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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS- CUR INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - ICHS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DEGEO A QUESTAO DA VERTICALIZAÇÃO EM RONDONÓPOLISMT: NILSON ROSA DA CONCEIÇÃO RONDONÓPOLIS 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS- CUR

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS - ICHS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – DEGEO

A QUESTAO DA VERTICALIZAÇÃO EM RONDONÓPOLIS– MT:

NILSON ROSA DA CONCEIÇÃO

RONDONÓPOLIS

2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS

2

NILSON ROSA DA CONCEIÇÃO

VERTICALIZAÇÃO EM RONDONÓPOLIS – MT:

Monografia apresentada à disciplina de

Trabalho Orientado II, sob a orientação do

Professor Dr. Jeater Waldemar Maciel

Correa Santos, para obtenção do título de

Licenciatura Plena em Geografia, pela

Universidade Federal de Mato Grosso.

RONDONÓPOLIS – MT

2017

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS

3

R788q Rosa da Conceição, Nilson.

A questão da verticalização em Rondonópolis-MT : Verticalização em Rondonópolis-MT / Nilson Rosa da Conceição. -- 2017

80 f. ; 30 cm.

Orientadora: Jeater Waldemar Maciel Correa Santos.

TCC (graduação em Geografia) - Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Cuiabá, 2017.

Inclui bibliografia.

1. Verticalização. I. Título.

Dados Internacionais de Catalogação na Fonte.

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

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4

NILSON ROSA DA CONCEIÇÃO

VERTICALIZAÇÃO EM RONDONÓPOLIS – MT:

Monografia apresentada à disciplina de Trabalho Orientado II, sob a orientação do Professor Dr. Jeater Waldemar Maciel Correa Santos, para obtenção do título de Licenciatura Plena em Geografia, pela Universidade Federal de Mato Grosso.

Aprovado em ____ de ______________ de 2017.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Jeater Waldemar Maciel Correa Santos.

Orientador

UFMT/CUR

Profª.

Prof.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS

5

À Deus, por ter me concedido força e temeridade durante

cada passo desta longa jornada, e por ter proporcionado

com que eu viesse a contribuir mesmo que de forma

modesta para o meio acadêmico, oportunizando-me

ampliação de meu conhecimento.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS

6

AGRADECIMENTOS

A minha esposa Luzinete Rosa de Araújo por estar ao meu lado me

incentivando com palavras de carinho e também aos meus filhos Rayssa Fernanda e

Felipe Henrrique pela compreensão nos momentos de ausência.

Aos meus cunhados Luiz Carlos, Aguinaldo, Carlito e também a minha sogra

Maria, que me deram força em um dos momentos mais difíceis da minha vida, que

foi a luta contra o câncer da minha esposa.

Ao professor e orientador deste trabalho Dr. Jeater Valdemar Maciel que

pacientemente ouviu as minhas indagações e me ajudou a respondê-las sempre

com muito empenho e dedicação visando o melhor caminho para termino da

mesmo.

Ao professo Ronei Coelho de Lima chefe do departamento de Geografia que

sempre me incentivou ligando para me dar avisos e sempre dizendo para que eu

não desistisse.

A todos os professores do departamento de Geografia que contribuíram com

o meu desenvolvimento intelectual e fizeram de mim nessa caminha uma pessoa

mais crítica.

A Diana Garbosa que no momento oportuno me deu um net-book, que foi

fundamental para que eu pudesse desenvolver esse trabalho.

Aos meus irmãos que também me apoiaram nessa caminhada.

Ao meu colega Rubens Petri que pacientemente tirou minhas dúvidas sobre o

programa Google Earth.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS

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Sumário

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 11

2. OBJETIVOS ........................................................................................................ 14

2.1. Objetivo geral .................................................................................................. 14

2.2. Objetivos específicos ....................................................................................... 14

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 15

3.1. A cidade: onde a concretude se materializa. ................................................... 15

3.1.1. Os agentes produtores do espaço. .............................................................. 18

3.1.2. Características da cidade de Rondonópolis-MT. .......................................... 22

3.2. VERTICALIZAÇÃO ............................................................................................ 25

3.2.1. Verticalização: breve histórico. ....................................................................... 25

3.3.2. Conceito de verticalização. ............................................................................. 27

3.2.3. Rondonópolis- MT e a Verticalização. ............................................................. 29

3.3. VERTICALIZAÇÃO EM CIDADE DO CAMPO ................................................... 32

3.3.1. Cidade média: em busca de um consenso. ..................................................... 32

3.3.2. Rondonópolis-MT cidade média. .................................................................... 34

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................... 39

4.1. Métodos ........................................................................................................... 39

4.2. Método de abordagem. ................................................................................... 39

4.3. Materiais e Técnicas ........................................................................................ 40

5 – RESULTADOS .................................................................................................... 42

5.1 - A Regiões do Processo de Verticalização em Rondonópolis ............................ 42

5.2. Verticalização e espacialização quanto à função em Rondonópolis. ................ 49

5.3. Verticalização e Legislação em Rondonópolis .................................................. 62

5.3.1. O caso da verticalização do Residencial Celina Bezerra em Rondonópolis ... 67

7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 73

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 75

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS

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LISTA DE FOTOS

Foto 1: Edificio Mikerinos .......................................................................................... 38

Foto 2: Vista panoramica do Rondon Plaza Shopping .............................................. 39

Foto 3:Vista panoramica Hospital Santa Casa de Mizericordia ................................. 40

Foto 4: Vista panoramica Hospital Mater Clin ........................................................... 40

Foto 5: Edifício Santorini .......................................................................................... 40

Foto 6: Edifício Araocária .......................................................................................... 43

Foto 7: Edifício Classic .............................................................................................. 43

Foto 8: Edifício Santa Casa ...................................................................................... 44

Foto 9: Edifício Mater Clin ........................................................................................ 44

Foto 10: Edifício Santorini ........................................................................................ 44

Foto 11: Edifífio Piramide .......................................................................................... 46

Foto 12: Edifício Rios Hotel ..................................................................................... 46

Foto 13: Edifício Monique ....................................................................................... 47

Foto 14: Edifício Porto Seguro.......... ...................................................................... 47

Foto 15: Edifício Verona.......... ................................................................................ 47

Foto 16: Edifício Bela Vista .......... .......................................................................... 49

Foto 17: Edifício Rondon.......... ............................................................................... 49

Foto 18: Edifício Taiamã.......... ................................................................................. 50

Foto 19: Edifício Confort Hotel.......... ....................................................................... 50

Foto 20: Edifíco Zii Hotel.......... ................................................................................. 50

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS

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LISTA DE FIGURA

Figura 1: Localização do Município de Rondonópolis .............................................. 21

Figura 02: Perímetro Urbano de Rondonópolis ......................................................... 27

Figura 03:Principais Regiões Verticalizadas em Rondonópolis ............................... 37

Figura 04: Distribuição da Verticalização no Espaço Urbano de Rondonópolis ..... 42

Figura 05:Distribuição da Verticalizaçãona Vila Birigui ........................................... 45

Figura 06:Distribuição da Verticalização no Centro ................................................. 48

Figura 07:Distribuição da Verticalização na Vila Aurora e Sagrada Família ........... 51

Figura 08:Ilustração do Edificio Gran Lux .............................................................. 54

Figura 09: Residencial Celina Bezerra distancia em km do Centro .......................... 58

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01:Relação dos Edificios da Região 01 ...................................................... 43

Quadro 02: Relação dos Edificios da Região 02 ....................................................... 48

Quadro 03:Relação dos Edificios da Região 03 ...................................................... 51

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1. INTRODUÇÃO

O município de Rondonópolis situa-se a uma distância de 210 km da

capital Cuiabá sendo uma das mais importantes cidades da região sul do estado de

Mato Grosso. Encontra-se em uma posição privilegiada, sendo está no

entroncamento de duas das rodovias mais importantes do país (163 e 364),

configurando um importante local sendo um ponto de apoio às atividades

desenvolvidas na região, como exemplo, podemos citar o agronegócio, más não só

isso, acidade é polo regional de saúde, educação, entretenimento entre outros, e

tem também um comercio forte fato constatado por Mello (2013 p. 16):

“Pode-se afirmar que o povoamento e desenvolvimento do município de

Rondonópolis, está inteiramente ligado como atrativos as condições físicas

da área, com relação ao solo e vegetação. Além do aspecto da localização,

pois a cidade está localizada no entroncamento de rodovias importantes do

país, o que caracteriza a cidade como um centro estratégico de gestão e

produção de serviços.” (MELLO, 2013, P. 16)

O caráter atrativo que envolve as cidades médias em geral, reflete

diretamente na dilatação do tecido urbano exigindo cada vez mais território, podendo

suscitar em primeiro por acompanhar o relevo, se alocando sobre ele.

Santos e Videira (2010 p, 02) afirmam que:

“Porém, o crescimento territorial da cidade e sua ocupação

horizontal parecem não suprirem as necessidades do crescimento

populacional que cada vez mais precisa de espaço. A verticalização pode

ser vista como uma das formas de suprir a falta de espaço urbano. É

possível notar que, mesmo nas cidades que possuem ainda, espaços

horizontais, a verticalização acontece. ”(SANTOS E VIDEIRA, 2010, p. 02)

O capital emerge de várias formas no espaço urbano e a verticalização é uma

das concretudes mais visíveis deste processo, e a sua fisionomia se caracteriza pela

construção de edifícios de altura e tamanhos diversas e sempre lendo e

acompanhando tendências contemporâneas no espaço urbano. (SAHR 2000).

Essa expressão da modernidade é nada mais nada menos que, os interesses

do capital imobiliário sobre solo urbano, o que acontece em muitas cidades, e em

Rondonópolis não é diferente. Santos e Videira (2010 p. 04) constatam ainda que:

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“O crescimento vertical para muitos, pode ser visto como uma

solução para a falta de território urbano que, não mais tendo por onde se

expandir horizontalmente acaba indo para o alto. Isso não acontece em

todas as cidades, pois muitas vezes os limites planos não chegam a ser

utilizados totalmente, não sendo, portanto, necessário o processo de

verticalização.” (SANTOS E VIDEIRA, 2010, p. 04)

Rondonópolis passa por uma intensa transformação impulsionada por uma

economia forte, impressão constatada também em sua paisagem, observada pelos

inúmeros edifícios que surgem da “noite para o dia” evidenciando um processo de

verticalização acentuado, sendo este visível para toda a população. Inicialmente o

processo de verticalização busca locais dotados por infraestrutura básica, motivo

pelo qual se alocam nos centros urbanizados, locais mais valorizados, esse

processo e muito parecido com o que acontece em outras cidades. (MELO 2013)

Em Rondonópolis essa característica já começa a mudar visando às

exigências contemporâneas do capital imobiliário, fato expresso por Melo (2013 p,

77) quando afirma que:

“No atual momento, esse tipo de investimento em construção

vertical tem saído das áreas centrais, e buscado a implantação nas áreas

circunvizinhas, voltados quase sempre a atender a demanda residencial.

Sabe-se que o mercado dispõe dessa terra urbana como mercadoria, onde

essa tem seu valor de uso e troca relacionados a diversos fatores, dentre

eles localização, acessibilidade e infraestrutura.” (MELO, 2013, p. 77)

É importante ressaltar, quem são de fato os agentes produtores do espaço

urbano? Para uma melhor compreensão da verticalização nas cidades brasileiras

inclusive em Rondonópolis fundamentamos a nossa concepção na afirmação de

Correia (1989) entende-se um conjunto de agentes que realizam, parcialmente ou

totalmente, as seguintes operações: incorporação; financiamento; estudo técnico;

construção ou produção física do imóvel; e comercialização ou transformação do

capital-mercadoria em capital-dinheiro, agora acrescido de lucro.

A infinidade de variáveis que controlam a disseminação do capital imobiliário

pelo espaço urbano, dá a ideia de quão complexa são as relações que produzem o

fenômeno da verticalização nas cidades médias brasileiras, sem contar, com as

características regionais. Sabendo disso Santos e Videira (2010 p, 06) já nos

adverte que: “Portanto, o espaço verticalizado se reproduz, e é cada vez mais

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importante analisar sua história e seu avanço pelo território urbano a fim de

compreender o seu desenvolvimento [...]”

Aparentemente a verticalização não se justifica em cidades onde se tem um

perímetro urbano espraiado com tantas áreas ociosas. A sua ocorrência cada vez

mais intensa neste contexto, implica em um aumento do valor da terra empurrando

os moradores de classe operárias para a periferia dando lugar as classes mais

abastadas, mas esse tipo de ocupação do solo traz consigo de maneira velada o

investimento público pago por toda a sociedade.

A pergunta que se faz é: qual é a verdadeira necessidade deste tipo de

ocupação do solo em Rondonópolis?

A resposta encontrada é que, o descumprimento/conivência da legislações

vigentes, aliada a ambição dos agentes (re)produtores do espaço urbano propiciam

as justificativas necessárias para a instituição de empreendimentos verticais, que por

sua vez ao se instalarem favorecem o aumento do valor da terra em determinadas

regiões de Rondonópolis.

Faz-se necessário o entendimento deste fenômeno conhecido por

verticalização, por julgar que o tema está em voga no espaço urbano, e a sua

instituição a nosso ver não se justifica visto que é perceptível a imensa quantidade

de terrenos ociosos no perímetro urbano de Rondonópolis, buscando no presente

trabalho contribuir para a compreensão deste fenômeno no conglomerado urbano.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Compreender a questão do processo de verticalização em Rondonópolis.

2.2. Objetivos específicos

• Caracterizar evolução das regiões com verticalização em Rondonópolis.

• Discutir as características dos edifícios da verticalização da cidade.

• Verificar se o processo de verticalização em Rondonópolis está em harmonia

com as leis municipais vigentes

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. A cidade: onde a concretude se materializa.

As cidades desde os primórdios, é onde se materializa a (re)produção do

espaço, e a sua importância e extremamente relevante, visto que a tendência, e que

cada vez mais as pessoas se concentrem no meio urbano. DUARTE (2016, p. 16)

corrobora com essa afirmação quando diz que: “Desde a antiguidade, as cidades

são concebidas como o centro organizador da sociedade, tornando-se reconhecidas

como locais onde se centralizam das atividades comerciais e governamentais.”

Visto que a cidade é cada vez mais sinônimo de concentração, seja ela de

capital, pessoas, técnica entre outras, a sua (re)produção é ainda mais intensa, e

nos obriga a entende-la o máximo possível, para que possamos extrair de forma

mais objetiva qualquer tipo de compreensão em relação aos fenômenos que

emanam da (re)produção do espaço urbano, para tal CORREIA (1989, p.07) nos

afirma o seguinte:

“O espaço de uma grande cidade capitalista constitui-se, em

um primeiro momento [...] no conjunto de diferentes usos da terra

justapostos entre si. Tais usos definem áreas, como o centro da cidade,

local de concentração de atividades comerciais, de serviços e de gestão,

áreas industriais, áreas residenciais distintas em termos de formas e

conteúdo social, de lazer e, entre outros, aquelas de reserva para futura

expansão. Este complexo conjunto de usos da terra é, em realidade, a

organização espacial da cidade[...].” (CORREIA, 1989, p. 07)

Não e simples a compreensão do espaço urbano, mas nesse caminho não

podemos nos abster da contribuição de Santos (2006, p.39) para esse

entendimento.

“O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e

também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não

considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se

dá. No começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que

ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos

técnicos, mecanizados e, depois, cibernéticos, fazendo com que a natureza

artificial tenda a funcionar como uma máquina.” (SANTOS, 2006, p. 39)

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS

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As cidades emergem como a materialidade da (re)produção social do espaço,

onde os resultados deste ciclo são concretizados. No prognostico constatado por

Lefebvre (2001 p.12):

“A própria cidade é uma obra, e esta característica contrasta a orientação

irreversível na direção do dinheiro, na direção do comercio, na direção das

trocas, na direção dos produtos. Com efeito, a obra é valor de uso e o

produto é o valor de troca. O uso principal da cidade, isto é, das ruas das

praças, dos edifícios e dos monumentos, é a Festa (que consome

improdutivamente, sem nenhuma outra vantagem além do prazer e do

prestigio, enormes riquezas em objetos e em dinheiro).” (LEFEBVRE, 2001,

p. 12)

Temos então nesse caldeirão que é a cidade, a ebulição frenética de

fenômenos resultado da (re)produção do espaço, nesse contexto Santos e Videira

(2010 p, 01) relatam que: “A mudança dentro dos espaços urbanos tem ocorrido na

história desde a formação das primeiras cidades e acompanharam cada estágio do

desenvolvimento econômico e social sendo a forma de ocupação do solo, uma

dessas mudanças.”

A cidade é palco maior da (re)produção do espaço, nesse contexto também é

base material da mesma, Carlos (2007, p.20) nos adverte quando afirma que:

“Portanto, deixando de lado postulados e afirmações dogmáticas, podemos

tomar como ponto de partida para o desenvolvimento do raciocínio capaz de

produzir uma “leitura geográfica sobre a cidade” a ideia de cidade como

construção humana, produto histórico-social, contexto no qual a cidade

aparece como trabalho materializado, acumulado ao longo de uma série de

gerações, a partir da relação da sociedade com a natureza. Expressão e

significação da vida humana, a cidade a revela ao longo da história, como

obra e produto que se efetiva como realidade espacial concreta em um

movimento cumulativo, incorporando ações passadas ao mesmo tempo em

que aponta as possibilidades futuras que se tecem no presente da vida

cotidiana.” (CARLOS, 2007, p. 20)

Ainda na preocupação de tornar o espaço urbano mais próximo de uma

compreensão coerente.

Santos (2013 p.17) afirma que:

“O espaço urbano na atual fase histórica apresenta-se como objeto

indelével do processo de acumulação capitalista. Cada vez mais, o solo

urbano assume características de uma mercadoria especial, o que favorece

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS

17

a produção e a apropriação da mais-valia por parte de grupos seletos,

detentores de uma fração considerável do globo.” (SANTOS, 2013, p. 17)

Compreendemos a constatação de Correia (1989) quando entende o espaço

urbano de uma cidade capitalista como sendo o conjunto de diferentes usos da terra

justapostos entre si e são os diferentes usos da terra que diferem as áreas de

indústria, residência, lazer diferentes em forma e conteúdo social e também áreas

para futuras expansões. Tais agrupamentos de usos da terra são organização

espacial da cidade, ou simplesmente o espaço urbano fragmentado.

Essa condição do espaço de se dividir em áreas ou fragmentos é produto da

própria sociedade que por sua vez é produto de suas relações, ou seja, a sociedade

é produto e produtor de si, e do espaço urbano. Compreendendo assim a concepção

de Correia (1989 p. 09) quando afirma que: “[...] o espaço urbano: fragmentado e

articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e campo de

lutas. ”

“[...] a cidade, mais do que um local de produção e consumo de mercadorias

e de habitação, é também um importante lócus da vivência humana em sua

dimensão plena, e seu espaço reflete e condiciona as diversas estratégias

engendradas pelos diferentes agentes sociais na criação e apropriação da

riqueza (produção e comercialização de mercadorias), da reprodução da

força de trabalho e do desenrolar da vida cotidiana como um todo[...]”

(NASCIMENTO E MATIAS, 2011 p.67)

Não há nada mais concreto na (re)produção do espaço urbano na atual

conjuntura do que a própria dilatação do meio urbano, a intensa aglomeração

espacial de pessoas, projetadas na força de trabalho e no mercado consumidor. Em

paralelo, a concentração dos meio de produção, é combustível para o elevado grau

de progresso das forças produtivas, tornando veloz a mais-valia e a (re)produção do

capital que por sua vez eleva ainda mais a concentração populacional.

(NASCIMENTO E MATIAS, 2011)

É entendendo então minimamente o conceito de espaço urbano que vamos

abordar neste trabalho o processo de verticalização em Rondonópolis-MT, visto que

o tema está em voga nas últimas décadas, e merece a preocupação acadêmica por

se tratar diretamente da (re)produção do espaço. Mas para isso faz-se necessário

expor de forma especial quem são os agentes produtores do espaço urbano, com

veremos a seguir.

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS

18

3.1.1. Os agentes produtores do espaço.

De fato, nada é ao acaso ou aleatório no espaço urbano, engendrado por tras

de toda cidade seja ela grande, media ou pequena, o modo capitalista de produção

do espaço está presente. Mas em suma nos cabe um questionamento, quem de fato

produz o tal espaço urbano? É a esse questionamento que tentaremos dar uma

resposta, ao menos plausível, para a compreensão da mesma.

Já sabemos que o espaço urbano, é simultaneamente fragmentado e

articulado, e são os agentes (re)produtores do espaço urbano que o fazem assim, e

para Corrêa (1989, p.12) esses agentes são: “(a) os proprietários dos meios de

produção[...] (b) os proprietários fundiários; (c) os promotores imobiliários; (d) o

Estado; e (e) os grupos sociais excluídos.”

O objetivo dos agentes produtores do espaço urbano, apesar dos embates

comuns ao processo de produção por vezes podem convergir mesmo que

inconscientemente rumo ao mesmo propósito. Essa advertência é confirmada por

Silva (2008, p.18), em suas palavras:

“Os interesses desses agentes, com exceção da população excluída, são

muitas vezes confluentes. As estratégias empregadas para a produção do

espaço urbano, bem como os conflitos nesse processo podem ser distintos,

contudo os mesmos podem almejar ganhos comuns como, por exemplo, a

apropriação de uma renda da terra.” (SILVA, 2008, p. 18)

Nos aprofundando ainda mais no entendimento, dessa realidade nos

colocamos a disposição das orientações de Negri (2008, p. 84) quando aprofunda a

participação de cada um:

“Sendo que, cada um deles, está determinado por regras de valorização de

cada capital em particular. Os proprietários fundiários procuram extrair a

maior renda possível de seus terrenos (especulação), os produtores obter o

maior lucro possível de suas construções, a burguesia extrai a maior

quantia de juros possível, o Estado tenta organizar o mercado, para reduzir

os conflitos sociais entre as diversas classes presentes no espaço urbano.”

(NEGRI, 2008, p. 84)

O Estado é sinônimo de poder e é mediador dos conflitos, más é também

agente do processo, tendo participação vigorosa na produção do espaço, agindo

alicerçado em uma base jurídica solida, a qual lhe dá plenos poderes sobre o

espaço urbano. Mas Corrêa (1989, p.24) vai além dando importância substancial a

sua atuação quando afirma que o Estado atua:

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19

“[...] diretamente como grande industrial, consumidor de espaço e de

localizações especificas, proprietário fundiário e promotor imobiliário, sem

deixar de ser também um agente de regulação do uso do solo e alvo dos

chamados movimentos sociais urbanos.” (CORRÊA, 1989, p. 24)

O Estado como já foi dito anteriormente é a ferramenta mais cobiçada pelos

grupos sociais urbanos, pois estar representado no estado é ter ainda mais

participação na produção do espaço Negri (2008, p.87) relata que:

“A atuação do Estado se faz, visando criar condições de realização e

reprodução da sociedade capitalista, isto é, condições que viabilizem o

processo de acumulação e a reprodução das classes sociais e suas

frações. [...] O Estado, com isso, acaba sendo um produtor imobiliário, que

usa principalmente os impostos para delimitar o uso do espaço urbano,

desocupando áreas e/ou loteando outras quando preciso, desde que isso o

favoreça ou a terceiros.” (NEGRI, 2008, p. 87)

Outro agente importante no processo de (re)produção do espaço urbano são

os proprietários fundiários que para Silva (2013) participam do processo recebendo

renda por serem detentores do monopólio da terra, e só estão interessados no valor

de troca do seu produto, obtendo lucro pelas benfeitorias realizadas sobre o mesmo.

Preocupados em tirar a maior renda fundiária possível através do monopólio

da terra, os proprietários fundiários segundo Corrêa (1989, p.16): “Estão

particularmente interessados na conversão da terra rural em urbana.” Nascimento e

Matias (2011, p.68) ainda fundamentam que, diante do aumento da necessidade de

locais para o desenvolvimento de atividades produtivas e para a constituição de

áreas habitacionais, a expansão da área urbanizada se dá em direção a terras até

então utilizadas para fins agropecuários, sendo estas anexadas ao perímetro dito

urbano.

Villaça (2001, p.70-71) vai além e nos alerta para que não sejamos inocentes

quanto a importância da terra urbana para (re)produção do capital afirmando que: “É

um equívoco a ideia de que a terra urbana é dom gratuito da natureza, de que por

isso não tem valor ou não é possível controlar sua oferta. [...] é o mesmo que reduzir

um produto produzido à sua matéria prima.”

Smolka (1983, p.191 apud SANTOS, 1992 p.56) nos auxilia de forma eficaz

ao contribuir para o nosso entendimento ao afirmar que:

“[...]o capital incorporador é aquele que desenvolve o espaço geográfico,

organizando os investimentos privados no ambiente construído,

especialmente aqueles destinados à produção imobiliária. Para a realização

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO MATO GROSSO - UFMT CAMPUS

20

desses investimentos imobiliários, o capital incorporador se faz presente

desde a compra dos terrenos até a contratação de consultoria,

planejadoras, edificadoras, agentes financeiros, promotores de venda, etc.

Em suma, o capital incorporador pode ser definido como resultado da

articulação desses diversos contratados, a fim de assumir o controle

econômico do processo de produção de moradia.” (SMOLKA, 1983, p.191

apud SANTOS, 1992, p. 56)

Ainda esclarecendo as participações efetuadas pelos agentes produtores do

espaço é rica a contribuição de Ribeiro (1982, apud Negri 2008, p.84) quando relata

que:

“[...] as funções exercidas pelo incorporador são: 1) escolha e compra do

terreno; 2) análise de mercado; 3) concepção e desenvolvimento do projeto,

compreendendo aspectos técnicos, legais, fiscais, financeiros e

operacionais; 4) mobilização do capital necessário à operação,

compreendendo financiamento para a construção e para o consumidor

final.” (RIBEIRO, 1982, apud NEGRI 2008, p. 84)

Cada vez mais as incorporadoras exercem suas funções aliadas ao mercado

de capitais, bancos e em conjunto com o Estado, para obter facilitação em receber

financiamentos, e para fazer girar a roda realizando o capital, seja através de fundos

imobiliários ou através dos seguros de seus ativos. (SANTOS, 2013)

O incorporador além de ser o norteador no andamento da produção é o

grande articulador do mercado imobiliário, Santos (2013, p.56) vai além e afirma

que: “Pode-se mesmo afirmar que o incorporador transforma capital-dinheiro em

capital-mercadoria e capital-mercadoria em mais-capital-dinheiro. Essa relação

permite que o incorporador extraia renda fundiária de seus empreendimentos”.

“A moderna incorporação imobiliária atua dentro de um conjunto de forças,

dentre as quais se destacam a crescente massificação da demanda na qual

se inclui a produção ideológica de novos estilos de vida e de novas formas

de morar[...] Com concentração de capital nos setores imobiliários e

financeiros, grandes massas de capital tornam-se disponíveis e isso exige

empreendimentos de porte cada vez maiores e mais complexos.”

(VILLAÇA, 2001 p. 184-185)

O valor de uso das habitações produzidas com alto teor de inovações,

proporciona o aumento do preço venal em relação as antigas, ampliando a exclusão

das classes populares, visto que o capital não denota interesse em construir

habitação para as camadas populares. Sendo farta a camada populacional

insatisfeita, se explica a preocupação do capital imobiliário em obter o

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21

apadrinhamento do Estado para atender essa demanda, seja através de linhas de

credito para os promotores e/ou interessados de baixa renda, embasados por vias

jurídicas e financeiras. A ampliação da acumulação capitalista via produção

habitacional se explica pelo fato de sua importância na atual conjuntura de

(re)produção do capital na contemporaneidade. (CORRÊA, 1989)

E por fim, e não menos importantes, temos então a figura dos grupos sociais

excluídos, que em suma em uma sociedade de classes, não tem acesso equânime

aos bens e serviços produzidos socialmente. É evidente essa distinção

principalmente no que tange a habitação, pois imensa maioria da população não tem

renda suficiente para adquirir habitação digna. O que lhes resta como opção são os

cortiços altamente densos, os conjuntos habitacionais ofertados pelo Estado

localizados quase que sempre longe do centro, e em último caso a favela. Está

última merece entendimento especial, pois e nela que de fato emerge a produção

social dessa classe, agindo como modeladores/produtores do espaço sem rara

atuação de outros agentes. (CORRÊA, 1989).

Villaça (2001, p.225) nos esclarece ainda mais sobre os grupos sociais

excluídos e nos afirmando que:

“O fato de haver - como realmente há – bairros populares e mesmo favelas

inseridas na região de concentração das camadas de alta renda nada altera

o processo de diferenciada produção e consumo do espaço urbano nem o

processo de dominação que por meio deles faz burguesia brasileira. A

ocupação de localização sem pagar por elas – as chamadas “invasões” –

tem eventualmente facilitado às classes populares um pouco do usufruto de

vantagens do privilegiado espaço produzido pela alta renda. [...] Usufruem

principalmente a proximidade ao subemprego” (VILLAÇA, 2001, p.225)

A presença de pequena parte da população pobre encrustada em meio as

elites de fato ocorre, mas a maioria ocupa as periferias afastadas, essa distância e

produzida principalmente pelas dificuldades de acesso econômico, de transporte,

tempo utilizado para os deslocamentos dos empregos que cada vez mais tem sua

localização oposta à de suas casas. (VILLAÇA, 2001)

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22

3.1.2. Características da cidade de Rondonópolis-MT.

O território onde hoje se situa a cidade de Rondonópolis no início era ocupada

e também era dadiva daqueles que não conheciam o que chamamos hoje de posse,

os índios Bororos, que não eram poucos, mas logo vieram os forasteiros.

“Desde o final do século XIX, a ocupação do local é marcada por um

contingente de índios Bororo, pelo efetivo do destacamento militar

em Ponte de Pedra (1815 – 1890), seguidas pelas comitivas de

aventureiros que se arriscavam pela região em busca de ouro e

pedras preciosas. Por último, chegaram às expedições da Comissão

Construtora das Linhas Telegráficas (1907 – 1909) sob o comando

do então primeiro tenente Cândido Rondon, que determinavam o

traçado da linha telegráfica para interligar o Estado de Mato Grosso e

Amazonas ao resto do país – fruto dessa investida, em 1922 é

inaugurado o posto telegráfico, às margens do rio Poguba (rio

Vermelho).” (RODRIGUES 2015, p.50)

A construção das linhas de telégrafos é pontuado por muitos autores, como

sendo um marco na história de Rondonópolis, e de fato teve mesmo um peso

considerável para a afirmação do Arraial do Rio Vermelho, assim como Melo (2013,

p,24) nos revela:

“A vinda do homem branco para a região que hoje é Rondonópolis é

principalmente devido ao objetivo da construção das linhas telegráficas

Gomes Carneiro, com o intuito de construir uma rede de comunicação que

ligaria os Estados do Amazonas ao de Mato Grosso (1907-1909). Como

responsável por esse projeto de implantação das linhas telegráficas, foi

eleito o General Cândido Mariano da Silva Rondon (Rondon) e uma equipe

de trabalhadores, que contribuíram para o início e formação do povoado do

Arraial do Rio Vermelho.” (MELO, 2013, p. 24)

Em busca das cidades ricas em minérios como Guiratinga e Poxoréo, os

garimpeiros somente passavam pela região, já as primeiras famílias a se fixarem

vinham de Goiás e logo consideraram a possibilidade de se criar gado, visto que

eram abundantes as gramíneas no local. Os Bororos também foram importantes

para o início da fixação dessas famílias, pois aliviavam a solidão e ajudavam na

alimentação dos mesmos, quando os mantimentos acabavam, isto porque a pesar

de ser um local de passagem, a chegada de gêneros de toda ordem era complicada

por não haver caminhos abertos com estrutura suficiente para tal. (NEGRI 2008).

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23

Outro ponto importante para a formação de Rondonópolis foi a política federal

de integração do interior do país através da “Marcha para o Oeste” movimento

relatado por Negri (2008, p.43):

“Mas foi a partir da “Marcha para o Oeste”, implantada em meados da

década de 1940, que o Governo Federal começou a estimular a ocupação

da região Centro-Oeste, com a doação de terras para quem se dispusesse

a trabalhar nelas. Dentre deste contexto, em Rondonópolis começou a

distribuição de terras devolutas não só na área rural, mas também, na área

urbana. A partir do desenvolvimento dessa política, o distrito começou a

receber grandes contingentes populacionais vindos na sua maioria da

região Nordeste do país que fugiam da fome e da seca.” (NEGRI, 2008, p.

43)

Outra fase importante para a cidade diz respeito a separação do estado de

Mato Grosso relato confirmado por Demamann (2011, p.78):

“A divisão do estado de Mato Grosso, em 1977, favoreceu no sentido de

ampliar a fronteira agrícola em direção ao norte, onde boa parte da érea

territorial passou a integrar-se quase totalmente à Amazônia Legal,

beneficiando o recém emancipado estado com mais e novos investimentos

no setor agropecuário. Diante disso, o capital, investido nas atividades

agrarias e comerciais, também passou a migrar para o mercado urbano.

Então, Rondonópolis manifesta-se no cenário com grande dinamismo

econômico e populacional.” (DEMAMANN, 2011, p. 78)

Gradativamente Rondonópolis é inserida no vigoroso modo de produção

capitalista como fronteira agrícola em Mato Grosso, passando a ser reconhecida na

atualidade por ter solos férteis e também ótima localização, encrustada no meio das

rodovias BR 163 e BR 364 duas das mais importantes do país ligando as regiões

norte a sul. (MELO 2011).

Situada em local privilegiado Rondonópolis fornece ponto de apoio às

atividades desenvolvidas na região, como exemplo maior podemos citar o forte

vínculo com agronegócio, mas não só isso, a cidade é polo regional de saúde,

educação, e tem também um comercio forte, fato constatado por Mello (2013 p. 16)

“Pode-se afirmar que o povoamento e desenvolvimento do município de

Rondonópolis, está inteiramente ligado como atrativos as condições físicas

da área, com relação ao solo e vegetação. Além do aspecto da localização,

pois a cidade está localizada no entroncamento de rodovias importantes do

país, o que caracteriza a cidade como um centro estratégico de gestão e

produção.” (MELO, 2013 p. 16)

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24

Rondonópolis exerce influência a nível regional, de estado e nacional. A

cidade emerge como uma das economias mais desenvolvidas do Estado de Mato

Grosso atraindo para si grande contingente de pessoas em busca dos mais diversos

atrativos, como saúde, educação, emprego, entretenimento, negócios entre outros.

Figura 01 – Localização do Município de Rondonópolis – MT

Fonte: Silvio Moises Negri (2008) Organização: Nilson Rosa da Conceição. (2017)

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25

3.2. VERTICALIZAÇÃO

3.2.1. Verticalização: breve histórico.

O advento de novas tecnologias proporcionadas pela revolução industrial foi

capaz de alavancar diversos setores pelo mundo intensificando cada vez mais o

alcance da humanidade ao desbravamento de novas possibilidades pelo globo e

fora dele.

“A modificação da paisagem urbana das cidades em diferentes

lugares do mundo passa a ser viável após a Revolução Industrial do século

XIX. Novos materiais passaram a ser confeccionados em favor da

construção civil, os quais possibilitavam a ida do homem a pontos cada vez

mais altos.” (MENESES 2008, p.22)

Oliveira e Silveira (2001, p.05) reforçam essa constatação quando relatam

que: “O processo de verticalização urbana se materializa por intermédio do edifício.

Esse objeto de produção do espaço urbano foi possível a partir da inovação

tecnológica advinda do uso do concreto armado e do elevador, com suporte do

capital.”

A técnica foi importante no processo, mas não foi a única variável permissiva

da consolidação da verticalização, assim como veremos a seguir.

“Mas não só pelo avanço das tecnologias, a verticalização se tornou um processo em evolução, atrelado à ele, a necessidade foi fator determinante para que o skyline das cidades mais desenvolvidas fosse se modificando. Nelas a falta de espaço estava se tornando um empecilho para o seu crescimento, especialmente nos centros das cidades que se encontravam extremamente adensados, devido ao crescimento populacional, portanto a solução seria a otimização do uso do solo, sendo esta advinda através da verticalização das edificações.” (MENEZES 2008, p.23)

Para Somekh (1997 apud MELO, 2011, p.70-71) de fato o caso Norte-

Americano é conclusivo e efetivo para essa construção histórica afirmando o

seguinte:

“Historicamente, o processo de verticalização teve sua origem nos Estados

Unidos, e no princípio esteve ligado às condições particulares de formação

das cidades americanas e do próprio estágio de desenvolvimento do

capitalismo, onde os fatores de base estão ligados à alta concentração

urbana, ao incremento da divisão do trabalho, ao preço da terra elevado, às

áreas funcionalmente especializadas e ao liberalismo da legislação[...]”

(SOMEKH, 1997, apud MELO, 2011, p.70-71)

Menezes (2008, p. 27) vigora nossa compreensão quando relata que:

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“[...]em 1869, na cidade de Nova York, o primeiro edifício vertical destinado

a abrigar apartamentos surgiu, localizando-se numa área de prestígio local.

Nesse prédio, já habitavam moradores de classes econômicas mais

privilegiadas. Os agentes da verticalização descobrem nesse momento o

lucro obtido com esses empreendimentos, e devido ao aumento no valor da

terra, quanto mais andares possuíssem os edifícios mais vantagens eles

obteriam.”(MENEZES, 2008, p.27)

Em sua essência o fenômeno da verticalização foi concebido com a desculpa

de suprir a falta do terreno urbano em cidades já bem adensadas, propiciando novos

arranjos na paisagem urbana. Neste contexto Melo (2011, p.70) nos esclarece que:

“No aspecto mundial, a verticalização surge de início principalmente nas grandes

cidades, com a ideia de suprir as necessidades de uso do solo urbano, defendendo

o ponto de vista de desenvolvimento e modernização.”

No Brasil assim como em outros países, o fenômeno da verticalização

também pode ser observado, não mais sendo rara sua incidência, visto que a

princípio se estruturou nas grandes cidades, mas em sua fase contemporânea pode

ser comumente constatado também nas cidades de porte médio e até mesmo em

alguns casos nas pequenas.

“Na segunda metade do século XX mudanças estruturais

beneficiaram o crescimento das atividades industriais ligadas à extração

mineral, aos serviços industriais de utilidade pública e à construção civil. O

acúmulo de capital nesse período passa a provocar especulações de toda

ordem, e a verticalização passa de um processo cultural e tecnológico para

ser fruto do capitalismo.” (MENEZES 2008, p. 35)

Neste sentido Silva (2008, p.19-20) nos insere na compreensão do fenômeno

no espaço urbano Brasileiro afirmando que:

“O processo de verticalização no Brasil inicia-se nitidamente na década de

1920, fruto da industrialização. No período que corresponde a 1920-1940

ocorre no país a substituição das importações, devido à crise econômica

gerada pela queda no preço do café. O capital que antes fomentava a

produção cafeeira migrou gradativamente para a indústria. Assim, aliadas

ao desenvolvimento industrial, ocorrem nesse período modificações

tecnológicas de impacto no país. A evolução nos equipamentos de

transporte vertical, por exemplo, foi importantíssimo para o aparecimento

dos arranha céus.” (SILVA, 2008, p. 19-20)

Conforme já exposto até aqui Oliveira e Silveira (2011, p,04) também no

alimentam nossa compreensão afirmando que: “O processo de verticalização urbana

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27

no Brasil começou nos primeiros anos do século XX. Inicia-se no Rio de Janeiro e

São Paulo e, posteriormente, dissemina-se por cidades grandes e médias.”

Melo (2001, p. 71) alinhado com a mesma percepção também espõe seu

parecer ao relatar que: “O processo de verticalização no Brasil, não se dá de forma

diferente da de outros países, tem início nas metrópoles a partir das décadas de 10

e 20 do século XX, primeiramente surgindo nas cidades do Rio de Janeiro e São

Paulo, onde as primeiras construções se concentravam no centro das cidades.”

(MELO 2011, p71)

Vimos que o Brasil não foi mero espectador, pelo contrário, efetivamente o

processo de verticalização foi instituído no pais inicialmente nas grandes cidades e

se dissemina pelo interior conforme demanda do capitalista.

“Entendida como resultado da multiplicação acelerada do solo urbano e da

maior produção e obtenção da mais-valia por parte de seus detentores, a

verticalização no Brasil se caracteriza por estar mais atrelada à habitação

que ao setor de serviços como aconteceu em muitos outros países do

mundo.” (SANTOS 2013, p.33)

Como vimos no Brasil a que se ressaltar a característica intrínseca da

verticalização nacional que sem dúvida está atrelado a um modelo que visa

preponderantemente a construção vertical.

3.3.2. Conceito de verticalização.

Como já sabemos (re)produção do capital no espaço inicialmente se dá de

forma horizontal, incorporando áreas antes rurais, que passam a ser urbanizadas

por intermédio do interesse dos agentes produtores. Os agentes deste processo

utilizam dentro do emaranhado de ações, práticas, que os propiciam movimentar o

espaço urbano de forma reiterada objetivando a sua reorganização agregando

novas áreas deteriorando, adensando, renovando e realocando de forma

diferenciada a infraestrutura do conteúdo social e econômico de recortes eleitos

pelos mesmos. (CORRÊA 1989).

A verticalização surge neste contexto como uma resposta mais rápida no

processo, maximizando o retorno do lucro aos agentes (re)produtores envolvidos.

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Vertical: perpendicular ao plano horizontal; que segue a direção do fio de

prumo; linha vertical. Essa é a definição que qualquer dicionário de português nos dá

como significado da palavra vertical, más sabemos que quando se trata de entender

um fenômeno que ocorre no espaço urbano o simples significado de uma palavra

não é o bastante, não é minimamente suficiente.

Para tal compreensão iniciaremos aqui pela contribuição de Ramires (1998,

p.98) que relata:

“A verticalização pode ser apontada como um exemplo da materialização

das transformações técnicas que atingem a cidade contemporânea de

forma contundente. Tal fato não deve ser considerado como uma

consequência natural da urbanização, mas uma das possíveis opções

traçadas e definidas pelos diferentes atores sociais e interesses econômicos

que envolvem a estruturação interna das cidades.” (RAMIRES, 1998, p.98)

Meneses (2008 p.22) também nos auxilia quando relata sua contribuição

dizendo que: “Pode-se concluir, [...] que verticalização é todo o processo em que se

apresenta o traçado vertical, que se sobressai em meio às horizontalidades que

multiplica o solo urbano, e que muda bruscamente a imagem da cidade no seu plano

geral.”

Convergindo neste sentido Silva (2008 p.16) afirma que: “Como o próprio

termo indica, verticalização é a construção destinada à residência ou concentração

de escritórios, composta de vários pavimentos, capaz de revolucionar a paisagem

urbana.”

Melo (2011, p.70) nos confere seu parecer sobre verticalização afirmando

que:

“[...]verticalização entende-se como um dos conceitos mais

importantes da modernização urbana de uma cidade, coincide com

profundas mudanças relacionadas aos aspectos social e cultural das

moradias e ao estilo de vida tradicional das diversas classes sociais,

sobretudo das classes média e alta. De modo geral, a chegada do primeiro

prédio, é assim, comumente comemorada com muita vibração, mesmo em

cidades médias e pequenas, onde a verticalização seria totalmente

dispensável.” (MELO 2011, p.70)

Já Oliveira e Silveira (2011, p.06-07) definem o que para eles é verticalização,

e vão além reafirmando a importância dos agentes no processo.

“A Verticalização pode ser entendida como um processo de crescimento

urbano por intermédio da proliferação de edifícios, que otimiza intensamente

o uso solo pela superposição de pavimentos. É por intermédio da interação

dos diversos agentes interessados, com suporte do capital que se possibilita

a multiplicação do solo urbano com a construção do edifício – a habitação

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passa a ser mercadoria - se transforma o espaço urbano e se reproduz o

processo de acumulação do capital.” (OLIVEIRA e SILVEIRA, 2011, p. 06-

07)

Pode-se averiguar até aqui que, a verticalização se caracteriza pelas

construções de edifícios na forma vertical, dividido em vários pavimentos, sempre

engendrados por agentes produtores do espaço urbano visando o máximo retorno

do processo, ignorando aspectos específicos como a necessidade ou não visto a

alta densidade ou mesmo em locais onde se tem vasto espraiamento de terrenos

ociosos. Fato que revela a não naturalidade do processo, e sim reforça o total

interesse dos agentes envolvidos, visando definições previas no organograma das

cidades almejando a (re)produção do capital.

3.2.3. Rondonópolis- MT e a Verticalização.

Até aqui compreendemos o que é o espaço urbano, como ele é produzido,

quem são os agentes produtores deste espaço e inserimo-nos de uma breve

concepção sobre o processo histórico da cidade de Rondonópolis até a sua

concepção como cidade média, além de nos aprofundarmos sobre o entendimento

do processo de verticalização e conceituá-lo. Neste tópico para concluir o

entendimento literário sobre estas questões, veremos como até então vem se

comportando o fenômeno da verticalização no município.

Basicamente o fenômeno da verticalização se expressa com características

muito parecidas em diversas cidades é em Rondonópolis vimos que essa

formulação e valida, pois, de início os edifícios se instalaram na parte central da

cidade assim como Demamann (2011, p. 156) salienta quando diz que:

“Em Rondonópolis, o crescimento vertical começou no Centro Principal da

cidade na segunda metade da década de 1970, cristalizando-se na década

de 1980, associada à concentração do comércio e prestação de serviços ao

longo das primeiras avenidas e ruas, consolidando a primeira centralidade

urbana, ligada aos usos residencial, comercial e misto.” (DEMAMANN,

2011, p. 156)

Para que o capital imobiliário pudesse trabalhar a verticalização em

Rondonópolis de forma intensa e sem que houvesse problemas de ordem jurídica

houve a intervenção do poder público municipal fato constatado por Melo (2011,

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p.78 ) quando afirma que: “Para que esse processo de verticalização que a cidade

de Rondonópolis vem passando, tenha o resultado de difundir o objetivo que é

difundido pelos incorporadores imobiliários, o de progresso e modernização, se faz

necessário que o poder público municipal assuma papel relevante, disciplinando e

normatizando o processo através da legislação urbana.”

Para Negri (2008, p.119) o momento em que a verticalização se institui na

cidade está a princípio em consonância com legislações permissivas e

incentivadoras, que contribuíram para o processo em Rondonópolis, em suas

palavras relata que:

“[...]o início da verticalização propriamente dita teve sua gênese a partir de

duas leis municipais criadas na década de 1970, que a facilitaram muito,

mesmo com a existência de imensos vazios urbanos da ainda incipiente

expansão horizontal, aliada à “modernização da agricultura” (iniciada em

torno da década de 1970) e à implantação das agroindústrias (a partir de

1985) [..]”(NEGRI, 2008, p.119)

Incentivado pelo poder público municipal, primeiramente a verticalização

começa a mudar a característica do centro da cidade, mas logo começa a se

disseminar pelo perímetro urbano, fato constatado por Demamann (2011, p157)

quando ressalta: “No ano de1987, a verticalização na área urbana de Rondonópolis

iniciou-se se disseminando primeiramente entre os bairros residenciais,

primeiramente na Vila Aurora e posteriormente na Sagrada Família.” Tendo em vista

que este processo está se disseminando para outros bairros como a região do bairro

Vila Birigui.

Os agentes produtores da verticalização em Rondonópolis permeiam áreas

que contam com boa infraestruturas urbana e localização além de vias de rápido

acesso ao centro.

“No atual momento, esse tipo de investimento em construção vertical tem

saído das áreas centrais, e buscado a implantação nas áreas

circunvizinhas, voltados quase sempre a atender a demanda residencial.

Sabe-se que o mercado dispõe dessa terra urbana como mercadoria, onde

essa tem seu valor de uso e troca relacionados a diversos fatores, dentre

eles localização, acessibilidade e infraestrutura.” (MELO 2011, p.77)

Neste sentido a instituição de edifícios de alto padrão nestas áreas são de

praxe no processo de verticalização fato explicado pelo grau de exigências cada vez

maior da classe alta, que em suma buscam saciar os desejos de estarem

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protegidos, de morar em localização privilegiada proximidade do centro e também

expor sua posição na sociedade (NEGRI 2008).

Quando nos colocamos a discutir o processo de verticalização em

Rondonópolis é incipiente destacar que várias empresas se destacam com forte

atuação no emaranhado urbano e praticamente são responsáveis pelo processo na

atual conjuntura.

“Várias empresas locais e uma de Cuiabá passaram a atuar no setor da

construção e incorporação de edifícios, aproveitando-se do momento

favorável de expansão do mercado imobiliário a partir do ano 2000. Os

novos prédios construídos apresentam diferenças nos projetos

arquitetônicos, com exclusividade residencial, presença de garagem e

equipamentos de uso coletivo, como playground, piscina e de festas.”

(DEMAMANN 2011, p.159)

Dentre as empresas que atuam no processo de verticalização em

Rondonópolis destaca-se empresas que atuam na cidade desde 1978, tendo

participação ativa na história do município, tendo também empresas que são

sediadas em Cuiabá é responsável por vários empreendimentos verticais.

(DEMAMANN 2011)

Rondonópolis possui uma gama de grandes empresas especialistas atuando

no processo de verticalização, objetivando a (re)produção do capital imobiliário.

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3.3. VERTICALIZAÇÃO EM CIDADE DO CAMPO

3.3.1. Cidade média: em busca de um consenso.

Antes de pontuar aqui em como Rondonópolis pode ser caracterizada como

uma cidade media, há que se fazer um parêntese sobre esta questão. A princípio

devemos salientar que o próprio termo “cidade média” ainda não está consolidado,

ainda não se tem um consenso sobre o mesmo, essa advertência é relatada por

França (et al, 2009 p, 56).

“Uma das dificuldades no estudo das cidades médias diz respeito ao seu

conceito. Não se sabe, ainda, de maneira precisa, se estamos diante de

uma terminologia, definição ou classificação. A abordagem sobre a cidade

média é muito complexa, o que revela a dificuldade em definir, conceituar

ou classificá-la. Para aprofundar o debate, de natureza teórico-

metodológica, que envolve as cidades médias, os estudiosos adotam

critérios de análise qualitativos e quantitativos.” (FRANÇA et al, 2009, p;56)

Para Oliveira Junior (2016, p. 01) “Os debates acadêmicos de âmbito teórico

e metodológico possuindo como temática a categoria de cidades médias inicia-se no

bojo das distinções escalares para a problematização em diferentes perspectivas de

filiações epistemológicas.” Ou seja, antes de propor a caracterização de uma dada

cidade como sendo média, temos inevitavelmente dentro do que se pretende

analisar, buscar a melhor forma de maneira concisa, o critério ou os critérios para tal,

visto que não há ainda um consenso para essa definição.

Para Amorim Filho e Serra (2001, p.02) “Essa inexistência de consenso

também ocorre no meio técnico-científico, onde, literalmente, não há uma definição

cristalizada de cidade média, uma classificação que pudesse ser utilizada

indistintamente pelos sociólogos, economistas, arquitetos, geógrafos, demógrafos,

embora dentro de cada especialidade seja possível encontrar algum acordo sobre a

matéria.”

Alguns encaminhamentos têm que ser discutidos antes, de consolidarmos por

essa ou aquela forma de abordar nosso objeto de estudo, como por exemplo a

constatação de França (et al, 2009, p.55) quando ressalta que:

“No Brasil, as cidades médias ampliam sua importância econômica e

demográfica relativa, a partir da década de 1970, através de políticas

públicas de desconcentração populacional nas metrópoles, principalmente

na região Sudeste, que recebeu grandes fluxos populacionais intensos, a

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33

partir da década de 1950, decorrentes da concentração industrial nessa

região. É, portanto, com o objetivo de promover o desenvolvimento regional

no país, a parir da descentralização das atividades metropolitanas, que

surge o interesse de investimentos e planejamentos voltados para as

cidades médias.” (FRANÇA et al, 2009, p. 55)

Tal constatação é confirmada por Melo (2011, p. 57) ao relatar que: “Através

da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (PNDU) desenvolvida pelo

Governo Federal, como formas de buscar meios para um ordenamento territorial, no

ano de 1970 foi criado o II Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(II PND), [...]”. Essa política visava frenar a crescente aglomeração das grandes

cidades.

A partir dos anos 1970, emergem as cidades medias contrapondo as grandes

cidades como alternativa, ou mesmo freio das mesmas, e em paralelo reforçando

seu posicionamento no emaranhado regional pois até então somente as grandes

cidades tinham esse status no sistema regional. (MELO, 2011).

Para França (et al, 2009, p.67):

“As cidades médias representam importantes centros econômicos e

demográficos, definindo novos papéis frente à recente organização territorial

brasileira. As atuais dinâmicas de consumo e produção que se estabelecem

nos espaços intra-urbanos dessas cidades influenciam e são igualmente

condicionadas pelos novos arranjos territoriais e econômicos relativos à

produção e ao consumo do espaço urbano.” (FRANÇA et al, 2009, p.67)

Para o IBGE a classificação de uma cidade, para se caracterizar como sendo

média teria necessariamente que conter de, 100 001 a 500 000 habitantes. Essa

forma quantitativa de classificação das cidades recebe muitas críticas, por deixar de

fora outras características importantes como a relevância da cidade no emaranhado

regional ou a sua importância econômica por exemplo.

Para Amorim Filho e Serra (2001, p.09) os critérios são mais relevantes e

importantes para essa classificação, e elegem de forma mista o

quantitativo/qualitativo para isso, como veremos a seguir:

“interações constantes e duradouras tanto com seu espaço regional

subordinado quanto com aglomerações urbanas de hierarquia superior;

tamanho demográfico e funcional suficiente para que possam oferecer um

leque bastante largo de bens e serviços ao espaço microrregional a elas

ligado; suficientes, sob outro ponto, para desempenharem o papel de

centros de crescimento econômico regional e engendrarem economias

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34

urbanas necessárias ao desempenho eficiente de atividades produtivas;

capacidade de receber e fixar os migrantes de cidades menores ou da zona

rural, por meio do oferecimento de oportunidades de trabalho, funcionando,

assim, como pontos de interrupção do movimento migratório na direção das

grandes cidades, já saturadas; .condições necessárias ao estabelecimento

de relações de dinamização com o espaço rural microrregional que o

envolve; e diferenciação do espaço intra-urbano, com um centro funcional já

bem individualizado e uma periferia dinâmica, evoluindo segundo um

modelo bem parecido com o das grandes cidades, isto é, por intermédio da

multiplicação de novos núcleos habitacionais periféricos.” (AMORIM FILHO

E SERRA, 2001, p.09)

França (et al, 2009 p,57) corrobora com essa afirmação quando discorre:

“A funcionalidade urbana dessas cidades, sua localização e inserção

regional, as trocas comerciais que elas estabelecem com outros centros de

grande porte, bem como a influência que elas exercem em seu contexto

regional, dentre outros, constituem aspectos a serem considerados para a

compreensão desses centros urbanos enquanto cidades médias.” (FRANÇA

et al, 2009, p. 57)

Melo (2011, p.68) também colabora afirmando que: “As cidades médias se

caracterizam como nós de intermediação inter e intraurbana, podendo ser vistas

como territórios atrativos de emprego, apresentam um processo ativo em constante

crescimento econômico e populacional, onde são oferecidos os mais diversos

produtos e serviços como nas grandes cidades.”

Pelos fatos já expostos até aqui, sabemos que há sim, uma dificuldade em se

conceituar uma cidade como sendo média pela falta de um consenso. Sabemos

também que não podemos classifica-las apenas pelo modelo puro e único

quantitativo, por não representar de fato a real importância de uma cidade no

contexto capitalista de existir. Más também foi revelado aqui através dos autores

citados, critérios relevantes para nos servir de base para uma boa classificação.

3.3.2. Rondonópolis-MT cidade média.

Para tal Santos (2016, p.174) nos alega que:

“Até 1970, a ocupação do território em termos locais era uma questão de segurança nacional, geopolítica e demográfica, mas a ocupação socioeconômica daquele espaço e sua efetiva integração econômica aos contexto nacional e cenário internacional, foram determinantes para o desenvolvimento da cidade de Rondonópolis, a partir dos anos 1970. A integração econômica da região ao cenário nacional, juntamente com o

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processo de modernização e reorganização do espaço agrário, fez de Rondonópolis uma região polarizadora do desenvolvimento regional.”

Para Melo (2011 p.62): “[...]Rondonópolis como todo o estado de Mato

Grosso desenvolveu um intenso e rápido processo de urbanização, o que acarretou um crescimento demográfico acelerado e desencadeou a expansão urbana da cidade, [...]”.

“Atualmente, Rondonópolis constitui uma região polarizada dentro

do sudeste mato-grossense, e ao mesmo tempo consegue estabelecer uma área de influência em seu entorno imediato, o que a caracteriza como uma área-região: tornou-se um centro que coordena e dirige as atividades de produção, conquistando, portanto, uma funcionalidade econômica em relação às demais cidades da microrregião.[...] a Ferrovia Norte-Sul, as rodovias BR-163 e BR 364 cruzam o município, permitindo uma comunicação da cidade com a região Centro-Sul e o Centro-Oeste e o norte do país através da BR-364. Rondonópolis tem na localização geográfica, um diferencial em relação aos outros municípios da região, por estar situada em um entroncamento rodoviário que permite a instalação de atividades que estão interligadas com diferentes partes do território: fato que contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento econômico do município.” (SANTOS 2016, p.175)

A cidade de Rondonópolis e muito importante regionalmente e a (re)produção do capital e substancial, e esse status de liderança regional torna-se um atrativo para a cidade.

“Rondonópolis é considerada cidade polo da Região Sul do Mato Grosso. O amplo desenvolvimento da economia é resultado da instalação de indústrias de grande porte na cidade, o que contribuiu para a diversificação da economia, criando demanda por novos serviços, mão-de-obra especializada e variedade no comercio, ampliando a oferta no setor comercial e prestação de serviço.” (DEMAMANN 2011, p. 206-207)

Santos (2016, p.174) ainda resalta que:

“À medida que os centros ganham dinamismo, eles também tendem a

receber grupos de migrantes, oriundos de áreas urbanas, atraídos pelo

crescente setor terciário, como é o caso da cidade de Rondonópolis. [...] A

influência de Rondonópolis na malha urbana da Mesorregião Sudeste Mato-

grossense é fato cristalizado, pois aí se concentra grande parcela das

atividades comerciais, econômicas e de prestação de serviços circunscritas

no seu espaço, principalmente aquelas revestidas de um elevado conteúdo

técnico.” (SANTOS, 2016, p.174)

O setor médico-hospitalar de Rondonópolis e dado principalmente pela

expansão socioeconômica vivenciado pela cidade, propiciando a inserção no setor

de saúde de instrumentos, técnicas e equipamentos sofisticados. (DEMAMANN

2011).

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Em relação ao ensino, a cidade conta com um campus da Universidade

Federal de Mato Grosso (UFMT), também conta com uma unidade da escola técnica

do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), além de possuir mais dez instituições de

ensino privado nas modalidades presencial e a distância. (MELO 2011).

Rondonópolis, exerce influência tanto regional quanto de caráter nacional e

internacional, polo acadêmico, polo regional de saúde e mesmo com uma

industrialização tardia que se consolida a partir dos anos 1980, o setor cresceu

aliado ao forte impulso do agronegócio e ainda detém o segundo maior PIB (produto

interno bruto) do Estado perdendo apenas para a capital Cuiabá, devido a sua

capacidade econômica atrai cada vez mais pessoas que passam a não ir mais para

os grandes centros. Vê-se então cada vez mais a busca pela comodidade das

cidades medias que ofertam uma gama de serviços só vistos nos grandes centros,

mas com ares de cidade do interior. É nessa perspectiva que entendemos a

massificação da verticalização em atendimento as demandas da classe média/alta

cada vez mais exigentes.

Temos a consciência que ainda não se tem um conceito/definição do termo

Cidade média assim como já elencamos anteriormente, mas é através das

características utilizadas pelos autores citados que entendemos a voracidade do

capital imobiliário em Rondonópolis, visto que a cidade é considerada referência

regional.

Através da constatação de Negri (2008, p.98) o contraditório se exibe quando

afirma que:

[...] com a aprovação da ampliação do perímetro urbano de Rondonópolis

através da Lei Municipal nº 4.788, de 30 de Março de 2006, que dispõe

sobre alterar o § 2º do art. 1º e o art. 2º da Lei nº 4.689, de 11/11/2005 que

institui o Perímetro Urbano, a área urbana expandida é quase o dobro do

que existia antes. Ou seja, em números, o antigo perímetro urbano possuía

12.690,58 ha (hectares), passando agora a vigorar com 25.145,88 ha.

Portanto, se considerarmos os cálculos acima para o novo perímetro

urbano, a cidade dispõe agora de espaço suficiente para abrigar mais de

1.000.000 (um milhão) de habitantes, ainda sem a necessidade de

verticalização. (NEGRI, 2008, p.98)

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Neste sentido Rondonópolis mesmo sendo cidade media com importância

regional e nacional, não se explicaria o processo de verticalização tendo em vista

um perímetro urbano espraiado e com vazios a serem utilizados, assim como mostra

a figura a seguir, a não ser pela lógica da (re)produção do capital especulativo.

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Figura 02 – Perímetro urbano de Rondonópolis

Fonte: Silvio Moisés Negri 2008 Organização: Nilson Rosa da Conceição 2017

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4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1. Métodos

No caminho escolhido para o tramite de uma pesquisa cientifica, a

metodologia se torna essência indelével a produção da mesma, fato que explica a

sua importância, pois será ela que conduzirá o pesquisador na busca pelos seus

objetivos.

“A Metodologia é compreendida como uma disciplina que consiste em

estudar, compreender e avaliar os vários métodos disponíveis para a

realização de uma pesquisa acadêmica. A Metodologia, em um nível

aplicado, examina, descreve e avalia métodos e técnicas de pesquisa que

possibilitam a coleta e o processamento de informações, visando ao

encaminhamento e à resolução de problemas e/ou questões de

investigação.” (PRADANOV E FREITAS, 2013 p.14)

Em suma a metodologia também pode ser compreendida a partir da

concepção de Demo (1985, p.19)

“Metodologia é uma preocupação instrumental. Trata das formas de se

fazer ciência. A finalidade da ciência é tratar a realidade teórica e

praticamente. Para atingirmos tal finalidade, colocam-se vários caminhos.”

(DEMO, 1985, p.19)

O pesquisador defronte o tema proposto, em suma delimita sua metodologia

como achar de melhor tom, visando a proposta inicial. Demo (1985) nos remete a

metodologia como parte fundamental a própria formação do pesquisador ao decidir

pela escolha da metodologia a ser perseguida, favorecendo o espirito crítico.

4.2. Método de abordagem.

Não basta escolher por escolher, é preciso acreditar e principalmente ter fé no

método de abordagem eleito pelo pesquisador, disso dependerá o sucesso da

pesquisa.

Para Marcone e Lakatos (2003, p.95) a proposta de Popper se dá, da

seguinte forma:

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“Para Karl R. Popper, o método científico parte de um problema (P1), ao

qual se oferece uma espécie de solução provisória, uma teoria-tentativa

(TT), passando-se depois a criticar a solução, com vista à eliminação do

erro(EE) e, tal como no caso da dialética, esse processo se renovaria a si

mesmo, dando surgimento a novos problemas (P2). ”(MARCONE e

LAKATOS, 2003, p.95)

Colaborando em mesmo sentido no entendimento do método hipotético-

dedutivo Pradanov e Freitas (2013 p.32) relatam que:

“A pesquisa científica, com abordagem hipotético-dedutiva, inicia-se com a

formulação de um problema e com sua descrição clara e precisa, a fim de

facilitar a obtenção de um modelo simplificado e a identificação de outros

conhecimentos e instrumentos, relevantes ao problema, que auxiliarão o

pesquisador em seu trabalho. ” (PRADANOY e FREITAS, 2013, p.32)

Neste sentido elegemos aqui o método hipotético-dedutivo desenvolvido por

Karl Popper como alicerce solido e insolúvel na busca pela compreensão do

problema proposto nesta pesquisa.

4.3. Materiais e Técnicas

4.3.1 - Do objetivo específico número 1 (caracterizar a situação da verticalização em

Rondonópolis em 2017)

Para cumprir este objetivo foi realizado trabalho de campo para levantar in

loco exemplos de edifícios nas 3 regiões mais antigas que concentram prédios na

cidade identificadas na revisão de literatura. E também a nova região do bairro

Residencial Celina Bezerra. Tais edifícios foram quais foram registrados por fotos.

4.3.2 - Para cumprir o segundo objetivo buscou-se ampliar o número de registros

fotográficos dos edifícios bem como a localização espacial dos mesmos em mapa,

com auxílio do Google Erth de modo a se tentar uma regionalização dos padrões de

verticalização que está ocorrendo na cidade. Buscou-se classificar os edifícios em

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termos de padrão comercial, residencial e mistos (que concentram mais de uma

função).

4.3.3 - Para cumprir o terceiro objetivo específico foi analisado a legislação de uso e

ocupação do solo e também a do parcelamento do solo e ainda a do plano diretor de

Rondonópolis confrontando com os padrões de verticalização encontrados na

cidade, no sentido de verificar se os mesmos respeitam tal legislação e se a mesma

contempla tais padrões.

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5 – RESULTADOS

5.1 - A Regiões do Processo de Verticalização em Rondonópolis

Com já sabemos eis que o espaço urbano é seccionado mas ao mesmo

tempo ligado entre si, resultado das contradições da sociedade que por fim o

secciona novamente. Neste sentido a verticalização é resultado das objetivações

financeiras em receber de volta os dividendos que investiu acrescidos do lucro.

Rondonópolis assim como outras cidades de porte médio também sofre com

a incidência do fenômeno da verticalização e a gênese deste processo pode ser

entendida pelo relato de Demamann (2011, p. 143-144) que explica:

“Atualmente nas cidades, a expansão do tecido urbano é motivada pelos

interesses da produção do espaço vinculada à especulação imobiliária,

visando à, exclusivamente, maior lucratividade em relação às novas formas

de morar principalmente nas cidades medias.”(DEMAMANN, 2011, p.143-

144)

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Na imagem abaixo pode-se observar em destaque as principais regiões

verticalizadas em Rondonópolis

Figura: 03 Principais regiões verticalizadas em Rondonópolis

Fonte: Google Earth (2017)

Organização: Nilson R. Conceição.

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Em Rondonópolis o processo de verticalização inicia-se a partir da região

central. Se entender que a região foi a primeira a se instituir infraestrutura adequada

como agua, luz, esgoto, telefone, pavimentação asfáltica entre outros, entende-se

também a escolha do centro pelos agentes produtores para a construção dos

edifícios verticais no início do processo, aliás é nessa porção do espaço da cidade

que se concentra a maioria dos edifícios comerciais.

Vemos na imagem a seguir o edifício Mikerinos um dos símbolos da

verticalização no centro de Rondonópolis, presente na paisagem a 32 anos.

(Foto: 01)

Edifício Mikerinos, Avenida Amazonas Centro de Rondonópolis Foto: Nilson R.Conceição

2017 Segundo Demamann (2011, p. 156)

“Em Rondonópolis, o crescimento vertical começou no Centro Principal da

cidade na segunda metade da década de 1970, cristalizando-se na década

de 1980, associada à concentração do comercio e prestação de serviços ao

longo das primeiras avenidas e ruas, consolidando a primeira centralidade

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urbana, ligado aos usos residencial, comercial e misto.”(DEMAMANN, 2011,

p.156)

A verticalização que até então restrita ao centro passa a se distribuir pelo

perímetro urbano em especial as áreas escolhidas para isso foram os bairros Vila

Aurora de início e posteriormente o Sagrada Família.

Essas duas regiões da cidade de Rondonópolis hoje há uma intensificação do

processo de verticalização em especial no entorno do Rondon Plaza Shopping, visto

que o mesmo valorizou ainda mais a região que já era conhecida como área nobre

na cidade.

(Foto:02)

Rondon Plaza Shopping ao fundo intensificação da verticalização. Foto: Nilson R. Conceição

2017

Com certeza a região que compreende ao entorno do Rondon Plaza

Shopping em a menina dos olhos dos agentes reprodutores do espaço urbano,

neste sentido é visível a diferenciação da paisagem na região com aumento das

construções verticais no perímetro.

Negri (2008, p.114) nos relata que:

Está havendo, portanto, uma nova redefinição nas relações centro/periferia

nas cidades médias. Até os anos de 1980, havia uma concentração espacial

forte em torno de um único centro, compondo uma estrutura monocêntrica

de deslocamento intra-urbano, concentrando as atividades comerciais e de

serviços. O que tem se verificado depois desse período é a

desconcentração dessas atividades, atraídos principalmente pelos bairros

da classe de maior renda. O estabelecimento de novos eixos comerciais, de

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serviços, shopping centers, acompanhados de uma segmentação de seus

consumidores, segundo seus padrões de consumo e sua capacidade de

locomoção através do automóvel. (NEGRI, 2008, p.114)

Essas características do processo de verticalização podem ser observadas

em Rondonópolis e não só próximo aos centros comerciais como Rondon Plaza

Shopping, mas o caso do bairro Vila Birigui que em sua maioria tem uma rede de

atividades ligados a serviços de saúde. Como exemplo, podemos citar a Santa Casa

maior Hospital da região sul do Estado de Mato Grosso, além de boa localização

com acesso a vias de trânsito com fluxo rápido ao centro, próximo da faculdade

Anhanguera e ao Hipermercado Assaí atacadista.

Nas imagens a seguir pode-se observar a forte característica dessa região da

cidade na primeira imagem o hospital Santa Casa e na segunda o hospital Mater

Clin. A santa Casa por sua vez foi um dos primeiros edifícios verticais de grande

porte dessa área da cidade.

(Foto: 03) (Foto: 04)

Hospital Santa Casa Hospital Mater Clin Fotos: Nilson R. Conceição 2017 2017

Todas essas características dão aos agentes produtores do espaço urbano de

Rondonópolis as justificativas necessárias para a produção de condomínios verticais

na região. Essa constatação pode ser afirmada pela construção de um dos maiores

edifícios da cidade com 24 andares.

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(Foto: 05)

Edifício Santorini Bairro Vila Birigui

Foto: Nilson R.Conceição

2017 Considerando o exposto até aqui, a verticalização em Rondonópolis através

das ações dos agentes (re)produtores intensificam cada vez mais o processo na

cidade e observa-se um aumento dos empreendimentos mais luxuosos na cidade,

que em paralelo contribuem para uma valorização dos bairros onde se instalam.

Negri (2008, p. 88) contribui para a nosso entendimento quando relata que:

“Sempre que o poder público dota uma zona qualquer da cidade de um

serviço público como: água encanada, escola pública ou ainda de ônibus,

por exemplo, ele chama a atenção para esta zona, demandas de moradores

e/ou empresas que, anteriormente devido à falta do(s) serviço (s) básico (s),

davam preferência a outras localizações. Estas novas demandas, deve-se

supor, estão preparadas a pagar pelo uso do solo, e acabam expulsando as

que não têm essa condição, em termos de compra ou aluguel. Daí,

geralmente ocorre à rápida valorização dessas áreas. Percebemos, então,

como o Estado age ligado a interesses bem particularizados, acarretando

uma segregação socioespacial gradativa e impedindo a população de mais

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baixa renda ao acesso de mínimas condições de subsistência social.”

(NEGRI, 2008, p.88)

A atuação do Estado é de suma importância neste sentido para o processo de

verticalização, pois quanto mais dotados de serviços públicos, mais interessantes

ficam essas regiões aos olhos dos agentes (re)produtores. A medida que essas

regiões são consumidas pelo processo de verticalização, também as valorizam

ainda mais, restringindo o acesso e encontrando-se a mercê dos que tem as cifras

necessárias para tal.

Silva (2008, p.26) ainda salienta que:

“As soluções do mercado imobiliário têm atendido apenas a uma minoria da

população, aquela que dispõe de renda suficiente para ter acesso as linhas

de crédito. A diminuição do papel do Estado nas realizações de programas

habitacionais, a busca por soluções habitacionais através da

autoconstrução e a capacidade das empresas imobiliárias de influenciar o

poder público diante de decisões que privilegiem o mercado de habitação

tem contribuído para a segregação do espaço urbano criando áreas

altamente estruturadas em detrimento de outras, pobres em equipamentos

urbanos.Toda essa dinâmica, [...]não ocorre de forma homogênea no

espaço urbano. Ela é seletiva, e busca as melhores áreas, ou aquelas mais

valorizadas pela população abastada. É nesse espaço que ocorre de forma

mais efetiva o processo de verticalização. Por isso, a localização terá

também vasta influência na valorização do capital e nos preços de moradia.

Os equipamentos públicos, a proximidade dos serviços e dos centros

administrativos e comerciais tornará o espaço construído mais procurado e,

portanto mais valorizado.” (SILVA 2008, p. 26)

E suma evidenciamos até aqui, que de fato o processo de verticalização em

Rondonópolis está cada vez mais ascendente, e os resultados deste processo,

parecem despercebidamente, uma característica da modernização da cidade e

estimula a sensação de orgulho de ser cidadão rondonopolitano. Por outro lado

temos uma supervalorização de áreas da cidade, onde o acesso é restrito a poucos

que podem pagar por esse direito, impulsionado e empurrando as classes de renda

baixa para áreas mais distantes e sem a estrutura mínima para também terem uma

qualidade de vida mínima e digna.

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5.2. Verticalização e espacialização quanto à função em Rondonópolis.

A verticalização em Rondonópolis, tem se sobressaído com funções que

variam na cidade, entre elas estão edifícios destinados ao comercio e serviços,

residências e de cunho misto (residencial e comercial no mesmo bloco).

Na imagem abaixo podemos observar a distribuição da verticalização no

espaço urbano de Rondonópolis.

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Figura: 04 Distribuição da verticalização no espaço urbano de Rondonópolis.

Fonte: Google Earth Organização: Nilson R. Conceição.

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Conforme trabalho de campo realizado, e também utilização da ferramenta

Google Erth, dividiu-se a espacialização em três, 01 Região da Vila Birigui, 02

Região Central e 03 Região da Vila Aurora e Parque Sagrada Família.

A seguir, veremos os nomes e as funções dos edifícios elencados de forma

buscando a compreensão do todo a partir de mapas mais detalhados e tabelas.

Começaremos pela região da Vila Birigui, que tem sido um dos focos da

verticalização, principalmente por que nos últimos anos vem crescendo as

edificações sofisticadas, destinados principalmente a residencial.

(Foto:06) (Foto:07)

Edifício: Araucária Vila Birigui 9 andares Edifício: Classic Vila Birigui 12 andares Função: Residencial Função: Residencial Foto: Nilson R. Conceição Foto: Nilson R Conceição

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(Foto:08) (Foto:09)

Edifício: Santa Casa de Misericórdia Edifício: Hospital Mater Clin Função: Serviços Função: Serviços Foto: Nilson R. Conceição Foto: Nilson R. Conceição

(Foto:10)

Edifício Santorini 22 andares Função: Residencial Foto: Nilson R. Conceição

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Na imagem abaixo, podemos verificar como está a distribuição da verticalização na Vila Birigui, onde pude constatar em trabalho de campo, que além dos edifícios mais antiga como Santa Casa, vem crescendo no bairro edifícios de alto padrão.

Figura: 05 Distribuições da Verticalização na Vila Birigui

Fonte: Google Earth Organização: Nilson R. Conceição.

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Na tabela a seguir segue a lista de edifícios e suas respectivas funções no

bairro.

Tabela: 01

Fonte: Nilson R. Conceição.

Conforme descrito na tabela vemos uma predominância de edifícios

destinados à função comercial, mas ao mesmo tempo, há uma crescente quanto aos

de uso residencial.

Prosseguindo com o nosso objetivo, veremos a seguir alguns dos edifícios da

região central de Rondonópolis, essa região foi a primeira a se adensar e a receber

os primeiros passos do processo de verticalização na cidade.

Como veremos a seguir o padrão das funções exercidas pelos edifícios,

variam um pouco mais em comparação com a região anterior, visto que é no centro,

está a maioria das atividades comerciais.

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(Foto:11) (Foto:12)

Edificio: Piramide 9 andares Edifício: Rios Hotel 12 andares Função: Misto Função: Comercial/serviços Foto: Nilson R Conceição Foto: Nilson R Conceição

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(Foto: 13) (Foto:14)

Edifício: Monique 3 pavimentos Edifício: Porto Seguro 16 andares Função: Comercial/Serviços Função: Comercial/Serviços Fotos: Nilson R. Conceição Fotos: Nilson R. Conceição

(Foto: 15)

Edifícil: Verona 12 andares Função: Misto Foto: Nilson R. Conceição

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Conforme imagem abaixo, podemos analisar, a distribuição da Verticalização

na regia central de Rondonópolis.

Figura: 05 Distribuições da Verticalização na Região Central.

Fonte: Google Earth Organização: Nilson R. Conceição.

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Tabela: 02

Fonte: Nilson R. Conceição

Conforme tabela, podemos constar a partir da análise das funções, que há

uma predominância de edifícios comerciais, e em menor proporção os de uso misto,

e por último os destinados à residência. Podemos entender a predominância dos

edifícios comercias, pois o centro concentra várias atividades comerciais.

A extensão desde o Bairro Vila Aurora até o Parque Sagrada Família, é uma

das mais verticalizadas de Rondonópolis. A Vila Aurora e Parte do Parque Sagrada

Família possuem boa estrutura publica, vias de transito de fácil acesso ao centro.

De início, a verticalização se expandiu pela Vila Aurora, principalmente pela

sua proximidade ao centro, mas foi após a construção do “Rondon Plaza Shopping”

que ela se consolidou, e começou a permear áreas do Sagrada Família.

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(Foto: 16) (Foto:17)

Edifício Bela Vista 12 andares Edifício Rondon 22 andares Função: Residencial Função: Residencial Foto: Nilson R. Conceição Foto: Nilson R. Conceição

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(Foto:18) (Foto:19)

Edifício Taiamã 16 andares Edifício Confort Hotel 12 andares Função: Residencial Função: Comercial Foto: Nilson R. Conceição Foto: Nilson R. Conceição

(Foto:20)

Edifício Zii Hotel 8 andares Função: Comercial Foto: Nilson R. Conceição

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Conforme imagem abaixo, vemos a disposição parcial dos edifícios pelo

espaço urbano.

Figura: 05 Distribuições da Verticalização na Região da Vila Aurora e Sagrada Família

Fonte: Google Earth Organização: Nilson R. Conceição.

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Tabela03

Fonte: Nilson R. Conceição.

Podemos constatar em análise das funções exercidas pelos edifícios da

região da Vila Aurora e Parque Sagrada Família, a predominância destinada à

função residencial.

Cabe destacar, que a maioria dos edifícios de alto padrão, estão localizados

nessa Região, considerada região nobre da cidade e onde os agentes (re)produtores

da capital imobiliário exercem com mais intensidade a reprodução do capital

imobiliário, valorizando ainda mais a região principalmente no entorno do Rondon

Plaza Shopping.

5.3. Verticalização e Legislação em Rondonópolis

A constituição federal de 1988 prevê o seguinte:

“Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder

público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo

ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o

bem-estar de seus habitantes.

§ 1º - O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para

cidades com mais de vinte mil habitantes, é o instrumento básico da política

de desenvolvimento e de expansão urbana.” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL

1988, ARTIGO 182)

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Em atendimento ao disposto previsto na constituição, o Estatuto das Cidades

é criado delimitando as diretrizes e bases gerais, da organização urbana.

“Art. 1o Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da

Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei.

Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da

Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam

o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do

bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.” (ESTATUTO

DAS CIDADES,2001)

Dentre as normas de ordem pública que trata o Estatuto das Cidades, está

previsto o plano diretor municipal.

“Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico

da política de desenvolvimento e expansão urbana.

§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo de planejamento

municipal, devendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o

orçamento anual incorporar as diretrizes e as prioridades nele contidas”.

(ESTATUTO DAS CIDADES, 2001)

Neste sentido, a lei federal obriga o Estado a organizar o meio urbano, já

prevendo a instituição do Plano Diretor Municipal, enquanto que o Estatuto das

Cidades, vem no sentido de instituir as diretrizes e bases gerais.

O Plano Diretor, é uma ferramenta fundamental a organização urbana das

cidades brasileiras, propiciando a participação da sociedade, visando a melhor

adequação da lei as características locais. Sendo assim, o Plano Diretor

teoricamente exerce oportunidade única as cidades, pois confere em seu sentido, a

prevenção da organização urbana, sempre buscando a melhor organização

possível, dando bases e diretrizes, para que futuras ações sejam seguidas pelo

executivo municipal, visando a harmonia social como um todo.

Também em atendimento as legislações já citadas, faz parte das obrigações

do Estado na esfera municipal, a lei complementar de uso e ocupação do solo

urbano, inserindo-se no conjunto de normas que almejam o melhor controle possível

da organização urbana, neste sentido em Rondonópolis, a lei complementar nº 056,

de 14 de dezembro de 2007 vem como ferramenta auxiliar ao plano diretor.

Art. 1° O uso e a ocupação do solo no Município, realizados por agentes

públicos e a sociedade, são regulados pela presente Lei, obedecidos os

princípios nela estabelecidos e observado o Plano Diretor de

Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Rondonópolis-MT. (USO E

OCUPAÇÃO DO SOLO EM RONDONÓPOLIS, 2006)

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64

Assim, o plano diretor rege as diretrizes, e a lei complementar delimita de

forma mais estrita as diretrizes. Neste sentido cabe ressaltar alguns pontos da Lei de

Uso e Ocupação do Solo em Rondonópolis como Lei Complementar 208 de 2015:

“Artigo 14 §1º – Para os efeitos desta Lei, coeficiente de aproveitamento é

a razão entre a área total edificável e a área do lote correspondente,

representada em seu valor absoluto. (USO E OCUPAÇÃO DO SOLO DO

MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS, 2006)

Ainda neste sentido, parafraseando a Lei de Uso e Ocupação do Solo, os

coeficientes de aproveitamento de construção exercidos em Rondonópolis vão de

1,5 (uma vez e meia) a 06 (vezes) a área do terreno.

Como forma exemplificar, como a legislação não está sendo cumprida ou está

havendo conivência dos agentes públicos, escolhemos aqui citar o caso do edifício

“Gran Lux Club Residence” ainda em fase de construção, mas, que promete ser um

dos mais luxuosos de Rondonópolis, e um dos mais altos da cidade. Na imagem

ilustrativa abaixo, podemos visualizar em primeiro plano como ficara o edifício após

a sua conclusão.

Figura: 08 Imagem ilustrativa do edifício Gran Lux Club Residence.

Fonte: Yootube

Organização: Nilson R. da Conceição

Nas imagens abaixo podemos constatar a atual fase de construção do edifício

“Gran Lux Club Residence”

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n

Fotos: Gran Lux Club Residence / Em Construção

Fonte: Nilson R. conceição

Cabe aqui destacarmos que, este condomínio está sendo construído na

avenida Governador Júlio José Campos, considerada segundo a lei de uso e

ocupação do solo como sendo Zona Linear que é definida como:

“Art. 5º As diferentes zonas de uso estão estabelecidas no Plano Diretor de

Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Rondonópolis-MT.

§1º – Conforme previsto no Plano Diretor, a Zona Linear (ZL), constituída

pelas faixas bilaterais que compreendem os lotes frontais às ruas ou

avenidas preponderantes para comércio e serviço, tem suas vias

discriminadas no anexo I desta Lei. [...]” (USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

DO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS, 2006)

Neste sentido podemos entender então que o coeficiente máximo permitido

para essa Zona seria o disposto a seguir:

Art. 15 Os coeficientes de aproveitamento de construção estão assim

definidos: [...] VI – na Zona Linear (ZL), 02 (duas) vezes a área do terreno,

podendo ser 04 (quatro) vezes quando em lotes frontais às vias providas do

sistema público de esgotamento sanitário; [...]” (USO E OCUPAÇÃO DO

SOLO DO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS, 2006)

Segundo informações do site da Batista Empreendimentos Imobiliários

responsável pelas vendas, o edifício que já está em construção, deve alcançar 31

pavimentos destinados a residências de alto padrão, divididos em aproximadamente

28.226 m². Partindo destas informações sabemos então que o coeficiente de

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aproveitamento já não foi respeitado, neste sentido os incorporadores devem estar

utilizando de um mecanismo previsto também no Plano diretor que é a “Outorga

Onerosa do Direto de Construir”.

O Plano Diretor deixa claro essa condição como podemos constatar a seguir

quando lemos os artigos:

“Art. 45 O Poder Público Municipal poderá permitir, no perímetro urbano,

alteração de uso do solo, mediante contrapartida a ser prestada pelo

beneficiário.” (PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE

DESENVOLVIMENTO URBANO E AMBIENTAL DO MUNICIPIO DE

RONDONÓPOLIS, 2006)

Os referidos artigos relatam sobre a “Outorga Onerosa do Direto de Construir”

que visa a aceitação do aumento do coeficiente de aproveitamento do solo urbano

através de contrapartida dos interessados, neste sentido a lei de uso e ocupação do

solo delimita os coeficientes máximos e mínimos, mas o plano diretor deixa claro

que, há exceções.

Sabemos que em Rondonópolis, a verticalização está a pleno vapor, e os

agentes envolvidos não medem esforços para intensificar o processo na cidade, e

facilmente conseguem erguer edifícios de grande porte sem muito esforço, visto que

a legislação limita de um lado, mas libera por outro sendo assim parece estar

havendo uma competição entre os grupos que representam esse processo na

cidade para ver que constrói o edifício mais alto da cidade.

Os agentes (re)produtores do espaço urbano de Rondonópolis, se aliam a

fragilidade da legislação, ou ausência, como por exemplo uma lei gabarito máximo,

que limitaria a altura máxima das edificações por exemplo. Nos referimos a esta

indagação, por que, em nossas pesquisas sobre a legislação municipal, referente ao

que buscamos compreender neste trabalho, não encontramos essa referência a não

ser pela simples menção do artigo: “Art. 199 As quadras fronteiriças ou adjacentes

ao Ribeirão Arareau terão alturas de edificações com gabarito máximo de 04

(quatro) pavimentos (compreendido o térreo).” (PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO

DE DESENVOLVIMENTO URBANO E AMBIENTAL DO MUNICIPIO DE

RONDONÓPOLIS, 2006). Neste sentido, a cidade de Rondonópolis está à mercê

dos agentes (re)produtores do espaço urbano.

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5.3.1. O caso da verticalização do Residencial Celina Bezerra em Rondonópolis

Como já sabemos também o Estado atua como regulador, mas também pode

se inserir no processo de (re)produção do espaço de outras formas, e uma dessas

formas e sua atuação como incorporador, quando propicia as condições necessárias

para tal. Em suma essa atuação é para a instalação de residências destinadas as

classes de baixa renda.

“[...]os condomínios verticais destinados a classe de menor renda, através

de programas governamentais. [...] na maioria das vezes, são produzidos

em grandes quantidades de prédios e apartamentos, dificultando o controle

de circulação de pessoas, não se configurando desta forma em segregação

residencial excludente e auto segregativa.” (NEGRI, 2008 p.107)

Em Rondonópolis são vários os condomínios horizontais destinados as

classes de baixa renda, mas uma das últimas atuações do Estado neste sentido foi o

investimento em uma nova forma de morar destinados a estes serviços, e cabe aqui

o nosso interesse pois se trata de um grande condomínio vertical destinado a

serviços de menor renda da cidade.

Em reportagem do jornal A Tribuna de Rondonópolis temos a noção da

grandiosidade do projeto.

“O projeto do “Celina Bezerra” é financiado pelo Banco do Brasil. Os

beneficiados serão enquadrados pelo “Programa Minha Casa, Minha Vida –

Faixa 01”, com renda entre 0 a R$ 1.600,00. O residencial vem sendo

construído em blocos verticais de 04 andares, com 04 apartamentos por

andar. Ao todo, está prevista a construção de 162 torres de 04 andares

nesta primeira etapa.

[...]Além disso, o projeto previa inicialmente, em uma segunda etapa, a

construção de mais 1.438 apartamentos, totalizando 4.030 apartamentos,

sendo um dos maiores projetos habitacionais de Mato Grosso.” (A TRIBUNA

2017)

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A construção deste projeto por parte do Estado pode ser compreendida a

partir da constatação.

Negri (2001 apud Negri 2008, p.109) afirma:

“Para os membros da classe dominante, a proximidade de um território

popular representa um perigo constante de violência, revoltas, doenças e

tráfico de drogas. Por isso, essa população deve ser controlada, através

principalmente, da criação de loteamentos habitacionais populares próprios

para essa classe proletária[...]. ”(NEGRI, 2001 apud NEGRI, 2008, p.109)

Podemos observar pelas imagens a seguir que fica constatada essa

afirmação de Negri

Condômino residencial Celina Bezerra próximo a região do Grande Conquista Foto: Nilson R. Conceição

Estranhamente o Estado converge em direção a verticalização de projetos

habitacionais em Rondonópolis, diante do que já sabemos sobre o assunto, em

suma a verticalização foi instituído em grandes cidades visto a falta de terrenos para

que se pudesse adensar ainda mais lugares já saturados, o que não é o nosso caso,

pois esse processo, mesmo os que são feitos pelas vias tradicionais capitalista

visando unicamente o lucro já não se justifica, imagine um processo de

verticalização proporcionado pelo Estado? É no mínimo bizarro o que o Estado está

fazendo em Rondonópolis, visto que os edifícios destinados a classe dominante

contam com as melhores localizações e diversos serviços em seu interior (limpeza,

elevadores, porteiros, academias entre outros) em suma são bem estruturados. Já o

Estado propicia um processo de verticalização em blocos com apartamentos

pequenos, distantes do centro e de equipamentos públicos básicos (escolas,

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unidades básicas de saúde, etc....) adensando um local praticamente no meio do

nada.

Como podemos constatar no mapa abaixo, o residencial Celina bezerra está

sendo construído bem distante do centro sem a justa contiguidade prevista no plano.

Como podemos verificar na imagem abaixo, pelas vias mais rápidas

disponíveis na malha viária, o trajeto do residencial Celina Bezerra ao centro está

entorno de 11 km.

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Figura: 09 Celina Bezerra localização e distância em Km do centro.

Fonte: Google Erth Organização: Nilson R. Conceição.

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Não o bastante podemos ainda citar o artigo a seguir:

Art. 57 Não serão admitidos loteamentos distantes ou segregados da malha

urbana da cidade, devendo ser contíguos aos bairros periféricos e ter a

continuidade ou integração do sistema viário e de trânsito, exceção feita aos

parcelamentos para fins industriais. (PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO

DE DESENVOLVIMENTO URBANO E AMBIENTAL DO MUNICIPIO DE

RONDONÓPOLIS, 2006)

Nele podemos analisar mais uma vez a falta de comprometimento com a

legislação vigente, e pior, constatamos a total ineficiência do poder público para isso.

Como já dissemos e reiteramos aqui, o caso do residencial Celina Bezerra em

construção nas imediações do Grande Conquista, que também serve de exemplo

em se tratando do artigo 57 do Plano Diretor, pois contraditoriamente é uma região

afastada da cidade sem nenhum traço contiguo, assim como versa tal artigo.

Podemos constatar que aqueles que de fato deveriam seguir a lei não as cumprem

mesmo tendo mecanismos que forçaria essa contiguidade, como é o caso do artigo

a seguir.

Art. 41 O direito de preempção confere ao Poder Público Municipal

preferência para aquisição de imóvel objeto de alienação onerosa

entre particulares. (PLANO DIRETOR PARTICIPATIVO DE

DESENVOLVIMENTO URBANO E AMBIENTAL DO MUNICIPIO DE

RONDONÓPOLIS, 2006)

O referido artigo dá ao executivo municipal preferência de aquisição de imóveis

desde que o mesmo manifeste este direito na forma da lei, direito esse que é

justificado pelo inciso segundo do mesmo artigo.

“§ 2° Lei municipal delimitará as áreas em Rondonópolis-MT em que

incidirá o Direito de Preempção, sempre que o Município necessitar

de áreas para:

I regularização fundiária dos assentamentos com população de baixa

renda;

II parcelamento do solo ou conjuntos habitacionais de interesse

social;

III parcelamento do solo para pólos industriais;

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IV abertura, prolongamento, modificação, ampliação ou duplicação de

vias de circulações públicas;

V complementação da infraestrutura urbana; [...]”. (PLANO DIRETOR

PARTICIPATIVO DE DESENVOLVIMENTO URBANO E

AMBIENTAL DO MUNICIPIO DE RONDONÓPOLIS, 2006)

Podemos constatar que há sim mecanismos a serem utilizados pelo poder

público, para que se cumpra o que de fato a lei exige dentro do que a população

almeja através de participação popular. Mas o que vemos é a ineficiência, a

inobservância planejada e a conivência em não se seguir a legislação vigente o que

propicia aos agentes (re)produtores do espaço urbano um verdadeiro paraíso para

suas ações visando unicamente o lucro aferido pela multiplicação do capitalista.

Em outros regimes políticos a verticalização é decorrente do aumento da

população e devido a isso o aumento da procura por moradias, e ampliação das

cidades, sendo necessário a otimização do uso do espaço.

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7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A verticalização vem alterando a paisagem urbana das cidades médias

brasileiras, entre elas Rondonópolis. Neste sentido, todo estímulo que nos leve a

uma compreensão mínima do fenômeno, é válida.

No caminho para nos aproximarmos de compreensão do fenômeno da

verticalização na mancha urbana de Rondonópolis, evidenciamos através de

regionalizações, os espaços com maior incidência do fenômeno em Rondonópolis,

como também sua distribuição espacial. Evidenciamos ao fim destes dois objetivos

que há um crescente do fenômeno na região da Vila Birigui, principalmente de

edifícios destinados a residência, já a região central ainda desperta o interesse em

se verticalizar, mas com menos intensidade. Em contrapartida a Vila Aurora e

Parque sagrada Família estão sofrendo uma intensificação do processo

principalmente de edifícios destinados a moradia, e com forte concentração nas

imediações do Rondon Plaza Shopping.

E por fim, procuramos entender o papel da legislação no processo de

verticalização, e constatamos que, as principais leis voltadas parar regulação do

meio urbano contém contradições, não está sendo cumprida por que de fato deveria

fazê-lo ou ainda está sendo burlada utilizando os próprios mecanismos previstos em

lei.

Ainda analisando a legislação municipal, confrontamos a mesma com a

construção do bairro residencial Celia Bezerra que é um dos maiores conjuntos

habitacionais do Estado Mato grosso. Neste sentido evidenciamos falha no que

descreve a lei, pois segundo a mesma não poderiam ser construídos bairros que

não fosse continuo a mancha urbana, mas o que se constata é o contrário, o Estado

propicia as condições necessárias para isso, principalmente por meio de legislação

conivente ou permissiva. Os impactos de um adensamento dessa proporção sem

que os equipamentos públicos acompanhem podem caminhar um desequilíbrio

social de mesma proporção.

O processo de verticalização é muito complexo, mas pode ser entendido pela

sobreposição do solo criado, sem a necessidade de grandes áreas terra para isso

visando a maximização dos lucros. Em cidades onde há intensa densidade

horizontal talvez ela se justifique como não é o caso de Rondonópolis, ficamos com

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compreensão de que ela só se justifique na cidade, pelo desejo dos representantes

do capital imobiliário em aferir maior retorno possível do capital investido.

O capitalismo em sua pior perversidade tem várias formas, e o capital

imobiliário é uma delas. Sendo assim, podemos compreender a verticalização como

a ponta da lança, o bastão com os incorporadores imobiliários e o papel da mão que

a segura a lança fica a cargo do capital imobiliário\especulativo, mas as vítimas

dessa arma, sendo o setor menor renda da sociedade.

Se de alguma forma este trabalho contribuir para o meio acadêmico ou para a

sociedade, mesmo que minimamente, já terá sido valido todo o esforço para que

chegássemos até aqui.

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