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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL
CURSO DE PÓS-GRDUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
TATIANA SAINARA MAIA FERNANDES
USO DAS TÉCNICAS QuEChERS E CG-EM NA GESTÃO AMBIENTAL PARA
MONITORAMENTO DE RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS ORGANOFOSFORADOS
EM PIMENTÃO
FORTALEZA
2018
TATIANA SAINARA MAIA FERNANDES
USO DAS TÉCNICAS QuEChERS E CG-EM NA GESTÃO AMBIENTAL PARA
MONITORAMENTO DE RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS ORGANOFOSFORADOS EM
PIMENTÃO
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial à obtenção do título de Doutor em
Engenharia Civil. Área de concentração:
Saneamento Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Ferreira do
Nascimento.
FORTALEZA
2018
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará
Biblioteca UniversitáriaGerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
F412u Fernandes, Tatiana Sainara Maia. Uso das técnicas QuEChERS e CG-EM na gestão ambiental para monitoramento de resíduos deagrotóxicos organofosforados em pimentão / Tatiana Sainara Maia Fernandes. – 2018. 186 f. : il. color.
Tese (doutorado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduaçãoem Engenharia Civil: Saneamento Ambiental, Fortaleza, 2018. Orientação: Prof. Dr. Ronaldo Ferreira do Nascimento.
1. ecotoxicologia. 2. cromatografia gasosa. 3. resíduos de agrotóxicos. 4. pimentão. I. Título. CDD 628
TATIANA SAINARA MAIA FERNANDES
USO DAS TÉCNICAS QuEChERS E CG-EM NA GESTÃO AMBIENTAL PARA
MONITORAMENTO DE RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS ORGANOFOSFORADOS EM
PIMENTÃO
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil da
Universidade Federal do Ceará, como requisito
parcial para a obtenção do título de Doutor em
Engenharia Civil. Área de concentração:
Saneamento Ambiental.
Aprovada em 03/ 08/ 2018.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Ronaldo Ferreira do Nascimento (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Prof. Dr. Ronaldo Stefanutti
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Pesq. Dra. Marisete Dantas de Aquino
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Pesq. Dr. Guilherme Julião Zocolo
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA
Prof. Dr. Francisco Wagner de Sousa
Instituto Federal do Ceará – IFCE (Caucaia)
A todos que de alguma forma contribuíram
para que eu alcançasse esta conquista.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a vida por ter me dado à oportunidade de adquirir mais conhecimento e
de alguma forma contribuir com a humanidade.
Ao Professor Dr. Ronaldo Ferreira do Nascimento, meu orientador Científico,
pela oportunidade e confiança que me deu, pela disponibilidade apresentada e pelas condições
que me proporcionou na realização deste trabalho no Laboratório de Análises de Traços
(LAT).
Ao Daniel Barbosa Alcântara que se disponibilizou a me ensinar e auxiliar no
preparo das amostras, bem como no tratamento dos dados e escrita da Tese.
Ao Pesquisador Dr. Guilherme Julião Zocolo, pela disponibilidade apresentada e
pelas condições que me proporcionou na realização deste trabalho na Embrapa.
À técnica da Embrapa Tigressa Rodrigues que realizou as medidas.
Aos coordenadores do Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais
(LMQPN/Embrapa) por disponibilizar o espaço físico e toda infraestrutura para realização
deste trabalho.
Aos colegas do grupo de pesquisa, Hélio, Pablo, Vitor, Edmilson, Itana, Marília,
Rouse, Breno, Fran, Amanda, Mayza, Juliene, Liana, Luiza, Igor, Thiago, Álvaro, Raquel,
Socorro entre outros, pelos agradáveis momentos de descontração no LAT e pelos
conhecimentos compartilhados.
À Universidade Federal do Ceará, em especial ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil pela oportunidade de realização do Doutorado.
À Fundação cearense de Apoio Científico e Tecnológico (FUNCAP) pelo suporte
financeiro e pela concessão da bolsa de Doutorado.
E por fim, a todos aqueles que colaboraram de forma direta ou indireta para
execução deste trabalho.
RESUMO
O desenvolvimento de métodos analíticos é crucial para o monitoramento de resíduos de
agrotóxicos em alimentos, pois assegura que as concentrações destes compostos estejam
dentro dos limites considerados seguros para a saúde, bem como promove as Boas práticas
Agrícolas (BPA), contribuindo tanto para a sociedade quanto para o meio ambiente. Este
trabalho descreve a validação de uma metodologia analítica baseada no método QuEChERS-
citrato (Quick, Easy, Cheap, Effective, Rugged, and Safe) e detecção por cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massa (CG-EM) para análise simultânea de seis agrotóxicos
organofosforados (clorpirifós diclorvós, dissulfotom, etoprofós, fenclorfós e protiofós) em
pimentão orgânico e não-orgânico. O pimentão foi escolhido por se tratar de um produto
bastante consumido no Brasil e no mundo, e principalmente porque nos últimos anos o PARA
(Programa de Análise de Resíduos em Alimentos) identificou várias amostras de pimentão
fora dos padrões de conformidade, sendo entre 2010 e 2012 o primeiro da lista de alimentos
mais contaminados por agrotóxicos organofosforados. O métdo QuEChERS-citrato gerou um
extrato mais limpo, ajudando a manter um maior tempo de vida tanto do liner quanto da
coluna. Os testes estatísticos teste-t e teste-F foram aplicados para verificar as significâncias
dos parâmetros e da regressão das curvas analíticas obtidas na matriz. O estudo do efeito
matriz (EM) foi realizado devido à complexidade da amostra, onde todos os compostos
avaliados apresentaram efeito negativo. Os agrotóxicos estudados apresentaram boa
linearidade com coeficientes de correlação superior a 0,99. Os limites de detecção (LOD)
variaram entre 0,002 mg.kg-1
e 0,039 mg.kg-1
e os limites de quantificação (LOQ) variaram
entre 0,006 mg.kg-1
e 0,130 mg.kg-1
. Somente uma das amostras no mercado local (Fortaleza-
CE) apresentou contaminação pelo agrotóxico clorpirifós, que não é permitido pela ANVISA
nesse tipo de cultura.
Palavras-chave: Pimentão. Resíduos de agrotóxicos. Organofosforados. QuEChERS. CG-
EM.
ABSTRACT
The development of analytical methods is crucial for the monitoring of pesticide residues in
food, as it ensures that the concentrations of these compounds are within the limits considered
safe for health, as well as promotes Good Agricultural Practices (GAP), contributing both to
society and the environment. This work describes the validation of an analytical methodology
based on the QuEChERS citrate method and gas chromatography coupled to mass
spectrometry (GC-MS) for the simultaneous analysis of six organophosphates pesticides
(chlorpyrifos dichlorvos, disulfotom, etoprophos, fenchlorphos and prothiophos) in bell
pepper organic and non-organic. The bell pepper has been chosen because it is a much
consumed product in Brazil and in the world, and mainly because in recent years the PARA
(Food Pesticide Residues Analysis Program) has identified several samples of bell peppers
outside the compliance standards, being between 2010 and 2012 the first on the list of foods
most contaminated by organophosphates pesticides. The QuEChERS-citrate method
generated a cleaner extract, helping to maintain a longer life for both liner and column. The t-
test and F-test statistical tests were applied to verify the significance of the parameters and
regression of the analytical curves obtained in the matrix. The study of the matrix effect (ME)
was performed due to the complexity of the sample, in which all the evaluated compounds
presented negative effect. The pesticides studied showed good linearity with coefficients of
correlation higher than 0.99. The limits of detection (LOD) ranged from 0.002 mg.kg-1
to
0.039 mg.kg-1
and the limits of quantification (LOQ) ranged from 0.006 mg.kg-1
to 0.130
mg.kg-1
. Only one of the samples obtained in the local market (Fortaleza-CE) showed
contamination by the chlorpyrifos pesticide, which is not allowed by ANVISA in this type of
crop.
Keywords: Bell pepper. Pesticide residues. Organophosphates. QuEChERS. GC-MS.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 2.1 – Processo geral de registro de agrotóxicos ..................................................... 26
Figura 2.2 – Ciclo dos agrotóxicos no meio ambiente ...................................................... 32
Figura 2.3 – Principais rotas de transporte e degradação de agrotóxicos no ambiente ..... 33
Figura 2.4 – Estruturas genéricas das principais subclasses dos organofosforados e
exemplos de representantes de cada subclasse .................................................
37
Figura 2.5 – Selos Federais do SisOrg para produtos orgânicos no Brasil versão
colorida .............................................................................................................
50
Figura 2.6 – Exemplo de embalagem contendo a certificação federal SisOrg e OAC
orgânica ............................................................................................................
51
Figura 2.7 – Frutos de pimentão com antracnose .............................................................. 56
Figura 2.8 – Sintoma do ataque de Phytophthora capsici em pimentão, (A) plantas
murchas; (B) apodrecimento do caule; (C) fruto recoberto com o micélio
branco do fungo ................................................................................................
57
Figura 2.9 – Sintoma do ataque de Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria em
pimentão, (A) folha de pimentão com pústulas; (B) frutos com cancros
pronunciados ....................................................................................................
58
Figura 2.10 – Esquema dos estágios das principais versões do método QuEChERS: a)
original; b) acetato e c) citrato .........................................................................
76
Figura 2.11 – Esquema de um CG-EM ................................................................................ 88
Figura 3.1 – Esquema do preparo das soluções estoque para análise em CG-EM ............ 111
Figura 3.2 – Esquema do preparo das soluções padrões a partir da solução padrão de 1,0
x 103 µg.L
-1 .......................................................................................................
113
Figura 3.3 – Esquema do preparo das soluções padrões a partir da solução padrão de 1,0
x 104 µg.L
-1 .......................................................................................................
114
Figura 3.4 – Processo de trituração e armazenamento da amostra para curva na matriz
...........................................................................................................................
114
Figura 3.5 – Esquema da obtenção do extrato primário da matriz .................................... 115
Figura 3.6 – Formação das três fases na etapa de extração após centrifugação ................ 116
Figura 3.7 – Esquema do procedimento de limpeza (clean-up) ........................................ 117
Figura 3.8 – Procedimento de evaporação do solvente acetonitrila ................................... 118
Figura 3.9 – Procedimento de ressuspensão para obtenção do extrato de 200 µg.L-1
para
injeção no sistema cromatográfico ................................................................... 118
Figura 3.10 – CG-EM utilizado no estudo (EMBRAPA - Fortaleza).................................. 120
Figura 3.11 – Programação de temperatura utilizado no estudo .......................................... 120
Figura 3.12 – Formação das três fases na etapa de extração após centrifugação para as
amostras não orgânicas .....................................................................................
121
Figura 3.13 – Adição da solução padrão 1,0 x 104 µg.L
-1 para recuperação ....................... 126
Figura 3.14 – Esquema de obtenção da concentração do analito no extrato em µg.L-1
...... 128
Figura 4.1 – Cromatogramas obtidos após injeção de 1 µL do mix de 1,0 x 103 µg.L
-1
no modo CIT. (a) TI a 170°C e VI de 1,0 μL, (b) TI a 240°C e VI de 3,0 μL
e (c) TI a 240°C e VI de 5,0 μL ........................................................................
131
Figura 4.2 – (a) CIT dos agrotóxicos na matriz do pimentão em concentração de 1500
µg.L-1
, (b) Cromatograma de IE para o clorpirifós e (c) Espectro de massa do
clorpirifós .........................................................................................................
136
Figura 4.3 – Espectros de massa e cromatogramas de IE de cada agrotóxico na matriz
do pimentão na concentração de 1500 µg.L-1
.................................................
137
Figura 4.4 – Distribuição do Efeito Matriz (%) para os 6 agrotóxicos em pimentão
...........................................................................................................................
140
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Classificação dos agrotóxicos quanto ao risco à saúde ................................. 30
Tabela 2.2 – Nomes e algumas características dos OFs estudados .................................... 43
Tabela 2.3 – Características químicas específicas e DL50 dos OFs estudados ................... 44
Tabela 2.4 – Valores do IDA e suas respectivas agências reguladoras .............................. 69
Tabela 2.5 – Porcentagem de amostras de pimentão insatisfatórias nos últimos anos no
PARA................................................................................................................ 72
Tabela 4.1 – Fragmentos utilizados para obtenção do CIE de cada agrotóxico
...........................................................................................................................
134
Tabela 4.2 – Comparação do efeito matriz (%) para os 6 agrotóxicos em pimentão
...........................................................................................................................
142
Tabela 4.3 – Curvas de calibração e coeficiente de correlação (R) dos agrotóxicos
...........................................................................................................................
143
Tabela 4. 4 – Teste de linearidade das curvas analíticas preparadas na matriz,
considerando nível de significância de 95% para o valor de Ftabelado ...............
144
Tabela 4.5 – Resultados do teste estatístico de significância para os parâmetros da curva
de calibração ....................................................................................................
145
Tabela 4.6 – Limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ) para os seis
agrotóxicos, com os respectivos LMRs da EC para o pimentão
.........................................................................................................................
146
Tabela 4.7 – Artigos publicados que analisaram um ou mais dos agrotóxicos estudados
nesta Tese..........................................................................................................
148
Tabela 4.8 – Exatidão em termos de recuperação com desvio padrão relativo (DPR) e
repetitividade da precisão instrumental em termos do coeficiente de variação
(CV) .................................................................................................................
150
Tabela 4.9 – Valores do IDA e suas respectivas agências reguladoras .............................. 153
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 – Classificação de periculosidade ambiental dos agrotóxicos .......................... 31
Quadro 2.2 – Classe Agronômica, classificação toxicológica e uso agrícola dos OFs
estudados ..........................................................................................................
45
Quadro 3.1 – Pontos de coleta das amostras analisadas ...................................................... 122
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
a Coeficiente angular
ACN Acetonitrila
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
b Coeficiente linear
BPA Boas Práticas Agrícolas
CAS Serviço de Resumos de Química (Chemical Abstract Service)
CE Ceará
CIT Cromatograma de Íons Totais
CEASA Centro de Abastecimento e Logística
CEN Comitê Europeu de Normalização
CG Cromatografia Gasosa
CG-EM Cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de massa
CLAE-EM/EM Cromatografia líquida de alta eficiência acoplada ao espectrômetro de massa
com triplo quadrupolo
CV Coeficiente de Variação
DG SANTE Direção da Saúde e Segurança Alimentar da Comissão Européia
(Directorate-General for Health and Food Safety)
DPR Desvio Padrão Relativo
DL50 Dose Letal Mediana
DOU Diário Oficial da União
EC Comissão Europeia (European Commission)
EFSA Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (European Food Safety
Authority)
EM Espectrometria de Massa
EM/EM Espectrômetro de massa com triplo quadrupolo
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária
EPA Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (United States
Environmental Protection Agency)
EUA Estados Unidos da América
FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (Food and
Agriculture Organization of the United Nations)
FDA Administração de Comidas e Remédio (Food and Drug Administration)
FPD Detector Fotométrico de Chamas (Flame Photometric Detector)
g gramas
GA Gestão Ambiental
GCB Negro de Carbono Grafitizado (Graphitized Carbon Black)
GL Graus de Liberdade
IA Ingrediente Ativo
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICH Conferência Internacional sobre Harmonização (International Conference
on Harmonisation)
IDA Índice de Ingestão Diária Aceitável
IE Ionização por Impacto de Elétrons
IE Íons Extraídos
IFOAM Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura Orgânica
(International Federation of Organic Agriculture Movements)
IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada (International Union of
Pure and Applied Chemstry)
Koc Coeficiente de partição de carbono orgânico
Kow Constante de partição octanol - água
LAT Laboratório de Análises de Traços
LD Limite de Detecção
LMQPN Laboratório Multiusuário de Química de Produtos Naturais
LMRs Limite Máximo de Resíduos
LQ Limite de Quantificação
μEC/NP Detector de captura de microelétrons acoplado a um detector de nitrogênio-
fósforo
m/z massa/carga
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MMA Ministério do Meio Ambiente
MMR Monitoramento de Múltiplas Reações
MR Multiresíduo
OFs Organofosforados
p.c Peso corpóreo
PARA Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos
PD Ponto de Degradação
PNAPO Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica
PNCRC Plano de Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes
POF Pesquisa de Orçamento Familiar
ppm partes por milhão
ppt partes por trilhão
PSA Amina Primária Secundária (Primary Secondary Amine)
PV Pressão de Vapor
QuEChERS Rápido, Fácil, Barato, Eficiente, Robusto e Seguro (Quick, Easy, Cheap,
Effective, Rugged, and Safe)
R Coeficiente de correlação
SIM Monitoramento Seletivo de Íons (Selective Ion Monitoring)
SISORG Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica
TI Temperatura de injeção
Tr Tempo de Retenção
UFC Universidade Federal do Ceará
VI Volume de Injeção
WHO Organização Mundial da Saúde (World Health Organization)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 18
1.1 Motivação para realização do trabalho de pesquisa ....................................... 20
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 21
1.2.1 Objetivos gerais .................................................................................................. 21
1.2.1 Objetivos específicos ........................................................................................... 22
1.3 Organização da Tese .......................................................................................... 23
2 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 23
2.1 Agrotóxicos .......................................................................................................... 23
2.1.1 Uso de agrotóxicos no Brasil .............................................................................. 24
2.1.1.1 Registro de Agrotóxicos no Brasil ........................................................................ 26
2.1.2 Classificação ........................................................................................................ 27
2.1.2.1 Classificação toxicológica ................................................................................... 28
2.1.2.2 Classificação química .......................................................................................... 29
2.1.2.3 Classificação ambiental ....................................................................................... 31
2.1.3 Agrotóxicos e seus efeitos negativos ................................................................... 31
2.1.3.1 Meio ambiente ...................................................................................................... 33
2.1.3.2 Saúde Humana ..................................................................................................... 34
2.1.4 Agrotóxicos Organofosforados (OFs) ................................................................ 36
2.1.4.1 Aspectos gerais dos OFs ...................................................................................... 36
2.1.4.2 Uso dos OFs ......................................................................................................... 38
2.1.4.3 Ação dos OFs nos humanos ................................................................................. 39
2.1.5 OFs avaliados no estudo ..................................................................................... 41
2.1.5.1 Aspectos Gerais .................................................................................................... 41
2.2 Orgânicos ............................................................................................................ 46
2.2.1 Produção orgânica no Brasil .............................................................................. 47
2.2.2 Certificação de produtos orgânicos no Brasil .................................................... 49
2.3 Pimentão (Capsicum annuum L.) ...................................................................... 52
2.3.1 Pragas e tratos culturais ...................................................................................... 55
2.4 Gestão Ambiental (GA) ...................................................................................... 59
2.5 Ecotoxicologia dos agrotóxicos .......................................................................... 60
2.6 Monitoramento de agrotóxicos em alimentos .................................................. 61
2.6.1 Métodos multiresíduos ......................................................................................... 64
2.6.2 Limite máximo de resíduos (LMRs) .................................................................... 66
2.6.3 Índice de Ingestão Diária Aceitável (IDA) ......................................................... 68
2.6.4 Programas de Análise de Resíduos em Alimentos ............................................. 69
2.6.4.1 Pimentão no PARA ........................................................................................ 71
2.7 Preparo de amostras para extração de resíduos de agrotóxicos .................... 73
2.7.1 QuEChERS .......................................................................................................... 75
2.7.1.1 Extração ............................................................................................................... 79
2.7.1.2 Partição (salting out) ........................................................................................... 81
2.7.1.3 Limpeza (clean-up) ............................................................................................... 83
2.8 Cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-
EM) ......................................................................................................................
87
2.8.1 Efeito Matriz ........................................................................................................ 91
2.8.1.1 Efeito Matriz na Quantificação de Agrotóxicos por CG ...................................... 92
2.8.1.2 Aumento da Resposta Cromatográfica ................................................................. 94
2.8.1.3 Diminuição da Resposta Cromatográfica ............................................................ 95
2.8.1.4 Atenuação do Efeito Matriz .................................................................................. 96
2.9 Validação de métodos analíticos ....................................................................... 98
2.9.1 Seletividade .......................................................................................................... 100
2.9.2 Linearidade .......................................................................................................... 101
2.9.2.1 teste-F ................................................................................................................... 103
2.9.2.2 Teste de Student (teste-t) ...................................................................................... 103
2.9.3 Precisão ................................................................................................................ 104
2.9.4 Exatidão ............................................................................................................... 105
2.9.4.1 Ensaios de recuperação ....................................................................................... 107
2.9.5 Limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ) .................................... 108
3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 110
3.1 Reagentes, solventes e materiais utilizados ...................................................... 110
3.2 Limpeza das vidrarias ........................................................................................ 111
3.3 Preparo das soluções estoque para análise em CG-EM .................................. 111
3.4 Preparo das soluções padrão e obtenção das curvas analíticas ...................... 112
3.4.1 Curva analítica no solvente ................................................................................. 112
3.4.2 Curva analítica na matriz .................................................................................... 112
3.4.2.1 Procedimento de extração e limpeza pelo método QuEChERS – citrato ............ 112
3.4.2.2 Efeito matriz ......................................................................................................... 119
3.5 Condições cromatográficas ................................................................................ 119
3.6 Amostragem ........................................................................................................ 121
3.7 Parâmetros de validação do método CG-EM .................................................. 123
3.7.1 Seletividade .......................................................................................................... 123
3.7.2 Linearidade .......................................................................................................... 123
3.7.3 Exatidão ............................................................................................................... 125
3.7.4 Precisão ................................................................................................................ 127
3.7.5 Limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ) .................................... 127
3.8 Conversão da relação massa/volume (µg.L-1
) para relação massa/massa
(mg.kg-1
) ...............................................................................................................
128
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 130
4.1 Análise cromatográfica por CG-EM ................................................................ 130
4.2 Aplicação do método QuEChERS-citrato no preparo das amostras ............ 132
4.3 Seletividade ......................................................................................................... 133
4.4 Efeito Matriz ....................................................................................................... 138
4.5 Linearidade ......................................................................................................... 143
4.5.1 Teste de validação da análise de regressão linear (significância da regressão)
...............................................................................................................................
144
4.5.2 Teste de significância dos parâmetros de calibração ......................................... 144
4.6 Limite de Detecção (LD) e Limite de Quantificação (LQ) .............................. 146
4.7 Exatidão e Precisão ............................................................................................ 149
4.8 Análises qualitativas e quantitativas de amostras de pimentão da cidade de
Fortaleza-CE .......................................................................................................
152
5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 156
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 157
ANEXO A – PUBLICAÇÃO DE CAPÍTULO DE LIVRO ............................ 184
ANEXO B – PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS ................................................... 185
18
1 INTRODUÇÃO
O aumento no uso de agrotóxicos na produção agrícola e a decorrente presença de
resíduos acima dos níveis permitidos nos alimentos têm sido motivo de apreensão na área da
saúde pública, requerendo dos diversos setores do governo, investimento e organização para
implementar ações de controle do uso de agrotóxicos (ANVISA, 2011, 2013, 2014). Além
disso, a percepção dos consumidores sobre a qualidade dos alimentos sempre esteve sujeita a
mudanças ao longo do tempo (PAYÁ et al., 2007). Nos últimos anos houve um aumento
substancial da importância atribuída aos aspectos relacionados aos resíduos de agrotóxicos e
um crescente demanda por melhores práticas agrícolas, transparência e rastreabilidade na
produção e comercialização dos alimentos (PAYÁ et al., 2007; GIACINTI et al., 2016).
Com o rápido crescimento da população, a demanda mundial de alimentos
aumentará e, potencialmente, a necessidade de uso de agrotóxicos (KO et al., 2014). A
aplicação de agrotóxicos na produção agrícola sem dúvida traz muitos benefícios, uma vez
que os mesmos controlam pragas e aumentam os rendimentos de produção (LU et al., 2013;
BANDEIRA et al., 2014; BAKIRCI et al., 2014; PORTOLÉS et al., 2014; BARGAŃSKA,
ŚLEBIODA; NAMIEŚNIK, 2014; SŁOWIK-BOROWIEC, 2015; REICHERT et al., 2015;
GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017; SRIVASTAVA et al., 2017). A agricultura convencional
depende fortemente do uso de agrotóxicos, mas traz consigo um impacto negativo devido às
suas propriedades tóxicas, persistência no meio ambiente e capacidade de bioacumulação
(AKTAR, 2014; SŁOWIK-BOROWIEC, 2015; GIACINTI et al., 2016; ZOCCALI et al.,
2017).
Além de serem prejudiciais à saúde, os agrotóxicos podem atingir fontes de água,
prejudicar os animais, destruir o solo, devastar os ecossistemas naturais e contaminar os
alimentos (AKTAR, 2014; BARGAŃSKA, ŚLEBIODA; NAMIEŚNIK, 2014; GIACINTI et
al., 2016). A definição do termo "contaminante" definido inclui compostos formados durante
a produção, armazenamento ou processamento de alimentos (por exemplo, micotoxinas), mas
não inclui substâncias (por exemplo, agrotóxicos ou medicamentos veterinários),
intencionalmente adicionados aos alimentos, que são chamados de "resíduos" (FRENICH;
ROMERO-GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-LUIZ, 2014; CODEX ALIMENTARIUS,
2015).
O uso sem critérios técnicos adequados dos agrotóxicos, muitas vezes através de
aplicações incorretas, pode resultar na ocorrência de resíduos nos alimentos, e
19
consequentemente em problemas de segurança alimentar, arriscando a saúde dos
consumidores (BANDEIRA et al., 2014; BAKIRCI et al., 2014; GÓMEZ-ALMENAR;
GARCÍA-MESA, 2015; SRIVASTAVA et al., 2017; SILVA, 2017). Com a ocorrência de
resíduos nos alimentos, muitas vezes compostos potencialmente nocivos, a segurança
alimentar passou a ser uma das principais preocupações da sociedade (FRENICH, ROMERO-
GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-LUIZ, 2014; WU, 2017).
De acordo com a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (European Food
Safety Authority, EFSA), o risco potencial que os agrotóxicos oferecem ao homem através da
alimentação, como decorrência de uma exposição crônica diária, acabou por exigir a criação
da concentração máxima de agrotóxico legalmente aceito no alimento, em decorrência das
Boas Práticas Agrícolas (BPA), conhecido como Limites Máximos de Resíduos (LMRs)
(BANDEIRA et al., 2014; WALORCZYK, 2014). Além da questão de saúde pública, a
presença de substâncias indesejáveis e perigosas nos alimentos também limita ou reduz a
comercialização desses produtos nos mercados internacionais, e consequentemente, várias
organizações internacionais estabeleceram LMRs para agrotóxicos, medicamentos
veterinários ou micotoxinas (FRENICH; ROMERO-GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-
LUIZ, 2014).
Assim, os resíduos de agrotóxicos devem cumprir os níveis máximos de resíduos
estabelecidos por regulamentos nacionais e internacionais, onde até mesmo quando alguns
agrotóxicos são aplicados de acordo com as BPA, os resíduos podem permanecer nas culturas
(MACHADO et al., 2017). Em vista disso, muitos países estabeleceram programas de
monitoramento e regulamentos legais a fim de avaliar e controlar o uso de agrotóxicos em
culturas comestíveis, como vegetais e frutas (LU et al., 2013; WALORCZYK, 2014;
MACHADO et al., 2017; ZOCCALI et al., 2017).
Com o intuito de garantir a segurança dos consumidores e do comércio, as
agências governamentais têm intensificado o estabelecimento e a regulamentação dos Limites
Máximos de Resíduos (LMRs) nos alimentos (MACHADO et al., 2017; GONZÁLEZ-
CURBELO et al., 2017; ZOCCALI et al., 2017; GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017), onde a
Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) é a instituição responsável por estabelecer e
regulamentar os LMRs para diversos tipos de alimentos comercializados no Brasil (OSHITA;
JARDIM, 2012; QUEIROZ; FERRACINI; ROSA, 2012; REBELO et al., 2016).
Através do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (PARA), a ANVISA
monitora periodicamente diversos alimentos in natura, inclusive o pimentão, investigando a
20
conformidade desses produtos quanto ao teor dos resíduos de agrotóxicos que podem estar
presentes (ANVISA, 2009, 2011, 2013, 2014; JARDIM; CALDAS, 2012).
Embora os seres humanos estejam expostos a pequenas quantidades de resíduos
de agrotóxicos, a exposição prolongada a estes resíduos pode prejudicar a vida humana
através da modificação da função de diferentes órgãos do corpo, incluindo os sistemas
nervoso, reprodutivo, respiratório, renal, endócrino e imunológico (MOSTAFALOU;
ABDOLLAHI, 2013; KO et al., 2014). Existem cada vez mais evidências sobre o vínculo da
exposição aos agrotóxicos com a incidência de doenças crônicas, incluindo esclerose múltipla,
diabetes, doenças cardiovasculares, renais, câncer, infertilidade, distúrbios hormonais,
Parkinson e Alzheimer (MOSTAFALOU; ABDOLLAHI, 2013; KO et al., 2014; KIRA;
LINKER; DUBOWSKI, 2016; SINYANGWE; MBEWE; SIJUMBILA, 2016; GERAGE;
MEIRA; SILVA, 2017; COSTA; MELLO; FRIEDRICH, 2017). Assim, é necessário prever
as quantidades residuais de agrotóxicos, a fim de evitar a distribuição de produtos agrícolas
contaminados aos consumidores (KO et al., 2014). Portanto, a inspeção rigorosa de resíduos
de agrotóxicos nos alimentos pelos órgãos estaduais apropriados ou outras instituições é
considerada de suma importância (SŁOWIK-BOROWIEC, 2015). A análise de resíduos de
agrotóxicos representa uma importante aplicação analítica com o intuito de monitorar vários
produtos alimentares e agrícolas, protegendo a saúde humana e apoiando as agências
reguladoras para garantir a segurança alimentar (RAI et al., 2016).
Este trabalho visa desenvolver e validar uma metodologia analítica para ser
utilizada na gestão ambiental para o monitoramento de seis agrotóxicos organofosforados em
pimentão orgânico e não orgânico, usando o método QuEChERS-citrato e cromatografia
gasosa acoplada à espectrometria de massa (CG-EM).
1.1 Motivação para realização do trabalho de pesquisa
A acumulação de agrotóxicos em produtos agrícolas é uma grande preocupação,
já que as plantas atuam como intermediárias no transporte de contaminantes do solo, da água
e do ar para os seres humanos e a fauna (KO et al., 2014). O Brasil dispõe de legislação
relativa aos agrotóxicos, mas o monitoramento ainda está distante de outros países, a exemplo
do que ocorre nos Estados Unidos da América (EUA) e a Europa (WALORCZYK, 2014).
Assim, é necessário estabelecer melhores práticas de avaliação dos resíduos de agrotóxicos
nos alimentos (BENBROOK; BAKER, 2014; QUIJANO et al., 2016). Estudos mostram que
21
os alimentos produzidos organicamente apresentam menores riscos de contaminação por
agrotóxicos em relação aos alimentos que não são produzidos organicamente. Contudo, os
alimentos produzidos organicamente não estão inteiramente isentos de resíduos de
agrotóxicos (BENBROOK; BAKER, 2014).
Apesar da melhora na tecnologia de instrumentação e dos novos métodos
analíticos, a determinação de resíduos de agrotóxicos em matrizes de alimentos complexas
ainda representa uma aplicação desafiadora (LU et al., 2013; GONZÁLEZ-CURBELO et al.,
2014; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017). A avaliação dos resíduos de
agrotóxicos nos alimentos tornou-se um objetivo prioritário a fim de garantir a qualidade dos
alimentos e proteger os consumidores contra possíveis riscos (JOKANOVIĆ, 2012;
PIRSAHEB et al., 2017).
Para Portolés et al. (2014) existe uma necessidade de métodos abrangentes
capazes de detectar um maior número de compostos em níveis baixos em matrizes de
amostras complexas de forma eficiente e efetiva. De acordo com os PARA (ANVISA 2009,
2010, 2011, 2013, 2016) o pimentão tem apresentado um elevado índice de resultados
insatisfatórios, com amostras contendo agrotóxicos não autorizados para cultura, onde se
verificou a presença de organofosforados. Assim é necessário um método para a determinação
de resíduos de agrotóxicos em pimentões, uma vez que se espera que a exposição potencial
humana seja maior a partir de vegetais que são consumidos crus. (KO et al., 2014; QUIJANO
et al., 2016; YU et al., 2016; LEMOS et al., 2016; GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017).
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Desenvolver e validar uma metodologia analítica para a análise qualitativa e
quantitativa de seis agrotóxicos organofosforados no pimentão (Capsicum annuum L.)
orgânico e não orgânico por método cromatográfico acoplado a espectrometria de massa (CG-
EM), empregando o método QuEChERS-citrato no preparo das amostras, com o intuito de
mostrar sua aplicabilidade no monitoramento ambiental.
22
1.2.2 Objetivos Específicos
Testar as melhores condições cromatográficas para identificação dos seis
agrotóxicos organofosforados;
Utilizar o método QuEChERS-citrato como forma de preparo das amostras
para extração dos seis agrotóxicos organofosforados;
Avaliar a influência do efeito matriz do pimentão nos seis agrotóxicos
organofosforados estudados;
Validar as curvas analíticas através de testes estatísticos;
Comparar os resultados obtidos neste estudo com outros da literatura;
Aplicar a metodologia desenvolvida em pimentões orgânicos e não orgânicos
obtidos em diferentes pontos comerciais da cidade de Fortaleza-CE.
1.3 Organização da Tese
Esta Tese está organizada em 6 capítulos. O primeiro capítulo trata de uma
introdução de forma geral do tema em estudo, o segundo capítulo realiza uma revisão da
literatura sobre agrotóxicos, descrevendo seus aspectos básicos para melhor entendimento da
técnica escolhida, bem como da matriz adotada para análise. Os capítulos 3 e 4 apresentam a
parte experimental, análise e discussão dos resultados, respectivamente, enquanto o Capítulo
5 apresenta as considerações finais.
23
2 REVISÃO DA LITERATURA
Nesta seção é abordada a definição de agrotóxicos e sua classificação, bem como
aspectos dos agrotóxicos analisados. Também são encontradas tanto informações relativas à
matriz escolhida (pimentão) e a cultura orgânica, quanto tópicos relacionados às figuras de
mérito presentes na validação de métodos.
2.1 Agrotóxicos
Inicialmente, os agrotóxicos foram desenvolvidos para uso como armas químicas
nas guerras mundiais, mas no período pós-guerra ganharam um novo e promissor mercado na
agricultura (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017). Para obter elevados índices de
produtividade, os agrotóxicos acabaram sendo parte fundamental do modelo agrícola
contemporâneo, mas seu impacto social e ambiental exige constante preocupação por parte da
sociedade (CHOWDHURY et al., 2013; SILVA, 2017).
Os agrotóxicos são utilizados na pré-colheita (QUIJANO et al., 2016;
FARAJZADEH et al., 2016) para proteger as culturas da infestação por doenças de pragas e
plantas (ervas daninha) (QUIJANO et al., 2016), e pós-colheita para assegurar o alto
rendimento (RAI et al., 2016). Mais de 800 agrotóxicos pertencentes a mais de 100 classes de
substâncias foram registrados e usados globalmente por décadas, e as propriedades químicas e
físicas destes podem variar consideravelmente (HONG et al., 2016). Atualmente existem
cerca de 1000 substâncias ativas consideradas como agrotóxicos (MASIÁ et al., 2016).
Atualmente os agrotóxicos são considerados como um dos principais fatores
envolvidos na contaminação ambiental (MOSTAFALOU; ABDOLLAHI, 2013). Como a
preocupação da fiscalização no campo está relacionada apenas com a comercialização dos
agrotóxicos, não existindo vigilância nem orientação para a sua correta aplicação, isso acaba
gerando riscos não somente para o homem do campo (SILVA, 2017; DOMÉNECH;
MARTORELL, 2017). A intoxicação por agrotóxicos pode resulta de exposição ocupacional,
acidental e intencional (JOKANOVIĆ, 2012). Os seres humanos estão expostos a uma grande
variedade de riscos químicos ao longo de suas vidas através da poluição ambiental do ar
(DOMÉNECH; MARTORELL, 2017), água, solo e alimentos, sendo os agrotóxicos um dos
perigos mais frequentes nos alimentos (SILVA, 2017; DOMÉNECH; MARTORELL, 2017).
24
As BPA surgiram com o intuito de ajudar a reduzir o uso de agrotóxicos mais
perigosos (GRIMALT et al., 2016). De acordo com Prestes et al. (2009) a determinação de
resíduos de agrotóxicos exerce um papel importante para a estimativa da exposição humana a
estes compostos, favorecendo a avaliação da conformidade da produção agrícola com as BPA,
e com isso, viabilizando decisões regulatórias comerciais visando garantir a segurança
alimentar.
A regulamentação e o controle do uso de agrotóxicos em todo o mundo são feitos
por órgãos internacionais como a World Health Organization (WHO), Food and Drugs
Administration (FDA) e a Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO),
através do estabelecimento de normas e padrões a serem seguidos pelos produtores e pelo
mercado (RESTREPO et al., 2014). O controle dos agrotóxicos só pode ser realizado se os
organismos reguladores e de vigilância contarem com metodologias analíticas apropriadas
que, de forma eficaz e confiante, sejam aptos de verificar a realização dos LMRs (BESIL et
al., 2015).
Agrotóxico é o termo usado legalmente e está definido na Lei 7.802/89, também
chamada Lei de Agrotóxicos (JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009; OSHITA; JARDIM,
2012; ANVISA, 2017). Conforme Lei nº 7.802, de 11 de Julho de 1989 (BRASIL, 1989), bem
como no Decreto 4.074 de 04 de janeiro de 2002 (BRASIL, 2002), os agrotóxicos são
produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores
de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na
proteção de florestas nativas, de culturas florestais e de outros ecossistemas e de ambientes
urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna,
a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as
substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e
inibidores de crescimento.
2.1.1 Uso de agrotóxicos no Brasil
A utilização dos agrotóxicos em larga escala ocorreu a partir da década de 70
(SILVA, 2017), com a alegação de que eles garantiriam a produção de alimentos para
combater a fome (SILVA, 2017; GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017) e, foram incluídos
forçadamente, junto com fertilizantes e adubos químicos, nos financiamentos agrícolas, com o
inocente nome de "defensivos agrícolas". (SILVA, 2017). A implementação de agrotóxicos
25
foi encorajada por várias políticas e pesquisas agrícolas, que comprovaram a necessidade dos
mesmos na agricultura, juntamente com o apelo de que a revolução verde e a modernização
agrícola poderiam ser essenciais para eliminar a fome no mundo (GERAGE, MEIRA;
SILVA, 2017) Assim, com o aumento do uso de agrotóxicos no Brasil a partir de 1970, houve
a necessidade de regulamentar o seu uso (SOARES; FREITAS; COUTINHO, 2005;
TAVELLA et al., 2011).
O Brasil é um dos principais produtores de alimentos do mundo, onde mais de
90% dos agricultores dependem do uso de agrotóxicos, fazendo com que o país ficasse em
primeiro lugar no uso de agrotóxicos em todo o mundo nos últimos anos, com mais de 673
milhões de toneladas aplicadas em 2008 (REICHERT et al., 2015). A partir de 2008 o Brasil
assumiu o posto de maior consumidor mundial de agrotóxicos (OSHITA; JARDIM, 2012;
RIGOTTO; VASCONCELOS; ROCHA, 2014; MOURA, 2015; CARNEIRO et al., 2015;
SAMBUICHI et al., 2017), onde estatísticas revelaram que cada brasileiro consome em média
5,2 L de agrotóxicos por ano (OSHITA; JARDIM, 2012).
De 2000 a 2013 as vendas de agrotóxicos no país aumentaram 205,1%. De 2009 a
2012, houve um aumento de 59,08%, atingindo o volume de 495.764,55 toneladas de
ingredientes ativos (IA) vendidos em 2013 (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017). Uma das
agências federais responsáveis pelo registro e controle desses insumos no país, juntamente
com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), é Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA), cuja responsabilidade é os dados sobre venda e comercialização de
agrotóxicos no Brasil (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017; IBAMA, 2017). De acordo com art.
41 do Decreto nº 4.074 de 2002, as empresas são obrigadas a fornecer valores semestrais de
produção, importação, exportação e vendas aos órgãos federais e estaduais responsáveis pela
supervisão desses produtos (IBAMA, 2017; GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017).
O Brasil possui uma legislação moderna, restritiva e exigente, no que se refere aos
agrotóxicos, onde dispõe sobre pontos que vão além da necessidade de comprovação da
eficiência agronômica, das garantias de redução dos riscos aos seres humanos (seja de caráter
ocupacional, alimentar e de saúde pública) e das ameaças ao meio ambiente ocasionadas por
essas substâncias químicas (SPADOTTO, 2006). A primeira lei a ser editada para garantir a
segurança do uso de agrotóxicos foi a Lei Federal 7.802 de 1989, sendo regulamentada pelo
decreto N° 4.074 de 2002 (ANVISA, 2012; JARDIM; CALDAS, 2012), e depois surgiu o
decreto N° 5981/2006, onde esses padrões legais regulam todos os aspectos relacionados aos
26
agrotóxicos, incluindo registro, uso, produção, armazenamento, transporte e disposição
(JARDIM; CALDAS, 2012).
2.1.1.1 Registro de Agrotóxicos no Brasil
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos em escala mundial (SILVA;
SILVA, 2016). De acordo com a lei brasileira é aconselhável utilizar somente agrotóxicos que
são registrados em órgão federal competente, conforme as diretrizes e exigências dos órgãos
responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura (CARNEIRO et al.,
2015; COSTA; MELLO; FRIEDRICH, 2017).
Para obtenção do registro no Brasil, o agrotóxico deve passar pela análise de três
órgãos do governo federal (OSHITA; JARDIM, 2012; JARDIM; CALDAS, 2012; MAPA,
2012; ANVISA, 2017; FOOD SAFETY BRAZIL, 2018), como mostra a Figura 2.1.
Figura 2.1 – Processo geral de registro de agrotóxicos.
Fonte: Adaptado de MAPA (2012).
27
O Ministério da Saúde, através da ANVISA, é responsável pela análise do
impacto do uso de agrotóxicos na saúde humana (JARDIM; CALDAS, 2012), através
avaliação toxicológica do produto abrangendo os riscos à saúde do trabalhador (exposição
ocupacional), assim como os riscos à saúde do consumidor e do alimento tratado (FOOD
SAFETY BRAZIL, 2018) e pela determinação dos LMRs.
O MAPA atua na avaliação da eficácia do controle de pragas (JARDIM;
CALDAS, 2012) e a aprovação do rótulo e bula do produto (JARDIM; CALDAS, 2012;
FOOD SAFETY BRAZIL, 2018), enquanto o MMA, através do IBAMA, avalia o impacto
sobre as espécies não humanas (JARDIM; CALDAS, 2012) através da avaliação ambiental e
ecotoxicológica (FOOD SAFETY BRAZIL, 2018), sendo que cada um desses órgãos realiza
um determinado tipo de avaliação do produto, de modo independente do outro, e a empresa
solicita o registro do agrotóxico simultaneamente nos três órgãos regulatórios (MAPA, 2012),
sendo o MAPA o órgão responsável por fornecer o registro de agrotóxicos (ANVISA, 2017).
A empresa precisa fornecer uma grande quantidade de informações sobre o
produto para a ANVISA para determinar o perigo potencial, visando reduzir o risco para os
consumidores finais (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017). De acordo com a ANVISA (2017)
os agrotóxicos, componentes e afins possuem validade indeterminada, podendo ser
cancelados nos casos de reavaliação toxicológica, de impossibilidade de serem sanadas
irregularidades identificadas ou quando constatada fraude. Para maiores informações a cerca
do registro de agrotóxicos no Brasil é interessante consultar a Lei 7.802, de 1989, e o Decreto
4.074, de 2002, bem como as Instruções Normativas Conjuntas.
2.1.2 Classificação
A classificação dos agrotóxicos representa um tema questionável, uma vez que
várias denominações têm sido empregadas para determinar sua ação ou organismo alvo
(OSHITA; JARDIM, 2012). As principais formas de classificação dos agrotóxicos são quanto
à finalidade (organismo-alvo de ação), modo de ação, origem, nível de toxicidade e grupo
químico funcional da substância (BRASIL, 1989; JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009;
OSHITA; JARDIM, 2012; KAILASA; WU; HUANG, 2013; RIZZETTI et al., 2016; LU et
al., 2018).
Na classificação por finalidade eles possuem várias classes agronômicas:
acaricidas (controlar ácaros) (OSHITA; JARDIM, 2012; ANVISA, 2017), inseticidas
28
(controlar insetos), fungicidas (controlar fungos) (OSHITA; JARDIM, 2012; KAILASA;
WU; HUANG, 2013; ANVISA, 2017), herbicidas (combate às plantas invasoras),
nematicidas (controlar nematoides) (KAILASA; WU; HUANG, 2013; ANVISA, 2017),
reguladores de crescimento, entre outras (ANVISA, 2017). Já na classificação por modo de
ação, existem as seguintes possibilidades: ingestão, contato, fumegante e microbiano
(JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009; OSHITA; JARDIM, 2012). Enquanto na
classificação por origem os agrotóxicos podem ser provenientes de compostos orgânicos ou
inorgânicos, de bactérias, fungos e vegetais (JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009;
OSHITA; JARDIM, 2012). Sendo que a classificação por nível de toxicidade e grupo químico
funcional da substância é mais explorada nos itens 2.1.2.1 e 2.1.2.2.
As formulações dos agrotóxicos são constituídas de ingredientes ativos (princípios
ativos) responsáveis por intervir na atividade biológica normal dos seres vivos
(BRAIBANTE; ZAPPE, 2012). Existem mais de 1000 ingredientes ativos que são
comercializados como inseticida, herbicida e fungicida (LU et al., 2018). Tanto a dimensão
biológica quanto a química servem de base para a produção e ação dos agrotóxicos, onde
especialmente quando princípios ativos resultam da química, a capacidade tóxica se amplia,
não só para o alvo visado, mas também para todos os organismos que venham a entrar em
contato com os mesmos (BRAIBANTE; ZAPPE, 2012; RIZZETTI et al., 2016). Dentre
outras competências, é de responsabilidade da ANVISA, avaliar e classificar
toxicologicamente os agrotóxicos, seus componentes e afins (ANVISA, 2016).
Um fator muito importante é o conhecimento sobre as propriedades físico-
químicas dos agrotóxicos, pois elas afetam a permanência ou degradação deles no ambiente,
influenciando a quantidade de resíduos nos alimentos (GILBERT-LÓPEZ; GARCÍA-REYES;
MOLINA-DÍAZ, 2009; GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017).
2.1.2.1 Classificação toxicológica
A classificação toxicológica é fundamental para o conhecimento da toxicidade de
um produto, do ponto de vista de seus efeitos agudos (SILVA, 2017). Ela corresponde
exclusivamente a quem manuseia o produto havendo exposição única, sendo importante como
medida de segurança para quem trabalha na produção, embalagem, armazenamento,
transporte, preparo da calda e sua aplicação. Esta classificação não está relacionada com a
exposição em longo prazo e segurança do meio ambiente (STÜTZER; GUIMARÃES, 2003;
29
CARVALHO; PIVOTO, 2011; SILVA, 2017). Este tipo de classificação esta relacionada com
a identificação do componente de risco referente a uma substância química, diferenciando a
toxicidade dos agrotóxicos levando-se em consideração o ingrediente ativo e sua formulação
(MORAIS, 2009).
A classificação toxicológica no Brasil é de responsabilidade do Ministério da
Saúde, sendo que a determinação legal recomenda especificamente que esses produtos
mostrem em seus rótulos uma faixa colorida indicando a classe toxicológica (SILVA, 2017).
Assim, a cor dos rótulos das embalagens ou as numerações podem variar dependendo da
toxicidade do agrotóxico (OSHITA; JARDIM, 2012).
Outra forma de classificar os agrotóxicos em função das classes toxicológicas é
através da dose letal mediana (DL50) (MORAIS, 2009; JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ,
2009; OSHITA; JARDIM, 2012). Os dados de toxicidade são obtidos através de experiências
com animais e análises laboratoriais (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017; IBAMA, 2017). A
DL50 é a dose de uma substância administrada por via oral, por contato ou pela via inalatória,
que é letal para 50% dos organismos submetidos à experimentação (MORAIS, 2009;
JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009; GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017; IBAMA, 2017).
A Tabela 2.1 apresenta os tipos de classificação toxicológica citados anteriormente bem como
a dose capaz de matar um adulto.
A DL50 é representada pela relação mássica, isto é, miligramas da substância
tóxica por quilograma de massa viva, onde para propósitos de estabelecer medidas de
segurança contra os riscos à saúde humana, os produtos comerciais devem ser enquadrados
em função da DL50, inerente a cada substância (JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009).
2.1.2.2 Classificação química
Os agrotóxicos abrangem uma ampla variedade de substâncias químicas com
diferentes grupos funcionais, resultando em diferentes modos de ação, biotransformação e
eliminação (GALLI et al., 2006; LORENZ, 2015). Com base na natureza química do
agrotóxico, as principais classes são os organofosforados, organoclorados, carbamatos
(GALLI et al., 2006; JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009; LORENZ, 2015;
SINYANGWE; MBEWE; SIJUMBILA, 2016), piretróides (GALLI et al., 2006; LORENZ,
2015) e neonicotinóides (LU et al., 2018).
30
Tabela 2.1 – Classificação dos agrotóxicos quanto ao risco à saúde.
Classe Classificação Cor da faixa
DL50 (mg.kg-1
de peso corpóreo)
Dose capaz de matar um adulto Oral Dérmica
Sólido Líquido Sólido Líquido
I extremamente tóxico vermelho 5 20 10 40 1 pitada/algumas gotas
II altamente tóxico amarelo 5 - 50 20 - 200 10 - 100 40 - 400 Algumas gotas/ 1 colher de chá
III medianamente tóxico azul 50 - 500 200 - 2000 100 -1000 400 - 4000 1 colher de chá/2 colheres de sopa
IV pouco ou muito pouco tóxico verde > 500 > 2000 > 1000 > 4000 2 colheres de sopa/ 1 copo
Fonte: adaptado de Paschoarelli e Menezes (2009); Morais (2009); Jardim, Andrade e Queiroz (2009); Silva (2017b); Carvalho e Barbosa (2013).
31
2.1.2.3 Classificação ambiental
Uma classificação não menos importante é a de acordo com sua periculosidade
ambiental, que vai de “pouco” até “altamente perigoso” (PASCHOARELLI; MENEZES,
2009; SILVA, 2017), como mostra o Quadro 2.1. O MMA (Ministério do Meio Ambiente) é
quem avalia e classifica o potencial de periculosidade ambiental de um agarotóxico através de
estudos físico-químicos, toxicológicos e ecotoxicológicos (SILVA, 2017).
Quadro 2.1 – Classificação de periculosidade ambiental dos agrotóxicos.
Classe Nível de perigo ao meio ambiente
I Altamente perigoso
II Muito perigoso
III Perigoso
IV Pouco perigoso
Fonte: Adaptado de Paschoarelli e Menezes (2009).
2.1.3 Agrotóxicos e seus efeitos negativos
Os agrotóxicos são considerados venenos utilizados para matar pragas específicas
(SINYANGWE; MBEWE; SIJUMBILA, 2016), mas o principal efeito colateral do seu uso
excessivo na agricultura moderna (KIRA, LINKER; DUBOWSKI, 2016), muitas vezes
incorreto (JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009; BLANKSON et al., 2016), é a exposição
a produtos químicos tóxicos (KIRA, LINKER; DUBOWSKI, 2016; ZIVAN; BOHBOT-
RAVIV; DUBOWSKI, 2017). Os resíduos de agrotóxicos estão incluídos nos perigos
químicos, onde os efeitos nocivos de substâncias químicas normalmente são avaliados em
exposições em longo prazo, sendo que no caso de agrotóxicos é necessário considerar tanto os
efeitos agudos como os crônicos (DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008).
Os riscos não se restringem ao homem do campo (SILVA, 2017), pois os
agrotóxicos e seus resíduos são persistentes e podem se acumular em vários ecossistemas
(BARGAŃSKA; ŚLEBIODA; NAMIEŚNIK, 2014), atingindo os mananciais de água e o
solo (JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009; SILVA, 2017). O uso intenso de agrotóxicos
pode acarretar na degradação, em alguns casos de forma irreversível, dos recursos naturais
como água, solo, fauna e flora, levando a desequilíbrios ecológicos e biológicos
(BLANKSON et al., 2016).
32
É praticamente impossível quantificar o risco de ingestão de agrotóxicos
considerando todos os efeitos cumulativos e sinérgicos (LEMOS et al., 2016). A Figura 2.2
mostra como diversos fatores podem influenciar a persistência de resíduos de agrotóxicos de
uma esfera para outra através do ciclo do agrotóxico, como por exemplo: a natureza e a
dosagem da aplicação, sua degradação com o tempo, metabolismo e conversão em vários
produtos (KAILASA; WU; HUANG, 2013).
Figura 2.2 – Ciclo dos agrotóxicos no meio ambiente.
Fonte: Adaptado de Kailasa, Wu e Huang (2013).
Devido à própria essência, a maioria dos agrotóxicos apresenta um alto grau de
toxicidade já que eles possuem a finalidade de matar certos organismos (JARDIM;
ANDRADE; QUEIROZ, 2009; SINYANGWE; MBEWE; SIJUMBILA, 2016), mas outros
seres vivos, inclusive os humanos, acabam sendo vulneráveis aos efeitos tóxicos dos
agrotóxicos em graus distintos (SILVA, 2017; DOMÉNECH; MARTORELL, 2017), pois
possuem funções bioquímicas e fisiológicas parecidas com estes organismos (SILVA, 2017).
Assim, o uso de agrotóxicos gera graves preocupações não só de efeitos potenciais na vida
selvagem e nos ecossistemas sensíveis, mas também sobre a saúde humana (JARDIM;
33
ANDRADE; QUEIROZ, 2009; SINYANGWE; MBEWE; SIJUMBILA, 2016; LU et al.,
2018).
2.1.3.1 Meio ambiente
A contaminação ambiental provocada pelo uso de agrotóxicos tem motivado
preocupações quanto ao uso inapropriado destes compostos, necessitando medidas em relação
à aplicação, resíduos provenientes das mais diversas fontes, bem como a disposição final
apropriada desses resíduos, sem prejudicar o meio ambiente (SILVA, 2017).
Diversos fatores podem influenciar no comportamento dos agrotóxicos no meio
ambiente como, por exemplo, tipo de formulação, método de aplicação, solubilidade dos
compostos em água, características de solo e plantas, adsorção às partículas de solo,
volatilização, persistência, mobilidade e condições climáticas (SILVA, 2017). A Figura 2.3
apresenta os principais processos que agem na movimentação e na degradação de agrotóxicos
no meio ambiente, demonstrando as rotas mais prováveis nas quais esses compostos podem
ser localizados (JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009).
Figura 2.3 – Principais rotas de transporte e degradação de agrotóxicos no ambiente.
Fonte: Jardim, Andrade & Queiroz (2009).
Os agrotóxicos podem interferir em processos básicos do ecossistema, tais como a
respiração do solo, a ciclagem de nutrientes, a mortandade de peixes ou aves, bem como a
34
redução de suas populações, entre outros efeitos, dependendo da toxicidade e do tempo que
permanecem presentes no meio ambiente (SILVA, 2017).
A aplicação de agrotóxicos é um episódio de poluição do ar em curto prazo com
efeitos próximos ou de longo alcance (ZIVAN; SEGAL-ROSENHEIMER; DUBOWSKI,
2016). A deriva atmosférica é parte da pulverização agrícola carregada para fora da área-alvo
através da ação do vento (SILVA, 2017), sendo considerada uma importante via de perda de
agrotóxicos (ZIVAN; BOHBOT-RAVIV; DUBOWSKI, 2017; SILVA, 2017), e
consequentemente contaminação ambiental (SILVA, 2017), porém ainda existe uma grande
lacuna de conhecimento sobre esse fenômeno complexo (ZIVAN; BOHBOT-RAVIV;
DUBOWSKI, 2017). O agrotóxico pode ser transportado da área-alvo na forma de gotas ou
vapor, onde dependendo da pressão de vapor e das características da formulação do produto, a
perda na forma de vapor pode acontecer durante (deriva primária) ou depois da aplicação
(deriva secundária) (ZIVAN; SEGAL-ROSENHEIMER; DUBOWSKI, 2016; SILVA, 2017).
Condições relativamente quentes e secas podem aumentar a deriva (ZIVAN; SEGAL-
ROSENHEIMER; DUBOWSKI, 2016).
2.1.3.2 Saúde Humana
A utilização de agrotóxicos nas produções agrícolas gera graves consequências
aos seres humanos, tanto aos que lidam diretamente com o produto, quanto à população em
geral consumidora dos alimentos (SILVA, 2017). O uso incorreto de agrotóxicos durante as
aplicações agrícolas pode ocasionar a presença de seus resíduos em produtos agrícolas
SRIVASTAVA et al., 2017), e, portanto, levar à exposição dietética de populações humanas
(LEMOS et al., 2016; SRIVASTAVA et al., 2017). A exposição dietética aos resíduos de
agrotóxicos chega a ser cinco vezes maior do que outras rotas de exposição, como a
respiração de ar ou água potável (LEMOS et al., 2016).
Uma vez que a maioria dos agrotóxicos aplicados chega à folhagem vegetal
(ZIVAN; SEGAL-ROSENHEIMER; DUBOWSKI, 2016), a exposição aos agrotóxicos acaba
sendo proveniente do consumo de frutas e vegetais contendo resíduos de agrotóxicos, por
contato com superfícies contaminadas ou por inalação de resíduos no ar, por exemplo, deriva
de agrotóxicos (ZIVAN; SEGAL-ROSENHEIMER; DUBOWSKI, 2016; KIRA, LINKER;
DUBOWSKI, 2016).
35
Estudos mostram que a ingestão de alimentos contaminados por resíduos de
agrotóxicos resulta em uma maior exposição tóxica para humanos, cerca de 103 a 10
5 vezes
maior do que a induzida pela inalação ou água ingerida (MARGNI et al., 2002). A
contaminação por agrotóxicos ocorre principalmente devido ao uso indiscriminado ao longo
dos anos (SILVA, 2017). Além disso, os agrotóxicos quase sempre ocorrem em misturas,
cujos efeitos combinados toxicológicos sobre a saúde humana são em grande parte
desconhecidos (ROUSIS; ZUCCATO ; CASTIGLIONI, 2016).
Alguns dos efeitos tóxicos nos seres humanos incluem toxicidade neurológica
aguda, comprometimento do desenvolvimento neurológico, distúrbios no sistema
imunológico, distúrbios nos sistemas reprodutivo e endócrino, câncer, doenças renais crônicas
e várias outras doenças (CHOWDHURY et al., 2013; COSTA; MELLO; FRIEDRICH,
2017). Os agrotóxicos estão associados a um amplo espectro de riscos para a saúde humana
(BAKIRCI et al., 2014; JAHANMARD; ANSARI; FEIZI, 2016), que vão desde intoxicações
agudas (BAKIRCI et al., 2014; GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017) a crônicas
(MOSTAFALOU; ABDOLLAHI, 2013; BAKIRCI et al., 2014; JAHANMARD; ANSARI;
FEIZI, 2016).
Na intoxicação aguda cada substância pode ser responsável por sintomas ou
efeitos distintos (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017), podendo apresentar sintomas como
fraqueza, cólicas abdominais, vômitos, espasmos musculares, convulsões, irritação da
conjuntiva (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017), dor de cabeça (BAKIRCI et al., 2014;
GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017), náuseas (BAKIRCI et al., 2014), respiração difícil, perda
de apetite e hemorragia nasal, entre outros, e cada substância pode ser responsável para
sintomas ou efeitos distintos (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017).
A intoxicação crônica também possui sintomas característicos para cada
substância, desde (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017) câncer (MOSTAFALOU;
ABDOLLAHI, 2013; BAKIRCI et al., 2014; GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017), danos
reprodutivos, má funcionamento do sistema endócrino (BAKIRCI et al., 2014), diabetes
(MOSTAFALOU; ABDOLLAHI, 2013), efeitos neurotóxicos retardados, alterações
cromossômicas, dermatite de contato, dano hepático, arritmias cardíacas, danos nos rins,
neuropatias periféricas, alergias (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017), asma (MOSTAFALOU;
ABDOLLAHI, 2013), doença de Parkinson (MOSTAFALOU; ABDOLLAHI, 2013;
GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017; COSTA; 2018), Alzheimer (MOSTAFALOU;
36
ABDOLLAHI, 2013; COSTA, 2018) efeitos teratogênicos e perda de audição, entre outros
(GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017).
Os humanos têm exposições ambientais aos resíduos de agrotóxicos
principalmente por meio da dieta na ingestão de produtos alimentares, que geralmente é muito
maior do que aqueles relacionados ao consumo de água e à inalação do ar, com exceção da
exposição ocupacional ou em casa (JOKANOVIĆ, 2012).
2.1.4 Agrotóxicos Organofosforados (OFs)
2.1.4.1 Aspectos gerais dos Ofs
Os compostos OFs são um grupo de agrotóxicos que engloba alguns dos produtos
químicos mais tóxicos utilizados na agricultura (KAZEMI et al., 2012), sendo uma das
principais classes de agrotóxicos (COSTA, 2018). Apesar de existirem regras de
nomenclatura formal para esses compostos, eles são geralmente reportados na literatura por
seus nomes comuns (SCHENK et al., 2016). Os agrotóxicos OFs são ésteres sintéticos,
amidas ou derivados tiol (STOYTCHEVA, 2011a) de ácido fosfórico (AMARAL, 2007;
STOYTCHEVA, 2011a; SCHENK et al., 2016; MANGAS et al., 2017), fosfônico
(STOYTCHEVA, 2011a; AMARAL, 2007; SCHENK et al., 2016), fosforotióico ou
fosfonotóico (STOYTCHEVA, 2011a).
Segundo Baird (2002) os agrotóxicos OFs possuem, sem exceção, um átomo de
fósforo pentavalente ao qual podem estar conectados (BAIRD, 2002):
a) um átomo de oxigênio ou enxofre, ligado ao átomo de fósforo através de uma
dupla ligação;
b) dois grupos radicais, metoxi (– OCH3) ou etoxi (– OCH2CH3) ligados ao átomo
de fósforo por meio de uma ligação simples;
c) um grupo R (radical) mais longo e mais complexo, ligado ao átomo de fósforo,
geralmente por meio de um átomo de oxigênio ou enxofre através de uma ligação simples.
A toxicidade do composto irá depender dos diversos radicais ligados ao átomo de
fósforo, onde pequenas modificações como a substituição de radicais metil por etil aumenta a
toxicidade do composto, sendo que, o paration etil é mais tóxico que o paration metil
(MACIEL, 2005).
37
Os OFs apresentam uma grande variedade de possíveis estruturas. O átomo de
fósforo pode estar ligado ao oxigênio (P = O) ou enxofre (P = S) e assim chamado como oxo-
fosfato ou tio-fosfato, que tem um significado importante nas biotransformações dos
agrotóxicos e a sua toxicidade (MANGAS et al., 2017), sendo o primeiro mais tóxico
(BAIRD, 2002). A maioria dos agrotóxicos OFs são tiofosfatos ou tiofosfonatos e são
biotransformados por oxidação em oxofosfatos para induzir toxicidade por organofosforilação
(MANGAS et al., 2017).
Com base nas características estruturais, os OFs são divididos em pelo menos 13
tipos, incluindo fosfatos, fosfinatos, fosfonatos, fosforotritioatos, fosforoditioatos,
fosforamidotioatos, fosforotioatos (S =), fosfonotioatos (S =), fosforotioatos (substituídos em
S), fosfonotioatos (substituídos em S), (GUPTA, 2006; STOYTCHEVA, 2011b). As três
subclasses principais de OFs são os fosfatos, os fosforotioatos e os fosforoditioatos (BAIRD,
2002), como pode ser visto na Figura 2.4.
Figura 2.4 – Estruturas genéricas das principais subclasses dos OFs e exemplos de
representantes de cada subclasse.
Fonte: Adaptado de Baird (2002).
A diversidade estrutural dos OFs gera diferentes propriedades físico-químicas e
biológicas: pressão de vapor, solubilidade em água, estabilidade química e toxicidade, que
38
determinam sua aplicação específica (STOYTCHEVA, 2011a). Os OFs geralmente possuem
um efeito tóxico mais agudo para os seres humanos e outros mamíferos do que os
organoclorados (BAIRD, 2002).
Os OFs são parcialmente solúveis em água (SCHENK et al., 2016), porém mais
facilmente solúveis em água do que os organoclorados (PAN et al., 2017), e por isso podem
penetrar facilmente no solo (SCHENK et al., 2016) e nas águas subterrâneas (SCHENK et al.,
2016; PAN et al., 2017), mas por serem menos estáveis quimicamente, não possuem
tendência de bioacumulação (MORAIS, 2009; PINHO, 2007). Como a maioria dos OFs são
voláteis e termicamente estáveis, eles são aptos para análise em CG (SAPAHIN;
MAKAHLEH; SAAD, 2015).
2.1.4.2 Uso dos OFs
O uso maciço dos antigos organoclorados foi substituído por agrotóxicos baseados
em OFs (CEQUIER et al., 2016; FARAJZADEH et al., 2016; MANGAS et al., 2017), mas
como seus predecessores, eles não são agrotóxicos seletivos (CEQUIER et al., 2016) e
apresentam risco grave de toxicidade aguda para os seres humanos (PINHO, 2007; MORAIS,
2009; CEQUIER et al., 2016).
O uso dos OFs foi promovido em decorrência da busca por agrotóxicos menos
persistentes no meio ambiente (OSHITA; JARDIM, 2012; CHOWDHURY et al., 2013). Nos
países em desenvolvimento ou desenvolvidos, os OFs são uma causa comum de intoxicação
por exposição ocupacional (MOSTAFALOU; ABDOLLAHI, 2013; JOKANOVIĆ, 2012) e
contaminação ambiental (SCHENK et al., 2016).
Além do uso na agricultura (ROBERTS; REIGART, 2013; CEQUIER et al.,
2017; GONZÁLEZ-CURBELO et al., 2017), eles também são utilizados em casas, jardins
(ROBERTS; REIGART, 2013) e práticas veterinárias (ROBERTS; REIGART, 2013;
MANGAS et al., 2017). Eles são empregados na indústria agrícola há várias décadas
(SCHENK et al., 2016; CEQUIER et al., 2016), sendo a classe mais utilizada para o controle
de pragas tanto agrícola (SILVA; SAMARAWICKREMA; WICKREMASINGHE, 2006;
REZG et al., 2010; SHARMA et al., 2010) como paisagística (REZG et al., 2010),
representando aproximadamente 40% do uso total de agrotóxicos a nível mundial (SHAPIRO
et al., 2016). Anualmente nos EUA são gastos bilhões de dólares com o uso de agrotóxicos
OFs (SAPAHIN; MAKAHLEH; SAAD, 2015).
39
O uso extensivo de agrotóxicos OFs ocorre devido à sua ampla atividade contra
pragas (FARAJZADEH et al., 2016; MOJSAK; ŁOZOWICKA; KACZYŃSKI, 2018) e custo
relativamente baixo (FARAJZADEH et al., 2016; MANGAS et al., 2017), o que acaba
fazendo com que eles sejam uma importante fonte de contaminação ambiental e de produtos
agrícolas (FARAJZADEH et al., 2016). Os vegetais folhosos são mais propensos a insetos,
onde as partes da folha e do caule podem ser facilmente contaminadas por excesso de OFs
devido a maiores áreas de superfície (LI et al., 2014; YU et al., 2016).
Os OFs também podem ser aplicados diretamente no produto agrícola durante o
armazenamento, para protegê-lo de pragas, o que, por causa de taxas de degradação
relativamente baixas, pode ser perigoso (GONZÁLEZ-CURBELO et al., 2017). Os OFs são
amplamente utilizados em uma grande variedade de culturas e geralmente são dispersos como
um aerossol constituído pelo agrotóxico adsorvido em uma partícula fina inerte dissolvida em
um solvente hidrocarboneto (SAFE WORK AUSTRALIA, 2013).
A eliminação dos OFs pode gerar problemas, pois quando despejados em aterros
podem se lixiviar no solo ao redor, enquanto a degradação química pode originar subprodutos
tóxicos (SCHENK et al., 2016). A classe dos OFs é considerada uma das mais tóxicas
existentes e teve seu uso proibido devido à possibilidade de suas fórmulas favorecerem a
formação de tumores cancerígenos, assim como vários outros problemas à saúde humana
(GALLI et al., 2006).
2.1.4.3 Ação dos OFs nos humanos
Geralmente, os OFs são usados para melhorar a qualidade e o rendimento de
diferentes tipos de vegetais, grãos e frutas (JALALI et al., 2011; FARAJZADEH et al., 2016),
podendo levar a intoxicação aguda através do consumo desses alimentos (SAPAHIN;
MAKAHLEH; SAAD, 2015; HE et al., 2015; CHIESA et al., 2016; CEQUIER et al., 2017),
pois a principal via de exposição é a ingestão de alimentos contaminados (SHAPIRO et al.,
2016; CHIESA et al., 2016; YU et al., 2016; CEQUIER et al., 2017). Os compostos OFs são
os responsáveis pelo maior número de intoxicações no meio rural (OLIVEIRA-SILVA et al.,
2001), e apesar de sua natureza não persistente, a maioria dos OFs apresenta efeitos tóxicos
em mamíferos (BAIRD, 2002; BLANKSON et al., 2016).
A exposição aos OFs depende das atividades agrícolas na área ou no país
(CEQUIER et al., 2017). De acordo com Mangas et al. (2017) as pessoas podem ser expostas
40
aos OFs em diversas circunstâncias, podendo desenvolver vários efeitos neurotóxicos
distintos dependendo da dose, frequência de exposição, tipo de OF e os fatores do hospedeiro
que influenciam a susceptibilidade e sensibilidade, onde os efeitos neurotóxicos são
dependentes da interação com alvos enzimáticos envolvidos em vias toxicológicas ou de
desintoxicação.
A exposição aos OFs por rotas múltiplas ou a múltiplos OFs pode levar à
toxicidade aditiva séria, sendo importante compreender, no entanto, que existe uma ampla
gama de toxicidade desses compostos e ampla variação na absorção dérmica, tornando a
identificação específica do agente e do gerenciamento individualizado bastante importante
(ROBERTS; REIGART, 2013).
O mecanismo de ação tóxica baseia-se na inibição da enzima acetilcolinesterase
(OLIVEIRA-SILVA et al., 2001; SAPAHIN; MAKAHLEH; SAAD, 2015; BASTOS et al.,
2015; FARAJZADEH et al., 2016; CHIESA et al., 2016; CEQUIER et al., 2016;
SINYANGWE; MBEWE; SIJUMBILA, 2016; SCHENK et al., 2016; BLANKSON et al.,
2016), principalmente por fosforilação (ROBERTS; REIGART, 2013), sendo que esta enzima
atua nas sinapses do sistema nervoso central e periférico (MORAIS, 2009; PINHO, 2007)
através da inativação do neurotransmissor acetilcolina (SINYANGWE; MBEWE;
SIJUMBILA, 2016). De acordo com Sinyangwe, Mbewe e Sijumbila (2016) os OFs também
pode proporcionar a interrupção das respostas metabólicas, cardiovasculares e hormonais que
podem levar à síndrome metabólica.
Nos últimos anos, muitos estudos provaram que OFs são mutagênicos,
citotóxicos, genotóxicos, teratogênicos, imunotóxicos (SHARMA et al., 2010) e
carcinogênicos (SHARMA et al., 2010; LI et al., 2017a). Alguns exemplos de doenças
associadas aos OFs são desenvolvimento da obesidade e do diabetes mellitus tipo 2
(SINYANGWE; MBEWE; SIJUMBILA, 2016; SHAPIRO et al., 2016), Parkinson
(MOSTAFALOU; ABDOLLAHI, 2013) e Alzheimer (JOKANOVIĆ, 2012;
MOSTAFALOU; ABDOLLAHI, 2013). Alguns dos agrotóxicos pertencentes ao grupo das
OFs também são conhecidos por suas interferências na reprodução, especialmente em machos
(SHARMA et al., 2010; CEQUIER et al., 2017). O potencial de efeitos adversos dos OFs
atinge principalmente mulheres grávidas, o feto (SILVA; SAMARAWICKREMA;
WICKREMASINGHE, 2006) e as crianças (SILVA; SAMARAWICKREMA;
WICKREMASINGHE, 2006; CEQUIER et al., 2017).
41
Os efeitos do OFs são importantes na avaliação de risco, tanto que os
regulamentos da EU definiram LMRs em amostras de alimentos e água na faixa de 0,01 - 0,5
mg.kg-1
e 20 - 100 µg.L-1
, respectivamente (FARAJZADEH et al., 2016). Para Sinyangwe,
Mbewe e Sijumbila (2016) é altamente provável que quase todas as pessoas tenham resíduos
de OFs em seus corpos e que a maioria das exposições esteja em concentrações muito baixas
e, portanto, perca atenção e não seja detectada. Assim, é essencial desenvolver um método de
detecção preciso e confiável para evitar seus efeitos negativos na saúde humana (LI et al.,
2017a).
2.1.5 OFs avaliados no estudo
2.1.5.1 Aspectos Gerais
A Tabela 2.2 mostra os seis agrotóxicos OFs que foram avaliados no estudo,
indicando seus nomes comuns e oficiais, assim como algumas características químicas. O
Código CAS (Chemical Abstract Service) é um identificador numérico único para cada
substância, mas que não possui significado químico algum (ANVISA, 2017).
A Tabela 2.3 apresenta características químicas mais específicas, bem como a
DL50 de cada um deles (ANVISA, 2017). Uma forma de avaliar a sorção (absorção e adsorção
ocorrendo simultaneamente) e a mobilidade de um dado agrotóxico no solo é através dos
valores do coeficiente de partição octanol - água (Kow), também chamado de fator de
hidrofobicidade, e por meio do coeficiente de partição correlacionado com substâncias
orgânicas, que é o coeficiente de partição de carbono orgânico (Koc) (D'AGOSTINHO;
FLUES, 2006).
Agrotóxicos que possuem Koc < 100 possuem alta mobilidade no solo, já com Koc
entre 200 e 300, são classificadas como possuindo mobilidade intermediária no solo, enquanto
Koc > 1000 possuem baixa mobilidade no solo, sendo assim, menos suscetíveis à lixiviação,
onde quanto adsorvido for o agrotóxico, maior será sua mobilidade (PEDROSO; NETO,
2018). Assim, quanto mais alto o valor de Koc, mais fortemente o agrotóxico é sorvido e,
portanto, menos móvel (KERLE; JENKINS; VOGUE, 1994). O Koc depende das
propriedades físico-químicas do agrotóxico e da porcentagem de carbono orgânico do solo
(D'AGOSTINHO; FLUES, 2006). Além de ser afetada pelas características ambientais e do
42
local, a mobilidade é influenciada pela sorção, solubilidade em água e pressão de vapor do
agrotóxico (KERLE; JENKINS; VOGUE, 1994).
O Quadro 2.2 mostra a classificação agronômica, bem como a classificação
toxicológica e os usos agrícolas, onde é possível perceber que o clorpirifós é o agrotóxico
mais usado em diversos tipos de cultura no Brasil, mas não é permitido na do pimentão
(ANVISA, 2017). O clorpirifós tem sido um dos OFs de amplo espectro mais comumente
usados (MOJSAK; ŁOZOWICKA; KACZYŃSKI, 2018; COSTA, 2018), e um dos
agrotóxicos mais utilizados no mundo, sendo moderadamente tóxico para os mamíferos, mas
extremamente tóxico para uma ampla gama de espécies aquáticas (GHOTBADINI-
BAHRAMAN; SHEIBANI; SHISHEHBORE, 2017).
43
Tabela 2.2 – Nomes e algumas características dos OFs estudados. Ingrediente ativo ou
nome comum Nome IUPAC Nº CAS * Estrutura Química
Massa molecular
(g/mol)
Clorpirifós
O,O-diethyl O-3,5,6-trichloro-2-pyridyl phosphorothioate
2921-88-2
350,58
Diclorvós
2,2-dichlorovinyl dimethyl phosphate
62-73-7
220,98
Dissulfotom
O,O-diethyl S-2-ethylthioethyl phosphorodithioate
298-04-4
274,40
Etoprofós
O-ethyl S,S-dipropyl phosphorodithioate
298-04-4
242,30
Fenclorfós
O,O-dimethyl O-2,4,5-trichlorophenyl phosphorothioate
299-84-3
321,55
Protiofós
O-2,4-dichlorophenyl O-ethyl S-propyl phosphorodithioate
34643-46-4
345,25
Fonte: UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE DATABASE (2016) e ANVISA (2017).
CAS: Serviço de Resumos de Química (Chemical Abstract Service).
44
Tabela 2.3 – Características químicas específicas e DL50 dos OFs estudados.
Agrotóxico Kow
(pH 7, 20 °C) Koc (pH 7, 20 °C)
Solubilidade em água
a 20 °C (mg.L-1
)
Sensibilida
de ao pH
a PD (°C)
b PV (mPa)
c DL50 oral (mg.kg
-1 de
peso corpóreo)
Clorpirifós 5,01 x 10
4
(alta)
5509
(não móvel)
1,05
(baixa) não 170
1,43
(baixa volatilidade)
66
(alta)
Diclorvós 7,94 x 10
1
(baixa)
50
(móvel)
18000
(alta) - 190
2100
(alta volatilidade)
80
(alta)
Dissulfotom 8,91 x 10
3
(alta)
1345
(ligeiramente móvel)
25
(baixa) - -
7,2
(moderadamente volátil)
2,6
(alta)
Etoprofós 9,77 x 10
2
(moderada)
70
(móvel)
1300
(alta) não 244,3
78,0
(alta volatilidade)
40
(alta)
Fenclorfós 7,59 x 10
4
(alta)
10232
(não móvel)
40
(baixa) - -
110
(alta volatilidade)
500
(moderada)
Protiofós 4,68 x 10
5
(alta)
24158
(não móvel)
0.07
(baixa)) - -
0.3
(baixa volatilidade)
925
(moderada)
Fonte: Autor (2018) a partir de UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE DATABASE (2016). a Ponto de degradação;
c Pressão de vapor a 25 °C;
d Em ratos.
45
Quadro 2.2 – Classe Agronômica, classificação toxicológica e uso agrícola dos OFs estudados.
Agrotóxico Classe Agronômica Classificação toxicológica Uso agrícola
Clorpirifós Inseticida, formicida e
acaricida II
Aplicação foliar nas culturas de algodão, batata, café, cevada, citros, feijão,
maçã, milho, pastagem, soja, sorgo, tomate* e trigo;
Aplicação localizada na cultura da banana (saco para proteção do cacho) e no
solo nas culturas de batata e milho;
Aplicação no controle de formigas, apenas na forma de isca granulada,
conforme aprovação em rótulo e bula.
Diclorvós Inseticida II -
Dissulfotom I Aplicação no solo nas culturas de café e em sementes de algodão.
Etoprofós Nematicida e inseticida I Aplicação no solo na cultura de batata.
Fenclorfós Inseticida III -
Protiofós Inseticida e acaricida II Aplicação foliar nas culturas de algodão, batata, citros, couve, soja e tomate.
Fonte: Autor (2018) à partir de ANVISA (2017). (*): Uso autorizado somente para tomate rasteiro, com fins industriais.
46
2.2 Orgânicos
No Brasil, a Lei n° 10.831 de 23 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003) dispõe
sobre a agricultura orgânica e dá outras providências, sendo regulamentada pelo Decreto n°
6.323 de 2007 (BRASIL, 2008b). Apesar de existir pequenas variações nas definições entre os
países, o termo "alimento orgânico" geralmente é considerado aquele que foi produzido sem
fertilizantes artificiais e que não recebeu tratamento com agrotóxicos sintéticos ou
estimulantes de crescimento de qualquer tipo, incluindo hormônios e antibióticos (AKTAR,
2014).
O papel da agricultura orgânica é o de garantir a sustentabilidade e a saúde dos
ecossistemas e organismos que o compõe, desde a produção, processamento, distribuição, até
o consumo, buscando manter e aumentar a fertilidade do solo, minimizar todas as formas de
poluição, evitar o uso de fertilizantes sintéticos e agrotóxicos, manter a diversidade genética
da produção, considerar o amplo impacto social e ecológico do sistema produtivo de
alimentos e garantir a segurança alimentar e o bem estar humano (IFOAM, 2014; MORAIS;
OLIVEIRA, 2017).
Os consumidores passaram a se preocupar mais com os resíduos de agrotóxicos
nos vegetais (DOGAN; SELCUK; ERKAN, 2016; PIRSAHEB et al., 2017), porque muitas
vezes são consumidos frescos e não processados (DOGAN; SELCUK; ERKAN, 2016), e
consequentemente a demanda por alimento livre de produtos químicos e seguro está
aumentando a cada dia (LOZANO et al., 2016; MAHMOOD et al., 2017), onde essas
preocupações ampliaram o perfil do consumo orgânico de vegetais em todo o mundo
(DOGAN; SELCUK; ERKAN, 2016; BARRIGA et al., 2016).
O sistema orgânico leva em conta a relação solo/planta/ambiente com o intuito de
preservar o meio ambiente, a saúde humana e dos animais (GOMES; FRINHANI, 2017).
Assim, a agricultura orgânica surge como possibilidade de uma agricultura sustentável
(PADUA; SCHLINDWEIN; GOMES, 2013; GOMES; FRINHANI, 2017).
Mesmo os alimentos orgânicos sendo vistos como um nicho de mercado, em
determinados tipos de produtos, sua participação no mercado é significativa (BENBROOK;
BAKER, 2014; MARINI et al., 2016). O crescimento dos alimentos orgânicos está
relacionado a vários fatores, que vão desde a preocupação com o meio ambiente e o bem estar
dos animais, até razões mais pessoais (BENBROOK; BAKER, 2014; SOUZA; MACHADO;
DALCIN, 2015; SILVA; SILVA, 2016). Em última análise, a escolha individual de comprar
47
alimentos orgânicos ou não orgânicos faz parte de uma decisão geral de estilo de vida, onde
geralmente os consumidores que compram alimentos orgânicos são os que expressaram
significativamente maiores críticas sobre os agrotóxicos nos alimentos (BENBROOK;
BAKER, 2014). O custo de produção de um produto orgânico é cerca de 30% mais caro do
que o tradicional (ORGANICSNET, 2018). Vale ressaltar que a agricultura orgânica, ao
contrário da agricultura convencional, pode atuar de maneira a favorecer a segurança
alimentar e nutricional (SILVA; SILVA, 2016).
A contaminação agrícola com agrotóxicos precisa ser abordada, em particular no
campo dos sistemas de produção orgânica (CHIESA et al., 2016), pois mesmo não sendo
adicionados intencionalmente, seus resíduos às vezes estão presentes no produto final
(BENBROOK; BAKER, 2014; DOMÉNECH; MARTORELL, 2017) devido a alguma
contaminação através de vários caminhos como contaminação acidental por deriva
(WALORCZYK et al., 2013; BENBROOK; BAKER, 2014) de propriedades não-orgânicas
adjacentes, (WALORCZYK et al., 2013), escoamento ou transferência de uma transição
recente, rotulagem incorreta (BENBROOK; BAKER, 2014), aplicações fraudulentas
(WALORCZYK et al., 2013; BENBROOK; BAKER, 2014) ou por meio de produtos
residuais no solo (BASTOS et al., 2015).
As análises de resíduos de agrotóxicos são cruciais como uma ferramenta de
autenticação de culturas orgânicas, garantindo para consumidores que os produtos alimentares
rotulados como orgânicos estão livres de resíduos de agrotóxicos (WALORCZYK et al.,
2013). Portanto, os consumidores devem optar por alimentos certificados, pois os produtos
com a origem identificada aumentam o comprometimento dos produtores com a qualidade
dos alimentos (MELO; ARAÚJO, 2016; SILVA; MELO; MELO, 2016).
2.2.1 Produção orgânica no Brasil
A produção orgânica vem crescendo no Brasil e no mundo (PADUA;
SCHLINDWEIN; GOMES, 2013; WILLER; LERNOUD, 2016; SILVA; MELO; MELO,
2016; MORAIS; OLIVEIRA, 2017), principalmente devido à exigência cada vez maior por
alimentos saudáveis e pela noção do produtor em diminuir a utilização de agrotóxicos nas
plantações, em consequência dos riscos à saúde e ao meio ambiente (MORAIS; OLIVEIRA,
2017). Segundo Willer e Lernoud (2017) o Brasil está entre os dez países com maiores áreas
de terras agrícolas orgânicas. A produção orgânica no Brasil é devida principalmente à
48
agricultura familiar (PADUA; SCHLINDWEIN; GOMES, 2013; MORAIS; OLIVEIRA,
2017).
Brasil tem o maior mercado de produtos orgânicos na América Latina, mas têm
mostrando um crescimento lento nos últimos anos por causa de crises políticas e econômicas
(WILLER; LERNOUD, 2017). A produção orgânica nacional vem crescendo mais de 20% ao
ano, mas esse crescimento é inferior à demanda pelos produtos, o que é agravado pelo fato de
que 70% da produção é exportada para a Europa (SEBRAE, 2017).
Em 2014, a agricultura orgânica no Brasil movimentou cerca de R$ 2 bilhões,
onde em 2015 a área cultivada em sistema orgânico foi de aproximadamente 950.000
hectares, produzindo café, cacau, açaí, guaraná, arroz, sucos, castanha do Brasil, cana-de-
açúcar, mel, laticínios, palmito, ovos e hortaliças (MAPA, 2016; MORAIS; OLIVEIRA,
2017). No período de 1991 a 1996, no município de Tauá (CE), foi implantada uma das
primeiras experiências de proposta da agricultura orgânica no Nordeste do Brasil (ALENCAR
et al., 2013)
É possível destacar algumas tentativas de incentivo à produção orgânica no Brasil,
como o Decreto n° 7.794 de 2012 (BRASIL, 2012), que institui a Política Nacional de
Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), com o objetivo de integrar, articular e adequar
políticas, programas e ações indutoras da transição agroecológica e da produção orgânica e de
base agroecológica, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da
população, por meio do uso sustentável dos recursos naturais e da oferta e consumo de
alimentos saudáveis.
A viabilidade econômica dos alimentos orgânicos encontra-se em considerável
ascensão (PADUA; SCHLINDWEIN; GOMES, 2013), mas ainda existe a necessidade de
conceder maior incentivo e visibilidade às experiências orgânicas já existentes e estimular as
políticas públicas fortalecedoras da agricultura orgânica nacional, com o intuito de ampliar o
diálogo com a sociedade e demonstrar os benefícios e vantagens provenientes da produção
orgânica (MORAIS; OLIVEIRA, 2017).
O arcabouço de regulamentações (exemplos: Instrução Normativa nº 007 de 31 de
dezembro de 1999, Lei nº 10.831 de 2003, Decreto 6.323 de 2007, dentre outras) utilizado na
administração do sistema de produção orgânica no Brasil, possuem as bases de classificação
dos procedimentos permitidos, tolerados e proibidos (MARINI et al., 2016; SILVA; SILVA,
2016; MORAIS; OLIVEIRA, 2017; SAMBUICHI et al., 2017). Assim, as normas e
regulamentações vigentes auxiliam a garantia de qualidade dos sistemas de produção e do
49
produtor, protegendo o consumidor contra qualquer irregularidade que possa compromete a
integridade da produção orgânica (MORAIS; OLIVEIRA, 2017).
2.2.2 Certificação de produtos orgânicos no Brasil
A quantidade de estabelecimentos agrícolas orgânicos no Brasil que possuem
certificação ainda é tida como sendo baixa (MORAIS; OLIVEIRA, 2017), isto porque, a
certificação é vista como um processo complicado para os produtores que, frequentemente,
não conhecem os meios e nem possuem os recursos necessários para sua concretização
(MEDAETS; FONSECA, 2005; MOOZ; SILVA, 2014; MORAIS; OLIVEIRA, 2017). Outro
aspecto relevante é o custo gerado pelo processo da certificação, que diversas vezes em
decorrência do baixo volume de produção acaba inviabilizando a unidade de produção
(MOOZ; SILVA, 2014).
De acordo com Mooz e Silva (2014) a certificação orgânica é um processo de
auditoria de origem e trajetória de produtos agrícolas e industriais, desde sua fonte de
produção até o ponto final de venda ao consumidor. Segundo Marini et al. (2016) com a
certificação é possível atestar um procedimento de verificação da conformidade do produto ou
do processo em função de padrões estabelecidos, através da avaliação de todas as atividades
indispensáveis para a determinação a cerca do cumprimento de requerimentos específicos,
garantindo-se assim, que um produto atenda determinados padrões desejados.
Para que um produto seja reconhecido legalmente como orgânico, ele deve
respeitar algumas exigências legais de certificação (GOMES; FRINHANI, 2017; MORAIS;
OLIVEIRA, 2017). Assim, o processo de certificação orgânica busca garantir um
produto/processo de qualidade aos consumidores (SOUZA; MACHADO; DALCIN, 2015;
MORAIS; OLIVEIRA, 2017). Atualmente no Brasil existem duas vertentes para as condições
de entrada no mercado de certificação de orgânicos: a certificação para o mercado nacional e
a certificação para o mercado internacional (MUÑOZ et al., 2016; MORAIS; OLIVEIRA,
2017).
O Decreto nº 6.323 de 2007 (BRASIL, 2008b) possibilita que a certificação da
produção orgânica a nível nacional seja efetuada por meio de Organismos de Certificação da
Conformidade Orgânica constituídos como pessoas jurídicas, de direito público ou privado,
com ou sem fins lucrativos, previamente credenciados junto ao MAPA, no âmbito do Sistema
Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica (SisOrg).
50
Todos os produtos orgânicos brasileiros, com exceção dos que se originam da
venda direta por agricultores familiares, devem ser identificados por meio do Selo orgânico
SisOrg, cujo objetivo é facilitar ao consumidor identificar os produtos orgânicos, reforçando a
garantia, de acordo com os regulamentos técnicos da produção orgânica (BRASIL, 2008a).
Um aspecto que deve ser verificado é que no selo orgânico SisOrg deve vir a
especificação do sistema de avaliação da qualidade orgânica utilizado, como mostra a Figura
2.5 (Instrução Normativa 18 de 2014; BRASIL, 2008a; MAPA, 2009; MUÑOZ et al., 2016),
podendo ter a versão colorida, preto e cinza ou preto e branco (BRASIL, 2014).
Figura 2.5 – Selos Federais do SisOrg para produtos orgânicos no Brasil versão colorida.
Fonte: MAPA (2009).
Com o selo é possível identificar os produtos orgânicos em que a avaliação da
conformidade foi realizada por organismos credenciados pelo MAPA (MAPA, 2009; SILVA;
MELO; MELO, 2016), atestando que o produtor adota criteriosamente as regras das entidades
certificadoras à qual está associado e que o produto é cultivado sobre regras estabelecidas e
fixadas, garantindo ao consumidor que o sistema de produção adotado não apresenta riscos de
contaminação no alimento, a saúde do consumidor ou meio ambiente (SILVA; MELO;
MELO, 2016; MORAIS; OLIVEIRA, 2017).
Os produtos orgânicos certificados devem adotar o selo, exceto no caso dos
produtores que fazem a venda direta aos consumidores (MUÑOZ et al., 2016). Além do selo
federal SisOrg, pode vir na embalagem o selo da certificadora responsável pela certificação,
ou seja, o selo dos OAC (Organismos de Avaliação da Conformidade) Orgânica, como mostra
a Figura 2.6.
51
Figura 2.6 – Exemplo de embalagem contendo a certificação federal SisOrg e OAC orgânica.
Fonte: Autor (2016).
Das 24 certificadoras credenciadas pelo MAPA que atuam no Sistema Brasileiro
de Avaliação da Conformidade Orgânica (Sistema Participativo), duas possuem sede no Ceará
(CE), uma em Quixeramobim e a outra em Crateús (MAPA, 2017), enquanto dos 11
Organismo de Avaliação da Conformidade Orgânica pela certificação por auditoria
(Certificadoras) não existe nenhum com sede no Ceará. De acordo com Madail, Belarmino e
Bini (2011) e Castro Neto et al. (2010) no ano de 2006, o Ceará possuía 381.014
estabelecimentos agrícolas, dos quais 4.865 eram voltados para agricultura orgânica, mas
apenas 167 possuíam certificação.
Cada país possui a própria legislação para a produção e comercialização de
produtos orgânicos, devendo ser analisado pelo produtor cada aspecto, caso ele deseje vender
os seus produtos no exterior, buscando uma certificação que atenda as exigências do mercado
comprador (BRASIL, 2008b; MADAIL; BELARMINO; BINI, 2011; MEDAETS;
FONSECA, 2005; WILLER; LERNOUD, 2016; WILLER; LERNOUD, 2017; MORAIS;
OLIVEIRA, 2017).
Conforme BRASIL (2008) alguns produtos destinados exclusivamente à
exportação precisam estar de acordo com certas exigências do país importador que, diversas
vezes, não fazem parte ou são até proibidas pela regulamentação brasileira, e nestes casos,
seus rótulos não recebem o Selo do SisOrg, e devem conter a seguinte informação:
PRODUTO EXCLUSIVO PARA EXPORTAÇÃO (BRASIL, 2008a). Vale ressaltar que
independentemente do mecanismo de certificação, todos os produtos devem ser cadastrados
junto ao MAPA (SEBRAE, 2017).
O certificado do produtor pode ser retirado pela certificadora, que tem a
autonomia para tal ação, caso seja descumprida as normas da legislação vigente (MORAIS;
OLIVEIRA, 2017). Desta forma, se um produto agrícola vendido ou rotulado como orgânico
52
contém qualquer agrotóxico detectável ou outro resíduo não orgânico ou substância natural
proibida, o correto é investigar e determinar se o programa de certificação orgânica foi
violado, pois os alimentos que contém resíduos em níveis que são maiores que a
contaminação ambiental residual inevitável, não podem ser vendidos ou rotulados como
produtos orgânicos (BENBROOK; BAKER, 2014).
Mesmo havendo leis que regulamentam os produtos orgânicos, muitos
oportunistas veem na sustentabilidade e agricultura orgânica uma possibilidade de ganhar
dinheiro fácil, e com isso, simulam estar vendendo produtos nem um pouco orgânicos,
quando na verdade, fazem uso excessivo de agrotóxicos ou, até mesmo, compram esses
produtos em feiras convencionais (GOMES; FRINHANI, 2017).
2.3 Pimentão (Capsicum annuum L.)
O pimentão originou-se na região tropical sul-americana centrada no que é hoje a
Bolívia (RIVERA et al., 2016). Ele é encontrado principalmente em zonas tropicais e úmidas
da América Central e do Sul (GIUFFRIDA et al., 2013; MOKHTAR et al., 2016; JADON et
al., 2016), e cultivado em locais como Brasil (JADON et al., 2016; SANTOS et al., 2017),
Peru, Bolívia, Costa Rica, México, Europa, China, Índia (JADON et al., 2016), Israel,
Holanda, Bélgica, Reino Unido, Canadá (FRANS et al., 2017) e Paquistão (ALI; KHAN;
ASHFAQ, 2017). O pimentão não é um legume, mas sim uma fruta (GIUFFRIDA et al.,
2013; RIVERA et al., 2016; SHUKLA et al., 2016; MOKHTAR et al., 2016; LAMA et al.,
2016). Outros termos utilizados para o pimentão são hortaliça não folhosa (ANVISA, 2016) e
hortaliça-fruto (VÉRAS et al., 2015), porém um termo mais correto é fruto (PEREIRA;
CARVALHO; PINHEIRO, 2013; PEREIRA et al., 2015).
Os frutos do pimentão apresentam três formatos típicos: retangular, cônico e
quadrado (MAROUELLI; SILVA, 2012). Também conhecido como pimenta sino (bell
pepper) ou pimenta doce (sweet pepper) (SHUKLA et al., 2016), ele possui cor verde escuro
que muda para tons amarelos e vermelhos durante os estágios de maturação (GOMES et al.,
2014; BARROS et al., 2016). No Brasil, o pimentão é consumido principalmente na forma de
fruto verde (MAROUELLI; SILVA, 2012; TRECHA; LOVATTO; MAUCH, 2017). Para
Pereira, Pinheiro e Carvalho (2013), apesar de o pimentão verde continuar sendo o mais
importante em volume comercializado, os pimentões vermelhos e amarelos, com sabor mais
53
suave e melhor digestibilidade, aos poucos conquistam novos consumidores, embora sejam
mais caros.
De acordo com as diretrizes da Direção da Saúde e Segurança Alimentar da
Comissão Europeia (DG SANTE), os pimentões são classificados no grupo de commodities
de "alto teor de água", juntamente com vegetais frutificantes/cucurbitáceas (SANTE, 2017). O
pimentão é um membro da família Solanaceae (GIUFFRIDA et al., 2013; JADON et al.,
2016; RIVERA et al., 2016; MOKHTAR et al., 2016; SHUKLA et al., 2016) , considerado
um dos vegetais mais populares (JADON et al., 2016; SHUKLA et al., 2016).
Os pimentões são bastante nutritivos (JADON et al., 2016; LAMA et al., 2016;
MAHMOOD et al., 2017), por constituir uma rica fonte de ácido fólico (JADON et al., 2016;
ALI; KHAN; ASHFAQ, 2017), cálcio (PEREIRA; PINHEIRO; CARVALHO, 2013; JADON
et al., 2016; MARDANI-TALAEE et al., 2017), vitamina A, vitamina B6 (JADON et al.,
2016; MARDANI-TALAEE et al., 2017; ALI; KHAN; ASHFAQ, 2017), vitamina E
(BOGUSZ JÚNIOR et al., 2017; ALI; KHAN; ASHFAQ, 2017) e vitamina C (PEREIRA;
PINHEIRO; CARVALHO, 2013; DAOOD et al., 2014; JADON et al., 2016; LAMA et al.,
2016; BOGUSZ JÚNIOR et al., 2017; MARDANI-TALAEE et al., 2017; ALI; KHAN;
ASHFAQ, 2017). A concentração de vitamina C no pimentão varia cerca de 76 a 243 mg por
100 g, e aumenta à medida que as frutas amadurecem (LAMA et al., 2016), e quando maduro
o pimentão é excelente fonte de vitamina A (PEREIRA; PINHEIRO; CARVALHO, 2013).
Além disso, os pimentões são uma boa fonte de antioxidantes (DAOOD et al.,
2014; LAMA et al., 2016; MARDANI-TALAEE et al., 2017), como polifenóis (DAOOD et
al., 2014; LAMA et al., 2016) e carotenóides (PEREIRA; PINHEIRO; CARVALHO, 2013;
DAOOD et al., 2014; GOMES et al., 2014; MOKHTAR et al., 2016; DOGAN; SELCUK;
ERKAN, 2016; BOGUSZ JÚNIOR et al., 2017). Estas substâncias possuem potenciais
propriedades funcionais (MOKHTAR et al., 2016) que podem reduzir o risco de desenvolver
vários tipos de doenças degenerativas e crônicas, como por exemplo, o câncer (GOMES et al.,
2014; LAMA et al., 2016). Todavia, os níveis destes compostos bioativos costumam variar de
acordo com o genótipo, estágio de maturidade e condições durante o crescimento e pós-
colheita (BOGUSZ JÚNIOR et al., 2017).
O pimentão é uma fruta bastante valiosa no mundo (GIUFFRIDA et al., 2013;
RIVERA et al., 2016; SHUKLA et al., 2016; MOKHTAR et al., 2016; FRANS et al., 2017),
sendo cultivado e consumido em quase todo o Brasil (MOURA; GUIMARÃES; LIMA, 2015;
NUNES JÚNIOR et al., 2017), e está entre os dez vegetais com maior importância econômica
54
e social (NUNES JÚNIOR et al., 2017). Embora o pimentão seja uma planta de verão, ele é
produzido também no inverno com o uso de cultivo em estufa (PEREIRA; PINHEIRO;
CARVALHO, 2013). Ele é usado de forma elevada no mundo culinário devido a sua cor
intensa (GOMES et al., 2014; BOGUSZ JÚNIOR et al., 2017) e forte sabor (GOMES et al.,
2014; BOGUSZ JÚNIOR et al., 2017), uma combinação de doçura e picância com uma
textura crocante, podendo ser consumido cru ou cozido (JADON et al., 2016), e amplamente
utilizado como corante alimentar natural quando estão na fase madura (GIUFFRIDA et al.,
2013; MOKHTAR et al., 2016; JADON et al., 2016) e também como ingrediente em
medicina (SCHOR et al., 2017).
No Brasil e em outros países, o pimentão vermelho é considerado como um dos
vegetais mais importantes em termos de volume de produção e valor comercial (GOMES et
al., 2014; BARROS et al., 2016), sendo utilizado para produção de páprica e corantes naturais
(MAROUELLI; SILVA, 2012). O pimentão é cultivado geralmente em campo aberto nas
regiões onde as temperaturas são elevadas, pois sob tais condições ele se desenvolve melhor e
é mais bem produzido, mas em regiões Sudeste e Sul do Brasil, o cultivo predominante é em
casa de vegetação ou estufas, por causa das baixas temperaturas e das geadas (TRECHA;
LOVATTO; MAUCH, 2017). Estima-se que o volume total comercializado de pimentão no
ano de 2016 foi de 554.903,97 toneladas (CNA, 2017).
O pimentão vendido no mercado cearense é proveniente dos municípios de
Guaraciaba do Norte, São Benedito, Tianguá, Ubajara, Ipu, Limoeiro do Norte e Pena Forte,
sendo que uma parcela também é oriunda do Espírito Santo e São Paulo (CEASA - CE,
2017). No Ceará o pimentão é valorizado não somente em razão da forte participação na
culinária doméstica e empresarial, mas também em decorrência do aspecto social que exibe
no local de produtividade (VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007).
Mesmo existindo uma grande variedade de pimentões, cerca de 60 tipos, entre
híbridos e cultivares, a preferência dos consumidores cearenses está centrada nos pimentões
verdes e, tradicionalmente, nos de formato cônico, embora o pimentão verde quadrado tenha
boa aceitabilidade nos supermercados de Fortaleza (VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007). A
produção orgânica do pimentão surge, simultaneamente, como uma tendência de
oportunidade de negócio e um grande desafio para os produtores (GUIMARÃES, 2013).
55
2.3.1 Pragas e tratos culturais
Um dos principais problemas enfrentados por produtores de pimentão no país é a
susceptibilidade às pragas e doenças, decorrente da diversidade climática dos locais de
produção ser muito grande e pelo fato do cultivo ser de forma intensiva em estufas ou em
campo aberto, gerando perdas significativas na produção e grandes prejuízos (AZEVEDO et
al., 2006; MOURA; GUIMARÃES; LIMA, 2015).
A cultura do pimentão é alvo de grande número de aplicações de agrotóxicos
visando o controle das infestações (MOURA, 2015; MOURA; GUIMARÃES; LIMA, 2015),
principalmente de compostos que apresentam elevada toxicidade, amplo espectro de ação e
não são registrados para o controle de pragas nessas culturas (MOURA, 2015), aumentando
problemas de resíduos desses compostos e os riscos de intoxicação dos consumidores
(MOURA, 2015; MOURA; GUIMARÃES; LIMA, 2015).
Apesar dos avanços tecnológicos incorporados no cultivo convencional do
pimentão, os insetos e as doenças ainda são problemas na produção e pós-colheita (TRECHA;
LOVATTO; MAUCH, 2017). Dentre as doenças que afetam o plantio de pimentão estão as
viroses (AZEVEDO et al., 2006; MOURA, 2015; SHUKLA et al., 2016; PEREIRA et al.,
2015), os ácaros, as tripes (AZEVEDO et al., 2006; MOURA, 2015; SHUKLA et al., 2016),
o oídio (fungo) (AZEVEDO et al., 2006; PEREIRA; CARVALHO; PINHEIRO, 2013;
PEREIRA et al., 2015), a antracnose (fungo), a murcha bacteriana, murcha de fitóftora
(AZEVEDO et al., 2006; VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007; PEREIRA; CARVALHO;
PINHEIRO, 2013; PEREIRA et al., 2015) e os nematoides (MOURA, 2015; PEREIRA et al.,
2015).
A alta qualidade do pimentão é ameaçada por uma doença conhecida como
apodrecimento interno da fruta, que foi encontrada na produção de pimentão em todo o
mundo, sendo causada principalmente por membros de fungos das espécies Fusarium lactis
(FLASC) e por uma menor extensão por Fusarium oxysporum e Fusarium proliferatum
(FRANS et al., 2017). A perda de rendimento devido à infestação combinada de ácaros e
tripes é estimada em cerca de 50%, onde a aplicação de agrotóxicos é a forma mais utilizada
nas infestações por vírus (SHUKLA et al., 2016). Uma variedade de inseto que danifica o
pimentão durante o seu crescimento é o pulgão verde do pêssego (Myzus persicae), cujo
tratamento consiste principalmente na utilização de inseticidas sintéticos (MARDANI-
TALAEE et al., 2017).
56
As duas principais ameaças das plantas do pimentão cultivadas em estufa são o
oídio em pó (PM) e o vírus da murcha manchada do tomate (TSWV) (SCHOR et al., 2017).
Os fungos do oídio promovem acentuada desfolha (BLAT et al., 2005; PEREIRA;
PINHEIRO; CARVALHO, 2013), como consequência, os frutos ficam expostos à queima
pela radiação solar, e a planta produz menor número de frutos e com tamanho
reduzido (PEREIRA; PINHEIRO; CARVALHO, 2013). O oídio causado pelo fungo
Oidiopsis taurica, pode resultar em desfolha de até 75% e perdas de até 40% na produção,
sendo o único entre os oídios que tem hábito de crescimento interno (BLAT et al., 2005).
O Oidiopsis taurica promove um crescimento branco pulverulento característico
na face inferior das folhas mais velhas, que com o progresso da doença acaba afetando as
folhas jovens (PEREIRA; CARVALHO; PINHEIRO, 2013). A ocorrência frequente de oídio,
bem como a inexistência de cultivares resistente e ingredientes ativos registrados junto ao
MAPA para seu controle, muitos produtores de pimentão utilizam agrotóxicos sistêmicos de
forma indevida, propiciando a contaminação dos frutos por resíduos, que maioria das vezes
não garante o controle satisfatório da doença (PEREIRA; PINHEIRO; CARVALHO, 2013).
No Estado do Ceará, as doenças que ocorrem mais comumente são antracnose,
murcha-de-fitóftora e mancha-bacteriana, onde as duas últimas são decorrentes das condições
de elevada umidade na região produtora (VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007). A antracnose
(Colletotrichum spp.) é altamente destrutiva, causa perdas severas em pimentão cultivado
durante períodos chuvosos e quentes, podendo atingir todos os estágios de desenvolvimento
da planta, até os frutos após a colheita, onde a forma mais comum da antracnose são as lesões
circulares, de coloração escura e alaranjada, como mostra a Figura 2.7 (AZEVEDO et al.,
2006). Ela afeta toda a parte aérea da planta, porém, os danos mis significativos ocorrem nos
frutos (PEREIRA; CARVALHO; PINHEIRO, 2013).
Figura 2.7 – Frutos de pimentão com antracnose.
Fonte: Pereira, Carvalho e Pinheiro (2013).
57
Apesar dos sintomas da antracnose poderem ocorrer tanto durante o
desenvolvimento da cultura no campo quanto na pós-colheita, somente os frutos exibem
sintomas típicos (FRANÇA et al., 2015). No Brasil, a maioria das descrições de antracnose
em pimentões indica o fungo Colletotrichum gloeosporioide como o responsável pela doença
(VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007; FRANÇA et al., 2015), apesar de outras espécies do
mesmo gênero também poderem causar a doença, em geral, resultam na redução direta da
qualidade e quantidade da produção (VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007). Em um ataque
severo, até 100% dos frutos podem ser afetados, ocasionando perda total para o produtor
(AZEVEDO et al., 2006; VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007). Há muitos anos, o método de
controle da antracnose do pimentão no Brasil mais difundido é a aplicação de fungicidas
(FRANÇA et al., 2015).
Em regiões muito úmidas a murcha-de-fitóftora (Phytophthora spp.) é uma
importante doença do pimentão, podendo ser causada por três espécies de pseudofungos, o
Phytophthora infestans, o Phytophthora nicotianae e o Phytophthora capsici, que em geral,
são agressivos e de difícil controle, onde o último é o mais comumente encontrado (VIANA;
FREIRE; PARENTE, 2007). Ela pode afetar as mudas ainda em sementeira ou plantas adultas
no campo (PEREIRA; CARVALHO; PINHEIRO, 2013). O sintoma mais imediato do ataque
dessa doença é o aparecimento de plantas murchas (VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007),
principalmente nas horas mais quentes do dia (VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007;
PEREIRA; CARVALHO; PINHEIRO, 2013; PEREIRA et al., 2015), como pode ser visto na
Figura 2.8 (A).
Figura 2.8 – Sintoma do ataque de Phytophthora capsici em pimentão, (A) plantas murchas;
(B) apodrecimento do caule; (C) fruto recoberto com o micélio branco do fungo.
Fonte: Adaptado de Viana, Freire e Parente (2007); Pereira, Carvalho, Pinheiro (2013).
58
A doença ocasiona, comumente, uma podridão úmida no colo e raízes como
mostra a Figura 2.8 (B), que resulta na murcha e, posteriormente, a seca e morte das plantas,
mas dependendo do estádio de desenvolvimento, pode ser que a planta infectada não seque,
contudo os frutos poderão murchar, ficando inúteis à comercialização (VIANA; FREIRE;
PARENTE, 2007; PEREIRA; CARVALHO; PINHEIRO, 2013). Em um ambiente de
umidade muito elevada, o fungo pode desenvolver em abundância micélio de coloração
branca sobre os ramos e frutos, gerando manchas encharcadas nas folhas, ramos e frutos
(VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007). A Figura 2.8 (C) apresenta o fruto do pimentão
recoberto com o fungo.
Em regiões úmidas, ou com períodos de umidade e temperatura elevadas, a
pústula ou mancha-bacteriana (Xanthomonas spp.) é a mais importante dentre as bacterioses
do pimentão (VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007), onde a bactéria Xanthomonas axonopodis
pv. vesicatoria é considerada a espécie mais de cor verde-escura e com aspecto encharcado
(PEREIRA et al., 2015), que, ao crescerem, se tornam pardas e depois necrosam (Figura 2.9
A), podendo ocorrer um grande número de lesões e, consequentemente, as folhas caem com
facilidade (VIANA; FREIRE; PARENTE, 2007).
Tanto em ambiente protegido quanto no campo, a mancha-bacteriana pode causar
danos significativos nas folhas, provocando perda da produção e da qualidade dos frutos
(MOREIRA et al., 2015). Já nos frutos, as lesões são inicialmente esbranquiçadas e depois
com os centros escurecidos (PEREIRA et al., 2015), circundadas por um halo castanho escuro
(Figura 2.9 B), onde a bactéria é capaz de diminuir sensivelmente a produção devido à
depreciação causada ao fruto, impedindo sua comercialização (VIANA; FREIRE; PARENTE,
2007).
Figura 2.9 – Sintoma do ataque de Xanthomonas axonopodis pv. vesicatoria em pimentão,
(A) folha de pimentão com pústulas; (B) frutos com cancros pronunciados.
Fonte: Viana, Freire e Parente (2007).
59
Um estudo realizado por JARDIM e CALDAS (2012) sobre os resultados do
PARA (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos) da ANVISA, de
2001 a 2010, mostrou que o pimentão era a culturaa com a maior porcentagem de
irregularidades. O pimentão foi o primeiro na lista de alimentos mais contaminados por
agrotóxicos OFs entre 2010 a 2012 (ANVISA, 2011, 2013), mas no período de 2013 a 2015,
as amostras de pimentão analisadas mostraram uma diminuição significativa desse grupo
químico (ANVISA, 2016).
2.4 Gestão Ambiental (GA)
Segundo Barbieri (2011) a Gestão Ambiental (GA) pode ser entendida como
diretrizes e atividades administrativas e operacionais realizadas com o objetivo de obter
efeitos positivos sobre o meio ambiente, tanto reduzindo, banindo ou compensando os danos
causados pelas ações humanas, quanto evitando que eles surjam. Ao examinar o entendimento
de GA é importante rever o conceito de Desenvolvimento Sustentável, que visa identificar o
aumento dos problemas ambientais e de sua relação com as questões socioeconômicas,
perante a necessidade de garantir um meio ambiente saudável para as gerações futuras
(MORAES et al., 2018).
A forma de gerenciar o uso dos recursos é o alicerce que pode acentuar ou
minimizar os impactos, onde a GA fornece um conjunto de procedimentos para gerir ou
administrar uma organização na sua interação com o meio ambiente (MATTOS, 2009). As
unidades de produção agrícola precisam introduzir a GA em suas atividades, incorporando
uma variável ambiental junto à produção, para permitir usar de forma mais adequada os
recursos naturais (ZAMBERLAN et al., 2014).
Os reservatórios ambientais, incluindo o solo e a água, foram contaminados
continuamente por agrotóxicos utilizados para fins agrícolas (ARIAS et al., 2014), e a GA
surgiu como uma forma de evitar o processo degradador e impactante ao meio ambiente,
causado pelo uso indiscriminado de agrotóxicos (MATTOS, 2009), que pode chegar até os
seres humanos através de resíduos dos agrotóxicos em alimentos, água contaminada e pelo ar
(MORAES et al., 2018).
A conscientização ambiental da população, em conjunto com a GA, vem
crescendo em combinação com outras preocupações sobre a segurança dos alimentos, gerando
60
cada vez mais o questionamento sobre as práticas da agricultura moderna (MATTOS, 2009).
De acordo com Chowdhury et al. (2013) alguns vegetais costumam conter mais de um
resíduo, especialmente aqueles que são altamente sensíveis às pragas e, portanto, podem
exigir múltiplas aplicações sucessivas de agrotóxicos. As mudanças na percepção do
consumidor em relação à qualidade e segurança dos alimentos resultaram na exigência de
melhores práticas agrícolas, o que levou a transparência e rastreabilidade dos agrotóxicos
usados em diversas aplicações (RAI et al., 2016).
O poder público deve fazer uso do poder de comando e controle, ou seja,
estabelecendo padrões, bem como verificando se estes padrões estão sendo respeitados
(NASCIMENTO, 2012), e apesar do mundo rural ter algumas especificidades, a legislação
ambiental é uma só (DAL FORNO, 2017), onde o poder público possui o poder de penalizar,
corrigir e incentivar medidas ambientalmente justas, e que, além disso, façam parte de seu
interesse econômico (NASCIMENTO, 2012).
2.5 Ecotoxicologia dos agrotóxicos
O uso de agrotóxicos é propagado na agricultura em todo o mundo, porém poucos
países estabeleceram programas de vigilância de intoxicação da vida selvagem (BERNY,
2007; KÖHLER; TRIEBSKORN, 2013). Ecotoxicologia trata da conexão entre os poluentes
químicos (naturais ou sintéticos), o ambiente em que são espalhados e a biota naquele
ambiente (STÜTZER; GUIMARÃES, 2003; CARVALHO; PIVOTO, 2011). A
ecotoxicologia dos agrotóxicos do ponto de vista ambiental pode ser estabelecida através de
estudos que determinam o comportamento ambiental do produto quanto à biodegradabilidade,
sorção (adsorção/dessorção) e mobilidade (CARVALHO; PIVOTO, 2011).
Dados relativos à taxa em que as substâncias ativas dos agrotóxicos se dissipam
nas plantas são importantes para uma gama de diferentes avaliações de risco (LEWIS;
TZILIVAKIS, 2017), mas muitos dados sobre agrotóxicos permanecem dispersos e/ou não
disponíveis publicamente, onde deficiências estão inevitavelmente associadas à pesquisa
sobre incidentes, decorrentes da dificuldade em discriminar entre envenenamento e outras
causas de morte e as limitações da detecção analítica de agrotóxicos em carcaças de animais
(BERNY, 2007; KÖHLER; TRIEBSKORN, 2013). Os dados tendem a ser altamente
flexíveis, sendo dependente não apenas do comportamento físico-químico da substância ativa,
61
mas também do tipo de matriz vegetal, forma geral da planta (por exemplo, hábitos de
frutificação), textura (por exemplo, presença de ceras) (LEWIS; TZILIVAKIS, 2017)
Köhler e Triebskorn (2013) fizeram um belíssimo trabalho referente à
ecotoxicologia dos agrotóxicos na vida silvestre, mostrando que apesar de muitas vezes
sabermos o modo de ação de um agrotóxico nas espécies-alvo, ainda não entendemos o
impacto total dos efeitos colaterais indesejados sobre a vida silvestre, particularmente em
níveis mais altos de organização biológica, como populações, comunidades e ecossistemas.
Köhler e Triebskorn (2013) relatam que durante os anos mais recentes, o aumento mais
substancial na taxa de publicações na literatura foi referente aos organofosforados, que
exibem propriedades de disrupção tireoidiana em anfíbios, peixes, roedores e aves, além de
prejudicar as funções metabólicas, como termorregulação, ingestão de água e / ou alimentos e
comportamento em vertebrados, dentre outros problemas.
Os agrotóxicos devem ser bem estudados, para que seus riscos potenciais possam
ser muito bem estabelecidos, onde medidas para mitigar seus possíveis impactos devem ser
minuciosamente determinadas por meio de ações regulatórias e técnicas (STÜTZER et al.,
2003; CARVALHO; PIVOTO, 2011).
2.6 Monitoramento de agrotóxicos em alimentos
O monitoramento de agrotóxicos no meio ambiente é uma ferramenta de suma
importância na caracterização e no gerenciamento dos riscos ambientais resultantes do uso
desses produtos em condições reais (JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009), como
também uma forma de medida na minimização do risco potencial da contaminação por
agrotóxicos em humanos (JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009; BAKIRCI et al., 2014) e
para ajudar no cumprimento da legislação (MASIÁ et al., 2016). Conforme o Decreto Federal
Brasileiro nº 4.074 de 2002, o monitoramento de agrotóxicos também pode fazer parte da
avaliação no processo de registro de novos produtos, ou ainda, da reavaliação dos produtos
em utilização.
O monitoramento e a avaliação dos impactos do uso dos agrotóxicos devem ser
vistos como atividades vitais para assegurar a sustentabilidade dos sistemas de produção
agropecuários que utilizam tais insumos (GOMES; BARIZON, 2014), desempenhando um
papel muito importante para garantir a conformidade com os regulamentos (BLANKSON et
al., 2016), assim como, garantindo que as aplicações destes insumos sejam feitas de acordo
62
com as BPA propostas (PORTOLÉS et al., 2014; CABRERA et al. 2016; BLANKSON et al.,
2016) e o produto seja seguro para o consumidor (PORTOLÉS et al., 2014; CHUNG, 2018).
Se BPA forem aplicadas de forma eficiente, a quantidade de resíduos de agrotóxicos ficará
abaixo do nível máximo de resíduos correspondente (CHUNG, 2018).
O monitoramento de resíduos de agrotóxicos atua como uma prática essencial na
garantia da segurança alimentar (JOKANOVIĆ, 2012; MELO et al., 2012; CABRERA et al.
2016; MUÑOZ et al., 2017) e prevenção da contaminação através da cadeia alimentar
(MELO et al., 2012; MUÑOZ et al., 2017). Existem três pilares importantes na legislação que
garantem o controle dos resíduos de agrotóxicos através da cadeia alimentar: (i) produtos
autorizados; (ii) limites máximos de resíduos (LMR) e (iii) diretrizes dos métodos analíticos
(MASIÁ et al., 2016).
Ações governamentais e também do setor privado passaram a estabelecer uma
maior importância em relação à análise de resíduos de agrotóxicos, onde existe uma pressão
crescente para o aperfeiçoamento do desempenho analítico, demandando um aumento da
eficiência através da diminuição do custo e do tempo das análises (PRESTES et al., 2009). O
monitoramento de resíduos químicos nos alimentos é necessário para assegurar que a
exposição humana aos agrotóxicos (JARDIM; ANDRADE; QUEIROZ, 2009; PRESTES et
al., 2009; BAKIRCI et al., 2014; CHIESA et al., 2016), principalmente pela ingestão
dietética, não exceda os níveis toleráveis (CHIESA et al., 2016).
Segundo a WHO, em média, 30% da dieta consiste em frutas e vegetais (LEMOS
et al., 2016; QUIJANO et al., 2016), sendo consumidos principalmente crus ou semi-
processados (LEMOS et al., 2016), e consequentemente, espera-se que eles contenham
maiores níveis de resíduos de agrotóxicos (CHOWDHURY et al., 2013; QUIJANO et al.,
2016; LEMOS et al., 2016) em comparação com outros grupos de alimentos de origem
animal (QUIJANO et al., 2016). Os agrotóxicos têm a capacidade de penetrar no interior das
folhas e polpas do vegetal, e mesmo após uma lavagem e retirada de cascas e folhas externas,
não é possível eliminar os resíduos de agrotóxicos de suas partes internas (ANVISA, 2013,
2014).
Um pré-requisito para a obtenção de resultados de alta qualidade em um programa
de fiscalização e monitoramento é o desenvolvimento de métodos e técnicas analíticas
sensíveis (CHOWDHURY et al., 2013; ZAINUDIN et al., 2015; FARAJZADEH et al.,
2016), seletivas e reprodutíveis (ZAINUDIN et al., 2015). Assim, com o intuito de controlar e
monitorar resíduos, as metodologias analíticas devem identificar e quantificar com precisão a
63
concentração de qualquer substância presente em amostras, geralmente em níveis muito
baixos, e eles devem ser capazes de determinar a quantidade de possíveis compostos em uma
análise (FRENICH, ROMERO-GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-LUIZ, 2014), onde os
métodos multiresíduos tornaram-se mais populares nos últimos anos porque podem ser usados
para a determinação de uma ampla gama de compostos em um processo analítico
(BARGAŃSKA; ŚLEBIODA; NAMIEŚNIK, 2014).
Em iniciativa conjunta a FAO e WHO criaram o Codex Alimentarius através
grupos de especialistas que estabeleceram o Índice de Ingestão Diária Aceitável (IDA) e os
LMRs para cada agrotóxico, onde até agora o Codex estabeleceu LMRs para cerca de 218
agrotóxicos (e para numerosas combinações de agrotóxicos/commodities) disponíveis em um
banco de dados público (MASIÁ et al., 2016). Assim, ao estabelecer programas de
monitoramento de resíduos de agrotóxicos em alimentos durante vários anos consecutivos é
possível conhecer o perfil dos resíduos existentes, e assim, promover a garantia de qualidade,
com foco na educação dos agricultores, controle da venda de agrotóxicos, manejo integrado
de pragas e aumento da agricultura orgânica (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017).
Muitos países realizam continuamente programas de gestão de resíduos em
alimentos de origem vegetal, origem animal, grãos de cereais e alimentos para bebês
(CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008; GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017), onde cada
país determina sua forma de monitoramento (BENBROOK; BAKER, 2014; YU et al., 2016).
Os programas de monitoramento em alimentos implementados no Brasil são realizados pelo
MAPA e pelo Ministério da Saúde através da ANVISA (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017), e
vêm sendo implementados desde 2001 com o objetivo de avaliar a qualidade dos alimentos e
implementar ações de controle de resíduos de agrotóxicos (JARDIM; CALDAS, 2012;
SOUSA et al., 2013b).
Atualmente no mercado existem dois monitoramentos de resíduos de agrotóxicos
em alimentos de origem vegetal, que possuem o objetivo de avaliar o cumprimento dos LMRs
nacionais: Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem
Vegetal (PNCRC/VEGETAL), coordenado pelo MAPA e o Programa de Análise de Resíduos
de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), coordenado pela ANVISA (JARDIM; CALDAS,
2012; LEMOS et al., 2015). Dentre os dois o PARA é o que possui maior abrangência tanto
nos estados (inclui o Ceará), quanto nas análises, quantidades e tipos de amostras analisadas
(JARDIM; CALDAS, 2012; GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017), por isso é mais abordado no
item 2.6.4.
64
No entanto, quando comparados aos programas de controle internacional, o
programa de monitoramento de resíduos de agrotóxicos nos alimentos no Brasil não estima a
realidade da exposição crônica decorrente do consumo, não gerando dados consistentes para
comparação ao longo de um período (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017). O resumo dos
resultados do PARA é periodicamente publicado no site da ANVISA (JARDIM; CALDAS,
2012; ANVISA, 2017), e aqueles do PNCRC são publicados no diário oficial do governo
(Diário Oficial da União - DOU) (JARDIM; CALDAS, 2012; MAPA, 2018).
2.6.1 Métodos multiresíduos
Em virtude do grande número de agrotóxicos no mercado, o uso de métodos
capazes de analisar um grande número de agrotóxicos em uma única análise (multiresíduos -
MRs) é atualmente a abordagem mais comum (LÓPEZ et al., 2014; GRIMALT et al., 2016;
BARBOSA et al., 2017; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017;
SRIVASTAVA et al., 2017). No método MRs é feita a análise simultaneamente de diferentes
ingredientes ativos de agrotóxicos em uma mesma amostra, sendo ainda capaz de detectar
diversos metabólitos (ANVISA, 2016).
Nas últimas décadas, desenvolvimentos analíticos significativos foram alcançados
na análise de resíduos de agrotóxicos e, em muitos casos, o foco foi colocado no preparo das
amostras e na detecção analítica, o que permitiu que os Limites Máximos de Resíduos (LMR)
se tornassem cada vez mais rigorosos nos produtos alimentares (JOKANOVIĆ, 2012). O
desenvolvimento de métodos MRs possibilitou a análise de um grande número de substâncias
com altos percentuais de recuperação (exatidão) dos analitos e a remoção dos possíveis
interferentes da amostra, além de boa precisão, robustez, redução do trabalho técnico e o do
uso de solventes (PRESTES et al., 2009; PRESTES et al., 2011; BASTOS et al., 2012).
Nos últimos anos, a tendência tem sido que os métodos analíticos se tornem mais
rápidos (KOWALSKI; LUPO; COCHRAN, 2014; TUZIMSKI; REJCZAK, 2016;
MACHADO et al., 2017) e simples (KOWALSKI; LUPO; COCHRAN, 2014; TUZIMSKI;
REJCZAK, 2016), mas ao mesmo tempo detectem níveis mais baixos (KOWALSKI; LUPO;
COCHRAN, 2014; GOLGE; KABAK, 2015b; TUZIMSKI; REJCZAK, 2016), além de serem
mais sensíveis (GOLGE; KABAK, 2015b; TUZIMSKI; REJCZAK, 2016) e mais precisos na
identificação e quantificação de analitos em matrizes complexas (por exemplo, produtos
alimentares) e que sejam confiáveis (TUZIMSKI; REJCZAK, 2016).
65
A utilização de métodos MRs surge como uma forma mais comum e eficiente de
realizar análises de resíduos de agrotóxicos em centenas de diferentes compostos, sendo
possível medir uma faixa de LMR de 0,01 a 10 mg.kg-1
(GRIMALT et al., 2016). O método
MRs é a mais reconhecida e utilizada técnica para monitoramento de resíduos de agrotóxicos
em alimentos, sendo adotada por países como Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos,
Holanda, dentre outros (ANVISA, 2013, 2014, 2016).
A fim de determinar recomendações que equilibram a qualidade dos dados, bem
como tempo e investimentos financeiros, tanto o preparo da amostra como estratégias de
calibração são aspectos importantes que devem ser levados em consideração em um método
MR (KOWALSKI; LUPO; COCHRAN, 2014). Métodos rápidos de análise MR são
essenciais para simplificar e minimizar os custos da preparação da amostra (MORRISON et
al., 2016; MACHADO et al., 2017) , reduzindo os consumíveis e os resíduos gerados
(MORRISON et al., 2016). O método MR favorece um monitoramento rápido e eficiente
(ANVISA, 2013, 2014, 2016), em virtude do aumento da produtividade do laboratório
(ANVISA, 2013, 2014, 2016; LOZANO et al., 2016) pela diminuição significativa do tempo
de análise, reduzindo os custos (ANVISA, 2013, 2014, 2016).
Além disso, as naturezas e estruturas variadas de agrotóxicos requerem diferentes
abordagens de pré-tratamento, o que acaba aumentando o trabalho de análise e diminui a
produtividade laboratorial (XU et al., 2017). Assim, em alguns casos, ainda é necessário
desenvolver métodos simples de resíduo para a análise de um agrotóxico ou alguns
agrotóxicos da mesma família química (GRIMALT et al., 2016).
O método QuEChERS revolucionou o modo de análise MR de (BARRIGA et al.,
2016; TUZIMSKI; REJCZAK, 2016; RAI et al., 2016; LEE et al., 2016; RIZZETTI et al.,
2016), pois se mostrou adequado para análises de resíduos em larga escala em uma grande
variedade de matrizes (BARRIGA et al., 2016; TUZIMSKI; REJCZAK, 2016; MACHADO
et al., 2017), garantindo resultados exatos, precisos e baixos limites de detecção para uma
grande variedade de compostos (ANASTASSIADES et al., 2003; RIZZETTI et al., 2016).
Este método de pré-tratamento é muito flexível (LI et al., 2017b; WANG et al., 2017) e
amplamente aplicado na determinação de vários resíduos de agrotóxicos em produtos
agrícolas (GOLGE; KABAK, 2015a; GIACINTI et al., 2016; HONG et al., 2016; LI et al.,
2017b, ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017; XU et al., 2017).
Existe uma necessidade clara em desenvolver métodos rápidos para a
determinação multiresíduos dos agrotóxicos mais utilizados, com o intuito de monitorar
66
resíduos de agrotóxicos nos alimentos, incluindo OFs, e garantir não só a segurança alimentar,
mas também o cumprimento das BPA (CABRERA et al. 2016; LI et al., 2017b).
2.6.2 Limite máximo de resíduos (LMRs)
Com o intuito de garantir o consumo seguro dos alimentos pela população, foram
estabelecidas diferentes diretrizes em todo o mundo, restringindo a ocorrência de resíduos de
agrotóxicos nos alimentos (CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008; LI et al., 2014;
GONZÁLEZ-CURBELO et al., 2017; XU et al., 2017), e assim, governos e agências fixaram
LMRs para os alimentos (CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008; BAKIRCI; LI et al.,
2014; HE et al., 2015; STACHNIUK; FORNAL, 2016; RIZZETTI et al., 2016;
GONZÁLEZ-CURBELO et al., 2017; CHUNG, 2018), onde os LMRs são especificados pela
legislação federal de cada país (OSHITA; JARDIM, 2012), e para cada analito e matriz
(BRITO et al., 2002; REBELO et al., 2016). O intervalo de segurança de cada ingrediente
ativo de agrotóxico para cada cultura agrícola também é estabelecido por legislação
(OSHITA; JARDIM, 2012).
O LMR é a quantidade máxima de resíduo de agrotóxico ou afim (metabolitos e
coadjuvantes) que permanece oficialmente nos alimentos, em virtude da aplicação correta em
uma fase específica, desde sua produção até o consumo (OSHITA; JARDIM, 2012;
BARBOSA et al., 2013; BAKIRCI; LEMOS et al., 2016; MASIÁ et al., 2016; GERAGE,
MEIRA; SILVA, 2017). Portanto, os valores de LMR representam a concentração máxima do
resíduo de agrotóxico que é legalmente permitido em produtos alimentares (WALORCZYK,
2014; BAKIRCI et al., 2014), e assim, possam ser legalmente comercializados (LEMOS et
al., 2016). O LMR é expresso em partes do agrotóxico (em peso), afim ou seus resíduos por
milhão de partes de alimento (em peso) (ppm ou mg.kg-1
) (BRASIL, 2002).
Os LMRs limitam os tipos e a quantidade de agrotóxicos que podem estar
legalmente presentes em alimentos, de acordo com os padrões determinados por vários órgãos
reguladores, visando minimizar a exposição do consumidor a ingestão de agrotóxicos nocivos
ou desnecessários em todo o mundo (OSHITA; JARDIM, 2012; WALORCZYK, 2014;
BAKIRCI et al., 2014), bem como promover BPA no uso de agrotóxicos (WALORCZYK,
2014). Os LMRs não são limites toxicológicos porque não representam a quantidade máxima
de substância ativa que pode prejudicar a saúde dos consumidores (LEMOS et al., 2016). Para
o LMR de determinado ingrediente ativo em um alimento ser estabelecido de forma correta,
67
além do intervalo de segurança proposto, é preciso levar em conta as condições
edafoclimáticas, pragas presentes no ambiente, indicações de dose e forma de aplicação,
sendo esse conjunto de fatores denominado de BPA (FERMAM; ANTUNES, 2009).
Normalmente os limites estabelecidos pelo Codex Alimentarius são usados
quando não existem limites estabelecidos para um produto no país, sendo que também podem
ser aplicados em produtos similares (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017). Os LMRs são
estabelecidos para cada agrotóxico e exigidos para cada cultura alimentar, considerando-se o
IDA (FERMAN; ANTUNES, 2009), após ser demonstrado que os resíduos são seguros para
os consumidores, e com base na avaliação rigorosa de cada agrotóxico legalmente autorizado
(MASIÁ et al., 2016), sendo o LMR utilizado como base para o cálculo da exposição e
avaliação do risco alimentar (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017).
No Brasil, a ANVISA é a responsável por estabelecer os LMRs (QUEIROZ;
FERRACINI; ROSA, 2012; OSHITA; JARDIM, 2012; REBELO et al., 2016; FOOD
SAFETY BRAZIL, 2018), usando dados de toxicidade de cada composto (BARBOSA et al.,
2013; LEMOS et al., 2016; REBELO et al., 2016; GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017), sendo
estabelecidos somente os LMRs para as culturas vegetais in natura (FOOD SAFETY
BRAZIL, 2018). Atualmente existem 518 ingredientes ativos de uso autorizado no Brasil,
onde cada um possui sua respectiva monografia contendo um compilado de informações, com
nome comum e químico, classe de uso, classificação toxicológica e dados agronômicos, tais
como as culturas agrícolas com uso autorizado, e seus respectivos LMRs vigentes (ANVISA,
2017).
Para Lemos et al. (2016) um valor acima do LMR de um agrotóxico em um
produto não implica necessariamente a existência de um risco para a saúde, que poderia ser
avaliado por outros parâmetros, como o IDA, mas em um estudo com amostragens
estatisticamente significativas, um grande número de amostras que excedem o LMR pode
indicar um risco potencial para a saúde e a necessidade de avaliação dos riscos para a saúde.
As metodologias analíticas para a determinação de substâncias tóxicas em
alimentos devem ser capazes de quantificar resíduos em concentrações muito baixas, assim
como identificá-los de maneira inequívoca, garantindo que os LMRs sejam respeitados
(CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008).
2.6.3 Índice de Ingestão Diária Aceitável (IDA)
68
O IDA é um parâmetro de segurança utilizado para estabelecer os LMRs
(DUBUGRAS; PÉREZ-GUTIÉRREZ, 2008; FERMAM; ANTUNES, 2009; ANVISA, 2016;
GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017). O IDA permite estimar a carga de resíduos que podem ser
ingeridas em relação ao peso corporal ao longo da vida sem riscos à saúde, obtidos através de
estudos toxicológicos (GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017). O IDA é a quantidade máxima que
ingerida diariamente durante toda a vida, parece não apresentar risco significativo à saúde em
relação aos conhecimentos atuais, sendo expressa em miligrama (mg) do agrotóxico por
quilograma (kg) de peso corpóreo (mg.kg-1
p.c.) (FERMAM; ANTUNES, 2009; ANVISA,
2016).
Assim como os LMRs, o IDA é estipulado para cada ingrediente ativo de
agrotóxico, e determinada com base em estudos nas propriedades físico-químicas,
metabólicas, farmacológicas (FERMAM; ANTUNES, 2009) e toxicológicas (FERMAM;
ANTUNES, 2009; ANVISA, 2016) do agrotóxico, proveniente dos estudos efetuados com
animais de laboratórios e executados com procedimentos reconhecidos em nível internacional
(FERMAM; ANTUNES, 2009). No Brasil, a ANVISA é órgão responsável por estabelecer o
IDA de cada ingrediente ativo de agrotóxico para cada cultura (QUEIROZ; FERRACINI;
ROSA, 2012).
Em uma pesquisa realizada por Meira (2016) em escolas de São Paulo, na qual
dos 272 agrotóxicos estudados, foram encontrados 9 acima do IDA estabelecida pela
ANVISA, onde a maioria dos agrotóxicos foram classificados como muito tóxicos, com 3
compostos no grupo de OFs (o acefato, a diazinona e o terbufós). Em outra pesquisa feita por
(GERAGE, 2016), na região Nordeste, dos 283 agrotóxicos considerados na pesquisa, 62
compostos excederam o valor do IDA estabelecida pela ANVISA, dentre estes compostos
foram encontrados os OFs clorpirifós e dissulfotom (GERAGE, 2016).
A Tabela 2.4 apresenta os valores do IDA em relação as suas respectivas agências
reguladoras. Para o Brasil os valores foram obtidos a partir das monografias autorizadas de
cada ingrediente ativo (IA) publicadas no site da ANVISA (ANVISA, 2017), os valores no
âmbito internacional foram obtidos nos seus respectivos sites (CODEX ALIMENTARIUS,
2016; EC, 2017; EPA, 2016).
Tabela 2.4 Valores do IDA e suas respectivas agências reguladoras.
69
Agrotóxico ANVISA
(mg.kg-1
p.c)
Codex Alimentarius
(mg.kg-1
p.c)
EC
(mg.kg-1
/dia)
EPA
(mg.kg-1
/dia)
Clorpirifós 0,0100 0,0100 0,0010 0,0030
Diclorvós - 0,0040 0,00008
Dissulfotom 0,0003 0,0003 - 0,0010
Etoprofós 0,0004 0,0004 0,0004 0,0003
Fenclorfós - - -
Protiofós - - - 0,0001
Fonte: CODEX ALIMENTARIUS (2016), EPA (2016), ANVISA (2017), EC (2017).
2.6.4 Programas de Análise de Resíduos em Alimentos
Uma vez que os agrotóxicos são um dos grupos mais perigosos de compostos
químicos devido às suas propriedades tóxicas, persistência no meio ambiente e capacidade de
bioacumulação, a inspeção rigorosa dos resíduos nos alimentos pelos órgãos estaduais
apropriados ou outras instituições é considerada de grande importância (SŁOWIK-
BOROWIEC, 2015).
Com o objetivo de estruturar um serviço para avaliar a qualidade dos alimentos e
implementar ações de controle de resíduos, em 2001 foi criado o Projeto de Análise de
Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, que se transformou em programa através da
Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 119 de 19 de maio de 2003, e passou a ser
desenvolvido anualmente no âmbito do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS)
(ANVISA, 2011, 2013, 2014, 2016). A criação do Programa de Análise de Resíduos de
Agrotóxicos em Alimentos (PARA) permitiu que o país tivesse uma noção mais clara dos
níveis de agrotóxicos presentes em seus produtos agrícolas (ANVISA, 2006).
De acordo com o PARA de 2016, o programa conta com a participação de 27
Unidades Federativas envolvidas na amostragem e na tomada de ações após a divulgação dos
resultados, onde as análises são realizadas por quatro Laboratórios Centrais de Saúde Pública
(Lacen GO, MG, RS e PR) e por um laboratório privado contratado por processo licitatório.
O PARA monitora periodicamente diversos alimentos in natura com a finalidade
de investigar a presença de agrotóxicos, e assim, promover a saúde da população brasileira
(QUEIROZ; FERRACINI; ROSA, 2012). Com o PARA é possível verificar se os alimentos
comercializados no varejo apresentam níveis de resíduos de agrotóxicos dentro dos LMR
estabelecidos pela ANVISA e que estão publicados em monografia específica para cada
70
agrotóxico; conferir se os agrotóxicos utilizados estão devidamente registrados no país e se
foram aplicados somente nas culturas para as quais foram autorizados (ANVISA, 2013,
2014); estimar a exposição da população a resíduos de agrotóxicos em alimentos de origem
vegetal e, consequentemente, avaliar o risco à saúde dessa exposição (ANVISA, 2014,). Desta
forma, o PARA ajuda na segurança alimentar (ANVISA, 2014, 2016), prevenindo
intoxicações agudas ou crônicas que podem surgir da exposição dietética indevida aos
agrotóxicos (OSHITA; JARDIM, 2012; ANVISA, 2014), possibilitando ainda traçar um
diagnóstico da utilização de agrotóxicos nos alimentos de origem vegetal abrangidos pelo
programa (ANVISA, 2013, 2014).
A escolha dos alimentos monitorados pelo PARA baseia-se nos dados de consumo
obtidos na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) (ANVISA, 2013, 2014; 2016; GERAGE,
MEIRA; SILVA, 2017) realizada pelo IBGE (ANVISA, 2016), na disponibilidade dos
alimentos nos supermercados das diferentes unidades da Federação (ANVISA, 2013, 2014,
2016) e nos agrotóxicos com maior índice de detecção nos alimentos (ANVISA, 2016), onde
o cronograma de amostragem é aprovado antecipadamente no decorrer das reuniões nacionais
do Programa (ANVISA, 2013, 2014, 2016).
Os PARAs confirmam porque o país fica no topo do consumo de agrotóxicos
principalmente para a produção de commodities, pois são encontrados resíduos em
quantidades maiores do que as recomendadas por lei, além de substâncias não autorizadas em
alimentos consumidos diariamente pela população brasileira (JARDIM; CALDAS, 2012;
GERAGE, MEIRA; SILVA, 2017).
O PARA mostra que ainda persiste o uso de agrotóxicos de uso banido no Brasil,
como por exemplo, o clorpirifós (ANVISA, 2009, 2010, 2013, 2016; TRECHA; LOVATTO;
MAUCH, 2017). Os resíduos de alguns agrotóxicos não recomendados e de uso restrito
também podem ser encontrados em frutas e vegetais devido a fontes indiretas, como culturas
adjacentes, solo e águas de irrigação (LORENZ et al., 2014).
O PARA recomenda que os consumidores adquiram alimentos certificados e,
desta forma, rastreáveis até o produtor rural, e que ele adote as BPA, com o intuito de reduzir
a consumo de resíduos de agrotóxicos e evitar danos à saúde (ANVISA, 2013, 2014, 2016).
Segundo o PARA de 2016, das detecções irregulares por grupo químico, as amostras
analisadas que apresentraram agrotóxicos do grupo dos OFs, das 4.824 estudadas, 3.088
foram regulares e 1.736 irregulares, o que representa 35,98% de detecções.
71
2.6.4.1 Pimentão no PARA
As análises de pimentão começaram em 2008, cujos resultados foram divulgados
no PARA de 2009, sendo encontrado um elevado número de amostras com IAs não
autorizados (ANVISA, 2009; JARDIM; CALDAS, 2012), mas eram permitidas na cultura do
tomate, indicando um desvio de uso dos produtos, e assim, devido a similaridade botânica, e a
incidência de pragas, bem como de doenças entre as culturas, foi sugerido a urgente
necessidade da análise da grade de IA autorizados para a cultura do pimentão, para que fosse
determinada uma ação imediata na adoção das BPAs no cultivo desta cultura (ANVISA,
2009). Os resultados insatisfatórios descrevem as amostras que apresentaram IA de
agrotóxicos acima do LMRs autorizado ou resíduos de IAs não permitidos para uma
determinada cultura (ANVISA, 2009).
Como pode ser visto na Tabela 2.5, o número de amostras analisadas de pimentão
aumentou com o decorrer dos anos, mas o número de amostras insatisfatórias ainda
permaneceu alto, onde o número de agrotóxicos não autorizados identificados aumentou
consideravelmente ao longo dos anos. O clorpirifós foi encontrado nas amostras
insatisfatórias desde o início das análises de agrotóxicos nos pimentões. Em 2010, o pimentão
foi a cultura que apresentou o maior número de amostras com resultados insatisfatórios
(91,8%) (MOURA, 2015; ANVISA, 2011). O uso indiscriminado de agrotóxicos em
pimentão permaneceu alto no PARA 2011/2012 depois da análise de vários lotes em todo o
Brasil, onde 90,0% das amostras dos frutos tiveram resultados insatisfatórios (ANVISA,
2013).
De acordo com o PARA relativo ao ano de 2016, os agrotóxicos acefato,
clorpirifós e carbendazim foram os que apresentaram maior índice de detecções irregulares,
sendo que apresentaram maior número de detecções para as quais não existem LMR
estabelecido, onde dos agrotóxicos detectados em concentrações iguais ou superiores a 0,01
mg.kg-1
, das 243 amostras de pimentão analisadas, em 46 (18,9%) foi detectado o clorpirifós e
em uma (0,46%) foi detectado o diclorvós.
72
Tabela 2.5 - Porcentagem de amostras de pimentão insatisfatórias nos últimos anos no PARA.
Ano
referente
Ano de
publicação
Nº de amostras
analisadas
Total de amostras
insatisfatórias (%)
NA Amostras com
clorpirifós
Nº de Amostras
coletadas no CE
Nº de amostras
insatisfatórias no CE
2008 2009 101 64,36 18 - - -
2009 2010 165 80,0 107 23 6 5
2010 2011 146 91,8 124 30 6 5
2011 2013 213 90,0 178 30 9 8
2012 2013 - - - - - -
2013 2016 - - - - - -
2014 2016 243 88,9 214 46 * *
2015 2016 - - - - - -
Fonte: ANVISA (2009, 2010, 2011, 2013, 2016).
(-) análises não realizadas, (*) não informado.
73
2.7 Preparo de amostras para extração de resíduos de agrotóxicos
A análise de contaminantes ambientais pode ser desafiadora devido à grande
quantidade de substâncias químicas potenciais que requerem monitoramento, onde os atuais
esforços de triagem tendem para a análises químicas multiclasse e multirresíduo
(MORRISON et al., 2016), onde o estágio de preparação da amostra é considerado um dos
passos mais importantes para a análise de alimentos (COSTA; CALDAS; PRIMEL, 2014;
WILKOWSKA; BIZIUK, 2011; RIZZETTI et al., 2016; PIRSAHEB et al., 2017), evitando
resultados errôneos (FENIK; TANKIEWICZ; BIZIUK, 2011; COSTA; CALDAS; PRIMEL,
2014; WILKOWSKA; BIZIUK, 2011; RIZZETTI et al., 2016; XU et al., 2017). Assim, a
preparação da amostra desempenha um papel essencial para a análise de resíduos de
agrotóxicos, incluindo a remoção de interferentes e a pré-concentração do analito, onde
geralmente, a extração pode definir o uso de duas fases imiscíveis para separar as espécies-
alvo de uma fase para a outra (KAILASA; WU; HUANG, 2013).
As matrizes de alimentos são extremamente complexas (MIN et al., 2012;
FRENICH, ROMERO-GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-LUIZ, 2014; HAN et al.,
2016; MUÑOZ et al., 2017) e possuem inúmeros componentes com diferentes propriedades
físicas e químicas (HAN et al., 2016). Além disso, os agrotóxicos pertencem a diferentes
grupos químicos com diversidade em propriedades físico-químicas (ARIAS et al., 2014; RAI
et al., 2016; SRIVASTAVA et al., 2017), sendo importante considerar essas propriedades do
analito, como a baixa estabilidade de agrotóxicos específicos durante a extração da amostra,
caráter iônico ou alta polaridade, onde os novos agrotóxicos são mais polares, pois estes têm
menos impacto no meio ambiente (GRIMALT et al., 2016). O preparo da amostra é
constantemente a parte mais crítica na análise de resíduos de agrotóxicos (KAILASA; WU;
HUANG, 2013; CHOWDHURY et al., 2013; SAPAHIN; MAKAHLEH; SAAD, 2015) em
virtude das diversas substâncias extraídas (CHOWDHURY et al., 2013).
O preparo da amostra precisa extrair os analitos das matrizes complexas
(PRESTES et al., 2009; LI et al., 2014; SŁOWIK-BOROWIEC, 2015; HAN et al., 2016;
PIRSAHEB et al., 2017; MUÑOZ et al., 2017), bem como ser capaz de promover o
enriquecimento (concentração) dos analitos de interesse (KAILASA; WU; HUANG, 2013;
PRESTES et al., 2009; ARIAS et al., 2014; LI et al., 2014; FARAJZADEH et al., 2016), e
minimizar a quantidade de componentes interferentes da matriz no extrato final (LI et al.,
2014; SŁOWIK-BOROWIEC, 2015; HAN et al., 2016; PIRSAHEB et al., 2017; MUÑOZ et
74
al., 2017; LI et al., 2014), gerando uma amostra apropriada para análise quantitativa
(MORRISON et al., 2016). Diversas técnicas de preparação de amostras são usadas na análise
de agrotóxicos e a seleção do método apropriado irá depender da complexidade e da natureza
da matriz, das propriedades dos analitos e das técnicas analíticas disponíveis (TUZIMSKI;
REJCZAK, 2016).
Mesmo com melhorias tecnológicas em ferramentas analíticas, o pré-tratamento
antes da análise instrumental é fundamental para evitar interferências durante a análise dos
analitos (MIN et al., 2012). A complexidade do tratamento da amostra está ligada aos
potenciais interferências da matriz e à técnica de separação utilizada (GRIMALT et al., 2016).
Além disso, a determinação de resíduos de agrotóxicos em matrizes de alimentos é um
desafio, principalmente por causa da baixa concentração dos analitos (WILKOWSKA;
BIZIUK, 2011; MIN et al., 2012; SOUSA et al., 2013b; BANDEIRA et al., 2014; LI et al.,
2014; (FRENICH, ROMERO-GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-LUIZ, 2014;
RIZZETTI et al., 2016; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017) e as grandes
quantidades de substâncias interferentes que podem ser co-extraídas juntamente com os
analitos e, na maioria das vezes, prejudicam os resultados da análise (WILKOWSKA;
BIZIUK, 2011; BANDEIRA et al., 2014; RIZZETTI et al., 2016). Para Słowik-Borowiec
(2015) a seleção do procedimento adequado de preparação da amostra desempenha um papel
fundamental na prevenção do efeito matriz (item 2.8.1).
Os passos críticos na determinação de resíduos de contaminantes nos alimentos
são a extração e a limpeza da amostra (CHIESA et al., 2016). A preparação da amostra pode
ser tediosa, de custo excessivo e consumir grandes quantidades de solventes (SAPAHIN;
MAKAHLEH; SAAD, 2015; MORRISON et al., 2016).Os métodos convencionais de
extração de amostras para resíduos de agrotóxicos em produtos agrícolas exigem muitas
quantidades de solventes, demasiada mão-de-obra (RAI et al., 2016; WU, 2017), oferecem
poucas taxas de recuperação, geração de grandes quantidades de resíduos que podem levar à
intoxicação humana e a carcinogenicidade (WU, 2017), tendência a formar emulsão, co-
extração de compostos interferentes, bem como dificuldade em usar uma ampla faixa de
polaridade de agrotóxicos para extraí-los em um único passo de extração (WILKOWSKA;
BIZIUK, 2011; RAI et al., 2016).
75
2.7.1 QuEChERS
O método QuEChERS foi desenvolvido por Anastassiades et al. (2003) com a
finalidade de simplificar a preparação da amostra. Atualmente, ele é uma das técnicas mais
comuns de preparo de amostras para análise de agrotóxicos (CABRERA et al. 2016; MUÑOZ
et al., 2017; GIACINTI et al., 2017; JIANG et al., 2017; MACHADO et al., 2017; UCLÉS et
al., 2017). O método QuEChERS tornou-se um dos métodos de preparo de amostras mais
comuns para a extração de agrotóxicos, tanto em alimentos de origem vegetal (PRESTES;
ADAIME; ZANELLA, 2011; FRENICH, ROMERO-GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-
LUIZ, 2014; SILVA et al., 2014a; CABRERA et al. 2016; GIACINTI et al., 2016;
MORRISON et al., 2016; WANG et al., 2017; CLOUTIER et al., 2017; GUEDES et al.,
2016; MARTINS et al., 2018) quanto de origem animal (PRESTES; ADAIME; ZANELLA,
2011; WANG et al., 2017).
O método tornou-se popular devido ao uso mínimo de etapas analíticas
tradicionais, solventes e vidrarias (HE et al., 2015; GRIMALT et al., 2016; BARBOSA et al.,
2017; CLOUTIER et al., 2017). Este procedimento foi amplamente aceito, sendo um método
muito útil na extração de agrotóxicos multirresíduo (TUZIMSKI; REJCZAK, 2016;
BARRIGA et al., 2016; RIZZETTI et al., 2016; RAI et al., 2016; BARBOSA et al., 2017) e
multiclasses em produtos alimentares (TUZIMSKI; REJCZAK, 2016; RIZZETTI et al., 2016;
WILKOWSKA; BIZIUK, 2011; RAI et al., 2016; BARBOSA et al., 2017), tanto que foi
aceito por muitas agências reguladoras devido às suas vantagens de flexibilidade, robustez e
alto grau de seletividade e sensibilidade na análise rotineira de agrotóxicos em produtos
alimentares (RAI et al., 2016; ZOCCALI et al., 2017).
A partir da abordagem original do QuEChERS foram feitos ajustes que levaram a
dois métodos oficiais: o primeiro publicado pela AOAC (Associação de Químicos Analíticos
Oficiais) com o uso de um tampão de acetato (AOAC Official Method 2007.01) e o segundo
publicado pelo Comitê Europeu de Normalização, baseado no uso de um tampão de citrato
[CEN, Método Padrão UNE-EN 15662] (CEN2008) (OSHITA; JARDIM, 2012;
CERQUEIRA; CALDAS; PRIMEL, 2014; RESTREPO et al., 2014; COSTA; CALDAS;
PRIMEL, 2014; GÓMEZ-ALMENAR; GARCÍA-MESA, 2015; GOLGE; KABAK, 2015b;
HE et al., 2015; GRIMALT et al., 2016; TUZIMSKI; REJCZAK, 2016; ZOCCALI et al.,
2017; WU, 2017). Cada uma possui suas próprias modificações de acordo com a matriz e
analitos a serem estudados (RESTREPO et al., 2014).
76
As modificações são testadas para melhorar o método (LEHOTAY;
MÁSTOVSKÁ; LIGHTFIELD, 2005; LI et al., 2016; UCLÉS et al., 2017; LI et al., 2017b) e
consequentemente aumentar o número de agrotóxicos que possam ser determinados (UCLÉS
et al., 2017). O método QuEChERS baseia-se em três etapas: extração, partição e limpeza
(PRESTES; ADAIME; ZANELLA, 2011; MUÑOZ et al., 2017; DONG et al., 2017). A
Figura 2.10 apresenta o esquema dos estágios das principais versões do método QuEChERS.
O método original (Figura 2.10a) envolve a extração com ACN (PRESTES;
ADAIME; ZANELLA, 2011; GOLGE; KABAK, 2015b; HAN et al., 2016; RIZZETTI et al.,
2016; GRIMALT et al., 2016; WANG et al., 2017; LI et al., 2017b; URBAN; LESUEUR,
2017), seguida de uma partição provocada pela adição da mistura de sais (MgSO4 e NaCl)
(PRESTES; ADAIME; ZANELLA, 2011; LI et al., 2013; LI et al., 2014; RIZZETTI et al.,
2016; LI et al., 2017b; URBAN; LESUEUR, 2017) e por fim uma limpeza usando extração de
Figura 2.10 – Esquema dos estágios das principais versões do método QuEChERS: a)
original; b) acetato e c) citrato.
Fonte: Adaptado de Prestes, Adaime e Zanella (2011).
77
fase sólida dispersiva (d-SPE) (PRESTES; ADAIME; ZANELLA, 2011; LI et al., 2013;
GOLGE; KABAK, 2015b; HAN et al., 2016; LEE et al., 2016; GRIMALT et al., 2016;
WANG et al., 2017) com uma amina primária secundária (PSA) (PRESTES; ADAIME;
ZANELLA, 2011; LEE et al., 2016; GRIMALT et al., 2016; WANG et al., 2017).
As frutas e os vegetais apresentam um pH natural que varia entre 2,5 e 6,5, onde
uma faixa de pH entre 4 e 5 proporciona boas recuperações ( > 70%) para agrotóxicos
sensíveis ao meio ácido, além de garantir estabilidade para aqueles agrotóxicos sensíveis ao
meio alcalino (PRESTES et al., 2009). Desta forma, as modificações foram feitas
principalmente em relação ao pH, usando condições de tamponamento relativamente forte
com acetato, e outra em condições mais fracas de tamponamento com citrato (COSTA;
CALDAS; PRIMEL, 2014). O ajuste do pH está relacionado à presença de co-extrativos na
fase orgânica, visto que uma maior presença de gordura e ácidos graxos é observada quando a
extração é efetuada em meio ácido (PRESTES et al., 2009).
O principal objetivo do uso do tampão é ampliar a aplicabilidade da abordagem a
agrotóxicos específicos, que sofrem ionização (ZOCCALI et al., 2017) e/ou degradação
durante a extração, dependendo do pH da matriz (PRESTES et al., 2009; ZOCCALI et al.,
2017). Normalmente, os agrotóxicos são estáveis em pH ácido, todavia alguns compostos
podem apresentar baixos percentuais de recuperação, em virtude de estarem protonados e
solubilizados na fase aquosa, não sendo recuperados na etapa de partição (PRESTES et al.,
2009).
No QuEChERS acetato o efeito tamponante (pH 4,8) é promovido pela adição do
acetato de sódio, enquanto que no QuEChERS citrato é usado uma mistura de citrato de sódio
diidratado com hidrogenocitrato sesquihidratado como responsáveis pelo efeito tamponante
(pH 5,0 - 5,5) (PRESTES; ADAIME; ZANELLA, 2011). O acetato de sódio está presente de
forma natural em várias frutas e vegetais, logo, a utilização deste tampão evita que novos
reagentes sejam utilizados e que aconteçam interferências indesejáveis (PRESTES et al.,
2009).
As modificações foram introduzidas no método original com o objetivo de
melhorar as recuperações de alguns agrotóxicos problemáticos ou para a análise de matrizes
complexas (MIN et al., 2012). Além disso, modificações de d-SPE também foram sugeridas
através do uso de vários sorventes, como octadecilsilano (C18) e negro de carbono grafitizado
(GCB – Graphitized Carbono Black), bem como diferentes combinações (CERQUEIRA;
CALDAS; PRIMEL, 2014).
78
Com o QuEChERS é possível a análise de agrotóxicos em matrizes complexas
(FRENICH, ROMERO-GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-LUIZ, 2014; LEE et al.,
2016; TUZIMSKI; REJCZAK, 2016; DONG; XIAO, 2017). Este método possibilita obter
alta recuperação (OSHITA; JARDIM, 2012; LORENZ et al., 2014; BARGAŃSKA;
ŚLEBIODA; NAMIEŚNIK, 2014; LI et al., 2014; DONG et al., 2017; UCLÉS et al., 2017)
de uma ampla faixa de agrotóxicos (LI et al., 2014; DONG et al., 2017; UCLÉS et al., 2017)
com diferentes polaridades e volatilidades em uma grande variedade de matrizes (LI et al.,
2014; UCLÉS et al., 2017).
Andrascikova e Hrouzkova (2013) deduziram que a escolha do método
QuEChERS é dependente da interação matriz/analito, não havendo um único método
apropriado para todos os agrotóxicos no que se refere a recuperação e sensibilidade. Contudo,
segundo os autores, em termos de linearidade, o método citrato mostrou ser o mais adequado.
O método QuEChERS apresenta várias vantagens em comparação com os
métodos de extração convencionais, como simplicidade (LI et al., 2013; LORENZ et al.,
2014; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017), baixo custo (MIN et al., 2012;
LORENZ et al., 2014; HOU et al., 2014; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA,
2017), flexibilidade (JAHANMARD; ANSARI; FEIZI, 2016), resultados com alta precisão
(BARRIGA et al., 2016), robustez (LEHOTAY et al., 2007), alto grau de seletividade
(JAHANMARD; ANSARI; FEIZI, 2016) e sensibilidade (JAHANMARD; ANSARI; FEIZI,
2016) alto rendimento (ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017), alta
eficiência de extração (HOU et al., 2014), garante excelente limpeza de extratos
(BARGAŃSKA; ŚLEBIODA; NAMIEŚNIK, 2014), pode isolar efetivamente os analitos de
uma matriz (DONG et al., 2017), e remover melhor os co-extratos do extrato bruto (LORENZ
et al., 2014; DONG et al., 2017), onde muitas dessas vantagens são resultado da combinação
com a análise em CG -EM (KO et al., 2014).
Quando o método de preparação QuEChERS é combinado com CG-EM, ele
fornece análises com boa sensibilidade e seletividade (LI et al., 2017b), permitindo a
determinação rápida e concreta de agrotóxicos e seus resíduos nos alimentos (BARRIGA et
al., 2016). Como qualquer outro método, o QuEChERS também apresenta desvantagens,
como baixo fator de enriquecimento (RAI et al., 2016; WANG et al., 2017), e a perda de
agrotóxicos OFs durante a fase de limpeza (CUNHA; FERNANDES, 2011; RAI et al., 2016).
Nos tópicos seguintes serão abordados a extração, partição e limpeza levando-se em
consideração o método QuEChERS-citrato que foi escolhido para ser utilizado nesta tese.
79
2.7.1.1 Extração
O pré-tratamento da amostra para extrair e concentrar os analitos das matrizes
complexas é um passo importante para a análise de agrotóxicos (LU et al., 2013). Apesar dos
avanços nas técnicas de separação e detecção, a extração ainda é o alicerce do processo
analítico (FRENICH, ROMERO-GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-LUIZ, 2014).
Porém, isolar os analitos de todos os co-extrativos (interferentes) presentes na matriz é um
processo bastante complexo, principalmente devido à decorrência da semelhança físico-
química entre os analitos e os interferentes presentes na matriz (BANDEIRA et al., 2014).
A seletividade do procedimento de extração é muito importante, pois através dela
é possível obter boas recuperações para uma ampla gama de substâncias (PRESTES et al.,
2009; CHOWDHURY et al., 2013). A extração com solvente é o método (JOKANOVIĆ,
2012; WALORCZYK, 2014) mais utilizado na análise de resíduos de agrotóxicos em
produtos agrícolas (WALORCZYK, 2014), sendo que o tipo de matriz e as propriedades dos
compostos alvo (DONG et al., 2017), como a polaridade dos agrotóxicos, tem um grande
impacto na extração de agrotóxicos dos alimentos (MIN et al., 2012; XIAN et al., 2016). O
solvente de extração apropriado deve ser escolhido de acordo com o princípio de que a
substância similar é mais provável que seja dissolvida (XIAN et al., 2016; DONG et al.,
2017). Na extração de agrotóxicos de amostras sólidas, o solvente de extração deve ter uma
alta capacidade de dissolução dos possíveis agrotóxicos presentes e boa permeabilidade na
matriz (ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017).
As características da matriz, bem como as propriedades dos compostos alvo
também devem ser levadas em consideração (XIAN et al., 2016; DONG et al., 2017). Outros
fatores que devem ser observados, é que o solvente de extração deve apresentar seletividade
durante a extração, a partição e a limpeza (clean-up), além de possuir a capacidade de extrair
um amplo espectro de agrotóxicos com diferentes polaridades, compatibilidade com
diferentes técnicas cromatográficas, baixo custo, segurança, e nem tão menos importante levar
em consideração a legislação ambiental (PRESTES et al., 2009).
Conforme as estruturas e polaridades químicas, os agrotóxicos são facilmente
solúveis em solventes orgânicos como n-hexano, diclorometano, acetato de etilo, acetona,
metanol e ACN (LU et al., 2013). Uma vez que existe um grande número de substâncias
interferentes existentes em vegetais, tais como açúcar, pigmentos, cera e proteínas, que
também são facilmente solúveis na ACN e influenciam adversamente a sensibilidade e
80
contaminam o instrumento, é preciso a seleção de um solvente de extração adequado é
particularmente importante (LU et al., 2013).
Além da escolha do solvente (PRESTES et al., 2009), outro ponto fundamental no
desenvolvimento de um método de extração multirresíduo é a escolha da quantidade de
amostra, que seja a menor possível, mas que garanta representatividade estatística ao
resultado final (LEHOTAY et al., 2007; PRESTES et al., 2009), sendo as 10 g utilizada no
método QuEChERS-citrato uma quantidade ideal quando comparada a quantidades de 15 a
100 g normalmente utilizadas em outros métodos multirresíduo (PRESTES et al., 2009).
A ACN é considerada o solvente mais adequado para a extração de muitos
resíduos de agrotóxicos e proporciona maiores recuperações com o mínimo de co-extrativos
das matrizes (LEE et al., 2016). A ACN é o solvente mais usado (PRESTES et al., 2009; LI et
al., 2016) por causa de sua capacidade de promover a extração em uma única fase quando em
contato com a matriz (PRESTES et al., 2009), polaridade intermediária (LI et al., 2016) e
miscibilidade adequada com água (PRESTES et al., 2009; WANG et al., 2017), o que permite
a penetração na fração aquosa das amostras (WANG et al., 2017), podendo ser facilmente
separada da água presente na amostra por adição de sais (ANASTASSIADES et al., 2003;
PRESTES et al., 2009; LI et al., 2016; WANG et al., 2017) e centrifugação
(ANASTASSIADES et al., 2003).
Além disso, em relação a outros solventes, como álcoois, a ACN não extrai tantos
materiais interferentes como lipídios (PRESTES et al., 2009; ANASTASSIADES et al., 2003;
RAI et al., 2016; LI et al., 2016; WANG et al., 2017), ceras e pigmentos (PRESTES et al.,
2009; ANASTASSIADES et al., 2003; LI et al., 2016; WANG et al., 2017). Geralmente, a
ACN tem potencial para extrair uma ampla gama de agrotóxicos (PRESTES et al., 2009;
ANASTASSIADES et al., 2003; BASTOS et al., 2012; RAI et al., 2016) com diferentes
polaridades (PRESTES et al., 2009; BASTOS et al., 2012; RAI et al., 2016).
A extração com ACN possui a grande vantagem de não diluir o extrato da amostra
e proporcionar a separação das fases aquosa e orgânica (SCHENCK et al., 2008; PRESTES et
al., 2009). Quando comparada a outros solventes de extração como acetato de etila e acetona,
a ACN apresenta problemas por possuir grande volume de expansão durante vaporização no
cromatógrafo a gás e considerável toxicidade (PRESTES et al., 2009).
Apesar da ACN poder fornecer altas recuperações para os agrotóxicos com uma
ampla gama de polaridades, a extração com solvente não satisfaz o requisito de análise devido
81
a muitas substâncias co-extraídas, sendo necessário a combinação com um passo de limpeza
para purificar a solução extraída (LU et al., 2013).
Na execução do método QuEChERS-citrato são adicionados 10 mL do solvente,
resultando em uma relação de 1,0 g de amostra por 1,0 mL de solvente, sem levar em
consideração a etapa de evaporação, onde este valor é considerado baixo ao verificar outros
métodos de extração, nos quais a relação entre amostra e solvente é de 2 a 5 g por 1,0 mL no
extrato final. Com a instrumentação analítica disponível atualmente, esta relação é
considerada apropriada já que valores de LD entre 10 e 100 μg.kg-1
são obtidos para a maioria
dos agrotóxicos comumente analisados (ANASTASSIADES et al., 2003; PRESTES et al.,
2009).
2.7.1.2 Partição (salting out)
Outra parte da etapa de extração é a partição (salting out) (TUZIMSKI;
REJCZAK, 2016; LI et al., 2017b), que é feita via d-SPE (GRIMALT; DEHOUCK, 2016;
ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017). O sorvente é escolhido com a
finalidade de reter componentes indesejados da matriz e possibilitar que os analitos de
interesse permaneçam na fase orgânica (TUZIMSKI; REJCZAK, 2016).
Após a extração inicial com ACN, ocorre a adição do sulfato de magnésio anidro
(MgSO4) (LI et al., 2014; WALORCZYK, 2014; LI et al., 2017b) e cloreto de sódio (NaCl)
(ANASTASSIADES et al., 2003; PRESTES et al., 2009; LI et al., 2014; ŁOZOWICKA;
RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017; LI et al., 2017b) para induzir a separação em um
camada aquosa e uma camada orgânica (ANASTASSIADES et al., 2003; PRESTES et al.,
2009; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017; LI et al., 2017b), ou seja, a
separação do extrato da água (LI et al., 2014) e aumentar a recuperação dos agrotóxicos
(GRIMALT; DEHOUCK, 2016). Este passo é a combinação de uma extração e uma partição
líquido-líquido (LI et al., 2017b).
O MgSO4 anidro é usado como agente de secagem (SURMA et al., 2017),
promovendo a partição líquido-líquido da água presente na amostra (KO et al., 2014). Ele
possui maior capacidade de remover água quando comparado a outros sais
(ANASTASSIADES et al., 2003; PRESTES et al., 2009), sendo capaz de reduzir o volume da
fase aquosa (PRESTES et al., 2009; CERQUEIRA; CALDAS; PRIMEL, 2014) e sua
hidratação é uma reação altamente exotérmica, tendo como resultado o aquecimento entre 40
82
e 45 °C da amostra durante as etapas de extração/partição, o que favorece a extração,
principalmente dos compostos apolares (ANASTASSIADES et al., 2003; PRESTES et al.,
2009; CERQUEIRA; CALDAS; PRIMEL, 2014). Segundo Oshita e Jardim (2012) a etapa de
remoção de água gera um extrato final de menor polaridade, facilitando a precipitação de co-
extrativos ou interferentes polares, e assim, permitindo a injeção direta do extrato final no CG.
O NaCl é adicionado para favorecer a transferência de compostos polares para a
fase orgânica, e assim, obter maiores percentuais de recuperação desses analitos (PRESTES et
al., 2009). A adição do NaCl pode diminuir a solubilidade dos analitos e beneficiar a
separação de fases (LI et al., 2013) e aumentar a força iônica da fase aquosa e, portanto,
aumentar as recuperações (WANG et al., 2017). Quando a quantidade de NaCl é
excessivamente grande, a viscosidade da solução da amostra aumenta, enfraquecendo a
transferência do analito para o solvente de extração (LI et al., 2013).
Melhores percentuais de recuperação para analitos polares são obtidos
dependendo da natureza do solvente usado na etapa de partição, já que a adição dos sais reduz
a solubilidade destes compostos na fase aquosa, assim como a quantidade de água na fase
orgânica e vice-versa (ANASTASSIADES et al., 2003; PRESTES et al., 2009).
A diferença de polaridade das duas fases irá influenciar diretamente a partição de
agrotóxicos entre as duas fases (LI et al., 2017b). Para ajustar a porcentagem de água na fase
orgânica, e assim, ajustar a polaridade das duas fases é feita a adição de quantidades
adequadas de MgSO4 e NaCl (ANASTASSIADES et al., 2003; LI et al., 2017b). Deve haver
uma adequação entre as quantidades de NaCl e MgSO4, uma vez que o aumento na
concentração de NaCl pode resultar em uma diminuição na recuperação de compostos polares
(ANASTASSIADES et al., 2003), pois quanto mais NaCl é adicionado ao sistema, mais
completa se torna a separação de fases e menos água permanece na fase orgânica, que se torna
menos polar e, portanto, menos sujeita à compostos polares (ANASTASSIADES et al., 2003).
O MgSO4 induz maior particionamento de agrotóxicos relativamente polares do
que o NaCl e outros sais, além de remover mais água dos extratos finais, mas também
provoca a partição de co-extrativos da matriz polar para fase orgânica, o que gerou a
necessidade da adição de um pouco de NaCl (ANASTASSIADES et al., 2003; HAN et al.,
2016).
Agrotóxicos sensíveis ao meio básico e ácido requerem um pH especial, portanto
o pH é um parâmetro muito importante (PRESTES et al., 2009; LORENZ et al., 2014;
ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017). A otimização do pH é necessário
83
para melhorar a sensibilidade do método aumentando os níveis de detecção e recuperação
(LORENZ et al., 2014). O tamponamento é uma consideração relevante para obtenção de
altas recuperações de uma maior variedade de agrotóxicos independentemente do pH da
amostra (GONZÁLEZ-CURBELO et al., 2014). Com o uso de um tampão durante a extração
a maioria das frutas e vegetais pode ser estudada (PORTOLÉS et al., 2014).
O método QuEChERS-citrato utiliza uma mistura de citrato de sódio dihidratado e
hidrogenocitrato sesquihidratado para estabelecer o efeito tamponante (PRESTES; ADAIME;
ZANELLA, 2011). A adição dos sais de tampão de citrato gera valores de pH entre 5,0 e 5,5
(PRESTES; ADAIME; ZANELLA, 2011; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA,
2017), que corresponde a uma faixa que permite uma extração quantitativa e a proteção de
compostos alcalinos e ácidos (ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017).
2.7.1.3 Limpeza (clean-up)
A complexidade da matriz da amostra pode provocar dificuldades na
quantificação de agrotóxicos, sendo fundamental a realização de uma etapa de limpeza do
extrato obtido, (PRESTES et al., 2009; BASTOS et al., 2012; DOMÍNGUEZ et al., 2014;
MORRISON et al., 2016; JIANG et al., 2017), uma vez que a presença de co-extrativos pode
afetar a resposta do sistema cromatográfico (CHOWDHURY et al., 2013; CERQUEIRA;
CALDAS; PRIMEL, 2014; WALORCZYK, 2014; MORRISON et al., 2016; TUZIMSKI;
REJCZAK, 2016; MUÑOZ et al., 2017) e atrapalhar a quantificação (MORRISON et al.,
2016). Os co-extrativos podem co-eluir com os analitos alvo e obstruir o sistema de CG-EM
(CHOWDHURY et al., 2013).
A limpeza reduz os co-extrativos (PRESTES et al., 2009; ARIAS et al., 2014; KO
et al., 2014; CABRERA et al. 2016; MUÑOZ et al., 2017; DONG et al., 2017; URBAN;
LESUEUR, 2017), diminuindo o efeito matriz (PINHO et al., 2012; CERQUEIRA;
CALDAS; PRIMEL, 2014; COSTA; CALDAS; PRIMEL, 2014; KOWALSKI; LUPO;
COCHRAN, 2014; FRENICH, ROMERO-GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-LUIZ,
2014; CABRERA et al. 2016; MUÑOZ et al., 2017) e a necessidade de manutenção do
sistema cromatográfico (PRESTES et al., 2009; ARIAS et al., 2014; COSTA; CALDAS;
PRIMEL, 2014), além de melhorar o desempenho cromatográfico (URBAN; LESUEUR,
2017), ajudando na quantificação dos analitos (ARIAS et al., 2014), pois melhora os limites
de detecção e evita sobreposições de picos (KO et al., 2014). Além disso, a limpeza promove
84
a robustez e a confiabilidade dos resultados (PRESTES et al., 2009; CERQUEIRA;
CALDAS; PRIMEL, 2014; MUÑOZ et al., 2017) obtidos pelo sistema cromatográfico, visto
que componentes não-voláteis (GRUPTA, 2006; PRESTES et al., 2009) ou polares
(GRUPTA, 2006) presentes na matriz podem ficar retidos no conjunto injetor-insersor
(GRUPTA, 2006; PRESTES et al., 2009) e também na coluna cromatográfica, modificando a
resposta do sistema (PRESTES et al., 2009). Deste modo, uma limpeza eficaz promove uma
vida útil maior para os insersores, tanto quanto para as colunas cromatográficas, diminuindo
assim, a contaminação do sistema cromatográfico (PRESTES et al., 2009).
Os procedimentos de limpeza da amostra têm sido um constante desafio, sendo
que o método QuEChERS tem sido aplicado com sucesso para uma grande variedade de
produtos alimentares (LI et al., 2013; SOUSA et al., 2013b; RESTREPO et al., 2014; SILVA
et al., 2014b; PAZ et al., 2015; GOLGE; KABAK, 2015a; GOLGE; KABAK, 2015b;
GUEDES et al., 2016; DONG; XIAO, 2017; CUNHA; OLIVEIRA; FERNANDES, 2017;
GIACINTI et al., 2017; ROMANELLI et al., 2017).
No método QUEChERS a etapa de limpeza envolve a metodologia d-SPE baseada
nos princípios da SPE (extração em fase sólida), mas a fase sólida é adicionada diretamente
ao extrato sem condicionamento, e a limpeza é facilmente realizada por agitação e
centrifugação (PRESTES et al., 2009; GRIMALT; DEHOUCK, 2016).
Uma vez que a limpeza ocorre após o processo de extração, não ocorre melhora na
eficiência de extração, ela apenas diminui a interferência no equipamento devido à remoção
dos co-extrativos da matriz (MORRISON et al., 2016). Para Cabrera et al. (2016) a principal
vantagem da d-SPE é a versatilidade no estabelecimento de novos métodos, uma vez que
permite o uso de diferentes quantidades e/ou misturas de sorventes. Atualmente, o d-SPE é a
principal forma selecionada para realizar a limpeza (GRIMALT; DEHOUCK, 2016; URBAN;
LESUEUR, 2017, ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017; UCLÉS et al.,
2017). Nos Estados Unidos, os limites regulamentares para concentrações de resíduos de
agrotóxicos em frutas e vegetais geralmente se enquadram na faixa µg.kg-1
, onde é utilizado
tipicamente a abordagem QuEChERS com a limpeza d-SPE (LI et al., 2016).
Uma porção do extrato é purificada (PRESTES et al., 2009; TUZIMSKI;
REJCZAK, 2016) no método QuEChERS usando sorventes como a PSA, o C18 e o GCB
(BASTOS et al., 2012; HOU et al., 2014; GIACINTI et al., 2016; JIANG et al., 2017;
SURMA et al., 2017; WANG et al., 2017; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA,
2017). Além disso, é utilizado MgSO4 anidro (GIACINTI et al., 2016; ŁOZOWICKA;
85
RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017) para a eliminação de água (CABRERA et al. 2016;
GIACINTI et al., 2016), gerando um extrato final de menor polaridade, e assim, facilitando a
precipitação de co-extrativos polares (PRESTES et al., 2009). O uso adequado de sorvente (s)
é fundamental para a remoção de interferências da matriz, que podem afetar negativamente o
desempenho cromatográfico (LI et al., 2014). Para obtenção de extratos mais limpo no passo
de limpeza do D-SPE tem sido feito o uso de diferentes quantidades ou novas combinações de
materiais (ZOCCALI et al., 2017).
A PSA é o principal sorvente usado com o intuito de remover gorduras
(CABRERA et al. 2016; RIZZETTI et al., 2016; SURMA et al., 2017), pigmentos (GUEDES
et al., 2016; CABRERA et al. 2016; RIZZETTI et al., 2016; SURMA et al., 2017), ácidos
orgânicos polares (GRIMALT; DEHOUCK, 2016; CABRERA et al. 2016; RIZZETTI et al.,
2016; SURMA et al., 2017; JIANG et al., 2017), ácidos graxos (ARIAS et al., 2014;
MORRISON et al., 2016; WANG et al., 2017; MUÑOZ et al., 2017; JIANG et al., 2017;
URBAN; LESUEUR, 2017), açúcares (MORRISON et al., 2016; GRIMALT; DEHOUCK,
2016; CABRERA et al. 2016; RIZZETTI et al., 2016; SURMA et al., 2017; WANG et al.,
2017; MUÑOZ et al., 2017; DONG et al., 2017; JIANG et al., 2017; URBAN; LESUEUR,
2017), carboidratos (RESTREPO et al., 2014; MUÑOZ et al., 2017), pigmentos polares
(MORRISON et al., 2016) e outros co-extrativos que formam ligações de hidrogênio
(MAŠTOVSKÁ; LEHOTAY, 2004; MUÑOZ et al., 2017), sem reter os agrotóxicos (WANG
et al., 2017).
A PSA é normalmente usada com o intuito de remover impurezas polares em
decorrência de sua forte interação com alguns pigmentos polares (ANASTASSIADES et al.,
2003; JIANG et al., 2017). Ele pode atuar tanto como uma fase polar (WANG et al., 2017;
ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017) quanto como um permutador de
ânions fraco (MORRISON et al., 2016; WANG et al., 2017; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA;
JANKOWSKA, 2017) com a capacidade de remover muitos co-extrativos das matrizes
(WANG et al., 2017; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017). Os grupos
amino secundários e primários presentes na PSA lhe conferem uma estrutura bidentada
(OSHITA; JARDIM, 2012; PRESTES et al., 2009; RIZZETTI et al., 2016), o que resulta em
um alto efeito quelante (PRESTES et al., 2009; OSHITA; JARDIM, 2012; ARIAS et al.,
2014; RIZZETTI et al., 2016), responsável pela forte retenção de ácidos gordurosos
(PRESTES et al., 2009; RIZZETTI et al., 2016; WANG et al., 2017) e outros compostos
polares presentes na matriz (PRESTES et al., 2009; RIZZETTI et al., 2016).
86
O uso de PSA pode causar algumas preocupações, especialmente para as
recuperações de certos agrotóxicos (ZAINUDIN et al., 2015), já que compostos com
características ácidas podem ser retidos, diminuindo as taxas de recuperação (ARIAS et al.,
2014). A adição de PSA aumenta o pH dos extratos, atingindo valores acima de 8 (oito), o que
pode comprometer a estabilidade de alguns agrotóxicos ao meio básico (ŁOZOWICKA;
RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017; UCLÉS et al., 2017), isso ocorre devido a
hidrolização desses agrotóxicos, tornando necessário usar ácido fórmico após a etapa de
limpeza para reduzir o pH, um passo adicional indesejável (UCLÉS et al., 2017). A adição de
ácido ao solvente de extração pode causar um aumento considerável na resposta do detector,
supostamente bloqueando os locais ativos no revestimento do liner, evitando adsorção e/ou
diminuindo a degradação do agrotóxico nos solventes e extratos da matriz (VALLES et al.,
2012).
O C18 é utilizado para adsorção de compostos não polares (LI et al., 2014; HOU
et al., 2015; WANG et al., 2015; GRIMALT; DEHOUCK, 2016; JIANG et al., 2017; DONG;
XIAO, 2017; URBAN; LESUEUR, 2017), como lipídios (WALORCZYK, 2014; GRIMALT;
DEHOUCK, 2016; DONG; XIAO, 2017; WANG et al., 2017; SURMA et al., 2017; UCLÉS
et al., 2017; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017), amido, açúcar e outras
interferências (ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017), pigmentos e
componentes aromáticos (XIAN et al., 2016; DONG; XIAO, 2017), sendo utilizado para
melhorar a eficiência da limpeza em amostras com ≥ 2% de gordura (CABRERA et al. 2016).
O GCB possui excelente retenção de moléculas com estruturas planares, em
função disso é muito útil na limpeza de matrizes pigmentadas (LI et al., 2014), sendo usado
para limpeza adicional com a finalidade de remover esteroides (LI et al., 2014; GRIMALT;
DEHOUCK, 2016; SURMA et al., 2017), clorofila (BASTOS et al., 2012; SŁOWIK-
BOROWIEC, 2015; SURMA et al., 2017; WANG et al., 2017) e carotenoides (CABRERA et
al. 2016; MUÑOZ et al., 2017). A clorofila é uma interferência problemática na análise de
agrotóxicos por causa de suas características não voláteis (CABRERA et al. 2016), mas o
GCB permite a remoção da mesma, melhorando a seletividade (SŁOWIK-BOROWIEC,
2015). De acordo com Prestes et al. (2009), apesar da clorofila não interferir diretamente na
análise cromatográfica dos agrotóxicos, ela fica retida no insersor do injetor, aumentando a
necessidade de troca deste e das manutenções da coluna cromatográfica.
O GCB pode reter alguns agrotóxicos coplanares (por exemplo,
hexaclorobenzeno) (HAN et al., 2016) e planares (LI et al., 2014; ŁOZOWICKA;
87
RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017). Uma forte retenção de agrotóxicos planares pode
ocorrer por causa da grande área de superfície com grupos altamente polares o que favorece a
formação de ligações de hidrogênio, que promove forte retenção de agrotóxicos planares,
resultando em baixas recuperações (WILKOWSKA; BIZIUK, 2011; KOLBERG et al., 2011;
CABRERA et al. 2016). Assim, aumentar a quantidade de GCB pode causar a perda desses
agrotóxicos, por isso, é difícil conseguir simultaneamente uma boa limpeza e uma
recuperação satisfatória destes agrotóxicos com limpeza por PSA e GCB (LI et al., 2014).
Os parâmetros úteis para avaliar a eficácia do passo de limpeza são o efeito matriz
e a recuperação (ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017). A escolha
adequada dos sorventes é fundamental para eliminar as interferências da matriz, ao mesmo
tempo em que assegura boas recuperações dos analitos alvo (WALORCZYK, 2014).
2.8 Cromatografia em fase gasosa acoplada a espectrometria de massa (CG-EM)
O monitoramento de resíduos de agrotóxicos é realizado por meio de uma
extração (OSHITA; JARDIM, 2012; WALORCZYK, 2014), seguida de limpeza
(WALORCZYK, 2014), e associada a uma técnica analítica instrumental (OSHITA;
JARDIM, 2012), para obtenção de maior seletividade e detectabilidade (CHIARADIA;
COLLINS; JARDIM, 2008). A cromatografia é uma das técnicas analíticas mais utilizadas e
de melhor desempenho (CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008) e pode ser combinada a
diferentes sistemas de detecção (CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008; WALORCZYK,
2014; BLANKSON et al., 2016).
A CG se destaca na química analítica pela capacidade de realizar análises
qualitativas e quantitativas em amostras ambientais, farmacêuticas, biológicas e de alimentos
(RIBANI et al., 2004). A CG já vem sendo aplicada a décadas na análise multirresíduo de
agrotóxicos (OSHITA; JARDIM, 2012; QUEIROZ; FERRACINI; ROSA, 2012;
WALORCZYK, 2014; JAHANMARD; ANSARI; FEIZI, 2016; WU, 2017) e seus
metabólitos em frutas e vegetais (PIRSAHEB et al., 2017), uma vez que possui um excelente
poder de resolução, facilitando a análise de diversos analitos numa mesma amostra (OSHITA;
JARDIM, 2012).
A EM é uma das formas de detecção mais comumente acopladas à CG na análise
de resíduos de agrotóxicos (CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008; SHARMA et al.,
2010; SOUSA et al., 2013a; LORENZ et al., 2014; GIACINTI et al., 2017). Para Chiaradia,
88
Collins e Jardim (2008) a combinação da CG com a EM é relativamente simples, pois as
características de funcionamento do CG são suficientemente compatíveis com a necessidade
de alto vácuo do EM. Segundo Stachniuk e Fornal (2016) EM é uma técnica analítica chave
que permite a identificação de vários grupos de compostos químicos, incluindo os
agrotóxicos. De acordo com Chiaradia, Collins e Jardim (2008) o acoplamento de um
cromatógrafo a EM combina as vantagens da cromatografia (alta seletividade e eficiência de
separação) com as vantagens da EM (obtenção de informação estrutural, massa molar e
aumento adicional da seletividade) (CUI et al., 2016).
A Figura 2.11 apresenta o esquema de um CG-EM, onde o gás de arraste mais
comum é o hélio, embora o argônio, o nitrogênio e o hidrogênio também possam ser
empregados (SKOOG et al., 2005). A CG acoplada ao EM se destaca devido ao alto poder de
separação (SHARMA et al., 2010), sensibilidade (SHARMA et al., 2010; QUEIROZ;
FERRACINI; ROSA, 2012; BLANKSON et al., 2016), seletividade (SHARMA et al., 2010;
QUEIROZ; FERRACINI; ROSA, 2012; MASIÁ et al., 2016; BLANKSON et al., 2016; WU,
2017), capacidade de identificação e quantificação de agrotóxicos (SHARMA et al., 2010),
melhora da precisão dos resultados em termos qualitativos e quantitativos (WU, 2017).
Figura 2.11 – Esquema de um CG-EM.
Fonte: Autor (2018).
89
O CG-EM permite a identificação seletiva e rotineira de muitas espécies de
agrotóxicos em baixos níveis (QUEIROZ; FERRACINI; ROSA, 2012; KAILASA; WU;
HUANG, 2013; RIZZETTI et al., 2016), como por exemplo, partes por trilhão (ppt) ou
concentrações mais baixas (KAILASA; WU; HUANG, 2013). Com a EM é possível atingir
baixos limites de quantificação na ordem de ppm (requisitos regulatórios) e a especificidade
adicional necessária ao analisar simultaneamente vários analitos (CUI et al., 2016), fazendo
com que a CG-EM seja comumente usada quando se deseja analisar a conformidade de
amostras com com os limites máximos de resíduos (LMRs), uma vez que esta técnica fornece
informações tanto qualitativas quanto quantitativas (SAVANT et al., 2010). A CG-EM tem
sido uma das diferentes tecnologias relatadas para a determinação de agrotóxicos OFs
(SHARMA et al., 2010; XIN et al., 2013; LI et al., 2017a).
Todo EM constitui-se de três componentes básicos: uma fonte de íons, um
analisador, onde ocorre a separação dos íons de acordo com sua relação (m/z) e um detector
no qual os íons são contados (STACHNIUK; FORNAL, 2016). No acoplamento da EM é
obtido o cromatograma de massas constituído de todos os íons produzidos pelo EM ou apenas
pelos íons de interesse (CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008). O cromatograma com
todos os íons produzidos pelo espectrômetro de massas é chamado de cromatograma de íons
totais (CIT) (CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008; STACHNIUK; FORNAL, 2016),
fornecendo o espectro de massa completo a partir do intervalo m/z predefinido
(STACHNIUK; FORNAL, 2016).
As formas de ionização mais empregadas no acoplamento CG-EM, são a
ionização por impacto de elétrons (IE) (CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008;
LANÇAS, 2009; WALORCZYK, 2014) e a ionização química (IQ) (CHIARADIA;
COLLINS; JARDIM, 2008; LANÇAS, 2009), onde a IE é, de longe, a mais popular, pois
fornece um grande número de íons, que permitem a identificação da substância em análise
(LANÇAS, 2009).
A alta sensibilidade e seletividade, capacidade de detectar muitos agrotóxicos de
várias classes químicas em matrizes muito complexas em uma única corrida (STACHNIUK;
FORNAL, 2016), faz com que a CG-EM com IE seja uma das técnicas mais frequentemente
empregadas para a análise de agrotóxicos multirresíduos em alimentos (PORTOLÉS et al.,
2014; STACHNIUK; FORNAL, 2016; GUEDES et al., 2016; BARBOSA et al., 2017) para
estudos estruturais, onde o uso de H2 ou He como fase móvel não interfere na formação de
íons de interesse (LANÇAS, 2009).
90
Para um analito ser analisado em CG, ele deve possuir não apenas uma
volatilidade considerável (HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008; STACHNIUK; FORNAL, 2016) em
temperaturas abaixo de 350 a 400 ° C, (HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008), ou ser passível de
derivatização para garantir sua volatilidade (STACHNIUK; FORNAL, 2016), mas também
precisa ser capaz de suportar altas temperaturas sem se degradar e não reagir com outros
compostos presentes no sistema de CG (HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008).
Assim, a CG-EM é adequada para análise de compostos voláteis (CHIARADIA;
COLLINS; JARDIM, 2008; SŁOWIK-BOROWIEC, 2015; JAHANMARD; ANSARI;
FEIZI, 2016), semivoláteis, de baixa polaridade, baixa massa molecular (LANÇAS, 2009) e
termicamente estáveis nas temperaturas relativamente elevadas usadas no processo de
separação cromatográfica, que são requisitos necessários para que compostos sejam ionizados
por meio de IE e IQ (CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008).
As opções convencionais de injeção da amostra em um CG são split, splitless,
splitless pulsada e cold on-column (HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008). A injeção a quente com
(split) ou sem divisão de fluxo (splitless) é uma das técnicas mais empregadas na injeção da
amostra na CG (HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008; PINHO et al., 2009), devido à facilidade de
operação (HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008). A injeção splitless é utilizada apenas em análises
quantitativas de analitos traços (HARRIS, 2001; HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008; HARRIS,
2010) Nesse tipo de injeção ocorre a vaporização da amostra no injetor aquecido logo após
sua introdução no sistema (PINHO et al., 2009). A principal limitação da injeção splitless é
que ela sofre da potencial degradação térmica e adsorção de analitos susceptíveis que podem
resultar tanto no aumento da resposta induzida pela matriz quanto na sua diminuição
(HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008).
A CG-EM quadrupolo é um dos instrumentos mais comuns na análise de
agrotóxicos em alimentos (HE et al., 2015; GUEDES et al., 2016; BARBOSA et al., 2017)
devido ao custo relativamente baixo quando comparado à outros equipamentos (CAMINO-
SÁNCHEZ et al., 2011; SOUSA et al., 2013a; RESTREPO et al., 2014; BARBOSA et al.,
2017; MASIÁ et al., 2016). O CG (liners e pré-colunas) e o EM (fonte) devem ser submetidos
a manutenção regular, para garantir que a sensibilidade e a reprodutibilidade do método
permaneçam altas (GIACINTI et al., 2017).
91
2.8.1 Efeito matriz
A determinação dos resíduos de agrotóxicos nas matrizes de alimentos é um
desafio devido a sua complexidade (COSTA; CALDAS; PRIMEL, 2014; WILKOWSKA;
BIZIUK, 2011; RIZZETTI et al., 2016; WU, 2017), propriedades químicas diversas, baixa
concentração de analitos e a grandes quantidades de substâncias interferentes que podem ser
co-extraídas com os analitos (COSTA; CALDAS; PRIMEL, 2014; WILKOWSKA; BIZIUK,
2011; RIZZETTI et al., 2016).
A determinação de resíduos de agrotóxicos em nível de traço pode ser prejudicada
muitas vezes devido à interferência da matriz (FREITAS; LANÇAS, 2009; KO et al., 2014;
SŁOWIK-BOROWIEC, 2015), pois em uma amostra real, durante o processo de extração
com solvente, várias substâncias podem ser capturadas e co-extraídas (PRESTES et al., 2009;
ROMANELLI et al., 2017; WU, 2017), e mesmo após a limpeza ainda podem ficar alguns
resíduos de co-extrativos da matriz (HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008; CHOWDHURY et al.,
2013), que acabam gerando quantificação imprecisa, diminuição da robustez do método,
baixa detecção do analito e até mesmo resultados falsos positivos ou negativos (HAJŠLOVÁ;
CAJKA, 2008), afetando até mesmo o limite de detecção (PRESTES et al., 2009;
ROMANELLI et al., 2017; WU, 2017). Alguns exemplos dessas substâncias são compostos
como açúcares, pigmentos, proteínas (WU, 2017), materiais gordurosos, ceras, dentre outros
(KO et al., 2014).
Assim, os procedimentos de preparação da amostra ainda são um obstáculo ao
desenvolvimento de um método analítico eficiente (SILVA et al., 2017), pois os constituintes
ou co-extrativos presentes na amostra (REBELO et al., 2016; SILVA et al., 2017) podem ser
responsáveis por propiciar a imprecisão e/ou a inexatidão na quantificação dos analitos como
os agrotóxicos (SILVA et al., 2017). Esse tipo de interferência é conhecido como efeito
matriz (SŁOWIK-BOROWIEC, 2015; SILVA et al., 2017; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA;
JANKOWSKA, 2017), e pode diminuir ou aumentar o sinal analítico detectado
(DOMÍNGUEZ et al., 2014; GIACINTI et al., 2016; CHATTERJEE et al., 2016; SILVA et
al., 2017; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017; LI et al., 2017b;
ALCÂNTARA et al., 2018).
Embora o surgimento de novos métodos e ferramentas analíticas ocorra de forma
contínua, o efeito matriz ainda é uma das maiores dificuldades na análise de resíduos de
agrotóxicos, influenciando de forma desfavorável a determinação quantitativa e qualitativa do
92
analito, especialmente na análise de amostras complexas (SŁOWIK-BOROWIEC, 2015;
ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017; ALCÂNTARA et al., 2018). O efeito
matriz pode afetar a exatidão (GIACINTI et al., 2016; SILVA et al., 2017), a precisão
(GUEDES et al., 2016; GIACINTI et al., 2016; SILVA et al., 2017), diminuir a robustez do
método, gerar resultados falsos positivos ou falsos negativos (GIACINTI et al., 2016) e até
mesmo afetar o limite de detecção (PRESTES et al., 2009; ROMANELLI et al., 2017;
PANUWET et al., 2016; WU, 2017).
Em uma amostra real, mesmo após a limpeza ainda ficam alguns resíduos de co-
extrativos da matriz (HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008; CHOWDHURY et al., 2013), que acabam
gerando quantificação imprecisa, diminuição da robustez do método, baixa detecção do
analito e até mesmo resultados falsos positivos ou negativos (HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008).
Os compostos presentes na matriz podem competir com o analito em estudo
(GRIMALT et al., 2016), podendo serem identificados como um analito que não está
realmente presente, ou serem confundidos com o analito e eluir no mesmo tempo de retenção,
causando a cobertura/mascaramento do pico do analito (WALORCZYK 2014;
CHATTERJEE et al., 2016; DONG et al., 2017), resultando no comprometimento da
seletividade e especificidade do método (GRIMALT et al., 2016). O efeito matriz é
amplamente descrito como sendo uma das principais fontes de erro na análise multirresíduo
em CG-EM (PAZ et al., 2015; BARBOSA et al., 2017; GUEDES et al., 2016).
2.8.1.1 Efeito Matriz na Quantificação de Agrotóxicos por CG
O efeito matriz depende da amostra (PINHO et al., 2009; (FRENICH, ROMERO-
GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-LUIZ, 2014; SŁOWIK-BOROWIEC, 2015;
ALCÂNTARA et al., 2018), do procedimento de extração, da técnica de determinação
(FRENICH, ROMERO-GONZÁLEZ; DEL MAR AGUILERA-LUIZ, 2014), do tipo de co-
extrativo (ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017), concentração do analito
(SŁOWIK-BOROWIEC, 2015; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017) e das
propriedades físico-químicas dos agrotóxicos(polaridade, peso molecular, estabilidade
térmica, temperatura de ebulição, etc.) (SÁNCHEZ-BRUNETE et al., 2005; POOLE, 2007;
PINHO et al., 2012; SILVA et al., 2017; ALCÂNTARA et al., 2018), podendo ocorrer
interações entre os analitos e co-extrativos da matriz (REBELO et al., 2016), bem como
93
interação com componentes do CG (PRESTES et al., 2009). De acordo com Stachniuk e
Fornal (2016) o efeito matriz é significativamente mais típico em matrizes mais complexas.
Na CG o efeito matriz pode ser causado pelo número e tipos de sítios ativos
localizados no liner (ANASTASSIADES; MAŠTOVSKÁ; LEHOTAY, 2003; PRESTES et
al., 2009; YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015;
CHATTERJEE et al., 2016) e na coluna (PRESTES et al., 2009), estrutura química do analito
(ANASTASSIADES; MAŠTOVSKÁ; LEHOTAY, 2003; PRESTES et al., 2009;
YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015) (capacidade de ligação
de hidrogênio) e condições do instrumento (ANASTASSIADES; MAŠTOVSKÁ;
LEHOTAY, 2003; YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015;
PANUWET et al., 2016), concentração, quantidade e tipo de matriz (ANASTASSIADES;
MAŠTOVSKÁ; LEHOTAY, 2003; PRESTES et al., 2009; YUDTHAVORASIT;
MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015 YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN;
LEEPIPATPIBOON, 2015), temperatura de injeção e tempo de interação (PRESTES et al.,
2009), mas o efeito matriz ocorre principalmente por causa de interações entre os analitos e os
sítios ativos do liner (ANASTASSIADES et al., 2003; SOUSA et al., 2013a;
YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015).
Os sítios ativos se referem a grupos silanóis livres e metais potencialmente
presentes na superfície de revestimentos do liner (ANASTASSIADES et al., 2003;
HAJŠLOVÁ; ZROSTLÍKOVÁ, 2003; YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN;
LEEPIPATPIBOON, 2015; PANUWET et al., 2016), mesmo em liners de vidro de alta
qualidade (PANUWET et al., 2016).
A injeção a quente com ou sem divisão de fluxo (split/splitless) é uma das
técnicas mais empregadas na injeção da amostra na CG (PINHO et al., 2009), porém esta
técnica é a mais propensa ao efeito matriz devido às condições de temperatura elevada, na
qual os sítios ativos do liner tendem a promover adsorção dos analitos ou mesmo catalisar
processos de degradação térmica dos agrotóxicos (HAJŠLOVÁ; ZROSTLÍKOVÁ, 2003;
PINHO et al., 2009).
O efeito matriz no CG é observado quando uma diferença considerável na
resposta cromatográfica é obtida entre os padrões preparados no solvente e aqueles
preparados no extrato da matriz (SOUSA et al., 2013a). Embora os agrotóxicos sejam
injetados na presença de matriz, pode ocorrer o aumento (SOUSA et al., 2013a;
YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015; COSTA; CALDAS;
94
PRIMEL, 2014; DOMÍNGUEZ et al., 2014; GIACINTI et al., 2016; CHATTERJEE et al.,
2016; PANUWET et al., 2016; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017) ou a
diminuição da resposta cromatográfica (SOUSA et al., 2013a; COSTA; CALDAS; PRIMEL,
2014; DOMÍNGUEZ et al., 2014; GIACINTI et al., 2016; CHATTERJEE et al., 2016;
ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017), através de interações entre os
agrotóxicos e co-extrativos da matriz, por meio da ionização na interface do EM, levando a
erros de medição (REBELO et al., 2016).
A eluição de impurezas voláteis com o mesmo tempo de retenção do analito pode
resultar em múltiplas consequências desfavoráveis, o mais pronunciado sendo (HAJŠLOVÁ;
ZROSTLÍKOVÁ, 2003):
(i) o pico do analito é mascarado, gerando um resultado falso negativo;
(ii) a impureza é confundida como sendo o analito, que na realidade está ausente,
resultando em falso positivo;
(iii) o sinal do detector aumenta, causando a superestimação do resultado;
(iv) extinção do sinal do detector, gerando subestimação do resultado, onde este
problema é grave para o detector de fotometria de chama (FPD) clássico, mas melhoria
significativa é fornecida pela FPD pulsada.
É importante avaliar os efeitos da matriz na análise de resíduos de agrotóxicos
utilizando o método CG, uma vez que os efeitos da matriz podem variar substancialmente
com as diferentes matrizes e as propriedades dos agrotóxicos alvos, gerando imprecisão
inesperada de resultados qualitativos e quantitativos (HOU et al., 2014).
2.8.1.2 Aumento da Resposta Cromatográfica
O aumento da resposta cromatográfica, que é mais comum na análise de CG
(COSTA; CALDAS; PRIMEL, 2014), ocorre devido a competição dos compostos da matriz
com os sítios ativos da coluna (ANASTASSIADES et al., 2003; MASTOVSKÁ; LEHOTAY;
ANASTASSIADES, 2005; SOUSA et al., 2013a; COSTA; CALDAS; PRIMEL, 2014;
YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015; GIACINTI et al., 2017)
ou do liner (SOUSA et al., 2013a; COSTA; CALDAS; PRIMEL, 2014;
YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015; GIACINTI et al., 2017).
O aumento induzido pela matriz é um fenômeno comumente encontrado na análise por CG de
agrotóxicos em alimentos (SCHENCK; LEHOTAY, 2000). O efeito matriz positivo é
95
evidenciado quando a inclinação da curva padrão no extrato é maior do que no solvente puro
(SOUSA et al., 2012).
O aumentando do sinal, em comparação com a injeção em solvente puro, ocorre
principalmente pelo fato dos co-extrativos da matriz tenderem a também bloquear os sítios
ativos (HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008; HOU et al., 2014; SŁOWIK-BOROWIEC, 2015;
PANUWET et al., 2016; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017). O bloqueio
de sítios ativos impede a degradação térmica/adsorção do analito alvo (PANUWET et al.,
2016), fazendo com que os analitos alvo sejam eluídos mais rapidamente (HAN et al. 2016;
PANUWET et al., 2016) e com uma forma de pico mais nítida devido a diminuição das
interações entre eles e os locais ativos (PANUWET et al., 2016; ALCÂNTARA et al., 2018),
e assim, mais partículas do analito chegam ao detector (ANASTASSIADES et al., 2003;
ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017; ALCÂNTARA et al., 2018).
Normalmente, os compostos propensos ao realce cromatográfico induzido por
matriz são analitos termolábeis ou polares, e são capazes de fazer ligações de hidrogênio
(SCHENCK; LEHOTAY, 2000; HAJŠLOVÁ; ZROSTLÍKOVÁ, 2003; PANUWET et al.,
2016), mas compostos não polares, como por exemplo, piretróides, também podem sofrer tal
realce (PANUWET et al., 2016).
2.8.1.3 Diminuição da Resposta Cromatográfica
A supressão da resposta cromatográfica, que é menos comum na análise de CG,
ocorre quando os agrotóxicos interagem e co-eluem com os compostos da matriz (COSTA;
CALDAS; PRIMEL, 2014) durante o mesmo tempo de retenção (SŁOWIK-BOROWIEC,
2015), e como os compostos da matriz não estão no nível de traço (COSTA; CALDAS;
PRIMEL, 2014), pode ocasionar a cobertura/mascaramento do pico do analito (SŁOWIK-
BOROWIEC, 2015), aumentando o sinal de base do cromatograma e, consequentemente,
produzindo uma supressão do sinal cromatográfico do agrotóxico (COSTA; CALDAS;
PRIMEL, 2014). O efeito matriz negativo é evidenciado quando a inclinação da curva padrão
no extrato é menor do que a curva padrão no solvente puro (SOUSA et al., 2012).
A resposta também pode ser diminuída se os componentes não voláteis da matriz
se acumularem no liner do injetor e/ou na coluna (HAJŠLOVÁ; ZROSTLÍKOVÁ, 2000;
YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015; SŁOWIK-BOROWIEC,
2015; GIACINTI et al., 2017), criando sítios ativos adicionais também podem ser formados a
96
partir de co-extrativos não voláteis que se depositam na entrada do sistema cromatográfico
durante repetidas análises (HAJŠLOVÁ; ZROSTLÍKOVÁ, 2000; YUDTHAVORASIT;
MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015).
Na análise de CG, os analitos (semi) polares ou termicamente sensíveis podem se
decompor nos locais ativos no liner e coluna, dando perdas e formas de pico distorcidas
(HOU et al., 2014). Os componentes da matriz também podem se acumular no liner e criar
sítios ativos capazes de reagir com os analitos, diminuindo a quantidade do analito que chega
ao detector (HAJŠLOVÁ; ZROSTLÍKOVÁ, 2000; YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN;
LEEPIPATPIBOON, 2015; GIACINTI et al., 2017).
2.8.1.4 Atenuação do efeito matriz
Em comparação com padrões de calibração em solvente puro
(YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015; GIACINTI et al.,
2017), o aumento do sinal (YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON,
2015; GIACINTI et al., 2016; CHATTERJEE et al., 2016) leva a uma superestimação das
concentrações de agrotóxicos que refletem a adsorção de componentes da matriz co-extraída
no injetor e na coluna, já a diminuição do sinal, leva a uma subestimação das concentrações
de agrotóxicos que refletem adsorção de analito nos locais ativos do injetor, coluna e/ou
detector (GIACINTI et al., 2016; CHATTERJEE et al., 2016).
Vários métodos foram propostos para corrigir o efeito matriz (SŁOWIK-
BOROWIEC, 2015; PANUWET et al., 2016; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA;
JANKOWSKA, 2017), incluindo o uso de protetores de analitos (PINHO et al., 2012;
GUEDES et al., 2016; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017; DONG et al.,
2017), otimização dos parâmetros de injeção (ANASTASSIADES; MAŠTOVSKÁ;
LEHOTAY, 2003; SŁOWIK-BOROWIEC, 2015; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA;
JANKOWSKA, 2017) e separação (SŁOWIK-BOROWIEC, 2015), padrões internos
marcados isotopicamente (LI et al., 2017b), calibração por adição de padrão (PINHO et al.,
2012; PANUWET et al., 2016; STACHNIUK; FORNAL, 2016; REBELO et al., 2016; LI et
al., 2017b), calibração por adição de padrão interno (SŁOWIK-BOROWIEC, 2015; REBELO
et al., 2016; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017) e calibração combinada
à matriz (STACHNIUK; FORNAL, 2016; GRIMALT et al., 2016; BARBOSA et al., 2017;
97
REBELO et al., 2016; GIACINTI et al., 2016; RIZZETTI et al., 2016; HAN et al., 2016;
ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017; LI et al., 2017b).
Amostras complexas com baixa concentração dos analitos possuem maior efeito
matriz e demandam o uso da calibração combinada à matriz, uma vez que ela garante maior
precisão, tornando alguns métodos capazes de determinar maior quantidade de analitos
(REBELO et al., 2016). A calibração combinada à matriz é conhecida como a maneira mais
eficaz e precisa para lidar com os efeitos da matriz na detecção de agrotóxicos em matrizes
complexas (SHEN et al., 2011; XU et al., 2017). Como na utilização de protetores de analitos,
a calibração combinada à matriz mascara os sítios ativos no sistema de CG (SŁOWIK-
BOROWIEC, 2015)
A calibração combinada à matriz é uma abordagem prática e razoavelmente eficaz
usada para compensar os efeitos da matriz nos métodos CG-EM para análise de resíduos de
agrotóxicos (GIACINTI et al., 2016), principalmente por ser um método relativamente barato,
simples (GUEDES et al., 2016), e gerar resultados confiáveis na quantificação dos resíduos
de agrotóxicos (COSTA; CALDAS; PRIMEL, 2014), sendo por isso, o método usado
majoritariamente (BAKIRCI et al., 2014; STACHNIUK; FORNAL, 2016; GRIMALT et al.,
2016; BARBOSA et al., 2017; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017).
A calibração combinada à matriz é gerada pela adição de soluções padrão aos
extratos da matriz sem resíduo do analito (YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN;
LEEPIPATPIBOON, 2015; STACHNIUK; FORNAL, 2016), mas as limitações incluem
indisponibilidade frequente de amostra sem analitos alvo (KOWALSKI; LUPO; COCHRAN,
2014; YUDTHAVORASIT; MEECHAROEN; LEEPIPATPIBOON, 2015) e comportamento
dependente de cada tipo de amostra. Antes da obtenção dos padrões desejados de precisão e
exatidão dos dados laboratoriais, o efeito matriz deve ser caracterizado e controlado
(PANUWET et al., 2016).
Ao trabalhar com amostras de alimentos muitos métodos usam o QuEChERS para
diminuir o efeito matriz (SAMPAIO et al., 2013), bem como o uso do preparo de padrões
usando uma matriz apropriada em vez de solvente puro, com o intuito de evitar recuperações
baixas ou altas dos analitos (ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017). Não
existe uma técnica de extração única e métodos de limpeza que eliminem completamente o
efeito da matriz, mas as metodologias QuEChERS são aplicadas em muitos laboratórios, com
bons resultados e altas recuperações, em várias extrações de matrizes complexas como: solo,
amostras biológicas e alimentos (DOMÍNGUEZ et al., 2014).
98
Valores de efeito matriz entre -20 e 20% podem ser considerados insignificantes,
pois essa variabilidade está próxima dos valores do CV da repetibilidade (FERRER et al.,
2011; LOZANO et al., 2012; WALORCZYK, 2014; SŁOWIK-BOROWIEC, 2015; SANTE,
2017; RIZZETTI et al., 2016).
2.9 Validação de métodos analíticos
O primeiro nível e primeira ferramenta de garantia da qualidade de um sistema de
qualidade laboratorial é a validação de um procedimento analítico (MAPA, 2011b). Ao
realizar o desenvolvimento de um método para análise de agrotóxicos é preciso sempre incluir
a validação do método, sobretudo se for aplicado a uma matriz e não somente a estudos com
soluções padrão (BRITO et al., 2002). Um dos objetivos da validação é verificar a precisão do
método de quantificação escolhido, uma vez que os métodos de quantificação são propensos a
erros (KRUVE et al., 2015).
Na validação é feito uma avaliação para prever a eficiência de um método
desenvolvido, adaptado ou implementado (BRITO et al., 2003; RIBEIRO et al., 2008).
Assim, por meio da validação, é possível garantir que um método gere informações confiáveis
e interpretáveis (BRITO et al., 2002; BRITO et al., 2003; RIBANI et al., 2004). Segundo o
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade (INMETRO), a validação é
necessária sempre que um método existente for modificado ou quando um método totalmente
novo for desenvolvido (INMETRO, 2003). A validação do método permite provar que um
método analítico é aceitável para a finalidade pretendida (HARRIS, 2010). Assim, um
processo de validação bem estabelecido e documentado disponibiliza para as agências
reguladoras comprovações de que os métodos e os sistemas são adequados para o uso
desejado (RIBANI et al., 2004).
A validação de um método é um processo longo, que requer um grande número de
experimentos analíticos, bem como cálculos estatísticos (RIBEIRO et al., 2008). Ela precisa
avaliar a relação entre os resultados experimentais e as questões que o método se propõe a
responder, e assim, demonstrar que o método analítico é adequado para o seu propósito
(BRITO et al., 2003; MAPA, 2011a). As medições químicas devem mostrar qualidade através
de sua comparabilidade, rastreabilidade e confiabilidade (RIBANI et al., 2004; MAPA,
2011a), pois dados analíticos não confiáveis podem causar decisões graves e prejuízos
financeiros irremediáveis (RIBANI et al., 2004). É importante que os efeitos da matriz sejam
99
investigados e conduzidos durante a validação e implementação de um método, pois podem
resultar em medições imprecisas dos analitos (PANUWET et al., 2016).
Os parâmetros estudados na validação certificam que o modelo proposto é
confiável e atende às especificações impostas pela indústria e órgãos de fiscalização nacionais
e internacionais (BRAGA; POPPI, 2004). Os parâmetros analíticos normalmente usados para
validação de métodos de separação são: seletividade, linearidade, precisão, exatidão, limite de
detecção e limite de quantificação (RIBANI et al., 2004). Dependendo da técnica analítica
empregada ou com o protocolo de validação a ser seguido, a estimativa destes parâmetros
pode variar (RIBEIRO et al., 2008).
Para permitir que os laboratórios tenham livre escolha de métodos, e
consequentemente, instigar o desenvolvimento contínuo dos métodos analíticos, a DG
SANTE fornece orientação para os laboratórios na validação de métodos de análise de
resíduos de agrotóxicos nos alimentos e alimentos para animais (GRIMALT; DEHOUCK,
2016). No Brasil, a ANVISA e o INMETRO são os dois órgãos que regulamentam a
validação de métodos analíticos (RIBEIRO et al., 2008), verificando a competência dos
laboratórios de ensaios, bem como disponibilizando guias e manuais para o procedimento de
validação (RIBANI et al., 2004).
Além do uso de métodos oficiais, laboratórios desenvolvem e validam seu próprio
método para a análise de resíduos de agrotóxicos, uma vez que dependendo da técnica
analítica adotada, podem ser utilizadas abordagens diferentes para o tratamento das amostras
(GRIMALT; DEHOUCK, 2016). Porém, mesmo ao usar a mesma técnica, diferentes
configurações ou equipamentos podem ser selecionados, tornando difícil alcançar um método
analítico universalmente aceito (GRIMALT; DEHOUCK, 2016). Na literatura existem muitas
aplicações que foram validadas com sucesso para um grande número de agrotóxicos em
matrizes complexas (GIACINTI et al., 2016; CLOUTIER et al., 2017; DONG; XIAO, 2017;
DONG et al., 2017; JIANG et al., 2017; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA,
2017; MACHADO et al., 2017; PIRSAHEB et al., 2017; SRIVASTAVA et al., 2017; WANG
et al., 2017; WU, 2017; ZOCCALI et al., 2017). Segundo Brito et al. (2003) deve-se salientar
que o método pode ser considerado validado, apesar de alguns parâmetros não se
enquadrarem nos limites estabelecidos na literatura, mas que sejam conhecidos
criteriosamente e, portanto, adequados aos objetivos do estudo a ser realizado.
100
2.9.1 Seletividade
A seletividade é a primeira etapa no desenvolvimento e validação de um método
instrumental de separação, pois outras figuras de mérito como linearidade, exatidão e precisão
poderão ser comprometidas caso a seletividade não seja atestada (RIBANI et al., 2004).
De acordo com MAPA (2011) a seletividade é a extensão na qual um
procedimento analítico pode determinar analito (s) particular (es) em mistura (s) ou matriz
(es) sem a interferência de outros componentes de comportamento similar (isômeros,
metabólitos, produtos de degradação, substâncias endógenas, entre outras). Assim, um método
instrumental que possui seletividade é capaz de avaliar, de forma inequívoca, os analitos na
presença de componentes que podem interferir na determinação de uma amostra complexa
(RIBANI et al., 2004; ZAINUDIN et al., 2015). A análise de um analito deve utilizar técnicas
confirmatórias, já que substâncias diferentes podem resultar em respostas semelhantes em
determinadas condições (BRITO et al., 2003), onde com a seletividade é possível garantir que
o pico de resposta é exclusivamente do analito (RIBANI et al., 2004).
A seletividade de um método analítico pode ser feita pela comparação entre os
sinais (resposta instrumental) do composto de interesse na matriz sem a presença do analito,
com a resposta obtida na matriz com uma quantidade conhecida do analito (padrão) (MAPA,
2011b). Todavia, detectores modernos (arranjo de diodos ou espectrômetro de massa) também
permitem avaliar a seletividade (MAPA, 2011b; RIBANI et al., 2004; GUEDES et al., 2016).
Nos procedimentos cromatográficos é preciso adotar as precauções necessárias
para assegurar a resolução e adequada separação (pureza) dos picos cromatográficos (MAPA,
2011a), como por exemplo, testes de resolução de pico para demonstrar que o pico
cromatográfico é atribuído a um só componente, que pode ser feito através do uso do detector
de EM (MAPA, 2011a; GUEDES et al., 2016). Assim, a EM acoplada à cromatografia pode
ser altamente seletiva, (MAPA, 2011b), pois possibilita estimar a seletividade por meio da
comparação do espectro do pico obtido na separação em relação ao de um padrão (MAPA,
2011b; RIBANI et al., 2004), garantindo uma indicação da presença do composto
puro(RIBANI et al., 2004) através do grau de similaridade. O aumento da seletividade e
melhora da sensibilidade podem ser alcançados com o uso do modo CIE na CG-EM, onde a
presença do analito na amostra é detectada pela análise do espectro de massa do mesmo
(GUEDES et al., 2016).
101
2.9.2 Linearidade
A linearidade reflete a capacidade de um método em fornecer resultados que
sejam diretamente proporcionais à concentração de um analito em uma dada faixa analítica
(BRITO et al., 200; RIBANI et al., 2004; RIBEIRO et al., 2008; MAPA, 2011a ; MAPA,
2011b), em que a equação matemática que representa esta dependência é denominada curva
analítica ou curva de calibração (RIBANI et al., 2004; RIBEIRO et al., 2008), que podem ser
adequadamente ajustadas pela equação de uma reta (função afim) (MAPA, 2011b). Assim, a
linearidade corresponde ao ajuste da curva de calibração (RIBEIRO et al., 2008).
No gráfico de calibração é feita a suposição de que a resposta instrumental está
linearmente relacionada com a concentração do padrão (BRITO et al., 2003). Assim, um
número suficiente de calibradores (soluções-padrão) deve ser usado para definir de forma
apropriada esta relação entre a concentração e a resposta (BRITO et al., 2003), sendo
necessário no mínimo cinco valores compreendidos no intervalo definido (BRITO et al.,
2003; RIBANI et al., 2004; MAPA, 2011b), para que sejam obtidos dados estatísticos de
intersecção, da equação de regressão linear, o coeficiente de correlação ou de determinação,
bem como a concentração estimada dos calibradores (BRITO et al., 2003).
As curvas de calibração podem ser elaboradas de três formas (MAPA, 2011b):
curva de calibração do analito em solução, curva de calibração da matriz branca fortificada ou
curva de calibração do extrato da matriz branca fortificado. Para fazer a quantificação é
necessário conhecer a relação entre a resposta medida e a concentração do analito, onde a
equação da reta que relaciona as duas variáveis é dada pela equação (2.1) (INMETRO, 2017):
(2.1)
Onde:
y: resposta medida (sinal instrumental como absorbância, altura ou área do pico,
etc.);
x: concentração;
a: coeficiente angular (inclinação da curva analítica = sensibilidade);
b: coeficiente linear (interseção com o eixo y, quando x = 0).
102
Uma vez conhecidos os coeficientes a e b, eles poderão ser usados para predizer a
concentração da espécie de interesse em amostras a partir do seu sinal analítico (RIBEIRO et
al., 2008). O método dos mínimos quadrados é usado para fazer o ajuste de qualquer equação
matemática, onde a melhor curva fornece o menor valor para a soma quadrática dos resíduos
obtidos entre o sinal analítico medido e o sinal analítico predito, para um conjunto de n pontos
experimentais (RIBEIRO et al., 2008).
A regressão linear é usada para estimar os coeficientes de uma curva analítica a
partir de um conjunto de pontos experimentais, que além dos coeficientes de regressão a e b,
também fornece o coeficiente de correlação R (RIBANI et al., 2004). A linearidade pode ser
demonstrada pelo R do gráfico analítico (BRITO et al., 2003; RIBEIRO et al., 2008), onde o
ideal é obter um valor estatisticamente igual a 1 (BRITO et al., 2003; RIBANI et al., 2004).
Valores relativamente pequenos de R estão relacionados com um ajuste não linear entre
valores de x e y, enquanto um ajuste linear com R=1 mostra que todos os pontos da curva
estão em cima de uma reta com inclinação positiva (RIBEIRO et al., 2008). A ANVISA
recomenda um coeficiente de correlação igual a 0,99 e o INMETRO um valor acima de 0,90
(ANVISA, 2003; RIBANI et al., 2004; INMETRO, 2017).
O R é a adequação do ajuste da curva (RIBEIRO et al., 2008), sendo um bom
indicativo do quanto uma reta pode ser considerada adequada como modelo matemático
(INMETRO, 2017), onde as seguintes considerações podem ser feitas em relação à
linearidade de um gráfico (BRITO et al., 2003):
R = 1 (correlação perfeita)
0,91 < R < 0,99 (correlação fortíssima)
0,61 < R < 0,91 (correlação forte)
0,01 < R < 0,30 (correlação fraca)
R = zero (correlação nula)
Muitas vezes é difícil detectar visualmente os desvios da linearidade, bem como o
R pode frequentemente gerar uma medida superficial da correlação (RIBANI et al., 2004;
INMETRO, 2017). Assim, os testes estatísticos são úteis para julgar as diferenças numéricas
resultantes de erros aleatórios inevitáveis de todas as medidas ou dos erros sistemáticos, uma
vez que os resultados experimentais raramente concordam exatamente com aqueles previstos
por um modelo teórico (SKOOG et al., 2005).
103
A ausência de teste pode levar a erros significativos durante a quantificação de
resíduos de agrotóxicos (GUEDES et al., 2016). A linearidade pode ser verificada através de
testes estatísticos de significância da regressão linear através do teste-F (variância) e dos
parâmetros de calibração por meio do teste-t de Student (médias) (RIBANI et al., 2004;
INMETRO, 2017). O teste-t é uma ferramenta estatística usada com frequência para comparar
resultados de diferentes experimentos (HARRIS, 2010). Ele requer que os desvios padrão dos
conjuntos de dados comparados sejam iguais, onde o teste-F é utilizado para avaliar essa
(SKOOG et al., 2005). A comparação estatística é utilizada para determinar o efeito matriz
através da inclinação da curva de calibração dos agrotóxicos no solvente e no extrato da
matriz (DOMÍNGUEZ et al., 2014).
2.9.2.1 teste-F
O teste-F é empregado na análise de regressão linear (SKOOG et al., 2005),
podendo ser aplicado no caso de comparar apenas duas curvas (PINHO et al., 2012). Ele é
baseado na hipótese nula de que as variâncias das duas curvas consideradas são iguais, ou
seja, que as quantidades numéricas que estão sendo comparadas são de fato similares, e deste
modo, verificar se as curvas são significativamente diferentes uma da outra (SKOOG et al.,
2005).
O teste-F é comparado com o valor de F obtido a partir de uma tabela estatísitica,
onde os valores de F ao considerar um intervalo de confiança de 95%, onde se Fcalculado >
Ftabelado para 95% de confiança, a regressão linear é significativa, porém, se Fcalculado < Ftabelado,
não existe relação linear entre os eixos x e y, mesmo com um bom valor de R (SKOOG et al.,
2005). O grau de liberdade (GL) de cada curva de calibração é dado por: GL = N-2, N é o
número de pontos de curva (LIGIERO et al., 2009; HARRIS, 2010; GUEDES et al., 2016;
GOMES et al., 2017).
2.9.2.2 Teste de Student (teste-t)
O teste-t é usado quando existe um número pequeno de resultados, onde também é
usada a hipótese nula (SKOOG et al., 2005). O teste-t é importante para avaliar a
significância estatística dos coeficientes a e b das curvas de calibração (GUEDES et al.,
2016).O teste de significância dos parâmetros de calibração das curvas é baseado no teste de
104
hipótese aplicando o parâmetro t de Student (BARROS NETO; PIMENTEL; ARAÚJO, 2002;
GOMES et al., 2017). Os desvios para os coeficientes angulares e lineares das equações de
regressão são usados para avaliar a significância estatística de um parâmetro, onde o valor de
tcalc (valor de t calculado) é obtido através da razão entre o valor de cada parâmetro e o seu
respectivo desvio (BARROS NETO; PIMENTEL; ARAÚJO, 2002).
O teste-t é comparado com o valor de t obtido a partir de uma tabela estatística,
onde tcalculado > ttabelado com um nível de confiança de 95%, o parâmetro é significativo e deve
ser mantido na equação da reta, mas se ttabelado > tcalculado, o parâmetro de calibração não é
significante devendo ser excluído (SKOOG et al., 2005, BARBOSA et al., 2017; SILVA et
al., 2017; NASCIMENTO et al., 2017).
2.9.3 Precisão
A precisão é a estimativa da dispersão de resultados provenientes de ensaios
independentes que são repetidos em uma mesma amostra, amostras semelhantes ou padrões,
em condições estabelecidas (INMETRO, 2003; RIBEIRO et al., 2008; MAPA, 2011b),
avaliando a proximidade entre várias medidas realizadas na mesma amostra (BRITO et al.,
2003). Através da precisão é possível descrever a reprodutibilidade de um resultado, onde sua
medição será precisa se ao repetir uma medida várias vezes os valores estiverem de acordo
uns com os outros (SKOOG et al., 2005; HARRIS, 2010).
A precisão em validação de métodos pode ser expressa de três formas diferentes:
precisão intermediária (ou reprodutibilidade interna ou reprodutibilidade intralaboratorial),
reprodutibilidade e repetitividade (BRITO et al., 2002; BRITO et al., 2003; ANVISA, 2003;
RIBEIRO et al., 2008; MAPA, 2011b). A precisão intermediária é demonstrada pela variação
entre resultados obtidos em dias diferentes pelo mesmo laboratório ou em um mesmo dia,
enquanto a reprodutibilidade é avaliada em diferentes laboratórios, em diversas localidades do
mundo, utilizando o mesmo conjunto de amostras, sendo que os dois tipos usam ensaios de
recuperação (BRITO et al., 2002; BRITO et al., 2003).
A repetitividade define a precisão dos resultados obtidos em medições sucessivas
de uma mesma amostra (INMETRO, 2003; RIBANI et al., 2004; RIBEIRO et al., 2008),
realizadas nas mesmas condições de medição, conhecidas como condições de repetitividade,
que são efetuadas com o mesmo procedimento (INMETRO, 2003; RIBANI et al., 2004),
dentro do mesmo laboratório, por um mesmo analista e com a mesma instrumentação (BRITO
105
et al., 2002; BRITO et al., 2003; INMETRO, 2003; RIBANI et al., 2004; RIBEIRO et al.,
2008) sob mesmas condições e com repetições em curto espaço de tempo (BRITO et al.,
2002; BRITO et al., 2003; INMETRO, 2003; RIBANI et al., 2004).
Outro tipo de precisão é a instrumental, que não deve ser confundida com
repetitividade, na qual são feitas injeções sequenciais repetidas da mesma amostra,
normalmente 10 ou mais vezes, onde a média dos valores da área do pico ou altura do pico é
usada para determinação da estimativa do desvio padrão relativo (DPR) de todas as injeções
(RIBANI et al., 2004). A precisão é expressa quantitativamente através do desvio padrão
(INMETRO, 2003; BRITO et al., 2003) ou do DPR (INMETRO, 2003; RIBEIRO et al.,
2008), onde o DPR é também conhecido como coeficiente de variação (CV) (BRITO et al.,
2003; INMETRO, 2003; RIBANI et al., 2004; RIBEIRO et al., 2008). Quanto menor o CV
mais preciso é um conjunto de medições (HARRIS, 2010).
O valor máximo aceitável para o CV irá depender da metodologia empregada, da
concentração do analito na amostra, o tipo de matriz e a finalidade do método (ANVISA,
2003). Nos métodos de análise de traços ou impurezas são admissíveis CVs de até 20%,
dependendo da complexidade da amostra (RIBANI et al., 2004). Em análise de resíduos de
agrotóxicos considera-se que o método é preciso quando os CVs possuem valores menores
que 20% (BRITO et al., 2002; BRITO et al., 2003), devido aos baixos níveis de concentração
(BRITO et al., 2002).
2.9.4 Exatidão
A exatidão constitui a chave para o propósito da validação (AMARANTE
JUNIOR et al., 2001; BRITO et al., 2003), sendo a concordância entre o valor real do analito
na amostra e o estimado pelo processo analítico (BRITO et al., 2003; RIBEIRO et al., 2008) e
correlaciona-se com o erro absoluto de uma medida (RIBEIRO et al., 2008). Ela é definida
como a proporção da quantidade do analito, presente ou adicionada na porção analítica do
material teste, que é extraída e susceptível de ser quantificada (RIBANI et al., 2004). A
precisão expressa o erro total incluindo erro sistemático (veracidade) e erro aleatório
(repetibilidade e precisão intermediária) para cada nível de concentração (CHEVALLIER et
al., 2015).
A exatidão pode ser determinada através do cálculo do erro absoluto ou relativo
(AMARANTE JUNIOR et al., 2001; BRITO et al., 2002; RIBEIRO et al., 2008). A
106
Conferência Internacional sobre Harmonização-ICH (1996) determina que devem ser feitos
ensaios em triplicata para três níveis de concentração, onde a ANVISA também adotada esta
recomendação (RIBANI et al., 2004). As formas mais usadas para examinar a exatidão de um
método são: materiais de referência certificados (MRCs) (AMARANTE JUNIOR et al., 2001;
BRITO et al., 2003; RIBANI et al., 2004; RIBEIRO et al., 2008; MAPA, 2011b),
comparação do método proposto com um método de referência (AMARANTE JUNIOR et
al., 2001; BRITO et al., 2003; RIBANI et al., 2004), adição de padrão (RIBANI et al., 2004;
ELLISON; THOMPSON, 2008) e ensaios de recuperação (AMARANTE JUNIOR et al.,
2001; BRITO et al., 2002; BRITO et al., 2003; RIBANI et al., 2004).
Os MRCs são ferramentas valiosas para o desenvolvimento e validação de
métodos analíticos para melhorar as medições e o controle de qualidade em laboratórios
analíticos (TOLOSA; CASSI; HUERTAS, 2018). Eles são materiais de referência que
possuem um certificado indicando o valor de concentração de uma dada substância, ou outra
grandeza para cada parâmetro e uma incerteza associada (RIBANI et al., 2004). Quando
disponíveis, os MRCs são os materiais de avaliação favoritos, por estarem rigorosamente
associados com padrões internacionais (AMARANTE JUNIOR et al., 2001; BRITO et al.,
2003) e por apresentarem características semelhantes às das amostras (AMARANTE JUNIOR
et al., 2001).
Os MRCs são disponibilizados por organismos reconhecidos e confiáveis, como:
LGC (“Laboratory of the Government Chemist” - UK), NIST (“National Institute of
Standards and Technology” - USA), USP, FAPAS (“Food Analysis Performance Assessment
Scheme” - UK), etc. (RIBANI et al., 2004). A análise com MRC é a opção preferencial para
fornecer evidências do desempenho do método, mas MRCs com os níveis apropriados de
analitos raramente estão disponíveis (SANTE, 2017). O alto custo dos MRCs e a abrangência
limitada de matrizes e analitos restringem seu uso (AMARANTE JUNIOR et al., 2001;
BRITO et al., 2003).
A exatidão também pode ser estabelecida através da comparação dos valores
obtidos pelo método proposto com valores obtidos para as mesmas amostras com outro
método validado (método com exatidão e precisão avaliadas) (AMARANTE JUNIOR et al.,
2001; BRITO et al., 2003; RIBANI et al., 2004), avaliando o grau de proximidade entre os
resultados obtidos pelos dois métodos, ou seja, o grau de exatidão do método testado em
relação ao de referência (RIBANI et al., 2004). Nem sempre se encontra método de referência
preexistente, impossibilitando a utilização desse tipo de proposta (BRITO et al., 2003).
107
A adição de padrão é usada quando for difícil ou impossível preparar um branco
da matriz sem o analito, por exemplo, a análise de β-caroteno em amostras de mamão, nas
quais este analito sempre estará presente (RIBANI et al., 2004). A principal desvantagem
desse método é o fato de ser altamente trabalhoso e consumir tempo (pessoal e aparato), já
que vários acréscimos precisam ser feitos e, geralmente, o ajuste da concentração adicional é
necessário durante a condução das análises, não sendo um método econômico (KRUVE et al.,
2015). A adição de padrão não corrige o efeito de matriz "translacional", que ocorre quando a
linha de base a partir da qual o sinal analítico deve ser medido é afetada pela matriz, também
conhecido como um efeito de linha de base ou plano de fundo, sendo independente da
concentração do analito e ocorrendo mesmo quando o analito está ausente (ELLISON;
THOMPSON, 2008).
2.9.4.1 Ensaios de recuperação
O ensaio de recuperação figura como o método mais usado para validação de
processos analíticos (BRITO et al., 2003). As medições de recuperação são as mais comuns
em virtude da dificuldade em da obtenção de MRCs (que, para certas aplicações, nem
existem) (RIBANI et al., 2004). De acordo com MAPA (2011) caso não haja MRC
disponível, a determinação da recuperação deve ser feita por meio da matriz branca
fortificada, e na falta de uma matriz branca pode-se usar uma amostra de ensaio com baixa
concentração do analito. Segundo o MAPA (2011) não se deve confundir a recuperação com a
eficiência de extração ou de digestão da amostra, pois a recuperação mede a tendência total do
procedimento analítico e, portanto, é uma expressão de sua veracidade.
O objetivo da recuperação é corrigir o resultado da análise dos erros sistemáticos
provenientes dos efeitos de extração ou digestão, bem como das perdas advindas de todas as
etapas do trajeto analítico realizados até a leitura da resposta instrumental, como por exemplo,
limpeza (clean-up), diluições ou pré-concentração, derivatizações, secagens, etc. (MAPA,
2011b). O erro sistemático ocorre pela perda do analito em razão da baixa recuperação da
extração, medidas volumétricas imprecisas ou substâncias interferentes na amostra (entre
outros) (BRITO et al., 2003).
Na recuperação é realizada a "fortificação" da amostra, ou seja, adição de soluções
com diferentes concentrações conhecidas do analito de interesse seguida pela determinação da
concentração do analito adicionado (BRITO et al., 2003). A concentração em que o analito é
108
adicionado na amostra controle é chamada de “nível de fortificação”, que depende do
propósito do estudo a ser realizado (BRITO et al., 2002). Para Ribani et al. (2004) a limitação
do procedimento de recuperação é que o analito acrescentado não está, necessariamente, na
mesma forma que a presente na amostra, podendo provocar, por exemplo, na presença de
substâncias adicionadas em uma forma que proporcione melhor detecção, resultando em
avaliações excessivamente otimistas da recuperação.
Os ensaios de recuperação são expressos em termos de porcentagem da
quantidade medida da substância em relação à quantidade adicionada na matriz em um
determinado número de ensaios (BRITO et al., 2003; RIBANI et al., 2004). A exatidão deve
ser examinada em três níveis de concentração, alta, intermediária e baixa, e no mínimo com
determinações em triplicata (RIBANI et al., 2004; RIBEIRO et al., 2008; ANVISA, 2003),
uma vez que a eficiência do método varia em função da concentração do analito, onde na
maioria das vezes, a dispersão dos resultados aumenta com a diminuição da concentração,
podendo haver uma diferenciação substancial da recuperação a altas e baixas concentrações
(RIBANI et al., 2004).
Apesar dos intervalos aceitáveis de recuperação para análise de resíduos
geralmente estarem entre 70 e 120%, com DPR de até ± 20% (BRITO et al., 2002; ANVISA,
2003; BRITO et al., 2003; RIBANI et al., 2004; MAPA, 2011b; CERQUEIRA; CALDAS;
PRIMEL, 2014; TUZIMSKI; REJCZAK, 2016; ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA;
JANKOWSKA, 2017), dependendo da complexidade analítica e da amostra, este valor pode
ser de 50 a 120%, com precisão de até ± 15% (RIBANI et al., 2004; CERQUEIRA;
CALDAS; PRIMEL, 2014). Um intervalo padrão prático de 60-140% pode ser usado para
recuperações individuais na análise de rotina (MAPA, 2011b; SANTE, 2017; ŁOZOWICKA;
RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017; ZOCCALI et al., 2017).
2.9.5 Limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ)
O limite de detecção (LD) é a menor concentração do analito que pode ser
detectada, mas não necessariamente quantificada, em uma amostra em determinadas
condições experimentais (BRITO et al., 2003; ANVISA, 2003; RIBANI et al., 2004). O
limite de quantificação (LQ) é a menor concentração do analito, que pode ser medida na
amostra conforme condições experimentais estipuladas (BRITO et al., 2003; RIBANI et al.,
2004). O LD e o LQ podem ser calculados através de três formas diferentes: método visual,
109
método relação sinal-ruído, método baseado em parâmetros da curva analítica (ANVISA,
2003; RIBANI et al., 2004).
No método visual o LD é estipulado utilizando a matriz com adição de
concentrações conhecidas da substância de interesse, de tal modo que se possa distinguir entre
sinal analítico e ruído pela visualização da menor concentração visível (detectável), onde este
procedimento também pode ser realizado por meio do instrumento utilizando parâmetros de
detecção no método de integração, enquanto para o LQ considera-se a menor concentração
visível (quantificável) (RIBANI et al., 2004).
O método da relação sinal-ruído somente pode ser aplicado em metodologias
analíticas que mostram o ruído da linha de base, onde é feita a comparação entre a medição
dos sinais de amostras em baixas concentrações conhecidas do analito na matriz e a matriz
isenta do analito (branco), para que possa ser estabelecida uma concentração mínima na qual
o analito pode ser facilmente detectado (LD) ou quantificado (LQ) (RIBANI et al., 2004). O
LD é equivalente a concentração do analito que produz relação sinal/ruído igual a 3
(ANVISA, 2003; RIBANI et al., 2004), já o LQ a relação sinal/ruído equivale a 10 (RIBANI
et al., 2004).
No método baseado nos parâmetros da curva analítica é usada a curva na matriz
(RIBANI et al., 2004), onde no cálculo do LD ou LQ é usada a inclinação (slope) ou
coeficiente angular da curva analítica e a estimativa do desvio padrão da resposta, que pode
ser a estimativa do desvio padrão do branco, da equação da linha de regressão ou do
coeficiente linear da equação (RIBANI et al., 2004), outra forma, é o uso do desvio padrão da
amostra que apresenta resultado de menor quantidade do analito (ANVISA 2003; HUBER,
2003; SHRIVASTAVA; GUPTA, 2011). Este método proporciona melhores resultados ao
nível de traços, e quando o branco não gera sinal, pode-se adotar para o valor de “s” o desvio
padrão do menor nível da curva analítica (INMETRO, 2017).
Tanto o LD quanto o LQ podem sofrer alterações devido às condições
cromatográficas, sendo que picos maiores acabam por aumentar a relação sinal-ruído,
originando resultados de LD e LQ mais baixos. Assim, a melhor forma para resolver o
problema do cálculo do LD e LQ é usar o método baseado nos parâmetros da curva analítica,
pois ele é estatisticamente mais confiável, sendo que a concentração correspondente ao LQ
deve estar contida na curva analítica (RIBANI et al., 2004).
110
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Neste trabalho, os experimentos realizados foram executados no Laboratório
Multiusuário de Química de Produtos Naturais (LMQPN) da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), em parceria com o Laboratório de Análises de Traços (LAT) da
Universidade Federal do Ceará (UFC).
3.1 Reagentes, solventes e materiais utilizados
Acetonitrila (ACN) 99,9% grau UV/HPLC/Espectroscópico (TEDIA);
n-hexano 97% grau UV/HPLC/Espectroscópico (VETEC);
Água ultrapura, purificada em sistema Milli-Q UV3® (resistividade de 18,2
MΩ cm);
Amina primária secundária (PSA) com tamanho de partículas de 40 µm (Sigma
Aldrich, 50 g);
Negro de carbono grafitizado (GCB) (Sigma Aldrich, 50 g);
Citrato de sódio tribásico P. A. (Vetec, 500 g);
Sulfato de magnésio anidro P. A. (Vetec, 500 g);
Cloreto de Sódio (NaCl) P. A. (Sigma Aldrich, 500 g);
Hidrogenocitrato de sódio sesquihidratado 99% P. A. (Sigma Aldrich, 50 g);
Detergente faixa neutra (pH 6,5 a 7,5);
Frascos de vidro (vial) com capacidade de 2 mL;
Gás hélio (He): usado como fase móvel (99,99%);
Mix padrão analítico de 6 agrotóxicos OFs (clorpirifós, diclorvós, dissulfotom,
etoprofós, fenclorfós e protiofós) 2,0 x 106 µg.L
-1 em n-hexano:acetona (9:1) (Sigma-
Aldrich);
Tubos para centrífuga, tipo Falcon, capacidades 15 e 50 mL de fundo cônico,
em plástico polipropileno;
Tubos de eppendorf;
Pipeta graduada, juntamente com pêra;
Becker;
Espátula;
Micropipeta automática.
111
3.2 Limpeza das vidrarias
Para lavagem das vidrarias, foram utilizados detergente faixa neutra (pH 6,5 a
7,5), água destilada e água ultra purificada em sistema Milli-Q. No processo de secagem das
vidrarias foi adotada a exposição das mesmas ao ar livre.
3.3 Preparo das soluções estoque para análise em CG-EM
A partir da solução padrão mix dos OFs (2,0 x 106 µg.L
-1) foi preparada a solução
padrão estoque dos agrotóxicos. Inicialmente, transferiu-se para um balão volumétrico de 10
mL um volume de 50 µL da solução padrão mix e aferiu-se volume o final com n-hexano,
com a finalidade de obter uma solução de 1,0 x 104 µg.L
-1. Em seguida, transferiu-se para um
balão volumétrico de 5 mL, um volume de 500 µL da solução de 1,0 x 104 µg.L
-1 e aferiu-se o
volume final com n-hexano, obtendo-se uma solução padrão estoque de trabalho de
concentração igual a 1,0 x 103 µg.L
-1. As transferências dos volumes para os balões
volumétricos foram realizados com o auxílio de micropipetador automático. O esquema deste
procedimento pode ser visualizado através da Figura 3.1.
Figura 3.1 – Esquema do preparo das soluções estoque para análise em CG-EM.
Fonte: Autor (2018).
112
3.4 Preparo das soluções padrão e obtenção das curvas analíticas
Com o intuito de posterior verificação de possíveis componentes da amostra que
possam interferir positivamente ou negativamente no sinal referente aos agrotóxicos
analisados no estudo, foram construídas curvas de calibração no solvente e na matriz. Em
decorrência das diferentes sensibilidades dos analitos em estudo, optou-se por trabalhar em
uma ampla faixa de concentração, utilizando soluções padrão desde 0,015 a 1500 µg.L-1
,
totalizando-se 11 pontos. As soluções padrão preparadas para o estudo foram de 15, 25, 50,
75, 100, 150, 200, 250, 500, 1000 e 1500 µg.L-1
.
3.4.1 Curva analítica no solvente
A Figura 3.2 mostra o esquema de preparo das soluções padrões de 15 a
200 µg.L-1
para construção da curva analítica no solvente através de transferências de
alíquotas da solução estoque de 1,0 x 103 µg.L
-1 , preparada de acordo com o item 4.3. Já a
Figura 3.3, apresenta o preparo dos padrões de concentrações mais elevadas (250 a 1500
µg.L-1
) a partir da solução de 1,0 x 104 µg.L
-1 (item 4.3). Os padrões foram injetados no CG-
EM em triplicatas.
3.4.2 Curva analítica na matriz
3.4.2.1 Procedimento de extração e limpeza pelo método QuEChERS-citrato
Para Prestes et al. (2009) uma das possibilidades de se obter amostras sólidas
homogêneas é através do corte das amostras em pedaços menores seguido de processamento
em homogeneizadores. Assim, a amostra de pimentão orgânico, incluindo as sementes, foi
previamente triturada, com o auxílio de um processador doméstico (liquidificador caseiro)
como mostra a Figura 3.4, e armazenada em um recipiente de vidro previamente limpo de
acordo com o item 3.2.
113
Figura 3.2 – Esquema do preparo das soluções padrões a partir da solução padrão de 1,0 x 103 µg.L
-1.
Fonte: Autor (2018).
114
Figura 3.3 – Esquema do preparo das soluções padrões a partir da solução padrão de 1,0 x 104
µg.L-1
.
Fonte: Autor (2018).
Figura 3.4 – Processo de trituração e armazenamento da amostra para curva na matriz.
Fonte: Autor (2018).
O método QuEChERS-citrato, oficialmente designado [CEN, Método Padrão
UNE-EN 15662] (CEN2008) (OSHITA; JARDIM, 2012; CERQUEIRA; CALDAS;
115
PRIMEL, 2014; RESTREPO et al., 2014; COSTA; CALDAS; PRIMEL, 2014; GÓMEZ-
ALMENAR; GARCÍA-MESA, 2015; GOLGE; KABAK, 2015a; GOLGE; KABAK, 2015b;
HE et al., 2015; TUZIMSKI; REJCZAK, 2016; ZOCCALI et al., 2017; WU, 2017), foi
utilizado como procedimento de preparo da amostra por ser bastante eficiente na extração de
agrotóxicos em matrizes vegetais.
A Figura 3.5 esquematiza o processo de obtenção do extrato primário para
construção da curva na matriz, onde foram pesados 10 g de amostra em um tubo Falcon com
capacidade de 50 mL e em seguida adicionou-se 10 mL de ACN (grau cromatográfico) de
acordo com a proporção descrita pelo método (1,0 mL de ACN para 1,0 g de amostra),
seguida de agitação por 1 minuto em agitador vórtex. Após a agitação, adicionou-se a mistura
de sais denominada QuEChERS (4,0 g de sulfato de magnésio anidro; 1,0 g de cloreto de
sódio; 1,0 g de citrato de sódio tribásico e 0,5 g de hidrogenocitrato de sódio sesquihidratado),
este processo foi realizado lentamente, sendo que à medida que a adição era realizada
procedia-se com a agitação em vórtex, evitando assim, que houvesse a formação de nódulos.
Em seguida centrifugou-se por 10 minutos a 3000 rpm (rotação por minuto).
Figura 3.5 – Esquema da obtenção do extrato primário da matriz.
Fonte: Autor (2018).
116
A centrifugação foi usada com o intuito de separar completamente a fase trifásica,
como pode ser vista na Figura 3.6.
Figura 3.6 – Formação das três fases na etapa de extração após centrifugação.
Fonte: Autor (2018).
A Figura 3.7 mostra o procedimento de limpeza do extrato (clean-up), efetuado
logo após a etapa de extração, onde uma alíquota de 1,0 mL foi transferida para um tubo
Falcon de capacidade de 15 mL, o qual continha 150 mg de MgSO4 anidro, 150 mg de PSA e
50 mg de GCB. Para promover a dispersão dos adsorventes no extrato primário da matriz foi
realizada uma agitação por 1 min, em seguida centrifugou-se por 10 minutos a 3000 rpm
(rotação por minuto), onde 0,5 mL do extrato foi transferido para um tubo de eppendorf.
No entanto, o extrato final apresenta-se em ACN, que não é adequada para análise
em cromatografia a gás no modo splitless, decorrência de seu grande volume de expansão
durante a vaporização (ANASTASSIADES et al., 2003; MAŠTOVSKÁ; LEHOTAY, 2004;
LEHOTAY; MÁSTOVSKÁ; LIGHTFIELD, 2005; PRESTES et al., 2009; HAJŠLOVÁ;
CAJKA, 2008; BASTOS et al., 2012; GUEDES et al., 2016), o que pode vir a interferir nos
detectores seletivos e favorecer a degradação de alguns agrotóxicos (LEHOTAY;
MÁSTOVSKÁ; LIGHTFIELD, 2005; HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008; BASTOS et al., 2012),
bem como sobrecarregar o liner (HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008). Por isso, após o processo de
clean-up, extrato foi evaporado e o solvente substituído, por n-hexano (soluções padrões),
mais adequado à CG (PRESTES et al., 2009; BASTOS et al., 2012), através de uma etapa
de ressuspensão, e também com a finalidade de manter o extrato final mais parecido com a
soluções padrões.
117
Figura 3.7 – Esquema do procedimento de limpeza (clean-up).
Fonte: Autor (2018).
A Figura 3.8 mostra a centrífuga a vácuo modelo SpeedVac (Marc & Therc)
utilizada para o procedimento de evaporação de 0,5 mL do extrato que foi transferido para um
tubo de eppendorf depois da limpeza. O extrato permaneceu 1 h e 20 min à temperatura de 40
°C. A Figura 3.8 mostra a centrífuga a vácuo modelo SpeedVac (Marc & Therc) utilizada
para o procedimento de evaporação de 0,5 mL do extrato que foi transferido para um tubo de
eppendorf depois da limpeza. O extrato permaneceu 1h e 20min à temperatura de 40 °C.
118
Figura 3.8 – Procedimento de evaporação do solvente ACN.
Fonte: Autor (2018).
Em seguida, como apresentado na Figura 3.9, foi realizada a adição de 0,5 mL de
cada uma das 11 soluções padrões preparadas anteriormente, agitada no vórtex durante 1 min
e transferida para um vial para posterior injeção no sistema cromatográfico. O procedimento
da Figura 3.9 foi realizado em 11 eppendorfs, com o intuito de preparar 11 níveis de
concentração dos agrotóxicos na matriz do pimentão. As amostras foram injetadas no CG-EM
em triplicatas.
Figura 3.9 – Procedimento de ressuspensão para obtenção do extrato de 200 µg.L-1
para
injeção no sistema cromatográfico.
Fonte: Autor (2018).
119
3.4.2.2 Efeito matriz
É importante que os efeitos da matriz sejam investigados e gerenciados durante a
validação e implementação de um método, pois podem levar a medições imprecisas de
compostos alvo (PANUWET et al., 2016). Para avaliar a existência do efeito matriz no
extrato de pimentão nas análises por CG-EM foram construídas as curvas de calibração no
solvente e na matriz. O cálculo do efeito matriz foi realizado através da equação (3.1),
mediante comparação dos coeficientes angulares obtidos pelas duas curvas de calibração
(MAPA, 2011b; ARIAS et al., 2014; PIZZUTTI et al., 2016; GUEDES et al., 2016;
GIACINTI et al., 2016; GIACINTI et al., 2017; ZOCCALI et al., 2017; NASCIMENTO et
al., 2017; ALCÂNTARA et al., 2018):
( ) ( )
(3.1)
Onde:
bm = coeficiente angular da curva na matriz;
bs = coeficiente angular da curva no solvente.
3.5 Condições cromatográficas
O método cromatográfico foi desenvolvido no sistema CG (modelo HP7890B,
Agilent) acoplado a um Espectrômetro de Massa quadrupolo (5977A, Agilent). A Figura 3.10
mostra o equipamento utilizado no estudo. O gás de arraste usado foi o gás hélio (99,99%) na
vazão de 1,0 mL.min-1
, coluna capilar HP5-S da Agilent com dimensões de 30 m x 0,25 mm
d.i. (diâmetro interno) e 0,25 µm de espessura de filme da fase estacionária com composição
5% fenil e 95% polidimetilsiloxano (não polar). O injetor operou no modo splitless (sem
divisão de fluxo) e o espectrômetro de massa no modo de ionização por impacto de elétrons
(IE) a 70 eV, com fonte de íons a 240 °C e temperatura da linha de transferência de 240°C.
Foram realizados três testes para atingir uma programação mais adequada, com o
intuito de obter a separação ideal dos picos dos agrotóxicos em estudo, onde primeiro foi
injetado 1,0 µL da solução padrão de 1,0 x 103 µg.L
-1 com a Temperatura do Injetor (TI)
mantida a 170 °C, depois foi injetado 3,0 µL da solução padrão de 1,0 x 103 µg.L
-1 com a
Temperatura do Injetor (TI) mantida a 240 °C, e por último foi injetado 5,0 µL da solução
120
padrão de 1,0 x 103 µg.L
-1 com a Temperatura do Injetor (TI) mantida a 240 °C. A
programação de temperatura foi: temperatura inicial de 100 °C durante 1 min, seguindo com
aquecimento de 12 °C/min até 165 °C, aumentando-se a temperatura com aquecimento de 10
°C/min até 300 °C permanecendo por 2 min., equivalente a um tempo de corrida de 21,9
minutos, como mostra a Figura 3.11. Essas condições foram escolhidas de acordo com o
estudo de Lu et al. (2013) e Alcântara et al. (2018).
Figura 3.10 – CG-EM utilizado no estudo (EMBRAPA - Fortaleza).
Fonte: Autor (2018) – 21/06/2016.
Figura 3.11 – Programação de temperatura utilizado no estudo.
Fonte: Autor (2018).
121
3.6 Amostragem
Com o intuito de realizar uma análise qualitativa e quantitativa dos agrotóxicos
em estudo, foram comprados aleatoriamente pimentões orgânicos (verdes - comercialmente
mais comuns) e não orgânicos (três cores diferentes: vermelho, amarelo e verde) na cidade de
Fortaleza-CE. Das amostras coletadas, 18 eram não orgânicas (6 verdes, 6 vermelhos e 6
amarelos) e 7 orgânicas (verdes – comercialmente mais comuns). O Quadro 3.1 mostra os
pontos de coleta das amostras analisadas.
A Figura 3.12 apresenta os três tipos de pimentão não orgânicos (verde, vermelho
e amarelo) após a etapa de extração, seguida pela centrifugação para as amostras, mostrando a
separação completa da fase trifásica.
Figura 3.12 – Formação das três fases na etapa de extração após centrifugação para as
amostras não orgânicas.
Fonte: Autor (2018).
122
Quadro 3.1 – Pontos de coleta das amostras analisadas.
Amostras
Não orgânica Orgânica
Local Bairro Data de coleta Local Bairro Data de coleta Selo
NP1 Parquelândia 09/06/2016 OP1 Parquelândia 05/08/2016 TECPAR CERT
NP2 Centro 09/06/2016 OP2 Centro 23/08/2016 Fruit Essence
NP3 Aldeota 22/06/2016 OP3 Joaquim Távora 23/08/2016 TECPAR CERT
NP4 Água Fria 09/06/2016 OP4 e OP5 Dionísio Torres 03/08/2016 -
NP5 Joaquim Távora 09/06/2016 OP6 Cidade dos Funcionários 08/03/2016 TECPAR CERT
NP6 Dionísio Torres 22/06/2016 OP7 Cambeba 02/08/2016 -
Fonte: Autor (2018).
NP1: não orgânica ponto 1, OP1: orgânica ponto 1, (-) não possui marca, são lojas específicas de produtos orgânicos.
123
3.7 Parâmetros de validação do método CG-EM
A validação do método analítico compreendeu o estudo dos parâmetros de:
seletividade, linearidade, exatidão, precisão, limite de detecção (LD) e limite de quantificação
(LQ), de acordo com as recomendações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abasteciento
(MAPA), através do Manual de Garantia da Qualidade Analítica: Resíduos e contaminantes
em alimentos (MAPA, 2011b). Para este estudo foi usada uma amostra orgânica de pimentão
adquirida no supermercado São Luíz na Avenida Oliveira Paiva, Cidade dos Funcionários da
marca TECPAR CERT.
3.7.1 Seletividade
A análise foi realizada através do cromatograma de íons totais (CIT) no modo
Scan, monitorando uma ampla gama de íons (40 – 400 m/z). Através do cromatograma de
íons extraídos (CIE), foram selecionados os principais fragmentos do espectro de massa de
cada analito (um de quantificação e dois de confirmação) para obter o cromatograma apenas
do composto de interesse, melhorando a sensibilidade e seletividade. Além disso, observou-se
a similaridade do espectro de massa de cada composto com o espectro do padrão presente na
biblioteca do programa Agilent MassHunter Qualitative Analysis.
3.7.2 Linearidade
A linearidade foi avaliada através do coeficiente de correlação R obtido da
regressão linear dos coeficientes da curva de calibração na matriz (ANVISA, 2003;
NASCIMENTO et al., 2017), que haviam sido preparadas conforme subitem 3.4.1 e 3.4.2,
respectivamente. Com o intuito de um bom ajuste linear da faixa de concentração analisada
considerou-se a aproximação do coeficiente de correlação com 1 (um). Também foram feitos
testes estatísticos para conferir a significância da regressão linear e dos parâmetros de
calibração da curva escolhida para quantificação dos analitos nas amostras reais (GOMES et
al., 2017; BARBOSA et al., 2017; NASCIMENTO et al., 2017; ALCÂNTARA et al., 2018).
Os testes foram realizados através de cálculos estatísticos do desvio padrão dos valores do
coeficiente angular (a) e linear (b), e dos desvios verticais (no eixo y) segundo as equações
124
(3.2), (3.3) e (3.4), respectivamente (SKOOG et al., 2005; GOMES et al., 2017;
NASCIMENTO et al., 2017; ALCÂNTARA et al., 2018):
(3.2)
∑(
)
(3.3)
∑( )
(3.4)
Onde:
= Desvio padrão do coeficiente angular;
= Desvio padrão do coeficiente linear;
= Desvio padrão no eixo y;
= Valores individuais de x;
= número total de pontos da curva;
= Desvio vertical de cada ponto;
= Determinante dada da seguinte forma:
Após obtenção dos valores de Sa, Sb e Sy, utilizou-se o teste-t para os parâmetros
de calibração e o F-teste para a análise de regressão linear, através das equações (3.5) e (3.6)
(SKOOG et al., 2005, GOMES et al., 2017; SILVA et al., 2017; NASCIMENTO et al., 2017;
ALCÂNTARA et al., 2018), onde o F-teste foi calculado usando a ferramenta PROJ.LIN do
Microsof Excel® (SKOOG et al., 2005; NASCIMENTO et al., 2017; ALCÂNTARA et al.,
2018):
125
(3.5)
(3.6)
Onde:
tcalc,a = valor de t calculado para o coeficiente angular;
α = 1 (é o coeficiente angular teórico);
tcalc,b = valor de t calculado para o coeficiente linear;
β = 0 (é o coeficiente linear teórico).
Para avaliar a significância estatística dos parâmetros de regressão a e b, modelos
obtidos experimentalmente para as curvas de calibração, é preciso compará-los com valores
teoricamente esperados, com α = 1 e β = 0 (BRITO et al., 2002; GOMES et al., 2017;
NASCIMENTO et al., 2017). O parâmetro é significativo e deve ser mantido na equação da
reta se tcalculado > ttabelado com um nível de confiança de 95%, mas se tcalculado < ttabelado, o
parâmetro de calibração não é significativo devendo ser excluído (SKOOG et al., 2005,
BARBOSA et al., 2017; SILVA et al., 2017; NASCIMENTO et al., 2017; ALCÂNTARA et
al., 2018). Da mesma forma, se Fcalculado > Ftabelado para 95% de confiança, a regressão linear é
significativa, caso contrário, se Fcalculado < Ftabelado, não existe relação linear entre os eixos x e
y, mesmo com um bom valor de R (SKOOG et al., 2005, BARBOSA et al., 2017; SILVA et
al., 2017; NASCIMENTO et al., 2017; ALCÂNTARA et al., 2018).
3.7.3 Exatidão
Os estudos de exatidão foram executados por meio de ensaios de recuperação
realizados com triplicata biológica em seis níveis de fortificação da amostra orgânica de
pimentão (ANVISA, 2003), cujas injeções no CG-EM foram em duplicata para cada
triplicata. Os níveis de fortificação foram de 110, 150, 250, 500, 1000 e 1500 µg.L-1
. O modo
de preparo das amostras para recuperação seguiu o mesmo procedimento do item 4.4.2, a
diferença foi que aos 10 g de amostra foram adicionados quantidades adequadas da solução
padrão 1,0 x 104 µg.L
-1 para fazer a fortificação juntamente com a ACN. A Figura 3.13
mostra a parte que foi modificada, onde posteriormente acrescentou-se um volume de ACN
até completar 10 mL, correspondendo a 9,89, 9,85, 9,75, 9,5, 9,0 e 8,5 mL.
126
Figura 3.13 – Adição da solução padrão 1,0 x 104 µg.L
-1 para recuperação.
Fonte: Autor (2018).
127
Para o cálculo da porcentagem (%) recuperada utilizou-se a equação (3.7)
(BRITO et al., 2002; BRITO et al., 2003; MAPA, 2011b; CUI et al., 2016; DONG et al.,
2017; ALCÂNTARA et al., 2018), usada quando a recuperação é obtida a partir de
fortificações de matriz branca (MAPA, 2011b; ALCÂNTARA et al., 2018):
( ) ( )
(3.7)
Onde:
= Concentração do analito na amostra contaminada intencionalmente;
= Concentração do analito na amostra não contaminada intencionalmente;
= Concentração adicionada.
3.7.4 Precisão
A precisão foi efetuada pelo método da repetitividade: mesmo analista, mesmo
equipamento e num mesmo dia, realizando 10 injeções da solução padrão de 1,0 x 103 µg.L
-1
no sistema cromatográfico (ALCÂNTARA et al., 2018). Posteriormente, o CV para cada
analito foi calculado através das áreas obtidas (RIBANI et al., 2004; ALCÂNTARA et al.,
2018), utilizando a equação (3.8) (BRITO et al., 2003; RIBANI et al., 2004; RIBEIRO et al.,
2008; ALCÂNTARA et al., 2018):
( )
(3.8)
Onde:
S = desvio-padrão das várias medidas;
M = média das várias medidas.
3.7.5 Limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ)
O limite de detecção (LD) e o limite de quantificação (LQ) foram estimados
usando a curva na matriz através do método baseado no desvio padrão de uma amostra com
128
concentração mais baixa do analito (ANVISA, 2003; HUBER, 2003; SHRIVASTAVA;
GUPTA, 2011), como mostram as equações (3.9) e (3.10):
(3.9)
(3.10)
Onde:
Sn = desvio padrão da amostra que apresentou resultado de menor quantidade do
analito;
m = coeficiente angular da curva de calibração.
3.8 Conversão da relação massa/volume (µg.L-1
) para relação massa/massa (mg.kg-1
)
Depois da obtenção dos resultados a partir da curva de calibração, é preciso fazer
uma padronização para que fiquem de acordo com unidades estabelecidas pelas legislações.
Como demonstrado na Figura 3.14, durante o procedimento do método QuEChERS, o resíduo
é ressuspenso com o mesmo volume que foi evaporado. Assim, a concentração do analito
adquirida após tratamento dos dados através da curva calibração é aquela do extrato primário.
Figura 3.14 – Esquema de obtenção da concentração do analito no extrato em µg.L-1
.
Fonte: Autor (2018).
129
Com a concentração do analito no extrato primário em µg.L-1
e aplicando a
equação (3.11), é possível obter a concentração estimada do analito no pimentão em mg.kg-1
(ALCÂNTARA et al., 2018).
(
) ( )
( ) [ ] (3.11)
Onde:
CF = Concentração do analito na amostra (mg/Kg);
Cext = Concentração do analito no extrato em µg.L-1
;
V = Volume do extrato em litros (10 mL do extrato primário = 0,01 L);
ma = Massa de amostra pesada (cerca de 0,01 kg);
1000 = Fator de conversão de ‘µg’ para ‘mg’.
130
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Análise cromatográfica por CG-EM
A injeção no modo splitless (sem divisão de fluxo), foi utilizada por ser mais
indicada para a determinação de compostos em concentração de níveis traço (HARRIS, 2001;
SKOOG et al., 2005; HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008; HARRIS, 2010; BAI et al., 2017), que
representa concentrações abaixo de 0,01 % na amostra (SKOOG et al., 2005; HARRIS,
2010), mas pode ocasionar a perda de componentes menos voláteis (HARRIS, 2010). Assim,
foram realizados testes para encontrar as melhores condições cromatográficas, uma vez que as
mesmas podem influenciar na separação e identificação dos agrotóxicos (GUEDES et al.,
2016; ALCÂNTARA et al., 2018).
Como os analitos estudados possuem propriedades físico-químicas distintas uns
dos outros, a otimização dos parâmetros cromatográficos ajuda a obter uma melhor eficiência
de separação, bem como evitar a degradação dos agrotóxicos. Além disso, um agrotóxico
pode influenciar na determinação do outro (PINHO et al., 2012). Através da otimização dos
parâmetros cromatográficos é possível aumentar a resposta instrumental (SABIN et al., 2011),
onde um dos fatores que determina o aumento de sensibilidade é o sistema de injeção (SABIN
et al., 2011; PINHO et al., 2012). Assim, foram feitos testes de otimização da temperatura de
injeção (TI) e do volume de injeção (VI). Os testes com a TI e o VI ajudam a verificar o
volume de expansão apropriado, minimizando a ocorrência do fenômeno denominado
backflash, que ocorre quando o volume de solvente expandido na fase gasosa excede o
volume efetivo do liner (SABIN et al., 2011; BAI et al., 2017). A escolha errada das
configurações de volume de injeção pode levar a separações ineficazes e picos com formatos
ruins (BAI et al., 2017).
Inicialmente foi testada uma TI de 170°C com VI de 1,0 μL como mostra o
cromatograma da Figura 4.1a, nessas condições os picos relacionados aos agrotóxicos
aparecem com baixa intensidade e pouca resolução, dificultando a identificação dos analitos.
Ao aumentar a TI para 240°C e o VI para 3,0 μL, ocorre uma melhora na intensidade dos
picos cromatográficos, porém a resolução ainda não está adequada para identificação e
quantificação dos agrotóxicos, como pode ser visto na Figura 4.1b. As condições escolhidas
para o estudo dos seis agrotóxicos OFs nas amostras de pimentão orgânicas e não orgânicas
foram TI a 240°C com VI de 5,0 μL, como mostra a Figura 4.1c, uma vez que se mostraram
131
mais viáveis na separação e detecção dos analitos, com picos simétricos e com alta resolução
cromatográfica. A eluição de todos os agrotóxicos ocorreu em um tempo menor do que 15
minutos.
Figura 4.1 – Cromatogramas de íons totais (CIT) obtidos após injeção de 1 µL do mix de 1,0
x 103 µg.L
-1 no modo Scan (a) TI a 170°C e VI de 1,0 μL, (b) TI a 240°C e VI de 3,0 μL e (c)
TI a 240°C e VI de 5,0 μL.
Fonte: Autor (2018).
132
É possível observar a formação de dois picos que indicam o diclorvós. Alguns
agrotóxicos OFs (por exemplo, metamidofós e ometoato) tendem a mostrar o pico deformado
(cauda) através da interação ou adsorção em locais ativos na entrada do injetor ou da fase
estacionária durante a separação em CG (CHAMKASEM et al., 2013; HE et al., 2015).
Metamidofós e ometoato possuem uma alta polaridade, onde ao observar a polaridade (Kow)
do diclorvós na Tabela 2.3, ele é o agrotóxico mais polar dentre os seis agrotóxicos estudados,
indicando que agrotóxicos com maior polaridade tendem a sofrer deformação do pico. Essa
cauda costuma ser obtida para o primeiro composto de eluição, podendo ser explicado pela
espessura inadequada do filme que reveste a coluna cromatográfica para um composto
relativamente volátil ou um desajuste de polaridade com a fase estacionária (HALLOUM et
al., 2017).
A elevada TI (240°C) também pode estar degradando o diclorvós que apresenta
ponto de degradação (PD) de 190°C e pressão de vapor (PV) de 2100 mPa a 25°C (maior
volatilidade), ocasionando a presença dos dois picos. Mesmo assim, como será visto adiante,
ele mostrou boa sensibilidade e seletividade, sendo possível fazer uma identificação do
diclorvós.
4.2 Aplicação do método QuEChERS-citrato no preparo das amostras
A extração com ACN, seguida da adição do sulfato de magnésio anidro (MgSO4)
e cloreto de sódio (NaCl) induziu a separação em uma camada aquosa e uma camada orgânica
como mostrado anteriormente na Figura 3.6. O MgSO4 anidro promoveu a partição líquido-
líquido da água presente na amostra, onde foi observado um aquecimento logo após a adição
dos sais. Esse aquecimento é relativo à sua reação altamente exotérmica de hidratação que
resulta no aquecimento entre 40 e 45°C da amostra durante as etapas de extração/partição,
favorecendo a extração, principalmente dos compostos apolares (ANASTASSIADES et al.,
2003; PRESTES et al., 2009; CERQUEIRA; CALDAS; PRIMEL, 2014).
A porção purificada usando a PSA, o GCB, o MgSO4 e o NaCl promoveu a
limpeza do extrato, como evidenciado na Figura 3.7, através da mudança de coloração do
extrato final para incolor. O método de extração mostrou-se eficiente, mesmo após a adição
da etapa de evaporação da ACN e posterior resuspensão do extrato em solvente n-hexano.
133
4.3 Seletividade
A seletividade da CG-EM pode ser ajustada pela seleção de íons moleculares e de
fragmentos apropriados para evitar interferências de materiais co-extraídos da amostra
(ALDER et al., 2006). O CIE de cada analito a partir do CIT pode ser obtido graças a
detectores modernos como o EM, bastando apenas selecionar o fragmento exato do espectro
de massa do analito alvo, gerando assim, ganho de seletividade e sensibilidade (ALDER et
al., 2006; CAJKA; HAJŠLOVÁ; MASTOVSKA, 2008; ALCÂNTARA et al., 2018), uma
vez que um espectro de massa obtido sob as condições de CIE pode ser interpretado para
fornecer informações estruturais (CAJKA; HAJŠLOVÁ; MASTOVSKA, 2008).
Para análise dos dados obtidos na CG-EM foi usado o programa Agilent Mass-
Hunter (Qualitative Analysis B.06.00), onde o primeiro passo foi restringir os critérios de
pesquisa da biblioteca no programa para reduzir o número de candidatos prováveis,
minimizando as possibilidades de falsos positivos e negativos relatados pelo software. Ao
usar o modo CIE foram selecionados três fragmentos: íon de quantificação, íon de
identificação e íon de confirmação. O íon de quantificação é o pico de maior intensidade,
também conhecido como pico base (CAJKA; HAJŠLOVÁ; MASTOVSKA, 2008; LU et al.,
2013; Domínguez et al., 2014), o íon de quantificação foi selecionado considerando que é um
fragmento de alto peso molecular (Domínguez et al., 2014), onde o espectro é geralmente
normalizado para a abundância (intensidade) deste pico (isto é, sua intensidade é atribuída a
100%) (CAJKA; HAJŠLOVÁ; MASTOVSKA, 2008).
A Tabela 4.1 apresenta os fragmentos utilizados para obtenção do CIE dos
agrotóxicos estudados neste trabalho, bem como os de dois outros estudos com diferentes
matrizes, onde os fragmentos escolhidos para gerar o CIE de cada composto foram escolhidos
tomando como base os usados por Lu et al. (2013) e Alcântara et al. (2018). A escolha da
faixa de 40 – 400 m/z, para o monitoramento dos agrotóxicos neste trabalho, foi realizada de
forma que todos os agrotóxicos estudados apresentassem os fragmentos correspondentes aos
dois trabalhos usados como orientação.
Lu et al. (2013) determinou simultaneamente 73 agrotóxicos (oraganofosforados,
organoclorados, carbamatos e piretróides), usando 6 tipos diferentes de solventes para
extração, dentre eles a ACN, em frutas e vegetais frescos através de análises em CG-EM/EM,
fazendo uso de uma coluna DB-5MS da J&W Scientific Folsom (30 m x 0.25 mm x0.25 µm),
onde a determinação qualitativa dos analitos foi baseada em pares de íons característicos e
134
tempo de retenção, usando o modo de monitoramento de múltiplas reações (MRM). Apenas
os íons de confirmação foram diferentes do trabalho de Lu et al. (2013).
Alcântara et al. (2018) fez a determinação simultânea de 8 agrotóxicos
organofosforados no sapoti através de análises em CG-EM, fazendo uso de uma coluna HP5-
S da Agilent (30 m x 0,25 mm x 0,25 µm), onde a determinação qualitativa e quantitativa dos
analitos foram baseadas na escolha de fragmentos para obter o CIE a partir do CIT no modo
Scan. Alcântara et al. (2018) selecionou os fragmentos de acordo com o pico base, o segundo
fragmento mais intenso e o correspondente ao íon molecular para cada agrotóxico estudado.
Nesta Tese foi feito o uso do mesmo procedimento de Alcântara et al. (2018), onde as únicas
diferenças do trabalho foram a matriz escolhida, no caso, o pimentão e a quantidade de
agrotóxicos, que foram seis.
Tabela 4.1 – Fragmentos utilizados para obtenção do CIE de cada agrotóxico.
Agrotóxico
Fragmentos (m/z) Fragmentos (m/z) Fragmentos (m/z)
Esta Tese
CG-EM (Pimentão)
Lu et al. (2013)
CG-EM/EM (Pimenta vermelha)
Alcântara et al. (2018)
CG-EM (Sapoti)
Clorpirifós 97, 197a, 349 97, 197
a, 314 97, 197
a, 351
Diclorvós 109a, 185, 220 109
a, 185, 79 109
a, 185, 221
Dissulfotom 88a, 97, 274 88
a, 89, 186 88
a, 97, 274
Etoprofós 97, 158a, 242 139,158
a, 200 97, 158
a, 242
Fenclorfós 125, 285a, 320 79, 285
a, 320 125, 285
a, 320
Protiofós 162a, 267, 344 113
a, 267, 309 162
a, 267, 345
Fonte: Autor (2018).
(a) íon de quantificação.
O CIT dos seis agrotóxicos estudados é apresentado na Figura 4.2 (a), onde é
possível observar que não existe uma seletividade adequada, havendo comprometimento da
resolução dos picos dos agrotóxicos devido à presença de outros picos de vários componentes
da matriz. Ao usar o CIE, a informação espectral referente a um único agrotóxico pôde ser
obtida, e o espectro experimental foi comparado com o espectro disponível no programa
Agilent Mass-Hunter (Qualitative Analysis B.06.00). Todos os CIE exibiram picos de tempo
de retenção similares aos padrões, bem como apresentaram diferenças inferiores ao limite
máximo de 0,1 min, em conformidade com a diretriz SANTE da União Européia (SANTE,
2017; Hakme et al., 2017).
135
A Figura 4.2 (b) mostra o CIE do clorpirifós, em que ao selecionar os seus
respectivos fragmentos houve um ganho de seletividade para o composto, possibilitando a
comparação com o espectro de massa do clorpirifós fornecido pela biblioteca de dados do
programa Agilent Mass-Hunter (Qualitative Analysis B.06.00), como apresentado na Figura
4.2 (c).
Ao analisar a Figura 4.2 (c), nota-se que o íon molecular ou de confirmação do
clorpirifós nao foi similar ao trabalho de Lu et al. (2013). Isso ocorreu porque em alguns
casos a fragmentação pode ser muito extensa, deixando pouco ou nenhum vestígio de um íon
molecular, o que torna a determinação da massa molecular difícil ou mesmo impossível. Em
tais casos, as técnicas de ionização suaves (como ionização química) são tipicamente
aplicadas levando a uma formação aprimorada do íon molecular (pseudo) (CAJKA;
HAJŠLOVÁ; MASTOVSKA, 2008). Assim, a transição que gerou sinal mais intenso
(corresponde ao íon produto mais abundante) foi utilizada para análise de quantificação
(GOLGE; HEPSAG; KABAK, 2018) e a menos intensa para confirmação.
Os CIE obtidos para cada agrotóxico no extrato de pimentão, bem como seus
respectivos espectros de massa são apresentados na Figura 4.3, onde foram selecionando os
principais fragmentos do espectro de massa de cada analito (um íon de quantificação e dois de
identificação) com o intuito de obter o cromatograma apenas para um composto de interesse.
Ao utilizar a ferramenta cromatograma de IE, o método mostrou-se seletivo para
cada agrotóxico e apresentou uma melhora da sensibilidade. Essa ferramenta foi utilizada para
a construção de curvas de calibração na matriz, para análise qualitativa e quantitativa nas
amostras reais.
136
Figura 4.2 – (a) CIT no modo Scan dos agrotóxicos na matriz do pimentão em concentração
de 1500 µg.L-1
, (b) Cromatograma de IE para o clorpirifós e (c) Espectro de massa do
clorpirifós.
Fonte: Autor (2018).
137
Figura 4.3 – Espectros de massa e cromatogramas de IE de cada agrotóxico na matriz do
pimentão na concentração de 1500 µg.L-1
.
Fonte: Autor (2018).
138
4.4 Efeito matriz
Apesar do efeito matriz não poder ser totalmente eliminado (DOMÍNGUEZ et al.,
2014; PANUWET et al., 2016), estratégias de minimização ou compensação devem ser
minuciosamente avaliados como parte de qualquer desenvolvimento e validação de método
analítico (PANUWET et al., 2016). Assim, é importante que os efeitos da matriz sejam
investigados e gerenciados durante a validação e implementação de um método, pois podem
levar a medições imprecisas de compostos alvo (PANUWET et al., 2016).
O estudo do efeito matriz também foi realizado devido ao modo de injeção
splitless usado nas análises, que é mais propenso ao efeito matriz, promovendo adsorção dos
analitos ou mesmo catalisando processos de degradação térmica dos agrotóxicos
(HAJŠLOVÁ; ZROSTLÍKOVÁ, 2003; PINHO et al., 2009). Além disso, mesmo o uso de
técnicas cromatográficas acopladas à EM produzirem métodos muito confiáveis para a
determinação de agrotóxicos, as interferências da matriz podem disputar com o analito de
interesse e danificar a seletividade e especificidade do método, aumentando ou diminuindo o
sinal do analito (GRIMALT; DEHOUCK, 2016; GUEDES et al., 2016).
Apesar do método de adição de padrão melhorar a quantificação dos compostos
vulneráveis ao efeito matriz, essa abordagem não foi usada por requer muito trabalho extra, e
ainda poder levar a vários erros, visto que o efeito da matriz é dependente da concentração
(ANASTASSIADES; MAŠTOVSKÁ; LEHOTAY, 2003). Os padrões internos marcados
isotopicamente (deuterados) não foram utilizados por correr o risco de não se comportarem da
mesma forma que os compostos na matriz (CHIARADIA; COLLINS; JARDIM, 2008), serem
muito caros, e possuírem uma carga adicional de desenvolvimento de condições analíticas
para muitos vários compostos (ANASTASSIADES; MAŠTOVSKÁ; LEHOTAY, 2003).
A quantificação de agrotóxicos exigiu uma calibração combinada à matriz para
evitar que interferências pudessem mascarar a determinação correta dos agrotóxicos
(GÓMEZ-ALMENAR; GARCÍA-MESA, 2015; GONZÁLEZ-CURBELO et al., 2017;
BALSEBRE et al., , 2018), onde o sinal do analito é influenciado pela natureza complexa da
amostra e pelas propriedades dos co-extrativos (tamanho da molécula, polaridade,
estabilidade térmica, volatilidade, etc.) (PINHO et al., 2009; GUEDES et al., 2016;
ALCÂNTARA et al., 2018). Quando a concentração de um agrotóxico em uma amostra é
aproximadamente o LMR ou é detectado um agrotóxico não aprovado, a calibração
139
combinada à matriz pode ser benéfica para uma quantificação mais precisa (WALORCZYK,
2014).
Assim, com o intuito de reduzir o efeito da matriz sobre a determinação
quantitativa e melhorar a precisão da concentração das amostras reais, foram adicionadas uma
série de soluções padrão no pimentão orgânico, variando de 15 - 1500 µg.L-1
, com o intuito de
criar uma curva de calibração combinada à matriz (WU, 2017). Os padrões baseados no
solvente também foram analisados, e desta forma, proceder com a avaliação dos efeitos da
matriz (HE et al., 2015), onde os CIE de cada agrotóxico foi integrado para obter as áreas dos
picos e possibilitar a construção das curvas de calibração, tanto na matriz quanto no solvente,
como mostra a Figura 4.4.
Segundo Poole (2007) a resposta observada no detector para alguns agrotóxicos
organofosforados separados por cromatografia gasosa depende das propriedades da matriz
estudada. Ao analisar as curvas analíticas na Figura 4.4, foram observados efeitos de matriz
para metade dos agrotóxicos estudados, uma vez que existem diferenças de inclinação entre as
curvas fortificadas no solvente e no extrato da matriz. Os valores negativos correspondem à
resposta cromatográfica diminuída do analito na presença do extrato em relação à resposta no
solvente (SOUSA et al., 2012; MORAIS; COLLINS; JARDIM, 2018).
Segundo Guedes et al. (2016) valores negativos geralmente indicam reações com
o analito (consumo de analito, adsorção em colunas cromatográficas, etc). Portanto, pode ter
acontecido a adsorção dos agrotóxicos e componentes da matriz no liner, na coluna ou no
detector (HAJŠLOVÁ; ZROSTLÍKOVÁ, 2000; HAJŠLOVÁ; CAJKA, 2008; SŁOWIK-
BOROWIEC, 2015; GIACINTI et al., 2017), outra possibilidade é que os agrotóxicos podem
ter interagido e co-eluído com compostos da matriz, e como esses compostos da matriz não
estão no nível de traços, o ruído da linha de base do cromatograma aumenta, produzindo uma
supressão do sinal do agrotóxico (DOMÍNGUEZ et al., 2014). Assim, o efeito matriz
negativo pode resultar dos compostos co-extraídos da matriz, geralmente estarem em maiores
quantidades do que os analitos de interesse (GIACINTI et al., 2017).
Normalmente, os OFs são mais propensos ao aumento cromatográfico induzido
pela matriz por serem termicamente lábeis (compostos químicos pouco estáveis) (PANUWET
et al., 2016), polares ou capazes de fazer ligação de hidrogênio (PANUWET et al., 2016;
BALSEBRE et al., 2018).
140
Figura 4.4 – Distribuição do efeito matriz (%) para os 6 agrotóxicos em pimentão.
Fonte: Autor (2018).
141
Para Rutkowska, Łozowicka e Kaczyński (2018) a variação do efeito matriz
depende de vários fatores, como as propriedades físico-químicas dos agrotóxicos, a própria
matriz e as interações entre elas. Os agrotóxicos com estruturas polares, por exemplo, grupos
funcionais fosfato, têm maior probabilidade de se ligar e reagir com superfícies de vidro
(liner) e metal (ANASTASSIADES; MAŠTOVSKÁ; LEHOTAY, 2003; KWON et al., 2018;
RUTKOWSKA; ŁOZOWICKA; KACZYŃSKI, 2018) num estado gasoso aquecido, do que
os pesticidas não polares, por exemplo, agrotóxicos clorados (KWON et al., 2018).
Os efeitos de matriz positiva são mais fortes para as moléculas de agrotóxicos
com grupos funcionais específicos, como organofosfato (− P = O) e compostos hidroxi (−
OH) (GIACINTI et al.2017; KWON et al., 2018; BALSEBRE et al., 2018; RUTKOWSKA;
ŁOZOWICKA; KACZYŃSKI, 2018). Porém, diclorvós e etoprofós com um grupo (– P = O)
são mais sensíveis ao efeito matriz negativo (POOLE, 2007; COSTA; CALDAS; PRIMEL,
2014).
Lemos et al. (2015) analisou OFs em pimentão verde por CLAE-EM/EM
(Cromatografia líquida de alta eficiência acoplada ao espectrômetro de massa com triplo
quadrupolo), usando o método QuEChERS-acetato, onde o diclorvós apresentou efeito matriz
de -71,3% e o etoprofós -447,0%. Kemmerich et al. (2015) analisou 81 agrotóxicos em
pimentão (não especifica a cor), por CLUE-EM/EM (Cromatografia líquida de ultra eficiência
acoplada ao espectrômetro de massa com triplo quadrupolo), usando o método QuEChERS-
citrato, em que o etoprofós apresentou efeito matriz com valor positivo (valor não
especificado).
Clorpirifós, disulfotom, fenclorfós e protiofós têm um grupo (– P = S) que não é
tão suscetível ao efeito matriz positivo (POOLE, 2007; COSTA; CALDAS; PRIMEL, 2014).
Apesar disso, o clorpirifós é tipicamente sensível ao efeito matriz positivo (GIACINTI et al.,
2016; GIACINTI et al., 2017). Liu et al. (2016) analisou pimentão verde, por CG-EM, usando
o método QuEChERS com algumas otimizações, onde o clorpirifós apresentou valor de efeito
matriz positivo de 23.
Além disso, a natureza da amostra também pode influenciar a intensidade do
efeito da matriz, pois compostos como lipídios, pigmentos e outros componentes com alta
massa molar podem ainda estar presentes, mesmo após a limpeza da amostra. De acordo com
González-Curbelo et al. (2017) a influência da matriz é tão importante quanto a natureza do
agrotóxico. Tal característica pode ser observada através da Tabela 4.2 ao analisar os dados de
Alcântara et al. (2018), cuja diferença em relação a esta Tese consiste apenas na matriz
142
estudada (sapoti). A Tabela 4.2 evidencia a importância do estudo do efeito matriz, pois ao
comparar os valores, somente o diclorvós apresentou efeito matriz negativo no sapoti, além de
ser um valor maior quando comparado ao encontrado para o pimentão.
Tabela 4.2 – Comparação do efeito matriz (%) para os 6 agrotóxicos em pimentão.
Agrotóxico Esta Tese
(%)
Alcântara et al. (2018) (Sapoti)
(%)
Clorpirifós -65,54 39
Diclorvós -16,58 -59
Dissulfotom -13,26 218
Etoprofós -22,93 204
Fenclorfós -48,92 106
Protiofós -65,31 47
Fonte: Autor (2018).
A supressão do sinal (efeito negativo) com valores entre ± 20% e 0% são
considerados leves, entre ± 50% e ± 20% são médios, enquanto superiores a ± 50% são
classificados como fortes (CAMINO-SÁNCHEZ et al., 2011; LEMOS et al., 2015; LIU et
al., 2016). Neste estudo (CG-EM usando o método QuEChERS-citrato), clorpirifós e
protiofós foram os agrotóxicos que apresentaram efeito matriz forte, já etoprofós e fenclorfós
mostram efeito matriz médio, enquanto diclorvós e dissulfotom apresentaram efeito matriz
leve, mas como os valores estão entre ± 20%, podem ser considerados insignificantes, já que
essa variabilidade está próxima dos valores de CV da repetitividade (FERRER et al., 2011;
LOZANO et al., 2012; WALORCZYK, 2014; SŁOWIK-BOROWIEC, 2015; SANTE, 2017;
RIZZETTI et al., 2016).
Tanto o efeito matriz quanto a recuperação dependem do sistema de detecção
utilizado (ŁOZOWICKA; RUTKOWSKA; JANKOWSKA, 2017). Łozowicka, Rutkowska e
Jankowska (2017) mostraram que na análise em CG, o detector EM/EM apresentou efeitos de
matriz menores, apresentando supressão ou aumento na faixa de −25 a 74%, ao contrário do
μEC/NP (detector de captura de microelétrons acoplado a um detector de nitrogênio-fósforo)
(−45 a 96%).
Segundo Li et al. (2017b) quase todos os co-extrativos causam aumento ou
supressão do sinal, assim, o efeito matriz deve ser considerado para obter resultados
quantitativamente precisos. Diante dos resultados obtidos para o efeito matriz no pimentão, as
143
curvas da calibração combinada à matriz foram usadas para determinar a linearidade, equação
linear, coeficiente de correlação e dados estatísticos são apresentados nos itens 4.4.1 e 4.4.2.
Assim, percebe-se que a análise no CG-EM pode ser influenciada pelas condições
cromatográficas, tipo de equipamento, modo de monitoramento, tipo de matriz, bem como
pelo tipo de agrotóxico em estudo.
4.5 Linearidade
A linearidade foi avaliada usando a curva de calibração combinada à matriz. As
curvas de calibração (y = ax + b) foram calculadas através de regressão linear dos mínimos
quadrados usando as concentrações (eixos x) e áreas dos picos (eixos y) (WU, 2017). A
Tabela 4.3 mostra as curvas de calibração e o coeficiente de correlação dos agrotóxicos. Pode-
se observar que todas as curvas possuem um valor de coeficiente de correlação (R) adequado
de acordo com as diretrizes da ANVISA que preconizam valores acima de 0,99 (ANVISA,
2003), sendo o valor mais baixo de 0,9937 para o protiofós.
Tabela 4.3 – Curvas de calibração e coeficiente de correlação (R) dos agrotóxicos.
Agrotóxico Equação linear Coeficiente de
correlação (R)
Número de
pontos da curva
Faixa de trabalho
(µg.L-1
)
Clorpirifós y =1223,18x – 82544,44 0,9947 6 50 - 1500
Diclorvós y = 1199,92x – 157264,90 0,9959 5 200 - 1500
Dissulfotom y = 2150,75x – 288580,06 0,9946 5 200 - 1500
Etoprofós y = 1380,94x – 164534,18 0,9945 5 200 - 1500
Fenclorfós y = 2209,49x – 189141,57 0,9947 6 100 - 1500
Protiofós y = 1133,06x – 56067,11 0,9937 7 25 - 1500
Fonte: Autor (2018).
Mesmo todos os valores de R estando de acordo com os órgãos reguladores, este
não deve ser o único parâmetro utilizado como critério de aceitação de linearidade da
regressão, pois para um valor R de 0,99, é possível a existência de 2% de erro de ajuste do
modelo. Assim, testes estatísticos foram realizados para verificar a significância da regressão
linear e dos parâmetros da curva (NASCIMENTO et al., 2017; PIMENTEL; NETO, 1995).
144
4.5.1 Teste de validação da análise de regressão linear (significância da regressão)
O F-teste foi aplicado para verificar a veracidade da curva analítica. Esse teste foi
efetuado apenas na curva da matriz, já que esta foi utilizada para a análise dos agrotóxicos nas
amostras reais devido ao fato de ocorrência de efeito matriz. A Tabela 4.4 mostra os valores
referentes ao teste estatístico.
Como o Fcalculado > Ftabelado, existe uma relação linear altamente significante entre
as variáveis x e y para todos os agrotóxicos na matriz do pimentão. Geralmente, quando a
regressão é significante, ocorre um elevado valor de Fcalculado, uma vez que a variação nos
valores de y, decorrentes da relação linear, provavelmente será maior que os resíduos
(somatório dos desvios ou somatório dos erros) (SKOOG et al., 2005).
Tabela 4.4 – Teste de linearidade das curvas analíticas preparadas na matriz, considerando
nível de significância de 95% para o valor de Ftabelado.
Agrotóxico Fcalculado Ftabelado teste-F
Clorpirifós 1223,18 6,39 significante
Diclorvós 1199,92 9,28 significante
Dissulfotom 2150,74 9,28 significante
Etoprofós 1380,94 9,28 significante
Fenclorfós 2209,49 6,39 significante
Protiofós 3549,90 5,05 significante
Fonte: Autor (2018).
4.5.2 Teste de significância dos parâmetros de calibração
Para eliminar os erros quantitativos da curva de calibração é necessário realizar
um ajuste, porque valores negativos para o coeficiente linear (b) geralmente indicam reações
com os analitos (consumo do analito, adsorção em colunas cromatográficas, etc.) e com um
alto valor positivo indicam um processo de contaminação (ruído de fundo, contaminação na
preparação da amostra, etc.). Assim, espera-se que as linhas de regressão obtidas para a curva
de calibração (y = ax + b) passem pela origem (ponto 0,0) (LIGIERO et al., 2009; WANG et
al., 2017; GOMES et al., 2017). Aplicou-se o teste-t para os coeficientes obtidos na curva da
matriz, onde os valores de tcalculado dos parâmetros e o valor crítico tabelado tcrítico, com nível
de confiança de 95%, são apresentados na Tabela 4.5.
145
Tabela 4.5 – Resultados do teste estatístico de significância para os parâmetros da curva de calibração.
Agrotóxico Sa tcalc,a Sb tcalc,b GL tGL;95% teste-t Curva de calibração corrigida
Clorpirifós 63,33 19,30 48697,29 1,70 4 2,78 tcalc,a > tcrítico
tcalc,b < tcrítico y=1223,18x
Diclorvós 62,77 19,10 53278,23 2,95 3 3,18 tcalc,a > tcrítico
tcalc,b < tcrítico y=1199,92x
Dissulfotom 130,20 16,51 110516,17 2,61 3 3,18 tcalc,a > tcrítico
tcalc,b < tcrítico y=2150,75x
Etoprofós 83,63 16,50 70983,74 2,32 3 3,18 tcalc,a > tcrítico
tcalc,b < tcrítico y=1380,94x
Fenclorfós 114,46 19,29 88321,86 2,14 4 2,78 tcalc,a > tcrítico
tcalc,b < tcrítico y=2209,49x
Protiofós 56,00 19,86 40582,25 1,38 5 2,57 tcalc,a > tcrítico
tcalc,b < tcrítico y=1133,06x
Fonte: Autor (2018). tcalc,a: valor de t calculado para o coeficiente angular; tcalc,b: valor de t calculado para o coeficiente linear; GL: grau de liberdade; tGL;95%: teste-t com nível
de confiança de 95%.
146
De acordo com os resultados, os coeficientes lineares não apresentam
significância estatística (tcal, b < tcrítico), e o parâmetro b pode ser excluído da equação (y = ax +
b) para o cálculo das concentrações dos analitos, proporcionando maior confiabilidade dos
resultados (LIGIERO et al., 2009; HARRIS, 2010; GUEDES et al., 2016; GOMES et al.,
2017). Como os resultados da análise estatística de significância dos parâmetros de regressão
mostraram que todas as inclinações são significativas, pois tcalc, a > tcrítico, as equações da curva
que devem ser usadas nos cálculos das concentrações dos analitos são apresentadas na última
coluna da Tabela 4.5.
O teste-t de Student foi utilizado a fim de reduzir erros durante a quantificação
dos resíduos dos agrotóxicos. Assim, as curvas de calibração corrigidas são as que devem ser
usadas para a quantificação dos agrotóxicos nas amostras reais, e assim, evitar erros.
4.6 Limite de Detecção (LD) e Limite de Quantificação (LQ)
O LD é o critério crucial para a aceitação de qualquer método de extração de
resíduos de agrotóxicos (RAI et al., 2016). O LD representa as menores concentrações dos
agrotóxicos no pimentão que o método é capaz de detectar, enquanto o LQ é a menor
concentração que o método é capaz de quantificar com confiabilidade.
Os valores calculados para o LD e LQ de cada agrotóxico na matriz do pimentão
são mostrados na Tabela 4.6. Eles foram convertidos para relação massa/massa (mg.kg-1
) para
possibilitar a comparação com os LMRs da EC.
Tabela 4.6 - Limite de detecção (LD) e limite de quantificação (LQ) para os seis agrotóxicos,
com os respectivos LMRs da EC para o pimentão.
Agrotóxico LD (mg.kg-1
) LQ (mg.kg-1
) aLMRs da EC (mg.Kg
-1)
Clorpirifós 0,003 0,009 0,010
Diclorvós 0,035 0,117 0,010
Dissulfotom 0,039 0,130 0,010
Etoprofós 0,028 0,094 0,050
Fenclorfós 0,008 0,027 0,010
Protiofós 0,002 0,006 0,010
Fonte: Autor (2018). (a) EC (2017)
147
Ao levar em consideração os valores do LMR da EC para o pimentão, o método
poderia ser aplicado na determinação do clorpirifós, etoprofós, fenclorfós e protiofós, uma
vez que tais agrotóxicos apresentaram valores de LD inferiores ao estabelecido, mas somente
poderia ser aplicado na quantificação do clorpirifós e protiofós, pois apresentaram valores de
LQ inferiores ao estabelecido.
Quando uma substância não é autorizada para um determinada cultura a
metodologia analítica empregada deve possuir um Limite Mínimo de Desempenho Requerido
(LMDR) de 0,01 mg.kg-1
, sendo que a tomada de ação é o LQ do método (Lemos et al., 2015;
BRASIL, 2016), onde novamente analisando o LQ, clorpirifós e protiofós foram os
agrotóxicos que apresentaram valores abaixo do estabelecido, podendo-se empregar o método
na determinação de resíduos desses agrotóxicos não permitidos para essa cultura.
Como mostra o Quadro 2.2, nenhum dos agrotóxicos analisados nesta Tese é
autorizado para ser usado na cultura de pimentão no Brasil, mas como eles ainda são
autorizados para outros tipos de culturas, o uso inadequado ainda é persistente, trazendo
sérios problemas para o meio ambiente e para a saúde humana. Ao analisar a Tabela 2.1, é
possível notar que em relação à saúde humana eles são extremamente tóxicos (dissulfotom e
etoprofós), altamente tóxicos (clorpirifós, diclorfós e protiofós) ou medianamente tóxico
(fenclorfós). O Quadro 2.1 mostra que para o meio ambiente eles podem ser altamente
perigosos (dissulfotom e etoprofós), muito perigosos (clorpirifós, diclorfós e protiofós) ou
perigoso (fenclorfós). Köhler e Triebskorn (2013) relataram que os agrotóxicos OFs causam
sérios problemas quando entram em contato com os animais através do meio ambiente.
A tabela 4.7 apresenta alguns artigos publicados que analisaram um ou mais dos
agrotóxicos estudados nesta Tese. Deve ser ressaltado que os valores de LD e LQ dependem
da instrumentação e das condições analíticas utilizadas (LORENZ et al., 2014). As análises de
pimentão verde feitas por Lemos et al. (2015) foram em CLAE-EM/EM usando o método
QuEChERS-acetato. Kemmerich et al. (2015) analisou pimentão (não especifica a cor) por
CLUE-EM/EM, usando o método QuEChERS-citrato. Liu et al. (2016) analisou pimentão
verde, por CG-EM, usando o método QuEChERS com algumas otimizações. Golge, Hepsag e
Kabak (2018) analisaram pimentão verde por CL-EM/EM (Cromatografia líquida acoplada ao
espectrômetro de massa com triplo quadrupolo), usando o método QuEChERS-acetato.
148
Tabela 4.7 – Artigos publicados que analisaram um ou mais dos agrotóxicos estudados nesta Tese.
Agrotóxico
Esta Tese (2018)
(pimentão verde)
Lemos et al. (2015)
(pimentão)
Kemmerich et al. (2015)
(pimentão)
Liu et al. (2016)
(pimentão)
Golge, Hepsag e Kabak (2018)
(pimentão verde)
LD
(mg.kg-1
)
LQ
(mg.kg-1
)
LD
(mg.kg-1
)
LQ
(mg.kg-1
)
LD
(mg.kg-1
)
LQ
(mg.kg-1
)
LD
(mg.kg-1
)
LQ
(mg.kg-1
)
LD
(mg.kg-1
)
LQ
(mg.kg-1
)
Clorpirifós 0,003 0,009 - - - - * 0,01 0,002 0,008
Diclorvós 0,035 0,117 1,05 x 10-3
2,11 x 10-3
- - - - 0,001 0,004
Dissulfotom 0,039 0,130 - - - - - - - -
Etoprofós 0,028 0,094 1,43 x 10-3
2,86 x 10-3
1,43 x 10-3
2,86 x 10-3
- - - -
Fenclorfós 0,008 0,027 - - - - - - - -
Protiofós 0,002 0,006 - - - - - - 0,003 0,011
Fonte: Autor (2018). (*) não especificado, (-) não analisado.
149
Ao comparar os valores de LD e LQ obtidos nesta Tese com os de outros
trabalhos, nos quais todos utilizaram o método QuEChERS no preparo das amostras, é notório
que a cromatografia líquida possui valores menores, o que não desmerece o uso da CG-EM,
visto que cada técnica possui seu valor agregado ao equipamento utilizado. O valor de LD
encontrado para o protiofós nesta Tese é menor do que o obtido no trabalho de Golge, Hepsag
e Kabak (2018), que usou CL-EM/EM, sendo que o LQ é ainda menor.
Apesar de Liu et al. (2016) ter analisado somente um dos agrotóxicos estudados
nesta Tese, no caso, o clorpirifós, percebe-se que o método aqui validado possui um LQ
próximo ao relatado por tal literatura, que usou a CG-EM.
4.7 Exatidão e Precisão
O processo de fortificação procura simular condições reais, não interferindo
significativamente nas interações que ocorrem na própria amostra, mas isso nem sempre é
possível, visto que a solução de fortificação é preparada com solventes orgânicos, geralmente
não presentes na matriz, tentando usar volume reduzido de solução de fortificação e condições
que alterem o mínimo possível a amostra (BRITO et al., 2003).
Para evitar erros quantitativos, a calibração combinada à matriz foi utilizada para
calcular as recuperações dos analitos (HE et al., 2015). Foram estudados três níveis de
fortificação e, para cada nível foram feitas triplicatas. A Tabela 4.8 mostra os agrotóxicos
estudados em termos de recuperação média (%) e precisão de cada agrotóxico com o
respectivo desvio padrão relativo DPR (%).
De acordo com os critérios estabelecidos por SANTE (2017), os valores de
porcentagem de recuperação variando entre 70 - 120% com uma repetibilidade associada
DPR ≤ 20% são considerados satisfatórios para métodos multirresíduos, mas um intervalo de
padrão prático de 60 - 140% pode ser usado para recuperações individuais em análises de
rotina. É importante considerar que a precisão depende do nível de concentração do analito na
amostra; e intervalos mais altos de porcentagens de recuperação podem ser aceitos (50 a
120% com uma precisão de ± 15%) nos casos em que o analito está em níveis residuais ou há
uma matriz complexa (RIBANI et al., 2004). A recuperação média (%) nas amostras de
pimentão variou de 36,73 a 153,99 %, com DPR (%) variando de 0,08 a 13,47%. Por se tratar
de uma amostra complexa e resíduos de agrotóxicos, tais valores são aceitáveis.
150
Tabela 4.8 - Exatidão em termos de recuperação com desvio padrão relativo (DPR) e repetitividade da precisão instrumental em termos do
coeficiente de variação (CV).
Agrotóxico
0,11 (mg.kg-1
) 0,15 (mg.kg-1
) 0,25 (mg.kg-1
)
Precisão
(CV/%) Recuperação
Média (%) DPR (%)
Recuperação
Média (%) DPR (%)
Recuperação
Média (%) DPR (%)
Clorpirifós 105,90 1,17 69,98 0,89 50,20 3,26 7,02
Diclorvós 133,13 1,95 131,36 2,41 81,55 13,47 9,35
Dissulfotom 153,99 3,41 119,95 7,13 84,41 5,28 16,84
Etoprofós 152,39 3,03 125,20 0,08 81,17 3,33 10,94
Fencorfós 99,91 1,82 76,14 0,99 53,04 5,64 5,63
Protiofós 64,16 1,29 50,99 1,35 36,73 3,63 8,05
Fonte: Autor (2018).
151
Pode existir uma diferença substancial nas recuperações a altas e baixas
concentrações, onde na maioria das vezes a dispersão dos resultados costuma aumentar com a
diminuição da concentração do analito (RIBANI et al., 2004), onde houve um aumento das
recuperações em relação a diminuição da concentração de fortificação, sendo que a
porcentagem de recuperação foi melhor na menor concentração (0,15 mg.kg-1
). Savant et al.
(2010) analisou uva e manga através de CG-EM/EM, cujo método de extração foi realizado
com etil acetado com limpeza das amostras com d-SPE (extração em fase sólida dispersiva), o
agrotóxico diclorvós também apresentou diminuição da recuperação com o aumento da
fortificação.
Para Poole (2007), tanto a quantidade como o tipo de matriz afetam a
recuperação, e mesmo as tendências gerais permanecendo verdadeiras, os agrotóxicos
individuais podem mostrar aumentos divergentes na recuperação com as mesmas condições
instrumentais. Sapahin, Makahleh e Saad (2015) investigaram o efeito de diferentes pesos da
amostra (0,5, 1,0, 2,0 e 3,0 g) nas recuperações, onde as recuperações aumentaram à medida
que a massa da amostra diminuiu, sendo que as melhores recuperações foram obtidas quando
foi utilizada 0,5 g de amostra. Neste trabalho foram utilizadas 10g de amostra. Para Sun
(2010), a recuperação incomum (muito alta / baixa) está frequentemente relacionada
diretamente à instabilidade dos analitos. A diminuição na recuperação com o aumento do
nível de fortificação pode estar relacionada à perda do analito, uma vez que as amostras de
maior fortificação são analisadas posteriormente.
Segundo Sousa et al. (2013) as taxas de recuperação aparentemente mais elevadas
podem ser observadas em análises de agrotóxicos mais polares. Tuzimski e Rejczak (2016)
obtiveram valores médios mais baixos de recuperação para alguns agrotóxicos apolares, como
por exemplo, bromopropilato, com valor de Kow = 2,51 x 105. Ao observar a polaridade (Kow)
na Tabela 2.3, o diclorvós é o agrotóxico mais polar seguido por etoprofós, dissulfotom,
clorpirifós, fenclorfós e protiofós. Os valores de recuperação realmente foram maiores para os
agrotóxicos mais polares, sendo exceção somente o diclorvós para tal acaracterística, onde o
mesmo deveria apresentar o maior valor de recuperação, como mostra a Tabela 4.8.
Sapahin, Makahleh e Saad (2015) também sugerem que baixas recuperações
podem estar relacionadas à baixa polaridade dos agrotóxicos, e também provavelmente
devido ao alto peso molecular, dificultando a extração no processo de fortificação em
amostras reais. Ao observar o peso molecular na Tabela 2.2, o diclorvós é o agrotóxico que
possui menor peso molecular, seguido por etoprofós, dissulfotom, fenclorfós e protiofós e
152
clorpirifós. Na Tabela 4.8 é possível observar que diclorvós e protiofós não se encaixaram
com este aspecto.
Em métodos de análise de traços ou impurezas, a precisão em termos de CV de
até 20% é aceitável, dependendo da complexidade da amostra (RIBANI et al., 2004; SANTE,
2017). Morais, Collins e Jardim (2018) estudaram alguns fatores que podem influenciar na
recuperação de agrotóxicos em pimentão verde, usando o método QuEChERS-citrato com
algumas modificações no preparo das amostras, onde o GCB influenciou positivamente a
limpeza dos extratos, o que minimizou os efeitos da matriz, proporcionando coeficientes de
variação inferiores a 20% para todos os pesticidas estudados. Os resultados para a precisão
dos agrotóxicos no pimentão apresentaram valores inferiores a 20%, mostrando que o método
proposto é preciso.
4.8 Análises qualitativas e quantitativas de amostras de pimentão da cidade de
Fortaleza-CE
O método desenvolvido foi aplicado na análise de amostras de pimentão (orgânico
e não orgânico) de diferentes supermercados de Fortaleza – CE, como descrito no item 4.6, a
fim de monitorar clorpirifós e protiofós. O método QuEChERS/CG-EM foi aplicado em 7
amostras orgânicas (todas verdes) e 18 não-orgânicas (6 verdes, 6 vermelhas e 6 amarelas).
Das amostras analisadas apenas uma não orgânica verde (NP1) apresentou
contaminação pelo clorpirifós. A Figura 4.5 (a) apresenta o CIE da mostra NP1, indicando a
presença do clorpirifós, onde a Figura 4.5 (b) apresenta de forma mais evidente a presença
desse agrotóxico, enquanto a Figura 4.5 (c) mostra o espectro de massa referente ao
clorpirifós, confirmando a existência do mesmo na amostra analisada.
O valor encontrado na amostra de pimentão contaminada com clorpirifós foi de
0,177 mg.Kg-1
, correspondendo à um valor 17,7 vezes maior do que o LMRs permitido para
cultura do pimentão pela EC (0,010 mg.kg-1
), como mostrado na Tabela 4.6. O clorpirifós é
um dos agrotóxicos que é frequentemente utilizado no cultivo de frutas e vegetais, sem
necessariamente ser autorizados para uso em algumas culturas (LORENZ et al., 2014). Esse
agrotóxico é comumente detectado em análises de alimentos in natura (BRASIL, 2010;
BRASIL, 2013; GUEDES et al., 2016; CHOWDHURY et al., 2013; QUIJANO et al., 2016;
BLANKSON et al., 2016; ANVISA, 2017), principalmente em pimentão (BRASIL, 2011;
BRASIL, 2013; ANVISA, 2017).
153
Figura 4.5 – (a) Cromatograma de IE da amostra NP1, (b) Zoom do cromatograma de IE da
amostra NP1 (c) Espectro de massa do clorpirifós.
Fonte: Autor (2018).
Na Tabela 4.9 são apresentados os valores do IDA para os agrotóxicos escolhidos
para estudo, bem como suas respectivas agências reguladoras. A EC apresenta os valores mais
restritivos para o clorpirifós, a EPA é a única que possui valor de IDA para o protiofós.
Tabela 4.9 Valores do IDA e suas respectivas agências reguladoras.
Agrotóxico ANVISA
(mg.kg-1
p.c/dia)
Codex Alimentarius
(mg.kg-1
p.c/dia)
EC
(mg.kg-1
p.c/dia)
EPA
(mg.kg-1
p.c/dia)
Clorpirifós 0,0100 0,0100 0,0010 0,0030
Diclorvós - 0,0040 0,00008
Dissulfotom 0,0003 0,0003 - 0,0010
Etoprofós 0,0004 0,0004 0,0004 0,0003
Fenclorfós - - -
Protiofós - - - 0,0001
Fonte: CODEX ALIMENTARIUS (2016), EPA (2016), ANVISA (2017), EC (2017).
p.c: peso corpóreo.
154
A amostra contaminada pesava 0,19 kg, onde ao fazer uma simples regra de três
com o valor encontrado, o mesmo equivale a uma contaminação de 0,034 mg de clorpirifós.
Analisando o IDA do clorpirifós de acordo com a EC (0,001 mg.kg-1
p.c/dia) na Tabela 4.9,
que é a mais restritiva para tal agrotóxico, novamente usando a regra de três, uma pessoa que
pesa 30 kg (por exemplo, uma criança) pode ingerir até 0,030 mg deste agrotóxico por dia. Ao
usar o valor estabelecido pela ANVISA (0,01 mg.kg-1
p.c/dia), que é similar ao do Codex
Alimentarius, o valor da ingestão diária do clorpirifós aumenta para 0,30 mg.
Considerando que um agrotóxico, mesmo em quantidades traço, como já
mencionado várias vezes no decorrer da Tese, pode trazer graves problemas para a saúde
humana, o interessante é tomar como base os valores estabelecidos pela EC, que até mesmo
possui valores de LMRs para cultura do pimentão. Assim, uma criança que pesa 30 kg, já
atingiria quase que totalmente o valor estabelecido para ingestão diária do clorpirifós, caso
comesse estes 0,19 kg de pimentão. Lembrando que a mesma criança poderia estar passando
desse valor, se a mesma comesse, por exemplo, batata no mesmo dia, visto que tal cultura usa
de forma autorizada o clorpirifós, como apresentado no Quadro 2.2.
O efeito tóxico do clorpirifós pode ser potencializado em vista da exposição
simultânea de resíduos de agrotóxicos que possuem o mesmo mecanismo de ação tóxica,
sendo preciso levar em consideração a exposição a múltiplos resíduos de agrotóxicos
presentes nos diferentes alimentos ingeridos em uma refeição, durante o dia ou ao longo da
vida, como já vem sendo desenvolvido na Europa (ANVISA, 2016). Assim, é recomendado
optar por alimentos rotulados com identificação do produtor, o que pode facilitar o
compromisso dos produtores em relação à qualidade dos seus produtos e à adoção de BPA
(ANVISA, 2014, 2013).
Um dos problemas do uso indiscriminado e ilegal de um ou mais agrotóxicos em
culturas para as quais eles não estão autorizados é o aumento do risco dietético para os
consumidores que ingerem o alimento contaminado, onde o próprio trabalhador pode estar
incluso, visto que esse uso não é levado em consideração no cálculo do IDA e que este risco
se agrava à medida que o agrotóxico é identificado em um maior número de alimentos
comercializados (ANVISA, 2011).
As altas concentrações de agrotóxicos acima LMRs podem comprometer a saúde
do consumidor se forem superiores ao limite de segurança, ou seja, o IDA (DOMÉNECH;
MARTORELL, 2017). A ingestão alimentar representa a principal fonte de exposição de
agrotóxicos em bebês e crianças, podendo ser responsável pelo aumento dos riscos para a
155
saúde em comparação com adultos (LU et al., 2010), pois consomem relativamente mais por
Kg de peso corporal em relação aos adultos (GOLGE; KABAK, 2015b).
O clorpirifós é um ingrediente ativo bastante conhecido na agricultura devido a
seu amplo espectro de atuação (inseticida, formicida e acaricida), sendo indicado pelas
legislações para aplicações em diversas culturas (UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE
DATABASE, 2016; SHUKLA et al., 2016). De acordo com os PARA de 2013 e 2014, a
presença de agrotóxicos não autorizados, em parte, pode ser explicada pelo fato de haver
poucas demandas de registro pelas empresas de agrotóxicos para culturas consideradas de
baixo retorno econômico (ANVISA, 2014, 2013). Às vezes, os resíduos detectados não
obrigatoriamente são provenientes do uso deliberado do agrotóxico, podendo ser resultante de
contaminações ambientais, tais como: deriva de pulverização no campo, plantio de culturas
em áreas tratadas anteriormente com agrotóxicos, transferência de resíduos de fungicidas pós-
colheita ou reguladores de crescimento aplicados em outras culturas alocadas no mesmo local
de armazenamento, entre outras possibilidades (USDA, 2016; ANVISA, 2016).
156
5 CONCLUSÃO
As condições cromatográficas otimizadas na CG-EM demonstraram ser
satisfatórias na separação dos agrotóxicos (com boa resolução) em um tempo de corrida
menor que 15 minutos. Nessas condições, o método mostrou-se seletivo e sensível quando
utilizado o recurso do CIE para os agrotóxicos em estudo.
O métdo QuEChERS-citrato ajuda a manter um maior tempo de vida tanto do
liner quanto da coluna, pois gera um extrato limpo. Para este estudo, todos os agrotóxicos
mostraram a supressão do sinal induzida pela matriz, onde o efeito matriz foi mais
significativo (> 20%) para quatro agrotóxicos: clorpirifós (-65,54), protiofós (-65,31),
fenclorfós (-48,92) e etoprofós (-22,93). O efeito matriz mostrou-se depende da natureza da
matriz, onde os resultados indicaram que o grau de supressão do sinal variou com o tipo de
agrotóxico.
Cada agrotóxico exibiu boa linearidade no intervalo de concentração estudado,
com valores de R maiores que 0,99, onde os testes estatísticos mostraram um bom ajuste
linear entre os pontos da curva na matriz, sendo que os coeficientes lineares não apresentaram
significância estatística. Os agrotóxicos protiofós e o clorpirifós mostraram-se os mais
sensíveis para o método proposto, apresentando os mais baixos valores de LQ, que também
foram os únicos que tiveram valores abaixo do LMR da EC.
Houve uma diminuição das recuperações em relação ao aumento da concentração
de fortificação, sendo encontrados melhores valores de recuperação na menor concentração de
0,11 mg.kg-1
para o clorpirifós, fenclorfós e protiofós, enquanto para o diclorvós, dissulfotom
e etoprofós foi na concentração de 0,15 mg.kg-1
. O método desenvolvido para a análise de seis
agrotóxicos OFs em amostras de pimentão (orgânico e não orgânico) mostrou-se eficiente
para análise de clorpirifós e protiofós.
Apenas uma das amostras não orgânicas apresentou contaminação (NP1), mas é
aconselhável realizar estudos de monitoramento da exposição aos agrotóxicos na população
brasileira, principalmente quanto às implicações toxicológicas, e considerando os grupos mais
vulneráveis. O monitoramento pelas agências brasileiras está dando resultado, razão pela qual
a contaminação vem diminuindo e que apenas uma amostra foi irregular. No entanto, este
composto não deve estar presente, uma vez que não é permitido o uso na cultura do pimentão,
implicando tanto na contaminação dos consumidores quanto do meio ambiente.
157
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184
ANEXO A – PUBLICAÇÃO DE CAPÍTULO DE LIVRO
185
ANEXO B – PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS