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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA E ANTROPOLOGIA
CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
Bolsista: Ana Kely Lima Nobre
Orientador: Prof. Dr. Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior
LEVANTAMENTO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO MARANHÃO
São Luís – MA
2013
2
_________________________________________
Ana Kely de Lima Nobre
Bolsista
_________________________________________
Prof. Dr. Horácio Antunes de Sant’Ana Júnior
Orientador
LEVANTAMENTO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS NO MARANHÃO
Relatório apresentado ao Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
– PIBIC, na Universidade Federal do
Maranhão.
São Luís – MA
2013
3
RESUMO
O relatório em questão visa fazer um apanhado e análise dos conflitos socioambientais mais
recentes no Maranhão levando em consideração a crescente instalação de grandes
empreendimentos e de que forma estes afetam os grupos sociais locais. Para isso buscamos,
por meio de informações veiculadas na imprensa e pela internet fazer uma análise dos
conflitos socioambientais, considerando o conjunto dos sujeitos envolvidos. As informações
utilizadas compõem o banco de dados sobre conflitos socioambientais do grupo de estudos:
Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA).
Palavras-chave: Conflitos socioambientais. Grandes empreendimentos. Grupos sociais
locais. Maranhão.
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------- 05
2 OBJETIVOS ------------------------------------------------------------------------------------------09
2.1 Objetivo Geral -------------------------------------------------------------------------------------- 09
2.2 Objetivos Específicos ------------------------------------------------------------------------------ 09
3 METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------------- 10
4 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS ----------------------------------------------------- 11
5 RESULTADOS -------------------------------------------------------------------------------------- 12
6 CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------------- 20
REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------------------- 21
5
1 INTRODUÇÃO
O presente relatório tem como objetivo sistematizar os trabalhos desenvolvidos no
período de duração parcial da bolsa de pesquisa PIBIC/UFMA dando continuidade aos
processos de análise dos noticiários realizados pela bolsista anterior e que, de fato,
contribuíram de forma bastante significativa no que se refere à qualidade e quantidade dos
materiais apurados durante a investigação. A mudança quanto à titular da bolsa provém do
fato de que a bolsista antecedente concluiu sua graduação em janeiro de 2013. A nova bolsista
deu início às suas atividades em fevereiro deste mesmo ano, orientada pelo plano de trabalho
que se intitula “Levantamento de conflitos socioambientais no Maranhão”. Assim sendo, o
mesmo está sendo produzido para uma avaliação acerca do plano de trabalho que está
vinculado à pesquisa Projetos de Desenvolvimento e Conflitos Socioambientais no
Maranhão, realizada pelo grupo de estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio
Ambiente (GEDMMA).
Esse projeto aperfeiçoou o banco de dados fazendo uma divisão mais apurada no
campo das pesquisas visando ter uma melhor visibilidade e acompanhamento dos conflitos
ocorridos no estado do Maranhão, para que este seja uma fonte de informações para futuros
pesquisadores do projeto, assim como outros interessados na temática. O plano de trabalho
objetiva fazer um levantamento de conflitos socioambientais decorrentes da crescente
implantação de grandes projetos de desenvolvimento no estado do Maranhão. Nesta pesquisa,
buscamos identificar os tipos de projetos de desenvolvimento e as consequências
socioambientais a partir de suas implantações. Nesse sentido, percebemos que os mesmos
provocam grandes impactos negativos nos grupos sociais que residem na mesma área em que
buscam se instalar por dependerem dos recursos naturais lá existentes, visto que são a fonte
principal de sobrevivência para suas famílias. Outro problema gerado por esses projetos é que
os moradores atingidos muitas vezes são obrigados a deixar suas moradias por ocuparem
lugares almejados por tais empreendimentos. Mas muitos deles, diante dessas situações, se
mobilizam e formam movimentos de resistência para não saírem do local, caracterizando,
como muito autores denominam conflitos sociais que, em algumas vezes, se desenvolvem
para conflitos ambientais. Dessa forma, podem ser caracterizados, conforme Leite Lopes
(2004) como “conflitos socioambientais”.
6
Mediante tais situações, tendo em vista as diferentes concepções em relação ao
meioambientee aqueles que compõem a sociedade, segundo Acselrad, são derivadas dos
sentidos distintos que os grupos sociais possuem em relação à natureza:
Os objetos que constituem o “ambiente” não são redutíveis a meras quantidades de
matéria e energia, pois eles são culturais e históricos: os rios para as comunidades
indígenas não apresentam o mesmo sentido que para as empresas geradoras de
hidroeletricidade; a diversidade biológica cultivada pelos pequenos produtores não
traduz a mesma lógica que a biodiversidade valorizada pelos capitais
biotecnológicos etc. (ACSELRAD, 2004, p. 07)
Diante de tal consideração, podemos perceber, explicitamente, que são os diferentes
usos do meio ambiente que se relacionam diretamente com as diferentes concepções da
relação homem e natureza. Além disso, observa-se que, dentre esses conflitos, os grupos
sociais locais lutam pela sua área de moradia e uso por questão de sobrevivência, pois são
fundamentais para poder garantir o sustento de suas famílias. E como o que está em questão é
a natureza, ela é o cerne dos conflitos, de modo que Acselrad considera, “assim é que no
processo de sua reprodução as sociedades se confrontem a diferentes projetos de uso e
significação de seus recursos ambientais. Ou seja, o uso destes recursos é como sublinhava
Georgescu-Roegen, sujeito a conflitos entre distintos projetos, sentidos e fins” (ACSELRAD,
2004, p. 08). Em outras palavras, podemos dizer que todas essas situações se configuram
como um conflito ambiental. Conforme Acselrad afirma:
Os conflitos ambientais são, portanto, aqueles envolvendo grupos sociais com
modos diferentes de apropriação, uso e significação do território, tendo origem
quando pelo menos um dos grupos tem a continuidade das formas sociais de
apropriação do meio que desenvolvem ameaçadas por impactos indesejáveis -
transmitidos pelo solo, água, ar ou sistemas vivos – decorrentes do exercício das
práticas de outros grupos (ACSELRAD, 2004, p. 26).
Consoante Acserald, os conflitos ambientais gerados por disputa de “apropriação do
mundo material”, podem ser desenvolvidos tanto por controle do território, ou seja, “pelo
acesso e uso dos recursos naturais decorrente da dificuldade de se definir a propriedade sobre
os recursos” (ACSELRAD, 2004, p. 18), assim como, atrelados a essa questão, outras práticas
sociais podem causar, também, “impactos indesejáveis” ao meio ambiente, o que gera
“conflitos por distribuição de externalidade”1, isto é, conflitos em que “o desenvolvimento de
1 Na ciência econômica, externalidade pode ser definida como aqueles fatores que não entram no cálculo do
processo produtivo, como, por exemplo, os efluentes líquidos e gasosos de um empreendimento industrial ou
fertilizantes e herbicidas que atingem cursos d’agua em função de sua utilização na agricultura, fazendo com que
os ganhos do processo produtivo sejam mantidos privadamente, pelos empreendedores, e seus custos ambientais
sejam socializados (MARTÍNEZ ALIER, 2007).
7
uma atividade comprometa a possibilidade de outras práticas se manterem” (ACSELRAD,
2004, p. 25), este se daria pelos efeitos causados pelas práticas sociais.
Dentre os grandes projetos instalados no Maranhão está o Projeto Grande Carajás, instalado
no sudeste do estado do Pará e o oeste do Maranhão com o objetivo principal de garantir a
exploração e comercialização das gigantescas jazidas de minério de ferro localizas na Serra de
Carajás, no Pará, o que levou o estado a implantar a infraestrutura para que pudesse ser feita a
exploração e o escoamento da produção mineral, além de outras produções, assim como os de
outros estados vizinhos. Compôs esse projeto a construção da Estrada de Ferro Carajás (EFC),
do complexo portuário de São Luís, da Hidrelétrica de Tucuruí e de um vasto conjunto de
estradas de rodagem. Mais recentemente, se articulam a esse conjunto de empreendimentos de
infraestrutura, a Hidrelétrica de Estreito e a Termelétrica do Porto do Itaqui, entre outros.
Em decorrência dessas implantações que partiram de iniciativas governamentais e
privadas, surgiram consequências socioambientais que atingiram diretamente o modo de vida
de populações locais nas áreas envolvidas.
Com base na Constituição Federal de 1988, na legislação ambiental brasileira e na
legislação referente a direitos territoriais de quilombolas e indígenas, muitos destes povos e
grupos sociais reivindicam seus direitos, intensificando conflitos socioambientais. Conflitos
estes que são baseados no confronto a um modelo neodesenvolvimentista que, mesmo
incorporando noções como “desenvolvimento sustentável, sustentabilidade, responsabilidade
social e ambiental”, causa grandes impactos socioambientais.
Considerando tais aspectos, a realização desta pesquisa objetiva fazer um levantamento
de conflitos socioambientais decorrentes da crescente implantação de grandes projetos de
desenvolvimento no estado do Maranhão. Buscamos, também, identificar os tipos de projetos
de desenvolvimento e as consequências socioambientais causadas a partir de suas
implantações. Para isso, buscamos informações veiculadas na imprensa e pela internet.
O presente relatório é dividido em 7 itens. No item 1 apresentamos a introdução. No item
2 apresentamos os objetivos geral e específicos. No item 3, apresentamos a metodologia da
pesquisa. No item 4, apresentamos os procedimentos experimentais. No item 5, apresentamos
os resultados obtidos no decorrer da pesquisa. Neste item, informamos o quantitativo de
notícias coletadas na pesquisa, expomos algumas destas notícias procurando sistematizar o
8
conteúdo conforme foram registradas no banco de dados. Partindo dessas exposições fizemos
as análises e discussões do assunto.
Por fim, no item 6 apresentamos a conclusão, destacamos os principais pontos
desenvolvidos na pesquisa e também algumas direções tomadas atualmente acerca da
temática. No final, no item 7 apresentamos as referências.
9
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Identificar, acompanhar e analisar conflitos socioambientais no Maranhão decorrentes
de projetos de desenvolvimento instalados a partir do final da década de 1970 e atualmente,
em vias de instalação.
2.2 Objetivos específicos
Aprofundar os estudos teóricos sobre: modelos e projetos de desenvolvimento,
questões socioambientais, conflitos, populações tradicionais, legislação
ambiental;
Participar da criação e alimentação permanente do banco de dados sobre
conflitos socioambientais no Maranhão do GEDMMA;
Acompanhar e registrar o noticiário sobre conflitos socioambientais veiculado
nos principais jornais publicados em São Luís e pela internet, desde 2007, para
mapear os principais projetos de desenvolvimentos, mapear as áreas de
incidência e identificar os tipos de conflitos socioambientais;
Levantar panfletos, relatórios, documentos, diagnósticos, laudos, páginas
eletrônicas produzidos pelos diferentes agentes sociais envolvidos em conflitos
socioambientais.
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3 METODOLOGIA
Para que se fizesse cumprir o objetivo designado, fez-se necessário, realizar alguns
procedimentos:
Revisão bibliográfica
Acompanhamento e registro do noticiário sobre conflitos socioambientais
veiculados na imprensa local e pela internet para levantamento e mapeamento
dos principais projetos de desenvolvimento e principais conflitos
socioambientais no Maranhão;
Levantamento e arquivamento de panfletos, relatórios, documentos,
diagnósticos, laudos, páginas eletrônicas produzidos pelos diferentes agentes
sociais envolvidos em conflitos socioambientais.
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4 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
A pesquisa desenvolvida tem seu foco em noticiários de jornais impressos e/ou
páginas eletrônicas que tratam de questões de conflitos socioambientais. Dentre outras,
tivemos como fonte, as seguintes páginas eletrônicas:
- http://jornalpequeno.com.br/,
- http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/,
-http://www.prma.mpf.gov.br,
- http://blog-do-pedrosa.blogspot.com,
- www.justicanostrilhos.org,
- http://imirante.globo.com/,
- www.oimparcial.com.br,
http://alexandre-pinheiro.blogspot.com.br/,
http://forumcarajas.org.br/.
A seleção das notícias é feita de acordo com a temática proposta pela pesquisa, ou
seja, considerando as notícias que tratam de conflitos socioambientais atualmente existentes
entre grandes empreendimentos e grupos sociais locais, assim como, outros conflitos
socioambientais no Maranhão.
O procedimento de registro das notícias no banco de dados do GEDMMA é feito com
o registro dos conteúdos nos seguintes campos na página eletrônica:
REGIONAL/MICRORREGIÃO; MUNICÍPIO; DATA DA NOTÍCIA; TIPO DO
CONFLITO; FONTE DA NOTÍCIA; TÍTULO DA NOTÍCIA; RESUMO DA NOTÍCIA;
NOTÍCIA.
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5 RESULTADOS
Atendendo ao plano de trabalho, iremos analisar questões mais recentes como
violações de direitos humanos em conflitos agrários, reação dos moradores afetados pela
Vale com a duplicação da estrada de ferro Carajás, grandes impactos causados ao meio
ambiente ocasionados por áreas devastadas no Porto do Itaqui, conflitos entre os índios Awá
e a Vale, problemas ocasionados pela derrubada de árvores frutíferas por parte da Suzano,
conflitos entre líderes quilombolas e plantadores de Soja, o aumento da violência no campo,
sobre a Resex Tauá Mirim e a questão das aldeias indígenas que buscam apoio para produzir
e evitar invasões. Sendo todos esses problemas, consequências do período em que
começaram às instalações de grandes empreendimentos no Maranhão, isto é, a década de
1970.Nesta pesquisa, observamos através dos noticiários divulgados nos jornais locais e nas
páginas eletrônicas que foram bastante divulgadas notícias que tratam de conflitos
socioambientais, sendo que algumas delas difundidas por mais de uma fonte. Na maioria dos
noticiários que tratam de conflitos socioambientais, observou-se também que os mesmos são
gerados em decorrência da implantação de grandes empreendimentos e ou por questões de
apropriação de grandes latifundiários, em alguns casos, por proprietários que cultivam a
monocultura.
Nesse período, observamos também, que a população atingida, de acordo com os
noticiários, tem reivindicado com maior frequência seus direitos diante dos órgãos públicos.
Diante disso, é notório perceber a incidência do maior número de divulgação nos principais
jornais locais e pelas páginas eletrônicas que tratam acerca dessas questões. Com isso,
pressupõe-se, que essas divulgações são motivadas devido a maior procura por parte da
população atingida em reivindicar seus direitos.
Esta pesquisa, conforme informamos anteriormente, iniciou-se no mês de agosto de 2011.
Mas, apesar da pesquisa ter início no referido mês não se esgota e nem se limita a esse
período, pois ao longo da pesquisa foi observado que alguns noticiários tratavam de conflitos
que vinham desde o ano de 2007, período em que diferentes empreendimentos foram
instalados ou iniciaram a instalação no Estado do Maranhão. Além disso, os conflitos
continuam ocorrendo ao decorrer da pesquisa. No entanto, é importante ressaltar que, embora
alguns conflitos se arrastem de anos anteriores ao início da pesquisa, iremos nos focar no
período de janeiro de 2013 a julho de 2013.
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Outro ponto a se destacar, é que resolvemos, por questões práticas, para facilitar a
compreensão, explicação da pesquisa e para analisarmos e discutirmos o assunto, selecionar
apenas 10 notícias, cujos conteúdos foram sistematizados conforme registrados no banco de
dados. Ressaltamos que, embora os conflitos tenham ocorrido nas diferentes microrregiões do
estado, não deixam de ter algumas semelhanças entre si. A seguir as notícias selecionadas:
1- LOCAL: Maranhão, Microrregião: São Luís, Município: Bacabeira
Data da notícia: 03.01.13
Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/01/moradores-de-area-
da-refinaria-premium.html
Resumo da notícia: “Moradores de área da Refinaria Premium, denunciam violações de
Direitos Humanos. Foi realizada no dia 17 de dezembro, na cidade de a segunda audiência
Pública para tratar da situação de conflito agrário envolvendo 500 famílias da comunidade
Santa Quitéria, localizada em frente ao local onde há uma remota promessa de construção da
Refinaria Premium, da Petrobrás. Mais de mil pessoas participaram da audiência. Moradores
denunciaram constantes violações de direitos humanos e a escandalosa especulação
imobiliária por parte de pessoas interessadas na mina de ouro que se tornou o negócio.
Segundo a comunidade, o Sr. Hernesto Vieira com a conivência da polícia militar, tem se
apresentado como representante de uma empresa que seria proprietária da área e causado
pânico entre a população, fazendo derrubadas de casas, tocando fogo, proibindo qualquer
reforma e ameaçando de morte os moradores. Ao final da audiência uma comissão, formada
por advogados e lideranças locais, se dirigiram até a comarca de Rosário onde foram
recebidos pela juíza Rosângela Macieira que manifestou interesse de uma resolução pacífica,
pedindo aos advogados que informem sobre qualquer abuso e atos de violência praticados
contra os moradores”.
2- LOCAL: Vila Maranhão, Maracanã e adjacências
Data da notícia: 18.01.13
Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/01/carta-aberta-dos-
moradores-de-vila.html
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Resumo da notícia: “Carta aberta dos moradores de Vila Maranhão e Maracanã afetados pela
vale à sociedade maranhense. Moradores da Vila Maranhão, Maracanã e adjacências
denunciam através dessa carta a violação do direito de ir e vir e a acentuação de riscos à
integridade física dos mesmos devido ao prolongamento do túnel de acesso aos bairros
referidos. O prolongamento desse túnel faz parte da obra de duplicação da Estrada de Ferro
Carajás, preste a ser realizada pela mineradora VALE que, sem consultar as comunidades
afetadas, pretende prolongar em vez de ampliar o túnel existente, que já os causa tantos
problemas. Sendo assim, solicitam à VALE a garantia do direito de ir e vir em segurança
através da ampliação do túnel ou construção de um viaduto, que por sua vez, alegou não
poder fazer por questões técnicas. Para duplicar a ferrovia a empresa faz uso da engenharia
mais avançada, porém não dispõe da mesma quando se trata de garantir o bem estar, a
segurança e os direitos das comunidades que afeta!”
3- LOCAL: Porto do Itaqui
Data da notícia: 24.02.2013
Fonte: http://jornalpequeno.com.br/edicao/2013/02/24/area-de-mangue-equivalente-a-13-
campos-de-futebol-deve-ser-devastada-no-porto-do-itaqui/
Resumo da notícia: “Área de mangue equivalente a 13 campos de futebol deve ser devastada
no Porto do Itaqui. ONG afirma que impactos ao meio ambiente são incalculáveis. Uma
área de mangue, de pouco mais de 13 hectares, o equivalente a 13 campos de futebol, deve ser
devastada para dar lugar a pátios de armazenagem na retroárea dos berços 104 e 105, do Porto
do Itaqui. Pelo serviço, a Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) poderá
pagar o montante de pouco mais de R$ 4 milhões. Outro grave problema é que, junto com os
manguezais, peixes, caranguejos e camarões tendem a ser eliminados. Com isso, pescadores e
ribeirinhos que se utilizam destas espécies para consumo próprio e como fonte de renda, serão
diretamente afetados. Segundo Milton Dias, existem alternativas para evitar a eliminação do
ecossistema. 'O problema é que o modelo de desenvolvimento só visa lucro, então o que sai
mais barato e é mais rápido de fazer é priorizado.”
15
4- LOCAL: São Luís
Data da notícia: 26.02.13
Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/02/mpf-pede-
cumprimento-de-acordo-feito.html
Resumo da notícia: “MPF pede cumprimento de acordo feito pela Vale e Ibama por impactos da EFC. O
Ministério Público Federal no Maranhão (MPF-MA) pediu o cumprimento imediato do acordo feito na Justiça
Federal com a Vale, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Fundação Cultural Palmares por causa dos
diversos problemas no licenciamento ambiental e execução da duplicação da Estrada de Ferro Carajás (EFC).
O acordo, homologado por sentença da Justiça Federal no ano passado, foi realizado depois que o MPF-MA
moveu ação civil pública pedindo a revisão do estudo ambiental da obra, que estava impactando as
comunidades de Santa Rosa dos Pretos e Monge Belos, na região de Itapecuru (MA). Pelo acordo, a Vale
ficou obrigada a realizar a recuperação dos corpos hídricos impactados pelas obras, controlar o volume de som
e poeira e fazer levantamento da situação de saúde da população, porém, até o momento, a empresa não
comprovou a implementação de nenhuma das medidas acordadas. A Vale, através de nota, informou
que vem cumprindo com as obrigações assumidas e que aguarda intimação da Justiça Federal
para mostrar a evolução do cumprimento dessas obrigações.
5- LOCAL: Reserva do Gurupi, no Maranhão
Data da notícia: 28.02.13
Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/02/para-os-awa-guaja-
trem-da-vale-e-o.html
Resumo da notícia: “Para os Awá-Guajá, trem da Vale é o “barulho do terror”. Uma das tribos mais
ameaçadas do mundo, os AwáGuajá não conheciam os brancos até recentemente. Mas na
reserva do Gurupi, no Maranhão, o impacto do pólo minerador-exportador põe em risco o
modo de vida dos índios que atualmente ocupam três áreas no Maranhão: a Terra Indígena
Alto Turiaçu, a Terra Indígena Awá e a Terra Indígena Carú. As aldeias mais próximas da
ferrovia estão na Terra Indígena Carú. São as aldeias Awá e Tiracambú, distantes cerca de
1,1 km e 1,7 km da ferrovia, respectivamente. Além do ruído que espanta a caça e causa
medo às crianças, os Awá-Guajá convivem com desmatamento e a exploração ilegal de
madeira no território invadido pela chegada de migrantes atraídos pelos grandes
16
empreendimentos econômicos na região. Em 2007, a Vale renovou o Acordo de Cooperação
firmado com a Funai para atender as necessidades e demandas das Terras Indígenas Carú,
Awá e Alto Turiaçu. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, o acordo – que tem
vigência até 2016 – tem o objetivo de atender a especificidade cultural dos índios Awá.
6- LOCAL: Povoado Trecho Seco município de Cidelândia
Data da notícia: 04.04.13
Fonte:http://www.forumcarajas.org.br/
Resumo da notícia: “MA: Suzano derruba árvores frutíferas para proteger plantação de
eucalipto. Moradores do povoado Trecho Seco município de Cidelândia estão indignados com
uma decisão da empresa prestadora de serviço a Suzano e é a responsável por cuidar da
fazenda de eucalipto. Desde o início da semana dois tratores estão derrubando uma grande
plantação de árvores frutíferas que fica no terreno entre o quintal das casas e a plantação de
eucalipto. O gerente administrativo da empresa que presta serviço a Suzano, dona da
plantação de eucalipto, disse que são os moradores que estão dentro dos limites da área da
empresa. E que o serviço não vai parar”.
7- LOCAL: região do Baixo Parnaíba, nos limites do município de Brejo (a 408km de
São Luís).
Data da notícia: 27.02.13
Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/02/ma-deputado-federal-
denuncia-ameacas.html
Resumo da notícia: “MA: Deputado federal denuncia ameaças a líder quilombola no Baixo
Parnaíba. O deputado federal Domingos Dutra denunciou o desmatamento de Áreas de
Preservação Permanente na região do Baixo Parnaíba, nos limites do município de Brejo (a
408km de São Luís) e também as ameaças de morte sofridas por uma liderança camponesa do
Quilombo Depósito, localizado na referida região. Segundo o deputado, plantadores de soja
que hoje ocupam a região são responsáveis pelo desmatamento e pela ameaça ao líder
quilombola.”
8- LOCAL: Município de Codó
17
Data da notícia: 02.04.13
Fonte: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/04/incrama-discute-
conflitos-agrarios-na.html
Resumo da notícia: Fetaema denuncia o aumento da violência no campo. O líder sindical rural
Chico Miguel, presidente da Fetaema está preocupado com o aumento da violência no meio
rural maranhense. Ele vem reunindo com todo o colegiado da entidade e os pólos sindicais
para importantes avaliações sobre questões inerentes a problemática e buscando informações
bem precisas da assessoria jurídica. Os conflitos pela posse da terra tomaram uma ampla
dimensão no município de Codó com sérios riscos de confrontos, uma vez que as autoridades
policiais fecham os olhos para jagunços a serviço de políticos e ainda perseguem
trabalhadores e trabalhadoras rurais de áreas quilombolas. Apesar das denúncias dos conflitos
registrados em Codó, o Incra simplesmente e até vergonhosamente não intervém para
desapropriação e regularização de várias áreas, o que é da sua responsabilidade. A não ser que
por ingerências políticas venha fazendo vistas grossas.”
9- LOCAL: Resex Tauá-Mirim
Data da notícia: 19.04.13
Fonte da notícia: http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com.br/2013/04/resex-taua-mirim-
e-federacao-das.html
Resumo da notícia: “Resex Tauá-Mirim e Federação das Indústrias do Estado do Maranhão.
A Secretaria de Industria e Comercio do Estado do Maranhão depois de se queimar com a não
implantação da refinaria premium manobra com a Fiema que diz representar a classe
industrial maranhense. O que está por trás das manobras da Secretaria e da Fiema é a
especulação imobiliária e a intolerância de determinados setores políticos e econômicos do
Maranhão que não aceitam a existência de comunidades tradicionais lutando para se
manterem em suas terras enquanto estas terras podiam ser vendidas, mineradas ou servirem de
cenário para a construção de condomínios privados.”
10- LOCAL: Amarante do Maranhão, À margem das terras indígenas Governador e
Arariboia.
18
Data da notícia: 06.04.13
Fonte da notícia: http://www.forumcarajas.org.br/
Resumo da notícia: “Maranhão: Aldeias buscam soluções para sair da miséria Índios querem
apoio para produzir e evitar invasões. As terras indígenas Arariboia e Governador são
praticamente coladas. Separados por um minúsculo povoado, índios gaviões e guajajaras
ocupam uma área de 4.552 km quadrados, a maior em extensão e em população indígena do
Maranhão. A posse das terras, no entanto, não garante a tranquilidade nas aldeias. A área é
permanentemente invadida por madeireiros, que entregam as árvores a serrarias, ou para
serem queimadas em fornos de carvão ou de indústrias de municípios vizinhos”.
No geral, embora seja um relatório que justifica a renovação da bolsa e fazendo uma
análise partindo desses noticiários, podemos concluir que grande parte dos conflitos gerados
decorre de grandes empreendimentos que visam se instalar em áreas onde existem povoados
há décadas ou séculos. Os habitantes desses povoados, por morarem em locais que
consideram de sua propriedade pelo tempo de moradia, mas cuja posse legal normalmente é
instável, são molestados para que deixem o local por tais empreendedores. Outro problema
também constatado é que, em alguns casos os conflitos se arrastam porque povos e grupos
sociais tentam manter seu modo de vida, como terras indígenas, de quilombo ou unidades de
conservação, tendo a posse de suas terras reconhecidas legalmente, mas, mesmo assim, são
desrespeitados por empreendedores. Como podemos citar aqueles que vivem em áreas de
preservação legal, no caso de povos indígenas, que vivem ameaçados por invasores que
buscam desregradamente apoderarem-se de recursos madeireiros, provocando desmatamentos
e comprometendo a sobrevivência física e cultural dos povos localizados em suas terras.
A leitura feita dos noticiários nos permite classificar os conflitos em três tipos: conflitos por
território, conflitos por externalidade e conflitos por território e externalidade. O conflito por
território se configura quando uma determinada comunidade busca manter-se numa localidade
onde vive há vários anos e, neste local, mantém relacionamentos sociais e laços culturais.
Mas, muitas vezes, são obrigados a deixarem suas moradias para dar espaço para os diversos
tipos de empreendimentos que visam instalar-se no local em que moram. Tal conflito pode ser
exemplificado nas notícias1,8, 9 e 10.
19
No caso de conflitos que se configuram por externalidade, temos aqueles que se
caracterizam em determinados conflitos quando alguns empreendimentos comprometem de
alguma forma, a qualidade de vida de uma comunidade. Isto é, as práticas investidas por tais
empreendimentos afetam negativamente a reprodução social, cultural ou religiosa de um
povo. Por exemplo, os grandes empreendimentos podem inviabilizar o cultivo de uma
produção agrícola familiar, a pesca em pequena escala, o abastecimento de água de uma
determinada comunidade, ou até mesmo, podem afetar a reprodução de um povo, no caso dos
indígenas. Este pode ser verificado nas notícias 2, 3, 4 e 5.
No entanto, é importante ressaltar que, embora muitas vezes esses tipos de conflitos
ocorram separadamente, também pode ocorrer de forma conjunta, ou seja, eles podem ocorrer
associadamente tanto por territorialidade como por externalidade. Tais como nas notícias 6 e
7.
20
6 CONCLUSÃO
Nesta pesquisa, embora os resultados sejam parciais, devido ao andamento das
pesquisas em constante processo, os conflitos continuam e está sendo dada continuidade ao
levantamento e mapeamento de conflitos já existentes. Em relação às notícias, outro aspecto
relevante foi que, nesses últimos meses houve um crescente aumento de conflitos
relacionados a impactos causados pelos grandes projetos, assim como, entre comunidades
tradicionais e latifundiários no interior do estado. As mobilizações observadas se devem,
conforme os noticiários indicam à população agir em defesa de seus direitos, principalmente
as comunidades atingidas, aquelas que são diretamente impactadas por tais empreendimentos,
os quais tiram dos moradores locais o único meio de sobrevivência, os recursos naturais
utilizados pelos grupos sociais. Consequentemente, mobilizam-se como forma de resistência
aos grandes empreendimentos que estão instalados, em processo de implantação ou em via de
instalação no estado. No processo, o trabalho continua sendo desenvolvido buscando notícias
nos principais jornais impressos e/ou páginas eletrônicas.
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7 REFERÊNCIAS
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2004.
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