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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
DDAARRLLEENNEE PPIINNHHOO FFEERRNNAANNDDEESS
AALLCCOOHHOOLL UUSSEE DDIISSOORRDDEERR IIDDEENNTTIIFFIICCAATTIIOONN TTEESSTT ((AAUUDDIITT))::
EEVVIIDDÊÊNNCCIIAASS DDEE SSUUAA VVAALLIIDDAADDEE FFAATTOORRIIAALL EE CCOONNSSIISSTTÊÊNNCCIIAA IINNTTEERRNNAA
FORTALEZA
2011
DDAARRLLEENNEE PPIINNHHOO FFEERRNNAANNDDEESS
AALLCCOOHHOOLL UUSSEE DDIISSOORRDDEERR IIDDEENNTTIIFFIICCAATTIIOONN TTEESSTT ((AAUUDDIITT))::
EEVVIIDDÊÊNNCCIIAASS DDEE SSUUAA VVAALLIIDDAADDEE FFAATTOORRIIAALL EE CCOONNSSIISSTTÊÊNNCCIIAA IINNTTEERRNNAA
Monografia apresentada ao Curso de Psicologia da
Universidade Federal do Ceará como requisito para
aprovação na Disciplina de Monografia em Psicologia.
Orientador:
Prof. Dr.Walberto Silva Santos
FORTALEZA
2011
DDAARRLLEENNEE PPIINNHHOO FFEERRNNAANNDDEESS
AALLCCOOHHOOLL UUSSEE DDIISSOORRDDEERR IIDDEENNTTIIFFIICCAATTIIOONN TTEESSTT ((AAUUDDIITT))::
EEVVIIDDÊÊNNCCIIAASS DDEE SSUUAA VVAALLIIDDAADDEE FFAATTOORRIIAALL EE CCOONNSSIISSTTÊÊNNCCIIAA IINNTTEERRNNAA
Monografia apresentada a Curso de Psicologia da
Universidade Federal do Ceará como requisito para
aprovação na Disciplina de Monografia em Psicologia.
Aprovada em 22/06/2011
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Prof. Dr. Walberto Silva dos Santos (Orientador)
Universidade Federal do Ceará-UFC
___________________________________________
Prof. Dr. Luciana Maria Maia Viana
Universidade de Fortaleza-UNIFOR
___________________________________________
Prof. Ms. Andréa Carla Cordeiro
Universidade Federal do Ceará-UFC
Ao Laboratório Cearense de Psicometria (LACEP).
AGRADECIMENTOS
Agradecer não é uma tarefa fácil. Não são poucos os que participam direta e /ou
indiretamente na construção de um sonho, logo são muitos os que precisam ser lembrados.
Deste modo, há sempre o medo de que algum nome não seja mencionado, razão que me leva a
desde já me desculpar se cometi tal ato.
Primeiramente, agradeço a Deus, por me disponibilizar as oportunidades que tive até o
presente e por me conceder forças para enfrentar os desafios que foram aparecendo.
É indiscutível minha gratidão ao meu orientador, Prof. Dr. Walberto Santos, pela
dedicação e pela oportunidade de realizar este trabalho, incentivando e contribuindo, de
maneira significativa, nos meus sonhos acadêmicos.
A todos os colegas e integrantes do Laboratório Cearense de Psicometria. Sem eles
não seria possível a realização deste sonho. Afinal, uma monografia, apesar de figurar um
único autor, sabe-se que é um resultado da participação e dedicação de um grupo de pessoas.
Deste modo, agradeço a cada um dos que fizeram parte desta equipe: Alex Grangeiro,
Emanuela Possidônio, Eva Cristino, Eduardo Quezado, Guilherme Lopes, Hermírio Moraes,
Sarah Stella Bomfim e Thicianne Malheiros.
Agradeço aos integrantes da banca avaliadora, Prof (a) Dr(a). Luciana Maria Maia e
Prof.(a) Ms. Andréa Carla Cordeiro, pela disponibilidade em ler e contribuir com esta
monografia.
Agradeço às minhas amigas e companheiras de faculdade, Elinalda Brito, Milena
Rachel e Natália Lourinho, que sempre estiveram comigo durante a graduação,
compartilhando sonhos, alegrias e trabalhos.
Agradeço aos meus pais por seu apoio incondicional em todos os momentos de minha
vida; Ao meu amigo e namorado, Luís Flávio, por me escutar e me aconselhar nos meus
momentos de angústia acadêmica; e a todos os meus familiares, que, de seu modo, sempre
torceram por mim.
E, por fim, não poderia, também, deixar de agradecer a você leitor, por seu interesse
em entender e fazer Ciência.
“Dado que o homem é o único animal que
bebe sem sede, convém que o faça com
discernimento."
(L. Farnoux-Reynaud)
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo conhecer evidências de validade e precisão do Alcohol
Use Disorder Identification Test (AUDIT). Especificamente, pretendeu-se verificar a
qualidade psicométrica do instrumento, identificando sua estrutura fatorial, observando seus
índices de consistência interna, precisão teste-reteste e sua validade convergente com
instrumentos correlatos. Para isto, efetuaram-se dois estudos específicos: o Estudo I, que
procurou realizar análises exploratórias e avaliar a consistência interna e precisão teste-
reteste da medida; e o Estudo II, que buscou efetuar análises fatoriais confirmatórias,
comparando distintos modelos propostos na literatura, além de verificar a validade
convergente e de critério do instrumento. No Estudo I, participaram 255 estudantes
universitários da cidade de Fortaleza – CE, a maioria do sexo masculino (51,6%), solteira
(94,1%) e da religião católica (59,7%). Desse total, voltaram a participar no reteste, após,
aproximadamente, 45 dias, 21 estudantes com idades variando entre 18 e 23 anos (m = 19,8
dp = 1,47). No Estudo II, contou-se com uma amostra de 388 voluntários da população geral
da cidade de Fortaleza – CE, com idade variando entre 18 e 78 anos (m= 27,7 anos; dp =
10,4), a maioria católica (56,3%), do sexo feminino (52,2%) e solteira (74,2 %). Os
participantes responderam ao Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT), ao Cut
down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire (CAGE) e a Escala de atitudes frente ao
uso de álcool, além de perguntas sóciobiodemográficas. Os resultados do primeiro estudo
apoiaram a adequação psicométrica deste instrumento e as análises fatoriais exploratórias
apontaram uma estrutura de três (Critério de Kaiser) e de um fator (Critério de Cattell e
Horn). No segundo estudo, para dirimir possíveis dúvidas acerca das estruturas encontradas,
foram realizadas análise fatoriais confirmatórias, em que se observou o modelo de três fatores
como o mais aceitável. Neste mesmo estudo, também foi realizada uma validade convergente
e de critério, em que o AUDIT se correlacionou positivamente com as pontuações dos
participantes no CAGE, diferenciando significativamente os bebedores-problemas dos demais
respondentes, e se correlacionou negativamente com a Escala de Atitudes frente Uso de
Álcool. Estes resultados foram discutidos à luz da literatura e pesquisas futuras foram
sugeridas.
Palavras-Chaves: AUDIT. Medida. Validade. Precisão.
ABSTRACT
This study aimed to know about the evidences of validity and accuracy from Alcohol Use
Disorder Identification Test (AUDIT). Specifically, we intend to verify the psychometric
quality, identifying its factor structure, observing its internal consistency, accuracy of test-
retest and convergent validity with related instruments. For this, two specific studies were
performed: the Study I, which tried to make an exploratory analysis and examine the internal
consistency and the accuracy of test-retest on the measure; and Study II, which sought
to perform confirmatory factor analysis, comparing different models proposed in the
literature, and to identify convergent and criterion validity of the instrument. In the Study I,
255 university students, from Fortaleza-CE, participated. Most of them was male (51,6%),
single (94,1%) and from the catholic religion (59,7%). This total, 21 students, aged 18-
23 (mean age = 19,8; SD = 1,47), returned to participate in the retest, after approximately 45
days. In the Study II, we could count with a sample of 388 volunteers from the population of
Fortaleza-CE, aged 18-78 (mean age = 27,7 years; SD = 10,4), most of them was catholic
(56,3%), female (52,2%) and single (74,2%). The participants answered to the Alcohol Use
Disorder Identification Test (AUDIT), to the Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener
Questionnaire (CAGE) and the Scale of Attitudes toward Alcohol Use, and socio-
biodemographic questions. Results of the first study confirmed the psychometric adequacy of
this instrument, and the exploratory factor analysis pointed structures of three (Kaiser‟s
Criterion) and one factor (Cattell and Horn‟s Criterion). In the second study, to resolve any
doubts about the found structures were conducted confirmatory factor analysis,
which showed the three factor model as the most acceptable. In this same study, convergent
and criterion validity was also conducted, where AUDIT was positively correlated
with the scores of the participants in the CAGE, significantly differentiating problem-drinkers
from other respondents, and was negatively correlated with the Scale of Attitudes
toward Alcohol Use. These results were discussed based on literature and future researches
were suggested.
Keywords: AUDIT. Measure. Validity. Accuracy.
Lista de Tabelas
Tabela 1. Poder discriminativo, correlação item-total e precisão dos itens do AUDIT. .. 41
Tabela 2. Análise paralela para os itens do AUDIT (n=255). ............................................. 43
Tabela 3. Estrutura Componencial do AUDIT .................................................................... 44
Tabela 4. Comparação de diferentes modelos fatoriais do AUDIT. .................................. 51
Tabela 5. Correlação de Spearman entre AUDIT, CAGE e Atitudes Frente ao Uso de
Álcool. ...................................................................................................................................... 53
Lista de Figuras
Figura 1. Representação Gráfica dos valores próprios (Critério de Cattell) .................... 43
Figura 2. Estrutura Fatorial do Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT). ..... 52
SUMÁRIO
11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO .................................................................................................................. 11
22.. MMAARRCCOO TTEEÓÓRRIICCOO ........................................................................................................... 17
2.1 Padrões de Consumo de Álcool ....................................................................................... 18
2.2. Avaliação do Consumo Abusivo de Álcool .................................................................... 22
2.3. Medidas de Triagem do Consumo Abusivo do Álcool ................................................. 25
2.3.1 CAGE - Cutdown/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire ................................. 27
2.3.2 DUSI - Drug Use Screening Inventory .......................................................................... 28
2.3.3 T-ACE - Tolerance, Annoyed, Cutdown e Eye-opener ................................................. 29
2.3.4 SMAST - Short Michigan Alcoholism Screening Test ................................................. 30
2.3.5 SAAST - Self-Administered Alcoholism Screening Test ............................................... 30
2.4 Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) ....................................................... 32
33.. EESSTTUUDDOO II –– AALLCCOOHHOOLL UUSSEE DDIISSOORRDDEERR IIDDEENNTTIIFFIICCAATTIIOONN TTEESSTT ((AAUUDDIITT))::
EEXXPPLLOORRAANNDDOO SSEEUUSS PPAARRÂÂMMEETTRROOSS PPSSIICCOOMMÉÉTTRRIICCOOSS .......................................... 37
3.1. Método .............................................................................................................................. 38
3.1.1. Amostra .......................................................................................................................... 38
3.1.2. Instrumentos .................................................................................................................. 38
3.1.3. Procedimento ................................................................................................................. 39
3.1.4. Análise Dos Dados ......................................................................................................... 40
3.2. Resultados ........................................................................................................................ 41
3.3. Discussão .......................................................................................................................... 45
44.. EESSTTUUDDOO IIII –– AAUUDDIITT:: AANNÁÁLLIISSEE FFAATTOORRIIAALL CCOONNFFIIRRMMAATTÓÓRRIIAA EE VVAALLIIDDAADDEE
CCOONNVVEERRGGEENNTTEE EE DDEE CCRRIITTÉÉRRIIOO ................................................................................... 47
4.1. Método .............................................................................................................................. 48
4.1.1. Amostra .......................................................................................................................... 48
4.1.2. Instrumento .................................................................................................................... 48
4.1.3. Procedimento ................................................................................................................. 49
4.1.4. Análise Dos Dados ......................................................................................................... 49
4.2. Resultados ........................................................................................................................ 50
4.3. Discussão .......................................................................................................................... 54
55.. DDIISSCCUUSSSSÃÃOO GGEERRAALL EE CCOONNCCLLUUSSÃÃOO .......................................................................... 56
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 59
ANEXOS ................................................................................................................................. 77
11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO
12
O álcool está presente, direta ou indiretamente, em nossas vidas, seja em propagandas,
nos noticiários de televisão, na Internet, em outdoors da cidade, em conversas com familiares,
vizinhos e/ ou colegas. Todos, algum dia na vida, presenciaram alguma situação que
envolvesse a temática da bebida alcoólica; seja durante uma festividade em que, alegres e
satisfeitos, bebiam para comemorar uma data importante, seja em um enterro, em que tristes e
inconformados, parentes choravam a perda do ente querido que dirigiu alcoolizado. Mas,
enfim, que substância tão popular é essa? O que é o Álcool? Qual a incidência do consumo
desta substância no Mundo, na América Latina, no Brasil, no Nordeste e, mais precisamente,
no Ceará? Quais as consequências de seu consumo abusivo? Qual a importância de se estudar
medidas que identifiquem problemas relacionados ao Álcool? Estas e outras perguntas, ao
longo deste estudo, tentarão ser respondidas.
O etanol, também chamado de álcool etílico ou simplesmente álcool, está
presente, em maior ou menor quantidade, em diversas bebidas consumidas em todo o mundo,
a exemplo da cerveja, da cachaça, do conhaque, do vinho e do uísque. Tal substância é
produzida pela fermentação ou destilação de vegetais como a cana-de-açúcar, frutas e grãos.
Registros arqueológicos revelam que os primeiros indícios sobre o consumo de álcool pelo ser
humano datam de aproximadamente 6000 anos a.C., sendo, portanto, um costume antigo que
tem persistido por todos esses anos. Aponta-se ainda que, a partir de um processo de
fermentação natural, o ser humano passou não só a consumir, mas a atribuir diferentes
significados ao uso do álcool. Com efeito, culturas antigas como a celta, a grega, a romana, a
egípcia e a babilônica relatam, de alguma maneira, suas formas de consumo e produção de
bebidas alcoólicas (VAILLANT, 1995; VIALA-ARTIGUES, MECHETTI, 2003).
Atualmente, levantamentos epidemiológicos revelam o álcool como o
psicotrópico mais utilizado em todo o mundo (BARROSO; MENDES; BARBOSA, 2009;
BEGUÈ; ROCHÉ, 2009; LIMA et al., 2008). A prevalência do consumo desta substância tem
aumentando, principalmente, nos países considerados em desenvolvimento. Na América
Latina, estudos mais recentes demonstram que o consumo de álcool e os padrões de ingestão
nas Américas já se encontram em níveis prejudiciais, visto que esta região vem superando as
médias globais para muitos problemas relacionados com o álcool, como os transtornos
provocados pelo seu uso e a carga de morbidade relacionada a esse consumo (MONTEIRO,
2007).
No Brasil, dentre os diversos problemas de saúde pública existentes, pode-se dizer
que o mais grave é o consumo abusivo de álcool (FACCIO, 2008; GALASSI et al, 2008;
MELONI; LARANJEIRA, 2004). Dados do I Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool,
13
Tabaco e Outras Drogas entre Universitários, realizado pela Secretaria Nacional de Políticas
Sobre Drogas (SENAD), em 27 Capitais Brasileiras, apresentou um retrato do consumo de
álcool, tabaco e outras drogas. O estudo constatou que aproximadamente metade dos 18.000
universitários brasileiros pesquisados já fez uso de alguma substância ilícita e que 80% dos
entrevistados que se declararam menores de 18 anos afirmaram já ter consumido algum tipo
de bebida alcoólica (BRASIL, 2010).
Coadunando esta estimativa, o II Levantamento domiciliar sobre o Uso de Drogas
no Brasil, organizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas-
CEBRID, encontrou que o uso de álcool na vida, nas 108 maiores cidades do País, foi de
74,6%. O menor uso de álcool ocorreu na região Norte (53,9%) e o maior no Sudeste (80,4%).
Apesar destes percentuais se vincularem à baixa frequência de consumo (uma vez na vida),
deve-se ressaltar que, no Brasil, a estimativa de dependentes de Álcool foi de 12,3%, sendo os
dados para o Nordeste próximos de 14% (CARLINI et al, 2006). Em um estudo realizado por
Bastos, Bertoni e Hacker (2008), por exemplo, observou-se que 28,4% das pessoas que fazem
uso regular de álcool se encontram no Centro-Oeste, 18,8% na região Nordeste, e 18% na
Sudeste. Nas regiões Sul e Norte, a proporção de indivíduos que referiram fazer uso regular
de bebidas alcoólicas correspondeu a 13,7% e 13,8%, respectivamente.
Como se verifica, no Brasil, as regiões Centro-oeste e Nordeste apresentam níveis
de consumo que, quando comparados aos das demais regiões do país, podem ser considerados
ainda mais preocupantes. Observando os dados epidemiológicos referentes ao consumo de
álcool no Estado do Ceará, por exemplo, os índices existentes sobre o consumo desta
substância merecem destaque. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto da
Juventude Contemporânea (2007) em parceria com Prefeitura Municipal de Fortaleza, 49,4%
dos jovens da capital cearense (faixa etária 15 a 29 anos) consomem bebida alcoólica. Deste
percentual, 31,4% fazem o consumo frequentemente, 70% são meninos e meninas de 15 a 19
anos e 35% deles começaram por volta dos 14 e 15 anos. Adicionalmente, um levantamento
realizado pelo Ministério da Saúde indicou que, na capital cearense, a proporção de pessoas
que declararam consumir abusivamente álcool cresceu de 16,4% em 2006, para 21,7%, no ano
de 2009, uma elevação de 5,3% no universo de pessoas que relataram uso exagerado de
álcool. (BRASIL, 2007, 2010).
Segundo Andrade, Anthony e Silveira (2009), apesar da ampla aceitação social da
ingestão de bebidas alcoólicas, o consumo desta substância tem sido associado a uma
variedade de consequências sanitárias e sociais adversas. De fato, além do consumo abusivo
em si, é preciso destacar a relação que este apresenta com um conjunto amplo de problemas
14
tanto de ordem individual como social, o que o torna, sob a perspectiva de diversos autores,
um problema de saúde pública (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009; FACCIO, 2008;
GALASSI et al, 2008).
No campo individual, sabe-se que o álcool é uma substância psicotrópica que atua
no sistema nervoso central, promovendo mudança no comportamento do consumidor,
sensação de bem-estar e prazer, apresentando também potencial para desenvolver
dependência. Têm-se demonstrado, por exemplo, os efeitos nocivos do álcool sobre muitas
enfermidades, tanto física, como a cirrose hepática, diversos tipos de câncer, pancreatite e
acidentes fetais nas mulheres grávidas, como também suas consequências psicológicas, a
exemplo a dependência química (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009; PINSK;
BESSA; 2009; WHO, 2000).
Do ponto de vista da sociedade geral, os danos se tornam ainda mais evidentes, à
medida que se avaliam os custos econômicos e sociais derivados do consumo abusivo do
álcool. Pesquisas apontam que há um gasto anual de 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB)
brasileiro com problemas advindos do uso do álcool no País, contabilizando uma quantia de
130 milhões de reais gastos por ano (GALLASSI et al, 2008 ). De acordo com a Secretaria
Nacional Anti-Drogas (SENAD, 2008), entre 2002 e 2006, o Sistema Único de Saúde (SUS)
gastou aproximadamente 37 milhões de reais com o tratamento de dependentes de bebidas
alcoólicas e outras drogas.
Além destes dados, o álcool aparece relacionado com a redução da produtividade
laboral (OLIVEIRA, 2008; BARROS, 2009; PRAT; ADAN; SÁNCHEZ-TURET, 2009),
com o baixo desempenho escolar (TAVARES; BÉRIA; LIMA, 2001), com os índices de
acidentes de trânsito (MARÍN; QUEIROZ, 2000; ABREU; LIMA; ALVES, 2006;
PECHANSKI; DUARTE; DE BONI, 2010), com os elevados índices de violência urbana
(CHALUB; TELLES, 2006; DUARTE; CARLINI-COTRIM, 2000), com o suicídio (WHO,
2000; PONCE, 2008) e com os casos de ruptura familiar e violência doméstica
(ZILBERMAN; BLUME, 2005; MELO et al, 2005; FILIZOLA et al, 2006; ZALESKY,
2009).
Neste contexto, é importante ressaltar que os riscos associados ao consumo
abusivo de álcool não surgem aleatoriamente, mas estão ligados e são potencializados pelo
padrão de consumo desta substância. Neste sentido, o estudo deste padrão se apresenta como
um aspecto relevante na avaliação inicial de qualquer indivíduo, já que a análise detalhada
deste, além de detectar os níveis de gravidade, permite a observação de rituais de uso e auxilia
15
no estabelecimento de estratégias de mudança (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009;
ZALESKY, 2009;).
O Ministério da Saúde (1991) e a Organização Mundial de Saúde-OMS (1993), na
tentativa de se avaliar o padrão de consumo desenvolvido pelos usuários de álcool,
classificam o consumo de álcool em níveis distintos. Desta classificação, temos: o Bebedor
social ou moderado, indivíduo que utiliza a bebida alcoólica sem dependência e para quem a
bebida não traz nenhum problema; Bebedor-problema, aquele que começa a desenvolver
qualquer tipo de problema (físico, psíquico ou social), como resultado da ingestão do álcool,
ainda sem dependência, mas já podendo apresentar leves sintomas de abstinência, como
ansiedade ou dificuldades do sono; Dependente do álcool, pessoas que necessitam ou
dependem do álcool para sobreviver ou “funcionar”, que precisam de ingestão excessiva de
álcool, de forma contínua ou periódica, para se sentir bem ou evitar o mal-estar, como febre,
ansiedade, tremores, delírios, dentre outros. É aquele que perdeu a liberdade da decisão sobre
o ato de beber. Nesta divisão, o termo Alcoolista refere-se tanto aos bebedores-problema
quanto aos dependentes do álcool.
De acordo com Anderson (1991), a maior parte dos danos relacionados ao
consumo de álcool pode ser atribuída aos usuários que adquiriram padrões de consumo
considerados de risco ou de uso nocivo. Entende-se por padrão de risco aquele consumo de
álcool que pode vir a implicar dano físico ou mental, caso haja persistência no uso da
substância; já o consumo nocivo seria um padrão de consumo que causa danos à saúde, física
ou mental, porém ainda não satisfaz os critérios de dependência (BABOR, T. et al., 2001).
Sabendo disto, detectar precocemente o consumo abusivo de álcool é fundamental para
prevenir consequências sociais e de saúde na população geral. Assim, no intuito de
possibilitar o monitoramento e a vigilância destes padrões de ingestão, muitos pesquisadores
vêm estudando e desenvolvendo medidas que buscam auxiliar na triagem dessa população.
Sob tal perspectiva, para explicar o consumo abusivo de álcool, os pesquisadores
recorrem a múltiplos fatores que, geralmente, são distribuídos entre as dimensões: risco e
proteção (HAWKINS; CATALANO; MILLER, 1992). Na literatura, a expressão “fator de
risco” é utilizada para designar condições ou variáveis que estão associadas à possibilidade de
ocorrência de danos à saúde, ao bem-estar e ao desempenho social dos indivíduos. Por outro
lado, os “fatores de proteção” designam aquelas variáveis consideradas relevantes para
promover o crescimento saudável das pessoas, minimizando os efeitos da exposição ao risco e
o acirramento de problemas sociais (HAWKINS; CATALANO; MILLER, 1992; JESSOR et
al., 1995).
16
Uma busca nas bases de dados Index Psi (2011) e Google Acadêmico (2011),
usando como entrada os termos “álcool”, “consumo”, “consumo abusivo”, “consumo nocivo”,
“escala”, “questionário”, “instrumento” e “medida”, permitiu verificar que, no Brasil, apesar
do número expressivo de publicações que identificam e relacionam os fatores de risco e
proteção com o uso abusivo de álcool, ainda são escassos os estudos cujo principal objetivo
envolve a construção e/ou a adaptação de instrumentos voltados para a detecção do uso
nocivo de bebidas alcoólicas em grandes amostras (medidas de screen).
Em muitos casos, instrumentos tradicionais como o CAGE (Cutdown/ Annoyed/
Guilty/ Eye-opener Questionnaire; MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974), o DUSI (Drug
Use Screening Inventory; TARTER, 1990), o T-ACE (Tolerance, Annoyed, Cutdown e Eye-
opener; SOKOL; MARTIER; AGER, 1990), o SAAST (Self-Administered Alcoholism
Screening Test; DAVIS JR et al., 1987), o SMAST (Short Michigan AlcoholismScreening
Test; SELZER; VINOKUR; VAN ROOOIJEN, 1975) e o AUDIT (Alcohol Use Disorder
Identification Test; BABOR et al., 2001) têm sido utilizados por pesquisadores sem a devida
consideração das diferenças inter e intra-culturais, compreendendo-se, provavelmente, que os
escores obtidos por versões construídas e/ou validadas em outro país ou cidade brasileira
podem ser utilizados em contexto distinto e sem qualquer restrição.
Estes aspectos justificam a realização do presente estudo, cujo objetivo geral é
conhecer evidências de validade e precisão do Alcohol Use Disorder Identification Test
(AUDIT). Especificamente, pretende-se verificar a qualidade psicométrica do instrumento,
identificando sua estrutura fatorial, observando seus índices de consistência interna, precisão
teste-reteste e validade convergente com instrumentos correlatos. Para tanto, estruturou-se o
estudo em duas partes principais. A primeira diz respeito ao seu marco teórico, que reúne
quatro subseções: Padrões de Consumo de Álcool; Avaliação do Consumo de Álcool;
Principais Medidas de Triagem; e Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT). A
segunda parte envolve dois estudos empíricos: o Estudo I, que procura observar a validade
semântica do AUDIT, o poder discriminativo de seus itens, sua estrutura fatorial, consistência
interna e precisão teste-reteste; e o Estudo II, que busca efetuar análises fatoriais
confirmatórias, comparando distintos modelos propostos na literatura, e verificar a validade
convergente e de critério desta medida.
22.. MMAARRCCOO TTEEÓÓRRIICCOO
18
Como mencionado, o consumo abusivo de álcool tem sido considerado um problema
de saúde pública. Apesar de lícito e aceito na maioria dos países, o uso de bebida alcoólica
está associado a um número significativo de problemas relacionados à saúde, com
consequências psicológicas e sociais (BABOR et al, 2001; MONTEIRO, 2007; REHM;
MONTEIRO, 2005). Sobre isto, sabe-se que os riscos associados não surgem aleatoriamente,
mas estão ligados e são potencializados pelo padrão com que as pessoas consomem o alcóol
(ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009). Assim, no intuito de possibilitar o
monitoramento e a vigilância destes padrões de ingestão, muitos pesquisadores vêm
estudando e desenvolvendo medidas que buscam auxiliar na triagem dessa população.
O Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT), foco deste estudo e
instrumento de triagem, foi desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (BABOR et al,
2001) e se configura como uma das medidas mais empregadas em todo o mundo para a
identificação de grupos de risco e rastreamento do uso inadequado de álcool em amostras
clínicas e da população geral (MENESES-GAYA et al, 2009; RIST; GLÖCKNER-RIST;
DEMMEL, 2009; SELIN, 2006). No entanto, como apontam Meneses-Gaya et al (2009),
apenas um pequeno número de pesquisas tem analisado aspectos importantes como a
validade, a fidedignidade e a estrutura fatorial desta medida em idiomas diferentes do inglês,
o que compromete sua confiabilidade e a possibilidade de comparação entre os estudos. Neste
sentido, justificando a realização deste estudo, parece evidente, sobretudo quando se estuda
fenômenos como o uso abusivo de álcool, que tanto o psicólogo como os demais profissionais
de saúde estejam atentos à necessidade de contar com medidas que reúnam parâmetros
satisfatórios de validade e precisão para os contextos nos quais estão inseridos, demonstrando
a qualidade psicométrica dos instrumentos que utilizam.
Sabendo disto, antes de apresentar aspectos mais específicos do AUDIT, é preciso
entender as definições e os distintos padrões de consumo de álcool existentes no mundo e no
Brasil, bem como alguns tipos de medidas utilizados na avaliação do consumo de álcool,
enfatizando aquelas nomeadas como medidas screen/triagem, que serão apresentadas ao longo
deste capítulo.
2.1 Padrões de Consumo de Álcool
A definição exata dos diferentes padrões de consumo de álcool, bem como a
compreensão dos seus efeitos potenciais, sejam eles benéficos ou prejudiciais, são aspectos
importantes na prevenção dos danos associados ao uso desta substância (REHM et al, 2003).
19
A compreensão de tais padrões é multidimensional, pois envolve aspectos relacionados ao
contexto de beber, à relevância cultural, à bebida preferida, à frequência com que se consome
(número de dias por semana), à quantidade, ao local da ingestão de álcool, ao consumo
durante as refeições ou não, às características individuais do bebedor, sejam
biológicas/genéticas, sociodemográficas ou socioeconômicas, e, finalmente, a qualidade da
bebida (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009; ELLISON,2007).
Apesar de não existir um consenso internacional sobre a dimensão exata de uma
unidade-padrão de bebida alcoólica, o Ministério da Saúde (1991) e a OMS (1993), como já
foi dito, na tentativa de avaliar o padrão de ingestão de álcool desenvolvido pelos
consumidores, classifica o consumo em três níveis: bebedor social ou moderado; bebedor-
problema e dependente. Outros estudos utilizam-se dos termos: consumo de risco e consumo
nocivo (BABOR, T. et al, 2001). A despeito das diferenças entre os termos, as definições
utilizadas são de certa forma semelhantes, uma vez que têm a finalidade de informar, de
maneira clara e objetiva, quanto ao uso de álcool e suas repercussões no indivíduo e na
sociedade. Na literatura, existem diversas discussões sobre alguns conceitos utilizados na
definição de padrões de consumo, alguns deles, por exemplo, fazem referência aos termos:
uso moderado e uso binge (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009; LARANJEIRA et
al., 2007; NAIMI et al., 2003).
Sobre estes padrões, temos que o uso moderado é um conceito de difícil
compreensão, na medida em que transmite ideias diferentes para cada pessoa. Comumente,
essa definição é confundida com “beber socialmente”, que significa o uso de álcool dentro de
padrões aceitos pela sociedade (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009). De acordo com
o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism- NIAAA, nos Estados Unidos, “beber
moderadamente” refere-se ao consumo com limites onde não há prejuízos ao indivíduo e à
sociedade. Em termos de unidades de bebida, o uso moderado é definido como o uso de até 14
unidades/semana para homens, até 7 para mulheres e não mais que 3 para indivíduos de faixa
etária superior a 65 anos (considerando a unidade-padrão de 14g de etanol puro), e aconselha-
se um ou dois dias semanais sem consumo de álcool. Em termos de unidade diária, a
definição de consumo moderado pode variar de uma dose/dia a cinco doses/dia
(GUNZERATH et al, 2004).
Embora os níveis estipulados pelo NIAAA sejam razoavelmente semelhantes aos
sugeridos por outros países, a definição exata de uso moderado ainda é controversa
(GUNZERATH et al, 2004; KLATSKY, 2007), especialmente devido à variação da definição
de unidade-padrão. No Brasil, por exemplo, não existe uma definição exata sobre uso
20
moderado. Em contrapartida, muitas vezes, observa-se que alguns países definem consumo
moderado sem ter definido unidade-padrão, como a Indonésia e Luxemburgo (ANDRADE;
ANTHONY; SILVEIRA, 2009). Nestes países, recomenda-se a redução ou evitação do álcool
sem reconhecer a unidade-padrão do álcool para seu contexto. O NIAAA aponta que estas
dificuldades relacionadas à definição de uso moderado de álcool é resultado das diferenças
individuais, ou seja, a quantidade de álcool que uma pessoa pode consumir sem estar
intoxicada varia de acordo com a experiência, tolerância, vulnerabilidade genética, estilo de
vida e tempo em que o álcool é consumido no organismo (GUNZERATH et al, 2004)
A discussão sobre os benefícios e malefícios do uso moderado de álcool também é
polêmica (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009). Alguns autores sugerem que a
moderação está relacionada com a diminuição da mortalidade, com destaque para a
diminuição no risco de incidência de doenças cardiovasculares e a diminuição nas perdas
cognitivas decorrentes da idade (DI CASTELNUOVO, 2006; KOPPES, 2006). Outros
apontam que o uso moderado de álcool pode trazer prejuízos à saúde; a moderação, neste
sentido, estaria relacionada com o aumento no risco de desenvolvimento de câncer e de
anomalias fetais, com diminuição no peso e no tamanho do feto (LEINOE et al., 2005;
REHM et al., 2003)
Acerca do uso binge, tem-se que este é um padrão de consumo considerado mais
perigoso e frequentemente associado a uma série de problemas físicos, sociais e mentais
(NAIMI et al., 2003). Tal padrão se define pelo beber com maior risco em um curto espaço de
tempo. Em alguns contextos, utiliza-se o termo “beber pesado episódico” ou “beber de alto
risco”. A quantidade que define o “beber em binge” foi estabelecida em 5 doses para homens
e 4 doses para mulheres, em uma só ocasião (BREWER et al., 2005). Os críticos ao uso do
termo afirmam que essa expressão é restrita na medida em que se apóia exclusivamente na
quantidade para definir uso inadequado de álcool, enfatiza-se que o termo pode assumir
significados diferentes dependendo do contexto. Além disso, essa não leva em conta o tempo
gasto para consumir as 4, 5 ou mais doses de álcool e o peso do indivíduo que faz essa prática,
não sendo considerada uma medida informativa, pois apenas discrimina se a pessoa faz ou
não uso binge de álcool, ignorando os riscos existentes entre nenhuma dose e cinco doses ou
mais de bebida alcoólica (CAREY, 2001).
Outras terminologias também são utilizadas quando se fala de padrão de consumo,
a exemplo do consumo excessivo, prejudicial e abusivo. Sobre o consumo excessivo (drinking
excessive), tem-se que este é utilizado para se referir a um hábito de consumo que excede o
padrão considerado moderado ou aceito, tal terminologia vem sendo substituída por
21
“consumo de risco”; já o prejudicial (harmful use, drinking harmful) refere-se a um padrão de
ingestão de uma substância psicoativa que causa dano físico ou mental, mas nem sempre traz
consequências sociais adversas. O abusivo (drinking heavy) se define como um padrão que
excede ao moderado, trata-se de um consumo que supera um volume diário determinado (por
exemplo, três doses por dia) ou uma quantidade de ingestão por ocasião (por exemplo, cinco
doses em uma ocasião) (OMS, 1994).
Conhecendo tais terminologias, aponta-se que, no mundo, não há um padrão de
consumo de álcool único, uma vez que existem variações culturais, de faixa etária, de gênero
e de classe social, dentre outras categorias (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009;
ELLISON, 2007). Adiciona-se a isto, o fato de que a maioria das evidências disponíveis
provém de países desenvolvidos, e pouco se sabe sobre estes padrões em países em
desenvolvimento (RILEY; MARSHALL, 1999). No Brasil, por exemplo, o consumo anual de
álcool per capita, conforme verificado em 2004, incluindo o consumo não-registrado, foi
estimado em 8,32 litros de álcool puro por adulto, quantidade muito acima da média mundial,
que é 5,8 litros (WHO, 2004). Dados do primeiro e único, até o momento, Levantamento
Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira apontaram que, em
relação ao tipo de bebida, a cerveja é a preferida em ambos os sexos, em todas as idades,
regiões e classes sociais. Já os destilados (por exemplo, cachaça, rum) são consumidos
predominantemente nas Regiões Norte (18%) e Nordeste (20%) (LARANJEIRA et al, 2007).
Sobre o “uso binge”, sabe-se que do total da população adulta brasileira, 28% já
“bebeu em binge” pelo menos 1 vez no último ano, existindo ainda variações regionais
significantes. No Sul, por exemplo, 36% da população masculina já “bebeu em binge”,
enquanto que no Norte, esse número foi reduzido para 21% e está associado a uma taxa de
abstinência de mais de 50% da amostra. Acerca dos problemas decorrentes do álcool nos
últimos 12 meses, 29% da população de adultos disse que bebeu e não teve problema, 23%
disse que bebeu e teve problemas e o restante (48%) nunca bebeu ou não bebeu no último ano
(LARANJEIRA et al, 2007).
Conhecendo tais padrões e no intuito de possibilitar o monitoramento e a
vigilância destes padrões de ingestão, muitas medidas são utilizadas na avaliação do consumo
abusivo de álcool (CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO, 2006; FORMIGONI;
CASTEL, 1999). Portanto, nos parágrafos seguintes, serão apontadas algumas destas
medidas, enfatizando a importância da utilização das mesmas na avaliação do consumo do
álcool.
22
2.2. Avaliação do Consumo Abusivo de Álcool
Quando se fala em medir o consumo de álcool, diversos métodos podem ser
utilizados, entre eles: 1) o exame de sangue, para detectar a presença do álcool no indivíduo;
2) o exame clínico, feito por médico, que não determina a presença de álcool no sangue, mas
a avaliação de sinais de embriaguez referente a aspectos ligados à aparência, às atitudes, à
orientação, à memória e à capacidade motora e verbal; 3) o teste do etilômetro; 4) e as escalas
ou questionários de avaliação (CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO, 2006;
FORMIGONI; CASTEL, 1999; NIAA, 2003).
No exame de sangue para detectar presença de álcool, a coleta é feita por punção
venosa, e utiliza-se o método da cromatografia gasosa, que permite informar a quantidade de
álcool no sangue, considerando o tipo de bebida ingerida, o peso e o tempo que o indivíduo
consumiu a bebida, dentre outros aspectos (GAZAL-CARVALHO et al, 2002; VENTORIN,
2004). O exame clínico ocorre pela observação dos indicadores de ingestão de álcool (por
exemplo, hálito, motricidade, psiquismo, funções vitais), mensura-se neste exame o grau de
embriaguez apresentado pelo consumidor (PINOTTI; ANGELUCI, 2010). Já o teste do
etilômetro ou bafômetro, é feito por um equipamento que permite verificar, por meio de
reações químicas, o nível de álcool etílico presente no ar expirado, trata-se de um instrumento
bastante utilizado por agentes de trânsito em todo o mundo (BRAATHEN, 1997; FERREIRA;
MÓL; SILVA, 1997).
Além destes métodos, ainda existem as escalas e questionários que, de acordo
com a revisão de Formigoni e Castel (1999), são elaborados para objetivos específicos na
avaliação do consumo do álcool, podendo ser classificados como instrumentos de: 1)
Triagem; 2) Diagnóstico; 3) Avaliação do consumo de álcool e outras drogas; 4) Avaliação
dos comportamentos associados ao consumo de álcool e drogas; 5)Avaliação do
comprometimento de outras áreas; 6) Planejamento do tratamento; 7) Análise do processo de
tratamento; e 8) Avaliação dos resultados. Com base nesta revisão proposta por Formigoni e
Castel (1999) e nas referências indicadas pelo guia do NIAA (2003) tais medidas serão
apresentadas. Entretanto, sem deixar de reconhecer a importância dos demais métodos
supracitados, destaca-se que os instrumentos de triagem, em que se enquadra o AUDIT, foco
deste estudo, serão apresentados com maior ênfase no tópico seguinte.
Deste modo, acerca dos Instrumentos de diagnóstico, sabe-se que estes admitem
uma descrição formal ou uma quantificação dos sintomas, de acordo com os principais
23
sistemas diagnósticos (FORMIGONI; CASTEL, 1999; NIAA, 2003). As principais medidas
utilizadas nesta categoria, são: ADS (Alcohol Dependence Scale; SKINNER; ALLEN, 1982),
CIDI (Composite International Diagnostic Interview - Cidi Core; ROBINS et al., 1989),
DRINC (The Drinker Inventory of Consequences; MILLER; TONIGAN; LONGABAUGH,
1995), RDS (Restrained Drinking Scale; RUDERMAN; MCKIRNAN, 1984), SADD (Short
Alcohol Dependence Data, RAISTRICK; DAVIDSON, 1983),SADQ (Severity of Alcohol
Dependence Questionnaire, STOCKWELL; MURPHY; HODGSON, 1983), PRISM
(Psychiatric Research Interview for Substance and Mental Disorders; GRANT; TOWLE,
1991) e CIWA-A (Clinical Institute Withdrawal Assessment for AlcoholScale; STUPPAECK
et al., 1994).
Sobre os instrumentos que avaliam o consumo de álcool, estes são mais voltados à
caracterização e/ou medição da quantidade, frequência, intensidade e padrão do consumo
(FORMIGONI; CASTEL, 1999; NIAA, 2003). Algumas das escalas mais utilizadas para
avaliação do consumo de álcool são: QFV (Quantity-Frequency Variability Index;
CAHALAN; CISIN, 1969), NIAAA QF (National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism
Quantity-Frequency, ARMOR; POLICH; STAMBUL, et al.,1978), LDH (Life time Drinking
Hissory; SKINNER; SHEU, 1982), CDP (Comprehensive Drinker Profile; MILLER;
MARLLAT, 1984), CLA (Computerized Lifestyle Assessment; SKINNER, 1984).
Dentro desta mesma revisão (FORMIGONI; CASTEL, 1999; NIAA, 2003), para
a avaliação dos comportamentos associados ao consumo de álcool e drogas, há instrumentos
destinados à análise das situações de uso, ou risco, como o IDS e o IDTS (Inventory of
Drinking Situations e Inventory of Drug Taking Situations, respectivamente; ANNIS, 1987;
ANNIS; MARTIN,1985; SILVA et al., 1995), outros para análise da auto-eficácia, como o
SCQ (Situational Confidence Questionnaire; ANNIS; GRAHAM, 1988) ou da capacidade de
enfretamento, como o CBI (Coping Behaviours Inventory; LITMAN et al., 1983).
Já nas medidas de avaliação do comprometimento de outras áreas, incluem-se as
escalas que avaliam especificamente áreas como: situação laboral, econômica, relacionamento
familiar e social, história familiar de dependência de substâncias psicoativas, entre outros
(FORMIGONI; CASTEL,1999; NIAA, 2003). Dentre os instrumentos usados para esse fim,
temos: ASI (Addiction Severity Index; MCLELLAN et al., 1992), SADD (Short Alcohol
Dependence Data, RAISTRICK; DAVIDSON, 1983), ADS (Alcohol Dependence Scale;
SKINNER; ALLEN, 1982), DAST (Drug Abuse Screening Test; SKINNER, 1982), M-
SMAST e F-SMAST (Adaptação Short Michigan Alcoholism Screening Test (ASMAST) para
pais e mães; CREWS, SHER, 1992), FES (Family Environment Scale; MOOS; MOOS,
24
1993), FAM (Family Assessment Measure, SKINNER; STEINHAUER; SANTA-
BARBARA, J, 1983), SCL-90 (Symptom Checklist – 90; DEROGATIS, 1983).
Há, ainda, as medidas para o planejamento do tratamento que são aquelas
utilizadas no desenvolvimento de um plano de recuperação, levando em consideração não só
os aspectos diretamente relacionados ao uso de substâncias, mas também a prontidão ou
disponibilidade para mudança, as expectativas dos efeitos das drogas, a auto-eficácia, a perda
de controle, a história familiar de dependência de álcool e outras drogas e as condições sociais
do indivíduo (FORMIGONI; CASTEL,1999; NIAA, 2003). Destacam-se entre estes
instrumentos: ASI (Addiction Severity Index; MCLELLAN et al., 1992), T-ASI(Teen -
Addiction Severity Index; KAMINER; BUKSTEIN; TARTER, 1991), FTQ (Family Tree
Questionnaire for Assessing Family Hissory of Alcohol Problems, MANN; SOBELL;
SOBELL,1985), IDS ( Inventory of Drinking Situations; ANNIS, 1987), SCQ (Situational
Confidence Questionnaire; ANNIS; GRAHAM, 1988).
Por fim, existem as medidas que fazem a análise do processo de tratamento, que
são aquelas destinadas a auxiliar o entendimento do processo de tratamento, incluindo as
metas iniciais e intermediárias, entre outras (FORMIGONI; CASTEL, 1999; NIAA, 2003).
Destaca-se, entre elas, o TSR (Treatment Service Review, MCLELLAN et al., 1992). E
também as medidas que fazem a Avaliação dos resultados, as quais se propõem a avaliar os
resultados finais do tratamento. Poucos instrumentos foram desenvolvidos especificamente
com essa finalidade, como o DRINC (The Drinker Inventory of Consequences; MILLER;
TONIGAN; LONGABAUGH, 1995), LDQ (Leeds Dependence Questionnaire ; RAISTRICK
et al., 1994) e a ESA (Escala de Severidade de Alcoolismo; ANDRADE, 1991).
Acerca desta divisão, sabe-se que precisam ser definidas, antes da escolha de uma
escala ou instrumento, características como: o objetivo e a utilidade clínica, o período de
tempo que se pretende avaliar, a população-alvo, a existência de normas, o tipo de
administração, o nível de treinamento necessário e o custo do uso de uma referida medida
(FORMIGONI; CASTEL, 1999). Deste modo, evita-se a utilização de instrumentos
elaborados com uma determinada finalidade, em outros tipos de avaliação, exigindo-se, na
escolha, evidências mínimas de validação do instrumento para um dado contexto. No tópico
seguinte, tendo em vista os objetivos deste estudo, serão especificados alguns aspectos dos
instrumentos denominados de triagem do consumo abusivo de álcool.
25
2.3. Medidas de Triagem do Consumo Abusivo do Álcool
De acordo com o dicionário de Psicologia da APA (2010, p. 997), triagem é: “a
avaliação inicial de um paciente para determinar sua adequação para tratamento médico ou
psicológico geral, para uma abordagem de tratamento específica ou para encaminhamento a
um hospital”. Ou seja, triagem não é o mesmo que diagnóstico, mas sim um recurso utilizado
para a identificação do problema, a escolha do tratamento e a verificação da compatibilidade
entre o serviço prestado e as necessidades e características da clientela (PARKIN; FRAKE;
DAVISON, 2003).
O procedimento de triagem é considerado um dos pilares da prevenção da saúde.
Este procedimento pode ser realizado através de exames toxicológicos, de entrevistas, ou por
meio de instrumentos screen (NIAA, 2003). A triagem para os problemas com o álcool é uma
prática relativamente recente, mas tem uma base sólida de apoio, podendo ser realizada em
serviços de atenção primária, nas emergências hospitalares, em sistemas judiciários e no meio
universitário (NIAA, 2005). Em serviços de atenção primária à saúde, por exemplo,
recomenda-se a aplicação de instrumentos de triagem para determinar a presença de uso
nocivo ou de risco do álcool (MARQUES; RIBEIRO, 2002; RONZANI et al., 2005).
De acordo com NIAA (2003), há uma variedade de dimensões que pode
determinar os pontos fortes de uma medida de triagem, entre elas: a sensibilidade e a
especificidade. A sensibilidade (ou taxa de verdadeiros positivos) de um teste diz respeito à
capacidade de um instrumento em identificar pessoas com um dado problema, neste caso,
problemas com o álcool. Já a especificidade (ou taxa de verdadeiros negativos) mede a
capacidade do instrumento em excluir corretamente aqueles que não possuem a doença, ou
seja, o quão específica é a medida. Diferente dos instrumentos ditos diagnósticos, em que se
busca uma alta especificidade da medida, nos instrumentos de triagem dá-se mais ênfase
àqueles com maior sensibilidade ao problema ou doença (NIAA, 2005).
Os instrumentos de triagem do consumo do álcool, em geral, são de aplicação
rápida e simples. Na seleção de um instrumento desse tipo, deve-se levar em consideração,
também, a disponibilidade de pessoal para providenciar o feedback e o encaminhamento dos
casos detectados (NIAA, 2005). Há grande variabilidade de tamanho, abrangência e
sofisticação nesses instrumentos: desde aqueles com apenas quatro questões, como o CAGE,
até escalas computadorizadas com 350 itens, variando a aplicação de 1 minuto a meia hora.
26
Tais instrumentos, também chamados de rastreamento ou screen, têm grande importância na
identificação de indivíduos que apresentam problemas relacionados ao uso/abuso de álcool
(FLEMING, 1997; CORDEIRO, 2006).
Sabe-se, por exemplo, que nem todos os bebedores de risco tornam-se
dependentes, sendo importante considerar que não se desenvolve a dependência do álcool sem
antes ter existido padrões de consumo de álcool ditos perigosos ou arriscados. Acerca de tal
fato, tem-se que a triagem do consumo desta substância torna-se relevante e traz consigo
diversos benefícios para os usuários, uma vez que fornece uma oportunidade para educar os
consumidores sobre os riscos e danos de um determinado padrão de consumo. Além disso,
oferece a oportunidade para que os profissionais de saúde tomem medidas preventivas que se
mostrem eficazes na redução dos riscos relacionados ao álcool (BABOR et al., 2001).
Sobre isto, pesquisas têm demonstrado que a maior parte dos problemas
ocasionados pelo uso do álcool nos pacientes da atenção primária à saúde manifesta-se
justamente entre aqueles que não são dependentes da substância, mas entre os que apresentam
comportamento de risco quando bebem, como, por exemplo, dirigir embriagado. Assim, a
detecção, não só dos pacientes que apresentam quadro de dependência ao álcool, mas também
daqueles que fazem uso da substância de maneira perigosa, torna-se bastante importante na
atenção primária à saúde (WHO, 2001).
Na introdução deste estudo, alguns dos instrumentos de triagem do consumo de
álcool foram citados, entre eles: CAGE (Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener
Questionnaire; MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974), o DUSI (Drug Use Screening
Inventory; TARTER, 1990), o T-ACE(Tolerance, Annoyed, Cut down e Eye-opener; SOKOL;
MARTIER; AGER, 1990), o SMAST (Short Michigan Alcoholism Screening Test; SELZER;
VINOKUR; VAN ROOOIJEN, 1975), o SAAST (Self-Administered Alcoholism Screening
Test; DAVIS JR et al., 1987) e o AUDIT (Alcohol Use Disorder Identification Test; BABOR
et al., 2001). Neste subtópico, realizar-se-á uma breve explanação acerca destas medidas que
têm sido utilizadas na triagem do consumo abusivo de álcool, tendo por base as descrições
apontadas pelo NIAA (2003).
27
2.3.1 CAGE - Cutdown/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire
O CAGE é um instrumento que tem o objetivo de identificar bebedores-
problema. O questionário é constituído por quatro questões referentes ao acrônimo: Cut-
down, Annoyed, Guilty e Eye-opener. Tal medida foi desenvolvida para ser usada de forma
breve e de fácil administração, com o fim de que os profissionais de saúde pudessem utilizá-la
como uma ferramenta de rastreio cognitivo breve em um ambiente clínico (MAYFIELD;
MCLEOD; HALL, 1974).
As perguntas do CAGE são: 1) Alguma vez o(a) senhor(a) sentiu que deveria
diminuir a quantidade de bebida alcoólica ou parar de beber? - Cut down; 2) As pessoas o(a)
aborrecem porque criticam o seu modo de tomar bebida alcoólica? - Annnoyed; 3) O(a)
senhor(a) se sente chateado(a) consigo mesmo(a) pela maneira como costuma tomar bebidas
alcoólicas? - Guilty; 4) Costuma tomar bebidas alcoólicas pela manhã para diminuir o
nervosismo ou ressaca? - Eye-opener (MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974).
Estas questões foram desenvolvidas em 1968, em um estudo clínico, em que 130
pacientes clínicos e cirúrgicos foram selecionados aleatoriamente de uma população
hospitalar geral. Cada paciente respondeu a uma extensa entrevista com perguntas
desenvolvidas para a detecção do alcoolismo. Conforme relato dos resultados, dezesseis dos
130 pacientes foram claramente identificados como sofrendo de alcoolismo por seus próprios
médicos (confirmado pela revisão dos prontuários). Análises compararam as respostas destes
dezesseis alcoolistas identificados com o restante da amostra, e quatro questões emergiram,
discriminando os dois grupos. As quatro perguntas foram retestadas utilizando uma população
clínica e foram usadas para distinguir de forma confiável alcoólistas de não-alcoólistas
(EWING, 1984).
As respostas ao questionário CAGE são dadas de forma dicotômica: “Sim” ou
“Não”. A cada resposta “Sim” atribui-se 1( um) ponto ao sujeito, a cada resposta não, atribui-
se 0 (zero). A soma da pontuação geral não pode ultrapassar 4 pontos, visto que o
questionário só possui quatro perguntas. Na interpretação dos resultados, tem-se que quanto
maior for a pontuação, maior torna-se o risco do consumo do álcool pelo indivíduo. Alguns
estudos analisaram os diferentes números de resposta positiva (de uma a quatro) do
questionário e definiram seu ponto de corte, de acordo com os critérios de sensibilidade e
especificidade, em duas respostas positivas (MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974;
MASUR; MONTEIRO, 1983; CAPRIGLIONE; MONTEIRO; MASUR, 1985; KING, 1986;
28
BUCHSBAUM et al., 1993, AMARAL; MALBERGIER, 2004;). Em outros estudos, tem-se
recomendado que, para mulheres, este ponto de corte seja reduzido de duas para apenas uma
resposta positiva (BRADLEY et al., 1998).
Em estudo realizado, confirmou-se a estrutura unifatorial da medida, obtendo
cargas fatoriais entre 0,55 e 0,92 (SMART; ADLAF; KNOKE, 1991). Apesar disto, embora o
CAGE seja relatado como uma boa forma de distinguir grupos de alcoolistas de outras
amostras clínicas, em sua interpretação pode-se produzir um elevado número de falsos
positivos, especialmente em indivíduos que anteriormente tinha problemas com álcool.
(STRANG; BRADLEY; STOCKWELL, 1989). No Brasil, este é um dos mais conhecidos
instrumentos de rastreamento do acoolismo, o primeiro estudo de validação realizado neste
país foi desenvolvido por Masur e Monteiro (1983), que encontraram sensibilidade de 88% e
especificidade de 83% quando o critério para positividade do teste foi a presença de pelo
menos duas respostas positivas.
2.3.2 DUSI - Drug Use Screening Inventory
A versão original deste instrumento, proposta por Tarter (1990), apresenta 149
questões, divididas em 10 subáreas: 1) o uso de substâncias (ex.: “Você já teve „fissura‟ ou
um forte desejo por álcool ou drogas?”); 2) padrão de comportamento (ex.: “Você briga
muito?”); 3) estado de saúde (ex.: “Você se submeteu a algum exame físico ou esteve sob
cuidados médicos no ano passado?”); 4) distúrbios psiquiátricos (ex.: “Intencionalmente, você
já danificou a propriedade de alguém?”);5) competência social (ex.: “Os jovens de sua idade
não gostam de você?”); 6) sistema familiar (ex.: “Algum membro de sua família já usou
maconha ou cocaína?”); 7) adaptação na escola (ex.: “Você não gosta da escola?”); 8) ajuste
de trabalho (ex.: “Você já teve um trabalho remunerado do qual foi despedido?” ; 9) relações
entre pares (ex.: Algum de seus amigos usa álcool ou drogas regularmente?”); 10) e Lazer /
Recreação (ex.: “Comparado com a maioria dos jovens, você faz menos esportes?”).
As perguntas do DUSI são respondidas com "Sim" ou "Não", sendo que as
respostas positivas indicam a presença de problemas. No Brasil, os primeiros estudos de
validação foram desenvolvidos por De Michelli e Formigoni (2000), três índices foram
calculados, após a aplicação do DUSI, que são: Densidade Absoluta de Problemas, Densidade
Relativa de Problemas de cada área, e Densidade Global de Problemas.
29
A Densidade Absoluta de Problemas é uma medida da gravidade dos problemas
em cada área específica, esta é calculada através da divisão do número de respostas
afirmativas em cada área pelo número total de questões da área, em seguida, multiplica-se o
resultado por 100. O percentual obtido representa a "gravidade" dos problemas na área
avaliada. A Densidade Relativa dos Problemas de cada área é uma comparação da gravidade
dos problemas entre todas as áreas, a qual é obtida dividindo a densidade absoluta de cada
área pela soma das densidades absolutas de todas as áreas e multiplicando por 100. Esse
percentual representa a contribuição de cada área para o total de problemas. A Densidade
Global de Problemas é a soma das respostas afirmativas em todas as áreas dividida pelo
número total de questões, multiplicado por 100. Esse percentual é o indicador da gravidade
dos problemas em geral. (TARTER, 1990; DE MICHELI; FORMIGONI, 2000; 2002).
2.3.3 T-ACE - Tolerance, Annoyed, Cutdown e Eye-opener
O T-ACE (acrônimo obtido das palavras inglesas: Tolerance, Annoyed, Cut down
e Eye-opener) foi desenvovido por Sokol et al. (1990), trata-se de um questionário breve,
semelhante ao CAGE. Tal medida é aplicável no período de um a dois minutos de
conversação, sendo padronizada para a rotina e prática dos serviços de ginecologia e
obstetrícia (SILVA; CARRILHO, 1991).
As quatro questões principais integrantes do questionário procuram: levantar
informações sobre a tolerância (Tolerance – T); investigar a existência de aborrecimento com
relação às críticas de familiares e terceiros sobre o modo de beber da gestante (Annoyed– A);
avaliar a percepção da necessidade de redução do consumo (Cut Down – C); e conseguir
informações sobre a persistência do consumo e dependência, por meio de forte desejo e
compulsão para beber durante a manhã (Eye-opener – E). Cada uma das quatro questões
possui uma pontuação que varia de zero a dois pontos, para a primeira questão, e de zero a um
ponto da segunda à quarta questão (SOKOL; MARTIER; AGER, 1990; FABBRI;
FURTADO; LAPREGA, 2007).
No Brasil, uma estudo realizado para avaliar as caracterísitcas de desempenho da
versão brasileira do T-ACE para rastreamento do consumo de álcool na gestação, mostrou que
o instrumento preencheu adequadamente os critérios de desempenho que qualificam o papel
de instrumento básico para a triagem do consumo de álcool durante a gravidez, sendo sua
30
utilização recomendável na rotinas e práticas dos serviços obstétricos (FABBRI; FURTADO;
LAPREGA, 2007)
2.3.4 SMAST - Short Michigan Alcoholism Screening Test
O SMAST é uma medida de triagem, desenvolvida a partir do Michigan
Alcoholism Screening Test - MAST (SELZER; VINOKUR; VAN ROOOIJEN, 1975). O
MAST é um questionário de auto-relato breve utilizado para detecção do consumo abusivo de
álcool (SELZER, 1971). Tal instrumento é composto por 24 itens que avaliam os sintomas e
as consequências do abuso do álcool, no que se refere à perda de controle, às relações
famíliares, ao mundo laboral, dentre outras questões. Várias versões mais curtas do MAST
têm sido desenvolvidas, incluindo o modelo dos dez itens do Brief-MAST (POKORNY;
MILLER; KAPLAN, 1972) e o modelo dos treze itens do Short-MAST (SELZER;
VINOKUR; VAN ROOIJEN, 1975), que será enfatizado nesta seção.
O SMAST, por sua vez, é apresentado como mais eficaz, na medida em que não
apresenta uma tendência de falsos positivos, como o MAST (GIBBS, 1983). Além disso, as
perguntas desta versão também são respondidas com "sim" ou "não". Na interpretação dos
resultados, cada resposta "sim" equivale a um ponto, de modo que uma pontuação de 1 ou 2
escores indica que o indivíduo não possui nenhum problema com álcool e nenhuma ação
adicional é necessária neste momento. Um escore de 3 indica um problema com álcool e
investigação adicional é recomendável. A pontuação de 4 ou mais indica que pode haver um
problema com álcool e que uma avaliação completa é imprescindível (SELZER; VINOKUR;
VAN ROOOIJEN, 1975).Outros estudos têm adaptado este instrumento para populações mais
específicas, como exemplo o F-SMAST e o M-SMAST, adaptação do Short Michigan
Alcoholism Screening Test (SMAST) para pais e mães, respectivamente (CREWS; SHER,
1992).
2.3.5 SAAST - Self-Administered Alcoholism Screening Test
A versão original do SAAST é composta por 35 itens derivados do Michigan
Alcoholism Screening Test - MAST (SELZER, 1971; SWENSON; MORSE, 1975). Trata-se
de um instrumento de triagem, que avalia o abuso de álcool e problemas relacionados a este
consumo em populações clínicas gerais (COLLIGAN; DAVIS; MORSE, 1999; DAVIS,
31
2000). O instrumento está disponível em uma forma para administração ao paciente e um
formulário para uso com uma pessoa (amigo, esposo, etc) que conhece o paciente. Domínios
incluídos são a perda de controle, as consequências físicas, as consequências emocionais, a
preocupação por parte dos outros e dos membros da família com problemas de alcoolismo
(NIAA, 2003).
Os escores obtidos no SAAST são utilizados para classificar os respondentes em
categorias de risco do alcoolismo. Por exemplo, pontuações de 6 ou menos não são
indicativos de alcoolismo, a pontuação de 7 a 9 indicam possibilidade de dependência, e
pontuação de 10 ou mais sugerem provável alcoolismo (COLLIGAN; DAVIS; MORSE,
1999). A versão original do instrumento foi validada em uma amostra composta por pacientes
em tratamento do alcoolismo e por pacientes da população clínica geral. Nas análises
realizadas, o instrumento diferenciou os dois grupos da amostra, bem como identificou a
presença de alcoolistas “ocultos” na população clínica geral. Concluiu-se que esse dispositivo
seria um importante questionário de triagem para detectar a presença do alcoolismo em
pacientes das populações clínicas gerais (SWENSON; MORSE, 1975). Quanto à
sensibilidade, as estimativas variam de 90% a 95%, enquanto a especificidade varia de 65% a
99% entre a amostra dos alcoolistas e a amostra dos não-alcoolistas, respectivamente
(DAVIS, 2000; COHEN et al., 1977; OLSEN et al.., 1989).
Embora o SAAST seja uma medida de triagem do consumo de álcool, diversas
pesquisas e problemas clínicos relacionados ao uso do SAAST sugerem uma revisão do
instrumento. Mais especificamente, a revisão do formato e dos itens, que permitam uma: 1)
melhor avaliação da experiência de vida de problemas relacionados ao álcool, 2)
diferenciação entre o estado de beber atual e passado, 3) a inclusão de itens associados com o
Manual Diagnóstico e Estatístico-IV (DSM-IV) e 4) a atualização da linguagem dos itens
(DAVIS JR et al., 1987; PATTEN et al., 2006; VICKERS-DOUGLAS et al., 2005).
E, por fim, tem-se o Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT), foco
deste estudo e instrumento de triagem, desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde
(BABOR et al., 2001). O estudo do AUDIT, como dito anteriormente, pode ser justificado na
medida em que este instrumento se configura como uma das medidas mais empregadas em
todo o mundo para a identificação de grupos de risco e rastreamento do uso inadequado de
álcool em amostras clínicas e da população geral (MENESES-GAYA et al., 2009; RIST;
GLÖCKNER-RIST; DEMMEL, 2009; SELIN, 2006). Além do que, como apontam Meneses-
Gaya et al. (2009), apenas um pequeno número de estudos tem analisado aspectos importantes
como a validade, a fidedignidade e a estrutura fatorial em idiomas diferentes do inglês, o que
32
compromete sua confiabilidade e a possibilidade de comparação entre os estudos. Tendo em
vista isto, na próxima subseção serão apresentados elementos específicos envolvidos na
construção e uso do AUDIT.
2.4 Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT)
O Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) foi originalmente
desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde no final da década de 1980, a partir de um
projeto que envolveu seis países (Austrália, Bulgária, Kênia, México, Noruega e Estados
Unidos). O estudo contou com uma amostra de 1888 participantes classificados, a partir de
entrevistas prévias, em três grupos: “não bebedores” (36%), indivíduos abstêmios ou que
consumiam bebida alcoólica até três vezes por ano; “bebedores” (48%), aqueles que
consumiam álcool ao menos quatro vezes por ano; e “alcoolistas” (16%), pessoas com
diagnóstico de alcoolismo, já submetidas ou que estavam em busca de tratamento
especializado (SAUNDERS et al., 1993).
Os participantes responderam a um conjunto inicial de 150 perguntas que
envolviam variáveis de caráter sócio-demográfico, questões referentes à sua sintomatologia
atual, história médica pregressa, consumo de álcool, uso de outras substâncias, reações
psicológicas ao álcool, problemas relacionados ao álcool, história familiar de alcoolismo e
auto-percepção quanto a problemas com álcool. Com base em critérios, como, por exemplo,
validade, relevância clínica e cobertura dos domínios teóricos propostos para o AUDIT
(frequência do consumo, dependência e consequências negativas do consumo de álcool),
juntamente com a capacidade de generalização transcultural do conteúdo, seus proponentes
chegaram à versão final composta por dez itens; sete voltados para avaliar o uso nocivo e a
dependência de bebidas alcoólicas e três destinados à mensuração da quantidade e frequência
do consumo (SAUNDERS et al., 1993).
Segundo Rist, Glöckner-Rist e Demmel (2009), entre os instrumentos utilizados
para avaliar o consumo abusivo de álcool, o AUDIT se destaca por sua sensibilidade para
detectar a dependência e o consumo nocivo em amostras clínicas e utilidade para identificar
potenciais grupos de risco. Ainda que sua utilização tenha sido inicialmente combinada com
processos clínicos de triagem, exames laboratoriais e avaliações físicas, a maioria dos estudos
atuais o tem empregado como uma medida de triagem (screen) independente (SELIN, 2006).
De fato, ao longo dos últimos anos, algumas revisões sistemáticas da literatura têm
33
evidenciado a pertinência de sua aplicação com grandes amostras e em contextos culturais
distintos (MENESES-GAYA et al., 2009; RIST; GLÖCKNER-RIST; DEMMEL, 2009). Na
Suécia, por exemplo, o AUDIT tem sido usado em levantamentos nacionais (surveys) acerca
do consumo de álcool desde a década de 1990 (SELIN, 2006).
Como dito, o instrumento abrange três domínios, exemplificados pelos seguintes
itens: (1) frequência do consumo de álcool (p.ex. “Com que frequência você consome alguma
bebida alcoólica?”); (2) dependência do consumo de álcool (p.ex. “Com que frequência,
durante o último ano, você achou que não seria capaz de controlar a quantidade de bebida
depois de começar?”) e (3) consequências negativas do consumo de álcool (p.ex. “Com que
frequência, durante o último ano, você sentiu culpa ou remorso depois de beber?”). Para o
cálculo da pontuação total, somam-se os valores referentes a cada resposta, sendo 40 a
pontuação máxima da escala (SAUNDERS et al., 1993; SHEVLIN; SMITH, 2007). O ponto
de corte para que um respondente seja considerado bebedor-problema é 8, mas este valor é
flexível conforme a cultura e a população que se está estudando (BABOR et al., 2001). Na
Alemanha, por exemplo, recomenda-se um ponto de corte ≥ 5 (BISCHOF et al., RUMPFT et
al.). Em mulheres, também, recomenda-se que o ponto de corte seja aproximadamente cinco,
uma vez que a sensibilidade reduz quando o AUDIT é aplicado nesta população (REINERT,
ALLEN, 2002, 2007).
Neste contexto, sabe-se que o AUDIT foi originalmente desenvolvido para ser
utilizado em populações adultas. No entanto, estudos de validação deste instrumento também
são realizados em amostras de adolescentes e estudantes universitários (MATTARA et al.,
2010; REINERT; ALLEN, 2002). Um destes estudos, por exemplo, comparou o AUDIT com
o POSIT (Problem Oriented Screening Instrument for Teenagers), o CAGE (Acrônimo das
palavras inglesas Cutdown/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire) e o CRAFFT
(Acrônimo das palavras inglesas Car/ Relax/ Alone/ Forget/ Family Friend / Trouble
Questionnaire) em uma amostra de adolescentes entre 14 e 18 anos de um hospital. Neste
caso, o AUDIT foi quase insensível a um ponto de corte acima de oito; sendo proposto um
ponto de corte de dois para o uso problemático e um ponto de corte 3 para abuso e
dependência (KNIGHT et al., 2003). Com estudantes universitários, em um outro estudo, o
AUDIT foi comparado com o TLFB (Alcohol Timeline Followback), intrumento que mede a
quantidade e a frequência do consumo de álcool nos últimos 28 dias, de acordo com os
critérios do DSM-III-R (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Third
Edition). Nesta pesquisa, as análises do AUDIT apontaram um ponto de corte de seis ou mais
para identificar o consumo abusivo do álcool (KOKOTAILO et al., 2004). Sobre tal fato,
34
Meneses-Gaya et al., (2009) asseguram que os estudos de validação do AUDIT com
estudantes universitários identificam menores valores de sensibilidade e especificidade
quando o tradicional ponto de corte é utilizado.
A literatura contém referências acerca do estudo do AUDIT em diferentes países
do mundo, como Estados Unidos (FLEMING; BARRY; MCDONALD, 1991), México
(MEDINA-MORA; CARREÑÃO; DE LA FUENTE, 1998), Canadá (IVIS; ADLAF; REHM,
2000), Finlândia (HOLMILA, 1995), Nigéria (ADEWUYA, 2005), Índia (CAREY;
MARIAH CAREY; CHANDRA, 2003; PAL; JENA), Espanha (GÓMEZ et al., 2005;.
PERULA et al., 2005), Suíça (BERGMAN; KÄLLMÉN, 2002; GMEL; HEEB; REHM,
2001; SELIN, 2003), China (CHEN; CHEN; CHENG, 2004, 2005; TSAI; TSAI CHEN; LIU,
2005), Alemanha (BISCHOF et al., 2005;. DYBEK et al., 2006;. NEUMANN et al., 2009);
Vietnã (GIANG et al., 2005) e França (GACHE et al.,2005), entre outros. No entanto, apenas
um pequeno número de estudos têm abordado a validade, estrutura fatorial e confiabilidade
destas versões em idiomas diferentes do inglês, o que compromete a comparabilidade entre os
estudos (REINERT; ALLEN, 2002; MENEZES-GAYA et al., 2009).
Em relação ao processo de validação, na França, por exemplo, o AUDIT foi
validado em uma amostra de pacientes de uma unidade básica de saúde, que identificou o
instrumento como eficiente na detecção de uso abusivo e dependência de álcool, em
comparação com o MAST e o CAGE (GACHE et al., 2005). No Vietnã, em uma comunidade
rural, identificaram-se diferenças na sensibilidade e na especificidade do AUDIT,
apresentando esta medida melhores resultados no processo de triagem para a dependência do
que para o abuso de álcool (GIANG et al., 2005). Na Nigéria, em uma amostra de
universitários, encontrou-se uma sensibilidade de 93% e uma especificidade de 91%
percebeu-se ainda que uma pontuação maior que 5 poderia identificar claramente pessoas com
problemas relacionados ao álcool (ADEWUYA, 2005). Na Espanha, em uma amostra
feminina proveniente de centros de saúde e de centros de drogodependência, encontrou-se que
o ponto de corte mais eficaz seria acima de 6 pontos, a sensibilidade foi de 89,6% e a
especificidade de 95,07% (GÓMEZ et al., 2005). Na China, a sensibilidade e a especificidade
do AUDIT com ponto de corte 8 para usuários nocivos, foi de 0,96 e 0,85, respectivamente
(TSAI; TSAI CHEN; LIU., 2005).
No Brasil, o AUDIT foi validado por Méndez et al. (1999), no Rio Grande do Sul,
e posteriormente por Lima et al. (2005), na Bahia, ressalta-se que neste primeiro estudo não
foi realizada a análise fatorial do instrumento, encontrando-se uma sensibilidade de 91,8% e
especificidade de 62,3%, a um ponto de corte de 7. Lima et al. (2005), por sua vez, validaram
35
o AUDIT em uma amostra população da cidade Salvador (Bahia), nesta pesquisa foi realizada
a validade concorrente do AUDIT com o CID-10, um alfa de Cronbach foi de 0,81, o ponto
de corte sugerido foi de 7 ou 8 pontos, com sensibilidade e especificidade de 100% e 76%,
respectivamente. Sugeriu-se, além disto, um modelo estrutural de dois fatores (medida do
consumo e consequências do consumo de álcool).
Recentemente, outro estudo de validação foi realizado no Brasil, em uma amostra
de uma população ribeirinha da Amazônia, neste estudo, a versão original do AUDIT foi
traduzida para Português, utilizando o procedimento recomendado pela OMS. O texto foi
apresentado a um tradutor nativo da língua inglesa, que aprovou a tradução. Após esta fase, o
AUDIT foi administrado a 361 habitantes durantes três vezes no período de duas semanas. Os
dados foram analisados por teste-reteste e consistência interna. O alfa de Cronbach
encontrado foi de 0,87 na primeira entrevista, 0,87 na segunda, e 0,86 na terceira. E o teste-
reteste para o total da escala do AUDIT foi 0,93. O ponto de corte ficou estabelecido em sete,
com sensibilidade de 76,4% e especificidade de 75%, não houve análises exploratórias da
estrutura do instrumento (MORRETI-PIRES; CORRADI-WEBSTER, 2011).
Acerca da dimensionalidade do AUDIT, na literatura ainda não há um consenso.
Publicações nesta direção têm indicado estruturas composta por um, dois, e até três fatores
(BABOR et al, 2001; CAREY; CAREY; CHANDRA, 2003; GMEL; HEEB; REHM, 2001;
VON-DER-PAHLEN et al ., 2008). De acordo com Rist, Glockner-Rist e Demmel (2009), os
estudos em que se observa uma estrutura unifatorial são raros, ao passo que os resultados
encontrados para modelos que envolvem estruturas com dois e três fatores são mais coesos.
Como apontam Meneses-Gaya et al. (2009), dependendo da amostra, as análises fatoriais
efetuadas com matrizes de dados provenientes do AUDIT podem produzir resultados
diferentes. Se, por um lado, em amostras procedentes de populações com alta prevalência de
dependência os resultados corroboram o modelo unifatorial, por outro, naquelas em que se
observa baixa prevalência de transtornos relacionados com o consumo de álcool, os resultados
remetem à estrutura composta por dois ou três fatores (LIMA et al., 2005).
Quanto à fidedignidade do AUDIT, a maioria dos estudos apresenta alfas de
Cronbach iguais ou superiores a 0,80 (MENESES-GAYA et al., 2009). Além disso, ainda é
possível localizar algumas referências com relação à sua precisão teste-reteste. Selin (2003),
por exemplo, em um estudo que contou com uma amostra de 457 pessoas da população geral,
observou, em um intervalo de trinta dias entre as aplicações, uma correlação de 0,84 (p ≤
0,001) para a pontuação total do AUDIT entre a primeira (t1) e a segunda (t2) aplicação. Para
os itens individualmente, excetuando o item nove (rit = 0,29), as correlações variaram entre
36
0,60 e 0,80. No mesmo estudo, estratificando as análises em função do sexo, idade e tipo de
consumo dos participantes, registrou-se um índice de confiabilidade de 0,51 para os
consumidores não habituais de álcool e iguais ou superiores a 0,79 para as demais categorias;
seus índices de consistência interna (alfa de Cronbach) foram satisfatórios (αt1 = 0,83; αt2 =
0,76).
Como ficou constatado, desde a sua elaboração o Alcohol Use Disorder
Identification Test tem sido expressivamente empregado nos estudos acerca do consumo de
álcool como amostras clínicas, população em geral, estudantes do ensino médio e,
particularmente, entre estudantes universitários (MARTINS et al., 2008). Não obstante, como
antes mencionado, no Brasil ainda são poucos os estudos que analisam às suas propriedades
psicométricas. Considerando os últimos dez anos, localizou-se apenas um estudo em que se
oferecem mais detalhes sobre sua adaptação ao contexto brasileiro, sendo os seus resultados
provenientes da cidade de Salvador (LIMA et al., 2005). Nos demais estudos, o único
parâmetro comumente disponibilizado tem sido a consistência interna, o que, por si só, não
pode ser avaliado como indicador de validade fatorial do instrumento (PASQUALI, 2010).
Em função destes aspectos, como mencionado, o presente estudo tem como
principal objetivo conhecer evidências de validade e precisão do Alcohol Use Disorder
Identification Test (AUDIT). Especificamente, pretende-se verificar a qualidade psicométrica
desta medida, avaliando seus parâmetros de validade e precisão (consistência interna e teste
reteste), e, adicionalmente, a estrutura fatorial que melhor se ajusta aos dados no contexto
cearense. Para tanto, relizaram-se dois estudos específicos, conforme descrição a seguir.
33.. EESSTTUUDDOO II –– AALLCCOOHHOOLL UUSSEE DDIISSOORRDDEERR IIDDEENNTTIIFFIICCAATTIIOONN TTEESSTT ((AAUUDDIITT))::
EEXXPPLLOORRAANNDDOO SSEEUUSS PPAARRÂÂMMEETTRROOSS PPSSIICCOOMMÉÉTTRRIICCOOSS
38
Como se verifica na literatura, desde a sua elaboração o AUDIT tem sido
expressivamente empregado em estudos acerca do consumo de álcool com amostras clínicas,
população em geral, estudantes do ensino médio e, particularmente, entre estudantes
universitários (MARTINS et al., 2008). Apesar disso, no Brasil ainda são poucos os estudos
que analisam às suas propriedades psicométricas com base em um conjunto amplo de
parâmetros. Neste sentido, este estudo tem como propósito averiguar as propriedades
psicométricas do instrumento, no que se refere à validade semântica, poder discriminativo dos
itens, estrutura fatorial, consistência interna e precisão teste-reteste, considerando para tanto
uma amostra de estudantes universitários da cidade de Fortaleza-CE. Uma melhor
compreensão das especificidades do estudo pode ser contemplada no método a seguir.
3.1. Método
3.1.1. Amostra
Contou-se com a participação de 255 estudantes universitários da cidade de Fortaleza
– CE, a maioria do sexo masculino (51,6%), solteira (94,1%), residindo com os pais (82,1%)
e da religião católica (59,7%). Estes apresentaram idade média de 20,7 anos (dp = 4,3;
amplitude de 18 a 51) e foram distribuídos entre os cursos de Psicologia (23,1%), Medicina
(18,8%), Fisioterapia (12,5%), Ciências Contábeis (11,8%), Engenharia Mecânica (10,2%),
Engenharia de Produção (16,5%) e Engenharia Metalúrgica (2,7%), Biblioteconomia (2%) e
outros não especificados (2,4%). Deste total, voltaram a participar do estudo (reteste), após,
aproximadamente, 45 dias, 21 estudantes com idades variando entre 18 e 23 anos (m = 19,8
dp = 1,47), a maioria do sexo feminino (52,4%) e da religião católica (61,9%). Estas amostras
foram de conveniência (não-probabilística), participando aquelas pessoas que, ao serem
convidadas, concordaram em colaborar como a pesquisa.
3.1.2. Instrumentos
Os participantes responderam a um livreto composto por seis partes. No entanto, em razão
dos objetivos deste estudo, apenas duas serão consideradas:
Alcohol Use Disorder Identification Test – AUDIT (BABOR et al., 2001;
SAUNDERS et al., 1993). Como apresentada anteriormente, esta medida é composta por 10
itens que abrangem três domínios teóricos: 1) Frequência do consumo de álcool (por exemplo,
“Com que frequência você consome alguma bebida alcoólica?”), 2) dependência do consumo
39
de álcool (por exemplo, “Com que frequência você achou que não seria capaz de controlar a
quantidade de bebida depois de começar?”) e 3) consequências negativas do consumo de
álcool (por exemplo, “Com que frequência você sentiu culpa ou remorso depois de beber?”).
Inicialmente, o participante foi convidado a pensar sobre seu consumo de bebidas alcoólicas
nos últimos doze meses, respondendo os itens por meio de diferentes escalas de resposta. O
primeiro item envolve a frequência do consumo e é respondido em uma escala de cinco
pontos, variando entre 0 (Nunca) e 4 (Quatro ou mais vezes por semana). O item 2, que
mensura a quantidade de bebida alcoólica consumida, inclui cinco opções de respostas que se
distribuem entre as opções: não bebo (0); 1 ou 2 “doses” (1); 3 ou 4 “doses” (2); 5 ou 6
“doses” (3); 7 a 9 “doses” (4); e 10 ou mais “doses” (5). Para os itens 3, 4, 5, 6, 7 e 8 as
respostas podem variar entre os seguintes extremos: Nunca (0) e Todos os dias ou quase todos
(4). As questões 9 e 10 apresentam três alternativas de resposta, a saber: Não (0); Sim, mas
não no último ano (2); e Sim, durante o último ano (4). Para o cálculo da pontuação total,
somam-se os valores referentes a cada resposta, sendo 40 a pontuação máxima da escala
(ANEXO A).
A última parte, denominada Caracterização da Amostra, consta de perguntas como
sexo, escolaridade, religião, etc. Além de algumas questões referentes à experiência com
álcool de familiares e pessoas próximas ao respondente. Especificamente, perguntou-se com
que frequência esta experiência ocorreu ou tem ocorrido, sendo esta pergunta respondida em
uma escala de sete pontos, variando de 0 (nunca) a 6 (todos os dias), uma visão mais amplas
desses itens pode ser obtida no ANEXO B.
3.1.3. Procedimento
Antes de proceder a coleta dos dados, o Alcohol Use Disorder Identification Test –
AUDIT foi submetido à validação semântica. Nesta etapa, contou-se com um grupo de dez
indivíduos (juízes), escolhidos aleatoriamente na população meta do estudo (Nunnally, 1978;
Pasquali, 1997, 2003, 2010). Estes avaliaram os itens e as instruções do instrumento,
indicando se estavam inteligíveis para estudantes universitários. Com base nos resultados
desta avaliação, algumas modificações foram realizadas: 1) Alteração da opção 1 das questões
três a oito, em que as expressões "uma vez por mês ou menos" foi substituída por "menos de
uma vez por mês"; 2) Inclusão da opção "não bebo" na questão dois ; e 3) Exclusão da
40
expressão "durante o último ano" das questões quatro a oito, uma vez que as instruções já
levavam o participante a pensar em seu consumo, considerando esse período.
Após a redação final e impressão dos instrumentos, um grupo de três colaboradores,
devidamente treinados, foram encarregados de aplicar os questionários. A aplicação foi
realizada coletivamente nos ambientes das universidades, em horário cedido pelos dirigentes e
professores. Na ocasião, mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(ANEXO C), assegurou-se aos participantes o caráter confidencial de suas respostas e os
aplicadores indicaram um endereço onde os mesmos poderiam obter informações sobre os
resultados finais do estudo. O tempo médio de resposta foi de 15 minutos e, após a coleta dos
dados, excluíram-se da amostra aqueles questionários em que os respondentes deixaram mais
de 10% dos itens de uma das medidas sem resposta ou responderam de forma diferente ou
utilizando escala distinta das propostas nos questionários.
Finalmente, atendendo ao disposto na resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996 do
Conselho Nacional de Saúde, ressalta-se que a efetivação do estudo foi aprovada pelo Comitê
de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Ceará (Protocolo no 87/10 – ANEXO D).
3.1.4. Análise Dos Dados
As análises foram efetuadas por meio do software SPSS (versão 19). Além das
estatísticas descritivas (tendência central e dispersão), realizaram-se, inicialmente: um Teste t
de Student, para avaliar o poder discriminativo dos itens, comparando suas pontuações médias
em função de grupos critério internos; e correlações item total corrigidas, para avaliar a
homogeneidade dos itens. Em seguida, verificou-se a adequação da matriz de dados
correspondente com o fim de se realizar uma análise fatorial exploratória, considerando o
Kaiser-Meyer-Olkim (KMO), que precisa ser de pelo menos 0,60 para suportar este tipo de
análise, e o Teste de Esfericidade de Bartlett, cujo valor do qui-quadrado deve ser
estatisticamente significativo (TABACHNICK; FIDELL, 2001). Para conhecer a estrutura
fatorial do conjunto de itens, foi realizada uma análise de Componentes Principais. Salienta-se
que para estabelecer o número de fatores a ser retido foram considerados os critérios de
Kaiser, Cattel e Horn (Análise Paralela). Além disso, a fim de conhecer a precisão do
instrumento, efetuou-se o cálculo do Alfa de Cronbach e Correlações de r de Pearson para
observar a precisão teste-reteste.
41
3.2. Resultados
Como antes especificado, o poder discriminativo dos itens foi estabelecido por meio
de grupos critérios internos, considerando os participantes cujas pontuações totais se
localizaram abaixo e acima da mediana empírica no AUDIT (Md= 0,3), chamando-os,
respectivamente, de grupo critério inferior e superior. Mediante o uso do teste t, foram
comparadas as médias dos dois grupos para cada um dos itens, com o objetivo de verificar em
que medida estes conseguem diferenciar os respondentes com pontuações próximas. Em
seguida, efetuaram-se cálculos das correlações item-total corrigidas e, finalmente, do Alfa de
Cronbach do conjunto total, observando seus valores em função de exclusão de itens com
baixa homogeneidade. Os resultados destas análises são resumidos na Tabela 1.
Tabela 1. Poder discriminativo, correlação item-total e precisão dos itens do AUDIT.
Item Grupo Inferior Grupo Superior
t ri.t Precisão do
item m dp m dp
Fator (α = 0,83)
02 0,23 0,42 2,75 1,11 22,78** 0,73 0,79
01 0,26 0,44 1,73 0,75 18,07** 0,73 0,79
03 0,00 0,00 1,32 0,81 17,20** 0,81 0,78
08 0,01 0,09 0,81 0,84 10,10** 0,64 0,80
07 0,00 0,00 0,70 0,82 9,12** 0,62 0,80
09 0,04 0,26 1,10 1,49 7,54** 0,38 0,83
04 0,00 0,84 0,65 1,04 6,59** 0,49 0,81
10 0,02 0,18 0,64 1,35 4,85** 0,36 0,83
05 0,00 0,00 0,23 0,57 4,34** 0,38 0,82
06 0,00 0,00 0,04 0,23 1,82 0,14 0,83
Notas: * p < 0,01; ** p < 0,001; ri.t = Correlação item-total corrigida.
De acordo com Tabela 1, com exceção do item 6, todos os demais itens do AUDIT
conseguem diferenciar significativamente (p < 0,001) os grupos critérios, mesmo quando
estes apresentam pontuções próximas. Quanto à homogeneidade, as correlações (rit) variaram
entre 0,14 (Com que frequência, durante o último ano, depois de ter bebido muito, você
precisou beber pela manhã para se sentir melhor?) e 0,81 (Com que frequência você toma
“seis ou mais doses” em uma ocasião?). Como se pode obervar, apenas o item 6 ficou
abaixo do limite aceitável (0,20; CLARK; WATSON, 1995). Quanto à consistência interna
para o conjunto total de itens, tem-se que o alfa de Cronbach foi de 0,83, valor que cumpre o
ponto de corte estabelecido na literatura (0,70; NUNNALLY, 1991).
42
Após estas análises, para atender aos objetivos propostos neste estudo, procurou-se
conhecer as possíveis estruturas fatoriais para o AUDIT. No entanto, antes de proseguir com
as análises fatoriais exploratórias, sabe-se que é preciso verificar a fatorabilidade da matriz,
pois caso os itens (variáveis) não apresentem variância em comum, a análise fatorial não é
possível. Neste estudo, a fatorabilidade da matriz de dados foi confirmada por meio do KMO
= 0,86 e do Teste de Esfericidade de Bartlett, 2 (45) = 1061,58; p < 0,001 (TABACHNICK;
FIDEL, 2001).
Uma vez que os resultados são favoráveis à realização da análise de componentes
principais, torna-se imprescindível estabelecer quantos possíveis fatores se podem extrair da
matriz de dados, sobretudo, porque a sub ou super-extração de componentes poderá distorcer
os resultados de análises posteriores (FAVA;VELICER, 1996). Para a identificação deste
número, diferentes critérios podem ser utilizados. Como apresenta Laros e Puente-Palacios
(2004), pesquisas com dados simulados (ZWICK; VELICER, 1986) mostram que o critério
do eigenvalue maior do que 1,0, de Guttman-Kaiser (GUTTMAN, 1954; KAISER, 1960) é
adequado em 22% dos casos; o critério baseado no teste qui-quadrado, de Barlett (1950) 30%;
o critério baseado no teste scree, de Cattell (1966) em 57%; o de Velicer (1976), baseado nas
correlações parciais em 84% dos casos; e a Análise Paralela, de Horn (1965), em 92% dos
casos. Neste estudo, foram considerados três destes critérios: o de Kaiser, Cattell e o de Horn.
Para averiguar o número de fatores a extrair com base no que propõe Kaiser,
inicialmente foi efetuada uma análise de componentes principais, sem fixar número de fatores
a extrair e tipo de rotação. Nesta análise, foi possível encontrar até 3 componentes que
atenderam o critério de valor próprio (eigenvalue) igual ou superior a 1. Estes explicaram
conjuntamente 65,1% da variância total. Contudo, uma vez que tal critério superestima o
número de componentes a extrair, decidiu-se ter em conta outros dois critérios mais robustos
(HAYTON; ALLEN; SCARPELLO, 2004): a distribuição gráfica dos valores próprios
(Cattell) e a geração aleatória de tais valores de Horn (Análise Paralela). O critério de Cattell
(1966) é uma figura que ilustra como a variabilidade dos dados está distribuída entre os eixos
de ordenação, quando ponto que se localiza antes do gráfico começar a ficar horizontal é o
indicativo do número máximo de fatores a serem extraídos (HAIR JR et al, 2005). Em função
desse critério, de acordo com a visualização do scree plot (Figura 1), foi identificado apenas
um fator.
43
Figura 1. Representação Gráfica dos valores próprios (Critério de Cattell)
A análise paralela contrasta os eigenvalues (valores próprios) gerados pela matriz de
componentes (observados) com aqueles gerados aleatoriamente (simulados), em função do
tamanho da amostra e do número de itens do instrumento (HORN, 1965). Reise, Waller e
Comrey (2000), consideram que é pertinente reter um fator na medida em que este explica
maior variância do que o fator correspondente nos dados aleatórios. Assim, no momento em
que o eigenvalue dos dados aleatórios é superior ao dos dados empíricos (observados), não é
mais adequado reter esse fator. Para realizar a análise paralela, neste estudo, assumiram-se os
parâmetros do banco de dados original (255 participantes e 10 variáveis) com 100 simulações.
Cada valor observado maior que o valor médio resultante das matrizes aleatórias corrobora a
existência do fator. Os resultados desta análise podem ser observados na Tabela 2.
Tabela 2. Análise paralela para os itens do AUDIT (n=255).
Valores
observados Valores simulados Percentis
4,35 1,32 1,42
1,09 1,22 1,29
1,08 1,15 1,20
0,93 1,08 1,13
0,71 1,02 1,05
0,67 0,96 1,00
0,43 0,90 0,95
0,34 0,84 0,89
0,24 0,78 0,82
0,17 0,71 0,77
44
Conforme a Tabela 2, parece pertinente extrair apenas um componente para o conjunto
dos 10 itens do AUDIT. Em função disso, procedeu-se a uma análise de Componentes
Principais sem rotação, fixando a extração de um fator. Os resultados a respeito são
apresentados na Tabela 3.
Tabela 3. Estrutura Componencial do AUDIT
Conteúdo dos Itens Componente h²
01. Com que frequência você consome alguma bebida álcoolica? 0,82* 0,67
02. Nas ocasiões em que bebe, quantas doses, copos ou garrafas
você costuma tomar? 0,83* 0,69
03. Com que frequência você toma “seis ou mais doses” em uma
ocasião 0,87* 0,76
04. Com que frequência você achou que não seria capaz de
controlar a quantidade de bebida depois de começar? 0,62* 0,38
05. Com que frequência você não conseguiu cumprir com algum
compromisso por causa da bebida? 0,50* 0,26
06. Com que frequência depois de ter bebido muito, você precisou
beber pela manhã para se sentir melhor? 0,18 0,03
07. Com que frequência você sentiu culpa ou remorso depois de
beber? 0,75* 0,56
08. Com que frequência você não conseguiu se lembrar do que
aconteceu na noite anterior por causa da bebida? 0,77* 0,60
09. Alguma vez na vida você ou alguma outra pessoa já se
machucou, ou se prejudicou pelo fato de você ter bebido? 0,45* 0,21
10. Alguma vez na vida algum parente, amigo, médico ou outro
profissional da saúde já se preocupou com você por causa de
bebida ou lhe disse para parar de beber?
0,43* 0,19
Número de Itens 10
Valor próprio 4,34
% Variância Total explicada 43,47
Alfa de Cronbach 0,83
Nota: * carga fatorial considerada satisfatória |0,30|.
Como se verifica, a estrutura unifatorial desta medida parece coerente; excetuando o
item 6 referente à frequência de consumo de álcool pela manhã, todos os itens apresentam
saturações dentro do que foi estabelecido como satisfatório, isto é, carga fatorial igual ou
superior a |0,30|. Este fator apresentou valor próprio de 4,34 e explicou 43,5% da variância
total, sendo sua consistência interna (alfa de Cronbach) de 0,83.
Finalmente, para complementar as informações acerca da confiabilidade do AUDIT,
procurou-se avaliar sua precisão teste-reteste. Inicialmente, efetuou-se uma correlação r de
45
Pearson entre as pontuações totais apresentadas por 21 participantes em dois momentos (t1 e
t2). Os resultados indicaram uma correlação forte e significativa (rtt = 0,91; p ≤ 0,01) entre os
dados obtidos na primeira e segunda aplicação. Em seguida, compararam-se, por meio de um
teste t para amostras emparelhadas, as pontuações médias apresentadas pelos participantes nas
duas aplicações. Nesta análise não se encontrou diferenças significativas entre as médias nos
dois tempos (mt1 = 3,0, dp = 3,99; mt2 = 2,5, dp = 4,21; p ≥ 0,05), o que corrobora a
estabilidade temporal do AUDIT.
3.3. Discussão
O objetivo principal do Estudo I foi apresentar evidências psicométricas do AUDIT,
no que se refere ao poder discriminativo dos itens, consistência interna, estrutura fatorial e
precisão teste-reteste .
Com base nos resultados, verificou-se que apenas um único item do instrumento (Com
que frequência, durante o último ano, depois de ter bebido muito, você precisou beber pela
manhã para se sentir melhor?) apresentou poder discriminativo não significaticante (p >
0,05) e correlação item-total baixa (ri.t= 0,14). Este aspecto, provavelmente, refere-se ao fato
de que os participantes do estudo não se configuram como uma amostra clínica com
características típicas de dependência alcoólica, aspecto que envolve o conteúdo do item, cujo
foco está no sintoma de consumir bebida álcoolica pela manhã. Tal fato sugere a inexistência
de padrões de respostas consistentes, gerando pouca variabilidade na matriz de dados. Pode-se
conjeturar que, se a amostra contemplasse dependentes de álcool, provavelmente, os
resultados acerca deste item poderiam ter sido mais consistentes; hipótese que demanda
comprovação em estudo futuro. Ao mesmo tempo, uma vez que o conteúdo deste item pode
parecer pouco relevante para estudos com amostra de universitários, uma opção seria
desconsiderá-lo, pois, como é possível verificar, sua exclusão não compromete a consistência
interna da medida.
Quanto à fidedignidade do AUDIT, o alfa de Cronbach foi de 0,83, o que condiz com
a literatura, que aponta como aceitável um alfa maior ou igual a 0,70 (NUNALLY;
BERNSTEIN 1994). Adiciona-se a isto, o fato de a maioria dos estudos sobre confiabilidade
do AUDIT apresentarem alfas iguais ou superiores a 0,80 (MENESES-GAYA et al.., 2009).
Assim, no presente estudo, que envolveu contextos universitários, a consistência interna do
AUDIT pode ser considerada satisfatória, o que corrobora com outros estudos realizados nos
46
Estados Unidos e na Coreia, dentro do mesmo contexto, que encontraram alfas de 0,94 e 0,85,
respectivamente (O‟HARE; SHERRER, 1999; CHUNN; SOHN, 2005). Quanto à precisão
teste-reteste os resultados também foram favoráveis, na medida em que indicaram a boa
estabilidade temporal do AUDIT entre a primeira e a segunda aplicação (rtt = 0,91; p ≤ 0,01),
assemelhando-se a outros estudos que consideraram períodos de tempos distintos (SELIN,
2003; MORETTI-PIRES, 2011).
Por outro lado, quando avaliada, a estrutura fatorial do AUDIT com os dados desta
amostra se apresentou diferente de outros estudos que observaram sua multidimensionalidade,
encontrando modelos compostos por dois, e até três fatores (LIMA et al., 2005; RIST;
GLOCKNER-RIST; DEMMEL, 2009; SHEVLIN et al., 2007; GMEL; HEEB; REHM, 2001,
VON-DER-PAHLEN et al., 2008). No presente estudo, considerando os diferentes critérios
para extração de fatores propostos na literatura, foi possível estimar a existênica de um único
fator, tendo em conta os critérios de Cattell (scree plot) e de Horn (Análise paralela). Apesar
de rara, tal estrutura é possível e tem sido encontrada em alguns estudos realizados em outros
países, como, por exemplo, Índia e Estados Unidos (CAREY; CAREY; CHANDRA, 2003;
EL BASSEL et al, 1998; SKIPSEY; BURLESON; KRANZLER et al.,1997). Não obstante
os resultados encontrados, deve-se destacar que a possibilidade de modelos multifatoriais não
deve ser descartada, ainda mais quando não há convergência entre todos os critérios utilizados
e a proposta original do AUDIT faz referência a três padrões de consumo de álcool (BABOR
et al., 2001).
Neste sentido, considerando que o Estudo I utilizou análises exploratórias e foi
realizado em uma amostra de universitários, parece coerente realizar análises estatísticas mais
robustas, como é o caso das modelagens por equação estrutural, e ampliar a amostra,
considerando participantes da população geral. Segundo Meneses-Gaya et al. (2009), por
exemplo, dependendo da amostra, as análises fatoriais efetuadas com matrizes de dados
provenientes do AUDIT podem produzir resultados diferentes. Portanto, para dirimir as
dúvidas acerca da estrutura fatorial do AUDIT, optou-se por realizar um novo estudo (Estudo
II), cujos objetivos e especificidades são apresentados a seguir.
44.. EESSTTUUDDOO IIII –– AAUUDDIITT:: AANNÁÁLLIISSEE FFAATTOORRIIAALL CCOONNFFIIRRMMAATTÓÓRRIIAA EE
VVAALLIIDDAADDEE CCOONNVVEERRGGEENNTTEE EE DDEE CCRRIITTÉÉRRIIOO
48
Como discutido, na literatura ainda não há um consenso acerca da
dimensionalidade do AUDIT, publicações a respeito têm indicado modelos compostos por
um, dois e três fatores (CAREY, CAREY, CHANDRA, 2003; GMEL, HEEB, REHM, 2001;
VON-DER-PAHLEN et al., 2008). Dentro deste contexto, o Estudo II teve como objetivo
comprovar a adequação dos modelos uni e multifatoriais, comparando-os e escolhendo aquele
que melhor se ajusta aos dados, e verificar a validade convergente/de critério do AUDIT,
considerando uma amostra da população geral. Um detalhamento das especificidades deste
estudo pode ser observado no método apresentado a seguir.
4.1. Método
4.1.1. Amostra
Participaram deste estudo 388 pessoas da população geral da cidade de Fortaleza-
Ceará, com idades variando entre 18 e 78 anos (m= 27,7 anos; dp = 10,4), a maioria católica
(56,3%), do sexo feminino (52,2%), solteira (74,2 %) e com ensino superior incompleto
(50,9%). Esta amostra foi de conveniência (não-probabilística), considerando-se as pessoas
que ao serem convidadas concordaram em participar do estudo.
4.1.2. Instrumento
Além dos instrumentos utilizados no Estudo I, para o fim deste estudo, os
participantes responderam as medidas abaixo descritas e perguntas de caráter bio-sócio-
demográfico, semelhantes as do estudo anterior.
Escala de atitudes frente ao uso de álcool (GOUVEIA et al., 2009). Por meio de
escalas de diferencial semântico, o respondente expõe sua avaliação global acerca de estar
sob o efeito de álcool. Quatro pares de adjetivos (positivo/negativo, agradável/desagradável,
bom/ruim e desejável/indesejável) são situados nos extremos de uma escala composta por
nove pontos (por exemplo, bom +4 +3 +2 +1 0 -1 -2 -3 -4 ruim). Para o cálculo da pontuação
final, substituem-se os números positivos por 1, 2, 3 e 4 e os negativos por 6, 7, 8 e 9
respectivamente, sendo 5 o ponto nulo da escala. Neste sentido, a maior pontuação indica
atitude contrária ao uso de álcool (ANEXO E).
49
Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire- CAGE (MAYFIELD;
MCLEOD; HALL, 1974). Conforme apresentação anterior, o CAGE (ANEXO F) é
Composto por quatro itens, com alternativas de resposta “sim” e “não”; este instrumento tem
sido amplamente utilizado na detecção de possíveis dependentes de álcool. De acordo com os
estudos desenvolvidos no Brasil, duas ou mais respostas afirmativas as perguntas: (1) Alguma
vez você sentiu que deveria diminuir ("Cut down") a quantidade de bebida ou parar de beber?
(2) As pessoas o (a) aborrecem ("Annoyed") porque criticam o seu modo de beber? (3) Você
se sente culpado (a) ("Guilty") pela maneira com que costuma beber? (4) Você costuma beber
pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca ("Eye-opener")?, identificam o potencial
bebedor-problema (AMARAL, MALBERGIER, 2004; CAPRIGLIONE, MONTEIRO,
MASUR, 1985).
4.1.3. Procedimento
A coleta de dados foi realizada por um grupo de colaboradores treinados na
padronização da aplicação e no esclarecimento das dúvidas. As pessoas foram abordadas em
ruas, praças, shoppings, dentre outros espaços públicos e convidadas a participar da pesquisa.
Aquelas que concordavam, eram solicitadas a responder o questionário individualmente,
sendo informadas de que a colaboração seria voluntária e anônima. Além disso, indicou-se
que não haveria resposta certa ou errada, que a participação não traria qualquer ônus ou
prejuízo e que os dados seriam tratados no seu conjunto, assegurando o anonimato. Na
ocasião foi esclarecido que a pesquisa tinha aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Ceará (Protocolo no 87/10 – ANEXO D), e que antes de responder e
devolver o questionário, o participante deveria assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, concordando em participar do estudo e autorizando a utilização dos dados com o
fim de pesquisa e eventuais publicações. Em média, 15 minutos foram suficientes para a
conclusão do questionário.
4.1.4. Análise Dos Dados
Neste estudo, além do SPSS, o software AMOS 18 foi empregado para testar a
estrutura fatorial encontrada no primeiro estudo (Análise Fatorial Confirmatória),
confrontando-a, adicionalmente, com modelos alternativos. Além das estatísticas descritivas,
utilizaram-se análises fatoriais confirmatórias, tomando-se em conta a matriz de covariância e,
50
adotando o estimador ML (Maximum Likelihood). Estas análises oferecem vários indicadores
de ajuste do modelo teórico aos dados empíricos, sendo aqui considerados os seguintes
(BYRNE, 2001; TABACHNICK, FIDELL, 2001):
(1) Razão ² / g.l. (qui-quadrado / graus de liberdade), sendo recomendáveis
valores entre 2 e 3, porém admitindo-se até 5 como indicativo de um ajustamento adequado;
(2) Adjusted Goodness-of-Fit Index (AGFI), cujos valores variam de 0 a 1, com
aqueles próximos a 0,90 indicando um ajustamento satisfatório;
(3) Comparative Fit Index (CFI) é um índice comparativo, adicional, de ajuste ao
modelo, valores mais próximos de 1 indicando melhor ajuste, com 0,90 sendo a referência
para aceitar o modelo;
(4) Root-Mean-Square Error of Approximation (RMSEA), que se baseia nos
residuais, sendo melhor quanto mais próximo este índice for de zero (melhor o ajuste do
modelo hipotético aos dados); admitem-se valores de até 0,10, porém tem-se geralmente em
conta o ponto de corte de 0,08.; e
(5) o Consistent Akaike information Criterion (CAIC) e o Expected Cross
Validation Index (ECVI), os quais são indicadores geralmente empregados para avaliar a
adequação de um modelo em relação a outro. Valores baixos do ECVI e CAIC sugerem um
modelo mais adequado.
Finalmente, será analisada a diferença entre os qui-quadrados e seus respectivos
graus de liberdade [ ²(gl)], procedimento que serve para decidir entre os modelos qual o
mais parcimonioso e, portanto, mais ajustado (BYRNE, 2001). Ainda com o SPSS se
procurará conhecer a consistência interna (alfa de Cronbach) do AUDIT, bem como
evidências de sua validade convergente/de critério (correlação r de Spearman e teste t de
Student) com as medidas que foram empregadas no segundo estudo. Acerca disto, Pasquali
(2001) aponta que a validade convergente refere-se à correlação significativa do construto
considerado com outros contrutos que, teoricamente, deveriam estar relacionados; já a
validade de critério avalia o grau com que um instrumento discrimina grupos de pessoas, de
acordo com um ou mais critérios.
4.2. Resultados
Inicialmente, realizou-se uma análise fatorial confirmatória testando a estrutura
unifatorial (Modelo 1) encontrada por meio das análises exploratórias realizadas no Estudo I.
De acordo com os resultados da SEM (Structural Equation Modeling), os indicadores de
51
adequação de ajuste deste modelo foram pouco aceitáveis: ² (35) = 216,86, p < 0,001; ²/gl =
6,20, GFI = 0,89, AGFI = 0,82, CFI = 0,87, RMSEA = 0,118 (IC90% = 0,103-0,133), ECVI =
0,69 e CAIC = 355,34. Em seguida, com o propósito de identificar um modelo mais
adequado, procurou-se, com base na revisão de literaruta, testar duas novas estruturas. A
primeira (Modelo 2), bifatorial, agrupa o domínio Frequência do Consumo em um único
fator, tendo como segundo componente os domínios Dependência e Consequências negativas
do Consumo. Ao passo que a segunda (Modelo 3), envolve a versão originalmente proposta
pela Organização Mundial de Saúde, em que o consumo de álcool é avaliado a partir dos três
domínios supracitados. Os resultados destas análises são sumarizados na Tabela 4.
Tabela 4. Comparação de diferentes modelos fatoriais do AUDIT.
Modelo χ2 (gl) AGFI CFI RSMEA (CI90%) ECVI CAIC ² (gl)
1 216,86 (35) 0,82 0,87 0,12 (0,10 - 0,13) 0,69 355,34 -----
2 101,80 (34) 0,92 0,95 0,07 (0,06 - 0,09) 0,39 247,21 115,06 (1)*
3 63,29 (32) 0,95 0,98 0,05 (0,03 - 0,07) 0,29 222,54 38,51 (2)*
Nota: χ2 = qui-quadrado, gl = graus de liberdade, AGFI = Adjusted goodness-of-fit index,
CFI = comparative fit index, RMSEA = root-mean-square error of approximation, CI90% =
intervalo de confiança de 90%, ECVI = expected cross-validation index, CAIC = consistent
Akaike information criterion, e ² = diferença entre os valores do qui-quadrado. *p < 0,001.
Quando comparados, o Modelo 2 foi mais apropriado (χ²/gl = 101,80, AGFI =
0,92, CFI=0,95 e RMSEA = 0,07) que o Modelo 1. Entretanto, considerando os múltiplos
indicadores de qualidade ajuste, percebe-se que o Modelo 3 reúne provas de melhor
adequação (χ²/gl = 63,29,GFI= AGFI = 0,98 e RMSEA = 0,05) frente ao Modelo 2 e,
consequentemente, ao Modelo 1. Além disso, os valores do CAIC e ECVI do Modelo 3 são
inferiores aos dos demais modelos, sendo ainda significativa a diferença de qui-quadrado dos
mesmos, principalmente quando se observam os Modelos 3 e 2 (Δχ² (2) = 38,51, p < 0,001).
Em função dos resultados, assume-se o Modelo 3 como o mais adequado. Neste caso,
excetuando o Item 6, todos os foram superiores a 0,30, sendo estatisticamente diferentes de
zero ( 0; z > 1,96, p < 0,05). Os três fatores apresentaram correlação entre si (Ф) de 0,53,
0,68 e 0,70 (valor Phi padronizado), respectivamente. Um resumo deste modelo pode ser
obervado na Figura 1.
52
Figura 2. Estrutura Fatorial do Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT).
Adicionalmente, procurou-se calcular a fidedignidade do AUDIT, considerando o
conjunto de itens. Os resultados destas análises indicaram consistência interna (Alfa de
Cronbach) de 0,82, com homogeneidade média de 0,52, variando de 0,25 (Item 6: Com que
frequência depois de ter bebido muito, você precisou beber pela manhã para se sentir
melhor?) a 0,76 (Item 3: Com que frequência você toma “seis ou mais doses” em uma
ocasião?), corroborando os resultados do Estudo I. Entretanto, como os resultados deste
estudo indicam a coerência do Modelo 3, calcularam-se os Alfas de Cronbach para cada um
dos fatores deste modelo. Para o primeiro fator (Frequência de Consumo), verificaram-se Alfa
de 0,89 e índice de homogeneidade médio de 0,83, variando este última entre 0,81 (Item 1:
Com que frequência você consome alguma bebida de álcoolica?) e 0,85 (Item 2: Nas ocasiões
em que bebe, quantas doses, copos ou garrafas você costuma tomar?). O Segundo fator
(Dependência) apresentou consistência interna e homogeneidade média de 0,50 e 0,39,
53
respectivamente. Para este fator, o menor índice de homogeneidade foi de 0,20 (Item 6) e o
maior 0,51 (Item 4: Com que frequência você achou que não seria capaz de controlar a
quantidade de bebida depois de começar?). O último componente (Consequências Negativas
do Consumo) apresentou um alfa de 0,62 e homogeneidade de 0,42, sendo o valor mais baixo
(0,39) correspondente ao Item 10 (Alguma vez na vida algum parente, amigo, médico ou
outro profissional da saúde já se preocupou com você por causa de bebida ou lhe disse para
parar de beber?) e mais alto ao Item 8 (Com que frequência você não conseguiu se lembrar do
que aconteceu na noite anterior por causa da bebida?).
Finalmente, a fim de avaliar a validade convergente do AUDIT, procurou-se
correlacionar sua pontuação total e as dos seus respectivos fatores com aquelas obtidas por
meio da Escala de Atitudes Frente ao Uso de Álcool (GOUVEIA et al., 2009) e do Cut down/
Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire (CAGE; MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974).
Tal análise se justifica, fundamentalmente, pela relação existente entre atitudes e
comportamento e, principalmente, atitudes frente ao consumo de álcool e ingestão de bebidas
alcoólicas, bem como entre as pontuações do CAGE com AUDIT (AJZEN, 2001; HAYS;
MERZ; NICHOLAS, 1995; HOLLAND et al., 2002; SIMONS; CAREY, 2000; SIMONS;
GAHER, 2004). Os resultados destas análises são apresentados na Tabela 5.
Tabela 5. Correlação de Spearman entre AUDIT, CAGE e Atitudes Frente ao Uso de Álcool.
Variáveis 1 2 3 4 5
1. CAGE
2. Atitudes frente ao uso de álcool -0,19*
3. AUDIT total 0,55* -0,52
*
4. Frequência de Consumo 0,46* -0,58
* 0,93
*
5. Dependência 0,44* -0,24
* 0,66
* 0,52
*
6. Consequência negativas do consumo 0,53* -0,34
* 0,83
* 0,66
* 0,51
*
Nota: * p ≤ 0,01; CAGE = Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire.
Como se observa, os resultados das análises permitem admitir que, como proposto
na literatura (HAYS; MERZ; NICHOLAS, 1995), o consumo de álcool, avaliado pelo
AUDIT, está correlacionado diretamente com as pontuações dos participantes no CAGE (ρ =
0,55; p ≤ 0,01). Ao mesmo tempo em que as atitudes frente ao consumo de álcool se
correlacionam negativa e significativamente, tanto com a pontuação total do AUDIT (ρ = -
0,52; p ≤ 0,01) como com os fatores teóricos propostos (ρ = -0,58, -0,24 e -0,34
respectivamente; p ≤ 0,01). Além disso, quando se avalia as pontuações médias dos
participantes no AUDIT, comparando potenciais bebedores-problema (m = 1,32),
54
selecionados por meio do CAGE, e os respondentes que não se enquadram nessa categoria de
consumidores de álcool (m = 0,98), verifica-se que estes se diferenciam significativamente
daqueles (t = 3,14; p ≤ 0,01), o que ratifica a validade de critério do AUDIT. Na discussão
abaixo, pretende-se discorrer mais detalhadamente acerca destes resultados.
4.3. Discussão
Como apresentado, o Estudo II teve como objetivo comprovar a adequação dos
modelos uni e multifatoriais e verificar a validade convergente e de critério do AUDIT.
Em termos gerais, conforme se observa nos resultados, a análise fatorial confirmatória
indicou o modelo de três fatores como o de melhor adequação, o que se assemelha a proposta
dos três domínios sugerida pela OMS (BABOR et al, 2001). Acerca desta semelhança, é
preciso destacar que, originalmente, o estabelecimento destes domínios teve por base apenas a
validade aparente, que em si não garante a adequação do construto (PASQUALI, 2001).
Desse modo, a comprovação apresentada, por meio dos índices de ajuste, forneceu indícios
empíricos da possibilidade desta proposta. Sendo ainda um modelo aceitável para a população
geral, uma vez que, segundo Lima et al (2005), em amostras procedentes de populações com
alta prevalência de dependência, os resultados corroboram com o modelo unifatorial, mas
naquelas em que se observa baixa prevalência de transtornos relacionados com o consumo de
álcool, os resultados remetem à estrutura composta por dois ou três fatores.
Em relação à consistência interna (Alfa de Cronbach), ainda que se reconheça que este
parâmetro não tenha sido desejável para os fatores Dependência (α=0,50) e Consequências
negativas (α=0,62), geralmente sugeridos como superiores a 0,70 (NUNNALLY, 1991), é
preciso considerar, na interpretação dos resultados, a homogeneidade da amostra e o número
de itens de cada fator (que no AUDIT, apresentou no máximo 4 itens por fator). Nesta
direção, pode-se questionar o valor de alfa superior a 0,80 no primeiro fator (Frequência de
Consumo), que talvez se justifique pelo fato de que tal componente agrupe conteúdos mais
evidentes para os participantes do estudo, uma vez que “consumir álcool frequentemente”,
como apresentado introdutoriamente, é uma conduta convencional. Além disso, é preciso
ponderar que os itens que abrangem os fatores 2 (Dependência) e 3 (Consequências
Negativas), envolvem aspectos referentes aos sintomas de dependência e às consequências
adversas do consumo nocivo de álcool, características que possivelmente não se adequem
para a amostra utilizada neste estudo. Provavelmente, se este mesmo instrumento fosse
aplicado em uma amostra psiquiátrica, padrões de respostas mais consistentes poderiam ter
55
sido encontrados. Em todo caso, cabe assinalar que para intrumentos de screen e utilizados
em estudos exploratórios, alfas próximos a 0,60 podem ser considerados aceitáveis (CLARK;
WATSON, 1995; GARSON, 2007).
Acerca da baixa consistência interna do fator Dependência, análises adicionais
reveleram que, caso o item 6 fosse excluído, o valor do alfa de Cronbach no fator, iria de 0,50
para 0,58. Entretanto, atendendo aos requisitos da SEM (Structural Equation Modeling), ou
seja, considerar ao menos três indicadores por fator, a exclusão desse item poderia
comprometer as análises. Deve-se observar que o item 6, apesar de apresentar λ inferior a
0,30, foi estatisticamente diferente de zero ( 0; z > 1,96, p < 0,05). Ao mesmo tempo, é
preciso perceber que o item 6 abrange um dos principais aspectos que caracterizam o sintoma
de dependência. Neste caso, uma vez que o AUDIT é uma medida de screen, a exclusão do
item 6 prejudicaria a dimensionalidade do fator Dependência, pois deixá-lo com apenas dois
itens não seria suficiente para garantir a definição do construto.
Por fim, os resultados fazem referência ainda à validade convergente e a de critério.
Para se avaliar tais validades, as pontuações no AUDIT foram correlacionadas com as da
Escala de Atitudes Frente ao Uso de Álcool e, a partir das pontuações no CAGE, comparadas
em função de grupos critério (bebedor-problema vs. social). Como visto, os resultados
apresentados asseguraram a proposta do AUDIT em medir o consumo de álcool e
demonstraram sua aplicabilidade na triagem de bebedores-problema. Uma discussão mais
ampla sobre a aplicabilidade, tanto do Estudo I como do II, suas limitações e propostas
relevantes para o desenvolvimento de novos estudos, são contempladas no próximo capítulo.
55.. DDIISSCCUUSSSSÃÃOO GGEERRAALL EE CCOONNCCLLUUSSÃÃOO
57
O principal objetivo desta pesquisa foi realizar análises exploratórias e confirmatórias
da estrutura do AUDIT. Para tanto, desenvolveram-se dois estudos cujas metas específicas,
confia-se terem sido atingidas, permitindo concluir que o objetivo proposto foi alcançado
satisfatoriamente.
O Estudo I, que avaliou as propriedades psicométricas das medidas apresentou
informações relevantes acerca do AUDIT, no que se refere ao seu poder discriminativo,
consistência interna, precisão teste-reteste e estrutura fatorial. No entanto, percebeu-se que
tais resultados abrangiam unicamente informações resultantes de análises exploratórias, o que
impossibilitava maiores conclusões acerca da dimensionalidade do instrumento. Deste modo,
realizou-se o Estudo II, que apresentou as análises fatoriais confirmatórias, permitindo
observar a adequação de estrutura fatorial do AUDIT, quando comparada a outros modelos.
Além disso, neste mesmo estudo, foi realizada a validade convergente e de critério do
instrumento com seus correlatos, que apresentou resultados significativos. Portanto,
reconhece-se a contribuição desta pesquisa na identificação de evidências de validade e
precisão do AUDIT.
Não obstante essas considerações, é preciso reconhecer que, como todo
empreendimento científico, esta pesquisa também apresenta algumas limitações potenciais,
que, embora não invalidem ou comprometam os objetivos antes indicados, demandam pensar
criticamente os resultados previamente descritos. Como, por exemplo, as amostras dos
estudos não foram representativas da população na qual estavam inseridas, o que limita a
generalização dos resultados para o Brasil e, até mesmo, para o Ceará. Contudo, sabe-se que
este não foi o propósito do estudo, mas sim, como dito, buscou-se conhecer os parâmetros
psicométricos desta escala. Podendo, portanto, a quantidade de participantes ser considerada
adequada (WATKINS, 1989).
Como direções futuras, aponta-se a possibilidade de se realizar análises mais
específicas (Curvas ROC), que considerem valores de sensibilidade e especificidade,
indicando o ponto de corte mais adequado para as amostras utilizadas nesta pesquisa, como se
demonstra em outros estudos da área (ADEWUYA, 2005; GÓMEZ et al., 2005; LIMA et al.,
2005; MORRETI-PIRES; CORRADI-WEBSTER, 2011). Sugere-se a replicabilidade deste
estudo em amostras clínicas, na medida em que inconsistências observadas em relação ao
item 6, por exemplo, bem como as hipóteses levantadas acerca dessa incongruência podem ser
averiguadas mais adequadamente. Coloca-se, além disso, a importância de se realizar estudos
de normatização do instrumento, considerando amostras probabilísticas. Isso é certo,
sobretudo, pelo fato de permitir não somente a generalização dos resultados antes descritos,
58
mas também ser útil na confirmação (ou não) dos parâmetros psicométricos que têm sido
observados neste contexto e em estudos prévios (MENESES-GAYA et al., 2009; MORRETI-
PIRES; CORRADI-WEBSTER, 2011)
Finalmente, ainda que o presente estudo não tenha cunho eminentemente prático, não
se poder deixar de considerar que os dados aqui disponibilizados, também podem ser úteis em
diversos campos, como nos sistemas de saúde, em empresas, em processo de habilitação de
condutores, em programas de tratamento, entre outros, visto ser este um instrumento de
triagem e rápido, que identifica potenciais grupos de risco, de maneira satisfatória, como
apresentado nesta pesquisa.
59
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ANEXOS
78
ANEXO A– Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT)
INSTRUÇÕES: A seguir você encontrará uma lista de afirmações acerca de experiências,
situações e sentimentos relacionados com o consumo de bebidas alcoólicas. Gostaríamos de
saber o quanto cada uma delas diz respeito a você. Neste sentido, considerando os últimos
doze meses, pedimos-lhe que indique abaixo de cada item a opção que mais representa o que
você pensa ou faz.
1. Com que frequência você consome alguma bebida de álcoolica?
(0) Nunca
(1) Uma vez por mês ou menos
(2) Duas a quatro vezes por mês
(3) Duas a três vezes por semana
(4) Quatro ou mais vezes por semana
2. Nas ocasiões em que bebe, quantas doses, copos ou garrafas você costuma tomar?
(0) Não bebo
(1) 1 ou 2 “doses”
(2) 3 ou 4 “doses”
(3) 5 ou 6 “doses”
(4) 7 a 9 “doses”
(5) 10 ou mais “doses”
3. Com que frequência você toma “seis ou mais doses” em uma ocasião?
(0) Nunca
(1) Menos de uma vez por mês
(2) Uma vez ao mês
(3) Uma vez por semana
(4) Todos os dias ou quase todos
4. Com que frequência você achou que não seria capaz de controlar a quantidade de bebida
depois de começar?
(0) Nunca
(1) Menos de uma vez por mês
(2) Uma vez ao mês
79
(3) Uma vez por semana
(4) Todos os dias ou quase todos
5. Com que frequência você não conseguiu cumprir com algum compromisso por causa da
bebida?
(0) Nunca
(1) Menos de uma vez por mês
(2) Uma vez ao mês
(3) Uma vez por semana
(4) Todos os dias ou quase todos
6. Com que frequência depois de ter bebido muito, você precisou beber pela manhã para se
sentir melhor?
(0) Nunca
(1) Menos de uma vez por mês
(2) Uma vez ao mês
(3) Uma vez por semana
(4) Todos os dias ou quase todos
7. Com que frequência você sentiu culpa ou remorso depois de beber?
(0) Nunca
(1) Menos de uma vez por mês
(2) Uma vez ao mês
(3) Uma vez por semana
(4) Todos os dias ou quase todos
8. Com que frequência você não conseguiu se lembrar do que aconteceu na noite anterior por
causa da bebida?
(0) Nunca
(1) Menos de uma vez por mês
(2) Uma vez ao mês
(3) Uma vez por semana
(4) Todos os dias ou quase todos
80
9. Alguma vez na vida você ou alguma outra pessoa já se machucou, ou se prejudicou pelo
fato de você ter bebido?
(0) Não
(2) Sim, mas não no último ano
(4) Sim, durante o último ano
10. Alguma vez na vida algum parente, amigo, médico ou outro profissional da saúde já se
preocupou com você por causa de bebida ou lhe disse para parar de beber?
(0) Não
(2) Sim, mas não no último ano
(4) Sim, durante o último ano
81
ANEXO B- Caracterização da Amostra
Finalmente, gostaríamos de saber alguns dados sobre você:
1. Idade:_______ anos 2. Sexo: Masculino Feminino
3. Qual o seu estado civil?
Solteiro (a) Casado (a) Convivente Outro:_______________
4. Qual a sua religião?
Católica Evangélica Espírita Nenhuma Outra:_____________
5. Qual o seu curso?___________________________________
6. Em comparação com as pessoas do seu país, você diria que sua família é da (circule):
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Classe humilde Classe média Classe alta
7. Você mora com seus pais? Sim Não
8. Por favor, indique com que frequência as pessoas abaixo consomem ou já consumiram
bebidas alcoólicas. Caso não saiba, deixe em branco.
6. Todos os dias
5. Mais de uma vez na semana
4. Uma vez na semana
3. Uma vez no mês
2. Uma vez no ano
1. Uma vez na vida
0. Nunca
Seu Pai 0 1 2 3 4 5 6
Sua Mãe 0 1 2 3 4 5 6
Seu Avô Paterno 0 1 2 3 4 5 6
Sua Avó Paterna 0 1 2 3 4 5 6
Seu Avô Materno 0 1 2 3 4 5 6
Sua Avó Materna 0 1 2 3 4 5 6
82
0 1 2 3 4 5 6
Seu (sua) esposo (a) ou namorado (a) 0 1 2 3 4 5 6
9. Utilizando a mesma escala de resposta acima indique, em média, com que frequência seus
amigos mais íntimos consomem bebida alcoólica.
10. Antes da “Lei Seca”, você alguma vez já dirigiu sob o efeito de bebida alcoólica?
Sim Não
11. Depois que a “Lei Seca” entrou em vigor, você já dirigiu alguma vez sob o efeito de
bebida alcoólica?
Sim Não
12. Você já foi multado por estar dirigindo sob o efeito de bebida alcoólica?
Sim Não
83
ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
PESQUISA: ALCOHOL USE DISORDER IDENTIFICATION TEST (AUDIT):
EVIDÊNCIAS DE SUA VALIDADE FATORIAL E CONSISTÊNCIA INTERNA.
Coordenador: Walberto S. Santos
Prezado (a) colaborador (a),
Você é convidado (a) a participar desta pesquisa, que tem como finalidade conhecer
evidências de validade e precisão do Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) entre
estudantes universitários cearenses.
1. PARTICIPANTES DA PESQUISA: Estudantes universitários, com idade igual ou
superior a 18 anos, de ambos os sexos. Esta será, inevitavelmente, amostra de conveniência,
não-probabilísticas, participando da pesquisa somente os voluntários que, convidados a
colaborar, concordem.
2. ENVOLVIMENTO NA PESQUISA: Ao participar deste estudo você deve responder a
um livreto composto por quatro partes, envolvendo questionários com itens objetivos sobre
consumo de álcool (Alcohol Use Disorder Identification Test – AUDIT e Cut down/
Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire – CAGE), atitudes frente ao uso de álcool
(Escala de atitudes frente ao uso de álcool) e questões de caráter bio-sócio-demográfico.
Lembramos que você tem a liberdade de se recusar a participar e pode ainda deixar de
responder em qualquer momento da pesquisa, sem nenhum prejuízo. Sempre que quiser
você poderá pedir mais informações sobre a pesquisa. Para isso, poderá entrar em contato
com o coordenador da pesquisa.
3. RISCOS E DESCONFORTOS: A participação nesta pesquisa não traz complicações,
talvez, apenas, algum constrangimento que algumas pessoas sentem quando estão fornecendo
informações sobre si mesmas. Os procedimentos utilizados nesta pesquisa seguem as normas
84
estabelecidas pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, e não oferecem risco a
sua integridade física, psíquica e moral. Nenhum dos procedimentos utilizados oferece riscos
a sua dignidade.
4. CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Todas as informações coletadas neste estudo
são estritamente confidenciais. Apenas os membros do grupo de pesquisa terão conhecimento
das respostas, seu nome e da sua universidade não serão mencionados em nenhum momento.
Todos os dados serão analisados em conjunto, garantindo o caráter anônimo das informações.
Os resultados poderão ser utilizados em eventos e publicações científicas.
5. BENEFÍCIOS: Ao participar desta pesquisa você não deverá ter nenhum benefício direto.
Entretanto, espera-se que a mesma nos forneça dados importantes acerca de como as pessoas
lidam aspectos relacionados ao consumo de álcool, o que servirá de base para possíveis
programas de prevenção.
6. PAGAMENTO: Você não terá nenhum tipo de despesa por participar desta pesquisa. E
nada será pago por sua participação. Entretanto, se você desejar, poderá ter acesso a cópias
dos relatórios da pesquisa contendo os resultados do estudo. Para tanto, entre em contato com
o pesquisador responsável no endereço abaixo.
Endereço do responsável pela pesquisa:
Nome: Prof. Dr. Walberto Silva Santos
Instituição: Universidade Federal do Ceará – Depto. de Psicologia
Endereço: Av. da Universidade 2762 – Benfica – Fortaleza - CE
Telefones p/contato: 33667723 ou 33667728
ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a sua
participação no estudo, dirija-se ao:
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará
Rua Coronel Nunes de Melo, 1127 Rodolfo Teófilo
Telefone: 3366.8338
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO COMO SUJEITO
Tendo compreendido perfeitamente tudo o que me foi informado sobre a minha
participação no mencionado estudo e estando consciente dos meus direitos, das minhas
responsabilidades, dos riscos e dos benefícios que a minha participação implica, concordo em
dele participar e para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU
TENHA SIDO FORÇADO OU OBRIGADO.
Nome do participante: ______________________________________________________
85
Nome do membro da equipe de pesquisa: _______________________________________
Local e Data: _____________________________________________________________
Assinatura do participante: ___________________________________________________
Assinatura do membro da equipe de pesquisa: ___________________________________
Prof. Walberto Silva Santos
Coordenador do Projeto
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ANEXO D- Protocolo do Comitê de Ética da UFC
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ANEXO E– Escala de Atitudes Frente ao Uso de Álcool
INSTRUÇÕES – Por favor, indique sua opinião acerca de “estar sob o efeito de álcool”.
Pode ser uso leve, moderado ou pesado. Você não precisa ter usado bebidas alcoólicas para
responder essas questões. Por favor, indique sua avaliação global de “estar sob o efeito de
álcool”. Marque um X no quadro que melhor representar sua resposta.
Considero “estar sob o EFEITO DE ÁLCOOL”...
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
Negativo ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Positivo
Ruim ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Bom
Desagradável ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Agradável
Indesejável ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Desejável
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ANEXO F – Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire (CAGE)
INSTRUÇÕES. Gostaríamos de saber como você tem se sentido em relação ao consumo de bebida alcoólica nos últimos dias. Por favor, marque simplesmente com um X a resposta que a seu ver corresponde mais com o que você sente ou tem sentido. Lembramos que suas respostas são confidencias, sendo importante que você responda a todas as perguntas.
1. Alguma vez você sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber?
( ) Sim ( ) Não
2. As pessoas o (a) aborrecem porque criticam o seu modo de beber?
( ) Sim ( ) Não
3. Você se sente culpado (a) pela maneira com que costuma beber?
( ) Sim ( ) Não
4. Você costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca?
( ) Sim ( ) Não
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