincianella pyramidalis

Aspidosperma pyrifolium

Mimosa tenuiflora

Commiphora leptophloeos

Piptadenia stipulaceae

Bauhinia cheilanta

Myracrodruon urundeuva

Anadenanthera colubrina

Jatropha molissima

Pilosocereus piauhyensis

Figura 2.1. Porcentagem das espécies mais abundantes amostradas no

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Estudos realizados em fragmentos de Caatinga preservada também mostram a

dominância ecológica desta espécie (Oliveira, 2011; Silva, 2011). Neste caso, ressalta-se a

diferença no tamanho dos indivíduos encontrados nas áreas mais conservadas. Oliveira

(2011), avaliando um remanescente de Caatinga preservada em Porto da Folha, Sergipe,

registrou a P. pyramidalis como a espécie mais dominante no fragmento, sendo que 41,5%

dos seus indivíduos apresentavam diâmetro superior a 15 cm. Em contraste, nas bordas deste

fragmento, o mesmo autor encontrou uma dominância de plantas baixas e altamente

bifurcadas. Este resultado foi semelhante ao do presente estudo, no qual registrou-se

catingueiras de pequeno porte e com múltiplos perfilhos em 87% do total amostrado para essa

espécie.

A área 4 destacou-se em relação a grande quantidade de árvores de P. pyramidalis

(59,7% do total), seguida da área 5 (53,2%). Esses dois ambientes foram também os que

obtiveram os menores índices de diversidade (H‟) e equabilidade (J‟), demonstrando

tendência a homogeneidade florística (Tabela 2.2).

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69

Tabela 2.2. Número de indivíduos (N), número de espécies (S), densidade média (DT = ind.ha-1

),

índice de diversidade de Shannon (H‟) e índice de equabilidade de Pielou (J‟) encontrados para os

cinco fragmentos de Caatinga do assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Áreas N S DT H’ J’

A1 128 15 1606 2,01 0,74

A2 132 18 1465 2,42 0,83

A3 108 13 1050 2,24 0,87

A4 164 12 *2754 1,32 0,52

A5 124 17 1586 1,76 0,62

*Destaque para o valor de densidade significativamente diferente das demais áreas (ANOVA p = 0,03; F = 8,41).

Com exceção da área 4, os valores de H‟ para os fragmentos do assentamento Barra da

Onça foram semelhantes aos outros trabalhos realizados em ambientes de Caatinga

hiperxerófila, que variaram de 1,39 a 2,35 nats/ind para a mesma área de estudo (Fonseca

1991) e para outras áreas de Caatinga (Fabricante e Andrade 2007; Calixto Jr. e Drumond

2011; Silva, 2011; Barbosa et al., 2012; Oliveira, 2012).

O índice de diversidade de Shannon (H‟) expressa a riqueza e uniformidade da

população, sendo que quanto maior seu valor, maior será a diversidade da população

(Magurran, 1989). A equabilidade estimada (J‟), por sua vez, representa o número de espécies

que seria esperado encontrar na comunidade se todas tivessem a mesma abundância. Os

baixos valores desses índices nas áreas 4 e 5 ressaltam a extrema dominância de uma ou

poucas espécies sobre as outras e evidenciam a baixa heterogeneidade florística do

componente arbóreo. Já os valores mais altos de J‟ nas demais áreas mostram a melhor

distribuição de abundância entre as espécies, fenômeno que pode ser confirmado também pelo

diagrama de Whittaker ou diagrama de dominância (Figura 2.2). A equabilidade, neste caso, é

interpretada pela inclinação das curvas, sendo que as curvas mais inclinadas possuem menor

equabilidade (Melo, 2008).

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70

0,50

1,00

2,00

4,00

8,00

16,00

32,00

64,00

0 50 100 150 200

Ab

un

ncia

re

lativa

(%

)

Sequência de espécies

Área 1

Área 2

Área 3

Área 4

Área 5

Figura 2.2. Diagrama de Whittaker (ou de dominância) para as cinco comunidades. A área 2 (cruz)

possui um número maior de espécies (cauda mais comprida) e maior equabilidade (curva menos

inclinada). A área 4 (quadrado) possui um menor número de espécies (cauda mais curta) e menor

equabilidade (curva mais inclinada).

Barbosa et al. (2012) apresentam uma tabela de índices de diversidade e equabilidade

entre diversas áreas de Caatinga. Os índices de equabilidade variam entre 0,22 e 0,86 e, de

acordo com os autores, podem estar associados aos diferentes graus de antropização de cada

área.

Quanto a densidade média de indivíduos, os resultados encontrados neste trabalho

(Tabela 2.2 e Figura 2.3), são equivalentes a de outros estudos. Por exemplo, Pereira (2000),

analisando áreas de Caatinga na Paraíba sob diferentes níveis de degradação, observou

densidade de 3.253 ind./ha para área em bom estado de conservação e 2.115 ind./ha para uma

área submetida a forte grau de atividade antrópica. Em zonas de assentamentos com Caatinga

hiperxerófila do Rio Grande do Norte, Francelino et al. (2003) encontraram média de 3.531

ind./ha para formações arbustivo-arbórea aberta, 5.794 ind./ha para arbustivo-arbórea fechada

e 5.833 ind./ha para formação arbórea fechada.

De acordo com Oliveira (2011), embora os métodos de análise e inclusão de

indivíduos variem entre os estudos, é comum encontrar a densidade total entre 1.350 a 5.920

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71

ind./ha nos levantamentos quantitativos para vegetação da Caatinga, sendo que a variação

pode estar associada a variabilidade fisionômica da Caatinga, as diferentes pressões

antrópicas exercidas ao longo do tempo e ao período histórico de conservação de cada local.

Ainda em relação a densidade, a análise de variância (ANOVA) mostrou diferença

significativa entre os cinco fragmentos amostrados (p = 0,03; F = 8,41) e o teste de Tukey

apontou a área 4 como diferente das demais (Figura 2.3).

Figura 2.3. Densidade de indivíduos amostrados para os cinco remanescentes de Caatinga,

assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe (CAP ≥ 5 cm). Os pontos representam o valor de

densidade encontrado em cada transecto.

A grande quantidade de indivíduos de uma única espécie (P. pyramidalis) na área 4

fez com que esta desviasse do padrão encontrado para os demais remanescentes analisados

(Figura 2.3). É provável que este ambiente esteja em uma fase mais inicial de regeneração da

vegetação em relação as outras áreas, uma vez que, segundo Magurran (1989), tais ambientes

apresentam um número reduzido de espécies que ocupam nichos muito extensos no

ecossistema. Ao contrário, nos estágios mais avançados de regeneração existe um número

maior de espécies que reparte uma maior quantidade de nichos mais reduzidos (Magurran,

1989).

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72

Os parâmetros fitossociológicos calculados para cada área podem ser observados nas

Tabelas 2.3 a 2.7.

Tabela 2.3. Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na Área 1, ordenados

decrescentemente pelo número de indivíduos, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Espécies N AB Densidade Frequência Dominância

VI DA DR FA FR DoA DoR

M. tenuiflora 41 0,220 514,42 32,03 0,72 27,12 2,76 29,31 29,49

P. pyramidalis 35 0,305 439,14 27,34 0,63 23,58 3,83 40,69 30,54

M. urundeuva 12 0,024 150,56 9,38 0,22 8,25 0,29 3,16 6,93

Mortas 8 0,018 100,38 6,25 0,25 9,43 0,23 2,45 6,05

C. leptophloeos 7 0,037 87,83 5,47 0,19 7,08 0,46 4,96 5,83

A. pyrifolium 5 0,009 62,73 3,91 0,13 4,72 0,11 1,22 3,28

P. stipulata 4 0,010 37,64 2,34 0,06 2,36 0,09 1,02 1,91

A. colubrina 3 0,013 50,19 3,13 0,09 3,54 0,21 2,32 2,99

J. molissima 3 0,012 37,64 2,34 0,06 2,36 0,15 1,64 2,11

Manioht sp 3 0,019 37,64 2,34 0,09 3,54 0,23 2,50 2,79

P. piauhyensis 3 0,053 37,64 2,34 0,09 3,54 0,66 7,07 4,32

indet. 1 1 0,002 12,55 0,78 0,03 1,18 0,02 0,28 0,75

indet. 2 1 0,022 12,55 0,78 0,03 1,18 0,27 2,93 1,63

indet. 3 1 0,003 12,55 0,78 0,03 1,18 0,03 0,37 0,78

indet. 4 1 0,001 12,55 0,78 0,03 1,18 0,007 0,08 0,68

Totais 128 0,749 1606 100 2,65 100 9,42 100 100

N – número de indivíduos; AB – área basal (m2); DA - densidade absoluta (indivíduos.ha

-1); DR - densidade relativa (%);

FA- frequência absoluta (%); FR - frequência relativa (%); DoA - dominância absoluta (m2.ha

-1); DoR - dominância

relativa (%); VI - valor de importância (%).

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73

Tabela 2.4. Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na Área 2, ordenados

decrescentemente pelo número de indivíduos, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Espécies N AB Densidade Frequência Dominância

VI DA DR FA FR DoA DoR

C. leptophloeos 29 0,23 965,79 21,97 0,55 17,82 7,75 31,19 23,66

P. stipulaceae 23 0,06 765,97 17,42 0,45 14,85 2,29 9,23 13,84

P. pyramidalis 16 0,09 532,85 12,12 0,36 11,88 3,09 12,45 12,15

A. pyrifolium 11 0,07 366,33 8,33 0,21 6,93 2,47 9,96 8,41

B. cheilanta 10 0,09 333,03 7,58 0,18 5,94 0,29 1,17 4,90

A. colubrina 7 0,07 233,12 5,30 0,24 7,92 0,23 0,94 4,72

J. molissima 7 0,06 233,12 5,30 0,18 5,94 0,20 0,80 4,02

M. urundeuva 6 0,02 199,82 4,55 0,18 5,94 0,69 2,80 4,43

P. piauhyensis 5 0,13 166,52 3,79 0,15 4,95 4,44 17,86 8,87

Indet. 1 4 0,02 133,21 3,03 0,12 3,96 0,80 3,24 3,41

M. tenuiflora 4 0,04 133,21 3,03 0,09 2,97 1,60 6,46 4,15

P. marginatum 3 0,01 99,91 2,27 0,12 3,96 0,50 2,02 2,75

S. brasiliensis 2 0,006 66,61 1,52 0,06 1,98 0,20 0,81 1,44

C. foliolosum 1 0,03 33,30 0,76 0,03 0,99 0,10 0,42 0,72

C. uren 1 0,001 33,30 0,76 0,03 0,99 0,01 0,07 0,61

C. phyllacanthus 1 0,002 33,30 0,76 0,03 0,99 0,07 0,29 0,68

Morta 1 0,002 33,30 0,76 0,03 0,99 0,05 0,21 0,65

Indet. 2 1 0,001 33,30 0,76 0,03 0,99 0,02 0,09 0,61

Totais 132 0,747 4396 100 3,06 100 24,87 100 100

N – número de indivíduos; AB – área basal (m2); DA - densidade absoluta (indivíduos.ha

-1); DR - densidade relativa

(%); FA- frequência absoluta (%); FR - frequência relativa (%); DoA - dominância absoluta (m2.ha

-1); DoR -

dominância relativa (%); VI - valor de importância (%).

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74

Tabela 2.5. Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na Área 3, ordenados

decrescentemente pelo número de indivíduos, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Espécies N AB Densidade Frequência Dominância

VI DA DR FA FR DoA DoR

B. cheilanta 19 0,041 554,52 17,59 0,41 13,58 1,19 3,85 11,68

C. leptophloeos 18 0,415 525,33 16,67 0,52 17,28 12,10 39,08 24,34

P. pyramidalis 15 0,229 437,78 13,89 0,44 14,81 6,67 21,55 16,75

A. colubrina 12 0,124 350,22 11,11 0,37 12,35 3,63 11,71 11,72

Mortas 12 0,069 350,22 11,11 0,33 11,11 2,02 6,52 9,58

M. urundeuva 11 0,034 321,04 10,19 0,33 11,11 1,00 3,21 8,17

J. mollissima 8 0,006 233,48 7,41 0,22 7,41 0,18 0,57 5,13

Indet. 1 4 0,004 116,74 3,70 0,07 2,47 0,12 0,38 2,18

M. tenuiflora 4 0,054 116,74 3,70 0,15 4,94 1,58 5,10 4,58

Annona sp 2 0,021 58,37 1,85 0,04 1,23 0,60 1,95 1,68

P. piauhyensis 1 0,024 29,19 0,93 0,04 1,23 0,69 2,22 1,46

Manioht sp 1 0,002 29,19 0,93 0,04 1,23 0,06 0,18 0,78

S. brasiliensis 1 0,039 29,19 0,93 0,04 1,23 1,14 3,68 1,95

Totais 108 1,061 3152 100 3,00 100 30,97 100 100

N – número de indivíduos; AB – área basal (m2); DA - densidade absoluta (indivíduos.ha

-1); DR - densidade relativa (%);

FA- frequência absoluta (%); FR - frequência relativa (%); DoA - dominância absoluta (m2.ha

-1); DoR - dominância

relativa (%); VI - valor de importância (%).

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Tabela 2.6. Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na Área 4, ordenados

decrescentemente pelo número de indivíduos, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Espécies N AB Densidade Frequência Dominância

VI DA DR FA FR DoA DoR

P. pyramidalis 96 0,299 4937,05 59,76 0,98 46,02 15,07 50,31 51,62

A. pyrifolium 41 0,081 2065,50 25,00 0,59 27,61 4,11 13,71 22,11

M. tenuiflora 6 0,011 302,27 3,66 0,12 5,75 0,55 1,84 3,75

P. stipulacea 4 0,014 201,51 2,44 0,10 4,60 0,69 2,31 3,12

C. jamacaru 4 0,124 201,51 2,44 0,10 4,60 6,26 20,89 9,31

M. rígida 3 0,024 151,13 1,83 0,05 2,30 1,22 4,08 2,74

J. mollissima 2 0,0005 100,76 1,22 0,05 2,30 0,02 0,08 1,20

Morta 2 0,002 100,76 1,22 0,05 2,30 0,09 0,30 1,27

Indet. 1 1 0,0004 50,38 0,61 0,02 1,15 0,02 0,07 0,61

Indet. 2 1 0,002 50,38 0,61 0,02 1,15 0,10 0,32 0,69

M. urundeuva 1 0,0004 50,38 0,61 0,02 1,15 0,02 0,07 0,61

P. diversifolium 1 0,001 50,38 0,61 0,02 1,15 0,04 0,15 0,64

S. brasiliensis 1 0,001 50,38 0,61 0,02 1,15 0,84 2,82 1,53

S. obtusifolium 1 0,018 50,38 0,61 0,02 1,15 0,92 3,06 1,61

Totais 164 0,594 8262 100 2,17 100 29,95 100 100

N – número de indivíduos; AB – área basal (m2); DA - densidade absoluta (indivíduos.ha

-1); DR - densidade relativa (%);

FA- frequência absoluta (%); FR - frequência relativa (%); DoA - dominância absoluta (m2.ha

-1); DoR - dominância

relativa (%); VI - valor de importância (%).

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76

Tabela 2.7. Parâmetros fitossociológicos das espécies lenhosas amostradas na Área 5, ordenados

decrescentemente pelo número de indivíduos, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Espécies N AB Densidade Frequência Dominância

VI DA DR FA FR DoA DoR

P. pyramidalis 66 0,447 2533,02 53,23 0,94 36,26 17,17 54,64 48,04

P. stipulaceae 11 0,026 422,17 8,87 0,32 12,50 1,02 3,26 8,21

B. cheilanta 10 0,012 383,79 8,06 0,26 10,00 0,47 1,51 6,52

M. urundeuva 8 0,117 307,03 6,45 0,26 10,00 4,52 14,39 10,28

P. piauhyensis 4 0,080 153,52 3,23 0,13 5,00 3,07 9,78 6,00

A. colubrina 3 0,011 115,14 2,42 0,10 3,75 0,42 1,35 2,51

J. molíssima 3 0,002 115,14 2,42 0,10 3,75 0,11 0,35 2,17

Morta 3 0,033 115,14 2,42 0,10 3,75 1,28 4,08 3,42

Indet. 4 3 0,012 115,14 2,42 0,10 3,75 0,49 1,56 2,58

M. tenuiflora 2 0,024 76,76 1,61 0,06 2,50 0,92 2,94 2,35

P. zehntneri 2 0,002 76,76 1,61 0,03 1,25 0,08 0,27 1,04

Indet. 1 1 0,004 38,38 0,81 0,03 1,25 0,17 0,53 0,86

Indet. 2 1 0,0002 38,38 0,81 0,03 1,25 0,01 0,02 0,69

Indet. 3 1 0,001 38,38 0,81 0,03 1,25 0,04 0,12 0,72

Indet. 5 1 0,014 38,38 0,81 0,03 1,25 0,54 1,71 1,26

P. marginatum 1 0,001 38,38 0,81 0,03 1,25 0,04 0,12 0,72

S. obtusifolium 1 0,027 38,38 0,81 0,03 1,25 1,06 3,36 1,81

Totais 124 0,794 4759 100 2,58 100 31,43 100 100

N – número de indivíduos; DA - densidade absoluta (indivíduos.ha-1

); DR - densidade relativa (%); FA- frequência

absoluta (%); FR - frequência relativa (%); DoA - dominância absoluta (m2.ha

-1); DoR - dominância relativa (%); VI - valor

de importância (%).

A partir das tabelas, pode-se observar que o menor valor de dominância total obtido

foi na área 1 (9,42 m2.h

-1) e o maior valor encontra-se na área 5 (31,43 m

2.h

-1). Neste

parâmetro, a ANOVA não mostrou diferença significativa entre as áreas (F = 0,74; p = 0,57; p

> 0,05; Figura 2.4).

A dominância tem uma relação direta com a área basal, que por sua vez, é diretamente

proporcional aos diâmetros das espécies. Portanto, quanto maior o diâmetro da planta, maior

sua dominância no ambiente. Como as plantas amostradas neste estudo possuíam porte

pequeno, entende-se que os altos valores de dominância nas áreas 4 e 5 (Figura 2.4) podem

estar associados com a densidade de indivíduos e com a presença de múltiplos fustes

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77

(rebrotas) nas árvores inventariadas, que aumentaram o espaço ocupado pela planta no

ambiente (área basal). As rebrotas das espécies da Caatinga ocorrem quando submetidas a

diferentes tipos de corte, ocorrendo também em outras áreas de ambientes semiáridos (De

Figueirôa et al., 2008).

Figura 2.4. Distribuição dos valores de dominância das espécies amostradas em cada área de estudo

(A1-A5), assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Quando se analisa os ambientes A1, A4 e A5, onde P. pyramidalis obteve os maiores

valores de importância (VI), nota-se que tal resultado se deve, sobretudo, à grande densidade

e dominância relativa apresentada. Por outro lado, na área 2 (Tabela 2.4) e na área 3 (Tabela

2.5) Commiphora leptophloeos foi responsável pelo maior VI e pelos maiores valores de

dominância. Esta espécie é uma das arbóreas de grande porte da Caatinga (Carvalho, 2009),

apresentando geralmente maior área basal e baixa densidade relativa nos demais trabalhos da

Caatinga de Sergipe (Fonseca 1991; Oliveira, 2011; Silva, 2011).

De maneira geral, os valores totais de dominância para a Caatinga do Estado de

Sergipe estão entre 5,3 e 16 m2.h

-1 para os trabalhos que consideraram CAP ≥ 6 cm (Dória

Neto, 2008; Ferreira, 2011a; Machado, 2011; Silva, 2011; Oliveira, 2012; Ferraz et al., 2013).

Valores mais acentuados que estes podem ser encontrados em condições locais com maior

disponibilidade hídrica ou com histórico de conservação (Oliveira, 2012). Neste estudo, o

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78

local amostrado não possui altos índices hídricos e tampouco constitui uma área muito

preservada. Portanto, com exceção da área 1 que obteve o menor valor de dominância (9,42

m2.h

-1; Figura 2.4), as demais áreas evidenciaram altos valores provavelmente em função do

critério de inclusão (CAP ≥ 5 cm) e/ou das características das árvores destes ambientes que

apresentaram inúmeros fustes e, portanto, geraram maiores valores basais.

Os maiores valores de frequência foram encontrados para as espécies, em ordem

decrescente, P. pyramidalis, A. pyrifolium, M. tenuiflora, C. leptophloeos e P. stipulaceae,

demonstrando ampla distribuição das mesmas nos fragmentos de Caatinga do assentamento

em estudo. P. pyramidalis e A. pyrifolium tem sido as mais frequentes em levantamentos

botânicos anteriores para a mesma região do semiárido de Sergipe (Fonseca, 1991; Dória

Neto, 2008).

A estrutura diamétrica das comunidades vegetais amostradas têm distribuição de “J

invertido”, ou exponencial negativa, evidenciando uma maior concentração de indivíduos nas

classes de menor diâmetro e, na medida em que se aumenta o tamanho da classe, a frequência

diminui (Scolforo et al., 1998; Figura 2.5). Com exceção da área 1 que obteve 46,06% das

árvores amostradas na classe I, os demais fragmentos obtiveram mais de 50% das árvores

amostradas na primeira classe de diâmetro (média = 53,73%) sendo a área 4 a que concentrou

a maior proporção de indivíduos nessa classe (68,29%). Na classe II a porcentagem média foi

de 27,69%, sendo a área 1 o fragmento com o maior número de árvores nessa classe

(35,15%).

O padrão “J invertido” é comum nos levantamentos fitossociológicos de comunidades

florestais que se autorregeneram, pois as árvores de menor dimensão representam a maioria

da população, sugerindo que existe um balanço entre mortalidade e o recrutamento dos

indivíduos (Pereira Silva, 2004; Guedes, 2010). O estudo das distribuições diamétricas

encontra-se bastante difundido e, no Brasil, já são utilizados como subsídio para o manejo de

florestas, constituindo um meio eficaz para descrever as características de um povoamento

(Ferraz, 2011c). Contudo, Rodal et al. (2008b) alertam que não é seguro inferir sobre o

estabelecimento das populações de plantas apenas com base nas informações sobre a presença

de indivíduos em diversas classes de diâmetro. É preciso avaliar também a capacidade de

produção de sementes viáveis e as características dos bancos de sementes no solo.

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79

Figura 2.5. Distribuição de frequência das classes de diâmetro (DAP) das árvores com CAP ≥ 5 cm em cada

fragmento amostrado, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. I = 1,5cm ≤ DAP ≤ 6cm; II =

6,1cm ≤ DAP ≤ 10cm; III = 10,1cm ≤ DAP ≤ 15cm; IV = 15,1cm ≤ DAP ≤ 20cm; V = 20,1cm ≤ DAP ≤ 25cm;

VI = 25,1cm ≤ DAP ≤ 30cm; VII = 30,1cm ≤ DAP ≤ 35cm; VIII = 35,1cm ≤ DAP ≤ 40cm.

Na figura 2.6 encontra-se ilustrada a distribuição diamétrica de Poincianella

pyramidalis. Nota-se de forma clara que o padrão “J invertido” foi encontrado apenas na área

5 e uma tendência deste padrão foi observado na área 2. As áreas 1 e 3 apresentaram menor

frequência de indivíduos na primeira classe diamétrica e pequeno aumento na segunda classe,

para posterior diminuição nas classes seguintes. Na área 4, os indivíduos ocorreram

predominantemente nas duas primeiras classes, com uma queda abrupta na classe

subsequente. Pode-se inferir que a população desta última área tenha sofrido algum tipo de

distúrbio, considerando que, nos demais sítios analisados, que possuem as mesmas

características ambientais, foram encontrados indivíduos de P. pyramidalis distribuídos nas

demais classes de diâmetro.

O padrão de distribuição diamétrica diferente da curva exponencial negativa não é

incomum para as espécies da Caatinga. Resultados semelhantes foram encontrados por

Oliveira (2012) e Lima (2014) e sugerem variações ecológicas populacionais inerentes de

cada espécie.

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Figura 2.6. Distribuição de frequência das classes de diâmetro (DAP) das árvores de Poincianella

pyramidalis com CAP ≥ 5 cm em cada fragmento analisado, assentamento Barra da Onça, Poço

Redondo, Sergipe. I = 1,5cm ≤ DAP ≤ 6cm; II = 6,1cm ≤ DAP ≤ 10cm; III = 10,1cm ≤ DAP ≤ 15cm;

IV = 15,1cm ≤ DAP ≤ 20cm; V = 20,1cm ≤ DAP ≤ 25cm; VI = 25,1cm ≤ DAP ≤ 30cm; VII = 30,1cm

≤ DAP ≤ 35cm; VIII = 35,1cm ≤ DAP ≤ 40cm.

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81

Com relação à altura, a média dos indivíduos amostrados foi de 3,82 m (± 1,29) na

área 1; 3,67 m (± 1,29) na área 2; 3,74 m (± 1,47) na área 3; 3,53 m (± 1,09) na área 4 e de

3,47 m (± 1,30) na área 5. Na estratificação vertical observou-se predominância dos

indivíduos com alturas de 2,0 a 4,0 m (Figura 2.7).

A distribuição da frequência de altura tendeu a normalidade, com menor quantidade de

indivíduos nas classes iniciais e finais. Este padrão é observado em outros levantamentos

fitossociológicos de Caatinga (Rodal et al., 2008b; Oliveira, 2012). Segundo Galindo et al.

(2008), na Caatinga, a altura média de uma comunidade de árvores pode variar

significativamente entre os ambientes conservados, moderadamente degradados e degradados.

Apesar dos valores médios de altura do presente estudo serem inferiores àqueles

registrados por Fonseca (1991) para a mesma região (plantas entre 6 e 12 m de altura), os

resultados são comuns para fragmentos florestais em zonas de assentamento. Francelino et al.

(2003) apresentaram uma tabela com valores de altura entre 2,6 a 3,8 m para áreas florestadas

em 10 diferentes assentamentos no Rio Grande do Norte. Ferreira (2011b), analisou a flora de

três assentamentos no cariri Paraibano e encontrou a predominância de árvores entre 1,5 a 4 m

de altura.

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Figura 2.7. Distribuição de frequência das classes de altura (H) das árvores com CAP ≥ 5 cm em cada

fragmento analisado, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. I = 1,0 m ≤ H ≤ 2,0 m; II = 2,1

m ≤ H ≤ 3,0 m; III = 3,1 m ≤ H ≤ 4,0 m; IV = 4,1 m ≤ DAP ≤ 5,0 m; V = 5,1 m ≤ H ≤ 6,0 m; VI= 6,1 cm ≤

H ≤ 7,0 m; VII = 7,1 m ≤ H ≤ 8,0 m; VIII = > 8,1m.

O total de fustes mensurados foi diferente entre os fragmentos, mas a proporção de

indivíduos que perfilham foi semelhante nos cinco remanescentes analisados, com mais de

60% das árvores apresentando múltiplos fustes (Tabela 2.8).

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83

Tabela 2.8. Relação do número de fustes encontrado em cada fragmento

amostrado, Poço Redondo, Sergipe.

Áreas Transectos N

Fustes

T

Fustes Ind. (%) H’ Densidade

A1

T1 131

437 66,70 2,01

1540

T2 166 1244

T3 140 2036

A2

T1 134

388 63,82 2,42

1542

T2 147 1582

T3 107 1272

A3

T1 130

318 64,86 2,24

1332

T2 101 1044

T3 87 774.3

A4

T1 118

498 63,52 1,32

2141

T2 211 3303

T3 169 2818

A5

T1 189

505 62,20 1,76

1866

T2 149 1673

T3 167 1220

N Fustes = número de fustes por transecto; T Fustes = total de fustes por área; Ind. =

porcentagem de indivíduos com mais de dois fustes; H‟ = Índice de diversidade de Shanon;

densidade = densidade total de cada transecto (ind.hec-1

).

A densidade de indivíduos esteve positivamente relacionada com o número total de

fustes de cada área (r = 0,68; r2 = 0,46; p < 0,05). Assim, a maior quantidade de fustes foi

encontrada nas áreas A5 e A4, ambientes que apresentaram as maiores densidades de plantas

(Tabela 2.8). O total de fustes apresentou ainda uma forte correlação negativa com o índice de

diversidade de Shannon (ρ = -0,81).

A presença de indivíduos com múltiplos fustes tem sido observada em diversos

estudos realizados na Caatinga (Sampaio et al., 1998; Ferreira et al., 2013; Ferraz et al.,

2014). O acréscimo na densidade em função da quantidade de fustes também foi visto por

Ferreira (2013) na Caatinga do Estado da Paraíba. Acredita-se que as formações de múltiplos

fustes são uma estratégia importante na regeneração da Caatinga, notadamente quando

submetida à severa perturbação (Ferraz et al., 2014). Sendo assim, a grande quantidade de

fustes nos locais de menor diversidade e maior dominância de P. pyramidalis deixam evidente

a capacidade que esta espécie tem em rebrotar e sobreviver após cortes ou perturbações no

ambiente, bem como o impacto das perturbações sobre a diversidade de árvores da Caatinga.

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84

3. Estrutura do dossel

Foram analisadas um total de 390 fotografias hemisféricas do dossel (Figura 3.1).

Obteve-se valores médios de IAF e abertura do dossel para o período de chuva (maio-junho) e

o período seco (outubro-novembro) do ano de 2013 (Tabela 3.1). Também foi possível obter

os valores de IAF e abertura do dossel para o período seco (outubro-novembro) de 2012 em

três áreas distintas (Tabela 3.2).

Tabela 3.1. Média e desvio padrão do índice de área foliar (IAF) e da abertura do dossel (%) obtidos a

partir das fotos hemisféricas durante o período de chuva (maio-junho) e de seca (outubro-novembro) do

ano de 2013 para cinco fragmentos de Caatinga, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Áreas Período de Chuva 2013 Período Seco 2013

IAF Abertura (%) IAF Abertura (%)

A1 0,98 ±0,37 39,43 ±10,87 0,62 ±0,25 51,33 ±9,40

A2 1,02 ±0,68 44,95 ±19,11 0,57 ±0,29 56,77 ±10,54

A3 0,65 ±0,37 55,65 ±13,55 0,56 ±0,43 58,93 ±14,91

A4 1,08 ±0,29 33,87 ±6,97 0,76 ±0,19 44,83 ±7,39

A5 1,27 ±0,55 33,20 ±15,06 0,82 ±0,32 46,43 ±11,03

No período de chuva de 2013, a área 5 foi a que obteve o maior IAF e a menor

abertura do dossel, enquanto a área 3 obteve o menor IAF e a maior abertura do dossel. No

período seco de 2013, a área 5 manteve a maior quantidade de folhas nas árvores e a área 3

continuou com o menor índice e a maior abertura (Tabela 3.1).

Tabela 3.2. Média e desvio padrão do índice de área foliar (IAF) e da abertura do dossel (%) obtidos a

partir das fotos hemisféricas durante o período de seca (outubro-novembro) de 2012 para três

fragmentos de Caatinga, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe.

Áreas Período seco 2012

IAF Abertura (%)

A1 0,27 ±0,23 74,45 ±11,77

A2 0,27 ±0,17 74,33 ±7,75

A3 0,30 ±0,23 69,95 ±10,84

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A

B

C

Figura 3.1. Exemplo das fotografias hemisféricas analisadas no programa GLA. (A) período

seco (novembro) de 2012. (B) período de chuva (maio) de 2013. (C) período seco (novembro)

de 2013.

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86

Ao submeter os dados obtidos em 2013 (n =75) ao teste de Shapiro-Wilk, verificou-

se que somente o IAF apresentou um padrão de distribuição normal (p > 0,05) nos dois

períodos amostrados (chuva/2013 p = 0,40; seca/2013 p = 0,43). A análise de variância

(ANOVA) evidenciou diferença estatística no IAF entre as cinco áreas no período de chuva (F

= 3,45; p = 0,01; p < 0,05), sendo que o teste de Tukey apontou a área 3 como diferente das

demais. Não houve, no entanto, diferenças significativas entre as cinco áreas no período de

seca (F = 2,21; p = 0,07; p > 0,05). A variação temporal no IAF foi comprovada pelo teste t o

qual mostrou diferença estatística entre os períodos de seca e chuva em 2013 (t = 8,11; p =

0,00; p < 0,05), demonstrando existir mudanças no IAF da vegetação em função da

precipitação (Figura 3.2).

A

B

C

D

Figura 3.2. Observações obtidas para o IAF nos períodos de chuva (maio-junho) e seca (outubro-novembro) de

2013, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. (A) valores do IAF em cada ponto de amostragem para

as cinco áreas, período de chuva. (B) valores do IAF em cada ponto de amostragem das cinco áreas, período seco.

(C) distribuição da frequência do IAF nos dois períodos analisados. (D) variação das médias do IAF nos períodos de

chuva e seca de 2013 (n = 75).

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87

O IAF é um índice calculado a partir da divisão da área da superfície foliar pela área

de projeção da copa sobre a superfície do solo. É, portanto, uma medida adimensional da área

foliar que corresponde a quantidade de camadas de folhas em m², por área de solo também em

m² (Larcher, 2006).

Conforme esperado, o IAF do presente estudo foi inferior aos descritos para florestas

tropicais úmidas, como na Amazônia, cuja vegetação alcança valores entre 5 e 7,5 durante a

estação chuvosa (McWilliam et al., 1993). Para florestas semidecíduas e decíduas, os valores

de IAF na época da chuva também são superiores aos da Caatinga, mas aqueles registrados

durante a estação seca são semelhantes. De Paula e Lemos Filho (2001) registraram médias de

2,21 (± 0,76) e 2,54 (± 0,10) na estação chuvosa e 0,77 (± 0,45) e 0,69 (± 0,16) na estação

seca de uma floresta semidecídua de Minas Gerais. Nascimento et al. (2007), estimaram

médias de 0,64 (± 0,18) e 0,46 (± 0,22) durante o período seco em florestas decíduas de

Goiás.

Para florestas de Caatinga, existem poucos estudos sobre a variação da cobertura do

dossel que retratam os valores de IAF e nenhum levantamento em áreas de assentamentos

onde predominam a Caatinga arbórea-arbustiva. Na Caatinga arbórea do município de Porto

da Folha, Sergipe, Oliveira (2012) encontrou médias de 0,65 (± 0,28) para as bordas da

floresta e 0,73 (± 0,30) para o interior, no período seco (outubro) de 2011. Nogueira Junior

(2011) explorou a Caatinga arbórea do município de Tobias Barreto, Sergipe, e apontou valor

médio de 2,16 (± 0,33) na estação chuvosa e 1,02 (± 0,39) na estação seca. Percebe-se que é

comum a redução do IAF na estação seca, sendo que os valores para as Caatingas arbóreas

neste período são semelhantes aos registrados nos cinco fragmentos deste estudo.

Segundo Larcher (2006), além da variação sazonal, o IAF pode variar em função do

ambiente, da espécie vegetal e do seu estágio de desenvolvimento. Durante o período de

chuva, a área 2 (A2) obteve maior variabilidade no IAF, sendo que este foi o sítio que

apresentou maior índice de diversidade (H‟ = 2,42). Porém, foi a área 3 (A3) que diferiu

estatisticamente das demais quanto aos valores médios de IAF. Na tentativa de compreender

esta disparidade foram feitas regressões lineares simples entre o IAF e os parâmetros

estruturais da vegetação (número de indivíduos, densidade, riqueza e dominância). No

entanto, não houve correlação significativa para tal diferença.

Em ambientes florestados, é comum encontrar mosaicos de vegetação, com áreas

mais abertas que outras, ou ainda grandes lacunas de vegetação. Deste modo, as condições

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88

ambientais e de solo, como a presença de afloramentos rochosos, podem condicionar a

estrutura do dossel, uma vez que as plantas crescem ao redor desses afloramentos que se

tornam grandes blocos calcários sem plantas sobre eles (Nascimento et al., 2007).

Com relação a abertura do dossel, a análise de Kruskal-Wallis mostrou diferença

entre as cinco áreas para o período de chuva (H = 22,2; p = 0,0002; p < 0,05) e também para o

período de seca (H = 11,09; p = 0,025; p < 0,05), sendo as áreas A3, A4 e A5 diferentes. O

teste de Wilcoxon comprovou a variação temporal entre os períodos de seca e chuva (T(Z) =

5,38; p = 0,00; p < 0,05; Figura 3.3).

A

B

C

D

Figura 3.3. Observações da abertura do dossel nos períodos de chuva (maio-junho) e seca (outubro-novembro) de

2013, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. (A) variação da abertura do dossel entre as áreas no

período de chuva. (B) variação da abertura do dossel entre as áreas no período seco. (C) distribuição de frequência

da abertura do dossel nos dois períodos (D) variação das médias da abertura do dossel nos períodos de chuva e de

seca de 2013 (n = 75).

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A abertura do dossel é uma medida inversamente proporcional ao IAF e apresenta

uma influência direta na variação da temperatura e umidade do ar, na temperatura do solo e no

saldo de radiação dentro da floresta (Pezzopane et al., 2002; Pezzopane et al., 2005). No

presente estudo, a coeficiente de Spearman mostrou que o IAF e a abertura do dossel tiveram

uma forte correlação negativa no período de chuva de 2013 (ρ = -0,96; Figura 3.4A), bem

como no período seco de 2013 (ρ = -0,81; Figura 3.4B).

A

B

Figura 3.4. Variação do IAF em relação a abertura do dossel, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo,

Sergipe. (A) correlação entre IAF e abertura do dossel (%) no período de chuva (maio-junho) de 2013; (B)

correlação entre IAF e abertura do dossel (%) no período de seca (outubro-novembro) de 2013 (n = 75).

A considerável diferença da cobertura vegetal na estação úmida e seca é explicada

pela sazonalidade anual da precipitação. O ritmo estacional das áreas aqui analisadas se traduz

pelo elevado grau de deciduidade das plantas na época seca, que pode atingir até 80% de

caducifólia (Figura 3.3B).

A abertura do dossel em florestas tropicais densas é menor que 10%, em florestas

estacionais semidecíduas variam de 33 a mais de 60% e, nas matas secas decíduas é superior a

50% (Nascimento et al., 2007). Nestas últimas, o percentual de abertura do dossel mantém

valores elevados mesmo nas épocas mais úmidas, em virtude da descontinuidade no extrato

superior da vegetação.

Em áreas de Caatinga arbórea, a sazonalidade na abertura do dossel foi comprovada

por Nogueira Junior (2011) que encontrou o dossel fechado no período pós-chuvas

(setembro/2009), com valores inferiores a 25% de abertura. Enquanto isso, no período seco

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90

(fevereiro/2010), a abertura esteve entre 50% a 70% na maioria dos pontos amostrados.

Fazendo uma comparação com os resultados do presente estudo, observa-se que a

porcentagem de abertura no período de chuva é menor na Caatinga arbórea, provavelmente

em função da maior densidade de plantas neste ambiente. Mas, no período seco, a Caatinga

arbórea e os remanescentes arbóreo-arbustivos do assentamento Barra da Onça apresentaram

médias equivalentes de abertura do dossel.

As variações de abertura do dossel entre as áreas, apontadas pelo teste de Kruskal-

Wallis, podem ser explicadas pela densidade da vegetação que compõem cada área. Isto é,

fazendo-se uma correlação entre a densidade arbórea (ind.ha-1

) e a abertura do dossel (%),

encontrou-se uma relação negativa (ρ = -0,52). Considera-se, portanto, que nos fragmentos de

Caatinga do assentamento Barra da Onça, as áreas com menor densidade de árvores tendem a

possuir maiores valores de abertura do dossel.

Em florestas tropicais, a presença de áreas abertas, com menor densidade de plantas,

permite uma maior disponibilidade dos recursos utilizados no crescimento e germinação de

sementes (aumento nas taxas de decomposição da serapilheira, disponibilidade de nutrientes,

entre outros), podendo, desta forma, influenciar na composição e diversidade de espécies

(Wirth et al., 2001). Ao mesmo tempo, as áreas abertas alteram as condições do solo,

aumentando a dessecação do mesmo e afetando negativamente a taxa de recrutamento de

árvores (Bawa e Seidler, 1998). Essa condição é ainda mais agravante em florestas tropicais

secas onde a umidade do solo é o fator chave nos processos iniciais de recrutamento de

plantas.

Na Mata Atlântica, Oliveira Filho (2012) encontrou que a regeneração e a variação

microclimática sofrem efeitos diretos da abertura do dossel. Nas florestas secas decíduas da

região central do Brasil, Guarino (2004) indicou que na época seca a umidade do solo é

diferente entre áreas abertas e de sub-bosque e, a sobrevivência e o crescimento inicial das

plântulas respondem fortemente as alterações na abertura do dossel, serapilheira e umidade do

solo. O autor também destacou que a exploração seletiva de madeira influencia na baixa

umidade do solo e no recrutamento de plântulas, sendo que o quanto maior a exploração do

recurso madeireiro, maior é o risco de mortalidade de plântulas.

Essas relações existentes entre a estrutura do dossel e as características bióticas e

abióticas de uma comunidade vegetal ocorrem em função da interação com a radiação solar.

A radiação solar que chega a superfície da terra é denominada de radiação global, sendo esta

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91

constituída pela soma da radiação direta com a radiação difusa (Novais, 2013). Ao atingir a

superfície da terra, a radiação global interage com o dossel das plantas e pode ser absorvida

pelos pigmentos contidos nas folhas (aproximadamente 50% do total que chega até a planta),

refletida, ou ainda transmitida, através das camadas de folhas que compõem a copa e através

dos tecidos que constituem a própria folha. Todos esses processos variam em função da

espécie e do ângulo de incidência dos raios (Machado et al., 1985).

Quando o dossel intercepta a radiação recebida, ocorre uma redução na transmitância

de energia solar (Davidson e Wang, 2004). A transmitância, por sua vez, é a fração de energia

radiante que entra em uma camada de faces paralelas de um meio e consegue atravessá-la

(Vilani, 2007), atingindo o sub-bosque. Também pode ser definida como a razão entre a

radiação incidente abaixo do dossel e a radiação incidente fora do dossel (Vilani, 2007).

Lemos Filho et al. (2010) verificaram a heterogeneidade espacial e as mudanças

sazonais da cobertura do dossel em uma área de Cerrado e sua relação com a radiação

fotossintética ativa disponível no sub-bosque. Na maior parte dos pontos amostrados, as

plantas de sub-bosque não receberam quantidade de luz suficiente durante a estação chuvosa.

Mas, na estação seca houve a saturação de luz da fotossíntese, sendo que a heterogeneidade

espacial foi relacionada com a complexidade da cobertura do dossel. Não só a estrutura da

vegetação afeta o regime de radiação solar no interior de uma floresta, mas também o ângulo

de incidência dos raios e as condições atmosféricas (Spolador et al., 2006; Andrade et al.,

2014).

Os resultados aqui encontrados demonstraram que a abertura do dossel foi

fortemente correlacionada com a transmitância na estação chuvosa (ρ = 0,81; Figura 3.5A) e

na estação seca (ρ = 0,59; Figura 3.5B). Logo, quando se diminui a densidade e/ou a cobertura

vegetal do dossel ocorre o aumento da transmitância. Nos períodos de chuva a tendência é a

diminuição dos valores de transmitância, mas, se o dossel apresentar falhas, isto é, clareiras,

estas podem contribuir com maior incidência direta da radiação.

Portanto, pode-se inferir que a abertura do dossel se traduz em um bom indicador

para a obtenção de dados sobre a incidência solar no sub-bosque da Caatinga, bem como as

variáveis microclimáticas do ambiente e, desta forma, gerar informações importantes para as

tomadas de decisões a respeito de recomposição de áreas degradas ou manejo florestal.

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92

A

B

Figura 3.5. Variação da transmitância em relação à abertura do dossel, assentamento Barra da Onça, Poço

Redondo, Sergipe. (A) correlação entre abertura do dossel (%) e transmitância (w.m-2

) no período de chuva

(maio-junho) de 2013; (B) correlação entre abertura do dossel (%) e transmitância (w.m-2

) no período de seca

(outubro-novembro) de 2013 (n = 75).

Referente aos dados obtidos no período seco de 2012 para três áreas (n = 45), o

coeficiente de correlação de Spearman mostrou que o IAF e a abertura do dossel possuem

forte correlação negativa (ρ = -0,93; Figura 3.6).

Figura 3.6. Correlação entre IAF e abertura do dossel (%) no

período de seca (outubro-novembro) de 2012, assentamento

Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe (n = 45).

O padrão de distribuição normal foi encontrado para a variável abertura do dossel (p

= 0,23). A ANOVA não mostrou diferença significativa entre as áreas para este parâmetro (F

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93

= 0,93; p = 0,40; p > 0,05; Figura 3.7A) e a análise de Kruskal-Wallis também não evidenciou

diferenças entre as áreas para os valores de IAF (p = 0,89; Figura 3.7B).

Durante a seca de 2012, o dossel se apresentou quase totalmente sem folhas, com as

estimativas de IAF próximos de zero (Figura 3.7B) e a abertura próximo a 90% (Figura 3.7A).

Na Figura 3.8, observa-se que para ambas as variáveis houve diferenças entre os períodos de

seca/2012 e chuva/2013 (T(Z) = 5,83; p = 0,00; p < 0,05) e entre a seca/2012 e a seca/2103

(T(Z) = 5,65; p = 0,00; p< 0,05), comprovadas pelo teste de Wilcoxon, destacando as

variações interanuais características da região nordeste (Braga et al., 2003).

A

B

Figura 3.7. Observações obtidas para o IAF e a abertura do dossel no período seco (outubro-

novembro) de 2012, assentamento Barra da Onça, Poço Redondo, Sergipe. (A) distribuição de

frequência do IAF (B) variação do IAF entre as áreas. (C) Distribuição de frequência da abertura do

dossel (D) variação da abertura do dossel entre as áreas (n = 45).

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94

A

B

C

D

Figura 3.8. Comportamento do IAF e abertura do dossel em áreas de Caatinga, Assentamento Barra da Onça,

Poço Redondo, Sergipe. (A) variação do IAF entre o período seco/2012 e período de chuva/2013. (B) variação

da abertura do dossel entre o período seco/2012 e período de chuva/2013. (C) variação do IAF entre o período

seco/2012 e seco/2013. (C) variação da abertura do dossel entre o período seco/2012 e seco/2013 (n = 45).

Os resultados entre a seca/2012 e chuva/2013 demonstraram, novamente, que a

estrutura do dossel apresentou variação sazonal, constatando que o estresse hídrico das áreas

de Caatinga reflete diretamente nos padrões fenológicos e fisiológicos das plantas.

Do mesmo modo, a diferença nos valores de IAF e nos percentuais de abertura do

dossel entre dois períodos secos (2012-2013) podem estar relacionados com os índices

pluviométricos da estação seca de cada ano correspondente. Na Figura 3.9 observa-se que o

total anual de precipitação em 2012 (324 mm) foi menor quando comparado com 2013 (579

mm). Ainda, o período seco compreendido entre os meses de agosto a dezembro, alcançou

maiores valores de precipitação em 2013 devido, principalmente, ao grande volume de chuvas

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95

registrado para o mês de outubro (94 mm) e dezembro (73 mm). Uma vez que os dados do

presente estudo foram obtidos entre outubro e novembro, pressupõe que houve uma rápida

resposta das plantas após as chuvas de outubro. Braga et al. (2003) realizaram um estudo

sobre o tempo de resposta da vegetação à ocorrência de precipitação pluvial em diferentes

regiões do Nordeste do Brasil e concluíram que na região da Caatinga a cobertura vegetal é

restabelecida um mês após o máximo de chuvas observadas. Maia (2012) também afirma que

a vegetação da Caatinga suporta intensos períodos de estiagem e recuperam as atividades

vitais com imensa rapidez logo que se iniciam as primeiras chuvas (Maia, 2012).

0

20

40

60

80

100

120

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Pre

cip

ita

ção

To

tal

(mm

)

Meses

Precipitação/2012 Precipitação/2013

Figura 3.9. Totais mensais de precipitação para os anos de 2012 e 2013, Poço Redondo,

Sergipe. Fonte: SEMARH.

A ausência de diferenças significativas entre as áreas mediante o parâmetro abertura

do dossel, obtido em 2012, evidenciou o impacto de um período de seca mais severa sob a

estrutura do dossel. Em outras palavras, a relação da abertura do dossel (%) com a densidade

arbórea (ind.ha-1

) encontrada para os períodos analisados em 2013, não foi igualmente

observada em 2012, uma vez que a taxa de deciduidade das plantas alcançou altos valores em

resposta aos índices pluviométricos ínfimos.

Sendo assim, os dados podem inferir um alerta para questões relacionadas às

alterações na estrutura do dossel das florestas de Caatinga em resposta aos anos ou períodos

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96

de estiagem severa mais frequentes. Segundo Miles et al. (2006), uma das grandes ameaças as

florestas tropicas secas das Américas é a drástica diminuição da precipitação em função das

alterações climáticas, que pode acarretar em perdas na biodiversidade e mudanças na estrutura

das comunidades. No entanto, os resultados do presente estudo devem ser aprofundados, pois

além do tempo curto de acompanhamento (apenas dois períodos secos e um chuvoso), o nível

de observação foi representado por poucas áreas.

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97

4. Descrição anatômica de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)

4.1 Descrição Macroscópica

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz – cerne e alburno distintos, com o

cerne destacando-se por sua coloração castanho escuro e alburno de coloração branco-

amarelada, com brilho moderado; odor e gosto imperceptíveis; madeira dura ao corte; grã

direta; textura fina; camadas de crescimento distintas a olho nu; parênquima axial e vasos

visíveis apenas sob lentes; raios finos e numerosos, invisíveis a olho nu.

Aspidosperma pyrifolium Mart. - cerne distinto do alburno pela coloração, onde o

cerne se apresenta marrom-escuro, e o alburno bege; brilho moderado, gosto amargo; odor

imperceptível; madeira dura ao corte; grã direta; textura fina e camadas de crescimento

distintas a olho nu; parênquima axial visível apenas sob lente; raios invisíveis a olho nu,

muito finos a finos, numerosos; vasos visíveis apenas sob lente, muito pequenos a pequenos,

muito numerosos; porosidade difusa, em arranjo radial, sem obstrução; raios baixos, visíveis

no plano tangencial apenas sob lente, não estratificados, pouco contrastado no plano radial.

4.2 Descrição Microscópica

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz

Camadas de crescimento: o lenho de P. pyramidalis apresentou camadas de crescimento

evidentes, delimitadas por finas linhas de parênquima marginal, geralmente com uma ou duas

camadas de células de largura (Figura 4.1). Em alguns anéis foi possível observar vasos maiores e

mais agrupados no início da camada de crescimento, e menos agrupados e menores em seu

fim.

Parênquima Axial: aliforme e confluente muitas vezes em faixas (Figura 4.1) com

armazenamento de substâncias.

Vasos: os poros apresentaram-se solitários, múltiplos e em arranjos radiais de 2-7

elementos, com pontoações, placas de perfuração simples e porosidade difusa pelo lenho (Figura

4.1).

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98

Figura 4.1. Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz. Seção transversal. (A) Camadas de

crescimento delimitadas por parênquima marginal (setas). (B) Detalhe do parênquima marginal

em linha (seta). (C) Vasos de distribuição difusa, solitários, geminados e múltiplos radiais. (D)

Detalhe do parênquima aliforme confluente.

Parênquima Radial: estratificados, homogêneos, unisseriados e bisseriados, com 1-2

células de largura (Figura 4.2).

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99

Figura 4.2. Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz. (A) Seção radial. Raio homogêneo.

(B) Seção tangencial. Raios estratificados, unisseriados (seta branca) e bisseriados (seta preta).

Fibras: comprimento médio e paredes bastante espessas. O diâmetro do lúmen variou,

com algumas fibras de lúmen muito estreito, quase colapsados, e outras com lúmen mais

evidente. Observou-se também, com muita frequência, presença de substâncias no interior das

fibras (Figura 4.3).

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100

Figura 4.3. Material macerado de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz. (A) Vaso com

pontoações (seta preta) e fibras com armazenamento de substâncias (setas brancas). (B) Cristais (seta

preta) e fibras de parede espessa e substâncias armazenadas no lúmen (seta branca)

Aspidosperma pyrifolium Mart.

Camadas de crescimento: distintas, com ocorrência de achatamento das fibras e

presença de linha de parênquima marginal unisseriada (Figura 4.4). Em alguns casos

observou-se delimitação da camada de crescimento por zona fibrosa. Os anéis também foram

caracterizados pelo tamanho e agrupamento de vasos, sendo mais agrupados e maiores no

início da camada de crescimento, e menos agrupados e menores em seu fim.

Parênquima Axial: paratraqueal escasso.

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101

Figura 4.4. Aspidosperma pyrifolium Mart. (A) Seção transversal. Camadas de crescimento (setas). (B)

Seção transversal, marcação das camadas de crescimento (seta branca) e parênquima radial (seta preta).

(C) Material macerado. Elemento de vaso, com destaque para o apêndice (seta preta) e placa de

perfuração simples (seta branca). (D) Material macerado. Elemento de vaso desprovido de apêndice em

ambas as extremidades com destaque para as pontoações (seta branca).

Vasos: poros distribuídos de maneira difusa pelo lenho, porém predominantemente

solitários, agrupados radialmente e raramente geminados ou múltiplos, podendo apresentar

apêndices em uma ou nas duas extremidades, bem com sua completa ausência (Figura 4.4).

Observou-se placa de perfuração simples oblíqua, com as pontoações intervasculares

pequenas, alternas e areoladas.

Parênquima Radial: A. pyrifolium apresentou raios não estratificados, heterogêneos,

predominantemente unisseriado, com a ocorrência de multisseriados de até três células, com a

presença de substâncias em seu interior e com células procumbentes (Figura 4.5).

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102

Figura 4.5. Aspidosperma pyrifolium Mart. (A) Seção radial. Parênquima radial com armazenamento

de substâncias (seta branca) e das células procumbentes (seta preta). (B) Seção tangencial. Parênquima

radial unisserido (seta branca) e bisseriados (seta preta).

Fibras: os libriformes apresentaram-se de comprimento médio, estreitos, sem septos,

com paredes espessas, lúmen reduzido, pontoações simples numerosas e evidentes em toda a

extensão das fibras (Figura 4.6).

Figura 4.6. Aspidosperma pyrifolium Mart. Material

macerado. Fibras libriformes com pontoações (seta

branca) e cristais (seta preta).

A Tabela 4.1 resume os resultados das análises quantitativas realizadas para as duas

espécies.

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102

Tabela 4.1. Valores mínimos, máximos, médios e desvio padrão dos caracteres anatômicos analisados em Poincianella pyramidalis (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium (pereiro), Caatinga de Sergipe.

Caracteres analisados Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz Aspidosperma pyrifolium Mart.

Mínima Média/desvio padrão Máxima Mínima Média/desvio padrão Máxima

Área dos vasos (µm) 0,78 3,37 ± 1,22 8,16 0,82 1,18 ± 0,37 2,23

Diâmetro dos vasos (µm) 26,70 60,02 ± 12,42 98,31 19,35 36,36 ± 6,44 56,45

Frequência dos vasos (mm²) 10,00 23,94 ± 6,26 40,00 191,00 216,17 ± 11,49 250,00

Altura do raio (µm) 61,91 113,74 ± 20,63 245,45 132,26 248,26 ± 51,45 432,37

Largura do raio (µm) 3,84 17,80 ± 3,92 31,55 9,67 19,59 ± 4,76 43,87

Frequência do raio (mm²) 7,00 10,55 ± 2,02 19,00 9,00 12,65 ± 1,51 16,00

Comprimento das Fibras (mm) 0,43 0,77 ± 0,16 1,65 0,62 0,91 ± 0,15 1,42

Espessura da parede das fibras (µm) 2,30 4,99 ± 0,98 7,50 0,97 1,32 ± 0,18 1,94

Diâmetro do lúmen das fibras (µm) 0,98 2,40 ± 1,9 8,37 0,22 0,60 ± 0,15 1,03

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103

As características anatômicas encontradas para P. pyramidalis, tais como porosidade

difusa, vasos com placas de perfuração simples e pontoações intervasculares alternas

guarnecidas são comuns às espécies pertencentes a família Fabaceae (Jansen et al., 2003;

Brandes, 2011). Já o parênquima axial aliforme, usualmente em bandas, raios estreitos

estratificados com até três células de largura e presença de cristais nas células

parenquimáticas axiais e radiais e às vezes nas fibras, são características da subfamília

Caesalpinioideae (Gasson et al., 2003). Esses caracteres também foram encontrados por

Gasson et al. (2009) e Silva et al. (2009) para indivíduos de P. pyramidalis. Houve uma

pequena variação, em relação ao presente estudo, apenas na altura do parênquima radial,

sendo que Silva et al. (2009) encontraram maiores valores, com média de 136,4 µm para

indivíduos de P. pyramidalis do Estado de Pernambuco.

Alguns desses aspectos anatômicos vão além da caracterização do grupo filogenético, isto

é, também indicam as adaptações ecológicas das plantas ao ambiente. Por exemplo, a ocorrência

de cristais em células do parênquima axial pode funcionar como reserva de substâncias a

serem incorporadas no ciclo metabólico ou como proteção à herbivoria (Metcalfe e Chalk,

1989), sendo que as plantas de ambientes secos apresentam alta frequência dessas estruturas

(Barrajas-Morales, 1985; Fahn et al., 1986; Chimelo e Mattos-Filho, 1988). A presença de

placas de perfuração simples e de pontoações guarnecidas também são características de plantas

que vivem em ambientes secos, pois evitam a embolia e são mais eficientes quanto à demanda do

fluxo de água imposta pelas altas taxas de transpiração (Wheeler e Baas, 1991; Alves e

Angyalossy-Alfonso, 2000; Jansen et al., 2004).

Outra característica importante são as fibras com substâncias armazenadas no lúmen.

Silva et al. (2009) encontraram fibras gelatinosas em árvores sem tortuosidades de P.

pyramidalis e, segundo os autores, tais fibras parecem estar relacionadas com o

armazenamento de água. Normalmente, as fibras gelatinosas aparecem em resposta a estresse

mecânico que age sobre o caule. Estas diferem anatomicamente das fibras da madeira normal

no conteúdo interno da parede celular secundária, referida como camada gelatinosa, que

consiste basicamente de celulose (Bailléres et al., 1997; Vidaurre et al., 2013). Porém, Paviani

(1977; 1978) destacou a relevância das fibras gelatinosas em plantas de ambientes seco,

atribuindo-as a função de reservar água por ser uma estrutura hidrófila. Júnior et al. (2011)

encontraram libriformes com conteúdo de aspecto gelatinoso em fibras de Copaifera

langsdorfii Desf. do cerrado e relataram que a existência de fibras gelatinosas neste ambiente

tem sido uma característica comum em plantas com tronco ereto. Alves e Angyalossy-Alfonso

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105

(2000), analisando a madeira de várias espécies em diversas regiões brasileiras e, Marcati et

al. (2001), analisando Caesalpinia echinata Lam. comprovaram o armazenamento de água em

fibras gelatinosas. Dias Leme et al. (2010), analisando o carvão de Mimosa ophthalmocentra

e M. tenuiflora da Caatinga do Estado de Pernambuco, evidenciaram também as fibras

gelatinosas. Portanto, é possível que as fibras observadas no presente estudo tenham essa

mesma característica, embora a natureza química do conteúdo das fibras não tenha sido

identificada nesta pesquisa.

O parênquima axial aliforme usualmente em bandas é uma tendência para diversos

gêneros da subfamília Caesalpinioideae (Gasson et al., 2003). Constitui um tecido acessório

capaz de proporcionar uma maior pressão osmótica, por meio da mobilização de substâncias

dentro dos elementos de vasos, ocasionando um aumento no fluxo de água (Braun, 1984).

Em relação aos vasos, Silva et al. (2009) afirmam que vasos solitários e múltiplos com

arranjo difuso é um padrão comum no lenho da maioria das espécies madeireiras e portanto, P.

pyramidalis inclui-se nesta categoria. Quanto ao diâmetro desses elementos, P. pyramidalis

apresentou valores menores que 100 µm neste estudo, sendo caracterizados como pequenos de

acordo com IAWA Comittee (1989). O mesmo resultado foi encontrado por Gasson et al. (2009).

Segundo Carlquist e Hoekman (1985) e Carlquist (2001), vasos de pequeno diâmetro representam

uma importante adaptação das plantas sujeitas ao estresse hídrico, enquanto que vasos largos (>

100 µm) transportam um maior volume de seiva, e são mais eficientes onde a disponibilidade

hídrica não se constitui um fator limitante ao transporte seguro da água.

A presença de vasos pequenos e a grande quantidade de fibras espessas apresentam

uma influência direta na densidade da madeira. Fujiwara et al. (1991) analisaram espécies de

madeiras japonesas e confirmaram que a espessura da parede das fibras e a percentagem de

material presente na parede têm forte influência na densidade da madeira. Rao et al. (1997)

encontraram altas densidades em madeira com baixa frequência de vasos.

A madeira de maior densidade apresenta, em geral, maior resistência mecânica e maior

valor energético em função da grande quantidade de celulose (Anglyalossy et al., 2005; Silva

et al., 2011). Silva et al. (2009) constataram que árvores de P. pyramidalis cujas regiões do

lenho possuem menor quantidade de vasos tendem a apresentar um maior potencial energético,

pois menor será a área de espaços vazios na madeira e, consequentemente, maior será a proporção

de parede celular. Os mesmos autores constataram ainda que a grande quantidade de fibras com

lúmens proporcionalmente menores que os lúmens dos vasos e com paredes mais espessadas,

resultará também em menores áreas de espaços vazios, elevando o potencial energético da

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106

madeira em virtude do maior teor de celulose e lignina. Assim, quanto maior a densidade da

madeira (maior a quantidade de fibras com paredes espessas e menor quantidade de parênquima e

vasos), melhor será para a produção de energia. A P. pyramidalis apresenta essas características,

com a densidade básica variando de 0,85 g/cm3 nos galhos a 1,01 g/cm

3 nos troncos (Silva et

al., 2009).

Portanto, sob a óptica dos caracteres anatômicos, a Poincianella pyramidalis do

semiárido de Sergipe mostra as adaptações ao ambiente da Caatinga e corrobora com os

demais trabalhos realizados para essa espécie e para a família Fabaceae. Não obstante, as

peculiaridades anatômicas aqui descritas sugerem a utilização dessa espécie principalmente

para a geração de energia.

Referente a espécie A. pyrifolium, os resultados aqui encontrados foram semelhantes

aos descritos por Oliveira (2003) em pesquisa realizada com a mesma espécie no município

de Patos, semiárido da Paraíba. Entretanto, o diâmetro e a área dos vasos foram menores e

mais frequentes para os indivíduos amostrados na Caatinga de Sergipe. Essa condição pode

estar relacionada com a precipitação média de cada local. Na região do presento estudo, a

média de precipitação é de 595 mm anuais, enquanto que para a cidade de Patos, a média de

precipitação é de 749 mm anuais (Monteiro et al., 2013). Logo, os indivíduos de A. pyrifolium

do presente estudo estão mais susceptíveis ao estresse hídrico. A combinação de vasos com

menor diâmetro e o aumento de sua frequência podem constituir-se adaptações desses

indivíduos para aumentar a eficiência e a otimização na utilização do recurso hídrico (Baas et

al., 1983; Carlquist, 2001).

Outro aspecto que apresentou diferença foi o parênquima axial. Oliveira (2003)

descreveu a presença de parênquima apotraqueal em faixas e difuso, enquanto que nas árvores

aqui analisadas foram observadas o parênquima paratraqueal escasso. Estudos vem

demonstrando a variação desses tecidos em resposta às condições ambientais (Luchi, 2004;

Luchi et al., 2005) e em função das condições climáticas, sendo o parênquima paratraqueal

associado a climas mais quentes e o apotraqueal, a climas mais frios (Barros et al., 2006b). No

entanto, para algumas espécies do gênero Aspidosperma é comum encontrar a coexistência

dos dois tipos de parênquima (Mattos et al., 2003).

A escassez de parênquima axial nas árvores de A. pyrifolium analisadas podem ser

compensadas de alguma forma pela presença de pontoações nos elementos vasculares. Os

elementos de vaso se comunicam por meio de numerosas pontoações que ocupam boa parte

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107

de sua superfície. As pontoações apresentam particularidades para a ocorrência no fluxo da

água, como o achatamento e o espassamento da parede celular próxima às pontoações, que

melhoram a penetração da água (Kedrov, 2012). As fibras septadas também desempenham

este papel (Alves e Angyalossy-Alfonso, 2002), mas não foram encontradas em A. pyrifolium.

As fibras com pontoações por sua vez, participam da movimentação dos fluidos, mas

possuem menor significância quando comparado ao efeito dos elementos vasculares (Siau,

1971).

A porosidade dos vasos de A. pyrifolium diferem de outras espécies do gênero

Aspidosperma. Cury (2001) descreve para A. ramiflorum vasos com porosidade em anéis

porosos, além de parênquima axial difuso e marginal com a presença de cristais. Ainda,

descreve a anatomia de A. cylindrocarpon e A. polyneuron sendo semelhantes à de A.

ramiflorum, todas com elementos de vaso maiores em diâmetro, menos frequentes, de

parênquima variado e fibras distintas da espécie de A. pyrifolium de Sergipe.

O parênquima radial dos indivíduos de A. pyrifolium do presente estudo foi mais largo,

e mais alto que o descrito por Oliveira (2003) para a mesma espécie. Para outras espécies do

gênero Aspidosperma o parênquima radial difere de A. pyrifolium, seja na altura, no número

de células observadas tangencialmente ou na presença de cristais (Cury, 2001; Mattos et al.,

2003).

As fibras observadas em A. pyrifolium são mais espessas e mais curtas quando

comparadas com os valores obtidos por Oliveira (2003). Em relação as demais espécies do

mesmo gênero, as fibras de A. pyrifolium são mais curtas e possuem um número maior de

pontoações, estas pouco descritas para A. cylindrocarpon e A. polyneuron (Cury, 2001).

Fibras mais curtas são encontradas em plantas de ambientes mais secos em diversos trabalhos

(Baas 1973; Barajas-Morales, 1985; Noshiro e Baas 2000).

Sendo assim, os caracteres anatômicos observados em árvores de A. pyrifolium do

semiárido de Sergipe evidenciam diferenças microscópicas com relação às descrições na

literatura para a mesma espécie e para demais espécies do mesmo gênero e, assim como em P.

pyramidalis, deixam evidente a presença de caracteres anatômicos xeromórficos.

Do ponto de vista da utilização da madeira, e com base nos aspectos anatômicos aqui

analisados, pode-se inferir que tanto P. pyramidalis quanto A. pyrifolium, apresentam

potencial produção de energia. No entanto, deve-se ressaltar, que P. pyramidalis apresenta

madeira de melhor qualidade para este fim em função, principalmente, dos parâmetros

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relacionados ao valor energético. Como descrito anteriormente, tais parâmetros dependem da

densidade da madeira, que por sua vez, está diretamente relacionada à quantidade de celulose

que a constitui (Angyalossy et al., 2005). As fibras de A. pyrifolium podem ser consideradas

espessas de acordo com IAWA Comittee (1989), mas quando comparadas com P. pyramidalis

são evidentemente mais delgadas. Soma-se a isto o fato de A. pyrifolium obter maior

frequência de vasos (e portanto, mais espaços vazios) e menor quantidade de parênquima.

Apenas com base nessas observações já é possível inferir que a P. pyramidalis é mais

adequada para a produção de energia do que A. pyrifolium. Contudo, a qualidade do material

energético ainda deve ser investigada com mais profundidade.

As camadas de crescimento encontradas tanto em P. pyramidalis quanto em A.

pyrifolium também foram citados em outros estudos dessas mesmas espécies (Cury, 2001;

Gasson et al., 2003; Silva et al., 2009; Oliveira, 2003). Os anéis também estão presentes em

outras cinco espécies do gênero Poincianella segundo Gasson et al. (2003). Já os anéis

delimitados por achatamento das paredes das fibras na porção marginal ou por uma linha de

parênquima marginal, observados em A. pyrifolium, também foram relatadas por Cury (2001)

para A. polyneuron e A. cylindrocarpon e por Mattos et al. (2003) para A. ramiflorum,

indicando que os dois padrões anatômicos são típicos desse gênero.

A presença de camadas de crescimento está associada às condições de sazonalidade

ambiental que acarreta respostas cíclicas de crescimento nas árvores (Kaennel e Schweingruber,

1995). Mesmo nos trópicos, onde as condições ambientais são mais homogêneas que os

ambientes temperados, os anéis de crescimento são comuns, estando presentes em mais de 20

países tropicais (Worbes, 2002). Alves e Angyalossy-Alfonso (2000) analisaram 491 espécies de

árvores distribuídas por todo o Brasil e encontram anéis de crescimento em 48% do total

estudado.

Diversos estudos realizados no Brasil vêm demonstrando que a formação dos anéis de

crescimento está relacionada com a disponibilidade hídrica (Callado e Guimarães, 2010;

Brandes et al., 2011), temperatura (Oliveira et al., 2010) e fotoperíodo (Oliveira, 2007). Logo,

as espécies aqui estudadas mostram variações no crescimento em função das condições

ambientais da Caatinga.

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109

5. Caracterização do lenho de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro) pelo método de densitometria de Raios X

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz

A aplicação da densitometria de raios X utilizando o QTRS-01X permitiu a leitura

direta das amostras, determinando de forma precisa a densidade aparente do lenho na seção

radial.

Dos 10 indivíduos coletados, analisou-se os perfis de densidade aparente do lenho de

oito árvores, em função da presença de podridão no lenho em duas amostras. Das oitos

amostras, quatro tiveram dois raios analisados, totalizando, portanto, 12 raios amostrados.

São apresentadas as oscilações da densidade aparente das amostras de P. pyramidalis

com as respectivas imagens utilizadas para a análise de raio X e as indicações dos limites das

camadas de crescimento, demonstrados através das setas (Anexo II). Os resultados mostraram

variações da densidade aparente ao longo dos raios, com aumento no valor da densidade a

partir da medula em direção a casca. Entretanto, nas amostras 03 e 05, podem ser observados

altos valores de densidade registrados próximos a medula (Anexo II).

A demarcação dos anéis de crescimento através do perfil radial de densidade só foi

possível quando comparada com a imagem da seção transversal polida e pela correspondência

dos mesmos. Houve dificuldades na identificação dos anéis mais próximos a medula. Ainda

que a densidade aparente do lenho de P. pyramidalis tenha revelado muita variação,

dificultando a distinção dos limites dos anéis de crescimento, pode-se identificar uma

tendência de menores valores no início das camadas de crescimento e maiores valores no final

das mesmas. Algumas camadas de crescimento apresentaram densidade maiores que a média

em quase toda a extensão, como entre 26,40-31,20 mm do raio da amostra 01 (Anexo B).

Os valores máximos, mínimos e médios da densidade aparente de cada amostra estão

sumarizados na Tabela 5.1.

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110

Tabela 5.1. Valores mínimos, médios e máximos da densidade

aparente do lenho (g/cm3) e diâmetro altura do peito (DAP) das

árvores de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz.

Amostras Densidade

Mínima

Densidade

Média

Densidade

Máxima

DAP

(cm)

Popy01r1 0,74 1,19 ± 0,17 1,85 8,12

Popy02r1 0,81 1,12 ± 6,37 1,57 6,37

Popy03r1 0,84 1,24 ± 6,85 1,99 6,84

Popy04r1 0,74 1,03 ± 5,25 1,43 5,25

Popy04r2 0,82 1,04 ± 5,25 1,36 5,25

Popy05r1 0,94 1,27 ± 7,01 1,73 7,01

Popy06r1 0,79 1,02 ± 4,14 1,57 4,14

Popy06r2 0,79 1,05 ± 4,14 1,37 4,14

Popy07r1 0,83 1,03 ± 6,50 1,32 3,50

Popy07r2 0,81 1,09 ± 6,50 1,38 3,50

Popy08r1 0,71 1,06 ± 4,78 1,54 4,78

Popy08r2 0,61 1,12 ± 4,78 1,59 4,78

Média 0,79 1,10 ± 0,13 1,56 5,80

A ANOVA evidenciou diferenças significativas entre as amostras de P. pyramidalis

para os valores médios da densidade aparente (F = 7,01; p = 0,00; p < 0,05), bem como para os

valores máximos (F = 7,83; p = 0,00; p < 0,05) e mínimos (F = 6,16; p = 0,00; p < 0,05).

Os testes de correlação de Spearman entre os valores de densidade aparente e o

diâmetro altura do peito (DAP) demonstraram uma correlação significativa e positiva com a

densidade média (ρ = 0,67; Figura 5.1.1A) e com a densidade máxima (ρ = 0,72; Figura

5.1.1B), mas não demonstrou uma correlação significativa para a densidade mínima (ρ = 0,13;

Figura 5.1.1C).

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Figura 5.1.1. Variação da densidade aparente do lenho de

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz em relação ao

diâmetro altura do peito (DAP). (A) Densidade aparente média

e DAP (ρ = 0,67). (B) Densidade aparente máxima e DAP

(ρ = 0,72). C. Densidade aparente mínima e DAP (ρ =

0,13).

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112

Aspidosperma pyrifolium Mart.

Das nove amostras coletadas, duas tiveram dois raios analisados, totalizando 11 raios

amostrados (Anexo III). Verificou-se que a densidade aparente não variou no sentido radial,

não mostrando, portanto, um efeito da fase juvenil, quando a densidade costuma ser menor

(Tabela 5.2). Os limites dos anéis de crescimento puderam ser identificados, com os menores

valores no início do anel e os maiores valores no final. As oscilações de densidade intra-anel

dificultaram a delimitação das camadas de crescimento e as delimitações só puderam ser

identificadas mediante comparação com as respectivas imagens transversais do lenho. Houve

dificuldades na identificação dos anéis mais próximos a medula e em algumas amostras os

limites não puderam ser identificados.

Os valores máximos, mínimos e médios da densidade aparente de cada amostra estão

sumarizados na Tabela 5.2. A ANOVA evidenciou diferenças significativas entre as amostras

de A. pyrifolium para os valores médios da densidade aparente (F = 20,95; p = 0,00; p < 0,05),

bem como para os valores máximos (F = 17,58; p = 0,00; p < 0,05) e mínimos (F = 13,98; p =

0,00; p < 0,05). Os testes de correlação de Spearman entre os valores de densidade aparente e

o diâmetro altura do peito (DAP) demonstraram uma correlação significativa e positiva

apenas com a densidade máxima (ρ = 0,62; Figura 5.1.2B), não havendo correlações

significativas com a densidade média (ρ = 0,22; Figura 5.1.2A) e com a densidade mínima (ρ

= 0,24; Figura 5.1.2C).

Tabela 5.2. Valores mínimos, médios e máximos da densidade

aparente do lenho (g/cm3) e diâmetro altura do peito (DAP) das

árvores de Aspidosperma pyrifolium Mart.

Amostras Densidade

Mínima

Densidade

Média

Densidade

Máxima

DAP

(cm)

Aspy01r1 0,62 0,80 ± 0,07 1,05 22,61

Aspy02r1 0,58 0,74 ± 0,05 0,92 25,80

Aspy03r1 0,65 0,86 ± 0,06 1,01 11,31

Aspy04r1 0,69 0,85 ± 0,06 1,00 10,83

Aspy05r1 0,57 0,74 ± 0,06 0,89 4,46

Aspy05r2 0,58 0,75 ± 0,06 0,91 4,46

Aspy06r1 0,63 0,79 ± 0,05 0,91 4,78

Aspy06r2 0,63 0,80 ± 0,05 0,97 4,78

Aspy07r1 0,48 0,72 ± 0,09 0,93 8,44

Aspy08r1 0,54 0,71 ± 0,07 0,91 9,24

Aspy09r1 0,59 0,82 ± 0,08 0,97 11,46

Média 0,60 0,78 ± 0,06 0,95 10,74

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Figura 5.1.2. Variação da densidade aparente do lenho de

Aspidosperma pyrifolium Mart. em relação ao diâmetro altura

do peito (DAP). (A) Densidade aparente média e DAP (ρ =

0,22). (B) Densidade aparente máxima e DAP (ρ = 0,62). C.

Densidade aparente mínima e DAP (ρ = 0,24).

Por meio do teste t observou-se diferenças significativas nos valores de densidade

aparente media entre as duas espécies analisadas (t = 27,81; p = 0,00; p < 0,05). Ainda que

estatisticamente diferentes, os valores de densidade aparente média de P. pyramidalis (1,10

g.cm-3

) e A. pyrifolium (0,78 g.cm-3

) obtidos pela técnica de raios x são maiores quando

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114

comparados com outros estudos que utilizaram a mesma técnica. Alvarado et al. (2010)

encontraram médias de 0,70 e 0,81 g.cm-3

em árvores de Swietenia macrophylla da floresta

amazônica. Anholetto Junior (2013) encontrou médias de 0,44 a 0,60 g.cm-3

em árvores de

Cedrela odorata situadas no Estado de Sergipe. Castro (2014) encontrou média de 0,54 g.cm-3

para Pinus caribaea var. hondurensis do interior de São Paulo.

Logo, ambas as espécies analisadas obtiveram altos valores de densidade aparente

média, corroborando com a ideia de que a alta densidade da madeira é típica de locais com

baixa disponibilidade de recursos (Whight et al., 2004; Donovan et al., 2011), como é o caso

das áreas de Caatinga que são submetidas às restrições hídricas sazonais. Além disso,

madeiras mais densas são mais resistentes às rupturas dos vasos em função das paredes mais

espessas (Hacke et al., 2000), garantindo a condutividade hidráulica segura imposta pelas

altas taxas de transpiração (Chave et al., 2009; Jansen et al., 2004).

Os valores de densidade aparente média do lenho de P. pyramidalis e A. pyrifolium

diferem estatisticamente em função de suas características anatômicas. Segundo Roque e

Tomazello-Filho (2009), a densidade da madeira é resultado da combinação e distribuição dos

diferentes elementos anatômicos. O lenho apresenta maior ou menor densidade em função do

tamanho das células, espessura da parede celular, da interação entre esses dois fatores e da

presença de extrativos (Santos, 2008). A espessura das paredes das fibras, ou um aumento na

proporção das fibras em relação aos vasos, são fatores que influenciam no aumento da

densidade (Oliveira e Silva, 2003). De maneira inversa, um aumento na proporção de vasos,

com ou sem decréscimo na espessura da parede celular, leva à redução na densidade (Oliveira

e Silva, 2003).

P. pyramidalis possui fibras com paredes cinco vezes mais espessas que A. pyrifolium, e

esta, por sua vez, possui uma frequência muito maior de vasos (ver Tabela 4.1, seção 4).

Sendo assim, a catingueira apresenta características anatômicas que aumentam os valores de

atenuação de raios X, ocasionando maior densidade aparente média que o pereiro.

A Poincianella pyramidalis também mostrou maior variação na densidade aparente

média no sentido medula-casca, enquanto A. pyrifolium apresentou anéis com alta densidade,

independentemente da posição radial. De modo geral, o comprimento das fibras, o diâmetro

do lúmen e a espessura das paredes das fibras aumentam no sentido medula-casca,

ocasionando aumento da densidade (Tomazello-Filho, 1985). Roque (2005) verificou uma

variação radial significativa das fibras da madeira de Gmelina arborea com idade variando de

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oito a 12 anos e considerou que o comprimento e a espessura da parede das fibras exercem

grande influência na densidade. Porém, espécies cujos valores de densidade são mais

uniformes ao longo do raio também são registradas na literatura, como é o caso de Croton

sonderianus da região da Caatinga (Silva, 2009).

De acordo com a análise de variância, existe diferença significativa nos valores de

densidade aparente entre os indivíduos da mesma espécie. Observou-se, através das análises

de correlação, que essas diferenças estão relacionadas com o DAP das árvores, deixando

evidente a tendência de aumento no valor da densidade média e máxima em função do DAP.

Tal fato é compreensível, uma vez que a proporção de madeira juvenil diminui com o a idade

da árvore, que é pronunciada na região do DAP (Trugilho et al., 1996). A madeira juvenil

corresponde ao xilema secundário produzido durante a fase inicial da vida da árvore,

caracterizada anatomicamente por uma maior proporção de lenho inicial, com células de

paredes delgadas e lúmens maiores (Ramsay e Briggs, 1986).

A análise aparente do lenho pela densitometria de raios x também possibilitou a

demarcação dos anéis de crescimento em ambas as espécies em função da presença do

parênquima marginal. Essa técnica vem sendo aplicada para outras espécies florestais, como

Quercus suber (Knapic et al., 2007) Cedrela odorata (Tomazello Filho et al., 2000; Anholetto

Junior, 2013) Croton sonderianus (Silva, 2006) e Swietenia macrophylla (Alvarado et al.,

2010), que também apresentam quedas no perfil densitométrico devido à presença de

parênquima marginal ou anel semi-poroso.

Houve dificuldades em identificar os limites do anel de P. pyramidalis e A. pyrifolium e

a verificação com as respectivas imagens transversais do lenho foi essencial. Silva (2006)

analisou a densidade aparente de uma espécie endêmica da Caatinga, Croton sonderianus, e

da mesma forma encontrou dificuldades em utilizar apenas a análise de densitometria para a

definição dos limites das camadas de crescimento. No entanto, a análise conjunta da anatomia

do lenho com densitometria de raios X mostrou-se muito adequada para a definição dos

limites das camadas de crescimento.

Em geral, os perfis de densidade obtidos para as espécies aqui estudadas mostraram que

houve uma tendência de diminuição da densidade na transição do lenho tardio de um anel

para o lenho inicial do anel seguinte, que pode ser usado para marcar os limites do anel. No

entanto, em A. pyrifolium, a queda brusca de densidade no início da camada de crescimento

foi mais evidente que em P. pyramidalis. Muito provavelmente isso ocorreu pois em A.

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116

pyrifolium, além do parênquima marginal, há uma evidente diferença de composição dos

vasos entre o lenho inicial e o lenho tardio. Os vasos são mais numerosos e possuem maior

diâmetro do lúmen no início do anel, o que induz uma menor atenuação dos raios X durante o

processo de irradiação das amostras, com consequente redução da densidade do lenho. Em P.

pyramidalis essa transição no diâmetro dos vasos não se faz presente em todos os anéis.

A densitometria de raios X proporcionou, portanto, uma análise das variações da

densidade aparente do lenho de P. pyramidalis e A. pyrifolium, indicativas de suas estruturas

anatômicas, sendo possível demarcar os limites dos anéis de crescimento.

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117

6. Dendrocronologia de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira) e

Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz

A média do diâmetro dos troncos (DAP) das árvores amostradas foi de 5,80 cm

sendo que a árvore mais espessa apresentou 8,12 cm e a mais estreita 4,78 cm de diâmetro.

Dos 10 indivíduos amostrados, dois apresentaram podridão no lenho no cerne próximo da

medula, que impediu a correta visualização dos anéis de crescimento, os outros oito foram

utilizados para a construção das cronologias. Das oitos amostras, quatro tiveram dois raios

analisados, ampliando para 12 séries radiais nas cronologias.

As árvores analisadas apresentaram média de 11,66 ± 2,57 anéis de crescimento,

sendo que o maior e o menor valor observados foram 18 e 9 anéis de crescimento. Em todas

as amostras haviam falsos anéis, o que dificultou a construção das cronologias. Foi possível

identificar esses falsos anéis através do processo crossdating. Em geral, estes anéis de

crescimento falsos caracterizavam-se por finas linhas de parênquima marginal, muitas vezes

associado ao parênquima vasicêntrico formando linhas semi-contínuas.

Semelhanças no padrão de crescimento anual das árvores de P. pyramidalis foram

encontradas durante o processo de crossdating. No entanto, os diferentes métodos de

mensuração da largura dos anéis de crescimento apresentaram diferentes valores de

intercorrelação obtidos pelo COFECHA (Tabela 6.1).

Tabela 6.1. Valores de intercorrelação para as séries temporais dos anéis de crescimento de

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz obtidas em diferentes técnicas de mensuração.

Técnicas de

mensuração

Coeficiente de

Intercorrelação

Número de anéis de

crescimento

mensurados

Coeficiente de

correlação com a

precipitação*

Larguras radiais

Programa de imagem 0,582 140 0,68

Mesa de mensuração 0,443 140 0,77

Densitometria de raios X 0,322 118 0,56

Densidades aparentes

Densidade mínima 0,110 118 -0,54

Densidade máxima 0,115 118 -0,23

Densidade média 0,155 118 -0,52 *série histórica de precipitação anual total para o município de Poço Redondo, Sergipe.

Foi possível construir seis cronologias por diferentes métodos de mensuração dos

anéis de crescimento de Poncianella pyramidalis (Figura 6.1.2).

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118

Figura 6.1.1. Poicianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz. Largura dos anéis de crescimento (linhas cinzas) e

cronologia Standard (linha preta) obtido por: (A) Programa de imagens Image ProPlus; (B) Mesa de mensuração;

(C) Densitometria de raios x; (D) Densidade aparente média (E) Densidade aparente mínima. (F) Densidade

aparente máxima. Os polígonos cinzas representam as quantidades de séries contribuintes em cada cronologia.

As cronologias obtidas pelos métodos de medição da largura dos anéis de

crescimento (mensuração por imagens, mesa de medição e densitometria de raios X) não

apresentaram diferenças significativas de acordo com os resultados da ANOVA (F = 0,13; p =

0,87; p > 0,05; Figura 6.1.2). A correlação entre as cronologias, através da aplicação da

correlação de Pearson, mostrou altos valores de coeficiente, sendo que as cronologias do

programa de imagens e da mesa de mensuração (r = 0,92) foram mais semelhantes em relação

ao programa de imagens e a densitometria de raios X (r = 0,67) e entre a mesa de mensuração

e a densitometria de raios X (r = 0,53). Assim, os valores satisfatórios de correlação

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119

demonstraram que os diferentes métodos são passíveis de serem utilizados nas mensurações

dos anéis de crescimento de P. pyramidalis, sendo a densitometria de raios X uma ferramenta

metodológica que auxilia na determinação dos limites dos anéis de crescimento e permite a

construção de cronologia semelhante aos métodos convencionais.

Figura 6.1.2. Cronologias de anéis de crescimento de 12 raios de Poicianella pyramidalis (Tul.) L. P.

Queiroz, obtidas com base nas mensurações de programa de imagem (Image ProPlus), mesa de

mensuração (LinTab) e densitometria de raios X.

As séries temporais obtidas a partir dos valores de densidade aparente média,

máxima e mínima de cada anel de crescimento evidenciaram baixos valores de intercorrelação

(Tabela 6.1). As cronologias, por sua vez, não diferiram significativamente entre si (F = 1,81;

p = 0,17; p > 0,05; Figura 6.1.3).

Figura 6.1.3. Cronologias de anéis de crescimento de 12 raios de Poicianella pyramidalis (Tul.) L. P.

Queiroz obtidas com base nos valores de densidade aparente de raios X. Dmáx: valores de densidade

máxima. Dmín: valores de densidade mínima. Dméd: valores de densidade média.

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120

As correlações da densidade aparente máxima e mínima com a densidade média do

lenho de P. pyramidalis, analisadas em regressão múltipla, foram positivas e significativas (r

= 0,72; r2 = 0,52; p < 0,05). No entanto, o modelo gerado indicou que a densidade máxima

possui um maior fator de correlação (0,55) que a densidade mínima (0,35). Possivelmente isso

ocorre em função da maior presença de lenho tardio, o qual aumenta os valores de atenuação

de raios X.

Por meio de análise de regressão simples, verificou-se que não há correlações

significativas entre a largura dos anéis de crescimento e os respectivos valores de densidade

aparente média (r2 = 0,05; p = 0,01), máxima (r

2 = 0,04; p = 0,02) e mínima (r

2 = 0,02; p =

0,12) do lenho de P. pyramidalis. Para esta espécie, a densidade aparente do anel de

crescimento é independente da largura do respectivo anel. A inexistência de correlação entre a

densidade aparente do lenho e a largura dos anéis de crescimento foi visto também em árvores

de Araucaria columnaris (Medeiros, 2005) e Swietenia macrophylla (Alvarado et al., 2010).

Todas as cronologias foram correlacionadas com os totais anuais de precipitação do

município de Poço Redondo por meio de correlações de Pearson (Tabela 6.1). Os maiores

coeficientes de correlação foram observados para as cronologias construídas pelas técnicas de

mensuração da largura dos anéis de crescimento (imagem, mesa de medição e raios X; Tabela

6.1).

Na Figura 6.1.4A pode-se observar uma tendência de aumento do índice das

cronologias (> 1,0) em períodos com precipitação acima de 600 mm. A precipitação é

considerada um fator determinante para o crescimento secundário de espécies de árvores

tropicais (Worbes, 1989) e, no presente estudo, as cronologias obtidas por mensuração da

largura dos anéis de crescimento estiveram fortemente correlacionadas com a precipitação

total anual.

Porém, observa-se que há anos com precipitação total anual abaixo de 600 mm cujos

índices apresentaram um aumento, como por exemplo nos anos de 2007 e 2009 (Figura

6.1.4A). Essa condição pode ser explicada pelo padrão anômalo de chuvas das regiões da

Caatinga, cujos níveis de precipitação podem variar consideravelmente entre os anos, no

tempo e no espaço. Ou seja, além do ciclo anual de seca-chuva, a precipitação total pode

iniciar e terminar em diferentes meses, com relevante variação na duração da estação chuvosa

(Embrapa, 2006; Sampaio, 2010). Esta variação anual do total de chuvas pode causar secas

prolongadas em alguns anos, estendendo o déficit hídrico (anos de seca), ou a estação chuvosa

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121

pode durar muito mais tempo que o normal (anos chuvosos). Mesmo quando a precipitação

total anual está perto de níveis médios, períodos prolongados de seca podem ocorrer, sendo

interrompidos por períodos mais curtos de chuvas intensas, que concentram-se em poucos

dias ou mesmo horas, dentro de áreas localizadas (Nobre, 2012). Estas características dos

padrões de precipitação na Caatinga afetam a fenologia de P. pyramidalis que, segundo Maia

(2012), está intimamente sincronizada com os padrões de chuva dessa região. Isto é, P.

pyramidalis perde todas as folhas no período de déficit hídrico, adaptando seus processos

fisiológicos para condições de menor disponibilidade de água no solo, com reflexo na

atividade do câmbio e, consequentemente, no crescimento em diâmetro da planta.

Figura 6.1.4. Correlação entre os totais anuais de precipitação do município de Poço Redondo,

Sergipe, e as cronologias de anéis de crescimento de 12 raios de Poncianella pyramidalis (Tul.) L. P.

Queiroz. (A) cronologias obtidas em programa de imagem (Image ProPlus), mesa de mensuração

(LinTab) e densitometria de raios X. (B) cronologias obtidas com base nos valores de densidade

aparente de raios X - Dmáx: densidade máxima, Dmín: densidade mínima, Dméd: densidade média.

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122

As cronologias obtidas pelos valores de densidade aparente do lenho tiveram

coeficientes negativos de correlação com a precipitação, sendo que a densidade aparente

mínima e média evidenciaram valores mais significativos que a densidade máxima (Tabela

6.1).

Para a cronologia construída com a densidade aparente média, os índices acima de

1,0 foram relacionados com períodos cuja precipitação estava abaixo de 560 mm, e os índices

abaixo de 1,0 para períodos com maior disponibilidade hídrica (Figura 6.1.4B). Exceções

foram observadas nos anos de 2006 e 2008, onde os valores de precipitação estão abaixo da

média e os valores de densidade aparente média também são baixos (< 1,0). A mesma

situação foi vista para a cronologia obtida pela densidade aparente mínima. Isto é, os maiores

valores dos índices (> 1,0) foram relacionados com anos de baixa precipitação (< 560 mm).

Da mesma maneira, também houve anos de baixa precipitação (2000, 2009 e 2011) cujos

valores do índice estavam abaixo de 1,0. A cronologia da densidade máxima apresentou uma

fraca correlação com a precipitação, mas evidenciou um aumento relevante nos valores dos

índices a partir do ano de 2006.

A irregularidade das precipitações afeta o crescimento e o desenvolvimento das

árvores e, especificamente, a atividade cambial, induzindo a formação de regiões de alta e

baixa densidades em um anel de crescimento (Silva, 2006). De forma geral, as altas

densidades dos anéis de crescimento estão correlacionadas com os períodos secos ou

deficiências hídricas no solo (Schweingruber et al., 1978). O déficit hídrico pode causar uma

redução no tamanho das células ou uma mudança na espessura da parede celular (Fritts,

2001). Espécies de Gmelina arborea de um local da Costa Rica com 1.781 mm/ano de

precipitação e com 12 semanas de estação seca evidencia a demarcação dos anéis de

crescimento pelo maior valor da densidade da madeira como resultado do aumento da

espessura da parede celular e pela presença de vasos de menor diâmetro (Roque, 2005).

Uma dificuldade encontrada foram as idades das árvores de P. pyramidalis do local

de estudo, resultando em cronologias de pequena extensão, dificultando inferir se as variações

nas cronologias obtidas pela densidade aparente do lenho estão de fato correlacionadas com o

padrão de precipitação local. É possível que as variações observadas, principalmente o

aumento da densidade aparente máxima no final da cronologia, estejam mais relacionadas

com a idade das plantas.

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123

Os resultados entre a correlação das cronologias do programa de imagens, mesa de

mensuração e densitometria de raios X com os fatores climáticos, obtidos no software

RESPO, mostraram padrões de crescimento das árvores em função das variações da

temperatura da superfície do oceano Atlântico (TSA) e da sazonalidade hídrica local (Figura

6.1.5).

A TSA mostrou-se significativa e positivamente correlacionada nos meses de

setembro e novembro do ano anterior apenas para as cronologias obtidas pelo programa de

imagens (Figura 6.1.5A) e mesa de mensuração (Figura 6.1.5C). Os dados obtidos com a

densitometria de raios X não evidenciaram relações significativas com a TSA (Figura 6.1.5E),

no entanto, a tendência visual dos resultados é semelhante às cronologias obtidas pelos

métodos clássicos de mensuração dos anéis de crescimento.

O clima da zona semiárida do nordeste do Brasil é influenciado por processos

atmosféricos e oceânicos que determinam a distribuição espacial e temporal dos padrões de

precipitação. Os principais fatores são a Zona de Convergência Inter-Tropical (ZCIT), os

ventos alísios do sudeste e as perturbações atmosféricas originárias do Oceano Atlântico.

Estes, por sua vez, são modulados pela temperatura da superfície do mar no Atlântico tropical

e no Pacífico equatorial, fatores de escala global que determinam os anos mais chuvosos ou

mais secos do Nordeste do Brasil (Magalhães, 2012).

A ZCIT é o fator mais determinante nos níveis de precipitação dessa região.

Constitui uma banda de nuvens que circunda a terra próximo ao equador, formada

principalmente pela confluência dos ventos alísios do hemisfério norte com os do hemisfério

sul. A ZCIT é mais pronunciada sobre os oceanos e, consequentemente, a temperatura da

superfície do mar é um fator determinante na sua posição e intensidade (Uvo et al, 1998;

Ferreira e Mello, 2005).

De modo particular, uma ligação direta pode ser observada entre anos secos e

temperaturas anormalmente baixas no Atlântico Sul e elevadas no Atlântico Norte. Em anos

chuvosos, esta configuração das temperaturas é invertida (Moura e Kagano, 1986). Isso pode

resultar em uma variação considerável nos níveis totais de precipitação entre os anos, muitas

vezes resultando em alternância de anos secos e chuvosos (Nobre, 2012).

As cronologias obtidas pelos métodos clássicos de mensuração evidenciam que a

população de P. pyramidalis responde às condições climáticas globais e, os padrões de chuva

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124

na zona semiárida da área de Sergipe são dependentes do aquecimento do Oceano Atlântico

próximo à costa de Sergipe (Atlântico Sul), durante o ano anterior.

Figura 6.1.5. Correlações das cronologias dos anéis de crescimento de Poicianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz,

Poço Redondo, Sergipe. (A) Temperatura da superfície do Atlântico (TSA) e cronologia standard obtida por programa

de imagem. (B) Precipitação mensal acumulada e cronologia standard obtida por programa de imagem. (C) TSA e

cronologia standard obtida por mesa de mensuração. (D) Precipitação mensal acumulada e cronologia standard obtida

por mesa de mensuração. (E) TSA e cronologia standard obtida por densitometria de raios X. (F) Precipitação mensal

acumulada e cronologia standard obtida por densitometria de raios X. As linhas pontilhadas indicam valores mínimos

significativos. As colunas pretas indicam valores significativos.

Com relação a precipitação, observou-se uma correlação positiva com os anéis de

crescimento no mês de junho em todas as cronologias, e no mês de julho para as cronologias

obtidas pelo programa de imagens (Figura 6.1.5B) e mesa de mensuração. (Figura 6.1.5D). O

mês de outubro do ano corrente foi negativamente correlacionado com a cronologia da mesa

de mensuração (Figura 6.1.5D).

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125

As cronologias foram associadas de forma positiva com o período chuvoso (abril-

julho) e de forma negativa com o período mais seco do ano (agosto-novembro) para o local de

estudo. Novamente, as cronologias obtidas pelos métodos clássicos de mensuração mostraram

correlações mais significativas com os fatores climáticos quando comparado ao método por

densitometria de raios X.

A relação do crescimento das plantas com a estação chuvosa é relatada por uma série

de trabalhos desenvolvidos em regiões tropicais (Dünish et al., 2003; Fichtler et al., 2004;

Trouet et al., 2010). Outros estudos têm registrado um padrão semelhante em espécies de

árvores em regiões tropicais semiáridas (Détienne, 1989; Gourlay, 1995; Eshete e Stahl, 1999;

Gebrekirstos et al, 2008), sendo que estas relações são consistentes com a fenologia das

espécies. Na espécie analisada, o período de queda de folhas ocorre em agosto (início da

estação seca), tornando-se totalmente sem folhas entre outubro e novembro (Maia, 2012).

Depois de um longo período de seca, P. pyramidalis responde às chuvas que se iniciam em

abril, estando totalmente com folhas novamente após cerca de 30 dias o início das chuvas

(Braga et al., 2003).

Os resultados corroboram com a descrição fenológica da espécie e mostram que a P.

pyramidalis forma anéis de crescimento no início e no meio da estação chuvosa (maio e

junho) e interrompem a atividade produtiva na estação seca (outubro). As informações aqui

geradas estão de acordo com Worbes (1995), no qual afirma que as regiões com uma estação

seca representada por três ou mais meses de precipitação inferior a 60 mm é favorável para

induzir um período de dormência nas plantas. Além disso, o crescimento de P. pyramidalis

não se estendeu até o final da estação chuvosa (julho), corroborando com Brienen e Zuidema

(2005), que afirmam que somente as precipitações do início da estação chuvosa causam um

impacto nas plantas, gerando um crescimento diferencial.

Confirma-se, portanto, que P. pyramidalis, uma espécie endêmica do semiárido do

Nordeste brasileiro, forma anéis de crescimento anuais em função da sazonalidade hídrica da

região. Esses anéis são passíveis de serem mensurados por diferentes métodos

dendrocronológicos.

A densitometria de raios X auxilia na identificação e na demarcação dos limites dos

anéis de crescimento e permite a construção de cronologia semelhante aos métodos clássicos

de mensuração. Ao mesmo tempo, a cronologia não torna evidente as relações significativas

com o clima. A mesa de mensuração apresenta menores valores de intercorrelação entre as

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126

amostras mas apresenta com mais clareza as relações da cronologia com as variáveis

climáticas, permitindo uma melhor compreensão do crescimento das árvores em função dos

níveis de precipitação local e da temperatura da superfície do Oceano Atlântico.

Aspidosperma pyrifolium Mart.

A média do diâmetro dos troncos (DAP) das árvores amostradas foi 11,70 cm, sendo o

maior diâmetro de 25,80 cm e a árvore de menor diâmetro de 4,46 cm. Dos nove indivíduos

amostrados, dois tiveram dois raios analisados, totalizando 11 séries na construção das

cronologias.

As árvores analisadas apresentaram média de 21,33 ± 9,19 anéis de crescimento,

sendo que o maior e o menor valor observados foram 46 e 12 anéis de crescimento. Todas as

amostras apresentaram falsas camadas de crescimento e a identificação dessas foi realizada

através do processo crossdating. Estes anéis falsos foram mais comumente observados no

início das camadas de crescimento, caracterizando-se por finas linhas semi-contínuas de

parênquima marginal e eram morfologicamente muito semelhantes aos anéis verdadeiros,

sendo sua identificação possível apenas por processor de crossdating.

Semelhanças no padrão de crescimento anual das árvores de A. pyrifolium foram

encontradas. No entanto, os diferentes métodos de mensuração da largura dos anéis de

crescimento apresentaram diferentes valores de intercorrelação obtidos pelo COFECHA

(Tabela 6.2).

Tabela 6.2. Valores de intercorrelação para as séries temporais dos anéis de

crescimento de Aspidosperma pyrifolium Mart. obtidas em diferentes técnicas de

mensuração.

Técnicas de

mensuração

Coeficiente de

intercorrelação

Número de anéis de

crescimento

mensurados

Coeficiente de

correlação entre as

cronologias e a

precipitação*

Larguras radiais

Programa de imagem 0,686 247 0,83

Mesa de mensuração 0,484 247 0,91

Densitometria de raios X 0,579 182 0,82

Densidades aparentes

Densidade mínima 0,240 182 -0,25

Densidade máxima 0,051 182 -0,01

Densidade média 0,148 182 -0,18

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127

Foi possível construir seis cronologias por diferentes métodos de mensuração dos

anéis de crescimento de Aspidosperma pyrifolium. Na Figura 6.1.6 observa-se as cronologias

de cada uma dessas técnicas de mensuração e a quantidade de segmentos utilizados na

construção das mesmas.

Figura 6.1.6. Aspidosperma pyrifolium Mart. Largura dos anéis de crescimento (linhas cinzas) e cronologia

Standard (linha preta) obtido por: (A) Programa de imagens Image ProPlus; (B) Mesa de mensuração; (C)

Densitometria de raios x; (D) Densidade aparente média (E) Densidade aparente mínima. (F) Densidade aparente

máxima. Os polígonos cinzas representam as quantidades de séries contribuintes em cada cronologia.

As cronologias obtidas pelos métodos de medição da largura dos anéis de

crescimento (mensuração por imagens, mesa de medição e densitometria de raios X), quando

analisadas pela análise de variância, não apresentaram diferenças significativas (F = 0,13; p =

0,87; p > 0,05; Figura 6.1.8).

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128

A relação das cronologias adquiridas por programa de imagens e mesa de medição,

através da correlação de Pearson, apresentou um coeficiente de correlação de r = 0,93. O

perfil de densidade aparente do lenho por densitometria de raios X apresentou um fator de r =

0,87 tanto em relação a cronologia obtida pelo programa de imagens quanto para a mesa de

mensuração.

Assim, os valores de correlação entre as cronologias foram altamente significativos,

demonstrando que os diferentes métodos são passíveis de serem utilizados nas mensurações

dos anéis de crescimento de A. pyrifolium. A densitometria de raios X possibilita não só a

identificação dos limites dos anéis de crescimento, como também gera dados para a

construção de uma cronologia muito semelhante aquelas obtidas em métodos convencionais.

Figura 6.1.7. Cronologias de anéis de crescimento de 11 raios de Aspidosperma pyrifolium

Mart. obtidas com base nas mensurações de programa de imagem (Image ProPlus), mesa de

medição (LinTab) e densitometria de raios x.

As séries temporais obtidas a partir dos valores de densidade aparente média,

máxima e mínima de cada anel de crescimento evidenciaram baixos valores de intercorrelação

(Tabela 6.2). As cronologias, por sua vez, não diferiram significativamente entre si (F = 1,81;

p = 0,17; p > 0,05; Figura 6.1.8).

As correlações da densidade aparente máxima e mínima com a densidade média do

lenho de A. pyrifolium, analisadas em regressão múltipla, foram positivas e muito

significativas (r = 0,95; r2 = 0,91; p < 0,05). No entanto, o teste indicou que a densidade

mínima possui um maior fator de correlação (0,65) que a densidade máxima (0,40). Isso

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129

mostra que a variação da densidade mínima explica a variação da densidade aparente média

devido aos baixos valores de densidade aparente no lenho inicial.

Figura 6.1.8. Cronologias de anéis de crescimento de 12 raios de Aspidosperma pyrifolium

Mart. obtidas com base nos valores de densidade aparente de raios X. Dmáx: valores de

densidade máxima. Dmín: valores de densidade mínima. Dméd: valores de densidade média.

Por meio de análise de regressão simples, verificou-se que não há correlações

significativas entre a largura dos anéis de crescimento e os respectivos valores de densidade

aparente média (r = 0,004; p = 0,36; p > 0,05), máxima (r2 = 0,04; p = 0,004; p < 0,05) e

mínima (r2 = 0,002; p = 0,54; p > 0,05) do lenho de A. pyrifolium. Assim como em P.

pyramidalis, a densidade aparente do anel de crescimento é independente da largura do

respectivo anel.

Todas as cronologias foram correlacionadas com os totais anuais de precipitação do

município de Poço Redondo, sendo que altos valores de correlação foram observados para as

cronologias construídas pelas técnicas de mensuração da largura do anel (imagem, mesa de

medição e raios X; Tabela 6.2). Pode-se dizer que a maior parte da variação da largura dos

anéis é explicada por relações diretas com os totais anuais de precipitação (Figura 6.1.9A).

O crescimento em diâmetro do tronco de espécies de árvores tropicais também é

visto em outras regiões semiáridas, cujas árvores dependem diretamente da disponibilidade de

água no período de chuvas, ocorrendo uma redução da atividade cambial na estação seca

(Worbes, 1995; Fichtler et al., 2004). Em áreas de Caatinga, Tsuchya (1995) encontrou anéis

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130

de crescimento mais largos e com maior número de vasos em Mimosa acutistipula e

Astronium urundeuva em anos com um elevado conteúdo de água nos solos, enquanto que em

anos secos, a largura do anel e o número de vasos diminuem. Silva (2006) encontrou

correlação significativa entre as larguras das camadas de crescimento de Croton sonderianus

da Caatinga e as médias anuais de precipitações. Deste modo, pode-se afirmar que na

Caatinga o desenvolvimento de diversas espécies de plantas está relacionado a disponibilidade

hídrica anual (Tsuchiya 1990), comprovando que o crescimento pode ser regulado pela

intensidade de períodos de seca (Roig 2000).

Figura 6.1.9. Correlação entre os totais anuais de precipitação do município de Poço Redondo,

Sergipe, e as cronologias de anéis de crescimento de 12 raios de Aspidosperma pyrifolium Mart. (A)

cronologias obtidas em programa de imagem (Image ProPlus), mesa de mensuração (LinTab) e

densitometria de raios X. (B) cronologias obtidas com base nos valores de densidade aparente de

raios X - Dmáx: densidade máxima, Dmín: densidade mínima, Dméd: densidade média.

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131

Assim como em P. pyramidalis, o ano de 2007 apresentou-se como uma exceção, no

qual um baixo nível de precipitação total foi correlacionado com um aumento na cronologia

(Figura 6.1.9A). Isso demonstra que neste ano houve um fator que influenciou no crescimento

das duas espécies. Tal fato pode ser explicado pelas variações hídricas que ocorrem em

determinados anos na Caatinga, como a presença de chuvas intensas e localizadas, no espaço

e no tempo. Segundo Maia (2012), A. pyrifolium é altamente resistente a longas e severas

secas, sendo que as folhas rebrotam ao primeiro sinal de umidade.

As cronologias obtidas pelos valores de densidade aparente do lenho tiveram baixos

coeficientes negativos de correlação com a precipitação total (Tabela 6.2). A densidade média

apresentou valores próximos de 1,0 em toda a extensão da cronologia, enquanto a densidade

máxima mostrou-se praticamente independente da precipitação (r = -0,01; Figura 6.1.9B). Já a

densidade mínima expressou altos valores no início da cronologia (1993-2004), e uma

tendência de variação com a precipitação a partir do ano de 2007 (Figura 6.1.9B).

Da mesma maneira que em P. pyramidalis, as variações na densidade do lenho de A.

pyrifolium aparentam estar mais correlacionadas com a idade das plantas do que com a

precipitação. Ou seja, no início da vida da planta ocorre uma maior quantidade de densidade

mínima em função da maior proporção de madeira juvenil (lenho inicial). Com o passar do

tempo, a quantidade de lenho inicial diminui, tornando os valores de densidade aparente mais

elevados, sendo observados no final da cronologia. Porém, esta observação precisa ser melhor

estudada para que seja uma afirmação com exatidão. É preciso, por exemplo, comparar

valores de densidade aparente do lenho entre plantas jovens e plantas mais velhas e verificar

se a variação na densidade ocorre em função da idade ou em função de algum fator ambiental

ou climático.

Os resultados entre a correlação das cronologias do programa de imagens, mesa de

mensuração e densitometria de raios X com os fatores climáticos, obtidos no software

RESPO, mostraram padrões de crescimento das árvores em função das variações da

temperatura da superfície do oceano Atlântico (TSA) e da sazonalidade hídrica local (Figura

6.1.10).

Diferentemente de P. pyramidalis, em que a TSA mostrou-se significativamente

correlacionada em setembro-novembro do ano anterior, em A. pyrifolium os meses mais

significativos foram abril-julho do ano corrente com a cronologia obtida pela mesa de

mensuração (Figura 6.1.10C). Os dados obtidos com a densitometria de raios X evidenciaram

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132

relações com a TSA semelhantes ao método clássico de mensuração da largura do anel

(Figura 6.1.10E). Também verificou-se que ocorreu uma influência da TSA no ano anterior de

forma positiva para a formação dos anéis de crescimento, sendo mais pronunciada na

cronologia obtida por programa de imagens (Figura 6.1.10A).

Figura 6.1.10. Correlações das cronologias dos anéis de crescimento de Aspidosperma pyrifolium Mart.,

Poço Redondo, Sergipe. (A) Temperatura da superfície do Atlântico (TSA) e cronologia standard obtida

por programa de imagem. (B) Precipitação mensal acumulada e cronologia standard obtida por programa

de imagem. (C) TSA e cronologia standard obtida por mesa de mensuração. (D) Precipitação mensal

acumulada e cronologia standard obtida por mesa de mensuração. (E) TSA e cronologia standard obtida

por densitometria de raios X. (F) Precipitação mensal acumulada e cronologia standard obtida por

densitometria de raios X. As linhas pontilhadas indicam valores mínimos significativos. As colunas pretas

indicam valores significativos.

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133

Essas informações ressaltam que A. pyrifolium possui maior sensibilidade com as

características climáticas do ano corrente, quando comparada com P. pyramidalis. Resultado

semelhante foi visto por Anholeto Júnior (2013) para Cedrela odorata no município de Poço

Verde, região semiárida de Sergipe cujas características climáticas são semelhantes ao sítio do

presente estudo. Os anéis de crescimento mostram, portanto, que o aquecimento da TSA do

ano anterior influencia positivamente no crescimento das árvores no ano corrente.

Nas diferentes cronologias, a correlação com a precipitação foi significativa e

positivamente correlacionada com os anéis de crescimento no período de janeiro-março do

ano corrente. As mensurações por programa de imagens (Figura 6.1.10B) e mesa de

mensuração (Figura 6.1.10D) também deixaram evidente a importância dos meses de junho-

julho na formação dos anéis de crescimento.

Historicamente o período de chuvas da região em estudo corresponde aos meses de

abril-julho. O período correspondente a janeiro-março não é estritamente considerado parte da

estação chuvosa, mas possui uma variação histórica nos níveis de precipitação pluviométrica,

sendo considerado um período de transição (ver Capítulo II). Em outras palavras, enquanto a

média de precipitação deste período está entre 47 e 55 mm, a variação entre os anos é

considerável, e as chuvas podem ser superiores a 100 mm em alguns anos, sob a forma de

chuvas esporádicas. A Aspidosperma pyrifolium se mostra sensível a estas precipitações que

ocorrem de forma esporádica fora do período chuvoso. Esta característica também pode estar

correlacionada com a presença dos falsos anéis que foram observados no início das camadas

de crescimento das amostras analisadas.

Do mesmo modo, e igualmente a P. pyramidalis, a estação chuvosa (junho-julho)

influencia de maneira significativa no crescimento das árvores de A. pyrifolium. Estes

resultados corroboram com outros estudos dendrocronológicos realizados na Caatinga.

Tsuchya (1995) observou padrões de crescimento em arbusto da Caatinga, relacionando estes

com o balanço hídrico da região e destacou que houve um aumento no número de vasos nos

anos mais úmidos e diminuição nos anos secos, refletindo-se na largura dos anéis. Silva

(2006) ressaltou que em Croton sonderianus, o câmbio vascular apresenta dormência no

período seco e atividade durante o período chuvoso.

Os resultados comprovam a influência dos fatores climáticos no incremento radial

anual para A. pyrifolium. Ficou evidente que a disponibilidade hídrica do ano corrente tem

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uma relação direta e positiva no crescimento de A. pyrifolium, assim como a temperatura da

superfície do Atlântico do ano anterior sobre o crescimento das plantas no ano corrente.

Vale destacar que em A. pyrifolium, estas relações podem ser observadas por

diferentes métodos de medição da largura dos anéis de crescimento, sendo que a

densitometria de raios X auxiliou de forma significativa na demarcação dos limites dos anéis

e permitiu a construção de cronologia semelhante aos métodos clássicos de mensuração.

Todas essas informações relacionadas ao padrão de crescimento de P. pyramidalis e

A. pyrifolium indicam a importância que os meses historicamente mais chuvosos têm no

crescimento e desenvolvimento secundário dessas plantas. Os dados também vão de encontro

com os estudos e experimentos desenvolvidos com as espécies lenhosas da Caatinga cujas

conclusões apontam para a importância do período de corte e manejo na sobrevivência de

algumas espécies. A P. pyramidalis é uma das espécies apontadas como altamente resiliente

ao corte raso e a poda de ramos realizado durante a estação da seca (De Figueirôa et al., 2006;

De Figueirôa et al., 2008). Para A. pyrifolium carecem informações dessa natureza, mas os

resultados aqui presentes já indicam a sensibilidade dessa espécie nas variações hídricas

típicas da Caatinga.

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135

7. Incremento médio anual de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira)

e Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro)

Com base nas larguras dos anéis de crescimento obtidas pelo programa de imagens

(método que apresentou maiores valores de intercorrelação entre as amostras), verificou-se o

incremento médio anual de cada espécie. A taxa média anual de incremento para P.

pyramidalis foi de 1,95 mm/ano (máximo 3,96 mm/ano e mínimo 0,64 mm/ano), sendo que a

população apresentou média de idade de 12 anos (Tabela 7.1).

Tabela 7.1. Valores mínimos, médios e máximos do incremento

anual, idade e diâmetro altura do peito (DAP) de árvores de

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz da Caatinga de

Sergipe.

Árvores Incremento

Idade DAP

(cm) Mínimo Médio Máximo

Popy01 0,92 1,95 ± 0,66 3,04 18 8,12

Popy02 1,34 1,96 ± 0,42 2,72 13 6,37

Popy03 0,76 2,35 ± 0,94 3,72 12 6,84

Popy04 0,96 1,93 ± 0,59 3,10 13 5,25

Popy05 1,32 2,68 ± 0,89 3,96 9 7,01

Popy06 0,64 1,72 ± 0,55 2,79 9 4,14

Popy07 0,77 1,32 ± 0,56 2,78 12 3,50

Popy08 0,92 1,73 ± 0,54 2,96 10 4,78

Média 0,95 1,95 ± 0,61 3,13 12 5,75

O comportamento de crescimento das árvores de P. pyramidalis mostrou variações

significativas entre os indivíduos (F = 4,63; p = 0,00; p < 0,05), evidenciando que existe

variação entre as plantas da mesma espécie (Figura 7.1A).

Para A. pyrifolium, a média anual de incremento foi de 1,70 mm/ano (máximo 4,85

mm/ano e mínimo 0,52 mm/ano) e a média de idade da população analisada foi de 22 anos

(Tabela 7.2). Esta espécie também apresentou variações no crescimento entre os indivíduos (F

= 4,44; p = 0,00; p < 0,05; Figura 7.1B).

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136

A

B

Figura 7.1. Curvas de incremento diamétrico acumulado de (A) Poincianella pyramidalis

(Tul.) L. P. Queiroz e (B) Aspidosperma pyrifolium Mart. A linha pontilhada representa a

média da população analisada.

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Tabela 7.2. Valores mínimos, médios e máximos do incremento

anual, idade e diâmetro altura do peito (DAP) de árvores de

Aspidosperma pyrifolium Mart. da Caatinga de Sergipe.

Árvore Incremento

Idade DAP

(cm) Mínimo Médio Máximo

Aspy01 0,77 2,16 ± 1,16 4,85 46 22,61

Aspy02 0,69 2,25 ± 1,09 4,70 * 25,80

Aspy03 0,62 1,63 ± 0,65 2,97 22 11,31

Aspy04 1,03 2,01 ± 0,61 3,27 19 10,83

Aspy05 0,93 1,43 ± 0,42 2,20 12 4,46

Aspy06 0,52 1,19 ± 0,46 2,11 14 4,78

Aspy07 0,84 1,42 ± 0,48 2,71 24 8,44

Aspy08 0,77 1,50 ± 0,65 3,67 23 9,24

Aspy09 0,84 1,67 ± 0,69 4,06 22 11,46

Média 0,78 1,70 ± 0,65 3,39 22,75 12,10

*Não foi possível mensurar os anéis de crescimento próximos à medula,

impossibilitando, assim, a estimativa de idade desta árvore.

As variações existentes nas taxas de crescimento das espécies de florestas tropicais

podem ser resultadas de diversos fatores que atuam em conjunto, como a disponibilidade de

água, nutrientes, luz, tamanho da copa, fitopatógenos entre outros, refletindo em variações nas

curvas cumulativas intra-específica (Clark e Clark, 2001; Rosa, 2008; Schongart, 2008).

Apesar de diversos trabalhos mostrarem a existência de anéis de crescimento anuais

em espécies nativas, informações sobre incremento anual em ambiente de florestas naturais

são muito escassos (Mattos, 1999), o que dificulta a comparação dos valores aqui obtidos com

outras espécies. Este fato é atribuído a falta de estabelecimento de uma metodologia

específica para determinação da idade das árvores e taxas de crescimento (Rosa, 2008). Com

base nos anéis de crescimento, é possível verificar que as árvores do presente estudo

apresentaram taxas de incremento inferior a outras espécies arbóreas da Caatinga, por

exemplo a Cedrela odorata, cujo incremento médio é de 2,18 mm/ano (Anholetto Jr., 2011) e

Pseudobombax marginatum, com 2,15 mm de incremento por ano (Nogueira Jr., 2011).

Ao analisar as curvas de crescimento entre as duas populações estudadas, verificou-

se que a A. pyrifolium apresenta menores valores de incremento médio anual (Figura 7.2).

Ressalta-se que para fins de comparação, excluiu-se as duas árvores de A. pyrifolium de maior

porte. P. pyramidalis apresentou, portanto crescimento superior, corroborando com a ideia de

que essa espécie possui caráter pioneiro, com rápido crescimento, sendo recomendada para

recuperação de áreas degradadas, proporcionando melhorias nas condições do solo que

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permitirão a continuidade da sucessão e da regeneração natural (Santa et al., 2011; Maia,

2012). Os dados obtidos indicam também a importância em considerar as variações das taxas

de incremento entre as espécies ao se aplicar um manejo florestal em áreas de Caatinga. Esse

conceito já foi comprovado por Schongart (2006) e Rosa (2008) para espécies da Amazônia.

As diferenças nas taxas de incremento em diâmetro refletem diferentes ciclos de corte para as

espécies, indicando que o estabelecimento de um diâmetro ou ciclo único para toda e qualquer

espécie não poderia suportar a sustentabilidade nas práticas de manejo florestal (Schongart,

2006; Rosa, 2008).

Figura 7.2. Incremento médio anual das populações de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P.

Queiroz e Aspidosperma pyrifolium Mart.

Apesar da taxa de incremento variar entre as espécies, os formatos das curvas de

incremento são semelhantes. Em ambas as espécies não foi observado uma atenuação do

crescimento, provavelmente em função da pouca idade dos indivíduos amostrados. A

tendência de diminuição do crescimento com aumento da idade (curva sigmoidal) parece

surgir apenas para espécies cujos indivíduos se aproximam do final do ciclo de crescimento,

quando o diâmetro passa a aumentar muito pouco (Scolforo et al., 2008).

Foi observada uma correlação entre o porte dos indivíduos (DAP) e o incremento

médio anual. Essa correlação foi mais evidente em A. pyrifolium (ρ = 0,90) do que em P.

pyramidalis (ρ = 0,74). Ou seja, o DAP deixa mais evidente as variações nas taxas de

crescimento de A. pyrifolium, sendo que as maiores taxas de incremento são observadas em

indivíduos de maior porte (Figura 7.3). Já em P. pyramidalis, ocorre a formação de eixos

caulinares múltiplos (perfilhos), o que pode influenciar diretamente na relação entre taxas de

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incremento e DAP dos troncos analisados. Perfilhar é uma característica natural das plantas da

Caatinga, ocorrendo com frequência nos estágios finais do ciclo de vida das plantas. Porém,

pode ser uma característica induzida, após corte e/ou queima. De qualquer modo, é uma

importante estratégia para ocupação do espaço horizontal, podendo influenciar as relações de

abundância entre as populações (Sampaio et al., 1998; Araújo et al., 2008; Figueiredo et al.,

2010) e na determinação de modelos de crescimento para essa espécie.

A

B

Figura 7.3. Relação do diâmetro altura do peito (DAP)

com o incremento médio anual para árvores de (A)

Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz e (B)

Aspidosperma pyrifolium Mart., Caatinga de Sergipe.

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140

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo evidenciou que os agricultores do assentamento Barra da Onça enfrentam

limitações sociais relacionadas à escolaridade, saneamento básico, assistência técnica e

associativismos. Na dimensão econômica, o modo de produção tem como base a agricultura

tradicional e a pecuária leiteira, no qual a oscilação da produtividade e a alta dependência dos

recursos externos são evidentes. A presença de um longo período seco, característico da

Caatinga, agrava a situação econômica de todos os assentados entrevistados, sendo a

estacionalidade da produção uma realidade comum neste sistema. No contexto ambiental,

nota-se a presença de práticas agrícolas degradantes ao ambiente, como a abertura de áreas

para pastagens e culturas, solos susceptíveis à erosão, o não cumprimento das leis ambientais

e a utilização dos recursos florestais sem um manejo adequado.

Percebe-se, portanto, que no assentamento Barra da Onça predomina um modelo de

desenvolvimento não sustentável, onde a inserção da agricultura e da pecuária não leva em

conta os preceitos ecológicos do funcionamento ecossistêmico da Caatinga. É necessário a

construção de um novo modelo de assentamento na Caatinga do Estado de Sergipe, com a

definição de novos rumos de desenvolvimento, onde estejam incluídas melhorias nos aspectos

socioeconômicos, a gestão ambiental e o desenho de paisagens sustentáveis. Deve-se pensar

em sistemas produtivos, com diversificação das atividades econômicas, incluindo, por

exemplo, o manejo florestal madeireiro, cujos recursos fazem parte das reais necessidades dos

assentados.

As demandas mais importantes de produtos madeireiros no assentamento Barra da

Onça são a lenha e as estacas para cercas e construções rurais. Os próprios agricultores

mantêm fragmentos de Caatinga no interior dos lotes para o uso das espécies arbóreas nativas.

Os levantamentos florísticos e fitossociológicos realizados em tais fragmentos mostram que a

vegetação arbórea do assentamento Barra da Onça é representada por diversas espécies de

caráter pioneiro e com baixa diversidade. Ao mesmo tempo, a composição florística

semelhante com outros levantamentos realizados no semiárido de Sergipe e a presença de

espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, evidenciam a importância da manutenção destes

fragmentos para a conservação da diversidade arbórea.

A Poincianella pyramidalis (catingueira), espécie apontada pelos assentados como a

mais importante fonte de lenha, foi também a mais abundante e com maiores valores de

importância nos remanescentes analisados. As análises anatômicas também revelaram o seu

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141

potencial energético, expresso na elevada densidade aparente e na presença de fibras curtas e

muito espessas, apresentando, portanto, potencial para produção de lenha.

A Aspidosperma pyrifolium (pereiro) também foi frequente nos remanescentes de

Caatinga, sendo destacada pelos agricultores como importante fonte de madeira para cercas e

outras construções. Pelo fato de apresentar o lenho com menor densidade aparente e maior

quantidade de vasos do que a catingueira, o pereiro possui uma menor aplicabilidade para o

uso da lenha. No entanto, a presença de fibras longas com paredes delgadas a espessas, reflete

as propriedades de resistência física, sendo indicada para construções externas. Portanto, o

conhecimento das propriedades anatômicas do lenho de espécies da Caatinga é essencial para

a determinação do uso da madeira.

A utilização de fotografias hemisféricas se revelou um método simples e útil para

compreender a dinâmica do dossel em áreas de Caatinga hiperxerófila arbórea-arbustiva. As

plantas da Caatinga de fato suportam as estiagens, recuperando suas atividades vitais muito

rapidamente logo que se iniciam as primeiras chuvas pós-período seco. Essa característica foi

detectada em função da redução do índice de área foliar (IAF) em períodos secos, com

consequente aumento da abertura do dossel, e aumento dos valores do IAF no período

chuvoso, com diminuição da abertura do dossel. Houve diferenças nos percentuais de abertura

do dossel entre as áreas avaliadas nos períodos de seca e de chuva, sendo correlacionados com

a densidade dos indivíduos de cada local. Pode-se notar também variações interanuais no

dossel em função das diferentes precipitações que ocorrem a cada ano, fato característico da

região nordeste.

Essas informações sobre a cobertura formada pela copa das árvores podem ser

relevantes na determinação do período de corte para o manejo das plantas arbóreas. Em

termos ecológicos, a abertura do dossel apresenta uma grande influência na regeneração das

espécies arbustivo-arbóreas, além de atuar como barreira física às gotas de chuva, protegendo

o solo da erosão. Em locais cujo dossel é mais aberto, existe maior passagem de luz,

comprovado pelo maior valor de transmitância. Isso pode influenciar negativamente no

microclima, no banco de semente do solo e no desenvolvimento das plântulas,

desfavorecendo a regeneração das espécies e, consequentemente, a manutenção de uma

atividade sustentável.

A precipitação como fator crucial no desenvolvimento das plantas também foi

observada ao longo das análises dendrocronológicas. As espécies aqui estudadas apresentam a

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capacidade de formar em seu tronco, anéis de crescimento, o que permitiu a construção de

cronologias por diferentes métodos de investigação e evidenciou o potencial para estudos

dendrocronológicos em áreas tropicais semiáridas. A delimitação de camadas de crescimento

refletiu o período seco sazonal, característico dessa região, demonstrando se tratarem de anéis

anuais de crescimento. A relação entre o clima e crescimento das árvores é consistente com a

fenologia das espécies, que apresentam a deciduidade durante a estação seca, inativando o

câmbio e formando o limite do anel de crescimento.

Em ambas as espécies, a formação e o tamanho dos anéis de crescimento estão

relacionados com a precipitação, sendo os anéis mais largos formados durante os anos de

maior disponibilidade hídrica e os anéis mais estreitos, nos anos de baixa precipitação. As

variações nas cronologias também estão correlacionadas com os níveis de precipitação

mensais e com os fatores globais que influenciam nas chuvas do nordeste, como a temperatura

da superfície do Oceano Atlântico. Esses achados têm aplicações potencialmente importantes

no entendimento dos fatores ambientais que influenciam a vida das plantas úteis da Caatinga.

Destaca-se ainda que o pereiro apresenta maiores valores de correlação com os

fatores climáticos do que a catingueira, demonstrando ser uma espécie mais sensível às

variações ambientais. A catingueira, por sua vez, apresenta adaptações anatômicas, como o

parênquima e o lúmen das fibras que armazenam substância reservas, bem como maiores

taxas de incremento médio anual, que indicam maior rusticidade e resiliência dessa espécie.

Tais características, somadas à elevada distribuição de P. pyramidalis nos remanescentes de

Caatinga, mostram uma perspectiva de manejo dessa espécie para a obtenção da lenha,

contribuindo para a diversificação de atividade econômicas complementares para os

assentados de Barra da Onça. São necessários, no entanto, estudos adicionais que

complementem as informações relativas aos planos de manejo florestal, tais como biomassa

disponível por hectare, tempo de regeneração da vegetação, ciclos de corte, investimentos e

custos do manejo, dentre outros aspectos.

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168

ANEXOS

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ANEXO I

Roteiro de entrevistas semiestruturadas

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE - PRODEMA

PESQUISA: AVALIAÇÃO DE SUSTENTABILIDADE EM ASSENTAMENTOS DA CAATINGA

SERGIPANA

Data: Hora/Início: Hora/Final: Tempo da entrevista:

I - INFORMAÇÕES GERAIS

Nome do entrevistado:

Data de nascimento:

Cidade/Estado de origem:

Assentamento:

Município:

Tamanho do Lote: Como adquiriu a terra (lutou; comprou; herdou):

Contatos:

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170

II – CARACTERIZAÇÃO SOCIAL

COMPOSIÇÃO FAMILIAR

Moradores Idade

(anos)

Naturalidade Escolaridade Tarefas principais Jornada de trabalho

(horas/semana)

Períodos de descanso ou lazer

(férias)

Observações:

INFRAESTRUTURA DO LAR

Moradia

(1)

Água

(2)

Esgoto

(3)

Energia

elétrica

(sim/não)

Lixo

Orgânico

(4)

Lixo

Comum

(4)

Equipamentos

domésticos

(5)

Veículos

(6)

Fonte de

informação

(7)

Observações:

(1) 1 – casa de tijolo com reboco e piso; 2 – casa de tijolo, sem reboco e piso; 3 - casa de taipa

(2) 1 - rede pública; 2 - poço escavado; 3 - poço artesiano; 4 - fonte protegida ; 5 - fonte sem proteção; 6 - outro

(3) 1 - fossa séptica; 2 - fossa seca; 3 - fossa negra; 4 - fossa aérea; 5 - outro

(4) 1 - recicla; 2 - queima; 3 - joga em terreno/rio; 4 - enterra; 5 - coleta pública; 6 - outro

(5) 1 - fogão a gás; 2 - fogão a lenha; 3 - geladeira; 4 - freezer; 5 - batedeira/liquidificador; 6 - televisão; 7 - rádio; 8 - aparelho de som; 9 - telefone; 10 - computador; 11 - outros

(6) 1 - carro de passeio; 2 - veículo de transporte de mercadorias; 3 - moto; 4 - bicicleta; 5 - carroça; 6 - cavalo; 8 - outros

(7) 1 - jornal; 2 - televisão; 3 - rádio; 4 - internet; 5 - igreja; 6 – outros.

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171

CONDIÇÕES DE ACESSO AO ASSENTAMENTO

( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim

Observações:

ACESSO A SERVIÇOS PÚBLICOS (assinalar com X)

PLOCAL DISPONÍVEL QUALIDADE DO SERVIÇO

Assentamento Sede do

Município

Outra cidade Boa Razoável Ruim

Escolas

Médicos

Atendimento

primeiros socorros

Dentistas

Transportes

Observações:

TRAJETÓRIA FAMILIAR NA AGRICULTURA

Antepassados trabalhavam

com agricultura? (1)

Quem era o agricultor?

(2)

De onde veio e quando veio para as terras

atuais?

As terras ficarão para seus

filhos?

(1)

Observações.

(1) 1 - sim; 2 - não; 3 - não sabe (2) 1 - bisavô; 2 - avô; 3 - pai; 4 – outro.

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172

PARTICIPAÇÃO COMUNITÁRIA

Há associações na localidade (sindicato, produtores, moradores, etc)? Qual e com que propósito?

Alguém da família participa? Frequenta as reuniões? Exerce alguma função? Qual? Se não, porquê?

Seus vizinhos participam?

Paga taxa mensal?

A vizinhança é na maioria (1):

Observações:

(1) 1 = parentes; 2 = amigos; 3 = conhecidos; 4 = desconhecidos

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173

III – CARACTERIZAÇÃO ECONÔMICA

FORMA ATUAL DO USO DA TERRA

Tipo de cultura Área

(tarefas)

Irrigado ou Sequeiro Tipo de irrigação Semente/muda

(1)

Preparo do solo

(2)

Observações:

(1) 1= própria; 2=compra

(2) 1= aração (MA=manual, TA=animal, TM=máquina); 2= enx. rotat.; 3=covas; 4=queima; 0=outros

Produtos de extrativismo

Há produtos de extrativismo? ( ) Não ( ) Sim Quais?

PRODUÇÃO ANIMAL

Animais Quantidade Tipo alimentação Ambiente Finalidade da produção

Observações:

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174

PRODUTIVIDADE DAS CULTURAS E PREÇOS ALCANÇADOS

Produto Produtividade alcançada desde o início da produção

Maior Menor

Observações:

DESTINO DA PRODUÇÃO (ASSINALAR COM X)

Produtos Consumo

interno

Associação Agroindústrias Supermercado Atacadistas Pequenos

estabelecimentos

Direto ao consumidor

(feiras, propriedades, outros)

Observações:

FORMAS DE COMERCIALIZAÇÃO

Produtos Bruto Processado (limpo, embalado, conservas...) % da produção Marca de identificação (sim ou não)

DETERMINAÇÃO DOS PREÇOS DOS PRODUTOS (ASSINALAR COM X)

( ) Produtor ( ) Intermediário ( ) Comprador ( ) Associação ( ) Negociado entre as partes

Observações:

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175

IV – CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

QUALIDADE DO SOLO

Textura (1) Erosão (2) Ervas espontâneas (3) Adubação

Tipo

(4)

Fonte

(5)

Quantidade

Kg/ha ou Kg/m2

(1) ARG =Argiloso; MED = Médio; ARE = Arenoso

(2) Erosão (nível de erosão visível): NEN = Nenhum; RAR = Raro; MOD = Moderado; COM = comprometedor; SEV = Severo

(3) HER= herbicida; ROT= rotação e alelopatia; MAN= arranque manual; CAP= capina; TAN= traç. Animal; MEC= mecânica OUT= outros

(4) O = orgânica; N = mineral natural; Q = química; M= mista

(5) C= compra; P = própria

DISPONIBILIDADE, QUALIDADE E CONSUMO DA ÁGUA DE USO AGRÍCOLA

Fontes de água com origem na propriedade (barragem pequena; riacho água salgada)

( ) Nascente ( ) Poço escavado ( ) Poço artesiano ( ) Córrego ( ) Rio ( ) Açude

Fontes de água com origem externa à propriedade Não

( ) Nascente ( ) Poço escavado ( ) Poço artesiano ( ) Córrego ( ) Rio ( ) Açude

Faz algum tipo de tratamento ou cuidado com a água?

(X) Não ( ) Sim Qual?

Sofre com escassez de água?

Frequentemente

( )

( ) Com secas curtas

(20 a 30dias)

( ) Com secas médias

(30 a 90dias)

( ) Com secas longas

(mais de 90 dias)

( ) Nunca

FONTES DE MATÉRIA ORGÂNICA (assinalar com X)

Produção de esterco Compostagem com materiais

próprios (exceto esterco)

Adubação verde

(ha ou m² / ano)

Compra de cama de

aviário

Compra de outros materiais

orgânicos

MÉTODO DE CONTROLE DE PRAGAS (assinalar com X)

Agrotóxico Biológico Nenhum método

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176

Observações:

UTILIZA FOGO NAS ATIVIDADES AGROPECUARIAS?

( ) SIM ( ) NÃO

FAZ ROTAÇÃO DE CULTURA?

( ) SIM ( ) NÃO

USA ESTERCO ANIMAL?

( ) SIM ( ) NÃO

CASA POSSUI SISTEMA DE ESGOTO OU ALGUM TIPO DE FOSSA?

( ) SIM ( ) NÃO

EXISTE ÁREA DE RESERVA DE MATA NATIVA NA PROPRIEDADE?

( ) SIM Qual o tamanho? ( ) NÃO

UTILIZA ÁRVORES DA CAATINGA?

( ) SIM ( ) NÃO

QUAIS? QUAL FINALIDADE?

COM QUE FREQUENCIA UTILIZA?

ONDE ENCONTRA PARA USO?

VOCE CONSIDERA AS PLANTAS DA CAATINGA IMPORTANTES? PORQUE?

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V – OPINIÕES DO AGRICULTOR

Associativismo

Crédito Rural

Assistência técnica

Satisfação com agricultura

Satisfação com a qualidade de vida

Futuro para os filhos

O que poderia ser feito para melhorar a produção do pequeno agricultor?

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ANEXO II

Densidade aparente das amostras de Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz determinada por

densitometria de raios X. As setas representam os limites dos anéis de crescimento.

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180

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181

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ANEXO III

Densidade aparente das amostras de Aspidosperma pyrifolium Mart. (pereiro) determinada por

densitometria de raios X. As setas representam os limites dos anéis de crescimento.

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183

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184

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