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Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Materiais Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais - PPGCEM DOUTORADO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MATERIAIS METÁLICOS LINHA DE PESQUISA: PROCESSAMENTO ANÁLISE EXPERIMENTAL DE DANOS EM PISTÕES DE MOTOR À GASOLINA OPERANDO COM ADIÇÃO DE GÁS HIDRÓXI Doutorando: Robson Guimarães Sanabio Orientador: Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento Natal - RN 2015

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Departamento de Materiais

Programa de Pós-graduação em Ciência e Engenharia de Materiais - PPGCEM

DOUTORADO EM ENGENHARIA DE MATERIAIS

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: MATERIAIS METÁLICOS

LINHA DE PESQUISA: PROCESSAMENTO

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE DANOS EM PISTÕES DE MOTOR À GASOLINA OPERANDO COM ADIÇÃO DE

GÁS HIDRÓXI

Doutorando: Robson Guimarães Sanabio

Orientador: Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento

Natal - RN 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

ANÁLISE EXPERIMENTAL DE DANOS EM PISTÕES DE MOTOR À GASOLINA OPERANDO COM ADIÇÃO DE

GÁS HIDRÓXI

ROBSON GUIMARÃES SANABIO

Tese apresentada como quesito obrigatório para a obtenção do título de Doutor em Ciências e Engenharia de Materiais, no Programa de Pós-Graduação Em Ciências e Engenharia de Materiais (PPGCEM) da UFRN.

Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento – Orientador

Natal - RN 2015

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / SISBI / Biblioteca Setorial Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET.

Sanabio, Robson Guimarães. Análise experimental de danos em pistões de motor à gasolina operando com

adição de gás hidróxi / Robson Guimarães Sanabio. - Natal, 2015. 159 f.: il. Orientador: Prof. Dr. Rubens Maribondo do Nascimento. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de

Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação de Ciências e Engenharia de Materiais.

1. Hidrogênio combustível – Tese. 2. Corrosão – Tese. 3. Energia alternativa –

Tese. I. Nascimento, Rubens Maribondo do. II. Título.

RN/UF/BSE-CCET CDU: 662.769.2

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DEDICATÓRIA

À memória do meu pai, Joaquim José Sanabio, que do alto do seu semi-analfabetismo, aos 92

anos, pôs a mão no meu ombro e me lembrou da responsabilidade que este título me traria!

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AGRADECIMENTOS

Ao Professor Wanderson Santana da Silva por ter sido o primeiro do

PPGCEM/UFRN a conhecer o meu projeto de trabalho e ter se prontificado a

me ajudar no que fosse preciso.

Ao Professor Rubens Maribondo do Nascimento por ter me recebido

como orientando e me passado toda a sua experiência e posto à minha

disposição toda infraestrutura necessária à conclusão deste trabalho.

Ao Doutor Adelci Menezes de Oliveira pelo apoio logístico e fornecimento

de equipamentos utilizados na banca de testes.

Ao Professor Uilame Umbelino por ter disponibilizado toda estrutura física

do seu laboratório para a sequência deste trabalho.

Ao Professor Francisco de Assis Oliveira Fontes por abrir seu laboratório

para que eu pudesse montar o sistema de observação e pelas várias

informações valiosas que me repassou.

À minha esposa Rosiane Lima Soares por ter dado todo seu apoio à

minha busca pela realização deste sonho.

Ao Grande Mestre Prof. Wilson Ribeiro de Barros, que tantos truques e habilidades me ensinou, pela ajuda moral e financeira nos momentos mais difíceis da minha vida e pelas ferramentas que deixou em meu poder e que foram utilizadas para a realização de diversas atividades pertinentes a esta tese.

Ao meu amigo Valter Bezerra Dantas por ter me acompanhado por várias

vezes entrando pela madrugada na sala de estudos e me ajudando a carregar

o material pesado de um lado ao outro dentro da Universidade.

Aos colegas de turma por toda a acolhida e carinho com que me trataram

ao longo deste curso.

Aos técnicos dos laboratórios Vavá, Murillo e Zezinho por toda ajuda que

me deram em todas as oportunidades em que nessecitei.

Aos meus colegas de trabalho por terem aumentado sua carga de

trabalho para que a minha ausência não prejudicasse a formação dos nossos

alunos.

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RESUMO

A adição de hidrogênio gasoso como fonte alternativa de combustível

vem sendo largamente utilizada. Hoje em dia, várias experiências estão em

andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por

demanda em veículos automotores. Em todos os anúncios desses produtos

seus fabricantes afirmam que este procedimento fornece uma redução de

consumo de combustível, reduz os níveis de emissão de gases tóxicos pela

descarga e melhora a vida útil do motor. A presente pesquisa faz uma análise

da estrutura física de peças de motores que utilizam eletrolisadores por

demanda. Para isto, foi montado um sistema estacionário com um motogerador

de energia elétrica, monocilíndrico, e adaptados dois eletrolisadores um de

célula seca e outro de célula molhada. Nas etapas de observação, foram feitas

análises de consumo em quatro faixas de carga de trabalhos e observado o

pistão do motor, que foi cortado e analisado por microscopia ótica (MO),

Microscopia Eletrônica de Varredura e de Energia Dispersiva (MEV-EDS),

Microscopia Confocal e Difração de Raios - X (DRX), no sistema estacionário,

em cada etapa. Os resultados mostraram uma redução considerável no

consumo de combustível e uma corrosão acentuada no pistão original de

fábrica, feito de liga alumínio-silício. Como barreira à corrosão foi feita uma

nitretação por plasma na cabeça do pistão, que se mostrou resistente ao

ataque pelo hidrogênio, embora tenha apresentado evidências de também ter

sido atacada. Concluiu-se que os eletrolisadores automotivos podem ser uma

boa opção em termos de consumo e redução de emissões de gases tóxicos,

porém o material das câmaras de combustão dos veículos devem ser

preparados para este fim.

Palavras chave: hidrogênio combustível, corrosão, AlN, energia alternativa.

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ABSTRACT

The addition of hydrogen gas as an alternative fuel source has been

widely used, as well reported in scientific literature. Today, several experiments

are underway for the use of hydrogen generators (electrolysers) demand for

motor vehicles. In all these products their ads manufacturers claim that this

provides a reduction of fuel consumption, reduces the emission levels of toxic

gas by the discharge and improves engine life. This research analyzes the

physical structure of engine components using electrolysis on demand. To this

end, a stationary system was fitted with a power generator of electricity, drum

roller and adapted two electrolyzers: a dry cell and wet cell other. In steps

observation were consumption analyzes in four work load ranges and observing

the piston engine, which has been cut and analyzed by Optical Microscopy

(OM), Scanning Electron Microscopy and Dispersive Energy (SEM-EDS), X –

Ray Diffraction (XRD) and Confocal Microscopy, the stationary system in each

step. The results showed a considerable reduction in fuel consumption and a

high corrosion in the original factory piston constituted of aluminum-silicon alloy.

As corrosion barrier was made a plasma nitriding in the piston head, which

proved resistant to attack by hydrogen, although it has presented evidence also,

of having been attacked. It is concluded that the automotive electrolysers can

be a good choice in terms of consumption and reducing toxic gas emissions,

but the material of the combustion chambers of vehicles must be prepared for

this purpose.

Keywords: hydrogen fueled, corrosion, AlN, alternative energy.

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ............................................................................................ i

AGRADECIMENTOS .................................................................................. ii

RESUMO ..................................................................................................... iii

ABSTRACT ................................................................................................. iv

SUMÁRIO .................................................................................................... v

LISTA DE FIGURAS ................................................................................... viii

LISTA DE TABELAS .................................................................................. xii

LISTA DE EQUAÇÕES ............................................................................... xiv

LISTA DE SÍMBOLOS ................................................................................ xvi

LISTA DE ABREVIATURAS ....................................................................... xviii

1 – INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1

2 – OBJETIVOS .......................................................................................... 6

3 - REVISÃO TEÓRICA .............................................................................. 7

3.1 – O Hidrogênio e suas generalidades ................................................ 7

3.2 – Propriedades básicas do hidrogênio ........................................... 7

3.3 – Um combustível diferenciado: necessidades e cuidados .......... 8

3. 4 – O Hidrogênio como combustível: obtenção ............................... 11

3.4.1 – A Eletrólise ................................................................................... 12

3.4.1.1 - Qualidade do eletrólito ................................................................ 15

3.4.1.2 – Temperatura .............................................................................. 16

3.4.1.3 – Pressão ...................................................................................... 19

3.4.1.4 - Resistência elétrica do eletrólito ............................................... 20

3.4.1.4.1 - Espaçamento entre eletrodos ................................................. 21

3.4.1.4.2- Tamanho e alinhamento dos eletrodos ................................... 22

3.4.1.4.3 – Velocidade de subida das bolhas ........................................ 22

3.4.1.5 - Material do eletrodo .................................................................... 25

3.4.1.6 - Material separador ....................................................................... 26

3.4.1.7 - Formato de onda da tensão aplicada ........................................ 27

3.4.2 – Propriedades do hidrogênio combustível ................................. 30

3.4.2.1 - Ampla inflamabilidade ................................................................ 31

3.4.2.2 - Baixa energia de ignição ............................................................ 31

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3.4.2.3 - Distância de extinção pequena .................................................. 32

3.4.2.4 - Alta temperatura de autoignição ................................................ 32

3.4.2.5 - Alta velocidade de chama e chama adiabática ......................... 33

3.4.2.6 - Alta difusividade .......................................................................... 34

3.4.2.7 - Muito baixa densidade ................................................................ 35

3.4.3 - A razão ar / combustível (A/F): estequiometria da combustão .. 36

3.5 – Eletrolisadores portáteis automotivos ......................................... 38

3.5.1 Células molhadas ............................................................................. 39

3.5.2 – Células secas ............................................................................... 40

3.6 – O hidrogênio como combustível adicional .................................. 42

3.6.1 – Adicionado ao gás natural veicular (GNV) ................................ 43

3.6.2 – Adicionado à gasolina ................................................................ 44

3.6.3 – Adicionado ao diesel ................................................................... 46

3.7 – O poder corrosivo do hidrogênio ................................................. 47

3.7.1 - Solubilidade do hidrogênio ........................................................... 50

3.7.2 - Difusividade do hidrogênio ........................................................... 50

3.7.3 - Permeabilidade do hidrogênio ...................................................... 51

3.7.4 - Difusividade do hidrogênio em função a microestrutura do

material .......................................................................................................

52

3.7.5 - O hidrogênio e as interações com microestruturas ................... 54

3.7.6 - Teorias de fragilização por hidrogênio ........................................ 59

3.7.6.1 - Teoria da pressão ........................................................................ 60

3.7.6.2 - Teoria da formação de hidretos ................................................. 61

3.7.6.3 - Teoria da energia superficial ...................................................... 62

3.7.6.4 - Teoria da decoesão ..................................................................... 63

3.7.6.5 - Modelos de interação do hidrogênio com as discordâncias .. 64

3.8 - A fragilização por hidrogênio em termos gerais ............................ 65

3.9 – Tratamentos anticorrosivos em ligas de alumínio ...................... 66

3.9.1 – O tratamento das ligas de alumínio por nitretação .................. 68

3.9.2 - Propriedades físicas e microestruturais do nitreto de alumínio 69

3.9.3 – A formação de ALN por deposição e por implantação ............ 71

3.10 – A deposição de filmes finos por Magnetron Sputtering ........... 74

3.10.1 - Sputtering reativo ......................................................................... 82

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4 – MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................... 84

4.1 – Amostragem .................................................................................... 87

4.2 – Coleta de dados .............................................................................. 88

4.3– Caracterização ................................................................................. 102

5 – RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................... 103

5.1- Caracterizações do pistão ................................................................. 103

5.2 – Acionamento do gerador de energia elétrica .............................. 104

5.3 – Acionamento do gerador de energia elétrica com a utilização

de um gerador de hidróxi ..........................................................................

107

5.4 – Ensaios de 500h sem a adição de hidróxi .................................... 110

5.5 - Ensaios de 500h com a adição de hidróxi ...................................... 110

5.5 – Ensaios utilizando pistão com superfície endurecida e adição

de 1,5L de hidróxi ......................................................................................

111

5.6 – Ensaios utilizando pistão novo original de fábrica por 1000h

com adição de 1,5l de hidróxi ...................................................................

114

5.7 – Ensaios utilizando pistão com superfície endurecida por

1000h com adição de 1,5l de hidróxi .......................................................

115

5.8 – Remontagem do sistema para os ensaios finais ........................ 117

5.9 – Reflexões acerca da vida útil do motor em atmosfera rica

em hidróxi ...................................................................................................

120

5.10 – Emissões de gases de descarga ................................................ 122

5.11 – Rendimento dos Eletrolisadores ................................................ 123

6 – CONCLUSÕES ..................................................................................... 124

7 – SUGESTÕES PARA OUTRAS PESQUISAS 126

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 127

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Lista de Figuras

Figura 1 – Esquema da Eletrólise (hidrólise) .................................................. 12

Figura 2 - Componente de voltagens entre eletrodos [12] .............................. 13 Figura 3: Formação de fração de vazio em um eletrólito ................................ 23 Figura 4. (a) Corrente direta pulsada. (b) Corrente direta constante .............. 27 Figura 5 – Formato de onda de pulso ultra-curto ............................................ 28 Figura 6 – Mínima energia de ignição do hidrogênio no ar [66] ..................... 32 Figura 7 - Temperatura adiabática de chama para misturas hidrogênio-ar .................................................................................................... 34 Figura 8 – Velocidade laminar de chama para (—) misturas de hidrogênio, oiygênio e nitrogênio e (◦, - -) para misturas de gasolina e ar [68] ........................................................................................................... 34 Figura 9 - Câmara de combustão volumétrica e comparação de energia para motores alimentados a gasolina e a hidrogênio [69] .............................. 37

Figura 10 – Arranjo das placas do eletrolisador de célula molhada [71] ........ 40

Figura 11 – Eletrolisador de célula molhada idealisado por Kelly (2008) ....... 40

Figura 12 – Eletrolisador de célula seca idealisado por William Rhodes ........ 41

Figura 13 – Eletrolisador célula seca patenteado por William Rhodes Montado .............................................................................................. 42 Figura 14 - Poder Calorífico de várias misturas de combustíveis [72] ............ 42 Figura 15– Emissões de CO2 [73] ………………………………………..……... 46 Figura 16 - Emissões de NOx [73] .................................................................. 46 Figura 17 – Efeito da condição de tratamento da liga de paládio na difusividade aparente de hidrogênio. Adaptado de [86] ............................. 53 Figura 18 - Representação esquemática da energia potencial para um átomo de hidrogênio na rede cristalina ........................................................... 55 Figura 19: Transporte por discordâncias em ambiente de material pré-carregado com hidrogênio ...................................................................... 58

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Figura 20 - Classificação das frentes de estudo de teorias de fragilização por hidrogênio [93] ........................................................................ 59

Figura 21 - Representação esquemática da concentração de hidrogênio à frente da trinca e propagação da mesma [92] ........................... 65

Figura 22 - Estrutura do AlN com parâmetros de rede a ≈ 0,311 nm e c ≈ 0,498 nm [123] ........................................................................................ 70

Figura 23 – Diagrama de fase binário do Al-N [124] ....................................... 71

Figura 24 - Densidade de probabilidade para N2 a 298 e 573 K; e H2 a 298 K (Adpatado de Material Processing Handbook [150] ........................... 75 Figura 25 – Processo de sputtering típico (Adpatado de Material Processing Handbook [150] ............................................................................. 77 Figura 26 - Descargas em um processo de sputtering típico (Adpatado de Material Processing Handbook [150] ....................................... 78 Figura 27 - Spputering Yield (rendimento) para vários materiais em função da energia do íon ................................................................................. 79 Figura 28 - Descargas em um processo de sputtering rf típico ...................... 80 Figura 29- Magnetron sputtering mostrando os elétrons confinados próximos a superfície do alvo pelo campo magnético dos ímãs .................... 80 Figura 30 - Plasma de argônio, confinado próximo ao alvo pelo magnetron.. 81 Figura 31 - Alvo de AlN depois de utilizado para deposição em um magnetron sputtering ....................................................................................... 81 Figura 32 – Peças da matriz do eletrolisador .................................................. 85

Figura 33 – (a) Eletrolisador montado, (b) detalhe do arranjo das

placas - Célula Molhada ................................................................................. 86

Figura 34 - Eletrolisador, Célula Seca construído em nosso

laboratório, baseado no modelo de William Rhodes ....................................... 87

Figura 35 – Pistão fundido em liga de alumínio-silício .................................... 89

Figura 36 – Matriz do eletrolisador de célula molhada [71] ............................ 90

Figura 37 – Matriz presa à tampa do eletrolisador por tiras de aço

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isoladas (a), Visão em perspectiva da matriz presa à tampa (b) ..................... 91 Figura 38 – Fluxo de corrente através do eletrólito (a),

distribuição da voltagem nas células eletrolíticas (b) [71] .............................. 91

Figura 39 – Efeito voltaico do fluxo de corrente [71] ....................................... 92

Figura 40 - Visão esquemática do conjunto Eletrolisador + Borbulhador ..................................................................................................... 93 Figura 41 – Fonte de alimentação dos eletrolisadores ................................... 93

Figura 42 – Quadro de carga 1 ....................................................................... 95

Figura 43 – Balança de precisão .................................................................... 95

Figura 44 – Processo de nitretação por plasma (a), pistão nitretado (b) ........ 99

Figura 45 – Microdurômetro do Laboratório de Tribologia da UFRN ............ 100

Figura 46 – Trabalho conjunto das células seca e molhada ......................... 100

Figura 47 - Detalhes da topografia da superfície da cabeça do pistão. Área rugosa(a) e área central (b) ....................................................... 104 Figura 48 - Consumo de gasolina pura por carga aplicada .......................... 105

Figura 49 – Crostas carbonizadas na cabeça do pistão (100h gasolina comum pura) .................................................................................................. 106 Figura 50 – Pistão após 100h usando gasolina comum pura ....................... 106

Figura 51 – Consumo de gasolina comum adicionada de 1,5L de

hidróxi por minuto .......................................................................................... 108

Figura 52 – Gráfico do consumo de gasolina comum, sem e com adição de hidróxi ...................................................................................................... 108 Figura 53 – Crostas carbonizadas na cabeça do pistão (100h gasolina comum adicionada de 1,5l de hidróx por minuto) .......................................... 109 Figura 54 – Detalhe da cabeça do pistão após 500h com gasolina comum adicionada de hidróx (1,5l/h) ............................................. 110 Figura 55 – Centro da cabeça do pistão após 100h de testes com adição de 0,5l de hidróx por minuto (a) e centro da cabeça do pistão após 500h de testes com adição de 0,5 a 1,5l de hidróx

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por minuto (b) ................................................................................................. 110 Figura 56 – Trilha de indentações no ensaio de Dureza Vickers .................. 112

Figura 57 – MEV: Filme fino de ALN aderido na cabeça do pistão .............. 113 Figura 58 – Pequenas formações de crostras carbonizadas no pistão tratado, após 500h de trabalho....................................................................... 114

Figura 59 – Áreas degradadas após 1000h com adição de hidróxi ............. 114

Figura 60 - MEV secção transversal e topo do pistão tratado ...................... 115 Figura 61 – MEV, indícios de trinca no filme AlN .......................................... 116 Figura 62 – MEV, trinca bem estabelecida no filme fino AlN ........................ 116 Figura 63 - Pequenas formações de crostras carbonizadas no segundo pistão tratado, após 1000h de trabalho ......................................................... 117 Figura 64 – Consumo de gasolina aditivada com adição de hidróx (1,5L por min.) ......................................................................................................... 118 Figura 65 – Consumo de gasolina aditivada, sem adição de hidróxi ............ 119 Figura 66 - Comportamento da gasolina aditivada (sem e com hidróxi) ...... 120 Figura 67 – Pistão novo em condições de fábrica (a) e região central do pistão fortemente atacada após 500h de trabalho na presença de gás hidróxi ...................................................................................................... 121 Figura 68 - Medidor de gases NDIR Horiba .................................................. 122

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Lista de tabelas Tabela 1 – Propriedades do hidrogênio [2] ……………………………........ 8

Tabela 2 – Características de Inflamabilidade e Ignição [4] ...................... 9

Tabela 3 – Temperaturas de Auto-ignição [4] ........................................... 10

Tabela 4 – Características de Explosão [4] ............................................... 10

Tabela 5 – Propriedades Relevantes para os cuidados de segurança a ter com o hidrogénio e outros gases comumente utilizados [6] .................

11

Tabela 6 – Comparação do hidrogênio com outros combustíveis [67] ..... 35

Tabela 7 - Composição dos Combustíveis Examinados [4] ...................... 44

Tabela 8 - Valor mais aixo de aquecimento, valor estequiométrico da Relação ar combustível e Temperatura adiabática da chama para os gases examinados [4] ...................................................................

44

Tabela 9 – Consumos médios para diversos tipos de combustível [75] ... 47

Tabela 10 - Energia de ligação do hidrogênio com diferentes armadilhas que podem estar presentes em ligas metálicas [77] ..............

56

Tabela 11 - Classificação e usos de ligas de alumínio. [112] ................... 67

Tabela 12 - Características do gerador de energia elétrica ...................... 84

Tabela 13 - Características do eletrolisador: Célula molhada (wet Cell) .. 85

Tabela 14 - Características do eletrolisador: Célula seca (dry Cell) ......... 86

Tabela 15 – Resumo da coleta de dados .................................................. 88

Tabela 16 – Distribuição das cargas de acordo com os períodos de funcionamento ...........................................................................................

94

Tabela 17 – Parâmetros de nitretação das amostras ............................... 99

Tabela 18 – Componentes da liga dos pistões ......................................... 103

Tabela 19 - Consumo por carga de trabalho (gasolina comum, sem adição de hidróxi) ............................................................................

104

Tabela 20 - Emissões de gases – Gasolina comum, sem hidróxi ............. 105

Tabela 21 – Consumo de gasolina por carga de trabalho (gasolina comum + hidróxi) ........................................................................................

108

Tabela 22 – Emissões de gases – Gasolina comum, com hidróxi ............. 109

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Tabela 23 – Parâmetros de tratamento dos pistões ................................... 112

Tabela 24 – Condições de nitretação x dureza Vickers atingida ................... 112

Tabela 25 – Composição do filme de ALN aderido à cabeça do pistão .... 113

Tabela 26 – Consumo por carga de trabalho (gasolina aditivada Adicionada de 1,5L de hidróxi por minuto) .................................................

118

Tabela 27 – Consumo por carga de trabalho (gasolina aditivada sem adição de hidróxi) ........................................................................................

119

Tabela 28 – Emissões de gases de descarga ............................................ 123

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Lista de equações

Equação (1) - Produção de hidrogênio por eletrólise ................................... 14

Equação (2) – Formação de hidrogênio no catodo ...................................... 14

Equação (3) – Formação de oxigênio no anodo ........................................... 14

Equação (4) – Volume de hidrogênio produzido na eletrólise ...................... 15

Equação (5) – Cálculo da pressão ambiente da eletrólise ........................... 15

Equação (6) – Carga aplicada durante a eletrólise em cada par ................. 15

Equação (7) – Resistência do eletrólito ........................................................ 20

Equação (8) – Aumento da resistência pela presença de bolhas ................ 23

Equação (9) – Aumento da temperatura em função da compressão ........... 32

Equação (10) – Massa do ar na combustão com hidrogênio ....................... 36

Equação (11) - Percentagem da câmara de combustão ocupada pelo

hidrogênio por uma mistura estequiométrica ................................................

37

Equação (12) – Razão A/F: mistura pobre ................................................... 38

Equação (13) – Razão A/F: mistura rica ...................................................... 38

Equação (14) – Átomos de hidrogênio dissolvidos no metal ........................ 50

Equação (15) – Hidrogênio dissolvido na rede metálica em equilíbrio com

o hidrogênio gasoso ......................................................................................

50

Equação (16) – Solubilidade do hidrogênio .................................................. 50

Equação (17) – Primeira Lei de Fick ............................................................ 50

Equação (18) – Difusividade do hidrogênio (tipo de Arrhenius) ................... 51

Equação (19) – Segunda lei de Fick ............................................................. 51

Equação (20) – Permeabilidade do hidrogênio ............................................ 51

Equação (21) – Fluxo da difusão .................................................................. 51

Equação (22) – Permeabilidade do hidrogênio (tipo Arrhenius) ................... 52

Equação (23) – Solubilidade em função da permeabilidade e difusividade . 52

Equação (24) – Distribuição de velocidades para um gás monoatômico ..... 74

Equação (25) – Velocidade média para um gás monoatômico .................... 75

Equação (26) – Velocidade quadrática para um gás monoatômico ............. 75

Equação (27) – Livre caminho médio das moléculas ................................... 76

Equação (28) – Livre caminho médio das moléculas em função da

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xv

pressão de da temperatura ........................................................................... 76

Equação (29) – quantidade de moléculas que atingem os substratos por

unidade de tempo e área ...............................................................................

76

Equação (30) – Produção de íons de argônio: reação em cadeia ............... 77

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xvi

Lista de símbolos

A – Ampéres

A/F – Razão ar-combustível

C – Coulombs

cL – Concentração de gás dissolvido

D – Coeficciente de difusão

DK – Permeabilidade

F(v) - Distribuição de velocidades para um gás monoatômico

H2 – Hidrogênio molecular

H2O – Molécula de água

J – Fluxo de átomos transportados

K – Solubilidade

kB - Constante de Boltzman

L – Litro

li – Distância entre eletrodos

n – Número de massa

N2 – Molécula de nitrogênio

O2 – Dióxido

P0 – Pressão Inicial

P1 – Pressão finall

Q – Carga aplicada

R – Resistência elétrica

S – Eficiência em arrancar átomos do alvo

t – Tempo

T0 – Temperatura Inicial absoluta

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xvii

T1 – Temperatura final absoluta

v - Velocidade média

2v - Velocidade média quadrática

V0 – Volume inicial

V1 – Volume final

ρ - Resistividade do material

- Relação dos calores específicos

– Proporção estequiométrica de A/F

λ – Livre caminho médio

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Lista de abreviaturas

BMI.BF4 -1butil, trimetilimidazólio, tetrafluoroborato

CNTP – Condições normais de temperatura e pressão

CVD – Deposição química por vapor

DRX – Difração de raios X

EDS – Detecção de energia dispersiva

EPA combinado ciclo de direção cidade / estrada FHP - Fragilização por hidrogênio

GLP – Gás liquefeito de petróleo

GNV – Gás natural Veicular

HD – Dureza Vickers

HHV – Maior calor de combustão

HTGR – Higth Temperature of Gas Reactor – Reator de alta temperatura de

gás

HTSE – Higth Temperature of Steam Eficience – Temperatura de eficiência de

alto vapor

KOH – Hidróxido de potássio

LHV – Menor calor de combustão

MBE – Feixe molecular epitaxial

MEV – Microscopia eletrônica de varredura

MO – Microscopia ótica

MPGGE - Milhas por galão equivalente de gasolina

NG – Gás natural

NOx – Óxido de nitrogênio

PG – Gás produtor

PVD – Deposição física por vapor

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xix

RNG – Gás natural reformado

Sccm – Centímetro cúbico padrão

SMR – Steam reformer of gas – Reformador de vapor de gás

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1 – INTRODUÇÃO

A maioria das fontes de energia mundial é proveniente de combustíveis

fósseis. Estes são utilizados na maioria das indústrias e no setor dos

transportes.

Os combustíveis fósseis são um bem escasso, na posse de apenas

alguns países, o que consequentemente provoca uma escalada mundial dos

seus preços. Estes combustíveis, além dos seus preços elevados, têm outro

aspecto contra, os elevados níveis de poluição derivados da sua utilização [1].

De acordo com este panorama, tem-se procurado uma forma alternativa e

competitiva de produzir energia que possa vir a substituir esses combustíveis,

tais como o biogás, o gás natural, o óleo vegetal, ésteres de álcoois e também

combustíveis hidrogenados.

Para que o mercado dos combustíveis deixe de ser dominado pelos

combustíveis fósseis há que se continuar a aplicar esforços para o

desenvolvimento de outras tecnologias que superem as atuais fontes de

energia, que além do fator econômico também sofrem pressões ambientais,

que exigem formas de energia mais limpas, para evitar a mesma emissão de

gases para a atmosfera que os atuais combustíveis fósseis [1], [2].

Esta não é, exatamente, uma preocupação dos dias atuais, visto que há

algumas décadas já se estudava uma alternativa de maior oferta de

combustíveis e menores emissões de gases tóxicos na atmosfera, como

afirmava Nicanor Maia [1].

“Os resultados de tais estudos, se positivos, poderão representar uma solução para a redução dos índices de poluição atmosférica nas grandes cidades e centros industriais, enquanto que a perspectiva de um substituto para o petróleo como combustível reveste-se de uma importância incomensurável para todo o sistema político-econômico mundial.” (p.08)

Estes estudos [1, 2, 3-11], ao longo dessas décadas, vêm apontando

como uma das possíveis soluções para a escassez de energia e emissão de

poluentes na atmosfera a utilização do hidrogênio como combustível. O

hidrogênio é o mais abundante dos elementos químicos, constituindo

aproximadamente 75% da massa do universo.

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2

É um elemento não tóxico, que ocorre naturalmente na atmosfera e quando

é queimado com o oxigênio só água pura é produzida como resíduo [12].

Ao longo da história dos últimos dois séculos a utilização do hidrogênio

vem sendo estudada e aplicada para fins de produção de combustível e

atualmente já se tem vários veículos circulando com este como combustível,

agregado ou não a outros combustíveis [13].

Porém, sabe-se que o hidrogênio é um agente que, combinado a certas

condições ambientais, pode acelerar o processo de deteriorização de alguns

materiais, sobretudo nos metais. Logo, aqui se lança luzes à possibilidade de

adicionar o hidrogênio gasoso a outros combustíveis, para que estes em

conjunto trabalhem em câmaras metálicas, em alta pressão e alta temperatura,

o que seria uma condição favorável ao “ataque” do hidrogênio, visto que sua

permeabilidade, solubilidade e difusividade é bastante alta, principalmente com

essas condições ambientais.

Todas as pesquisas acima citadas [1-13] trataram da capacidade do

hidrogênio fazer um motor funcionar. Esta é a primeira pesquisa que vai além

disso, ou seja, trata da vida útil do motor que gira sob a força do hidrogênio.

Será que um motor movido à gasolina adicionada de hidrogênio tem a mesma

vida útil de um movido apenas à gasolina? Será que o hidrogênio alteraria o

processo natural de corrosão das peças componentes de motores, quando

queimado em adição à gasolina, visto que este possui um átomo muito

pequeno, portanto de fácil difusão em metais? Que efeitos causaria a difusão

do hidrogênio nas peças constituintes das câmaras de combustão destes

motores? Seria o rendimento mecânico destes motores, piores, iguais ou

melhores, que os convencionais a gasolina, por exemplo? Quais as

consequências do aumento da temperatura na câmara de combustão causado

pelo incremento do hidrogênio no material combustível? Quais providências

deveríam ser tomadas para desacelerar ou barrar a deteriorização destes

componentes, caso ela ocorra?

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3

As respostas a estas questões formam a base de sustentação desta

pesquisa. O que se busca aqui são estas respostas. Com elas poder-se-á

saber se a adaptação de um gerador de gás hidróxi é realmente viável para um

motor de combustão interna e quais as condições que devem ser atendidas

para proceder esta adaptação.

A hipótese aqui assumida é que como as peças em funcionamento hoje

nos motores não foram projetadas para a adição de hidrogênio gasoso ao

combustível, sua vida útil seria seriamente comprometida caso passassem

a ser utilizadas na presença de hidrogênio gasoso em alta pressão e

temperatura, devido à alta permeabilidade, difusividade e solubilidade do

hidrogênio em metais e ligas. Assim, esta pesquisa trata de um tema atual,

com alta relevância para a ciência e para a humanidade em geral e que poderá

servir de referência para estudos e aplicações posteriores visando melhorias

em termos sociais, ambientais e econômicos.

No desenvolvimento deste estudo apresenta-se no capítulo 3 uma

revisão sobre o hidrogênio suas generalidades e propriedades básicas. Suas

possibilidades de uso como combustível, seus processos de obtenção, com

destaque para a eletrólise pelo fato de ser a forma de obtenção utilizada nesta

pesquisa. Passando, em seguida, ao estudo de eletrolisadores automotivos e

suas aplicações para automóveis com alguns tipos de combustível.

Como trata da degradação microestrutural, também estuda-se o poder

corrosivo do hidrogênio passando por sua permeabilidade, solubilidade e

difusividade chegando até a fragilização pelo hidrogênio. Daí seguiu-se para os

tratamentos anticorrosivos para superfícies metálicas dando uma atenção

especial à deposição de filmes finos por Magnetron Sputtering e testes de

dureza Vickers. Ambos usados neste estudo.

No capítulo 4 apresenta-se a metodologia de realização da pesquisa

com os materiais utilizados. Inicia-se com a apresentação das características

do motogerador de energia elétrica usado como base de análises, pois no

motor deste é que estava o sistema de observações. Sobretudo o pistão único

do motor a gasolina de 6,5 CV foi analisado, pelo fato deste ter sido o foco

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4

para as observações dos desgastes. Ainda neste capítulo descreve-se a

montagem de dois eletrolisadores um de célula seca, outro de célula molhada,

que foram confeccionados para o desenvolvimento dos testes.

Os testes iniciaram com a caracterização do material do pistão, através

de análises MEV-EDS, uma vez que não foi cedida esta informação pelo

fabricante. Em seguida foram feitos testes de consumo sem utilização de

hidróxi, para que fosse registrado o consumo do motor do gerador em

determinadas faixas de carga (0W, 500W, 1000W e 2000W), que seria utilizado

posteriormente, em comparações com os testes onde seriam adicionadas

porções de hidróxi.

Seguindo a metodologia adotada, foram feitos testes de funcionamento

do motor em seções de cargas horárias de trabalho de 100h, 500h e 1000h,

com e sem adição de hidróxi, sendo que a cada etapa de testes o motor foi

desmontado e o pistão cortado para as análises microscópicas que deram as

informações parciais para que se pudesse avaliar as condições do material dos

pistões que íam saindo dos testes. Estes testes, MEV, MO, DRX e EDS

indicaram que o pistão precisaria de um tratamento para não sofrer a ação do

hidrogênio. Assim foram feitos tratamentos de nitretação, por aplicação de

filmes finos de AlN, para observar se estes ofereceriam uma barreira à ação do

hidrogênio, devidamente acompanhado de microscopia ótica e eletrônica, além

de ensaios de Dureza Vickers (HV). Terminada esta fase de coleta de dados

seguiu-se adiante com as análises dos resultados.

No capítulo 5, foram analisados e discutidos os vários aspectos

pertinentes à pesquisa. Foi verificado que procede a informação de que a

adição de gás hidróxi para queima com a gasolina é capaz de promover uma

economia substancial de combustível no sistema. Constatou-se que com a

utilização deste gás, há uma menor formação de borras carbonizadas nas

partes constituintes da câmara de combustão. Provou-se que o hidrogênio

causa uma aceleração no desgaste do pistão, quando este é constituído de

liga alumínio-silício e provou-se que o endurecimento, por aplicação de

filme fino de AlN, da superfície do pistão de liga alumínio-silicio é capaz de

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5

servir como barreira contra a ação corrosiva do hidrogênio na cabeça do

pistão.

No Capítulo 6 são apresentadas as conclusões tomadas a partir dos resultados desta pesquisa. Pode-se concluir que o uso de gás hidróxi propicia uma economia considerável de combustível e que a adição deste gás ao combustível evita em grande parte a formação de crostas carbonizadas na câmara de combustão. Além disso, concluiu-se que no caso de pistões fabricados com liga de alumínio-silício, a adição de hidróxi poderá forçar o surgimento de pontos de corrosão pelo hidrogênio e que isso pode levar à diminuição da vida útil dos componentes do motor.

Também está inserido na conclusão que o tratamento de endurecimento da superfície da cabeça do pistão, com uma nitretação por plasma serviu como barreira à corrosão provocada pela atmosfera pesquisada e que com a adição de gás hidróxi os níveis de emissões de gases tóxicos pela descarga de motores à gasolina fica significativamente reduzido. Por fim, fechou-se a conclusão com a observação de que o eletrolisador de célula seca teve um melhor desempenho que o de célula molhada, por conta do excesso de acúmulo de temperatura deste último.

No Capítulo 7 discorreu-se sobre a possibilidade de novos estudos e pesquisas que podem ser desenvolvidos a partir deste trabalho. Tanto na área da mecânica, com pesquisas acerca da melhoria da produção de hidróxi por demanda em veículos automotores, por exemplo, como na área de energias renováveis e até mesmo na área de corrosão em outros materiais que ainda são encontrados como componentes de peças automotivas que estão ligadas à câmara de combustão de motores a explosão.

Muitos outros trabalhos aqui sugeridos podem ter como ponto de partida os resultados desta pesquisa. Até mesmo este trabalho pode ser explorado e expandido para outras áreas não elencadas aqui, como a tentativa de aumentar a economia de combustível, ou até a tentativa da substituição total do combustível fóssil por hidróxi, visto que já se têm na literatura algumas indicações de que isto seja possível. Quem sabe, em breve este tipo de combustível venha a substituir os combustíveis fósseis?

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6

2 - OBJETIVOS

Geral

Investigar os efeitos provocados na estrutura metálica dos componentes

pela presença de hidrogênio gasoso injetado na câmara de combustão de

motores, para queima conjunta com a gasolina.

Específicos

- Estudar a capacidade de redução do consumo de combustível em motores

com a injeção de gás hidróxi na mistura ar-combustível;

- Avaliar a possibilidade de utilizar o gás hidróxi como combustível auxiliar em

motores à gasolina;

- Comparar o consumo de combustível do motor com e sem a adição de gás

hidróxi;

- Analisar os efeitos corrosivos do hidrogênio na liga metálica de pistões que

trabalharam em contato com este gás em alta pressão e alta temperatura;

- Testar a utilização de filmes finos de ALN como proteção anticorrosiva em

pistões metálicos.

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3 - Revisão Teórica

3.1 – O Hidrogênio e suas generalidades

Em 1766, Henry Cavendish descobriu o átomo de hidrogênio, em uma

experiência de decomposição da água. Porém, este nome como o conhecemos

hoje, lhe foi dado por Lavoisier.

O hidrogênio é o mais simples e abundante elemento do Universo. Existe

em milhões de substâncias, em aproximadamente 76% da massa do Universo

e 93% de suas moléculas, como a água (H2O) e as proteínas nos seres vivos.

Existe em grande quantidade nas estrelas no estado de plasma. No planeta

Terra, representa aproximadamente 70% da superfície terrestre. Como o

hidrogênio não aparece naturalmente na terra, e a sua concentração na

atmosfera é muito reduzida de 1ppm, e por se encontrar combinado com outros

elementos, não pode ser considerado como um recurso de energia primária, tal

como o petróleo ou o gás natural, mas sim como um vetor de energia.

3.2 – Propriedades básicas do hidrogênio

À temperatura e pressão normais - 0ºC e 1atm - o hidrogênio apresenta-

se como um gás extremamente inflamável, inodoro, insípido, incolor, insolúvel

em água e muito mais leve que o ar. Para se apresentar no estado líquido, tem

de estar armazenado numa temperatura de –253ºC, em sistemas de

armazenamento conhecidos como sistemas criogênicos. Acima desta

temperatura, o hidrogênio pode ser armazenado em forma de gás comprimido

em cilindros de alta pressão.

A quantidade de energia por unidade de massa que possui, é superior a

qualquer outro combustível conhecido 120,7 kJ/g (52.000 British Thermal Units

(BTU) - Unidades Térmicas Britânicas - por libra) assim como a maior

quantidade de energia por unidade de peso 141,9mJ/kg – 1 Kg de H representa

a mesma quantidade de energia que 2,8 Kg de gasolina, 2,1 Kg de gás natural

e de 3,5 Kg de petróleo. Quando arrefecido, até atingir o estado líquido, este

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combustível de baixo peso molecular, ocupa um espaço equivalente a 1/700 do

que ocuparia no estado gasoso. A sua massa volumétrica é de 0,08967 kg/m3,

ou seja, o ar é 14,4 vezes mais denso – ρ ar = 1,2928 Kg/m3. A temperatura de

mudança de fase de líquido para gás é de -252,88ºC e de fusão -259,20ºC.

Quando submetido a uma pressão muito baixa, o hidrogênio tende a existir na

forma de átomos individuais, no entanto quando submetidas à alta pressão, as

moléculas mudam a sua natureza e o hidrogênio torna-se um líquido metálico.

Tabela 1 – Propriedades do hidrogênio [2]

Propriedades Diesel Gasolina sem chumbo Hidrogênio

Fórmula CnH1, 8n

C8-C20

CnH1, 87n

C4-C12

-

H2

Temperatura de Autoignição (K) 530 533-733 858

Energia mínima de ignição (mJ) - 0,24 0,02

Limite de flamabilidade (% vol. no ar). 0,7-5 1,4-7,6 4-75

Razão ar combustível esteq. Em massa 14,5 14,6 34,3

Limite de flamab. (razão de equivalência) - 0,7-3,8 0,1-7,1

Densidade a 16ºC e 1,01 bar (Kg/m3) 833-881 721-785 0,0838

Densidade de energia (MJ/Kg) 42,5 43,9 119,93

Velocidade de chama (cm/s) 30 37-43 265-325

Faixa de extinção no ar em CNTP (cm) - 0,2 0,064

Difusividade no ar (cm2/s) - 0,08 0,63

Número de octanas 92-98 130

Número de cetanos 44-55 13-17 -

3.3 – Um combustível diferenciado: necessidades e cuidados

A chama do hidrogênio não é visível à luz do dia porque a sua

emissividade é muito baixa -17 a 25 % - emitindo uma luz pouco radiante na

faixa do espectro visível, menor do que nos outros combustíveis fósseis, como

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o butano, o propano ou até mesmo a gasolina – 34 a 43%. Esta característica

torna o hidrogênio menos perigoso em caso de acidente porque a radiação

transmitida é menor, no entanto pode não ser possível perceber a sua

existência facilmente. A chama do hidrogênio é muito quente, sendo a sua

densidade energética de 38 KWh/kg contra a densidade da gasolina que é de

apenas 14 KWh/Kg. A energia necessária para a ignição de uma mistura

hidrogênio – ar é de apenas 0,04 mJ, contra os 0,25 mJ dos hidrocarbonetos.

O hidrogênio é extremamente inflamável no ar, entre 4% e 75% por

volume de ar. A energia necessária para inflamá-lo é muito pequena e, em

algumas condições, pode ocorrer autoignição [3]. O hidrogênio pode se difundir

rapidamente através de materiais e sistemas que estejam presentes no ar ou

em outros gases comuns devido à sua baixa densidade. Em alguns materiais, a

difusão é mais pronunciada com temperaturas elevadas. Este também é mais

volátil que a gasolina, GNV, propano (C3H8) e metano (CH4), assim como tende

a dispersar-se mais rapidamente.

A única exceção é para libertações criogênicas, onde o vapor muito frio

que inicialmente se forma, pode ser mais denso que o ar circundante. [4]. Nas

tabelas 2, 3 e 4 apresentam-se os índices de inflamabilidade e temperatura de

ignição, temperaturas de autoignição e características de explosão

respectivamente.

Tabela 2 – Características de Inflamabilidade e Ignição [4].

Hidrogênio Metano Propano Gasolina

Limites de Inflamabilidade (% de volume no ar)

Limite inferior (LFI)

Limite Superior (LFS)

4

75

5,3

15

2,1

9,5

1

7,8

Energia mínima de ignição (mJ) 0,02 0,29 0,26 0,24

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Tabela 3 – Temperaturas de Autoignição [4]

Temperaturas de autoignição (ºC) Hidrogênio Metano Propano Gasolina

Mínima

Jato de ar aquecido (diâmetro 0,4 cm)

Fio de Nicromo

585

670

750

540

1220

1220

487

885

1050

228-471

1040

Tabela 4 – Características de Explosão [4]

Hidrogênio Metano Propano Gasolina

Limites de detonabilidade (% de vol. No ar)

Limite inferior

Limite superior

11-18

59

6,3

13,5

3,1

7

1,1

3,3

Máxima velocidade laminar de chama (m/s)

Concentração máxima (% em Vol.)

Velocidade laminar de chama esteq. (m/s)

Concentração estequiométrica (% em Vol.)

3,46

42,5

2,37

29,5

0,43

10,2

0,42

9,5

0,47

4,3

0,46

4,1

0,42

1,8

Quando em contato com o flúor (F) e o cloro (Cl), especialmente com o

primeiro, com o qual a reação é tão rápida e imprevisível que fica incontrolável

e este reage violentamente. A sua despressurização rápida pode provocar

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11

inflamação, visto a sua expansão ser acima de -40°C, podendo ocorrer

aquecimento [3]. Todas estas características do hidrogênio, o colocam num

patamar de utilização como combustível bastante privilegiado. No entanto

essas mesmas características traduzem-se em fortes implicações contra o ser

humano, devido à extrema sensibilidade para se detonar [3].

Para que seja usado em público, o hidrogênio teria de ser manuseado

com o mesmo nível de confiança e nunca com mais riscos, que os

combustíveis convencionais. As propriedades físicas relevantes para a

segurança do hidrogênio são comparadas com as da gasolina, propano e

metano [5], como mostra a tabela 5.

Tabela 5 – Propriedades relevantes para os cuidados de segurança a ter como hidrogênio e outros gases comumente utilizados [6]

Hidrogênio Metano Propano

Densidade, Kgm-3

em CNTP

Limites de ignição no ar, % em Vol. E em CNTP

Temperatura de ignição, ºC

Mín. energia de ignição no ar, MJ

Máx. razão de combustão no ar, m.s-1

Limites de detonação no ar, % em Vol.

Razão estequiométrica no ar

0,084

4,0 a 77

560

0,02

3,46

18 a 59

29,5

0,65

4,4 a 16,5

540

0,3

0,43

6,3 a 14

9,5

2,01

1,7 a 10,9

487

0,26

0,47

1, a 1,3

4,0

3. 4 – O Hidrogênio como combustível: obtenção

Um dos processos que garantem a obtenção do hidrogênio separado de

outras substâncias químicas é o processo de eletrólise como foi mencionado

anteriormente. Esse método vai ser o abordado, para cumprir os objetivos do

trabalho aqui proposto, que se baseia na eletrólise da água para a obtenção do

gás composto por hidrogênio e oxigênio, que servirá como “combustível

auxiliar” da gasolina para o motor.

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12

Discutem-se aqui alguns dos equipamentos básicos necessários e vários

métodos para dissociar a água através da eletrólise simples. Alguns desses

métodos têm sido utilizados com sucesso para corridas de carros ou só para

aumentar a quilometragem do veículo por litro de combustível. Todos eles

funcionam, mas alguns melhores que outros.

3.4.1 – A Eletrólise

Fazer funcionar um motor a água requer a dissociação da água (H2O) em

hidrogênio (H ou H2) e oxigênio (O ou O2) gasoso. Isto é tradicionalmente feito

usando "eletrólise", que também é chamada de "hidrólise", que nada mais é do

que passar corrente contínua através de dois eletrodos colocados na água

misturada a um eletrólito, um positivo (anodo) e outro negativo (catodo) (Figura

1).

Oxigênio Hidrogênio

Bateria ou fonte DC Anodo (+) Catodo (-)

Figura 1 – Esquema da Eletrólise (hidrólise)

A eletrólise da água é uma tecnologia muito importante para uma

produção em larga escala de hidrogênio. A energia do hidrogênio tem a

capacidade de ser utilizada como energia secundária no futuro próximo [10,

11], aplicável aos combustíveis para veículos e foguetes, uso com produtos

químicos, célula elétrica Ni-H2, motor térmico utilizando ligas de

armazenamento de hidrogênio, combustão direta de calor e assim por diante.

Além disso, a energia do hidrogênio pode ser utilizada para construir um

sistema de energia dispersiva, juntamente com energia elétrica por uso de

eletrólise da água e célula de combustível. Em tal sistema de energia, a

Eletrólito

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13

eletrólise da água vai se tornar uma tecnologia-chave, e um elevado

desempenho da eletrólise da água deve ser alcançado.

A tensão necessária para realizar a eletrólise da água consiste em grande

parte do potencial reversível (= 1: 23 V, a 1 atm; 25◦C), sem sobretensão em

eletrodos e perda ôhmica em solução aquosa, como mostrado na fig. 2 [12].

Figura 2 - Componente de voltagens entre eletrodos [12]

Com o propósito de realizar uma boa eficiência na eletrólise da água,

muitas pesquisas têm sido conduzidas até agora, focadas principalmente na

diminuição do potencial reversível e sobretensão por perceber que a eletrólise

da água sob alta temperatura e pressão não é boa, ou para o desenvolvimento

de novos materiais para os eletrodos [13]. No entanto, pouca atenção tem sido

dada à perda ôhmica em solução aquosa para a hidrodinâmica e para o ponto

de vista de fluxo de duas fases. LeRoy et al. [12] apontaram que o aumento da

fração de volume de bolhas de hidrogênio ou de oxigênio entre os eletrodos, ou

seja, o aumento da fração de vazio provocaria um aumento da resistência

elétrica na solução aquosa, resultando em diminuição da eficiência da eletrólise

da água. Funk e Thorpe [14] apresentaram um modelo analítico de fração de

vazio e distribuições de densidade de corrente entre os eletrodos. Hine e

Sugimoto [15] obtiveram informações detalhadas sobre a fração de vazio,

levantando-se as distribuições de velocidade e diâmetro de bolhas.

Bongenaar-Schlenter et al. [16] mediram a fração de vazio e distribuições

de densidade de corrente, e propuseram um "modelo de difusão de bolhas"

para a resistência ôhmica entre os eletrodos [17]. Recentemente, Riegel et al.

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14

[18] examinaram a difusão de bolhas, convecção e transporte entre os

eletrodos em detalhes. Esses trabalhos anteriores [12, 14, 18] foram bem

sucedidos para explicar genericamente os efeitos das bolhas na eficiência da

eletrólise da água, em vez de uma densidade de corrente baixa ou de um

espaço relativamente grande entre os eletrodos. É facilmente postulado, no

entanto, de que existe um espaço ótimo sob altas densidades de corrente no

eletrodo; isto é, quando a densidade de corrente é bastante elevada e o espaço

é bastante pequeno entre os eletrodos, a fração de vácuo fica bastante grande,

resultando em aumento da resistência elétrica entre os eletrodos, e, em

seguida, a diminuição da eficiência de eletrólise da água.

Nagai et all [19] estudaram os efeitos das bolhas entre eletrodos na

eficiência da eletrólise da água. O estudo foi realizado com a eletrólise da água

com hidróxido de potássio (KOH), solução aquosa em várias condições

experimentais. Especialmente, a atenção dos autores estava focada na

existência ou não, de uma condição ótima para a produção de hidrogênio por

eletrólise.

De acordo com os químicos, a reação que ocorre através deste processo

é traduzida pela seguinte equação química na proporção molar de 2 para 1:

H2O H2 + ½ O2 (1)

cuja reação inversa, combustão de hidrogênio para obter H2O, é uma fonte deenergia.

No eletrodo negativo, os prótons são removidos do eletrólito, e o hidrogênio é formado através da reação:

4H++4e- 2H2 (2)

No eletrodo positivo, a água é oxidada e o oxigênio é formado através da

reação:

2H2O O2+4H++4e- (3)

Um estudo efetuado na Universidade do Texas comprova os benefícios da obtenção do hidrogênio através da eletrólise da água. [20]

O volume de hidrogênio produzido na eletrólise é dado pela relação:

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15

0 0 1 1

0 1

P xV PxV

T T (4)

Onde P0 é a pressão de 760 mm Hg, T0 é a temperatura 273K, P1 é a

pressão efetiva de realização da eletrólise, T1 é a temperatura (K) ambiente da

eletrólise e V0 é o volume de gás inicial da eletrólise.

O cálculo de V0 é dado pela relação entre carga e massa que diz que a

carga de 96500 C (Coulombs) sempre formará um equivalente-grama em

qualquer eletrodo. Uma regra de três simples completa o cálculo.

0

96500 22,4nx C l

Q V

0

22, 4

96500

Qx lV

nx C (5)

Onde n é o número de massa da substância deslocada, 96500C é a

carga necessária para a libertação de um equivalente grama e Q (Coulombs) é

a carga aplicada no período de realização da eletrólise, em cada par de

eletrodos.

( ) (s)Q i A xt (6)

Mazloomi e Sulaiman [21] estudaram os fatores que influenciam a

eficiência elétrica da eletrólise da água e apontaram os seguintes:

3.4.1.1 - Qualidade do eletrólito

Como é sabido, as bases e os ácidos que são utilizados para mudar a

natureza não condutora de água pura têm um grande efeito sobre a tensão

necessária para acionar um banho eletrolítico com uma determinada densidade

de corrente [22, 23]. Este fato é uma consequência da qualidade da

condutividade iônica de um eletrólito. Por outro lado, a natureza corrosiva dos

materiais limita a utilização de eletrólitos ácidos e alcalinos concentrados muito

elevados em eletrolisadores industriais onde tem efeitos negativos no tempo de

vida dos eletrodos e alguns outros compartimentos do sistema. Considerando

os assuntos acima mencionados, uma solução de KOH a 25-30% em água tem

sido amplamente utilizado em eletrolisadores ao longo do tempo [24].

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16

Sabe-se que o desempenho das células de eletrólise eletrocatalíticas

comuns, hoje é limitado [25, 26]. Isto leva a uma redução da eficiência pelo fato

da resistência elétrica global do sistema ser afetada pelo referido parâmetro.

Assim, as substituições tais como líquidos iônicos foram introduzidas

recentemente para melhorar a condutividade e fatores de estabilidade de

soluções eletrolíticas [27, 28].

De Souza et al. [29], realizaram uma investigação sobre a utilização de

uma amostra de líquido iônico de 1-butil-3-metil-imidazólio-tetrafluoroborato

(BMI.BF4) [30], em água como uma solução de eletrólito (que é tratado como

um material barato) em temperatura ambiente o uso de alguns materiais de

eletrodo facilmente encontrados, como aço carbono (CS), níquel (Ni), liga

níquel-molibdênio (Ni-Mo) e molibdênio (Mo). Uma taxa de eficiência de 96%

foi registrada por alguns pesquisadores, no caso da utilização de eletrodos de

aço de baixo carbono [31]. Esta experiência foi realizada sob um valor de

densidade de corrente de 44 mA cm-2. A eficiência conseguida foi maior do que

aquelas dos eletrolisadores de tipo comercial e industrial de hoje, que são

geralmente inferiores a 73% [32].

No entanto, deve-se considerar que a maioria de tais eletrolisadores

serem executados sob as densidades de corrente muito mais elevadas do que

este valor experimental.

Somando-se ao acima exposto, a existência de impurezas tem outros

efeitos no sentido de reduzir bem a eficiência e realização das reações

secundárias [33]. Magnésio ou outros contaminantes iônicos, tais como os íons

de cloreto de cálcio podem ser exemplos destes materiais. Além disso, as

contaminações podem bloquear passivamente os eletrodos e/ou as superfícies

da membrana [22, 34], que interferem na transferência de massa e de elétrons.

Esta última, na verdade, é outra causa do aumento da resistência ôhmica no

caminho da corrente elétrica.

3.4.1.2 – Temperatura

A temperatura é conhecida como uma das variáveis mais eficazes na

demanda de energia elétrica de um aparelho de eletrólise. A eletrólise é mais

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17

eficiente em temperaturas mais elevadas [31]. Este comportamento pode ser

analisado de acordo com as características termodinâmicas de uma molécula

de água, em que a divisão do seu potencial de reação é conhecida por reduzir

com o aumento da temperatura. Além disso, a superfície de reação e a

condutividade iônica de um eletrólito deverão ser aumentadas com a

temperatura [35]. Realizações do processo de eletrólise em temperaturas mais

elevadas mostraram uma menor quantidade de tensão aplicada ao requisito, de

modo a atingir os mesmos níveis de densidade de corrente [36, 37]. Este fato

tem sido conhecido e estudado por algumas décadas. Bailleux [38]

acompanhou a operação de um projeto de produção de hidrogênio em teste

por dois anos. Como seria previsível, a tecnologia do processo era muito mais

simples por volta do início da década 1980, em contraste com a de hoje. O

relatório mostra que a fábrica funcionou com solução alcalina de hidróxido de

potássio (40% em peso), nível de pressão de 20 bar, densidade de corrente de

10 kA m-2 e temperatura na faixa de 120-160◦C. Parâmetros de análises foram

utilizados para monitorar a pureza da densidade, a tensão, a temperatura,

pressão e corrente de gás. Esta última foi necessária a fim de calcular o

conteúdo de gás não desejado de cada madida de oxigênio e hidrogênio. A

pesquisa apontou uma redução de 120 mV na tensão necessária para a

temperatura elevada de 120ºC a 150ºC. Em contraste com essa conquista, o

relatório menciona claramente alguns tipos de "problemas de estabilidade",

como rachaduras e vazamentos de vedação, as quais foram causadas pela

temperatura e pressão do sistema.

Na maioria dos estudos recentes, a alta temperatura de eletrólise aponta

intervalos de temperatura mais elevados. Como um exemplo de tal tipo de

experiências, os resultados da pesquisa de Fu et al. [39] que analisaram os

aspectos termodinâmicos de um vapor de alta temperatura do eletrolisador

poderiam ser mencionados. Este experimento foi realizado para analisar o

comportamento eletroquímico e características termodinâmicas do eletrolisador

de vapor de alta temperatura (HTSE), a fim de estudar a sua eficiência. O

resultado da investigação indicou claramente que a eletrólise da água em

temperatura elevada requer menos energia do que o processo de eletrólise de

baixa temperatura convencional.

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18

Os autores do artigo acima mencionado dividiram a eficiência de um

processo de eletrólise em três parâmetros individuais: eficiência elétrica,

eficiência de eletrólise e eficiência térmica. Eles calcularam a participação de

cada um deles na eficiência global e foi de 70%, 22% e 8%, respectivamente.

Um aumento na temperatura do processo mostrou um aumento no nível da

participação de eficiência térmica no geral como a eficiência elétrica diminuiu

gradualmente. Neste caso, a eficiência de eletrólise quase não se alterou.

O relatório também cobriu os resultados de acoplamento do HTSE com

um gás de alta temperatura do reator (HTGR) arrefecido. Quando a

temperatura da eletrólise foi aumentada até 1000ºC, a eficiência global do

processo foi alterada de 33% para 59%, o que é quase duas vezes maior do

que a eficiência de um eletrolisador convencional de água alcalina no mesmo

tempo e adicionados de uma tecnologia similar.

Ganley [40] estudou a eficácia do processo de eletrólise a uma elevada

temperatura e pressão do eletrólito (vapor). Uma célula resistente a produtos

químicos foi utilizada para efetuar esta experiência. O eletrólito da amostra,

uma solução de KOH com alta concentração foi aquecido até 400ºC e

comprimido em diferentes dimensões. A concentração eletrolítica foi de 19M na

fase inicial de cada teste, o que é altamente corrosivo para muitos metais e

suas ligas. A outra variável foi o material dos eletrodos. Os resultados da

realização de experiências à pressão atmosférica e diferentes níveis de

temperatura entre 200ºC e 400ºC mostrou uma queda aceitável na quantidade

de tensão aplicada exigida no caso de um determinado alvo de densidade de

corrente. Os gráficos indicaram que os resultados no aparato experimental de

eletrólise da pesquisa, mais de 1,8 V deve ser aplicado aos eletrodos para

atingir uma densidade de corrente de 200mA cm-2, quando o eletrólito é

aquecido até 200ºC. A quantidade de tensão necessária nas mesmas

condições de pressão e de densidade de corrente é cerca de 1,5V, quando o

eletrólito é aquecido até 400ºC.

Nagai et al. [19] expressaram que a condução da eletrólise em

temperaturas mais elevadas diminui o potencial "reversível" da água (também

conhecido como tensão de equilíbrio). Por outro lado, ele também aumenta o

tamanho das bolhas de gás e reduz a sua velocidade de subida. Os dois

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19

últimos itens mencionados levam a uma maior fração de vazio no eletrólito e

diminuem a eficiência da eletrólise, como resultado.

Além disso, Ulleberg [25] realizou uma pesquisa para construir um

modelo do processo de eletrólise. O modelo termodinâmico e o eletroquímico

obtido mostraram claramente uma redução notável, tanto do potencial

reversível como da sobretensão do sistema em altas temperaturas. Esta

conclusão também é apoiada pela comparação da corrente consumida contra

curvas de tensão em ambos os casos de baixa e alta temperatura de eletrólise.

Notavelmente a eficiência dos processos mais eficientes poderia ser

mencionada como a resultante de todos os efeitos da realização da eletrólise

em temperaturas mais elevadas mencionadas.

A realização da eletrólise da água em temperaturas muito altas no

eletrólito em estado de gás parece ter maior eficiência do que os sistemas de

baixa temperatura, embora, fisicamente, mecanicamente e o tempo de vida

estável das células de eletrólise podem ainda continuar a ser uma preocupação

para os designers e fabricantes de eletrolisadores comerciais e industriais.

3.4.1.3 – Pressão

O nível de pressão é outro fator com influência sobre a eficiência de

eletrólise. Mansouri et al. [41], tentaram aumentar a eficiência e reduzir os

custos de capital de produção de hidrogênio atingindo maiores densidades de

corrente nos eletrolisadores convencionais. Os resultados da pesquisa

mostraram que o aumento da pressão do eletrólito leva ao menor consumo de

energia, uma vez que reduz os diâmetros das bolhas de gás produzidos. Por

conseguinte, a queda de tensão e de dissipação da potência óhmica entre os

elétrodos são reduzidos. Além disso, a eletrólise da água em alta pressão

reduz a quantidade de energia necessária para a compressão adicional do

produto, que é um processo de consumo de energia.

O experimento foi realizado em três compartimentos convencionais de

célula de eletrólise, onde a temperatura era de uma variável controlável entre

25ºC e 90ºC. A densidade de corrente elétrica foi mantida de 1mA cm-2 e a

amostra foi uma solução de eletrólito de KOH (34% a 25% em peso) em água

destilada. Os eletrodos foram feitos de níquel liso (Ni 200) e de platina pura

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20

(99,99%) e placas com uma área de superfície de 1cm2. Os autores mediram

uma redução na tensão global de até 100 mV quando o processo de eletrólise

estava acontecendo, colocando sob a pressão de 30 atm. Por outro lado,

nenhuma outra redução de tensão significativa foi registrada para os valores de

pressão superiores (até 40 atm), no caso de densidades de corrente elevadas e

o gráfico pressão x tensão teve sua inclinação de redução maior quando a

pressão foi elevada de 1 atm a 10 atm para todos os valores de temperatura.

Onda et al. [42], também expressaram que comprimindo a água consome-

se muito menos energia em comparação com a energia requerida para

comprimir o gás hidrogênio. Os cálculos dos autores se basearam em uma

pesquisa feita por LeRoy et al. [43], que estimaram as condições de pressão e

temperatura ideais de produção de hidrogênio por meio de eletrólise da água

ser relativamente até 70 MPa e 250ºC.

Considerando mudanças de entalpia e energia de Gibbs, a tensão de

eletrólise da água diminuiu à medida que a temperatura aumenta em altas

pressões e vice-versa. No entanto, no caso de elevados níveis de pressão de

20 MPa, foi descoberto que o aumento de tensão é reduzido quando a

temperatura cai. Por fim, eles mencionaram a possibilidade de um aumento de

eficiência de 5% na fase da eletrólise e de 50% na fase de compressão de

produção de hidrogênio, usando alta pressão na eletrólise da água.

3.4.1.4 - Resistência elétrica do eletrólito

A resistência elétrica de um objeto é uma avaliação da sua oposição para

a passagem de corrente elétrica. O valor dessa oposição é proporcional ao

comprimento, área da seção transversal do objeto, do tamanho do caminho da

corrente e da resistividade do material. A relação entre os fatores mencionados

é mostrada na Equação (7) a seguir.

 R

A

l (7)

Onde R é a resistência elétrica, ρ é a resistividade do material, A é a área

da seção transversal e l é o comprimento do caminho da corrente. Os elétrons

começam sua viagem a partir da superfície de um eletrodo, movimento através

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21

do eletrólito e, finalmente, termina sua jornada na superfície do outro elétrodo.

Este caminho pode ser assumido como um objeto com o mesmo comprimento

da distância entre os elétrodos, a seção transversal da área de elétrodos e a

resistividade, que é um composto de diferentes fatores, tais como

o material de eletrodo, permissividade elétrica do eletrólito e a superfície de

reação entre eletrodos e eletrólito. Por todo o composto e como em um único

objeto, existem alguns fatores, que são capazes de alterar a sua resistência,

tais como:

3.4.1.4.1 - Espaçamento entre eletrodos

A Eq. (7) expressa claramente que através da redução do espaço entre

os eletrodos, uma resistência elétrica mais baixa poderia ser obtida. No

entanto, a questão que pode ocorrer é qual redução dessa distância é

possível?

Nagai et al. [19] realizaram uma série de experiências para descobrir o

espaço ideal entre eletrodos em relação a este assunto. A pesquisa baseou-se

em examinar os efeitos da porção de vazio entre os elétrodos que é causada

pela presença de bolhas de gás produzidas. A célula de eletrólise da

investigação acima mencionada foi submetida à pressão atmosférica com

eletrodos feitos de liga Ni-Cr-Fe. Outras variáveis da pesquisa foram a

densidade de corrente, temperatura e sistema de distância de eletrodos,

tamanho, molhabilidade e inclinação. Como eletrólito foi usada uma solução

aquosa de hidróxido de potássio 10% em peso. Os resultados desta pesquisa

indicam claramente que o excesso de redução do espaço entre os elétrodos

aumenta a fração de vazio e, finalmente, causa um processo menos eficiente.

Este efeito foi muito mais sensível no caso de densidades de correntes

mais elevadas. Ao comparar a tensão aplicada na célula e variando os níveis

de corrente, enquanto os eletrodos foram colocados em diferentes distâncias,

os autores afirmaram que o posicionamento dos eletrodos muito próximos uns

dos outros causará uma redução na eficiência do processo. Os autores

concluiram que a distância ideal entre eletrodos situa-se entre 1 mm e 2 mm,

quando a densidade de corrente é de até 0,5Acm-2. Este fenômeno também foi

estudado anteriormente por LeRoy et al. [12] e foi apontado que o aumento do

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22

volume de gás entre os eletrodos levará a um decréscimo maior da resistência

elétrica e eficiência da eletrólise da água.

3.4.1.4.2- Tamanho e alinhamento dos eletrodos

Outra variável é a área da seção transversal do objeto. De acordo com

Nagai et al [19], utilizando eletrodos com maior área de superfície pode resultar

em menor resistência elétrica. Mais uma vez, neste caso, seria muito melhor

definir o termo como a "área mais superficial". A questão é se o único limite

para o uso de eletrodos maiores são os de fabricação, limites mecânicos,

dimensionais e técnicos do aparelho. Referindo-se ao papel mencionado

anteriormente [19], os autores conduziram uma série de experimentos, a fim de

comparar os resultados do uso de diferentes tamanhos de eletrodos, a fim de

calcular o seu efeito sobre a eficiência da eletrólise.

Os resultados foram muito interessantes ao notar como eles os

encontraram, utilizando a mesma largura do eletrodo, um aumento na sua

altura, conduz a uma exigência de voltagem da célula mais alta. A razão foi

estabelecida como sendo a formação de uma maior fração de vazio causada

por bolhas de gás em altitudes mais elevadas. O modelo de movimento das

bolhas de gás [44] mostra claramente a acumulação de bolhas nas partes mais

altas dos eletrodos.

Os últimos experimentos de Nagai et al.[19], também mostraram que a

colocação dos elétrodos em modo vertical, é a melhor escolha para obter a

mínima resistência óhmica relativamente ao comportamento de saída das

bolhas.

3.4.1.4.3 – Velocidade de subida das bolhas

A resistência ôhmica num banho de eletrólise é proporcional à cobertura

de bolhas de todas as superfícies, uma vez que faz com que haja menos

condutividade e mais queda óhmica [45]. O diâmetro da bolha está relacionado

com a densidade e pressão da corrente, como o aumento da densidade de

corrente e de pressão inferior provoca a formação de grandes diâmetros de

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23

bolhas de gás [46]. A taxa de desocupação das bolhas de gás e sua velocidade

de saída dos eletrodos, a placa separadora (quando existe) e a superfície do

eletrólito e do espaço entre os eletrodos, tem um papel notável no valor da

resistência elétrica de uma célula de eletrólise. A Fig. 3 pode justificar este

assunto. Nesta figura, a distância entre os elétrodos de "l" é quebrada para n

segmentos menores "li".

Figura 3: Formação de fração de vazio em um eletrólito.

Portanto, a Eq. (7) poderia ser utilizada para calcular a resistência para

cada comprimento parcial de “li”, a área de seção transversal eficiente e como

cada “li” é significativamente reduzido pela presença de bolhas de gás, a

quantidade total de R aumenta. Assim, a Eq. (7) pode ser reescrita como

abaixo:

(8)

A eq. (8) e a fig. 5 mostram o efeito da quebra provocada pelo vazio das

bolhas de gás. Os esforços têm sido feitos para forçar as bolhas a soltarem das

superfícies e deixarem o ambiente tão rapidamente quanto possível. Por

exemplo, Li et al. [47], expuseram seu aparelho de eletrólise experimental a um

campo de ultrassom.

A eficiência do sistema e o consumo de energia foram anotados em

ambos os casos com presença e ausência do campo de ultrassons. A presença

de um campo de ultrassons causou uma grande diminuição na tensão da

célula, especialmente em densidades de corrente elevadas e baixas

concentrações de eletrólito. A melhoria foi relatada como sendo de 15-18%, em

R liA

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24

experiências de densidade de corrente elevada, o que causou uma economia

de energia de 10-25% a uma determinada concentração de eletrólito.

O desprendimento de bolhas dos eletrodos, da membrana separadora, e

o eletrólito são de uma grande importância, a fim de melhorar tanto a

transferência de massa e a transferência de calor local, em adição ao aumento

da eficiência. A exigência de energia para a geração do campo ultrassônico

pode ser ignorada em analogia com a demanda de energia da eletrólise. Um

gerador de ultrassom de 0.05 kW foi suficiente para ser usado em uma célula

de eletrólise de 100 kA. Neste caso, a aplicação do campo de ultrassons

causou uma redução de 30 kW em consumo de energia do sistema.

Outro conjunto de experiências foi feito por Wang et al. [48] para reduzir

as perdas nas células provocadas por bolhas de gás adsorvido sobre os

eletrodos e na membrana separadora. A exposição da célula a um campo de

super gravidade foi o conceito de pesquisa. As condições de super gravidade

poderiam ser alcançadas por diferentes meios, incluindo centrífuga (rotação)

instalada em uma célula eletrolítica horizontal. Nesta experiência, os sinais de

entrada e de saída foram lidos fazendo arranjos apropriados na parte superior

e eixo inferior.

A temperatura da célula foi mantida a 60ºC, utilizando um banho de água.

Era conhecido antes desta pesquisa que o ambiente de aceleração de alta

gravidade aumentava ambas as velocidades do fluxo de convecção e interfase

de deslizamento [49]. Este efeito conduz a uma melhor separação em multifase

de gás-líquido e fases de gás-sólido [50], que por outras palavras, significa a

melhoria do desprendimento e da saída de bolhas de gás de um aparelho de

eletrólise. Assim, a perda ôhmica menor e maior potencial ocorre. Wang et al.

[48], mediram e compararam a tensão necessária para atingir as densidades

de corrente diferentes, em diferentes condições de gravidade.

Os resultados indicaram que os níveis de redução notável de tensão

necessária nos casos de valores de gravidade mais elevados do que os valores

mais baixos. Esta diferença tornou-se mais significativa à medida que a

densidade de corrente aumenta. Os autores mencionaram um aumento

significativo na eficiência da eletrólise sujeitando a célula a um campo de

supergravidade. Com relação à demanda de energia do sistema, este método é

Page 47: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento ... · andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por demanda em veículos automotores. Em

25

indicado pelos autores por ser eficiente o suficiente para ser usado na indústria.

Por exemplo, em uma célula eletrolítica 100 kA industrial com uma

densidade de corrente de 0,5 A cm-2, se gasta 3 kW de energia elétrica para

atingir um valor de gravidade de 161atm, isto causa uma redução de 0,51V na

tensão aplicada necessária, o que significa uma redução de 51 kW na

demanda de potência e consumo.

3.4.1.5 - Material do eletrodo

Há uma grande variedade de materiais utilizados como eletrodos em

eletrolisadores. Cada metal tem um nível diferente de atividade, resistência

elétrica, resistência contra a corrosão e tempo de vida. Platina e ouro são

conhecidos por serem duas das melhores opções para serem usadas como

eletrodos. Níquel, níquel de Raney e cobalto são materiais de eletrodos simples

e podem ser utilizados em soluções alcalinas de banhos eletrolíticos porque o

seu preço, resistência à corrosão e estabilidade química são de níveis

satisfatórios [51].

Mansouri et al. [41] repetiram suas experiências com uma série de

elétrodos diferentes, tais como Ni, Pt, Ir e Rh todos em níveis de pureza

elevada (99,99%). Além disso, os seguintes materiais foram testados: tecido de

Ni, Ni sinterizado, Ni-Cd e de baixo níquel e, ainda, catalisador de molibdato

com impregnação de cobalto em níquel sinterizado. No que diz respeito aos

resultados obtidos, os de níquel apresentaram melhores características do que

os outros metais potenciais testados [29].

Comparando os resultados registrados, os autores descobriram que a

atividade do eletrodo sinterizado de tecido ou poroso é de 30 vezes maior do

que os eletrodos lisos. A razão é pelo fato de ser maior a área de superfície de

eletrodo em contato com o eletrólito.

Qualquer eletrólito tem o seu próprio desempenho em contato com

diferentes eletrodos. Por exemplo, eletrodos de platina mostram níveis muito

mais elevados de atividade enquanto está sendo usado com soluções de

eletrólito de KOH, em comparação com os de molibdénio. No caso de se

utilizar BMI.BF4 (butil, trimetilimidazólio, tetrafluoroborato) como eletrólito

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26

líquido iônico em temperatura ambiente, a eletrólise tem um desempenho

muito melhor com eletrodos de molibdênio [29].

Neste trabalho foi usado o aço 316L para a confecção dos eletrodos, pois

este material é o que vem sendo usado pelas empresas que comercializam

eletrolisadores para veículos. O aumento da área de contato com o eletrodo foi

feito com ranhuras em padrão cruzado, simulando a área de contato do tecido

de níquel. O eletrólito utilizado foi o KOH, também utilizado pelos fornecedores

de eletrolisadores.

3.4.1.6 - Material separador

A colocação de um separador entre os eletrodos reduz a eficiência da

eletrólise, uma vez que bloqueia a livre circulação de massa e íons. Além disso,

a presença de um separador faz uma maior acumulação de bolhas de gás no

eletrólito [19] e aumenta a quebra de vazio. Além disso, a resistência elétrica

eficaz de um separador é frequentemente tão grande quanto 3-5 vezes à do

eletrólito [52].

A resistência elétrica de um separador depende de diferentes variáveis do

sistema, tais como a corrosão, temperatura e pressão [53], Ao medir e

comparar a resistência elétrica de um eletrólito com uma condutividade

conhecida ou determinada molaridade de solução na presença de separadores

feitos de materiais diferentes, é possível classificar, escolher e usar o melhor

no caso.

Existem muitos materiais e tecnologias diferentes introduzidas para a

construção de placas separadoras, até a presente data. Nos meados dos anos

90 alguns pesquisadores apontavam o amianto como o melhor material para os

diafragmas devido à sua estrutura molhável e altamente porosa, que mostrou

uma baixa resistência elétrica em ação [54]. O amianto, no entanto, é

conhecido por ser tóxico e prejudicial [54, 55] Hoje em dia existem diferentes

soluções, materiais e tecnologias disponíveis para reduzir o efeito elétrico

negativo dos separadores [56-59].

Page 49: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento ... · andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por demanda em veículos automotores. Em

27

3.4.1.7 - Formato de onda da tensão aplicada

É quase comum para os sistemas de eletrólise usar uma tensão pulsada

(Fig. 4a) ou constante (Fig. 4b) DC para polarizar e decompor o eletrólito.

Referindo-se a lei de Ohm, a tensão aplicada DC U faz com que o I passe

através do eletrólito com uma a resistência R. Este fato é indicado pela

equação (6). Através da aplicação de um nível de tensão determinado em um

eletrólito, determinada densidade de corrente pode ser obtida.

U = RI (6)

Figura. 4. (a) Corrente direta pulsada. (b) Corrente direta constante [52].

Existem diferentes métodos para aplicar tensão ao banho eletrolítico.

Shimizu et al. [60], realizou uma experiência e verificou o seu comportamento

enquanto a tensão aplicada foi selecionada para estar na forma de impulsos

ultracurtos. O objetivo de sua pesquisa era gerar hidrogênio com a alimentação

aplicada superior sem causar uma redução na eficiência do processo. Eles

usaram um banho de eletrólise preenchido com uma solução aquosa 1M de

KOH. Os eletrodos foram feitos de placas de platina que foram colocadas a 3

cm de distância um do outro no interior do banho. A temperatura da solução foi

mantida a 293 ± 2 K para o experimento.

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28

Os resultados foram registrados e comparados em ambos os casos de

utilização de uma fonte de alimentação DC convencional e uma fonte de

alimentação de pulso ultracurto com uma largura de pulso de saída de cerca de

300 ns. A frequência de saída e pico de tensão desta fonte de alimentação

variou de 2kHz a 25kHz e 7,9V a 140 v, respectivamente.

Quando um impulso ultracurto é aplicado a um banho eletrolítico, não há

tempo suficiente para que uma camada ou camada dupla de difusão estável

seja formada. Esses tempos foram calculados pelos autores em 3ns para o

eletrólito da amostra mencionada. Foi necessário diminuir a largura do pulso

para ser muito mais curto que este valor. Portanto, um coeficiente de 0,1 foi

escolhido. Uma largura de pulso de 3ns também é muito menos tempo do que

o requerido para a formação de uma camada dupla estável, que é conhecida

por ser da ordem de várias centenas de milissegundos. Uma amostra da onda

de pulso ultracurto aplicada é ilustrada na Fig. 5.

Figura 5 – Formato de onda de pulso ultracurto [52].

No caso no qual se usou uma fonte de alimentação DC, o gráfico da taxa

de produção versus gráfico de potência de entrada desviou mais a partir do

gráfico ideal quando a potência de entrada foi aumentada. Além disso, a

redução da eficiência foi significativa (a eficiência gravada no caso de 0,25W foi

de até cinco vezes mais do que o caso de 250 w).

Os resultados da realização de eletrólise, usando um fornecimento de

pulso ultracurto mostraram que o aumento da potência de entrada do sistema

(através do aumento da frequência de saída da fonte de alimentação) não

diminui a eficiência, mas sim a eficiência aumenta, reduzindo a tensão de pico.

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29

A provável razão desta questão é expressa por ser um menor nível de

energia de elétrons e nítida forma de onda de pulso em picos de tensão

reduzidos.

De acordo com o resultado da pesquisa mencionada, a questão que pode

ocorrer se existir uma relação entre o pico de tensão e a frequência, a fim de

atingir a maior eficácia possível. Além disso, pode ser útil examinar outros

valores de largura de pulso, no intuito de testar os seus efeitos sobre o

comportamento do processo.

Em outra pesquisa relacionada a este assunto, Ursua et al. [61] em

primeiro lugar, caracterizaram uma unidade eletrolisadora comercial. O

aparelho pode funcionar sob as condições de: 0-120A de corrente elétrica e

uma margem de temperatura que vai da ambiente até 65ºC (temperatura

nominal da unidade). Duas fontes de alimentação com diferentes topologias

foram anexadas ao sistema a fim de testar o comportamento do sistema,

eficiência, potência e consumo de energia.

A primeira fonte de alimentação era baseada em tiristores, que regulavam

a forma de onda da saída controlando o tempo de comutação de um interruptor

eletrônico colocado em série com a linha de entrada de alimentação AC. Esta

topologia de alimentação funciona na frequência de alimentação de entrada,

que é 50Hz ou 60Hz, dependendo da frequência local da rede elétrica.

Estudando os resultados do uso desse tipo de alimentação de energia para a

célula de eletrólise, mostra uma forma de onda de corrente e voltagem não

contínua e uma ampla distribuição de harmônicas de corrente de entrada sobre

diferentes frequências. A maior eficiência obtida usando este tipo de fonte de

alimentação foi de 70,9%.

A outra topologia de fonte de alimentação testada era um tipo baseado

em transistores. Esta topologia funciona a uma gama de frequência muito mais

elevada do que a anterior. Neste caso, um sistema de comutação principal

controla a tensão de saída. Um transistor (poderia ser de qualquer tipo)

funciona como o coração do sistema de comutação. No caso de se utilizar esta

fonte de alimentação, a tensão da célula tinha uma forma quase pura de onda

DC e os harmônicos foram negligenciáveis. A maior eficiência de 77,6% foi

observada durante a utilização desta topologia de alimentação.

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30

Comparando os resultados de ambos os casos mencionados, usando

uma fonte de alimentação com base no transistor causou até 10% de

conversão mais eficiente do que um à base de tiristor.

Infelizmente, existem poucos relatos disponíveis no estudo da eletrólise

do ponto de vista elétrico. É comum usar as características elétricas do

sistema, tais como (tensão, corrente e densidade de corrente) para testar as

teorias ou como uma evidência para a comparação de diferentes métodos

eletroquímicos. No entanto, a potência elétrica aplicada é uma parte importante

do processo de eletrólise e mais pesquisas podem ser realizadas sobre este

assunto.

Brad [62] e Armstrong & Henderson [63] introduziram circuitos elétricos

equivalentes muito semelhantes para uma célula de eletrólise. Estes circuitos

consideram a resistência elétrica do sistema de eletrólise na forma de

impedâncias não lineares, incluindo condensadores e resistores. Em quase

todas as pesquisas conduzidas sobre a eletrólise da água a saída de uma fonte

de energia DC tinha sido alimentada para a instalação experimental e os

resultados foram estudados quanto ao comportamento elétrico ôhmico pleno do

eletrólito. Referindo-se aos circuitos elétricos equivalentes mencionados, mais

pesquisas são necessárias para encontrar o melhor método de aplicação de

energia elétrica, a fim de realizar uma eletrólise da água eficiente.

3.4.2 – Propriedades do hidrogênio combustível

A utilização do hidrogênio como combustível deve-se à determinadas

propriedades que favorecem seu desempenho. As propriedades que

contribuem para o uso do hidrogênio como combustível são as seguintes [64]:

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31

3.4.2.1 - Ampla inflamabilidade

O hidrogênio tem uma gama de inflamabilidade grande em comparação

com todos os outros combustíveis (ver tabela 2). Como resultado, o hidrogênio

pode ser queimado num motor de combustão interna ao longo de uma ampla

gama de misturas de combustível-ar. Uma vantagem significativa desta

situação é que o hidrogênio pode ser executado em uma mistura pobre. A

mistura pobre é aquela em que a quantidade de combustível é menor do que a

quantidade teórica, estequiométrica ou quimicamente ideal necessária para a

combustão com uma determinada quantidade de ar. É por isso que é bastante

fácil de obter um motor para começar a trabalhar com o hidrogênio [65].

Em geral, a economia de combustível é maior e a reação de combustão

é mais completa quando um veículo é rodado com uma mistura magra. Além

disso, a temperatura final de combustão é geralmente mais baixa, reduzindo a

quantidade de poluentes, tais como óxidos de nitrogênio (NOx), emitida nos

gases de escape. Existe um limite para a mistura pobre que o motor pode ser

rodada, pois a operação da mistura magra pode reduzir a potência de saída,

devido a uma redução no valor de aquecimento volumétrico da mistura

ar/combustível [65].

3.4.2.2 - Baixa energia de ignição

O hidrogênio tem muito baixa energia de ignição. A quantidade de

energia necessária para acender o hidrogênio é cerca de uma ordem de

grandeza menor do que a necessária para a gasolina (Fig. 6). Isto permite que

motores com hidrogênio possam inflamar misturas pobres e assegura a ignição

rápida.

Infelizmente, a baixa energia de ignição significa que gases quentes e

pontos quentes no cilindro podem servir como fontes de ignição, criando

problemas de ignição prematura e de retrocesso. Prevenir este é um dos

desafios associados à utilização de um motor a hidrogênio. A faixa de

inflamabilidade ampla do hidrogênio significa que praticamente qualquer

mistura pode ser inflamada por um ponto quente [65].

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32

.

Figura 6 – Mínima energia de ignição do hidrogênio no ar [66].

3.4.2.3 - Distância de extinção pequena

O hidrogênio tem uma distância de extinção pequena, menor do que a

gasolina. Consequentemente, as chamas de hidrogênio viajam mais perto da

parede do cilindro do que outros combustíveis, antes de extinguir. Assim, é

mais difícil de extinguir a chama de hidrogênio do que uma chama da gasolina.

A distância menor de extinção também pode aumentar a tendência para o back

fire (contraexplosão) visto que a chama, a partir de uma mistura de hidrogênio-

ar passa mais facilmente por uma válvula de admissão quase fechada, do que

uma chama de hidrocarboneto-ar [66].

.

3.4.2.4 - Alta temperatura de autoignição

O hidrogênio tem uma temperatura relativamente elevada de autoignição.

Isto tem implicações importantes quando uma mistura hidrogênio-ar é

comprimida. Na verdade, a temperatura de autoignição é um fator importante

na determinação de qual taxa de compressão o motor pode usar, uma vez que

o aumento de temperatura durante a compressão está relacionado com a taxa

de compressão. O aumento da temperatura é mostrado pela equação:

2 1

1

1

2

T T

V

V

(9)

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33

Onde:

V1/V2 = taxa de compressão;

T1 = Temperatura inicial absoluta;

T2 = Temperatura final absoluta e

= Relação dos calores específicos.

A temperatura não pode exceder a temperatura de autoignição do

hidrogênio, sem causar ignição prematura. Assim, a temperatura final absoluta

limita a taxa de compressão. A elevada temperatura de autoignição do

hidrogênio permite taxas de compressão maiores num motor a hidrogênio do

que num motor de hidrocarboneto.

Esta maior taxa de compressão é importante porque é relacionada com a

eficiência térmica do sistema. Por outro lado, o hidrogênio é mais difícil de

inflamar em uma configuração de ignição por compressão que o diesel, porque

as temperaturas necessárias para esses tipos de ignição são relativamente

elevadas [67].

.

3.4.2.5 - Alta velocidade de chama e chama adiabática

O hidrogênio tem alta velocidade de chama em proporções

estequiométricas. Sob estas condições, a velocidade da chama de hidrogênio é

quase uma ordem de magnitude mais elevada (mais rapidamente) do que o da

gasolina. Isso significa que os motores a hidrogênio podem se aproximar mais

de perto ao ciclo do motor termodinamicamente ideal. Em misturas mais

pobres, no entanto, a velocidade da chama diminui significativamente [65].

Velocidade de chama e temperatura da chama adiabática são

propriedades importantes para operação e controle do motor, em particular a

eficiência térmica, a estabilidade de combustão e emissões. Velocidade laminar

de chama e a temperatura da chama, representada graficamente como uma

função da razão de equivalência, são mostrados nas Fig. 7. E 8,

respectivamente.

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34

Figura 7 - Temperatura adiabática de chama para misturas hidrogênio-ar [68].

Figura 8 - Velocidade laminar de chama para (—) misturas de hidrogênio,oxigênio e nitrogênio e (◦, - -) para misturas de gasolina e ar [68].

3.4.2.6 - Alta difusividade

O hidrogênio tem muito alta difusividade. Essa capacidade de se

dispersar no ar é consideravelmente maior do que a da gasolina e é vantajoso

por duas razões principais. Em primeiro lugar, ela facilita a formação de uma

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35

mistura uniforme de ar e de combustível. Em segundo lugar, se uma fuga de

hidrogênio acontece, este se dispersa rapidamente. Assim, as condições

inseguras podem ser evitadas ou minimizadas [69].

Mais adiante será tratada a difusividade do hidrogênio em materiais

sólidos. Mais precisamente em metais e suas ligas, visto que isso é um

problema que afeta em todas as áreas ligadas à metalurgia, pois conduz à

degradação micro estrutural do material, foco central desta pesquisa.

3.4.2.7 - Muito baixa densidade

O hidrogênio tem densidade muito baixa. Isto resulta em dois problemas

quando utilizado num motor de combustão interna. Em primeiro lugar, um

volume muito grande é necessário para armazenar hidrogênio suficiente para

obter um veículo com autonomia adequada. Em segundo lugar, a densidade de

energia de uma mistura de hidrogênio-ar e a potência de saída é reduzida [65].

Tabela 6 - Comparação do hidrogênio com outros combustíveis [67]

Combustível LHV

(MJ/Kg)

HHV

(MJ/Kg)

Razão Esteq.

Ar / combust.

(Kg)

Gama de combust.

(%)

Temp.

De chama

(ºC)

Energia Mín. de Ignição

(MJ)

Temp. de

Autoig.

(ºC)

Metano 50,0 55,5 17,2 5-15 1914 0,30 540-630

Propano 45,6 50,3 15,6 2,1-9,5 1925 0,30 450

Octano 47,9 15,1 0,31 0,95-6 1980 0,26 415

Metanol 18,0 22,7 6,5 6,7-36 1870 0,14 460

Hidrogênio 119,9 141,6 34,3 4-75 2207 0,017 585

Gasolina 44,5 47,3 14,6 1,3-7,1 2307 0,29 260-460

Diesel 42,5 44,8 14,5 0,6-5,5 2327 - 180-320

A produção do hidrogênio por eletrólise em sito tem a vantagem de não

precisar armazenar o hidrogênio inflamável.

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36

3.4.3 - A razão ar / combustível (A/F): estequiometria da combustão

A combustão teórica ou estequiométrica de hidrogênio e oxigênio é dada

como:

2H2 + O2 = 2H2O

Moles de H2 para uma combustão completa = 2 moles

Moles de O2 para uma combustão completa = 1 mol

Como o ar é utilizado como oxidante, em vez de oxigênio, o nitrogênio do

ar necessita ser incluído no cálculo:

Moles de N2 no ar = Moles de O2 x (79% N2 no ar / 21% O2 no ar)

= 1 mol de O2 x (79% N2 no ar / 21% O2 no ar)

= 3,762 moles N2

Nº de moles do ar = moles e O2 + moles de N2

= 1 + 3,762

= 4,762

Massa de O2 = 1 mol de O2 x 32 g/mol

= 32g

Massa de N2 = 3.762 moles de N2 x 28 g/mol

= 105,33 g

Massa do ar = massa de O2 + massa de N2 (10)

= 32g + 105,33

= 137,33g

Massa de H2 = 2 moles de H2 x 2g/mol

= 4g

A razão estequiométrica ar/combustível (A/F) para ar/hidrogênio é:

A/F baseada em massa = massa de ar/massa de combustível

= 137,33g / 4g

= 34,33:1

A/F baseada em volume = vol.(moles) de ar / vol. (moles) de combustível

= 4,762 / 2

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37

= 2,4:1

A percentagem da câmara de combustão ocupada pelo hidrogênio por

uma mistura estequiométrica:

%H2 = volume (moles) de H2 / volume total (11)

= volume de H2 / (volume de ar + volume de H2)

= 2 / (4,762 + 2)

= 29,6%

De acordo com os resultados destes cálculos, a relação A/F

estequiométrica ou quimicamente correta para a combustão completa de

hidrogênio no ar é de cerca de 34:1 em massa. Isto significa que, para a

combustão completa, 15,42Kg de ar são necessários para cada quilo de

hidrogênio. Este é muito mais elevado do que o de 14,7:1 razão A/F necessária

para a gasolina [69].

Uma vez que o hidrogênio é um combustível gasoso em condições

ambientes ele desloca mais do que uma câmara de combustão de combustível

líquido. Consequentemente menos da câmara de combustão pode ser ocupada

pelo ar. Em condições estequiométricas, hidrogênio desloca cerca de 30% da

câmara de combustão, em comparação com cerca de 1 a 2% para a gasolina.

A figura 9 traz uma comparação entre volumes da câmara de combustão e

conteúdo de energia para a gasolina e o hidrogênio como combustível.

Figura 9 - Câmara de combustão volumétrica e comparação de energia para motores alimentados a gasolina e a hidrogênio [69].

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38

Dependendo do método utilizado para injetar o hidrogênio no motor, o

ganho de energia em comparação com um motor a gasolina pode estar em

entre 85% (injeção pelo tubo de distribuição) e 120% (injeção de alta pressão).

Por causa da grande variedade de inflamabilidade do hidrogênio, motores

a hidrogênio podem ser rodados em quaisquer proporções de A/F a partir de

34:1 (estequiométrica) a 180:1. A razão A/F também pode ser expressa em

termos de razão de equivalência, denotada por phi ( ). Phi é igual à proporção

estequiométrica A/F dividida pela relação A/F real. Para uma mistura

estequiométrica, a razão A/F efetiva é igual à razão estequiométrica A/F e,

portanto, a unidade phi é igual a (um). Para magras proporções de A/F, phi

será um valor inferior a um. Por exemplo, um phi de 0,5 significa que não existe

apenas o suficiente de combustível disponível na mistura para oxidar com

metade do ar disponível. Outra maneira de dizer isso é que há o dobro de ar

disponível para a combustão do que é teoricamente necessário [70].

.

/ F1

/ F

real

e

A

A mistura magra (pobre) (12)

/ F1

/ F

real

e

A

A mistura rica (13)

3.5 – Eletrolisadores portáteis automotivos

Um eletrolisador é uma célula que quebra a água em gases hidrogênio e

oxigênio passando uma corrente elétrica através da água. O gás resultante é

denominado gás "hidróxi", por ser uma mistura de hidrogênio e oxigênio. O gás

hidróxi é altamente explosivo, muito mais do que o hidrogênio puro, e muito

mais perigoso do que vapores de gasolina, queimando pelo menos 1.000 vezes

mais rápido. A mais leve faísca irá explodi-lo, uma pequena quantidade como

uma única xícara de gás hidroxi produz um estrondo tão alto que pode

provocar lesões auditivas permanentes [71].

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39

Consequentemente, a informação mais importante sobre eletrolisadores

diz respeito aos dispositivos de segurança e técnicas que devem ser utilizadas

com eles. Os objetivos são manter a quantidade de gás hidroxi realmente

presente no sistema, a um mínimo absoluto, e evitar que qualquer faísca venha

a atingir o gás.

Apesar de representar um perigo relativo o gás que sai de um

eletrolisador simples pode ser misturado com o ar a ser arrastado para o motor

de um veículo e o resultado é em geral uma melhoria em termos de

quilômetros por litro, menores emissões de poluentes, e a remoção automática

de depósitos de carbono no interior do motor, “promovendo uma maior vida útil

ao motor” [71].

Necessário se faz verificar a quê se refere o autor com a expressão

“maior vida útil do motor”, uma vez que o contato do hidrogênio com metais

tem algumas restrições. O uso de um eletrolisador avançado pode substituir

completamente o combustível, mas tal eletrolisador é difícil de construir e é

susceptível de ser muito pesado.

A cada dia surgem novos modelos de eletrolisadores de água que podem

ser facilmente adaptados a um veículo automotor. Todos eles obedecem às

regras básicas da eletrólise da água apresentadas anteriormente e se

diferenciam apenas nos desenhos de projeto. Mas, basicamente estão

condicionados aos dois tipos de concepção de células, molhada ou seca.

3.5.1 Células molhadas

São as células nas quais o arranjo das placas fica totalmente imerso na

solução eletrolítica. O modelo mais utilizado deste tipo de célula é o

desenvolvido por Patrick J. Kelly [71], que apresenta o esquema representado

na figura 10.

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40

Figura 10 – Arranjo das placas do eletrolisador de célula molhada [71].

A figura 11 ilustra o conjunto idealizado por este mesmo autor, cujas

placas têm 7,0cm x 11,5cm e é confeccionado utilizando tubo de PVC de 4”

com 35 cm de comprimento como corpo do eletrolisador e conexões de PVC

para a conclusão do projeto.

Figura 11 – Eletrolisador de célula molhada idealizado por Kelly [71].

3.5.2 – Células secas

O eletrolisador mostrado na Figura 14 baseia-se no conceito de

eletrolisador de duto comum, com uma série de células originalmente

desenvolvido e patenteado por William Rhodes, Spirig Ernest, Brown Yull e

mais tarde refinado por Bob Boyce, George Wiseman, etc... Ele usa um

Page 63: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento ... · andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por demanda em veículos automotores. Em

41

eletrólito (NaOH, KOH) alcalino para dividir água destilada em seus

componentes, hidrogênio e oxigênio, de forma muito eficiente.

Os gases hidrogênio e oxigênio produzidos não são separados, mas

mantém-se misturados. O gás produzido é uma mistura estequiométrica de

hidrogénio (2 partes vol.) e oxigénio (1 parte vol.) e pode ser queimado no

vácuo.

A combinação de células em série é muito eficiente, porque permite que

as células operem perto de sua voltagem ideal (1.47V). O eletrolisador trabalha

bastante frio, em cerca de 30-50ºC, dependendo da corrente e do eletrólito.

O eletrolisador (Fig. 12) tem sete células com uma tensão de entrada de

cerca de 12,9-14.1Vdc dependendo da temperatura. Isto faz com que a tensão

de cada célula seja de cerca de 1,85-2.0V.

Figura 12 – Eletrolisador de célula seca idealisado por William Rhodes,

apresentado por Kelly [71].

As oito placas do eletrolisador são de cerca de 0,8 milímetros de

espessura, 160 milímetros x 200 mm de aço inoxidável (304). Um orifício de

ventilação 10 milímetros de gás é perfurado em cada placa. O nível do eletrólito

é sempre a 25 milímetros abaixo do orifício de circulação do gás. Existem

orifícios de 3 mm de diâmetro para o nível de equalização de líquidos,

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42

perfurados no canto inferior de cada placa (não mostrados no croquis) de tal

maneira que as placas adjacentes têm orifícios nos cantos opostos.

Figura 13 – Eletrolisador célula seca, patenteado por William Rhodes, montado

[71].

3.6 – O hidrogênio como combustível adicional

A utilização do hidrogênio como combustível único deixou de ser o

principal objetivo dos investigadores, e retirou-se completamente a ideia de

utilizar o hidrogênio como combustível misturado com ar, pois esta mistura não

apresenta um poder calorífico tão elevado como nas restantes misturas com os

combustíveis fósseis utilizados – diesel e gasolina – assim como no caso do

metanol – Figura14 [72].

Figura 14 - Poder Calorífico de várias misturas de combustíveis [72].

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43

A sua aplicação, no panorama atual dos transportes, torna-se mais

atrativa quando surge a possibilidade de associá-lo aos combustíveis utilizados

em grande escala, como são os fósseis, pois implica um gasto menor de

adaptação dos motores. Assim sendo, analisa-se a seguir as possibilidades de

utilização com os hidrocarbonetos mais usados na atualidade.

3.6.1 – Adicionado ao gás natural veicular (GNV)

De acordo com um estudo efetuado pela Universidade Técnica da

Dinamarca, quando o hidrogênio é utilizado como um suplemento de

combustíveis fósseis, o nível de reatividade deste é importante para o início da

combustão onde o início da chama é desenvolvido [4].

Além disso, a velocidade laminar da chama de hidrogênio é maior que a

chama proveniente dos combustíveis fósseis. Quanto mais largos forem os

limites da inflamabilidade e menor for a duração da combustão causada pela

velocidade da chama mais intensa, e se adicionado ao gás natural, torna

possível fazer o motor gastar menos combustível e com níveis de emissões

para a atmosfera mais baixos. Há uma redução das emissões de CO, NOx e

UHC pelo aumento da relação ar combustível até que a combustão parcial seja

predominante [4].

Em seguida é apresentada na Tabela 7, a percentagem dos componentes

de três gases estudados. No RNG - Gás Natural Reformulado - foi adicionada

uma determinada percentagem de H2, o NG é o gás Natural, e por fim o

PG+NG é o gás Natural com adição de um gás produzido em laboratório, que

também tem uma percentagem de 30-35% de H2. A diferente composição

química dos três gases denuncia também propriedades de combustão

diferentes, sendo assim na Tabela 8 estará representando o LHV (Valor de

aquecimento mais baixo) e o valor estequiométrico da relação ar combustível

dos três gases.

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44

Tabela 7 - Composição dos Combustíveis Examinados [4]

Tabela 8 - Valor mais baixo de aquecimento, valor estequiométrico da relação ar combustível e Temperatura adiabática da chama para os gases examinados [4].

De acordo com os valores obtidos pode-se ver que a diferença das

temperaturas é mínima, sendo que a do Gás Natural apresenta os valores mais

elevados, e por isso uma melhor combustão e queima dos elementos

componentes. Chegou-se à conclusão que a emissão de CO é reduzida em

cerca de 80% no gás reformado. [4].

3.6.2 – Adicionado à gasolina

Numa publicação da SAE International, os engenheiros responsáveis por

um estudo do uso do hidrogênio como um aditivo da gasolina, defendiam que,

a queima do hidrogênio e da gasolina, juntos, pode ser feita através de uma

larga variedade de misturas. A adição de pequenas quantidades de hidrogênio

à gasolina aumenta a velocidade da chama em todas as relações equivalentes

da gasolina, tornando possível o motor trabalhar com uma mistura pobre de ar

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45

gasolina. Esta necessidade de utilização do hidrogênio nos motores a gasolina

aumentou com a crise energética e com fatores como a poluição [74].

O conceito de utilização de hidrogênio associado à gasolina tem tido mais

importância do que a utilização do hidrogênio puro, pois implica modificações

menores nos motores. Estas misturas de gasolina e hidrogênio permitem bons

resultados em termos de consumo, reduzem as emissões poluentes e

melhoram a eficiência térmica.

Infelizmente, como já foi mencionado o hidrogênio apresenta limitações

de armazenamento, e se forem colocadas grandes garrafas de armazenamento

num veículo, este perderá rendimento, pois aumentará o seu peso. Alguns

problemas derivam da ausência de sistemas de distribuição. [73].

O ideal será, portanto, com uma mistura pobre de ar – gasolina, utilizar o

hidrogênio misturado com esta, sem que o desempenho do veículo diminua.

Nas tabelas seguintes estão apresentados os resultados obtidos da

avaliação feita num FIAT FIRE 1242 16v com os diferentes combustíveis,

Hidrogênio puro, Gasolina e a mistura dos dois. Os resultados obtidos provam

que funciona com misturas pobres, com hidrogênio puro, ou com mais

hidrogênio que gasolina. Pode-se observar também que injeções de hidrogênio

contribuem para o desenvolvimento de uma chama estável, permitindo o

funcionamento do motor com misturas pobres, enquanto que com gasolina

pura, o motor precisa funcionar com misturas mais ricas [73].

Pela relação criada entre as temperaturas dentro dos cilindros, e a

formação de NOx, associou-se um aumento dessas concentrações nas

utilizações de hidrogênio puro, no entanto verificou-se uma diminuição dessas

mesmas emissões na mistura gasolina - ar – hidrogênio em comparação com a

mistura ar – gasolina [73].

A redução das emissões de CO2 também foi verificada, mas essa

redução apenas existe quando o hidrogênio é obtido através de fontes de

energia que não sejam fósseis [73].

No geral verificou-se também uma diminuição dos consumos de gasolina,

quando da sua utilização com o combustível hidrogênio.

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46

Figura 15 - Emissões de CO2 [73]

Figura 16 - Emissões de NOx [73].

3.6.3 – Adicionado ao diesel

Este estudo foi apresentado também pela SAE International, onde é

mencionado que, a grande dificuldade encontrada nestes motores a diesel,

depara-se na autoignição. É muito difícil fazer com que o hidrogênio se auto

inflame pelo simples processo de compressão, pois sua temperatura de

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47

autoignição é muito elevada, como visto anteriormente, e a energia mínima de

ignição é consideravelmente baixa. [74].

Estes tipos de motor a diesel e hidrogênio foram estudados por alguns

investigadores [66, 70], os resultados obtidos mostraram uma eficiência térmica

comparável com os de diesel puro, e numa redução em cerca de 50% da

energia necessária. A área mais problemática era o início de “Knocking”

(batendo pino) muito antes da região estequiométrica.

A Tabela 9 apresenta os consumos médios para diferentes tipos de

automóveis, com combustíveis diferentes, e pode-se observar que o consumo

de um carro trabalhando a hidrogênio é muito pequeno, cerca de 1,1 Kg/100

Km, sendo o que percorreu a maior distância depois do carro elétrico.

Tabela 9 – Consumos médios para diversos tipos de combustível [75]

Veículo Consumo de Combustível MPGGE

Ford Focus (gasolina) 7.15 litros de gasolina / 100 Km*

33

VW Jetta TFI (diesel) 5.24 litros de diesel / 100 km* 40

Honda Civic GX (gás natural) 3.9 kg gás natural / 100 km * 39

Toyota Prius (HEV) 4.05 litros de gasoline / 100 km*

58

NECAR 5 (metanol) Confidencial

NECAR 4 (hidrogênio) 1.1 kg hidrogênio/ 100 km 59

GM EV1 (eletricidade) 20 kWh eletricidade / 100 km 105

*EPA combinado ciclo de direção cidade / estradaMPGGE: milhas por galão equivalente de gasolina

3.7 – O poder corrosivo do hidrogênio

Até aqui foi abordada a capacidade de o hidrogênio poder ser utilizado

como combustível. Viu-se que é extremamente viável sua utilização, sob certas

condições, no tocante a redução de consumo de combustível e, o que é

melhor, que em tempos em que são discutidos os problemas oriundos da

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48

queima de combustíveis fósseis, pode ser uma solução para a questão

ambiental.

Não apenas por suas aplicações no campo energético, o hidrogênio

recebe, também, atenção especial no que diz respeito à sua interação com os

metais. As primeiras teorias referentes aos efeitos do hidrogênio no ferro e no

aço datam de 1873, ano no qual já haviam sido publicados artigos sobre o

tema. No entanto, os problemas relacionados à presença do hidrogênio nos

metais despertaram verdadeiramente o interesse da sociedade científica

somente dois anos mais tarde, em 1875, graças ao trabalho de W.H Johnson

[76]. Desde então, os danos causados aos metais devido à localização do

elemento na rede cristalina são estudados extensamente, notadamente o efeito

da fragilização por hidrogênio, fenômeno bastante conhecido no setor

metalúrgico, mas ainda não compreendido integralmente.

A facilidade com que o hidrogênio se solubiliza ou se difunde em um

material metálico sólido depende de alguns fatores críticos: composição

química, microestrutura, estrutura cristalina ou mesmo presença de

precipitados [78].

Quando se trata da interação com um metal, o papel do hidrogênio ganha

uma importância particular e que precisa ser observada com cautela. Isso

porque, devido ao seu pequeno diâmetro e grande mobilidade, o hidrogênio é

capaz de se difundir com muita facilidade em materiais no estado sólido,

através da rede cristalina, o que caracteriza a eventual presença do elemento

em solução sólida nos metais. De forma geral, assume-se que essa presença

em materiais metálicos é indesejável, visto que caso a concentração de

hidrogênio seja suficientemente alta pode levar à fratura do material, como uma

consequência das alterações mecânico - metalúrgicas desencadeadas [77].

A contaminação por hidrogênio durante os processos de fabricação de

ligas metálicas ocorre com relativa facilidade, caso os cuidados necessários

não sejam devidamente tomados. De fato, o caráter abundante do hidrogênio

atua como perigo em potencial, visto que a contaminação de um componente é

passível de acontecer sempre que houver disponibilidade do elemento. A

umidade é, por estas razões, causa principal de contaminação de componentes

pelo hidrogênio [76, 79].

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49

Como mencionado, a fragilização por hidrogênio (FHP) conduz a

alterações importantes nas propriedades mecânicas dos metais, dentre as

quais podem ser citadas aquelas que melhor a representam: [79, 80].

a) O efeito mais perigoso da FPH se dá próximo à temperatura ambiente, visto

que ocorre essencialmente na faixa de temperaturas que vai de -100°C a

aproximadamente 100°C;

b) A fragilização por hidrogênio ocorre sob a ação de tensões trativas e não

compressivas;

c) A presença do hidrogênio pode levar a uma fratura tipicamente frágil;

d) A ductilidade da liga metálica cai à medida que o teor de hidrogênio

aumenta. Por esta razão, observa-se que se o teor de hidrogênio for diferente

ao longo do material, a região contendo maior concentração do elemento tende

a ser menos dúctil. Ao contrário do que se tende a prever, o material passa a

ter a ductilidade da área afetada pela maior quantidade de hidrogênio e não

mais a sua ductilidade característica;

e) A FPH pode conduzir ao fenômeno de fratura retardada, muito perigosa, pois

constitui uma fratura frágil prematura e catastrófica no material, resultado de

um tempo desconhecido sob carregamento estático, podendo levar dias ou

semanas;

f) A FPH depende fortemente do tratamento termo - mecânico do material e da

microestrutura da liga. A presença do elemento não fragiliza a liga caso esta

não tenha sido tensionada mecanicamente ou termicamente e, por estas

razões, a remoção do hidrogênio deve ser realizada antes de qualquer

tratamento termo – mecânico.

Os processos de danos ocorrem em escala atômica. A corrosão das ligas

de alumínio tem sido atribuída a um processo de oxidação complexo [81,88].

No entanto, alguns estudos revelaram que há a adição de hidrogénio produzido

durante o processo de corrosão, que pode difundir-se para dentro do material e

levar a concentração e aprisionamento de hidrogênio nos locais vulneráveis.

Isto depende do tipo de liga [81, 88].

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50

3.7.1 - Solubilidade do hidrogênio

Em certas condições de pressão e temperatura, o equilíbrio entre o

hidrogênio molecular e seus átomos dissolvidos no metal pode ser alcançado,

conforme exibido pela equação: [81].

½ H2 = H (dissolvido no metal) (14)

A partir deste equilíbrio, pode-se expressar a concentração de hidrogênio

que está dissolvido na rede metálica e em equilíbrio com o hidrogênio gasoso,

conhecida como lei de Sievert (equilíbrio químico nos limiares do

comportamento de gás ideal): [82].

cL = K * f0,5 (15)

Relações de Arrhenius para estabelecer a solubilidade são bastante

utilizadas onde o hidrogênio gasoso está em contato com o metal. Portanto, a

solubilidade pode ser definida como: [82].

K = K0 exp (-ΔH / RT) (16)

3.7.2 - Difusividade do hidrogênio

Em alguns processos gasosos onde a difusão é a etapa controladora da

Velocidade de reação geralmente é necessário conhecer o perfil de

concentrações dos átomos de gás (neste caso, o hidrogênio) dissolvidos no

metal, e ainda como este perfil esta relacionado com o tempo de reação. [83].

Estas grandezas podem ser encontradas ao serem resolvidas as equações de

Fick [84].

A primeira lei de Fick considera a relação entre o gradiente de

concentração (c) e o fluxo de átomos transportados (J) [81]. Considerando uma

condição unidimensional para efeitos de generalização, a lei é expressa como:

J = -Dδc/δx (17)

A difusividade é um processo termicamente ativado (ou seja, dependente

da temperatura) e, portanto segue uma relação com a temperatura do tipo de

Arrhenius. [82]. Estes parâmetros podem ser expressos como sendo:

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51

D = D0 exp (-ED/RT) (18)

Sob condições de estado não-estacionário, que é a forma como a difusão

ocorre no sistema deste estudo, o uso da Equação (16) não é mais

conveniente, em lugar disso, é usada a Equação diferencial parcial.

CD

t x x

(19)

conhecida como segunda Lei de Fick.

3.7.3 - Permeabilidade do hidrogênio

A permeabilidade do hidrogênio é geralmente definida como o transporte

de átomos em estado estacionário através do material que está submetido a

um gradiente de pressão [82]. Assumindo uma condição de estado estacionário

em uma placa sem infinita, a primeira lei de Fick para a difusão pode ser

reescrita como:

J∞ = D (cx=0 – cx=t) / t (20)

Usando o equilíbrio químico para um gás real e assumindo que a pressão

parcial de hidrogênio é nula em um dos lados da placa, o fluxo difusional pode

ser expresso como [82]:

J ∞ = (DK / t) * f 0.5 (21)

Onde o produto DK é definido como permeabilidade.

A grande maioria dos estudos de permeação utilizam técnicas de

medições diretas para estabelecer o fluxo de hidrogênio que permeia através

da membrana ou disco do material em estudo. Nessa técnica, uma pressão

constante de hidrogênio é mantida constante em um dos lados da membrana, e

no vácuo é feito do lado restante, sendo então medida a taxa de escape de

hidrogênio (em estado estacionário) por este lado. A difusividade do material é

então determinada pelo cálculo de um coeficiente de difusão, proveniente das

soluções da equação de fluxo. [82].

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52

A permeabilidade, assim como a difusividade, é um processo

termicamente ativado e, portanto segue uma equação do tipo de Arrhenius,

sendo assim tal grandeza pode ser expressa como [82]:

0 exp( )E

RT

(22)

Já que a permeabilidade é caracterizada pelo produto DK, a solubilidade

pode ser determinada a partir da razão entre medições diretas da

permeabilidade e difusividade, como sendo [82]:

exp[ ]0

0

K ( )E ED

RT

D

(23)

3.7.4 - Difusividade do hidrogênio em função a microestrutura do material

Conforme já mencionado, seja sob a forma protônica, atômica ou

molecular, o hidrogênio provavelmente será encontrado em defeitos da rede

cristalina, como os defeitos pontuais, as aglomerações de defeitos pontuais, os

defeitos mais complexos por eles formados, as discordâncias (aresta e espiral),

as falhas de empilhamento, os arranjos de discordâncias (células e subgrãos),

os contornos de baixo ângulo, os de maclas e os de grãos cristalinos, as

interfaces entre fases e aquelas que a matriz faz com precipitados, inclusões

ou partículas de segunda fase, além dos vazios e poros internos do material

[78].

Desta maneira, é de se esperar que a composição química, a

microestrutura e a subestrutura do material tenham uma enorme influência

sobre a solubilidade, a difusibilidade, a localização e o estado como o

hidrogênio se encontrará na rede cristalina e, consequentemente, sobre os

seus defeitos [78].

A deformação a frio gera discordâncias e vacâncias, e, uma vez que

estes defeitos são sítios preferenciais de aprisionamento (barreiras efetivas ao

hidrogênio), quanto maior o grau de deformação a frio do material, maior será o

número destes defeitos, aumentando por consequência o número de barreiras

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53

[85]. Tal fato se verifica em estudos [86], onde a difusibilidade aparente não

apresenta variações no paládio recozido, enquanto que uma variação

preponderante é observada no mesmo material, contudo na condição

encruada, tendendo a um valor constante para altas concentrações de

hidrogênio. Tal fato é ilustrado na Figura 17, exibida a seguir:

Figura 17 – Efeito da condição de tratamento da liga de paládio na difusividade aparente de hidrogênio. Adaptado de [86].

De acordo com Azambuja [85], em concentrações elevadas de hidrogênio

os sítios aprisionadores são preenchidos sem influenciar pronunciadamente na

difusão do mesmo, logo a difusividade é aproximadamente igual àquela que

corresponde ao metal puro no estado recozido (onde o material não apresenta

sítios aprisionadores), tornando-se dessa maneira constante.

Ainda considerando a microestrutura do material, a adição de elementos

de liga influenciará na difusividade do hidrogênio conforme o arranjo destes na

matriz metálica. As diferentes formas com que tais elementos tendem a se

apresentar na matriz (por solução sólida ou precipitados coerentes /

incoerentes) vão ditar a difusividade do hidrogênio, devido à efetividade com

que cada morfologia é capaz de atuar como obstáculo à difusão. [85].

Além deste, outro fator com relação aos elementos adicionados à liga que

influencia na difusibilidade de hidrogênio é o raio atômico destes elementos.

Isto se deve à diferença entre o raio atômico do elemento soluto e do elemento

que compõe a matriz, onde é observado que quanto maior essa diferença,

maior é a distorção da matriz e menor será a difusividade.

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54

Na busca por materiais mais leves e fáceis de usinar a indústria

automobilística tem procurado utilizar o alumínio na confecção de peças de

montagem estrutural e do motor, propriamente dito. Deste fato surge a

necessidade de olharmos para a hibridização de automóveis pela adição de

hidrogênio para queima conjunta com o combustível original.

Atualmente, corrosão e danos por hidrogênio nos mecanismos de ligas de

alumínio estão perto de ser compreendidos. Os processos de danos ocorrem

em escala atômica. Ataque de corrosão de ligas de alumínio tem sido atribuído

a um processo de oxidação complexo [87]. No entanto, testes revelam que há a

adição de hidrogênio produzido durante o processo de corrosão, que pode

difundir-se para dentro do material e levar a concentração e aprisionamento de

hidrogénio aos locais vulneráveis. Isto depende do tipo de liga [88, 89].

3.7.5 - O hidrogênio e as interações com microestruturas

A interação do hidrogênio com a rede cristalina não é a mesma para

todos os pontos desta. O que se observa é uma variação da energia potencial,

que tende a ser menor nos interstícios e maior nas regiões intermediárias, por

onde o elemento deve passar para alcançar uma nova posição intersticial. Essa

energia potencial pode, ainda, sofrer variações devido à presença de outros

tipos de microestruturas, dentre as quais podem ser citadas [92]:

- Lacunas;

- Discordâncias;

- Partículas de segundas fases;

- Elementos em solução sólida;

- Defeitos cristalinos;

- Contornos de grão.

Todos estes elementos contribuem, de forma geral, para abaixar a

energia potencial da região onde se localizam, comparativamente à energia

potencial de um interstício regular da rede. Sendo assim, a principal

consequência é uma predisposição do hidrogênio a ligar-se mais fortemente

nestes locais. A Figura 18 mostra uma representação esquemática da variação

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55

da energia potencial do hidrogênio ao longo da rede cristalina, sendo: Sn sítio

normal da rede cristalina, SA sítio aprisionador, Ead energia de ativação para

difusão do H na rede, Es energia do ponto de sela, EL energia de ligação do

ponto aprisionador e EaT energia de ativação do sitio aprisionador [92].

Figura 18 - Representação esquemática da energia potencial para um átomo de hidrogênio na rede cristalina [92].

Cada tipo de microestrutura resulta em um diferente poço de potencial,

que atrai o hidrogênio e o mantém preso, como mostra a Tabela 10. Estes

defeitos que aprisionam o hidrogênio são comumente denominados de

“armadilhas” e a cada um deles está associada uma energia de ligação

específica [77]:

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56

Tabela 10 - Energia de ligação do hidrogênio com diferentes armadilhasque podem estar presentes em ligas metálicas [77]

Os valores apresentados na Tabela 11 são aqueles encontrados na

literatura e podem ser classificados de acordo com a sua intensidade: assume-

se que uma armadilha é “forte” quando está acima de 30 kJ/mol,

aproximadamente. Assim, as armadilhas se dividem em duas categorias:

- Armadilhas fracas ou reversíveis: elementos microestruturais que capturam e

cedem o hidrogênio à rede cristalina;

- Armadilhas fortes ou irreversíveis: elementos microestruturais que capturam o

hidrogênio e não o cedem à rede cristalina.

No entanto, a definição de armadilha fraca ou forte não é absoluta, visto

que a capacidade de aprisionamento do hidrogênio por parte dos defeitos na

rede depende também da temperatura. Quando se considera a temperatura e

logo a energia associada à vibração térmica dos átomos da rede, o

comportamento das armadilhas pode sofrer alterações. Isso acontece

principalmente em altas temperaturas, já que a energia de vibração térmica é

significativa, favorecendo a liberação de hidrogênio das armadilhas. Nestes

casos, armadilhas ditas fortes podem passar a ser consideradas fracas [77].

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57

As armadilhas irreversíveis constituem as armadilhas mais seguras para

o metal. Nos casos onde o hidrogênio permanece aprisionado, sem

possibilidade de difundir-se pela rede cristalina do material, não costuma haver

fragilização devido à presença do elemento. De fato, quando o hidrogênio fica

preso em determinado defeito, ligado a ele devido a uma alta energia de

ligação, ele passa a não estar disponível para deslocar-se pelos interstícios da

rede, o que se traduz em uma diminuição da concentração de hidrogênio

potencialmente fragilizante. É preciso ressaltar, no entanto, que o aquecimento

do material a temperaturas mais elevadas pode causar um efeito reverso,

tornando a armadilha antes irreversível em uma armadilha reversível, que

disponibiliza o hidrogênio para difusão nos espaços microestruturais [77]. De

forma geral, considera-se que uma concentração de até 2ppm [92], de

hidrogênio é segura em ligas metálicas.

No que diz respeito às armadilhas reversíveis, elas atuam como fonte de

hidrogênio fragilizante, tanto em altas como em mais baixas temperaturas. Isso

pode ser afirmado devido aos baixos valores das energias de ligação entre o

hidrogênio e este tipo de armadilha. Armadilhas fracas representam um grande

perigo ao material, pois existe um equilíbrio dinâmico nas suas proximidades, o

que faz com que o hidrogênio se depreenda da armadilha à medida que ocorre

a difusão de outros átomos do componente para longe do defeito, passando a

estar disponíveis na região de seu entorno [77].

Discordâncias representam igualmente armadilhas para o hidrogênio.

Quando ocorre uma deformação plástica no material, há consequentemente

movimentação de discordâncias e um carreamento do hidrogênio através da

rede cristalina, o que pode resultar em um armazenamento de hidrogênio em

locais diversos; dentre eles destacam-se os mais perigosos quanto à FPH:

pontas de trincas ou micro trincas. Para o caso no qual uma discordância

passa por uma armadilha irreversível, a situação é diferente, já que o

hidrogênio é capturado e não pode mais difundir-se para outros locais.

Entretanto, é preciso considerar as situações específicas onde estas

armadilhas irreversíveis estão saturadas de hidrogênio, passando a não

capturar os átomos e a atuar como armadilhas reversíveis [77]. A Figura 19

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58

mostra o mecanismo de transporte de hidrogênio pela passagem de

discordâncias. Onde, ┴ (com a seta em cima) representa as discordâncias

móveis; “AI” são as armadilhas irreversíveis; “AR” são as armadilhas

reversíveis e “T” é uma trinca do material.

Figura 19: Transporte por discordâncias em ambiente de material pré-carregado com hidrogênio, ou seja, atmosfera de hidrogênio interno [92].

A determinação do teor de hidrogênio capaz de colocar o material em

risco de fragilização é uma tarefa bastante complexa. Não é possível prever

com precisão como as armadilhas se distribuem no material, já que pode

ocorrer segregação de elementos de liga, precipitados ou mesmo de defeitos

diversos, ocasionando uma distribuição heterogênea do hidrogênio. Assim,

uma concentração de 2ppm pode não traduzir um valor seguro, pois há sempre

a possibilidade de todo este teor estar concentrado em determinadas regiões

do material, o que aumenta significativamente os riscos de fragilização [92].

Gases como o hidrogênio, de raio atômico pequeno, dissolvem-se na rede

hospedeira do metal ocupando seus sítios intersticiais. Metais que têm as

redes cristalinas cúbica de face centrada, hexagonal compacta (caso do ALN) e

cúbica de corpo centrado apresentam dois tipos de sítios intersticiais que são:

Octaedrais (6 átomos do solvente nos vértices de um octaedro) e Tetraedrais

(4 átomos do solvente nos vértices de um tetraedro). Nas redes CFC e HC

estes sítios são centros de poliedros regulares enquanto que, na rede CCC

eles são poliedros irregulares [77].

Page 81: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento ... · andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por demanda em veículos automotores. Em

59

3.7.6 - Teorias de fragilização por hidrogênio

Mesmo diante dos enormes avanços observados no campo da ciência

dos materiais, nenhuma teoria referente à fragilização por hidrogênio é

plenamente aceita e compreendida. No entanto, algumas teorias são

comumente utilizadas como referência, como uma forma de melhor entender

os mecanismos envolvidos no processo de FPH [93].

Os estudos realizados sobre o tema podem ser divididos em duas

categorias, que aparecem bem definidas quando se estuda o grupo de teorias

formuladas. A Figura 20 resume a maneira como é considerada essa

classificação:

Figura 20 - Classificação das frentes de estudo de teorias de fragilização por hidrogênio [93].

A maioria das investigações sobre a fragilização por hidrogênio de ligas

de alumínio tem sido feita para as ligas de Al-Zn-Mg da série 7xxx [88]. Um

hidreto de alumínio e metaestável tem sido considerado responsável pela

fratura Inter granular frágil de ligas Al-Zn-Mg submetidas à corrosão sob tensão

em vapor de água [91]. No entanto, a avaliação do hidreto acima tem sido difícil

devido à sua elevada instabilidade. A decoesão preferencial de limites de grãos

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60

contendo magnésio segregado é uma explicação diferente para a fratura Inter

granular destas ligas.

A fragilização por hidrogênio da outra série da liga de alumínio (2xxx,

6xxx e 8xxx) permanece ainda claramente subestimada e não adequadamente

investigados. Isto é particularmente verdadeiro para a liga 2024 [88,158]. Além

disso, não tem sido suficientemente reconhecido que a hidrogenação pode

ocorrer mesmo na ausência de cargas mecânicas, ou seja, corrosão sob

tensão não ocorre exclusivamente durante fragilização por hidrogênio [88].

É importante ressaltar que a forma mais recorrente de contaminação de

aligas por hidrogênio é devido à presença do elemento no meio externo e não

por meio de processos de fabricação do material. Neste caso, o hidrogênio

disponível no ambiente entra em contato com a superfície do metal, tornando-a

fonte de contaminação, uma vez que o hidrogênio adsorvido difunde

continuamente para dentro da estrutura da liga. Porém, neste trabalho o foco é

a contaminação interna por hidrogênio em peças de pequeno diâmetro, em que

devido principalmente ao seu tamanho, o tempo de exposição a quente dos

componentes não é suficiente para a eliminação do hidrogênio absorvido em

estágios anteriores, como no seu processo de fabricação [94].

3.7.6.1 - Teoria da pressão

A teoria da pressão é talvez a mais popular dentre as teorias formuladas

acerca da questão do fenômeno de fragilização por hidrogênio em ligas. O

estudo é fruto de um dos trabalhos mais clássicos e mais citados na literatura

sobre FPH (publicado em 1941), cujos autores são Zapffe e Sims [94].

A ideia principal por trás da teoria proposta é a de que o hidrogênio,

presente em solução sólida nos metais, tende a migrar para locais onde

existem cavidades ou vazios, passando para a forma molecular (H2). A

formação do gás que se acumula nas cavidades gera então uma tensão local

devido à expansão, agindo no sentido de abrir a ponta da trinca, além de se

somar a qualquer outra tensão e conduzir a uma condição onde a trinca se

propaga. Como o aumento da quantidade de gás formado depende da chegada

do hidrogênio em um vazio por difusão, o crescimento da trinca nestes casos é

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61

dado de maneira gradual, assim como em muitas outras situações onde ocorre

a FPH [77].

No ano de 1951, começam a aparecer algumas variações da teoria da

pressão. Bastien e Azou introduzem a participação das discordâncias no

processo de FPH [95]. Os autores sugerem na ocasião que o hidrogênio se

acumula preferencialmente em regiões próximas às discordâncias, as quais, ao

se movimentarem, “descarregam” este hidrogênio nas cavidades criadas pela

deformação plástica subsequente. O acúmulo de hidrogênio nestas regiões

induz, por sua vez, a combinação dos átomos em gás H2, gerando tensões que

culminam em fragilização do material. O fato de que o hidrogênio não pode

migrar junto com as discordâncias em temperaturas baixas ou em elevadas

taxas de deformação poderia explicar a inexistência de falha nestas condições

[77].

Stroh, em 1960, discutia um modelo de nucleação de trinca devido à

presença do hidrogênio. Os estudos propõem que a formação de vazios na

rede é resultado de um coalescimento de algumas discordâncias que somam

um vetor de burgers da ordem de 3 a 5 diâmetros atômicos. Como o hidrogênio

é atraído por campos de tensão trativa, e consequentemente discordâncias, é

natural que haja uma concentração elevada desse elemento em solução sólida,

que pode se acumular no vazio formado e se combinar formando hidrogênio

molecular. A formação do gás leva a uma grande pressão interna, podendo

ocasionar a iniciação de uma trinca no local [96]. A principal limitação da teoria

da pressão é que ela não pode ser aplicada em situações onde a trinca é

superficial. Isso se deve ao fato de que, nestes casos especificamente, não há

um acúmulo de gás (H2) quando este se forma e, portanto, não há pressão

local. Mesmo assim, até os dias atuais, esta teoria ainda é aplicada na

explicação de casos observados de fragilização por hidrogênio em ligas.

3.7.6.2 - Teoria da formação de hidretos

Um dos primeiros conceitos apresentados sobre a fragilização de aços

por hidrogênio baseou-se na hipótese de formação de hidretos no material. Em

1875, Johnson desenvolve um primeiro estudo propondo a ocorrência de

formação de hidretos em materiais contaminados pelo elemento químico [3].

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62

No entanto, a simples presença de hidretos no aço não explica o que se

observa na prática, durante o processo de FPH.

Diante disso, alguns estudos surgiram, ampliando o estudo inicial de

Johnson. As novas hipóteses passam a defender que a formação de hidretos

(tipicamente de baixa tenacidade) próximos a uma ponta de trinca pré-existente

induziria a sua propagação, já que estes hidretos são suscetíveis de trincar

facilmente. A fratura catastrófica do material como resultado de um processo

de FPH se daria por repetição do processo descrito de abertura da trinca pela

formação de hidretos de baixa tenacidade [81].

Outro ponto importante é o fato de que o estado tri axial de tensões

localizado próximo à ponta da trinca seria um elemento estabilizador dos

hidretos no aço [77]. De fato, o mecanismo fragilizante sugerido pela teoria da

formação de hidretos foi observado em ligas onde os hidretos são estáveis,

tipicamente ligas não ferrosas, como as de nióbio, por exemplo [97]. Em se

tratando do ferro, a teoria perde força, pois não são conhecidos hidretos

estáveis nas condições explicitadas de concentração de tensão na ponta da

trinca, nem mesmo em ligas contendo elementos como nióbio, titânio ou outros

[77, 98].

3.7.6.3 - Teoria da energia superficial

Petch e Stables sugerem um mecanismo para explicar a fragilização de

aços devido à contaminação por hidrogênio, com base na queda de energia

superficial [99]. Os autores afirmam que a queda de resistência do material se

deve à adsorção de hidrogênio (gasoso) nas faces da trinca, o que levaria a

uma maior susceptibilidade de falha por clivagem ou fratura transgranular

devido a menor energia necessária para a formação de uma nova superfície

[77]. A propagação da trinca acontece, segundo os princípios da teoria de

energia superficial, quando há a difusão de uma quantidade adicional de

hidrogênio para a região inicialmente afetada, explicando assim os casos

frequentes de FPH onde a falha é retardada.

Duas grandes questões ressaltam da teoria de Petch e Stables, no

entanto. O maior deles é que, novamente, os mecanismos de iniciação da

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63

trinca não são explicados. Outro ponto relevante é que ela não explica porque

apenas o hidrogênio age como elemento fragilizante, já que outros elementos

mais facilmente adsorvidos pela superfície dos aços (como o oxigênio) não

induzem um processo semelhante [93].

3.7.6.4 - Teoria da decoesão

A teoria da decoesão, formulada por Troiano [100], aborda aspectos

diferentes daqueles apresentados pelas outras teorias. O que Troiano

apresenta, pela primeira vez, não é mais uma ideia de que a FPH acontece

pela presença do gás H2, mas sim devido à própria interação do hidrogênio

atômico com a rede cristalina.

De forma mais específica, a teoria sugere que o hidrogênio dissolvido no

aço doa seu único elétron, preenchendo o orbital 3d incompleto do ferro. Desta

forma, o que ocorre como consequência é um maior afastamento dos átomos

vizinhos, resultado de uma maior força de repulsão entre eles. A rede cristalina,

por sua vez, perde em termos de energia de coesão, visto que a distância entre

átomos é maior [77,100]. Como mencionado anteriormente, o hidrogênio tende

a ser atraído pelas pontas de trinca, onde a tensão é trativa, acumulando-se

nessas regiões. Assim, a crescente quantidade de hidrogênio localizado traduz-

se em uma queda na energia de ligação entre os átomos de ferro na região, o

que finalmente leva a um crescimento da trinca para tensões abaixo das

esperadas. Novamente, a propagação da trinca em questão se dá por contínua

difusão do hidrogênio para estes locais, perpetuando o mecanismo [77,91].

Como no caso dos outros estudos discutidos acerca do tema, algumas

revisões precisaram ser feitas na teoria da decoesão. Mais recentemente, com

o uso das ferramentas de simulação, mostrou-se que o orbital 3d do ferro não é

aquele envolvido nas interações atômicas Fe-H: o orbital 4s é o que dita estas

interações. Por outro lado, confirmou-se que a energia de coesão entre átomos

de ferro é reduzida significativamente, em cerca de 30% [101, 102].

Finalmente, outra ideia de grande importância discutida pela teoria da

decoesão é a de que o hidrogênio se desloca na rede cristalina sob a forma

protônica (H+) [5], perdendo seu único elétron para a nuvem metálica, como foi

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64

dito. O elétron perdido é posteriormente recuperado, quando o próton atinge

uma posição estável dentro da rede cristalina. Esta é uma boa explicação para

a grande mobilidade do elemento na estrutura do aço em uma ampla faixa de

temperaturas (o próton é cerca de 103 vezes menor que o átomo de

hidrogênio), fato que não é frequentemente observado para outros tipos de

elementos [102].

3.7.6.5 - Modelos de interação do hidrogênio com as discordâncias

Os pesquisadores costumam separar seus estudos em duas vertentes

distintas quando analisam a interação do hidrogênio com as discordâncias

[103, 104]:

a) Modelos que sugerem que o hidrogênio dificulta a passagem de

discordâncias;

b) Modelos que sugerem que o hidrogênio facilita a passagem de

discordâncias.

Kazinczy e Chaudron [103] fazem parte do grupo de estudiosos que

defendem o primeiro modelo, sugerindo que o hidrogênio impõe obstáculos à

passagem das discordâncias. Segundo estes pesquisadores, o hidrogênio

dissolvido na rede cristalina tornaria difícil o deslizamento plástico, o que

levaria consequentemente à fragilização do material. A ideia principal desta

linha de raciocínio é a de que o hidrogênio tende a se concentrar ao longo das

discordâncias, formando atmosferas de Cottrell.

O segundo modelo sugere que o hidrogênio facilita a movimentação das

discordâncias, aumentando localmente a plasticidade [104]. A explicação se

baseia no fato de que o hidrogênio, localizado próximo às discordâncias, cede

seu elétron para a rede, reforçando o caráter metálico e reduzindo a força de

interação da rede e facilitando o seu movimento. Além disso, o próton por ser

muito pequeno não é uma barreira eficiente à movimentação de discordâncias.

Com isso, localmente o material atingiria com facilidade o limite de

escoamento, enquanto que macroscopicamente a deformação seria muito

pequena, apresentando comportamento frágil em uma curva de tensão-

deformação [104, 105].

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65

3.8 - A fragilização por hidrogênio em termos gerais

As teorias que explicam os mecanismos da fragilização por hidrogênio

são muitas vezes insuficientes, na medida em que não conseguem explicar

todos os fenômenos envolvidos. Assim, muitas teorias são atualmente

combinadas, considerando aspectos de cada uma delas simultaneamente.

Algumas revisões foram realizadas desde a criação das teorias. Um

exemplo é a comprovação [106], de que o hidrogênio se difunde no material na

forma protônica (H+) e não atômica, como havia proposto Troiano [100].

O fato de que o hidrogênio atinge uma concentração crítica para então

desencadear os processos fragilizantes é um fator bem aceito [92].

. O mecanismo de propagação de trinca pode ser explicado atualmente pelo

comportamento preferencial do hidrogênio em se localizar nas regiões de

tensão tri axial, ou seja, na ponta da trinca. O avanço da trinca até a falha

completa do material se dá de forma gradual, dependendo sempre do fator

difusional. A Figura 21 indica esquematicamente este mecanismo de

propagação de trinca assistida pelo hidrogênio.

Figura 21 - Representação esquemática da concentração de hidrogênioà frente da trinca e propagação da mesma [92].

Como visto para todas as teorias, a microestrutura da liga é importante na

determinação das causas de falha pelo hidrogênio, influenciando fortemente no

processo. Em termos de microestrutura típica das ligas metálicas, sabe-se que

a cementita, se formada por distribuição fina de precipitados, tem solubilidade

de hidrogênio aproximadamente 37 vezes maior que a perlita [107], por

exemplo. Os tipos de precipitados, formato dos mesmos e tipo de distribuição

são parâmetros igualmente decisivos na determinação dos mecanismos de

FPH do metal.

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66

Em se tratando das possíveis fontes de contaminação das ligas

metálicas, a umidade se destaca como a principal delas. O contato do metal

líquido com o próprio ar conduz à contaminação por hidrogênio, se não houver

controle adequado: a molécula de água dissociada é a causa da entrada do

elemento no material. Isto pode ocorrer durante o transporte do metal em

estado líquido entre unidades de uma planta integrada, durante a fusão ou

processamento do metal fundido sem devido isolamento, pelo contato com

superfícies sem o devido pré-aquecimento (adições ao banho fundido ou

paredes de refratários por onde o líquido passa), no despejo do cadinho, entre

outros.

A determinação das causas de falha por fragilização por hidrogênio exige,

portanto, um estudo completo das características do metal, desde o

conhecimento de determinados parâmetros de seu processo de fabricação,

como tratamentos térmicos, até a análise detalhada de sua microestrutura.

3.9 – Tratamentos anticorrosivos em ligas de alumínio

“O alumínio tem boa resistência à corrosão atmosférica e a meios

oxidantes. Porém, quando se quer melhores propriedades mecânicas, são

usadas suas ligas, que não têm a mesma resistência à corrosão” [108].

Na atualidade o alumínio tem sido usado com frequência na indústria,

sobretudo na automobilística e aeronáutica. De tal modo, que grande parte das

montadoras de veículos automotivos passou a produzir várias peças com este

metal. Em especial, os pistões do motor passaram a ser basicamente de ligas

de alumínio.

Isto se deve ao fato deste elemento possuir uma baixa densidade,

excelente conformabilidade, resistência à corrosão e aumento da resistência

mecânica com a diminuição da temperatura. Além disso, o seu custo financeiro

é baixo e quando reciclado não ocorrem perdas em suas características físico-

químicas [109].

Apesar destas atrativas propriedades de volume, mesmo na forma de

liga, o alumínio apresenta propriedades mecânicas de superfície que deixam a

desejar, ou seja, uma dureza baixa e uma elevada taxa de desgaste [109,

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67

110,111]. Incrementar estas propriedades de superfície é de suma importância

para aplicações no setor produtivo. Entretanto, os padrões industriais

modernos requerem o uso de técnicas de modificação de superfícies que não

alterem as propriedades de volume. Dentre estas técnicas, encontram-se

disponíveis a nitretação e a cementação, seja por meio da implantação iônica

ou por plasma [111]. Por meio destas, é possível aperfeiçoar as propriedades

da superfície do alumínio através da formação de precipitados de carbetos ou

nitretos de alumínio dispersos na matriz. Estes precipitados geralmente

possuem uma elevada dureza e são resistentes ao desgaste e à corrosão

[109].

Uma vez que se trata de adição de hidrogênio gasoso misturado ao

combustível original do veículo e considerando o que foi visto anteriormente

acerca da possibilidade do hidrogênio difundir-se facilmente em materiais

sólidos, ainda mais em atmosferas com alta pressão e alta temperatura como

acontece nas câmaras de combustão de motores, precisa-se fazer algumas

considerações sobre o que acontece nesta pesquisa, na qual se usa pistões de

liga de alumínio em contato direto com o hidrogênio nestas condições.

Apresenta-se aqui o sistema de classificação das ligas de alumínio

adotado pela Aluminum Association em 1971, e que atualmente é o mais aceito

internacionalmente [112-114]. Esse sistema subdivide-se em duas partes: o

adotado para ligas trabalhadas mecanicamente (laminação, extrusão,

forjamento e outros) e o adotado para ligas destinadas exclusivamente a

produção de peças fundidas, caso do pistão utilizado nesta pesquisa.

Entretanto, os principais elementos das composições das ligas e as suas

aplicações gerais são as mesmas, sendo apresentadas na Tabela 11.

Tabela 11 - Classificação e usos de ligas de alumínio. [112]

Page 90: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento ... · andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por demanda em veículos automotores. Em

68

De acordo com a tabela acima e levando-se em consideração os

resultados da caracterização do material do pistão usado neste trabalho, tem-

se que os pistões aqui usados estão na classe das ligas 4XXX.

3.9.1 – O tratamento das ligas de alumínio por nitretação

Importantes estudos baseados na implantação iônica de N em Al foram

publicados por Lucas et al [116]. Os mesmos relataram que a fase AlN é

formada com taxas de 3x1021

N+

/m2

e que os perfis de profundidade de N,

dependem tanto da temperatura como da fluência utilizada.

Em outro trabalho pioneiro, Lucas et al. [116, 117] mostraram que a

presença de uma grande concentração de pequenos precipitados de AlN

podem atuar como barreiras ao movimento de discordâncias e resultar em um

aumento da dureza superficial do Al. Estes também relatam que nas

implantações realizadas abaixo de 300ºC, o aumento na dureza depende da

fluência utilizada. Para altas temperaturas (acima de 300 ºC), a dureza

decresce com o aumento da temperatura.

Além destes trabalhos, várias publicações [112-115] têm surgido na

literatura quanto às propriedades tribológicas de superfícies de Al modificadas

pela implantação iônica de nitrogênio. Braum [118] verificou que íons de N

implantados em Al e em Ti, com taxas de 4x1021

íons/m2

, resultam em um

baixo coeficiente de atrito e reduzem a taxa de desgaste. O mesmo relata que

isto acontece devido a três diferentes efeitos: endurecimento da superfície,

formação de micropartículas (nitretos), redução da camada natural de óxido

(agindo como filme lubrificante no processo de desgaste).

Recentemente, em um artigo de Jagielski et al. [119] mostraram que o

efeito de altas taxas de N (1x1022

íons/m2

) implantados em Al, nas diferentes

condições de temperatura de substrato (20ºC até 550 ºC), resultaram em

baixos valores de dureza (≈ 0,5 GPa) e de coeficiente de atrito (0,1 a 0,15).

Quanto à formação e caracterização do carbeto de alumínio (Al4C

3), até o

momento existem três trabalhos relevantes publicados.

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69

Estudos pioneiros de Uglov et al. [12] mostraram que a implantação de

carbono em alumínio leva a formação dos precipitados de Al4C

3 após uma taxa

de 2x1021

C+

/m2

. O principal fato observado neste estudo é que em altas taxas

(4x1021

C+

/m2

), ocorreu uma concentração de carbono 1,5 vezes maior que o

nível estequiométrico da fase Al4C

3. A este resultado, sugeriram que o excesso

de C poderia estar na forma de aglomerados de carbono (C-C) na matriz de Al.

Mais recentemente, em estudos baseados na implantação de C em Al,

Foerster et al. [120] relatam a formação de precipitados Al4C

3 em baixas taxas

(1x1021

e 2x1021

C+

/m2

) e em diferentes condições de temperatura de substrato

(RT e 400°C). Estes autores demonstraram experimentalmente o que já era

pressuposto por Uglov et al. [121], ou seja, que o excesso de carbono não

utilizado para a formação da fase Al4C

3, estava presente na matriz de Al na

forma de aglomerados C-C altamente desordenados.

Outro trabalho pioneiro de Uglov et al. [122], foi o estudo da implantação

sucessiva de C e N em Al, com energias de 40 keV e taxas de 3,3x1021

a

6,5x1021

íons/m2

. Os seus resultados mostraram tanto a formação dos

precipitados de Al4C

3, como os de AlN. Os mesmos relataram que as fases de

AlN provocam deformações na matriz de Al e tornam-se obstáculos para a

migração de carbono para regiões próximas a superfície.

3.9.2 - Propriedades físicas e microestruturais do nitreto de alumínio

No estado de equilíbrio, o nitreto de alumínio (AlN) possui uma estrutura

hexagonal compacta (a ≈ 0,311 nm e c ≈ 0,498 nm), como mostra a figura

2.10.3-1 [123, 124, 125]. A ligação é parcialmente iônica com certo grau de

ligação covalente [123]. O AlN possui uma densidade de aproximadamente

3260 kg/m3

e uma densidade atômica de 9,58x1028

at/m3

[123]. A dureza do AlN

é elevada, sendo de aproximadamente 1200 HV (escala Vickers de dureza), ou

seja, aproximadamente 12 GPa [123]. A sua temperatura de fusão é de 2700 K

e o seu calor de formação está entre 230 a 320 kJ/mol [124, 125].

Page 92: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento ... · andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por demanda em veículos automotores. Em

70

Com relação às propriedades térmicas, este material possui um

coeficiente de expansão térmica da ordem de 4,84x10-6

K-1

e uma

condutividade térmica de aproximadamente 30,1x103

W/K [126]. O AlN possui

uma alta resistividade elétrica, com um valor de aproximadamente 1011

Ωm e

uma constante dielétrica de 8,5 [1]. Também, o nitreto de alumínio possui uma

banda de “gap” de semicondutor com uma energia de 6,2 eV [123-132]. A

velocidade da onda acústica ao longo do eixo c do nitreto de alumínio é de 10,4

km/s, sendo por isto um bom material piezoelétrico [123, 127]. Outra

característica importante do nitreto de alumínio é a sua alta resistência à

corrosão e ao desgaste [123].

Devido a estas propriedades, o nitreto de alumínio torna-se um material

com um grande potencial para aplicações industriais. Na forma de filme fino,

apresenta interessantes propriedades ópticas quando depositado sobre safira

ou substratos de silício [123, 133, 134, 135]. O AlN também pode ser

empregado como um material isolante para embalagens de circuitos integrados

[127]. Devido à alta velocidade da onda acústica no AlN, este pode ser utilizado

como filtros de baixa frequência, os quais são empregados em equipamentos

de comunicações móveis [123, 136].

Figura 22 - Estrutura do AlN com parâmetros de rede a ≈ 0,311 nm e c ≈ 0,498 nm [123].

O diagrama de fase binário para o AlN está representado na figura 26.

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71

Figura 23 – Diagrama de fase binário do Al-N [124].

No diagrama de fases das ligações entre Al-N (figura 2.1-2), verifica-se

que de 0 a 50% em percentagem atômica de N e para temperaturas abaixo de

660 ºC existe a presença do AlN juntamente com o Al em fase sólida. Para

temperaturas entre 660 ºC e 2800 ºC, o Al torna-se líquido enquanto que o AlN

permanece em estado sólido. A fusão do AlN ocorrerá somente em

temperaturas acima de 2800 ºC.

3.9.3 – A formação de ALN por deposição e por implantação

As técnicas que são utilizadas para a formação das camadas de AlN

podem ser subdivididas em dois grupos principais: métodos de deposição e de

implantação [123].

Os métodos de deposição podem ser classificados em método de

deposição química por vapor (CVD) e deposição física por vapor (PVD). No

processo CVD, a fase de vapor dispersa sobre o material é criada através de

reações químicas, devido a um efeito térmico entre a fase de vapor e o

substrato. Geralmente, o uso desta técnica depende de substâncias químicas

voláteis, que podem ser convertidas em algum tipo de reação química dentro

do sólido [123].

Filmes de AlN podem ser produzidos pela reação de compostos

organometálicos, Al(CH3)3

e Al(C2H

5)3, ou por haletos de alumínio, AlCl

3 e AlBr

3

[137]. A formação de AlN pelo método CVD requer o uso de uma alta

Page 94: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento ... · andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por demanda em veículos automotores. Em

72

temperatura de deposição (1000 ºC). Este inconveniente pode ser controlado

usando plasma combinado com a técnica CVD, o qual reduz a temperatura de

deposição [138]. A técnica CVD atualmente vem sendo empregada em

laboratórios de pesquisas e praticamente ainda não é aplicada para propósitos

industriais [123].

O método PVD consiste na produção de espécies atômicas, moleculares

e iônicas, necessárias para a deposição através dos mecanismos da

evaporação ou decapeamento do alvo sólido. As espécies atômicas são

transportadas para o substrato onde ocorre um agrupamento atômico. Para o

mecanismo de evaporação é necessária uma pressão suficientemente baixa

para permitir uma livre propagação do vapor até a sua condensação sobre o

substrato [123]. O método PVD inclui a técnica do feixe molecular epitaxial

(MBE), utilizada para iniciar o crescimento de cristais de AlN e aumentar a

textura dos filmes de AlN [139].

A formação epitaxial das camadas de AlN, necessita do uso de

temperaturas acima de 800 ºC [123]. Para contornar este problema, utiliza-se

uma fonte de plasma com a técnica MBE, o qual reduz a temperatura de 800

ºC para 600 ºC. O método PVD também pode incluir a técnica de deposição

por pulsos de laser (PLD), para produzir filmes de AlN com baixa contaminação

de oxigênio [133]. Contudo, a aplicação da PLD para aplicações industriais é

limitada devido à necessidade de equipamentos sofisticados para a formação

de camadas com uma espessura uniforme. Os filmes depositados por

processos PVD são geralmente porosos, apresentando trincas e poros

colunares, limitando a resistência do material contra a corrosão [125].

A implantação corresponde a métodos os quais íons de nitrogênio são

implantados em substratos de alumínio ou em ligas a base de alumínio [140-

145]. Este segundo grupo pode ser subdividido em: implantação iônica (II),

implantação iônica por imersão em plasma (PIII) e nitretação por plasma (PN).

Esta técnica permite o controle sobre espécimes implantados, energia e

fluxo dos íons incidentes e profundidade da camada modificada no material

alvo. Quando íons de nitrogênio são implantados em alumínio, ocorre a

formação de precipitados de AlN. Estes precipitados dispersos na matriz atuam

como barreiras ao movimento de discordâncias, cujo mecanismo provoca um

Page 95: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento ... · andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por demanda em veículos automotores. Em

73

aumento da dureza na superfície do alumínio [146]. Além disso, a implantação

de íons de nitrogênio em metais também pode diminuir a espessura da camada

natural de óxido presente na superfície. Desta forma, a camada de óxido pode

vir a atuar como um sólido lubrificante, reduzindo o valor do coeficiente de atrito

e a taxa de desgaste do metal implantado [141].

A implantação iônica (II) é uma ferramenta poderosa para a modificação

das propriedades superficiais de um material (semicondutor, metais, não

metais, etc.). Esta técnica permite o controle sobre espécimes implantados,

energia e fluxo dos íons incidentes e profundidade da camada modificada no

material alvo. Quando íons de nitrogênio são implantados em alumínio, ocorre

a formação de precipitados de AlN.

Estes precipitados dispersos na matriz atuam como barreiras ao

movimento de discordâncias, cujo mecanismo provoca um aumento da dureza

na superfície do alumínio [146]. Além disso, a implantação de íons de

nitrogênio em metais também pode diminuir a espessura da camada natural de

óxido presente na superfície. Desta forma, a camada de óxido pode vir a atuar

como um sólido lubrificante, reduzindo o valor do coeficiente de atrito e a taxa

de desgaste do metal implantado [141].

A técnica PIII é uma combinação da técnica da implantação iônica (II)

com elementos de imersão em plasma. Neste processo, a amostra é imersa

em um plasma e recebe a aplicação de pulsos de alta tensão negativa (10 a 40

kV), fazendo com que íons positivos sejam extraídos do plasma e acelerados

em direção a sua superfície [147].

Estes íons com suas respectivas energias distribuem-se uniformemente

sobre a superfície da amostra. O processo PIII pode apresentar as seguintes

vantagens em relação às técnicas convencionais de implantação (II) [147]:

capacidade de tratar grandes áreas simultaneamente, as amostras não

precisam ter uma superfície plana, processo rápido de implantação e baixo

custo financeiro envolvido.

A PIII também pode ser combinada com técnicas de deposição, sendo

então chamada de método de deposição auxiliado pela implantação iônica por

plasma (PIIAD). Durante o PIIAD, o plasma, normalmente produzido por um

arco catódico, é combinado com o substrato através de altos pulsos de tensão

Page 96: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento ... · andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por demanda em veículos automotores. Em

74

[145]. A PN convencional utiliza-se de uma descarga luminosa do tipo diodo em

pressão de nitrogênio (100-1000 Pa).

Uma diferença de potencial (entre 0,3 e 1keV) é aplicada entre o cátodo

(onde a amostra é colocada) e as paredes da câmara (o anodo). Nestas

condições, uma descarga luminosa anômala forma-se ao redor da amostra. Um

fluxo de íons bombardeia a superfície da amostra fornecendo a energia de

ativação necessária para produzir à reação química [148]. As principais

vantagens oferecidas por esta técnica são [149]: (a) uso de baixas energias, (b)

controle da espessura das camadas nitretadas, (c) camada com espessura

uniforme.

3.10 – A deposição de filmes finos por Magnetron Sputtering

Todos os métodos de deposição de filmes finos ocorrem em ambiente de

pressão reduzida ou vácuo. Desta forma uma parte das explicações do que

ocorre podem ser elaboradas a partir da teoria cinéticas dos gases. Com ela

poderemos descrever o comportamento dos vapores dos materiais de

deposição e dos gases que utilizamos em nível atômico e molecular, isto é,

entender como mudando certas variáveis como pressão, temperatura,

concentração e fluxos dos gases afetarão o processo de deposição.

O modelo que foi utilizado é o do gás clássico formado por esferas rígidas

não interagentes e quando colidem umas com as outras ou com as paredes do

reservatório o fazem de modo elástico. Neste caso as moléculas/átomos se

movem aleatoriamente e seus comportamentos são afetados fortemente pela

temperatura e pressão.

A distribuição de velocidades para um gás monoatômico é dado pela

distribuição de Maxwell-Boltzmann eq. (21):

3 22 2

1( ) 4 ( ) exp( )

2 B

dn m mvf v v

n dv k T k T

(24)

Onde v é a velocidade, T a temperatura em Kelvin, m é a massa

molecular e kB é a constante de Boltzmann.

Page 97: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento ... · andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por demanda em veículos automotores. Em

75

O comportamento de f(v) em função dos parâmetros v, T e m está

mostrado na Fig. 24. O aumento de temperatura aumenta as velocidades (N2 a

298 e 573K) e, ainda, moléculas mais pesadas (N2 a 298K) se movem mais

lentamente que as mais leves (H2 a 298K). Usando a lei dos gases ideais pode-

se derivar a pressão.

Figura 24 - Densidade de probabilidade para N2 a 298 e 573 K; e H2 a 298 K (Adaptado de Material Processing Handbook [150]).

Ainda com a eq.(24), pode-se derivar parâmetros que são importantes

como: velocidade média e velocidade média quadrática, mostrados nas

equações (25) e (26) respectivamente.

0

0

( ) 8

( )

Bvf v dv T

vmf v dv

k

(25)

2 0

0

( ) 3

( )

Bvf v dv T

vmf v dv

k

(26)

Page 98: Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento ... · andamento para a utilização de geradores de hidrogênio (eletrolisadores) por demanda em veículos automotores. Em

76

A troca de momento das moléculas com as paredes do recipiente resulta

na pressão, grandeza que pode ser controlada e que altera enormemente o

processo de deposição. Isto porque o livre caminho médio λ, eq. (27) das

moléculas é dependente da pressão, indicando quão rápido está ocorrendo o

transporte de massa, energia e momento no ambiente contendo o gás.

2

1

2 a n

(27)

Onde a é o diâmetro da partícula do gás e n a densidade em mols.

Em termos práticos tem-se, P = nKBT e, portanto para T = 300 K,

2

5

)2

Bk Tcm

P mTorra n

(28)

A equação 28 dá uma rápida estimativa para o livre caminho médio dos

átomos/moléculas durante um processo de evaporação. Para valores típicos de

pressão utilizados (10−5 a 10−8 Torr) temos λ variando de 102 a 105 cm

garantindo uma trajetória “sem” colisões entre o alvo e o substrato para os

tamanhos típicos de câmaras de deposição utilizadas.

Deste processo de colisões surge um fluxo líquido de partículas na

direção do substrato que é dado pela equação de Knudsen [150], eq. (29), que

representa a quantidade de moléculas que atingem os substratos por unidade

de tempo e área.

222

03,5 10

4x

B

nv P PJ v dn x

k Tm mT

(29)

No processo de sputtering em que se usa argônio a pressões da ordem

10−2 Torr tem-se λ≈ 0.5 cm e, portanto as partículas sofrem muitas colisões até

chegar ao substrato. Neste processo uma descarga gasosa, do argônio, produz

um plasma (íons de Ar) que acelerados contra o alvo arrancam seus átomos. Um

esquema deste processo está mostrado na Figura 25.

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77

Figura 25 - Processo de sputtering típico. Adaptado de MaterialProcessing Handbook [150].

A aplicação da alta tensão ao gás (Ar) em baixa pressão produz uma

descarga luminescente (glow discharge), forma-se uma região eletricamente

neutra contendo íons de argônio (Ar+) e elétrons é o plasma. Como o alvo está

conectado ao catodo (-), os íons são acelerados contra este e arrancam

átomos do material. Os átomos arrancados colidem várias vezes no plasma em

sua trajetória na direção do substrato (anodo +) onde se condensam para

formarem o filme.

A descarga luminescente é autossustentável a partir de determinado valor

de corrente em um processo de avalanche. Um elétron livre acelerado colide

com o Ar neutro arrancando-lhe um elétron e transformando-o em um íon (Ar+).

O elétron inicial agora lento e o que foi arrancado são novamente acelerados

pelo potencial aplicado produzindo numa reação em cadeia mais e mais íons

de argônio, como mostrado na equação (30).

0 2e Ar e Ar (30)

Uma vez iniciado o processo de sputtering os íons Ar+ produzem

elétrons adicionais a partir do alvo, são estes elétrons secundários que ajudam

a manter o plasma ao colidirem com os átomos neutros.

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Figura 26 - Descargas em um processo de sputtering típico. Adaptado de Material Processing Handbook [150].

Quando mantida uma diferença de potencial entre dois eletrodos com um

gás em baixa pressão entre eles diversos tipos de descargas podem ocorrer,

fig. 29. Passado o limiar de condução a tensão cresce com a criação dos íons

de argônio, nesta fase o plasma é instável e não consegue se manter. Esta

região é chamada de Townsend. Crescendo ainda mais a corrente através do

gás, observa-se uma queda abrupta na tensão, neste ponto os íons têm

energia cinética suficiente para produzir os elétrons secundários que ajudarão

a manter o plasma, é a região denominada de normal. Incrementando-se ainda

mais a corrente, a tensão volta a subir (região abnormal) até o limite em que o

arco voltaico ocorre. O catodo está envolvido pelo plasma até o limite da região

de descarga abnormal. Muitos sistemas de sputtering operam nesta região por

propiciar taxas de deposição mais altas.

Um parâmetro importante na caracterização de um sistema de sputtering

é o seu rendimento S (sputtering yield), que mede a eficiência com que os

átomos do alvo são arrancados, ou de outra forma eq. (28).

(31)

O S tem forte dependência do tipo de material do alvo (energia de ligação

e massa dos átomos), do gás (massa atômica) utilizado e ainda da temperatura

e pressão que determinam as taxas de deposição dos materiais.

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79

É importante lembrar que existe um limiar de energia para que ocorra o

Sputtering do material, esta energia corresponde a menor energia de ligação

dos átomos da superfície. O rendimento do sputtering aumenta com o aumento

da energia do íon depois de passado o limiar. Na Fig. 27 está mostrado este

comportamento, baseados na equação empírica para sputter yield em

incidência normal proposta por Matsunamiby et al.[151].

Figura 27 - Spputering Yield (rendimento) para vários materiais em função da energia do íon [151].

A descrição dada até agora do processo de Sputtering, Sputtering DC, se

aplica bem quando o alvo é um material condutor, entretanto para alvos não

condutores ou de baixa condutividade este método não pode ser aplicado.

Surge então a modificação do processo com a aplicação de um sinal alternado

de alta frequência. Desta forma, usando plasma de alta frequência a corrente

pode passar através do material alvo sem o acúmulo de cargas mantendo

assim o plasma, é o processo de sputtering RF (Fig. 28).

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Figura 28 - Descargas em um processo de Sputtering rf típico [150].

Os sistemas de sputtering comerciais utilizam a frequência de 13, 56

MHz. Esta nova configuração (RF) apresenta um ganho na taxa de deposição

quando comparada com a DC.

Para aumentar ainda mais as taxas de deposição, foi desenvolvido o

magnetron Sputtering aplicável a ambos os tipos DC e RF. No Sputtering

convencional, nem todos os elétrons contribuem para ionização do gás de

Sputtering (Ar). Os elétrons não aproveitados para ionização viajam até

colidirem com a câmara produzindo radiação e aquecimento. No entanto estes

elétrons podem ser confinados na região de ionização com o uso de um campo

magnético como mostrado nas Figuras 29 e 30.

Figura 29 - Magnetron Sputtering mostrando os elétrons confinados próximos à superfície do alvo pelo campo magnético dos ímãs [150].

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Figura 30 - Plasma de argônio, confinado próximo ao alvo pelo Magnetron Sputtering.

Este confinamento, fig. 30, aumenta a ionização e consequentemente a

taxa de deposição. Este incremento permite diminuir a pressão do gás de

sputtering diminuindo assim também o número de colisões tornando o

sputtering mais direcional e diminui também a contaminação do filme

depositado.

O efeito deste confinamento em um alvo de AlN pode ser observado na

Fig. 31 onde apenas uma região, coroa circular entre a periferia e o centro do

disco é erodido.

Figura 31 - Alvo de AlN depois de utilizado para deposição em um Magnetron Sputtering [150].

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3.10.1 - Sputtering reativo

Embora o Sputtering seja um processo de deposição puramente físico, o

sputtering reativo é um processo ao mesmo tempo físico (Sputtering) e que

durante a deposição ocorre também uma reação química. Isto é feito em geral

com alvos de materiais puros na presença de um gás adicional que reage com

os átomos que são arrancados e com a superfície do alvo. Esta técnica tem se

tornado bastante popular na pesquisa de novas propriedades em materiais pela

grande variedade de filmes de compostos que podem ser depositados como:

óxidos, nitretos, carbetos [152].

Entre as vantagens da deposição de filmes por Sputterring reativo a

partir de um alvo de um elemento simples, relaciona-se:

i - capacidade de se produzir filmes finos de estequiometria controlada com

altas taxas de deposição.

ii - os alvos dos elementos simples com alta pureza são mais fáceis de

produzir, aumentando assim a pureza do filme crescido.

iii - dispensa o uso de fontes de RF, já que em geral os alvos são metálicos.

iv - sendo em geral metálicos, os alvos são mais facilmente refrigerados e

consequentemente mais potência pode ser aplicada (50W/cm2 ou mais).

v - filmes podem ser depositados em temperaturas menores que 300ºC.

Embora o processo seja conceitualmente simples ele é um processo não

linear com um grande número de parâmetros que o afetam diretamente. Neste

tipo de deposição, a presença do gás reativo não só reage com os átomos

que estão sendo depositados no substrato como também com os da

superfície do alvo, causando o que chama-se de envenenamento do alvo ou

contaminação. O controle do fluxo de gás reativo é de fundamental

importância para a taxa de deposição e a estequiometria do filme, entretanto

o efeito da histerese pode provocar instabilidade no sistema. Existem

vários métodos que podem ser utilizados para estabilização do processo, que

em geral são caros e/ou impraticáveis, entre os quais lista-se [153]:

- aumentar a taxa de bombeamento,

- aumentar a distância alvo-substrato,

- obstruir (minimizar) chegada do gás reativo ao catodo (alvo) e

- fluxo pulsado do gás reativo.

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Além da deposição com um gás auxiliar (Ex.: ) pode-se

crescer filmes por uma deposição simultânea de dois ou mais materiais

( ).

Nesta pesquisa a utilização da aplicação de filmes finos de AlN teve o

objetivo de promover um endurecimento na superfície dos pistões de liga de

alumínio fundido, para agir como uma barreira à difusão do hidrogênio nestas

peças. Para a verificação dos níveis de endurecimento conseguido foi

necessária uma análise nos níveis de dureza, utilizando os testes de dureza

Vickers.

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84

4 – MATERIAIS E MÉTODOS

Para este estudo foi utilizada uma bancada de testes composta por um

gerador de energia elétrica a gasolina B4T-2500L da Branco, no qual foi feita a

adaptação de dois eletrolisadores construídos a partir de modelos utilizados por

muitos e vendidos em vários sites da internet, um de célula molhada (Wet Cell)

Figuras 32 e 33 e outro de célula seca (Dry Cell), Figura 34. As características

básicas dos equipamentos utilizados serão apresentadas nas Tabelas 12, 13 e

14 a seguir.

Tabela 12 - Características do gerador de energia elétrica:

código Partida manual: 90302580

motor 6,5 cv

partida Partida manual e elétrica

tipo de combustível Gasolina

potência máxima 2,2 KVA

potência contínua 2,0 KVA

tensão de saída 110V / 220V (Com voltímetro

e chave seletora de tensão)

controle de tensão AVR / com Escova

carregador de bateria 12 V; 8,3 A

capacidade do tanque 12,5 l

autonomia (50% de carga) 10 h

peso 45 / 49 Kg

fases Monofásico

ruído (7 m) 77 dB A

dimensões (C x L x A) (mm) 610 x 460 x 520

fio (mm) 2,5

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Tabela 13 - Características do eletrolisador: Célula molhada (wet Cell)

placas 16

material das placas aço inox 316L 115mmx70mmx3,0mm

material da matriz do

gerador

parafusos, porcas e arruelas em inox 316L (3/16”).

células geradoras 8

reservatório borbulhador garrafa pet de 500cm3

corpo de gerador Vasilhame de plástico cúbico com volume de cerca de

2570cm3;

produção de gás hho de 0,5 a 1,7 litros por minuto

corrente de trabalho de 8 a 16 ampéres

cabeação elétrica cabo flexível 2,5mm

temperatura de operação 35 a 55 ºC

Consumo de água 15 a 60 ml/h

vedação Tampa plástica hermética

drenos e exaustão mangueira 3/16”

Figura 32 – Peças da matriz do eletrolisador (célula molhada).

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Figura 33 – (a) Eletrolisador montado, (b) detalhe do arranjo das placas -

Célula Molhada, construída no laboratório de Energias da UFRN, baseada no

modelo de Kelly (2008).

Tabela 14 - Características do eletrolisador: Célula seca (dry Cell)

placas 16

material das placas aço inox 316L 115mmx70mmx3,0mm

material da matriz do gerador

parafusos, porcas e arruelas em inox 316L (3/16”), orings de borracha 150x150x3 (mm), formando uma área vazada de 140x140 (mm).

células geradoras 8

reservatório borbulhador

garrafa pet de 500cm3

reservatório do eletrólito

confeccionado em tubo de PVC 25 mm, com 200 mm de comprimento.

corpo de gerador Placas de acrílico 190mmx190mmx10mm

produção de gás hho

de 0,5 a 1,7 litros por minuto

corrente de trabalho

de 12 a 16 ampères

cabeação elétrica cabo flexível 2,5mm

temperatura de operação

30 a 40ºC

Consumo de água 10 a 15 ml/h

drenos e exaustão mangueira 3/16”

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Figura 34 - Eletrolisador, Célula Seca, construído nas dependências do

PPGCEM/UFRN, baseado no modelo de William Rhodes (ver Figura 14).

4.1 – Amostragem

No desenvolvimento deste trabalho, considerando que várias partes do

motor do gerador de energia elétrica, como carcaça, camisa interna perfurada,

sistema de injeção de combustível, sistema de ignição (vela), sistema de

drenagem para o combustível residual na câmara, anéis de vedação e cabeça

do pistão, entre outras, estiveram em contato direto com o hidrogênio gasoso,

tomou-se como amostra apenas a cabeça do pistão, pois acredita-se que

esta foi a região que recebeu o maior impacto da explosão, além de ser a parte

que esteve comprimindo a mistura de combustível rica em hidrogênio gasoso e

ser fundida em alumínio, de estrutura cristalina (CFC) favorável à solubilidade

do hidrogênio [92] e, ainda, acompanhando uma tendência das montadoras em

usar o alumínio para confecção de pistões, o que a tornou um alvo potencial

para a fragilização pelo hidrogênio. Daí o interesse particular por esta região.

As outras partes em questão poderão ser analisadas em estudos posteriores.

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4.2 – Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada seguindo-se os passos da tabela 15.

Tabela 15 – Resumo da coleta de dados

Passos Procedimentos /testes/análises

1º - Caracterização do pistão - Microscopia (Confocal e MEV-EDS) e DRX.

2º - Construção e adaptação dos eletrolisadores

- Confecção dos eletrolisadores a partir dos modelos desenvolvidos por Rhodes e Mayer [71]

3º - Acionamento do sistema - Troca do pistão por um novo (original de fábrica); - Acionamento por 100h – gasolina comum, sem hidróxi; - testes de consumo com cargas de 0W, 500W, 1000W e 2000W; - Testes de emissões de gases de descarga; - Microscopia (MO, Confocal e MEV-EDS);

4º - Acionamento do sistema com adição de gás hidóxi

- Troca do pistão por um novo (original de fábrica); - Acionamento por 100h – Gasolina comum, com adição de 1,5L de hidróxi por minuto; - Testes de consumo com cargas de 0W, 500W, 1000W e 2000W; - Testes de emissões de gases de descarga; - Microscopia (MO, Confocal e MEV-EDS) e DRX.

5º - Análise dos resultados - Comparações das imagens entre o 3º e 4º passos.

6º - Acionamento do sistema - Troca do pistão por um novo (original de fábrica); - Acionamento por 500h – gasolina comum, sem hidróxi; - Microscopia (MO, Confocal e MEV-EDS);

7º - Acionamento do sistema com adição de gás hidóxi

- Troca do pistão por um novo (original de fábrica); - Acionamento por 500h – Gasolina comum, com adição de 1,5L de hidróxi por minuto; - Microscopia (MO, Confocal e MEV-EDS) e DRX.

8º - Análise dos resultados - Comparações das imagens entre o 6º e 7º passos.

9º - Nitretação da cabeça dos pistões

- Testes dos parâmetros de nitretação em amostras; - Microscopia (MO, Confocal e MEV-EDS) e DRX; - Testes de Dureza Vickers; - Nitretação de pistões por Magnetron Sputtering.

10º - Acionamento do sistema com adição de gás hidóxi

- Troca do pistão por um novo (original de fábrica com a cabeça endurecida por deposição de filme fino de AlN); - Acionamento por 500h – Gasolina comum, com adição de 1,5L de hidróxi por minuto, sem carga de trabalho; - Microscopia (MO, Confocal e MEV-EDS) e DRX.

11º - Análise dos resultados Comparação entre os passos 6º e 10º.

12º - Acionamento do sistema - Troca do pistão por um novo (original de fábrica); - Acionamento por 1000h – gasolina comum, sem hidróxi; - Microscopia (MO, Confocal e MEV-EDS) e DRX;

13º - Acionamento do sistema - Troca do pistão por um novo (original de fábrica com a cabeça endurecida por deposição de filme fino de AlN); - Acionamento por 1000h – Gasolina comum, com adição de 1,5L de hidróxi por minuto, sem carga de trabalho; - Microscopia (MO, Confocal e MEV-EDS) e DRX.

14º - Análise dos resultados Comparação entre os passos 12º e 13º.

15º - Acionamento do sistema – ensaios finais.

- Troca do pistão por um novo (original de fábrica); - Acionamento por 40h – gasolina aditivada, sem hidróxi; - testes de consumo com cargas de 0W, 500W, 1000W e 2000W; - Acionamento por 40h – gasolina aditivada, sem hidróxi; - testes de consumo com cargas de 0W, 500W, 1000W e 2000W; - Testes de emissões de gases de descarga;

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89

1º passo – Caracterização do material constituinte da peça do pistão.

O pistão é constituído de uma peça única fundida. Neste primeiro passo

foi feita uma caracterização por EDS em microscópio eletrônico de varredura

com aumento de até 1000X, além de uma análise da topografia da superfície

do pistão, com “Microscopia Confocal”, com microscópio Leica DCM3D, para

que fosse possível identificar o material constituinte e avaliar as condições

iniciais reais da peça, já que, por exemplo, um simples polimento mascararia as

reais condições da peça, visto que a peça possui uma rugosidade em grande

parte de sua superfície, além de um relevo variável, como evidenciado na

Figura 35.

Figura 35 – Pistão fundido em liga de alumínio-silício.

2º passo - Construção e adaptação dos geradores de hidrogênio ao gerador de

energia elétrica.

Para a construção do gerador de hidrogênio, célula molhada, foi utilizado

como base o modelo patenteado por Stanley Mayer, citado por Kelly (2008),

pelo fato deste encontrar-se em domínio público.

A Figura 36 ilustra a “matriz” do eletrolisador, que é a parte

mais importante no processo de eletrólise.

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Figura 36 – Matriz do eletrolisador de célula molhada [71].

A Figura 36 ilustra claramente como as placas de aço foram dispostas.

Neste modelo foram utilizadas placas com as dimensões de 2,75" x 4,5" x

0,125" (70 mm x 115 mm x 3 mm), em aço inox 316L e os seus furos de

montagem existentes são de 5/16" (8mm) de diâmetro, a fim de passar os

parafusos de plástico usados para segurar as placas em conjunto para fazer a

matriz.

Duas tiras de aço inoxidável 316L foram utilizadas para fixar a matriz de

placas à tampa do eletrolisador (Figura 37-a). Estas tiras se ligam a quatro das

placas (as duas mais internas – 0 V, e as duas mais externas – 12 V), como a

cinta exterior é atravessada de uma ponta à outra através da parte inferior da

matriz das placas, ela faz a ligação de ambas as placas exteriores, como pode

ser visto na Figura 36.

O corpo do eletrolisador foi montado com recipiente de plástico

transparente conforme indicado nas especificações, para facilitar a visualização

de todo o processo (Fig. 37-b). E o borbulhador foi feito a partir de uma garrafa

pet de 500 ml.

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Figura 37 – Matriz presa à tampa do eletrolisador por tiras de aço isoladas (a),

Visão em perspectiva da matriz presa à tampa (b).

As placas são mantidas em posição por dois parafusos de plástico que

correm através dos orifícios iniciais de montagem das placas. O arranjo deve

ter uma diferença de 1,6mm entre cada um dos oito pares de placas. Esta

distância é conseguida colocando arruelas de material isolante sobre os

parafusos de plástico entre cada par de placas.

O espaçamento mais importante aqui é esse de 1,6 mm entre as placas,

pois este espaçamento foi apontado por vários autores [14, 156, 157] como o

mais eficaz no processo de eletrólise. A maneira que a bateria está conectada

é incomum (Fig. 38), na medida em que deixa a maioria das placas

aparentemente desconectadas.

Fugura 38 – Fluxo de corrente através do eletrólito (a), Distribuição da voltagem nas células eletrolíticas (b) [71].

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Estes pares de placas são chamados de "flutuantes" e eles produzem

gás, apesar da imagem mostrar que as placas não estão conectadas

eletricamente. Isto decorre de um fluxo de corrente que circula pelo eletrólito,

que faz com que cada placa tenha uma diferença de potencial em relação à

sua subsequente (Fig. 39).

Figura 39 – Efeito voltaico do fluxo de corrente [71].

As porcas de aço inoxidável são utilizadas entre cada par de placas e

formam uma conexão elétrica entre as placas adjacentes, como mostra o ponto

“B”, da Figura 39. A matriz das placas feita desta forma é barata, fácil de

construir e ao mesmo tempo compacta e robusta. As tiras elétricas são

aparafusadas na tampa, na parte superior da unidade e ambas fixam a matriz

de placas de forma segura nos parafusos de ligação elétrica do lado de fora da

tampa, mantendo uma vedação hermética para os orifícios na tampa, conforme

o esquema mostrado abaixo (Fig. 40).

A ligação elétrica do eletrolisador é executada através de uma fonte

construída no Laboratório de Energias da UFRN, a partir de três fontes de

computadores, com voltímetro e amperímetro digitais (Fig. 41), além de uma

bateria automotiva de 60A/h adaptada ao gerador de energia elétrica, descrito

anteriormente.

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Figura 40 - Visão esquemática do conjunto Eletrolisador + Borbulhador.

Figura 41 – Fonte de alimentação dos eletrolisadores construída nas dependências do PPGCEM/UFRN.

O eletrolisador de Célula Seca foi construído com os materiais listados na

Tabela 14 e pode ser visualizado na Figura 34. Eletronicamente, segue os

mesmos princípios de construção da célula seca, com distâncias entre placas

de 3,0mm e com fluxos de correntes utilizando a resistência do eletrólito.

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3º passo – Acionamento do sistema.

Em primeiro lugar foi realizada uma fase preliminar de utilização do

gerador de energia elétrica instalado em uma sala com tratamento acústico,

para não passar o ruído do motor de cerca de 70 decibéis para o ambiente

externo e descarga acoplada para exaurir os gases do escapamento, por 100h

com um pistão novo com as características próprias de fábrica, divididas em

quatro acionamentos de 25h cada, sem a adição de hidrogênio, conforme

tabela 16.

Esta etapa teve como meta descobrir em que condições o pistão saía,

quando retirado do motor, quando utilizado em suas condições normais de

acordo com o projeto do fabricante, para futuras comparações com um pistão

que seria forçado a trabalhar na presença de hidrogênio gasoso.

Neste momento também foram feitos testes de consumo de combustível

com as diferentes cargas de trabalho (Tabela 16), para futuras comparações

com o nível do consumo com a adição de gás hidróxi, além das medidas de

emissões de gases de descarga, uma vez que em toda a literatura consultada

esta economia é citada.

As medidas de emissões de gases de descarga também foram realizadas

com um Aparelho Analisador Portátil NDIR (Non dispersive infra-red), da marca

HORIBA, de propriedade do CTGás-ER/SENAI-RN. O mesmo analisador de

gases foi utilizado nas fases posteriores.

Tabela 16 – Distribuição das cargas de acordo com os períodos

de funcionamento.

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Como banco de cargas foram utilizados dois quadros contendo 10

lâmpadas incandescentes de 100W cada, confeccionados no próprio

laboratório (Fig. 42).

Figura 42 – Quadro de carga 1.

Estes testes foram realizados com a utilização de gasolina comum,

adquirida no comércio regular do produto e para cada faixa de carga foi medida

a massa de gasolina que entrava e ao final do ciclo media-se a quantidade, em

massa, de gasolina que saía, usando uma balança de precisão (Fig. 43).

Figura 43 – Balança de precisão.

Ao final das 100h o pistão foi retirado e cortado para fazer as amostras

que foram submetidas à microscopia, para as devidas análises.

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4º passo – Primeiro acionamento do sistema utilizando hidróxi

O sistema formado pelos geradores (de energia elétrica e de hidrogênio)

teve seu primeiro estágio de funcionamento por 100 horas dividas em 10 dias

de trabalho, trabalhando 10h/dia com os mesmos parâmetros da tabela 15,

utilizando gasolina comum, com uma adição de 1,5L de gás hidróxi por minuto.

Testes de emissões de gases de descarga foram realizados, para comparação

com a etapa sem a utilização do gás hidróxi.

Ao final destes testes foi feita outra etapa de análises microscópicas e de

caracterização (DRX, MO, MEV e EDS) com aumento de até 2000X, para ver

se havia alguma alteração significativa na cabeça do pistão e se havia indícios

da presença de hidrogênio em sua estrutura. Os dados foram registrados para

futuras comparações, com os resultados anteriores e futuros. Nesta etapa

também se fez a medição do consumo, usando os mesmos parâmetros da

Tabela 16, com a finalidade de verificar a faixa de consumo em relação à da

gasolina comum sem a adição de gás hidróxi.

A produção de gás hidróxi foi controlada de acordo com as variáveis

apontadas pelas equações (4) e (5), nesta e em todas as outras fases do

experimento com a utilização deste gás.

5º Passo – Análise dos resultados obtidos entre o 3º e 4º passos

Neste momento foi realizada uma comparação entre as imagens obtidas

nos ensaios de microscopia feitos no 3º e 4º passos. Os resultados foram

catalogados e armazenados para comparações futuras.

6º Passo - Acionamento do sistema para 500h de trabalho sem hidróxi

Mais uma vez iniciou-se com um pistão novo, sem nenhum tipo de

modificação, como veio de fábrica.

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O sistema, nesta etapa, foi religado para uma rodada de 500 horas de

funcionamento. Em 50 dias, com a mesma carga horária diária da fase anterior

(10h/dia) e sem carga de trabalho. Trabalhou-se sem carga, visto que seria

uma longa jornada, que tinha como objetivo apenas a análise do desgaste

natural do pistão em trabalho contínuo. Ao final foi feita uma segunda etapa de

análises microscópicas (MO, Confocal e MEV-EDS) com aumento de até

2000X, para ver se houve alguma alteração significativa no material da cabeça

do pistão.

7º Passo – Acionamento do sistema para 500h de trabalho com hidróxi

Outra vez o sistema foi acionado com um pistão novo original de fábrica,

para um trabalho de 500h divididas em 50 dias, com 10h/dia de trabalho, mas

desta vez utilizando a adição de 1,5L de hidróxi, para comparação com os

resultados do 6º passo.

Ao final as análises foram feitas as mesmas análises microscópicas (MO,

Confocal e MEV-EDS), com aumento de até 2000X, além da caracterização por

DRX, para ver se houve alguma alteração significativa no material da cabeça

do pistão.

8º Passo – Análise dos resultados entre o 6º e 7º passos

Nesta fase de análises foi realizada uma comparação entre as imagens

obtidas nos ensaios microscópicos feitos no 6º e 7º passos.

Surgiram, nesta etapa, elementos suficientes para concretizar a primeira

fase de coletas de dados. Foram encontradas alterações na estrutura da

cabeça do pistão usado no 7º passo - indícios dos efeitos da presença de

hidrogênio na estrutura do metal base. Registraram-se os dados para futuras

comparações e foi aplicado um tratamento à base de nitretação (deposição de

filme fino de AlN – nitreto de alumínio) por plasma da cabeça de outros pistões,

com a técnica de Magnetron Sputtering, para análises do comportamento do

material, agora tratado, com relação ao hidrogênio.

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9º Passo – Nitretação das cabeças dos pistões

Aplicou-se um tratamento de nitretação (deposição de filme fino de AlN –

nitreto de alumínio) por Magnetron Sputtering em pistões para a continuidade

dos experimentos.

Para a nitretação foi necessário cortar outro pistão novo, para fazer

amostras que foram nitretadas em diferentes condições. Para uma avaliação

de quais seriam os melhores parâmetros de nitretação, visto que seria preciso

um filme bem aderido e com uma espessura que não interferisse nas

dimensões do pistão. Quaisquer mudanças nas dimensões dos pistões poderia

alterar o funcionamento do motor, visto que influenciaria na taxa de

compressão do mesmo.

Os filmes foram crescidos em um sistema de sputtering em equipamento

construído no laboratório de plasma da Universidade Estadual de Santa

Catarina, a partir de um alvo puro Al (99,9%) confeccionado no mesmo

laboratório da UDESC, utilizando-se como gás de sputtering o argônio com alto

grau de pureza. Como substratos, foram utilizadas as amostras retiradas da

cabeça de um pistão novo, feito de uma liga alumínio-silício e, posteriormente,

dois pistões inteiros, que tiveram suas cabeças nitretadas.

Uma fase importante do crescimento de filmes foi a limpeza do substrato.

Nesta fase os óxidos e compostos orgânicos foram removidos. A limpeza foi

feita em dois passos:

a) depois de cortados, os substratos foram colocados no ultrassom imersos em

acetona PA por 10 min.

b) em seguida, os substratos foram imersos em alcool metílico PA, por mais 10

min no ultrassom.

Terminada a etapa de preparação dos substratos, estes foram colocados

no porta-substrato e foram para a câmara de deposição (Figura 44-a).

Os parâmetros dos ensaios de nitretação estão assinalados na tabela 17:

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Tabela 17 – Parâmetros de nitretação das amostras.

Amostra P(m Torr)

V(v) I(A) T(ºC) V bias Fx (Ar)

(sccm)

Fx (N)

(sccm)

T (mim)

01 5,1 400 0,5 200 Flutuante 6,4 13,1 30

02 5,1 400 0,5 200 50 6,4 13,1 30

03 5,4 400 2,0 200 100 6,4 13,1 30

04 6,7 400 2,0 201 150 6,4 13,0 30

As análises das amostras após a nitretação indicaram como melhores

parâmetros os das amostras 02 e 03. Desta feita, além dos exames

micrográficos, utilizou-se também um teste de dureza Vickers, com

Microdurômetro Digimess HVS 1000 (Fig. 45), do laboratório de tribologia da

UFRN, para analisar as variações na dureza da superfície dos pistões e

encontrou-se nestas amostras (02 e 03) os melhores resultados, em termos de

dureza.

Figura 44 – Processo de nitretação por plasma (a), pistão nitretado (b).

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Figura 45 – Microdurômetro do Laboratório de Tribologia da UFRN.

10º Passo – Acionamento do sistema com pistão nitretado

Após a fase de nitretação, fez-se uma nova montagem do motor com um

pistão nitretado e o sistema foi ligado. Este foi para um trabalho de 500 horas

distribuídas em 50 dias, com carga horária de 10h/dia. Utilizou-se gasolina

comum (por questões logísticas - redução de custos), adicionada de 1,5L de

hidróxi.

Na produção de hidróxi utilizou-se as duas células geradoras (wet cell e

dry cell) em conjunto (Figura 46) e em revezamento, para uma comparação de

qual das células obteria o melhor desempenho na produção do gás.

Figura 46 – Trabalho conjunto das células seca e molhada.

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101

Como nas fases anteriores, foram realizados testes de caracterização por

DRX e microscópicos (MO, Confocal e MEV-EDS), para comparação com o

material retirado do 7º passo.

11º Passo – Análise dos dados e comparações entre o 7º e o 10º passos

As comparações entre as imagens retiradas do 7º passo, com as do 10º

passo foram realizadas nesta etapa e os resultados anotados para uso

posterior.

12º Passo – Acionamento do sistema para 1000h de trabalho com hidróxi

Outra vez foi posto um pistão novo sem tratamento (original de fábrica),

para um trabalho de 1000h distribuídas em 100 dias, com carga de trabalho de

10h/dia, com adição de 1,5L de hidróxi por minuto, para análises de desgaste

do pistão em trabalho prolongado.

Ao final foram realizados os ensaios microscópicos (MO, Confocal e

MEV-EDS), além da caracterização por DRX. Os resultados foram registrados,

para comparações com o passo seguinte (13º passo).

13º Passo - Acionamento do sistema para 1000h de trabalho com hidróxi,

com pistão tratado

Um pistão com a cabeça nitretada foi colocado para um trabalho de

1000h, distribuídos em 100 dias, com carga de trabalho de 10h/dia, com

gasolina comum adicionada de 1,5L de hidróxi por minuto, para comparação

com os resultados dos testes no 12º passo.

Ao final foram realizados os mesmos ensaios microscópicos (MO,

Confocal e MEV-EDS), além da caracterização por DRX e seguiu-se para a

análise dos dados.

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14º Passo – Análise dos resultados entre o 12º e o 13º passos

As imagens dos ensaios de microscopia (MO, Confocal e MEV-EDS) e

de caracterização por DRX das duas últimas etapas foram analisadas,

comparadas e tiveram seus resultados registrados para ilações posteriores.

15º Passo – Acionamento do sistema para os ensaios finais

Para finalizar a etapa de coleta de dados foi montado um novo pistão

original de fábrica para um trabalho de 80h, divididas em 40h com gasolina

aditivada sem adição de hidróxi e 40h com gasolina aditivada, com adição de

hidróxi.

Nas duas condições foram apenas realizados os testes de consumo de

combustível com cargas de trabalho de 0W, 500W, 1000W e 2000W e testes

de emissões de gases de descarga, para comparação com as mesmas

condições que quando utilizou-se a gasolina comum.

4.3– Caracterização

A análise dos dados foi feita a partir da comparação das imagens

captadas pela microscopia ótica e/ou eletrônica em cada etapa de observação,

ou seja, com 100 horas, 500 horas e 1000 horas de funcionamento do sistema,

com e sem adição de gás hidróxi.

As alterações encontradas foram analisadas através de microscopia

eletrônica, nos laboratórios de microscopia da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, utilizando-se microscópios óticos e eletrônicos (MEV, EDS,

DRX, etc.).

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5 – Resultados e discussão

De posse dos resultados das análises realizadas foram estabelecidas as

relações existentes entre a fase inicial e a fase final do processo. A partir daí

seguem os resultados das análises feitas.

5.1- Caracterizações do pistão

O passo inicial foi a caracterização detalhada do primeiro pistão utilizado,

realizada por MEV-EDS, no laboratório do DEMAT-UFRN, o que permitiu

constatar que se tratava de uma liga alumínio-silício, conforme a Tabela 18.

Tabelas 18 – Componentes da liga dos pistões

Elemento Peso % Peso % σ Atômico %

Alumíno 83.717 2.823 84.256

Silício 16.283 2.823 15.744

A figura 47 (a) e (b) apresenta a rugosidade da parte intermediária e a

parte central da cabeça do pistão, respectivamente. Na Figura 47(a) vê-se uma

rugosidade que varia de 80μm da parte mais funda à parte mais alta. Por conta

dessas depressões na topografia, espera-se que existam forças diferenciadas

no momento da explosão em cada região (topo e fundo), o que causaria áreas

de maior propensão ao desgaste. Da mesma forma na Figura 47 (b) percebe-

se uma região usinada a frio em forma de espiral, com distância entre o fundo e

o topo com 24μm aproximadamente, que também seria uma região propensa à

ação de forças de intensidades variadas tornando-se sujeita ao desgaste.

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Figura 47 – Detalhes da topografia da superfície da cabeça do pistão. Área rugosa (a) e área central (b).

5.2 – Acionamento do gerador de energia elétrica

Na primeira parte dos ensaios com o motor ligado, foi feita uma série de

acionamentos do motor por 10h/dia durante dez dias, totalizando 100h de

funcionamento. Foram realizadas as medidas de consumo de gasolina e de

emissões de gases de descarga, sem adição de gás hidróxi, para as cargas de

trabalho de 500W, 1000W e 2000W, além do trabalho sem carga. As medidas

foram tomadas em relação à massa de combustível utilizado. A gasolina

utilizada nesta etapa tinha uma densidade de 788g/l. Todas as considerações

retratam uma hora de trabalho para cada carga de trabalho.

Os resultados na Tabela 19 e figura 48 mostraram as seguintes faixas de

consumo:

Tabela 19 – Consumo de gasolina por carga de trabalho (gasolina comum, sem adição de hidróxi)

Combustível (carga) Entrada (g) Saída (g) Consumo (g/h) Consumo (l/h)

Gasolina (Sem Carga) 1576 1072 504 0,64

Gasolina (¼ de Carga - 500 w) 1576 1016 560 0,71

Gasolina (½ de Carga - 1000 w) 1576 936 640 0,81

Gasolina (Carga Total - 2000w)

1576 664 912 1,16

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Figura 48 - Consumo de gasolina por carga aplicada.

As emissões de gases de descarga estão apontadas na Tabela 20. Como

o motor é estacionário e sem controle de rotação, as medições foram todas

feitas com a rotação nominal do equipamento e em carga máxima, visto que os

gases NOx são detectados com o motor em carga e são formados em alta

temperatura. Ainda assim o equipamento não detectou gases NOx.

Tabela 20 – Emissões de gases – Gasolina comum, sem hidróxi

Gases Índices

CO [%Vol] 2,723

CO2 [%Vol] 13,99

HC [ppm Vol] 42

O2 0

γ 0,924

NOx[ppm Vol] 0

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106

Após os ensaios anteriormente citados, foi efetuada a desmontagem do

motor, retirou-se o pistão para as análises das condições em que este se

encontrava. Encontrou-se uma grande formação de crostas carbonizadas sobre

a cabeça do pistão, como mostrado na Figura 49.

Figura 49 – Crostas carbonizadas na cabeça do pistão (100h gasolina comum – sem adição de hidróxi).

A Figura 50 registra a região rugosa da cabeça do pistão após a limpeza

da borra carbonizada. Nos testes microscópicos realizados não foram

detectadas quaisquer alterações na estrutura do material, nesta etapa de

testes.

Figura 50 – Pistão após 100h usando gasolina comum sem adição de hidróxi.

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As amostras cortadas da cabeça deste pistão foram analisadas por testes

micrográficos (MO, Confocal e MEV-EDS), que não detectaram alterações

estruturais visíveis neste ensaio no material.

5.3 – Acionamento do gerador de energia elétrica com a utilização de um

gerador de hidróxi

Para um acionamento de 100h utilizando uma adição de 1,5L de gás

hidróxi por minuto foi realizada uma nova montagem do motor, com um pistão

novo, nas condições de fábrica.

Como se queria estabelecer distinções entre o uso do eletrolisador de

célula seca e o de célula molhada utilizou-se apenas o gerador de hidróxi de

célula seca, fazendo o controle das variáveis influentes na produção de gás

(pressão, temperatura e corrente elétrica), de acordo com as equações (4) e

(5).

Assim sendo, foram reproduzidas as mesmas experiências da fase

anterior, porém agora usando o gás hidróxi como fator diferencial. Os testes de

consumo obedeceram às mesmas condições de carga, tipo de gasolina e horas

observadas. Quais sejam, 25h sem carga, 25 horas com 500 w de carga, 25h

com 1000 w de carga e mais 25h com carga máxima de 2000 w, com gasolina

comum. A tabela 21 e a Figura 51 registram o desempenho do motor nesta

etapa, onde foi verificada uma densidade de 768 g/l.

Tabela 21 - Consumo de gasolina por carga de trabalho (gasolina comum +

hidróxi)

Combustível Entrada Saída Consumo (g/l) Consumo (l/h)

Gasolina + Hidróxi (S/Carga) 1536 1123 413 0,54

Gasolina + Hidroxi ¼ de Carga (500 w) 1536 1060 476 0,62

Gasolina + Hidroxi ½ de Carga (1000 w) 1536 980 556 0,72

Gasolina + Hidroxi Carga Total (2000 w) 1536 743 793 1,03

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Figura 51 – Consumo de gasolina comum adicionada de 1,5l de hidróxi por minuto.

O consumo de combustível comparado usando gasolina comum sem e

com hidróxi fica exemplificado na Figura 52. Nota-se uma redução no consumo

de cerca de 18%, quando adicionou-se 1,5L de hidróxi por minuto.

Figura 52 – Gráfico do consumo de gasolina comum, sem e com adição de hidróxi.

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As emissões de gases de descarga estão registradas na Tabela 22.

Tabela 22 – Emissões de gases – Gasolina comum, com hidróxi

Gases Índices

CO [%Vol] 1,692

CO2 [%Vol] 10,87

HC [ppm Vol] 33

O2 0,01

γ 0,893

NOx[ppm Vol] 0

Após esta etapa de ensaios, mais uma vez foi desmontado o motor para

a retirada do pistão, que foi seccionado para a produção de amostras para as

verificações microscópicas de suas estruturas físicas.

Na imagem do pistão retirado (Fig. 53) pode-se observar uma grande

diferença do anterior que funcionou sem a presença de hidróxi. É notória a

ausência do excesso de borras carbonizadas no topo da peça. Essa diferença

já era esperada, visto que conforme alguns autores [9, 71,74] isto se dá por

conta do hidrogênio agir como um catalizador da queima da gasolina,

provocando a queima total da mesma.

Figura 53 - Crostas carbonizadas na cabeça do pistão (100h gasolina comum adicionada de 1,5l de hidróxi por minuto).

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5.4 – Ensaios de 500h sem a adição de hidróxi

Neste ensaio a retirada do pistão mostrou um pistão muito semelhante ao

retirado nas 100h sem adição de hidróxi. Uma forte formação de borras

carbonizadas, praticamente igual à da Figura 49, por isso, sendo dispensável

sua apresentação.

Com relação ao desgaste do material, os testes de micrografia também

não apontaram nenhuma alteração que pudesse ser aqui discutida. A cabeça

do pistão apresentava-se íntegra e sem marcas de danos detectáveis aos

microscópios usados.

5.5 - Ensaios de 500h com a adição de hidróxi

Na retirada do pistão percebeu-se que não havia muitas diferenças

visuais em relação à etapa anterior (100h, com 1,5l de hidróxi por minuto), no

que tange à formação de crostas carbonizadas na cabeça do pistão. A imagem

é muito semelhante, como ilustra a Figura 54.

Figura 54 – Detalhe da cabeça do pistão após 500h com gasolina comum adicionada de hidróxi (1,5L/min).

Os resultados das análises microscópicas possibilitaram visualizar um

princípio de corrosão no pistão, que fica evidenciado na comparação das

imagens do pistão que trabalhou por 100h na presença de hidróxi (Figura 55 -

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a), em relação ao que trabalhou por 500h em atmosfera mais rica em

hidrogênio (Figura 55 -b).

Na figura 55 (a) pode-se ver que não há alterações significativas na

estrutura do pistão. Diferente do que é mostrado na figura 55 (b), que ilustra

claramente uma região em processo de corrosão bastante evidente.

Figura 55 – Centro da cabeça do pistão após 100h de testes com adição de 0,5l de hidróxi por minuto (a) e centro da cabeça do pistão após 500h de testes com adição de 1,5L de hidróxi por minuto (b).

Estes resultados já são indicativos de que o hidrogênio pode ser um fator

nocivo à vida útil das peças constituintes do motor, quando estas são

confeccionadas em liga de alumínio-silício. Assim sendo, os resultados estão

de acordo com o que vários autores [159-161] vêm encontrando ao trabalhar

com ligas de alumínio em condições similares às trabalhadas aqui, expostas à

alta pressão e alta temperatura. Por isso, foi feito um tratamento de

endurecimento na cabeça do pistão através de nitretação por plasma, numa

tentativa de barrar a ação do hidrogênio na liga metálica de que é constituído o

pistão (alumínio-silício).

5.5 – Ensaios utilizando pistão com superfície endurecida e adição de 1,5L de hidróxi

Os experimentos com os pistões tratados iniciaram com as análises

microscópicas e testes de Dureza Vickers em amostras tratadas, para detectar

as melhores condições de endurecimento. A Tabela 23 contém as condições

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detratamento que obtiveram as melhores taxas de endurecimento, sendo estas

as indicadas para o tratamento dos pistões.

Tabela 23 – Parâmetros de tratamento dos pistões.

P(m Tor) V(v) I(A) T(ºC) V bias Fx (Ar) Fx (N) T (mim)

5,1 400 0,5 200 50 6,4 13,1 30

5,4 400 2,0 200 100 6,4 13,1 30

Estes parâmetros de tratamento foram tomados, pelo fato de terem

alcançado os maiores valores de Dureza Vickers (HD), conforme a tabela 24.

Os valores iniciais de dureza nas peças eram variados devido à topologia

irregular da cabeça do pistão, mas a média de dureza das peças em questão

era muito próxima da faixa de 130 HV 30. A Figura 56 registra uma parte da

trilha de endentações dos testes de dureza.

Tabela 24 - Condições de nitretação x dureza Vickers atingida.

Amostra P(m Tor) V(v) I(A) T(ºC) V bias Fx (Ar) Fx (N) T (mim) HV (30)

01 5,1 400 0,5 200 Flutuante 6,4 13,1 30 1149,9

02 5,1 400 0,5 200 50 6,4 13,1 30 2217.3

03 5,4 400 2,0 200 100 6,4 13,1 30 3470,7

04 6,7 400 2,0 201 150 6,4 13,0 30 1140,9

Figura 56– Trilha de endentações no ensaio de Dureza Vickers.

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Após os testes com as cabeças dos pistões nitretados a serem usados no

sistema, foi feita a montagem do primeiro deles no motor. Usou-se nesta etapa

o que obteve o menor valor de 2217,3 HV (Dureza Vickers) e realizou-se uma

etapa de experimentos de 500h, distribuídas em 50 dias com 10h/dia de

trabalhos, sem carga e com adição de 1,5L de hidróxi por minuto, com gasolina

comum.

Terminada a etapa de trabalhos de 500h o pistão foi retirado para os

devidos exames e as imagens (Figura 57) ilustram um filme de AlN (nitreto de

alumínio) bem aderido na superfície do pistão, o que lhe deu uma elevada

dureza.

Nas imagens não se observam quaisquer indícios de corrosão na

superfície da cabeça do pistão. A tabela 25 registra a composição do filme de AlN.

Figura 57 – MEV: Filme fino de ALN aderido na cabeça do pistão.

Tabela 25 – Composição do filme de ALN aderido à cabeça do pistão.

Elemento Peso % Peso % σ Atômico %

Nitrogênio 29.947 1.538 45.160

Alumínio 70.053 1.538 54.840

Na Figura 58, pode-se observar que o pistão tratado e usado na presença de

hidrogênio também não apresenta grandes formações de borras carbonizadas,

apesar de ter sido usado por 500 horas. O que prova, mais uma vez, que o

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hidrogênio catalisa a queima da gasolina e não deixa resíduos de carbonetos se

formarem.

Figura 58 – Pequenas formações de crostras carbonizadas no pistão tratado,após 500h de trabalho.

5.6 – Ensaios utilizando pistão novo original de fábrica por 1000h com adição de 1,5l de hidróxi

Ao final deste ensaio pode-se observar, mais uma vez, uma degradação

bem adiantadana cabeça do pistão como se verifica na Figura 59.

Figura 59 – Áreas degradadas após 1000h com adição de hidróxi.

Claro está que um processo corrosivo muito forte esteve ocorrendo para

a degradação do material. A liga alumínio-silício tem sofrido um ataque cada

vez mais forte, à medida que se aumenta o tempo de exposição à atmosfera

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115

rica em hidrogênio gasoso. Porém, ainda não temos elementos suficientes para

provar que tal degradação foi provocada inicialmente pela presença do

hidrogênio.

5.7 – Ensaios utilizando pistão com superfície endurecida por 1000h com adição de 1,5l de hidróxi

O motor foi remontado com o outro pistão tratado e o sistema foi

acionado por mais 100 dias a uma carga horária de 10h/dia, perfazendo um

total de 1000h usando gasolina comum adicionada de 1,5L de hidróxi por

minuto e repetida toda a rotina anterior de testes. Ao final das 1000h de

funcionamento do motor o pistão foi retirado, cortado e analisado por

microscopia (MO, MEV e DRX). A Figura 60 ilustra a seção transversal e o topo

da amostra. Nela pode ser visto o filme aderido ao substrato.

Figura 60 – MEV da secção transversal e topo do pistão tratado.

A Figura 61 registra uma imagem onde se constata que mesmo após o

tratamento do pistão, aumentando consideravelmente sua dureza, com uma

carga de trabalhos de 1000h observa-se que o filme fino foi atacado

pontualmente, fato que não foi percebido nas primeiras 100 horas de trabalho.

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Figura 61 – MEV, indícios de trinca no filme AlN.

Em outra amostra (Figura 62) verifica-se que o processo foi um pouco

mais além. É possível ver uma parte do filme já bem afetada por uma trinca

que avança pelo filme.

Figura 62 – MEV trinca bem estabelecida no filme fino AlN.

A Figura 63 é a imagem do segundo pistão tratado, que foi utilizado em

uma carga horária de 1000h com adição de 1,5L por minuto de hidróxi e

apresenta, assim como a figura 59, que com a utilização do hidrogênio a

formação de resíduos carbonizados é mínima, quando comparado ao uso sem

a presença do hidróxi.

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Figura 63 – Pequenas formações de crostras carbonizadas no segundo pistãotratado, após 1000h de trabalho.

Desde a concepção desta pesquisa, partiu-se da ideia de que em uma

câmara de combustão, onde se tenha uma pressão e uma temperatura alta,

seria questionável a afirmação de que a adição de hidrogênio gasoso neste

ambiente daria uma maior vida útil ao motor, como dizem todas as lojas e sites

de venda de geradores de hidróxi para adaptação em automóveis. Por outro

lado, considera-se que realmente é um fator importante para a redução do

consumo de combustível e na diminuição de emissões de gases nocivos à

atmosfera, visto que vários trabalhos [8, 9, 66-75] apontaram na mesma

direção.

5.8 – Remontagem do sistema para os ensaios finais

Terminada a fase de experimentos com foco na degradação dos pistões,

passou a fazer análises de consumo com gasolina aditivada nas duas

atmosferas, com e sem hidróxi. Neste momento o sistema foi montado com um

pistão original de fábrica para uma etapa de 80 horas divididas em duas etapas

de 40 horas para cada atmosfera.

Primeiro foram feitos os ensaios de consumo por 40h para a atmosfera

com hidróxi, usando-se as mesmas cargas de trabalho que foram usadas nas

primeiras fases da pesquisa (0W, 500W, 1000W e 2000W).

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118

Os resultados dessas análises estão mostrados na Tabela 26 e na Figura

64.

Tabela 26 – Consumo por carga de trabalho (gasolina aditivada adicionadade 1,5L de hidróxi por minuto).

Combustível Entrada Saída Consumo (g/h)

Consumo (l/h)

Gas. Aditiv. + Hidrox

Sem Carga 1632 1240 392 0,48

Gas. Aditiv. + Hidrox

¼ de Carga (500w) 1632 1200 432 0,53

Gas. Aditiv. + Hidrox

1/2 de Carga (1000w) 1632 1040 592 0,73

Gas. Aditiv. + Hidrox

Carga Total (2000w) 1632 896 736 0,90

0 500 1000 1500 2000

350

400

450

500

550

600

650

700

750

Consum

o (

g/h

)

Carga (W)

Figura 64 – Consumo de gasolina aditivada, com adição de hidróx (1,5L

por min.)

Em seguida realizou-se o experimento para a gasolina aditivada na

atmosfera sem hidróxi e os resultados estão apresentados na Tabela 27 e na

Figura 65.

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Robson
Linha
Robson
Linha
Robson
Linha
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119

Tabela 27 – Consumo por carga de trabalho (gasolina aditivada sem adiçãode hidróxi)

Combustível Entrada Saída Consumo

(g/l)

Consumo(l/h)

Gasolina Aditivada

(Sem Carga) 1632 1192 490 0,60

Gasolina Aditivada

1/4 de Carga

(500 w)

1632 1080 552 0,67

Gasolina Aditivada

½ de Carga

(1000 w)

1632 952 680 0,83

Gasolina Aditivada

Carga Total

(2000 w)

1632 920 892 1,09

0 500 1000 1500 2000

500

600

700

800

900

Consum

o (

g/l)

Carga (W)

Figura 65 – Consumo de gasolina aditivada, sem adição de hidróxi.

Comparando-se o consumo de gasolina aditivada nas duas atmosferas,

pode-se observar também que houve uma economia de combustível quando

adicionou-se hidróxi à gasolina para queima.

A Figura 67 ilustra os resultados referentes aos experimentos com a

gasolina aditivada e verifica-se, também, uma economia significativa.

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Linha
Robson
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Robson
Linha
Robson
Linha
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120

0 500 1000 1500 2000

400

500

600

700

800

900

Co

nsu

mo

(g

/h)

Gas adtv Pura

Gas adtv + Hidroxi

Neste momento registrou-se uma economia de 20% no trabalho sem

carga, 22% com ¼ de carga (500W), 13% com meia carga (1000W) e 17,5%

com carga máxima (2000W), o que sinaliza uma economia média acima de

18%. Estes resultados registram uma economia equivalente àquela fornecida

com o consumo de gasolina comum.

5.9 – Reflexões acerca da vida útil do motor em atmosfera rica em hidróxi

Como dito anteriormente, o foco desta pesquisa era analisar a informação

de que o uso do gerador de gás hidróxi associado ao combustível usual do

veículo resultaria numa maior vida útil do motor. Esta é a informação passada

por todos que comercializam este produto. Em vários destes locais (lojas

virtuais e sites de empresas) esta afirmativa está associada à não formação de

borras carbonizadas no interior da câmara de combustão. O que de fato

acontece.

Parece que o fato de não apresentar grande formação de borras

carbonizadas é o que dá sustentação à informação do comércio do produto.

Porém, como foi visto aqui, esta informação negligencia, ou omite, a

capacidade de difusão do hidrogênio gasoso neste ambiente totalmente

favorável à sua difusão.

Carga (W)

Figura 66 - Comportamento da gasolina aditivada (sem e com hidróxi).

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121

Até aqui, esta afirmação vinha sendo repetida por todos que se dedicam

a avaliar o desempenho de motores de combustão com a adição de gás

hidróxi, pois não havia na literatura um trabalho que se dedicasse a esta

finalidade, analisar os aspectos corrosivos do hidrogênio, nas condições de

uso deste gás como combustível.

O hidrogênio limpa a queima. Ele é redutor e impede a formação da borra

de carbono. Sabe-se que o carbono com o hidróxi, deve se transformar em CO

e ir embora, mas por outro lado, se ficar hidrogênio reativo, pode penetrar no

alumínio e gerar trincas e desgastes na cabeça do pistão.

Como se vê nas Figuras 59 e 67, existe um pistão novo que, sem

tratamento algum para o trabalho com uma atmosfera de hidrogênio, entra em

contato com o H2 e após horas de trabalho apresenta aquela visível corrosão,

pode-se dizer que a afirmação de que o hidrogênio adicionado ao

combustível aumenta a vida útil do motor, não é verdadeira para este

material (liga alumínio-silício).

Figura 67 – Pistão novo em condições de fábrica (a) e região central dopistão fortemente atacada após 500h de trabalho na presença de gás hidróxi.

Portanto, neste trabalho a afirmativa de que o uso de gás hidróxi

adicionado ao combustível original do motor traria uma maior vida útil é

totalmente descartada. É necessário, no caso da liga alumínio-silício usada,

um tratamento, que pode ser de endurecimento de sua superfície, para que

este sirva de barreira à corrosão provocada ou acelerada pelo hidrogênio.

Pode-se verificar, também, que a camada de filme de AlN aplicada ao

pistão trabalhou como uma proteção para a liga, apesar de ter sido atacada

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122

também (ver Figura 63). Mas, impediu que a liga sofresse um ataque direto,

como foi no caso do pistão sem tratamento (Fig. 68-b).

A teoria de Petch e Stables [99] sugere um mecanismo que explica a

fragilização devido à contaminação por hidrogênio, com base na queda de

energia superficial. Os autores afirmam que a queda de resistência do material

se deve à adsorção de hidrogênio (gasoso) nas faces da trinca, o que levaria a

uma maior susceptibilidade de falha por clivagem ou fratura transgranular

devido à menor energia necessária para a formação de uma nova superfície. A

propagação da trinca acontece, segundo os princípios da teoria de energia

superficial, quando há a difusão de uma quantidade adicional de hidrogênio

para a região inicialmente afetada, explicando assim os casos frequentes de

FPH onde a falha é retardada.

Analisando as figuras 60 e 68 (b), não se pode concluir que a presença do

hidrogênio gasoso foi a causa inicial da degradação ocorrida nestes pistões

analisados, porém uma vez que existe uma falha estabelecida, pelo hidrogênio

ou por outro mecanismo qualquer, pode-se afirmar, com base em tudo que foi

exposto aqui, que a partir desta falha a presença do hidrogênio em alta pressão

e temperatura irá acelerar o processo de degradação do pistão.

5.10 – Emissões de gases de descarga

Os resultados apontaram, para o giro nominal do motor (3600 rpm), com

uma carga de 2000W (máxima), que os níveis de emissões de gases tóxicos

foram menores quando adicionou-se hidróxi à gasolina. Como se observa na

Tabela 28. Medidas tomadas com o Medidor NDIR da Horiba (Fig. 68).

Figura 68 - Medidor de gases NDIR Horiba.

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123

Tabela 28 – Emissões de gases de descarga

5.11 – Rendimento dos Eletrolisadores

Os eletrolisadores tiveram rendimento equivalente em termos de

produção de gás. Porém, pela utilização de uma quantidade muito maior de

água no de Célula Molhada alguns procedimentos foram utilizados para

controle da temperatura da unidade.

Estes eletrolisadores (Células Seca e Molhada), quando utilizados em

veículos automotores, são dispostos na dianteira do motor, em frente à entrada

de ar, o que facilita a sua refrigeração com o veículo em movimento.

Porém, no sistema estacionário a unidade de célula molhada aqueceu

demasiadamente, daí foi necessário utilizar-se de um recipiente com água fria

dentro do qual ficava mergulhada a unidade, simulando a ação do vento para a

refrigeração. Com este procedimento a unidade se mantinha resfriada até que

a água do recipiente também estivesse aquecida. Uma troca da água quente

do recipiente por outra carga de água fria mantinha o sistema com temperatura

que permitia os níveis de produção de gás hidróxi de acordo com o calculado.

A unidade de Célula Seca não necessitou de nenhum procedimento

especial para seu pleno funcionamento. Tendo apenas as complementações

dos níveis de água, quando este baixava até o nível mínimo de eletrólito. Esta

operação (complementação do nível de água do eletrólito) é comum em todas

as unidades de eletrólise, visto que uma concentração maior do eletrólito

influencia diretamente no rendimento da unidade.

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124

6 - CONCLUSÕES

Este trabalho teve como objetivo analisar se a adição de gás hidróxi

proveniente de eletrolisadores de água, para queima conjunta com o

combustível em motores de combustão interna aumentaria a vida útil do motor,

além de propiciar uma redução no consumo de combustível e nas emissões de

gases tóxicos, como afirmam as empresas que comercializam este produto. A

partir dos resultados obtidos e discutidos é possível concluir que:

a) O uso de gás hidróxi propicia uma economia de combustível considerável

que pode e deve ser explorada, por se tratar de um sistema de baixo custo e

eficiente em termos econômicos;

b) A adição de gás hidróxi ao combustível evita em grande parte a formação de

crostas carbonizadas na câmara de combustão, deixando apenas pequenos

resíduos de material carbonizado nas peças;

c) No caso de pistões fundidos em liga alumínio-silício sem tratamento

apropriado, como foi aqui observado, a adição de gás hidróxi para queima

conjunta com o combustível, poderá forçar o surgimento de pontos de corrosão

pelo hidrogênio, ou ainda, acelerar o processo de degradação a partir de

pontos danificados por outros mecanismos, o que compromete o período de

vida útil das peças;

d) Um tratamento de endurecimento da superfície de pistões de liga de

alumínio-silício, como a nitretação por plasma aqui realizada, pode ser aplicado

ao pistão para retardar os efeitos da corrosão provocada pela presença de

hidrogênio gasoso na câmara de combustão.

e) Com a adição de gás hidróxi na queima de gasolina verificou-se uma

redução significativa nos níveis de emissões de gases de descarga.

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125

f) O eletrolisador de Célula Seca mostrou-se mais eficiente que a Célula

Molhada devido ao fato de não necessitar de manutenção constante, como a

Célula Molhada necessita, para a produção da mesma quantidade de gás.

Além disso, também se verificou que a Célula Seca pode ser construída com

dimensões menores, o que facilita sua adaptação tanto no sistema estacionário

quanto em veículos.

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126

7 – Sugestões para outras pesquisas

Como esta pesquisa passou por uma área muito abrangente muitos dos

experimentos suscitavam de uma investigação mais profunda. Porém, aqui se

trata de um trabalho da área de materiais, com uma forte imersão na mecânica

e muitas lacunas desta área ficaram por ser preenchidas. Assim sendo, ficam

aqui algumas sugestões para trabalhos futuros:

a) Investigação acerca de outras peças da câmara de combustão trabalhando

com gás hidróxi;

b) Estudos sobre a capacidade de geração de gás hidróxi em um eletrolisador

adaptável a um automóvel;

c) Pesquisas sobre a queima de gás hidróxi com outros combustíveis como

diesel, metanol e GNV;

d) A ação do hidrogênio adicionado a combustíveis em motores formados por

outros materiais e ligas, diferentes do aqui abordado;

e) Análise metalográfica dos danos encontrados na liga alumínio-silício e

f) Estudo de emissões de gases de descarga utilizando outros combustíveis em

conjunto com o gás hidróxi.

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127

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