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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
JOSINEIDE BENIGNA DA SILVA
ESOCIAL - EXPECTATIVAS E DESAFIOS: UM ESTUDO DE MULTICASOS NA
CIDADE DE NATAL-RN.
Orientador: Prof. MSc. Daniele da Rocha Carvalho
NATAL/RN
2014
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
JOSINEIDE BENIGNA DA SILVA
ESOCIAL - EXPECTATIVAS E DESAFIOS: UM ESTUDO DE MULTICASOS
NA CIDADE DE NATAL-RN.
Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis.
Aprovada em: _____ / __________ / ______.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________
Prof. MSc. Daniele da Rocha Carvalho
Orientador
________________________________________________
Prof. Dr. Ridalvo Medeiros Alves de Oliveira
Membro
________________________________________________
Prof. MSc. Luiz Vieira de Oliveira Sobrinho
Membro
3
Silva, Josineide Benigna da.
Esocial – expectativa e desafios: um estudo de multicascos na cidade de
Natal - RN / Josineide Benigna da Silva. - Natal, RN, 2014.
78f.
Orientadora: Profa. M. Sc. Daniele da Rocha Carvalho.
Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de
Ciências Contábeis.
1. Contabilidade - Monografia. 2. Sistema Público de Escrituração Digital –
Monografia. 3. eSocial - Monografia. I. Carvalho, Daniele da Rocha. II. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/BS/CCSA CDU 657
4
A Deus,
sem Ele nada disso seria possível.
Aos meus pais e filhos,
por toda compreensão, força e
apoio
nessa longa caminhada.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, o que seria de mim sem sua presença constante. Minha
fortaleza. Meu tudo.
Aos meus filhos, Caio Luan e Alexandra Joyce, pela compreensão
durante minha jornada acadêmica e principalmente por terem acreditado no
meu sonho e suportado minha ausência em tantos momentos.
Aos meus pais, Francisco Lúcio e Antonia Benigna, que me ensinaram a
ter fé e sempre fazer as coisas certas.
Ao amor da minha vida, amigo, companheiro e com certeza o maior
incentivador dos meus projetos. Obrigada, Oswaldir Gama, por cuidar de mim e
compreender, muitas vezes, a minha presença ausente.
À minha orientadora, uma pessoa especial e iluminada. Por sua
dedicação, pela sua compreensão quando as dificuldades pessoais surgiram.
Sem ela, teria sido bem mais difícil.
Aos meus irmãos, em especial a minha irmã Janeide de Oliveira, que
durante a elaboração desse trabalho ficou internada por quase quarenta dias, e
mesmo precisando mais de mim, entendeu que eu precisava concluir essa
árdua tarefa.
Aos meus colegas de curso, em destaque aqueles que subiram de
patente e passaram a serem meus amigos. Em especial aos três que desde o
começo contribuíram das mais diversas formas: Crécio Fagner, Haroldo
Barreto e Ulisses Barbosa. A Graduação termina, mas com certeza, a amizade
de vocês não.
A todos professores que contribuíram para minha formação acadêmica.
Aos meus colegas de trabalho, pela paciência e pelos ensinamentos.
A todos que acreditaram em mim, que direta ou indiretamente
contribuíram de alguma forma para que esse sonho se tornasse realidade.
Quero agradecer também aos que não acreditaram. A sua descrença foi mais
um incentivador.
E por último, agradeço a mim mesma. Por diante de tantas dificuldades,
tantos problemas, tantos obstáculos durante essa jornada não ter desanimado
e nunca ter pensado em desistir.
6
“Entre o desejo e o alcance,
apenas dois moradores:
o esforço e a determinação.”
Lavínia Lins
7
RESUMO
A necessidade de maior controle dos atos e fatos das entidades por parte do setor público gerou a criação de vários sistemas informatizados de comunicação, sendo um dos mais atuais, o eSocial - projeto do Sistema Público de Escrituração Digital, que está ainda em fase de implantação. O objetivo geral do trabalho foi identificar as expectativas e desafios da implantação desse sistema, tendo como ponto de partida a avaliação dos demais Speds implantados, na cidade de Natal, isso dentro da visão contábil e ainda conhecendo a opinião dos principais órgãos estatais envolvidos nesse grande desafio que envolve diversos órgãos estatais, contadores, empregadores e empregados, inclusive os domésticos e rurais. A necessidade de entender como a classe contábil, que trabalha com esses sistemas, como está se preparando para adequar as exigências e cumprir as rotinas necessárias para o funcionamento adequado dessa ferramenta, são alguns dos objetivos específicos do trabalho. Trata-se de uma pesquisa exploratório a descritiva, quanto aos objetivos, também classificou como sendo uma pesquisa de cunho bibliográfico e multicascos, com aspectos tanto quantitativos quanto qualitativos. Foram aplicados questionários com perguntas fechadas e abertas a contadores da cidade de Natal que apresentavam algum conhecimento do assunto estudado e que vem acompanhado a execução da implantação dos sistemas atualmente em funcionamento. A análise feita possibilitou uma percepção da visão dos contadores entrevistados, onde os mesmos apontaram que os demais Speds atingiram boa parte dos benefícios ofertados inicialmente na implantação e que tem como expectativa, que o eSocial possa oferecer as mesmas vantagens. As principais vantagens observadas foram a redução no consumo de papel e a simplificação das obrigações acessórias que unificou algumas informações. Também foram enumeradas as desvantagens que esperam enfrentar, as duas mais apontadas foram muitas exigências do fisco e o aumento de trabalho para o contador. No entanto, estão cientes do grau de dificuldade e da necessidade de investimentos mensuráveis e imensuráveis que o novo sistema ocasionará. A visão estatal é uma visão mais otimista, onde esperam que o novo sistema passe a funcionar inicialmente já substituindo as obrigações hoje existentes. Palavras-chave: Sistema Público de Escrituração Digital. Contabilidade.
eSocial.
8
ABSTRATIC
The need for greater control of the acts of the entities and facts from the public sector generated the creation of several computerized communications systems, being one of the most current, the eSocial - Design Public Digital Bookkeeping System, that is still under implementation. The overall objective was to identify the expectations and challenges of the implementation of this system, having as starting point the evaluation of other Speds deployed in the city of Natal, this within the accounting view and still knowing the views of key state agencies involved in this great challenge involving several state agencies, accountants, employers and employees, including domestic and rural. The need to understand how the accounting profession, working with these systems, as is preparing to adapt and meet the necessary requirements for proper operation of this tool routines are some of the specific objectives of the work. This is an exploratory research descriptive as to the objectives, also classified as a research bibliography die and multihulls, with both quantitative and qualitative aspects. Questionnaires with closed and open the counters of Natal who had some knowledge of the subject studied and is accompanied by the implementation of the deployment of the systems currently in operation questions were applied. The analysis made possible a vision of perception of accountants surveyed, where they pointed out that the other Speds reached much of the benefits offered initially in the deployment and whose expectation that eSocial can offer the same advantages. The main advantages were observed reduction in paper consumption and simplification of supplementary obligations which unified some information. Were also listed the disadvantages expecting to face, the two most frequently mentioned were many requirements of the tax authorities and the increased workload for the counter. However, are aware of the difficulty and necessity of measurable and immeasurable investments that the new system will result. The national vision is a more optimistic view, where they hope that the new pass system to function initially replacing the already existing obligations today.
Keywords: Public System of Digital Bookkeeping. Accounting. eSocial.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAIXA Caixa Econômica Federal
CLT Consolidação das Leis Trabalhistas
COFINS Contribuição Para o Financiamento da Seguridade Social
CT-e Conhecimento de Transporte Eletrônico
DACON Demonstrativo de Apuração de Contribuições Social
DBF Declaração de Benefícios Fiscais
DCIDE Declaração de Dedução de Parcela da Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico Incidente sobre a
Importação e Comercialização de Combustíveis das
Contribuições para o PIS/PASEP e COFINS
DCP Demonstrativo do Crédito Presumido
DCRED Declaração de Operações com Cartão de Crédito
DCTF Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais
DERC Declaração de Rendimentos Pagos a Consultores por
Organismos Internacionais
DEREX Declaração sobre a Utilização dos Recursos em Moeda
Estrangeira Decorrentes do Recebimento de Exportações
DIFI Declaração/Prestação de Informações Econômico-Fiscais
DIMOB Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias
DIMOF Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira
DIPJ Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa
Jurídica
DIRF Declaração do Imposto Sobre a Renda Retido na Fonte
DNF Demonstrativo de Notas Fiscais
DOI Declaração de Operações Imobiliárias
DPREV Declaração sobre a Opção de Tributação de Planos
Previdenciários
DTTA Declaração de Transferência de Titularidade de Ações
10
ECD Escrituração Contábil Digital
EFD Escrituração Fiscal Digital
eLALUR Livro de Apuração do Lucro Real Eletrônico
ENAT Encontro Nacional dos Administradores Tributários
FCONT Controle Fiscal Contábil de Transição
FGTS Fundo de Garantia de Tempo de Serviço
GFIP Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência
Social
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBPT Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário
ICMS Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal de Comunicação
ICP Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados
IRPJ Imposto de Renda de Pessoa Jurídica
MEI Micro Empreendedor Individual
MPS Ministério da Previdência Social
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
NF-e Nota Fiscal Eletrônica
NFS-e Nota Fiscal de Serviço Eletrônica
PAC Programa de Aceleramento do Crescimento
PIS Programa para Integração Social
PVA Programa Validador e Assinador
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
RFB Receita Federal do Brasil
SEFIP Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à
Previdência Social
SERPRO Serviço Federal de Processamento de Dados
SISCOMEX Sistema Integrado de Comércio Exterior
SPED Sistema de Público de Escrituração Digital
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 11
1.1 TEMA E PROBLEMATIZAÇÃO ............................................................. 11
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................... 13
1.2.1 OBJETIVOS GERAIS ......................................................................... 13
1.2.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS ............................................................... 13
1.3 JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................... 15
2.1 CONTABILIDADE E SUA IMPORTÂNCIA NA DIVULGAÇÃO DE
INFORMAÇÕES TEMPESTIVAS E RELEVANTES .................................... 15
2.2 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DIGITAL ................................................. 16
2.2.1 GOVERNO ELETRÔNICO ................................................................. 17
2.2.1.1 CERTIFICADO DIGITAL .................................................................. 19
2.2.1.2 NOTA FISCAL DE SERVIÇO ELETRÔNICA - NFSe ...................... 22
2.2.1.3 CONHECIMENTO DE TRANSPORTE ELETRÔNICO - CTe .......... 22
2.2.1.4 FCONT OU eLALUR ........................................................................ 23
2.2.1.5 NOTA FISCAL ELETRÔNICA – NFe ............................................... 24
2.2.1.6 SPED PIS COFINS- EFD PIS COFINS ........................................... 25
2.2.1.7 SPED CONTÁBIL ............................................................................ 26
2.2.1.8 SPED FISCAL .................................................................................. 27
2.2.1.9 SPED SOCIAL ................................................................................. 28
3 METODOLOGIA DO ESTUDO ................................................................. 31
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA .................................................................. 31
3.2 COLETA DE DADOS ............................................................................. 32
3.3 TRATAMENTO DE DADOS ................................................................... 33
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................ 34
4.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS .......................................................... 34
4.2 PERFIL DAS EMPRESAS ..................................................................... 38
4.3 ANÁLISE DOS SISTEMAS .................................................................... 41
4.3.1 SISTEMAS IMPLANTADOS – OUTROS SPEDS ............................... 41
4.3.2 SISTEMA A IMPLANTAR - eSOCIAL ................................................. 54
4.4 VISÃO ESTATAL ................................................................................... 65
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 68
REFERÊNCIAS ........................................................................................... 71
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 TEMA E PROBLEMA
Há mais de uma década o Brasil vem buscando uma forma de integrar e
compartilhar informações com a finalidade não apenas de diminuir a sonegação e
aumentar a arrecadação de impostos, mas como também substituir a escrituração
em papel por uma versão digital.
Inicialmente e a partir da Emenda Constitucional Nº 42 de 2003, onde
determinava que as três esferas do Governo atuassem de forma integrada com o
compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, promovendo assim
integração e padronização das informações. No II ENAT – Encontro Nacional de
Administradores Tributários, no ano de 2005, na cidade de São Paulo, foi assinado
os Protocolos de Cooperação para implantação o Sistema Público de Escrituração
Digital e Nota Fiscal (Receita Federal, 2012).
Em 2006, algumas empresas iniciaram a emissão da Nota Fiscal Eletrônica,
que aos poucos foi se tornando obrigatória. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
assinou o Decreto Nº 6.022, de 22 janeiro de 2007, instituindo o SPED e sua
obrigatoriedade. E conceituado, conforme artigo 2º do mesmo Decreto, como um
instrumento que integra as atividades de recebimento, validação, armazenamento e
autenticação de livros e documentos que integram a escrituração contábil e fiscal
dos empresários e das pessoas jurídicas, inclusive imunes ou isentas, de forma
digital. No mesmo ano, com a criação do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC), foi estipulado um prazo máximo de dois anos para implantação do Sistema
Público de Escrituração Digital (Sped) e Nota Fiscal Eletrônica (NF-e).
Os SPEDs tinham como objetivos, segundo a Receita Federal, promover a
integração dos fiscos, racionalizar e uniformizar as obrigações acessórias para os
contribuintes e tornar mais célebre a identificação de ilícitos tributários, de forma a
contribuir com cruzamentos de dados pela auditoria eletrônica.
13
Outra ferramenta que vem para melhorar as informações, tanto para o poder
público quanto para a sociedade, conforme explicitado em lei, é o eSocial, também
conhecido como SPED folha, SPED Social ou EFD-Social, ainda esta em fase de
implantação, sendo definido como um Sistema de Escrituração Digital das
Obrigações Fiscais, previdenciárias e Trabalhistas.
É mais um projeto do governo federal que espera unificar a emissão de
documentos por parte do empregador em relação aos seus empregados junto aos
seguintes órgãos: Caixa Econômica Federal (CAIXA), Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS), Ministério da Previdência Social (MPS), Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) e a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB). Os objetivos do
eSocial, de acordo com a Receita Federal, são: viabilizar a garantia de direitos
previdenciários e trabalhistas; simplificar o cumprimento de obrigações e aprimorar a
qualidade de informações das relações de trabalho, previdenciárias e fiscais. O
Projeto promete abranger empresas de todos os portes e inclusive os empregados
domésticos e rurais. Isso tem aumentado às dificuldades de implantação devido ser
o Sped de maior abrangência e com prazos inferiores aos demais, a necessidade de
algumas informações são imediatas ao evento ocorrido, diferente dos prazos dos
outros Speds que muitas vezes são mensal ou até mesmo anual.
O eSocial já teve o seu cronograma inicial modificado diversas vezes. Não
apenas pela falta de preparação dos empresários, que desde o inicio do projeto
relata as dificuldades de prestar informações em tempo real dos seus eventos
diários, mas principalmente por parte dos órgãos envolvidos em sua implantação
inicial. Para o eSocial dar inicio é necessário que todas as arestas sejam aparadas
antecipadamente, já que o sistema vem demonstrando ser um dos mais complexos
projetos de integração.
Desta forma tem-se o seguinte problema de pesquisa: Quais as expectativas
e os desafios na implantação do eSocial, a partir da avaliação de desempenho dos
demais Speds anteriormente implantados, na cidade de Natal-RN.
14
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo geral dessa pesquisa é verificar as expectativas e os desafios na
implantação do eSocial, a partir da avaliação de desempenho dos demais Speds
anteriormente implantados, na cidade de Natal-RN.
1.2.2 OBJETIVOS ESPECIFÍCOS
a) Verificar as dificuldades enfrentadas para implantação dos Sistemas já
em execução;
b) Analisar como as empresas se prepararam para adequação dos
Sistemas Públicos de Escrituração Digitais atualmente implantados;
c) Fazer um comparativo entre os Sistemas implantados e o eSocial,
relacionado à sua implantação e adequação;
d) Verificar como os contadores se comportam diante dos Sistemas
implantados e o que os mesmos esperam do eSocial;
e) Avaliar o nível de preparação dos contadores na cidade de Natal, no
estado do Rio Grande do Norte, em relação à implantação do eSocial.
f) Avaliar os custos mensuráveis e não mensuráveis;
g) Identificar as prováveis vantagens e desvantagens na visão do
contador, da Receita Federal e do Ministério do Trabalho na utilização
deste sistema;
h) Identificar, sob o ponto de vista da Receita Federal e do Ministério do
Trabalho o que deve ser esperado na implantação do eSocial.
15
1.3 JUSTIFICATIVA
A implantação do eSocial vem sendo um assunto que está causando
preocupação por parte dos profissionais da contabilidade, onde os mesmos já se
deparam com diversas dificuldades na recepção das informações referentes ao setor
pessoal. As informações que chegam mensalmente costumam se recebidas com
atrasos e nem sempre contendo todas as informações necessárias para elaboração
de documentos ou declaração, realidades assumidas por diversos escritórios de
contabilidade. Sendo estes os principais fatores de falta de informação tempestiva, é
o que passa a ser uma das principais preocupações por parte dos contadores.
Para implantação do eSocial, se torna imprescindível uma mudança não
apenas comportamental, mas também cultural nas rotinas diárias das empresas. A
necessidade de verificar como os contadores e órgãos estatais envolvidos estão se
preparando e principalmente se e como estão orientando os seus clientes em
relação à implantação do sistema, e inclusive se os mesmos estão acatando tais
orientações, proporciona uma oportunidade de pesquisa onde possibilita enumerar
tais dificuldades, fazendo um comparativo do que já foi executado com a nova
obrigação a executar. Por ter cronograma definido para iniciar a obrigatoriedade de
uso, é que se torna necessário o conhecimento de tais dificuldades, para que juntos
ao Poder Público, Empresas e Contadores, possam articular-se de forma a ter
melhor retorno, seja financeiro ou não financeiro, na implantação e prática desta
nova metodologia de informação, o eSocial.
A relevância para o pesquisador está em apresentar a sociedade às
expectativas e os desafios enfrentados atualmente na implantação do eSocial,
fazendo um comparativo com os sistemas anteriormente implantados e também o
que esperam enfrentar até inicio do funcionamento do eSocial na cidade de Natal,
no estado do Rio Grande do Norte. Sendo possível também avaliar as dificuldades,
vantagens, desvantagens, investimentos, fazendo uma correlação dos outros
SPEDs com o eSocial. Talvez como uma forma de auxiliar ou minimizar os
impactos e transtornos trazidos por experiências anteriormente realizadas.
16
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 CONTABILIDADE E SUA IMPORTÂNCIA NA DIVULGAÇÃO DE
INFORMAÇÕES TEMPESTIVAS E RELEVANTES
A necessidade de controle patrimonial é tão antiga que nos tempos mais
primórdios o homem já demonstrava o interesse em controlar seus bens, mesmo
ainda não conhecendo os números e nenhuma técnica para isso. Segundo Crepaldi
(2010):
A contabilidade é uma das ciências mais antigas do mundo. Existem diversos registros de que as civilizações antigas já possuíam um esboço de técnicas contábeis. Em termos de registro histórico, é importante destacar a obra Summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalita, do Frei Pacioli, publicado em Veneza em 1494. Esta obra descreve, num de seus capítulos, um método empregado por mercadores de Veneza no controle de suas operações, posteriormente denominado método das partidas dobradas ou método de Veneza.
Conforme Velter (2005) a contabilidade surgiu da necessidade de organizar
os dados patrimoniais, econômicos e financeiros de uma entidade, que pode ser
desde uma empresa, o governo ou uma pessoa física.
Ao comentar sobre os horizontes da especialização de contador Iudícibus
(2010, p. 6) enfatizam que:
Com o desenvolvimento dos conglomerados em que a atividade de distribuição é um dos pontos básicos e mesmo com ampliação e modernização das empresas mercantis, que atuam em grandes mercados, ás vezes ultrapassando até as fronteiras geográficas de um país, multiplicam-se as oportunidades para tais profissionais. Evidentemente, grande parte de tais entidades continuará de porte médio; para estas a formação de seu contador deve ser ampla e flexível, pois ao lado da tarefa contábil, terá fiscal, a gerencial e outras.
O contador atualmente precisa de uma formação mais ampla, onde possa
oferecer às empresas que o contratem, não apenas as obrigações exigidas pelo
fisco, mas que também usa as informações geradas pela contabilidade em beneficio
da própria entidade.
17
2.2 SISTEMA DE INFORMAÇÃO DIGITAL
A necessidade de analisar situações mais complexas, com grande número de
informações, que inviabiliza um estudo do conjunto de partes de um todo originou a
criação de sistemas. Sistema tem inúmeros conceitos, dependendo do interesse de
quem o analisa. Conforme Santos (2009, p. 86), é possível conceitua-lo de formas
diversas:
Conjunto de objetos, juntamente com as relações entre os objetos e seus atributos, ligados ou relacionados entre si e também a seu meio ambiente exterior, de tal maneira que forme um todo; Conjunto de partes que interagem de modo a atingir determinado fim, de acordo com um plano ou principio; Um conjunto de partes em constante interação, construindo um todo orientado para determinados fins e em permanente relação de interdependência com o ambiente externo (ressalta os aspectos de sistema aberto, interlação e interdependência das partes, abordadas na TGS); Conjunto de leis ou princípios que regulam certa ordem de fenômeno (Física); Órgãos que, coletivamente, contribuem de maneira especial para funções vitais complexas (Biologia); Um conjunto de vias, usualmente com características diferentes, de propriedade ou controle comum (Transporte).
O Planejamento de Recursos Empresariais refere-se a Enterprise Resource
Planning (ERP), “são pacotes (software) de gestão empresarial com recursos de
automação e informatização, visando contribuir com o gerenciamento dos negócios
empresariais”. REZENDE (2011, p.192).
Duarte (2009, p. 16) expressa com clareza que:
A condição mínima para que uma organização se torne competitiva é possuir sistemas de informações capazes de fornecer relatórios, planilhas e gráficos precisos e no momento em que se fazem necessários.
O uso dos sistemas de informações é necessário para o desenvolvimento
econômico do Brasil, conforme alerta o IBGE (2010, p. 58):
É sabido que, quanto maior o desenvolvimento tecnológico nos processos de produção e de gestão das empresas, maior a probabilidade de serem mais eficientes, produtivas e,
18
consequentemente, terem maior competitividade e potencialidades para o desenvolvimento de inovações.
Com o passar do tempo as empresas se tornaram cada vez mais
competitivas, o mercado passou a ser mais seletivo no consumo e a cada minuto
uma estratégia diferenciada deve ser inserida para que tais empresas continuem no
nicho de mercado ao qual escolheu. Fazer isto sem auxílio de um sistema
informatizado acaba sendo quase impossível.
2.2.1 GOVERNO ELETRÔNICO
Um controle rigoroso dos sistemas que recebem as obrigações acessórias
das empresas tende não só a diminuir a sonegação fiscal, bem como evitar fraudes
muito comuns na captação de recursos financeiros. Conforme Duarte (2009, p.31)
“Esta ‘Nova Era’ é marcada pela enorme influência das habilidades humanas no que
diz respeito ao uso da tecnologia para se obter informações, analisá-las; tanto no
processo de geração de riqueza quanto de sua mensuração.”.
Rezende (2011, p. 324), aponta:
Os sistemas de informação e a tecnologia da informação podem contribuir com a gestão pública nas suas três esferas (federal, estadual ou municipal) como ferramentas que auxiliam os respectivos gestores na elaboração de objetivos, estratégias, decisões e ações organizacionais. Isso pode ser facilitado quando a gestão pública aceita e implementa os modelos de gestão e os exemplos de sucesso oriundos da iniciativa privada e dos conceitos de administração estratégica focados nos negócios empresariais e nos princípios de empreendedorismo.
O SERPRO – Serviço de Processamento de Dados é uma empresa pública
vinculada ao Ministério da Fazenda, criada em 01/12/1964, pela Lei nº 4.516 a qual
foi revogada pela Lei 5.615/1970, com o objetivo de modernizar os setores
estratégicos da Administração Pública brasileira. O Serpro presta serviço em
Tecnologia da informação e Comunicação para o setor público, sendo considerada
uma das maiores organizações públicas de Tecnologia da Informática no mundo.
Desenvolveu vários programas e serviços, podendo destacar dentre eles a
19
declaração do Imposto de Renda via Internet (ReceitaNet); a nova Carteira Nacional
de Habilitação; o novo Passaporte Brasileiro; os sistemas que controlam e facilitam o
comércio exterior brasileiro (Siscomex); o Certificado Digital; entre outros e também
o SPED – Sistema Público de Escrituração Digital.
Conforme a RFB (2012), “após a importação, o arquivo poderá ser visualizado
pelo próprio PVA, com possibilidades de pesquisas de registros ou relatórios do
sistema”. A Receita Federal ainda cita algumas outras funcionalidades do programa,
como digitação, alteração, assinatura digital da escrituração, transmissão do arquivo,
exclusão de arquivos, geração de cópia de segurança e inclusive sua restauração,
caso necessite.
Segundo Rezende (2011, p. 324):
Os sistemas de informações podem ser expressos por meio de portais onde os cidadãos recebem e enviam informações que podem ser compartilhadas de forma oportuna e personalizada. Essas tecnologias, que envolvem profundas mudanças organizacionais e culturais, não podem ser consideradas produtos acabados, pois estão sempre em franco desenvolvimento participativo.
A não entrega dos arquivos no prazo gera multas, mas algumas empresas
visando o não pagamento das mesmas adotaram a entrega zerada mesmo a
empresa tendo movimento ou omitindo informações. No entanto, a multa é para
quem não entrega no prazo, contudo também se estende a quem omite ou entrega o
Sped com informações inexatas ou incompletas, conforme alteração no Artigo 57 da
Lei 12.873/2013:
O sujeito passivo que deixar de cumprir as obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que as cumprir com incorreções ou omissões será intimado para cumpri-las ou para prestar esclarecimentos relativos a elas nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitar-se-á às seguintes multas:
I - por apresentação extemporânea
a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês-calendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que estiverem em início de atividade ou que sejam imunes ou isentas ou que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido ou pelo Simples Nacional;
20
b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mês-calendário ou fração, relativamente às demais pessoas jurídicas;
c) R$ 100,00 (cem reais) por mês-calendário ou fração, relativamente às pessoas físicas;
II - por não cumprimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil para cumprir obrigação acessória ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela autoridade fiscal: R$ 500,00 (quinhentos reais) por mês-calendário;
III - por cumprimento de obrigação acessória com informações inexatas, incompletas ou omitidas:
a) 3% (três por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta;
b) 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), não inferior a R$ 50,00 (cinquenta reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa física ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta.
Abaixo demonstrado tem uma gama de sistemas de informações criados
pelo Governo Federal para dar suporte tanto às empresas, na consolidação de
informações, anteriormente divulgadas, por diversas peças contábeis, quanto ao
governo em suas auditorias:
OBRIGAÇÕES SPED ANO OBRIGATORIEDADE
Livro Diário SPED Contábil ou
ECD (Escrituração
Contábil Digital)
2009 Lucro real Livro Razão
Balancete
Livro de Escrita Fiscal
SPED Fiscal ou
EFD (Escrituração
Fiscal Digital)
2009
Contribuinte que
possua Regime Normal
de Apuração Mensal do
ICMS
Informações do ICMS
Guias Informativas
anuais
DNF, DCP, DE e DIF
Apuração dos créditos de
PIS e COFINS
SPED PIS e COFINS
ou EFD
Contribuições
2012
Todas as pessoas
jurídicas sujeitas à
apuração das referidas
21
contribuições sociais
GFIP
SPED Social ou
eSocial
Em fase de
implantação
Toda pessoa jurídica ou
física que pagar
rendimentos
trabalhistas
RAIS
MANAD
DIRF
CAGED
FONTE: o próprio autor, com dados extraídos do site da Receita Federal
No inicio, composto apenas de três grandes projetos: Escrituração Contábil
Digital (ECD), Escrituração Fiscal Digital (EFD) e Nota Fiscal Eletrônica (NF-e). Em
seguida surgiram outros sistemas demonstrando a necessidade de
compartilhamento de dados e informações: Conhecimento de Transporte Eletrônico
(CT-e), FCONT (e-LALUR), Nota Fiscal de Serviço (NFS-e), SPED PIS e COFINS
(EFD- Contribuições).
Todos esses sistemas possibilita o combate à evasão fiscal conforme Duarte
(2009, p.28):
Os fiscos, de uma maneira geral, têm aprimorado os seus sistemas de fiscalização. A partir dos seus próprios bancos de dados e também através do cruzamento de informações permutadas com outras esferas de poder, há um aumento substancial dos resultados no combate à evasão fiscal.
E o último projeto, o eSocial que ainda esta em fase de implantação e que
vem demonstrando ser o mais complexo de todos. O eSocial vai ser obrigatório a
todos aqueles que tiverem empregados contratados, abrange a pessoa física,
pessoa jurídica, produtor rural, MEI (Micro Empreendedor Individual) e inclusive os
órgãos públicos.
2.2.1.1 CERTIFICADO DIGITAL
A Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP – Brasil) pode ser
designado como “uma cadeia hierárquica e de confiança que viabiliza a emissão de
certificados digitais para identificação virtual do cidadão” (http://www.iti.gov.br).
Enquanto que “o certificado digital é um documento eletrônico que garante proteção
22
às transações online e a troca virtual de documentos, mensagens e dados, com
validade jurídica” (SERASA, 2013).
Em 24 de agosto de 2001 foi estabelecido pela Medida Provisória 2200-2, Art.
1º:
Fica instituída a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, para garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma eletrônica, das aplicações de suporte e das aplicações habilitadas que utilizem certificados digitais, bem como a realização de transações eletrônicas seguras.
No entanto, foi apenas em 21 de outubro de 2009, com a Instrução Normativa
969 que instituía a obrigatoriedade de documentos com assinatura digital, tais como:
Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF); Demonstrativo de
Apuração de Contribuições Sociais (DACON); Declaração de Informações
Econômico-Fiscais das Pessoas Jurídicas (DIPJ); Declaração sobre a Utilização dos
Recursos em Moeda Estrangeira Decorrentes do Recebimento de Exportações
(DEREX); Declaração sobre a Opção de Tributação de Planos Previdenciários
(DPREV); Declaração de Dedução de Parcela da Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico Incidente sobre a Importação e Comercialização de
Combustíveis das Contribuições para o PIS/Pasep e COFINS (DCIDE-Combustível);
Declaração Especial de Informações Fiscais relativa à Tributação das Bebidas (DIF
Bebidas); Declaração Especial de Informações Fiscais relativa à Tributação de
Cigarros (DIF Cigarros); Demonstrativo de Notas Fiscais (DNF); Declaração de
Operações Imobiliárias (DOI); Declaração Especial de Informações relativas ao
Controle do Papel Imune (DIF Papel Imune); Declaração/Prestação de Informações
Econômico-Fiscais pelos fabricantes de produtos de higiene pessoal, cosméticos e
perfumaria (DIPI-TIPI 33); Escrituração Contábil Digital (ECD); Declaração de
Informações sobre Atividades Imobiliárias (DIMOB); Declaração do Imposto de
Renda Retido na Fonte (DIRF); Declaração de Benefícios Fiscais (DBF); Declaração
de Rendimentos Pagos a Consultores por Organismos Internacionais (DERC);
Demonstrativo do Crédito Presumido do IPI (DCP); Declaração de Operações com
Cartão de Crédito (DCRED); Declaração de Informações sobre Movimentação
Financeira (DIMOF) e Declaração de Transferência de Titularidade de Ações
(DTTA).
23
Conforme SERASA (2012), os principais benefícios do Certificado Digital são:
Economia de tempo e redução de custos; Desburocratização de processos; Validade jurídica nos documentos eletrônicos; Possibilidade de eliminação de papéis; Autenticação na Internet com segurança.
Duarte (2009, p. 72) destaca que o Certificado Digital é a base tecnológica
que dá validade jurídica aos documentos eletrônicos tratados pelo Sped.
2.2.1.2 NOTA FISCAL DE SERVIÇO - NFSe
A Nota Fiscal de Serviços Eletrônica (NFS-e) é um documento de existência
digital, gerado e armazenado eletronicamente em Ambiente Nacional pela RFB, pela
prefeitura ou por outra entidade conveniada, para documentar as operações de
prestação de serviços. (RECEITA FEDERAL, 2012)
A NFSe será gerada através de serviços informatizados disponível na
secretária municipal de cada município.
Este documento também atende os contribuintes que não possuem
infraestrutura de conectividade com a secretária em tempo integral. (RECEITA
FEDERAL 2012)
2.2.1.3 CONHECIMENTO DE TRANSPORTE ELETRÔNICO - CTe
É um documento, conforme a RECEITA FEDERAL (2012), de essência
exclusivamente digital que emite e armazena dados de forma eletrônica, referente ao
serviço de transporte. .O CT-e, Conhecimento de Transporte eletrônico, é usado em
substituição dos seguintes documentos fiscais:
Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas;
Conhecimento de Transporte Aquaviário de Cargas;
Conhecimento Aéreo;
24
Conhecimento de Transporte Ferroviário de Cargas;
Nota Fiscal de Serviço de Transporte de Cargas;
Nota Fiscal de Serviço de Transporte.
A CTe tem como principais benefícios são redução dos custos de impressão e
no consumo de papel, já que é emitido eletronicamente, bem como reduz o tempo
de parada de caminhões em postos fiscais. E para o fisco, o principal benefício é o
controle fiscal e compartilhamento de informações.
2.2.1.4 FCONT ou e-LALUR
A Instrução Normativa RFB nº 949/09 conceitua FCONT como uma
escrituração das contas patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas, que
considera os métodos e critérios contábeis vigentes em 31/12/2007. As diferenças
apuradas entre as duas metodologias comporão ajuste específico a ser efetuado no
Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR). Este arquivo constituirá parte da entrada
de dados da escrituração de controle fiscal contábil de transição - FCONT. A outra
parte é a própria escrituração comercial da empresa (Receita Federal, 2012).
No Fcont constarão as informações que não foram efetuadas na escrituração
comercial, mas conforme a legislação deve ser incluída para fins de apuração dos
resultados da empresa ou que foram efetuadas, mas não são aceitas pelo fisco.
2.2.1.5 NOTA FISCAL ELETRÔNICA - NFe
Segundo Duarte (2009, p. 75), “Nota Fiscal Eletrônica é um documento
eletrônico que contem dados do contribuinte remetente, do destinatário e da
operação a ser realizada.” Conforme a Receita Federal suas principais vantagens
são:
Melhor intercâmbio e compartilhamento de informações entre os fiscos;
25
Redução de custos e entraves burocráticos, facilitando o cumprimento das obrigações tributárias e o pagamento de impostos e contribuições;
Fortalecimento do controle e da fiscalização.
De acordo com a Receita Federal, o projeto possibilitará os seguintes
benefícios e vantagens às partes envolvidas:
Aumento na confiabilidade da Nota Fiscal;
Melhoria no processo de controle fiscal, possibilitando um melhor intercâmbio e compartilhamento de informações entre os fiscos;
Redução de custos no processo de controle das notas fiscais capturadas pela fiscalização de mercadorias em trânsito;
Diminuição da sonegação e aumento da arrecadação;
Suporte aos projetos de escrituração eletrônica contábil e fiscal da Receita Federal e demais Secretarias de Fazendas Estaduais;
Fortalecimento da integração entre os fiscos, facilitando a fiscalização realizada pelas Administrações Tributárias devido ao compartilhamento das informações das NF-e;
Rapidez no acesso às informações;
Eliminação do papel;
Aumento da produtividade da auditoria através da eliminação dos passos para coleta dos arquivos;
Possibilidade do cruzamento eletrônico de informações.
O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – IBPT publicou um estudo
em 05 de março de 2009, com titulo “Estudo Sobre Sonegação Fiscais das
Empresas Brasileiras”, onde são apontados os principais tipos de sonegação ou
fraude fiscal, alguns delas relacionados à Nota Fiscal, tais como: venda sem nota;
venda com “meia” nota; venda com “calçamento” de nota; duplicidade de numeração
de nota fiscal; e “compra” de nota fiscal. Com o uso da NF-e aumentou o controle e
alguns tipos de sonegações acima foram eliminadas.
Foi um dos primeiros sistemas informatizados a ser instituídos pelo Governo,
com a intensão de reduzir sonegação de impostos, pratica comum entre empresas e
contribuintes.
26
2.2.1.6 SPED PIS COFINS – EFD-CONTRIBUIÇÕES
Segundo a Receita Federal (2012), a EFD-Contribuições pode ser
conceituada como:
Arquivo digital instituído no Sistema Publico de Escrituração Digital – SPED, a ser utilizado pelas pessoas jurídicas de direito privado na escrituração da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, nos regimes de apuração não-cumulativo e/ou cumulativo, com base no conjunto de documentos e operações representativos das receitas auferidas, bem como dos custos, despesas, encargos e aquisições geradores de créditos da não-cumulatividade.
O arquivo contendo as informações referentes ao PIS e COFINS apurado,
deve ser enviado mensalmente e só poderá ser retificado até o ultimo dia útil do ano-
calendário seguinte ao que se refere à escrituração, sem nenhuma penalidade para
o contribuinte.
Conforme a Receita Federal (2012):
O programa gerador de escrituração possibilitará: Importar o arquivo com o leiaute da EFD-Contribuições definido pela RFB; Criar uma nova escrituração, mediante digitação completa dos dados; Validar o conteúdo da escrituração e indicar dos erros e avisos; Editar via digitação os registros criados ou importados; Emissão de relatórios da escrituração; Geração do arquivo da EFD-Contribuições para assinatura e transmissão ao Sped; Assinar do arquivo gerado por certificado digital; Comandar a transmissão do arquivo ao Sped.
A apresentação do arquivo deve ser mensal, sendo que o mesmo deverá ser
validado, assinado e transmitido até o 10º (décimo) dia útil do segundo mês
subsequente ao de referência da escrituração. (Receita Federal, 2012)
2.2.1.7 SPED CONTÁBIL
A partir de 2009, as empresas tributadas pelo lucro real adquiriram a
obrigação de apresentar o ECD – Escritura Contábil Digital. Para as demais
empresas, inclusive as sociedades simples, microempresas e empresas de pequeno
27
porte optante pelo Simples Nacional estão dispensadas desta obrigação. (Receita
Federal – 2012).
Segundo Resende (2008):
A Escrituração Contábil Digital possui uma característica de apresentação em formato virtual, onde são elaborados os livros e peças contábeis para maior visualização ao usuário da informação. Esses livros são estruturados de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade que fazem parte das Normas Contábeis exigidas pela legislação pertinente visando às eliminações e diminuindo os custos para a impressão em formulário, contribuindo também com o meio ambiente e o ecossistema.
Segundo a Instrução Normativa nº 787/07 artigo 3º, estão obrigadas a adotar
a ECD:
I - em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2008, as sociedades empresárias sujeitas a acompanhamento econômico-tributário diferenciado, nos termos da Portaria RFB nº 11.211, de 7 de novembro de 2007, e sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no Lucro Real. II - em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2009, as demais sociedades empresárias sujeitas à tributação do Imposto de Renda com base no Lucro Real.
O objetivo da ECD, conforme Cleto (2010), nunca foi se restringir a questões
tributárias, e sim ser uma opção à escrituração em papel. Para o Fisco, o principal
objetivo é integrar informações de forma padronizada e o compartilhamento das
mesmas.
2.2.1.8 SPED FISCAL
Conforme a Receita Federal, Sped Fiscal ou Escritura Fiscal Digital – EFD é
definida como:
Um arquivo digital que se constitui de um conjunto de escriturações de documentos fiscais e de outras informações de interesse dos fiscos das unidades federadas e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem como de registros de apuração de impostos referentes às operações e prestações praticadas pelo contribuinte. Este arquivo deverá ser assinado digitalmente e transmitido, via Internet, ao ambiente Sped.
28
Figura 1:
FONTE: Secretária de Tributação do Rio Grande do Norte
A empresa deverá gerar todo mês um arquivo digital com leiaute pré-
estabelecido, onde prestará todas as informações de interesse do fisco federal e
estadual, apurando os impostos (ICMS e IPI). Após concluindo, o arquivo deverá ser
validado pelo Programa Validador e Assinador fornecido pelo sistema Sped. Após a
importação é permitido visualizar pelo próprio Programa Validador, bem como extrair
relatórios do sistema, pesquisar e alterar caso haja necessidade. (Receita Federal.
2012).
2.2.1.9 SPED SOCIAL – eSOCIAL
O manual de orientação disponível no site do eSocial estabelece as regras e
orientação para o cumprimento da nova obrigação. Nele contem orientações e
eventos que serão necessários para preenchimento e validação das declarações a
ser enviadas pelas empresas. É de extrema importância que as empresas atentem
29
para tal informação, pois a falta de observação e adequação de tais procedimentos
pode gerar problemas futuros ou multas indesejáveis. O Manual mais recente,
emitido em 06 de janeiro de 2014, conceitua o eSocial como:
Um projeto do governo federal que vai coletar as informações descritas no Objeto do eSocial, armazenandos-as no Ambiente Nacional do eSocial, possibilitando aos órgãos participantes do projeto, sua efetiva utilização para fins previdenciários, fiscais e de apuração de tributos e do FGTS.
Quando finalmente for implantado o eSocial, segundo a Receita Federal, trará
inúmeras vantagens estendida a todos empregadores, sejam pessoas físicas ou
jurídicas, tais como:
Atendimento a diversos órgãos do governo com uma única fonte de informações, para o cumprimento das diversas obrigações trabalhistas, previdenciárias e tributárias atualmente existentes;
Integração dos sistemas informatizados das empresas com o ambiente nacional do eSocial, possibilitando a automação na transmissão das informações dos empregadores;
Padronização e integração dos cadastros das pessoas físicas e jurídicas no âmbito dos órgãos participantes do projeto.
Segundo Roberto Dias Duarte, graduado em administração de empresas com
MBA pelo IBMEC, atuando desde 1988 com projetos de gestão e tecnologia,
escreveu livros sobre Sped, criou um blog bem conceituado que emite notícias
diárias a respeito do assunto e ministra diversas palestras por todo o Brasil
esclarecendo dúvidas sobre todos os Sistemas Públicos de Escrituração Digital:
Dentre os resultados esperados pela equipe gestora deste ambicioso plano destacam-se o aumento da arrecadação espontânea; a participação do trabalhador no auxílio à fiscalização das obrigações trabalhistas e previdenciárias; a redução de fraudes na concessão de benefícios previdenciários e do seguro desemprego e o aumento da produtividade dos órgãos fiscalizadores.
30
FONTE: http://www.guiatrabalhista.com.br/
O eSocial é uma ação conjunta de vários órgãos, que vai unificar as
informações, conforme sitio do eSocial:
O projeto eSocial é uma ação conjunta dos seguintes órgãos e entidades do governo federal: Caixa Econômica Federal, Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, Ministério da Previdência – MPS, Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. O Ministério do Planejamento também participa do projeto, promovendo assessoria aos demais entes na equalização dos diversos interesses de cada órgão e gerenciando a condução do projeto, através de sua Oficina de Projetos.
Todas as informações ficarão em uma só plataforma, isso facilitará não só a
rotina diária do empregador, mas também do empregado que terá mais facilidade de
acesso às mesmas.
DATA HISTÓRICO
31
Abril de 2010 Cronograma apresentado pelas autoridades mostrava o início dos trabalhos, com a previsão de normalização da nova obrigação até março de 2012, com a implantação ocorrendo em dezembro.
Março de 2012
Tinha ainda o nome de Escrituração Fiscal Digital Social (EFD-Social), a Receita Federal declarava uma série de objetivos dentre os quais: elevar a percepção de risco e a presença fiscal; aumentar o nível de cumprimento espontâneo das obrigações acessórias; reduzir o tempo entre o recolhimento do tributo e seu vencimento; e aproximar a arrecadação efetiva da potencial. Já participavam do projeto, além da Receita, o Ministério do Trabalho e Emprego e o da Previdência Social
Janeiro de 2013
O cronograma previa homologação do sistema em 20 de dezembro daquele ano. Também foram prometidos leiaute dos arquivos digitais (28 de março); manual detalhado do sistema (30 de abril) e uma primeira versão de testes (30 de setembro).
Julho de 2013 Aprovando o leiaute dos arquivos que compõem o Sistema de Escrituração Fiscal Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas.
Outubro de 2013 Novo cronograma prevendo a liberação do manual técnico para aquele mês, ambiente de testes em novembro, e a obrigatoriedade, desta vez escalonada, a partir de 30 de abril de 2014 para empresas do Lucro Real.
Novembro de 2013
Mais um cronograma, prevendo a liberação do manual técnico ainda para aquele mês, ambiente de testes em dezembro e a obrigatoriedade, mais uma vez escalonada, a partir de 30 de junho de 2014 para empresas do Lucro Real, mas com implantação do eSocial com recolhimento unificado – segurado especial e pequeno produtor rural – a partir de 1º de maio do mesmo ano.
Janeiro de 2014 Uma nova versão do Manual de Orientação do eSocial, definindo diversos aspectos para o projeto, incluindo a criação do Comitê Diretivo e do Comitê Gestor do eSocial. Entretanto, na última versão do Manual, essa minuta foi retirada.
Fevereiro de 2014 Previsão de liberação do manual técnico completo para março de 2014 e ambiente de testes em maio.
Maio de 2014
O Comitê Gestor do eSocial informa que o prazo para implantação do eSocial será contado apenas após publicação da versão definitiva do manual de orientação. Seis meses após a divulgação desse manual, as empresas começarão a inserir os eventos iniciais em um ambiente de testes. E, após mais seis meses de testes, entrará em vigor a obrigatoriedade para o primeiro grupo de empregadores, formado por empresas grandes e médias (com faturamento anual superior à R$ 3,6 milhões no ano de 2014).
FONTE: Elaborada pelo próprio autor, com informações do blog http://www.robertodiasduarte.com
32
O eSocial já teve seu cronograma alterado diversas vezes, conforme pode ser
acompanhado no quadro acima, onde relaciona os eventos mais expressivos no
decorrer dos últimos anos:
33
3 METODOLOGIA DO ESTUDO
A metodologia constitui o conjunto dos métodos necessários empregados no
desenvolvimento de uma pesquisa. De acordo com Beuren, a metodologia tem um
importante papel na pesquisa cientifica, pois é responsável em articular planos e
estruturas com a finalidade de obter respostas à problemática. “O delineamento da
pesquisa implica a escolha de um plano para conduzir a investigação” (Beuren,
2008, p. 77).
Segundo Pereira (2012, p. 19) “Uma pesquisa começa com a ideia que, após
detida reflexão e revisão do assunto, transforma-se em problema para estudo e em
objetivo de investigação”.
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA
Para o presente trabalho foi adotada a pesquisa exploratória e descritiva, por
ser o primeiro estudo sobre o tema a ser realizado na cidade de Natal/RN e
descrever a população de contadores que irá utilizar o e-Social. Segundo Beuren
(2008), uma pesquisa exploratória acontece quando se tem pouco conhecimento do
assunto pesquisado. Ainda citando o mesmo autor (2008, p. 80) “por meio do estudo
exploratório, busca-se conhecer com maior profundidade o assunto, de modo a
torná-lo mais claro ou construir questões importantes para a conclusão da pesquisa”.
Com esse estudo pretende-se conhecer informações relevantes sobre o tema em
questão, tornando possível a atual pesquisa, descrevendo e identificando os pontos
principais em questão.
Pode-se também classificar como sendo uma pesquisa bibliográfica que
procurou desenvolver o referencial teórico, analisando materiais antes elaborados,
como livros e outras pesquisas, pois segundo Beuren (2008) a pesquisa bibliográfica
compõe parte da pesquisa descritiva ou experimental, no intuito de recolher
informações e conhecimentos sobre um problema analisado.
Quando analisada através dos aspectos, é também classificada como sendo
pesquisa qualitativa e quantitativa, já que pretende descrever e analisar
comportamentos dentro de um determinado grupo, de forma estatística com
34
levantamento de números e dados que serão tratados visando apresentar uma
melhor precisão nos resultados. Em relação às deduções feitas, tornando possível
entender o comportamento de uma população através de amostras que visam
quantificar informações e dados.
3.2 COLETA DE DADOS
Foi utilizada a técnica de questionários separadas contendo três partes,
sendo elas: perfil do entrevistado (05 questões), perfil da empresa (03 questões) e
questões específicas sobre demais Speds (14 questões) e e-Social (13 questões),
com aplicação de uma pesquisa semiestruturada, contendo questões fechadas. O
questionário também conta com perguntas abertas que permitiram formar um
diálogo com os respondentes, para conhecer os aspectos e os significados que
atribuem o nível de conhecimento em relação ao eSocial, bem como a sua relação
com os demais SPEDs. Serão também analisados os custos de implantação do
sistema, inclusive os custos que se espera ter na implantação do eSocial.
A amostra foi realizada por conveniência sendo limitada a 25 questionários
respondidos, cujos respondentes são contadores que conhece algum dos Sped já
implantados e concordaram em responder ao questionário, contribuindo assim para
elaboração desse trabalho.
Foi analisado também o “Debate eSocial, a visão estatal”, com Daniel Belmiro
Fontes (Coordenador de Sistema da Atividade Fiscal da Receita Federal) e José
Alberto Maia (Coordenador do Projeto eSocial no Ministério do Trabalho e Emprego),
ocorrido no dia 10 de abril de 2014, no 2º Fórum SPED Porto Alegre, em Porto
Alegre. Dessa forma fazendo um comparativo da visão do contador X a visão estatal
em relação ao eSocial.
35
3.3 TRATAMENTO DOS DADOS
As respostas fechadas foram tratadas estatisticamente e dispostos em forma
de gráficos e percentuais, enquanto que as perguntas abertas foram demonstradas
conforme opiniões dos entrevistados e posteriormente analisadas.
4 ANALISE DOS RESULTADOS
4.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS
Fonte: Elaborada pelo autor.
Fonte: Elaborado pelo autor.
A pesquisa apresentou 56% de participação masculina e 44% de participação
feminina.
44%
IDADE DOS ENTREVISTADOS
ANALISE DOS RESULTADOS
PERFIL DOS ENTREVISTADOS
GRAFICO 1 Fonte: Elaborada pelo autor.
GRÁFICO 2 onte: Elaborado pelo autor.
A pesquisa apresentou 56% de participação masculina e 44% de participação
56%
44%
GÊNERO
Masculino Feminino
16%
36%16%
16%
12% 4%
IDADE DOS ENTREVISTADOS
23 a 25 anos 26 a 30 anos 31 a 35 anos
36 a 40 anos 41 a 45 anos 51 a 55 anos
36
A pesquisa apresentou 56% de participação masculina e 44% de participação