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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Faculdade de Medicina
Departamento de Terapia Ocupacional
Curso de Pós-Graduação em Acessibilidade Cultural
Andréa Chiesorin Nunes
MODO DE PRODUÇÃO DE TRABALHOS EM ARTE COREOGRÁFICA
Campocorpo: a dança como meio a consolidar Setor Artístico
Corpocampo: a dança como modo de corpodespadronizado
Trabalho de memorial descritivo apresentado como requisito necessário à conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato sensu Especialização em Acessibilidade Cultural, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Departamento de Terapia Ocupacional, para obtenção do título de especialista.
Orientador: Prof. Dr. Marcos Vinícius de Almeida e Profa. Dra. Patrícia Dorneles
Rio de Janeiro Março de 2014
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Agradecimentos
Ao professor Marcos Vinícius de Almeida, pela simplicidade de me fazer entender o tema;
A professora Patrícia Dorneles, pela amável condução do processo e rigor na orientação;
Ao Andre Andries, amado sempre, por nossa história no arte sem barreiras;
Ao Jorge Marcio Pereira de Andrade e Rogério Andreolli, por não desistirem de mim;
A Valtair Romão, o Vavá, amigo, responsável por este meu trajeto;
Aos colegas do Curso de Especialização em Acessibilidade Cultural, novos amigos de rede;
A Faculdade e a Escola Angel Vianna, que me disponibilizaram horas para me qualificar;
A Maria Teresa Taquechel e Beth Caetano, pela acolhida em salas de aula de dança;
A Angel Vianna e Valéria Peixoto, pela oportunidade de trabalhar e aprender com vocês;
A Ilsa, Libero Filho e Netto, Alceu, Luciane, por mesmo a distância estarmos sempre perto;
Ao Alexandre Gonçalvez, ALÊ meu amor maior e meu sentido de viver.
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Resumo
A monografia tem como objetivo geral analisar o acervo documental da
própria autora para apresentar um esboço da trajetória de movimento social
formado por artistas, pessoas com e sem deficiência, por meio de ações
desenvolvidas no campo da Cultura, Educação, Arte e Política entre os anos de
1990 a 2014. Fatos e acontecimentos desse período serão revistos no sentido
apontar as conquistas e os retrocessos vivenciados por esse movimento.
Como objetivo específico, a pesquisa pretende mapear e cartografar a
memória da produção estética e artística de pessoas com deficiência como um
segmento cultural. Nesse sentido, o trabalho será voltado para o modo de
produção em arte coreográfica. Para tal, selecionou um histórico da
participação protagonizado por grupos artísticos em distintos períodos e
espaços culturais, pretendendo também verificar questões sobre a
acessibilidade artística.
Como proposta metodológica, pretendemos analisar as dimensões de
consciência coletiva, política e corporal, no sentido de apontar o “campo de
força” do território corpo. A investigação se fará pela prática da Psicologia na
abordagem da Análise Institucional criada por Felix Guattari. Trata-se de uma
intervenção micropolítica que abre a possibilidade de uma prática ao mesmo
tempo de análise e mudança; não só composto de indivíduos, mas
dependente de certo funcionamento social, econômico, institucional, micro e
macropolítico – que contribui para a manutenção pessoal e social e, portanto,
para um desbloqueamento das lutas políticas (Guattari/Rolnik, 1987 p. 69).
Essa ferramenta de analise é definida como meio a compreender a
profissionalização: o corpocampo e para dialogar com a circulação de obra de
arte: o campocorpo. Duas categorias que visam mapear a construção de
oportunidades e também a divisão social do trabalho ou não para a pessoa
com deficiência no Setor Cultural.
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Em resumo, essa proposta de estudo conjuga trajetória pessoal,
profissional e participação social e política da autora, seja como bailarina ou
psicóloga, e seu envolvimento com o tema da deficiência e da arte.
Nessa trajetória, será descrita a sua participação na Associação Vida
Sensibilidade e Arte/VSA do Brasil, no período de 1990 a 2004, especialmente,
a partir de 1999, quando passou a integrar o coletivo de voluntários da entidade
e, a partir do ano 2000, já atuando como principal Consultora e Curadora de
Dança, influenciando escolhas profissionais na formação em arte de pessoas
com deficiência no país.
Também será descrita a trajetória e a prática da autora na área dos
direitos humanos por meio da participação no “Projeto Baila Comigo” 1998 do
Centro de Informática e de Informações sobre Paralisias Cerebrais/DefNet,
realizado em parceria com a Escola Angel Vianna, onde conheceu Maria
Teresa Taquechel e posteriormente, com Rogério Andreolli e Fernanda Rocha
fizeram surgir, no Rio de Janeiro, a Pulsar Cia de Dança Contemporânea 2000,
aqui escolhida como tema e principal companhia para analisar o período e as
questões aqui propostas.
Palavras-chave:
Acessibilidade, dança, deficiência, profissionalização.
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Résumé
Le document a pour objectif général d'analyser la collection de documents de l' auteur elle-même de présenter un aperçu de la trajectoire du mouvement social composé d'artistes, de personnes handicapées et non handicapées, à travers des actions développées dans le domaine de la culture, de l'éducation, l'art et la politique, entre les années 1990-2014. faits et événements de cette période seront examinées afin de souligner les réalisations et les revers subis par ce mouvement.
Des objectifs spécifiques, la recherche vise à tracer et à la mémoire de la production esthétique et artistique des personnes handicapées comme un segment culturel. En ce sens, le travail est axé sur l'art chorégraphique de mode de production. Pour ce faire, sélectionnez une histoire de participation mettant en vedette des groupes artistiques dans les différentes périodes et des espaces culturels, avec l'intention de vérifier également sur les questions d'accessibilité artistiques.
Comme une proposition méthodologique, nous avons l'intention d'analyser les dimensions de la conscience politique collective et du corps, de souligner le " champ de force " territoire de corps. L'enquête sera effectuée par la pratique de la psychologie dans l'approche de l'analyse institutionnelle créée par Félix Guattari. Il s'agit d'une intervention micro qui ouvre la possibilité d'une pratique tandis que l'analyse et le changement; composé non seulement des individus, mais dépend de certains groupes sociaux, économiques, institutionnels, micro et macro - opération de politique - ce qui contribue à l'entretien personnel et social, et donc à la libération des luttes politiques (Guattari/Rolnik, 1987 p 69).
Cet outil d'analyse est défini comme un moyen de comprendre la professionnalisation: la corpocampo et de s'engager avec la circulation des œuvres d'art: campocorpo. Deux catégories qui visent à cartographier les possibilités de construction et aussi la division sociale du travail ou d'une personne non handicapée au secteur culturel.
En résumé, cette proposition d'étude combine la participation personnelle, professionnelle et sociale de l'auteur et la carrière politique, soit comme une danseuse ou un psychologu , et son implication avec le thème du handicap et de l'art .
Sur le chemin sera décrit leur participation à la vie syndicale et la sensibilité Arts / VSA du Brésil, dans la période 1990-2004, en particulier à partir de 1999, quand il rejoint le collectif de bénévoles de l'organisation et de 2000 agit déjà comme consultant principal et conservateur de la danse, influer sur les choix de carrière de la formation dans l'art des personnes handicapées dans le pays .
Aussi l'histoire et la pratique de l'auteur dans le domaine des droits de l'homme à travers la participation à «Projet Baila Me" en 1998, le Centre de Calcul et de l'information Paralysie Cérébrale / DefNet, menée en partenariat avec l'École Vianna Ange, où il a rencontré Mary seront décrites Teresa Taquechel et plus tard avec Roger Andreolli et Fernanda Rocha ont donné lieu, à Rio de Janeiro, le Pulsar Cia danse contemporaine en 2000, ici choisi comme thème principal et de l'entreprise pour analyser la période et les questions proposées ici.
Mots-clés:
Accessibilité , la danse , le handicap , la professionnalisation
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I PARTE – PRIMEIRO MOMENTO ............................................................................................... 8
Corpocampo como linguagem artística ......................................................................................... 8
PRÓLOGO .................................................................................................................................. 15
A contingência do memorial ........................................................................................................ 15
1ª ATO Capítulo UM .................................................................................................................... 22
Fusão de corpos e de campos de atuação ................................................................................. 22
II PARTE – SEGUNDO MOMENTO ........................................................................................... 37
Campocorpo como delimitação do campo de atuação ............................................................... 37
2º ATO – Capítulo DOIS.............................................................................................................. 37
Fusão: Corpo Clássico e Psicologia| Direitos Humanos ............................................................. 37
ENTRE ATO - Capítulo TRÊS ..................................................................................................... 47
Da filosofia à práxis: ação ........................................................................................................... 47
ENTRE ATO - Capítulo QUATRO ............................................................................................... 78
Fusão da Dança Clássica com a Dança Contemporânea .......................................................... 78
Fusão: Corpo Contemporâneo, Educação, Cultura, Arte e Estética .......................................... 81
3ª ATO - Capítulo CINCO ........................................................................................................... 91
Corpodespadronizado ................................................................................................................. 91
III PARTE – TERCEIRO MOVIMENTO..................................................................................... 106
ENTRE ATO - Capítulo SEIS .................................................................................................... 106
Analisadores históricos e construídos ....................................................................................... 106
4ª ATO - Capítulo SETE ............................................................................................................ 117
A CENA que não aparece e os RESULTADOS que não engrenam ........................................ 117
EPÍLOGO - Capítulo Oito .......................................................................................................... 152
Campos de Forças e Discussões Polêmicas ............................................................................ 152
IV PARTE – QUARTO MOMENTO ........................................................................................... 173
Considerações Finais ................................................................................................................ 173
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 178
ÍNDICE DE SIGLAS .................................................................................................................. 180
ANEXOS .................................................................................................................................... 181
8
I PARTE – PRIMEIRO MOMENTO
Corpocampo como linguagem artística
Política de acesso e uso do acervo
A pesquisa em questão é o resultado de conclusão do Curso de
Especialização em Acessibilidade Cultural pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro/UFRJ em parceria com o Ministério da Cultural/MinC/Secretaria de
Cidadania e Diversidade Cultural/SCDC.
Análise Institucional1 será utilizada como metodologia de pesquisa-ação
pela análise dos grupos sociais, de acontecimentos e fatos no campo de
trabalho da pessoa com deficiência e da cultura, tendo a experimentação
artística como dispositivo analisador.
Recorremos ao artigo de William Pereira (2007): Movimento
institucionalista: principais abordagens para introduzir o método teórico
escolhido:
A Análise Institucional ou Socioanálise é uma das modalidades do Institucionalismo mais difundidas no Brasil. Protagonizada por René Lourau e Georges Lapassade a partir da década de 60, surgiu como um prolongamento da Terapia Institucional, da Pedagogia Institucional, da Filosofia, da Sociologia Política e da Dinâmica de Grupo americana de Kurt Lewin. Direcionou-se em seguida para a análise de grupos sociais (e não de indivíduos). A Análise Institucional é um procedimento coletivo, que visa realizar análise dos integrantes de uma organização, as relações, as estruturas, as atitudes, as convenções e as práticas habituais. O papel do coordenador, analista institucional, é propor o surgimento do “não-dito”. Para isso, é necessário criar
1 Análise Institucional, termo criado por Felix Guattari, para nomear uma tendência na ação
movimento na década de 60, na França; A Análise Institucional-método válido para a pesquisa teórica, nas ciências humanas, para a intervenção psicossocial e para a experimentação social em geral. Método de análise em situação. Seu objeto se define como sendo a problemática social real, isto é, o lugar do sujeito inconsciente do grupo-suporte dos investimentos do desejo de seus membros. Trata-se de uma intervenção micropolítica abrindo a possibilidade de uma prática ao mesmo tempo de análise e mudança. Análise reveladora da singularidade do processo de um “agenciamento coletivo de enunciação” – não só composto de indivíduo, mas dependente de certo funcionamento social, econômico, institucional, micro e macropolítico – que contribui para a manutenção pessoal e social e, portanto, para o desbloqueamento das lutas políticas. (Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo. Feliz Guattarri. Editora Brasiliense. São Paulo. 1987. 3ª edição. Nota da tradutora: Suely Rolnik. P.68 e 69.
9
“dispositivos analisadores” históricos, espontâneos e naturais. Os analistas organizam a “subversão” (outra versão) da instituição com a ajuda da palavra, dos dispositivos analisadores e da participação dos membros.
De acordo com Lourau (1993), a Análise Institucional tem forças de teor instituíste e entra, portanto, em contradição com o já instituíste produtor de uma imobilidade a ser quebrada com a intervenção. Há uma íntima e imediata relação desses dispositivos analisadores com a consecução do processo de auto-análise e autogestão. Já que os membros do grupo assimilam um saber hegemônico sobre suas vidas, tomam consciência do grau de alienação que estão submetidos e produzem um novo clima político de gestão e administração de suas próprias organizações.O movimento institucionalista, embora abranja um amplo campo teórico e pratico, é o saber intersticial a sua marca principal, isto é, propostas que não se fixam, não se atêm a dogmas, mas se constituem em proposição permanente, contando com dispositivos inéditos, fluidos e desenquadrados, visando, operativamente, à autogestão das organizações. São duas correntes do movimento institucionalista: a análise institucional ou socioanálise e a sociopsicanálise (esta última, aqui não será abordada) (p.13 e 14). Trata-se de uma análise sustentada pelo coletivo, que assume a tarefa de pesquisar, questionar e analisar a história, os objetivos, a estrutura e o funcionamento da organização, além dos dispositivos, práticas e agentes grupais. A Socioanálise tem como objetivo ultrapassar a psicossociologia grupal e a sociologia das organizações, ao analisar as determinações ocultas dos grupos, tendo como protagonista o próprio coletivo. O papel do analista consiste em auxiliar a elucidar os conteúdos adormecidos, a fim de, na medida do possível, expor o material oculto, a partir do que os analistas institucionais denominam “dispositivos analisadores”, os quais podem ser divididos em duas categorias: construídos e espontâneos. Construídos são os dispositivos analisadores criados pelo analista e o coletivo para deflagrar o processo de análise: o resultado de uma pesquisa quantitativa e qualitativa, a exibição de um filme, um psicodrama, etc. Espontâneos, por sua vez, são os fenômenos que fazem parte do cotidiano das organizações institucionais: os fundadores, a missão, o poder, o dinheiro, a sexualidade, a burocracia (leis, normas, regulamentos e constituições), a corporeidade, as práticas do estabelecimento (p.18) (...) A principal fonte de coleta de analisadores concentra-se na pesquisa da história da instituição. O interesse pela análise do material histórico embasa-se na premissa de que reconstruir o passado auxilia na compreensão de como o mesmo está vivo e atuante no presente e, desde já, determinando o futuro. O levantamento de dados históricos faz parte do modelo de pesquisa-ação ou pesquisa participante: constrói-se de maneira democrática, porque o pesquisador faz com que os sujeitos se transformem em protagonistas do saber. Utiliza-se a autogestão e a auto-análise: os membros do grupo não recebem do exterior um saber, mas são provocados a tomar consciência do que são e, sobretudo, de suas potencialidades. Um dos aspectos relevantes da Socioanálise é que a equipe de analistas institucionais faz parte do processo. Existe também para ela certo desconhecimento de como as características gerais do sistema incidem no trabalho coletivo realizado; a isso se chama “análise da implicação” (BAREMBLITT, 1992). Na ocasião de intervenção, a equipe de analistas deve examinar também seus próprios conflitos e contradições. (p.14)
A implicação com o tema apresentado se dá pela livre escolha
profissional, quando pude escolher desde pequena, aos quatro anos que queria
ser bailarina e a partir dos onze anos, iniciei minha trajetória profissional em
artes. O que interessa nesta pesquisa é saber se todos podem escolher sua
profissão?
Estamos especificamente nos referindo a escolha pelo trabalho em arte
coreográfica, a quem está estendido este campo de trabalho? Esta
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oportunidade? Queremos com esta questão, problematizar a divisão social do
trabalho entre pessoas com e sem deficiências. Compreender a motivação, a
construção de desejo, de forma a não estabelecer impedimento frente à
escolha.
O interesse pelo assunto surgiu quando em 1998 no I Festival Latino
Americano de Artes Sem Barreiras no SESC Pompéia/São Paulo, apreciei pela
primeira vez, artistas: bailarinos e atores, pessoas com e sem deficiência juntos
encantando a plateia. Fruição estética que jamais se despregou do meu
imaginário, tenho em mim aquela presença cênica que me fizeram mover em
prol de uma causa.
Quando cheguei ao Rio de Janeiro em 1984 aos dezessete anos, era
bailarina clássica e desejava entrar no corpo de baile do Theatro Municipal do
Rio de Janeiro, vim acompanhar a família e motivada a fazer a audição. Desejo
que não se concretizou e adiante, na II Parte deste estudo, descrevo as
mudanças que atravessaram esta decisão.
Acabei entrando para a faculdade de psicologia em 1986 e sem muito
entusiasmo me aproximei do campo de atuação do psicólogo, foi quando
conheci a abordagem em socioanalise e, com mais evidencia me ressaltaram
as desigualdades da sociedade brasileira.
Passei a entender a importância da participação social na construção da
historia no país pela atuação na cidade e no campo específico e, não desejei
me alienar aguardando pelos acontecimentos, militante me tornei atenta às
macro e micropolíticas, desta forma, este trabalho está construído em dados
vivenciados e percorridos pela carreira de bailarina/dançarina e de
socioanalista da autora e estão elencados como objeto de investigação neste
memorial.
Em forma de narrativa nem sempre linear foram organizados assuntos
interligados em blocos, constituindo um conjunto de dados apresentados em
oito capítulos. Sistematizados em quatro partes/quatro momentos.
A pesquisa de modo não convencional utilizou-se do formato de obra de
arte para organizar cronologicamente e sem destacar prioridade os elementos
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apresentados, desta forma, o trabalho está composto na I Parte – primeiro
momento CORPOCAMPO COMO LINGUAGEM ESTÉTICA, com Prólogo: A
contingência do memorial e 1ª Ato: Fusão de corpos e de campos de atuação;
II Parte – segundo momento CAMPOCORPO COMO DELIMITAÇÃO DO
CAMPO DE ATUAÇÃO, com 2ª Ato: Fusão corpo clássico e psicologia/direitos
humanos, Entre Ato: da filosofia à práxis e a fusão da dança clássica com a
dança contemporânea; e no 3ª Ato: corpodespadronizado; III Parte – terceiro
momento apresentação dos analisadores; 4ª Ato: A CENA que não aparece e
os RESULTADOS que não engedram, com EPÍLOGO: campos de forças e
discussões polêmicas; IV Parte – quarto momento, com as considerações
finais.
O PRIMEIRO e o SEGUNDO MOMENTO contextualizam a gênese,
constitui a identidade e as influências da formação, apresenta experiências
norteadoras e a fusão entre os assuntos interligados que consolidam o campo
de intervenção em direitos humanos e arte, MOMENTO finalizado pelo capítulo
cinco sobre a Pulsar Cia de dança contemporânea, quando é apresentado o
entendimento de corpo (corpodespadronizado), meio a consolidar Setor
Artístico.
A partir do TERCEIRO MOVIMENTO no capítulo seis apresentam-se os
dispositivos analisadores, sejam esses históricos, espontâneos ou construídos;
como ferramentas para análise, uma estratégia documentalmente para registrar
arquivos institucionais e de uma trajetória personalizada no campo da cultura
da pessoa com deficiência e segmento cultural. E no 4ª Ato apontamos a Cena
que não aparece, são os resultados de diferentes encontros com propostas
concretas que não saem do papel e ainda no sétimo capítulo, finalizamos com
os campos de forças e discussões polêmicas.
Encerrando o trabalho com a IV Parte – QUARTO MOVIMENTO com as
considerações finais, apontando para a urgência para esta pauta com
continuidade e neste sentido, o estudo aqui apresentado seguirá como objeto
de pesquisa para o mestrado e doutorado.
Nesta investigação apresento relação direta com diferentes instituições e
grupos na causa dos direitos humanos e artes, o objetivo desta pesquisa é de
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levantar o legado de Albertina Brasil no Programa Artes Sem
Barreiras/Funarte/MinC, como de Jorge Márcio no Centro de Informática e
Informações sobre paralisias cerebrais/Defnet, ambos no Rio de Janeiroa,
quando serão narrados entre outros, fatos e acontecimentos que apresentem a
atuação do Movimento Social dos artistas, pessoas com e sem deficiência na
década de noventa, evidenciando sua existência como também, seu
esquecimento.
A relação com movimento social se naturalizou diante da sensibilidade
pessoal da pesquisadora por compreender que o preconceito, a discriminação
geram marcas estigmatizantes que produzem exclusão em escala muitas
vezes irreversível. Na pesquisa será apresentado um panorama dos
movimentos e das organizações em estudo e, para melhor compreensão
seguiram sub capítulos específicos.
A minha aproximação com a causa dos direitos da pessoa com
deficiência se deu pela implantação do Projeto Baila Comigo|DefNet ao
estabelecer parceria com a Escola Angel Vianna para a qualificação em dança
contemporânea e de reeducação motora e de terapia através da dança
firmando interesses em comum, em prol do artista.
Formada como bailarina contemporânea e estimulada operativamente à
autogestão das organizações, como respaldada pela visão da Psicologia pela
Análise Institucional em busca das revoluções moleculares promovidas por
ações micropolíticas, seguiu-se acompanhando os dispositivos inéditos e
transformamos o Projeto Baila Comigo num Programa de Ações Articuladas em
Arte do Movimento (2000 a 2014) capaz de aglutinar forças ao identificar o
potencial para uma rede.
Na ocasião também era membro da Coordenação Nacional de Artes
Cênicas do Programa Artes Sem Barreiras (2000 a 2004) – atuava como
consultora e curadora de Dança; coordenava o comitê estadual artes sem
barreiras Rio de Janeiro (1998 a 2004) - quando fundamos o Núcleo de
dança&teatro do Estado do Rio de Janeiro.
13
A partir de 2004 passei a compor o Conselho Diretor da VSA do Brasil,
Associação Vida Sensibilidade e Arte até os dias de hoje e em exercício até
2016. Na Faculdade e Escola Angel Vianna – além de coordenar os cursos
técnicos de dança, coordeno o Programa Interagindo Ações/Departamento de
Extensão e Memória (2003 a 2013), como também sou cofundadora, gestora e
bailarina/interprete-criadora da Pulsar2 Cia de Dança Contemporânea, quando
em 1998 conheci Maria Teresa Taquechel Y Saiz, Elisabeth Caetano e
posteriormente Rogério Andreolli, artistas atuantes na causa a muito mais
tempo do que eu.
Buscaremos com este estudo mapear e se possível for recuperar com
esta iniciativa o caráter histórico e político d’arte feita por, com e para pessoas
com e sem deficiências no Brasil durante os anos de 1990 a 2004 pela
Associação Vida Sensibilidade e Arte |VSA - Associação Very Special Arts do
Brasil em parceria com o Centro de Programas Integrados | CEPIM Funarte –
Fundação Nacional de Artes| Ministério da Cultura, MinC.
Este trabalho de conclusão de curso – TCC tem como proposta, instituir
o Centro de Documentação, de Registro e de Memória Artes Sem Barreiras
(CDRMEMÓRIA’SEMBARREIRAS), organismo interno, da Associação Vida
Sensibilidade e Artes/VSA do Brasil em parceria com o DefNet- Centro de
Informática e Informações sobre Paralisias Cerebrais – Banco de Dados/Baila
Comigo.
Com o compromisso de mapear informações sobre os artistas, pessoas
com deficiência atuantes no campo cultural. Tendo como instrumento as ações
do Programa Artes Sem Barreiras/VSABrasil/Funarte/MinC (PASB) pelas ações
da Rede de Intervenção Baila Comigo/DefNet em parceria com a Escola e
Faculdade Angel Vianna. Na articulação de ações do movimento realizadas
juntamente com o núcleo de dança&teatro de arte, sem barreiras Rio, nos
últimos anos reunindo informações sobre o segmento.
2 Companhia de Dança do Rio de Janeiro - formada por atores e bailarinos pessoas com e sem
deficiências; fundada em 2000; (sobre este assunto verifique capítulo adiante na página 91)
14
A Rede de Intervenção Baila Comigo é propulsora da criação do “CDR
MEMÓRIA'SEMBARREIRAS”, visa estabelecer o acesso aos documentos de
arquivos privados identificados como de interesse público e social, que poderá
ser franqueado mediante de seu proprietário ou possuidor.
A Rede constituída pelo movimento social de artistas do sudeste pelo
Estado do Rio de Janeiro através do núcleo de dança&teatro de arte, sem
barreiras um dos braços da Coordenação dos Cursos Técnicos da Escola de
Dança Angel Vianna (EAV) em Botafogo, na capital desde 2000.
Neste ano foi criada a Pulsar Cia de Dança Contemporânea, uma das
companhias do Núcleo de Coreógrafos da EAV, composta por atores e
bailarinos pessoas com e sem deficiências, onde sou interprete-criadora –
como também coordenadora do curso de bailarino contemporâneo e de
reeducação motora e de terapia através da dança.
A proposição desta política visa formalizar uma prática de acesso e uso
do acervo do “CDRMEMÓRIA'SEMBARREIRAS” em andamento, porém não se
encontrava registrada. O seu registro auxilia também na reflexão sobre as
possibilidades e dificuldades de atendimento de público externo,
particularmente sobre acesso e uso dos arquivos privados.
Documentação arquivada constituída de fotos, relatórios, jornais,
cartazes e outros testemunhos representativos do cotidiano dessa comunidade,
pertencente ao legado de Albertina Brasil, um patrimônio brasileiro,
consideramos que o acervo deva ser conservado, protegido, tratado e
informatizado antes de estar disponível totalmente e aberto à consulta.
Deve-se, contudo, ter reservas quanto ao manuseio desse material para
que não se acelere o processo de degradação, assim como, há de se cuidar do
uso que se fará dos documentos e das informações aí contidas ao apresentar
uma política de acesso e uso do acervo, com a intenção de disponibilizar
material e informações arquivadas nos últimos anos.
O projeto aqui apresentado quer contextualizar a existência do material
na intenção de proteger e de promover visibilidade diante aos artistas, pessoas
15
com deficiência e a produção cultural. Despertar interesse pela visualidade do
assunto e constituir meio a atualizar as informações e oferecer um veículo para
melhor conhecimento artístico. Para que cada região cartografe a cadeia
produtiva no setor impulsionando que as setoriais de áreas instituam política de
acesso para os profissionais em questão.
Este trabalho trata de Política de Acesso, de Política Cultural no
segmento social da pessoa com deficiência. A pesquisa em questão reúne
informações referentes às últimas três décadas no Brasil, um levantamento
histórico dos movimentos sociais brasileiros comprometidos em assegurar o
campo de trabalho para o artista, pessoa com deficiência no Setor da Cultura.
PRÓLOGO
A contingência do memorial
Como metodologia de invetigação científica, este trabalho apresenta em
forma de memorial descritivo e historiografico a coleta de dados e informações
à respeito da produção cultural e artistica de pessoa com deficiência e
segmento cultural, tendo a expressão artística, a arte como eixo condutor para
o debate e, a perspectiva da diferença e da identidade como desafio nas
manifestações culturais, estabelecendo dois pontos a serem considerados: o
campo de trabalho em Artes e o trabalho do Artista.
Através da carreira de dançarina contemporâea descrito mais a frente no
capítulo específico sobre a formação em dança, tive meu primeiro contato com
a pesquisa corporal e com o movimento social de artistas pessoas com e sem
deficiências, a dezesseis anos atrás, na época, retornei a dança para somar
meus conhecimentos com a psicologia e atuar com a arte para transformação
social. Sequer imaginava que um campo profissional me aguardava. Hoje sou
interprete-criadora de uma das cias que aquecem o mercado capital no Setor.
A intenção desta pesquisa é de levantar informações a partir da
participação da pessoa com deficiência e seus processos criativos, para
16
mapear o campo de trabalho através dos Festivias de Artes Cênicas, aqui
elencados como “dispositivos analisadores”, desta forma, a partir de agora
passaremos a compreender o campo de atuação em Arte, como campocorpo,
uma estratégia metodológica para localizar o campo de atuação dos artistas,
pessoas com deficiência, levantando informações sobre o trabalho em Arte na
engrenagem do Setor Cultural.
Nos interessa, onde circulam suas obras, assim, ao cartografar os
caminhos percorridos pelos grupos e cias poder-se-á elucidar em qual Setor o
artista, pessoa com deficiência atua, temos a consciência que não
esgotaremos a cartografia desejada, faremos uma introdução ao assunto, de
modo a apresentar a relevância da pesquisa no campo da deficiência, arte e do
trabalho.
Por conta da pesquisa compareço ao Centro de Documentação e
Informação da Funarte, CEDOC3 no Rio de Janeiro (RJ), para identificar o
assunto e localiei dossiês a respeito do Programa Artes Sem Barreiras/VSA do
Brasil/Funarte/MinC; – todos no período das três últimas décadas; folders;
cartazes; matérias jornalisticas de eventos realizados pela participação deste
segmento artístico.
Compreendi desta forma, que não existem registros anteriores a 1990
sobre a produção artistica de pessoas com deficiência no Brasil. Considero
este fato preocupante, convenhamos, cabe ao Centro de Documentação/
CEDOC/Funarte/MinC reunir informações da historia brasileira no Setor
Cultural. Entre tantas ausencias temos aqui a responsabilidade de registrar a
precariedade diante do acervo da memória cultural da nação, o artista, pessoa
com deficiência deve ser mais um dos segmentos sem registros.
As lacunas históricas do Setor causam danos irreparávies para a
cidadania da pessoa com deficiência nas atuais e nas futuras gerações, se não
houver valor simbolico atrelado ao segmento como a sociedade poderá aqui no
caso, identificar produtividade artiscas na pessoas com deficiência? Podemos
3 Centro de Documentação e Informação/Funarte/CEDOC
17
dizer que a ausencia de reconhecimento, a omisão em fatos históricos
compromete a identidade artística da pessoa com deficiência?
Considerando que avançamos no campo democrático das conquistas
sociais, queremos lembrar que estamos em 2014, no século XXI e não temos
visualidade “imagética” que evidencie a participação do artista, pessoa com
deficiência na histórica da cultura no Brasil, esta é uma questão de direito civil
e desta forma a participação social no brasil sempre esteve presente e
resistente, foi quando em 2005 a Associaação Vida Sensibilidade e Arte 2005
realiza no Centro Cultural do Banco do Brasil/RJ um evento envolvendo artistas
pessoas com e sem deficiência nos artistas convidados, a seguir segue o texto
de abertura do catálogo, a nove anos:
Há quatro séculos, Cervantes apresentou-nos Dom Quixote, o Cavaleiro da Triste Figura, que sob imaginária armadura e lança em riste, riscou infinitos caminhos e arregaçou as portas da imaginação, adentrando por aquela morada em cujo interior habitavam as visões, os delírios, as metáforas antigas e novas, os bastidores da casa dos artistas. Ao transpor para ambiente literário e artístico as andanças e venturas de um homem comum, diferente mental, o humor cevantino ativou e libertou sentidos, possibilidades e metáforas para o que veio a ser a arte moderna. Tudo que é comum ao ser humano, como as deficiêcnias ou diferenças, pode e deve ser trabalhado num ambiente artístico. Só não o é, quando uma sociedade administrada pelo preconceito e a discriminação, aprisiona ou aparta dela corpos e mentes com maneiras distintas de ser e se mover; promove a desigualdade e ainjustiçarefreia a necessidade de transcedência dos seres humanos, a busca e o desejo inerente de uma vida esplêndida.A prosa da realidade social não pode submeter e sobrepor-se à imaginação poética. A vida, desse e daquele tempo quixotesco, seria por demais enfadonha e irrespirável sem a diversidade de corpos, sem os loucos com suas idéias e modos distintos de estar no mundo, seja ele visível ou inviível, verbalizado ou mudo.Nessa mostra em que se fala, se discute e, masi uma vez, indaga-se e tenta-se alargar o conceito de Arte e Diversidade, Antônio Francisco Lisboa é homenageado como artista símbolo, pelo seu afro-barroco tropical de santos e profetas mestiçados, curvos e tortos, que espelham o drama e a emoção do ser humano para semre imperfeito.Aqui, homenageia-se também a Dra. Nise da Silveira, no transcurso do centenário do seu nascimento e Albertina Brasil Santos, fundadora e diretora por 14 anos de nossa entidade, falecida em janeiro de 2004, e que nos legou a realização dessa mostra como seu último desejo.Transpor barreiras comportamentais e trazer para o campo das formulações e da produção estética contemporânea o fazer artístico de centenas de artistas com deficiência, é a princial porposta dos organizadores dessa Mostra.(Rio de Janeiro, maio de 2005 – Associação Vida, Sensibilidade e Arte | Very Special Arts do Brasil)
4
Quais artistas brasileiros pessoas com deficiência temos acesso nos
arquivos dos Centros de Documentação? Como mapear este segmento? Quais
4 Mostra ARTE, diversidade e inclusão sociocultural, evento realizado no Centro Cultural do
Banco do Brasil do Rio de Janeiro em 2005; (sobre este assunto verifique capítulo adiante na página
18
artistas pessoa com deficiêcnia recordamos do século XX? Do século XIX? Do
século XVIII?
Sim existem aparições isoladas, o objetivo deste trabalho e para desafiar
as politicas publicas de cultura a ampliar seu escopo de intervenção e
incentivar através do Sistema Nacional de Cultura, que as Secretárias
Municipais e Estaduais de Cultura localizem profissionais no campo da Arte e
da Deficiência com o compromisso de legetimar a produção artistica do Setor
engrenando a participação do artista, pessoa com deficiência e segmento
cultural.
Diante desta invisibilidade apresentamos duas situações: o artista
consagrado que adquiriu deficiência e não fortalece o segmento ou na mesma
situação, sem ser atista consagrado, o artista, pessoa com deficiência
permanece invisível e, a pessoa com deficiência que escolhe a arte como
campo de trabalho e não tem oportunidades de ascenção no campo
profissional. O que falta para impulsionar este segmento no Setor Cultural?
Formação e qualificação da pessoa com deficiência em Artes?
A ausência de informações sobre a participação da pessoa com
deficiência, aponta para a necessidade de um registro institucionalizado pelo
Ministério da Cultura, no que diz respeito a produção de Arte desenvolvida por
artista, pessoa com deficiêcnia no Setor Cultural Brasileiro.
Ao acompanhar o movimento social dos artistas, pessoas com
deficiência no Brasil presencia-se trabalho de qualidade, com profundidade
estética que deveriam estar elencados na relação de Patrimônio Cultural do
Brasil, esta questão precisa ser discutida ao ponto de romper estigmas que
mantem este segmento excluído do Setor Cultural.
Atualmente são aplicadas dezenas de politicas afirmativas diante da
omissão do Estado frente ao cidadão. Entre tantas prioridades do segmentos
da pessoa com deficiência, aqui nos cabe produzir conhecimento de área a
sustentar reparação de danos no Setor compreendendo que a ausencia de
investimento no Setor Cultural mantém pessoa com deficiência excluída do
campo artistico, impedindo esta opção pela escolha e aquecimento no campo
de trabalho. Pensando em direitos sociais e fundamentais cabe a nação, ao
19
Estado historiografar a participaçao da pessoa com deficiência na sociedade
brasielira, este capítulo deverá ser uma resistencia nas prioridades do
segmento, já que o Setor Cultural não é prioridade.
O repertório, como chamamos a obra artistica é a linguagem constituída
em cada grupo ou companhia e não é uma prerrogativa de todos os grupos ou
cias, não tem haver com estilo ou com coreografias, atingir este estágio de
produção cultural é um desafio para todo os artista, como também do diretor ou
coreografo visando despertar interesse e vias de conhecimento ao apresentar
pontos específicos e complexos no assunto.
. E é pela linguagem que apresentamos outro “dispositivo analisador” o
corpocampo, considerando que a pesquisa corporal é individual de cada artista
e este compõe com um grupo de pessoas com e sem deficiência, neste
segmento específico uma linguagem coletiva, que expressa a lingagem do
trabalho corporal “da cia ou do grupo”. Simultaneamente surgem diversas
engrenagens que compõe a cena, preparação técnica e conceito da
investigação corporal, dramaturgia, ilumunação, música, figurino, etc.
Mas o importante ressaltar aqui, é que, para consolidar um segmento
faz se necessário a existência de diferentes linguagem no mesmo segmento, a
produção cultural tem que sustentar a variação de pesquisas inovadoras para
caracterizar um conjunto de obras e, para que um trabalho artistico seja
considerado uma obra de arte é preciso atender diversos requistos do Setor
Cultural.
No Brasil apesar dos raros incentivos neste campo, podemos considerar
avanços nas pesquisas artisticas no campo das Artes Coreográficas e destacar
a resistencia de trabalho neste segmento que continuam a investir para manter
seus trabalhos circulando. Também é importante registrar que muitos artistas,
pessoas com deficiências, como grupos e companhias interromperam seus
trabalhos por falta de estrutura e condições financeiras de manter a qualidade
dos trabalhos. Com isso vale ressaltar que podem estar em extinção
pesquisadores deste campo.
Como este trabalho é uma narrativa histórica do segmento artistico da
pessoa com deficiência e sgmento cultural, desafiando, o alcance ao Setor
20
Cultural, estudadremos como campocorpo a trajetória da Pulsar Cia de Dança
Contemporânea/Rio de Janeiro como “dispositivo de análise” levando em
consideração uma premiação inédita no segmento da pessoa com deficiência,
um reconhecimento do Setor Cultural aos desafios do segmento, quando que
em 2004 recebeu das mãos do Presidente da República e do Ministro da
Cultura, em Brasília no Palácio do Planalto o PRÊMIO ORDEM DO MÉRITO
CULTURAL.
Pela participação da Pulsar nos Festivais de Artes analisaremos nas
mesmas ou em outras edições dos mesmos Festivias a abertura para a
participação de outras Cias ou Grupos artisticos do segmento, compreendendo
a circulação do corpocampo, de forma a demonstrar a naturalidade da fruição
estética pelo corpo despdronizado5, demarcando conquista junto aso curadores
que se abrem para receber esta linguagem.
A pesquisa utiliza duas categorias da Analise Institucional para elencar
os dispositivos analisadores que seram apresentados nas discussões, são
estes: os dispositivos construídos e os espontâneos; os construídos para
deflagrar “nalisador histórico” apontado no processo de análise e, os
espontâneos para indicar fenômenos que fazem parte do cotidiano do “objeto
da investigação” em analise.
Como este trabalho analisa o protagonismo na causa pelo espaço
artistico para a pessoa com deficiência e segmento, faremos um estudo
personalizado na intervenção do Comitê Estadual de Artes Sem Barreiras/Rio
de Janeiro – pelo Núcleo de dança&teatro em torno dos agenciamentos e da
trajetória profissional da coordenadora, membro deste segmento como
dançarina da Pulsar Cia de Dança/RJ.
Levantando informações do “fazer artístico” de bailarina interprete-
criadora pelo dispositivo construído: corpocampo diante dos desafios do
campocorpo, construído também, quando dialeticamente será possível
estabelecer as relações na cadeia produtiva pelo campo de trabalho no Setor.
5 “corpo despadronizado”: conceito para remeter a um corpo sujeito, instituidor de percepções
quebraparadgmáticas do corpo padrão.
21
Alinhar o “fazer artístico” como peça na engrenagem do “fazer psi” é
um dos objetivo desta investigação, que pretende encontrar caminhos para
historicizar novas práticas no entendimento de campocorpo, como modo de
produção de trabalhos em ARTES COREOGRÁFICAS na cadeia produtiva do
setor visando o mercado cultutural, projetando a dança como meio a consolidar
o Setor Artístico.
Como desafio propomos mapear também o protagonismo do profissional
de psicologia, na militância pela defesa e na garantia de assegurar os direitos
humanos pela escolha profissional, considerando o campo artistico uma opção
de formação e de mercado de trabalho para todos. Inserindo o contexto da
Cultura Brasileira, da produção de Arte e Estética como um campo de atuação.
Desta forma, apresento os conteúdos da plataforma lattes sobre meu
percurso para que através destes dados seja possível compreender a trajetória
narrada nesta pesquisa, http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do#;
Andrea Chiesorin Nunes nasceu em Curitiba no Paraná e vive no Rio de Janeiro há vinte e nove anos, iniciou seus estudos de Balé aos quatro anos de idade, e a partir dos onze anos, iniciou-se no Programa do Royal Ballet no Studio D com Dora de Paula Soares e Hugo Delavalle, seus metres de Ballet. No início da década de 80 fez parte da companhia profissional do Studio D dançando vários balés de repertório: Cophélia, Quebra Nozes, Cinderela, Gaitê Parisiense entre outros. Formou-se em Dança contemporânea na Escola Angel Vianna em 2000 e é co-fundadora, pesquisadora de figurino e bailarina, interprete-criadora da Pulsar Cia de Dança Contemporânea; aos dezessete anos quando chegou ao Rio de Janeiro estudou e graduou-se em psicologia pela Universidade Gama Filho (1991), quando se aproximou da Análise Institucional, através desta perspectiva busca desenvolver ações voltadas para a garantia dos Direitos Humanos. Foi psicóloga do Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, entre outros projetos. Participou do Projeto de Implementação do Sistema Nacional de Garantias dos Direitos da Criança e do Adolescente. Fundou o Instituto de Imagem e Cidadania no Rio de Janeiro; é terapeuta do Banco de Horas do Instituto de Ação Cultural, desde 1993. Diretora do Conselho Diretor da Associação Vida, Sensibilidade e Artes a partir de 2004; Desde 1999 responsável pelo Comitê Estadual de Artes Sem Barreiras e do Núcleo de Dança&Teatro do Rio de Janeiro. Trabalha na Escola e na Faculdade Angel Vianna, desde 2003 onde é Assessora de Direção e Coordena o Programa de Projetos Especiais – Extensão e Memória, como Coordena o Curso Técnico de Bailarino Contemporâneo e o de Reeducação Motora e de Terapia através da Dança. ÁREAS DE INTERESSE: Artes; Artes Sem Barreiras; Dança; Dança Contemporânea; Estética; Diferenças; Deficiências; Acesso; Acessibilidade; Mobilidades; Garantias dos Direitos Humanos; Mulher; Sexualidades; Educação; Capacitação e Qualificação profissional; Politicas Culturais; Setor Artístico; Segmento Pessoa com Deficiência (resumo currículo lattes, 2014);
22
1ª ATO Capítulo UM
Fusão de corpos e de campos de atuação
Com a apresentação deste resumo currícular, seguimos com a narrativa
de desenvolvimento profissional na carreira de bailarino e/ou de dançarino e,
de analista institucional para esta pesquisa-intervenção6, buscando elementos
e indicadores de produção que colaborem com o mapeamento do campocorpo
como, com a cartografia do corpocampo inserindo o trabalho do artista, pessoa
com deficiência e segmento cultural na cadeia produtiva do Setor Cultural de
modo, a levantar informações sem excluir dados desta participação. Ao refletir
com Brito, 2008, vemos que a:
Dança e história, entendidas como meios de organizar informações culturais, são estruturas organizadas sob diferentes configurações, que exprimem diferentes escalas da experiência humana de passagem do tempo: uma no corpo e outra no ambiente de existência deste corpo. (p.19)
A cartografia irá acompanhar alguns percurso da arte e da manifestação
cultural desenvolvido pelo Ministério da Cultura durante os anos de 1990 à
2014 para pessoas com deficiências, ora pelo Programa Artes Sem
Barrerias/PASB dirigido por Albertina dos Santos Brasil até 2004, ora pela
Secretaria de Identidade e Divesridade Cultural/SID dirigida por Américo
Córdula em 2007 e 2008, ora pela Secretaria de Cidadania e Diversidade
Cultural, dirigida pela Marcia Rollemberg 2012/2013 e 2014.
Entre os artistas acompanharemos o percurso de Rogerio Andreolli, ator
e bailarino artista, pessoa com deficiência que desde o início é um dos
protagonistas da politica pública de cultura pela Funarte no segmento, do Setor
Cultural. Quando iniciando seu trabalho no Grupo de Dança Giro de Niterói por
Rosangela Bernabé, uma das pioneiras brasileiras no Setor e também pela
participação de Elisabeth Caetano, bailarina artista e se tornou pessoa com
deficiência, Beth dançou no Grupo Giro e também foi aluna de Tatiana Lescova
e de Angel Vianna, ambas mestras da dança brasileira.
6 Pesquisa-intervenção; significa pesquisador participante; inserido no contexto abordado;
nesta forma de pesquisa não a neutralidade e sim implicação do pesquisador no assunto levantado; método da Analise Institucional;
23
Nos útimos anos Rogério e Beth fazem parte do elenco da Pulsar
comigo e com a diretora Maria Teresa Taquechel Y Says, a companhia tem
cinco espetáculos e nos dois últimos, ambos participaram do processo criativo
conosco. A relação que procuro estabelecer nesta pesquisa é sobre a des
padronização do copro em dança, assunto pertinente para a dança
contemporânea, já que à ela e em poucas palavras, interessa a investigação
dos corpos, a construção de linguagem e do que quer e pode um corpo!
(...) “a dança contemporânea expressa uma lógica relacional não hierárquica entre corpo e mundo” (Fabiana Brito 2008, p.15)
Continuando o estudo de Brito (2008) e, ao analisar seu livro:
temporalidade em dança: parâmetros para uma história contemporânea,
quando nós é apresentado uma carta de des/intenções:
o propósito da tese é de investigar em quais termos um modelo teórico de historiografia poderia dar conta de explicar o sentido evolutivo do processo de transformação histórica da dança, tendo em vista a ausência de tal preocupação na historiografia de dança produzida no país (p.13) (...) o trabalho não se pretende a uma revisão crítica da historiografia de dança (...) também não se propõe a formular uma história da dança, mas sim a oferecer novos parâmetros para subsidiar investidas futuras neste campo (p.14) (..) trata-se apenas de aproximar a dança dos princípios lógicos e conceitos científicos condizentes com seu modo de existir no mundo, configura-se no corpo e articula-se no tempo, pois desta coerência entre os formatos dos assuntos relacionados depende a eficiência operativa de qualquer sistema cultural (p.14 e 15) (...) o modo de existir só ganha historicidade através das correlações estabelecidas entre os registros produzidos sobre ela (...) diferentemente das outras artes, na dança, produto (objeto estético) e autor (corpo) ocupam o mesmo espaço-tempo, embora um seja resultante da ação do outro, quando a dança é dançada pelo corpo, ambos constituem-se uma mesma materialidade- a dança (p.26).
Desta forma, estar artisticamente com a pessoa com deficiência no
processo criativo é uma escolha que acontece pelo entendimento de troca, pelo
elo de mudança capaz de ser produzido pelas experiências e soluções
estéticas por vir. Por uma abertura em diferentes dimensões, é quando, ocorre
a quebra de padrão, me lembro que no início depois que assisti o Festival de
Artes Sem Barreiras quando não reconheci Rogerio e Beth, que se
apresentavam pelo Grupo Giro, passei a desejar dançar e conviver com
pessoas com deficiência profissionalmente, por identificar linguagem capaz de
apresentar outro modo de existir, de entender um corpo e nem imaginava que
ira dançar logo com eles, referências nacionais no segmento.
Neste estudo busco caminhos para dialogar sobre o sentido de
entendimentos do corpo; do que pode e quer um corpo; por meio a criar
24
analogias, percepções sobre “um corpo” ou “o corpo”; com a intenção de
apresentar uma outra leitura de corpo, de um “corpo (corpodespadronizado)”7,
rico em surpresas e engrenagens articuláveis capaz de desconstruir barreiras
“existentes” na SETORIAL DE DANÇA.
Pensar o corpo, como produtor de linguagem é um dos caminhos deste
estudo, por isso esta narrativa se dá também pelo fazer artístico na prática do
fazer psi que me faz coadunar o pensamento crítico e uníssono do fazer
político unificando as áreas de conhecimento: arte e psicologia, pela
identificação da história e da dança contemporânea.
(...) ao contrário do que surge como naturalidade de constituir num corpo humano em movimento, a dança não se dá a entender sem exercício intelectual (Brito 2008 p.27).
Proponho este dialogo como uma analogia relembrando que em 2001 no
Encontro Nacional Dança para Pessoas com Deficiência em Macaé entre cerca
de trezentos participantes, o movimento social dos artistas dançarinos, refletiu
o termo polêmico “dança Inclusiva” para se referir a esta produção cultural,
aplicado por Henrique Amoedo um dos coreógrafos, quando necessitava
teoricamente de uma “referência” para o segmento.
Discussão acirrada até os dias de hoje, identificada por alguns como
necessidade de classificação para construir campo de atuação e para outros
como termo segregador; como produção de estratificação e perda de tempo na
construção por espaço de trabalho frete a cadeia produtiva no Setor Cultural.
(...) a eficiência das analogias depende não somente de um lastro informativo assegurado previamente – que permita identificar uma coisa pela outra – mas também de uma definição muito clara quanto ao aspecto tomado de cada parte envolvida para conjugá-las (Brito, 2008.p.111).
Pensando no propósito de Fabiana Brito (2008), diante ao sentido
evolutivo do processo de transformação histórica da dança em oferecer novos
parâmetros para subsidiar investidas futuras neste campo, que trazemos a
produção artistica da pessoa com deficiência para reflexão no campo da
7 Corpo despadronizado, denominação para conceituar corpos com fisicalidades diferentes
(expressão utilizado por uma pesquisadora espanhola para se referir a artistas, pessoas com deficiências; palestra do encontro Ibero-americano, com.posições.políticas 2010 no Centro Cultural da Espanha/RJ).
25
Dança. Considerando que o modo de existir ganha historicidade através das
correlações estabelecidas entre os registros produzidos sobre ela.
Identificar a metodologia norteadora para esta investigação foi um
desafio deste memorial, segundo com Brito (2008),
(...) o que a histotiografia articula com o mundo não é propriamente a história das correlações, mas a narrativa historiográfica delas: uma sistematização teórica sobre o sentido das diferenças produzidas pelos acontecimentos – uma função fundamental para o desenvolvimento de qualquer matéria cultural, pois, considerando-se a predominância da tradição escrita de transmissão de conhecimentos, da teoria depende a irradiação desses formatos de informação (p.23) (...) como todp modelo teórico, a eficiência técnica da historiografia depende ainda da sua adequação ao objeto que focaliza. Isto significa um comprometimento de ajuste lógico-conceitual entre os parâmetros de sustentação do argumento historiográfico e as particularidades do assunto historiografado. Dito de outro modo, são as propriedades da dança que estabelecem as condições para sua historiografia – que, então, poderá ser pensada não mais como uma narrativa de percursos traçados por agentes que, distintos do seu meio, modificam-se uns aos outros conforme dominâncias hierárquicas atríbuídas à eles mas, sim como narrativa dos processos não-lineares de codefinição a que estão submetidos todos os organismos, sistemas e ambientes simultânea, indistinta e involuntaria. Trata-se de pensar a história de qualquer coisa como a história da elaboração cooperativa de cada identidade, a partir da ativação de suas propriedades particulares, no lugar de uma história de identidades construídas (p.25)
A pesquisa tem a intenção de apontar através do percurso de artistas,
pessoas com deficiência e segmento cultural as suas atuações, trata-se de um
levantamento de dados capaz de promover a discussão entre os conteúdos e
gerar interesse de modo a cartografar dezenas, conjunto de artistas atuantes
no mercado cultural brasileiro, com a intenção de despertar interesse para a
atualização do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais
(SNIIC) META 01 do Plano Nacional de Cultura (PCN); ter sistema de cultura
em todos os estados e em 3.339 cidades do Brasil (60%), para tornar efetivo o
Sistema Nacional de Cultura (SNC). Considerando que para Brito (2008),
a dinâmica relacional é geradora de diferenças que caracterizam uma mudança de estado na circunstância de onde emergem – afetando, aquilo que podemos ver: a dança, e aquilo que podemos tocar: o corpo. A historiografia é justamente o registro dessa diferença que, por sua vez, constitui uma informação participante da mesma dinâmica de correlações transformativas (...) o processo, sendo ininterrupto e acumulativo, resulta na crescente complexificação do sistema cultural (...) o registro historiográfico fornece um indicativo das codeterminâncias implicadas na elaboração da identidade delas e na transformação histórica de cada uma, isto é, um indicativo dos efeitos propagados pelas correlações que umas estabelecem com as outras, aolongo do tempo. (p.23 3 24);
podemos estabelecer no campo da arte e da pessoa com deficiência a
prioridade em informação participante, gerar entre os artistas e gestores de
cultura sensíveis ao segmento, que o registro historiográfico indicará a
26
necessidade de recursos a serem aplicados no Setor em cada Prefeitura e
Estado, buscando desta forma meios para aquecer o investimento em
formação e qualificação profissional.
Na intenção de fomentar o assunto sobre a divisão social do trabalho de
modo a entender como o artista, atuante nas artes coreográficas no Brasil atua
no Setor Cultural gerando renda? Já que trabalho e escolha profissional são
direitos fundamentais, como cada Prefeitura está lidando com esta demanda?
Ao considerar que a ampla convivência com a pessoa com deficiência
produtiva e apta a estabelecer conexões com a sociedade será momento
irreversível na história da civilização brasileira, os gestores públicos deveriam
se preparar para esta necessidade.
Diante desta questão, podemos destacar alguns pontos do artigo: A
produção social da identidade e da diferença de Tomaz Tadeu da Silva (2002)
sobre a necessidade de construir oportunidades na divisão social do trabalho,
(...) dividir o mundo social entre "nós" e "eles" significa classificar. O processo de classificação é central na vida social. Ele pode ser entendido como um ato de significação pelo qual dividimos e ordenamos o mundo social em grupos, em classes (pg. 03).
Entender entre estes artistas, aonde se encontra a produção do artista,
pessoa com deficiência. Estabelecer uma analogia neste sentido com a
produção de artes coreográficas. Buscando dados e informações a evidenciar,
como escoam suas produções em arte e/ou cultura brasileira do Setor deste
segmento artístico. Como e onde circulam?
Descobrir se estes dados interessam? E a quem interessam? Refletir
junto ao ministério público e ao ministério do trabalho por onde andam estes
trabalhadores da cultura?
Criar qual dado gerador de informação que verifique algo substancioso
para a economia da cultura, algo que possa interessar e que demande e
encomende um norte/ um indicador/ um índice que represente o segmento
artístico, da pessoa com deficiência:
(...) A mais importante forma de classificação é aquela que se estrutura em torno de oposições binárias, isto é, em torno de duas classes polarizadas. O filósofo francês Jacques Derrida analisou detalhadamente esse processo. Para
27
ele, as oposições binárias não expressam uma simples divisão do mundo em duas classes simétricas: em uma oposição binária, um dos termos é sempre privilegiado, recebendo um valor positivo, enquanto o outro recebe uma carga negativa. "Nós" e "eles", por exemplo, constitui uma típica oposição binária: não é preciso dizer qual termo é, aqui, privilegiado. As relações de identidade e diferença ordenam-se, todas, em torno de oposições binárias: masculino/feminino, branco/negro, heterossexual/ homossexual. Questionar a identidade e a diferença como relações de poder significa problematizar os binarismos em torno dos quais elas se organizam (Silva, 2002. P.4).
Considerando que a espera pela construção de demanda no setor é
excludente, setor este que se encontra “atrofiado socialmente” e sem efetiva
cidadania; o lento agir é omitir e pactuar com outras décadas de anulação de
trabalho produzido, a história artística existe, ela não está conta, não está
disponível e nem instituída.
Desta forma cerca de oitenta artistas, pessoas com deficiência e
segmento cultural estiveram reunidas através da Secretaria de Identidade e
Diversidade Cultural/MinC em 2008 no Rio de Janeiro para participar do
processo democrático do Plano Nacional de Cultura, iniciado em 2004 em uma
Oficina Nacional de indicação de políticas públicas culturais para a inclusão de
Pessoas com Deficiência, denominada como Nada sobre Nós sem Nós8.
Acreditando em desdobramentos e na força coletiva que somam
esforços e nutre, a esperança que vale a pena continuar conheci a professora
doutora Patrícia Dorneles em 2007, quando foi responsável pela coordenação
desta referida Oficina, quando foi convidou a colaborar com informações a
respeito do segmento e ser consultora da atividade.
Momento muito importante para os artistas pessoas com deficiência,
digamos um recomeço para o movimento social deste segmento e com
Dorneles tenho alinhado e praticado o lema: Nada sem Nós sem NÓS. Patrícia
chegou ao meu contato através do Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade
médico, fundador do DefNe, parceiro responsável pelo meu engajamento na
causa e por promover estes encontros, o com Patrícia e com os artistas na
8 O lema surgiu pelos lideres africanos em 1986 depois de muita luta, a iniciativa politica para mobilizar as
pessoas com deficiência para reivindicar seus direitos; e a iniciativa desenvolvimentista para gerar renda; também construíram uma nova filosófica: a deficiência não era uma questão de saúde e bem-estar, e sim uma questão de direitos humanos e de desenvolvimento; o modelo médico e assistentes sociais “não deveriam controlar nossa vida, os métodos pacifistas de luta serviriam melhor à nossa causa e nós deveríamos nos alinhar com o movimento de libertação. Nós conscientizamos e adotamos o nosso (agora famoso) lema: nada sobre nós sem nós; William Rowland; http://www.bengalalegal.com/nada-sobre-nos
28
Oficina de indicações de políticas públicas culturais, quando instituímos o
quarto eixo o de acessibilidade. Ambas atuamos engajads em setores distintos
e unificamos lutas em prol aos avanços politicos deste campo.
Nesta ocasião em 2008 estabelecemos no EIXO Patrimônio; a
DIRETRIZ 3. Criar instrumentos para que a produção cultural possa acontecer
e ser reconhecida nos campos artísticos, éticos, estéticos, social, político e
cultural, apontando para a circulação e uso social do patrimônio;
3.1. Dar visibilidade para a produção artística e cultural da pessoa com
deficiência;
E no EIXO Acessibilidade; DIRETRIZ 1. Garantir que todas as políticas,
programas, projetos, eventos e espaços úblicos no campo artístico e cultural
sejam concebidos e executados de acordo com a legislação nacional já
existente que garante acessibilidade e conforme disposto na Convenção sobre
os Direitos da Pessoa com Deficiência (Onu); AÇÃO 1.2. Promover a
capacitação dos gestores, técnicos e avaliadores dos editais públicos levando
em consideração os requisitos e parâmetros dispostos na Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência (Onu) e 1.8. Criar um comitê de arte e
cultura para dialogar com todos os ministérios visando ações conjuntas na
promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência à arte e à cultura.
A Profa. Dra. Patrícia Dorneles em 2007, quando foi responsável pela
coordenação da Oficina acima citada, teve a sensibilidade e o entendimento
profundo quando sugerimos o quarto eixo temático: acessibilidade,
compromissada com a causa, prontamente instituiu a proposta, estabelecendo
um caminho para seguirmos nas conquistas deste campo.
Acessibiliade passou a ser um instrumental para avançarmos na Politica
de Acesso, a iniciativa da criação deste curso de especialização, que foi
elaborado e firmado por Patrícia Dorneles pode ter sido inspirada nos
resultados da Oficina Nacional de indicações de políticas públicas culturais
para inclusão de Pessoa com Deficiência.
29
O Ministério da Cultura, através da Funarte em 1990 até 2006
desenvolveu política própria de cultura para este setor e segundo a Funarte
(2005):
O Programa Arte sem Barreiras sempre teve o apoio da Funarte, mas passou a fazer parte da sua estrutura administrativa e orçamentária efetivamente a partir de 2003, desenvolvendo atividades que visam a abrir espaços para o artista com deficiência, incentivando a produção e circulação de conhecimentos nos campos da educação e arte. O papel do Estado é fundamental para o desenvolvimento deste projeto, assim como os núcleos de voluntários que atuam em todo o país... A qualificação do Programa despertou interesse das Loterias Caixa, que já desenvolvia um trabalho voltado para a inclusão do esportista com deficiência, e agora, como patrocinador oficial do Programa Artes Sem Barreiras/Funarte, abre seu leque atuando na vertente da acessibilidade cultural. O programa tem cadastro dos artistas de várias regiões com o objetivo de possibilitar a exposição e circulação de seus pares. Estamos também trabalhando na reforma e adaptação de nossos equipamentos culturais e, principalmente para o artista. Queremos estender essa ideia do desenho universal aos espaços dos governos estaduais e municipais, além dos espaços privados. (Antônio Grassi – Presidente da Funarte) folder Mostra Rio 2005
9
Os princípios constitucionais da isonomia demarcam que não deve haver
diferença entre as pessoas. Quantificar dados sobre o ofício do trabalhador da
cultura, pessoa com deficiência e disponibilizar indicador, como índice referente
há qual prestação de serviço ou qual atividade desenvolve é fundamental para
o segmento e setor cultural:
Na criação de obras? Na execução de Arte? Na produção executiva de
eventos? Em circulação artística? Na técnica? Na fabricação de produtos? Na
comunicação? No transporte? Nos equipamentos? Na plástica, na área
cenotécnica? Na tecelagem? Na cenografia? No figurino? No designer? O
campo de atuação da cultura é amplo e queremos estimular pesquisas, como
promover a participação de pessoa com deficiência, trabalhando nestas áreas
do campo cultural.
São dados que parecem sem sentido, mas interessa a esta pesquisa
fomentar e identificar quais são os elos do setor, para saber onde há atuação
profissional de pessoa com deficiência. Quem fornecer estes dados no Setor
cultural?
9 Mostra Rio Artes Sem Barreiras – realização Ministério da Cultura/Funarte - Patrocínio
Loterias Caixa; fonte de pesquisa CEDOC/Funarte em 23 de fevereiro de 2014.
30
O então Ministro da Cultura Exmo. Sr. Gilberto Gil reconheceu
simbolicamente o valor do segmento, entretanto, foi na mesma gestão que o
Programa Artes Sem Barreiras foi substituído pelo Projeto Além dos Limites e
posteriormente coube a Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural/SID
estabelecer ações para o artista, pessoa com deficiência; atualmente cabe a
Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural/SCDC as ações para a pessoa
com deficiência no referido Ministério:
Arte, por princípio, não tem e não pode ter barreiras. A primeira vez que assistimos a apresentações de artistas que fazem parte deste extraordinário programa da Funarte: Arte Sem Barreiras foi há quase dois anos, em março de 2004, em Brasília, por ocasião da abertura do Ano Ibero-americano da Pessoa com Deficiência, evento realizado no Teatro Plínio Marcos e que teve a honrosa presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Lembro-me bem da avalanche de emoções que tomou conta de todos nós que assistíamos às apresentações de dança, música, cantos e poesias, artes plásticas, performances teatrais. Surpresas atrás de surpresas, lições humanas e estéticas que jamais esqueceremos. Aquelas ações, que hoje se transformaram em um constituinte programa de inclusão, podem ser resumidas em uma única palavra: superação. A arte pode transformar a adversidade e produzir verdadeiras obras-primas. A história da beleza está repleta de exemplos, como Beethoven e Van Gogh, e, mais perto de nós, o genial mineiro Aleijadinho. Portanto, a “Mostra Rio de Artes sem Barreiras” é, acima de tudo, um exemplo da capacidade artística desses brasileiros. Mas é também uma evidente demonstração de que o governo Lula e seu Ministério da Cultura estão atentos à inclusão da pessoa com deficiência que, como todos os demais cidadãos, tem direito à educação, ao esporte, e à cultura, enfim: ao exercício pleno da cidadania. (Gilberto Gil, Ministro da Cultura – folder Mostra Rio de Artes sem Barreiras, realização Ministério da Cultura Patrocínio Loterias CAIXA, 2005).
Gestão responsável pelo redesenhou do Ministério da Cultura no
governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2004 a 2010), quando Gil e Juca Ferreira
foram responsáveis pela construção e execução do plano de trabalho para a
política de Estado da Cultura, com o projeto lei nº 12.343/210 Plano Nacional
de Cultura/PCN, implantando e implementando o Sistema Nacional
Cultura/SNC e o Sistema Nacional de Informações de Indicadores e Índices de
Cultura/SNIIC.
Estabelecendo metas para a Política Cultural brasileira na dimensão
simbólica, cidadã e econômica; em 2014 diante do processo podemos
acompanhar e verificar sem pessimismo que a construção na dimensão
simbólica aportou no país; que a dimensão cidadã está distante; e que, a
dimensão econômica é ausente. “A negação” ao Setor Cultural como uma
prioridade por parte do governo federal líquida as possibilidades de
31
desenvolvimento, já que nenhuma política ou setor tem como existir sem
investimento financeiro; sem acesso a recursos monetários.
O Plano de Cultura nas “edições” municipais e estaduais apresentou
tarefas para a sociedade civil que cumpriu seu papel, uniram-se forças,
movimentos – muito esforço e pensamento na elaboração para um plano de
trabalho, muitas vezes ignorado pelo governo vigente, opositores ou aliados
sem interesse.
Enquanto não houver a tríplice: nação, estado e município em interesse
comum, a engrenagem do sistema alimentará o enfraquecimento social, as
divisões e disputas e não estará assegurada cidadania plena para pessoa sem
deficiência. O que se dirá ao se tratar do agente, pessoa com deficiência no
segmento cultural e artístico.
Almejar a equidade e diminuir a desigualdade é papel para além da
movimentação social, requer macro política e alinhamento aos tratados
mundiais, internacionais e se alinharmos com a “micro política” chegará aos
latino-americanos, no MERCOSUL, nos ibero-americanos pela epistemologia
Sul10 conforme proporciona o Fid – fórum internacional de dança,
Como um atrator, o Programa FID – Conexão Internacional ajunta certas condições para se produzir um novo estado de relações entre 21 e 28 de outubro. Essa programação se reúne por ela mesma. Sua atração acontece pela familiaridade de seus pensamentos em que o fazer artístico e seus efeitos têm caráter político. O que é diferente de tratar política como um tema. Ou seja, sua arte, sua dança são ações estético-políticas. Isso acontece porque a estética é pensamento que é ação. A curadoria de outubro optou por oferecer uma experiência de aprofundamento. São atividades diversas – apresentações, discussões, ZAT 2
11, oficinas -, possibilitando ao público tempo necessário para
mergulhar na reflexão proposta acerca da relação estética e política. (FID, Belo Horizonte/MG, 2005, folder).
Pensar na perspectiva de movimento, de agenciamento de forças
coletivas e individuais, sejam estas instituídas, instituístes e/ou a instituir
10 Epistemologia sul – Edição do FID de 2008 sob o tema SULREAL Por uma epistemologia
Sul; Pensamento perspectivado, pressupõe um local privilegiado de um único olhar central em que os outros são periféricos a este. Esta epistemologia é uma construção, não é imanete, universal ou absoluta; 11
ZAT2 – (T.A.Z> - The Tempory Autonomus Zone); hospedado no FID, braço político é um conceito criado por Hakim Bey; propõe ser um exercício coletivo de auto-organização com a finalidade de criar e desenvolver AÇÕES estruturadoras de condições de ATUAÇÃO, formação e produção de conhecimentos em dança. Fabiana D. Britto (Dança UFBA), (catálogo FID Conexão InterNacional 2005/ - no catálogo do mesmo festival na edição de 2007 (SULRE AL dança para todo mundo; proposta de desimperialismos);
32
dispositivos analisadores que resaldem a leitura na psicologia institucional e/ou
na análise institucional, em sentido estrito a corrente do movimento
institucionalista e vinculado às proposições de René Lourau, Georges
Lapassade.
Segundo Osvaldo Saidon organizador com Vida Rachel Kamkhagi
(1987):
(...) alguns temas se reiteram neste trabalho, e talvez sejam eles que nos autorizem a falar de uma corrente brasileira de Análise Institucional. Devemos buscar suas fontes em Paulo Freire e sua pedagogia do oprimido, nos movimentos de resistência de 64 e 68, nas propostas das comunidades de base e na influência do exílio latino-americano, com sua proposição de práticas massivas no campo da Psicologia e da Psicanálise (p.12); (...) propomos, com maior ou menor habilidade, montar grupos dispositivos, discussões, intervenção na micro e na macropolítica, onde o pensamento se arrisque a aprender a pensar. Para isto não bastam uma interpretação e um bom esquema de referência. Faz falta a formação de signos que nos exijam que nos coajam a pensar. Faz falta dotar o grupo de modo a que se abram estes signos, o seu encontro e sua violência (...), (...) propomo-nos a investigar um grupo aberto à produção inconsciente, e não simplesmente resignado a interpretar o inconsciente como determinante limite ou resistência. Giles Deleuze diz que habitamos três tipos de linhas. Linha dura, de grupos
sedentários (a cidade, a profissão, o trabalho, a família); linhas mais flexíveis, cheias de acontecimentos, de inesperado, linhas de grupos nômades; e uma terceira linha, abstrata, de desejo que energiza tudo, mas que só existe agenciando-se, combinando-se, com as outras duas (p. 13).
Este trabalho tem a intenção estabelecer um dialogo teórico-
metodológico nesta pesquisa com Gilles Deleuze e Félix Guattari e para
apresenta-los recorremos a François Dosse, historiador francês, pesquisador
do Instituto d’Histoire du Temps Présent (IHTP, Paris) e professor do IUFM de
Créteil (Université Paris XII). Historiador, com inúmeros trabalhos publicados no
Brasil, aborda diversos temas e problematiza questões de ordem teórico-
metodológico, caros ao historiador do tempo presente.
Entretanto, não iremos recorrer ao trabalho de François Dosse (2010)
por se tratar de obras complexa para este estudo, mas utilizaremos
informações relevantes da contracapa do livro sobre as obras de Deleuze e
Guattari, nesta pesquisa-ação:
Nesta biografia cruzada, o autor a partir de arquivos inéditos e de uma longa pesquisa junto a numerosos testemunhos, põe em evidência a lógica de um trabalho que alia teoria e experimentação, criação de conceitos, pensamento crítico e prática social. François explora os mistérios de uma colaboração única, que constitui uma página sempre atual de nossa história intelectual (...). Um era filosofo, o outro psicanalista. Figuras maiores da vida intelectual francesa do século XX, suas vidas e sua obra são emblemáticas desse período de efervescência política e intelectual que foram o prés e o pós-maio de 1968. Gilles Deleuze (1925-1995) lecionou filosofia na Universidade Experimental de
33
Vincennes. A partir de uma reflexão magistral sobre a história da filosofia, ele se envolve em trabalho de criação conceitual que é único no gênero. Felix Guattari (1930-1992) era psicanalista de formação e ex-discípulo de Lacan. Ele formou um centro de pesquisa autogerido o Centre d’Études, de Recherches ET de Formation Institutionelles. Os dois homens se encontraram em 1969. Esse foi o início de uma grande amizade e cumplicidade, de uma aventura intelectual sem precedentes (2010 contracapa).
A Análise Institucional no contexto brasileiro articula prática-pensamento
com as posições de Guattari que em seu campo teórico analisa sistemas
sociais, sejam estes grupos, instituições, organizações – modos e meios de
intervenção, de atuação colaborando desta forma com a História
Contemporânea no século passado. Propomos aqui uma investigação científica
a partir da problematização de Guattari (1987) em Revolução Molecular:
pulsações políticas do desejo:
(...) Se o grupo tende a se estruturar sob a forma da recusa da fala, como responder-lhe de outra maneira que não pelo silêncio? Como modificar um lugar desta sociedade de maneira a reter ao menos um pouco entre processo de redução da falta à linguagem? A partir daí tomaremos o partido de distinguir a natureza dos grupos segundo se situem numa ou noutra vertente. Convém, com efeito, desconfiar absolutamente das descrições formais que caracterizam os grupos independentes de seu projeto (p. 91), (...) esquematizaremos esta distinção entre grupos sujeitos e grupos sujeitados. O grupo sujeito, ou que tem vocação para sê-lo, se esforça para ter um controle sobre sua conduta, tenta elucidar seu objeto e, nesse momento, secreta os meios desta elucidação. (...) O grupo sujeitado não se presta a tal perspectiva; ele sofre hierarquização por ocasião de seu acomodamento aos outros grupos. Poder-se-ia dizer do grupo sujeito que ele enuncia alguma coisa, enquanto que do grupo sujeitado se diria que “sua causa é ouvida”. Ouvida, aliás, não se sabe onde e nem por quem, numa cadeia serial indefinida. Esta distinção não é absoluta, ela constitui apenas uma primeira aproximação nos possibilitando indexar o tipo de grupo com que lidamos em nossa prática. Na realidade ela funciona, à maneira de dois polos de referência; qualquer grupo, mais especialmente os grupos sujeitos, tende a oscilar entre estas duas posições: a de uma subjetividade com vocação a tomar a palavra, e a de uma subjetividade alienada a perder de vista na alteridade social. Esta referência nos servirá de proteção para evitarmos cair no formalismo da análise de papéis e nos levará a colocar a questão do sentido da participação do indivíduo no grupo enquanto ser falante e a questionar assim o mecanismo habitual das descrições psicossociológicas e estruturalistas (p.92), (...) Desde o primeiro passo neste sentido, surgirá uma distinção primordial entre a desalienação de grupo e sua análise. Com efeito, o papel de uma análise de grupo não é idêntico ao de uma ordenação de um coletivo. A análise de grupo se situa aquém e além dos problemas de ajustamento de papéis, de transmissão de informações (p. 94).
Ao evidenciar este conhecimento se estabelece analogia com o campo
de produção artística de pessoa com deficiência no setor cultual e de modo
polêmico, iniciaremos uma investigação entre as relações de distinção da
produção em Arte e em Cultura no campo da pessoa com deficiência. Neste
trabalho não temos como avançar nesta problematização, delimitamos este
estudo em levantar possíveis indicadores para mapear e cartografar um
percurso do segmento, acompanhando a trajetória da Pulsar Cia de Dança.
34
Com o compromisso de militantismo12 a gerar interesse pela constituição
de um banco de dados e registrar a presença artística das pessoas com
deficiência e segmento no Setor Cultural, no SNIIC, através das informações
do Movimento Social de Artes Sem Barreiras pelo Brasil.
Fomentando estudos aos mecanismos de acesso, como a revisão dos
dados existentes, tendo como perspectiva a assimilação das diferenças,
fazendo surgir junto com os gestores públicos informações sobre esta área em
seus municípios e estados, multiplicar estas informações para as organizações
particulares, como também a sociedade, criando conexão com o trabalho dos
curadores dos Festivais de Arte e Cultura no Brasil, com o propósito de
apresentar produções artísticas do segmento.
E quem sabe, criar um rol de artistas, pessoas com deficiência como
patrimônio nacional. A articulação dialética entre os conceitos-analisadores:
grupo-sujeito e grupo-sujeitado e os dispositivo-analisadores:
corpocampo/campocorpo, ou seja, a relação existente entre o artista, pessoas
com e sem deficiência e a arte produzida, ou o modo como cada Grupo ou Cia
encontra campo para o trabalho, estejam estes apoiado, patrocinado ou não,
pelas políticas públicas de cultura nas três esferas.
Construir este indicativo é o desafio desta pesquisa, colaborar com o
campo das Políticas Culturais e com a consolidação do mercado cultural neste
campo de intervenção foi a principal motivação deste curso de especialização
financiado pelo Ministério da Cultura.
Gênese - Identidade e Diferença
As experiências de formação artística, estética, política, gestão,
autogestão, sócioanalise e subjetividades marcam uma identidade que retrata a
gênese aqui priorizada, não trata do desenvolvimento de processo pessoal,
12 Para a Análise Institucional – o sentido de militância está na imanência entre as intervenções
de campo e o arsenal teórico-técnicoutilizado, e que parece uma espécie de autoprodução, longe de apontar para um tipo de EPISTEME ou código disciplinado de saber. Heliana de Barros conde Rodrigues no artigo Psicanálise e Análise Institucional (1992 p. 46)
35
mas tem a intenção de demarcar contexto no campo da pessoa com deficiência
em arte – pensando em desenvolvimento cultural e não o sentido puro e
alienado de entretenimento como segmento artístico vão tratar das Artes
Coreográficas: a Dança.
A ideia de narrativa surgiu por ser um meio a propor leitura orientada e,
de modo personalizado com referência vivenciada na convivência entre as
pessoas com e sem deficiências no processo de criação cultural em etapas,
que constituem, com efeito, um conjunto de informações referente às políticas
culturais brasileiras governamentais e não governamentais para o setor e
segmento social de pessoa com deficiência.
Eliminar o sentido puro de entretenimento ocorre com o tempo e com o
entendimento pessoal do papel da Arte na sociedade, mas ele faz sentido pela
sua característica de encantamento tão comum e tem sentido no percurso das
escolhas feitas por mim, as quais foram se alinhando nos processos
constituidores de ser sujeito ou não, de estar ou ser sujeitado no mundo, desta
forma “simples” digamos, que começa a percepção da complexidade de
seguirmos escolhendo nossos caminhos.
Em 1971 meus pais me perceberam “hipnotizada” diante a um comercial na TV quando nem respira e apreciava uma Obra Clássica da Dança, o Balé Gisele do Teatro Guairá/Curitiba/Paraná, após esta inspiração, quis iniciar meus estudos de dança, na ocasião eu tinha quatro anos (1971).
Mas tarde percebi o nascimento pelo gosto da Arte e posteriormente
construí o discernimento do que vem a ser Arte e aqui compartilho uma leitura
direta para alinharmos uma linha de pensamento neste estudo segundo Maria
da Graça Setton:
Bourdieu [chama atenção quando] interpreta a formação do gosto cultural de cada um de nós, pondo em xeque um dos consensos mais difundidos de nossa história cultural, o de que “gosto não se discute” Posto isso, sua sociologia é mais que uma sociologia da reprodução das diferenças, matérias ou econômicas; é uma sociologia interpretativa do jogo de poder das distinções econômicas e culturais de uma sociedade hierarquizada. Bourdieu considera que o gosto e as práticas de cultura de cada um de nós são resultados de um feixe de condições específicas de socialização. É na história das experiências de vida dos grupos e dos indivíduos que podemos apreender a composição de gosto e compreender as vantagens e desvantagens matérias e simbólicas que assumem. Sobre este assunto desenvolveu uma grande pesquisa intitulada Anatomia do Gosto em 1976 e em 1979 essa mesma pesquisa se torna sua obra prima intitulando o livro A Distinção (Ed. Zouk) nessas duas obras, ele e sua equipe de pesquisadores tentam explicar e discutir a variação do gosto entre os segmentos sociais. Analisando a variedade das práticas culturais entre os grupos, Bourdieu acaba por afirmar que o gosto cultural e os estilos de vida
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da burguesia, das camadas médias e do operariado – ou seja, as maneiras de se relacionar com as práticas da cultura desses sujeitos – são profundamente marcadas pelas trajetórias sócias vividas por cada um deles. Ele afirma, causando um grande mal-estar à época, que o gosto cultural é produto e fruto de um processo educativo, ambientado na família e na escola – e não fruto de uma sensibilidade inata dos agentes sociais. Neste sentido põe em discussão um consenso muito em voga, relativo à crença de que o gosto e os estilos de vida seriam uma questão de foro íntimo. Para o autor, o gosto seria, ao contrário, o resultado de imbricadas relações de forças poderosamente alicerçadas nas instituições transmissoras de cultura da sociedade capitalística (p. 31 e 32).
Estudei no Colégio Nossa Senhora Medianeira na época da abertura de
turmas mistas, meninas e meninos juntos um desafio de convivência. Nada me
interessava e com muito esforço me dedicava às disciplinas de Comunicação
Social, OSPB13, Moral e Cívica, Religião, Biologia e Educação Artística, mas
simultaneamente ao Colégio, segui a formação profissional de bailarina
clássica, quando “determinada pela carreira”, dedicava todos os trabalhos no
assunto.
Aos dezessete anos (1984) mudei para a “cidade maravilhosa” com a
família e vivemos o choque cosmopolita: cultural, urbano e tudo mais, o que
não é diferente para ninguém que não seja natural do Rio de Janeiro.
Mergulhada na cultura paranaense repleta de valores moralistas e princípios
conservadores e com muita dificuldade de entender tantas mudanças fui-me
grupalizando. Preparava-me para me dedicar exclusivamente à vida de
bailarina clássica, quando em um acidente lesionei meu pé e naquela ocasião
interrompi a carreira de bailarina (1985).
Com muito sofrimento demorei a naturalizar o ocorrido, mesmo sabendo
que caminhos cruzam nossa trajetória e pelo percurso criamos história a
construir elos, que despertam para novas escolhas. Enfrentar o que aconteceu
não era simples tinha duas opções: lidar de forma a normalizar o acontecido e
me conformar desistindo da carreira e buscando por outra ou resistir, e
encontrar outro modo de continuar sem abandonar minhas conquistas.
Identificando e aceitando as novidades desconhecidas que viessem fora do
universo da dança.
13 OSPB (Organização Social e Política Brasileira) Disciplina que, de acordo com o Decreto Lei
869/68, tornou-se obrigatória no currículo escolar brasileiro no governo militar;
37
II PARTE – SEGUNDO MOMENTO
Campocorpo como delimitação do campo de atuação
2º ATO – Capítulo DOIS
Fusão: Corpo Clássico e Psicologia| Direitos Humanos
Cursos de Psicologia e Movimento Estudantil
Entrei no curso de psicologia por acidente, literalmente. Vim morar no
Rio de Janeiro com a família e almejava a carreira de bailarina clássica no
Theatro Municipal do Rio. Quando cheguei à cidade (re) iniciei meus estudos
no curso técnico de dança clássica do Centro de Dança Rio14.
No rigor e na disciplina que exige a profissão continuei a me preparar
para atingir meu desejo profissional. Ocorreu que em 1985 na véspera da
audição para a Companhia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, tive um
acidente e, fui interrompida em dar sequência nesta escolha. Cursava o
terceiro ano do colégio e enfrentaria o vestibular. Sem desejo, motivação ou
perspectivas para o futuro ocorreu que entre; ser astronauta, bióloga ou
terapeuta ocupacional, já que bailarina não seria – acabei escolhendo o curso
de psicologia, sem nenhum critério consciente.
Momento de decidir por “outra” carreira, por um campo de trabalho que
não fosse a Dança. Encontrava-me sem esperança e foi quando atravessou
por mim a Psicologia, “sem nenhum interesse claro ou específico” pela área.
Na universidade, sem entusiasmo me deparei curiosa com grupos que
se reunião e conversavam coletivamente, nunca tinha vista uma manifestação
daquela forma, distante passei a observar. Com o tempo elucidei que se
tratava da resistência do movimento estudantil em uma instituição de ensino
14 Centro de Dança Rio/Meier, conheci este espaço de dança no sul, em 1980 quando dancei
um Clássico de repertório: Cophélia com Elina Caminada – na época bailarina do Theatro Municipal do Rio; quando vim morar no Rio fui indicada par dar continuidade a minha carreira com Elina e Vldo Lutof, metre de Ballet.
38
privado. E foi desta forma que me encantei com a vida de militância política.
Por curiosidade, por ver desertar em mim, desejo - motivação.
Ocorre é que tive acesso, acesso a curiosidade, acesso ao grupo,
acesso há novidade, acesso de participação. Foi quando entrei para o Centro
Acadêmico de Psicologia.
Iniciei o curso em 1986 quando sensibilizada pelas práticas fora do
consultório, encontrei um possível caminho. Percebia a permanecia de grupos
espalhados pelo campus na universidade, eram alunos conversando e este, foi
um dos despertares que causou em mime interesse de aproximação, era um
universo de 25.000 estudantes15. O engajamento político “fez sentido”, brotou
entusiasmo quando percebi encontrava-me estimulada às experiências do
movimento estudantil no curso de psicologia, defendendo nossas ideias pelo
Brasil.
Continuávamos lutando pelo ensino de qualidade e, pela reforma do
currículo de psicologia, onde predominava o ensino com entendimento na
psicanálise16. A consciência despertada na causa da reforma curricular do
curso de psicologia ocasionou uma movimentação até então desconhecida, a
implicação e a construção do posicionamento crítico frente aos embates
profissionais da época.
A busca era para possibilitar extensão e abrangência no campo e
fortalecer a área de práticas transversais, como da práxis relacionada com o
labor da psicologia fora da clínica e, sobretudo, por uma psicologia social
brasileira e comunitária comprometida politicamente com a “problemática” da
identidade nacional e os desafios da sociedade moderna.
Com compromisso de ampliar a formação e a atualização no campo de
trabalho da psicologia, estimulou-se a construção da psicologia institucional no
país; como os avanços na psicologia escolar, psicologia ambiental, psicologia
do trânsito, psicologia forense/jurídica, entre tantos outros campos,
15 25.000 estudantes de 18 cursos da Universidade Gama Filho/UGF, no Curso de psicologia
eram 3.000 estudantes (universidade privada em Piedade – subúrbio do Rio de janeiro). 16
Psicanálise – Freud /freudiana – Pai da Psicanálise, Sec. IXX – responsável pelo surgimento do inconsciente.;
39
correspondentes ao compromisso pelo desenvolvimento social na
transversalidade dos saberes e do conhecimento científico.
Muitos interesses em jogo e foi a primeira vez que vi surgir “o campo de
força”, de repente uma “unificação” dos alunos, professores e coordenadores
dos cursos de psicologia nas faculdades do Rio de Janeiro para organizar as
propostas, mas todos sabiam dos encontros de macropolítica da Psicologia
reunindo coordenadores e professores, contudo “estávamos no início da
democracia” a construção participativa tinha “seu espaço” desta forma, nós
preparávamos para apresentar as demandas dos estudantes e professores que
apoiavam a construção ampla. Momento importante para a realização dos
encontros regionais e nos nacionais.
Foi quando entendi como “funciona” o mecanismo de organização
popular para transformar e, construir propostas coerentes com os interesses
dos coletivos engajados. Para mim era novidade e vivi os desafios e conquista
na história da categoria que ecoava por todo o Brasil. No Rio de Janeiro tanto a
Universidade Federal Fluminense (UFF) como a Universidade Estadual do Rio
de Janeiro (UERJ) implantaram em seus currículos bases solidadas da
Psicologia Social; Institucional; Comunitária e a Análise Institucional.
Nos eventos que frequentava quando cursava psicologia (1986 a 1990),
me aproximei da abordagem da Psicologia em Análise Institucional, como
também da implicação ao ativismo e na luta contra a violência do estado aos
direitos civis, conheci muitos psicólogos atuantes responsáveis por estas
transformações no “novo” campo de intervenção, conheci e passei a participar
do Centro de Estudos Sóciopsicanalítico/CESOP17, como também as passei a
participar das ações do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ:
Idealizado e instituído inicialmente por Cecília Coimbra, O Grupo Tortura Nunca Mais hoje consiste em diversos grupos, desenvolvidos através de associações, ligados entre si e que têm como objetivo organizar a sociedade, com vista à ordem do Estado, criando dessa forma uma "verdadeira oposição, também chamada de esquerdas políticas nacional” (considerando aí, o verdadeiro e político termo de “esquerda (não-governo)” e direita (governo)", mais
17 Entidade de Formação e Prestação de Serviços a Instituições e pessoas interessadas em
Sócio-Psicanálise, um Espaço de FORMAÇÃO DE VIDA e MILITÂNCIA DA ESPERANÇA, com aulas em Analise Institucional e Filosofia a partir de 1998 e em constante mutação, hoje ativa no ALTOLAPA (2014);
40
precisamente se usa atualmente os termos de "Organizações Não - Governamentais (ONG)", termos esses criados pela antropóloga e intelectual Ruth Cardoso (exatamente para evitar as ambiguidades institucionais). Essas organizações que declaram em seus estatutos, ter o objetivo de lutar contra violações dos direitos humanos, de forma geral, ajudam quem luta pela causa dos direitos humanos, intercambiam informações sobre os temas, prestam assistência às pessoas atingidas e trazem a história do Brasil durante o período de ditadura. a qualquer ato de repressão política, do passado ou do presente, sejam quais forem os atos criminosos aos da chamada direita ou esquerda ideológica, como a qualquer tipo de tortura ou terrorismo, como hoje se verificam nos presídios e no sistema carcerário brasileiro, em governos que vêm resolver e não resolvem. Muitas vezes pactuado pelo governo constituído, alegando falta de recursos e outras formas irresponsáveis de não resolver problemas, e outras aquiescência das autoridades sempre presentes e ausentes ao mesmo tempo, são de forma geral, grupos de pressão política brasileira, e hoje em nome da. Nação brasileira, dos seus direitos humanos (http://pt.wikipedia. org/wiki/ Grupo Tortura_Nunca_Mais).
A historicidade deste processo caracteriza a construção do sujeito
profissional que me tornei, o percursos pela práxis escolha das experiências
práticas como meio de iniciar a carreira, trilhando caminhos para consolidar
vivencias. Esta participação revelaram fatos, acontecimentos que
posteriormente reverteram-se numa Rede de Aglutinadora de Ações, fomento
constante diálogo com as proposições de políticas sociais e culturais.
E desta forma ocorreu à fusão entre o “fazer bailarino” com o “fazer psi”,
me tornei a cada oportunidade agente de transformação em mim mesma e
posteriormente ao outro, ciclicamente, em metamorfose. Entre mudanças
constantes participo de diferentes entidades e instituições atuantes na
conquista pela garantia de direitos.
Prática com Ana Filgueiras
(1989)
Atrás de Arte eu estava, quando acabei, iniciando o trabalho da
psicologia social com meninos e meninas que viviam na rua, quando pela
“ferramenta-da-dança” acabei aproximando o campo do corpo e do sujeito pela
primeira vez.
Tais como a seleção de memória, de um acontecimento, de um fato que
faz diferença, aqui será inevitável, por exemplo, não lembrar o que me
atravessou no dia que tentava chegar ao Ministério da Cultura e passei pela
41
Av. Graça Aranha18 pela primeira vez (1989), e acabei conhecendo a “Maloca
da Saúde” espaço físico para o Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente/CBDDCA, organização não governamental,
responsável pelo Programa de Promoção e Prevenção de Saúde à Criança e
ao Adolescente.
Ana Filgueiras portuguesa, socióloga morou no Rio de Janeiro durante
anos e atuou na equipe da Fundação Nacional do Bem Estar Social – a
FUNABEM, dedicou-se a construção do Estatuto da Criança e do Adolescente -
ECA19 e fundadora do Centro de Defesa/CBDDCA.
Entre várias experiências relevantes nesta instituição ressalto a profunda
seriedade para com os direitos das crianças e adolescentes em situação de
risco, pessoal e/ou social conduzida por Ana Filgueiras com ela e por ali me
qualificou no campo de intervenção dos Direitos Humanos, atuávamos em
diferentes regiões da cidade (re) conhecendo situações desumanas e de pronto
atendimento junto à garantia dos direitos que não eram assegurados pelo
Estado.
Em 1989 quando a conheci surgia no Brasil centenas de organizações
não governamentais. Aquecia o entendimento de como as estruturas do
terceiro setor, da sociedade civil organizada estabeleciam propostas para a
defesa e garantia “dos diversos direitos conquistados” na Constituição da
República Decreto Lei Nº 2.413 de 10/02/1988.
O Centro de Defesa/CBDDCA era um, entre as dezenas de instituições
que nasceram da sociedade civil dita organizada. Entidade de porte Nacional e
Internacional que desenvolvia atividades de psicologia, assistência social,
saúde e cultura para crianças, adolescentes e adultos “moradores de rua” no
viés da promoção, defesa e da garantia de direitos. A “Maloca da Saúde”
funcionava exatamente na Av. Graça Aranha, sem número; em uma sala
concedida pelo Ministério da Saúde, pertinho do Edifício Gustavo Capanema,
sede na época do Ministério da Educação e da Cultura.
18 Endereço próximo ao Palácio Capanema – Centro do Rio de Janeiro
19 Decreto Lei nº 8.069/1990 – atualizado Lei nº 12.010/2009
42
A implicação com os Direitos Humanos se deu na prática como
educadora (1989) baseada na pedagogia freireana com um parceiro pedagogo,
alfabetizando sujeitos a se entenderem como pessoas, cidadãs de direito na
cidade, buscando meios de emancipação ao conhecer o sentido da consciência
e da libertação, pela construção crítica frente à exclusão das crianças e jovens
que se encontravam sem oportunidade de estudar formalmente.
No inicio não imaginava como faria para confluir o trabalho da psicologia
social com a dança, mas foi pela percepção do trabalho corporal, pelo sentido
de cidadania – de existência pela “construção de consciência”, de um “corpo-
forte”, de um “sujeito” pensante e não “sujeitado” que propus um campo de
força conscientizando-os a não aceitar como normal a violência enfrentada
diariamente.
A dança-ferramenta foi o meio que subsidiou o conhecimento dos modos
do sujeito “despadronizado”, do corpo fora do padrão social “o pivete-pixote” 20.
Hoje percebo que esta correlação poderá ser um modo de se referir ao fora do
padrão em diferentes níveis e dimensões sociais, podendo vir a ser uma
ferramenta-teorica a desconstruir estigmas no campo da construção por
espaços igualitários de quem se encontra segregado, alijado culturalmente.
Além das ações dos Projetos “Maloca da Saúde”, também atuava no
Projeto “Meninos e Meninas de Rua” acompanhando as necessidades diárias e
encaminhado atendimentos específicos dos grupos que habitavam na rua,
fossem em relação à saúde, educação, documentação, moradia, família,
trabalho entre outras e a “Rede Mão na Mão” – uma articulação entre
profissionais da área de saúde para atendimento e acompanhamento a
crianças e jovens soropositivos.
Simultaneamente em outra equipe o CBDDCA atuava no Projeto “SOS
Criança” e “Crianças Desaparecidas”, quando através da central de
telefonemas recebia denúncia de mãos tratos e realizava intervenção para
referência e o acompanhamento domiciliar, buscando elucidar as “situações em
20 Pixote, filme de Humberto Eco, emblemático da década 80 esclarecedor da violência e abuso
ao “menor de rua”.
43
desajuste familiar”, a fim de encontrar estratégia redutora de danos,
prioritariamente para a criança e/ou adolescente em situação de
constrangimento e abuso, hoje entendido como crime ao abuso de incapaz.
Representando esta organização em 1996 participei do “Projeto
Implementando o Sistema de Garantias dos Direitos – sociedade civil
acelerando o passo”, desenvolvido pelo Movimento Nacional de Meninos e
Meninas de Rua/MMMR e a Associação Nacional dos Centros de
Defesa/ANCED durante nove meses, éramos cento e vinte educadores
levantando informações e construindo os dados para o Ministério da Justiça,
implementar ações, políticas e programas no Setor, fortalecendo a criação dos
Conselhos Tutelares21 pelos municípios brasileiros.
“Agente psi” me tornei pelos estágios nas instituições compreendendo os
desafios aos direitos e na rua também me qualifiquei ao entender o que era o
trabalho não institucionalizado, transformador e construtor de um corpo capaz
de produzir diálogo, trocar afeto e estabelecer com os grupos um corpo de
direito, pela busca ao acesso e o rompimento à discriminação, ao preconceito e
ao fortalecimento do estigma, podendo gerar e acarretar na violência extrema,
o extermínio.
A complexidade dos Direitos Humanos faz com que sejam inúmeras as
prioridades, alinhar urgências de cada diferente causa, é um meio de conduzir
a especificidade de conquistas distintas, mas apenas de modo rigoroso
expresso pelo com força num determinado campo faz alcançar as metas e as
diretrizes almejadas.
É sempre “pelo campo de força”, o coletivo que não se organiza fica a
margem, torna-se “grupo sujeitado” e cai no silenciamento apesar dos objetivos
serem claro e de certa maneira comum: todos externam o acesso ao direito de
existir autonomamente e a arte, a produção cultural pode ser um caminho.
O Setor Cultural sempre foi uma estratégia no campo social e da
psicologia, a junção das experiências profissionais e de vida consolidam as
21 Organismo regulador das ações de garantias aos direitos da criança e do adolescente.
44
escolhas engrenando a prática em sócioanalista com a prática de bailarina no
campo dos Direitos Humanos. Trinta anos se passaram desde que vim morar
no Rio de Janeiro em 1984, vivencio desde então, um estado de
pertencimento, de pertencer a uma causa coletiva, com interesses individuais e
coletivos. Os estudos não pararam, foi quando me mantive no grupo com
prática coletiva e de autogestão no CESOP até aproximadamente 1996.
Fusão: Gestão, militância e acesso aos direitos garantidos
Centro de Estudos Sociopsicanalíticos/CESOP22
Cheguei ao coletivo do CESOP – Centro de Estudos Sócio-
Psicanalíticos pelos eventos dos estudantes de psicologia e os encontros com
os profissionais de práticas nas instituições diversas como os hospitais,
manicômios, escolas, universidades, delegacias – fiquei impressionada, em
todos estes lugares tinham psicólogo atuando, assim, me agreguei as
“profissionais psis” atuantes nesta abordagem no Rio de Janeiro. Foi quando
entendi na prática o que na teoria havia aprendido sobre o campo da Psicologia
Institucional.
CESOP é uma entidade de Formação e Prestação de Serviços a
Instituições e pessoas interessadas em Sócio-Psicanálise, um Espaço de
FORMAÇÃO DE VIDA e MILITÂNCIA DA ESPERANÇA, com aulas em Analise
Institucional e Filosofia (informações do folder do CESOP).
Na ocasião, em 1988, ofereciam um curso básico e permanente,
propondo um aprofundamento dos saberes e fazeres sócio-psicanalíticos,
considerados na sua dimensão ideológica, política e econômica.
22 Atualmente o CESOP é um projeto da Casa alto Lapa Santa, tem como motivação a
pesquisa e a ação no campo social para produzir movimentos que liberem forças produtivas, tanto estéticas quanto éticas e políticas, interferindo na produção de subjetividades através do desenvolvimento de formas de expressão artística, de modos de criar, preservar e interpretar a história e a cultura brasileira nos aspectos por elas expressas nos bairros de Santa Teres e Lapa, RIO.
45
Neste Espaço que também era de Cultura, se reunião grupo de pessoas,
com causas em comum, buscando caminhos profissionais que pudessem
romper com o sistema de dominação capitalística, criando dispositivos
geradores de “campo de força” capazes de produzir outros modos de aplicação
das práticas profissionais e/ou institucionais, promovendo a consciência política
e autogestão (informação contida no folder do CESOP).
De forma permanente criou um espaço de convivência e de estudo
avançado, autogestivo para enunciar coletivamente ações fortalecedoras de
práticas justas para todos os direitos e cidadãos e foi assim, que me aproximei
do movimento institucionalista.
Estávamos em 1988/89 e cursava psicologia, de repente me deparei
conceitualmente com a prática de um coletivo atuante na área de direitos
humanos, foi quando entendi o conceito de transversalidade e almejava novos
caminhos a percorrer, já que como bailarina e professora de dança aquietada
estava nesta época, nem imaginava que poderia haver fusão profissional entre
corpo e mente, quando iniciei meu trabalho no Centro de Defesa/CBDDCA.
Em 1998 iniciei meus estudos em dança contemporânea na Escola de
Angel Vianna, Bailarina, coreógrafa, professora e pesquisadora, é uma
referência no campo das artes cênicas no Brasil e foi quando compreendi que
estava estudando numa escola de pensamento do corpo, alguns dos meus
colegas do CESOP já tinham passado por Angel e me estimularam a seguir a
diante, entre muitos acontecimentos experimentados na Escola passei a
conhecer outra dança que não o Balé – os aprendizados na perspectiva da
Análise Institucional me preparavam para colher as transformações da área e
entre muitos encontros conheci o trabalho de Helena Katz23.
Helena (2005) a convite do FID editorial/BH organizou o livro um, dois,
três dança é o pensamento do corpo e de modo compreensivo podemos
23 Professora no Curso Comunicação das Artes do Corpo e no Programa em Comunicação e
Semiótica, na PUC-SP; Conjuga sua atuação no jornalismo cultural com atividades acadêmicas. Graduou-se em Filosofia na Faculdade de Filosofia e Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1971) e exerce a função de crítica de dança desde 1977. Coordena o Centro de Estudos em Dança-CED, que fundou em 1986
46
arriscar que a dança é uma ação comunicativa do movimento, que age pelo
conhecimento e atua no pensamento, construindo ambiências - ambientes:
O lcorrelacionados de leitura. No primeiro, a ênfase recai sobre a percepção; no segundo, sobre o conhecimento; e, no terceiro, sobre a evolução. Os três se organizam a partir de um mesmo entendimento: o da urgência em promivro apresenta três eixos independentes, não sequências e over um trânsito entre arte e ciência. Para que os enunciamentos estéticos e científicos se aproximem como vírus transformadores dos ambientes prévios de ambos. A dissintonia provoca compartimentação viciada e impede a expansão da visualidade. Na medida em que a ciência e arte não se reconhecem, seus saberes emagrecem. Permanecem como as caixas fechadas que se voltam para seus dentros. Quando algum talho as rasga, rearranja seus interiores no contato com novos fluxos. (Um, Dois, Três. A Dança é o pensamento do corpo 2005 p.02).
Ao falar de arte e ciência Katz demarca que a dissintonia provoca
compartimentação viciada e impede à expansão da visualidade.
Compreendendo que visualidade é uma urgência para a arte ambientada pelo
artista, pessoa com deficiência de que forma o corpocampo poderá promover
trânsito entre a arte e a ciência em busca de enunciamentos estéticos e
científicos para transformar “ambientes recentes” sem se voltar para seus
dentro? Os novos fluxos entre a ciência e a arte repetiram a não diferença em
perceber o pensamento do corpo (corpodespadronizados)? O conhecimento do
campocorpo sintoniza com a co-evolução em ambientes prévios
transformadores ou permanecem com as caixas fechadas?
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ENTRE ATO - Capítulo TRÊS
Da filosofia à práxis: ação
Prática com Jorge Márcio Pereira de Andrade
(1996)
“Movimento associativo para reunir pais de crianças e jovens, pessoas com deficiências, seus amigos, parentes profissionais, técnicos e as pessoas com deficiências trabalhando utilizando os recursos disponíveis de informação, como da INFORMÀTICA, para difusão de conhecimentos sobre: Inclusão Digital, Educação, Saúde, Trabalho, Reabilitação, Habilitação, direitos Humanos e Prevenção de Deficiências - projetos na perspectiva da participação social de todos os cidadãos para a construção de uma Sociedade Inclusiva”. (informações do folder do DefNet
24, 1998)
Jorge Márcio com especialização em Psiquiatria, que exerce atividades
no campo da Saúde Mental, em Psicanálise e Psicoterapia, tendo como parte
da sua formação a Análise Institucional. Atualmente mora em Campinas, autor
e editor responsável pelo projeto DefNet distúrbio da eficiência física na
internet, Banco de Dados Centro de Informática e Informações; Gestor dos
projetos no período de 1996 a 2002 na sede no Largo do Machado/Rio de
Janeiro; entidade pioneira no segmento da informação, prevenção e pessoa
com deficiência. Responsável por diversas atividades promovendo um território
urbano conectado a estabelecer visualidade pela naturalização da convivência
entre pessoas com e sem deficiência na região.
Em 1996 tive a oportunidade de conhecer a proposta do ‘Def-Net’ e
escolhi engajar na causa do direito da pessoa com deficiência pelo viés do
movimento institucionalista brasileiro. Conheci novos grupos e comecei a
conviver com o universo da pessoa com deficiência e a prática da Análise
Institucional sensibilizada por Jorge.
Projetos desenvolvidos pelo DefNet
a) Escola de Informática e Cidadania, Abecedário da Cidadania (1998),
proposta formulada pelo DefNet e Brasil Cidadão em parceria com o CDI -
Comitê para a Democratização da Informática. Tratou-se da criação de um
24 DefNet: Projeto GEOORGOS, tem como proposta trabalhar a Terra para que seja gerada
uma nova visão e conceituação de uma grande rede, sobre aqueles que o preconceito denominou deficiente, com direito a lavrar e colher com as próprias mãos, os frutos da Terra
48
laboratório para capacitar pessoas com deficiência na área de informática, um
trabalho cooperativado, fomentando a participação das empresas e das
comunidades em projetos de cidadania, quando atores sociais em forma de
plantões se disponibilizavam ao atendimento educativo para o ensino e
aprendizagem.
b) Projeto Buscando Informações que Transforme a Sociedade (B.I.T.S)
(2000), tendo como intenção levantar informações e gerar dados; identificando
o que fazer, como e para quem, pensando em escala nacional.
Banco de Dados: busca prioritariamente a coleta e a difusão de
informações acerca de paralisias cerebrais, tratando, porém, como importantes,
os dados a respeito de outros distúrbios. Devendo ser coletados dados
vinculados a instituições (nacionais e internacionais), como as novas formas de
tratamento e prevenção; bibliografia especializada e dirigida para leigos;
relação de escolas especializadas e mistas; realização de eventos, cursos e
congressos; programações de lazer e cultura; como também, indicações para
assistência social e jurídica.
O Banco de Dados - DefNet, organismos orgânicos do Centro de
Informática e Informações, estabelecido por esta via de ação, seguem algumas
metas:
1) Construir e implantar um núcleo regional de informações, no Rio de janeiro,
RJ, como espaço físico e sede informatizada, como parceria com o SICORDE,
através da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa com Deficiência
(CORDE), da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos/ Ministério da
Justiça, como experiência piloto para a criação de Centros Regionais de
Informação e Referência Local sobre Deficiência. O que cabe é quantificação.
Saber o que queremos quantificar?
2) Constituição de um cargo “Difusor de Informação” – uma função necessária
no campo de trabalho verificando a urgência no campo e nas áreas de
abrangência visando que esta prestação de serviço. Foi e foi por conta desta
realidade que o DefNet desenvolveu Projetos B.I.T.S “Buscando Informações
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que Transformem a Sociedade”, para alimentar com dados e informações
fidedignas o sistema de consultas nas três esferas governamentais.
C) Programa Verde para Todos no Jardim Botânico (1998), através desta ação
foi implantado o Jardim Sensorial. Coube ao DefNet aglutinar e construir
através de propostas políticas junto à sociedade civil e os representantes do
poder público, o estimulo ao protagonismo da pessoa com deficiência. Esta
ação teve o caráter de unir a todos que lutam pela causa por melhores
propostas públicas para na cidade, para que atenda o segmento da pessoa
com deficiência a fim de facilitar sua participação na sociedade.
Esta ação ambiental extensiva à cultura foi um acerto, além de dar
visibilidade às barreiras encontradas no direito ao lazer e ao desenvolvimento
de conhecimento da pessoa com deficiência, contribuiu com a mobilização de
entidades atuantes no campo. Momento importante que somaram se esforços.
Aconteceu através de visitas programadas e constantes com pessoas
com deficiência, sendo então possível dimensionar além das barreiras
arquitetônicas ao desafiar outras e novas “verificações”; a das barreiras
naturais que são foram obstáculos existentes diante da própria natureza.
Identificou se que no roteiro do corredor ao jardim sensorial, encontravam-se
diversas raízes que deveriam ser estudadas para “remoção” e/ou possível
adaptação, diante das áreas escorregadiças por conta da umidade local.
d) Projeto Baila Comigo no Museu para Todos (1998), compreendia a formação
de um grupo de dança amador.
O Projeto Baila Comigo/DefNet me reaproximou da Escola Angel Vianna
na formação de bailarino contemporâneo com a filosofia de conhecer-se a si
mesmo através dos estudos de anatomia, fisiologia, cinesiologia pelo
conhecimento corporal e para com as técnicas de dança e de consciência
corporal ao perceber o processo criativo e alimentar o pensamento corporal de
modo a criar meios de se comunicar. O projeto teve como proposta fortalecer a
profissionalização em dança às crianças, adolescentes e adultos com e sem
deficiência e valorizar a participação de profissionais bailarinos e atores com
deficiência como docentes.
50
Ao priorizar a profissão para o teatro e para a dança, acreditava-se em
concretizar um modo a potencializar a pessoa com deficiência a uma carreira
artística, proporcionando o direito a uma escolha profissional no campo das
Artes, legitimando espaço ao trabalho de cultura, iniciando essa quebra de
preconceito nestas duas áreas. O Baila Comigo surgiu na intenção de formar
um grupo artístico entre pessoas com e sem deficiências visando
apresentações em espaços de cultura e festivais, pela dança. Quando
desenvolvíamos a parceria em 1998 fui conduzida por Jorge a conhecer os
Festivais de Artes Sem Barreiras do VSA do Brasil/Funarte/MinC
O projeto se transformou da proposta inicial, já que não conseguiu
patrocínio e passou a dar visibilidade ao trabalho cultural das pessoas com
deficiência, ocorreu durante três anos (1998 a 2002) no Museu da Reública:
com programação de lazer e cultura: em atividades de contadores de histórias;
música; dança; pintura; exposição; exibição de filmes; arte-educação a cada
dois meses, na CENA acima improviso e pesquisa de movimentos entre
Andrea Chiesorin e Rogério Andreolli nos Jardins do Museu em 1998.
51
A essa altura o DefNet se desdobrava em suas ações locais e recebia
contato de todo o país. Foi nesta época que iniciamos o trabalho de difusão e
disseminação cultural no Museu da Republica projeto denominado como
Museu para Todos.
Entre as atividades do Museu para Todos, realizamos treinamento e
sensibilização para os funcionários, campanhas para o publico frequentador do
Museu da Republica, buscando meios a sensibiliza-los para a realidade na
convivência entre as diferenças.
Durante estes anos de parceria nas ações culturais não foi possível
realizar atividade de fruição estética e cultural do conteúdo e das obras
históricas da Memória da Política brasileira para pessoas com deficiência. Essa
visita dentro do Palácio do Catete, onde foi à moradia do presidente Getulio
Vargas convenhamos, tem visitação restrita. Desta forma, as atividades
realizadas foram do lado de fora do Museu Histórico da Republica, ocorrendo a
nos Jardins do Museu. Observa-se ainda nos dias de hoje a resistência da
abertura deste museu para a convivência comunitária, O que é um contra
senso.
Vivenciamos e nos referimos a atual experiência da turma do curso de
especialização em acessibilidade cultural ocorrido durante o ano de 2013, local
onde tivemos as aulas. Este Espaço de Cultura federal integra a Rede de
Museus e está ligado ao Ministério da Cultura, por sua vez, deveria aplicar e
cumprir as determinações legais para os espaços públicos de cultura, no que
diz respeito ao acesso, mas ignoram.
O fato de receber a turma do curso de especialização em acessibilidade
cultural no Museu da Republica, foi uma iniciativa a ser considerada, já que
para a realização da disciplina Exposição Acessível I e II – pretendeu-se criar
uma exposição acessível como projeto piloto para outros museus.
O assunto evidente interessou, embora não tenha surtido força suficiente
para a abertura às necessidades de acessibilidade para todos. Considerando a
experiência do DefNet e buscando dados para atualizar as práticas do Museu,
no que tange o desenvolvimento da filosofia de acessibilidade sem
52
discriminação, percebemos que há diferentes interesses entre os profissionais
que atuam no Espaço do Museu para a política de acesso.
Ideias semelhantes foram fomentadas no final dos anos 90, entre 98 a
2002 quando o DefNet seguia nos desafios pela democracia e pelo direito a
convivência de forma horizontal. Infelizmente constatamos que cerca de quinze
anos se passaram e continuamos observando como a tradição no Brasil se faz
forte a descontinuidade institucional, cabe uma leitura diante do discurso oficial
de respeito e promoção a diversidade na cultural diante às garantias de direitos
no compromisso política.
Será que na prática o reconhecimento e a convivência entre as pessoas
com e sem deficiências de fato acontece? Como é que acontece?
Através do DefNet e por conta do projeto Baila Comigo, participei
ativamente do I Festival Latino-americano Artes Sem Barreiras em São Paulo
(falar especificamente a diante), por meio de intercâmbio buscando
compreender quais caminhos eram apresentados para a dança e a pessoa
com deficiência como aluna do curso de bailarino contemporâneo e de terapia
através da dança da Escola Angel Vianna, visava aprender novas metodologias
para aplicar, somar e cruzar dados com os novos conhecimentos.
Entre os depoimentos e apresentações de trabalhos teóricos, científicos
e/ou de políticas culturais e de arte-educação que foram abordados, destaco a
experiência dos profissionais que vieram representar o Canadá – quando nos
apresentaram resultados de duas décadas no paradigma de sociedade
inclusiva. Ora, se estávamos em 1998 eles estavam falando das políticas
publicas aplicada naquele país desde 1978 – se atualizarmos aos tempos de
hoje e em relação aos caminhos brasileiros, podemos verificar a distancia que
nos encontramos destes propósitos, já se vão quarenta anos!
e) Programa Baila Comigo (2000), um programa de ações articuladas em artes
do movimento, atuando como uma rede de intervenção em abrangência
nacional.
A proposta do grupo artístico não se configurou. Em compensação fez
surgir do Projeto Baila Comigo, o Programa de Ações Articuladas em Artes do
53
Movimento, como uma REDE de INTERVENÇÃO, tendo como finalidade a
politização e potencialização do campo das ARTES&DDEFICIÊNCIAS, na
perspectiva dos direitos Humanos, através de uma abordagem da Análise
Institucional, assim como definem Gilles Deleuze e Felix Guattari acerca das
revoluções moleculares promovidas por ações micropolíticas.
Em 1999 seguíamos com as atividades do DefNet disseminando,
promovendo, fomentando a prática de atividades inclusivas nas escolas e nos
espaços culturais pela cidade do Rio de Janeiro, através do pensamento
estratégico de desenvolvimento local, pelo bairro, onde tínhamos sede.
Rede composta por artistas, instituições, gestores, educadores, arte-
educadores – pessoas com e sem deficiência engajados nos direitos e na
potência da expressão estética, artística e crítica, que revela o corpo e a
diferença do corpo – quando estabelece lugar ao corpo deficiente – como lugar
de interesse investigativo.
Em consonância com a vida de artista, extraí caminhos de formação de
novo gosto e de outras possibilidades estéticas, diante de uma qualificação
profissional disrruptora de sentidos cristalizados no entendimento da dança, do
corpo e na arte pelo senso comum. Considerando que a formação do sujeito
artista é determinante no campo da Arte.
Escolhi a Analise Institucional como referencial teórico e quando o fiz por
volta dos vinte anos, confesso, não tinha a menor noção que éramos tantos os
seres humanos e que vivíamos de maneiras tão diferentes e foi assim, que fui
compreendendo o projeto que estava me envolvendo: uma sociedade justa
para todos. Sem dúvida, o DefNet provocou em mim uma quebra
paradigmática, uma mudança radical de visão e de percepção do mundo
possível.
Foi quando passei a compreender o sentido do atravessamento, do que
nos atravessa para além do que é transversal e o que se entende por
transversalidade na Analise Institucional.
As informações referentes aos artistas, pessoas com deficiência foram
consultadas no Centro de Documentação de Artes /CEDOC/Funarte e Centro
54
de Documentação, de Registro e de Memória Artes Sem Barreiras
(CDRMEMÓRIA'SEMBARREIRAS) – Banco de Dados/fonte: Baila Comigo
(2013) que subsidiam o Centro de Informática e Informações sobre Paralisias
Cerebrais – DefNet – fundado pelo Dr. Jorge Márcio, através da Rede de
Intervenção, fruto do programa de articulação do movimento em artes
coreográficas, norteadora do processo histórico da dança e da pessoa com
deficiência no Brasil.
Prática com Albertina dos Santos Brasil e Andre Andries
(1999)
Segundo André Andries, servidor do MinC, sociólogo, editor, gestor do
Programa Arte sem Barreiras durante os quatorzes anos no período de 1990 a
2004, contextualizamos a proposta de Albertina Brasil, fonte documental dos
releases e relatórios da Associação vida Sensibilidade e Arte (VSA do Brasil),
1999;
A partir da Constituição de 1988, teve início uma nova forma de relação entre o Estado e a sociedade civil pela institucionalização de uma série de normas que ampliaram as possibilidades de participação dos cidadãos e entidades representativas nos processos decisórios em distintas esferas de governo. Nos anos seguintes, surgem centenas de movimentos e as entidades da sociedade civil demandando direitos políticos, civis e sociais. Em março de 1990, a professora e humanista Albertina Brasil Santos (1925-2004) criou a Associação VSA Brasil, uma organização não governamental, sem fins lucrativos, composta por voluntários, sob inspiração e depois afiliação, ao programa Very Special Arts, fundado em Washington, em 1974, por Jean Kennedy Smith e hoje presente em 86 países nos cinco continentes. O programa brasileiro, nomeado de Arte sem Barreiras, desde seu início e de forma pioneira no mundo, decidiu realizar ações e projetos de forma não segmentada. Inclusão foi à palavra-chave encontrada e que abriu para a realização de um diálogo cultural e estético entre pessoas com e sem deficiência.
25
Albertina, uma das fundadoras da Funarte - Fundação Nacional de Arte,
em 1975, convivi com ela cerca de cinco anos (1999 a 2004), mas tempo
suficiente para compreender e aprofundar quais os caminhos a serem
alcançados pelos artistas, pessoas com deficiência no Programa Artes Sem
Barreiras na Funarte, a profissionalização e o mérito artístico.
25 Informações na publicação da Oficina Nacional de indicações de políticas públicas culturais
para inclusão de Pessoa com Deficiência NSNSN-2008/MINC/ SID/FIOCRUZ, na mesa sobre Cultura e Deficiência: trajetórias e perspectiva p. 37 à 42.
55
O primeiro contato aconteceu no I Festival Latino de Arte sem Barreiras
e do I Congresso Latino-americano de Arte-Educação Inclusiva no SESC
Pompéia em São Paulo, em 1998. Revelando-se para mim como um divisor de
águas, pelo alcance a compreensão do paradigma de sociedade inclusiva no
país e no mundo. Momento que conheci o Programa, partipei como aluna de
dança contemporânea da Escola Angel Vianna, pelo Projeto Baila/DefNet
recém criado.
Lembro-me como se fosse hoje, nunca tinha visto nada igual, eram
cerca de duas mil pessoas, entre centenas de artistas, arte-educadores e
representantes de dezenas de entidades do Brasil e 22 países participando dos
dois eventos que estabeleceram um novo patamar educacional e artístico nas
relações da pessoa com deficiência e sociedade.
Evento extremamente complexo e organizado pela VSA do Brasil, com
a participação de John Kemp presidente mundial da VSA, quando coordenou
reunião de avaliação do programa na América Latina com a presença de
representantes do Very Special Arts de vinte países do continente. Tratava-se
da relação do Ministério da Cultura/Funarte e do Ministério da Educação com
as políticas para as pessoas com deficiência no Brasil.
A vivência junto a centenas de artistas de diferentes países enriqueceu o
universo desconhecido por mim. Nesta ocasião fui surpreendida com a
apresentação do grupo Limites Cia de Dança de Curitiba dirigida por Andrea
Bertoldi Sério, coreógrafa de dança contemporânea e colaboradora com
Albertina para o desenvolvimento do pensamento do corpo que dança.
Este evento me fez compreender o Campo da Cultura, pela pessoa com
e sem deficiência na Arte e hoje, dispositivo analisador: o campocorpo. Foi
quando pela primeira vez assisti artistas profissionais, pessoas com e sem
deficiência executando dança. Nem imaginava esta realidade, fiquei
impressionada com o alcance na época há dezesseis anos. Quando
compreendi o sentido de um fenômeno, na expressão cultura brasileira.
Quando conheci o trabalho corporal de Rogério Andreolli e Elisabeth
Caetano pelo Grupo Giro de Niterói, coreografado por Rosangela Bernabé e
56
também Roberto Matias e Anderson Leão da Roda Viva Cia de Dança de Natal
coreografado por Henrique Amoedo. Entre as cias estrangeiras fui atraída
pelos trabalhos da companhia espanhola com Patrícia Diaz e Tomi Ojeda e o
Grupo de Teatro Imagines de Lima, dirigido por Rocio Ratto.
As fruições estéticas entre os trabalhos nacionais e internacionais
chamavam atenção, era o momento dos trabalhos selecionados como arte-
produto, aqui neste estudo resignificado como campocorpo. O Festival Arte
sem Barreiras acontecia em dois momentos, em duas programações culturais
distintas no que tange as apresentações artísticas: em um momento
apreciávamos os trabalhos profissionais e em outro momento apreciávamos os
trabalhos em processo de desenvolvimento.
O VSA/Brasil centraliza seus objetivos em duas vertentes:
- Arte-Processo – a educação artística no processo do desenvolvimento das
pessoas com deficiência.
- Arte-Produto – promoção e divulgação da arte com pessoas com deficiência.
Com a finalidade de dar visibilidade ao valor criativo, gerador de arte
pela pessoa com deficiência “Berta” como Albertina carinhosamente era
conhecida, defendeu com seus pares, e junto, ao presidente na ocasião Marcio
Souza, que a Fundação de Artes do Brasil/Funarte, deveria ter em sua
estrutura, uma política própria, para atender este segmento cultural.
O programa Artes sem Barreiras teve como proposta inicial para o
desenvolvimento do:
a) promover e entrelaçar a produção artística de pessoas com e sem
deficiências, por meios de intercâmbios e diálogos estéticos;
b) estímulo a artistas, educadores e a investigadores da sensibilidade a serem
lançados em pesquisa e produção de conhecimentos no campo da arte e da
pessoa com deficiência;
c) ampliar o entendimento da sociedade brasileira sobre essas novas
expressões para dissolver barreiras estéticas e sociais;
57
d) inserir o fazer artístico para pessoas com deficiência a contemporaneidade
estética e ao desenvolvimento socioeconômico do país, gerando ocupação e
renda.
E estes foram os pressupostos do Programa Arte Sem Barreiras,
apresentados por mim, na Primeira Oficina Nacional de Indicação de Políticas
Culturais para a inclusão da pessoa com deficiência, NSNSN-
2008/MINC/SID/FIOCRUZ, no Rio de Janeiro, construção do Plano Nacional de
Cultura do Brasil – na mesa redonda: Cultura e Deficiência: trajetórias e
perspectiva.
Comitê Estadual do Rio de Janeiro
Mapeamento estadual do movimento artes sem barreiras
(1999)
A seguir transcrevo informações contidas na cartilha do Programa de
créditos institucionais do I Encontro Nacional do Very Special Arts-Brasil, para
a criação dos comitês estaduais26.
O Programa VSA visa abrir espaço para o artista com deficiência: - promovendo e aprimorando sua arte; - integrando-o no programa cultural do país; - avaliando-o para apresentação no país e no exterior; - somando esforços das organizações ligadas às artes e atendimento à pessoa com deficiência; - promovendo mostra de arte, festivais, exposições e movimentos outros centrados na arte das pessoas com deficiências.
Busca integrarem-se sempre a Programações Culturais já existentes nas Universidades, Federações de instituições de atendimento a pessoas com deficiências, Órgãos de representação de classe, Secretarias e Fundações estaduais e municipais de educação e cultura. Adota a política de não segregação – o espaço cultural aberto ao artista pessoa com deficiência pretende priorizar sua arte, permanecendo, porém, aberto a todos os demais artistas.
Vinha do universo dos projetos sociais que atuavam com a arte no
processo de transformação pela criação de tratbalhos artísticos. Proposta
semelhante com segmentos culturais diferentes, as produções culturais das
26 Subsídios para implantação de comitês estaduais e municipais, 27 a 29 de agosto de 1990.
Documento pesquisado no CEDOC/Funarte, acessado em fevereiro de 2014.
58
instituições que atuavam no campo da criança e do adolescente, moradores
das favelas e também dos que viviam nas ruas e nas comunidades.
Quando em 1999 procurei o Programa Arte sem Barreiras para difundir
as atividades culturais no Projeto Baila Comigo no Museu para Todos/ Defnet
com a finalidade de aproximar coletivos de artistas, instituições, gestores,
educadores, arte-educadores – pessoas com e sem deficiência engajados nos
direitos e na potência da expressão estética, artística e crítica.
A confluência das práticas mais uma vez atravessou meu campo de
intervenção, revelando o corpo diferente e as diferença dos corpos como um
campo de força e hoje, dispositivo-analisador: corpocampo, foi assim que
conheci Valtair Romão, parceiros, administrador – responsável pela estrutura
do Programa Artes sem Barreiras e servidor do MinC que me apresentou para
Albertina – foi quando, recebi o convite para ser Coordenadora do Comitê
Estadual do Rio de Janeiro, desta forma, em 1999 me tornei mais uma das
voluntárias a engrossar o movimento social de artistas, pessoas com e sem
deficiências Arte sem Barreiras. E hoje, difundido por mim como Setor Artístico
de pessoa com deficiência e segmento cultural, argumento deste estudo.
O Primeiro encontro que participei com os coordenadores dos comitês
se deu no VI Festival Nacional de Artes Sem Barreiras e o V Congresso
Nacional de Arte-Educação na Escola para Todos, em 2000/Brasília, quando
pela segunda vez me aproximada deste segmento cultural.
A Pulsar recém-fundada participam do momento dos trabalhos em
processo de desenvolvimento, Rogério, ator e bailarino experiente no
segmento e seguiu conosco, pelos caminhos naturais do programa
apresentando um novo processo de pesquisa estética.
André Andries (2000), um dos responsáveis pela programação do Arte
Sem Barreiras Nacional, propôs na edição de Brasília um bate papo que
denominado como: Café com Arte – 1º Colóquio com artistas de renome
nacional (2000) que estiveram trocando ideias com o público sobre a
importância da arte sob as suas diversas manifestações enfatizando a atenção
de “artista deficiente”.
59
Como mineiro clássico André, propôs que com café conversássemos
sobre as obras apresentadas. Entre as diferentes presenças na área da dança,
a convidada foi Márika Gidale, Diretora do Balé Stagium e foi quando participei
pela primeira vez da polêmica entre artistas pessoas com e sem deficiências e
suas produções culturais e artísticas.
Cresceram as demandas para a participação nos Festivais de Arte sem
Barreiras e o Comitê Nacional como convicções firmes ao primar pela
qualidade do que apresenta, tinha suas metas. A visibilidade da produção
cultura pelo segmento já estava posta, o evento sem característica a ser
segmentado fomentou um campo e aglutinaram parceiros, solidificando assim,
a política pública de cultura na época chancelado pela Funarte/MinC.
Para o ano seguinte 2001- Berta ressaltou preocupação como o volume
de trabalhos artísticos que surgiram na última edição, reconhecendo que
aquele momento seria crucial para a manutenção da qualidade nos eventos
artísticos. Compreendendo que o Programa estabeleceu seu espaço de
reconhecimentos das obras e de troca entre os processos estéticos e que para
continuar com os artistas profissionais precisa ainda mais e, um dos desafios,
era lidar com o Setor a profissionalizar as estruturas aos eventos.
Foi quando convidou consultores de área para apontarem as
necessidades especificas de cada linguagem e neste momento fui convida para
ser Consultora de Dança na Coordenação Nacional do Programa Artes Sem
Barreiras/ Very Special Arts do Brasil.
Acumulando duas representações e representando o sudeste, fui
conhecendo as diferenças culturais do nosso país e reconhecendo a
abrangência da cultura brasileira, especificamente a respeito da identidade do
trabalho artístico de pessoa com deficiência e segmento cultual. Tudo
aconteceu muito rápido eu particularmente, não conhecia a história deste
movimento, mas aceitei o desafio.
Como Coordenadora do Comitê Estadual de Artes Sem Barreiras do Rio
de Janeiro propôs à construção de um “programa institucional” com o objetivo
60
de somar forças nas três instituições que estava envolvida, já que o elo para o
desenvolvimento das ações era a mesma pessoa, no caso eu.
Montada a rede integradora de instituições, reestabelecemos a ação do
Projeto Baila Comigo para uma rede de intervenção em abrangência nacional,
assim, o Centro de Informações|Banco de Dados/Defnet; a Escola de
Dança/EAV; a Pulsar Cia de Dança e o VSA Brasil - Programa Arte sem
Barreiras/Funarte/MinC se rediaram ao Programa Baila Comigo, uma rede de
intervenção: o Programa de Ações Articuladas em Artes do Movimento (2000).
Ao aceitar convite para ser Consultora de Dança fui incumbida de
planejar e organizar o 1ª Festival Internacional Artes sem Barreiras, junto ao 1ª
Congresso Internacional Artes sem Barreiras em 2002 em Belo Horizonte,
quando realizamos o 3ª Colóquio com artistas de renome nacional (2002); mas
desta vez sem café e reunindo o segmento da Dança; para esmiuçar e unificar
as questões da profissionalização da área especifica, reunimos dezenas de
trabalhadores da cultura, constituindo então o Núcleo de Artes Cênicas: Setor
Dança Arte sem Barreiras (2002), há doze anos. Atualizando aos dias de hoje
pode-se entender que este foi um encontro da setorial de dança de artista,
pessoa com e sem deficiência.
Às vezes (...) um fato, vira; fato outro (...) conjunto de palavras utilizadas por Helena Katz referindo se a alteração da sigla do FID – Festival Internacional da Dança (1996-2000) por FID – Fórum Internacional da Dança – por consequência do amadurecimento do projeto (catálogo FID/BH/MG, 2001).
A experiência foi valorizada pelo Arte sem Barreiras, assumi a
Coordenação no Estado e fui à busca de fomentar a participação da pessoa
com deficiência no Rio de Janeiro, representando o sudeste.
61
Consultora de Dança
Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança Arte sem Barreiras
Comitê Nacional Very Special Arts do Brasil | Funarte| MinC
Programa Artes Sem Barreiras
(2001)
Na formação de bailarino na EAV estudamos como diz Angel uma
porção de coisas, sobretudo a consciência corporal, a conscientização pelo
movimento nesta escola de pensamento corporal aprofundamos as
percepções, as sensações como o conhecimento estrutural do corpo, por meio
de diferentes técnicas e modos de processos criativos.
Tentar uma síntese sobre sua obra é correr o risco de reduzi-la ao que
não deveria ser considerado importante. Suzana Saldanha (2009), atriz,
professora e diretora de teatro reuniram artigos de diferentes profissionais que
passaram por ela, no livro intitulado: Angel Vianna Sistema, método ou técnica;
para documentar algumas impressões, considerei algumas para rechear nossa
conversa sobre corpo e dança:
Juca Ferreira na época Ministro da Cultura (...). Impossível falar na dança contemporânea brasileira sem citar seu nome. Sua técnica revolucionou o tratamento que se dava ao corpo (...). Angel Vianna foi e continua a ser um dos baluartes do chamado “trabalho de corpo”, depois dela, a relação entre corpo e dança nunca mais será a mesma. ( p. 14); Sérgio Mamberte na época Presidente da Funarte (...) seus estudos sobre a sensibilização do corpo e a conscientização do movimento não se tornam somente essenciais somente na formação de bailarinos e atores ( p.15); Luciana Bicalho, professora, diretora de movimento e preparadora corporal (...) Na Angel corpo é possibilidade. (...) dedicou-se, desde muito, a pesquisar a arte do corpo em movimento. Contemporânea na arte de experimentar perceptivamente o corpo em suas múltiplas manifestações, sempre disposta a somar conhecimentos, reuniu em sua escola, seus saberes, práticas e pensamentos, guiados por uma pele que toca e é tocada, por um olhar que ouve, por um esqueleto vivo, por um corpo perceptível. Fibras tensas começam a soltar, liberam não apenas o corpo, mas também os fluxos do pensamento e das sensações. Aos poços vamos presenciando pequenas mudanças nas formas do corpo, nas atitudes de nossas posturas, nas qualidades dos gestos. (p.109 e 110); Ana Bevilaqua, professora, diretora de movimento e preparadora corporal (...) Laban e Angel se aproximam pois suas próprias vidas foram e são dedicadas a dança, ao movimento, ao corpo. Ambos fizeram de suas vidas um contínuo processo de pesquisa e de trabalho gerando, respectivamente, um sistema e um método que já fazem parte da história da dança e do movimento no Brasil e no mundo (p.78) (...) O trabalho de Angel enfoca, mas diretamente o que seria a categoria corpo do sistema Laban, embora não deixe de se relacionar e explorar aspectos espaciais, de qualidade e expressão do movimento e forma (...). A dança que Angel Vianna professora procura respeitar são os ritmos e particularidades de cada corpo. “Cada um pode ter sua própria dança” é uma crença profunda de Angel compartilhada por Laban. (...) A dança que Laban almeja procura se relacionar com os padrões rítmicos da natureza e do
62
homem. Laban estuda os padrões de movimento comuns à raça humana, mas também percebe as diferenças que são culturais e principalmente as individuais. Uma das muitas polaridades contidas no sistema Laban é justamente esta: grupo e indivíduo; a parte e o todo. (...) Assim, imagino que Laban e Angel estão profundamente ligados e um complementa o outro. (p.81)
Entre as diferentes matérias de dança e corpo que temos no curso, em
dança contemporânea o sistema e método aplicado é de Laban, (Rudolf Von
Laban, 1879-1958):
Dançarino, pesquisador húngaro e coreógrafo, considerado como o maior teórico da dança do século XX e como o "pai da dança-teatro". Dedicou sua vida ao estudo e sistematização linguagem do movimento em seus diversos aspectos: criação, notação, apreciação e educação. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rudolf_Laban
Em minha formação de bailarina contemporânea por meio de vigências
com Andrea Bertoldi Sério, Diretora da Limites nos eventos do Arte sem
Barreiras e por Maria Teresa Y Sayz Diretora da Pulsar tive oportunidade de
estudar e me aproximar mais, tanto no campo da fruição pela percepção na
qualidade do movimento, como no aprofundamento da pesquisa corporal com
pessoa com deficiência neste ensinamento.
No evento do SESC Pompéia/SP participei do curso sobre a linguagem
da Limites com Andréa Sério e na ocasião lembro-me de ter ficado bem
entusiasma com a sincronicidade das escolhas e de ter tido a impressão que
estava num caminho longo, preciso, precioso e raro. Andrea Sério uma das
pioneiras de pesquisa em dança com pessoa com deficiência no Brasil foi uma
das grandes responsáveis na área da dança, pelo entendimento claro que o
programa teve com os seus desafios para a compreensão dos diferentes
estágios que envolvem este campo.
De uma forma ou outra, me sinto dando sequência ao que foi germinado
e agora articulo, imagino, uma aproximação entre Angel, Albetirna e Laban
quando percebo as crenças destes educadores em citando o último,
Laban acreditava que as diferentes mensagens que cada ser humano traz dentro de si são a maior riqueza de uma sociedade como a nossa, que depende e vive para e do grupo (http://www.morungaba.org.br/ núcleo/detger_n.asp?id=118)
No livro organizado por Saldanha (2009); escrevi um artigo “Fábulas de
Angel” Nunes Chiesorin (2009), unificando as histórias:
63
(...) através do DefNet cheguei a Angel e em Albertina, ambas as mulheres, humanistas e professoras que acreditaram na arte como mecanismo transformador da vida. Angel professora, pesquisadora, coreógrafa e potencializadora da pessoa com deficiência através do corpo pela dança, abriu sempre espaço para a visibilidade das diferenças e dos corpos diferentes, suscitou o despertar da consciência de tantos que vivem marginalizados do processo criativo sem possibilidades de assessora aos bens educativos e culturais. Albertina professora, humanista, estimuladora do processo de arte-educação como proposta viável para a inclusão de pessoa com deficiência na escola e nas artes, fundadora do Very Special Arts – Arte sem Barreiras/Funarte – um programa brasileiro, que, desde o início e de forma pioneira no continente, fez da inclusão a palavra-chave de suas ações, promovendo o diálogo estético de pessoa com deficiência, estimulou artistas, artistas, educadores e investigadores da sensibilidade a se lançarem em pesquisas e à produção de conhecimentos, atuou na formulação de políticas públicas de ensino através da arte, promovendo apresentações de experiências e processos estéticos para pessoas com e sem deficiência, rompendo barreiras e rampas sociais, atitudinais pelo Brasil a fora. (p.121 e 122)
Desde 2003 trabalho na Escola e na Faculdade Angel Vianna e tanto no
DefNet quanto na VSA sou colaboradora voluntária, militância mesmo, me
formei na Escola em 2000 quando já atuava no Comitê Estadual e seguíamos
com no Projeto Baila Comigo no Museu para. Quando foi convidada para ser
Consultora de Dança e para planejar e organiza o I Festival Internacional de
Arte sem Barreiras em Belo Horizonte, não tive nenhuma dúvida era o
momento certo para aproximar Albertina de Angel já que elas não se
conheciam e apresentar Angel ao movimento dos artistas do Programa Arte
sem Barreiras, criando um campo de forças nas três instituições que me
dedicava em um Programa de Ações Articuladas em Artes do Movimento,
fazendo surgir uma rede de intervenção unificando os conhecimentos e
profissionais envolvidos.
(...) foi em 2002 – quando já tinha me formado na escola – que tive a real extensão das confluências no qual estava envolvida. Neste ano junto com Albertina e equipe, organizamos I Congresso e Festival Internacional de Arte sem Barreiras/BH, onde homenageamos Angel Vianna em sua terra natal quando ela participou dando aulas e proferindo palestra na PUC/MG. (...) Neste evento convivemos com cerca de setecentos bailarinos e mais de oitocentos outros artistas, entre músicos, atores e artistas plásticos. Ficamos reunidos durante uma semana respirando e nos alimentando de arte e das contribuições de Angel. Foi neste momento que de fato senti a junção de forças humanas em prol de um mesmo caminho e o reconhecimento da arte feita, por, com e para pessoas com deficiência. Foi exatamente depois desse evento que Angel me convidou para trabalhar com ela nas instituições que dirige e a partir de 2003 (p. 122 e 123).
Foi quando nasceu o Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança (2001)
responsável por planejar, promover, difundir, fomentar, sistematizar, registrar,
documentar e conceituar os desejos do coletivo.
64
Seleção de trabalhos artísticos e/ou culturais para os eventos do Programa Artes Sem Barreiras no Brasil e no exterior
Contudo, começamos o trabalho pensando em que dança queremos
disseminar e de que modo conduziremos a assimilação das diferenças, assim
iniciamos pelos indicadores internos do Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança
(2001), hoje após quatorze anos, compreendemos como Núcleo de Artes
Coreográficas (2014):
Indicativos:
Critérios para a inscrição do festival:
1) Ser pessoa com deficiência não é critério, não implica em estar selecionado,
é preciso ter um corpo em trabalho técnico e artístico;
2) Coreografias novas para os eventos do Artes Sem Barreiras, ou esquemas
corporais que demonstrem o processo evolutivo da célula inicial de pesquisa
anterior;
3) Duração no máximo de 20 minutos;
Vetores da seleção em Dança – Proposta da Pesquisa Coreográfica:
1) Pensamento estético = estética como posicionamento;
2) Visão cênica com elementos claros junto ao conceito proposto no trabalho;
3) Inovação = em busca de caminho próprio/identidade de vocabulário corporal;
4) Processo evolutivo – que se modifique no tempo de existência da Cia e/ou
grupo de dança;
5) Discurso corporal construído em linha de pensamento proposto;
6) Fazer visível e identificável o conteúdo proposto (a questão é a clareza de
conteúdo e não de estilo), é importante localizar a intenção da proposta;
7) Relações entre a pesquisa, às transições e passagens de quadros;
65
8) Beleza da expressão corporal;
9) Visualidade na plasticidade das soluções cênicas;
10) Articulação de elementos frete aos resultados pretendidos;
11) Observação e valorização de como cada um experimenta a dança;
12) Equilíbrio técnico entre os bailarinos com e sem deficiência (há não
evidenciar a deficiência como falta);
13) Composição entre artistas e não blocos de artistas com deficiência e blocos
de artistas sem deficiência, atingir o processo de fato pela inclusão como
finalidade do trabalho;
Vetores da Seleção em Dança = Proposta da pesquisa corporal individual:
1) Técnica que apresente uma escala e/ou desdobramento na linha de
pesquisa abordada;
2) Habilidade motora cognitiva – técnica de dança e execução da mesma;
3) Organização corporal;
4) Valorizar a constituição física do que pode um corpo;
5) Apresentar o padrão de movimento de um corpo, daquele corpo – identificar
qual é o corpo que promove a pesquisa de movimentos;
6) Desenvolver o padrão de movimento que configura a pesquisa corporal e a
composição coreográfica no trabalho artístico;
7) Buscar soluções corporais em cada bailarino presente na pesquisa e
execução da dança;
Estes indicativos foram construídos como eixos norteadores para
respaldar a comissão a cada evento do programa artes sem barreiras no
processo seletivo dos trabalhos artísticos inscritos, foram sistematizados pelos
trabalhos de coordenação deste núcleo e seus colaboradores.
66
Albertina tinha muita clareza nos propósitos a atingir pelo programa artes
sem barreiras, foi quando em 15 de Janeiro de 2001, através do ofício circular
nº 008/200127 fez o convite para o assessoramento ao programa, alinhando
reunião para o planejamento, este grupo foi composto por Cássia Frade,
Cultura Popular; Janine Fortes, Artes Plástica; Márcia Cirigliano, Música;
Ritamaria Aguiar, Arte Educação; Rubens Gripp, Teatro; Andrea Chiesorin
Dança.
Em 2001 o Comitê Municipal de Macaé (RJ), representado pelo CVI-
Macaé decide por fazer um evento nacional de dança. Foi quando Albertina
institui a primeira ação de consultoria de dança no Comitê Nacional da VSA do
Brasil | Funarte| MinC – Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança pelo Programa
Arte sem Barreiras/VSA do Brasil.
O evento denominado como 1ª Encontro Nacional de Dança Para
Pessoas Portadoras de Deficiência Física em Macaé, ocorreu durante três dias,
de 05 a 08 de julho em 2001. Reunindo cerca de 150 artistas bailarinos entre
duzentos participantes pesquisadores e professores de dança, envolvendo
cerca de 500 pessoas entre publico e colaborados, por se tratar de um dos
eventos que celebravam o 188º aniversário do município.
Para este evento organizamos além das apresentações artísticas, oficina
durante os dois dias para os bailarinos inscritos conviverem entre si, como um
Encontro Reflexivo em formato de debate para coreógrafos e/ou
coordenadores de cias e/ou grupos e bailarinos, com a professora e
pesquisadora de dança Angel Vianna, diretora da Escola Técnica de Dança,
nosso 2º Colóquio com artistas de renome nacional (2001).
Considerando fundamentais as reflexões conjuntas sobre as práticas
dos agentes culturais envolvidos no campo de trabalho em cultura, de e por
pessoa com deficiência no país. Entre estes profissionais encontraram se
coreógrafos, pesquisadores, bailarinos, fisioterapeutas, professores e gestores
no intuito de debater opiniões sobre os trabalhos dos grupos e das cias que se
27 Oficio 008/2001 – arquivo pessoal da autora deste trabalho;
67
apresentaram como promover discussão sobre os métodos e procedimentos
aplicados nos ensaios e na construção do trabalho artístico.
Esteve presentes representantes de diferentes regiões brasileiras como
Andrea Bertoldi da Limites Cia de Dança de Curitiba; Christine Moraes do
Grupo Esplendor e do Ekilíbrio Cia de Dança de Juiz de Fora; Luciene Kattaoui
do Crepúsculo Cia de Dança de Belo Horizonte; Camila Rodrigues da
Companhia Corpo e Movimento/Andef de Niterói; Vânia Tolipan e Almir Martins
do Grupo Portadores da Alegria de Macaé; Mark Van Loo do Bambolê La
Streer Dance Company de São Paulo; Andrea Passarelii da Cia Artes Sem
Barreiras/Clube dos Paraplégicos de São Paulo; Ninfa Cunha e Cabral do
Rodança de Salvador; Teresa Taquechel e Rogério Andreolli da Pulsar Cia de
Dança do Rio de Janeiro e os anfitriões responsáveis pelo evento e
organização Thaís Vieira, Paulo Azevedo e Dilma Negreiros da Cia CVI Dance
de Macaé.
Entre os pesquisadores e profissionais envolvidos com o assunto esteve
presente Albertina Brasil, Hildemar Miranda, Sylvio Lopes (Prefeito de Macaé),
Tânia Rodrigues, Angel Vianna, Henrique Amoedo, Flavia Cintra, Beth
Caetano, Oyama Queiroz, Carlinhos de Jesus, Anna Cavaliere, Andre Andries,
Márcia Abreu, eu entre outros – foi neste encontro, apesar de muita polêmica
que Henrique Amoedo fez o “desserviço” de introduzir o termo dança inclusiva,
com a intenção a conceituar seu trabalho acadêmico referindo se a
necessidade de criar um termo que identificasse a “prática de dança com
bailarinos com deficiência”.
O Convite para a participação de Angel Vianna para este encontro
reflexivo de categoria se deu por identificar a necessidade de fortalecer a ação
da dança e da profissão diante ao campo de trabalho. Ocorriam eventos e
atividades isoladas, a ideia era fortalecer as ações do programa Arte Sem
Barreira no estado do Rio de Janeiro, como da categoria artística, ao nível
nacional.
Dilma Negreiros na época era também bailarina da Cia CVI’IN Dance,
hoje gestora e colega no curso de especialização em acessibilidade cultural.
Juntas desenhamos o evento quando nem imaginávamos que treze anos
68
depois teríamos a oportunidade de reencontrar e reconstruir esta rede estadual
pela política, por vir de acessiblidade cultural.
Na época estava iniciando meu caminho no movimento social de Arte
sem Barreiras, já que os artistas atuam de forma independente e articulam-se
ao programa que propõe formulação de política cultural para o Ministério da
Cultura, na inserção do artista, pessoa com deficiência no Setor Cultural.
Apesar de já ser bailarina profissional não conhecia a trajetória deste
segmento, neste Encontro Nacional de Dança que foi o primeiro de Macaé foi
reestabeleciada a história e os personagens do segmento atuante na pesquisa
artística de pessoa com deficiência. Quando tive a informação que no Rio de
Janeiro aconteceu um evento também Nacional de Dança no Centro Cultural
da Light na década de 90 e organizado por Rosangela Barnabé, uma das
precursoras do gênero no Brasil. Neste Encontro reuniram-se diversos
bailarinos, pessoas com e sem deficiências e a cada dia de trabalho, criaram
peças coreográficas, um intercâmbio de pesquisa.
Rosangela Barnabé fisioterapeuta de Niterói dirige o Grupo Giro, um dos
primeiros grupos do Rio de Janeiro onde, os bailarinos Rogério Andreolli, Beth
Caetano e Renata Carvalho artistas pessoas com deficiência iniciaram suas
práticas. Possivelmente o processo com o Grupo Giro além da parte de
reabilitação corporal impulsionou-os pelo gosto da Arte, da dança profissional e
foi assim, que no sudeste se estabeleceu o segmento artístico de pessoa com
deficiência trabalhadora no campo da cultura.
Segui nesta perspectiva pelo campo de intervenção, já que os objetivos
se afinavam e para além de fortalecer a ação, poderia aprofundar o
conhecimento em torno da arte do corpo, promovendo entendimento outro,
pelo corpo (corpodespadronizado).
69
Diretoria da Associação Vida Sensibilidade e Arte
VSA do Brasil
(2004 aos dias atuais)
Em 2003 entre diversos outros eventos ocorreu o evento Regional
Nordeste: Seminário de Gestores Culturais em Aracaju – organizado pelo
Comitê Nacional do VSA/Brasil, a esta alturas o Programa funcionava a todo
vapor e se organizava anual e bianualmente. Nos anos impares acontecia os
eventos locais: municipais, estaduais e regionais; nos anos pares aconteciam
os eventos macro: nacionais, internacionais, latinos, ibero e de com sequências
políticas que envolviam o MINC, a Funarte e/ou o MEC em micro e
macropolíticas.
Neste evento de 2003 em Aracaju Albertina compreendeu que era
preciso sensibilizar os gestores, como os agentes financiadores. Que o
programa já tinha produção profunda suficiente para circular, para escoar a
produção do segmento de Arte sem Barreiras, e assim foi feito, compareceram
ao evento representante do Banco do Brasil; do Centro Cultural do Banco do
Brasil; da Caixa Econômica; do Itaú; do SESC; empresas do setor privado de
energia e telefonia.
Desdobramentos estavam por vir, germinado estava o solo e o
Programa foi convidado em 2004 a quatorze anos atrás, pela Secretaria de
Direitos Humanos/SDH e pela Coordenação da Pessoa com
Deficiência/CORDE para participar do evento de Abertura do Ano Ibero-
Americano, foi quando ocorreu a nossa perda da amável e querida Albertina
dos Santos Brasil. Exatamente quando ela solidificava a política para o Setor.
Continuamos mas não sabíamos o que iríamos enfrentar. De forma
inédita e histórica no país, participamos da solenidade presidenciável da
Abertura do Ano Ibero-Americano, com a presença do Presidente da República
Luis Inácio da Silva, dos Ministros: da Cultura Gilberto Gil e o Secretário
Especial dos Direitos Humanos Nilmário Miranda e no ano seguinte fomos
contemplados com o edital público do Centro Cultural do Banco do Brasil do
70
Rio de Janeiro, para realizarmos um mês de apresentações envolvendo o setor
de artistas brasileiros atuante numa programação de Arte sem Barreiras.
Diante dos fatos ocorridos, a diretoria do CCBB comprometida com o
resultado do edital público e frente à proposta de Albertina/VSA do Brasil
apresentada pela associação – não interrompeu a execução da Mostra.
Reestabeleu o cronograma e pautou o evento para 2005, foi quando
realizamos o primeiro projeto para artistas com deficiência com recursos
exclusivos da cultura.
A Mostra ARTE, diversidade e inclusão sociocultural - com um conjunto
de atividades: programação artística com acessibilidade estética em artes
visuais; dança; teatro; música; performances; seminário de arte, educação e
pessoa com deficiência; curso de introdução à musicografia em Braille; 3º
Encontro do Corpo nas Artes e nas Diversidades com a Escola Angel Vianna;
mesas-redondas; fórum de entidades; programa educativo qualificado pela
acessibilidade metodológica; programação disponibilizada no formato de
acessibilidade cultural, atitudinal e comunicacional para o publico com
deficiência; fomento a política municipal para o acesso físico em forma
acessibilidade arquitetônico, impulsionando a acessibilidade pragmática da
legislação em vigor.
Em 2008 quando surgiram as sistematizações das diretrizes e ações do
Setor Cultural para as estratégias do Plano Nacional de Cultura/PNC e do
Sistema Nacional de Cultura|SNC como do Sistema Nacional de Informações e
Indicadores Culturais (SNIIC).
A Secretaria de Identidade e de Diversidade Cultural/SID/MinC,
começou a levantar e resgatar informações sobre o segmento cultural da
pessoa com deficiência através do Ricardo de Lima e Patrícia Dorneles que
tinha realizado em 2007 a Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas
Culturais para pessoa em sofrimento mental.
E projetavam a mesma iniciativa com o segmento de pessoa com
deficiência e cultura foi quando iniciaram os trabalhos para desenvolver a
Oficina Nacional de indicação de políticas públicas culturais para inclusão de
71
pessoa com deficiência| o NSNSN/2008/SID/MINC/FIOCRUZ e chegaram à
Associação Vida Sensibilidade e Arte/VSA do Brasil.
Com a descrição destes acontecimentos podemos verificar a ausência
de ações realizadas para o segmento de pessoa com deficiência no Setor
Cultural até 2008.
A idealização da Oficina NSNSN/SID era um momento crucial, para o
fortalecimento da cadeia produtiva deste segmento em arte. Contudo, em 2008
fazia-se necessário reatar este segmento cultural, as Convenções
Internacionais tanto dos Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU/2006)
Decreto Federal nº 6.949/2009 como da Proteção e Promoção da Diversidade
das Expressões Culturais (UNESCO/2005) Decreto-Lei nº 6.177/2007 o Brasil
já era signatário. O MINC pautava a cidadania e a diversidade cultural e
precisava localizar os atores, os agentes culturais do segmento no Setor
Cultural.
Podem-se haver diversas interpretações e análises conjunturais sobre o
silenciamento no Setor, mas não podemos deixar de citar o descompromisso
com o segmento social e cultural de pessoa com deficiência. A ausência da
continuidade de política pública pela Funarte/Minc interrompeu os elos com a
cadeia produtiva, momento mais produtivo do Setor de Arte sem Barreiras.
Considerando que o Brasil teve um programa inédito e que foi extinto,
não podemos deixar de documentar e pautar esta violência e abuso do poder
público para com este segmento cultural.
Medidas reparatórias pela reestruturação do campo, como a criação de
meios ao desenvolvimento econômico são prioridades. A identificação de
artistas agentes históricos deste processo visando o reconhecimento
patrimonial para a sociedade brasileira deve ser considerado no mínimo um
assunto muito sério em cada cidade. A história está construída é preciso
apresenta-la.
Sobre a lacuna do setor faremos questão aqui de contextualizar o
ocorrido, com algumas palavras do atual presidente da AVSA do Brasil (2013 a
2017) Rogério Andreolli, ator e bailarino – fundador com Albertina da
72
Associação Very Special Arts do Brasil, “incorreu num crime que deveria ser apurado
administrativamente e penalmente, porque ele incorreu num crime de discriminação e
preconceito, que deve ser unido com cadeia, que deve ser punido com perda de cargo...
extinguiu o Artes Sem Barreiras, que foi uma conquista que levou dez abis ou mais até.
Extinguiu, botou água abaixo o trabalho de uma vida de mulher que foi um exemplo para
qualquer um, a Albertina” (NSNSS|SID/MINC 2008, p.68 e 69).
Os motivos que levaram a ausência de política nacional para artistas
pessoas com deficiência, até agora não foram revelados. Trata-se como diz
Rogério de discriminação, de um descaso ao segmento cultural de pessoa com
deficiência no setor cultural, não é prioridade nem para a Funarte e nem para o
Ministério da Cultura, como também não dever ser para a Presidência da
Republica.
Os danos simbólicos e materiais são irreparáveis para o país e as
gerações, estes organismos públicos têm o dever e o compromisso moral de
criar ocupações que estabeleçam espaço de trabalho para o setor.
Deve-se ao menos entender os procedimentos e avanços realizados por
este coletivo que acompanhou Albertina até as suas últimas ações. A fim de
evitar equívocos e retrocessos no Setor de Cultura e Arte.
Vale ressaltar que o Programa Arte sem Barreiras, antes da sua
anulação, foi substituído pelo Projeto Além dos Limites (2005 a 2007) pegando
“carona” nos êxitos do Programa Arte sem Barreiras.
É sabido por quem acompanha o segmento e está logotipado em todas
as ações subsequentes que a Funarte/MinC fez captar um milhão de reais pela
Caixa Econômica para o desenvolvimento da política para o segmento cultural
de pessoa com deficiência, no Setor de Arte.
Aproximou artistas e curadores renomados da sociedade brasileira para
dar continuidade à política, entre eles pode Carlinhos de Jesus (dança), Gutti
Fraga, Luciano Vidigal e Andre Martins (teatro), Wilson Lázaro (artes visuais),
Bruno Levinson (música) que por conta da origem da iniciativa com Albertina,
contribuíram com seus olhares. Com este recurso criou-se um edital para
contemplar artistas e grupos, realizar festivais pelas regiões brasileiras para
circulação dos contemplados. Sem compreender as reais necessidades do
73
setor, é importante fazer um levantamento crítico dos pontos fortes e das
fragilidades do Projeto Além dos Limites como também do Programa Arte sem
Barreiras.
A VSA do Brasil, Associação Vida Sensibilidade e Arte, hoje continuam
com sede no Rio de Janeiro, permanece um coletivo de artistas, pessoas com
e sem deficiências que atua localmente pela busca de sustentabilidade para o
Setor.
Por questões de responsabilidade civil, a Associação Very Special Arts
do Brasil na época destes fatos, solicitou o registro no INPI sobre a marca Arte
sem Barreiras e, em pesquisa de documental, comprovou-se que a prática
conhecida por Arte sem Barreiras, foi orquestrada pela sociedade civil, por
pessoas com e sem deficiências ligadas aos objetivos da Albertina dos Santos
Brasil.
Na intenção de defender e proteger os direitos fundamentais da pessoa
com deficiência, como o direito ao trabalho, a educação e profissionalização
com o próprio sustento, emancipado. Estas considerações determinaram à
decisão da diretoria ao exercício continuo de salvaguardar este patrimônio dos
interesses abusivos, emergentes e oportunistas que ocorriam na Funarte em
2004.
Diante destes fatos, reestruturamos nossas metas e mantemos a
associação em dia para seguirmos com a luta da sociedade civil em respeito às
conquistas de Albertina. Comunicamos ao Very Special Arts Internacional que
dissolveram a parceria com a Funarte|MINC e que os comitês que continuam
suas redes, existem de forma independente, que a VSA do Brasil, continua
ativa no Rio de Janeiro fazendo ações e atividades pontuais ligadas a rede de
artistas e coletivos independentes pelas áreas de dança e teatro.
Considerando que o encontro com Patrícia Dorneles e sua trajetória de
militante como de Profa. Dra. da UFRJ nós faz acreditar em uma certa
“reconciliação”, aproveitamos para reafirmar a existência do “novo instrumento
que a classe artística deste setor desenvolveu”, trata-se do documento final da
Oficina NSNSN/SID/2008 redigido por Aline Camila Romão Mesquita – técnica
74
em assuntos educacionais/SID/MinC e Thaís Borges S. P. Werneck – técnica
em assuntos culturais/SID/MinC; Anexo III – Nota Técnica nº 001/2009 –
SID/MinC de 07 de abril de 2009; ao Sr. Chefe de Gabinete CG/SE/MinC;
Assunto: Políticas Culturais de Inclusão das Pessoas com Deficiência (p. 111 a
121), confira texto na integra neste trabalho na p.130.
Quando fomos consultores e indicamos os contatos dos artistas que
participaram do programa artes sem barreiras, para que fosse realizada a
Oficina NSNSN/SID/MINC nos dias 16, 17 e 18 de outubro de 2008 no Rio de
Janeiro.
Convenção Artes Sem Barreiras
Gustavo Capanema
Uma rede de artistas que chegou a concentrar mais de três mil
pesquisadores e criadores nas áreas da Arte, da Cultura e da Educação.
Influências e Princípios foi o legado deixado por Albertina. O que fazer, com o
Setor de Cultural? Esta foi à pergunta que não se calou diante da perda de
Albertina em janeiro de 2004, há dez anos.
Muitos foram os parceiros, dezenas de comitês municipais e estaduais.
Mas a participação da sociedade civil, as articulações dos profissionais
envolvidos na militância sempre foram à peça movedora com as políticas
publicas e os gestores do poder público, caracterizando assim, a ação como
um campo de força único. Mas também exclusivo de cada um, em prol do
desejo coletivo de abrir espaço para pessoa com deficiência, artista trabalhar
com arte.
Diante dos fatos a presidência da Funarte convoca todos os comitês
para uma convenção de Arte sem Barreiras, no Rio de Janeiro. Estiveram
presentes representantes do norte, do nordeste, do sudeste, do centro oeste e
do sul. Um encontro histórico, simbólico e emblemático em todos os sentidos.
75
Houve uma explanação inicial apresentada pelo Comitê Estadual do Rio
Grande do Norte, através de Carminha (Maria do Carmo Soares Costa e Silva)
sobre as ações do programa na região do nordeste; e o posicionamento de
Antonio Grassi que presidia Funarte frente à marca de Arte sem Barreiras.
Diante da Mostra de Artes Sem Barreiras que seria realizada naquele ano de
2004 no Centro Cultural do Banco do Brasil.
Albertina altiva e perspicaz as ausências de recursos do Ministério da
Cultura para com o Programa, decidiu, após o Encontro de Gestores em
Aracaju, a concorrer, através do proponente Associação VSA/Brasil, pessoa
jurídica sem fins lucrativos ao edital público do CCBB/Rio.
Com um projeto de ocupação cultural durante um mês, apresentando um
panorama artístico em todas as áreas das artes e inovando com uma proposta
de acessibilidade cultural para a fruição dos espetáculos e das atividades para
o público pessoa com deficiência.
Todavia a Funarte gostaria de desenvolver tal projeto, contudo, a
concepção do projeto e a PJ/proponente eram da Associação VSA do Brasil,
composta por artistas e membros da entidade que moravam no Rio de
Janeiro/sudeste, também faziam parte deste grupo consultores, voluntários que
se dedicavam ao Programa com Albertina na Coordenação Nacional do
Programa de Artes Sem Barreiras, desta forma, respaldados juridicamente
seguimos.
Mostra Arte, diversidade e inclusão sociocultural.
CCBB/RJ
(2005)
O MinC nunca destinou orçamento próprio ao programa. As ações eram
desenvolvidas quase sempre com recursos captados pelas relações com a
CORDE, MEC/Secretaria de Educação Especial e Fundo Nacional para o
Desenvolvimento da Educação/FNDE entre outros.
76
Neste sentido, o Comitê Nacional Artes sem Barreiras se viu na
responsabilidade de concorrer ao edital público para ter meios de realizar os
objetivos da Arte não segmentada. O amadurecimento do Setor era evidente,
os artistas precisavam de trabalho e as obras de circulação.
Seguíamos com nossos compromissos com os artistas e com o CCBB,
quando fomos impedidos de dar sequência já que a Funarte pleiteava a
coordenação do projeto. Fator complicador, já que proponente do projeto era a
VSA do Brasil e, com o falecimento de Albertina, não cabia a Funarte dar
sequência ao evento proposto ao CCBB, que no projeto original seria mais um
Festival Arte sem Barreiras no CCBB, mostra nacional no Rio de Janeiro.
O Programa Arte sem Barreiras foi consolidado pelos modos tradicionais
e seculares da cidade em parceria de gestão governamental/Funarte/MinC com
partipação da sociedade civil. Como Albertina era uma das fundadoras da
Funarte, na ocasião da criação do Programa ela foi orientada pelo próprio
departamento jurídico a fundar uma Associação, como nos moldes da
Associação de funcionários da Funarte; da Biblioteca Nacional e do Museu do
Folclore.
E foi assim, que se instituiu a Associação Vida Sensibilidade e Arte,
também conhecido como Very Special Arts do Brasil desde o início e que para
desenvolver esta ação se filiou a Programa governamental americano Very
Special Arts Internacional.
Com isto, ficou evidente que o Programa era feito em parceria e
desenvolvido por voluntários numa associação não governamental, amigos de
Albertina. Isto ocorre na gestão do Presidente da Funarte, Antonio Grassi que
foi o responsável pelo reconhecimento e institucionalização do Programa Artes
sem Barreiras na Funarte.
A sociedade civil apresentou projeto e foi contemplado pelo edital,
construí-se oportunidade de trabalho para os grupos profissionais, já que por
ausência de recursos para o desenvolvimento das ações em cultura de pessoa
com deficiência nos Ministérios. E com a crescente visualidade do Programa
77
não tínhamos alternativa a não ser captar recursos externos aos do MinC e/ou
do MEC.
Neste momento o MinC e a Funarte passam por transformações.
Entretanto, surge a aplicação de recursos financeiros na Funarte para o
Programa Arte sem Barreiras pela Caixa Econômica Federal.
Mediante a esta situação, a Funarte, cria o Projeto Além dos Limites,
seguindo com a política para os artistas, pessoas com deficiências – esta ação
ocorre até 2006, quando Grassi foi substituído pelo então Presidente da
Funarte Celso Frateschi.
No evento do CCBB, 2005 envolvendo cerca de quinhentos artistas
nacionais e internacionais, centenas de estudantes, pesquisadores,
professores, militantes, gestores interessados no assunto.
Atraindo para o CCBB um publico de setenta mil pessoas. Conquistando
inclusive a frequência de pessoa com deficiência como publico. Desertando o
interesse da mídia, que fez resultar em cenas na novela América de Glória
Perez. Este evento foi indicado ao Prêmio Nota DEZ do Governo do Estado do
Rio de Janeiro em 2005, como evento inédito.
78
ENTRE ATO - Capítulo QUATRO
Fusão da Dança Clássica com a Dança Contemporânea
Prática com Hugo de La Valle e Dora de Paula Soares
(1978)
O Studio D1 foi fundado em 1978 com o propósito de democraticamente oferecer o ensino do balé, jazz e sapateado a todos aqueles que amassem e quisessem se exercitar através da dança. No final de 1979 o Studio D1 já era a maior escola de dança do Paraná. O primeiro espetáculo do Studio D1, "Bodas Campestres", mudou para sempre o conceito de "espetáculo de escola". Com coreografia de Hugo Dela Valle, música executada pela Camerata Antiqua de Curitiba e figurinos de Gian Calvi, "Bodas" provou que uma escola de dança poderia produzir um espetáculo bonito e de qualidade, que seria aplaudido por outro público, além dos pais. Até 1984, o Studio D1 produziu espetáculos memoráveis: "Coppélia" de Delibes; "Cinderela" de Prokofiev, "Gaîté Parisienne" de Offenbach, "Quebra Nozes" e "A Bela Adormecida" de Tchaikowski. Até o ano 2000 a qualidade das produções do Studio D1 e o padrão de ensino, já haviam ultrapassado as fronteiras do estado, alcançando renome internacional (folder de divulgação)
Em 1978 quando tinha 11 anos iniciei a formação profissional e minha a
carreira de bailarina clássica no StudioD1 através dos métodos da Royal
Academy of Dance, organização internacional que fornece os programas, envia
examinador e assegura os mais altos padrões de ensino.
Dora de Paula Soares, Formada em Balé pelo Teatro Guairá, é a diretora do Studio D1 desde 1978. Representando a escola, Dora já frequentou seminários, festivais e cursos, tendo visitado praticamente todas as grandes escolas do mundo. Definiu para o Studio D1 o método da Royal Academy of Dance, de Londres, que identificou como o mais adequado e criativo para sua escola. A Royal Academy of Dance oferece um conjunto de exames, aceitos internacionalmente. Elaborados cuidadosamente para motivar e encorajar estudantes de todas as idades, níveis e habilidades, dentro de um sistema de avaliação de progresso e conquista. Esses exames oferecem aos estudantes: - Uma meta razoável para a qual trabalhar; - Motivação para conseguir o melhor de si mesmo; - Reconhecimento da maior organização de exames do mundo- Qualificações homologadas pelas autoridades do Reino Unido; A Royal Academy of Dance é reconhecida como uma Organização de Exames oficial por todas as autoridades do Reino Unido e em outros países do mundo. A filiação com a RAD é o grande diferencial que coloca o ensino do Studio D1 acima de qualquer outra escola de balé de Curitiba. O exame é prestado perante uma professora credenciada à RAD, que vem especialmente para esta ocasião. (folde de divulgação).
79
Segundo Dora de Paula Soares, diretora do Studio D1 a dança é
proporciona exercício de condicionamento físico e um excelente método de
aprimoramento cultural. Desenvolve as habilidades pessoais de cada um, a
expressividade e ritmo, oferecendo oportunidades de experimentar o prazer do
movimento. Favorece a socialização, proporciona o domínio do corpo,
liberando um fluxo saudável de energia.
Foi através do Studio D e desde menina que participei de grandes
montagens do Balé Clássico como Coppélia; Cinderela; Gaîté Parisienne
Quebra Nozes; Bela Adormecida entre outros, com profissionais renomados na
área como Ana Botafogo; Eliana Caminada; Betina Dalcanalle; Fernando
Bujones; Grégori Ismael Love; Jurandir Feire; Neury Gaia e Hugo Dela Valle –
metrê de balé responsável pelas montagens cênicas.
Quando cheguei ao Studio D1 já praticava balé há sete anos na
Sociedade Thalia o clube que minha família era associada e, foi lá
frequentando as aulas do pré-escolar no Jardim I que iniciei o encantamento
pela arte de dançar, no Ballet Morozowicz, de Curitiba.
Em 1984 a Companhia de Balé do Studio D1 participou do
MIDDOWNTONFESTIVAL/Ohio/USA, o repertório foi composto por danças
regionais tipicamente brasileiras, dançamos a música Asa Branca de Luis
Gonzaga; Quatro Estações de Ernesto Nazaré.
O que quero relembrar e destacar foi à oportunidade de conhecer e me
aproximar da identidade e da criatividade brasileira, do valor simbólico e
artístico da nossa cultura, tinha dezessete anos quando percebi a existência e
a riqueza da Cultura Popular Brasileira, foi quando fomos homenagear o Brasil
no Festival. Até então no Paraná fora o balé assistia a dança folclórica Italiana,
Polonesa.
Estas Variações de dança surgiram porque iríamos representar o Brasil
no exterior, não era algo habitual naquela escola de balé – foi inusitado, um
aprendizado valioso e rico. Por desprender do tradicional repertório no campo
do balé. E foi quando me senti profissional de dança pela alteração de
repertório capaz de ser construído num corpo.
80
Neste mesmo ano minha família se mudou para o Rio de Janeiro – há
trinta anos, eu tinha dezessete anos e queria me preparar para fazer à prova
para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Assim, logo que cheguei procurei no Méier a escola de balé que Eliana
Caminada e Érico Valdo davam aulas, o Centro de Dança Rio – com curso
profissionalizante em dança clássica.
O Curso tem como principal meio de formação a dança clássica. Reúne
profissionais do Rio de Janeiro que trocam experiências com o ensino da
dança clássica de repertório e da atualidade, oferecendo um sistema claro e
conciso na aprendizagem em direção da presença cênica.
O Curso pode ser realizado em etapas depende do interesse almejado,
inicia com uma turma de Preparatório (crianças a partir dos sete anos) com
aulas de três vezes por semana. A esta etapa se seguem três anos, com aulas
diárias de balé e uma vez por semana de dança caráter - Ciclo Básico. O Ciclo
Médio é composto de três anos, com aulas diárias de 1hora e meia e tendo
uma vez por semana aula de introdução à dança contemporânea. Nos três
últimos anos, o aluno estará no Ciclo Técnico com aulas diárias de: dança
clássica, dança moderna, jazz, dança folclórica, sapateado, história da dança,
anatomia, música, noções cênicas.
Entrei no curso e também na companhia continuando a dançar. Na
ocasião Eric Valdo montava La Sílfides para circular pelo Estado do Rio de
Janeiro, firme no meu objetivo, continuei me preparando para a audição do
Corpo de Baile do Theatro Municipal e de repente por um desvio de percurso,
um dia andando pelas ruas do Rio de Janeiro ocorreu um acidente, quando
tropecei e severamente lesionei um dos tornozelos, atingindo a região dos
tendões.
Interrompi o plano e a carreira de bailarina quando ouvi de dois médicos
que não deveria mais subir nas sapatilhas de pontas, já que a lesão em
questão comprometia o equilíbrio e ao persistir, poderia acarretar uma lesão
mais severa – podendo comprometer o andar e gerando necessidade de
suporte em cadeiras de rodas, interpretações que demoraram a ser dissolvidas.
81
Foi quando em pleno pré-vestibular, quando imaginava concluir meus
estudos ao terminar o 2ª grau, entrei na vida acadêmica e descobri os encantos
da Psicologia Social e Institucional, do trabalho com grupos de pessoas em
comunidades e instituições pela perspectiva da Análise Institucional:
Construir sua própria vida, construir algo de vivo, não somente com os próximos, com as crianças – seja numa escola ou não – com amigos, como militantes, mas também consigo mesmo, para modificar, por exemplo, sua própria relação com o corpo, com a percepção das coisas: isso não seria como diriam alguns, desviar-se das causas revolucionárias mais fundamentais e mais urgentes? Toda questão está em saber de que revolução se trata! Trata-se, sim ou não, de acabar com todas as relações de alienação – não somente as que pensam sobre os trabalhadores, mas também as que pensam sobre as mulheres, as crianças, as minorias sexuais, etc., as que pensam sobre sensibilidades atípicas, as que pensam sobre o amor aos sons, às cores, Às ideias... Uma revolução, em qualquer domínio que seja, passa por uma libertação prévia de uma energia de desejo. E, manifestamente, só uma reação em cadeia, atravessando as estratificações existentes, poderá catalisar um processo irreversível de questionamento das formações de poder às quais está acorrentada a sociedade atual. (Guattari, 1987 p. 67e 68)
Fusão: Corpo Contemporâneo, Educação, Cultura, Arte e Estética
Prática com Angel Vianna e Valéria Peixoto
(2003 aos dias atuais)
Participar da equipe de Angel coordenando os Cursos Técnicos com
ênfase no Bailarino Contemporâneo e em Reeducação Motora e de Terapia
através do Movimento me faz pensar e problematizar o campo de trabalho da
área de dança.
Através desta experiência comecei a conceituar o campocorpo e o
corpocampo. Já que diretamente atuamos na formação qualificada de
bailarinos e dançarinos quando surgiu o conceito de corpo
(corpodespadronizado).
Entre várias frentes de ação na Escola criamos um braço que articula
ações com alunos em formação e alunos no campo de trabalho, entre estas
82
citaremos aqui neste trabalho as ações voltadas para formação e fruição
artística entre pessoas com deficiência.
Ainda não temos muitos alunos com deficiência buscando pelos cursos
de dança, tivemos algumas experiências e nestas percebemos os desafios, as
fragilidades e os pontos positivos do investimento institucional.
Com certeza esta prática requer encontros mais frequentes com o corpo
docente para estudos metodológicos e sensibilização para além das técnicas
habituais. Referimo-nos às sensibilidades das próprias atitudes, do modo como
transmitir os conteúdos, de compreender a assimilação de conhecimento, de
entender a avaliação e de aceitar a escolha do aluno na formação como a
recepção da instituição, eliminado discriminação e preconceito.
Desta forma ao teremos alunos com necessidades educacionais
especiais, buscaremos a construção do programa conjuntamente com os
professores e alunos, identificando cada caminho e propondo soluções.
Assim como não desejamos ficar esperando que os alunos com esta
característica chegue à instituição, optamos por acompanhar a demanda e
encomendar ações neste campo.
Ao instituirmos o braço que articula ações com alunos em formação e
alunos no campo de trabalho passamos identificar que temos vários alunos
egressos atuando com a pessoa com deficiência nos diferentes Setores:
Educação, Assistência Social, Saúde, Cultura, Esporte e Lazer.
Para aproximá-los criamos eventos, encontros entre os trabalhos para
sugerir uma relação de convivência e interesse em estágios pelo programa de
articulação em ações do movimento/Baila Comigo DefNet/Escola AngelVianna/
VerySpecialArts do Brasil/Pulsar em 2003/2004/2005.
Em agosto de 2003 realizamos o EncontroInterCorporal entre bailarinos
com e sem deficiência das cias e grupos do Estado do Rio de Janeiro
promovendo um terceiro encontro reflexivo entre artistas e agentes culturais na
Mostra Artes Sem Barreiras de Niterói – organizada pelo Comitê Municipal de
Niterói pelo Rubens Gripp, diretor do Teatro Novo parceiro atuante na Rede de
83
Intervenção, para firmar objetivos coletivos frente aos trabalhadores da cultura
no Setor, 4º Colóquio com artistas renomados (2003).
Esteve presentes o Instituto Helena Antipoff; A Funlar – Fundação
Municipal Lar e Escola Francisco de Paula, ambas as instituições da Prefeitura
do Rio de Janeiro; Cia Corpo e Movimento da Andef; Grupo de Dança do INES;
Núcleo de Dança Portadores da Alegria; Grupo de Dança Giro; Grupo de
Dança Juêrga-Educart; Cia de Dança e Teatro Rodas em Movimento; Pulsar
Cia de Dança e a Cia de Dança Inclusiva em Projeto, uma atividade organizada
pelo Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança Arte sem Barreiras.
O encontro teve o intuito de troca de metodologias, pesquisa em
linguagens e acesso as disciplinas de dança da Escola Angel Vianna, que
mobilizou os professores para durante quatro dias ministrarem aulas de Dança
Contemporânea; Composição Coreográfica; Dança Gestual; consciência
Corporal; Balé Clássico; Contato Improvisação; Dança de Salão; Teatro; Dança
Flamenca e Dança de Rua no SESC de Niterói onde aconteceu a Mostra
Artística do intercâmbio.
A variação de aulas proporcionou uma maior convivência entre os
participantes fortalecendo o grupo do sudeste no movimento artes sem
barreiras, propiciando uma identidade de propósitos regionais. Nesta época a
conquistamos junto a Funarte através do coordenador de Dança Emilio Martins
a cessão de horários no Teatro Cacilda Becker Pesquisa de Linguagem, que
também foi estendido a aulas na Escola Nacional de Circo.
Na ocasião em permanente parceria com a Coordenação de Dança da
Funarte e a Escola Angel Vianna realizaram em REDE três edições da Mostra
Dialogando com as Diferenças, encontro municipal para o desenvolvimento e a
execução de dança das instituições e cias parceiras, como campo de estágio
para os alunos do curso de recuperação motora e de terapia através da dança.
Com os mesmo direcionamentos do EncontroInterCorpora já que este
era estadual e a Mostra Dialogando com as Diferenças era municipal. O evento
proporcionava programação cultural, convivências entre os grupos na plateia. A
84
cada edição contamos com novas de Escolas Municipais e Estaduais, Hospital
Sarah, CAPS – Centro de Atendimento Psicosocial; Espaço Aberto ao
Tempo/EAT com Lula Vanderlei entre outros;
Pós Corpo, Diferenças e Educação.
Fórum de Atualidades na Área
Faculdade Angel Vianna
(2011)
Logo chegou a vez de criamos um curso de especialização na área.
Começamos com o Projeto: O corpo deficiente na dança do Instituto de
Pesquisa arte Corpo e Educação Angel Vianna para o Programa Petrobrás
Cultural – Formação para artes/2007; com chancela da Faculdade Angel
Vianna para a Especialização Lato sensu em Arte de Dançar com a deficiência;
no objetivo de qualificar profissionais do interior do Estado do Rio de Janeiro a
se tornarem agentes multiplicadores em seus municípios. Desenvolvido em
parceria com a VSA do Brasil, Angel Vianna, Andre Andries e por mim. O
projeto foi contemplado pela Petrobrás, mas não se efetivou visto que na Lei
Rouanet compreendeu-se que a proposta estava mais para Educação do que
para a Cultura.
Posteriormente este projeto foi redesenhado por Angel Vianna, Márcia
Feijó, Maria Teresa Taquechel e por mim, em 2010 para o mesmo Programa
da Petrobrás e não foi contemplado. Decidimos para 2011 fazê-lo como um
curso privado e renomeamos o Curso de Especialização como Corpo,
Diferenças e Educação, quando teve a primeira turma formada com produções
de monografias no final de 2012.
Compreendemos que pelo curso tratar de assunto dinâmico e com
muitas atualizações que deveríamos dentro da carga horária implantar uma
atividade de atualização profissional em formato de Fórum “Momento
Reflexivo” estabelecendo uma relação com as atividades já desenvolvidas pela
instituição Escola e Faculdade Angel Vianna no tema; desta forma houve três
encontros: 1) Fórum sobre as Diferenças – Desenvolvimento Inclusivo; 2)
85
Fórum sobre as Diferenças – Prática com Saúde Mental; 3) Fórum sobre as
Diferenças – Cruzamento entre Políticas Culturais;
Núcleo de Estudos Contemporâneos do Corpo/NECC VI
COOPERAÇÃO TÉCNICA
entre a Faculdade e a Escola Angel Vianna
(2013)
Buscando meios de fortalecer o grupo de profissionais envolvidos
começamos a idealizar um Núcleo de Estudos, para configurar um campo de
pesquisa institucionalizado.
Com o intuito de reunir grupo de pesquisadores que se dedicam a
investigação em Artes tendo o Corpo, a Performances e os conteúdos artísticos
para fruição estética como foco de estudo.
Para ser um laboratório de experimentação com proposta de
intervenção. Propondo o desenvolvimento de pesquisa específica em
conteúdos estéticos, para gerar soluções comunicativas nas experiências
artísticas apresentadas nos eventos e festivais de dança. Que desejem suscitar
interesse do público pessoa com deficiência, a frequência em equipamentos
culturais.
Trata-se da criação em comunicação através de audiodescrição,
audioguia, comunicação em libras e outras soluções não verbais para
aproximar pessoas que não falam e/ou, que se comunicam através de signos e
outras produções subjetivas. Possam experimentar a sensação produzida pelo
espetáculo.
Este estudo é norteado pelos processos criativos relacionados ao campo
da arte contemporânea que afetam o campo da fruição cultural visando a
implantar a acessibilidade cultural para as linguagens estéticas e artísticas.
Na intenção de construir e promover interesse demandando-
encomendando aos festivais de artes o compromisso para com o público,
pessoa com deficiência. Estimulando também que as faculdades de artes
86
invistam neste campo, ampliando o entendimento de comunicação e fruição
estética para todos.
Apresentamos o trabalho: CORPO - Ultrapassando sem Tropeçar.
Caminhos estratégicos para sensibilizar pesquisadores a estudar os meios
como produzir solução ao frequentador, pessoas com deficiências a
equipamentos culturais. A convite do Panorama Festival de Dança
Contemporânea/2013, quando selecionou projetos para o UNILAB|
Universidades no Panorama, em parceria com o Departamento de Arte
Corporal da UFRJ.
O NECC tem cooperação técnica e acadêmica entre a Escola Técnica
Angel Vianna e a Faculdade de Dança Angel Vianna para estimular docentes e
discentes a pesquisar e criar proposta em acessibilidade cultural.
Polo de acessibilidade metodológica
COOPERAÇÃO TÉCNICA
entre Faculdade e Escola Angel Vianna
(2013)
O fortalecimento no assunto de pessoa com deficiência no Brasil e na
instituição tem desafiado coordenadores de cursos a criarem disciplinas
enfatizando o tema nas instituições. No momento são dois cursos que
aprofundam esta questão: o Técnico de Reeducação Motora e de Terapia
através do Movimento e o de Especialização Corpo, Diferenças e Educação.
Em 2013 com o planejamento da Especialização em Gestão e Produção
Cultural em Artes, surgir à necessidade do curso “democracia e acessibilidade
cultural” demandando por uma ementa que coadune direito a acessibilidade;
abordagem de estratégias de inclusão social; novas demandas e tecnologias
de acessibilidade.
Neste sentido, e com estas experiências somos solicitadas (Vianna,
Chiesorin, Taquechel e Feijó) para criar cursos com finalidades diferentes:
aperfeiçoamento, aprofundamento, capacitação, treinamento, livres, no ensino
87
profissionalizante/técnico-politécnico, no ensino superior e/ou de pós-
graduação criamos o Polo de Acessibilidade Metodológica a desenvolver
conteúdos, um modo articulador de parcerias, visto os longos anos de acumulo
de Angel Vianna, como da Escola e da Faculdade e também, dos profissionais
formados pelas instituições nos temas: corpo, deficiência, dança estética, arte e
diferença.
De modo a criar estratégias no ensino e alinhar métodos aplicados
metodologicamente visando às dimensões de acesso e acessibilidade. Para
qualificar profissionais interessados nesta perspectiva de investigação e de
conhecimento.
Angel Vianna, como já foi descrito anteriormente, buscou meios a não
excluir ninguém que quisesse se dedicar ao ensino de dança. Desta forma, foi
criando acessos metodológicos naturalizando a frequência de alunos e
professores com e sem deficiências nas instituições dirigidas por ela, desde a
década de 50 nesta perspectiva e visão, constituiu um campo de força, uma
marca inscrita na sua intervenção de revolucionária na atuação libertadora de
educadora no Brasil.
Seu trabalho se destaca, entre outras singularidades pela atitude firme e
coerente no conhecimento corporal, despertando curiosidade e incentivando
cada um a investigar o que pode um corpo. De modo a não cria diferença ou
segregação, como também combate os estigmas e suspira aos formandos por
generosidade para com o outro. Estimula o diferente, a diferença no processo
de singularização. Conscientizando que cada um é único e tem que lidar com
seu próprio aprendizado, em sua filosofia, o ensino da dança pode ser para
todos.
O Polo de Acessibilidade Metodológica é formado por um núcleo de
profissionais atuantes no campo do desenvolvimento da pessoa humana que
elaboram e formulam metas, estratégias, métodos para o exercício da
convivência, entre as diferenças em busca de uma “cidadania plena”.
Estabelecer mecanismos de acessos é o principal objetivo do PÓLO,
sistematizar e concentrar estudos na área específica do CORPO, fortalecer o
88
campo da cultura, da arte, da educação, da criação e da deficiência. Pela (dês)
identidade e (in) diferença singular de cada sujeito.
Angel Vianna, Márcia Feijó, Maria Teresa Taquechel e Andrea Chiesorin
tornaram-se parceiras e durante estes últimos anos, semeão projetos, ações e
programas na área, difundindo, fomentando e concretizam abertura nesse
campo de conhecimento e saber.
Há vinte e quatro anos a Escola Angel Vianna no Rio de Janeiro, forma
técnicos, bailarinos em reeducação motora e de terapia através da dança,
ampliando o campo de trabalho para o profissional do Corpo e da Dança e, na
Faculdade nos últimos seis, especialistas no campo da subjetivação e da
diferença, pelo Programa de Pós-Graduação coordenado por Hélia Borges.
Rede de Fórum
Colegiado Setorial
(2013)
Contudo, se consolidaram as práticas das instituições onde estou
implicada: DefNet, Escola e Faculdade Angel Viana, AVSA e Pulsar Cia. de
Dança, na recente rede de acessibilidade (2014) /UFRJ/SCDC/MinC, com a
turma de especialistas em Acessibilidade Cultural/UFRJ/MINC (2014), pela
transformação da rede de intervenção/Baila Comigo (2001) /DefNet, fundida
com o programa de ações articuladas em artes do movimento (2004)
/DefNet/EAV/VSA do Brasil que se agregou ao programa interagindo ações
(2003) /FAV pela convivência com artistas, com e sem deficiências do Núcleo
de Artes Coreográficas do Rio de Janeiro (2004) /AVSA nos dias de hoje
(2014) estabelecendo um campo de força e um caminho, a criar elos com fusão
inevitável.
Despertando vários problemas diante da complexidade dos assuntos
encadeados, colaborando e produzindo inquietações diante das muitas
questões geradoras de polêmicas e discussões que necessitam ser
sistematizadas.
89
Já que se percebe apoio na causa nas diferentes e diversas reuniões
com o assunto cultura, para tanto, temos com isso, a intenção de criar uma
agenda continua de encontros/fóruns que possam atuar de modo a modo
estabelecer pontos, confluências e dissidência - metas e diretrizes, planos e
planejamentos em micro/macro política no nosso alcance.
Durante estes dez anos nós reunimos muito e pouco, por conta do PNC
e foi estabelecido enquanto realidade concreta, que precisamos nos organizar
mais e concentrar esforços. Desta forma, organizar este assunto não deverá
ser de interesse de “alguns”, assim, apresentamos a seguir uma proposta de
encontros sazonais, uma rede de fóruns articulados - para que, possamos
caminhar uníssonos, aos nossos objetivos em comum, para que a sociedade
civil possa se articular e.
A cultura de um país democrático só é forte, articulada, com plenos poderes de discussão e decisão sobre os temas abordados pela sociedade civil na área, quando almejada com o mesmo objetivo por todos, quando direcionada para um mesmo horizonte. E esse olhar plural na mesma direção tem sido uma das metas alcançadas pelas políticas públicas desenvolvidas pelo Ministério da Cultura, ao longo dos oito anos do governo Lula. Inseridos no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) como importante ferramenta de articulação de ideias para o setor, os Colegiados – antes conhecidos como Câmara Setorial -, foi amplamente articulado na administração do ministro Juca Ferreira. Hoje, agregam valores e conceitos universais ao MinC e à política cultural defendida pela instituição. Isso acontece quando se promove o dialogo permanente do Estado brasileiro com a sociedade, por meio dos diversos segmentos artísticos nacionais como dança música, teatro, circo, literatura e artes visuais. (Câmara e colegiado setorial de dança; relatório de atividades 2005-2010)
.
CONSTITUIÇÃO DE AÇÕES
(2013)
Cabe-nos acelerar o entendimento do que acontece, para além, do que
não acontece, a fim de organizar ações indispensáveis, já que a convivência
com a pessoa com deficiências nos diferentes ambiente é irreversível.
Encontramo-nos no momento de implicação e de verificação de relação entre
os momentos, de modo que a exatidão de uma primeira ação implique na da
90
segunda atiçando o campo de força, do corpocampo e do campocorpo, para a
especificidade.
Campo da estética e deficiência:
- Fórum de Ações Culturais na Diferença (Municipal) Especificidade: protagonismos da pessoa com deficiência no campo cultural, definindo estratégia de fortalecimento e ampliação de atividades com agenda em comum; Meta: difusão; Formato: itinerante; Periodicidade: a cada 45 dias. Região: zona sul (2013); subúrbio engenho de dentro; centro; tijuca; | Com grupo de estudos NECC IV – invenção estética; Especificidade: campo de soluções e prestação de serviços em acessibilidade comunicacional, como e sensibilização Meta: gerar AD em DC; Libras em DC; áudio em DC; legenda em DC; Braille em DC; pranchas comunicacionais; treinamento e capacitação; Formato: permanente no mesmo local; Periodicidade: a cada 45 dias; Região: zona sul;
Formulação de Política Pública: - Fórum de Acessibilidade Pragmática - Câmera de Vereadores de Mesquita; do Rio de Janeiro (Estadual e Municipal) Especificidade: estudo da legislação e definição de estratégia para garantir de projetos e fiscalização Meta: fazer cumprir e criação de fundo para acessibilidade arquitetônica/educacional/cultura aplicação de multas Formato: permanente no mesmo local; Periodicidade: a cada 45 dias; Região: região metropolitana; baixada e capital;
Organização de trabalhador, categoria – classe artística: - Fórum GT Dança - trabalhador da cultura e categorias de trabalho no campo da dança (Municipal e Estadual) (2009/2013) Especificidade: definindo estratégia de fortalecimento e mapeamento da cadeia produtiva do Setor Meta: categoria profissional Formato: itinerante; Periodicidade: toda 2ª terça do mês último final de semana de novembro; Região: zona sul; subúrbio; centro; tijuca; região metropolitana; norte fluminense; costa verde; costa azul; serra;
- Fórum de Trabalhador da Cultura artista, pessoa com deficiência e seu segmento cultural (Municipal) (2003) Especificidade: protagonismos da pessoa com deficiência no campo de trabalho, definindo estratégia de fortalecimento e mapeamento da cadeia produtiva do Setor Meta: categoria profissional Formato: permanente no mesmo local; Periodicidade: a cada 90 dias; Região: subúrbio Lona de Guadalupe; - Fórum Artes Coreográficas - REDE de Articulação, Fomento e Formação em Acessibilidade Cultural (Nacional) Especificidade: dedicar ao estudo de Planos Municipais e Estaduais de Dança, alinhados a Setorial Nacional relatório (2005/2010) - relembrando os acúmulos dos bailarinos, coreográfos e produtores do movimento arte sem barreiras (1990-2004) Meta: consolidação setorial dança Formato: articulada a eventos Periodicidade: anula Região: itinerante - Fórum de Trabalhadores da Cultura (Estadual), já ocorrido nos anos 2001/2002/2008 por realização do movimento artes sem barreiras; Especificidade: protagonismos da pessoa com deficiência no campo de trabalho, definindo estratégia de fortalecimento e mapeamento da cadeia produtiva do Setor Meta: categoria profissional Formato: permanente no mesmo local; Periodicidade: último final de semana de novembro; Região: norte-fluminense - Macaé.
91
3ª ATO - Capítulo CINCO
Corpodespadronizado
Prática com Maria Teresa Taquechel Y Saiz e Rogério Andreolli
(1998)
A companhia foi formada pela clareza dos integrantes que desejavam
realizar um processo em pesquisa de movimento em dança contemporânea.
Grupo composto por Maria Teresa Taquechel Y Saiz, Fernanda Rocha, Nevi
Rogério Andreolli e eu, Chiesorin.
Para apresentar a Pulsar, teoricamente, remeteremos ao trabalho de
Lúcia Matos, quando em 2012 publicou sua pesquisa de doutorado realizada
no Programa de Pós-Graduação em artes Cênicas da Universidade Federal da
Bahia (UFBA) desenvolvida em 2006, a qual, resultou no livro Dança e
diferença: cartografia de múltiplos corpos; quando na segunda parte do sua
investigação analisou produtos coreográficos de quatro grupos brasileiros de
dança, entre estes a Pulsar Cia de Dança (RJ).
Para Matos (2012) as análises dos grupos, acrescida das entrevistas
com diretores, coreógrafos e elenco, revelam que, em alguns desses grupos,
seus produtos coreográficos já articulam o conceito da diferença nos corpos
dançantes, o que aponta para que novos territórios corporais e estéticos
estejam sendo configurados na dança contemporânea brasileira (orelha do
livro).
A escassez de publicações sobre o assunto nos estimulou ao diálogo
com a autora, sobre a produção em artes coreográficas no segmento, como
também, o mapeamento apresentado referenda o trabalho do Núcleo de Artes
Cênicas: Setor Dança do Programa Arte sem Barreiras, fazendo com que
continuemos a registrar a história de arte, no Setor Cultural.
O mapeamento e a cartografia que propomos nesta investigação estão
em construção desde 1998, esses acontecem pelas observações durante a
apreciação dos produtos artísticos e das fontes documentais como fotos,
92
programas, críticas e release dos trabalhos, quando temos acesso ao material
para organizar os Festivais de Arte sem Barreiras, como curadoria. Agora o
interesse deste estudo é investigar o campo de trabalho, o campo de atuação
do artista, pessoa com deficiência.
A construção deste trabalho se da pela análise da implicação, pela
análise dos vínculos afetivos, profissionais e políticos com as instituições em
jogo na intervenção e, de forma mais generalizada, com todo o sistema
institucional em questão. Como este trabalho é uma narrativa e o Pulsar é
objeto de estudo iremos estudá-la como dispositivo analisador, sendo assim,
apresentamos a visão de Matos (2012) sobre a Cia. em entrevista com Teresa
Taquechel:
O direcionamento de seu trabalho com pessoa com deficiência só foi aguçado já no final do curso [de dança contemporânea na Escola Angel Vianna] por meio de um workshop de contacto improvisation com Bruce Curtis, um dançarino cadeirante, membro da Paradox Dance Company, da Califórnia (USA) (...); codiretora da Ra Tame Tanz durante sete anos com Alexandre Franco, coreografo e diretor; também atuou no Hospital Sarah em 1994 quando fortaleceu um conhecimento teórico e prático sobre as possibilidades e limites do movimento do corpo com deficiência. (...) conheceu o trabalho de Beth Caetano e, juntas começaram a pesquisar e oferecer cursos de dança para dançarinos com e sem deficiências (p.121); (...) somente em 2000 é que Teresa Taquechel e mais três dançarinos – Rogério Andreolli, Andrea Chiesorin e Fernanda Rocha – fundam a Pulsar Cia. de Dança, uma companhia profissional de dança contemporânea que faz parte do Núcleo Coreográfico da Escola e da Faculdade Angel Vianna (p.122). (...) outro aspecto a ser registrado refere-se à homenagem recebida pela Cia Pulsar, em 2004, através da ordem do Mérito Cultural, cujas insígnias foram recebidas das mãos do presidente Luís Inácio Lula da Silva e do Ministro da cultura Gilberto Gil. Apesar do rápido reconhecimento atingido pelas instâncias governamentais e pelo público (p.124).
A Pulsar Cia. de Dança Contemporânea, com seu corpo de bailarinos,
pessoas com e sem deficiências, vem conquistando espaço através do
reconhecimento do seu trabalho pelo seu valor artístico, possibilitando ao
espectador uma nova visão, reafirmando a individualidade e a diferença, sejam
elas inerentes à deficiência ou não, permitindo surgir o ser que expressa de
forma singular, rompendo-se as barreiras do preconceito, expresso tanto na
desvalorização como na superproteção, conforme nos aponta Teresa sobre o
trabalho (acervo Pulsar/release projetos).
Em Matos, (2012) Teresa Taquechel diz: a identidade de cada intérprete
é fonte de criação, um estímulo ao olhar em relação às multiplicidades do
indivíduo (p.128) e nesta perspectiva, de produções artísticas entre corpos
93
ímpares com resoluções próprias de movimento a Pulsar realiza em 2009 e
2012 - Corpos Impares, evento, que apresenta diferentes formas artísticas: que
lidem ou não com a deficiência, na intenção de prover a troca de experiências
entre linguagens, além das trocas através de mesas-redondas, oficinas,
espetáculos, mostra de vídeo e fotos com material de várias companhias de
dança e performances, nacionais e internacionais articuladas com a rede de
artistas do Setor; em 2012 realiza a segunda edição.
Este estudo procura meios de assimilação à produção artística
desenvolvida por, para e com pessoas com deficiência na dança, processo que
está em constante evolução e ao mesmo tempo encontra-se excluído do seio
produtivo da área, portanto, pretendemos em estudo posterior mestrado e
doutorado dialogar com Christine Greiner e Helena Katz sobre a teoria
“corpomídia”, criada por elas em 2012 quando a seguir simplificadamente
contextualizamos:
O objetivo da teoria é trabalhar com fluxos simultâneos, trânsitos entre esses compreendendo o corpo como ativador de mediações. Trata-se de um corpo que não pertence a um sujeito fantasmagórico, mas que também não é só corpo. É corpo mente corpo-cérebro e corpo-ambiente também. Não está suspenso, apartado de nada. Está em permanente processo de evolução com o ambiente natural e cultural em que se encontra. (Teoria Corpomídia - Wikidanca.htm)
A necessidade de falar do corpo (corpodespadronizado) se deu pela
dificuldade de localizar conteúdos que expressem a despadronização de um
corpo, que faça fluir conexões e trânsitos ativadores de mediações, de
enunciamentos estéticos. Acreditamos assim, que através da teoria corpomídia
articulada com o corpo (corpodespadronizado) possamos dialogar com o
campo da ciência e da arte na intenção de contribuir com esta discussão, a
qual não nos estenderemos agora, já que este não é o objeto em questão.
O percurso de a Pulsar Cia., será a forma a verificar a atuação do corpo
estético em questão, denominado aqui, como corpo (corpodespadronizado).
Possibilitando a criação de indicador para cartografar o campo de
oportunidades para o trabalho - o corpocampo.
A fim de demonstrar, que através das trajetórias dos grupos artísticos é
possível mapear a permanência do segmento no Setor Cultural. Apontando
94
dispositivos analisadores que configure o panorama de campo do trabalho ao
artista, pessoa com deficiência - o campocorpo, estabelecendo perspectiva e
índices para gerar dados aos bancos de informações.
Vale ressaltar, que de forma investigativa construímos categorias de
análise, de modo a gerar dados – indicador, neste sentido, selecionamos
algumas fontes do percurso da Pulsar de 2000 a 2014 durante, quatorze anos:
- PRÊMIO (subsídio)
- Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (RESIDÊNCIA, 2014 desde 2004)
- Prêmio Funarte Petrobrás Klaus Vianna (CIRCULAÇÃO, 2012)
- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (MANUTENÇÃO ANUAL, 2012)
- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (OBRA, 2012)
- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (FESTIVAL, 2012)
- Caixa Cultural Brasília (CIRCULAÇÃO, 2011)
- Secretaria do Estado de Cultura do Rio de Janeiro (MANUTENÇÃO ANUAL, 2008)
- Caixa Cultural (FESTIVAL, 2008)
- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (OBRA, 2008)
- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (OBRA, 2006)
- Prêmio Funarte Além do Limite (APOIO, 2006)
- Ordem do Mérito Cultural (MÉRITO CULTURAL, 2004)
- SESC/RJ (CIRCULAÇÃO, 2004)
-SESC Tijuca – Palco de Experimentação (OBRA, 2004)
-SESC Tijuca – Palco de Experimentação (APOIO, 2004)
- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (TEMPORADA, 2003)
- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (CIRCULAÇÃO, 2003)
- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (TEMPORADA, 2002)
- Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro (OBRA, 2001)
Levantamento de dados: RESIDÊNCIA:10 OBRA:05 CIRCULAÇÕES:04 MANUTENÇÕES:02 FESTIVAL:02 APOIO:02 ORDEM AO MÉRITO:01 TEMPORADA:02
95
- MANUTENÇÃO (continuidade de trabalho)
- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (MANUTENÇÃO ANUAL, 2012)
- Secretaria do Estado de Cultura do Rio de Janeiro (MANUTENÇÃO ANUAL, 2008)
- Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (RESIDÊNCIA, 2014 desde 2004)
Levantamento de dados: RESIDÊNCIA:10
- MONTAGEM - (construção de obra)
- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (MONTAGEM, 2012)
- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (MONTAGEM, 2008)
- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (MONTAGEM, 2006)
- SESC Tijuca – Palco de Experimentação (montagem, 2004)
- Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro (MONTAGEM, 2001)
Levantamento de dados: MONTAGEM: 05
- CRIAÇÃO e PESQUISA – (construção de linguagem)
- Fórum Unlimited (INTERCÂMBIO INTERNACIOAL, 2013)
- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (CRIAÇÃO, 2012)
- Festival Dança em Trânsito (INTERCÂMBIO INTERNACIONAL, 2012)
- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (CRIAÇÃO, 2008)
- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (CRIAÇÃO, 2006)
-SESC Tijuca – Palco de Experimentação (CRIAÇÃO, 2004)
- Kennedy Center (Washington – DC) (INTERCÂMBIO INTERNACIONAL, 2004)
- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (CRIAÇÃO, 2003)
- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (CRIAÇÃO, 2002)
- Arte Sem Barreiras/Vsa do Brasil/Funarte (INTERCAMBIO INTERNACIONAL, 2002)
- Artes Sem Barreiras/Funarte – Teatro Cacilda Becker (PESQUISA, 2002)
- Artes Sem Barreiras/Funarte – Teatro Cacilda Becker (PESQUISA, 2001)
- Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro (CRIAÇÃO, 2001)
- Arte sem Barreiras/Funarte/Escola Nacional de Circo/MinC (PESQUISA, 2001)
96
Levantamento de dados: INTERCAMBIO INTERNACIONAL:04 CRIAÇÃO e PESQUISAS:10
- CIRCULAÇÃO (visualidade do trabalho)
- Klaus Vianna/Funarte-sudeste/norte/nordeste (CIRCULAÇÃO, 2013 e 2014)
- Teatro Cacilda Becker/Funarte (MOSTRA 2013)
- SESC RAMOS/RJ (TEMPORADA, 2013)
- Teatro Tom Jobim/RJ (ESTRÉIA, 2012)
- Festival Dança em Transito/RJ (MOSTRA 2012)
- Hospital Sara-Rio (MOSTRA 2011)
- Into-traumalogia (MOSTRA 2011)
- Fiocruz (MOSTRA 2011)
- Caixa Cultural/Brasília (TEMPORADA, 2011)
- Caixa Cultural Brasília (CIRCULAÇÃO, 2011)
- Festival Dança em Transito/RJ (MOSTRA 2011)
- Centro Cultural do Banco do Brasil/CCBB/RJ (MOSTRA 2011)
- 3ª Mostra Brasil juventude transformando com arte/RJ (MOSTRA,2010)
- Circuito SESC/Estado Rio (TEMPORADA, 2010)
- Teatro Angel Vianna/CCORJ, RJ (TEMPORADA, 2010)
- Teatro Sérgio Porto, RJ (ESTRÉIA, 2010)
- Universidade Federal da Bahia/UFBA (MOSTRA 2010)
- Festival de Dança do Triângulo Mineiro/Uberlândia-25ª edição (MOSTRA, 2009)
- Panorama de Dança Contemporânea | Festival Internacional Rio de Janeiro; (MOSTRA 2009)
- 1ª Encontro Dança Inclusiva: O que é isso?/Salvador (MOSTRA, 2009)
- Teatro Angel Vianna/CCORJ, RJ (TEMPORADA, 2008)
- Teatro Angel Vianna/CCORJ, RJ (ESTRÉIA, 2008)
- SESC Santana, SP (MOSTRA 2007)
- Centro Cultural Caixa/RJ (TEMPORADA, 2007)
- Teatro Angel Vianna/CCORJ (TEMPORADA, 2006)
- Teatro Sérgio Porto, RJ (ESTRÉIA, 2006)
97
- FUNARTE – Prêmio Além dos Limites (MOSTRA 2006)
- Festival de Dança de Joinville- 24ªedição (MOSTRA, 2006)
- Ministério da Saúde e Fundação Nacional de Saúde (MOSTRA 2006)
-Centro Cultural do Banco do Brasil/CBB/RJ (MOSTRA 2005)
- FUNARTE - Teatro Cacilda Becker/RJ (MOSTRA 2005)
- Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (MOSTRA 2005)
- Kennedy Center (Washington – DC) (FESTIVAL INTERNACIONAL, 2004)
- SESC/RJ (CIRCULAÇÃO, 2004)
- SESC Tijuca (TEMPORADA, 2004)
- SESC Tijuca (ESTRÉIA, 2004)
- Teatro SESI/Centro/RJ (MOSTRA, 2004)
- Escola Angel Vianna (MOSTRA 2004)
- Artes Sem Barreiras/VSA do Brasil/Funarte (MOSTRA 2004)
- Arte sem Barreiras/VSA do Brasil/Funarte Juiz de Fora (MOSTRA 2004)
- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (CIRCULAÇÃO, 2003)
- Arte sem Barreiras/VSA do Brasil/Funarte- Cataguazes/Muriaé/Niterói/ Bauru/ Aracaju (MOSTRA 2003)
- Arte sem Barreiras/Vsa do Brasil/Funarte (MOSTRA INTERNACIONAL, 2002)
- Conjunto Cultural da Caixa, RJ (TEMPORADA, 2002)
- Panorama de Dança Contemporânea | Festival Internacional Rio de Janeiro; (MOSTRA 2001)
- Arte Sem Barreira/VSA do Brasil/Funarte-Macaé/Juiz de Fora/Bauru/ Campinas/Belém (MOSTRA 2001)
- Arte Sem Barreira/VSA do Brasil/Funarte-Brasília (MOSTRA 2000)
Levantamento de dados: ESTRÉIA:05 MOSTRA:27 MOSTRA INTERNACIONAL:02 TEMPORADA:09 CIRCULAÇÕES:04
- EVENTO (atividades para a comunidade)
- Secretaria Municipal de Cultura/FADA - Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro/RJ (FESTIVAL, 2012)
- Caixa Cultural/RJ (FESTIVAL, 2009)
- Secretaria Municipal de Cultura (MOSTRA, 2004)
Levantamento de dados: FESTIVAL: 02 MOSTRA: 01
98
- QUALIFICAÇÃO (formação)
- Escolas Municipais Rio de Janeiro (OFICINA; PALESTRA; MOSTRA 2012)
- Teatro Cacilda Becker/Funarte/RJ (OFICINA, 2012, 2013, 2014)
- Instituto de Arte do Pará/IAP (OFICINA, 2006, 2012, 2014)
- Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (ATUALIZAÇÃO, 2011)
- Secretaria Municipal de Cultura/fundo de Apoio à Dança/FADA (OFICINA, 2011)
- Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (OFICINA, 2011, 2012 e 2014)
- Universidade Federal da Bahia/UFBA (OFICINA, 2010)
- Secretaria do Estado de Cultura do Rio de Janeiro (CAPACITAÇÃO, 2009)
- 1ª Encontro Dança Inclusiva: O que é isso?/Salvador (OFICINA, 2009)
- Festival de Joinvile (OFICINA, 2005, 2006)
- Festival de Joinvile (PALESTRA, 2006)
- Capodarco (Roma/Itália) (OFICINA, 2003)
- Capodarco (Roma/Itália) (PALESTRA, 2003)
- Festival de Uberlândia (OFICINA, 2003)
- Festival de Uberlândia (PALESTRA, 2003)
Levantamento de dados: OFICINA:17 PALESTRAS:04 MOSTRA:01 ATUALIZAÇÃO:01 CAPACITAÇÃO: 01
- ENCONTRO SETOR CULTURAL (incluir o segmento na área de dança)
- Fórum GT Dança - trabalhador da cultura municipal e estadual (DANÇA 2013 e 2009)
- Fórum de Ações Culturais na Diferença (PARTICIPAÇÃO, 2013).
- Universidade Federal da Bahia/UFBA (DANÇA 2010)
- Oficina Nacional de Indicações de Políticas Públicas de Cultura para a inclusão de pessoa com deficiência/SID/Mim/LAPS/FIOCRUZ (POLÍTICA
PÚBLICA, 2008).
- Seminário de Gestão Cultural e Inclusão (ARTE, 2003)
- Colóquio Internacional experiências e práticas profissionais (DANÇA 2003)
- Comitê Estadual Rio de Janeiro Artes Sem Barreiras, InterCorporal (DANÇA 2003)
- Encontro Nacional de Dança para Pessoas com Deficiência (DANÇA 2001)
99
Levantamento de dados: POLITICA PÚBLICA:01 PARTICIPAÇÃO:01 DANÇA:05 ARTE:01
- CATEGORIA PROFISSIONAL (Ministério do Trabalho/DRT)
- Registro Profissional; Sindicato de Dança e Ministério do Trabalho (RJ/ CATEGORIA, 2003).
Levantamento de dados: CATEGORIA: 01
Para este levantamento, utilizamos como fonte as informações contidas
em catálogos, folders, programas publicados nos eventos. Estabelecemos
critérios de analise aos ITENS indicados como indicador, referindo-se a
atividade e ao subsídio em questão, percebe-se que por circunstâncias
adiversas, repete-se o ano e o local, entretanto, são constituídas atividades
distintas que demarcam um conjunto de ações, queremos com isto criar
estratégias a colaborar com o SIINC referente a inserção de dados desta
produção estética no país.
A seguir fotografias de Renato Mangolini do Espetáculo: Por trás da Cor
dos Olhos. Dirigido por Maria Teresa Taquechel Y Saiz – Elenco: Andrea
Chiesorin, Beth Caetano, Bruno Almeida, Camila Fersi, Laura Noronha,
Marianne Panazio, Paula Mori, Raphael Arah, Rogério Andreolli – em
homenagem a Renata Crokner - Teatro Tom Jobim - Jardim Botânico | Rio de
Janeiro, 2012
Optei por trazer estas fotos da recente criação da Pulsar – Por Trás da
Cor dos Olhos - obra inédita, por entender, que as imagens podem tocar e
despertar sutilezas a nós remeter coisas diferentes, aguçando nossa
percepção a ampliar horizontes e possibilidades de trocas.
100
101
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103
104
A intenção aqui é demonstrar como identifico a produção imagética em
trabalhos do segmento de pessoa com deficiência, para esmiuçar caminhos e
continuar com os desafios a engrenar flexibilidade no pensamento da dança,
no sentido de despertar outro olhar, perceptivo ao corpo
(corpodespadronizado), corpomídia.
Guattari (2000) nós faz refletir que a questão de micropolítica, ou seja, a
questão das formações do desejo no campo social – diz respeito ao modo
como se cruza o nível das diferenças sociais mais amplas (p.127), naturalizar a
circulação de trabalhos com valor artístico e cultura a modo de produzir dialogo
na área da dança e sem discriminação a este segmento estético, colabor com
as assimilações das diferenças, do processo de singularizarão, do que é
singular e único, este, é o nosso propósito.
Trazendo a visualidade aos preceptores das sensibilidades;
trabalhadores da cultura, atuantes no segmento estético em questão, como me
diz Maria Y Sayz, chegar às diferenças, estar com elas de fato. Há uma vez,
que a qualidade do trabalho artístico ultrapassará as rampas atitudinais, e
existir, há ser contemplado sem necessidade de lutar por trabalho de modo a
sustentar uma classe trabalhadora ou categoria profissional na cadeia
105
produtiva do Setor Cultural, na Setorial de Arte/Câmera ou Colegiado
específico.
Desta forma, este segmento artístico pelo percurso da Pulsar Cia de
Dança Contemporânea/Rio (2000 aos dias atuais), como um meio a compor
“um elemento” na cartografia das artes coreográficas do segmento: arte e
deficiência, dispositivo analisador; para que, com este levantamento
engrossemos o mapeamento e criasse procedimentos a localizar informações
que consolidem o Setor Artístico sem distinção de prática em dança no Brasil,
para que possamos ter um panorama do cenário da dança sem excluir a
produção do artista, pessoa com deficiência e segmento cultural nas últimas
décadas (1990 a 2014).
Ao pensar neste trabalho de conclusão do curso em acessibilidade
cultural percebi meu desejo em unificar informações sobre minhas experiências
com o movimento social do artista e do campo de trabalho da pessoa com
deficiência. Compreendi o segmento artístico em micropolítica e o setor cultural
na macropolítica.
Aparentemente não tenho deficiência e conviver com as pessoas é o
que me interessa. E foi, aos vinte e nove anos, a partir de 1996 que passei a
conviver com o segmento social da pessoa com deficiência, quando conheci o
movimento artístico e me encantei com as possibilidades do corpo.
Como era formada em dança clássica e não via na época uma
perspectiva neste viés, foi através da psicologia como meio de intervenção pela
construção do sujeito que busquei na arte, o meio de transformação
identificando uma prática. Entretanto, a dança me desafiou a este oficio no
pensamento da arte contemporânea, assim, me originei neste campo e decidi
narrar à gênese destas vivências trocando saberes e conhecimentos. E desta
forma, seguimos este estudo apresentando alguns dispositivos analisadores
em duas categorias: os construídos e os espontâneos – serão estes históricos
e naturais do cenário brasileiro, “fora da Cena” no Setor Cultural.
106
III PARTE – TERCEIRO MOVIMENTO
ENTRE ATO - Capítulo SEIS
Analisadores históricos e construídos
Segundo Rodrigues (1992), na concepção institucionalistas trata-se de
um acontecimento ou movimento social, que vem ao nosso encontro,
inesperadamente, condensando uma série de forças até então dispersas.
Neste sentido, realiza a análise por si mesmo, à maneira de um catalisador
químico de substâncias (p.184). Neste sentido, relacionaremos os analisadores
históricos a partir de apresentação das ferramentas indicadas como
dispositivos apresentados para análise, quando será elencado num rol e róis de
fatos, apresentados a qualquer “tempo”, sem linearidade, estes serão
acontecimentos e fatos relevantes no Setor Cultural, onde as pessoas com e
sem deficiências são protagonistas.
Identificamos alguns elementos como alicerce a consolidar o campo vital
da pesquisa, buscando coerência ao discutir o campo da arte, denominando
aqui como campocorpo, moldando uma lógica dialética no campo do artista,
compreendido aqui como corpocampo a impulsionar como hipótese: o campo
de trabalho e a cadeia produtiva, a fim de localizar o capital monetário advindo
do mercado em qual Setor para o Segmento?
Aqui e agora não importa qual, interessa-nos os provedores de recursos
financeiros e não necessariamente os promotores. Queremos investigar como
o artista atua ao exercitar sua profissão escolhida, sabemos que existe este
trabalho e queremos investigar em qual escala e com qual investimento
econômico?
Vamos apurar pela participação artística, da pessoa com deficiência
trabalhadora da cultura, através de seus grupos ou companhias. Mapeando
informações para elucidar em quais campos surge trabalho? Na Cultura, Arte,
Assistência Social, Turismo, Esporte e Lazer, Saúde, Educação?
107
O campocorpo indicará a visibilidade e a existência do trabalho em arte
coreográfica neste segmento apurando o campo de trabalho, sejam estes:
criação/obra, espetáculos/temporadas, festivais/circulação, programas/projetos
de políticas culturais-ações entre outros. Como se o investimento é público
e/ou privado, praticando o controle social pela observação do movimento.
O corpocampo descreverá a formação do artista, a profissionalização, o
caminho na busca pelo diferencial e oferta de trabalho, de um emprego, de
geração de renda e sustentabilidade emancipatória, a visualidade do
trabalhador artista, pessoa com deficiência e segmento cultural.
Os Analisadores Históricos estarão elencados por meio componentes
que correspondem às atividades onde estão inseridos os artistas do segmento
referido nesta investigação. Partindo da inserção da Pulsar e identificando nos
eventos que participamos se há outros artistas deste segmento inseridos.
Ao entendermos quais são os “campos de forças” que se interessam
pela investigação estética do corpocampo, corpo (corpodespadronizado) irá
identificar o potencial a gerir os “elos de mudanças” como meio a nutrir em
escala esta engrenagem social/cultural. Portanto, objetivou-se investigar o
conceito campocorpo, corpo (corpodespadronizado) pelos Festivais
importantes de circulação das obras em Artes Cênicas que a Pulsar não
participou, mas houve a inserção do segmento.
Estes conceitos surgiram na medida em que se faz necessário
compreender se há campo de trabalho e como ocorrem os elos da cadeia
produtiva no Setor, buscando meios a não criar divisão de trabalho diante da
produção da pessoa com deficiência no país; evidenciando dados que possam
caracterizar agenciamento entre o Setor de Cultura, não apenas políticos e
sociais, mas econômicos, estéticos e antidiscriminatórios.
O capítulo aqui descrito em forma de “ENTRE ATO” irá sistematizar
informações reunidas referentes à produção artística de pessoa com e sem
deficiência no Setor Cultural. Com a intenção de instituir e analisar o “fazer-
dançarino” pela carreira de dançarina clássica e contemporânea (1978 a 2014)
108
e, do “fazer-psi” na carreira de psicóloga social e institucional atuante na
perspectiva de sócioanálise (1986 a 2014).
Unindo os campos pela ação: estético-políticas, isso acontece porque a
estética é pensamento que é ação. Trata-se de vivências e experimentos
registrados a partir dos onze anos de idade quando iniciei a formação
profissional em dança clássica em mil novecentos e setenta e oito (1978) a
cerca de cinquenta anos.
Através destes campos e áreas, busquei compor um entendimento
único, somos apenas um e percebi que muitos escolhem separar o
pensamento político da prática existencial; logo, me afirmei pela ação, reflexão
na práxis - contaminada do pensamento de Paulo Freire (1980), que
atravessou minha jornada em diferentes momentos e causas distintas.
No CESOP, Centro de Estudos-Espaço Cultural me qualifiquei pela
práxis e pela autogestão coletiva, firmando entendimento aos componentes da
Análise Institucional, foi quando entre outros criadores, conhecemos as ideias
de Humberto Maturana, nascido no Chile em 1928, biólogo, estudioso da
neurobiologia – criou todo um corpo de conhecimentos, denominado por
“Biologia do Conhecimento e da Linguagem” ou por “Ontologia do Observar” –
criando uma ponte entre as ciências sociais e as naturais. Maturana explica o
conhecer através da biologia do conhecedor, e mostra como nossa biologia de
seres humanos se dá no conversar – um entrelaçamento do linguajar como o
emocionar-se.
Além da qualificação, se desperta o sentido da esperança e de conviver
com as diferenças, como com as diversas causas dos Direitos Humanos cerne
das proposições em Análise Institucional. O movimento institucionalista carioca
surgiu entre os núcleos de resistência social por profissionais de psicologia e
outras áreas de conhecimentos e atuação, um grupo aberto. Foi através do
cesop que nutriu em mim o entendimento de coletivo, de participação política
com engajamento teórico pela construção de projeto de vida coerente com a
própria história, em tempo real, na vida pós-moderna, no momento
contemporâneo do séc. vinte e um, tornando se protagonista e agente
transformador da cidade onde se habita.
109
Através do Banco de Textos do cesop estudamos a através de Nelson
Vaz e Cristina Magro (1993), UFMG, Belo Horizonte as Ideias de Humberto
Maturana;
Maturana se propôs a pensar sobre as características do ser humano, e a encarar o que definiria o ser humano como ser humano. E destacou três características que tem a ver com a dinâmica interna, mas que também tem a ver com as relações. Partiu do pressuposto que o ser humano é inteligente, sensível e compreensivo. E esse foi o projeto de sua vida! Realizar-se como um ser humano, como um ser inteligente, sensível e compreensivo.
Para ele a busca pelo entendimento se dá na unidade do ser na responsabilidade de seu ser. Na perspectiva de encarar o ser como unidade, que não desaparece quando fala de evolução da espécie. O “ser como unidade” está sempre presente. Desta forma, esta questão de ser vivo como unidade pertence a esta história e este olhar como unidade é importante (apostila com diversas entrevistas em bricolagem p. 13 e 14).
Diante deste “corpo de conhecimento” aqui apresentado proponho uma
construção de análises frente a essa discussão pela efetiva unicidade entre o
“pensamento no corpo” ao estabelecer um dialogo entre a ciência
contemporânea e a arte da dança, rompendo com as antigas dicotomias
estabelecidas por longo tempo: corpo/mente ou espírito, criador/criatura,
expressão/interpretação, ator/plateia estabelecendo um cruzamento apontado
por um dos mais importantes festivais de dança contemporânea do Brasil FID –
Festival Internacional de Dança/BH (1996) em discussão no capítulo oito.
Quando apresentaremos alguns princípios básicos dos “eixos
curatoriais” de alguns festivais de artes ciências no país, que aqui, em formato
de indicador foram selecionados para compor a visão metodológica desta
investigação.
Compreenda indicador em duas categorias, primeiro como informação
que revele um acontecimento tido como analisador histórico (contingência
tempo/história) e segundo, como um fato destacado compreendido como
analisador espontâneo (fenômeno que faz parte do cotidiano); dispositivos
capazes de aportar e sustentar o conjunto de proposições apresentadas.
O levantamento de informação será retirado dos catálogos de festivais
de artes cênicas e/ou de dança, selecionados e trazido em forma de
“elementos descritos” – dispositivos analisadores históricos ou espontâneos
110
conforme agenciamento apresentado, de modo a legitimar o contexto/objetivo
da informação.
Buscando sentido a considerar os elos diante da cadeia
produtiva/mercado de trabalho e intervenção artística/obra de arte. Para assim,
demarcar se há ou não relação dialética entre os dispositivos: campocorpo e
corpocampo, quando iremos identificar o posicionamento frente ao possível
“campos de forças” do segmento artístico estudado as variáveis dos “elos de
mudanças”, as possíveis construções de propostas em Política de Acesso e de
Acessibilidade em andamento no país.
Esta relação de informações rol e róis de dados serão balizados nas
informações do sistema da plataforma do currículo Lattes exemplificados aqui
através dos indicadores da produção da autora deste trabalho no link
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K449 1327Y8; pelo
fornecimento de dados, sejam estes gerais: formação, atuação profissional,
linha de pesquisa, área de atuação, produção bibliográfica, produção técnica,
orientação e supervisão concluída, produção cultural, eventos, banca, citações;
Áreas do Conhecimento: - Artes, - Fundamentos e Crítica das Artes sub Áreas
de Formulação de Política Pública, - Análise Institucional, - Economia da
Dança; - Ciências Humanas, Ciência Política – Política Internacional –
Programa de Testemunha do Brasil/IIDH, - Política Pública – Implementação do
Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente/Conselhos de
direito e Tutelares/ECA, - Inclusão de Pessoa com Deficiência em Políticas
Públicas de Cultura/NSNSN, - Psicologia, - sob área Análise Institucional e
Direitos Humanos, - Ciências Cognitivas, - Cinestesia, - Educação -
Planejamento e Avaliação Educacional, - Avaliação de sistemas, Instituições,
Planos e Programas Educacionais, - Tópicos Específicos de Educação, -
Educação Especial, - Administração Educacional, - Administração de Sistema
Educacional, - Administração de Unidades Educativas, Ensino e
Aprendizagem, - Avaliação da Aprendizagem, - Métodos e Técnicas de Ensino,
- Tecnologia Educacional, - Teorias da Instrução.
E atividades profissionais, científicas e técnicas, dados nos Setores de
Atividades: - Pesquisa e Desenvolvimento Científico, - Atividades de sedes de
111
empresas e consultoria em gestão empresarial, - Publicidade e pesquisa de
mercado; - Arte, - atividade artística, criativa e de espetáculo, - Cultura, -
atividades ligadas ao patrimônio cultural e ambiental; - Saúde Humana e
Serviços Sociais, - atividade de atenção à saúde humana, - outras atividades
de serviços, - Atividades de organização Associativas. Nas áreas de atuação:
Análise Institucional, Processos Grupais e de Comunicação, Defesa, Métodos e
Técnicas de Ensino, Artes, Execução de Dança.
Estes exemplos estão aqui utilizados de forma a instituir uma lógica, um
levantamento a elencar elementos a serem organizados por categoria, na
intenção de depurar conteúdo e sistematizar como pensamento metodológico a
respeito das experiências e vivencias aqui apresentada.
Pensar e criar indicadores que justifiquem o levantamento de índices é o
propósito deste desafio, avançar nas prioridades do Setor para que a
formulação de propostas políticas efetivem resultados que assegurem recursos
orçamentários para o desenvolvimento emancipador dos agentes sociais
“participes” do segmento na Cadeia Setorial em questão.
Ocorre, um silenciamento frente à produção do artista, pessoa com
deficiência na Dança e nas demais Artes Coreográficas e, é neste sentido que
apontamos para a necessidade de ser apurada esta cartografia. A Setorial de
Dança constrói há alguns anos um mapeamento, urge a inclusão do percurso
profissional dos trabalhadores da cultura deste segmento, seja pelo trajeto
individual e/ou dos grupos e companhias envolvidos nesta investigação estética
pela consolidação de uma Setorial ÚNICA, para que amplamente estejam
encadeadas as produções de pessoas com deficiência no Setor Cultural e nas
Políticas de Área.
E foi com esta intenção que se fez surgir este estudo, para que
criássemos uma forma de apontar “elementos” que podem compor um rol de
dados, assim, estudamos através de um a companhia, a Pulsar, suas ações e
criamos os indicadores para cartografar seu percurso no campo de trabalho
pela produção e circulação de OBRA. E consequentemente as informações
inseridas no sistema da plataforma Lattes, geraram o conjunto de róis, a lista
112
de elementos capazes de mapear os dados da cadeia produtiva, o campo de
trabalho.
Os analisadores que estamos apresentados não serão descritos de
forma linear, mas no contexto da escrita em questão, buscando demarcar
acontecimentos e fatos que suscitem identificação, ora como analisadores
históricos que condensem uma série de forças até então dispersos e
posteriormente se alinham e fazem sentido, ora como analisadores construídos
(espontâneos) dispositivos introduzidos pela análise que visa promover
movimento e acontecimento de intensidade análoga ao dos analisadores
históricos. Ambos em forma de ferramenta, promovendo conteúdos para a
análise social da exclusão de pessoa com deficiência no campo de trabalho da
cultura.
Acontece que ocorre uma divisão no Setor Cultural e artístico, digo aqui
divisão para atenuar a discriminação da classe artística estabelecida e do
campo-capital/mercado: artístico-cultural, diante a produção da pessoa com
deficiência no setor cultural.
Em 1990 como já recordamos Albertina Brasil uma das fundadoras da
Fundação Nacional de Artes/FUNARTE que ocorreu em 1975, estabeleceu
dentro do Ministério da Cultura o Programa denominado Arte sem Barreiras,
este foi desenvolvido durante quatorze anos, na intenção de sensibilizar e
politizar gestores públicos e privados, como a sociedade civil e a classe
artística na responsabilidade de criar espaços e reconhecimentos na cultura e
na arte produzida pela pessoa com deficiência e segmento cultural.
Albertina cria o Programa brasileiro baseado na experiência
governamental norte-americana e filia a ação ao Very Special Arts
Internacional, ocorreu que o Brasil é vanguarda neste assunto, enquanto os
países de outros continentes e culturas atuam pelo “especial” pela separação
entre as pessoas com e sem deficiências nas produções de Arte e Cultura,
pelos resíduos da “Era Especial”. O entendimento brasileiro pela produção
cultural neste campo se naturalizou pela mistura, pela inclusão - característica
brasileira, fazendo nascer um Programa de Arte composto por artistas pessoas
113
com e sem deficiências atuando juntos e demarcando um campo território de
misturas corporais e investigações estéticas.
E foi através deste pensamento, da inclusão, que Albertina selecionava
os trabalhos para a participação brasileira nos eventos internacionais.
Destacando a criatividade e as técnicas apresentadas pelo nosso país, este
fato se tornou um acontecimento nas outras nacionalidades e o Brasil se tornou
uma referência na produção artística deste segmento.
O Programa Arte sem Barreiras da Funarte/MinC estabeleceu um
campo-artístico, que se constituiu de forma misturada e sem excluir “sujeito-
corpo” valorando a diferença e a criação instituindo outro modo de observar os
trabalhos que não esteja nos padrões aceitáveis ou delimitados pelo Mercado
Cultural “posto” na engrenagem cultural.
Reflexão dialética
entre
campocorpo e corpocampo
Na tentativa de simplificar esta complexidade propomos a articulação
dialética entre campocorpo, a arte e corpocampo, o artista. Neste sentido
queremos refletir os efeitos que estas relações produzem nas observações
apontadas ao perceber onde se encontra o corpo (corpodespadronizado) no
campocorpo, se está inserido na arte de dançar do mesmo modo, ou em que
modo está relacionado.
Seguimos ressaltando a importância de construir um mapa/cartografia
que referencie as informações que correspondam a esta abordagem estética,
investigando-a como objeto de estudo, como modo propulsor de intervenção
política pelo ‘corpo no campo’ de trabalho, para que estas informações estejam
disponíveis como meio a consolidar o Setor Artístico no capital cultural.
114
O campo político em questão, o qual se quer destacar é a defesa, a
proteção e a promoção de trabalho, o direito a escolha profissional e a
equiparação por oportunidades, à prática em Direitos Humanos.
Apoiamo-nos na metodologia de pesquisa-intervenção de Lourau, para
buscar análises dos acontecimentos que nos façam esmiuçar práticas
cotidianas na vida implicada pela militância de fatos, aqui listados num rol de
analisadores históricos: a “Rede de Intervenção | Baila Comigo (2003)”, o
posterior “Programa de Ações Articuladas em Artes do Movimento (2000)”
ambas as atuações da “Coordenação Nacional de Artes Cênicas do Programa
Artes sem Barreiras (2001)” implicada em consultoria e curadoria na área de
dança, pela também “Coordenação do Comitê Estadual Arte sem Barreiras Rio
de Janeiro (1999)” de 1998 até janeiro de 2004 ações de intervenção28 que se
desdobram pelas quatro instituições nas quais gesto ações no mesmo assunto
e em especificidades peculiares, são estas o Centro de Informática e
Informações sobre Paralisias Cerebrais – DefNet; Escola Angel Vianna/EAV;
Programa Artes Sem Barreiras/VSA do Brasil e Pulsar Cia de Dança.
Em 2003 a onze anos, passei a ser funcionária da Escola e da
Faculdade Angel Vianna, onde Coordeno os Cursos Técnicos em Dança e os
Projetos Especiais como assessora de direção, foi quando instituímos o
“Programa Interagindo Ações (2003)” um programa de documentação, registro
e memória – voltado para armazenar informações sobre os caminhos
percorridos pelo corpo discente em curso e egressos, como o corpo docente
atual e antigo no campo de trabalho, historiografando a cadeia produtiva
decorrente dos ensinamentos dos Vianna’s - Angel, Klaus e Rainer, onde está
constituído o Núcleo de Coreógrafos da Escola e da Faculdade Angel Vianna.
Em 2004 unificou–se Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança/VSA (2001)
no Núcleo de Artes Cênicas: arte sem barreiras/RJ/EAV (2004) ações estas
que se acoplam no Programa Interagindo Ações/FAV (2003) e ao Núcleo de
Coreógrafos da Escola Angel Vianna (2000).
28 Sentido teórico-técnico específico: análise e intervenção institucional é um processo feito
com coletivos de quaisquer natureza, cujo objetivo é propiciar que esse grupo se torne capaz de auto-analisar-se e gerenciar suas próprias questões (1992, p. 169).
115
Desta forma, em 2004 passei a fazer parte do Conselho Diretor da
AVSA/ Associação Vida Sensibilidade e Arte e assim, reformulou-se por Núcleo
de Artes Coreográficas do Rio de Janeiro (2004), na intenção de criar meios a
consolidar o setor unindo força na rede de contato de bailarinos, coreógrafos,
pesquisadores nesta investigação estética.
Unificando as ações gestadas por mim nas diferentes instituições onde
atuo neste campo, com a perspectiva de conviver e fomentar a frequência do
protagonismo artístico entre pessoas com e sem deficiência, fomentando a
visibilidade da produção a curadores, professores, pesquisadores do campo de
arte e de estética.
Para finalizar esta lista de analisadores históricos no campo de
intervenção em socioanálise do corpo (corpodespadronizado), devo elencar
primeiramente como analisador histórico a atuação corpocampo, a prática de
dançarina-bailarina/intérprete-criação e co-gestão da Pulsar Companhia de
Dança Contemporânea (2000), há quatorze anos quando fundamos a Cia.
Entre a relação com o corpocampo se evidencia, o corpo, como modo de
intervenção institucional no campo profissional, ao correlacionarmos os efeitos
produzidos dialeticamente nesta investigação, caracterizando a vida bailarina
como modo de atuação profissional na área de conhecimento de dança, tendo
o corpo (corpodespadronizado) como viés para consolidar lacunas no Setor
Artístico no Mercado estreitando as distâncias dos elos na cadeia produtiva
firmando conexão entre os MODOS de PRODUÇÃO de TRABALHOS em
ARTE COREOGRÁFICA.
Como estamos apurando a intervenção institucional pela própria história
profissional narraremos agora, o rol de analisadores espontâneos necessários
para a consolidação de um campo solido de trabalho para o segmento em
questão, o campocorpo, como subsídio; criação de pesquisa (construção de
linguagem estética/obra); manutenção; circulação (visualidade do trabalho);
participação no Setor Cultural/Setorial de Dança; trabalho em eventos para a
comunidade; trabalho em qualificação profissional estes são alguns dispositivos
aqui elencados capazes de aportar e sustentar o conjunto de proposições
apresentadas nesta pesquisa.
116
Os dados de atuação de a Pulsar foram apresentamos anteriormente
para exemplificar um meio a construir informações profissional deste segmento
artístico, estabelecendo-se como “fenômeno” - a abertura no campo de atuação
para o trabalhador de cultura, pessoas com deficiência – visto as poucas
atuações deste segmento, no cotidiano da setorial de dança, é preciso que
estas ações se multipliquem e que em escala, oportunizem novos trabalhos
artísticos a fim de mitigar desvantagens no campo de atuação profissional em
arte, pela pessoa com deficiência que desejar escolher essa profissão.
117
4ª ATO - Capítulo SETE
CONTROLE SOCIAL - política cultural e produção pessoa
com e sem deficiência no Brasil
A CENA que não aparece e os RESULTADOS que não engrenam
Indo direto ao ponto o Banco Mundial estima que 20% dos mais pobres
do Mundo têm deficiência, e tendem a ser considerados, dentro de suas
próprias comunidades como pessoa em desvantagem; segundo estimativa,
aproximadamente 386 milhões de pessoas em idade de trabalhar são pessoas
com deficiência, nos informa a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O
desemprego alcança até 80% das pessoas com deficiência em algum país. E
frequentemente os empregadores consideram que as pessoas com deficiência
NÃO podem trabalhar. Informações obtidas no Banco de Dados do DefNet,
difundidas no Seminário Acessibilidade Direito da Pessoa com Deficiência em
Natal, na palestra do Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade em 2009.
Ao pensamos em uma política para todos nos ressalta a consciência da
desvantagem social. Para pensar em todos é preciso considerar que cada um
tem que ter um meio de existir, de se sustentar e este meio passa pela
autonomia, pela emancipação, que é através do trabalho, da profissionalização
e de emprego que a desvantagem pode “diminuir”, como fazer então?
Queremos entender o rol de ocupações preenchidas pela pessoa com
deficiência, mapear e gerar outras ocupações promotoras de oportunidade e
renda ao setor produtivo que pode vir a ser um gerador de riquezas e de um
segmento humano capaz de desenvolvimento econômico e social. A questão
da produção da pessoa com deficiência não pode ser encarada como tabu,
temos que tratar deste assunto abertamente com os setores produtivos pelo
poder publico e pela sociedade.
A dimensão econômica é determinante, é preciso haver projeção para o
segmento social e/ou cultural específico de pessoa com deficiência e
desenvolver suas particularidades. E se não houver investimento no Setor
118
específico continuar-se-á a girar em torno das mesmas questões insolúveis; ao
compreendermos que enquanto não houver investimento neste segmento não
haverá possibilidade no mercado de trabalho, partindo do princípio que todos
os Setores já deveriam ter encontrado meios a incluir a pessoa com deficiência
na produção de acordo com a legislação em vigor, assuntos complexos e sem
interesse ao sistema capitalista, mas diante a humanidade um paradoxo
imensurável.
Dito de outro modo, sabemos que não interessam ao sistema
capitalístico, “outros modos de trabalho” – o não padronizado – devemos
apresentar um modo de pensar que atraia os meios de comunicação,
produzindo outro olhar diante do imaginário social da pessoa com deficiência
que produz, com finalidade, por exemplo, ao desenvolvimento do Setor Cultural
e Artístico, pelo investimento criativo, pela formação em Arte de modo a criar
meios de sermos úteis ao sistema.
O Ministério da Cultura enfrenta a pressão pelas garantias aos direitos
culturais por conta dos tratados internacionais, correndo riscos de sanções
para o país, mediante a convenção de pessoa com deficiência; da proteção e
promoção da diversidade das expressões culturais e para a salvaguarda do
patrimônio cultural imaterial, não seria a hora de criarmos meios e sermos úteis
ao sistema, já que para todas estas finalidades tem prerrogativa de fundo
específico?
A constituição deste mapeamento do setor e de cartografia do segmento
aplicado aos diferentes municípios pelas Secretarias de Cultura alimenta o
Sistema Nacional de Índices e Indicadores Culturais/SNIIC de modo a elencar
os artistas atuantes trazendo visualidade ao campo de trabalho em cada
município, apontando como cada Estado lida com a questão, mapeando a
existência ou não de política de acessibilidade de modo a impulsionar o
Sistema Nacional de Cultura/SNC, na Política de Acesso.
Assim ocorrendo, o artista - pessoas com deficiência e segmento cultural
tornam-se componentes do SNC proporcionando que cada município fortaleça
esta política na cidade, potencializando novos recursos aos Estados que se
comprometer com a questão exposta aqui neste estudo, possibilitando o
119
levante do Valor Social importante para a História do Município e do Patrimônio
Brasileiro, uma forma de reconhecer e identificar as diferentes formas de
manifestação cultural, como uma oportunidade a fomentar o segmento diante
do Setor Cultural do país.
Um compromisso a salvaguardar o “humano-capital” capaz de promover
oportunidades e expectativas para outras gerações. O Uso Social do
Patrimônio – pode gerar campanhas, sejam elas de marketing empresariais
entre outros, ao agenciar mudanças de paradigmas e quebras de preconceitos
tão almejados. Digamos que a sociedade também pode rever seus papéis
reacionários e discriminatórios, o convício entre antigas e novas gerações
podem resignificar intenções ao se demonstrarem abertas para um
pensamento plural, multicultural.
Os tratados internacionais são distantes da nossa realidade, contudo
devemos ativá-los em acordos de nossos interesses junto ao MERCOSUL por
uma América Latina mais forte. O que queremos ressaltar aqui é que nem
todos tem conhecimento destas convenções internacional ratificadas pelo
governo brasileiro. Mas a omissão do poder público e da sociedade frente a
este segmento não cabe mais continuar, não saber o que fazer para promover
o trabalho para a pessoa com deficiência não pode mais ser justificativa.
E é exatamente por esta questão, que aqui afirmamos, o Ministério da
Cultura e o governo brasileiro sabem sobre a produção artística e cultural de
pessoas com e sem deficiência e segmento respectivo, a ausência de media é
alienação, anulação, silenciamento, negação.
Cornelius Castoriadis (1975) apresenta estudo sobre a “sociedade considerada” e reflete que a sociedade é intrinsecamente histórica, ou seja, de auto-alteração; cada sociedade faz ser também seu próprio modo de auto-alteração, que podemos também denominar sua temporalidade – isto é, se faz ser também como modo de ser. A história é a gênese ontológica não como produção de diferentes instâncias da essência de sociedade, mas como criação em e por cada sociedade, de outro tipo do ser-sociedade, que é ao mesmo tempo criação de tipos novos de entidades social-históricas em todos os níveis e em níveis que são eles-próprios estabelecidos-criados pela sociedade e por tal sociedade (...) (p.146) (...) a autotransformação da sociedade diz respeito ao fazer social – e, portanto, também político no sentido profundo do termo – dos homens na sociedade e de nada mais. O fazer pensante e o pensar político – o pensar da sociedade como se fazendo – é um componente essencial disso (p.148).
120
A prática com a Dança Contemporânea me fez produziu conexões com
o pensar político e com outros e novos estados de reflexão pelo entendimento
da ação estética-político.
Em consonância a esta proposta de visualidade esperasse que este
futuro levante, possa demarcar os anos de trabalho percorridos por cada artista
pessoa com deficiência e segmento cultural. Através da existência destes
dados estaremos protegendo a memória do trabalho em arte pela pessoa com
deficiência existente no Brasil.
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República/SDH/PR
transformou a Coordenadoria Nacional Para Integração da Pessoa com
Deficiência|CORDE na SECRETARIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DOS
DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA/SNPD http://www.pessoacom
deficiencia.gov.br/app/ e criou o Plano Viver Sem Limite com eixo em
acessibilidade; acesso à educação; atenção à saúde e até o momento não tem
notícias sobre ações nos eixos do trabalho e da cultura.
Entretanto, na gestão do Ministro da Cultura Gilberto Gil com Juca
Ferreiras no governo de Luis Inácio Lula da Silva juntamente com a sociedade
civil por conta do Plano Nacional de Cultura, foi desenvolvido Indicação de
Políticas Públicas de Cultura para o segmento, publicados pela Secretaria de
Identidade e Diversidade Cultural/ SID, o “Loucos pela Diversidade, em 2007” e
o “Nada sobre Nós sem Nós, em 2008”.
Onde podemos observar que ambos os coletivos sem conexão, apontam
para a questão do PATRIMONIO CULTURAL de pessoa com deficiência, para
a necessidade de realizar mapeamentos a respeito, um instrumento que
possam apurar as OBRAS de ARTE respectivas do segmento.
E é neste contexto que apresento um componente do território nacional
e do Setor Cultural, capaz de colaborar com as informações para o Sistema
Nacional de Cultura, o Programa brasileiro Arte sem Barreiras se dá e se deu,
não apenas pela qualidade de criação e produção, mas também pela
construção de um entendimento e de reconhecimento de um setor que
inaugura uma setorial que atua sem discriminação.
121
Onde os artistas que pretendem esta investigação estética, este modo
de existência e buscam a soma nas suas habilidades e competências em prol
da qualidade e do mérito artístico na convivência. Encontrando meios de inovar
linguagem e criar soluções estéticas, retroalimentando a cultura brasileira e o
patrimônio nacional e é por isto, que a participação entre pessoas com e sem
deficiências, se naturaliza nesta setorial de arte que elimina barreiras, porque
esta questão de atitude, ou seja, atitudinal. Este é o ineditismo do Programa
Brasileiro diante de seus pares na afiliação ao Programa americano Very
Special Arts Internacional nos cinco continentes.
O movimento social de artes sem barreiras continua ativo, apesar de o
programa brasileiro ter sido interrompido em 2005 pela FUNARTE/MINC
apesar de fortes conquistas, como a de entender que a sensibilidade e arte são
meios propulsores de novos rumos societários, onde é possível conviver e viver
entre as pessoas reconhecendo suas diferenças. O amadurecimento dos
artistas envolvidos no Setor impulsiona qualidade do campo de atuação,
alimenta a cadeia produtiva e demonstra caminhos sólidos para o
entendimento e pela construção de um segmento atuante em cada Setorial de
Área.
Nos últimos dez anos participamos ativamente do Plano Nacional de
Cultura e pela construção do Sistema Nacional de Cultura, no que se refere ao
trabalho da sociedade civil. Atuamos individualmente nas bases municipais e
estaduais; das cidades e dos estados de origem neste que é um movimento de
pessoas em redes e prol de ações coletivas.
Anteriormente sempre estivemos organizados por comitês municipais e
estaduais sob as orientações do Comitê Nacional, uma coordenação
organizada pela Funarte/CEPIM (Centro de Artes Integradas). Desta forma
através dos municípios organizávamos os encontros, festivais, congressos
Artes sem Barreiras junto às secretarias locais de educação, cultura, turismo,
saúde. Diante a isto, podemos também mapear as conquistas e entender quais
municípios implementa e implantam ações no campo da Acessibilidade Cultural
ativando as redes que nos conectam.
122
A seguir vamos descrever algumas informações selecionadas que
nutrem o campo Político do tema, como alguns resultados que não engrenam.
Plano Nacional de Cultura
Diversidade Cultural e Cidadania
Visão de longo prazo para a Cultura Sustentabilidade e, portanto,
planejamento, são algumas das palavras-chave da atual gestão do Ministério
da Cultura. Significa pensar lá na frente, no futuro, a partir das bases do
presente. Foi com esse intuito que colocamos em discussão as metas do Plano
Nacional da Cultura (PNC), que hoje apresentamos. São propostas para a
próxima década. É a primeira vez, em quase 30 anos de existência, que o
Ministério tem objetivos planificados a partir da discussão com a sociedade.
E o mais importante: planejamento feito com democracia. Para tanto, o
MinC chamou os interessados na agenda para discutir e pensar sobre qual
Cultura queremos produzir e vivenciar nos próximos 10 anos. Foi um amplo
processo de debate, que durou meses, e que qualificou a proposta agora
entregue à sociedade.
Trata-se de texto escrito por milhares de mãos, por diversos sujeitos e
grupos, por meio de diferentes instâncias e espaços de experimentação e
participação. Um plano que reflete o esforço coletivo para assegurar o total
exercício dos direitos culturais de brasileiras e brasileiros em diferentes
situações econômicas e faixas etárias.
O PNC reafirma o papel indutor do Estado ao mesmo tempo em que
garante a pluralidade de gêneros, estilos e tecnologias. Assegura modalidades
adequadas às particularidades da população, das comunidades e das regiões
do País.
Assim, a partir de agora, todo o planejamento do MinC seguirá as
orientações do PNC. O Plano se estrutura em três dimensões complementares:
a cultura como expressão simbólica; como direito de cidadania; e como campo
potencial para o desenvolvimento econômico com sustentabilidade.
Essas dimensões, por sua vez, desdobram-se nas metas, que dialogam
com os temas reconhecimento e promoção da diversidade cultural; criação e
123
fruição; circulação, difusão e consumo; educação e produção de conhecimento;
ampliação e qualificação de espaços culturais; fortalecimento institucional e
articulação federativa; participação social; desenvolvimento sustentável da
cultura; e fomento e financiamento.
As metas que nasceram agora foram geradas no Seminário Nacional
Cultura para Todos, em 2003, primeiro passo para o envolvimento dos
cidadãos na avaliação e direcionamento das políticas culturais. Portanto, se
temos 53 metas a nos guiar para a próxima década, é porque um dia abrimos
espaço e ouvimos a sociedade na formulação da política pública para a cultura.
Mas o trabalho está apenas começando. A população estará conosco na
execução e fiscalização dessas metas para que, ao final de uma década,
tenhamos certeza de que legamos outra cultura aos brasileiros. Além de
garantir, de fato, o direito à cidadania cultural (Brasil, 2012).
As questões acima relacionadas compreendem as 53 METAS do PCN
(1º documento), quando podemos verificar se há ou não conexão do Setor
Cultural com a produção de cultural de pessoa com deficiência, verificam-se
que apenas uma das metas, tem este segmento protagonista é a META 29 que
se limita em garantir que as pessoas com deficiência possam ter acesso aos
espaços culturais, seus acervos e atividades. Logo verificamos o não
compromisso com o desenvolvimento do segmento no setor, pelo fato de
apenas demarcar prioridade ao acesso, a META 29 aqui está posta também
como analisador espontâneo, o Plano pretende instrumentalizar o cenário da
Cultura no Brasil em 2020.
Diante desta premissa, seguimos sem péssimos a nossa causa,
descobrindo maneiras de mobilizar os grupos de artistas, pessoas com
deficiência na micropolítica pensada por Guattari (2000), na construção de
programa transitório para se proteger das segregações, para reivindicar direitos
(...) há um nível nos grupo autônomos em que eles são envolvidos por
circunscrição, entram em relações de força, que lhes dão uma figura de
identidade (p. 130), (...) pode estar havendo uma dimensão de resistência
social de um grupo contra a exploração, contra a alienação e contra toda
espécie de opressão (p.131).
124
Na intenção de apresentar o campo-político de força do segmento,
seguimos apresentando os RESULTADOS que não engrenam ao
desenvolvimento de Política de Cultura para pessoa com deficiência, como
analisadores construídos, para promover intensidade frente à CENA que não
aparecer, de forma a configurá-los como analisadores históricos, já que estes
aconteceram de forma participativa pelo movimento social.
A profissão artística entre as prioridades ao trabalho de pessoa com
deficiência representa uma minoria de interessados, mas aqui estamos falando
do direito de escola à profissão, legitimando um campo de atuação em
potencial. Os artistas deste segmento cultural encomendaram aos gestores do
Setor Cultural, diretrizes e ações específicas em dois instrumentos recentes,
ambos localizáveis no portal da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio
Arouca29:
ENSP e MinC se unem em defesa das pessoas com deficiência. Pela primeira vez, pessoas com algum tipo de deficiência dos vários segmentos das artes do Brasil reúnem se para discutir e formular uma política nacional de cultura voltada para eles. É a Oficina nacional de indicação de políticas culturais para inclusão de pessoas com deficiência, promovida pela ENSP/Fiocruz em parceria com a Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura. O encontro ocorreu durante três dias (16/17/18/de outubro de 2008). Ao todo, estão reunidos, no Rio de Janeiro, quase 60 artistas do país inteiro para encaminharem ao MinC a indicação de diretrizes reconhecendo o potencial das atividades culturais produzidas pelas pessoas com deficiência, fruto de um compromisso assumido pelo ex-ministro Gilberto Gil e que, agora, tem continuidade com o atual ministro Juca Ferreira. De acordo com Paulo Amarante, coordenador do Laps/ENSP/Fiocruz, "é um trabalho muito bonito ver essas pessoas vindo ao Rio para debater esse tema importante e sair daqui com uma proposta de política para o Estado". Confira, na Biblioteca Multimídia da ENSP, os áudios e apresentações desse primeiro dia de atividades.
Trata-se de uma engrenagem desafiadora porque que não é só sócia,
econômica e de vontade política, é, sobretudo cultural.
Este conjunto de indicadores também se encontra aportados aqui neste
memorial descritivo, participei do processo e atuo na difusão do material com a
intenção de seguirmos adiante e não recomeçarmos sempre, neste sentido,
adiante apresentado os RESULTADOS na integra, como um dos dispositivos
de análise para balizar o princípio ético e firmar continuidade histórica no
29http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/13607,
visitado em 26/03/2014 (em anexo)
125
movimento de pessoa com deficiência sob o lema “Nada sobre Nós sem Nós”
(2008) (2º documento), de modo a engrenar a militância pela construção de
elos firmes utilizando este LEMA para estabelecer esperança política ao criar
uma corrente mundial comprometida em ver mudanças.
Esta ação/meta ocorreu posteriormente ao trabalho firmado com o
coletivo atuante com a luta-antimanicomial, Loucos pela Diversidade (2007) (3º
documento), que criar diretrizes e ações para pessoas com sofrimentos
psíquicos, como foram denominada na época quem enfrenta transtorno mental
e outros produções subjetivas, quando a SID volta-se especificamente para
setores que não têm espaço nas políticas públicas de governo, um marco na
Política do segmento.
Através destes “elos” poderá surgir visibilidade das camadas
estratificadas em nossa sociedade neste segmento, quando pudessem apontar
a relação do rol de políticas a serem implantadas para minimizar
desigualdades. Ao identificar este conjunto de róis, estarão demarcados a
implicação ou não frente às injustiças estampadas, trazendo a tona às
necessidades de mudanças nos diferentes níveis e escalas referentes à
pessoa com deficiência e seu campo produtivo.
Portanto, se faz necessário ativar instrumento programático como
resignificou Romeu Sassaki em 2008, ao acoplar no assunto da acessibilidade,
a eliminação das barreiras invisíveis que estejam embutidas em políticas (e
empresa) referindo-se ao cumprimento e mudanças em leis, decretos,
portarias, resoluções ordem de serviço; o exemplo das Políticas de Educação:
regimento, estatuto, projeto político pedagógico – quando renomeou o assunto
para acessibilidade programática, repaginando a e atualizando a pauta····.
O terceiro instrumento recentes que nos referimos foi entregue a
secretária Márcia Rollemberg, trata-se, do documento final da Conferência
Livre de Acessibilidade Cultural (2013) (4º documento) onde reafirmamos o
cumprimento de decretos; de Metas específicas do PCN; da Nota Técnica
001/2009 da SID/MINC documento acima mencionado (NSNSN -
ENSP/MINC/2008) a fim de comprometer e de atualizar as propostas já
desenvolvidas pelo segmento.
126
O material em questão fez parte da disciplina de Políticas Culturais
ministrado pela Profa. Dra. Patrícia Dorneles, configurou-se um estudo
minucioso e durante boa parte do curso realizado pela Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ) de especialização no tema. A Conferência iniciou-se na
abertura do curso em abril de 2013 cabendo aos alunos, à construção das
proposições e a qualificação do texto, elaborados durante os seminários da
conferência no momento do curso. O documento traz uma série de propostas
para a inserção cultural das pessoas com deficiência e foi apresentado na III
Conferência Nacional de Cultura, novembro de 2013 pela SCDC/MinC como
subsídio na elaboração de políticas públicas para o setor, quando no eixo 03 –
cidadania e direitos culturais a pessoa com deficiência foi elencada como
quarta prioridade na proposta 3.18 (5º documento).
O curso de especialização em acessibilidade cultural é financiado pelo
MinC em parceria com a UFRJ e realizado pela Secretaria da Cidadania e da
Diversidade Cultural (SCDC/MinC) faz parte das ações do Ministério da
Cultura, voltadas ao campo das pessoas com deficiência e como RESULTADO
reúne 40 trabalhos de conclusão no assunto, disponíveis na biblioteca virtual
da UFRJ, acirrando o campo de discussão no tema (6º documento), este em
anexo.
Vamos a seguir apresentar os documentos na integra e de forma não
linear, desta forma acompanhe pela descrição numeral do documento:
(1º documento)
53 METAS do PCN
Meta 1) Sistema Nacional de Cultura institucionalizado e implementado, com 100%das Unidades da Federação (UF) e 60% dos municípios com sistemas de cultura institucionalizados e implementados; Meta 2) 100% das Unidades da Federação (UF) e 60% dos municípios atualizando o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC); Meta 3) Cartografia da diversidade das expressões culturais em todo o território brasileiro realizada; Meta 4) Política nacional de proteção e valorização dos conhecimentos e expressões das culturas populares e tradicionais implantada; Meta 5) Sistema Nacional de Patrimônio Cultural implantado, com 100% das Unidades da Federação (UF) e 60% dos municípios com legislação e política de patrimônio aprovadas; Meta 6) 50% dos povos e comunidades tradicionais e grupos de culturas populares que estiverem cadastrados no Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC), atendidos por ações de promoção da diversidade cultural;
127
Meta 7) 100% dos segmentos culturais com cadeias produtivas da economia criativa mapeadas; Meta 8) 110 territórios criativos reconhecidos; Meta 9) 300 projetos de apoio à sustentabilidade econômica da produção cultural local; Meta 11) Aumento em 95% no emprego formal do setor cultural; Meta 12) 100% das escolas públicas de educação básica com a disciplina de Arte no currículo escolar regular com ênfase em cultura brasileira, linguagens artísticas e patrimônio cultural; Meta 13) 20 mil professores de Arte de escolas públicas com formação continuada; Meta 14) 100 mil escolas públicas de educação básica desenvolvendo permanentemente atividades de Arte e Cultura; Meta 15) Aumento em 150% de cursos técnicos, habilitados pelo Ministério da Educação (MEC), no campo da Arte e Cultura com proporcional aumento de vagas; Meta 16) Aumento em 200% de vagas de graduação e pós-graduação nas áreas do conhecimento relacionadas às linguagens artísticas, patrimônio cultural e demais áreas da cultura, com aumento proporcional do número de bolsas; Meta 17) 20 mil trabalhadores da cultura com saberes reconhecidos e certificados pelo Ministério da Educação (MEC); Meta 18) Aumento em 100% no total de pessoas qualificadas anualmente em cursos, oficinas, fóruns e seminários com conteúdo de gestão cultural, linguagens artísticas, patrimônio cultural e demais áreas da cultura; Meta 19) Aumento em 100% no total de pessoas beneficiadas anualmente por ações de fomento à pesquisa, formação, produção e difusão do conhecimento; Meta 20) Média de 4 livros lidos fora do aprendizado formal por ano, por cada Brasileiro; Meta 21) 150 filmes brasileiros de longa-metragem lançados ao ano em salas de cinema; Meta 22) Aumento em 30% no número de municípios brasileiros com grupos em atividade nas áreas de teatro, dança, circo, música, artes visuais, literatura e artesanato; Meta 23) 15 mil Pontos de Cultura em funcionamento, compartilhados entre o governo federal, as Unidades da Federação (UF) e os municípios integrantes do Sistema Nacional de Cultura (SNC); Meta 24) 60% dos municípios de cada macrorregião do país com produção e circulação de espetáculos e atividades artísticas e culturais fomentados com recursos públicos federais; Meta 25) Aumento em 70% nas atividades de difusão cultural em intercâmbio nacional e internacional; Meta 26) 12 milhões de trabalhadores beneficiados pelo Programa de Cultura do Trabalhador (Vale Cultura); Meta 27) 27% de participação dos filmes brasileiros na quantidade de bilhetes vendidos nas salas de cinema; Meta 28) Aumento em 60% no número de pessoas que frequentam museu, centro cultural, cinema, espetáculos de teatro, circo, dança e música; Meta 29) 100% de bibliotecas públicas, museus, cinemas, teatros, arquivos públicos e centros culturais atendendo aos requisitos legais de acessibilidade e desenvolvendo ações de promoção da fruição cultural por parte das pessoas com deficiência; Meta 30) 37% dos municípios brasileiros com cineclube; Meta 31) Municípios brasileiros com algum tipo de instituição ou equipamento cultural, entre museu, teatro ou sala de espetáculo, arquivo público ou centro de documentação, cinema e centro cultural, na seguinte distribuição: 35% dos municípios com até 10 mil habitantes com pelo menos um tipo; 20% dos municípios entre 10 mil e 20 mil habitantes com pelo menos dois tipos; 20% dos municípios entre 20 mil e 50 mil habitantes com pelo menos três tipos; 55% dos municípios entre 50 mil e 100 mil habitantes com pelo menos três tipos; 60% dos municípios entre 100 mil e 500 mil habitantes com pelo menos quatro tipos; 100% dos municípios com mais de 500 mil habitantes com pelo menos quatro tipos; Meta 32) 100% dos municípios brasileiros com ao menos uma biblioteca pública em funcionamento; Meta 33) 1.000 espaços culturais integrados a esporte e lazer em funcionamento; Meta 34) 50% de bibliotecas públicas e museus modernizados; Meta 35) Gestores capacitados em 100% das instituições e equipamentos culturais apoiados pelo Ministério da Cultura; Meta 36) Gestores de cultura e conselheiros capacitados em cursos promovidos ou certificados pelo Ministério da Cultura em 100% das Unidades da Federação (UF) e 30% dos municípios, dentre os quais, 100% dos que possuem mais de 100 mil habitantes;
128
Meta 37) 100% das Unidades da Federação (UF) e 20% dos municípios, sendo 100% das capitais e 100% dos municípios com mais de 500 mil habitantes, com secretarias de cultura exclusivas instaladas; Meta 38) Instituição pública federal de promoção e regulação de direitos autorais implantada; Meta 39) Sistema unificado de registro público de obras intelectuais protegidas pelo direito de autor implantado; Meta 40) Disponibilização na internet dos seguintes conteúdos, que estejam em domínio público ou licenciados: 100% das obras audiovisuais do Centro Técnico do Audiovisual (CTAV) e da Cinemateca Brasileira; 100% do acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB); 100% dos inventários e das ações de reconhecimento realizadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); 100% das obras de autores brasileiros do acervo da Fundação Biblioteca Nacional (FBN); 100% do acervo iconográfico, sonoro e audiovisual do Centro de Documentação da Fundação Nacional das Artes (Cedoc/Funarte); Meta 41) 100% de bibliotecas públicas e 70% de museus e arquivos disponibilizando informações sobre seu acervo no SNIIC; Meta 42) Política para acesso a equipamentos tecnológicos sem similares nacionais formuladas; Meta 43) 100% das Unidades da Federação (UF) com um núcleo de produção digital audiovisual e um núcleo de arte tecnológica e inovação; Meta 44) Participação da produção audiovisual independente brasileira na programação dos canais de televisão, na seguinte proporção: 25% nos canais da TV aberta; 20% nos canais da TV por assinatura; Meta 45) 450 grupos, comunidades ou coletivos beneficiados com ações de Comunicação para a Cultura; Meta 46) 100% dos setores representados no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) com colegiados instalados e planos setoriais elaborados e implementados; Meta 47) 100% dos planos setoriais com representação no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) com diretrizes, ações e metas voltadas para infância e juventude; Meta 48) Plataforma de governança colaborativa implementada como instrumento de participação social com 100 mil usuários cadastrados, observada a distribuição da população nas macrorregiões do país; Meta 49) Conferências Nacionais de Cultura realizadas em 2013 e 2017, com ampla participação social e envolvimento de 100% das Unidades da Federação (UF) e 100% dos municípios que aderiram ao Sistema Nacional de Cultura (SNC) Meta 50) 10% do Fundo Social do Pré-Sal para a cultura; Meta 51) Aumento de 37% acima do PIB, dos recursos públicos federais para a cultura; Meta 52) Aumento de 18,5% acima do PIB da renúncia fiscal do governo federal para incentivo à cultura; Meta 53) 4,5% de participação do setor cultural brasileiro no Produto Interno Bruto (PIB);
(3º documento)
Loucos pela Diversidade
1ª Oficina Nacional de Indicações de Políticas Culturais
para pessoas com sofrimentos psíquico(2007)
GT PATRIMÔNIO DIRETRIZ 1 => Empoderar usuários, trabalhadores e comunidades para que possam reconhecer a sua diversidade cultural e seu valor, subsidiando os grupos de saúde mental com informações que possibilitem a identificação e valorização do patrimônio integral comunitário. Ação 1 Mapear e catalogar os diversos patrimônios e as produções existentes. Ação 2 Produzir e disponibilizar material informativo. DIRETRIZ 2 => Criar instrumentos para que a produção cultural possa acontecer e ser reconhecida no campo sócio-político-cultural, apontando para a circulação e uso social do patrimônio. Ação 1 Dar visibilidade para o patrimônio do campo da Saúde Mental utilizando diversas mídias públicas de difusão existentes no país.
129
Ação 2 Promover intercâmbio entre diferentes práticas e patrimônios. Ação 3 Promover, por meio de editais, ações de fomento e preservação de acervos, patrimôniose produções culturais. Ação 4 Construir uma agenda de prioridade de pesquisa que contemple os temas “territórios”, “cotidiano” e “saúde mental”, além de publicar editais com estas finalidades. DIRETRIZ 3 => Construir os princípios de uma ética e cidadania da criação que contemplem a questão da propriedade intelectual das produções realizadas nos serviços de saúde mental. Ação 1 Formular uma política de curadoria das obras, prevendo-se um colegiado interdisciplinar. Ação 2 Constituir fóruns permanentes de trabalho, a partir desta oficina nacional, para o acompanhamento das políticas culturais para a saúde mental. Ação 3 Informar e esclarecer a comunidade e os serviços de saúde mental sobre a legislação referente às questões de propriedade intelectual e direito de uso de imagem. Ação 4 Aperfeiçoar mecanismos que garantam o direito do usuário de saúde mental sobre sua obra. GT DIFUSÃO DIRETRIZ 1 => Democratizar o direito à informação e à comunicação. Ação 1 Criar o setor de comunicação nos serviços, instituições e dispositivos de saúde mental para garantir as ações de comunicação. Ação 2 Criar e Desenvolver a interface entre cultura e saúde mental por meio dos setores da comunicação pública, conectando se ao Fórum Nacional de Comunicação Pública. Ação 3 Aprofundar as políticas culturais da saúde mental nos eixos de Patrimônio, de Fomento e de Comunicação. Ação 4 Criar Centros de Documentação e Comunicação em cultura e saúde mental. DIRETRIZ 2 => Dar visibilidade às iniciativas e projetos culturais desenvolvidos no campo da saúde mental. Ação 1 Realizar levantamento e mapeamento nacional dos projetos culturais desenvolvidos na saúde mental e/ou que incluam pessoas com sofrimento psíquico. Ação 2 Discutir iniciativas, técnicas e a produção cultural em saúde mental em Encontro Nacional de Produção Cultural na Saúde Mental. DIRETRIZ 3 => Garantir a ocupação dos espaços públicos culturais com projetos da saúde mental. Ação 1 Promover e realizar festivais e mostras sobre Diversidade Cultural, que incluam também o campo da Saúde Mental. Ação 2 Realizar editais para ocupação de espaços públicos culturais (p. ex. museus, galerias, teatros) com iniciativas e projetos culturais da Saúde Mental. Ação 3 Realizar encontros e conferências (nos níveis municipal, estadual e federal) que façam a interface entre Saúde e Cultura. Ação 4 Garantir formação e capacitação, por meio de cursos, dos trabalhadores da cultura e da saúde em Diversidade Cultural. Ação 5 O Ministério da Cultura, em parceria com a sociedade civil, deve articular as ações inter-setoriais nos níveis federal, estadual e local. Ação 6 Promover - por meio de editais, ações de registro e publicações em multimeios - as múltiplas expressões da diversidade cultural produzidas pelas experiências da loucura e seus experimentos e outras formas de existência e resistência no campo da Saúde Mental. GT FOMENTO DIRETRIZ 1 => Implementar políticas públicas na interface Cultura e Saúde que promovam a participação de pessoas em sofrimento mental. Ação 1 Contemplar, como proponentes e beneficiários, pessoas em sofrimento mental em editais nas áreas da Cultura e da Saúde. Ação 2 Criar editais específicos para a área da Saúde Mental, não restritos a serviços de saúde. Ação 3 Potencializar os já existentes e criar espaços culturais comunitários que trabalhem com grupos heterogêneos garantindo a inclusão de pessoas em sofrimento mental e manter agentes de cultura permanentes, garantindo a sustentabilidade e a continuidade dos projetos. Ação 4 Fomentar propostas e projetos voltados para a coletividade que garantam a inclusão de pessoas com sofrimento mental.
130
Ação 5 Viabilizar o acesso aos bens, equipamentos, instrumentos e recursos da Cultura pelas pessoas em sofrimento mental. Ação 6 Estabelecer políticas de capacitação para o desenvolvimento de projetos culturais voltados para a saúde mental, numa perspectiva intersetorial e interdisciplinar Ação 7 Implantar pontos de cultura de acordo com os princípios de diversidade e identidade cultural em suas várias expressões existentes no campo de saúde mental, garantindo o compromisso com a desinstitucionalização, em consonância com os conceitos de empoderamento, autonomia, cidadania e sustentabilidade como proposto no Programa Cultura Viva e em suas ações em rede. DIRETRIZ 2 => Incluir os vários segmentos da sociedade civil em todos os níveis do planejamento de políticas publicas na interface saúde / cultura e aperfeiçoar os processos de trabalho relativos à formulação, gestão, execução e distribuição de recursos relativos à implementação destas políticas. Ação 1 Criação de fóruns estaduais e municipais com a participação de representantes da Saúde e da Cultura. Ação 2 Promover Seminários Regionais e Locais para discutir as políticas públicas indicadas na oficina “Loucos pela Diversidade”. Ação 3 Criar mecanismos de inclusão da sociedade civil em todos os níveis de planejamento. Ação 4 Estabelecer mecanismos eficazes de comunicação, para difusão das ações e para aplicação de recursos estimados a programas de saúde e cultura, entre as três esferas de governo. Ação 5 Consolidar instâncias de participação e controle social, através do fortalecimento de conselhos municipais, estaduais de cultura. DIRETRIZ 3 => Incorporar metas da área da Saúde no Plano Nacional de Cultura e metas da área da Cultura no Plano Nacional de Saúde. Ação 1 Criar uma Câmara Técnica Interministerial envolvendo o MinC e o Ministério da Saúde. Ação 2 Criar um Fundo Interministerial, gerido pela Câmara Técnica Interministerial, para manutenção e ampliação de projetos em desenvolvimento na interface Cultura/Saúde e para os Pontos de Cultura, e que estes projetos recebam o indicativo de apoio a partir de definições do Fórum Tripartite. Complemento Que o Fundo Interministerial garanta os recursos através de editais e que os projetos sejam contemplados após um levantamento e mapeamento das experiências existentes. Ação 3 Criar um Fórum Tripartite Nacional Permanente, formado por representantes do Ministério da Cultura, Ministério da Saúde e Sociedade Civil, com paridade na composição do governo e da sociedade civil. DIRETRIZ 4 => Promover o mapeamento, a documentação e a difusão das iniciativas na interface Saúde / Cultura. Ação 1 Implementar pesquisa multicêntrica acadêmica. Ação 2 Orientar e capacitar às equipes mapeadas, agentes e atores em elaboração de projetos. Ação 3 Destinar recursos para garantir infra-estrutura e continuidade das experiências já existentes.
131
(2º documento)
Nada sobre Nós sem Nós
1ª Oficina de Indicações de Políticas Culturais
para a inclusão da Pessoa com Deficiência (2008)
Considerando que cabe ao encerramento do Curso de Especialização
em Acessibilidade Cultural a atuação no campo político e que este curso, tem
como propósito criar mecanismos a incluir pessoa com deficiência na
engrenagem social, e tendo, um compromisso com a classe artística de pessoa
com deficiência por também pertencer a este segmento cultural; como, com a
luta de Albertina, pelo reconhecimento Patrimonial do Programa Arte Sem
Barreiras|VSA do Brasil, apresento junto ao meu Trabalho de Conclusão de
Curso (TCC), as decisões aprovadas por nós, no “Nada sobre Nós, sem Nós
(NSNSN-2008/SID/MINC)” com a certeza, de continuarmos disseminando e
difundindo o que vem sendo feito por muitos de nós.
Alinhando estas questões no plano de existência, como no plano de
coerência política, cultural e social já que as propostas de políticas públicas se
efetivam em conteúdos pela participação e controle social que buscam meios a
garantir o que por sua vez, deverá estar assegurado pelo poder público. Desta
forma, somos muitos os coautores destes conjuntos de indicadores – é preciso
não só legitimar, mas entender o que está sendo proposto, desta forma, optei
em transcrever na integra alguns pressupostos e documentos constantes nesta
pesquisa, abaixo seguem os instrumentos desenvolvidos pelos coletivos que
participo todos relacionados no campo de intervenção institucional tratado
nesta investigação, e agora destrinchado como teoria-técnica.
Na intenção de despertar curiosidade, desejo e compromisso na busca
de entendimentos como os efeitos, que estas relações possam produzir-nos
diferentes campos de forças da sociedade, convidando-os a destacar
observações e apontar destaques posteriores a leitura das propostas, levando
em consideração a data do documento e que estes em caráter dinâmico,
seguem em processo de atualização:
132
Trata-se de um documento refletido pela classe de trabalhadores,
artistas pessoas com deficiência e segmento cultural - Nada sobre Nós sem Nós
[NSNSN/2008/MinC]
Carta do Rio de Janeiro
Políticas Públicas Culturais para Inclusão de Pessoas com Deficiência
“Sob o olhar do outro estamos expostos à ideia de que o
reconhecimento é baseado na diferença e semelhança. Lembrando
sempre que o que nos assemelha É A DIFERENÇA.”
Elisabeth Caetano Almeida30
Os participantes da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para a
Inclusão de Pessoas com Deficiência, reunidos no Rio de Janeiro, nos dias 16 a 18 de outubro
de 2008, debruçaram-se sobre a tarefa de formular propostas de diretrizes e ações para que
possam ser incorporadas à Política Nacional de Cultura, que se encontra em fase de
elaboração/revisão. E nesta tarefa, estiveram orientados por alguns princípios e pressupostos:
Em primeiro lugar, insistir na necessidade de que as políticas, ações e comportamentos
devem pautar-se pela compreensão e pelo acolhimento das pessoas em suas identidades
múltiplas e diversificadas, sempre contemplando sua dimensão humana e cidadã e nunca a
deficiência. Em segundo lugar, houve consenso da existência de um marco legal, amplo e
bastante avançado, tanto no âmbito nacional quanto internacional, que afirma e visa promover
e garantir os direitos das pessoas com deficiência. Faz parte, entre outros documentos, a
Declaração de Salamanca (1994); a Carta de Pirenópolis (1999); a Convenção Interamericana
para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de
Deficiência (Convenção de Guatemala, confirmada no Brasil pelo Decreto Lei nº 3.956/01, de 8
de outubro de 2001); as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica –
resolução CNE/CEB nº2/2001; Decreto Lei 5.296, de 2 de dezembro de 2004, regulamentando
as Leis Federais 10.048 e 10.098/2000, que tratam da acessibilidade de pessoas com
deficiência ou mobilidade reduzida no Brasil; a Declaração Universal sobre a Diversidade
Cultural (UNESCO/2002); a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
(ONU/2006) e o Plano Nacional de Cultura. Entretanto, os participantes da oficina reiteraram
que o grande desafio é o de fazer cumprir essa legislação, seja por parte do Estado brasileiro,
seja pelas organizações privadas e pela sociedade civil em geral.
30 Elisabeth Caetano, Beth Caetano, bailarina do Setor; iniciou seus estudos de Dança Clássica
com Tatiana Leskova no Rio de Janeiro, depois com Rosangela Bernabé no Grupo Giro/Niterói e também na Pulsar Cia de Dança.
133
Por fim, o terceiro pressuposto diz respeito especificamente à participação e a
representatividade da pessoa com deficiência na atividade cultural. Sob o lema ‘Nada sobre
Nós sem Nós’, os participantes da oficina, pleitearam não só o fomento e a difusão de suas
atividades, mas sua inserção não apenas como objeto, mas como sujeitos na formulação,
execução e avaliação das políticas públicas de cultura.
DELIBERAÇÕES DA OFICINA
A partir das várias diretrizes e ações propostas nos quatro temas, os integrantes da
oficina deliberaram a indicação de prioridades para o Ministério da Cultura, de modo a reiterar
as urgências na sua implementação.
No tema FOMENTO, o debate esteve orientado para propostas que estimulassem a
criação, a promoção e o desenvolvimento de propostas criativas, estéticas, artísticas e culturais
por parte das pessoas com deficiência. A prioridade apontada foi a de garantir incentivos e
recursos orçamentários para formação de profissionais com ou sem deficiência na área da
cultura e para implantação e/ou implementação de manutenção de grupos, companhias,
projetos artísticos e culturais com e para pessoas com deficiência.
No tema ACESSIBILIDADE, o enfoque foi o da promoção e o da garantia do direito das
pessoas com deficiência a fruírem, contemplarem e vivenciarem as diferentes manifestações
artísticas e culturais e experiências estéticas.
As prioridades definidas foram duas:
i) Garantir que todas as políticas, programas, projetos, eventos e espaços públicos no campo
artístico e cultural sejam concebidos e executados de acordo com a legislação nacional já
existente que garante acessibilidade e conforme disposto na Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência (ONU);
ii) Promover o reconhecimento profissional das pessoas com deficiência e o seu acesso à
formação artística e profissional.
No tema PATRIMÔNIO, o desafio foi o de formular propostas de diretrizes e ações que
Promovessem:
i) a acessibilidade de todos os setores da população às instituições materiais relacionadas às
pessoas com deficiência que tenham uma representação política e simbólica;
ii) o reconhecimento e preservação do saber, da produção imaterial, da subjetividade, da
cultura, das identidades e da produção artística e cultural das pessoas com deficiência. A
prioridade definida foi a de localizar, conservar, pesquisar, editar e difundir o patrimônio
134
material, imaterial, intelectual e cultural dos artistas e das pessoas com deficiência, de modo a
promover o seu reconhecimento como patrimônio brasileiro.
Em relação ao tema DIFUSÃO, os debates tiveram por foco a socialização e a
divulgação da produção artística e cultural das pessoas com deficiência:
i) recriação/criação de instância para difusão da produção artístico-cultural de pessoas com
deficiência nos três níveis de governo, sendo que no nível federal propõe-se que seja na
Funarte;
ii) Garantir a participação das pessoas com deficiência na formulação implementação das
políticas de difusão.
RECOMENDAÇÕES E ENCAMINHAMENTOS
Coerentes com os pressupostos mencionados, os participantes da oficina
manifestaram enorme preocupação com o fato de que o próprio Ministério da Cultura ainda não
ter incorporado em suas propostas e iniciativas os parâmetros de acessibilidade definidos no
Decreto Lei 5.296, de 2 de dezembro de 2004 que regulamentou as Leis Federais – Leis10.048
e 10.098/2000 – que tratam da acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade
reduzida no Brasil; da mesma forma o que está estabelecido na Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência, da ONU, da qual o Brasil é signatário.
A plenária final da oficina também aprovou por unanimidade uma moção (anexo I),
decorrente do manifesto contra o retrocesso representado pela Portaria nº 661 do Ministério
das Comunicações, que adiou os prazos sobre adaptação dos veículos de comunicação aos
critérios e parâmetros de acessibilidade definidos em lei. O texto do manifesto se encontra em:
www.manifesto.ativo2.vilabol.uol.com.br. Reforçou-se, ainda, a urgência de se garantirem
mecanismos de participação da sociedade civil na formulação, implantação e monitoramento
das políticas de arte e cultura.
Colocando em prática as diretrizes de participação, criou-se uma Comissão de Revisão
da Redação das propostas da oficina, com funcionamento virtual. O grupo foi composto por
Ana Lúcia Palma Gonçalves, Carlos Eduardo Oliveira do Carmo, Cláudia Werneck, Vera Lúcia
Carvalho Portella e André Andries. Ressaltou-se o imperativo de que a publicação do
documento final obedeça aos critérios de acessibilidade, conforme amplamente discutido na
Oficina.
A partir da síntese e das propostas dos facilitadores do evento, este grupo teve por
tarefa imprimir às diretrizes e ações aprovadas com maior uniformidade no uso dos conceitos e
inteligibilidade ao conjunto.
Além da comissão de Revisão e no sentido de promover a transparência e o controle
social, foram propostos a Criação de uma Comissão de acompanhamento e fiscalização das
ações oriundas nessa oficina e de um blog, acessível para todos, a fim de acompanhar os
135
desdobramentos. A SID/MinC ficou de avaliar as condições de implantação desta comissão
considerando os processos de mudança que estão em curso no MinC.
Por fim, os participantes reafirmaram ao MinC a necessidade de imprimir um caráter de
urgência à implementação de todas as diretrizes e ações apontadas pela Oficina.
Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2008.
A Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura
(SID/MinC) tem por objetivo promover e apoiar as atividades de incentivo à diversidade e ao
intercâmbio cultural como meio de promoção da cidadania. Desde a sua criação, essa
secretaria vem mantendo um diálogo com a sociedade civil, outras secretarias desse ministério,
outros ministérios e instituições públicas e privadas por meio de Grupos de Trabalho, promoção
de Encontros, Seminários e Oficinas, todos com o intuito de identificar políticas públicas para
os vários segmentos que fazem parte da nossa diversidade cultural.
Como resultados desse intercâmbio entre governo e sociedade civil, surgem vários
encaminhamentos e propostas de diretrizes que buscam nortear as políticas públicas de
inclusão cultural dos diversos grupos historicamente excluídos. No que diz respeito às pessoas
com deficiência, a SID, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Ministério da
Saúde e, com apoio da Caixa Econômica Federal (CEF), realizou na cidade do Rio de Janeiro,
no período de 16 a 18 de outubro de 2008, a Oficina Nacional de Indicação de Políticas
Públicas Culturais para Inclusão de Pessoas com Deficiência, destinada a artistas, gestores
públicos, pesquisadores e agentes culturais da sociedade civil representativos do campo da
produção cultural das pessoas com deficiência.
O objetivo dessa oficina foi indicar diretrizes e ações, no sentido de contribuir para a
construção de políticas culturais de patrimônio, difusão, fomento e acessibilidade para pessoas
com deficiência. A oficina foi constituída a partir de um processo participativo e, por isso,
adotamos o lema ‘Nada sobre Nós sem Nós’1. Desta forma, seguimos a consideração da
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a qual diz que essas pessoas
devem ter a oportunidade de participar ativamente das decisões relativas a programas e
políticas, inclusive aos que lhes dizem respeito diretamente.
Sabe-se que é antiga a parceria deste Ministério com as diferentes redes de artistas e
produtores culturais, que são pessoas com deficiência e sem deficiência que atuam como
produtores e parceiros. Quando a SID foi convidada a se incluir neste processo, pela nossa
trajetória de ‘escuta’ e de sistematização de construção de indicadores de políticas públicas
culturais para a diversidade brasileira, sabíamos da responsabilidade grande e de nosso papel
em sermos facilitadores para construirmos as diretrizes e ações que devem servir a qualquer
gestor de cultura que tem interesse de desenvolver políticas públicas culturais de qualidade e
para todos.
136
1. Tema já consagrado no movimento de pessoas com deficiência e que serviu de lema para o
dia 03 de dezembro - Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, do ano de 2004.
Inicialmente, o foco principal da SID era saber a melhor forma de se potencializar a
produção e a difusão das atividades artísticas e culturais das pessoas com deficiência, mas no
processo de construção da oficina, foi feita a proposta de se colocar também como eixo a
questão da acessibilidade, por se tratar de tema complexo.
Nesse sentido, temos aí um grande desafio para as políticas públicas: ampliar sua
visão sobre deficiência. Urge promovermos maior discussão e ação em todos os setores das
políticas públicas, e a cultura deve se inserir nesse processo, qualificando a difusão e o
fomento da produção artístico-cultural das pessoas com deficiência, além de garantir a elas a
acessibilidade para que possam desfrutar a diversa produção cultural brasileira.
Que esta publicação, Nada sobre Nós sem Nós - Relatório Final da Oficina Nacional de
Indicação de Políticas Públicas Culturais para Inclusão de Pessoas com Deficiência - seja um
instrumento de sensibilização, de orientação e de aplicabilidade de políticas culturais de
qualidade para pessoas com deficiência.
Que os diferentes gestores e atores sociais do campo da cultura se sintam inseridos no
lema ‘Nada sobre Nós sem Nós’ e, juntos com o Ministério da Cultura, trabalhem para a
promoção da diversidade ético estética da cultura brasileira. Américo Córdula/
Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural/ Ministério da Saúde
E para não perder o contexto seguimos com,
Em agosto de 2007 a SID/MinC e a Fiocruz/MS realizaram a Oficina Loucos pela
Diversidade - da Diversidade da Loucura à Identidade da Cultura.
O objetivo dessa oficina foi construir, de forma participativa, ações e diretrizes para
construção de políticas públicas de cultura para a produção estética e artístico-cultural das
pessoas em sofrimento psíquico e em situação de vulnerabilidade social. Como resultado da
oficina, foi lançada a publicação com o mesmo nome, que, durante o ano de 2008, foi
intensamente distribuída em diferentes fóruns das redes da saúde mental e do campo da
cultura.
O resultado da oficina Loucos pela Diversidade levou a SID a ser convidada a realizar
proposta semelhante com outro público: artistas das mais diferentes áreas com deficiência, que
vêm, há muitos anos, contribuindo para a promoção estética e artística da diversidade
brasileira.
As pessoas com deficiência representam um importante segmento social,
tradicionalmente excluído das políticas públicas. Com base na Convenção sobre a Proteção e
Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (UNESCO), a SID tem como caráter
estratégico formular e implementar políticas públicas que estimulem ações transversais de
promoção da diversidade cultural brasileira.
137
Assim, considerando-se o potencial das atividades culturais produzidas por pessoas
com deficiência, a SID e a Fiocruz, dando continuidade à parceria, realizaram, em outubro de
2008, na cidade do Rio de Janeiro, a Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas
Culturais para Inclusão de Pessoas com Deficiência, com o apoio da CEF.
Comprometidos com o lema do movimento de pessoas com deficiência, as pastas
distribuídas para os participantes da oficina foram confeccionadas pelo Instituto Tocando em
Você, com a arte de Martha Mhoriak. Além das apresentações artísticas de Inês Helena,
Marcos Abranches e da exposição do vídeo Judith quer chorar, mas não consegue, de Edu O.,
a arte do folder da oficina foi criada por Afrânio Francisco Alves, da “Oficina Casa Brasil”, do
Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência (Ciad) Mestre Candeia/RJ.
A oficina foi desenvolvida em três momentos. No primeiro dia, foram realizadas mesas
temáticas para discutir questões sobre arte, cultura, deficiência e direitos humanos. O objetivo
das mesas foi fomentar e provocar reflexões a fim de qualificar e aprofundar o debate e os
encaminhamentos dos Grupos de Trabalho, que ocorreram no segundo dia do encontro. A
finalidade desses grupos foi indicar ações e diretrizes para as políticas públicas culturais. Os
temas tratados pelos Grupos de Trabalho foram: Fomento, Difusão, Patrimônio e
Acessibilidade.
Finalmente, no terceiro dia, ocorreu a plenária final, na qual foram apresentadas as
questões debatidas pelos Grupos de Trabalho. O resultado desses três dias de oficina
encontra-se nesta publicação, ‘Nada sobre Nós sem Nós’.
Além desta publicação, outro resultado da oficina foi o encaminhamento da SID junto
ao MinC, por meio de uma nota técnica, que orienta os seus diversos setores em relação às
diferentes questões de acessibilidade para as pessoas com deficiência no campo das políticas
culturais. Nessa nota, chamamos atenção para alguns apontamentos em relação à Lei
Rouanet, editais, sites, equipamentos, bens culturais e livros acessíveis e à produção cultural.
Acreditando na necessidade de implementação de uma nova visão de política cultural,
na qual o respeito às identidades possa fomentar um país mais democrático, no sentido de
facultar a todos o direito à criação, à produção cultural, fruição e sua plena difusão, espera-se
que este relatório contribua para orientação e aplicabilidade de políticas culturais mais
comprometidas com a diversidade brasileira.
Queremos registrar nossos agradecimentos aos consultores Jorge Márcio Pereira de
Andrade e Andréa Chiesorin; à equipe de facilitadores; ao pessoal da Fiocruz (Ana Beatriz
Ayres, Deolinda Santos, Edna Barbosa de Almeida, Paulo Ernani Gadelha, Paulo Vieira,
Vanessa da Costa e Silva, Vídeo Saúde Distribuidora/Fiocruz e Equipe de Coordenação de
Comunicação Institucional - CCI/Ensp/Fiocruz) e muito especialmente a Sérgio Mamberti, que,
na ocasião era Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do MinC;
Ricardo Lima/ Subsecretário da Identidade e da Diversidade Cultural; Paulo Amarante
Coordenador do Laps/Ensp/Fiocruz.
138
E também a Programação:
16 outubro 2008, Quinta-feira: 9H30 ÀS 10H30 | MESA DE ABERTURA
Isabel Maior (Coordenação Nacional para Inclusão de Pessoa com Deficiência/
Corde/Sedh/DF); Vera Lúcia Fernandes (Caixa Econômica Federal/CEF);
Ricardo Lima (SID/MinC); Paulo Amarante (Laps/Ensp/Fiocruz).
APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA: Inês Helena (voz) e Kiko Chaves (violão)
11H ÀS 13H | CULTURA E DEFICIÊNCIA: TRAJETÓRIA E PERSPECTIVAS
COORDENAÇÃO RICARDO LIMA; Andréa Chiesorin (Conselho Diretor AVSA do Brasil/RJ);
João de Jesus Paes Loureiro (Universidade Federal do Pará/UFPA); Isabel Maior
(Corde/Sedh/DF).
14H30 ÀS 18H30 | NADA SOBRE NÓS SEM NÓS
COORDENAÇÃO PAULO AMARANTE; Rogério Andreolli (Pulsar Cia de Dança/RJ); Angel
Vianna (Coreógrafa/Faculdade Angel Vianna/RJ); Arnaldo Godoy (Câmara de Vereadores/Belo
Horizonte/MG).
17 outubro 2008, Sexta-feira - 9H ÀS 11H | PATRIMÔNIO, DIFUSÃO, FOMENTO E
ACESSIBILIDADE COORDENAÇÃO PATRÍCIA DORNELLES; Jorge Márcio de Andrade
(DefNet/SP); Cláudia Werneck (Jornalista e escritora/RJ); Frederico Maia (MinC/DF).
11H30 | APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE TRABALHO| DIVISÃO DE GRUPOS:
PULO AMARANTE, RICARDO LIMA E EQUIPE DE
14H ÀS 18H | GRUPOS DE TRABALHO - 18 outubro 2008, Sábado
9 ÀS 13H | PLENÁRIA DAS RESOLUÇÕES
Como o programa metodológico da oficina:
Metodologia da Oficina
1. OBJETIVOS
A oficina teve como objetivo construir propostas de diretrizes e ações para subsidiar a
elaboração de políticas públicas do Ministério da Cultura (MinC) para pessoas com deficiência
e em situações de risco social, com a participação prioritária dos próprios sujeitos interessados
nestas mesmas políticas, daí decorre o tema central da oficina ‘Nada sobre Nós sem Nós’.
1.1. MESA DE DEBATES
A oficina foi iniciada com uma mesa de abertura na qual as autoridades das instituições
promotoras, MinC, Fiocruz e Caixa, e uma representante da Secretaria Especial de Direitos
Humanos da Presidência da República, explicitaram os objetivos e a relevância da iniciativa.
Posteriormente, foram realizadas as mesas ‘Cultura e Deficiência – trajetórias e
perspectivas’ e ‘Nada sobre Nós sem Nós’, ambas no primeiro dia do evento, com a
139
participação de convidados denominados de “provocadores”, que eram profissionais com
experiência em produção de projetos artísticos e culturais na área.
Uma equipe de planejamento estratégico, o Grupo de Apoio à Participação Interativa,
fez o registro e a síntese das palestras que subsidiou os Grupos de Trabalho na elaboração
das propostas de diretrizes.
1.2 PAINEL TEMÁTICO
No segundo dia foi realizado um painel com os temas PATRIMÔNIO, DIFUSÃO,
FOMENTO E ACESSIBILIDADE. Contando com um coordenador e um expositor para cada
tema, o painel teve como objetivo fornecer bases para que os participantes pudessem, a partir
de então, formular propostas políticas nos âmbitos em questão. Seguindo-se à fala dos
expositores foi realizado um amplo debate com os participantes e, de acordo com a
metodologia de planejamento estratégico, a equipe de apoio e moderação registrou as ideias e
propostas surgidas no debate.
1.3 GRUPOS DE TRABALHO (GT’S)
Posteriormente, os participantes foram orientados a compor quatro GT’s, de acordo
com suas próprias escolhas. Cada GT abordou um dos eixos focais da Oficina (PATRIMÔNIO,
DIFUSÃO, FOMENTO E ACESSIBILIDADE) e a interface destes eixos com os temas:
a) Produção artística e cultural;
b) Políticas de apoio e financiamento e a Funarte;
c) Programas, editais e prêmios;
d) Acesso as produções artísticas, espaços culturais e formação.
A discussão nos GT´s foi uma continuidade das etapas anteriores, que se prestaram ao
acúmulo de informações e reflexões por meio das Mesas de Debate e do Painel. Ou seja, os
GT´s tiveram a missão de organizar os subsídios das etapas anteriores e demais
considerações de cada tema em propostas de diretrizes e indicar ações para cada diretriz.
Propostas de diretrizes foram consideradas as indicações gerais para um conjunto de
metas e ações. Elas deveriam apontar prioridades e revelar princípios e valores que
fundamentam as diversas esferas públicas.
Foram consideradas propostas de diretrizes “fortes” aquelas que, em palavras sucintas
e de fácil compreensão, afirmam o essencial do que se quer conseguir no futuro. Elas abrem
um campo de possibilidades, onde os projetos, os recursos disponíveis e os atores
responsáveis por sua viabilidade encontram-se de comum acordo. Também são fortes quando
capazes de convencer outras pessoas quanto a sua importância.
Para ajudar a cumprir esta etapa, cada grupo contou com o apoio de um facilitador
devidamente preparado com recursos e técnicas para dar suporte ao trabalho coletivo. O
facilitador não representava nenhuma instituição ou organização ligada à oficina, e estava
imbuído de dois propósitos primordiais: zelar pela qualidade da participação e apoiar os grupos
140
para que suas propostas se tornassem ideias fortes. Cada GT escolheu um relator para
apresentar suas propostas na Plenária Final.
1.4 PLENÁRIA FINAL
A plenária Final foi conduzida alternadamente por Paulo Amarante e Ricardo Lima, com
apoio da equipe de facilitadores que apresentou, ao início da atividade, a metodologia a ser
empregada.
Com a presença de todos os participantes, nela foram apresentadas as diretrizes e
ações elaboradas nos GT´s, constituindo assim um espaço de ampla reflexão conjunta, de
enriquecimento das propostas e de identificação do grau de prioridade das mesmas.
As propostas dos GT´s foram apresentadas consecutivamente pelos respectivos
relatores, compondo o painel de propostas para consideração da Plenária. Em seguida foi feita
uma nova leitura do painel e, simultaneamente, a indicação da necessidade de “destaque” por
parte dos participantes, ou seja, para aprofundamento da questão, argumentações pró ou
contra ou mesmo, para ajustes de redação.
Em seguida, como desdobramento, ocorreu o debate dos destaques, primeiramente
das diretrizes e, em seguida, das ações correspondentes a cada uma das diretrizes. Como
metodologia para o debate, foi estabelecido que todos os destaques devessem ter uma
argumentação a favor e uma contra, seguidas de votação e aprovação. Na maior parte dos
casos, a elaboração conjunta de uma nova redação pelos próprios debatedores possibilitou
contemplar pontos de vistas distintos.
Durante todo o processo de debate e revisão das propostas de diretrizes e ações, as
alterações e complementos que surgiram foram sendo visualizadas em tempo real em uma
projeção multimídia e, ao ser finalizado sua redação, passaram a constar do painel impresso,
de forma a permitir o acompanhamento integral pela plenária. Ao final dos debates os
participantes indicaram o grau de prioridade das propostas de diretrizes e ações de cada eixo.
A metodologia desenhada possibilitou a participação ampla e de qualidade, ao mesmo tempo
garantiu que as propostas elaboradas fossem idéias-força que afirmavam consensos e
catalisavam outras ideias. O objetivo foi propiciar um exercício coletivo de síntese, de
identificação de pontos de convergência, divergência e priorização, simultaneamente
registrando as especificidades que ilustram estas prioridades.
1.5 MATERIAL PRODUZIDO
Como resultado da oficina constituiu-se o Relatório Final com todas as falas transcritas,
a metodologia, as diretrizes e ações aprovadas e a listagem de todos os participantes. Foram
anexados ainda uma nota técnica, intitulada Políticas Culturais de Inclusão das Pessoas com
Deficiência, que trata da acessibilidade e que foi produzida a partir das indicações da Oficina; a
Carta do Rio de Janeiro sobre Políticas Públicas Culturais para Inclusão de Pessoas com
Deficiência, um documento de princípios e orientações políticas elaborado pelos
participantes, que contempla os principais aspectos debatidos e aprovados na oficina e,
141
finalmente, uma moção aprovada, intitulada Procrastinação da Dignidade e do Exercício dos
Direitos Humanos, relativa à Portaria 661 do Ministério das Comunicações.
Foram elaborados também três documentários, sendo um de vinte minutos, outro de
dez e outro de um minuto. Todos os três vídeos foram produzidos também em versões com
audiodescrição e com tradução em libras permitindo a acessibilidade de todos. Os vídeos estão
apresentados no DVD que acompanha como encarte a edição do relatório impresso. O
DVD também contém os áudios das falas dos palestrantes, para possibilitar a
acessibilidade de pessoas com deficiência visual. O Relatório Final da oficina foi impresso
também em braile.
Após apresentação dos resultados dos GTs pelos respectivos relatores dos grupos,
anotações de destaques e debates – primeiramente das diretrizes e, em seguida, das ações –
as propostas foram reformuladas, obtendo-se a redação final listada nas tabelas a seguir:
Fomento | GT Acessibilidade | GT Patrimônio | GT Difusão
1. Localizar, conservar, pesquisar, editar e difundir o patrimônio material, imaterial, intelectual e
cultural dos artistas e das pessoas com deficiência, de modo a promover o seu reconhecimento
como patrimônio brasileiro;
1.1. Mapear em nível nacional artistas, grupos, instituições e Centros de Referência de e sobre
pessoas com deficiência ligadas à arte e à cultura;
1.2. Criar e estimular a criação de centros de memória ou observatórios relacionados à
produção artística e cultural das pessoas com deficiência
2. Garantir a expressão da diversidade cultural e artística popular e erudita;
2.1. Garantir a preservação da memória através da participação do artista com deficiência
dentro do Ministério da Cultura;
2.2. Garantir o uso de espaços públicos em todas as esferas de governo por projetos culturais
e artísticos para/com/por artistas com deficiência.
3. Criar instrumentos para que a produção cultural possa acontecer e ser reconhecida nos
campos artístico, ético, estético, social, político e cultural, apontando para a circulação e uso
social do patrimônio.
3.1. Dar visibilidade para a produção artística e cultural da pessoa com deficiência;
3.2. Promover e apoiar a produção de diversas mídias de difusão existentes no país para dar
visibilidade ao patrimônio e ao artista com deficiência.
4. Incentivar a aproximação entre as ações de promoção do patrimônio dos órgãos das esferas
federais, estaduais e municipais de cultura;
142
4.1. Mobilizar, sensibilizar e articular espaços de diálogo com gestores de cultura nos três
níveis de governo, a iniciativa privada, o legislativo, os Conselhos de direitos e o Ministério
Público;
4.2. Realizar um levantamento das iniciativas de preservação do patrimônio artístico e cultural
das pessoas com deficiência nos três níveis de governo.
5. Dar visibilidade aos trabalhos artísticos e não a questão da deficiência.
5.1. Realizar campanhas de sensibilização;
5.2. Realizar mostras e festivais de arte;
5.3. Realizar seminários de capacitação e troca de experiências de artistas;
5.4. Promover um intercâmbio eficaz entre artistas no âmbito nacional e internacional.
DIFUSÃO | DIRETRIZES | AÇÕES
1. Recriação/criação de instância para difusão da produção artístico-cultural de pessoas com
deficiência nos três níveis de governo, sendo que no nível federal propõe-se que seja na
Funarte;
1.1. Promover intercâmbio de gestores da cultura e artistas através de fórum, seminários,
mostras e festivais;
1.2. Trabalhar com os fóruns de gestores da cultura (distrital, estadual e municipal) já
existentes sobre as políticas de cultura para pessoas com deficiência.
2. Garantir a participação das pessoas com deficiência na formulação e implementação das
políticas de difusão.
2.1.Criar cursos de formação/capacitação para artistas e gestores;
2.2.Desenvolver oficinas artísticas, culturais, eruditas e populares em geral, em regiões do
Brasil;
2.3.Instituir bolsa para manutenção de grupos e artistas;
2.4.Criar Comitê de Acompanhamento e Fiscalização das ações propostas nessa oficina;
2.5. Criar um blog pela organização do evento, acessível para todos, a fim de acompanhar as
ações propostas nesta oficina;
2.6.Instituição de espaços e oportunidades de ampliação da discussão desta oficina.
3. Apoiar, implementar e incentivar a integração dos artistas com deficiência com os demais
artistas no intuito de gerar um patrimônio artístico inclusivo;
3.1. Promover mostras, festivais nacionais e regionais intercalados e feiras de arte;
3.2. Promover congressos e conferências de artistas e pessoas com deficiência ligadas à arte e
à cultura para promoção do debate, da formulação de propostas e do acompanhamento das
políticas públicas;
143
3.3. Realizar seminários de capacitação e troca de experiências de artistas com e sem
deficiência;
3.4. Promover intercâmbios entre artistas com deficiência no âmbito nacional e internacional.
4. Garantir que as políticas públicas de cultura tenham plena acessibilidade de acordo com o
previsto na legislação nacional já existente e na Convenção Internacional.
4.1 Criações de um comitê de arte e cultura para dialogar com todos os Ministérios visando
ações conjuntas na promoção da Acessibilidade das pessoas com deficiência à arte e à
cultura;
4.2 Recomendar à Secretaria de Comunicação da Presidência da Republica que incorpore
ações de promoção da acessibilidade, conforme a legislação nacional já existente e a
Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU);
4.3 Adequar todos os sites do Governo Federal aos requisitos de acessibilidade, conforme a
legislação nacional já existente e a Convenção Internacional;
4.4 Criar ações de formação para profissionais de comunicação em torno das questões de
acessibilidade, conforme a legislação nacional já existente e a Convenção sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência (ONU).
AÇÕES
1. Garantir incentivos e recursos orçamentários para formação de profissionais com ou sem
deficiência na área da cultura e para implantação e/ou implementação de manutenção de
grupos, companhias, projetos artísticos e culturais com pessoas com deficiência;
1.1. Viabilizar a concessão de bolsas de formação de artista para artistas com deficiência;
1.2. Promover plenas condições de acessibilidade nos locais em que promovem formação
artística e cultural;
1.3. Viabilizar a formação continuada de profissionais, com ou sem deficiência, relacionados à
área de cultura, arte e informação para atuar junto a pessoas com deficiência na área cultural;
1.4. Criar editais para implantação e manutenção de grupos ou projetos, companhias que
contam com a participação de pessoas com deficiência;
1.5. Fomentar, por meio de editais públicos, projetos culturais de pessoas com deficiência, sem
comprometer a participação em outros editais;
1.6. Criar um fundo público para bolsas, pesquisas, manutenção de companhias, formação
educacional e fomento da produção artística;
1.7. Criar editais de pontos de cultura para formação continuada de artistas com e sem
deficiência.
2. Garantir a participação de grupos de pessoas com deficiência nos projetos em que haja
recursos do MinC.
144
2.1. Destinar 10% dos recursos públicos do MinC para eventos artísticos que tenham Pessoas
com Deficiência;
2.2. Criar Grupo de Trabalho para estudar alternativas para acessibilidade para artistas e
pessoas com deficiência.
FOMENTO | DIRETRIZES |AÇÕES
1. Garantir que todas as políticas, programas, projetos, eventos e espaços públicos no campo
artístico e cultural sejam concebidos e executados de acordo com a legislação nacional já
existente que garante acessibilidade e conforme disposto na Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência (ONU);
1.1. Efetuar a revisão dos editais e elaboração de novos de acordo com a legislação nacional
vigente e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU);
1.2. Promover a capacitação dos gestores, técnicos e avaliadores dos editais públicos levando
em consideração os requisitos e parâmetros dispostos na Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência (ONU);
1.3. Promover a revisão e adequação dos conceitos, mecanismos, pré-requisitos e critérios da
Lei Rouanet e de todos os projetos, patrocínios, licitações e incentivos fiscais, federais,
estaduais e municipais nos campos das artes e da cultura, na perspectiva de adequá-los à
legislação nacional já existente sobre acessibilidade e à Convenção sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência (ONU);
1.4. Garantir que a Política Nacional do Livro incorpore a legislação relativa ao livro acessível,
cumprindo a Ação Civil Pública em curso;
1.5. Realizar a capacitação de patrocinadores públicos para que adéquam seus editais
relacionados à arte e à cultura à legislação nacional já existente sobre acessibilidade e ao que
dispõe a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU);
1.6. Disponibilizar os instrumentos de fomento à cultura (formulários, leis, editais, etc.) em
braile, libras, audiodescrição, etc.;
1.7. Abrir editais para financiamento de projetos que promovam a adaptação dos espaços
artísticos de modo a garantirem todas as formas de acessibilidade;
1.8. Criar um comitê de arte e cultura para dialogar com todos os ministérios visando ações
conjuntas na promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência à arte e à cultura.
2. Sensibilizar e conscientizar os vários setores da população sobre Acessibilidade à arte e à
cultura.
2.1. Mapear as condições atuais de acessibilidade em arte e cultura;
2.2. Realizar, nas diferentes mídias, campanhas publicitárias com humor e criatividade de
sensibilização da população em geral sobre o direito das pessoas com deficiência à
acessibilidade, à arte e à cultura;
145
2.3. Realizar campanhas de informação sobre os direitos e os parâmetros relacionados à
acessibilidade, à arte e cultura junto às instituições de pessoas com deficiência;
2.4. Mapear as demandas e necessidades relacionadas às profissões, tanto novas como já
existentes, ligadas à acessibilidade em tecnologia assistida, visando o estímulo à formação de
mais profissionais;
2.5. Realizar um novo encontro com a participação do Ministério da Educação;
2.6. Realizar campanhas e ações culturais que contemplem propostas de áreas transversais
com as Pessoas com Deficiência (arte/educação, arte/saúde, arte/transformação social,
arte/arte e outros) no campo erudito e popular.
(4º documento)
Conferência Livre de Acessibilidade Cultural (2013)
Apresentamos na integra as 40 proposições em Acessibilidade Cultural
para o campo da pessoa com deficiência e segmento cultural:
1. Fomentar a estruturação, ampliação, manutenção e usufruto efetivo de espaços culturais, em toda a federação, dotados de pessoal qualificado e de tecnologia assistiva, necessários para a produção, circulação e divulgação de atividades de arte e cultura acessíveis; de acordo com os Artigos 9º e 30 do decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, o Artigo 47 do Decreto 5.296/2004 e, por fim, a Convenção sobre a proteção e promoção da Diversidade das Expressões Culturais.
2. Fazer cumprir a meta 29, do Plano Nacional de Cultura, no que tange a observância dos requisitos legais de Acessibilidade em 100% de bibliotecas públicas, museus, cinemas, teatros, arquivos públicos e centros culturais, bem como no desenvolvimento de ações de promoção da fruição cultural.
3. Assegurar a contratação de profissionais com deficiência para atividades em Arte e Educação em espaços culturais públicos e privados, incentivando a formação e qualificação destas pessoas.
4. Criar e apoiar programas, projetos e ações de Acessibilidade e produção cultural em todas as suas dimensões: arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal para o publico, bem como os agentes culturais, grupo coletivos e artistas que incluam pessoas com e sem deficiência, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.
5. Implantar e implementar mecanismos de participação e controle social que garantam a efetivação de políticas de Acessibilidade Cultural.
6. Estabelecer um programa de fomento e Acessibilidade Cultural com recursos interministeriais para grupos, organizações e/ou artistas com deficiência e garantir recursos próprios para elaboração e gestão das suas políticas e ações.
7. Garantir projetos de financiamento para fins de Acessibilidade Cultural.
8. Assegurar a execução das produções culturais e artísticas de pessoas com deficiência por meio de recursos orçamentários, com rubrica exclusiva, prevendo, no mínimo, três anos de sustentabilidade de suas ações.
146
9. Garantir o fomento, circulação e manutenção de artistas e coletivos com deficiência em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.
10. Implantar e implementar políticas publicas de acesso de pessoas com deficiência a produção e fruição de bens e serviços culturais em todos os estados do Brasil.
11. Recomendar ao MEC a criação e inserção da disciplina de Acessibilidade Cultural nos cursos técnico e superior para a formação de profissionais da área de Arte, Cultura e Educação.
12. Recomendar e apoiar as Instituições de Ensino a criação de cursos de formação em nível técnico e superior e formação continuada em Acessibilidade Cultural.
13. Mapear e publicizar informações sobre artistas e coletivos de artes, nas diferentes linguagens, integrados por pessoas com e sem deficiências. 14. Difundir ações e políticas de Acessibilidade Cultural. 15. Tornar acessível às comunicações por meio da tecnologia assistiva. 16. Tornar acessível os conteúdos de comunicação nos diferentes suportes e mídias. 17. Recomendar ao MEC/MCTI a ampliação dos investimentos em pesquisas para a criação de produtos nacionais de tecnologia assistiva com qualidade e preços acessíveis.
15. Recuperar, conservar e preservar a Memória Cultural dos movimentos de artistas, entidades e coletivos integrados por pessoas com e sem deficiência.
16. Garantir recursos para a viabilização de programas e projetos para comunidades e povos tradicionais que incluam pessoas com deficiência.
17. Fomentar a estruturação, ampliação, manutenção e usufruto efetivo de espaços culturais, em toda a federação, dotados de pessoal qualificado e de tecnologia assistiva, necessários para a produção, circulação e divulgação de atividades de arte e cultura acessíveis; de acordo com os Artigos 9º e 30 do Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, o Artigo 47 do Decreto 5.296/2004 e, por fim, a Convenção sobre a proteção e promoção da Diversidade das Expressões Culturais.
18. Fazer cumprir a meta 29, do Plano Nacional de Cultura, no que tange a observância dos requisitos legais de Acessibilidade em 100% de bibliotecas públicas, museus, cinemas, teatros, arquivos públicos e centros culturais, bem como no desenvolvimento de ações de promoção da fruição cultural.
19. Assegurar a contratação de profissionais com deficiência para atividades em Arte e Educação em espaços culturais públicos e privados, incentivando a formação e qualificação destas pessoas.
20. Promover a capacitação em Acessibilidade Cultural dos agentes locais dos pontos de cultura, movimentos sociais e entidades culturais publicas e privadas, atuantes na área de educação e cultura.
21. Garantir o uso de espaços públicos, em todas as esferas de governo, para o desenvolvimento de projetos culturais e artísticos para/com/por artistas com e sem deficiência, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.
22. Recomendar ao MEC a criação e inserção da disciplina de Acessibilidade Cultural nos cursos técnico e superior para a formação de profissionais da área de Arte, Cultura e Educação.
147
23. Recomendar e apoiar as Instituições de Ensino para a criação de cursos de formação em
nível técnico e superior e formação continuada em Acessibilidade Cultural.
23. Recomendar e apoiar as Instituições de Ensino para a criação de cursos de formação em nível técnico e superior e formação continuada em Acessibilidade Cultural.
24. Recuperar, conservar e preservar a Memória Cultural dos movimentos de artistas, entidades e coletivos integrados por pessoas com e sem deficiência, a exemplo do programa “Arte sem Barreiras/ Very Special Arts do Brasil/Funarte”.
25. Promover a edição de um guia turístico nacional com a identificação de todos os espaços culturais acessíveis para as pessoas com deficiência.
26. Implementar políticas de acesso de pessoas com deficiência à produção, circulação e fruição de bens e serviços culturais em todos os estados do Brasil.
27. Fomentar um programa de cooperação internacional que possibilite o intercâmbio científico e a pesquisa em Acessibilidade Cultural conforme Artigo 14 da Convenção da proteção e promoção da Diversidade de cultura;
28. Formar e capacitar gestores para elaborar, executar e avaliar políticas públicas com foco em Acessibilidade Cultural.
29. Ampliar os itens referentes à Acessibilidade nos projetos apresentados a Lei Rouanet, de modo a incluir os recursos de audiodescrição, audiolegendagem, janela de LIBRAS, intérprete de LIBRAS, legenda, impressos em Braille, estenotipia, prancha de comunicação alternativa e outros recursos tecnologia assistiva.
30. Criar um selo de certificação para os espaços culturais que possuam e mantenham os requisitos de Acessibilidade Cultural em acordo com a legislação vigente.
31. Em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC, efetuar a revisão dos editais e implementar a elaboração de novos, com base também na legislação nacional vigente, inclusive à luz dos artigos 9º e 30 do decreto nº 6949, de 25 de agosto de 2009, que tratam de Acessibilidade e da Participação na vida cultural e em recreação, lazer e esporte, respectivamente.
31. Em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC, efetuar a revisão dos editais e implementar a elaboração de novos, com base também na legislação nacional vigente, inclusive à luz dos artigos 9º e 30 do decreto nº 6949, de 25 de agosto de 2009, que tratam de Acessibilidade e da Participação na vida cultural e em recreação, lazer e esporte, respectivamente.
32. Disponibilizar os instrumentos do SALICWEB de fomento à cultura em formato acessível para pessoas com deficiência, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica
001/2009 da SID/MINC e os Artigos 9º e 30 do decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009.
33. Lançar editais para financiamento de projetos que promovam a adaptação dos espaços artísticos, de modo a garantir todas as formas de Acessibilidade, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC e os Artigos 9º e 30 do decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009.
34. Realizar ações de sensibilização e orientação de produtores e proponentes de projetos de arte e cultura sobre a produção de pessoas com deficiência nessa área e sobre a necessidade de adequar seus projetos aos parâmetros de Acessibilidade, contidos na legislação nacional e, principalmente nos Artigos 9º e 30 do decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, bem como em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.
148
35. Promover a capacitação dos gestores técnicos e avaliadores dos editais públicos, levando em consideração os requisitos e parâmetros dispostos nas resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.
36. Criar editais para implantação e manutenção de artistas com deficiência, coletivos integrados de pessoas com e sem deficiência, e/ou projetos de arte e cultura que versem sobre a deficiência, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.
37. Criar editais destinados aos Pontos de Cultura para formação continuada de artistas com e sem deficiência, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.
38. Fomentar no âmbito da Rede Nacional de Pontos de Cultura a produção de ações de Acessibilidade Cultural para pessoa com deficiência, com ampliação de recursos financeiros para à aquisição de tecnologia assistiva.
39. Disseminar o tratado de Marrakesh no âmbito do Sistema MINC, que assegura o livre acesso da pessoa com deficiência visual às obras publicadas.
40. Criar de uma rede de pesquisadores e agentes, com fomento e subsídios à pesquisa no campo de estudos da pessoa com deficiência e sua produção, objetivando a elaboração e o desenvolvimento de políticas públicas.
(5º documento)
III Conferência Nacional de Cultura/MinC (2013)
EIXO 3 - CIDADANIA E DIREITOS CULTURAIS
4ª Prioridade; Proposta 3.18
Por meio de capacitação e qualificação de recursos, implementar políticas de acesso às pessoas com deficiência, incapacidade temporária e /ou mobilidade reduzida, à produção, circulação e fruição de bens e serviços culturais ao: a) disponibilizar os sistemas de acesso aos mecanismos públicos de fomento em formato conforme o conceito de acesso universal à informação (entendendo que a LIBRAS não é uma modalidade comunicativa de acesso à Língua Portuguesa); b) garantir a presença dos itens que contemplem os recursos de tecnologias assistivas e/ou ajudas técnicas nos editais de acesso aos mecanismos de fomento; c) produzir conteúdos em formatos acessíveis através da comunicação ampliada e alternativa (CAA) para atender aqueles que têm necessidades informacionais específicas além da interpretação para LIBRAS a fim de atender a especificidade linguística dos surdos, acerca do patrimônio cultural material e imaterial, conforme todos os níveis de ensino: fundamental, médio, superior e educação de jovens e adultos (EJA) e as características regionais; d) promover a capacitação para a Plena Acessibilidade Cultural e Artística dos agentes culturais, movimentos sociais e entidades culturais públicas e privadas, atuantes na área de educação e cultura; e) promover a capacitação dos mediadores, gestores, técnicos e avaliadores dos editais públicos tendo como condição sine qua non a participação da pessoa com deficiência para a validação do processo; f) Garantir o fomento, circulação e manutenção de artistas e coletivos com deficiência em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC; g) Criar e apoiar programas, projetos e ações de acessibilidade e
149
produção cultural nas suas dimensões arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática, tecnológica e atitudinal para o público, bem como para os agentes culturais, grupos coletivos e artistas que incluam pessoas com e sem deficiência.
(6º documento, no anexo)
Curso de Especialização em Acessibilidade Cultural
Universidade Federal do Rio de Janeiro | UFRJ (2013)
Secretaria de Diversidade Cultural e Cidadania | SDCC – MinC
Compreendendo que este estudo em forma de narrativa é um arquivo
documental sobre as ações atuais no campo da cultura e da pessoa com
deficiência (1990 a 2014), temos ressaltado ações diferenciadoras como teoria-
técnica para o campo de conhecimento e de intervenção institucional.
O curso em questão também é um RESULTADO de militância e de
resistência social, elaborado e constituído pela Profa. Dra. Patrícia Dorneles no
Departamento de Terapia Ocupacional da UFRJ, inaugurando um pensamento
e uma prática de política cultural para a universidade, fomentando e formulando
estratégias que aproxime as conquistas dos saberes empíricos à construção de
conhecimentos teóricos.
Fundamentando o papel da academia na transformação da sociedade e
das ambiências promotoras de cultura no país, despertando interesse na
universidade pelo assunto, de modo a buscar caminhos e é neste sentido que
apresentamos as informações a respeito como conteúdo,
O Curso de Especialização em Acessibilidade Cultural atende os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, adotada pela Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em outubro de 2005, ratificada pelo Congresso Nacional brasileiro pelo Decreto Legislativo nº 485/2006, e promulgada pelo Decreto-Lei nº 6.177, de agosto de 2007. O curso é uma resposta do MinC a diretriz 1 ação 1.2 da Política de Acessibilidade Cultural apontada na Oficina “Nada sobre nós sem nós” (2008- SID); A partir do Curso o MinC fortalece seu compromisso junto a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o cumprimento da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 e do Plano Nacional da Pessoa com Deficiência, “Viver sem limite”, (Decreto nº 7612 de 17 de novembro de 2011). O Curso de Especialização em Acessibilidade Cultural é destinado a um público especifico: Gestores públicos, universidades públicas, pontos de cultura, ONGs que atuam no tema. Conforme as vagas oferecidas por região, pretende-se mobilizar a Rede de Articulação, Fomento e Formação em Acessibilidade Cultural. O objetivo da
150
Rede é de multiplicar e fomentar a formação e aplicabilidade da política cultural de acessibilidade para pessoas com deficiência, nas regiões do país e em nível nacional. Assim, o recorte do público alvo do curso tem como objetivo fazer do mesmo um instrumento para a implementação do Plano Nacional de Cultura e do Sistema Nacional de Cultura. Disciplinas do curso: Política e Diversidade Cultural (45 horas); Aspectos Gerais das Deficiências (45 horas); Tecnologia Assistiva I (30 horas); Exposição Acessível I (30 horas); Seminário de Projeto I (30 horas); Sensibilização em Libras (30 horas); Audiodescrição I (30 horas); Braile e outros recursos (30 horas); Audiodescrição II (15 horas); Exposição Acessível II (30 horas); Tecnologia Assistiva II (15 horas); Seminário de Projeto II (30 horas). O Curso de Especialização em Acessibilidade Cultural nasce da parceria entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro, através do Laboratório de Arte, Cultura, Acessibilidade e Saúde, do Curso de Terapia Ocupacional, e o Ministério da Cultura, através da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural. Esta parceira tem como proposta implementar a formação em acessibilidade cultural para gestores e trabalhadores da área da cultura, com o objetivo de sensibilizar, estimular, capacitar e criar processos inclusivos de fruições estética, artística e cultural nas ações, gestões e políticas culturais para o público de pessoas com deficiência como produtores ou plateia. O curso apresenta na sua proposta de formação desde a gestão de políticas culturais, passando pelo campo das deficiências e suas especificidades no contexto da legislação, da formação nas diferentes linguagens e nas tecnologias de acessibilidade cultural, bem como a experiência e aplicabilidade dos conteúdos apreendidos. Desta forma, o curso tem como proposta desenvolver parceria com espaços culturais para proporcionar aos alunos o desenvolvimento de novas soluções para a garantia da acessibilidade, além de praticar as tecnologias de acessibilidades já conhecidas. A proposta do curso é fundamentada na busca de soluções necessárias para uma cultura democrática e inclusiva e na formação de agentes multiplicadores das soluções encontradas.
O que queremos com o curso:
1) Formar especialistas em acessibilidade cultural para atuar no campo das políticas culturais, orientando e implementando conteúdos, ferramentas e tecnologias de acessibilidade que proporcionem fruição estética, artística e cultural para todas as condições humanas a partir do enfoque da deficiência.
2) Oferecer capacitação em acessibilidade cultural a partir de uma grade de conteúdos que proporcione conhecimento desde a gestão em políticas culturais, bem como conhecimento sobre as deficiências, legislação e tecnologias de fruição para a acessibilidade cultural de pessoas com deficiência.
3) Possibilitar a formação e certificação que proporcione atuação profissional no campo das políticas culturais auxiliando e orientando a implementação de acessibilidade cultural para todas as linguagens estéticas e artísticas.
4) Sensibilizar, a partir da formação, gestores culturais a implementação de ações culturais inclusivas no campo da fruição estética e da participação da pessoa com deficiência, nas políticas e programações de atividades culturais.
5) Estimular o debate e a inserção, a partir da formação, da importância de um técnico em acessibilidade cultural nos espaços culturais para plena realização e aplicabilidade da Convenção da Diversidade Cultural, bem como as legislações já citadas no campo dos direitos humanos e da deficiência.
Com os resultados da primeira turma que produziu conhecimento e
documentos esperamos respaldar a Sra. Secretária Márcia
Rolemberg/SCDC/MinC diante ao compromisso político de qualificação e
multiplicação da rede de formação em acessibilidade cultural junto às
universidades federais, com o intuito de ampliar a capacitação e, o
151
compromisso universitário de formação para as políticas públicas; como entre
outros, estimular o debate e a aplicabilidade da legislação no campo dos
direitos humanos e da deficiência.
A aplicabilidade da Lei é morosa e lenta – entretanto, é possível verificar
mudanças em setores específicos, queremos aqui nos pautar na questão do
trabalho em arte, visto que durante dezesseis anos o MinC/Funarte
desenvolveu o Programa de Arte sem Barreiras e o Projeto Além dos Limites
com recursos, neste último da Caixa/Loterias ao desdobrar as conquistas e
avanços do setor cultural no campo da deficiência; ressaltamos a necessidade
de mapear o campo e cartografar os grupos artísticos atuantes pelo Brasil no
segmento.
Colaboramos com a criação das proposições da Nota Técnica 001/ 2009
da SID/MINC (NSNSN/2008) e com a Proposta 3.18 EIXO 3 – CIDADANIA E
DIREITOS CULTURAIS da III Conferência Nacional de Cultura/MinC/2013,
desta forma, almejamos esforços da Sra. Secretária Márcia Rolemberg junto a
EXMA. SRA. Ministra da Cultura Marta Suplicy para consolidar o Grupo de
Trabalho Interministerial (GTI) com representantes do MinC especialistas em
acessibilidade cultural, a fim de firmar continuidade em política pública de
cultura para o setor artístico e cultural de pessoa com deficiência. Conforme
portaria abaixo, aqui, elencada como conquista e analisador histórico do Setor,
somando-se ao campo de força do “coletivo rede de acessibilidade cultural”;
SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS na PORTARIA INTERMINISTERIAL
Nº- 3, DE 19 DE SETEMBRO DE 2013 que Dispõe sobre a constituição de Grupo de Trabalho Interministerial com o objetivo de elaborar estudos e propostas de ações de promoção de acessibilidade em projetos culturais financiados com recursos públicos. A MINISTRA DE ESTADO DA CULTURA E A MINISTRA CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhes conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Considerando o disposto no Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, nos arts. 8º, 9º, 30 e 59 do Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, nos arts. 1º, no inciso XV do 7º, e 10 do Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de 2011; Considerando o disposto na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, especificamente nos arts. 9 e 30, e em seu protocolo facultativo, promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, resolvem: Art. 1o Criar no âmbito do Ministério da Cultura, Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) de Acessibilidade para pessoas com deficiência, com a finalidade de construir as bases para uma política de acessibilidade cultural no âmbito do Sistema Nacional de Cultura (SNC); Art. 2º O GTI terá as seguintes competências: I - identificar as ações de promoção da acessibilidade já desenvolvidas pelo Ministério da Cultura (MinC) e suas entidades vinculadas, recomendando eventuais aprimoramentos; II - propor novas medidas para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência, no que concerne aos projetos culturais financiados pelo MinC e suas entidades vinculadas; III - articular políticas de acessibilidade e inclusão social com o Grupo Interministerial de Articulação e Monitoramento do Plano Viver sem Limite, instituído pelo Decreto nº 7.612, de 2011, visando à integração das ações de governo.
152
EPÍLOGO - Capítulo Oito
Campos de Forças e Discussões Polêmicas
Neste capítulo nos dedicaremos a realizar cruzamentos de teses,
dissertação e publicações sobre o tema da Dança e da Pessoa com Deficiência
em Política Cultural e do Trabalho, no sentido de trocar acúmulos de estudos,
trata-se da pesquisa de doutorado de Marila Velloso (2011) da Universidade
Federal da Bahia/UFBA sob o título: “A dança na esfera de poder federal:
espaços de representatividade, condições de existência e esboços para uma
agenda política”31 disponibilizado pela Casa Rui Barbosa, no endereço
eletrônico www.casaruibarbosa.gov.br na intenção de emparelhar informações
e prosseguir com as narrativas evitando descontinuidades.
Considerando atualização como um recurso científico relevante para o
sentido da investigação seguirá o trabalho no diálogo com pesquisadores da
área de dança, tendo como estratégia cruzar trabalhos acadêmicos na dança
brasileira e assim, nos apresenta Velloso (2011),
“a ideia de que pertencer” a uma instituição pública influência a formulação de uma política e a capacidade de expansão de determinado setor apoia-se em dados históricos, experiências e no discurso de determinados autores, tais como Navarro (2005) quando aponta um segmento específico e não mais universalizado entre outras categorias, que requereu uma "política diferenciada" e dependeu de uma aceitação governamental e de uma mudança político-institucional. O exemplo mencionado pelo autor (2005, p. 275) são os agentes sociais rurais que deixaram de pertencer à categoria genérica de "produtores" quando a noção de agricultura familiar indicou um conjunto de interesses próprios e uma noção de um modus operandi específico no mundo rural. O fato requereu demandas sociais e de estruturação, que as transformaram em uma significativa mudança político-institucional (p.01 e 02) [...], pois vem abrindo novas e promissoras possibilidades
31 “Estudo sobre como a Dança está inserida e estruturada em instituições públicas de arte e cultura contribui
para o entendimento das condições políticas e econômicas existentes ou não para a Área. Aspectos como espaços de representatividade, recursos de dotação orçamentária e a implantação de programas de fomento codefinem essas condições. Baseado nesse pressuposto esse artigo apresenta um breve histórico da Dança na esfera de poder federal apontando como essa Área esteve inserida em instituições que a contemplaram em suas estruturas. Para tanto levantou-se registros do Centro de Documentação da Funarte, no Rio de Janeiro e matérias de jornal da crítica de dança, Helena Katz. Considerando-se a escassa produção bibliográfica nesse campo específico da Dança objetiva-se instigar a produção de pesquisas e mostrar a importância de se pertencer à estrutura de órgãos públicos que criem junto à sociedade civil, normas, ambiente e condições para o desenvolvimento político e econômico da Área.” (resumo original da obra referenciada) [referência nº 1 deste artigo em utilização, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]
153
de ação política e de intervenção no campo brasileiro, inclusive novos espaços de demanda social e de estruturação de inovadoras formas de organização (p.02).
Tendo como escolha o alinhamento da seriedade como foi desenvolvida
a pesquisa de Velloso continuaremos como referencia teórica a utilizar o
desenvolvimento desta proposta de estudo, para segui-la estabelecendo um
paralelo ao segmento da pessoa com deficiência no Brasil, visto a similaridade
situacional da produção de dança o Setor.
A partir do enfoque desse autor [Navarro], pode-se pensar que, quando uma instância pública de estado planeja e contempla a existência de uma determinada área, é porque essa instância prevê e reconhece uma especificidade de demanda e estabelece uma política diferenciada. Daí, quando uma área é inserida de forma segmentada e não mais universalizada em outras áreas, abre-se espaço para que tal área seja tratada e entendida por seu modus operandi próprio. Ao se reconhecer que uma área de conhecimento exige especificidades, abrem-se possibilidades para a ampliação de seu raio de atuação política, tanto na instância que a contempla quanto nos grupos e condições em torno dela (p.02)
Na intenção de estreitar o abismo da produção de dança do setor cultural
da pessoa com deficiência insistimos no estudo de Marila para também ressaltar
nosso estudo nos documentos no Cedoc, a respeito do Programa Nacional de
Arte sem Barreiras/Funarte/MinC32, assim, seguimos com seus apontamentos:
Na esfera de poder federal, sobre esses parâmetros e segundo o estudo de documentos levantados no Cedoc, a dança passa a ser contemplada em 1977 mais especificamente quando é inserida na estrutura do Serviço Nacional de Teatro (SNT), ano em que a esfera de poder federal passa a assumir uma parcela de responsabilidade formal com a área da dança. Atribui-se ao então ministro Ney Braga
33
(FUNARTE/CEDOC, 1978; CARVALHO, 2010) a iniciativa de incluir a dança nos programas do SNT (p.02).
Considerando que este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo
historicizar o caminho da área da dança na profissionalização do segmento
cultural da pessoa com deficiência e, instituir em forma documental o contexto da
representatividade da política publica federal e, não a ausência de política cultural
no Brasil para os artistas, pessoas com deficiência, continuamos as reflexões da
autora escolhida para aprofundar a pesquisa em desenvolvimento:
Sabe-se que o processo de desenvolvimento e fortalecimento da área da dança não dependeu, ou depende exclusivamente das iniciativas de instituições públicas federais, das regras e dos mecanismos organizacionais elaborados por esta
32 Uma caminhada de mais de 15 anos atua na difusão de políticas públicas do MinC para a
inclusão através da arte e da acessibildiade cultural (Funarte Rel. 2003 a 2006, p.23) (anexo); 33
FUNARTE/CEDOC - FUNDAÇÃO NACIONAL DE ARTES/CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO. Relatório Interno. [Rio de Janeiro: CEDOC/FUNARTE,1978]. Mimeografado. [referência nº 2 deste artigo em utilização, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]
154
instância de poder, ou de "vontade" política. Ela depende, também, da ação e da iniciativa de distintos agentes participativos, de organizações e movimentos da dança no país que vêm gerando demandas, além de propor formatos de encontro e diálogo com o poder público há anos, como um específico movimento de artistas e pesquisadores que formulou as primeiras reuniões para discussão da situação do profissional de dança (KATZ, 1979)
34. Esse movimento teve início em
Salvador/BA, com o Concurso Nacional de Dança, em 1977, de onde emergiram outras iniciativas pelo país como a 1ª Mostra de Dança Contemporânea de São Paulo, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em 1979, inclusive contaminando ações da esfera de poder federal como os ciclos de dança, realizados no Rio de Janeiro, a partir de 1978 (KATZ, 1979) (VELOSO, 2011, p.03).
Reconhecendo a representatividade desta dissertação em analise ainda
ressaltamos o rico estudo articulado por nós para a continuidade e junção de
partes históricas da cultura brasileira, sem cometer divisão entre as produções
humanas, a fim de construir reconhecimento ao trabalhador da dança, pessoa
com deficiência:
Nessa perspectiva, torna-se fundamental averiguar como tem se dado essa relação entre o poder público e a área da dança considerando-se as propriedades relacionais que a área da dança partilha com as políticas culturais do País – como a ausência e a descontinuidade – e que resultam das transformações políticas institucionais ocorridas nos equipamentos, nos recursos humanos, na destinação orçamentária, entre outros componentes e relações existentes ao longo do tempo. De que modo estas propriedades reverberam no campo de atuação profissional da área da dança? Que outros aspectos e propriedades da área podem ser observados e permitem refletir sobre as necessidades e demandas mais urgentes da área da dança no atual momento de proposta de implementação do Sistema Nacional de Cultura/SNC (p.03)
Queremos como isto estudar e trilhar a cronologia que representa o
movimento dos artistas, pessoas com e sem deficiência no Brasil.
Compreendemos que a produção artística da pessoa com deficiência também é
patrimônio cultural brasileiro e encontra-se a margem das discussões sobre o
tema, tanto no que tange a política publica de cultura, como o ensino e
profissionalização em dança.
Na busca por preencher lacunas continuamos o paralelo como o trabalho
de Velloso na perspectiva de confluir dados, informações e instrumentos capazes
de referenciar a produção deste setor. Seguindo com as informações
extremamente relevantes da história da dança no país, reinteirando os fatos
apresentados na investigação minuciosa da autora em estudo, tendo como meta
34 Criado em 21/12/1937, pelo Decreto-Lei n. 92, o Serviço Nacional de Teatro desenvolveu atuação entre
1938 e 1981 (FUNARTE. Relatório Instituto Nacional de Artes Cênicas (ex-Serviço Nacional de Teatro). [Rio de Janeiro: CEDOC/FUNARTE, 1982]. Mimeografado. [referência nº 3 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]
155
a construção de analogia capaz de unificar a exclusão em que vive o dançarino e
sua produção no campo da deficiência.
As instituições responsáveis pelas Artes Cênicas na esfera de poder federal: A Funarte foi criada em uma década marcada por contradições políticas e culturais porque, ao mesmo tempo em que o processo de modernização se fazia autoritário e, em certa medida, conservador, contou com estratégias que acionaram uma revolução na área cultural e da comunicação, no País (PEREIRA, 2006). Concebida, inicialmente, como órgão capaz de incorporar as demais instituições culturais do MEC e, ao mesmo tempo, centralizar as atividades culturais por ele desenvolvidas, a Funarte acabou por assumir somente aquelas "áreas de produção cultural que ainda não contavam com organizações próprias na estrutura do MEC", como resultado da resistência dos demais órgãos e instituições culturais à possibilidade de incorporação (MICELI, 1984, p. 57). Na época, o Serviço Nacional de Teatro
(SNT), "primeiro órgão oficial a atuar junto às artes cênicas em escala nacional" (FUNARTE/CEDOC,
1982, p.1)35
4
, foi incorporado36
5
ao Regimento Interno da Funarte junto a outros órgãos que já estavam operando, como o Instituto Nacional de Música, o Instituto Nacional de Artes, a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, estes incluídos na estrutura básica da Funarte, além do Museu Nacional de Belas Artes e o Museu Villa-Lobos (FUNARTE, 1979). Mesmo constando no Regimento Interno da Funarte, o SNT, em face da extensão de suas ações e em função da forte reivindicação de diversas entidades de classe (p.04), (...) pela autonomia do órgão (MICELLI, 1984; CARVALHO, 2010), teve sua incorporação oficial suspensa entre os anos de 1975 e 1981, por meio de
portarias ministeriais37
6
(p.05).
Ao levantarmos a documentação no Cedoc/Funarte sobre a gênese de
políticas culturais de trabalhos em arte e pessoa com deficiência encontramos
material sobre a constituição do Programa Very Secial Arts do Brasil /FUNARTE o
Arte Sem Barreiras e a fundação da Associação Vida Sensibilidade e Arte
(1990)38 e posteriormente, vinculou-se ao Programa Internacional Very Special
Arts Internacional para o desenvolvimento brasileiro, nesta prática de ação
cultural que na ocasião foi prática inédita, primeiro organismos publico a incluir
pessoa com deficiência no cenário da cultura brasileira.
35 4
FUNARTE. Relatório Instituto Nacional de Artes Cênicas (ex-Serviço Nacional de Teatro). [Rio de Janeiro: CEDOC/FUNARTE, 1982]. Mimeografado. [referência nº 4 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]
36 5
A incorporação dos órgãos acima mencionados à Funarte se dá pelo Decreto n. 81454 de 17/03/1978 sendo estes incluídos na estrutura básica da Funarte em seu Regimento Interno (FUNARTE, 1979). [referência nº 5 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]
37 6
FUNARTE. Relatório Instituto Nacional de Artes Cênicas (ex-Serviço Nacional de Teatro). [Rio de Janeiro: CEDOC/FUNARTE, 1982]. Mimeografado. [referência nº 6 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]
38 Subsídios para implantação de Comitês Estaduais e Municipais Very Special Arts do Brasil,
fonte extraída no CEDOC/FUNARTE visita realizada 26/02/2014
156
Desta forma não é estranho continuar ressaltando os apontamentos de
Marila Velloso em sua dissertação, já que categoricamente nos apresenta os
espaços de representatividade e condições de existência do setor da dança
brasileira.
Ao longo de anos, alguns programas da Funarte, ao contemplarem festivais de artes, impulsionaram iniciativas de dança de importante repercussão para a área na esfera federal a exemplo da Oficina Nacional de Dança Contemporânea que teve seu início no Festival de Artes da Bahia, com 14 edições no período de 20 anos (p.05)
Segundo os registros de documentos do acervo do Arte Sem
Barreiras/VSA, durante 15 anos (1990 a 2005) foram realizados 06 edições
Nacionais; 01LatinoAmerico; 01 Internacional do Festival Arte Sem Barreiras,
como a mesma versão local em dezenas de Festivais Municipais; Estaduais e
Regionais, como também 08 participações artísticas em Festivais Internacionais
representados o Programa Brasileiro, a seguir apresentaremos detalhadamente
estas informações; queremos ainda destacar que os recursos para essas
realizações forma articuladas no campo da Educação, com a Secretaria de
Educação Especial/FNDE, porém, culminamos com o encerramento do Programa
Arte sem Barreiras com recursos da Cultura, através do edital publico do Centro
Cultural do Banco do Brasil, em 2005 realizando a Mostra Arte, Diversidade e
Inclusão Sociocultural quando ocorreu a descontinuidade da política pelo
Ministério da Cultura/Funarte no campo da Arte.
A realização da Mostra Arte, Diversidade em formato de encontro nacional,
envolveu a participação direta de 700 artistas, grupos, do Brasil e do exterior;
1.500 educadores e arte-educadores – em seminários, cursos, palestras e fóruns;
45 entidades da sociedade civil e um público de 70 mil pessoas. Uma
demonstração sobre a diversidade e de como a arte pode agir e ampliar o
entendimento da sociedade sobre essas novas expressões para dissolver
barreiras estéticas e sociais; como bem nos descreve André Andries, editor e
colaborador da Associação Vida Sensibilidade e Artes (AVSA), responsáveis por
todo o material escrito e publicado das atividades desenvolvidas no Arte sem
Barreiras.
Foi na relação do MinC com o MEC que se solidificou o campo da
produção científica no assunto deficiência cultura e arte, foram através da
157
Educação, da Arte Educação que foram construídos os sólidos pilares, como a
construção e criação dos marcos políticos do setor sempre aliados aos
paradigmas enfrentados pelo segmento cultural da pessoa com deficiência,
visando à profissionalização dos artistas e a produção a consolidar o Setor
Cultural pela “política diferenciada”.
O curso de Especialização em Acessibilidade Cultural da UFRJ/MinC
tem como meta despertar interesse e avanços na produção científica no tema
das políticas culturais brasileiras e pessoa com deficiência. Concordamos com
as analises e criticas de Marila Veloso, ao se referir da ausência de informação
e descontinuidade de produção a respeito do tema e esta sendo por isso que
estamos propondo a disseminação, deste artigo, que propõe esboços para uma
agenda política coerente com as necessidades da dança brasileira, temos,
contudo, a pretensão em apontar conhecimentos específicos da dança e da
PCD, para que na Área da Dança haja reconhecimento do Patrimônio Cultural
referente a Obras artísticas desenvolvidas por artista, pessoa com e sem
deficiência produtivas da setorial de Dança no Brasil.
O Serviço Nacional de Teatro; Fundado em 1937, o SNT foi o primeiro órgão
oficial criado com a finalidade de representar as artes cênicas em escala nacional no período entre 1938 e 1981. Mesmo estando prevista sua atuação em outras áreas, além da teatral, pelo Decreto-Lei n. 92, foi somente a partir de 1977 e 1978 que o órgão passa, também, a abranger as áreas de dança e circo, respectivamente, "faltando apenas à integração da Ópera, em seus aspectos cênicos, para completar o quadro de operações" (FUNARTE/CEDOC, 1982, p. 6). Conforme mencionado anteriormente, a incorporação oficial do
SNT à Funarte foi suspensa entre os anos de 1975 e 198139
7
pela postura das entidades da classe teatral de reivindicação pela autonomia do órgão que lhes representava na produção artística de intérpretes-criadores e na dinâmica cultural em que estavam inseridas as obras criadas (SOBRAL, 2001, p. 9). Katz
(2000)40
8
enfatiza a importância dessa iniciativa de mapeamento que se configurou no primeiro quadro sobre quem produzia dança contemporânea e para qual mercado se destinavam essas produções:
O SNT desenvolveu, em seu maior período de existência, diretrizes para a área do teatro, fortalecendo a produção e difusão desta linguagem, no Brasil. Na área da dança as ações do SNT foram direcionadas para a produção de espetáculos e circulação de grupos por meio das denominadas "excursões", expandindo-se as ações para a realização de cursos de formação técnica e apoio a festivais,
39 7
FUNARTE. Relatório Instituto Nacional de Artes Cênicas (ex-Serviço Nacional de Teatro). [Rio de Janeiro:
CEDOC/FUNARTE, 1982]. Mimeografado. [referência nº 7 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]
408
Cf. Helena Katz em artigo intitulado "Tudo pronto para o recenseamento dos coreógrafos", publicado no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 02/05/2000. [referência nº 8 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]
158
mostras e encontros, 41
9
muitos destes eventos realizados nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, tendo, contudo, como preocupação, uma dimensão nacional de atuação logo de início. O SNT denominou "Projeto Dança" o programa implantado em 1977, norteando suas iniciativas para atingir o desenvolvimento da dança, no País, e visando promover a atividade profissional, a abertura de novos espaços, orientação e recursos à formação de artistas e técnicos e a ampliando, por meio de atividades específicas, a faixa de público voltada para a dança. (VELOSO, 2011)p.05)
O Instituto Nacional de Artes Cênicas – Inacen; Apenas após inúmeras discussões com as entidades da classe teatral é que ficou decidida a criação de um órgão de natureza intermediária entre o que seria o Instituto Nacional de Teatro e a reivindicada Fundação Nacional das Artes. Em dezembro de 1981 foi criado pelo MEC o Instituto Nacional de Artes Cênicas (INACEN), que veio substituir o Serviço Nacional de Teatro (FUNARTE/ CEDOC, 1982, p. 6). As transformações pelas quais passou o SNT, até então, eram de ordem estrutural nos seus programas e nas suas áreas de abrangência. Em 1981, ocorre uma mudança político-institucional, transformando o SNT em Inacen. A dança, que vinha desde 1977 sendo contemplada por meio de um programa específico, permanece como área de atuação na nova instituição, ocupando no organograma e no Regimento Interno do Inacen um espaço denominado Serviço Brasileiro de Dança (SBD) (VELOSO, 2011, p.06) (...), semelhante ao das outras áreas existentes, como o Serviço Brasileiro de Teatro, Serviço Brasileiro de Ópera e Serviço Brasileiro de Circo. O Serviço Brasileiro de Dança (SBD) expandiu as
atividades da área da dança do SNT direcionando seus esforços para a abertura de novos espaços cênicos e o apoio à sobrevivência dos grupos e profissionalização dos artistas (CAMPOS, 2010).
A Fundacen; Em 1987 é aprovado um novo estatuto da Funarte pelo Decreto n. 94.347, e um novo regimento interno é aprovado no final de fevereiro de 1988, quando se estabelece uma nova estrutura administrativa. Reestruturação, aliás,
que transforma o Inacen em Fundação Nacional das Artes (Fundacen)42
10
. Na Fundacen, os Serviços Brasileiros foram transformados em institutos de Dança, de Teatro, de Ópera e de Circo: "Para Orlando Miranda, nesse contexto não deveria prevalecer o interesse deste ou daquele grupo, mas o interesse de toda a área. As quatro áreas teriam autonomia artística e financeira, mas a administração seria centralizada num único setor" (GUIMARÃES, 2010, p.12). Segundo a autora, a inclusão do Instituto de Dança no organograma da Fundacen se deu em virtude das reivindicações da classe artística da dança. Tendo sido extinta em 1990 durante o governo Collor, a Fundacen sofreu uma eliminação radical de seus quadros técnicos e administrativos (LEITE, 1993). Na área da dança e teatro vale mencionar, "ao pé da letra", os programas e as atividades para se (VELOSO, 2011, p.07) (...) ter uma ideia da complexidade de diretrizes envolvidas nesse episódio de desaparecimento, conforme foram organizados por Leite (1993, p.125-126) (VELOSO, 2011, p. 08):
* Incentivo à produção em todos os estados e territórios;
41 9
O SNT foi transformado no Inacen, em 25/11/1981, pela Portaria Ministerial n. 628 (FUNARTE. Relatório Instituto Nacional de Artes Cênicas (ex-Serviço Nacional de Teatro). [Rio de Janeiro: CEDOC/FUNARTE, 1982]. Mimeografado). [referência nº 9 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]
42 10
"[...] de criação da Fundacen, regulamentada com o Decreto n. 95.675, de 27 de janeiro de 1988, que
estabelece seu estatuto e dá outras providências para seu funcionamento. Na sua estrutura básica (Art. 6º) podemos observar a conquista das reivindicações da classe da dança com a inclusão do Instituto Dança no seu organograma que apresentava ainda os seguintes setores: Conselho Deliberativo; Presidência; Conselho de Administração; Instituto de Teatro; Instituto de Dança; Instituto de Ópera; Instituto de Circo; Centro de Estudos; Centro de Técnico; Diretoria de Planejamento e Administração. Estava assegurada, de alguma maneira, certa autonomia da dança com seu instituto." (GUIMARÃES, 2010, p.13).
159
* Financiamento reembolsável de espetáculos cênicos. Enquanto o incentivo se prendia a contrapartidas de ordem cultural, o financiamento era uma operação comum de empréstimo, com prazos, correção e juros adequados a esse tipo de operação no mercado;
* Programa de cursos e oficinas. Dentro do programa de formação, ciclagem e reciclagem, a realização de cursos e oficinas tinha por objetivo a formação de artistas nas áreas cênicas em locais onde o acesso à formação profissional é precário;
* Registro de espetáculos cênicos (teatro dança ópera). Esse projeto tinha como objetivo o levantamento o mais completo possível do movimento cênico em todo o país e transformar resultado numa publicação, a do Anuário Brasileiro de Artes Cênicas, extinta com o projeto;
* Programa de apoio a festivais. Esse programa tinha como objetivo facilitar a montagem de festivais com o apoio de infraestrutura;
* Prêmio Mambembe Melhores Espetáculos (adulto/infantil);
* Prêmio Mambembe diversas categorias (adulto/infantil). Esses prêmios se constituíram em acontecimentos anuais para as categorias em artes cênicas, sendo destinados a autores, diretores, atores e profissionais técnicos. A entrega era realizada através de espetáculos montados especialmente para esse evento;
* Programa de empréstimo/doação de equipamentos de luz;
* Auxílio a excursões de dança. Programa que permitia o intercâmbio de experiências na área da dança em diversas regiões do país;
* Programa de Consolidação de Grupos e Movimentos de Teatro e Dança. Tal programa tinha como objetivo o acompanhamento e auxílio técnico a grupos e movimentos que tivessem manifestado grande empenho artístico e por isso merecessem o apoio de órgãos públicos;
* Manutenção/reformas de casas de espetáculos. Programa de preservação patrimonial, com o fim de pôr em pleno funcionamento teatros em todo o país com uma programação de interesse cultural; (VELOSO, 2011, p.08)
* Programa de apoio a prêmios estaduais;
* Pesquisas nas áreas das artes cênicas. As atividades de pesquisa tinham duas direções: a de acompanhamento de pesquisas externas financiadas pelo órgão e o desenvolvimento de pesquisas pelo corpo de técnicos do próprio órgão. Em ambos os casos poderiam ou não resultar em publicações da Fundacen;
* Projeto Mambembão (excursões cênicas entre os Estados). O projeto se realizava através de uma pré-seleção dos espetáculos nos Estados participantes. As montagens se realizavam em três centros: Rio, São Paulo e Brasília. Os espetáculos vinham de todas as regiões do país, com elencos locais, guardando todas as suas peculiaridades;
* Apoio a seminários/congressos de entidade de classe;
* Programa editorial da Fundacen. O Departamento de Edições chegou a publicar 140 títulos entre 1975 e 1989. Entre as publicações destacaram-se séries importantes como a Coleção Clássicos do Teatro e os números especiais de Dionysos sobre grupos cênicos do passado recente (dos anos 50 em diante). As edições também foram o canal de divulgação de outras atividades, como concursos, registro de espetáculos e pesquisas, entre outros. Foi totalmente paralisado e deixou várias publicações em suspenso. (VELOSO, 2011, p.09)
A partir deste contexto queremos continuar com esta investigação
buscando informações sobre o movimento dos trabalhadores da dança, do artista,
pessoa com deficiência, a fim de minimizar o sentido de separação histórica que
vem ocorrendo no país. Reconhecemos que utilizaremos a estratégia estrutural
utilizada por Veloso para tentar amalgamar continuidade nas ausências de
informações no campo da produção cultura de modo a unificar conteúdos de arte,
produzida pelo artista, pessoa com deficiência brasileira.
160
Nós saberemos bem mais a respeito de nós mesmos, se unificarmos
interesses junto ao movimento social de artes sem barreiras, pela unificação de
informações, para aí assim, construirmos dados capazes de arregimentar
informações do Arte sem Barreiras para a Setorial de Dança no levante real do
Patrimônio Cultura do artista, pessoa com deficiência e segmento cultural, entre
as pessoas sem deficiências.
Estabelecendo a partir de então “um campo único da dança” daí, quando
alguém falar em nome da dança brasileira, poderá também se tiver
compromisso estético-político, expressar informações que incluam o modo de
produção de trabalhos em arte coreográfica – consolidando o setor artístico
pelo corpo (corpodespadronizado), expressão que por um tempo deverá soar
estranheza, até chegarmos naturalmente no “corpomídia” teoria formulada por
Christine Greiner e Helena Katz, em 2011 – quando já terá um entendimento
corelacionado.
Retornando a análise de Marila Veloso queremos ainda compor com a
pertinência de sua pesquisa, estabelecendo uma analogia com a produção de
pessoa com deficiência na área da dança macro, quando se refere às
ineficiências da área dança, o mesmo podemos dizer da dança com pessoas
com deficiência sem conexão com a área de dança, visto que as questões são
similares:
Muitas das ineficiências da área da dança e que não são restritas a esta linguagem artística, são apresentadas por falta de indicadores que informem sobre quem são, onde estão como sobrevivem e para quem produzem (VELOSO, 2011, p.10)
A área da dança pouco considera a produção em dança da pessoa com
deficiência e é por esta razão, que aqui, optamos em transcrever as
considerações de Marila para buscarmos uma ponte que faça a conexão da
produção de dança, sem excluir o segmento artístico de pessoa com
deficiência numa “microdança” – eliminando as minorias dentro da Setorial.
Ao verificar suas contribuições frente às questões de âmbito nacional e
de mobilização a seguir, mas uma vez, percebemos que não há necessidade
de especificidade até aqui, são as mesmas questões e desta forma poderemos
ousar a consolidar a Setorial de Dança e impulsionar o Setor de Cultura em
161
outras Setoriais de Área para o mesmo, já que não pretendemos criar a
Setorial de Arte e Deficiência, como ocorreu na III Conferência Nacional de
Cultura em 2013 que no eixo 03 – implementação do sistema nacional de
cultura – na demanda Indígena, que priorizará: criar, garantir e implantar o
Sistema Setorial das Culturas Indígenas.
Nossas prerrogativas são outras, queremos participar dos coletivos
existentes e instituístes – pela consolidação e não criar coletivo instituído – a
parte, o processo de inclusão é segregador, por princípio temos que eliminar a
exclusão.
Buscamos pela qualificação e oportunidade de trabalho, o mérito
artístico virá na medida, no momento propício como acontece com qualquer
artista, diante desta busca por “igualdade” elencamos no rol de analisadores
construídos, as considerações a seguir do campo da dança segundo Veloso,
2011, p.11 e 12:
Questões de âmbito nacional
- Falta de espaços para a continuidade de formação em dança;
- Falta de espaços para a produção e manutenção de grupos e companhias de dança;
- Falta de condições e espaços específicos para apresentações em dança como teatros, estúdios (movimentos da década de 80);
- Falta de condições para a estabilidade do trabalho de grupos e companhias de dança;
- Falta de reconhecimento oficial das profissões de bailarino, coreógrafo e professor de dança;
- Dificuldade dos grupos que fizeram dança fora do âmbito oficial, das companhias oficiais;
- Apontamentos, porém sem continuidade, de política cultural específica para a dança no País;
- Falta de política cultural do Ministério da Cultura específica para a área;
- Falta e dificuldade de circulação para as produções em dança no País o que dificultou o aprimoramento artístico das produções em dança;
- Ausência de um calendário de festivais e eventos de perfis diversos com permanência o ano inteiro e distribuído por todo o País para garantir a circulação de grupos e companhias;
- Ausência da dança na mídia impressa e televisiva;
- Falta de direitos garantidos para os artistas da dança, pendência de questões trabalhistas e previdenciárias;
- Precariedade do mercado para a dança;
- Falta de pesquisas de campo e levantamento de indicadores na área;
- Instabilidade e precariedade dos recursos e patrocínios para a dança;
- Instabilidade das políticas culturais para a dança;
- Ausência de políticas públicas para a área.
Mobilizações da dança (p.13-16):
162
- Falta de artistas para debater e manter discussões, organização política e mobilização na área;
- Falta de artistas preparados para ocupar espaços de representatividade;
- Falta da noção de pertencimento a uma classe artística em detrimento da noção de pertencimento apenas ao seu grupo artístico;
- Mobilizações localizadas que contaminaram outros locais do País;
- Falta de articulação nacional na área.
- Falta de debate público sobre as questões e projetos de dança administrados pelo poder público.
Outros aspectos relevantes levantados a partir deste estudo são:
- a necessidade da efetivação da consulta pública ampliada nacionalmente para a ocupação de espaços de representatividade como a realizada no segundo processo de composição dos Colegiados Setoriais;
- a distribuição equânime entre os estados da federação dos recursos e informações, eventos e ações realizados pela Funarte;
- a aprovação do novo organograma da Funarte com um Centro de Dança, projeto que tramita pelo Congresso Nacional para aprovação.
- programas próprios da dança com continuidade e autonomia das outras áreas artísticas;
- a urgência de um mapeamento completo da cadeia produtiva das áreas artísticas para servir de parâmetro para as escolhas e os critérios de distribuição de recursos e elaboração de programas, pois apenas um mapeamento da dança não reverterá subsídios suficientes para análises comparativas entre uma área e outra.
O fato de encontrar e escolher pesquisar o artigo: A dança na esfera de poder
federal: espaços de representatividade, condições de existência e esboços para uma
agenda política de Marila Veloso, 2011 - fizeram jus ao propósito desta pesquisa, no
sentido de buscar meios a unificar o campo de dança e de deficiência na produção
artística, um acontecimento, uma ferramenta-teórica política de militância capaz abrir
espaço para conectar as lacunas da área de dança pela setorial.
Ao final do trabalho, em anexo, apresentaremos um recorte do artigo de Veloso
(2011) contextualizando as questões específicas da Funarte ao estabelecendo um
paralelo documental de informações com a política nacional na área de dança, que
elucidará a história da instituição como de seus mecanismos buscando uma
correlação com a história do Programa Arte sem Barreiras/VSA do Brasil/Funarte/Mim
e do Projeto Além dos Limites desinstitucionalizados em 2006 na Funarte.
Diante deste contexto retornamos a Lúcia Matos (2012),
Vale a pena registrar que, no que se refere às questões culturais no Brasil, ainda são praticamente inexistentes políticas governamentais que favoreçam a produção artística e o acesso da pessoa com deficiência no campo das artes. Das raras atividades deflagradas, o único em nível nacional foi o Programa Arte sem Barreiras (p.71). (...) realizamos um mapeamento de grupos que possuem dançarinos com e sem deficiência, efetivando a coleta de dados por meio de formulários enviados a mais de 150 pessoas e/ou instituições, além de dados obtidos através do Programa Arte sem Barreiras e do banco de dados do Rumos Dança (Itaú Cultural, 2001). Esse mapeamento resultou no registro de 55 grupos espalhados em diferentes regiões do país, sendo que 11 deles se intitularam como profissionais ou semiprofissionais e os demais como amadores. Do total dos grupos mapeados, trinta deles estiveram presentes no
163
Iº Festival Internacional do Arte sem Barreiras, de 2002, o que significa que 55% desses grupos fizeram parte desse Festival. (p.83).
Finalizando o paralelo com a pesquisa de Veloso ainda uma consideração,
O reconhecimento e a legitimação de movimentos e organizações de representação da dança se fazem imprescindíveis e urgentes, tanto pela ausência de registros que documentem essa atuação e existência quanto pela informalidade das ações desse setor específico da dança, no País. Ainda, por serem estes os que podem garantir, por meio da participação política e democrática, o reconhecimento da dança como atividade produtiva, a expansão e manutenção de recursos para a área, assim como conquistaram espaços de representatividade, o desmembramento do fundo setorial de dança das artes cênicas e um plano setorial (p.19).
Pessoa com deficiência, trabalho e qualificação.
O Estado deve impulsionar esta questão? O mundo capitalístico assiste
calada esta situação? Quais são as medidas apresentas? Existem meios
capitalísticos a legitimar outras formas de trabalho que busque a
sustentabilidade humana de pessoa com deficiência?
Quando partimos do entendimento que a “condição da deficiência” é
problema do Estado, da Sociedade e não da família isolada provavelmente
iniciaremos um novo tempo.
Ao nós perguntarmos; O que quer fazer esta pessoa que está em
“condição de deficiência”? Escolha profissional é direito ou é desejo? Como
assim, pode a pessoa com deficiência se profissionalizar e trabalhar? Como
convidá-la a desejar o seu próprio protagonismo. E como preparar os pais, os
irmãos, os avós e os professores, por exemplo, para uma vida plena e em
coletividade?
Quais são os efeitos que estas relações produzem ou não na pessoa
com deficiência e na família frente ao trabalho. Como os familiares lidam com a
questão da profissionalização, já que para tanto, será necessário lidar com a
autonomia e a emancipação.
Os familiares podam os anseios, freiam sonhos; vamos refletir sobre
esta questão familiar? Na hipótese de cada “raiz” familiar ter pessoa com
deficiência, pudesse considerar e criar um modo a humanizar os “capitalistas”
164
pela questão interna de sua família? Existe uma pesquisa que apure as
gerações familiares e identifique o percentual por família de pessoa com
deficiência?
Censo 2010 apontou um número significativo de pessoas com deficiência no Brasil. São 45,6 milhões de pessoas ou quase 1/4 dos brasileiros com alguma deficiência. O IBGE investigou a existência dos diversos tipos de deficiência permanente: visual, auditiva e motora, de acordo com o seu grau de severidade, e, também, mental ou intelectual Em 2010, 45.623.910 pessoas declararam possuir alguma das deficiências investigadas. São 23,9% dos brasileiros. O mais importante nesse cenário, no entanto, é perceber que as pessoas com deficiência fazem parte de uma parcela da população com alto índice de exclusão. As cidades brasileiras não estão preparadas para garantir os direitos das pessoas com deficiência. Mobilidade, acessibilidade, educação inclusiva, acesso ao mercado de trabalho são desafios enormes e não existe uma agenda clara, pactuada, para que a questão da deficiência possa ser tratada como um fator decisivo para a exclusão. A desigualdade se repete nos indicadores de ocupação e renda. Apenas 46,2 % das pessoas com deficiência têm alguma ocupação formal ou não formal.
Através da página eletrônica da Secretaria Nacional de Promoção dos
Direitos da Pessoa com Deficiência/SNPD – da Secretaria de Direitos
Humanos da presidência da Republica/ SDH/PR http://www.pessoacom
deficiência.gov.br/app/node/767 encontramos as seguintes informações sobre
o Mercado de Trabalho para as Pessoas com Deficiência | Censo 2010:
O emprego das pessoas com deficiência, no Brasil, está amparado pela Lei 8.213/91, também conhecida como lei de cotas. Essa lei obriga as empresas com 100 ou mais empregadas a reservarem vagas para pessoas com deficiência, em proporções que variam de acordo com o número de empregados: de 100 a 200, a reserva legal é de 2%; de 201 a 500, de 3%; de 501 a 1.000, de 4%, e acima de 1.001, de 5%. Apesar de a lei vigorar por mais de 20 anos, algumas empresas não a cumprem e têm como uma das justificativas a falta de mão de obra qualificada http://www.pessoacom deficiencia.gov.br/app/node/767
Para tanto, é preciso que o Estado invista na profissionalização das
pessoas com deficiência em massa, somos no Brasil cerca de 45,6 milhões de
pessoas com deficiências e segundo o Instituto Brasileiro de Defesa da
Deficiência/IBDD 25 mil no sistema de cotas, publicou o globo 03/07/2013:
A media de cumprimento da Lei de cotas para portador de deficiência no Brasil é de 35,12% com dados do SEBRAE e RAIS 2011. A aplicação integral renderia R$ 926.200,00 empregos privados. A Rais registrou R$ 325.300,00.
Ao pensarmos no Setor Cultural e artístico a quem se estende a
sustentação pela Arte? Quem escolhe profissionalizar-se em Arte? Deve-se
concluir que são poucos! O que diríamos ao falarmos que a pessoa com
165
deficiência optou por este trabalho, a pessoa com deficiência pode escolher ser
artista? Como é que ela vai viver? Alguém vive de Arte?
As escolas de Artes no Brasil recebem as pessoas com deficiências? Há
formação oficial em Arte para pessoa com deficiência e como se dá a
qualificação e a certificação? Como se identifica a qualidade artística da
pessoa com deficiência.
Há oportunidades de trabalho no Setor Cultural? E no MinC quantas
pessoas com deficiência trabalham e em qual setor? Será ou não
responsabilidade de o Estado gerar ocupação e renda para todos?
A questão da profissionalização em Arte Coreográfica e o campo de
trabalho para artistas pessoas com deficiência e segmento cultural é o
propósito deste estudo. O que está sendo feito para que não haja extinção da
profissão artística, no segmento social e cultural da pessoa com deficiência,
mediante ao sistema de cotas nas empresas?
Ao entender o nível de produção em Arte, de forma a equiparar
oportunidades ao gerar trabalho e renda será consolidada a cadeia produtiva
do segmento no Setor Criativo e Cultural do país.
Em 2003 iniciou as estratégias para o desenvolvimento do Plano
Nacional de Cultura, reestabelecendo as dimensões da cultura, Gilberto Gil
Ministro na ocasião, resignificou o conceito para o MINC, a partir deste
momento a sociedade brasileira de forma “democrática” iniciou seu processo
de construção de política de Estado para a Cultura, foi quando passamos ao
entendimento de Cultura: no simbólico, na cidadania e na economia.
Neste momento reestabelece a esperança e a construção coletiva por
uma política pública para todos no campo cultural, e foi neste momento que a
Funarte reorganiza sua gestão e faz surgir e a Secretaria da Identidade e da
Diversidade Cultural (SID) entre outras, podemos dizer, que vivenciamos outra
era na pasta da Cultura.
Momento inicial do processo de participação da sociedade civil pela
construção da Política de Estado da Cultura – os esboços do Plano Nacional
166
de Cultura, formaram-se Câmaras Setoriais/Colegiados de Área, Planos
Municipais e Estaduais de Cultura no caminho para implementar o Sistema
Nacional de Cultura. Enquanto diversos setores e segmentos sociais se
organizavam o programa “Artes sem Barreiras da Funarte” encontrava-se em
situação de risco entre 2004 a 2006.
Em 2014 foram dez anos sem política direta para a existência deste
setor, aqui não vamos analisar os prejuízos simbólicos e monetários causados
para esta classe de trabalhadores em cultura. Como no momento não
queremos fomentar a reparação pública e/ou simbólica que o Estado Brasileiro
tem para com estes cidadãos: artistas e trabalhadores mediante a extinção de
política própria em 2004, momento de ascensão quando os coletivos estavam
engrenados e foram silenciados por ausência de visualidade e de oportunidade
de trabalho no cenário da macrocultura, quando este Campo Cultural em
Desenvolvimento foi interrompido.
Esta pesquisa apresenta a criação de indicadores capazes de produzir
índices, um meio a levantar dados e aferir campo de trabalho para cartografar
às obras, os produtos artísticos da Setorial de Dança e mapear a cadeia
produtiva do Setor, apresentado resultados estéticos da produção do artista,
pessoa com deficiência e segmento cultural atuante nas cinco regiões do
Brasil.
Festivais de Artes Cênicas e Dança
Com o propósito de problematizar a questão, este estudo tem o desafio
de inventariar e elucidar a dimensão de criatividade processual, realizado
nestes últimos anos pelos artistas deste setor, através do conceito-ferramenta:
campocorpo busca-se caminhos para entender os jogos de interesses e, de
poder referentes aos avanços, retrocessos do campo.
A dança se estabeleceu como campo específico, diferenciou o
entendimento do corpo e do campo para com as artes cênicas, ao especificar a
diferença, apresentam diretrizes e ações na difusão de pesquisa e espetáculos
em via de circulação; fomento-recurso; formação-qualificação profissional –
distinguindo suas necessidades do teatro, do circo e da ópera.
167
Foram selecionados festivais que em sua programação, ações,
programas ou projetos escolheram atividades que evidenciem a produção do
artista pessoa com deficiência e o segmento cultural correspondente, ou seja,
artistas pessoa com e sem deficiência e seu protagonismo.
As citações que serão elencadas aqui retratam proposições de festivais
culturais, selecionados e estão indicados como leitura para que possamos
conjugar informações, cruzar dados, analisar fatos, estabelecer analogias e
criar linhas paralelas capazes de apresentar um campo de analise para a
questão levantada nesta investigação.
Investigar diferentes propostas em acontecimentos sincrônicos na área
da dança é uma das estratégias de apurar indicadores culturais no país.
Verificar as diferentes dimensões transversais do tema e onde eles
estão aplicados. Serão nos aspectos culturais, sociais, políticos ou financeiros.
Como chegar aos índices econômicos?
Festival Arte Sem Barreiras
Este Festival de modo não segmentado surgiu, como estratégia de
desenvolvimento para ações de produção artística no campo da deficiência,
através de parceria do Ministério da Cultura/Educação pelo Centro de
Programas Integrados/CEPIM/FUNARTE e da Associação Vida Sensibilidade e
Arte /VSA do Brasil ao estabelecerem entre seus gestores, uma pauta em
comum, foi quando iniciou a discussão do artista, pessoa com deficiência no
Brasil. Albertina dos Santos Brasil foi a responsável pelo fomento e
agenciadora de política pública para o segmento no Setor Cultural. Com isso, a
partir de 1990 até 2004 a Funarte desenvolveu o Programa Arte sem Barreiras,
institucionalizado apenas em 2003, conforme Antonio Grassi (2003 p.03),
presidente da Funarte no balanço do ano de 2003: O Programa Arte Sem Barreiras – VSA, voltado para a inclusão de pessoa com deficiência, através da arte, ganhou coordenação específica e foi ampliando a nova estrutura da Funarte. As ações do Programa se estendem a todas as demais áreas de nossa atuação. (...) Promovendo o entrosamento, o Centro de Programas Integrados é o responsável pela integração das diversas áreas de atuação da Funarte. Realiza ainda a articulação e o intercâmbio com os outros Ministérios. Abrangem as áreas de documentação e Informação, Edições, o Programa Arte Sem Barreiras (...), que vem desenvolvendo suas atividades nos último quatorze anos, teve seu reconhecimento oficial pela Funarte, no ano em curso, o que significou aporte financeiro para as atividades em desenvolvimento. Isto possibilitou crescimento de novas parcerias e apoios junto a entidades públicas
168
e privadas em quase todos os estados do país. Considerado projeto prioritário pelas ações permanentes de pesquisa e experimentação no campo da arte e da educação, o Programa Arte Sem Barreiras pode reafirmar o compromisso com a inclusão sociocultural de milhares de brasileiros (p.25 Catalogo Funarte/MinC/2003)
Entretanto, durantes todos estes anos fomentou encontro entre artistas
das cinco regiões do Brasil e nas diferentes linguagens: teatro, música, artes
visuais/plástica e dança estimulando-os ao processo de profissionalização.
Contudo, aqui neste estudo estamos dialogando através do movimento de
dança, que a partir de 1999 esteve coordenado por mim, quando tivemos a
oportunidade de “evoluir como área e campo específico de conhecimento”.
Durante estes quatorzes anos foram realizados muitos eventos nas
esferas: municipais, estaduais, regionais e nacionais, como também, latino-
americano e internacional e inevitavelmente, o processo evolutivo se deu em
vários níveis como em recursos, experiências, estrutura, produção artística.
Apresentamos aqui apenas o último, realizado no país que aconteceu
em 2002 em Belo Horizonte: I Festival Internacional Artes sem Barreiras,
quando tivemos a oportunidade de ter um Teatro para os show de música; um
Teatro para as peças de teatro; quatro Espaços/Salas-galeria para as
exposições de artes visuais e um Teatro só para os espetáculos de dança, foi
quando convivemos com cerca de 700 bailarinos num universo de 1500
artistas, produzindo e consumindo arte conjuntamente com o publico geral e
especialistas, professores – profissionais envolvidos no I Congresso
Internacional Arte sem Barreiras com a participação de 5.000 pessoas um
intercâmbio sobre as experimentações e práticas no assunto, como analisador
histórico para engrenar o corpocampo co-evolutivo.
A dança ficou sediada no Teatro SESIMINAS e lá estiveram presentes:
Grupo de Dança Sem Limites e Roda Viva de João Pessoa; Grupo Corpo e
Movimento de Pará de Minas; Projeto Vencendo Limites/MG; Projeto Leitura de
Corpos/Niterói; Grupo de Dança Luz do Sol/Aracaju; Capoeira da Paz/MG;
Grupo Goyá/Goiânia; Grupo de Dança Expressão Ins. Paranaense de
Cegos/Curitiba; Grupo de Dança Apae de Jundiaí/SP; Grupo de Dança Padre
Chico/Santo André/SP; Grupo de Dança E.E. São Rafael/BH; Dança
folclórica/MG; Anjori/Natal; Opaxorô/Salvador; Rodas em Movimento/RJ;
169
Dançando com as Diferenças/Ilha da madeira; Integrarte/São Bernardo/SP;
Bombolê La/SP; Crepúsculo/BH; Roda Viva/natal; Mão na Roda/Diadema/SP;
Portadores da Alegria/Macaé; Roda Pará/Belém; Pulsar/RJ; Arte de
Viver/Santos; Ekilíbrio/Juiz de Fora; Limites/Curitiba; Rodarte/Salvador e Cando
Co Dance/Inglaterra.
Neta edição nos reunimos artisticamente para consolidar a classe
artística do segmento, foi um momento para reconhecer as diferenças e
semelhanças e a buscar um campo de atuação, meios a impulsionar o
segmento artístico deste campo, o da deficiência, para enfrentarmos o
processo excludente, criando um campo de forças, um campocorpo, momento
crucial para fortalecer essas experiências estéticas, há doze anos.
Panorama Festival de Dança Contemporânea – Rio de Janeiro/RJ sudeste
Festivais de Dança Contemporânea do sudeste e do Brasil com 22
edições, busca criar oportunidades para a dança e a performance de
investigação e fazer um festival em que o publico carioca tenha a chance de
ver o melhor da dança nacional e internacional. Em seu espectro de evento
inaugura vários encontros de discussão em política como o Seminário
Internacional de Economia da Dança; Seminário Cruzamentos
Contemporâneos entre Arte e Política; Composiçõespolíticas - espaço para a
troca de informações e experiências sobre as diversas interseções e desafios
de politizar o corpo que dança; diversas articulações entre arte e ativismo;
residências artísticas; laboratório com Universidades entre outros.
O que nos interessa neste “evento” é identificar se há ou não
participação de trabalhos artísticos, com pessoas com deficiência e entender a
inserção, se ela se dá pela relevância artística, pela constância, pela circulação
nacional ou internacional – como levantamento de dados, para posteriormente
criarmos uma “categoria de análise”, um dispositivos que nos permita observar
o campo de atuação do segmento artístico em questão.
E desta forma, localizamos e os apresentamos essas informações como
analisadores construídos: na 18ª edição/2009 Pulsar Cia de Dança/RJ e na 19ª
edição/2010 Membros Cia de Dança/Macaé/RJ e Raimund Hoghe/Alemanha.
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Festival Internacional Dança-FID Belo Horizonte/BH sudeste
Este festival de dança contemporânea iniciou-se em 1996 e em 2001 por
consequência do amadurecimento do projeto alterou sua denominação de
“festival para fórum” com 17 anos de intervenção. Seguimos com informações
extraídas nos catálogos/programa: o FID tem como eixo curatorial um princípio
ético de entendimento de dança como processo co-evolutivo que se modifica
no tempo, que se desdobra em variações por consequência de um processo de
contaminação e de reconfiguração; não pensa em temas - está sintonizado
com o perfil da dança contemporânea atual e, se interessa por questões do
corpo.
A conexão internacional se dá por produzir um novo estado de relações,
sua atração acontece pela familiaridade de seus pensamentos em que o fazer
artístico e seus efeitos têm caráter político. O que é diferente de tratar político
como tema. Ou seja, sua arte, sua dança são ações estético-políticas. Isso
acontece porque a estética é pensamento que é ação.
O que nos interessa neste “evento” é a constituição do campo de
coerência, portanto, este será um dispositivo de analisador histórico, já que não
desejam fazer o desfile habitual de companhias internacionais e nacionais.
Nossa busca com este dispositivo está no sentido de compreender quais são
os modos curatoriais, de como se dá o processo da investigação à enunciação
estéticas que lhes interessa?
Neste sentido, localizamos a apresentação da Cando Co Dance
Company/Inglaterra na 1ª edição em 1996 e na 14ª em 2010 a Cia Raimund
Hoghe (Alemanha).
Festival de Artes Cênicas de Londrina – Londrina/PR Sul
O FILO, um dos mais antigos do país iniciou suas atividades em 1968 –
e segundo informações no livreto histórico, 2000 Uma história, descreve:
protagonizou, junto à frente de resistência cultural dos artistas brasileiros, a
promoção e a inserção da cultura, desenhando uma trajetória de transformação
no cenário político-cultural de seu tempo.
171
O que nos interessa neste “evento” é identificar o campo de força,
analisador construído, no sentido de identificar por onde anda o protagonismo
da resistência artística da pessoa com deficiência nos palcos, tendo o FILO
como dispositivo, já que nos últimos anos tem investido em projetos locais e
em políticas específicas no campo da deficiência. Interessa esta produção
estética?
Assim, localizamos em 2003 as apresentações dos Projetos:
Expressividade Cênica/Projeto-FILO/ Instituto de Cegos de Londrina e Palavras
do Silêncio/Projeto-FILO/Instituto Londrinense para Educação de Surdos, como
também, a iniciativa em 2009 após a Oficina Nacional de Indicações de
Políticas Públicas para a inclusão de pessoa com deficiência no DEBATE:
Acessibilidade para a Democratização da Cultura, o que lhes interessa?
Festival de Dança de Joinvile – Joinvile/SC Sul
Festival de Dança em grande escala com 31 edições e reconhecido pela
pluralidade de estilos em dança, entre todos os festivais aqui citados, este é o
único competitivo, há uma mostra de dança contemporânea entre outras
atividades de formação.
Em 2006, a Pulsar/RJ foi convidada para dançar e para participar da
discussão em um evento específico onde pretendiam fomentar a construção de
uma “categoria de dança inclusiva”.
O que nos interessa neste “evento” é analisar a deficiência como tema,
como categoria, sendo assim, será um dos analisadores construídos para
compor o rol de dispositivos a elucidar os efeitos do corpocampo, no
campocorpo.
Festival Grande Janeiro – Recife/PE Nordeste
Este festival com 20 edições nasceu com o objetivo de se tornar uma
vitrine das artes Cênicas local. No decorrer da sua trajetória foi ampliando sua
programação, contemplado espetáculos nacionais e a partir de 2011 amplia
ainda mais sua abrangência tornando-se internacional.
172
Em 2012/13, a Pulsar foi contemplada com o prêmio Klaus Vianna
circulação e foi indicada por uma recifense a mandar material para este festival,
que prontamente atendeu e nos pautou para 2014 tanto em Recife como em
Caruaru.
Identificamos a naturalidade deste festival em lidar com a produção
artística de pessoa com deficiência, na programação desta edição verificamos
a presença de outros trabalhos nesta investigação estética: Grupo Ninho de
Teatro (Crato/CE); Robert Softley (Escócia/Reino Unido) – ambos com
audiodescrição e/ou tradução consecutiva.
O que nos interessa neste “evento” é analisar a circulação do corpo
(corpodespadronizado) como analisadores históricos, a verificar em outras
edições a presença deste segmento estético.
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IV PARTE – QUARTO MOMENTO
Considerações Finais
Considerando que o DefNet e, 2000 criou o Projeto B.I.T.S “Buscando
Informações que Transformem a Sociedade” para sistematizar dados e fim de
analisa-los, conforme descrevemos os objetivos novamente:
1) Construir e implantar um núcleo regional de informações, no Rio de janeiro,
RJ, como espaço físico e sede informatizada, como parceria com o SICORDE,
através da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa com Deficiência
(CORDE), da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos/ Ministério da
Justiça, como experiência piloto para a criação de Centros Regionais de
Informação e Referência Local sobre Deficiência. O que cabe é quantificação.
Saber o que queremos quantificar?
2) Constituição de um cargo “Difusor de Informação” – uma função necessária
no campo de trabalho verificando a urgência no campo e nas áreas de
abrangência visando que esta prestação de serviço. Foi e foi por conta desta
realidade que o DefNet desenvolveu Projetos B.I.T.S “Buscando Informações
que Transformem a Sociedade”, para alimentar com dados e informações
fidedignas o sistema de consultas nas três esferas governamentais.
Entendemos que a narrativa aqui descrita, aponta dados para indicar o
levantamento de informações, que deveram ser categorizadas e organizadas a
serem mapeadas e cartografadas pelo Estado brasileiro, ao invés de criar outra
proposta, deve-se atualizar este projeto de modo a receber propostas advindas
de experiências como as do DefNet e da AVSA para implantar e resgatar a
memória e o acúmulo, buscando caminhos a consolidar o campo de inserção e
trabalho que se encontravam os artistas deste segmento estético no Brasil,
neste sentido, o arquivo documental em questão nesta monografia, poderá ser
organicamente um Centro de Documentação e Registro – o
CDRMEMÓRIA'SEMBARREIRAS – Banco de Dados/fonte: Baila Comigo,
inaugurando outro modo de ação política no setor, pelo patrimônio.
174
O programa arte sem barreiras foi desmantelado em seu formato
orgânico; entretanto, a essência dos coletivos artísticos do movimento social,
cultural e artístico de arte sem barreiras enraizaram ações como qualquer
grupo de resistência brasileiro, quando dialeticamente engendram um sistema,
por uma setorial específica e complexa, mas não a inventar outra – com dados
e índices buscaremos a inserção nas setoriais de área, no nosso caso, na
Setorial de Dança, oriunda da câmara e do colegiado setorial de dança (2006-
2010) – a participação social no debate das políticas públicas do setor.
Implicar-se e fomentar a discussão nessa Setorial se faz necessário para
a compreensão da relação de duas prioridades de tal modo, que a exatidão da
primeira implica a da segunda. A resistência pela ativação dos dados em
documentação e registro para estabelecer e/ou introduzir esta pauta e a
complexidade de conectividade germinada pela Setorial de Dança no Plano e
no Sistema Nacional de Cultura.
Exatamente em 2014 faz dez anos que não há política direta para o
fortalecimento e existência deste setor, queremos aqui analisar os prejuízos
simbólicos e monetários causados para esta classe de trabalhadores em
cultura. Compreender a reparação publica que o estado brasileiro tem para
com estes cidadãos, mediante a extinção de política própria para o
desenvolvimento do segmento. Trata-se de tomar uma providencia, de atuar na
previdência, na indenização por ausência de trabalho sequencial frente ao
campo cultural em construção. Na época em que a AVSA e o DefNet
desenvolviam propostas políticas de ações para as comunidades, existia:
o Sistema de Informações da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência O SICORDE da CORDE, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos - SEDH, Presidência da República, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD/ONU e da Agência Brasileira de Cooperação - ABC, Ministério das Relações Exteriores. O SICORDE assume, após o Decreto nº 3.298/99, Capítulo X, Art. 55, o papel catalisador e disseminador de informações sobre políticas e ações na área da deficiência. Pelo acesso a Bases de Dados de outras organizações nacionais como de países estrangeiros ou internacionais o leque de informações torna-se bastante vasto. As Bases de Dados são dinâmicas e torna-se essencial a colaboração dos usuários, para seu constante enriquecimento e atualização. O objetivo do SICORDE é desenvolver uma série de bases de dados informativos (Infobases), na área da deficiência, para uso de organizações governamentais e não-governamentais, nacionais e estrangeiras, universidades, pesquisadores, especialistas e dos próprios portadores de deficiência e demais interessados na questão. Além disso, a edição e distribuição de títulos na área da deficiência é outra atividade que faz parte do Sistema. Este Sistema mantém intercâmbio de informações com
175
instituições congêneres no Brasil e de outros países e internacionais. O Sistema prevê o intercâmbio de informações via internet e de forma presencial, podendo ser conectado a outras redes de informações nacionais e estrangeiras. Essa conexão lhe permite acesso a bases de dados de organizações no Brasil e no Exterior, que amplia consideravelmente o leque de informações úteis em matéria de deficiência. O acesso era feito por intermédio da INTERNET e nos locais onde funcionam os Núcleos Regionais, estabelecidos por meio de parcerias. O Sistema está sendo gradativamente descentralizado para capitais de diversos estados da Federação. Nada impede que sejam estabelecidas sedes regionais constituídas por organizações governamentais e não-governamentais. Além de responder à proposta de ação governamental do Programa Nacional de Direitos Humanos, que recomenda a criação de sistemas de informações na forma de Base de Dados concernentes a pessoas portadoras de deficiência, vem resgatar compromissos assumidos pela CORDE, em 1993, em nome do Governo Brasileiro, com a Rede Iberoamericana de Cooperación Técnica para el Desarollo de Políticas de Atención a Personas Mayores y Personas com Discapacidad (CORDE, 2008).
As atividades e os serviços de criação e de produção foram
interrompidos no momento do desenvolvimento. Por meio desta pesquisa,
temos a intenção de apresentar indicadores e índices para leitura considerando
relevância cultural na produtividade estabelecida pelo Setor de
Arte/SEMBARREIRAS nestes vinte e quatro anos, desde a sua fundação. m
barreiras.
Aquecias se a Cadeia Produtiva que se encontrava em ascensão,
fortalecendo o campo fértil de trabalho no auge da consolidação da Setorial,
que a cada dia apontava necessidades e desdobramentos técnicos, como
específicos; alimentando oi eixos estruturantes de Fomento, Difusão e
Circulação do Setor de Arte/SEMBARREIRAS nas cinco regiões do país.
O fato de o Setor ter sido interrompido e, não estar consolidado, nós faz
analisar e destacar alguns dados deste segmento, que a largos passos está
sendo encaminhado para a “Política do Silenciamento” não pode entre outros,
ignorar o Patrimônio Cultural Brasileiro entre eles há trinta anos relembramos
do TEATRO NOVO, Grupo dirigido por Rubens Gripp com jovens adultos e
idosos pessoas com síndrome de down, símbolo artístico, com profissionais
performances Lúcia Forneiro, Ari Chapeta e Paulo Monsores intérpretes no
grupo desde 1980.
176
Sendo assim, ratificamos a conquista atual do Movimento em diversas
REDES e aguardamos pela nomeação de nossos colegas
especialistas/indicados pelo MINC para o curso que acaba de ser finalizado, ou
seja, o Ministério poderá cumprir e seguir com as políticas desenvolvidas por
ele mesmo – os especialistas governamentais já estão disponíveis.
177
178
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Wikidanca.htm.teoriacorpomídia
www.casaruibarbosa.gov.br
180
ÍNDICE DE SIGLAS
AI – Análise Instittucional
AVSA/Associação Vida Sensibilidade e Artes
CBDDCA – Centro Brasileiro de Defesa dos direitos da Criança e do Adolescente.
CCBB – Centro Cultural do Banco do Brasil
CEPIN – Centro de Programas Integradas/Funarte
CESOP – Centro de Estudos Sóciopsicanálitico
CVI – Centro de Vida Independente
CDRMEMÓRIA'SEMBARREIRAS – Banco de Dados/fonte: Baila Comigo
Def – Distúrbio da Eficiência Física/DefNet – Centro de Informática e Informações sobre
Paralisias Cerebrais.
E&FAV – Escola e Faculdade Angel Vianna
EAV – Escola de Dança Angel Vianna
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente.
FAV – Faculdade de Dança Angel Vianna
FID – Fórum Internacional de Dança e/ou Festival Internacional de Dança
MEC – Ministério da Educação
MINC – Ministério da Cultura
NSNSN|Nada sobre nós sem nós.Oficina Nacional de Indicações de Políticas Públicas
Culturais para Inclusão de Pessoa com Deficiência.
PCN – Plano Nacional de Cultura
SIINC – Sistema de Informações e Indicadores Nacionais de Cultura
SNC – Sistema Nacional de Cultura
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro
VSA do Brasil – Very Special Arts do Brasil – Programa Arte Sem Barreiras – Vida
Sensibilidade e Arte/Associação/VSA Internacional – Very Special Arts Internacional
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ANEXOS