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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA LEÔNIDAS DE OLIVEIRA NETO SARCOPENIA E INFLAMM-AGING: PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS NATAL RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

LEÔNIDAS DE OLIVEIRA NETO

SARCOPENIA E INFLAMM-AGING: PREVALÊNCIA E FATORES

ASSOCIADOS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

NATAL – RN 2017

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Leônidas de Oliveira Neto

SARCOPENIA E INFLAMM-AGING: PREVALÊNCIA E FATORES

ASSOCIADOS EM IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

Tese apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Saúde Coletiva para

obtenção do título de Doutor em Saúde

Coletiva.

Orientador: Profº Dr Kenio Costa Lima

NATAL – RN 2017

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DEDICATÓRIA

Dedico esta tese à minha mãe, Soraia Cristina da Silva, que me ensinou com o

exemplo. Sempre acreditou que a educação tinha o poder de mudar o mundo.

Certamente mudou o meu e espero mudar o de muitos outros alunos.

Ao meu irmão/pai, Fabricio Leonardo Marrocos, que me ensinou que apesar

das incertezas da vida, a determinação deverá ser o combustível para qualquer uma de

nossas escolhas. Ao meu irmão “caçula”, Paulo de Oliveira Segundo, jamais esquecerei

que aprendi com você que a humildade é a maior sabedoria.

Dedico este trabalho ao meu filho, Miguel Lucas Sanches de Oliveira. Apesar

dele ainda ser muito novo para entender sua importância neste processo, faço questão

de guardar todas as dedicatórias que venho fazendo a ele durante todo o meu

percurso acadêmico, desde a graduação até este momento. Ele moldou o homem que

sou hoje. Os medos e angústias de errar enquanto pai, me permitiram amadurecer o

que certamente não conseguiria sozinho. Sua ausência em meu dia-dia me fez carregar

a responsabilidade de ser professor como algo paternal, enxergando em cada aluno

um filho, em cada mensagem passada em sala um conselho de um pai.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus familiares que sempre apoiaram as minhas escolhas e entendiam

minha ausência. Sou muito feliz de tê-los todos como minha família.

Ao meu orientador, Prof. Kenio Costa Lima. Um cara acima da média, de

grande caráter, moral exemplar, idoneidade nas atitudes, senso de justiça nas decisões

e que carrega uma vontade incessante de ajudar ao próximo. Com seu lema “verdade

sempre, democracia às vezes", vivemos dois anos de parceria e orientação regada de

MUITO aprendizado. Uma pessoa que deixa de ser o meu orientador acadêmico e

ganha o papel de conselheiro para a vida. Um ser humano que me espelho

completamente no aspecto profissional, parcialmente no aspecto pessoal e de forma

alguma no aspecto emocional (Risos).

Ao Prof. André Luiz Silva Davim, meu primeiro orientador de iniciação

científica. Agradeço por acreditar no meu sonho desde o primeiro dia de aula.

À Prof. Patrícia Froes Meyer, minha orientadora de monografia que me encheu

de confiança para finalizar com chave de ouro a graduação em Fisioterapia.

Ao Prof. Alexandre Hideki Okano, por acreditar no meu potencial e me orientar

na graduação e mestrado em Educação Física.

Ao Prof. Hassan Mohamed Elsangedy, por me acolher e me nortear nas fases

finais do meu mestrado. Nossa história de amizade se junta com o de aluno-professor

e se tornam lembranças que guardo com muito carinho.

A todos os Professores do curso de Ed. Física (UFRN), Fisioterapia (UNIRN) e

Programas de Pós-graduação em Ed Física e de Saúde Coletiva. Tenho muito orgulho

de ter sido formado por cada um de vocês.

Aos amigos do Rugby, amigos da época escola, amigos de profissão, minha

companheira de todas as horas (Celina Guerra) e todos aqueles traídos pela minha

memória, que posso não ter mencionado aqui, mas sei que participaram de diversos

momentos e tantas histórias com intensidade suficiente para gerar uma lembrança

prazerosa da participação de vocês em minha jornada acadêmica. Obrigado a todos..

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RESUMO

Introdução: O diagnóstico da sarcopenia é restrito aqueles com boa capacidade física e

cognitiva, não sendo adaptado às condições dos idosos institucionalizados. Além disso,

apesar da perda de massa muscular ser determinante para seu diagnóstico, redução

associada de massa gorda tem sido observada na sarcopenia. Ademais, embora o estado

inflamatório seja considerado um gatilho da perda de massa muscular, a redução no

tecido adiposo tem sido associado à redução do estado inflamatório, concorrendo no

constructo teórico da associação entre inflamm-aging e sarcopenia. Objetivo: Discutir o

diagnóstico para sarcopenia em idosos institucionalizados e verificar a associação

entre inflamm-aging e sarcopenia, assim como analisar seus fatores

associados. Metodologia: Três estudos foram conduzidos em idosos de ambos os sexos,

residentes em instituições de longa permanência na cidade do Natal/RN. No estudo 1

(n=219) foi realizado uma adaptação do Consenso Europeu para Diagnóstico da

Sarcopenia (2010) agregando idosos com baixa capacidade física e cognitiva. No estudo

2 (n=219) foi verificado quais os fatores estão associados à sarcopenia. No estudo 3

(n=187) foi realizado análise de conglomerados de idosos segundo seu estado

inflamatório e verificado os fatores associados à esta condição. Resultados: Inclusão

de idosos com baixa condição física e cognitiva (estudo 1) acresceu em 32,2% a

prevalência de sarcopenia. No estudo 2, os fatores associados à sarcopenia foram altura

do joelho, eutrofia e excesso de peso (segundo IMC) e capacidade de deambular. No

estudo 3 foi possível verificar que aumento de 1 unidade µg/dL no LDL, HDL e

triglicerídeos apresentaram aumento de 1,5%, 4,1% e 0,9% a chance de inflamm-aging e

idosos longevos (≥80 anos) possuíram 84,9% mais de chance de inflamm-

aging. Conclusão: Inclusão de idosos com baixa capacidade física e cognitiva para

cálculo de sarcopenia é valida e representa de modo mais adequado os idosos

institucionalizados, apresentando o aspectos antropométricos e físicos como seus

principais fatores associados. Ademais, os indicadores bioquímicos e antropométricos

demonstraram relação da sarcopenia com desnutrição. Além disso, não foi observado

associação do inflamm-aging com sarcopenia, corroborando o constructo de que na

sarcopenia não ocorre perda seletiva da massa muscular.

Palavras-chave: Instituição de Longa Permanência para Idosos. Saúde do Idoso

Institucionalizado. Doença Crônica. Doenças Musculares. Citocinas. Sarcopenia.

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ABSTRACT

Introduction: The diagnosis of sarcopenia is restricted to those with good physical and

cognitive capacity, not being adapted to the conditions of the institutionalized elderly. In

addition, dispite the loss of muscle mass is determinant for its diagnosis, associated

reduction of fat mass has been observed in sarcopenia. Although the inflammatory state

is considered a trigger to loss of muscle mass, reduction in adipose tissue has been

associated with the reduction of the inflammatory state, competing in the theoretical

construct of the association between inflammation and sarcopenia. Objective: To

discuss the diagnosis of sarcopenia in institutionalized elderly patients and to verify the

association between inflammation and sarcopenia, as well as to analyze their associated

factors. Methodology: Three studies were conducted in elderly people of both sexes,

living in nursing homes in the city of Natal / RN. In study 1 (n = 219) an adaptation of

the European Consensus for Diagnosis of Sarcopenia (2010) was carried out, adding

elderly people with low physical and cognitive capacity. In study 2 (n = 219) it was

verified which factors are associated with sarcopenia. In study 3 (n = 187), the analysis

of elderly conglomerates according to their inflammatory state was performed and the

factors associated with this condition were verified. Results: Inclusion of elderly people

with low physical and cognitive status (study 1) increased the prevalence of sarcopenia

by 32.2%. In study 2, the factors associated with sarcopenia were knee height, eutrophy

and excess weight (according to BMI) and the ability to ambulate. In study 3 it was

possible to verify that increase of 1 unit μg / dL in LDL, HDL and triglycerides

presented a 1.5%, 4.1% and 0.9% increase in the chance of inflamm-aging and elderly

individuals (≥80 years ) had an 84.9% greater chance of inflammation. Conclusion:

Inclusion of elderly with low physical and cognitive capacity to calculate sarcopenia is

valid and represents more appropriately the institutionalized elderly, presenting the

anthropometric and physical aspects as their main associated factors. In addition, the

biochemical and anthropometric indicators demonstrated a relationship of sarcopenia

with malnutrition. In addition, no association of inflammation with sarcopenia was

observed, corroborating the construct that in sarcopenia there is no selective muscle

mass loss.

Key-words: Homes for the Aged. Health of Institutionalized Elderly. Chronic Disease.

Muscular Diseases. Cytokines. Sarcopenia

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Artigos encontrados no Pubmed através do descritor/palavra-chave “sarcopenia”, desde o primeiro artigo a utilizar o termo em 1989 até meados de março de 2017.....................................

21

Figura 2 – Figura 2- Representação esquemática adaptada de Kalinkovich & Livshits (2015) sobre os biomarcadores envolvidos no desenvolvimento da sarcopenia....................................................

24

Quadro 1– Distribuição das variáveis dependentes e independentes nos 3 estudos desenvolvidos..................................................................................

31

Figura 3 –

Organograma adaptado do Consenso Europeu (2010) para

definição e diagnóstico da Sarcopenia utilizando os critérios de

funcionalidade (velocidade de marcha), força (preensão manual) e

massa muscular

(perimetria)......................................................................................

35

Figura 4 – Representação esquemática da desassociação da sarcopenia com

o inflamm-aging e a influência da redução da massa magra e gorda

neste processo..................................................................

89

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACSM - American College of Sports Medicine

AGB - Área Gordurosa do Braço

AHA - The American Heart Association

AMB - Área Muscular do Braço

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AVD - Atividades de Vida Diária

BDNF - Brain Derived Neurotrofic Factor

BAS - Bioquímicas, Antropométricas e Sóciodemográficas

BMP - Proteína Óssea Morfogenética

CAF - Agrina C-Terminal

CEP/UFRN- Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte

Cm - Centímetro

CMB - Circunferência Muscular do Braço

DCNT - Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DCT - Dobra Cutânea Tricipital

DP - Desvio Padrão

EUA - Estados Unidos da América

FPM - Força de preensão manual

FST - Folistatina

g/Dl - Grama por decilitro

GDF-15 - Growth Differentiation Factor -15

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HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica

HDL - High Density Lipoprotein

IL-10 - Interleucina 10

IL-6 - Interleucina 6

ILPI - Instituições de Longa Permanência

IMC - Índice de Massa Corporal

IPAQ - Questionário Internacional de Atividade Física

IQR - Intervalo Inter-Quartil

JNM - Junção Neuromuscular

Kg - Quilograma

kg/m² - Quilograma por Metro Quadrado

LDL - Low Density Lipoprotein

MEEM - Mini-exame do Estado Mental

MG - Massa Gorda

mg/dL - Miligrama por Decilitro

MM - Massa Muscular

MT - Metalotioneínas

NAF - Nível de Atividade Física

OMS - Organização Mundial de Saúde

pg/ml - Pictogramas por Mililitro

PMB - Perímetro Muscular do Braço

sTnT - Insuficiência Contráctil de Ligação A Tropomiosina

TMR - Taxa Metabólica em Repouso

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TNF (FNT) - Tumor Necrose Factor (Fator de Necrose Tumoral)

ug/ml - Microgramas por Mililitro

Zn - Zinco

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 13

2 ESTADO DA ARTE..................................................................... 16

2.1 ENVELHECIMENTO.................................................................. 16

2.2 IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS............................................ 17

2.3 CONDIÇÃO SAÚDE-DOENÇA DOS IDOSOS............................. 18

2.4 SARCOPENIA............................................................................. 21

2.5 ESTADO INFLAMATÓRIO DOS IDOSOS.................................. 25

3 OBJETIVOS................................................................................. 30

3.1 OBJETIVO GERAL..................................................................... 30

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................... 30

4 METODOLOGIA......................................................................... 30

4.1 DELINEAMENTO DA TESE........................................................ 30

4.2 TIPO DE ESTUDO....................................................................... 32

4.3 VARIÁVEIS BIOQUÍMICAS....................................................... 32

4.4 VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS.............................................. 33

4.5 VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS....................................... 33

4.6 VARIÁVEIS DE AGRAVOS À SAÚDE....................................... 33

4.7 MENSURAÇÃO DA SARCOPENIA............................................. 34

4.8 MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM).......................... 35

4.9

5

ANÁLISES ESTATÍSTICAS.........................................................

RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................

35

36

5.1 CAPÍTULO 1............................................................................... 36

5.2 CAPÍTULO 2............................................................................... 49

5.3 CAPÍTULO 3.............................................................................. 66

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................... 86

REFERÊNCIAS......................................................................... 89

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ANEXOS.................................................................................... 99

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1 INTRODUÇÃO

O aumento da população idosa vem ocorrendo em decorrência do incremento na

expectativa de vida da população mundial. Como consequência desta mudança

demográfica, o Brasil vem se tornando um país cada vez mais envelhecido (SANTOS,

2010). Uma das características da população idosa é que ela passa por um processo de

readaptação fisiológica que altera a morfologia e as funções do organismo, dentre as

quais se destaca a mudança na composição corporal (BUFFA et al., 2011) e a redução

da capacidade funcional (MURABITO et al., 2008).

A sarcopenia é uma alteração morfológica da composição corporal do idoso, que

foi inicialmente caracterizada pela redução de sua massa magra (ROSENBERG, 1989).

Entretanto, recentemente tem sido defendido que a sarcopenia é caracterizada ainda pela

associação na redução de força e funcionalidade, visto que perda de massa muscular

interfere na autonomia do idoso, tornando a sarcopenia uma doença geriátrica que

impacta diretamente na capacidade funcional desta população (CRUZ-JENTOFT et al.,

2010a; FRIED et al., 2001).

Na busca por um diagnóstico apropriado à sarcopenia, o Grupo de Trabalho

Europeu sobre a Sarcopenia em Idosos (2010) recomenda avaliarmos a velocidade de

marcha, força de preensão manual e massa muscular, para que possa ser dado o

diagnóstico de sarcopenia. Entretanto, estes testes trazem uma limitação para estudos

em idosos com incapacidade de deambular ou com baixa condição cognitiva para

realização de testes de força e velocidade de marcha, pela dificuldade que estes idosos

encontram em responder ao comando do avaliador. Desta forma, impossibilita o

diagnóstico a uma grande parcela de idosos institucionalizados que possuem níveis

reduzidos de capacidade física e cognitiva (LIMA-COSTA, 2003). Neste sentido,

mostra-se necessário uma nova compreensão dos aspectos de análise da sarcopenia

através de uma metodologia que desenvolva uma maior sensibilidade na avaliação desta

doença a partir de critérios de elegibilidade menos discriminatórios para o diagnóstico

de sarcopenia.

Além disso, torna-se importante discutirmos o paradoxo da associação da

sarcopenia à perda de massa muscular, pois apesar dela ser utilizada para nortear o

constructo teórico para diagnóstico da sarcopenia, estudos recentes vêm demonstrando

que esta doença não interfere seletivamente na redução de massa muscular, como

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também ocasiona perda global de toda massa corporal (SERRA REXACH, 2006; HAN

et al., 2016). Isto se deve, pois além da deterioração do sistema musculo-esquelético,

durante o envelhecimento ocorre uma deterioração progressiva das células e

funcionamento de todos os demais órgãos (ELBAZ J P, 2000; OLIVEIRA;

NOGUEIRA-MACHADO; CHAVES, 2010).

Um dos processos chave para o entendimento desta deterioração das células e

funcionamento dos órgãos tem sido creditado à perda da imunidade adaptativa

(imunossenescência) e maior atividade do componente inato da imunidade, decorrente

de uma ação integrada do organismo no combate aos danos causados por este processo

de deterioração advindo do envelhecimento (SALMINEN et al., 2008). Estas alterações

estão sendo associadas à presença de um estado inflamatório crônico nos idosos,

também denominado inflamm-aging (XIA et al., 2016). Em condições normais, as

respostas inflamatórias desaparecem quando os fatores pró-inflamatórios presentes em

um tecido lesionado ou infecção são debelados, produzindo um estado sistêmico

equilibrado (NATHAN; DING, 2010). Porém, no inflamm-aging, estas respostas

inflamatórias não cessam, instaurando um estado inflamatório contínuo, observado pela

elevação na quantidade de citocinas inflamatórias presente em idosos com esta condição

sistêmica (XIA et al., 2016), responsáveis por desencadear diversas consequências

deletérias ao organismo (NATHAN; DING, 2010; BRÜÜNSGAARD; PEDERSEN,

2003).

Dentre estas consequências deletérias, evidências recentes têm relacionado que

citocinas inflamatórias (IL-6 e TNF- α) possuem função de mensageiros importantes no

metabolismo musculoesquelético, demonstrando uma forte associação entre a elevação

de seus níveis com a redução da massa muscular (CESARI et al., 2005; PAYETTE et

al., 2003; VISSER et al., 2002). Alteração do turnover de aminoácidos (ALEMÁN et

al., 2011), via redução da absorção de aminoácidos musculares essenciais (WARREN

et. al., 1987; PLOMGAARD et. al., 2005; PLOMGAARD et. al., 2007), são os

principais mecanismos propostos para elucidar os motivos pelos quais células

musculares são degradadas quando expostas a níveis elevados de citocinas inflamatórias

(GOODMAN et. al., 1994).

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Entretanto, apesar do aumento na biodisponibilidade de citocinas inflamatórias

deflagrados no inflamm-aging estar relacionado ao aumento na perda de massa

muscular (VISSER et al., 2002; ALEMÁN et al., 2011), a redução da massa gorda

possui relação com a redução na quantidade de citocinas inflamatórias (HALBERG;

WERNSTED; SCHERER, 2009; YE; MCGUINNESS, 2013). Desta forma, estas

resultantes antagônicas na relação da massa corporal para biodisponibilidade de

citocinas inflamatórias podem interferir no real efeito do inflamm-aging sobre a

sarcopenia. Assim, é imprescindível que se discuta a associação entre estes fatores numa

análise multifatorial para que possamos compreender o real efeito do aumento das

citocinas inflamatórias sobre a perda de massa e, consequentemente, sobre a sarcopenia.

Apesar de idosos institucionalizados serem uma população que apresenta piores

indicadores de condição saúde, com alta prevalência de sarcopenia (LIMA-COSTA;

BARRETO, 2003) e elevado estresse inflamatório (BAIERLE et al., 2015), pouco tem

sido estudado sobre a associação entre estas duas condições e quais são os fatores

associados à elas. Desta forma, o objetivo do estudo foi verificar a associação entre

inflamm-aging e sarcopenia, assim como verificar os determinantes bioquímicos,

sociodemográficos, antropométricos e de agravos à saúde nesta população. Além disso,

propomos discutir criteriosamente a base de cálculos para diagnóstico de sarcopenia em

idosos institucionalizados, como forma de verificar a prevalência na maior parcela de

residentes de ILPI.

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2 ESTADO DA ARTE

2.1 ENVELHECIMENTO

Envelhecer é um processo natural da vida que se caracteriza por mudanças

físicas, psicológicas e sociais que acometem de forma particular cada indivíduo com

sobrevida prolongada, ao qual denominamos como pessoas idosas. Como forma de

identificar a população que representa as alterações características do envelhecimento, a

Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu como tal um limite de 65 anos ou mais

de idade para os indivíduos de países desenvolvidos e 60 anos ou mais de idade para

indivíduos de países subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil (BELTRÃO, 2006;

CAMARANO; KANSO, 2004).

Desde o século passado que vinha sendo discutido que a expectativa de vida tem

aumentado no mundo inteiro e, associada à queda dos coeficientes de fecundidade e de

mortalidade, tem conduzido ao envelhecimento populacional, pelo aumento da

população de idosos (RAMOS; KALACHE; VERAS, 1987). Em consequência a estas

mudanças, desde a segunda metade do século XX, o Brasil vem deixando de ser um país

predominantemente jovem, iniciando um rápido e progressivo processo de

envelhecimento. Esta transição demográfica proporcionou diversas mudanças ao

cenário sociodemográfico brasileiro, associada à longevidade populacional, tais como a

diminuição do tamanho das famílias e diversificação dos arranjos sociais (SANTOS,

2010).

As marcas deste anunciado envelhecimento já podem ser vistas ao analisar a

representatividade do contingente populacional de idosos no Brasil. Este crescimento

vertiginoso da população idosa vem transformando o idoso no segmento populacional

que mais cresce no país (LIMA-COSTA, 2003). No ano 2000 a população idosa havia

aumentado 35%. Uma proporção de idosos que era de 4,0% da população brasileira no

ano de 1940, dobrou para 8,6% no ano de 2000, com uma estimativa para 2020 de 14%,

cerca de 30,9 milhões de idosos (BELTRÃO; CAMARANO; KANSO, 2004). Estima-

se ainda que em 2025, o Brasil deverá possuir a sexta maior população idosa do mundo,

com cerca de 32 milhões de pessoas com idade acima de 60 anos, representando uma

população de idosos maior do que crianças e adolescentes com idade inferior a 15 anos

em apenas 100 anos (IBGE, 2016). O formato, até então piramidal da estrutura etária de

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sua base, começou a desaparecer, anunciando um rápido processo de envelhecimento e

uma distribuição praticamente retangular no futuro (CARVALHO; RODRÍGUEZ-

WONG, 2008).

Uma acentuada redução da capacidade funcional para realização das atividades

de vida diária desta população, tem acompanhado as alterações demográficas na

população idosa (PEREIRA et al., 2017). Alta dependência funcional desta população

vem ocasionando o aumento da institucionalização destes idosos (DEL DUCA et al.,

2011), principalmente de idosos longevos (>80anos) que apresentam maior taxa de

dependência (MARENGONI et al., 2011). Por este motivo, diferenciar idosos

institucionalizados de não-institucionalizados, carrega também uma especificação das

características físico-funcionais deste subgrupo o que pode modificar as abordagens de

controle aos agravos de saúde, específicos à sua realidade.

2.2 IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

O envelhecimento associado à dependência funcional do idoso vem

desencadeando nos últimos anos, aumento na busca de rede de apoio social,

principalmente instituições de longa permanência (ILPIs) que auxiliam no cuidado do

idoso (NOGUEIRA et al., 2010). Associado à dependência do idoso, o atual contexto

cultural da estrutura familiar mudou. Houve uma redução na quantidade de membros

familiares com tempo disponível para permanecer em casa assistindo às necessidades

dos mais velhos. Assim, a percepção que se tem é de que o idoso acaba se tornando

como um “peso” maior para a família e mais propenso à institucionalização (PERLINI;

LEITE; FURINI, 2007).

Na normatização das ILPIs definida pela Resolução da Diretoria Colegiada da

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (RDC/ANVISA) nº 283, de 26 de setembro de

2005, estas instituições podem ser governamentais ou não, de caráter residencial

coletivo, com condições que permitam liberdade, dignidade e cidadania para pessoas

com 60 anos e mais, sendo indicadas a idosos dependentes ou independentes que

tenham ou não suporte familiar (BRASIL, 2005). Tais instituições devem promover a

qualidade de vida do idoso e, para isto, o serviço deve levar em consideração os níveis

de dependência e do estado mental do idoso para garantir sua funcionalidade

(GORZONI; FILHO, 2008; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2012).

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Os idosos residentes nas ILPIs são divididos segundo seu grau de capacidade:

(1) idosos independentes que necessitem ou não de órteses para auxílio, (2) idosos

independentes ou dependentes que necessitem de cuidados médicos ou de profissionais

da área da saúde e (3) idosos dependentes para pelo menos uma atividade da vida diária

(AVD) (WATANABE; DI GIOVANNI, 2009). Porém, em geral as ILPIs recebem

indivíduos em condição de alta dependência funcional, com diferentes morbidades,

cujos familiares não podem garantir os cuidados necessários (HALTER et al., 2008;

MENDONÇA; NETO; FRANCISCO, 2003). No Brasil, geralmente, as ILPIs, são

caracterizadas por casas inapropriadas e inadequadas às necessidades do idoso, não lhes

sendo ofertado assistência social, cuidados básicos de higiene e alimentação. Ademais,

esses locais vêm também a dificultar as relações interpessoais no contexto comunitário,

indispensáveis à manutenção da vida e construção de sua cidadania, pela redução do

acesso do idoso (sem responsável) aos ambientes externos às ILPIs. Na avaliação de

Camarano e Kanso (2010) o assistencialismo nas ILPIs, majoritariamente dependente de

ações voluntárias, portanto, muitas vezes efêmeras.

Desta forma, a qualidade de vida compreendida como a percepção do indivíduo

de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e

em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações, piora em idosos que

se encontram em ILPIs, a partir de diversos fatores, como isolamento social, redução da

rede de apoio, baixa escolarização e diminuição das oportunidades de atividades

mentais, físicas e de lazer (CARNEIRO et al., 2007). Desta forma, considerando os

aspectos observados nas ILPIs do Brasil, é determinante entendermos quais são as

condições de saúde-doença, características dos idosos, para pensarmos ações em saúde

específicas a esta população.

2.3 CONDIÇÃO SAÚDE-DOENÇA DOS IDOSOS

Além de representar uma grande parcela populacional, uma crescente preocupação

associada aos idosos está relacionada aos baixos indicadores de condição geral de

saúde, (ANDRADE et al., 2012), influenciado por patologias que afetam da condição

cognitiva (LEITE et al., 2012; OLIVEIRA et al., 2015) aos aspectos neuromotores

(CÉSAR et al., 2015; PENHA; PIÇARRO; BARROS NETO, 2012). Isto ocorre, pois o

envelhecimento é um processo inerente as alterações graduais em vários sistemas do

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corpo, trazendo consigo uma diminuição das aptidões funcionais, da mobilidade e da

independência para atividades de vida diária (CARVALHO; SOARES, 2016).

Esta redução da capacidade funcional está associada ao declínio na habilidade para

desempenhar as atividades da vida diária (AVD), sendo o estilo de vida sedentário um

dos fatores que mais influenciam na perda de independência dessa população, uma vez

que o sedentarismo acelera os processos fisiológicos decorrentes do envelhecimento

(DE ARAUJO SILVA et al., 2006). Dentre as principais preocupações relacionadas à

incapacidade física no idoso, destaca-se o risco de quedas, que vem crescendo com o

passar do tempo. Estima-se que cerca de 30% dos idosos ocidentais sofrem queda pelo

menos uma vez ao ano, representando altos custos sociais e de tratamento e esses custos

se elevam quando o idoso se institucionaliza (CHRISTOFOLETTI et al., 2006;

FABRÍCIO; RODRIGUES; DA COSTA, 2004; O’LOUGHLIN et al., 1993; RIZZO et

al., 1998).

A aptidão física parece se mostrar uma maneira eficaz e de um menor custo social

nesse combate, considerando que idosos que possuem maior nível de aptidão física

apresentam maior mobilidade e menor propensão a quedas. Esse fato pode ser resultante

da prática de exercício físico que parece promover melhoras significativas nas variáveis

resistência cardiovascular, força, flexibilidade e equilíbrio (MAZO et al., 2007). Além

disso, as alterações fisiológicas, tais como perda de densidade mineral óssea,

sarcopenia, concentração de tecido adiposo, mudanças psicossociais (diminuição da

sociabilidade, mudanças no controle emocional, baixa autoestima), decorrentes com o

envelhecimento, são determinadas pelo estilo de vida adotado na velhice e nas idades

pregressas, corroborando a necessidade da prática regular do exercício físico no

combate às alterações fisiológicas advindas do envelhecimento (BERLEZEZI et al.,

2006).

Vale lembrar que, associado às alterações anteriormente mencionadas, também

observamos no idoso uma maior prevalência de doenças crônicas não transmissíveis

(DCNT), dentre as quais destacam-se as doenças osteoarticulares, a hipertensão arterial

sistêmica (HAS), as doenças cardiovasculares, o diabetes mellitus, as doenças

cerebrovasculares e o câncer, sendo estas bastante relacionadas a uma diminuição na

capacidade funcional dos idosos. Além disso, as DCNT respondem atualmente por

66,3% da prevalência de doença em pessoas a partir de 60 anos, enquanto as doenças

infecciosas por 23,5%, e causas externas por 10,2% (CAMPOLINA et al., 2013).

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No que diz respeito às alterações no sistema neuropsicológico dos idosos, vem

sendo observado um declínio das funções cognitivas decorrente do processo natural de

envelhecimento, que também interfere diretamente nas atividades da vida diária do

idoso (LEITE et al., 2012), estando o baixo funcionamento cognitivo associado com

fragilidade no idoso (MACUCO et al., 2012; RAJI et al., 2010).

Apesar das doenças comuns dos idosos serem em grande maioria crônicas e

múltiplas, durarem vários anos, exigindo cuidados permanentes, medicamentos e

exames periódicos (FILHO; RAMOS, 1999), não se deve associar sempre o idoso a

uma pessoa “doente”, uma vez que a perda da capacidade funcional pode ocorrer de

forma progressiva, sendo esta decorrente do processo natural de envelhecimento

(senescência) (BRASIL, 2006).

O maior desafio à atenção à pessoa idosa é conseguir contribuir para que, apesar

das progressivas limitações que possam ocorrer, elas possam redescobrir possibilidades

de viver sua própria vida com a máxima qualidade possível. Essa possibilidade aumenta

na medida em que a sociedade considera o contexto familiar e social e consegue

reconhecer as potencialidades e o valor das pessoas idosas. Portanto, parte das

dificuldades das pessoas idosas está mais relacionada a uma cultura que as desvaloriza e

limita (BRASIL, 2006).

A incapacidade funcional vem sendo caracterizada como a dificuldade de realizar

atividades cotidianas de forma independente. A progressão dessas limitações acaba por

restringir a independência do indivíduo, sendo a diminuição gradual da força muscular

um dos principais fatores responsável pelo problema (SHEPARD, 2003). Mais

recentemente, foi definido que o indivíduo no processo de envelhecimento tem uma

diminuição nas suas funções em virtude da soma de três fatores: sarcopenia,

desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica (SANTOS, 2010).

Apesar da crescente populacional de idosos no Brasil, estudos sobre seus

desfechos de saúde não vem ascendendo na mesma proporção e direção, tornando-se

um dos maiores desafios da saúde pública contemporânea, principalmente pela

necessidade de demanda por serviços de saúde específicos a esta população, associado à

escassez de recursos para uma demanda crescente, à maior utilização de serviços de

saúde, de procedimentos hospitalares e no tempo de ocupação do leito quando

comparado a outras faixas etárias. Nesse sentido, fica evidente a importância de

compreendermos os fatores determinantes para perda funcional do idoso, assim como

estratégias de busca de elucidá-los (PERRACINI; RAMOS, 2002).

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2.4 SARCOPENIA

As alterações ocorridas na composição corporal estão diretamente relacionadas

com a redução da capacidade funcional de indivíduos mais velhos, porém, não está bem

estabelecido na literatura qual dos componentes da composição corporal é o mais

determinante na capacidade funcional dos idosos (BUFFA et al., 2011; MURABITO et

al., 2008). Aumento da massa gorda (MG), assim como diminuição da massa muscular

(MM) representa um desafio para os profissionais de saúde, uma vez que necessitam

adequar suas ações visando retardar a perda de massa magra e o ganho de massa gorda

nos idosos, por constituir um fator de risco para diversas doenças (WEINHEIMER;

SANDS; CAMPBELLNURE, 2010).

O pesquisador Irwin Rosenberg (1989) foi pioneiro em desvendar a alteração da

composição corporal do idoso, quando observou uma redução em seu volume muscular.

Ele utilizou o termo "sarcopenia" (grego "sarx" ou carne + "penia" ou perda) para

descrever a diminuição da massa muscular ocorrida com o avançar da idade.

Considerando que a massa muscular diminui significativamente em pessoas idosas,

Baumgartner et al.(1998) em um estudo pioneiro em grandes bases populacionais,

observou a prevalência da sarcopenia em mais 800 idosos para demonstrar a associação

da sarcopenia com o envelhecimento, na qual foi observada uma prevalência de 13-24%

entre os idosos com 65-70 anos, enquanto aqueles com idade >80 anos apresentaram

uma prevalência superior a 50% de sarcopenia. Pela inexistência de consenso no

diagnóstico da sarcopenia, o autor definiu como a sarcopênicos aqueles com dois

desvios-padrões (DP) abaixo da média.

A sarcopenia pode ocorrer tanto no tamanho das fibras musculares de forma

individual, como no volume total de fibras, sendo que o processo ocorre principalmente

nas fibras musculares do tipo II (declínio de 20 a 50%), estas mais relacionadas à força

e à potência muscular (DE ARAUJO SILVA et al., 2006). Essas alterações decorrem da

troca de massa magra por tecido gorduroso e conjuntivo que ocorre com o

envelhecimento associado ao sedentarismo. Isso afeta a capacidade do músculo de

gerar potência, ocasionando a morte de células musculares ou até dificultando a

comunicação com o sistema nervoso, diminuindo a efetividade do comando neural,

gerando uma diminuição na função neuromuscular, o que pode resultar na incapacidade

e na perda da autonomia do idoso (FLECK; KRAEMER, 2006).

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Essa perda de massa muscular ligada ao envelhecimento leva a dificuldade na

recuperação da doença, prolongamento no tempo de hospitalização e incapacidade

funcional em longo prazo, necessitando de assistência diária. Ademais, a sarcopenia

conduz a uma redução na qualidade de vida e força, bem como a perda de

independência, que resulta em um risco aumentado para quedas e morte (DELMONICO

et al., 2007; GOODPASTER et al., 2006; JANSSEN et al., 2004a). Desde então, este

fenômeno tem sido cada vez mais estudado pela sua associação com a fraqueza no idoso

e ao seu declínio funcional (FRIED et al., 2001). Esta associação com a causa de

diversas limitações na população idosa culminou na publicação de mais de 4 mil artigos

sobre esta temática nos últimos 20 anos, datados até o final de Março de 2017 (Figura

1).

Figura 1 – Artigos encontrados no Pubmed através do descritor/palavra-chave

“sarcopenia”, desde o primeiro artigo a utilizar o termo em 1989 até meados de março

de 2017.

Apesar da simples caracterização na descrição da sarcopenia associando à perda de

massa muscular, o desdobramento deste termo na prática clínica desencadeou diversos

vieses de aferição desta condição no idoso. Isto ocorreu pois a massa muscular não

necessariamente representa uma perda de força que possa ser caracterizada como uma

fragilidade observada na sarcopenia, tornando a definição baseada apenas na avaliação

da perda de massa muscular, extremamente limitada para caracterizar todas as

alterações físicas e complicações funcionais observadas nesta condição

(GOODPASTER et al., 2006; JANSSEN et al., 2004b). A partir destas observações, a

definição para a sarcopenia tem utilizado como desfecho principal, a perda generalizada

de massa muscular esquelética e força que ocorre com o avanço da idade (MORLEY et

al., 2001), responsável por aumentar a incapacidade física, reduzir a qualidade de vida e

aumentar o risco de morte (DELMONICO et al., 2007; GOODPASTER et al., 2006).

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Publicações sobre "sarcopenia"

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Como forma de padronizar um critério diagnóstico para a sarcopenia, o Grupo de

Trabalho Europeu sobre a Sarcopenia em Idosos (2010) recomendou a utilização de

baixa massa muscular e baixa função muscular (força e velocidade) para o diagnóstico

de sarcopenia. No ano seguinte, o consenso internacional de sarcopenia com mobilidade

limitada consideraram sarcopênicos aqueles com velocidade da caminhada igual ou

menor que 1m/s ou que caminha menos que 400m durante 6 minutos, e que possuíam

índice de massa muscular apendicular com dois ou mais desvios padrão abaixo da

média de uma população saudável de 20-30 anos do mesmo grupo étnico (MORLEY et

al., 2011).

Alguns anos mais tarde foi criada uma ferramenta de triagem comunitária para

sarcopenia, que estabeleceu como critérios diagnósticos a dificuldade do idoso em

transportar peso, necessidade de assistência para caminhada entre cômodos, dificuldade

para transferência de cadeira para cama, limitação para subir degraus e além da

incidência de quedas, na qual mais de duas respostas positivas para estas perguntas

seriam suficientes para diagnosticar sarcopenia (WOO et.al. 2014). Em virtude da

relação da sarcopenia com diversos agravos à saúde do idoso, ela foi recentemente

classificada como uma doença através da Classificação Internacional de Doença (CID)

pelo código M62.84 (CAO; MORLEY., 2016).

A análise criteriosa sobre o método diagnóstico de sarcopenia é extremamente

importante não só para termos clareza dos aspectos conceituais sobre esta doença, mas

principalmente para definirmos de forma fidedigna a prevalência de sarcopenia na

população alvo que estamos estudando. Isto se torna imperativo no contexto atual,

principalmente porque os diagnósticos utilizados não consideram idosos com restrições

físicas e cognitivas na triagem diagnóstica da sarcopenia, Portanto, quando

consideramos instituições de longa permanência que trabalham com população com

diversas limitações físicas e cognitivas (LIMA-COSTA et. al. 2003) é extremamente

necessário a discussão sobre os aspectos conceituais desta doença.

A utilização dos modelos de avaliação diagnóstica da sarcopenia podem nos

fornecer subsídios adequados para observarmos a prevalência de uma doença e quando

esta prevalência atinge indicadores representativos para uma população, planos

estratégicos de ações de combate devem ser lançadas para que possa ser ofertado uma

atenção em saúde. Desta forma, a alteração no registro de prevalência de uma condição

de saúde impacta diretamente nas estratégias de saúde pública pensadas para seu

combate (BRASIL, 2013).

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Além disso, o entendimento dos fatores que desencadeiam a sarcopenia é

fundamental para o desenvolvimento de abordagens terapêuticas para seu controle, as

quais são extremamente necessárias, pois esta síndrome gera um gasto de cerca de US $

18,5 bilhões nos Estados Unidas (EUA), representando 1,5% do total das despesas com

saúde no país (JANSSEN et al., 2004). Considerando que massa muscular tem uma

relação importante com a mortalidade, abordagens terapêuticas que visem o

desenvolvimento da hipertrofia muscular também são fatores importantes para a

prevenção da sarcopenia (CANAVAN et al., 2009; HUI; RUBENSTEIN, 2006; LANDI

et al., 2007, 2010). Igualmente, a nutrição adequada, no que diz respeito a quantidades

de energia, proteínas e micronutrientes, como a vitamina D, são um requisito essencial

para abordagem em idosos institucionalizados, em termos de prevenção e tratamento da

sarcopenia (MORLEY et al., 2010; SLOANE et al., 2008).

A causa da sarcopenia é multifatorial, resultante de alterações no sistema

nervoso (perda de unidades motoras alfa), muscular (diminuição do volume), hormonais

(diminuição de hormônios anabolizantes, como testosterona, estrógeno e GH que

mantém o volume muscular), bem como o estilo de vida sedentário (SERRA REXACH,

2006). Existem vários mecanismos que podem estar envolvidos no início e progressão

da sarcopenia. Estes mecanismos envolvem, entre outros, o metabolismo protéico, a

integridade muscular e a quantidade de gordura muscular. Em um indivíduo

sarcopênico, a alteração de um ou mais destes fatores pode estar envolvida, e suas

contribuições para o desenvolvimento da sarcopenia podem variar ao longo do tempo.

(CRUZ-JENTOFT et al., 2010).

No desdobrar dos diversos estudos sobre a sarcopenia fica evidente a forte

influência na perda de massa muscular sobre a perda de força e funcionalidade do idoso

e consequentemente no diagnóstico da sarcopenia. (CRUZ-JENTOFT et al., 2010a; DE

ARAUJO SILVA et al., 2006; DELMONICO et al., 2007; GOODPASTER et al.,

2006).

Entretanto, no que diz respeitos aos principais fatores associados à sarcopenia os

determinantes bioquímicos vêm sendo discutidos como principais responsáveis para a

gênese desta doença, decorrente do desequilíbrio entre fatores de crescimento (i) e de

degradação (ii) da massa muscular (KALINKOVICH; LIVSHITS, 2015).

Principais fatores de crescimento (i): Folistatina (FST), proteína óssea

morfogenética (BMP), fator neutrófico derivado do cérebro (BDNF), atuam no

desenvolvimento e manutenção da massa muscular,

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Principais fatores de degradação da massa muscular (ii): fator de diferenciação-

15 (GDF-15), IL-6 presente nos casos de inflamação crônica de baixo grau (inflamm-

aging), disfunção na junção neuromuscular (JNM), e presença de agrina C-terminal

(CAF) na JNM, bem como aparecimento de insuficiência contráctil de ligação à

tropomiosina (sTnT) são mais susceptíveis de apresentarem os elementos-chave da

sarcopenia.

Desta forma, tem sido postulado que a análise do balanço negativo na

degradação da massa muscular também pode ser utilizado no diagnóstico precoce desta

doença (KALINKOVICH; LIVSHITS, 2015). Assim, além das perdas na capacidade

contráteis e metabólica do músculo esquelético, anormalidades endócrinas que afetam

todo o metabolismo do corpo, do sistema imunológico, incluindo inflamação sistêmica e

crônica de baixo grau (Inflamm-aging) tem sido incrementados como fatores

preponderantes no desfecho da sarcopenia como observado na Figura 1 (BEYER;

METS; BAUTMANS, 2012; FRANCESCHI et al., 2000; ILICH et al., 2014;

MARZETTI et al., 2013).

Figura 2- Representação esquemática adaptada de Kalinkovich & Livshits (2015) sobre os

biomarcadores envolvidos no desenvolvimento da sarcopenia.

Dentre os fatores responsáveis pelo desencadeamento da sarcopenia, o inflamm-

aging tem chamado atenção tanto pela sua influência na mudança sobre a perspectiva da

própria função do tecido muscular enquanto tecido endócrino, como pela sua

possibilidade de controlar a degradação/regeneração do próprio tecido muscular. Isto se

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deve à observação que o tecido muscular tem desempenhado o papel na produção de

citocinas inflamatórias (CATOIRE; KERSTEN, 2015; LAMBERND et al., 2012;

PEDERSEN; FEBBRAIO, 2012; PEDERSEN, 2013; RASCHKE; ECKEL, 2013). O

aumento na expressão destas citocinas inflamatórias pelo músculo têm mostrado estar

associado com a deficiência muscular, atuando em combinação com outras moléculas

para promover a redução da massa muscular (BRÜÜNSGAARD; PEDERSEN, 2003;

CATOIRE; KERSTEN, 2015; LIPPI; CERVELLIN, 2014). Entretanto, poucos são os

estudos que buscam verificar esta associação do estado inflamatório do idoso com a

sarcopenia.

2.5 ESTADO INFLAMATÓRIO DO IDOSO

O processo de envelhecimento é indiretamente controlado por uma rede de

mecanismos de defesa em nível celular e molecular (XIA et al., 2016). Dessa forma, é

observado um decréscimo na imunidade adaptativa (imunossenescência) e maior

atividade do componente inato da imunidade, como resultado de uma ação integrada do

organismo no combate a danos de causa maligna e compensação dinâmica otimizada

(SALMINEN et al., 2008). Esse contexto resulta em um aumento crônico e progressivo

do status pró-inflamatório, caracterizado como inflamm-aging (XIA et al., 2016).

Em condições normais, as respostas inflamatórias desaparecem quando os

fatores pró-inflamatórios presentes em um tecido lesionado ou infecção são

solucionados, procedendo em um estado sistêmico equilibrado (NATHAN; DING,

2010). No contexto de inflamm-aging, contudo, o processo de solução e reparo dos

mecanismos de defesa falham na busca pelo estado equilibrado, instaurando um estado

inflamatório não resolvido (NATHAN; DING, 2010). Franceschi et al. (2000) foi o

primeiro a utilizar o este termo para caracterizar o estado inflamatório crônico

observado no idoso, entretanto as causas para o desenvolvimento desta condição foram

melhor elucidadas por Xia et. al. (2016), que subdividiram seis teorias que agem

separadamente ou em conjunto no desenvolvimento do inflamm-aging.

Teoria do estresse: Diversos distúrbios que afetam o sistema imune do idoso

provocam um estresse crônico que induzem a um estado inflamatório. Isto se deve pela

rede defensiva do corpo no combate aos agentes externos que associam a inflamação à

imunidade e ao estresse.

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Teoria da Inflamação-Oxidação: O estresse oxidativo age sobre o

envelhecimento influenciando a homeostase e saúde do corpo. Neste contexto, o estado

redox das células e função imune aceleram a velocidade de envelhecimento, reduzindo

o tempo de vida celular.

Teoria da Lesão de DNA: Falhas na replicação ou tradução do DNA levam a

alterações cromossômicas e reações de estresse por diversas vias de sinalização que

contribuem para lesões no DNA e consequente envelhecimento celular. O acúmulo de

lesões desencadeadas no DNA pode então desenvolver o inflamm-aging.

Teoria da Autofagia: Autofagia é um mecanismo importante para a homeostase

do organismo, degradando subprodutos do metabolismo celular, sendo importante

inclusive para a longevidade celular. Redução gradativa da capacidade de autofagia

celular pode gerar estresse oxidativo capaz de estimular uma cascata metabólica

inflamatória e consequentemente influenciar o inflamm-aging.

Teoria do Envelhecimento das Células Tronco: A inflamação crônica é um dos

fatores responsáveis pelo envelhecimento das células tronco. Fatores pró-inflamatórios

ativam uma cascata de sinalização que induzem as células tronco à sintetizaram e

secretarem citocinas inflamatórias que levam a uma inflamação crônica de baixo grau,

inibindo a capacidade de regeneração das células tronco e assim contribuindo para o

processo de inflamm-aging.

Teoria das Citocinas: As citocinas pró-inflamatórias têm um papel crucial no

inflamm-aging. Elevação nos níveis de citocinas é suficiente para desenvolver um

estado de inflamação crônica no idoso, desenvolvendo uma senescência em nível celular

e, consequentemente, desencadeamento de uma resposta inflamatória sistêmica.

Via de regra, o comportamento das citocinas pró-inflamatórias desempenham

um importante papel no entendimento e consequências do inflamm-aging no organismo

(SALVIOLI et al., 2006). Elevados níveis séricos de interleucina-6 (IL-6) são capazes

de predizer um estado inflamatório crônico, além de serem associados à incapacidade,

doenças e mortalidade (DE MARTINIS et al., 2005). Um provável mecanismo no

entendimento do inflamm-aging é a frequência do polimorfismo nos nucleotídeos únicos

-174C e -1082G, os quais estão alterados no processo de envelhecimento, influenciando

as regiões codificadoras dos genes em diferentes citocinas como a IL-6 e a IL-10 (anti-

inflamatória) (PES et al., 2004). Os polimorfismos de genes de citocinas inflamatórias

regulam as respostas inflamatórias imunes, favorecendo ou combatendo um estado

inflamatório crônico, o qual impacta na expectativa de vida (PES et al., 2004). Por

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exemplo, os polimorfismos genéticos das citocinas pró-inflamatórias associados a altos

níveis séricos de IL-6 diminuem a sobrevida, enquanto altos níveis de IL-10 são

observados em idosos centenários (PES et al., 2004).

Ademais, o fator de necrose tumoral - 𝛼 (TNF- 𝛼), em conjunto com outras

citocinas pró-inflamatórias induzem senescência celular nas células epiteliais (SASAKI

et al., 2008) e fibroblastos (BARTEK; HODNY; LUKAS, 2008), através da produção

de espécies reativas de oxigênio, proteases, quimiocinas e citocinas (IL-6), reforçando

um quadro inflamatório não resolvido (FREUND et al., 2010). Além disso, o aumento

nos níveis séricos de TNF-𝛼 levam a uma inflamação crônica de magnitude baixa no

ambiente celular, inibindo a capacidade regenerativa das células tronco (JONES;

RANDO, 2011). Esse quadro leva a danos no microambiente e envelhecimento das

células tronco, comprometendo a homeostase (JONES; RANDO, 2011).

Consequentemente, essa configuração pró-inflamatória leva a processos

patogênicos, através do qual demonstraram que idosos centenários com maiores níveis

plasmáticos de TNF apresentavam maiores níveis de demência, mesmo com a exclusão

de indivíduos com históricos médicos severos, indicando uma associação específica

entre demência e o TNF (BRÜÜNSGAARD; PEDERSEN, 2003). Adicionalmente, foi

observado um estado pró-inflamatório no cérebro de indivíduos com Alzheimer, com

elevados níveis de TNF no córtex, fluido cérebro-espinal e culturas de células gliais

(LUE; WALKER; ROGERS, 2001; TARKOWSKI et al., 1999). Dessa forma, o dano

cerebral pode ser um dos vários efeitos em nível sistêmico do aumento nas

concentrações periféricas de citocinas pró-inflamatórias.

Em relação ao sistema cardiovascular, o inflamm-aging desempenha papel

chave, principalmente no processo aterosclerótico (BRÜÜNSGAARD; PEDERSEN,

2003). A ciência atual considera a aterosclerose uma consequência do processo

inflamatório crônico que, por conseguinte, influencia na formação e progressão das

placas de ateroma e trombose (ROSS, 1999). A exemplo disso, a IL-6 é considerada um

fator de risco independente para o estado pró-trombótico, pois afeta a coagulação do

sistema através da estimulação na produção de plaquetas, fibrinogênio, fator tecidual e

fator de Von Willebrand (KERR; STIRLING; LUDLAM, 2001). Ademais, a IL-6 é um

forte preditor de infarto do miocárdio em indivíduos de meia-idade aparentemente

saudáveis (COHEN et al., 1997).

Paralelamente, o TNF-𝛼 afeta o metabolismo dos lipídeos, associado a elevados

níveis de triglicerídeos e baixos níveis de HDL, contexto favorável à formação de

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aterosclerose e complicações tromboembólicas (BRUUNSGAARD et al., 2000).

Mesmo na fase estável pós isquemia do miocárdio, o TNF-𝛼 aumenta o risco de eventos

recorrentes (RIDKER et al., 2000). Adicionalmente, é observado que elevados níveis de

TNF-𝛼 induzem a um relaxamento dependente do endotélio, prejudicando a regulação

endotelial das moléculas de adesão celular, o que interfere na ligação e transmigração de

leucócitos através do endotélio, comprometendo a função endotelial (BHAGAT;

VALLANCE, 1997; MEAGER, 1999).

Portanto, a IL-6 e o TNF-𝛼 formam ligações independentes, mas

complementares, as quais induzem um estado inflamatório crônico que danifica o

sistema cardiovascular (BRÜÜNSGAARD; PEDERSEN, 2003). A IL-6 é um fator

preditivo forte para complicações tromboembólicas no envelhecimento, enquanto que o

TNF-𝛼 representa um marcador do grau da aterosclerose (BRÜÜNSGAARD;

PEDERSEN, 2003). Ambas citocinas supracitadas estão associadas a um quadro de

dislipidemia, que por sua vez, é um dos principais fatores de risco para as doenças

cardiovasculares (BRÜÜNSGAARD; PEDERSEN, 2003). O desequilíbrio na relação

entre as citocinas pró e anti-inflamatórias resulta no inflamm-aging, alterando as

funções fisiológicas com repercussão de forma sistêmica no processo de

envelhecimento (XIA et al., 2016). Apesar da relação no aumento de citocinas

inflamatórias com a degradação protéica, e consequente redução na massa magra, é

importante salientar que grande parte destes estudos foram realizados in vitro ou em

modelo experimental. Assim, diversas associações que são realizadas entre o inflamm-

aging e a sarcopenia precisam ser confrontados em estudos epidemiológicos para que

possamos dar um maior subsidio teórico à associação entre estes fatores.

Em contrapartida às ações das citocinas pró-inflamatórias no processo de

inflamm-aging, o zinco (Zn) desempenha função fundamental no combate ao processo

inflamatório crônico, sendo um marcador associado a um envelhecimento saudável

(MOCCHEGIANI et al., 2006). Isso acontece devido a regulação que o Zn ligado às

metalotioneínas (MT) possuem com as citocinas pró-inflamatórias (MOCCHEGIANI et

al., 2006). Altos valores de IL-6, em indivíduos idosos, induzem um aumento anormal

na expressão de Zn-MT, levando a uma biodisponibilidade baixa do Zn. O mesmo

comportamento é observado levando em consideração o TNF-𝛼. Logo, a regulação das

citocinas pró-inflamatórias dependem da expressão das MT, que devido à sua alta

afinidade com o Zn é capaz de modular sua biodisponibilidade (MOCCHEGIANI et al.,

2006). Sendo assim, uma baixa biodisponibilidade do Zn, altera fatores de transcrição

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regulados pelo Zn, que estão envolvidos no processo de transcrição genético de

citocinas pró-inflamatórias (IL-6 e TNF- 𝛼), repercutindo diretamente no inflamm-

aging. Portanto, o zinco é essencial na busca pelo estado equilibrado (controle do

processo inflamatório crônico), aumentando a sobrevida (PRASAD, 2014).

Corroborando os efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes de Zn, um estudo

duplo-cego e randomizado foi realizado com 40 individuos (56 a 83 anos), distribuídos

em um grupo que recebeu suplementação oral de 45 mg de Zn durante um período de 6

meses e outro grupo que recebeu placebo. No grupo suplementado, as citocinas

inflamatórias (CRP, IL 6) e os marcadores de estresse oxidativo diminuíram (fosfolipase

secretora, malondialdeído, hydroxyalkenals) (BAO et al., 2010). Em outro estudo sobre

o efeito da suplementação de Zn em pacientes que realizavam hemodiálise, percentuais

notavelmente maiores de linfócitos CD4/CD19 e uma maior proporção de células T

CD4 / CD8 foram verificados, após suplementação por 8 semanas naqueles que tinham

concentrações de Zn <80 mg / dL (GUO; WANG, 2013).

Um estudo realizado em idosos institucionalizados verificou que os níveis mais

baixos de zinco foram associados aos idosos com atividades de vida diária severamente

comprometida, principalmente em acamados, com um baixo índice de massa corporal, e

/ ou o declínio cognitivo severo (GIACCONI et al., 2012). Outro estudo com 420 idosos

institucionalizados observou que os idosos que apresentavam padrão de normalidade

para concentrações de zinco (≥70 µg /dL), apresentavam menor incidência de

pneumonia e com duração reduzida, menor prescrição de novos antibióticos, menos dias

com a utilização de antibióticos e redução de todas as causas de mortalidade, em

comparação com o grupo de baixo nível (<70 µg /dL) (MEYDANI et al., 2007).

Apesar da relação antagônica entre as citocinas pró-inflamatórias e o zinco e sua

associação com o estado inflamatório, não são encontrados na literatura a associação

conjunta destes marcadores com o inflamm-aging, assim como não são observados os

valores de referência para o diagnóstico do inflamm-aging a partir da análise deles.

Desenvolvermos uma forma diagnóstica do estado inflamatório do idoso a partir destes

marcadores bioquímicos nos forneceria subsídios para prevenção de diversas doenças

desencadeadas por distúrbios no controle inflamatório. Além disto, do ponto de vista

epidemiológico, diagnosticando os idosos com inflamm-aging poderíamos delimitar os

grupos de risco a partir da análise dos fatores associados à esta condição. Desta forma,

mostra-se necessários entendermos a utilização destes marcadores no diagnósico

precoce de alterações do estado inflamatório e de análise de seus fatores de risco.

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30

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a prevalência e fatores associados à sarcopenia e inflamm-aging em

idosos institucionalizados.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Discutir o impacto do consenso europeu para diagnóstico de sarcopenia sobre

sua prevalência em idosos institucionalizados;

Verificar fatores associados à sarcopenia em idosos institucionalizados;

Relacionar a sarcopenia com o inflamm-aging assim como analisar seus

determinantes bioquímicos, antropométricos, sociodemográficos e de agravos a

saúde de idosos institucionalizados.

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4 METODOLOGIA

4.1 DELINEAMENTO DA TESE

Para resposta aos objetivos do presente trabalho, foram conduzidos três estudos em

304 idosos (≥ 60 anos) de ambos os sexos, residentes em instituições de longa

permanência (ILPI) na cidade do Natal/RN, Brasil. Foram excluídos da amostra inicial

todos idosos que tivessem dificuldade para obtenção ao acesso venoso, impedindo a

coleta sanguínea para caracterização do estado inflamatório e das variáveis bioquímicas,

que realizavam alimentação por via enteral e idosos amputados que inviabilizassem a

realização das medidas antropométricas. As variáveis dependentes e independentes,

assim como o tamanho de amostra utilizada em cada estudo estão apresentadas no

Quadro 1.

Quadro 1 – Distribuição das variáveis dependentes e independentes nos 3 estudos desenvolvidos.

Tipo de Variávies Estudo 1 (n=219) Estudo 2 (n=219) Estudo 3 (187)

Variáveis

Dependentes

Diagnóstico de

Sarcopenia

Sarcopenia Estado inflamatório

(Interleucina-6, Fator de

Necrose Tumoral e

Zinco)

Variáveis

Independentes

Sexo Altura do Joelho (cm) Altura do Joelho (cm)

Idade Perímetro abdominal Perímetro abdominal

IMC Perímetro de braço Perímetro de braço

Perímetro de Panturrilha

(cm)

Perímetro de Panturrilha

(cm)

DCT DCT

DCSE DCSE

AMB AMB

PMB (cm) PMB (cm)

AGB (cm²) AGB (cm²)

HDL (g/dL) HDL (g/dL)

LDL (g/dL) LDL (g/dL)

Triglicerideos (mg/dL) Triglicerideos (mg/dL)

Albumina (g/dL) Albumina (g/dL)

Colesterol Total (mg/dL) Colesterol Total (mg/dL)

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Uréia (mg/dL) Uréia (mg/dL)

Creatinina (mg/dL) Creatinina (mg/dL)

Proteínas totais (mg/dL) Proteínas totais (mg/dL)

Idade (categorizada) Idade (categorizada)

Sexo Sexo

IMC IMC

Comorbidades Comorbidades

Número de

medicamentos

Número de

medicamentos

Tipo de ILPI Tipo de ILPI

Deambula Deambula

Sarcopenia

Abreviaturas: DCT = Dobra Cutânea Tricipital; DCSE = Dobra Cutânea Sub-Escapular; AMB = Área

Muscular do Braço; PMB= Perímetro Muscular do Braço; AGB = Área Gordurosa do Braço; HDL=

Lipoproteína de Alta Densidade; LDL= Lipoproteína de Baixa Densidade; IMC= Índice de Massa

Corporal;. ILPI = Instituição de Longa Permanência para Idoso

4.2 TIPO DE ESTUDO

O presente estudo caracteriza-se por ser de natureza epidemiológica, do tipo

observacional analítico, de caráter transversal, na qual utilizou bases de dados de um

estudo longitudinal realizado entre os anos de 2012 a 2015 e que tem como objetivo

verificar a distribuição e fatores determinantes dos agravos à saúde de idosos

institucionalizados da cidade de Natal, da qual inclinamos para a observação da

sarcopenia e do inflamm-aging. Para tanto realizamos três estudos para responder aos

objetivos específicos da tese.

No estudo 1 foi realizado uma adaptação do cálculo da sarcopenia, com o intuito de

se adequar à realidade das ILPIs, considerando que o Consenso Europeu para

Diagnóstico da Sarcopenia (2010) não agrega os idosos cadeirantes, acamados ou com

baixa capacidade cognitiva para base de cálculo da sarcopenia. No estudo 2 foi

realizado o cálculo para diagnóstico de sarcopenia em idosos institucionalizados

conforme interpretação conceitual desenvolvida no estudo 1 e, em seguida, foram

verificados quais os fatores estão associados à sarcopenia. Para o estudo 3 foi realizado

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análise de conglomerados de idosos segundo seus níveis de citocinas inflamatórias (IL-6

e TNFα) e do zinco e investigada associação destes fatores às condições bioquímicas,

antropométricas, sóciodemográficas (BAS) e de agravos à saúde dos idosos

institucionalizados.

4.3 VARIÁVEIS BIOQUÍMICAS

As coletas de sangue necessárias as análises bioquímicas foram todas coletadas

durante o período da manhã e no mesmo dia, através de amostras de sangue colhidas via

punção venosa após um jejum durante a noite de 12-14 horas. As análises bioquímicas

foram determinadas por quimioluminescência utilizando o dispositivo Immulite 1000®

(Malvern, Estados Unidos da América) com kits da Siemens®. Os níveis de colesterol

total, HDL (g/dL), LDL (g/dL), triglicérideos (mg/dL), albumina (g/dL), uréia (mg/dL),

creatinina (mg/dL) e proteínas totais (mg/dL) foram determinados por meio de ensaios

enzimáticos colorimétricos, utilizando o Analisador Bioquímico Bio-200 (Barueri,

Brasil) e kits de Labtest Diagnóstica®.

4.4 VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS

Medidas antropométricas de massa corporal e estatura foram verificadas para

posterior cálculo do índice de massa corporal (IMC). Nos idosos que não conseguiam

ficar em apoio bi-podal foi mensurada a altura do joelho para cálculo adaptado do IMC.

A massa corporal foi mensurada em uma balança de leitura digital com precisão de 0,1

kg, e a estatura por meio de um estadiômetro com precisão de 0,1 cm, de acordo com os

procedimentos descritos por Lohman (1988). O IMC é calculado considerando-se o

quociente entre a massa corporal em quilogramas e a estatura em metros elevada à

segunda potência (kg.m-2

).

Para análise dos fatores associados à antropometria, foi mensurado o perímetro

abdominal, perímetro de braço, dobra cutânea tricipital (DCT), dobra cutânea

subescapular (DCSE) e posteriormente conferida a área muscular do braço corrigida

(AMBc) perímetro muscular do braço e área gordurosa do braço, a partir da equação

citada por Frisancho (1990).

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4.5 VARIÁVEIS SÓCIODEMOGRÁFICAS

Para análise das variáveis sóciodemagráficas foram considerados o sexo, idade,

condição sócio-econômica, coletadas sempre na enfermaria ou secretara da ILPI, através

de prontuário do idosos. O local de moradia em ILPI com ou sem fins lucrativos foi

utilizado como proxy da condição sócio-economica do idoso, onde aquele que morava

em uma ILPI com fins lucrativos foi considerado como melhor condição por

entendermos que os gastos médios para permanências nestas instituições são

obrigatoriamente vinculadas a um pagamento mensal.

4.6 VARIÁVEIS DE AGRAVOS À SAÚDE

Multimorbidades, polifármaco e capacidade de deambular foram consideradas

para análise dos agravos à saúde dos idosos avaliados. Todas estas variáveis foram

colhidas através do prontuário do idosos presente na secretaria ou enfermaria das ILPIs.

Foi considerado idosos com uso de polifármaco aqueles que tinham registro de ingestão

de 5 ou mais medicações diariamente, enquanto que idosos com multimorbidades foram

consideradas a partir da presença de 2 ou mais doenças com diagnóstico clinico

registrado por médico. A capacidade de deambular foi considerada durante o teste de

análise da sarcopenia e também a partir de registro individual do idoso presente nas

documentações anteriormente avaliadas na secretaria e/ou enfermaria.

4.7 MENSURAÇÃO DA SARCOPENIA

No presente estudo adotamos os critérios estabelecidos pelo Consenso Europeu

para Definição e Diagnóstico da Sarcopenia (2010), para estratificação dos idosos com

sarcopenia. Os critérios utilizados basearam-se na discriminação de níveis reduzidos de

massa muscular, associados à uma redução na força e/ou funcionalidade. Para

mensuração da força foi utilizado o teste preensão manual, para análise da

funcionalidade foi utilizado o teste de velocidade de marcha e para avaliação da massa

muscular, o perímetro de panturrilha. Idosos que não deambulam ou que obtiveram

resultado menor que 12 no MEEM realizaram diretamente avaliação da massa muscular

conforme estabelecido no artigo 1 para diagnóstico de sarcopenia em idosos

institucionalizados.

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O teste de velocidade de marcha foi realizado através da contabilização da

velocidade que o idoso desprendia durante a caminhada de dois metros, sem utilização

de qualquer dispositivo auxiliar de marcha. Para o teste de força de preensão manual os

idosos ficaram sentados com flexão de cotovelo em 90º e flexão/abdução de ombro em

0º. Foi solicitado realização de três tentativas de preensão manual máxima em um

dinamômetro específico para mão, sendo registrado a maior força desprendida pelo

idoso. Os valores normativos considerados para estabelecer o idoso como sarcopênicos

a partir da reduzida velocidade de marcha, pouca força muscular e pouca massa

muscular estão descritos na Figura 1.

Figura 3: Organograma adaptado do Consenso Europeu (2010) para definição e diagnóstico da

Sarcopenia utilizando os critérios de funcionalidade (velocidade de marcha), força (preensão

manual) e massa muscular (perimetria).

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4.8 MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM)

O MEEM é a escala mais usada no mundo inteiro e composto por diversas questões

divididas em 6 categorias, cada uma delas com o objetivo de avaliar funções cognitivas

específicas: orientação para tempo (4 pontos), registro de palavras (3 pontos), atenção e

cálculo (5 pontos), lembrança das 3 palavras (3 pontos), linguagem (3 pontos) e

capacidade construtiva visual (1 ponto). O escore do MEEM pode variar de um mínimo

de 0 até um total máximo de 19 pontos. A escala é simples de usar e pode ser facilmente

administrada em 5-10 minutos, inclusive por profissionais não médicos (FOLSTEIN et

al., 1975; TOMBAUGH, 1992).

4.9 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Para efeito de análise dos dados, nos estudos 1 e 2 foi realizado o teste t-student ou

seu correspondente não-paramétrico para comparação entre os grupos. Para análise das

variáveis qualitativas, foi realizado o teste qui-quadrado. Todos os testes utilizaram um

nível de confiança de 95%. Por fim, a regressão de Poisson com variância robusta foi

utilizada para estimar razões de prevalência àquelas variáveis que apresentaram

diferença nas análises bivariadas no estudo. No estudo 3 foi realizado análise de

conglomerados para definição dos clusters segundo o estado inflamatório e análise de

variância one way ou seu correspondente não-paramétrico para análise das variáveis

BAS e de agravos à saúde. As variáveis que obtiveram valor de p<0,20 nessas análises,

tiveram sua multicolinearidade testada e, em seguida, realizou-se uma regressão

logística ordinal para um nível de confiança de 95%.

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5 RESULTADOS E CONCLUSÃO

5.1 CAPÍTULO – 1:

Qual o impacto do consenso europeu no diagnóstico e prevalência de

sarcopenia em idosos institucionalizados?

What is the impact of the european Consensus on diagnosis and

prevalence of sarcopenia in institutionalized elderly?

A sarcopenia em idosos institucionalizados pelo consenso europeu

Sarcopenia in elderly institutionalized by the european consensus

Autores: Leônidas de Oliveira Neto1, Pedro Moraes Dutra Agrícola1, Larissa Praça de Oliveira2, Fabienne Louise Juvêncio Paes de Andrade3, Kenio Costa de Lima2

Instituições: 1 Departamento de Educação Física – Faculdade Maurício de Nassau, Natal-RN, Brasil

2 Departamento de Nutrição – Universidade Potiguar, Natal-RN, Brasil

3 Departamento de Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN,

Brasil

Resumo:

Objetivo: verificar o impacto do consenso europeu no diagnóstico e prevalência

de sarcopenia em idosos institucionalizados. Método: 219 idosos (≥ 60 anos)

de ambos os sexos foram recrutados para o estudo. Inicialmente, foram

comparados dois critérios para cálculo de prevalência da sarcopenia: critério A,

segundo o consenso europeu, considerando apenas idosos com boas

condições físicas e cognitivas e critério B, considerando todos idosos,

independente da sua condição física e/ou cognitiva. Na sequência, foi

investigada a associação da sarcopenia com sexo, idade e índice de massa

corporal (IMC) nos dois critérios diagnósticos, através do teste do qui quadrado

ou teste t de Student, sendo considerado nível de significância de 5%. Result

ados: O diagnóstico de sarcopenia segundo o Critério A apresentou uma

prevalência de sarcopenia de 32% (IC95%: 22,54-43,21), enquanto o Critério B

apresentou uma prevalência de 63,2% (IC95%: 56,45-69,13). Apesar da

diferença encontrada na prevalência de sarcopenia entre os dois critérios

utilizados (p<0,001), não foram observadas diferenças com relação à

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associação com sexo (p=0,149;p=0,212), IMC (p<0,001;p<0,001) e idade

(p=0,904;p=,.353). Conclusão: Incluir apenas idosos com boa capacidade física

e cognitiva para cálculo de sarcopenia, conforme estipulado pelo Consenso

Europeu, subestima a prevalência de sarcopenia em idosos institucionalizados.

Considerando que idosos com limitações físicas ou cognitivas são

extremamente representativos para a população de idosos institucionalizados e

que o acréscimo deles no cálculo diagnóstico para sarcopenia não interferiu na

distribuição dos seus fatores associados, recomenda-se considerá-los na base

de cálculo para estudos futuros de diagnóstico e prevalência de sarcopenia.

Palavras chave: instituição de longa permanência para idosos; atrofia muscular; epidemiologia.

Abstract

Objective: To verify the impact of the European consensus on the diagnosis and

prevalence of sarcopenia in institutionalized elderly. Method: 219 elderly (≥ 60

years) of both sexes were recruited for the study. Initially, two criteria were used

to calculate the prevalence of sarcopenia: criterion A, according to the

European consensus, considering only the elderly with good physical and

cognitive conditions and criterion B, considering all elderly individuals,

regardless of their physical and / or cognitive condition. The association of

sarcopenia with sex, age and body mass index (BMI) in the two groups was

investigated through the chi-square test and the Student's t-test, with a

significance level of 5%. Results: The diagnosis of sarcopenia according to

Criterion A showed a prevalence of 32% (95% CI: 22.54-43.21), whereas

Criterion B presented a prevalence of 63.2% (95% CI: 56, 45-69,13). Despite

the difference found in the prevalence of sarcopenia between the two criteria

employed (p <0.001), no differences were observed regarding the association

with sex (p = 0.149, p = 0.212), BMI (p <0.001, p <0.001), and Age (p = 0.904, p

= 353). Conclusion: Including only elderly people with good physical and

cognitive ability to calculate sarcopenia, according to the european consensus,

underestimates the prevalence of sarcopenia in institutionalized elderly.

Considering that the elderly with physical or cognitive limitations are extremely

typical in a nursing homes population and increase in diagnostic calculation for

sarcopenia did not interfere in distribution of their associated factors, it is

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recommended to consider them in the basis of calculation for future studies of

diagnosis and prevalence of sarcopenia.

Keywords: Nursing Homes; muscular atrophy; epidemiology.

INTRODUÇÃO:

O pesquisador Irwin Rosenberg (1) foi pioneiro ao relacionar a diminuição

da massa muscular com o avançar da idade, utilizando o termo "sarcopenia"

(do grego "sarx" ou carne + "penia" ou perda) para descrever este fenômeno.

Ademais, a associação da redução de massa muscular à fraqueza

generalizada e ao declínio funcional no idoso, aumentou o interesse pelo

estudo da sarcopenia culminando em diversas pesquisas sobre esta temática

(2). Devido à perda de independência e de sua capacidade física, a sarcopenia

também foi relacionada ao aumento no número de quedas, fragilidade,

incapacidade e morte nesta população (3–5). Dessa forma, a sarcopenia é

atualmente classificada como uma doença pelo código M62.84, em virtude do

agravo gerado à saúde do idoso (6).

Apesar da definição simplista que descreve a sarcopenia como a perda de

massa muscular, o desdobramento deste termo na prática clínica gerou

diversos vieses de aferição desta doença, pelo fato da massa muscular não

representar todas as conjunturas de alterações físicas e complicações

funcionais observadas nos idosos com sarcopenia (7,8). Desde então, a

definição para a sarcopenia tem utilizado como desfecho principal, o declínio

generalizado de massa muscular esquelética e força que ocorre com o avanço

da idade (9), e consequentemente reduz a qualidade de vida, aumenta a

incapacidade física e o risco de morte (4,10).

Numa tentativa de padronizar critérios diagnósticos para a sarcopenia, o

Grupo de Trabalho Europeu sobre a sarcopenia em Idosos (2010) recomenda a

utilização de indicadores de baixa massa muscular e baixa função muscular

(força ou desempenho). Para tanto, recomenda-se o uso do teste de

velocidade de caminhada para aferir o desempenho muscular/funcional, da

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composição corporal (medidas antropométricas) objetivando averiguar o índice

de massa muscular e da força de preensão manual (FPM) para mensurar a

força do idoso.

Apesar de ser extremamente reproduzido na literatura científica como

um padrão simples, objetivo e válido para diagnóstico da sarcopenia, a

aplicação do Consenso Europeu (2010) traz uma limitação para estudos em

idosos que não tenham capacidade de realizar o teste de velocidade de

marcha. Desta forma, limita sua aplicabilidade para os idosos cadeirantes,

acamados ou ainda àqueles que não tenham capacidade cognitiva suficiente

para subsidiar o entendimento neste teste, o que representa grande parcela

dos idosos institucionalizados (11).

Considerando as limitações metodológicas para diagnóstico da

sarcopenia à realidade dos idosos institucionalizados, devemos pensar em um

modelo que possibilite avaliar idosos com baixa condição de saúde física e

cognitiva. Assim, o presente estudo tem por objetivo verificar o impacto do

Consenso Europeu (2010) no diagnóstico e prevalência de sarcopenia em

idosos institucionalizados.

MÉTODO

O estudo foi conduzido entre Novembro de 2013 e Fevereiro de 2014 numa

população inicial de 314 idosos (≥ 60 anos) de ambos os sexos, residentes em

instituições de longa permanência (ILPI) com ou sem fins lucrativos da cidade

de Natal/RN, Brasil. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP/UFRN) e está de acordo

com os princípios para pesquisas médicas envolvendo humanos segundo a

Declaração da Associação Médica Mundial de Helsinki, pelo protocolo 263/11;

CAAE 0290.0.051.000-11. Após explicado os procedimentos metodológicos e

objetivos do estudo, todos participantes ou seu cuidador assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido previamente ao início das coletas de dados.

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Foi adotado como critério de inclusão no estudo, que todos os indivíduos

fossem residentes nas ILPIS avaliadas e tivessem idade superior ou igual a 60

anos (comprovadas por documentação oficial). Além disso, foi solicitado aos

participantes evitar a realização de atividades físicas extenuantes, bem como o

consumo de álcool e bebidas cafeinadas nas 24 horas precedentes aos testes.

Foram excluídos da amostra inicial, todos os idosos que realizavam

alimentação por via enteral, idosos que apresentassem alterações fisiológicas

capazes de impedir a realização dos testes, que não participaram de todas as

etapas do estudo ou ainda que solicitassem sua desistência voluntária pelo

próprio idoso ou seu respectivo cuidador/responsável. Assim, da amostra inicial

de 314 idosos que atendiam aos critérios de inclusão 95 foram excluídos da

participação no estudo, tendo como amostra final 219 idosos.

Com o auxílio de um funcionário de cada instituição, foram aplicados os

questionários mini-exame do estado mental (MEEM) e ainda foi mensurado o

peso e estatura real ou estimada pela altura do joelho, para fins de cálculo do

IMC. Para avaliar a sarcopenia, adotamos os critérios estabelecidos pelo

Consenso Europeu para Definição e Diagnóstico da Sarcopenia (2010), com o

intuito de estratificarmos a prevalência de sarcopenia dos idosos

institucionalizados. Os critérios utilizados basearam-se na discriminação de

níveis reduzidos de massa muscular (perimetria de panturrilha), associados à

uma redução na força (preensão manual) e funcionalidade (velocidade de

marcha), para diagnóstico de sarcopenia nos idosos (n=75) que tinham

condições físicas e cognitivas suficientes (MEEM>12) para realização dos

testes (Critério A).

Idosos com velocidade de marcha superior a 8m/s realizavam o teste de

FPM. Valores inferiores a 30 kg para homens e 20kg para mulheres no teste de

força indicavam a realização de perimetria de panturrilha, assim como os

idosos com velocidade de marcha reduzida (≤ 8m/s). Aqueles com valores de

perimetria inferiores a 31 cm eram considerados sarcopênicos. Valores

superiores ao estabelecido para FPM e/ou perimetria de panturrilha

caracterizavam os idosos como não-sarcopênicos. Já nos acamados,

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cadeirantes ou que não tivessem condições físicas ou cognitivas (MEEM≤12)

para realização do teste de velocidade de marcha (n=144), foi avaliado apenas

a massa muscular (perimetria de panturrilha). Esta estratégia foi adotada por

considerar que, para este grupo de idosos, o resultado na velocidade de

marcha seria ≤ 0,8m/s por incapacidade física e/ou cognitiva de compreensão e

realização do teste (Critério B). Além disso, conseguiríamos adotar um critério

que incluía maior parcela dos idosos residentes na ILPI.

Inicialmente, os dados descritivos foram analisados por média e desvio

padrão do IMC, idade e prevalência da sarcopenia para comparação entre os

idosos diagnosticados segundo o Critério A e Critério B. Para comparação das

médias das variáveis contínuas entre os grupos, foi realizado o teste t de

Student. O teste de qui-quadrado foi utilizado para análise das variáveis

qualitativas, sendo considerada diferença estatisticamente significativa quando

a distribuição dos dados apresentava p<0,05.

RESULTADOS

Como podemos observar na Figura 1, dos 75 idosos que fizeram parte

do critério A, apenas 18 estavam aptos a realização do teste de FPM, dos

quais 12 apresentaram baixa força, sendo verificado a perimetria de panturrilha

juntamente com os 57 idosos que obtiveram baixa velocidade de marcha. Ao

total, 24 idosos foram considerados sarcopênicos. No critério B, além dos 24

idosos encontrados no critério A, somou-se 114 idosos com reduzida perimetria

de panturrilha, totalizando 138 idosos sarcopênicos.

Critério A Critério B

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Figura 1 - Fluxograma adaptado do Consenso Europeu (2010) para definição e diagnóstico da Sarcopenia utilizando os critérios de funcionalidade (velocidade de marcha), força (preensão manual) e massa muscular (perimetria). Critério A – Exclusivo aos idosos que deambulam e tenham boa condição cognitiva. Critério B – Inclui os demais idosos que não deambulam e/ou tenham baixa condição cognitiva.

Considerando os idosos na amostra do presente estudo com

capacidades físicas e cognitivas para realização do teste de velocidade de

marcha (Critério A) em relação aos demais idosos inseridos na análise

diagnóstica da sarcopenia (Critério B), podemos observar que o Critério A

apresentou uma prevalência de sarcopenia de 32% (IC95%: 22,54-43,21),

enquanto o Critério B apresentou uma prevalência de 63,2% (IC95%: 56,45-

69,13), demonstrando que inserir idosos com baixa condição física/cognitiva

para diagnóstico de sarcopenia praticamente dobra sua prevalência. Além

disso, os idosos do Critério B apresentaram uma média de idade superior e

média de IMC inferior em relação aos idosos do Critério A, enquanto que não

foram observadas diferença na distribuição do sexo entre os critérios utilizados,

conforme descrito na Tabela 1.

Tabela 1. Distribuição do sexo, prevalência de sarcopenia, idade e IMC entre os idosos institucionalizados e diferenças entre os Critérios diagnóstico A e B.

Variáveis CRITÉRIO A (n=75)

N (%) CRITÉRIO B (n=219)

N (%) Valor de p

Sexo*

Masculino

Feminino

17 (22,7%)

58 (77,3%)

49 (22,4%)

170 (77,6%)

0,334

Prevalência de Sarcopenia

24 (32,0%)a 138 (63,0%)

b

<0,001

Variáveis CRITÉRIO A (n=75)

Média (± DP) CRITÉRIO B (n=219)

Média (± DP) Valor de p

Idade (anos) 80,24 (±8,74) 84,12 (±8,84) <0,001

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IMC (kg/m²) 25,89 (±5,58) 20,45 (±4,64) <0,001

*Qui-quadrado a

: Intervalo de Confiança de 95%; 22,54-43,21.

b: Intervalo de Confiança de 95%; 56,45-69,13.

Apesar dos idosos com baixa capacidade física e cognitiva influenciarem

diretamente para o valor geral da prevalência dos idosos institucionalizados,

como observado na Tabela 1, a associação entre os fatores como sexo, IMC e

idade apresentam o mesmo comportamento, independentemente dos

parâmetros de análise diagnóstica da sarcopenia realizados no Critério A e

Critério B (tabela 2). Enquanto que o IMC apresentou diferença

estatisticamente significativa, demonstrando um maior percentual de idosos

sarcopênicos com baixo peso, o sexo e a idade não apresentaram diferença.

Tabela 2 – Fatores associados à sarcopenia em relação ao Critério A e Critério B.

VARIÁVEIS CRITÉRIO A

N (%) P valor CRITÉRIO B

N (%) P

valor

SARC SEM

SARC.

SARC SEM

SARC.

SEXO Masculino

3 (17,6%)

14 (82,4%)

0,149 28 (57,1%)

21 (42,9%) 0,212

Feminino 21

(36,2%) 37

(63,8%) 110

(64,7%) 60

(35,3%)

IMC (kg/m²)

Baixo Peso

15 (88,2%)

2 (11,8%)

<0,001 105 (92,9%)

8 (7,1%) <0,001

Eutrofia 6

(23,1%) 20

(76,9%) 28

(48,3%) 30

(51,7%) Excesso de Peso

3 (9,4%)

29 (90.6%)

5 (10,4%)

43 (89,6%)

IDADE (anos)

≥ 80 anos 14

(32,6%) 29

(67,4%) 0,904 90

(64,3%) 50

(35,7%) 0,353

<80 anos 10

(31,2%) 22

(68,8%) 48

(60,8%) 31

(39,2%)

Critério A: Consenso Europeu (2010)

Critério B: Consenso Europeu Adaptado

IMC: Índice de Massa Corporal

SARC: Sarcopenia

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DISCUSSÃO

No presente estudo pode-se observar que os idosos do Critério B

apresentaram uma média de idade superior e uma menor média de IMC em

relação aos idosos do Critério A. Esses resultados eram esperados, visto que é

observado com o avançar da idade maior incidência de multimorbidades e

incapacidade funcional, acarretando em idosos acamados e cadeirantes (12).

Ademais, esses idosos apresentam uma perda progressiva da massa corporal

com a idade, principalmente quando comparados aos idosos que deambulam

(4,13). Esse contexto, impossibilita que idosos nesta condição realizem o teste

de velocidade de marcha, critério este, utilizado pelo consenso europeu para

diagnosticar sarcopenia. No entanto, quando inclusos os idosos que não

deambulam, a prevalência de sarcopenia aumenta em 31,2% quando

comparados somente com idosos que deambulam, corroborando com os

argumentos supracitados, além de possibilitar uma análise mais fidedigna da

prevalência de sarcopenia nas ILPIS.

Quando comparamos os dois cálculos utilizados no presente estudo

para diagnóstico de sarcopenia, verificamos que a prevalência para idosos que

não deambulam ou que possuem baixa condição cognitiva, interfere

diretamente no valor de prevalência geral da população de idosos residentes

em ILPIs. Enquanto o cálculo utilizado no Critério A considera que 32% dos

idosos são sarcopênicos, o cálculo utilizado no Critério B praticamente dobra

(63,2%) a prevalência de idosos sarcopênicos, evidenciando que a abordagem

direcionada aos cuidados de idosos sarcopênicos deverá ser prioridade, pois é

uma condição majoritária em ILPIS.

Os idosos acamados e cadeirantes apresentam maiores fatores de risco

para diversas doenças (14) e naturalmente apresentam maiores indicadores de

fragilidade, com perda de força e funcionalidade (15), incidindo em uma maior

prevalência de sarcopenia. Isto corrobora o achado do presente estudo que

evidenciou maior prevalência de sarcopenia decorrente da inclusão de idosos

cadeirantes e acamados no Critério B. Este grupo também seria considerado

sarcopênico segundo os critérios da SARC-F (16), utilizado para análise clínica

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e diagnóstica da sarcopenia. Dentre os critérios estabelecidos, são pontuados

a dificuldade do idoso em transportar peso, necessidade de assistência para

caminhada entre cômodos, dificuldade para transferência de cadeira para

cama, limitação para subir degraus e além da incidência de quedas. Mais de

duas respostas positivas para estas perguntas são suficientes para

diagnosticar sarcopenia. Assim, podemos observar o quanto situações inábeis

de serem realizadas pelos idosos acamados e cadeirantes são representativas

para categorização da sarcopenia.

Apesar da disparidade na prevalência de sarcopenia entre os critérios A

e B, os fatores associados ao IMC, sexo e idade apresentaram a mesma

distribuição. Enquanto o IMC apresentou diferença estatisticamente

significativa entre os idosos sarcopênicos e não-sarcopênicos, o sexo e idade

não apresentaram diferença. Desta forma, podemos observar que a inclusão

de idosos com baixa condição física e cognitiva além de apresentar um

diagnóstico de sarcopenia que melhor representa a população de idosos

institucionalizados, representa a mesma distribuição dos fatores associados

daqueles idosos com boa condição física e cognitiva, sendo um Critério

representativo do ponto de vista de diagnóstico e dos fatores associados. Com

relação ao IMC, podemos evidenciar que grande parte dos idosos

apresentavam baixo peso, independente do critério, demonstrando que a perda

de massa (muscular ou adiposa) é um fator diretamente relacionado à

sarcopenia (2).

No presente estudo foi utilizada apenas a perimetria de panturrilha para

mensurar a sarcopenia nos idosos que não deambulam, por considerá-los

inaptos em atingir uma velocidade >0,8 m/s segundo os critérios do Consenso

Europeu para diagnóstico da Sarcopenia (2010). Para o desenvolvimento

conceitual da utilização deste critério, foi considerado que o perímetro de

panturrilha para quem é acamado/cadeirante pode ser entendido como um bom

preditor de sarcopenia, pois este grupo de idosos já se encontra fragilizado,

sem força e/ou funcionalidade musculo-esquelética, motivo pelos quais se

encontram impossibilitados de deambular (18,19). Apesar do Consenso

Europeu (2010) estabelecer valores menores do que 31cm de perímetro de

panturrilha para diagnóstico da sarcopenia, estudos menos conservadores tem

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relatado que valores inferiores a 34 cm para homens e 33 cm para mulheres

indiciam baixos volumes de massa muscular e são considerados valores

ótimos para predizer sarcopenia, com sensibilidade de 88 e 76% e

especificidade de 91 e 73 % para homens e mulheres respectivamente (18).

Apesar desta relação da pouca massa muscular com a sarcopenia, uma

das limitações do presente estudo foi considerar apenas a avaliação

antropométrica para diagnóstico de sarcopenia nos idosos acamados,

cadeirantes ou com baixa condição cognitiva. A análise da força muscular e

funcionalidade no idoso, devem ser considerados para contemplar

integralmente os critérios de definição da sarcopenia, que além da perda de

massa também é conceituada pela perda generalizada de força e capacidade

funcional que ocorre com o avanço da idade (9). Para estudos futuros também

seria interessante analisarmos se a utilização da preensão manual no Critério

B, nos daria uma alteração significativa na prevalência da condição de

sarcopenia. Nos dados analisados, a força de preensão manual demonstrou

uma correlação moderada (r=0,310) e significativa (p=0,007) com a velocidade

de marcha, sendo possível de relacionarmos à força e funcionalidade do idoso

com um único teste de mais fácil aplicabilidade neste grupo de idosos com

reduzida capacidade física e cognitiva.

A análise criteriosa sobre o método diagnóstico de sarcopenia é

extremamente importante não só para termos clareza dos aspectos conceituais

sobre esta condição recentemente classificada como uma doença (CAO;

MORLEY, 2016), mas principalmente para definirmos de forma fidedigna a

prevalência de sarcopenia na população alvo que estamos estudando. A

análise diagnóstica da sarcopenia não considera idosos com restrições físicas

e cognitivas, portanto, traz uma percepção equivocada sobre a real prevalência

de sarcopenia, como demonstrado no presente estudo, reiterando a

necessidade de termos que dialogar sobre os métodos diagnósticos da

sarcopenia e buscar por estratégias que consigam abarcar os idosos que

tenham restrições físicas e cognitivas em sua base de cálculo diagnóstica.

Essas informações se tornam imperativas, se formos considerar a realidade

das instituições de longa permanência no Brasil, com alta prevalência de

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fatores de agravos à saúde nesta população representando um elevado índice

de acamados, cadeirantes e idosos com capacidade cognitiva reduzida (11).

Planos estratégicos de ações governamentais têm utilizado a

prevalência para identificar o impacto de uma doença sobre uma população e

os fatores de agravo da saúde e principalmente para nortear estratégias de

combate à estes fatores. Quando esta prevalência atinge indicadores

representativos para uma população, novas estratégias devem ser lançadas

para que possa ser ofertado uma atenção em saúde de maneira eficaz. Desta

forma, a alteração no registro de prevalência de uma condição de saúde

impacta diretamente nas estratégias de saúde pública pensadas para seu

combate (20). Assim, o diagnóstico de sarcopenia utilizada pelo Consenso

Europeu (2010) pode trazer um alto impacto na análise de prevalência desta

doença em idosos institucionalizados, subestimando casos diagnósticos e

consequentemente abrandando um olhar epidemiológico para esta condição de

Saúde.

CONCLUSÃO

O cálculo diagnóstico para sarcopenia considerando apenas os critérios

de massa muscular para os idosos com limitações física e/ou cognitivas, além

de abarcarem uma maior população de idosos representa a real condição dos

residentes em instituições de longa permanência. Apesar da elevada

prevalência, os fatores associados de sexo, idade e IMC apresentam

distribuição similar nos dois critérios sugeridos para diagnóstico da sarcopenia.

Portanto, sugerimos que estas considerações no cálculo diagnóstico para

sarcopenia sejam utilizadas em futuros estudos que busquem avaliar a

prevalência de sarcopenia em idosos institucionalizados.

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5.1 CAPÍTULO – 2

FATORES ASSOCIADOS À SARCOPENIA EM IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS

ASSOCIATED FACTORS WITH SARCOPENIA IN INSTITUTIONALIZED

ELDERLY

Autores: Leônidas de Oliveira Neto1, Pedro Moraes Dutra Agrícola2, Larissa

Praça de Oliveira3, Márcia Cristina Sales4, Kenio Costa de Lima1

Instituições: 1

Departamento de Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil 2 Departamento de Educação Física – Faculdade Maurício de Nassau, Natal-RN, Brasil

3Departamento de Nutrição – Universidade Potiguar, Natal-RN, Brasil

4 Departamento de Farmácia – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil

RESUMO:

Introdução: Diagnóstico de sarcopenia baseia-se na análise da força, funcionalidade e

massa muscular. Entretanto, apesar de bastante discutido na literatura, não são claros os

fatores associados à sarcopenia, especialmente em idosos institucionalizados, que

possuem um nível de funcionalidade reduzido. Objetivo: Verificar os fatores

associados à sarcopenia em idosos institucionalizados. Metodologia: 219 idosos (≥ 60

anos) residentes nas instituições de longa permanência para idosos do Natal/RN foram

incluídos no estudo. Após definidos os idosos sarcopênicos e não-sarcopênicos, foi

realizado análise das variáveis antropométrica, bioquímicas, sócio-demográficas e de

agravos à saúde dos grupos. O teste t de Student foi utilizado para analisar as variáveis

quantitativas, enquanto que o teste de qui-quadrado foi utilizado nas variáveis

qualitativas. Por fim, a regressão de Poisson com variância robusta foi utilizada para dar

razões de prevalência àquelas variáveis que apresentaram diferença nas análises

bivariadas. Resultados: Capacidade física e antropometria foram associados à

sarcopenia. A cada 1 cm de altura do joelho os idosos possuem 2,71% a mais de chance

em não apresentar sarcopenia e indivíduos eutróficos ou com excesso de peso (segundo

o IMC) possuem 37,71% e 91,81% de chance, respectivamente, de não apresentar

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sarcopenia. Adicionalmente, idosos que deambulam possuem 30,08% de chance de não

serem considerados sarcopênicos. Além disso, indicadores bioquímicos e

antropométricos demonstraram relação da sarcopenia com desnutrição. Conclusão:

Sarcopenia está associada à perda de massa corporal, não seletiva apenas a massa

muscular, e maior incapacidade física para deambular. Ademais, idosos sarcopênicos

apresentam quadro de desnutrição que podem justificar a perda generalizada de massa.

Palavras-chave: músculo esquelético; Desnutrição Protéica; Idoso fragilizado;

Habitação para Idosos.

ABSTRACT

Introduction: Diagnosis of sarcopenia is based on the analysis of strength, functionality

and muscle mass. However, although discussed in the literature, the factors associated

with sarcopenia are unclear, especially in institutionalized elderly, which have a

reduced level of functionality. Objective: To verify the factors associated with

sarcopenia in institutionalized elderly. Methodology: 219 elderly (≥ 60 years old) living

in nursing homes of Natal / RN were included in the study. After defining the sarcopenic

and non-sarcopenic groups, the analysis of the anthropometric, biochemical, socio-

demographic and health problems was performed. The Student t test was used to

analyze the quantitative variables, while the chi-square test was used in the qualitative

variables. Finally, Poisson regression with robust variance was used to give prevalence

ratios to those variables that showed difference in bivariate analyzes. Results: Physical

capacity and anthropometry were associated with sarcopenia. At each 1 cm of knee

height, the elderly have a 2.71% greater chance of not presenting sarcopenia, and

eutrophic or overweight individuals (according to BMI) have 37.71% and 91.81%

chance, respectively, of not having sarcopenia. In addition, elderly people which

walking have a 30.08% chance of not being considered sarcopenic. In addition,

biochemical and anthropometric indicators demonstrated a relationship of sarcopenia

with malnutrition. Conclusion: Sarcopenia is associated with loss of body mass, not

only selective muscle mass, and greater physical inability to walking. In addition,

sarcopenic elderly present a malnutrition screen that can justify the mass loss of mass.

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Key-words: Skeletal Muscle; Protein Malnutrition; Frail Elderly; Housing for the

Elderly.

INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo complexo que altera a morfologia e as funções

do organismo, reverberando em perda da capacidade funcional (1) e modificação na

composição corporal dos idosos (2). No decorrer deste processo de modificação na

composição corporal inerente ao envelhecimento, é relatado modificação da massa

gorda e massa muscular que representa um desafio para os profissionais de saúde, uma

vez que necessitam estes componentes constituírem um fator de risco para diversas

doenças. (3). As alterações ocorridas na composição corporal estão diretamente

relacionadas com a redução da capacidade funcional de indivíduos mais velhos, porém,

não está bem estabelecido na literatura qual dos componentes da composição corporal é

o mais determinante na capacidade funcional dos idosos (2).

Recentemente, a redução da massa muscular no idoso vem sendo discutida como

uma doença denominada sarcopenia (4). Além da redução na massa muscular, a

sarcopenia tem sido relacionada à redução de força, funcionalidade, incapacidade e

morte no idoso (5–8). A sua causa é multifatorial, resultante de alterações no sistema

nervoso (perda de unidades motoras alfa), muscular (diminuição do volume), hormonais

(diminuição de hormônios anabolizantes, como testosterona, estrógeno e GH que

mantém o volume muscular), assim como decorrente de um baixo nível de atividade

física (9). Existem vários mecanismos que podem estar envolvidos no início e

progressão da sarcopenia. Estes mecanismos envolvem, entre outros, o metabolismo

proteico, a integridade muscular e a quantidade de gordura muscular. Em um indivíduo

sarcopênico, a alteração de um ou mais destes fatores pode estar envolvida, e suas

contribuições para o desenvolvimento da sarcopenia podem variar ao longo do tempo

(10).

O entendimento dos fatores associados a sarcopenia é fundamental para o

desenvolvimento de abordagens terapêuticas para seu controle, as quais são

extremamente necessárias, pois ela gera um gasto de cerca de US $ 18,5 bilhões

somente nos Estados Unidos (EUA), representando 1,5% do total das despesas com

saúde no país (8). Considerando que massa muscular tem uma relação importante com a

mortalidade, abordagens terapêuticas que visem o desenvolvimento da hipertrofia

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muscular são fatores importantes para o controle da sarcopenia (11–14). Nesta

perspectiva, a quantidade de energia, proteínas e micronutrientes, decorrente de uma

nutrição adequada, tem-se mostrado um requisito essencial para abordagem em idosos

em termos de prevenção e tratamento da sarcopenia, principalmente naqueles

institucionalizados (15,16).

A parcela populacional de idosos institucionalizados no Brasil merece um

destaque especial pois apresentam maior nível de dependência funcional e presença de

diferentes morbidades. Um dos fatores que podem estar relacionados á este condição se

deve ao fato das Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) que abrigam os

idosos não contemplarem todas as necessidades de saúde, não lhes sendo ofertadas

assistência social, cuidados básicos de higiene e alimentação. Ademais, esses locais

vêm também dificultar as relações interpessoais no contexto comunitário,

indispensáveis à manutenção pela vida e pela construção de sua cidadania, pela redução

do acesso do idoso aos ambientes externos às ILPIs (17,18).

Estas características particulares das ILPIs ofertam uma condição diferenciada à

saúde de idoso. Assim, alguns estudos pioneiros vem sendo desenvolvidos no sentido de

verificar a prevalência e fatores associados à sarcopenia em idosos institucionalizados,

apontando para uma relação positiva dos agravos à saúde com a prevalência de

sarcopenia destes idosos (19–21). Entretanto, além de não terem sido observados

estudos com a população brasileira, as análises de prevalência de sarcopenia não

contemplam idosos com baixa condição física e cognitiva, como observado no cálculo

de prevalência previsto por Oliveira Neto (22). Desta forma, o objetivo do presente

estudo é averiguar a os fatores associados à sarcopenia em idosos institucionalizados.

METODOLOGIA

Delineamento do estudo e população

O estudo foi conduzido em 304 idosos (≥ 60 anos) de ambos os sexos, residentes

em instituições de longa permanência (ILPI) com ou sem fins lucrativos e que

estivessem cadastradas na Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) na cidade do

Natal/RN, Brasil. Foram excluídos da amostra inicial todos idosos que não residiam nas

ILPIs ao início das coletas, que tivessem dificuldade para obtenção do acesso venoso,

impedindo a coleta sanguínea para caracterização do estado inflamatório e das variáveis

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bioquimicas, que realizavam alimentação por via enteral e idosos amputados que

inviabilizassem a realização das medidas antropométricas no braço e perna (n=95). O

projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (CEP/UFRN) e está de acordo com os princípios para pesquisas

médicas envolvendo humanos segundo a Declaração da Associação Médica Mundial de

Helsinki, pelo protocolo 263/11; CAAE 0290.0.051.000-11. Após explicado os

procedimentos metodológicos e objetivos do estudo, todos participantes do estudo

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido previamente ao início das

coletas de dados.

Variáveis bioquímicas, antropométricas e sociodemográficas e de agravos à saúde

do idoso.

As análises bioquímicas necessárias para caracterização do inflamm-aging foram

determinadas por quimioluminescência utilizando o dispositivo Immulite 1000®

(Malvern, Estados Unidos da América) com kits da Siemens®. As variáveis

bioquímicas foram analisadas através de amostras de sangue colhidas via punção venosa

após um jejum de 12-14 horas. Os níveis de colesterol total, HDL (g/dL), LDL (g/dL),

triglicérideos (mg/dL), albumina (g/dL), uréia (mg/dL), creatinina (mg/dL) e proteínas

totais (mg/dL) foram determinados por meio de ensaios enzimáticos colorimétricos,

utilizando o Analisador Bioquímico Bio-200 (Barueri, Brasil) e kits de Labtest

Diagnóstica®.

Para análise dos fatores associados à antropometria, a massa corporal e estatura

foram verificadas para posterior cálculo do índice de massa corporal (IMC). Nos idosos

que não conseguiam ficar em apoio bi-podal foi mensurada a altura do joelho para

cálculo adaptado do IMC. A massa corporal foi mensurada em uma balança de leitura

digital com precisão de 0,1 kg, e a estatura por meio de um estadiômetro com precisão

de 0,1 cm, de acordo com os procedimentos descritos por Lohman (31). O IMC foi

calculado considerando-se o quociente entre a massa corporal em quilogramas e a

estatura em metros elevada à segunda potência (kg.m-2

). foi mensurado ainda o

perímetro abdominal, perímetro de braço, dobra cutânea tricipital (DCT), dobra cutânea

subescapular (DCSE) e posteriormente conferida a área muscular do braço corrigida

(AMBc) perímetro muscular do braço e área gordurosa do braço, a partir da equação

citada por Frisancho (32).

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Os dados referentes ao sexo, à idade, ao tipo de instituição, número de

medicamentos e número de doenças foram obtidos dos registros de cada instituição. A

variável "tipo de instituição" foi selecionada como proxy da situação econômica dos

idosos, considerando a hipótese de que o estado de saúde atual do idoso reflete as

condições sociais e econômicas do passado. Estas condições podem determinar a

escolha do tipo de instituição, com ou sem fins lucrativos.

Os critérios utilizados para estratificação dos idosos com sarcopenia basearam-se

na discriminação de níveis reduzidos de massa muscular, associados a uma redução na

força e/ou funcionalidade. Para mensuração da força foi utilizado o teste de preensão

manual. Para análise da funcionalidade, foi utilizado o teste de velocidade de marcha e

para avaliação da massa muscular, o perímetro de panturrilha. Idosos que não

deambulassem ou que obtivessem resultado menor que 12 no MEEM (23,24) realizaram

diretamente avaliação da massa muscular conforme estabelecido por Oliveira Neto et.

al. (22) para diagnóstico de sarcopenia em idosos institucionalizados, conforme

demonstrado na Figura 1.

Figura 1: Organograma adaptado do Consenso Europeu (2010) para definição e diagnóstico da

Sarcopenia utilizando os critérios de funcionalidade (velocidade de marcha), força (preensão manual) e

massa muscular (perimetria).

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Tratamento Estatístico

Inicialmente os dados descritivos foram analisados por média e desvio padrão. Após

conferido os critérios de sarcopenia, foi realizado o cálculo de prevalência das amostras.

O teste t de Student foi utilizado para analisar as variáveis quantitativas entre idosos

sarcopenicos e não sarcopenicos, enquanto que o teste de qui-quadrado foi utilizado nas

variáveis qualitativas, para análise da magnitude da distribuição pelo sexo, IMC e idade.

Por fim, a regressão de Poisson com variância robusta foi utilizada para dar razões de

prevalência àquelas variáveis que apresentaram diferença nas análises bivariadas.

RESULTADOS

Das 9 instituições participantes do estudo, 5 eram sem fins lucrativos e 4 eram

instituições com fins lucrativos. De um total de 314 idosos que residiam nas ILPIs, 24

idosos ou cuidadores recusaram a participação no estudo e 71 participantes foram

excluídos por se encaixar em alguns dos critérios de exclusão previamente estabelecidos

(internação, hemodiálise ou falta de dados no prontuário da instituição). Como

demonstrado na tabela 1, os idosos participantes do estudo são considerados idosos

longevos, devido média de idade superior a 80anos, assim como são considerados com

baixo índice de massa corporal (<25 kg/m²).

Tabela 1. Caracterização da amostra de idosos institucionalizados (n = 219).

Varável Média ± Desvio padrão

Idade (anos) 82,2 ± 8,98

Massa corporal (kg) 54,04 ± 14,54

Estatura (cm) 151,82 ± 8,87

Índice de massa corporal (kg/m²) 23,07 ± 1,57

Conforme apresentado na Figura 2, dos 219 idosos que participaram das etapas

necessárias para avaliação da condição de sarcopenia, 144 eram acamados, cadeirantes

ou possuíam baixa condição cognitiva que impedia a realização do teste de velocidade

de marcha, ao passo que 75 tinham condições físicas e cognitivas suficientes para

realização do teste de velocidade de marcha. Após realizada a avaliação da sarcopenia,

verificou-se que 138 idosos apresentavam sarcopenia, gerando uma prevalência de

63,01% nos idosos institucionalizados, dos quais 24 deambulavam e tinham boa

condição cognitiva e 114 não deambulavam e/ou tinham baixa condição cognitiva,

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representando uma prevalência de sarcopenia de 32 % e 76,3 % respectivamente,

especificamente nestas populações.

Figura 2 – Prevalência de idosos institucionalizados com sarcopenia segundo adaptação

aos critérios do Consenso Europeu (2010).

Definido o grupo dos 138 idosos sarcopênicos e dos 81 idosos não sarcopênicos

foi realizada associação com os fatores bioquímicos, antropométricos, sócio-

demográficos e de nível de atividade física e independência dos idosos. No que diz

respeito às variáveis bioquímicas associadas à sarcopenia, somente os triglicerídeos

(p=0,04) e a creatinina (p<0,001) apresentaram diferença entre os idosos com e sem

sarcopenia. Idosos sarcopênicos apresentaram menos valores de triglicerídos (98,0

mg/dL) e de Creatinina (0,9 mg/dL), conforme observado na Tabela 2.

Tabela 2- Variáveis bioquímicas associadas à sarcopenia.

VARIÁVEIS INDEPENDENTES #

PRESENÇA SARCOPENIA média (± DP)

AUSÊNCIA DE SARCOPENIA média (± DP)

Valor de p

Colesterol Total (mg/dL) 164,2(±41,0) 172,6(±43,1) 0,20

HDL (g/dL) 43,2(±9,5) 43,8(±9,6) 0,85 LDL (g/dL) 99,7(±37,6) 104,4(±37,8) 0,44

VARIÁVEIS INDEPENDENTES $

PRESENÇA SARCOPENIA mediana (IQR)

AUSÊNCIA DE SARCOPENIA mediana (IQR)

Valor de p

Triglicerideos (mg/dL) 98,0 (68,5-139,5) 155,5 (112,0-203,0) 0,04

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Albumina (g/dL) 3,3 (2,9-3,9) 3,3 (2,9-4,0) 0,66 Uréia (mg/dL) 36,0 (29,0-46,0) 38,0 (32,0-46,0) 0,08

Proteínas totais (mg/dL) 7,1 (6,6-7,6) 7,3 (6,9-7,7) 0,11 Creatinina (mg/dL) 0,9 (0,80-1,1) 1,0 (0,9-1,1) <0,001

# teste t de Student $ teste de Wilcoxon

Com relação às variáveis antropométricas, foram utilizadas medidas de análise

de massa magra, massa gorda e massa óssea. Todas elas demonstraram diferença entre

idosos sarcopenicos e não-sarcopênicos e apresentaram valores reduzidos para todas as

medidas nos idosos com diagnóstico de sarcopenia, demonstrando o impacto desta

doença na massa corporal generalizada do idoso (Tabela 3).

Tabela 3. Relação entre sarcopenia e os fatores antropométricos.

VARIÁVEIS INDEPENDENTES #

PRESENÇA SARCOPENIA (média ± DP)

AUSÊNCIA DE SARCOPENIA (média ± DP)

Valor de p

Altura do Joelho (cm) 47,24 (3,23) 48,13 (2,84) 0,011 Perímetro abdominal 84,02 (12,54) 93,56 (13,88) <0,001 Perímetro de braço 21,81 (3,61) 26,69 (4,28) <0,001

DCT 11,69 (7,14) 18,93 (8,73) <0,001 DCSE 11,97 (6,16) 18,89 (8,90) <0,001

AMBc 19,62 (7,42) 27,60 (10,44) <0,001

VARIÁVEIS INDEPENDENTES $

PRESENÇA SARCOPENIA Mediana (IQR)

AUSÊNCIA DE SARCOPENIA Mediana (IQR)

Valor de p

Perímetro Muscular do Braço 18,82 (17,15-19,97) 20,85 (19,41-23,32) <0,001 Área Gordurosa do Braço 12,28 (6,33-17,14) 27,82 (18,03-34,82) <0,001

Siglas: DCT = Dobra Cutânea Tricipital; DCSE = Docbra Cutânea Sub-Escapular; AMBc = Área

Muscular do Braço corrigida.

# teste T de Student

$ teste de Wilcoxon

Com relação ao sexo, polifármaco (número de medicamentos), multimorbidades

(número de doenças), condição sócio-econômica (tipo de ILPI residida pelo idosos) e

idade (idosos longevos e não longevos) não foram observadas diferença na distribuição

entre sarcopênicos e não-sarcopênicos, sendo o IMC a única variável que demonstrou

associação com a sarcopenia. Idosos sarcopênicos apresentaram 92,9% de baixo peso,

contra apenas 7,1% do apresentado pelos idosos não sarcopênicos, ao passo que idosos

não-sarcopênicos apresentaram distribuição de 89,6% destes com excesso de peso,

contra 10,4% dos idosos sarcopênicos. Por último, a capacidade de deambular foi uma

outra variável associada à sarcopenia. 79,2% dos idosos que não deambulavam eram

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sarcopênicos, enquanto que 68,0% dos que deambulavam não apresentaram sarcopenia

(Tabela 4).

Tabela 4. Relação às variáveis sociodemográficas e de agravos a saúde do idosos

representadas pelo sexo, idade, IMC, multimorbidades, medicamentes, capacidade

de deambular e tipo de ILPI na prevalência de sarcopenia em idosos

institucionalizados.

VARIÁVEIS PRESENÇA DE SARCOPENIA

N (%)

AUSÊNCIA DE SARCOPENIA

N (%)

Valor de p

SEXO Masculino 28 (57,1%) 21 (42,9%)

0,334 Feminino 110 (64,76%) 60 (35,3%)

IMC

Baixo Peso 105 (92,9%) 8 (7,1%) <0,001

Eutrofia 28 (48,3%) 30 (51,7%)

Excesso de Peso 5 (10,4%) 43 (89,6%)

Multimorbidades ≥ 3 comorbidades 48 (55,8%) 38 (44,2%)

0,076 ≤ 2 comorbidades 90 (67,7%) 43(32,3%)

Número de Medicamentos

≥ 5 medicamentos 57 (56,4%) 44 (43,6%) 0,062

≤ 4 medicamentos 81 (68,6%) 37 (31,4%)

Tipo de ILPI Sem fins lucrativos 84 (63,2%) 49(36,8%)

0,956 Com fins Lucrativos 54 (62,8%) 32 (37,2%)

Idade <80 anos 48 (60,8%) 31 (39,2%)

0,604 ≥80 anos 90 (64,3%) 50 (35,7%)

Deambula* Sim 24 (32,0%) 51 (68,0%) <0,001

Não 114 79,2%) 30 (20,8%)

Podemos observar na Tabela 5, que a cada 1 cm de altura do joelho os idosos

apresentam 2,71% menor prevalência de sarcopenia, ao passo que indivíduos

considerados eutróficos ou com excesso de peso, segundo o IMC, apresentam

respectivamente 37,71% e 91,81% menor prevalência de sarcopenia. Além disso, idosos

que deambulam possuem 30,08% maior prevalência de não serem considerados

sarcopênicos.

Tabela 5 – Regressão de Poisson com variância robusta para razões de prevalência

da sarcopenia em relação à medida de altura de joelho, creatinina, IMC,

deambulação e uso de medicação.

Sarcopenia IRR Erro

Padrão

z p>|z| Intervalo de

Confiança

(95%)

Altura do joelho (cm) 0,97 0,01 -1,99 0,046* 0,95-1,00

Creatinina (mg/dL) 0,69 0,14 -1,84 0,060 0,47-1,02

IMC: Eutrofia (kg/m²) 0,62 0,92 -3,21 0,001* 0,47-0,83

IMC: Excesso de peso (kg/m²) 0,08 0,57 -3,58 <0,001* 0,02-0,32

Deambula (Sim) 0,70 0,11 -2,28 0,023* 0,51-0,95

Medicação (≤4 medicamentos) 0,88 0,08 -1,50 0,134 0,74-1,04

IMC: Índice de Massa Corporal

*p,0,05

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DISCUSSÃO

Nossos achados demonstram uma alta prevalência de sarcopenia (63,3%) nos

idosos institucionalizados, com predominância de idosos com baixo peso (92,9%),

segundo o IMC. Elevado índice de prevalência em idosos institucionalizados

corroboram os achados em estudos anteriores com idosos de diferentes localidades,

demonstrando que esta é uma patologia extremamente presente nesta população,

reforçando a necessidade de observarmos quais fatores são determinantes para o

desenvolvimento da sarcopenia e consequente discussão de estratégias de combate a

esta doença (33,34).

Nos achados do presente estudo pudemos observar além da redução do IMC,

uma redução de todas as medidas antropométricas utilizadas como indicadores de massa

corporal no idoso (músculo, gordura e massa óssea), demonstrando que a sarcopenia

não é seletiva apenas para redução de massa muscular. Apesar de não ter sido um

objetivo de análise estudo, foi possível evidenciar ainda que o IMC apresentou

correlação estatisticamente significativa com todas estas variáveis antropométricas de

perímetro de braço (r=0,758), área gordurosa do braço (r=0,754), perímetro abdominal

(r=0,722), dobra cutânea tricipital (r=0,706), perímetro de panturrilha (r=0,681), dobra

cutânea subescapular (r=0,637), área muscular do braço corrigida (r=0,501), perímetro

muscular do braço (r=0,495) e altura do joelho (r=0,129). Estes achados corroboram os

estudos supracitados que evidenciam uma associação da sarcopenia com perda geral de

massa no idoso, não sendo seletiva apenas à perda de massa muscular (35–37).

Para tanto, tem sido sugerido que os idosos têm uma maior desregulação

energética, que os predispõe à desnutrição, levando a alterações morfológicas e

funcionais que surgem como reflexo das adaptações fisiológicas, metabólicas e

consequente redução progressiva de peso corporal (36,37). Quando comparado à

condição de sarcopenia, tem sido observado que esta perda de peso acentuada tem sido

mais robusta principalmente em idosos com sarcopenia (35).

Com relação aos fatores nutricionais, podem-se considerar como os principais

indicadores de desnutrição nos idosos os seguintes parâmetros: Índice de massa corporal

(IMC) menor que 22 kg/m²; Nível de colesterol sérico total inferior a 160 mg/dL;

Circunferência muscular do braço inferior ao percentil 10 (< 26,8 cm no presente estudo);

Dobra cutânea tricipital menor que o percentil 10 (< 6,0 mm no presente estudo) ou maior

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que o percentil 95 (38). Quando confrontados os idosos avaliados com estes estes

indicadores, podemos observar que os idosos sarcopênicos do presente estudo

apresentaram um quadro de desnutrição.

Desta forma, é imperativo pensarmos em estratégias nutricionais aos idosos

institucionalizados no combate aos fatores de agravo à saúde, principalmente nos idosos

sarcopênicos, que apresentam um quadro de desnutrição. Principalmente, associado ao

fato de que o balanço entre ingestão de alimentos e o consumo de energia necessária

para as funções diárias do organismo são alteradas nos idosos. Wilson et. al., (37)

verificaram que durante a sobrealimentação (ingesta maior do que o gasto diário), a taxa

metabólica em repouso (TMR) eleva menos em idosos quando comparados à adultos

jovens, ao passo que durante a subalimentação (ingesta menor do que o gasto calórico

diário) reduz menos, sugerindo desrregulação entre mudanças na ingestão de energia e

TMR no idoso.

Além disso, a baixa concentração de triglicerídeos encontrados nos idosos

sarcopênicos pode estar relacionada ao baixo percentual de gordura observado neste

grupo, visto que o os triglicerídeos representam uma fonte de energia armazenada no

tecido adiposo (39). Enquanto que a redução nos níveis de creatinina podem representar

uma baixa ingesta proteica nesta população, o que justificaria e massa muscular

reduzida (40).

Outro aspecto associado à sarcopenia foi a capacidade de deambular. 79,2% dos

idosos que não deambulavam eram sarcopênicos, ao passo que 68,0% dos que

deambulavam não possuíam sarcopenia. Estudos anteriores sobre força de membros

inferiores já haviam sinalizado que idosos com elevada força tenham menor propensão à

sarcopenia (41,42).

Considerando a alta prevalência de sarcopenia nos idosos institucionalizados e

observando que, fatores nutricionais, massa corporal e limitação para deambular são os

principais fatores associados a esta doença, é imperativo pensarmos em estratégias de

saúde no combate a estes fatores como forma de reduzirmos os efeitos da sarcopenia

sobre os idosos. Estratégias de saúde devem ser tomadas com meta a controlar a ingesta

nutricional do idoso e estimular sua independência físico-funcional.

Para estudos futuros é recomendado que seja utilizado formas diretas de

avaliação da composição corporal do idoso, como o DEXA ou a Ressonância Nuclear

Magnética, que fornece o quantitativo real da massa muscular, massa óssea e massa

gorda do idosos. Além disso, para cálculo do nível de atividade física é importante

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pensarmos em outras estratégias para mensuração desta variável, tal como o

Acelerômetro. Este aparelho pode dar informações mais detalhadas do nível de

atividade física diário, visto que o fato de deambular possuiu uma influência positiva na

proteção da sarcopenia. Além disso, estudos longitudinais são necessários para

verificação da causalidade nos fatores associados à sarcopenia, visto que estudos

seccionais limitam estas discussões.

CONCLUSÃO

Idosos sarcopênicos apresentam menor massa corporal, com reduzidas medidas

antropométricas globais e maior número de idosos com incapacidade física para

deambular. Desta forma, podemos observar que dentre os aspectos analisados no

presente estudo, os fatores nutricionais, antropométricos e físicos foram os principais

aspectos associados à sarcopenia em idosos institucionalizados. Além disso, é

necessário rediscutirmos a sarcopenia como um diagnóstico de perda de massa

muscular, pois esta perda não demonstrou ter sido seletiva para musculatura em idosos

institucionalizados.

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67

5.2 CAPÍTULO – 3

FATORES ASSOCIADOS AO INFLAMM-AGING EM IDOSOS

INSTITUCIONALIZADOS

ASSOCIATED FACTORS WITH INFLAMM-AGING IN INSTITUTIONALIZED

ELDERLY

Autores: Leônidas de Oliveira Neto1,2, Pedro Moraes Dutra Agrícola2, Larissa Praça de Oliveira1, Márcia Cristina Sales3, Lúcia Fátima Campos Pedrosa4, Kenio Costa de Lima1

Instituições: 1

Departamento de Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil 2 Departamento de Educação Física – Faculdade Maurício de Nassau, Natal-RN, Brasil

3 Departamento de Farmácia – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil

4Departamento de Nutrição – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, Brasil

RESUMO

Introdução: O aumento de citocinas inflamatórias associadas à redução na

biodisponibilidade do Zinco tem sido utilizados como marcadores para o inflamm-

aging. Além disso, estes substratos tem sido associados à sarcopenia, o que leva alguns

estudos a relacionarem o inflamm-aging a gênese da sarcopenia. Apesar do elevado

estado inflamatório encontrado em idosos institucionalizados, poucos estudos

propuseram verificar os fatores associados à esta condição nesta população. Objetivo:

Verificar os fatores associados ao inflamm-aging em idosos institucionalizados.

Metodologia: 187 idosos (≥ 60 anos) residentes nas instituições de longa permanência

para idosos do Natal/RN foram incluídos no estudo. Após análise dos conglomerados de

cluster utilizada para identificação de 3 grupos segundo seu estado inflamatório, foi

realizada análise da sarcopenia e das variáveis antropométricas, bioquímicas, sócio-

demográficas e de agravos à saúde. Na sequência, realizou-se uma regressão logística

ordinal para um nível de confiança de 95% naquelas variáveis com p<0,20 na análise

bivariada,. Resultados: IL-6, TNFα e o Zinco demonstram ser bons marcadores para

caracterizar o inflamm-aging em idosos institucionalizados. LDL, HDL e triglicerídeos

apresentaram associação com o inflamm-aging. O aumento de 1 unidade de medida de

LDL, HDL e triglicerídeos aumentaram em 1,5%, 4,1% e 0,9% respectivamente, a

chance de inflamm-aging, ao passo que idosos longevos (≥80 anos) possuíram 84,9% de

chance de apresentarem inflamm-aging em relação aos idosos não longevos (<80anos).

Conclusão: Associação entre marcadores bioquímicos e o inflamm-aging demonstram

relação da lesão endotelial com o estado inflamatório. Além disso, idosos longevos

apresentaram maior influência no inflamm-aging, demonstrando associação da

longevidade com estado inflamatório.

Palavras-chave: Inflamação; Mediadores da Inflamação, Citocinas; Deficiência de

Zinco; Doenças Musculares

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68

ABSTRACT

Introduction: The increase in inflammatory cytokines associated with reduction in

bioavailability of zinc has been used as markers for inflammation. More over, these

substrates have been associated with sarcopenia, which leads some studies to relate

inflammation to the genesis of sarcopenia. Despite the high inflammatory state found in

institutionalized elderly, few studies have proposed to verify the factors associated with

this condition in this population. Objective: To verify the factors associated with

inflamm-aging in institutionalized elderly. Methodology: 187 elderly (≥ 60 years old)

living in the nursing homes of Natal / RN were included in the study. After cluster

analysis used to identify 3 groups according to their inflammatory state, an analysis of

sarcopenia and anthropometric, biochemical, socio-demographic and health-related

variables were performed. In sequence, an ordinal logistic regression was performed

for a confidence level of 95% in those variables with p <0.20 in the bivariate analysis.

Results: IL-6, TNFα and Zinc demonstrate to be good markers for characterizing

inflammation in institutionalized elderly. LDL, HDL and triglycerides were associated

with inflamm-aging. The increase of 1 unit of measurement of LDL, HDL and

triglycerides increased the chance of inflammation-aging by 1.5%, 4.1% and 0.9%,

respectively, while oldest old (≥80 years old) had 84 , 9% chance of presenting

inflamm-aging in relation to no oldest old (<80 years). Conclusion: Association

between biochemical markers and inflamm-aging demonstrate a relationship between

endothelial injury and the inflammatory state. In addition, the elderly had a greater

influence on the inflamm-aging, demonstrating an association of longevity with an

inflammatory state.

Key-words: Inflammation; Inflammation Mediators; Cytokines; Zinc deficiency;

Muscular Diseases

INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento ocorre paralelamente à deterioração progressiva

das células e funcionamento dos órgãos e pode ter origem metabólica, imunológica,

neuroendócrina ou oxidativa (1,2). Este processo de deterioração fisiológica transforma

as características físicas do idoso (3,4). Recentemente, estas alterações nas

características físicas e biológicas do envelhecimento estão sendo explicadas pelo

desequilíbrio entre mecanismos oxidantes/ antioxidantes (2) e mecanismos

inflamatórios/ anti-inflamatórios resultantes do estado pro-inflamatório, conhecido

como envelhecimento inflamatório ou inflammatory–aging (inflamm-aging) (5).

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69

O inflamm-aging é um processo que ocorre concomitantemente ao

envelhecimento e está relacionado à presença de estado inflamatório brando e crônico,

desencadeado por uma produção exacerbada de citocinas pró-inflamatórias, tais como

IL-6, TNF-α e IL-1β (6,7). Apesar da inflamação ser considerada um processo natural e

necessário para reparação de tecidos em resposta a agentes agressores, um estado

inflamatório crônico, como ocorre no inflamm-aging, pode gerar consequências

deletérias para o organismo (6), desencadeando diversos agravos à saúde, tais como a

doença arterosclerótica (8,9), hipercolesterolemia (10), doenças cardiovasculares (11)

ou hipertensão arterial sistêmica (10). Por este motivo, o estado de inflamação crônica

pode ser utilizado como importante preditor de mortalidade (5). Assim, um diagnóstico

precoce pode ajudar na redução no desenvolvimento de diversas doenças e

consequentemente na mortalidade de idosos.

Evidências recentes têm expandido nossa compreensão de que citocinas

inflamatórias (IL-6 e TNF- α) agem como mensageiros importantes no metabolismo

musculoesquelético, demonstrando uma forte associação na elevação dos níveis de

citocinas com a redução da massa muscular, tanto em estudos transversais (12,13),

quanto em longitudinais (14,15). Alteração do turnover de aminoácidos (16), via

redução da absorção de aminoácidos musculares essenciais (17–19), são os principais

mecanismos associados à decomposição de proteínas propostos para elucidar os motivos

pelos quais células musculares são degradadas quando expostas a níveis elevados de

citocinas inflamatórias (20,21). Desta forma, alterações no estado inflamatório dos

idosos podem também estar associadas à sarcopenia, que é uma alteração morfológica

da composição corporal do idoso, diagnosticada pela perda de massa muscular, força e

funcionalidade (22–24).

Além do aumento na produção das citocinas pró-inflamatórias, o declínio na

biodisponibilidade de zinco é um processo que ocorre em paralelo à exacerbação do

estado inflamatório (10,25). Tais alterações no sistema imune, observadas pelo aumento

na produção de citocinas pró-inflamatórias, como na deficiência do zinco, demonstram-

se similares, inclinando-se para uma relação estreita entre o inflamm-aging e a

deficiência desse nutriente (26). Não só o zinco, mas também subprodutos do

metabolismo proteico (albumina, ureia, creatinina e proteínas totais) ou lipídico

(Colesterol, HDL, LDL e triglicerídeos) são outros fatores nutricionais que podem

contribuir para o desenvolvimento de um processo inflamatório crônico (27). Esses

substratos utilizados como marcadores do metabolismo proteico e lipídico possuem

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70

ainda boa associação com situação socioeconômica, sexo e idade da população idosa

(28).

No entanto, devido ao alto custo dos exames bioquímicos, marcadores

antropométricos são comumente utilizados em estudos epidemiológicos, por

apresentarem associações importantes com a condição metabólica do idoso (17).

Apesar de estabelecida uma relação entre elevação de citocinas inflamatórias e

redução do zinco com a deflagração do inflamm-aging, não são observados estudos que

busquem diagnosticar esta condição através da associação destes marcadores. Além

disso, apesar dos idosos institucionalizados serem uma população que apresenta piores

indicadores de condição saúde, com alta prevalência de sarcopenia (30) e elevado

estresse inflamatório (31), poucos estudos propuseram relacionar a sarcopenia com o

inflamm-aging assim como analisar seus determinantes bioquímicos, antropométricos,

sociodemográficos e de agravos a saúde desta população. Desta forma, o objetivo do

presente estudo é relacionar a sarcopenia com o inflamm-aging, assim como analisar

seus fatores associados em idosos institucionalizados

MÉTODO

Delineamento do estudo e população

FALAR SOBRE O DESENHO DO ESTUDO O estudo foi conduzido em 304

idosos (≥ 60 anos) de ambos os sexos, residentes em instituições de longa permanência

(ILPI) com ou sem fins lucrativos e que estivessem cadastradas na Agência de

Vigilância Sanitária (ANVISA) na cidade do Natal/RN, Brasil. Foram excluídos da

amostra inicial todos idosos que não residiam nas ILPIs ao início das coletas, que

tivessem dificuldade para obtenção do acesso venoso, impedindo a coleta sanguínea

para caracterização do estado inflamatório e das variáveis bioquimicas, que realizavam

alimentação por via enteral e idosos amputados que inviabilizassem a realização das

medidas antropométricas no braço e perna (n=95). O projeto foi aprovado pelo Comitê

de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CEP/UFRN) e

está de acordo com os princípios para pesquisas médicas envolvendo humanos segundo

a Declaração da Associação Médica Mundial de Helsinki, pelo protocolo 263/11;

CAAE 0290.0.051.000-11. Após explicado os procedimentos metodológicos e objetivos

do estudo, todos participantes do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido previamente ao início das coletas de dados.

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71

Variáveis bioquímicas, antropométricas e sociodemográficas e fatores de agravos à

saúde.

As análises bioquímicas necessárias para caracterização do inflamm-aging foram

determinadas por quimioluminescência utilizando o dispositivo Immulite 1000®

(Malvern, Estados Unidos da América) com kits da Siemens®. As variáveis

bioquímicas foram analisadas através de amostras de sangue colhidas via punção venosa

após um jejum de 12-14 horas. Os níveis de colesterol total, HDL (g/dL), LDL (g/dL),

triglicérideos (mg/dL), albumina (g/dL), uréia (mg/dL), creatinina (mg/dL) e proteínas

totais (mg/dL) foram determinados por meio de ensaios enzimáticos colorimétricos,

utilizando o Analisador Bioquímico Bio-200 (Barueri, Brasil) e kits de Labtest

Diagnóstica®.

Para investigação dos determinantes antropométricos foi mensurada a perimetria

de panturrilha, peso e altura, necessários para cálculo do Índice de Massa Corporal (32),

além de perimetria de braço e dobra cutânea tricipital, necessários para calcularmos a

Área Muscular do Braço (AMB) e Área Gordurosa do Braço (AGB) a partir da equação

citada por Frisancho (33).

Os dados referentes ao sexo, à idade, ao tipo de instituição, número de

medicamentos e número de doenças foram obtidos dos registros de cada instituição. A

variável "tipo de instituição" foi selecionada como proxy da situação econômica dos

idosos, considerando a hipótese de que o estado de saúde atual do idoso reflete as

condições sociais e econômicas do passado. Estas condições podem determinar a

escolha do tipo de instituição, com ou sem fins lucrativos.

Os critérios utilizados para estratificação dos idosos com sarcopenia basearam-se

na discriminação de níveis reduzidos de massa muscular, associados a uma redução na

força e/ou funcionalidade. Para mensuração da força foi utilizado o teste de preensão

manual. Para análise da funcionalidade, foi utilizado o teste de velocidade de marcha e

para avaliação da massa muscular, o perímetro de panturrilha. Idosos que não

deambulassem ou que obtivessem resultado menor que 12 no MEEM realizaram

diretamente avaliação da massa muscular conforme estabelecido por Oliveira Neto et.

al. (34) para diagnóstico de sarcopenia em idosos institucionalizados.

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ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para agrupamento dos sujeitos segundo o seu estado inflamatório, buscou-se

alguns critérios de análise das variáveis a serem agrupadas que se seguiu inicialmente

pela análise de ausência de multicolinearidade entre as variáveis que serviram de base

para a construção dos agrupamentos (clusters), a partir do coeficiente da correlação de

Pearson. Em seguida, foi realizada a padronização das variáveis, transformando os

dados dessas variáveis em z escores para uniformizar e impedir distorção da estrutura

dos agrupamentos. Na sequência, foi realizada uma regressão linear com intuito de

identificar e retirar os possíveis outliers por meio da distância de Mahalanobis.

Após finalizado este processo de verificação de multicolinearidade dos dados,

padronização das variáveis e identificação dos outliers, foi utilizada a metodologia para

análise de clusters, com o objetivo de agrupar os idosos por características inflamatórias

similares. Para tanto, foi utilizado o algoritmo de agrupamento de clusters através do

método k-means com o objetivo de encontrar uma partição de dados com reduzida

distância euclidiana ao centro do cluster, objetivando formar grupos homogêneos a

partir das características pré-determinandas dos níveis de Zinco, Interleucina-6 e Fator

de Necrose Tumoral α.

Neste processo foi verificado um número adequado de 3 clusters, considerando

que para estes conglomerados cada Cluster possuía n >30. Após criado os cluster do

estado inflamatório dos sujeitos do estudo, foi conferida a parametria das variáveis

independentes pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, e realizado o teste de ANOVA com

post-hoc de Bonferroni ou Kruskal-Wallis, seguido do teste de Mann-Whitney com

penalização, realizado para comparação destas variáveis (bioquímicas, antropométricas

e sociodemográficas e de agravos a saúde do idoso) entre os clusters. O teste do qui-

quadrado foi utilizado para verificação da associação entre variáveis qualitativas, sexo,

tipo de ILPI, polifarmácia, multimorbidades e os clusters. As variáveis que obtiveram

valor de p<0,20 nessas análises, tiveram sua multicolinearidade testada e, em seguida,

realizou-se uma regressão logística ordinal para um nível de confiança de 95%.

RESULTADOS

Das 9 instituições participantes do estudo, 5 eram sem fins lucrativos e 4 com

fins lucrativos. De um total de 314 idosos que residiam nas ILPIs, 24 idosos ou seus

tutores recusaram a participação no estudo e 71 participantes foram excluídos por se

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73

encaixar em alguns dos critérios de exclusão previamente estabelecidos (dificuldade

para obtenção do acesso venoso, que realizavam alimentação por via enteral e

amputados). Foram excluídos ainda idosos (n = 7) cujos valores das variáveis

bioquímicas foram extremos (outliers), ou que não realizaram todas as avaliações

(n=24). Anteriormente ao agrupamento dos idosos em termos de suas características do

estado inflamatório, os dados foram analisados para confirmar a validade da análise

multivariada, na qual 1 indivíduo identificado como outlier (Mahalanobis Distance-D2)

e foi eliminado da amostra, contabilizando uma amostra final de 187 indivíduos (Figura

1).

Figura 1. Fluxograma da seleção dos participantes do estudo.

Foram formados três clusters (n>30), apresentados na Tabela 1, a qual

demonstra os valores médios/medianos e as diferenças das variáveis inflamatórias para

cada grupo formado. Quando da análise das variáveis que serviram de base para a

composição dos agrupamentos, o Zn (F=116,83) foi a que melhor discriminou os

clusters, seguido pela IL6 (F=101,09) e TNFα (F=72,98). Com relação ao Cluster 1,

podemos observar uma maior concentração de IL6 e TNFα, associado a uma baixa

concentração de Zn, em relação aos demais clusters, segundo seus valores normativos

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estabelecidos pelo fabricante (Immulite 1000®). O aumento de citocinas inflamatórias

associadas à redução do zinco remetem à presença de inflamm-aging neste grupo de

idosos. O Cluster 3 apresentou uma característica antagônica ao Cluster 1, com menor

concentração de IL6 e TNFα e elevada concentração de Zn, remetendo a uma baixa

carga inflamatória. Já as características do Cluster 2 foram consideradas intermediárias

entre os outros clusters.

Tabela 1. Caracterização do estado inflamatório distribuídos nos clusters.

CONGLOMERADOS N IL6 (pg/mL)# TNFα (pg/mL)# Zn

(ug/mL)$

DESCRIÇÃO DO

CLUSTER

CLUSTER 1 40 8,15 (6,8 - 9,77) a

12,6 (9,8-14,8) a 76,27 (±11,53)

a

Inflamm-aging

CLUSTER 2 70 3,25 (2,2-4,8) b

5,1 (4,0-8,1) b 74,08 (±8,60)

a

Estado Inflamatório

Transitório

CLUSTER 3 77 2,9 (2,2-3,9) b

8,2 (4,9-8,7) c 98,11 (±9,94)

b

Sem Inflamm-

aging

Valor de p <0,001 <0,001 <0,001

Abreviaturas: IL-6 = Inter-leucina 6; TNFα = Fator de Necrose Tumoral α; Zn = Zinco

#: Os dados foram apresentados em mediana e intervalo interquartil considerando a não-parametria dos

dados.

$: Os dados foram distribuídos em média e desvio padrão, considerando a parametria dos dados.

a/b/c: Letras diferentes denotam diferença estatisticamente significativas entre as variáveis.

* Inflamm-aging

Definida as características dos 3 clusters, foi realizada a associação entre as

variáveis independentes e o inflamm-aging e as variáveis independentes, na qual foi

possível observar diferença (p<0,05) entre os clusters para as variáveis colesterol total,

LDL, triglicerídeos e creatinina. (Tabela 2). O Cluster Inflamm-aging apresentou um

maior nível de colesterol total, LDL, triglicerídeos e creatinina em relação ao cluster

ausência de Inflamm-aging, demonstrando a mesma relação antagônica apresentada

entre os marcadores inflamatórios. O Cluster Estado Inflamatório Transitório,

apresentou características similares ao cluster Inflamm-aging entre as variáveis de

colesterol total, LDL, triglicerídeos e creatinina. Esta última variável, por sua vez,

apresentou resposta similar também ao cluster sem Inflamm-aging, indicando um menor

efeito com relação às variáveis inflamatórias presentes em cada cluster.

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Tabela 2- Variáveis bioquímicas associadas ao Inflamm-aging

VARIÁVEIS INDEPENDENTES # Inflamm-aging

(média ± DP)

Estado

Inflamatório

Transitório

(média ± DP)

Sem Inflamm-

aging

(média ± DP)

Valor de p

Colesterol Total (mg/dL) 186, 23 (40,79) a 185,70 (39,52)

a 149,56 (34,23)

b <0,001*

HDL (g/dL) 45,08 (7,63) 44,97 (10,19) 42,41 (9,93) 0,194

LDL (g/dL) 116,82 (37,56) a 113,84 (36,77)

a 87,46 (31,55)

b <0,001*

Triglicerideos (mg/dL) 121,85 (51,46) a

134,64 (53,1) a 98,60 (42,47)

b <0,001*

Ureia (mg/dL) 40,5 (13,3) 41,3(15,7) 38,8(15,6) 0,607

Albumina (g/dL) 3,58 (0,75) 3,64 (0,74) 3,46 (0,75) 0,334

VARIÁVEIS INDEPENDENTES $ CLUSTER 1

Mediana (IQR)

CLUSTER 2

Mediana (IQR)

CLUSTER 3

Mediana (IQR) Valor de p

Proteínas totais (mg/dL) 7,10 (6,4-7,8) 7,30 (6,9-7,7) 7,10 (6,6-7,7) 0,454

Creatinina (mg/dL) 1,0 (0,9-1,2) a 0,9 (0,8-1,1)

a/b 0,9 (0,8-1,1)

b 0,034

# teste T de Student

$ teste de Wilcoxon

a/b/c: Letras diferentes denotam diferença estatisticamente significativas entre as variáveis.

*p<0,05

Com relação às variáveis antropométricas, não foi possível observar em nenhum

dos clusters valores de perimetria elevados. Além disso, devido à pequena variação nos

valores observados de medidas antropométricas, nenhuma delas foi associada ao estado

inflamatório dos idosos (Tabela 3).

Tabela 3. Varáveis antropométricas associadas ao Inflamm-aging

VARIÁVEIS

INDEPENDENTES

#

Inflamm-aging

(média ± DP)

Estado

Inflamatório

Transitório

(média ± DP)

Sem

Inflamm-aging

(média ± DP)

Valor de

p

Altura do Joelho

(cm) 47,55(±2,73) 47,13(±2,81)

47,93(±3,33) 0,274

Perímetro abdominal 90,45(±15,12) 89,33(±14,91) 87,83(±12,62) 0,610

Perímetro de

Panturrilha

29,70 (±4,81) 29,45 (±5,10)

29,17 (±5,67) 0,872

VARIÁVEIS

INDEPENDENTES

$

Inflamm-aging

Mediana (IQR)

Estado

Inflamatório

Transitório

Mediana (IQR)

Sem

Inflamm-aging

Mediana (IQR)

Valor de

p

Perímetro Muscular

do Braço

19,3(17,5-20,6) 19,7(17,8-21,2)

18,9(17,7-21,2) 0,858

Perímetro de braço 24,0 (21,0-27,9) 24,5(22,4-28,0) 24,0(21,0-26,7) 0,392

DCT 14,5(9,0-23,8) 14,9(10,0-23,0) 13,0(8,3-19,9) 0,288

DCSE 12,0(9,0-17,6) 15,8(10,0-25,3) 14,0(9,4-18,9) 0,161

Área Gordurosa do

Braço

15,04 (8,1-27,2)) 15,8 (11,2-26,9)

13,1 (8,0-22,4) 0,262

AMBc 22,26 (17,8-26,9) 24,19 (18,3-27,5) 21,46 (17,7-28,5) 0,709

# teste T de Student

$ teste de Wilcoxon

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Na Tabela 4 podemos verificar que idosos residentes em ILPIs com fins

lucrativos estão predominantemente nos Clusters Estado Inflamatório Transitório

(46,3%) e Sem Inflamm-aging (35,0%), já aqueles residentes em ILPIs sem fins

lucrativos estão predominantemente no Cluster sem Inflamm-aging (53,1%). No que se

refere à distribuição por sexo, os indivíduos masculinos se encontram

predominantemente no Cluster sem Inflamm-aging (56,1%) em relação ao Cluster

Inflamm-aging (22%) e Cluster Estado Inflamatório Transitório (22%), enquanto que os

indivíduos do sexo feminino se encontram predominantemente no Cluster Estado

Inflamatório Transitório (41,8%) e Cluster sem Inflamm-aging (37,0%) em relação ao

Cluster Inflamm-aging (21,2%). Além disso, não foram observadas diferenças entre os

clusters com relação ao IMC, idade, número de morbidades e número de medicamentos.

Tabela 4. Associação do inflamm-aging com as variáveis sóciodemográficas

representadas pelo sexo, idade, IMC, comorbiddes, polifarmáco e tipo de ILPI de

idosos institucionalizados.

VARIÁVEIS*

Inflamm-

aging

n (%)

Estado

Inflamatório

Transitório

n (%)

Sem

Inflamm-aging

n (%)

Valor

de p

SEXO Masculino 9 (22,0%) 9 (22,0%) 23 (56,1%)

0,045 Feminino 31 (21,2%) 61 (41,8%) 54 (37,0%)

IMC

Baixo Peso 17(20,0%) 28(32,9%) 40(47,1%)

0,663

Eutrofia 13(23,6%) 22(40,0%) 20(36,4%)

Excesso de Peso 10(21,3%) 20(42,6%) 17(36,2%)

Comorbidades ≥ 3 comorbidades 13(18,8%) 28(40,6%) 28(40,6%)

0,729 ≤ 2 comorbidades 27(22,9%) 42(35,6%) 49(41,5%)

Número de

Medicamentos

≥ 5 medicamentos 21(23,9%) 34(38,6%) 33(37,5¨%) 0,581

≤ 4 medicamentos 19(19,2%) 36(36,4%) 44(44,4%)

Tipo de ILPI Com fins lucrativos 23 (18,7%) 57 (46,3%) 43 (35,0%)

0,002 Sem fins lucrativos 17 (26,6%) 13 (20,3%) 34 (53,1%)

Idade <80 anos 10(14,1%) 26(36,6%) 35(49,3%)

0,095 ≥80 anos 30(25,9%) 44(37,9%) 42(36,2%)

* Teste de Qui-Quadrado

No que se refere à sarcopenia e à deambulação, estes fatores também não

apresentaram associação com o estado inflamatório do idoso, não sendo observada

diferença nas proporções entre os clusters (Tabela 5).

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Tabela 5 – Relação entre Inflamm-aging com a sarcopenia e independência do idoso

para deambular.

VARIÁVEIS

INDEPENDENTES*

Inflamm-aging

n (%)

Estado Inflamatório

Transitório

n (%)

Sem

Inflamm-

aging

n (%)

Valor de p

Sarcopenia Não 10(18,9%) 22(41,5%) 21(39,6%)

0,747 Sim 19(22,4%) 30(35,3%) 36(42,4%)

Deambula

Não 21(23,9%) 27(30,7%) 40(45,5%) 0,198

Sim 19(19,2%) 43(43,4%) 37(37,4%)

* Teste de Qui-Quadrado

Quando realizado a regressão logística ordinal das variáveis independentes,

anteriormente analisadas, foi possível observar o efeito líquido da idade, LDL, HDL e

triglicerídeos sobre o inflamm-aging (Tabela 6). O aumento de 1 unidade de medida de

LDL, HDL e triglicerídeos aumentaram em 1,5%, 4,1% e 0,9% respectivamente, a

chance de inflamm-aging (Cluster 3 para o 1), ao passo que idosos longevos (≥80 anos)

possuíram 84,9% de chance de apresentarem inflamm-aging em relação aos idosos não

longevos (<80anos)

Tabela 6 – Regressão Logística Ordinal das variáveis independentes em relação ao

Inflamm-aging

Inflamm-aging Odds Ratio Erro Padrão Z p>[z] IC95%

Idade (≥80 anos) 1,849 0,57 2,00 0,04 1,01-3,39

LDL (mg/dL) 1,015 0,01 3,66 <0,01 1,01-1,02

HDL(mg/dL) 1,041 0,02 2,60 0,01 1,01-1,07

Uréia (mg/dL) 0,98 0,01 -1,25 0,21 0,96-1,01

Creatinina (mg/dL) 2,315 1,25 1,56 0,12 0,80-6,67

Triglicerídeos (mg/dL)

1,009 0,01 2,85 <0,01 1,00-1,01

DISCUSSÃO

O presente estudo buscou relacionar a presença de sarcopenia ao inflamm-aging

e verificar sua associação com variáveis bioquímicas, antropométricas,

sociodemográficas e de agravos à saúde de idosos institucionalizados. No que diz

respeito ás técnicas de análise para diagnóstico do inflamm-aging, o presente estudo

demonstra que a técnica multivariada de interdependência é uma boa forma de avaliar

padrão inflamatório no idoso e que a associação entre a IL-6, TNF- α e o Zinco são bons

marcadores para diagnóstico do inflamm-aging, até então, sem valores normativos de

diagnóstico presentes na literatura (35). Ademais, não houve diferenças entre os

clusters quando comparados com a prevalência de sarcopênicos. Os idosos residentes

em ILPIs sem fins lucrativos apresentaram os melhores resultados em relação ao

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processo de inflamação crônica, com a condição de inflamm-aging mais presente no

gênero feminino. Além disso, as variáveis bioquímicas LDL, Colesterol e triglicerídeos

apresentarem níveis mais elevados no grupo inflamm-aging. Quando realizada análise

do efeito líquido das variáveis independentes, podemos observar uma maior influência

da idade, HDL, LDL e triglicerídeos na conformação do grupo inflamm-aging.

O processo de inflamação crônica de baixa intensidade (inflamm-aging) resulta

em um aumento continuado na produção de citocinas pró-inflamatórias, entre elas a IL-

6 e o TNFα (5–7). A exemplo disso, Xia et al (35) propõem em seu artigo de revisão

que as citocinas pró-inflamatórias desempenham papel chave no mecanismo do

inflamm-aging, sendo as concentrações séricas de IL-6 e TNFα medidas consideráveis

como marcadores do inflamm-aging (35). Ao observarmos a característica do cluster 1

frente às citocinas pró-inflamatórias, constatamos valores de IL-6 (8,15 pg/ml) e TNFα

(12,6 pg/ml) superiores aos valores encontrados em idosos saudáveis, tanto na IL-6

(2,57 pg/ml) quanto no TNFα (4,94 pg/ml) (36). Além disso, os valores adotados como

referência nos exames laboratoriais para identificar quadros inflamatórios, apresentam

pontos de corte inferiores aos evidenciados no presente estudo para a IL-6 (3,4 pg/ml) e

TNFα (8 pg/ml). Em contrapartida, os valores de IL-6 encontrados no cluster 1 são

inferiores quando comparados a quadros inflamatórios intensos, como a sepse (IL-6 =

64,1 pg/ml) e síndrome da resposta inflamatória sistêmica (IL-6 = 41,1 pg/ml (37), fato

que configura o cluster 1 com um quadro de inflamação de baixa intensidade,

caracterizando o inflamm-aging.

Além do aumento na síntese de citocinas pró-inflamatórias deflagradas no

inflamm-aging (1), a biodisponibilidade do zinco pode ser considerado um marcador

importante para caracterizar inflamm-aging, pela relação que possui com as citocinas

pró-inflamatórias (38). Maior biodisponibilidade do zinco reduz a transcrição de

citocinas pró-inflamatórias, enquanto que menor biodisponibilidade, favorece a

transcrição de citocinas pró-inflamatórias (10,38). Essa informação é coerente com os

resultados de zinco e sua relação com a IL-6 e TNFα observados nos clusters. Os

valores de zinco (76,27 ug/ml) observados no cluster do inflamm-aging se apresentam

inferiores quando comparados ao cluster sem inflamm-aging (98,11 ug/ml), reforçando

a presença do inflamm-aging no cluster 1. Adicionalmente, o zinco (F=116,83) foi a

variável que melhor descreveu os clusters, seguido pela IL6 (F=101,09) e o TNFα

(F=72,98), demonstrando a importância de inserir este marcador em ensaios futuros que

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visem identificar inflamm-aging, corroborando estudos que apontam esta variável como

importante modulador de atividade inflamatória (38).

Inversamente ao cluster Inflamm-aging, a conformação das citocinas pró-

inflamatórias e zinco dispostas no cluster 3 configuram um quadro de ausência de

inflamm-aging, devido a reduzidos valores de TNFα e IL-6 e valores elevados de Zinco,

quando comparados ao cluster com inflamm-aging. Mocchegiani et al (38) defende a

capacidade das citocinas pró-inflamatórias em regular a biodisponibilidade do zinco

observada nos clusters. O cluster Estado Inflamatório Transitório apresenta

características de ambos os clusters, no qual o nível de IL-6 foi similar ao apresentado

pelo Cluster com ausência de inflamm-aging e o índice de zinco foi semelhante ao

apresentado pelo Cluster com inflamm-aging, ao passo que o nível sérico de TNFα

apresentou um padrão intermediário entre os outros dois Clusters, sendo por estes

motivos caracterizado como um “Estado Inflamatório Transitório”.

Em relação à sarcopenia, não foram encontradas diferenças significativas nos

clusters. Quanto a este achado, vale salientar que, enquanto o aumento na

biodisponibilidade de citocinas inflamatórias vem sendo relacionado ao aumento na

perda de massa muscular (12,15), estudos vêm apontando que a redução da massa gorda

possui relação com a redução na quantidade de citocinas inflamatórias (39,40). Apesar

de ser um constructo teórico que busca diagnosticar a perda de massa muscular, a

sarcopenia vem sendo recentemente associada não somente à redução de massa

muscular, como também à perda global da massa corporal. Elevação no IMC corporal é

associado à menor incidência de sarcopenia, ao passo que a redução destes níveis

aumenta esta incidência (41). Desta forma, estas resultantes antagônicas da massa

corporal para biodisponibilidade de citocinas inflamatórias interferem na associação

entre sarcopenia e inflamm-aging. Logo, a perda de massa muscular concomitante à

perda de massa gorda observada na sarcopenia parece anular o efeito do inflamm-aging

sobre a sarcopenia.

Além disso, apesar da relação no aumento de citocinas inflamatórias com a

degradação protéica, e consequente redução na massa magra, é importante salientar que

grande parte destes estudos foram realizados in vitro ou em modelo experimental os

estudos que associam o aumento na expressão destas citocinas inflamatórias atuando em

combinação com outras moléculas para promover a redução da massa muscular

(12,16,43) . Assim, quando confrontamos estas associações entre o inflamm-aging e a

sarcopenia em um olhar epidemiológico, como o do presente estudo, os dados não

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demonstram associação entre estes fatores. Outro aspecto que deve ser levado em

consideração nos estudos que relacionam o inflamm-aging a sarcopenia é o ano de

desenvolvimento de estudo e o padrão diagnóstico utilizado, visto que o constructo

teórico destas duas condições são muito recentes e ainda estão em processo de

desenvolvimento conceitual de um diagnóstico aplicado à grandes populações.

Vale salientar ainda que os estudos que relacionam inflamação à sarcopenia tem

utilizado grupos com níveis plasmáticos de IL-6 > 1,6 pg/ml ou 2,16 pg/ml e TNF-α >

3,20 pg/ml para associar o elevado índice de citocinas inflamatórias à perda de massa

muscular (12,15). Considerando que todos os três clusters observados no presente

estudo apresentaram níveis de IL-6 e TNF-α maiores do que utilizados em estudos

prévios, podemos observar que todos eles tiveram influência da citocinas sobre a perda

de massa, corroborando o fato de não ter sido observado diferença com os valores de

massa corporal avaliados pelo IMC e demais variáveis antropométricas entre os clusters.

A deficiência nutricional de zinco, comum em idosos (42), associada ao aumento

da secreção de citocinas inflamatórias, também possui um papel importante no estresse

oxidativo e na disfunção e apoptose de células endoteliais (25). As doenças

cardiovasculares estão associadas à IL-6 e ao TNF- α, que por sua vez atuam de formas

distintas, contudo, complementares (43). A IL-6 é considerada um fator de risco

independente para o estado pró-trombótico, enquanto que o TNF- α induz a um

relaxamento dependente do endotélio, interferindo na ligação e transmigração de

leucócitos através do endotélio (43). Além disso, os níveis de IL-6 e TNF- α estão

associados com a dislipidemia, fator esse que compromete a função endotelial (7,10).

Ademais, o déficit de zinco altera fatores de transcrição chave e moléculas de

adesão nos receptores de LDL, aumenta o risco de hipertrigliceridemia, o que reforça

um contexto deletério para a saúde cardiovascular (25,38). Estes achados podem

explicar o maior efeito líquido do LDL e Triglicerídeos sobre o inflamm-aging, em

relação às demais variáveis bioquímicas, reforçando ainda a teoria de lesão endotelial

como modelo teórico para elucidar a inflamação crônica de baixa intensidade

característica do inflamm-aging (8,9). Com relação ao HDL, apesar de contraditório, o

aumento na sua concentração plasmática também foi associado ao inflamm-aging no

modelo de regressão logística ordinal. Isto se deve ao fato de todos os grupos terem

apresentado valores reduzidos de HDL, com média levemente reduzida no cluster sem

inflamm-aging, que já era esperado devido à sua redução global nos níveis de colesterol

e LDL.

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Esse quadro associado ao processo de inflamm-aging é evidenciado nos

resultados do presente estudo, os quais demonstraram que indivíduos com inflamm-

aging, apresentam maiores quantidades de LDL, triglicerídeos e colesterol total,

resultando em maior risco de lesão endotelial (43). Isso acontece pois pequenos

aumentos nos níveis de LDL, triglicerídeos e colesterol total são capazes de promover

maior entrada das lipoproteínas nas paredes arteriais, gerando acúmulo e,

consequentemente, lesão endotelial (44). No cluster caracterizado pelo estado

inflamatório transitório, as citocinas pró-inflamatórias apresentaram menores níveis

comparados ao cluster com inflamm-aging, fato que não ocorreu nas variáveis

relacionadas ao perfil lipídico. Isso indica que os níveis de LDL e triglicerídeos no

cluster com estado inflamatório transitório, têm resultado em uma melhor regulação do

TNF- α e IL-6 pelo sistema imune, em virtude da ação de citocinas anti-inflamatórias

(ex: IL-10) ou em um menor tempo de exposição a um estado inflamatório não-

resolvido em relação ao cluster Inflamm-aging, uma vez que o zinco foi semelhante

entre esses clusters.

Com relação às variáveis sociodemográficas, podemos observar que o Cluster

Sem Inflamm-aging apresentou predominantemente idosos do sexo masculino (56,1%) e

idosos com baixa condição socioeconômica (53,1%). A presença de mais homens neste

cluster pode ser explicado pelo fato de mulheres apresentarem maior estado

inflamatório crônico em relação aos homens, justificado pela redução na produção de

estrogênio, hormônio com efeito protetor anti-inflamatório, causado pela menopausa,

que por conseguinte eleva a possibilidade de quadros inflamatórios de baixa intensidade

(45,46). Quanto à condição socioeconômica é esperado em idosos que residem em ILPI

com fins lucrativos um estado global de saúde mais debilitado (47). Para os Clusters

Inflamm-aging e Estado Inflamatório Transitório não foram observadas grandes

diferenças que possam caracterizar estes clusters quanto à sua condição sócio

demográfica. Isto corrobora os achados obtidos para as medidas bioquímicas e

antropométricas, na qual também não foram observadas diferenças para estes grupos.

Além disso, devido ao fato da residência na ILPI sem fins lucrativos agrupar diversas

classes socioeconômicas em um mesmo grupo, é pertinente buscar novas estratégias

para estudos futuros, os quais possam utilizar dados mais precisos para análise desta

variável, de forma a diferir os indivíduos por um indicador que melhor estratifique a

condição socioeconômica.

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Além disso, podemos observar que os idosos longevos (≥ 80 anos) tiveram

maior influência para caracterização do inflamm-aging. Isto era esperado, pois é uma

faixa etária populacional que apresenta maiores fatores de agravos à saúde. Idosos

longevos têm apresentado maior prevalência de hipertensão arterial (48), associado à

maior risco cardiovascular e menor capacidade funcional (49). Em estudo conduzido

com idosos longevos brasileiros, de ambos os sexos, ao analisar 9 doenças crônicas não

transmissíveis, foi observada prevalência de 67,0% de multimorbidade em idosos

longevos quando comparado aos idosos com idade inferior a 80 anos (50).

No que diz respeito à relação do inflamm-aging com a saúde coletiva, podemos

ressaltar que o entendimento desta condição inflamatória é fundamental para processo

de prevenção do diversas outras patologias, pois identificar um quadro de inflamm-

aging pode evitar o estabelecimento de doenças como a diabetes mellitus tipo II,

Alzheimer, Parkinson e doenças cardiometabólicas (9,35,43), Além disso, podemos

inferir que os mecanismos associados à lesão endotelial estão associados ao inflamm-

aging, servindo como base para nortear estudos futuros sobre esta condição em idosos

institucionalizados. Desta forma, estratégias de saúde pública devem direcionar seus

esforços no combate ao controle de patologias que estejam associadas aos mecanismos

promotores de lesões endoteliais, considerando este como o principal fator associado ao

inflamm-aging. Ademais, estudos que busquem criar valores normativos para a

condição inflamatória do idoso e principalmente que verifique cronicamente o efeito

desta condição sobre os agravos à saúde do idoso deve ser investigado.

Recomenda-se para estudos futuros o acompanhamento longitudinal dos idosos

para que possamos inferir uma relação de causalidade entre as o inflamm-aging e a

sarcopenia, assim como verificar quais seus fatores determinantes em idosos

institucionalizados podem agravar algum destas condições. Além disso, medidas

antropométricas de cálculo indireto com maior validade externa, como a ressonância

nuclear magnética, deve ser utilizad para trazer maiores subsídios as discussões do

estudo.

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CONCLUSÃO

As citocinas pró-inflamatórias IL-6 e TNFα e o Zinco demonstram ser bons

marcadores para caracterizar o inflamm-aging em idosos institucionalizados. Indivíduos

com estado inflamatório elevado apresentam maiores níveis de HDL, LDL,

Triglicerideos (indicador de lesão endotelial) em relação à indivíduos com estado

inflamatório reduzido, demonstrando a associação do estado bioquímico com o

inflamm-aging, ao passo que as variáveis antropométricas e a sarcopenia não estão

associadas ao estado inflamatório crônico de idosos. Com relação aos aspectos sócio-

demográfico, observou-se idosos longevos apresentaram maior influência no inflamm-

aging.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se como constructo final da tese que o cálculo diagnóstico da sarcopenia

utilizado pelo Consenso Europeu (2010) é conservador e não representa a real

prevalência de sarcopenia em idosos institucionalizados, sendo imprescindível adicionar

idosos com baixa condição física e cognitiva na base de cálculo para sarcopenia a partir

da análise da massa corporal. Estratégias de saúde para combate à sarcopenia devem ser

enfatizadas nos idosos que não deambulam, pois acabam sendo mais afetados pela perda

de massa corporal advinda da falta de mobilidade e consequentemente obtém maior

prevalência de sarcopenia.

Além disso, podemos observar que a sarcopenia não é decorrente de uma perda

seletiva de massa muscular, mas ela ocorre em paralelo à uma perda de massa gorda e

óssea. Desta forma, é imprescindível revermos os aspectos conceituais sobre o

diagnóstico da sarcopenia que caracterizam-na como perda de massa muscular.

Associado à isto, os valores encontrados nas variáveis antropométricas e bioquímicas

configuram os idosos sarcopênicos como desnutridos, demonstrando a necessidade de

estratégias de saúde voltadas à melhora no quadro alimentar de idosos

institucionalizados.

Considerando que a elevação das citocinas inflamatórias e consequente perda de

massa muscular podem concorrer com a redução da biodisponibilidade de citocinas

inflamatórias decorrentes da perda de massa gorda, verificamos que credenciar os

efeitos da sarcopenia à perda de massa muscular não representam a realidade observada

em idosos institucionalizados (Figura 3). Assim, a não associação entre inflamm-aging e

sarcopenia, traz à tona uma nova discussão sobre o determinismo em credenciar a perda

seletiva de massa muscular à sarcopenia e também sobre os diagnósticos de sarcopenia

em estudos transversais, considerando que esta é uma condição dinâmica, sendo

sugerido realização de estudos longitudinais para verificarmos a interação entre estes

fatores e a causalidade entre estado inflamatório e sarcopenia.

Além disso, foi possível observar que o inflamm-aging mantem relação com

elevação de LDL, HDL e Triglicerídeos, o que já era esperado de acordo com os

constructos teóricos que associam a presença de inflamm-aging à lesão endotelial, tais

como relaciona que estas variáveis bioquímicas podem aumentar o risco de lesão

endotelial. Além disso, conseguimos verificar que idosos longevos (≥ 80anos) são mais

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afetados pelo inflamm-aging, justificado pela maior propensão aos agravos à saúde

observados nesta faixa de idade.

Figura 4- Representação esquemática da desassociação da sarcopenia com o inflamm-

aging e a influência da redução da massa magra e gorda neste processo.

Recomenda-se para estudos futuros a realização de avaliação da massa corporal

por meio de medidas direta, como o DEXA, no intuito de verificarmos a quantidade

exata de massa gorda, magra e óssea do idosos, o que nos daria uma maior precisão aos

achados discutidos no presente estudo. Além disso, é interessante acrescentarmos outras

citocinas inflamatórias na análise bioquímica, inclusive as que exercem efeito

antagônico sobre o inflamm-aging, como a Inter Leucina-10. Assim, poderíamos

explorar melhor a influência dos marcadores bioquímicos no inflamm-aging. Por fim, é

imprescindivel que possamos extrapolar os achados aos idosos não-institucionalizados,

visto que tanto a sacopenia como o inflamm-aging são condições de saúde que afetam

idosos, sejam eles institucionalizados ou não, assim como é determinante que estudos

longitudinais sejam desenvolvidos com o objetivo de verificarmos e relação de causa e

efeito do inflamm-aging sobre a sarcopenia, assim como observar o no decorrer do

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tempo qual o comportamento dos principais fatores associados no desenvolvimento

destas condições no idosos.

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ANEXO A – COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO

NORTE – UFRN COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA –

CEP

PARECER N° 308/2012

Prot. nº 263/11-P CEP/UFRN

CAAE 0290.0.051.000-11

Projeto de Pesquisa Envelhecimento humano e saúde - a realidade dos

idosos institucionalizados da cidade do Natal/RN

Área de Conhecimento 4 - CIÊNCIAS DA SAÚDE

4.06 - Saúde Coletiva

Grupo III

Pesquisador Responsável Kenio Costa Lima

Instituição Proponente Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Instituição Coparticipante Instituições de Longa Permanência para Idosos da

Cidade de Natal/RN

Nível de abrangência do Projeto Produção Científica

Período de realização Início fev/2012 - Final jan/2015

Arrolamento dos participantes:

Início fev/2012 - Final

nov/2014 Revisão ética em 22 de junho de 2012

RELATO

1. RESUMO

O protocolo sob análise traz inserida uma proposta de estudo referente à linha de pesquisa

“Distribuição e fatores determinantes dos agravos à saúde nas populações humanas”, do Programa

de Pós-Graduação em Saúde Coletiva desta Universidade. Tem como objetivos avaliar as condições

de saúde/doença dos idosos institucionalizados da cidade do Natal/RN, em relação à nutrição e

alimentação, saúde bucal, alterações bioquímicas, alterações de equilíbrio, voz e deglutição,

capacidade funcional, além das condições gerais de saúde desses indivíduos. Pretende-se

correlacionar tais condições à fatores relativos às características das instituições, às características

sócio-demográficas e sócio-culturais dos idosos.

É uma pesquisa multidisciplinar, que abordará 400 idosos a partir de 60 anos, em 12

Instituições de Longa Permanência da Cidade do Natal/RN, cadastradas na Vigilância Sanitária,

durante 36 meses.

O recrutamento ocorrerá, após a obtenção da lista de idosos cadastrados nas 12 Instituições,

pela aceitação voluntária da pesquisa pelos idosos e seus cuidadores nos dias de visitas da equipe

para explicação dos objetivos, benefícios, riscos e procedimentos da pesquisa.

Para coleta de dados, a equipe se deslocará para as Instituições preenchendo questionários,

consultando os prontuários, fazendo avaliação clínica dos parâmetros apontados nos objetivos

(saúde bucal, nutrição e alimentação, voz e deglutição, equilíbrio e capacidade funcional), e

realizando coleta de sangue para avaliação bioquímica. Essas avaliações ocorrerão em momentos

distintos respeitando o ritmo dos idosos e a rotina das Instituições.

Os critérios de inclusão compreendem todos os idosos que estiverem nos dias de coleta nas

Instituições de Longa Permanência, sendo excluídos os idosos que estejam impossibilitados de

participar por condições físicas e de saúde.

Comitê de Ética em Pesquisa, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil - CEP

59078-970

fone/fax: (84) 3215-3135 - e-mail: [email protected] – site: http://

www.etica.ufrn.br

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PARECER 308/2012 CEP/UFRN

2. ENTENDIMENTOS E RECOMENDAÇÕES

Entendemos que por se tratar de “um projeto estruturante que alberga em seu interior vários protocolos” onde alguns dados serão partilhados por todos, como os obtidos a partir do sangue, do questionário que informará as condições sociais e econômicas e do exame para verificar as condições de saúde geral dos participantes, recomendamos ao pesquisador coordenador do projeto estruturante ser responsável pelo que segue:

1. arrolar os 400 (quatrocentos) participantes para o projeto estruturante realizando o processo de obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE explicando, sem muito detalhamento, os procedimentos aos quais o participante será submetido (usar o TCLE apresentado neste protocolo e aprovado por este Comitê) e,

2. arrolar os participantes para cada pesquisa que abordará um assunto específico, contido no projeto estruturante, realizando outro processo de obtenção do TCLE onde deve ser explicado, de forma detalhada, os procedimentos aos quais o participante será submetido.

Dessa forma, o estudo proposto deve conter dois TCLEs, um que abrangerá o estudo

como um todo e outro que abrangerá o assunto a ser tratado isoladamente.

3. PARECER

Considerando que as pendências expostas por este Comitê foram adequadamente cumpridas, o Protocolo de Pesquisa em pauta enquadra-se na categoria de APROVADO.

4. ORIENTAÇÕES AO PESQUISADOR

Em conformidade com a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) através do Manual Operacional para Comitês de Ética em pesquisa (Brasília, 2002) e Res. 196/96 – CNS o pesquisador deve:

1. entregar ao sujeito da pesquisa uma cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), na integra, por ele assinada (Res. 196/96 CNS – item IV.2d). Atenção: conforme circular 017/11 – CONEP sobre o TCLE, torna-se obrigatória a rubrica do pesquisador e do participante em todas as páginas assim como a assinatura de ambos na última página;

2. desenvolver a pesquisa conforme foi delineada no protocolo aprovado e descontinuar o estudo somente após a análise das razões da descontinuidade pelo CEP/UFRN (Res. 196/96 – CNS item III.3z);

3. apresentar ao CEP/UFRN eventuais emendas ou extensões ao protocolo original, com justificativa (Manual Operacional para Comitês de Ética em Pesquisa – CONEP – Brasília – 2002 – p. 41);

4. apresentar ao CEP/UFRN relatório final após conclusão da pesquisa (Manual Operacional para Comitês de ética em Pesquisa – CONEP – Brasília – 2002 – p.65).

Os formulários para os Relatórios Parciais e Final estão disponíveis na página do CEP/UFRN (www.etica.ufrn.br).

Natal, 20 de julho de 2012.

Dulce Almeida

Coordenadora do CEP-UFRN

Comitê de Ética em Pesquisa, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil - CEP 59078-970

fone/fax: (84) 3215-3135 - e-mail: [email protected] – site: http:// www.etica.ufrn.br

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