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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA CONVERSOR ESTÁTICO DE BAIXO CUSTO E ALTO RENDIMENTO PARA SISTEMAS EÓLICOS DE PEQUENO PORTE Eduardo Façanha de Oliveira Fortaleza Novembro de 2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE … FAÇANHA... · iv Oliveira, E. F. de, “Conversor Estático de Baixo Custo e Alto Rendimento para Sistemas Eólicos de Pequeno Porte”,

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

CONVERSOR ESTÁTICO DE BAIXO CUSTO E ALTO

RENDIMENTO PARA SISTEMAS EÓLICOS DE

PEQUENO PORTE

Eduardo Façanha de Oliveira

Fortaleza

Novembro de 2010

ii

EDUARDO FAÇANHA DE OLIVEIRA

CONVERSOR ESTÁTICO DE BAIXO CUSTO E ALTO

RENDIMENTO PARA SISTEMAS EÓLICOS DE

PEQUENO PORTE

Trabalho submetido à Universidade

Federal do Ceará como parte dos

requisitos para obtenção do grau de

Bacharel em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Demercil de Souza

Oliveira Jr.

Fortaleza

Novembro de 2010

iv

Oliveira, E. F. de, “Conversor Estático de Baixo Custo e Alto Rendimento para

Sistemas Eólicos de Pequeno Porte”, Universidade Federal do Ceará – UFC, 2010.

Este trabalho apresenta uma inovadora topologia para um sistema de conversão

eólica com um eficiente controle da potência de saída para satisfazer as condições de

carga de baterias. O projeto atende as especificações requeridas no IFEC 2009 (the 2009

International Future Energy Challenge). As topologias clássicas são brevemente

apresentadas, ressaltando-se suas vantagens e desvantagens. No âmbito do projeto, são

discutidas duas possíveis topologias, um retificador PWM trifásico semicontrolado em

modo de condução contínua (MCC) associado a um conversor Buck e uma outra

topologia semelhante, entretanto, em modo de condução descontínua (MCD). As

características, o princípio de funcionamento e os modos de operação do sistema são

detalhadamente apresentados, ressaltando-se suas vantagens e desvantagens. Os

conversores escolhidos são regulados por sistemas compostos de malhas de controle que

limitam corrente e tensão de saída e tensão sobre o barramento CC. Há também o

algoritmo de MPPT (Maximum Power Point Tracking), que visa à maximização da

potência extraída do gerador eólio-elétrico. O conversor proposto é capaz de suportar e

proteger o funcionamento do sistema sob todas as condições de operação, obtendo a

máxima transferência de energia no carregamento de baterias, sem sobrecarga ou danos,

sob uma ampla faixa de velocidades do vento. Além de operar confiavelmente sem

intervenção do usuário por muitos anos e ser uma solução de ponta nas áreas de

performance, confiabilidade e segurança e ter design com peso mínimo, baixo custo e

quantidade mínima de componentes, para conseguir reduzir custos de produção em

grande volume. Essa topologia foi desenvolvida no laboratório de pesquisa e

desenvolvimento do Grupo de Processamento de Energia e Controle (GPEC) do

Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará. Por fim, são

apresentados os resultados experimentais estáticos e dinâmicos do protótipo

desenvolvido, necessários para validar a funcionalidade do estudo proposto.

Palavras-chave: Energia Eólica, Retificador Semicontrolado, Conversor Buck,

Carregamento de Bateria, Algoritmo de MPPT

v

Oliveira, E. F. de, “Low Cost and High Efficiency Static Converter for Small

Wind Systems”, Federal University of Ceará – UFC, 2010.

This work introduces an innovative low cost topology for a wind conversion

system with an efficient output power control in order to meet the battery charge

requirements. The project is in accord with the specifications required at IFEC 2009 (the

2009 International Future Energy Challenge, sponsored by IEEE). The classic

topologies are briefly presented, emphasizing their advantages and disadvantages. Two

possible topologies are discussed, a PWM continuous conduction mode three-phase

semi-controlled rectifier associated with buck converter and another similar, but in

discontinuous mode. The characteristics, operation principle and operating modes of the

system are given in detail. The converter is controlled by a system composed of three

loops, which limit the current and the voltage to the maximum values allowed by the

batteries and the voltage over the DC bus. There is also a MPPT (Maximum Power

Point Tracking) algorithm that intends to maximize the power extracted from the wind

generator. The proposed converter supports and protects the system operation under all

operating conditions, achieves maximum energy transfer over a wide range of wide

speeds, without overcharging or damaging the battery. Besides operating reliably

without significant user support over many years of use and being a leading edge

solution in the areas of performance, reliability, and safety and designed for minimum

weight, minimum component cost and count, to achieve reduced high volume

manufacturing cost. This topology has been developed in the research and development

laboratory of the Control and Energy Processing Group (GPEC) of Electrical

Engineering Department at Federal University of Ceará. Finally, the static and dynamic

experimental results of the developed prototype are presented, needed to validate the

functionality of the proposed study.

Keywords: Wind Energy, Semi-Controlled Rectifier, Buck Converter, Battery

Charging, MPPT Algorithm.

vi

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... IX

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ XII

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................. XIII

INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 .................................................................................................................. 4

ANÁLISE DAS SOLUÇÕES TRADICIONAIS .......................................................... 4

1.1. Retificador Trifásico não Controlado Associado a um Conversor Buck ............ 4

1.2. Retificador Trifásico não Controlado Associado a um Conversor Boost .......... 4

1.3. Retificador Trifásico não Controlado Associado a um Conversor Buck-Boost . 5

1.4. Considerações Finais .......................................................................................... 6

CAPÍTULO 2 .................................................................................................................. 7

SOLUÇÕES PROPOSTAS ........................................................................................... 7

2.1. Retificador Trifásico Semicontrolado em Modo de Condução Contínua

Associado a um Conversor Buck ................................................................................. 7

2.2. Retificador Trifásico Semicontrolado em Modo de Condução Descontínua

Associado a um Conversor Buck ................................................................................. 8

2.3. Escolha da Topologia ......................................................................................... 9

2.4. Características da Topologia Escolhida ........................................................... 10

2.5. Considerações Finais ........................................................................................ 12

CAPÍTULO 3 ................................................................................................................ 13

ANÁLISE DO SISTEMA PROPOSTO ..................................................................... 13

3.1. Retificador Boost .............................................................................................. 13

3.1.1. Princípio de Funcionamento .............................................................. 13

3.2. Conversor Buck ................................................................................................ 17

3.2.1. Princípio de Funcionamento .............................................................. 17

vii

3.3. Dinâmica do Sistema de Controle .................................................................... 18

3.3.1. Modo 1: Malha de Tensão .................................................................. 19

3.3.2. Modo 2: Malha de Corrente ............................................................... 19

3.3.3. Modo 3: MPPT ................................................................................... 19

3.3.4. FT da Tensão de Entrada )(svi pela Razão Cíclica )(sd .................. 21

3.3.5. FT da Tensão de Saída )(svo pela Razão Cíclica )(sd ..................... 22

3.3.6. FT da Corrente de Saída )(sio pela Razão Cíclica )(sd ................... 23

3.4. Considerações Finais ........................................................................................ 24

CAPÍTULO 4 ................................................................................................................ 25

CARGA DA BATERIA ............................................................................................... 25

4.1. Carga em Tensão Constante ............................................................................. 25

4.2. Carga em Corrente Constante........................................................................... 25

4.3. Carga em Dois Estágios ................................................................................... 26

4.4. Carga em Três Estágios .................................................................................... 27

4.5. Considerações Finais ........................................................................................ 27

CAPÍTULO 5 ................................................................................................................ 29

EXEMPLO DE PROJETO.......................................................................................... 29

5.1. Especificações de Projeto ................................................................................. 29

5.2. Dimensionamento do Retificador Boost........................................................... 30

5.2.1. Dimensionamento dos Indutores L1, L2 e L3 ...................................... 30

5.2.2. Dimensionamento dos Interruptores S1, S2 e S3 ................................. 31

5.2.3. Dimensionamento dos Diodos D1, D2 e D3 ........................................ 31

5.2.4. Dimensionamento do Capacitor C4 .................................................... 32

5.3. Dimensionamento do Conversor Buck ............................................................. 34

5.3.1. Dimensionamento do Indutor L4 ........................................................ 34

5.3.2. Dimensionamento do Interruptor S4 ................................................... 34

5.3.3. Dimensionamento do Diodo D4 ......................................................... 35

5.3.4. Dimensionamento do Capacitor C5 .................................................... 35

viii

5.4. Projeto de Controle ........................................................................................... 36

5.4.1. Controle da Corrente de Saída Io ........................................................ 36

5.4.2. Controle da Tensão de Saída Vo ......................................................... 39

5.4.3. Controle da Tensão de Entrada Vi ...................................................... 43

5.4.4. Controle Digital do Vbus pelo Retificador Boost ................................. 47

5.4.5. Algoritmo de MPPT Sensorless ......................................................... 47

5.5. Proteção contra Sobrevelocidade ..................................................................... 49

5.6. Considerações Finais ........................................................................................ 49

CAPÍTULO 6 ................................................................................................................ 51

RESULTADOS EXPERIMENTAIS .......................................................................... 51

6.1. Modo 1: Malha de Tensão ................................................................................ 51

6.2. Modo 2: Malha de Corrente ............................................................................. 52

6.3. Modo 3: MPPT ................................................................................................. 53

6.4. Transição entre os modos ................................................................................. 54

6.5. Proteção contra Curto-circuito na Saída ........................................................... 55

6.6. Considerações Finais ........................................................................................ 56

CAPÍTULO 7 ................................................................................................................ 57

CUSTO DE MATÉRIA PRIMA ................................................................................. 57

CONCLUSÃO GERAL ............................................................................................... 58

PATENTE, PUBLICAÇÕES E PRÊMIOS OBTIDOS ............................................ 60

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 61

ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 – Retificador trifásico associado a um conversor Buck. ................................. 4

Figura 1.2 – Retificador trifásico associado a um conversor Boost. ................................ 5

Figura 1.3 – Retificador trifásico associado a um conversor Buck-Boost. ....................... 5

Figura 2.1 – Retificador trifásico semicontrolado em MCC associado a um conversor

Buck. ................................................................................................................................. 8

Figura 2.2 – Retificador trifásico semicontrolado em MCD associado a um conversor

Buck. ................................................................................................................................. 8

Figura 2.3 – Tensão de fase e corrente em um dos indutores do retificador Boost. ......... 9

Figura 2.4 – Corrente de fase............................................................................................ 9

Figura 2.5 – Retificador trifásico semicontrolado em MCD associado a um conversor

Buck. ............................................................................................................................... 11

Figura 3.1 – Formas de onda teóricas das tensões Va, Vb, e Vc. ...................................... 14

Figura 3.2 – Estados topológicos associados ao setor 1. ................................................ 14

Figura 3.3 – Circuitos equivalentes associados ao setor 1. ............................................ 15

Figura 3.4 – Correntes de linha Ia, Ib e Ic. ....................................................................... 17

Figura 3.5 – Correntes de linha Ia, Ib e Ic. ....................................................................... 17

Figura 3.6 – Corrente de linha Ia durante T/2. ................................................................ 17

Figura 3.7 – Forma de onda da corrente de entrada filtrada. .......................................... 17

Figura 3.8 – Topologia do conversor Buck..................................................................... 18

Figura 3.9 – Etapas de operação do conversor Buck em MCC. ..................................... 18

Figura 3.10 – Fluxograma de operação do sistema. ....................................................... 19

Figura 3.11 – Lógica de comando e controle. ................................................................ 20

Figura 3.12 – Malha de controle da tensão e da corrente na bateria. ............................. 20

Figura 3.13 – Malha de controle da tensão no barramento. ........................................... 21

Figura 3.14 – Topologia do Buck ................................................................................... 21

Figura 3.15 - Modelo completo da chave PWM do Buck. ............................................. 21

Figura 3.16 – Modelo da chave PWM do Buck para vo = 0. ........................................ 22

Figura 3.17 – Modelo da chave PWM do Buck para vi = 0. ......................................... 22

Figura 3.18 – Simplificação do modelo.......................................................................... 23

Figura 3.19 – Modelo da chave PWM do Buck para vi = vo =0. ................................ 23

Figura 3.20 – Simplificação do modelo.......................................................................... 24

Figura 4.1 – Carga em tensão constante. ........................................................................ 25

x

Figura 4.2 - Carga em dois estágios. .............................................................................. 26

Figura 4.3 – Carga em três estágios. ............................................................................... 27

Figura 5.1 – Diagrama de Bode da planta FTMAio(s) (Ganho). .................................... 37

Figura 5.2 – Diagrama de Bode da planta FTMAio(s) (Fase). ....................................... 37

Figura 5.3 – Circuito do controlador PI. ......................................................................... 38

Figura 5.4 – Diagrama de Bode da FTLAio(s) e do Ci(s) (Ganho). ............................... 39

Figura 5.5 – Diagrama de Bode da FTLAio(s) e do Ci(s) (Fase).................................... 39

Figura 5.6 – Diagrama de Bode da planta FTMAvo(s) (Ganho). ................................... 40

Figura 5.7 – Diagrama de Bode da planta FTMAvo(s) (Fase). ....................................... 41

Figura 5.8 – Topologia do compensador PID................................................................. 41

Figura 5.9 – Diagrama de Bode da FTLAvo(s) e do Cv(s) (Ganho). .............................. 43

Figura 5.10 – Diagrama de Bode da FTLAvo(s) e do Cv(s) (Fase). ............................... 43

Figura 5.11 – Diagrama de Bode da planta FTMAvi(s). ................................................ 44

Figura 5.12 – Diagrama de Bode da planta FTMAvi(s). ................................................ 44

Figura 5.13 – Circuito do compensador PID .................................................................. 45

Figura 5.14 – Diagrama de Bode da FTLAvi(s) e do Cb(s) (Ganho). ............................. 46

Figura 5.15 – Diagrama de Bode da FTLAvi(s) e do Cb(s) (Fase). ................................ 47

Figura 5.16 – Fluxograma do algoritmo de MPPT. ........................................................ 48

Figura 6.1 - Forma de onda do conversor Buck operando no modo 1 para uma bateria na

saída. ............................................................................................................................... 51

Figura 6.2 - Forma de onda do conversor Buck operando no modo 1 para duas baterias

na saída. .......................................................................................................................... 51

Figura 6.3 – Forma de onda do conversor Buck operando no modo 2 para uma bateria na

saída. ............................................................................................................................... 52

Figura 6.4 – Forma de onda do conversor Buck operando no modo 2 para duas baterias

na saída. .......................................................................................................................... 52

Figura 6.5 – Forma de onda do conversor Boost. ........................................................... 52

Figura 6.6 – Corrente e tensão em um interruptor do conversor Boost. ......................... 52

Figura 6.7 – Forma de onda do modo 3 (LL

V aumentando). ............................................ 53

Figura 6.8 – Forma de onda do modo 3 (LL

V diminuindo). ............................................. 53

Figura 6.9 – Degrau negativo de carga. .......................................................................... 54

Figura 6.10 – Transição do modo 1 para o 2. ................................................................. 55

Figura 6.11 – Transição do modo 2 para o 1. ................................................................. 55

xi

Figura 6.12 – Formas de onda do teste de curto-circuito. .............................................. 55

Figura 6.13 – Foto do protótipo desenvolvido. .............................................................. 56

Figura 6.14 – Package final do protótipo. ...................................................................... 56

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 – Possíveis combinações das correntes de entrada. ...................................... 13

Tabela 3.2 - Especificações e parâmetros do retificador. ............................................... 16

Tabela 5.1 – Especificações e considerações do retificador Boost................................. 29

Tabela 5.2 – Especificações das baterias. ....................................................................... 29

Tabela 5.3 – Especificações e considerações do conversor Buck................................... 30

Tabela 5.4 – Especificações dos interruptores do retificador Boost ............................... 31

Tabela 5.5 – Especificações dos diodos do retificador Boost......................................... 32

Tabela 5.6 – Especificações do banco capacitivo do barramento. ................................. 33

Tabela 5.7 – Especificações dos capacitores de polipropileno. ...................................... 33

Tabela 5.8 – Especificações do diodo do conversor Buck .............................................. 35

Tabela 5.9 – Especificações do capacitor de filtro do Buck ........................................... 36

Tabela 6.1 – Valores de saída de corrente, tensão e potência antes e depois do degrau de

carga................................................................................................................................ 54

Tabela 7.1 – Estimativa do custo de manufatura. ........................................................... 57

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AD Analógico/Digital

APEC Applied Power Electronics Conference and Exposition

CBENS Congresso Brasileiro de Energia Solar

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

COBEP Congresso Brasileiro de Eletrônica de Potência

CC Corrente Contínua

FT Função de Transferência

FTLA Função de Transferência de Laço Aberto

FTMA Função de Transferência de Malha Aberta

IECON Annual Conference of the IEEE Industrial Electronics Society

IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers

IFEC International Future Energy Challenge

INPI Instituto Nacional de Propriedade Industrial

MCC Modo de Condução Contínua

MCD Modo de Condução Descontínua

MPPT Maximum Power Point Tracking – Rastreamento do Ponto de Máxima

Potência

PI Proporcional – Integral

PID Proporcional – Integral – Derivativo

PMSG Permanent Magnetic Synchronous Generator – Gerador Síncrono de

Imã Permanente

PWM Pulse Width Modulation – Modulação por Largura de Pulso

SEPP Sistema Eólico de Pequeno Porte

THD Total Harmonic Distortion – Taxa de Distorção Harmônica

ZCS Zero Current Switching – Comutação sob Corrente Nula

INTRODUÇÃO GERAL

Várias formas de fontes renováveis de energia têm sido usadas pela humanidade

desde os tempos mais remotos. Na antiguidade, os egípcios e fenícios utilizavam a força

dos ventos para movimentar suas embarcações. Os primeiros moinhos de ventos foram

usados na Pérsia no século VII e na Europa no início do século XII para moer grãos ou

extrair água do solo. A pioneira a utilizar energia eólica para geração de energia eólica

foi a Dinamarca com suas primeiras tentativas no final do século XIX. A partir da

década de 1930 nos Estados Unidos iniciou-se uma ampla utilização de pequenos

aerogeradores para carregamento de baterias, o que favoreceu o acesso à energia elétrica

para populações rurais [1].

Com a revolução industrial e a chegada das máquinas a vapor, infelizmente esse

recurso caiu em desuso. Somente após a Crise do Petróleo de 1973-74 que o mundo

começou a dar mais atenção aos limites das reservas globais de recursos, pelo menos no

que se refere à energia. Conseqüentemente, foi em meados da década de 70 que essa

área de pesquisa atraiu investimentos e que foram coordenados esforços para o

desenvolvimento de meios tecnológicos através dos quais fontes renováveis

anteriormente inexploradas puderam ser utilizadas em larga escala como possíveis

substitutos para os combustíveis fósseis [2]. Além disso, a indisponibilidade de energia

hidráulica em muitos países e a opinião pública que contraria a utilização da energia

nuclear levou alguns países a optar por uma matriz energética baseada em fontes

alternativas renováveis [3] [4].

Devido ao grande potencial hidráulico disponível no país, o Brasil só deu a devida

importância a tais alternativas após o racionamento de energia ocorrido em 2001. Desde

então, houve um crescimento dos investimentos governamentais para pesquisa na área

de geração alternativa.

Devido ao alto nível de radiação solar [4] e ao extraordinário potencial eólico

[5], a região nordeste tem-se confirmado como o maior pólo gerador de energia

proveniente de fontes alternativas do Brasil. O desenvolvimento da energia eólica, em

particular, é de grande importância para o país, devido à complementaridade das

velocidades médias dos ventos com a estação das chuvas [6].

Apesar de todo esse potencial, o Brasil não possui tecnologia nacional

comercialmente disponível para o aproveitamento da energia eólica. Particularmente os

conversores eletrônicos para sistemas eólicos de pequeno porte disponíveis

2

comercialmente no Brasil e no exterior não possuem a robustez necessária às condições

extremas de operação, não protegendo a turbina contra esforços mecânicos causados por

ventos muito fortes e não suportando os esforços elétricos nestas condições de operação.

Deste modo, iniciativas no sentido de desenvolver tecnologias nacionais para o

aproveitamento eólico são de grande relevância para o desenvolvimento econômico

nacional, além de ser uma oportunidade única para pesquisadores e novos

empreendedores.

Turbinas eólicas de baixa potência são usadas em uma larga variedade de

aplicações, abrangendo desde alimentação de sistemas remotos e estações de

telecomunicação a bombeamento em zonas rurais. Comumente, são usados em sistemas

de carregamento de baterias de 12 V ou 24 V, freqüentemente em conjunto com

instalação de painéis fotovoltaicos e (para sistemas de maior porte) geradores a diesel.

Mais recentemente, turbinas eólicas têm sido também aplicadas, ainda que em pequena

escala, em ambientes domésticos/urbanos. Estas turbinas são operadas de forma similar

a painéis fotovoltaicos domésticos para prover energia elétrica renovável para

complementar o fornecimento das fontes convencionais.

O maior desafio para um sistema eólico é como gerenciar a larga variação da

velocidade do vento que ocorre devido às mudanças climáticas. Os grandes parques

eólicos escolhem cuidadosamente suas localizações para reduzir estas influências e

incorporam complexos sistemas de interface de controle e potência que conduzem a

condição de operação da turbina de acordo com a disponibilidade do vento para

maximizar a energia extraída. Infelizmente, estas opções não são usualmente viáveis

para turbinas de baixa potência - a localização da turbina é usualmente determinada por

fatores diferentes da disponibilidade do vento, os geradores são normalmente de imã

permanente com características de geração fixas e o custo é sempre um fator

determinante para sistemas de geração a partir de fontes renováveis.

Diante deste contexto, este trabalho apresenta uma topologia inovadora de baixo

custo para Sistemas Eólicos de Pequeno Porte (SEPP) com um eficiente controle da

potência de saída para satisfazer as condições de carga da bateria. A proposta foi

finalista do IFEC 2009 (the 2009 International Future Energy Challenge) e recebeu o

prêmio “INNOVATIVE TECHNICAL APPROACH”, concedido pelo IEEE, o que

ressalta a característica inovadora do mesmo. Além de ter sido congratulado com o

primeiro lugar do Prêmio Santander de Ciência e de Inovação 2009 na categoria

3

Indústria e com o Prêmio Geração Inova 2009, concedidos pelo grupo Santander e pela

Coelce, respectivamente. E ainda, mais recentemente, o projeto foi parte integrante da

proposta contemplada com o primeiro lugar na XXIV edição do Prêmio Jovem Cientista

realizado pelo CNPq em parceria com a Fundação Roberto Marinho e com a Gerdau.

O trabalho foi dividido em sete capítulos e a descrição de cada um deles é feita a

seguir.

Capítulo I – Através de uma revisão bibliográfica, são apresentadas algumas das

soluções tradicionais já utilizadas em SEPP para carregamento de baterias, mostrando

suas vantagens e desvantagens.

Capítulo II – É apresentada a topologia proposta operando nos modos de

condução contínua e descontínua, mostrando suas vantagens e desvantagens. A partir de

uma análise, é escolhido o modo de operação a ser adotado, citando as principais

características da topologia escolhida.

Capítulo III – É realizada uma análise teórica e matemática dos conversores

utilizados no presente trabalho. São apresentadas e demonstradas as expressões

matemáticas necessárias para a obtenção das funções de transferência das plantas a

serem compensadas, de acordo com o esquema de controle sugerido.

Capítulo IV – São expostas várias estratégias de carga de baterias existentes,

mostrando suas principais características.

Capítulo V – É feito um exemplo de projeto, mostrando a elaboração do projeto

dos circuitos de potência e controle dos conversores, bem como do algoritmo de MPPT

utilizado.

Capítulo VI – São apresentados os resultados experimentais em regime

estacionário e transitório do protótipo desenvolvido.

Capítulo VII – É feita uma estimativa do custo de manufatura do protótipo, a

partir do preço dos principais componentes utilizados, cotados em importantes

distribuidoras e fábricas.

Conclusão Geral – São expostas as principais contribuições deste trabalho e

sugestões para posteriores continuidades.

4

CAPÍTULO 1

ANÁLISE DAS SOLUÇÕES TRADICIONAIS

1.1. RETIFICADOR TRIFÁSICO NÃO CONTROLADO ASSOCIADO A UM CONVERSOR

BUCK

Uma das soluções tradicionais é um retificador trifásico convencional a diodos

associado a um conversor Buck [7], mostrada na Figura 1.1. Suas principais vantagens

são os baixos valores de esforços de tensão e corrente nos componentes, sua

simplicidade, possui características de fonte de tensão e corrente em sua entrada e saída,

respectivamente, além de uma reduzida ondulação de corrente de carga. Entretanto, a

operação é possível somente quando a tensão na saída do estágio retificador for maior

do que a do banco de baterias. Uma segunda desvantagem é a presença de corrente

pulsada na entrada do conversor, sendo necessária a utilização de um barramento CC de

entrada de elevada capacitância.

Figura 1.1 – Retificador trifásico associado a um conversor Buck.

1.2. RETIFICADOR TRIFÁSICO NÃO CONTROLADO ASSOCIADO A UM CONVERSOR

BOOST

Essa topologia é composta por um retificador trifásico não controlado associado a

um conversor Boost [8], vista na Figura 1.2. Por ser um conversor do tipo elevador de

tensão, é capaz de fornecer energia mesmo em baixas velocidades do vento. Contudo,

para se obter uma operação em uma ampla faixa de velocidades do vento, a tensão de

saída deve ser maior do que a máxima tensão de entrada. Nesse contexto, é necessário

5

conectar várias baterias em série. Outra desvantagem é a corrente pulsante na saída,

sendo necessário utilizar um filtro capacitivo de elevada capacitância.

Figura 1.2 – Retificador trifásico associado a um conversor Boost.

1.3. RETIFICADOR TRIFÁSICO NÃO CONTROLADO ASSOCIADO A UM CONVERSOR

BUCK-BOOST

Outra possível topologia poderia ser composta por um retificador trifásico não

controlado associado a um conversor Buck-Boost [9], verificada na Figura 1.3.

Figura 1.3 – Retificador trifásico associado a um conversor Buck-Boost.

As características elevadoras e redutoras de tensão desse conversor CC-CC

permitem a operação no ponto de máxima potência da turbina e do aerogerador numa

larga faixa de velocidade do vento. Entretanto, as seguintes desvantagens devem ser

mencionadas: maiores esforços de corrente e tensão nos componentes, reduzindo a

eficiência; as correntes de entrada e de saída são descontínuas, provocando o aumento

6

do banco de capacitores e por fim, a tensão suportada no diodo e no interruptor é a soma

das tensões de entrada e saída.

1.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Algumas das principais topologias clássicas de carregadores de baterias para

SEPPs foram apresentadas neste capítulo e, através de uma breve análise, foi possível

perceber as características técnicas inerentes a cada uma.

O retificador trifásico não controlado, por ser uma estrutura passiva, não é capaz

de extrair a máxima potência da turbina, sendo por este motivo uma topologia obsoleta

para esta aplicação. Nota-se que as principais desvantagens das topologias clássicas

expostas são a ausência de transferência de potência para baixas velocidades utilizando

o conversor Buck, a necessidade de um barramento de tensão de saída elevado para o

conversor Boost e os elevados esforços nos semicondutores presentes no conversor

Buck-Boost.

7

CAPÍTULO 2

SOLUÇÕES PROPOSTAS

2.1. RETIFICADOR TRIFÁSICO SEMICONTROLADO EM MODO DE CONDUÇÃO

CONTÍNUA ASSOCIADO A UM CONVERSOR BUCK

Essa topologia é composta por um retificador PWM trifásico semicontrolado

associado a um conversor Buck [10].

As vantagens resultantes dessa topologia são:

• Melhoria do fator de potência e da distorção harmônica, visto que a corrente

em cada fase pode ser controlada independentemente uma da outra;

• O controle da tensão do barramento e as características elevadoras de tensão

permitem uma operação tanto em baixas quanto em altas velocidades de rotação do

aerogerador;

• O retificador semicontrolado em alta freqüência não representa um estágio

adicional, já que substitui o estágio retificador passivo, com as vantagens já

mencionadas, o que aumenta a eficiência do sistema;

• Os interruptores controlados permitem o controle eletrônico da frenagem sem o

uso de resistências adicionais ou relés. É preciso ser mencionado que o curto-circuito

através das saídas dos diodos retificadores pode não ser suficiente para frenar a turbina

eólica devido à impedância interna do gerador.

As desvantagens dessa topologia são:

• Requer uma maior quantidade de componentes em relação às soluções

tradicionais para reduzir a distorção harmônica de corrente em cada fase. Para isso, é

necessário o uso de sensores de corrente em cada fase e de circuitos adicionais a fim de

obter as referências das malhas a partir das tensões de fase do aerogerador. Entretanto,

pode-se descartar parcialmente a correção da THD e o uso dos sensores de corrente,

tendo em vista a redução do custo do sistema.

8

Figura 2.1 – Retificador trifásico semicontrolado em MCC associado a um conversor Buck.

2.2. RETIFICADOR TRIFÁSICO SEMICONTROLADO EM MODO DE CONDUÇÃO

DESCONTÍNUA ASSOCIADO A UM CONVERSOR BUCK

Essa topologia é praticamente idêntica à anterior, no entanto é necessária a

inclusão, em cada fase, de um filtro LC antes do retificador [10]. As vantagens

resultantes desta topologia em relação à anterior são:

• Pode ser utilizado o mesmo sinal de entrada para controlar os três interruptores

do estágio retificador, sem a possibilidade de curto de braço;

• Os interruptores podem comutar a partir de um mesmo sinal de disparo e com

razão cíclica constante, provendo uma considerável redução do THD, sem a necessidade

de sensores de corrente em cada fase.

A Figura 2.2 mostra a topologia proposta e a Figura 2.3 representa a tensão em

uma das fases do gerador e a corrente através do indutor L1, obtidas por simulação.

Figura 2.2 – Retificador trifásico semicontrolado em MCD associado a um conversor Buck.

9

Time

0s 5ms 10ms 15ms

I(L1) V(L4:1,V9:-)

-40

0

40

Figura 2.3 – Tensão de fase e corrente em um dos indutores do retificador Boost.

Os interruptores são ligados em modo ZCS e o diodo é desligado na mesma

condição. Esse fato decresce as perdas de comutação, porém como os picos de corrente

nos interruptores são maiores, as perdas por condução são maiores quando comparadas

com as do circuito anterior. Uma vez que a corrente no indutor é pulsada, é necessário

fazer o uso de filtros LC. A corrente através de uma das fases do gerador é mostrada na

Figura 2.4 e sua THD é menor que 20%.

Time

10ms 15ms 20ms 25ms 30ms 35ms

I(L5)

-10A

0A

10A

Figura 2.4 – Corrente de fase.

2.3. ESCOLHA DA TOPOLOGIA

A topologia ideal para SEPPs para carregamento de baterias deve operar em uma

larga faixa de velocidades do vento e com um custo relativamente baixo. Devido às

10

exigências do projeto, pode-se descartar a utilização do retificador trifásico não

controlado associado ao conversor Buck, pois não apresenta uma boa eficiência em

baixas velocidades. Já o retificador trifásico não controlado associado ao conversor

Boost deve operar com uma tensão de saída relativamente elevada e por isso seria

necessário configurar várias baterias em série na saída, o que não atende as

especificações dadas.

As outras duas configurações restantes (retificador trifásico não-controlado

associado a um conversor Buck-Boost e retificador semicontrolado em alta freqüência

associado a um conversor Buck) atendem às especificações de projeto. Entretanto, a

solução com o conversor Buck-Boost envolve maiores esforços nos semicondutores, o

que compromete o rendimento do sistema.

Tendo em vista as características citadas anteriormente, a escolha da topologia a

ser utilizada foi o retificador semicontrolado em alta freqüência associado a um

conversor Buck, pois apresenta um melhor desempenho geral para a aplicação [11].

2.4. CARACTERÍSTICAS DA TOPOLOGIA ESCOLHIDA

Para resolver o problema de gerenciamento da larga variação da velocidade do

vento, é necessário construir um conversor para um sistema de geração eólico que:

• Suporte e proteja o funcionamento do sistema sob todas as condições de

operação;

• Obtenha a máxima transferência de energia no carregamento de baterias sob

uma ampla faixa de velocidades do vento, sem sobrecarregar ou danificar a bateria;

• Opere confiavelmente sem intervenção do usuário por muitos anos;

• Ser uma solução de ponta nas áreas de desempenho, confiabilidade e

segurança;

• Tenha design com peso mínimo e quantidade mínima de componentes, para

conseguir reduzir custos de produção em grande volume.

Então, a topologia proposta, mostrada na Figura 2.5, é o retificador trifásico

semicontrolado em MCD associado a um conversor Buck [10].

Foi projetado para carregar bateria de chumbo-ácido de 12 V. No entanto, é

possível a operação com bateria de 24 V. Esta escolha será feita por um

microcontrolador de acordo com a tensão da bateria. Também há proteção da turbina

11

contra sobretensão e excesso de velocidade. A proteção contra sobretensão é feita

automaticamente pelo circuito de controle. Em caso de excesso de velocidade, o

microcontrolador pode comandar o retificador Boost a realizar uma frenagem eletrônica

da turbina eólica.

Devido ao retificador Boost, o sistema pode funcionar mesmo quando a tensão de

saída do gerador é menor que a tensão da bateria. Além disso, o retificador Boost

fornece um alto fator de potência, aumentando a eficiência do gerador. O controle de

tensão do barramento e as características elevadoras do Boost permitem a operação em

uma ampla faixa de velocidades de rotação da turbinas eólica.

É utilizado um dissipador de calor de alumínio interligado aos interruptores e

diodos do conversor. Assim, o conversor é naturalmente resfriado.

Figura 2.5 – Retificador trifásico semicontrolado em MCD associado a um conversor Buck.

Para ser usado em várias aplicações e para satisfazer as restrições econômicas, a

conversão da energia deve ser robusta e confiável. Deve também apresentar uma maior

eficiência e ser realizado com baixo custo. Para isso, é necessário extrair a máxima

energia da turbina eólica. A potência de operação da turbina depende da intensidade do

vento e especialmente da velocidade da turbina [12]. Se a transferência de potência

entre turbina e a carga não é ótima, a eficiência total do sistema será largamente afetada.

A turbina eólica pode ser operada no ponto de máxima potência para várias velocidades

do vento, ajustando a velocidade da turbina de forma otimizada.

Recentemente, os métodos de estimação da velocidade do vento têm sido bastante

relatados na literatura e podem ser classificadas em duas abordagens [13]. O primeiro

12

método utiliza uma equação de potência em função do coeficiente de potência Cp e da

relação entre a velocidade do vento e da turbina [14]. Partindo do fato de que a ordem

do polinômio pode ser maior do que sete para estimativas precisas, o cálculo em tempo

real das raízes do polinômio é uma tarefa demorada. O outro método, chamado de tabela

de pesquisa, consiste em usar uma tabela contendo a curva de potência da turbina [15].

Este método pode exigir o uso de memória externa para estimativas de alta precisão.

Além disso, o tempo de execução e precisão da estimativa depende do tamanho da

tabela.

É proposto um método de algoritmo MPPT [16] utilizado para alcançar o controle

da extração máxima de potência da turbinas eólica, onde a curva de potência máxima da

turbina eólica e as informações sobre a velocidade do vento não são necessárias. A

eficácia do algoritmo proposto foi verificada pelos resultados experimentais.

2.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A idéia de se utilizar um retificador Boost neste trabalho surge no intuito de

aproveitar as vantagens inerentes ao conversor elevador de tensão em conjunto com o

retificador em um só estágio, evitando a utilização de vários conversores em série,

aumentando o rendimento global do sistema. Assim, o sistema proposto é capaz de

operar em uma ampla faixa de velocidade do vento, extraindo a máxima potência

disponível no vento e protegendo a bateria contra sobrecarga. Já as características

abaixadoras do conversor Buck garantem a flexibilidade quanto ao número de baterias a

serem carregadas, tornando-o viável tecnicamente. Além de apresentar baixa ondulação

na corrente de carga, ideal para carregamento de baterias.

13

CAPÍTULO 3

ANÁLISE DO SISTEMA PROPOSTO

3.1. RETIFICADOR BOOST

O retificador trifásico semicontrolado faz a ligação do gerador ao barramento CC,

onde é conectado o conversor Buck. O retificador Boost tem a função de adequar o nível

de tensão gerado pela turbina ao nível desejado no barramento e fazer com que a turbina

opere seguindo o seu ponto de máxima potência.

3.1.1. Princípio de Funcionamento

O retificador opera como um conversor Boost no modo de condução descontínua.

Quando os interruptores S1, S2 e S3 estão fechados, o fluxo de corrente através deles e

por meio do seu indutor correspondente irá incrementar, enquanto os diodos D1, D2 e D3

estão reversamente polarizados e o capacitor C fornece energia para o inversor.

Quando os interruptores S1, S2 e S3 estão abertos, os diodos D1, D2 ou D3 podem

estar diretamente polarizados dependendo da direção da corrente e a energia é

transferida para a carga.

As correntes de entrada Ia, Ib e Ic podem assumir dois estados: positivo (+) ou

negativo (-), resultando em oito combinações. Contudo, somente seis combinações são

fisicamente pertinentes, como mostrado na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Possíveis combinações das correntes de entrada.

Setor IA IB IC

1 + - +

2 + - -

3 + + -

4 - + -

5 - + +

6 - - +

Na Figura 3.1, pode ser observado que um período completo das tensões Va, Vb e

Vc pode ser dividido em seis setores com comportamento similar.

14

Figura 3.1 – Formas de onda teóricas das tensões Va, Vb, e Vc.

Analisando o setor 1, as tensões Va e Vc são positivas, e a tensão Vb é negativa.

Considerando o curto período de comutação, quando os interruptores S1, S2 e S3 estão

fechados, as correntes de linha Ia e Ic incrementam linearmente fluindo através dos

interruptores S1 e S3 e a corrente de linha Ib decrementa linearmente fluindo através do

diodo antiparalelo do interruptor S2, como mostrado na Figura 3.2(a), Figura 3.3 (a) e

Figura 3.4.

Quando os interruptores S1, S2 e S3 são abertos, as correntes de linha Ia e Ic

decrementam linearmente fluindo através dos diodos D1 e D3, e a corrente Ib incrementa

linearmente fluindo através do diodo antiparalelo do interruptor S2, como mostrado na

Figura 3.2(b) e Figura 3.3(b).

Quando a corrente Ia ou Ic se anula, a outra também se anula ou de forma similar a

Ib, varia linearmente até se anular, como mostrado na Figura 3.2(c) e (d) e Figura 3.3(c)

e (d). As envoltórias das correntes resultantes são sinusoidais como mostrado na Figura

3.5 e na Figura 3.6. As correntes filtradas do gerador pela sua impedância interna e

pelos capacitores externos C1, C2 e C3 são aproximadamente sinusoidais sem

componentes de alta frequência, como as mostrado na Figura 3.7.

Figura 3.2 – Estados topológicos associados ao setor 1.

15

Figura 3.3 – Circuitos equivalentes associados ao setor 1.

O modelo do retificador Boost trifásico semicontrolado operando no modo de

condução descontínua foi implementado no MATLAB considerando os quatro estados

de operação no primeiro setor. O primeiro estágio ocorre com S1, S2 e S3 fechados, o

segundo estágio ocorre quando os interruptores são abertos e a magnitude das correntes

está decrementando. Nos terceiro e quarto estágios, as correntes vão se anulando até

chegar a zero, caracterizando o MCD.

3.1.1.1. Primeiro Estágio

1 1

2 1

3 1

i = cos( ) cos( )

i = cos cos3 3

i = cos cos3 3

p p

s

p p

s

p p

s

V Vwt wT

wL wL

V Vwt wT

wL wL

V Vwt wT

wL wL

3.1.1.2. Segundo Estágio

0 11 1

0 12 1

0 13 1

3 3( ( )i = cos( ) cos( ( ))

33 32 ( ( )

i = cos cos ( )3 3 3

3 3( ( )i = cos cos ( )

3 3 3

p ps ss s

p ps ss s

p ps ss s

V VV t T DTwt w T DT K

L w w

V VV t T DTwt w T DT K

L w w

V VV t T DTwt w T DT K

L w w

16

3.1.1.3. Terceiro Estágio

1

2 3

3 2 0 2

i =0

i = -i

1i = cos cos

2 2 2

p pV Vwt wt V t t K

L w w

1 2 0 2

2 1

3

1i = cos cos

2 3 3

i = -i

i =0

p pV Vwt wt V t t K

L w w

3.1.1.4. Quarto Estágio

{i1 = i2 = i3 = 0

As seguintes formas de onda foram obtidas usando os valores da Tabela 3.2 como

exemplo.

Tabela 3.2 - Especificações e parâmetros do retificador.

Parâmetros Especificações

Tensão eficaz de entrada 160 V

Frequência da tensão de entrada 60 Hz

Tensão de saída 400 V

Frequência de chaveamento 50 kHz

Indutores da entrada 57 H

17

Figura 3.4 – Correntes de linha Ia, Ib e Ic.

0 0.5 1 1.5 2 2.5 3

x 10-3

-15

-10

-5

0

5

10

15

Figura 3.5 – Correntes de linha Ia, Ib e Ic.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

x 10-3

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Figura 3.6 – Corrente de linha Ia durante T/2.

0 0.00 0.0 0.01-

-

-

0

2

4

6

Figura 3.7 – Forma de onda da corrente de

entrada filtrada.

3.2. CONVERSOR BUCK

O conversor Buck interliga o barramento CC ao banco de baterias na saída. O

conversor Buck é encarregado por três tarefas no sistema: adequar o nível de tensão no

barramento enquanto o retificador Boost realiza o MPPT, limitar a tensão máxima

permitida, evitando sobretensão na bateria e limitar a corrente máxima na bateria,

evitando sobrecarga do sistema.

3.2.1. Princípio de Funcionamento

A topologia do conversor Buck pode ser vista na Figura 3.8. O interruptor S4 é o

dispositivo eletrônico controlado que opera nos estados de condução e bloqueio do

conversor. O tempo de condução do interruptor é dado por DTS, onde D é a razão

cíclica e TS o período de chaveamento.

Considerando os semicondutores ideais e que o conversor opera no modo de

condução contínua, temos apenas duas etapas de funcionamento, descritas a seguir.

18

Figura 3.8 – Topologia do conversor Buck.

Primeira Etapa (t0, t1): O interruptor S4 conduz e o diodo D4 está reversamente

polarizado. A fonte de entrada fornece energia ao estágio de saída e a corrente no

indutor L4 cresce linearmente. Esta etapa é mostrada na Figura 3.9 (a).

Segunda Etapa (t1, t2): O interruptor S4 está bloqueado e o diodo D4 está

diretamente polarizado. O indutor L4 fornece energia ao estágio de saída e a sua corrente

decresce linearmente. Esta etapa é mostrada na Figura 3.9 (b).

a) Primeira etapa.

b) Segunda etapa.

Figura 3.9 – Etapas de operação do conversor Buck em MCC.

3.3. DINÂMICA DO SISTEMA DE CONTROLE

O conversor trabalha sob três modos de operação, sendo controlado por um sistema

composto por três malhas analógicas e uma digital, além de um algoritmo de MPPT

executado por um microcontrolador de baixo custo. O fluxograma de operação do

sistema pode ser verificado na Figura 3.10.

Em caso de sobrevelocidade ou anomalias nas condições de operação, o

retificador semicontrolado é comandado a frenar a turbina eólica curto-circuitando os

enrolamentos do gerador através do fechamento dos interruptores.

19

3.3.1. Modo 1: Malha de Tensão

É ativada quando a tensão da bateria está próxima do valor da tensão de

flutuação. O retificador Boost controla a tensão do barramento e o conversor Buck é

responsável por limitar a tensão sobre as baterias, evitando sobretensão. O controlador

de tensão é o atuante na dinâmica do sistema, como mostrado na Figura 3.12.

3.3.2. Modo 2: Malha de Corrente

É ativada quando a bateria não está totalmente carregada e a corrente está em

torno do valor máximo recomendado. O retificador Boost controla a tensão do

barramento e a máxima corrente da bateria é a referência do controlador do conversor

Buck, como pode ser visto na Figura 3.12. Isto evita sobrecarga da bateria.

3.3.3. Modo 3: MPPT

É ativada quando a potência de saída do aerogerador não é suficiente para forçar

valores máximos de corrente e tensão na bateria.

O algoritmo de MPPT controla o retificador Boost visando manter a operação do

sistema em torno do ponto de máxima potência. Um microcontrolador PIC executa a

rotina de MPPT no retificador Boost perturbando periodicamente o ponto de operação

da turbina eólica. Através da aquisição do valor da corrente de saída, o controle

incrementa ou decrementa o ciclo de trabalho do retificador Boost para mudar o ponto

de operação do sistema.

Ao mesmo tempo, o conversor Buck controla a tensão do barramento de acordo

com a Figura 3.13.

Figura 3.10 – Fluxograma de operação do sistema.

20

A lógica de controle contém as malhas que atuam em cada modo de operação e o

sinal de comando para comutação do conversor pode ser visto no fluxograma da Figura

3.11. Como pode ser observado, enquanto não ocorrer sobretensão ou sobrecarga no

banco de baterias, o conversor Buck atuará no sentido de regular a tensão do barramento

Vbus e o retificador Boost garantirá a máxima transferência de potência através da

análise da corrente de saída Io. A partir do momento em que ocorrer sobretensão ou

sobrecarga, o estágio Buck passará a limitar tensão ou corrente de saída,

respectivamente, e o retificador Boost regulará o barramento de tensão Vbus.

Figura 3.11 – Lógica de comando e controle.

e

E

c

c

v

V

d

D

o

o

i

I

o

o

v

VorefV

orefI

Figura 3.12 – Malha de controle da tensão e da corrente na bateria.

21

Na Figura 3.13, é mostrado o diagrama de blocos do controle da tensão do

barramento no conversor Buck. Através do compensador Cb(s), a razão cíclica do

conversor Buck é ajustada para manter a tensão do barramento Vbus no valor desejado.

e

E

c

c

v

V

d

D

bus

bus

v

VbusrefV

Figura 3.13 – Malha de controle da tensão no barramento.

Para se projetar um sistema de controle e realizar o estudo de estabilidade de um

conversor, é necessário obter seu modelo dinâmico. No entanto, um conversor estático é

um sistema não linear variante no tempo, e uma análise por métodos tradicionais

utilizados nos sistemas lineares não pode ser aplicada [18].

iCoC

L

S

D oViV

Figura 3.14 – Topologia do Buck

ai

dIc D1

sL

coR

oR

osC

1

cidVap

ov

a c

pcpvapv

ciR

isC

1

Figura 3.15 - Modelo completo da chave PWM do Buck.

A técnica utilizada para linearizar o conversor Buck apresentado na Figura 3.14 e

encontrar suas funções de transferência foi o modelo da chave PWM de Vorpérian [18],

através do qual foi desenvolvido o modelo dinâmico do sistema, mostrado na Figura

3.15.

3.3.4. FT da Tensão de Entrada )(svi pela Razão Cíclica )(sd

O modelo da chave PWM do conversor Buck para se encontrar a função de

transferência da tensão de entrada pela razão cíclica foi modelado baseado em (3.1) e é

apresentado na Figura 3.16.

0)(

)(

ov

i

sd

sv (3.1)

22

A resistência do capacitor de entrada Rci é incluída no modelo, para que no projeto

deste compensador seja considerado o efeito de ondulação no barramento de entrada do

conversor.

cidVap

ai

dIc D1

sLa c

pcpvapv

ciR

isC

1

Figura 3.16 – Modelo da chave PWM do Buck para vo = 0.

A partir do modelo acima, foi deduzida a função de transferência dada pela

expressão (3.2).

i

ci

o

i

cii

cioi

b

CL

Ds

L

RDs

LI

VDs

RCs

RI

sd

svsG

222

1

)(

)()( (3.2)

3.3.5. FT da Tensão de Saída )(svo pela Razão Cíclica )(sd

A partir de (3.3), foi feito o modelo do conversor para se calcular a função de

transferência da tensão de saída pela razão cíclica, mostrado na Figura 3.17

0)(

)(

iv

o

sd

sv (3.3)

Novamente, a resistência do capacitor de saída Rco é incluída no modelo,

considerando o efeito de ondulação na saída do conversor.

ai

dIc D1

sL

coR

oR

osC

1

cidVap

ov

a c

papv cpv

Figura 3.17 – Modelo da chave PWM do Buck para vi = 0.

23

Nota-se que, com o curto-circuito da entrada, a fonte de corrente entra em roda

livre e os enrolamentos do transformador podem ser retirados. Desta forma, o modelo

simplificado é mostrado na Figura 3.18.

sL

coR

oR

osC

1

ci

ov

c

Figura 3.18 – Simplificação do modelo.

A partir daí, foi encontrada a função de transferência dada por (3.4).

o

o

cooco

o

ocoiov

CLR

RsCR

R

Ls

CRsV

sd

svsG

11

1

)(

)()(

2

(3.4)

3.3.6. FT da Corrente de Saída )(sio pela Razão Cíclica )(sd

Para este modelo do conversor foi feita uma simplificação, considerando as

tensões de entrada e de saída ideais e constantes, bem como foi desprezada a resistência

no indutor, pois sua influência torna-se apreciável apenas para razões cíclicas próximas

da unidade [1]. A função de transferência da corrente de saída pela razão cíclica é dada

por (3.5), e o modelo simplificado é mostrado na Figura 3.19

0)(

)(

oi vv

o

sd

si (3.5)

cidVap

ai

dIc D1

sLa c

papv cpv

Figura 3.19 – Modelo da chave PWM do Buck para vi = vo =0.

24

Como foi feito anteriormente, o modelo pode ser simplificado ainda mais, como

mostrado na Figura 3.20.

sLci

dVapc

Figura 3.20 – Simplificação do modelo.

A partir daí, obtém-se a função de transferência da planta em análise, como

mostra a expressão (3.6).

Ls

V

sd

sisG iL

i

)(

)()( (3.6)

3.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma análise geral do carregador de baterias foi apresentada neste capítulo.

Foram mostrados os princípios de funcionamento e as etapas de operação dos

conversores. Foi feita uma análise um pouco mais detalhada do retificador Boost, visto

que é uma abordagem nova em SEPPs.

A dinâmica dos conversores foi também abordada neste capítulo e a obtenção

das funções de transferência foi feita de acordo com a estratégia de controle adotada.

Todas as plantas do sistema foram modeladas para se implementar o projeto dos

compensadores, utilizando a técnica do modelo CA de pequenos sinais através do

modelo da chave PWM de Vorpérian. Aspectos como a resistência intrínseca dos

capacitores foram considerados na modelagem, devido às ondulações de tensão

indesejáveis provocadas por esta.

Por fim, foram explicados os modos de operação do sistema e quais malhas

atuam em cada modo.

25

CAPÍTULO 4

CARGA DA BATERIA

Alguns métodos convencionais de carga de baterias são apresentados brevemente

abaixo. São abordadas as características, as vantagens e as desvantagens de cada

técnica.

4.1. CARGA EM TENSÃO CONSTANTE

Naturalmente, baterias têm uma reação contra a carga [20]. Se a bateria é

carregada com uma tensão constante, a corrente de carga começa a decrementar até

chegar a zero. Então, se a tensão de carga aumentar novamente, ocorrerá o mesmo. Este

fenômeno é mostrado na Figura 4.1 para uma bateria de tensão nominal de 12 V e

capacidade de 100 Ah.

Figura 4.1 – Carga em tensão constante.

A desvantagem deste processo é que é extremamente lento. Contudo, o

carregamento é bastante simples, pois somente é necessário manter a tensão constante.

4.2. CARGA EM CORRENTE CONSTANTE

Este método é caracterizado por manter a corrente sempre em um valor constante.

Desta forma, a tensão na bateria aumenta até um valor máximo e, se a corrente de carga

é mantida em um valor constante, o eletrólito pode ser danificado.

A vantagem deste método é que o carregador é bastante simples, pois somente é

necessário manter a corrente constante.

26

Por outro lado, o carregador precisa ser desligado, manualmente ou por circuitos

adicionais, antes que o eletrólito ferva. Em adição, a máxima capacidade obtida por este

método é de cerca de 70% da nominal.

4.3. CARGA EM DOIS ESTÁGIOS

Também conhecido como método de carga IU. Os dois estágios deste método são:

• Estágio de corrente constante

• Estágio de flutuação

Neste primeiro estágio, a corrente de carga é mantida em um valor constante em

entre 10 a 20% da capacidade nominal da bateria até que a tensão da bateria atinja o

valor de flutuação.

No segundo estágio, este valor de tensão é mantido pelo carregador para que a

corrente de carga decremente até chegar a zero.

Esta método é mostrado na Figura 4.2 para uma bateria de 12 V descarregada e

capacidade de 100 Ah.

Figura 4.2 - Carga em dois estágios.

Através deste método, a bateria apresenta uma capacidade máxima de carga de

80% da nominal.

As vantagens deste método são: o carregador pode ser mantido conectado à

bateria sem danificá-la e é possível obter uma alta capacidade de carga.

As desvantagens são que o carregador é mais complexo que os anteriores, pois

precisa monitorar a tensão da bateria para mudar os estágios e ser hábil para manter a

corrente em um valor constante no primeiro estágio e manter a tensão em um valor

constante no estágio de tensão de flutuação.

27

4.4. CARGA EM TRÊS ESTÁGIOS

Também conhecido como método de carga IUU. As partes deste método são:

• Estágio de corrente constante

• Estágio de tensão constante

• Estágio de flutuação

No fim do primeiro estágio, a tensão é mantida constante em um valor um pouco

superior ao de flutuação, iniciando o segundo estágio. Então, a corrente de carga

decrementa lentamente até atingir um valor bem próximo de zero.

O terceiro estágio inicia quando a corrente é quase igual a zero.

Este método é mostrado na Figura 4.3 para uma bateria de 12 V descarregada e

capacidade de 100Ah.

Figura 4.3 – Carga em três estágios.

As desvantagens deste método é que o carregador é mais complexo que os

descritos anteriormente, precisando manter a corrente e a tensão constantes. Uma outra

desvantagem é que a bateria pode estourar caso não consiga receber a carga,

necessitando assim de um algoritmo de proteção.

Como vantagens, temos: o carregador pode ser conectado à bateria sem que haja

danos ao eletrólito; é possível carregar a bateria completamente. Este método de carga é

bastante utilizado em aplicações onde a bateria é submetida a descargas profundas com

frequência.

4.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alguns métodos convencionais de carga de baterias foram apresentados. A partir

da análise de cada um deles, o método de carga em três estágios foi escolhido pelo fato

28

de ser uma técnica consolidada e que garante um carregamento em torno de 100% da

capacidade da bateria e consequentemente, uma elevada autonomia ao sistema que

porventura utilizar o banco de baterias como fonte de energia elétrica [1].

29

CAPÍTULO 5

EXEMPLO DE PROJETO

A topologia a ser utilizada foi escolhida no Capítulo 2, a partir de um

levantamento bibliográfico realizado no Capítulo 1 para se obter um conversor

apropriado que garanta a máxima transferência de potência em uma ampla faixa de

velocidade do vento, além de regular o fluxo de energia para bateria, protegendo-a

contra sobretensão e sobrecarga, e proteger a turbina eólica contra danos causados por

ventos muito fortes.

O projeto dos conversores utilizados no carregador será detalhado neste capítulo.

São apresentadas inicialmente as especificações gerais do circuito de potência e as

características de cada conversor. Na sequência, são apresentados os critérios adotados

para o projeto das malhas de controle do sistema, juntamente como o seu projeto. Por

fim, é mostrado o algoritmo de MPPT sensorless implementado.

5.1. ESPECIFICAÇÕES DE PROJETO

Nas tabelas a seguir são mostradas as especificações do retificador Boost, do

conversor Buck e das baterias [20], respectivamente.

Tabela 5.1 – Especificações e considerações do retificador Boost.

Parâmetros Especificações

Faixa de operação da tensão eficaz de entrada (Vief) 0-30 V

Tensão de saída (Vbus) 65 V

Ondulação da tensão de saída ( Vbus) 5%.Vbus

Potência de saída (Pbus) 370 W

Frequência de chaveamento (fs) 50 kHz

Frequência elétrica do gerador(fg) 120 Hz

Tabela 5.2 – Especificações das baterias.

Parâmetros Especificações

Tensão mínima (Vbat1min) 10,5 V

Tensão de flutuação (Vbat1) 13,5 V

Tensão máxima (Vbat1max) 14 V

Capacidade (CapAh) 150 Ah

30

Tabela 5.3 – Especificações e considerações do conversor Buck.

Parâmetros Especificações

Tensão de entrada (Vbus) 65 V

Faixa de operação da tensão de saída (Vo) 10,5-28 V

Potência de saída (Po) 350 W

Ondulação da tensão de saída ( Vo) 4%.Vo

Ondulação da corrente através do indutor ( IL4) 10%.IL4

Frequência de chaveamento (fs) 50 kHz

5.2. DIMENSIONAMENTO DO RETIFICADOR BOOST

De acordo com as especificações adotadas na Tabela 5.1, são dimensionados os

componentes que constituem o conversor Boost.

5.2.1. Dimensionamento dos Indutores L1, L2 e L3

A máxima tensão de linha eficaz de entrada do conversor é igual a VVi 30

sendo a tensão de linha de pico igual a VVpi

230 .

As correntes eficaz e de pico de entrada são dadas por (5.1) e (5.2),

respectivamente.

.12,7303

370

3AI

V

PI

ef

ef

ef i

i

busi (5.1)

.10212,72 AIIIpefp iii (5.2)

Para que o retificador opere sempre em MCD, a razão cíclica máxima adotada é

de 32,0maxD . A corrente de pico no indutor pode ser calculada por (5.3).

.5,3132,0

101

max1 AI

D

II

p

p

p L

i

L (5.3)

A corrente eficaz no indutor é dada por (5.4).

.5,122

32,05,31

21

max1

1 AIDI

Ief

p

ef L

L

L (5.4)

Os indutores de entrada L1, L2 e L3 do retificador Boost são calculados a partir de

(5.5).

31

.51050103

32,0230

33,2,13

22max

3,2,1 HLfI

DVL

Si

i

p

p (5.5)

5.2.2. Dimensionamento dos Interruptores S1, S2 e S3

Os esforços necessários para especificar o interruptor são a tensão máxima

reversa, bem como as correntes máxima e eficaz.

.6,662

25,365

2 maxmax 3,2,13,2,1VV

VVV S

busbusS (5.6)

A corrente de pico no interruptor é a mesma para o indutor.

.5,311max3,2,1AII

pLS (5.7)

A corrente eficaz no interruptor, medida através de simulação, é dada por:

.9,43,2,1

AI efS (5.8)

Para o projeto, foi escolhido o interruptor do tipo MOSFET IRFP4710A,

especificado na Tabela 5.4 abaixo.

Tabela 5.4 – Especificações dos interruptores do retificador Boost

Tipo de interruptor MOSFET

Referência (International Rectifier) IRFP4710A

Tipo de encapsulamento TO-247AC

Máxima tensão dreno-source (VDS) 100 V

Máxima corrente de dreno (média) (ID) 72 A@25°C

Máxima corrente de dreno pulsada (IDP) 300 A

Resistência térmica junção-cápsula (RSjc) 0,81 °C/W

Resistência térmica cápsula-dissipador (RScd) 0,24 °C/W

Resistência térmica junção-ambiente (RSja) 40 °C/W

Resistência de condução (RDS) 14 m @25°C

Capacitância de entrada (Ciss) 6,16 nF

Faixa de operação para temperatura de junção (TSj) -55 a 175 °C

Tempo de subida (tr) 130 ns

Tempo de descida (tf) 38 ns

5.2.3. Dimensionamento dos Diodos D1, D2 e D3

Os esforços necessários para especificar os diodos são a tensão máxima reversa,

bem como as correntes máxima e média.

32

.6,66maxmax 3,2,13,2,1VVV SD (5.9)

AII SD 5,31maxmax 3,2,13,2,1 (5.10)

A corrente eficaz nos diodos, medida através de simulação, é dada por:

.3,53,2,1

AI efD (5.11)

São utilizados diodos Schottky SB5100, capazes de suportar toda a corrente média

estipulada no projeto. Suas especificações podem ser vista na Tabela 5.5.

Tabela 5.5 – Especificações dos diodos do retificador Boost

Tipo de diodo Schottky

Referência (Fairchild) SB5100

Tipo de encapsulamento DO-201AD

Máxima tensão reversa (VR) 100 V

Corrente média máxima (IF) 5 A@25°C

Máxima corrente de pico não repetitiva (IFM) 150 A@25°C

Resistência térmica junção-ambiente (RDja) 25 °C/W

Faixa de operação para temperatura de junção (TDj) -50 a 150 °C

Queda de tensão em condução direta (Vf) 0,85 V@25°C

5.2.4. Dimensionamento do Capacitor C4

A potência de saída do retificador Boost, pode ser vista na Tabela 5.1 e é dada por

(5.12).

WPbus 370 (5.12)

Sobre o capacitor aparece uma tensão com ondulação desejada de 5% da tensão

nominal, apresentada em (5.13). Assim, as tensões mínima e máxima são dadas por

(5.14) e (5.15), respectivamente.

.65VVbus (5.13)

.4,632

25,365

2 minmin VVV

VV busbus

busbus (5.14)

.6,662

25,365

2 maxmax VVV

VV busbus

busbus (5.15)

Aproximando os cálculos para um retificador em ponte completa, tem-se a

seguinte equação (5.16).

33

FCVVf

PC

busbusg

bus 12354,636,661206

370

64222

min2

max

4 (5.16)

Apesar de os capacitores eletrolíticos do retificador serem calculados em função

de uma determinada ondulação de tensão desejada, a especificação do componente

comercial é realizada principalmente através de sua corrente eficaz máxima.

A saída do retificador Boost está conectada diretamente à entrada do conversor

Buck, que tem como característica uma corrente pulsante. A corrente eficaz medida

através de simulação é um pouco elevada, chegando em torno de 6 A. O banco

capacitivo deve suportar essa corrente, por isso são associados capacitores em paralelo.

Além dos capacitores eletrolíticos, são utilizados quatro capacitores de

polipropileno para assegurar que possíveis correntes mais elevadas sejam supridas e

para auxiliar na comutação dos interruptores. As características dos capacitores

eletrolíticos e dos capacitores de polipropileno podem ser vistas na Tabela 5.6 e na

Tabela 5.7, respectivamente.

Tabela 5.6 – Especificações do banco capacitivo do barramento.

Tipo de capacitor Eletrolítico

Referência (Epcos) B41851

Capacitância (Celet4) 220 µF

Corrente eficaz 0,61 A

Tensão máxima 100 V

Resistência série equivalente (RCelet4) 0,75

Tabela 5.7 – Especificações dos capacitores de polipropileno.

Tipo de capacitor Polipropileno

Referência (Epcos) B32601L

Capacitância (Celet5) 470 nF

Tensão máxima 400 V

A capacitância equivalente C4 obtida é dada por (5.17):

.220010 444 FCCC elet (5.17)

A resistência série equivalente RC4 é dada por (5.18).

.075,010

75,0

10 5

5

5 C

Celet

C RR

R (5.18)

34

5.3. DIMENSIONAMENTO DO CONVERSOR BUCK

De acordo com as especificações adotadas na Tabela 5.3, são dimensionados os

componentes que constituem o conversor Buck.

5.3.1. Dimensionamento do Indutor L4

A tensão de entrada do conversor é constante e igual a 65 V, porém a tensão de

saída depende da quantidade de baterias conectadas ao carregador. O caso mais extremo

ocorre quando apenas uma bateria totalmente descarregada está conectada à saída [1].

Portanto a tensão para este caso é a mostrada em (5.19) e a razão cíclica é obtida em

(5.20).

.5,10min1

VVbat (5.19)

16,065

5,10min1 D

V

VD

bus

bat (5.20)

Para este caso mais crítico, a corrente será máxima. A obtenção desta corrente é

feita através da relação entre essa tensão mínima e a potência de saída do conversor. A

corrente máxima é dada por (5.21).

AIV

PI bat

bat

obat 3,33

5,10

350max

min1

max (5.21)

A indutância de filtro L4 do conversor Buck é dada pela expressão (5.22).

.8,52105033,3

84,05,10'344

4

min1 HLfI

DVL

SL

bat (5.22)

Onde 'D é o complemento da razão cíclica D .

5.3.2. Dimensionamento do Interruptor S4

Os esforços necessários para especificar o interruptor são a tensão máxima

reversa, bem como as correntes máxima e eficaz.

.625,66maxmax 44VVV CS (5.23)

.352

33,33,33

2 maxmaxmax 4

4

444AI

IIII S

L

LLS (5.24)

.4,1316,03,334max4

AIDII efSbatefS (5.25)

Para o projeto, foi escolhido o interruptor do tipo MOSFET IRFP4710A, o mesmo

utilizado no retificador Boost.

35

5.3.3. Dimensionamento do Diodo D4

Os esforços necessários para especificar o diodo são a tensão máxima reversa,

bem como as correntes máxima e média.

.625,66maxmax 44VVV CD (5.26)

.352

33,33,33

2 maxmaxmax 4

4

444AI

IIII D

L

LLD (5.27)

.2884,03,33'444

AIDII medDLmedD (5.28)

São utilizados dois diodos Schottky MBR20100CT em paralelo, capazes de

suportar toda a corrente média estipulada no projeto. Suas especificações podem ser

vista na Tabela 5.8.

Tabela 5.8 – Especificações do diodo do conversor Buck

Tipo de diodo Schottky

Referência (International Rectifier) MBR20100CT

Tipo de encapsulamento TO-220

Máxima tensão reversa (VR) 100 V

Corrente média máxima (IF) 20 A@85°C

Máxima corrente de pico repetitiva (IFM) 40 A@25°C

Resistência intrínseca (rav) 15,8 m

Resistência térmica junção cápsula (RDjc) 2 °C/W

Resistência térmica cápsula dissipador (RDcd) 0,5 °C/W

Faixa de operação para temperatura de junção (TDj) -65 a 150 °C

Queda de tensão em condução direta (Vf) 0,65 V@25°C

5.3.4. Dimensionamento do Capacitor C5

Os valores ideais obtidos para capacitor Buck, através de equacionamentos

matemáticos, são mostrados a seguir.

A capacitância de filtro é calculada para ondulação máxima de saída e é dada por:

.6,1812,110208

33,3

8 3454 FLVf

IC

oS

L (5.29)

A tensão máxima sobre o capacitor será máxima quando duas baterias carregadas

estiverem ligadas em série na saída do carregador

.56,282

12,128

2 maxmax 55VV

VVV C

ooC (5.30)

36

Calculando as expressões (5.31) é possível encontrar o valor da corrente eficaz

através do capacitor C5.

dtIID

It

TD

IdtIIt

TD

I

TI

S

S

S T

DT

oL

L

S

L

DT

oL

S

L

S

efC 962,0''

12

maxmin

0

2

maxmin 4

44

4

4

5

(5.31)

A resistência série equivalente máxima permitida no capacitor é:

.336,033,3

12,1555

4

CC

L

oC RR

I

VR (5.32)

Foram utilizados capacitores eletrolíticos, cuja especificação é mostrada na Tabela

5.9

Tabela 5.9 – Especificações do capacitor de filtro do Buck

Tipo de capacitor Eletrolítico

Referência (Epcos) B41821

Capacitância (Celet5) 1000 µF

Corrente eficaz 1,15 A

Tensão máxima 35 V

Resistência série equivalente (RCelet5) 0,23

A capacitância equivalente C5 obtida é dada por (5.33):

.20002 555 FCCC elet (5.33)

A resistência série equivalente RC5 é dada por (5.34).

.115,02

23,0

2 5

5

5 C

Celet

C RR

R (5.34)

5.4. PROJETO DE CONTROLE

5.4.1. Controle da Corrente de Saída Io

Para estabelecer um limite de corrente constante através das baterias, um

compensador apropriado deve ser projetado.

5.4.1.1. Modelo Matemático

A seguinte equação apresenta a função de transferência simplificada da variação

da corrente no indutor como função da perturbação no ciclo de trabalho.

37

Ls

V

sd

si iL

)(

)( (5.35)

Onde Vi é a tensão no barramento CC e L é a indutância do conversor Buck.

Para determinar a função de transferência de laço aberto FTLA do sistema

completo, os ganhos do modulador e do sensor de corrente devem ser inclusos,

resultando em (5.36).

sHsFLs

VsFTMAio im

i)( (5.36)

Onde Fm(s) é o ganho da moduladora PWM dado pelo inverso da amplitude do

dente de serra e Hi(s) é o ganho do sensor de corrente. A Figura 5.1 e Figura 5.2

mostram o diagrama de Bode do sistema.

1 10 100 1 103

1 104

1 105

40

20

0

20

40

60

80

100

FTMAio(s)

Frequência (Hz)

Gan

ho (

dB)

Figura 5.1 – Diagrama de Bode da planta FTMAio(s) (Ganho).

1 10 100 1 103

1 104

1 105

180

135

90

45

0

FTMAio(s)

Frequência (Hz)

Fas

e (°

)

Figura 5.2 – Diagrama de Bode da planta FTMAio(s) (Fase).

38

5.4.1.2. Projeto do Compensador

Para compensar o sistema, um controlador PI foi usado. A Figura 5.3 mostra o

circuito do controlador PI.

Figura 5.3 – Circuito do controlador PI.

A equação (5.37) seguinte mostra a função transferência do controlador PI.

s

CRs

R

R

sV

sVsCi

a

c 22

1

2

1

)(

)()(

(5.37)

Adotando a frequência de cruzamento como :

kHzf

f sc 5,12

4 (5.38)

O zero do compensador é alocado em metade da frequência de cruzamento.

kHzf

f cz 25,6

21 (5.39)

As expressões que definem o ganho do compensador são dadas por (5.40) e

(5.41):

.917,02log20 dBHfFTMAioH c (5.40)

.111,110 20 KK

H

(5.41)

O sistema de equações que foram usados para determinar os parâmetros do

compensador pode ser visto abaixo.

Um valor para R2 é definido e R1 e C2 são calculados a partir daí.

212 2

1

RfC

z

(5.42)

K

RR 2

1 (5.43)

39

A FTLA do sistema pode ser obtida a partir da expressão apresentada em (5.44).

sCisFTMAiosFTLAio (5.44)

O diagrama de Bode do sistema compensado e do compensador é mostrado na

Figura 5.4 e na Figura 5.5.

1 10 100 1 103

1 104

1 105

60

20

20

60

100

140

180

FTLAio(s)Ci(s)

Frequência (Hz)

Gan

ho (

dB)

Figura 5.4 – Diagrama de Bode da FTLAio(s) e do Ci(s) (Ganho).

1 10 100 1 103

1 104

1 105

225

180

135

90

45

0

45

FTLAio(s)Ci(s)

Frequência (Hz)

Fas

e (°

)

Figura 5.5 – Diagrama de Bode da FTLAio(s) e do Ci(s) (Fase).

Observa-se que a frequência de cruzamento ocorre com a curva de ganho

apresentando um declive de -20 dB/década, uma margem de fase de 63,4° e margem de

ganho infinita, mostrando que o sistema é estável.

5.4.2. Controle da Tensão de Saída Vo

Este compensador foi projetado para limitar a tensão de saída no valor de

flutuação de 13,5 V. Isto é necessário para operar em uma ampla faixa de velocidade do

vento e para proteger a bateria contra sobretensão.

40

5.4.2.1. Modelo Matemático

A equação seguinte mostra a função transferência do conversor Buck na malha de

tensão, obtida no capítulo 3.

o

o

coc

o

ocio

CLR

RsCR

R

Ls

CRsV

sd

sV

11

1

)(

)(

2

(5.45)

A função de transferência de malha aberta é mostrada na equação (5.46) abaixo.

sHsF

CLR

RsCR

R

Ls

CRsVsFTMAvo vom

o

o

cooco

o

ocoi

11

1)(

2

(5.46)

Onde Vi é a tensão no barramento CC, Co é a capacitância de filtro de saída e Rco é

a sua resistência intrínseca, L é a indutância do conversor Buck, Ro é a resistência de

carga, Hvo é o ganho de realimentação e Fm(s) é o ganho da moduladora PWM. A Figura

5.6 e Figura 5.7 mostram o diagrama de Bode da FTMAvo(s).

1 10 100 1 103

1 104

1 105

60

40

20

0

20

40

FTMAvo(s)

Frequência (Hz)

Gan

ho (

dB)

Figura 5.6 – Diagrama de Bode da planta FTMAvo(s) (Ganho).

41

1 10 100 1 103

1 104

1 105

180

135

90

45

0

45

FTMAvo(s)

Frequência (Hz)

Fas

e (°

)

Figura 5.7 – Diagrama de Bode da planta FTMAvo(s) (Fase).

5.4.2.2. Projeto do Compensador

Para compensar o sistema, um controlador PID foi usado. O circuito é mostrado

na Figura 5.8 e a sua função de transferência é dada pela expressão (5.47).

Figura 5.8 – Topologia do compensador PID.

221

21

3322

1

3

11

)(

)()(

CRR

RRss

CRs

CRs

R

R

sV

sVsCv

a

c (5.47)

A frequência de ressonância da planta é dada por (5.48).

HzCL

fo

o 3,5032

1 (5.48)

A frequência de cruzamento adotada é:

kHzf

f sc 5,12

4 (5.49)

Os zeros do compensador foram alocados em torno da frequência de ressonância

da planta.

42

Hzfff ozz 3,50321 (5.50)

Um dos pólos do compensador é alocado na origem para minimizar o erro estático

e a frequência do outro pólo é ajustada para compensar o zero devido à resistência

intrínseca do capacitor de saída. Portanto, esta frequência é alocada na frequência do

zero da planta gerado por Rco.

.01 Hzf p (5.51)

.0,6922

12 Hz

CRf

oco

p (5.52)

O ganho do compensador é dado por (5.53):

.01,212log20 dBHfFTMAvoH c (5.53)

.236,1110 20 KK

H

(5.54)

O sistema de equações que foram usados para determinar os parâmetros do

compensador pode ser visto abaixo. Um valor para R2 é definido e então os outros

componentes são calculados a partir daí.

212 2

1

RfC

z

(5.55)

12 222

21

CRf

RR

p

(5.56)

13 RKR (5.57)

323 2

1

RfC

z

(5.58)

A FTLA do sistema pode ser obtida a partir da expressão apresentada em (5.59).

sCvsFTMAvosFTLAvo (5.59)

O diagrama de Bode do sistema compensado e do compensador é mostrado na

Figura 5.9 e Figura 5.10. Observa-se que a frequência de cruzamento ocorre com a

curva de ganho apresentando um declive de -20 dB/década, uma margem de fase de

91,2° e margem de ganho infinita, mostrando que o sistema é estável.

43

1 10 100 1 103

1 104

1 105

40

20

0

20

40

60

FTLAvo(s)Cv(s)

Frequência (Hz)

Gan

ho (

dB)

Figura 5.9 – Diagrama de Bode da FTLAvo(s) e do Cv(s) (Ganho).

1 10 100 1 103

1 104

1 105

180

135

90

45

0

45

90

FTLAvo(s)Cv(s)

Frequência (Hz)

Fas

e (°

)

Figura 5.10 – Diagrama de Bode da FTLAvo(s) e do Cv(s) (Fase).

5.4.3. Controle da Tensão de Entrada Vi

Quando o sistema está operando no modo 3, o retificador Boost é controlado pelo

algoritmo de MPPT, portanto o barramento CC precisa ser regulado pelo conversor

Buck.

5.4.3.1. Modelo Matemático

A função de transferência da planta a ser controlada, já modelada no capítulo 3, é

dada pela expressão (5.60).

i

ci

o

i

cii

cioi

CL

Ds

L

RDs

LI

VDs

RCs

RI

sd

sV22

2

1

)(

)( (5.60)

A função de transferência de malha aberta é mostrada na equação (5.61) abaixo.

44

sHsF

CL

Ds

L

RDs

LI

VDs

RCs

RIsFTMAvi vim

i

ci

o

i

cii

cio 222

1

)( (5.61)

Onde Vi é a tensão no barramento CC, Ci é a capacitância do barramento e Rci é a

sua resistência intrínseca, L é a indutância do conversor Buck, Io é a corrente média

através do indutor, D é a razão cíclica, Hvo é o ganho de realimentação e Fm(s) é o ganho

da moduladora PWM. O diagrama de Bode da FTMA pode ser visto na Figura 5.11 e

Figura 5.12.

1 10 100 1 103

1 104

1 105

40

20

0

20

40

60

FTMAvi(s)

Frequência (Hz)

Gan

ho (

dB)

Figura 5.11 – Diagrama de Bode da planta FTMAvi(s).

1 10 100 1 103

1 104

1 105

180

135

90

45

0

45

90

FTMAvi(s)

Frequência (Hz)

Fas

e (°

)

Figura 5.12 – Diagrama de Bode da planta FTMAvi(s).

5.4.3.2. Projeto do Compensador

Para compensar o sistema, um controlador PID foi usado. O circuito é mostrado

na Figura 5.13 e a sua função de transferência é dada pela expressão (5.62).

45

Figura 5.13 – Circuito do compensador PID

221

21

3322

1

3

11

)(

)()(

CRR

RRss

CRs

CRs

R

R

sV

sVsCb

a

c (5.62)

A frequência de ressonância da planta pode ser vista na Figura 5.11 e é dada por

(5.63).

Hzfo 5,77 (5.63)

A frequência de cruzamento é alocada em um valor bem baixo para que a

ondulação da tensão no barramento não seja refletida de forma significativa para a

bateria, assim:

Hzfc 10 (5.64)

Os zeros do compensador foram alocados em torno da frequência de ressonância

da planta.

Hzfff ozz 5,7721 (5.65)

Um dos pólos do compensador é alocado na origem para minimizar o erro estático

e a frequência do outro pólo é ajustada para compensar o zero devido à resistência

intrínseca do banco capacitivo do barramento. Portanto, esta frequência é alocada na

frequência do zero da planta gerado por Rci.

.01 Hzf p (5.66)

.12472

12 Hz

RCf

cii

p (5.67)

O ganho do compensador é obtido através de:

.092,152log20 dBKfFTMAviH c (5.68)

.176,010 20 KK

H

(5.69)

46

O sistema de equações que foram usados para determinar os parâmetros do

compensador pode ser visto abaixo. Um valor para R2 é definido e então os outros

componentes são calculados a partir daí.

212 2

1

RfC

z

(5.70)

12 222

21

CRf

RR

p

(5.71)

13 RKR (5.72)

323 2

1

RfC

z

(5.73)

A FTLA do sistema pode ser obtida a partir da expressão apresentada em (5.74).

sCbsFTMAvisFTLAvi (5.74)

O diagrama de Bode do sistema compensado e do compensador é mostrado na

Figura 5.14 e Figura 5.15. Observa-se que a frequência de cruzamento ocorre com a

curva de ganho apresentando um declive de -20 dB/década, uma margem de fase de

104,7° e margem de ganho infinita, mostrando que o sistema é estável.

1 10 100 1 103

1 104

1 105

60

40

20

0

20

FTLAvi(s)Cb(s)

Frequência (Hz)

Gan

ho (

dB)

Figura 5.14 – Diagrama de Bode da FTLAvi(s) e do Cb(s) (Ganho).

47

1 10 100 1 103

1 104

1 105

180

135

90

45

0

45

90

135

FTLAvi(s)Cb(s)

Frequência (Hz)

Fas

e (°

)

Figura 5.15 – Diagrama de Bode da FTLAvi(s) e do Cb(s) (Fase).

5.4.4. Controle Digital do Vbus pelo Retificador Boost

O retificador Boost é responsável pelo controle da tensão do barramento quando o

conversor Buck está operando nas malhas de corrente ou tensão de saída.

Este controle do barramento foi implementado em um microcontrolador

PIC16F716 de baixo custo e consiste em um compensador PI. Como descrito em [18], o

erro do sistema em um compensador PI é multiplicado por um ganho proporcional e,

depois de integrado, é então multiplicado pelos ganhos integral e proporcional.

0

( ) ( ) ( )tf

p p iu t k e t k k e t dt (5.75)

Isto foi implementado digitalmente substituindo a integral pela soma dos erros e

os ganhos Kp e Ki foram ajustados experimentalmente.

5.4.5. Algoritmo de MPPT Sensorless

O ponto de máxima potência de uma turbina varia de acordo com a velocidade do

vento. O algoritmo de MPPT permite extrair a máxima energia gerada pela turbina em

diferentes condições de velocidade do vento.

O arranjo do sistema MPPT está conectado ao retificador Boost. Através de um

algoritmo de controle sobre os interruptores S1, S2 e S3, o ciclo de trabalho é modificado

de modo a variar a potência extraída a partir turbina eólica, até que o produto da tensão

e da corrente de saída do conversor seja máximo. No entanto, como a tensão nos

terminais da bateria pode ser considerada constante durante duas amostras consecutivas,

o algoritmo verifica apenas a variação da corrente. Enquanto isso, o conversor Buck

48

controla a tensão do barramento CC. Esse controle é feito continuamente pelo sistema

sobre as condições de velocidade do vento nominal.

A Figura 5.16 apresenta o algoritmo do método de controle MPPT proposto,

chamado de perturba e observa (P&O), onde as informações sobre a velocidade do

vento não são necessárias. Para buscar o ponto de operação de máxima potência e

acompanhar este ponto a fim de reduzir o erro entre a potência de operação e a potência

máxima, em caso de mudança da velocidade do vento, o controle do retificador Boost

perturba periodicamente o ponto de operação da turbina eólica [15]. Ao adquirir a

corrente de saída, o controle usa esta informação para aumentar ou diminuir o ciclo de

trabalho do retificador Boost para alterar o ponto de operação da turbina. Após a

perturbação, há um deslocamento do ponto de operação de (k-1) para (k).

[1] [0]0 ?avg avg

i i

DD D[0] [1]

avg avgi i

1

0

1[1] [ ]

k

avgn

i i nn

D D

1n n[ ]

[ 1]

i k n

i k n0?nn k

Figura 5.16 – Fluxograma do algoritmo de MPPT.

Considerando a tensão de saída constante, a potência de saída muda

proporcionalmente à variação da corrente de saída. Quatro casos de perturbação do

ponto de operação são distintos:

Se i(k)>i(k-1) e D>0, a potência incrementou depois da perturbação. Isto indica

que a busca do MPP está orientada para a direção correta. Então, a busca do MPP

continua na mesma direção e alcança o ponto de operação (k+1) pelo incremento do

ciclo de trabalho de .

Se i(k)<i(k-1) e D>0, a potência decrementou depois da perturbação. Isto indica

que a busca do MPP está orientada para a direção errada. A direção da busca pelo MPP

precisa ser mudada e o ciclo de trabalho é decrementado de para atingir o ponto de

operação (k+1).

49

Se i(k)>i(k-1) e D<0, a potência incrementou depois da perturbação. Isto indica

que a busca do MPP está orientada para a direção correta. Então, a busca do MPP

precisa ser mantida e o ciclo é decrementado de para chegar ao ponto (k+1).

Se i(k)<i(k-1) e D<0, a potência decrementou. Isto indica que a busca do MPP

está orientada para a direção errada. A direção da busca pelo MPP precisa ser mudada e

o ciclo de trabalho é incrementado de para atingir o ponto de operação (k+1).

O filtro de média móvel foi usado para eliminar o ruído proveniente do sensor de

corrente. O vetor i[n] é carregado com os k últimos valores amostrados. Depois disto,

uma média é calculada e o resultado é armazenado em iavg[1]. Um novo valor de i[k] é

amostrado, o vetor i[n] é deslocado para a esquerda, a amostra mais antiga é descartada

e uma nova média é então calculada iavg[1].

5.5. PROTEÇÃO CONTRA SOBREVELOCIDADE

A proteção de sobrevelocidade foi implementada usando um simples divisor

resistivo e alguns diodos. Um pequeno sinal de tensão proporcional à tensão de linha é

enviado para o canal AD do microcontrolador. Pode-se estimar a velocidade da turbina

através da amplitude deste sinal.

Se a velocidade da turbina exceder o máximo, os interruptores do retificador

Boost são curto-circuitados, frenando rapidamente a turbina. Os interruptores foram

especificados considerando o stress de corrente nesta situação.

5.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O dimensionamento dos componentes dos conversores foi apresentado neste

capítulo. Os semicondutores foram especificados a partir dos esforços de tensão e

corrente calculados e simulados, além da observação de característica como resistência

intrínseca e tensão de limiar. A quantidade de capacitores foi especificada para suportar

a corrente eficaz calculada e garantir uma resistência equivalente mínima, evitando

ondulações de tensão elevadas. Os indutores também foram projetados de forma a

suportar a corrente máxima de projeto e manter a ondulação de corrente no nível

desejado.

50

Ainda neste capítulo, foi apresentado o projeto dos compensadores do sistema de

controle. Seus respectivos diagramas de Bode foram traçados para que se pudesse

compreender melhor a dinâmica de cada planta a ser compensada.

Por fim, foi apresentado o algoritmo de MPPT proposto, analisando suas

características e princípio de funcionamento.

51

CAPÍTULO 6

RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Alguns testes foram realizados a fim de verificar as características de operação do

conversor. O sistema de controle é responsável por controlar a corrente do indutor, a

tensão de saída e a tensão do barramento, de acordo com três modos de operação. Os

resultados destes três modos são apresentados a seguir.

6.1. MODO 1: MALHA DE TENSÃO

Neste teste, a tensão do barramento é Vbus = 65 V. A Figura 6.1 mostra as formas

de onda para saída conectada a uma bateria, enquanto a Figura 6.2 para duas baterias em

série.

Figura 6.1 - Forma de onda do conversor Buck

operando no modo 1 para uma bateria na saída.

(Tensão de saída – 10V/div – canal 1)

(Tensão sobre o interruptor – 50V/div – canal 2)

(Corrente através do indutor – 10A/div – canal 3)

Figura 6.2 - Forma de onda do conversor Buck

operando no modo 1 para duas baterias na saída.

(Tensão de saída – 10V/div – canal 1)

(Tensão sobre o interruptor – 50V/div – canal 2)

(Corrente através do indutor – 5A/div – canal 3)

No canal 1, pode-se observar a forma de onda da tensão de saída. As tensões

médias são Vout = 14,3 V e Vout = 28,1 V. No canal 2, as formas de onda de tensão sobre

o interruptor do conversor Buck são mostradas e possuem 65 V de amplitude. As

correntes através do indutor do conversor Buck podem ser vistas no canal 3, tendo como

valores médios 13,7 A e 11,4 A, respectivamente. Pode-se perceber a presença de uma

baixa ondulação, o que é recomendado para carregamento de baterias.

52

6.2. MODO 2: MALHA DE CORRENTE

O teste foi feito para uma tensão de 65 V no barramento CC. As formas de onda

da tensão de saída e da tensão sobre o interruptor do Buck são mostradas nos canais 1 e

2 da Figura 6.3 para uma bateria conectada na saída e da Figura 6.4 para duas em série.

As correntes através do indutor do conversor Buck podem ser vistas no canal 3, tendo

como valores médios 26,8 A e 12,9 A, respectivamente. Os valores de limitação

adotados estão abaixo dos valores máximos considerados no projeto, para que a

potência de saída não ultrapasse a máxima.

Figura 6.3 – Forma de onda do conversor Buck

operando no modo 2 para uma bateria na saída.

(Tensão de saída – 10V/div – canal 1)

(Tensão sobre o interruptor – 50V/div – canal 2)

(Corrente através do indutor – 10A/div – canal 3)

Figura 6.4 – Forma de onda do conversor Buck

operando no modo 2 para duas baterias na saída.

(Tensão de saída – 10V/div – canal 1)

(Tensão sobre o interruptor – 50V/div – canal 2)

(Corrente através do indutor – 5A/div – canal 3)

Figura 6.5 – Forma de onda do conversor Boost.

(Corrente de fase – 10A/div – canal 1)

(Tensão de fase – 50V/div – canal 2)

(Tensão nos interruptores – 50V/div – canal 4)

Figura 6.6 – Corrente e tensão em um interruptor

do conversor Boost.

(Corrente no interruptor – 10A/div – canal 1)

(Tensão no interruptor – 50V/div – canal 4)

A Figura 6.5 mostra a corrente de fase, a tensão de fase e a tensão em um dos

interruptores do conversor Boost.

53

A corrente e a tensão em um dos interruptores do conversor Boost são mostradas

nos canais 1 e 4, respectivamente, na Figura 6.6.

Neste teste, a tensão de saída é 13,8 V, a corrente de saída é 16 A, a tensão de fase

é 32,8 V e a tensão do barramento é 56,7 V. A THD medida foi de 19,5% e fator de

potência foi de 0,98.

Mesmo que os 25 A de pico de corrente no interruptor do conversor Boost causem

maiores perdas por condução, a operação no modo descontínuo garante baixas perdas

por chaveamento no interruptor.

6.3. MODO 3: MPPT

No teste mostrado na Figura 6.7, a tensão de entrada de linha mudou

instantaneamente de VLL = 4 V para VLL = 15 V, com a potência de entrada mudando de

9 W para 108 W. A tensão do barramento CC, a corrente no indutor do conversor Buck

e a corrente de fase são mostrados nos canais 1, 3 e 4, respectivamente. Além disso, ela

mostra a boa regulação da tensão do barramento obtida pelo conversor Buck.

A Figura 6.8 é similar à Figura 6.7, mas, desta vez, com a tensão de linha

mudando de volta ao valor inicial anterior, ou seja, de 15 V para 4 V e de 108 W para 9

W.

Figura 6.7 – Forma de onda do modo 3

(LL

V aumentando).

(Tensão do barramento – 20V/div – canal 1)

(Corrente através do indutor –10A/div–canal 3)

(Corrente de fase – 20A/div – canal 4)

Figura 6.8 – Forma de onda do modo 3

(LL

V diminuindo).

(Tensão do barramento – 20V/div – canal 1)

(Corrente através do indutor –10A/div–canal 3)

(Corrente de fase – 20A/div – canal 4)

Estes testes mostram que o sistema é capaz de manter a tensão do barramento

constante, mesmo quando ocorrem grandes mudanças na velocidade da turbina eólica.

54

No teste mostrado na Figura 6.9, um degrau negativo de carga foi aplicado na

saída do conversor Buck mantendo a mesma velocidade do vento. No primeiro

momento (t0), a corrente de saída medida foi de 6,288 A e tensão de saída foi de 19,731

V. No segundo momento, a corrente de saída foi de 3,499 A e tensão de saída foi 36,567

V. Apesar da mudança de carga, a potência permaneceu aproximadamente constante no

ponto de máxima potência, que passou de 124,1 W para 127,9 W, como pode ser visto

na Tabela 6.1. Esse comportamento valida o algoritmo MPPT proposto.

Figura 6.9 – Degrau negativo de carga.

(Tensão de saída – 5V/div – canal 1)

(Corrente de saída – 5A/div – canal 4)

Tabela 6.1 – Valores de saída de corrente,

tensão e potência antes e depois do degrau de

carga.

t0 t1

Corrente de saída

6,288 A 3,499 A

Tensão de saída 19,731 V 36,567 V

Potência de saída 124,1 W 127,9 W

6.4. TRANSIÇÃO ENTRE OS MODOS

Pode-se observar uma transição do modo 1 para o modo 2 na Figura 6.10,

mostrando a transição entre uma condição de limitação da tensão de saída e uma

condição de limitação da corrente máxima de saída.

Enquanto que na Figura 6.11 observa-se uma transição do modo 2 para o modo 1,

similar à anterior, mas iniciando em uma condição de limitação da corrente de saída e

terminando em uma condição de limitação da tensão de saída.

Estes testes foram feitos utilizando uma tensão do barramento de Vbus = 65 V.

A tensão do barramento CC e a tensão de saída são mostradas nos canais 1 e 2,

respectivamente. No canal 3, pode-se observar a corrente através do indutor do

conversor Buck.

55

Figura 6.10 – Transição do modo 1 para o 2.

(Tensão do barramento – 20V/div – canal 1)

(Tensão de saída – 5V/div – canal 2)

(Corrente através do indutor –10A/div–canal 3)

Figura 6.11 – Transição do modo 2 para o 1.

(Tensão do barramento – 20V/div – canal 1)

(Tensão de saída – 5V/div – canal 2)

(Corrente através do indutor –10A/div–canal 3)

É importante notar que estas transições representam o efeito da mudança de carga

na saída e que o conversor Boost pode manter uma boa regulação da tensão do

barramento mesmo em mudanças bruscas.

6.5. PROTEÇÃO CONTRA CURTO-CIRCUITO NA SAÍDA

Para garantir a robustez do sistema, foi realizado um teste de curto-circuito na

saída. A Figura 6.12 mostra os resultados experimentais do teste. Neste experimento, a

tensão da linha era igual a VLL = 36 V.

Figura 6.12 – Formas de onda do teste de curto-circuito.

(Tensão de saída – 20 V/div – canal 1)

(Tensão do barramento – 50 V/div – canal 2)

(Corrente através da bateria – 10 A/div – canal 3)

(Corrente de fase – 5 A/div – canal 4)

A tensão de saída, a tensão do barramento CC, a corrente através da bateria e a

corrente de fase são mostrados nos canais 1, 2, 3 e 4, respectivamente.

56

A Figura 6.13 mostra a foto do protótipo desenvolvido e a Figura 6.14 apresenta o

package final do sistema, mostrando seu reduzido volume.

Figura 6.13 – Foto do protótipo desenvolvido.

Figura 6.14 – Package final do protótipo.

6.6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foram apresentados e discutidos, neste capítulo, os resultados experimentais do

protótipo desenvolvido. As principais formas de onda em cada modo de operação e em

situações diversas foram mostradas. Pode-se verificar a similaridade entre os resultados

obtidos e os calculados e simulados nos capítulos anteriores, essenciais para comprovar

e validar o estudo realizado.

57

CAPÍTULO 7

CUSTO DE MATÉRIA PRIMA

A Tabela 7.1 mostra o custo dos principais componentes usados no projeto.

Tabela 7.1 – Estimativa do custo de manufatura.

Quantidade Componente Descrição Valores

obtidos por Volume

Preço Unitário (US$)

Total (US$)

3 SB5100 Diode Schottky 5A/100V Ciber Electronica 100,000 0.200 0.600

1 ACS712 Hall Effect-Based Linear

Current Sensor 30A Digikey 100,000 1.550 1.550

2 MBR20100CT Schottky Barrier Rectifier 20

A/100 V Ciber Electronica 100,000 0.500 1.000

3 B32232 Metallized Polyester Film

Capacitor 6.8uF Digikey 100,000 1.270 3.810

10 B41851 Aluminum Electrolytic Capacitor 220uF/100 V

Ciber Electronica 100,000 0.300 3.000

2 B41821 Aluminum Electrolytic Capacitor 1000uF/35 V

Emege 100,000 0.270 0.540

1 PIC16F716 14-Pin, 8-Bit Flash

Microcontroller Microchip 5,000 0.840 0.840

1 LF347NE4-ND JFET-INPUT Quad

Operational Amplifier Mouser Electronics 2,000 0.209 0.209

1 KA3525 IC Controller PWM SMPS

16-DIP Digikey 100,000 0.266 0.266

3 KOOL MU 1808 Magnetics NEE

18/08/05 Magnetics 100,000 0.210 0.630

1 KOOL MU 5528 Magnetics NEE

55/28/21 Magnetics 100,000 1.280 1.280

4 IRFP4710PBF-ND MOSFET N-CH

72A/100V Digikey 100,000 1.370 5.480

2 1N4733A Diode ZENER

5.1V 1W Farnell Uk 1,000 0.024 0.048

3 1N4739A Diode ZENER

9.1V 1W Farnell Uk 1,000 0.024 0.071

1 KA7805 Voltage Regulator 5V Mouser Electronics 2,000 0.129 0.129

1 KA7812 Voltage Regulator 12V Mouser Electronics 1,000 0.123 0.123

6 BC337 NPN Silicon Planar Transistor Farnell Uk 1,000 0.013 0.076

4 B32653 Polypropylene Capacitor

470nF/400V Mouser Electronics 10,000 0.397 1.588

2 BC327 PNP Silicon Planar Transistor Farnell Uk 1,000 0.013 0.025

8 1N4148 High-speed diode Farnell Uk 1,000 0.006 0.044

3 UVR1E100MDD1TD Aluminum Electrolytic Capacitor 10uF/25 V

Mouser Electronics 40,000 0.017 0.051

1 KOOL MU 1306 Magnetics NEE

13/06/06 Thornton 100,000 0.061 0.061

1 HCF4053BEY 2-Channel analog multip./demultip.

Digikey 2,500 0.143 0.143

- Resistors - - - 0.500 0.500

- Others Capacitors - - - 0.400 0.400

TOTAL (US$) 22.464

58

CONCLUSÃO GERAL

Neste trabalho, foi apresentado um carregador de baterias composto por dois

conversores estáticos associados, tendo como fonte primária de energia um gerador

eólio-elétrico.

Foi feita uma breve revisão bibliográfica, apresentando as topologias clássicas

aplicadas à geração eólica de pequeno porte e suas principais características. A partir

das necessidades encontradas nestas topologias, como a ausência de transferência de

potência para baixas velocidades do vento ou a necessidade de um barramento de tensão

de saída elevado, foi proposto um sistema capaz de suprir esses pontos, além de

apresentar uma série de características positivas para a aplicação.

Os testes em laboratório mostraram que este conversor pode processar a potência

requerida com alto rendimento, alto fator de potência e baixo THD de corrente, o que

incrementa a eficiência do sistema. O circuito permite controlar a tensão e corrente na

bateria, permitindo o desenvolvimento de uma boa estratégia de controle e evitando

sobretensão e sobrecarga da bateria.

O retificador Boost permite operar em uma ampla faixa de velocidades do vento,

até mesmo em baixas velocidades, permite que o sistema não necessite de cargas de

emergência para proteger a turbina eólica contra rajadas de vento (acima de 12,5 m/s),

como as topologias convencionais requerem. O sistema pode operar com tensões de

saída de 12 V ou 24 V, através da ação do microcontrolador.

O package do sistema funciona como um dissipador dos semicondutores do

conversor. Assim, ele é naturalmente resfriado. Os modos de operação podem ser

identificados pelo usuário através dos leds de interface.

A transferência da máxima potência disponível no vento foi feita por um

algoritmo de MPPT sensorless do tipo P&O implementado no retificador Boost. Foi

proposto um método de controle otimizado, onde o conhecimento prévio da curva de

máxima potencia da turbina eólica e a medida da velocidade do vento não são

requeridos. A única informação necessária é o valor da corrente de saída.

Apesar das várias qualidades aqui apresentadas, algumas melhorias ainda

necessitam ser implementadas. Portanto, como proposta de trabalhos futuros, sugere-se:

Implementar todo o sistema de controle de forma discreta, para que seja

possível aumentar e consequentemente, melhorar o desempenho dinâmico

do sistema.

59

Implementar um controle de tensão do barramento com referencia

variável. Para baixas velocidades do vento, a referência do compensador

seria decrementada, diminuindo o ganho estático e assim, reduzindo as

perdas totais do sistema.

A pesquisa realizada durante o período de execução do projeto foi detalhada

qualitativamente neste relatório de modo a garantir a consistência do tema proposto.

Durante o projeto, foram desenvolvidas as análises qualitativas e quantitativas, bem

como a implementação do protótipo experimental.

60

PATENTE, PUBLICAÇÕES E PRÊMIOS OBTIDOS

Em função das informações obtidas pelas análises e ensaios do protótipo, o

trabalho teve aceitação em grandes congressos nacionais, tais como CBENS 2008

(Congresso Brasileiro de Energia Solar 2008) e COBEP 2009 (Congresso Brasileiro de

Eletrônica de Potência 2009) e internacionais como IECON 2009 (35th Annual

Conference of the IEEE Industrial Electronics Society) e APEC 2009 (The 2009

Applied Power Electronics Conference and Exposition - Washington, D.C. – EUA).

Além disso, o protótipo recebeu o prêmio “INNOVATIVE TECHNICAL

APPROACH AWARD”, concedido pelo IEEE, o que ressalta a característica inovadora

do mesmo. Além de ter sido congratulado com o primeiro lugar do Prêmio Santander de

Ciência e de Inovação 2009 na categoria Indústria e com o Prêmio Geração Inova 2009,

concedidos pelo grupo Santander e pela Coelce, respectivamente. E ainda, mais

recentemente, o projeto foi parte integrante da proposta contemplada com o primeiro

lugar na XXIV edição do Prêmio Jovem Cientista realizado pelo CNPq em parceria com

a Fundação Roberto Marinho e com a Gerdau.

Foi feito o pedido de depósito de patente no INPI e espera-se, com a pesquisa

desenvolvida, a viabilização do uso extensivo de sistemas aerogeradores de pequeno

porte para geração distribuída. Além do ganho ambiental, a comercialização de tais

sistemas é uma ótima oportunidade para indústria nacional e para geração de empregos

no país.

61

REFERÊNCIAS

[1] Oliveira Filho, H. M., “Conversor Estático de Três Estágios para Carregamento de

Baterias a partir de Sistemas Eólicos”, Universidade federal do Ceará – UFC, 2010,

165p.

[2] Nunes, M.A.V., “Combustíveis e Recursos Renováveis”, Conferência proferida na

Câmera dos Deputados, Simpósio Nacional sobre Fontes Convencionais e

Alternativas de Energia, 5-28 de junho de 1979, Brasília, pp. 530-547.

[3] R.P.S. Leão, T. Degner, F.L.M. Antunes, “An overview on the integration of large-

scale wind power into the electric power system”, in "International Conference on

Renewable Energies And Power Quality (ICREPQ'07), Sevilla, Spain, Paper

number 338, 2007.

[4] Atlas Solarimétrico do Brasil, CRESESB.

[5] Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, CRESESB.

[6] http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./energia/index.html&cont

eudo=./energia/artigos/energiaeolica_eletricidade.html, último acesso em 10 de

setembro de 2009.

[7] de Freitas, L.C.G.; Simoes, M.G.; Canesin, C.A.; de Freitas, L.C. “Performance

Evaluation of a Novel Hybrid Multipulse Rectifier for Utility Interface of Power

Electronic Converters”. Eletrônica de Potência - Vol.54 , issue 6, December, 2007,

pp 3030-3041.

[8] Mohan, Ned; Undeland, Tore M. & Robbins, William P."Power Eletronics:

Converters, Applications and Design". 2nd Edition. John Wiley and Sons, Inc.

1995.

[9] Demercil S. Oliveira Jr. & Luis C. Tomaselli. “Estudo de um conversor CC-CC

buck-boost”. Instituto de Eletrônica de Potência – INEP. Universidade Federal de

Santa Catarina – UFSC.

[10] Oliveira, D. S.; Rangel, A. R.; Queiroz, D. L.; de Oliveira, E. F.; de Sousa, G. J.

M.; dos Santos, L. P. C.; Fontenele, L. F. A.; Bezerra, P. A. M. “Low Cost and

High Efficiency Static Converter for Small Wind Systems” in Industrial

Electronics, 2009. IECON '09. 35th Annual Conference of IEEE, pp. 601-608,

Porto, Nov. 2009.

62

[11] D. Oliveira; R. Bascopé; M. Reis; L. Barreto; B. Soares; E. Freitas. "A Variable

Speed Wind Energy Conversion System Connected To The Grid For Small Wind

Generator". The Applied Power Electronics Conference and Exposition, 2008.

[12] C.L. Kana; M. Thamodharan and A. Wolf; “System management of a wind-energy

converter”, IEEE Tran. Power Elec, Vol.16, Issue 3, pp. 375 – 381, May 2001.

[13] Abo-Khalil, Ahmed G. and Lee, Dong-Choon, “MPPT Control of Wind Generation

Systems Based on Estimated Wind Speed Using SVR”, IEEE Trans. Ind. Appl.,vol.

55, no. 3, pp. 1489-1490, Mar. 2008.

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