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Universidade Federal do Rio de Janeiro - medicina.ufrj.br · 6 Résumé Le document a pour objectif général d'analyser la collection de documents de l' auteur elle-même de présenter

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Centro de Ciências da Saúde

Faculdade de Medicina

Departamento de Terapia Ocupacional

Curso de Pós-Graduação em Acessibilidade Cultural

Andréa Chiesorin Nunes

MODO DE PRODUÇÃO DE TRABALHOS EM ARTE COREOGRÁFICA

Campocorpo: a dança como meio a consolidar Setor Artístico

Corpocampo: a dança como modo de corpodespadronizado

Trabalho de memorial descritivo apresentado como requisito necessário à conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato sensu Especialização em Acessibilidade Cultural, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Medicina, Departamento de Terapia Ocupacional, para obtenção do título de especialista.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Vinícius de Almeida e Profa. Dra. Patrícia Dorneles

Rio de Janeiro Março de 2014

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Agradecimentos

Ao professor Marcos Vinícius de Almeida, pela simplicidade de me fazer entender o tema;

A professora Patrícia Dorneles, pela amável condução do processo e rigor na orientação;

Ao Andre Andries, amado sempre, por nossa história no arte sem barreiras;

Ao Jorge Marcio Pereira de Andrade e Rogério Andreolli, por não desistirem de mim;

A Valtair Romão, o Vavá, amigo, responsável por este meu trajeto;

Aos colegas do Curso de Especialização em Acessibilidade Cultural, novos amigos de rede;

A Faculdade e a Escola Angel Vianna, que me disponibilizaram horas para me qualificar;

A Maria Teresa Taquechel e Beth Caetano, pela acolhida em salas de aula de dança;

A Angel Vianna e Valéria Peixoto, pela oportunidade de trabalhar e aprender com vocês;

A Ilsa, Libero Filho e Netto, Alceu, Luciane, por mesmo a distância estarmos sempre perto;

Ao Alexandre Gonçalvez, ALÊ meu amor maior e meu sentido de viver.

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Resumo

A monografia tem como objetivo geral analisar o acervo documental da

própria autora para apresentar um esboço da trajetória de movimento social

formado por artistas, pessoas com e sem deficiência, por meio de ações

desenvolvidas no campo da Cultura, Educação, Arte e Política entre os anos de

1990 a 2014. Fatos e acontecimentos desse período serão revistos no sentido

apontar as conquistas e os retrocessos vivenciados por esse movimento.

Como objetivo específico, a pesquisa pretende mapear e cartografar a

memória da produção estética e artística de pessoas com deficiência como um

segmento cultural. Nesse sentido, o trabalho será voltado para o modo de

produção em arte coreográfica. Para tal, selecionou um histórico da

participação protagonizado por grupos artísticos em distintos períodos e

espaços culturais, pretendendo também verificar questões sobre a

acessibilidade artística.

Como proposta metodológica, pretendemos analisar as dimensões de

consciência coletiva, política e corporal, no sentido de apontar o “campo de

força” do território corpo. A investigação se fará pela prática da Psicologia na

abordagem da Análise Institucional criada por Felix Guattari. Trata-se de uma

intervenção micropolítica que abre a possibilidade de uma prática ao mesmo

tempo de análise e mudança; não só composto de indivíduos, mas

dependente de certo funcionamento social, econômico, institucional, micro e

macropolítico – que contribui para a manutenção pessoal e social e, portanto,

para um desbloqueamento das lutas políticas (Guattari/Rolnik, 1987 p. 69).

Essa ferramenta de analise é definida como meio a compreender a

profissionalização: o corpocampo e para dialogar com a circulação de obra de

arte: o campocorpo. Duas categorias que visam mapear a construção de

oportunidades e também a divisão social do trabalho ou não para a pessoa

com deficiência no Setor Cultural.

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Em resumo, essa proposta de estudo conjuga trajetória pessoal,

profissional e participação social e política da autora, seja como bailarina ou

psicóloga, e seu envolvimento com o tema da deficiência e da arte.

Nessa trajetória, será descrita a sua participação na Associação Vida

Sensibilidade e Arte/VSA do Brasil, no período de 1990 a 2004, especialmente,

a partir de 1999, quando passou a integrar o coletivo de voluntários da entidade

e, a partir do ano 2000, já atuando como principal Consultora e Curadora de

Dança, influenciando escolhas profissionais na formação em arte de pessoas

com deficiência no país.

Também será descrita a trajetória e a prática da autora na área dos

direitos humanos por meio da participação no “Projeto Baila Comigo” 1998 do

Centro de Informática e de Informações sobre Paralisias Cerebrais/DefNet,

realizado em parceria com a Escola Angel Vianna, onde conheceu Maria

Teresa Taquechel e posteriormente, com Rogério Andreolli e Fernanda Rocha

fizeram surgir, no Rio de Janeiro, a Pulsar Cia de Dança Contemporânea 2000,

aqui escolhida como tema e principal companhia para analisar o período e as

questões aqui propostas.

Palavras-chave:

Acessibilidade, dança, deficiência, profissionalização.

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Résumé

Le document a pour objectif général d'analyser la collection de documents de l' auteur elle-même de présenter un aperçu de la trajectoire du mouvement social composé d'artistes, de personnes handicapées et non handicapées, à travers des actions développées dans le domaine de la culture, de l'éducation, l'art et la politique, entre les années 1990-2014. faits et événements de cette période seront examinées afin de souligner les réalisations et les revers subis par ce mouvement.

Des objectifs spécifiques, la recherche vise à tracer et à la mémoire de la production esthétique et artistique des personnes handicapées comme un segment culturel. En ce sens, le travail est axé sur l'art chorégraphique de mode de production. Pour ce faire, sélectionnez une histoire de participation mettant en vedette des groupes artistiques dans les différentes périodes et des espaces culturels, avec l'intention de vérifier également sur les questions d'accessibilité artistiques.

Comme une proposition méthodologique, nous avons l'intention d'analyser les dimensions de la conscience politique collective et du corps, de souligner le " champ de force " territoire de corps. L'enquête sera effectuée par la pratique de la psychologie dans l'approche de l'analyse institutionnelle créée par Félix Guattari. Il s'agit d'une intervention micro qui ouvre la possibilité d'une pratique tandis que l'analyse et le changement; composé non seulement des individus, mais dépend de certains groupes sociaux, économiques, institutionnels, micro et macro - opération de politique - ce qui contribue à l'entretien personnel et social, et donc à la libération des luttes politiques (Guattari/Rolnik, 1987 p 69).

Cet outil d'analyse est défini comme un moyen de comprendre la professionnalisation: la corpocampo et de s'engager avec la circulation des œuvres d'art: campocorpo. Deux catégories qui visent à cartographier les possibilités de construction et aussi la division sociale du travail ou d'une personne non handicapée au secteur culturel.

En résumé, cette proposition d'étude combine la participation personnelle, professionnelle et sociale de l'auteur et la carrière politique, soit comme une danseuse ou un psychologu , et son implication avec le thème du handicap et de l'art .

Sur le chemin sera décrit leur participation à la vie syndicale et la sensibilité Arts / VSA du Brésil, dans la période 1990-2004, en particulier à partir de 1999, quand il rejoint le collectif de bénévoles de l'organisation et de 2000 agit déjà comme consultant principal et conservateur de la danse, influer sur les choix de carrière de la formation dans l'art des personnes handicapées dans le pays .

Aussi l'histoire et la pratique de l'auteur dans le domaine des droits de l'homme à travers la participation à «Projet Baila Me" en 1998, le Centre de Calcul et de l'information Paralysie Cérébrale / DefNet, menée en partenariat avec l'École Vianna Ange, où il a rencontré Mary seront décrites Teresa Taquechel et plus tard avec Roger Andreolli et Fernanda Rocha ont donné lieu, à Rio de Janeiro, le Pulsar Cia danse contemporaine en 2000, ici choisi comme thème principal et de l'entreprise pour analyser la période et les questions proposées ici.

Mots-clés:

Accessibilité , la danse , le handicap , la professionnalisation

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I PARTE – PRIMEIRO MOMENTO ............................................................................................... 8

Corpocampo como linguagem artística ......................................................................................... 8

PRÓLOGO .................................................................................................................................. 15

A contingência do memorial ........................................................................................................ 15

1ª ATO Capítulo UM .................................................................................................................... 22

Fusão de corpos e de campos de atuação ................................................................................. 22

II PARTE – SEGUNDO MOMENTO ........................................................................................... 37

Campocorpo como delimitação do campo de atuação ............................................................... 37

2º ATO – Capítulo DOIS.............................................................................................................. 37

Fusão: Corpo Clássico e Psicologia| Direitos Humanos ............................................................. 37

ENTRE ATO - Capítulo TRÊS ..................................................................................................... 47

Da filosofia à práxis: ação ........................................................................................................... 47

ENTRE ATO - Capítulo QUATRO ............................................................................................... 78

Fusão da Dança Clássica com a Dança Contemporânea .......................................................... 78

Fusão: Corpo Contemporâneo, Educação, Cultura, Arte e Estética .......................................... 81

3ª ATO - Capítulo CINCO ........................................................................................................... 91

Corpodespadronizado ................................................................................................................. 91

III PARTE – TERCEIRO MOVIMENTO..................................................................................... 106

ENTRE ATO - Capítulo SEIS .................................................................................................... 106

Analisadores históricos e construídos ....................................................................................... 106

4ª ATO - Capítulo SETE ............................................................................................................ 117

A CENA que não aparece e os RESULTADOS que não engrenam ........................................ 117

EPÍLOGO - Capítulo Oito .......................................................................................................... 152

Campos de Forças e Discussões Polêmicas ............................................................................ 152

IV PARTE – QUARTO MOMENTO ........................................................................................... 173

Considerações Finais ................................................................................................................ 173

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................... 178

ÍNDICE DE SIGLAS .................................................................................................................. 180

ANEXOS .................................................................................................................................... 181

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I PARTE – PRIMEIRO MOMENTO

Corpocampo como linguagem artística

Política de acesso e uso do acervo

A pesquisa em questão é o resultado de conclusão do Curso de

Especialização em Acessibilidade Cultural pela Universidade Federal do Rio de

Janeiro/UFRJ em parceria com o Ministério da Cultural/MinC/Secretaria de

Cidadania e Diversidade Cultural/SCDC.

Análise Institucional1 será utilizada como metodologia de pesquisa-ação

pela análise dos grupos sociais, de acontecimentos e fatos no campo de

trabalho da pessoa com deficiência e da cultura, tendo a experimentação

artística como dispositivo analisador.

Recorremos ao artigo de William Pereira (2007): Movimento

institucionalista: principais abordagens para introduzir o método teórico

escolhido:

A Análise Institucional ou Socioanálise é uma das modalidades do Institucionalismo mais difundidas no Brasil. Protagonizada por René Lourau e Georges Lapassade a partir da década de 60, surgiu como um prolongamento da Terapia Institucional, da Pedagogia Institucional, da Filosofia, da Sociologia Política e da Dinâmica de Grupo americana de Kurt Lewin. Direcionou-se em seguida para a análise de grupos sociais (e não de indivíduos). A Análise Institucional é um procedimento coletivo, que visa realizar análise dos integrantes de uma organização, as relações, as estruturas, as atitudes, as convenções e as práticas habituais. O papel do coordenador, analista institucional, é propor o surgimento do “não-dito”. Para isso, é necessário criar

1 Análise Institucional, termo criado por Felix Guattari, para nomear uma tendência na ação

movimento na década de 60, na França; A Análise Institucional-método válido para a pesquisa teórica, nas ciências humanas, para a intervenção psicossocial e para a experimentação social em geral. Método de análise em situação. Seu objeto se define como sendo a problemática social real, isto é, o lugar do sujeito inconsciente do grupo-suporte dos investimentos do desejo de seus membros. Trata-se de uma intervenção micropolítica abrindo a possibilidade de uma prática ao mesmo tempo de análise e mudança. Análise reveladora da singularidade do processo de um “agenciamento coletivo de enunciação” – não só composto de indivíduo, mas dependente de certo funcionamento social, econômico, institucional, micro e macropolítico – que contribui para a manutenção pessoal e social e, portanto, para o desbloqueamento das lutas políticas. (Revolução Molecular: pulsações políticas do desejo. Feliz Guattarri. Editora Brasiliense. São Paulo. 1987. 3ª edição. Nota da tradutora: Suely Rolnik. P.68 e 69.

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“dispositivos analisadores” históricos, espontâneos e naturais. Os analistas organizam a “subversão” (outra versão) da instituição com a ajuda da palavra, dos dispositivos analisadores e da participação dos membros.

De acordo com Lourau (1993), a Análise Institucional tem forças de teor instituíste e entra, portanto, em contradição com o já instituíste produtor de uma imobilidade a ser quebrada com a intervenção. Há uma íntima e imediata relação desses dispositivos analisadores com a consecução do processo de auto-análise e autogestão. Já que os membros do grupo assimilam um saber hegemônico sobre suas vidas, tomam consciência do grau de alienação que estão submetidos e produzem um novo clima político de gestão e administração de suas próprias organizações.O movimento institucionalista, embora abranja um amplo campo teórico e pratico, é o saber intersticial a sua marca principal, isto é, propostas que não se fixam, não se atêm a dogmas, mas se constituem em proposição permanente, contando com dispositivos inéditos, fluidos e desenquadrados, visando, operativamente, à autogestão das organizações. São duas correntes do movimento institucionalista: a análise institucional ou socioanálise e a sociopsicanálise (esta última, aqui não será abordada) (p.13 e 14). Trata-se de uma análise sustentada pelo coletivo, que assume a tarefa de pesquisar, questionar e analisar a história, os objetivos, a estrutura e o funcionamento da organização, além dos dispositivos, práticas e agentes grupais. A Socioanálise tem como objetivo ultrapassar a psicossociologia grupal e a sociologia das organizações, ao analisar as determinações ocultas dos grupos, tendo como protagonista o próprio coletivo. O papel do analista consiste em auxiliar a elucidar os conteúdos adormecidos, a fim de, na medida do possível, expor o material oculto, a partir do que os analistas institucionais denominam “dispositivos analisadores”, os quais podem ser divididos em duas categorias: construídos e espontâneos. Construídos são os dispositivos analisadores criados pelo analista e o coletivo para deflagrar o processo de análise: o resultado de uma pesquisa quantitativa e qualitativa, a exibição de um filme, um psicodrama, etc. Espontâneos, por sua vez, são os fenômenos que fazem parte do cotidiano das organizações institucionais: os fundadores, a missão, o poder, o dinheiro, a sexualidade, a burocracia (leis, normas, regulamentos e constituições), a corporeidade, as práticas do estabelecimento (p.18) (...) A principal fonte de coleta de analisadores concentra-se na pesquisa da história da instituição. O interesse pela análise do material histórico embasa-se na premissa de que reconstruir o passado auxilia na compreensão de como o mesmo está vivo e atuante no presente e, desde já, determinando o futuro. O levantamento de dados históricos faz parte do modelo de pesquisa-ação ou pesquisa participante: constrói-se de maneira democrática, porque o pesquisador faz com que os sujeitos se transformem em protagonistas do saber. Utiliza-se a autogestão e a auto-análise: os membros do grupo não recebem do exterior um saber, mas são provocados a tomar consciência do que são e, sobretudo, de suas potencialidades. Um dos aspectos relevantes da Socioanálise é que a equipe de analistas institucionais faz parte do processo. Existe também para ela certo desconhecimento de como as características gerais do sistema incidem no trabalho coletivo realizado; a isso se chama “análise da implicação” (BAREMBLITT, 1992). Na ocasião de intervenção, a equipe de analistas deve examinar também seus próprios conflitos e contradições. (p.14)

A implicação com o tema apresentado se dá pela livre escolha

profissional, quando pude escolher desde pequena, aos quatro anos que queria

ser bailarina e a partir dos onze anos, iniciei minha trajetória profissional em

artes. O que interessa nesta pesquisa é saber se todos podem escolher sua

profissão?

Estamos especificamente nos referindo a escolha pelo trabalho em arte

coreográfica, a quem está estendido este campo de trabalho? Esta

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oportunidade? Queremos com esta questão, problematizar a divisão social do

trabalho entre pessoas com e sem deficiências. Compreender a motivação, a

construção de desejo, de forma a não estabelecer impedimento frente à

escolha.

O interesse pelo assunto surgiu quando em 1998 no I Festival Latino

Americano de Artes Sem Barreiras no SESC Pompéia/São Paulo, apreciei pela

primeira vez, artistas: bailarinos e atores, pessoas com e sem deficiência juntos

encantando a plateia. Fruição estética que jamais se despregou do meu

imaginário, tenho em mim aquela presença cênica que me fizeram mover em

prol de uma causa.

Quando cheguei ao Rio de Janeiro em 1984 aos dezessete anos, era

bailarina clássica e desejava entrar no corpo de baile do Theatro Municipal do

Rio de Janeiro, vim acompanhar a família e motivada a fazer a audição. Desejo

que não se concretizou e adiante, na II Parte deste estudo, descrevo as

mudanças que atravessaram esta decisão.

Acabei entrando para a faculdade de psicologia em 1986 e sem muito

entusiasmo me aproximei do campo de atuação do psicólogo, foi quando

conheci a abordagem em socioanalise e, com mais evidencia me ressaltaram

as desigualdades da sociedade brasileira.

Passei a entender a importância da participação social na construção da

historia no país pela atuação na cidade e no campo específico e, não desejei

me alienar aguardando pelos acontecimentos, militante me tornei atenta às

macro e micropolíticas, desta forma, este trabalho está construído em dados

vivenciados e percorridos pela carreira de bailarina/dançarina e de

socioanalista da autora e estão elencados como objeto de investigação neste

memorial.

Em forma de narrativa nem sempre linear foram organizados assuntos

interligados em blocos, constituindo um conjunto de dados apresentados em

oito capítulos. Sistematizados em quatro partes/quatro momentos.

A pesquisa de modo não convencional utilizou-se do formato de obra de

arte para organizar cronologicamente e sem destacar prioridade os elementos

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apresentados, desta forma, o trabalho está composto na I Parte – primeiro

momento CORPOCAMPO COMO LINGUAGEM ESTÉTICA, com Prólogo: A

contingência do memorial e 1ª Ato: Fusão de corpos e de campos de atuação;

II Parte – segundo momento CAMPOCORPO COMO DELIMITAÇÃO DO

CAMPO DE ATUAÇÃO, com 2ª Ato: Fusão corpo clássico e psicologia/direitos

humanos, Entre Ato: da filosofia à práxis e a fusão da dança clássica com a

dança contemporânea; e no 3ª Ato: corpodespadronizado; III Parte – terceiro

momento apresentação dos analisadores; 4ª Ato: A CENA que não aparece e

os RESULTADOS que não engedram, com EPÍLOGO: campos de forças e

discussões polêmicas; IV Parte – quarto momento, com as considerações

finais.

O PRIMEIRO e o SEGUNDO MOMENTO contextualizam a gênese,

constitui a identidade e as influências da formação, apresenta experiências

norteadoras e a fusão entre os assuntos interligados que consolidam o campo

de intervenção em direitos humanos e arte, MOMENTO finalizado pelo capítulo

cinco sobre a Pulsar Cia de dança contemporânea, quando é apresentado o

entendimento de corpo (corpodespadronizado), meio a consolidar Setor

Artístico.

A partir do TERCEIRO MOVIMENTO no capítulo seis apresentam-se os

dispositivos analisadores, sejam esses históricos, espontâneos ou construídos;

como ferramentas para análise, uma estratégia documentalmente para registrar

arquivos institucionais e de uma trajetória personalizada no campo da cultura

da pessoa com deficiência e segmento cultural. E no 4ª Ato apontamos a Cena

que não aparece, são os resultados de diferentes encontros com propostas

concretas que não saem do papel e ainda no sétimo capítulo, finalizamos com

os campos de forças e discussões polêmicas.

Encerrando o trabalho com a IV Parte – QUARTO MOVIMENTO com as

considerações finais, apontando para a urgência para esta pauta com

continuidade e neste sentido, o estudo aqui apresentado seguirá como objeto

de pesquisa para o mestrado e doutorado.

Nesta investigação apresento relação direta com diferentes instituições e

grupos na causa dos direitos humanos e artes, o objetivo desta pesquisa é de

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levantar o legado de Albertina Brasil no Programa Artes Sem

Barreiras/Funarte/MinC, como de Jorge Márcio no Centro de Informática e

Informações sobre paralisias cerebrais/Defnet, ambos no Rio de Janeiroa,

quando serão narrados entre outros, fatos e acontecimentos que apresentem a

atuação do Movimento Social dos artistas, pessoas com e sem deficiência na

década de noventa, evidenciando sua existência como também, seu

esquecimento.

A relação com movimento social se naturalizou diante da sensibilidade

pessoal da pesquisadora por compreender que o preconceito, a discriminação

geram marcas estigmatizantes que produzem exclusão em escala muitas

vezes irreversível. Na pesquisa será apresentado um panorama dos

movimentos e das organizações em estudo e, para melhor compreensão

seguiram sub capítulos específicos.

A minha aproximação com a causa dos direitos da pessoa com

deficiência se deu pela implantação do Projeto Baila Comigo|DefNet ao

estabelecer parceria com a Escola Angel Vianna para a qualificação em dança

contemporânea e de reeducação motora e de terapia através da dança

firmando interesses em comum, em prol do artista.

Formada como bailarina contemporânea e estimulada operativamente à

autogestão das organizações, como respaldada pela visão da Psicologia pela

Análise Institucional em busca das revoluções moleculares promovidas por

ações micropolíticas, seguiu-se acompanhando os dispositivos inéditos e

transformamos o Projeto Baila Comigo num Programa de Ações Articuladas em

Arte do Movimento (2000 a 2014) capaz de aglutinar forças ao identificar o

potencial para uma rede.

Na ocasião também era membro da Coordenação Nacional de Artes

Cênicas do Programa Artes Sem Barreiras (2000 a 2004) – atuava como

consultora e curadora de Dança; coordenava o comitê estadual artes sem

barreiras Rio de Janeiro (1998 a 2004) - quando fundamos o Núcleo de

dança&teatro do Estado do Rio de Janeiro.

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A partir de 2004 passei a compor o Conselho Diretor da VSA do Brasil,

Associação Vida Sensibilidade e Arte até os dias de hoje e em exercício até

2016. Na Faculdade e Escola Angel Vianna – além de coordenar os cursos

técnicos de dança, coordeno o Programa Interagindo Ações/Departamento de

Extensão e Memória (2003 a 2013), como também sou cofundadora, gestora e

bailarina/interprete-criadora da Pulsar2 Cia de Dança Contemporânea, quando

em 1998 conheci Maria Teresa Taquechel Y Saiz, Elisabeth Caetano e

posteriormente Rogério Andreolli, artistas atuantes na causa a muito mais

tempo do que eu.

Buscaremos com este estudo mapear e se possível for recuperar com

esta iniciativa o caráter histórico e político d’arte feita por, com e para pessoas

com e sem deficiências no Brasil durante os anos de 1990 a 2004 pela

Associação Vida Sensibilidade e Arte |VSA - Associação Very Special Arts do

Brasil em parceria com o Centro de Programas Integrados | CEPIM Funarte –

Fundação Nacional de Artes| Ministério da Cultura, MinC.

Este trabalho de conclusão de curso – TCC tem como proposta, instituir

o Centro de Documentação, de Registro e de Memória Artes Sem Barreiras

(CDRMEMÓRIA’SEMBARREIRAS), organismo interno, da Associação Vida

Sensibilidade e Artes/VSA do Brasil em parceria com o DefNet- Centro de

Informática e Informações sobre Paralisias Cerebrais – Banco de Dados/Baila

Comigo.

Com o compromisso de mapear informações sobre os artistas, pessoas

com deficiência atuantes no campo cultural. Tendo como instrumento as ações

do Programa Artes Sem Barreiras/VSABrasil/Funarte/MinC (PASB) pelas ações

da Rede de Intervenção Baila Comigo/DefNet em parceria com a Escola e

Faculdade Angel Vianna. Na articulação de ações do movimento realizadas

juntamente com o núcleo de dança&teatro de arte, sem barreiras Rio, nos

últimos anos reunindo informações sobre o segmento.

2 Companhia de Dança do Rio de Janeiro - formada por atores e bailarinos pessoas com e sem

deficiências; fundada em 2000; (sobre este assunto verifique capítulo adiante na página 91)

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A Rede de Intervenção Baila Comigo é propulsora da criação do “CDR

MEMÓRIA'SEMBARREIRAS”, visa estabelecer o acesso aos documentos de

arquivos privados identificados como de interesse público e social, que poderá

ser franqueado mediante de seu proprietário ou possuidor.

A Rede constituída pelo movimento social de artistas do sudeste pelo

Estado do Rio de Janeiro através do núcleo de dança&teatro de arte, sem

barreiras um dos braços da Coordenação dos Cursos Técnicos da Escola de

Dança Angel Vianna (EAV) em Botafogo, na capital desde 2000.

Neste ano foi criada a Pulsar Cia de Dança Contemporânea, uma das

companhias do Núcleo de Coreógrafos da EAV, composta por atores e

bailarinos pessoas com e sem deficiências, onde sou interprete-criadora –

como também coordenadora do curso de bailarino contemporâneo e de

reeducação motora e de terapia através da dança.

A proposição desta política visa formalizar uma prática de acesso e uso

do acervo do “CDRMEMÓRIA'SEMBARREIRAS” em andamento, porém não se

encontrava registrada. O seu registro auxilia também na reflexão sobre as

possibilidades e dificuldades de atendimento de público externo,

particularmente sobre acesso e uso dos arquivos privados.

Documentação arquivada constituída de fotos, relatórios, jornais,

cartazes e outros testemunhos representativos do cotidiano dessa comunidade,

pertencente ao legado de Albertina Brasil, um patrimônio brasileiro,

consideramos que o acervo deva ser conservado, protegido, tratado e

informatizado antes de estar disponível totalmente e aberto à consulta.

Deve-se, contudo, ter reservas quanto ao manuseio desse material para

que não se acelere o processo de degradação, assim como, há de se cuidar do

uso que se fará dos documentos e das informações aí contidas ao apresentar

uma política de acesso e uso do acervo, com a intenção de disponibilizar

material e informações arquivadas nos últimos anos.

O projeto aqui apresentado quer contextualizar a existência do material

na intenção de proteger e de promover visibilidade diante aos artistas, pessoas

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com deficiência e a produção cultural. Despertar interesse pela visualidade do

assunto e constituir meio a atualizar as informações e oferecer um veículo para

melhor conhecimento artístico. Para que cada região cartografe a cadeia

produtiva no setor impulsionando que as setoriais de áreas instituam política de

acesso para os profissionais em questão.

Este trabalho trata de Política de Acesso, de Política Cultural no

segmento social da pessoa com deficiência. A pesquisa em questão reúne

informações referentes às últimas três décadas no Brasil, um levantamento

histórico dos movimentos sociais brasileiros comprometidos em assegurar o

campo de trabalho para o artista, pessoa com deficiência no Setor da Cultura.

PRÓLOGO

A contingência do memorial

Como metodologia de invetigação científica, este trabalho apresenta em

forma de memorial descritivo e historiografico a coleta de dados e informações

à respeito da produção cultural e artistica de pessoa com deficiência e

segmento cultural, tendo a expressão artística, a arte como eixo condutor para

o debate e, a perspectiva da diferença e da identidade como desafio nas

manifestações culturais, estabelecendo dois pontos a serem considerados: o

campo de trabalho em Artes e o trabalho do Artista.

Através da carreira de dançarina contemporâea descrito mais a frente no

capítulo específico sobre a formação em dança, tive meu primeiro contato com

a pesquisa corporal e com o movimento social de artistas pessoas com e sem

deficiências, a dezesseis anos atrás, na época, retornei a dança para somar

meus conhecimentos com a psicologia e atuar com a arte para transformação

social. Sequer imaginava que um campo profissional me aguardava. Hoje sou

interprete-criadora de uma das cias que aquecem o mercado capital no Setor.

A intenção desta pesquisa é de levantar informações a partir da

participação da pessoa com deficiência e seus processos criativos, para

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mapear o campo de trabalho através dos Festivias de Artes Cênicas, aqui

elencados como “dispositivos analisadores”, desta forma, a partir de agora

passaremos a compreender o campo de atuação em Arte, como campocorpo,

uma estratégia metodológica para localizar o campo de atuação dos artistas,

pessoas com deficiência, levantando informações sobre o trabalho em Arte na

engrenagem do Setor Cultural.

Nos interessa, onde circulam suas obras, assim, ao cartografar os

caminhos percorridos pelos grupos e cias poder-se-á elucidar em qual Setor o

artista, pessoa com deficiência atua, temos a consciência que não

esgotaremos a cartografia desejada, faremos uma introdução ao assunto, de

modo a apresentar a relevância da pesquisa no campo da deficiência, arte e do

trabalho.

Por conta da pesquisa compareço ao Centro de Documentação e

Informação da Funarte, CEDOC3 no Rio de Janeiro (RJ), para identificar o

assunto e localiei dossiês a respeito do Programa Artes Sem Barreiras/VSA do

Brasil/Funarte/MinC; – todos no período das três últimas décadas; folders;

cartazes; matérias jornalisticas de eventos realizados pela participação deste

segmento artístico.

Compreendi desta forma, que não existem registros anteriores a 1990

sobre a produção artistica de pessoas com deficiência no Brasil. Considero

este fato preocupante, convenhamos, cabe ao Centro de Documentação/

CEDOC/Funarte/MinC reunir informações da historia brasileira no Setor

Cultural. Entre tantas ausencias temos aqui a responsabilidade de registrar a

precariedade diante do acervo da memória cultural da nação, o artista, pessoa

com deficiência deve ser mais um dos segmentos sem registros.

As lacunas históricas do Setor causam danos irreparávies para a

cidadania da pessoa com deficiência nas atuais e nas futuras gerações, se não

houver valor simbolico atrelado ao segmento como a sociedade poderá aqui no

caso, identificar produtividade artiscas na pessoas com deficiência? Podemos

3 Centro de Documentação e Informação/Funarte/CEDOC

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dizer que a ausencia de reconhecimento, a omisão em fatos históricos

compromete a identidade artística da pessoa com deficiência?

Considerando que avançamos no campo democrático das conquistas

sociais, queremos lembrar que estamos em 2014, no século XXI e não temos

visualidade “imagética” que evidencie a participação do artista, pessoa com

deficiência na histórica da cultura no Brasil, esta é uma questão de direito civil

e desta forma a participação social no brasil sempre esteve presente e

resistente, foi quando em 2005 a Associaação Vida Sensibilidade e Arte 2005

realiza no Centro Cultural do Banco do Brasil/RJ um evento envolvendo artistas

pessoas com e sem deficiência nos artistas convidados, a seguir segue o texto

de abertura do catálogo, a nove anos:

Há quatro séculos, Cervantes apresentou-nos Dom Quixote, o Cavaleiro da Triste Figura, que sob imaginária armadura e lança em riste, riscou infinitos caminhos e arregaçou as portas da imaginação, adentrando por aquela morada em cujo interior habitavam as visões, os delírios, as metáforas antigas e novas, os bastidores da casa dos artistas. Ao transpor para ambiente literário e artístico as andanças e venturas de um homem comum, diferente mental, o humor cevantino ativou e libertou sentidos, possibilidades e metáforas para o que veio a ser a arte moderna. Tudo que é comum ao ser humano, como as deficiêcnias ou diferenças, pode e deve ser trabalhado num ambiente artístico. Só não o é, quando uma sociedade administrada pelo preconceito e a discriminação, aprisiona ou aparta dela corpos e mentes com maneiras distintas de ser e se mover; promove a desigualdade e ainjustiçarefreia a necessidade de transcedência dos seres humanos, a busca e o desejo inerente de uma vida esplêndida.A prosa da realidade social não pode submeter e sobrepor-se à imaginação poética. A vida, desse e daquele tempo quixotesco, seria por demais enfadonha e irrespirável sem a diversidade de corpos, sem os loucos com suas idéias e modos distintos de estar no mundo, seja ele visível ou inviível, verbalizado ou mudo.Nessa mostra em que se fala, se discute e, masi uma vez, indaga-se e tenta-se alargar o conceito de Arte e Diversidade, Antônio Francisco Lisboa é homenageado como artista símbolo, pelo seu afro-barroco tropical de santos e profetas mestiçados, curvos e tortos, que espelham o drama e a emoção do ser humano para semre imperfeito.Aqui, homenageia-se também a Dra. Nise da Silveira, no transcurso do centenário do seu nascimento e Albertina Brasil Santos, fundadora e diretora por 14 anos de nossa entidade, falecida em janeiro de 2004, e que nos legou a realização dessa mostra como seu último desejo.Transpor barreiras comportamentais e trazer para o campo das formulações e da produção estética contemporânea o fazer artístico de centenas de artistas com deficiência, é a princial porposta dos organizadores dessa Mostra.(Rio de Janeiro, maio de 2005 – Associação Vida, Sensibilidade e Arte | Very Special Arts do Brasil)

4

Quais artistas brasileiros pessoas com deficiência temos acesso nos

arquivos dos Centros de Documentação? Como mapear este segmento? Quais

4 Mostra ARTE, diversidade e inclusão sociocultural, evento realizado no Centro Cultural do

Banco do Brasil do Rio de Janeiro em 2005; (sobre este assunto verifique capítulo adiante na página

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artistas pessoa com deficiêcnia recordamos do século XX? Do século XIX? Do

século XVIII?

Sim existem aparições isoladas, o objetivo deste trabalho e para desafiar

as politicas publicas de cultura a ampliar seu escopo de intervenção e

incentivar através do Sistema Nacional de Cultura, que as Secretárias

Municipais e Estaduais de Cultura localizem profissionais no campo da Arte e

da Deficiência com o compromisso de legetimar a produção artistica do Setor

engrenando a participação do artista, pessoa com deficiência e segmento

cultural.

Diante desta invisibilidade apresentamos duas situações: o artista

consagrado que adquiriu deficiência e não fortalece o segmento ou na mesma

situação, sem ser atista consagrado, o artista, pessoa com deficiência

permanece invisível e, a pessoa com deficiência que escolhe a arte como

campo de trabalho e não tem oportunidades de ascenção no campo

profissional. O que falta para impulsionar este segmento no Setor Cultural?

Formação e qualificação da pessoa com deficiência em Artes?

A ausência de informações sobre a participação da pessoa com

deficiência, aponta para a necessidade de um registro institucionalizado pelo

Ministério da Cultura, no que diz respeito a produção de Arte desenvolvida por

artista, pessoa com deficiêcnia no Setor Cultural Brasileiro.

Ao acompanhar o movimento social dos artistas, pessoas com

deficiência no Brasil presencia-se trabalho de qualidade, com profundidade

estética que deveriam estar elencados na relação de Patrimônio Cultural do

Brasil, esta questão precisa ser discutida ao ponto de romper estigmas que

mantem este segmento excluído do Setor Cultural.

Atualmente são aplicadas dezenas de politicas afirmativas diante da

omissão do Estado frente ao cidadão. Entre tantas prioridades do segmentos

da pessoa com deficiência, aqui nos cabe produzir conhecimento de área a

sustentar reparação de danos no Setor compreendendo que a ausencia de

investimento no Setor Cultural mantém pessoa com deficiência excluída do

campo artistico, impedindo esta opção pela escolha e aquecimento no campo

de trabalho. Pensando em direitos sociais e fundamentais cabe a nação, ao

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Estado historiografar a participaçao da pessoa com deficiência na sociedade

brasielira, este capítulo deverá ser uma resistencia nas prioridades do

segmento, já que o Setor Cultural não é prioridade.

O repertório, como chamamos a obra artistica é a linguagem constituída

em cada grupo ou companhia e não é uma prerrogativa de todos os grupos ou

cias, não tem haver com estilo ou com coreografias, atingir este estágio de

produção cultural é um desafio para todo os artista, como também do diretor ou

coreografo visando despertar interesse e vias de conhecimento ao apresentar

pontos específicos e complexos no assunto.

. E é pela linguagem que apresentamos outro “dispositivo analisador” o

corpocampo, considerando que a pesquisa corporal é individual de cada artista

e este compõe com um grupo de pessoas com e sem deficiência, neste

segmento específico uma linguagem coletiva, que expressa a lingagem do

trabalho corporal “da cia ou do grupo”. Simultaneamente surgem diversas

engrenagens que compõe a cena, preparação técnica e conceito da

investigação corporal, dramaturgia, ilumunação, música, figurino, etc.

Mas o importante ressaltar aqui, é que, para consolidar um segmento

faz se necessário a existência de diferentes linguagem no mesmo segmento, a

produção cultural tem que sustentar a variação de pesquisas inovadoras para

caracterizar um conjunto de obras e, para que um trabalho artistico seja

considerado uma obra de arte é preciso atender diversos requistos do Setor

Cultural.

No Brasil apesar dos raros incentivos neste campo, podemos considerar

avanços nas pesquisas artisticas no campo das Artes Coreográficas e destacar

a resistencia de trabalho neste segmento que continuam a investir para manter

seus trabalhos circulando. Também é importante registrar que muitos artistas,

pessoas com deficiências, como grupos e companhias interromperam seus

trabalhos por falta de estrutura e condições financeiras de manter a qualidade

dos trabalhos. Com isso vale ressaltar que podem estar em extinção

pesquisadores deste campo.

Como este trabalho é uma narrativa histórica do segmento artistico da

pessoa com deficiência e sgmento cultural, desafiando, o alcance ao Setor

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Cultural, estudadremos como campocorpo a trajetória da Pulsar Cia de Dança

Contemporânea/Rio de Janeiro como “dispositivo de análise” levando em

consideração uma premiação inédita no segmento da pessoa com deficiência,

um reconhecimento do Setor Cultural aos desafios do segmento, quando que

em 2004 recebeu das mãos do Presidente da República e do Ministro da

Cultura, em Brasília no Palácio do Planalto o PRÊMIO ORDEM DO MÉRITO

CULTURAL.

Pela participação da Pulsar nos Festivais de Artes analisaremos nas

mesmas ou em outras edições dos mesmos Festivias a abertura para a

participação de outras Cias ou Grupos artisticos do segmento, compreendendo

a circulação do corpocampo, de forma a demonstrar a naturalidade da fruição

estética pelo corpo despdronizado5, demarcando conquista junto aso curadores

que se abrem para receber esta linguagem.

A pesquisa utiliza duas categorias da Analise Institucional para elencar

os dispositivos analisadores que seram apresentados nas discussões, são

estes: os dispositivos construídos e os espontâneos; os construídos para

deflagrar “nalisador histórico” apontado no processo de análise e, os

espontâneos para indicar fenômenos que fazem parte do cotidiano do “objeto

da investigação” em analise.

Como este trabalho analisa o protagonismo na causa pelo espaço

artistico para a pessoa com deficiência e segmento, faremos um estudo

personalizado na intervenção do Comitê Estadual de Artes Sem Barreiras/Rio

de Janeiro – pelo Núcleo de dança&teatro em torno dos agenciamentos e da

trajetória profissional da coordenadora, membro deste segmento como

dançarina da Pulsar Cia de Dança/RJ.

Levantando informações do “fazer artístico” de bailarina interprete-

criadora pelo dispositivo construído: corpocampo diante dos desafios do

campocorpo, construído também, quando dialeticamente será possível

estabelecer as relações na cadeia produtiva pelo campo de trabalho no Setor.

5 “corpo despadronizado”: conceito para remeter a um corpo sujeito, instituidor de percepções

quebraparadgmáticas do corpo padrão.

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Alinhar o “fazer artístico” como peça na engrenagem do “fazer psi” é

um dos objetivo desta investigação, que pretende encontrar caminhos para

historicizar novas práticas no entendimento de campocorpo, como modo de

produção de trabalhos em ARTES COREOGRÁFICAS na cadeia produtiva do

setor visando o mercado cultutural, projetando a dança como meio a consolidar

o Setor Artístico.

Como desafio propomos mapear também o protagonismo do profissional

de psicologia, na militância pela defesa e na garantia de assegurar os direitos

humanos pela escolha profissional, considerando o campo artistico uma opção

de formação e de mercado de trabalho para todos. Inserindo o contexto da

Cultura Brasileira, da produção de Arte e Estética como um campo de atuação.

Desta forma, apresento os conteúdos da plataforma lattes sobre meu

percurso para que através destes dados seja possível compreender a trajetória

narrada nesta pesquisa, http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do#;

Andrea Chiesorin Nunes nasceu em Curitiba no Paraná e vive no Rio de Janeiro há vinte e nove anos, iniciou seus estudos de Balé aos quatro anos de idade, e a partir dos onze anos, iniciou-se no Programa do Royal Ballet no Studio D com Dora de Paula Soares e Hugo Delavalle, seus metres de Ballet. No início da década de 80 fez parte da companhia profissional do Studio D dançando vários balés de repertório: Cophélia, Quebra Nozes, Cinderela, Gaitê Parisiense entre outros. Formou-se em Dança contemporânea na Escola Angel Vianna em 2000 e é co-fundadora, pesquisadora de figurino e bailarina, interprete-criadora da Pulsar Cia de Dança Contemporânea; aos dezessete anos quando chegou ao Rio de Janeiro estudou e graduou-se em psicologia pela Universidade Gama Filho (1991), quando se aproximou da Análise Institucional, através desta perspectiva busca desenvolver ações voltadas para a garantia dos Direitos Humanos. Foi psicóloga do Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, entre outros projetos. Participou do Projeto de Implementação do Sistema Nacional de Garantias dos Direitos da Criança e do Adolescente. Fundou o Instituto de Imagem e Cidadania no Rio de Janeiro; é terapeuta do Banco de Horas do Instituto de Ação Cultural, desde 1993. Diretora do Conselho Diretor da Associação Vida, Sensibilidade e Artes a partir de 2004; Desde 1999 responsável pelo Comitê Estadual de Artes Sem Barreiras e do Núcleo de Dança&Teatro do Rio de Janeiro. Trabalha na Escola e na Faculdade Angel Vianna, desde 2003 onde é Assessora de Direção e Coordena o Programa de Projetos Especiais – Extensão e Memória, como Coordena o Curso Técnico de Bailarino Contemporâneo e o de Reeducação Motora e de Terapia através da Dança. ÁREAS DE INTERESSE: Artes; Artes Sem Barreiras; Dança; Dança Contemporânea; Estética; Diferenças; Deficiências; Acesso; Acessibilidade; Mobilidades; Garantias dos Direitos Humanos; Mulher; Sexualidades; Educação; Capacitação e Qualificação profissional; Politicas Culturais; Setor Artístico; Segmento Pessoa com Deficiência (resumo currículo lattes, 2014);

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1ª ATO Capítulo UM

Fusão de corpos e de campos de atuação

Com a apresentação deste resumo currícular, seguimos com a narrativa

de desenvolvimento profissional na carreira de bailarino e/ou de dançarino e,

de analista institucional para esta pesquisa-intervenção6, buscando elementos

e indicadores de produção que colaborem com o mapeamento do campocorpo

como, com a cartografia do corpocampo inserindo o trabalho do artista, pessoa

com deficiência e segmento cultural na cadeia produtiva do Setor Cultural de

modo, a levantar informações sem excluir dados desta participação. Ao refletir

com Brito, 2008, vemos que a:

Dança e história, entendidas como meios de organizar informações culturais, são estruturas organizadas sob diferentes configurações, que exprimem diferentes escalas da experiência humana de passagem do tempo: uma no corpo e outra no ambiente de existência deste corpo. (p.19)

A cartografia irá acompanhar alguns percurso da arte e da manifestação

cultural desenvolvido pelo Ministério da Cultura durante os anos de 1990 à

2014 para pessoas com deficiências, ora pelo Programa Artes Sem

Barrerias/PASB dirigido por Albertina dos Santos Brasil até 2004, ora pela

Secretaria de Identidade e Divesridade Cultural/SID dirigida por Américo

Córdula em 2007 e 2008, ora pela Secretaria de Cidadania e Diversidade

Cultural, dirigida pela Marcia Rollemberg 2012/2013 e 2014.

Entre os artistas acompanharemos o percurso de Rogerio Andreolli, ator

e bailarino artista, pessoa com deficiência que desde o início é um dos

protagonistas da politica pública de cultura pela Funarte no segmento, do Setor

Cultural. Quando iniciando seu trabalho no Grupo de Dança Giro de Niterói por

Rosangela Bernabé, uma das pioneiras brasileiras no Setor e também pela

participação de Elisabeth Caetano, bailarina artista e se tornou pessoa com

deficiência, Beth dançou no Grupo Giro e também foi aluna de Tatiana Lescova

e de Angel Vianna, ambas mestras da dança brasileira.

6 Pesquisa-intervenção; significa pesquisador participante; inserido no contexto abordado;

nesta forma de pesquisa não a neutralidade e sim implicação do pesquisador no assunto levantado; método da Analise Institucional;

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Nos útimos anos Rogério e Beth fazem parte do elenco da Pulsar

comigo e com a diretora Maria Teresa Taquechel Y Says, a companhia tem

cinco espetáculos e nos dois últimos, ambos participaram do processo criativo

conosco. A relação que procuro estabelecer nesta pesquisa é sobre a des

padronização do copro em dança, assunto pertinente para a dança

contemporânea, já que à ela e em poucas palavras, interessa a investigação

dos corpos, a construção de linguagem e do que quer e pode um corpo!

(...) “a dança contemporânea expressa uma lógica relacional não hierárquica entre corpo e mundo” (Fabiana Brito 2008, p.15)

Continuando o estudo de Brito (2008) e, ao analisar seu livro:

temporalidade em dança: parâmetros para uma história contemporânea,

quando nós é apresentado uma carta de des/intenções:

o propósito da tese é de investigar em quais termos um modelo teórico de historiografia poderia dar conta de explicar o sentido evolutivo do processo de transformação histórica da dança, tendo em vista a ausência de tal preocupação na historiografia de dança produzida no país (p.13) (...) o trabalho não se pretende a uma revisão crítica da historiografia de dança (...) também não se propõe a formular uma história da dança, mas sim a oferecer novos parâmetros para subsidiar investidas futuras neste campo (p.14) (..) trata-se apenas de aproximar a dança dos princípios lógicos e conceitos científicos condizentes com seu modo de existir no mundo, configura-se no corpo e articula-se no tempo, pois desta coerência entre os formatos dos assuntos relacionados depende a eficiência operativa de qualquer sistema cultural (p.14 e 15) (...) o modo de existir só ganha historicidade através das correlações estabelecidas entre os registros produzidos sobre ela (...) diferentemente das outras artes, na dança, produto (objeto estético) e autor (corpo) ocupam o mesmo espaço-tempo, embora um seja resultante da ação do outro, quando a dança é dançada pelo corpo, ambos constituem-se uma mesma materialidade- a dança (p.26).

Desta forma, estar artisticamente com a pessoa com deficiência no

processo criativo é uma escolha que acontece pelo entendimento de troca, pelo

elo de mudança capaz de ser produzido pelas experiências e soluções

estéticas por vir. Por uma abertura em diferentes dimensões, é quando, ocorre

a quebra de padrão, me lembro que no início depois que assisti o Festival de

Artes Sem Barreiras quando não reconheci Rogerio e Beth, que se

apresentavam pelo Grupo Giro, passei a desejar dançar e conviver com

pessoas com deficiência profissionalmente, por identificar linguagem capaz de

apresentar outro modo de existir, de entender um corpo e nem imaginava que

ira dançar logo com eles, referências nacionais no segmento.

Neste estudo busco caminhos para dialogar sobre o sentido de

entendimentos do corpo; do que pode e quer um corpo; por meio a criar

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analogias, percepções sobre “um corpo” ou “o corpo”; com a intenção de

apresentar uma outra leitura de corpo, de um “corpo (corpodespadronizado)”7,

rico em surpresas e engrenagens articuláveis capaz de desconstruir barreiras

“existentes” na SETORIAL DE DANÇA.

Pensar o corpo, como produtor de linguagem é um dos caminhos deste

estudo, por isso esta narrativa se dá também pelo fazer artístico na prática do

fazer psi que me faz coadunar o pensamento crítico e uníssono do fazer

político unificando as áreas de conhecimento: arte e psicologia, pela

identificação da história e da dança contemporânea.

(...) ao contrário do que surge como naturalidade de constituir num corpo humano em movimento, a dança não se dá a entender sem exercício intelectual (Brito 2008 p.27).

Proponho este dialogo como uma analogia relembrando que em 2001 no

Encontro Nacional Dança para Pessoas com Deficiência em Macaé entre cerca

de trezentos participantes, o movimento social dos artistas dançarinos, refletiu

o termo polêmico “dança Inclusiva” para se referir a esta produção cultural,

aplicado por Henrique Amoedo um dos coreógrafos, quando necessitava

teoricamente de uma “referência” para o segmento.

Discussão acirrada até os dias de hoje, identificada por alguns como

necessidade de classificação para construir campo de atuação e para outros

como termo segregador; como produção de estratificação e perda de tempo na

construção por espaço de trabalho frete a cadeia produtiva no Setor Cultural.

(...) a eficiência das analogias depende não somente de um lastro informativo assegurado previamente – que permita identificar uma coisa pela outra – mas também de uma definição muito clara quanto ao aspecto tomado de cada parte envolvida para conjugá-las (Brito, 2008.p.111).

Pensando no propósito de Fabiana Brito (2008), diante ao sentido

evolutivo do processo de transformação histórica da dança em oferecer novos

parâmetros para subsidiar investidas futuras neste campo, que trazemos a

produção artistica da pessoa com deficiência para reflexão no campo da

7 Corpo despadronizado, denominação para conceituar corpos com fisicalidades diferentes

(expressão utilizado por uma pesquisadora espanhola para se referir a artistas, pessoas com deficiências; palestra do encontro Ibero-americano, com.posições.políticas 2010 no Centro Cultural da Espanha/RJ).

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Dança. Considerando que o modo de existir ganha historicidade através das

correlações estabelecidas entre os registros produzidos sobre ela.

Identificar a metodologia norteadora para esta investigação foi um

desafio deste memorial, segundo com Brito (2008),

(...) o que a histotiografia articula com o mundo não é propriamente a história das correlações, mas a narrativa historiográfica delas: uma sistematização teórica sobre o sentido das diferenças produzidas pelos acontecimentos – uma função fundamental para o desenvolvimento de qualquer matéria cultural, pois, considerando-se a predominância da tradição escrita de transmissão de conhecimentos, da teoria depende a irradiação desses formatos de informação (p.23) (...) como todp modelo teórico, a eficiência técnica da historiografia depende ainda da sua adequação ao objeto que focaliza. Isto significa um comprometimento de ajuste lógico-conceitual entre os parâmetros de sustentação do argumento historiográfico e as particularidades do assunto historiografado. Dito de outro modo, são as propriedades da dança que estabelecem as condições para sua historiografia – que, então, poderá ser pensada não mais como uma narrativa de percursos traçados por agentes que, distintos do seu meio, modificam-se uns aos outros conforme dominâncias hierárquicas atríbuídas à eles mas, sim como narrativa dos processos não-lineares de codefinição a que estão submetidos todos os organismos, sistemas e ambientes simultânea, indistinta e involuntaria. Trata-se de pensar a história de qualquer coisa como a história da elaboração cooperativa de cada identidade, a partir da ativação de suas propriedades particulares, no lugar de uma história de identidades construídas (p.25)

A pesquisa tem a intenção de apontar através do percurso de artistas,

pessoas com deficiência e segmento cultural as suas atuações, trata-se de um

levantamento de dados capaz de promover a discussão entre os conteúdos e

gerar interesse de modo a cartografar dezenas, conjunto de artistas atuantes

no mercado cultural brasileiro, com a intenção de despertar interesse para a

atualização do Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais

(SNIIC) META 01 do Plano Nacional de Cultura (PCN); ter sistema de cultura

em todos os estados e em 3.339 cidades do Brasil (60%), para tornar efetivo o

Sistema Nacional de Cultura (SNC). Considerando que para Brito (2008),

a dinâmica relacional é geradora de diferenças que caracterizam uma mudança de estado na circunstância de onde emergem – afetando, aquilo que podemos ver: a dança, e aquilo que podemos tocar: o corpo. A historiografia é justamente o registro dessa diferença que, por sua vez, constitui uma informação participante da mesma dinâmica de correlações transformativas (...) o processo, sendo ininterrupto e acumulativo, resulta na crescente complexificação do sistema cultural (...) o registro historiográfico fornece um indicativo das codeterminâncias implicadas na elaboração da identidade delas e na transformação histórica de cada uma, isto é, um indicativo dos efeitos propagados pelas correlações que umas estabelecem com as outras, aolongo do tempo. (p.23 3 24);

podemos estabelecer no campo da arte e da pessoa com deficiência a

prioridade em informação participante, gerar entre os artistas e gestores de

cultura sensíveis ao segmento, que o registro historiográfico indicará a

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necessidade de recursos a serem aplicados no Setor em cada Prefeitura e

Estado, buscando desta forma meios para aquecer o investimento em

formação e qualificação profissional.

Na intenção de fomentar o assunto sobre a divisão social do trabalho de

modo a entender como o artista, atuante nas artes coreográficas no Brasil atua

no Setor Cultural gerando renda? Já que trabalho e escolha profissional são

direitos fundamentais, como cada Prefeitura está lidando com esta demanda?

Ao considerar que a ampla convivência com a pessoa com deficiência

produtiva e apta a estabelecer conexões com a sociedade será momento

irreversível na história da civilização brasileira, os gestores públicos deveriam

se preparar para esta necessidade.

Diante desta questão, podemos destacar alguns pontos do artigo: A

produção social da identidade e da diferença de Tomaz Tadeu da Silva (2002)

sobre a necessidade de construir oportunidades na divisão social do trabalho,

(...) dividir o mundo social entre "nós" e "eles" significa classificar. O processo de classificação é central na vida social. Ele pode ser entendido como um ato de significação pelo qual dividimos e ordenamos o mundo social em grupos, em classes (pg. 03).

Entender entre estes artistas, aonde se encontra a produção do artista,

pessoa com deficiência. Estabelecer uma analogia neste sentido com a

produção de artes coreográficas. Buscando dados e informações a evidenciar,

como escoam suas produções em arte e/ou cultura brasileira do Setor deste

segmento artístico. Como e onde circulam?

Descobrir se estes dados interessam? E a quem interessam? Refletir

junto ao ministério público e ao ministério do trabalho por onde andam estes

trabalhadores da cultura?

Criar qual dado gerador de informação que verifique algo substancioso

para a economia da cultura, algo que possa interessar e que demande e

encomende um norte/ um indicador/ um índice que represente o segmento

artístico, da pessoa com deficiência:

(...) A mais importante forma de classificação é aquela que se estrutura em torno de oposições binárias, isto é, em torno de duas classes polarizadas. O filósofo francês Jacques Derrida analisou detalhadamente esse processo. Para

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ele, as oposições binárias não expressam uma simples divisão do mundo em duas classes simétricas: em uma oposição binária, um dos termos é sempre privilegiado, recebendo um valor positivo, enquanto o outro recebe uma carga negativa. "Nós" e "eles", por exemplo, constitui uma típica oposição binária: não é preciso dizer qual termo é, aqui, privilegiado. As relações de identidade e diferença ordenam-se, todas, em torno de oposições binárias: masculino/feminino, branco/negro, heterossexual/ homossexual. Questionar a identidade e a diferença como relações de poder significa problematizar os binarismos em torno dos quais elas se organizam (Silva, 2002. P.4).

Considerando que a espera pela construção de demanda no setor é

excludente, setor este que se encontra “atrofiado socialmente” e sem efetiva

cidadania; o lento agir é omitir e pactuar com outras décadas de anulação de

trabalho produzido, a história artística existe, ela não está conta, não está

disponível e nem instituída.

Desta forma cerca de oitenta artistas, pessoas com deficiência e

segmento cultural estiveram reunidas através da Secretaria de Identidade e

Diversidade Cultural/MinC em 2008 no Rio de Janeiro para participar do

processo democrático do Plano Nacional de Cultura, iniciado em 2004 em uma

Oficina Nacional de indicação de políticas públicas culturais para a inclusão de

Pessoas com Deficiência, denominada como Nada sobre Nós sem Nós8.

Acreditando em desdobramentos e na força coletiva que somam

esforços e nutre, a esperança que vale a pena continuar conheci a professora

doutora Patrícia Dorneles em 2007, quando foi responsável pela coordenação

desta referida Oficina, quando foi convidou a colaborar com informações a

respeito do segmento e ser consultora da atividade.

Momento muito importante para os artistas pessoas com deficiência,

digamos um recomeço para o movimento social deste segmento e com

Dorneles tenho alinhado e praticado o lema: Nada sem Nós sem NÓS. Patrícia

chegou ao meu contato através do Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade

médico, fundador do DefNe, parceiro responsável pelo meu engajamento na

causa e por promover estes encontros, o com Patrícia e com os artistas na

8 O lema surgiu pelos lideres africanos em 1986 depois de muita luta, a iniciativa politica para mobilizar as

pessoas com deficiência para reivindicar seus direitos; e a iniciativa desenvolvimentista para gerar renda; também construíram uma nova filosófica: a deficiência não era uma questão de saúde e bem-estar, e sim uma questão de direitos humanos e de desenvolvimento; o modelo médico e assistentes sociais “não deveriam controlar nossa vida, os métodos pacifistas de luta serviriam melhor à nossa causa e nós deveríamos nos alinhar com o movimento de libertação. Nós conscientizamos e adotamos o nosso (agora famoso) lema: nada sobre nós sem nós; William Rowland; http://www.bengalalegal.com/nada-sobre-nos

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Oficina de indicações de políticas públicas culturais, quando instituímos o

quarto eixo o de acessibilidade. Ambas atuamos engajads em setores distintos

e unificamos lutas em prol aos avanços politicos deste campo.

Nesta ocasião em 2008 estabelecemos no EIXO Patrimônio; a

DIRETRIZ 3. Criar instrumentos para que a produção cultural possa acontecer

e ser reconhecida nos campos artísticos, éticos, estéticos, social, político e

cultural, apontando para a circulação e uso social do patrimônio;

3.1. Dar visibilidade para a produção artística e cultural da pessoa com

deficiência;

E no EIXO Acessibilidade; DIRETRIZ 1. Garantir que todas as políticas,

programas, projetos, eventos e espaços úblicos no campo artístico e cultural

sejam concebidos e executados de acordo com a legislação nacional já

existente que garante acessibilidade e conforme disposto na Convenção sobre

os Direitos da Pessoa com Deficiência (Onu); AÇÃO 1.2. Promover a

capacitação dos gestores, técnicos e avaliadores dos editais públicos levando

em consideração os requisitos e parâmetros dispostos na Convenção sobre os

Direitos das Pessoas com Deficiência (Onu) e 1.8. Criar um comitê de arte e

cultura para dialogar com todos os ministérios visando ações conjuntas na

promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência à arte e à cultura.

A Profa. Dra. Patrícia Dorneles em 2007, quando foi responsável pela

coordenação da Oficina acima citada, teve a sensibilidade e o entendimento

profundo quando sugerimos o quarto eixo temático: acessibilidade,

compromissada com a causa, prontamente instituiu a proposta, estabelecendo

um caminho para seguirmos nas conquistas deste campo.

Acessibiliade passou a ser um instrumental para avançarmos na Politica

de Acesso, a iniciativa da criação deste curso de especialização, que foi

elaborado e firmado por Patrícia Dorneles pode ter sido inspirada nos

resultados da Oficina Nacional de indicações de políticas públicas culturais

para inclusão de Pessoa com Deficiência.

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O Ministério da Cultura, através da Funarte em 1990 até 2006

desenvolveu política própria de cultura para este setor e segundo a Funarte

(2005):

O Programa Arte sem Barreiras sempre teve o apoio da Funarte, mas passou a fazer parte da sua estrutura administrativa e orçamentária efetivamente a partir de 2003, desenvolvendo atividades que visam a abrir espaços para o artista com deficiência, incentivando a produção e circulação de conhecimentos nos campos da educação e arte. O papel do Estado é fundamental para o desenvolvimento deste projeto, assim como os núcleos de voluntários que atuam em todo o país... A qualificação do Programa despertou interesse das Loterias Caixa, que já desenvolvia um trabalho voltado para a inclusão do esportista com deficiência, e agora, como patrocinador oficial do Programa Artes Sem Barreiras/Funarte, abre seu leque atuando na vertente da acessibilidade cultural. O programa tem cadastro dos artistas de várias regiões com o objetivo de possibilitar a exposição e circulação de seus pares. Estamos também trabalhando na reforma e adaptação de nossos equipamentos culturais e, principalmente para o artista. Queremos estender essa ideia do desenho universal aos espaços dos governos estaduais e municipais, além dos espaços privados. (Antônio Grassi – Presidente da Funarte) folder Mostra Rio 2005

9

Os princípios constitucionais da isonomia demarcam que não deve haver

diferença entre as pessoas. Quantificar dados sobre o ofício do trabalhador da

cultura, pessoa com deficiência e disponibilizar indicador, como índice referente

há qual prestação de serviço ou qual atividade desenvolve é fundamental para

o segmento e setor cultural:

Na criação de obras? Na execução de Arte? Na produção executiva de

eventos? Em circulação artística? Na técnica? Na fabricação de produtos? Na

comunicação? No transporte? Nos equipamentos? Na plástica, na área

cenotécnica? Na tecelagem? Na cenografia? No figurino? No designer? O

campo de atuação da cultura é amplo e queremos estimular pesquisas, como

promover a participação de pessoa com deficiência, trabalhando nestas áreas

do campo cultural.

São dados que parecem sem sentido, mas interessa a esta pesquisa

fomentar e identificar quais são os elos do setor, para saber onde há atuação

profissional de pessoa com deficiência. Quem fornecer estes dados no Setor

cultural?

9 Mostra Rio Artes Sem Barreiras – realização Ministério da Cultura/Funarte - Patrocínio

Loterias Caixa; fonte de pesquisa CEDOC/Funarte em 23 de fevereiro de 2014.

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O então Ministro da Cultura Exmo. Sr. Gilberto Gil reconheceu

simbolicamente o valor do segmento, entretanto, foi na mesma gestão que o

Programa Artes Sem Barreiras foi substituído pelo Projeto Além dos Limites e

posteriormente coube a Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural/SID

estabelecer ações para o artista, pessoa com deficiência; atualmente cabe a

Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural/SCDC as ações para a pessoa

com deficiência no referido Ministério:

Arte, por princípio, não tem e não pode ter barreiras. A primeira vez que assistimos a apresentações de artistas que fazem parte deste extraordinário programa da Funarte: Arte Sem Barreiras foi há quase dois anos, em março de 2004, em Brasília, por ocasião da abertura do Ano Ibero-americano da Pessoa com Deficiência, evento realizado no Teatro Plínio Marcos e que teve a honrosa presença do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Lembro-me bem da avalanche de emoções que tomou conta de todos nós que assistíamos às apresentações de dança, música, cantos e poesias, artes plásticas, performances teatrais. Surpresas atrás de surpresas, lições humanas e estéticas que jamais esqueceremos. Aquelas ações, que hoje se transformaram em um constituinte programa de inclusão, podem ser resumidas em uma única palavra: superação. A arte pode transformar a adversidade e produzir verdadeiras obras-primas. A história da beleza está repleta de exemplos, como Beethoven e Van Gogh, e, mais perto de nós, o genial mineiro Aleijadinho. Portanto, a “Mostra Rio de Artes sem Barreiras” é, acima de tudo, um exemplo da capacidade artística desses brasileiros. Mas é também uma evidente demonstração de que o governo Lula e seu Ministério da Cultura estão atentos à inclusão da pessoa com deficiência que, como todos os demais cidadãos, tem direito à educação, ao esporte, e à cultura, enfim: ao exercício pleno da cidadania. (Gilberto Gil, Ministro da Cultura – folder Mostra Rio de Artes sem Barreiras, realização Ministério da Cultura Patrocínio Loterias CAIXA, 2005).

Gestão responsável pelo redesenhou do Ministério da Cultura no

governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2004 a 2010), quando Gil e Juca Ferreira

foram responsáveis pela construção e execução do plano de trabalho para a

política de Estado da Cultura, com o projeto lei nº 12.343/210 Plano Nacional

de Cultura/PCN, implantando e implementando o Sistema Nacional

Cultura/SNC e o Sistema Nacional de Informações de Indicadores e Índices de

Cultura/SNIIC.

Estabelecendo metas para a Política Cultural brasileira na dimensão

simbólica, cidadã e econômica; em 2014 diante do processo podemos

acompanhar e verificar sem pessimismo que a construção na dimensão

simbólica aportou no país; que a dimensão cidadã está distante; e que, a

dimensão econômica é ausente. “A negação” ao Setor Cultural como uma

prioridade por parte do governo federal líquida as possibilidades de

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desenvolvimento, já que nenhuma política ou setor tem como existir sem

investimento financeiro; sem acesso a recursos monetários.

O Plano de Cultura nas “edições” municipais e estaduais apresentou

tarefas para a sociedade civil que cumpriu seu papel, uniram-se forças,

movimentos – muito esforço e pensamento na elaboração para um plano de

trabalho, muitas vezes ignorado pelo governo vigente, opositores ou aliados

sem interesse.

Enquanto não houver a tríplice: nação, estado e município em interesse

comum, a engrenagem do sistema alimentará o enfraquecimento social, as

divisões e disputas e não estará assegurada cidadania plena para pessoa sem

deficiência. O que se dirá ao se tratar do agente, pessoa com deficiência no

segmento cultural e artístico.

Almejar a equidade e diminuir a desigualdade é papel para além da

movimentação social, requer macro política e alinhamento aos tratados

mundiais, internacionais e se alinharmos com a “micro política” chegará aos

latino-americanos, no MERCOSUL, nos ibero-americanos pela epistemologia

Sul10 conforme proporciona o Fid – fórum internacional de dança,

Como um atrator, o Programa FID – Conexão Internacional ajunta certas condições para se produzir um novo estado de relações entre 21 e 28 de outubro. Essa programação se reúne por ela mesma. Sua atração acontece pela familiaridade de seus pensamentos em que o fazer artístico e seus efeitos têm caráter político. O que é diferente de tratar política como um tema. Ou seja, sua arte, sua dança são ações estético-políticas. Isso acontece porque a estética é pensamento que é ação. A curadoria de outubro optou por oferecer uma experiência de aprofundamento. São atividades diversas – apresentações, discussões, ZAT 2

11, oficinas -, possibilitando ao público tempo necessário para

mergulhar na reflexão proposta acerca da relação estética e política. (FID, Belo Horizonte/MG, 2005, folder).

Pensar na perspectiva de movimento, de agenciamento de forças

coletivas e individuais, sejam estas instituídas, instituístes e/ou a instituir

10 Epistemologia sul – Edição do FID de 2008 sob o tema SULREAL Por uma epistemologia

Sul; Pensamento perspectivado, pressupõe um local privilegiado de um único olhar central em que os outros são periféricos a este. Esta epistemologia é uma construção, não é imanete, universal ou absoluta; 11

ZAT2 – (T.A.Z> - The Tempory Autonomus Zone); hospedado no FID, braço político é um conceito criado por Hakim Bey; propõe ser um exercício coletivo de auto-organização com a finalidade de criar e desenvolver AÇÕES estruturadoras de condições de ATUAÇÃO, formação e produção de conhecimentos em dança. Fabiana D. Britto (Dança UFBA), (catálogo FID Conexão InterNacional 2005/ - no catálogo do mesmo festival na edição de 2007 (SULRE AL dança para todo mundo; proposta de desimperialismos);

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dispositivos analisadores que resaldem a leitura na psicologia institucional e/ou

na análise institucional, em sentido estrito a corrente do movimento

institucionalista e vinculado às proposições de René Lourau, Georges

Lapassade.

Segundo Osvaldo Saidon organizador com Vida Rachel Kamkhagi

(1987):

(...) alguns temas se reiteram neste trabalho, e talvez sejam eles que nos autorizem a falar de uma corrente brasileira de Análise Institucional. Devemos buscar suas fontes em Paulo Freire e sua pedagogia do oprimido, nos movimentos de resistência de 64 e 68, nas propostas das comunidades de base e na influência do exílio latino-americano, com sua proposição de práticas massivas no campo da Psicologia e da Psicanálise (p.12); (...) propomos, com maior ou menor habilidade, montar grupos dispositivos, discussões, intervenção na micro e na macropolítica, onde o pensamento se arrisque a aprender a pensar. Para isto não bastam uma interpretação e um bom esquema de referência. Faz falta a formação de signos que nos exijam que nos coajam a pensar. Faz falta dotar o grupo de modo a que se abram estes signos, o seu encontro e sua violência (...), (...) propomo-nos a investigar um grupo aberto à produção inconsciente, e não simplesmente resignado a interpretar o inconsciente como determinante limite ou resistência. Giles Deleuze diz que habitamos três tipos de linhas. Linha dura, de grupos

sedentários (a cidade, a profissão, o trabalho, a família); linhas mais flexíveis, cheias de acontecimentos, de inesperado, linhas de grupos nômades; e uma terceira linha, abstrata, de desejo que energiza tudo, mas que só existe agenciando-se, combinando-se, com as outras duas (p. 13).

Este trabalho tem a intenção estabelecer um dialogo teórico-

metodológico nesta pesquisa com Gilles Deleuze e Félix Guattari e para

apresenta-los recorremos a François Dosse, historiador francês, pesquisador

do Instituto d’Histoire du Temps Présent (IHTP, Paris) e professor do IUFM de

Créteil (Université Paris XII). Historiador, com inúmeros trabalhos publicados no

Brasil, aborda diversos temas e problematiza questões de ordem teórico-

metodológico, caros ao historiador do tempo presente.

Entretanto, não iremos recorrer ao trabalho de François Dosse (2010)

por se tratar de obras complexa para este estudo, mas utilizaremos

informações relevantes da contracapa do livro sobre as obras de Deleuze e

Guattari, nesta pesquisa-ação:

Nesta biografia cruzada, o autor a partir de arquivos inéditos e de uma longa pesquisa junto a numerosos testemunhos, põe em evidência a lógica de um trabalho que alia teoria e experimentação, criação de conceitos, pensamento crítico e prática social. François explora os mistérios de uma colaboração única, que constitui uma página sempre atual de nossa história intelectual (...). Um era filosofo, o outro psicanalista. Figuras maiores da vida intelectual francesa do século XX, suas vidas e sua obra são emblemáticas desse período de efervescência política e intelectual que foram o prés e o pós-maio de 1968. Gilles Deleuze (1925-1995) lecionou filosofia na Universidade Experimental de

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Vincennes. A partir de uma reflexão magistral sobre a história da filosofia, ele se envolve em trabalho de criação conceitual que é único no gênero. Felix Guattari (1930-1992) era psicanalista de formação e ex-discípulo de Lacan. Ele formou um centro de pesquisa autogerido o Centre d’Études, de Recherches ET de Formation Institutionelles. Os dois homens se encontraram em 1969. Esse foi o início de uma grande amizade e cumplicidade, de uma aventura intelectual sem precedentes (2010 contracapa).

A Análise Institucional no contexto brasileiro articula prática-pensamento

com as posições de Guattari que em seu campo teórico analisa sistemas

sociais, sejam estes grupos, instituições, organizações – modos e meios de

intervenção, de atuação colaborando desta forma com a História

Contemporânea no século passado. Propomos aqui uma investigação científica

a partir da problematização de Guattari (1987) em Revolução Molecular:

pulsações políticas do desejo:

(...) Se o grupo tende a se estruturar sob a forma da recusa da fala, como responder-lhe de outra maneira que não pelo silêncio? Como modificar um lugar desta sociedade de maneira a reter ao menos um pouco entre processo de redução da falta à linguagem? A partir daí tomaremos o partido de distinguir a natureza dos grupos segundo se situem numa ou noutra vertente. Convém, com efeito, desconfiar absolutamente das descrições formais que caracterizam os grupos independentes de seu projeto (p. 91), (...) esquematizaremos esta distinção entre grupos sujeitos e grupos sujeitados. O grupo sujeito, ou que tem vocação para sê-lo, se esforça para ter um controle sobre sua conduta, tenta elucidar seu objeto e, nesse momento, secreta os meios desta elucidação. (...) O grupo sujeitado não se presta a tal perspectiva; ele sofre hierarquização por ocasião de seu acomodamento aos outros grupos. Poder-se-ia dizer do grupo sujeito que ele enuncia alguma coisa, enquanto que do grupo sujeitado se diria que “sua causa é ouvida”. Ouvida, aliás, não se sabe onde e nem por quem, numa cadeia serial indefinida. Esta distinção não é absoluta, ela constitui apenas uma primeira aproximação nos possibilitando indexar o tipo de grupo com que lidamos em nossa prática. Na realidade ela funciona, à maneira de dois polos de referência; qualquer grupo, mais especialmente os grupos sujeitos, tende a oscilar entre estas duas posições: a de uma subjetividade com vocação a tomar a palavra, e a de uma subjetividade alienada a perder de vista na alteridade social. Esta referência nos servirá de proteção para evitarmos cair no formalismo da análise de papéis e nos levará a colocar a questão do sentido da participação do indivíduo no grupo enquanto ser falante e a questionar assim o mecanismo habitual das descrições psicossociológicas e estruturalistas (p.92), (...) Desde o primeiro passo neste sentido, surgirá uma distinção primordial entre a desalienação de grupo e sua análise. Com efeito, o papel de uma análise de grupo não é idêntico ao de uma ordenação de um coletivo. A análise de grupo se situa aquém e além dos problemas de ajustamento de papéis, de transmissão de informações (p. 94).

Ao evidenciar este conhecimento se estabelece analogia com o campo

de produção artística de pessoa com deficiência no setor cultual e de modo

polêmico, iniciaremos uma investigação entre as relações de distinção da

produção em Arte e em Cultura no campo da pessoa com deficiência. Neste

trabalho não temos como avançar nesta problematização, delimitamos este

estudo em levantar possíveis indicadores para mapear e cartografar um

percurso do segmento, acompanhando a trajetória da Pulsar Cia de Dança.

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Com o compromisso de militantismo12 a gerar interesse pela constituição

de um banco de dados e registrar a presença artística das pessoas com

deficiência e segmento no Setor Cultural, no SNIIC, através das informações

do Movimento Social de Artes Sem Barreiras pelo Brasil.

Fomentando estudos aos mecanismos de acesso, como a revisão dos

dados existentes, tendo como perspectiva a assimilação das diferenças,

fazendo surgir junto com os gestores públicos informações sobre esta área em

seus municípios e estados, multiplicar estas informações para as organizações

particulares, como também a sociedade, criando conexão com o trabalho dos

curadores dos Festivais de Arte e Cultura no Brasil, com o propósito de

apresentar produções artísticas do segmento.

E quem sabe, criar um rol de artistas, pessoas com deficiência como

patrimônio nacional. A articulação dialética entre os conceitos-analisadores:

grupo-sujeito e grupo-sujeitado e os dispositivo-analisadores:

corpocampo/campocorpo, ou seja, a relação existente entre o artista, pessoas

com e sem deficiência e a arte produzida, ou o modo como cada Grupo ou Cia

encontra campo para o trabalho, estejam estes apoiado, patrocinado ou não,

pelas políticas públicas de cultura nas três esferas.

Construir este indicativo é o desafio desta pesquisa, colaborar com o

campo das Políticas Culturais e com a consolidação do mercado cultural neste

campo de intervenção foi a principal motivação deste curso de especialização

financiado pelo Ministério da Cultura.

Gênese - Identidade e Diferença

As experiências de formação artística, estética, política, gestão,

autogestão, sócioanalise e subjetividades marcam uma identidade que retrata a

gênese aqui priorizada, não trata do desenvolvimento de processo pessoal,

12 Para a Análise Institucional – o sentido de militância está na imanência entre as intervenções

de campo e o arsenal teórico-técnicoutilizado, e que parece uma espécie de autoprodução, longe de apontar para um tipo de EPISTEME ou código disciplinado de saber. Heliana de Barros conde Rodrigues no artigo Psicanálise e Análise Institucional (1992 p. 46)

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mas tem a intenção de demarcar contexto no campo da pessoa com deficiência

em arte – pensando em desenvolvimento cultural e não o sentido puro e

alienado de entretenimento como segmento artístico vão tratar das Artes

Coreográficas: a Dança.

A ideia de narrativa surgiu por ser um meio a propor leitura orientada e,

de modo personalizado com referência vivenciada na convivência entre as

pessoas com e sem deficiências no processo de criação cultural em etapas,

que constituem, com efeito, um conjunto de informações referente às políticas

culturais brasileiras governamentais e não governamentais para o setor e

segmento social de pessoa com deficiência.

Eliminar o sentido puro de entretenimento ocorre com o tempo e com o

entendimento pessoal do papel da Arte na sociedade, mas ele faz sentido pela

sua característica de encantamento tão comum e tem sentido no percurso das

escolhas feitas por mim, as quais foram se alinhando nos processos

constituidores de ser sujeito ou não, de estar ou ser sujeitado no mundo, desta

forma “simples” digamos, que começa a percepção da complexidade de

seguirmos escolhendo nossos caminhos.

Em 1971 meus pais me perceberam “hipnotizada” diante a um comercial na TV quando nem respira e apreciava uma Obra Clássica da Dança, o Balé Gisele do Teatro Guairá/Curitiba/Paraná, após esta inspiração, quis iniciar meus estudos de dança, na ocasião eu tinha quatro anos (1971).

Mas tarde percebi o nascimento pelo gosto da Arte e posteriormente

construí o discernimento do que vem a ser Arte e aqui compartilho uma leitura

direta para alinharmos uma linha de pensamento neste estudo segundo Maria

da Graça Setton:

Bourdieu [chama atenção quando] interpreta a formação do gosto cultural de cada um de nós, pondo em xeque um dos consensos mais difundidos de nossa história cultural, o de que “gosto não se discute” Posto isso, sua sociologia é mais que uma sociologia da reprodução das diferenças, matérias ou econômicas; é uma sociologia interpretativa do jogo de poder das distinções econômicas e culturais de uma sociedade hierarquizada. Bourdieu considera que o gosto e as práticas de cultura de cada um de nós são resultados de um feixe de condições específicas de socialização. É na história das experiências de vida dos grupos e dos indivíduos que podemos apreender a composição de gosto e compreender as vantagens e desvantagens matérias e simbólicas que assumem. Sobre este assunto desenvolveu uma grande pesquisa intitulada Anatomia do Gosto em 1976 e em 1979 essa mesma pesquisa se torna sua obra prima intitulando o livro A Distinção (Ed. Zouk) nessas duas obras, ele e sua equipe de pesquisadores tentam explicar e discutir a variação do gosto entre os segmentos sociais. Analisando a variedade das práticas culturais entre os grupos, Bourdieu acaba por afirmar que o gosto cultural e os estilos de vida

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da burguesia, das camadas médias e do operariado – ou seja, as maneiras de se relacionar com as práticas da cultura desses sujeitos – são profundamente marcadas pelas trajetórias sócias vividas por cada um deles. Ele afirma, causando um grande mal-estar à época, que o gosto cultural é produto e fruto de um processo educativo, ambientado na família e na escola – e não fruto de uma sensibilidade inata dos agentes sociais. Neste sentido põe em discussão um consenso muito em voga, relativo à crença de que o gosto e os estilos de vida seriam uma questão de foro íntimo. Para o autor, o gosto seria, ao contrário, o resultado de imbricadas relações de forças poderosamente alicerçadas nas instituições transmissoras de cultura da sociedade capitalística (p. 31 e 32).

Estudei no Colégio Nossa Senhora Medianeira na época da abertura de

turmas mistas, meninas e meninos juntos um desafio de convivência. Nada me

interessava e com muito esforço me dedicava às disciplinas de Comunicação

Social, OSPB13, Moral e Cívica, Religião, Biologia e Educação Artística, mas

simultaneamente ao Colégio, segui a formação profissional de bailarina

clássica, quando “determinada pela carreira”, dedicava todos os trabalhos no

assunto.

Aos dezessete anos (1984) mudei para a “cidade maravilhosa” com a

família e vivemos o choque cosmopolita: cultural, urbano e tudo mais, o que

não é diferente para ninguém que não seja natural do Rio de Janeiro.

Mergulhada na cultura paranaense repleta de valores moralistas e princípios

conservadores e com muita dificuldade de entender tantas mudanças fui-me

grupalizando. Preparava-me para me dedicar exclusivamente à vida de

bailarina clássica, quando em um acidente lesionei meu pé e naquela ocasião

interrompi a carreira de bailarina (1985).

Com muito sofrimento demorei a naturalizar o ocorrido, mesmo sabendo

que caminhos cruzam nossa trajetória e pelo percurso criamos história a

construir elos, que despertam para novas escolhas. Enfrentar o que aconteceu

não era simples tinha duas opções: lidar de forma a normalizar o acontecido e

me conformar desistindo da carreira e buscando por outra ou resistir, e

encontrar outro modo de continuar sem abandonar minhas conquistas.

Identificando e aceitando as novidades desconhecidas que viessem fora do

universo da dança.

13 OSPB (Organização Social e Política Brasileira) Disciplina que, de acordo com o Decreto Lei

869/68, tornou-se obrigatória no currículo escolar brasileiro no governo militar;

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II PARTE – SEGUNDO MOMENTO

Campocorpo como delimitação do campo de atuação

2º ATO – Capítulo DOIS

Fusão: Corpo Clássico e Psicologia| Direitos Humanos

Cursos de Psicologia e Movimento Estudantil

Entrei no curso de psicologia por acidente, literalmente. Vim morar no

Rio de Janeiro com a família e almejava a carreira de bailarina clássica no

Theatro Municipal do Rio. Quando cheguei à cidade (re) iniciei meus estudos

no curso técnico de dança clássica do Centro de Dança Rio14.

No rigor e na disciplina que exige a profissão continuei a me preparar

para atingir meu desejo profissional. Ocorreu que em 1985 na véspera da

audição para a Companhia do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, tive um

acidente e, fui interrompida em dar sequência nesta escolha. Cursava o

terceiro ano do colégio e enfrentaria o vestibular. Sem desejo, motivação ou

perspectivas para o futuro ocorreu que entre; ser astronauta, bióloga ou

terapeuta ocupacional, já que bailarina não seria – acabei escolhendo o curso

de psicologia, sem nenhum critério consciente.

Momento de decidir por “outra” carreira, por um campo de trabalho que

não fosse a Dança. Encontrava-me sem esperança e foi quando atravessou

por mim a Psicologia, “sem nenhum interesse claro ou específico” pela área.

Na universidade, sem entusiasmo me deparei curiosa com grupos que

se reunião e conversavam coletivamente, nunca tinha vista uma manifestação

daquela forma, distante passei a observar. Com o tempo elucidei que se

tratava da resistência do movimento estudantil em uma instituição de ensino

14 Centro de Dança Rio/Meier, conheci este espaço de dança no sul, em 1980 quando dancei

um Clássico de repertório: Cophélia com Elina Caminada – na época bailarina do Theatro Municipal do Rio; quando vim morar no Rio fui indicada par dar continuidade a minha carreira com Elina e Vldo Lutof, metre de Ballet.

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privado. E foi desta forma que me encantei com a vida de militância política.

Por curiosidade, por ver desertar em mim, desejo - motivação.

Ocorre é que tive acesso, acesso a curiosidade, acesso ao grupo,

acesso há novidade, acesso de participação. Foi quando entrei para o Centro

Acadêmico de Psicologia.

Iniciei o curso em 1986 quando sensibilizada pelas práticas fora do

consultório, encontrei um possível caminho. Percebia a permanecia de grupos

espalhados pelo campus na universidade, eram alunos conversando e este, foi

um dos despertares que causou em mime interesse de aproximação, era um

universo de 25.000 estudantes15. O engajamento político “fez sentido”, brotou

entusiasmo quando percebi encontrava-me estimulada às experiências do

movimento estudantil no curso de psicologia, defendendo nossas ideias pelo

Brasil.

Continuávamos lutando pelo ensino de qualidade e, pela reforma do

currículo de psicologia, onde predominava o ensino com entendimento na

psicanálise16. A consciência despertada na causa da reforma curricular do

curso de psicologia ocasionou uma movimentação até então desconhecida, a

implicação e a construção do posicionamento crítico frente aos embates

profissionais da época.

A busca era para possibilitar extensão e abrangência no campo e

fortalecer a área de práticas transversais, como da práxis relacionada com o

labor da psicologia fora da clínica e, sobretudo, por uma psicologia social

brasileira e comunitária comprometida politicamente com a “problemática” da

identidade nacional e os desafios da sociedade moderna.

Com compromisso de ampliar a formação e a atualização no campo de

trabalho da psicologia, estimulou-se a construção da psicologia institucional no

país; como os avanços na psicologia escolar, psicologia ambiental, psicologia

do trânsito, psicologia forense/jurídica, entre tantos outros campos,

15 25.000 estudantes de 18 cursos da Universidade Gama Filho/UGF, no Curso de psicologia

eram 3.000 estudantes (universidade privada em Piedade – subúrbio do Rio de janeiro). 16

Psicanálise – Freud /freudiana – Pai da Psicanálise, Sec. IXX – responsável pelo surgimento do inconsciente.;

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correspondentes ao compromisso pelo desenvolvimento social na

transversalidade dos saberes e do conhecimento científico.

Muitos interesses em jogo e foi a primeira vez que vi surgir “o campo de

força”, de repente uma “unificação” dos alunos, professores e coordenadores

dos cursos de psicologia nas faculdades do Rio de Janeiro para organizar as

propostas, mas todos sabiam dos encontros de macropolítica da Psicologia

reunindo coordenadores e professores, contudo “estávamos no início da

democracia” a construção participativa tinha “seu espaço” desta forma, nós

preparávamos para apresentar as demandas dos estudantes e professores que

apoiavam a construção ampla. Momento importante para a realização dos

encontros regionais e nos nacionais.

Foi quando entendi como “funciona” o mecanismo de organização

popular para transformar e, construir propostas coerentes com os interesses

dos coletivos engajados. Para mim era novidade e vivi os desafios e conquista

na história da categoria que ecoava por todo o Brasil. No Rio de Janeiro tanto a

Universidade Federal Fluminense (UFF) como a Universidade Estadual do Rio

de Janeiro (UERJ) implantaram em seus currículos bases solidadas da

Psicologia Social; Institucional; Comunitária e a Análise Institucional.

Nos eventos que frequentava quando cursava psicologia (1986 a 1990),

me aproximei da abordagem da Psicologia em Análise Institucional, como

também da implicação ao ativismo e na luta contra a violência do estado aos

direitos civis, conheci muitos psicólogos atuantes responsáveis por estas

transformações no “novo” campo de intervenção, conheci e passei a participar

do Centro de Estudos Sóciopsicanalítico/CESOP17, como também as passei a

participar das ações do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ:

Idealizado e instituído inicialmente por Cecília Coimbra, O Grupo Tortura Nunca Mais hoje consiste em diversos grupos, desenvolvidos através de associações, ligados entre si e que têm como objetivo organizar a sociedade, com vista à ordem do Estado, criando dessa forma uma "verdadeira oposição, também chamada de esquerdas políticas nacional” (considerando aí, o verdadeiro e político termo de “esquerda (não-governo)” e direita (governo)", mais

17 Entidade de Formação e Prestação de Serviços a Instituições e pessoas interessadas em

Sócio-Psicanálise, um Espaço de FORMAÇÃO DE VIDA e MILITÂNCIA DA ESPERANÇA, com aulas em Analise Institucional e Filosofia a partir de 1998 e em constante mutação, hoje ativa no ALTOLAPA (2014);

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precisamente se usa atualmente os termos de "Organizações Não - Governamentais (ONG)", termos esses criados pela antropóloga e intelectual Ruth Cardoso (exatamente para evitar as ambiguidades institucionais). Essas organizações que declaram em seus estatutos, ter o objetivo de lutar contra violações dos direitos humanos, de forma geral, ajudam quem luta pela causa dos direitos humanos, intercambiam informações sobre os temas, prestam assistência às pessoas atingidas e trazem a história do Brasil durante o período de ditadura. a qualquer ato de repressão política, do passado ou do presente, sejam quais forem os atos criminosos aos da chamada direita ou esquerda ideológica, como a qualquer tipo de tortura ou terrorismo, como hoje se verificam nos presídios e no sistema carcerário brasileiro, em governos que vêm resolver e não resolvem. Muitas vezes pactuado pelo governo constituído, alegando falta de recursos e outras formas irresponsáveis de não resolver problemas, e outras aquiescência das autoridades sempre presentes e ausentes ao mesmo tempo, são de forma geral, grupos de pressão política brasileira, e hoje em nome da. Nação brasileira, dos seus direitos humanos (http://pt.wikipedia. org/wiki/ Grupo Tortura_Nunca_Mais).

A historicidade deste processo caracteriza a construção do sujeito

profissional que me tornei, o percursos pela práxis escolha das experiências

práticas como meio de iniciar a carreira, trilhando caminhos para consolidar

vivencias. Esta participação revelaram fatos, acontecimentos que

posteriormente reverteram-se numa Rede de Aglutinadora de Ações, fomento

constante diálogo com as proposições de políticas sociais e culturais.

E desta forma ocorreu à fusão entre o “fazer bailarino” com o “fazer psi”,

me tornei a cada oportunidade agente de transformação em mim mesma e

posteriormente ao outro, ciclicamente, em metamorfose. Entre mudanças

constantes participo de diferentes entidades e instituições atuantes na

conquista pela garantia de direitos.

Prática com Ana Filgueiras

(1989)

Atrás de Arte eu estava, quando acabei, iniciando o trabalho da

psicologia social com meninos e meninas que viviam na rua, quando pela

“ferramenta-da-dança” acabei aproximando o campo do corpo e do sujeito pela

primeira vez.

Tais como a seleção de memória, de um acontecimento, de um fato que

faz diferença, aqui será inevitável, por exemplo, não lembrar o que me

atravessou no dia que tentava chegar ao Ministério da Cultura e passei pela

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Av. Graça Aranha18 pela primeira vez (1989), e acabei conhecendo a “Maloca

da Saúde” espaço físico para o Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da

Criança e do Adolescente/CBDDCA, organização não governamental,

responsável pelo Programa de Promoção e Prevenção de Saúde à Criança e

ao Adolescente.

Ana Filgueiras portuguesa, socióloga morou no Rio de Janeiro durante

anos e atuou na equipe da Fundação Nacional do Bem Estar Social – a

FUNABEM, dedicou-se a construção do Estatuto da Criança e do Adolescente -

ECA19 e fundadora do Centro de Defesa/CBDDCA.

Entre várias experiências relevantes nesta instituição ressalto a profunda

seriedade para com os direitos das crianças e adolescentes em situação de

risco, pessoal e/ou social conduzida por Ana Filgueiras com ela e por ali me

qualificou no campo de intervenção dos Direitos Humanos, atuávamos em

diferentes regiões da cidade (re) conhecendo situações desumanas e de pronto

atendimento junto à garantia dos direitos que não eram assegurados pelo

Estado.

Em 1989 quando a conheci surgia no Brasil centenas de organizações

não governamentais. Aquecia o entendimento de como as estruturas do

terceiro setor, da sociedade civil organizada estabeleciam propostas para a

defesa e garantia “dos diversos direitos conquistados” na Constituição da

República Decreto Lei Nº 2.413 de 10/02/1988.

O Centro de Defesa/CBDDCA era um, entre as dezenas de instituições

que nasceram da sociedade civil dita organizada. Entidade de porte Nacional e

Internacional que desenvolvia atividades de psicologia, assistência social,

saúde e cultura para crianças, adolescentes e adultos “moradores de rua” no

viés da promoção, defesa e da garantia de direitos. A “Maloca da Saúde”

funcionava exatamente na Av. Graça Aranha, sem número; em uma sala

concedida pelo Ministério da Saúde, pertinho do Edifício Gustavo Capanema,

sede na época do Ministério da Educação e da Cultura.

18 Endereço próximo ao Palácio Capanema – Centro do Rio de Janeiro

19 Decreto Lei nº 8.069/1990 – atualizado Lei nº 12.010/2009

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A implicação com os Direitos Humanos se deu na prática como

educadora (1989) baseada na pedagogia freireana com um parceiro pedagogo,

alfabetizando sujeitos a se entenderem como pessoas, cidadãs de direito na

cidade, buscando meios de emancipação ao conhecer o sentido da consciência

e da libertação, pela construção crítica frente à exclusão das crianças e jovens

que se encontravam sem oportunidade de estudar formalmente.

No inicio não imaginava como faria para confluir o trabalho da psicologia

social com a dança, mas foi pela percepção do trabalho corporal, pelo sentido

de cidadania – de existência pela “construção de consciência”, de um “corpo-

forte”, de um “sujeito” pensante e não “sujeitado” que propus um campo de

força conscientizando-os a não aceitar como normal a violência enfrentada

diariamente.

A dança-ferramenta foi o meio que subsidiou o conhecimento dos modos

do sujeito “despadronizado”, do corpo fora do padrão social “o pivete-pixote” 20.

Hoje percebo que esta correlação poderá ser um modo de se referir ao fora do

padrão em diferentes níveis e dimensões sociais, podendo vir a ser uma

ferramenta-teorica a desconstruir estigmas no campo da construção por

espaços igualitários de quem se encontra segregado, alijado culturalmente.

Além das ações dos Projetos “Maloca da Saúde”, também atuava no

Projeto “Meninos e Meninas de Rua” acompanhando as necessidades diárias e

encaminhado atendimentos específicos dos grupos que habitavam na rua,

fossem em relação à saúde, educação, documentação, moradia, família,

trabalho entre outras e a “Rede Mão na Mão” – uma articulação entre

profissionais da área de saúde para atendimento e acompanhamento a

crianças e jovens soropositivos.

Simultaneamente em outra equipe o CBDDCA atuava no Projeto “SOS

Criança” e “Crianças Desaparecidas”, quando através da central de

telefonemas recebia denúncia de mãos tratos e realizava intervenção para

referência e o acompanhamento domiciliar, buscando elucidar as “situações em

20 Pixote, filme de Humberto Eco, emblemático da década 80 esclarecedor da violência e abuso

ao “menor de rua”.

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desajuste familiar”, a fim de encontrar estratégia redutora de danos,

prioritariamente para a criança e/ou adolescente em situação de

constrangimento e abuso, hoje entendido como crime ao abuso de incapaz.

Representando esta organização em 1996 participei do “Projeto

Implementando o Sistema de Garantias dos Direitos – sociedade civil

acelerando o passo”, desenvolvido pelo Movimento Nacional de Meninos e

Meninas de Rua/MMMR e a Associação Nacional dos Centros de

Defesa/ANCED durante nove meses, éramos cento e vinte educadores

levantando informações e construindo os dados para o Ministério da Justiça,

implementar ações, políticas e programas no Setor, fortalecendo a criação dos

Conselhos Tutelares21 pelos municípios brasileiros.

“Agente psi” me tornei pelos estágios nas instituições compreendendo os

desafios aos direitos e na rua também me qualifiquei ao entender o que era o

trabalho não institucionalizado, transformador e construtor de um corpo capaz

de produzir diálogo, trocar afeto e estabelecer com os grupos um corpo de

direito, pela busca ao acesso e o rompimento à discriminação, ao preconceito e

ao fortalecimento do estigma, podendo gerar e acarretar na violência extrema,

o extermínio.

A complexidade dos Direitos Humanos faz com que sejam inúmeras as

prioridades, alinhar urgências de cada diferente causa, é um meio de conduzir

a especificidade de conquistas distintas, mas apenas de modo rigoroso

expresso pelo com força num determinado campo faz alcançar as metas e as

diretrizes almejadas.

É sempre “pelo campo de força”, o coletivo que não se organiza fica a

margem, torna-se “grupo sujeitado” e cai no silenciamento apesar dos objetivos

serem claro e de certa maneira comum: todos externam o acesso ao direito de

existir autonomamente e a arte, a produção cultural pode ser um caminho.

O Setor Cultural sempre foi uma estratégia no campo social e da

psicologia, a junção das experiências profissionais e de vida consolidam as

21 Organismo regulador das ações de garantias aos direitos da criança e do adolescente.

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escolhas engrenando a prática em sócioanalista com a prática de bailarina no

campo dos Direitos Humanos. Trinta anos se passaram desde que vim morar

no Rio de Janeiro em 1984, vivencio desde então, um estado de

pertencimento, de pertencer a uma causa coletiva, com interesses individuais e

coletivos. Os estudos não pararam, foi quando me mantive no grupo com

prática coletiva e de autogestão no CESOP até aproximadamente 1996.

Fusão: Gestão, militância e acesso aos direitos garantidos

Centro de Estudos Sociopsicanalíticos/CESOP22

Cheguei ao coletivo do CESOP – Centro de Estudos Sócio-

Psicanalíticos pelos eventos dos estudantes de psicologia e os encontros com

os profissionais de práticas nas instituições diversas como os hospitais,

manicômios, escolas, universidades, delegacias – fiquei impressionada, em

todos estes lugares tinham psicólogo atuando, assim, me agreguei as

“profissionais psis” atuantes nesta abordagem no Rio de Janeiro. Foi quando

entendi na prática o que na teoria havia aprendido sobre o campo da Psicologia

Institucional.

CESOP é uma entidade de Formação e Prestação de Serviços a

Instituições e pessoas interessadas em Sócio-Psicanálise, um Espaço de

FORMAÇÃO DE VIDA e MILITÂNCIA DA ESPERANÇA, com aulas em Analise

Institucional e Filosofia (informações do folder do CESOP).

Na ocasião, em 1988, ofereciam um curso básico e permanente,

propondo um aprofundamento dos saberes e fazeres sócio-psicanalíticos,

considerados na sua dimensão ideológica, política e econômica.

22 Atualmente o CESOP é um projeto da Casa alto Lapa Santa, tem como motivação a

pesquisa e a ação no campo social para produzir movimentos que liberem forças produtivas, tanto estéticas quanto éticas e políticas, interferindo na produção de subjetividades através do desenvolvimento de formas de expressão artística, de modos de criar, preservar e interpretar a história e a cultura brasileira nos aspectos por elas expressas nos bairros de Santa Teres e Lapa, RIO.

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Neste Espaço que também era de Cultura, se reunião grupo de pessoas,

com causas em comum, buscando caminhos profissionais que pudessem

romper com o sistema de dominação capitalística, criando dispositivos

geradores de “campo de força” capazes de produzir outros modos de aplicação

das práticas profissionais e/ou institucionais, promovendo a consciência política

e autogestão (informação contida no folder do CESOP).

De forma permanente criou um espaço de convivência e de estudo

avançado, autogestivo para enunciar coletivamente ações fortalecedoras de

práticas justas para todos os direitos e cidadãos e foi assim, que me aproximei

do movimento institucionalista.

Estávamos em 1988/89 e cursava psicologia, de repente me deparei

conceitualmente com a prática de um coletivo atuante na área de direitos

humanos, foi quando entendi o conceito de transversalidade e almejava novos

caminhos a percorrer, já que como bailarina e professora de dança aquietada

estava nesta época, nem imaginava que poderia haver fusão profissional entre

corpo e mente, quando iniciei meu trabalho no Centro de Defesa/CBDDCA.

Em 1998 iniciei meus estudos em dança contemporânea na Escola de

Angel Vianna, Bailarina, coreógrafa, professora e pesquisadora, é uma

referência no campo das artes cênicas no Brasil e foi quando compreendi que

estava estudando numa escola de pensamento do corpo, alguns dos meus

colegas do CESOP já tinham passado por Angel e me estimularam a seguir a

diante, entre muitos acontecimentos experimentados na Escola passei a

conhecer outra dança que não o Balé – os aprendizados na perspectiva da

Análise Institucional me preparavam para colher as transformações da área e

entre muitos encontros conheci o trabalho de Helena Katz23.

Helena (2005) a convite do FID editorial/BH organizou o livro um, dois,

três dança é o pensamento do corpo e de modo compreensivo podemos

23 Professora no Curso Comunicação das Artes do Corpo e no Programa em Comunicação e

Semiótica, na PUC-SP; Conjuga sua atuação no jornalismo cultural com atividades acadêmicas. Graduou-se em Filosofia na Faculdade de Filosofia e Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1971) e exerce a função de crítica de dança desde 1977. Coordena o Centro de Estudos em Dança-CED, que fundou em 1986

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arriscar que a dança é uma ação comunicativa do movimento, que age pelo

conhecimento e atua no pensamento, construindo ambiências - ambientes:

O lcorrelacionados de leitura. No primeiro, a ênfase recai sobre a percepção; no segundo, sobre o conhecimento; e, no terceiro, sobre a evolução. Os três se organizam a partir de um mesmo entendimento: o da urgência em promivro apresenta três eixos independentes, não sequências e over um trânsito entre arte e ciência. Para que os enunciamentos estéticos e científicos se aproximem como vírus transformadores dos ambientes prévios de ambos. A dissintonia provoca compartimentação viciada e impede a expansão da visualidade. Na medida em que a ciência e arte não se reconhecem, seus saberes emagrecem. Permanecem como as caixas fechadas que se voltam para seus dentros. Quando algum talho as rasga, rearranja seus interiores no contato com novos fluxos. (Um, Dois, Três. A Dança é o pensamento do corpo 2005 p.02).

Ao falar de arte e ciência Katz demarca que a dissintonia provoca

compartimentação viciada e impede à expansão da visualidade.

Compreendendo que visualidade é uma urgência para a arte ambientada pelo

artista, pessoa com deficiência de que forma o corpocampo poderá promover

trânsito entre a arte e a ciência em busca de enunciamentos estéticos e

científicos para transformar “ambientes recentes” sem se voltar para seus

dentro? Os novos fluxos entre a ciência e a arte repetiram a não diferença em

perceber o pensamento do corpo (corpodespadronizados)? O conhecimento do

campocorpo sintoniza com a co-evolução em ambientes prévios

transformadores ou permanecem com as caixas fechadas?

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ENTRE ATO - Capítulo TRÊS

Da filosofia à práxis: ação

Prática com Jorge Márcio Pereira de Andrade

(1996)

“Movimento associativo para reunir pais de crianças e jovens, pessoas com deficiências, seus amigos, parentes profissionais, técnicos e as pessoas com deficiências trabalhando utilizando os recursos disponíveis de informação, como da INFORMÀTICA, para difusão de conhecimentos sobre: Inclusão Digital, Educação, Saúde, Trabalho, Reabilitação, Habilitação, direitos Humanos e Prevenção de Deficiências - projetos na perspectiva da participação social de todos os cidadãos para a construção de uma Sociedade Inclusiva”. (informações do folder do DefNet

24, 1998)

Jorge Márcio com especialização em Psiquiatria, que exerce atividades

no campo da Saúde Mental, em Psicanálise e Psicoterapia, tendo como parte

da sua formação a Análise Institucional. Atualmente mora em Campinas, autor

e editor responsável pelo projeto DefNet distúrbio da eficiência física na

internet, Banco de Dados Centro de Informática e Informações; Gestor dos

projetos no período de 1996 a 2002 na sede no Largo do Machado/Rio de

Janeiro; entidade pioneira no segmento da informação, prevenção e pessoa

com deficiência. Responsável por diversas atividades promovendo um território

urbano conectado a estabelecer visualidade pela naturalização da convivência

entre pessoas com e sem deficiência na região.

Em 1996 tive a oportunidade de conhecer a proposta do ‘Def-Net’ e

escolhi engajar na causa do direito da pessoa com deficiência pelo viés do

movimento institucionalista brasileiro. Conheci novos grupos e comecei a

conviver com o universo da pessoa com deficiência e a prática da Análise

Institucional sensibilizada por Jorge.

Projetos desenvolvidos pelo DefNet

a) Escola de Informática e Cidadania, Abecedário da Cidadania (1998),

proposta formulada pelo DefNet e Brasil Cidadão em parceria com o CDI -

Comitê para a Democratização da Informática. Tratou-se da criação de um

24 DefNet: Projeto GEOORGOS, tem como proposta trabalhar a Terra para que seja gerada

uma nova visão e conceituação de uma grande rede, sobre aqueles que o preconceito denominou deficiente, com direito a lavrar e colher com as próprias mãos, os frutos da Terra

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laboratório para capacitar pessoas com deficiência na área de informática, um

trabalho cooperativado, fomentando a participação das empresas e das

comunidades em projetos de cidadania, quando atores sociais em forma de

plantões se disponibilizavam ao atendimento educativo para o ensino e

aprendizagem.

b) Projeto Buscando Informações que Transforme a Sociedade (B.I.T.S)

(2000), tendo como intenção levantar informações e gerar dados; identificando

o que fazer, como e para quem, pensando em escala nacional.

Banco de Dados: busca prioritariamente a coleta e a difusão de

informações acerca de paralisias cerebrais, tratando, porém, como importantes,

os dados a respeito de outros distúrbios. Devendo ser coletados dados

vinculados a instituições (nacionais e internacionais), como as novas formas de

tratamento e prevenção; bibliografia especializada e dirigida para leigos;

relação de escolas especializadas e mistas; realização de eventos, cursos e

congressos; programações de lazer e cultura; como também, indicações para

assistência social e jurídica.

O Banco de Dados - DefNet, organismos orgânicos do Centro de

Informática e Informações, estabelecido por esta via de ação, seguem algumas

metas:

1) Construir e implantar um núcleo regional de informações, no Rio de janeiro,

RJ, como espaço físico e sede informatizada, como parceria com o SICORDE,

através da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa com Deficiência

(CORDE), da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos/ Ministério da

Justiça, como experiência piloto para a criação de Centros Regionais de

Informação e Referência Local sobre Deficiência. O que cabe é quantificação.

Saber o que queremos quantificar?

2) Constituição de um cargo “Difusor de Informação” – uma função necessária

no campo de trabalho verificando a urgência no campo e nas áreas de

abrangência visando que esta prestação de serviço. Foi e foi por conta desta

realidade que o DefNet desenvolveu Projetos B.I.T.S “Buscando Informações

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que Transformem a Sociedade”, para alimentar com dados e informações

fidedignas o sistema de consultas nas três esferas governamentais.

C) Programa Verde para Todos no Jardim Botânico (1998), através desta ação

foi implantado o Jardim Sensorial. Coube ao DefNet aglutinar e construir

através de propostas políticas junto à sociedade civil e os representantes do

poder público, o estimulo ao protagonismo da pessoa com deficiência. Esta

ação teve o caráter de unir a todos que lutam pela causa por melhores

propostas públicas para na cidade, para que atenda o segmento da pessoa

com deficiência a fim de facilitar sua participação na sociedade.

Esta ação ambiental extensiva à cultura foi um acerto, além de dar

visibilidade às barreiras encontradas no direito ao lazer e ao desenvolvimento

de conhecimento da pessoa com deficiência, contribuiu com a mobilização de

entidades atuantes no campo. Momento importante que somaram se esforços.

Aconteceu através de visitas programadas e constantes com pessoas

com deficiência, sendo então possível dimensionar além das barreiras

arquitetônicas ao desafiar outras e novas “verificações”; a das barreiras

naturais que são foram obstáculos existentes diante da própria natureza.

Identificou se que no roteiro do corredor ao jardim sensorial, encontravam-se

diversas raízes que deveriam ser estudadas para “remoção” e/ou possível

adaptação, diante das áreas escorregadiças por conta da umidade local.

d) Projeto Baila Comigo no Museu para Todos (1998), compreendia a formação

de um grupo de dança amador.

O Projeto Baila Comigo/DefNet me reaproximou da Escola Angel Vianna

na formação de bailarino contemporâneo com a filosofia de conhecer-se a si

mesmo através dos estudos de anatomia, fisiologia, cinesiologia pelo

conhecimento corporal e para com as técnicas de dança e de consciência

corporal ao perceber o processo criativo e alimentar o pensamento corporal de

modo a criar meios de se comunicar. O projeto teve como proposta fortalecer a

profissionalização em dança às crianças, adolescentes e adultos com e sem

deficiência e valorizar a participação de profissionais bailarinos e atores com

deficiência como docentes.

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Ao priorizar a profissão para o teatro e para a dança, acreditava-se em

concretizar um modo a potencializar a pessoa com deficiência a uma carreira

artística, proporcionando o direito a uma escolha profissional no campo das

Artes, legitimando espaço ao trabalho de cultura, iniciando essa quebra de

preconceito nestas duas áreas. O Baila Comigo surgiu na intenção de formar

um grupo artístico entre pessoas com e sem deficiências visando

apresentações em espaços de cultura e festivais, pela dança. Quando

desenvolvíamos a parceria em 1998 fui conduzida por Jorge a conhecer os

Festivais de Artes Sem Barreiras do VSA do Brasil/Funarte/MinC

O projeto se transformou da proposta inicial, já que não conseguiu

patrocínio e passou a dar visibilidade ao trabalho cultural das pessoas com

deficiência, ocorreu durante três anos (1998 a 2002) no Museu da Reública:

com programação de lazer e cultura: em atividades de contadores de histórias;

música; dança; pintura; exposição; exibição de filmes; arte-educação a cada

dois meses, na CENA acima improviso e pesquisa de movimentos entre

Andrea Chiesorin e Rogério Andreolli nos Jardins do Museu em 1998.

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A essa altura o DefNet se desdobrava em suas ações locais e recebia

contato de todo o país. Foi nesta época que iniciamos o trabalho de difusão e

disseminação cultural no Museu da Republica projeto denominado como

Museu para Todos.

Entre as atividades do Museu para Todos, realizamos treinamento e

sensibilização para os funcionários, campanhas para o publico frequentador do

Museu da Republica, buscando meios a sensibiliza-los para a realidade na

convivência entre as diferenças.

Durante estes anos de parceria nas ações culturais não foi possível

realizar atividade de fruição estética e cultural do conteúdo e das obras

históricas da Memória da Política brasileira para pessoas com deficiência. Essa

visita dentro do Palácio do Catete, onde foi à moradia do presidente Getulio

Vargas convenhamos, tem visitação restrita. Desta forma, as atividades

realizadas foram do lado de fora do Museu Histórico da Republica, ocorrendo a

nos Jardins do Museu. Observa-se ainda nos dias de hoje a resistência da

abertura deste museu para a convivência comunitária, O que é um contra

senso.

Vivenciamos e nos referimos a atual experiência da turma do curso de

especialização em acessibilidade cultural ocorrido durante o ano de 2013, local

onde tivemos as aulas. Este Espaço de Cultura federal integra a Rede de

Museus e está ligado ao Ministério da Cultura, por sua vez, deveria aplicar e

cumprir as determinações legais para os espaços públicos de cultura, no que

diz respeito ao acesso, mas ignoram.

O fato de receber a turma do curso de especialização em acessibilidade

cultural no Museu da Republica, foi uma iniciativa a ser considerada, já que

para a realização da disciplina Exposição Acessível I e II – pretendeu-se criar

uma exposição acessível como projeto piloto para outros museus.

O assunto evidente interessou, embora não tenha surtido força suficiente

para a abertura às necessidades de acessibilidade para todos. Considerando a

experiência do DefNet e buscando dados para atualizar as práticas do Museu,

no que tange o desenvolvimento da filosofia de acessibilidade sem

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discriminação, percebemos que há diferentes interesses entre os profissionais

que atuam no Espaço do Museu para a política de acesso.

Ideias semelhantes foram fomentadas no final dos anos 90, entre 98 a

2002 quando o DefNet seguia nos desafios pela democracia e pelo direito a

convivência de forma horizontal. Infelizmente constatamos que cerca de quinze

anos se passaram e continuamos observando como a tradição no Brasil se faz

forte a descontinuidade institucional, cabe uma leitura diante do discurso oficial

de respeito e promoção a diversidade na cultural diante às garantias de direitos

no compromisso política.

Será que na prática o reconhecimento e a convivência entre as pessoas

com e sem deficiências de fato acontece? Como é que acontece?

Através do DefNet e por conta do projeto Baila Comigo, participei

ativamente do I Festival Latino-americano Artes Sem Barreiras em São Paulo

(falar especificamente a diante), por meio de intercâmbio buscando

compreender quais caminhos eram apresentados para a dança e a pessoa

com deficiência como aluna do curso de bailarino contemporâneo e de terapia

através da dança da Escola Angel Vianna, visava aprender novas metodologias

para aplicar, somar e cruzar dados com os novos conhecimentos.

Entre os depoimentos e apresentações de trabalhos teóricos, científicos

e/ou de políticas culturais e de arte-educação que foram abordados, destaco a

experiência dos profissionais que vieram representar o Canadá – quando nos

apresentaram resultados de duas décadas no paradigma de sociedade

inclusiva. Ora, se estávamos em 1998 eles estavam falando das políticas

publicas aplicada naquele país desde 1978 – se atualizarmos aos tempos de

hoje e em relação aos caminhos brasileiros, podemos verificar a distancia que

nos encontramos destes propósitos, já se vão quarenta anos!

e) Programa Baila Comigo (2000), um programa de ações articuladas em artes

do movimento, atuando como uma rede de intervenção em abrangência

nacional.

A proposta do grupo artístico não se configurou. Em compensação fez

surgir do Projeto Baila Comigo, o Programa de Ações Articuladas em Artes do

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Movimento, como uma REDE de INTERVENÇÃO, tendo como finalidade a

politização e potencialização do campo das ARTES&DDEFICIÊNCIAS, na

perspectiva dos direitos Humanos, através de uma abordagem da Análise

Institucional, assim como definem Gilles Deleuze e Felix Guattari acerca das

revoluções moleculares promovidas por ações micropolíticas.

Em 1999 seguíamos com as atividades do DefNet disseminando,

promovendo, fomentando a prática de atividades inclusivas nas escolas e nos

espaços culturais pela cidade do Rio de Janeiro, através do pensamento

estratégico de desenvolvimento local, pelo bairro, onde tínhamos sede.

Rede composta por artistas, instituições, gestores, educadores, arte-

educadores – pessoas com e sem deficiência engajados nos direitos e na

potência da expressão estética, artística e crítica, que revela o corpo e a

diferença do corpo – quando estabelece lugar ao corpo deficiente – como lugar

de interesse investigativo.

Em consonância com a vida de artista, extraí caminhos de formação de

novo gosto e de outras possibilidades estéticas, diante de uma qualificação

profissional disrruptora de sentidos cristalizados no entendimento da dança, do

corpo e na arte pelo senso comum. Considerando que a formação do sujeito

artista é determinante no campo da Arte.

Escolhi a Analise Institucional como referencial teórico e quando o fiz por

volta dos vinte anos, confesso, não tinha a menor noção que éramos tantos os

seres humanos e que vivíamos de maneiras tão diferentes e foi assim, que fui

compreendendo o projeto que estava me envolvendo: uma sociedade justa

para todos. Sem dúvida, o DefNet provocou em mim uma quebra

paradigmática, uma mudança radical de visão e de percepção do mundo

possível.

Foi quando passei a compreender o sentido do atravessamento, do que

nos atravessa para além do que é transversal e o que se entende por

transversalidade na Analise Institucional.

As informações referentes aos artistas, pessoas com deficiência foram

consultadas no Centro de Documentação de Artes /CEDOC/Funarte e Centro

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de Documentação, de Registro e de Memória Artes Sem Barreiras

(CDRMEMÓRIA'SEMBARREIRAS) – Banco de Dados/fonte: Baila Comigo

(2013) que subsidiam o Centro de Informática e Informações sobre Paralisias

Cerebrais – DefNet – fundado pelo Dr. Jorge Márcio, através da Rede de

Intervenção, fruto do programa de articulação do movimento em artes

coreográficas, norteadora do processo histórico da dança e da pessoa com

deficiência no Brasil.

Prática com Albertina dos Santos Brasil e Andre Andries

(1999)

Segundo André Andries, servidor do MinC, sociólogo, editor, gestor do

Programa Arte sem Barreiras durante os quatorzes anos no período de 1990 a

2004, contextualizamos a proposta de Albertina Brasil, fonte documental dos

releases e relatórios da Associação vida Sensibilidade e Arte (VSA do Brasil),

1999;

A partir da Constituição de 1988, teve início uma nova forma de relação entre o Estado e a sociedade civil pela institucionalização de uma série de normas que ampliaram as possibilidades de participação dos cidadãos e entidades representativas nos processos decisórios em distintas esferas de governo. Nos anos seguintes, surgem centenas de movimentos e as entidades da sociedade civil demandando direitos políticos, civis e sociais. Em março de 1990, a professora e humanista Albertina Brasil Santos (1925-2004) criou a Associação VSA Brasil, uma organização não governamental, sem fins lucrativos, composta por voluntários, sob inspiração e depois afiliação, ao programa Very Special Arts, fundado em Washington, em 1974, por Jean Kennedy Smith e hoje presente em 86 países nos cinco continentes. O programa brasileiro, nomeado de Arte sem Barreiras, desde seu início e de forma pioneira no mundo, decidiu realizar ações e projetos de forma não segmentada. Inclusão foi à palavra-chave encontrada e que abriu para a realização de um diálogo cultural e estético entre pessoas com e sem deficiência.

25

Albertina, uma das fundadoras da Funarte - Fundação Nacional de Arte,

em 1975, convivi com ela cerca de cinco anos (1999 a 2004), mas tempo

suficiente para compreender e aprofundar quais os caminhos a serem

alcançados pelos artistas, pessoas com deficiência no Programa Artes Sem

Barreiras na Funarte, a profissionalização e o mérito artístico.

25 Informações na publicação da Oficina Nacional de indicações de políticas públicas culturais

para inclusão de Pessoa com Deficiência NSNSN-2008/MINC/ SID/FIOCRUZ, na mesa sobre Cultura e Deficiência: trajetórias e perspectiva p. 37 à 42.

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O primeiro contato aconteceu no I Festival Latino de Arte sem Barreiras

e do I Congresso Latino-americano de Arte-Educação Inclusiva no SESC

Pompéia em São Paulo, em 1998. Revelando-se para mim como um divisor de

águas, pelo alcance a compreensão do paradigma de sociedade inclusiva no

país e no mundo. Momento que conheci o Programa, partipei como aluna de

dança contemporânea da Escola Angel Vianna, pelo Projeto Baila/DefNet

recém criado.

Lembro-me como se fosse hoje, nunca tinha visto nada igual, eram

cerca de duas mil pessoas, entre centenas de artistas, arte-educadores e

representantes de dezenas de entidades do Brasil e 22 países participando dos

dois eventos que estabeleceram um novo patamar educacional e artístico nas

relações da pessoa com deficiência e sociedade.

Evento extremamente complexo e organizado pela VSA do Brasil, com

a participação de John Kemp presidente mundial da VSA, quando coordenou

reunião de avaliação do programa na América Latina com a presença de

representantes do Very Special Arts de vinte países do continente. Tratava-se

da relação do Ministério da Cultura/Funarte e do Ministério da Educação com

as políticas para as pessoas com deficiência no Brasil.

A vivência junto a centenas de artistas de diferentes países enriqueceu o

universo desconhecido por mim. Nesta ocasião fui surpreendida com a

apresentação do grupo Limites Cia de Dança de Curitiba dirigida por Andrea

Bertoldi Sério, coreógrafa de dança contemporânea e colaboradora com

Albertina para o desenvolvimento do pensamento do corpo que dança.

Este evento me fez compreender o Campo da Cultura, pela pessoa com

e sem deficiência na Arte e hoje, dispositivo analisador: o campocorpo. Foi

quando pela primeira vez assisti artistas profissionais, pessoas com e sem

deficiência executando dança. Nem imaginava esta realidade, fiquei

impressionada com o alcance na época há dezesseis anos. Quando

compreendi o sentido de um fenômeno, na expressão cultura brasileira.

Quando conheci o trabalho corporal de Rogério Andreolli e Elisabeth

Caetano pelo Grupo Giro de Niterói, coreografado por Rosangela Bernabé e

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também Roberto Matias e Anderson Leão da Roda Viva Cia de Dança de Natal

coreografado por Henrique Amoedo. Entre as cias estrangeiras fui atraída

pelos trabalhos da companhia espanhola com Patrícia Diaz e Tomi Ojeda e o

Grupo de Teatro Imagines de Lima, dirigido por Rocio Ratto.

As fruições estéticas entre os trabalhos nacionais e internacionais

chamavam atenção, era o momento dos trabalhos selecionados como arte-

produto, aqui neste estudo resignificado como campocorpo. O Festival Arte

sem Barreiras acontecia em dois momentos, em duas programações culturais

distintas no que tange as apresentações artísticas: em um momento

apreciávamos os trabalhos profissionais e em outro momento apreciávamos os

trabalhos em processo de desenvolvimento.

O VSA/Brasil centraliza seus objetivos em duas vertentes:

- Arte-Processo – a educação artística no processo do desenvolvimento das

pessoas com deficiência.

- Arte-Produto – promoção e divulgação da arte com pessoas com deficiência.

Com a finalidade de dar visibilidade ao valor criativo, gerador de arte

pela pessoa com deficiência “Berta” como Albertina carinhosamente era

conhecida, defendeu com seus pares, e junto, ao presidente na ocasião Marcio

Souza, que a Fundação de Artes do Brasil/Funarte, deveria ter em sua

estrutura, uma política própria, para atender este segmento cultural.

O programa Artes sem Barreiras teve como proposta inicial para o

desenvolvimento do:

a) promover e entrelaçar a produção artística de pessoas com e sem

deficiências, por meios de intercâmbios e diálogos estéticos;

b) estímulo a artistas, educadores e a investigadores da sensibilidade a serem

lançados em pesquisa e produção de conhecimentos no campo da arte e da

pessoa com deficiência;

c) ampliar o entendimento da sociedade brasileira sobre essas novas

expressões para dissolver barreiras estéticas e sociais;

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d) inserir o fazer artístico para pessoas com deficiência a contemporaneidade

estética e ao desenvolvimento socioeconômico do país, gerando ocupação e

renda.

E estes foram os pressupostos do Programa Arte Sem Barreiras,

apresentados por mim, na Primeira Oficina Nacional de Indicação de Políticas

Culturais para a inclusão da pessoa com deficiência, NSNSN-

2008/MINC/SID/FIOCRUZ, no Rio de Janeiro, construção do Plano Nacional de

Cultura do Brasil – na mesa redonda: Cultura e Deficiência: trajetórias e

perspectiva.

Comitê Estadual do Rio de Janeiro

Mapeamento estadual do movimento artes sem barreiras

(1999)

A seguir transcrevo informações contidas na cartilha do Programa de

créditos institucionais do I Encontro Nacional do Very Special Arts-Brasil, para

a criação dos comitês estaduais26.

O Programa VSA visa abrir espaço para o artista com deficiência: - promovendo e aprimorando sua arte; - integrando-o no programa cultural do país; - avaliando-o para apresentação no país e no exterior; - somando esforços das organizações ligadas às artes e atendimento à pessoa com deficiência; - promovendo mostra de arte, festivais, exposições e movimentos outros centrados na arte das pessoas com deficiências.

Busca integrarem-se sempre a Programações Culturais já existentes nas Universidades, Federações de instituições de atendimento a pessoas com deficiências, Órgãos de representação de classe, Secretarias e Fundações estaduais e municipais de educação e cultura. Adota a política de não segregação – o espaço cultural aberto ao artista pessoa com deficiência pretende priorizar sua arte, permanecendo, porém, aberto a todos os demais artistas.

Vinha do universo dos projetos sociais que atuavam com a arte no

processo de transformação pela criação de tratbalhos artísticos. Proposta

semelhante com segmentos culturais diferentes, as produções culturais das

26 Subsídios para implantação de comitês estaduais e municipais, 27 a 29 de agosto de 1990.

Documento pesquisado no CEDOC/Funarte, acessado em fevereiro de 2014.

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instituições que atuavam no campo da criança e do adolescente, moradores

das favelas e também dos que viviam nas ruas e nas comunidades.

Quando em 1999 procurei o Programa Arte sem Barreiras para difundir

as atividades culturais no Projeto Baila Comigo no Museu para Todos/ Defnet

com a finalidade de aproximar coletivos de artistas, instituições, gestores,

educadores, arte-educadores – pessoas com e sem deficiência engajados nos

direitos e na potência da expressão estética, artística e crítica.

A confluência das práticas mais uma vez atravessou meu campo de

intervenção, revelando o corpo diferente e as diferença dos corpos como um

campo de força e hoje, dispositivo-analisador: corpocampo, foi assim que

conheci Valtair Romão, parceiros, administrador – responsável pela estrutura

do Programa Artes sem Barreiras e servidor do MinC que me apresentou para

Albertina – foi quando, recebi o convite para ser Coordenadora do Comitê

Estadual do Rio de Janeiro, desta forma, em 1999 me tornei mais uma das

voluntárias a engrossar o movimento social de artistas, pessoas com e sem

deficiências Arte sem Barreiras. E hoje, difundido por mim como Setor Artístico

de pessoa com deficiência e segmento cultural, argumento deste estudo.

O Primeiro encontro que participei com os coordenadores dos comitês

se deu no VI Festival Nacional de Artes Sem Barreiras e o V Congresso

Nacional de Arte-Educação na Escola para Todos, em 2000/Brasília, quando

pela segunda vez me aproximada deste segmento cultural.

A Pulsar recém-fundada participam do momento dos trabalhos em

processo de desenvolvimento, Rogério, ator e bailarino experiente no

segmento e seguiu conosco, pelos caminhos naturais do programa

apresentando um novo processo de pesquisa estética.

André Andries (2000), um dos responsáveis pela programação do Arte

Sem Barreiras Nacional, propôs na edição de Brasília um bate papo que

denominado como: Café com Arte – 1º Colóquio com artistas de renome

nacional (2000) que estiveram trocando ideias com o público sobre a

importância da arte sob as suas diversas manifestações enfatizando a atenção

de “artista deficiente”.

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Como mineiro clássico André, propôs que com café conversássemos

sobre as obras apresentadas. Entre as diferentes presenças na área da dança,

a convidada foi Márika Gidale, Diretora do Balé Stagium e foi quando participei

pela primeira vez da polêmica entre artistas pessoas com e sem deficiências e

suas produções culturais e artísticas.

Cresceram as demandas para a participação nos Festivais de Arte sem

Barreiras e o Comitê Nacional como convicções firmes ao primar pela

qualidade do que apresenta, tinha suas metas. A visibilidade da produção

cultura pelo segmento já estava posta, o evento sem característica a ser

segmentado fomentou um campo e aglutinaram parceiros, solidificando assim,

a política pública de cultura na época chancelado pela Funarte/MinC.

Para o ano seguinte 2001- Berta ressaltou preocupação como o volume

de trabalhos artísticos que surgiram na última edição, reconhecendo que

aquele momento seria crucial para a manutenção da qualidade nos eventos

artísticos. Compreendendo que o Programa estabeleceu seu espaço de

reconhecimentos das obras e de troca entre os processos estéticos e que para

continuar com os artistas profissionais precisa ainda mais e, um dos desafios,

era lidar com o Setor a profissionalizar as estruturas aos eventos.

Foi quando convidou consultores de área para apontarem as

necessidades especificas de cada linguagem e neste momento fui convida para

ser Consultora de Dança na Coordenação Nacional do Programa Artes Sem

Barreiras/ Very Special Arts do Brasil.

Acumulando duas representações e representando o sudeste, fui

conhecendo as diferenças culturais do nosso país e reconhecendo a

abrangência da cultura brasileira, especificamente a respeito da identidade do

trabalho artístico de pessoa com deficiência e segmento cultual. Tudo

aconteceu muito rápido eu particularmente, não conhecia a história deste

movimento, mas aceitei o desafio.

Como Coordenadora do Comitê Estadual de Artes Sem Barreiras do Rio

de Janeiro propôs à construção de um “programa institucional” com o objetivo

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de somar forças nas três instituições que estava envolvida, já que o elo para o

desenvolvimento das ações era a mesma pessoa, no caso eu.

Montada a rede integradora de instituições, reestabelecemos a ação do

Projeto Baila Comigo para uma rede de intervenção em abrangência nacional,

assim, o Centro de Informações|Banco de Dados/Defnet; a Escola de

Dança/EAV; a Pulsar Cia de Dança e o VSA Brasil - Programa Arte sem

Barreiras/Funarte/MinC se rediaram ao Programa Baila Comigo, uma rede de

intervenção: o Programa de Ações Articuladas em Artes do Movimento (2000).

Ao aceitar convite para ser Consultora de Dança fui incumbida de

planejar e organizar o 1ª Festival Internacional Artes sem Barreiras, junto ao 1ª

Congresso Internacional Artes sem Barreiras em 2002 em Belo Horizonte,

quando realizamos o 3ª Colóquio com artistas de renome nacional (2002); mas

desta vez sem café e reunindo o segmento da Dança; para esmiuçar e unificar

as questões da profissionalização da área especifica, reunimos dezenas de

trabalhadores da cultura, constituindo então o Núcleo de Artes Cênicas: Setor

Dança Arte sem Barreiras (2002), há doze anos. Atualizando aos dias de hoje

pode-se entender que este foi um encontro da setorial de dança de artista,

pessoa com e sem deficiência.

Às vezes (...) um fato, vira; fato outro (...) conjunto de palavras utilizadas por Helena Katz referindo se a alteração da sigla do FID – Festival Internacional da Dança (1996-2000) por FID – Fórum Internacional da Dança – por consequência do amadurecimento do projeto (catálogo FID/BH/MG, 2001).

A experiência foi valorizada pelo Arte sem Barreiras, assumi a

Coordenação no Estado e fui à busca de fomentar a participação da pessoa

com deficiência no Rio de Janeiro, representando o sudeste.

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Consultora de Dança

Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança Arte sem Barreiras

Comitê Nacional Very Special Arts do Brasil | Funarte| MinC

Programa Artes Sem Barreiras

(2001)

Na formação de bailarino na EAV estudamos como diz Angel uma

porção de coisas, sobretudo a consciência corporal, a conscientização pelo

movimento nesta escola de pensamento corporal aprofundamos as

percepções, as sensações como o conhecimento estrutural do corpo, por meio

de diferentes técnicas e modos de processos criativos.

Tentar uma síntese sobre sua obra é correr o risco de reduzi-la ao que

não deveria ser considerado importante. Suzana Saldanha (2009), atriz,

professora e diretora de teatro reuniram artigos de diferentes profissionais que

passaram por ela, no livro intitulado: Angel Vianna Sistema, método ou técnica;

para documentar algumas impressões, considerei algumas para rechear nossa

conversa sobre corpo e dança:

Juca Ferreira na época Ministro da Cultura (...). Impossível falar na dança contemporânea brasileira sem citar seu nome. Sua técnica revolucionou o tratamento que se dava ao corpo (...). Angel Vianna foi e continua a ser um dos baluartes do chamado “trabalho de corpo”, depois dela, a relação entre corpo e dança nunca mais será a mesma. ( p. 14); Sérgio Mamberte na época Presidente da Funarte (...) seus estudos sobre a sensibilização do corpo e a conscientização do movimento não se tornam somente essenciais somente na formação de bailarinos e atores ( p.15); Luciana Bicalho, professora, diretora de movimento e preparadora corporal (...) Na Angel corpo é possibilidade. (...) dedicou-se, desde muito, a pesquisar a arte do corpo em movimento. Contemporânea na arte de experimentar perceptivamente o corpo em suas múltiplas manifestações, sempre disposta a somar conhecimentos, reuniu em sua escola, seus saberes, práticas e pensamentos, guiados por uma pele que toca e é tocada, por um olhar que ouve, por um esqueleto vivo, por um corpo perceptível. Fibras tensas começam a soltar, liberam não apenas o corpo, mas também os fluxos do pensamento e das sensações. Aos poços vamos presenciando pequenas mudanças nas formas do corpo, nas atitudes de nossas posturas, nas qualidades dos gestos. (p.109 e 110); Ana Bevilaqua, professora, diretora de movimento e preparadora corporal (...) Laban e Angel se aproximam pois suas próprias vidas foram e são dedicadas a dança, ao movimento, ao corpo. Ambos fizeram de suas vidas um contínuo processo de pesquisa e de trabalho gerando, respectivamente, um sistema e um método que já fazem parte da história da dança e do movimento no Brasil e no mundo (p.78) (...) O trabalho de Angel enfoca, mas diretamente o que seria a categoria corpo do sistema Laban, embora não deixe de se relacionar e explorar aspectos espaciais, de qualidade e expressão do movimento e forma (...). A dança que Angel Vianna professora procura respeitar são os ritmos e particularidades de cada corpo. “Cada um pode ter sua própria dança” é uma crença profunda de Angel compartilhada por Laban. (...) A dança que Laban almeja procura se relacionar com os padrões rítmicos da natureza e do

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homem. Laban estuda os padrões de movimento comuns à raça humana, mas também percebe as diferenças que são culturais e principalmente as individuais. Uma das muitas polaridades contidas no sistema Laban é justamente esta: grupo e indivíduo; a parte e o todo. (...) Assim, imagino que Laban e Angel estão profundamente ligados e um complementa o outro. (p.81)

Entre as diferentes matérias de dança e corpo que temos no curso, em

dança contemporânea o sistema e método aplicado é de Laban, (Rudolf Von

Laban, 1879-1958):

Dançarino, pesquisador húngaro e coreógrafo, considerado como o maior teórico da dança do século XX e como o "pai da dança-teatro". Dedicou sua vida ao estudo e sistematização linguagem do movimento em seus diversos aspectos: criação, notação, apreciação e educação. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rudolf_Laban

Em minha formação de bailarina contemporânea por meio de vigências

com Andrea Bertoldi Sério, Diretora da Limites nos eventos do Arte sem

Barreiras e por Maria Teresa Y Sayz Diretora da Pulsar tive oportunidade de

estudar e me aproximar mais, tanto no campo da fruição pela percepção na

qualidade do movimento, como no aprofundamento da pesquisa corporal com

pessoa com deficiência neste ensinamento.

No evento do SESC Pompéia/SP participei do curso sobre a linguagem

da Limites com Andréa Sério e na ocasião lembro-me de ter ficado bem

entusiasma com a sincronicidade das escolhas e de ter tido a impressão que

estava num caminho longo, preciso, precioso e raro. Andrea Sério uma das

pioneiras de pesquisa em dança com pessoa com deficiência no Brasil foi uma

das grandes responsáveis na área da dança, pelo entendimento claro que o

programa teve com os seus desafios para a compreensão dos diferentes

estágios que envolvem este campo.

De uma forma ou outra, me sinto dando sequência ao que foi germinado

e agora articulo, imagino, uma aproximação entre Angel, Albetirna e Laban

quando percebo as crenças destes educadores em citando o último,

Laban acreditava que as diferentes mensagens que cada ser humano traz dentro de si são a maior riqueza de uma sociedade como a nossa, que depende e vive para e do grupo (http://www.morungaba.org.br/ núcleo/detger_n.asp?id=118)

No livro organizado por Saldanha (2009); escrevi um artigo “Fábulas de

Angel” Nunes Chiesorin (2009), unificando as histórias:

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(...) através do DefNet cheguei a Angel e em Albertina, ambas as mulheres, humanistas e professoras que acreditaram na arte como mecanismo transformador da vida. Angel professora, pesquisadora, coreógrafa e potencializadora da pessoa com deficiência através do corpo pela dança, abriu sempre espaço para a visibilidade das diferenças e dos corpos diferentes, suscitou o despertar da consciência de tantos que vivem marginalizados do processo criativo sem possibilidades de assessora aos bens educativos e culturais. Albertina professora, humanista, estimuladora do processo de arte-educação como proposta viável para a inclusão de pessoa com deficiência na escola e nas artes, fundadora do Very Special Arts – Arte sem Barreiras/Funarte – um programa brasileiro, que, desde o início e de forma pioneira no continente, fez da inclusão a palavra-chave de suas ações, promovendo o diálogo estético de pessoa com deficiência, estimulou artistas, artistas, educadores e investigadores da sensibilidade a se lançarem em pesquisas e à produção de conhecimentos, atuou na formulação de políticas públicas de ensino através da arte, promovendo apresentações de experiências e processos estéticos para pessoas com e sem deficiência, rompendo barreiras e rampas sociais, atitudinais pelo Brasil a fora. (p.121 e 122)

Desde 2003 trabalho na Escola e na Faculdade Angel Vianna e tanto no

DefNet quanto na VSA sou colaboradora voluntária, militância mesmo, me

formei na Escola em 2000 quando já atuava no Comitê Estadual e seguíamos

com no Projeto Baila Comigo no Museu para. Quando foi convidada para ser

Consultora de Dança e para planejar e organiza o I Festival Internacional de

Arte sem Barreiras em Belo Horizonte, não tive nenhuma dúvida era o

momento certo para aproximar Albertina de Angel já que elas não se

conheciam e apresentar Angel ao movimento dos artistas do Programa Arte

sem Barreiras, criando um campo de forças nas três instituições que me

dedicava em um Programa de Ações Articuladas em Artes do Movimento,

fazendo surgir uma rede de intervenção unificando os conhecimentos e

profissionais envolvidos.

(...) foi em 2002 – quando já tinha me formado na escola – que tive a real extensão das confluências no qual estava envolvida. Neste ano junto com Albertina e equipe, organizamos I Congresso e Festival Internacional de Arte sem Barreiras/BH, onde homenageamos Angel Vianna em sua terra natal quando ela participou dando aulas e proferindo palestra na PUC/MG. (...) Neste evento convivemos com cerca de setecentos bailarinos e mais de oitocentos outros artistas, entre músicos, atores e artistas plásticos. Ficamos reunidos durante uma semana respirando e nos alimentando de arte e das contribuições de Angel. Foi neste momento que de fato senti a junção de forças humanas em prol de um mesmo caminho e o reconhecimento da arte feita, por, com e para pessoas com deficiência. Foi exatamente depois desse evento que Angel me convidou para trabalhar com ela nas instituições que dirige e a partir de 2003 (p. 122 e 123).

Foi quando nasceu o Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança (2001)

responsável por planejar, promover, difundir, fomentar, sistematizar, registrar,

documentar e conceituar os desejos do coletivo.

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Seleção de trabalhos artísticos e/ou culturais para os eventos do Programa Artes Sem Barreiras no Brasil e no exterior

Contudo, começamos o trabalho pensando em que dança queremos

disseminar e de que modo conduziremos a assimilação das diferenças, assim

iniciamos pelos indicadores internos do Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança

(2001), hoje após quatorze anos, compreendemos como Núcleo de Artes

Coreográficas (2014):

Indicativos:

Critérios para a inscrição do festival:

1) Ser pessoa com deficiência não é critério, não implica em estar selecionado,

é preciso ter um corpo em trabalho técnico e artístico;

2) Coreografias novas para os eventos do Artes Sem Barreiras, ou esquemas

corporais que demonstrem o processo evolutivo da célula inicial de pesquisa

anterior;

3) Duração no máximo de 20 minutos;

Vetores da seleção em Dança – Proposta da Pesquisa Coreográfica:

1) Pensamento estético = estética como posicionamento;

2) Visão cênica com elementos claros junto ao conceito proposto no trabalho;

3) Inovação = em busca de caminho próprio/identidade de vocabulário corporal;

4) Processo evolutivo – que se modifique no tempo de existência da Cia e/ou

grupo de dança;

5) Discurso corporal construído em linha de pensamento proposto;

6) Fazer visível e identificável o conteúdo proposto (a questão é a clareza de

conteúdo e não de estilo), é importante localizar a intenção da proposta;

7) Relações entre a pesquisa, às transições e passagens de quadros;

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8) Beleza da expressão corporal;

9) Visualidade na plasticidade das soluções cênicas;

10) Articulação de elementos frete aos resultados pretendidos;

11) Observação e valorização de como cada um experimenta a dança;

12) Equilíbrio técnico entre os bailarinos com e sem deficiência (há não

evidenciar a deficiência como falta);

13) Composição entre artistas e não blocos de artistas com deficiência e blocos

de artistas sem deficiência, atingir o processo de fato pela inclusão como

finalidade do trabalho;

Vetores da Seleção em Dança = Proposta da pesquisa corporal individual:

1) Técnica que apresente uma escala e/ou desdobramento na linha de

pesquisa abordada;

2) Habilidade motora cognitiva – técnica de dança e execução da mesma;

3) Organização corporal;

4) Valorizar a constituição física do que pode um corpo;

5) Apresentar o padrão de movimento de um corpo, daquele corpo – identificar

qual é o corpo que promove a pesquisa de movimentos;

6) Desenvolver o padrão de movimento que configura a pesquisa corporal e a

composição coreográfica no trabalho artístico;

7) Buscar soluções corporais em cada bailarino presente na pesquisa e

execução da dança;

Estes indicativos foram construídos como eixos norteadores para

respaldar a comissão a cada evento do programa artes sem barreiras no

processo seletivo dos trabalhos artísticos inscritos, foram sistematizados pelos

trabalhos de coordenação deste núcleo e seus colaboradores.

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Albertina tinha muita clareza nos propósitos a atingir pelo programa artes

sem barreiras, foi quando em 15 de Janeiro de 2001, através do ofício circular

nº 008/200127 fez o convite para o assessoramento ao programa, alinhando

reunião para o planejamento, este grupo foi composto por Cássia Frade,

Cultura Popular; Janine Fortes, Artes Plástica; Márcia Cirigliano, Música;

Ritamaria Aguiar, Arte Educação; Rubens Gripp, Teatro; Andrea Chiesorin

Dança.

Em 2001 o Comitê Municipal de Macaé (RJ), representado pelo CVI-

Macaé decide por fazer um evento nacional de dança. Foi quando Albertina

institui a primeira ação de consultoria de dança no Comitê Nacional da VSA do

Brasil | Funarte| MinC – Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança pelo Programa

Arte sem Barreiras/VSA do Brasil.

O evento denominado como 1ª Encontro Nacional de Dança Para

Pessoas Portadoras de Deficiência Física em Macaé, ocorreu durante três dias,

de 05 a 08 de julho em 2001. Reunindo cerca de 150 artistas bailarinos entre

duzentos participantes pesquisadores e professores de dança, envolvendo

cerca de 500 pessoas entre publico e colaborados, por se tratar de um dos

eventos que celebravam o 188º aniversário do município.

Para este evento organizamos além das apresentações artísticas, oficina

durante os dois dias para os bailarinos inscritos conviverem entre si, como um

Encontro Reflexivo em formato de debate para coreógrafos e/ou

coordenadores de cias e/ou grupos e bailarinos, com a professora e

pesquisadora de dança Angel Vianna, diretora da Escola Técnica de Dança,

nosso 2º Colóquio com artistas de renome nacional (2001).

Considerando fundamentais as reflexões conjuntas sobre as práticas

dos agentes culturais envolvidos no campo de trabalho em cultura, de e por

pessoa com deficiência no país. Entre estes profissionais encontraram se

coreógrafos, pesquisadores, bailarinos, fisioterapeutas, professores e gestores

no intuito de debater opiniões sobre os trabalhos dos grupos e das cias que se

27 Oficio 008/2001 – arquivo pessoal da autora deste trabalho;

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apresentaram como promover discussão sobre os métodos e procedimentos

aplicados nos ensaios e na construção do trabalho artístico.

Esteve presentes representantes de diferentes regiões brasileiras como

Andrea Bertoldi da Limites Cia de Dança de Curitiba; Christine Moraes do

Grupo Esplendor e do Ekilíbrio Cia de Dança de Juiz de Fora; Luciene Kattaoui

do Crepúsculo Cia de Dança de Belo Horizonte; Camila Rodrigues da

Companhia Corpo e Movimento/Andef de Niterói; Vânia Tolipan e Almir Martins

do Grupo Portadores da Alegria de Macaé; Mark Van Loo do Bambolê La

Streer Dance Company de São Paulo; Andrea Passarelii da Cia Artes Sem

Barreiras/Clube dos Paraplégicos de São Paulo; Ninfa Cunha e Cabral do

Rodança de Salvador; Teresa Taquechel e Rogério Andreolli da Pulsar Cia de

Dança do Rio de Janeiro e os anfitriões responsáveis pelo evento e

organização Thaís Vieira, Paulo Azevedo e Dilma Negreiros da Cia CVI Dance

de Macaé.

Entre os pesquisadores e profissionais envolvidos com o assunto esteve

presente Albertina Brasil, Hildemar Miranda, Sylvio Lopes (Prefeito de Macaé),

Tânia Rodrigues, Angel Vianna, Henrique Amoedo, Flavia Cintra, Beth

Caetano, Oyama Queiroz, Carlinhos de Jesus, Anna Cavaliere, Andre Andries,

Márcia Abreu, eu entre outros – foi neste encontro, apesar de muita polêmica

que Henrique Amoedo fez o “desserviço” de introduzir o termo dança inclusiva,

com a intenção a conceituar seu trabalho acadêmico referindo se a

necessidade de criar um termo que identificasse a “prática de dança com

bailarinos com deficiência”.

O Convite para a participação de Angel Vianna para este encontro

reflexivo de categoria se deu por identificar a necessidade de fortalecer a ação

da dança e da profissão diante ao campo de trabalho. Ocorriam eventos e

atividades isoladas, a ideia era fortalecer as ações do programa Arte Sem

Barreira no estado do Rio de Janeiro, como da categoria artística, ao nível

nacional.

Dilma Negreiros na época era também bailarina da Cia CVI’IN Dance,

hoje gestora e colega no curso de especialização em acessibilidade cultural.

Juntas desenhamos o evento quando nem imaginávamos que treze anos

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depois teríamos a oportunidade de reencontrar e reconstruir esta rede estadual

pela política, por vir de acessiblidade cultural.

Na época estava iniciando meu caminho no movimento social de Arte

sem Barreiras, já que os artistas atuam de forma independente e articulam-se

ao programa que propõe formulação de política cultural para o Ministério da

Cultura, na inserção do artista, pessoa com deficiência no Setor Cultural.

Apesar de já ser bailarina profissional não conhecia a trajetória deste

segmento, neste Encontro Nacional de Dança que foi o primeiro de Macaé foi

reestabeleciada a história e os personagens do segmento atuante na pesquisa

artística de pessoa com deficiência. Quando tive a informação que no Rio de

Janeiro aconteceu um evento também Nacional de Dança no Centro Cultural

da Light na década de 90 e organizado por Rosangela Barnabé, uma das

precursoras do gênero no Brasil. Neste Encontro reuniram-se diversos

bailarinos, pessoas com e sem deficiências e a cada dia de trabalho, criaram

peças coreográficas, um intercâmbio de pesquisa.

Rosangela Barnabé fisioterapeuta de Niterói dirige o Grupo Giro, um dos

primeiros grupos do Rio de Janeiro onde, os bailarinos Rogério Andreolli, Beth

Caetano e Renata Carvalho artistas pessoas com deficiência iniciaram suas

práticas. Possivelmente o processo com o Grupo Giro além da parte de

reabilitação corporal impulsionou-os pelo gosto da Arte, da dança profissional e

foi assim, que no sudeste se estabeleceu o segmento artístico de pessoa com

deficiência trabalhadora no campo da cultura.

Segui nesta perspectiva pelo campo de intervenção, já que os objetivos

se afinavam e para além de fortalecer a ação, poderia aprofundar o

conhecimento em torno da arte do corpo, promovendo entendimento outro,

pelo corpo (corpodespadronizado).

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69

Diretoria da Associação Vida Sensibilidade e Arte

VSA do Brasil

(2004 aos dias atuais)

Em 2003 entre diversos outros eventos ocorreu o evento Regional

Nordeste: Seminário de Gestores Culturais em Aracaju – organizado pelo

Comitê Nacional do VSA/Brasil, a esta alturas o Programa funcionava a todo

vapor e se organizava anual e bianualmente. Nos anos impares acontecia os

eventos locais: municipais, estaduais e regionais; nos anos pares aconteciam

os eventos macro: nacionais, internacionais, latinos, ibero e de com sequências

políticas que envolviam o MINC, a Funarte e/ou o MEC em micro e

macropolíticas.

Neste evento de 2003 em Aracaju Albertina compreendeu que era

preciso sensibilizar os gestores, como os agentes financiadores. Que o

programa já tinha produção profunda suficiente para circular, para escoar a

produção do segmento de Arte sem Barreiras, e assim foi feito, compareceram

ao evento representante do Banco do Brasil; do Centro Cultural do Banco do

Brasil; da Caixa Econômica; do Itaú; do SESC; empresas do setor privado de

energia e telefonia.

Desdobramentos estavam por vir, germinado estava o solo e o

Programa foi convidado em 2004 a quatorze anos atrás, pela Secretaria de

Direitos Humanos/SDH e pela Coordenação da Pessoa com

Deficiência/CORDE para participar do evento de Abertura do Ano Ibero-

Americano, foi quando ocorreu a nossa perda da amável e querida Albertina

dos Santos Brasil. Exatamente quando ela solidificava a política para o Setor.

Continuamos mas não sabíamos o que iríamos enfrentar. De forma

inédita e histórica no país, participamos da solenidade presidenciável da

Abertura do Ano Ibero-Americano, com a presença do Presidente da República

Luis Inácio da Silva, dos Ministros: da Cultura Gilberto Gil e o Secretário

Especial dos Direitos Humanos Nilmário Miranda e no ano seguinte fomos

contemplados com o edital público do Centro Cultural do Banco do Brasil do

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Rio de Janeiro, para realizarmos um mês de apresentações envolvendo o setor

de artistas brasileiros atuante numa programação de Arte sem Barreiras.

Diante dos fatos ocorridos, a diretoria do CCBB comprometida com o

resultado do edital público e frente à proposta de Albertina/VSA do Brasil

apresentada pela associação – não interrompeu a execução da Mostra.

Reestabeleu o cronograma e pautou o evento para 2005, foi quando

realizamos o primeiro projeto para artistas com deficiência com recursos

exclusivos da cultura.

A Mostra ARTE, diversidade e inclusão sociocultural - com um conjunto

de atividades: programação artística com acessibilidade estética em artes

visuais; dança; teatro; música; performances; seminário de arte, educação e

pessoa com deficiência; curso de introdução à musicografia em Braille; 3º

Encontro do Corpo nas Artes e nas Diversidades com a Escola Angel Vianna;

mesas-redondas; fórum de entidades; programa educativo qualificado pela

acessibilidade metodológica; programação disponibilizada no formato de

acessibilidade cultural, atitudinal e comunicacional para o publico com

deficiência; fomento a política municipal para o acesso físico em forma

acessibilidade arquitetônico, impulsionando a acessibilidade pragmática da

legislação em vigor.

Em 2008 quando surgiram as sistematizações das diretrizes e ações do

Setor Cultural para as estratégias do Plano Nacional de Cultura/PNC e do

Sistema Nacional de Cultura|SNC como do Sistema Nacional de Informações e

Indicadores Culturais (SNIIC).

A Secretaria de Identidade e de Diversidade Cultural/SID/MinC,

começou a levantar e resgatar informações sobre o segmento cultural da

pessoa com deficiência através do Ricardo de Lima e Patrícia Dorneles que

tinha realizado em 2007 a Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas

Culturais para pessoa em sofrimento mental.

E projetavam a mesma iniciativa com o segmento de pessoa com

deficiência e cultura foi quando iniciaram os trabalhos para desenvolver a

Oficina Nacional de indicação de políticas públicas culturais para inclusão de

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pessoa com deficiência| o NSNSN/2008/SID/MINC/FIOCRUZ e chegaram à

Associação Vida Sensibilidade e Arte/VSA do Brasil.

Com a descrição destes acontecimentos podemos verificar a ausência

de ações realizadas para o segmento de pessoa com deficiência no Setor

Cultural até 2008.

A idealização da Oficina NSNSN/SID era um momento crucial, para o

fortalecimento da cadeia produtiva deste segmento em arte. Contudo, em 2008

fazia-se necessário reatar este segmento cultural, as Convenções

Internacionais tanto dos Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU/2006)

Decreto Federal nº 6.949/2009 como da Proteção e Promoção da Diversidade

das Expressões Culturais (UNESCO/2005) Decreto-Lei nº 6.177/2007 o Brasil

já era signatário. O MINC pautava a cidadania e a diversidade cultural e

precisava localizar os atores, os agentes culturais do segmento no Setor

Cultural.

Podem-se haver diversas interpretações e análises conjunturais sobre o

silenciamento no Setor, mas não podemos deixar de citar o descompromisso

com o segmento social e cultural de pessoa com deficiência. A ausência da

continuidade de política pública pela Funarte/Minc interrompeu os elos com a

cadeia produtiva, momento mais produtivo do Setor de Arte sem Barreiras.

Considerando que o Brasil teve um programa inédito e que foi extinto,

não podemos deixar de documentar e pautar esta violência e abuso do poder

público para com este segmento cultural.

Medidas reparatórias pela reestruturação do campo, como a criação de

meios ao desenvolvimento econômico são prioridades. A identificação de

artistas agentes históricos deste processo visando o reconhecimento

patrimonial para a sociedade brasileira deve ser considerado no mínimo um

assunto muito sério em cada cidade. A história está construída é preciso

apresenta-la.

Sobre a lacuna do setor faremos questão aqui de contextualizar o

ocorrido, com algumas palavras do atual presidente da AVSA do Brasil (2013 a

2017) Rogério Andreolli, ator e bailarino – fundador com Albertina da

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Associação Very Special Arts do Brasil, “incorreu num crime que deveria ser apurado

administrativamente e penalmente, porque ele incorreu num crime de discriminação e

preconceito, que deve ser unido com cadeia, que deve ser punido com perda de cargo...

extinguiu o Artes Sem Barreiras, que foi uma conquista que levou dez abis ou mais até.

Extinguiu, botou água abaixo o trabalho de uma vida de mulher que foi um exemplo para

qualquer um, a Albertina” (NSNSS|SID/MINC 2008, p.68 e 69).

Os motivos que levaram a ausência de política nacional para artistas

pessoas com deficiência, até agora não foram revelados. Trata-se como diz

Rogério de discriminação, de um descaso ao segmento cultural de pessoa com

deficiência no setor cultural, não é prioridade nem para a Funarte e nem para o

Ministério da Cultura, como também não dever ser para a Presidência da

Republica.

Os danos simbólicos e materiais são irreparáveis para o país e as

gerações, estes organismos públicos têm o dever e o compromisso moral de

criar ocupações que estabeleçam espaço de trabalho para o setor.

Deve-se ao menos entender os procedimentos e avanços realizados por

este coletivo que acompanhou Albertina até as suas últimas ações. A fim de

evitar equívocos e retrocessos no Setor de Cultura e Arte.

Vale ressaltar que o Programa Arte sem Barreiras, antes da sua

anulação, foi substituído pelo Projeto Além dos Limites (2005 a 2007) pegando

“carona” nos êxitos do Programa Arte sem Barreiras.

É sabido por quem acompanha o segmento e está logotipado em todas

as ações subsequentes que a Funarte/MinC fez captar um milhão de reais pela

Caixa Econômica para o desenvolvimento da política para o segmento cultural

de pessoa com deficiência, no Setor de Arte.

Aproximou artistas e curadores renomados da sociedade brasileira para

dar continuidade à política, entre eles pode Carlinhos de Jesus (dança), Gutti

Fraga, Luciano Vidigal e Andre Martins (teatro), Wilson Lázaro (artes visuais),

Bruno Levinson (música) que por conta da origem da iniciativa com Albertina,

contribuíram com seus olhares. Com este recurso criou-se um edital para

contemplar artistas e grupos, realizar festivais pelas regiões brasileiras para

circulação dos contemplados. Sem compreender as reais necessidades do

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setor, é importante fazer um levantamento crítico dos pontos fortes e das

fragilidades do Projeto Além dos Limites como também do Programa Arte sem

Barreiras.

A VSA do Brasil, Associação Vida Sensibilidade e Arte, hoje continuam

com sede no Rio de Janeiro, permanece um coletivo de artistas, pessoas com

e sem deficiências que atua localmente pela busca de sustentabilidade para o

Setor.

Por questões de responsabilidade civil, a Associação Very Special Arts

do Brasil na época destes fatos, solicitou o registro no INPI sobre a marca Arte

sem Barreiras e, em pesquisa de documental, comprovou-se que a prática

conhecida por Arte sem Barreiras, foi orquestrada pela sociedade civil, por

pessoas com e sem deficiências ligadas aos objetivos da Albertina dos Santos

Brasil.

Na intenção de defender e proteger os direitos fundamentais da pessoa

com deficiência, como o direito ao trabalho, a educação e profissionalização

com o próprio sustento, emancipado. Estas considerações determinaram à

decisão da diretoria ao exercício continuo de salvaguardar este patrimônio dos

interesses abusivos, emergentes e oportunistas que ocorriam na Funarte em

2004.

Diante destes fatos, reestruturamos nossas metas e mantemos a

associação em dia para seguirmos com a luta da sociedade civil em respeito às

conquistas de Albertina. Comunicamos ao Very Special Arts Internacional que

dissolveram a parceria com a Funarte|MINC e que os comitês que continuam

suas redes, existem de forma independente, que a VSA do Brasil, continua

ativa no Rio de Janeiro fazendo ações e atividades pontuais ligadas a rede de

artistas e coletivos independentes pelas áreas de dança e teatro.

Considerando que o encontro com Patrícia Dorneles e sua trajetória de

militante como de Profa. Dra. da UFRJ nós faz acreditar em uma certa

“reconciliação”, aproveitamos para reafirmar a existência do “novo instrumento

que a classe artística deste setor desenvolveu”, trata-se do documento final da

Oficina NSNSN/SID/2008 redigido por Aline Camila Romão Mesquita – técnica

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em assuntos educacionais/SID/MinC e Thaís Borges S. P. Werneck – técnica

em assuntos culturais/SID/MinC; Anexo III – Nota Técnica nº 001/2009 –

SID/MinC de 07 de abril de 2009; ao Sr. Chefe de Gabinete CG/SE/MinC;

Assunto: Políticas Culturais de Inclusão das Pessoas com Deficiência (p. 111 a

121), confira texto na integra neste trabalho na p.130.

Quando fomos consultores e indicamos os contatos dos artistas que

participaram do programa artes sem barreiras, para que fosse realizada a

Oficina NSNSN/SID/MINC nos dias 16, 17 e 18 de outubro de 2008 no Rio de

Janeiro.

Convenção Artes Sem Barreiras

Gustavo Capanema

Uma rede de artistas que chegou a concentrar mais de três mil

pesquisadores e criadores nas áreas da Arte, da Cultura e da Educação.

Influências e Princípios foi o legado deixado por Albertina. O que fazer, com o

Setor de Cultural? Esta foi à pergunta que não se calou diante da perda de

Albertina em janeiro de 2004, há dez anos.

Muitos foram os parceiros, dezenas de comitês municipais e estaduais.

Mas a participação da sociedade civil, as articulações dos profissionais

envolvidos na militância sempre foram à peça movedora com as políticas

publicas e os gestores do poder público, caracterizando assim, a ação como

um campo de força único. Mas também exclusivo de cada um, em prol do

desejo coletivo de abrir espaço para pessoa com deficiência, artista trabalhar

com arte.

Diante dos fatos a presidência da Funarte convoca todos os comitês

para uma convenção de Arte sem Barreiras, no Rio de Janeiro. Estiveram

presentes representantes do norte, do nordeste, do sudeste, do centro oeste e

do sul. Um encontro histórico, simbólico e emblemático em todos os sentidos.

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Houve uma explanação inicial apresentada pelo Comitê Estadual do Rio

Grande do Norte, através de Carminha (Maria do Carmo Soares Costa e Silva)

sobre as ações do programa na região do nordeste; e o posicionamento de

Antonio Grassi que presidia Funarte frente à marca de Arte sem Barreiras.

Diante da Mostra de Artes Sem Barreiras que seria realizada naquele ano de

2004 no Centro Cultural do Banco do Brasil.

Albertina altiva e perspicaz as ausências de recursos do Ministério da

Cultura para com o Programa, decidiu, após o Encontro de Gestores em

Aracaju, a concorrer, através do proponente Associação VSA/Brasil, pessoa

jurídica sem fins lucrativos ao edital público do CCBB/Rio.

Com um projeto de ocupação cultural durante um mês, apresentando um

panorama artístico em todas as áreas das artes e inovando com uma proposta

de acessibilidade cultural para a fruição dos espetáculos e das atividades para

o público pessoa com deficiência.

Todavia a Funarte gostaria de desenvolver tal projeto, contudo, a

concepção do projeto e a PJ/proponente eram da Associação VSA do Brasil,

composta por artistas e membros da entidade que moravam no Rio de

Janeiro/sudeste, também faziam parte deste grupo consultores, voluntários que

se dedicavam ao Programa com Albertina na Coordenação Nacional do

Programa de Artes Sem Barreiras, desta forma, respaldados juridicamente

seguimos.

Mostra Arte, diversidade e inclusão sociocultural.

CCBB/RJ

(2005)

O MinC nunca destinou orçamento próprio ao programa. As ações eram

desenvolvidas quase sempre com recursos captados pelas relações com a

CORDE, MEC/Secretaria de Educação Especial e Fundo Nacional para o

Desenvolvimento da Educação/FNDE entre outros.

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Neste sentido, o Comitê Nacional Artes sem Barreiras se viu na

responsabilidade de concorrer ao edital público para ter meios de realizar os

objetivos da Arte não segmentada. O amadurecimento do Setor era evidente,

os artistas precisavam de trabalho e as obras de circulação.

Seguíamos com nossos compromissos com os artistas e com o CCBB,

quando fomos impedidos de dar sequência já que a Funarte pleiteava a

coordenação do projeto. Fator complicador, já que proponente do projeto era a

VSA do Brasil e, com o falecimento de Albertina, não cabia a Funarte dar

sequência ao evento proposto ao CCBB, que no projeto original seria mais um

Festival Arte sem Barreiras no CCBB, mostra nacional no Rio de Janeiro.

O Programa Arte sem Barreiras foi consolidado pelos modos tradicionais

e seculares da cidade em parceria de gestão governamental/Funarte/MinC com

partipação da sociedade civil. Como Albertina era uma das fundadoras da

Funarte, na ocasião da criação do Programa ela foi orientada pelo próprio

departamento jurídico a fundar uma Associação, como nos moldes da

Associação de funcionários da Funarte; da Biblioteca Nacional e do Museu do

Folclore.

E foi assim, que se instituiu a Associação Vida Sensibilidade e Arte,

também conhecido como Very Special Arts do Brasil desde o início e que para

desenvolver esta ação se filiou a Programa governamental americano Very

Special Arts Internacional.

Com isto, ficou evidente que o Programa era feito em parceria e

desenvolvido por voluntários numa associação não governamental, amigos de

Albertina. Isto ocorre na gestão do Presidente da Funarte, Antonio Grassi que

foi o responsável pelo reconhecimento e institucionalização do Programa Artes

sem Barreiras na Funarte.

A sociedade civil apresentou projeto e foi contemplado pelo edital,

construí-se oportunidade de trabalho para os grupos profissionais, já que por

ausência de recursos para o desenvolvimento das ações em cultura de pessoa

com deficiência nos Ministérios. E com a crescente visualidade do Programa

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não tínhamos alternativa a não ser captar recursos externos aos do MinC e/ou

do MEC.

Neste momento o MinC e a Funarte passam por transformações.

Entretanto, surge a aplicação de recursos financeiros na Funarte para o

Programa Arte sem Barreiras pela Caixa Econômica Federal.

Mediante a esta situação, a Funarte, cria o Projeto Além dos Limites,

seguindo com a política para os artistas, pessoas com deficiências – esta ação

ocorre até 2006, quando Grassi foi substituído pelo então Presidente da

Funarte Celso Frateschi.

No evento do CCBB, 2005 envolvendo cerca de quinhentos artistas

nacionais e internacionais, centenas de estudantes, pesquisadores,

professores, militantes, gestores interessados no assunto.

Atraindo para o CCBB um publico de setenta mil pessoas. Conquistando

inclusive a frequência de pessoa com deficiência como publico. Desertando o

interesse da mídia, que fez resultar em cenas na novela América de Glória

Perez. Este evento foi indicado ao Prêmio Nota DEZ do Governo do Estado do

Rio de Janeiro em 2005, como evento inédito.

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ENTRE ATO - Capítulo QUATRO

Fusão da Dança Clássica com a Dança Contemporânea

Prática com Hugo de La Valle e Dora de Paula Soares

(1978)

O Studio D1 foi fundado em 1978 com o propósito de democraticamente oferecer o ensino do balé, jazz e sapateado a todos aqueles que amassem e quisessem se exercitar através da dança. No final de 1979 o Studio D1 já era a maior escola de dança do Paraná. O primeiro espetáculo do Studio D1, "Bodas Campestres", mudou para sempre o conceito de "espetáculo de escola". Com coreografia de Hugo Dela Valle, música executada pela Camerata Antiqua de Curitiba e figurinos de Gian Calvi, "Bodas" provou que uma escola de dança poderia produzir um espetáculo bonito e de qualidade, que seria aplaudido por outro público, além dos pais. Até 1984, o Studio D1 produziu espetáculos memoráveis: "Coppélia" de Delibes; "Cinderela" de Prokofiev, "Gaîté Parisienne" de Offenbach, "Quebra Nozes" e "A Bela Adormecida" de Tchaikowski. Até o ano 2000 a qualidade das produções do Studio D1 e o padrão de ensino, já haviam ultrapassado as fronteiras do estado, alcançando renome internacional (folder de divulgação)

Em 1978 quando tinha 11 anos iniciei a formação profissional e minha a

carreira de bailarina clássica no StudioD1 através dos métodos da Royal

Academy of Dance, organização internacional que fornece os programas, envia

examinador e assegura os mais altos padrões de ensino.

Dora de Paula Soares, Formada em Balé pelo Teatro Guairá, é a diretora do Studio D1 desde 1978. Representando a escola, Dora já frequentou seminários, festivais e cursos, tendo visitado praticamente todas as grandes escolas do mundo. Definiu para o Studio D1 o método da Royal Academy of Dance, de Londres, que identificou como o mais adequado e criativo para sua escola. A Royal Academy of Dance oferece um conjunto de exames, aceitos internacionalmente. Elaborados cuidadosamente para motivar e encorajar estudantes de todas as idades, níveis e habilidades, dentro de um sistema de avaliação de progresso e conquista. Esses exames oferecem aos estudantes: - Uma meta razoável para a qual trabalhar; - Motivação para conseguir o melhor de si mesmo; - Reconhecimento da maior organização de exames do mundo- Qualificações homologadas pelas autoridades do Reino Unido; A Royal Academy of Dance é reconhecida como uma Organização de Exames oficial por todas as autoridades do Reino Unido e em outros países do mundo. A filiação com a RAD é o grande diferencial que coloca o ensino do Studio D1 acima de qualquer outra escola de balé de Curitiba. O exame é prestado perante uma professora credenciada à RAD, que vem especialmente para esta ocasião. (folde de divulgação).

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Segundo Dora de Paula Soares, diretora do Studio D1 a dança é

proporciona exercício de condicionamento físico e um excelente método de

aprimoramento cultural. Desenvolve as habilidades pessoais de cada um, a

expressividade e ritmo, oferecendo oportunidades de experimentar o prazer do

movimento. Favorece a socialização, proporciona o domínio do corpo,

liberando um fluxo saudável de energia.

Foi através do Studio D e desde menina que participei de grandes

montagens do Balé Clássico como Coppélia; Cinderela; Gaîté Parisienne

Quebra Nozes; Bela Adormecida entre outros, com profissionais renomados na

área como Ana Botafogo; Eliana Caminada; Betina Dalcanalle; Fernando

Bujones; Grégori Ismael Love; Jurandir Feire; Neury Gaia e Hugo Dela Valle –

metrê de balé responsável pelas montagens cênicas.

Quando cheguei ao Studio D1 já praticava balé há sete anos na

Sociedade Thalia o clube que minha família era associada e, foi lá

frequentando as aulas do pré-escolar no Jardim I que iniciei o encantamento

pela arte de dançar, no Ballet Morozowicz, de Curitiba.

Em 1984 a Companhia de Balé do Studio D1 participou do

MIDDOWNTONFESTIVAL/Ohio/USA, o repertório foi composto por danças

regionais tipicamente brasileiras, dançamos a música Asa Branca de Luis

Gonzaga; Quatro Estações de Ernesto Nazaré.

O que quero relembrar e destacar foi à oportunidade de conhecer e me

aproximar da identidade e da criatividade brasileira, do valor simbólico e

artístico da nossa cultura, tinha dezessete anos quando percebi a existência e

a riqueza da Cultura Popular Brasileira, foi quando fomos homenagear o Brasil

no Festival. Até então no Paraná fora o balé assistia a dança folclórica Italiana,

Polonesa.

Estas Variações de dança surgiram porque iríamos representar o Brasil

no exterior, não era algo habitual naquela escola de balé – foi inusitado, um

aprendizado valioso e rico. Por desprender do tradicional repertório no campo

do balé. E foi quando me senti profissional de dança pela alteração de

repertório capaz de ser construído num corpo.

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Neste mesmo ano minha família se mudou para o Rio de Janeiro – há

trinta anos, eu tinha dezessete anos e queria me preparar para fazer à prova

para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Assim, logo que cheguei procurei no Méier a escola de balé que Eliana

Caminada e Érico Valdo davam aulas, o Centro de Dança Rio – com curso

profissionalizante em dança clássica.

O Curso tem como principal meio de formação a dança clássica. Reúne

profissionais do Rio de Janeiro que trocam experiências com o ensino da

dança clássica de repertório e da atualidade, oferecendo um sistema claro e

conciso na aprendizagem em direção da presença cênica.

O Curso pode ser realizado em etapas depende do interesse almejado,

inicia com uma turma de Preparatório (crianças a partir dos sete anos) com

aulas de três vezes por semana. A esta etapa se seguem três anos, com aulas

diárias de balé e uma vez por semana de dança caráter - Ciclo Básico. O Ciclo

Médio é composto de três anos, com aulas diárias de 1hora e meia e tendo

uma vez por semana aula de introdução à dança contemporânea. Nos três

últimos anos, o aluno estará no Ciclo Técnico com aulas diárias de: dança

clássica, dança moderna, jazz, dança folclórica, sapateado, história da dança,

anatomia, música, noções cênicas.

Entrei no curso e também na companhia continuando a dançar. Na

ocasião Eric Valdo montava La Sílfides para circular pelo Estado do Rio de

Janeiro, firme no meu objetivo, continuei me preparando para a audição do

Corpo de Baile do Theatro Municipal e de repente por um desvio de percurso,

um dia andando pelas ruas do Rio de Janeiro ocorreu um acidente, quando

tropecei e severamente lesionei um dos tornozelos, atingindo a região dos

tendões.

Interrompi o plano e a carreira de bailarina quando ouvi de dois médicos

que não deveria mais subir nas sapatilhas de pontas, já que a lesão em

questão comprometia o equilíbrio e ao persistir, poderia acarretar uma lesão

mais severa – podendo comprometer o andar e gerando necessidade de

suporte em cadeiras de rodas, interpretações que demoraram a ser dissolvidas.

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Foi quando em pleno pré-vestibular, quando imaginava concluir meus

estudos ao terminar o 2ª grau, entrei na vida acadêmica e descobri os encantos

da Psicologia Social e Institucional, do trabalho com grupos de pessoas em

comunidades e instituições pela perspectiva da Análise Institucional:

Construir sua própria vida, construir algo de vivo, não somente com os próximos, com as crianças – seja numa escola ou não – com amigos, como militantes, mas também consigo mesmo, para modificar, por exemplo, sua própria relação com o corpo, com a percepção das coisas: isso não seria como diriam alguns, desviar-se das causas revolucionárias mais fundamentais e mais urgentes? Toda questão está em saber de que revolução se trata! Trata-se, sim ou não, de acabar com todas as relações de alienação – não somente as que pensam sobre os trabalhadores, mas também as que pensam sobre as mulheres, as crianças, as minorias sexuais, etc., as que pensam sobre sensibilidades atípicas, as que pensam sobre o amor aos sons, às cores, Às ideias... Uma revolução, em qualquer domínio que seja, passa por uma libertação prévia de uma energia de desejo. E, manifestamente, só uma reação em cadeia, atravessando as estratificações existentes, poderá catalisar um processo irreversível de questionamento das formações de poder às quais está acorrentada a sociedade atual. (Guattari, 1987 p. 67e 68)

Fusão: Corpo Contemporâneo, Educação, Cultura, Arte e Estética

Prática com Angel Vianna e Valéria Peixoto

(2003 aos dias atuais)

Participar da equipe de Angel coordenando os Cursos Técnicos com

ênfase no Bailarino Contemporâneo e em Reeducação Motora e de Terapia

através do Movimento me faz pensar e problematizar o campo de trabalho da

área de dança.

Através desta experiência comecei a conceituar o campocorpo e o

corpocampo. Já que diretamente atuamos na formação qualificada de

bailarinos e dançarinos quando surgiu o conceito de corpo

(corpodespadronizado).

Entre várias frentes de ação na Escola criamos um braço que articula

ações com alunos em formação e alunos no campo de trabalho, entre estas

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citaremos aqui neste trabalho as ações voltadas para formação e fruição

artística entre pessoas com deficiência.

Ainda não temos muitos alunos com deficiência buscando pelos cursos

de dança, tivemos algumas experiências e nestas percebemos os desafios, as

fragilidades e os pontos positivos do investimento institucional.

Com certeza esta prática requer encontros mais frequentes com o corpo

docente para estudos metodológicos e sensibilização para além das técnicas

habituais. Referimo-nos às sensibilidades das próprias atitudes, do modo como

transmitir os conteúdos, de compreender a assimilação de conhecimento, de

entender a avaliação e de aceitar a escolha do aluno na formação como a

recepção da instituição, eliminado discriminação e preconceito.

Desta forma ao teremos alunos com necessidades educacionais

especiais, buscaremos a construção do programa conjuntamente com os

professores e alunos, identificando cada caminho e propondo soluções.

Assim como não desejamos ficar esperando que os alunos com esta

característica chegue à instituição, optamos por acompanhar a demanda e

encomendar ações neste campo.

Ao instituirmos o braço que articula ações com alunos em formação e

alunos no campo de trabalho passamos identificar que temos vários alunos

egressos atuando com a pessoa com deficiência nos diferentes Setores:

Educação, Assistência Social, Saúde, Cultura, Esporte e Lazer.

Para aproximá-los criamos eventos, encontros entre os trabalhos para

sugerir uma relação de convivência e interesse em estágios pelo programa de

articulação em ações do movimento/Baila Comigo DefNet/Escola AngelVianna/

VerySpecialArts do Brasil/Pulsar em 2003/2004/2005.

Em agosto de 2003 realizamos o EncontroInterCorporal entre bailarinos

com e sem deficiência das cias e grupos do Estado do Rio de Janeiro

promovendo um terceiro encontro reflexivo entre artistas e agentes culturais na

Mostra Artes Sem Barreiras de Niterói – organizada pelo Comitê Municipal de

Niterói pelo Rubens Gripp, diretor do Teatro Novo parceiro atuante na Rede de

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Intervenção, para firmar objetivos coletivos frente aos trabalhadores da cultura

no Setor, 4º Colóquio com artistas renomados (2003).

Esteve presentes o Instituto Helena Antipoff; A Funlar – Fundação

Municipal Lar e Escola Francisco de Paula, ambas as instituições da Prefeitura

do Rio de Janeiro; Cia Corpo e Movimento da Andef; Grupo de Dança do INES;

Núcleo de Dança Portadores da Alegria; Grupo de Dança Giro; Grupo de

Dança Juêrga-Educart; Cia de Dança e Teatro Rodas em Movimento; Pulsar

Cia de Dança e a Cia de Dança Inclusiva em Projeto, uma atividade organizada

pelo Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança Arte sem Barreiras.

O encontro teve o intuito de troca de metodologias, pesquisa em

linguagens e acesso as disciplinas de dança da Escola Angel Vianna, que

mobilizou os professores para durante quatro dias ministrarem aulas de Dança

Contemporânea; Composição Coreográfica; Dança Gestual; consciência

Corporal; Balé Clássico; Contato Improvisação; Dança de Salão; Teatro; Dança

Flamenca e Dança de Rua no SESC de Niterói onde aconteceu a Mostra

Artística do intercâmbio.

A variação de aulas proporcionou uma maior convivência entre os

participantes fortalecendo o grupo do sudeste no movimento artes sem

barreiras, propiciando uma identidade de propósitos regionais. Nesta época a

conquistamos junto a Funarte através do coordenador de Dança Emilio Martins

a cessão de horários no Teatro Cacilda Becker Pesquisa de Linguagem, que

também foi estendido a aulas na Escola Nacional de Circo.

Na ocasião em permanente parceria com a Coordenação de Dança da

Funarte e a Escola Angel Vianna realizaram em REDE três edições da Mostra

Dialogando com as Diferenças, encontro municipal para o desenvolvimento e a

execução de dança das instituições e cias parceiras, como campo de estágio

para os alunos do curso de recuperação motora e de terapia através da dança.

Com os mesmo direcionamentos do EncontroInterCorpora já que este

era estadual e a Mostra Dialogando com as Diferenças era municipal. O evento

proporcionava programação cultural, convivências entre os grupos na plateia. A

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cada edição contamos com novas de Escolas Municipais e Estaduais, Hospital

Sarah, CAPS – Centro de Atendimento Psicosocial; Espaço Aberto ao

Tempo/EAT com Lula Vanderlei entre outros;

Pós Corpo, Diferenças e Educação.

Fórum de Atualidades na Área

Faculdade Angel Vianna

(2011)

Logo chegou a vez de criamos um curso de especialização na área.

Começamos com o Projeto: O corpo deficiente na dança do Instituto de

Pesquisa arte Corpo e Educação Angel Vianna para o Programa Petrobrás

Cultural – Formação para artes/2007; com chancela da Faculdade Angel

Vianna para a Especialização Lato sensu em Arte de Dançar com a deficiência;

no objetivo de qualificar profissionais do interior do Estado do Rio de Janeiro a

se tornarem agentes multiplicadores em seus municípios. Desenvolvido em

parceria com a VSA do Brasil, Angel Vianna, Andre Andries e por mim. O

projeto foi contemplado pela Petrobrás, mas não se efetivou visto que na Lei

Rouanet compreendeu-se que a proposta estava mais para Educação do que

para a Cultura.

Posteriormente este projeto foi redesenhado por Angel Vianna, Márcia

Feijó, Maria Teresa Taquechel e por mim, em 2010 para o mesmo Programa

da Petrobrás e não foi contemplado. Decidimos para 2011 fazê-lo como um

curso privado e renomeamos o Curso de Especialização como Corpo,

Diferenças e Educação, quando teve a primeira turma formada com produções

de monografias no final de 2012.

Compreendemos que pelo curso tratar de assunto dinâmico e com

muitas atualizações que deveríamos dentro da carga horária implantar uma

atividade de atualização profissional em formato de Fórum “Momento

Reflexivo” estabelecendo uma relação com as atividades já desenvolvidas pela

instituição Escola e Faculdade Angel Vianna no tema; desta forma houve três

encontros: 1) Fórum sobre as Diferenças – Desenvolvimento Inclusivo; 2)

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Fórum sobre as Diferenças – Prática com Saúde Mental; 3) Fórum sobre as

Diferenças – Cruzamento entre Políticas Culturais;

Núcleo de Estudos Contemporâneos do Corpo/NECC VI

COOPERAÇÃO TÉCNICA

entre a Faculdade e a Escola Angel Vianna

(2013)

Buscando meios de fortalecer o grupo de profissionais envolvidos

começamos a idealizar um Núcleo de Estudos, para configurar um campo de

pesquisa institucionalizado.

Com o intuito de reunir grupo de pesquisadores que se dedicam a

investigação em Artes tendo o Corpo, a Performances e os conteúdos artísticos

para fruição estética como foco de estudo.

Para ser um laboratório de experimentação com proposta de

intervenção. Propondo o desenvolvimento de pesquisa específica em

conteúdos estéticos, para gerar soluções comunicativas nas experiências

artísticas apresentadas nos eventos e festivais de dança. Que desejem suscitar

interesse do público pessoa com deficiência, a frequência em equipamentos

culturais.

Trata-se da criação em comunicação através de audiodescrição,

audioguia, comunicação em libras e outras soluções não verbais para

aproximar pessoas que não falam e/ou, que se comunicam através de signos e

outras produções subjetivas. Possam experimentar a sensação produzida pelo

espetáculo.

Este estudo é norteado pelos processos criativos relacionados ao campo

da arte contemporânea que afetam o campo da fruição cultural visando a

implantar a acessibilidade cultural para as linguagens estéticas e artísticas.

Na intenção de construir e promover interesse demandando-

encomendando aos festivais de artes o compromisso para com o público,

pessoa com deficiência. Estimulando também que as faculdades de artes

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invistam neste campo, ampliando o entendimento de comunicação e fruição

estética para todos.

Apresentamos o trabalho: CORPO - Ultrapassando sem Tropeçar.

Caminhos estratégicos para sensibilizar pesquisadores a estudar os meios

como produzir solução ao frequentador, pessoas com deficiências a

equipamentos culturais. A convite do Panorama Festival de Dança

Contemporânea/2013, quando selecionou projetos para o UNILAB|

Universidades no Panorama, em parceria com o Departamento de Arte

Corporal da UFRJ.

O NECC tem cooperação técnica e acadêmica entre a Escola Técnica

Angel Vianna e a Faculdade de Dança Angel Vianna para estimular docentes e

discentes a pesquisar e criar proposta em acessibilidade cultural.

Polo de acessibilidade metodológica

COOPERAÇÃO TÉCNICA

entre Faculdade e Escola Angel Vianna

(2013)

O fortalecimento no assunto de pessoa com deficiência no Brasil e na

instituição tem desafiado coordenadores de cursos a criarem disciplinas

enfatizando o tema nas instituições. No momento são dois cursos que

aprofundam esta questão: o Técnico de Reeducação Motora e de Terapia

através do Movimento e o de Especialização Corpo, Diferenças e Educação.

Em 2013 com o planejamento da Especialização em Gestão e Produção

Cultural em Artes, surgir à necessidade do curso “democracia e acessibilidade

cultural” demandando por uma ementa que coadune direito a acessibilidade;

abordagem de estratégias de inclusão social; novas demandas e tecnologias

de acessibilidade.

Neste sentido, e com estas experiências somos solicitadas (Vianna,

Chiesorin, Taquechel e Feijó) para criar cursos com finalidades diferentes:

aperfeiçoamento, aprofundamento, capacitação, treinamento, livres, no ensino

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profissionalizante/técnico-politécnico, no ensino superior e/ou de pós-

graduação criamos o Polo de Acessibilidade Metodológica a desenvolver

conteúdos, um modo articulador de parcerias, visto os longos anos de acumulo

de Angel Vianna, como da Escola e da Faculdade e também, dos profissionais

formados pelas instituições nos temas: corpo, deficiência, dança estética, arte e

diferença.

De modo a criar estratégias no ensino e alinhar métodos aplicados

metodologicamente visando às dimensões de acesso e acessibilidade. Para

qualificar profissionais interessados nesta perspectiva de investigação e de

conhecimento.

Angel Vianna, como já foi descrito anteriormente, buscou meios a não

excluir ninguém que quisesse se dedicar ao ensino de dança. Desta forma, foi

criando acessos metodológicos naturalizando a frequência de alunos e

professores com e sem deficiências nas instituições dirigidas por ela, desde a

década de 50 nesta perspectiva e visão, constituiu um campo de força, uma

marca inscrita na sua intervenção de revolucionária na atuação libertadora de

educadora no Brasil.

Seu trabalho se destaca, entre outras singularidades pela atitude firme e

coerente no conhecimento corporal, despertando curiosidade e incentivando

cada um a investigar o que pode um corpo. De modo a não cria diferença ou

segregação, como também combate os estigmas e suspira aos formandos por

generosidade para com o outro. Estimula o diferente, a diferença no processo

de singularização. Conscientizando que cada um é único e tem que lidar com

seu próprio aprendizado, em sua filosofia, o ensino da dança pode ser para

todos.

O Polo de Acessibilidade Metodológica é formado por um núcleo de

profissionais atuantes no campo do desenvolvimento da pessoa humana que

elaboram e formulam metas, estratégias, métodos para o exercício da

convivência, entre as diferenças em busca de uma “cidadania plena”.

Estabelecer mecanismos de acessos é o principal objetivo do PÓLO,

sistematizar e concentrar estudos na área específica do CORPO, fortalecer o

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campo da cultura, da arte, da educação, da criação e da deficiência. Pela (dês)

identidade e (in) diferença singular de cada sujeito.

Angel Vianna, Márcia Feijó, Maria Teresa Taquechel e Andrea Chiesorin

tornaram-se parceiras e durante estes últimos anos, semeão projetos, ações e

programas na área, difundindo, fomentando e concretizam abertura nesse

campo de conhecimento e saber.

Há vinte e quatro anos a Escola Angel Vianna no Rio de Janeiro, forma

técnicos, bailarinos em reeducação motora e de terapia através da dança,

ampliando o campo de trabalho para o profissional do Corpo e da Dança e, na

Faculdade nos últimos seis, especialistas no campo da subjetivação e da

diferença, pelo Programa de Pós-Graduação coordenado por Hélia Borges.

Rede de Fórum

Colegiado Setorial

(2013)

Contudo, se consolidaram as práticas das instituições onde estou

implicada: DefNet, Escola e Faculdade Angel Viana, AVSA e Pulsar Cia. de

Dança, na recente rede de acessibilidade (2014) /UFRJ/SCDC/MinC, com a

turma de especialistas em Acessibilidade Cultural/UFRJ/MINC (2014), pela

transformação da rede de intervenção/Baila Comigo (2001) /DefNet, fundida

com o programa de ações articuladas em artes do movimento (2004)

/DefNet/EAV/VSA do Brasil que se agregou ao programa interagindo ações

(2003) /FAV pela convivência com artistas, com e sem deficiências do Núcleo

de Artes Coreográficas do Rio de Janeiro (2004) /AVSA nos dias de hoje

(2014) estabelecendo um campo de força e um caminho, a criar elos com fusão

inevitável.

Despertando vários problemas diante da complexidade dos assuntos

encadeados, colaborando e produzindo inquietações diante das muitas

questões geradoras de polêmicas e discussões que necessitam ser

sistematizadas.

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Já que se percebe apoio na causa nas diferentes e diversas reuniões

com o assunto cultura, para tanto, temos com isso, a intenção de criar uma

agenda continua de encontros/fóruns que possam atuar de modo a modo

estabelecer pontos, confluências e dissidência - metas e diretrizes, planos e

planejamentos em micro/macro política no nosso alcance.

Durante estes dez anos nós reunimos muito e pouco, por conta do PNC

e foi estabelecido enquanto realidade concreta, que precisamos nos organizar

mais e concentrar esforços. Desta forma, organizar este assunto não deverá

ser de interesse de “alguns”, assim, apresentamos a seguir uma proposta de

encontros sazonais, uma rede de fóruns articulados - para que, possamos

caminhar uníssonos, aos nossos objetivos em comum, para que a sociedade

civil possa se articular e.

A cultura de um país democrático só é forte, articulada, com plenos poderes de discussão e decisão sobre os temas abordados pela sociedade civil na área, quando almejada com o mesmo objetivo por todos, quando direcionada para um mesmo horizonte. E esse olhar plural na mesma direção tem sido uma das metas alcançadas pelas políticas públicas desenvolvidas pelo Ministério da Cultura, ao longo dos oito anos do governo Lula. Inseridos no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) como importante ferramenta de articulação de ideias para o setor, os Colegiados – antes conhecidos como Câmara Setorial -, foi amplamente articulado na administração do ministro Juca Ferreira. Hoje, agregam valores e conceitos universais ao MinC e à política cultural defendida pela instituição. Isso acontece quando se promove o dialogo permanente do Estado brasileiro com a sociedade, por meio dos diversos segmentos artísticos nacionais como dança música, teatro, circo, literatura e artes visuais. (Câmara e colegiado setorial de dança; relatório de atividades 2005-2010)

.

CONSTITUIÇÃO DE AÇÕES

(2013)

Cabe-nos acelerar o entendimento do que acontece, para além, do que

não acontece, a fim de organizar ações indispensáveis, já que a convivência

com a pessoa com deficiências nos diferentes ambiente é irreversível.

Encontramo-nos no momento de implicação e de verificação de relação entre

os momentos, de modo que a exatidão de uma primeira ação implique na da

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segunda atiçando o campo de força, do corpocampo e do campocorpo, para a

especificidade.

Campo da estética e deficiência:

- Fórum de Ações Culturais na Diferença (Municipal) Especificidade: protagonismos da pessoa com deficiência no campo cultural, definindo estratégia de fortalecimento e ampliação de atividades com agenda em comum; Meta: difusão; Formato: itinerante; Periodicidade: a cada 45 dias. Região: zona sul (2013); subúrbio engenho de dentro; centro; tijuca; | Com grupo de estudos NECC IV – invenção estética; Especificidade: campo de soluções e prestação de serviços em acessibilidade comunicacional, como e sensibilização Meta: gerar AD em DC; Libras em DC; áudio em DC; legenda em DC; Braille em DC; pranchas comunicacionais; treinamento e capacitação; Formato: permanente no mesmo local; Periodicidade: a cada 45 dias; Região: zona sul;

Formulação de Política Pública: - Fórum de Acessibilidade Pragmática - Câmera de Vereadores de Mesquita; do Rio de Janeiro (Estadual e Municipal) Especificidade: estudo da legislação e definição de estratégia para garantir de projetos e fiscalização Meta: fazer cumprir e criação de fundo para acessibilidade arquitetônica/educacional/cultura aplicação de multas Formato: permanente no mesmo local; Periodicidade: a cada 45 dias; Região: região metropolitana; baixada e capital;

Organização de trabalhador, categoria – classe artística: - Fórum GT Dança - trabalhador da cultura e categorias de trabalho no campo da dança (Municipal e Estadual) (2009/2013) Especificidade: definindo estratégia de fortalecimento e mapeamento da cadeia produtiva do Setor Meta: categoria profissional Formato: itinerante; Periodicidade: toda 2ª terça do mês último final de semana de novembro; Região: zona sul; subúrbio; centro; tijuca; região metropolitana; norte fluminense; costa verde; costa azul; serra;

- Fórum de Trabalhador da Cultura artista, pessoa com deficiência e seu segmento cultural (Municipal) (2003) Especificidade: protagonismos da pessoa com deficiência no campo de trabalho, definindo estratégia de fortalecimento e mapeamento da cadeia produtiva do Setor Meta: categoria profissional Formato: permanente no mesmo local; Periodicidade: a cada 90 dias; Região: subúrbio Lona de Guadalupe; - Fórum Artes Coreográficas - REDE de Articulação, Fomento e Formação em Acessibilidade Cultural (Nacional) Especificidade: dedicar ao estudo de Planos Municipais e Estaduais de Dança, alinhados a Setorial Nacional relatório (2005/2010) - relembrando os acúmulos dos bailarinos, coreográfos e produtores do movimento arte sem barreiras (1990-2004) Meta: consolidação setorial dança Formato: articulada a eventos Periodicidade: anula Região: itinerante - Fórum de Trabalhadores da Cultura (Estadual), já ocorrido nos anos 2001/2002/2008 por realização do movimento artes sem barreiras; Especificidade: protagonismos da pessoa com deficiência no campo de trabalho, definindo estratégia de fortalecimento e mapeamento da cadeia produtiva do Setor Meta: categoria profissional Formato: permanente no mesmo local; Periodicidade: último final de semana de novembro; Região: norte-fluminense - Macaé.

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3ª ATO - Capítulo CINCO

Corpodespadronizado

Prática com Maria Teresa Taquechel Y Saiz e Rogério Andreolli

(1998)

A companhia foi formada pela clareza dos integrantes que desejavam

realizar um processo em pesquisa de movimento em dança contemporânea.

Grupo composto por Maria Teresa Taquechel Y Saiz, Fernanda Rocha, Nevi

Rogério Andreolli e eu, Chiesorin.

Para apresentar a Pulsar, teoricamente, remeteremos ao trabalho de

Lúcia Matos, quando em 2012 publicou sua pesquisa de doutorado realizada

no Programa de Pós-Graduação em artes Cênicas da Universidade Federal da

Bahia (UFBA) desenvolvida em 2006, a qual, resultou no livro Dança e

diferença: cartografia de múltiplos corpos; quando na segunda parte do sua

investigação analisou produtos coreográficos de quatro grupos brasileiros de

dança, entre estes a Pulsar Cia de Dança (RJ).

Para Matos (2012) as análises dos grupos, acrescida das entrevistas

com diretores, coreógrafos e elenco, revelam que, em alguns desses grupos,

seus produtos coreográficos já articulam o conceito da diferença nos corpos

dançantes, o que aponta para que novos territórios corporais e estéticos

estejam sendo configurados na dança contemporânea brasileira (orelha do

livro).

A escassez de publicações sobre o assunto nos estimulou ao diálogo

com a autora, sobre a produção em artes coreográficas no segmento, como

também, o mapeamento apresentado referenda o trabalho do Núcleo de Artes

Cênicas: Setor Dança do Programa Arte sem Barreiras, fazendo com que

continuemos a registrar a história de arte, no Setor Cultural.

O mapeamento e a cartografia que propomos nesta investigação estão

em construção desde 1998, esses acontecem pelas observações durante a

apreciação dos produtos artísticos e das fontes documentais como fotos,

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programas, críticas e release dos trabalhos, quando temos acesso ao material

para organizar os Festivais de Arte sem Barreiras, como curadoria. Agora o

interesse deste estudo é investigar o campo de trabalho, o campo de atuação

do artista, pessoa com deficiência.

A construção deste trabalho se da pela análise da implicação, pela

análise dos vínculos afetivos, profissionais e políticos com as instituições em

jogo na intervenção e, de forma mais generalizada, com todo o sistema

institucional em questão. Como este trabalho é uma narrativa e o Pulsar é

objeto de estudo iremos estudá-la como dispositivo analisador, sendo assim,

apresentamos a visão de Matos (2012) sobre a Cia. em entrevista com Teresa

Taquechel:

O direcionamento de seu trabalho com pessoa com deficiência só foi aguçado já no final do curso [de dança contemporânea na Escola Angel Vianna] por meio de um workshop de contacto improvisation com Bruce Curtis, um dançarino cadeirante, membro da Paradox Dance Company, da Califórnia (USA) (...); codiretora da Ra Tame Tanz durante sete anos com Alexandre Franco, coreografo e diretor; também atuou no Hospital Sarah em 1994 quando fortaleceu um conhecimento teórico e prático sobre as possibilidades e limites do movimento do corpo com deficiência. (...) conheceu o trabalho de Beth Caetano e, juntas começaram a pesquisar e oferecer cursos de dança para dançarinos com e sem deficiências (p.121); (...) somente em 2000 é que Teresa Taquechel e mais três dançarinos – Rogério Andreolli, Andrea Chiesorin e Fernanda Rocha – fundam a Pulsar Cia. de Dança, uma companhia profissional de dança contemporânea que faz parte do Núcleo Coreográfico da Escola e da Faculdade Angel Vianna (p.122). (...) outro aspecto a ser registrado refere-se à homenagem recebida pela Cia Pulsar, em 2004, através da ordem do Mérito Cultural, cujas insígnias foram recebidas das mãos do presidente Luís Inácio Lula da Silva e do Ministro da cultura Gilberto Gil. Apesar do rápido reconhecimento atingido pelas instâncias governamentais e pelo público (p.124).

A Pulsar Cia. de Dança Contemporânea, com seu corpo de bailarinos,

pessoas com e sem deficiências, vem conquistando espaço através do

reconhecimento do seu trabalho pelo seu valor artístico, possibilitando ao

espectador uma nova visão, reafirmando a individualidade e a diferença, sejam

elas inerentes à deficiência ou não, permitindo surgir o ser que expressa de

forma singular, rompendo-se as barreiras do preconceito, expresso tanto na

desvalorização como na superproteção, conforme nos aponta Teresa sobre o

trabalho (acervo Pulsar/release projetos).

Em Matos, (2012) Teresa Taquechel diz: a identidade de cada intérprete

é fonte de criação, um estímulo ao olhar em relação às multiplicidades do

indivíduo (p.128) e nesta perspectiva, de produções artísticas entre corpos

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ímpares com resoluções próprias de movimento a Pulsar realiza em 2009 e

2012 - Corpos Impares, evento, que apresenta diferentes formas artísticas: que

lidem ou não com a deficiência, na intenção de prover a troca de experiências

entre linguagens, além das trocas através de mesas-redondas, oficinas,

espetáculos, mostra de vídeo e fotos com material de várias companhias de

dança e performances, nacionais e internacionais articuladas com a rede de

artistas do Setor; em 2012 realiza a segunda edição.

Este estudo procura meios de assimilação à produção artística

desenvolvida por, para e com pessoas com deficiência na dança, processo que

está em constante evolução e ao mesmo tempo encontra-se excluído do seio

produtivo da área, portanto, pretendemos em estudo posterior mestrado e

doutorado dialogar com Christine Greiner e Helena Katz sobre a teoria

“corpomídia”, criada por elas em 2012 quando a seguir simplificadamente

contextualizamos:

O objetivo da teoria é trabalhar com fluxos simultâneos, trânsitos entre esses compreendendo o corpo como ativador de mediações. Trata-se de um corpo que não pertence a um sujeito fantasmagórico, mas que também não é só corpo. É corpo mente corpo-cérebro e corpo-ambiente também. Não está suspenso, apartado de nada. Está em permanente processo de evolução com o ambiente natural e cultural em que se encontra. (Teoria Corpomídia - Wikidanca.htm)

A necessidade de falar do corpo (corpodespadronizado) se deu pela

dificuldade de localizar conteúdos que expressem a despadronização de um

corpo, que faça fluir conexões e trânsitos ativadores de mediações, de

enunciamentos estéticos. Acreditamos assim, que através da teoria corpomídia

articulada com o corpo (corpodespadronizado) possamos dialogar com o

campo da ciência e da arte na intenção de contribuir com esta discussão, a

qual não nos estenderemos agora, já que este não é o objeto em questão.

O percurso de a Pulsar Cia., será a forma a verificar a atuação do corpo

estético em questão, denominado aqui, como corpo (corpodespadronizado).

Possibilitando a criação de indicador para cartografar o campo de

oportunidades para o trabalho - o corpocampo.

A fim de demonstrar, que através das trajetórias dos grupos artísticos é

possível mapear a permanência do segmento no Setor Cultural. Apontando

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dispositivos analisadores que configure o panorama de campo do trabalho ao

artista, pessoa com deficiência - o campocorpo, estabelecendo perspectiva e

índices para gerar dados aos bancos de informações.

Vale ressaltar, que de forma investigativa construímos categorias de

análise, de modo a gerar dados – indicador, neste sentido, selecionamos

algumas fontes do percurso da Pulsar de 2000 a 2014 durante, quatorze anos:

- PRÊMIO (subsídio)

- Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (RESIDÊNCIA, 2014 desde 2004)

- Prêmio Funarte Petrobrás Klaus Vianna (CIRCULAÇÃO, 2012)

- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (MANUTENÇÃO ANUAL, 2012)

- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (OBRA, 2012)

- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (FESTIVAL, 2012)

- Caixa Cultural Brasília (CIRCULAÇÃO, 2011)

- Secretaria do Estado de Cultura do Rio de Janeiro (MANUTENÇÃO ANUAL, 2008)

- Caixa Cultural (FESTIVAL, 2008)

- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (OBRA, 2008)

- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (OBRA, 2006)

- Prêmio Funarte Além do Limite (APOIO, 2006)

- Ordem do Mérito Cultural (MÉRITO CULTURAL, 2004)

- SESC/RJ (CIRCULAÇÃO, 2004)

-SESC Tijuca – Palco de Experimentação (OBRA, 2004)

-SESC Tijuca – Palco de Experimentação (APOIO, 2004)

- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (TEMPORADA, 2003)

- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (CIRCULAÇÃO, 2003)

- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (TEMPORADA, 2002)

- Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro (OBRA, 2001)

Levantamento de dados: RESIDÊNCIA:10 OBRA:05 CIRCULAÇÕES:04 MANUTENÇÕES:02 FESTIVAL:02 APOIO:02 ORDEM AO MÉRITO:01 TEMPORADA:02

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- MANUTENÇÃO (continuidade de trabalho)

- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (MANUTENÇÃO ANUAL, 2012)

- Secretaria do Estado de Cultura do Rio de Janeiro (MANUTENÇÃO ANUAL, 2008)

- Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (RESIDÊNCIA, 2014 desde 2004)

Levantamento de dados: RESIDÊNCIA:10

- MONTAGEM - (construção de obra)

- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (MONTAGEM, 2012)

- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (MONTAGEM, 2008)

- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (MONTAGEM, 2006)

- SESC Tijuca – Palco de Experimentação (montagem, 2004)

- Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro (MONTAGEM, 2001)

Levantamento de dados: MONTAGEM: 05

- CRIAÇÃO e PESQUISA – (construção de linguagem)

- Fórum Unlimited (INTERCÂMBIO INTERNACIOAL, 2013)

- Secretaria Municipal de Cultura/Fundo de Apoio a Dança/FADA (CRIAÇÃO, 2012)

- Festival Dança em Trânsito (INTERCÂMBIO INTERNACIONAL, 2012)

- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (CRIAÇÃO, 2008)

- FUNARTE – Prêmio Klaus Vianna/Petrobrás (CRIAÇÃO, 2006)

-SESC Tijuca – Palco de Experimentação (CRIAÇÃO, 2004)

- Kennedy Center (Washington – DC) (INTERCÂMBIO INTERNACIONAL, 2004)

- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (CRIAÇÃO, 2003)

- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (CRIAÇÃO, 2002)

- Arte Sem Barreiras/Vsa do Brasil/Funarte (INTERCAMBIO INTERNACIONAL, 2002)

- Artes Sem Barreiras/Funarte – Teatro Cacilda Becker (PESQUISA, 2002)

- Artes Sem Barreiras/Funarte – Teatro Cacilda Becker (PESQUISA, 2001)

- Secretaria de Cultura do Governo do Estado do Rio de Janeiro (CRIAÇÃO, 2001)

- Arte sem Barreiras/Funarte/Escola Nacional de Circo/MinC (PESQUISA, 2001)

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Levantamento de dados: INTERCAMBIO INTERNACIONAL:04 CRIAÇÃO e PESQUISAS:10

- CIRCULAÇÃO (visualidade do trabalho)

- Klaus Vianna/Funarte-sudeste/norte/nordeste (CIRCULAÇÃO, 2013 e 2014)

- Teatro Cacilda Becker/Funarte (MOSTRA 2013)

- SESC RAMOS/RJ (TEMPORADA, 2013)

- Teatro Tom Jobim/RJ (ESTRÉIA, 2012)

- Festival Dança em Transito/RJ (MOSTRA 2012)

- Hospital Sara-Rio (MOSTRA 2011)

- Into-traumalogia (MOSTRA 2011)

- Fiocruz (MOSTRA 2011)

- Caixa Cultural/Brasília (TEMPORADA, 2011)

- Caixa Cultural Brasília (CIRCULAÇÃO, 2011)

- Festival Dança em Transito/RJ (MOSTRA 2011)

- Centro Cultural do Banco do Brasil/CCBB/RJ (MOSTRA 2011)

- 3ª Mostra Brasil juventude transformando com arte/RJ (MOSTRA,2010)

- Circuito SESC/Estado Rio (TEMPORADA, 2010)

- Teatro Angel Vianna/CCORJ, RJ (TEMPORADA, 2010)

- Teatro Sérgio Porto, RJ (ESTRÉIA, 2010)

- Universidade Federal da Bahia/UFBA (MOSTRA 2010)

- Festival de Dança do Triângulo Mineiro/Uberlândia-25ª edição (MOSTRA, 2009)

- Panorama de Dança Contemporânea | Festival Internacional Rio de Janeiro; (MOSTRA 2009)

- 1ª Encontro Dança Inclusiva: O que é isso?/Salvador (MOSTRA, 2009)

- Teatro Angel Vianna/CCORJ, RJ (TEMPORADA, 2008)

- Teatro Angel Vianna/CCORJ, RJ (ESTRÉIA, 2008)

- SESC Santana, SP (MOSTRA 2007)

- Centro Cultural Caixa/RJ (TEMPORADA, 2007)

- Teatro Angel Vianna/CCORJ (TEMPORADA, 2006)

- Teatro Sérgio Porto, RJ (ESTRÉIA, 2006)

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- FUNARTE – Prêmio Além dos Limites (MOSTRA 2006)

- Festival de Dança de Joinville- 24ªedição (MOSTRA, 2006)

- Ministério da Saúde e Fundação Nacional de Saúde (MOSTRA 2006)

-Centro Cultural do Banco do Brasil/CBB/RJ (MOSTRA 2005)

- FUNARTE - Teatro Cacilda Becker/RJ (MOSTRA 2005)

- Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (MOSTRA 2005)

- Kennedy Center (Washington – DC) (FESTIVAL INTERNACIONAL, 2004)

- SESC/RJ (CIRCULAÇÃO, 2004)

- SESC Tijuca (TEMPORADA, 2004)

- SESC Tijuca (ESTRÉIA, 2004)

- Teatro SESI/Centro/RJ (MOSTRA, 2004)

- Escola Angel Vianna (MOSTRA 2004)

- Artes Sem Barreiras/VSA do Brasil/Funarte (MOSTRA 2004)

- Arte sem Barreiras/VSA do Brasil/Funarte Juiz de Fora (MOSTRA 2004)

- Conjunto Cultural da Caixa/RJ (CIRCULAÇÃO, 2003)

- Arte sem Barreiras/VSA do Brasil/Funarte- Cataguazes/Muriaé/Niterói/ Bauru/ Aracaju (MOSTRA 2003)

- Arte sem Barreiras/Vsa do Brasil/Funarte (MOSTRA INTERNACIONAL, 2002)

- Conjunto Cultural da Caixa, RJ (TEMPORADA, 2002)

- Panorama de Dança Contemporânea | Festival Internacional Rio de Janeiro; (MOSTRA 2001)

- Arte Sem Barreira/VSA do Brasil/Funarte-Macaé/Juiz de Fora/Bauru/ Campinas/Belém (MOSTRA 2001)

- Arte Sem Barreira/VSA do Brasil/Funarte-Brasília (MOSTRA 2000)

Levantamento de dados: ESTRÉIA:05 MOSTRA:27 MOSTRA INTERNACIONAL:02 TEMPORADA:09 CIRCULAÇÕES:04

- EVENTO (atividades para a comunidade)

- Secretaria Municipal de Cultura/FADA - Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro/RJ (FESTIVAL, 2012)

- Caixa Cultural/RJ (FESTIVAL, 2009)

- Secretaria Municipal de Cultura (MOSTRA, 2004)

Levantamento de dados: FESTIVAL: 02 MOSTRA: 01

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- QUALIFICAÇÃO (formação)

- Escolas Municipais Rio de Janeiro (OFICINA; PALESTRA; MOSTRA 2012)

- Teatro Cacilda Becker/Funarte/RJ (OFICINA, 2012, 2013, 2014)

- Instituto de Arte do Pará/IAP (OFICINA, 2006, 2012, 2014)

- Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (ATUALIZAÇÃO, 2011)

- Secretaria Municipal de Cultura/fundo de Apoio à Dança/FADA (OFICINA, 2011)

- Centro Coreográfico da Cidade do Rio de Janeiro (OFICINA, 2011, 2012 e 2014)

- Universidade Federal da Bahia/UFBA (OFICINA, 2010)

- Secretaria do Estado de Cultura do Rio de Janeiro (CAPACITAÇÃO, 2009)

- 1ª Encontro Dança Inclusiva: O que é isso?/Salvador (OFICINA, 2009)

- Festival de Joinvile (OFICINA, 2005, 2006)

- Festival de Joinvile (PALESTRA, 2006)

- Capodarco (Roma/Itália) (OFICINA, 2003)

- Capodarco (Roma/Itália) (PALESTRA, 2003)

- Festival de Uberlândia (OFICINA, 2003)

- Festival de Uberlândia (PALESTRA, 2003)

Levantamento de dados: OFICINA:17 PALESTRAS:04 MOSTRA:01 ATUALIZAÇÃO:01 CAPACITAÇÃO: 01

- ENCONTRO SETOR CULTURAL (incluir o segmento na área de dança)

- Fórum GT Dança - trabalhador da cultura municipal e estadual (DANÇA 2013 e 2009)

- Fórum de Ações Culturais na Diferença (PARTICIPAÇÃO, 2013).

- Universidade Federal da Bahia/UFBA (DANÇA 2010)

- Oficina Nacional de Indicações de Políticas Públicas de Cultura para a inclusão de pessoa com deficiência/SID/Mim/LAPS/FIOCRUZ (POLÍTICA

PÚBLICA, 2008).

- Seminário de Gestão Cultural e Inclusão (ARTE, 2003)

- Colóquio Internacional experiências e práticas profissionais (DANÇA 2003)

- Comitê Estadual Rio de Janeiro Artes Sem Barreiras, InterCorporal (DANÇA 2003)

- Encontro Nacional de Dança para Pessoas com Deficiência (DANÇA 2001)

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Levantamento de dados: POLITICA PÚBLICA:01 PARTICIPAÇÃO:01 DANÇA:05 ARTE:01

- CATEGORIA PROFISSIONAL (Ministério do Trabalho/DRT)

- Registro Profissional; Sindicato de Dança e Ministério do Trabalho (RJ/ CATEGORIA, 2003).

Levantamento de dados: CATEGORIA: 01

Para este levantamento, utilizamos como fonte as informações contidas

em catálogos, folders, programas publicados nos eventos. Estabelecemos

critérios de analise aos ITENS indicados como indicador, referindo-se a

atividade e ao subsídio em questão, percebe-se que por circunstâncias

adiversas, repete-se o ano e o local, entretanto, são constituídas atividades

distintas que demarcam um conjunto de ações, queremos com isto criar

estratégias a colaborar com o SIINC referente a inserção de dados desta

produção estética no país.

A seguir fotografias de Renato Mangolini do Espetáculo: Por trás da Cor

dos Olhos. Dirigido por Maria Teresa Taquechel Y Saiz – Elenco: Andrea

Chiesorin, Beth Caetano, Bruno Almeida, Camila Fersi, Laura Noronha,

Marianne Panazio, Paula Mori, Raphael Arah, Rogério Andreolli – em

homenagem a Renata Crokner - Teatro Tom Jobim - Jardim Botânico | Rio de

Janeiro, 2012

Optei por trazer estas fotos da recente criação da Pulsar – Por Trás da

Cor dos Olhos - obra inédita, por entender, que as imagens podem tocar e

despertar sutilezas a nós remeter coisas diferentes, aguçando nossa

percepção a ampliar horizontes e possibilidades de trocas.

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A intenção aqui é demonstrar como identifico a produção imagética em

trabalhos do segmento de pessoa com deficiência, para esmiuçar caminhos e

continuar com os desafios a engrenar flexibilidade no pensamento da dança,

no sentido de despertar outro olhar, perceptivo ao corpo

(corpodespadronizado), corpomídia.

Guattari (2000) nós faz refletir que a questão de micropolítica, ou seja, a

questão das formações do desejo no campo social – diz respeito ao modo

como se cruza o nível das diferenças sociais mais amplas (p.127), naturalizar a

circulação de trabalhos com valor artístico e cultura a modo de produzir dialogo

na área da dança e sem discriminação a este segmento estético, colabor com

as assimilações das diferenças, do processo de singularizarão, do que é

singular e único, este, é o nosso propósito.

Trazendo a visualidade aos preceptores das sensibilidades;

trabalhadores da cultura, atuantes no segmento estético em questão, como me

diz Maria Y Sayz, chegar às diferenças, estar com elas de fato. Há uma vez,

que a qualidade do trabalho artístico ultrapassará as rampas atitudinais, e

existir, há ser contemplado sem necessidade de lutar por trabalho de modo a

sustentar uma classe trabalhadora ou categoria profissional na cadeia

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produtiva do Setor Cultural, na Setorial de Arte/Câmera ou Colegiado

específico.

Desta forma, este segmento artístico pelo percurso da Pulsar Cia de

Dança Contemporânea/Rio (2000 aos dias atuais), como um meio a compor

“um elemento” na cartografia das artes coreográficas do segmento: arte e

deficiência, dispositivo analisador; para que, com este levantamento

engrossemos o mapeamento e criasse procedimentos a localizar informações

que consolidem o Setor Artístico sem distinção de prática em dança no Brasil,

para que possamos ter um panorama do cenário da dança sem excluir a

produção do artista, pessoa com deficiência e segmento cultural nas últimas

décadas (1990 a 2014).

Ao pensar neste trabalho de conclusão do curso em acessibilidade

cultural percebi meu desejo em unificar informações sobre minhas experiências

com o movimento social do artista e do campo de trabalho da pessoa com

deficiência. Compreendi o segmento artístico em micropolítica e o setor cultural

na macropolítica.

Aparentemente não tenho deficiência e conviver com as pessoas é o

que me interessa. E foi, aos vinte e nove anos, a partir de 1996 que passei a

conviver com o segmento social da pessoa com deficiência, quando conheci o

movimento artístico e me encantei com as possibilidades do corpo.

Como era formada em dança clássica e não via na época uma

perspectiva neste viés, foi através da psicologia como meio de intervenção pela

construção do sujeito que busquei na arte, o meio de transformação

identificando uma prática. Entretanto, a dança me desafiou a este oficio no

pensamento da arte contemporânea, assim, me originei neste campo e decidi

narrar à gênese destas vivências trocando saberes e conhecimentos. E desta

forma, seguimos este estudo apresentando alguns dispositivos analisadores

em duas categorias: os construídos e os espontâneos – serão estes históricos

e naturais do cenário brasileiro, “fora da Cena” no Setor Cultural.

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III PARTE – TERCEIRO MOVIMENTO

ENTRE ATO - Capítulo SEIS

Analisadores históricos e construídos

Segundo Rodrigues (1992), na concepção institucionalistas trata-se de

um acontecimento ou movimento social, que vem ao nosso encontro,

inesperadamente, condensando uma série de forças até então dispersas.

Neste sentido, realiza a análise por si mesmo, à maneira de um catalisador

químico de substâncias (p.184). Neste sentido, relacionaremos os analisadores

históricos a partir de apresentação das ferramentas indicadas como

dispositivos apresentados para análise, quando será elencado num rol e róis de

fatos, apresentados a qualquer “tempo”, sem linearidade, estes serão

acontecimentos e fatos relevantes no Setor Cultural, onde as pessoas com e

sem deficiências são protagonistas.

Identificamos alguns elementos como alicerce a consolidar o campo vital

da pesquisa, buscando coerência ao discutir o campo da arte, denominando

aqui como campocorpo, moldando uma lógica dialética no campo do artista,

compreendido aqui como corpocampo a impulsionar como hipótese: o campo

de trabalho e a cadeia produtiva, a fim de localizar o capital monetário advindo

do mercado em qual Setor para o Segmento?

Aqui e agora não importa qual, interessa-nos os provedores de recursos

financeiros e não necessariamente os promotores. Queremos investigar como

o artista atua ao exercitar sua profissão escolhida, sabemos que existe este

trabalho e queremos investigar em qual escala e com qual investimento

econômico?

Vamos apurar pela participação artística, da pessoa com deficiência

trabalhadora da cultura, através de seus grupos ou companhias. Mapeando

informações para elucidar em quais campos surge trabalho? Na Cultura, Arte,

Assistência Social, Turismo, Esporte e Lazer, Saúde, Educação?

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O campocorpo indicará a visibilidade e a existência do trabalho em arte

coreográfica neste segmento apurando o campo de trabalho, sejam estes:

criação/obra, espetáculos/temporadas, festivais/circulação, programas/projetos

de políticas culturais-ações entre outros. Como se o investimento é público

e/ou privado, praticando o controle social pela observação do movimento.

O corpocampo descreverá a formação do artista, a profissionalização, o

caminho na busca pelo diferencial e oferta de trabalho, de um emprego, de

geração de renda e sustentabilidade emancipatória, a visualidade do

trabalhador artista, pessoa com deficiência e segmento cultural.

Os Analisadores Históricos estarão elencados por meio componentes

que correspondem às atividades onde estão inseridos os artistas do segmento

referido nesta investigação. Partindo da inserção da Pulsar e identificando nos

eventos que participamos se há outros artistas deste segmento inseridos.

Ao entendermos quais são os “campos de forças” que se interessam

pela investigação estética do corpocampo, corpo (corpodespadronizado) irá

identificar o potencial a gerir os “elos de mudanças” como meio a nutrir em

escala esta engrenagem social/cultural. Portanto, objetivou-se investigar o

conceito campocorpo, corpo (corpodespadronizado) pelos Festivais

importantes de circulação das obras em Artes Cênicas que a Pulsar não

participou, mas houve a inserção do segmento.

Estes conceitos surgiram na medida em que se faz necessário

compreender se há campo de trabalho e como ocorrem os elos da cadeia

produtiva no Setor, buscando meios a não criar divisão de trabalho diante da

produção da pessoa com deficiência no país; evidenciando dados que possam

caracterizar agenciamento entre o Setor de Cultura, não apenas políticos e

sociais, mas econômicos, estéticos e antidiscriminatórios.

O capítulo aqui descrito em forma de “ENTRE ATO” irá sistematizar

informações reunidas referentes à produção artística de pessoa com e sem

deficiência no Setor Cultural. Com a intenção de instituir e analisar o “fazer-

dançarino” pela carreira de dançarina clássica e contemporânea (1978 a 2014)

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e, do “fazer-psi” na carreira de psicóloga social e institucional atuante na

perspectiva de sócioanálise (1986 a 2014).

Unindo os campos pela ação: estético-políticas, isso acontece porque a

estética é pensamento que é ação. Trata-se de vivências e experimentos

registrados a partir dos onze anos de idade quando iniciei a formação

profissional em dança clássica em mil novecentos e setenta e oito (1978) a

cerca de cinquenta anos.

Através destes campos e áreas, busquei compor um entendimento

único, somos apenas um e percebi que muitos escolhem separar o

pensamento político da prática existencial; logo, me afirmei pela ação, reflexão

na práxis - contaminada do pensamento de Paulo Freire (1980), que

atravessou minha jornada em diferentes momentos e causas distintas.

No CESOP, Centro de Estudos-Espaço Cultural me qualifiquei pela

práxis e pela autogestão coletiva, firmando entendimento aos componentes da

Análise Institucional, foi quando entre outros criadores, conhecemos as ideias

de Humberto Maturana, nascido no Chile em 1928, biólogo, estudioso da

neurobiologia – criou todo um corpo de conhecimentos, denominado por

“Biologia do Conhecimento e da Linguagem” ou por “Ontologia do Observar” –

criando uma ponte entre as ciências sociais e as naturais. Maturana explica o

conhecer através da biologia do conhecedor, e mostra como nossa biologia de

seres humanos se dá no conversar – um entrelaçamento do linguajar como o

emocionar-se.

Além da qualificação, se desperta o sentido da esperança e de conviver

com as diferenças, como com as diversas causas dos Direitos Humanos cerne

das proposições em Análise Institucional. O movimento institucionalista carioca

surgiu entre os núcleos de resistência social por profissionais de psicologia e

outras áreas de conhecimentos e atuação, um grupo aberto. Foi através do

cesop que nutriu em mim o entendimento de coletivo, de participação política

com engajamento teórico pela construção de projeto de vida coerente com a

própria história, em tempo real, na vida pós-moderna, no momento

contemporâneo do séc. vinte e um, tornando se protagonista e agente

transformador da cidade onde se habita.

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Através do Banco de Textos do cesop estudamos a através de Nelson

Vaz e Cristina Magro (1993), UFMG, Belo Horizonte as Ideias de Humberto

Maturana;

Maturana se propôs a pensar sobre as características do ser humano, e a encarar o que definiria o ser humano como ser humano. E destacou três características que tem a ver com a dinâmica interna, mas que também tem a ver com as relações. Partiu do pressuposto que o ser humano é inteligente, sensível e compreensivo. E esse foi o projeto de sua vida! Realizar-se como um ser humano, como um ser inteligente, sensível e compreensivo.

Para ele a busca pelo entendimento se dá na unidade do ser na responsabilidade de seu ser. Na perspectiva de encarar o ser como unidade, que não desaparece quando fala de evolução da espécie. O “ser como unidade” está sempre presente. Desta forma, esta questão de ser vivo como unidade pertence a esta história e este olhar como unidade é importante (apostila com diversas entrevistas em bricolagem p. 13 e 14).

Diante deste “corpo de conhecimento” aqui apresentado proponho uma

construção de análises frente a essa discussão pela efetiva unicidade entre o

“pensamento no corpo” ao estabelecer um dialogo entre a ciência

contemporânea e a arte da dança, rompendo com as antigas dicotomias

estabelecidas por longo tempo: corpo/mente ou espírito, criador/criatura,

expressão/interpretação, ator/plateia estabelecendo um cruzamento apontado

por um dos mais importantes festivais de dança contemporânea do Brasil FID –

Festival Internacional de Dança/BH (1996) em discussão no capítulo oito.

Quando apresentaremos alguns princípios básicos dos “eixos

curatoriais” de alguns festivais de artes ciências no país, que aqui, em formato

de indicador foram selecionados para compor a visão metodológica desta

investigação.

Compreenda indicador em duas categorias, primeiro como informação

que revele um acontecimento tido como analisador histórico (contingência

tempo/história) e segundo, como um fato destacado compreendido como

analisador espontâneo (fenômeno que faz parte do cotidiano); dispositivos

capazes de aportar e sustentar o conjunto de proposições apresentadas.

O levantamento de informação será retirado dos catálogos de festivais

de artes cênicas e/ou de dança, selecionados e trazido em forma de

“elementos descritos” – dispositivos analisadores históricos ou espontâneos

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conforme agenciamento apresentado, de modo a legitimar o contexto/objetivo

da informação.

Buscando sentido a considerar os elos diante da cadeia

produtiva/mercado de trabalho e intervenção artística/obra de arte. Para assim,

demarcar se há ou não relação dialética entre os dispositivos: campocorpo e

corpocampo, quando iremos identificar o posicionamento frente ao possível

“campos de forças” do segmento artístico estudado as variáveis dos “elos de

mudanças”, as possíveis construções de propostas em Política de Acesso e de

Acessibilidade em andamento no país.

Esta relação de informações rol e róis de dados serão balizados nas

informações do sistema da plataforma do currículo Lattes exemplificados aqui

através dos indicadores da produção da autora deste trabalho no link

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K449 1327Y8; pelo

fornecimento de dados, sejam estes gerais: formação, atuação profissional,

linha de pesquisa, área de atuação, produção bibliográfica, produção técnica,

orientação e supervisão concluída, produção cultural, eventos, banca, citações;

Áreas do Conhecimento: - Artes, - Fundamentos e Crítica das Artes sub Áreas

de Formulação de Política Pública, - Análise Institucional, - Economia da

Dança; - Ciências Humanas, Ciência Política – Política Internacional –

Programa de Testemunha do Brasil/IIDH, - Política Pública – Implementação do

Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente/Conselhos de

direito e Tutelares/ECA, - Inclusão de Pessoa com Deficiência em Políticas

Públicas de Cultura/NSNSN, - Psicologia, - sob área Análise Institucional e

Direitos Humanos, - Ciências Cognitivas, - Cinestesia, - Educação -

Planejamento e Avaliação Educacional, - Avaliação de sistemas, Instituições,

Planos e Programas Educacionais, - Tópicos Específicos de Educação, -

Educação Especial, - Administração Educacional, - Administração de Sistema

Educacional, - Administração de Unidades Educativas, Ensino e

Aprendizagem, - Avaliação da Aprendizagem, - Métodos e Técnicas de Ensino,

- Tecnologia Educacional, - Teorias da Instrução.

E atividades profissionais, científicas e técnicas, dados nos Setores de

Atividades: - Pesquisa e Desenvolvimento Científico, - Atividades de sedes de

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empresas e consultoria em gestão empresarial, - Publicidade e pesquisa de

mercado; - Arte, - atividade artística, criativa e de espetáculo, - Cultura, -

atividades ligadas ao patrimônio cultural e ambiental; - Saúde Humana e

Serviços Sociais, - atividade de atenção à saúde humana, - outras atividades

de serviços, - Atividades de organização Associativas. Nas áreas de atuação:

Análise Institucional, Processos Grupais e de Comunicação, Defesa, Métodos e

Técnicas de Ensino, Artes, Execução de Dança.

Estes exemplos estão aqui utilizados de forma a instituir uma lógica, um

levantamento a elencar elementos a serem organizados por categoria, na

intenção de depurar conteúdo e sistematizar como pensamento metodológico a

respeito das experiências e vivencias aqui apresentada.

Pensar e criar indicadores que justifiquem o levantamento de índices é o

propósito deste desafio, avançar nas prioridades do Setor para que a

formulação de propostas políticas efetivem resultados que assegurem recursos

orçamentários para o desenvolvimento emancipador dos agentes sociais

“participes” do segmento na Cadeia Setorial em questão.

Ocorre, um silenciamento frente à produção do artista, pessoa com

deficiência na Dança e nas demais Artes Coreográficas e, é neste sentido que

apontamos para a necessidade de ser apurada esta cartografia. A Setorial de

Dança constrói há alguns anos um mapeamento, urge a inclusão do percurso

profissional dos trabalhadores da cultura deste segmento, seja pelo trajeto

individual e/ou dos grupos e companhias envolvidos nesta investigação estética

pela consolidação de uma Setorial ÚNICA, para que amplamente estejam

encadeadas as produções de pessoas com deficiência no Setor Cultural e nas

Políticas de Área.

E foi com esta intenção que se fez surgir este estudo, para que

criássemos uma forma de apontar “elementos” que podem compor um rol de

dados, assim, estudamos através de um a companhia, a Pulsar, suas ações e

criamos os indicadores para cartografar seu percurso no campo de trabalho

pela produção e circulação de OBRA. E consequentemente as informações

inseridas no sistema da plataforma Lattes, geraram o conjunto de róis, a lista

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de elementos capazes de mapear os dados da cadeia produtiva, o campo de

trabalho.

Os analisadores que estamos apresentados não serão descritos de

forma linear, mas no contexto da escrita em questão, buscando demarcar

acontecimentos e fatos que suscitem identificação, ora como analisadores

históricos que condensem uma série de forças até então dispersos e

posteriormente se alinham e fazem sentido, ora como analisadores construídos

(espontâneos) dispositivos introduzidos pela análise que visa promover

movimento e acontecimento de intensidade análoga ao dos analisadores

históricos. Ambos em forma de ferramenta, promovendo conteúdos para a

análise social da exclusão de pessoa com deficiência no campo de trabalho da

cultura.

Acontece que ocorre uma divisão no Setor Cultural e artístico, digo aqui

divisão para atenuar a discriminação da classe artística estabelecida e do

campo-capital/mercado: artístico-cultural, diante a produção da pessoa com

deficiência no setor cultural.

Em 1990 como já recordamos Albertina Brasil uma das fundadoras da

Fundação Nacional de Artes/FUNARTE que ocorreu em 1975, estabeleceu

dentro do Ministério da Cultura o Programa denominado Arte sem Barreiras,

este foi desenvolvido durante quatorze anos, na intenção de sensibilizar e

politizar gestores públicos e privados, como a sociedade civil e a classe

artística na responsabilidade de criar espaços e reconhecimentos na cultura e

na arte produzida pela pessoa com deficiência e segmento cultural.

Albertina cria o Programa brasileiro baseado na experiência

governamental norte-americana e filia a ação ao Very Special Arts

Internacional, ocorreu que o Brasil é vanguarda neste assunto, enquanto os

países de outros continentes e culturas atuam pelo “especial” pela separação

entre as pessoas com e sem deficiências nas produções de Arte e Cultura,

pelos resíduos da “Era Especial”. O entendimento brasileiro pela produção

cultural neste campo se naturalizou pela mistura, pela inclusão - característica

brasileira, fazendo nascer um Programa de Arte composto por artistas pessoas

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com e sem deficiências atuando juntos e demarcando um campo território de

misturas corporais e investigações estéticas.

E foi através deste pensamento, da inclusão, que Albertina selecionava

os trabalhos para a participação brasileira nos eventos internacionais.

Destacando a criatividade e as técnicas apresentadas pelo nosso país, este

fato se tornou um acontecimento nas outras nacionalidades e o Brasil se tornou

uma referência na produção artística deste segmento.

O Programa Arte sem Barreiras da Funarte/MinC estabeleceu um

campo-artístico, que se constituiu de forma misturada e sem excluir “sujeito-

corpo” valorando a diferença e a criação instituindo outro modo de observar os

trabalhos que não esteja nos padrões aceitáveis ou delimitados pelo Mercado

Cultural “posto” na engrenagem cultural.

Reflexão dialética

entre

campocorpo e corpocampo

Na tentativa de simplificar esta complexidade propomos a articulação

dialética entre campocorpo, a arte e corpocampo, o artista. Neste sentido

queremos refletir os efeitos que estas relações produzem nas observações

apontadas ao perceber onde se encontra o corpo (corpodespadronizado) no

campocorpo, se está inserido na arte de dançar do mesmo modo, ou em que

modo está relacionado.

Seguimos ressaltando a importância de construir um mapa/cartografia

que referencie as informações que correspondam a esta abordagem estética,

investigando-a como objeto de estudo, como modo propulsor de intervenção

política pelo ‘corpo no campo’ de trabalho, para que estas informações estejam

disponíveis como meio a consolidar o Setor Artístico no capital cultural.

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O campo político em questão, o qual se quer destacar é a defesa, a

proteção e a promoção de trabalho, o direito a escolha profissional e a

equiparação por oportunidades, à prática em Direitos Humanos.

Apoiamo-nos na metodologia de pesquisa-intervenção de Lourau, para

buscar análises dos acontecimentos que nos façam esmiuçar práticas

cotidianas na vida implicada pela militância de fatos, aqui listados num rol de

analisadores históricos: a “Rede de Intervenção | Baila Comigo (2003)”, o

posterior “Programa de Ações Articuladas em Artes do Movimento (2000)”

ambas as atuações da “Coordenação Nacional de Artes Cênicas do Programa

Artes sem Barreiras (2001)” implicada em consultoria e curadoria na área de

dança, pela também “Coordenação do Comitê Estadual Arte sem Barreiras Rio

de Janeiro (1999)” de 1998 até janeiro de 2004 ações de intervenção28 que se

desdobram pelas quatro instituições nas quais gesto ações no mesmo assunto

e em especificidades peculiares, são estas o Centro de Informática e

Informações sobre Paralisias Cerebrais – DefNet; Escola Angel Vianna/EAV;

Programa Artes Sem Barreiras/VSA do Brasil e Pulsar Cia de Dança.

Em 2003 a onze anos, passei a ser funcionária da Escola e da

Faculdade Angel Vianna, onde Coordeno os Cursos Técnicos em Dança e os

Projetos Especiais como assessora de direção, foi quando instituímos o

“Programa Interagindo Ações (2003)” um programa de documentação, registro

e memória – voltado para armazenar informações sobre os caminhos

percorridos pelo corpo discente em curso e egressos, como o corpo docente

atual e antigo no campo de trabalho, historiografando a cadeia produtiva

decorrente dos ensinamentos dos Vianna’s - Angel, Klaus e Rainer, onde está

constituído o Núcleo de Coreógrafos da Escola e da Faculdade Angel Vianna.

Em 2004 unificou–se Núcleo de Artes Cênicas: Setor Dança/VSA (2001)

no Núcleo de Artes Cênicas: arte sem barreiras/RJ/EAV (2004) ações estas

que se acoplam no Programa Interagindo Ações/FAV (2003) e ao Núcleo de

Coreógrafos da Escola Angel Vianna (2000).

28 Sentido teórico-técnico específico: análise e intervenção institucional é um processo feito

com coletivos de quaisquer natureza, cujo objetivo é propiciar que esse grupo se torne capaz de auto-analisar-se e gerenciar suas próprias questões (1992, p. 169).

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Desta forma, em 2004 passei a fazer parte do Conselho Diretor da

AVSA/ Associação Vida Sensibilidade e Arte e assim, reformulou-se por Núcleo

de Artes Coreográficas do Rio de Janeiro (2004), na intenção de criar meios a

consolidar o setor unindo força na rede de contato de bailarinos, coreógrafos,

pesquisadores nesta investigação estética.

Unificando as ações gestadas por mim nas diferentes instituições onde

atuo neste campo, com a perspectiva de conviver e fomentar a frequência do

protagonismo artístico entre pessoas com e sem deficiência, fomentando a

visibilidade da produção a curadores, professores, pesquisadores do campo de

arte e de estética.

Para finalizar esta lista de analisadores históricos no campo de

intervenção em socioanálise do corpo (corpodespadronizado), devo elencar

primeiramente como analisador histórico a atuação corpocampo, a prática de

dançarina-bailarina/intérprete-criação e co-gestão da Pulsar Companhia de

Dança Contemporânea (2000), há quatorze anos quando fundamos a Cia.

Entre a relação com o corpocampo se evidencia, o corpo, como modo de

intervenção institucional no campo profissional, ao correlacionarmos os efeitos

produzidos dialeticamente nesta investigação, caracterizando a vida bailarina

como modo de atuação profissional na área de conhecimento de dança, tendo

o corpo (corpodespadronizado) como viés para consolidar lacunas no Setor

Artístico no Mercado estreitando as distâncias dos elos na cadeia produtiva

firmando conexão entre os MODOS de PRODUÇÃO de TRABALHOS em

ARTE COREOGRÁFICA.

Como estamos apurando a intervenção institucional pela própria história

profissional narraremos agora, o rol de analisadores espontâneos necessários

para a consolidação de um campo solido de trabalho para o segmento em

questão, o campocorpo, como subsídio; criação de pesquisa (construção de

linguagem estética/obra); manutenção; circulação (visualidade do trabalho);

participação no Setor Cultural/Setorial de Dança; trabalho em eventos para a

comunidade; trabalho em qualificação profissional estes são alguns dispositivos

aqui elencados capazes de aportar e sustentar o conjunto de proposições

apresentadas nesta pesquisa.

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Os dados de atuação de a Pulsar foram apresentamos anteriormente

para exemplificar um meio a construir informações profissional deste segmento

artístico, estabelecendo-se como “fenômeno” - a abertura no campo de atuação

para o trabalhador de cultura, pessoas com deficiência – visto as poucas

atuações deste segmento, no cotidiano da setorial de dança, é preciso que

estas ações se multipliquem e que em escala, oportunizem novos trabalhos

artísticos a fim de mitigar desvantagens no campo de atuação profissional em

arte, pela pessoa com deficiência que desejar escolher essa profissão.

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4ª ATO - Capítulo SETE

CONTROLE SOCIAL - política cultural e produção pessoa

com e sem deficiência no Brasil

A CENA que não aparece e os RESULTADOS que não engrenam

Indo direto ao ponto o Banco Mundial estima que 20% dos mais pobres

do Mundo têm deficiência, e tendem a ser considerados, dentro de suas

próprias comunidades como pessoa em desvantagem; segundo estimativa,

aproximadamente 386 milhões de pessoas em idade de trabalhar são pessoas

com deficiência, nos informa a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O

desemprego alcança até 80% das pessoas com deficiência em algum país. E

frequentemente os empregadores consideram que as pessoas com deficiência

NÃO podem trabalhar. Informações obtidas no Banco de Dados do DefNet,

difundidas no Seminário Acessibilidade Direito da Pessoa com Deficiência em

Natal, na palestra do Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade em 2009.

Ao pensamos em uma política para todos nos ressalta a consciência da

desvantagem social. Para pensar em todos é preciso considerar que cada um

tem que ter um meio de existir, de se sustentar e este meio passa pela

autonomia, pela emancipação, que é através do trabalho, da profissionalização

e de emprego que a desvantagem pode “diminuir”, como fazer então?

Queremos entender o rol de ocupações preenchidas pela pessoa com

deficiência, mapear e gerar outras ocupações promotoras de oportunidade e

renda ao setor produtivo que pode vir a ser um gerador de riquezas e de um

segmento humano capaz de desenvolvimento econômico e social. A questão

da produção da pessoa com deficiência não pode ser encarada como tabu,

temos que tratar deste assunto abertamente com os setores produtivos pelo

poder publico e pela sociedade.

A dimensão econômica é determinante, é preciso haver projeção para o

segmento social e/ou cultural específico de pessoa com deficiência e

desenvolver suas particularidades. E se não houver investimento no Setor

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específico continuar-se-á a girar em torno das mesmas questões insolúveis; ao

compreendermos que enquanto não houver investimento neste segmento não

haverá possibilidade no mercado de trabalho, partindo do princípio que todos

os Setores já deveriam ter encontrado meios a incluir a pessoa com deficiência

na produção de acordo com a legislação em vigor, assuntos complexos e sem

interesse ao sistema capitalista, mas diante a humanidade um paradoxo

imensurável.

Dito de outro modo, sabemos que não interessam ao sistema

capitalístico, “outros modos de trabalho” – o não padronizado – devemos

apresentar um modo de pensar que atraia os meios de comunicação,

produzindo outro olhar diante do imaginário social da pessoa com deficiência

que produz, com finalidade, por exemplo, ao desenvolvimento do Setor Cultural

e Artístico, pelo investimento criativo, pela formação em Arte de modo a criar

meios de sermos úteis ao sistema.

O Ministério da Cultura enfrenta a pressão pelas garantias aos direitos

culturais por conta dos tratados internacionais, correndo riscos de sanções

para o país, mediante a convenção de pessoa com deficiência; da proteção e

promoção da diversidade das expressões culturais e para a salvaguarda do

patrimônio cultural imaterial, não seria a hora de criarmos meios e sermos úteis

ao sistema, já que para todas estas finalidades tem prerrogativa de fundo

específico?

A constituição deste mapeamento do setor e de cartografia do segmento

aplicado aos diferentes municípios pelas Secretarias de Cultura alimenta o

Sistema Nacional de Índices e Indicadores Culturais/SNIIC de modo a elencar

os artistas atuantes trazendo visualidade ao campo de trabalho em cada

município, apontando como cada Estado lida com a questão, mapeando a

existência ou não de política de acessibilidade de modo a impulsionar o

Sistema Nacional de Cultura/SNC, na Política de Acesso.

Assim ocorrendo, o artista - pessoas com deficiência e segmento cultural

tornam-se componentes do SNC proporcionando que cada município fortaleça

esta política na cidade, potencializando novos recursos aos Estados que se

comprometer com a questão exposta aqui neste estudo, possibilitando o

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levante do Valor Social importante para a História do Município e do Patrimônio

Brasileiro, uma forma de reconhecer e identificar as diferentes formas de

manifestação cultural, como uma oportunidade a fomentar o segmento diante

do Setor Cultural do país.

Um compromisso a salvaguardar o “humano-capital” capaz de promover

oportunidades e expectativas para outras gerações. O Uso Social do

Patrimônio – pode gerar campanhas, sejam elas de marketing empresariais

entre outros, ao agenciar mudanças de paradigmas e quebras de preconceitos

tão almejados. Digamos que a sociedade também pode rever seus papéis

reacionários e discriminatórios, o convício entre antigas e novas gerações

podem resignificar intenções ao se demonstrarem abertas para um

pensamento plural, multicultural.

Os tratados internacionais são distantes da nossa realidade, contudo

devemos ativá-los em acordos de nossos interesses junto ao MERCOSUL por

uma América Latina mais forte. O que queremos ressaltar aqui é que nem

todos tem conhecimento destas convenções internacional ratificadas pelo

governo brasileiro. Mas a omissão do poder público e da sociedade frente a

este segmento não cabe mais continuar, não saber o que fazer para promover

o trabalho para a pessoa com deficiência não pode mais ser justificativa.

E é exatamente por esta questão, que aqui afirmamos, o Ministério da

Cultura e o governo brasileiro sabem sobre a produção artística e cultural de

pessoas com e sem deficiência e segmento respectivo, a ausência de media é

alienação, anulação, silenciamento, negação.

Cornelius Castoriadis (1975) apresenta estudo sobre a “sociedade considerada” e reflete que a sociedade é intrinsecamente histórica, ou seja, de auto-alteração; cada sociedade faz ser também seu próprio modo de auto-alteração, que podemos também denominar sua temporalidade – isto é, se faz ser também como modo de ser. A história é a gênese ontológica não como produção de diferentes instâncias da essência de sociedade, mas como criação em e por cada sociedade, de outro tipo do ser-sociedade, que é ao mesmo tempo criação de tipos novos de entidades social-históricas em todos os níveis e em níveis que são eles-próprios estabelecidos-criados pela sociedade e por tal sociedade (...) (p.146) (...) a autotransformação da sociedade diz respeito ao fazer social – e, portanto, também político no sentido profundo do termo – dos homens na sociedade e de nada mais. O fazer pensante e o pensar político – o pensar da sociedade como se fazendo – é um componente essencial disso (p.148).

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A prática com a Dança Contemporânea me fez produziu conexões com

o pensar político e com outros e novos estados de reflexão pelo entendimento

da ação estética-político.

Em consonância a esta proposta de visualidade esperasse que este

futuro levante, possa demarcar os anos de trabalho percorridos por cada artista

pessoa com deficiência e segmento cultural. Através da existência destes

dados estaremos protegendo a memória do trabalho em arte pela pessoa com

deficiência existente no Brasil.

A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República/SDH/PR

transformou a Coordenadoria Nacional Para Integração da Pessoa com

Deficiência|CORDE na SECRETARIA NACIONAL DE PROMOÇÃO DOS

DIREITOS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA/SNPD http://www.pessoacom

deficiencia.gov.br/app/ e criou o Plano Viver Sem Limite com eixo em

acessibilidade; acesso à educação; atenção à saúde e até o momento não tem

notícias sobre ações nos eixos do trabalho e da cultura.

Entretanto, na gestão do Ministro da Cultura Gilberto Gil com Juca

Ferreiras no governo de Luis Inácio Lula da Silva juntamente com a sociedade

civil por conta do Plano Nacional de Cultura, foi desenvolvido Indicação de

Políticas Públicas de Cultura para o segmento, publicados pela Secretaria de

Identidade e Diversidade Cultural/ SID, o “Loucos pela Diversidade, em 2007” e

o “Nada sobre Nós sem Nós, em 2008”.

Onde podemos observar que ambos os coletivos sem conexão, apontam

para a questão do PATRIMONIO CULTURAL de pessoa com deficiência, para

a necessidade de realizar mapeamentos a respeito, um instrumento que

possam apurar as OBRAS de ARTE respectivas do segmento.

E é neste contexto que apresento um componente do território nacional

e do Setor Cultural, capaz de colaborar com as informações para o Sistema

Nacional de Cultura, o Programa brasileiro Arte sem Barreiras se dá e se deu,

não apenas pela qualidade de criação e produção, mas também pela

construção de um entendimento e de reconhecimento de um setor que

inaugura uma setorial que atua sem discriminação.

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Onde os artistas que pretendem esta investigação estética, este modo

de existência e buscam a soma nas suas habilidades e competências em prol

da qualidade e do mérito artístico na convivência. Encontrando meios de inovar

linguagem e criar soluções estéticas, retroalimentando a cultura brasileira e o

patrimônio nacional e é por isto, que a participação entre pessoas com e sem

deficiências, se naturaliza nesta setorial de arte que elimina barreiras, porque

esta questão de atitude, ou seja, atitudinal. Este é o ineditismo do Programa

Brasileiro diante de seus pares na afiliação ao Programa americano Very

Special Arts Internacional nos cinco continentes.

O movimento social de artes sem barreiras continua ativo, apesar de o

programa brasileiro ter sido interrompido em 2005 pela FUNARTE/MINC

apesar de fortes conquistas, como a de entender que a sensibilidade e arte são

meios propulsores de novos rumos societários, onde é possível conviver e viver

entre as pessoas reconhecendo suas diferenças. O amadurecimento dos

artistas envolvidos no Setor impulsiona qualidade do campo de atuação,

alimenta a cadeia produtiva e demonstra caminhos sólidos para o

entendimento e pela construção de um segmento atuante em cada Setorial de

Área.

Nos últimos dez anos participamos ativamente do Plano Nacional de

Cultura e pela construção do Sistema Nacional de Cultura, no que se refere ao

trabalho da sociedade civil. Atuamos individualmente nas bases municipais e

estaduais; das cidades e dos estados de origem neste que é um movimento de

pessoas em redes e prol de ações coletivas.

Anteriormente sempre estivemos organizados por comitês municipais e

estaduais sob as orientações do Comitê Nacional, uma coordenação

organizada pela Funarte/CEPIM (Centro de Artes Integradas). Desta forma

através dos municípios organizávamos os encontros, festivais, congressos

Artes sem Barreiras junto às secretarias locais de educação, cultura, turismo,

saúde. Diante a isto, podemos também mapear as conquistas e entender quais

municípios implementa e implantam ações no campo da Acessibilidade Cultural

ativando as redes que nos conectam.

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A seguir vamos descrever algumas informações selecionadas que

nutrem o campo Político do tema, como alguns resultados que não engrenam.

Plano Nacional de Cultura

Diversidade Cultural e Cidadania

Visão de longo prazo para a Cultura Sustentabilidade e, portanto,

planejamento, são algumas das palavras-chave da atual gestão do Ministério

da Cultura. Significa pensar lá na frente, no futuro, a partir das bases do

presente. Foi com esse intuito que colocamos em discussão as metas do Plano

Nacional da Cultura (PNC), que hoje apresentamos. São propostas para a

próxima década. É a primeira vez, em quase 30 anos de existência, que o

Ministério tem objetivos planificados a partir da discussão com a sociedade.

E o mais importante: planejamento feito com democracia. Para tanto, o

MinC chamou os interessados na agenda para discutir e pensar sobre qual

Cultura queremos produzir e vivenciar nos próximos 10 anos. Foi um amplo

processo de debate, que durou meses, e que qualificou a proposta agora

entregue à sociedade.

Trata-se de texto escrito por milhares de mãos, por diversos sujeitos e

grupos, por meio de diferentes instâncias e espaços de experimentação e

participação. Um plano que reflete o esforço coletivo para assegurar o total

exercício dos direitos culturais de brasileiras e brasileiros em diferentes

situações econômicas e faixas etárias.

O PNC reafirma o papel indutor do Estado ao mesmo tempo em que

garante a pluralidade de gêneros, estilos e tecnologias. Assegura modalidades

adequadas às particularidades da população, das comunidades e das regiões

do País.

Assim, a partir de agora, todo o planejamento do MinC seguirá as

orientações do PNC. O Plano se estrutura em três dimensões complementares:

a cultura como expressão simbólica; como direito de cidadania; e como campo

potencial para o desenvolvimento econômico com sustentabilidade.

Essas dimensões, por sua vez, desdobram-se nas metas, que dialogam

com os temas reconhecimento e promoção da diversidade cultural; criação e

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fruição; circulação, difusão e consumo; educação e produção de conhecimento;

ampliação e qualificação de espaços culturais; fortalecimento institucional e

articulação federativa; participação social; desenvolvimento sustentável da

cultura; e fomento e financiamento.

As metas que nasceram agora foram geradas no Seminário Nacional

Cultura para Todos, em 2003, primeiro passo para o envolvimento dos

cidadãos na avaliação e direcionamento das políticas culturais. Portanto, se

temos 53 metas a nos guiar para a próxima década, é porque um dia abrimos

espaço e ouvimos a sociedade na formulação da política pública para a cultura.

Mas o trabalho está apenas começando. A população estará conosco na

execução e fiscalização dessas metas para que, ao final de uma década,

tenhamos certeza de que legamos outra cultura aos brasileiros. Além de

garantir, de fato, o direito à cidadania cultural (Brasil, 2012).

As questões acima relacionadas compreendem as 53 METAS do PCN

(1º documento), quando podemos verificar se há ou não conexão do Setor

Cultural com a produção de cultural de pessoa com deficiência, verificam-se

que apenas uma das metas, tem este segmento protagonista é a META 29 que

se limita em garantir que as pessoas com deficiência possam ter acesso aos

espaços culturais, seus acervos e atividades. Logo verificamos o não

compromisso com o desenvolvimento do segmento no setor, pelo fato de

apenas demarcar prioridade ao acesso, a META 29 aqui está posta também

como analisador espontâneo, o Plano pretende instrumentalizar o cenário da

Cultura no Brasil em 2020.

Diante desta premissa, seguimos sem péssimos a nossa causa,

descobrindo maneiras de mobilizar os grupos de artistas, pessoas com

deficiência na micropolítica pensada por Guattari (2000), na construção de

programa transitório para se proteger das segregações, para reivindicar direitos

(...) há um nível nos grupo autônomos em que eles são envolvidos por

circunscrição, entram em relações de força, que lhes dão uma figura de

identidade (p. 130), (...) pode estar havendo uma dimensão de resistência

social de um grupo contra a exploração, contra a alienação e contra toda

espécie de opressão (p.131).

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Na intenção de apresentar o campo-político de força do segmento,

seguimos apresentando os RESULTADOS que não engrenam ao

desenvolvimento de Política de Cultura para pessoa com deficiência, como

analisadores construídos, para promover intensidade frente à CENA que não

aparecer, de forma a configurá-los como analisadores históricos, já que estes

aconteceram de forma participativa pelo movimento social.

A profissão artística entre as prioridades ao trabalho de pessoa com

deficiência representa uma minoria de interessados, mas aqui estamos falando

do direito de escola à profissão, legitimando um campo de atuação em

potencial. Os artistas deste segmento cultural encomendaram aos gestores do

Setor Cultural, diretrizes e ações específicas em dois instrumentos recentes,

ambos localizáveis no portal da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio

Arouca29:

ENSP e MinC se unem em defesa das pessoas com deficiência. Pela primeira vez, pessoas com algum tipo de deficiência dos vários segmentos das artes do Brasil reúnem se para discutir e formular uma política nacional de cultura voltada para eles. É a Oficina nacional de indicação de políticas culturais para inclusão de pessoas com deficiência, promovida pela ENSP/Fiocruz em parceria com a Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura. O encontro ocorreu durante três dias (16/17/18/de outubro de 2008). Ao todo, estão reunidos, no Rio de Janeiro, quase 60 artistas do país inteiro para encaminharem ao MinC a indicação de diretrizes reconhecendo o potencial das atividades culturais produzidas pelas pessoas com deficiência, fruto de um compromisso assumido pelo ex-ministro Gilberto Gil e que, agora, tem continuidade com o atual ministro Juca Ferreira. De acordo com Paulo Amarante, coordenador do Laps/ENSP/Fiocruz, "é um trabalho muito bonito ver essas pessoas vindo ao Rio para debater esse tema importante e sair daqui com uma proposta de política para o Estado". Confira, na Biblioteca Multimídia da ENSP, os áudios e apresentações desse primeiro dia de atividades.

Trata-se de uma engrenagem desafiadora porque que não é só sócia,

econômica e de vontade política, é, sobretudo cultural.

Este conjunto de indicadores também se encontra aportados aqui neste

memorial descritivo, participei do processo e atuo na difusão do material com a

intenção de seguirmos adiante e não recomeçarmos sempre, neste sentido,

adiante apresentado os RESULTADOS na integra, como um dos dispositivos

de análise para balizar o princípio ético e firmar continuidade histórica no

29http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/13607,

visitado em 26/03/2014 (em anexo)

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movimento de pessoa com deficiência sob o lema “Nada sobre Nós sem Nós”

(2008) (2º documento), de modo a engrenar a militância pela construção de

elos firmes utilizando este LEMA para estabelecer esperança política ao criar

uma corrente mundial comprometida em ver mudanças.

Esta ação/meta ocorreu posteriormente ao trabalho firmado com o

coletivo atuante com a luta-antimanicomial, Loucos pela Diversidade (2007) (3º

documento), que criar diretrizes e ações para pessoas com sofrimentos

psíquicos, como foram denominada na época quem enfrenta transtorno mental

e outros produções subjetivas, quando a SID volta-se especificamente para

setores que não têm espaço nas políticas públicas de governo, um marco na

Política do segmento.

Através destes “elos” poderá surgir visibilidade das camadas

estratificadas em nossa sociedade neste segmento, quando pudessem apontar

a relação do rol de políticas a serem implantadas para minimizar

desigualdades. Ao identificar este conjunto de róis, estarão demarcados a

implicação ou não frente às injustiças estampadas, trazendo a tona às

necessidades de mudanças nos diferentes níveis e escalas referentes à

pessoa com deficiência e seu campo produtivo.

Portanto, se faz necessário ativar instrumento programático como

resignificou Romeu Sassaki em 2008, ao acoplar no assunto da acessibilidade,

a eliminação das barreiras invisíveis que estejam embutidas em políticas (e

empresa) referindo-se ao cumprimento e mudanças em leis, decretos,

portarias, resoluções ordem de serviço; o exemplo das Políticas de Educação:

regimento, estatuto, projeto político pedagógico – quando renomeou o assunto

para acessibilidade programática, repaginando a e atualizando a pauta····.

O terceiro instrumento recentes que nos referimos foi entregue a

secretária Márcia Rollemberg, trata-se, do documento final da Conferência

Livre de Acessibilidade Cultural (2013) (4º documento) onde reafirmamos o

cumprimento de decretos; de Metas específicas do PCN; da Nota Técnica

001/2009 da SID/MINC documento acima mencionado (NSNSN -

ENSP/MINC/2008) a fim de comprometer e de atualizar as propostas já

desenvolvidas pelo segmento.

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O material em questão fez parte da disciplina de Políticas Culturais

ministrado pela Profa. Dra. Patrícia Dorneles, configurou-se um estudo

minucioso e durante boa parte do curso realizado pela Universidade Federal do

Rio de Janeiro (UFRJ) de especialização no tema. A Conferência iniciou-se na

abertura do curso em abril de 2013 cabendo aos alunos, à construção das

proposições e a qualificação do texto, elaborados durante os seminários da

conferência no momento do curso. O documento traz uma série de propostas

para a inserção cultural das pessoas com deficiência e foi apresentado na III

Conferência Nacional de Cultura, novembro de 2013 pela SCDC/MinC como

subsídio na elaboração de políticas públicas para o setor, quando no eixo 03 –

cidadania e direitos culturais a pessoa com deficiência foi elencada como

quarta prioridade na proposta 3.18 (5º documento).

O curso de especialização em acessibilidade cultural é financiado pelo

MinC em parceria com a UFRJ e realizado pela Secretaria da Cidadania e da

Diversidade Cultural (SCDC/MinC) faz parte das ações do Ministério da

Cultura, voltadas ao campo das pessoas com deficiência e como RESULTADO

reúne 40 trabalhos de conclusão no assunto, disponíveis na biblioteca virtual

da UFRJ, acirrando o campo de discussão no tema (6º documento), este em

anexo.

Vamos a seguir apresentar os documentos na integra e de forma não

linear, desta forma acompanhe pela descrição numeral do documento:

(1º documento)

53 METAS do PCN

Meta 1) Sistema Nacional de Cultura institucionalizado e implementado, com 100%das Unidades da Federação (UF) e 60% dos municípios com sistemas de cultura institucionalizados e implementados; Meta 2) 100% das Unidades da Federação (UF) e 60% dos municípios atualizando o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC); Meta 3) Cartografia da diversidade das expressões culturais em todo o território brasileiro realizada; Meta 4) Política nacional de proteção e valorização dos conhecimentos e expressões das culturas populares e tradicionais implantada; Meta 5) Sistema Nacional de Patrimônio Cultural implantado, com 100% das Unidades da Federação (UF) e 60% dos municípios com legislação e política de patrimônio aprovadas; Meta 6) 50% dos povos e comunidades tradicionais e grupos de culturas populares que estiverem cadastrados no Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC), atendidos por ações de promoção da diversidade cultural;

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Meta 7) 100% dos segmentos culturais com cadeias produtivas da economia criativa mapeadas; Meta 8) 110 territórios criativos reconhecidos; Meta 9) 300 projetos de apoio à sustentabilidade econômica da produção cultural local; Meta 11) Aumento em 95% no emprego formal do setor cultural; Meta 12) 100% das escolas públicas de educação básica com a disciplina de Arte no currículo escolar regular com ênfase em cultura brasileira, linguagens artísticas e patrimônio cultural; Meta 13) 20 mil professores de Arte de escolas públicas com formação continuada; Meta 14) 100 mil escolas públicas de educação básica desenvolvendo permanentemente atividades de Arte e Cultura; Meta 15) Aumento em 150% de cursos técnicos, habilitados pelo Ministério da Educação (MEC), no campo da Arte e Cultura com proporcional aumento de vagas; Meta 16) Aumento em 200% de vagas de graduação e pós-graduação nas áreas do conhecimento relacionadas às linguagens artísticas, patrimônio cultural e demais áreas da cultura, com aumento proporcional do número de bolsas; Meta 17) 20 mil trabalhadores da cultura com saberes reconhecidos e certificados pelo Ministério da Educação (MEC); Meta 18) Aumento em 100% no total de pessoas qualificadas anualmente em cursos, oficinas, fóruns e seminários com conteúdo de gestão cultural, linguagens artísticas, patrimônio cultural e demais áreas da cultura; Meta 19) Aumento em 100% no total de pessoas beneficiadas anualmente por ações de fomento à pesquisa, formação, produção e difusão do conhecimento; Meta 20) Média de 4 livros lidos fora do aprendizado formal por ano, por cada Brasileiro; Meta 21) 150 filmes brasileiros de longa-metragem lançados ao ano em salas de cinema; Meta 22) Aumento em 30% no número de municípios brasileiros com grupos em atividade nas áreas de teatro, dança, circo, música, artes visuais, literatura e artesanato; Meta 23) 15 mil Pontos de Cultura em funcionamento, compartilhados entre o governo federal, as Unidades da Federação (UF) e os municípios integrantes do Sistema Nacional de Cultura (SNC); Meta 24) 60% dos municípios de cada macrorregião do país com produção e circulação de espetáculos e atividades artísticas e culturais fomentados com recursos públicos federais; Meta 25) Aumento em 70% nas atividades de difusão cultural em intercâmbio nacional e internacional; Meta 26) 12 milhões de trabalhadores beneficiados pelo Programa de Cultura do Trabalhador (Vale Cultura); Meta 27) 27% de participação dos filmes brasileiros na quantidade de bilhetes vendidos nas salas de cinema; Meta 28) Aumento em 60% no número de pessoas que frequentam museu, centro cultural, cinema, espetáculos de teatro, circo, dança e música; Meta 29) 100% de bibliotecas públicas, museus, cinemas, teatros, arquivos públicos e centros culturais atendendo aos requisitos legais de acessibilidade e desenvolvendo ações de promoção da fruição cultural por parte das pessoas com deficiência; Meta 30) 37% dos municípios brasileiros com cineclube; Meta 31) Municípios brasileiros com algum tipo de instituição ou equipamento cultural, entre museu, teatro ou sala de espetáculo, arquivo público ou centro de documentação, cinema e centro cultural, na seguinte distribuição: 35% dos municípios com até 10 mil habitantes com pelo menos um tipo; 20% dos municípios entre 10 mil e 20 mil habitantes com pelo menos dois tipos; 20% dos municípios entre 20 mil e 50 mil habitantes com pelo menos três tipos; 55% dos municípios entre 50 mil e 100 mil habitantes com pelo menos três tipos; 60% dos municípios entre 100 mil e 500 mil habitantes com pelo menos quatro tipos; 100% dos municípios com mais de 500 mil habitantes com pelo menos quatro tipos; Meta 32) 100% dos municípios brasileiros com ao menos uma biblioteca pública em funcionamento; Meta 33) 1.000 espaços culturais integrados a esporte e lazer em funcionamento; Meta 34) 50% de bibliotecas públicas e museus modernizados; Meta 35) Gestores capacitados em 100% das instituições e equipamentos culturais apoiados pelo Ministério da Cultura; Meta 36) Gestores de cultura e conselheiros capacitados em cursos promovidos ou certificados pelo Ministério da Cultura em 100% das Unidades da Federação (UF) e 30% dos municípios, dentre os quais, 100% dos que possuem mais de 100 mil habitantes;

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Meta 37) 100% das Unidades da Federação (UF) e 20% dos municípios, sendo 100% das capitais e 100% dos municípios com mais de 500 mil habitantes, com secretarias de cultura exclusivas instaladas; Meta 38) Instituição pública federal de promoção e regulação de direitos autorais implantada; Meta 39) Sistema unificado de registro público de obras intelectuais protegidas pelo direito de autor implantado; Meta 40) Disponibilização na internet dos seguintes conteúdos, que estejam em domínio público ou licenciados: 100% das obras audiovisuais do Centro Técnico do Audiovisual (CTAV) e da Cinemateca Brasileira; 100% do acervo da Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB); 100% dos inventários e das ações de reconhecimento realizadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan); 100% das obras de autores brasileiros do acervo da Fundação Biblioteca Nacional (FBN); 100% do acervo iconográfico, sonoro e audiovisual do Centro de Documentação da Fundação Nacional das Artes (Cedoc/Funarte); Meta 41) 100% de bibliotecas públicas e 70% de museus e arquivos disponibilizando informações sobre seu acervo no SNIIC; Meta 42) Política para acesso a equipamentos tecnológicos sem similares nacionais formuladas; Meta 43) 100% das Unidades da Federação (UF) com um núcleo de produção digital audiovisual e um núcleo de arte tecnológica e inovação; Meta 44) Participação da produção audiovisual independente brasileira na programação dos canais de televisão, na seguinte proporção: 25% nos canais da TV aberta; 20% nos canais da TV por assinatura; Meta 45) 450 grupos, comunidades ou coletivos beneficiados com ações de Comunicação para a Cultura; Meta 46) 100% dos setores representados no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) com colegiados instalados e planos setoriais elaborados e implementados; Meta 47) 100% dos planos setoriais com representação no Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) com diretrizes, ações e metas voltadas para infância e juventude; Meta 48) Plataforma de governança colaborativa implementada como instrumento de participação social com 100 mil usuários cadastrados, observada a distribuição da população nas macrorregiões do país; Meta 49) Conferências Nacionais de Cultura realizadas em 2013 e 2017, com ampla participação social e envolvimento de 100% das Unidades da Federação (UF) e 100% dos municípios que aderiram ao Sistema Nacional de Cultura (SNC) Meta 50) 10% do Fundo Social do Pré-Sal para a cultura; Meta 51) Aumento de 37% acima do PIB, dos recursos públicos federais para a cultura; Meta 52) Aumento de 18,5% acima do PIB da renúncia fiscal do governo federal para incentivo à cultura; Meta 53) 4,5% de participação do setor cultural brasileiro no Produto Interno Bruto (PIB);

(3º documento)

Loucos pela Diversidade

1ª Oficina Nacional de Indicações de Políticas Culturais

para pessoas com sofrimentos psíquico(2007)

GT PATRIMÔNIO DIRETRIZ 1 => Empoderar usuários, trabalhadores e comunidades para que possam reconhecer a sua diversidade cultural e seu valor, subsidiando os grupos de saúde mental com informações que possibilitem a identificação e valorização do patrimônio integral comunitário. Ação 1 Mapear e catalogar os diversos patrimônios e as produções existentes. Ação 2 Produzir e disponibilizar material informativo. DIRETRIZ 2 => Criar instrumentos para que a produção cultural possa acontecer e ser reconhecida no campo sócio-político-cultural, apontando para a circulação e uso social do patrimônio. Ação 1 Dar visibilidade para o patrimônio do campo da Saúde Mental utilizando diversas mídias públicas de difusão existentes no país.

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Ação 2 Promover intercâmbio entre diferentes práticas e patrimônios. Ação 3 Promover, por meio de editais, ações de fomento e preservação de acervos, patrimôniose produções culturais. Ação 4 Construir uma agenda de prioridade de pesquisa que contemple os temas “territórios”, “cotidiano” e “saúde mental”, além de publicar editais com estas finalidades. DIRETRIZ 3 => Construir os princípios de uma ética e cidadania da criação que contemplem a questão da propriedade intelectual das produções realizadas nos serviços de saúde mental. Ação 1 Formular uma política de curadoria das obras, prevendo-se um colegiado interdisciplinar. Ação 2 Constituir fóruns permanentes de trabalho, a partir desta oficina nacional, para o acompanhamento das políticas culturais para a saúde mental. Ação 3 Informar e esclarecer a comunidade e os serviços de saúde mental sobre a legislação referente às questões de propriedade intelectual e direito de uso de imagem. Ação 4 Aperfeiçoar mecanismos que garantam o direito do usuário de saúde mental sobre sua obra. GT DIFUSÃO DIRETRIZ 1 => Democratizar o direito à informação e à comunicação. Ação 1 Criar o setor de comunicação nos serviços, instituições e dispositivos de saúde mental para garantir as ações de comunicação. Ação 2 Criar e Desenvolver a interface entre cultura e saúde mental por meio dos setores da comunicação pública, conectando se ao Fórum Nacional de Comunicação Pública. Ação 3 Aprofundar as políticas culturais da saúde mental nos eixos de Patrimônio, de Fomento e de Comunicação. Ação 4 Criar Centros de Documentação e Comunicação em cultura e saúde mental. DIRETRIZ 2 => Dar visibilidade às iniciativas e projetos culturais desenvolvidos no campo da saúde mental. Ação 1 Realizar levantamento e mapeamento nacional dos projetos culturais desenvolvidos na saúde mental e/ou que incluam pessoas com sofrimento psíquico. Ação 2 Discutir iniciativas, técnicas e a produção cultural em saúde mental em Encontro Nacional de Produção Cultural na Saúde Mental. DIRETRIZ 3 => Garantir a ocupação dos espaços públicos culturais com projetos da saúde mental. Ação 1 Promover e realizar festivais e mostras sobre Diversidade Cultural, que incluam também o campo da Saúde Mental. Ação 2 Realizar editais para ocupação de espaços públicos culturais (p. ex. museus, galerias, teatros) com iniciativas e projetos culturais da Saúde Mental. Ação 3 Realizar encontros e conferências (nos níveis municipal, estadual e federal) que façam a interface entre Saúde e Cultura. Ação 4 Garantir formação e capacitação, por meio de cursos, dos trabalhadores da cultura e da saúde em Diversidade Cultural. Ação 5 O Ministério da Cultura, em parceria com a sociedade civil, deve articular as ações inter-setoriais nos níveis federal, estadual e local. Ação 6 Promover - por meio de editais, ações de registro e publicações em multimeios - as múltiplas expressões da diversidade cultural produzidas pelas experiências da loucura e seus experimentos e outras formas de existência e resistência no campo da Saúde Mental. GT FOMENTO DIRETRIZ 1 => Implementar políticas públicas na interface Cultura e Saúde que promovam a participação de pessoas em sofrimento mental. Ação 1 Contemplar, como proponentes e beneficiários, pessoas em sofrimento mental em editais nas áreas da Cultura e da Saúde. Ação 2 Criar editais específicos para a área da Saúde Mental, não restritos a serviços de saúde. Ação 3 Potencializar os já existentes e criar espaços culturais comunitários que trabalhem com grupos heterogêneos garantindo a inclusão de pessoas em sofrimento mental e manter agentes de cultura permanentes, garantindo a sustentabilidade e a continuidade dos projetos. Ação 4 Fomentar propostas e projetos voltados para a coletividade que garantam a inclusão de pessoas com sofrimento mental.

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Ação 5 Viabilizar o acesso aos bens, equipamentos, instrumentos e recursos da Cultura pelas pessoas em sofrimento mental. Ação 6 Estabelecer políticas de capacitação para o desenvolvimento de projetos culturais voltados para a saúde mental, numa perspectiva intersetorial e interdisciplinar Ação 7 Implantar pontos de cultura de acordo com os princípios de diversidade e identidade cultural em suas várias expressões existentes no campo de saúde mental, garantindo o compromisso com a desinstitucionalização, em consonância com os conceitos de empoderamento, autonomia, cidadania e sustentabilidade como proposto no Programa Cultura Viva e em suas ações em rede. DIRETRIZ 2 => Incluir os vários segmentos da sociedade civil em todos os níveis do planejamento de políticas publicas na interface saúde / cultura e aperfeiçoar os processos de trabalho relativos à formulação, gestão, execução e distribuição de recursos relativos à implementação destas políticas. Ação 1 Criação de fóruns estaduais e municipais com a participação de representantes da Saúde e da Cultura. Ação 2 Promover Seminários Regionais e Locais para discutir as políticas públicas indicadas na oficina “Loucos pela Diversidade”. Ação 3 Criar mecanismos de inclusão da sociedade civil em todos os níveis de planejamento. Ação 4 Estabelecer mecanismos eficazes de comunicação, para difusão das ações e para aplicação de recursos estimados a programas de saúde e cultura, entre as três esferas de governo. Ação 5 Consolidar instâncias de participação e controle social, através do fortalecimento de conselhos municipais, estaduais de cultura. DIRETRIZ 3 => Incorporar metas da área da Saúde no Plano Nacional de Cultura e metas da área da Cultura no Plano Nacional de Saúde. Ação 1 Criar uma Câmara Técnica Interministerial envolvendo o MinC e o Ministério da Saúde. Ação 2 Criar um Fundo Interministerial, gerido pela Câmara Técnica Interministerial, para manutenção e ampliação de projetos em desenvolvimento na interface Cultura/Saúde e para os Pontos de Cultura, e que estes projetos recebam o indicativo de apoio a partir de definições do Fórum Tripartite. Complemento Que o Fundo Interministerial garanta os recursos através de editais e que os projetos sejam contemplados após um levantamento e mapeamento das experiências existentes. Ação 3 Criar um Fórum Tripartite Nacional Permanente, formado por representantes do Ministério da Cultura, Ministério da Saúde e Sociedade Civil, com paridade na composição do governo e da sociedade civil. DIRETRIZ 4 => Promover o mapeamento, a documentação e a difusão das iniciativas na interface Saúde / Cultura. Ação 1 Implementar pesquisa multicêntrica acadêmica. Ação 2 Orientar e capacitar às equipes mapeadas, agentes e atores em elaboração de projetos. Ação 3 Destinar recursos para garantir infra-estrutura e continuidade das experiências já existentes.

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(2º documento)

Nada sobre Nós sem Nós

1ª Oficina de Indicações de Políticas Culturais

para a inclusão da Pessoa com Deficiência (2008)

Considerando que cabe ao encerramento do Curso de Especialização

em Acessibilidade Cultural a atuação no campo político e que este curso, tem

como propósito criar mecanismos a incluir pessoa com deficiência na

engrenagem social, e tendo, um compromisso com a classe artística de pessoa

com deficiência por também pertencer a este segmento cultural; como, com a

luta de Albertina, pelo reconhecimento Patrimonial do Programa Arte Sem

Barreiras|VSA do Brasil, apresento junto ao meu Trabalho de Conclusão de

Curso (TCC), as decisões aprovadas por nós, no “Nada sobre Nós, sem Nós

(NSNSN-2008/SID/MINC)” com a certeza, de continuarmos disseminando e

difundindo o que vem sendo feito por muitos de nós.

Alinhando estas questões no plano de existência, como no plano de

coerência política, cultural e social já que as propostas de políticas públicas se

efetivam em conteúdos pela participação e controle social que buscam meios a

garantir o que por sua vez, deverá estar assegurado pelo poder público. Desta

forma, somos muitos os coautores destes conjuntos de indicadores – é preciso

não só legitimar, mas entender o que está sendo proposto, desta forma, optei

em transcrever na integra alguns pressupostos e documentos constantes nesta

pesquisa, abaixo seguem os instrumentos desenvolvidos pelos coletivos que

participo todos relacionados no campo de intervenção institucional tratado

nesta investigação, e agora destrinchado como teoria-técnica.

Na intenção de despertar curiosidade, desejo e compromisso na busca

de entendimentos como os efeitos, que estas relações possam produzir-nos

diferentes campos de forças da sociedade, convidando-os a destacar

observações e apontar destaques posteriores a leitura das propostas, levando

em consideração a data do documento e que estes em caráter dinâmico,

seguem em processo de atualização:

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Trata-se de um documento refletido pela classe de trabalhadores,

artistas pessoas com deficiência e segmento cultural - Nada sobre Nós sem Nós

[NSNSN/2008/MinC]

Carta do Rio de Janeiro

Políticas Públicas Culturais para Inclusão de Pessoas com Deficiência

“Sob o olhar do outro estamos expostos à ideia de que o

reconhecimento é baseado na diferença e semelhança. Lembrando

sempre que o que nos assemelha É A DIFERENÇA.”

Elisabeth Caetano Almeida30

Os participantes da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para a

Inclusão de Pessoas com Deficiência, reunidos no Rio de Janeiro, nos dias 16 a 18 de outubro

de 2008, debruçaram-se sobre a tarefa de formular propostas de diretrizes e ações para que

possam ser incorporadas à Política Nacional de Cultura, que se encontra em fase de

elaboração/revisão. E nesta tarefa, estiveram orientados por alguns princípios e pressupostos:

Em primeiro lugar, insistir na necessidade de que as políticas, ações e comportamentos

devem pautar-se pela compreensão e pelo acolhimento das pessoas em suas identidades

múltiplas e diversificadas, sempre contemplando sua dimensão humana e cidadã e nunca a

deficiência. Em segundo lugar, houve consenso da existência de um marco legal, amplo e

bastante avançado, tanto no âmbito nacional quanto internacional, que afirma e visa promover

e garantir os direitos das pessoas com deficiência. Faz parte, entre outros documentos, a

Declaração de Salamanca (1994); a Carta de Pirenópolis (1999); a Convenção Interamericana

para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de

Deficiência (Convenção de Guatemala, confirmada no Brasil pelo Decreto Lei nº 3.956/01, de 8

de outubro de 2001); as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica –

resolução CNE/CEB nº2/2001; Decreto Lei 5.296, de 2 de dezembro de 2004, regulamentando

as Leis Federais 10.048 e 10.098/2000, que tratam da acessibilidade de pessoas com

deficiência ou mobilidade reduzida no Brasil; a Declaração Universal sobre a Diversidade

Cultural (UNESCO/2002); a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência

(ONU/2006) e o Plano Nacional de Cultura. Entretanto, os participantes da oficina reiteraram

que o grande desafio é o de fazer cumprir essa legislação, seja por parte do Estado brasileiro,

seja pelas organizações privadas e pela sociedade civil em geral.

30 Elisabeth Caetano, Beth Caetano, bailarina do Setor; iniciou seus estudos de Dança Clássica

com Tatiana Leskova no Rio de Janeiro, depois com Rosangela Bernabé no Grupo Giro/Niterói e também na Pulsar Cia de Dança.

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Por fim, o terceiro pressuposto diz respeito especificamente à participação e a

representatividade da pessoa com deficiência na atividade cultural. Sob o lema ‘Nada sobre

Nós sem Nós’, os participantes da oficina, pleitearam não só o fomento e a difusão de suas

atividades, mas sua inserção não apenas como objeto, mas como sujeitos na formulação,

execução e avaliação das políticas públicas de cultura.

DELIBERAÇÕES DA OFICINA

A partir das várias diretrizes e ações propostas nos quatro temas, os integrantes da

oficina deliberaram a indicação de prioridades para o Ministério da Cultura, de modo a reiterar

as urgências na sua implementação.

No tema FOMENTO, o debate esteve orientado para propostas que estimulassem a

criação, a promoção e o desenvolvimento de propostas criativas, estéticas, artísticas e culturais

por parte das pessoas com deficiência. A prioridade apontada foi a de garantir incentivos e

recursos orçamentários para formação de profissionais com ou sem deficiência na área da

cultura e para implantação e/ou implementação de manutenção de grupos, companhias,

projetos artísticos e culturais com e para pessoas com deficiência.

No tema ACESSIBILIDADE, o enfoque foi o da promoção e o da garantia do direito das

pessoas com deficiência a fruírem, contemplarem e vivenciarem as diferentes manifestações

artísticas e culturais e experiências estéticas.

As prioridades definidas foram duas:

i) Garantir que todas as políticas, programas, projetos, eventos e espaços públicos no campo

artístico e cultural sejam concebidos e executados de acordo com a legislação nacional já

existente que garante acessibilidade e conforme disposto na Convenção sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência (ONU);

ii) Promover o reconhecimento profissional das pessoas com deficiência e o seu acesso à

formação artística e profissional.

No tema PATRIMÔNIO, o desafio foi o de formular propostas de diretrizes e ações que

Promovessem:

i) a acessibilidade de todos os setores da população às instituições materiais relacionadas às

pessoas com deficiência que tenham uma representação política e simbólica;

ii) o reconhecimento e preservação do saber, da produção imaterial, da subjetividade, da

cultura, das identidades e da produção artística e cultural das pessoas com deficiência. A

prioridade definida foi a de localizar, conservar, pesquisar, editar e difundir o patrimônio

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material, imaterial, intelectual e cultural dos artistas e das pessoas com deficiência, de modo a

promover o seu reconhecimento como patrimônio brasileiro.

Em relação ao tema DIFUSÃO, os debates tiveram por foco a socialização e a

divulgação da produção artística e cultural das pessoas com deficiência:

i) recriação/criação de instância para difusão da produção artístico-cultural de pessoas com

deficiência nos três níveis de governo, sendo que no nível federal propõe-se que seja na

Funarte;

ii) Garantir a participação das pessoas com deficiência na formulação implementação das

políticas de difusão.

RECOMENDAÇÕES E ENCAMINHAMENTOS

Coerentes com os pressupostos mencionados, os participantes da oficina

manifestaram enorme preocupação com o fato de que o próprio Ministério da Cultura ainda não

ter incorporado em suas propostas e iniciativas os parâmetros de acessibilidade definidos no

Decreto Lei 5.296, de 2 de dezembro de 2004 que regulamentou as Leis Federais – Leis10.048

e 10.098/2000 – que tratam da acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade

reduzida no Brasil; da mesma forma o que está estabelecido na Convenção sobre os Direitos

das Pessoas com Deficiência, da ONU, da qual o Brasil é signatário.

A plenária final da oficina também aprovou por unanimidade uma moção (anexo I),

decorrente do manifesto contra o retrocesso representado pela Portaria nº 661 do Ministério

das Comunicações, que adiou os prazos sobre adaptação dos veículos de comunicação aos

critérios e parâmetros de acessibilidade definidos em lei. O texto do manifesto se encontra em:

www.manifesto.ativo2.vilabol.uol.com.br. Reforçou-se, ainda, a urgência de se garantirem

mecanismos de participação da sociedade civil na formulação, implantação e monitoramento

das políticas de arte e cultura.

Colocando em prática as diretrizes de participação, criou-se uma Comissão de Revisão

da Redação das propostas da oficina, com funcionamento virtual. O grupo foi composto por

Ana Lúcia Palma Gonçalves, Carlos Eduardo Oliveira do Carmo, Cláudia Werneck, Vera Lúcia

Carvalho Portella e André Andries. Ressaltou-se o imperativo de que a publicação do

documento final obedeça aos critérios de acessibilidade, conforme amplamente discutido na

Oficina.

A partir da síntese e das propostas dos facilitadores do evento, este grupo teve por

tarefa imprimir às diretrizes e ações aprovadas com maior uniformidade no uso dos conceitos e

inteligibilidade ao conjunto.

Além da comissão de Revisão e no sentido de promover a transparência e o controle

social, foram propostos a Criação de uma Comissão de acompanhamento e fiscalização das

ações oriundas nessa oficina e de um blog, acessível para todos, a fim de acompanhar os

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desdobramentos. A SID/MinC ficou de avaliar as condições de implantação desta comissão

considerando os processos de mudança que estão em curso no MinC.

Por fim, os participantes reafirmaram ao MinC a necessidade de imprimir um caráter de

urgência à implementação de todas as diretrizes e ações apontadas pela Oficina.

Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2008.

A Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura

(SID/MinC) tem por objetivo promover e apoiar as atividades de incentivo à diversidade e ao

intercâmbio cultural como meio de promoção da cidadania. Desde a sua criação, essa

secretaria vem mantendo um diálogo com a sociedade civil, outras secretarias desse ministério,

outros ministérios e instituições públicas e privadas por meio de Grupos de Trabalho, promoção

de Encontros, Seminários e Oficinas, todos com o intuito de identificar políticas públicas para

os vários segmentos que fazem parte da nossa diversidade cultural.

Como resultados desse intercâmbio entre governo e sociedade civil, surgem vários

encaminhamentos e propostas de diretrizes que buscam nortear as políticas públicas de

inclusão cultural dos diversos grupos historicamente excluídos. No que diz respeito às pessoas

com deficiência, a SID, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Ministério da

Saúde e, com apoio da Caixa Econômica Federal (CEF), realizou na cidade do Rio de Janeiro,

no período de 16 a 18 de outubro de 2008, a Oficina Nacional de Indicação de Políticas

Públicas Culturais para Inclusão de Pessoas com Deficiência, destinada a artistas, gestores

públicos, pesquisadores e agentes culturais da sociedade civil representativos do campo da

produção cultural das pessoas com deficiência.

O objetivo dessa oficina foi indicar diretrizes e ações, no sentido de contribuir para a

construção de políticas culturais de patrimônio, difusão, fomento e acessibilidade para pessoas

com deficiência. A oficina foi constituída a partir de um processo participativo e, por isso,

adotamos o lema ‘Nada sobre Nós sem Nós’1. Desta forma, seguimos a consideração da

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a qual diz que essas pessoas

devem ter a oportunidade de participar ativamente das decisões relativas a programas e

políticas, inclusive aos que lhes dizem respeito diretamente.

Sabe-se que é antiga a parceria deste Ministério com as diferentes redes de artistas e

produtores culturais, que são pessoas com deficiência e sem deficiência que atuam como

produtores e parceiros. Quando a SID foi convidada a se incluir neste processo, pela nossa

trajetória de ‘escuta’ e de sistematização de construção de indicadores de políticas públicas

culturais para a diversidade brasileira, sabíamos da responsabilidade grande e de nosso papel

em sermos facilitadores para construirmos as diretrizes e ações que devem servir a qualquer

gestor de cultura que tem interesse de desenvolver políticas públicas culturais de qualidade e

para todos.

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1. Tema já consagrado no movimento de pessoas com deficiência e que serviu de lema para o

dia 03 de dezembro - Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, do ano de 2004.

Inicialmente, o foco principal da SID era saber a melhor forma de se potencializar a

produção e a difusão das atividades artísticas e culturais das pessoas com deficiência, mas no

processo de construção da oficina, foi feita a proposta de se colocar também como eixo a

questão da acessibilidade, por se tratar de tema complexo.

Nesse sentido, temos aí um grande desafio para as políticas públicas: ampliar sua

visão sobre deficiência. Urge promovermos maior discussão e ação em todos os setores das

políticas públicas, e a cultura deve se inserir nesse processo, qualificando a difusão e o

fomento da produção artístico-cultural das pessoas com deficiência, além de garantir a elas a

acessibilidade para que possam desfrutar a diversa produção cultural brasileira.

Que esta publicação, Nada sobre Nós sem Nós - Relatório Final da Oficina Nacional de

Indicação de Políticas Públicas Culturais para Inclusão de Pessoas com Deficiência - seja um

instrumento de sensibilização, de orientação e de aplicabilidade de políticas culturais de

qualidade para pessoas com deficiência.

Que os diferentes gestores e atores sociais do campo da cultura se sintam inseridos no

lema ‘Nada sobre Nós sem Nós’ e, juntos com o Ministério da Cultura, trabalhem para a

promoção da diversidade ético estética da cultura brasileira. Américo Córdula/

Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural/ Ministério da Saúde

E para não perder o contexto seguimos com,

Em agosto de 2007 a SID/MinC e a Fiocruz/MS realizaram a Oficina Loucos pela

Diversidade - da Diversidade da Loucura à Identidade da Cultura.

O objetivo dessa oficina foi construir, de forma participativa, ações e diretrizes para

construção de políticas públicas de cultura para a produção estética e artístico-cultural das

pessoas em sofrimento psíquico e em situação de vulnerabilidade social. Como resultado da

oficina, foi lançada a publicação com o mesmo nome, que, durante o ano de 2008, foi

intensamente distribuída em diferentes fóruns das redes da saúde mental e do campo da

cultura.

O resultado da oficina Loucos pela Diversidade levou a SID a ser convidada a realizar

proposta semelhante com outro público: artistas das mais diferentes áreas com deficiência, que

vêm, há muitos anos, contribuindo para a promoção estética e artística da diversidade

brasileira.

As pessoas com deficiência representam um importante segmento social,

tradicionalmente excluído das políticas públicas. Com base na Convenção sobre a Proteção e

Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (UNESCO), a SID tem como caráter

estratégico formular e implementar políticas públicas que estimulem ações transversais de

promoção da diversidade cultural brasileira.

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Assim, considerando-se o potencial das atividades culturais produzidas por pessoas

com deficiência, a SID e a Fiocruz, dando continuidade à parceria, realizaram, em outubro de

2008, na cidade do Rio de Janeiro, a Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas

Culturais para Inclusão de Pessoas com Deficiência, com o apoio da CEF.

Comprometidos com o lema do movimento de pessoas com deficiência, as pastas

distribuídas para os participantes da oficina foram confeccionadas pelo Instituto Tocando em

Você, com a arte de Martha Mhoriak. Além das apresentações artísticas de Inês Helena,

Marcos Abranches e da exposição do vídeo Judith quer chorar, mas não consegue, de Edu O.,

a arte do folder da oficina foi criada por Afrânio Francisco Alves, da “Oficina Casa Brasil”, do

Centro Integrado de Atenção à Pessoa com Deficiência (Ciad) Mestre Candeia/RJ.

A oficina foi desenvolvida em três momentos. No primeiro dia, foram realizadas mesas

temáticas para discutir questões sobre arte, cultura, deficiência e direitos humanos. O objetivo

das mesas foi fomentar e provocar reflexões a fim de qualificar e aprofundar o debate e os

encaminhamentos dos Grupos de Trabalho, que ocorreram no segundo dia do encontro. A

finalidade desses grupos foi indicar ações e diretrizes para as políticas públicas culturais. Os

temas tratados pelos Grupos de Trabalho foram: Fomento, Difusão, Patrimônio e

Acessibilidade.

Finalmente, no terceiro dia, ocorreu a plenária final, na qual foram apresentadas as

questões debatidas pelos Grupos de Trabalho. O resultado desses três dias de oficina

encontra-se nesta publicação, ‘Nada sobre Nós sem Nós’.

Além desta publicação, outro resultado da oficina foi o encaminhamento da SID junto

ao MinC, por meio de uma nota técnica, que orienta os seus diversos setores em relação às

diferentes questões de acessibilidade para as pessoas com deficiência no campo das políticas

culturais. Nessa nota, chamamos atenção para alguns apontamentos em relação à Lei

Rouanet, editais, sites, equipamentos, bens culturais e livros acessíveis e à produção cultural.

Acreditando na necessidade de implementação de uma nova visão de política cultural,

na qual o respeito às identidades possa fomentar um país mais democrático, no sentido de

facultar a todos o direito à criação, à produção cultural, fruição e sua plena difusão, espera-se

que este relatório contribua para orientação e aplicabilidade de políticas culturais mais

comprometidas com a diversidade brasileira.

Queremos registrar nossos agradecimentos aos consultores Jorge Márcio Pereira de

Andrade e Andréa Chiesorin; à equipe de facilitadores; ao pessoal da Fiocruz (Ana Beatriz

Ayres, Deolinda Santos, Edna Barbosa de Almeida, Paulo Ernani Gadelha, Paulo Vieira,

Vanessa da Costa e Silva, Vídeo Saúde Distribuidora/Fiocruz e Equipe de Coordenação de

Comunicação Institucional - CCI/Ensp/Fiocruz) e muito especialmente a Sérgio Mamberti, que,

na ocasião era Secretário da Identidade e da Diversidade Cultural do MinC;

Ricardo Lima/ Subsecretário da Identidade e da Diversidade Cultural; Paulo Amarante

Coordenador do Laps/Ensp/Fiocruz.

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E também a Programação:

16 outubro 2008, Quinta-feira: 9H30 ÀS 10H30 | MESA DE ABERTURA

Isabel Maior (Coordenação Nacional para Inclusão de Pessoa com Deficiência/

Corde/Sedh/DF); Vera Lúcia Fernandes (Caixa Econômica Federal/CEF);

Ricardo Lima (SID/MinC); Paulo Amarante (Laps/Ensp/Fiocruz).

APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA: Inês Helena (voz) e Kiko Chaves (violão)

11H ÀS 13H | CULTURA E DEFICIÊNCIA: TRAJETÓRIA E PERSPECTIVAS

COORDENAÇÃO RICARDO LIMA; Andréa Chiesorin (Conselho Diretor AVSA do Brasil/RJ);

João de Jesus Paes Loureiro (Universidade Federal do Pará/UFPA); Isabel Maior

(Corde/Sedh/DF).

14H30 ÀS 18H30 | NADA SOBRE NÓS SEM NÓS

COORDENAÇÃO PAULO AMARANTE; Rogério Andreolli (Pulsar Cia de Dança/RJ); Angel

Vianna (Coreógrafa/Faculdade Angel Vianna/RJ); Arnaldo Godoy (Câmara de Vereadores/Belo

Horizonte/MG).

17 outubro 2008, Sexta-feira - 9H ÀS 11H | PATRIMÔNIO, DIFUSÃO, FOMENTO E

ACESSIBILIDADE COORDENAÇÃO PATRÍCIA DORNELLES; Jorge Márcio de Andrade

(DefNet/SP); Cláudia Werneck (Jornalista e escritora/RJ); Frederico Maia (MinC/DF).

11H30 | APRESENTAÇÃO DA METODOLOGIA DE TRABALHO| DIVISÃO DE GRUPOS:

PULO AMARANTE, RICARDO LIMA E EQUIPE DE

14H ÀS 18H | GRUPOS DE TRABALHO - 18 outubro 2008, Sábado

9 ÀS 13H | PLENÁRIA DAS RESOLUÇÕES

Como o programa metodológico da oficina:

Metodologia da Oficina

1. OBJETIVOS

A oficina teve como objetivo construir propostas de diretrizes e ações para subsidiar a

elaboração de políticas públicas do Ministério da Cultura (MinC) para pessoas com deficiência

e em situações de risco social, com a participação prioritária dos próprios sujeitos interessados

nestas mesmas políticas, daí decorre o tema central da oficina ‘Nada sobre Nós sem Nós’.

1.1. MESA DE DEBATES

A oficina foi iniciada com uma mesa de abertura na qual as autoridades das instituições

promotoras, MinC, Fiocruz e Caixa, e uma representante da Secretaria Especial de Direitos

Humanos da Presidência da República, explicitaram os objetivos e a relevância da iniciativa.

Posteriormente, foram realizadas as mesas ‘Cultura e Deficiência – trajetórias e

perspectivas’ e ‘Nada sobre Nós sem Nós’, ambas no primeiro dia do evento, com a

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participação de convidados denominados de “provocadores”, que eram profissionais com

experiência em produção de projetos artísticos e culturais na área.

Uma equipe de planejamento estratégico, o Grupo de Apoio à Participação Interativa,

fez o registro e a síntese das palestras que subsidiou os Grupos de Trabalho na elaboração

das propostas de diretrizes.

1.2 PAINEL TEMÁTICO

No segundo dia foi realizado um painel com os temas PATRIMÔNIO, DIFUSÃO,

FOMENTO E ACESSIBILIDADE. Contando com um coordenador e um expositor para cada

tema, o painel teve como objetivo fornecer bases para que os participantes pudessem, a partir

de então, formular propostas políticas nos âmbitos em questão. Seguindo-se à fala dos

expositores foi realizado um amplo debate com os participantes e, de acordo com a

metodologia de planejamento estratégico, a equipe de apoio e moderação registrou as ideias e

propostas surgidas no debate.

1.3 GRUPOS DE TRABALHO (GT’S)

Posteriormente, os participantes foram orientados a compor quatro GT’s, de acordo

com suas próprias escolhas. Cada GT abordou um dos eixos focais da Oficina (PATRIMÔNIO,

DIFUSÃO, FOMENTO E ACESSIBILIDADE) e a interface destes eixos com os temas:

a) Produção artística e cultural;

b) Políticas de apoio e financiamento e a Funarte;

c) Programas, editais e prêmios;

d) Acesso as produções artísticas, espaços culturais e formação.

A discussão nos GT´s foi uma continuidade das etapas anteriores, que se prestaram ao

acúmulo de informações e reflexões por meio das Mesas de Debate e do Painel. Ou seja, os

GT´s tiveram a missão de organizar os subsídios das etapas anteriores e demais

considerações de cada tema em propostas de diretrizes e indicar ações para cada diretriz.

Propostas de diretrizes foram consideradas as indicações gerais para um conjunto de

metas e ações. Elas deveriam apontar prioridades e revelar princípios e valores que

fundamentam as diversas esferas públicas.

Foram consideradas propostas de diretrizes “fortes” aquelas que, em palavras sucintas

e de fácil compreensão, afirmam o essencial do que se quer conseguir no futuro. Elas abrem

um campo de possibilidades, onde os projetos, os recursos disponíveis e os atores

responsáveis por sua viabilidade encontram-se de comum acordo. Também são fortes quando

capazes de convencer outras pessoas quanto a sua importância.

Para ajudar a cumprir esta etapa, cada grupo contou com o apoio de um facilitador

devidamente preparado com recursos e técnicas para dar suporte ao trabalho coletivo. O

facilitador não representava nenhuma instituição ou organização ligada à oficina, e estava

imbuído de dois propósitos primordiais: zelar pela qualidade da participação e apoiar os grupos

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para que suas propostas se tornassem ideias fortes. Cada GT escolheu um relator para

apresentar suas propostas na Plenária Final.

1.4 PLENÁRIA FINAL

A plenária Final foi conduzida alternadamente por Paulo Amarante e Ricardo Lima, com

apoio da equipe de facilitadores que apresentou, ao início da atividade, a metodologia a ser

empregada.

Com a presença de todos os participantes, nela foram apresentadas as diretrizes e

ações elaboradas nos GT´s, constituindo assim um espaço de ampla reflexão conjunta, de

enriquecimento das propostas e de identificação do grau de prioridade das mesmas.

As propostas dos GT´s foram apresentadas consecutivamente pelos respectivos

relatores, compondo o painel de propostas para consideração da Plenária. Em seguida foi feita

uma nova leitura do painel e, simultaneamente, a indicação da necessidade de “destaque” por

parte dos participantes, ou seja, para aprofundamento da questão, argumentações pró ou

contra ou mesmo, para ajustes de redação.

Em seguida, como desdobramento, ocorreu o debate dos destaques, primeiramente

das diretrizes e, em seguida, das ações correspondentes a cada uma das diretrizes. Como

metodologia para o debate, foi estabelecido que todos os destaques devessem ter uma

argumentação a favor e uma contra, seguidas de votação e aprovação. Na maior parte dos

casos, a elaboração conjunta de uma nova redação pelos próprios debatedores possibilitou

contemplar pontos de vistas distintos.

Durante todo o processo de debate e revisão das propostas de diretrizes e ações, as

alterações e complementos que surgiram foram sendo visualizadas em tempo real em uma

projeção multimídia e, ao ser finalizado sua redação, passaram a constar do painel impresso,

de forma a permitir o acompanhamento integral pela plenária. Ao final dos debates os

participantes indicaram o grau de prioridade das propostas de diretrizes e ações de cada eixo.

A metodologia desenhada possibilitou a participação ampla e de qualidade, ao mesmo tempo

garantiu que as propostas elaboradas fossem idéias-força que afirmavam consensos e

catalisavam outras ideias. O objetivo foi propiciar um exercício coletivo de síntese, de

identificação de pontos de convergência, divergência e priorização, simultaneamente

registrando as especificidades que ilustram estas prioridades.

1.5 MATERIAL PRODUZIDO

Como resultado da oficina constituiu-se o Relatório Final com todas as falas transcritas,

a metodologia, as diretrizes e ações aprovadas e a listagem de todos os participantes. Foram

anexados ainda uma nota técnica, intitulada Políticas Culturais de Inclusão das Pessoas com

Deficiência, que trata da acessibilidade e que foi produzida a partir das indicações da Oficina; a

Carta do Rio de Janeiro sobre Políticas Públicas Culturais para Inclusão de Pessoas com

Deficiência, um documento de princípios e orientações políticas elaborado pelos

participantes, que contempla os principais aspectos debatidos e aprovados na oficina e,

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finalmente, uma moção aprovada, intitulada Procrastinação da Dignidade e do Exercício dos

Direitos Humanos, relativa à Portaria 661 do Ministério das Comunicações.

Foram elaborados também três documentários, sendo um de vinte minutos, outro de

dez e outro de um minuto. Todos os três vídeos foram produzidos também em versões com

audiodescrição e com tradução em libras permitindo a acessibilidade de todos. Os vídeos estão

apresentados no DVD que acompanha como encarte a edição do relatório impresso. O

DVD também contém os áudios das falas dos palestrantes, para possibilitar a

acessibilidade de pessoas com deficiência visual. O Relatório Final da oficina foi impresso

também em braile.

Após apresentação dos resultados dos GTs pelos respectivos relatores dos grupos,

anotações de destaques e debates – primeiramente das diretrizes e, em seguida, das ações –

as propostas foram reformuladas, obtendo-se a redação final listada nas tabelas a seguir:

Fomento | GT Acessibilidade | GT Patrimônio | GT Difusão

1. Localizar, conservar, pesquisar, editar e difundir o patrimônio material, imaterial, intelectual e

cultural dos artistas e das pessoas com deficiência, de modo a promover o seu reconhecimento

como patrimônio brasileiro;

1.1. Mapear em nível nacional artistas, grupos, instituições e Centros de Referência de e sobre

pessoas com deficiência ligadas à arte e à cultura;

1.2. Criar e estimular a criação de centros de memória ou observatórios relacionados à

produção artística e cultural das pessoas com deficiência

2. Garantir a expressão da diversidade cultural e artística popular e erudita;

2.1. Garantir a preservação da memória através da participação do artista com deficiência

dentro do Ministério da Cultura;

2.2. Garantir o uso de espaços públicos em todas as esferas de governo por projetos culturais

e artísticos para/com/por artistas com deficiência.

3. Criar instrumentos para que a produção cultural possa acontecer e ser reconhecida nos

campos artístico, ético, estético, social, político e cultural, apontando para a circulação e uso

social do patrimônio.

3.1. Dar visibilidade para a produção artística e cultural da pessoa com deficiência;

3.2. Promover e apoiar a produção de diversas mídias de difusão existentes no país para dar

visibilidade ao patrimônio e ao artista com deficiência.

4. Incentivar a aproximação entre as ações de promoção do patrimônio dos órgãos das esferas

federais, estaduais e municipais de cultura;

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142

4.1. Mobilizar, sensibilizar e articular espaços de diálogo com gestores de cultura nos três

níveis de governo, a iniciativa privada, o legislativo, os Conselhos de direitos e o Ministério

Público;

4.2. Realizar um levantamento das iniciativas de preservação do patrimônio artístico e cultural

das pessoas com deficiência nos três níveis de governo.

5. Dar visibilidade aos trabalhos artísticos e não a questão da deficiência.

5.1. Realizar campanhas de sensibilização;

5.2. Realizar mostras e festivais de arte;

5.3. Realizar seminários de capacitação e troca de experiências de artistas;

5.4. Promover um intercâmbio eficaz entre artistas no âmbito nacional e internacional.

DIFUSÃO | DIRETRIZES | AÇÕES

1. Recriação/criação de instância para difusão da produção artístico-cultural de pessoas com

deficiência nos três níveis de governo, sendo que no nível federal propõe-se que seja na

Funarte;

1.1. Promover intercâmbio de gestores da cultura e artistas através de fórum, seminários,

mostras e festivais;

1.2. Trabalhar com os fóruns de gestores da cultura (distrital, estadual e municipal) já

existentes sobre as políticas de cultura para pessoas com deficiência.

2. Garantir a participação das pessoas com deficiência na formulação e implementação das

políticas de difusão.

2.1.Criar cursos de formação/capacitação para artistas e gestores;

2.2.Desenvolver oficinas artísticas, culturais, eruditas e populares em geral, em regiões do

Brasil;

2.3.Instituir bolsa para manutenção de grupos e artistas;

2.4.Criar Comitê de Acompanhamento e Fiscalização das ações propostas nessa oficina;

2.5. Criar um blog pela organização do evento, acessível para todos, a fim de acompanhar as

ações propostas nesta oficina;

2.6.Instituição de espaços e oportunidades de ampliação da discussão desta oficina.

3. Apoiar, implementar e incentivar a integração dos artistas com deficiência com os demais

artistas no intuito de gerar um patrimônio artístico inclusivo;

3.1. Promover mostras, festivais nacionais e regionais intercalados e feiras de arte;

3.2. Promover congressos e conferências de artistas e pessoas com deficiência ligadas à arte e

à cultura para promoção do debate, da formulação de propostas e do acompanhamento das

políticas públicas;

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3.3. Realizar seminários de capacitação e troca de experiências de artistas com e sem

deficiência;

3.4. Promover intercâmbios entre artistas com deficiência no âmbito nacional e internacional.

4. Garantir que as políticas públicas de cultura tenham plena acessibilidade de acordo com o

previsto na legislação nacional já existente e na Convenção Internacional.

4.1 Criações de um comitê de arte e cultura para dialogar com todos os Ministérios visando

ações conjuntas na promoção da Acessibilidade das pessoas com deficiência à arte e à

cultura;

4.2 Recomendar à Secretaria de Comunicação da Presidência da Republica que incorpore

ações de promoção da acessibilidade, conforme a legislação nacional já existente e a

Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU);

4.3 Adequar todos os sites do Governo Federal aos requisitos de acessibilidade, conforme a

legislação nacional já existente e a Convenção Internacional;

4.4 Criar ações de formação para profissionais de comunicação em torno das questões de

acessibilidade, conforme a legislação nacional já existente e a Convenção sobre os Direitos

das Pessoas com Deficiência (ONU).

AÇÕES

1. Garantir incentivos e recursos orçamentários para formação de profissionais com ou sem

deficiência na área da cultura e para implantação e/ou implementação de manutenção de

grupos, companhias, projetos artísticos e culturais com pessoas com deficiência;

1.1. Viabilizar a concessão de bolsas de formação de artista para artistas com deficiência;

1.2. Promover plenas condições de acessibilidade nos locais em que promovem formação

artística e cultural;

1.3. Viabilizar a formação continuada de profissionais, com ou sem deficiência, relacionados à

área de cultura, arte e informação para atuar junto a pessoas com deficiência na área cultural;

1.4. Criar editais para implantação e manutenção de grupos ou projetos, companhias que

contam com a participação de pessoas com deficiência;

1.5. Fomentar, por meio de editais públicos, projetos culturais de pessoas com deficiência, sem

comprometer a participação em outros editais;

1.6. Criar um fundo público para bolsas, pesquisas, manutenção de companhias, formação

educacional e fomento da produção artística;

1.7. Criar editais de pontos de cultura para formação continuada de artistas com e sem

deficiência.

2. Garantir a participação de grupos de pessoas com deficiência nos projetos em que haja

recursos do MinC.

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2.1. Destinar 10% dos recursos públicos do MinC para eventos artísticos que tenham Pessoas

com Deficiência;

2.2. Criar Grupo de Trabalho para estudar alternativas para acessibilidade para artistas e

pessoas com deficiência.

FOMENTO | DIRETRIZES |AÇÕES

1. Garantir que todas as políticas, programas, projetos, eventos e espaços públicos no campo

artístico e cultural sejam concebidos e executados de acordo com a legislação nacional já

existente que garante acessibilidade e conforme disposto na Convenção sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência (ONU);

1.1. Efetuar a revisão dos editais e elaboração de novos de acordo com a legislação nacional

vigente e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU);

1.2. Promover a capacitação dos gestores, técnicos e avaliadores dos editais públicos levando

em consideração os requisitos e parâmetros dispostos na Convenção sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência (ONU);

1.3. Promover a revisão e adequação dos conceitos, mecanismos, pré-requisitos e critérios da

Lei Rouanet e de todos os projetos, patrocínios, licitações e incentivos fiscais, federais,

estaduais e municipais nos campos das artes e da cultura, na perspectiva de adequá-los à

legislação nacional já existente sobre acessibilidade e à Convenção sobre os Direitos das

Pessoas com Deficiência (ONU);

1.4. Garantir que a Política Nacional do Livro incorpore a legislação relativa ao livro acessível,

cumprindo a Ação Civil Pública em curso;

1.5. Realizar a capacitação de patrocinadores públicos para que adéquam seus editais

relacionados à arte e à cultura à legislação nacional já existente sobre acessibilidade e ao que

dispõe a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU);

1.6. Disponibilizar os instrumentos de fomento à cultura (formulários, leis, editais, etc.) em

braile, libras, audiodescrição, etc.;

1.7. Abrir editais para financiamento de projetos que promovam a adaptação dos espaços

artísticos de modo a garantirem todas as formas de acessibilidade;

1.8. Criar um comitê de arte e cultura para dialogar com todos os ministérios visando ações

conjuntas na promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência à arte e à cultura.

2. Sensibilizar e conscientizar os vários setores da população sobre Acessibilidade à arte e à

cultura.

2.1. Mapear as condições atuais de acessibilidade em arte e cultura;

2.2. Realizar, nas diferentes mídias, campanhas publicitárias com humor e criatividade de

sensibilização da população em geral sobre o direito das pessoas com deficiência à

acessibilidade, à arte e à cultura;

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2.3. Realizar campanhas de informação sobre os direitos e os parâmetros relacionados à

acessibilidade, à arte e cultura junto às instituições de pessoas com deficiência;

2.4. Mapear as demandas e necessidades relacionadas às profissões, tanto novas como já

existentes, ligadas à acessibilidade em tecnologia assistida, visando o estímulo à formação de

mais profissionais;

2.5. Realizar um novo encontro com a participação do Ministério da Educação;

2.6. Realizar campanhas e ações culturais que contemplem propostas de áreas transversais

com as Pessoas com Deficiência (arte/educação, arte/saúde, arte/transformação social,

arte/arte e outros) no campo erudito e popular.

(4º documento)

Conferência Livre de Acessibilidade Cultural (2013)

Apresentamos na integra as 40 proposições em Acessibilidade Cultural

para o campo da pessoa com deficiência e segmento cultural:

1. Fomentar a estruturação, ampliação, manutenção e usufruto efetivo de espaços culturais, em toda a federação, dotados de pessoal qualificado e de tecnologia assistiva, necessários para a produção, circulação e divulgação de atividades de arte e cultura acessíveis; de acordo com os Artigos 9º e 30 do decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, o Artigo 47 do Decreto 5.296/2004 e, por fim, a Convenção sobre a proteção e promoção da Diversidade das Expressões Culturais.

2. Fazer cumprir a meta 29, do Plano Nacional de Cultura, no que tange a observância dos requisitos legais de Acessibilidade em 100% de bibliotecas públicas, museus, cinemas, teatros, arquivos públicos e centros culturais, bem como no desenvolvimento de ações de promoção da fruição cultural.

3. Assegurar a contratação de profissionais com deficiência para atividades em Arte e Educação em espaços culturais públicos e privados, incentivando a formação e qualificação destas pessoas.

4. Criar e apoiar programas, projetos e ações de Acessibilidade e produção cultural em todas as suas dimensões: arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática e atitudinal para o publico, bem como os agentes culturais, grupo coletivos e artistas que incluam pessoas com e sem deficiência, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.

5. Implantar e implementar mecanismos de participação e controle social que garantam a efetivação de políticas de Acessibilidade Cultural.

6. Estabelecer um programa de fomento e Acessibilidade Cultural com recursos interministeriais para grupos, organizações e/ou artistas com deficiência e garantir recursos próprios para elaboração e gestão das suas políticas e ações.

7. Garantir projetos de financiamento para fins de Acessibilidade Cultural.

8. Assegurar a execução das produções culturais e artísticas de pessoas com deficiência por meio de recursos orçamentários, com rubrica exclusiva, prevendo, no mínimo, três anos de sustentabilidade de suas ações.

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9. Garantir o fomento, circulação e manutenção de artistas e coletivos com deficiência em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.

10. Implantar e implementar políticas publicas de acesso de pessoas com deficiência a produção e fruição de bens e serviços culturais em todos os estados do Brasil.

11. Recomendar ao MEC a criação e inserção da disciplina de Acessibilidade Cultural nos cursos técnico e superior para a formação de profissionais da área de Arte, Cultura e Educação.

12. Recomendar e apoiar as Instituições de Ensino a criação de cursos de formação em nível técnico e superior e formação continuada em Acessibilidade Cultural.

13. Mapear e publicizar informações sobre artistas e coletivos de artes, nas diferentes linguagens, integrados por pessoas com e sem deficiências. 14. Difundir ações e políticas de Acessibilidade Cultural. 15. Tornar acessível às comunicações por meio da tecnologia assistiva. 16. Tornar acessível os conteúdos de comunicação nos diferentes suportes e mídias. 17. Recomendar ao MEC/MCTI a ampliação dos investimentos em pesquisas para a criação de produtos nacionais de tecnologia assistiva com qualidade e preços acessíveis.

15. Recuperar, conservar e preservar a Memória Cultural dos movimentos de artistas, entidades e coletivos integrados por pessoas com e sem deficiência.

16. Garantir recursos para a viabilização de programas e projetos para comunidades e povos tradicionais que incluam pessoas com deficiência.

17. Fomentar a estruturação, ampliação, manutenção e usufruto efetivo de espaços culturais, em toda a federação, dotados de pessoal qualificado e de tecnologia assistiva, necessários para a produção, circulação e divulgação de atividades de arte e cultura acessíveis; de acordo com os Artigos 9º e 30 do Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, o Artigo 47 do Decreto 5.296/2004 e, por fim, a Convenção sobre a proteção e promoção da Diversidade das Expressões Culturais.

18. Fazer cumprir a meta 29, do Plano Nacional de Cultura, no que tange a observância dos requisitos legais de Acessibilidade em 100% de bibliotecas públicas, museus, cinemas, teatros, arquivos públicos e centros culturais, bem como no desenvolvimento de ações de promoção da fruição cultural.

19. Assegurar a contratação de profissionais com deficiência para atividades em Arte e Educação em espaços culturais públicos e privados, incentivando a formação e qualificação destas pessoas.

20. Promover a capacitação em Acessibilidade Cultural dos agentes locais dos pontos de cultura, movimentos sociais e entidades culturais publicas e privadas, atuantes na área de educação e cultura.

21. Garantir o uso de espaços públicos, em todas as esferas de governo, para o desenvolvimento de projetos culturais e artísticos para/com/por artistas com e sem deficiência, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.

22. Recomendar ao MEC a criação e inserção da disciplina de Acessibilidade Cultural nos cursos técnico e superior para a formação de profissionais da área de Arte, Cultura e Educação.

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23. Recomendar e apoiar as Instituições de Ensino para a criação de cursos de formação em

nível técnico e superior e formação continuada em Acessibilidade Cultural.

23. Recomendar e apoiar as Instituições de Ensino para a criação de cursos de formação em nível técnico e superior e formação continuada em Acessibilidade Cultural.

24. Recuperar, conservar e preservar a Memória Cultural dos movimentos de artistas, entidades e coletivos integrados por pessoas com e sem deficiência, a exemplo do programa “Arte sem Barreiras/ Very Special Arts do Brasil/Funarte”.

25. Promover a edição de um guia turístico nacional com a identificação de todos os espaços culturais acessíveis para as pessoas com deficiência.

26. Implementar políticas de acesso de pessoas com deficiência à produção, circulação e fruição de bens e serviços culturais em todos os estados do Brasil.

27. Fomentar um programa de cooperação internacional que possibilite o intercâmbio científico e a pesquisa em Acessibilidade Cultural conforme Artigo 14 da Convenção da proteção e promoção da Diversidade de cultura;

28. Formar e capacitar gestores para elaborar, executar e avaliar políticas públicas com foco em Acessibilidade Cultural.

29. Ampliar os itens referentes à Acessibilidade nos projetos apresentados a Lei Rouanet, de modo a incluir os recursos de audiodescrição, audiolegendagem, janela de LIBRAS, intérprete de LIBRAS, legenda, impressos em Braille, estenotipia, prancha de comunicação alternativa e outros recursos tecnologia assistiva.

30. Criar um selo de certificação para os espaços culturais que possuam e mantenham os requisitos de Acessibilidade Cultural em acordo com a legislação vigente.

31. Em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC, efetuar a revisão dos editais e implementar a elaboração de novos, com base também na legislação nacional vigente, inclusive à luz dos artigos 9º e 30 do decreto nº 6949, de 25 de agosto de 2009, que tratam de Acessibilidade e da Participação na vida cultural e em recreação, lazer e esporte, respectivamente.

31. Em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC, efetuar a revisão dos editais e implementar a elaboração de novos, com base também na legislação nacional vigente, inclusive à luz dos artigos 9º e 30 do decreto nº 6949, de 25 de agosto de 2009, que tratam de Acessibilidade e da Participação na vida cultural e em recreação, lazer e esporte, respectivamente.

32. Disponibilizar os instrumentos do SALICWEB de fomento à cultura em formato acessível para pessoas com deficiência, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica

001/2009 da SID/MINC e os Artigos 9º e 30 do decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009.

33. Lançar editais para financiamento de projetos que promovam a adaptação dos espaços artísticos, de modo a garantir todas as formas de Acessibilidade, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC e os Artigos 9º e 30 do decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009.

34. Realizar ações de sensibilização e orientação de produtores e proponentes de projetos de arte e cultura sobre a produção de pessoas com deficiência nessa área e sobre a necessidade de adequar seus projetos aos parâmetros de Acessibilidade, contidos na legislação nacional e, principalmente nos Artigos 9º e 30 do decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, bem como em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.

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35. Promover a capacitação dos gestores técnicos e avaliadores dos editais públicos, levando em consideração os requisitos e parâmetros dispostos nas resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.

36. Criar editais para implantação e manutenção de artistas com deficiência, coletivos integrados de pessoas com e sem deficiência, e/ou projetos de arte e cultura que versem sobre a deficiência, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.

37. Criar editais destinados aos Pontos de Cultura para formação continuada de artistas com e sem deficiência, em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC.

38. Fomentar no âmbito da Rede Nacional de Pontos de Cultura a produção de ações de Acessibilidade Cultural para pessoa com deficiência, com ampliação de recursos financeiros para à aquisição de tecnologia assistiva.

39. Disseminar o tratado de Marrakesh no âmbito do Sistema MINC, que assegura o livre acesso da pessoa com deficiência visual às obras publicadas.

40. Criar de uma rede de pesquisadores e agentes, com fomento e subsídios à pesquisa no campo de estudos da pessoa com deficiência e sua produção, objetivando a elaboração e o desenvolvimento de políticas públicas.

(5º documento)

III Conferência Nacional de Cultura/MinC (2013)

EIXO 3 - CIDADANIA E DIREITOS CULTURAIS

4ª Prioridade; Proposta 3.18

Por meio de capacitação e qualificação de recursos, implementar políticas de acesso às pessoas com deficiência, incapacidade temporária e /ou mobilidade reduzida, à produção, circulação e fruição de bens e serviços culturais ao: a) disponibilizar os sistemas de acesso aos mecanismos públicos de fomento em formato conforme o conceito de acesso universal à informação (entendendo que a LIBRAS não é uma modalidade comunicativa de acesso à Língua Portuguesa); b) garantir a presença dos itens que contemplem os recursos de tecnologias assistivas e/ou ajudas técnicas nos editais de acesso aos mecanismos de fomento; c) produzir conteúdos em formatos acessíveis através da comunicação ampliada e alternativa (CAA) para atender aqueles que têm necessidades informacionais específicas além da interpretação para LIBRAS a fim de atender a especificidade linguística dos surdos, acerca do patrimônio cultural material e imaterial, conforme todos os níveis de ensino: fundamental, médio, superior e educação de jovens e adultos (EJA) e as características regionais; d) promover a capacitação para a Plena Acessibilidade Cultural e Artística dos agentes culturais, movimentos sociais e entidades culturais públicas e privadas, atuantes na área de educação e cultura; e) promover a capacitação dos mediadores, gestores, técnicos e avaliadores dos editais públicos tendo como condição sine qua non a participação da pessoa com deficiência para a validação do processo; f) Garantir o fomento, circulação e manutenção de artistas e coletivos com deficiência em acordo com as resoluções da Oficina Nacional de Indicação de Políticas Públicas Culturais para pessoas com deficiência gravada na Nota Técnica 001/ 2009 da SID/MINC; g) Criar e apoiar programas, projetos e ações de acessibilidade e

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produção cultural nas suas dimensões arquitetônica, comunicacional, metodológica, instrumental, programática, tecnológica e atitudinal para o público, bem como para os agentes culturais, grupos coletivos e artistas que incluam pessoas com e sem deficiência.

(6º documento, no anexo)

Curso de Especialização em Acessibilidade Cultural

Universidade Federal do Rio de Janeiro | UFRJ (2013)

Secretaria de Diversidade Cultural e Cidadania | SDCC – MinC

Compreendendo que este estudo em forma de narrativa é um arquivo

documental sobre as ações atuais no campo da cultura e da pessoa com

deficiência (1990 a 2014), temos ressaltado ações diferenciadoras como teoria-

técnica para o campo de conhecimento e de intervenção institucional.

O curso em questão também é um RESULTADO de militância e de

resistência social, elaborado e constituído pela Profa. Dra. Patrícia Dorneles no

Departamento de Terapia Ocupacional da UFRJ, inaugurando um pensamento

e uma prática de política cultural para a universidade, fomentando e formulando

estratégias que aproxime as conquistas dos saberes empíricos à construção de

conhecimentos teóricos.

Fundamentando o papel da academia na transformação da sociedade e

das ambiências promotoras de cultura no país, despertando interesse na

universidade pelo assunto, de modo a buscar caminhos e é neste sentido que

apresentamos as informações a respeito como conteúdo,

O Curso de Especialização em Acessibilidade Cultural atende os princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos e da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais, adotada pela Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em outubro de 2005, ratificada pelo Congresso Nacional brasileiro pelo Decreto Legislativo nº 485/2006, e promulgada pelo Decreto-Lei nº 6.177, de agosto de 2007. O curso é uma resposta do MinC a diretriz 1 ação 1.2 da Política de Acessibilidade Cultural apontada na Oficina “Nada sobre nós sem nós” (2008- SID); A partir do Curso o MinC fortalece seu compromisso junto a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e o cumprimento da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000 e do Plano Nacional da Pessoa com Deficiência, “Viver sem limite”, (Decreto nº 7612 de 17 de novembro de 2011). O Curso de Especialização em Acessibilidade Cultural é destinado a um público especifico: Gestores públicos, universidades públicas, pontos de cultura, ONGs que atuam no tema. Conforme as vagas oferecidas por região, pretende-se mobilizar a Rede de Articulação, Fomento e Formação em Acessibilidade Cultural. O objetivo da

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Rede é de multiplicar e fomentar a formação e aplicabilidade da política cultural de acessibilidade para pessoas com deficiência, nas regiões do país e em nível nacional. Assim, o recorte do público alvo do curso tem como objetivo fazer do mesmo um instrumento para a implementação do Plano Nacional de Cultura e do Sistema Nacional de Cultura. Disciplinas do curso: Política e Diversidade Cultural (45 horas); Aspectos Gerais das Deficiências (45 horas); Tecnologia Assistiva I (30 horas); Exposição Acessível I (30 horas); Seminário de Projeto I (30 horas); Sensibilização em Libras (30 horas); Audiodescrição I (30 horas); Braile e outros recursos (30 horas); Audiodescrição II (15 horas); Exposição Acessível II (30 horas); Tecnologia Assistiva II (15 horas); Seminário de Projeto II (30 horas). O Curso de Especialização em Acessibilidade Cultural nasce da parceria entre a Universidade Federal do Rio de Janeiro, através do Laboratório de Arte, Cultura, Acessibilidade e Saúde, do Curso de Terapia Ocupacional, e o Ministério da Cultura, através da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural. Esta parceira tem como proposta implementar a formação em acessibilidade cultural para gestores e trabalhadores da área da cultura, com o objetivo de sensibilizar, estimular, capacitar e criar processos inclusivos de fruições estética, artística e cultural nas ações, gestões e políticas culturais para o público de pessoas com deficiência como produtores ou plateia. O curso apresenta na sua proposta de formação desde a gestão de políticas culturais, passando pelo campo das deficiências e suas especificidades no contexto da legislação, da formação nas diferentes linguagens e nas tecnologias de acessibilidade cultural, bem como a experiência e aplicabilidade dos conteúdos apreendidos. Desta forma, o curso tem como proposta desenvolver parceria com espaços culturais para proporcionar aos alunos o desenvolvimento de novas soluções para a garantia da acessibilidade, além de praticar as tecnologias de acessibilidades já conhecidas. A proposta do curso é fundamentada na busca de soluções necessárias para uma cultura democrática e inclusiva e na formação de agentes multiplicadores das soluções encontradas.

O que queremos com o curso:

1) Formar especialistas em acessibilidade cultural para atuar no campo das políticas culturais, orientando e implementando conteúdos, ferramentas e tecnologias de acessibilidade que proporcionem fruição estética, artística e cultural para todas as condições humanas a partir do enfoque da deficiência.

2) Oferecer capacitação em acessibilidade cultural a partir de uma grade de conteúdos que proporcione conhecimento desde a gestão em políticas culturais, bem como conhecimento sobre as deficiências, legislação e tecnologias de fruição para a acessibilidade cultural de pessoas com deficiência.

3) Possibilitar a formação e certificação que proporcione atuação profissional no campo das políticas culturais auxiliando e orientando a implementação de acessibilidade cultural para todas as linguagens estéticas e artísticas.

4) Sensibilizar, a partir da formação, gestores culturais a implementação de ações culturais inclusivas no campo da fruição estética e da participação da pessoa com deficiência, nas políticas e programações de atividades culturais.

5) Estimular o debate e a inserção, a partir da formação, da importância de um técnico em acessibilidade cultural nos espaços culturais para plena realização e aplicabilidade da Convenção da Diversidade Cultural, bem como as legislações já citadas no campo dos direitos humanos e da deficiência.

Com os resultados da primeira turma que produziu conhecimento e

documentos esperamos respaldar a Sra. Secretária Márcia

Rolemberg/SCDC/MinC diante ao compromisso político de qualificação e

multiplicação da rede de formação em acessibilidade cultural junto às

universidades federais, com o intuito de ampliar a capacitação e, o

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compromisso universitário de formação para as políticas públicas; como entre

outros, estimular o debate e a aplicabilidade da legislação no campo dos

direitos humanos e da deficiência.

A aplicabilidade da Lei é morosa e lenta – entretanto, é possível verificar

mudanças em setores específicos, queremos aqui nos pautar na questão do

trabalho em arte, visto que durante dezesseis anos o MinC/Funarte

desenvolveu o Programa de Arte sem Barreiras e o Projeto Além dos Limites

com recursos, neste último da Caixa/Loterias ao desdobrar as conquistas e

avanços do setor cultural no campo da deficiência; ressaltamos a necessidade

de mapear o campo e cartografar os grupos artísticos atuantes pelo Brasil no

segmento.

Colaboramos com a criação das proposições da Nota Técnica 001/ 2009

da SID/MINC (NSNSN/2008) e com a Proposta 3.18 EIXO 3 – CIDADANIA E

DIREITOS CULTURAIS da III Conferência Nacional de Cultura/MinC/2013,

desta forma, almejamos esforços da Sra. Secretária Márcia Rolemberg junto a

EXMA. SRA. Ministra da Cultura Marta Suplicy para consolidar o Grupo de

Trabalho Interministerial (GTI) com representantes do MinC especialistas em

acessibilidade cultural, a fim de firmar continuidade em política pública de

cultura para o setor artístico e cultural de pessoa com deficiência. Conforme

portaria abaixo, aqui, elencada como conquista e analisador histórico do Setor,

somando-se ao campo de força do “coletivo rede de acessibilidade cultural”;

SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS na PORTARIA INTERMINISTERIAL

Nº- 3, DE 19 DE SETEMBRO DE 2013 que Dispõe sobre a constituição de Grupo de Trabalho Interministerial com o objetivo de elaborar estudos e propostas de ações de promoção de acessibilidade em projetos culturais financiados com recursos públicos. A MINISTRA DE ESTADO DA CULTURA E A MINISTRA CHEFE DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhes conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Considerando o disposto no Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, nos arts. 8º, 9º, 30 e 59 do Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004, nos arts. 1º, no inciso XV do 7º, e 10 do Decreto nº 7.612, de 17 de novembro de 2011; Considerando o disposto na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, especificamente nos arts. 9 e 30, e em seu protocolo facultativo, promulgados pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, resolvem: Art. 1o Criar no âmbito do Ministério da Cultura, Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) de Acessibilidade para pessoas com deficiência, com a finalidade de construir as bases para uma política de acessibilidade cultural no âmbito do Sistema Nacional de Cultura (SNC); Art. 2º O GTI terá as seguintes competências: I - identificar as ações de promoção da acessibilidade já desenvolvidas pelo Ministério da Cultura (MinC) e suas entidades vinculadas, recomendando eventuais aprimoramentos; II - propor novas medidas para a promoção da acessibilidade das pessoas com deficiência, no que concerne aos projetos culturais financiados pelo MinC e suas entidades vinculadas; III - articular políticas de acessibilidade e inclusão social com o Grupo Interministerial de Articulação e Monitoramento do Plano Viver sem Limite, instituído pelo Decreto nº 7.612, de 2011, visando à integração das ações de governo.

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EPÍLOGO - Capítulo Oito

Campos de Forças e Discussões Polêmicas

Neste capítulo nos dedicaremos a realizar cruzamentos de teses,

dissertação e publicações sobre o tema da Dança e da Pessoa com Deficiência

em Política Cultural e do Trabalho, no sentido de trocar acúmulos de estudos,

trata-se da pesquisa de doutorado de Marila Velloso (2011) da Universidade

Federal da Bahia/UFBA sob o título: “A dança na esfera de poder federal:

espaços de representatividade, condições de existência e esboços para uma

agenda política”31 disponibilizado pela Casa Rui Barbosa, no endereço

eletrônico www.casaruibarbosa.gov.br na intenção de emparelhar informações

e prosseguir com as narrativas evitando descontinuidades.

Considerando atualização como um recurso científico relevante para o

sentido da investigação seguirá o trabalho no diálogo com pesquisadores da

área de dança, tendo como estratégia cruzar trabalhos acadêmicos na dança

brasileira e assim, nos apresenta Velloso (2011),

“a ideia de que pertencer” a uma instituição pública influência a formulação de uma política e a capacidade de expansão de determinado setor apoia-se em dados históricos, experiências e no discurso de determinados autores, tais como Navarro (2005) quando aponta um segmento específico e não mais universalizado entre outras categorias, que requereu uma "política diferenciada" e dependeu de uma aceitação governamental e de uma mudança político-institucional. O exemplo mencionado pelo autor (2005, p. 275) são os agentes sociais rurais que deixaram de pertencer à categoria genérica de "produtores" quando a noção de agricultura familiar indicou um conjunto de interesses próprios e uma noção de um modus operandi específico no mundo rural. O fato requereu demandas sociais e de estruturação, que as transformaram em uma significativa mudança político-institucional (p.01 e 02) [...], pois vem abrindo novas e promissoras possibilidades

31 “Estudo sobre como a Dança está inserida e estruturada em instituições públicas de arte e cultura contribui

para o entendimento das condições políticas e econômicas existentes ou não para a Área. Aspectos como espaços de representatividade, recursos de dotação orçamentária e a implantação de programas de fomento codefinem essas condições. Baseado nesse pressuposto esse artigo apresenta um breve histórico da Dança na esfera de poder federal apontando como essa Área esteve inserida em instituições que a contemplaram em suas estruturas. Para tanto levantou-se registros do Centro de Documentação da Funarte, no Rio de Janeiro e matérias de jornal da crítica de dança, Helena Katz. Considerando-se a escassa produção bibliográfica nesse campo específico da Dança objetiva-se instigar a produção de pesquisas e mostrar a importância de se pertencer à estrutura de órgãos públicos que criem junto à sociedade civil, normas, ambiente e condições para o desenvolvimento político e econômico da Área.” (resumo original da obra referenciada) [referência nº 1 deste artigo em utilização, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]

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de ação política e de intervenção no campo brasileiro, inclusive novos espaços de demanda social e de estruturação de inovadoras formas de organização (p.02).

Tendo como escolha o alinhamento da seriedade como foi desenvolvida

a pesquisa de Velloso continuaremos como referencia teórica a utilizar o

desenvolvimento desta proposta de estudo, para segui-la estabelecendo um

paralelo ao segmento da pessoa com deficiência no Brasil, visto a similaridade

situacional da produção de dança o Setor.

A partir do enfoque desse autor [Navarro], pode-se pensar que, quando uma instância pública de estado planeja e contempla a existência de uma determinada área, é porque essa instância prevê e reconhece uma especificidade de demanda e estabelece uma política diferenciada. Daí, quando uma área é inserida de forma segmentada e não mais universalizada em outras áreas, abre-se espaço para que tal área seja tratada e entendida por seu modus operandi próprio. Ao se reconhecer que uma área de conhecimento exige especificidades, abrem-se possibilidades para a ampliação de seu raio de atuação política, tanto na instância que a contempla quanto nos grupos e condições em torno dela (p.02)

Na intenção de estreitar o abismo da produção de dança do setor cultural

da pessoa com deficiência insistimos no estudo de Marila para também ressaltar

nosso estudo nos documentos no Cedoc, a respeito do Programa Nacional de

Arte sem Barreiras/Funarte/MinC32, assim, seguimos com seus apontamentos:

Na esfera de poder federal, sobre esses parâmetros e segundo o estudo de documentos levantados no Cedoc, a dança passa a ser contemplada em 1977 mais especificamente quando é inserida na estrutura do Serviço Nacional de Teatro (SNT), ano em que a esfera de poder federal passa a assumir uma parcela de responsabilidade formal com a área da dança. Atribui-se ao então ministro Ney Braga

33

(FUNARTE/CEDOC, 1978; CARVALHO, 2010) a iniciativa de incluir a dança nos programas do SNT (p.02).

Considerando que este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo

historicizar o caminho da área da dança na profissionalização do segmento

cultural da pessoa com deficiência e, instituir em forma documental o contexto da

representatividade da política publica federal e, não a ausência de política cultural

no Brasil para os artistas, pessoas com deficiência, continuamos as reflexões da

autora escolhida para aprofundar a pesquisa em desenvolvimento:

Sabe-se que o processo de desenvolvimento e fortalecimento da área da dança não dependeu, ou depende exclusivamente das iniciativas de instituições públicas federais, das regras e dos mecanismos organizacionais elaborados por esta

32 Uma caminhada de mais de 15 anos atua na difusão de políticas públicas do MinC para a

inclusão através da arte e da acessibildiade cultural (Funarte Rel. 2003 a 2006, p.23) (anexo); 33

FUNARTE/CEDOC - FUNDAÇÃO NACIONAL DE ARTES/CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO. Relatório Interno. [Rio de Janeiro: CEDOC/FUNARTE,1978]. Mimeografado. [referência nº 2 deste artigo em utilização, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]

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instância de poder, ou de "vontade" política. Ela depende, também, da ação e da iniciativa de distintos agentes participativos, de organizações e movimentos da dança no país que vêm gerando demandas, além de propor formatos de encontro e diálogo com o poder público há anos, como um específico movimento de artistas e pesquisadores que formulou as primeiras reuniões para discussão da situação do profissional de dança (KATZ, 1979)

34. Esse movimento teve início em

Salvador/BA, com o Concurso Nacional de Dança, em 1977, de onde emergiram outras iniciativas pelo país como a 1ª Mostra de Dança Contemporânea de São Paulo, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), em 1979, inclusive contaminando ações da esfera de poder federal como os ciclos de dança, realizados no Rio de Janeiro, a partir de 1978 (KATZ, 1979) (VELOSO, 2011, p.03).

Reconhecendo a representatividade desta dissertação em analise ainda

ressaltamos o rico estudo articulado por nós para a continuidade e junção de

partes históricas da cultura brasileira, sem cometer divisão entre as produções

humanas, a fim de construir reconhecimento ao trabalhador da dança, pessoa

com deficiência:

Nessa perspectiva, torna-se fundamental averiguar como tem se dado essa relação entre o poder público e a área da dança considerando-se as propriedades relacionais que a área da dança partilha com as políticas culturais do País – como a ausência e a descontinuidade – e que resultam das transformações políticas institucionais ocorridas nos equipamentos, nos recursos humanos, na destinação orçamentária, entre outros componentes e relações existentes ao longo do tempo. De que modo estas propriedades reverberam no campo de atuação profissional da área da dança? Que outros aspectos e propriedades da área podem ser observados e permitem refletir sobre as necessidades e demandas mais urgentes da área da dança no atual momento de proposta de implementação do Sistema Nacional de Cultura/SNC (p.03)

Queremos como isto estudar e trilhar a cronologia que representa o

movimento dos artistas, pessoas com e sem deficiência no Brasil.

Compreendemos que a produção artística da pessoa com deficiência também é

patrimônio cultural brasileiro e encontra-se a margem das discussões sobre o

tema, tanto no que tange a política publica de cultura, como o ensino e

profissionalização em dança.

Na busca por preencher lacunas continuamos o paralelo como o trabalho

de Velloso na perspectiva de confluir dados, informações e instrumentos capazes

de referenciar a produção deste setor. Seguindo com as informações

extremamente relevantes da história da dança no país, reinteirando os fatos

apresentados na investigação minuciosa da autora em estudo, tendo como meta

34 Criado em 21/12/1937, pelo Decreto-Lei n. 92, o Serviço Nacional de Teatro desenvolveu atuação entre

1938 e 1981 (FUNARTE. Relatório Instituto Nacional de Artes Cênicas (ex-Serviço Nacional de Teatro). [Rio de Janeiro: CEDOC/FUNARTE, 1982]. Mimeografado. [referência nº 3 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]

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a construção de analogia capaz de unificar a exclusão em que vive o dançarino e

sua produção no campo da deficiência.

As instituições responsáveis pelas Artes Cênicas na esfera de poder federal: A Funarte foi criada em uma década marcada por contradições políticas e culturais porque, ao mesmo tempo em que o processo de modernização se fazia autoritário e, em certa medida, conservador, contou com estratégias que acionaram uma revolução na área cultural e da comunicação, no País (PEREIRA, 2006). Concebida, inicialmente, como órgão capaz de incorporar as demais instituições culturais do MEC e, ao mesmo tempo, centralizar as atividades culturais por ele desenvolvidas, a Funarte acabou por assumir somente aquelas "áreas de produção cultural que ainda não contavam com organizações próprias na estrutura do MEC", como resultado da resistência dos demais órgãos e instituições culturais à possibilidade de incorporação (MICELI, 1984, p. 57). Na época, o Serviço Nacional de Teatro

(SNT), "primeiro órgão oficial a atuar junto às artes cênicas em escala nacional" (FUNARTE/CEDOC,

1982, p.1)35

4

, foi incorporado36

5

ao Regimento Interno da Funarte junto a outros órgãos que já estavam operando, como o Instituto Nacional de Música, o Instituto Nacional de Artes, a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, estes incluídos na estrutura básica da Funarte, além do Museu Nacional de Belas Artes e o Museu Villa-Lobos (FUNARTE, 1979). Mesmo constando no Regimento Interno da Funarte, o SNT, em face da extensão de suas ações e em função da forte reivindicação de diversas entidades de classe (p.04), (...) pela autonomia do órgão (MICELLI, 1984; CARVALHO, 2010), teve sua incorporação oficial suspensa entre os anos de 1975 e 1981, por meio de

portarias ministeriais37

6

(p.05).

Ao levantarmos a documentação no Cedoc/Funarte sobre a gênese de

políticas culturais de trabalhos em arte e pessoa com deficiência encontramos

material sobre a constituição do Programa Very Secial Arts do Brasil /FUNARTE o

Arte Sem Barreiras e a fundação da Associação Vida Sensibilidade e Arte

(1990)38 e posteriormente, vinculou-se ao Programa Internacional Very Special

Arts Internacional para o desenvolvimento brasileiro, nesta prática de ação

cultural que na ocasião foi prática inédita, primeiro organismos publico a incluir

pessoa com deficiência no cenário da cultura brasileira.

35 4

FUNARTE. Relatório Instituto Nacional de Artes Cênicas (ex-Serviço Nacional de Teatro). [Rio de Janeiro: CEDOC/FUNARTE, 1982]. Mimeografado. [referência nº 4 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]

36 5

A incorporação dos órgãos acima mencionados à Funarte se dá pelo Decreto n. 81454 de 17/03/1978 sendo estes incluídos na estrutura básica da Funarte em seu Regimento Interno (FUNARTE, 1979). [referência nº 5 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]

37 6

FUNARTE. Relatório Instituto Nacional de Artes Cênicas (ex-Serviço Nacional de Teatro). [Rio de Janeiro: CEDOC/FUNARTE, 1982]. Mimeografado. [referência nº 6 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]

38 Subsídios para implantação de Comitês Estaduais e Municipais Very Special Arts do Brasil,

fonte extraída no CEDOC/FUNARTE visita realizada 26/02/2014

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Desta forma não é estranho continuar ressaltando os apontamentos de

Marila Velloso em sua dissertação, já que categoricamente nos apresenta os

espaços de representatividade e condições de existência do setor da dança

brasileira.

Ao longo de anos, alguns programas da Funarte, ao contemplarem festivais de artes, impulsionaram iniciativas de dança de importante repercussão para a área na esfera federal a exemplo da Oficina Nacional de Dança Contemporânea que teve seu início no Festival de Artes da Bahia, com 14 edições no período de 20 anos (p.05)

Segundo os registros de documentos do acervo do Arte Sem

Barreiras/VSA, durante 15 anos (1990 a 2005) foram realizados 06 edições

Nacionais; 01LatinoAmerico; 01 Internacional do Festival Arte Sem Barreiras,

como a mesma versão local em dezenas de Festivais Municipais; Estaduais e

Regionais, como também 08 participações artísticas em Festivais Internacionais

representados o Programa Brasileiro, a seguir apresentaremos detalhadamente

estas informações; queremos ainda destacar que os recursos para essas

realizações forma articuladas no campo da Educação, com a Secretaria de

Educação Especial/FNDE, porém, culminamos com o encerramento do Programa

Arte sem Barreiras com recursos da Cultura, através do edital publico do Centro

Cultural do Banco do Brasil, em 2005 realizando a Mostra Arte, Diversidade e

Inclusão Sociocultural quando ocorreu a descontinuidade da política pelo

Ministério da Cultura/Funarte no campo da Arte.

A realização da Mostra Arte, Diversidade em formato de encontro nacional,

envolveu a participação direta de 700 artistas, grupos, do Brasil e do exterior;

1.500 educadores e arte-educadores – em seminários, cursos, palestras e fóruns;

45 entidades da sociedade civil e um público de 70 mil pessoas. Uma

demonstração sobre a diversidade e de como a arte pode agir e ampliar o

entendimento da sociedade sobre essas novas expressões para dissolver

barreiras estéticas e sociais; como bem nos descreve André Andries, editor e

colaborador da Associação Vida Sensibilidade e Artes (AVSA), responsáveis por

todo o material escrito e publicado das atividades desenvolvidas no Arte sem

Barreiras.

Foi na relação do MinC com o MEC que se solidificou o campo da

produção científica no assunto deficiência cultura e arte, foram através da

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Educação, da Arte Educação que foram construídos os sólidos pilares, como a

construção e criação dos marcos políticos do setor sempre aliados aos

paradigmas enfrentados pelo segmento cultural da pessoa com deficiência,

visando à profissionalização dos artistas e a produção a consolidar o Setor

Cultural pela “política diferenciada”.

O curso de Especialização em Acessibilidade Cultural da UFRJ/MinC

tem como meta despertar interesse e avanços na produção científica no tema

das políticas culturais brasileiras e pessoa com deficiência. Concordamos com

as analises e criticas de Marila Veloso, ao se referir da ausência de informação

e descontinuidade de produção a respeito do tema e esta sendo por isso que

estamos propondo a disseminação, deste artigo, que propõe esboços para uma

agenda política coerente com as necessidades da dança brasileira, temos,

contudo, a pretensão em apontar conhecimentos específicos da dança e da

PCD, para que na Área da Dança haja reconhecimento do Patrimônio Cultural

referente a Obras artísticas desenvolvidas por artista, pessoa com e sem

deficiência produtivas da setorial de Dança no Brasil.

O Serviço Nacional de Teatro; Fundado em 1937, o SNT foi o primeiro órgão

oficial criado com a finalidade de representar as artes cênicas em escala nacional no período entre 1938 e 1981. Mesmo estando prevista sua atuação em outras áreas, além da teatral, pelo Decreto-Lei n. 92, foi somente a partir de 1977 e 1978 que o órgão passa, também, a abranger as áreas de dança e circo, respectivamente, "faltando apenas à integração da Ópera, em seus aspectos cênicos, para completar o quadro de operações" (FUNARTE/CEDOC, 1982, p. 6). Conforme mencionado anteriormente, a incorporação oficial do

SNT à Funarte foi suspensa entre os anos de 1975 e 198139

7

pela postura das entidades da classe teatral de reivindicação pela autonomia do órgão que lhes representava na produção artística de intérpretes-criadores e na dinâmica cultural em que estavam inseridas as obras criadas (SOBRAL, 2001, p. 9). Katz

(2000)40

8

enfatiza a importância dessa iniciativa de mapeamento que se configurou no primeiro quadro sobre quem produzia dança contemporânea e para qual mercado se destinavam essas produções:

O SNT desenvolveu, em seu maior período de existência, diretrizes para a área do teatro, fortalecendo a produção e difusão desta linguagem, no Brasil. Na área da dança as ações do SNT foram direcionadas para a produção de espetáculos e circulação de grupos por meio das denominadas "excursões", expandindo-se as ações para a realização de cursos de formação técnica e apoio a festivais,

39 7

FUNARTE. Relatório Instituto Nacional de Artes Cênicas (ex-Serviço Nacional de Teatro). [Rio de Janeiro:

CEDOC/FUNARTE, 1982]. Mimeografado. [referência nº 7 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]

408

Cf. Helena Katz em artigo intitulado "Tudo pronto para o recenseamento dos coreógrafos", publicado no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 02/05/2000. [referência nº 8 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]

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158

mostras e encontros, 41

9

muitos destes eventos realizados nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, tendo, contudo, como preocupação, uma dimensão nacional de atuação logo de início. O SNT denominou "Projeto Dança" o programa implantado em 1977, norteando suas iniciativas para atingir o desenvolvimento da dança, no País, e visando promover a atividade profissional, a abertura de novos espaços, orientação e recursos à formação de artistas e técnicos e a ampliando, por meio de atividades específicas, a faixa de público voltada para a dança. (VELOSO, 2011)p.05)

O Instituto Nacional de Artes Cênicas – Inacen; Apenas após inúmeras discussões com as entidades da classe teatral é que ficou decidida a criação de um órgão de natureza intermediária entre o que seria o Instituto Nacional de Teatro e a reivindicada Fundação Nacional das Artes. Em dezembro de 1981 foi criado pelo MEC o Instituto Nacional de Artes Cênicas (INACEN), que veio substituir o Serviço Nacional de Teatro (FUNARTE/ CEDOC, 1982, p. 6). As transformações pelas quais passou o SNT, até então, eram de ordem estrutural nos seus programas e nas suas áreas de abrangência. Em 1981, ocorre uma mudança político-institucional, transformando o SNT em Inacen. A dança, que vinha desde 1977 sendo contemplada por meio de um programa específico, permanece como área de atuação na nova instituição, ocupando no organograma e no Regimento Interno do Inacen um espaço denominado Serviço Brasileiro de Dança (SBD) (VELOSO, 2011, p.06) (...), semelhante ao das outras áreas existentes, como o Serviço Brasileiro de Teatro, Serviço Brasileiro de Ópera e Serviço Brasileiro de Circo. O Serviço Brasileiro de Dança (SBD) expandiu as

atividades da área da dança do SNT direcionando seus esforços para a abertura de novos espaços cênicos e o apoio à sobrevivência dos grupos e profissionalização dos artistas (CAMPOS, 2010).

A Fundacen; Em 1987 é aprovado um novo estatuto da Funarte pelo Decreto n. 94.347, e um novo regimento interno é aprovado no final de fevereiro de 1988, quando se estabelece uma nova estrutura administrativa. Reestruturação, aliás,

que transforma o Inacen em Fundação Nacional das Artes (Fundacen)42

10

. Na Fundacen, os Serviços Brasileiros foram transformados em institutos de Dança, de Teatro, de Ópera e de Circo: "Para Orlando Miranda, nesse contexto não deveria prevalecer o interesse deste ou daquele grupo, mas o interesse de toda a área. As quatro áreas teriam autonomia artística e financeira, mas a administração seria centralizada num único setor" (GUIMARÃES, 2010, p.12). Segundo a autora, a inclusão do Instituto de Dança no organograma da Fundacen se deu em virtude das reivindicações da classe artística da dança. Tendo sido extinta em 1990 durante o governo Collor, a Fundacen sofreu uma eliminação radical de seus quadros técnicos e administrativos (LEITE, 1993). Na área da dança e teatro vale mencionar, "ao pé da letra", os programas e as atividades para se (VELOSO, 2011, p.07) (...) ter uma ideia da complexidade de diretrizes envolvidas nesse episódio de desaparecimento, conforme foram organizados por Leite (1993, p.125-126) (VELOSO, 2011, p. 08):

* Incentivo à produção em todos os estados e territórios;

41 9

O SNT foi transformado no Inacen, em 25/11/1981, pela Portaria Ministerial n. 628 (FUNARTE. Relatório Instituto Nacional de Artes Cênicas (ex-Serviço Nacional de Teatro). [Rio de Janeiro: CEDOC/FUNARTE, 1982]. Mimeografado). [referência nº 9 artigo em analise, de Marilia Veloso para a Fundação Casa Rui Barbosa]

42 10

"[...] de criação da Fundacen, regulamentada com o Decreto n. 95.675, de 27 de janeiro de 1988, que

estabelece seu estatuto e dá outras providências para seu funcionamento. Na sua estrutura básica (Art. 6º) podemos observar a conquista das reivindicações da classe da dança com a inclusão do Instituto Dança no seu organograma que apresentava ainda os seguintes setores: Conselho Deliberativo; Presidência; Conselho de Administração; Instituto de Teatro; Instituto de Dança; Instituto de Ópera; Instituto de Circo; Centro de Estudos; Centro de Técnico; Diretoria de Planejamento e Administração. Estava assegurada, de alguma maneira, certa autonomia da dança com seu instituto." (GUIMARÃES, 2010, p.13).

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* Financiamento reembolsável de espetáculos cênicos. Enquanto o incentivo se prendia a contrapartidas de ordem cultural, o financiamento era uma operação comum de empréstimo, com prazos, correção e juros adequados a esse tipo de operação no mercado;

* Programa de cursos e oficinas. Dentro do programa de formação, ciclagem e reciclagem, a realização de cursos e oficinas tinha por objetivo a formação de artistas nas áreas cênicas em locais onde o acesso à formação profissional é precário;

* Registro de espetáculos cênicos (teatro dança ópera). Esse projeto tinha como objetivo o levantamento o mais completo possível do movimento cênico em todo o país e transformar resultado numa publicação, a do Anuário Brasileiro de Artes Cênicas, extinta com o projeto;

* Programa de apoio a festivais. Esse programa tinha como objetivo facilitar a montagem de festivais com o apoio de infraestrutura;

* Prêmio Mambembe Melhores Espetáculos (adulto/infantil);

* Prêmio Mambembe diversas categorias (adulto/infantil). Esses prêmios se constituíram em acontecimentos anuais para as categorias em artes cênicas, sendo destinados a autores, diretores, atores e profissionais técnicos. A entrega era realizada através de espetáculos montados especialmente para esse evento;

* Programa de empréstimo/doação de equipamentos de luz;

* Auxílio a excursões de dança. Programa que permitia o intercâmbio de experiências na área da dança em diversas regiões do país;

* Programa de Consolidação de Grupos e Movimentos de Teatro e Dança. Tal programa tinha como objetivo o acompanhamento e auxílio técnico a grupos e movimentos que tivessem manifestado grande empenho artístico e por isso merecessem o apoio de órgãos públicos;

* Manutenção/reformas de casas de espetáculos. Programa de preservação patrimonial, com o fim de pôr em pleno funcionamento teatros em todo o país com uma programação de interesse cultural; (VELOSO, 2011, p.08)

* Programa de apoio a prêmios estaduais;

* Pesquisas nas áreas das artes cênicas. As atividades de pesquisa tinham duas direções: a de acompanhamento de pesquisas externas financiadas pelo órgão e o desenvolvimento de pesquisas pelo corpo de técnicos do próprio órgão. Em ambos os casos poderiam ou não resultar em publicações da Fundacen;

* Projeto Mambembão (excursões cênicas entre os Estados). O projeto se realizava através de uma pré-seleção dos espetáculos nos Estados participantes. As montagens se realizavam em três centros: Rio, São Paulo e Brasília. Os espetáculos vinham de todas as regiões do país, com elencos locais, guardando todas as suas peculiaridades;

* Apoio a seminários/congressos de entidade de classe;

* Programa editorial da Fundacen. O Departamento de Edições chegou a publicar 140 títulos entre 1975 e 1989. Entre as publicações destacaram-se séries importantes como a Coleção Clássicos do Teatro e os números especiais de Dionysos sobre grupos cênicos do passado recente (dos anos 50 em diante). As edições também foram o canal de divulgação de outras atividades, como concursos, registro de espetáculos e pesquisas, entre outros. Foi totalmente paralisado e deixou várias publicações em suspenso. (VELOSO, 2011, p.09)

A partir deste contexto queremos continuar com esta investigação

buscando informações sobre o movimento dos trabalhadores da dança, do artista,

pessoa com deficiência, a fim de minimizar o sentido de separação histórica que

vem ocorrendo no país. Reconhecemos que utilizaremos a estratégia estrutural

utilizada por Veloso para tentar amalgamar continuidade nas ausências de

informações no campo da produção cultura de modo a unificar conteúdos de arte,

produzida pelo artista, pessoa com deficiência brasileira.

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Nós saberemos bem mais a respeito de nós mesmos, se unificarmos

interesses junto ao movimento social de artes sem barreiras, pela unificação de

informações, para aí assim, construirmos dados capazes de arregimentar

informações do Arte sem Barreiras para a Setorial de Dança no levante real do

Patrimônio Cultura do artista, pessoa com deficiência e segmento cultural, entre

as pessoas sem deficiências.

Estabelecendo a partir de então “um campo único da dança” daí, quando

alguém falar em nome da dança brasileira, poderá também se tiver

compromisso estético-político, expressar informações que incluam o modo de

produção de trabalhos em arte coreográfica – consolidando o setor artístico

pelo corpo (corpodespadronizado), expressão que por um tempo deverá soar

estranheza, até chegarmos naturalmente no “corpomídia” teoria formulada por

Christine Greiner e Helena Katz, em 2011 – quando já terá um entendimento

corelacionado.

Retornando a análise de Marila Veloso queremos ainda compor com a

pertinência de sua pesquisa, estabelecendo uma analogia com a produção de

pessoa com deficiência na área da dança macro, quando se refere às

ineficiências da área dança, o mesmo podemos dizer da dança com pessoas

com deficiência sem conexão com a área de dança, visto que as questões são

similares:

Muitas das ineficiências da área da dança e que não são restritas a esta linguagem artística, são apresentadas por falta de indicadores que informem sobre quem são, onde estão como sobrevivem e para quem produzem (VELOSO, 2011, p.10)

A área da dança pouco considera a produção em dança da pessoa com

deficiência e é por esta razão, que aqui, optamos em transcrever as

considerações de Marila para buscarmos uma ponte que faça a conexão da

produção de dança, sem excluir o segmento artístico de pessoa com

deficiência numa “microdança” – eliminando as minorias dentro da Setorial.

Ao verificar suas contribuições frente às questões de âmbito nacional e

de mobilização a seguir, mas uma vez, percebemos que não há necessidade

de especificidade até aqui, são as mesmas questões e desta forma poderemos

ousar a consolidar a Setorial de Dança e impulsionar o Setor de Cultura em

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outras Setoriais de Área para o mesmo, já que não pretendemos criar a

Setorial de Arte e Deficiência, como ocorreu na III Conferência Nacional de

Cultura em 2013 que no eixo 03 – implementação do sistema nacional de

cultura – na demanda Indígena, que priorizará: criar, garantir e implantar o

Sistema Setorial das Culturas Indígenas.

Nossas prerrogativas são outras, queremos participar dos coletivos

existentes e instituístes – pela consolidação e não criar coletivo instituído – a

parte, o processo de inclusão é segregador, por princípio temos que eliminar a

exclusão.

Buscamos pela qualificação e oportunidade de trabalho, o mérito

artístico virá na medida, no momento propício como acontece com qualquer

artista, diante desta busca por “igualdade” elencamos no rol de analisadores

construídos, as considerações a seguir do campo da dança segundo Veloso,

2011, p.11 e 12:

Questões de âmbito nacional

- Falta de espaços para a continuidade de formação em dança;

- Falta de espaços para a produção e manutenção de grupos e companhias de dança;

- Falta de condições e espaços específicos para apresentações em dança como teatros, estúdios (movimentos da década de 80);

- Falta de condições para a estabilidade do trabalho de grupos e companhias de dança;

- Falta de reconhecimento oficial das profissões de bailarino, coreógrafo e professor de dança;

- Dificuldade dos grupos que fizeram dança fora do âmbito oficial, das companhias oficiais;

- Apontamentos, porém sem continuidade, de política cultural específica para a dança no País;

- Falta de política cultural do Ministério da Cultura específica para a área;

- Falta e dificuldade de circulação para as produções em dança no País o que dificultou o aprimoramento artístico das produções em dança;

- Ausência de um calendário de festivais e eventos de perfis diversos com permanência o ano inteiro e distribuído por todo o País para garantir a circulação de grupos e companhias;

- Ausência da dança na mídia impressa e televisiva;

- Falta de direitos garantidos para os artistas da dança, pendência de questões trabalhistas e previdenciárias;

- Precariedade do mercado para a dança;

- Falta de pesquisas de campo e levantamento de indicadores na área;

- Instabilidade e precariedade dos recursos e patrocínios para a dança;

- Instabilidade das políticas culturais para a dança;

- Ausência de políticas públicas para a área.

Mobilizações da dança (p.13-16):

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- Falta de artistas para debater e manter discussões, organização política e mobilização na área;

- Falta de artistas preparados para ocupar espaços de representatividade;

- Falta da noção de pertencimento a uma classe artística em detrimento da noção de pertencimento apenas ao seu grupo artístico;

- Mobilizações localizadas que contaminaram outros locais do País;

- Falta de articulação nacional na área.

- Falta de debate público sobre as questões e projetos de dança administrados pelo poder público.

Outros aspectos relevantes levantados a partir deste estudo são:

- a necessidade da efetivação da consulta pública ampliada nacionalmente para a ocupação de espaços de representatividade como a realizada no segundo processo de composição dos Colegiados Setoriais;

- a distribuição equânime entre os estados da federação dos recursos e informações, eventos e ações realizados pela Funarte;

- a aprovação do novo organograma da Funarte com um Centro de Dança, projeto que tramita pelo Congresso Nacional para aprovação.

- programas próprios da dança com continuidade e autonomia das outras áreas artísticas;

- a urgência de um mapeamento completo da cadeia produtiva das áreas artísticas para servir de parâmetro para as escolhas e os critérios de distribuição de recursos e elaboração de programas, pois apenas um mapeamento da dança não reverterá subsídios suficientes para análises comparativas entre uma área e outra.

O fato de encontrar e escolher pesquisar o artigo: A dança na esfera de poder

federal: espaços de representatividade, condições de existência e esboços para uma

agenda política de Marila Veloso, 2011 - fizeram jus ao propósito desta pesquisa, no

sentido de buscar meios a unificar o campo de dança e de deficiência na produção

artística, um acontecimento, uma ferramenta-teórica política de militância capaz abrir

espaço para conectar as lacunas da área de dança pela setorial.

Ao final do trabalho, em anexo, apresentaremos um recorte do artigo de Veloso

(2011) contextualizando as questões específicas da Funarte ao estabelecendo um

paralelo documental de informações com a política nacional na área de dança, que

elucidará a história da instituição como de seus mecanismos buscando uma

correlação com a história do Programa Arte sem Barreiras/VSA do Brasil/Funarte/Mim

e do Projeto Além dos Limites desinstitucionalizados em 2006 na Funarte.

Diante deste contexto retornamos a Lúcia Matos (2012),

Vale a pena registrar que, no que se refere às questões culturais no Brasil, ainda são praticamente inexistentes políticas governamentais que favoreçam a produção artística e o acesso da pessoa com deficiência no campo das artes. Das raras atividades deflagradas, o único em nível nacional foi o Programa Arte sem Barreiras (p.71). (...) realizamos um mapeamento de grupos que possuem dançarinos com e sem deficiência, efetivando a coleta de dados por meio de formulários enviados a mais de 150 pessoas e/ou instituições, além de dados obtidos através do Programa Arte sem Barreiras e do banco de dados do Rumos Dança (Itaú Cultural, 2001). Esse mapeamento resultou no registro de 55 grupos espalhados em diferentes regiões do país, sendo que 11 deles se intitularam como profissionais ou semiprofissionais e os demais como amadores. Do total dos grupos mapeados, trinta deles estiveram presentes no

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Iº Festival Internacional do Arte sem Barreiras, de 2002, o que significa que 55% desses grupos fizeram parte desse Festival. (p.83).

Finalizando o paralelo com a pesquisa de Veloso ainda uma consideração,

O reconhecimento e a legitimação de movimentos e organizações de representação da dança se fazem imprescindíveis e urgentes, tanto pela ausência de registros que documentem essa atuação e existência quanto pela informalidade das ações desse setor específico da dança, no País. Ainda, por serem estes os que podem garantir, por meio da participação política e democrática, o reconhecimento da dança como atividade produtiva, a expansão e manutenção de recursos para a área, assim como conquistaram espaços de representatividade, o desmembramento do fundo setorial de dança das artes cênicas e um plano setorial (p.19).

Pessoa com deficiência, trabalho e qualificação.

O Estado deve impulsionar esta questão? O mundo capitalístico assiste

calada esta situação? Quais são as medidas apresentas? Existem meios

capitalísticos a legitimar outras formas de trabalho que busque a

sustentabilidade humana de pessoa com deficiência?

Quando partimos do entendimento que a “condição da deficiência” é

problema do Estado, da Sociedade e não da família isolada provavelmente

iniciaremos um novo tempo.

Ao nós perguntarmos; O que quer fazer esta pessoa que está em

“condição de deficiência”? Escolha profissional é direito ou é desejo? Como

assim, pode a pessoa com deficiência se profissionalizar e trabalhar? Como

convidá-la a desejar o seu próprio protagonismo. E como preparar os pais, os

irmãos, os avós e os professores, por exemplo, para uma vida plena e em

coletividade?

Quais são os efeitos que estas relações produzem ou não na pessoa

com deficiência e na família frente ao trabalho. Como os familiares lidam com a

questão da profissionalização, já que para tanto, será necessário lidar com a

autonomia e a emancipação.

Os familiares podam os anseios, freiam sonhos; vamos refletir sobre

esta questão familiar? Na hipótese de cada “raiz” familiar ter pessoa com

deficiência, pudesse considerar e criar um modo a humanizar os “capitalistas”

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pela questão interna de sua família? Existe uma pesquisa que apure as

gerações familiares e identifique o percentual por família de pessoa com

deficiência?

Censo 2010 apontou um número significativo de pessoas com deficiência no Brasil. São 45,6 milhões de pessoas ou quase 1/4 dos brasileiros com alguma deficiência. O IBGE investigou a existência dos diversos tipos de deficiência permanente: visual, auditiva e motora, de acordo com o seu grau de severidade, e, também, mental ou intelectual Em 2010, 45.623.910 pessoas declararam possuir alguma das deficiências investigadas. São 23,9% dos brasileiros. O mais importante nesse cenário, no entanto, é perceber que as pessoas com deficiência fazem parte de uma parcela da população com alto índice de exclusão. As cidades brasileiras não estão preparadas para garantir os direitos das pessoas com deficiência. Mobilidade, acessibilidade, educação inclusiva, acesso ao mercado de trabalho são desafios enormes e não existe uma agenda clara, pactuada, para que a questão da deficiência possa ser tratada como um fator decisivo para a exclusão. A desigualdade se repete nos indicadores de ocupação e renda. Apenas 46,2 % das pessoas com deficiência têm alguma ocupação formal ou não formal.

Através da página eletrônica da Secretaria Nacional de Promoção dos

Direitos da Pessoa com Deficiência/SNPD – da Secretaria de Direitos

Humanos da presidência da Republica/ SDH/PR http://www.pessoacom

deficiência.gov.br/app/node/767 encontramos as seguintes informações sobre

o Mercado de Trabalho para as Pessoas com Deficiência | Censo 2010:

O emprego das pessoas com deficiência, no Brasil, está amparado pela Lei 8.213/91, também conhecida como lei de cotas. Essa lei obriga as empresas com 100 ou mais empregadas a reservarem vagas para pessoas com deficiência, em proporções que variam de acordo com o número de empregados: de 100 a 200, a reserva legal é de 2%; de 201 a 500, de 3%; de 501 a 1.000, de 4%, e acima de 1.001, de 5%. Apesar de a lei vigorar por mais de 20 anos, algumas empresas não a cumprem e têm como uma das justificativas a falta de mão de obra qualificada http://www.pessoacom deficiencia.gov.br/app/node/767

Para tanto, é preciso que o Estado invista na profissionalização das

pessoas com deficiência em massa, somos no Brasil cerca de 45,6 milhões de

pessoas com deficiências e segundo o Instituto Brasileiro de Defesa da

Deficiência/IBDD 25 mil no sistema de cotas, publicou o globo 03/07/2013:

A media de cumprimento da Lei de cotas para portador de deficiência no Brasil é de 35,12% com dados do SEBRAE e RAIS 2011. A aplicação integral renderia R$ 926.200,00 empregos privados. A Rais registrou R$ 325.300,00.

Ao pensarmos no Setor Cultural e artístico a quem se estende a

sustentação pela Arte? Quem escolhe profissionalizar-se em Arte? Deve-se

concluir que são poucos! O que diríamos ao falarmos que a pessoa com

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deficiência optou por este trabalho, a pessoa com deficiência pode escolher ser

artista? Como é que ela vai viver? Alguém vive de Arte?

As escolas de Artes no Brasil recebem as pessoas com deficiências? Há

formação oficial em Arte para pessoa com deficiência e como se dá a

qualificação e a certificação? Como se identifica a qualidade artística da

pessoa com deficiência.

Há oportunidades de trabalho no Setor Cultural? E no MinC quantas

pessoas com deficiência trabalham e em qual setor? Será ou não

responsabilidade de o Estado gerar ocupação e renda para todos?

A questão da profissionalização em Arte Coreográfica e o campo de

trabalho para artistas pessoas com deficiência e segmento cultural é o

propósito deste estudo. O que está sendo feito para que não haja extinção da

profissão artística, no segmento social e cultural da pessoa com deficiência,

mediante ao sistema de cotas nas empresas?

Ao entender o nível de produção em Arte, de forma a equiparar

oportunidades ao gerar trabalho e renda será consolidada a cadeia produtiva

do segmento no Setor Criativo e Cultural do país.

Em 2003 iniciou as estratégias para o desenvolvimento do Plano

Nacional de Cultura, reestabelecendo as dimensões da cultura, Gilberto Gil

Ministro na ocasião, resignificou o conceito para o MINC, a partir deste

momento a sociedade brasileira de forma “democrática” iniciou seu processo

de construção de política de Estado para a Cultura, foi quando passamos ao

entendimento de Cultura: no simbólico, na cidadania e na economia.

Neste momento reestabelece a esperança e a construção coletiva por

uma política pública para todos no campo cultural, e foi neste momento que a

Funarte reorganiza sua gestão e faz surgir e a Secretaria da Identidade e da

Diversidade Cultural (SID) entre outras, podemos dizer, que vivenciamos outra

era na pasta da Cultura.

Momento inicial do processo de participação da sociedade civil pela

construção da Política de Estado da Cultura – os esboços do Plano Nacional

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de Cultura, formaram-se Câmaras Setoriais/Colegiados de Área, Planos

Municipais e Estaduais de Cultura no caminho para implementar o Sistema

Nacional de Cultura. Enquanto diversos setores e segmentos sociais se

organizavam o programa “Artes sem Barreiras da Funarte” encontrava-se em

situação de risco entre 2004 a 2006.

Em 2014 foram dez anos sem política direta para a existência deste

setor, aqui não vamos analisar os prejuízos simbólicos e monetários causados

para esta classe de trabalhadores em cultura. Como no momento não

queremos fomentar a reparação pública e/ou simbólica que o Estado Brasileiro

tem para com estes cidadãos: artistas e trabalhadores mediante a extinção de

política própria em 2004, momento de ascensão quando os coletivos estavam

engrenados e foram silenciados por ausência de visualidade e de oportunidade

de trabalho no cenário da macrocultura, quando este Campo Cultural em

Desenvolvimento foi interrompido.

Esta pesquisa apresenta a criação de indicadores capazes de produzir

índices, um meio a levantar dados e aferir campo de trabalho para cartografar

às obras, os produtos artísticos da Setorial de Dança e mapear a cadeia

produtiva do Setor, apresentado resultados estéticos da produção do artista,

pessoa com deficiência e segmento cultural atuante nas cinco regiões do

Brasil.

Festivais de Artes Cênicas e Dança

Com o propósito de problematizar a questão, este estudo tem o desafio

de inventariar e elucidar a dimensão de criatividade processual, realizado

nestes últimos anos pelos artistas deste setor, através do conceito-ferramenta:

campocorpo busca-se caminhos para entender os jogos de interesses e, de

poder referentes aos avanços, retrocessos do campo.

A dança se estabeleceu como campo específico, diferenciou o

entendimento do corpo e do campo para com as artes cênicas, ao especificar a

diferença, apresentam diretrizes e ações na difusão de pesquisa e espetáculos

em via de circulação; fomento-recurso; formação-qualificação profissional –

distinguindo suas necessidades do teatro, do circo e da ópera.

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Foram selecionados festivais que em sua programação, ações,

programas ou projetos escolheram atividades que evidenciem a produção do

artista pessoa com deficiência e o segmento cultural correspondente, ou seja,

artistas pessoa com e sem deficiência e seu protagonismo.

As citações que serão elencadas aqui retratam proposições de festivais

culturais, selecionados e estão indicados como leitura para que possamos

conjugar informações, cruzar dados, analisar fatos, estabelecer analogias e

criar linhas paralelas capazes de apresentar um campo de analise para a

questão levantada nesta investigação.

Investigar diferentes propostas em acontecimentos sincrônicos na área

da dança é uma das estratégias de apurar indicadores culturais no país.

Verificar as diferentes dimensões transversais do tema e onde eles

estão aplicados. Serão nos aspectos culturais, sociais, políticos ou financeiros.

Como chegar aos índices econômicos?

Festival Arte Sem Barreiras

Este Festival de modo não segmentado surgiu, como estratégia de

desenvolvimento para ações de produção artística no campo da deficiência,

através de parceria do Ministério da Cultura/Educação pelo Centro de

Programas Integrados/CEPIM/FUNARTE e da Associação Vida Sensibilidade e

Arte /VSA do Brasil ao estabelecerem entre seus gestores, uma pauta em

comum, foi quando iniciou a discussão do artista, pessoa com deficiência no

Brasil. Albertina dos Santos Brasil foi a responsável pelo fomento e

agenciadora de política pública para o segmento no Setor Cultural. Com isso, a

partir de 1990 até 2004 a Funarte desenvolveu o Programa Arte sem Barreiras,

institucionalizado apenas em 2003, conforme Antonio Grassi (2003 p.03),

presidente da Funarte no balanço do ano de 2003: O Programa Arte Sem Barreiras – VSA, voltado para a inclusão de pessoa com deficiência, através da arte, ganhou coordenação específica e foi ampliando a nova estrutura da Funarte. As ações do Programa se estendem a todas as demais áreas de nossa atuação. (...) Promovendo o entrosamento, o Centro de Programas Integrados é o responsável pela integração das diversas áreas de atuação da Funarte. Realiza ainda a articulação e o intercâmbio com os outros Ministérios. Abrangem as áreas de documentação e Informação, Edições, o Programa Arte Sem Barreiras (...), que vem desenvolvendo suas atividades nos último quatorze anos, teve seu reconhecimento oficial pela Funarte, no ano em curso, o que significou aporte financeiro para as atividades em desenvolvimento. Isto possibilitou crescimento de novas parcerias e apoios junto a entidades públicas

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e privadas em quase todos os estados do país. Considerado projeto prioritário pelas ações permanentes de pesquisa e experimentação no campo da arte e da educação, o Programa Arte Sem Barreiras pode reafirmar o compromisso com a inclusão sociocultural de milhares de brasileiros (p.25 Catalogo Funarte/MinC/2003)

Entretanto, durantes todos estes anos fomentou encontro entre artistas

das cinco regiões do Brasil e nas diferentes linguagens: teatro, música, artes

visuais/plástica e dança estimulando-os ao processo de profissionalização.

Contudo, aqui neste estudo estamos dialogando através do movimento de

dança, que a partir de 1999 esteve coordenado por mim, quando tivemos a

oportunidade de “evoluir como área e campo específico de conhecimento”.

Durante estes quatorzes anos foram realizados muitos eventos nas

esferas: municipais, estaduais, regionais e nacionais, como também, latino-

americano e internacional e inevitavelmente, o processo evolutivo se deu em

vários níveis como em recursos, experiências, estrutura, produção artística.

Apresentamos aqui apenas o último, realizado no país que aconteceu

em 2002 em Belo Horizonte: I Festival Internacional Artes sem Barreiras,

quando tivemos a oportunidade de ter um Teatro para os show de música; um

Teatro para as peças de teatro; quatro Espaços/Salas-galeria para as

exposições de artes visuais e um Teatro só para os espetáculos de dança, foi

quando convivemos com cerca de 700 bailarinos num universo de 1500

artistas, produzindo e consumindo arte conjuntamente com o publico geral e

especialistas, professores – profissionais envolvidos no I Congresso

Internacional Arte sem Barreiras com a participação de 5.000 pessoas um

intercâmbio sobre as experimentações e práticas no assunto, como analisador

histórico para engrenar o corpocampo co-evolutivo.

A dança ficou sediada no Teatro SESIMINAS e lá estiveram presentes:

Grupo de Dança Sem Limites e Roda Viva de João Pessoa; Grupo Corpo e

Movimento de Pará de Minas; Projeto Vencendo Limites/MG; Projeto Leitura de

Corpos/Niterói; Grupo de Dança Luz do Sol/Aracaju; Capoeira da Paz/MG;

Grupo Goyá/Goiânia; Grupo de Dança Expressão Ins. Paranaense de

Cegos/Curitiba; Grupo de Dança Apae de Jundiaí/SP; Grupo de Dança Padre

Chico/Santo André/SP; Grupo de Dança E.E. São Rafael/BH; Dança

folclórica/MG; Anjori/Natal; Opaxorô/Salvador; Rodas em Movimento/RJ;

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Dançando com as Diferenças/Ilha da madeira; Integrarte/São Bernardo/SP;

Bombolê La/SP; Crepúsculo/BH; Roda Viva/natal; Mão na Roda/Diadema/SP;

Portadores da Alegria/Macaé; Roda Pará/Belém; Pulsar/RJ; Arte de

Viver/Santos; Ekilíbrio/Juiz de Fora; Limites/Curitiba; Rodarte/Salvador e Cando

Co Dance/Inglaterra.

Neta edição nos reunimos artisticamente para consolidar a classe

artística do segmento, foi um momento para reconhecer as diferenças e

semelhanças e a buscar um campo de atuação, meios a impulsionar o

segmento artístico deste campo, o da deficiência, para enfrentarmos o

processo excludente, criando um campo de forças, um campocorpo, momento

crucial para fortalecer essas experiências estéticas, há doze anos.

Panorama Festival de Dança Contemporânea – Rio de Janeiro/RJ sudeste

Festivais de Dança Contemporânea do sudeste e do Brasil com 22

edições, busca criar oportunidades para a dança e a performance de

investigação e fazer um festival em que o publico carioca tenha a chance de

ver o melhor da dança nacional e internacional. Em seu espectro de evento

inaugura vários encontros de discussão em política como o Seminário

Internacional de Economia da Dança; Seminário Cruzamentos

Contemporâneos entre Arte e Política; Composiçõespolíticas - espaço para a

troca de informações e experiências sobre as diversas interseções e desafios

de politizar o corpo que dança; diversas articulações entre arte e ativismo;

residências artísticas; laboratório com Universidades entre outros.

O que nos interessa neste “evento” é identificar se há ou não

participação de trabalhos artísticos, com pessoas com deficiência e entender a

inserção, se ela se dá pela relevância artística, pela constância, pela circulação

nacional ou internacional – como levantamento de dados, para posteriormente

criarmos uma “categoria de análise”, um dispositivos que nos permita observar

o campo de atuação do segmento artístico em questão.

E desta forma, localizamos e os apresentamos essas informações como

analisadores construídos: na 18ª edição/2009 Pulsar Cia de Dança/RJ e na 19ª

edição/2010 Membros Cia de Dança/Macaé/RJ e Raimund Hoghe/Alemanha.

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Festival Internacional Dança-FID Belo Horizonte/BH sudeste

Este festival de dança contemporânea iniciou-se em 1996 e em 2001 por

consequência do amadurecimento do projeto alterou sua denominação de

“festival para fórum” com 17 anos de intervenção. Seguimos com informações

extraídas nos catálogos/programa: o FID tem como eixo curatorial um princípio

ético de entendimento de dança como processo co-evolutivo que se modifica

no tempo, que se desdobra em variações por consequência de um processo de

contaminação e de reconfiguração; não pensa em temas - está sintonizado

com o perfil da dança contemporânea atual e, se interessa por questões do

corpo.

A conexão internacional se dá por produzir um novo estado de relações,

sua atração acontece pela familiaridade de seus pensamentos em que o fazer

artístico e seus efeitos têm caráter político. O que é diferente de tratar político

como tema. Ou seja, sua arte, sua dança são ações estético-políticas. Isso

acontece porque a estética é pensamento que é ação.

O que nos interessa neste “evento” é a constituição do campo de

coerência, portanto, este será um dispositivo de analisador histórico, já que não

desejam fazer o desfile habitual de companhias internacionais e nacionais.

Nossa busca com este dispositivo está no sentido de compreender quais são

os modos curatoriais, de como se dá o processo da investigação à enunciação

estéticas que lhes interessa?

Neste sentido, localizamos a apresentação da Cando Co Dance

Company/Inglaterra na 1ª edição em 1996 e na 14ª em 2010 a Cia Raimund

Hoghe (Alemanha).

Festival de Artes Cênicas de Londrina – Londrina/PR Sul

O FILO, um dos mais antigos do país iniciou suas atividades em 1968 –

e segundo informações no livreto histórico, 2000 Uma história, descreve:

protagonizou, junto à frente de resistência cultural dos artistas brasileiros, a

promoção e a inserção da cultura, desenhando uma trajetória de transformação

no cenário político-cultural de seu tempo.

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O que nos interessa neste “evento” é identificar o campo de força,

analisador construído, no sentido de identificar por onde anda o protagonismo

da resistência artística da pessoa com deficiência nos palcos, tendo o FILO

como dispositivo, já que nos últimos anos tem investido em projetos locais e

em políticas específicas no campo da deficiência. Interessa esta produção

estética?

Assim, localizamos em 2003 as apresentações dos Projetos:

Expressividade Cênica/Projeto-FILO/ Instituto de Cegos de Londrina e Palavras

do Silêncio/Projeto-FILO/Instituto Londrinense para Educação de Surdos, como

também, a iniciativa em 2009 após a Oficina Nacional de Indicações de

Políticas Públicas para a inclusão de pessoa com deficiência no DEBATE:

Acessibilidade para a Democratização da Cultura, o que lhes interessa?

Festival de Dança de Joinvile – Joinvile/SC Sul

Festival de Dança em grande escala com 31 edições e reconhecido pela

pluralidade de estilos em dança, entre todos os festivais aqui citados, este é o

único competitivo, há uma mostra de dança contemporânea entre outras

atividades de formação.

Em 2006, a Pulsar/RJ foi convidada para dançar e para participar da

discussão em um evento específico onde pretendiam fomentar a construção de

uma “categoria de dança inclusiva”.

O que nos interessa neste “evento” é analisar a deficiência como tema,

como categoria, sendo assim, será um dos analisadores construídos para

compor o rol de dispositivos a elucidar os efeitos do corpocampo, no

campocorpo.

Festival Grande Janeiro – Recife/PE Nordeste

Este festival com 20 edições nasceu com o objetivo de se tornar uma

vitrine das artes Cênicas local. No decorrer da sua trajetória foi ampliando sua

programação, contemplado espetáculos nacionais e a partir de 2011 amplia

ainda mais sua abrangência tornando-se internacional.

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Em 2012/13, a Pulsar foi contemplada com o prêmio Klaus Vianna

circulação e foi indicada por uma recifense a mandar material para este festival,

que prontamente atendeu e nos pautou para 2014 tanto em Recife como em

Caruaru.

Identificamos a naturalidade deste festival em lidar com a produção

artística de pessoa com deficiência, na programação desta edição verificamos

a presença de outros trabalhos nesta investigação estética: Grupo Ninho de

Teatro (Crato/CE); Robert Softley (Escócia/Reino Unido) – ambos com

audiodescrição e/ou tradução consecutiva.

O que nos interessa neste “evento” é analisar a circulação do corpo

(corpodespadronizado) como analisadores históricos, a verificar em outras

edições a presença deste segmento estético.

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IV PARTE – QUARTO MOMENTO

Considerações Finais

Considerando que o DefNet e, 2000 criou o Projeto B.I.T.S “Buscando

Informações que Transformem a Sociedade” para sistematizar dados e fim de

analisa-los, conforme descrevemos os objetivos novamente:

1) Construir e implantar um núcleo regional de informações, no Rio de janeiro,

RJ, como espaço físico e sede informatizada, como parceria com o SICORDE,

através da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa com Deficiência

(CORDE), da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos/ Ministério da

Justiça, como experiência piloto para a criação de Centros Regionais de

Informação e Referência Local sobre Deficiência. O que cabe é quantificação.

Saber o que queremos quantificar?

2) Constituição de um cargo “Difusor de Informação” – uma função necessária

no campo de trabalho verificando a urgência no campo e nas áreas de

abrangência visando que esta prestação de serviço. Foi e foi por conta desta

realidade que o DefNet desenvolveu Projetos B.I.T.S “Buscando Informações

que Transformem a Sociedade”, para alimentar com dados e informações

fidedignas o sistema de consultas nas três esferas governamentais.

Entendemos que a narrativa aqui descrita, aponta dados para indicar o

levantamento de informações, que deveram ser categorizadas e organizadas a

serem mapeadas e cartografadas pelo Estado brasileiro, ao invés de criar outra

proposta, deve-se atualizar este projeto de modo a receber propostas advindas

de experiências como as do DefNet e da AVSA para implantar e resgatar a

memória e o acúmulo, buscando caminhos a consolidar o campo de inserção e

trabalho que se encontravam os artistas deste segmento estético no Brasil,

neste sentido, o arquivo documental em questão nesta monografia, poderá ser

organicamente um Centro de Documentação e Registro – o

CDRMEMÓRIA'SEMBARREIRAS – Banco de Dados/fonte: Baila Comigo,

inaugurando outro modo de ação política no setor, pelo patrimônio.

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O programa arte sem barreiras foi desmantelado em seu formato

orgânico; entretanto, a essência dos coletivos artísticos do movimento social,

cultural e artístico de arte sem barreiras enraizaram ações como qualquer

grupo de resistência brasileiro, quando dialeticamente engendram um sistema,

por uma setorial específica e complexa, mas não a inventar outra – com dados

e índices buscaremos a inserção nas setoriais de área, no nosso caso, na

Setorial de Dança, oriunda da câmara e do colegiado setorial de dança (2006-

2010) – a participação social no debate das políticas públicas do setor.

Implicar-se e fomentar a discussão nessa Setorial se faz necessário para

a compreensão da relação de duas prioridades de tal modo, que a exatidão da

primeira implica a da segunda. A resistência pela ativação dos dados em

documentação e registro para estabelecer e/ou introduzir esta pauta e a

complexidade de conectividade germinada pela Setorial de Dança no Plano e

no Sistema Nacional de Cultura.

Exatamente em 2014 faz dez anos que não há política direta para o

fortalecimento e existência deste setor, queremos aqui analisar os prejuízos

simbólicos e monetários causados para esta classe de trabalhadores em

cultura. Compreender a reparação publica que o estado brasileiro tem para

com estes cidadãos, mediante a extinção de política própria para o

desenvolvimento do segmento. Trata-se de tomar uma providencia, de atuar na

previdência, na indenização por ausência de trabalho sequencial frente ao

campo cultural em construção. Na época em que a AVSA e o DefNet

desenvolviam propostas políticas de ações para as comunidades, existia:

o Sistema de Informações da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência O SICORDE da CORDE, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos - SEDH, Presidência da República, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD/ONU e da Agência Brasileira de Cooperação - ABC, Ministério das Relações Exteriores. O SICORDE assume, após o Decreto nº 3.298/99, Capítulo X, Art. 55, o papel catalisador e disseminador de informações sobre políticas e ações na área da deficiência. Pelo acesso a Bases de Dados de outras organizações nacionais como de países estrangeiros ou internacionais o leque de informações torna-se bastante vasto. As Bases de Dados são dinâmicas e torna-se essencial a colaboração dos usuários, para seu constante enriquecimento e atualização. O objetivo do SICORDE é desenvolver uma série de bases de dados informativos (Infobases), na área da deficiência, para uso de organizações governamentais e não-governamentais, nacionais e estrangeiras, universidades, pesquisadores, especialistas e dos próprios portadores de deficiência e demais interessados na questão. Além disso, a edição e distribuição de títulos na área da deficiência é outra atividade que faz parte do Sistema. Este Sistema mantém intercâmbio de informações com

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instituições congêneres no Brasil e de outros países e internacionais. O Sistema prevê o intercâmbio de informações via internet e de forma presencial, podendo ser conectado a outras redes de informações nacionais e estrangeiras. Essa conexão lhe permite acesso a bases de dados de organizações no Brasil e no Exterior, que amplia consideravelmente o leque de informações úteis em matéria de deficiência. O acesso era feito por intermédio da INTERNET e nos locais onde funcionam os Núcleos Regionais, estabelecidos por meio de parcerias. O Sistema está sendo gradativamente descentralizado para capitais de diversos estados da Federação. Nada impede que sejam estabelecidas sedes regionais constituídas por organizações governamentais e não-governamentais. Além de responder à proposta de ação governamental do Programa Nacional de Direitos Humanos, que recomenda a criação de sistemas de informações na forma de Base de Dados concernentes a pessoas portadoras de deficiência, vem resgatar compromissos assumidos pela CORDE, em 1993, em nome do Governo Brasileiro, com a Rede Iberoamericana de Cooperación Técnica para el Desarollo de Políticas de Atención a Personas Mayores y Personas com Discapacidad (CORDE, 2008).

As atividades e os serviços de criação e de produção foram

interrompidos no momento do desenvolvimento. Por meio desta pesquisa,

temos a intenção de apresentar indicadores e índices para leitura considerando

relevância cultural na produtividade estabelecida pelo Setor de

Arte/SEMBARREIRAS nestes vinte e quatro anos, desde a sua fundação. m

barreiras.

Aquecias se a Cadeia Produtiva que se encontrava em ascensão,

fortalecendo o campo fértil de trabalho no auge da consolidação da Setorial,

que a cada dia apontava necessidades e desdobramentos técnicos, como

específicos; alimentando oi eixos estruturantes de Fomento, Difusão e

Circulação do Setor de Arte/SEMBARREIRAS nas cinco regiões do país.

O fato de o Setor ter sido interrompido e, não estar consolidado, nós faz

analisar e destacar alguns dados deste segmento, que a largos passos está

sendo encaminhado para a “Política do Silenciamento” não pode entre outros,

ignorar o Patrimônio Cultural Brasileiro entre eles há trinta anos relembramos

do TEATRO NOVO, Grupo dirigido por Rubens Gripp com jovens adultos e

idosos pessoas com síndrome de down, símbolo artístico, com profissionais

performances Lúcia Forneiro, Ari Chapeta e Paulo Monsores intérpretes no

grupo desde 1980.

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Sendo assim, ratificamos a conquista atual do Movimento em diversas

REDES e aguardamos pela nomeação de nossos colegas

especialistas/indicados pelo MINC para o curso que acaba de ser finalizado, ou

seja, o Ministério poderá cumprir e seguir com as políticas desenvolvidas por

ele mesmo – os especialistas governamentais já estão disponíveis.

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43.

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ÍNDICE DE SIGLAS

AI – Análise Instittucional

AVSA/Associação Vida Sensibilidade e Artes

CBDDCA – Centro Brasileiro de Defesa dos direitos da Criança e do Adolescente.

CCBB – Centro Cultural do Banco do Brasil

CEPIN – Centro de Programas Integradas/Funarte

CESOP – Centro de Estudos Sóciopsicanálitico

CVI – Centro de Vida Independente

CDRMEMÓRIA'SEMBARREIRAS – Banco de Dados/fonte: Baila Comigo

Def – Distúrbio da Eficiência Física/DefNet – Centro de Informática e Informações sobre

Paralisias Cerebrais.

E&FAV – Escola e Faculdade Angel Vianna

EAV – Escola de Dança Angel Vianna

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente.

FAV – Faculdade de Dança Angel Vianna

FID – Fórum Internacional de Dança e/ou Festival Internacional de Dança

MEC – Ministério da Educação

MINC – Ministério da Cultura

NSNSN|Nada sobre nós sem nós.Oficina Nacional de Indicações de Políticas Públicas

Culturais para Inclusão de Pessoa com Deficiência.

PCN – Plano Nacional de Cultura

SIINC – Sistema de Informações e Indicadores Nacionais de Cultura

SNC – Sistema Nacional de Cultura

UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro

VSA do Brasil – Very Special Arts do Brasil – Programa Arte Sem Barreiras – Vida

Sensibilidade e Arte/Associação/VSA Internacional – Very Special Arts Internacional

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ANEXOS