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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO PÚBLICA
MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO PÚBLICA
FÁBIO DO EGITO PEDROSA
PROJETO DE INTERVENÇÃO
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO, DA ELABORAÇÃO À AVALIAÇÃO:
uma proposta para o Campus Picuí do Instituto Federal da Paraíba
NATAL - RN
2017
FÁBIO DO EGITO PEDROSA
PROJETO DE INTERVENÇÃO
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO, DA ELABORAÇÃO À AVALIAÇÃO:
uma proposta para o Campus Picuí do Instituto Federal da Paraíba
Projeto de Intervenção apresentado ao Programa
de Pós-Graduação em Gestão Pública da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte -
UFRN, como requisito à obtenção do título de
Mestre em Gestão Pública.
Orientadora: Pamela de Medeiros Brandão, Dra.
NATAL - RN
2017
Catalogação da Publicação na Fonte.
UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA
Pedrosa, Fábio do Egito.
Projeto de intervenção orçamento participativo, da elaboração à
avaliação: uma proposta para o Campus Picuí do Instituto Federal da
Paraíba / Fábio do Egito Pedrosa. - Natal, RN, 2017.
145 f.: il.
Orientador: Profa. Dra. Pamela de Medeiros Brandão.
Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão Pública) - Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas.
Departamento de Ciências Administrativas. Programa de Pós-graduação em
Gestão Pública.
1. Gestão pública - Dissertação. 2. Orçamento Participativo. -
Dissertação. 3. Comunidade Acadêmica - Dissertação. 4. Orçamento
público - Dissertação. 5. IFPB Campus Picuí/PB - Dissertação. I. Brandão,
Pamela de Medeiros. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III.
Título.
RN/BS/CCSA CDU 351:336.14
FÁBIO DO EGITO PEDROSA
PROJETO DE INTERVENÇÃO
ORÇAMENTO PARTICIPATIVO, DA ELABORAÇÃO À AVALIAÇÃO:
uma proposta para o Campus Picuí do Instituto Federal da Paraíba
Projeto de Intervenção apresentado ao Programa de
Pós-Graduação em Gestão Pública, da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como requisito
para obtenção do título de Mestre em Gestão Pública.
Aprovado em: 31/03/2017.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________________________
Pamela de Medeiros Brandão, Dra. - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientadora
____________________________________________________________________
Maria Teresa Pires Costa, Dra. - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Examinador Interno
____________________________________________________________________
Cícero Nicácio do Nascimento Lopes, Dr. - Instituto Federal da Paraíba
Examinador Externo
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida e presença constante em minha jornada.
Aos meus pais, David Inácio e Rosália Rosa. Em especial a minha mãe, grande
incentivadora dos meus estudos e com quem aprendi as mais valiosas lições de vida.
Agradeço por tudo o que me foi proporcionado, por cada dia trabalhado, por cada gota de suor
e lágrimas derramadas. Sem seus esforços, jamais teria conseguindo chegar até aqui.
A minha avó, Josefa Rosa de Oliveira (minha segunda mãe), pelo constante incentivo,
pelas lições de vida, de simplicidade e de humildade, e por sempre ter acreditado em mim.
Aos meus irmãos, Isabela, Fabrício e Flávio, pela compreensão nos momentos de
ausência, pelo incentivo e pela crença em minha capacidade.
A minha namorada Carisa, grande amor e companheira, pelo exercício da paciência
nos momentos de estresse, pelo apoio nas horas difíceis, pelo incentivo e compreensão da
minha ausência, pelos finais de semana e férias abnegados e pelas contribuições em todas as
etapas deste trabalho. Enfim, agradeço pelo apoio incondicional e por sempre ter acreditado
em mim, até quando eu mesmo já não acreditava mais.
A minha Tia e Madrinha, Lia (in memoriam) e a todos os meus demais familiares que
torceram por mais uma vitória em minha vida.
A minha família paulistana, Antônio, Lourdes, Victor, Danilo, Tayane, Erick, Marcos,
Wanderlea e Jully. Em especial a Dona Lourdes, pela torcida, confiança e orações.
À professora e amiga, Pamela de Medeiros Brandão, pelo compromisso, atenção e
dedicação a cada encontro de orientação. Pelo compartilhamento do saber, apoio, incentivo e
confiança depositada durante todo o curso.
Ao professor Kaio Fernandes, pelo incentivo e contribuições na banca de qualificação.
À professora Maria Teresa, pelas valiosas contribuições dadas a este trabalho, tanto na
banca de qualificação quanto na banca de defesa.
Ao amigo e Magnífico Reitor do IFPB, professor Cícero Nicácio, pelas consistentes e
relevantes contribuições dadas a este trabalho na banca de defesa.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Gestão Pública da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, pelo compartilhamento do conhecimento.
Aos colegas do mestrado (Turmas 2015 e 2016), pelo compartilhamento de
experiências e conhecimentos. Em especial a Cláudio Menezes, Jussier Souza e Thiago
Laurentino, pelo companheirismo nos estudos, trabalhos, viagens e artigos, e pela gratificante
convivência no decorrer do curso.
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, pela oportunidade
e investimento no crescimento profissional de seus servidores. Em especial, aos amigos do
IFPB Campus Picuí (discentes, docentes, técnico-administrativos em educação e
terceirizados), pela compreensão das ausências, pelo apoio, torcida e incentivo à realização
deste estudo.
Aos integrantes dos seminários e demais participantes da pesquisa, os quais foram
fundamentais à concretização deste projeto de intervenção. Em especial, ao amigo Luciano
Pacelli, Diretor Geral do IFPB Campus Picuí, pelo apoio pessoal e profissional.
Por fim, agradeço a todos que, de alguma forma, colaboraram para a concretização
deste trabalho.
RESUMO
Este trabalho propõe um modelo de Orçamento Participativo para o Campus Picuí do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, que contemple os anseios de sua
comunidade acadêmica. Para tanto, teve como objetivos específicos apresentar o IFPB
Campus Picuí em termos de organização administrativa, comunidade acadêmica e
infraestrutura; descrever o atual processo de elaboração, execução e controle da peça
orçamentária do IFPB Campus Picuí; verificar a percepção da comunidade acadêmica acerca
dos benefícios e limitações do atual modelo, e seus anseios em termos de participação nas
diversas etapas do processo orçamentário; e, indicar o formato e a dinâmica de funcionamento
do Orçamento Participativo que melhor se adeque à realidade do Campus Picuí. Trata-se de
um projeto de intervenção que adotou a pesquisa-ação como principal estratégia de pesquisa,
e de forma complementar a estratégia de entrevistas e levantamento (survey) para conhecer o
atual processo orçamentário do Campus, a percepção da comunidade acadêmica acerca dessa
prática orçamentária, bem como seus anseios para a participação nesse processo. Tem-se que
o atual modelo orçamentário adotado pelo Campus Picuí é caracterizado por uma gestão e
processo decisório centralizado, não permitindo uma participação efetiva da sua comunidade
acadêmica. Dentre os principais anseios verificados destaca-se a emergência de um modelo de
Orçamento Participativo de caráter consultivo, fiscalizatório e deliberativo, que inclua de
maneira mais equitativa todos os segmentos da comunidade acadêmica. Constatou-se um
elevado grau de interesse da comunidade em discutir todas as prioridades do campus e
deliberar sobre a distribuição dos recursos, especialmente, os que se refere ao custeio da
instituição, investimentos e assistência ao educando, no entanto falhas no processo
comunicativo foram apontadas como um dos principais limitadores dessa participação. Diante
do contexto do IFPB Campus Picuí, das limitações encontradas no atual modelo de
elaboração, execução e controle da peça orçamentária adotado e dos anseios de sua
comunidade acadêmica, propõem-se um modelo de orçamento que permita uma efetiva
participação da comunidade acadêmica do campus na definição das prioridades e na
consequente alocação dos recursos orçamentários. Conclui-se apresentando diretrizes para a
implementação do Orçamento Participativo no Campus, indicando, ainda, o formato e a
dinâmica de seu funcionamento.
Palavras-chaves: Orçamento Participativo; Comunidade Acadêmica; IFPB Campus Picuí.
ABSTRACT
This paper proposes a model of Participatory Budget for the Campus Picuí of the Federal
Institute of Education, Science and Technology of Paraíba, that contemplates its knowledge of
its academic community. In order to do so, it had the specific objectives of presenting the
IFPB Campus Picuí in terms of administrative organization, academic community and
infrastructure; Describe the current process of elaboration, execution and control of the budget
piece of IFPB Campus Picuí; to verify the perception of the academic community about the
benefits and limitations of the current model, and their wishes in terms of participation in the
various stages of the budget process; and, indicate the format and dynamics of the
Participatory Budget that best fits the reality of Campus Picuí. It is an intervention project that
adopted action research as the main research strategy, and in a way that complements the
strategy of interviews and survey to know the current budgetary process of the Campus, the
perception of the academic community about this practice Their wishes for participation in
this process. The current budget model adopted by Campus Picuí is characterized by a
centralized management and decision-making process, not allowing an effective participation
of its academic community. Among the main anxieties verified, it stands out of a Participatory
Budget model of consultative, fiscal and deliberative character, that includes in a more
equitable way all the followers of the academic community. There was a high degree of
community interest in discussing all the priorities of the campus and deliberating on the
distribution of resources, especially those related to the institution's costing, investments and
assistance to the student, but failures in the communicative process were pointed out As one
of the main limiters of this participation. In view of the IFPB Campus Picuí context, the limits
found in the current model for the preparation, execution and control of the budget piece
adopted and the aspirations of its academic community, propose a budget model that allows
an effective participation of the academic community of the campus in the Priorities and the
consequent allocation of budgetary resources. It concludes by presenting guidelines for the
implementation of the Campus Participatory Budget, also indicating the format and dynamics
of its operation.
Keywords: Participatory Budgeting; Academic Community; IFPB Campus Picuí.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica
CEFET-MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
CEFET-PB Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba
CEFET-RJ Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
CF/88 Constituição Federal de 1988
COMPEC Comissão Permanente de Concursos Públicos
CONIF Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica
CAP Comitê de Acompanhamento Permanente
COP Conselho do Orçamento Participativo
EaD Educação a Distância
EAF Escola Agrotécnica Federal
EBTT Ensino Básico, Técnico e Tecnológico
ENEM Exame Nacional do Ensino Médio
FORPLAN Fórum de Planejamento e Administração
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IF Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
IFPB Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba
IPCA-E Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias
LOA Lei Orçamentária Anual
LRF Lei de Responsabilidade Fiscal
MEC Ministério da Educação
MSI Manutenção e Suporte em Informática
NACE Núcleo de Arte, Cultura e Eventos
NEEP Núcleo de Extensão e Educação Profissional
ONU Organização das Nações Unidas
PAT Plano Anual de Trabalho
PB Paraíba
PCCTAE Plano de Carreiras dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação
PLOA Projeto de Lei Orçamentária Anual
PPA Plano Plurianual
PSCT Processo Seletivo para os Cursos Técnicos
RFEPCT Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica
RIP Regime de Internato Pleno
SETEC Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
SISTEC Sistema Nacional de Informações da Educação Profissional e Tecnológica
SIAFI Sistema Integrado de Administração Financeira
SISU Sistema de Seleção Unificada
SUAP Sistema Unificado de Administração Pública
TAE Técnico-Administrativo em Educação
UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UGD Unidade de Gestão Descentralizada
UNED-CG Unidade de Ensino Descentralizada de Campina Grande
UNED-CJ Unidade de Ensino Descentralizada de Cajazeiras
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Principais componentes do orçamento-programa .................................................... 29
Figura 2 - Lógica do orçamento-programa ............................................................................... 30
Figura 3 - Ciclo orçamentário ................................................................................................... 34
Figura 4 - Abrangência territorial do IFPB ............................................................................... 53
Figura 5 - Organograma do IFPB Campus Picuí ...................................................................... 56
Figura 6 - Proposta de descentralização para o IFPB Campus Picuí...................................... 113
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Princípios orçamentários por autor ........................................................................ 32
Quadro 2 - Princípios Orçamentários ....................................................................................... 33
Quadro 3 - Composição e distribuição dos orçamentos dos IF’s, CEFET’s e do Colégio Pedro II .. 49
Quadro 4 - Cursos ofertados pelo IFPB Campus Picuí por níveis de formação e modalidades
de ensino ................................................................................................................................... 54
Quadro 5 - Infraestrutura básica do Campus Picuí ................................................................... 63
Quadro 6 - Programas e ações orçamentárias do Campus Picuí no exercício 2016 ................. 77
Quadro 7 - Cronograma do Orçamento Participativo do IFPB Campus Picuí ....................... 125
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Composição da comunidade acadêmica do IFPB Campus Picuí em 2016 ............. 57
Tabela 2 - Composição do corpo discente do Campus Picuí por modalidades de ensino em 2016 ... 58
Tabela 3 - Composição do corpo discente do Campus Picuí por níveis de formação em 2016 .... 58
Tabela 4 - Composição do corpo discente do Campus Picuí por curso em 2016 ..................... 59
Tabela 5 - Corpo docente do Campus Picuí por tipo de vínculo .............................................. 60
Tabela 6 - Corpo docente do Campus Picuí por escolaridade/titulação ................................... 61
Tabela 7 - Corpo técnico-administrativo do Campus Picuí por nível de classificação ............ 61
Tabela 8 - Corpo técnico-administrativo do Campus Picuí por escolaridade/titulação ............ 62
Tabela 9 - Gênero da amostra ................................................................................................... 69
Tabela 10 - Faixa etária da amostra .......................................................................................... 69
Tabela 11 - Composição da amostra em relação ao segmento da comunidade acadêmica do
Campus Picuí ............................................................................................................................ 70
Tabela 12 - Composição da amostra do segmento discente em relação ao curso ao qual está
vinculado .................................................................................................................................. 71
Tabela 13 - Nível de escolaridade da amostra .......................................................................... 72
Tabela 14 - Ano de ingresso no Campus Picuí ......................................................................... 72
Tabela 15 - Semestre de ingresso do corpo discente da amostra no IFPB ............................... 73
Tabela 16 - Participação em movimentos estudantis por parte do corpo discente que compõe a
amostra ..................................................................................................................................... 73
Tabela 17 - Participação dos segmentos docentes e TAE’s em cargos de gestão no Campus
Picuí .......................................................................................................................................... 74
Tabela 18 - Contribuição que os Coordenadores têm dado à elaboração dos Orçamentos
Anuais do IFPB Campus Picuí ................................................................................................. 79
Tabela 19 - Nível de participação da coordenação a qual o(a) coordenador(a) está
vinculado(a), na elaboração dos Orçamentos Anuais do IFPB Campus Picuí ......................... 80
Tabela 20 - Percepção da comunidade acadêmica acerca da possibilidade de participação na
elaboração e execução do orçamento do IFPB Campus Picuí .................................................. 81
Tabela 21 - Participação no processo de elaboração e execução do orçamento do Campus Picuí ..... 81
Tabela 22 - Forma de participação no processo de elaboração e execução do orçamento do
Campus Picuí ............................................................................................................................ 82
Tabela 23 - Motivo da não participação no processo de elaboração e execução do orçamento
do Campus Picuí ....................................................................................................................... 83
Tabela 24 - Conhecimento acerca dos critérios para a definição das prioridades orçamentárias
do Campus Picuí ....................................................................................................................... 83
Tabela 25 - Percepção da comunidade acadêmica acerca da transparência do atual processo de
elaboração e execução do orçamento do Campus Picuí ........................................................... 85
Tabela 26 - Percentual de recursos possíveis de serem destinados ao Orçamento Participativo
segundo os entrevistados .......................................................................................................... 88
Tabela 27 - Variáveis acerca da implementação de um modelo de Orçamento Participativo no
IFPB Campus Picuí .................................................................................................................. 92
Tabela 28 - Modelo de Orçamento Participativo a ser implantado no Campus Picuí .............. 94
Tabela 29 - Formas de participação da comunidade acadêmica no processo de elaboração do
Orçamento Anual do Campus Picuí.......................................................................................... 95
Tabela 30 - Critérios para destinação de recursos entre as coordenações de curso .................. 96
Tabela 31 - Recursos orçamentários que devem ser objeto de discussão por parte da
comunidade do IFPB Campus Picuí ......................................................................................... 96
Tabela 32 - Níveis de participação das diretorias, coordenações e comunidade acadêmica no
Orçamento Participativo do Campus Picuí ............................................................................... 97
Tabela 33 - Metodologia de condução das discussões do Orçamento Participativo do Campus Picuí . 98
Tabela 34 - Representatividade na composição do Conselho do Orçamento Participativo do
Campus Picuí ............................................................................................................................ 99
Tabela 35 - Escolha dos Conselheiros do Orçamento Participativo do Campus Picuí........... 100
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 15
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROPOSTA ............................................................................ 15
1.2 OBJETIVOS .............................................................................................................................. 18
1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................................... 18
1.2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................................ 18
1.3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................................... 18
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................................. 21
2.1 ORÇAMENTO PÚBLICO ....................................................................................................... 21
2.1.1 Origem do orçamento público ............................................................................................ 23
2.1.2 Evolução conceitual do orçamento público: orçamento tradicional x orçamento moderno .. 26
2.1.3 Princípios Orçamentários .................................................................................................... 31
2.1.4 Ciclo Orçamentário .............................................................................................................. 34
2.2 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO ........................................................................................... 36
2.2.1 Metodologias e variáveis determinantes à prática e à análise do Orçamento Participativo .. 40
2.3 A ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO NOS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO,
CIÊNCIA E TECNOLOGIA .......................................................................................................... 46
2.3.1 Metodologia do teto orçamentário de composição da Matriz CONIF .......................... 48
3 O IFPB CAMPUS PICUÍ .......................................................................................................... 51
3.1 BREVE HISTÓRICO INSTITUCIONAL ............................................................................... 51
3.2 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA .................................................................................. 55
3.3 COMUNIDADE ACADÊMICA .............................................................................................. 57
3.3.1 Segmento Discente ................................................................................................................ 57
3.3.2 Segmento Docente ................................................................................................................ 60
3.3.3 Segmento Técnico-Administrativo ..................................................................................... 61
3.4 INFRAESTRUTURA FÍSICA ................................................................................................. 62
4 PROCESSO ORÇAMENTÁRIO DO IFPB CAMPUS PICUÍ: MODELO ATUAL........ 64
4.1 PERCURSO METODOLÓGICO ............................................................................................ 64
4.2 PERFIL DOS ENTREVISTADOS ........................................................................................... 68
4.2.1 Gestores institucionais ......................................................................................................... 68
4.2.2 Discentes, docentes e TAE’s ................................................................................................. 69
4.3 O ATUAL MODELO DE ELABORAÇÃO, EXECUÇÃO E CONTROLE DA PEÇA
ORÇAMENTÁRIA DO IFPB CAMPUS PICUÍ ........................................................................... 74
5 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO: UMA PROPOSTA PARA O IFPB CAMPUS PICUÍ .. 90
5.1 PERCURSO METODOLÓGICO ............................................................................................ 90
5.2 ANSEIOS DA COMUNIDADE ACADÊMICA QUANTO À PARTICIPAÇÃO NO
PROCESSO ORÇAMENTÁRIO DO IFPB CAMPUS PICUÍ ..................................................... 91
5.3 DIRETRIZES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO NO
IFPB CAMPUS PICUÍ.................................................................................................................. 102
5.3.1 Criação do Conselho do Orçamento Participativo - COP ............................................ 102
5.3.1.1 Atribuições do COP ........................................................................................................... 103
5.3.1.2 Composição do COP ......................................................................................................... 104
5.3.1.3 Atribuições dos conselheiros do COP ............................................................................... 105
5.3.1.4 Criação do Comitê de Acompanhamento Permanente - CAP ......................................... 106
5.3.1.5 Dinâmica de funcionamento do COP ............................................................................... 107
5.3.2 Mobilização para uma ampla participação da comunidade acadêmica ..................... 107
5.3.2.1 Fóruns temáticos ................................................................................................................ 108
5.3.2.2 Plenárias ............................................................................................................................. 108
5.3.2.3 Seminários ......................................................................................................................... 110
5.3.3 Descentralização administrativa e distribuição orçamentária ......................................111
5.3.4 Recursos para o Orçamento Participativo ...................................................................... 114
5.3.5 Transparência e comunicação ........................................................................................... 114
5.3.6 Compromisso político ........................................................................................................ 116
5.3.7 Controle e accountability .................................................................................................... 117
5.3.8 Avaliação do Orçamento Participativo ............................................................................ 118
5.3.9 Dinâmica de funcionamento do Orçamento Participativo ............................................ 122
6 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJETO DE INTERVENÇÃO ..................... 126
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 129
APÊNDICES ................................................................................................................................ 137
15
1 INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta a contextualização do projeto de intervenção objeto deste
trabalho com a devida problematização que conduziu a construção do objetivo geral e dos
específicos, bem como as razões que o motivam e justificam.
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROPOSTA
O processo de redemocratização do Brasil atingiu seu ápice com a promulgação da
Constituição Federal de 1988 - CF/88, chamada “Constituição Cidadã”, dando origem a
descentralização das políticas públicas e, consequentemente, a novos espaços de participação
da sociedade civil na formulação, implementação e fiscalização dessas políticas (conselhos
gestores, conferências de políticas, fóruns, dentre outros), modificando sobremaneira as
formas de relacionamento entre Estado e Sociedade (SANTOS, AVRITZER, 2002; BULLA,
LEAL, 2006; CARLOS, 2007; PEREIRA, 2007). Ao prever a participação da sociedade civil
na concepção e fiscalização das políticas públicas por meio de instituições participativas
(conselhos gestores) e de mecanismos de participação (plebiscitos, referendos, leis de
iniciativa popular, dentre outros), a CF/88 torna-se o marco da democratização do país
(LADEIRA, BRASIL, 2015).
Apesar de sua criação não ter decorrido diretamente da CF/88, o Orçamento
Participativo destaca-se por ser uma das instituições participativas que mais se multiplicaram
no Brasil democrático (AVRITZER, 2006). Esse tipo de instituição possibilita a participação
da sociedade na elaboração e acompanhamento das prioridades na alocação de recursos
orçamentários dos órgãos públicos. Seu surgimento na Cidade de Porto Alegre, despertou a
atenção de atores de norte a sul do país acerca das novas formas de participação geradas pela
democratização brasileira (SANTOS, 1998; AVRITZER, 2002; BAIOCCHI, 2005;
SINTOMER, 2005), sendo, ainda, uma das instituições participativas mais conhecidas
internacionalmente devido ao êxito quando da sua implantação (AVRITZER, 2008).
Com esse processo de abertura democrática, vivenciado a partir da CF/88 e da
Reforma do Aparelho do Estado de 1995, as universidades públicas passariam a compor o
núcleo de serviços não-exclusivos do Estado, cujas relações com a administração pública
deveriam ser estabelecidas por contratos de gestão (BRESSER PEREIRA, 1996). Na prática,
foi exatamente isso que aconteceu com os antigos Centros Federais de Educação Tecnológica
16
e com as Escolas Agrotécnicas após suas transformações1 em Institutos Federais, por meio da
Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, uma vez que estas instituições passam a disputar
recursos com as Universidades Federais e com suas próprias unidades, numa espécie de
competição administrada.
A redefinição do papel do Estado promovido pela Reforma do Aparelho do Estado, de
sua área de atuação e de seu tipo de administração, aliada à descentralização e competição
administrada veio abrir uma janela de oportunidades para a maior participação cidadã e para
as inovações no campo da gestão pública, dentre as quais destacamos o Orçamento
Participativo, pelo seu poder promotor da participação e da gestão democrática.
O incentivo à participação nos processos orçamentários foi posteriormente reforçado
por meio da Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), que aliado ao
fortalecimento da sociedade civil, tem afetado diretamente os processos de planejamento,
elaboração e fiscalização dos orçamentos públicos em todas as esferas de governo, o que tem
levado os órgãos governamentais a imprimirem uma lógica mais democrática na definição das
prioridades na alocação dos recursos públicos (TATAGIBA, 2002).
Assim, e diante desse cenário de grandes transformações, onde os modelos de gestão e
planejamento utilizados pela esfera pública, antes considerados eficientes e eficazes, não mais
eram capazes de responder às demandas das instituições federais de ensino e da sociedade, e
tendo em vista que os Institutos Federais dependem do orçamento público para
desempenharem suas atividades, sendo assim sujeitos à limitações e contingenciamentos
orçamentários, reflexos das constantes crises econômicas pelas quais passa o Estado, torna-se
necessário e premente inovar.
Inserido nesse contexto, o processo de expansão e interiorização da Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica - RFEPCT2
e o consequente aumento da
oferta de serviços educacionais tem despertado na sociedade um maior interesse na
participação da gestão, no controle e na prestação de contas por parte dos gestores, visando,
em essência, o correto uso dos recursos públicos e a qualidade dos serviços postos à
disposição da população.
1 Por questões históricas, o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - CEFET-RJ, o
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG e o Colégio Pedro II do Rio de Janeiro,
mantiveram suas nomenclaturas, apesar de serem considerados Institutos Federais. 2 A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica é constituída por 38 Institutos Federais, pela
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, pelos Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da
Fonseca - CEFET-RJ e de Minas Gerais - CEFET-MG, pelas Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades
Federais e pelo Colégio Pedro II do Rio de Janeiro.
17
A RFEPCT vivencia a partir de 2003 a maior expansão de sua história, partindo de
140 unidades, construídas em todo o país entre 1909 e 2002, para 644 unidades, sendo 504
construídas no período de 2003 a 2016 (MEC, 2016). No Estado da Paraíba - PB, o número de
unidades saltou de 3 unidades existentes até 2002 para as atuais 21 unidades (campus, campus
avançado e centros de referência), sendo uma delas, o Campus Picuí.
O Campus Picuí do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba -
IFPB, não está alheio a este contexto de mudanças, pelo contrário, encontra-se nele inserido,
disputando recursos com as demais unidades da RFEPCT espalhadas por todo o país, uma vez
que, depende do orçamento público para desempenhar suas atividades. Tal fato vem
evidenciar a relevância da boa prática gerencial como o meio pelo qual a instituição, através
da escolha do seu modelo de gestão, poderá alcançar seus objetivos. Deste modo, o orçamento
participativo surge como instrumento auxiliar da gestão pública na busca pela eficiência e
eficácia de suas ações, aliando e fortalecendo a participação, a transparência, e o dever de
prestar contas por parte dos gestores públicos.
O atual processo de elaboração do orçamento que o IFPB Campus Picuí vem adotando
é caracterizado por um modelo top-down, tendo em vista que as prioridades na alocação dos
recursos e de sua execução, em todas as suas ações e programas, são definidas apenas pela
alta administração do Campus (Direção Geral, Diretoria de Administração, Planejamento e
Finanças e Diretoria de Desenvolvimento do Ensino), pela Coordenação de Planejamento,
pela Coordenação Pedagógica e de Apoio ao Estudante e, em alguns casos, pelas
Coordenações de Curso, ficando evidente a ausência de participação de sua comunidade tanto
na elaboração da peça orçamentária, quanto no seu devido controle e avaliação.
Desse modo, e para fins de melhoria da gestão, melhorias na avaliação institucional
por parte do Ministério da Educação - MEC, seguindo orientações de instituições de controle
interno e externo e, sobretudo reconhecendo as limitações do atual processo de planejamento
e orçamentação, principalmente em termos de participação da comunidade na definição e
acompanhamento das prioridades institucionais, o IFPB Campus Picuí necessita construir um
novo modelo de gestão que contemple os anseios de sua comunidade no que tange à
participação em todos os processos do seu ciclo orçamentário, sendo necessário, para tanto,
um diálogo constante com essa comunidade.
18
1.2 OBJETIVOS
Diante da problemática apresentada e visando a consecução do presente Projeto de
Intervenção para o IFPB Campus Picuí, foram estabelecidos o objetivo geral e os objetivos
específicos, conforme abaixo descritos.
1.2.1 Objetivo Geral
Propor um modelo de orçamento participativo para o Campus Picuí do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba que contemple os anseios de sua
comunidade acadêmica em termos de participação.
1.2.2 Objetivos Específicos
Apresentar o IFPB Campus Picuí em termos de organização administrativa,
comunidade acadêmica e infraestrutura;
Descrever o atual processo de elaboração, execução, controle e avaliação da peça
orçamentária do IFPB Campus Picuí;
Verificar a percepção da comunidade acadêmica acerca do atual processo
orçamentário;
Identificar os anseios da comunidade acadêmica em termos de participação nas
diversas etapas do processo orçamentário do Campus Picuí; e,
Indicar o formato e a dinâmica de funcionamento do Orçamento Participativo que
melhor se adeque à realidade do Campus Picuí.
1.3 JUSTIFICATIVA
Os objetivos desse Projeto de Intervenção justificam-se tanto em termos teóricos
quanto empíricos. A temática do orçamento participativo tem sido destaque nas discussões
profissionais, políticas e acadêmicas, principalmente a partir da década de 1980. Isso porque
tem sido crescente a demanda social por participação no planejamento, nas decisões e nas
definições das prioridades orçamentárias das instituições governamentais, por entenderem que
a participação é uma ferramenta capaz de contribuir com a promoção da eficiência, da eficácia
19
e da efetividade na gestão, no uso dos recursos públicos e na melhoria da qualidade dos
serviços postos a sua disposição.
Esse desejo de participação da sociedade na gestão, na definição e acompanhamento
das políticas públicas em todas as suas etapas, deu origem, a partir do final dos anos 1980, a
uma nova esfera de participação social nas definições das prioridades orçamentárias em
âmbito local, o que se convencionou chamar de Orçamento Participativo.
Nesse contexto, o orçamento participativo passou a ser incorporado em diversas
instâncias governamentais, em especial nos municípios brasileiros. Essa incorporação, por sua
vez, suscitou debates teóricos e publicações que analisam as experiências de orçamento
participativo, sobre seus desenhos institucionais, limites e contribuições. (GENRO, 1997;
ABERS, 2000; PIRES, 2001; SÁNCHEZ, 2002; AVRITZER, 2002, 2003, 2008; FERREIRA,
2003; CABANNES, 2005; FARAH, 2006; CARLOS, 2007; PEREIRA, 2007; GADELHA,
2010; KINGESKI, 2014; OLIVEIRA, 2015). A importância do estudo também se justifica
pelo fato de o Orçamento Participativo ter se tornado uma referência nacional e internacional
de democracia participativa em gestões locais, com um formato institucional que, regra geral,
perdura há mais de 20 anos.
A maioria dos estudos e pesquisas encontradas na literatura nacional trata do
orçamento participativo em instâncias governamentais (GENRO, 1997; PIRES, 2001;
AVRITZER, 2006; FEDOZZI, 2001; SINTOMER, 2005; WAMPLER, 2008), sendo, ainda,
escassos os estudos nessa temática realizados no âmbito das Instituições Federais de Ensino
(FERREIRA, 2003; MORAES, 2010), especialmente no que tange as Instituições Federais de
Ensino Profissional, Técnico e Tecnológico. A escassez desses estudos justifica-se tanto pela
expansão recente dos institutos quanto pelo fato de que o orçamento participativo ainda não se
constitui como uma prática nessas instituições. Assim, percebe-se uma lacuna de estudos
voltados para a participação no processo orçamentário dos Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia, bem como, de modelos de Orçamento Participativo adotados por
referidas instituições, fato instigante ao desenvolvimento do presente trabalho.
Dessa forma, ao estudar o orçamento participativo em uma Instituição Federal de
Educação Profissional e Tecnológica, denota-se a importância teórica desse estudo, e ao se
objetivar propor um modelo de orçamento participativo a ser implementado no IFPB Campus
Picuí, revela a sua relevância empírica. A implantação de um orçamento participativo em uma
Instituição Federal de Educação Profissional e Tecnológica visa ao incremento da participação
da comunidade no processo decisório, uma vez que institucionalizará uma prática gerencial
que contemple, de forma ampla, os anseios desta comunidade, identificando de forma
20
constante e acompanhada de várias discussões, as oportunidades de melhorias ou de
mudanças a serem realizadas na instituição. Assim, esse estudo possibilitará a realização de
uma reflexão e posterior reformulação do modelo de relacionamento atualmente existente em
termos de participação no processo orçamentário do IFPB Campus Picuí, da elaboração à
avaliação.
Faz-se importante também ressaltar que a escolha da temática deve-se ao fato do
pesquisador trabalhar no IFPB Campus Picuí, exercendo o cargo de Diretor de Administração,
Planejamento e Finanças, estando, portanto diretamente envolvido com o processo
orçamentário da instituição. De tal modo, que esse Projeto de Intervenção também alinha-se
aos interesses institucionais, especialmente considerando que o Mestrado em Gestão Pública,
em andamento, está sendo realizado a partir de um termo de cooperação firmado entre o
IFPB e a UFRN, visando à capacitação dos servidores e a melhoria dos seus processos de
gestão.
21
2 REVISÃO DA LITERATURA
Nesse capítulo serão apresentados os conceitos fundamentais para a realização da
pesquisa. Para tanto, utilizou-se de publicações que versam sobre: origens, evolução
conceitual, princípios e ciclo do orçamento público; orçamento participativo, metodologias e
variáveis determinantes a sua análise; e, por fim, o processo de elaboração do orçamento nos
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia por meio da utilização da Matriz
Orçamentária do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica - CONIF (Matriz CONIF).
2.1 ORÇAMENTO PÚBLICO
O conceito de orçamento público pode apresentar várias vertentes, dependendo,
evidentemente, do aspecto a ser abordado pelo autor. Giacomoni (2012) explica que essa
complexidade no consenso da definição de orçamento público é atribuída ao fato de se existir
uma multiplicidade de aspectos relacionados, tais como os aspectos financeiro, econômico,
administrativo, jurídico e político, por exemplo. Afirma ainda que o conceito de orçamento
vem ao longo dos tempos sofrendo modificações em decorrência da evolução social e de
alterações em sua função.
Em se tratando do aspecto financeiro, Angélico (1994) traz o orçamento como sendo
um planejamento de aplicação dos recursos esperados, em programas de custeios,
investimentos, inversões e transferências durante um período financeiro determinado. Essa
visão é corroborada por Giacomoni (2012) ao afirmar que o orçamento público é uma
ferramenta de gestão utilizada para organizar os recursos financeiros, consistindo dessa forma,
numa peça fundamental para custear as despesas do governo, quando da execução de seus
programas e políticas a partir da antecipação dos fluxos de receita e despesa.
Com relação ao aspecto econômico, Habckost (1991) afirma que o orçamento diz
respeito a um instrumento de direção das tendências conjunturais, repousa sobre o volume
vultuoso da parcela de renda nacional destinada ao custeio da máquina estatal. Tomando por
base o aspecto administrativo, referido autor define orçamento como sendo o instrumento
administrativo do qual dispõe o Poder Executivo para definir sua política, estabelecer seus
programas, instruir unidades executoras e lhes distribuir os recursos necessários.
No que tange ao aspecto jurídico, Araújo e Arruda (2006) e Giacomoni (2012)
conceituam orçamento público como lei que estima a receita e fixa a despesa para um
22
determinado exercício financeiro, estabelecendo responsabilidades, compromissos e
obrigações para a administração pública. Nesse aspecto, destaca-se o questionamento do
orçamento estar consubstanciado em base legal, o que reforça sua principal essência, que é ser
uma lei, e que, portanto, deverá ser seguida pelos gestores públicos (MOTA, 2009).
Habckost (1991) ainda conceitua orçamento sob o aspecto político, nesse sentido,
afirma que o orçamento corresponde a um instrumento de controle exercido pelo Poder
Legislativo sobre o Poder Executivo, conforme disposto na própria constituição.
Tradicionalmente, o orçamento é compreendido como uma peça que contém apenas a
previsão das receitas e a fixação das despesas para determinado período, sem preocupação
com planos governamentais de desenvolvimento, tratando-se assim de mera peça contábil e
financeira.
Bastos (1992) leciona que o objetivo maior do orçamento é de se tornar um
instrumento de exercício da democracia, por meio do qual os particulares exercem o direito,
por intermédio de seus representantes, de só verem efetivadas as despesas permitidas e as
arrecadações que estiverem devidamente autorizadas na lei orçamentária.
Baleeiro (2002) afirma que nos países democráticos, o orçamento é um ato pelo qual o
Poder Legislativo prevê e autoriza por um determinado período de tempo, as despesas
destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e àquelas adotadas pela política
econômica ou geral do país, bem como a arrecadação das receitas já criadas em lei. De forma
semelhante, Kashiwakura (1997) leciona que o orçamento público diz respeito à programação
das atividades de um governo, por um período de tempo determinado, à previsão dos recursos
para atendimento dos gastos fixados e a aprovação desse programa por um órgão
representativo da soberania estatal.
Em síntese, pode-se afirmar que o orçamento público é o principal instrumento de
ação estatal na economia e corresponde à expressão monetária dos recursos que deverão ser
mobilizados em um determinado período de tempo, para financiar as políticas públicas
previamente estabelecidas. Dessa forma, o orçamento assume três diferentes funções
econômicas: função alocativa, cujo objetivo é promover ajustamentos na alocação de recursos;
função distributiva, que visa promover ajustamentos na distribuição de renda; e, função
estabilizadora, que tem como escopo manter a estabilidade econômica (MUSGRAVE, 1974
APUD GIACOMONI, 2012, p. 22). Destarte, infere-se que o orçamento público não gera
recursos, ele permite, tão somente, o gerenciamento e a redistribuição das riquezas arrecadas
da sociedade por meio dos tributos.
23
2.1.1 Origem do orçamento público
A palavra ‘orçamento’ é de origem italiana, "orzare", e significa "fazer cálculos", ou
seja, a administração pública deverá efetuar os cálculos dos recursos a serem arrecadados,
para, posteriormente, poder prever suas despesas durante um determinado período de tempo,
evitando, desta forma, que sejam realizadas despesas sem a prévia existência de recursos para
sua quitação (GIACOMONI, 2012).
O marco legal e mais significativo no que se refere ao surgimento do orçamento
público não é novo, segundo Giacomoni (2012) ele remonta à criação da Magna Carta da
Inglaterra em 1215, outorgada pelo Rei João Sem Terra, cujo seu artigo 12 assim rezava:
Nenhum tributo ou auxílio será instituído no Reino, senão pelo seu Conselho
Comum, exceto com o fim de resgatar a pessoa do Rei, fazer seu primogênito
cavaleiro e casar sua filha mais velha uma vez, e os auxílios para esse fim serão
razoáveis em seu montante. (GIACOMONI, 2012, p. 31)
Nos Estados Unidos, os colonos da Virgínia fizeram a sua Assembleia Nacional votar
que “somente a Assembleia Geral da colônia tem o direito e poder de exigir imposto de seus
habitantes”. Essa providência decorreu do fato dos colonos terem ficado revoltados com a
determinação do parlamento de lançar impostos que seriam cobrados na colônia americana
para pagamento de despesas do governo inglês (SILVA, 2009).
Araújo e Arruda (2006) afirmam que a exigência orçamentária nesse país, foi
implantada em 1787 através da Declaração de Direitos do Congresso da Filadélfia. Conforme
Gontijo (2004), só em 1789 é que fora concedida pela Constituição ao Congresso, autorização
para orçar gastos, criar tributos e tomar empréstimos. Ainda segundo o autor, nesse mesmo
ano, o Congresso repassou ao recém-criado Departamento do Tesouro, a responsabilidade de
preparar e relatar as estimativas das receitas e despesas públicas.
Gomes (2004) descreve que, na França, a criação da Declaração de Direitos do
Homem e do Cidadão de 1789 também trouxe importantes regras para a elaboração do
orçamento público, conforme se observa em seus artigos 13,14 e 15:
Artigo 13- Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é
indispensável uma contribuição comum, que deve ser repartida entre os cidadãos de
acordo com as suas possibilidades.
Artigo 14- Todos os cidadãos têm o direito de verificar, por si ou pelos seus
representantes, a necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de
observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a coleta, a cobrança e a duração.
Artigo 15- A sociedade tem o direito de pedir contas a todo o agente público pela sua
administração.
24
Assim, a sociedade francesa adquiriu uma grande conquista com a promulgação da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, uma vez que lhes foi dado o direito de
poder manifestar-se sobre o orçamento público, saber quais impostos iriam pagar e, acima de
tudo, solicitar dos agentes públicos a prestação de contas da aplicação dos recursos públicos
arrecadados.
O Sistema Orçamentário Francês, em sua fase inicial, ajudou a consolidar algumas
regras, hoje aceitas como básicas na concepção doutrinária do orçamento público, dentre elas,
a anualidade do orçamento público, a votação do orçamento antes do início do exercício, a
inclusão de todas as previsões financeiras para o exercício e a não vinculação de itens da
receita à despesas específicas (GIACOMONI, 2012).
Em termos de Brasil, o processo de organização das finanças ocorre em função da
chegada de D. João VI, em 1808, quando a administração das finanças é transferida para o
país através da criação do Erário Público e do Regime de Contabilidade.
Com a promulgação da Carta Magna Brasileira de 1824, surgem as primeiras
exigências para a elaboração de orçamentos formais por parte das instituições públicas. O seu
artigo 172 estabelecia que:
O Ministro de Estado da Fazenda, havendo recebido dos outros ministros os
orçamentos relativos às despesas das suas repartições, apresentará na Câmara dos
Deputados, anualmente, logo que esta estiver reunida, um balanço geral da receita e
despesa do Tesouro Nacional do ano antecedente, e igualmente o orçamento geral de
todas as despesas públicas do ano futuro e da importância de todas as contribuições
e rendas públicas. (GIACOMONI, 2012, p. 40).
A Constituição de 1981 trouxe importante alteração na distribuição das competências
orçamentárias. A elaboração do orçamento passou a ser de competência privativa do
Congresso Nacional, assim como a tomada de contas do Poder Executivo, sendo instituído um
Tribunal de Contas para o devido auxílio no controle de gastos (GONTIJO, 2004;
GIACOMONI, 2012). Salienta Gontijo (2004) que, por ato do Congresso Nacional, foi
aprovado em 1922 o Código de Contabilidade da União (Decreto Federal nº. 4.536//1922), o
que possibilitou o ordenamento dos procedimentos orçamentários, financeiros, contábeis e
patrimoniais da gestão pública federal. Por esse código, o Poder Executivo, deveria fornecer
ao Poder Legislativo, todos os elementos necessários á elaboração da lei orçamentária
(GONTIJO, 2004).
Com a Constituição de 1934, a competência para a elaboração da proposta
orçamentária é atribuída ao Presidente da República, cabendo ao Legislativo a votação do
25
orçamento e o julgamento das contas do presidente, o que era realizado com o apoio técnico
do Tribunal de Contas (GONTIJO, 2004; GIACOMONI, 2012). Fato que merece destaque
nessa Constituição é a coparticipação dos dois poderes na elaboração da lei orçamentária,
tendo em vista que não fora colocado limites ao poder de emendar dos legisladores.
Em pleno regime autoritário do Estado Novo foi Decretada a Constituição de 1937. De
acordo com essa Constituição, a proposta orçamentária seria elaborada por um Departamento
Administrativo junto à Presidência da República e, posteriormente votado pela Câmara dos
Deputados e pelo Conselho Federal, uma espécie de Senado composto por dez membros
nomeados pelo Presidente da República (GONTIJO, 2004). O autor ainda afirma que esse
conselho nunca fora de fato instalado, sendo o orçamento elaborado e decretado pelo Poder
Executivo.
Em 1946, com a redemocratização do país, o orçamento voltou a ser do tipo misto,
onde o Poder Executivo elaborava o projeto de lei do orçamento e o encaminhava para
discussão e votação nas duas casas legislativas (GONTIJO, 2004). Tem-se assim, uma
coparticipação dos legisladores por meio da edição de emendas ao orçamento. Porém, essa
abertura era exagerada, uma vez que as emendas não exigiam os cancelamentos
compensatórios o que deu origem, em 1959, por exemplo, a um número de emendas de 8.572
e, tendo alcançado quase 100.000 em 1963. Esse quadro de descontrole só resolvido com a
edição da Lei 4.320/64, que impôs sérias restrições à possibilidade de emendar.
A Constituição de 1967, por sua vez, trouxe novas regras e princípios aos processos de
elaboração e fiscalização orçamentária, aparecendo com grande novidade, a retirada de
prerrogativas do Poder Legislativo quanto à iniciativa de leis ou emendas que criem ou
aumentem despesas, inclusive emendas ao projeto de Lei do Orçamento. Assim rezava o
artigo 67 da Constituição:
É da competência do Poder Executivo a iniciativa das leis orçamentárias e das que
abram créditos, fixem vencimentos e vantagens dos servidores públicos, concedam
subvenção ou auxílio ou de qualquer modo autorizem, criem ou aumentem a despesa
pública. (GIACOMONI, 2012, p. 44)
Em 5 de outubro de 1988, o país recebeu, então, sua sétima Constituição. A esse
respeito, Giacomoni (2012) escreveu que desde as primeiras discussões, o tema orçamentário
mereceu grande atenção dos constituintes, uma vez que era visto como símbolo das
prerrogativas parlamentares perdidas durante todo o período autoritário.
Nota-se assim que a principal novidade trazida pela CF/88, no que concerne ao
orçamento público, foi a devolução ao Poder Legislativo da prerrogativa de propor emendas
26
ao Projeto de Lei do Orçamento e a exigência de, anualmente, o Poder Executivo encaminhar
ao Poder Legislativo, projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias, com o fito de orientar a
elaboração da Lei Orçamentária Anual.
Evidencia-se ainda que, no Brasil, a elaboração, execução e controle do orçamento
público são regulados por diversos instrumentos legais, quais sejam:
a) Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de 1964, que estabelece as normas técnicas
de elaboração e execução do orçamento (BRASIL, 1964);
b) Constituição Federal de 05 de outubro de 1998, que em seus artigos 165 a 169,
estabelece as normas gerais acerca da gestão orçamentária e financeira (BRASIL,
1988);
c) Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, que estabelece normas de
finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e promove o
controle sobre os gastos públicos por meio de mecanismos de transparência
(BRASIL, 2000).
Além desses instrumentos legais que regulam em âmbito macro todo o processo
orçamentário, figuram ainda, como diretrizes na elaboração dos orçamentos, o Plano
Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e os decretos de programação orçamentária e
financeira, estes últimos expedidos anualmente antes da execução do orçamento.
2.1.2 Evolução conceitual do orçamento público: orçamento tradicional x orçamento
moderno
O orçamento público tem evoluído ao longo dos anos, acompanhando o
desenvolvimento e o progresso realizados no mundo, objetivando o aperfeiçoamento da
qualidade da distribuição de renda entre as pessoas, o inter-relacionamento entre as funções
de planejar e executar o orçamento, e o melhor controle sobre os gastos realizados pelos
governantes. De forma a melhor elucidar essa evolução, tomamos como referência a
classificação proposta por Giacomoni (2012) que divide a história da evolução conceitual e
técnica do orçamento em dois períodos: tradicional e moderno.
Assim, o orçamento tradicional e o orçamento moderno consistem em caracterizações
ideais das situações extremas dessa evolução (GIACOMONI, 2012). Para Silva (1973, p. 51)
o orçamento tradicional “é um instrumento de previsão das receitas e autorização das despesas
públicas, classificadas estas por objetivo, sem se cogitar as necessidades reais da
27
administração e da população, nem objetivos econômicos e sociais a atingir com sua
execução”.
Giacomoni (2012) compartilha da mesma visão ao afirmar que o orçamento
tradicional tinha como função principal, possibilitar aos órgãos de representação, um controle
político sobre os Executivos, adotando, para tanto, classificações de despesas suficientes
apenas para instrumentalizar seu controle, o que ocorria por meio de duas classificações: (a)
por unidades administrativas, ou seja, por meio dos órgãos responsáveis pelos gastos; e (b)
por objeto de despesa, ou seja, por natureza de despesa, tais como, pessoal, material etc.
Percebe-se assim que, o orçamento tradicional tinha como finalidade única, alcançar o
equilíbrio financeiro, apresentando uma preocupação exacerbada com o controle contábil do
gasto, o que vem a se refletir no exagerado detalhamento da despesa. Esse tipo de orçamento
ainda é caracterizado pelo incrementalismo, ou seja, por uma técnica de elaboração baseada
em incrementos efetuados no orçamento anterior, a partir da aplicação de índices de correções
tanto nas receitas quanto nas despesas. Desse modo, e por considerar apenas uma dimensão
do orçamento, o gasto, sem nenhuma espécie de planejamento das ações do governo, o
orçamento tradicional era peça meramente contábil-financeira, e sem a preocupação com a
realização dos programas de trabalho do governo, preocupando-se apenas com as
necessidades dos órgãos públicos para realização das suas tarefas, sem preocupação em
questionar sobre objetivos e metas a serem atingidos (GIACOMONI, 2012).
Bezerra Filho (2012) ressalta a existência do chamado orçamento de desempenho que
surgiu durante o processo de evolução do orçamento clássico (tradicional) para orçamento-
programa (orçamento moderno). Lembra o autor ainda que, nesse tipo de orçamento a ênfase
é dada aos resultados, entretanto, ainda não dava pra se falar em orçamento-programa, uma
vez que não havia qualquer vinculação do orçamento ao planejamento governamental.
Assim, pode-se dizer que no orçamento de desempenho, o gestor público passa a se
preocupar com o resultado dos gastos e não apenas com o gasto em si, ou seja, surge a
preocupação em saber o que o governo faz e não apenas o que ele compra.
Em virtude das limitações do modelo tradicional de orçamento e da necessidade de
aliar o planejamento ao orçamento por parte do setor público, surge o orçamento moderno
(orçamento-programa) em uma clara oposição ao orçamento tradicional. A partir daí, o
orçamento deixa de ser um mero instrumento de controle político e de gastos, para ser um
instrumento de gestão. Giacomoni (2012, p. 58) discorre que a “reforma orçamentária na sua
essência exigia que os orçamentos públicos deveriam constituir-se em instrumentos de
28
administração, de forma que auxiliassem o Executivo nas várias etapas do processo
administrativo: programação, execução e controle”.
Embora a Lei 4.320/64 tenha trazido grandes inovações orçamentárias à época, e tenha
se tornado um ponto de referência à adoção do orçamento-programa no Brasil, ela não faz
nenhuma menção específica ao modelo de orçamento-programa. Desse modo, a figura do
orçamento-programa no contexto brasileiro surge taxativamente a partir da edição do Decreto-
Lei nº. 200, de 25 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a organização da Administração
Federal e estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa.
Albuquerque, Medeiros e Feijó (2013) afirmam que a necessidade de elaboração do
orçamento precedido por um planejamento, tornou-se indiscutível no cenário brasileiro, assim,
antes mesmo de se fixar a despesa, as intervenções do governo deveriam ser planejadas de
forma estratégica, de modo a enfrentar os principais problemas da sociedade brasileira,
colocando-os em ordem de prioridade.
Ao analisar o orçamento público, Kohama (2003) já o faz dentro de um contexto de
planejamento integrado quando discorre que a responsabilidade fundamental do Governo é a
busca pelo melhor nível dinâmico de bem-estar da coletividade e, para tanto, utiliza-se de
técnicas de planejamento e programação de ações que são condensadas no sistema de
planejamento integrado. Em síntese o autor afirma que esse sistema busca essencialmente o
diagnóstico da situação atual de modo a identificar as ações ou alterações a serem
desenvolvidas com o escopo de atingir a situação desejada.
Ainda segundo o autor, o Sistema de Planejamento Integrado, no Brasil, conhecido
também como Processo de Planejamento-Orçamento, consubstancia-se nos seguintes instru-
mentos: a) Plano Plurianual - PPA; b) Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO; e, c) Lei de
Orçamentos Anuais - LOA.
O orçamento-programa, diz respeito a um instrumento de planejamento que permite a
identificação dos programas, projetos e atividades que o governo pretende realizar,
estabelecendo os objetivos, as metas, os custos e os resultados esperados, oferecendo assim,
um maior nível de transparência dos gastos públicos (BEZERRA FILHO, 2012).
Segundo Giacomoni (2012), o orçamento-programa sustenta-se em quatro elementos
essenciais. O primeiro diz respeito aos objetivos e propósitos perseguidos pela instituição, e
que são materializados com a utilização dos recursos orçamentários. O segundo consiste nos
programas, ou seja, nos instrumentos de integração dos esforços do governo para alcançar e
concretizar os objetivos. O terceiro refere-se aos custos dos programas, os quais devem ser
mensurados por meio da identificação dos meios ou insumos necessários ao atingimento dos
29
resultados. O quarto elemento concerne nas medidas de desempenho cuja finalidade é medir
as realizações (produto final), bem como, os esforços empreendidos na execução dos
programas.
Figura 1 - Principais componentes do orçamento-programa
Fonte: Adaptado de Giacomoni (2012, p. 163)
Na concepção de Bezerra Filho (2012), o moderno orçamento-programa deve inferir,
ao final de um período preestabelecido estrategicamente, se os produtos gerados por meio das
ações governamentais atenderam as metas, objetivos e diretrizes previamente estabelecidas,
sob a égide da eficiência, eficácia e efetividade dos resultados. Referido autor ainda destaca
que o orçamento-programa deve conter, no mínimo, as variáveis abaixo listadas, cujo
relacionamento podemos visualizar por meio da Figura 2:
a) as diretrizes ou macro-objetivos da gestão governamental, espelhadas no Plano
de Governo do representante do Chefe do Poder Executivo eleito;
b) estabelecidas as diretrizes, levantam-se os programas, que serão os instrumentos
da organização orçamentária do governo;
c) para cada programa devem ser levantados os objetivos a serem perseguidos pela
administração pública, em cuja consecução aplicar-se-ão recursos públicos;
d) cada programa conterá tantas ações quantas forem necessárias à sua consecução;
e) na ação, individualmente, deverá será vinculado o produto a ser gerado, a meta
física a ser atendida, os insumos e respectivos custos;
f) a execução orçamentária (despesa) das ações resultará em vários produtos que
juntos deverão atender à demanda social objetivada. (BEZERRA FILHO, 2012, p.
13)
Objetivos
Programa
Medida de desempenho
Custo
Produto final
30
Cabe, pois, destacar que por força de dispositivos legais, o orçamento-programa deve
ser a base conceitual para a elaboração da LOA. A técnica do orçamento-programa, possibilita
a elaboração de diversos modelos de orçamento público, dos quais destacamos o orçamento
base zero e o orçamento participativo.
Figura 2 - Lógica do orçamento-programa
Fonte: Adaptado de Bezerra Filho (2012, p. 13)
O orçamento base zero diz respeito a uma abordagem orçamentária inicialmente
desenvolvida nos Estados Unidos, no final da década de 60, pela empresa Texas Instruments
Co. e posteriormente adaptado para o setor público (GIACOMONI, 2012). O orçamento de
base zero ou por estratégia, constitui-se em um processo operacional, de planejamento e
orçamento, que exige do gestor público uma justificativa detalhada de todos os recursos
solicitados (SILVA, 2009).
Esse tipo de orçamento corresponde a uma técnica utilizada para a confecção do
orçamento-programa, que consiste basicamente em uma análise crítica de todos os recursos
solicitados pelos órgãos governamentais. Na fase de elaboração da proposta orçamentária de
base zero, há questionamentos acerca das reais necessidades de cada área, não havendo,
evidentemente, compromisso com qualquer montante inicial de dotação, dessa forma, os
Demandas
Diretrizes
Programa
Objetivo (n) Ações
Meta
Produto
Insumos
Produtos gerados
31
órgãos governamentais deverão justificar anualmente, na fase de elaboração da sua proposta
orçamentária, a totalidade de seus gastos, sem utilizar o ano anterior como valor inicial
mínimo.
O orçamento participativo, caracteriza-se por uma participação direta e efetiva das
comunidades na elaboração da proposta orçamentária do governo, sendo um mecanismo
governamental de democracia participativa que permite aos cidadãos influenciar ou decidir
sobre os orçamentos públicos, geralmente os orçamentos de investimentos de prefeituras e
estados, através de processos de participação cidadã (PASCOAL, 2002). Ressalte-se que esse
modelo de orçamento é o alvo deste trabalho e será mais detalhado no subitem 2.2.
2.1.3 Princípios Orçamentários
De acordo com a legislação e a literatura aplicada, existem vários princípios básicos
que devem ser seguidos para a elaboração e controle do orçamento público, alguns definidos
pela própria legislação (CF/88, Lei Federal nº 4.320/1964 e Lei Complementar nº 101/2000) e
outros propostos pelos mais diversos estudiosos da temática, conforme disposto no Quadro 1.
Giacomoni (2012) alega que desde os primórdios, o instituto do orçamento é cercado por uma
série de regras cujo objetivo é aumentar a consistência no uso de sua principal finalidade que
é auxiliar o controle parlamentar sobre o Poder Executivo.
32
Quadro 1 - Princípios orçamentários por autor
Princípios Orçamentários
Autores
Angélico
(1994)
Piscitelli e
Timbó
(2010)
Quintana
et al.
(2011)
Bezerra
Filho
(2012)
Giacomoni
(2012)
Sugiura
(2014)
Anualidade/periodicidade X X X X X X
Clareza X X
Discriminação/especialização
/especificação X X X X X
Equilíbrio X X X X X
Exclusividade X X X X X X
Legalidade X X X
Não vinculação/afetação das
receitas X X X X
Orçamento bruto X X X X
Programação X
Proibição do estorno de
verbas X
Publicidade X X X X
Transparência X
Unidade/totalidade X X X X X X
Uniformidade X
Universalidade X X X X X X
Fonte: Elaboração própria com base em Angélico (1994), Piscitelli e Timbó (2010), Quintana et al. (2011),
Bezerra Filho (2012), Giacomoni (2012) e Sugiura (2014).
Silva (1962, p. 5) afirma que os princípios orçamentários “não têm caráter absoluto ou
dogmático, antes constituem categorias históricas e, como tais, estão sujeitas a transformações
em seu conceito e significação”. Normalmente, os princípios orçamentários têm como escopo
estabelecer regras e critérios que orientem e norteiem a elaboração, execução e controle do
orçamento público. Os princípios orçamentários mais difundidos atualmente são apresentados
no Quadro 2.
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Quadro 2 - Princípios Orçamentários
Princípios Orçamentários
Anualidade ou
periodicidade
O orçamento público deve ser elaborado e autorizado para um exercício financeiro
o que coincidirá com o ano civil, ou seja, de 1º de janeiro a 31 de dezembro.
Clareza O orçamento deverá ser elaborado de forma que qualquer pessoa que precise
manipulá-lo saiba e tenha condições de entender seu conteúdo.
Discriminação,
especialização ou
especificação
Todas as receitas e despesas devem estar elencadas no orçamento público de forma
discriminada, no mínimo, por elementos (desdobramentos das despesas com
pessoal, material, serviços, obras, etc).
Equilíbrio Estabelece que as despesas autorizadas devem ser compatíveis com as receitas
previstas para cada período financeiro.
Exatidão O administrador público não deve estimar receitas ao seu livre arbítrio, sem possuir
dados concretos, mas sim, com base em questões técnicas e éticas.
Exclusividade
O orçamento deve possuir apenas matéria orçamentária e não conter assuntos
estranhos à estimativa da receita e à fixação da despesa, sendo exceção a este
princípio as autorizações para abertura de créditos suplementares e contratação de
operações de créditos.
Legalidade
Nenhuma receita poderá ser arrecadada e nenhuma despesa poderá ser aplicada sem
que estejam incluídas no orçamento anual, nem os seus limites poderão ser
ultrapassados.
Não-afetação das
receitas
O orçamento público não deverá vincular as receitas para atender certos e
determinados gastos.
Orçamento bruto Todas as receitas e despesas deverão estar elencadas na peça orçamentária com seus
valores brutos, sem qualquer tipo de dedução.
Programação O orçamento deve expressar as realizações e objetivos de forma programada.
Proibição do estorno de
verbas
Veda a transposição, o remanejamento ou transferência de recursos orçamentários,
seja de uma categoria para outra, seja de um órgão para outro, sem prévia
autorização do poder legislativo.
Publicidade
O conteúdo do orçamento público deverá ser amplamente divulgado através dos
veículos de divulgação oficiais do ente público, uma vez que a publicidade é
requisito essencial para sua validade e eficácia.
Transparência
Determina que o administrador público divulgue o orçamento público de forma
ampla à sociedade, disponibilizando para qualquer pessoa, informações sobre a
arrecadação da receita e a execução da despesa.
Unidade ou totalidade O orçamento deve ser uno, ou seja, cada entidade de direito público deverá possuir
apenas um orçamento, fundamentado em uma única política orçamentária.
Uniformidade
Estabelece que o orçamento, em seu aspecto formal, deva ser padronizado nos
diversos exercícios em que é executado, de forma a permitir sua comparação ao
longo do tempo.
Universalidade
O orçamento público deve conter todas as receitas e todas as despesas do ente
público, o que é fundamental para o controle parlamentar sobre as finanças
públicas.
Fonte: Elaboração própria com base em Angélico (1994), Piscitelli e Timbó (2010), Quintana et al. (2011),
Bezerra Filho (2012), Giacomoni (2012) e Sugiura (2014).
Embora bastante difundidos e úteis à boa prática orçamentária e ao cumprimento dos
fins para os quais se propõe o orçamento, os únicos princípios orçamentários que têm
fundamento legal (constitucional e/ou infraconstitucional) e, por isso, obrigam os gestores
públicos a segui-los são: legalidade (§ 8º, art. 165 da CF/88); anualidade ou periodicidade (art.
34 da Lei nº 4.320/64); unidade ou totalidade (art. 2º da Lei nº 4.320/64 e §§ 1º ao 5º, art. 165
da CF/88); universalidade (art. 2º e 3º da Lei nº 4.320/64 e inc. II, §5º, art. 165da CF/88);
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orçamento bruto (art. 6º da Lei nº 4.320/64); equilíbrio (§ 3º, art. 166 e inc. II, IV e V, art. 167
da CF/88); exclusividade (§ 8, art. 165 da CF/88); discriminação, especialização ou
especificação (art. 15 da Lei nº 4.320/64, inc. VII, art. 167 e §§ 1º e 2º, art. 167 da CF/88);
publicidade (Parágrafo único, art. 45; art. 48; art. 51; § 1º, art. 64 da Lei nº 4.320/64 e art. 37
da CF/88); não-afetação da receita (inc. IV, art. 167 da CF/1988).
Por fim, ressalta-se que os princípios orçamentários podem apresentar exceções,
trazidas muitas vezes pelo próprio legislador, como é o caso das vinculações constitucionais
de receitas destinadas à educação e saúde, por exemplo, o que não configura, a nosso ver, o
descumprimento de tais princípios.
2.1.4 Ciclo Orçamentário
O ciclo orçamentário brasileiro diz respeito ao período em que se processam as
atividades típicas do orçamento, o que compreende basicamente quatro fases: a) elaboração da
proposta orçamentária; b) discussão, votação e aprovação da lei orçamentária; c) execução
orçamentária; e, d) controle de avaliação da execução orçamentária, conforme se visualiza por
meio da Figura 3.
Figura 3 - Ciclo orçamentário
Fonte: Adaptado de Giacomoni (2012, p. 215)
Elaboração da proposta
orçamentária
Discussão, votação e aprovação da lei
orçamentária
Execução orçamentária
Controle de avaliação da
execução orçamentária
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A elaboração da proposta orçamentária é de competência do Poder Executivo, que,
com base na LDO, fixa os objetivos para o período, levando-se em conta as despesas
correntes já existentes e aquelas a serem criadas, realizando os cálculos dos recursos humanos,
materiais e financeiros necessários à sua materialização (KOHAMA, 2003; SLOMSKI, 2003).
Deve-se, ainda, nessa fase, ser formalizada a lei, de acordo com os anexos constantes na Lei
Federal nº. 4.320/64. Cabe ressaltar que em alguns estados e municípios, ocorrem também as
discussões do que fazer com os recursos públicos via orçamento participativo. Finalizada essa
etapa, a proposta orçamentária segue para o Poder Legislativo, sendo necessário estar de
acordo com as disposições estabelecidas pela LDO e pelo PPA.
A fase de discussão, votação e aprovação da lei orçamentária é de competência do
Poder Legislativo e consiste na apreciação da proposta encaminhada pelo Poder Executivo,
podendo o Legislativo elaborar emendas constitucionais, dentro dos prazos legais. Kohama
(2003) leciona que o significado dessa fase configura-se na necessidade de se ouvir os
representantes do povo para que estes intervenham nas decisões de suas aspirações. Depois de
discutida e aprovada, a redação final do projeto segue para a sanção por parte do chefe do
Poder Executivo. As fases de elaboração e discussão da proposta orçamentária desenvolvem-
se praticamente durante o ano todo, de forma a possibilitar que o orçamento seja executado a
partir do início do exercício financeiro seguinte (PISCITELLI; TIMBÓ, 2010).
Na fase de execução orçamentária, serão realizados os projetos e as atividades
descritas na LOA. Essa fase do orçamento será realizada dentro do exercício financeiro
correspondente à Lei do Orçamento, o que, no Brasil coincide com o ano civil. Castro e
Garcia (2004) afirmam que é nesse momento que a Administração Pública implementa suas
ações para a concretização de suas políticas públicas, ou seja, nessa fase, os órgãos da
Administração Pública executam os programas de governo previstos na LOA.
A fase de controle de avaliação da execução orçamentária inicia-se concomitantemente
com a fase de execução orçamentária, e objetiva verificar se o orçamento está sendo cumprido
de forma legal e também se o que foi previsto está sendo executado. Esse controle pode ser
interno, quando é realizado pela própria gestão governamental executora, ou pode ser externo,
quando é realizado pelo Poder Legislativo através dos Tribunais de Contas em conformidade
com a Lei nº 4.320/64.
Frise-se, por fim, que a Lei Complementar nº. 101/2000 (Lei de Responsabilidade
Fiscal) estabelece punições para o caso de descumprimento das leis orçamentárias. A esse
respeito, Santos (2001) afirma que a LRF “[...] aumentou a transparência das contas públicas,
aumentando o número de pessoas com acesso a elas e em condições de analisá-las e apontar
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eventuais descontroles”. Desse modo, verifica-se que a lei favorece o cidadão no exercício do
controle social das contas públicas.
2.2 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO
No Brasil, as lutas pela democratização e pela maior participação da sociedade na
concepção e fiscalização das políticas públicas, fizeram surgir novos “espaços participativos”
(conselhos gestores, conferências de políticas, fóruns, orçamentos participativos, dentre
outros), algo determinante para a concepção do ideal democrático da época (anos 1980).
A CF/88 trouxe, em seu bojo, a institucionalização da participação através de diversos
mecanismos de participação social, ampliando os espaços públicos, e nele inserindo pelo
menos três dimensões: deliberação de políticas públicas, democratização do processo
decisório e a possibilidade do controle social das ações governamentais (FARAH, 2006).
Corroborando, Avritzer (2008) explica que o processo de construção e efetivação de
espaços participativos deve-se à infraestrutura da participação, o que, no seu entendimento,
diz respeito à variedade de instituições participativas que se expressam através de desenhos
institucionais diferenciados, como por exemplo, os orçamentos participativos, os conselhos de
políticas e os planos diretores municipais. Esses desenhos institucionais, segundo o autor, dão
origem a pelo menos três formas pelas quais os cidadãos ou associações da sociedade civil
intervêm nas políticas públicas por meio da participação no processo de tomada de decisão.
Acerca das instituições participativas, Avritzer e Pereira (2005) afirmam que são instituições
híbridas, uma vez que o poder de decisão é partilhado pelos representantes do governo e da
sociedade civil.
Segundo Dagnino (2002) a implementação de espaços dessa natureza objetiva a
discussão de diferentes interesses que possam conduzir a construção de consensos, a
formulação e reformulação de agendas que se tornem objetos de consideração por parte do
Estado.
É nesse cenário de redemocratização do país que a sociedade brasileira inicia um
gradativo processo de ampliação de sua participação, ensaiando, dessa forma, uma
reaproximação com o Estado, por meio dos movimentos sociais organizados e de grupos
políticos, que caracterizariam o aparecimento do Orçamento Participativo (FERREIRA, 2003).
A origem do Orçamento Participativo não decorre diretamente da CF/88, entretanto,
foi a instituição participativa que verdadeiramente se multiplicou no Brasil democrático
(AVRITZER, 2006). Esse tipo de instituição possibilita a participação da sociedade na
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elaboração e acompanhamento das prioridades na alocação de recursos orçamentários dos
órgãos públicos. Teve origem na Cidade de Porto Alegre-RS no ano de 1989 (ABERS, 2000;
PIRES, 2001; FEDOZZI, 2001; AVRITZER, 2003; WAMPLER, 2008), sendo uma das
instituições participativas mais conhecidas nacional e internacionalmente devido ao êxito
quando da sua implantação (CABBANES, 2005; AVRITZER, 2008). Cabe ressaltar que,
embora a maioria dos autores defenda o surgimento do Orçamento Participativo na cidade de
Porto Alegre-RS no ano de 1989, casos precursores de experiências participativas de menor
visibilidade, organização e durabilidade remontam às cidades de Vila Velha-ES (1986-1988),
Lajes-SC (1978-1982), Boa Esperança-ES (1978-1982), Diadema-SP (1983-1988) e
Piracicaba-SP (1978-1982) (BOSSOIS, 1987; DUCHROW, 2004; PIRES, 2000, 2001).
Como já visto em seções anteriores, o orçamento participativo é considerado uma
técnica de elaboração do orçamento público, mais precisamente do orçamento-programa
atualmente adotado pelo Brasil, sendo fruto das lutas sociais por maior participação na
elaboração e fiscalização das políticas públicas, bem como da participação na própria gestão
da coisa pública.
O Orçamento Participativo baseia-se em quatro elementos: a) cessão da soberania; b)
reintrodução de elementos da participação local e de delegação; c) princípio da autorregulação
soberana; d) tentativa de reverter as prioridades de distribuição dos recursos públicos no nível
local (AVRITZER, 2003).
O primeiro elemento, diz respeito à cessão da soberania, por aqueles que a detêm e
que fora resultado de um processo representativo local, a um conjunto de assembleias
regionais e temáticas, operadas a partir de critérios de universalidade participativa, onde todos
os cidadãos tornam-se automaticamente, membros dessas assembleias e com igual poder de
deliberação. Essa cessão da soberania deixa clara a disposição do gestor em partilhar sua
prerrogativa decisória com toda a comunidade (AVRITZER, 2003).
A reintrodução de elementos de participação, como por exemplo, as assembleias
regionais, e de elementos de delegação, tais como os Conselhos do Orçamento Participativo,
representam, portanto, uma combinação de métodos participativos que estabelecem um
desenho institucional que permite aos cidadãos decidirem diretamente, elegerem seus
representantes e, consequentemente, delegarem a eles a tarefa de compatibilizarem as
prioridades elencadas às limitações orçamentárias do ente governamental (AVRITZER, 2003).
O terceiro elemento, o princípio da autorregulação soberana, ressalta que a
participação envolve um conjunto de regras definidas pelos próprios participantes, reforçando
assim, o caráter deliberativo do Orçamento Participativo, tendo em vista que além das
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definições acerca das prioridades atinentes ao plano de investimentos, abre-se também a
oportunidade para deliberar sobre as regras do processo o que torna seus atores, coautores não
só do plano de investimentos municipal, mas também, do próprio processo participativo.
O quarto elemento, a tentativa imposta pelo Orçamento Participativo, de reverter as
prioridades na distribuição dos recursos públicos no nível local, consiste na utilização de
fórmulas que buscam privilegiar setores mais carentes da população, o que, em geral, varia de
cidade para cidade, e que buscam um efeito não só do ponto de vista político, mas também do
ponto de vista social, tendo em vista que a população menos favorecida passa a receber mais
atenção do poder público, o que lhes confere maior legitimidade no processo (AVRITZER,
2003).
Para Ferreira (2003), o conceito de Orçamento Participativo tanto quanto o de
Orçamento Público, vem evoluindo ao longo da história, tornando-se impossível prever um
tipo ideal de orçamento, uma vez que ele está diretamente ligado às funções do Estado, a
reforma do governo e aos anseios da população, o que torna possível perceber que a relação
entre orçamento público e democracia no Brasil não ocorreu de forma diversa de outros países,
passando por períodos de evoluções e de retrocessos, tendo em vista os movimentos
autoritários ou democráticos vividos pelo país.
Tal como já havia ressaltado Pires (2001, p.37) ao historiar que:
Os ventos democráticos, que começaram a soprar no Brasil no final dos anos setenta
e início dos anos oitenta, trouxeram consigo um ímpeto participacionista bastante
amplo, originado de setores sociais mobilizados e de grupos políticos que se
consolidaram no bojo da luta contra a ditadura militar. Esta grita por maior
influência dos cidadãos comuns sobre as decisões do Estado foi ampliada pela
imprensa, agora livre das mordaças que lhes haviam sido impostas anteriormente.
No afã de diminuir o fosso que o regime autoritário havia cavado entre o governo e a
sociedade civil, os setores sociais e grupos políticos que forjaram a democratização
sempre colocaram entre as suas preocupações reclamos por direitos sociais e
políticos cuja solução passava por posicionamentos e medidas deliberadas e
praticadas pelas diferentes esferas de governo. Sob tal clima, não tardou para que
uma proposta de participação popular na gestão dos recursos públicos aparecesse
como a palavra de ordem, especialmente nos momentos de disputa eleitoral e nas
ocasiões em que grupos tradicionalmente oposicionistas assumiam governos. Foi
assim que o chamado Orçamento-participativo se tornou proposta corrente no
cenário político brasileiro, nos anos oitenta, numa retomada, por alguns segmentos
políticos, das tentativas municipais de planejamento participativo que se esboçaram
de meados da década de setenta para o final da década seguinte.
Constatou-se com base na literatura que diversos são os conceitos atribuídos ao
Orçamento Participativo, pelos mais diversos estudiosos da temática, sem, no entanto, se
distanciarem da essência dessa nova instância de participação - a democratização dos
processos decisórios da gestão pública.
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Diante da institucionalização das experiências participativas e orientada pelos
pressupostos norteadores da cogestão, Gohn (1999) define Orçamento Participativo como
sendo um processo criado pelo Estado e desenvolvido segundo uma dinâmica planejada em
seu âmbito, mas que deve observar os elementos reais de uma partilha de poder, tendo em
vista que a soberania popular passa a ser o critério norteador e fundamento básico para a
aplicação dos recursos e programas públicos.
De maneira similar, Avritzer (2008, p. 40) afirma que o Orçamento Participativo é
“uma forma de balancear a articulação entre representação e participação ampla da população
através da cessão da soberania por aqueles que a detêm enquanto resultado de um processo
eleitoral”. Essa definição, entretanto, deixa claro o caráter discricionário do gestor público em
relação ao Orçamento Participativo.
Na concepção de Pires (2001), o Orçamento Participativo representa mais um passo na
direção do aperfeiçoamento político, uma vez que ao participar das decisões sobre finanças e
políticas publicas, a população organizada assume um papel ativo, passa a ser gente e não
mero paciente. Ainda segundo o autor, o orçamento participativo é uma tentativa, ainda que
incipiente, de aflorar o processo de cidadania, sendo uma “oportunidade para a tomada de
consciência que abre alas para a cidadania, assim como para a exorcização do populismo, que
tão mal fez e faz a ela” (PIRES, 2001, p. 68).
Ao discorrerem sobre o Orçamento Participativo, Oliveira e Hovarth (1999, p. 112)
têm conceituado essa instituição participativa como sendo uma iniciativa dos governantes que:
a) busca decisão descentralizada;
b) cria conselhos populares, o que enseja a produção de opinião pública
independente;
c) faz com que o cidadão desloque seu centro de atenção para questões locais;
d) gera a consciência da participação do cidadão;
e) dá nascimento a dois focos de poder democrático: um pelo voto; outro, pelas
instituições diretas de participação.
Leciona Wampler (2008) que o Orçamento Participativo consiste em um processo
decisório que se estende por todo o ano fiscal. Esse processo organiza-se em torno de
assembleias onde os cidadãos se engajam, juntamente com o poder público, em negociações
acerca da alocação de recursos que envolvam novos investimentos de capital.
Sobre as contribuições do Orçamento Participativo, Genro e Souza (1997) destacam a
democratização da relação do Estado com a sociedade; a superação da crise do socialismo
burocrático; e a criação de uma esfera pública, não estatal, em que a sociedade pode controlar
o Estado. Esses autores apresentam ainda o processo de cogestão como “fruto da combinação
40
de democracia direta efetuada pela população no Orçamento-participativo e a democracia
representativa em que a população da cidade elegeu”, de tal modo que contribuem para
projeção de “marcos da utopia que queremos conquistar e o modo de democracia que
queremos construir em qualquer âmbito e instância do poder”. (GENRO, SOUZA, 1997,
p.10).
Cabe frisar que, mesmo não sendo claramente explicitada a necessidade de
participação nos planos e orçamentos governamentais, a Lei Complementar nº 101/2000 traz
requisitos da participação popular na elaboração e transparência do orçamento público,
estabelecendo o seguinte:
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada
ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos,
orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo
parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de
Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.
Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante:
I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os
processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e
orçamentos; [...]
Dessa forma, fica mais uma vez evidenciado que a participação da população não é
apenas importante, é uma obrigação legal do gestor, e este deverá buscar formas de estimular
essa participação, objetivando, acima de tudo, dar transparência e permitir o controle social
dos atos de governo.
2.2.1 Metodologias e variáveis determinantes à prática e à análise do Orçamento
Participativo
Definir a metodologia a ser adotada para a implementação e desenvolvimento e
avaliação do Orçamento Participativo não constitui tarefa fácil, tendo em vista a
multiplicidade de fatores de ordem técnica, geográfica, política, legal etc, que condicionam
todo o processo participativo, o que por si só impossibilita a transposição de modelos
fechados. Desse modo, percebe-se que o impacto do Orçamento Participativo apresenta
variações em cada município, sendo seus resultados bastante significativos em alguns e
irrelevantes em outros.
De forma a explicar tais variações foi produzida uma vasta literatura acerca dos
métodos de análise, variáveis determinantes à prática do Orçamento Participativo, bem como
dos seus conceitos comuns e resultados, comparando as experiências dos mais diversos
41
municípios e tendo como modelo de referência a experiência da Cidade de Porto Alegre-RS,
escolhido pelo Programa de Gestão Urbana da Organização das Nações Unidas - ONU, Seção
para a América Latina, como uma das 22 melhores práticas de gestão pública, sendo, ainda,
considerada pelo Comitê Técnico da ONU, Habitat II, como uma das 42 melhores práticas de
gestão urbana do mundo (GENRO E SOUZA, 1997; ABERS, 2000b; PIRES, 2001;
AVRITZER, 2003; WAMPLER, 2003; SILVA, 2003b; RIBEIRO E GRAZIA, 2003;
DUCHROW, 2004; CRUZ NETO, 2009; OLIVEIRA, 2015).
Ao tratar do tema, Silva (2003b) ensina que os processos sociais atinentes ao
Orçamento Participativo de Porto Alegre-RS são extremamente complexos e sua implantação
e desenvolvimento foram condicionados a um considerável número de variáveis. À vista disso,
delimitar variáveis torna-se um processo simplificador e bastante útil para a boa prática do
Orçamento Participativo e a consequente melhoria dos seus resultados.
Antes que se faça quaisquer análise acerca do Orçamento Participativo, faz-se
necessário identificar sua metodologia em termos de poder decisório, nessa perspectiva, Pires
(2000) defende que uma das principais classificações metodológicas do Orçamento
Participativo os divide em duas vertentes, Orçamento Participativo Lato Sensu e Orçamento
Participativo Stricto Sensu.
Orçamento Participativo Lato Sensu é aquele com caráter mais consultivo onde a
participação da população não necessariamente conduz a deliberações aceitas pelo poder
público, mas dão origem, na maioria das vezes, a constrangimentos a sua completa liberdade
de ação, aí se enquadram os fóruns de acompanhamento, as audiências públicas, as prestações
de contas periódicas, bem como todas as demais formas criadas para pôr fim à falta de
transparência na gestão da coisa pública. Este tipo de Orçamento participativo caracteriza-se
também pelo seu papel fiscalizador, sem poder de deliberação. Pode-se ainda afirmar que,
nessa tipologia, a escolha dos temas que serão abordados nas plenárias/reuniões com a
população já vem previamente organizada pelo governo, restando à população apenas a
definição das prioridades das ações a serem desempenhadas nos seus bairros ou localidades
(PIRES, 2000).
Já o Orçamento Participativo Stricto Sensu diz respeito àquele onde há a presença de
um poder deliberativo acerca das questões orçamentárias, apesar de se respeitar um acordo
mútuo entre governo e população. Incluem-se nessa tipologia os Orçamentos Participativos
que apresentam processos de discussão deliberativa onde a voz e o voto dos representantes
populares, no geral, delegados escolhidos ao longo de discussões organizadas por meio de
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plenárias temáticas e regionais e em assembleias, possuem peso nas decisões orçamentárias,
mesmo que estas não atinjam todo o orçamento (PIRES, 2000).
Destarte, apesar de serem metodologias distintas que conduzem a prática do
Orçamento Participativo, elas se aproximam em diversos aspectos, tais como: existência de
prestação de contas das ações do Orçamento Participativo do ano anterior; divulgação do
plano de investimento para o exercício financeiro e orçamentário vigente do Orçamento
Participativo; existência de percentual destinado ao investimento em obras e materiais
permanentes pelo órgão governamental a ser direcionado ao Orçamento Participativo; e,
existência de discussão acerca dos recursos a serem destinados ao investimento do ente
governamental (PIRES, 2000).
Avritzer (2003) destaca quatro importantes elementos para a existência e compreensão
do Orçamento Participativo em uma gestão: 1) a vontade política; 2) a densidade associativa;
3) o desenho institucional; e, 4) a capacidade administrativa e financeira para implantar o
Orçamento Participativo. Os quatro elementos expostos por Avritzer (2003), de forma
articulada e interdependente, tornam-se decisivos no processo de continuidade e
sustentabilidade dessa experiência participativa (LUCHMANN, 2002).
A vontade política diz respeito ao compromisso político governamental dos gestores
locais em partilhar com os setores da sociedade, o processo de produção das decisões
concernentes a investimentos em políticas públicas, respeitando as deliberações oriundas do
orçamento participativo e de demais programas participativo-democráticos, sendo, assim,
considerada parte integral de seus sucessos ou insucessos (GENRO e SOUZA, 1997;
LUCHMANN, 2002; AVRITZER, 2003; WAMPLER, 2003). Desse modo, constata-se que a
ação governamental influi de forma incisiva na configuração do contexto político-ideológico
no qual se dá a construção da participação, colocando-se, assim, como mais um obstáculo ou
incentivo, o que depende, evidentemente, da orientação dos agentes decisores que integram o
ente governamental.
Para Luchmann (2002), o fator primordial para uma gestão pública efetivamente
participativa não se refere apenas a sua inserção como prioridade no conjunto das propostas e
objetivos de cunho político-partidário, mas também com o compromisso dos gestores
públicos com a efetivação dessas propostas. A autora afirma ainda que o projeto político-
partidário é um dos elementos fundamentais para a implementação, continuidade e
aperfeiçoamento da experiência do Orçamento Participativo. Em outras palavras, a
administração tem que estar disposta a gastar tempo, energia e recursos para reformar o
processo pelo qual os cidadãos fazem suas demandas, o processo pelo qual os burocratas
43
tomam suas decisões, bem como o processo pelo qual os representantes eleitos estão
acostumados a expor suas demandas ao sistema politico (WAMPLER, 2003; OLIVEIRA,
2015).
A densidade associativa, ou associativismo é um dos fatores possíveis que explicar o
surgimento do Orçamento Participativo, bem como de seu sucesso ou insucesso nos mais
diferentes locais, sendo, assim, uma variável imprescindível para a compreensão das
experiências de Orçamento Participativo (FEDOZZI, 2000; SILVA, 2003b; DUCHROW,
2004; OLIVEIRA, 2015). Ainda sobre a temática do associativismo, importantes estudos
(Silva, 2003b; Teixeira e Albuquerque, 2006) demonstraram a existência de relação entre a
densidade associativa, funcionamento, papel democratizador e desenho institucional do
Orçamento Participativo, deixando evidente que os locais com maior densidade associativa
conseguem mais facilmente inserir suas demandas na agenda do Orçamento Participativo.
O terceiro elemento, desenho institucional, é definido como sendo o resultado das
articulações entre Estado e Sociedade, o que tem se configurado como um conjunto de regras,
critérios, espaços, normas e leis que objetivam a promoção e a sustentabilidade das práticas
participativas (LUCHMANN, 2002; AVRITZER, 2003)
Avritzer (2003) ressalta a importância do desenho institucional na consolidação das
experiências de Orçamentos Participativos, afirmando ainda que são indispensáveis à
conciliação de propostas de desenho institucional trazidas por diversos atores. De forma
complementar à visão de Avritzer (2003), Wampler (2003) afirma que as regras do Orçamento
Participativo podem ser desenhadas pela administração ou pelos setores organizados da
sociedade civil e que essas regras, em geral, são estabelecidas em conformidade com os
interesses de seus criadores.
Wampler (2003) destaca como uma das principais características do desenho
institucional a forma como os cidadãos são escolhidos como representantes, neste sentido,
quando a estrutura de regras permite e demanda uma maior quantidade de participantes, o que
requer uma maior mobilização dos cidadãos, aumenta-se a pressão dos líderes comunitários e
representantes do governo sobre a realização do que fora demandado no Orçamento
Participativo.
Desse modo, os governos ficam expostos às demandas de uma população mobilizada,
o que acaba por limitar a capacidade dos governos de esconderem informações, aumentando
assim a importância do Orçamento Participativo como um instrumento de transformação
social. Por outro lado, quando os representantes do Orçamento Participativo são eleitos por
meio de voto secreto, transfere-se o direito de deliberar aos representantes escolhidos pelos
44
cidadãos, o que, por si só, acaba por limitar a possibilidade de pressão dos grupos mobilizados
sobre a administração quando do não cumprimento de suas obrigações para com o Orçamento
Participativo, diminuindo, assim, a importância do Orçamento Participativo como uma
instituição participativa (WAMPLER, 2003).
Avritzer (2008) ensina que os desenhos institucionais das experiências participativas
podem ser de três tipos: 1) de baixo para cima, como é o caso dos Orçamentos Participativos,
onde há a presença de uma sociedade civil forte e de uma sociedade política vinculada a uma
posição de esquerda; 2) de partilha de poder, onde se enquadram os Conselhos Gestores de
Políticas Públicas, uma vez que seu poder é partilhado entre diversos segmentos, tais como os
atores da sociedade, do Estado e do mercado e; 3) de ratificação, como é o caso dos Planos
Diretores Municipais, onde os representantes da sociedade são chamados apenas para
referendá-lo em público, não tendo nenhuma participação no seu processo decisório.
O autor ainda ressalta que o arranjo dessas três formas de desenho institucional pode
variar no mínimo em três aspectos: 1) no modo como a participação se organiza; 2) na forma
como o Estado se relaciona com a participação; e, 3) na maneira como as leis exigem do
governo a implementação ou não da participação. Ao comparar os três tipos de desenho
institucional, Avritzer (2008) afirma que os desenhos de baixo para cima (Orçamento
Participativos) apresentam-se como os mais democratizantes e distributivos. Os desenhos de
partilha de poder (Conselhos Gestores de Políticas Públicas) são os mais democratizantes nos
casos de oposição à participação por parte da sociedade política. Os desenhos de ratificação
pública (Planos Diretores Municipais) são considerados os mais efetivos no que concerne às
garantias de sanções por parte do poder Judiciário e do Ministério Público para manter as
formas de participação previstas na legislação.
O quarto e último elemento para a existência e compreensão do Orçamento
Participativo em uma gestão, citado por Avritzer (2003), a capacidade administrativa e
financeira para implantar o Orçamento Participativo é fator essencial através do qual os
cidadãos tornar-se-ão os tomadores de decisão de modo a contribuir com a formação de seus
próprios futuros, com o futuro de seus bairros e do município em geral (WAMPLER, 2003).
Assim, quando há limitações na capacidade de investimento, os Orçamentos Participativos
não possibilitam uma efetiva transferência de autoridade e, consequentemente, não oferecem
aos cidadãos a prerrogativa de tomar decisões que exercerão impactos diretos sobre suas vidas
e que transformariam o Orçamento Participativo em um processo de educação pública
(WAMPLER, 2003).
45
Acerca da importância da capacidade administrativa e financeira para implantar e
manter em pleno funcionamento o Orçamento Participativo, Ribeiro e Grazia (2003)
conseguiram demonstrar em seus estudos sobre os 103 casos de Orçamento Participativo em
municípios brasileiros no período de 1997 a 2000, que dentre as principais dificuldades em
implementação do Orçamento Participativos está o acúmulo de obras não realizadas, o que
acaba por comprometer a própria credibilidade do Orçamento Participativo enquanto
instrumento deliberativo e, principalmente, pode acabar provocando um desestímulo na
participação da sociedade (SANTOS, 2009).
Na mesma linha de pensamento de Avritzer (2003), Santos (2002b) já destacava que a
vontade política e o associativismo diziam respeito às variáveis explicativas de todo o
processo de implantação, ampliação e consolidação do Orçamento Participativo, ao passo que
o desenho institucional indicava a correlação de forças e interesses existentes na sociedade
que perpassavam o Estado em torno do Orçamento Participativo. Afirmava ainda o autor que
a capacidade administrativa e financeira indicava o grau de compromisso do governo com a
execução das decisões geradas pelo Orçamento Participativo.
Em se tratando dos pressupostos da metodologia para a implantação do orçamento
participativo, Pires (2001) ensina que a elaboração do orçamento participativo pode se basear
nas mais diversas metodologias, não havendo um modelo que sirva para todas as realidades.
Assim, antes de iniciar a prática do Orçamento Participativo, faz-se necessário realizar um
diagnóstico para se definir as estruturas e mecanismos de participação.
Pires (2001) ainda argumenta que o processo/ciclo orçamentário seja, ele participativo
ou não, é longo, contínuo e retroalimentado anualmente, e a metodologia do Orçamento
Participativo consiste em abrir a possibilidade de participação da sociedade através de
diversos mecanismos, em uma ou mais dessas fases. Ainda segundo o autor, a divisão do
processo orçamentário em fases e momentos torna mais fácil a compreensão e amplia a
clareza do que realmente é essencial em cada uma das seguintes etapas: preparação e conexão
com o planejamento, cujos produtos finais são o PPA e a LDO; elaboração do orçamento,
definindo as prioridades orçamentárias em obediência às diretrizes estabelecidas no PPA e na
LDO; tramitação legislativa, onde são realizadas as análises, discussões, emendas e
deliberação da LOA; execução orçamentária, onde acontece a arrecadação da receita e a
concretização das despesas sob a fiscalização do Poder Legislativo; fiscalização das contas,
que ocorre quando do final da execução orçamentária e elaboração de todos os demonstrativos
contábeis previstos em lei e que deverão ser apreciadas por um Tribunal de Contas.
46
Esse autor lembra ainda que, caso o Poder Executivo abra a participação da sociedade
já na fase de elaboração da proposta orçamentária, deverá considerar outros sub-momentos, a
saber: preparação dos agentes, organizando seminários, cursos, debates etc, objetivando
capacitá-los; criação de clima, envidando esforços no sentido de envolver o poder público e a
população nas discussões; mobilização, no intuito de assegurar que as pessoas acorram aos
eventos e apresentem suas sugestões, críticas, reivindicações, avaliações etc.; síntese das
decisões do processo participativo e compatibilização com as propostas do governo, que trata
da definição das decisões que deverão ser incorporadas à peça orçamentária; elaboração da
peça orçamentária, baseada nas decisões e procedimentos legais e técnicos previstos;
encaminhamento ao legislativo, para posterior análise, discussão e aprovação.
2.3 A ELABORAÇÃO DO ORÇAMENTO NOS INSTITUTOS FEDERAIS DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA
A Lei Federal nº. 11.892 de 29 de dezembro de 2008 que institui a Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica, formada pelos Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tecnologia, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, pelos
Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ) e de
Minas Gerais (CEFET-MG), pelas Escolas Técnicas vinculadas às Universidades Federais e
pelo Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, este último incluído pela Lei Federal nº. 12.677, de
25 de junho de 2012, concede a essas instituições, com exceção das Escolas Técnicas
vinculadas às Universidades Federais, a natureza jurídica de autarquia com autonomia
administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar, sendo suas
estruturas constituídas por vários campi distribuídos regionalmente nos estados onde suas
Reitorias se encontram sediadas.
A autonomia atribuída a essas instituições lhes confere não somente a criação de
cursos, mas também a execução orçamentária e financeira, pois cada uma constitui-se em uma
unidade orçamentária dentro do processo orçamentário da União, possuindo orçamento
próprio discriminado separadamente na LOA (CUNHA, 2015).
A proposta orçamentária dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia é
anualmente elaborada pelo CONIF, sendo identificada e formalizada por campi e Reitorias,
exceto no que diz respeito às despesas de pessoal, encargos sociais e benefícios de servidores,
conforme preconiza o art. 9º. da Lei Federal nº. 11.892/08.
Para um melhor entendimento do processo orçamentário dos Institutos Federais de
Educação, Ciência e Tecnologia, é de bom alvitre conhecer o CONIF. Segundo dados obtidos
47
do Portal CONIF (2016), o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica foi criado em março de 2009, após a publicação da Lei
que institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e cria os
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, constituindo-se em “uma instância de
discussão, proposição e promoção de políticas de desenvolvimento da formação profissional e
tecnológica, pesquisa e inovação” sendo formado pelos Reitores dos Institutos Federais de
Educação, Centros Federais de Educação Tecnológica e Colégio Pedro II.
O CONIF conta com sete câmaras temáticas assessoradas por fóruns, os quais são
constituídos por um coordenador eleito pelos seus pares e demais membros titulares,
representantes de cada instituição, e responsáveis pelas ações sistêmicas vinculadas a cada
temática, conforme disposto nos artigos 17 e 18 do Regimento Interno do CONIF. As sete
câmaras temáticas do CONIF são: I) Câmara de Ensino; II) Câmara de Pesquisa e Inovação;
III) Câmara de Extensão; IV) Câmara de Administração; V) Câmara de Desenvolvimento
Institucional; VI) Câmara de Educação do Campo; e, VII) Câmara de Relações Internacionais.
Nessa estrutura, a Câmara de Administração, por meio do Fórum de Planejamento e
Administração - FORPLAN, é a instância responsável pela implementação e elaboração da
metodologia da Matriz Orçamentária utilizada hoje pelo MEC para repartir de maneira
proporcional o teto orçamentário para as despesas de Custeio e Capital entre os IF’s, CEFET’s
e o Colégio Pedro II. Vale ainda destacar que o FORPLAN é constituído por todos os Pró-
Reitores de Administração e Planejamento dessas instituições.
O FORPLAN, por meio de sua comissão de orçamento, elabora a Matriz dos Tetos
Orçamentários, Matriz Orçamentária ou, como é mais comumente conhecida, a Matriz CONIF,
seguindo os parâmetros constantes no Decreto Federal nº. 7.313/2010 conforme abaixo
transcrito:
Art. 4º Na elaboração das propostas orçamentárias anuais dos institutos federais de
educação, ciência e tecnologia, o Ministério da Educação deverá observar a matriz
de distribuição, para a alocação de recursos destinados a despesas classificadas
como Outras Despesas Correntes e de Capital.
§ 1º A matriz de distribuição será elaborada a partir de parâmetros definidos por
comissão paritária, constituída no âmbito do Ministério da Educação, integrada por
membros indicados pelo colegiado de reitores dos institutos federais de educação,
ciência e tecnologia e por aquele Ministério.
§ 2º Os parâmetros a serem definidos pela comissão levarão em consideração, entre
outros, os seguintes critérios:
I - o número de matrículas e a quantidade de alunos ingressantes e concluintes em
todos os níveis e modalidades de ensino em cada período;
II - a relação entre o número de alunos e o número de docentes nos diferentes níveis
e modalidades de ensino ofertado;
III - as diferentes áreas de conhecimento e eixos tecnológicos dos cursos ofertados;
IV - o apoio às instituições públicas de ensino, em ações e programas de melhoria da
48
educação básica, especialmente na oferta do ensino de ciências, oferecendo
capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de
ensino;
V - a existência de programas institucionalizados de extensão e certificação, com
indicadores de monitoramento;
VI - a produção institucionalizada de conhecimento científico, tecnológico, cultural
e artístico, reconhecida nacional e internacionalmente;
VII - a existência de núcleos de inovação tecnológica;
VIII - o número de registro e comercialização de patentes;
IX - os resultados das avaliações realizadas por sistemas nacionais de avaliação da
educação em todos os níveis e modalidades de ensino, capazes de aferir a qualidade
de ensino ofertado;
X - adesão a sistemas de informação e programas de interesse coletivo instituídos
pelo Ministério da Educação; e
XI - a existência de programas de mestrado e doutorados, especialmente os
profissionais, e seus respectivos resultados da avaliação pela Fundação Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES. (BRASIL, 2010)
A Matriz CONIF com a proposta orçamentária dos IF’s, CEFET’s e Colégio Pedro II é
elaborada em meados do fim do primeiro semestre de cada ano para vigorar no exercício
financeiro seguinte. Essa matriz é em seguida submetida ao CONIF para validação e posterior
encaminhamento à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica - SETEC do MEC para
avaliação, ajuste, se for o caso, e posterior aprovação, o que denota que sua elaboração é
realizada em diversas etapas e com o envolvimento de diversos atores (CUNHA, 2015;
BRASIL, 2016). Cabe ressaltar que, só após a aprovação da Matriz CONIF por parte da
SETEC/MEC, o que é realizado em consonância com os limites orçamentários para a
composição do Projeto de Lei Orçamentária Anual - PLOA, é que as unidades da REFEPCT
recebem os limites para o detalhamento de suas despesas (BRASIL, 2016).
2.3.1 Metodologia do teto orçamentário de composição da Matriz CONIF
A elaboração da matriz CONIF é um processo realizado em diversas etapas e com
diversos atores envolvidos na metodologia utilizada para a distribuição dos recursos
destinados aos 38 IF’s, aos 2 CEFET’s e ao Colégio Pedro II, considera, em regra, para efeito
de composição e cálculos, uma estrutura e alguns parâmetros. No que concerne à estrutura da
Matriz CONIF 2016, esta foi composta por blocos, sendo: Pré-Expansão (instituições
existentes antes da criação da RFEPCT e os campi da Expansão Fases 1 e 2, com mais de
cinco anos de funcionamento), Expansão (campi criados após o advento da Lei Federal
11.892/08 e que possuem menos de cinco anos de funcionamento, correspondem basicamente
aos campi da Expansão Fase 3), Reitoria, Ensino a Distância, Assistência Estudantil, Pesquisa
Aplicada, Inovação Tecnológica e Extensão Tecnológica (CONIF, 2015; BRASIL, 2016).
Em relação aos parâmetros, foram considerados os dados extraídos do Sistema Nacional de
49
Informações da Educação Profissional e Tecnológica - SISTEC, referentes aos períodos do segundo
semestre de 2014 e do primeiro semestre de 2015, Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
Especial - IPCA-E, Índice de Desenvolvimento Humano - IDH dos Municípios sede dos campi,
categoria dos campi e tipos e pesos dos cursos conforme estabelecidos pelo CONIF/FORPLAN
(CONIF, 2015; BRASIL, 2016). O Quadro 3, destaca por blocos, a composição e forma de
distribuição dos orçamentos dos IF’s, CEFET’s e do Colégio Pedro II.
Quadro 3 - Composição e distribuição dos orçamentos dos IF’s, CEFET’s e do Colégio Pedro II
Bloco Composição do Orçamento
Pré-Expansão
O grupo de campi que faz parte desse bloco tem seu orçamento baseado no número de
matrículas nos cursos presenciais e, caso o valor do orçamento não atinja ao piso para
Pré-Expansão estabelecido na Matriz CONIF para o exercício ao qual se refere, ele
será suplementado obedecendo-se, no entanto, o valor máximo da suplementação já
previamente definido pelo FORPLAN.
Expansão
O valor destinado a cada campus desse bloco foi determinado por meio da soma de
um piso e um complemento por matrícula total*. Os valores dos pisos dependem do
tipo de expansão (Expansão Padrão, Expansão Capital, Expansão Agrícola e Expansão
Campus Avançado) e foram obtidos atualizando os pisos da Matriz CONIF 2015 por
meio do IPCA-E (tendo junho como mês de referência) e considerando o percentual
de crescimento das matrículas nos cursos presenciais (1º semestre de 2015 em relação
ao 1º semestre de 2014).
Reitoria
As Reitorias são os órgãos gestores centrais das instituições da RFEPCT. Seus
orçamentos foram compostos de um piso definido pelo FORPLAN e um complemento
por número de campi existente na instituição, além de um fator de correção (IPCA-E)
aplicado ao piso da Matriz do ano anterior.
Ensino a Distância
O orçamento disponibilizado para a Educação a Distância - EaD foi calculado atualizando
o valor da Matriz de 2015 por meio do IPCA e aplicando sobre esse valor, o crescimento
de matrículas em EaD, calculado dividindo-se o número de matrículas 2015 (1º semestre)
pelo número de matrículas de 2014 (1º semestre). A distribuição dos recursos de EaD foi
subdividido, distribuindo-se 10% de forma linear entre as 41 instituições e 90%
considerando as matrículas totais de cada instituição com cursos e alunos EaD existentes.
Assistência
Estudantil
A assistência aos estudantes abrange aqueles matriculados em cursos presenciais e a
distância, bem como, os alunos em Regime de Internato Pleno - RIP. O valor de referência
dessa ação para a Matriz CONIF 2016 foi calculado atualizando-se o valor de 2015 por
meio da utilização do IPCA-E e aplicando o fator de correção de ajuste CONIF/SETEC.
Assim, o valor final para a assistência estudantil foi dividido de forma proporcional entre
as categorias presencial, EaD e RIP. Salienta-se que os alunos foram considerados com
pesos diferentes, sendo peso 1 para o aluno presencial e peso 0,25 para os alunos EaD.
Cabe ainda destacar que esses valores são destinados aos campi de acordo com o número
de matriculas de cada unidade, constituindo assim, parte de seu orçamento.
Pesquisa Aplicada,
Inovação Tecnológica
e Extensão
Tecnológica
Dos valores destinados ao incentivo à Pesquisa Aplicada, à Inovação Tecnológica e à
Extensão Tecnológica, metade é dividida igualitariamente pelas 41 instituições que
compõem a Rede e a outra metade é distribuída igualitariamente para todos os seus
campi. O valor total para essas ações foram definidos aplicando-se o IPCA-E aos
valores destinados à Pesquisa Aplicada e à Extensão Tecnológica constantes na Matriz
2015, tendo em vista que a Inovação Tecnológica só aparece a partir da Matriz 2016.
Fonte: Elaboração própria com base em CONIF (2015) e Brasil (2016).
* O conceito de matrícula total diz respeito ao total de matrículas que já passaram pelo processo de normalização
através do método desenvolvido pelo FORPLAN e que envolve várias características tais como: carga horária,
período de integralização, custo dos laboratórios associados, nível de ensino (FIC, Técnico, Graduação, entre
outros).
50
Destaque-se que a lógica da composição da Matriz CONIF leva em consideração,
essencialmente, o número de matrículas dos estudantes dos cursos de nível médio, técnico,
tecnológico, graduação, pós-graduação lato sensu, pós-graduação stricto sensu, cursos de
formação continuada (FIC) e cursos de educação a distância, por campus de cada instituição,
seja ela IF, CEFET ou Colégio Pedro II. Segundo Cunha (2015), os parâmetros mais
relevantes para a composição da Matriz CONIF diz respeito ao custo do aluno, os quais são
divididos nas categorias de baixo custo (peso 1), médio custo (peso 1,75) e alto custo (peso
2,5), sendo que os valores atribuídos a essas categorias são discricionários e podem sofrer
modificações de uma matriz em relação à outra, não seguindo estudos mais aprofundados para
justificá-los.
Cabe ainda ressaltar que, anualmente, parte dos recursos a serem aplicados nas ações
voltadas à manutenção e fortalecimento da educação profissional, científica e tecnológica tem
como objetivo o financiamento da Expansão e Reestruturação das Unidades da RFEPCT,
sendo utilizados para custear obras, reformas de porte elevado e aquisição de materiais
permanentes. Esses recursos são discricionários do MEC e sua distribuição entre as unidades
da RFEPCT depende de negociações diretas entre o CONIF e o MEC e/ou entre os Reitores e
o MEC (CONIF, 2015; BRASIL, 2016).
51
3 O IFPB CAMPUS PICUÍ
Esse capítulo tem como propósito detalhar as características básicas da organização
objeto da intervenção pretendida, qual seja, o IFPB Campus Picuí, de forma a prover o
presente estudo das informações necessárias ao conhecimento da instituição em sua atual
configuração. Para tanto, realizou-se uma pesquisa documental junto ao Estatuto, ao
Regimento Geral do IFPB e à Lei 11.892/2008, com o escopo de apresentar o histórico
institucional e sua organização administrativa. Foram também coletados dados no Sistema
Unificado de Administração Pública - SUAP, os quais serviram para descrever
quantitativamente a comunidade acadêmica por segmentos. Foram ainda realizadas visitas in
loco para descrever a infraestrutura do IFPB Campus Picuí.
De forma a sistematizar os resultados desses procedimentos, este capítulo subdivide-se
em quatro seções: breve histórico institucional; organização administrativa; comunidade
acadêmica; e, infraestrutura física.
3.1 BREVE HISTÓRICO INSTITUCIONAL
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba é uma instituição
pública com mais de cem anos de história que ao longo de toda a sua existência, passou por
diferentes denominações: Escola de Aprendizes Artífices da Paraíba (1909-1937); Liceu
Industrial de João Pessoa (1937-1961); Escola Industrial Coriolano de Medeiros ou Escola
Industrial Federal da Paraíba (1961-1967); Escola Técnica Federal da Paraíba (1967-1999);
Centro Federal de Educação Tecnológica da Paraíba (1999-2008); e, finalmente, Instituto
Federal de Educação, Ciência e da Paraíba (2008-2017).
O atual Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, criado pela
Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que institui a Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica e cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e
Tecnologia (IF’s), é fruto da integração de duas instituições, o Centro Federal de Educação
Tecnológica da Paraíba - CEFET-PB e a Escola Agrotécnica Federal de Sousa - EAF Sousa.
Pelo rigor de sua ordem e disciplina, o IFPB, no início de sua história, assemelhava-se
a um centro correcional. Ele fora criado por meio do Decreto nº. 7.566, de 23 de setembro de
1909, durante o governo do Presidente Nilo Peçanha, juntamente com outras 18 Escolas de
Aprendizes Artífices, na época, uma em cada capital dos estados da Federação, visando conter
52
conflitos sociais e qualificar mão de obra barata para suprir o incipiente processo de
industrialização do país, algo que viria a se intensificar a partir dos anos de 1930 (IFPB, 2014).
Apesar de ter iniciado suas atividades em 1909, como Escola de Aprendizes Artífices,
o processo de interiorização do IFPB só fora iniciado em 1995, ainda como Escola Técnica
Federal da Paraíba, por meio da instalação da Unidade de Ensino Descentralizada de
Cajazeiras - UNED-CJ (atual Campus Cajazeiras do IFPB), com sede na cidade de
Cajazeiras-PB. Após sua transformação em CEFET-PB, no ano de 1999, a instituição dá início
ao processo de crescimento e expansão de suas atividades, passando, inicialmente, a contar
com mais duas unidades: o Núcleo de Extensão e Educação Profissional - NEEP e o Núcleo
de Arte, Cultura e Eventos - NACE, ambos na cidade de João Pessoa-PB. Ainda nessa fase, o
atual IFPB, inicia o processo de diversificação de suas atividades, passando a ofertar às
sociedades paraibana e brasileira, desde a educação básica, ensino médio, ensino técnico
integrado ao ensino médio, ensino técnico subsequente ao ensino médio à educação superior
(cursos de graduação na área tecnológica), intensificando também as atividades de pesquisa e
de extensão (IFPB, 2014).
Dando prosseguimento ao processo de interiorização, ainda com a denominação de
CEFET-PB, são implantados no ano de 2007 a Unidade de Ensino Descentralizada de
Campina Grande - UNED-CG (atual Campus Campina Grande do IFPB), com sede na cidade
de Campina Grande-PB, e o Núcleo de Ensino da Pesca (atual Centro de Referência em Pesca
e Navegação Marítima), com sede na cidade de Cabedelo-PB (IFPB, 2014).
Com a edição da Lei nº. 11.892/2008, o IFPB se consolida como uma instituição de
referência no ensino da educação profissional e tecnológica no estado da Paraíba, passando a
ofertar, além dos cursos ditos “regulares”, cursos de formação inicial e continuada, cursos de
extensão, programas e treinamentos de qualificação, profissionalização e reprofissionalização.
Desenvolve ainda: programas de treinamento para a formação, habilitação e aperfeiçoamento
de docentes da rede pública de ensino; educação de jovens e adultos (Poeja, Projovem,
Programa Mulheres Mil e Pronatec); Educação a Distância; Pós-Graduação (Lato e Stricto
Sensu) e pesquisa aplicada (IFPB, 2014).
Dentro das ações do Plano de Expansão da Educação Profissional - Fase II (até 2010),
do Governo Federal, o IFPB implantou mais cinco novos campi, o que veio a comtemplar as
cidades consideradas polos de desenvolvimento regionais do estado da Paraíba (Cabedelo,
Monteiro, Patos, Picuí e Princesa Isabel), tornando-se assim, uma instituição formada por sua
Reitoria e mais 9 (nove) campi.
53
Com o Plano de Expansão da Educação Profissional - Fase III (até 2014), o IFPB
prossegue com sua expansão implantando 12 (doze) novas unidades (Campus, Campus
Avançado e Centro de Referência em Educação Profissional) nas cidades de Guarabira,
Cabedelo (Unidade Cabedelo Centro), Areia, Catolé do Rocha, Esperança, Itabaiana,
Itaporanga, João Pessoa (Unidade Mangabeira), Pedras de Fogo, Santa Luzia, Santa Rita e
Soledade. Com essa nova fase, o IFPB marca presença em todas as mesorregiões econômicas
do estado da Paraíba (Mata Paraibana, Agreste Paraibano, Borborema e Sertão Paraibano),
levando a essas cidades e adjacências uma educação pública, gratuita e de qualidade nos mais
diversos níveis de ensino, oportunizando a qualificação profissional de suas populações e
proporcionando-lhes meios para o alcance do desenvolvimento econômico e social.
Conforme disposto na Lei nº. 11.892/2008, O IFPB é uma instituição vinculada ao
Ministério da Educação com natureza jurídica de autarquia, o que lhe confere autonomia
administrativa, patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar. Sendo ainda
caracterizada como uma instituição de educação superior, básica e profissional, pluricurricular
e multicampi, especializada na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes
modalidades de ensino e conta atualmente com 21 unidades (campus, campus avançado e
centro de referência) distribuídas em todas as regiões do Estado da Paraíba (BRASIL, 2008;
IFPB, 2014) conforme se visualiza por meio da Figura 4.
Figura 4 - Abrangência territorial do IFPB
Fonte: Adaptado de IFPB (2014, p. 32)
54
Em pleno processo de expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica
e Tecnológica, Expansão Fase II, a mesma lei que dá origem aos Institutos Federais, também
cria o Campus Picuí do IFPB. A cidade de Picuí, situada na mesorregião da Borborema,
microrregião do Seridó Oriental Paraibano, polariza uma região composta por 16 municípios
dos Estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte e foi, à época, uma das cidades escolhidas
para receber uma das cinco novas unidades destinadas ao Estado da Paraíba.
Funcionando em sua sede definitiva desde 08 de junho de 2011 - Acesso à Rodovia
PB-151, s/n, Bairro Cenecista, Picuí-PB, o IFPB Campus Picuí iniciou suas atividades nove
meses após sua criação, em 21 de setembro de 2009, em uma sede provisória cedida pela
Prefeitura Municipal de Picuí, entretanto somente foi autorizada a funcionar em 21 de
setembro de 2010, por meio da Portaria nº 1.170 de 21 de setembro de 2010, expedida pelo
Ministério da Educação. Desde então, o Campus vem se organizando e se ampliando em
termos de estrutura predial, equipamentos e pessoal (docente e técnico-administrativo).
O IFPB Campus Picuí iniciou suas atividades com a oferta de cinco cursos em três
distintos níveis de formação: Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Edificações; b)
Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Manutenção e Suporte em Informática; c)
Curso Técnico Subsequente ao Ensino Médio em Mineração; d) Curso Técnico Subsequente
ao Ensino Médio em Manutenção e Suporte em Informática - MSI; e, e) Curso Superior de
Tecnologia em Agroecologia. Atualmente conta com a oferta de mais cinco cursos em três
distintos níveis de formação, nas modalidades de Ensino Presencial e de Ensino a Distância -
EaD, conforme se visualiza no Quadro 4.
Quadro 4 - Cursos ofertados pelo IFPB Campus Picuí por níveis de formação e modalidades
de ensino
Formação Curso Modalidade
Técnico Integrado ao Ensino
Médio
Edificações, Geologia
Informática Presencial
Técnico Subsequente ao Ensino
Médio
Manutenção e Suporte em
Informática, Mineração Presencial
Secretaria Escolar
Segurança do Trabalho EaD
Tecnológico Agroecologia Presencial
Licenciatura Letras EaD
Especialização Gestão dos Recursos Ambientais
do Semiárido Presencial
Fonte: Elaboração própria com base em IFPB (2016)
55
3.2 ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
O Campus Picuí do IFPB possui estrutura organizacional colegiada sendo sua
administração exercida pelo Diretor Geral em parceria com o Conselho Diretor e seu
funcionamento estabelecido pelo Regimento Geral 2010 e Estatuto 2015 do IFPB.
O Diretor Geral é nomeado pelo Reitor para um mandato de quatro anos, permitida
uma recondução, após o devido processo de consulta à comunidade, como assim determina o
Art. 13 da Lei nº. 11.982/2008. No processo de consulta para a escolha do Diretor Geral, toda
a comunidade do Campus tem direito a voto, sendo atribuído o peso de 1/3 (um terço) para
cada segmento (discente, docente e técnico-administrativo).
Cabe ressaltar que, no processo de consulta para Diretor Geral do Campus, apenas
servidores ocupantes de cargo efetivo da carreira docente ou servidores ocupantes de cargo
efetivo de nível superior da carreia dos técnico-administrativos do Plano de Carreiras dos
Cargos Técnico-Administrativos em Educação - PCCTAE podem candidatar-se, desde que
possuam no mínimo 5 (cinco) anos de efetivo exercício em instituições da RFEPCT e
atendam a, pelo menos, um dos seguintes requisitos: a) possuam o título de doutor; b) estejam
posicionado nas Classes DIV ou DV da Carreira do Magistério do Ensino Básico, Técnico e
Tecnológico, ou na Classe de Professor Associado da Carreira do Magistério Superior; c)
possuam o mínimo de 2 (anos) de exercício em cargo ou função de gestão no IFPB, ou; d)
tenham concluído com aproveitamento, curso de formação para o exercício de cargo ou
função de gestão em quaisquer instituições da administração pública (BRASIL, 2008).
O Conselho Diretor do Campus Picuí, órgão máximo colegiado de caráter consultivo e
deliberativo, é presidido por seu Diretor Geral, conforme disposto no Estatuto 2015 e no
Regimento Geral 2010 do IFPB, e possui a seguinte composição: a) Diretor Geral, Diretor de
Desenvolvimento do Ensino; Diretor de Administração e Planejamento; 02 (dois) representantes
do corpo docente, eleitos pelos seus pares; 02 (dois) representantes do corpo de técnico-
administrativo, eleitos pelos seus pares; 02 (dois) representantes dos estudantes, eleitos pelos seus
pares, e; 04 (quatro) representantes da comunidade externa, sendo 01 (um) representante das
entidades de trabalhadores, 01 (um) representante das entidades patronais, 01 (um) representante
do governo municipal e 01 (um) representante dos pais de estudantes do Campus Picuí.
A estrutura administrativa do IFPB Campus Picuí é constituída por: a) Conselho Diretor;
b) Direção Geral; c) Diretoria de Desenvolvimento do Ensino; d) Diretoria de Administração,
Planejamento e Finanças; e) Chefia de Gabinete; e, f) 23 Coordenações (administrativas e
acadêmicas), conforme prevê o Estatuto 2015 do IFPB e demonstrado na Figura 5.
56
Figura 5 - Organograma do IFPB Campus Picuí
Fonte: Elaboração própria (2017) com base em IFPB (2015; 2016)
Ressalte-se, por oportuno, que todas as Funções Gratificadas (Chefe de Gabinete e
CONSELHO DIRETOR
Direção Geral
Chefia de Gabinete C. de Extensão C. de Tec. Inovação C. de Pesquisa
Diretoria de Desenvolvimento do Ensino
Diretoria de Administração, Planejamento
e Finanças
Coordenação da Biblioteca Coordenação de Compras e Contratos
Coordenação de Controle Acadêmico Coordenação de Gestão de Pessoas
Coordenação de Estágios C. de Adm. de Materiais e Rec. Patrimoniais
C. de Formação Geral e Projetos Especiais C. de Manutenção, Segurança e Transporte
C. Pedagógica e de Apoio ao Estudante Coordenação de Planejamento
Coordenação de Turnos
Coordenação de Pós-Graduação
C. do Curso Técnico Integrado em Edificações
C. do Curso Técnico Integrado em Geologia
C. do Curso Técnico Integrado em Informática
C. do Curso Técnico Subsequente em MSI
C. do Curso T. Subsequente em Mineração
C. do Curso S. de Tecnologia em Agroecologia
C. dos Cursos de Educação a Distância
Legenda:
Adm.: Administração
C.: Coordenação
T. Técnico
Tec.: Tecnologia
Rec.: Recursos
S.: Subsequente
57
Coordenadores) e os Cargos de Direção (Diretor Geral, Diretor de Administração,
Planejamento e Finanças e Diretora de Desenvolvimento do Ensino) constantes na Figura 5,
são ocupados por servidores do quadro efetivo da instituição.
3.3 COMUNIDADE ACADÊMICA
A comunidade acadêmica do IFPB Campus Picuí é formada por três segmentos
(discente, docente e técnico-administrativo em educação), totalizando 1.281 pessoas. Destas,
1.176 são discentes com matrículas ativas na instituição; 69 são docentes e 36 são servidores
técnico-administrativos em educação, conforme dados obtidos junto ao Sistema Unificado de
Administração Pública do IFPB, em 26 de outubro de 2016. Por meio da Tabela 1, pode-se
melhor visualizar a proporção de cada segmento na composição da comunidade acadêmica do
Campus.
Tabela 1 - Composição da comunidade acadêmica do IFPB Campus Picuí em 2016
Segmento da Comunidade Acadêmica Quantidade Percentual (%)
Discente 1.176 91,80
Docente 69 5,39
Técnico-Administrativo em Educação 36 2,81
Total 1.281 100
Fonte: Elaboração própria com base em IFPB (2016)
Como visualizado na Tabela 1, 91,80% da comunidade acadêmica do Campus é
formada por discentes; 5,39% representa o segmento docente e apenas 2,81% são Técnico-
Administrativos em Educação - TAE. A proporção de servidores em relação aos discentes
equivale a 8,93%, estando, por tanto, dentro dos padrões de eficiência exigidos pelo
Ministério da Educação.
3.3.1 Segmento Discente
O IFPB Campus Picuí oferta cursos nas modalidades de ensino presencial e a distância,
sendo o seu corpo discente composto majoritariamente por alunos matriculados no ensino
presencial, o que representa cerca de 82,31%, enquanto o ensino na modalidade a distância,
corresponde a apenas 17,69% do corpo discente do Campus, conforme descrito na Tabela 2.
58
Tabela 2 - Composição do corpo discente do Campus Picuí por modalidades de ensino em 2016
Modalidade de Ensino Quantidade Percentual (%)
Presencial 968 82,31
EaD 208 17,69
Total 1.176 100
Fonte: Elaboração própria com base em IFPB (2016)
Com relação ao nível de formação, o corpo discente do IFPB Campus Picuí é
constituído por quatro níveis distintos: a) Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio; b)
Ensino Técnico Subsequente ao Ensino Médio; c) Graduação, e; Pós-Graduação Lato Sensu.
De acordo com a Tabela 3, o Ensino Técnico Subsequente ao Ensino Médio é responsável por
36,65% do contingente total de matrículas no Campus, seguido de perto pelo Ensino Técnico
Integrado ao Ensino Médio que representa 35,80%. A Graduação, aí incluídos o Curso
Superior de Tecnologia em Agroecologia e o Curso de Licenciatura em Letras na modalidade
EaD, correspondem a 22,70% do segmento discente, enquanto a Pós-Graduação é o nível de
formação de menor expressão quantitativa desse segmento, sendo responsável por apenas
4,85%. de sua composição.
Tabela 3 - Composição do corpo discente do Campus Picuí por níveis de formação em 2016
Níveis de Formação Quantidade Percentual (%)
Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio 421 35,80
Ensino Técnico Subsequente ao Ensino Médio 431 36,65
Graduação 267 22,70
Pós-Graduação Lato Sensu 57 4,85
Total 1.176 100
Fonte: Elaboração própria com base em IFPB (2016)
No que tange à distribuição do corpo discente por curso, pode-se observar a partir da
Tabela 4 que o curso de maior expressão quantitativa do Campus Picuí é o Curso Técnico
Integrado ao Ensino Médio em Edificações, com 17,18% das matrículas do Campus. Por sua
vez, o Curso Técnico Subsequente ao Ensino Médio em Secretaria Escolar - EaD é o de
menor expressão quantitativa, correspondendo à apenas 1,36% das matrículas totais do
Campus. A baixa participação no número de matrículas do Curso Técnico Subsequente ao
Ensino Médio em Secretaria Escolar - EaD é explicado pelo fato de ter sido aberta, até o
presente momento, uma única turma.
59
Tabela 4 - Composição do corpo discente do Campus Picuí por curso em 2016
Cursos Quantidade Percentual (%)
Técnico Integrado ao Ensino Médio em Edificações 202 17,18
Técnico Integrado ao Ensino Médio em Geologia 126 10,71
Técnico Integrado ao Ensino Médio em Informática 93 7,91
Técnico Subsequente ao Ensino Médio em Manutenção e Suporte em
Informática 189 16,07
Técnico Subsequente ao Ensino Médio em Mineração 178 15,14
Técnico Subsequente ao Ensino Médio em Secretaria Escolar – EaD 16 1,36
Técnico Subsequente ao Ensino Médio em Segurança do Trabalho – EaD 48 4,08
Licenciatura em Letras – EaD 144 12,24
Superior de Tecnologia em Agroecologia 123 10,46
Especialização em Gestão dos Recursos Ambientais Semiárido 57 4,85
Total 1.176 100
Fonte: Elaboração própria com base em IFPB (2016)
Conforme foi demonstrado por meio das Tabelas 2, 3 e 4, o corpo discente do IFPB
Campus Picuí possui perfil heterogêneo em virtude dos diversos níveis, cursos e modalidades
de ensino ofertados, o que é explicado pelas próprias características, finalidades e objetivos
das instituições componentes da RFEPCT, que tem, por lei, a obrigação de ofertar do ensino
básico à pós-graduação.
A forma de ingresso de membros no corpo discente do IFPB Campus Picuí varia de
acordo com o nível de ensino pleiteado. O ingresso no Ensino Técnico Integrado ao Ensino
Médio e no Ensino Técnico Subsequente ao Ensino Médio se dá basicamente por intermédio
de teste de seleção pública, denominado de Processo Seletivo para os Cursos Técnicos - PSCT,
cuja responsabilidade por sua execução é da Comissão Permanente de Concursos Públicos -
COMPEC. Há também a possibilidade de ingresso por meio da transferência de instituições
similares ou congêneres, transferência ex-ofício, ingresso de técnicos egressos da educação
profissional e reingresso (IFPB, 2010; 2015).
O ingresso nos cursos de graduação do IFPB Campus Picuí (Curso Superior de
Tecnologia e Agroecologia e Curso Superior de Licenciatura em Letras) se dá mediante
seleção pública, por meio do Sistema de Seleção Unificada - SISU, com a utilização das notas
do Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, e também por transferência voluntária,
ingresso de graduados, reingresso e reopção de curso (IFPB, 2010; 2015)
A admissão nos cursos de pós-graduação do Campus Picuí, dá-se exclusivamente por
seleção pública sob a responsabilidade da Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-
60
Graduação - PRPIPG do IFPB e da Coordenação da Pós-Graduação em Gestão dos Recursos
Ambientais do Semiárido do Campus Picuí.
3.3.2 Segmento Docente
O Corpo Docente do IFPB Campus Picuí é constituído pelos professores que nele
desempenham suas atividades e que são integrantes do quadro permanente de pessoal do IFPB,
por aqueles detentores de vínculo empregatício com a instituição, bem como por aqueles
pertencentes a outras instituições, mas que estão na condição de colaboradores do Campus.
Ao todo, o Campus conta com 69 (sessenta e nove) docentes, sendo 84,06% deles
pertencentes ao quadro efetivo de pessoal, enquanto 14,49% são professores
substitutos/temporários3 e 1,45% são servidores em regime de colaboração técnica
4, conforme
percebe-se por meio do Tabela 5. Depreende-se, a partir dos dados ora levantados, que o
Campus Picuí tem suprido suas necessidades de pessoal docente com a contratação de
substitutos/temporários, o que é em parte explicado pelas restrições orçamentárias impostas
pela atual conjuntura econômica.
Tabela 5 - Corpo docente do Campus Picuí por tipo de vínculo
Tipo de Vínculo Quantidade Percentual (%)
Efetivos 58 84,06
Substitutos/Temporários 10 14,49
Colaboração Técnica 01 1,45
Total 69 100
Fonte: Elaboração própria com base em IFPB (2016)
Fator relevante para toda instituição de ensino diz respeito à qualificação de seu
quadro de pessoal. Nesse sentido, o Campus Picuí tem sido referência, tendo em vista que seu
corpo docente é formado em sua grande maioria por mestres e doutores, sendo 57,97% de
mestres, 26,09% de doutores, 10,14% de especialistas e, apenas, 5,80% de graduados,
conforme se verifica por meio da Tabela 6.
3
Professores contratados, em geral, por um período de um ano, renovável por igual período, para suprir
demandas emergenciais, tais como substituição de professores afastados por algum motivo legal. 4
Professores pertencentes ao quadro efetivo de pessoal de outras instituições, mas que desempenham suas
atividades laborais no IFPB Campus Picuí por um determinado período de tempo.
61
Tabela 6 - Corpo docente do Campus Picuí por escolaridade/titulação
Escolaridade/Titulação Quantidade Percentual (%)
Graduados 04 5,80
Especialistas 07 10,14
Mestres 40 57,97
Doutores 18 26,09
Total 69 100
Fonte: Elaboração própria com base em IFPB (2016)
Cabe destacar que o ingresso no corpo docente do Campus Picuí se dá, em sua grande
maioria, por meio de habilitação em concurso público de provas e títulos, podendo, ainda, ser
oriundos de remoções e redistribuições para o Campus Picuí, bem como cedidos por outras
instituições, por um determinado período, para colaboração técnica no Campus.
3.3.3 Segmento Técnico-Administrativo
O Corpo Técnico-Administrativo do Campus Picuí diz respeito aos servidores responsáveis
pelo apoio operacional, técnico e administrativo às atividades finalísticas da instituição (ensino,
pesquisa e extensão). Esse segmento da comunidade acadêmica é constituído pelos servidores
ocupantes de Cargos da Carreira de TAE’s, integrantes do quadro permanente de pessoal do IFPB, que
se encontram lotados no Campus Picuí. Conforme demonstrado na Tabela 7, do contingente de TAE’s
lotados no Campus Picuí, 55,55% deles são servidores ocupantes de cargos de nível de classificação
“D”5 (cujo requisito mínimo para investidura é o Ensino Médio), 30,56% são ocupantes de cargos de
nível “E” (cujo requisito mínimo para ingresso é a Graduação), e, 13,89% são investidos em cargos de
nível de classificação “C” (cujo requisito mínimo para investidura é o Ensino Fundamental).
Tabela 7 - Corpo técnico-administrativo do Campus Picuí por nível de classificação
Nível de Classificação Quantidade Percentual (%)
Nível C 05 13,89
Nível D 20 55,55
Nível E 11 30,56
Total 36 100
Fonte: Elaboração própria com base em IFPB (2016)
5 Nível de classificação diz respeito ao conjunto de cargos de mesma hierarquia, sendo classificados a partir do
requisito de escolaridade, nível de responsabilidade, conhecimentos, habilidades específicas, formação
especializada, experiência, risco e esforço físico para o competente desempenho de suas atribuições, conforme
disposto na Lei nº. 11.091/2005.
62
Além da qualificação do seu corpo docente, o Campus Picuí ainda apresenta como
diferencial a qualificação de seu corpo técnico-administrativo, haja vista 50% serem mestres e
especialistas (Tabela 8), qualificações estas não exigidas para a investidura nos cargos de
TAE’s, o que vem a comprovar que a qualificação do corpo técnico-administrativo do
Campus é superior às exigências legais, fato este que se traduz em benefícios, uma vez que a
qualidade do trabalho por eles executados tende a ser bem mais elevada.
Tabela 8 - Corpo técnico-administrativo do Campus Picuí por escolaridade/titulação
Escolaridade/Titulação Quantidade Percentual (%)
Ensino Médio/Técnico 03 8,33
Graduados 15 41,67
Especialistas 16 44,44
Mestres 02 5,56
Total 36 100
Fonte: Elaboração própria com base em IFPB (2016)
O ingresso dos servidores TAE’s na comunidade acadêmica do Campus Picuí se dá
mediante habilitação em concurso público de provas, podendo, assim como ocorre no corpo
docente, ser oriundos de remoções e redistribuições, bem como serem cedidos por outras
instituições, por um determinado período, para colaboração técnica no Campus.
3.4 INFRAESTRUTURA FÍSICA
Apesar de ainda não ter sido completamente executado o projeto arquitetônico do
IFPB Campus Picuí, sua infraestrutura merece destaque em virtude da extensão de sua área,
da quantidade de salas de aula, salas de apoio às atividades acadêmicas e administrativas e
laboratórios. O Quadro 5 mostra um pouco da dimensão da infraestrutura física do Campus.
63
Quadro 5 - Infraestrutura básica do Campus Picuí
Infraestrutura Física Quantidade
Academia 01
Academia ao ar livre 01
Biblioteca 01
Gabinete médico 01
Gabinete odontológico 01
Laboratórios da área de Formação Geral (Física, Matemática, Química, Biologia) 04
Laboratórios da área de Informática 07
Laboratórios das áreas de Edificações, Geologia e Mineração 02
Laboratórios da área das Ciências Agrárias 04
Núcleo de Apoio aos Portadores de Necessidades Especiais 01
Miniauditório 01
Sala de Artes 01
Salas de aula 18
Salas de apoio às atividades acadêmicas e administrativas (coordenações, núcleos, etc.,) 35
Sala de Desenho Arquitetônico 02
Sala para prática da Educação Física 01
Sala Multimeios 01
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Cabe ressaltar que o Campus Picuí encontra-se em pleno processo de expansão,
estando em fase final de execução um bloco com 03 (três) salas de apoio às atividades
acadêmicas e administrativas e 10 (dez) novos laboratórios das áreas de Edificações, Geologia
e Mineração, além de um restaurante estudantil que atenderá todos os discentes em situação
de vulnerabilidade social com o fornecimento de café da manhã e almoço. Consta ainda no
projeto arquitetônico do Campus a construção de área de vivência, anfiteatro, piscinas, campo
de futebol e ginásio poliesportivo.
64
4 PROCESSO ORÇAMENTÁRIO DO IFPB CAMPUS PICUÍ: MODELO ATUAL
Esse capítulo tem como objetivos descrever o atual processo de elaboração, execução
e controle da peça orçamentária do IFPB Campus Picuí, bem como apresentar a percepção da
comunidade acadêmica acerca desse modelo. Para melhor sistematizar os resultados, divide-
se em três seções, sendo que a primeira relata o percurso metodológico seguido para atender
esses objetivos, e a segunda apresenta o perfil dos entrevistados. Por fim, na terceira seção
apresenta-se o processo de elaboração, execução e controle da peça orçamentária do IFPB
Campus Picuí, conjuntamente com a percepção da comunidade acadêmica.
4.1 PERCURSO METODOLÓGICO
O presente projeto propõe uma intervenção participativa na realidade social do IFPB
Campus Picuí, por meio da construção de um novo modelo orçamentário com o envolvimento
do pesquisador e de parte da comunidade acadêmica do Campus. Dessa forma, o presente
estudo caracteriza-se como uma pesquisa-ação, pois objetiva estudar a resolução de questões
sociais ou organizacionais em conjunto com aqueles que vivenciam essas questões
diretamente, como é o caso do pesquisador responsável (BARBIER, 1985; COUGHLAN,
COUGHLAN, 2002; THIOLLENT, 2009; 2011).
Assim, e de forma a se obter um diagnóstico do atual modelo do processo
orçamentário do IFPB Campus, e seguindo os ensinamentos de Thiollent (2009; 2011) no que
concerne à operacionalização da pesquisa-ação, realizou-se: uma pesquisa bibliográfica e uma
pesquisa documental, integrantes da Fase Exploratória da pesquisa-ação, onde se buscou
maiores conhecimentos sobre o ambiente da pesquisa, bem como o acesso à comunidade a ser
pesquisada. Nesse ponto, cabe ressaltar que o pesquisador faz parte da comunidade, o que
facilitou a aceitação da intervenção por parte do grupo. Foi ainda realizado um levantamento
de campo (survey) com o intuito de buscar informações que permitissem o conhecimento do
modelo atual de orçamentação do Campus. Para tanto, foram utilizados como instrumentos de
coleta de dados o questionário, a entrevista estruturada e os seminários.
Os seminários reúnem os principais membros da equipe de pesquisadores, bem como
os membros significativos dos grupos implicados no problema alvo da investigação, tendo
como papel examinar, discutir e tomar decisões relacionadas à pesquisa (THIOLLENT, 2009).
Ainda segundo o autor, os seminários centralizam todas as informações coletadas, discutindo
suas interpretações, traçando diretrizes tanto da pesquisa quanto da ação, as quais serão
65
submetidas à aprovação dos interessados, ou seja, de todos os seus membros. Os seminários
da presente pesquisa-ação foram compostos pelos seguintes membros: pesquisador, que atuou
como coordenador do grupo; Diretor Geral; Diretora de Desenvolvimento do Ensino;
Coordenador de Planejamento; Coordenadora Pedagógica e de Apoio ao Estudante; Assistente
Social; Presidente do Grêmio Estudantil e Presidente do Diretório Central dos Estudantes.
A pesquisa documental forneceu subsídios para o diagnóstico da atual prática
orçamentária do Campus. A opção pela entrevista se deu pela necessidade de um maior
aprofundamento acerca das informações relativas à instituição e ao funcionamento do atual
processo orçamentário vigente no Campus, de modo a também subsidiar o diagnóstico. O
questionário, por sua vez, além de trazer subsídios para o diagnóstico, evidenciou o perfil do
entrevistado, sua visão acerca do modelo de definição das prioridades, execução e controle do
orçamento atualmente vigente no IFPB Campus Picuí, bem como expôs os anseios da
comunidade para a implantação de um novo modelo orçamentário para o Campus.
A pesquisa documental foi realizada nos mais diversos documentos de propriedade do
Campus Picuí, impressos e em formato digital, tais como: estatutos, regimentos, regulamentos,
resoluções, ofícios, memorandos, relatórios, pareceres, balancetes, atas, despachos, portarias,
planilhas eletrônicas, e-mails e demais documentos extraídos dos Sistemas de Informações
Gerenciais utilizados pelo IFPB Campus Picuí, o SUAP, e o Sistema Integrado de
Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI. Foram considerados todos os
documentos utilizados pelo IFPB Campus Picuí nas diversas fases do seu processo
orçamentário. Os dados obtidos por meio dessa pesquisa foram tratados e interpretados à luz
da estatística descritiva e da análise documental, descritiva e funcionalista, trazendo-nos
informações com riqueza de detalhes acerca da atual prática orçamentária do Campus.
Dentro da lógica da pesquisa-ação, mais precisamente em sua Fase de Pesquisa
Aprofundada, foram realizados dois seminários, o Seminário 1, no dia 09 de novembro de
2016, e o Seminário 2 no dia 16 de novembro do mesmo ano. Cada seminário teve duração de
aproximadamente 1 (uma) hora. No Seminário 1, foram apresentadas ao grupo, para discussão
e posterior aprovação, a problemática que deveria ser solucionada, os objetivos da pesquisa e
a proposta de funcionamento dos seminários e de seu cronograma. Durante a realização desse
seminário foram realizados alguns ajustes no objetivo geral e nos objetivos específicos da
pesquisa, ficando ainda decidido que seriam necessários mais dois seminários a serem
realizados em 16 de novembro de 2016 e 1º de fevereiro de 2017, este último após concluída
a coleta e a interpretação dos dados.
No Seminário 2, foi realizada uma discussão teórica acerca do orçamento participativo,
66
com base nos dados coletados por meio da pesquisa bibliográfica, de modelos de orçamentos
participativos e de mecanismos de controle destes, já existentes em universidades e institutos
Federais, e posteriormente, escolheu-se o modelo de Orçamento Participativo adotado pela
Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS para guiar as discussões. Nesse seminário,
ainda foram discutidos e aperfeiçoados o roteiro da entrevista diagnóstico (Apêndice A) e o
questionário (Apêndice B). Ressalte-se, por oportuno, que os seminários foram alvo de
observação, tendo seus principais acontecimentos registrados para posterior discussão.
As entrevistas foram aplicadas diretamente pelo pesquisador junto aos gestores
responsáveis pelos setores diretamente ligados à operacionalização de todo o processo
orçamentário do Campus, com exceção do Diretor de Administração, Planejamento e
Finanças, pesquisador, que atuou como observador participante, quais sejam: O Diretor Geral
e o Coordenador de Planejamento. As entrevistas foram realizadas nos locais de trabalho de
cada entrevistado e gravadas por meio de gravador digital de voz, com a autorização para a
gravação, solicitada no início de cada entrevista (Apêndice C).
O roteiro da entrevista diagnóstico (Apêndice A) foi elaborado pelo próprio autor com
base nas normativas que regulam todo o processo orçamentário, bem como na experiência
adquirida como Diretor de Administração, Planejamento e Finanças do Campus Picuí, sendo,
posteriormente, submetida aos seminários para ajuste e posterior ratificação, conforme já
mencionado. Os ajustes realizados no roteiro da entrevista diagnóstico pelos integrantes dos
seminários foram apenas de ordem gramatical, de forma a deixar os enunciados mais claros,
sem a indução de respostas por parte do entrevistador e, consequentemente mais
compreensíveis.
Para a escolha dos sujeitos da pesquisa que responderam às entrevistas foi adotada
uma amostragem não probabilística intencional, tendo em vista a necessidade de se obter
informações de quem efetivamente lida com todo o processo orçamentário do Campus,
partindo da definição das prioridades, quando da sua elaboração, até a sua devida avaliação.
Os dados obtidos por meio das entrevistas foram organizados, tratados e interpretados
qualitativamente com a utilização da análise descritiva e funcionalista, tendo em vista a
necessidade de se compreender o que fora categorizado nos textos/falas. Foi ainda submetido
ao Seminário 3, no entanto, sem sofrer alterações significativas.
O questionário (Apêndice B) foi elaborado pelo próprio pesquisador, adaptando-se
algumas questões de Ferreira (2003), sendo composto por três blocos de questões,
compreendendo 30 questões abertas e fechadas e uma Escala de Likert com sete assertivas,
onde se procurou evidenciar o perfil do entrevistado, sua visão acerca do modelo de definição
67
das prioridades, execução e controle do orçamento atualmente vigente no IFPB Campus Picuí,
bem como os anseios da comunidade para a implantação de um novo modelo orçamentário
para o Campus.
Esse questionário foi convertido em questionário on-line por meio da ferramenta
“Google Formulários” e o link enviado por e-mail para os endereços eletrônicos dos membros
da comunidade acadêmica do IFPB Campus Picuí, devidamente cadastrados na instituição,
sejam eles discentes, docentes ou técnico-administrativos em educação, após a realização do
pré-teste e as suas devidas correções. Para o pré-teste do questionário, foram sorteados 4
servidores, sendo 2 docentes e 2 técnico-administrativos em educação e 4 discentes, um de
cada nível de ensino (Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio, Ensino Técnico
Subsequente ao Ensino Médio, Ensino Superior e Pós-Graduação).
Para efeitos de aplicação dos questionários, foi considerado como universo da
pesquisa toda a comunidade acadêmica do IFPB Campus Picuí, formada por seu corpo
discente (1.176), consideradas as matrículas ativas na instituição, pelo seu corpo docente (69),
incluídos aí os servidores efetivos, substitutos e em colaboração técnica, e pelo seu corpo
técnico administrativo (36), conforme dados obtidos junto ao SUAP do IFPB, em 26 de
outubro de 2016.
Diante da necessidade de se obter informações para subsidiar o presente projeto de
intervenção, que representassem o conjunto da comunidade acadêmica do IFPB Campus Picuí,
optou-se por adotar uma amostra probabilística aleatória com um nível de confiança de 95% e
uma margem de erro tolerada de 5%. Assim, a amostra utilizada por esse estudo foi 296
(duzentas e noventa e seis) pessoas.
Os e-mails com o link contendo o questionário on-line foram enviados de uma só vez
para todos os membros da comunidade acadêmica do IFPB Campus Picuí em 06 de dezembro
de 2016, sendo estabelecido um prazo de 15 (quinze) dias para a recepção das respostas,
proporcionando a todos a mesma probabilidade de participarem da presente pesquisa.
Tendo em vista o fato de não se ter alcançado o número amostral necessário na
primeira tentativa, em razão do movimento grevista deflagrado pelos servidores do IFPB
Campus Picuí a partir do dia 12 de dezembro de 2016, o que perdurou até o dia 23 de
dezembro do mesmo ano, bem como em virtude do recesso de final de ano, foram
reencaminhados o e-mail com o link do questionário on-line para toda a comunidade do IFPB
Campus Picuí em 09 de janeiro de 2017, estabelecendo-se um novo prazo de 15 (quinze dias)
para respostas, sendo ainda solicitado àqueles que já haviam respondido, que
desconsiderassem a mensagem, de forma a manter todos com a mesma probabilidade de
68
serem participantes da pesquisa.
Os dados relativos às questões fechadas do questionário (dados quantitativos)
correspondente ao segundo bloco de questões, específicas para o diagnóstico do modelo atual,
foram tabulados com auxílio da Planilha Eletrônica Microsoft Excel versão 2013 e tratados
por meio da estatística descritiva. Posteriormente foram elaboradas tabelas com o auxílio do
Editor Eletrônico de Textos Microsoft Word com os dados obtidos do questionário.
4.2 PERFIL DOS ENTREVISTADOS
Cumprindo com um dos objetivos específicos deste trabalho, essa seção tem o escopo
de evidenciar o perfil dos entrevistados, tanto da amostragem intencional, que foram alvo da
entrevista diagnóstico, quanto da amostragem estatística, que responderam os questionários.
Para tanto, subdividiu-se essa seção em: gestores institucionais; e, discentes, docentes e TAE’s.
4.2.1 Gestores institucionais
Os gestores institucionais entrevistados foram o Diretor Geral e o Coordenador de
Planejamento do Campus Picuí, tendo em vista que são eles, juntamente com o pesquisador,
os responsáveis diretos pela definição das prioridades orçamentárias, execução e controle de
todo o processo orçamentário do IFPB Campus Picuí.
O Diretor Geral do Campus Picuí tem 44 anos de idade, é Engenheiro Agrônomo de
formação e possui o título de Doutor em Ciências. Ocupa o cargo efetivo de Professor do
Ensino Básico, Técnico e Tecnológico - Professor EBTT, tendo ingressado no serviço público
em 07 de fevereiro de 2008 e no cargo de direção em 22 de agosto de 2014.
Por sua vez, o Coordenador de Planejamento do Campus Picuí, tem 31 anos de idade e
é Bacharel em Direito. Ocupa o cargo efetivo de Assistente em Administração, tendo
ingressado no serviço público em 17 de dezembro de 2014, estando exercendo a função de
Coordenador desde 03 de maio de 2016.
Infere-se a partir dos dados acima descritos que ambos possuem qualificações
superiores às exigidas pelos seus cargos efetivos, sendo ainda caraterizados como servidores
jovens que ingressaram no serviço público há menos de 10 (dez) anos e nos cargos/funções de
confiança há menos de 3 (três) anos e que, apesar do pouco tempo no serviço público,
possuem grandes conhecimentos acerca do processo orçamentário da RFEPCT e, mais
precisamente, do IFPB Campus Picuí, conforme fora demonstrado por meio das entrevistas.
69
4.2.2 Discentes, docentes e TAE’s
A amostra da pesquisa que responderam os questionários (296 pessoas no total), é
formada em sua maioria por pessoas do gênero masculino (54,73%), enquanto que o gênero
feminino representa 45,27%, conforme visualizamos na Tabela 9. Como todos os membros da
comunidade do IFPB Campus Picuí tiveram as mesmas condições de participarem da
pesquisa, pode-se inferir que o gênero masculino apresentou um caráter mais participativo.
Tabela 9 - Gênero da amostra
Gênero da amostra Quantidade Percentual (%)
Feminino 134 45,27
Masculino 162 54,73
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Quanto à faixa etária da amostra, constatou-se que mais da metade dela (59,8%) é
composta por jovens, cujas idades estão entre 16 e 20 anos e apenas 1,39% da amostra é
composta por participantes que possuem acima de 45 anos de idade, conforme descrito na
Tabela 10. Percebe-se ainda, com base nos dados coletados, que 74,66% dos participantes da
pesquisa são jovens que possuem até 25 anos de idade.
Tabela 10 - Faixa etária da amostra
Faixa Etária (em anos) Quantidade Percentual (%)
Menos de 16 19 6,42
16-20 177 59,80
21-25 25 8,44
26-30 29 9,80
31-35 28 9,46
36-40 09 3,04
41-45 05 1,69
Acima de 45 04 1,35
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Conforme se percebe por meio da Tabela 11, dos membros da comunidade acadêmica
do Campus Picuí que optaram por livre e espontânea vontade em participar da pesquisa,
70
79,39%. deles pertencem à categoria Discente, 10,47% representam a categoria dos servidores
TAE’s e apenas 10,14% pertencem à categoria Docente. Apesar do grande percentual de
alunos que responderam à pesquisa, o segmento da comunidade acadêmica do Campus Picuí
mais participante foi o dos TAE’s, uma vez que 86,11% da categoria responderam o
questionário.
Tabela 11 - Composição da amostra em relação ao segmento da comunidade acadêmica do
Campus Picuí
Segmento da
comunidade
acadêmica
Quantidade
Segmento x Total
da comunidade
acadêmica (%)
Amostra
Amostra x Total
do segmento da
comunidade
acadêmica (%)
Discente 1.176 91,80 235 19,98
Docente 69 5,39 30 43,48
TAE 36 2,81 31 86,11
Total 1.281 100 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
De acordo com o que se visualiza na Tabela 12, os discentes que participaram da
pesquisa, 30,21%, ou seja, um terço deles, estão vinculados ao Curso Técnico Integrado ao
Ensino Médio em Edificações, sendo este considerado o curso mais participativo. Em
segundo lugar, e com um percentual de participação bem próximo ao primeiro, aparece o
Curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Informática com 24,68% de participantes. O
curso que apresentou o menor índice de participação foi o Curso Técnico Subsequente ao
Ensino Médio em Secretaria Escolar, o que é em parte explicado pela quantidade de alunos
matriculados nesse curso (16 alunos).
O fato que mais chama a atenção é a pouca participação dos cursos da modalidade de
Educação a Distância, uma vez que, somadas as suas participações, alcançam apenas 5,53%
da amostra, apesar de juntos possuírem 208 alunos regularmente matriculados, o que
corresponde a 16,99% do total de alunos do Campus, conforme se verifica por meio da Tabela
12. Essa pouca participação pode em parte ser explicada pela própria sistemática do curso,
uma vez que não é obrigatória sua presença no Campus, o que dificulta o devido
acompanhamento das ações realizadas pelo IFPB Campus Picuí.
71
Tabela 12 - Composição da amostra do segmento discente em relação ao curso ao qual está
vinculado
Curso Alunos
Discentes do curso
X Total de
discentes (%)
Participantes da
pesquisa
Amostra de
discentes por
curso X Total da
amostra (%)
Técnico Integrado em
Edificações 202 17,18 71 30,21
Técnico Integrado em
Geologia 126 10,71 35 14,89
Técnico Integrado em
Informática 93 7,91 58 24,68
Técnico Subsequente em
Manutenção e Suporte em
Informática
189 16,07 8 3,41
Técnico Subsequente em
Mineração 178 15,14 10 4,26
Técnico Subsequente em
Segurança do Trabalho -
EAD
48 4,08 4 1,70
Técnico Subsequente em
Secretariado Escolar -
EAD
16 1,36 3 1,28
Superior de Tecnologia
em Agroecologia 123 10,46 34 14,47
Licenciatura em Letras -
EAD 144 12,24 6 2,55
Pós-Graduação em Gestão
dos Recursos Ambientais
do Semiárido
57 4,85 6 2,55
Total 1.176 100 235 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Dando prosseguimento ao detalhamento do perfil da amostra probabilística da
pesquisa, constata-se, por meio da visualização da Tabela 13, grande heterogeneidade em
relação ao nível de escolaridade de seus integrantes, o que vem a reforçar sua
representatividade, tendo em vista que a comunidade do Campus Picuí é formada por
discentes do ensino médio à pós-graduação e por servidores ocupantes de cargos com as mais
diversas exigências em relação ao nível de ensino.
72
Tabela 13 - Nível de escolaridade da amostra
Nível Escolaridade Quantidade Percentual (%)
Fundamental 98 33,11
Médio 128 43,24
Superior 26 8,78
Especialização 21 7,09
Mestrado 13 4,39
Doutorado 10 3,38
Pós-Doutorado 00 0,00
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
No que concerne ao ano de ingresso das pessoas no Campus Picuí e consequentemente
em sua comunidade acadêmica, verifica-se por meio da Tabela 14, que 83,78% da amostra faz
parte da comunidade do Campus há menos de três anos e apenas 16,22% fazem parte da
comunidade há mais de 3 (três) anos. Essa situação é em parte explicada pela duração dos
cursos técnicos subsequentes ao ensino médio, 2 (dois) anos, e pelo fato das constantes
remoções de servidores, docentes e TAE’s, para outras unidades do IFPB, principalmente para
a Reitoria e para os Campi João Pessoa e Campina Grande.
Tabela 14 - Ano de ingresso no Campus Picuí
Ano de Ingresso Quantidade Percentual (%)
2009 0 0,00
2010 4 1,35
2011 9 3,04
2012 4 1,35
2013 31 10,47
2014 83 28,04
2015 92 31,08
2016 73 24,66
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Em relação ao semestre de ingresso dos alunos no IFPB Campus Picuí, 85,11% deles
afirmaram ter ingressado no primeiro semestre, o que por si só lhes daria mais condições de
acompanhar todo o processo de elaboração e execução do orçamento do campus, desde o seu
primeiro semestre, tendo em vista a elaboração do orçamento do Campus ter início em
73
meados de maio, como afirmado pelos Entrevistados 1 e 2, e seu processo de execução
ocorrer ao longo de todo o exercício financeiro (Tabela 15).
Tabela 15 - Semestre de ingresso do corpo discente da amostra no IFPB
Semestre Quantidade Percentual (%)
1º Semestre 200 85,11
2º Semestre 35 14,89
Total 235 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
No tocante à participação em movimentos estudantis, dos 235 discentes que
participaram da pesquisa, apenas 14,47% afirmam fazer parte de movimentos organizados de
representação estudantil, enquanto a grande maioria (85,53%) afirma não participar, conforme
exposto na Tabela 16. Esse item é importante, tendo em vista que quanto maior a capacidade
de organização dos discentes em entidades de representação, maior será a probabilidade de
engajamento deles nas reuniões/plenárias do Orçamento Participativo, o que possibilita
maiores chances de sucesso dessa experiência participativa.
Tabela 16 - Participação em movimentos estudantis por parte do corpo discente que compõe a
amostra
Participação em Movimentos Estudantis Quantidade Percentual (%)
Sim 34 14,47
Não 201 85,53
Total 235 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Conforme descrito na Tabela 17, dentre os servidores que responderam o questionário
da pesquisa (61 ao todo), 16 deles (26,23%) afirmaram ocupar cargo de direção ou função
gratificada. Assim, percebe-se que de um total de 24 servidores que possuem cargo de direção
ou função gratificada (IFPB, 2016), 2/3 deles participaram da pesquisa representando a gestão
do campus. Essa participação é importante, pois esses servidores têm ou deveriam ter mais
contato com a elaboração e execução da peça orçamentária do campus, uma vez que fazem
parte de sua administração.
74
Tabela 17 - Participação dos segmentos docentes e TAE’s em cargos de gestão no Campus
Picuí
Cargos de Direção/Funções de Confiança Quantidade Percentual (%)
Sim 16 26.23
Não 45 73,77
Total 61 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Ainda com base na Tabela 17, é importante ressaltar que 73,77% dos participantes
afirmam não ocupar nenhum cargo de Direção ou Função Gratificada, o que vem a propiciar
um pouco mais de isenção nas respostas que envolvam a avaliação da gestão do Campus.
Dessa forma, foram contempladas todas as vertentes dos servidores integrantes dos segmentos
docentes e técnico-administrativo.
4.3 O ATUAL MODELO DE ELABORAÇÃO, EXECUÇÃO E CONTROLE DA PEÇA
ORÇAMENTÁRIA DO IFPB CAMPUS PICUÍ
O IFPB Campus Picuí iniciou suas primeiras discussões acerca das definições de suas
prioridades orçamentárias no mesmo ano em que deu início a suas atividades institucionais na
Cidade de Picuí-PB. Essas discussões diziam respeito ao processo de elaboração da proposta
orçamentária do ano de 2010, ano em que, efetivamente, se deu início a execução do primeiro
orçamento do Campus.
Por ser integrante da RFEPCT, o trâmite inicial da elaboração da proposta
orçamentária do IFPB Campus Picuí obedece ao mesmo rito dos demais campi dos Institutos
Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, do Colégio Pedro II do Rio de Janeiro e dos
CEFET’s de Minas Gerais e do Rio de Janeiro. Assim, as primeiras discussões acerca da
elaboração de sua proposta orçamentária para um determinado exercício financeiro iniciam-se
no FORPLAN (Entrevistado 1; Entrevistado 2).
O FORPLAN, por sua vez, para dar início à formulação da proposta orçamentária de
toda a RFEPCT, coleta por meio do SISTEC informações relativas às matrículas de toda a
Rede, detalhadas por Instituição e por campi, tendo em vista a determinação legal de que o
orçamento da RFEPCT seja identificado por campi e Reitorias. Às informações acerca do
quantitativo de alunos são adicionadas outras, tais como: o tipo de aluno, classificando-o
principalmente em alunos presenciais ou à distância; se são alunos pertencentes aos cursos das
Ciências Agrárias ou das demais áreas do conhecimento; e, se são alunos em Regime de
75
Internato Pleno, “o chamado Aluno RIP” (Entrevistado 1); o IDH do munícipio sede dos
campi, campi avançados, colégios agrícolas e centros de referência; e o IPCA-E acumulado
até o período.
De posse dessas informações, o FORPLAN elabora a Matriz CONIF que diz respeito a
uma Planilha Eletrônica do Microsoft Excel, onde constam todas as unidades da RFEPCT,
bem como o orçamento a ser alocado em cada uma delas, ou como relatou o Entrevistado 2, é
“uma tabela contendo todas as unidades da Rede Federal de Educação Profissional,
Científica e Tecnológica (reitorias, campi, campi avançados, colégios agrícolas e centros de
referência) e o orçamento que deverá ser disponibilizado para cada uma delas”.
Após elaborada a Matriz CONIF pelo FORPLAN, ela é enviada à Reitoria do IFPB,
que por sua vez a encaminha para todas as suas unidades, dentre elas o Campus Picuí, para
que seja efetuado o devido detalhamento das despesas com base no teto estipulado na Matriz.
Efetuado o detalhamento das despesas, o Campus Picuí remete o arquivo com sua proposta
orçamentária devidamente detalhada para a consolidação por parte da Reitoria do IFPB, a
qual posteriormente a reencaminha ao FORPLAN para consolidação e posteriormente ao
CONIF para aprovação.
Cabe ressaltar que, após aprovada pelo CONIF, a proposta orçamentária da RFEPCT
contida na Matriz CONIF é submetida à SETEC/MEC para aprovação, o que, em geral ocorre
com ajustes, tendo em vista o estabelecimento de um novo teto de despesas pelo MEC,
obrigando todas as unidades a ajustarem o detalhamento de suas despesas ao novo teto
estipulado, dando origem, assim, à Matriz CONIF efetivamente aprovada para integrar o
Orçamento Geral da União (Entrevistado 1; Entrevistado 2).
A partir do momento em que o Campus Picuí toma conhecimento do seu limite/teto
orçamentário, inicia-se o processo de detalhamento de suas despesas, tendo por base, as
despesas efetuadas no ano anterior e as ações planejadas para o exercício financeiro de
execução do orçamento (Entrevistado 2). Segundo informações do Entrevistado 1, nesse
processo de detalhamento das despesas,
a Direção Geral do Campus solicita da Direção de Administração e Planejamento e
da Coordenação de Planejamento e Execução Financeira, que seja realizado um
levantamento prévio das despesas do Campus em relação a cada programa e ação
orçamentária em termos de custeio, investimento, assistência ao educando e
capacitação de servidores, com base nas despesas do ano anterior e no planejamento
do Campus para que se possa ter subsídios e detalhar as despesas de acordo com
nossas reais necessidades.
76
Conforme relatos do Entrevistado 2, é nessa fase do processo que se define “quanto se
pretende gastar em cada programa e ação orçamentária em termos de custeio, investimento,
assistência ao educando e capacitação de servidores”, sendo esse detalhamento elaborado
apenas pelo Diretor de Administração, Planejamento e Finanças do Campus Picuí, baseado
tão somente nas informações prestadas pela Diretoria de Desenvolvimento do Ensino, Pela
Coordenação de Planejamento e pela Coordenação Pedagógica e de apoio ao Estudante e,
posteriormente, ajustado e/ou ratificado pelo Diretor Geral do Campus. Percebe-se a partir
dessas informações que, poucas são as pessoas e setores que estão efetivamente envolvidas no
processo de elaboração da proposta orçamentária do Campus.
Salienta ainda o Entrevistado 2 que, em regra, a proposta orçamentária que é elaborada
já com base nos limites/tetos orçamentários da Matriz CONIF homologada pela SETEC/MEC
e integrante da Proposta Orçamentária do MEC, é aprovada pelo Congresso Nacional e
posteriormente sancionada pelo Presidente da República.
O processo de elaboração da proposta orçamentária do campus para o exercício
financeiro subsequente tem início entre a segunda quinzena de maio e a primeira quinzena de
junho do atual exercício financeiro, encerrando-se, em geral, entre a segunda quinzena de
julho e a primeira quinzena de agosto, a depender do cronograma e dos ritos processuais
estabelecidos pelo FORPLAN/CONIF e dos prazos legais para a apresentação da proposta
orçamentária para apreciação por parte do Poder Legislativo. A esse respeito, o Entrevistado 2
complementa afirmando que
a própria legislação determina alguns prazos e as instituições e órgão do Governo
Federal tem que se planejar para seguir o que é estipulado por cada Ministério ou
órgão setorial. No nosso caso, é o MEC por meio da SETEC que define o prazo
máximo de elaboração da proposta orçamentária que deverá ser seguido por todos os
órgãos e instituições a ele vinculado.
Dessa forma, fica evidente que os prazos para a elaboração da proposta orçamentária
do Campus Picuí não é fixo, podendo sofrer pequenas variações, para mais ou para menos, em
virtude da própria dinâmica do processo de elaboração da proposta orçamentária da RFEPCT
e dos prazos legais que regem a matéria, conforme fora relatado pelo Entrevistado 1.
Segundo afirmaram os entrevistados, o Orçamento 2016 do Campus Picuí foi
composto de dois programas e três ações, conforme visualizados no Quadro 6. Na visão do
Entrevistado 2, o orçamento do Campus “é um desdobramento do Programa 2080 e do
Programa 2109 do Orçamento Geral da União”. Ainda segundo o mesmo entrevistado, a
Ação 20RL engloba todas as despesas em termos de custeio e investimento do Campus; a
77
Ação 4572 diz respeito a todas as despesas referente à capacitação de servidores; a Ação 2994
envolve os dispêndios realizados com o fito de dar o devido suporte aos discentes tais como:
“auxílios moradia, transporte e alimentação; auxílio óculos; ajuda de custo para
participação em eventos; aquisição de materiais para distribuição gratuita; aquisição de
materiais para premiação e concessão de bolsas de pesquisa, extensão e inovação”.
Quadro 6 - Programas e ações orçamentárias do Campus Picuí no exercício 2016
Programa Ação
2080 - Educação de Qualidade para Todos
20RL - Funcionamento das Instituições Federais de
Educação Profissional e Tecnológica
2994 - Assistência ao Educando da Educação
Profissional e Tecnológica
2109 - Gestão e Manutenção do Ministério da
Educação
4572 - Capacitação de Servidores Públicos Federais
em Processo de Qualificação e Requalificação
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
No que concerne à responsabilidade por traçar as prioridades de cada ação
orçamentária, percebemos por meio das falas dos entrevistados que essas prioridades são
definidas por poucas pessoas: o Diretor Geral; o Diretor de Administração, Planejamento e
Finanças; o Coordenador de Planejamento; a Diretoria de Desenvolvimento do Ensino; a
Coordenadora Pedagógica e de Apoio ao Estudante e a Assistente Social do Campus. De
acordo com os entrevistados, as prioridades da Ação 20RL, principalmente aquelas
relacionadas à contratação de serviços, aquisição de materiais permanentes e de consumo e
concessão de diárias e passagens, são definidas pelo Diretor Geral, Diretor de Administração,
Planejamento e Finanças, Coordenador de Planejamento e Diretora de Desenvolvimento do
Ensino. Ressalta-se apenas que
a Diretora de Desenvolvimento do Ensino é responsável por parte das prioridades da
ação 20RL, mais precisamente no que se refere às prioridades relativas às
necessidades por equipamentos e materiais permanentes e de consumo necessários
às unidades acadêmicas a ela subordinadas, ou seja, as coordenações de cursos,
laboratórios, biblioteca etc. (Entrevistado 1)
A definição das prioridades relacionadas à capacitação de servidores, Ação 4572, é
atualmente realizada pelos Diretores Geral e de Administração, Planejamento e Finanças, bem
como pelo Coordenador de Planejamento do Campus. São eles quem definem quanto investir
em capacitação, detalhando, ainda, quanto se deverá destinar a diárias, passagens, aquisição de
78
materiais, contratação de serviços de pessoas físicas e jurídicas e demais despesas da referida
ação.
No tocante à Ação 2994, suas prioridades têm sido definidas pela Coordenadora
Pedagógica e de Apoio ao Estudante, em conjunto com a Assistente Social e com o Diretor de
Administração, Planejamento e Finanças do Campus. Conforme falas do Entrevistado 1, há de
se ressaltar que as prioridades elencadas por esses atores
são analisadas e posteriormente aprovadas pelo Diretor Geral do Campus, e que ao
longo da execução orçamentária, vários ajustes são realizados de forma a cumprir
com necessidades da Assistência Estudantil e com outras demandas urgentes que
surgem ao longo do ano.
Em relação ao que dá subsídios para que esses atores tomem essas decisões, o
Entrevistado 2 acredita “ser principalmente as atuais despesas e o planejamento das ações a
serem implementadas por cada Diretoria do Campus”. Percebe-se, dessa forma, que muitas
das decisões tomadas por esses atores são baseadas em fatos passados, mais precisamente em
gastos passados, ficando evidente a adoção da técnica do incrementalismo, citada por
Giacomoni (2012).
Concernente à forma de execução do orçamento, os Entrevistados 1 e 2 afirmaram que
o Campus Picuí trabalha com uma metodologia de descentralização de recursos entre as
coordenações de curso. A escolha das coordenações de curso para participarem da
descentralização de recursos orçamentários dar-se em razão de serem as mais numerosas no
que se refere ao número de membros da comunidade acadêmica e pelo fato de atuarem
diretamente com a área finalística da Instituição. Segundo a fala do Entrevistado 1, essa
descentralização é feita reservando-se parte do orçamento para fazer frente a algumas
despesas discricionárias da gestão do Campus e das coordenações de curso. Do total
reservado, 30% a 40% fica a cargo da gestão, para suprir as demandas de todas as demais
coordenações e diretorias, sendo o saldo remanescente dividido em partes iguais entre as
coordenações (Entrevistado 2).
O Entrevistado 2 ressalta ainda em sua fala que o único recurso que efetivamente
apresenta um critério para sua distribuição, diz respeito ao recurso para capacitação de
servidores, onde reserva-se parte para o cumprimento da missão institucional do campus em
relação à capacitação de servidores, e o restante é distribuído entre as coordenações, de
acordo com o número de servidores lotados em cada uma delas.
Quanto à participação da comunidade acadêmica do Campus no processo de definição
das prioridades e na consequente alocação dos recursos, o Entrevistado 1 afirma que a
79
participação da comunidade se dá “por meio de reuniões sistêmicas realizadas entre os
Diretores Geral, de Administração, de Desenvolvimento do Ensino e todos os Coordenadores
de Curso. Mas não há participação de demais segmentos”.
Por seu turno, o Entrevistado 2 afirma que não há, de forma direta, mecanismos de
participação da comunidade na definição das prioridades orçamentárias do Campus, “porém
há um espaço para coordenadores de cursos e representantes dos diferentes grupos, que
formam a comunidade do campus, manifestarem-se sobre quais anseios e necessidades são
consideradas prioridades”. Desse modo, fica evidente que a única forma de participação da
comunidade do Campus no que se refere às definições de suas prioridades orçamentárias dar-
se por meio de reuniões realizadas entre as diretorias e os coordenadores de curso, relegando,
assim, uma participação mais efetiva de todos os segmentos da comunidade acadêmica do
Campus Picuí.
Em relação à contribuição que os coordenadores de curso e/ou setores administrativos
têm dado à elaboração dos orçamentos anuais do IFPB Campus Picuí, os servidores ocupantes
de Cargos de Direção e Funções Gratificadas que fizeram parte da amostra, 16 (dezesseis) no
total, responderam, em sua maioria (31,25%) que os Coordenadores têm definido
parcialmente as prioridades das coordenações, enquanto 18,75% responderam que eles têm
definido junto à gestão do campus todas as prioridades tanto da coordenação quanto do
campus no geral, 18,75% afirmaram que eles têm definido todas as prioridades da
coordenação, para 18,75%, os coordenadores são autônomos para definir as prioridades das
coordenações e, 12,50% afirmaram não saber opinar sobre a temática, consoante disposto na
Tabela 18.
Tabela 18 - Contribuição que os Coordenadores têm dado à elaboração dos Orçamentos
Anuais do IFPB Campus Picuí
Contribuições Quantidade Percentual (%)
Têm definido junto à gestão do campus todas as prioridades tanto da
coordenação quanto do campus no geral 03 18,75
Têm definido todas as prioridades da coordenação 03 18,75
Têm definido parcialmente as prioridades da coordenação 05 31,25
Seguem apenas a orientação da gestão do campus 00 0,00
São autônomos para definir as prioridades das coordenações 03 18,75
Não têm opinado nas prioridades 00 0,00
Não sei opinar 02 12,50
Total 16 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
80
Dos coordenadores que afirmaram que as coordenações têm contribuído apenas com a
definição parcial de suas prioridades, 05 (cinco) no total, 40% deles afirmaram não saber
opinar qual o nível de participação de suas coordenações na definição de suas prioridades,
enquanto 20% afirmaram ter elaborado apenas as despesas correntes, mesmo percentual
alcançado por aqueles que afirmaram que elaboraram apenas as despesas de capital e por
aqueles que informaram ter elaborado apenas parte das despesas correntes, como registrado na
Tabela 19.
Tabela 19 - Nível de participação da coordenação a qual o(a) coordenador(a) está
vinculado(a), na elaboração dos Orçamentos Anuais do IFPB Campus Picuí
Nível de Participação Quantidade Percentual (%)
Elaborou apenas as despesas correntes (despesas com água, energia,
telefone, diárias, combustíveis, materiais de consumo etc.) 01 20,00
Elaborou apenas as despesas de capital (despesas com aquisição de
equipamentos permanentes, softwares, construções e ampliações de
prédios)
01 20,00
Elaborou apenas parte das despesas correntes (despesas com água, energia,
telefone, diárias, combustíveis, materiais de consumo etc.) 01 20,00
Elaborou apenas parte das despesas de capital (despesas com aquisição de
equipamentos permanentes, softwares, construções e ampliações de
prédios)
00 0,00
Não sei opinar 02 40,00
Total 05 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Ampliando a discussão acerca da participação da comunidade acadêmica no atual
processo orçamentário do Campus Picuí, da elaboração até a sua execução, visualiza-se por
intermédio da Tabela 20 que, 36,49% dos participantes da pesquisa afirmaram que o atual
modelo de elaboração e execução do orçamento do Campus permite parcialmente a
participação de discentes, docentes e TAE’s na definição das prioridades e no
acompanhamento da execução do orçamento. 33,11% dos entrevistados afirmaram não saber
opinar, enquanto no entendimento de 15,54% dos entrevistados o atual processo de elaboração
e execução orçamentária adotado pelo Campus, permite plenamente a participação da
comunidade, e para 14,86% da amostra, o atual modelo não permite a participação da
comunidade acadêmica nos processos de elaboração e execução do orçamento do Campus.
81
Tabela 20 - Percepção da comunidade acadêmica acerca da possibilidade de participação na
elaboração e execução do orçamento do IFPB Campus Picuí
Percepção Quantidade Percentual (%)
Permite plenamente a participação 46 15,54
Permite parcialmente a participação 108 36,49
Não permite a participação 44 14,86
Não sei opinar 98 33,11
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Apesar de mais da metade dos participantes da pesquisa que responderam o
questionário terem afirmado que o atual modelo de elaboração e execução orçamentária do
Campus Picuí permite plenamente ou parcialmente a participação no processo (52,03%), em
conformidade com os dados dispostos na Tabela 20, apenas 14,53% deles afirmaram terem
participado do processo de elaboração e/ou do processo de acompanhamento da execução
orçamentária do Campus, ao passo que 85,47% afirmaram não ter participado de nenhum dos
citados processos (Tabela 21). Essa situação pode em parte ser explicada pelos motivos
constantes na Tabela 23.
Tabela 21 - Participação no processo de elaboração e execução do orçamento do Campus Picuí
Participação Quantidade Percentual (%)
Sim 43 14,53
Não 253 85,47
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Em conformidade com os dados demonstrados por meio da Tabela 22, da parcela da
amostra que afirmou ter participado do processo de elaboração ou execução do orçamento do
Campus Picuí, 43 (quarenta e três) pessoas no total, 32,56% afirmaram ter participado apenas
do acompanhamento da execução orçamentária. Para 27,91% essa participação deu-se apenas
no processo de elaboração do orçamento, enquanto 20,93% afirmaram ter participado de
outras formas e, apenas 18,60% dos entrevistados por meio do questionário afirmaram ter
participado integralmente tanto do processo de elaboração do orçamento do Campus, quanto
do seu acompanhamento. Importante se faz destacar que os participantes da pesquisa que
afirmaram ter participado do processo de elaboração do orçamento e/ou do processo de
acompanhamento de sua execução de uma outa forma, não a explicitaram, apesar de o
82
questionário dispor de um campo para esse detalhamento.
Tabela 22 - Forma de participação no processo de elaboração e execução do orçamento do
Campus Picuí
Forma de Participação Quantidade Percentual (%)
Participei integralmente, tanto da elaboração do orçamento quanto do
acompanhamento de sua execução 08 18,60
Participei apenas da elaboração do orçamento 12 27,91
Participei apenas do acompanhamento da execução orçamentária 14 32,56
Outra 09 20,93
Total 43 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Dos membros da comunidade acadêmica do Campus Picuí que afirmaram não ter
participado nem do processo de elaboração do orçamento, tampouco do processo de
acompanhamento da execução orçamentária, conforme visto na Tabela 21, 47,82% deles
afirmaram que não participaram porque não sabiam que poderiam participar da elaboração e
do acompanhamento da execução orçamentária do Campus, 21,74% alegaram não ter
participado porque não foram convidados a opinar, mesmo percentual de entrevistados
(21,74%) argumentaram que o motivo de sua não participação era a falta de informações
acerca da data e local de realização das reuniões para elaboração e acompanhamento do
orçamento do Campus. Aqueles que afirmaram não se interessar nem pela elaboração, nem
pela execução do orçamento correspondem a apenas 6,72% de um total de 253 pessoas, ao
passo que 1,98% alegaram outros motivos para sua não participação, de acordo com os dados
trazidos pela Tabela 23.
Depreende-se a partir dos dados constantes na Tabela 23, que há interesse por parte da
comunidade acadêmica do Campus em participar de todo o seu processo orçamentário, tendo
em vista que apenas 6,72% alegaram não se interessar, ao passo que a grande maioria
(93,28%) trouxe outros motivos para sua não participação no processo orçamentário do
Campus, em geral, relacionados à falta de informações e falhas na comunicação entre a
Gestão do Campus e sua comunidade acadêmica.
83
Tabela 23 - Motivo da não participação no processo de elaboração e execução do orçamento
do Campus Picuí
Motivo Quantidade Percentual (%)
Não me interesso nem pela elaboração nem pela execução do orçamento
do Campus 17 6,72
Não sabia que poderia participar da elaboração e acompanhamento do
orçamento do Campus 121 47,82
Não fui convidado a participar da elaboração e acompanhamento do
orçamento do Campus 55 21,74
Não sabia de informações sobre data/local de realização de reuniões para
elaboração e acompanhamento do orçamento do Campus 55 21,74
Outro 05 1,98
Total 253 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Em se tratando do conhecimento da comunidade acerca do atual critério utilizado pelo
Campus para a definição das prioridades orçamentárias e a consequente destinação dor
recursos, 96,62% afirmaram desconhecer tais critérios e somente 3,38% da amostra alegaram
conhecer os critérios utilizados pelo Campus para definir suas prioridades orçamentárias,
conforme se verifica por meio da Tabela 24.
Tabela 24 - Conhecimento acerca dos critérios para a definição das prioridades orçamentárias
do Campus Picuí
Respostas Quantidade Percentual (%)
Sim 10 3,38
Não 286 96,62
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Ainda em relação aos critérios atualmente utilizados pelo IFPB Campus Picuí para a
definição das suas prioridades orçamentárias, os principais critérios lembrados pelos
participantes que afirmaram conhecê-los foram: a) continuidade dos serviços essenciais à
manutenção das atividades institucionais; b) o cumprimento das obrigações legais da
instituição; c) a assistência estudantil; e, d) a manutenção das atividades de ensino, pesquisa e
extensão.
Diante dos resultados apresentados na Tabela 23 e 24, evidenciam-se falhas na
comunicação entre a Gestão do Campus e a sua comunidade acadêmica. Uma possível
ausência de informações sobre as possibilidades de participação da comunidade no processo
84
orçamentário, bem como a realização de convites com informações de data, local e horário
podem ser consideradas como um dos principais motivos limitadores para um processo
orçamentário mais participativo.
Esse quadro torna-se mais preocupante quando somado ao aspecto da transparência.
Em se tratando da transparência no atual processo de elaboração e execução do orçamento do
Campus, os Entrevistados 1 e 2 concordam que não existem mecanismos efetivos que
garantam a transparência no processo de elaboração do orçamento, apenas a divulgação de
algumas atividades relacionadas à Assistência Estudantil nos murais do Campus. Entretanto,
no que se refere ao processo de execução orçamentária, cita o Entrevistado 2 que “há um
acompanhamento em tempo real das ações, através do site do Instituto, sendo esse um dos
principais instrumentos garantidores da transparência”, fato também lembrado pelo
Entrevistado 1, quando este menciona o Portal da Transparência do IFPB em sua fala.
A percepção da comunidade acadêmica do Campus conforme visualizada na Tabela 25,
mostra-se um pouco diferente do que afirmam os gestores diretamente envolvidos com o trato
das questões orçamentárias (Entrevistados 1 e 2), tendo em vista que 52,70% dos participantes
da pesquisa alegaram não saber opinar se os processos de elaboração e execução do
orçamento ocorrem ou não de forma transparente, o que reforça a ideia que que realmente há
falhas na comunicação entre a gestão e a comunidade acadêmica do Campus Picuí.
Segundo dados da Tabela 25, para 18,24% dos participantes, os processos de
elaboração e execução do orçamento ocorrem de forma transparente, uma vez que são
divulgadas em murais e/ou sites, todas as informações necessárias, tanto à elaboração quanto
à execução do orçamento do Campus, enquanto 14,87% discordam dessa posição, ao afirmar
que esses processos não ocorrem de forma transparente tendo em vista que não são divulgadas
em murais e/ou sites informações básicas no que se refere à elaboração e à execução do
orçamento do Campus. Outra parcela da comunidade afirma que os processos de elaboração e
execução do orçamento não ocorrem de forma transparente, ou porque só são divulgadas
informações referentes à execução do orçamento (8,11%) ou porque só são divulgadas
informações referentes a sua elaboração (6,08%).
Cabe aqui destacar que o Portal da Transparência do IFPB, é um dos mecanismos de
transparência na gestão publica mais exitosos de toda a RFEPCT, sendo, inclusive, referência
para outras instituições públicas. Esse mecanismo de transparência pública fornece à
comunidade do IFPB e a toda a sociedade, informações necessárias à prática do controle
social. Nesse portal são fornecidas informações atinentes à execução orçamentária de toda a
instituição, atualizada diariamente, sendo, ainda, disponibilizadas informações acerca do
85
planejamento institucional, licitações e contratos, diárias e passagens, relatórios de gestão,
estatísticas sobre o quadro de pessoal, normativas internas dentre outras. Essa ferramenta de
gestão pública serve também como um canal de comunicação direta entre a sociedade e a
instituição, haja vista a disponibilização do Serviço de Informação ao Cidadão e da Ouvidoria
do IFPB.
Assim, cabe à gestão do Campus promover uma campanha de divulgação do Portal da
Transparência do IFPB junto a sua comunidade acadêmica, bem como capacitar essa
comunidade para a devida interpretação das informações nele contidas.
Tabela 25 - Percepção da comunidade acadêmica acerca da transparência do atual processo
de elaboração e execução do orçamento do Campus Picuí
Ocorre de forma transparente Quantidade Percentual (%)
Sim, pois são divulgadas em murais e/ou sites todas as informações
necessárias, tanto à elaboração quanto à execução do orçamento do
Campus
54 18,24
Não, pois só são divulgadas informações referentes à elaboração do
orçamento do Campus 18 6.08
Não, pois só são divulgadas informações referentes à execução do
orçamento do Campus 24 8,11
Não, pois não são divulgadas em murais e/ou sites informações básicas no
que se refere à elaboração e à execução do orçamento do Campus 44 14,87
Não sei opinar 156 52,70
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Com relação ao controle dos processos de elaboração e execução do orçamento,
ambos os entrevistados afirmaram desconhecer a sua existência. Como explicação para sua
não existência, o Entrevistado 1 alega a “falta de servidores suficientes para instrumentalizar
o processo de controle”, além do próprio desinteresse da comunidade acadêmica em
acompanhar a execução orçamentária do Campus. Nesse sentido, argumenta o Entrevistado 2
que “caberia à comunidade mobilizar-se e despertar para a importância desse controle.
Quanto aos gestores, caberia a estes disporem de meios para que tal controle possa efetivar-
se”.
Foi evidenciado por meio das entrevistas realizadas com as pessoas diretamente
envolvidas com o trato das questões orçamentárias que o Campus Picuí não presta contas a
sua comunidade, das ações implementadas com o uso do seu orçamento. Para justificar a
ausência da prestação de contas, o Entrevistado 1 alega mais uma vez a falta de servidores e a
86
falta de interesse da comunidade em cobrar da gestão a devida prestação de contas de suas
ações. Corroborando, o Entrevistado 2 afirma não haver no campus uma prestação de contas
periódica das ações implementadas pela gestão; o que existe, é uma disponibilização de dados
da execução orçamentária do campus por meio do Portal da Transparência do IFPB; afirma,
também, que não vê justificativa para essa não prestação de contas, mas sim “problemas
operacionais para garantir um melhor acesso de todos aos dados produzidos”.
Em relação às principais dificuldades encontradas nos processos de elaboração e
execução do orçamento do Campus Picuí, foi elencado pelo Entrevistado 1 a falta de
servidores com capacitação específica para dar cumprimento aos prazos estabelecidos pela
Reitoria do IFPB, pelo FORPLAN e pela legislação aplicável às questões orçamentárias, ao
passo que o Entrevistado 2 alega como principal dificuldade a constante diminuição e
contingenciamento dos recursos orçamentários, tendo em vista que as demandas são sempre
crescentes, o que obriga o campus a constantemente ajustar seu planejamento e suas
prioridades, sobrecarregando ainda mais os poucos servidores do campus.
Quando o quesito é a avaliação do atual processo de elaboração e execução do
orçamento do campus em termos de participação de sua comunidade na definição das
prioridades orçamentárias e no acompanhamento das ações desenvolvidas pela gestão da
instituição, percebe-se certa contradição entre as falas dos entrevistados e os dados obtidos
por meio dos questionários, uma vez que o Entrevistado 1 alegou não haver interesse da
comunidade em participar do processo orçamentário do campus e os dados dos questionários
demonstram exatamente o contrário. No que lhe concerne, o Entrevistado 2 avalia de forma
positiva o atual nível de participação da comunidade nas questões orçamentárias, não obstante
reconhecer que faltam mecanismos que garantam uma maior participação por parte da
comunidade, tanto no tocante à elaboração quanto no acompanhamento do processo
orçamentário.
Indagados se acreditavam que o atual modelo de elaboração e execução orçamentária
do Campus era eficiente, eficaz e atendia os anseios da comunidade acadêmica, os
entrevistados apresentaram pontos de vistas divergentes. Enquanto o Entrevistado 1 alegou
que o processo não era eficiente e eficaz, nem atendia os anseios da comunidade, o
entendimento apresentado pelo Entrevistado 2 era que mesmo diante de dificuldades o
processo de elaboração e execução do orçamento era eficiente, eficaz e atendia os anseios da
comunidade do campus, tendo em vista que se conseguia “prestar um serviço de qualidade e
levar até nossa comunidade um ensino de excelência, através de investimentos nas mais
variadas áreas de ensino, pesquisa e extensão”; no entanto, faz-se necessário algumas
87
melhorias e ajustes, bem como uma maior participação da comunidade acadêmica.
Apesar das limitações diagnosticadas, os entrevistados 1 e 2 acreditam na viabilidade
da implementação de um modelo de Orçamento Participativo no Campus. E acrescentam que
com uma maior participação da comunidade acadêmica “é possível descrever melhor um
quadro de prioridades, e a partir daí trabalhar mais focado nos reais anseios da coletividade”
(Entrevistado 2). Assim, demonstra-se o interesse institucional na adoção de um processo
mais participativo no que concerne à definição das prioridades orçamentárias do Campus.
Em relação ao percentual de recursos de cada ação orçamentária que poderia ser
destinado ao Orçamento Participativo, a única convergência na percepção dos Entrevistados 1
e 2, refere-se à Ação 2994 (Assistência ao Educando da Educação Profissional e Tecnológica),
onde ambos afirmaram que poderia ser destinado 50% dos recursos para deliberação por parte
da comunidade acadêmica, sem prejuízos para o cumprimento das exigências legais e
institucionais, bem como para o atendimento das demandas imprevistas que surgem ao longo
do ano (Tabela 26). Em meio às discussões ocorridas no Seminário 3, foi consensualizado que
esse percentual atenderia as demandas da comunidade acadêmica e da Gestão do Campus.
Conforme demonstrado por meio da Tabela 26, no que se refere à Ação 20RL-Custeio,
O Entrevistado 1 defendeu que fossem destinados ao Orçamento Participativo entre 10% e
15%, enquanto o Entrevistado 2 defendeu que poderia ser destinado até 20%. Apesar da
divergência entre os percentuais defendidos por cada entrevistado, a justificativa para o
pequeno montante é a mesma, o comprometimento orçamentário com a manutenção da
instituição, tendo em vista o alto custo das despesas obrigatórias, principalmente com a
contratação de serviços de mão de obra terceirizada e com o fornecimento de energia elétrica.
Como havia divergências em relação a qual percentual adotar e a partir das diversas
discussões ocorridas no Seminário 3, onde foram feitas as defesas de cada proposta, chegou-
se à conclusão de que o percentual de 15% seria suportável pelo orçamento do campus, ou
seja, a disponibilização desse percentual não afetaria a saúde orçamentária da instituição que
continuaria honrando seus compromissos e desenvolvendo suas ações.
No que diz respeito à Ação 20RL-Investimento, o Entrevistado 1 alegou que poderia
ser destinado ao Orçamento Participativo até 50% dos recursos nela consignados, justificando
que, em virtude da possibilidade de surgirem demandas imprevisíveis e inadiáveis ao longo
do ano, se for destinado 100% do valor referente a investimento, pode acontecer de não se
cumprir com as deliberações da comunidade, podendo até gerar uma desmotivação em relação
a sua participação no Orçamento Participativo. Diferentemente do Entrevistado 1, o
Entrevistado 2 afirmou ser viável a destinação de 100% dos recursos dessa ação. Esse impasse
88
também foi alvo de discussão no Seminário 3, chegando à conclusão de que um percentual em
torno de 60% seria adequado, pelo menos para iniciar o Orçamento Participativo do Campus.
Para a Ação 4572 (Capacitação de Servidores Públicos Federais em Processo de
Qualificação e Requalificação), o Entrevistado 1 afirmou que seria viável a destinação de até
70%, justificando que surgem constantes demandas por capacitações específicas ao longo do
ano, o que obriga a gestão do Campus a ter uma reserva orçamentária para atendê-las, opção
essa ratificada pelos integrantes dos seminários, quando da realização do Seminário 3. O
Entrevistado 2, por sua vez, entende que 100% dos recursos dessa ação poderiam ser
disponibilizados ao Orçamento Participativo. Ressalte-se por oportuno que a opinião do
Entrevistado 1 converge com o modelo de execução orçamentária descentralizada adotado
pelo Campus Picuí, conforme descrito pelo Entrevistado 2.
Tabela 26 - Percentual de recursos possíveis de serem destinados ao Orçamento Participativo
segundo os entrevistados
Participante
Ação Orçamentária
20RL - Custeio 20RL -
Investimento
4572 -
Capacitação
2994 - Assistência
ao Educando
Entrevistado 1 10-15% 50% 70% 50%
Entrevistado 2 20% 100% 100% 50%
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Por todo o exposto, infere-se que o processo de elaboração do orçamento que o IFPB
Campus Picuí vem adotando é caracterizado por um modelo top-down, tendo em vista que as
prioridades na alocação dos recursos e de sua execução, em todas as suas ações e programas,
são definidas pela alta administração (Direção Geral, Diretoria de Administração,
Planejamento e Finanças e Diretoria de Desenvolvimento do Ensino), pela Coordenação de
Planejamento, pela Coordenação Pedagógica e de Apoio ao Estudante e, em alguns casos,
pelas Coordenações de Curso, envolvendo, basicamente, seus titulares. Assim, torna-se
evidente a falta de participação do corpo docente, técnico-administrativo, e mais ainda do
corpo discente na definição das prioridades e alocação dos recursos nos diversos programas
do orçamento do Campus Picuí.
Para se ter uma ideia do volume de recursos concentrados nas mãos de poucos
servidores, o Orçamento 2016 do IFPB Campus Picuí correspondeu a um montante de
R$ 3.332,516 (três milhões trezentos e trinta e dois mil quinhentos e dezesseis reais), sendo
89
R$ 2.612.070 (dois milhões seiscentos e doze mil e setenta reais) para o funcionamento da
Instituição e R$ 720.446,00 (setecentos e vinte mil quatrocentos e quarenta e seis reais) para
aplicação direta na assistência ao educando da educação profissional (IFPB, 2016).
Não obstante o considerável volume de recursos públicos destinados ao Campus, não
se verifica a existência de mecanismos ou de instrumentos que permitam de forma efetiva a
participação de sua comunidade acadêmica nas decisões que envolvam as definições das
prioridades orçamentárias, tampouco, que lhes permitam o devido acompanhamento e
fiscalização da execução do orçamento.
90
5 ORÇAMENTO PARTICIPATIVO: UMA PROPOSTA PARA O IFPB CAMPUS
PICUÍ
Esse capítulo objetiva apresentar os anseios da comunidade acadêmica em termos de
participação nas diversas etapas do processo orçamentário do Campus Picuí, bem como
indicar o formato e a dinâmica de funcionamento do Orçamento Participativo que melhor se
adeque à realidade do Campus Picuí. Para melhor sistematizar os resultados, divide-se em três
seções, sendo que a primeira relata o processo metodológico seguido para atender esses
objetivos, e a segunda apresenta a descrição dos anseios da comunidade acadêmica do
Campus no que concerne a sua participação no processo orçamentário. Por fim, e
considerando o diagnóstico sobre o modelo de processo orçamentário atualmente realizado
pelo IFPB Campus Picuí (relatado no capítulo anterior), assim como os anseios de sua
comunidade acadêmica, apresenta-se, na terceira seção, um modelo de Orçamento
Participativo adequado à realidade do IFPB Campus Picuí, com o devido detalhamento de seu
formato e dinâmica de funcionamento.
5.1 PERCURSO METODOLÓGICO
Prosseguindo com a pesquisa-ação, em fase denominada de Fase de Pesquisa
Aprofundada (THIOLLENT, 2009; 2011), e de forma a cumprir com os dois últimos objetivos
específicos deste projeto de intervenção, foram realizados um levantamento de campo (survey)
e um seminário, o último dos três previstos para o estudo. O levantamento de campo teve
como instrumento de pesquisa o questionário, com questões abertas e fechadas, aplicado a
uma amostra de 296 pessoas que integram a comunidade acadêmica do Campus Picuí,
conforme já relatado no subitem 4.1 (percurso metodológico) do capítulo anterior.
Esse questionário foi composto por três blocos de questões, sendo utilizado para
subsidiar este capítulo, o terceiro bloco, o qual era composto por dozes questões e uma Escala
de Likert de 5 pontos com sete assertivas, que variava entre concordo totalmente e discordo
totalmente. Nesse terceiro bloco foram apresentadas assertivas referentes à viabilidade e
benefícios do orçamento participativo, periodicidade, prestação de contas entre outros
constructos conforme pode ser verificado no Apêndice B. Além disso, apresentava questões
que versavam sobre os possíveis anseios da comunidade acadêmica para um novo formato
participativo de elaboração, execução, controle e avaliação do processo orçamentário do IFPB
Campus Picuí.
91
Consoante demonstrado no capítulo anterior (subitem 4.1), o tratamento e a
interpretação dos dados obtidos por meio do questionário, foram efetuados à luz da estatística
descritiva com o auxílio da Planilha Eletrônica Microsoft Excel versão 2013, e do Editor
Eletrônico de Textos Microsoft Word, o qual serviu para a elaboração das tabelas aqui
utilizadas. No que concerne ao tratamento e interpretação dos dados qualitativos, foram
realizadas a análise descritiva e funcionalista. As respostas das perguntas abertas do
questionário foram agrupadas e categorizadas por semelhança para fins de análise qualitativa.
Cumprindo com a última fase da pesquisa-ação utilizada neste projeto de intervenção
conforme ensinamentos de Thiollent (2009; 2011), Fase de Ação, foi realizado o Seminário 3,
no qual foram apresentados os dados coletados a partir do questionário. Foram também
elencadas as diretrizes para a construção do orçamento participativo e dos mecanismos de
controle, bem como definido o percentual do orçamento que será disponibilizado para o
Orçamento Participativo e, por fim, apresentada proposta final.
5.2 ANSEIOS DA COMUNIDADE ACADÊMICA QUANTO À PARTICIPAÇÃO NO
PROCESSO ORÇAMENTÁRIO DO IFPB CAMPUS PICUÍ
A presente seção tem como escopo descrever os anseios da comunidade acadêmica do
IFPB Campus Picuí quanto a sua participação nos processos de elaboração, execução,
controle e avaliação do orçamento do Campus. Esses anseios deram subsídios para a
construção do formato e da dinâmica de funcionamento do modelo de Orçamento
Participativo a ser implementado no Campus Picuí, conforme descrito na seção seguinte.
Analisando a Tabela 27 a seguir, pode-se observar que a maioria dos participantes da
pesquisa acreditam na viabilidade de um modelo de Orçamento Participativo para o IFPB
Campus Picuí, que contemple o controle das ações de sua Gestão pela comunidade acadêmica,
tanto na elaboração quanto na execução do Orçamento Anual do Campus Picuí. Dos
participantes que afirmaram acreditar na viabilidade de um modelo de Orçamento
Participativo para o Campus, 60,14% concordam totalmente e 25,67% concordam
parcialmente, o que perfaz um nível de concordância equivalente a 85,81%.
92
Tabela 27 - Variáveis acerca da implementação de um modelo de Orçamento Participativo no
IFPB Campus Picuí
Afirmação/Assertiva Co
nco
rd
o
tota
lmen
te
CT
Co
nco
rd
o
pa
rcia
lmen
te
CP
Nem
co
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em
dis
cord
o
NC
ND
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tota
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te
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tal
Med
ian
a
Md
Mo
da
Mo
FA
(FR)
FA
(FR)
FA
(FR)
FA
(FR)
FA
(FR)
FA
(FR)
É possível e viável a adoção de
um modelo de Orçamento
Participativo que contemple o
controle das ações da Gestão do
Campus pela comunidade
acadêmica, tanto na elaboração
quanto na execução do
Orçamento Anual do Campus
Picuí.
178
(60,14)
76
(25,67)
38
(12,84)
03
(1,01)
01
(0,34)
296
(100)
38 CT
Minha participação em
reuniões/plenárias do Orçamento
Participativo dependerá do
acolhimento das minhas
contribuições, em parte ou em
sua totalidade, pela Gestão do
Campus.
86
(29,06)
100
(33,78)
72
(24,32)
19
(6,42)
19
(6,42)
19
(100)
72 CP
O Orçamento Participativo trará
benefícios para você, para seu
curso/coordenação e para a
comunidade externa (população
de Picuí e região)
201
(67,91)
61
(20,61)
29
(9,80)
03
(1,01)
02
(0,67)
296
(100)
29 CT
O Orçamento Participativo
contribuirá para que todos
participem do processo decisório
do Campus no que diz respeito à
definição das prioridades
orçamentárias.
188
(63,51)
73
(24,66)
29
(9,80)
05
(1,69)
01
(0,34)
296
(100)
29 CT
O modelo de Orçamento
Participativo a ser adotado pelo
Campus Picuí deve ser
permanente, independente da
gestão do momento.
151
(51,01)
69
(23,31)
49
(16,55)
18
(6,08)
09
(3,04)
296
(100)
49 CT
A prestação de contas à
comunidade acadêmica deverá
ser realizada ao final de cada ano
ou início do ano letivo seguinte.
194
(65,54)
59
(19,93)
35
(11,82)
04
(1,35)
04
(1,35)
296
(100)
35 CT
Na prestação de contas, a Gestão
do Campus Picuí deverá
justificar a não realização de
ações previstas no Orçamento
Participativo.
216
(72,97)
48
(16,22)
26
(8,78)
04
(1,35)
02
(0,68)
296
(100)
26 CT
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Legendas: FA – Frequência absoluta / FR – Frequência relativa / CT – Concordo totalmente / CP – Concordo
parcialmente / NCND – Nem concordo nem discordo / DP – Discordo parcialmente / DT – Discordo totalmente.
No que concerne ao acolhimento total ou parcial pela Gestão do Campus das
contribuições dadas pela comunidade acadêmica ao Orçamento Participativo como condição
93
da manutenção da frequência dessa comunidade as suas reuniões/plenárias, percebe-se que a
maioria dos participantes (62,84%) concordam com a afirmativa, sendo que 33,78%
concordam parcialmente e 29,06% concordam totalmente. Infere-se a partir desses dados que
o não cumprimento no todo ou em parte, das prioridades orçamentárias emanadas dos
diversos segmentos da comunidade acadêmica que participam do Orçamento Participativo,
ensejará um desestímulo à continuidade da participação dessa comunidade nas
reuniões/plenárias do Orçamento Participativo, sendo necessário que a Gestão do Campus
justifique à comunidade o porquê da não execução do que fora deliberado no Orçamento
Participativo.
Para 88,52% da amostra, concordam totalmente (67,61%) e parcialmente (20,61%), a
implantação do Orçamento Participativo no Campus Picuí trará benefícios para os segmentos
que compõem a comunidade acadêmica do Campus, para os cursos e coordenações, bem
como para a comunidade externa (população de Picuí-PB e região), tendo em vista que os
recursos serão geridos observando os anseios da comunidade acadêmica, o que poderá dar
subsídios para a melhora da qualidade dos serviços educacionais postos à disposição de toda a
comunidade interna e externa à instituição.
Observou-se, ainda, que 88,17% dos sujeitos concordam, totalmente (63,52%) e
parcialmente (26,66%), que a implantação do Orçamento Participativo no IFPB Campus Picuí
contribuirá para a democratização do processo decisório do Campus no que diz respeito à
definição das prioridades orçamentárias. Esse alto índice reflete a crença que a comunidade
acadêmica tem no Orçamento Participativo como instrumento democratizante do processo
decisório orçamentário do campus.
Ainda tecendo reflexões sobre a Tabela 27, ao perceber que 74,32% concordam,
totalmente (51,01%) e parcialmente (23,31%), que o modelo de Orçamento Participativo a ser
adotado pelo Campus Picuí não pode sofrer interrupções temporais, devendo,
independentemente da gestão do momento, ser uma política participacionista permanente no
âmbito do Campus Picuí. Dessa forma, deve ser regulamentado e posteriormente
acompanhado pelo Conselho Diretor do Campus, órgão máximo colegiado de caráter
consultivo e deliberativo do Campus Picuí.
Por fim, ao se obter um índice de concordância equivalente a 85,47%, dos quais
65,54%. concordam totalmente e 19,93% concordam parcialmente, fica explícito o desejo da
comunidade acadêmica em ter, por parte da Gestão do Campus, a devida prestação de contas
de suas ações, algo a ser realizado no final do ano letivo ou no mais tardar no início do ano
letivo subsequente ao da execução do orçamento. Ainda em relação à prestação de contas,
94
89,19% dos sujeitos da pesquisa concordam que caso a Gestão do Campus não realize alguma
das ações previstas no Orçamento Participativo, deve-se, durante a prestação de contas junto à
comunidade do Campus, trazer as devidas justificativas da não realização do que fora previsto.
No que concerne ao modelo de Orçamento Participativo a ser implementado no IFPB
Campus Picuí, 52,37% da amostra anseia por um modelo misto com funções consultivas,
fiscalizatórias e deliberativas, ao passo que 15,54% preferem um modelo apenas com caráter
consultivo, 13,51% afirmaram que o modelo a ser implementado no Campus deverá ser
deliberativo, 11,82% afirmaram não saber opinar qual deverá ser o modelo de Orçamento
Participativo a ser implementado e, apenas 6,76% manifestaram interesse em um modelo
fiscalizador, consoante se observa na Tabela 28. Infere-se assim que a comunidade acadêmica
do IFPB Campus Picuí em sua maioria manifestou preferência pelo Orçamento Participativo
Stricto Sensu, onde seus participantes possuem peso nas decisões orçamentárias, conforme
classificação proposta por Pires (2000).
Tabela 28 - Modelo de Orçamento Participativo a ser implantado no Campus Picuí
Modelo de Orçamento Participativo Quantidade Percentual (%)
Consultivo (cuja função é apenas de emitir parecer ou dar opinião) 46 15,54
Deliberativo (cuja função é de decidir, tomar decisão) 40 13,51
Fiscalizador (cuja função é apenas de fiscalizar o processo de elaboração e
execução do orçamento) 20 6,76
Misto (formado pelos modelos consultivo e deliberativo e fiscalizador) 155 52,37
Não sei opinar 35 11,82
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Conforme explicitado por meio da Tabela 29, mais da metade da amostra da
comunidade acadêmica (50,68%) deseja participar do Orçamento Participativo discutindo
todas as prioridades do Campus. Por sua vez, 18,92% afirmaram preferir participar do
Orçamento Participativo discutindo as prioridades da coordenação (de curso ou administrativa)
a qual está vinculado.
Para 12,84% a participação da comunidade acadêmica do Campus no Orçamento
Participativo deveria ser discutindo apenas as prioridades da diretoria (Direção Geral,
Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças, Diretoria de Desenvolvimento do
Ensino) a qual encontra vinculado. Afirmaram ainda, não saber opinar, 10,13% da amostra, e
apenas 7,43% afirmaram que não participariam do processo de elaboração do Orçamento
95
Anual do Campus Picuí (Tabela 29). Fica evidente que a grande maioria da amostra (82,44%)
manifestou interesse em participar da elaboração do Orçamento Anual do Campus Picuí, seja
discutindo todas as prioridades ou discutindo as prioridades da diretoria ou coordenação a
qual está vinculado.
Tabela 29 - Formas de participação da comunidade acadêmica no processo de elaboração do
Orçamento Anual do Campus Picuí
Forma de Participação Quantidade Percentual (%)
Discutindo todas as prioridades do Campus 150 50,68
Discutindo as prioridades da diretoria a qual estou vinculado(a) 38 12,84
Discutindo as prioridades da coordenação (de curso ou administrativa) a
qual estou vinculado(a) 56 18,92
Não participaria 22 7,43
Não sei opinar 30 10,13
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Em relação aos critérios a serem utilizados para a destinação dos recursos entre as
diversas coordenações de curso do IFPB Campus Picuí, nota-se por meio da Tabela 30 que
23,87% da amostra consultada afirmaram que o número de alunos deveria ser utilizado como
critério para destinação de recursos entre as coordenações. Na visão de 21,47% da amostra, o
critério para destinação dos recursos entre as coordenações devia ser o número de projetos de
pesquisa (científicos e/ou tecnológicos) executados por cada curso.
Outra parcela significativa da amostra afirmou que o número de projetos de extensão
desenvolvidos por cada curso é que deveria ser adotado como critério para destinação dos
recursos entre as coordenações de curso do Campus. As demais opções fornecidas: índice de
aprovação de alunos de cada curso (relação alunos ingressos x alunos egressos); índices de
ponderação que considerasse número de alunos, titulação e outros critérios; titulação do corpo
docente de cada coordenação; e, outro critério, alcançaram, respectivamente, os seguintes
percentuais: 13,06%, 10,51%, 9,46% e 2,25%, não sendo, assim, significativos em termos de
proporção.
Cabe destacar que nessa questão cada participante poderia marcar mais de uma opção,
resultando, assim, em 666 respostas. Foi ainda disponibilizado um campo para que eles
especificassem outro critério a ser adotado para a distribuição de recursos entre as
coordenações, campo esse não respondido por nenhum participante.
96
Tabela 30 - Critérios para destinação de recursos entre as coordenações de curso
Critério Quantidade Percentual (%)
Titulação do corpo docente de cada coordenação 63 9,46
Número de alunos de cada curso 159 23,87
Índice de aprovação de alunos de cada curso (relação alunos ingressos X
alunos egressos) 87 13,06
Índices de ponderação que considerasse número de alunos, titulação e
outros critérios 70 10,51
Número de Projetos de Pesquisa (Científicos e/ou Tecnológicos)
executados por cada curso 143 21,47
Número de Projetos de Extensão executados por cada curso 129 19,37
Outro 15 2,25
Total 666 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Conforme visto no Capítulo 4, o orçamento do IFPB Campus Picuí é composto de
recursos para a manutenção da instituição, para investimento em obras e bens permanentes,
para capacitação de seu quadro de pessoal e para a assistência ao educando. De acordo com a
Tabela 31, é desejo da maioria comunidade acadêmica do Campus (25,04%) que todos os seus
recursos orçamentários sejam objeto de discussão por parte de toda a comunidade.
Tabela 31 - Recursos orçamentários que devem ser objeto de discussão por parte da
comunidade do IFPB Campus Picuí
Recursos Quantidade Percentual (%)
Recursos para manutenção da instituição (despesas correntes) 106 18,56
Recursos para investimentos em obras e bens permanentes (despesas de
capital) 105 18,39
Recursos para capacitação de servidores (participação em eventos,
inscrições, diárias e passagens) 66 11,56
Recursos para a Assistência ao Educando (materiais para distribuição
gratuita, auxílios, bolsas de pesquisa, de extensão etc.) 134 23,47
Todos 143 25,04
Não sei opinar 17 2,98
Total 571 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Para 23,47% dos entrevistados, apenas os recursos da assistência estudantil devem ser
objeto de discussão por parte da comunidade. Por sua vez, 18,56% defendem que os recursos
orçamentários que devem ser objetos de discussão por parte da comunidade são aqueles
97
referentes à manutenção da instituição; enquanto 18,39% preferem discutir os recursos
orçamentários destinados a obras e aquisição de bens permanentes. Os recursos para
capacitação de servidores foram preferidos por 11,56% dos participantes da pesquisa, sendo
que apenas 2,98% afirmaram não saber opinar. É de bom alvitre destacar que cada
participante poderia marcar mais de uma opção nessa questão.
A participação nos processos orçamentários é o objeto maior do Orçamento
Participativo, sendo defendida por todos os estudiosos da temática e prevista em várias
normativas que tratam da questão orçamentária. Corroborando com a essência do Orçamento
Participativo, 55,41% dos participantes da pesquisa afirmam que o processo orçamentário do
Campus deve incluir toda a comunidade acadêmica em suas discussões, em conformidade
com o disposto na Tabela 32.
Outra parcela significativa (23,31%) defende a participação de todos os membros da
comunidade nas discussões do Orçamento Participativo, no entanto, com níveis de
responsabilidades diferentes. Os demais níveis de participação não alcançaram percentuais
significativos, são eles: participação até o nível das coordenações de cursos e administrativas
(5,40%); participação até o nível do corpo de servidores (5,07%); e, participação apenas no
nível das diretorias (1,35%). Destaque-se ainda que 9,46% dos participantes da pesquisa
afirmaram não saber opinar.
Tabela 32 - Níveis de participação das diretorias, coordenações e comunidade acadêmica no
Orçamento Participativo do Campus Picuí
Níveis de Participação Quantidade Percentual (%)
A participação deveria incluir toda a comunidade acadêmica do campus
(discentes, docentes e técnico-administrativos) 164 55,41
A participação deveria ser apenas no nível das diretorias 04 1,35
A participação deveria incluir até o nível das coordenações (de curso e
administrativas) 16 5,40
A participação deveria incluir até o nível do corpo de servidores (docentes
e técnico-administrativos) 15 5,07
Todos deveriam participar, mas com níveis de responsabilidade diferentes 69 23,31
Não sei opinar 28 9,46
Outro 0 0,00
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Fator de suma importância em todo processo participativo diz respeito à forma de
participação da sociedade, ou seja, qual a metodologia adotada para que os anseios dos
98
cidadãos cheguem até os gestores públicos. Com respeito à metodologia na condução das
discussões do Orçamento Participativo, 38,03% dos entrevistados pontuam que essas
discussões devem ser realizadas por reuniões/plenárias envolvendo todas as temáticas e todos
os participantes da comunidade acadêmica do Campus, ao passo que 17,37% desejam que a
condução das discussões sejam por meio de reuniões/plenárias separadas por segmento da
comunidade acadêmica do Campus (discentes, docentes e TAE’s), em conformidade com os
dados dispostos na Tabela 33.
A opção de 11,97% dos participantes da pesquisa é no sentido em que se realize as
discussões por reuniões/plenárias separadas por cursos. Aparece em quarto lugar com 9,39%
da amostra, a condução das discussões por meio de reuniões separadas por temáticas, a qual é
acompanhada bem de perto pela condução das discussões por meio de reuniões/temáticas
separadas por coordenações (9,15%) e pela condução das discussões por meio de
reuniões/plenárias separadas por programas e ações orçamentárias. Registre-se por oportuno a
proporção de 6,57% que afirmaram não saber opinar e 0,23% que pontuou outra metodologia,
entretanto, não a especificou. Salienta-se ainda que essa questão permitia que várias opções
fossem marcadas, por isso o número de respostas é superior ao universo amostral.
Tabela 33 - Metodologia de condução das discussões do Orçamento Participativo do Campus Picuí
Metodologia Quantidade Percentual (%)
Por reuniões/plenárias gerais envolvendo todas as temáticas e participantes 162 38,03
Por reuniões/plenárias separadas por segmento da comunidade acadêmica
do Campus (discentes, docentes e técnico-administrativos) 74 17,37
Por reuniões/plenária separada por coordenações 39 9,15
Por reuniões/plenárias separadas por cursos 51 11,97
Por reuniões/plenárias separadas por temáticas 40 9,39
Por reuniões/plenárias separadas por programas e ações orçamentárias 31 7,28
Não sei opinar 28 6,57
Outro 01 0,23
Total 426 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
No que concerne aos anseios da comunidade acadêmica do IFPB Campus em termos
de representatividade na composição do Conselho do Orçamento Participativo, instância
participativa que em geral é responsável pela condução do processo de orçamento
participativo, a maioria dos participantes, o equivalente a 42,23% da amostra, afirmaram que
referido conselho deveria ser paritário, com cada segmento da comunidade acadêmica do
99
campus tendo direito a aproximadamente 33% das vagas, conforme evidenciado pela Tabela
34.
Ainda em conformidade com a Tabela 34, a representação proporcional no Conselho
do Orçamento Participativo, na qual deva se levar em consideração o número de componentes
de cada segmento da comunidade acadêmica do Campus para se estabelecer a proporção de
vagas que cada categoria deva ocupar foi defendida por 25,34% da amostra. Para 6,76%, o
Conselho do Orçamento Participativo deveria ser formado majoritariamente por discentes,
3,38% defendem a ideia de que deveria ser formado majoritariamente por docentes e apenas
1,69% almejam um Conselho do Orçamento Participativo formado majoritariamente por
servidores TAE’s. Ressalte-se ainda que 19,59% dos entrevistados afirmaram não saber opinar
e 1,01% defenderam outros critérios, no entanto, sem explicitá-los.
Tabela 34 - Representatividade na composição do Conselho do Orçamento Participativo do
Campus Picuí
Composição Quantidade Percentual (%)
Paritário, com cada segmento (discentes, docentes e técnico-
administrativos) possuindo aproximadamente 33% das vagas 125 42,23
Majoritariamente por discentes 20 6.76
Majoritariamente por docentes 10 3,38
Majoritariamente por técnico-administrativos 05 1,69
Representação proporcional (levando em consideração o número de
componentes de cada segmento da comunidade acadêmica do Campus) 75 25,34
Não sei opinar 58 19.59
Outro 03 1,01
Total 296 100
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
A forma como os conselheiros são escolhidos é fator crucial à independência e ao bom
funcionamento do Orçamento Participativo, sendo necessário que haja conselheiros tanto
designados pelo poder público, quanto escolhidos pela sociedade ou comunidade acadêmica,
de modo a se obter uma forma de cogestão dos recursos públicos. Em relação à escolha dos
conselheiros do Orçamento Participativo do Campus Picuí, verifica-se por meio da Tabela 35
que 61,49% dos participantes da pesquisa desejam que todos os conselheiros sejam eleitos por
cada segmento, 14,53% defenderam a ideia de que os futuros conselheiros devam ser parte
eleita pelos segmentos da comunidade acadêmica e parte designada pela Gestão do Campus,
6,08% acreditam que todos os conselheiros devam ser designados pela Gestão do Campus.
100
Alegaram não saber opinar, 17,23% da amostra, ao mesmo tempo em que 0,67% alegaram
que a escolha dos conselheiros deva se dar por outros critérios, os quais não foram
especificados.
Dos participantes da pesquisa que defenderam que os conselheiros deveriam ser parte
eleita pelos segmentos e parte designada pela Gestão do Campus, 43 (quarenta e três) pessoas,
12 delas disseram que o percentual ideal de eleitos e designados seria 50% para cada. Para 04
entrevistados, o percentual ideal de conselheiros do Orçamento Participativo que deverão ser
eleitos por seus pares é 60%, sendo 40% designados livremente pela Gestão do Campus. Há
ainda quem defenda que a Gestão do campus só deva designar 30% dos conselheiros, ao
passo que os 70% restantes deveriam ser eleitos pelos seus pares. Procedendo-se com a
discussão e análise dos presentes dados junto ao Seminário 3, foi demonstrado por parte de
alguns integrantes a necessidade de a Gestão do Campus designar alguns conselheiros para o
Orçamento Participativo, tendo em vista a necessidade de pessoas com conhecimento técnico
e com acesso direto a todas as informações necessárias à operacionalização desse instrumento
de participação na gestão pública.
Tabela 35 - Escolha dos Conselheiros do Orçamento Participativo do Campus Picuí
Escolha dos conselheiros Quantidade Percentual (%)
Todos eleitos por cada segmento 182 61,49
Todos designados pela Gestão do Campus 18 6,08
Parte eleita pelos segmentos e parte designada pela Gestão do Campus 43 14,53
Não sei opinar 51 17,23
Outro 02 0,67
Total 296 100,00
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários
Concernente às possíveis desvantagens na adoção de um modelo de Orçamento
Participativo para o IFPB Campus Picuí, receberam destaque as seguintes temáticas: a)
morosidade do processo de definição das prioridades orçamentárias, devido à própria
sistemática do Orçamento Participativo, o que poderá causar desestímulo nos membros da
comunidade acadêmica do Campus; b) a diversidade de opiniões e interesses dos participantes
do Orçamento Participativo, o que pode gerar conflitos entre setores e segmentos da
comunidade acadêmica; c) falta de conhecimento técnico de parte da comunidade acadêmica
sobre as questões orçamentárias, objetivos e funcionamento do Orçamento Participativo, o
que poderá dar ensejo a decisões frágeis, tomadas por impulso e que beneficiariam uma
101
pequena parte da comunidade em detrimento da coletividade; d) favorecimento de algum
segmento da comunidade acadêmica em detrimento dos demais, caso não se tenha critérios
que atribuam pesos paritários às decisões de cada segmento. Ressalte-se ainda o fato de
considerável parcela ter indicado que não há desvantagem na adoção de um modelo de
Orçamento Participativo por parte do IFPB Campus Picuí.
No tocante às vantagens na adoção do Orçamento Participativo pelo IFPB Campus
Picuí, foram enfatizados os seguintes pontos: a) democratização do processo de tomada de
decisão pelo Campus Picuí, envolvendo toda a sua comunidade acadêmica no debate das
questões orçamentárias, refletindo ainda, as reais necessidades dessa comunidade. Por
oportuno, vale transcrever aqui parte da fala de um dos participantes da pesquisa que afirma
que a gestão participativa é de suma importância para a Administração Pública, pois traz
grandes resultados por meio de novos pontos de vista e de níveis de conhecimento
diferenciados e esta “variedade de ideias enriquece as discussões e gera alternativas
positivas que facilitam o alcance dos objetivos”; b) maior transparência no processo de
tomada de decisões, na elaboração e execução orçamentária, bem como no uso dos recursos
públicos, o que permitirá o acompanhamento das ações da Gestão do Campus e a efetivação
do controle social por parte de sua comunidade; c) maior eficiência no uso dos recursos
públicos, tendo em vista que a alocação dos recursos orçamentários atende aos anseios da
comunidade acadêmica do Campus Picuí.
Em se tratando de sugestões para implementar o Orçamento Participativo no IFPB
Campus Picuí, algumas indicações merecem destaque, tais como: a) instituir comissão junto
ao Conselho Diretor do Campus para dar prosseguimento ao processo implantação do
Orçamento Participativo; b) promover uma ampla discussão com a comunidade do Campus
no sentido de se explicitar o que vem a ser o Orçamento Participativo, quais seus objetivos e
como ele funciona, inclusive trazendo exemplos de outras instituições; c) elaborar cartilhas e
demais materiais para a divulgação do Orçamento Participativo no Campus; d) promover
debates e campanhas de conscientização da comunidade sobre a importância da participação
no Orçamento Participativo na elaboração, execução e controle de todo o processo
orçamentário do campus; e) definir claramente o papel da comunidade e dos conselheiros no
Orçamento Participativo; f) ampla divulgação de todas as etapas do Orçamento Participativo,
contendo todas as informações necessárias à participação da comunidade acadêmica tais como
datas, locais e horários das plenárias/reuniões; g) que seja viabilizado o acesso de todos os
membros da comunidade às reuniões/plenárias do Orçamento Participativo; e, h) estabelecer
previamente um calendário anual de reuniões e ações do Orçamento Participativo.
102
Por todo o exposto, fica evidente a disposição da comunidade acadêmica do IFPB
Campus Picuí em contribuir com a formatação de um modelo de Orçamento Participativo a
ser implementado pelo Campus que venha efetivamente a contemplar seus anseios em termos
de participação desde a elaboração até a avaliação do processo orçamentário.
5.3 DIRETRIZES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO ORÇAMENTO PARTICIPATIVO NO
IFPB CAMPUS PICUÍ
Diante do contexto do IFPB Campus Picuí, das limitações encontradas no atual
modelo de elaboração, execução, controle e avaliação da peça orçamentária adotado e dos
anseios de sua comunidade acadêmica, propõe-se a adoção do Orçamento Participativo,
enquanto metodologia que permita uma efetiva participação da comunidade acadêmica do
Campus na definição das prioridades orçamentárias e na consequente alocação dos seus
recursos. Para tanto, buscou-se a instituição de mecanismos que alinhados aos objetivos do
Orçamento Participativo, despertem e fomentem na comunidade do Campus, não só o
interesse na participação, mas também a busca pela transparência e pelo controle das ações
orçamentárias, desde a elaboração até a avaliação de sua execução.
Com a adoção do Orçamento Participativo, espera-se também, auxiliar na
conscientização da comunidade acadêmica acerca de seus direitos enquanto cidadãos, no
fortalecimento dos princípios democráticos e na melhoria das relações e da integração entre a
gestão e a comunidade acadêmica do IFPB Campus Picuí.
Nesse sentido, essa seção apresentará as diretrizes e mecanismos para a participação
da comunidade acadêmica em todo o ciclo orçamentário do IFPB Campus Picuí, descrevendo
ainda o desenho institucional do Orçamento Participativo e sua dinâmica de funcionamento.
5.3.1 Criação do Conselho do Orçamento Participativo - COP
Para a sistematização e condução de todo o processo de Orçamento Participativo do
IFPB Campus Picuí, deverá ser criado o COP com a representação dos diversos segmentos e
grupos de interesse do Campus, considerando os anseios de sua comunidade acadêmica e das
diretrizes emanadas dos seminários. O COP será um órgão de participação da comunidade
acadêmica do Campus, tendo por finalidade planejar, propor, fiscalizar e deliberar acerca da
alocação dos recursos no Orçamento Anual do IFPB Campus Picuí.
103
5.3.1.1 Atribuições do COP
É desejo da comunidade acadêmica do Campus Picuí que o seu Orçamento
Participativo seja do tipo Stricto Sensu, conforme tipologia de Pires (2000), onde se observa
caráter consultivo, fiscalizador e deliberativo. Desse modo, as principais atribuições do COP
do IFPB Campus Picuí deverão ser:
a) debater, opinar, avaliar, aprovar e encaminhar a Matriz da Proposta de Orçamento do
IFPB Campus Picuí para o exercício subsequente, elaborada pela Diretoria de
Administração, Planejamento e Finanças e supervisionada por um Comitê de
Acompanhamento Permanente, a ser criado, tendo como base as decisões dos diversos
segmentos representados no COP, sobre hierarquização de prioridades de demandas
apresentadas;
b) alocar, em conformidade com o planejamento da instituição e os anseios da
comunidade acadêmica, dentro dos limites orçamentários disponibilizados para o
Orçamento Participativo, os recursos para custeio, investimentos, capacitação de
servidores e assistência ao educando;
c) definir os critérios que orientem a elaboração e os ajustes da proposta final do
Orçamento, pela Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças, após
estabelecimento da cota orçamentária do Campus Picuí pela Reitoria do IFPB, o que
será feito em consonância com o estabelecido pela Matriz CONIF;
d) acompanhar e Fiscalizar todo o processo de execução do Orçamento, solicitando
informações à Gestão do Campus, sempre que for verificado atraso na execução de
alguma das demandas da comunidade;
e) avaliar todo o processo de Orçamento Participativo com abrangência mínima de três
eixos: 1) participação da comunidade; 2) execução das demandas emanadas do
Orçamento Participativo; e, 3) satisfação da comunidade em relação ao Orçamento
Participativo; e,
f) elaborar, alterar e aprovar o Regimento Geral do COP, sua estrutura e a sistemática de
funcionamento do Orçamento Participativo do IFPB Campus Picuí, devendo
posteriormente, encaminhar ao Conselho Diretor do Campus para análise e aprovação
final.
104
5.3.1.2 Composição do COP
Objetivando a estruturação das instâncias de participação do Orçamento Participativo
e de forma a atender aos anseios da comunidade acadêmica do Campus e as necessidades
institucionais, conforme diretrizes emanadas da pesquisa e dos seminários realizados, sugere-
se a criação do COP composto por 15 (quinze) conselheiros, com direito à voto e com
mandato de 01 (um) anos, admitindo-se, uma única recondução e distribuídos da seguinte
forma: a) 05 (cinco) representantes do segmento discente e seus respectivos suplentes; b) 05
(cinco) representantes do segmento docente e seus respectivos suplentes; e, c) 05 (cinco)
representantes do segmento técnico-administrativo e seus respectivos suplentes.
Dos conselheiros representantes do segmento discente, 04 (quatro) serão escolhidos
pelos seus pares em processos de consultas realizados por alunos regularmente matriculados
em cada nível de ensino (Ensino Técnico Integrado ao Ensino Médio, Ensino Técnico
Subsequente ao Ensino Médio, Graduação, e, Pós-Graduação), de forma a manter a
representatividade de todos os níveis de ensino do Campus, e, 01 (um) será indicado pelas
entidades representativas do segmento discente do Campus Picuí, (Grêmio Estudantil e
Diretório Central dos Estudantes) de modo ampliar e fortalecer no âmbito do Campus Picuí, a
participação dos movimentos estudantis organizados.
Os conselheiros representantes do segmento docente da comunidade acadêmica do
IFPB Campus Picuí serão escolhidos da seguinte forma: 03 (três) serão eleitos pelos seus
pares em processos de consulta realizados exclusivamente para essa finalidade e de acordo
com a lotação de cada docente por nível de ensino (Ensino Técnico Integrado ao Ensino
Médio, Ensino Técnico Subsequente ao Ensino Médio e Graduação), com exceção da pós-
graduação, uma vez que todos os profissionais que atuam nesse nível de ensino estão lotados
em outras coordenações; dessa forma, docentes lotados nas Coordenações dos Cursos
Técnicos Integrados ao Ensino Médio só participam do processo de consulta para escolha do
representante desse nível de ensino e assim sucessivamente. Essa medida é necessária para
manter a representatividade dos níveis de ensino, da mesma forma como fora adotado para o
segmento discente; 01 (um) conselheiro docente será indicado por entidade representativa da
categoria; e, 01 (um) será designado pela Direção Geral do IFPB Campus Picuí, dentre os
servidores docentes que atuam na área administrativa, lotados em quaisquer das diretorias do
Campus (Geral, de Desenvolvimento do Ensino e de Administração, Planejamento e
Finanças).
105
A escolha dos representantes do segmento técnico-administrativo dar-se-á da seguinte
maneira: 03 (três) conselheiros serão eleitos pelos seus pares em processos de consulta de
acordo com suas lotações em termos de diretorias (Geral, de Desenvolvimento do Ensino e de
Administração, Planejamento e Finanças), de forma a manter-se representantes de cada
diretoria do Campus no COP; 01 (um) será indicado por entidade representativa da categoria;
e 01 (um) será designado pela Direção Geral do Campus, dentre os servidores técnico-
administrativos lotados em quaisquer das diretorias do Campus (Geral, de Desenvolvimento
do Ensino e de Administração, Planejamento e Finanças).
A opção pela incorporação ao COP de membros oriundos de entidades representativas
dos segmentos da comunidade acadêmica do Campus cumpre um papel importante no
Orçamento Participativo, haja vista que quanto mais organizado e denso o associativismo,
maiores são as chances de suas demandas entrarem na agenda (SILVA, 2003b; TEIXEIRA E
ALBUQUERQUE, 2006). Dessa forma, o Campus estará promovendo o associativismo nos
três segmentos que compõem a sua comunidade.
Ressalte-se, por oportuno que os suplentes de cada conselheiro deverão ser
escolhidos/designados da mesma forma que os seus titulares e que dos processos de consulta
devem ser geradas atas com seus resultados finais, que posteriormente serão encaminhadas à
Direção Geral do Campus para a emissão da competente portaria de nomeação dos
conselheiros do COP.
5.3.1.3 Atribuições dos conselheiros do COP
De forma a contribuir com toda a sistemática do Orçamento Participativo e de dar
subsídios às decisões colegiadas do COP, cabem aos seus conselheiros as seguintes
atribuições:
a) mobilizar a comunidade acadêmica do Campus Picuí e discutir as prioridades que
deverão ser levadas ao Orçamento Participativo;
b) acompanhar e supervisionar todo o processo de definição das prioridades da
comunidade que serão levadas ao Orçamento Participativo, bem como a sua
execução e avaliação;
c) discutir as prioridades elencadas pela comunidade acadêmica com os demais
conselheiros do COP;
d) discutir textos sobre Orçamento Participativo, a fim de esclarecer o que é, para que
serve e como se faz;
106
e) socializar, junto à comunidade acadêmica, o conhecimento acerca do processo
orçamentário em seus aspectos técnicos;
f) intermediar informações acerca do Orçamento Participativo entre a Gestão do IFPB
e suas unidades e comunidade;
g) coordenar os fóruns temáticos;
h) analisar de forma macro as prioridades do IFPB Campus Picuí;
i) discutir acerca da metodologia mais adequada à participação da comunidade
acadêmica na elaboração, execução, acompanhamento e avaliação do Orçamento
Participativo;
j) participar de reuniões com a equipe técnica do IFPB Campus Picuí;
k) analisar o Planejamento Estratégico do Campus e os seus Planos Anuais de
Trabalho - PAT’s, inclusive em termos de compatibilidade com a participação da
comunidade acadêmica, acompanhando, controlando e fiscalizando a execução das
demandas oriundas do Orçamento Participativo; e,
l) discutir, no conjunto, a distribuição de recursos orçamentários para cada área
temática e setor do Campus em termos de custeio, investimento, capacitação de
servidores e assistência ao educando;
5.3.1.4 Criação do Comitê de Acompanhamento Permanente - CAP
Para um melhor desenvolvimento das atribuições do COP, sugere-se a criação de uma
instância interna de assessoramento, a qual será denominada de Comitê de Acompanhamento
Permanente - CAP das ações do Orçamento Participativo. Esse comitê será composto por 03
(três) conselheiros titulares e seus respectivos suplentes, 01 (um) titular e 01 (um) suplente de
cada segmento da comunidade acadêmica, que serão eleitos pelos conselheiros do COP
representantes de cada segmento.
O CAP será conduzido por 01 (um) coordenador e assessorado por 01 (um) relator, os
quais deverão ser eleitos pelos conselheiros do COP, para mandato de 01 (um) ano, permitida
uma única recondução.
Cabem ao CAP as seguintes atribuições:
a) acompanhar e supervisionar o processo de discussão e elaboração do Orçamento
Participativo do Campus Picuí em todas as suas fases;
b) realizar fóruns/reuniões, para sensibilização e orientação da comunidade
acadêmica do Campus, em consonância com o calendário a ser definido com os
107
segmentos envolvidos na elaboração da Matriz da Proposta de Orçamento do
IFPB Campus Picuí;
c) acompanhar e supervisionar a execução do Orçamento do IFPB Campus Picuí,
fornecendo as devidas informações ao COP.
5.3.1.5 Dinâmica de funcionamento do COP
O COP do IFPB Campus Picuí reunir-se-á ordinariamente com toda a comunidade do
Campus, no mínimo 03 (três) vezes ao ano (2 rodadas de reuniões e 1 rodada de seminários),
e para deliberação interna no mínimo 02 (duas vezes) ao ano, podendo reunir-se
extraordinariamente a qualquer momento, quando provocado pelo CAP. Para a instalação do
COP, será necessário um quórum mínimo de 08 (oito) conselheiros, maioria simples dos
presentes na reunião, mesmo critério a ser adotado para a aprovação de suas deliberações.
Para uma melhor condução dos trabalhos, na primeira reunião do COP, os conselheiros
deverão escolher 01 (um) coordenador, 01 (um) vice coordenador e 01 (um) secretário. O
coordenador será o responsável pelas convocações, solicitações de informações, pelo contato
com a Gestão do Campus, pela condução das reuniões e demais atribuições necessárias ao
funcionamento do conselho. Em caso de ausência ou afastamento legal do coordenador, o vice
coordenador assumirá suas atribuições. Ao secretário cabe o registro em atas de todas as
reuniões realizadas, bem como a emissão de quaisquer outros documentos solicitados pelo
coordenador.
Ainda na primeira reunião do COP, poderá ser estabelecido o cronograma anual de
todas as demais ações e atividades atinentes ao processo de Orçamento Participativo, as quais
serão desenvolvidas pelo CAP ao longo do ano. Nesse planejamento, também serão definidas
as pautas de todas as reuniões e plenárias, podendo estas serem ajustadas no momento de suas
convocações. Será ainda montada uma comissão para elaborar o Regimento do Orçamento
Participativo, o qual deverá ser anualmente revisado para fins de adequação ao atual momento
do Campus.
5.3.2 Mobilização para uma ampla participação da comunidade acadêmica
Objetivando uma maior participação da comunidade acadêmica nos processos de
elaboração, execução, controle e avaliação do Orçamento Participativo do Campus Picuí, faz-
se necessário mobilizá-la permanentemente. Para tanto, é importante realizar diversos fóruns
108
ao longo do ano, no mínimo 01 (um) por mês, tratando das mais diversas temáticas
relacionadas a políticas públicas educacionais, gestão pública, orçamento público,
participação social dentre outras temáticas correlacionadas. Esses fóruns podem ser ampliados
e transformados em rodas de diálogo, principalmente nas salas de aula das disciplinas de
história, filosofia e sociologia.
É importante também que sejam estruturados 03 (três) encontros envolvendo toda a
comunidade acadêmica e a Gestão do IFPB Campus Picuí para a prestação de contas de seus
atos, levantamento das demandas da comunidade acadêmica, exposição da Matriz
Orçamentária aprovada, dentre outras ações necessárias ao funcionamento do Orçamento
Participativo.
5.3.2.1 Fóruns temáticos
Os fóruns temáticos têm por objetivo sensibilizar e capacitar os membros da
comunidade acadêmica do Campus para atuação no Orçamento Participativo, propiciando,
ainda, uma postura mais crítica dos integrantes da comunidade acadêmica do Campus
enquanto cidadãos. Esses fóruns serão abertos a toda a comunidade do Campus, bem como à
comunidade externa, e tratarão das mais diversas temáticas relacionadas à gestão pública,
mais precisamente à gestão pública de instituições de ensino, tais como: participação na
gestão pública; orçamento; orçamento participativo; ensino; pesquisa; extensão; inovação
tecnológica; eficiência, eficácia e efetividade na gestão pública; ética; cidadania; políticas
públicas; e, accountability. Os fóruns temáticos serão coordenados por um conselheiro
especialmente designado pelo COP para essa finalidade e poderão contar com a participação
de especialistas de cada temática, sejam eles servidores ou não do Campus Picuí.
5.3.2.2 Plenárias
Consoante os anseios da comunidade acadêmica do Campus para a implementação do
Orçamento Participativo, bem como as especificidades da própria instituição, propõe-se o
desenvolvimento de duas rodadas de reuniões com a participação de toda a comunidade do
Campus.
A primeira rodada de reuniões poderá ser realizada no Hall do Bloco Administrativo
do Campus e compreenderá 03 (três) plenárias, uma em cada turno de funcionamento da
109
Instituição, de forma a possibilitar a participação de todos os segmentos que compõem a sua
comunidade acadêmica. Sugere-se como pauta dessa primeira rodada de reuniões:
a) prestação de contas da Gestão do Campus Picuí referente às ações desenvolvidas
no ano anterior. Essa prestação de contas deverá ser feita anualmente pelos 03 (três)
diretores que compõem a Gestão Central do Campus, sendo a partir do 1º ano
subsequente a implantação do Orçamento Participativo, necessário que se inclua,
de forma detalhada, todas as demandas oriundas do Orçamento Participativo
(propostas, executadas e não executadas), com a devida justificativa da Gestão
Central para o caso da não execução de alguma(s) dela(s). A partir do segundo ano
de vigência do Orçamento Participativo, sua avaliação também deverá ser objeto
de discussão;
b) apresentação da previsão das receitas e despesas para o ano em curso, devendo ser
realizada anualmente pela Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças;
c) apresentação do Orçamento Participativo e de sua metodologia (o que é, como
funcionará, quem poderá participar etc.). No primeiro ano, ano da implantação do
Orçamento Participativo no Campus, essa atribuição será realizada pela Direção
Geral do Campus em conjunto com a Diretoria de Administração, Planejamento e
Finanças e com a Coordenação de Planejamento, sendo, a partir do segundo ano,
de competência do Conselho do Orçamento Participativo - COP;
d) orientações acerca do processo de consulta para escolha dos conselheiros do
Orçamento Participativo e definição do cronograma de sua execução. Essa etapa é
necessária tendo em vista a própria sistemática de reuniões a ser adotada pelo COP
do Campus Picuí. Assim, nessas plenárias serão coletados os nomes dos membros
dos três segmentos da comunidade que serão submetidos ao crivo de seus pares.
Será, ainda, encaminhado Ofício às entidades representativas das categorias para
que elas possam indicar os nomes de um de seus componentes para comporem o
COP;
e) definição e divulgação de data para disponibilização de link com formulário on-
line para levantamento das demandas da comunidade, categorizadas por temas,
para posterior eleição e hierarquização. Será estabelecido um prazo de 15 (quinze
dias) para a manifestação por parte da comunidade após a data da liberação do
questionário, passado esse prazo, o formulário será “fechado” para novas respostas.
Esse formulário será elaborado com auxílio da ferramenta “Google Formulários”
ou “Survey Monkey”. O link do formulário será enviado aos endereços eletrônicos
110
de todos os membros da comunidade acadêmica do Campus, devidamente
cadastrados na Instituição, os quais comporão um Banco de Dados do próprio COP,
e que poderão ser atualizados em suas plenárias, para uma comunicação mais
efetiva.
A segunda rodada de reuniões, composta por 03 (três) plenárias, adotará a mesma
sistemática da primeira rodada, ou seja, 01 (uma) plenária em cada turno de funcionamento da
instituição, com o fito de atender toda a comunidade, uma vez que muitos discentes são de
outros municípios e dependem de transportes para se locomoverem até o Campus e outros
trabalham durante todo o dia, ficando assim inviável sua participação caso só haja apenas uma
plenária em um turno determinado. Como pauta propõe-se:
a) apresentação das prioridades eleitas pela comunidade acadêmica por meio do
formulário eletrônico, em relação a cada eixo temático e rubricas orçamentárias
constantes em cada ação do Orçamento do IFPB Campus Picuí devidamente
hierarquizadas por eixos temáticos; e,
b) discussão, negociação, eleição e hierarquização geral das demandas que deverão
compor a Matriz Orçamentária do Campus, independentemente de temática e
rubrica orçamentária.
5.3.2.3 Seminários
Após a aprovação da Matriz Orçamentária pelo Conselho Diretor do IFPB Campus
Picuí, o COP promoverá uma rodada de seminários, 03 (três) no total, que poderá ser
realizada no Hall do Bloco Administrativo do Campus, uma em cada turno de funcionamento
da Instituição, de forma a possibilitar a participação de todos os segmentos da comunidade
acadêmica. Como pauta desses seminários propõe-se:
a) apresentação da Matriz Orçamentária aprovada pelo Conselho Diretor do Campus,
destacando as demandas da comunidade que foram incorporadas;
b) exposição da(s) justificativa(s) adotada(s) pelo COP e pela Gestão do Campus para o
caso de não inclusão de alguma demanda oriunda da comunidade acadêmica.
111
5.3.3 Descentralização administrativa e distribuição orçamentária
A descentralização administrativa das unidades do IFPB Campus Picuí e sua
consequente distribuição orçamentária é alvo de divergência de opiniões entre os
Entrevistados 1 e 2, que afirmaram que o Orçamento do Campus obedece a alguns critérios
para a descentralização de seus recursos, e a comunidade acadêmica, que desconhece tal
descentralização.
Desse modo, torna-se necessário que se amplie o processo de descentralização dos
recursos orçamentários e que se dê a devida transparência, propiciando à comunidade formas
mais efetivas de participação no processo decisório de definição das prioridades
orçamentárias. Assim, e considerando tanto as peculiaridades da instituição quanto os anseios
de sua comunidade acadêmica, propõe-se a divisão do Orçamento do Campus por meio da
descentralização político-administrativa de suas diretorias, chefia de gabinete e coordenações,
sejam elas de curso ou de apoio administrativo.
Por conseguinte, sugere-se que o IFPB Campus Picuí adote, para efeito, de
distribuição de seus recursos orçamentários, a criação de Unidades de Gestão Descentralizada
- UGD’s, englobando todas as diretorias, chefia de gabinete e coordenações constantes em seu
organograma, perfazendo-se 11 UGD’s, conforme distribuição abaixo:
UGD 01
Direção Geral
Chefia de Gabinete
Coordenação de Extensão
Coordenação de Pesquisa
Coordenação de Tecnologia e Inovação
UGD 02
Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças
Coordenação de Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais
Coordenação de Compras e Contratos
Coordenação de Gestão de Pessoas
Coordenação de Manutenção, Segurança e Transporte
Coordenação de Planejamento
112
UGD 03
Diretoria de Desenvolvimento do Ensino
Coordenação da Biblioteca
Coordenação de Controle Acadêmico
Coordenação de Estágios
Coordenação de Turnos
Coordenação Pedagógica e de Apoio ao Estudante
Coordenação de Formação Geral e Projetos Especiais
UGD 04
Coordenação de Pós-Graduação
UGD 05
Coordenação dos Cursos de Educação a Distância
UGD 06
Coordenação do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia
UGD 07
Coordenação do Curso Técnico Integrado em Edificações
UGD 08
Coordenação do Curso Técnico Integrado em Geologia
UGD 09
Coordenação do Curso Técnico Integrado em Informática
UGD 10
Coordenação do Curso Técnico Subsequente em Manutenção e Suporte em Informática
UGD 11
Coordenação do Curso Técnico Subsequente em Mineração
A Figura 6 ilustra a descentralização orçamentária proposta para a operacionalização
do Orçamento Participativo do IFPB Campus Picuí.
113
Figura 6 - Proposta de descentralização para o IFPB Campus Picuí
Fonte: Elaboração própria (2017)
Para facilitar a sistematização e gestão dos recursos orçamentários descentralizados, e
com base nas sugestões colhidas na pesquisa, os recursos a serem destinados ao Orçamento
Participativo, poderão ser distribuídos pelas UGD’s por meio de uma matriz orçamentária de
alocação de recursos, podendo, para tanto, ser adaptada à Matriz CONIF utilizada para a
distribuição de recursos entre as unidades da RFEPCT.
Ainda segundo as sugestões colhidas por meio dos questionários e dos seminários, a
alocação dos recursos entre as UGD’s compostas pelas Coordenações de Curso, deverá
considerar, de forma ponderada: a) o número de alunos matriculados em cada curso; b) o
número de projetos de pesquisa (científicos e/ou tecnológicos) executados por cada curso; e,
número de projetos de extensão executados por cada curso.
Para as demais UGD’s, deverá ser realizado um estudo com a consequente indicação
das principais necessidades da UGD em termos de investimentos, custeio, capacitação de
servidores e assistência ao educando, com o fito de se levar suas demandas para discussão nos
fóruns, seminários e reuniões/plenárias do Orçamento Participativo. Desse modo, a partir da
implantação do Orçamento Participativo no Campus, o critério para o rateio dos recursos a
serem alocados em sua Matriz Orçamentária será realizado com base nas prioridades eleitas
por toda a comunidade acadêmica.
ORÇAMENTO
IFPB Campus Picuí
UGD 02 UGD
03
UGD 04
UGD 05
UGD 06
UGD 07
UGD 08
UGD 09
UGD 10
UGD 11
UGD 01
114
5.3.4 Recursos para o Orçamento Participativo
Para a implementação, continuidade e consolidação do Orçamento Participativo, deve
ser observada a capacidade administrativa e financeira da Instituição (LUCHMANN, 2002;
AVRITZER, 2003). Desse modo, e diante da impossibilidade de se destinar, pelo menos de
imediato, todos os recursos do Orçamento do Campus Picuí para deliberação por parte do
Orçamento Participativo, tendo em vista as diversas exigências legais e institucionais para o
cumprimento de algumas ações, bem como para o atendimento de demandas imprevistas que
surgem ao longo do ano, foi acordado pela maioria dos integrantes dos seminários que seriam
destinados inicialmente ao Orçamento Participativo os recursos adiante descritos:
Ação 20RL-Custeio: 15%
Ação 20RL-Investimento: 60%
Ação 4572-Capacitação: 70%
Ação 2994-Assistência ao Educando: 50%
O pequeno percentual destinado a Ação 20RL-Custeio é justificada pelo fato do alto
comprometimento dessa ação com as despesas obrigatórias e essenciais à manutenção das
atividades da instituição, tais como as despesas com terceirização de mão de obra;
fornecimento de energia elétrica, água (para uso geral, para as atividades de pesquisa e para o
consumo humano), telefone, combustíveis e manutenção de veículos.
Cabe destacar ainda que, conforme relatado no Seminário 3, esses percentuais poderão
ser progressivamente ampliados, desde que os anseios da comunidade apresentem
convergência com algumas exigências legais e institucionais; ou seja, a tendência é que, com
a consolidação do Orçamento Participativo, sejam colocados para deliberação por parte da
comunidade, um percentual cada vez maior, contanto que não interferira na manutenção da
instituição e no cumprimento de suas obrigações legais e sociais.
5.3.5 Transparência e comunicação
A gestão participativa a ser implementada no IFPB Campus Picuí requer cidadãos
informados, pessoas capacitadas para julgar o que a Administração do Campus faz, e isso só
pode ser alcançado com transparência e informação, uma vez que não se pode falar em gestão
115
participativa sem a devida transparência dos atos emanados pelos Gestores do Campus. A
transparência seria, assim, um fluxo incremental de informações oportunas e confiáveis de
caráter econômico, social e político, acessível a toda a comunidade do Campus e à sociedade
em geral (KAUFMANN E KRAAY, 2002).
A transparência, além de ser uma obrigação legal prevista no inciso XXXIII do art. 5º,
no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal e na Lei
12.527/2011, é um dos elementos chave do Orçamento Participativo, bem como para a
participação da comunidade acadêmica do Campus em seus processos decisórios. É também
de fundamental importância para a participação não manipulada da comunidade acadêmica,
para a eficiência e eficácia das ações emanadas da Administração do Campus, sendo ainda o
primeiro passo para a accountability, uma vez que não há accountability sem informação
(SCHEDLER, 2011).
Conforme constatado na pesquisa, a existência de falhas na comunicação entre a
Gestão do Campus Picuí e sua comunidade acadêmica tem sido um dos principais óbices a
uma participação mais efetiva dessa comunidade nos processos decisórios do Campus, aí
incluídos os processos de elaboração, execução e controle do orçamento anual da instituição.
À vista disso, e para que o Orçamento Participativo do IFPB Campus Picuí consiga cumprir
com sua missão, faz-se necessário que a Gestão do Campus promova, de forma permanente,
em todos os seus setores (diretorias, chefia de gabinete e coordenações) uma campanha de
divulgação de suas ações, permitindo assim uma ampla transparência dessas.
Para tanto, medidas simples podem ser adotadas, tais como: enviar e-mail para todos
os integrantes de sua comunidade, acadêmica conclamando-os a participar dos eventos
institucionais abertos, do planejamento e da definição das prioridades orçamentárias da
instituição; divulgar os eventos e reuniões de interesse da coletividade do Campus no site e
nos murais e quadros de aviso da instituição; dar publicidade as atas das reuniões do Conselho
Diretor e demais órgãos colegiados da instituição por meio do seu site e da afixação delas nos
murais e quadros de aviso da instituição; promover uma campanha de divulgação do Portal da
Transparência do IFPB com toda a sua comunidade, por meio de reuniões, distribuição de
panfletos e folders e divulgação nos murais e quadros de aviso do Campus; e, fazer uso de
mídias sociais para a divulgação das ações institucionais.
Ressalte-se ainda a importância da disponibilização de todas as informações
necessárias à participação da comunidade nos eventos e reuniões da instituição, tais como:
formas de acesso; datas; locais; horários, dentre outras informações básicas.
Importante salientar ainda que não basta apenas dar transparência aos atos emanados
116
da Gestão do Campus, mas também, obter um feedback da comunidade acerca de tudo que foi
divulgado/comunicado para conhecer como as informações estão chegando até a comunidade
acadêmica e como essa comunidade as tem interpretado. Assim, ter-se-ão condições de
corrigir possíveis falhas e melhorar o fluxo de informações e o processo comunicativo.
As medidas ora sugeridas devem ser observadas pela Gestão do Campus e planejadas
em conjunto com o COP de forma a dar o máximo de transparência a todos os processos
atinentes ao Orçamento Participativo. Dessa forma, espera-se corrigir, ou pelo menos
minimizar as falhas na comunicação atualmente existentes e contribuir para a realização de
reuniões mais participativas e para uma gestão efetivamente participativa e transparente.
5.3.6 Compromisso político
O compromisso político dos gestores e sua disposição em dedicar um pouco seu tempo,
gastando suas energias e recursos para reformar o processo participativo é fator decisivo para
o sucesso do Orçamento Participativo (GENRO e SOUZA, 1997; LUCHMANN, 2002;
AVRITZER, 2003; OLIVEIRA, 2015). Tal compromisso já fora demonstrado por alguns dos
Gestores do Campus quando aceitaram levar esse projeto de intervenção adiante e fazer parte
dos seminários, dentre eles o Diretor Geral, a Diretora de Desenvolvimento do Ensino, o
Diretor de Administração, Planejamento e Finanças, o Coordenador de Planejamento, a
Coordenadora Pedagógica e de Apoio ao Estudante, bem como outros gestores que
responderam favoravelmente à adoção do Orçamento Participativo pelo Campus.
Apesar de parte dos gestores já ter demonstrado seu interesse no Orçamento
Participativo, faz-se necessário que todos estejam dispostos a dar sua contribuição ao longo de
todo o processo, buscando a intersetorialidade, tendo em vista que essa articulação entre os
mais diversos setores do Campus potencializará a capacidade operacional para a execução das
demandas do Orçamento Participativo e trará eficiência e eficácia ao processo.
É necessário ainda que todos os membros da comunidade acadêmica do Campus,
principalmente os gestores, tenham conhecimento acerca do funcionamento da instituição e da
metodologia de trabalho do Orçamento Participativo. Para tanto, é recomendável que a Gestão
do Campus, por meio da Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças e da
Coordenação de Planejamento, promova treinamentos, palestras, mesas redondas, seminários
dentre outros eventos, com o fito de capacitar toda a comunidade, em especial os conselheiros
do COP, para sua atuação no Orçamento Participativo.
117
5.3.7 Controle e accountability
O controle dos processos orçamentários, em especial o controle da execução
orçamentária, é essencial para qualquer órgão ou instituição pública, pois é nesse instante que
se pode verificar se o orçamento elaborado está sendo aplicado em consonância com o que
fora planejado, e, consequentemente, se está alcançando a finalidade para a qual foi proposto.
Em outras palavras, o controle visa a garantir que o que foi planejado seja executado de forma
a se alcançarem os objetivos previamente estabelecidos. O controle da execução orçamentária
permite um acompanhamento da aplicação dos recursos consignados no orçamento,
fornecendo para a Administração de determinado órgão ou instituição e demais grupos de
interesses subsídios para que se promovam as devidas intervenções no caso dessa execução
encontrar-se em desacordo com o que fora planejado.
Apesar da importância do controle orçamentário por parte da própria gestão e da
sociedade como um todo, foi evidenciado nas falas dos Entrevistados 1 e 2, que inexiste
controle dos processos de elaboração e execução do orçamento no Campus Picuí por parte de
sua comunidade acadêmica.
Desse modo, e buscando a gestão participativa, eficiente e eficaz dos recursos públicos,
atendendo aos projetos propostos, bem como aos interesses diversos que se convergem para
um objetivo almejado, propõe-se que o COP, por meio do CAP, promova um
acompanhamento e uma supervisão permanente da execução orçamentária do Campus,
adotando, para tanto, as seguintes ações:
a) solicitar Relatório Mensal da Execução Orçamentária à Coordenação de
Planejamento do Campus;
b) assistir o andamento dos processos licitatórios das demandas oriundas do
Orçamento Participativo;
c) acompanhar diariamente, ou no mínimo semanalmente, a execução orçamentária do
Campus por meio de consultas ao Portal da Transparência do próprio IFPB; e,
d) realizar vistorias in loco nos locais onde estão sendo executadas obras e/ou serviços
e/ou nos locais onde estão sendo armazenados os materiais/produtos adquiridos;
De posse das informações obtidas por meio das ações propostas, o CAP emitirá
mensalmente relatório parcial de avaliação da execução orçamentária do Campus, registrando
os fatos mais relevantes, principalmente no que concerne às demandas oriundas do Orçamento
Participativo. Esse relatório será enviado por e-mail aos demais membros COP e a toda a
118
comunidade acadêmica do Campus, de forma a ampliar a transparência da execução
orçamentária e dar subsídios àqueles que desejarem exercer o controle social.
A transparência dos atos emanados pelos gestores do IFPB Campus Picuí, aliada ao
controle e à fiscalização ativa de sua execução orçamentária por parte da comunidade
acadêmica, favorece o surgimento da accountability, aqui entendida como o dever de prestar
contas por parte dos gestores do Campus em razão da função que exercem, seja às instâncias
controladoras ou a sua própria comunidade acadêmica. Esse tipo de ação, além de ser um dos
anseios da comunidade acadêmica do Campus, encontra respaldo no artigo 70, parágrafo
único da CF/88, onde se observa a obrigatoriedade de pessoas físicas ou jurídicas em prestar
contas pela utilização, arrecadação, guarda, gerenciamento ou administração de dinheiros,
bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária.
Diante desse contexto, recomenda-se que a Gestão do Campus, aí incluídas suas três
diretorias, promova, anualmente, quando da realização da primeira rodada de reuniões do
Orçamento Participativo, a prestação de contas de suas ações, detalhando-as por diretoria e
ações orçamentárias, enfatizando as demandas oriundas do Orçamento Participativo
(propostas, executadas e não executadas). No caso de haver demanda oriunda do Orçamento
Participativo que não fora executada, total ou parcialmente, dentro do exercício financeiro
correspondente, deve-se a Gestão do Campus justificar essa situação, sempre que possível
com base em pareceres técnicos.
5.3.8 Avaliação do Orçamento Participativo
Após transcorrido todo o ciclo do Orçamento Participativo do IFPB Campus Picuí em
determinado exercício financeiro, é essencial que seja realizada sua avaliação. Sugere-se que
essa avaliação contemple minimamente três eixos considerados de suma importância para o
sucesso e a manutenção de todo o processo participativo, são eles: a) participação da
comunidade; b) execução das demandas emanadas do Orçamento Participativo; e, c)
satisfação da comunidade em relação ao Orçamento Participativo. Para tanto, propõe-se a
criação de indicadores e a realização de pesquisa de satisfação.
No que concerne à avaliação do Orçamento Participativo do IFPB Campus Picuí em
relação à participação de sua comunidade acadêmica em suas diversas etapas, sugere-se a
criação de quatro indicadores, são eles: Índice de Participação Discente - IPADi; Índice de
119
Participação Docente - IPADo; Índice de Participação Técnico-Administrativo - IPATa; e,
Índice de Participação Total - IPATo.
O IPADi, IPADo e IPATa visam a quantificar em termos percentuais a participação dos
segmentos discente, docente e técnico-administrativo, nas discussões atinentes ao processo de
levantamento e hierarquização das demandas do Orçamento Participativo do Campus. A
quantificação dos participantes da comunidade acadêmica nas discussões do Orçamento
Participativo é importante, pois visa a diagnosticar quanto, em termos percentuais, de cada
categoria está envolvida nessas discussões, fornecendo ao COP subsídios para a adoção das
intervenções adequadas no sentido de se obter o maior nível de participação possível.
O IPATo, por sua vez, segue a mesma linha de raciocínio, entretanto objetiva
quantificar também em termos percentuais, a participação de toda a comunidade do Campus,
independentemente de segmento, nas discussões relativas ao levantamento e hierarquização
das demandas do Orçamento Participativo.
A medição desses indicadores (IPADi, IPADo, IPATa e IPATo) obedecem à mesma
lógica, conforme demonstrado a seguir:
IPADi = [NMDiP / NTDi] x 100
Onde:
IPADi = Índice de Participação Discente
NMDiP = Número Médio de Discentes Participantes das duas Rodadas de Reuniões do
Orçamento Participativo
NTDi = Número Total de Discentes na Comunidade Acadêmica
IPADo = [NMDoP / NTDo] x 100
Onde:
IPADo = Índice de Participação Docente
NMDoP = Número Médio de Docentes Participantes das duas Rodadas de Reuniões do
Orçamento Participativo
NTDo = Número Total de Docentes na Comunidade Acadêmica
120
IPATa = [NMTaP / NTTa] x 100
Onde:
IPATa = Índice de Participação Técnico-Administrativo
NMTaP = Número Médio de Técnico-Administrativos Participantes das duas Rodadas de
Reuniões do Orçamento Participativo
NTTa = Número Total de Técnico-Administrativos na Comunidade Acadêmica
IPATo = [NMToP / NToC] x 100
Onde:
IPATo = Índice de Participação Total
NMToP = Número Médio Total de Membros da Comunidade Acadêmica Participantes das
duas Rodadas de Reuniões do Orçamento Participativo
NToC = Número Total de Membros da Comunidade Acadêmica
Os dados para os cálculos dos indicadores ora mencionados serão facilmente obtidos
por meio das listas de frequência das duas rodadas de reuniões/plenárias do Orçamento
Participativo. Enfatiza-se, no entanto, que se deve obter a média de participantes das duas
rodadas de reuniões.
Cabe ainda destacar que para se obter um resultado mais próximo da realidade, sugere-
se que seja adotada uma média do quantitativo de cada segmento da comunidade acadêmica
do Campus, adotando-se, como data de referência, o último dia do semestre letivo de cada ano.
Essa medida visa a minimizar os efeitos oriundos das entradas e saídas de membros da
comunidade acadêmica do Campus, pelos mais diversos motivos/meios.
Em relação à avaliação da execução das demandas emanadas do Orçamento
Participativo, sugere-se também a criação, e posterior adoção, de um indicador que
quantifique em termos percentuais o quanto das demandas da comunidade foram executadas
pela Administração do Campus (IEDOP = Índice de Execução de Demandas do Orçamento
Participativo). A importância de se medir o percentual de demandas executadas do Orçamento
Participativo encontra-se no fato de que quanto maior for sua execução, maior o compromisso
político da Gestão com o Orçamento Participativo, o que consequentemente dará mais
credibilidade a essa experiência participativa e motivará mais integrantes da comunidade
121
acadêmica a participar de suas reuniões/plenárias e fóruns. O IEDOP será medido conforme
descrito a seguir:
IEDOP = [NDOPE / NTDOP] x 100
Onde:
IEDOP = Índice de Execução de Demandas do Orçamento Participativo
NDOPE = Número de Demandas do Orçamento Participativo Executadas
NTDOP = Número Total de Demandas do Orçamento Participativo
Os dados necessários aos cálculos do IEDOP serão facilmente obtidos por meio do
Portal da Transparência do Governo Federal, do Portal da Transparência do IFPB e dos
relatórios mensais de execução orçamentária a serem fornecidos mensalmente ao CAP, pela
Coordenação de Planejamento do Campus.
Cabe, ainda, salientar que quanto mais próximo de 100% forem os resultados
alcançados pelos indicadores propostos, maior será a participação da comunidade acadêmica
nas deliberações do Orçamento Participativo e maior será o compromisso da Gestão do
Campus com sua manutenção e ampliação.
No tocante à satisfação da comunidade acadêmica em relação ao Orçamento
Participativo como um todo, propõe-se que seja realizado ao término de seu ciclo, um
levantamento de campo (survey) visando a obter da comunidade acadêmica sua percepção
acerca de todo o processo oriundo desse novo modelo participativo de definição das
prioridades orçamentárias, suas críticas, elogios e sugestões, buscando averiguar por fim sua
satisfação com o Orçamento Participativo do Campus.
Para realizar esse levantamento de campo (survey), poderá ser adotada a ferramenta
“Google Formulários” ou “Survey Monkey”, a fim de agilizar o processo de levantamento dos
dados da comunidade acadêmica.
Explica-se ainda que a avaliação do Orçamento Participativo do IFPB Campus Picuí
deverá ser de responsabilidade do COP com o envolvimento de toda a comunidade acadêmica
e a partir do segundo ano de execução do Orçamento Participativo, essa avaliação deverá ser
comparada com a do ano anterior.
122
5.3.9 Dinâmica de funcionamento do Orçamento Participativo
Conforme já demonstrado em seções anteriores, todo o processo do Orçamento
Participativo do IFPB Campus Picuí será conduzido pela Gestão do Campus juntamente com
o COP e seu CAP, contará, ainda a participação de toda a comunidade acadêmica. As
atividades do Orçamento Participativo perdurarão por todo o ano, seja em reuniões com toda a
comunidade, apenas com a Gestão do Campus ou com a participação exclusiva de seus
conselheiros ou de integrantes do CAP.
As primeiras atividades do COP serão o planejamento e a organização dos processos
de mobilização da comunidade, elaboração, acompanhamento, controle e avaliação da
execução orçamentária do Campus, bem como a avaliação do próprio processo de Orçamento
Participativo, o que ocorrerá entre os meses de janeiro e fevereiro de cada exercício financeiro.
Após a etapa de planejamento e organização do Orçamento Participativo, serão
iniciados os fóruns temáticos abertos à toda a comunidade do Campus, tendo como finalidade
sensibilizar, motivar e capacitar os membros da comunidade acadêmica para sua atuação nas
atividades do Orçamento Participativo. Os fóruns ocorrerão de janeiro a dezembro e versarão
sobre as mais diversas temáticas relacionadas ao Orçamento Participativo e outras de interesse
da comunidade acadêmica no geral.
Dando prosseguimento às atividades do Orçamento Participativo, será realizada no
mês de fevereiro a primeira rodada de reuniões com a participação dos conselheiros do COP,
da Gestão do Campus (Direção Geral e Diretorias de Administração, Planejamento e Finanças
e Diretoria de Desenvolvimento do Ensino) e de toda a comunidade acadêmica. Essa rodada
de reuniões compreenderá 03 (três) plenárias distribuídas nos 03 (três) turnos de
funcionamento da instituição e seguirá a pauta proposta na seção 5.3.2.2.
No mês de março, será realizada pelo COP a segunda rodada de reuniões, também
composta por 03 (três) plenárias distribuídas nos turnos de funcionamento do Campus e com a
participação dos conselheiros do COP e da comunidade acadêmica. Dessa reunião sairão as
demandas da comunidade acadêmica já devidamente hierarquizadas e que posteriormente
comporão a Matriz Orçamentária do Campus, conforme pauta descrita na seção 5.3.2.2.
Encerrada a fase de plenárias, o CAP agendará reunião com os seus integrantes com o
objetivo de formatar o documento final (Matriz de Prioridades) contendo as demandas da
comunidade acadêmica de forma detalhada e com a hierarquização das demandas temáticas
(aquelas que são separadas por ações orçamentárias) em uma parte do documento e as
123
demandas gerais (demandas prioritárias para a comunidade acadêmica hierarquizadas
independentemente da ação orçamentária em que ela se enquadre) em outra.
Em seguida, o CAP encaminhará ao COP a Matriz de Prioridades contendo as
demandas da comunidade acadêmica, já hierarquizadas e classificadas. Essas demandas serão
submetidas à Assembleia Ordinária do COP para análise e aprovação e posterior envio à
Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças. Propõe-se que essa etapa ocorra ainda
no mês de março para evitar possíveis atrasos na elaboração da Matriz Orçamentária do
Campus.
De posse da Matriz de Prioridades do Orçamento Participativo, a Gestão do Campus,
por meio da Diretoria de Administração, Planejamento e Finanças e da Coordenação de
Planejamento, fará uma análise técnica/orçamentária das demandas e elaborará a Matriz
Orçamentária do Campus, aplicando-se os critérios de descentralização definidos para o
exercício seguinte. Será lavrado um documento contendo todos os procedimentos realizados,
emitindo parecer técnico devidamente fundamentado, no caso da matriz não incluir alguma(s)
das demanda apresentadas pela comunidade acadêmica. Todo esse procedimento deverá ser
concretizado até o término do mês de abril, para que se possa cumprir com os prazos
estabelecidos pela Reitoria do IFPB e pelo FORPLAN/CONIF.
Posteriormente à análise técnica realizada, a Matriz Orçamentária do Campus,
elaborada pela equipe técnica da instituição considerando as demandas da comunidade e as
prioridades institucionais, será encaminhada ao COP para análise e deliberação acerca de sua
aprovação, o que deverá ser feito em Assembleia Ordinária do conselho. Caso a Matriz
Orçamentária seja rejeitada pelo COP, será solicitada reunião com a Gestão do Campus, onde
serão demonstrados os motivos da não aceitação da proposta e em seguida iniciadas as
negociações, exposição de motivos e possíveis ajustes da Matriz. Caso ela seja aprovada, será
de imediato, encaminhada à Direção Geral do Campus que em seguida a encaminhará ao
Conselho Diretor do Campus para discussão, análise, ajuste e aprovação.
Cabe ressaltar que, caso não haja consenso entre a Gestão do Campus e o COP no que
concerne à composição final da Matriz Orçamentária do Campus, será solicitada reunião
extraordinária do Conselho Diretor para mediar a situação e, em permanecendo as
divergências, caberá a este a decisão final, sendo as partes interessadas tanto da Gestão quanto
do COP que por ventura integrem o Conselho Diretor, declaradas impedidas de votar. As
análises, negociações e ajustes da Matriz Orçamentária, realizadas pela Gestão e pelo COP,
bem como sua aprovação final por parte do Conselho Diretor deverá ocorrer até o término do
mês de maio.
124
Ressalte-se que, no período compreendido entre maio e agosto, a Matriz Orçamentária
do Campus Picuí estará sujeita a ajustes, para maior ou para menor, até que a Matriz CONIF
seja homologada pela SETEC/MEC. Assim, todas as demandas serão linearmente ajustadas,
para mais ou para menos.
Após a aprovação final da Matriz Orçamentária do IFPB Campus Picuí pelo seu
Conselho Diretor, o COP promoverá uma rodada de seminários nos mesmos moldes das
plenárias, conforme descrito na seção 5.3.2.3, visando a apresentar a Matriz Orçamentária à
comunidade acadêmica, destacando as demandas que foram incorporadas à matriz, e
apresentando a(s) justificativa(s) adotada(s) pelo COP e pela Gestão do Campus para o caso
de não inclusão de alguma(s) delas. Essa atividade será realizada no mês de agosto, logo após
a homologação dos valores constantes na Matriz CONIF destinados ao Campus Picuí.
Caberá ao CAT, promover um acompanhamento do processo de execução
orçamentária do Campus, o que deverá ser realizado de 01 de janeiro a 31 de dezembro,
devendo ainda ser dada a devida transparência aos relatórios de acompanhamento, conforme
já tratado em seções anteriores, garantindo o controle social e a cogestão do IFPB Campus
Picuí.
Por fim, o COP procederá com a avaliação do processo participativo do ano anterior,
adotando-se para tanto os procedimentos descritos na seção 5.3.8. O Quadro 7, adiante
exposto, ilustra todo o cronograma de atividades desempenhadas durante o macro processo de
Orçamento Participativo do IFPB Campus Picuí.
12
5
Quadro 7 - Cronograma do Orçamento Participativo do IFPB Campus Picuí
Fonte: Elaboração própria (2017)
ATIVIDADES MESES
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Planejamento e organização do processo de Orçamento Participativo ● ●
Fóruns temáticos ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
1ª Rodada de reuniões (03 Plenárias) ●
2ª Rodada de reuniões (03 Plenárias) ●
Análise e aprovação da Matriz Orçamentária pelo COP ●
Análise técnica/orçamentária das demandas da comunidade acadêmica por
parte da área técnica do Campus ●
Elaboração da Matriz Orçamentária pela área técnica do Campus ●
Análise e aprovação/rejeição da Matriz Orçamentária do Campus pelo COP ●
Análise, negociações e ajustes da Matriz Orçamentária pela Gestão do
Campus e pelo COP ●
Aprovação da Matriz Orçamentária pelo Conselho Diretor ●
Rodada de Seminários ●
Acompanhamento e supervisão da execução orçamentária ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
Avaliação do Orçamento Participativo ●
126
12
6
6 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJETO DE INTERVENÇÃO
Esse capítulo tem como objetivo avaliar os principais resultados encontrados na
presente pesquisa. Para tanto, será realizada uma análise comparativa entre o modelo de
gestão orçamentária atualmente adotado pelo IFPB Campus Picuí e o modelo proposto com
base na literatura e nos anseios da comunidade acadêmica do Campus, buscando-se evidenciar
de forma concreta as diferenças entre um e outro, a superioridade de um sobre o outro, bem
como as vantagens oriundas do novo modelo.
No decorrer deste trabalho, verificou-se que o atual processo ou ciclo orçamentário do
IFPB Campus Picuí apresenta limitações no que concerne ao planejamento orçamentário, à
descentralização administrativa, à participação da comunidade nos processos decisórios, à
transparência nos processos orçamentários, ao controle da execução orçamentária, à prestação
de contas de seus atos à comunidade acadêmica e à avaliação de todo o processo orçamentário,
o que deixa evidente a necessidade de uma intervenção nas atuais práticas adotadas pelo
Campus.
Não obstante o Campus Picuí situar-se à frente de outros campi do IFPB no que
concerne ao planejamento de todo o seu ciclo orçamentário e à descentralização de parte de
seus recursos, conforme fora comprovado nas falas dos entrevistados, esses processos ainda
carecem de aperfeiçoamentos para que possam atender de forma satisfatória aos anseios de
sua comunidade acadêmica em termos de participação nos processos de tomada de decisão do
Campus, mais precisamente naqueles atinentes à questão orçamentária.
Diante desse cenário, a presente proposta de intervenção busca implementar um
modelo de Orçamento Participativo que venha corrigir as limitações detectadas e contemplar
os anseios de sua comunidade acadêmica em termos de participação em todas as etapas do
processo orçamentário do Campus Picuí, tendo em vista que os processos de planejamento,
execução e controle do orçamento público são de vital importância para uma gestão eficiente
e eficaz dos recursos públicos.
O IFPB Campus Picuí em seu atual modelo de planejamento orçamentário, inicia de
forma tardia a elaboração da sua proposta orçamentária, uma vez que aguarda o
estabelecimento do seu limite/teto orçamentário pelo FORPLAN/CONIF para então começar
o detalhamento de suas despesas. Essa situação ainda é agravada, tendo em vista que o
detalhamento das despesas é realizado com base nas despesas do ano anterior e em ações
planejadas sem a participação da comunidade acadêmica. No modelo proposto, o
planejamento orçamentário do campus, além de permitir a participação da comunidade em
127
12
7
suas discussões, inicia-se entre quatro e cinco meses antes que o modelo atual, fato este que
contribui para um planejamento mais eficiente e eficaz, tendo em vista que a alocação dos
recursos orçamentários atende às necessidades institucionais e aos anseios da comunidade
acadêmica.
Com relação à atual sistemática de descentralização orçamentária do Campus Picuí,
foi constatado por meio das entrevistas realizadas com os gestores que ela já não atende mais
aos anseios da comunidade acadêmica do Campus, haja vista não abranger todos os setores,
faltar critérios para o estabelecimento dos valores, e disponibilizar apenas um pequeno
percentual para as coordenações. A única exceção verificada diz respeito à descentralização
dos valores referentes à Ação 4572 (Capacitação de Servidores Públicos Federais em Processo
de Qualificação e Requalificação), uma vez que ela é realizada com base em critérios técnicos
e abrange todos os setores do campus.
Visando ao aperfeiçoamento da sistemática de descentralização atualmente vigente no
Campus, propõe-se uma descentralização de recursos orçamentários mediante a criação de
UGD’s, onde serão contemplados todos os setores constantes no organograma da instituição.
A forma de distribuição de recursos levará em consideração critérios técnicos tais como o
número de alunos, o número de projetos de pesquisa e de extensão, bem como outros a serem
definidos de forma coletiva com os responsáveis por cada setor. Dessa forma, espera-se que o
orçamento seja distribuído de forma equitativa, levando em consideração as peculiaridades e
as necessidades de cada setor.
No tocante à participação da comunidade acadêmica nos processos de elaboração e
acompanhamento da execução orçamentária do Campus Picuí, a pesquisa indicou que mais de
85% dela está excluída desses processos, o que denota o perfil centralizador da Gestão e a
existência de problemas na comunicação com sua comunidade acadêmica. O modelo de
Orçamento Participativo proposto para o Campus Picuí permite amplamente a participação de
sua comunidade acadêmica nas diversas fases do ciclo orçamentário do Campus, da
elaboração à avaliação, seja de forma direta, por meio da participação nas plenárias, fóruns e
seminários, ou de forma indireta, por meio de seus representantes no COP.
Outro ponto que merece destaque na atual prática orçamentária do Campus são as
limitações detectadas no que se refere à transparência nos processos de elaboração e execução
do seu orçamento, fato este agravado pelas falhas no processo comunicativo entre a gestão e a
comunidade acadêmica, o que tem sido um dos principais óbices a uma participação mais
efetiva dessa comunidade. No que lhe diz respeito, o novo modelo adota como prática a
promoção de campanhas de divulgação das ações tanto da gestão quanto do COP, seja em
128
12
8
murais, quadros de avisos, mídias sociais e no próprio Portal da Transparência do IFPB.
Deverão também ser enviados convites a toda a comunidade, onde constem as informações
básicas necessárias a sua participação nas reuniões e demais eventos abertos ao público, além
de se promover campanhas de divulgação do Portal da Transparência do IFPB.
Foi evidenciado também que atualmente inexiste no Campus Picuí qualquer tipo de
controle dos seus processos de elaboração e execução orçamentária, bem como a prestação
contas de suas ações. No modelo de Orçamento Participativo proposto para o Campus Picuí, o
acompanhamento e o controle da execução orçamentária serão de responsabilidade do CAP e
deverá ser realizado durante todo o exercício financeiro. Esse procedimento dará origens a
vários tipos de relatórios, cujas informações contribuirão para o desenvolvimento do controle
social das ações do Campus por parte de sua comunidade acadêmica. Ainda está prevista na
nova sistemática a ser adotada pelo Campus Picuí, a Prestação de Contas dos atos da gestão à
sua comunidade acadêmica, o que será realizada uma vez por ano, sempre no início do ano
subsequente à execução do orçamento em referência.
Com base no que foi apurado na pesquisa, ficou nítida também a inexistência de
procedimento avaliativo do atual processo de elaboração e execução do orçamento do
Campus em termos de participação de sua comunidade, seja na definição das prioridades
orçamentárias, seja no acompanhamento das ações desenvolvidas pela gestão do Campus. Por
sua vez, o modelo proposto dispõe de mecanismos de avaliação de todo o processo
participativo, sendo alvo de avaliação a participação da comunidade, a execução das suas
demandas e sua satisfação em relação ao Orçamento Participativo. Para tanto, serão utilizados
04 (quatro) indicadores e realizado um levantamento de campo (survey).
Ressalte-se, por oportuno, que a implementação do presente projeto de intervenção
depende do envolvimento de diversos setores e atores da comunidade acadêmica do Campus
Picuí, em especial a Direção Geral, a quem compete definir o modelo de gestão que se deseja
exercer. Os resultados dessa pesquisa serão levados ao seu conhecimento, para que, em sendo
de acordo com o que ora se propõe, que se encaminhe ao Conselho Diretor do Campus para
uma ampla discussão com a comunidade, objetivando o seu aperfeiçoamento.
Por fim, cabe destacar que a mensuração dos resultados esperados deste projeto de
intervenção será alvo de estudos posteriores, tendo em vista que só poderá ser realizada após
decorrido, pelo menos um ano de sua implementação, uma vez que o ciclo orçamentário do
Campus Picuí subsiste durante todo o exercício financeiro. Por conseguinte, a presente
pesquisa constitui apenas uma proposta de intervenção.
12
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13
7
APÊNDICE A
ROTEIRO PARA ENTREVISTA DIAGNÓSTICO
Diretor Geral e Coordenador de Planejamento
Nome:
Data:
Idade:
Escolaridade:
Cargo efetivo:
Área de formação:
Início no cargo efetivo:
Início no cargo de direção/função gratificada:
1) Como se dá o processo de elaboração da peça orçamentária do IFPB Campus Picuí?
2) Em que período/mês do ano se inicia e em que período/mês se encerra o processo de
elaboração da peça orçamentária do Campus Picuí? Quem determina esse período? Ele é fixo
ou sofre alguma variação?
3) Quais os programas e ações que compõem o orçamento do Campus?
4) Quem são os atores responsáveis pela definição das prioridades de cada programa e ação
constante no orçamento do campus e o que lhes dá subsídios para essa tomada de decisão?
5) Como se dá a participação da comunidade do campus na definição das prioridades e na
consequente alocação dos recursos orçamentários?
6) O orçamento do Campus é descentralizado entre suas diversas diretorias e coordenações?
Caso a resposta tenha sido sim, que critérios são adotados para a alocação de recursos em
cada uma delas? Caso a resposta tenha sido não, o que justifica a não descentralização de
recursos orçamentários entre as diretorias e coordenações?
7) Na sua opinião, o atual processo de elaboração e execução do orçamento do IFPB Campus
Picuí ocorre de forma transparente? Em caso positivo, quais os instrumentos utilizados para
dar transparência ao referido processo? Caso a resposta seja “Não”, por que não é dada a
devida transparência?
8) Há algum tipo de controle do processo de elaboração e execução do orçamento por parte da
comunidade do campus? Caso exista, como ele acontece? Caso não exista, você saberia
responder o porquê?
9) Há algum tipo de prestação de contas à comunidade do campus acerca das ações que foram
implementadas com recursos do seu orçamento? Se sim, como ela funciona e qual a sua
periodicidade? Se não, o que justifica essa não prestação de contas?
10) Elenque as principais dificuldades (operacionais, administrativas etc.) no processo de
13
8
elaboração e execução do orçamento do Campus Picuí?
11) Como você avalia o atual processo de elaboração e execução do orçamento do IFPB
Campus Picuí em termos de participação da comunidade na definição das prioridades e no
acompanhamento das ações desenvolvidas pela gestão da instituição?
12) Você acredita que o atual modelo de elaboração e execução do orçamento é eficiente,
eficaz e atende os anseios da comunidade do Campus?
13) Você acredita que seria viável a implementação de um modelo de Orçamento Participativo
no Campus? Caso esse modelo fosse adotado, qual seria o percentual de recursos de cada ação
que poderia ser destinado ao Orçamento Participativo sem que se comprometa o
funcionamento da instituição e o cumprimento de suas obrigações legais?
13
9
APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO (Discentes, Docentes e Técnico-Administrativos)
BLOCO I – Perfil do entrevistado
1) Qual o seu gênero?
a) feminino b) masculino
2) Qual sua faixa etária?
a) menos de 16 b) 16-20 c) 21-25 d) 26-30 e)31-35 f) 36-40 f) 41-45 g) acima de 45
3) Você faz parte de qual segmento da comunidade acadêmica do IFPB Campus Picuí?
a) discente b) docente b) técnico-administrativo
4) A qual curso está vinculado(a)? (apenas para discentes)
a) Curso Técnico Integrado em Edificações
b) Curso Técnico Integrado em Geologia
c) Curso Técnico Integrado em Informática
d) Curso Técnico Subsequente em Informática
e) Curso Técnico Subsequente em Mineração
f) Curso Técnico Subsequente em Segurança do Trabalho - EAD
g) Curso Técnico Subsequente em Secretariado Escolar - EAD
h) Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia
i) Curso Superior de Licenciatura em Letras - EAD
j) Curso de Pós-Graduação em Gestão dos Recursos Ambientais do Semiárido
5) Qual o seu nível de escolaridade (considere o maior nível já concluído):
a) fundamental b) médio c) superior d) especialização e) mestrado g) doutorado
6) Em que ano você ingressou no IFPB Campus Picuí?
a) 2009 b) 2010 c) 2011 d) 2012 e) 2013 f) 2014 g) 2015 h) 2016
7) Qual o seu semestre de ingresso no IFPB Campus Picuí? (apenas para discentes)
a) 1º Semestre (janeiro a junho) b) 2º Semestre (julho a dezembro)
8) Você faz parte de algum movimento estudantil, tais como: Representantes de Turma,
Grêmio Estudantil, Centro Acadêmico ou Diretório Central dos Estudantes? (apenas para
discentes)
a) sim b) não
9) Você ocupa algum Cargo de Direção ou Função Gratificada? (apenas para docentes e
servidores técnico-administrativos)
a) sim b) não
BLOCO II – Diagnóstico do modelo atual
10) Você sabe dizer qual a contribuição que os Coordenadores de Curso e/ou Setores
14
0
Administrativos têm dado à elaboração dos Orçamentos Anuais do IFPB Campus Picuí?
(apenas para docentes e servidores técnico-administrativos que ocupam cargos de gestão ou
funções gratificadas)
a) têm definido junto à gestão do campus todas as prioridades tanto da coordenação quanto do
campus no geral
b) têm definido todas as prioridades da coordenação
c) têm definido parcialmente as prioridades da coordenação
d) seguem apenas a orientação da gestão do campus
e) são autônomos para definir as prioridades das coordenações
f) não têm opinado nas prioridades
g) não sei opinar
11) Indique o nível de participação da coordenação de seu curso ou da coordenação a qual
você está vinculado(a), na elaboração dos Orçamentos Anuais do IFPB Campus Picuí?
(apenas para docentes e servidores técnico-administrativos que ocupam cargos de gestão ou
funções gratificadas e que marcaram a alternativa “c” ou “d” da Questão 10)
a) elaborou apenas as despesas correntes (despesas com água, energia, telefone, diárias,
combustíveis, materiais de consumo etc.)
b) elaborou apenas as despesas de capital (despesas com aquisição de equipamentos
permanentes, softwares, construções e ampliações de prédios)
c) elaborou apenas parte das despesas correntes (despesas com água, energia, telefone, diárias,
combustíveis, materiais de consumo etc.)
d) elaborou apenas parte das despesas de capital (despesas com aquisição de equipamentos
permanentes, softwares, construções e ampliações de prédios)
e) não sei opinar
12) O atual modelo de elaboração e execução do orçamento do IFPB Campus Picuí permite a
participação da sua comunidade (discentes, docentes e técnico-administrativos) na definição
das prioridades orçamentárias e no acompanhamento de sua execução?
a) permite plenamente a participação
b) permite parcialmente a participação
c) não permite a participação
d) não sei opinar
13) Você já participou do processo de elaboração e acompanhamento da execução do
orçamento do IFPB Campus Picuí?
a) sim b) não
14) Se sim, como se deu essa participação? (apenas para quem marcou a alternativa “a” da
Questão 13)
a) participei integralmente, tanto da elaboração do orçamento quanto do acompanhamento de
sua execução
b) participei apenas da elaboração do orçamento
c) participei apenas do acompanhamento da execução orçamentária
d) outro. Qual? ______________________________________________________________
15) Se não, por que não participou? (apenas para quem marcou a alternativa “b” da Questão
13)
a) não me interesso nem pela elaboração nem pela execução do orçamento do Campus
b) não sabia que poderia participar da elaboração e acompanhamento do orçamento do
14
1
Campus
c) não fui convidado a participar da elaboração e acompanhamento do orçamento do Campus
d) não sabia de informações sobre data/local de realização de reuniões para elaboração e
acompanhamento do orçamento do Campus
e) outro. Qual? _______________________________________________________________
16) Você sabe qual o critério atualmente utilizado para a definição das prioridades
orçamentárias e a consequente destinação dos recursos orçamentários do IFPB Campus Picuí?
a) sim
b) não
17) Qual é o critério? (apenas para quem marcou a alternativa “a” da Questão 16)
___________________________________________________________________________
18) O atual processo de elaboração e execução orçamentária do IFPB Campus Picuí ocorre de
forma transparente?
a) sim, pois são divulgadas em murais e/ou sites todas as informações necessárias, tanto à
elaboração quanto à execução do orçamento do Campus
b) não, pois só são divulgadas informações referentes à elaboração do orçamento do Campus
c) não, pois só são divulgadas informações referentes à execução do orçamento do Campus
d) não, pois não são divulgadas em murais e/ou sites informações básicas no que se refere à
elaboração e à execução do orçamento do Campus
e) não sei opinar
BLOCO III – Modelo proposto (anseios)
19) Caro aluno/servidor, apresentam-se a seguir afirmativas sobre a adoção de um modelo de
Orçamento Participativo para o Campus Picuí. Assim, gostaríamos que numa escala de 1 a 5
você se posicione escolhendo apenas uma alternativa para cada afirmação/assertiva. Para tal,
deverá considerar: 1 – Discordo totalmente; 2 – Discordo parcialmente; 3 – Nem concordo
nem discordo; 4 – Concordo parcialmente; 5 – Concordo totalmente.
Afirmação/Assertiva
Discordo
totalmente (1)
Discordo
parcialmente (2)
Nem concordo,
nem discordo
(3)
Concordo
parcialmente (4)
Concordo
totalmente (5)
É possível e viável a adoção de um
modelo de Orçamento Participativo que
contemple o controle das ações da
Gestão do Campus pela comunidade
acadêmica, tanto na elaboração quanto
na execução do Orçamento Anual do
Campus Picuí.
Minha participação em
reuniões/plenárias do Orçamento
Participativo dependerá do acolhimento
das minhas contribuições, em parte ou
em sua totalidade, pela Gestão do
Campus.
14
2
O Orçamento Participativo trará
benefícios para mim, para meu
curso/coordenação e para a comunidade
externa (população de Picuí e região).
O Orçamento Participativo contribuirá
para que todos participem do processo
decisório do Campus no que diz
respeito à definição das prioridades
orçamentárias.
O modelo de Orçamento Participativo a
ser adotado pelo Campus Picuí deve ser
permanente, independente da gestão do
momento.
A prestação de contas à comunidade
acadêmica deverá ser realizada ao final
de cada ano ou início do ano letivo
seguinte.
Na prestação de contas, a Gestão do
Campus Picuí deverá justificar a não
realização de ações previstas no
Orçamento Participativo.
20) Caso fosse implantado o Orçamento Participativo no IFPB Campus Picuí, qual deveria ser
o seu modelo?
a) consultivo (cuja função é apenas de emitir parecer ou dar opinião)
b) deliberativo (cuja função é de decidir, tomar decisão)
c) fiscalizador (cuja função é apenas de fiscalizar o processo de elaboração e execução do
orçamento)
d) misto (formado pelos modelos consultivo e deliberativo e fiscalizador)
e) não sei opinar
21) Como você gostaria de participar do processo de elaboração do Orçamento Anual do
IFPB Campus Picuí?
a) discutindo todas as prioridades do Campus
b) discutindo as prioridades da diretoria (Direção Geral, Diretoria de Administração,
Planejamento e Finanças, Diretoria de Desenvolvimento do Ensino) ao qual estou vinculado(a)
c) discutindo as prioridades da coordenação (de curso ou administrativa) a qual estou
vinculado(a)
d) não participaria
e) não sei opinar
22) Qual(is) deveria(am) ser o(s) critério(s) de destinação dos recursos entre as coordenações
de curso? (pode-se marcar mais de uma alternativa)
a) pela titulação do corpo docente de cada coordenação
b) pelo número de alunos de cada curso
c) pelo índice de aprovação de alunos de cada curso (relação alunos ingressos X alunos
egressos)
d) por índices de ponderação que considerasse número de alunos, titulação e outros critérios
e) pelo número de Projetos de Pesquisa (Científicos e/ou Tecnológicos) executados por cada
curso
e) pelo número de Projetos de Extensão executados por cada curso
f) outro. Qual? _______________________________________________________________
14
3
23) Quais os tipos de recursos orçamentários que devem ser objeto de discussão por parte da
comunidade do IFPB Campus Picuí? (pode-se marcar mais de uma alternativa)
a) recursos para manutenção da instituição (despesas correntes)
b) recursos para investimentos em obras e bens permanentes (despesas de capital)
c) recursos para capacitação de servidores (participação em eventos, inscrições, diárias e
passagens)
d) recursos para a Assistência ao Educando (materiais para distribuição gratuita, auxílios,
bolsas de pesquisa, de extensão etc.)
e) todos
f) não sei opinar
24) Caso fosse adotado o Orçamento Participativo no IFPB Campus Picuí, quais deveriam ser
os níveis de participação das diretorias, coordenações e comunidade acadêmica?
a) a participação deveria incluir toda a comunidade acadêmica do campus (discentes, docentes
e técnico-administrativos)
b) a participação deveria ser apenas no nível das diretorias
c) a participação deveria incluir até o nível das coordenações (de curso e administrativas)
d) a participação deveria incluir até o nível do corpo de servidores (docentes e técnico-
administrativos)
e) todos deveriam participar, mas com níveis de responsabilidade diferentes
f) não sei opinar
g) outro. Qual? ______________________________________________________________
25) Como devem ser conduzidas as discussões do Orçamento Participativo? (pode-se marcar
mais de uma alternativa)
a) por reuniões/plenárias gerais envolvendo todas as temáticas e participantes
b) por reuniões/plenárias separadas por segmento da comunidade acadêmica do Campus
(docentes, técnico-administrativos, discentes)
c) por reuniões/plenária separada por coordenações
d) por reuniões/plenárias separadas por cursos
e) por reuniões/plenárias separadas por temáticas
f) por reuniões/plenárias separadas por programas e ações orçamentárias
g) não sei opinar
h) outro. Qual? ______________________________________________________________
26) Como deverá ser a representatividade do futuro conselho responsável pelo condução do
Orçamento Participativo do IFPB Campus Picuí?
a) paritário, com cada segmento (discentes, docentes e técnico-administrativos) possuindo
aproximadamente 33% das vagas
b) majoritariamente por discentes
c) majoritariamente por docentes
d) majoritariamente por técnico-administrativos
e) representação proporcional (levando em consideração o número de componentes de cada
segmento da comunidade acadêmica do Campus)
f) não sei opinar
g) outro. Qual?_______________________________________________________________
27) Na sua opinião, como deveria se dá a escolha dos futuros conselheiros do Orçamento
Participativo do Campus?
a) todos eleitos por cada segmento
14
4
b) todos designados pela Gestão do Campus
c) parte eleita pelos segmentos e parte designada pela Gestão do Campus
d) não sei opinar
e) outro. Qual? ______________________________________________________________
28) Qual seria o percentual ideal de conselheiros eleitos pelos pares e designados pela Gestão
do Campus? (apenas para quem marcou a alternativa “c” da Questão 27)
___________________________________________________________________________
29) O que você consideraria como desvantagens na adoção de um modelo de Orçamento
Participativo para o IFPB Campus Picuí?
30) O que você consideraria como vantagem(ns) na adoção de um modelo de Orçamento
Participativo para o IFPB Campus Picuí?
31) Que sugestões você daria para implantar o Orçamento Participativo no IFPB Campus
Picuí?
14
5
APÊNDICE C
TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ
Eu, ____________________________________, depois de entender os possíveis riscos e
benefícios que a pesquisa intitulada “Orçamento Participativo, da elaboração à avaliação: uma
proposta para o Campus Picuí do Instituto Federal da Paraíba”, poderá trazer e, entender
especialmente os métodos que serão usados para a coleta de dados, assim como, estar ciente da
necessidade da gravação de minha entrevista, AUTORIZO, por meio deste termo, o pesquisador Fábio
do Egito Pedrosa a realizar a gravação de minha entrevista sem custos financeiros a nenhuma parte.
Esta AUTORIZAÇÃO foi concedida mediante o compromisso do pesquisador acima citado
em garantir-me os seguintes direitos:
1. poderei ler a transcrição de minha gravação;
2. os dados coletados serão usados exclusivamente para gerar informações para a pesquisa
aqui relatada e outras publicações dela decorrentes, quais sejam: revistas científicas, congressos e
jornais;
3. minha identificação não será revelada em nenhuma das vias de publicação das informações
geradas;
4. qualquer outra forma de utilização dessas informações somente poderá ser feita mediante
minha autorização;
5. os dados coletados serão guardados por 5 anos, sob a responsabilidade do pesquisador
coordenador da pesquisa, Fábio do Egito Pedrosa, e após esse período, serão destruídos e,
6. serei livre para interromper minha participação na pesquisa a qualquer momento e/ou
solicitar a posse da gravação e transcrição de minha entrevista.
Picuí-PB, ____de _________de __________.
_________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
_________________________________________
Assinatura e carimbo do pesquisador responsável