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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS – CCSA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
DIAGNÓSTICO DAS UNIDADES DE CONTROLE INTERNO
DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
GILDERLANIO ALVES HOLANDA
NATAL/RN
2019
GILDERLANIO ALVES HOLANDA
DIAGNÓSTICO DAS UNIDADES DE CONTROLE INTERNO
DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Monografia apresentada à Coordenação de
Graduação em Ciências Contábeis da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Dr. Erivan Ferreira Borges
NATAL/RN
2019
GILDERLANIO ALVES HOLANDA
DIAGNÓSTICO DAS UNIDADES DE CONTROLE INTERNO
DO PODER EXECUTIVO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Monografia apresentada à Coordenação de
Graduação em Ciências Contábeis da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial à obtenção do título de
Bacharel em Ciências Contábeis.
Orientador: Prof. Dr. Erivan Ferreira Borges
Aprovada em: 19 de junho de 2019
BANCA EXAMINADORA
_______________________________
Prof. Drº Erivan Ferreira Borges - Orientador
_______________________________
Prof. Drº José Dionísio Gomes da Silva – Membro da Banca
_______________________________
Prof. Me. Pedro Lopes de Araújo Neto – Membro da Banca
AGRADECIMENTOS
Ao professor orientador Erivan Ferreira Borges, por sua competência profissional,
paciência e dedicação durante todo o período de orientação.
Ao professor e controlador-geral do Estado do Rio Grande do Norte Pedro Lopes de
Araújo Neto, à auditora-geral do Estado do Rio Grande do Norte Débora Cristiane Barreto de
Souza, à Patrícia de Fátima Silva e a Halisson Dantas de Azevedo pelo apoio na realização da
pesquisa de campo.
RESUMO
O estudo analisa e avalia a aderência das unidades de controle interno do poder executivo do
Estado do Rio Grande do Norte à luz das boas práticas de governança aplicadas ao setor
público. Para isso, discute o conceito de governança pública, o modelo de avaliação da
governança em órgãos e entidades da administração pública, elaborado pelo Tribunal de
Contas da União, bem como a legislação que trata do sistema integrado de controle interno do
poder executivo do Rio Grande do Norte, especialmente, a lei complementar estadual nº
638/2018 e a instrução normativa nº 02/2018 da CONTROL/RN. A partir disso, elabora não
só os critérios de avaliação como também o questionário, estruturado em quatro dimensões:
liderança, estratégia, controle e socioeconômica, para ser aplicado nas unidades de controle
interno, com a finalidade de mensurar o nível de aderência das unidades de controle por
dimensão e global. O estudo conclui que há práticas profissionais que podem prejudicar a
independência e a objetividade do profissional de controle interno avaliativo, que o parecer da
unidade de controle não é utilizado como instrumento de apoio a tomada de decisão pelo
gestor público, que esses profissionais possuem dificuldades em realizar auditorias de forma
adequada e em evidenciar de forma coerente e concisa as recomendações. Por fim, 19
unidades foi classificada no nível de aderência inicial e 36 no básico.
Palavras-chave: Governança pública. Unidade de controle interno. Poder Executivo. Estado
do Rio Grande do Norte.
ABSTRACT
This study attempts to analyze and evaluate the adherence of the internal control units of Rio
Grande of the North State Executive Branch of government in the light of good governance
practices applied to the public sector. To this end, it discusses the concept of public
governance, the governance evaluation model in organs and entities of the Public
Administration, elaborated by Tribunal de Contas da União, as well as State Legislation that
deals with integrated system of internal control, especially, State Law nº 638/2018 and
Normative Instruction nº 02/2018 - CONTROL / RN. It also elaborates not only an evaluation
criterion but also a structured questionnaire divided in four dimensions: Leadership, Strategy,
Control and Socio-Economics applied to the internal control units in order to measure their
adherence level by dimensions and global. The study concludes that there are professional
practices that may harm the independence and objectivity of the internal evaluation control
professional and that the opinion of the control unit is not used as a tool to support decision
making by managers and that these professionals have difficulties to conduct audits in an
appropriate manner and to present recommendations in a coherent and concise manner.
Finally, 19 units were classified in the initial adherence level and 36 in the basic level.
Keywords: Public Governance, Internal Control Units, Rio Grande do Norte Executive
Branch.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANAO Australian National Audit Office
ARSEP Agência Reguladora de Serviços Públicos do Rio Grande do Norte
ASSECOM Assessoria de Comunicação Social
AUDIN Auditoria Interna Governamental
CBM Corpo de Bombeiros Militar
CCI Comissão de Controle Interno
CEASA Centrais de Abastecimento do Rio Grande do Norte S/A
CEHAB Companhia Estadual de Habitação e Desenvolvimento Urbano
CGU Controladoria Geral da União
CIPFA The Chartered Institute of Public Finance and Accountancy
CONACI Conselho Nacional de Controle Interno
CONTROL Controladoria Geral do Estado
COSO Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission
DATANORTE Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Norte
DEI Departamento Estadual de Imprensa
DER Departamento de Estradas de Rodagens
DETRAN Departamento Estadual de Trânsito
EMATER Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do
Norte
EMGERN Empresa Gestora de Ativos do Rio Grande do Norte
EMPARN Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte
FAPERN Fundação de Apoio à Pesquisa do Rio Grande do Norte
FJA Fundação José Augusto
FMI Fundo Monetário Internacional
FUNDASE Fundação de Atendimento Socioeducativo
GAC Gabinete Civil do Governo do Rio Grande do Norte
GVG Gabinete da Vice Governadoria do Rio Grande do Norte
HEMONORTE Hemocentro do Rio Grande do Norte
IBGC Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
ICGGPS independent Commission for Good Governance in Public Services
IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
IDIARN Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária
IFAC International Federation of Accountants
IIA The Institute of Internal Auditors
INTOSAI International Organizations of Supreme Audit Institutions
ITEP Instituto Técnico-Científico de Perícia
JUCERN Junta Comercial do Rio Grande do Norte
LACEN Laboratório Central de Saúde Pública
OECD Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OPM Office for Public Management Ltd
PC Política Civil
PM Polícia Militar
PGE Procuradoria-Geral do Estado
SAPE Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca
SEARA Secretaria de Estado de Assuntos Fundiários e Apoio à Reforma
Agrária
SEARH Secretaria de Estado da Administração e dos Recursos Humanos
SEEC Secretaria de Estado da Educação e da Cultura
SEEC/FEE Secretaria de Estado da Educação e da Cultura/Fundo Estadual de
Educação
SEEL Secretaria de Estado do Esporte e do Lazer
SEJUC Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania
SEMARH Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos
SEPLAN Secretaria de Estado do Planejamento e das Finanças
SEPLAN/UGP Secretaria de Estado do Planejamento e das Finanças/Unidade de
Gestão de Projetos
SESAP Secretaria de Estado da Saúde Pública
SESED Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social
SET Secretaria de Estado da Tributação
SETHAS Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social
SETUR Secretaria de Estado do Turismo
SIN Secretaria de Estado da Infraestrutura
TCU Tribunal de Contas da União
UCI Unidades de Controle Interno
UERN Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
VI URSAP/Pau dos
Ferros Unidade Regional de Saúde Pública/Pau dos Ferros
LISTAS DE FIGURAS
Figura 1 – Níveis de análise do referencial básico de governança ........................................... 25
Figura 2 – Funções do Sistema Integrado de Controle Interno Avaliativo .............................. 32
Figura 3 – Fases dos procedimentos ......................................................................................... 36
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Gênero ................................................................................................................... 37
Gráfico 2 – Gênero por função ................................................................................................. 37
Gráfico 3 – Escolaridade: último grau obtido pelos integrantes das UCI’s do poder executivo
do Rio Grande do Norte ........................................................................................................... 47
Gráfico 4 – Gênero por Escolaridade ....................................................................................... 48
Gráfico 5 – você possui o conhecimento necessário para desempenhar os trabalhos na UCI? 53
Gráfico 6 – Fontes para tirar dúvidas técnicas ......................................................................... 59
Gráfico 7 – Percentual de resposta quanto a observância da ordem cronológica de pagamento
por grupo .................................................................................................................................. 63
LISTA DE QUADROS
Quadro 1– Princípios de governança corporativa..................................................................... 21
Quadro 2 – Princípios de governança pública .......................................................................... 23
Quadro 3 – Evolução do arcabouço jurídico acerca do controle interno.................................. 28
Quadro 4 – Comparativo das vedações da legislação............................................................... 32
Quadro 5 – Relação das Unidades de Controle Interno............................................................ 36
Quadro 6 - Critérios para Avaliação do Nível de Aderência das Unidades de Controle Interno
.................................................................................................................................................. 40
Quadro 7 - Escala de Pontuação das Questões do Tipo Likert ................................................. 43
Quadro 8 - Escala de Pontuação de Questões do Tipo Dicotômica ......................................... 43
Quadro 9 - Escala de Pontuação de Questões Fechadas com Vários Itens de Resposta .......... 44
Quadro 10 - Escala de Pontuação de Questões Likert .............................................................. 44
Quadro 11 - Nível de Aderência por Dimensão ....................................................................... 45
Quadro 12 - Resultado do Nível de Aderência por UCI........................................................... 45
Quadro 13 – Relação das UCI’s Que Responderam................................................................. 46
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Liderança: Relação das UCI’s com Pontuação de até 25% - grupo I ..................... 49
Tabela 2 – Liderança: Relação das UCI’s com Pontuação de 25 a 50% - grupo II ................. 49
Tabela 3 – Liderança: Relação das UCI’s com Pontuação de 50 a 75% - grupo III ................ 50
Tabela 4 – Liderança: Relação das UCI’s com Pontuação Acima de 75% - grupo IV ............ 50
Tabela 5 - Percentual de resposta de discordo totalmente a discordo por grupo...................... 51
Tabela 6 – Estratégia: Relação das UCI’s com Pontuação de até 25% - grupo I ..................... 55
Tabela 7 – Estratégia: Relação das UCI’s com Pontuação de 25 a 50% - grupo II ................. 55
Tabela 8 – Estratégia: Relação das UCI’s com Pontuação de 50 a 75% - grupo III ................ 56
Tabela 9 – Estratégia: Relação das UCI’s com Pontuação Acima de 75% - grupo IV ............ 56
Tabela 10 - Percentual de resposta quanto ao uso do parecer da UCI como instrumento de
apoio a tomada de decisão por grupo ....................................................................................... 57
Tabela 11 - Percentual de resposta concordo por grupo ........................................................... 58
Tabela 12 - Percentual de resposta de discordo totalmente a discordo por grupo.................... 59
Tabela 13 – Controle: Relação das UCI’s com Pontuação de até 25% - grupo I ..................... 61
Tabela 14 – Controle: Relação das UCI’s com Pontuação de 25 a 50% - grupo II ................. 61
Tabela 15 – Controle: Relação das UCI’s com Pontuação de 50 a 75% - grupo III ................ 62
Tabela 16 – Controle: Relação das UCI’s com Pontuação Acima de 75% - grupo IV ............ 62
Tabela 17 - Percentual de resposta quanto ao monitoramento de recomendações por grupo .. 63
Tabela 18 - Percentual de resposta concordo por grupo ........................................................... 64
Tabela 19 - Relação das UCI’s por níveis de aderência ........................................................... 66
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA ..................................................................... 15
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 17
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 17
1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................................... 17
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 17
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 19
2.1 GOVERNANÇA ................................................................................................................ 19
2.2 GOVERNANÇA NO SETOR PÚBLICO .......................................................................... 22
2.3 SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO ................................................... 27
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 35
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA ............................................................................................ 35
3.2 UNIVERSO DO ESTUDO ................................................................................................ 36
3.3 MODELO DE AVALIAÇÃO E INSTRUMENTO DE PESQUISA ................................ 38
4 RESULTADOS DA PESQUISA ...................................................................................... 46
4.1 ANÁLISE DAS DIMENSÕES ..................................................................................... 47
4.1.1 Dimensão Socioeconômica ........................................................................................ 47
4.1.2 Dimensão Liderança .................................................................................................. 48
4.1.3 Dimensão Estratégia .................................................................................................. 54
4.1.4 Dimensão Controle .................................................................................................... 59
4.1.5 Nível de Aderência Global......................................................................................... 65
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES .................................................... 69
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 72
APÊNDICE A – DIAGNÓSTICO DAS UCI’S - 2019 ........................................................... 77
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA
Apesar de constar no art. 52 da Constituição do Estado do Rio Grande do Norte de
1989 autorização para cada Poder implantar seu sistema de controle interno, o Poder
Executivo instituiu o seu apenas em 1997, por meio da lei complementar estadual nº 150/97.
Essa lei criou e organizou o Sistema, formado pela Controladoria Geral do Estado – órgão
central – e pelas Unidades de Controle Interno (UCI’s) de cada órgão ou entidade pública -
vinculadas tecnicamente ao órgão central.
Da criação até os dias atuais, ocorreram mudanças na legislação, praticamente, de
dez em dez anos. Em 2018, alterações significativas aconteceram no arcabouço jurídico do
Sistema Integrado de Controle Interno do Poder Executivo do Rio Grande do Norte, com a
edição da Lei Complementar Estadual nº 638/2018, bem como da Instrução Normativa nº.
002/2018. Tais modificações além de reestruturar a Controladoria Geral do Estado
(CONTROL), especificaram as competências das Unidades de Controle Interno, que até a
edição delas não eram detalhadas.
Não obstante, tais ações contribuam para o fortalecimento da estrutura de governança
do sistema, sobretudo em relação as UCI’s, a política de recursos humanos voltada para os
membros dessas unidades de controle não foi considerada, assim como não foi levantado, até
o momento, conhecimento estruturado acerca dos procedimentos, da estrutura e das atividades
desempenhadas por essas unidades.
Na literatura nacional que trata sobre sistemas de controle interno no âmbito do
poder executivo estadual, não constam estudos relativos as unidades de controle interno do
Estado do Rio Grande do Norte. Já em relação ao órgão central, encontram-se pesquisas que
buscaram traçar um perfil sobre a política de recursos humanos, assim como a organização e
funcionamento desse órgão.
Nas duas edições do diagnóstico perfil dos recursos humanos dos órgãos de controle
interno dos estados brasileiros e do Distrito Federal realizado pelo CONACI (2009 e 2012), o
órgão central não respondeu a pesquisa. Esse diagnóstico procurou evidenciar a política de
recursos humanos implementada pelos órgãos de controle interno, sobretudo em relação a
política de remuneração, bem como em termos de quantidade e qualificação dos auditores
16
internos. Em 2017, foi publicado o diagnóstico perfil dos órgãos de controle interno, que
constituiu uma atualização dos estudos sobre recursos humanos, estrutura e funcionamento
dos órgãos de controle interno1. No entanto, tais pesquisas não abordaram as UCI’s.
No âmbito federal, o Tribunal de Contas da União analisou as estruturas de
governança dos órgãos e unidades de controle interno das unidades jurisdicionadas dos
Poderes Judiciário e Legislativo, Ministério Público, Ministério da Defesa e Ministério das
Relações Exteriores, com o intuito de obter subsídios para desenvolver uma metodologia de
avaliação da estrutura de governança na administração pública direta2.
Nesse sentido, o Tribunal elaborou um modelo para avaliar a governança de órgãos e
entidades da administração pública, a partir da formulação do entendimento acerca do termo
governança no setor público.
Dessa maneira, para ele a governança pública compreende, em essência, os
mecanismos de liderança, estratégia e controle colocados em ação, voltados para direcionar,
avaliar e monitorar a gestão organizacional, com foco no interesse público. Destarte, em cada
mecanismo foi reunido um conjunto de boas práticas de governança que contribuem para a
melhoria do desempenho das organizações públicas3.
Marinho (2017) analisou o nível de capacidade da atividade de auditoria interna do
Órgão Central do Sistema Integrado de Controle Interno do Poder Executivo Federal à luz do
modelo (IA-CM) – Internal Audit Capability Model for the Public Sector. Nesse sentido, o
estudo refutou a hipótese de que a atividade de auditoria interna exercida pelo Órgão Central
se encontrava no nível de capacidade 2. Os resultados apontaram que essa atividade se
localizava entre os níveis 1 e 2 do modelo IA-CM.
Assim, identificou-se não só deficiências no planejamento que implicaram na
ausência de institucionalização da área de processo referente as auditorias de desempenho e
operacional, assim como necessidade de melhoria nas orientações institucionais a respeito da
função consultoria do Órgão. Por fim, detectou-se a necessidade de melhorar as capacitações
das equipes no tocante ao planejamento dos trabalhos e realização de consultoria.
Nessa perspectiva, formulou-se a seguinte questão de pesquisa: qual o nível de
aderência das estruturas de governança das UCI’s do Poder Executivo do Rio Grande
do Norte à luz das boas práticas de governança aplicadas ao setor público?
1 A CONTROL/RN respondeu a pesquisa. O estudo abordou apenas o órgão central. 2 Acórdão 1074/2009. Neste acórdão, o tribunal recomendou: “necessidade de melhorias nas estruturas
institucionais, na forma de atuação e no desenvolvimento de pessoal. Necessidade de avaliação de conveniência
e oportunidade de reposicionamento hierárquico” (BRASIL, 2009, p. 1). 3 Publicação Referencial Básico de Governança, versão 1 (2013) e versão 2 (2014).
17
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo Geral
O presente estudo se propõe a investigar e avaliar a aderência das estruturas de
governança das UCI’s do Poder Executivo do Rio Grande do Norte à luz das boas práticas de
governança no setor público, sobretudo as contidas na Lei Complementar Estadual nº
638/2018, Instrução Normativa 002/2018 da CONTROL/RN e normas profissionais do IIA, a
partir do modelo de avaliação da governança em órgãos e entidades da administração pública,
elaborado pelo TCU (2014) 4.
1.2.2 Objetivos Específicos
Para tanto, é necessário o alcance dos seguintes objetivos específicos:
a) Examinar a legislação que trata do Sistema Integrado de Controle Interno do
Poder Executivo do Rio Grande do Norte.
b) Analisar documentos elaborados pela Controladoria Geral do Estado
(CONTROL), bem como pelas Unidades de Controle Interno.
c) Comparar o nível de aderência das estruturas de governança em UCI’s do
Poder Executivo do RN à luz das boas práticas de governança no setor público, sobretudo as
expressas na Lei Complementar Estadual nº 638/2018, Instrução Normativa nº 002/2018 da
CONTROL, bem como Normas Profissionais do Instituto Auditores Internos (IIA).
1.3 JUSTIFICATIVA
No âmbito acadêmico, o estudo contribui para a aplicação de metodologias de
avaliação não só nas unidades de controle interno (UCI) como também nas auditorias internas
governamentais (AUDIN), uma vez que busca mensurar o nível de aderência das UCI’s à luz
das boas práticas de governança pública, consubstanciadas nos normativos pertinentes, a
partir da adaptação do modelo de avaliação da governança em órgãos e entidades da
administração pública federal, elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
4 Com adaptações a realidade do Sistema Integrado de Controle Interno do Poder Executivo do Rio Grande do
Norte.
18
Com relação ao interesse pessoal, o estudo justifica-se porque tanto as unidades de
controle interno como o assunto governança aplicada ao setor público instigam o presente
autor a realizar outras pesquisas, fruto da sua vinculação pontual as atividades em nível
executivo estadual, onde exerceu a função chefe de setor financeiro do Instituto de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Norte.
Além disso, vale destacar que até a realização desta pesquisa não constam estudos
sobre as unidades de controle interno do poder executivo do Rio Grande do Norte. Nesse
sentido, ao diagnosticar o nível de aderência das estruturas de governança das UCI’s, espera-
se contribuir para o planejamento estratégico da Controladoria Geral do Estado
(CONTROL/RN).
Por fim, o IIA, a CGU e o TCU estão direcionando esforços para avaliar as unidades
de auditoria interna sob o prisma da governança pública, com a finalidade de melhorar a
gestão e a qualidade das atividades de auditoria interna governamental. Assim, o presente
estudo converge para esse entendimento.
19
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 GOVERNANÇA
O termo governança encontra-se associado ao movimento de separação entre
propriedade do capital e gestão verificado nas grandes corporações privadas durante o século
XX (BRASIL, 2014; OLIVEIRA, 2015; MARINHO, 2017). Dessa forma, à medida que elas
foram sendo administradas por terceiros, o conflito de interesses (assimetrias de informação,
de poder e de autoridade entre os executivos e os proprietários do capital) tendia a se
intensificar, uma vez que ambos buscavam “maximizar seus próprios benefícios” (BRASIL,
2014, p. 11).
Nesse contexto, segundo Oliveira (2015, p. 26) “algumas teorias servem de suporte
para a intelecção da governança, quais sejam, a Teoria da Firma, a Teoria dos Contratos, a
Teoria da Escolha Pública e a Teoria da Agência”5.
A respeito da Teoria da Agência, os estudos de Jensen e Mecckling (1976 apud
MARINHO, 2017) buscam explicar o conflito de interesses entre executivo (agente) e
proprietário do capital (principal), verificado nas grandes corporações privadas a partir do
‘dilema de agência’. Dessa forma, de acordo com Marinho (2017, p. 16) o embasamento
desse dilema consiste em:
As organizações precisam lidar com conflitos existentes entre o indivíduo
que demanda (principal) por meio de uma relação contratual um
determinado serviço a outra pessoa (agente), envolvendo a delegação de
tomada de decisão, para que esta o execute no interesse daquela.
Nessa perspectiva, pode-se afirmar esse dilema está presente em todas as
organizações (MARINHO, 2017), independentemente de serem privadas ou públicas. Além
do mais, de acordo com Marinho (2017, p. 16) ele “ocorre, basicamente, pelo fato de o agente
e principal buscarem maximizar sua utilidade pessoal, o que leva o primeiro a nem sempre
agir em prol dos melhores interesses do segundo”.
Eisenhardt (1989 apud MARINHO, 2017) aponta que a teoria da agência busca
explicar a existência de dois problemas decorrentes do ‘dilema de agência’. O primeiro
problema está associado ao fato de que nem sempre os objetivos do agente e do principal são
5 Neste estudo, tece-se alguns comentários acerca da Teoria da Agência porque o conceito de governança
adotado decorre de seu entendimento.
20
convergentes e, nessa circunstância, pode ser difícil ou dispendioso para o principal adotar
instrumentos eficientes e eficazes para monitorar as atividades do agente.
Com relação ao segundo, este se refere a divergências quanto ao apetite a riscos, uma
vez que tanto o agente como o principal apresentam níveis de tolerância ao risco distintos, que
derivam de suas preferências pessoais.
Em vista disso, uma possível alternativa para mitigar essa relação conflituosa seria a
elaboração de contratos6, com cláusulas que disciplinassem todas as possibilidades de tomada
de decisão não só do agente como do principal. No entanto, tais contratos implicariam
elevados “custos que, na maioria das vezes, excederiam o benefício deles advindos,
especialmente em (...) organizações públicas” (MARINHO, 2017, p. 16).
Nesse sentido, ao considerar os custos de agência no processo de tomada de decisão,
as organizações deparam-se com fatores a considerar. Eles decorrem não só da dificuldade em
prever, detectar e contingenciar todos os eventos possíveis, que possam ocorrer durante a
execução de determinado contrato, como também do custo de negociar tais contingências com
os stakeholders7. Ademais, “o custo de se elaborar um contrato juridicamente válido, de
forma a permitir, por exemplo, ao poder judiciário obrigar o seu cumprimento ” (HART, 1995
apud MARINHO, 2017, p. 16).
Assim, para mitigar tais custos associados ao dilema de agência, as organizações
privadas tiveram que implantar estruturas de governança. Isso, por sua vez, contribuiu para o
desenvolvimento de pesquisas sobre governança corporativa, que conforme Marinho (2017, p.
17) “concentraram-se durante muito tempo em uma perspectiva de eficiência
microeconômica, tratando dos mecanismos disponíveis para proteger acionistas dos interesses
divergentes dos gestores”.
No entanto, as crises fiscais dos governos, assim como os escândalos financeiros no
setor privado, verificados no cenário mundial a partir da década de 80 do século passado,
sobretudo nos EUA e na Europa, impulsionaram o desenvolvimento de pesquisas na área de
governança corporativa e pública (BRASIL, 2014; OLIVEIRA, 2015; MARINHO, 2017).
Dessa forma, governos, organizações sem fins lucrativos e instituições multilaterais8
passaram a produzir normas, códigos e princípios voltados para melhorar as práticas
6 Segundo Marinho (2017), a elaboração de contratos com cláusulas que tentassem prever todos os possíveis
cenários, de forma exaustiva, de atuação de cada ator, no âmbito do interesse próprio, seria um exemplo. 7 Hart, 1995, apud Marinho 2017. 8 Coso (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission), lei Sarbanes-Oxley dos Estados
Unidos da América, ECGI (European Corporate Governance Institute), Comitê de Governança Corporativa do
Reino Unido (publicação Cadbury Report em 1992, Rutterman Report em 1994, Hampel Report em 1998 e
21
profissionais, as estruturas de governança, o gerenciamento de riscos organizacionais, a
accountability, a transparência, assim como “os controles para garantir a fidedignidade das
informações constantes dos relatórios financeiros” (BRASIL, 2014, p. 12).
Nesse cenário, vale destacar que o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa
elencou os princípios básicos de governança aplicadas ao setor privado, cuja “adoção resulta
em um clima de confiança tanto internamente quanto nas relações com terceiros” (IBGC,
2015, p. 20). Dessa forma, o quadro 1 – apresenta os princípios de governança corporativa.
Quadro 1– Princípios de governança corporativa
PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO
Transparência
Consiste no desejo de disponibilizar para as partes interessadas as informações que
sejam de seu interesse e não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou
regulamentos. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro,
contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação
gerencial e que conduzem à preservação e à otimização do valor da organização.
Equidade
Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes
interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres,
necessidades, interesses e expectativas.
Prestação de contas
(accountability)
Os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação de modo claro,
conciso, compreensível e tempestivo, assumindo integralmente as consequências de
seus atos e omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus
papéis.
Responsabilidade
Corporativa
Os agentes de governança devem zelar pela viabilidade econômico-financeira das
organizações, reduzir as externalidades negativas de seus negócios e suas operações e
aumentar as positivas, levando em consideração, no seu modelo de negócios, os
diversos capitais (financeiro, manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental,
reputacional etc.) no curto, médio e longo prazos.
Fonte: IBGC, 2015, p. 20-21.
Além do mais, essas organizações internacionais contribuíram para a evolução
conceitual do termo governança, bem como a ampliação das perspectivas de sua aplicação9.
Desse modo, atualmente, ao termo governança associa-se uma diversidade de adjetivos10, cuja
variação decorre em função do objeto de investigação, como por exemplo: governança
corporativa, governança participativa, governança global, governança em tecnologia da
informação, governança ambiental, governança pública, governança em sustentabilidade
(GISSELQUIST, 2012).
Turnbull Report em 1999), Canadian Institute of Chartered Accountants, Banco Mundial, FMI, OECD
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), ANAO (Australian National Audit Office),
CIPFA (The Chartered Institute of Public Finance and Accountancy) e IFAC (International Federation of
Accountants). 9 OECD, FMI, IFAC e Banco Mundial. 10 Governança corporativa, governança de pessoas, governança de IT, governança pública, governança
ambiental, governança global, etc.
22
Vale destacar que não existe consenso acerca da expressão governança, seja no meio
acadêmico seja nos organismos internacionais11. No entanto, de acordo com Gisselquist
(2012, p. 4) há três elementos comuns que possibilitam um entendimento a respeito do termo
governança: “(1) the process (or manner) through which (2) power (or authority) is exercised
(3) to manage the collective affairs of a community (or a country, society, or nation)”.
Igualmente, há definições que, implícita ou explicitamente, incluem princípios, valores ou
normas (GISSELQUIST, 2012).
Nesse contexto, de acordo com o Tribunal de Contas da União (BRASIL, 2014, p.
17) “as definições mais conhecidas e utilizadas estão relacionadas à governança corporativa,
pública e global”12. A respeito da governança corporativa, o Tribunal a conceitua como
(BRASIL, 2014, p. 17):
Sistema pelo qual as organizações são dirigidas e controladas (CADBURY,
1992; ABNT NBR ISO/IEC 38500,2009). Refere-se ao conjunto de
mecanismos de convergência de interesses de atores direta e indiretamente
impactados pelas atividades das organizações (SHLEIFER; VISHNY, 1997),
mecanismos esses que protegem os investidores externos da expropriação
pelos internos (gestores e acionistas controladores) (LA PORTA et al.,
2000).
Similarmente, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015, p. 20)
contribui para o refinamento do conceito de governança corporativa, uma vez que destaca os
relacionamentos entre “sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e
controle e demais partes interessadas”.
2.2 GOVERNANÇA NO SETOR PÚBLICO
No âmbito internacional, estudos sobre governança no setor público ganharam
impulso a partir da crise fiscal dos estados nos anos 80 do século XX, sobretudo nos EUA e
na Europa (BRASIL, 2014; OLIVEIRA, 2015; MARINHO, 2017). Um dos principais
instrumentos para mitigar essa crise foi a reformulação político-administrativa e econômica
do Estado com a finalidade de torná-lo “mais eficaz, eficiente e efetivo quanto às políticas
estatais, a fim de entregar serviços públicos de maior qualidade à sociedade” (OLIVEIRA,
2015, p. 36).
11 Gisselquist, 2012. 12 Neste trabalho, tece-se comentários acerca da governança corporativa e pública.
23
Além disso, de acordo com Matias-Pereira (2010, p. 111) “a governança nas
organizações públicas e privadas apresenta significativas similitudes”. Apesar dessas
organizações possuírem objetivos diferentes, verifica-se, em sentido amplo, no âmbito do
setor público, a existência de conflitos de interesses associados a relação entre principal e
agente (MATIAS-PEREIRA, 2010; BRASIL, 2014; MARINHO, 2017)13.
Nesse sentido, o Referencial Básico de Governança do Tribunal de Contas da União
esclarece (BRASIL, 2014, p. 27):
No contexto público, a sociedade é o ‘principal’, pois compartilha as
percepções de finalidade e valor e detêm o poder social, podendo exercê-lo
de forma conjunta e ordenada por meio de estruturas criadas para representá-
la (DALLARI, 2005). Complementarmente, ‘agentes’, nesse contexto, são
aqueles a quem foi delegada autoridade para administrar os ativos e os
recursos públicos, enfim, autoridades, dirigentes, gerentes e colaboradores
do setor público.
Destarte, depreende-se que a governança no setor público pode ser caracterizada
como um sistema pelo qual o equilíbrio de poder entre principal e agente é exercido, com a
finalidade de atender ao interesse público em detrimento do pessoal ou de algum grupo
específico (BRASIL, 2014).
Nessa perspectiva, os princípios e as boas práticas de governança corporativa podem
ser estendidos ao setor público (OLIVEIRA, 2015). Assim, de acordo com o Tribunal de
Contas da União (BRASIL, 2014), os princípios apontados pelo Banco Mundial, voltados
para as boas práticas de governança são conforme o quadro 2.
Quadro 2 – Princípios de governança pública
PRINCÍPIOS DESCRIÇÃO
Legitimidade
Princípio jurídico fundamental do Estado Democrático de Direito e critério
informativo do controle externo da administração pública que amplia a incidência do
controle para além da aplicação isolada do critério da legalidade. Não basta verificar
se a lei foi cumprida, mas se o interesse público, o bem comum, foi alcançado.
Admite o ceticismo profissional de que nem sempre o que é legal é legítimo
(BRASIL, 2012).
Equidade
Promover a equidade é garantir as condições para que todos tenham acesso ao
exercício de seus direitos civis – liberdade de expressão, de acesso à informação, de
associação, de voto, igualdade entre gêneros -, políticos e sociais – saúde, educação,
moradia, segurança (BRASIL, 2010c).
Responsabilidade
Diz respeito ao zelo que os agentes de governança devem ter pela sustentabilidade
das organizações, visando sua longevidade, incorporando considerações de ordem
social e ambiental na definição dos negócios e operações (IBGC, 2010).
Eficiência
É fazer o que é preciso ser feito com qualidade adequada ao menor custo possível.
Não se trata de redução de custo de qualquer maneira, mas de buscar a melhor
relação entre qualidade do serviço e qualidade do gasto (BRASIL, 2010c).
13 No setor público, verifica-se também a existência do dilema de agência e custos de transação.
24
Probidade
Trata-se do dever dos servidores públicos de demonstrar probidade, zelo, economia e
observância às regras e aos procedimentos do órgão ao utilizar, arrecadar, gerenciar e
administrar bens e valores públicos. Enfim, refere-se à obrigação que têm os
servidores de demonstrar serem dignos de confiança (IFAC, 2001).
Transparência
Caracteriza-se pela possibilidade de acesso a todas as informações relativas à
organização pública, sendo um dos requisitos de controle do Estado pela sociedade
civil. A adequada transparência resulta em um clima de confiança, tanto
internamente quanto nas relações de órgãos e entidades com terceiros.
Accountability
As normas de auditoria da INTOSAI conceituam accountability como a obrigação
que têm as pessoas ou entidades às quais se tenham confiado recursos, incluídas as
empresas e organizações públicas, de assumir as responsabilidades de ordem fiscal,
gerencial e programática que lhes foram conferidas, e de informar a quem lhes
delegou essas responsabilidades (BRASIL, 2011). Espera-se que os agentes de
governança prestem contas de sua atuação de forma voluntária, assumindo
integralmente as consequências de seus atos e omissões (IBGC, 2010).
Fonte: BRASIL, 2014, p. 33-34.
Nos anos 2000, governos e instituições internacionais direcionaram esforços no
desenvolvimento de boas práticas de governança aplicadas ao setor público, com a finalidade
de melhorar o desempenho organizacional e reforçar valores éticos14.
Nesse contexto, de acordo com o IFAC (2013), não há consenso a respeito do
conceito de governança no setor público, uma vez que ele varia conforme o arcabouço
jurídico da instituição governamental. Apesar disso, não só os fundamentos da boa
governança, como também modelos de governança se encontram presentes nos mais diversos
arcabouços.
Assim, segundo o ANAO15 (2006, apud IFAC, 2013, p. 44) governança no setor
público corresponde ao conjunto de responsabilidades e práticas, políticas e procedimentos,
praticadas pelas agências executivas para fornecer direcionamento estratégico, assegurar que
os objetivos sejam alcançados, gerenciar os riscos e usar os recursos de forma responsável e
com accountability.
Ademais, o IIA16 (2012 apud IFAC, 2013, p. 44) acrescenta a essa tendência
conceitual o comportamento ético e responsável. A governança no setor público abrange as
políticas e procedimentos usados para direcionar as atividades organizacionais para fornecer
14 O estudo nº 13 – Boa governança no setor público -, da International Federation of Accountants – IFAC,
publicado em 2001. Na mesma disposição, o Australian National Audit Office – ANAO publicou, em 2003, o
Guia de melhores práticas para a governança no setor público, em que ratifica os princípios preconizados pela
IFAC e acrescenta outros três: liderança, compromisso e integração. (...) publicação conjunta em 2004 – pelo
The Chartered Institute of Public Finance and Accountancy – CIPFA e pelo Office for Public Management Ltd –
OPM – do Guia de padrões de boa governança para serviços públicos (...). Além da IFAC, do CIPFA e do OPM,
organizações como o Independent Commission for Good Governance in Public Services – ICGGPS; o Banco
Mundial; e o Institute of Internal Auditors – IIA. 15 Australian National Audit Office and Department of the Prime Minister and Cabinet, Australian Public
Service Commission, 2006: Implementation of Program and Policy Initiatives: Making Implementation Matter. 16 Institute of Internal Auditors – The Role of Auditing in Public Sector Governance, 2012.
25
segurança razoável para que os objetivos sejam alcançados e que as operações sejam
executadas de uma maneira ética e responsável.
No Brasil, para o TCU (BRASIL, 2014, p. 26), a governança aplicada nas
organizações públicas pode ser entendida como “os mecanismos de liderança, estratégia e
controle postos em prática para avaliar, direcionar e monitorar a atuação da gestão, com vistas
à condução de políticas públicas e à prestação de serviços de interesse da sociedade”17.
Esse conceito não só apresenta convergência com os enunciados pelo ANAO (2006) e
IIA (2012), como também deu impulso a formulação do modelo de avaliação de órgãos e
entidades da administração pública sob a luz das boas práticas de governança no setor público
Brasil (2014)18.
De acordo com o TCU (BRASIL, 2014) a análise se processa em quatro níveis: (i)
mecanismos de governança; (2) componentes; (3) práticas; e (4) itens de controle. A figura 1
– ilustra os níveis de análise do referencial básico de governança.
Figura 1 – Níveis de análise do referencial básico de governança
Fonte: elaboração própria
Assim, com base no conceito adotado pelo Tribunal (BRASIL, 2014), os
mecanismos de governança são: liderança, estratégia e controle. Por liderança, entende-se o
“conjunto de práticas, de natureza humana ou comportamental, que assegura a existência das
condições mínimas para o exercício da boa governança” (BRASIL, 2014, p. 37). Ela envolve,
portanto, os componentes: pessoas e competências; princípios e comportamentos; liderança
organizacional; e sistema de governança.
17 No Referencial Básico de Governança, o TCU adota esse conceito para analisar os órgãos e entidade da
Administra Pública sob a óptica das boas práticas de governança, que segundo o referencial ele pode ser adotado
em outras perspectivas de análise, com das devidas adaptações. 18 O modelo proposto pelo TCU (2014) consta no Referencial Básico de Governança. Os fundamentos dele
provêm da experiência do próprio tribunal, bem como das seguintes instituições: IFAC, OECD, INTOSAI, IIA,
FMI e Banco Mundial.
26
Com relação a estratégia, pode-se caracterizá-la como “um caminho, ou maneira, ou
ação estabelecida e adequada para alcançar os resultados da empresa, representados por seus
objetivos, desafios e metas” (OLIVEIRA, 2013, p. 5). Dessa forma, ela abrange os
componentes: relacionamento com partes interessadas; estratégia organizacional; e
alinhamento transorganizacional.
A respeito do mecanismo controle, de acordo com o TCU (BRASIL, 2010, p. 2)19
correspondem ao “conjunto de atividades, planos, métodos, indicadores e procedimentos
interligados, utilizado com vistas a assegurar a conformidade dos atos de gestão e a concorrer
para que os objetivos e metas estabelecidos para as unidades jurisdicionadas sejam
alcançados”. Dessa maneira, esse mecanismo envolve os componentes: gestão de riscos e
controle interno; auditoria interna; e accountability e transparência.
Igualmente importante, dentro de cada componente há “um conjunto de práticas de
governança, (...) que têm a finalidade de contribuir para que os resultados pretendidos pelas
partes interessadas sejam alcançados” (BRASIL, 2014, p. 38)20. A respeito dessas boas
práticas, destacam-se os princípios: accountability, equidade, legitimidade, transparência,
eficiência e efetividade, respeito às leis, visão de futuro, probidade e responsabilidade
(GISSELQUIST, 201321; SLOMSKI, 2009; BRASIL, 2014).
Similarmente, “(...) vinculou-se a cada prática um conjunto de itens de controle”
(BRASIL, 2014, p. 38). Vale destacar que tanto as práticas como os itens de controle
decorrem dos princípios, códigos e normas elaborados por governos, organizações sem fins
lucrativos e instituições multilaterais22.
Assim, numa perspectiva de causalidade, o modelo proposto pelo Tribunal de Contas
da União parte da premissa de que as boas práticas de governança, consubstanciadas em
princípios, códigos e normas, contidas nas dimensões liderança, estratégia e controle, exercem
influência sobre o grau de maturidade da governança do órgão ou entidade da administração
pública. Dessa maneira, consegue-se mensurar o nível de efetividade da governança pública
dessas instituições.
19 Instrução Normativa TCU nº 63/2010. 20 Conforme o Referencial Básico de Governança (TCU, 2014) as práticas de governança não são exaustivas. 21 Tradução livre. 22 Coso (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission), lei Sarbanes-Oxley dos Estados
Unidos da América, ECGI (European Corporate Governance Institute), Comitê de Governança Corporativa do
Reino Unido (publicação Cadbury Report em 1992, Rutterman Report em 1994, Hampel Report em 1998 e
Turnbull Report em 1999), Canadian Institute of Chartered Accountants, Banco Mundial, FMI, OECD
(Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), ANAO (Australian National Audit Office),
CIPFA (The Chartered Institute of Public Finance and Accountancy) e IFAC (International Federation of
Accountants).
27
Por fim, vale destacar que o Referencial Básico de Governança aponta que a
governança no setor público pode ser observada sob as seguintes perspectivas: (i) Sociedade e
Estado, (ii) Entes federativos, esferas de poder e políticas públicas, (iii) Órgãos e entidades e
(iv) Atividades intraorganizacionais23.
2.3 SISTEMA INTEGRADO DE CONTROLE INTERNO
No Brasil, o controle interno avaliativo evoluiu ao longo das últimas décadas.
Inicialmente, ele se restringia ao Poder Executivo e compreendia o controle da execução
orçamentária, consubstanciado na verificação do cumprimento do programa de trabalho,
mensurado em termos monetários referente a prestação de serviços e obras.
Igualmente, fazia parte do controle da execução orçamentária a asseguração da
legalidade dos atos decorrentes não só da arrecadação da receita, como também da realização
da despesa. Adicionalmente, compreendia o controle da fidelidade funcional dos agentes
públicos, responsáveis pela guarda de bens e valores públicos (LIMA, 2015;
ALBUQUERQUE, 2016).
Subsequentemente, passou-se a agregar a essa compreensão a necessidade de avaliar
os resultados obtidos pelos gestores públicos, assim como de verificar a execução dos
contratos celebrados pela Administração Pública.
Adicionalmente, vale destacar que somente a partir da Constituição Federal de 1988
é que se materializa a concepção de sistema integrado de controle interno na administração
pública, uma vez que o artigo 74 tornou obrigatório aos Poderes Legislativo, Executivo e
Judiciário a implantação e manutenção de sistema de controle interno de forma integrada.
Além disso, a referida constituição ampliou a finalidade do controle interno
avaliativo, com destaque para a possibilidade de responsabilização solidária dos gestores dos
órgãos de controle interno, na hipótese de não comunicar ao Tribunal de Contas da União
acerca de irregularidades ou ilegalidades das quais tenha ciência. Contribui com esse
entendimento, o disposto no artigo 54 da LRF que obriga o responsável pelo órgão de
controle interno assinar o Relatório de Gestão Fiscal.
Nesse contexto, o quadro 3 apresenta numa perspectiva histórica a evolução da
legislação que trata da matéria.
23 Para este trabalho, entende-se que não é necessário discutir acerca das perspectivas de observação, uma vez
que a questão-problema demanda focar na perspectiva órgãos e entidades. Portanto, optou-se em anunciar que
tais perspectivas existem.
28
Quadro 3 – Evolução do arcabouço jurídico acerca do controle interno
LEGISLAÇÃO DESCRIÇÃO
Lei 4.320/64
Art. 76 previu que o Poder Executivo exerceria os três tipos de controle – prévio,
concomitante e subsequente, sem prejuízo das atribuições do Tribunal de Contas.
Art. 78 estabeleceu que além da prestação ou tomada de contas anual, quando instituída em
lei, ou por fim de gestão, poderá haver, a qualquer tempo, levantamento, prestação ou
tomada de contas de todos os responsáveis por bens ou valores públicos.
Decreto-lei
200/67
Previu a existência em cada Ministério civil de um Órgão Central de planejamento,
coordenação e controle financeiro, destinado a viabilizar a supervisão ministerial
especialmente no que concerne a:
Assegurar a observância da legislação federal.
Coordenar as atividades dos órgãos supervisionados e harmonizar sua atuação com
a dos demais Ministérios.
Fiscalizar a aplicação e utilização de dinheiros, valores e bens públicos.
Acompanhar os custos globais dos programas setoriais do Governo, a fim de
alcançar uma prestação econômica de serviços.
Fornecer ao órgão próprio do Ministério da Fazenda os elementos necessários à
prestação de contas do exercício financeiro.
Transmitir ao Tribunal de Contas, sem prejuízo da fiscalização deste, informes
relativos à administração financeira e patrimonial dos órgãos do Ministério.
Constituição
Federal de
1967
Pela primeira vez é mencionado o controle interno, nos arts. 71 e 72, restrito, porém ao
âmbito do Poder Executivo e com as finalidades de:
Criar condições indispensáveis à realização da receita e da despesa;
Acompanhar a execução de programas de trabalho e do orçamento; e
Avaliar os resultados alcançados pelos administradores e verificar a execução dos
contratos.
Constituição
Federal de
1988
Art. 74 estabeleceu a obrigatoriedade dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário de
manterem, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I. Avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos
programas de governo e dos orçamentos da União;
II. Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da
gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração
federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III. Exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos
direitos e haveres da União;
IV. Apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena
de responsabilidade solidária.
LRF/2000
Atribuiu novas responsabilidades ao controle interno.
Art. 54 estabelece que os Relatórios de Gestão Fiscal, quadrimestrais, assinados pelos
titulares dos Poderes e órgãos mencionados no seu art. 20 (Tribunal de Contas, Ministério
Público e Tribunais Superiores) serão também assinados pelas autoridades responsáveis pela
administração financeira e pelo controle interno.
Art. 59 atribui ao Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas,
e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público, a fiscalização do
cumprimento das normas de gestão fiscal, com ênfase no que se refere a:
I. Atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;
II. Limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos
a Pagar;
III. Medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite;
IV. Providências tomadas para recondução dos montantes das dívidas consolidada e
mobiliária aos respectivos limites;
V. Destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as
restrições constitucionais e as da própria LRF; e
VI. Cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver.
Fonte: LIMA (2015, p. 363-366)
29
Nessa perspectiva, a expressão ‘sistema de controle interno’ adotada pelo
constituinte de 1988, pode acarretar certa confusão interpretativa sobre que sistema se está
falando e, consequentemente, a quem compete a implementação e manutenção dele.
Em vista disso, a CGU por meio da Instrução Normativa SFC/MF 01/2001, utilizou a
expressão controle interno administrativo24 para se referir ao sistema de controle interno, que
representa a função clássica da ciência administração: controlar, no âmbito do próprio órgão
ou entidade da Administração Pública, cuja responsabilidade é atribuída aos gestores
públicos, aos servidores e aos demais colaboradores. Em outras palavras, o sistema de
controle interno administrativo “integra os próprios processos organizacionais do
órgão/entidade. É a forma que a administração possui para verificar os próprios atos”
(BRASIL, 2011, p. 32).
Por outro lado, de acordo com Albuquerque (2016, p. 5), o sistema de controle
interno expresso na constituição federal corresponde ao:
Conjunto de órgãos descentralizados de controle, interligados por
mecanismos específicos de comunicação e vinculados a uma unidade
central, com vistas à fiscalização e à avaliação da execução orçamentária,
contábil, financeira, patrimonial e operacional da entidade controlada, no
que tange, principalmente, à legalidade e eficiência de seus atos.
Destarte, contribui para esse entendimento, o disposto na IN SFC/MF nº 01/2001 da
CGU a respeito das normas relativas aos controles internos administrativos, quando
estabelece que “um dos objetivos fundamentais do Sistema de Controle Interno do Poder
Executivo Federal é a avaliação dos controles internos administrativos das unidades ou
entidades sob exame" (BRASIL, 2001, p. 68).
Assim sendo, depreende-se que o controle interno se distingue entre avaliativo e
administrativo. No primeiro, a responsabilidade fica a cargo dos órgãos de controle interno,
isto é, das unidades de auditoria interna governamental, enquanto no segundo, a cargo do
gestor público e demais servidores.
Vale destacar que não só Albuquerque (2016), como também Lima (2015) elencam a
existência de princípios inerentes ao controle interno avaliativo, dentre eles: independência
técnico-funcional, análise da relação custo-benefício, qualificação adequada e aderência a
diretrizes e normas.
24 “é o conjunto de atividades, planos, rotinas, métodos e procedimentos interligados, estabelecidos com vistas a
assegurar que os objetivos das unidades e entidades da administração pública sejam alcançados, de forma
confiável e concreta, evidenciando eventuais desvios ao longo da gestão, até a consecução dos objetivos fixados
pelo Poder Público” (BRASIL, 2001, p. 67).
30
2.3.1 O Sistema do Poder Executivo do Rio Grande do Norte
O Sistema Integrado de Controle Interno do Poder Executivo do Rio Grande do
Norte foi instituído pela lei complementar nº. 150, de 09 de janeiro de 199725, em observância
ao disposto no art. 74 da Constituição Federal de 1988, bem como no art. 52 da Constituição
Estadual de 1989.
Essa lei extinguiu o Departamento de Controle Interno e criou a CONTROL
(Controladoria Geral do Estado), órgão central do sistema de controle interno avaliativo, cujo
objetivo consistia em exercer não só a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial da Administração Pública Direta e Indireta do Poder Executivo,
como também avaliar os resultados alcançados pelos gestores públicos estaduais.
Em 1998, o regimento interno da CONTROL foi aprovado por meio do decreto nº
13.745, que dentre outros dispositivos, tratou da criação da Comissão de Controle Interno
(CCI)26 no âmbito de cada Unidade Orçamentária, de caráter permanente, integrante do
Sistema de Controle Interno do Poder Executivo. Nestas unidades, o titular da pasta era o
responsável por nomear servidores efetivos para compor a comissão, via ato próprio que em
seguida o remetia para a CONTROL, com vistas a acompanhar os trabalhos do controle
interno avaliativo.
Vale destacar que essas comissões pertencem a estrutura administrativa de cada
órgão ou entidade da administração direta ou indireta do Poder Executivo. Apesar disso, elas
são vinculadas e subordinadas tecnicamente a CONTROL. Consequentemente, sujeitam-se às
orientações normativas e técnicas do órgão central do sistema controle interno.
No ano de 2008, o decreto nº. 20.865/200827 passou a regulamentar as Comissões de
Controle Interno. De acordo com o decreto, essas comissões são responsáveis pela
fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do órgão ou entidade
da administração pública da qual faz parte.
Além disso, esse decreto inovou em relação ao decreto nº 13.745/1998, quando
especificou, pela primeira vez, as áreas de conhecimento: financeira, contábil, orçamentária e
patrimonial -, concernente ao setor público, necessárias para os membros dessas comissões.
25 Alterada pela lei complementar nº 157, de 23 de dezembro de 1997 que contém, além de outros dispositivos, a
criação de três subcoordenadorias. 26 A partir da lei complementar 638/2018, essas comissões para a se denominar Unidade de Controle Interno –
UCI. 27 Este decreto revogou o artigo 28 e seu respectivo parágrafo único do decreto nº 13.745/1998, que trata da
Comissão de Controle Interno - CCI.
31
Em outras palavras, depreende-se disso, como sendo um requisito para o preenchimento do
quadro de membro dessas comissões de controle.
Igualmente importante, acrescenta-se que o decreto nº 20.865/2008 definiu, também
pela primeira vez, não só a remuneração dos membros dessas comissões, como também o
quantitativo deles, podendo ser em número de três a nove, dentre servidores efetivos do
Estado28.
2.3.1.1 Nova Estrutura do Sistema
Em 2018, a legislação pertinente ao Sistema Integrado de Controle Interno do Poder
Executivo do Rio Grande do Norte passou por profundas transformações, cujo esforço foi no
sentido de convergi-la às normas, modelo organizacional e práticas profissionais, vigentes,
inerentes as atividades de controle interno avaliativo implementadas no território nacional,
sobretudo as do governo federal brasileiro29. Destarte, a materialização disso advém da lei
complementar estadual nº 638/201830, do decreto nº 28.685/2018 e da instrução normativa nº
002/2018 da CONTROL.
Igualmente importante, essas normas alteraram a estrutura do Órgão Central –
CONTROL/RN, com a transferência da subcoordenadoria de contabilidade para a SET/RN31,
bem como a criação da ouvidoria-geral, da corregedoria-geral e do núcleo de prevenção da
corrupção. Assim, o atingimento das finalidades do Sistema Integrado pressupõe as funções
conforme a figura 2 – funções do sistema integrado de controle interno avaliativo.
28 Alterado pelo decreto nº. 25.059, de 31 de março de 2015, que amplia a quantidade de membros da CCI,
passando de 9 para 17, o máximo de membros. A partir da lei complementar estadual nº 638/2018 é que os
servidores inativos (aposentados) puderam, de forma excepcional, fazer parte das comissões de controle interno. 29 Instrução normativa SFC/MF nº 01/2001 e Instrução normativa nº 03/2017 do CGU. 30 Altera as leis complementares estaduais nº 163/1999, nº 420/2010 (transfere o cargo de contador-geral da
CONTROL/RN para a SET/RN), nº 430/2010 (Extingue a gratificação de estímulo ao controle interno e cria, de
caráter permanente, a gratificação de desempenho - GD – que integra o vencimento dos servidores da
CONTROL) e revoga as leis complementares estaduais nº 150/1997, nº 157/1997 e nº 7.902/2000. 31 Lei complementar estadual nº 638/2018, artigo 29. As atividades, competências, quadro funcional, dotações
orçamentárias específicas e acervo patrimonial da Contadoria Geral do Estado ficam transferidos à Secretaria de
Estado da Tributação (SET).
32
Figura 2 – Funções do Sistema Integrado de Controle Interno Avaliativo
Fonte: Elaboração própria
Adicionalmente, dentre outros dispositivos, destacam-se os relativos não só a
transferência de competências que caracterizam cogestão atribuídas à CONTROL/RN:
transferência da responsabilidade pela elaboração do Balanço Geral do Estado e a prestação
de contas anual do Governador da CONTROL/RN para a Secretária de Estado da Tributação
(SET/RN), como também a inclusão da promoção da ética, da transparência e do controle
social como finalidades do Sistema.
Além disso, a lei complementar estadual nº 638/2018 adicionou na parte das
vedações, voltadas para o exercício de função gratificada ou cargo em comissão no âmbito do
Sistema de Controle Interno Avaliativo, a regra temporal. Em outras palavras, o rol de
impedimentos, tipificados no artigo 19, passou a ser delimitado num horizonte de 5 (cinco)
anos.
Adicionalmente, a lei complementar estadual nº 638/2018 focou não só na definição
de rol, exaustivo, relativo à vedação para nomeação em função de gratificada ou em cargo
comissionado no âmbito do Sistema Integrado, como também na introdução dos critérios:
contas julgadas irregulares, bem como atos de improbidade administrativa. Assim, o quadro 4
– comparativo das vedações da legislação evidencia os avanços quanto a essas vedações.
Quadro 4 – Comparativo das vedações da legislação
LEI COMPLEMENTAR 150/1997 LEI COMPLEMENTAR 638/2018
Art. 9º É vedada a nomeação para exercício de cargo
de confiança, no âmbito do sistema de controle
interno, assim como para os cargos que impliquem
em gestão de recursos financeiros, na administração
direta, indireta e fundacional, de pessoas que tenham
sido:
I – responsáveis por atos julgados irregulares pelo
Art. 19. É vedada a nomeação, para o exercício de
função gratificada ou cargo em comissão relacionado
com o Sistema Integrado de Controle Interno do
Poder Executivo, de pessoas que tenham sido, nos
últimos 5 (cinco) anos:
I - responsáveis por atos ou contas julgadas
irregulares em decisão definitiva de qualquer
33
Tribunal de Contas da União, do Estado, Distrito
Federal, Município, ou, ainda, por Conselho de
Contas de Município;
II – julgados comprovadamente culpados, em
processo administrativo, por ato lesivo ao patrimônio
público de qualquer esfera de Governo;
III – os condenados em processo criminal por prática
de crimes contra a administração pública.
Tribunal de Contas;
II - sancionadas em processo administrativo
disciplinar, na condição de responsáveis, por ato
lesivo ao patrimônio público, desde que não caiba
recurso administrativo da decisão; e
III - condenadas, em processo judicial transitado em
julgado, por:
a) prática de crimes contra a Administração; e
b) atos de improbidade administrativa, tipificados em
lei.
Fonte: Elaboração própria
Com relação as Unidades de Controle Interno, a lei complementar nº 638/2018 e, por
conseguinte, a instrução normativa nº 002/2018 da CONTROL/RN definiram, pela primeira
vez, as competências dessas unidades, assim como a possibilidade, em caráter excepcional, de
servidores inativos passarem a compor o quadro das unidades de controle.
A respeito das competências32, essas normas apresentam um rol não exaustivo, cujo
foco consiste em exercer o controle interno avaliativo sobre as atividades administrativas, em
especial os processos de despesa e receita pública, dos órgãos e entidades das quais as
unidades de controle fazem parte.
Nesse contexto, essas competências podem ser agrupadas em quatro grupos:
auditoria de conformidade, monitoramento das recomendações emanadas dos órgãos de
controle interno e externo, avaliação de resultados alcançados pelo gestor público e apoio as
atividades inerentes da CONTROL/RN.
Por fim, a nova configuração do sistema integrado serve de ferramenta de
governança, tendo em vista que orienta o gestor público no processo de tomada de decisão,
conforme art. 5º, incisos IV e X, bem como o art. 9º inciso II da lei complementar estadual nº
638/2018:
Art. 5º A Controladoria-Geral do Estado é o Órgão Central do Sistema Integrado de
Controle Interno do Poder Executivo, a quem compete, sem prejuízo de outras
atribuições:
I – (...)
IV – assessorar e orientar a Administração Estadual nos aspectos relacionados com
os controles interno e externo;
V – (...)
X – instituir, manter e propor sistemas informatizados que melhorem a transparência
e a eficiência da gestão pública;
(...)
Art. 9º O Regimento Interno da Controladoria-Geral do Estado regulamentará
procedimentos, orientações e serviços mediante os seguintes instrumentos:
I – (...)
32 As competências atribuídas as Unidades de Controle Interno compõem o quadro 5 – Critérios para
Avaliação do Nível de Aderência das Unidades de Controle Interno.
34
II – Orientações Circulares: destinadas a orientar os dirigentes dos Órgãos e
Entidades sobre assuntos que reclamem a ação imediata e o atendimento de prazos e
compromissos;
Por outro lado, destaca-se que apesar dos esforços de convergência, o arcabouço
vigente ainda não contempla uma política de avaliação e gestão de risco, assim como a
adoção de parâmetros referentes aos procedimentos necessários aos trabalhos de asseguração,
em especial um manual de procedimentos de auditoria, voltado para o Sistema Integrado de
Controle Interno do Poder Executivo do Rio Grande do Norte.
Adicionalmente, não contempla também programa de gestão e melhoria da
qualidade33 voltado para o sistema de controle interno avaliativo, bem como política de
recursos humanos direcionada para os membros das Unidades de Controle Interno.
33 Tanto o IIA, normas de práticas profissionais, como o CGU, por meio da instrução normativa 03/2017,
recomendam que os sistemas de controle interno avaliativo possuam programa de gestão e melhoria da qualidade
da auditoria.
35
3 METODOLOGIA
3.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA
A pesquisa é exploratória porque buscou obter conhecimento estruturado a respeito
da governança das UCI’s do Poder Executivo do Rio Grande do Norte. Essas unidades de
controle, até o momento, não foram objeto de investigação, sobretudo sob o prisma da
governança pública. Dessa maneira, pretende-se, aqui, conhecê-las em maior profundidade.
Com relação a abordagem da questão-problema, o estudo pode ser enquadrado como
pesquisa qualitativa, uma vez que consiste no levantamento de opinião dos integrantes das
Unidades de Controle Interno a respeito de um conjunto de boas práticas de governança
pública.
A respeito dos procedimentos, adotou-se o seguinte: (i) pesquisa documental, (ii)
bibliográfica e (iii) levantamento ou survey. Na pesquisa documental, examinou-se a
legislação pertinente ao arcabouço jurídico do Sistema Integrado de Controle Interno do
Poder Executivo do Rio Grande do Norte. Igualmente, os relatórios anuais de auditoria
elaborados pelas UCI’s, assim como os pareceres conclusivos e os certificados de auditoria
confeccionados pela Controladoria Geral do Estado (CONTROL) dos anos de 2016 e 2017.
No que tange à pesquisa bibliográfica, averiguou-se, na literatura disponibilizada
via web, não só resoluções do TCE/RN como também manuais e normas do TCU, CGU, IIA,
Gespública e IBGC sobre: governança corporativa aplicada ao setor público, auditoria interna
governamental, sistema de controle interno, metodologias de avaliação de controle interno e
boas práticas profissionais de auditoria interna. Além disso, dissertações e livros sobre a
temática em destaque.
Quanto ao levantamento ou survey, procedeu-se a elaboração do modelo de
avaliação, por meio de técnica padronizada de coleta e interpretação de dados, com a
finalidade de inquirir os membros das UCI’s da governança pública.
Assim, a figura 3 – fases dos procedimentos apresenta as etapas do processo
adotadas neste estudo.
36
Figura 3 – Fases dos procedimentos
Fonte: Elaboração própria
3.2 UNIVERSO DO ESTUDO
A população do estudo compreende os 259 servidores, que atuam nas 58 Unidades
de Controle Interno do Poder Executivo do Rio Grande do Norte, listadas no quadro 5 –
relação das UCI’s34.
Quadro 5 – Relação das Unidades de Controle Interno
Fonte: Elaboração própria
Nessa perspectiva, a partir dos dados disponibilizados na página da CONTROL/RN
acerca da população em estudo, evidencia-se que a maioria desses servidores é do gênero
feminino (63%), de acordo com o gráfico 1 – gênero.
34 Informação extraída do site: control.rn.gov.br. Acesso em 25/03/2019.
Nº UCI Nº UCI Nº UCI Nº UCI
1 ASSECOM 16 SET 31 Hosp. Nelson Inácio/Assu 46 DETRAN
2 CONTROL 17 SETHAS 32 Hospital Rafael Fernandes 47 EMATER
3 GAC 18 SETUR 33 Hospital Regional Hélio Marinho/ Apodi 48 EMPARN
4 GVG 19 SIN 34Hospital Monsenhor Antônio Barros/ São
José de Mipibú49 EMGERN
5 SAPE 20 SESAP 35 Hops. Alfredo Mesquita/Macaíba 50 FJA
6 SEARA 21 Hosp. Mons. Walfredo Gurgel 36 Hosp. Regional de São Paulo do Potengi 51 FUNDASE
7 SEARH 22 Hosp. João Machado 37 VI URSAP/Pau dos Ferros 52 IDEMA
8 SEEC 23 Hosp. Sta. Catarina 38Hospital DR. Cleodon Carlos de
Andrade/Pau dos Ferros53 IDIARN
9 SEEC/FEE 24 Hosp. Mª Alice Fernandes 39 ARSEP 54 ITEP
10 SEEL 25 Hosp. Josefa Alves Godeiro/João Câmara 40 CBM 55 JUCERN
11 SEPLAN/UGP 26 Hosp. Deoclécio Marques/Parnamirim 41 CEASA 56 PC
12 SEJUC 27 LACEN 42 CEHAB 57 PM
13 SEMARH 28 HEMONORTE 43 DATANORTE 58 UERN
14 SEPLAN 29 Diretoria de Saúde da Polícia Militar 44 DEI
15 SESED 30 Hosp. Gizelda Trigueiro 45 DER
37
Gráfico 1 – Gênero
Fonte: Site da CONTROL/RN
Ademais, quando se cruza a variável gênero com a de função, elas também são
maioria, inclusive exercendo a presidência, conforme gráfico 2 – Gênero por função.
Gráfico 2 – Gênero por função
Fonte: Site da CONTROL/RN
38
Com relação a variável remuneração35, 50% destes servidores ganham entre R$
2.385,47 (dois mil trezentos e oitenta e cinco reais e quarenta e sete centavos) e R$ 5.321,03
(cinco mil trezentos e vinte e um reais e três centavos).
Assim, considerando o tamanho dessa população bem como a questão-problema,
preferiu-se aplicar o questionário junto a todos os servidores36. Assim, os resultados podem
refletir o nível de aderência as boas práticas de governança das Unidades de Controle não só
individualmente, como também do conjunto.
3.3 MODELO DE AVALIAÇÃO E INSTRUMENTO DE PESQUISA
O modelo para avaliar o nível de aderência das UCI’s do Poder Executivo do Rio
Grande do Norte à luz das boas práticas de governança pública advém do Modelo de
Avaliação de Órgãos e Entidades da Administração Pública, desenvolvido pelo Tribunal de
Contas da União, conforme descrito na seção 2.2 deste trabalho.
Nessa perspectiva, adotou-se o conceito de governança aplicado ao setor público, que
compreende, em essência, aos mecanismos de liderança, estratégia e controle colocados em
ação, voltados para direcionar, avaliar e monitorar a gestão organizacional, com foco no
interesse público.
No entanto, apesar de se adotar também os mecanismos, isto é, as dimensões –
liderança, estratégia e controle, optou-se, dadas as especificidades das UCI’s do Poder
Executivo do Rio Grande do Norte, por não só excluir os componentes, como também
associar diretamente as práticas e itens de controle as respectivas dimensões37.
Igualmente importante, presumiu-se que tanto as práticas como os itens de controle
estão contidos na legislação que dá suporte ao Sistema de Integrado de Controle Interno do
Poder Executivo do Rio Grande do Norte, especialmente a lei estadual complementar nº
638/2018 e a Instrução Normativa nº 02/2018 da CONTROL/RN.
35 Os procedimentos para a variável remuneração foram o seguinte: Os nomes dos servidores que trabalham nas
UCI’s, disponibilizado no site da CONTROL/RN, item Estrutura – UCI’s, foram colocados no site
transparência.rn.gov.br, item servidores públicos - remuneração. Colocou-se o mês e ano de referência novembro
de 2018, respectivamente, bem como pesquisa por nome. Assim, localizou-se a remuneração do mês de 230
servidores. Acredita-se que os 29 restantes, são aposentados. 36 O valor médio decorrente da quantidade de questionário respondido por UCI foi atribuído para cada dimensão. 37 Essa adaptação se faz necessária em decorrência das características das UCI’s, sobretudo a dimensão e
finalidade institucional delas.
39
Ademais, em consonância com a questão-problema, utilizou-se também as Normas
Internacionais para a Prática Profissional de Auditoria Interna, emitida em 2017, pelo Instituto
dos Auditores Internos – IIA.
Essas adaptações permitiram mensurar o nível de aderência das estruturas de
governança das UCI’s a partir do arcabouço normativo mencionado anteriormente.
Consequentemente, responder à questão de pesquisa.
Nessa circunstância, na dimensão liderança buscou-se, em essência, avaliar as
práticas profissionais dos membros das Unidades de Controle Interno, enquanto na estratégia
avaliou-se a convergência das práticas exercidas pelos membros dessas unidades com as boas
práticas de governança do setor público.
Por outro lado, na dimensão controle a finalidade foi avaliar em que medida as
atividades de controle interno avaliativo, executadas no âmbito das Unidades de Controle
Interno do Poder Executivo do Rio Grande do Norte, encontram-se aderentes as boas práticas
de governança contidas no arcabouço constitutivo do Sistema Integrado de Controle Interno.
Assim, o quadro 6 apresenta os critérios e suas fontes utilizados para a elaboração do
questionário,38 no tocante as dimensões que abordaram as boas práticas de governança
pública.
38 O questionário pode ser verificado no apêndice A.
40
Quadro 6 - Critérios para Avaliação do Nível de Aderência das Unidades de Controle Interno
DIMENSÕES/CRITÉRIOS FONTES DOS
CRITÉRIOS
1. LIDERANÇA
Nesta dimensão, busca-se avaliar as capacidades existentes nas UCI’s em termos de competências pessoais, princípios, liderança e comportamentos profissionais, com a
finalidade de mensurar o nível de aderência das habilidades dos membros destas unidades de controle às normas, códigos de ética e práticas profissionais, que visam
contribuir para o exercício da boa governança.
Competências das UCI’s:
1.1. Comunicar a existência de irregularidades ou ilegalidades à CONTROL;
1.2. Auxiliar as funções de auditoria, corregedoria, ouvidoria e prevenção de combate a corrupção, quando solicitado pela CONTROL;
1.3. Participar e colaborar não só com auditorias operacionais realizadas pela CONTROL, quando demandado, como também com
capacitações e treinamentos inerentes ao Sistema de Controle Interno;
1.4. Mensalmente, encaminhar relatórios de atividades e análise processual à CONTROL.
Práticas profissionais do IIA:
1.5. 1100 – Independência e objetividade
1.6. 1120 – Objetividade individual
1.7. 1130 – Prejuízo à Independência ou à Objetividade
1.8. 1200 – Proficiência e Zelo Profissional Devido
Lei Complementar
638/2018, Instrução
Normativa 02/2018 e
IIA (Normas
Internacionais para a
Prática Profissional de
Auditoria Interna -
2017).
2. ESTRATÉGIA
Nesta dimensão, busca-se avaliar em que medida as ações adotadas no âmbito das UCI’s convergem para as práticas profissionais em termos de governança e realização de
análises financeira, orçamentária e patrimonial.
Competências das UCI’s:
2.1. Realizar análises financeira, orçamentária e patrimonial, com foco na avaliação da aplicação de recursos públicos do órgão ou entidade
da qual faz parte;
Práticas profissionais do IIA:
2.2. 2110 – Governança
IIA - Normas
Internacionais para a
Prática Profissional de
Auditoria Interna/2017,
Lei Complementar
638/2018 e Instrução
Normativa 02/2018.
41
3. CONTROLE
Nesta dimensão, busca-se avaliar em que medida nas UCI’s há execução de atividades de controle avaliativo alinhadas as boas práticas de governança, voltadas para
verificar a consistência, a qualidade, a eficiência, a eficácia e a efetividade dos controles internos administrativos no tocante a gestão patrimonial, contábil, financeira,
operacional e orçamentária do órgão ou entidade da qual faz parte.
Competências das UCI’s:
3.1. Exercer o controle de legalidade, de legitimidade e de economicidade no tocante a qualidade, a eficiência, a eficácia e a efetividade dos
atos de gestão patrimonial, financeira, orçamentária, operacional e contábil;
3.2. Exercer os controles avaliativos sobre o uso e guarda de bens públicos, a execução de contratos, convênios e instrumentos congêneres,
bem como realizar tomada de contas especial, quando requisitado pela CONTROL.
3.3. Monitorar a execução das recomendações dos órgãos de controle interno e externo;
3.4. Solicitar informações, processos e documentos para a realização das atividades de controle interno avaliativo;
3.5. Analisar todos os processos concernentes a despesa pública, bem como os atos de gestão que ocasionem direitos e vantagens a
servidores do órgão ou entidade da qual faz parte;
3.6. Realizar auditoria de conformidade nos processos de despesa pública do órgão ou entidade da qual faz parte, em observância as
normas e procedimentos dos controles interno e externo;
Lei Complementar
638/2018 e Instrução
Normativa 02/2018
Fonte: Elaboração própria
42
Com relação ao instrumento de pesquisa39, este foi elaborado com 35 perguntas
estruturadas em quatro dimensões: liderança, estratégia, controle e socioeconômica40. Essas
de questões foram tipificadas em: abertas, dicotômicas (sim/não), múltipla escolha, escalas de
avaliação Likert e do tipo Likert41. As respostas a essas perguntas receberam pontos com a
finalidade de determinar o grau de aderência das UCI’s por dimensão e global às boas práticas
de governança pública.
Nesse contexto, o cálculo do nível de aderência por dimensão correspondeu ao
somatório da pontuação decorrente da escolha das alternativas. Por outro lado, o índice de
aderência global por UCI foi mensurado através da média aritmética das dimensões:
liderança, estratégia e controle42. Assim, os quadros 7, 8, 9, 10, 11 e 12 esquematizam os
procedimentos de pontuação.
39 QAUCI = questionário de avaliação da unidade de controle interno avaliativo. 40 Para o cálculo do nível de aderência, utilizou-se as dimensões: liderança, estratégia e controle. A dimensão
socioeconômica foi elaborada com a finalidade de auxiliar a CONTROL/RN no planejamento de ações voltadas
para as UCI’s. 41 De acordo com Dalmoro (2013) o modelo de escala Likert desenvolvido por Rensis Likert em 1932 possui
cinco pontos de escolha, enquanto na escola do tipo Likert há quantidade de pontos diferente de cinco.
Atualmente, a escala Likert possui as seguintes alternativas: discordo totalmente, discordo, nem concordo nem
discordo, concordo e concordo totalmente. 42 Com as devidas adaptações, a referência para o cálculo do nível de aderência por dimensão e global foi o
Roteiro de Avaliação de Maturidade da Gestão de Riscos contido no anexo único da Portaria-Segecex nº 2, de 22
de janeiro de 2018 do Tribunal de Contas da União.
43
Quadro 7 - Escala de Pontuação das Questões do Tipo Likert
FATOR DE AVALIAÇÃO BOA PRÁTICA DESCRIÇÃO RESPOSTA DO QAUCI
0 Inexistente Não existe boa prática Não absoluto
1 Fraca Boa prática não documentada, individualizada, não disseminada. Não com aspectos positivos
2 Mediana Boa prática documentada, conhecida, adotada, pode ser aprimorada Sim com aspectos negativos
3 Forte Boa prática documentada, conhecida, agregar valor ao órgão, eficaz, efetiva Sim absoluto
Fonte: Elaboração própria
Quadro 8 - Escala de Pontuação de Questões do Tipo Dicotômica
FATOR DE AVALIAÇÃO BOA PRÁTICA RESPOSTA DO QAUCI
0 Inexistente Não
5 Existente Sim
Fonte: Elaboração própria
44
Quadro 9 - Escala de Pontuação de Questões Fechadas com Vários Itens de Resposta
FATOR DE AVALIAÇÃO RESPOSTA DO QAUCI
0,20 ITEM 1
0,20 ITEM 2
0,20 ITEM 3
0,20 ITEM 4
0,20 ITEM 5
Fonte: Elaboração própria
Quadro 10 - Escala de Pontuação de Questões Likert
FATOR DE AVALIAÇÃO RESPOSTA DO QAUCI
1 Discordo totalmente
2 Discordo
3 Nem concordo nem discordo
4 Concordo
5 Concordo totalmente
Fonte: Elaboração própria
45
Quadro 11 - Nível de Aderência por Dimensão
DIMENSÃO PONTOS
Liderança
Estratégia
Controle
Aderência Global
Fonte: Elaboração própria
Quadro 12 - Resultado do Nível de Aderência por UCI
PONTUAÇÃO
MÉDIA %
NÍVEL DE
ADERÊNCIA DESCRIÇÃO
00 a 25,00 Inicial Profissionais com habilidades precárias. Realiza auditoria de conformidade com imperícias. Não faz análises orçamentária, patrimonial
e financeira de forma adequada. Boas práticas não são formalizadas, porém documentadas de forma precária.
25,01 a 50,00 Básico Profissionais com habilidades deficientes. Realiza apenas auditoria de conformidade de forma adequada. Não faz análises orçamentária,
patrimonial e financeira de forma adequada. Boas práticas não são formalizadas, más documentadas na forma de checklist, por exemplo.
50,01 a 75,00 Intermediário
Profissionais com habilidades deficientes. Realiza auditoria de conformidade, de pessoal e de controle patrimonial. Faz análises
orçamentária, patrimonial e financeira com imperícias. Boas práticas não são formalizadas, porém documentadas na forma de checklist,
planilhas e outros papéis de trabalho.
75,01 a 100,00 Avançado Profissionais com habilidades eficientes e eficazes. Realiza auditoria participativa com viés de consultoria de forma adequada, bem
como faz análises orçamentária, patrimonial e financeira com zelo profissional. Boas práticas são formalizadas e documentadas.
Fonte: Elaboração própria
46
4 RESULTADOS DA PESQUISA
Nesta pesquisa qualitativa, objetivou-se obter conhecimento estruturado acerca das
boas práticas de governança pública a partir do levantamento da opinião dos integrantes das
unidades de controle interno do poder executivo do Rio Grande do Norte. O instrumento de
pesquisa foi disponibilizado aos integrantes das UCI’s no formato do Google Forms, via
WhatsApp para ser respondido no período de 21 a 24 de maio de 2019.
Assim, obteve-se 142 respostas de uma população estimada em 259 servidores
atuantes nas UCI’s, que permitiu avaliar a aderência de 55 (cinquenta e cinco) unidades de
controle interno, especificadas no quadro 13 – relação das UCI’s que responderam ao
questionário.
Quadro 13 – Relação das UCI’s Que Responderam
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Nº UCI's QUE RESPONDERAM Nº UCI's QUE RESPONDERAM
1 ARSEP 29 Hosp. Rafael Fernandes
2 CBM 30 Hosp. Regional do Seridó
3 CEASA 31 IDEMA
4 CEHAB 32 IDIARN
5 CONTROL 33 IGARN
6 DATANORTE 34 IPEM
7 DEI 35 IPERN
8 DER 36 ITEP
9 DETRAN 37 JUCERN
10 EMATER 38 LACEN
11 EMGERN 39 PC
12 EMPARN 40 PGE
13 FAPERN 41 PM
14 FJA 42 SAPE
15 FUNDASE 43 SEARA
16 GAC 44 SEARH
17 GVG 45 SEEC
18 Hosp. Alfredo Mesquita/Macaíba 46 SEEC/FEE
19 Hosp. Deoclécio Marques/Parnamirim 47 SEJUC
20 Hosp. Gizelda Trigueiro 48 SEMARH
21 Hosp. João Machado 49 SEPLAN
22 Hosp. Maria Alice Fernandes 50 SESAP
23 Hosp. Mons. Walfredo Gurgel 51 SESED
24 Hosp. Nelson Inácio/Assu 52 SET
25 Hosp. Regional de São Paulo do Potengi 53 SIN
26 Hosp. Sta. Catarina 54 UERN
27 Hosp. Dr. Cleodon Carlos de Andrade/PAU DOS FERROS 55 VI URSAP/Pau dos Ferros
28 Hosp. Monsenhor Antônio Barros/ São José de Mipibu
47
4.1 ANÁLISE DAS DIMENSÕES
4.1.1 Dimensão Socioeconômica
Na dimensão socioeconômica, os resultados apontam que os integrantes das unidades
de controle interno do poder executivo do Rio Grande do Norte são servidores efetivos (93%),
do gênero feminino (60,6%) e com idade média de 52,4 anos.
Além disso, metade dos membros ingressou há no máximo 4 anos, bem como 62%
trabalham exclusivamente nas unidades de controle. A maioria (66,9%) afirmou que a
quantidade de membros da UCI de lotação é adequada ao volume de trabalho.
Com relação a escolaridade, cerca de 21,83% dos integrantes tem apenas o ensino
médio. Dentre os que possuem apenas o ensino médio, 14,79% são do sexo feminino.
Adicionalmente, 38,73% e 35,21% dos membros das UCI’s obtiveram como último grau de
escolaridade a graduação e especialização, respectivamente, conforme gráficos 3 e 4.
Gráfico 3 – Escolaridade: último grau obtido pelos integrantes das UCI’s do poder executivo do
Rio Grande do Norte
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Doutorado
0,70%Ensino médio
21,83%
Especialização
35,21%
Graduação
38,73%
Mestrado
3,52%
48
Gráfico 4 – Gênero por Escolaridade
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
A respeito dos cursos de graduação e especialização, destacam-se: gestão pública
(16,1%), direito (4,9%), ciências contábeis (4,2%) e ciências econômicas (4,2%). Quanto ao
mestrado, cinco pessoas possuem este título, e apenas uma o doutorado.
No tocante a atualização profissional, 81% dos integrantes das UCI’s fizeram alguma
capacitação em 2018. Dentre eles, 73% citaram temas de capacitação, cujas principais foram:
seminário de controle interno (29,81%), I Encontro das UCI’s (25,96%) e auditoria de
conformidade (10,58%), controle interno sob a ótica do TCE e TCU (11,54%).
4.1.2 Dimensão Liderança
Em relação a dimensão liderança, as UCI’s obtiveram pontuação entre 11,33 e 30
pontos. Nesse sentido, os quartis foram calculados com a finalidade de separar e comparar
essas unidades. Assim, o primeiro grupo foi composto pelas unidades de controle cuja
pontuação atingiu até 25%, o segundo, de 25 a 50%, o terceiro de 50 a 75% e o quarto acima
de 75%, conforme pode ser visualizado nas tabelas 1, 2, 3 e 4.
49
Tabela 1 – Liderança: Relação das UCI’s com Pontuação de até 25%
- grupo I
UCI's PONTOS
SEPLAN 11,33
SEARA 13,00
EMPARN 14,00
DEI 14,33
PC 15,75
SEMARH 16,00
Hosp. Maria Alice Fernandes 18,50
SEEC 18,75
CEHAB 19,00
FUNDASE 19,00
SEEC/FEE 19,00
Hosp. Gizelda Trigueiro 19,50
PGE 19,67
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Tabela 2 – Liderança: Relação das UCI’s com Pontuação de 25 a 50%
- grupo II
UCI's PONTOS
EMGERN 20,00
IDIARN 20,00
IPEM 21,00
DER 21,33
DETRAN 21,33
SESED 21,67
Hosp. Regional de São Paulo do Potengi 22,00
ITEP 22,00
EMATER 22,33
GAC 22,33
FJA 22,50
PM 22,50
ARSEP 22,67
Hosp. Rafael Fernandes 23,00
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
50
Tabela 3 – Liderança: Relação das UCI’s com Pontuação de 50 a 75%
- grupo III
UCI’s PONTOS
JUCERN 23,33
SIN 23,33
Hosp. João Machado 23,50
IDEMA 24,00
GVG 24,50
SESAP 24,75
IPERN 24,89
CEASA 25,00
CONTROL 25,00
Hosp. Alfredo Mesquita/Macaíba 25,00
LACEN 25,00
SET 25,00
SAPE 25,50
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Tabela 4 – Liderança: Relação das UCI’s com Pontuação Acima de
75% - grupo IV
UCI's PONTOS
Hosp. Monsenhor Antônio Barros/ São José de Mipibu 26,00
Hosp. Regional do Seridó 26,00
Hosp. Nelson Inácio/Assú 26,50
DATANORTE 27,00
FAPERN 27,00
Hosp. Deoclécio Marques/Parnamirim 27,00
Hosp. Mons. Walfredo Gurgel 27,00
IGARN 27,00
SEJUC 27,00
Hosp. Dr. Cleodon Carlos de Andrade/Pau dos Ferros 28,00
SEARH 28,00
UERN 28,50
CBM 29,00
Hosp. Sta. Catarina 30,00
VI URSAP/Pau dos Ferros 30,00
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
51
Com relação ao acesso direto e irrestrito do presidente ao responsável pelo
órgão/entidade, observou-se uma relação positiva entre a pontuação da unidade de controle e
o acesso do presidente. Dessa maneira, as unidades de controle com pontuação maior
apresentaram maiores percentuais de concordância. Portanto, a respeito desse acesso, os
percentuais por grupo foram: 46% no primeiro grupo (tabela 1), 84% no segundo grupo
(tabela 2), 98% no terceiro grupo (tabela 3) e 96% no quarto grupo (tabela 4).
Nessa perspectiva, segundo o IIA (2017, p. 3) a condução imparcial dos trabalhos de
auditoria interna depende do atributo independência, cujo requisito, dentre outros, é o acesso
direto e irrestrito do chefe da unidade de controle ao responsável pelo órgão/entidade:
Independência é a imunidade quanto às condições que ameaçam a capacidade da
atividade de auditoria interna de conduzir as responsabilidades de auditoria interna
de maneira imparcial. Para atingir o grau de independência necessário para conduzir
eficazmente as responsabilidades da atividade de auditoria interna, o executivo chefe
de auditoria tem acesso direto e irrestrito à alta administração e ao conselho.
Dessa maneira, depreendeu-se que as unidades de controle do primeiro grupo
apresentaram baixa aderência neste quesito, uma vez que 54% dos membros dessas unidades
afirmaram que o presidente não possui acesso direto e irrestrito ao responsável pelo
órgão/entidade.
A respeito da autoavaliação dos membros das UCI’s em relação as competências
pessoais, princípios e comportamento profissional, a tabela 5 apresenta os percentuais de
resposta das alternativas: de discordo totalmente a discordo - , em relação as questões que
abordam conflitos de interesses (questão 3), interferências na emissão de opinião no exercício
dos trabalhos de controle interno avaliativo (questão 4), bem como livre acesso aos
documentos necessários a execução das atividades (questão 5).
Em outras palavras, esses percentuais correspondem a respostas com atributo
negativo relativo as sentenças: primeira - abstenho de analisar processos que envolvam
diretamente familiar, amigo íntimo ou inimigo capital -, segunda - não sofro interferências
para alterar minha opinião técnica - e terceira - tenho livre acesso aos documentos
necessários para execução dos meus trabalhos -.
Tabela 5 - Percentual de resposta de discordo totalmente a discordo por grupo
QUESTÕES PRIMEIRO SEGUNDO TERCEIRO QUARTO
3 42,86% 44,74% 27,66% 8,33%
4 21,43% 34,21% 14,89% 0,00%
5 10,71% 2,63% 8,51% 4,17%
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
52
A partir da análise dessa tabela, sobressaiu-se nos grupos primeiro (42,86%) e
segundo (44,74%) a existência de conflitos de interesses em relação a análise de processos nas
circunstâncias em que o integrante da UCI deveria se declarar impedido ou suspeito. Esse
resultado encontra-se incompatível com o disposto no art. 3º inciso III da lei complementar nº
638/2018: promover a ética, a transparência e o controle social.
Adicionalmente, com base nas normas profissionais do IIA (2017), essa constatação
prejudica a imparcialidade da análise do integrante da unidade de controle no exercício
profissional, uma vez que “o conflito de interesses é uma situação na qual um auditor interno,
que esteja em uma posição de confiança, tenha um interesse profissional ou pessoal
conflitante” (IIA, 2017, p. 5).
Por outro lado, quanto a interferências na emissão de opinião técnica, os grupos
segundo (34,21%) e quarto (0,00%) se destacaram43. Ademais, acerca do livre acesso aos
documentos, sobressaiu-se o primeiro grupo (10,71%). Esses resultados, exceto o outlier,
podem representar ameaças à independência ou à objetividade individual do membro da UCI,
uma vez que segundo o IIA (2017, p. 5) “o prejuízo à (...) objetividade individual pode
incluir, mas não se limitar, a um conflito de interesses pessoal; limitações de escopo; restrição
de acesso aos registros, ao pessoal e às propriedades e limitações de recursos. ”
Corrobora com esse entendimento, o disposto no art. 24, inciso II da lei
complementar nº 638/201844: acesso a todos os documentos, informações e dados existentes
ou sob a guarda de órgãos, entidades e unidades, ainda que o acesso a esses locais,
documentos e informações estejam sujeitos a restrições.
Em relação ao conhecimento necessário para desempenhar os trabalhos na UCI,
observou-se uma relação positiva entre a pontuação das unidades de controle e o percentual
de resposta afirmativo. Por outro lado, vale destacar que 32% dos integrantes das UCI’s no
primeiro grupo disseram que não possuem o conhecimento necessário para o exercício
profissional, conforme gráfico 5.
43 O percentual 0,00% do quarto grupo pode ser caracterizado como outlier. Portanto, não foi considerado nas
análises seguintes. 44 Art. 24 da lei complementar nº 638/2018: são prerrogativas e garantias dos servidores que desempenham as
atividades finalísticas do Órgão Central de Controle Interno, quando no exercício de suas funções”.
53
Gráfico 5 – você possui o conhecimento necessário para desempenhar os trabalhos na UCI?
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
A análise desse resultado, individualmente, indicaria que os integrantes das UCI’s
estariam aderentes a norma profissional do IIA (2017) que trata da proficiência45. No entanto,
59,86% possuem conhecimento deficiente no tocante a prática profissional de evidenciar
formalmente, de maneira coerente e concisa, as irregularidades, o amparo legal (norma
violada), a evidência (achado) e a recomendação (sugestão de soluções).
Contribui para esse entendimento, o resultado das respostas ao questionamento
acerca do domínio de práticas profissionais necessárias para realizar as auditorias de:
conformidade, execução de orçamentária-financeira, controle patrimonial, bem como de
pessoal.
Assim, 38,03% dos integrantes das unidades de controle afirmaram não dominar essa
prática na integralidade, apesar de possuírem habilidade adequada para realizar auditoria de
conformidade ou de controle patrimonial, por exemplo. Já para 36,62% dos respondentes, eles
conhecem essas práticas profissionais, porém possuem dificuldades em como fazê-las. Por
fim, 7,75% afirmou não possuir conhecimento.
A respeito do envio de relatório de atividades à CONTROLE mensalmente, cerca de
44% afirmou que não envia. Isso viola o art. 1º, inciso XIII da Instrução Normativa nº 2/2018
da CONTROL/RN: encaminhar mensalmente à CONTROL relatório de atividades e análise
processual, nos termos por ela definidos, visando acompanhamento e atuação especifica da
CONTROL/RN.
45 De acordo com o IIA (2017, p. 6) “os auditores internos devem possuir o conhecimento, as habilidades e
outras competências necessárias ao desempenho de suas responsabilidades individuais.”
54
4.1.3 Dimensão Estratégia
Nesta dimensão, as UCI’s obtiveram pontuação entre 4,40 e 18,20 pontos. Dessa
forma, os quartis foram calculados com a finalidade de separar e comparar as UCI’s. Assim, o
primeiro grupo foi composto pelas unidades de controle cuja pontuação atingiu até 25%, o
segundo, de 25 a 50%, o terceiro de 50 a 75% e o quarto acima de 75%, conforme pode ser
visualizado nas tabelas 6 ,7, 8 e 9.
55
Tabela 6 – Estratégia: Relação das UCI’s com Pontuação de até 25% -
grupo I
UCI's PONTOS
SEARA 4,40
SEMARH 9,80
Hosp. Mons. Walfredo Gurgel 10,20
Hosp. Gizelda Trigueiro 11,10
Hosp. Rafael Fernandes 11,33
ITEP 11,73
DETRAN 11,93
PC 13,10
SESED 13,27
JUCERN 13,33
FAPERN 13,40
Hosp. Monsenhor Antônio Barros/ São José de Mipibu 13,40
Hosp. Maria Alice Fernandes 13,50
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Tabela 7 – Estratégia: Relação das UCI’s com Pontuação de 25 a 50% -
grupo II UCI's PONTOS
LACEN 13,53
SEJUC 13,53
Hosp. Deoclécio Marques/Parnamirim 13,60
Hosp. Regional de São Paulo do Potengi 13,60
SEPLAN 13,73
CBM 13,80
SEEC 14,05
VI URSAP/Pau dos Ferros 14,20
FJA 14,47
Hosp. Alfredo Mesquita/Macaíba 14,47
Hosp. Sta. Catarina 14,60
SESAP 14,65
IDEMA 14,70
SET 14,70
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
56
Tabela 8 – Estratégia: Relação das UCI’s com Pontuação de 50 a 75% -
grupo III
UCI's PONTOS
FUNDASE 14,73
EMGERN 14,80
IPERN 14,82
Hosp. João Machado 15,00
IPEM 15,00
EMATER 15,33
IGARN 15,40
PM 15,40
SAPE 15,40
UERN 15,50
DEI 15,60
SIN 15,77
Hosp. Dr. Cleodon Carlos de Andrade/Pau dos Ferros 15,80
GAC 15,93
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Tabela 9 – Estratégia: Relação das UCI’s com Pontuação Acima de 75%
- grupo IV
UCI's PONTOS
SEEC/FEE 15,96
GVG 16,00
IDIARN 16,00
DATANORTE 16,07
PGE 16,07
SEARH 16,50
EMPARN 16,60
ARSEP 16,87
CONTROL 17,00
Hosp. Nelson Inácio/Assú 17,00
Hosp. Regional do Seridó 17,00
CEASA 17,40
DER 17,73
CEHAB 18,20
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
57
Com relação a utilização do parecer da UCI como instrumento de apoio a tomada de
decisão do gestor público, observou-se uma relação positiva entre a pontuação da unidade e a
utilização do parecer como instrumento de apoio a decisão.
Nessa perspectiva, a partir dos resultados da questão 8 do questionário, elaborou-se a
tabela 10 que apresenta o percentual de resposta quanto ao uso do parecer da UCI como
instrumento de apoio a tomada de decisão do gestor público por grupo46.
Nesse sentido, as sentenças buscaram avaliar se a unidade de controle contribui para
a melhoria dos processos de governança, bem como dos controles internos administrativos47.
Tabela 10 - Percentual de resposta quanto ao uso do parecer da UCI como instrumento de
apoio a tomada de decisão por grupo
RESPOSTAS PRIMEIRO SEGUNDO TERCEIRO QUARTO
0 21,43% 7,89% 12,77% 4,17%
1 7,14% 0,00% 12,77% 4,17%
2 35,71% 44,74% 27,66% 25,00%
3 35,71% 47,37% 46,81% 66,67%
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Nesse sentido, no primeiro grupo, a maioria (64,28%) dos integrantes das unidades
de controle afirmou que o parecer da UCI não é um instrumento de apoio a tomada de decisão
do gestor público do órgão/entidade da qual ela faz parte. Dentre estes, 21,43% opinaram pelo
não absoluto, enquanto 35,71% disseram que concordam com a afirmação: o gestor lê o
parecer e faz as correções no processo. No entanto, os mesmos erros voltam a se repetir em
outros processos e/ou no mesmo processo, futuramente.
No tocante ao segundo grupo, a maioria (52,63%) dos integrantes das UCI’s deste
grupo afirmou que o parecer da unidade de controle interno não é um instrumento de apoio a
tomada de decisão do gestor público. Dentre estes, 44,74% concordaram que apesar do gestor
46 O conteúdo das alternativas da questão 8 corresponde a: (0) não. (1) não, porém ele já foi utilizado em reunião
para decidir sobre ações/atividades a serem tomadas no âmbito de um processo. (2) sim, o gestor lê o parecer e
faz as correções no processo. No entanto, os mesmos erros voltam a se repetir em outros processos e/ou no
mesmo processo, futuramente. (3) sim, ele é utilizado como fonte para a tomada de decisão referente a:
racionalização dos processos, modificação de fluxo operacional, criação de modelos, lista de documentos
necessários para compor o processo. 47 De acordo com o IIA (2017, p. 12), “a atividade de auditoria interna deve avaliar e propor recomendações
apropriadas para melhorar os processos de governança da organização para:
Tomar decisões estratégicas e operacionais.
Supervisionar o gerenciamento de riscos e controles.
Promover a ética e os valores apropriados dentro da organização.
Assegurar o gerenciamento eficaz do desempenho organizacional e a prestação de contas.”
58
fazer as correções no processo com base nas recomendações contidas no parecer da UCI, as
mesmas inconsistências reaparecem no mesmo processo ou em outros.
Em relação ao terceiro grupo, a maioria (53,19%) dos integrantes afirmou que o
parecer da UCI não é um instrumento de apoio a tomada de decisão do gestor público da qual
a unidade de controle faz parte. Vale destacar que dentre estes, 12,77% disseram não
absoluto, e 27,66% concordam que embora o gestor corrija no processo as inconsistências,
elas ainda voltaram a aparecer no mesmo processo ou em outros.
A respeito do quarto grupo, a maioria (66,67%) dos integrantes da UCI afirmou que
o parecer da UCI é um instrumento de apoio a tomada de decisão do gestor público. No
entanto, 25% concordam que apesar do gestor corrigir as inconsistências no processo, elas
ainda voltam a aparecer no mesmo processo ou em outro.
Em referência a autoavaliação no tocante as práticas profissionais para realizar
análises financeira, orçamentária e patrimonial, as sentenças avaliadas foram: primeira - uso
checklist (lista de verificação) para analisar os processos -, segunda - escrevo os
procedimentos usados para analisar o processo e os arquivos no computador - e terceira -
monitoro o cumprimento das recomendações contidas no parecer da UCI - 48.
A tabela 11 apresenta o percentual de resposta concordo por grupo para as questões
de 9 a 11 do questionário, que correspondem as sentenças mencionadas anteriormente.
Tabela 11 - Percentual de resposta concordo por grupo
QUESTÕES PRIMEIRO SEGUNDO TERCEIRO QUARTO
9 46,43% 39,47% 63,83% 54,17%
10 53,57% 55,26% 57,45% 50,00%
11 42,86% 42,55% 55,26% 37,50%
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Quanto ao uso de lista de verificação, o segundo e o terceiro se destacaram porque
apresentaram, respectivamente, o menor e o maior percentual de concordância no que se
refere ao uso de checklist. A respeito das questões 10 e 11, o quarto e o terceiro se
destacaram, uma vez que apresentam, respectivamente, o menor e o maior percentual de
concordância.
48 Essas sentenças primeira, segunda e terceira correspondem as questões 9, 10 e 11, respectivamente, do
questionário.
59
Por outro lado, a tabela 12 apresenta o percentual de resposta de discordo totalmente
a discordo por grupo. Em outras palavras, esses percentuais correspondem a respostas com
atributo negativo relativo as sentenças das questões de 9 a 11 do questionário.
Tabela 12 - Percentual de resposta de discordo totalmente a discordo por grupo
QUESTÕES PRIMEIRO SEGUNDO TERCEIRO QUARTO
9 17,86% 18,42% 2,13% 0,00%
10 7,14% 10,53% 12,77% 8,33%
11 7,14% 7,89% 4,26% 12,50%
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Nesse contexto, os resultados revelaram que o segundo grupo possui menos
aderência a essas práticas do que os demais. Além disso, depreendeu-se que as unidades de
controle necessitam fortalecer essas práticas profissionais, uma vez que elas contribuem para
o atingimento do art. 1º inciso VIII da instrução normativa nº 02/2018 da CONTROL/RN49.
Por fim, analisa-se a variável fontes para tirar dúvidas técnicas de forma agregada.
Assim, a maioria dos respondentes afirmou que utiliza como canal de comunicação para
dirimir dúvidas colega de trabalho (76,1%) e a CONTROL/RN (75,4%).
Gráfico 6 – Fontes para tirar dúvidas técnicas
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
4.1.4 Dimensão Controle
As unidades de controle interno obtiveram pontuação entre 15,00 a 31,00 pontos.
Nesse sentido, os quartis foram calculados com a finalidade de separar e comparar as
49 IN nº 02/2018 da CONTROL/RN Art. 1º inciso:
VIII - avaliar a boa e regular aplicação dos recursos públicos, por meio da análise financeira, orçamentária e
patrimonial dos gastos públicos.
60
unidades de controle. Assim, o primeiro grupo foi composto pelas unidades de controle cuja
pontuação atingiu até 25%, o segundo, de 25 a 50%, o terceiro de 50 a 75% e o quarto acima
de 75%, conforme pode ser visualizado nas tabelas 13, 14, 15 e 16.
61
Tabela 13 – Controle: Relação das UCI’s com Pontuação de até 25% -
grupo I
UCI’s PONTOS
FAPERN 15,00
Hosp. Gizelda Trigueiro 17,00
SEEC/FEE 18,80
IPEM 19,00
SEARA 19,00
EMATER 19,33
DETRAN 19,67
Hosp. Mons. Walfredo Gurgel 20,00
SEJUC 20,00
FUNDASE 20,33
Hosp. Maria Alice Fernandes 20,50
Hosp. Deoclécio Marques/Parnamirim 21,00
SET 21,00
PC 21,25
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Tabela 14 – Controle: Relação das UCI’s com Pontuação de 25 a 50%
- grupo II
UCI's PONTOS
LACEN 21,33
JUCERN 22,50
GAC 23,00
Hosp. Monsenhor Antônio Barros/ São José de Mipibu 23,00
Hosp. Rafael Fernandes 23,00
SEMARH 23,00
IPERN 23,44
SESAP 23,75
GVG 24,50
Hosp. Dr. Cleodon Carlos de Andrade/Pau dos Ferros 24,50
PM 24,50
Hosp. Regional de São Paulo do Potengi 25,00
SAPE 25,00
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
62
Tabela 15 – Controle: Relação das UCI’s com Pontuação de 50 a 75%
- grupo III
UCI's PONTOS
SEEC 25,25
DEI 25,33
Hosp. Nelson Inácio/Assú 25,50
CBM 26,00
Hosp. Alfredo Mesquita/Macaíba 26,00
Hosp. Sta. Catarina 26,00
IGARN 26,00
PGE 26,00
SESED 26,00
FJA 26,33
Hosp. João Machado 26,50
Hosp. Regional do Seridó 26,50
CEASA 27,00
UERN 27,00
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Tabela 16 – Controle: Relação das UCI’s com Pontuação Acima de
75% - grupo IV
UCI's PONTOS
ARSEP 27,67
DATANORTE 27,67
SIN 27,83
EMGERN 28,00
EMPARN 28,00
IDIARN 28,00
ITEP 28,00
SEPLAN 28,00
VI URSAP/Pau dos Ferros 28,00
DER 28,67
CONTROL 29,00
IDEMA 30,25
SEARH 30,50
CEHAB 31,00
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
63
Em relação ao monitoramento das recomendações dos órgãos de controle interno e
externo, observou-se que apesar da maioria ter afirmado que monitora a execução dessas
recomendações, os grupos primeiro (25%) e terceiro (26%) se destacaram quanto ao
percentual de resposta negativa, conforme tabela 17.
Tabela 17 - Percentual de resposta quanto ao monitoramento de recomendações por grupo
RESPOSTAS PRIMEIRO SEGUNDO TERCEIRO QUARTO
NÃO 25% 13% 26% 8%
SIM 75% 87% 74% 92%
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
Vale destacar que o monitoramento das recomendações se encontra disposto no
inciso VI do art. 1º da instrução normativa nº 02/2018 da CONTROL/RN50. Adicionalmente,
conforme orientação da CGU (2017), o monitoramento contribui não só para o
aperfeiçoamento da gestão, como também para a agregação de valor do órgão/entidade51.
No que diz respeito a observância das normas do TCE/RN referente a ordem
cronológica de pagamento pelo órgão/entidade, apesar da maioria dos integrantes das
unidades de controle ter afirmado que a UCI verifica, os grupos segundo (29%) e primeiro
(18%) se destacaram em relação ao percentual de resposta negativa, conforme gráfico 7.
Gráfico 7 – Percentual de resposta quanto a observância da ordem cronológica de pagamento
por grupo
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
50 VI – acompanhar a implementação das recomendações emitidas pelos órgãos de controle interno e externo,
reportando-se à CONTROL em caso de eventuais irregularidades. 51 Manual de orientações técnicas da atividade de auditoria interna governamental do Poder Executivo Federal.
Brasília: CGU, 2017.
64
Com relação a autoavaliação em relação a atividade de controle interno das UCI’s, as
sentenças analisadas foram: primeira - analiso todos os processos relativos à despesa
pública, bem como aos atos de gestão que ocasionam direitos e vantagens a servidores do
órgão ou entidade da qual a UCI faz parte -, segunda - analiso os processos de forma
ordenada, confrontando as informações contidas no processo com as normas e procedimentos
pertinentes aos controles internos e externos - e terceira - na análise da licitação, sempre
verifico a consistência das informações contidas no termo de referência, no parecer jurídico e
nos orçamentos dos processos de despesa pública -52.
A respeito da primeira sentença, 51% dos integrantes das UCI’s afirmaram analisar
todos os processos. Com base na tabela 18, os grupos terceiro (46,81%) e quarto (41,67%) se
destacaram porque apresentaram, respectivamente, o maior e o menor percentual de
concordância da sentença53. Esse resultado contraria o disposto no inciso IX do art. 1º da
instrução normativa nº 02/2018 da CONTROL/RN:
Analisar todo e qualquer processo que trate sobre direitos e vantagens
atribuídas aos servidores públicos estaduais da administração direta,
autárquica e fundacional e de contratação de despesa pública realizada por
parte dos órgãos da Administração Direta, Autárquica e Fundacional.
Assim, depreende-se que há uma baixa aderência das unidades de controle ao inciso
mencionado anteriormente.
Tabela 18 - Percentual de resposta concordo por grupo
QUESTÕES PRIMEIRO SEGUNDO TERCEIRO QUARTO
15 42,86% 63,16% 46,81% 41,67%
16 46,43% 63,16% 61,70% 50,00%
17 50,00% 63,16% 46,81% 50,00%
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
No que diz respeito a segunda sentença (questão 16 da tabela 18), 58% dos membros
das unidades de controle afirmaram analisar os processos de forma ordenada, confrontando as
informações contidas no processo com as normas e procedimentos pertinentes aos controles
internos e externos.
52 As sentenças primeira, segunda e terceira correspondem as questões 15, 16 e 17 do questionário,
respectivamente. 53 Apesar de constar na tabela o grupo segundo, ele foi considerado um outlier e, portanto, excluído da descrição
da análise. Isso ocorreu porque a quantidade de respostas na mesma alternativa foi igual para as questões 15, 16
e 17. Vale destacar que se trata de questão Likert.
65
A partir dos dados da tabela 18, observou-se que os grupos primeiro (46,43%) e
terceiro (61,70%) se destacaram, visto que apresentaram, respectivamente, o menor e o maior
percentual de concordância da sentença.
Esses resultados apontam para a necessidade de melhorar a aderência das unidades
de controle neste quesito, visto que contrariam o disposto no inciso X do art. 1º da instrução
normativa nº 02/2018 da CONTROL/RN:
Proceder com a auditoria de conformidade dos procedimentos de despesa,
examinando sua documentação, formalização processual e a regularidade da
aplicação dos recursos orçamentários, tudo de conformidade com as normas
e procedimentos dos controles interno e externo.
Em relação a terceira sentença (questão 17 da tabela 18), 54% dos integrantes das
UCI’s afirmaram que verificam a consistência das informações contidas no termo de
referência, no parecer jurídico e nos orçamentos dos processos de despesa pública.
Com base nos dados da tabela 18, observou-se que o terceiro grupo (46,81%)
apresentou o menor percentual de concordância da sentença. Ademais, percebeu-se também
que apenas a metade (50%) dos respondentes dos outros grupos conferem a consistência das
informações contidas nos processos de despesa pública54.
Esses resultados apontam para deficiências na execução dos trabalhos de controle
interno avaliativo, decorrentes de habilidades profissionais precárias dos integrantes das
UCI’s. Ademais, essas não conferências das informações sinalizam para uma baixa aderência
das unidades de controle aos incisos IX e X do art. 1º da instrução normativa nº 02/2018 da
CONTROL/RN55.
4.1.5 Nível de Aderência Global por UCI
A classificação das unidades de controle do Poder Executivo do Rio Grande do Norte
por nível de aderência global buscou responder ao problema de pesquisa formulado para o
desenvolvimento deste estudo.
Nessa perspectiva, os resultados do estudo propiciaram a mensuração do nível de
aderência das estruturas de governança por unidade de controle interno avaliativo, que
derivou na qualificação de 19 UCI’s no nível INICIAL e 36 no BÁSICO, conforme tabela 13.
54 O grupo segundo foi considerado um outlier. 55 O texto desses incisos foi transcrito anteriormente.
66
Tabela 19 - Relação das UCI’s por níveis de aderência
Nº UCI's LIDERANÇA ESTRATÉGIA CONTROLE GLOBAL INTERPRETAÇÃO
1 ARSEP 22,67 16,87 27,67 22,40 BÁSICO
2 CBM 29,00 13,80 26,00 22,93 BÁSICO
3 CEASA 25,00 17,40 27,00 23,13 BÁSICO
4 CEHAB 19,00 18,20 31,00 22,73 BÁSICO
5 CONTROL 25,00 17,00 29,00 23,67 BÁSICO
6 DATANORTE 27,00 16,07 27,67 23,58 BÁSICO
7 DEI 14,33 15,60 25,33 18,42 INICIAL
8 DER 21,33 17,73 28,67 22,58 BÁSICO
9 DETRAN 21,33 11,93 19,67 17,64 INICIAL
10 EMATER 22,33 15,33 19,33 19,00 INICIAL
11 EMGERN 20,00 14,80 28,00 20,93 BÁSICO
12 EMPARN 14,00 16,60 28,00 19,53 INICIAL
13 FAPERN 27,00 13,40 15,00 18,47 INICIAL
14 FJA 22,50 14,47 26,33 21,10 BÁSICO
15 FUNDASE 19,00 14,73 20,33 18,02 INICIAL
16 GAC 22,33 15,93 23,00 20,42 BÁSICO
17 GVG 24,50 16,00 24,50 21,67 BÁSICO
18 Hosp. Alfredo Mesquita/Macaíba 25,00 14,47 26,00 21,82 BÁSICO
19 Hosp. Deoclécio Marques/Parnamirim 27,00 13,60 21,00 20,53 BÁSICO
20 Hosp. Gizelda Trigueiro 19,50 11,10 17,00 15,87 INICIAL
21 Hosp. João Machado 23,50 15,00 26,50 21,67 BÁSICO
22 Hosp. Maria Alice Fernandes 18,50 13,50 20,50 17,50 INICIAL
23 Hosp. Mons. Walfredo Gurgel 27,00 10,20 20,00 19,07 INICIAL
24 Hosp. Nelson Inácio/Assú 26,50 17,00 25,50 23,00 BÁSICO
25 Hosp. Regional de São Paulo do Potengi 22,00 13,60 25,00 20,20 BÁSICO
67
Nº UCI's LIDERANÇA ESTRATÉGIA CONTROLE GLOBAL INTERPRETAÇÃO
26 Hosp. Sta. Catarina 30,00 14,60 26,00 23,53 BÁSICO
27 Hosp. Dr. Cleodon Carlos de Andrade/Pau dos Ferros 28,00 15,80 24,50 22,77 BÁSICO
28 Hosp. Monsenhor Antônio Barros/ São José de Mipibu 26,00 13,40 23,00 20,80 BÁSICO
29 Hosp. Rafael Fernandes 23,00 11,33 23,00 19,11 INICIAL
30 Hosp. Regional do Seridó 26,00 17,00 26,50 23,17 BÁSICO
31 IDEMA 24,00 14,70 30,25 22,98 BÁSICO
32 IDIARN 20,00 16,00 28,00 21,33 BÁSICO
33 IGARN 27,00 15,40 26,00 22,80 BÁSICO
34 IPEM 21,00 15,00 19,00 18,33 INICIAL
35 IPERN 24,89 14,82 23,44 21,05 BÁSICO
36 ITEP 22,00 11,73 28,00 20,58 BÁSICO
37 JUCERN 23,33 13,33 22,50 19,72 INICIAL
38 LACEN 25,00 13,53 21,33 19,95 INICIAL
39 PC 15,75 13,10 21,25 16,70 INICIAL
40 PGE 19,67 16,07 26,00 20,58 BÁSICO
41 PM 22,50 15,40 24,50 20,80 BÁSICO
42 SAPE 25,50 15,40 25,00 21,97 BÁSICO
43 SEARA 13,00 4,40 19,00 12,13 INICIAL
44 SEARH 28,00 16,50 30,50 25,00 BÁSICO
45 SEEC 18,75 14,05 25,25 19,35 INICIAL
46 SEEC/FEE 19,00 15,96 18,80 17,92 INICIAL
47 SEJUC 27,00 13,53 20,00 20,18 BÁSICO
48 SEMARH 16,00 9,80 23,00 16,27 INICIAL
49 SEPLAN 11,33 13,73 28,00 17,69 INICIAL
50 SESAP 24,75 14,65 23,75 21,05 BÁSICO
51 SESED 21,67 13,27 26,00 20,31 BÁSICO
52 SET 25,00 14,70 21,00 20,23 BÁSICO
68
Nº UCI's LIDERANÇA ESTRATÉGIA CONTROLE GLOBAL INTERPRETAÇÃO
53 SIN 23,33 15,77 27,83 22,31 BÁSICO
54 UERN 28,50 15,50 27,00 23,67 BÁSICO
55 VI URSAP/Pau dos Ferros 30,00 14,20 28,00 24,07 BÁSICO
Fonte: Pesquisa de campo (2019).
69
A partir do quadro 11, depreende-se que nas UCI’s cuja classificação tenham sido
nível de aderência INICIAL, os profissionais possuem habilidades precárias, uma vez que
executam auditorias de conformidade bem como análises orçamentária, financeira e
patrimonial com imperícias. Ademais, nestas unidades as boas práticas não são formalizadas.
No entanto, elas são documentadas, apesar de serem de forma precária.
Já em relação as unidades de controle com nível de aderência Básico, os
profissionais possuem habilidades deficientes. Eles realizam auditorias de conformidade de
forma adequada, porém, não possuem habilidades para fazer análises orçamentária, financeira
e patrimonial de forma adequada. Adicionalmente, as boas práticas não são formalizadas,
porém elas se encontram documentadas, no mínimo, na forma de checklist.
Por fim, a partir da análise dos resultados das dimensões: socioeconômica, liderança,
estratégia e controle, observou-se a necessidade de aperfeiçoamento das estruturas de
governança das unidades de controle interno do Poder Executivo do Rio Grande do Norte.
Uma das possíveis alternativas seria a implantação de um programa de garantia de
qualidade e melhoria direcionado para as unidades de controle interno avaliativo56, com foco
no aprimoramento dos processos de governança dessas unidades, na instituição de Código de
Ética, bem como na implementação de ações voltadas para o desenvolvimento de boas
práticas profissionais, via capacitação dos integrantes das UCI’s, com a finalidade de dotá-los
de conhecimento, habilidades e outras competências requeridas para o desempenho eficaz das
atividades de controle interno avaliativo.
56 As normas profissionais do IIA (2017), assim como a instrução normativa nº 03/2017 da CGU recomendam a
implantação de Programas de Garantia de Qualidade e Melhoria direcionado para as auditorias internas
governamentais.
70
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo teve por objetivo geral investigar e avaliar a aderência das estruturas de
governança das UCI’s do Poder Executivo do Rio Grande do Norte à luz das boas práticas de
governança no setor público, sobretudo as contidas na Lei Complementar Estadual nº
638/2018, Instrução Normativa nº 02/2018 da CONTROL/RN e normas profissionais do IIA,
a partir do modelo de avaliação da governança em órgãos e entidades da administração
pública, elaborado pelo TCU (2014) 57.
No tocante a investigação, a análise dos resultados pelas dimensões - liderança,
estratégia e controle – apontou que há fragilidades nas estruturas de governança das UCI’s
que comprometem não só a independência e a objetividade dos integrantes dessas unidades de
controle, como também a atividade de controle interno avaliativo.
Nesse sentido, observou-se que há uma quantidade expressiva de presidentes dessas
unidades de controle que não possuem acesso direto e irrestrito ao responsável pelo
órgão/entidade. Ademais, a existência não só de conflitos de interesses decorrente da análise
de processos nas circunstâncias em que o analista deveria se declarar impedido ou suspeito,
como também de interferências na emissão da opinião técnica, durante o exercício dos
trabalhos de controle interno avaliativo.
Soma-se a isso, o não cumprimento de dispositivos da Instrução Normativa nº
02/2018 da CONTROL/RN, notadamente, os incisos VI, VII, VIII, IX, X e XIII do artigo 1º,
bem como da lei complementar estadual nº 638/2018, sobretudo o art. 3º inciso III e art. 24
inciso II.
Observou-se também a existência de habilidades profissionais precárias dos
integrantes das unidades de controle interno, especialmente dificuldades em não só evidenciar
formalmente, de maneira coerente e concisa, as irregularidades, o amparo legal (norma
violada), a evidência (achado) e a recomendação (sugestão de soluções), como também saber
fazer auditorias na prática. Corrobora com isso, o fato de que a maioria dos membros das
UCI’s afirmou que o parecer da unidade de controle não é utilizado como instrumento de
apoio a tomada de decisão pelo gestor público do órgão/entidade.
Com relação a avaliação, os resultados do estudo possibilitaram mensurar o nível de
aderência das estruturas de governança por unidade de controle interno avaliativo, que
derivou na qualificação de 19 UCI’s no nível Inicial e 36 no Básico, conforme tabela 13.
57 Com adaptações a realidade do Sistema Integrado de Controle Interno do Poder Executivo do Rio Grande do
Norte.
71
Com relação às limitações do estudo, destacam-se as dificuldades operacionais no
tocante à aplicação do questionário. Após pré-teste, o questionário foi aplicado fisicamente
durante a reunião técnica entre UCI’s e CONTROL/RN realizada no dia 20/05/2019 no
miniauditório da escola de governo do Estado. Contudo, parte dos presidentes respondeu
durante as palestras e outra parte no término do evento. Isso, por sua vez, acarretou a entrega
de questionário com uma quantidade expressiva de perguntas sem resposta, bem como nas
questões Likert a marcação de todas as afirmações em apenas uma coluna.
Diante desse fato, optou-se por fazer o questionário online (Google Forms) e
escolher três influenciadores digitais, com a responsabilidade de incentivar os integrantes das
UCI’s a responderem o questionário online. Assim, em termos práticos, 142 integrantes
responderam ao questionário, com todas as perguntas preenchidas e nas questões Likert,
marcação de respostas em colunas distintas. Enquanto na aplicação física, foram apenas 42
questionários respondidos. Vale destacar que esses questionários físicos foram descartados e
os integrantes que responderam esses questionários, responderam ao questionário online.
A respeito de sugestões para pesquisas futuras, recomenda-se replicar o estudo, com
as devidas adaptações, em estados e municípios que possuem estrutura organizacional
semelhante com a do Poder Executivo do Rio Grande do Norte. Ademais, pode-se também
investigar a aderência das auditorias internas governamentais (AUDIN) do Governo Federal à
luz das boas práticas de governança, contidas na IN nº. 03/2017 da CGU, e as emanadas das
normas internacionais do IIA. Por fim, propõe-se também analisar os principais fatores que
determinam o nível de aderência das unidades de controle às boas práticas de governança
pública.
72
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75
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procedimento para a elaboração dos Relatórios de Auditoria que integrarão as Contas de
Gestão, na forma da Resolução nº 0012/2016 – TCE e suas alterações e dá outras
providências. Legislação Brasileira. Disponível em: http://www.control.rn.gov.br. Acesso em:
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________. Decreto nº 20.865, de 17 de dezembro de 2008. Regulamenta as Comissões de
Controle Interno da Administração do Estado do Rio Grande do Norte e dá outras
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________. Decreto nº 25.059, de 31 de março de 2015. Altera o art. 3º e revoga o art. 4º, § 5º,
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Disponível em: http://www.control.rn.gov.br. Acesso em: 10/01/2019.
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competência das Unidades de Controle Interno dos Órgãos e Entidades do Poder Executivo e
dá outras providências. Legislação Brasileira. Disponível em: http://www.control.rn.gov.br.
Acesso em: 10/01/2019.
76
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Financeira e Orçamentária do Estado e dos Municípios e dá outras providências. Legislação
Brasileira. Disponível em:
http://www.tce.rn.gov.br/as/download/Legislacao/Lei_Comlementar_Estadual_4041_1971.pd
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________. Lei complementar nº 150, de 09 de janeiro de 1997. Institui o Sistema Integrado de
Controle Interno do Poder Executivo, cria e organiza a Controladoria Geral do Estado e dá
outras providências. Legislação Brasileira. Disponível em: http://www.control.rn.gov.br.
Acesso em: 10/01/2019.
________. Lei Complementar nº 157, de 23 de dezembro de 1997. Altera disposições da Lei
Complementar nº 150, de 09 de janeiro de 1997, e dá outras providências. Legislação
Brasileira. Disponível em: http://www.control.rn.gov.br. Acesso em: 10/01/2019.
________. Lei Complementar nº 638, de 28 de junho de 2018. Dispõe sobre o Sistema
Integrado de Controle Interno do Poder Executivo do Rio Grande do Norte, cria as atividades
de Ouvidoria e Corregedoria, no âmbito da Controladoria-Geral do Estado, altera as Leis
Complementares Estaduais nº 163, de 5 de fevereiro de 1999, nº 420, de 31 de março de 2010,
e nº 430, de 1º de julho de 2010, e dá outras providências. Legislação Brasileira. Disponível
em: http://www.control.rn.gov.br. Acesso em: 10/01/2019.
SLOMSKI, Valmor. Controladoria e Governança na Gestão Pública. 1ª ed. – 3. Reimpresso.
São Paulo: Atlas, 2009.
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Profissional de Auditoria Interna. 2017. Disponível em:
https://iiabrasil.org.br//ippf/normas-internacionais. Acesso em: 10/01/2019.
77
APÊNDICE A – Diagnóstico das UCI’s - 2019
1. Órgão/Entidade
LIDERANÇA
2. Em sua opinião, o presidente da UCI tem acesso direto e irrestrito ao responsável pelo
órgão/entidade? NÃO SIM
Como você se avalia em relação a: competências pessoais, princípios e comportamento
profissional. (Marque com X na coluna respectiva conforme a legenda: 1 = discordo
totalmente; 2 = discordo; 3 = nem concordo nem discordo;
4 = concordo; 5 = concordo totalmente)
1 2 3 4 5
3. Abstenho-me de analisar processos que envolvam diretamente familiares, amigos
íntimos ou inimigos meus
4. Não sofro interferências para alterar minha opinião acerca dos resultados da análise que
fiz
5. Tenho livre acesso aos documentos necessários para execução dos meus trabalhos
6. Em sua opinião, você possui o conhecimento necessário para desempenhar os trabalhos
na UCI? NÃO SIM
7. A UCI encaminha relatórios de atividade à CONTROL mensalmente? NÃO SIM
ESTRATÉGIA
8. Na sua opinião, o parecer da UCI é um instrumento de apoio a tomada de decisão do gestor público do seu
órgão/entidade? (gestor público: secretários, chefias dos setores financeiro, contratos)
(0) Não.
(1) Não, porém ele já foi utilizado em reunião para decidir sobre ações/atividades a serem tomadas no âmbito de um
processo.
(2) Sim, o gestor lê o parecer e faz as correções no processo. No entanto, os mesmos erros voltam a se repetir em
outros processos e/ou no mesmo processo, futuramente.
(3) Sim, ele é utilizado como fonte para a tomada de decisão referente a: racionalização dos processos, modificação
de fluxo processual, criação de modelos, lista de documentos necessários para compor o processo.
Como você se avalia no tocante as práticas profissionais para realizar análises
financeira, orçamentária e patrimonial. (Marque com X na coluna respectiva conforme a
legenda: 1 = discordo totalmente; 2 = discordo; 3 = nem concordo nem discordo; 4 =
concordo; 5 = concordo totalmente)
1 2 3 4 5
9. Uso checklist (lista de verificação) para analisar os processos.
10. Escrevo os procedimentos usados para analisar o processo e os arquivos no
computador.
11. Monitoro o cumprimento das recomendações contidas no parecer da UCI.
78
12. Quando você possui dúvidas técnicas para analisar determinado processo, qual(is) sua(s) fonte(s) de
informação(ões)? (PODE MARCAR MAIS DE UMA ALTERNATIVA)
(1) Colega de trabalho (3) CONTROL/RN (5) Internet
(2) Grupo do WhatsApp (4) Manual de procedimentos
CONTROLE
13. Na sua opinião, a UCI de sua lotação realiza o monitoramento da execução das
recomendações dos órgãos de controle interno e externo? (ministério público, CONTROL,
TCE, TCU)
NÃO SIM
14. Na sua opinião, a UCI verifica se o órgão/entidade está observando as normas do
TCE/RN referente a ordem cronológica de forma adequada? NÃO SIM
Como você se avalia em relação a atividade de controle interno avaliativo. (Marque com X
na coluna respectiva conforme a legenda: 1 = discordo totalmente; 2 = discordo; 3 = nem
concordo nem discordo; 4 = concordo; 5 = concordo totalmente)
1 2 3 4 5
15. Analiso todos os processos relativos à despesa pública, bem como aos atos de gestão
que ocasionam direitos e vantagens a servidores do órgão ou entidade da qual a UCI faz
parte.
16. Analiso os processos de forma ordenada, confrontando as informações contidas no
processo com as normas e procedimentos pertinentes aos controles internos e externos.
17. Na análise da licitação, sempre verifico a consistência das informações contidas no
termo de referência, no parecer jurídico e nos orçamentos dos processos de despesa
pública.
18. As atividades da UCI devem observar práticas profissionais direcionadas para a melhoria da qualidade do
exercício de controle interno avaliativo. Assim, uma prática recomendável seria evidenciar formalmente, de
maneira coerente e concisa, as irregularidades, o amparo legal (norma violada), a evidência (achado) e a
recomendação (sugestão de soluções).
(0) Não adoto essa prática.
(1) Não a adoto na integralidade porque há situações nas quais não traço, coerentemente, a relação da evidência com
a recomendação ou da evidência com a norma violada, por exemplo.
(2) Procuro adotar essa prática nos processos que analiso. No entanto, há situações em que tenho dificuldades em
evidenciar as recomendações, por exemplo.
(3) Adoto essa prática na integralidade.
19. O Relatório de Auditoria do Controle Interno que integra as Contas de Gestão Anual do responsável pelo
órgão/entidade é um instrumento avaliativo da gestão pública, que contempla a execução de auditorias ao
longo do ano pela UCI. Os membros da UCI devem dominar as boas práticas profissionais necessárias para
realizar as auditorias de: conformidade, execução orçamentária-financeira, controle patrimonial, bem como de
pessoal. Como você se avalia em relação a essas práticas profissionais?
(0) Não domino essas práticas profissionais.
79
(1) Não domino elas na integralidade, porém faço com habilidade adequada auditorias de conformidade ou de
controle patrimonial, por exemplo.
(2) Conheço as práticas profissionais para realizar auditorias. No entanto, possuo dificuldades em como fazê-las.
(3) Domino essas práticas na integralidade porque realizo as auditorias de forma adequada.
SOCIOECONÔMICA
20. Respondente (1) presidente (2) membro 21. Gênero (1) masculino (2) feminino
22. Ano de Nascimento: 23. Ano de ingresso na UCI:
24. Escolaridade (escolher o último grau obtido) (1) ensino médio (3) especialização
(5) doutorado (2) graduação (4) mestrado
25. Se possui graduação, qual o curso? (se
possuir mais de uma graduação, favor escolher a
principal, na sua opinião)
(1) direito (3) administração
(2) contabilidade (4) Outra. Qual?
26. Se possui especialização, qual a área? (se
possuir mais de uma especialização, favor
escolher a principal, na sua opinião)
(1) direito (3) gestão de pessoas
(2) gestão pública (4) Outra. Qual?
27. Se possui mestrado, qual a área? (se possuir
mais de um mestrado, favor escolher o principal,
na sua opinião)
(1) direito (3) administração
(2) contabilidade (4) Outro. Qual?
28. Se possui doutorado, qual a área? (se possuir mais de um doutorado, favor escolher o principal, na sua
opinião):
29. Em 2018, você fez alguma capacitação de atualização profissional? (cursos, oficinas,
palestras, seminários) NÃO SIM
30. Se sim, cite o tema da principal capacitação, na sua opinião:
31. Em 2019, você gostaria de ser capacitado em (cite um tema):
32. Vínculo atual com o
Estado
(1) servidor efetivo (2) servidor
inativo/aposentado
(3) comissionado (4) Outro. Qual?
33. Você trabalha exclusivamente na UCI? NÃO SIM
34. Em sua opinião, a quantidade de membros da sua UCI é adequada ao volume de trabalho? NÃO SIM
35. Na sua opinião, o que pode ser melhorado na UCI?